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Enfermagem ·
Bioestatística
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1 Rev Bras Enferm 2020732 e20180409 httpdxdoiorg1015900034716720180409 9 de RESUMO Objetivos analisar o planejamento municipal desenvolvido por enfermeiras coordenadoras da Atenção Primária à Saúde voltado para o enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis sob a perspectiva do Planejamento Estratégico Situacional Métodos estudo exploratório descritivo com abordagem qualitativa desenvolvido em municípios de uma Região de Saúde do Rio Grande do Sul Foram realizadas entrevistas semiestruturadas junto às coordenações de Atenção Primária à Saúde dos municípios da área empírica entre 2014 e 2015 A análise de conteúdo foi a temática e a perspectiva teórica de análise estratégica Resultados no desenvolvimento do planejamento municipal na atenção ao adoecimento crônico o estudo evidenciou as fragilidades colocandose como desafio para a gestão O Planejamento Municipal Regionalizado agrega como ferramenta para contribuir com a articulação entre atores implicados na organização do sistema de saúde Considerações finais a inserção estratégica da Enfermagem no campo da Saúde incita o debate acerca do papel deste profissional na gestão do SUS Descritores Planejamento em Saúde Enfermagem em Saúde Pública Atenção Primária à Saúde Doença Crônica Recursos Humanos de Enfermagem ABSTRACT Objectives to analyze the municipal planning developed by nurses coordinating Primary Health Care aimed at coping with Chronic Noncommunicable Diseases from the perspective of the Situational Strategic Planning Methods a descriptive exploratory study with a qualitative approach developed in municipalities of a Health Region of Rio Grande do Sul State Semistructured interviews were carried out with the Primary Health Care coordination of the municipalities of the empirical area between 2014 and 2015 Content analysis was the thematic and the theoretical perspective of strategic analysis Results in the development of municipal planning regarding care for chronic illness the study highlighted fragilities which are a challenge for management The Regional Municipal Planning is a tool that contributes to the articulation between actors involved in the organization of the health system Final considerations strategic insertion of Nursing in the field of Health prompts the debate about the role of this professional in the management of SUS Descriptors Health Planning Public Health Nursing Primary Health Care Chronic Disease Nursing Staff RESUMEN Objetivos analizar la planificación municipal desarrollada por enfermeras coordinadoras de la Atención Primaria de Salud orientada al enfrentamiento de las enfermedades crónicas no transmisibles bajo la perspectiva de la Planificación Estratégica Situacional Métodos estudio exploratorio descriptivo con abordaje cualitativo desarrollado en municipios de una Región de Salud de Rio Grande do Sul Se realizaron entrevistas semiestructuradas junto a las coordinaciones de Atención Primaria de Salud de los municipios del área empírica entre 2014 y 2015 El análisis de contenido fue temático y la perspectiva teórica de análisis estratégica Resultados en el desarrollo de la planificación municipal en la atención al enfermo crónico el estudio evidencia las fragilidades colocándose como desafío para la gestión La Planificación Municipal Regionalizada agrega como herramienta para contribuir con la articulación entre actores implicados en la organización del sistema de salud Consideraciones finales la inserción estratégica de la Enfermería en el campo de la Salud incita el debate acerca del papel de este profesional en la gestión del SUS Descriptores Planificación en Salud Enfermería en Salud Pública Atención Primaria de Salud Enfermedad Crónica Personal de Enfermería Os desafios do planejamento municipal a partir da perspectiva de enfermeiras gestoras Challenges of municipal planning from the perspective of nurse managers Los desafíos de la planificación municipal desde la perspectiva de enfermeras gestoras ARTIGO ORIGINAL Camila Luana Oliveira ReuterI ORCID 0000000175866384 Paola Panazzolo MacielII ORCID 0000000226080729 Vilma Constancia Fioravante dos SantosIII ORCID 0000000310751871 Deise Lisboa RiquinhoI ORCID 0000000266048985 Adriana Roese RamosI ORCID0000000313499560 I Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre Rio Grande do Sul Brasil II Hospital de Clínicas de Porto Alegre Porto Alegre Rio Grande do Sul Brasil III Faculdades Integradas de TaquaraTaquara Rio Grande do Sul Brasil Como citar este artigo Reuter CLO Maciel PP Santos VCF Riquinho DL Ramos AR Challenges of municipal planning from the perspective of nurse managers Rev Bras Enferm 2020732e20180409 doi httpdxdoiorg1015900034716720180409 Autor Correspondente Adriana Roese Ramos Email adiroesegmailcom EDITOR CHEFE Dulce Aparecida Barbosa EDITOR ASSOCIADO Alexandre Balsanelli Submissão 18062018 Aprovação 26022019 2 Rev Bras Enferm 2020732 e20180409 9 de Os desafios do planejamento municipal a partir da perspectiva de enfermeiras gestoras Reuter CLO Maciel PP Santos VCF Riquinho DL Ramos AR INTRODUÇÃO O campo da Saúde Coletiva é permeado pela atenção à saúde promovida pela Enfermagem de forma inter eou disciplinar sendo inegável o papel que a enfermeira detém na identificação e intervenção das necessidades de saúde da população assim como na promoção e proteção da saúde dos indivíduos e coletividades¹ A Enfermagem enquanto prática social tem muito a contribuir com o Sistema Único de Saúde SUS no qual determinadas ferramentas se mostram importantes como o Planejamento em Saúde instrumento imprescindível para o processo gerencial² O ato de planejar auxilia a condução da gestão municipal cola borando por consequência para um melhor aproveitamento de oportunidades e na superação de desafios na implementação de políticas de saúde Além disso o planejamento facilita a definição de objetivos a organização das ações o acompanhamento a fiscalização o controle dos gastos e a avaliação dos resultados obtidos³ Sob esta ótica compreendese que promover discussões que venham a qualificar o processo de planejamento e consequentemente o processo gerencial das enfermeiras que atuam em cargos de gestão no contexto da Atenção Primária à Saúde APS é relevante para a Saúde Coletiva como um todo e para a qualificação de suas práticas nesse campo Considerase que boas práticas no cuidado em Enfermagem estão relacionadas ao melhor desempenho dos serviços de saúde fazendo uso do conhecimento disponível para que seja possível alcançar êxito nas ações de saúde4 Cabe destacar que no presente estudo entendese o planeja mento a partir de um olhar estratégico e situacional sendo que este promove a conciliação da ação em relação a uma realidade complexa integrando a visão de diferentes atores sociais e o uso de ferramen tas operacionais na análise e enfrentamento dos problemas57 O Planejamento Estratégico Situacional considera os diferentes atores em um jogo de conflito e de cooperação em que cada um enxerga a realidade a partir de sua leitura da situação6 A construção do pensamento estratégico prevê o pensar com método e antes de agir explicando suas possibilidades e viabilidade propondose objetivos e projetando o futuro56 O planejamento permite que se possa atender às demandas de determinada realidade transformála e movimentála dando êxito aos objetivos pretendidos² Ressaltase a importância do olhar da enfermeira gerente ou coordenadora no que tange aos diferentes enfoques da situação na apropriação das necessidades de saúde da população para que o planejamento seja adequado à realidade da população Nesta perspectiva o diálogo a respeito do planejamento e do adoecimento crônico justificase quando evidencia que as Doenças Crônicas Não Transmissíveis DCNT ocasionam eleva do número de mortes prematuras perda de qualidade de vida com alto grau de limitação nas atividades de trabalho e de lazer Em âmbito comunitário provoca impactos econômicos para as famílias comunidades e a sociedade em geral agravando as iniquidades e a pobreza8 O Brasil desde 2014 instituiu formalmente iniciativas para atuar frente às DCNT Por meio de portaria redefiniu a Rede de Atenção à Saúde RAS das pessoas com doenças crônicas no âmbito do SUS e estabeleceu diretrizes para a organização das suas linhas de cuidado de forma mais organizada à realização da atenção integral9 Dados epidemiológicos apontam que 74 das mortes no Brasil ocorreram por conta das DCNT10 o que aponta para um futuro desafiador para as práticas da Enfermagem Para que se pense em ações preventivas eficazes e em apoia dores de políticas de promoção e enfrentamento das DCNT é necessário que se realize o monitoramento dos fatores de risco e proteção destas patologias1112 utilizandose de ferramentas de apoio ao planejamento e gestão do sistema de saúde no Brasil12 Esse cenário pode ser reavaliado a partir da leitura estratégica do problema agregando diferentes atores sociais colocados em situação a partir de sua capacidade de agir conhecimento e in teresse sobre a análise A complexidade do problema ora posto requer a leitura da realidade a partir dos diferentes olhares56 No que concerne à inserção da enfermeira na APS e na prática de planejamento municipal em saúde esta profissional tem desenvolvido habilidades e competências que ampliam paulatinamente seu escopo de atuação na gestão do sistema de saúde desde o âmbito local dos serviços de saúde até os espaços municipais e estaduais Essa inserção demonstra a dupla dimensão de seu trabalho tanto assistencial quanto gerencial as quais devem ser voltadas ao atendimento individual e coletivo13 A enfermeira nessa perspectiva atua como um importante ator social sujeito ativo e promotor de mudanças e mesmo produz a realidade e é produto dela5 As boas práticas da enfermeira no contexto da APS requerem que seja possível repensar o trabalho gerencial e da gestão do cuidado especialmente no que concerne aos agravos comuns na atenção à saúde como a Hipertensão Arterial Sistêmica e a Diabetes Mellitus No contexto das doenças crônicas a enfermeira pode contribuir de forma importante para a qualidade e otimização dos serviços de saúde14 Nesta perspectiva a produção do conhecimento que venha a qualificar o trabalho da enfermeira em cargos de gestão mu nicipal contribui para a ampliação do acesso aos serviços em Saúde pelos adoecidos crônicos Nesse sentido é necessário que o Planejamento em Saúde esteja alinhado às demandas da população constituído a partir de uma análise de situação local e municipal de forma colaborativa com a prática clínica OBJETIVOS Analisar o planejamento municipal desenvolvido por enfer meiras coordenadoras da Atenção Primária à Saúde voltado para o enfrentamento das DCNT sob a perspectiva do Planejamento Estratégico Situacional MÉTODOS Aspectos éticos Os aspectos éticos foram respeitados quanto ao acesso e aná lise de dados atendendo às normas nacionais e internacionais de ética em pesquisa em seres humanos As Coordenadoras da Atenção Primária em Saúde CAPS entrevistadas receberam e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em duas vias para confirmar o aceite de participação no estudo assim como a garantia do anonimato As entrevistas foram realizadas em dia e local previamente acordados com as coordenadoras A pesquisa foi aprovada pela Comissão de Pesquisa da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul 3 Rev Bras Enferm 2020732 e20180409 9 de Os desafios do planejamento municipal a partir da perspectiva de enfermeiras gestoras Reuter CLO Maciel PP Santos VCF Riquinho DL Ramos AR UFRGS pelos Comitês de Ética da UFRGS e da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre Referencial teóricometodológico e tipo do estudo Para construir o estudo sob a ótica dos atores sociais envolvidos no processo de planejamento mu nicipal a partir da atuação das enfermeiras em cargo de gestão municipal da APS e de suas estratégias para atender às demandas das DCNT assim como para enfrentar os desafios no cotidiano da organização dos serviços optouse pelo estudo exploratório descritivo com abordagem qualitativa15 a partir da perspectiva teórica do Planejamento Estratégico Situacional proposto por Carlos Matus56 Nesse tipo de análise valorizase a aposta como conceito ao explicar a realidade no qual o cálculo não está baseado na existência de leis abdicandose do determinismo e objetivismo da predição A análise estratégica56 possibilita as diferentes visões de mundo dos diferentes atores e os coloca em jogo no qual eles lutam para modificar o resultado realidade E apesar das restrições impostas pelo passado e pelo presente o mundo pode ser criado e conquistado nesse jogo Esse é o futuro que deve ser pen sado a partir da realidade e não dando peso excessivo ao passado5 Desta forma pretendeuse investigar as percepções das en fermeiras que atuam na gestão da APS sobre o planejamento municipal voltado ao atendimento das demandas do adoecimento crônico A visão desses atores proporcionou a construção de um panorama sobre as DCNT na região de saúde em estudo Cenário do estudo As entrevistas foram realizadas entre os anos de 2014 e 2015 A pesquisa ocorreu nos municípios de Alvorada Cachoeirinha Glorinha Gravataí Porto Alegre e Viamão pertencentes à Região de Saúde 10 do estado do Rio Grande do Sul Figura 1 A opção pela referida região de saúde ocorreu devido aos desafios impostos pela organização da rede assistencial de saúde especialmente quanto ao adoecimento crônico Quadro 1 na região metropolitana agregando portanto a metrópole Porto Alegre e municípios de grande porte Participantes do estudo e fonte dos dados O presente estudo integra a pesquisa intitulada Doenças crônicas não transmissíveis e