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Enfermagem ·
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COMPARAÇÃO ENTRE MÉTODO CIENTÍFICO E PROCESSO DE ENFERMAGEM Na Tabela 31 segundo a proposta de Pinnell e Meneses apresentase uma comparação entre os elementos do método científico de solução de problemas e algumas etapas do processo de enfermagem histórico diagnóstico prescrição e evolução de enfermagem Tanto o método científico quanto o processo de enfermagem constituem sistemas abertos e dinâmicos Há uma entrada de informações um processamento e uma saída Em cada etapa estão envolvidos os processos de raciocínio lógico julgamento e tomada de decisão que determinam o avanço de uma etapa para outra Uma vez completadas as etapas ambos processos possuem uma retroalimentação que possibilita receber novas informações ao mesmo tempo em que cria uma mudança nas informações existentes Estes processos também contam com uma base de conhecimentos que quanto mais forte mais efetiva será a habilidade de solucionar problemas O processo de enfermagem tornase possível uma variedade de estratégias para buscar a solução de problemas A utilização de um instrumento teórico específico e que direciona o desenvolvimento das fases do processo de enfermagem como 1 Permite ao enfermeiro a vantagem de geração de hipóteses antes do planejamento do cuidado 2 Traduz um meio conceitual e cognitivo de pensamento centrado no cliente intervenções de enfermagem com ações orientadas 3 Requer uma certa soma de conhecimentos e habilidades para ser usado eficientemente 4 Consome tempo e tornase opressivo para enfermeiros que trabalham em unidades com poucos funcionários A prática mostra que falta ao enfermeiro um corpo de conhecimentos específicos relacionados ao cuidado de enfermagem que lhe permitam conhecer e desenvolver melhores alternativas para solução de problemas e consequentemente obter melhores resultados como emprego do processo de enfermagem Alguns estudos que tratam da solução de problemas Tabela 31 Comparação entre as Etapas do Método Científico e do Processo de Enfermagem São Paulo 1994 Método Científico Processo de Enfermagem Compreensão do Problema e Coleta de Dados Histórico de Enfermagem Reconhecimento definição delimitação e descrição do problema Levantamento dos problemas de enfermagem do cliente Coleta de dados a partir de todos os aspectos relevantes Levantamento da história de saúde do cliente Julgamento profissional relativo ao problema do cliente Exame físico Revisão de resultados de exames laboratoriais e de estudos diagnósticos Revisão de literatura Formulação de Hipóteses Diagnóstico de Enfermagem Julgamento clínico das respostas do indivíduo família ou comunidade ao processo vital e ao problema de saúde atual ou potencial os quais fornecem a base para a seleção das intervenções de enfermagem CarrolJohnson Elaboração de Um Plano para Teste de Hipótese Prescrição de Enfermagem Determinação do conjunto de condutas de enfermagem Benco e Castilho Teste de Hipótese Execução da Prescrição de Enfermagem Execução do plano de testagem da hipótese Implementação do plano de cuidados Registro dos cuidados de enfermagem prestados Administração e supervisão dos cuidados de enfermagem Orientações ao cliente Interpretação e Avaliação de Resultados Evolução de Enfermagem Interpretação dos resultados dos testes e avaliação das hipóteses Avaliação do estado geral do paciente frente aos resultados dos cuidados prescritos e novos problemas identificados Benco e Castilho Modificação do plano de ação com base na coleta de dados anterior Modificação no plano de cuidados com base nos resultados observados O MÉTODO CIENTÍFICO E A PESQUISA EM ENFERMAGEM Desenvolver o método científico em enfermagem representa um compromisso profissional para fortalecer a profissão como ciência Horta sintetiza a ciência de enfermagem como descrever explicar relacionar entre si e predizer os seus entes O método científico é precionado para demonstrar soluções mediante argumentos Compete ao enfermeiro desenvolver raciocínios conceitos e juízos para que seja capaz de articular argumentos e demonstrar soluções para a construção do conhecimento de enfermagem A escolha de um modelo processo ou técnica dependerá do objeto em estudo e do que se pretende demonstrar Importa à enfermagem desenvolver estruturas teóricas amplas para palmilhar seu espaço e fortalecer a valor político da sua prática profissional Sem o desenvolvimento da pesquisa a enfermagem não sobreviverá condignamente Pesquisa pressupõe a aplicação do método científico É uma missão para o enfermeiro cuidar pesquisando A metodologia é um meio de se captar e manipular a realidade O método científico inclui métodos quantitativos qualitativos e a triangulação de dados os quais Koizume define como Método Quantitativo É um processo formal objetivo e sistemático que utiliza dados numéricos para obter informações acerca do mundo Permite descrever testar relações e determinar causas Deriva de um ramo da filosofia chamado positivismo lógico Método Qualitativo É uma abordagem sistemática subjetiva que permite descrever as experiências de vida e atribuirlhes significado Método da Triangulação de Dados É a combinação de métodos envolvendo múltipla fonte de dados de pesquisadores de teorias e de metodologia MÉTODO CIENTÍFICO E ENSINO DE ENFERMAGEM Uma vez admitido como instrumento básico de enfermagem o ensino do método científico precisa necessariamente ser abordado no ensino de graduação de enfermagem Horta Kamiyama e Paula consideram o método científico como instrumento básico de enfermagem e enfatizam sua utilização na resolução de problemas de enfermagem Importa ser desenvolvido com o aluno a base científica para a resolução de problemas do paciente no âmbito da enfermagem Horta Daniel Costa Roy entre outros citam o processo de enfermagem como um método de atuação do enfermeiro E o processo de enfermagem especialmente algumas das fases do modelo proposto por Horta tem sido ensinado em diversas escolas de enfermagem do país constituindo assim uma forma alternativa de ensino do método científico No desenvolvimento das fases do processo de enfermagem o aluno utiliza etapas do raciocínio do método científico como no modelo de FrotaPessoa ou seja observação identificação do problema definição e isolamento do problema emissão de hipóteses comprovação das hipóteses análise e conclusões generalização O ensino do processo de enfermagem é um passo importante na aplicação do método científico de um modo global pelos alunos Uma abordagem mais específica por exemplo seria o ensino do diagnóstico de enfermagem Farias et al consideram o diagnóstico de enfermagem como um instrumento importante no exercício do papel do enfermeiro E para viabilizarse o ensino do diagnóstico de enfermagem há necessidade da adoção de uma metodologia profissional como o processo de enfermagem guiando a prática Segundo Farias et al o processo de enfermagem contribui para o fortalecimento do desenvolvimento do conhecimento científico que servirá de base para a atuação do enfermeiro Acrescentam que a implementação do processo independentemente do modelo teórico aplicado requer uma série de conceitos que orientem decisões específicas sobre o que questionar e diagnosticar o modo de intervir e como avaliar Para cuidar de pacientes concluem ser imprescindível a utilização de elementos científicos e humanísticos mediante o processo de enfermagem Desde modo o processo ensinoaprendizagem deve envolver elementos científicos e humanísticos visando a uma intervenção de enfermagem teoricamente embasada e questionadora Em relação ao processo diagnóstico na concepção de Farias et al envolve operações mentais de raciocínio e julgamento através de três tipos de atividades coleta de dados análise das informações e denominação ou rotulação Assim ao praticar o diagnóstico de enfermagem o aluno estará também praticando o método científico Uma outra forma de produzir no aluno a aplicação do método científico é educálo para a pesquisa e para o desenvolvimento de seus próprios projetos Um grande estímulo para a pesquisa é fazer com que o aluno descubra relevância no seu objeto de pesquisa a fim de que se dedique com entusiasmo Para a concretização do espírito científico tornase importante desengajar no aluno o seu raciocínio crítico sobre a realidade de enfermagem conhecimento das estratégias dos métodos de pesquisa e o desenvolvimento do compromisso individual profissional e social com a enfermagem É necessidade do enfermeiro desde a sua formação acadêmica o desenvolvimento de uma consciência própria em relação aos problemas de enfermagem objetivando a sua satisfação com resoluções empíricas CONSIDERAÇÕES FINAIS A competência do enfermeiro é medida de acordo com a qualidade da assistência de enfermagem que exerce Esta é diretamente proporcional à aplicação do método científico na resolução dos problemas de enfermagem O método científico é exequível no universo da enfermagem Sua aplicação é uma questão de coerência e segurança na concretização dos objetivos da profissão em relação aos resultados desejados A resolução dos problemas de enfermagem eficiente e eficaz clama pelo usufruto do método científico que poderá ser usado de modo criativo e constituirá um meio seguro para obterse qualidade no resultado das condutas de enfermagem A partir do embaçamento na literatura nacional e internacional é que o enfermeiro irá fortalecer condutas anteriores ou construir novas condutas com exaustiva análise crítica e instauração no uso do método científico O verbo de impacto das ações de enfermagem é pesquisar pesquisar pesquisar BIBLIOGRAFIA 1 Ackoff R Scientific method N York Wiley 1962 2 Alves R Filosofia da ciência Introdução ao jogo e suas regras 15 ed São Paulo Brasileiras Cap 9 1992 3 AstiVera A Metodologia da pesquisa científica Porto Alegre Globo Cap 1 a 3 1974 4 Benko MA Castilho V Operacionalização de um sistema de assistência de enfermagem In Processo de enfermagem na prática São Paulo Atica Cap 7 pp 967 1989 5 Brink PJ Wood MJ Advanced design in nursing research Newburg Park Sage 1989 Apud Koizume MS Fundamentos metodológicos da pesquisa em enfermagem Rev Esc Enf USP 26 1992 3347 Número Especial 6 Brookfield SD Developing critical thinkers São Francisco Jossey Bass 1987 Apud Pereira RCI Desempenhando o pensamento crítico nas questões do ensino e da prática da enfermagem Rev Gaúcha Enf 131 1992 246 7 Brunner LS Suddarth DS Enfermagem médicocirúrgica 3 ed Rio de Janeiro Interamericana 1977 Cap 1 pp 14 O paciente e seus problemas 8 Cajai SRY Investigação científica 3 ed São Paulo EDUSP 1979 Cap VII pp 10112 Marcar a investigação científica 9 CarrolJohnson RM Classification of nursing diagnoses proceedings of the ninth conference Philadelphia Lippincott Company No prelo Apud Farias JN et al Diagnóstico de enfermagem uma abordagem conceitual e prática João Pessoa Santa Marta 1990 p 26 10 Cervo AL Metodologia científica 3 ed São Paulo McGrawHill 1983 11 Costa LB et al Relato de uma experiência na aplicação da metodologia científica na assistência de enfermagem à família Rev Bras Enf 311 1978 146 12 Dailey RC Strengthening Hospital Nursing How to use problemsolving teams effectively JONA 20 78 julaug 1990 2429 13 Daniel LF A enfermagem planejada São Paulo EPUEDUSP 1977 14 Demo P Introdução à metodologia da ciência São Paulo Atlas 1988 15 Farias JN et al Diagnóstico de enfermagem uma abordagem conceitual e prática João Pessoa Santa Marta pp 617 1990 16 Ferrari AT Metodologia da ciência 3 ed R Janeiro Kennedy 1974 17 FrotaPessoa O O manual de biologia 2 ed Rio de Janeiro Fundo de Cultura 1960 18 Hixon JK Every nurse must be a problem solver Aorn Journal 41 6 june 1985 Horta WA Processo de enfermagem São Paulo EPUEDUSP 1979 4 Princípios Científicos como Instrumento Básico de Enfermagem Arthur Bittes Junior Fernando Carneiro Mussi Rosali Isabel Bardiuch Ohl Yeda Aparecida de Oliveira Duarte a enfermagem a evolução do mesmo de forma a subsidiála na elaboração do plano assistencial Observase assim que o trabalho em equipe não se concretizava PRINCÍPIOS CIENTÍFICOS NO CONTEXTO DA ASSISTÊNCIA ENSINO E PESQUISA DE ENFERMAGEM das intervenções de enfermagem para o atendimento individualizado dessas necessidades A atuação do enfermeiro no entanto perpetuase ainda hoje essencialmente centrada na execução de procedimentos e estagnada a uma padronização de condutas Baseadas nos resultados destas duas experiências partiram para uma terceira tentativa desta vez analisando os princípios que regem as necessidades humanas básicas Neste sentido alcançaram pleno sucesso e elaboraram um livrotexto denominado Os princípios científicos da enfermagem atualmente muito utilizado nos cursos de graduação em enfermagem Hanebuth e Stoppel6 acreditavam que existia uma tendência a mudança na abordagem curricular no sentido de se enfatizar a aplicação dos princípios científicos e o uso do raciocínio na resolução de problemas relacionados ao cuidado do paciente em lugar da utilização do sistema de memorização dos procedimentos a serem executados Acreditase que o preparo do estudante conforme a tendência apresentada pelas autoras auxiliaria a