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Geografia
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Geografi a Geografi a da População Eugênia Maria Dantas Ione Rodrigues Diniz Morais Maria José da Costa Fernandes Geografia da População Geografi a da População 2ª Edição Natal RN 2011 Geografi a Eugênia Maria Dantas Ione Rodrigues Diniz Morais Maria José da Costa Fernandes Dantas Eugenia Maria Geografi a da população Eugenia Maria Dantas Ione Rodrigues Diniz Morais e Maria José da Costa Fernandes 2 ed Natal EDUFRN 2011 246 p il ISBN 9788572738767 Disciplina ofertada ao curso de Geografi a a Distância da UFRN 1 Geografi a da população 2 Demografi a 3 Estrutura populacional I Morais Ione Rodrigues Diniz II Fernandes Maria José da Costa III Título CDU 9113 D192i COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS Marcos Aurélio Felipe GESTÃO DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS Luciana Melo de Lacerda Rosilene Alves de Paiva PROJETO GRÁFICO Ivana Lima REVISÃO DE MATERIAIS Revisão de Estrutura e Linguagem Eugenio Tavares Borges Janio Gustavo Barbosa Jeremias Alves de Araújo Kaline Sampaio de Araújo Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Thalyta Mabel Nobre Barbosa Revisão de Língua Portuguesa Camila Maria Gomes Cristinara Ferreira dos Santos Emanuelle Pereira de Lima Diniz Flávia Angélica de Amorim Andrade Janaina Tomaz Capistrano Priscila Xavier de Macedo Rhena Raize Peixoto de Lima Samuel Anderson de Oliveira Lima Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva EDITORAÇÃO DE MATERIAIS Criação e edição de imagens Adauto Harley Anderson Gomes do Nascimento Carolina Costa de Oliveira Dickson de Oliveira Tavares Heinkel Hugenin Leonardo dos Santos Feitoza Roberto Luiz Batista de Lima Rommel Figueiredo Diagramação Ana Paula Resende Carolina Aires Mayer Davi Jose di Giacomo Koshiyama Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima José Antonio Bezerra Junior Rafael Marques Garcia Módulo matemático Joacy Guilherme de A F Filho IMAGENS UTILIZADAS Acervo da UFRN wwwdepositphotoscom wwwmorguefi lecom wwwsxchu Encyclopædia Britannica Inc FICHA TÉCNICA Catalogação da publicação na fonte Bibliotecária Verônica Pinheiro da Silva Governo Federal Presidenta da República Dilma Vana Rousseff VicePresidente da República Michel Miguel Elias Temer Lulia Ministro da Educação Fernando Haddad Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN Reitora Ângela Maria Paiva Cruz ViceReitora Maria de Fátima Freire Melo Ximenes Secretaria de Educação a Distância SEDIS Secretária de Educação a Distância Maria Carmem Freire Diógenes Rêgo Secretária Adjunta de Educação a Distância Eugênia Maria Dantas Copyright 2005 Todos os direitos reservados a Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte EDUFRN Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa do Ministério da Educacão MEC Sumário Apresentação Institucional 5 Aula 1 Geografi a e os estudos populacionais 7 Aula 2 Teorias demográfi cas Parte I 25 Aula 3 Teorias demográfi cas Parte II 41 Aula 4 Crescimento populacional Parte I 59 Aula 5 Crescimento populacional Parte II 75 Aula 6 Migrações Parte I 99 Aula 7 Migrações Parte II 117 Aula 8 Migrações Parte III 139 Aula 9 Distribuição geográfi ca da população 167 Aula 10 Estrutura da população Parte I 187 Aula 11 Estrutura da população Parte II 211 Aula 12 Brasil estrutura da população 231 Al Fayha Saudi Club OmlJV Apresentação Institucional A Secretaria de Educação a Distância SEDIS da Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN desde 2005 vem atuando como fomentadora no âmbito local das Políticas Nacionais de Educação a Distância em parceira com a Secretaria de Educação a Distância SEED o Ministério da Educação MEC e a Universidade Aberta do Brasil UABCAPES Duas linhas de atuação têm caracterizado o esforço em EaD desta instituição a primeira está voltada para a Formação Continuada de Professores do Ensino Básico sendo implementados cursos de licenciatura e pósgraduação lato e stricto sensu a segunda voltase para a Formação de Gestores Públicos através da oferta de bacharelados e especializações em Administração Pública e Administração Pública Municipal Para dar suporte à oferta dos cursos de EaD a Sedis tem disponibilizado um conjunto de meios didáticos e pedagógicos dentre os quais se destacam os materiais impressos que são elaborados por disciplinas utilizando linguagem e projeto gráfi co para atender às necessidades de um aluno que aprende a distância O conteúdo é elaborado por profi ssionais qualifi cados e que têm experiência relevante na área com o apoio de uma equipe multidisciplinar O material impresso é a referência primária para o aluno sendo indicadas outras mídias como videoaulas livros textos fi lmes videoconferências materiais digitais e interativos e webconferências que possibilitam ampliar os conteúdos e a interação entre os sujeitos do processo de aprendizagem Assim a UFRN através da SEDIS se integra o grupo de instituições que assumiram o desafi o de contribuir com a formação desse capital humano e incorporou a EaD como modalidade capaz de superar as barreiras espaciais e políticas que tornaram cada vez mais seleto o acesso à graduação e à pósgraduação no Brasil No Rio Grande do Norte a UFRN está presente em polos presenciais de apoio localizados nas mais diferentes regiões ofertando cursos de graduação aperfeiçoamento especialização e mestrado interiorizando e tornando o Ensino Superior uma realidade que contribui para diminuir as diferenças regionais e o conhecimento uma possibilidade concreta para o desenvolvimento local Nesse sentido este material que você recebe é resultado de um investimento intelectual e econômico assumido por diversas instituições que se comprometeram com a Educação e com a reversão da seletividade do espaço quanto ao acesso e ao consumo do saber E REFLETE O COMPROMISSO DA SEDISUFRN COM A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA como modalidade estratégica para a melhoria dos indicadores educacionais no RN e no Brasil SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA SEDISUFRN 5 Friday Ramadan Glam Jewish Gangsters Business and Throwing Parties Who also worked with The French Connection Friday Ramadan Glam Geografi a e os estudos populacionais 1 Aula LOCATION 528 West 47th Streets New York City Near the Paramount and Palace Theaters and 21 Club SUNDAY BIG NIGHT BANG FOR THE BUCK Fiesta de invitados a Vanity NIGHT CLUB LIVE SHOWS DANCING Midtown New York City Hairspray Showgirl Show Vegas style dancing Special appearances of top entertainers in the cityWaiters in Tuxedos Varied musical programFeathered chorus girls Specialty actsFabulous food Great drinks No one under 21 invited NO COVER Special rooms on the premises for PRIVATE PARTIES Free coat checkUREDOM CHICKEN UM 8474 I10 FOR RESERVATIONS RENTALS 212 9217506 or 212 9210653 DESIGNER DJ If You Are a big Star Or Just for Fun Call 9217506 or 9210653 1 2 3 4 Aula 1 Geografi a da População 9 Apresentação V ocê está iniciando mais uma disciplina do Curso de Licenciatura em Geografi a cujo nome é Geografi a da População Um conjunto de conhecimentos básicos já foi apreendido por você ao longo das outras disciplinas o que irá favorecer a compreensão de novos conteúdos Lembrese de que a aprendizagem ocorre em rede ou seja um ponto se liga a outro que se liga a outro portanto é necessário fazer correlações e estabelecer elos para que a refl exão e sistematização das ideias tenham consistência A disciplina Geografi a da População irá provocar você nessa direção no decorrer das doze aulas em que será ministrada Na primeira aula percorreremos os caminhos mais abrangentes focalizando a relação entre a Geografi a e os estudos populacionais mostrando como o homem vai se transformando em população com o tempo sendo considerado como homem estatístico a partir da Modernidade Nesta aula você terá contato com uma discussão introdutória para auxiliar à compreensão geral da disciplina a qual envolverá teorias dinâmicas e a espacialização da população em suas diversas formas e ocorrências Objetivos Identifi car o objeto de estudo da geografi a da população e as variáveis que estão implicadas Entender a relevância dos estudos populacionais para a Geografi a Refletir a relação entre homem e população e sua trajetória no tempo histórico Compreender a relação homem população homem estatístico Atividade 1 Aula 1 Geografi a da População 10 Notas introdutórias sobre os estudos populacionais e sua relação com a Geografi a Você está iniciando mais uma disciplina na trajetória de sua formação em Geografi a Agora o foco dos estudos é a problemática da população Mas antes de aprofundar a leitura desta aula pare pense e descreva o que você acha sobre o título da disciplina Geografi a da População Para responder a provocação feita no parágrafo anterior refl ita sobre os termos Geografi a e população Lembrese de que em disciplinas anteriores você já estudou bastante o que é a Geografi a como ciência seu objeto e conceitos A novidade é a palavra população Assim o seu desafi o é juntar esses dois termos e procurar encontrar o sentido da população para a Geografi a Após esse desafi o avance na leitura e vamos aproximar os termos da questão Geografi a e população Conforme estudado em disciplinas anteriores a Geografi a é a ciência que tem o espaço como objeto de estudo No contexto atual a concepção de espaço geográfi co ultrapassou a visão meramente física ou natural passando para uma abordagem em que sociedade e natureza são estudadas no âmbito de suas interrelações e interdependências Na perspectiva de abranger os diferentes aspectos que integram e interagem na espacialização da sociedade a Geografi a apresenta vários segmentos de estudos dentre eles o de população Aula 1 Geografi a da População 11 O que seria a população para os estudos geográfi cos Observe que os nossos trajetos diários estão perpassados por pessoas Encontramos gente por toda parte e em situações diversas trabalhando estudando brincando conversando As pessoas estão sempre fazendo alguma coisa utilizando um ambiente para isso Assim as pessoas vão imprimindo marcas nos espaços e os espaços também vão deixando marcas nas pessoas de maneira que em muitos casos os lugares são identifi cados pelo que as pessoas realizam neles Figura 1 Pessoas em ambientes diversos realizando ações diversas As imagens ajudam você a enxergar essa relação entre espaço e pessoas Atividade 2 Aula 1 Geografi a da População 12 Mas será que há semelhanças e diferenças quando falamos em pessoas e quando nos referimos à população O que você acha Escreva sua opinião Muito bem há semelhanças e diferenças que merecem ser ressaltadas Quando tratamos de pessoas estamos abordando o tema no âmbito do indivíduo dos seus desejos e afazeres É como se o espaço fosse o conjunto habitado por apenas um sujeito Se pudéssemos fazer uma analogia com os conjuntos matemáticos quando nos referimos a pessoas o nosso conjunto seria unitário Quando tratamos de população ocorre uma ampliação do conjunto sendo agregados outros elementos que o diversifi cam possibilitando criar mecanismos de união e intersecção de modo que podemos compreender a dinâmica geral e particular da sociedade A partir daí temos estabelecida uma relação complexa e muitas vezes interdependente a população não existe sem as pessoas as pessoas não existem sem a população Assim qual é o desafi o dos estudos populacionais Encontrar a unidade na diversidade o particular no geral o indivíduo na população a população na sociedade Dessa forma as pessoas compõem o conjunto denominado população a partir de classes sociais idades vinculação ao trabalho entre outros Aula 1 Geografi a da População 13 O que estuda a Geografi a da população Esse ramo do conhecimento geográfi co identifi ca e analisa os fenômenos que se reproduzem no espaço visando compreender as múltiplas relações que se estabelecem entre as pessoas na dinâmica que envolve a sociedade os recursos ambientais e os meios técnicos existentes Sabemos que as populações no mundo apresentam diferenças que se referem a múltiplos aspectos como gênero sexo feminino e masculino traços fi sionômicos etnias idade crianças jovens adultos e idosos É possível dizer que essas diferenças são de natureza biológica mas também socioculturais Figura 2 Pessoas de diferentes etnias A Figura 2 fornece elementos para você perceber como o nosso planeta é populacionalmente diferente e semelhante É possível tomálo como um espelho que refl ete a diversidade humana em sua árdua tarefa de habitar e transformar a Terra no ambiente geográfi co de sua existência A Terra vai se transformando nesse ambiente plural legando à Geografi a da População outras variáveis que precisam ser compreendidas para completar as chaves de leitura que compõem o seu arquivo de interpretação Assim aos aspectos biológicos agregamse a organização cultural política econômica e territorial da sociedade que repercutem por exemplo no número de pessoas empregadas população economicamente ativa no número de pessoas que se desloca de um lugar para outro e nas razões e consequências dessa mobilidade migração no número de pessoas que nascem e morrem em um local crescimento populacional e no número de pessoas que vivem em uma localidade e na forma como ocupam esse espaço distribuição populacional A busca pela compreensão dos fenômenos que geram essas diferenças suas causas e consequências conduz a análise da dinâmica populacional que na perspectiva da Geografi a da População é investigada a partir da espacialização dos seguintes aspectos crescimento migrações estrutura e distribuição populacional Esses aspectos serão discutidos e aprofundados no decorrer de nossa disciplina Aula 1 Geografi a da População 14 Nesta aula vamos nos ater mais detalhadamente em como a população se torna um objeto e um discurso que interessa a diversas esferas da sociedade transformandose em campos teóricos que explicam e projetam o comportamento das pessoas idealizando a sua dinâmica Para isso é necessário viajar um pouco no tempo A população no tempo da Antiguidade ao Renascimento Estudar a população com base nos aspectos antes mencionados é fundamental para se entender como as pessoas vivem e organizam o seu espaço e qual o perfi l social econômico e cultural que apresentam As preocupações relativas a quantos são quem são e como vivem os habitantes do planeta não são recentes No decorrer dos séculos as visões sobre a dinâmica populacional foram sendo alteradas em função do próprio desenvolvimento da humanidade Adentrando pelos caminhos tortuosos da História você pode encontrar diversos registros que tratam de questões voltadas para a dinâmica populacional Entre esses registros estão os escritos bíblicos onde se encontram indicações de estímulo à fecundidade caracterizadas pela expressão sede férteis e multiplicaivos e também muitas citações que tratam dos movimentos migratórios dos povos bíblicos Exemplo a saída dos hebreus do Egito para o local onde hoje é Israel Figura 3 Mapa antigo de Jerusalém Fonte httpwwwcafetorahcomfi lesmapaantigode jerusalemjpg Acesso em 5 maio 2009 Aula 1 Geografi a da População 15 Você pode perceber que nos escritos mais antigos já aparecem discursos em que os termos fecundidade mortalidade e migração são verbalizados para dar sentido à dinâmica dos povos pelo espaço Antigos fi lósofos chineses reconheceram a noção de distribuição ótima da população através da movimentação de indivíduos de terras superpovoadas para outras subpovoadas eles eram favoráveis ao aumento da população por meio do casamento e procriação Os fi lósofos gregos Platão 427 aC 347 aC e Aristóteles 348 aC 222 aC defendiam a necessidade de otimizar o tamanho da população e da terra no sentido de território para que a defesa e a segurança pudessem ser maximizados os recursos pudessem ser adequados para o povo e o governo pudesse utilizálos de forma efi ciente Nesse sentido eles consideravam que o tamanho da população e a sua distribuição eram elementos fundamentais à concretização de seus ideais acerca da CidadeEstado Para Platão o problema da superpopulação deveria ser solucionado com a prática do controle de nascimentos e de políticas de colonização enquanto o subpovoamento seria revertido através do incentivo ao aumento da taxa de nascimentos e da migração Já os romanos em plena fase de conquista de terras Império Romano eram amplamente favoráveis ao crescimento da população visando à disponibilidade de homens para ocupar e manter as áreas conquistadas No período Medieval os líderes religiosos hebreus cristãos e muçulmanos assim como os escritores estimularam a expansão populacional Nesse período temse a constituição da sociedade feudal que tem no feudo a sua unidade básica de produção Na organização espacial do feudo existia a moradia do senhor feudal e sua família a vila ou aldeia habitada pelos servos e as terras onde se produziam as mercadorias necessárias à subsistência da população A maior parte da sociedade feudal era formada por servos trabalhadores semilivres que não detinham a propriedade da terra Em um outro grupo social estavam os senhores feudais ou nobres que formavam a aristocracia dominante e possuíam a propriedade da terra No feudalismo as possibilidades de mudança de grupo social eram restritas Atividade 3 Aula 1 Geografi a da População 16 Conforme você deve ter encontrado na consulta bibliográfi ca com a crise do feudalismo as relações socioespaciais foram alteradas emergindo as condições para o ressurgimento das atividades comerciais entre regiões até então fechadas em torno do feudo O mercantilismo pode ser entendido como o período em que as trocas comerciais foram ampliadas alargando as fronteiras do mundo conhecido e os papéis do Estado e da Igreja foram defi nidos na organização social De acordo com Milone 1991 p 13 nesse período a acumulação de dinheiro e de pedras preciosas e o estímulo ao comércio exterior e ao desenvolvimento das manufaturas fortaleceram o poder do Estado para intervir na atividade econômica e no tamanho da população O Estado rico e poderoso era detentor dos meios capazes de interferir na dinâmica populacional em função do discurso da adequação do número de habitantes às condições de vida que o território seria capaz de oferecer No contexto da intensifi cação das atividades comerciais ocorreu o reavivamento das cidades e a desestruturação dos feudos Você deve ter percebido que a preocupação com a população não é recente os aspectos que envolvem a dinâmica populacional isto é seu crescimento e mobilidade são alvo da refl exão de estudiosos desde épocas remotas Na base dessas análises subentendese a relação entre população e espaço Consulte livros didáticos de História Geral e leia a respeito dos fatos que marcaram a decadência do sistema feudal com ênfase no confl ito que se estabeleceu entre a Igreja e o Estado Atividade 4 1 2 Aula 1 Geografi a da População 17 Você leu a respeito de como a temática da população foise transformando em um discurso que interessa diversas esferas da sociedade como religião fi losofi a Estado entre outros Identifi que os elementos que norteiam o discurso bíblico fi losófi co e econômico a respeito do comportamento populacional da Antiguidade ao Renascimento Você acha que os elementos presentes no discurso bíblico fazem parte dos argumentos defendidos pela Igreja Católica a respeito da dinâmica populacional nos dias atuais Justifi que sua resposta Aula 1 Geografi a da População 18 A população no tempo A Modernidade e o surgimento do homem estatístico De maneira substancial a discussão sobre população assumiu maior relevância no século XVIII tendo como foco os aspectos voltados para a relação entre crescimento populacional e os meios de subsistência disponíveis Nessa direção a natureza é vista como o estoque de recursos e o homem separado dessa natureza é um objeto que pode ser quantifi cado transformado em números estatísticos que servem à produção e ao consumo Na visão de Rui Moreira geógrafo brasileiro e professor da Universidade Federal Fluminense o homem e a natureza foram jogados numa mesma sorte MOREIRA 2006 p 77 ou seja passaram a ser objetos que podem ser controlados medidos quantifi cados e aprendidos por discursos e teorias que ajudam a construir visões de mundo sobre o que é o homem e a natureza e como eles são importantes para atingir determinados fi ns sociais econômicos e políticos Nessa direção como a Geografi a adentra nesse novo panorama O que vem a ser esse homem estatístico Vejamos como ele surge e qual o seu papel nos tempos modernos O homem estatístico emerge nos processos migratórios na sua distribuição pela superfície da Terra na composição por idade e por sexo nas defi nições dos critérios para entrar no mercado de trabalho Pense que esta disciplina pode ser considerada uma prova real da existência desse homem Ao longo desse semestre você vai se deparar com as diversas situações em que o homem deixa de ser unidade para se transformar em grupo percentual taxa evolução numérica E mais vai perceber que para além dos dados estatísticos há todo um esforço de projetar o comportamento humano quanto às condições de reprodução da população Assim você vai compreender que há um conjunto de teorias que diagnosticam projetam e induzem as ações das pessoas de modo a buscar o controle efi caz dos processos que envolvem a produção material e a reprodução da espécie humana Agora vamos compreender como isso ocorre e como esse homem surge na Geografi a Moderna Para discutir essa questão leia o que afi rma Rui Moreira 2006 p 8687 A modernidade herda dos clássicos grecoromanos a concepção aristotélica do homem político zôo politikon e do animal que fala e discursa zôo logikón Isto é o homem que se distingue dos animais por nascer dotado do poder da razão O Renascimento altera e induz um conceito novo derivado por decorrência do conceito de natureza como coisa física então criada O homem desnaturalizase O homem não é só tirado do plano da natureza em que até então se encontrava como animal racional como é jogado num Aula 1 Geografi a da População 19 terreno de concepção que o afeiçoa ao mundo da engrenagem da tecnologia e da fábrica cujo advento se avizinha e para cujo surgimento toda a revolução científi ca e cultural que o Renascimento origina serve como um preparo O conceito de homemmáquina o homofaber substitui o conceito clássico do homem animal racional o homo politikon zôo logikón da concepção aristotélica Com a Revolução Industrial e o surgimento da fábrica instaurase a mecanização do trabalho e criase o homemtrabalhador visto como parte dessa engrenagem Como o modelo funcional da moderna indústria será pedido de empréstimo ao corpo primeiro o corpo inorgânico dos materiais e depois o corpo orgânico do homem este passa também a ser visto como uma engenhosa máquina Nesse naturalismo modernista que expulsa o homem da natureza para inserilo no mundo mecânico da indústria o homem apenas difere da natureza porque com o corpo nele está presente o espírito Após a leitura desse fragmento você pode perceber que a Modernidade se confi gura como um campo de força em que as ideias desenvolvidas em tempos anteriores vão sendo postas em contato umas com as outras produzindose diálogos e ressignifi cações em relação às noções de homem e de natureza Perceba que às ideias de um homem racional político religioso e espiritual legadas pela Antiguidade e Renascimento acrescentamse outras capazes de modifi car as noções anteriores Dessa perspectiva as noções vigentes são ampliadas e o homem passa a ser visto como um ser livre e autônomo que age e transforma o que existe no seu entorno em produtos para atender os novos desejos que são forjados em uma sociedade de consumo Você pode estar se perguntando o que há de novo nisso se considerarmos que o homem sempre teve a capacidade de transformar e de criar os meios para produzir os recursos necessários à sua sobrevivência Tal questionamentoafi rmação tem razão em partes Porém na formulação não há a percepção da intensidade do processo e das implicações que se apresentam e que se confi guram em termos espaciais econômicos políticos e culturais a partir da Modernidade e da Revolução Industrial De modo geral e emblemático podemos tomar como símbolo da Modernidade a Revolução Industrial Por meio dela podemos compreender como o homem se transforma em máquina força de trabalho fator de produção consumidor população conforme nos sugere Rui Moreira na mesma obra indicada nas Referências desta aula Vamos ler mais um fragmento que ratifi ca essa ideia de que a Revolução Industrial é um marco fundamental da Modernidade Não se trata apenas do crescimento da atividade fabril A Revolução Industrial é um fenômeno muito mais amplo constitui uma autêntica revolução social que se manifesta por transformações profundas da estrutura institucional cultural política e social E que do ponto de vista econômico tem suas características fundamentais no desenvolvimento e utilização de um tipo de bens que produz outros bens e de um modo geral no incremento e emprego da técnica ou seja na aplicação dos princípios científi cos e nas atividades econômicas Eis porque dentro dessa concepção ampla a industrialização está intimamente associada ao processo e desenvolvimento e por isso há no mundo Resumo Aula 1 Geografi a da População 20 atual estreita correlação entre o alto nível de vida das populações e o grau avançado de industrialização alcançado pelos países SUNKEL apud MOREIRA 2006 p 80 Podemos dizer que o homem moderno está envolvido pelo complexo movimento que rege uma sociedade baseada no indivíduo no conhecimento e na técnica Essa tríade se instaura e contamina a economia a política a religião a fi losofi a a ciência e seus diversos ramos Assim é preciso compreender esse homem tramado com esses fi os observando o fazer as crenças e os valores responsáveis por construir e sedimentar uma visão de mundo ritmada pela máquina pelo tempo do relógio e pela produtividade A Geografi a vai estudar a dimensão desse homem em sua espacialização Assim o homem estatístico gestado na Modernidade é a essência dos estudos populacionais Na Geografi a da População o homem estatístico é o componente que possibilita revelar a síntese da equação natureza versus consumo Nessa equação a natureza é vista como meio ou recurso a ser apropriado e transformado em produtos que servem ao consumo e à satisfação da sociedade O homem é o sujeito responsável pela manipulação da natureza através da técnica e do conhecimento Dessa perspectiva a questão que se revela é como equilibrar o crescimento do consumo dos recursos naturais de um lado e o crescimento da população que o consome de outro A proporção dos fatores dá lugar à proporção dos usos O homofaberconsumidor se transforma no homempopulação que por sua vez se transforma no homem estatístico ou o homem demográfi co tão estudado e debatido até hoje MOREIRA 2006 p 89 Assim é a respeito desse homem que muitos outros homens destinaram dias e noites e estudos para formular suas teorias e visões É o que chamamos de Teorias Demográfi cas e que será o conteúdo da nossa próxima aula Nesta aula iniciamos os estudos geográfi cos cuja temática é a população Durante o percurso foram colocadas questões gerais pertinentes à disciplina relativas ao objeto de estudo e suas interfaces com o tempo a sociedade e a ciência geográfi ca Você estudou como a população vai se confi gurando enquanto objeto de investigação e teorização no contexto histórico da organização da sociedade Adentrou pelos fi os que tecem o contexto histórico que infl uenciou a formação da ideia de homem e população com enfoque para o homem estatístico forjada na Modernidade Esta aula inicia as questões a serem tratadas no decorrer da disciplina Na próxima aula daremos continuidade discutindo as Teorias Demográfi cas Fique atento e bons estudos 1 2 Aula 1 Geografi a da População 21 Autoavaliação Explique a relação existente entre homempopulação e Geografi a da população Analise e explique a relação existente entre Modernidade Revolução Industrial e a ideia de homem forjada nesse período 3 Aula 1 Geografi a da População 22 Explique a relação existente entre Modernidade e produção da ideia de homem estatístico Referências DAMIANI A População e geografi a São Paulo Contexto 1998 MILONE P C População e desenvolvimento uma análise econômica São Paulo Ed Loyola 1991 MOREIRA R Para onde vai o pensamento geográfi co por uma epistemologia crítica São Paulo Contexto 2006 SANTOS J L F LEVY M S F SZMRECSÁRYI T Org Dinâmica da população teoria métodos e técnicas de análise São Paulo T A Queiroz 1991 TORRES H COSTA H Org População e meio ambiente debates e desafi os São Paulo SENAC 2000 VERRIÈRE J As políticas de população Rio de Janeiro Bertrand Brasil 1991 Anotações Aula 1 Geografi a da População 23 Anotações Aula 1 Geografi a da População 24 Teorias demográfi cas Parte I 2 Aula Blank page 1 2 3 Aula 2 Geografi a da População 27 Apresentação N esta aula você vai iniciar os estudos sobre as Teorias Demográfi cas Muito bem vamos estudar as ideias que foram responsáveis por discutir projetar induzir e apontar caminhos para equacionar a relação entre crescimento populacional e recursos naturais existentes Para isso você vai conhecer sobre Thomas Malthus e a Teoria Malthusiana o contexto histórico de produção suas predições sobre o desenvolvimento populacional as críticas e refutações às suas ideias Objetivos Entender a Teoria Demográfi ca formulada por Thomas Malthus Descrever em que consiste a Teoria Populacional de Malthus Refl etir sobre as bases que fundamentam as críticas da Teoria Malthusiana Atividade 1 Aula 2 Geografi a da População 28 Notas introdutórias sobre os estudos demográfi cos V ocê estudou na aula passada elementos importantes para a compreensão dos estudos populacionais para a Geografi a De modo enfático viu que as refl exões sobre o termo população ganharam maior destaque a partir do século XVIII com a discussão sobre os aspectos voltados para as visões que nortearam as noções de homem e população para a Geografi a Muito bem nesta aula vamos adentrar pelas teorias que foram responsáveis por discutir problematizar e apontar caminhos para equacionar a relação entre crescimento populacional e recursos existentes O estudo da dinâmica da população tem por último fi m o controle a prevenção a indução e a intervenção no comportamento demográfi co Assim os estudos demográfi cos estão presentes no campo da Ciência e da atuação dos órgãos de planejamento estatal que coletam dados e informações e fazem projeções para orientar as diversas ações dos distintos grupos sociais Um dos maiores desafi os dos estudos populacionais é aquele que lida com as tendências ou projeções demográfi cas Isso porque o contexto socioeconômico condiciona mudanças rápidas que interferem nos componentes demográfi cos Pare e pense sobre como as mudanças socioeconômicas interferem na dinâmica populacional Você acha que o número de fi lhos está condicionado pelas variáveis socioeconômicas da família Dê sua opinião É possível que a sua opinião seja a de que famílias numerosas ocorrem com mais frequência em ambientes em que as condições socioeconômicas são mais precárias enquanto que famílias menos numerosas dizem respeito a ambientes em que as condições são mais favoráveis Se você vê apenas essa realidade você tem apenas um lado da situação que começa a ser cada vez mais questionada Podemos dizer hoje que as famílias tendem a ter cada vez menos fi lhos independente da classe social A discussão sobre o porquê desse fato você vai estudar mais adiante neste curso Agora o que nos interessa mostrar é o que você consegue enxergar hoje algo que já foi visto e projetado há pelo menos trinta anos Assim as projeções demográfi cas são o Calcanhar de Aquiles dos estudos populacionais Essas projeções são feitas pautadas naquilo que denominamos de Teorias Demográfi cas que têm uma longa história e que você vai estudar a partir de agora Vamos iniciar pela Teoria de Thomas Robert Malthus Aula 2 Geografi a da População 29 Otimistas x pessimistas o lugar de Malthus Você viu na aula passada como o homem foi se transformando em objeto para os estudos da população e sua interface com a ciência geográfi ca até ser considerado como homem estatístico Pois bem algumas pessoas contribuíram mais profundamente para a sistematização de ideias teses e teorias podendo ser considerados personagens dessa história Assim já no século XVII emergiram discussões que podem ser classifi cadas no âmbito dos estudos populacionais As visões assumiam posições antagônicas a respeito de como deveria se comportar a população resultando na formação de dois grupos de pensadores os otimistas e os pessimistas ou alarmistas que debatiam a questão criando teorias e explicações que vão infl uenciar os estudos e abrir caminhos para a organização do conhecimento O grupo dos otimistas foi liderado pelo inglês Willian Godwin 17561836 e pelo francês marquês de Condorcet 17431794 que acreditavam na perfeição humana e nos avanços científi cos como sendo capazes de proverem os meios de subsistência necessários e também acreditavam na racionalidade do indivíduo para regular a sua própria reprodução Segundo eles a condição de pobreza poderia ser eliminada através de modifi cações nas instituições sociais que poriam fi m nas barreiras entre as classes sociais e redistribuiriam a riqueza Esses pensadores integravam o grupo dos chamados socialistas utópicos Entre os pessimistas o principal expoente foi Thomas Robert Malthus 17661834 primeiro escritor a apresentar e desenvolver uma teoria populacional compreensiva e consistente com as condições econômicas existentes na época Essay on the Principle of Population Um Ensaio sobre o Princípio da População publicado em 1798 uma segunda versão ampliada e reelaborada foi publicada em 1803 seguindose outras quatro versões sem modifi cações substanciais Vamos abordar de forma mais detalhada a Teoria de Malthus pela infl uência que ele teve nos estudos populacionais do seu tempo e de épocas posteriores 30 Aula 2 Geografi a da População Thomas Robert Malthus Fonte httpwwwminiwebcombrCienciasArtigosmalthushtml Acesso em 21 fev 2009 Breves informações sobre esse pensador Thomas Robert Malthus nasceu em 14 de fevereiro de 1766 em Rookery no condado de Surrey Inglaterra no seio de uma próspera família Seu pai Daniel Malthus era adepto dos ideais de JeanJacques Rousseau e amigo pessoal de pensadores como David Hume e Willian Godwin personagens infl uentes da sociedade da época nas áreas de fi losofi a religião economia educação Aos dezoito anos de idade em 1784 após receber em casa uma ampla educação liberal Malthus foi admitido na Jesus College da Universidade de Cambridge Lá estudou Matemática