o Planejamento em Saúde os de safios da região metropolitana Porto AlegreRS financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul Fapergs em parceria com o Ministério da Saúde MS com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPQ do Brasil e a Secretaria de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul SESRS no âmbito do Programa de Pesquisa para o SUS gestão compartilhada em saúde sob chamada FapergsMSCNPq SESRS no 0022013 Os participantes deste estudo foram os profissionais que ocu pavam cargos de gestores da APS dos municípios supracitados profissionais que ao longo do texto serão identificados como coor denadores ou gestores Nesses este cargo de gestão era assumido em sua maioria por enfermeiras Foram entrevistados um total de nove profissionais sendo sete do sexo feminino Para atender ao enfoque do presente manuscrito optouse por convencionar que ao se tratar dos profissionais entrevistados seria utilizado o termo enfermeira ou coordenadora respeitando o feminino em virtude da maioria dos entrevistados serem enfermeiras Coleta e organização dos dados e etapas do trabalho A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas semies truturadas realizadas pessoalmente pelas pesquisadoras junto aos participantes supracitados Os questionamentos realizados tratavam da organização e gestão das DCNT na APS e estraté gias adotadas pelas coordenações para enfrentar os desafios no cotidiano da organização dos serviços Quanto à organização dos dados as entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra para posterior análise As entrevistadas receberam a seguinte codificação Entrevista Coordenação Quadro 1 Características dos municípios da Região de Saúde em estudo Brasil 2016 Município Índice de Desenvolvimento Humano IDH Cobertura populacional estimada pelas equipes de Atenção Básica Proporção de Internações por Causas Sensíveis à Atenção Primária CSAP Proporção de Óbitos por DCNT Alvorada 0699 5216 3163 273 Cachoeirinha 0757 535 2519 322 Glorinha 0714 8185 1496 347 Gravataí 0736 6892 1889 259 Porto Alegre 0805 637 3288 268 Viamão 0717 371 2828 237 Área Empírica média 5994 3085 267 Estado RS 0746 7259 2705 272 Fonte BRASIL 2018 Nota Seleção dos grupos CID10 Diabetes Mellitus Outros transtornos da regulação da glicose e da secreção pancreática interna Distúrbios metabólicos Doenças hipertensivas Doenças isquêmicas do coração Doenças cerebrovasculares Doenças das artérias das arteríolas e capilares Fonte adaptado da Secretaria Estadual de Saúde 2016 Figura 1 Mapa da Região de Saúde em estudo Rio Grande do Sul Brasil 4 Rev Bras Enferm 2020732 e20180409 9 de Os desafios do planejamento municipal a partir da perspectiva de enfermeiras gestoras Reuter CLO Maciel PP Santos VCF Riquinho DL Ramos AR Atenção Primária à Saúde ECAPS entrevistas com gestores de um 1 a nove 9 Análise dos dados A análise dos dados ocorreu por meio de análise de conteú do do tipo temático Para promover a categorização temática utilizouse como ferramenta de apoio o software NVivo 9 A categorização foi realizada a partir das três etapas propostas pelo referencial metodológico quais sejam préanálise exploração do material e tratamento dos resultados obtidos e interpretação15 As categorias temáticas em análise no presente artigo serão apresentadas no capítulo de resultados O empírico foi posteriormente discutido a partir do referencial teórico da análise estratégica de Carlos Matus56 RESULTADOS Os resultados serão apresentados a seguir a partir das cate gorias empíricas A enfermeira em cargo de gestão municipal desafios do planejamento municipal e A enfermeira em cargo de gestão municipal desafios para o gerenciamento do cuidado ao adoecimento crônico Dos coordenadores ou gestores da CAPS entrevistados a maioria era composta por enfermeiras sendo que a escolha para assumir o cargo foi mais técnica do que política Antes de assumir o cargo estas enfermeiras já trabalhavam no município tendo diversas atribuições na secretaria de saúde e conhecendo a realidade em que estavam atuando A enfermeira em cargo de gestão municipal desafios do planejamento municipal Nos municípios da região de saúde estudada verificaramse dispari dades no que tange à capacidade técnica dos setores de coordenação em executar o planejamento e adequálo às diferentes realidades locais Ao passo que alguns municípios já têm a cultura organizacional de utilizar os instrumentos de planejamento do SUS tais como os planos programações e relatórios de saúde como mecanismos para a organi zação e funcionamento integrado dos serviços de saúde outros ainda têm dificuldades de inserir estes instrumentos na organização local das ações de saúde Ainda ressaltase a fragmentação do processo de planejamento quando ele ocorre como na descrição da ECAPS 9 quando aponta o desenvolvimento de suas ações de acordo com os programas desenvolvidos em âmbito municipal mas respeitando as diretrizes traçadas pelo Plano Municipal de Saúde Eu faço a coordenação dos programas de saúde procuro fazer reuniões periódicas com os coordenadores a gente tenta sentar uma vez ao mês e fazer o planejamento procurando trabalhar hoje em cima do plano municipal de saúde que a gente já tem a partir de 2014 até 2017 Então a gente pega o macro e das ações pega o que tá no plano de saúde e faz um micro planejamento de como desenvolver aquilo ao longo daquele ano ECAPS9 Outra situação é relatada pela ECAPS 3 coordenadora de ou tro município evidenciando as insuficiências de recursos como dificultador ao planejamento Eu ainda acho que o planejamento é muito incipiente Mas para que precisa de planejamento Porque a gente não tem recursos humanos suficientes a gente não tem recursos financeiros orçamentados suficientes para dar conta de todas as demandas as unidades não fazem o seu próprio planejamento de enxergar a sua comunidade ECAPS 3 A alternativa identificada por algumas coordenadoras para resolver o aumento na demanda relacionado às DCNT frente ao panorama incipiente de recursos financeiros e de profissionais qualificados para atuar neste campo foi a reestruturação dos serviços de saúde realizando a transição de Unidades Básicas de Saúde UBS para Estratégias de Saúde da Família ESF em alguns municípios Dessa forma qualificando ações de planejamento específicas que se destinam à prevenção Por outro lado ainda existem municípios que mantêm de forma concomitante a lógica de pronto atendimento com o modelo de atenção de ESF Isto acarreta incompreensão na população quanto à forma de atendimento tem ações bem pontuais nessa área mas a demanda nas unidades relacionadas às doenças crônicas ela cresce ano a ano a nossa estruturação quanto unidades básicas de saúde não tem dado conta dessa demanda e o que a gente tem buscado é a transição para o modelo de saúde da família Então mais serviços de saúde com uma visão voltada para a prevenção ECAPS 7 a gente tem unidade básica e pronto atendimento junto e o objetivo é separar para poder organizar melhor quando se separar vai se conseguir educar melhor a população para isso Assim sem modelo de atenção definido eles acabam não tendo uma referência ECAPS6 A enfermeira em cargo de gestão municipal desafios para o gerenciamento do cuidado ao adoecimento crônico Observouse ainda que algumas das coordenadoras apontaram a dificuldade de trabalhar em rede devido à falta de articulação entre os serviços de saúde que compõem a APS até mesmo mu nicípios de grande porte da Região de Saúde estudada não têm sistemas informatizados e interligados que possam dar suporte para formas de comunicação mais efetivas Por outro lado um aspecto relevante para pensar a gestão da prática clínica em âmbito local das equipes da APS é a comunicação interpessoal por iniciativa própria dos serviços de saúde locais que favorece a articulação do atendimento ao usuário Os nossos profissionais de saúde em sua maioria entendem que o suporte secundário é o pronto atendimento todo mundo tem procurado fazer um pouco trabalhar com a rede também o que tem certa dificuldade ECAPS9 cada equipe tem a sua própria reunião E mensalmente eu faço uma reunião de enfermagem com os enfermeiros aqui para conversar trocar dados para articular as equipes entre elas ECAPS1 A busca por formas mais participativas de pensar a organi zação local da oferta de serviços de saúde emergiu da fala das gestoras As coordenadoras buscavam maneiras de otimizar a comunicação com a população por meio das equipes dos serviços 5 Rev Bras Enferm 2020732 e20180409 9 de Os desafios do planejamento municipal a partir da perspectiva de enfermeiras gestoras Reuter CLO Maciel PP Santos VCF Riquinho DL Ramos AR de saúde conforme os recursos disponíveis profissionais físicos ou financeiros no sentido de aproximar a gestão municipal da APS das equipes e da própria população atendida partindo das especificidades territoriais e das suas necessidades em saúde só que para habilitar tem todo um processo a gente precisa da equipe inteira uma maneira de organização assim é de território mesmo a gente se divide na atenção básica em quatro distritos sanitários ECAPS7 Na oportunidade da geração de dados uma das coordenadoras citou um projeto municipal que se propunha auxiliar na mediação da comunicação entre os serviços de saúde estimulando a articu lação dos processos de referência e contrarreferência na rede uma estratégia vislumbrada pela gestão municipal para atender de forma mais qualificada as situações de agudização dos adoecidos crônicos O paciente entra numa porta de emergência numa UPA e ele tem a classificação de risco que é a classificação de Manchester todos aqueles que são verde e azul são reencaminhados à unidade de saúde para o seu cuidado dentro da atenção básica nós também fizemos uma classificação onde a gente classifica a necessidade das pessoas ECAPS8 Outro elemento que emerge na região em estudo é a inexis tência de acompanhamento de forma longitudinal das demandas que provêm de doenças crônicas tanto por parte dos municípios quanto por parte do Ministério de Saúde MS Uma informação sobre esse tema emergiu da fala de uma das enfermeiras em relação à extinção de um programa precursor das ações de saúde voltadas para as DCNT o Programa HiperDia Esse programa au xiliava na organização local das equipes mas não foi introduzido no cotidiano de todos os serviços de saúde ele foi um projeto do governo que nunca acabou efetivando acabou entrando tudo no piso de assistência farmacêutica que o governo federal repassa para os municípios nós não usamos mais o HiperDia até porque dentro do próprio Ministério houve um enfraquecimento desse programa Através do cadastro individual e familiar das pessoas nas unidades de saúde a gente consegue fazer esse monitoramento com mais exatidão agora a gente está fazendo o cadastro através do eSUS do SISAB ECAPS8 Os aspectos apontados acima podem agravar outra dificul dade que interfere diretamente nas possibilidades de executar o planejamento e que é uma insuficiência antiga do campo da Saúde do acesso a dados provenientes das ações prestadas em âmbito municipal além da não informatização de alguns serviços que compõem a RAS principalmente na APS Essas questões se mostraram como limitadoras para que se tenham condições de executar o monitoramento e a avaliação das ações executadas para atender aos adoecidos crônicos em âmbito municipal e local Essa parte de registro de bancos de dados é muito frágil ECAPS9 Ela é muito incipiente a gente não tem dados mais palpáveis para enxergar a realidade de como é que está a questão do doente crônico ECAPS4 Com o prontuário eletrônico isso vai ficar muito mais fácil a unidade de saúde vai ver isso registrado no prontuário do cidadão a comunicação da rede é que a gente tem de desafio ECAPS8 O cotidiano do serviço por meio da organização local do planejamento do acesso contemplando a demanda reprimida por atendimento consequência da sobrecarga de trabalho oca sionada pelas múltiplas tarefas do profissional que atua na APS foram mencionados pelas coordenadoras enfermeiras na atenção básica a gente vê os profissionais cada vez mais carregados e a demanda espontânea ela é complicada ela te toma muito tempo e se tu não cuida tu fica só nela tu acolhe o dia inteiro ECAPS 7 DISCUSSÃO Ao analisar os dados é inevitável não tensionar o que se riam as melhores práticas no exercício do planejamento das ações voltadas ao atendimento das demandas impostas pelo adoecimento crônico e o que é de fato executado Esse é um apontamento relevante tendo em vista que as enfermeiras que compuseram o corpus de análise deste estudo ocupam posições de gestão nos municípios o que demonstra o seu protagonis mo na proposição de boas práticas em saúde Além disso este instrumento organiza os processos normativos e as ações de saúde a serem realizadas além de oferecer conhecimento a respeito das características epidemiológicas da população ele mentos imprescindíveis para a Gestão em Saúde As fragilidades relacionadas à organização do sistema local de saúde apontam para iniquidades no acesso ao serviço e consequentemente à prevenção e ao acompanhamento das doenças crônicas que se fossem coordenadas poderiam evitar o aumento das co morbidades relacionadas Os achados apresentados no artigo demonstram que alguns dos municípios possuem dificuldades em executar o Planejamento em Saúde conforme as orientações e recomendações do MS Assim o planejamento incipiente acarreta em longo prazo efeitos sobre o próprio processo organizativo das ações de saúde tornandoo mais complexo justamente para municípios que não têm imbuído no processo de trabalho pensar suas ações em longo e médio prazo tanto no nível local quanto no municipal Nesta perspectiva pelo olhar da análise estratégica o MS opera em certa medida por meio da imposição como direciona lidade normativa5 Essa