focalização de sua atenção sobre aqueles aspectos do cuidado profissional que não podem ser completamente advindos de uma padronização mas que requerem atitudes diversas baseadas na individualização dos casos observados Por meio do conhecimento análise compreensão e formulação dos princípios científicos podemos capacitar o estudante a adaptar suas ações às diversas situações apresentadas na prática A pesquisa é um instrumento que pode fornecer uma maior fundamentação para esta prática e estabelecela sobre uma base científica A pesquisa em enfermagem não é por si um objetivo mas uma função um instrumento uma procura planejada de informações com a finalidade de formar e desenvolver o seu corpo de conhecimentos de enfermagem Considerando a complexidade do ser humano a evolução tecnológica as variações do contexto socioeconômico e cultural nenhum grupo geral de princípios suprirá a enfermagem com uma válida resposta a toda necessidade do pacientecliente Portanto a pesquisa é um instrumento que permite desvendar a relação destas variáveis com os princípios científicos subsidiando o cuidado A reflexão sobre o tema em questão nos permite dizer que o ensino a pesquisa e a assistência de enfermagem implicam a consideração da aplicação dos princípios científicos como instrumento básico A descrição referente à assistência pode ser mais bem observada segundo a Fig 42 Fig 42 HISTÓRICO DE ENFERMAGEM Entrevista Exame Físico Comunicação Levantamento de Problemas Observação Evolução de Enfermagem Cuidado Indivíduo Família Comunidade Apelação Condutas de Enfermagem Tomada de Decisões Destreza Manual PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM Fig 42 CONSIDERAÇÕES FINAIS A utilização dos Princípios Científicos enquanto Instrumento Básico de Enfermagem visa ao embasamento da profissão enquanto ciência uma vez que subsidiam as ações realizadas a partir de um princípio ou seja de uma verdade desenvolvida após investigação adequada diferenciandoas assim das desenvolvidas empiricamente Desta forma compreendidos são indispensáveis no cotidiano do profissional pois auxiliam o enfermeiro no julgamento e adequada tomada de decisão relativos à assistência a ser implementada a um paciente orientando suas ações conforme as necessidades das situações específicas assim o requerem 1 Almeida MC Rocha JSY O saber da enfermagem e sua dimensão prática São Paulo Cortez 1986 Cap 1 pp 2967 2 Angerami ELS Mendes IAC O saber a saúde e a investigação em enfermagem Rev Gaúcha Enf Porto Alegre v 19 n 1 pp 2833 1989 3 Elhart D et al Princípios científicos de enfermagem 8 ed Lisboa Portuguesa de Livros Técnicos e Científicos 1983 4 Farias JN et al Diagnóstico de enfermagem uma abordagem conceitual e prática 1990 5 Hanebuth L Stoppel D The use and abuse of principles Nurs Forum Hillsdale v 7 n 3 pp 30813 1968 6 Massarollo MCKB et al Utilização da pesquisa em enfermagem na prática Rev Paul Enf São Paulo v 6 n 4 pp 14656 1986 7 Nordmark MT Rohweder AW Princípios científicos aplicados a la enfermeria México La Prensa Médica Mexicana 1967 8 Santos GF Ferraz AF Princípios científicos aplicados à administração de medicamentos Rev Paul Enf v 6 n 3 pp 12024 1986 9 Souza RMC et al Enfermagem uma abordagem conceitual Rev Esc Enf USP São Paulo v 20 n 3 pp 22935 1986 5 A Criatividade como Instrumento Básico em Enfermagem Ana Cristina de Sá Rose Meire Imanichi Fugita INTRODUÇÃO Conforme pudemos constatar no decorrer dos capítulos anteriores as atividades profissionais do ser humano exigem que este utilize um conjunto de conhecimentos e habilidades fundamentais que caracterizam seu fazer profissional que denominamos Instrumentos Básicos O enfermeiro faz uso de tais ferramentas ou instrumentos no desempenho de suas atividades com a finalidade de alcançar metas Constatamos ainda a necessidade de se empregar um método científico de resolução de problemas para que tais metas sejam alcançadas A criatividade objeto de estudo deste capítulo participa desse e de outros processos constituindose em uma das ferramentas essenciais das quais o enfermeiro lança mão no desenvolvimento de atividades assistenciais de ensino e de pesquisa em enfermagem Este capítulo pretende portanto explorar a utilização da criatividade como Instrumento Básico em enfermagem nos diversos ramos que compõem seu saberfazer CONCEITUANDO CRIATIVIDADE A criatividade faz parte de uma das 125 capacidades produtivas do intelecto humano conhecidas até a elaboração deste capítulo Conceituar tal capacidade no entanto esbarra numa série de controvérsias 47 Sabese que a questão da criatividade como conceito separado de um determinado contexto mais amplo começou a atrair a atenção de cientistas do comportamento psicólogos e neurobiologistas a partir da década de 50 Alguns a conceituaram como um processo resultante de uma obra pessoal aceita como útil ou satisfatória por um grupo social ou indivíduo numa determinada época outros a colocam como uma função inventiva da imaginação criadora dissociada da inteligência Ainda é referida como a disposição para criar comum a todos os seres humanos porém em estado latente independentemente de raça sexo ou idade mas estreitamente dependente de um ambiente sociocultural que propicie condições favoráveis à liberdade de expressão Guilford concebe o intelecto como um modelo tridimensional onde se encontram as funções operações produtos e conteúdos A função operações reúne memória cognição produção convergente produção divergente e julgamento A função produtos constituise na capacidade do indivíduo em reconhecer classes relações sistemas transformações e implicações A última função conteúdos compõese de elementos figurativos simbólicos semânticos e comportamentais O autor refere que as três funções são interrelacionadas pois o pensamento criador estaria mais bem localizado no domínio das operações mais precisamente na atitude de produção convergente ou divergent a pensamento produtivo convergente é acionado pelo pensamento que se ativa na procura de uma resposta convencional através de um determinado padrão de resolução a ser empregado na busca da solução para uma determinada situação ou problema b pensamento produtivo divergente exige que o pensamento se mova em várias direções em busca de uma resposta a um determinado problema ou situação cuja solução exige do pensador fluência verbal fluência de idéias flexibilidade originalidade percepção e reconstrução de esquemas prévios de adaptação Na fluência verbal e de idéias o indivíduo denota sua produtividade através da associação de idéias classificação da problemática e sistematização da situação A flexibilidade ocorre na facilidade com que o sujeito pula de uma categoria a outra de idéias descrevendo o maior número de usos em que se possa pensar uma situação considerandose o maior número de respostas pertinentes A originalidade é produzida no momento em que o indivíduo busca propostas de soluções convencionais ou não para resolver problemas não conhecidos anteriormente por ele ou seja na ausência de paradigmas que o orientem A percepção de problemas 48 ocorre quando o indivíduo é colocado diante de situações novas para ele A reconstrução consiste na reestruturação de situações objetos e estruturas cognitivas preexistentes mas que o indivíduo reorganiza para produzir uma resposta satisfatória à resolução do problema ou à satisfação de uma necessidade Husserl e Capra afirmam que o ato de criar ocorre ininterruptamente a cada instante da constante evolução do ciclo vital do ser humano Para os autores cada momento é a criatividade expressa em si pois o continuum tempoespaço é um fato e cada minuto jamais é igual ao outro A cada segundo mudamos afirmam quer seja em idade cronológica ritmo cardíaco produção intelectual apreendido padrão respiratório etc o que torna a criatividade interna ou externa uma constante que nos atualiza e renova CONCEITO PROPOSTO O que parece ser fato aceito por todos aqueles que estudam a criatividade além da questão da convergência e da divergência do pensamento produtivo numa visão comportamentalista é que está é uma atividade intelectual distinta da inteligência sem graduação maior ou menor quanto ao sexo ou raça com intensidade variável na criação e no adulto e que não se limita a atividades artísticas e literárias como tenho o senso comum Enfim é uma capacidade intelectual encontrada em todas as atividades humanas quer sejam elas técnicas econômicas ou científicas e que ocorre no continuum do ciclo vital interrompido externa ou internamente numa visão holística A criatividade portanto não é algo reservado a uma elite de criadores Tratase do conjunto da população e é pois uma necessidade humana e social cuja utilização gera o progresso o desenvolvimento e a evolução da humanidade nos mais variados campos o que a torna essencial para o desenvolvimento da enfermagem A criatividade é uma tendência natural que impele o indivíduo à autorealização Este ao encontrar condições adequadas para se exprimir repele o medo de errar e o inconformismo social estimula o crescimento individual e coletivo impulsiona a humanidade rumo a novas descobertas confere ao ser humano a capacidade de associar idéias que estimulem seu ajuste ao ambiente que o cerca como o intuito de aperfeiçoálo frente a situações emergentes e principalmente nãorotineiras 49 A CRIATIVIDADE COMO INSTRUMENTO BÁSICO EM ENFERMAGEM Horta considera como instrumentos básicos em enfermagem os conhecimentos e habilidades fundamentais para o exercício das atividades profissionais da área Podese depender portanto que o pensamento criador passa a ser um instrumento básico das atividades do enfermeiro pois dele dependem a a percepção do problema necessidade ou situação b a fluência de ideias e a flexibilidade de pensamento para tentar solucionálos c a originalidade e a estruturação ou reestruturação das soluções encontradas e d das ações a serem elaboradas e desempenhadas para resolvêlos O USO DA CRIATIVIDADE NA ÁREA ASSISTENCIAL Além dos aspectos abordados anteriormente devido a seu caráter dinâmico a criatividade é um Instrumento Básico essencial à prática da enfermagem no planejamento e execução dos cuidados de enfermagem no hábito da reflexão sobre a prática diária de atividades de enfermagem visando ao estudo exploratório em campo de linhas teóricas que constroem o saber próprio da profissão contribuindo para seu progresso técnicocientífico e implementando alternativas em seu fazer profissional no domínio do saberfazer da enfermagem que muito depende da criatividade frente a cada situação inerente à atividade profissional do enfermeiro aliada a conhecimentos prévios e curiosidade científica O desempenhar do processo de enfermagem envolve a utilização do potencial criador do enfermeiro de forma a firmarse como uma prática estimulante à esse profissional para expor suas ideias já que novas ideias não costumam ter espaço imediato quanto a sua aceitação Afirma no entanto que o ser humano criativo alcança um alto grau de satisfação pessoal e de crescimento interior ao produzir alternativas novas válidas ou aperfeiçoar as já existentes em prol de uma maior qualidade de vida Um fator importante no desenvolvimento do potencial criador se acha na busca por informações externas ao meio profissional do indivíduo Diversos autores propõem que a pessoa procure ampliar seus horizontes no âmbito cultural de forma a não limitar sua visão de mundo Tal processo ocorre através do acesso a informações diversas que ampliem sua cultura geral e que lhes permitam participar da vida como um todo conferindo ao indivíduo a sensação de estar inserido em contextos muito amplos e cheios de oportunidades e possibilidades USO DA CRIATIVIDADE NO ENSINO Uma das funções inherentes às atividades do enfermeiro é a de ensinar Seu aluno pode ser pacientecliente o colega de equipe o acadêmico a família e assim por diante A partir de tal consideração surge a questão da utilização da criatividade pelo enfermeiro que assume o papel de professor e como este pode propiciar a expressão da criatividade do educando Algumas estratégias podem ser sugeridas Não Sufocar a Criatividade No papel de professor o enfermeiro assume uma atitude de respeito frente aos questionamentos do educando procurando leválo a encontrar a resposta a partir de seus próprios referenciais estimulandoo a descobrir o valor de ideias originais desde que adequadas Podese então em conjunto adotar as ideias que puderem ser aproveitadas sem que o valor do resultado alcançado se transforme em ameaça ou crítica destrutiva mas sim em um julgamento justificado pela explicação de causas e consequências Essa mutabilidade constante acaba por exigir o uso do potencial criativo do professor Caso contrário este poderá incorrer na manutenção de hábitos e rotinas sem reflexões mais profundas tomando decisões mediocrizadas baseadas em conceitos estáticos e sem examinar e correlacionar os fatos velhos e novos presentes numa dada situação Tais condições são opostas ao que se denomina processo criativo A estimulação do potencial criativo do aluno de enfermagem propicia o desenvolvimento de uma maior capacidade dos estudantes em apontar soluções para problemas de enfermagem implicados no