Latim e Grego ao mesmo tempo em que recebia sua formação sacerdotal Ordenouse sacerdote da Igreja Anglicana em 1797 Em 1798 publicou anonimamente seu Essay on Population Ensaio sobre a população Casouse em 1804 e em 1805 tornouse professor de História Moderna e Política Econômica no Colégio da Companhia das Índias Orientais em Harleybury Hertfordshire Provavelmente foi o primeiro professor de Economia Política de que se tem notícia pelo menos parece ter sido essa a primeira vez em que uma disciplina acadêmica recebeu tal denominação 31 Aula 2 Geografi a da População Malthus é conhecido pela formulação a respeito do futuro da humanidade quanto ao crescimento populacional Sua obra foi ao mesmo tempo criticada e aplaudida Enquanto alguns setores da sociedade o acusavam de ser cruel indiferente e até mesmo imoral por outro lado economistas de renome apoiavam suas teorias Na segunda edição da obra de 1803 Malthus modifi cou algumas teses mais radicais da primeira edição Com o tempo o malthusianismo foi incorporado à teoria econômica atuando como crítica às teses mais otimistas Na segunda metade do século XX os problemas demográfi cos mundiais revitalizaram as concepções de Malthus embora a agricultura intensiva tenha permitido aumentos de produção muito maiores do que os previstos por ele Malthus é um pensador original e embora tenha tido uma longa amizade com David Ricardo economista infl uente na época este fazia restrições as suas ideias Segundo o próprio Ricardo Malthus era um pensador voltado aos problemas de curto prazo ao presente enquanto Ricardo voltavase mais à economia de longo prazo Ao longo de sua vida Malthus fundou ou foi aceito como membro de diversas sociedades culturais tais como a Royal Society 1819 o Political Economy Club 1821 que incluía nomes como o de Ricardo e o de James Mill a Royal Society of Literature 1824 a Académie Française des Sciences Morales et Politiques 1833 a Real Academia de Berlim 1833 e a Statistical Society of London 1834 da qual foi um dos fundadores Malthus morreu em Saint Catherine Somerset em 23 de dezembro de 1834 Fonte httpwwwminiwebcombrCienciasArtigosmalthushtml Acesso em 21 fev 2009 As proposições da teoria demográfica malthusiana A teoria populacional de Malthus baseavase nas seguintes proposições A capacidade biológica do ser humano para se reproduzir é maior do que a sua capacidade para aumentar a oferta de alimentos As formas de controlar o crescimento populacional podem ser preventiva via diminuição do número de nascimentos e positiva através do aumento do número de mortes que se encontram continuamente em operação em uma sociedade dada O controle definitivo da capacidade reprodutiva do ser humano é dado pela limitação da oferta de alimentos Recorrendo à Matemática Malthus apresentou o problema específico de que se o crescimento da população não fosse controlado esta tenderia a dobrar de número a cada 25 anos isto é estaria crescendo a uma taxa geométrica Ex 1 2 4 8 Por outro lado a produção de alimentos na melhor das hipóteses tenderia a crescer a uma taxa aritmética Ex 1 2 3 4 MILONE 1991 p 15 Nesse sentido a disparidade entre crescimento populacional em proporções geométricas e crescimento de alimentos em proporções aritméticas levaria a humanidade a ser envolvida em problemas graves de fome miséria barbárie O desafio seria controlar os nascimentos adequandoos à capacidade produtiva de maneira que garantisse a sobrevivência da população em uma situação aceitável condição considerada quase impossível O que fazer Para esse visionário seria necessário restringir os programas de assistência praticados pelos entes públicos que tenderiam a amenizar os problemas enfrentados pelas populações mais carentes o que estimularia a natalidade nessas camadas sociais e estimular o controle da reprodução humana entre as pessoas das camadas menos abastadas através da abstinência sexual Malthus acreditava que a pobreza se constitui um destino do qual o homem não pode fugir sendo um problema que atinge a sociedade Dessa perspectiva de pensar deriva a identificação da Teoria Malthusiana como pessimista 32 Aula 2 Geografia da População Atividade 2 Aula 2 Geografi a da População 33 Você leu sobre as proposições dos otimistas e dos pessimistas Destaque de cada grupo uma proposição e explique em que eles diferem quanto à visão sobre a teoria populacional Aula 2 Geografi a da População 34 Contextualizando as ideias de Malthus Tendo em vista que o conhecimento não nasce independente do movimento real da vida DAMIANI 1998 p 12 tornase necessário contextualizar o período em que o pensamento malthusiano fl oresceu Embora Malthus tenha sistematizado e publicado suas ideias no fi nal do século XVIII e início do século XIX tendo a Inglaterra como referência é importante registrar alguns aspectos marcantes que antecederam os seus escritos Entre os séculos XIV e XVI quando se difundiu a Era Capitalista ocorreu a separação de grandes massas humanas dos meios de subsistência e produção lançadas no mercado na condição de trabalhadores livres Esse processo obteve nítida expressão na Inglaterra sendo caracterizado como uma expropriação violenta que privou da terra os camponeses livres assumiu várias formas e durou séculos Na transição entre o século XVIII e o XIX a Inglaterra viveu o processo de substituição da manufatura pela maquinaria chamado por alguns de Industrialismo O surgimento de um sistema de produção apoiado em máquinas tornou a fábrica um espaço revolucionário que modifi cou a vida de milhares de trabalhadores expulsandoos de seus empregos Esse novo padrão de produção reduziu o número de trabalhadores levando a camada excedente a compor uma massa de desempregados em determinadas fases da produção verifi couse a substituição do trabalho do homem adulto pelo da mulher e da criança Essas mudanças provocaram desemprego movimentação do trabalhador de um lugar para outro transformação de sua vida em família aumento da mortalidade infantil entre outros Essa dramática situação econômica e social desencadeou um movimento de quebra de máquinas chamado Movimento Ludista ou dos destruidores de máquinas Segundo Damiani 1998 p 13 esse episódio histórico demarcou o início da luta da classe trabalhadora para enfrentar a pobreza Foi nesse contexto que Malthus elaborou sua teoria populacional discutindo a relação entre a pobreza e as condições de subsistência da população centrandose basicamente na produção de alimentos Polemizando com os socialistas utópicos que propunham uma sociedade igualitária como alternativa para a miséria enfrentada por segmentos da população Malthus defendia que a causa verdadeira da miséria humana não era a sociedade dividida entre proprietários e trabalhadores ricos e pobres Na sua visão a miséria seria um obstáculo positivo que atuou ao longo da história para reequilibrar a desproporção natural entre o crescimento populacional e a produção dos meios de subsistência O fundamento de sua concepção estaria em uma lei natural segundo a qual o crescimento da população ocorreria em um ritmo geométrico e a dos produtos de subsistência num ritmo aritmético Malthus considerava a miséria e o vício obstáculos positivos ao crescimento da população pois têm a capacidade de reequilibrar duas forças bastante desiguais a multiplicação dos homens e a produção de alimentos Para ele a miséria era necessária aparecia na fome Atividade 3 1 2 Aula 2 Geografi a da População 35 no desemprego no rebaixamento dos salários e assim provocava a morte favorecia a doença reduzia os matrimônios já que era mais difícil sustentar os fi lhos Por outro lado ela estimula os cultivadores a ampliar o emprego da mão de obra a abrir novas terras ao cultivo a reharmonizar a relação produçãorecursos A ampliação dos meios de subsistência levaria a população a crescer novamente A visão malthusiana apregoava que uma sociedade igualitária estimularia nascimentos o que ampliaria a pobreza e diante da luta pela sobrevivência triunfaria o egoísmo Por isso considerava a assistência do Estado aos pobres uma política nefasta porque diminui a miséria a curto prazo favorecendo o casamento e a procriação dos indigentes Você concorda com a Teoria Demográfi ca de Malthus quando ele argumenta sobre a relação entre crescimento populacional e pobreza Justifi que a resposta SUGESTÃO DE ESTUDO Para ampliar o contexto sóciohistórico em que as ideias de Malthus foram formuladas pesquise na biblioteca do polo ou na internet textos que tratem do cenário socioeconômico cultural e tecnológico europeu com o advento do Mercantilismo e da Revolução Industrial Aula 2 Geografi a da População 36 A teoria de Malthus estava certa Quando olhamos o cenário atual e tomamos como parâmetro de análise as ideias de Malthus podemos questionar sobre a validade de suas formulações Não se trata de diagnosticar o certo ou o errado pois a produção do conhecimento está enredada no tempo e o que conseguimos formular muitas vezes serve apenas para um dado momento Ultrapassar o tempo de Malthus e tomálo como referência para enxergar a dinâmica populacional contemporânea é trilhar pelo menos 200 anos de história O que isso signifi ca Signifi ca que da mesma forma que não podemos compreender Malthus fora do seu tempo não conseguiremos entender a dinâmica populacional de hoje tendo como referência apenas o tempo de Malthus Mas por que será que ainda hoje temos de estudar a Teoria Malthusiana Será porque as suas previsões se confi rmaram Ou será que permanecem aspectos marcantes do seu tempo Muito bem Para responder a esses questionamentos retomemos a base de argumentação de Malthus Para ele o grande problema socioeconômico consistia no crescimento da população em ritmo geométrico enquanto a produção de alimentos cresceria em ritmo aritmético o que o levava a crer que a fome a miséria as guerras e a morte eram fatores de regulação natural que ajudariam a harmonizar o resultado dessa equação em que são utilizados fatores distintos de progressão Todavia nos dois séculos posteriores à divulgação da Teoria Malthusiana o que as dinâmicas socioeconômica cultural e tecnológica revelaram é que houve uma diminuição do crescimento populacional em quase todas as partes do planeta exceto na África as políticas de bemestar social voltadas para a saúde habitação saneamento e garantias trabalhistas difundidas mundialmente com destaque para a Europa não foram responsáveis pelo crescimento populacional pelo contrário contribuíram para a sua estabilização eou recuo a produção de alimentos a partir do desenvolvimento tecnológico possibilitou o aumento da produtividade de modo que atualmente há condições técnicas para se produzir alimentos em quantidade sufi ciente para suprir as necessidades da população mundial Desse modo as previsões malthusianas não se confi rmaram Contudo características marcantes da época de Malthus ainda permanecem no contexto atual assumindo as especifi cidades de seu tempo dentre as quais se destacam a pobreza a miséria as guerras as desigualdades sociais entre os diversos espaços geográfi cos Nesse sentido as ideias de Malthus ainda precisam ser estudadas para que tenhamos parâmetros de explicação mais consistentes para elucidar os fenômenos populacionais contemporâneos Na medida em que conhecemos os argumentos elaborados para explicar situações pretéritas e comparamos o que foi dito com a atualidade temos as condições para ampliar e consubstanciar a explicação dos fenômenos ou variáveis com base em teorias e ideias mais articuladas ao contexto vivido Ademais após a Segunda Guerra Mundial 19391945 a Teoria de Malthus foi retomada sob a identificação de Neomalthusianismo objeto de análise da próxima aula Se você não soubesse nada a respeito desse pensador talvez estivesse pensando como ele ou procurando justificativas que se aproximassem das suas formulações no que diz respeito aos estudos populacionais A explicação para o crescimento populacional e as questões que dele decorrem exigem que tomemos como ponto de partida as noções de Malthus para sabermos desconstruir os seus argumentos de maneira consistente Daí ser importante pensar que as ideias não sobrevivem sozinhas mas se alimentam de contradições de críticas de inovações e das dinâmicas socioeconômica cultural e tecnológica que regem a vida e os mecanismos que permitem a sua reprodução enquanto tal Pense um pouco mais A Teoria de Malthus foi refutada no decurso da História tendo em vista que a humanidade deu uma resposta contrária a suas previsões conforme apresentamos anteriormente Nessa perspectiva reflita Se a humanidade conseguiu atingir o patamar de desenvolvimento cuja equação entre crescimento populacional e produção de alimentos não se constitui mais um problema a ser enfrentado pois temos as condições técnicas para resolvêlo o desafio a ser enfrentado agora está na equação entre produção de alimentos e meio ambiente Substituindo um dos termos da equação de Malthus população X produção de alimentos por produção de alimentos X limites da natureza colocase na pauta de discussão o consumo e a invenção inseridos na relação de autonomia e dependência estabelecida pela humanidade ao transformar a natureza em um bem de consumo Essa questão não é para ser respondida agora mas para você ter como parâmetro às reflexões que serão suscitadas no decorrer da disciplina Aula 2 Geografia da População 37 Resumo 1 Aula 2 Geografi a da População 38 Nesta aula você iniciou os estudos sobre as Teorias Demográfi cas com ênfase na Teoria de Malthus Assim você adentrou pelos fi os que tecem a Teoria Populacional de Malthus seus argumentos o contexto histórico que o infl uenciou e também as críticas que foram formuladas sobre suas ideias E por fi m foi estimulado a pensar sobre a dinâmica da população e as condições da natureza como elementos de uma equação que atualiza os estudos sobre população Na próxima daremos continuidade às Teorias Demográfi cas Fique atento e bons estudos Autoavaliação Após a leitura do material explique a Em que consiste a Teoria Populacional de Malthus b Em que se baseia a crítica à Teoria Malthusiana 2 Aula 2 Geografi a da População 39 Após ler sobre a Teoria de Malthus você considera os argumentos dele válidos para explicar a dinâmica populacional de hoje Justifi que sua resposta Referências DAMIANI A População e geografi a São Paulo Contexto 1998 MILONE P C População e desenvolvimento uma análise econômica São Paulo Ed Loyola 1991 SANTOS J L F LEVY M S F SZMRECSÁRYI T Org Dinâmica da população teoria métodos e técnicas de análise São Paulo T A Queiroz 1991 THOMAS Robert Malthus Disponível em httpwwwminiwebcombrCienciasArtigos malthushtml Acesso em 21 fev 2009 TORRES H COSTA H Org População e meio ambiente debates e desafi os São Paulo SENAC 2000 VERRIÈRE J As políticas de população Rio de Janeiro Bertrand Brasil 1991 Anotações Aula 2 Geografi a da População 40 Teorias demográfi cas Parte II 3 Aula Sorry I cant assist with that 1 2 3 4 Aula 3 Geografi a da População 43 Apresentação N esta aula daremos continuidade aos estudos sobre as teorias demográfi cas com ênfase nas Teorias Marxista Neomalthusiana Reformista e da Transição Demográfi ca Você conhecerá as teses formulações proposições e críticas que sustentam cada uma delas Por meio dessas abordagens será possível a organização de um conhecimento mais crítico e consistente dos estudos populacionais dando suporte para as discussões que se avizinham e que tratarão das outras dimensões que compõem essa área de conhecimento Objetivos Compreender as formulações teses e argumentos que sedimentam as Teorias Marxista Neomalthusiana Reformista e da Transição Demográfi ca Entender as continuidades e diferenças existentes entre as proposições Explicar a validade dessas teorias para explicar a realidade populacional atual Aplicar as teorias populacionais para análise de uma situaçãoproblema Aula 3 Geografi a da População 44 Continuando com as teorias demográfi cas N a aula passada você estudou a respeito das teorias populacionais com ênfase nas ideias sustentadas por Malthus Mas esse pensador não foi o único a se debruçar sobre a temática Nesta aula mostraremos outras vertentes que por vezes se contrapõem por vezes ampliam as noções de Malthus Assim vamos iniciar pela teoria demográfi ca propugnada por Karl Marx considerada como Marxista Mas antes de detalhar essa proposta leia um pouco sobre quem foi Marx O economista fi lósofo e socialista alemão nasceu em Trier em 5 de Maio de 1818 e morreu em Londres no dia 14 de Março de 1883 Estudou na Universidade de Berlim dedicandose principalmente à fi losofi a hegeliana Formouse em Iena em 1841 apresentando a tese Sobre as diferenças da fi losofi a da natureza de Demócrito e de Epicuro Em 1842 assumiu a chefi a da redação do Jornal Renano em Colônia onde seus artigos radicaldemocratas irritaram as autoridades Em 1843 mudouse para Paris editando em 1844 o primeiro volume dos Anais GermânicoFranceses órgão principal dos hegelianos da esquerda Em 1844 conheceu em Paris Friedrich Engels com quem manteve uma amizade íntima durante a vida toda Em 1945 foi expulso da França radicandose em Bruxelas onde participou de organizações de operários e exilados Ao mesmo tempo em que estourou a revolução na França em 24 de fevereiro de 1848 Marx e Engels publicaram o folheto O Manifesto Comunista primeiro esboço da teoria revolucionária que mais tarde seria chamada marxista Voltou para Paris assumindo a chefi a do Novo Jornal Renano em Colônia primeiro jornal diário francamente socialista Depois da derrota de todos os movimentos revolucionários na Europa e o fechamento do jornal cujos redatores foram denunciados e processados Marx foi para Paris Sendo expulso deslocase para Londres onde fi xou residência Naquela cidade dedicouse a vastos estudos econômicos e históricos sendo frequentador assíduo da sala de leituras do British Museum Escrevia artigos para jornais norteamericanos sobre política exterior Sua situação material esteve sempre muito precária tendo sido generosamente ajudado por Engels que vivia em Manchester em boas condições fi nanceiras Aula 3 Geografi a da População 45 Em 1864 Marx foi cofundador da Associação Internacional dos Operários depois chamada Primeira Internacional desempenhando dominante papel de direção Em 1867 publicou o primeiro volume da sua obra principal O Capital Na Primeira Internacional Marx encontrou a oposição tenaz dos anarquistas liderados por Bakunin e em 1872 no Congresso de Haia a associação foi praticamente dissolvida Em compensação Marx pôde patrocinar a fundação em 1875 do Partido SocialDemocrático alemão que logo depois foi porém proibido Não viveu bastante para assistir às vitórias eleitorais deste partido e de outros agrupamentos socialistas da Europa Primeiros trabalhos Entre os primeiros trabalhos de Marx considerase o mais importante o artigo Sobre a crítica da Filosofi a do direito de Hegel de 1844 primeiro esboço da interpretação materialista da dialética hegeliana Só em 1932 foram descobertos e editados em Moscou os Manuscritos EconômicoFilosófi cos redigidos em 1844 e inacabados É o esboço de um socialismo humanista que se preocupa principalmente em desvendar os mecanismos presentes na alienação do homem Em 1888 foram publicadas as Teses sobre Feuerbach redigidas por Marx em 1845 rejeitando o materialismo teórico e reivindicando uma fi losofi a que em vez de só interpretar o mundo também o modifi caria Em 1867 Marx publicou o primeiro volume de sua obra mais importante O Capital É um livro principalmente econômico resultado dos estudos no British Museum tratando da teoria do valor da maisvalia da acumulação do capital entre outros temas que são fundamentais para se compreender como funciona o sistema capitalista de produção Marx reuniu uma documentação imensa para continuar esse volume mas não chegou a publicálo Os volumes II e III de O Capital foram editados por Engels em 1885 e em 1894 Outros textos foram publicados por Karl Kautsky como volume IV 190410 Fonte adaptado de httpwwwculturabrasilprobrmarxhtm Acesso em 15 mar 2009 Ao ler esta abreviada biografi a você deve ter percebido a envergadura do pensador Karl Marx um pouco de suas preocupações Podemos dizer que Marx extrapolou o seu tempo sendo até hoje lido debatido criticado contrariado A sua contribuição aos estudos populacionais extrapola uma teoria específi ca sobre o assunto instaurandose como uma visão abrangente de como funciona uma sociedade específi ca em que pesam os estudos A dialética Sobre Dialética leia O que é dialética de Leandro Konder Coleção Primeiros Passos editora Brasiliense 1985 Organização socialista Sobre as características do Socialismo leia O que é Socialismo de Arnaldo Spindel Coleção Primeiros Passos editora Brasiliense 1984 Aula 3 Geografi a da População 46 populacionais Assim podese afi rmar que Marx pensa a equação crescimento populacional X disponibilidade de recursos como uma proposição que por natureza abriga a dialética do desenvolvimento de uma sociedade dada ou seja vivendo o processo e as consequências decorrentes da Revolução Industrial suas mazelas e vicissitudes Desta feita o seu diálogo com Malthus pensador que estudamos na aula passada vai na direção de estabelecer uma crítica apontando as falhas que aquele pensador havia cometido De acordo com Marx o pensamento malthusiano estava equivocado visto que não existia na realidade uma lei geral que pudesse servir para explicar o comportamento da população em todas as sociedades Para ele cada país tinha uma lei que revelava uma dinâmica própria quanto ao crescimento populacional e à disponibilidade de recursos o que seria refl etido nas condições de vida do povo Assim a compreensão do malestar da civilização não estava atrelada à elevação do número de pessoas em um país mas a forma como o sistema de produção capitalista se realiza Segundo Marx a solução para o dilema malthusiano estava na mudança do modelo capitalista para uma organização socialista na qual funcionando mais equilibradamente a economia teria mais condições de propiciar o trabalho em condições dignas e de maneira mais abundante Além dessa possibilidade no modelo socialista haveria condições de diminuir os desequilíbrios existentes entre as taxas de fecundidade e mortalidade existentes entre as classes sociais A distribuição mais igualitária da riqueza entre os indivíduos da sociedade seria a responsável pela regulação entre crescimento populacional e disponibilidade de recursos Corroborando com Marx Friedrich Engels seu companheiro de refl exões teóricas argumenta que em uma sociedade planejada a fecundidade poderia ser controlada já que haveria compensações entre o poder produtivo ilimitado do homem e o crescimento populacional Nesse sentido o crescimento demográfi co não deveria ser entendido como uma situação alarmante Para Marx a sobrepopulação ou população excedente não é o resultado da desproporção entre o crescimento da população e dos meios de subsistência O pobre é não somente o que sofre a privação de recursos mas aquele incapaz de se apropriar dos meios de subsistência através do trabalho Assim as necessidades do trabalhador dependem sempre das necessidades que o capitalista que o emprega tem de seu trabalho Isso acontece porque no capitalismo o objetivo primordial da produção é o lucro e não a satisfação das necessidades da população Nessa perspectiva a análise marxista não despreza o crescimento absoluto da população mas não limita sua compreensão a uma lei abstrata que desconsidera a histórica interferência do homem em seu destino Admite que a superpopulação é relativa e não está ligada diretamente ao crescimento absoluto da população mas aos termos históricos do progresso da produção social de como se desenvolve e reproduz o capital DAMIANI 1998 p 17 A superpopulação não é só resultado mas uma condição da acumulação do capital que serve para regular os salários e é material humano disponível a ser aproveitado no processo produtivo Aula 3 Geografi a da População 47 Ao ler sobre o que Marx pensa sobre a dinâmica populacional você deve ter percebido que embora suas ideias sejam distintas das de Malthus os dois têm um ponto em comum que é trazer à tona explicações sobre a dinâmica populacional apresentando projeções e idealizações que devem ser consideradas para que o seu ritmo ocorra de maneira adequada Você deve estar lembrado da nossa primeira aula em que falamos do homem estatístico Pois bem podemos dizer que tanto Marx quanto Malthus estavam preocupados em encontrar as matrizes que regem esse homem para defi nir o seu comportamento em curto médio e longo prazos Eles pretendiam por vertentes teóricas e ideológicas diferentes estabelecer parâmetros que possibilitassem a compreensão do controle populacional visando a diminuição das mazelas que o período vivido por ambos apresentavam pobreza miséria desemprego aumento da população De que modo as ideias de Marx contribuíram com a Geografi a da População Podese considerar que as formulações de Karl Marx vão infl uenciar pensadores das mais distintas áreas Eles são classifi cados como marxistas Assim marxistas são pensadores que apoiados nas discussões de Marx seguem e ampliam os seus argumentos Na Geografi a a infl uência do pensamento marxista vai ser percebida com maior ênfase a partir da década de 60 do século XX Você já viu isso em Introdução à Ciência Geográfi ca ao estudar o paradigma da Geografi a Crítica Mas como podemos perceber essa infl uência nos estudos de Geografi a da População Associada a uma interpretação mais estatística dos fenômenos populacionais a análise crítica vai incorporar uma discussão analítica e contextual dos fatos e acontecimentos inspirado em proposições de cunho mais político e econômico Assim é preciso articular a análise das variáveis populacionais à dinâmica de reprodução do modo de produção capitalista A forma capitalista de propriedade expressa na separação trabalhomeios de produção e cidadecampo signifi ca o novo patamar do crescimento demográfi co MOREIRA 2006 p 91 Esse meio de interpretação pode ser considerado um caminho que deve ser atualizado revisitado e ressignifi cado de modo a articular os estudos populacionais às reorganizações do sistema capitalista O retorno às teorias ou refl exões sobre população como as de Malthus e Marx não signifi ca esgotar o tema e as referências mas esclarecer as bases do entendimento da população no século XX e permitir a refl exão sobre a realidade que se avizinha nesse século XXI Desse modo é a atualidade dessas teorias que faz com que os seus aportes sejam revisitados Mas em que se baseia essa atualidade No retorno à perspectiva de pensar o crescimento populacional como fator que interfere signifi cativamente no desenvolvimento social Agora responda Atividade 1 1 2 3 Aula 3 Geografi a da População 48 Em que consiste a Teoria Marxista Em que se fundamenta a crítica de Marx à Teoria Malthusiana Das duas teorias qual a que você considera mais adequada para analisar a dinâmica populacional que hoje aponta para baixas taxas de crescimento Aula 3 Geografi a da População 49 As teorias demográfi cas o novo a partir do velho a vertente Neomalthusiana e a vertente Reformista Vimos até aqui duas teorias demográfi cas Agora vamos estudar outras vertentes que partindo das abordagens anteriores reorganizam ideias visando esclarecer a realidade que se confi gura após a Segunda Guerra Mundial Mas antes de prosseguir na leitura dessa aula pare e pesquise na internet ou na biblioteca do seu polo sobre esse tema conforme o roteiro de Atividade 2 a seguir A realização dessa atividade é muito importante para o entendimento da sequência dos conteúdos da aula 3 4 Atividade 2 1 2 Aula 3 Geografi a da População 50 Qual foi o espaço geográfi co em que a Guerra se desenvolveu Quais foram as causas e consequências dessa Guerra para o mundo O que foi a Segunda Guerra Mundial Que contexto sóciohistórico favoreceu a ocorrência desse acontecimento Fascistas Para aprofundar seus conhecimentos pesquise na internet sobre o Fascismo e o contexto histórico em que ocorreu Aula 3 Geografi a da População 51 Após essa atividade você revisou o que foi a Segunda Guerra Mundial Relembrou os impactos que esse acontecimento teve sobre o mundo Deve ter se perguntado o que esse fato tem a ver com o que estamos estudando nessa aula Pois bem após esse acontecimento verifi case um crescimento populacional acelerado que pode ser considerado uma explosão demográfi ca Esse momento é diferente do que havia ocorrido anteriormente na Europa Essa nova confi guração se realiza em um quadro de desenvolvimento das forças produtivas bastante elevado com repercussões nas áreas de interesse social como saneamento saúde habitação e trabalho Neste último verifi case a reorganização das relações de trabalho no campo e na cidade o que gera um contingente populacional excedente confi gurandose como um problema a ser enfrentado Esse aumento populacional reanima as ideias já há algum tempo adormecidas de Malthus Apesar de não preservarem integralmente o pensamento de Malthus tendo em vista a necessidade de considerar os novos problemas sociais e econômicos historicamente evidenciados os neomalthusianos analisam esses problemas a partir da correlação entre a quantidade de habitantes crescimento natural e as possibilidades de abastecimento e recursos vitais de um território Conforme Damiani 1998 p 21 o neomalthusianismo constitui uma ideologia que se traduz em estratégias políticas reais e fundamenta ações e reações imperialistas por vezes forjando argumentos semelhantes usados em situações opostas para justifi car por exemplo a intervenção fascista no mundo Os italianos fascistas procuraram legitimar sua condição de agressores na Segunda Guerra Mundial pela necessidade de espaço vital decorrente da alta natalidade e formação de uma superpopulação em seu território Os alemães contrariamente justifi caram o empenho na ampliação do espaço vital em função da luta contra a extinção de sua população que registrava uma baixa natalidade Para a referida autora 1998 p 22 o neomalthusianismo assim como o malthusianismo tem um fundamento real mas pode ter uma interpretação tão mutilante que obscurece o entendimento No âmbito da corrente neomalthusiana emergem concepções que revelam conteúdo ideológico dentre as quais destacamse as de cunho racista que proclamam o progresso diferenciado das raças procurando justificar agressões e colonização como processo civilizatório além de subjugações existia um pavor da proliferação de raças ditas inferiores o perigo amarelo e o perigo comunista e as que explicam o subdesenvolvimento de países da Ásia África e América Latina a partir da existência de uma população excedente às possibilidades do desenvolvimento econômico Esse contingente populacional constituiria um obstáculo ao desenvolvimento por apresentar uma estrutura etária com maior número de jovens e crianças o que requisitaria investimentos não produtivos hospitais escolas etc desviando recursos que poderiam ser diretamente produtivos como construção de fábricas estradas e pontes Além disso ao aumentar os efetivos da força de trabalho poderia ser provocado um desequilíbrio cada vez maior entre oferta e procura de empregos repercutindo em termos de redução de salários e marginalização de amplas camadas de população do mercado de trabalho Aula 3 Geografi a da População 52 A teoria neomalthusiana evidenciava o receio de que o crescimento da população dos países subdesenvolvidos comprometesse os recursos naturais mundiais e que esse contingente passasse a ser uma fonte de pressão e ameaça política em um período em que o socialismo estava em expansão Nesse contexto em que também se discutia o custo social dessa população adicional as políticas públicas demográfi cas desembocavam em estratégias precisas controle de natalidade planejamento familiar As políticas de controle de natalidade valendose do eufemismo planejamento familiar foram amplamente difundidas entre os países subdesenvolvidos principalmente a partir dos anos de 1970 Essas iniciativas contaram com o apoio de organismos internacionais como a Organização das Nações Unidas ONU o Banco Mundial além de instituições públicas e privadas de alcance mundial especialmente a norteamericana Internacional Planned Parenthood Federation cuja fi liada brasileira era a Sociedade de BemEstar Familiar Bemfam e Estados nacionais que criaram direta ou indiretamente políticas de planejamento familiar As estratégias de controle da natalidade foram bastante variadas abrangendo desde a esterilização maciça da população pobre de países como Índia e Colômbia que foi cooptada com presentes como rádios e guardachuvas até a distribuição gratuita de contraceptivos e implantação de DIUs ainda ativas em muitos países dentre eles o Brasil Neste um outro mecanismo bem sucedido é a venda generalizada de contraceptivos em farmácias o que facilita o acesso ao produto e contempla os interesses das multinacionais farmacêuticas do ramo Para Damiani 1998 p 25 tornase claro que a teoria neomalthusiana negligencia as mediações sociais fundamentais como o desenvolvimento do capitalismo o imperialismo e a natureza da empresa privada que tem como objetivo o lucro apegase aos argumentos da superpopulação e da escassez de recursos insistindo em manter intacto o modo de produção capitalista Paradoxalmente milhares de toneladas de alimentos são destruídos ou em busca da valorização dos preços são estocados ou deslocados de um país para outro Na avaliação da autora 1998 p 26 nas últimas décadas os países subdesenvolvidos vivem simultaneamente as antigas alimento e novas ar água espaço formas de escassez A questão central deixou de ser os países pobres e prolífi cos e a ameaça que representavam para o planeta A nova ameaça diz respeito à difusão de um estilo de vida baseado no superconsumo desenfreado no desperdício dos países ricos O cerne da problemática atual passa pelo embate entre crescimento econômico e desenvolvimento social mais precisamente pela deterioração do desenvolvimento no âmbito de um crescimento sustentado pela racionalidade economicista Nesse processo tornase evidente que o domínio da natureza não equivale à apropriação da natureza pelo homem isto é à sua transformação e realização como ser humano Atividade 3 1 Aula 3 Geografi a da População 53 Para evitar que você fi que confuso pare e sistematize sobre a vertente Neomalthusiana procurando identifi car a Em que contexto sóciohistórico ela surgiu b Em que ela amplia as ideias de Malthus 2 Aula 3 Geografi a da População 54 De acordo com Damiani essa vertente procura explicar o que estava acontecendo em termos populacionais após a Segunda Guerra Mundial porém sem explicar as reais matrizes que determinam o fenômeno Justifi que em que consiste a crítica de Damiani quanto à vertente