direcionalidade é oriunda de dinâmicas estratégicas construídas a partir da concretização de normas administrativas programáticas e verticais5 no presente estudo focado na APS no planejamento municipal e nos desafios a partir da perspectiva de enfermeiras gestoras na Saúde Esse cenário demonstra a dissonância entre aquilo que é instituído pelo MS e a capacidade que se tem em âmbito municipal de capilarizar a estratégia de planejamento no SUS mesmo nos municípios com tradição de adotar instrumentos instituídos pela gestão federal Desta forma a via de mão dupla do planejamento ascen dente de pensar o municipal a partir do local e o local atuar em consonância com o municipal fragilizase no sentido de que os serviços de saúde não conseguem fazer a análise situacional 6 Rev Bras Enferm 2020732 e20180409 9 de Os desafios do planejamento municipal a partir da perspectiva de enfermeiras gestoras Reuter CLO Maciel PP Santos VCF Riquinho DL Ramos AR de seus territórios que subsidia a construção dos planos e programações de saúde Inferese que a questão dos recursos insuficientes possa ser fruto em certa medida das dificuldades de se constituir os instrumentos municipais de planejamento do SUS em consonância com os de gestão pública orçamen tária71617 Essa inferência não desonera a leitura do cenário atual que é de contenção de recursos financeiros para a área da Saúde mas aponta que o planejamento bem articulado com o orçamento pode otimizar e qualificar os gastos em Saúde na medida em que a unificação dos blocos de financiamento da saúde de custeio das ações e serviços públicos de saúde e de investimento na rede de serviços públicos de saúde requer maior responsabilização de estados e municípios crescendo a importância da adequada construção dos instrumentos de planejamento do SUS18 Organizacionalmente no SUS os referidos instrumentos oportunizam as ações de saúde oferecidas nos municípios abrindo também a possibilidade de o controle social atuar de forma mais transparente na Gestão em Saúde o que oportuniza que sejam implementados processos democráticos junto ao Planejamento em Saúde realizado Estudo aponta que o des cumprimento do mesmo pode ser ocasionado em decorrência de problemas e desafios encontrados nos processos de gestão pelos atores sociais públicos responsáveis pelos mesmos19 Isso instiga para a necessidade de inserir estas especificidades no processo formativo das profissionais enfermeiras especial mente as gestoras No que tange à incorporação das especificidades das DCNT no planejamento da atenção à saúde prestada nos municípios verificaramse fragilidades importantes no cenário em estudo em relação à organização da atenção local para atuar frente a esses agravos Isso é potencializado em função dos efeitos cumu lativos da insuficiência do gerenciamento do atendimento das DCNT evidenciado pela ênfase na programação em detrimento do Planejamento em Saúde de forma sistêmica e coordenada Isso pode ser consequência da cultura organizacional que privilegia o modelo curativo de atenção à saúde Pensando no adoecimento crônico e considerando a ausência de modelos de atenção com base em evidências e necessidades cabe aos gestores hoje superar seus próprios limites profissionais e pro curar suprir as carências de infraestrutura sistema de apoio de diagnóstico e tratamento deficientes20 Se por um lado os municípios apresentam iniciativas que se mostram promissoras contextualmente como articulações mais participativas entre gestão profissionais e usuários enquanto instrumentos gerenciais que têm efeitos sistêmicos em âmbito municipal em muito articulado pelas enfermeiras por outro a diversidade das iniciativas dos serviços de saúde na produção de cuidado ao adoecimento crônico é valorosa no que concerne às especificidades territoriais Mas quando não há a coordenação da APS em consonância com os instrumentos de planejamento do SUS inviabiliza a organização da RAS municipal e regional O referencial teórico da análise estratégica56 dá pistas para a reflexão e o processamento dos problemas e cenário apresentados quais sejam explicação de como o problema surgiu e se desenvolveu constrói planos que interfiram nos nós críticos avalia a viabilidade política do plano e de como viabilizálo por fim ataca o problema por meio das operações construídas no plano6 Para tanto fazse necessário pensar em conceitos estratégicos que privilegiam a transformação desta realidade O uso da tática tornase fundamental na medida em que esta promove o uso de recursos escassos para produzir a mudança situacional assim como a da estratégia que prevê o uso desta mudança para se atingir a situaçãoobjetivo6 No caso em estudo a situaçãoobjetivo é a qualificação do pla nejamento municipal regional e estadual e a interlocução da Enfermagem nesse processo Atualmente o sistema de saúde brasileiro para promover a organização regionalizada e hierarquizada conforme o Decreto nº 750821 prevê que os municípios compartilhem espaços geográficos que se aproximem por especificidades locorregio nais com o intuito de organizar planejar e executar as ações e serviços de saúde de forma compartilhada e solidária Deste modo apostase no novo conceito cunhado pelas autoras de Planejamento Municipal Regionalizado22 que se projeta para dar conta das ações e serviços nas realidades municipais e re gionais Este conceito prevê que as regiões de saúde possam ser consideradas dispositivos onde os municípios planejam a atenção à saúde em parceria solidária e cooperativa compar tilhando experiências exitosas e problemas que são comuns entre eles mas ao mesmo tempo partilhando recursos e serviços em saúde Esta é uma necessidade que se mostra urgente em um horizonte que é muito próximo das gestões municipais regionais e estaduais A presença e a atuação da enfermeira gerente nesse processo promove a articulação dos profissionais e da gestão em relação às boas práticas no olhar das necessidades em saúde da população proporcionando a consolidação de políticas que promovam a saúde e superem o modelo fragmentado e curativista As demandas impostas pelas DCNT demonstram que a atenção à saúde poderia se dar de forma articulada e planeja da regionalmente entre os municípios entretanto observase que estes têm dificuldades em receber retaguarda do Estado e do MS para organizar suas ações localmente haja vista a não consolidação de programas de saúde como o HiperDia Uma pista para a compreensão deste problema pode estar atrelada a aspectos políticogovernamentais que modificam o cenário da Gestão em Saúde nas transições políticas inclusive com a dificuldade de manter o acompanhamento e sequência dos projetos especialmente nas Secretarias Municipais de Saúde Isto tem consequências no planejamento municipal em Saúde pois dificulta a organização de um corpo técnico da programação das ações de saúde e do caráter mais perene dos programas executados localmente especialmente pela falta de critério técnico na escolha de alguns gestores23 Em relação à prática do planejamento ao se remeter aos atores sociais envolvidos diretamente no processo e neste caso os dirigentes políticos eles demonstram seu modo de pensar e de fazer a política por meio de estratégias adotadas conforme seu estilo político beneficiando a si e aos seus justificando os meios pelos fins ou ainda o governo pelo consenso5 Essa realidade aponta para elementos que também provocam efeitos na relação de longitudinalidade da atenção à saúde interferindo na forma como as equipes promovem a gestão do cuidado Atualmente 7 Rev Bras Enferm 2020732 e20180409 9 de Os desafios do planejamento municipal a partir da perspectiva de enfermeiras gestoras Reuter CLO Maciel PP Santos VCF Riquinho DL Ramos AR as exigências em relação às atividades de planejamento e Gestão em Saúde da população brasileira principalmente aos usuários que sofrem com adoecimentos crônicos pressupõem a neces sidade de profissionais qualificados e permanentes para seu desenvolvimento³ Perante os desafios para a enfermeira que se encontra em cargos de coordenação da APS pontuase que sua inserção é estratégica no campo da Saúde Coletiva atuando como um importante interlocutor para a execução de programas coor denador e gestor municipal Assim a enfermeira tem condições de assumir posições decisórias e de proposições políticas de saúde ampliando sua participação nos sistemas de saúde em decorrência de sua formação que engloba conhecimentos da área assistencial e gerencial Com o olhar voltado ao cuidado integral a enfermeira tem potencial para assumir postura di ferenciada na gestão de sistemas de saúde24 Além disso em estudo evidenciouse que aproximadamente 46 de gerentes de unidades de saúde possuem o título de enfermeira Isso pode estar relacionado ao conhecimento de Administração na formação de base do currículo da graduação de enfermagem que o qualifica para assumir cargos de gestão25 Entretanto há que se mencionar que existem fragilidades no processo de trabalho deste profissional na APS pois apesar de haver necessidade de enfermeiras como líderes em Saúde Coletiva vale ressaltar que a alta rotatividade desses profissio nais compromete o seu vínculo com a comunidade qualidade da assistência e manutenção do planejamento acarretando sobrecarga de trabalho para os que permanecem nas equipes aumentando os custos e fragilizando os processos26 Ainda nesse contexto o fato de a demanda por atendimento na APS ser crescente a enfermeira desloca suas ações para atividades rotineiras e de nível de complexidade inferior às suas potenciais competências27 Em relação às dificuldades relacionadas à falta de autonomia falhas no sistema de informação incertezas e indefinições políticoinstitucionais sobrecarga de trabalho en contradas neste estudo corroboram com os resultados nacionais e internacionais que envolvem esse cenário2829 Também não se deve deixar de pontuar a falta de disponibilidade de outros profissionais em assumir este papel Limitações do estudo Como limitações do estudo apontase para o recorte do estudo dar ênfase à gestão municipal pelo olhar da CAPS sem captar o olhar das enfermeiras que atuam nos serviços de saúde haja vista que são estes atores que promovem a gestão do cuidado ao adoecimento crônico nos territórios Sugerese que os próximos estudos venham a incorporar a perspectiva dos atores citados buscando fomentar a perspectiva de que o Planejamento Municipal Regionalizado22 possa ser uma prática comum nas regiões de saúde Contribuições para a área da Enfermagem Saúde ou Política Pública As contribuições da Enfermagem para o campo da Saúde Coletiva têmse consolidado ao longo do tempo de modo que avançar na produção do conhecimento acerca das práticas de gestão no âmbito das CAPS pautandose em um referencial como o de Carlos Matus56 fortalece a atuação das enfermeiras neste cenário assim como nos diferentes âmbitos da Gestão em Saúde As evidências aqui apontadas indicam para a premência de se qualificar o Planejamento em Saúde realizado para atender às DCNT assim como fortalecer habilidades e competências ainda na formação acadêmica das profissionais enfermeiras para atuarem diante das especificidades que estes agravos impõem tendo como horizonte o planejamento regional e municipal em Saúde visto que os cargos de gestão local da APS mostraramse representativos pela Enfermagem CONSIDERAÇÕES FINAIS A análise do planejamento municipal desenvolvido pelas CAPS na perspectiva do adoecimento crônico revelou iniciativas e desafios à Enfermagem em Saúde Coletiva Em relação às inicia tivas foram observadas as de fomento à cultura organizacional por meio de instrumentos de planejamento com encontros periódicos valendose do plano municipal como orientador das ações locais As insuficiências de recursos financeiros e humanos são os desafios para implementar o planejamento de um modelo em Saúde que priorize a continuidade do cuidado em detrimento dos atendimentos agudizados das pessoas vivendo com doenças crônicas O apresentado indica que ainda é necessário um projeto permanente de planejamento da atenção à saúde aos adoe cidos crônicos e que as enfermeiras que assumam cargos de gestão em nível municipal já concentram relevante apropriação teórica e conceitual em relação a esta prática e que têm muito a contribuir com este processo no âmbito do SUS A análise estratégica de Matus retrata a importância de se conhecer o cenário para se transformar a realidade a partir da leitura dos diferentes atores sociais buscando a situaçãoobjetivo de qualificar o planejamento municipal regional e estadual no presente estudo partindo da realidade local no que tange ao adoecimento crônico Neste sentido as regiões de saúde podem ser pensadas como dispositivos que oferecem a possibilidade de os municípios atuarem em parcerias solidárias e cooperativas propondose assim um Planejamento Municipal Regionalizado A presença de enfermeiras nos cargos de coordenação da APS demonstra o papel estratégico da profissão nos diferentes âmbitos de gestão do SUS e instiga a reflexão de estratégias que possam qualificar a prática dessas profissionais buscando a excelência de suas práticas Com este estudo almejase que seja possível ampliar o conhecimento que se tem da atuação das enfermeiras gestorascoordenadoras da APS avançando para se consolidar este espaço como um dos lugares de inserção da Enfermagem em Saúde Coletiva FOMENTO O presente estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul PPSUS 2013 processo nº 11462551135 8 Rev Bras Enferm 2020732 e20180409 9 de Os desafios do planejamento municipal a partir da perspectiva de enfermeiras gestoras Reuter CLO Maciel PP Santos VCF Riquinho DL Ramos AR REFERÊNCIAS 1 Backes DS Backes MS Erdmann AL Büscher A The role of the nurse in the Brazilian Unified Heath System from community health to the family health strategy