processo do cuidar No entanto há certa dificuldade do docente em aceitar os atributos da personalidade criativa ver anexo características da personalidade dos indivíduos conforme o potencial criador Portanto ao mesmo tempo em que os docentes estimulam o despertar da curiosidade e independência no criar do estudante de enfermagem estes não aceitam muito bem o aluno efetivamente criativo Esse é um ponto para reflexão na prática do ensino da enfermagem pois urge encontrar espaços efetivos para o desenvolvimento do potencial criador do estudante de enfermagem a partir da revisão dos currículos dos cursos da área USO DA CRIATIVIDADE NA PESQUISA EM ENFERMAGEM Parece que cada vez mais se substitui o par conhecimentoexperiência pelo par conhecimentocriatividade de Mandara Conforme já exposto é fato real a noção de que devemos esperar a presença da criatividade no desenvolvimento das mais diversas atividades humanas sem limitála a certos campos das artes e ciências Os atos criativos afetam o progresso científico da sociedade em geral A competição é um elemento motivador da criatividade na área científica e que impulsiona os pesquisadores a gerarem o progresso Os produtos criativos por sua vez reestruturam nosso universo de compreensão e geram maior necessidade de criar novas alternativas reformulando velhas ideias A pesquisa portanto é o recitar contínuo da criação Novas teorias são compostas por velhas teorias reorganizadas redefinidas e associadas em seus pontos comuns na busca constante do homem pela verdade e pela explicação de fenômenos internos e externos e pelo que os quais se depara a todo instante a pesquisar e a desenvolver seu potencial criativo rumo à enfermagem do futuro Tal fato pode destacar a enfermagem cada vez mais do lugarcomum afastandoa do marasmo provocado pela inflexibilidade em se aceitar novas visões do mundo proporcionando variados caminhos pelo infinito universo do potencial criador contido em cada enfermeiro Durante o período escolar regular a mentalidade do estudante apenas inclinase sobre sua carreira na universidade ele deveria levantarse e olhar à volta Whitehead CONSIDERAÇÕES FINAIS A criatividade como Instrumento Básico em enfermagem se mostra essencial na evolução do saberfazer científico da enfermagem nos campos assistencial de ensino e de pesquisa Esta capacidade humana estimula o crescimento individual e coletivo impulsiona a humanidade rumo a novas descobertas confere ao ser humano a capacidade de associar ideias que estimulam seu ajuste ao ambiente que o cerca aperfeiçoandoo eou modificandoo e propicia o caminho para a resolução de situações nãorotineiras O enfermeiro deve estimular a formação do hábito de refletir sobre sua prática diária com o intuito de aguçar sua curiosidade científica e estimular o potencial criador que possui em prol da evolução contínua do saberfazer em enfermagem BIBLIOGRAFIA 1 Beaudot A A criatividade na escola Atualidades pedagógicas v 125 Cia Ed Nacional São Paulo 1976 2 Brainerd SM La Monica EL A creative approach to individualized nursing care Nurs Forum v 14 n 2 pp 18893 1975 3 Capra F The turning point science society and the rising culture Simon Schuster New York 1982 4 Guilford WC Study of creative thinking hypotheses and tests Report Psycho Lab v 3 n 33 1967 5 Horta WA et al O ensino dos instrumentos básicos de enfermagem Rev Esc Enf USP vols 1 e 2 p 5 1970 6 Husserl E The crisis of european sciences Northwestern University Press Evanston 1970 7 Jones JA Where angels fear to tread nursing and the concept of creativity J Adv Nurs n 8 pp 405411 March 1983 8 Kneller GF Arte e ciência da criatividade Ibrasa São Paulo 1978 9 Malinski VM Explorations on Martha Rogers Science of Unitary Human Being Appleton Century Crofts Norwalk 1986 10 Pieron H Dicionário de psicologia 7ª ed Ed Globo Rio de Janeiro 1990 11 Rogers ME An introduction to the theoretical basis of nursing F A Davis Philadelphia 1970 12 Kekahbah J Examining the cultural implications of Martha E Rogers Science of Unitary Human Beings WoodKekkahbah Ass Kansas 1985 13 Rollo May Courage to create New York Bantam Books 1976 14 Skeet M Thompson R Creative nursing processive care and more J Adv Nurs v 10 pp 1524 1985 Características dos Indivíduos quanto ao Potencial Criativo Pesquisas exaustivas foram realizadas no campo da psicologia com o intuito de se fazer uma distinção válida entre criatividade e inteligência A correlação criatividadeinteligência foi avaliada entre crianças e adultos separados por sexo através de baterias de testes e métodos ativos cujos resultados compuseram quatro grupos de indivíduos absolutamente similares para cada sexo a saber Grupo 1 sujeitos de alta criatividadealta inteligência Grupo 2 sujeitos de alta criatividadebaixa inteligência Grupo 3 sujeitos de baixa criatividadealta inteligência Grupo 4 sujeitos de baixa criatividadebaixa inteligência O comportamento social dos grupos revelouse diferenciado para cada grupo Grupo 1 Alta CriatividadeAlta Inteligência Os sujeitos desse grupo apresentam menor grau de dúvida e hesitação maior grau de autoconfiança menor tendência a depreciar o próprio trabalho são indivíduos mais procurados e que procuram relações sociais com maior interesse mantêm maior índice de atenção concentração e interesse pelo trabalho possuem maior capacidade de abstração e de sensibilidade afetiva seu nível de ansiedade é médio apresentam maior resposta a estímulos físicos externos e revelam conduta altamente desejável nas esferas social e acadêmica Esse grupo no entanto apresenta alto grau de comportamento perturbador em sala de aula pois diante de situações monótonas propõem possibilidades novas e divergentes além de não se adaptarem a programas que enfatizem a igual participação dos alunos em grupo gerando alguns transtornos Esses indivíduos são capazes de exercer tanto o controle quanto a liberdade tanto comportamentos dos mais maduros e adultos quanto aqueles mais imaturos e infantis Por vezes podem se revelar obsessivos quanto a alcançarem um objetivo por eles traçado a atenção sobre si de forma inadequada e hesitam em expressar sua própria opinião Mantém alto grau de atenção e concentração em assuntos acadêmicos mas sua postura se revela avessa ao contato social através de um comportamento retrato reservado e até mesmo frio na relação interpessoal Costumam ser descritos como devotados à realização acadêmica O fracasso escolar é tido por esse grupo como catastrófico de modo que lutam continuamente pela excelência acadêmica visando evitar o sofrimento Seu nível de ansiedade é aparentemente baixo Esse grupo revelase bastante intolerante a hipóteses improváveis sobre o mundo e evita qualquer possibilidade de situações imprevistas e com probabilidade de erro Recusamse a se desviar do padrão crítico de correção Grupo 4 Baixa CriatividadeBaixa Inteligência Esse grupo revela ao contrário do que se poderia supor maior autoconfiança e segurança além de maior disposição positiva no relacionamento interpessoal Parece que esses indivíduos tendem a compensar o menor grau de realização acadêmica com intensas atividades na esfera social Mantém um alto nível de ansiedade pois desenvolvem constantes e variadas manobras defensivas que vão desde adaptações úteis até regressões passividade e sintomas psicossomáticos As pesquisas concluem ainda que é provável que existam múltiplos tipos de talento criativo e determinadas forças motivacionais ligadas a certas características da personalidade de pessoas criativas Dependendo do estímulo motivacional as características que costumam aflorar no comportamento do indivíduo criativo são curiosidade intensa ideias empreendedoras persistência intelectual tolerância face a situações ambíguas necessidade de variação e autonomia orientação estética orientação espiritual resistência à cristalização prematura de conceitos e à acomodação desejo de domínio sobre situaçõesproblema excitação e estimulação frente à ordenação intelectual daquilo que é aparentemente inclasificável desejo de melhorar a ordem e os sistemas geralmente aceitos pela maioria alto grau de ansiedade porém com controle da mesma alto grau de energia na produção de trabalhos propensão a assumir riscos maiores a um prazo menor encara desafios de forma prazerosa valoriza sobremaneira seus produtos Os estudantes e os profissionais criativos tendem a ser identificados por serem considerados problemáticos visto lutarem pela obtenção de soluções mais complexas e por serem intelectualmente rigorosos Dessa forma acabam por gerar relações interpessoais dificultadas para com mestres e superiores Mestres criativos por sua vez não se adequam a instituições de orientação tradicional e ortodoxa Outras características geradoras de conflitos interpessoais comuns aos indivíduos criativos são extrema autonomia e autosuficiência independência de juízos e julgamentos maior abertura em expor o que há de irracional em si mesmos maior complexidade abstracta e afetiva engenhosidade gosto pela aventura posicionamentos radicais maior sensibilidade aos diversos fenômenos introversão que não é demonstrada ousadia criticidade exacerbada tendência a produzir respostas adaptativas de natureza original maior êxito em profissões nãorotineiras e que façam contribuições úteis à sociedade o que lhes fornece autorealização A conclusão das pesquisas citadas é que seria irreal afirmar que indivíduos criativos são necessariamente mais felizes Pelo contrário esses indivíduos podem ser geradores de conflitos internos e interpessoais e são quase sempre mal interpretados pela sociedade em suas atitudes Com o propósito de alcançar maior desenvolvimento da sociedade seria importante criar um ambiente de trabalho adequado à produção de ideias pessoais criativas sem que se façam passar por diferentes indivíduos Seria muito bemvinda a mudança de atitude na busca da compreensão da sociedade em relação àqueles possuidores de mentes criadoras Tal fato estimularia a utilização de seu potencial criador no desenvolvimento de todas as áreas da atividade humana encarando isso como sendo um fator positivo e não gerador de conflito Falta ainda à sociedade elaborar critérios para melhor aproveitar esse potencial muitas vezes perdido em prol da evolução humana BIBLIOGRAFIA 6 Comunicação Arthur Bittes Júnior Maria Clara Cassull Matheus INTRODUÇÃO A Comunicação é um ato intrínseco ao existir humano Mesmo antes de nascer já estamos transmitindo e recebendo mensagens do mundo Vários autores chegam a afirmar que o existir no mundo só é possível quando nos comunicamos Mas comunicarse verdadeiramente implica uma série de aspectos complexos que se não estiverem claros para as pessoas que estão se comunicando podem gerar desentendimentos podendo até levar ao fracasso na relação entre eles Devido à importância e à complexidade que tem a Comunicação no existir do homem este tema tem sido motivo de profundos estudos em vários ramos do conhecimento Isto significa que a literatura disponível internacional e nacional é extensa porém não esgota o assunto pois a cada dia novos aspectos da Comunicação são pesquisados Assim neste capítulo nos propomos a discorrer sobre aspectos que julgamos importantes sobre a Comunicação e contextualizála como Instrumento Básico utilizado no âmbito da enfermagem CARACTERIZANDO A COMUNICAÇÃO E etimologicamente a palavra Comunicação vem do latim communicare e significa pôr em comum Ferreira acrescente que é a capacidade de trocar ou discutir ideias de dialogar de conversar com vistas ao bom relacionamento entre as pessoas Sendo uma capacidade podemos deduzir que a Comunicação é uma habilidade que pode ou não ser desenvolvida nas pessoas Para uma habilidade ser desenvolvida é necessário que estejamos conscientes de sua existência como tal Bordenave a este respeito alerta que a maioria das pessoas tem tanta consciência da comunicação como tem de respirar ou andar Respirar andar comunicarse confundese com a própria vida Mas até que ponto prestamos atenção no modo como respiramos andamos ou nos comunicamos COMPONENTES DA COMUNICAÇÃO Explicitaremos os componentes da comunicação no sentido de ir caracterizandoa com vistas a nos conscientizar de todos aqueles aspectos que possam ajudar a desenvolver a habilidade de nos comunicarmos A maioria dos autores concorda que o processo de comunicação é composto de emissor receptor e mensagem Para que se inicie o processo comunicativo o emissor envia uma mensagem O receptor por sua vez recebe a mensagem e decifraa com o objetivo de entendêla Mas para que ocorra o processo comunicativo o receptor deve emitir uma resposta ao emissor Podemos deduzir que frequentemente o enfermeiro assume tanto o papel de emissor como de receptor num mesmo processo comunicativo ao se relacionar com um paciente sendo necessário assim tanto enviar mensagens que o paciente entenda como entender as mensagens recebidas A mensagem é a ideia transmitida e essa ideia deve ter o mesmo significado para o receptor pois se não a comunicação efetiva não ocorre Stefanelli uma enfermeira brasileira acredita que a troca de mensagens entre o emissor e o receptor pode ser alterada ou influenciada dependendo do contexto em que eles estejam vivendo assim para