Neomalthusiana Agora que você respondeu a Atividade 3 e respirou um pouco siga na leitura do material e veja a seguir o conteúdo que sedimenta a Teoria Reformista e a Transição demográfi ca Se a Teoria Neomalthusiana busca fundamentação em Malthus a Teoria Reformista procura suporte nas ideias da Teoria Marxista Contemporânea da neomalthusiana a Reformista considera que a miséria da população é responsável pelo crescimento populacional Dessa perspectiva controlar o crescimento demográfi co supõe implementar reformas socioeconômicas que possibilitem a elevação do padrão de vida da população através da distribuição de renda de alimentos e melhoria do nível de escolaridade da população É na confl uência dessas medidas que se teria ao invés de um controle familiar um planejamento familiar em que a redução do número de fi lhos ocorre por decisão do casal e não por imposição do governo e de suas políticas ofi ciais Na medida em que as reformas se estendem e atingem as camadas mais baixas da população acelerase o ritmo de desenvolvimento das nações menos desenvolvidas auxiliandoas no seu processo de superação das desigualdades sociais Aula 3 Geografi a da População 55 Transição demográfi ca uma teoria Por fi m abordamos as ideias que norteiam a Teoria da Transição Demográfi ca A respeito dessa abordagem leia o que diz Ana Amélia Camarano 1996 p 1819 coordenadora da Área de Estudos Populacionais do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas IPEA Um dos desafi os enfrentados por aqueles que lidam com projeções de população diz respeito à previsão dos níveis de fecundidade Para este caso o instrumental teórico mais utilizado pelos demógrafos é a teoria da Transição Demográfi ca A versão clássica da teoria da Transição Demográfi ca assume que o desenvolvimento de uma sociedade urbanoindustrial traz melhoramento no padrão de vida e difunde o valor da família pequena Fica implícito nessa teoria que todas as sociedades que atingem esta fase de desenvolvimento convergirão para este padrão de família Algumas reformulações desta teoria sugerem uma inversão na relação a queda da fecundidade pode levar a uma melhoria nas condições de vida Neste caso as condições necessárias ao alcance da redução da fecundidade foram transferidas de melhoria de condições de vida para políticas governamentais de planejamento familiar Isto aliado ao rápido declínio da fecundidade observado no Terceiro Mundo tem levantado a questão da emergência nesses países de um mesmo padrão de formação de família observado naqueles desenvolvidos o que sugere a convergência das taxas de fecundidade Em 1944 Kirk já acreditava que a teoria da Transição Demográfi ca tornarseia universal É muito claro que o futuro signifi ca a redução sustentada da fecundidade e estabilidade das taxas mas a que nível e quando estas taxas irão se estabilizar não é estabelecido por esta abordagem teórica A idéia de estabilidade implicitamente conduz à idéia de níveis homogêneos de fecundidade de desaparecimento de diferenciais de fecundidade e de um fi m para o processo de transição demográfi ca Após a leitura do fragmento textual você pode ter uma visão geral e abrangente das ideias que norteiam os argumentos da Transição Demográfi ca Viu que a meta dessa proposição é estudar o comportamento da população e fazer projeções que levam a fornecer informações que podem ser utilizadas por diversos campos da sociedade economia governo sociedade civil Percebeu também que em termos de crescimento populacional há a defesa de que independente da situação da nação desenvolvida ou subdesenvolvida todas as sociedades tendem a estabilizar ou equilibrar o seu crescimento embora não façam prognóstico de quando isso ocorrerá Assim após a leitura dessa síntese que trata das ideias que norteiam a Teoria da Transição Demográfi ca faça a Autoavaliação para verifi car se você está afi adoa nas teorias populacionais Na próxima aula você vai refl etir sobre a dinâmica do crescimento o que certamente vai solicitar a compreensão prévia desses conteúdos Resumo Aula 3 Geografi a da População 56 Nesta aula você concluiu os estudos sobre as Teorias Demográfi cas conhecendo a abordagem Marxista Neomalthusiana Reformista e da Transição Demográfi ca A partir dessas vertentes foi possível perceber as posições e contraposições que constituem o núcleo argumentativo de cada uma Você pôde perceber também a validade e a contemporaneidade das mesmas de modo a permitir uma organização crítica dos estudos populacionais Autoavaliação Para fazer essa atividade siga as orientações a seguir a tome a sua família como modelo a ser analisado b identifi que o número de fi lhos tendo por referência a seguinte evolução avós pais e irmãos c analise a evolução encontrada tomando uma das teorias demográfi cas estudadas por você nesta aula d para a análise construa um texto contendo descrição da situação familiar encontrada em sua perspectiva histórica e evolutiva articulação da descrição às bases conceituais da teoria selecionada considerações fi nais conclusivas sobre a validade da teoria para os estudos populacionais contemporâneos Aula 3 Geografi a da População 57 Referências CAMARANO A A Hipótese de convergência dos níveis de fecundidade nas projeções populacionais São Paulo em perspectiva Revista da Fundação SEADE v 10 n 2 abrjun 1996 DAMIANI A População e geografi a São Paulo Contexto 1998 KARL Marx Disponível em httpwwwculturabrasilprobrmarxhtm Acesso em 15 mar 2009 MILONE P C População e desenvolvimento uma análise econômica São Paulo Ed Loyola 1991 SANTOS J L F LEVY M S F SZMRECSÁRYI T Org Dinâmica da população teoria métodos e técnicas de análise São Paulo T A Queiroz 1991 TORRES H COSTA H Org População e meio ambiente debates e desafi os São Paulo SENAC 2000 VERRIÈRE J As políticas de população Rio de Janeiro Bertrand Brasil 1991 Anotações Aula 3 Geografi a da População 58 Crescimento populacional Parte I 4 Aula Sorry I cant assist with that 1 2 3 4 Aula 4 Geografi a da População 61 Apresentação N esta aula você vai mergulhar no oceano dos conceitos relativos à dinâmica demográfi ca quanto ao quesito crescimento populacional Assim abordaremos o que signifi ca esse crescimento além de conceitos básicos da Geografi a da população que estão articulados a sua ocorrência quais sejam população absoluta população relativa superpopulação crescimento natural ou vegetativo taxas de natalidade taxas de mortalidade e migrações A partir da defi nição desses termos apresentase um conjunto de atividades que se tornam os campos de aplicação e refl exão necessários para a compreensão de uma realidade específi ca Sugerese que o resultado das atividades seja apresentado e discutido em grupo conforme orientado nas atividades de modo a propiciar uma compreensão abrangente e particular do tema abordado na aula Objetivos Compreender em que consiste o crescimento demográfi co Entender conceitos básicos da Geografi a da população Aplicar as noções ideias ou conceitos básicos que envolvem a discussão sobre crescimento populacional ao estudo de uma realidade específi ca Relacionar a temática do crescimento demográfi co tendo como parâmetro a realidade local Aula 4 Geografi a da População 62 Notas introdutórias sobre o panorama da demografi a mundial A Demografi a como campo específi co do conhecimento dedicase ao estudo estatístico das populações no qual se descrevem e analisam as características de uma coletividade em termos de crescimento estrutura distribuição e mobilidade espacial As análises demográfi cas assumem relevância tendo em vista que constituem subsídios fundamentais aos estudos realizados por geógrafos economistas sociólogos entre outros cientistas e também em ações de planejamento socioeconômico implementadas por governantes Estudos comparativos entre dados demográficos e socioeconômicos permitem conhecer a população a partir de suas dimensões quantitativas e qualitativas possibilitando que sejam planejadas estratégias de atuação mais adequadas às características e problemas vividos pela sociedade Considerase que a forma mais completa de proceder ao levantamento ou coleta periódica de dados estatísticos dos habitantes de um determinado lugar é o recenseamento ou censo que em geral é decenal Através desse processo de coleta de dados é possível obter uma série de informações que permitem delinear o perfi l populacional de um dado país região estado município etc dentre as quais aquelas relativas ao crescimento populacional tema norteador desta aula Você sabia que de acordo com a Organização das Nações Unidas ONU em 1999 o planeta Terra atingiu a marca de 6 bilhões de habitantes e que em 2005 já éramos 64 bilhões Você já parou para pensar se todos os países apresentam o mesmo padrão de crescimento demográfi co o que infl uencia a dinâmica desse crescimento e quais as suas consequências Se em algum momento estas perguntas já o incomodaram esperamos que ao fi nal desta aula sobre crescimento populacional você tenha encontrado as informações básicas para a compreensão dos fatores que interferem e explicam a dinâmica demográfi ca mundial e especialmente a brasileira Vamos começar Para chegarmos à compreensão de como o planeta Terra chegou a mais de 6 bilhões de habitantes é interessante revisitar a História e observar os dados ao longo do tempo As estatísticas evidenciam que a população mundial tem crescido de modo contínuo ao longo do tempo embora com intensidades e proporções diferentes Observe a Figura 1 que demonstra a trajetória do crescimento da população mundial Aula 4 Geografi a da População 63 Figura 1 Crescimento da população mundial Fonte Sene e Moreira 2007 p 114 O que se pode interpretar a partir das informações do gráfi co A leitura dos dados permite inferir que até 1800 o crescimento da população decorreu em um ritmo muito lento de modo que no limiar do século XIX o mundo tinha um contingente populacional inferior a 1 bilhão de pessoas A partir do século XX especialmente na segunda metade a partir de 1950 registrou se um crescimento exponencial de forma que entre 1950 e 2000 mais que duplicou o número de habitantes do planeta Portanto entre 1800 e 2000 duzentos anos a população mundial passou de 900 milhões para 61 bilhões de pessoas Segundo estimativas da ONU atualmente o mundo ganha cerca de 130 milhões de pessoas a cada ano Porém esse crescimento tem ocorrido de forma muito desigual entre as regiões do mundo Em 2005 somente a China e a Índia contabilizavam 130 bilhão e 104 bilhão de habitantes respectivamente Aula 4 Geografi a da População 64 a População absoluta corresponde ao total de habitantes de um lugar b População relativa é a média de habitantes por quilômetros quadrados habkm2 ou seja a concentração de população residente em uma determinada área Expressase através da densidade demográfica que indica o número de habitantes por unidade da área geralmente o quilômetro quadrado c Superpopulação ou superpovoamento situação defi nida principalmente a partir do nível de desenvolvimento socioeconômico e tecnológico resultante da relação populaçãoárea não está diretamente relacionada à densidade demográfi ca Assim uma área é considerada superpovoada quando ocorre descompasso das condições socioeconômicas da população em relação à área ocupada e aos recursos disponíveis ou seja quando os recursos não podem ser explorados de forma efi ciente para atender às necessidades da população Exemplo A densidade demográfi ca da Índia é de 336 habkm2 e a da Bélgica é de 312 habkm2 Embora apresentem índices de densidade demográfi ca muito próximos somente a Índia é considerada um país superpovoado d Subpovoamento ocorre quando uma área apresenta população absoluta inferior aos limites mínimos para o aproveitamento dos recursos disponíveis e para a construção de uma economia produtiva Defi nindo alguns conceitos para compreender a espacialização da população Vamos prosseguir na discussão apresentando alguns conceitos que permitem estabelecer a conexão entre população e espaço Tomando por referência os dados anteriormente mencionados podemos interpretálos a partir de algumas noções ou seja podemos dizer que esses países possuem elevada população absoluta e baixa densidade demográfi ca apesar de estarem entre os mais populosos do mundo Mas o que isso signifi ca Atividade 1 Aula 4 Geografi a da População 65 Você estudou até aqui alguns conceitos que estão no centro dos estudos sobre população Agora pesquise e responda as questões abaixo a Qual é a população absoluta do seu município b Identifi que a área mais populosa da cidade c Identifi que a área menos povoada d Procure saber as causas dessas diferenças Descreva o que você encontrou e Procure no site do IBGE dados referentes aos dois últimos censos demográfi cos 1991 e 2000 Localize o seu município e verifi que como a população se comportou no que diz respeito às taxas de crescimento Apresente os dados Lembrete Um país pode ser superpovoado mesmo que apresente baixa densidade demográfi ca e Populoso condição de uma área defi nida a partir da população absoluta de um lugar Países mais populosos do mundo China Índia EUA Indonésia e Brasil f Povoado condição de uma área defi nida a partir de sua população relativa Uma área pode ser densamente ou fracamente povoada Países mais populosos do mundo China Índia EUA Indonésia e Brasil Lembrete Um país populoso não é necessariamente um país muito povoado Surpreso com os números Pois é em termos de crescimento populacional e de sua repartição pela Terra o quadro real do planeta é esse e inspira preocupações Mais adiante vamos saber o porquê Antes pare e refl ita sobre o seu município Aula 4 Geografi a da População 66 Como a população cresce Vamos prosseguir com a abordagem dos conceitos Agora ampliaremos a discussão para compreender como a população cresce Na dinâmica populacional há dois processos que provocam o crescimento demográfi co São eles a Crescimento vegetativo ou natural corresponde à diferença entre os nascimentos e os óbitos é expresso em percentagem Assim a taxa de crescimento vegetativo é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade verifi cada em uma população em determinado período geralmente um ano Quanto maior é essa diferença maior é o crescimento populacional Se a diferença entre essas duas taxas for positiva signifi ca que a população aumentou se for negativa indica que a população diminuiu se as duas taxas se igualam registrase crescimento zero logo a população permanece estável b Crescimento horizontal ou migração líquida equivale à diferença entre o número de imigrantes e o de emigrantes Evidentemente esse número só será positivo se o número de imigrantes for superior ao de emigrantes Aula 4 Geografi a da População 67 Dessa forma defi nese que o crescimento demográfi co ou total de um país resulta do crescimento vegetativo acrescido do número de imigrantes e subtraído o número de emigrantes Assim é possível afi rmar que o crescimento vegetativo e as migrações estão entre os principais indicadores demográfi cos porque através deles é possível observar a dinâmica de uma população ou seja se cresceu diminuiu ou estabilizou quantas pessoas nasceram ou morreram quantas saíram ou chegaram entre outros Para compreender os processos que conduzem ao crescimento populacional vamos buscar desvendar a defi nição de alguns termos que foram mencionados Afi nal o que signifi ca taxas de natalidade mortalidade e fecundidade E em que reside a diferença entre os termos migração emigração e imigração A taxa de natalidade indica o número de nascimentos ocorridos anualmente para cada grupo de mil habitantes de um local país estado município etc É calculado pela seguinte fórmula TAXA DE NATALIDADE População absoluta Nascimentosano X 1000 Exemplo 1 Se em um país X cuja população total é de 20 milhões de habitantes nasceram em um ano 600 mil pessoas qual a sua taxa de natalidade Taxa de natalidade 600000 x 1000 20000000 30o trinta por mil Resposta A taxa de natalidade do país X é de 30o trinta por mil ou seja em um ano nasceram 30 crianças vivas para cada grupo de 1000 habitantes A taxa de mortalidade indica o número de mortes ocorridas anualmente para cada grupo de mil habitantes de um lugar É calculada pela seguinte fórmula TAXA DE MORTALIDADE Mortesano X 1000 População absoluta Aula 4 Geografi a da População 68 Exemplo 2 Se em um país Y cuja população total é de 20 milhões de habitantes morreram em um ano 300 mil pessoas qual a sua taxa de mortalidade Taxa de mortalidade 300000 x 1000 20000000 15o quinze por mil Resposta A taxa de mortalidade do país Y é de 15o quinze por mil ou seja em um ano morreram 15 pessoas para cada grupo de 1000 habitantes Essa é a taxa de mortalidade geral calculada pela média do conjunto da população Mas a mortalidade também pode ser calculada por grupos específi cos delimitados por idade profi ssão rendimentos entre outras variáveis resultando no índice de mortalidade diferencial Um exemplo é o cálculo da mortalidade por idade que permite a obtenção da taxa de mortalidade infantil que corresponde ao número de crianças que morrem antes de completar o primeiro ano de vida em um ano Essa taxa é um importante indicador do nível de desenvolvimento socioeconômico de um país pois refl ete um conjunto de fatores tais como alimentação assistência médica condições hospitalares condições de moradia saneamento básico e higiene pessoal A taxa de fecundidade indica o número médio de fi lhos que uma mulher teria ao fi nal de sua idade reprodutiva se os padrões de comportamento reprodutivo vigentes forem mantidos A taxa de fecundidade igual a 21 é considerada a taxa de reposição isto é em uma situação na qual as mulheres têm em média 21 fi lhos ao longo de sua vida o tamanho da população se mantém estável Agora você é capaz de identifi car e saber sobre os processos que são responsáveis pelo crescimento populacional Para demonstrar que você compreendeu faça uma pausa na leitura para voltar a refl etir sobre o seu município Atividade 2 Aula 4 Geografi a da População 69 Continue a pesquisa iniciada no tópico anterior Agora colete os dados do seu município referentes ao crescimento populacional atrelados aos indicadores de mortalidade e natalidade Para isso proceda da seguinte forma a Vá ao cartório de sua cidade converse com o titular e solicite pesquisar os registros de nascimentos e óbitos dos últimos dez anos b Selecione e quantifi que os óbitos referentes a crianças entre 0 e 5 anos c Identifi que a causa da morte e descreva d Calcule a taxa de mortalidade do seu município no período pesquisado e Calcule a taxa de natalidade do seu município no período pesquisado Aula 4 Geografi a da População 70 O crescimento populacional e as migrações Você viu que a população cresce decresce ou se estabiliza Para isso há fatores que são responsáveis por impulsionar essa dinâmica Agora vamos estudar o que são os processos migratórios nesse contexto Mas o que é migração emigração e imigração Parecem termos muito próximos mas atente para as suas particularidades a Migração é o processo de deslocamento de pessoas de um lugar para outro registrase sua ocorrência desde os tempos préhistóricos As migrações podem ser internas quando a mobilidade espacial ocorre dentro dos limites territoriais de um país e externas ou internacionais quando os fl uxos populacionais atravessam fronteiras políticas deslocando se dos países de origem para fi xar residência legal ou ilegalmente em outros países b Defi nese como emigração o movimento de pessoas que saem do seu país de origem para viver em outro país c A imigração corresponde ao inverso ou seja ao movimento de pessoas que entram em outro país para nele viver As migrações recentes não são aleatórias nem desvinculadas do contexto socioeconômico mundial eou regional De acordo com o Relatório do Desenvolvimento Humano 2004 PNUD 2005 o número de imigrantes internacionais isto é de pessoas que vivem fora de seu país passou de 76 milhões em 1960 para 175 milhões no ano 2000 As razões que levam as pessoas a migrar são de diferentes naturezas sendo determinadas por diversos fatores os quais serão analisados em aula subsequente Agora que você terminou a abordagem dos conceitos envolvidos no processo de crescimento populacional vamos concluir o levantamento de dados sobre alguns aspectos da população do seu município Atividade 3 Aula 4 Geografi a da População 71 a Identifi que em seu município famílias que tiveram pessoas que saíram do seu lugar de origem o motivo do deslocamento e o local de destino Registre as informações b Identifi que em seu município pessoas de outras localidades que passaram a residir no mesmo e as razões do deslocamento Registre as informações Resumo 1 Aula 4 Geografi a da População 72 Autoavaliação Após as atividades realizadas nesta aula você tem um conjunto de dados sobre o comportamento populacional do seu município Agora é a vez de sistematizar melhor essas informações Vamos realizar a Autoavaliação Elabore um texto sobre aspectos da dinâmica populacional do seu município Para isso siga as seguintes orientações Nesta aula você estudou a respeito dos conceitos básicos da Geografi a da População relativos ao tema crescimento populacional Foi levado a utilizar essas referências em situações concretas de pesquisa cujo objetivo é aproximar o conceito da realidade Para isso descobriu algumas informações pertinentes à dinâmica populacional que se faz presente no seu município e foi mais além Através da apresentação e discussão dos trabalhos pôde conhecer outras realidades compreendendo como a população se comporta o que há de comum e de diferente no contexto do crescimento populacional Para sistematização dos dados a Volte às atividades anteriores para rever os dados sistematizálos e aproximálos na perspectiva da construção de uma refl exão sobre a realidade local b Refl ita sobre os dados conectando as informações aos conceitos estudados 2 3 Aula 4 Geografi a da População 73 Para a construção do texto fi nal a Dê um título ao trabalho e crie títulos e subtítulos para desenvolver o tema caso ache necessário b Elabore uma introdução c Desenvolva o trabalho tendo por referência o conjunto de dados e informações já sistematizados refl etindo sobre eles a partir dos conceitos estudados d Elabore as considerações fi nais Para a apresentação e discussão a Converse com seu tutor e organize grupos para apresentação e discussão dos resultados Defi na sessõesencontros no polo para esse fi m Referências MAGNOLI D ARAÚJO R Geografi a a construção do mundo geografi a geral e do Brasil São Paulo Moderna 2005 MOREIRA I O espaço geográfi co geografi a geral e do Brasil São Paulo Ática 2006 SANTOS J L F LEVY M S F SZMRECSÁRYI T Org Dinâmica da população teoria métodos e técnicas de análise São Paulo T A Queiroz 1991 SENE E de MOREIRA J C Geografi a para o ensino médio São Paulo Scipione 2007 TORRES H COSTA H Org População e meio ambiente debates e desafi os São Paulo SENAC 2000 VERRIÈRE J As políticas de população Rio de Janeiro Bertrand Brasil 1991 Anotações Aula 4 Geografi a da População 74 Crescimento populacional Parte II 5 Aula Sorry I cant assist with that 1 2 3 Aula 5 Geografi a da População 77 Apresentação N esta aula você vai estudar o crescimento populacional e sua espacialização no mundo a partir da relação entre demografi a e situação socioeconômica Assim você vai compreender que o mundo é lido a partir da divisão entre desenvolvimento e subdesenvolvimento condição importante para a compreensão de como a população cresce decresce e se estabiliza Desse modo as taxas de natalidade e mortalidade responsáveis por dimensionar o crescimento vegetativo de uma unidade territorial seja um país um estado uma região ou um município serão estudadas e contextualizadas de modo a levar você a entender as causas e consequências que se apresentam e são condicionadoras do processo que envolve o crescimento populacional no mundo no período compreendido entre os séculos XIX e XX Você também será estimulado a descobrir como se comporta o Brasil no âmbito dessa temática No decorrer da aula você será levado a realizar um conjunto de atividades que estimulam a articular o conteúdo a realidade Objetivos Compreender o crescimento populacional a partir da relação entre demografi a e condições socioeconômicas Entender as matrizes do desenvolvimento e do subdesenvolvimento que são responsáveis pela dinâmica do aumento declínio e estabilização da população Saber sobre as causas e consequências que estão presentes na dinâmica do crescimento populacional no mundo e no Brasil Atividade 1 Aula 5 Geografi a da População 78 Contextualizando o crescimento demográfi co mundial Vamos continuar a discussão sobre o crescimento demográfi co iniciada na aula anterior Lá você foi estimulado a pensar os conceitos e aplicálos na leitura da realidade local Agora vamos navegar pelas discussões que tratam da dinâmica demográfi ca associada às variáveis do desenvolvimento socioeconômico Assim as questões populacionais são vistas a partir da dinâmica mais geral da sociedade É uma ampliação daquilo que discutimos na primeira aula quando tratamos da existência de um homem estatístico está lembrado A dinâmica demográfi ca mundial é heterogênea A existência dessa heterogeneidade tem razões históricas estruturais e conjunturais que interferem no ritmo do crescimento populacional de cada nação Observe o mapamúndi a seguir Identifi que com a cor azul as nações mais populosas de cada continente Para saber quais as nações mais populosas consulte a internet Figura 1 O espaço mundial Fonte Terra e Coelho 2005 p 37 Aula 5 Geografi a da População 79 Pesquise em livros didáticos a respeito da população absoluta e a área geográfi ca das nações e calcule a população relativa Você aprendeu como fazer isso na aula anterior Que conclusões você tira a partir dessa espacialização Para isso considere os conceitos discutidos na aula anterior Registre suas impressões Com essa atividade você é capaz de enxergar a face da realidade populacional hoje Mas é preciso voltar no tempo para entender como esse panorama se delineou e as alterações que se processaram Para compreendermos o crescimento populacional em uma perspectiva histórica é necessário voltarmos novamente à chamada Revolução Industrial Isso porque esse evento teve uma importância singular na redefi nição da dinâmica populacional tornandose importante construir a análise demográfi ca associada a esse processo Aula 5 Geografi a da População 80 Revolução Industrial e crescimento populacional A Revolução Industrial que teve início na Inglaterra século XVIII e expandiuse para outros países europeus foi acompanhada por um crescimento demográfi co sem precedentes na História No século XIX o crescimento vegetativo da população europeia chegou a atingir entre 10 e 15 ao ano Esse elevado índice de crescimento populacional na Europa foi resultado da elevação das taxas de natalidade nas principais regiões em processo de urbanização e industrialização e principalmente da redução generalizada nas taxas de mortalidade Você deve estar se perguntando o que é urbanização Que relação existe entre urbanização e industrialização Como esses processos interferem nas variáveis natalidade e mortalidade de uma nação Vejamos Urbanização é o processo que ocorre quando a população urbana cresce a taxas maiores do que a população total Esse processo é resultado principalmente do êxodo rural ou seja da transferência de populações do meio rural para o meio urbano Sinaliza a transição de um padrão de vida econômica apoiado na produção agrícola para um padrão fundamentado na indústria no comércio e nos serviços Já a industrialização nesse momento pode ser considerada um fenômeno que ocorre no espaço urbano Assim as alterações que ela provoca vão ser sentidas na ambiência da cidade inicialmente mas com repercussões sobre a realidade do campo A industrialização foi capaz de estimular a transferência das populações campesinas para a cidade em busca de trabalho Assim a cidade foi o lócus para reprodução da vida mediada pelas novas demandas provenientes do modo de produzir pautado na máquina na produtividade e no consumo Esse fato provocou implicações na dinâmica do crescimento populacional Vamos ver o que levou as variáveis natalidade e mortalidade a apresentarem um padrão de comportamento elevado As estatísticas informam que até as últimas décadas do século XIX as taxas de natalidade se mantiveram altas entre as populações urbanas e em muitos casos até aumentaram Nesse período prevalecia a lógica de que era interessante ter uma quantidade maior de fi lhos tendo em vista que era comum o emprego de crianças pequenas a partir de sete anos de idade nas fábricas o que poderia se traduzir em aumento da renda familiar Dessa forma o incremento da industrialização e a consequente expansão das fábricas funcionavam como um fator de estímulo a natalidade Por outro lado nesse mesmo período a Europa vivenciou o declínio das taxas de mortalidade tendo em vista que a modernização da agricultura caracterizada pelo aumento da produtividade e pela introdução de novos cultivares praticamente eliminou a fome e a escassez que foram comuns na Idade Média A modernização agrícola levou à estabilização da oferta de alimentos atuando como um fator decisivo para a redução da mortalidade Além disso outros fatores contribuíram como A difusão de novos hábitos de higiene individual e pública nos ambientes urbanos o que significou a melhoria das condições sanitárias Para a diminuição da mortalidade tão importante quanto a melhoria da alimentação foi a disseminação do hábito de usar sabão A implantação de uma rede de serviços de saúde pública especialmente abastecimento de água e esgotamento sanitário que melhorou as condições sanitárias e tornou a vida urbana mais salubre Os avanços da medicina através da descoberta de vacinas da prática da medicina preventiva da implantação de novas regras de higiene e assepsia nos hospitais que eram focos de infecção e do uso da anestesia nos pacientes operados Nesse contexto as melhorias das condições sanitárias associadas à nova dinâmica da produção favoreceram o aumento da natalidade simultâneo ao recuo da mortalidade Considerando a matemática do crescimento populacional temse como resultado uma aceleração do crescimento vegetativo na maioria dos países europeus em processo de industrialização considerada como a 1ª fase da transição demográfica Os dados comprovam a análise em 1750 a população da Europa era de aproximadamente 140 milhões passando em 1840 a 270 milhões na Inglaterra entre 1801 e 1851 a população passou de 89 para 179 milhões de pessoas Conforme estudado na aula anterior foi este o cenário histórico no qual Thomas Robert Malthus formulou a sua teoria de crescimento populacional considerada pessimista Ele considerava que o descompasso entre a população e os recursos necessários à sua sobrevivência eram a causa da existência da pobreza e das doenças Essa teoria comprovadamente equivocada por explicar a dinâmica demográfica pelos mecanismos naturais desconsiderou os mecanismos culturais de regulação Porém no final do século XIX as taxas de natalidade começaram a declinar na maioria dos países europeus A mortalidade infantil decresceu significativamente influenciando de forma decisiva o comportamento reprodutivo já que houve uma tendência à redução do número de filhos em função do aumento das chances de sobrevivência das crianças até a idade adulta Acrescentemse outros elementos que foram responsáveis pelo declínio das taxas de natalidade as inovações tecnológicas que requisitaram um grau de especialização do trabalhador o fortalecimento do movimento operário que passou a exigir e obter condições dignas de trabalho o que elevou o custo com a mão de obra no processo produtivo e a implantação das leis trabalhistas que restringiram o trabalho infantil Aula 5 Geografia da População 81 Atividade 2 1 2 3 4 Aula 5 Geografi a da População 82 Também contribuíram para a redução das taxas de natalidade o crescimento econômico e o aumento da renda familiar média visto que a perspectiva de assegurar melhores condições de vida alimentação educação saúde vestimenta lazer etc para todos os membros da família tornava um número grande de fi lhos um empecilho à realização mais plena do que se apresentava como horizonte em uma sociedade de consumo Outros fatores importantes foram o ingresso da mulher no mercado de trabalho as lutas por igualdade de direitos e a disseminação dos métodos contraceptivos que funcionaram e funcionam como fatores de redução das taxas de fecundidade por conseguinte repercutem sobre a diminuição das taxas de natalidade Assim a industrialização e a urbanização se impõem como modalidades que interferem no modo de viver da população Com a disseminação desses fenômenos modifi caramse os valores da família sobre a concepção de ter fi lhos De uma perspectiva em que a criança era vista como mais um trabalhador capaz de ampliar a renda familiar passouse à compreensão de que é preciso primeiro educar a criança para que ela obtenha qualifi cação para trabalhar Essa ideia alterou a decisão sobre o número de fi lhos por família e foi extensiva a todos os grupos sociais Ter fi lhos passou a signifi car primeiro um investimento em educação sem retornos imediatos para a família Nessa perspectiva temse a manutenção da tendência a declínio das taxas de mortalidade em um contexto em que a natalidade também foi reduzida consequentemente também houve redução do crescimento vegetativo Esse período foi considerado a 2ª fase da transição demográfi ca Vamos agora sistematizar as ideias Explique a relação entre industrialização urbanização e crescimento populacional Justifi que o aumento das taxas de natalidade no início do século XIX na Europa Justifi que o declínio das taxas de natalidade no fi nal do século XX no continente europeu DESAFIO A partir da leitura desse tópico você é capaz de identifi car elementos que possam ser considerados históricos estruturais e conjunturais Identifi que esses elementos por categoria Aula 5 Geografi a da População 84 Crescimento populacional no século XX No decorrer do século XX a tendência a redução das taxas de natalidade e mortalidade na Europa foi mantida e atingiu altos níveis de equilíbrio e estabilidade resultando em taxas de crescimento vegetativo extremamente baixas negativas ou igual a zero o que foi considerado a 3ª fase da transição demográfi ca Entre 1995 e 2000 o crescimento demográfi co do continente foi de apenas 002 ao ano Segundo a ONU desde 2000 verifi case uma tendência de redução da população europeia em termos absolutos Esse padrão de comportamento populacional também evidenciado na América Anglo Saxônica EUA e Canadá e na Oceania de modo geral corresponde à dinâmica demográfi ca dos países desenvolvidos Como dissemos no