Ciênc Saúde Coletiva Internet 2012 cited 2017 Jul 1517122330 Available from httpwwwscielobrpdf cscv17n1a24v17n1pdf 2 Ciampone MHT Melleiro MM O planejamento e o Processo Decisório como instrumentos do Processo de Trabalho Gerencia In Kurcgant P Coord Gerenciamento em Enfermagem Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2014 3 Lacerda JT Calvo MCM Berretta IQ Ortiga AMB Evaluation of Management for Health Planning in municipalities in the State of Santa Catarina Ciência Saúde Coletiva Internet 2012 cited 2017 Jul 21 174851859 Available from httpwwwscielobrpdfcscv17n4v17n4a08pdf 4 Organização Mundial da Saúde Guia para a Documentação e Partilha das Melhores Práticas em Programas de Saúde Rwanda Escritório Regional Africano BrazzavilleOMS 2008 5 Matus C Estratégias políticas Chimpanzé Maquiavel e Gandhi São Paulo Fundap 1996 6 Huertas F O Método PES entrevista com Matus São Paulo Fundap 1996 7 Ministério da Saúde BR Manual de Planejamento no SUSInternet Brasília DF Ministério da Saúde 2016 cited 2017 July 15 Available from httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesarticulacaointerfederativav4manualplanejamentoatualpdf 8 Malta DC Silva JB O Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis no Brasil e a definição das metas globais para o enfrentamento dessas doenças até 2025 uma revisão Epidemiol Serv Saúde Internet 2013 cited 2017 Jul 1522115164 Available from httpscieloiecpagovbrpdfessv22n1v22n1a16pdf 9 Brasil Ministério da Saúde Portaria nº483 de 1º de abril de 2014 Redefine a Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde SUS e estabelece diretrizes para a organização das suas linhas de cuidado Internet 2014 cited 2017 July 21 Available from httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2014prt048301042014html 10 World Health Organization Noncommunicable Diseases NCD Country Profiles Brazil Internet 2014 cited 2017 July 15 Available fromhttpwwwwhointnmhcountriesbraenpdf 11 Brasil Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Análise de Situação de Saúde Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis DCNT no Brasil 20112022 Internet BrasíliaDF Ministério da Saúde 2011 cited 2017 July 15 Availablefrom httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesplanoacoesenfrentdcnt2011pdf 12 Malta DC Campos MO Oliveira MM Iser BPM Bernal RTI Claro RMet al Noncommunicable chronic disease risk and protective factor prevalence among adults in Brazilian state capital cities 2013 Epidemiol Serv Saúde Internet 2015 cited 2017 July 28 243373387 Available from httpwwwscielobrpdfressv24n3en22379622ress240300373pdf 13 Matumoto S Fortuna CM Kawata LS Mishima SM Pereira MJB Nurses Clinical Practice in Primary Care a Process Under Construction Rev LatinoAm Enfermagem Internet 2011 cited 2017 July 21 19112330 Available fromhttpwwwscielobrpdfrlaev19n117pdf 14 Gallani MCBJ O enfermeiro no contexto das doenças crônicas Ver LatinoAm Enfermagem Internet 2015 citad 2018 May 29 23112 Available from httpwwwperiodicosuspbrrlaearticleviewFile9999898578 15 Minayo MCS O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em saúde 12 ed São Paulo Hucitec 2010 16 Secretaria de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul Grupo de Trabalho Planejamento Monitoramento e Avaliação da Gestão Assessoria Técnica e de Planejamento ASSTEPLAN Plano Estadual de Saúde 20162019 Internet 2016 cited 2018 Sept 21 Availablefrom http wwwsaudersgovbruploadarquivos20170105153251pes20162019sesrspdf 17 Brasil Departamento de Informática do SUS DATASUS Informações de Saúde Epidemiológicas e Morbidade banco de dados Internet cited 2018 Sept 21 Available from httpwwwdatasusgovbrcid10V2008WebHelpcap093dhtm 18 Brasil Ministério da Saúde Portaria nº2135 de 25 de setembro de 2013 Estabelece diretrizes para o processo de planejamento no âmbito do Sistema Único de Saúde SUS Internet 2013 cited 2017 July 28 Available from httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013 prt213525092013html 19 Brasil Conselho Nacional de Secretários de Saúde A Gestão do SUS Internet Brasília CONASS 2015 cited 2017 July 21 Available from httpwwwconassorgbrbibliotecapdfAGESTAODOSUSpdf 20 Brasil Portaria nº 3992 de 28 de dezembro de 2017 Altera a Portaria de Consolidação nº 6GMMS de 28 de setembro de 2017 para dispor sobre o financiamento e a transferência dos recursos federais para as ações e os serviços públicos de saúde do Sistema Único de Saúde Internet 2018 cited 2018 May 28 Available from httphttpportalfnssaudegovbrimagespdfsPT39922017pdf 21 Martins C C Waclawovsky A J Issues and challenges faced by public managers in the process management in healthRevista de Gestão em Sistemas de Saúde RGSS Internet 2015 cited 2017 July 21 41100109 Available from httpwwwrevistargssorgbrojsindex phprgssarticleview157156 22 Silva LAA Soder RM Petry L Oliveira IC Permanent education in primary health care perception of local health managers Rev GaúchaEnferm Internet 2017 cited 2017 July 28 381e58779 Available from httpwwwscielobrpdfrgenfv38n1en01026933 rgenf1983144720170158779pdf 9 Rev Bras Enferm 2020732 e20180409 9 de Os desafios do planejamento municipal a partir da perspectiva de enfermeiras gestoras Reuter CLO Maciel PP Santos VCF Riquinho DL Ramos AR 23 Brasil Decreto nº 7508 de 28 de junho de 2011 Regulamenta a Lei no 8080 de 19 de setembro de 1990 para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde SUS o planejamento da saúde a assistência à saúde e a articulação interfederativa e dá outras providências 2011 cited 2017 July 21 Available from httpwwwplanaltogovbrccivil03ato201120142011decretod7508htm 24 Roese A Reuter CLO Santos VCF Bottega CG O planejamento municipal regionalizado e as demandas em saúde a atualidade de um debate antigo Apresentação no 3º Congresso Brasileiro de Política Planejamento e Gestão em Saúde 2017 mai 14 Natal Brasil 25 Roese A Planejamento regional ascendente e regionalização atores e estratégias da organização dos fluxos de utilização dos serviços de saúde Porto Alegre Tese Doutorado em Enfermagem Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2012 cited 2017 jul 28 Available from httpwwwbibliotecadigitalufrgsbrdaphpnrb000852377loc2012l027e61106c9526d1 26 Chaves LDP Tanaka OY Nurses and the assessment in health system managementRev Esc Enferm USP Internet 2012 cited 2017 July 21 46512741278 Available from httpwwwscielobrpdfreeuspv46n5en33pdf 27 Alves M Penna CMM Brito MJM Managers profile of Basic Unit of HealthRev Bras Enferm Internet 2004 cited 2017 July 28 5744416 Available from httpwwwscielobrpdfrebenv57n4v57n4a11 28 Galavote HS et al The nurses work in primary health care Esc Anna Nery Internet 2016 cited 2017 July 15 2019098 Available from httpwwwscielobrpdfeanv20n114148145ean20010090pdf 29 Barbiani R Dalla Nora CR Schaefer R Nursing practices in the primary health care context a scoping review Rev LatinoAm Enfermagem Internet 2016 cited 2017 July 28 24e2721 Available from httpwwwscielobrpdfrlaev2401041169rlae2402721pdf 30 Souza MB Rocha PM Sá AB Uchoa SAC Teamwork in primary care the experience of Portugal Rev PanamSaludPublica Internet 2013 cited 2017 July 21 3331905 Available from httpwwwscielosporgpdfrpspv33n3a05v33n3pdf 31 Caçador BS Brito MJM Moreira DA Rezende LC Vilela GS Being a nurse in the family health strategy programme challenges and possibilities Rev Min Enferm Internet 2015 cited 2017 July 28 193620626 Available from httpwwwremeorgbrartigo detalhes1027 ANÁLISE O estudo adotou uma abordagem exploratória descritiva com uma perspectiva qualitativa centrada na análise dos atores sociais envolvidos no processo de planejamento municipal na área da Atenção Primária à Saúde APS O referencial teórico utilizado foi o Planejamento Estratégico Situacional proposto por Carlos Matus Esse método enfatiza a compreensão da realidade a partir das percepções dos atores envolvidos valorizando a capacidade de criar e influenciar o futuro em vez de se basear estritamente em leis determinísticas A análise estratégica permite considerar as diferentes visões de mundo dos diversos atores e reconhece a importância da luta para modificar a realidade A ênfase é colocada na construção do futuro a partir da realidade presente sem se apegar excessivamente ao passado As entrevistas foram conduzidas entre 2014 e 2015 nos municípios de Alvorada Cachoeirinha Glorinha Gravataí Porto Alegre e Viamão que compõem a Região de Saúde 10 do estado do Rio Grande do Sul Essa região foi escolhida devido aos desafios relacionados à organização da rede assistencial de saúde especialmente no contexto do adoecimento crônico considerando a presença da metrópole de Porto Alegre e municípios de grande porte Os participantes foram profissionais ocupando cargos de gestão na APS dos municípios mencionados predominantemente enfermeiras No total nove profissionais foram entrevistados a maioria mulheres Para manter a consistência o termo enfermeira ou coordenadora foi utilizado para se referir aos entrevistados respeitando a predominância de mulheres na amostra ANÁLISE O estudo adotou uma abordagem exploratória descritiva com uma perspectiva qualitativa centrada na análise dos atores sociais envolvidos no processo de planejamento municipal na área da Atenção Primária à Saúde APS O referencial teórico utilizado foi o Planejamento Estratégico Situacional proposto por Carlos Matus Esse método enfatiza a compreensão da realidade a partir das percepções dos atores envolvidos valorizando a capacidade de criar e influenciar o futuro em vez de se basear estritamente em leis determinísticas A análise estratégica permite considerar as diferentes visões de mundo dos diversos atores e reconhece a importância da luta para modificar a realidade A ênfase é colocada na construção do futuro a partir da realidade presente sem se apegar excessivamente ao passado As entrevistas foram conduzidas entre 2014 e 2015 nos municípios de Alvorada Cachoeirinha Glorinha Gravataí Porto Alegre e Viamão que compõem a Região de Saúde 10 do estado do Rio Grande do Sul Essa região foi escolhida devido aos desafios relacionados à organização da rede assistencial de saúde especialmente no contexto do adoecimento crônico considerando a presença da metrópole de Porto Alegre e municípios de grande porte Os participantes foram profissionais ocupando cargos de gestão na APS dos municípios mencionados predominantemente enfermeiras No total nove profissionais foram entrevistados a maioria mulheres Para manter a consistência o termo enfermeira ou coordenadora foi utilizado para se referir aos entrevistados respeitando a predominância de mulheres na amostra MÉTODOS Percepções de enfermeiras que atuam na gestão da APS sobre o planejamento municipal para o atendimento das demandas do adoecimento crônico Construção de um panorama sobre as DCNT na região estudada Estudo exploratório descritivo com abordagem qualitativa Planejamento Estratégico Situacional Carlos Matus Aposta num conceito que busca explicar a realidade para além de predições objetivistas e determinísticas Permite diferentes visões de mundo dos atores envolvidos e as utiliza para modificar a realidade Mudar o futuro a partir da realidade não do passado Tipo de Estudo Perspectiva Teórica Análise Estratégica Foco da Investigação Fruto MÉTODOS Desafios impostos à organização da rede assistencial de saúde especialmente sobre o adoecimento crônico JUSTIFICATIVA DOS LOCAIS As entrevistas ocorreram entre os anos de 2014 e 2015 PERÍODO DA PESQUISA Alvorada Cachoeirinha Glorinha Gravataí Porto Alegre e Viamão Região de Saúde 10 LOCALIZAÇÃO Municípios MÉTODOS Características dos municípios da Região de Saúde em estudo Brasil 2016 Município Índice de Desenvolvimento Humano IDH Cobertura populacional estimada pelas equipes de Atenção Básica Proporção de Internações por Causas Sensíveis à Atenção Primária CSAP Proporção de Óbitos por DCNT Alvorada 0699 5216 3163 273 Cachoeirinha 0757 535 2519 322 Glorinha 0714 8185 1496 347 Gravataí 0736 6892 1889 259 Porto Alegre 0805 637 3288 268 Viamão 0717 371 2828 237 Área Empírica média 5994 3085 267 Estado RS 0746 7259 2705 272 Fonte BRASIL 2018 Cenário do estudo Profissionais que ocupavam cargos de gestores da APS nos municípios do estudo predomínio de enfermeiras Identificados como coordenadores ou gestores Foram 9 participantes 7 mulheres e 2 homens Convenção tratar os entrevistados pelo termo enfermeiras no feminino devido à predominância de mulheres Número Gênero e Convenção MÉTODOS Fonte de dados Participantes Financiamento O estudo integra a pesquisa Doenças Crônicas Não Transmissíveis e o Planejamento em Saúde Os Desafios da Região Metropolitana Porto AlegreRS MÉTOD MÉTODOS Percepções de enfermeiras que atuam na gestão da APS sobre o planejamento municipal para o atendimento das demandas do adoecimento crônico Construção de um panorama sobre as DCNT na região estudada Estudo exploratório descritivo com abordagem qualitativa Planejamento Estratégico Situacional Carlos Matus Aposta num conceito que busca explicar a realidade para além de predições objetivistas e determinísticas Permite diferentes visões de mundo dos atores envolvidos e as utiliza para modificar a realidade Mudar o futuro a partir da realidade não do passado Tipo de Estudo Perspectiva Teórica Análise Estratégica Foco da Investigação Fruto Referencial teóricometodológico e tipo do estudo MÉTODOS Cenário do estudo Desafios impostos à organização da rede assistencial de saúde especialmente sobre o adoecimento crônico JUSTIFICATIVA DOS LOCAIS As entrevistas ocorreram entre os anos de 2014 e 2015 PERÍODO DA PESQUISA Alvorada Cachoeirinha Glorinha Gravataí Porto Alegre e Viamão Região de Saúde 10 LOCALIZAÇÃO Municípios MÉTODOS Características dos municípios da Região de Saúde em estudo Brasil 2016 Município Índice de Desenvolvimento Humano IDH Cobertura populacional estimada pelas equipes de Atenção Básica Proporção de Internações por Causas Sensíveis à Atenção Primária CSAP Proporção de Óbitos por DCNT Alvorada 0699 5216 3163 273 Cachoeirinha 0757 535 2519 322 Glorinha 0714 8185 1496 347 Gravataí 0736 6892 1889 259 Porto Alegre 0805 637 3288 268 Viamão 0717 371 2828 237 Área Empírica média 5994 3085 267 Estado RS 0746 7259 2705 272 Fonte BRASIL 2018 Cenário do estudo Profissionais que ocupavam cargos de gestores da APS nos municípios do estudo predomínio de enfermeiras Identificados como coordenadores ou gestores Foram 9 participantes 7 mulheres e 2 homens Convenção tratar os entrevistados pelo termo enfermeiras no feminino devido à predominância de mulheres Número Gênero e Convenção MÉTODOS Fonte de dados Participantes Financiamento O estudo integra a pesquisa Doenças Crônicas Não Transmissíveis e o Planejamento em Saúde Os Desafios da Região Metropolitana Porto AlegreRS Participantes do estudo e fonte dos dados