ela o contexto também é um dos componentes da Comunicação FORMAS DE COMUNICAÇÃO A Comunicação engloba todas as formas que uma pessoa utiliza para poder afetar o outro as quais resumidamente apresentamos na Tabela 61 Tabela 61 Formas de Comunicação Verbal Nãoverbal Paraverbal A forma de transmitir uma mensagem que mais temos consciência é a verbal ou linguística e se refere à linguagem falada ou escrita A linguagem é fortemente influenciada pela cultura e grande parte das confusões e incomunicações que ocorrem entre as pessoas tem como origem a própria linguagem É bem provável que todos nós já tenhamos passado por situações onde essas incomunicações ocorreram Conversar com um adolescente que utiliza gíria com um nordestino que usa termos os quais não sabemos o significado dificulta e às vezes até impede que uma conversa continue Mas as incomunicações também podem ocorrer em certas situações onde a palavra pode até ser do conhecimento do emissor e do receptor porém tem significado diferente para cada um deles Se você disser para seu colegao que está triste será que a tristeza terá para ele o mesmo significado que tem para você Quantas vezes você não terminou essa conversa dizendo Eh você não me entendeu O que queremos mostrar é que não houve Comunicação nesta situação Ou seja o significado a consequência e os sentimentos que brotam em você quando está triste podem ser diferentes dos do seu colega Se estas diferenças não ficarem claras entre vocês não haverá o por em comum as ideias logo não ocorrerá a Comunicação O mesmo acontece quando escrevemos ou lemos algo Frases mal construídas uso de palavras que podem dar múltiplos sentidos ou o uso de termos próprios de uma área de conhecimento podem dificultar o entendimento de um texto Também nos comunicamos de forma nãoverbal e ela traduz aquilo que Watson chama de linguagem transparente do corpo Geralmente não temos consciência de nossa comunicação nãoverbal Se conseguimos ter consciência daquilo que falamos muito mais difícil é estarmos conscientes por exemplo de nossa expressão facial Quantas vezes já ouvimos Sim está bom mas pela expressão facial de quem falou sabemos que nada estava tão bom assim Na forma nãoverbal a mensagem é emitida e recebida pelos órgãos dos sentidos e compreende além da expressão facial a expressão corporal gestos e toque A comunicação nãoverbal ganha importância no processo comunicativo pois ela pode suplementar uma informação verbal completando ou rejeitando contradizer enfatizar substituir oferecer indícios sobre emoções ou mesmo controlar ou regular um relacionamento Podemos concluir que a incongruência entre a comunicação verbal e nãoverbal pode gerar equívocos entre o emissor e receptor pois aquele que transmitir uma ideia mas inconscientemente transmite outra por uma das formas da comunicação nãoverbal Ou então um receptor desatento pode não captar toda uma mensagem se não observar além das palavras do emissor Nosso corpo quando falamos assume uma variedade de posturas que nos ajudam a traduzir melhor o significado das palavras que proferimos A cinésia parte da ciência que estuda o comportamento cinético do corpo mostranos que se atenta a postura corporal e expressões corporais de nosso interlocutor nossa comunicação terá mais chances de se tornar efetiva As posições e movimentos do corpo podem ser classificadas em emblemas aqueles atos nãoverbais que traduzem uma mensagem verbal que não podem ocorrer como os sinais do surdomudo um aceno para quem está longe ilustradores movimentos que acompanham a fala demonstrações movimentos sutis e inconscientes que regulam o fluxo de uma conversa e os adaptadores são os que adquirimos na infância e são utilizados geralmente em situações que precisamos suportar Tocar também é uma forma de comunicação nãoverbal e pode significar atitude de nos unir ao outro tocar como uma maneira de perceber o outro ou relação com o outro Assim o toque pode significar distância ou envolvimento entre as pessoas que estão se comunicando Mas o significado do toque pode ser diferente assim como todas as formas de comunicação não verbal dependendo da pessoa da cultura e do contexto em que ocorre o toque temos como nosso Esta distância pode influenciar e definir o tipo de envolvimento assim de comunicação que queremos manter com outro Assim mantemos um certo padrão de distância dependendo com quem estamos nos comunicando e relacionado conforme mostra a Fig 61 Outra forma de comunicação é a chamada de paralinguística Ela se refere ao tom de voz ao ritmo suspiros períodos de silêncio e entonação que damos às palavras quando falamos E o seu significado é semelhante ao que descrevemos para a comunicação nãoverbal Desta forma nossas conversas estão compostas por uma parte que é o que queremos dizer e outra parte que é como queremos ser entendidos BARREIRAS DA COMUNICAÇÃO Se não houver coparticipação entre emissor e receptor na busca de soluções não existirá mudança de comportamentos e crescimento das relações interpessoais Neste paradigma valorizase o receptor como o dono do problema e assim ele é visto como responsável também por procurar soluções dentro de um contexto de participação que então gerará mudanças de comportamentos COMO ENTENDEMOS A COMUNICAÇÃO COMO INSTRUMENTO BÁSICO UTILIZADO PELA ENFERMAGEM E SUA RELAÇÃO COM OS DEMAIS INSTRUMENTOS Tudo o que descrevemos até o momento é utilizado na vida profissional do enfermeiro A Comunicação em enfermagem pode ser vista como uma necessidade humana básica uma competência que a enfermagem deve desenvolver ou um instrumento básico utilizado pela enfermagem Fig 61 Diagrama representativo do processo de comunicação como instrumento básico de enfermagem Buscamos a seguir exemplificar tal fato correlacionando todos os Instrumentos Básicos com a Comunicação observar os padrões de respostas fisiológicas ou emocionais de um paciente fornece dados para a adequação do processo cuidado deste paciente Se não estivermos atentos por exemplo à comunicação paraverbal e nãoverbal do paciente poderemos interpretar incorretamente aqueles padrões de respostas A Comunicação como processo do qual o enfermeiro se apropria como instrumento contém um grupo de fatos comprovados os quais descrevemos anteriormente que relacionados entre si constituemse em teoria de Comunicação aceita pela sociedade são os princípios científicos Todo planejamento da assistência de enfermagem é comunicado pela linguagem escrita ou falada aos outros membros da equipe de saúde para que ocorra o trabalho em equipe e para que atinjam seus objetivos as mensagens contidas no plano devem ser partilhadas por todos Avaliar a comunicação enfermeiropaciente fornece subsídios para a adequação ao contexto da relação interpessoal redefinindo objetivos a serem alcançados O enfermeiro também utiliza a criatividade para elaborar novas maneiras de se comunicar com os mais variados pacientes A habilidade psicomotora é adquirida e comunica a habilidade para executar todas as nossas atividades É frequente ouvirmos que determinada pessoa tem mão pesada ou mão leve para aplicar injeções Geralmente o paciente associa este fato à competência do enfermeiro Nossa habilidade psicomotora de certo modo comunica de forma nãoverbal parte de nossa identidade profissional que fica traduzida a partir de como nos movemos no espaço enquanto agimos no contexto do processo curativo A Comunicação terapêutica segue o método científico proposto durante a interação enfermeiropaciente ocorre o levantamento de hipóteses que serão confirmadas ou não para a determinação que dará orientação às intervenções do enfermeiro Desta forma acreditamos como Stefanelli11 que a Comunicação é um processo de compreender compartilhar mensagens enviadas e recebidas sendo que as próprias mensagens e o modo como se dá seu intercâmbio exercem influência no comportamento das pessoas nele envolvidas a curto médio e longo prazos Mas quando o enfermeiro se apropria deste processo ele o usa também como instrumento e mais viabiliza e potencializa o desenvolvimento dos outros Instrumentos Básicos de Enfermagem O USO DA COMUNICAÇÃO NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM Podemos deduzir a partir do que descrevemos que a qualidade da assistência de enfermagem que prestamos ao paciente pode ser diretamente influenciada pela nossa habilidade de comunicarmos com ele O papel do enfermeiro não se restringe a executar técnicas ou procedimentos eficientemente Mais que isso nos propomos a uma ação cuidadiva abrangente que implica entre outros aspectos desenvolver a habilidade de Comunicação Desta modo o uso da Comunicação como Instrumento Básico do enfermeiro é um meio que utilizamos para satisfazer as necessidades do paciente Mesmo durante a administração de uma injeção por via intramuscular o processo comunicativo está ocorrendo Quando explicamos ao paciente o que iremos fazer e por quê devemos utilizar palavras que ele compreenda e observamos suas respostas verbais e nãoverbais para sabermos o que ele entendeu sua percepção e sentimentos a respeito do que falamos Se a comunicação entre o enfermeiro e o paciente não ocorrer efetivamente o significado do cuidado que prestamos pode ser afetado profundamente Vários estudos realizados por enfermeiros mostram que a interação uma das instâncias da comunicação favorece um cuidado personalizado sem o que ocorrerá comportamentos de autoridade e desprezo por parte do enfermeiro em relação ao paciente Assim utilizar apelidos ou frases que não denotam o cuidado personalizado o individualizado pode demonstrar falta de comprometimento do enfermeiro provocando o afastamento do paciente Estas situações dificultarão a comunicação comprometendo o assistencia de enfermagem a pessoa que este paciente é antes de tudo Lembramos que A comunicação deve ser considerada como competência interpessoal a ser adquirida pelo enfermeiro E que esta competência interpessoal usada de modo terapêutico que vai permitir ao enfermeiro atender ao paciente em todas as suas dimensões Stefanelli11 Quanto à comunicação nãoverbal alguns autores afirmam que na enfermagem o toque pode ser o mais importante de todos os comportamentos nãoverbais114 Vários estudos mostram que os enfermeiros são os profissionais da saúde que mais tocam nos pacientes Mas que crianças e mulheres jovens são mais tocadas e que pacientes mais graves são menos tocados que os menos graves Porém alertamos que nem sempre o toque quero o instrumental ou o expressivo tem o mesmo significado para o enfermeiro e para o paciente Mais que ter um significado universal o significado do toque depende do contexto da cultura do local que é tocado e das pessoas envolvidas num determinado processo comunicativo Na dependência dos aspectos ora descritos o toque pode ter um caráter de relaxamento ou gerar ansiedade e apreensão no paciente Alguns estudos mostram que o toque instrumental aquele que ocorre quando realizamos procedimentos pode alterar os padrões fisiológicos do paciente Dar banho fazer exercícios ativos e estímulos ambientais desconhecidos são responsáveis pelo aumento da pressão intracraniana em pacientes com trauma cerebral Todas as ações de enfermagem devem ser documentadas e na maioria dos serviços são feitas através da escrita Assim nas anotações de enfermagem devemos usar termos corretos vocabulário científico precisão e exatidão ao descrever um acontecimento relativo ao paciente Ao respeitarmos estes aspectos estaremos permitindo uma comunicação efetiva entre todos os membros da equipe de saúde além do que as anotações servem de documento legal e retratam a qualidade da assistência de enfermagem prestada ao paciente Para sistematizar a assistência de enfermagem e estabelecer um plano de cuidados ou prescrição de enfermagem para o paciente a primeira etapa é a execução de uma entrevista com o paciente Nesta entrevista são colhidos os dados do paciente através do Ins trumento Básico Comunicação Seja qual for o referencial teórico utilizado pela enfermeira se esta não for hábil no uso da Comunicação a coleta de dados estará comprometida prejudicando todo o plano de cuidados de enfermagem daquele paciente O plano a ser executado pela equipe de enfermagem deve ser claro e preciso para que todos o entendam e o executem adequadamente Citamos um exemplo de uma prescrição de enfermagem Fazer higiene íntima quatro vezes ao dia Assim sempre ao prescrevemos um cuidado de enfermagem ele deve conter o quê o como e quando para que a comunicação do cuidado a ser prestado ao paciente seja precisa e exata As anotações de enfermagem são lidas tanto pelos enfermeiros como pelos médicos sendo julgadas como importantes por auxiliar no planejamento continuidade e avaliação do paciente tanto no âmbito da enfermagem como no médico Assim as anotações ganham importância nos programas de saúde na organização dos dados e recursos auxiliares de ensino assim como podem ser utilizadas como fonte de investigação científica na enfermagem Podemos notar que a habilidade em usar a comunicação está relacionada a múltiplas facetas da assistência de enfermagem que não se esgotam neste capítulo mas mostram que o uso deste Instrumento Básico pode interferir no sucesso ou fracasso da assistência prestada ao paciente