início dessa aula o crescimento populacional é heterogêneo e está atrelado à dinâmica socioeconômica Assim as áreas em destaque no mapa podem ser ampliadas para outras nações que apresentam um nível de desenvolvimento compatível ou igual a elas Mas essas outras áreas não recobrem toda a superfície terrestre Restará um conjunto de nações dispersas pelos continentes americano asiático e africano que apresentam níveis de crescimento populacional elevado sendo em sua grande maioria prisioneiras das mazelas do subdesenvolvimento Assim vamos explorar as variáveis demográfi cas nos países subdesenvolvidos Inicialmente é preciso chamar a atenção para o fato de que esse grupo de países não é homogêneo embora tenham como característica comum o subdesenvolvimento Ou seja há diferenciais quanto ao nível de pobreza de educação de industrialização de urbanização entre outros de modo que não se pode afi rmar que a condição do Brasil por exemplo é similar à da Somália África nesta a pobreza as guerras tribais as epidemias a escassez de alimentos e de água geram um quadro de miserabilidade que torna a condição de subdesenvolvimento bem mais acentuada do que no Brasil Nesse sentido a dinâmica populacional que envolve natalidade mortalidade fecundidade e migração é infl uenciada além dos fatores de ordem socioeconômica por aqueles de ordem políticocultural A despeito disso assim como é feita uma leitura generalizada das fases do crescimento populacional dos países desenvolvidos também é possível empreender a mesma sistemática com relação aos países subdesenvolvidos ressaltandose as especifi cidades pertinentes Aula 5 Geografi a da População 85 Figura 2 Divisão socioeconômica do mundo atual Fonte Moreira 2006 p 35 Com este mapa você tem a noção do que é o mundo em termos de desenvolvimento e subdesenvolvimento Pode identifi car as nações que estão em cada eixo Mas apesar do mapa apresentar uma espacialização que generaliza ou seja apresenta todos numa mesma realidade a do desenvolvimento e a subdesenvolvimento atente para o que foi dito anteriormente o subdesenvolvimento também é heterogêneo Assim vamos agora compreender como o comportamento das variáveis demográfi cas foi alterado no período posterior à Segunda Guerra Mundial ocorrida entre 1939 e 1945 Após esse confl ito mundial as taxas de mortalidade declinaram aceleradamente nos países subdesenvolvidos em função dos avanços na Medicina que incluíam a difusão de novos medicamentos a vacinação em massa e o crescente controle sobre as epidemias difteria tifo e malária principalmente Essas melhorias trouxeram benefícios sociais que chegaram com décadas de atraso em relação aos países desenvolvidos detentores desse conhecimento e responsáveis por sua disseminação Esse conjunto de inovações que tinham como preocupação atuar não apenas na questão da cura das doenças epidêmicas mas também no campo da prevenção foi denominado de Revolução MédicoSanitária A queda da mortalidade nos países subdesenvolvidos em um contexto em que as taxas de natalidade permaneceram elevadas provocou um novo surto de crescimento demográfi co no planeta superior ao ocorrido na Europa no século XIX Essa conclusão decorre do fato de que a base do qual partiu era muito maior ou seja a população dos países subdesenvolvidos era muito superior à da Europa e os picos de crescimento natural foram igualmente superiores Enquanto na Europa no século XIX as taxas médias de crescimento vegetativo foram de 10 a 15 ao ano nos países subdesenvolvidos chegaram a ser superiores a 20 ao ano entre 1950 e 1985 e a maior parte deles registrou taxas superiores a 3 ao ano na fase aguda da transição demográfi ca a 1ª fase Aula 5 Geografi a da População 86 Esse cenário foi propício ao retorno de teorias alarmistas ou pessimistas já estudadas por você em aulas anteriores Assim na década de 1960 ápice do crescimento da população mundial a Teoria Malthusiana ressurgiu com nova roupagem sob o nome de Neomalthusianismo Para Malthus a natureza era culpada pela existência dos pobres enquanto os neomalthusianos responsabilizam os pobres por sua própria pobreza e também pela miséria de seus países Partem da premissa de que o alto crescimento demográfi co é uma das principais causas da generalização da pobreza entre os países subdesenvolvidos e o controle de natalidade asseguraria a passagem para o estágio de desenvolvimento Recentemente a corrente de adeptos dessa teoria tem aumentado com a agregação de grupos ambientalistas que defendem que o rápido crescimento demográfi co dos países pobres se traduziria em pressão sobre os recursos ambientais especialmente em áreas tropicais e equatoriais e em sério risco para o futuro Desta forma o controle da natalidade seria um instrumento de preservação do patrimônio ambiental Essa visão desconsidera um aspecto básico da pressão humana sobre os recursos ambientais na atualidade são os países desenvolvidos que representam apenas cerca de 20 da população mundial os responsáveis pelo consumo da maior parte dos recursos ambientais disponíveis e também por 80 da poluição gerada no planeta Desse modo conforme estudiosos do assunto os graves problemas ambientais contemporâneos não se remetem ao crescimento demográfi co dos pobres mas ao padrão de produção e consumo vigente nos países ricos que inclusive em função da disseminação de informações acaba sendo desejado e em alguns casos copiado pelos países subdesenvolvidos Na década de 1990 o debate sobre a dinâmica populacional no mundo envolveu bastante os neomalthusianos e seus opositores representantes da Igreja Católica e dos países muçulmanos que se opõem aos métodos contraceptivos e principalmente ao aborto O debate entre defensores e opositores da Teoria Neomalthusiana esteve no foco da Conferência Mundial de População realizada no Cairo Egito em 1994 sob o patrocínio da ONU Aula 5 Geografi a da População 87 O declínio das taxas de natalidade nos países subdesenvolvidos Estudos acurados sobre a questão populacional indicam que o debate entre neomalthusianos e religiosos não leva em consideração as recentes e profundas transformações da sociedade nos países subdesenvolvidos e suas repercussões sobre a dinâmica populacional que se refl etem no mundo As estatísticas demonstram que nas últimas décadas apesar dos preceitos religiosos e em muitos casos da inefi ciência dos programas de planejamento familiar todas as regiões subdesenvolvidas do mundo apresentam diminuição de suas taxas de natalidade consequentemente do ritmo de crescimento demográfi co 2ª fase da transição demográfi ca como pode visto na Figura 3 Para os analistas a estabilidade demográfi ca é uma questão de tempo 3ª fase da transição Figura 3 A transição demográfi ca em regiões subdesenvolvidas Fonte Magnoli e Araújo 2005 p 462 Porém o que explica essa tendência de redução do ritmo de crescimento populacional nos países subdesenvolvidos Aula 5 Geografi a da População 88 Conforme mencionado anteriormente esse conjunto de países apresenta disparidades em termos de desenvolvimento e portanto eles são desigualmente afetados pelo processo de modernização que se dissemina mundialmente Todavia em uma análise geral constatase que nos países subdesenvolvidos embora com intensidades e formas diferentes a modernização da economia e a urbanização têm atuado como fatores de redução das taxas de natalidade ao romper com a unidade familiar de trabalho que tinha no uso da mão de obra infantil uma de suas fontes de renda Nesse contexto um fi lho a mais para a população urbana de baixa renda representa gastos extras até o seu ingresso no mercado de trabalho Além disso na cidade difundese rapidamente a informação e os meios para realizar o controle da fecundidade Até mesmo na zona rural se operam as mudanças de visão e comportamento tendo em vista que a modernização das relações de trabalho disseminou o trabalho assalariado restringindo o emprego da mão de obra infantil o que infl uencia na redução da natalidade Dessa maneira delineiase um quadro em que o declínio das taxas de mortalidade é acompanhado de uma tendência a recuo das taxas de natalidade resultando em uma redução das taxas de crescimento demográfi co Considerando que os países desenvolvidos apresentam tendência a crescimento demográfi co baixíssimo e que os países subdesenvolvidos estão em fase de transição demográfi ca evidenciada na redução de suas taxas temse um cenário geral de desaceleração no ritmo do incremento da população mundial A política de controle de natalidade na China País mais populoso da Terra a China empreendeu uma política de controle de natalidade rigorosa que se defi ne pela política do fi lho único A adoção dessa estratégia produziu uma disparidade de nascimentos entre os sexos sendo registrados 1138 nascimentos do sexo masculino para cada 100 do sexo feminino Por que isso ocorre Em função de questões políticas e culturais Como as mães são autorizadas pelo Estado a ter apenas um fi lho parte signifi cativa delas opta pelo aborto ou pratica o infanticídio assassinato de um recémnascido quando sabem que estão esperando uma menina visto que nas regiões agrícolas tradicionais os homens gozam de um estatuto social mais elevado do que as mulheres Atividade 3 1 2 3 4 Aula 5 Geografi a da População 89 Vamos parar para refl etir sobre o crescimento populacional no século XX Explique como se comportaram as taxas de crescimento populacional nos países desenvolvidos Explique como se apresentaram as taxas de crescimento populacional nos países subdesenvolvidos Em que consiste o ressurgimento da Teoria Malthusiana na década de 1960 Justifi que o declínio das taxas de natalidade nos países subdesenvolvidos Brasil evolução populacional 1872 a 2000 Milhões de habitantes 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 1872 1890 1900 1920 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 Aula 5 Geografi a da População 90 Dinâmica da população brasileira Estudamos até aqui as questões referentes à dinâmica populacional nos países desenvolvidos e subdesenvolvidos Vamos ver mais especifi camente como fi ca o Brasil nesse contexto Em termos de crescimento populacional a situação do Brasil se insere basicamente na análise relativa aos países subdesenvolvidos Na análise da dinâmica populacional do Brasil os anos de 1872 e 1940 são emblemáticos Em 1872 realizouse o primeiro censo demográfi co e o ano de 1940 demarcou a transição para a fase de crescimento populacional acelerado Figura 4 Figura 4 Brasil crescimento da população 1872 a 2000 Fonte Moreira 2006 p 345 Entre 1872 e 1940 as taxas de crescimento da população brasileira não ultrapassavam os 2 ao ano em decorrência da predominância de altas taxas de natalidade convivendo com elevadas taxas de mortalidade No período entre 1891 e 1900 a taxa de natalidade foi em torno de 46o quarenta e seis por mil e a taxa de mortalidade foi superior a 27o vinte e sete por mil Esse elevado índice de mortalidade era gerado a partir da proliferação de doenças infecciosas e parasitárias como as epidemias de peste bubônica febre amarela varíola e cólera que assolavam as principais cidades e se difundiam pelas áreas rurais onde se concentrava a maioria da população Com a Proclamação da República várias iniciativas foram agilizadas visando o saneamento dos principais centros urbanos como drenagem de pântanos retifi cação de rios e córregos para evitar enchentes fi scalização de cortiços e habitações populares por agentes de saúde Médicos e sanitaristas foram convocados pelo governo para estabelecer Aula 5 Geografi a da População 91 estratégias de contenção da propagação das doenças epidêmicas Institutos de pesquisa no campo da saúde foram criados em São Paulo Instituto Bacteriológico hoje Adolfo Lutz e no Rio de Janeiro Instituto Mantinhos hoje Osvaldo Cruz Através das pesquisas realizadas foram descobertos os mecanismos de transmissão das doenças o que permitiu aprimorar as técnicas de prevenção e controle Apesar das reformas urbanas e dos institutos de saúde a mortalidade continuou elevada nas primeiras décadas do século XX tendo em vista que a maior parte das medidas sanitárias destinouse apenas às áreas nobres das cidades Acrescentese que nesta fase a população rural era predominante não sendo contemplada pelas medidas sanitárias e campanhas de vacinação No fi nal da década de 1910 no universo de aproximadamente 20 milhões de pessoas que viviam na zona rural 16 milhões eram portadores de parasitas intestinais e pelo menos 3 milhões eram vítimas da doença de Chagas também era signifi cativo o número de pessoas tuberculosas e com malária O padrão de elevada mortalidade somente foi rompido na década de 1940 quando ocorreram novas conquistas na esfera da prevenção de doenças e o uso de antibióticos que ampliou as chances de sobrevivência das pessoas infectadas Nesse contexto também foram importantes as campanhas públicas de educação em saúde estratégia implementada desde o fi nal dos anos de 1930 que difundiu novos hábitos de assepsia e higiene visando conter a propagação de doenças Dentre as informações divulgadas estava a importância da água fervida a maioria dos brasileiros não tinha acesso à água potável como fabricar o soro caseiro e a relevância do aleitamento materno A repercussão dessas campanhas foi sentida especialmente na redução da mortalidade infantil A partir desse período as taxas de mortalidade no Brasil enveredaram por uma perspectiva de declínio que foi sendo acentuado no decorrer dos anos Considerando que entre 1940 e 1970 enquanto as taxas de mortalidade declinavam a natalidade permaneceu alta verifi case que nas décadas que sucederam a Segunda Guerra Mundial o país vivenciou uma brusca aceleração do ritmo de crescimento populacional Para se avaliar a dimensão desse crescimento é importante atentar para os números em 1940 a população total do país era de 412 milhões passando em 1970 a 931 milhões um crescimento de cerca de 130 em apenas trinta anos Tendo em vista que foi um período em que os fluxos imigratórios foram pouco signifi cativos concluise que o crescimento demográfi co foi basicamente vegetativo ou natural Nesse contexto a maior parte da população brasileira vivia na zona rural em pequenas propriedades familiares onde o trabalho infantil na lavoura era recorrente Assim uma família numerosa signifi cava um número maior de trabalhadores Nesse período a taxa de natalidade registrou um pequeno decréscimo mas permaneceu em patamares considerados elevados nos anos de 1950 era de 430 e na década de 1960 chegou a 39o Enquanto isso a taxa de mortalidade que na década de 1930 era de 25o passou a 13o nos anos de 1950 e chegou a 10o na década de 1960 A acentuada redução da taxa de mortalidade decorreu dos benefícios proporcionados pela Revolução MédicoSanitária Brasil crescimento vegetativo 1872 a 2000 Taxa de natalidade Taxa de mortalidade Crescimento vegetativo 1872 1890 1900 1920 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 50 45 35 25 15 10 5 0 20 30 40 Aula 5 Geografi a da População 92 que popularizou a Medicina difundiu as práticas de higiene social e promoveu as campanhas de vacinação e de combate às doenças endêmicas como a malária a esquistossomose e a doença de Chagas Desde 1973 o Brasil realiza um programa de vacinação que objetiva imunizar as crianças contra as doenças mais comuns na infância muitas delas já erradicadas no país A confi guração do quadro de elevada taxa de natalidade simultânea à redução da taxa de mortalidade determinou o aumento considerável da taxa de crescimento vegetativo Figura 5 que chegou a notifi car 3 ao ano Esse elevado índice foi responsável pelo alarmismo demográfi co que perdurou no Brasil nas décadas de 1960 e 1970 Entre os que se fundamentavam na visão neomalthusiana a alta taxa de natalidade era responsável pela pobreza do país e constituía um entrave ao desenvolvimento sendo fundamental e urgente que o Estado controlasse o crescimento vegetativo da população Para os adeptos da teoria reformista a pobreza era a causa da alta natalidade sendo necessário elevar o nível de vida da população através de uma melhor distribuição de renda para se obter a diminuição da natalidade Figura 5 Brasil crescimento vegetativo 1872 a 2000 Fonte Moreira 2006 p 345 O gráfi co demonstra que o crescimento vegetativo no Brasil apresentou tendência ascendente até meados de 1950 e a partir de 1960 mostrouse declinante A explicação desse padrão de comportamento populacional encontrase na variável natalidade Conforme os dados evidenciam ao longo dos anos a taxa de mortalidade consolidou sua propensão a um acentuado declínio paralelamente ocorreu um aumento signifi cativo da expectativa de vida ao nascer No entanto a taxa de natalidade somente apresentou tendência a expressiva redução nos anos de 1960 motivada por fatores como difusão do planejamento familiar que possibilitou a população o acesso à informação e a métodos contraceptivos como as pílulas anticoncepcionais os dispositivos intrauterinos DIUs a laqueadura cirurgia de ligamento das trompas que resulta na esterilização feminina e a vasectomia cirurgia de fechamento dos canais seminais que resulta na esterilização masculina urbanização que permitiu maior acesso a produtos e serviços mas também produziu a elevação do custo de vida ter muitos filhos significa acumular despesas enquanto no campo o alimento muitas vezes vinha da própria roça na cidade basicamente tudo era comprado inibindo a formação de famílias numerosas ampliação da participação da mulher no mercado de trabalho que reduziu o tempo de sua permanência no ambiente doméstico além de criar novas perspectivas de vida e realização pessoal importante também considerar que a necessidade de licençamaternidade aparece como um fator desfavorável para a força de trabalho feminina aumento da preocupação com os investimentos na formação dos filhos e com a qualidade de vida a ser usufruída pela família Essas mudanças e possibilidades inseridas no universo de vida da mulher revolucionaram o modo de vida brasileiro e foram determinantes para o declínio das taxas de fecundidade Figura 6 Brasil taxa de fecundidade total 61 62 63 57 43 28 22 0 1 2 3 4 5 6 7 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 Figura 6 Brasil taxa de fecundidade total 1940 2000 Fonte Moreira 2006 p 346 A leitura do gráfico indica que entre 1940 e 1960 a taxa de fecundidade oscilou entre 61 e 63 filhos por mulher A partir daí imprimiuse uma tendência decrescente Em 1970 o número médio de filhos por mulher era de 57 em 2000 o índice era de apenas 22 Nos primeiros anos do século XXI confirmouse o recuo do crescimento populacional no país que registrou uma taxa de 13 a taxa de natalidade foi de 21 e a de mortalidade foi de 8 O decrescente índice de mortalidade está diretamente relacionado à sistemática queda da mortalidade infantil no país que em 1970 era de 100 e em 2000 foi de 35 Essa taxa ainda Aula 5 Geografia da População 93 Resumo Aula 5 Geografi a da População 94 é considerada elevada Canadá 6o Chile 13o e por isso há programas de combate à mortalidade infantil desenvolvidos pelo Governo aleitamento materno e nãogovernamentais A redução da natalidade e da fecundidade também tem sido progressiva o que repercute na diminuição dos índices de crescimento vegetativo colocando o Brasil na iminência de efetivar a sua transição demográfi ca do estágio de crescimento rápido 2ª fase para o de baixíssimo crescimento 3ª fase Essas mudanças no padrão de comportamento demográfi co brasileiro ocorreram de forma rápida e estão associadas às transformações estruturais em sua economia nas últimas décadas O Brasil passou da condição de país ruralagrário para urbanoindustrial o que provocou redefi nições na base econômica produtiva e estimulou a concentração da população nas cidades alterando profundamente os comportamentos reprodutivos No entanto vale ressaltar que o território brasileiro é constituído por diferentes regiões Sendo assim a análise demográfi ca em uma perspectiva regional evidencia diferenciais em termos de natalidade mortalidade fecundidade e migrações As variações na dinâmica demográfi ca estão vinculadas à estrutura social econômica política e cultural de cada região assunto que será estudado na disciplina Geografi a Regional do Brasil Política Demográfi ca no Brasil A Lei n 9263 que regulamenta o planejamento familiar no país foi aprovada em janeiro de 1996 A lei institui que o planejamento familiar é visto como parte de um programa de atendimento integral à saúde voltado para a mulher o homem e o casal Um dos pontos centrais dessa lei é a regulamentação da esterilização voluntária que era proibida pelo Código Penal Brasileiro e pelo Código de Ética Médica Nesta aula você estudou a dinâmica populacional com o enfoque voltado para o tema crescimento demográfi co A discussão foi realizada tomando como parâmetro as situações apresentadas pelas nações desenvolvidas e subdesenvolvidas quanto às taxas de natalidade e mortalidade no período compreendido entre os séculos XIX e XX Refl etiu sobre a relação entre crescimento populacional e realidade socioeconômica sendo esta realidade importante para desenhar o mapa do desenvolvimento e do subdesenvolvimento Estudou de forma mais detalhada a realidade do crescimento populacional brasileiro no contexto das nações subdesenvolvidas 1 2 3 4 Aula 5 Geografi a da População 95 Autoavaliação Explique qual a relação entre o crescimento populacional e as condições socioeconômicas Quais as matrizes do desenvolvimento e do subdesenvolvimento que são responsáveis pela dinâmica do aumento declínio e estabilização da população Quais as causas e consequências que estão presentes na dinâmica do crescimento populacional no mundo e no Brasil Para sintetizar o que você aprendeu nessa aula preencha o quadro a seguir DINÂMICA DEMOGRÁFICA PAÍSES Desenvolvidos Subdesenvolvidos Brasil Características socioeconômicas Causas do crescimento populacional Causas do declínio do crescimento populacional Situação atual 5 6 Aula 5 Geografi a da População 96 Agora elabore um texto sobre o crescimento populacional hoje e suas implicações para o desenvolvimento DESAFIO A partir da leitura do tópico sobre o Brasil você é capaz de identifi car elementos que possam ser considerados históricos estruturais e conjunturais Identifi que esses elementos por categoria Referências MAGNOLI D ARAÚJO R Geografi a a construção do mundo geografi a geral e do Brasil São Paulo Moderna 2005 MILONE P C População e desenvolvimento uma análise econômica São Paulo Ed Loyola 1991 MOREIRA I O espaço geográfi co geografi a geral e do Brasil São Paulo Ática 2006 SANTOS J L F LEVY M S F SZMRECSÁRYI T Org Dinâmica da população teoria métodos e técnicas de análise São Paulo T A Queiroz 1991 SENE E de MOREIRA J C Geografi a para o ensino médio São Paulo Scipione 2007 TERRA Lygia COELHO Marcos Amorim Geografi a geral o espaço natural e socioeconômico São Paulo Moderna 2005 TORRES H COSTA H Org População e meio ambiente debates e desafi os São Paulo SENAC 2000 VERRIÈRE J As políticas de população Rio de Janeiro Bertrand Brasil 1991 Anotações Aula 5 Geografi a da População 97 Anotações Aula 5 Geografi a da População 98 Migrações Parte I Aula 6 1 2 3 4 Aula 6 Geografi a da População 101 Apresentação O s estudos da Geografi a da População contemplam a temática migração que será abordada em um conjunto de três aulas Nesta primeira aula você estudará os fatores responsáveis pelos processos migratórios que são de ordem econômica política cultural e natural No cenário de análises das migrações estudaremos os fatores econômicos e as questões estruturais e conjunturais políticos e a interferência dos confl itos territoriais culturais que possuem interface com as discussões sobre litígios territoriais e naturais que se relacionam aos eventos da natureza e à capacidade de induzir a mobilidade populacional Dessa forma você será levado a enveredar pelas refl exões que articulam espaço geográfi co e deslocamentos populacionais Objetivos Compreender o processo migratório no contexto da organização espacial Identifi car os fatores que são responsáveis pelas migrações Analisar os fatores que interferem no processo de deslocamento das populações Relacionar os fatores que estimulam as migrações a situaçõesproblema Atividade 1 Aula 6 Geografi a da População 102 Iniciando a discussão Você discutiu até aqui alguns aspectos que envolvem os estudos populacionais Nas duas últimas aulas a temática estava voltada para o crescimento demográfi co Pois bem você já sabe os fatores que impulsionam o aumento da população tendo visto alguns deles Agora se trata de estudar mais um aspecto dessa dinâmica que é o movimento migratório Conforme você já estudou as migrações são deslocamentos populacionais que ocorrem de uma área para outra Se olharmos retrospectivamente para o tempo podemos afi rmar que as migrações se constituem num fenômeno que marca o enredo da história da humanidade Para você ter uma ideia estudos arqueológicos indicam que o Homo sapiens espécie da qual fazemos parte surgiu na África há 100 mil ou 150 mil anos e disseminouse pelos continentes Essa disseminação que se propagou no decorrer dos séculos pode ser considerada o início das primeiras migrações Assim o homem desde as épocas mais remotas foi levado a se deslocar de um ambiente para outro impulsionado por fatores diversos Pare e pense Que fatores você acha que são responsáveis por estimular o homem a sair de um lugar para outro Relacione o que você considerou relevante Mais adiante você vai poder comparar se a sua resposta tem relação com o que os estudos demográfi cos consideram como fatores responsáveis pela migração Aula 6 Geografi a da População 103 Continue a leitura da aula e veja como os movimentos migratórios envolvem as variáveis tempo e espaço complexifi cando os seus estudos Ao longo do tempo os movimentos populacionais foram se estabelecendo a partir de contextos variados e escalas espaciais diferenciadas Dessa forma conferiram complexidade ao conceito de migração que do simples deslocamento populacional passou a envolver os interesses de organizações sociais as condições políticas eou econômicas e as relações de trabalho em contextos de natureza conjunturais eou estruturais É possível afi rmar que os deslocamentos populacionais são fenômenos que ocorrem vinculados às condições socioeconômicas culturais políticas e ambientais em escala mundial e regionallocal Assim dependendo da situação os deslocamentos populacionais podem estar sendo impulsionados por fatores de repulsão ou de atração Você tem ideia de quantas pessoas vivem fora do seu país de origem ou seja quantos são os imigrantes internacionais De acordo com o Relatório do desenvolvimento humano 2004 do PNUD o número de imigrantes internacionais tem crescido consideravelmente Atente para os dados em 1960 esse contingente somava 76 milhões de pessoas em 1990 passou a totalizar 154 milhões e em 2000 chegou a 175 milhões No primeiro intervalo que compreende 30 anos a variação percentual do crescimento do número de imigrantes internacionais foi de 1026 Entre 1990 e 2000 esse crescimento relativo foi da ordem de 136 São valores bastante expressivos Mas por que será que tantas pessoas migram Em que reside a motivação para as pessoas saírem de um lugar para outro Aula 6 Geografi a da População 104 Fatores que impulsionam as migrações Ora as razões assumem diferentes perspectivas e são determinadas por fatores diversos Dentre esses fatores destacamse os econômicos políticos culturais e naturais As migrações motivadas por fatores econômicos estão vinculadas principalmente à busca de trabalho e melhores condições de vida constituindose como a condição motivacional predominante para os deslocamentos Um exemplo emblemático de deslocamento populacional por razões econômicas pode ser extraído da sociedade japonesa Nas primeiras décadas do século XX em função de difi culdades econômicas o Japão tornouse um país de emigração Porém algumas décadas após ao vivenciar a recuperação da sua economia transformouse em um país de imigração O Brasil esteve articulado aos movimentos migratórios nesses dois momentos Primeiro na condição de país de imigrantes depois assumindo o perfi l de país de emigrantes Ops você lembra os conceitos de emigração e imigração estudados nas aulas anteriores Se está com dúvida sobre esses conceitos releia as aulas sobre crescimento populacional em que esse conceitos são defi nidos Pois bem os movimentos migratórios decorrentes sobretudo de condições econômicas podem ter conotações estruturais e conjunturais A existência dessas condições tem impactos socioespaciais que podem ser verifi cados de imediato mas seus efeitos também podem ser sentidos ao longo do tempo Quando a transferência de populações de um lugar para outro ultrapassa a esfera do indivíduo ou da família e se torna um contínuo processo que envolve a população de uma área ou região temos a confi guração do que podemos denominar de processo migratório A partir daí é necessário compreender as razões desse fenômeno procurando identifi car as variáveis que estão na base de sua organização Assim os processos migratórios têm variáveis que são estruturais e conjunturais Ou seja os movimentos migratórios quando atrelados aos fatores econômicos são responsáveis pelos processos de acomodação das populações migrantes cujas repercussões vão revelar a dinâmica estrutural e conjuntural da realidade socioespacial que envolve a nação a região o campo e a cidade Assim pode se entender as interferências estruturais da economia e a capacidade que ela apresenta para direcionar as condições de desenvolvimento A dinâmica estrutural ligada à dinâmica migratória está relacionada à capacidade da sociedade em termos de tecnologia produção de conhecimento meios de transportes e comunicação qualifi cação da força de trabalho geração Aula 6 Geografi a da População 105 de emprego e renda uso dos recursos naturais Esses elementos são estruturantes do processo de desenvolvimento espacial sendo considerados as raízes que sustentam e dão dinamismo a um país e defi nem os distintos níveis de integração espacial em âmbito global e local Assim por exemplo quando se verifi ca a estagnação da economia por um longo período resultando na falta de perspectivas de desenvolvimento na elevação dos índices de desemprego no baixo nível salarial na baixa capacidade de investimento na inviabilidade da renovação do parque produtivo e na diminuição dos índices de consumo está confi gurado um problema de ordem estrutural pois as consequências são sentidas em todas as esferas da vida Para entender melhor Pense no que sustenta uma casa As paredes ou o alicerce Pois bem para que as paredes possam dar sustentação à casa é preciso de fi rmamentos como colunas e um alicerce bem feito Sem isso a casa desmorona Assim o que estrutura a casa são os elementos que permitem a existência das paredes mas quando elas são postas passam a interferir na existência da mesma Lembre que a casa é uma composição de elementos É essa composição que defi ne a natureza e funcionalidade desse ambiente O exemplo da casa pode ser tomado como uma analogia para entender a dinâmica estrutural de um país Ela é uma composição que junta aqueles elementos anteriormente referidos ligados uns aos outros de maneira a criar relações de interdependência e complementaridade Essas relações são responsáveis por defi nir mais a médio e longo prazo a direção do desenvolvimento de um país Agora que você já tem mais claro o que é estrutura precisa saber que existe outro lado dessa mesma moeda chamado conjuntura que também pode interferir na dinâmica migratória O que é a conjuntura As condições conjunturais são aquelas que resultam de situações circunstanciais ou seja de um dado momento como crises políticas e econômicas que produzem redução da produção de bens desemprego desaceleração do crescimento econômico etc podem atingir países desenvolvidos e subdesenvolvidos Elas ocorrem e podem ter uma existência curta Mas não esqueça que conjuntura e estrutura são as duas faces de uma mesma moeda Uma pode estar se alimentado da outra para sobreviver Assim muitas vezes as migrações obedecem às ocorrências conjunturais como por exemplo o fechamento de uma indústria em uma cidade que acarreta a demissão de trabalhadores e a saída de alguns para procurar emprego em outras localidades Este fato não pode ser considerado um problema estrutural e sim conjuntural se tomarmos como referência espacial a cidade e a região Aula 6 Geografi a da População 106 Porém podese vivenciar realidades conjunturais que apontam para alterações estruturais Assim considerar um fenômeno conjuntural ou estrutural deve ser uma tarefa que requer estudá lo a partir de contextos temporais procurando estabelecer uma periodização mais abrangente bem como observar a escala espacial se tem abrangência local regional nacional e mundial Por exemplo a realidade vivida pela região do Seridó do Rio Grande do Norte a partir da década de 60 do século XX com a crise da cotonicultura cultivo do algodão As mudanças não fi caram restritas àquela época mas se enraizaram de modo a exigir uma reestruturação na base produtiva cujas repercussões são sentidas até hoje Assim aquele fenômeno pode ser interpretado em âmbito estrutural pois estimulou mudanças mais profundas em termos de organização produtiva e de desenvolvimento socioambiental Agora vejamos como as migrações podem ser infl uenciadas por fatores políticos Estes fatores estão atrelados a questões que envolvem o território portanto dizem respeito a litígios de fronteiras formação de novos países guerras externas entre países e internas no interior do próprio país e recentemente à abertura política promovida pelos antigos países socialistas do leste europeu e pela exURSS Essas situações geram divergências perseguições e até a expulsão de populações inteiras de seus territórios Um caso emblemático de litígio de fronteiras é o que envolve o Estado de Israel e os palestinos Desde 1948 quando houve a partilha do território palestino para ser criado o Estado de Israel esses dois povos já se enfrentaram em sucessivas guerras e confl itos cujo alvo principal é a delimitação e apropriação de territórios Esse longo e sinistro cenário de guerras fez com que os palestinos fossem desterritorializados o que obrigou grande parte a migrar para outros países principalmente do Oriente Médio Como resultado do processo que envolve a partilha das terras entre israelenses e palestinos as Colinas de Gola a Faixa de Gaza e a Cisjordânia têmse confi gurado como áreas de litígio Na Figura 1 você pode visualizar o processo de fragmentação e as áreas de litígio territorial Figura 1 Síntese do processo de criação do Estado israelense Fonte httpwwwestadaocombrfotosmapaisraelpalestinajpg Acesso em 3 jun 