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1 Rev Bras Enferm 2020732 e20180409 httpdxdoiorg1015900034716720180409 9 de RESUMO Objetivos analisar o planejamento municipal desenvolvido por enfermeiras coordenadoras da Atenção Primária à Saúde voltado para o enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis sob a perspectiva do Planejamento Estratégico Situacional Métodos estudo exploratório descritivo com abordagem qualitativa desenvolvido em municípios de uma Região de Saúde do Rio Grande do Sul Foram realizadas entrevistas semiestruturadas junto às coordenações de Atenção Primária à Saúde dos municípios da área empírica entre 2014 e 2015 A análise de conteúdo foi a temática e a perspectiva teórica de análise estratégica Resultados no desenvolvimento do planejamento municipal na atenção ao adoecimento crônico o estudo evidenciou as fragilidades colocandose como desafio para a gestão O Planejamento Municipal Regionalizado agrega como ferramenta para contribuir com a articulação entre atores implicados na organização do sistema de saúde Considerações finais a inserção estratégica da Enfermagem no campo da Saúde incita o debate acerca do papel deste profissional na gestão do SUS Descritores Planejamento em Saúde Enfermagem em Saúde Pública Atenção Primária à Saúde Doença Crônica Recursos Humanos de Enfermagem ABSTRACT Objectives to analyze the municipal planning developed by nurses coordinating Primary Health Care aimed at coping with Chronic Noncommunicable Diseases from the perspective of the Situational Strategic Planning Methods a descriptive exploratory study with a qualitative approach developed in municipalities of a Health Region of Rio Grande do Sul State Semistructured interviews were carried out with the Primary Health Care coordination of the municipalities of the empirical area between 2014 and 2015 Content analysis was the thematic and the theoretical perspective of strategic analysis Results in the development of municipal planning regarding care for chronic illness the study highlighted fragilities which are a challenge for management The Regional Municipal Planning is a tool that contributes to the articulation between actors involved in the organization of the health system Final considerations strategic insertion of Nursing in the field of Health prompts the debate about the role of this professional in the management of SUS Descriptors Health Planning Public Health Nursing Primary Health Care Chronic Disease Nursing Staff RESUMEN Objetivos analizar la planificación municipal desarrollada por enfermeras coordinadoras de la Atención Primaria de Salud orientada al enfrentamiento de las enfermedades crónicas no transmisibles bajo la perspectiva de la Planificación Estratégica Situacional Métodos estudio exploratorio descriptivo con abordaje cualitativo desarrollado en municipios de una Región de Salud de Rio Grande do Sul Se realizaron entrevistas semiestructuradas junto a las coordinaciones de Atención Primaria de Salud de los municipios del área empírica entre 2014 y 2015 El análisis de contenido fue temático y la perspectiva teórica de análisis estratégica Resultados en el desarrollo de la planificación municipal en la atención al enfermo crónico el estudio evidencia las fragilidades colocándose como desafío para la gestión La Planificación Municipal Regionalizada agrega como herramienta para contribuir con la articulación entre actores implicados en la organización del sistema de salud Consideraciones finales la inserción estratégica de la Enfermería en el campo de la Salud incita el debate acerca del papel de este profesional en la gestión del SUS Descriptores Planificación en Salud Enfermería en Salud Pública Atención Primaria de Salud Enfermedad Crónica Personal de Enfermería Os desafios do planejamento municipal a partir da perspectiva de enfermeiras gestoras Challenges of municipal planning from the perspective of nurse managers Los desafíos de la planificación municipal desde la perspectiva de enfermeras gestoras ARTIGO ORIGINAL Camila Luana Oliveira ReuterI ORCID 0000000175866384 Paola Panazzolo MacielII ORCID 0000000226080729 Vilma Constancia Fioravante dos SantosIII ORCID 0000000310751871 Deise Lisboa RiquinhoI ORCID 0000000266048985 Adriana Roese RamosI ORCID0000000313499560 I Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre Rio Grande do Sul Brasil II Hospital de Clínicas de Porto Alegre Porto Alegre Rio Grande do Sul Brasil III Faculdades Integradas de TaquaraTaquara Rio Grande do Sul Brasil Como citar este artigo Reuter CLO Maciel PP Santos VCF Riquinho DL Ramos AR Challenges of municipal planning from the perspective of nurse managers Rev Bras Enferm 2020732e20180409 doi httpdxdoiorg1015900034716720180409 Autor Correspondente Adriana Roese Ramos Email adiroesegmailcom EDITOR CHEFE Dulce Aparecida Barbosa EDITOR ASSOCIADO Alexandre Balsanelli Submissão 18062018 Aprovação 26022019 2 Rev Bras Enferm 2020732 e20180409 9 de Os desafios do planejamento municipal a partir da perspectiva de enfermeiras gestoras Reuter CLO Maciel PP Santos VCF Riquinho DL Ramos AR INTRODUÇÃO O campo da Saúde Coletiva é permeado pela atenção à saúde promovida pela Enfermagem de forma inter eou disciplinar sendo inegável o papel que a enfermeira detém na identificação e intervenção das necessidades de saúde da população assim como na promoção e proteção da saúde dos indivíduos e coletividades¹ A Enfermagem enquanto prática social tem muito a contribuir com o Sistema Único de Saúde SUS no qual determinadas ferramentas se mostram importantes como o Planejamento em Saúde instrumento imprescindível para o processo gerencial² O ato de planejar auxilia a condução da gestão municipal cola borando por consequência para um melhor aproveitamento de oportunidades e na superação de desafios na implementação de políticas de saúde Além disso o planejamento facilita a definição de objetivos a organização das ações o acompanhamento a fiscalização o controle dos gastos e a avaliação dos resultados obtidos³ Sob esta ótica compreendese que promover discussões que venham a qualificar o processo de planejamento e consequentemente o processo gerencial das enfermeiras que atuam em cargos de gestão no contexto da Atenção Primária à Saúde APS é relevante para a Saúde Coletiva como um todo e para a qualificação de suas práticas nesse campo Considerase que boas práticas no cuidado em Enfermagem estão relacionadas ao melhor desempenho dos serviços de saúde fazendo uso do conhecimento disponível para que seja possível alcançar êxito nas ações de saúde4 Cabe destacar que no presente estudo entendese o planeja mento a partir de um olhar estratégico e situacional sendo que este promove a conciliação da ação em relação a uma realidade complexa integrando a visão de diferentes atores sociais e o uso de ferramen tas operacionais na análise e enfrentamento dos problemas57 O Planejamento Estratégico Situacional considera os diferentes atores em um jogo de conflito e de cooperação em que cada um enxerga a realidade a partir de sua leitura da situação6 A construção do pensamento estratégico prevê o pensar com método e antes de agir explicando suas possibilidades e viabilidade propondose objetivos e projetando o futuro56 O planejamento permite que se possa atender às demandas de determinada realidade transformála e movimentála dando êxito aos objetivos pretendidos² Ressaltase a importância do olhar da enfermeira gerente ou coordenadora no que tange aos diferentes enfoques da situação na apropriação das necessidades de saúde da população para que o planejamento seja adequado à realidade da população Nesta perspectiva o diálogo a respeito do planejamento e do adoecimento crônico justificase quando evidencia que as Doenças Crônicas Não Transmissíveis DCNT ocasionam eleva do número de mortes prematuras perda de qualidade de vida com alto grau de limitação nas atividades de trabalho e de lazer Em âmbito comunitário provoca impactos econômicos para as famílias comunidades e a sociedade em geral agravando as iniquidades e a pobreza8 O Brasil desde 2014 instituiu formalmente iniciativas para atuar frente às DCNT Por meio de portaria redefiniu a Rede de Atenção à Saúde RAS das pessoas com doenças crônicas no âmbito do SUS e estabeleceu diretrizes para a organização das suas linhas de cuidado de forma mais organizada à realização da atenção integral9 Dados epidemiológicos apontam que 74 das mortes no Brasil ocorreram por conta das DCNT10 o que aponta para um futuro desafiador para as práticas da Enfermagem Para que se pense em ações preventivas eficazes e em apoia dores de políticas de promoção e enfrentamento das DCNT é necessário que se realize o monitoramento dos fatores de risco e proteção destas patologias1112 utilizandose de ferramentas de apoio ao planejamento e gestão do sistema de saúde no Brasil12 Esse cenário pode ser reavaliado a partir da leitura estratégica do problema agregando diferentes atores sociais colocados em situação a partir de sua capacidade de agir conhecimento e in teresse sobre a análise A complexidade do problema ora posto requer a leitura da realidade a partir dos diferentes olhares56 No que concerne à inserção da enfermeira na APS e na prática de planejamento municipal em saúde esta profissional tem desenvolvido habilidades e competências que ampliam paulatinamente seu escopo de atuação na gestão do sistema de saúde desde o âmbito local dos serviços de saúde até os espaços municipais e estaduais Essa inserção demonstra a dupla dimensão de seu trabalho tanto assistencial quanto gerencial as quais devem ser voltadas ao atendimento individual e coletivo13 A enfermeira nessa perspectiva atua como um importante ator social sujeito ativo e promotor de mudanças e mesmo produz a realidade e é produto dela5 As boas práticas da enfermeira no contexto da APS requerem que seja possível repensar o trabalho gerencial e da gestão do cuidado especialmente no que concerne aos agravos comuns na atenção à saúde como a Hipertensão Arterial Sistêmica e a Diabetes Mellitus No contexto das doenças crônicas a enfermeira pode contribuir de forma importante para a qualidade e otimização dos serviços de saúde14 Nesta perspectiva a produção do conhecimento que venha a qualificar o trabalho da enfermeira em cargos de gestão mu nicipal contribui para a ampliação do acesso aos serviços em Saúde pelos adoecidos crônicos Nesse sentido é necessário que o Planejamento em Saúde esteja alinhado às demandas da população constituído a partir de uma análise de situação local e municipal de forma colaborativa com a prática clínica OBJETIVOS Analisar o planejamento municipal desenvolvido por enfer meiras coordenadoras da Atenção Primária à Saúde voltado para o enfrentamento das DCNT sob a perspectiva do Planejamento Estratégico Situacional MÉTODOS Aspectos éticos Os aspectos éticos foram respeitados quanto ao acesso e aná lise de dados atendendo às normas nacionais e internacionais de ética em pesquisa em seres humanos As Coordenadoras da Atenção Primária em Saúde CAPS entrevistadas receberam e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em duas vias para confirmar o aceite de participação no estudo assim como a garantia do anonimato As entrevistas foram realizadas em dia e local previamente acordados com as coordenadoras A pesquisa foi aprovada pela Comissão de Pesquisa da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul 3 Rev Bras Enferm 2020732 e20180409 9 de Os desafios do planejamento municipal a partir da perspectiva de enfermeiras gestoras Reuter CLO Maciel PP Santos VCF Riquinho DL Ramos AR UFRGS pelos Comitês de Ética da UFRGS e da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre Referencial teóricometodológico e tipo do estudo Para construir o estudo sob a ótica dos atores sociais envolvidos no processo de planejamento mu nicipal a partir da atuação das enfermeiras em cargo de gestão municipal da APS e de suas estratégias para atender às demandas das DCNT assim como para enfrentar os desafios no cotidiano da organização dos serviços optouse pelo estudo exploratório descritivo com abordagem qualitativa15 a partir da perspectiva teórica do Planejamento Estratégico Situacional proposto por Carlos Matus56 Nesse tipo de análise valorizase a aposta como conceito ao explicar a realidade no qual o cálculo não está baseado na existência de leis abdicandose do determinismo e objetivismo da predição A análise estratégica56 possibilita as diferentes visões de mundo dos diferentes atores e os coloca em jogo no qual eles lutam para modificar o resultado realidade E apesar das restrições impostas pelo passado e pelo presente o mundo pode ser criado e conquistado nesse jogo Esse é o futuro que deve ser pen sado a partir da realidade e não dando peso excessivo ao passado5 Desta forma pretendeuse investigar