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COMPARAÇÃO ENTRE MÉTODO CIENTÍFICO E PROCESSO DE ENFERMAGEM Na Tabela 31 segundo a proposta de Pinnell e Meneses apresentase uma comparação entre os elementos do método científico de solução de problemas e algumas etapas do processo de enfermagem histórico diagnóstico prescrição e evolução de enfermagem Tanto o método científico quanto o processo de enfermagem constituem sistemas abertos e dinâmicos Há uma entrada de informações um processamento e uma saída Em cada etapa estão envolvidos os processos de raciocínio lógico julgamento e tomada de decisão que determinam o avanço de uma etapa para outra Uma vez completadas as etapas ambos processos possuem uma retroalimentação que possibilita receber novas informações ao mesmo tempo em que cria uma mudança nas informações existentes Estes processos também contam com uma base de conhecimentos que quanto mais forte mais efetiva será a habilidade de solucionar problemas O processo de enfermagem tornase possível uma variedade de estratégias para buscar a solução de problemas A utilização de um instrumento teórico específico e que direciona o desenvolvimento das fases do processo de enfermagem como 1 Permite ao enfermeiro a vantagem de geração de hipóteses antes do planejamento do cuidado 2 Traduz um meio conceitual e cognitivo de pensamento centrado no cliente intervenções de enfermagem com ações orientadas 3 Requer uma certa soma de conhecimentos e habilidades para ser usado eficientemente 4 Consome tempo e tornase opressivo para enfermeiros que trabalham em unidades com poucos funcionários A prática mostra que falta ao enfermeiro um corpo de conhecimentos específicos relacionados ao cuidado de enfermagem que lhe permitam conhecer e desenvolver melhores alternativas para solução de problemas e consequentemente obter melhores resultados como emprego do processo de enfermagem Alguns estudos que tratam da solução de problemas Tabela 31 Comparação entre as Etapas do Método Científico e do Processo de Enfermagem São Paulo 1994 Método Científico Processo de Enfermagem Compreensão do Problema e Coleta de Dados Histórico de Enfermagem Reconhecimento definição delimitação e descrição do problema Levantamento dos problemas de enfermagem do cliente Coleta de dados a partir de todos os aspectos relevantes Levantamento da história de saúde do cliente Julgamento profissional relativo ao problema do cliente Exame físico Revisão de resultados de exames laboratoriais e de estudos diagnósticos Revisão de literatura Formulação de Hipóteses Diagnóstico de Enfermagem Julgamento clínico das respostas do indivíduo família ou comunidade ao processo vital e ao problema de saúde atual ou potencial os quais fornecem a base para a seleção das intervenções de enfermagem CarrolJohnson Elaboração de Um Plano para Teste de Hipótese Prescrição de Enfermagem Determinação do conjunto de condutas de enfermagem Benco e Castilho Teste de Hipótese Execução da Prescrição de Enfermagem Execução do plano de testagem da hipótese Implementação do plano de cuidados Registro dos cuidados de enfermagem prestados Administração e supervisão dos cuidados de enfermagem Orientações ao cliente Interpretação e Avaliação de Resultados Evolução de Enfermagem Interpretação dos resultados dos testes e avaliação das hipóteses Avaliação do estado geral do paciente frente aos resultados dos cuidados prescritos e novos problemas identificados Benco e Castilho Modificação do plano de ação com base na coleta de dados anterior Modificação no plano de cuidados com base nos resultados observados O MÉTODO CIENTÍFICO E A PESQUISA EM ENFERMAGEM Desenvolver o método científico em enfermagem representa um compromisso profissional para fortalecer a profissão como ciência Horta sintetiza a ciência de enfermagem como descrever explicar relacionar entre si e predizer os seus entes O método científico é precionado para demonstrar soluções mediante argumentos Compete ao enfermeiro desenvolver raciocínios conceitos e juízos para que seja capaz de articular argumentos e demonstrar soluções para a construção do conhecimento de enfermagem A escolha de um modelo processo ou técnica dependerá do objeto em estudo e do que se pretende demonstrar Importa à enfermagem desenvolver estruturas teóricas amplas para palmilhar seu espaço e fortalecer a valor político da sua prática profissional Sem o desenvolvimento da pesquisa a enfermagem não sobreviverá condignamente Pesquisa pressupõe a aplicação do método científico É uma missão para o enfermeiro cuidar pesquisando A metodologia é um meio de se captar e manipular a realidade O método científico inclui métodos quantitativos qualitativos e a triangulação de dados os quais Koizume define como Método Quantitativo É um processo formal objetivo e sistemático que utiliza dados numéricos para obter informações acerca do mundo Permite descrever testar relações e determinar causas Deriva de um ramo da filosofia chamado positivismo lógico Método Qualitativo É uma abordagem sistemática subjetiva que permite descrever as experiências de vida e atribuirlhes significado Método da Triangulação de Dados É a combinação de métodos envolvendo múltipla fonte de dados de pesquisadores de teorias e de metodologia MÉTODO CIENTÍFICO E ENSINO DE ENFERMAGEM Uma vez admitido como instrumento básico de enfermagem o ensino do método científico precisa necessariamente ser abordado no ensino de graduação de enfermagem Horta Kamiyama e Paula consideram o método científico como instrumento básico de enfermagem e enfatizam sua utilização na resolução de problemas de enfermagem Importa ser desenvolvido com o aluno a base científica para a resolução de problemas do paciente no âmbito da enfermagem Horta Daniel Costa Roy entre outros citam o processo de enfermagem como um método de atuação do enfermeiro E o processo de enfermagem especialmente algumas das fases do modelo proposto por Horta tem sido ensinado em diversas escolas de enfermagem do país constituindo assim uma forma alternativa de ensino do método científico No desenvolvimento das fases do processo de enfermagem o aluno utiliza etapas do raciocínio do método científico como no modelo de FrotaPessoa ou seja observação identificação do problema definição e isolamento do problema emissão de hipóteses comprovação das hipóteses análise e conclusões generalização O ensino do processo de enfermagem é um passo importante na aplicação do método científico de um modo global pelos alunos Uma abordagem mais específica por exemplo seria o ensino do diagnóstico de enfermagem Farias et al consideram o diagnóstico de enfermagem como um instrumento importante no exercício do papel do enfermeiro E para viabilizarse o ensino do diagnóstico de enfermagem há necessidade da adoção de uma metodologia profissional como o processo de enfermagem guiando a prática Segundo Farias et al o processo de enfermagem contribui para o fortalecimento do desenvolvimento do conhecimento científico que servirá de base para a atuação do enfermeiro Acrescentam que a implementação do processo independentemente do modelo teórico aplicado requer uma série de conceitos que orientem decisões específicas sobre o que questionar e diagnosticar o modo de intervir e como avaliar Para cuidar de pacientes concluem ser imprescindível a utilização de elementos científicos e humanísticos mediante o processo de enfermagem Desde modo o processo ensinoaprendizagem deve envolver elementos científicos e humanísticos visando a uma intervenção de enfermagem teoricamente embasada e questionadora Em relação ao processo diagnóstico na concepção de Farias et al envolve operações mentais de raciocínio e julgamento através de três tipos de atividades coleta de dados análise das informações e denominação ou rotulação Assim ao praticar o diagnóstico de enfermagem o aluno estará também praticando o método científico Uma outra forma de produzir no aluno a aplicação do método científico é educálo para a pesquisa e para o desenvolvimento de seus próprios projetos Um grande estímulo para a pesquisa é fazer com que o aluno descubra relevância no seu objeto de pesquisa a fim de que se dedique com entusiasmo Para a concretização do espírito científico tornase importante desengajar no aluno o seu raciocínio crítico sobre a realidade de enfermagem conhecimento das estratégias dos métodos de pesquisa e o desenvolvimento do compromisso individual profissional e social com a enfermagem É necessidade do enfermeiro desde a sua formação acadêmica o desenvolvimento de uma consciência própria em relação aos problemas de enfermagem objetivando a sua satisfação com resoluções empíricas CONSIDERAÇÕES FINAIS A competência do enfermeiro é medida de acordo com a qualidade da assistência de enfermagem que exerce Esta é diretamente proporcional à aplicação do método científico na resolução dos problemas de enfermagem O método científico é exequível no universo da enfermagem Sua aplicação é uma questão de coerência e segurança na concretização dos objetivos da profissão em relação aos resultados desejados A resolução dos problemas de enfermagem eficiente e eficaz clama pelo usufruto do método científico que poderá ser usado de modo criativo e constituirá um meio seguro para obterse qualidade no resultado das condutas de enfermagem A partir do embaçamento na literatura nacional e internacional é que o enfermeiro irá fortalecer condutas anteriores ou construir novas condutas com exaustiva análise crítica e instauração no uso do método científico O verbo de impacto das ações de enfermagem é pesquisar pesquisar pesquisar BIBLIOGRAFIA 1 Ackoff R Scientific method N York Wiley 1962 2 Alves R Filosofia da ciência Introdução ao jogo e suas regras 15 ed São Paulo Brasileiras Cap 9 1992 3 AstiVera A Metodologia da pesquisa científica Porto Alegre Globo Cap 1 a 3 1974 4 Benko MA Castilho V Operacionalização de um sistema de assistência de enfermagem In Processo de enfermagem na prática São Paulo Atica Cap 7 pp 967 1989 5 Brink PJ Wood MJ Advanced design in nursing research Newburg Park Sage 1989 Apud Koizume MS Fundamentos metodológicos da pesquisa em enfermagem Rev Esc Enf USP 26 1992 3347 Número Especial 6 Brookfield SD Developing critical thinkers São Francisco Jossey Bass 1987 Apud Pereira RCI Desempenhando o pensamento crítico nas questões do ensino e da prática da enfermagem Rev Gaúcha Enf 131 1992 246 7 Brunner LS Suddarth DS Enfermagem médicocirúrgica 3 ed Rio de Janeiro Interamericana 1977 Cap 1 pp 14 O paciente e seus problemas 8 Cajai SRY Investigação científica 3 ed São Paulo EDUSP 1979 Cap VII pp 10112 Marcar a investigação científica 9 CarrolJohnson RM Classification of nursing diagnoses proceedings of the ninth conference Philadelphia Lippincott Company No prelo Apud Farias JN et al Diagnóstico de enfermagem uma abordagem conceitual e prática João Pessoa Santa Marta 1990 p 26 10 Cervo AL Metodologia científica 3 ed São Paulo McGrawHill 1983 11 Costa LB et al Relato de uma experiência na aplicação da metodologia científica na assistência de enfermagem à família Rev Bras Enf 311 1978 146 12 Dailey RC Strengthening Hospital Nursing How to use problemsolving teams effectively JONA 20 78 julaug 1990 2429 13 Daniel LF A enfermagem planejada São Paulo EPUEDUSP 1977 14 Demo P Introdução à metodologia da ciência São Paulo Atlas 1988 15 Farias JN et al Diagnóstico de enfermagem uma abordagem conceitual e prática João Pessoa Santa Marta pp 617 1990 16 Ferrari AT Metodologia da ciência 3 ed R Janeiro Kennedy 1974 17 FrotaPessoa O O manual de biologia 2 ed Rio de Janeiro Fundo de Cultura 1960 18 Hixon JK Every nurse must be a problem solver Aorn Journal 41 6 june 1985 Horta WA Processo de enfermagem São Paulo EPUEDUSP 1979 4 Princípios Científicos como Instrumento Básico de Enfermagem Arthur Bittes Junior Fernando Carneiro Mussi Rosali Isabel Bardiuch Ohl Yeda Aparecida de Oliveira Duarte a enfermagem a evolução do mesmo de forma a subsidiála na elaboração do plano assistencial Observase assim que o trabalho em equipe não se concretizava PRINCÍPIOS CIENTÍFICOS NO CONTEXTO DA ASSISTÊNCIA ENSINO E PESQUISA DE ENFERMAGEM das intervenções de enfermagem para o atendimento individualizado dessas necessidades A atuação do enfermeiro no entanto perpetuase ainda hoje essencialmente centrada na execução de procedimentos e estagnada a uma padronização de condutas Baseadas nos resultados destas duas experiências partiram para uma terceira tentativa desta vez analisando os princípios que regem as necessidades humanas básicas Neste sentido alcançaram pleno sucesso e elaboraram um livrotexto denominado Os princípios científicos da enfermagem atualmente muito utilizado nos cursos de graduação em enfermagem Hanebuth e Stoppel6 acreditavam que existia uma tendência a mudança na abordagem curricular no sentido de se enfatizar a aplicação dos princípios científicos e o uso do raciocínio na resolução de problemas relacionados ao cuidado do paciente em lugar da utilização do sistema de memorização dos procedimentos a serem executados Acreditase que o preparo do estudante conforme a tendência apresentada pelas autoras auxiliaria a focalização de sua atenção sobre