2009 Aula 6 Geografi a da População 107 Outro fato que pode ser destacado no âmbito das migrações que tem causas políticas é a formação de novos países a partir da fragmentação territorial até então existente De modo mais expressivo podemos citar o sangrento processo de dissolução da exIugoslávia país multiétnico que vivia sob a hegemonia dos sérvios para dar origem a novos países independentes Eslovênia Croácia BósniaHerzegovina Albânia Macedônia e Sérvia e Montenegro Figura 2 Iugoslávia antes da fragmentação Fonte http1bpblogspotcom3u2a7KDnjJISAgrSlGDbIAAAAAAAAAJEWrhtj8vCU4s400 mapabosniaiugoslaviagif Acesso em 3 jun 2009 Figura 3 Iugoslávia depois da fragmentação Fonte httpwwwgeomarcelocoelhoglobologcombrIUGOSLAVIA202020mapa20 da20divisao20poiticajpg Acesso em 3 jun 2009 Aula 6 Geografi a da População 108 A partir dos mapas você pode visualizar como uma nação foi repartida em várias outras Pode se questionar como fi caram as populações nesse contexto Elas foram levadas a migrar de uma área para outra No início da década de 1990 no contexto da derrocada do socialismo as antigas repúblicas que integravam a Iugoslávia buscaram a sua emancipação política o que se confrontava com os interesses dos sérvios desejosos de manter o poder que detinham na Iugoslávia Nesse processo guerras sangrentas marcadas pelo sentimento étnico de superioridade dos sérvios em relação aos outros povos foram responsáveis por deslocamentos populacionais principalmente daqueles que confi guravam minorias em um dado território sob o poder dos sérvios Por exemplo bósnios que viviam na Sérvia tiveram que fugir para o território da BósniaHerzegovina A guerra empreendida pelos sérvios tornouse diferenciada por trazer à tona o componente étnico estupros de mulheres de origem não sérvia como forma de humilhar os outros povos e a morte de famílias e comunidades inteiras em nome de uma faxina étnica Uma outra referência das migrações por causas políticas envolvendo guerras entre países é a de parcela dos iraquianos que tiveram de fugir para localidades circunvizinhas quando as tropas dos EUA e do Reino Unido invadiram o país No que concerne a guerras internas os países africanos como a Eritreia Etiópia Somália entre outros são exemplares esses confl itos obrigam milhares de pessoas a deixarem seus territórios passando a viver em países vizinhos como refugiados e em condições subhumanas Figura 4 Civis fugindo da Guerra do Iraque próximos à cidade sitiada de Basra Fonte httpcienciahswuolcombrmigracaohumana2htm Acesso em 3 jun 2009 Mais próximo de você está o movimento dos SemTerra aqui no Brasil É possível verifi car os deslocamentos constantes de trabalhadores de um lugar para outro apropriandose de terra e gerando confl itos que envolvem donos de terra governos e essa organização Aula 6 Geografi a da População 109 Figura 5 Movimento dos Trabalhadores Rurais SemTerra Fonte httpciranda5cirandanettwikipubArtigosNewsItem20050125222450RafaelEvangelista MSTjpg Acesso em 3 jun 2009 Todavia é importante registrar que a migração política também pode ser evidenciada em situações que não se efetivam através da coerção e violência É o caso das migrações decorrentes da abertura política Por exemplo na exURSS e em alguns países da Europa do Leste onde a transição do socialismo para o capitalismo permitiu maiores possibilidades de deslocamentos antes rigidamente controlados Entre as imagens marcantes desse período histórico está a de estradas superlotadas de automóveis transportando as pessoas que aproveitando a abertura política resolveram deixar os países do leste europeu para se fi xar em países da Europa Ocidental capitalista A partir das imagens e das discussões você é capaz de perceber que o espaço geográfi co é muito importante para a compreensão da dinâmica demográfi ca Isso porque se você se lembra das discussões postas na disciplina Organização do Espaço há ligações muito importantes entre a sociedade e a forma como o espaço se organiza Assim o espaço geográfi co é um condicionante das ações humanas A forma como o homem age está relacionada também às condições econômicas políticas e ambientais disponíveis O homem ao se deslocar de um ambiente para outro está levando em consideração essas condições Antes de continuar com a leitura pare um pouco para sistematizar as ideias resolvendo a Atividade 2 a seguir Atividade 2 1 2 3 Aula 6 Geografi a da População 110 Explique o papel dos fatores econômicos na existência dos processos migratórios Analise como os fatores políticos interferem no deslocamento das populações Destaque da realidade um fato em que o deslocamento da população foi impulsionado por fatores de ordem econômica eou política Descreva e justifi que a sua escolha de acordo com o conteúdo da aula Imigração Aula 6 Geografi a da População 111 Você estudou até aqui dois fatores que estimulam os processos migratórios Agora vamos apresentar e discutir as migrações motivadas por fatores culturais e aquelas geradas por condições naturais As migrações motivadas por fatores culturais também apresentam um componente político e dizem respeito especialmente aos confl itos religiosos ou étnicos como a perseguição aos judeus no século XX no período das guerras mundiais que provocou emigrações desse povo da Europa Outro exemplo são os confl itos étnicos ocorridos na Croácia entre croatas e a minoria sérvia Macedônia entre macedônios e a minoria albanesa e BósniaHerzegovina entre bósnios e sérvios no decorrer do processo de dissolução da exIugoslávia Esse país mantinha sua integridade territorial e sua conformação multiétnica por força de um poder centralizador e coercitivo sob o comando dos sérvios Com a abertura política as antigas repúblicas iugoslavas buscaram a sua independência política o que favoreceu a desintegração do território e culminou em guerras que tiveram como marco a perseguição e a faxina étnica tortura e morte dos não sérvios Esse cenário forçou o deslocamento das minorias albanesas croatas bósnias e sérvias principalmente para os respectivos territórios recémcriados As migrações decorrentes de fatores naturais são relacionadas às catástrofes como enchentes secas terremotos erupções vulcânicas tsunamis entre outros No Brasil as secas que ciclicamente afetam o Nordeste são em parte responsáveis pelos fl uxos migratórios que historicamente fi zeram essa região fi gurar como uma área de emigração no país O Nordeste talvez seja a região que mais sintetize a interferência das condições naturais no processo migratório Essa condição é objeto de refl exão em diversos campos da sociedade desde a ciência até as artes Você deve conhecer diversos meios em que essa realidade é retratada Atividade 3 Pesquise a letra da música Asa Branca cantada por Luiz Gonzaga Faça uma análise da letra atrelando à discussão os fatores migratórios abordados nessa aula Aula 6 Geografi a da População 112 Considerando o contexto atual marcado pelo meio técnicocientífi co informacional além dos fatores mencionados é importante ressaltar que os progressos tecnológicos nos segmentos de transporte e comunicação constituem fatores que facilitam os movimentos migratórios Diante da disponibilidade de diferentes meios de comunicação como o telefone a televisão a internet etc que possibilitaram o intercâmbio de informações e facilitaram os contatos entre os países o conhecimento sobre as condições de vida no exterior foi disseminado transformandose em um forte motivo para migrar Associado a isso os avanços nos meios de transporte tornaram as viagens mais acessíveis e rápidas o que também contribui para a tomada de decisão sobre a migração Aula 6 Geografi a da População 113 Conhecidos os principais fatores que podem infl uenciar os deslocamentos populacionais é preciso compreender que a dinâmica demográfi ca é bastante ampla no tocante às migrações Observando a realidade podese encontrar diferentes tipos de deslocamentos O ir e vir do trabalho a visita a um parente distante para passar férias a mudança de residência de uma cidade para outra a vinda de pessoas do campo para morar na cidade Enfi m as pessoas estão em constantes deslocamentos A letra da música abaixo é emblemática Encontros e Despedidas Composição M Nascimento e F Brant Mande notícias do mundo de lá Diz quem fi ca Me dê um abraço venha me apertar Tô chegando Coisa que gosto é poder partir Sem ter planos Melhor ainda é poder voltar Quando quero Todos os dias é um vaievem A vida se repete na estação Tem gente que chega pra fi car Tem gente que vai pra nunca mais Tem gente que vem e quer voltar Tem gente que vai e quer fi car Tem gente que veio só olhar Tem gente a sorrir e a chorar E assim chegar e partir São só dois lados Da mesma viagem O trem que chega É o mesmo trem da partida A hora do encontro É também de despedida A plataforma dessa estação É a vida desse meu lugar É a vida desse meu lugar É a vida Agora que você já estudou os fatores que interferem no processo migratório fi nalize o estudo dessa aula fazendo a Autoavaliação Resumo Nesta aula você iniciou os estudos sobre migrações Discutiu e problematizou os fatores que motivam ou estimulam os deslocamentos populacionais Foi levado a refl etir como as condições econômicas políticas culturais e naturais são responsáveis por induzir a saída de pessoas de uma área para outra e que repercussões isso tem no espaço geográfi co ou melhor como o espaço geográfi co induz reproduz e condiciona esses deslocamentos Autoavaliação Volte ao início dessa aula e releia o que você escreveu sobre os fatores que impulsionam as migrações Compare a sua resposta com o que você estudou até agora Reescreva a sua opinião aproximando a resposta inicial aos conteúdos estudados sobre os fatores econômicos políticos culturais e naturais 1 2 As migrações envolvem deslocamentos de pessoas A partir da música Encontros e Despedidas que elementos você destaca como sendo responsáveis pelas migrações Aula 6 Geografi a da População 114 Escolha uma das imagens que ilustram essa aula e relacione à música Encontros e Despedidas fazendo uma refl exão sobre o processo de migração e aos fatores que as estimulam 3 As suas refl exões podem ter apontado para diferentes caminhos Procure discutir com o seu colega o que ele respondeu Utilize no ambiente Moodle a página da disciplina para esse fi m Avance no estudo da aula e compare a sua resposta com o que está posto quanto aos tipos de migrações Essa discussão é importante para você seguir nos estudos do módulo seguinte que abordará os tipos de migrações e as migrações internacionais Até lá Referências BECKER Olga Maria S Mobilidade espacial da população conceitos tipologias contextos In CASTRO Iná Elias de GOMES Paulo César da Costa CORRÊA Roberto Lobato Explorações geográfi cas São Paulo Bertrand Brasil 1997 HAESBAERT Rogério Org Globalização e fragmentação no mundo contemporâneo Rio de Janeiro EdUFF 2001 PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO PNUD Relatório do desenvolvimento humano 2004 Disponível em wwwpnudorgbratlas Acesso em 3 jun 2009 SENE Eustáquio de Globalização e espaço geográfi co São Paulo Contexto 2003 Aula 6 Geografi a da População 115 Anotações Aula 6 Geografi a da População 116 Migrações Parte II Aula 7 4 3 2 1 Aula 7 Geografi a da População 119 Apresentação E sta é a segunda aula de um total de três que trata do tema migração Nesta aula abordaremos os tipos de migrações levando em consideração o tempo de duração e a direção dos deslocamentos Isso requer a defi nição e a compreensão das migrações quanto ao seu perfil se definitivas circulares ou temporárias quando pensamos os deslocamentos em sentido temporal e externa ou interna quando verifi camos de onde as pessoas saem e para onde elas vão Você deverá perceber que essas duas variáveis tempo e espaço estão interrelacionadas e se apresentam como guias para as discussões sobre as migrações sejam elas realizadas na esfera local regional nacional ou internacional Você vai estudar as migrações internacionais que têm características diferentes e ocorrem de acordo com o contexto histórico Dessa maneira vai entender cada período e como esse processo ocorre hoje sendo infl uenciado pela globalização e pela xenofobia Objetivos Identifi car os tipos de migração levando em consideração o tempo de duração e a direção dos deslocamentos Explicar as migrações de acordo com as variáveis tempo e espaço Explicar os fl uxos migratórios internacionais a partir de contextos e períodos históricos Analisar as migrações internacionais no contexto da globalização e dos processos de xenofobia As migrações quanto tempo dura uma migração Para onde vão os migrantes Na aula anterior você estudou os fatores que estimulam os deslocamentos populacionais Nesta aula vamos continuar a abordagem sobre migrações vendo que elas podem ser classificadas a partir de duas perspectivas Uma vinculada ao tempo de duração em que ocorrem os deslocamentos e outra relacionada à direção para onde as populações se deslocam ou seja os espaços envolvidos nesse processo Assim quanto ao tempo de duração as migrações podem ser Definitivas dizem respeito àquelas em que o imigrante se estabelece de forma permanente isto é fixase no local de destino Ex os imigrantes italianos japoneses e alemães que se fixaram na Região Sul do Brasil e os imigrantes nordestinos que se deslocaram para outras regiões do país e nelas se estabeleceram definitivamente Circulares são aquelas em que o imigrante é atraído pelos avanços tecnológicos presentes em determinadas áreas O seu enraizamento pode não ocorrer de forma definitiva e esse imigrante pode retornar à sua terra natal ou procurar um terceiro lugar de destino para morar Esse tipo de deslocamento ocorre entre grupos de pessoas que têm uma qualificação profissional mais elevada daí a mobilidade ser mais flexível no espaço geográfico Temporárias este tipo de migração ao contrário das migrações definitivas pressupõe a estadia do imigrante apenas por certo tempo no local de destino Podem ser diárias quando envolvem deslocamentos de trabalhadores para outros lugares visando a realização do exercício profissional nessa modalidade geralmente o trabalhador sai de casa pela manhã e só retorna à noite Também podem ser sazonais quando dependem dos ciclos que envolvem as atividades produtivas Esse tipo de migração geralmente obedece às estações do ano podendo ser citado como exemplo o deslocamento de trabalhadores brasileiros para os locais onde se realiza a colheita de gêneros agrícolas 124 Atividade 1 Agora que você conhece os tipos de migração na perspectiva do tempo de duração volte à aula anterior e releia a parte que apresenta as músicas Asa Branca e Encontros e Despedidas A partir das letras das canções responda a De qual tipo de migração a música Asa Branca mais se aproxima Justifique sua resposta b Você considera que a música Encontros e Despedidas está vinculada a apenas um tipo de migração Justifique a resposta Após o exercício continue a leitura desta aula avançando nas discussões sobre a perspectiva das migrações vinculadas ao destino ou à direção que as populações tomam em seus deslocamentos Assim em relação à direção dos deslocamentos as migrações podem ser Externas ou Internacionais correspondem a fluxos de população que atravessam fronteiras territoriais e políticas entre nações ou países Neste caso o imigrante sai do seu 121 Aula 7 Geografia da População 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 Aula 7 Geografia da População 121 Aula 7 Geografi a da População 123 As migrações internas também podem se efetivar a partir de deslocamentos populacionais de uma zona rural pobre e fragilmente estruturada do ponto de vista econômico para uma zona rural próspera e produtiva de uma cidade de pequeno porte para uma cidade média geralmente nos centros regionais de uma cidade de pequeno ou médio porte para a grande cidade ou metrópole e ainda de uma cidade independentemente do seu tamanho para uma outra que possua algum atrativo como extração de recursos minerais fácil acesso à terra estímulos governamentais entre outros No âmbito das migrações internas de caráter temporário destacamse as sazonais já defi nidas anteriormente nesta aula que também são identifi cadas como transumância Temos diversos exemplos no mundo em que se pode considerar a existência desses tipos de deslocamentos Na África esse tipo de migração ocorre a partir do deslocamento de trabalhadores das regiões semiáridas do sul do Saara para as áreas úmidas na época da colheita do cacau e do café O nomadismo que se caracteriza pelo deslocamento constante de povos ou tribos em busca de alimentos pastagem etc cuja moradia quase sempre se constitui de tendas desmontáveis é vivenciado pelos povos das estepes semiáridas do Saara Sahel por alguns povos da Ásia central que desenvolvem o pastoreio e são obrigados a se deslocar em função do processo de desertifi cação em algumas partes dessa área e pelos povos do Oriente Médio que são em geral comerciantes que se deslocam em busca de mercados para vender seus produtos Também no campo das migrações internas de cunho temporário observamse as migrações diárias ou pendulares representadas pelas movimentações diárias de trabalhadores que moram na periferia e se deslocam para a área central da cidade ou residem em uma cidade muito próxima daquela onde trabalham retornando ao seu local de moradia após a jornada de trabalho Um exemplo desse tipo de migrante é o trabalhador de cidades industriais e regiões metropolitanas que tem que se deslocar para trabalhar Neste último tipo incluise o commuting ou movimento dos transfronteiriços que diariamente atravessam a fronteira entre dois países para trabalhar ou utilizar serviços Podem ser citados como exemplo desse tipo de migrante os trabalhadores que moram no México e têm que atravessar a fronteira dos Estados Unidos para realizar o seu trabalho Após a leitura desses tópicos você adquiriu a noção geral sobre a classifi cação das migrações quanto à temporalidade e à direção que envolvem os deslocamentos Sabe discutir também a respeito dos elementos que estão atrelados a quanto tempo dura uma migração e para onde vão os migrantes Agora dê uma pequena pausa na leitura da aula para responder a atividade seguinte Atividade 2 1 2 Aula 7 Geografi a da População 124 Pesquise na internet o que é necessário para que um brasileiro possa viajar para os Estados Unidos e entrar naquele país legalmente Faça a mesma investigação com relação a Portugal Você encontrou diferenças entre as exigências de um país para outro Sistematize os resultados da sua pesquisa Pesquise na internet sobre os movimentos populacionais sazonais e pendulares Selecione e descreva dois exemplos da realidade em que esses movimentos ocorrem Após a descrição justifi que a sua escolha relacionandoa ao que foi estudado Aula 7 Geografi a da População 125 Após o exercício retorne a leitura da aula Agora o estudo diz respeito às migrações internacionais Você conhece alguém que veio de outro país morar no Brasil Se conhecer converse com ele sobre as razões que levaram o seu amigo a vir morar aqui Se não conhece ninguém não há problema Continue a leitura e saiba como ocorrem as migrações internacionais Migrações internacionais em uma perspectiva histórica Você já estudou que as migrações estão presentes na história da humanidade Pois bem as grandes migrações ocorridas ao longo da História explicam aspectos da atual distribuição da população mundial e expansão da cultura ocidental europeia que se disseminou pelo mundo com o desenvolvimento do capitalismo Analisando os movimentos migratórios em uma perspectiva histórica observase que esse fenômeno está na base da formação da maioria das nações As invasões bárbaras que se realizaram a partir do século V aC pelos germanos eslavos e os mongóis podem ser consideradas migrações existentes no território que hoje conhecemos como Europa estando na base da constituição de diversas nações Ultrapassando aquele período e olhando o período que se desenvolve com o capitalismo percebese que a mobilidade populacional foi intensifi cada principalmente a partir do início do século XIX até os dias atuais O marco inicial dessa fase de aceleração dos deslocamentos populacionais foi o povoamento da América e da Oceania por imigrantes europeus O deslocamento de africanos para trabalhar nas zonas agrícolas e de mineração da América a partir do século XVII assume um caráter particular por ter sido uma transferência forçada de populações sob o regime de escravidão colonial Hoje as migrações continuam em decorrência das desigualdades econômicas e sociais existentes entre os países do mundo Aula 7 Geografi a da População 126 Figura 1 Principais correntes migratórias entre 1840 e 1914 Fonte Moreira 2006 p 164 O mapa representa os fl uxos migratórios do período em que a Europa se constituía numa área de repulsão populacional Esse fenômeno pode ser entendido a partir do crescimento demográfi co que este continente vivenciou o que produziu confl itos sociais e políticos internos A amenização para as tensões vividas no continente foram encontradas fora do continente O que isso signifi ca Algumas nações europeias possuíam colônias situadas na América Ásia África e Oceania Essas colônias eram constituídas por grandes extensões de terra e uma imensa disponibilidade de recursos naturais a serem explorados como solos férteis e minerais abundantes Esses ingredientes eram considerados favoráveis à formação e disseminação da política colonialista que determinava e incentivava a ocupação e exploração desses novos territórios Assim estimulavase a saída de europeus para virem habitar as terras dos novos continentes A política de incentivo à ocupação desses territórios foi mantida mesmo após a independência dos países de modo que entre 1840 e 1914 início da I Guerra Mundial a atuação dos governos e das empresas privadas foi responsável pela instalação de mais de 65 milhões de imigrantes nos referidos territórios Somente os EUA receberam 30 milhões de imigrantes nesse período o que lhe conferiu a condição de principal polo de imigração do mundo contemporâneo A migração para os novos mundos Data do século XIX a formação de grandes fl uxos migratórios que partiram da Europa em direção à América à Oceania e às áreas de dominação europeia da África e da Ásia Nesse contexto as inovações nos sistemas de transportes naval e ferroviário possibilitaram o deslocamento de expressivos contingentes populacionais Aula 7 Geografi a da População 127 Outro momento A dinâmica dos deslocamentos populacionais em nível internacional somente foi refreada no período em que ocorreram a I e a II Guerras Mundiais 19141918 e 19391945 respectivamente e a crise econômica delas derivada Desse modo entre 1914 e 1945 os países de imigração passaram a adotar mecanismos de controle de entrada de estrangeiros o que resultou na redução das migrações internacionais O período pósguerra foi marcado pela independência de vários países africanos e asiáticos e pelo advento da Guerra Fria que opôs o capitalismo ao socialismo Assim parte considerável dos movimentos migratórios dessa fase apresentou uma motivação política A independência dos países acentuou os problemas econômicos e políticos existentes na África e na Ásia Dentre os problemas enfrentados pelos novos países principalmente os africanos estava o das fronteiras artifi ciais ou seja a delimitação de seu território em função dos interesses dos colonizadores e não da forma de organização tribal como viviam esses povos Assim tribos foram divididas passando a pertencer a países diferentes enquanto tribos diferentes passaram a compartilhar o mesmo território ensejando uma luta pelo poder que permanece até os dias atuais e se revela em guerras civis Nesse cenário a busca das superpotências EUA e URSS pela ampliação das suas respectivas áreas de infl uência fez com que ambas se envolvessem indiretamente nos confl itos desses continentes Além de centenas de mortes e da desestruturação da base econômica dos novos países a proliferação de guerras regionais produziu um grande fl uxo de migrantes políticos As migrações no período pósguerra motivadas por fatores políticos também envolveram países como a Alemanha a China o Paquistão a Coreia do Norte e o Vietnã A Alemanha foi afetada por movimentos migratórios ao ter o seu território dividido entre os países vencedores da II Guerra Mundial em 1948 o que levou 18 milhões de alemães orientais Alemanha socialista a migrar para a Alemanha Ocidental capitalista Na China a instauração do regime socialista em 1949 provocou o deslocamento de 9 milhões de chineses para a Ilha de Formosa onde foi instituída a China Nacionalista atualmente Taiwan capitalista O processo de independência que levou à criação da Índia e do Paquistão em 1947 deslocou 18 milhões de pessoas entre os dois países por motivos religiosos de modo que os muçulmanos foram para o Paquistão e os hinduístas para a Índia As guerras da Coreia 19501953 e do Vietnã 1960 1976 geraram mais de 12 milhões de refugiados que passaram a viver em países asiáticos e nos EUA Aula 7 Geografi a da População 128 Além das migrações políticas a fase posterior à II Guerra Mundial também foi assinalada por deslocamentos populacionais motivados por fatores econômicos Nesse ínterim destaca se que houve uma inversão das correntes migratórias e a Europa se transformou em um dos principais polos mundiais de atração populacional Essa inversão resultou de modifi cações nas relações políticas internacionais e da aceleração do crescimento econômico nos países desenvolvidos que recorreram ao dispositivo de atrair mão de obra de países subdesenvolvidos Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados ACNUR atualmente há 11 milhões de pessoas refugiadas que fugiram de seus países em decorrência de perseguições políticas étnicas ou religiosas A Ásia é o continente que possui o maior número de refugiados cerca de 47 milhões dos quais 26 milhões são afegãos que fugiram da guerra civil em seu país A África tem 33 milhões de refugiados fugitivos da guerra entre hutus e tútsis em Ruanda e Burundi e dos confl itos que ocorrem no Sudão Eritreia Serra Leoa e Angola A Europa tem 27 milhões de refugiados em grande parte de fugitivos da guerra civil na antiga Iugoslávia De acordo com Eric Hobsbawm o período entre 1950 e 1973 compreende a fase de maior crescimento econômico da história do capitalismo sendo por ele designada de Era de Ouro A inversão dos fl uxos migratórios que antes tinham a Europa como área de repulsão e passaram a ter este continente como uma área de atração populacional é uma das características dessa era Por outro lado o desenvolvimento econômico e tecnológico associado a um elevado padrão de vida e de consumo nos países desenvolvidos conferiu maior nitidez às desigualdades econômicas e sociais existentes no mundo O aprimoramento dos meios de transportes e comunicações difundiu as oportunidades de trabalho e as condições de vida nos países desenvolvidos Neste contexto os movimentos migratórios motivados por razões econômicas foram estimulados Os EUA e a Europa representaram as principais áreas de atração de imigrantes provenientes de países subdesenvolvidos Para os EUA foram direcionados os fl uxos de imigrantes vindos da Ásia da América do Sul da região do Caribe e de países como Canadá e México Para os países mais desenvolvidos da Europa Alemanha França Atividade 3 1 2 3 Aula 7 Geografi a da População 129 Reino Unido Holanda e Bélgica acorreram imigrantes do próprio continente gregos turcos portugueses e espanhóis e das excolônias africanas marroquinos argelinos tunisianos e nigerianos e asiáticas indianos e paquistaneses Agora pare e exercite Você leu sobre aspectos relacionados aos fluxos migratórios internacionais Observe o mapamúndi abaixo e trace por meio de setas os principais fl uxos descritos nesta aula levando em consideração a temporalidade dos mesmos Utilize cores diferentes para fazer os fl uxos e facilitar a identifi cação dos períodos Após a intervenção no mapa você é capaz de visualizar os diversos fl uxos existentes Agora crie a legenda do mapa identifi cando os fl uxos ao período em que eles ocorreram Por fi m escreva sobre fl uxos migratórios internacionais levando em consideração o mapa o contexto histórico de cada período e as características que se fazem presentes e justifi cam a existência dos mesmos Aula 7 Geografi a da População 130 Após essa atividade prossiga na leitura sobre as correntes migratórias internacionais que se apresentaram a partir da década de 1960 até os dias atuais Figura 2 As correntes migratórias na Europa nos anos 1960 e 1970 Fonte Moreira 2006 p 167 Podese afi rmar que as relações entre a população local e os imigrantes não foi amistosa tendo em vista as difi culdades de aceitar as mudanças na composição social e a convivência com grupos étnicos diferentes Todavia para a Europa o trabalho que os imigrantes desenvolviam era necessário ao desenvolvimento dos países para onde se deslocavam visto que exerciam atividades nos setores em que a remuneração era mais baixa e desempenhavam funções que não interessavam mais aos europeus No entanto o panorama favorável às migrações econômicas foi interrompido pela chamada crise do petróleo ocorrida em 1973 que demarcou o fi m da Era do Ouro Essa crise se efetivou a partir da brusca elevação dos preços do petróleo determinada pela Organização dos Países Exportadores do Petróleo OPEP que repercutiu negativamente sobre as economias dos países desenvolvidos reduzindo os fl uxos migratórios internacionais Apenas a região do Oriente Médio manteve a mobilidade populacional em função da prosperidade da indústria petrolífera que atraiu trabalhadores africanos e asiáticos As migrações internacionais contemporâneas correspondem a uma dimensão do atual período de globalização Os fl uxos mundiais de informação a difusão de hábitos globais de consumo e os Aula 7 Geografi a da População 131 decrescentes custos de transportes estimulam a transferência de trabalhadores para países em que a economia é capaz de oferecer empregos e remuneração melhores No entanto ao contrário dos capitais que não enfrentam empecilhos para se movimentar os fl uxos migratórios enfrentam barreiras culturais de língua religião hábitos e políticas mecanismos de controle e restrição Parte considerável das migrações internacionais contemporâneas tem causas econômicas e representa a transferência de força de trabalho de uma economia para outra De modo geral o ponto de origem do movimento migratório corresponde a um país cuja economia se mostra incapaz de absorver a mão de obra disponível ou seja a criação de novos postos de trabalho não acompanha o crescimento populacional E o ponto de chegada do referido movimento corresponde a uma economia que apresenta demanda de força de trabalho a qual é suprida por meio da imigração A crise econômica que atingiu a maioria dos países subdesenvolvidos na década de 1980 a situação de extrema pobreza de grande parte dos países africanos e o fi m do regime socialista na Europa central e oriental originaram fl uxos migratórios em direção aos países que ofereciam melhores oportunidades de vida e de trabalho que se mantêm até hoje Os principais polos de atração de imigrantes são os países desenvolvidos da União Europeia os EUA o Canadá a Austrália a Nova Zelândia o Japão a Venezuela os países do Oriente Médio produtores de petróleo os países africanos do Golfo da Guiné e a África do Sul Figura 3 Principais migrações internacionais contemporâneas Fonte Moreira 2006 p 168 Aula 7 Geografi a da População 132 A dinâmica das migrações internacionais produz situações novas que dizem respeito à remessa de recursos e à generalização do intercâmbio de profi ssionais altamente qualifi cados além de reações adversas como a xenofobia e o racismo Os fl uxos migratórios atuais não são maiores do que eram em 1970 mas passaram a produzir uma remessa de dinheiro signifi cativamente maior dos trabalhadores que residem em países de imigração para aqueles de emigração Em 1970 essa remessa correspondia a 5 milhões de dólares passando a 80 bilhões de dólares em 2000 Neste sentido embora os países subdesenvolvidos tenham perdido população em idade ativa estão sendo benefi ciados por tais recursos A intensifi cação de transferências de profi ssionais altamente qualifi cados de países subdesenvolvidos para os desenvolvidos foi favorecida pela dinâmica da globalização Dessa forma a fuga de talentos pode ocorrer pelo mecanismo de transferência de funcionários operado pelas empresas transnacionais ou pelo desejo de determinados segmentos de buscar aperfeiçoamento profi ssional rendimentos mais elevados melhores recursos tecnológicos e projeção internacional São exemplos dessa situação a transferência de pesquisadores esportistas artistas para os EUA e a Europa o êxodo de cientistas da exURSS para a Europa Ocidental os EUA e Israel O caso dos cientistas indianos que foram para o Vale do Silício EUA um dos principais polos de tecnologia do mundo tornouse particular em função do retorno ao país para contribuir com o seu desenvolvimento O revigorar do racismo e da xenofobia constitui uma face perversa da dinâmica dos movimentos populacionais Com a superação da crise do petróleo 1973 a partir da década de 1980 houve uma retomada da imigração para a Europa e os EUA Porém a confi guração de uma nova realidade econômica e social marcada pela redução no ritmo de crescimento da economia e pelo avanço das tecnologias provocou o aumento do desemprego Assim os imigrantes passaram a ser vistos como concorrentes uma ameaça aos empregos e aos salários da população nativa Acrescentese que o fato dos imigrantes totalizarem um contingente volumoso ampliou o temor de que a cultura e o modo de vida local fossem modifi cados em função da convivência Nesse cenário disseminaramse os movimentos xenófobos que defendem o repatriamento dos estrangeiros a adoção de políticas restritivas de imigração e a violência contra os diferentes grupos de imigrantes Os principais alvos da xenofobia são os imigrantes turcos que vivem na Alemanha os magrebinos nascidos no Magreb região ao norte da África que engloba a Argélia Marrocos e Tunísia que moram na França os asiáticos e africanos que vivem no Reino Unido e os hispanoamericanos que se fi xaram nos EUA Nesses países foram adotadas medidas restritivas à imigração como a seleção de imigrantes segundo suas qualifi cações profi ssionais e a imposição de cotas que limitam a entrada de estrangeiros A despeito desses mecanismos de controle a imigração não cessou e aumenta o número de trabalhadores ilegais que ingressam nesses países Aula 7 Geografi a da População 133 Conviver com o diferente um dos grandes desafi os do século XXI Figura 4 Encontro entre a crença cristã e a muçulmana Fonte