as percepções das en fermeiras que atuam na gestão da APS sobre o planejamento municipal voltado ao atendimento das demandas do adoecimento crônico A visão desses atores proporcionou a construção de um panorama sobre as DCNT na região de saúde em estudo Cenário do estudo As entrevistas foram realizadas entre os anos de 2014 e 2015 A pesquisa ocorreu nos municípios de Alvorada Cachoeirinha Glorinha Gravataí Porto Alegre e Viamão pertencentes à Região de Saúde 10 do estado do Rio Grande do Sul Figura 1 A opção pela referida região de saúde ocorreu devido aos desafios impostos pela organização da rede assistencial de saúde especialmente quanto ao adoecimento crônico Quadro 1 na região metropolitana agregando portanto a metrópole Porto Alegre e municípios de grande porte Participantes do estudo e fonte dos dados O presente estudo integra a pesquisa intitulada Doenças crônicas não transmissíveis e o Planejamento em Saúde os de safios da região metropolitana Porto AlegreRS financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul Fapergs em parceria com o Ministério da Saúde MS com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPQ do Brasil e a Secretaria de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul SESRS no âmbito do Programa de Pesquisa para o SUS gestão compartilhada em saúde sob chamada FapergsMSCNPq SESRS no 0022013 Os participantes deste estudo foram os profissionais que ocu pavam cargos de gestores da APS dos municípios supracitados profissionais que ao longo do texto serão identificados como coor denadores ou gestores Nesses este cargo de gestão era assumido em sua maioria por enfermeiras Foram entrevistados um total de nove profissionais sendo sete do sexo feminino Para atender ao enfoque do presente manuscrito optouse por convencionar que ao se tratar dos profissionais entrevistados seria utilizado o termo enfermeira ou coordenadora respeitando o feminino em virtude da maioria dos entrevistados serem enfermeiras Coleta e organização dos dados e etapas do trabalho A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas semies truturadas realizadas pessoalmente pelas pesquisadoras junto aos participantes supracitados Os questionamentos realizados tratavam da organização e gestão das DCNT na APS e estraté gias adotadas pelas coordenações para enfrentar os desafios no cotidiano da organização dos serviços Quanto à organização dos dados as entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra para posterior análise As entrevistadas receberam a seguinte codificação Entrevista Coordenação Quadro 1 Características dos municípios da Região de Saúde em estudo Brasil 2016 Município Índice de Desenvolvimento Humano IDH Cobertura populacional estimada pelas equipes de Atenção Básica Proporção de Internações por Causas Sensíveis à Atenção Primária CSAP Proporção de Óbitos por DCNT Alvorada 0699 5216 3163 273 Cachoeirinha 0757 535 2519 322 Glorinha 0714 8185 1496 347 Gravataí 0736 6892 1889 259 Porto Alegre 0805 637 3288 268 Viamão 0717 371 2828 237 Área Empírica média 5994 3085 267 Estado RS 0746 7259 2705 272 Fonte BRASIL 2018 Nota Seleção dos grupos CID10 Diabetes Mellitus Outros transtornos da regulação da glicose e da secreção pancreática interna Distúrbios metabólicos Doenças hipertensivas Doenças isquêmicas do coração Doenças cerebrovasculares Doenças das artérias das arteríolas e capilares Fonte adaptado da Secretaria Estadual de Saúde 2016 Figura 1 Mapa da Região de Saúde em estudo Rio Grande do Sul Brasil 4 Rev Bras Enferm 2020732 e20180409 9 de Os desafios do planejamento municipal a partir da perspectiva de enfermeiras gestoras Reuter CLO Maciel PP Santos VCF Riquinho DL Ramos AR Atenção Primária à Saúde ECAPS entrevistas com gestores de um 1 a nove 9 Análise dos dados A análise dos dados ocorreu por meio de análise de conteú do do tipo temático Para promover a categorização temática utilizouse como ferramenta de apoio o software NVivo 9 A categorização foi realizada a partir das três etapas propostas pelo referencial metodológico quais sejam préanálise exploração do material e tratamento dos resultados obtidos e interpretação15 As categorias temáticas em análise no presente artigo serão apresentadas no capítulo de resultados O empírico foi posteriormente discutido a partir do referencial teórico da análise estratégica de Carlos Matus56 RESULTADOS Os resultados serão apresentados a seguir a partir das cate gorias empíricas A enfermeira em cargo de gestão municipal desafios do planejamento municipal e A enfermeira em cargo de gestão municipal desafios para o gerenciamento do cuidado ao adoecimento crônico Dos coordenadores ou gestores da CAPS entrevistados a maioria era composta por enfermeiras sendo que a escolha para assumir o cargo foi mais técnica do que política Antes de assumir o cargo estas enfermeiras já trabalhavam no município tendo diversas atribuições na secretaria de saúde e conhecendo a realidade em que estavam atuando A enfermeira em cargo de gestão municipal desafios do planejamento municipal Nos municípios da região de saúde estudada verificaramse dispari dades no que tange à capacidade técnica dos setores de coordenação em executar o planejamento e adequálo às diferentes realidades locais Ao passo que alguns municípios já têm a cultura organizacional de utilizar os instrumentos de planejamento do SUS tais como os planos programações e relatórios de saúde como mecanismos para a organi zação e funcionamento integrado dos serviços de saúde outros ainda têm dificuldades de inserir estes instrumentos na organização local das ações de saúde Ainda ressaltase a fragmentação do processo de planejamento quando ele ocorre como na descrição da ECAPS 9 quando aponta o desenvolvimento de suas ações de acordo com os programas desenvolvidos em âmbito municipal mas respeitando as diretrizes traçadas pelo Plano Municipal de Saúde Eu faço a coordenação dos programas de saúde procuro fazer reuniões periódicas com os coordenadores a gente tenta sentar uma vez ao mês e fazer o planejamento procurando trabalhar hoje em cima do plano municipal de saúde que a gente já tem a partir de 2014 até 2017 Então a gente pega o macro e das ações pega o que tá no plano de saúde e faz um micro planejamento de como desenvolver aquilo ao longo daquele ano ECAPS9 Outra situação é relatada pela ECAPS 3 coordenadora de ou tro município evidenciando as insuficiências de recursos como dificultador ao planejamento Eu ainda acho que o planejamento é muito incipiente Mas para que precisa de planejamento Porque a gente não tem recursos humanos suficientes a gente não tem recursos financeiros orçamentados suficientes para dar conta de todas as demandas as unidades não fazem o seu próprio planejamento de enxergar a sua comunidade ECAPS 3 A alternativa identificada por algumas coordenadoras para resolver o aumento na demanda relacionado às DCNT frente ao panorama incipiente de recursos financeiros e de profissionais qualificados para atuar neste campo foi a reestruturação dos serviços de saúde realizando a transição de Unidades Básicas de Saúde UBS para Estratégias de Saúde da Família ESF em alguns municípios Dessa forma qualificando ações de planejamento específicas que se destinam à prevenção Por outro lado ainda existem municípios que mantêm de forma concomitante a lógica de pronto atendimento com o modelo de atenção de ESF Isto acarreta incompreensão na população quanto à forma de atendimento tem ações bem pontuais nessa área mas a demanda nas unidades relacionadas às doenças crônicas ela cresce ano a ano a nossa estruturação quanto unidades básicas de saúde não tem dado conta dessa demanda e o que a gente tem buscado é a transição para o modelo de saúde da família Então mais serviços de saúde com uma visão voltada para a prevenção ECAPS 7 a gente tem unidade básica e pronto atendimento junto e o objetivo é separar para poder organizar melhor quando se separar vai se conseguir educar melhor a população para isso Assim sem modelo de atenção definido eles acabam não tendo uma referência ECAPS6 A enfermeira em cargo de gestão municipal desafios para o gerenciamento do cuidado ao adoecimento crônico Observouse ainda que algumas das coordenadoras apontaram a dificuldade de trabalhar em rede devido à falta de articulação entre os serviços de saúde que compõem a APS até mesmo mu nicípios de grande porte da Região de Saúde estudada não têm sistemas informatizados e interligados que possam dar suporte para formas de comunicação mais efetivas Por outro lado um aspecto relevante para pensar a gestão da prática clínica em âmbito local das equipes da APS é a comunicação interpessoal por iniciativa própria dos serviços de saúde locais que favorece a articulação do atendimento ao usuário Os nossos profissionais de saúde em sua maioria entendem que o suporte secundário é o pronto atendimento todo mundo tem procurado fazer um pouco trabalhar com a rede também o que tem certa dificuldade ECAPS9 cada equipe tem a sua própria reunião E mensalmente eu faço uma reunião de enfermagem com os enfermeiros aqui para conversar trocar dados para articular as equipes entre elas ECAPS1 A busca por formas mais participativas de pensar a organi zação local da oferta de serviços de saúde emergiu da fala das gestoras As coordenadoras buscavam maneiras de otimizar a comunicação com a população por meio das equipes dos serviços 5 Rev Bras Enferm 2020732 e20180409 9 de Os desafios do planejamento municipal a partir da perspectiva de enfermeiras gestoras Reuter CLO Maciel PP Santos VCF Riquinho DL Ramos AR de saúde conforme os recursos disponíveis profissionais físicos ou financeiros no sentido de aproximar a gestão municipal da APS das equipes e da própria população atendida partindo das especificidades territoriais e das suas necessidades em saúde só que para habilitar tem todo um processo a gente precisa da equipe inteira uma maneira de organização assim é de território mesmo a gente se divide na atenção básica em quatro distritos sanitários ECAPS7 Na oportunidade da geração de dados uma das coordenadoras citou um projeto municipal que se propunha auxiliar na mediação da comunicação entre os serviços de saúde estimulando a articu lação dos processos de referência e contrarreferência na rede uma estratégia vislumbrada pela gestão municipal para atender de forma mais qualificada as situações de agudização dos adoecidos crônicos O paciente entra numa porta de emergência numa UPA e ele tem a classificação de risco que é a classificação de Manchester todos aqueles que são verde e azul são reencaminhados à unidade de saúde para o seu cuidado dentro da atenção básica nós também fizemos uma classificação onde a gente classifica a necessidade das pessoas ECAPS8 Outro elemento que emerge na região em estudo é a inexis tência de acompanhamento de forma longitudinal das demandas que provêm de doenças crônicas tanto por parte dos municípios quanto por parte do Ministério de Saúde MS Uma informação sobre esse tema emergiu da fala de uma das enfermeiras em relação à extinção de um programa precursor das ações de saúde voltadas para as DCNT o Programa HiperDia Esse programa au xiliava na organização local das equipes mas não foi introduzido no cotidiano de todos os serviços de saúde ele foi um projeto do governo que nunca acabou efetivando acabou entrando tudo no piso de assistência farmacêutica que o governo federal repassa para os municípios nós não usamos mais o HiperDia até porque dentro do próprio Ministério houve um enfraquecimento desse programa Através do cadastro individual e familiar das pessoas nas unidades de saúde a gente consegue fazer esse monitoramento com mais exatidão agora a gente está fazendo o cadastro através do eSUS do SISAB ECAPS8 Os aspectos apontados acima podem agravar outra dificul dade que interfere diretamente nas possibilidades de executar o planejamento e que é uma insuficiência antiga do campo da Saúde do acesso a dados provenientes das ações prestadas em âmbito municipal além da não informatização de alguns serviços que compõem a RAS principalmente na APS Essas questões se mostraram como limitadoras para que se tenham condições de executar o monitoramento e a avaliação das ações executadas para atender aos adoecidos crônicos em âmbito municipal e local Essa parte de registro de bancos de dados é muito frágil ECAPS9 Ela é muito incipiente a gente não tem dados mais palpáveis para enxergar a realidade de como é que está a questão do doente crônico ECAPS4 Com o prontuário eletrônico isso vai ficar muito mais fácil a unidade de saúde vai ver isso registrado no prontuário do cidadão a comunicação da rede é que a gente tem de desafio ECAPS8 O cotidiano do serviço por meio da organização local do planejamento do acesso contemplando a demanda reprimida por atendimento consequência da sobrecarga de trabalho oca sionada pelas múltiplas tarefas do profissional que atua na APS foram mencionados pelas coordenadoras enfermeiras na atenção básica a gente vê os profissionais cada vez mais carregados e a demanda espontânea ela é complicada ela te toma muito tempo e se tu não cuida tu fica só nela tu acolhe o dia inteiro ECAPS 7 DISCUSSÃO Ao analisar os dados é inevitável não tensionar o que se riam as melhores práticas no exercício do planejamento das ações voltadas ao atendimento das demandas impostas pelo adoecimento crônico e o que é de fato executado Esse é um apontamento relevante tendo em vista que as enfermeiras que compuseram o corpus de análise deste estudo ocupam posições de gestão nos municípios o que demonstra o seu protagonis mo na proposição de boas práticas em saúde Além disso este instrumento organiza os processos normativos e as ações de saúde a serem realizadas além de oferecer conhecimento a respeito das características epidemiológicas da população ele mentos imprescindíveis