aqueles aspectos do cuidado profissional que não podem ser completamente advindos de uma padronização mas que requerem atitudes diversas baseadas na individualização dos casos observados Por meio do conhecimento análise compreensão e formulação dos princípios científicos podemos capacitar o estudante a adaptar suas ações às diversas situações apresentadas na prática A pesquisa é um instrumento que pode fornecer uma maior fundamentação para esta prática e estabelecela sobre uma base científica A pesquisa em enfermagem não é por si um objetivo mas uma função um instrumento uma procura planejada de informações com a finalidade de formar e desenvolver o seu corpo de conhecimentos de enfermagem Considerando a complexidade do ser humano a evolução tecnológica as variações do contexto socioeconômico e cultural nenhum grupo geral de princípios suprirá a enfermagem com uma válida resposta a toda necessidade do pacientecliente Portanto a pesquisa é um instrumento que permite desvendar a relação destas variáveis com os princípios científicos subsidiando o cuidado A reflexão sobre o tema em questão nos permite dizer que o ensino a pesquisa e a assistência de enfermagem implicam a consideração da aplicação dos princípios científicos como instrumento básico A descrição referente à assistência pode ser mais bem observada segundo a Fig 42 Fig 42 HISTÓRICO DE ENFERMAGEM Entrevista Exame Físico Comunicação Levantamento de Problemas Observação Evolução de Enfermagem Cuidado Indivíduo Família Comunidade Apelação Condutas de Enfermagem Tomada de Decisões Destreza Manual PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM Fig 42 CONSIDERAÇÕES FINAIS A utilização dos Princípios Científicos enquanto Instrumento Básico de Enfermagem visa ao embasamento da profissão enquanto ciência uma vez que subsidiam as ações realizadas a partir de um princípio ou seja de uma verdade desenvolvida após investigação adequada diferenciandoas assim das desenvolvidas empiricamente Desta forma compreendidos são indispensáveis no cotidiano do profissional pois auxiliam o enfermeiro no julgamento e adequada tomada de decisão relativos à assistência a ser implementada a um paciente orientando suas ações conforme as necessidades das situações específicas assim o requerem 1 Almeida MC Rocha JSY O saber da enfermagem e sua dimensão prática São Paulo Cortez 1986 Cap 1 pp 2967 2 Angerami ELS Mendes IAC O saber a saúde e a investigação em enfermagem Rev Gaúcha Enf Porto Alegre v 19 n 1 pp 2833 1989 3 Elhart D et al Princípios científicos de enfermagem 8 ed Lisboa Portuguesa de Livros Técnicos e Científicos 1983 4 Farias JN et al Diagnóstico de enfermagem uma abordagem conceitual e prática 1990 5 Hanebuth L Stoppel D The use and abuse of principles Nurs Forum Hillsdale v 7 n 3 pp 30813 1968 6 Massarollo MCKB et al Utilização da pesquisa em enfermagem na prática Rev Paul Enf São Paulo v 6 n 4 pp 14656 1986 7 Nordmark MT Rohweder AW Princípios científicos aplicados a la enfermeria México La Prensa Médica Mexicana 1967 8 Santos GF Ferraz AF Princípios científicos aplicados à administração de medicamentos Rev Paul Enf v 6 n 3 pp 12024 1986 9 Souza RMC et al Enfermagem uma abordagem conceitual Rev Esc Enf USP São Paulo v 20 n 3 pp 22935 1986 5 A Criatividade como Instrumento Básico em Enfermagem Ana Cristina de Sá Rose Meire Imanichi Fugita INTRODUÇÃO Conforme pudemos constatar no decorrer dos capítulos anteriores as atividades profissionais do ser humano exigem que este utilize um conjunto de conhecimentos e habilidades fundamentais que caracterizam seu fazer profissional que denominamos Instrumentos Básicos O enfermeiro faz uso de tais ferramentas ou instrumentos no desempenho de suas atividades com a finalidade de alcançar metas Constatamos ainda a necessidade de se empregar um método científico de resolução de problemas para que tais metas sejam alcançadas A criatividade objeto de estudo deste capítulo participa desse e de outros processos constituindose em uma das ferramentas essenciais das quais o enfermeiro lança mão no desenvolvimento de atividades assistenciais de ensino e de pesquisa em enfermagem Este capítulo pretende portanto explorar a utilização da criatividade como Instrumento Básico em enfermagem nos diversos ramos que compõem seu saberfazer CONCEITUANDO CRIATIVIDADE A criatividade faz parte de uma das 125 capacidades produtivas do intelecto humano conhecidas até a elaboração deste capítulo Conceituar tal capacidade no entanto esbarra numa série de controvérsias 47 Sabese que a questão da criatividade como conceito separado de um determinado contexto mais amplo começou a atrair a atenção de cientistas do comportamento psicólogos e neurobiologistas a partir da década de 50 Alguns a conceituaram como um processo resultante de uma obra pessoal aceita como útil ou satisfatória por um grupo social ou indivíduo numa determinada época outros a colocam como uma função inventiva da imaginação criadora dissociada da inteligência Ainda é referida como a disposição para criar comum a todos os seres humanos porém em estado latente independentemente de raça sexo ou idade mas estreitamente dependente de um ambiente sociocultural que propicie condições favoráveis à liberdade de expressão Guilford concebe o intelecto como um modelo tridimensional onde se encontram as funções operações produtos e conteúdos A função operações reúne memória cognição produção convergente produção divergente e julgamento A função produtos constituise na capacidade do indivíduo em reconhecer classes relações sistemas transformações e implicações A última função conteúdos compõese de elementos figurativos simbólicos semânticos e comportamentais O autor refere que as três funções são interrelacionadas pois o pensamento criador estaria mais bem localizado no domínio das operações mais precisamente na atitude de produção convergente ou divergent a pensamento produtivo convergente é acionado pelo pensamento que se ativa na procura de uma resposta convencional através de um determinado padrão de resolução a ser empregado na busca da solução para uma determinada situação ou problema b pensamento produtivo divergente exige que o pensamento se mova em várias direções em busca de uma resposta a um determinado problema ou situação cuja solução exige do pensador fluência verbal fluência de idéias flexibilidade originalidade percepção e reconstrução de esquemas prévios de adaptação Na fluência verbal e de idéias o indivíduo denota sua produtividade através da associação de idéias classificação da problemática e sistematização da situação A flexibilidade ocorre na facilidade com que o sujeito pula de uma categoria a outra de idéias descrevendo o maior número de usos em que se possa pensar uma situação considerandose o maior número de respostas pertinentes A originalidade é produzida no momento em que o indivíduo busca propostas de soluções convencionais ou não para resolver problemas não conhecidos anteriormente por ele ou seja na ausência de paradigmas que o orientem A percepção de problemas 48 ocorre quando o indivíduo é colocado diante de situações novas para ele A reconstrução consiste na reestruturação de situações objetos e estruturas cognitivas preexistentes mas que o indivíduo reorganiza para produzir uma resposta satisfatória à resolução do problema ou à satisfação de uma necessidade Husserl e Capra afirmam que o ato de criar ocorre ininterruptamente a cada instante da constante evolução do ciclo vital do ser humano Para os autores cada momento é a criatividade expressa em si pois o continuum tempoespaço é um fato e cada minuto jamais é igual ao outro A cada segundo mudamos afirmam quer seja em idade cronológica ritmo cardíaco produção intelectual apreendido padrão respiratório etc o que torna a criatividade interna ou externa uma constante que nos atualiza e renova CONCEITO PROPOSTO O que parece ser fato aceito por todos aqueles que estudam a criatividade além da questão da convergência e da divergência do pensamento produtivo numa visão comportamentalista é que está é uma atividade intelectual distinta da inteligência sem graduação maior ou menor quanto ao sexo ou raça com intensidade variável na criação e no adulto e que não se limita a atividades artísticas e literárias como tenho o senso comum Enfim é uma capacidade intelectual encontrada em todas as atividades humanas quer sejam elas técnicas econômicas ou científicas e que ocorre no continuum do ciclo vital interrompido externa ou internamente numa visão holística A criatividade portanto não é algo reservado a uma elite de criadores Tratase do conjunto da população e é pois uma necessidade humana e social cuja utilização gera o progresso o desenvolvimento e a evolução da humanidade nos mais variados campos o que a torna essencial para o desenvolvimento da enfermagem A criatividade é uma tendência natural que impele o indivíduo à autorealização Este ao encontrar condições adequadas para se exprimir repele o medo de errar e o inconformismo social estimula o crescimento individual e coletivo impulsiona a humanidade rumo a novas descobertas confere ao ser humano a capacidade de associar idéias que estimulem seu ajuste ao ambiente que o cerca como o intuito de aperfeiçoálo frente a situações emergentes e principalmente nãorotineiras 49 A CRIATIVIDADE COMO INSTRUMENTO BÁSICO EM ENFERMAGEM Horta considera como instrumentos básicos em enfermagem os conhecimentos e habilidades fundamentais para o exercício das atividades profissionais da área Podese depender portanto que o pensamento criador passa a ser um instrumento básico das atividades do enfermeiro pois dele dependem a a percepção do problema necessidade ou situação b a fluência de ideias e a flexibilidade de pensamento para tentar solucionálos c a originalidade e a estruturação ou reestruturação das soluções encontradas e d das ações a serem elaboradas e desempenhadas para resolvêlos O USO DA CRIATIVIDADE NA ÁREA ASSISTENCIAL Além dos aspectos abordados anteriormente devido a seu caráter dinâmico a criatividade é um Instrumento Básico essencial à prática da enfermagem no planejamento e execução dos cuidados de enfermagem no hábito da reflexão sobre a prática diária de atividades de enfermagem visando ao estudo exploratório em campo de linhas teóricas que constroem o saber próprio da profissão contribuindo para seu progresso técnicocientífico e implementando alternativas em seu fazer profissional no domínio do saberfazer da enfermagem que muito depende da criatividade frente a cada situação inerente à atividade profissional do enfermeiro aliada a conhecimentos prévios e curiosidade científica O desempenhar do processo de enfermagem envolve a utilização do potencial criador do enfermeiro de forma a firmarse como uma prática estimulante à esse profissional para expor suas ideias já que novas ideias não costumam ter espaço imediato quanto a sua aceitação Afirma no entanto que o ser humano criativo alcança um alto grau de satisfação pessoal e de crescimento interior ao produzir alternativas novas válidas ou aperfeiçoar as já existentes em prol de uma maior qualidade de vida Um fator importante no desenvolvimento do potencial criador se acha na busca por informações externas ao meio profissional do indivíduo Diversos autores propõem que a pessoa procure ampliar seus horizontes no âmbito cultural de forma a não limitar sua visão de mundo Tal processo ocorre através do acesso a informações diversas que ampliem sua cultura geral e que lhes permitam participar da vida como um todo conferindo ao indivíduo a sensação de estar inserido em contextos muito amplos e cheios de oportunidades e possibilidades USO DA CRIATIVIDADE NO ENSINO Uma das funções inherentes às atividades do enfermeiro é a de ensinar Seu aluno pode ser pacientecliente o colega de equipe o acadêmico a família e assim por diante A partir de tal consideração surge a questão da utilização da criatividade pelo enfermeiro que assume o papel de professor e como este pode propiciar a expressão da criatividade do educando Algumas estratégias podem ser sugeridas Não Sufocar a Criatividade No papel de professor o enfermeiro assume uma atitude de respeito frente aos questionamentos do educando procurando leválo a encontrar a resposta a partir de seus próprios referenciais estimulandoo a descobrir o valor de ideias originais desde que adequadas Podese então em conjunto adotar as ideias que puderem ser aproveitadas sem que o valor do resultado alcançado se transforme em ameaça ou crítica destrutiva mas sim em um julgamento justificado pela explicação de causas e consequências Essa mutabilidade constante acaba por exigir o uso do potencial criativo do professor Caso contrário este poderá incorrer na manutenção de hábitos e rotinas sem reflexões mais profundas tomando decisões mediocrizadas baseadas em conceitos estáticos e sem examinar e correlacionar os fatos velhos e novos presentes numa dada situação Tais condições são opostas ao que se denomina processo criativo A estimulação do potencial criativo do aluno de enfermagem propicia o desenvolvimento de uma maior capacidade dos estudantes em apontar soluções para problemas de enfermagem implicados no processo do cuidar No entanto há