httpogloboglobocomfotos2006112828MHG munsaudaC3A7C3A3ojpg Acesso em 5 jun 2009 A imagem simula a convivência com a diferença Ela instiga a pensar sobre como essa convivência é possível Induz você a refl etir sobre o grande desafi o que é aprender a conviver com os outros ou seja com os diferentes em termos de raça cultura religião idioma O século XX foi marcado pelas guerras genocídios massacres e faxinas étnicas motivados pela intolerância desrespeito e preconceito em relação ao outro Neste momento em que a globalização possibilita um conhecimento abrangente da população mundial tornase um imperativo aceitar e respeitar a diversidade que existe na humanidade O signifi cado que o racismo assume hoje está cada vez mais distante da ideia de raça no sentido biológico O que prevalece é uma tendência à desvalorização de certos grupos étnicos culturais ou sociais com base na atribuição de características interpretadas como inferiores às de outro grupo considerado superior O racismo não tem nenhuma base científi ca e apresenta equívocos por insistir na existência de raças na humanidade por confundir raça com nação povo grupo cultural e local de origem atribuindo a fatores raciais comportamentos que em nada se vinculam à raça e são condicionados pela cultura e pelas condições de vida Historicamente a prática do racismo tem obscurecido suas reais motivações que são de ordem política eou econômica e vinculamse à exploração domínio submissão de um grupo social em relação a outro ou à competição no mercado de trabalho Para você fi car por dentro das nefastas experiências racistas que a humanidade já vivenciou leia sobre o regime nazista na Alemanha a escravidão dos negros africanos no Brasil o sistema do Apartheid na África do Sul Essas discussões encerram a nossa segunda abordagem sobre migrações Na próxima aula você irá estudar as migrações no Brasil Até lá Resumo 1 Aula 7 Geografi a da População 134 Autoavaliação Identifi que defi na e exemplifi que os tipos de migração quanto ao tempo de duração e à direção dos deslocamentos Nesta aula você estudou os tipos de migrações levando em consideração o tempo de duração e a direção dos deslocamentos bem como a dinâmica que caracteriza as migrações internacionais Ao ler sobre os conteúdos foi levado a verifi car como isso ocorre em termos de espacialização geográfi ca observando que as pessoas ao se deslocarem fazem isso de forma defi nitiva ou temporária em escalas que são locais regionais nacionais ou internacionais Você leu que as migrações internacionais têm características diferentes e ocorrem de acordo com períodos históricos Dessa maneira foi levado a entender cada período e compreender como esse processo ocorre hoje sendo influenciado pela globalização e pela xenofobia 2 c Analise as migrações hoje e os processos de xenofobia Aula 7 Geografi a da População 135 A respeito das migrações internacionais a Cite e explique duas características dos fl uxos migratórios que ocorreram até por volta de 1950 b Explique a interferência da globalização nos processos migratórios contemporâneos Anotações Aula 7 Geografi a da População 136 Referências CASTELLS M O poder da identidade São Paulo Paz e Terra 2000 HAESBAERT Rogério Org Globalização e fragmentação no mundo contemporâneo Rio de Janeiro EdUFF 2001 HOBSBAWN E Nações e nacionalismos desde 1780 Rio e Janeiro Paz e Terra 1998 LATOUCHE S A ocidentalização do mundo Petrópolis Vozes 1996 MAGNOLI D África do Sul capitalismo e apartheid São Paulo Contexto 1992 MOREIRA Igor O espaço geográfi co geografi a geral e do Brasil São Paulo Ática 2006 PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO PNUD Relatório do desenvolvimento humano 2004 Disponível em wwwpnudorgbratlas Acesso em 4 jun 2009 RUFIN J C O império e os novos bárbaros Rio e Janeiro Record 1991 O fi m dos empregos São Paulo Makron Books 1995 SENE Eustáquio de Globalização e espaço geográfi co São Paulo Contexto 2003 VESENTINI J W A nova ordem mundial São Paulo Ática 1997 Novas geopolíticas São Paulo Contexto 2000 Nova ordem imperialismo e geopolítica global Campinas Papirus 2003 Anotações Aula 7 Geografi a da População 137 Anotações Aula 7 Geografi a da População 138 Migrações Parte III Aula 8 país de origem para fixar residência legal ou ilegalmente em outros países É importante ressaltar que para este tipo de migração ser realizado legalmente é preciso atentar para as normas que regulamentam a entrada de pessoas em cada país quando isso não ocorre a migração é considerada clandestina e o imigrante não tem estatuto de residência legal no país onde vive As migrações externas não são um fenômeno da sociedade atual A aceleração dos movimentos migratórios está associada ao desenvolvimento do capitalismo Nos séculos XVI e XVII em plena fase da expansão marítimocomercial a política de colonização empreendida pela Europa promoveu a ocorrência de migrações espontâneas ou voluntárias representadas pelos deslocamentos dos europeuscolonizadores para os territórios colonizados e de migrações forçadas representadas por exemplo pelo comércio de africanos escravizados que eram transferidos da África para outros continentes A partir do século XVIII em especial no decorrer do século XIX e primeira metade do século XX ocorreu um movimento migratório de grandes proporções envolvendo a Europa e a Ásia na condição de áreas de repulsão populacional e a América e a Oceania na condição de áreas de atração populacional Nesse período cerca de 60 milhões de europeus migraram para diferentes partes do mundo sobretudo para a América e a Oceania e milhares de asiáticos principalmente chineses indianos e japoneses também atravessaram o oceano em busca da América De modo geral os chineses elegeram como destino os EUA os indianos as Guianas e os japoneses o Brasil Internas ou Nacionais quando ocorrem dentro de um mesmo país Podem envolver diferentes escalas espaciais regional ruralurbana ruralrural urbanaurbana Quando as migrações repercutem sobre a região são classificadas em migrações intrarregionais que correspondem à mobilidade populacional no interior de uma dada região e migrações interregionais que abrangem os deslocamentos populacionais entre regiões de um mesmo país Quando as migrações se apresentam a partir de fluxos demográficos do rural para o urbano que assumem expressiva densidade são chamadas de êxodo rural Geralmente esse tipo de migração interna assume um caráter definitivo e tem entre suas principais causas a modernização do setor produtivo que passa pela industrialização expansão do terciário e mecanização da agricultura Entretanto é preciso reconhecer que em relação às causas do êxodo rural há diferenças entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos No caso dos primeiros onde esse processo atualmente é pouco expressivo ou nulo os fatores anteriormente mencionados estão na base das explicações para o fenômeno Em relação aos países subdesenvolvidos é necessário acrescentar que a modernização do setor produtivo coexiste com uma realidade problemática assinalada por precárias condições de vida e de trabalho no campo de modo que a transferência para a cidade não consiste numa escolha mas por vezes a opção que resta ao homem rural 122 Aula 7 Geografia da População 1 2 3 4 5 Aula 8 Geografi a da População 141 Apresentação E sta aula encerra os estudos sobre a temática migração Nela o ambiente geográfi co é o Brasil Você vai adentrar a dinâmica populacional que norteia os processos migratórios desde a época da colonização até os dias atuais As migrações no Brasil serão abordadas a partir de três eixos as imigrações as emigrações e as migrações internas Em cada eixo você será levado a refl etir sobre os aspectos que regem a confi guração espacial e histórica dos mesmos Nesta aula você vai estudar portanto os subtemas Brasil país de imigrantes como o Brasil se transforma em um país emigrante e migrações internas no Brasil A discussão leva você a navegar pela História e pela Geografi a como se fossem as pontas de um laço que enlaça os estudos sobre os deslocamentos da população tendo como ponto de referência o território brasileiro Objetivos Compreender as migrações no Brasil em uma perspectiva geohistórica Compreender sobre as razões que levam o Brasil a ser considerado um país de imigrantes Refletir sobre as razões que levam o Brasil a ser considerado um país de emigrantes Entender as migrações internas no Brasil o contexto histórico de sua produção e a espacialização geográfi ca das mesmas Explicar os processos migratórios que envolvem o Brasil a partir de situaçõesproblema Aula 8 Geografi a da População 142 As migrações no Brasil Você vem estudando o tema migrações Nas duas aulas anteriores esteve refl etindo sobre esse processo num contexto mais geral ou mundial Agora você vai se deter no que envolve essa temática no cenário brasileiro Você sabia que atualmente existem mais brasileiros no exterior mais de 2 milhões do que estrangeiros radicados no Brasil cerca de 1 milhão Porém nem sempre foi assim O Brasil já foi visto como um país de imigração e apenas recentemente essa imagem se inverteu confi gurandose a condição de país de emigração Vamos estudar como isso transcorreu Brasil país de imigrantes Para efeito didático podese dividir a história da imigração para o Brasil em três fases de 1808 a 1850 de 1850 a 1930 e de 1930 aos dias atuais O primeiro período de 1808 a 1850 Está relacionado à época colonial e pode ser considerado a partir da vinda da família real portuguesa para o Brasil Por que isso aconteceu Portugal e França viviam um momento de tensão que envolvia relações comerciais e domínio territorial Portugal estava sob a iminência de uma invasão francesa comandada pelo exército de Napoleão Como a corte portuguesa poderia sair menos prejudicada desse confl ito As saídas poderiam ser muitas e a escolha da família real recaiu sobre deixar o território português e se abrigar nas terras coloniais brasileiras Para isso era necessário estabelecer algumas medidas Assim com a chegada da corte portuguesa em território brasileiro ocorreu a abertura dos portos às nações amigas e a promulgação da Lei Eusébio de Queirós que proibia o tráfi co de escravos nessas plagas Dessa maneira com a chegada de D João VI o Brasil tornouse a sede do reino Considerando que não se sabia por quanto tempo essa situação iria perdurar posto que os franceses poderiam ocupar Portugal indefi nidamente D João VI passou a se preocupar com a numerosa e ostensiva quantidade de negros aqui existentes pois achava que isso não fi cava bem para a sede da monarquia Desta forma incentivou a vinda de imigrantes ao assinar o decreto de 25 de novembro de 1808 que permitia ao estrangeiro ser proprietário de terras no Brasil Os principais fl uxos imigratórios desse período segundo o ano de chegada a origem e o destino podem ser visualizados no quadro a seguir Plaga Região país espaço de terreno Fonte Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa Aula 8 Geografi a da População 143 Quadro 1 Principais fl uxos imigratórios para o Brasil entre 1808 e 1850 Principais fl uxos imigratórios para o Brasil entre 1808 e 1850 Ano Origem Destino 1808 Açores Rio Grande do Sul 1818 Suíça Rio de Janeiro fundaram a cidade de Nova Friburgo 1824 Alemanha Rio Grande do Sul fundaram a cidade de São Leopoldo 1827 Alemanha Paraná Rio Negro 1828 Prússia Pernambuco 1829 Alemanha São Paulo Santo Amaro 1829 Alemanha Santa Catarina fundaram a colônia São Pedro de Alcântara Fonte Adas M e Adas S 2004 A despeito dos incentivos o volume total dessa imigração até 1850 foi inexpressivo e substancialmente inferior à vinda de africanos na condição de escravos Os fatores que explicam esse pequeno fl uxo imigratório são as facilidades de obtenção de mão de obra escrava a instabilidade política do período regencial o prolongado movimento de reação contra a nomeação do presidente da província gaúcha pelo poder central chamado Guerra dos Farrapos 1835 a 1845 o temor do imigrante de ser tratado como um escravo A intensifi cação das pressões inglesas para que fosse extinto o tráfi co de escravos foi determinante para a assinatura em 1850 da Lei Eusébio de Queirós que proibiu tal atividade A partir daí os proprietários de terras especialmente os fazendeiros do café passaram a estimular e promover a vinda de imigrantes com a fi nalidade de substituir a mão de obra escrava O segundo período de 1850 a 1934 Corresponde à fase áurea de imigração para o Brasil Nesse intervalo a abolição da escravatura em 1888 foi o maior incentivo à chegada de imigrantes tendo em vista que obrigou o governo a buscar nova força de trabalho na Europa e no Japão O término dessa fase foi marcado pela redução da chegada de imigrantes decorrente da promulgação da Constituição de 1934 que estabeleceu medidas restritivas à vinda de estrangeiros dentre as quais a defi nição de que a cada ano não poderia ingressar no país mais de 2 do total de entradas de cada nacionalidade nos últimos cinquenta anos Os principais fl uxos imigratórios desse período foram constituídos por italianos o mais expressivo alemães espanhóis síriolibaneses poloneses ucranianos e japoneses Dentre os fatores que favoreceram a entrada de imigrantes no país destacamse o desenvolvimento da cafeicultura que exigiu numerosa mão de obra a proibição do tráfi co de escravos o custeio das despesas do imigrante durante o primeiro ano de trabalho pelo fazendeiro a permissão do fazendeiro para que o imigrante cultivasse produtos de subsistência familiar em uma parcela de suas terras o custeio dos gastos de transporte do imigrante até Aula 8 Geografi a da População 144 1889 pelo governo imperial a abolição da escravatura em 1888 a unifi cação política da Itália em consequência da qual as indústrias manufatureiras do sul diante da concorrência com as do norte entraram em decadência provocando desemprego e instabilidade social É importante registrar que esse período de maior imigração coincidiu com o fi m da escravidão e o esforço do governo e de proprietários de terra para trazer imigrantes isto é força de trabalho para substituir o escravo Nesse sentido tratavase de uma imigração induzida resultante de uma propaganda brasileira no exterior que em muitos casos foi enganosa por oferecer vantagens fi ctícias O contrato de trabalho assinado pelo imigrante em seu país de origem benefi ciava apenas o empregador Porém ele o assinava iludido pela propaganda e sem conhecer o lugar onde iria morar e a realidade que iria enfrentar Diante das situações adversas foram vários os casos de confl itos fugas as famílias não podiam sair antes do término do contrato e até de emigração por parte dos que podiam arcar com as despesas da viagem de retorno ou para outro país da América Nessa fase os fl uxos anuais de imigrantes mais representativos foram os que ocorreram de 1888 quando foi decretada a abolição da escravatura a 19141918 período da I Guerra Mundial Após o confl ito decresceu exponencialmente a imigração para o Brasil Nesse contexto a expansão da indústria paulista para outras regiões do país teve um impacto devastador sobre o segmento industrial têxtil do Nordeste Ao mesmo tempo ocorreu o declínio de atividades tradicionais dessa região como o açúcar e o algodão que dependiam do mercado externo O resultado foi a acentuação do problema do desemprego na região o que motivou o deslocamento de migrantes nordestinos para a cidade de São Paulo e para as áreas cafeeiras Ao assegurar a força de trabalho necessária para a cafeicultura e a indústria esse novo fl uxo migratório assumiu maior importância que a entrada de imigrantes Além desse cenário contribuiu também para a adoção de restrições à imigração o fato de que os imigrantes tinham um nível de consciência política mais elevado do que os exescravos ou os migrantes nordestinos visto que na Europa Ocidental já ocorria a luta por melhores salários e condições de trabalho que tem entre suas formas de efetivação a greve Esses imigrantes lideraram a maioria das greves realizadas no início do século XX no CentroSul especialmente em São Paulo e no Rio de Janeiro Desse modo em 1934 quando o sistema de cotas estabeleceu restrições à imigração para o país esta já era considerada secundária em relação aos migrantes nordestinos O terceiro período de 1934 aos dias atuais Caracterizase pela queda acentuada do fl uxo imigratório no Brasil Todavia nesse intervalo as décadas de 1950 e de 1970 confi guramse como exceções Vamos entender por quê É importante recordar que entre 1939 e 1945 houve a II Guerra Mundial que teve a Europa como o principal cenário de suas batalhas Após o confl ito esse continente fi cou Aula 8 Geografi a da População 145 arrasado foram incontáveis as perdas humanas e materiais Desta forma no início da década de 1950 um número expressivo de imigrantes europeus se deslocou para o Brasil à procura de novas alternativas de vida Em meados do referido decênio o país adentrava na era JK ou seja Juscelino Kubitschek assumiu a Presidência da República e levou adiante o seu projeto de industrialização que atraiu milhares de estrangeiros A associação entre fatores externos a crise europeia e internos a intensifi cação da industrialização nacional provocou uma onda imigratória para o Brasil Na década de 1970 o panorama foi diferente O país vivia a ditadura militar e o crescimento econômico verifi cado nesse período atraiu investimentos e mão de obra do exterior Foi a fase conhecida como milagre brasileiro quando o setor industrial de transportes e serviços foram bastante ampliados e o governo fez elevados investimentos em obras infraestruturais Nessa fase que superou a de 1950 a direção dos fl uxos também partiu de países próximos como o Chile a Argentina e o Uruguai que atravessavam difi culdades econômicas e políticas decorrentes de regimes militares ditatoriais Apesar de constituírem um diferencial no âmbito desta fase ressaltase que os fl uxos imigratórios das mencionadas décadas não obtiveram o volume apresentado no período anterior No elenco de fatores que se mostraram desfavoráveis à vinda de imigrantes para o Brasil destacamse as revoluções de 1930 e 1932 e a instabilidade política e econômica delas decorrentes a reiteração da Lei de Cotas de Imigração pela Constituição de 1937 a defl agração da II Guerra Mundial a concessão de facilidades para a imigração no interior da própria Europa em tempos de reconstrução econômica e territorial o golpe de Estado de 1964 no Brasil que levou ao regime da ditadura militar e o grande endividamento externo do Brasil principalmente a partir da década de 1970 que gerou desemprego elevada infl ação redução do ritmo da atividade econômica etc Quadro 2 Imigração para o Brasil 18082005 Período N de imigrantes 1808 1883 500000 1884 1893 883700 1894 1903 862100 1904 1913 1006617 1914 1923 504000 1924 1933 738000 1934 1943 197200 1944 1953 348400 1954 1963 446700 1964 1973 86400 1974 2005 110000 Fonte Vesentini 2006 p 228 PROPORÇÃO DAS NACIONALIDADES NA IMIGRAÇÃO Para fins estatísticos os portugueses só são considerados imigrantes depois de 1822 com a independência do Brasil Eslavos poloneses e russos síriolibaneses judeus holandeses franceses norteamericanos ingleses coreanos bolivianos nigerianos etc Italianos Portugueses Alemães Japoneses Espanhóis Outros 30 178 13 42 40 31 Período 18081883 18841893 18941903 19041913 19141923 19241933 19341943 19441953 19541963 19641973 19742005 500000 883700 882100 1006617 504000 738000 197200 348400 446700 86400 110000 Imigração para o Brasil 18082005 Brasil Principais grupos de imigrantes e áreas de fixação PI SP PR SC RS RN PB PE AL SE RJ ES DF GO MT MS MG BA MA CE AM RR RO TO AC PA AP Portugueses Italianos Espanhóis Japoneses Alemães Eslavos Sírios Libaneses EUROPA Portugueses Espanhóis Italianos Alemães Eslavos ÁSIA Japoneses Síriolibaneses Imigrantes Praticamente em todo país sobretudo no Rio de Janeiro prefrindo as cidades ao campo São Paulo capital e interior Rio Grande do Sul Bento Gonçalves Garibaldi Caxias do Sul e Santa Catarina nova Trento Urussan ga e Nova Veneza principalmente São Paulo capital e áreas do interior Marília Tupã Presidente Prudente Vale do Ribeira Pará região Bragantina Paraná Londrina Maringá e Mato Grosso do Sul Santa Catarina Vale do Itajaí Rio Grande do Sul Novo Hamburgo Estrela Lajeado Vale dos Sinos Paraná São Paulo e Espírito Santo Paraná Curitiba Ponta Grossa Castro e Lapa em especial Em todo país especialmente os centros urbanos Um certo destaque para São Paulo capital e interior Principalmente São Paulo capital e interior Rio de Janeiro Paraná Minas Gerais e Rio Grande do Sul Áreas de fixação Portugueses Italianos Espanhóis Japoneses Alemães Eslavos Síriolibaneses N O L S Aula 8 Geografi a da População 146 Figura 1 Proporção das nacionalidades envolvidas na imigração para o Brasil 18082005 Nota para fi ns estatísticos os portugueses somente são considerados imigrantes após a Independência do Brasil em 1822 Eslavos poloneses e russos sírio libaneses judeus holandeses franceses norteamericanos ingleses coreanos bolivianos nigerianos etc estão inclusos na categoria de outros Figura 2 Principais grupos de imigrantes e áreas de fi xação no Brasil 18082005 Fonte Vesentini 2006 p 229 Fonte Vesentini 2006 p 228 Atividade 1 1 Aula 8 Geografi a da População 147 Agora que você leu sobre como o Brasil se tornou um país de imigrantes responda a Atividade 1 a seguir Você estudou que o Brasil viveu três períodos relacionados à imigração Leia o fragmento poético abaixo e procure relacionálo a um período da imigração brasileira Após a vinculação elabore uma justifi cativa associando as ideias que regem o fragmento textual ao que você leu nesta aula Navio negreiro Castro Alves Era um sonho dantesco o tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho Em sangue a se banhar Tinir de ferros estalar de açoite Legiões de homens negros como a noite Horrendos a dançar Negras mulheres suspendendo às tetas Magras crianças cujas bocas pretas Rega o sangue das mães Outras moças mas nuas e espantadas No turbilhão de espectros arrastadas Em ânsia e mágoa vãs E rise a orquestra irônica estridente E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais Se o velho arqueja se no chão resvala Ouvemse gritos o chicote estala E voam mais e mais Presa nos elos de uma só cadeia A multidão faminta cambaleia E chora e dança ali Um de raiva delira outro enlouquece Outro que martírios embrutece Cantando geme e ri 2 Aula 8 Geografi a da População 148 No entanto o capitão manda a manobra E após fi tando o céu que se desdobra Tão puro sobre o mar Diz do fumo entre os densos nevoeiros Vibrai rijo o chicote marinheiros Fazeios mais dançar E rise a orquestra irônica estridente E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais Qual um sonho dantesco as sombras voam Gritos ais maldições preces ressoam E rise Satanás Fonte httpwwwculturabrasilorgnavionegreirohtm Acesso em 8 jun 2009 Você considera que o desenvolvimento do Brasil está relacionado à força de trabalho dos imigrantes estrangeiros Justifi que a sua resposta articulando os seus argumentos a ideias contidas nesta aula Como o Brasil se transformou em um país emigrante Você estudou anteriormente que o Brasil nas últimas décadas vivenciou uma inversão dos fluxos migratórios passando da condição de país de imigração para a de país de emigração Você está lembrado o que significa emigração Se tem alguma dúvida volte à Aula 4 Crescimento populacional parte I e releia o que esse termo significa Na transição entre as décadas de 1970 e 1980 o número de brasileiros que fixaram residência no exterior foi superior ao da chegada de estrangeiros para residir no país Desta forma na década de 1980 o Brasil já se configurava como um país de emigrantes Mas quais os fatores que estimularam essa mudança A emigração de brasileiros foi estimulada por motivos políticos e principalmente econômicos Os fatores políticos que influenciaram esse processo estão vinculados às fases de autoritarismo vivenciadas pela sociedade brasileira durante a ditadura militar que governou o país de 1964 a 1985 Nesse período ocorreram perseguições a pessoas por motivos ideológicos prisões ilegais torturas entre outras formas de violência concreta e simbólica Neste contexto muitas pessoas migraram por força de coerção sendo por vezes a única alternativa para preservar a vida ou espontaneamente para gozar uma vida mais livre no exterior Dentre as razões de ordem econômica que mais influenciaram a emigração de brasileiros figura a crise econômica dos anos de 1980 cujas características básicas foram a elevação das taxas de desemprego desvalorização sistemática do salário inflação alta e queda do crescimento das atividades econômicas representada pelo declínio do PIB A despeito da dificuldade de se obter dados estatísticos precisos sobre o total de emigrantes brasileiros porque em muitos casos realizouse a emigração clandestina há referências de que entre os emigrantes destacamse os descendentes de japoneses que foram para o Japão em busca de emprego e melhores salários e em muitos casos objetivando fazer uma poupança e depois retornar para o Brasil e abrir seu próprio negócio e os fluxos direcionados para os EUA país mais procurado pelos brasileiros nas décadas de 1980 e 1990 apesar da dificuldade de se conseguir visto de entrada como imigrante para este país Além desses fluxos também ocorreram deslocamentos de brasileiros para países da América do Sul como O Paraguai corrente formada principalmente por brasileiros semterra ou agricultores com recursos que ultrapassam a fronteira para se dedicar basicamente às atividades agrícolas esses migrantes são reconhecidos como brasiguaios Aula 8 Geografia da População 149 O fluxo de brasiguaios teve início na década de 1970 quando o Paraguai autorizou o loteamento de terras próximo à fronteira com o Brasil permitindo que os brasileiros tivessem acesso a elas O interesse em transpor a fronteira neste caso estava diretamente relacionado ao fato de que os preços da terra no Paraná e em Santa Catarina eram bem superiores aos do Paraguai Entretanto a desilusão e os conflitos logo se fizeram presentes em função da corrupção do órgão do governo paraguaio que promovia os assentamentos e de empresas privadas de colonização que vendiam mesma gleba de terra a dois compradores Em muitos casos os brasiguaios perderam as terras ou ficaram em um estado de pobreza extrema o que acabou determinando o retorno ao Brasil Os brasiguaios são responsáveis pela expansão da fronteira agrícola brasileira para o exterior que beneficiou sobretudo as empresas madeireiras e grandes agricultores Produzem 90 da soja 80 do milho 60 da carne e 50 dos bens industriais do país entretanto vivem em condições de vida bastante precárias O Uruguai fluxo constituído por pecuaristas e agricultores gaúchos atraídos pelo baixo preço das terras e pela implantação do Mercosul Esses emigrantes possuem fazendas que ocupam 1 milhão de ha ou seja 6 da superfície do país onde criam cerca de 500000 cabeças de gado e produzem 60 da safra de arroz do país A Bolívia corrente representada por fazendeiros que se dedicam à plantação de soja e foram atraídos pelos solos férteis da região de Santa Cruz de la Sierra e pela facilidade de aquisição de terras facultada pelo governo boliviano Além dos fazendeiros também emigraram seringueiros madeireiros e garimpeiros para este país A Argentina fluxo formado por produtores agrícolas que ocupam 35 das terras onde é cultivado o arroz e por pessoas que se destinaram ao mercado de trabalho da capital Buenos Aires O Peru corrente constituída principalmente por garimpeiros em busca de trabalho nas minas de ouro A Colômbia fluxo representado por trabalhadores do garimpo de ouro que enfrentam as dificuldades de acesso em função da Floresta Amazônica e da ação de guerrilheiros e narcotraficantes A Venezuela a Guiana o Suriname e a Guiana Francesa correntes formadas por garimpeiros em busca de ouro e diamante Mas as fronteiras a serem ultrapassadas pelos brasileiros se ampliam Em busca de melhores salários e condições de vida eles migram para a Europa a Austrália e o Canadá 150 Aula 8 Geografia da População Atividade 2 1 Aula 8 Geografi a da População 151 Dentre os emigrantes do país ressaltase o segmento formado por cientistas pesquisadores e professores especialmente universitários que optam pela transferência em função das precárias condições de trabalho falta de verba para pesquisa e aquisição de materiais e instrumentos o que gera impacto negativo sobre o ensino universitário brasileiro A despeito da perda de capital humano é possível identifi car como aspecto positivo da emigração a remessa de recursos enviados por brasileiros que trabalham no exterior para suas famílias aqui residentes com o intuito de melhorar as suas condições de vida e de realizar investimentos Dados indicam que em 2005 essa remessa representou um volume de 5 bilhões de dólares isso é superior ao valor das exportações de café e carne de frango ou bovina produtos básicos da lista exportações do país Vários municípios brasileiros têm nesses recursos uma fonte primordial para a sua dinâmica econômica como é o caso de Governador Valadares MG que tem uma parcela considerável de emigrantes residindo nos EUA Veja como fi ca a cartografi a dos fl uxos emigratórios do Brasil Procure um mapa múndi e sobreponha setas a esse mapa direcionado os fl uxos que ocorreram do Brasil para outras nações do continente americano e de outras partes do mundo Para fazer essa atividade trabalhe com as referências dadas nesta aula sobre os fl uxos em termos de direção utilize cores diferentes para as setas continente americano e demais áreas dê um título ao mapa e organize uma legenda Fonte Terra e Coelho 2005 p 37 2 Aula 8 Geografi a da População 152 Faça uma análise sobre as motivações que levaram o Brasil a se transformar em um país de emigração Aula 8 Geografi a da População 153 Migrações internas no Brasil Você estudou até aqui as migrações no contexto da entrada e saída de pessoas do território brasileiro Viu como o Brasil deixa de ser um país de imigrantes e passa a ser uma nação de emigrantes Muito bem veja agora como esse processo migratório ocorre no interior desse país Para isso vamos abordar as migrações interregionais As migrações interregionais no Brasil ocorrem desde o período colonial e estiveram associadas aos ciclos econômicos da canadeaçúcar séculos XVI e XVII da mineração século XVIII do café fi m do século XIX e início do século XX e da borracha 1870 a 1910 No decorrer desses séculos a valorização do produto no mercado mundial requisitava o aumento da produção e consequentemente da mão de obra atraindo para a região produtora pessoas residentes em outras regiões do país Porém as migrações interregionais desse período eram relativamente fracas Somente a partir da segunda metade do século XX é que esse processo foi intensifi cado Para facilitar a compreensão das características que marcaram essa fase de acentuação dos deslocamentos populacionais internos no Brasil consideremos cinco períodos tendo como ponto de partida a década de 1940 A justifi cativa para essa demarcação está no fato de que até a referida década o Brasil era um país cujo povoamento era predominantemente litorâneo tendo em vista que a organização do espaço era infl uenciada pela produção econômica que estava voltada para o exterior De 1940 a 1950 a marcha para o Centrooeste e ocupação do norte do Paraná Entre 1940 e 1950 a mobilidade espacial no território brasileiro foi assinalada pelo início da marcha para o CentroOeste e a ocupação do norte do Paraná Nos anos de 1940 quando teve início a marcha para o CentroOeste as principais regiões fornecedoras de migrantes foram o Sudeste 95505 pessoas e o Nordeste 103047 migrantes que responderam por 446 e 48 da emigração total para essa região A maioria dos migrantes do Sudeste oriunda de Minas Gerais Espírito Santo e São Paulo buscava terras para o desenvolvimento da agricultura Nesse período o Governo Federal criou dois núcleos de colonização a Colônia Agrícola Nacional de Goiás município de Ceres e a de Dourados na época no Mato Grosso hoje Mato Grosso do Sul Os migrantes do Nordeste advindos principalmente dos estados do Nordeste Oriental Maranhão Piauí e do interior da Bahia foram atraídos pelas descobertas de diamantes e cristal de rocha na área da Bacia Hidrográfi ca do Araguaia e também pelos babaçuais do vale do Rio Tocantins na época localizado ao norte do Estado de Goiás N O L S TRÓPICO DE CAPRICÓR NIO EQUADOR OCEANO ATLÂNTICO MT MA PI CE RN PB PE AL SE MS MG BA PR SP Direção das migrações 50 0 0 500 Km Brasil migrações internas 19401950 Aula 8 Geografi a da População 154 Nesse mesmo período o norte do Paraná assumiu a condição de área de atração populacional em decorrência da venda de lotes de terras por uma companhia inglesa nesse caso os núcleos de colonização eram de iniciativa privada As terras férteis da região atraíram um considerável fl uxo de paulistas Da corrente migratória para o norte do Paraná surgiram ou cresceram municípios importantes como Londrina Maringá Paranavaí Araponga entre outros Figura 3 Migrações internas no Brasil 19401950 Fonte adaptado de Oliveira apud ADAS ADAS 2004 p 307 De 1950 a 1960 fl uxo migratório para o Sudeste Entre 1950 e 1960 expressivos fl uxos migratórios foram direcionados para o Sudeste especialmente para o município de São Paulo e seu entorno As correntes migratórias da década de 1950 caracterizaramse pela convergência para o Sudeste notadamente São Paulo e Rio de Janeiro tendo em vista que a região se encontrava em pleno processo de industrialização atraindo também imigrantes estrangeiros Nesse decênio o Nordeste foi a região que registrou o maior número de migrantes para o Sudeste No entanto também houve mobilidade de nordestinos na própria região como é o caso dos fl uxos direcionados para o Maranhão em função da exploração do babaçu e da cultura N O L S TRÓPICO DE CAPRICÓR NIO EQUADOR OCEANO ATLÂNTICO Direção das migrações 50 0 Brasil migrações internas 19501960 0 560 Km Aula 8 Geografi a da População 155 do arroz e para outros estados tais como Mato Grosso e Rondônia atraídos pelo garimpo e Paraná devido à cafeicultura Um outro fl uxo considerável de nordestinos destinouse ao Estado de Goiás tendo como principal motivação a construção de Brasília para onde foram em busca de trabalho na construção civil Ainda nessa década houve migração de gaúchos para o Paraná em busca de terras para a agricultura A imigração para o CentroOeste foi responsável por um expressivo acréscimo em sua população de forma que entre 1950 e 1960 esta foi a região que obteve o maior crescimento populacional no Brasil Figura 4 Migrações internas no Brasil 19501960 Fonte adaptado de Oliveira apud ADAS ADAS 2004 p 308 Aula 8 