para a Gestão em Saúde As fragilidades relacionadas à organização do sistema local de saúde apontam para iniquidades no acesso ao serviço e consequentemente à prevenção e ao acompanhamento das doenças crônicas que se fossem coordenadas poderiam evitar o aumento das co morbidades relacionadas Os achados apresentados no artigo demonstram que alguns dos municípios possuem dificuldades em executar o Planejamento em Saúde conforme as orientações e recomendações do MS Assim o planejamento incipiente acarreta em longo prazo efeitos sobre o próprio processo organizativo das ações de saúde tornandoo mais complexo justamente para municípios que não têm imbuído no processo de trabalho pensar suas ações em longo e médio prazo tanto no nível local quanto no municipal Nesta perspectiva pelo olhar da análise estratégica o MS opera em certa medida por meio da imposição como direciona lidade normativa5 Essa direcionalidade é oriunda de dinâmicas estratégicas construídas a partir da concretização de normas administrativas programáticas e verticais5 no presente estudo focado na APS no planejamento municipal e nos desafios a partir da perspectiva de enfermeiras gestoras na Saúde Esse cenário demonstra a dissonância entre aquilo que é instituído pelo MS e a capacidade que se tem em âmbito municipal de capilarizar a estratégia de planejamento no SUS mesmo nos municípios com tradição de adotar instrumentos instituídos pela gestão federal Desta forma a via de mão dupla do planejamento ascen dente de pensar o municipal a partir do local e o local atuar em consonância com o municipal fragilizase no sentido de que os serviços de saúde não conseguem fazer a análise situacional 6 Rev Bras Enferm 2020732 e20180409 9 de Os desafios do planejamento municipal a partir da perspectiva de enfermeiras gestoras Reuter CLO Maciel PP Santos VCF Riquinho DL Ramos AR de seus territórios que subsidia a construção dos planos e programações de saúde Inferese que a questão dos recursos insuficientes possa ser fruto em certa medida das dificuldades de se constituir os instrumentos municipais de planejamento do SUS em consonância com os de gestão pública orçamen tária71617 Essa inferência não desonera a leitura do cenário atual que é de contenção de recursos financeiros para a área da Saúde mas aponta que o planejamento bem articulado com o orçamento pode otimizar e qualificar os gastos em Saúde na medida em que a unificação dos blocos de financiamento da saúde de custeio das ações e serviços públicos de saúde e de investimento na rede de serviços públicos de saúde requer maior responsabilização de estados e municípios crescendo a importância da adequada construção dos instrumentos de planejamento do SUS18 Organizacionalmente no SUS os referidos instrumentos oportunizam as ações de saúde oferecidas nos municípios abrindo também a possibilidade de o controle social atuar de forma mais transparente na Gestão em Saúde o que oportuniza que sejam implementados processos democráticos junto ao Planejamento em Saúde realizado Estudo aponta que o des cumprimento do mesmo pode ser ocasionado em decorrência de problemas e desafios encontrados nos processos de gestão pelos atores sociais públicos responsáveis pelos mesmos19 Isso instiga para a necessidade de inserir estas especificidades no processo formativo das profissionais enfermeiras especial mente as gestoras No que tange à incorporação das especificidades das DCNT no planejamento da atenção à saúde prestada nos municípios verificaramse fragilidades importantes no cenário em estudo em relação à organização da atenção local para atuar frente a esses agravos Isso é potencializado em função dos efeitos cumu lativos da insuficiência do gerenciamento do atendimento das DCNT evidenciado pela ênfase na programação em detrimento do Planejamento em Saúde de forma sistêmica e coordenada Isso pode ser consequência da cultura organizacional que privilegia o modelo curativo de atenção à saúde Pensando no adoecimento crônico e considerando a ausência de modelos de atenção com base em evidências e necessidades cabe aos gestores hoje superar seus próprios limites profissionais e pro curar suprir as carências de infraestrutura sistema de apoio de diagnóstico e tratamento deficientes20 Se por um lado os municípios apresentam iniciativas que se mostram promissoras contextualmente como articulações mais participativas entre gestão profissionais e usuários enquanto instrumentos gerenciais que têm efeitos sistêmicos em âmbito municipal em muito articulado pelas enfermeiras por outro a diversidade das iniciativas dos serviços de saúde na produção de cuidado ao adoecimento crônico é valorosa no que concerne às especificidades territoriais Mas quando não há a coordenação da APS em consonância com os instrumentos de planejamento do SUS inviabiliza a organização da RAS municipal e regional O referencial teórico da análise estratégica56 dá pistas para a reflexão e o processamento dos problemas e cenário apresentados quais sejam explicação de como o problema surgiu e se desenvolveu constrói planos que interfiram nos nós críticos avalia a viabilidade política do plano e de como viabilizálo por fim ataca o problema por meio das operações construídas no plano6 Para tanto fazse necessário pensar em conceitos estratégicos que privilegiam a transformação desta realidade O uso da tática tornase fundamental na medida em que esta promove o uso de recursos escassos para produzir a mudança situacional assim como a da estratégia que prevê o uso desta mudança para se atingir a situaçãoobjetivo6 No caso em estudo a situaçãoobjetivo é a qualificação do pla nejamento municipal regional e estadual e a interlocução da Enfermagem nesse processo Atualmente o sistema de saúde brasileiro para promover a organização regionalizada e hierarquizada conforme o Decreto nº 750821 prevê que os municípios compartilhem espaços geográficos que se aproximem por especificidades locorregio nais com o intuito de organizar planejar e executar as ações e serviços de saúde de forma compartilhada e solidária Deste modo apostase no novo conceito cunhado pelas autoras de Planejamento Municipal Regionalizado22 que se projeta para dar conta das ações e serviços nas realidades municipais e re gionais Este conceito prevê que as regiões de saúde possam ser consideradas dispositivos onde os municípios planejam a atenção à saúde em parceria solidária e cooperativa compar tilhando experiências exitosas e problemas que são comuns entre eles mas ao mesmo tempo partilhando recursos e serviços em saúde Esta é uma necessidade que se mostra urgente em um horizonte que é muito próximo das gestões municipais regionais e estaduais A presença e a atuação da enfermeira gerente nesse processo promove a articulação dos profissionais e da gestão em relação às boas práticas no olhar das necessidades em saúde da população proporcionando a consolidação de políticas que promovam a saúde e superem o modelo fragmentado e curativista As demandas impostas pelas DCNT demonstram que a atenção à saúde poderia se dar de forma articulada e planeja da regionalmente entre os municípios entretanto observase que estes têm dificuldades em receber retaguarda do Estado e do MS para organizar suas ações localmente haja vista a não consolidação de programas de saúde como o HiperDia Uma pista para a compreensão deste problema pode estar atrelada a aspectos políticogovernamentais que modificam o cenário da Gestão em Saúde nas transições políticas inclusive com a dificuldade de manter o acompanhamento e sequência dos projetos especialmente nas Secretarias Municipais de Saúde Isto tem consequências no planejamento municipal em Saúde pois dificulta a organização de um corpo técnico da programação das ações de saúde e do caráter mais perene dos programas executados localmente especialmente pela falta de critério técnico na escolha de alguns gestores23 Em relação à prática do planejamento ao se remeter aos atores sociais envolvidos diretamente no processo e neste caso os dirigentes políticos eles demonstram seu modo de pensar e de fazer a política por meio de estratégias adotadas conforme seu estilo político beneficiando a si e aos seus justificando os meios pelos fins ou ainda o governo pelo consenso5 Essa realidade aponta para elementos que também provocam efeitos na relação de longitudinalidade da atenção à saúde interferindo na forma como as equipes promovem a gestão do cuidado Atualmente 7 Rev Bras Enferm 2020732 e20180409 9 de Os desafios do planejamento municipal a partir da perspectiva de enfermeiras gestoras Reuter CLO Maciel PP Santos VCF Riquinho DL Ramos AR as exigências em relação às atividades de planejamento e Gestão em Saúde da população brasileira principalmente aos usuários que sofrem com adoecimentos crônicos pressupõem a neces sidade de profissionais qualificados e permanentes para seu desenvolvimento³ Perante os desafios para a enfermeira que se encontra em cargos de coordenação da APS pontuase que sua inserção é estratégica no campo da Saúde Coletiva atuando como um importante interlocutor para a execução de programas coor denador e gestor municipal Assim a enfermeira tem condições de assumir posições decisórias e de proposições políticas de saúde ampliando sua participação nos sistemas de saúde em decorrência de sua formação que engloba conhecimentos da área assistencial e gerencial Com o olhar voltado ao cuidado integral a enfermeira tem potencial para assumir postura di ferenciada na gestão de sistemas de saúde24 Além disso em estudo evidenciouse que aproximadamente 46 de gerentes de unidades de saúde possuem o título de enfermeira Isso pode estar relacionado ao conhecimento de Administração na formação de base do currículo da graduação de enfermagem que o qualifica para assumir cargos de gestão25 Entretanto há que se mencionar que existem fragilidades no processo de trabalho deste profissional na APS pois apesar de haver necessidade de enfermeiras como líderes em Saúde Coletiva vale ressaltar que a alta rotatividade desses profissio nais compromete o seu vínculo com a comunidade qualidade da assistência e manutenção do planejamento acarretando sobrecarga de trabalho para os que permanecem nas equipes aumentando os custos e fragilizando os processos26 Ainda nesse contexto o fato de a demanda por atendimento na APS ser crescente a enfermeira desloca suas ações para atividades rotineiras e de nível de complexidade inferior às suas potenciais competências27 Em relação às dificuldades relacionadas à falta de autonomia falhas no sistema de informação incertezas e indefinições políticoinstitucionais sobrecarga de trabalho en contradas neste estudo corroboram com os resultados nacionais e internacionais que envolvem esse cenário2829 Também não se deve deixar de pontuar a falta de disponibilidade de outros profissionais em assumir este papel Limitações do estudo Como limitações do estudo apontase para o recorte do estudo dar ênfase à gestão municipal pelo olhar da CAPS sem captar o olhar das enfermeiras que atuam nos serviços de saúde haja vista que são estes atores que promovem a gestão do cuidado ao adoecimento crônico nos territórios Sugerese que os próximos estudos venham a incorporar a perspectiva dos atores citados buscando fomentar a perspectiva de que o Planejamento Municipal Regionalizado22 possa ser uma prática comum nas regiões de saúde Contribuições para a área da Enfermagem Saúde ou Política Pública As contribuições da Enfermagem para o campo da Saúde Coletiva têmse consolidado ao longo do tempo de modo que avançar na produção do conhecimento acerca das práticas de gestão no âmbito das CAPS pautandose em um referencial como o de Carlos Matus56 fortalece a atuação das enfermeiras neste cenário assim como nos diferentes âmbitos da Gestão em Saúde As evidências aqui apontadas indicam para a premência de se qualificar o Planejamento em Saúde realizado para atender às DCNT assim como fortalecer habilidades e competências ainda na formação acadêmica das profissionais enfermeiras para atuarem diante das especificidades que estes agravos impõem tendo como horizonte o planejamento regional e municipal em Saúde visto que os cargos de gestão local da APS mostraramse representativos pela Enfermagem CONSIDERAÇÕES FINAIS A análise do planejamento municipal desenvolvido pelas CAPS na perspectiva do adoecimento crônico revelou iniciativas e desafios à Enfermagem em Saúde Coletiva Em relação às inicia tivas foram observadas as de fomento à cultura organizacional por meio de instrumentos de planejamento com encontros periódicos valendose do plano municipal como orientador das ações locais As insuficiências de recursos financeiros e humanos são os desafios para implementar o planejamento de um modelo em Saúde que priorize a continuidade do cuidado em detrimento dos atendimentos agudizados das pessoas vivendo com doenças crônicas O apresentado indica que ainda é necessário um projeto permanente de planejamento da atenção à saúde aos adoe cidos crônicos e que as enfermeiras que assumam cargos de gestão em nível municipal já concentram relevante apropriação teórica e conceitual em relação a esta prática e que têm muito a contribuir com este processo no âmbito do SUS A análise estratégica de Matus retrata a importância de se conhecer o cenário para se transformar a realidade a partir da leitura dos diferentes atores sociais buscando a situaçãoobjetivo de qualificar o planejamento municipal regional e estadual no presente estudo partindo da realidade local no que tange ao adoecimento crônico Neste sentido as regiões de saúde podem ser pensadas como dispositivos que oferecem a possibilidade de os municípios atuarem em parcerias solidárias e cooperativas propondose assim um Planejamento Municipal Regionalizado A presença de enfermeiras nos cargos de coordenação da APS