certa dificuldade do docente em aceitar os atributos da personalidade criativa ver anexo características da personalidade dos indivíduos conforme o potencial criador Portanto ao mesmo tempo em que os docentes estimulam o despertar da curiosidade e independência no criar do estudante de enfermagem estes não aceitam muito bem o aluno efetivamente criativo Esse é um ponto para reflexão na prática do ensino da enfermagem pois urge encontrar espaços efetivos para o desenvolvimento do potencial criador do estudante de enfermagem a partir da revisão dos currículos dos cursos da área USO DA CRIATIVIDADE NA PESQUISA EM ENFERMAGEM Parece que cada vez mais se substitui o par conhecimentoexperiência pelo par conhecimentocriatividade de Mandara Conforme já exposto é fato real a noção de que devemos esperar a presença da criatividade no desenvolvimento das mais diversas atividades humanas sem limitála a certos campos das artes e ciências Os atos criativos afetam o progresso científico da sociedade em geral A competição é um elemento motivador da criatividade na área científica e que impulsiona os pesquisadores a gerarem o progresso Os produtos criativos por sua vez reestruturam nosso universo de compreensão e geram maior necessidade de criar novas alternativas reformulando velhas ideias A pesquisa portanto é o recitar contínuo da criação Novas teorias são compostas por velhas teorias reorganizadas redefinidas e associadas em seus pontos comuns na busca constante do homem pela verdade e pela explicação de fenômenos internos e externos e pelo que os quais se depara a todo instante a pesquisar e a desenvolver seu potencial criativo rumo à enfermagem do futuro Tal fato pode destacar a enfermagem cada vez mais do lugarcomum afastandoa do marasmo provocado pela inflexibilidade em se aceitar novas visões do mundo proporcionando variados caminhos pelo infinito universo do potencial criador contido em cada enfermeiro Durante o período escolar regular a mentalidade do estudante apenas inclinase sobre sua carreira na universidade ele deveria levantarse e olhar à volta Whitehead CONSIDERAÇÕES FINAIS A criatividade como Instrumento Básico em enfermagem se mostra essencial na evolução do saberfazer científico da enfermagem nos campos assistencial de ensino e de pesquisa Esta capacidade humana estimula o crescimento individual e coletivo impulsiona a humanidade rumo a novas descobertas confere ao ser humano a capacidade de associar ideias que estimulam seu ajuste ao ambiente que o cerca aperfeiçoandoo eou modificandoo e propicia o caminho para a resolução de situações nãorotineiras O enfermeiro deve estimular a formação do hábito de refletir sobre sua prática diária com o intuito de aguçar sua curiosidade científica e estimular o potencial criador que possui em prol da evolução contínua do saberfazer em enfermagem BIBLIOGRAFIA 1 Beaudot A A criatividade na escola Atualidades pedagógicas v 125 Cia Ed Nacional São Paulo 1976 2 Brainerd SM La Monica EL A creative approach to individualized nursing care Nurs Forum v 14 n 2 pp 18893 1975 3 Capra F The turning point science society and the rising culture Simon Schuster New York 1982 4 Guilford WC Study of creative thinking hypotheses and tests Report Psycho Lab v 3 n 33 1967 5 Horta WA et al O ensino dos instrumentos básicos de enfermagem Rev Esc Enf USP vols 1 e 2 p 5 1970 6 Husserl E The crisis of european sciences Northwestern University Press Evanston 1970 7 Jones JA Where angels fear to tread nursing and the concept of creativity J Adv Nurs n 8 pp 405411 March 1983 8 Kneller GF Arte e ciência da criatividade Ibrasa São Paulo 1978 9 Malinski VM Explorations on Martha Rogers Science of Unitary Human Being Appleton Century Crofts Norwalk 1986 10 Pieron H Dicionário de psicologia 7ª ed Ed Globo Rio de Janeiro 1990 11 Rogers ME An introduction to the theoretical basis of nursing F A Davis Philadelphia 1970 12 Kekahbah J Examining the cultural implications of Martha E Rogers Science of Unitary Human Beings WoodKekkahbah Ass Kansas 1985 13 Rollo May Courage to create New York Bantam Books 1976 14 Skeet M Thompson R Creative nursing processive care and more J Adv Nurs v 10 pp 1524 1985 Características dos Indivíduos quanto ao Potencial Criativo Pesquisas exaustivas foram realizadas no campo da psicologia com o intuito de se fazer uma distinção válida entre criatividade e inteligência A correlação criatividadeinteligência foi avaliada entre crianças e adultos separados por sexo através de baterias de testes e métodos ativos cujos resultados compuseram quatro grupos de indivíduos absolutamente similares para cada sexo a saber Grupo 1 sujeitos de alta criatividadealta inteligência Grupo 2 sujeitos de alta criatividadebaixa inteligência Grupo 3 sujeitos de baixa criatividadealta inteligência Grupo 4 sujeitos de baixa criatividadebaixa inteligência O comportamento social dos grupos revelouse diferenciado para cada grupo Grupo 1 Alta CriatividadeAlta Inteligência Os sujeitos desse grupo apresentam menor grau de dúvida e hesitação maior grau de autoconfiança menor tendência a depreciar o próprio trabalho são indivíduos mais procurados e que procuram relações sociais com maior interesse mantêm maior índice de atenção concentração e interesse pelo trabalho possuem maior capacidade de abstração e de sensibilidade afetiva seu nível de ansiedade é médio apresentam maior resposta a estímulos físicos externos e revelam conduta altamente desejável nas esferas social e acadêmica Esse grupo no entanto apresenta alto grau de comportamento perturbador em sala de aula pois diante de situações monótonas propõem possibilidades novas e divergentes além de não se adaptarem a programas que enfatizem a igual participação dos alunos em grupo gerando alguns transtornos Esses indivíduos são capazes de exercer tanto o controle quanto a liberdade tanto comportamentos dos mais maduros e adultos quanto aqueles mais imaturos e infantis Por vezes podem se revelar obsessivos quanto a alcançarem um objetivo por eles traçado a atenção sobre si de forma inadequada e hesitam em expressar sua própria opinião Mantém alto grau de atenção e concentração em assuntos acadêmicos mas sua postura se revela avessa ao contato social através de um comportamento retrato reservado e até mesmo frio na relação interpessoal Costumam ser descritos como devotados à realização acadêmica O fracasso escolar é tido por esse grupo como catastrófico de modo que lutam continuamente pela excelência acadêmica visando evitar o sofrimento Seu nível de ansiedade é aparentemente baixo Esse grupo revelase bastante intolerante a hipóteses improváveis sobre o mundo e evita qualquer possibilidade de situações imprevistas e com probabilidade de erro Recusamse a se desviar do padrão crítico de correção Grupo 4 Baixa CriatividadeBaixa Inteligência Esse grupo revela ao contrário do que se poderia supor maior autoconfiança e segurança além de maior disposição positiva no relacionamento interpessoal Parece que esses indivíduos tendem a compensar o menor grau de realização acadêmica com intensas atividades na esfera social Mantém um alto nível de ansiedade pois desenvolvem constantes e variadas manobras defensivas que vão desde adaptações úteis até regressões passividade e sintomas psicossomáticos As pesquisas concluem ainda que é provável que existam múltiplos tipos de talento criativo e determinadas forças motivacionais ligadas a certas características da personalidade de pessoas criativas Dependendo do estímulo motivacional as características que costumam aflorar no comportamento do indivíduo criativo são curiosidade intensa ideias empreendedoras persistência intelectual tolerância face a situações ambíguas necessidade de variação e autonomia orientação estética orientação espiritual resistência à cristalização prematura de conceitos e à acomodação desejo de domínio sobre situaçõesproblema excitação e estimulação frente à ordenação intelectual daquilo que é aparentemente inclasificável desejo de melhorar a ordem e os sistemas geralmente aceitos pela maioria alto grau de ansiedade porém com controle da mesma alto grau de energia na produção de trabalhos propensão a assumir riscos maiores a um prazo menor encara desafios de forma prazerosa valoriza sobremaneira seus produtos Os estudantes e os profissionais criativos tendem a ser identificados por serem considerados problemáticos visto lutarem pela obtenção de soluções mais complexas e por serem intelectualmente rigorosos Dessa forma acabam por gerar relações interpessoais dificultadas para com mestres e superiores Mestres criativos por sua vez não se adequam a instituições de orientação tradicional e ortodoxa Outras características geradoras de conflitos interpessoais comuns aos indivíduos criativos são extrema autonomia e autosuficiência independência de juízos e julgamentos maior abertura em expor o que há de irracional em si mesmos maior complexidade abstracta e afetiva engenhosidade gosto pela aventura posicionamentos radicais maior sensibilidade aos diversos fenômenos introversão que não é demonstrada ousadia criticidade exacerbada tendência a produzir respostas adaptativas de natureza original maior êxito em profissões nãorotineiras e que façam contribuições úteis à sociedade o que lhes fornece autorealização A conclusão das pesquisas citadas é que seria irreal afirmar que indivíduos criativos são necessariamente mais felizes Pelo contrário esses indivíduos podem ser geradores de conflitos internos e interpessoais e são quase sempre mal interpretados pela sociedade em suas atitudes Com o propósito de alcançar maior desenvolvimento da sociedade seria importante criar um ambiente de trabalho adequado à produção de ideias pessoais criativas sem que se façam passar por diferentes indivíduos Seria muito bemvinda a mudança de atitude na busca da compreensão da sociedade em relação àqueles possuidores de mentes criadoras Tal fato estimularia a utilização de seu potencial criador no desenvolvimento de todas as áreas da atividade humana encarando isso como sendo um fator positivo e não gerador de conflito Falta ainda à sociedade elaborar critérios para melhor aproveitar esse potencial muitas vezes perdido em prol da evolução humana BIBLIOGRAFIA 6 Comunicação Arthur Bittes Júnior Maria Clara Cassull Matheus INTRODUÇÃO A Comunicação é um ato intrínseco ao existir humano Mesmo antes de nascer já estamos transmitindo e recebendo mensagens do mundo Vários autores chegam a afirmar que o existir no mundo só é possível quando nos comunicamos Mas comunicarse verdadeiramente implica uma série de aspectos complexos que se não estiverem claros para as pessoas que estão se comunicando podem gerar desentendimentos podendo até levar ao fracasso na relação entre eles Devido à importância e à complexidade que tem a Comunicação no existir do homem este tema tem sido motivo de profundos estudos em vários ramos do conhecimento Isto significa que a literatura disponível internacional e nacional é extensa porém não esgota o assunto pois a cada dia novos aspectos da Comunicação são pesquisados Assim neste capítulo nos propomos a discorrer sobre aspectos que julgamos importantes sobre a Comunicação e contextualizála como Instrumento Básico utilizado no âmbito da enfermagem CARACTERIZANDO A COMUNICAÇÃO E etimologicamente a palavra Comunicação vem do latim communicare e significa pôr em comum Ferreira acrescente que é a capacidade de trocar ou discutir ideias de dialogar de conversar com vistas ao bom relacionamento entre as pessoas Sendo uma capacidade podemos deduzir que a Comunicação é uma habilidade que pode ou não ser desenvolvida nas pessoas Para uma habilidade ser desenvolvida é necessário que estejamos conscientes de sua existência como tal Bordenave a este respeito alerta que a maioria das pessoas tem tanta consciência da comunicação como tem de respirar ou andar Respirar andar comunicarse confundese com a própria vida Mas até que ponto prestamos atenção no modo como respiramos andamos ou nos comunicamos COMPONENTES DA COMUNICAÇÃO Explicitaremos os componentes da comunicação no sentido de ir caracterizandoa com vistas a nos conscientizar de todos aqueles aspectos que possam ajudar a desenvolver a habilidade de nos comunicarmos A maioria dos autores concorda que o processo de comunicação é composto de emissor receptor e mensagem Para que se inicie o processo comunicativo o emissor envia uma mensagem O receptor por sua vez recebe a mensagem e decifraa com o objetivo de entendêla Mas para que ocorra o processo comunicativo o receptor deve emitir uma resposta ao emissor Podemos deduzir que frequentemente o enfermeiro assume tanto o papel de emissor como de receptor num mesmo processo comunicativo ao se relacionar com um paciente sendo necessário assim tanto enviar mensagens que o paciente entenda como entender as mensagens recebidas A mensagem é a ideia transmitida e essa ideia deve ter o mesmo significado para o receptor pois se não a comunicação efetiva não ocorre Stefanelli uma enfermeira brasileira acredita que a troca de mensagens entre o emissor e o receptor pode ser alterada ou influenciada dependendo do contexto em que eles estejam vivendo assim para ela o contexto também é um dos