Geografi a da População 156 De 1960 a 1970 continua a marcha para o CentroOeste e a expansão para a Amazônia Entre 1960 e 1970 as migrações internas deram continuidade à marcha para o Centro Oeste e à expansão em direção a Amazônia Esse período foi assinalado pelo Golpe de 1964 que possibilitou a chegada dos militares ao poder Com base na ideologia da segurança nacional o governo implementou uma política de integração da Amazônia que foi viabilizada inicialmente através da implantação de projetos agropecuários na região mediante incentivos fi scais Essa decisão foi fundamental para deslanchar o processo migratório em direção à Amazônia onde já havia alguns investimentos agropecuários implantados na década anterior pela iniciativa privada Todavia essa fase da ocupação da Amazônia foi marcada pelo predomínio do grande capital pela instalação de propriedade de extensões gigantescas pela falsifi cação de títulos de terras e por uma atuação do Estado que benefi ciou os grandes projetos agropecuários em detrimento dos interesses de indígenas posseiros e pequenos proprietários Neste decênio novamente o Nordeste aparece como área de repulsão populacional tendo em vista que sua estrutura social altamente conservadora não ensejava mudanças estruturais e sua economia era incapaz de absorver a mão de obra disponível na região que se constituía como um foco de tensões sociais Os fl uxos migratórios dos anos de 1960 a 1970 denotaram uma confi guração que envolve as diferentes regiões do país sendo notável a continuação da saída de pessoas do Nordeste para o Sudeste em função da industrialização para os estados do Paraná e Mato Grosso onde buscavam terras para o cultivo agrícola e Goiás para se dedicar à coleta do coco do babaçu e à agricultura de subsistência Houve ainda um aumento da migração do Nordeste para a Amazônia e a saída de migrantes do Rio Grande do Sul Paraná São Paulo e Minas Gerais com destino a Mato Grosso Sobre os migrantes nordestinos ressaltamse dois aspectos primeiro aqueles que aportaram em Goiás e no Pará eram constituídos por trabalhadores rurais e por pequenos proprietários sem capital e segundo o fl uxo direcionado para Manaus foi estimulado pela criação da Superintendência da Zona Franca de Manaus em 1976 que atraiu um grande contingente de pessoas Com relação à migração de gaúchos catarinenses paranaenses e paulistas para Mato Grosso justifi case a existência do fl uxo devido à grande concentração da propriedade da terra na Região Sul e no Estado de São Paulo A densidade dos fl uxos populacionais em direção ao CentroOeste entre 19601970 resultou em uma dinâmica de crescimento demográfi co bastante elevada registrando o maior acréscimo populacional da região N O L S TRÓPICO DE CAPRICÓR NIO EQUADOR OCEANO ATLÂNTICO Direção das migrações 50 0 Brasil migrações internas 19601970 0 490 Km Manaus Santarém Altamira São Félix do Xingu Aula 8 Geografi a da População 157 Figura 5 Migrações internas no Brasil 19601970 Fonte adaptado de Oliveira apud ADAS ADAS 2004 p 312 De 1970 a 1990 e o fl uxo para a Amazônia continua Entre 1970 e 1990 a Amazônia foi o foco dos deslocamentos populacionais internos no Brasil Na década de 1970 as migrações em direção à Amazônia foram induzidas pelo Governo Federal Nesse decênio foi aprovado o Projeto de Integração Nacional PIN no qual fi guravam como obras estruturantes a construção das rodovias Transamazônica e CuiabáSantarém além de um projeto de colonização ao longo dessas estradas onde deveriam ser fi xados os migrantes A Transamazônica deveria facilitar a migração dos nordestinos desviandoos da rota para o Sudeste que já enfrentava problemas de áreas metropolitanas superpovoadas e tensões sociais Além disso era uma estratégia para povoar a Amazônia com a mão de obra que seria requisitada pelos projetos do grande capital A CuiabáSantarém facilitaria a penetração dos fl uxos de migrantes do Sul e Sudeste em direção ao Mato Grosso e Pará e também ao Nordeste tendo em vista o cruzamento desta rodovia com a Transamazônica no sul do Pará Essas estradas foram construídas e embora tenham contribuído para a integração do território nacional também provocaram impacto ambiental e social negativos especialmente para os indígenas Todavia em termos de migração uma característica desse período foi o empenho do Governo Federal em atrair migrantes para se fi xar na Amazônia sem propiciarlhes o acesso N O L S OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO Direção predominante 50 0 0 600 Km Fortaleza Rio Branco Boa Vista DF Caracaraí Brasil migrações internas 19701990 Passo Fundo JiParaná Cáceres Alta Floresta Londrina Aula 8 Geografi a da População 158 à propriedade da terra Conforme Becker 1990 p 48 a alternativa encontrada foi a da mobilidade do trabalhador apoiada na urbanização Assim as cidades e vilas assumiram a condição de local de estoque da mão de obra requisitada para as frentes de trabalho que foram implementadas na região Por se tratar de uma região encoberta por uma fl oresta equatorial a mais densa e intrincada das coberturas vegetais do mundo havia muitas frentes de trabalho como a derrubada de matas o estabelecimento de garimpos a construção de hidrelétricas e rodovias entre outros Deriva dessa dinâmica territorial a elevação significativa da população regional especialmente das cidades entre os anos de 1970 e 1990 No âmbito da Amazônia os estados de Rondônia e Roraima foram os que obtiveram maior crescimento em número relativo no intervalo 19701991 O motivo primordial para Rondônia ter se tornado a principal área de atração populacional no período focalizado foi a implantação do Programa Polonoroeste que defi niu o estabelecimento de projetos de colonização em que o trabalhador rural se tornava proprietário da terra e o asfaltamento da Rodovia CuiabáPorto Velho BR364 também conhecida como Marechal Rondon que integrou o estado à Amazônia e ao CentroSul Entretanto a ocupação foi devastadora em termos ambientais ocorreram desmatamentos e queimadas indiscriminadas para que a fl oresta ceda lugar à agricultura e à pastagem além da extração de madeira de forma irresponsável para fi ns de comercialização No caso de Roraima o crescimento populacional vertiginoso esteve atrelado à descoberta de ouro e diamante nas terras dos Ianomâmi que impulsionou a garimpagem Mas com a demarcação das terras Ianomâmi em 1991 a migração para essa área diminuiu acentuadamente Figura 6 Migrações internas no Brasil 19701990 Fonte adaptado de Oliveira apud ADAS ADAS 2004 p 314 Aula 8 Geografi a da População 159 Década de 1990 refl etindo sobre a recente dinâmica dos fl uxos migratórios As tendências migratórias delineadas nos anos de 1980 tiveram continuidade na década de 1990 Essas tendências correspondem à redução da migração interna rumo ao Sudeste e particularmente às metrópoles declínio do crescimento demográfi co do município e São Paulo que fi gurava anteriormente como principal polo de atração populacional manutenção de fl uxos migratórios em direção à Amazônia e aumento da população dos municípios de médio e pequeno porte No que se refere à diminuição de migrantes em direção ao Sudeste e à queda do crescimento populacional em São Paulo é importante considerar a crise econômica dos anos de 1980 que ecoa na década de 1990 e a desconcentração da economia especialmente da indústria nesse período No primeiro caso verifi case que o cenário de crises afetou o mercado de trabalho ampliando os níveis de desemprego Dessa forma o deslocamento para o Sudeste já não se traduz em garantia de emprego e renda e assim as migrações para a região foram sendo reduzidas Aliás as migrações internas de um modo geral tendem a um decréscimo em função das difi culdades de emprego em todas as regiões No segundo caso observase que a transferência de indústrias para outras regiões ou para o interior de São Paulo ou ainda a instalação de novas indústrias em áreas localizadas fora do centro econômico do país representado pela tríade São Paulo Rio de JaneiroBelo Horizonte provocou o declínio os fl uxos migratórios rumo ao Sudeste e em especial ao município de São Paulo Acrescentese que os problemas urbanos vivenciados em São Paulo no que se refere à habitação transporte e violência contribuem para essa redução Em relação à permanência da Amazônia como um foco de atração populacional a explicação está relacionada às atividades econômicas que ali se desenvolvem Nessa região se efetiva a expansão da fronteira agropecuária e o garimpo desponta como um segmento alvissareiro em ambas as atividades os impactos ambientais negativos com destaque para o desmatamento são nefastos para o ecossistema da fl oresta No que concerne ao crescimento demográfi co dos municípios de médio e pequeno porte registrase que essa dinâmica está vinculada a uma gama diferenciada de fatores que nem sempre aparecem conjugados Dentre eles citase a instalação de indústrias a refuncionalização das cidades em função do turismo a exploração de recursos minerais a expansão do terciário que se efetiva através do estabelecimento de instituições de Ensino Superior centros médicos e hospitalares casas comerciais tecnopolos etc Ressaltase que entre os atrativos das cidades de médio e pequeno porte estão o custo de vida e o nível de estresse que são considerados relativamente baixos se comparados ao que se evidencia nas grandes cidades Um outro aspecto importante na dinâmica dos fl uxos migratórios da década de 1990 diz respeito ao Nordeste que historicamente foi a região a contabilizar o maior número de migrantes Neste decênio a saída de nordestinos foi expressivamente reduzida sendo evidenciado também um movimento de retorno do migrante à mencionada região A confi guração desse quadro Atividade 3 Aula 8 Geografi a da População 160 está vinculada a dois fatores primeiro a crise econômica que diminuiu as oportunidades de trabalho no Sudeste principal foco das migrações nordestinas o que implica no refl uxo da saída de pessoas e também no retorno segundo a expansão da economia urbana especialmente nas médias e grandes cidades da região que ampliou o mercado de trabalho permitindo que uma parcela da mão de obra disponível possa ser absorvida Faça uma síntese das migrações internas no Brasil preenchendo o quadro abaixo utilizando as informações contidas nesta aula Período Área direção do fl uxo Características Aula 8 Geografi a da População 161 Migração ruralurbana As migrações ruralurbanas também chamadas de êxodo rural assumiram proporções consideráveis no Brasil a partir de 1970 quando foi intensifi cado o processo de modernização com base na industrialização e urbanização da sociedade Os dados censitários refl etem a dinâmica demográfi ca derivada desse processo que repercutiu na distribuição espacial da população brasileira Quadro 3 Quadro 3 População urbana e rural do Brasil 19702000 Ano População Total milhões População Urbana População Rural Nº de habitantes milhões sobre o total Nº de habitantes milhões sobre o total 1960 700 313 447 387 553 1970 931 520 559 411 441 1980 1190 804 676 386 324 1991 1468 1109 755 359 245 2000 1695 1377 812 318 188 Fonte IBGE Censos demográfi cos de 1960 1970 1980 1991 e 2000 Em 1960 a população rural ainda era predominante no país e alcançou um pequeno acréscimo na referida década que se evidenciou nos resultados do Censo Demográfi co de 1970 Porém a partir daí passou a apresentar uma tendência ao declínio tanto em termos de população absoluta quanto relativa conforme atestam os dados do Quadro 3 Inclusive foi o Censo de 1970 que demonstrou a inversão no perfi l demográfi co brasileiro que passou de hegemonicamente rural a predominantemente urbano Os censos posteriores ratifi caram a tendência de crescimento da população urbana indicando a intensifi cação do êxodo rural no país A compreensão desse fenômeno está atrelada dentre outros fatores ao processo de modernização implementado no Brasil que provocou mudanças nos espaços rural e urbano Essa modernização viabilizada pela expansão do setor industrial tinha a cidade como lócus de sua realização e tornoua extremamente atrativa por dinamizar a sua economia ampliar o mercado de trabalho e requisitar uma infraestrutura de serviços escolas centros de saúde abastecimento dágua eletrifi cação pavimentação de ruas espaços de lazer programas de habitação popular telefonia etc que se traduziram em melhoria das condições de vida da população Por outro lado as mudanças não se restringiam ao espaço urbano afetando também o meio rural através da modernização e mecanização da agricultura Contrário ao que aconteceu em relação à cidade que se confi gurou uma área de atração populacional no meio rural a perspectiva era de repulsão tendo em vista que essa modernização que elevou a produtividade do trabalho via introdução de máquinas e técnicas modernas de cultivo dispensou um signifi cativo contingente da mão de obra empregada no campo Foi basicamente esse segmento da população que vivenciou o êxodo rural Atividade 4 1 2 Aula 8 Geografi a da População 162 Todavia é essencial ressaltar que no Brasil esses migrantes foram parcialmente incorporados ao mercado de trabalho urbano por vezes restandolhes o subemprego e a economia informal Da mesma forma uma parcela considerável dessa população enfrenta problemas como o desemprego em grande parte decorrente do baixo nível de escolaridade e a moradia precária em geral atrelada ao processo de periferização eou favelização da cidade Além dos fatores de mudança anteriormente analisados também é possível identifi car que a migração ruralurbana no Brasil foi motivada por fatores de estagnação que estão associados a um crescimento populacional em ritmo superior ao da oferta de trabalho Desse modo passou a existir um contingente de trabalhadores que não é absorvido no local porque a terra agrícola disponível não assegura o trabalho e a renda necessários à sua sobrevivência e assim são forçados a migrar Entre as causas dessa situação está o problema da estrutura fundiária prevalecente no país marcada pela concentração de terras nas mãos de latifundiários principalmente no Nordeste Ressaltase que no CentroSul a situação assume um outro perfi l visto que a pequena extensão da terra não é sufi ciente para atender as necessidades de todos os fi lhos do proprietário o que os estimula à migração Assista ao fi lme Central do Brasil Faça um comentário do fi lme tendo por objetivo discutir as migrações internas do Brasil e suas repercussões socioespaciais Outros movimentos populacionais no Brasil Para além dos movimentos migratórios discutidos você pode ainda identificar e discutir a existência de outras formas de movimentos populacionais no Brasil É perceptível hoje Migrações pendulares existentes principalmente nas grandes cidades envolvendo o deslocamento diário de trabalhadores do seu local de moradia para o de trabalho e viceversa A intensificação da rede urbana recentemente tem permitido evidenciar esse fluxo migratório articulando cidades de médio e pequeno porte Migração urbanourbana anualmente abrange milhões de pessoas que se deslocam de uma cidade para outra quase sempre das pequenas para as médias ou de ambas para as de grande porte Por vezes configuram também migrações interregionais por envolver cidades de regiões diferentes ou representam a continuação do êxodo rural Migração ruralrural efetivase através do deslocamento de pessoas de uma área agrícola para outra podendose incluir a transumância ou seja a migração de caráter temporário Como exemplo temos os movimentos dos peões e boiasfrias que obedecem à dinâmica sazonal das atividades que desenvolvem Migração urbanorural no Brasil apresenta pequena expressão numérica corresponde ao deslocamento de pessoas da cidade para o campo geralmente ao retorno de filhos para cuidar das terras da família ou de pessoas que não se adaptaram à vida na cidade Recentemente esse fluxo também se evidenciou através de um pequeno número de pessoas que tem optado pela saída da cidade para morar em condomínios rurais Muito bem com essa aula sobre migração no Brasil você trilhou por mais um campo que envolve a Geografia da População Para finalizar essa parte faça a Autoavaliação Resumo Nesta aula você estudou os fluxos migratórios existentes no Brasil Viu como este país historicamente vai vivenciando cada fase de imigração e emigração e a dinâmica interna que rege os processos migratórios ou seja os fluxos interregionais os deslocamentos ruralurbano e outros tipos que caracterizaram o Brasil no século XX Por intermédio dessa aula você foi levado a entender a organização socioespacial que se configurou a partir da dinâmica migratória que regeu o Brasil desde a colonização até os dias atuais Aula 8 Geografia da População 163 Aula 8 Geografi a da População 164 Autoavaliação A migração no Brasil envolve processos de imigração emigração e migrações internas A respeito desses processos explique a O que foi a imigração no Brasil b O que representou a emigração para Brasil c Como o Brasil deixa de ser um país de imigrantes para ser um país de emigrantes d Os fl uxos migratórios internos existentes no Brasil a partir da década de 60 do século XX até os dias atuais Referências ARAUJO T B Ensaios sobre o desenvolvimento brasileiro Rio de Janeiro Revan 2000 BECKER B EGLER C Brasil uma nova potência regional na economiamundo Rio de Janeiro Bertrand Brasil 1992 CANO W Raízes da concentração industrial em São Paulo Campinas FECAMP 1998 MARTINS J de S A imigração e a crise do Brasil agrário São Paulo Pioneira 1973 MARTINS J de S O cativeiro da terra São Paulo Ciências humanas 1981 OLIVEIRA A U de Integrar para não entregar políticas públicas e Amazônia In ADAS M ADAS S Panorama geográfi co do Brasil contradições impasses e desafi os socioespaciais São Paulo Moderna 2004 ROSS J Geografi a do Brasil São Paulo EDUSP 1995 SANTOS M SILVEIRA M L O Brasil território e sociedade no início do século XXI Rio de Janeiro Record 2001 SILVA J G A modernização dolorosa Rio de Janeiro Zahar 1982 SINGER P Dinâmica populacional e desenvolvimento São Paulo HUCITEC 1980 VESENTINI J W Brasil sociedade e espaço geografi a do Brasil São Paulo Ática 2006 p 228 Anotações Aula 8 Geografi a da População 165 Anotações Aula 8 Geografi a da População 166 Distribuição geográfi ca da população 9 Aula Entretanto é importante registrar que apesar do Norte e CentroOeste apresentarem baixos índices houve um aumento da participação da população dessas regiões no total da população brasileira que passou de 11 em 1980 para 144 em 2000 Conforme foi estudado na aula sobre migração interna no Brasil esse crescimento é atribuído à expansão da fronteira agropecuária à garimpagem e à mineração A respeito das desigualdades existentes na distribuição da população no Brasil leia as informações a seguir População das regiões brasileiras e participação na população total 2000 Indicadores Regiões Sudeste Norte e CentroOeste Área km² 9722862 54817151 População absoluta 72412411 24537432 Regiões População absoluta Participação na população total do país Sudeste 72412411 426 Nordeste 47741711 282 Sul 25107616 148 Norte 12900704 282 CentroOeste 11636728 69 Fonte IBGE Anuário estatístico do Brasil 2001 p 215 Fazendo uma correlação entre os dados podese concluir que O Sudeste possui uma área que corresponde a 108 do território nacional e abriga 426 da população brasileira podendo ser considerada a região que abriga as maiores cidades grandes parques industriais comerciais e de serviços O Norte e o CentroOeste juntos totalizam uma área que equivale a 641 do território nacional e abrigam somente 144 da população brasileira podendo ser vistas como as regiões que abrigam os maiores vazios demográficos Um exemplo disso é a porção Norte do país alvo nos últimos anos das políticas de desenvolvimento territorial para estimular a ocupação e o crescimento regional Aula 9 Geografia da População 182 1 2 3 4 Aula 9 Geografi a da População 169 Apresentação E sta aula tem como tema a distribuição da população no mundo e no Brasil Vamos discutir o que é densidade demográfi ca e os fatores naturais e socioeconômicos que interferem em sua confi guração bem como a relação entre a distribuição da população e o desenvolvimento e subdesenvolvimento Assim você será levado a revisar conceitos já estudados na Aula 4 Crescimento populacional parte I desta disciplina e a mobilizar informações e habilidades para realizar a leitura de mapas O conjunto de atividades apresentado tem por meta articular os conteúdos conceituais a situações práticas de aprendizagem Objetivos Compreender a distribuição da população no mundo e no Brasil Discutir a densidade demográfi ca como uma realidade desigual e interconectada a fatores naturais e socioeconômicos Entender a relação entre distribuição da população desenvolvimento e subdesenvolvimento das nações Compreender as razões da desigual distribuição da população no território brasileiro Aula 9 Geografi a da População 170 Distribuição espacial da população mundial A o iniciar os estudos sobre a distribuição espacial da população na superfície do planeta você deve estar lembrado que na Aula 4 foram abordados alguns conceitos básicos referentes à dinâmica demográfi ca Dentre as noções estudadas estavam as defi nições de população absoluta e população relativa Pois bem nesta aula você observará como a população encontrase distribuída na superfície da Terra de modo a compreender melhor a relação entre espaço e ocupação demográfi ca Na disciplina Leituras Cartográfi cas e Interpretações Estatísticas I e II você deve ter visto noções básicas sobre como interpretar mapas Que tal exercitar as habilidades adquiridas nas disciplinas articulandoas às discussões desta aula Para isso observe bem o mapa a seguir que apresenta informações sobre a distribuição da população mundial Figura 1 Densidade demográfi ca mundial Fonte Terra e Coelho 2005 p 449 Após a observação do mapa e dos elementos cartográfi cos que o constituem como título legenda escala e linhas imaginárias você deve ter percebido que existem áreas que são densamente povoadas e outras que se constituem como verdadeiros vazios demográfi cos Por que será que isso ocorre A densidade demográfi ca ou população relativa é defi nida pela razão existente entre a população absoluta e a área territorial ou a superfície por ela ocupada Sendo assim é o indicador utilizado para avaliar a distribuição da população pelo espaço geográfi co Todavia por ser apenas uma média não mostra efetivamente o que ocasiona tal distribuição da população pelo território Observase que na maioria dos países há áreas que são densamente povoadas Aula 9 Geografi a da População 171 e outras que são escassamente povoadas Dessa forma a distribuição espacial da população no mundo é bastante desigual Existem amplos espaços com baixa densidade demográfi ca e outros em que esse indicador se apresenta extremamente elevado Essa desigual distribuição da população pode ser explicada por fatores físicos ou naturais e históricos e socioeconômicos que atuam individual ou conjuntamente favorecendo ou restringindo a ocupação do espaço Vejamos como esses fatores podem interferir nesse processo a Fatores naturais a despeito dos avanços tecnológicos que possibilitam a ocupação humana em regiões inóspitas do planeta os fatores naturais como clima relevo hidrografi a solo e vegetação atuam em conjunto gerando condições favoráveis ou desfavoráveis à ocupação populacional Desta forma as áreas onde essas condições apresentamse mais favoráveis à ocupação humana são chamadas de ecúmenas e geralmente estão próximas de vales fl uviais e zonas costeiras Aquelas áreas em que os fatores acima citados se mostram desfavoráveis são denominadas de anecúmenas e geralmente são desertos regiões geladas e montanhas Os fatores naturais podem restringir ou favorecer o adensamento populacional em determinado local Um exemplo de atuação favorável desses fatores corresponde às áreas de planícies cujos vales são férteis contribuindo para a fi xação humana Já as áreas de clima árido assumem uma condição oposta em decorrência da escassa e irregular pluviosidade que conjugada a solos com baixa aptidão agrícola difi cultam a ocupação populacional b Fatores históricos e socioeconômicos apresentamse interligados e têm grande influência na localização da população Em nível mundial esses fatores incluem a expansão colonizadora do século XVI responsável pelos grandes fl uxos migratórios que deslocaram milhares de pessoas de seu continente de origem e formaram adensamentos populacionais dispersos pelo mundo a Revolução Industrial na segunda metade do século XVIII que provocou a urbanização nos países desenvolvidos e ao se expandir para os subdesenvolvidos na segunda metade do século XX intensifi cou esse processo gerando extraordinários adensamentos populacionais como as atuais metrópoles e megalópoles Na atualidade a distribuição desigual da população pelo planeta está mais associada aos fatores históricos e socioeconômicos do que aos fatores naturais tendo em vista que a revolução tecnocientífi ca possibilitou a superação de parte considerável das limitações naturais o que levou a humanidade a expandir sua ocupação ao conquistar espaços antes inabitáveis Um exemplo desse progresso são as áreas desérticas que em função do uso de tecnologias sofi sticadas conseguem produzir gêneros agrícolas e se inserir no processo produtivo atraindo contingentes populacionais e investimentos Os fatores históricos e socioeconômicos como as atividades industriais e a prestação de serviços são responsáveis por grandes concentrações demográfi cas que se refl etem nas elevadas densidades populacionais de algumas regiões do planeta O Nordeste dos EUA e o eixo São Paulo Rio de Janeiro no Brasil são áreas que exemplifi cam bem a situação anteriormente exposta Atividade 1 Aula 9 Geografi a da População 172 Assim pensando a distribuição populacional entre as áreas urbanas e rurais em nível mundial verifi case que as primeiras geralmente apresentam as maiores concentrações tendo em vista que a urbanização é um processo que assumiu dimensões planetárias Todavia ainda há países no mundo em que a população rural é superior à urbana e no interior de alguns países há regiões que assim se confi guram Com relação à questão das áreas agrícolas constatase que naquelas onde ocorreu a mecanização intensiva pradarias nos EUA Canadá e Austrália as densidades demográfi cas são baixas porque a atividade requisita um pequeno número de trabalhadores enquanto isso nas áreas de agricultura tradicional e de jardinagem como a planície chinesa e o Sudeste asiático as densidades populacionais são mais elevadas em função da relação trabalhoárea ser maior e o emprego de tecnologias modernas ser mais reduzido Agora que você já viu os fatores que servem para explicar a desigual distribuição da população pelo planeta exercite um pouco o que você estudou Para isso volte ao mapa apresentado na Figura 1 que tem informações sobre a distribuição populacional A partir do mapa da Figura 1 e do que você estudou sobre os fatores que contribuem para a distribuição da população pelo planeta responda o que se pede a Observando o mapa e a legenda é possível verifi car as áreas mais densamente povoadas do mundo Identifi que e descreva uma área em cada continente que se encontra nessa situação b Observando o mapa e a legenda é possível verifi car as áreas com menores densidades demográfi cas do mundo Identifi que e descreva a localização geográfi ca da área selecionada c Explique a densidade demográfi ca existente nas áreas selecionadas por você para responder as solicitações dos itens a e b relacionandoa aos fatores naturais ou socioeconômicos que atuam individual ou conjuntamente favorecendo ou restringindo a ocupação do espaço Após a realização dessa atividade prossiga na leitura da aula e veja que há uma relação entre distribuição da população e as condições de desenvolvimento e subdesenvolvimento das nações Aula 9 Geografi a da População 173 A distribuição da população e sua relação com o desenvolvimento e o subdesenvolvimento Focalizandose a distribuição populacional por continentes observase que os contrastes são bastante acentuados Tabela 1 Tabela 1 Distribuição da População Mundial por continentes 2002 Continente População Absoluta Área km2 Densidade demográfi ca habkm2 Ásia 3761744000 44500799 845 América 791296000 42074773 197 África 818025000 30213059 270 Europa 694352000 10298929 674 Oceania 33275000 8541172 38 Total 6098692000 135628732 449 Fonte Calendário atlante De Agostini 2004 apud TERRA COELHO 2005 p 451 De acordo com esses dados o continente mais populoso é a Ásia onde vivem 616 da população mundial nesse continente se localizam a China e a Índia os dois países mais populosos do mundo O continente asiático também apresenta a mais elevada densidade demográfi ca do planeta o Sudeste asiático está entre as áreas mais povoadas da Terra No outro extremo aparece a Oceania que abriga 054 da população mundial e a mais baixa densidade entre os continentes Um breve panorama da distribuição populacional entre as áreas segundo os níveis de desenvolvimento indica que dos 61 bilhões de habitantes do planeta aproximadamente 5 bilhões vivem em países subdesenvolvidos e 11 bilhão residem em países desenvolvidos As maiores aglomerações populacionais chamadas de formigueiros humanos são encontradas nos países subdesenvolvidos sobretudo nos vales fl uviais da Ásia destacando se a planície IndoGangética que se estende entre o Paquistão e a Índia Todavia essa não é uma situação específi ca dos subdesenvolvidos Fatores históricos e socioeconômicos propiciaram o surgimento de adensamentos demográfi cos elevados em áreas eou países desenvolvidos dos quais se ressaltam a Europa os EUA e o Japão Aula 9 Geografi a da População 174 Dentre os fatores que explicam a concentração demográfi ca na Europa especialmente nos países mais populosos integrantes da União Europeia está o dinamismo econômico do bloco o que tornou a área um foco de atração populacional Nos EUA um país populoso e de densidade demográfi ca relativamente elevada as maiores concentrações estão nos aglomerados urbanos situados nas proximidades do Oceano Atlântico nesta área encontramse duas das maiores megalópoles do mundo BostonWashington e ChicagoPittsburgh Os fatores que explicam essa elevada concentração populacional são a disponibilidade de recursos naturais a existência de uma densa rede hidrográfi ca e o processo de colonização do território Recentemente surgiu uma megalópole San DiegoSan Francisco na Costa Oeste dos EUA em decorrência do desenvolvimento do Vale do Silício importante centro tecnológico No Japão as maiores concentrações populacionais ocorrem ao longo da costa do Oceano Pacífi co onde se localizam duas megalópoles TókioOsaka e OsakaFukuoka As razões dessa densa aglomeração urbana estão associadas à existência de elevadas montanhas no interior e ao perfi l da economia do país que se evidencia altamente dependente do mercado externo tanto para a aquisição de recursos naturais quanto para a comercialização de bens industriais No início do século XXI observase uma tendência à expansão urbana na costa do Mar do Japão litoral voltado para a Ásia em função da desconcentração industrial decorrente da saturação dos transportes do encarecimento dos terrenos e de rígidas leis ambientais Pare e exercite mais um pouco Atividade 2 Aula 9 Geografi a da População 175 Nesta atividade você vai trabalhar com duas informações Tabela e Mapa Para isso siga as orientações 1 Observe na Tabela 2 a seguir a relação dos 10 países mais populosos do mundo e suas respectivas densidades demográfi cas Tabela 2 Países mais populosos do mundo em milhões 2000 Países População Absoluta Densidade Demográfi ca habkm2 China 12850 1378 Índia 10251 3448 Estados Unidos 2859 311 Indonésia 2148 1186 Brasil 1696 198 Paquistão 1450 1881 Federação Russa 1447 86 Bangladesh 1404 10784 Japão 1273 3493 Nigéria 1169 4284 Fonte Banco MundialIBGE apud TAMDJIAN MENDES 2004 p 472 2 Agora veja o mapa a seguir e localize os referidos países da Tabela 2 Figura 2 Planisfério população total 2003 Fonte Terra e Coelho 2005 p 445 Aula 9 Geografi a da População 176 3 Após a localização dos países no mapa faça uma classificação das nações entre desenvolvidos e subdesenvolvidos preenchendo o quadro abaixo PAÍS CLASSIFICAÇÃO 4 Agora explique a A relação entre densidade demográfi ca e desenvolvimento socioeconômico tendo como parâmetro a classifi cação das nações feita por você b A relação entre densidade demográfi ca e subdesenvolvimento econômico tendo como parâmetro a classifi cação das nações feita por você Aula 9 Geografi a da População 177 Para subsidiar melhor as suas respostas você pode voltar à Aula 5 Crescimento populacional parte II que traz discussões sobre o desenvolvimento e o subdesenvolvimento no contexto da dinâmica de crescimento populacional Continuando a discussão Ao fazer essa atividade você deve ter entendido que nem sempre o fato de se tratar de um país populoso signifi ca que ele possui uma elevada densidade demográfi ca Outrossim é preciso considerar que a distribuição populacional no interior dos países é bastante desigual Enquanto Bangladesh é o 8 país em população absoluta em população relativa assume o 1 lugar Já a Federação Russa está entre os 10 países mais populosos contudo apresenta uma baixa densidade demográfi ca A China é o país mais populoso do mundo e ocupa o 6 lugar em termos de população relativa Essa visão panorâmica da distribuição geográfi ca da população mundial ratifi ca a tese de que os fatores naturais e de ordem histórica e socioeconômica infl uenciam sobremaneira a ocupação do espaço e o adensamento demográfi co Mas como será que esse processo ocorreu no Brasil Atividade 3 Aula 9 Geografi a da População 178 Figura 3 Densidade demográfi ca do Brasil Fonte Moreira 2006 p 344 Observe o mapa a seguir Distribuição espacial da população no Brasil O Brasil é o quinto país mais populoso do mundo Mas será que pode ser considerado um país densamente povoado Para iniciar essa discussão faça o que se pede Aula 9 Geografi a da População 179 De acordo com o mapa responda a Você considera que o Brasil pode ser considerado muito populoso e pouco povoado Justifi que b Cite as áreas mais densamente povoadas e a de menor densidade demográfi ca c De acordo com a resposta dada na letra b apresente dois argumentos que você considera relevantes para justifi car a densidade demográfi ca brasileira Aula 9 Geografi a da População 180 Agora que você respondeu essa atividade de sondagem dos seus conhecimentos continue a leitura da aula e compare se o que você sistematizou está de acordo com o que é dito sobre o Brasil a respeito da densidade demográfi ca Para os estudiosos dos temas populacionais o