demonstra o papel estratégico da profissão nos diferentes âmbitos de gestão do SUS e instiga a reflexão de estratégias que possam qualificar a prática dessas profissionais buscando a excelência de suas práticas Com este estudo almejase que seja possível ampliar o conhecimento que se tem da atuação das enfermeiras gestorascoordenadoras da APS avançando para se consolidar este espaço como um dos lugares de inserção da Enfermagem em Saúde Coletiva FOMENTO O presente estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul PPSUS 2013 processo nº 11462551135 8 Rev Bras Enferm 2020732 e20180409 9 de Os desafios do planejamento municipal a partir da perspectiva de enfermeiras gestoras Reuter CLO Maciel PP Santos VCF Riquinho DL Ramos AR REFERÊNCIAS 1 Backes DS Backes MS Erdmann AL Büscher A The role of the nurse in the Brazilian Unified Heath System from community health to the family health strategy Ciênc Saúde Coletiva Internet 2012 cited 2017 Jul 1517122330 Available from httpwwwscielobrpdf cscv17n1a24v17n1pdf 2 Ciampone MHT Melleiro MM O planejamento e o Processo Decisório como instrumentos do Processo de Trabalho Gerencia In Kurcgant P Coord Gerenciamento em Enfermagem Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2014 3 Lacerda JT Calvo MCM Berretta IQ Ortiga AMB Evaluation of Management for Health Planning in municipalities in the State of Santa Catarina Ciência Saúde Coletiva Internet 2012 cited 2017 Jul 21 174851859 Available 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Internet 2015 cited 2017 July 28 243373387 Available from httpwwwscielobrpdfressv24n3en22379622ress240300373pdf 13 Matumoto S Fortuna CM Kawata LS Mishima SM Pereira MJB Nurses Clinical Practice in Primary Care a Process Under Construction Rev LatinoAm Enfermagem Internet 2011 cited 2017 July 21 19112330 Available fromhttpwwwscielobrpdfrlaev19n117pdf 14 Gallani MCBJ O enfermeiro no contexto das doenças crônicas Ver LatinoAm Enfermagem Internet 2015 citad 2018 May 29 23112 Available from httpwwwperiodicosuspbrrlaearticleviewFile9999898578 15 Minayo MCS O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em saúde 12 ed São Paulo Hucitec 2010 16 Secretaria de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul Grupo de Trabalho Planejamento Monitoramento e Avaliação da Gestão Assessoria Técnica e de Planejamento ASSTEPLAN Plano Estadual de Saúde 20162019 Internet 2016 cited 2018 Sept 21 Availablefrom http wwwsaudersgovbruploadarquivos20170105153251pes20162019sesrspdf 17 Brasil Departamento de Informática do SUS DATASUS Informações de Saúde Epidemiológicas e Morbidade banco de dados Internet cited 2018 Sept 21 Available from httpwwwdatasusgovbrcid10V2008WebHelpcap093dhtm 18 Brasil Ministério da Saúde Portaria nº2135 de 25 de setembro de 2013 Estabelece diretrizes para o processo de planejamento no âmbito do Sistema Único de Saúde SUS Internet 2013 cited 2017 July 28 Available from httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2013 prt213525092013html 19 Brasil Conselho Nacional de Secretários de Saúde A Gestão do SUS Internet Brasília CONASS 2015 cited 2017 July 21 Available from httpwwwconassorgbrbibliotecapdfAGESTAODOSUSpdf 20 Brasil Portaria nº 3992 de 28 de dezembro de 2017 Altera a Portaria de Consolidação nº 6GMMS de 28 de setembro de 2017 para dispor sobre o financiamento e a transferência dos recursos federais para as ações e os serviços públicos de saúde do Sistema Único de Saúde Internet 2018 cited 2018 May 28 Available from httphttpportalfnssaudegovbrimagespdfsPT39922017pdf 21 Martins C C Waclawovsky A J Issues and challenges faced by public managers in the process management in healthRevista de Gestão em Sistemas de Saúde RGSS Internet 2015 cited 2017 July 21 41100109 Available from httpwwwrevistargssorgbrojsindex phprgssarticleview157156 22 Silva LAA Soder RM Petry L Oliveira IC Permanent education in primary health care perception of local health managers Rev GaúchaEnferm Internet 2017 cited 2017 July 28 381e58779 Available from httpwwwscielobrpdfrgenfv38n1en01026933 rgenf1983144720170158779pdf 9 Rev Bras Enferm 2020732 e20180409 9 de Os desafios do planejamento municipal a partir da perspectiva de enfermeiras gestoras Reuter CLO Maciel PP Santos VCF Riquinho DL Ramos AR 23 Brasil Decreto nº 7508 de 28 de junho de 2011 Regulamenta a Lei no 8080 de 19 de setembro de 1990 para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde SUS o planejamento da saúde a assistência à saúde e a articulação interfederativa e dá outras providências 2011 cited 2017 July 21 Available from httpwwwplanaltogovbrccivil03ato201120142011decretod7508htm 24 Roese A Reuter CLO Santos VCF Bottega CG O planejamento municipal regionalizado e as demandas em saúde a atualidade de um debate antigo Apresentação no 3º Congresso Brasileiro de Política Planejamento e Gestão em Saúde 2017 mai 14 Natal Brasil 25 Roese A Planejamento regional ascendente e regionalização atores e estratégias da organização dos fluxos de utilização dos serviços de saúde Porto Alegre Tese Doutorado em Enfermagem Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2012 cited 2017 jul 28 Available from httpwwwbibliotecadigitalufrgsbrdaphpnrb000852377loc2012l027e61106c9526d1 26 Chaves LDP Tanaka OY Nurses and the assessment in health system managementRev Esc Enferm USP Internet 2012 cited 2017 July 21 46512741278 Available from httpwwwscielobrpdfreeuspv46n5en33pdf 27 Alves M Penna CMM Brito MJM Managers profile of Basic Unit of HealthRev Bras Enferm Internet 2004 cited 2017 July 28 5744416 Available from httpwwwscielobrpdfrebenv57n4v57n4a11 28 Galavote HS et al The nurses work in primary health care Esc Anna Nery Internet 2016 cited 2017 July 15 2019098 Available from httpwwwscielobrpdfeanv20n114148145ean20010090pdf 29 Barbiani R Dalla Nora CR Schaefer R Nursing practices in the primary health care context a scoping review Rev LatinoAm Enfermagem Internet 2016 cited 2017 July 28 24e2721 Available from httpwwwscielobrpdfrlaev2401041169rlae2402721pdf 30 Souza MB Rocha PM Sá AB Uchoa SAC Teamwork in primary care the experience of Portugal Rev PanamSaludPublica Internet 2013 cited 2017 July 21 3331905 Available from httpwwwscielosporgpdfrpspv33n3a05v33n3pdf 31 Caçador BS Brito MJM Moreira DA Rezende LC Vilela GS Being a nurse in the family health strategy programme challenges and possibilities Rev Min Enferm Internet 2015 cited 2017 July 28 193620626 Available from httpwwwremeorgbrartigo detalhes1027 ANÁLISE O estudo adotou uma abordagem exploratória descritiva com uma perspectiva qualitativa centrada na análise dos atores sociais envolvidos no processo de planejamento municipal na área da Atenção Primária à Saúde APS O referencial teórico utilizado foi o Planejamento Estratégico Situacional proposto por Carlos Matus Esse método enfatiza a compreensão da realidade a partir das percepções dos atores envolvidos valorizando a capacidade de criar e influenciar o futuro em vez de se basear estritamente em leis determinísticas A análise estratégica permite considerar as diferentes visões de mundo dos diversos atores e reconhece a importância da luta para modificar a realidade A ênfase é colocada na construção do futuro a partir da realidade presente sem se apegar excessivamente ao passado As entrevistas foram conduzidas entre 2014 e 2015 nos municípios de Alvorada Cachoeirinha Glorinha Gravataí Porto Alegre e Viamão que compõem a Região de Saúde 10 do estado do Rio Grande do Sul Essa região foi escolhida devido aos desafios relacionados à organização da rede assistencial de saúde especialmente no contexto do adoecimento crônico considerando a presença da metrópole de Porto Alegre e municípios de grande porte Os participantes foram profissionais ocupando cargos de gestão na APS dos municípios mencionados predominantemente enfermeiras No total nove profissionais foram entrevistados a maioria mulheres Para manter a consistência o termo enfermeira ou coordenadora foi utilizado para se referir aos entrevistados respeitando a predominância de mulheres na amostra ANÁLISE O estudo adotou uma abordagem exploratória descritiva com uma perspectiva qualitativa centrada na análise dos atores sociais envolvidos no processo de planejamento municipal na área da Atenção Primária à Saúde APS O referencial teórico utilizado foi o Planejamento Estratégico Situacional proposto por Carlos Matus Esse método enfatiza a compreensão da realidade a partir das percepções dos atores envolvidos valorizando a capacidade de criar e influenciar o futuro em vez de se basear estritamente em leis determinísticas A análise estratégica permite considerar as diferentes visões de mundo dos diversos atores e reconhece a importância da luta para modificar a realidade A ênfase é colocada na construção do futuro a partir da realidade presente sem se apegar excessivamente ao passado As entrevistas foram conduzidas entre 2014 e 2015 nos municípios de Alvorada Cachoeirinha Glorinha Gravataí Porto Alegre e Viamão que compõem a Região de Saúde 10 do estado do Rio Grande do Sul Essa região foi escolhida devido aos desafios relacionados à organização da rede assistencial de saúde especialmente no contexto do adoecimento crônico considerando a presença da metrópole de Porto Alegre e municípios de grande porte Os participantes foram profissionais ocupando cargos de gestão na APS dos municípios mencionados predominantemente enfermeiras No total nove profissionais foram entrevistados a maioria mulheres Para manter a consistência o termo enfermeira ou coordenadora foi utilizado para se referir aos entrevistados respeitando a predominância de mulheres na amostra MÉTODOS Percepções de enfermeiras que atuam na gestão da APS sobre o planejamento municipal para o atendimento das demandas do adoecimento crônico Construção de um panorama sobre as DCNT na região estudada Estudo exploratório descritivo com abordagem qualitativa Planejamento Estratégico Situacional Carlos Matus Aposta num conceito que busca explicar a realidade para além de predições objetivistas e determinísticas Permite diferentes visões de mundo dos atores envolvidos e as utiliza para modificar a realidade Mudar o futuro a partir da realidade não do passado Tipo de Estudo Perspectiva Teórica Análise Estratégica Foco da Investigação Fruto MÉTODOS Desafios impostos à organização da rede assistencial de saúde especialmente sobre o adoecimento crônico JUSTIFICATIVA DOS LOCAIS As entrevistas ocorreram entre os anos de 2014 e 2015 PERÍODO DA PESQUISA Alvorada Cachoeirinha Glorinha Gravataí Porto Alegre e Viamão Região de Saúde 10 LOCALIZAÇÃO Municípios MÉTODOS Características dos municípios da Região de Saúde em estudo Brasil 2016 Município Índice de Desenvolvimento Humano IDH Cobertura populacional estimada pelas equipes de Atenção Básica Proporção de Internações por Causas Sensíveis à Atenção Primária CSAP Proporção de Óbitos por DCNT Alvorada 0699 5216 3163 273 Cachoeirinha 0757 535 2519 322 Glorinha 0714 8185 1496 347 Gravataí 0736 6892 1889 259 Porto Alegre 0805 637 3288 268 Viamão 0717 371 2828 237 Área Empírica média 5994 3085 267 Estado RS 0746 7259 2705 272 Fonte BRASIL 2018 Cenário do estudo Profissionais que ocupavam cargos de gestores da APS nos municípios do estudo predomínio de enfermeiras Identificados como coordenadores ou gestores Foram 9 participantes 7 mulheres e 2 homens Convenção tratar os entrevistados pelo termo enfermeiras no feminino devido à predominância de mulheres Número Gênero e Convenção MÉTODOS Fonte de dados Participantes Financiamento O estudo integra a pesquisa Doenças Crônicas Não Transmissíveis e o Planejamento em Saúde Os Desafios da Região Metropolitana Porto AlegreRS MÉTOD MÉTODOS Percepções de enfermeiras que atuam na gestão da APS sobre o planejamento municipal para o atendimento das demandas do adoecimento crônico Construção de um panorama sobre as DCNT na região estudada Estudo exploratório descritivo com abordagem qualitativa Planejamento Estratégico Situacional Carlos Matus Aposta num conceito que busca explicar a realidade para além de predições objetivistas e determinísticas Permite diferentes visões de mundo dos atores envolvidos e as utiliza para modificar a realidade Mudar o futuro a partir da realidade não do passado Tipo de Estudo Perspectiva Teórica Análise Estratégica Foco da Investigação Fruto Referencial teóricometodológico e tipo do estudo MÉTODOS Cenário do estudo Desafios impostos à organização da rede assistencial de saúde especialmente sobre o adoecimento crônico JUSTIFICATIVA DOS LOCAIS As entrevistas ocorreram entre os anos de 2014 e 2015 PERÍODO DA PESQUISA Alvorada Cachoeirinha Glorinha Gravataí Porto Alegre e Viamão Região de Saúde 10 LOCALIZAÇÃO Municípios MÉTODOS Características dos municípios da Região de Saúde em estudo Brasil 2016 Município Índice de Desenvolvimento Humano IDH Cobertura populacional estimada pelas equipes de Atenção Básica Proporção de Internações por Causas Sensíveis à Atenção Primária CSAP Proporção de Óbitos por DCNT Alvorada 0699 5216 3163 273 Cachoeirinha 0757 535 2519 322 Glorinha 0714 8185 1496 347 Gravataí 0736 6892 1889 259 Porto Alegre 0805 637 3288 268 Viamão 0717 371 2828 237 Área Empírica média 5994 3085 267 Estado RS 0746 7259 2705 272 Fonte BRASIL 2018 Cenário do estudo Profissionais que ocupavam cargos de gestores da APS nos municípios do estudo predomínio de enfermeiras Identificados como coordenadores ou gestores Foram 9 participantes 7 mulheres e 2 homens Convenção tratar os entrevistados pelo termo enfermeiras no feminino devido à predominância de mulheres Número Gênero e Convenção MÉTODOS Fonte de dados Participantes Financiamento O estudo integra a pesquisa Doenças Crônicas Não Transmissíveis e o Planejamento em Saúde Os Desafios da Região Metropolitana Porto AlegreRS Participantes do estudo e fonte dos dados