componentes da Comunicação FORMAS DE COMUNICAÇÃO A Comunicação engloba todas as formas que uma pessoa utiliza para poder afetar o outro as quais resumidamente apresentamos na Tabela 61 Tabela 61 Formas de Comunicação Verbal Nãoverbal Paraverbal A forma de transmitir uma mensagem que mais temos consciência é a verbal ou linguística e se refere à linguagem falada ou escrita A linguagem é fortemente influenciada pela cultura e grande parte das confusões e incomunicações que ocorrem entre as pessoas tem como origem a própria linguagem É bem provável que todos nós já tenhamos passado por situações onde essas incomunicações ocorreram Conversar com um adolescente que utiliza gíria com um nordestino que usa termos os quais não sabemos o significado dificulta e às vezes até impede que uma conversa continue Mas as incomunicações também podem ocorrer em certas situações onde a palavra pode até ser do conhecimento do emissor e do receptor porém tem significado diferente para cada um deles Se você disser para seu colegao que está triste será que a tristeza terá para ele o mesmo significado que tem para você Quantas vezes você não terminou essa conversa dizendo Eh você não me entendeu O que queremos mostrar é que não houve Comunicação nesta situação Ou seja o significado a consequência e os sentimentos que brotam em você quando está triste podem ser diferentes dos do seu colega Se estas diferenças não ficarem claras entre vocês não haverá o por em comum as ideias logo não ocorrerá a Comunicação O mesmo acontece quando escrevemos ou lemos algo Frases mal construídas uso de palavras que podem dar múltiplos sentidos ou o uso de termos próprios de uma área de conhecimento podem dificultar o entendimento de um texto Também nos comunicamos de forma nãoverbal e ela traduz aquilo que Watson chama de linguagem transparente do corpo Geralmente não temos consciência de nossa comunicação nãoverbal Se conseguimos ter consciência daquilo que falamos muito mais difícil é estarmos conscientes por exemplo de nossa expressão facial Quantas vezes já ouvimos Sim está bom mas pela expressão facial de quem falou sabemos que nada estava tão bom assim Na forma nãoverbal a mensagem é emitida e recebida pelos órgãos dos sentidos e compreende além da expressão facial a expressão corporal gestos e toque A comunicação nãoverbal ganha importância no processo comunicativo pois ela pode suplementar uma informação verbal completando ou rejeitando contradizer enfatizar substituir oferecer indícios sobre emoções ou mesmo controlar ou regular um relacionamento Podemos concluir que a incongruência entre a comunicação verbal e nãoverbal pode gerar equívocos entre o emissor e receptor pois aquele que transmitir uma ideia mas inconscientemente transmite outra por uma das formas da comunicação nãoverbal Ou então um receptor desatento pode não captar toda uma mensagem se não observar além das palavras do emissor Nosso corpo quando falamos assume uma variedade de posturas que nos ajudam a traduzir melhor o significado das palavras que proferimos A cinésia parte da ciência que estuda o comportamento cinético do corpo mostranos que se atenta a postura corporal e expressões corporais de nosso interlocutor nossa comunicação terá mais chances de se tornar efetiva As posições e movimentos do corpo podem ser classificadas em emblemas aqueles atos nãoverbais que traduzem uma mensagem verbal que não podem ocorrer como os sinais do surdomudo um aceno para quem está longe ilustradores movimentos que acompanham a fala demonstrações movimentos sutis e inconscientes que regulam o fluxo de uma conversa e os adaptadores são os que adquirimos na infância e são utilizados geralmente em situações que precisamos suportar Tocar também é uma forma de comunicação nãoverbal e pode significar atitude de nos unir ao outro tocar como uma maneira de perceber o outro ou relação com o outro Assim o toque pode significar distância ou envolvimento entre as pessoas que estão se comunicando Mas o significado do toque pode ser diferente assim como todas as formas de comunicação não verbal dependendo da pessoa da cultura e do contexto em que ocorre o toque temos como nosso Esta distância pode influenciar e definir o tipo de envolvimento assim de comunicação que queremos manter com outro Assim mantemos um certo padrão de distância dependendo com quem estamos nos comunicando e relacionado conforme mostra a Fig 61 Outra forma de comunicação é a chamada de paralinguística Ela se refere ao tom de voz ao ritmo suspiros períodos de silêncio e entonação que damos às palavras quando falamos E o seu significado é semelhante ao que descrevemos para a comunicação nãoverbal Desta forma nossas conversas estão compostas por uma parte que é o que queremos dizer e outra parte que é como queremos ser entendidos BARREIRAS DA COMUNICAÇÃO Se não houver coparticipação entre emissor e receptor na busca de soluções não existirá mudança de comportamentos e crescimento das relações interpessoais Neste paradigma valorizase o receptor como o dono do problema e assim ele é visto como responsável também por procurar soluções dentro de um contexto de participação que então gerará mudanças de comportamentos COMO ENTENDEMOS A COMUNICAÇÃO COMO INSTRUMENTO BÁSICO UTILIZADO PELA ENFERMAGEM E SUA RELAÇÃO COM OS DEMAIS INSTRUMENTOS Tudo o que descrevemos até o momento é utilizado na vida profissional do enfermeiro A Comunicação em enfermagem pode ser vista como uma necessidade humana básica uma competência que a enfermagem deve desenvolver ou um instrumento básico utilizado pela enfermagem Fig 61 Diagrama representativo do processo de comunicação como instrumento básico de enfermagem Buscamos a seguir exemplificar tal fato correlacionando todos os Instrumentos Básicos com a Comunicação observar os padrões de respostas fisiológicas ou emocionais de um paciente fornece dados para a adequação do processo cuidado deste paciente Se não estivermos atentos por exemplo à comunicação paraverbal e nãoverbal do paciente poderemos interpretar incorretamente aqueles padrões de respostas A Comunicação como processo do qual o enfermeiro se apropria como instrumento contém um grupo de fatos comprovados os quais descrevemos anteriormente que relacionados entre si constituemse em teoria de Comunicação aceita pela sociedade são os princípios científicos Todo planejamento da assistência de enfermagem é comunicado pela linguagem escrita ou falada aos outros membros da equipe de saúde para que ocorra o trabalho em equipe e para que atinjam seus objetivos as mensagens contidas no plano devem ser partilhadas por todos Avaliar a comunicação enfermeiropaciente fornece subsídios para a adequação ao contexto da relação interpessoal redefinindo objetivos a serem alcançados O enfermeiro também utiliza a criatividade para elaborar novas maneiras de se comunicar com os mais variados pacientes A habilidade psicomotora é adquirida e comunica a habilidade para executar todas as nossas atividades É frequente ouvirmos que determinada pessoa tem mão pesada ou mão leve para aplicar injeções Geralmente o paciente associa este fato à competência do enfermeiro Nossa habilidade psicomotora de certo modo comunica de forma nãoverbal parte de nossa identidade profissional que fica traduzida a partir de como nos movemos no espaço enquanto agimos no contexto do processo curativo A Comunicação terapêutica segue o método científico proposto durante a interação enfermeiropaciente ocorre o levantamento de hipóteses que serão confirmadas ou não para a determinação que dará orientação às intervenções do enfermeiro Desta forma acreditamos como Stefanelli11 que a Comunicação é um processo de compreender compartilhar mensagens enviadas e recebidas sendo que as próprias mensagens e o modo como se dá seu intercâmbio exercem influência no comportamento das pessoas nele envolvidas a curto médio e longo prazos Mas quando o enfermeiro se apropria deste processo ele o usa também como instrumento e mais viabiliza e potencializa o desenvolvimento dos outros Instrumentos Básicos de Enfermagem O USO DA COMUNICAÇÃO NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM Podemos deduzir a partir do que descrevemos que a qualidade da assistência de enfermagem que prestamos ao paciente pode ser diretamente influenciada pela nossa habilidade de comunicarmos com ele O papel do enfermeiro não se restringe a executar técnicas ou procedimentos eficientemente Mais que isso nos propomos a uma ação cuidadiva abrangente que implica entre outros aspectos desenvolver a habilidade de Comunicação Desta modo o uso da Comunicação como Instrumento Básico do enfermeiro é um meio que utilizamos para satisfazer as necessidades do paciente Mesmo durante a administração de uma injeção por via intramuscular o processo comunicativo está ocorrendo Quando explicamos ao paciente o que iremos fazer e por quê devemos utilizar palavras que ele compreenda e observamos suas respostas verbais e nãoverbais para sabermos o que ele entendeu sua percepção e sentimentos a respeito do que falamos Se a comunicação entre o enfermeiro e o paciente não ocorrer efetivamente o significado do cuidado que prestamos pode ser afetado profundamente Vários estudos realizados por enfermeiros mostram que a interação uma das instâncias da comunicação favorece um cuidado personalizado sem o que ocorrerá comportamentos de autoridade e desprezo por parte do enfermeiro em relação ao paciente Assim utilizar apelidos ou frases que não denotam o cuidado personalizado o individualizado pode demonstrar falta de comprometimento do enfermeiro provocando o afastamento do paciente Estas situações dificultarão a comunicação comprometendo o assistencia de enfermagem a pessoa que este paciente é antes de tudo Lembramos que A comunicação deve ser considerada como competência interpessoal a ser adquirida pelo enfermeiro E que esta competência interpessoal usada de modo terapêutico que vai permitir ao enfermeiro atender ao paciente em todas as suas dimensões Stefanelli11 Quanto à comunicação nãoverbal alguns autores afirmam que na enfermagem o toque pode ser o mais importante de todos os comportamentos nãoverbais114 Vários estudos mostram que os enfermeiros são os profissionais da saúde que mais tocam nos pacientes Mas que crianças e mulheres jovens são mais tocadas e que pacientes mais graves são menos tocados que os menos graves Porém alertamos que nem sempre o toque quero o instrumental ou o expressivo tem o mesmo significado para o enfermeiro e para o paciente Mais que ter um significado universal o significado do toque depende do contexto da cultura do local que é tocado e das pessoas envolvidas num determinado processo comunicativo Na dependência dos aspectos ora descritos o toque pode ter um caráter de relaxamento ou gerar ansiedade e apreensão no paciente Alguns estudos mostram que o toque instrumental aquele que ocorre quando realizamos procedimentos pode alterar os padrões fisiológicos do paciente Dar banho fazer exercícios ativos e estímulos ambientais desconhecidos são responsáveis pelo aumento da pressão intracraniana em pacientes com trauma cerebral Todas as ações de enfermagem devem ser documentadas e na maioria dos serviços são feitas através da escrita Assim nas anotações de enfermagem devemos usar termos corretos vocabulário científico precisão e exatidão ao descrever um acontecimento relativo ao paciente Ao respeitarmos estes aspectos estaremos permitindo uma comunicação efetiva entre todos os membros da equipe de saúde além do que as anotações servem de documento legal e retratam a qualidade da assistência de enfermagem prestada ao paciente Para sistematizar a assistência de enfermagem e estabelecer um plano de cuidados ou prescrição de enfermagem para o paciente a primeira etapa é a execução de uma entrevista com o paciente Nesta entrevista são colhidos os dados do paciente através do Ins trumento Básico Comunicação Seja qual for o referencial teórico utilizado pela enfermeira se esta não for hábil no uso da Comunicação a coleta de dados estará comprometida prejudicando todo o plano de cuidados de enfermagem daquele paciente O plano a ser executado pela equipe de enfermagem deve ser claro e preciso para que todos o entendam e o executem adequadamente Citamos um exemplo de uma prescrição de enfermagem Fazer higiene íntima quatro vezes ao dia Assim sempre ao prescrevemos um cuidado de enfermagem ele deve conter o quê o como e quando para que a comunicação do cuidado a ser prestado ao paciente seja precisa e exata As anotações de enfermagem são lidas tanto pelos enfermeiros como pelos médicos sendo julgadas como importantes por auxiliar no planejamento continuidade e avaliação do paciente tanto no âmbito da enfermagem como no médico Assim as anotações ganham importância nos programas de saúde na organização dos dados e recursos auxiliares de ensino assim como podem ser utilizadas como fonte de investigação científica na enfermagem Podemos notar que a habilidade em usar a comunicação está relacionada a múltiplas facetas da assistência de enfermagem que não se esgotam neste capítulo mas mostram que o uso deste Instrumento Básico pode interferir no sucesso ou fracasso da assistência prestada ao paciente