Brasil tem uma baixa densidade demográfi ca em decorrência de sua vasta extensão territorial ou seja é um país populoso e ao mesmo tempo pouco povoado No entanto como será a distribuição da população pelo território Conforme você pode observar no mapa do Brasil anteriormente apresentado este país possui uma desigual distribuição espacial da população que se mostra evidente a partir do contraste entre a densa ocupação da zona litorânea e o fraco povoamento do interior Na faixa litorânea existem densidades demográfi cas superiores a 20 habkm2 chegando em algumas áreas a elevados adensamentos populacionais que superam os 50 habkm2 principalmente nas regiões Nordeste e Sudeste Nessa faixa estão localizadas importantes cidades do país entre as quais se destacam capitais de estados Natal João Pessoa Maceió Aracaju e Vitória e as áreas metropolitanas de São Paulo Rio de Janeiro Salvador Recife e Fortaleza que junto com a zona cacaueira do sul da Bahia Ilhéus Itabuna e Ipiau apresentam as mais elevadas densidades demográfi cas do Brasil Partindo do litoral em direção ao interior as densidades demográfi cas declinam para menos de 20 habkm2 com exceção de algumas áreas como Campo Grande e seu entorno MS Cuiabá e municípios adjacentes MT Brasília e as cidades satélites e Goiânia e circunvizinhanças GO Vale do Parnaíba próximo a Teresina PI vales dos rios Gurupi Mearim e Grajaú além da capital São Luís MA Grande Belém Abaetetuba Bragança e Castanhal PA Manaus AM e Macapá e entorno AP Excluindo essas manchas de adensamento populacional mais signifi cativos predominam no imenso interior brasileiro baixas densidades demográfi cas de 1 a 5 habkm2 e inferiores a 1 habkm2 As áreas de baixíssimas densidades demográfi cas correspondem a trechos do noroeste de Minas Gerais oeste da Bahia sul do Piauí e Maranhão e extensas partes dos estados que formam as regiões CentroOeste Norte do país Essa distribuição espacial da população brasileira de forma bastante irregular está articulada sobretudo a fatores históricoeconômicos porém não se pode negligenciar que os fatores naturais também infl uenciaram e infl uenciam o processo de ocupação do espaço O papel que os fatores históricoeconômicos exercem pode ser explicado a partir da inserção do Brasil na dinâmica do capitalismo mundial na condição de espaço dependente dos interesses externos A concentração da população na porção leste do território em áreas próximas ao litoral é uma tendência que começou com a ocupação do espaço pelo colonizador no período em que a canadeaçúcar comandava a economia e foi se consolidando em épocas posteriores Aula 9 Geografi a da População 181 em meio a outros ciclos econômicos como o do café do cacau e o da industrialização Em resumo as razões da elevada ocupação no litoral remetem à condição do país como ex colônia de exploração e à consequente dependência econômica que geraram a necessidade de articulação com o mercado externo e a concentração das principais atividades econômicas e do processo de urbanização nessa faixa do território Sendo assim durante muito tempo as porções central e norte do país onde há baixo adensamento populacional não participaram ativamente da dinâmica do desenvolvimento nacional Acrescentese que a precária infraestrutura de transportes e comunicações gera difi culdades à articulação desses espaços a outras regiões Porém a partir da década de 1970 essas áreas foram alvo de uma política de povoamento impulsionada pelo Governo Federal conforme foi estudado na aula sobre migrações no Brasil o que contribuiu para o aumento do número de habitantes A instalação da Zona Franca de Manaus e o desenvolvimento de intensa atividade mineradora vinculada ao capital nacional e internacional têm fomentado o desenvolvimento regional A despeito do crescimento demográfi co dessas áreas em termos absolutos e relativos a confi guração geral do perfi l de distribuição da população pelo espaço brasileiro ainda não sofreu alterações substanciais A confi rmação dessa assertiva pode ser obtida através da avaliação das informações sobre a evolução das densidades demográfi cas das regiões brasileiras entre 1940 e 2000 Tabela 3 Densidades demográfi cas das regiões do Brasil 19402000 País Regiões Recenseamentos 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 Brasil 488 614 829 1101 1407 1718 1994 Norte 041 052 072 101 165 259 335 Nordeste 936 1165 1438 1823 2257 2722 3072 Sudeste 1997 2554 3334 4338 5631 6766 7832 Sul 1020 1395 2091 2935 3386 3834 4357 CentroOeste 067 092 157 270 401 585 724 Fonte Adas e Adas 2004 p 302 As informações relativas à densidade demográfi ca ratifi cam a tendência à elevação desse indicador em termos de Brasil e de todas as suas regiões No período em exame dentre as regiões do país o Sudeste e o Sul apresentaram os mais elevados indicadores e o Norte e o CentroOeste os menos expressivos A região Nordeste assume uma posição intermediária A região Nordeste ocupa uma posição intermediária mas abriga no seu interior problemas crônicos como a seca e a concentração do desenvolvimento e dos recursos nas áreas litorâneas deixando o interior em uma posição desfavorável no contexto da inserção da região no mercado nacional e global A Região Sul apresenta assim como a Região Sudeste indicadores favoráveis ao desenvolvimento e à inserção da região no mercado nacional e global devido à conjunção dos fatores naturais históricos e socioeconômicos que se fazem presentes Assim para finalizar esta aula você ainda tem uma tarefa a fazer Atividade 4 Volte à Atividade 3 e releia o que você respondeu Compare com o que você leu sobre a realidade brasileira e escreva uma síntese de duas laudas sobre a distribuição da população no brasil Aula 9 Geografia da População 183 Resumo 1 3 2 4 Aula 9 Geografi a da População 184 Autoavaliação Explique como os fatores naturais e socioeconômicos interferem na dinâmica da distribuição da população no espaço Quando olhamos o mapamúndi e a distribuição da população pelas nações podemos perceber que há uma relação entre desenvolvimento subdesenvolvimento e densidade demográfi ca Justifi que o porquê dessa relação Discuta por que no Brasil as áreas litorâneas apresentam altas densidades demográfi cas Justifi que a existência de baixas densidades demográfi cas na Região Norte do Brasil e altas densidades demográfi cas na Região Sudeste Nesta aula você estudou a distribuição da população no planeta e no Brasil Viu que o mundo não se apresenta de forma homogênea quando a discussão é a localização geográfi ca da população Compreendeu que os fatores naturais sociais e econômicos interferem na distribuição da população e que há uma relação entre densidade demográfi ca desenvolvimento e o subdesenvolvimento das nações Estudou especifi camente a realidade brasileira entendendo o porquê do país ser considerado muito populoso mas pouco povoado Para o desenvolvimento dessa aula você foi estimulado a ligar as habilidades cartográfi cas já apreendidas às leituras sobre a temática populacional Anotações Aula 9 Geografi a da População 185 Referências ADAS M ADA S Panorama geográfi co do Brasil São Paulo Moderna 2004 ARAUJO T B Ensaios sobre o desenvolvimento brasileiro Rio de Janeiro Revan 2000 BECKER B EGLER C Brasil uma potencia regional na economiamundo Rio e Janeiro Bertrand Brasil 1992 CANO W Raízes da concentração industrial em São Paulo Campinas FECAMP 1998 IBGE Censos demográfi cos Disponível em wwwibgegovbr Acesso em 12 jun 2009 Atlas geográfi co escolar Rio de Janeiro 2002 MOREIRA I Espaço geográfi co geografi a geral e do Brasil São Paulo Ática 2006 SANTOS M SILVEIRA M L O Brasil território e sociedade no início do século XXI Rio de Janeiro Record 2001 TAMDJIAN J O MENDES I L Geografi a geral e do Brasil São Paulo FTD 2004 TERRA L COELHO M de A Geografi a geral o espaço natural e socioeconômico São Paulo Moderna 2005 Anotações Aula 9 Geografi a da População 186 Estrutura da população Parte I 10 Aula Sobre a estrutura etária A estrutura etária da população corresponde à sua distribuição por faixas de idades jovem adulta e idosa Os intervalos que compreendem as faixas etárias podem variar de acordo com os objetivos e conveniências de organismos internacionais ou mesmo dos países As classificações mais utilizadas são a Jovens 0 a 14 anos adultos 15 a 59 anos e idosos 60 anos e mais b Jovens 0 a 14 anos adultos 15 a 64 anos e idosos 65 anos e mais c Jovens 0 a 19 anos adultos 20 a 59 anos e idosos 60 anos e mais Informativo Há uma tendência para considerar 65 anos como a idade mínima do idoso em decorrência do aumento da expectativa de vida Há uma propensão para se considerar 14 anos como a idade máxima do jovem em função da entrada cada vez mais precoce do jovem no universo das atribuições e responsabilidades da vida adulta Estrutura populacional x crescimento demográfico Você sabia que as variáveis estrutura e crescimento populacional apresentam estreita relação Veja por que os países que possuem elevado crescimento vegetativo apresentam uma estrutura etária jovem ou seja a população nessa faixa é predominante Já os países que detêm baixo crescimento vegetativo geralmente revelam uma estrutura etária adulta ou velha isto é a população jovem não é maioria são países em que a tendência à baixa taxa de natalidade e elevada expectativa de vida vêm se consolidando Uma forma interessante de visualizar o perfil da estrutura da população por idade é através da pirâmide etária Nessa representação gráfica é possível observar a estrutura da população por idade e sexo de determinado país Mas para que possamos compreender bem o que a pirâmide etária representa é necessário que nos apropriemos de alguns conhecimentos básicos que dizem respeito à sua conformação Aula 10 Geografia da População 191 1 2 3 4 5 Aula 10 Geografi a da População 189 Apresentação N esta aula você vai dar continuidade aos estudos sobre população tendo como tema geral a estrutura etária e por sexo Verá que a estrutura etária da população corresponde à sua distribuição por faixas de idades e que a estrutura sexual está relacionada à quantidade de homens e mulheres no conjunto da população total Discutirá a relação entre expectativa de vida taxas de natalidade mortalidade e crescimento vegetativo dos países desenvolvidos e subdesenvolvidos além dos regimes demográfi cos que apresentam a partir dos quais são classifi cados em países com população jovem idosa e em processo de envelhecimento Por fi m poderá visualizar a espacialização geográfi ca dos regimes demográfi cos no mundo Objetivos Entender a estrutura da população sob a ótica da idade e do gênero Compreender o que é pirâmide etária e sua importância para os estudos populacionais Discutir os regimes demográficos que classificam a população em envelhecida em fase de envelhecimento e jovem relacionandoos vao desenvolvimento e subdesenvolvimento dos países Comparar a expectativa de vida as taxas de natalidade e mortalidade e o crescimento vegetativo dos países desenvolvidos subdesenvolvidos industrializados e subdesenvolvidos entendendo as implicações desses indicadores para os regimes demográfi cos Analisar como está a espacialização da população no mundo de acordo com a faixa etária Atividade 1 Aula 10 Geografi a da População 190 Para início de conversa Você considera que a população de uma área é homogênea ou heterogênea Justifi que a sua escolha Se você escolheu a heterogeneidade para a sua resposta está no caminho adequado para compreender os estudos populacionais a partir da composição estrutural Mas o que signifi ca estudar a população de acordo com a estrutura Signifi ca que os estudos sobre a população de uma unidade políticoadministrativa seja um país estado região ou município dizem respeito à elaboração e análise de um conjunto de dados que são coletados levandose em conta idade gênero etnia trabalho renda setores da economia Nessa vertente os estudos populacionais pretendem classifi car a população agrupandoa em determinadas categorias Esses estudos mostram um retrato da situação populacional e são fundamentais para o planejamento e a gestão do território Nesta aula abordaremos a estrutura etária e sexual da população evidenciando como se confi guram em relação a países desenvolvidos e subdesenvolvidos Aula 10 Geografi a da População 192 O que é uma pirâmide etária A pirâmide etária é formada por um eixo horizontal chamado abscissa que indica a quantidade de pessoas em valor absoluto ou porcentagem à direita estão representadas as mulheres e à esquerda os homens Um eixo vertical identifi cado por ordenada representa as faixas de idade As partes que a compõem são base parte inferior que corresponde à população jovem corpo parte intermediária que equivale à população adulta e ápice ou topo parte superior que representa a população idosa A análise de uma pirâmide etária permite inferir conclusões sobre natalidade expectativa de vida proporção de homens e mulheres na população dentre outros Se a pirâmide apresenta base larga indica que a taxa de natalidade é alta e a população jovem é numerosa Se o topo é estreito indica uma pequena participação percentual de idosos no conjunto total da população e portanto a expectativa de vida é baixa A alta taxa de natalidade e a baixa expectativa de vida são características de subdesenvolvimento Por outro lado caso a base da pirâmide seja estreita indicando baixa taxa de natalidade e o topo apresentese com certa largura apontando maior expectativa de vida a pirâmide sinaliza características de desenvolvimento A despeito disso é importante ressaltar que não se pode classificar um país em desenvolvido ou subdesenvolvido apenas pela pirâmide etária pois esta classifi cação exige que sejam considerados vários indicadores sociais e econômicos além dos demográfi cos Atividade 2 4 2 0 2 4 8 6 4 2 0 2 4 6 8 04 59 1014 1519 2024 2529 3034 3539 4044 4549 5054 5559 6064 6569 7074 7579 80 Idades Pirâmide 1 Pirâmide 2 Homens Mulheres Pirâmides etárias Aula 10 Geografi a da População 193 Observe as pirâmides etárias a seguir Figura 1 Pirâmides Etárias Fonte James e Mendes 2004 p 479 De acordo com o que você leu sobre o que é pirâmide etária e o que ela traz de informações responda o que se pede Os Gráfi cos 1 e 2 apresentam a realidade populacional de um país desenvolvido ou subdesenvolvido respectivamente Por quê Aula 10 Geografi a da População 194 Qual a importância da pirâmide etária para os estudos de Geografi a da População Bom a importância reside no fato de que as pirâmides etárias por refl etirem a estrutura da população por idade e sexo de determinado país revelam importantes tendências de comportamento de sua dinâmica demográfi ca Analisadas historicamente ou seja ao longo de um tempo evidenciam alterações relativas à quantidade da população total proporção entre os sexos e as faixas de idade expectativa de vida da população e deformações provocadas por guerras ou outras catástrofes De modo geral a estrutura da população por sexos representada em uma pirâmide etária permite a discussão sobre como se comporta a população em termos de homens e mulheres Podese a partir do gráfi co discutir o equilíbrio ou desequilíbrio entre o número de pessoas do sexo masculino e o do sexo feminino Podese também perguntar por que será que geralmente as pirâmides etárias apresentam um maior número de homens na base e de mulheres no topo Segundo os demógrafos o maior número de homens na base da pirâmide devese ao fato de que a taxa de natalidade masculina é superior à feminina Já em relação ao maior número de mulheres no topo da pirâmide a justifi cativa está no fato de a população masculina apresentar uma taxa de mortalidade um pouco maior que a feminina e assim a expectativa de vida das mulheres é mais elevada Contudo essas diferenças são pouco signifi cativas raramente ultrapassam os 5 ou 6 Dessa forma apenas os países de imigração registram maior número de homens em sua estrutura sexual enquanto os de emigração têm nas mulheres o seu maior contingente As pirâmides etárias demonstram as principais etapas da evolução demográfi ca indicando se a população se encontra nas fases de expansão declínio ou estabilidade Anos de idade População em milhões França pirâmide etária 2000 04 25 20 15 10 05 0 0 05 10 15 20 25 59 1014 1519 2024 2529 3034 3539 4044 4549 5054 5559 6064 6569 7074 7579 8084 8589 9094 9599 100 Homens Mulheres Aula 10 Geografi a da População 195 Fique por dentro da história Para que você tenha a devida compreensão da pirâmide etária de um país tornase necessário que conheça sua história Um exemplo ilustrativo os países europeus envolvidos na II Guerra Mundial Durante a guerra 19391945 a taxa de natalidade fi cou abaixo da normal por motivos diversos como precaução ou distância entre os casais e a taxa de mortalidade de jovens sobretudo homens foi elevada Esses fatores repercutiram sobre a base e a parte intermediária da pirâmide etária dos países sobremaneira o lado dos homens reduzindoas Terminada a guerra a taxa de natalidade se expandiu expressivamente Veja o refl exo desse contexto na pirâmide etária da França referente ao ano 2000 Observe as faixas de 5054 e 5559 anos elas são bem mais estreitas do que as anteriores Sabe por quê Considerando o período em que ocorreu a guerra aqueles que em 2000 se encontravam nessa faixa de idade foram os que nasceram no decorrer do confl ito Assim as faixas etárias destacadas refl etem as baixas taxas de natalidade do período da guerra Figura 2 Pirâmide etária da França 2000 Fonte Moreira e Sene 2004 p 440 Atividade 3 1 2 3 Aula 10 Geografi a da População 196 Apresente três motivos que justifi quem por que as taxas de mortalidade masculina são maiores que as femininas Por que nos países ou áreas consideradas de imigração o número de homens é superior ao número de mulheres Por que os países ou áreas consideradas de emigração têm o contingente de mulheres mais elevado do que o de homens Pirâmides etárias da França 2000 População em milhões 04 25 20 15 10 05 0 0 05 10 15 20 25 59 1014 1519 2024 2529 3034 3539 4044 4549 5054 5559 6064 6569 7074 7579 8084 8589 9094 9599 100 2050 População em milhões Estimativa 04 25 20 15 10 05 0 0 05 10 15 20 25 59 1014 1519 2024 2529 3034 3539 4044 4549 5054 5559 6064 6569 7074 7579 8084 8589 9094 9599 100 Homens Mulheres Aula 10 Geografi a da População 197 Aprofundando o assunto O que você aprendeu sobre a estrutura da população por idade e sexo e sua forma de representação gráfi ca a pirâmide etária colocao diante do desafi o de refl etir sobre como esses aspectos demográfi cos ocorrem em escala mundial Considerando a heterogeneidade existente entre os países do mundo podemos classifi cálos segundo as diferentes conformações etárias e sexuais Para alguns autores de acordo com as características populacionais que apresentam os países podem ser classifi cados em três regimes demográfi cos população envelhecida em fase de envelhecimento geralmente com população adulta superior a 50 do total e jovem em geral com população jovem superior a 50 do total Como se caracterizam esses regimes O regime demográfi co de população envelhecida é verifi cado em países que apresentam elevada expectativa de vida baixas taxas de natalidade e mortalidade e consequentemente baixo crescimento vegetativo Esse padrão de comportamento das variáveis demográfi cas é encontrado em países desenvolvidos que já realizaram sua transição demográfi ca Figura 3 Pirâmide etária da França 2000 Você lembra o que estudou nesta disciplina sobre transição demográfi ca De acordo com sua resposta busque as aulas sobre teorias da população e revise esse tópico de conteúdo Esse procedimento vai lhe ajudar a compreender a questão do regime demográfi co Entre os países desenvolvidos que se enquadram no regime demográfi co de população envelhecida destacamos Alemanha França Reino Unido Suécia e Japão A Figura 3 mostra o regime demográfi co da França Observe como se comportam os indicadores de expectativa de vida taxas de natalidade e mortalidade e crescimento vegetativo Fonte Terra e Coelho 2005 p 476 Pirâmides etárias dos Estados Unidos 2000 População em milhões 04 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 2 4 6 14 12 10 8 16 59 1014 1519 2024 2529 3034 3539 4044 4549 5054 5559 6064 6569 7074 7579 8084 85 2050 População em milhões 04 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 2 4 6 14 12 10 8 16 59 1014 1519 2024 2529 3034 3539 4044 4549 5054 5559 6064 6569 7074 7579 8084 85 Estimativa Homens Mulheres Aula 10 Geografi a da População 198 O regime demográfi co de população em fase de envelhecimento madura ou intermediária inclui duas situações específi cas que estão atreladas aos níveis de desenvolvimento dos países Assim nessa categoria estão os países desenvolvidos novos e os países subdesenvolvidos industrializados Antes de adentrarmos nessa questão é preciso esclarecer que entre os países desenvolvidos são considerados antigos aqueles que promoveram inicialmente a Revolução Industrial século XIX e chegaram a obter elevados índices de desenvolvimento econômico e social por exemplo Inglaterra e França São identifi cados como novos ou recentes aqueles que alcançaram indicadores de desenvolvimento econômico e social mais expressivos após a II Guerra Mundial como por exemplo Austrália e EUA Feitos os esclarecimentos vejamos o que demarca a especifi cidade dos grupos de países cuja população se encontra em fase de envelhecimento Os chamados países desenvolvidos novos possuem um percentual de idosos inferior ao dos países desenvolvidos antigos posto que a natalidade declinou somente após a II Guerra Mundial e apresentam uma grande porcentagem de população adulta caracterizandose pelo processo de envelhecimento da população Entre os países desenvolvidos que assumem esse perfi l estão Austrália EUA Canadá e Nova Zelândia Observe a Figura 4 a seguir e perceba como se comporta o regime demográfi co dos EUA Veja os indicadores de expectativa de vida taxas de natalidade e mortalidade e crescimento vegetativo Figura 4 Pirâmide etária dos EUA 2000 Fonte Terra e Coelho 2005 p 477 Os países subdesenvolvidos industrializados representados pelas nações que promoveram a industrialização mas não atingiram um nível de desenvolvimento econômico e social capaz de erradicar a pobreza a dependência econômica e tecnológica entre outros problemas do subdesenvolvimento registraram diminuição nas taxas de mortalidade natalidade e crescimento vegetativo após 1970 Nesses países o comportamento declinante Pirâmides etárias do Brasil 2000 População em milhões 04 10 8 6 4 2 0 0 2 4 6 8 10 59 1014 1519 2024 2529 3034 3539 4044 4549 5054 5559 6064 6569 7074 7579 80 Estimativa Homens Mulheres 2025 População em milhões 04 10 8 6 4 2 0 0 2 4 6 8 10 59 1014 1519 2024 2529 3034 3539 4044 4549 5054 5559 6064 6569 7074 7579 80 2050 População em milhões 04 10 8 6 4 2 0 0 2 4 6 8 10 59 1014 1519 2024 2529 3034 3539 4044 4549 5054 5559 6064 6569 7074 7579 80 Aula 10 Geografi a da População 199 das variáveis anteriormente citadas repercutiu sobre a distribuição da população por faixas de idade de modo que os jovens passaram a corresponder a aproximadamente 20 e os idosos fi caram entre 5 e 15 Avaliando esses índices historicamente observase que há uma tendência à redução da proporção de jovens e aumento do percentual de idosos no conjunto da população o que denota o envelhecimento demográfi co São representativos desse grupo de países China Cuba Armênia e Brasil A pirâmide a seguir apresenta o regime demográfico do Brasil Observe como se comportam os indicadores de expectativa de vida taxas de natalidade e mortalidade e crescimento vegetativo Figura 5 Pirâmide etária do Brasil 2000 Fonte Terra e Coelho 2005 p 477 Pirâmides etárias da Tânzania 2000 População em milhões 04 0 0 05 1 15 2 25 3 35 4 35 3 25 2 15 1 05 4 59 1014 1519 2024 2529 3034 3539 4044 4549 5054 5559 6064 6569 7074 7579 80 Estimativa 2050 População em milhões 04 0 0 05 1 15 2 25 3 35 4 35 3 25 2 15 1 05 4 59 1014 1519 2024 2529 3034 3539 4044 4549 5054 5559 6064 6569 7074 7579 80 Homens Mulheres Aula 10 Geografi a da População 200 O regime demográfi co de população jovem ocorre em países que em geral apresentam elevadas taxas de natalidade e mortalidade embora seja pertinente considerar que o número de nascimentos é bem superior ao de mortes Como resultado dessa equação demográfi ca temse um elevado crescimento vegetativo e a confi guração de uma alta proporção de jovens no conjunto da população Esse perfi l demográfi co está presente em um numeroso grupo de países que a despeito da heterogeneidade que apresentam têm como característica comum as precárias condições de vida traduzidas em baixa expectativa de vida e uma porcentagem de idosos relativamente pequena Este grupo abrange países subdesenvolvidos e não industrializados da África América Latina Ásia e Oceania Veja a Figura 6 abaixo que mostra o regime demográfi co da Tanzânia país do continente africano Observe como se comportam os indicadores de expectativa de vida taxas de natalidade e mortalidade e crescimento vegetativo Figura 6 Pirâmide etária da Tanzânia 2000 Fonte Terra e Coelho 2005 p 478 Agora dê uma paradinha para fazer a Atividade 4 a seguir Atividade 4 Aula 10 Geografi a da População 201 Você estudou os três regimes demográfi cos Viu exemplos ilustrativos de cada regime Volte às pirâmides da França dos EUA do Brasil e da Tanzânia e responda o que se pede a Compare a pirâmide do Brasil e da França descrevendo as diferenças que as mesmas apresentam em termos de expectativa de vida taxas de natalidade e mortalidade e crescimento vegetativo Explique o porquê dessas diferenças b Compare a pirâmide dos EUA e da Tanzânia descrevendo as diferenças que as mesmas apresentam em termos de expectativa de vida taxas de natalidade e mortalidade e crescimento vegetativo Explique o porquê dessas diferenças Distribuição da população mundial segundo faixa etária 2000 em Menos de 15 anos África América do Sul América do Norte Europa Total mundial Ásia Oceania De 15 a 64 anos 65 anos e mais 430 316 303 257 222 185 303 542 28 637 47 644 53 658 673 636 638 86 105 116 59 Aula 10 Geografi a da População 202 Estrutura etária e as implicações socioeconômicas Observe na Figura 7 a seguir a distribuição da população mundial segundo faixa etária em 2000 por continentes e subcontinentes Figura 7 Distribuição da população mundial por faixa etária 2000 Fonte James e Mendes 2004 p 478 Esse gráfi co demonstra a distribuição da população jovem adulta e idosa dos continentes e subcontinentes América do Norte e América do Sul do nosso planeta Observe que em relação à população total do mundo a parcela mais signifi cativa era a de adultos 638 seguida pela de jovens 303 e de idosos 59 Estudamos em aulas anteriores que há uma forte tendência mundial a declínio da participação dos jovens na população total em função da queda nas taxas de natalidade e fecundidade Enquanto isso a tendência à ampliação da proporção de idosos na população total vem sendo fortalecida devido à elevação da expectativa de vida Avaliando a distribuição da população mundial verifi case que a África é de longe a que apresenta maior percentual de jovens e menor proporção de idosos No outro extremo encontrase a Europa onde o percentual de jovens apresentase relativamente baixo sendo apenas um pouco superior ao de idosos De forma geral essa representação gráfi ca através da proporção de jovens e de idosos sinaliza para os níveis de desenvolvimento dos países que formam as mencionadas áreas continentais Assim é possível inferir que no contexto mundial a Europa América do Norte e Oceania apresentam população jovem relativamente baixa e contingente de idosos proporcionalmente elevado o que sinaliza para a predominância de países desenvolvidos Na África América do Sul e Ásia a proporção de jovens é relativamente alta e a de idosos é proporcionalmente baixa indicando a concentração de países subdesenvolvidos nessas áreas Aula 10 Geografi a da População 203 Visando analisar as implicações decorrentes da conformação de pirâmide etária para um país tomouse como referência países jovens que possuem mais de 50 da população nessa faixa de idade países maduros com mais 50 da população nesse patamar de idade e países em transição A Tabela 1 a seguir evidencia alguns desses países Tabela 1 Distribuição etária da população em alguns países Faixas etárias Países maduros Em transição Países jovens Itália Japão Brasil México Paquistão Nigéria Jovem até 19 anos 244 205 393 432 526 542 Adulto de 20 a 59 anos 523 568 529 498 416 412 Idoso de 60 anos ou mais 233 227 78 70 58 46 Fonte US breau of the census World populations profi le 2005 apud VESENTINI 2005 p 275 Para discutir as implicações da estrutura etária no desenvolvimento de um país é necessário questionar é mais vantajoso para um país ser jovem ou maduro Quais as implicações derivadas do fato de ter mais de 50 de sua população formada por jovens ou por adultos Vejamos o que dizem os estudiosos do assunto A ideia de que é vantagem para um país possuir uma população predominantemente jovem o que possibilitaria um futuro melhor prevaleceu durante certo tempo Porém essa ideia passou por mudanças em décadas recentes Observase que em geral nos países onde esse perfi l ainda se mantém imperam a pobreza e o subdesenvolvimento e sendo assim a predominância da população jovem é considerada negativa por ser vista como um peso para os adultos responsáveis pela sua sustentação Assim a população jovem em países subdesenvolvidos constituise como um peso para os adultos que têm que assumir os custos relacionados à educação saúde alimentação qualifi cação profi ssional entre outros Esse sobrepeso para a população adulta termina por impor à população jovem a entrada precoce no mundo do trabalho Assim os jovens que deveriam estar se dedicando aos estudos passam a trabalhar para ampliar a renda familiar A situação socioeconômica que envolve jovens a adultos nos países subdesenvolvidos alimenta problemas graves que se arrastam no tempo e se revelam na baixa qualifi cação da mão de obra e nos baixos índices educacionais seja da população adulta seja da população jovem Isso ocorre porque os estudos foram comprometidos alimentando um círculo vicioso em que o adulto tem que manter os jovens no seu processo de formação mas os jovens em formação têm que entrar no mercado de trabalho para ampliar a renda familiar e nesse jogo o que perdura é a necessidade de aplicar políticas públicas que equacionem as desigualdades sociais que marcam essas nações Porém considerando a questão da prevalência de jovens na população por outra ótica é possível vislumbrar algo de positivo para o futuro desde que se invista em educação e saúde Jovens bem preparados do ponto de vista biológico e intelectual teriam melhores condições de se inserirem no mercado de trabalho e assegurarem qualidade de vida para os seus futuros dependentes População jovem Participação da população com idade inferior a 15 anos OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO OCEANO PACÍFICO OCEANO ÍNDICO 14 a 2500 2501 a 3500 3501 a 4500 Superior a 4500 Dados não disponíveis 2 000 km ESCALA 0 Antilhas Bahamas Barbados Chipre Cingapura Guadalupe Malta Martinica Maurício Samoa Trinidad e Tobago Bahrein Brunei El Salvador Fiji Israel Jamaica Líbano Reunião Santa Lúcia Belize Cabo Verde Comores Maldivas Salomão Timor Leste Vanuatu Palestina L N S O Aula 10 Geografi a da População 204 Na Figura 8 a seguir você pode ver como se distribui a população jovem no mundo Figura 8 População jovem no mundo Fonte Vesentini 2005 p 277 Após você entender um pouco os argumentos que mostram a desvantagem de uma nação ser considerada jovem leia a respeito da outra face do questionamento formulado que remete à refl exão sobre o envelhecimento da população Essa tendência inicialmente verifi cada entre os países desenvolvidos vem se confi gurando em escala mundial sendo decorrente da redução nas taxas de natalidade e mortalidade que embora mais tarde também vai ocorrer em países subdesenvolvidos Dentre as consequências acarretadas pelo crescente envelhecimento demográfi co destacamse aquelas que dizem respeito ao mercado de trabalho e às condições de vida que uma população nessa faixa de idade necessita O mercado de trabalho é afetado pelo envelhecimento da população no sentido em que atualmente ao aumentar a proporção de idosos na população total cresce também o número de aposentados Desse modo vem declinando a relação entre o número de trabalhadores que são necessários para sustentar o número de aposentados Para efeito ilustrativo ressaltase que há algumas décadas existiam cerca de seis trabalhadores para cada aposentado e hoje em alguns países essa proporção já é de dois para um Qual a implicação desse fato A problemática reside no fato de que a qualidade da aposentadoria pode ser reduzida visto que será necessário um maior volume de recursos para manter o crescente número de aposentados em um contexto onde a percentagem de adultos diminui simultaneamente ao aumento de idosos População idosa Participação da população com idade superior a 65 anos OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO OCEANO PACÍFICO OCEANO ÍNDICO Até 500 501 a 800 801 a 1200 1201 a 1601 Acima de 1601 Dados não disponíveis 2 000 km ESCALA 0 Catar Comores Palestina Salomão Timor Leste Vanuatu Antilhas Bahrein Brunei Cabo Verde Fiji Maldivas Samoa Santa Lúcia Bahamas Cingapura Guam Líbano Maurício Reunião Trinidad e Tobago Barbados Guadalupe Martinica Chipre Luxemburgo Malta L N S O Aula 10 Geografi a da População 205 A melhoria nas condições de vida do idoso em um cenário de envelhecimento populacional tornouse um imperativo para o governo e a sociedade em geral Essa melhoria não pressupõe apenas mudanças em termos de políticas públicas e ações governamentais mas também na forma de perceber e tratar o idoso no ambiente familiar Ideias valores e práticas carecem de redefi nições urgentes para que a sociedade aprenda a lidar e a conviver com essa nova realidade demográfi ca Todos os setores da sociedade estão sendo afetados de forma que se faz necessário readequar os sistemas de saúde educação transportes lazer produção comércio publicidade entre outros para assegurar melhores condições de vida para o idoso A economia de mercado que até pouco tempo somente enxergava o idoso como uma representação de custos hoje já vislumbra nessa parcela da população um potencial de consumo reconhecidamente existente nos países desenvolvidos onde eles podem pagar por viagens programações sociais e culturais aquisição de produtos eletrônicos etc Além dessas iniciativas do mercado há outras que se referem à oferta de cursos universitários para a terceira idade criação de clubes ou associações promoção de viagens ou programações especiais de lazer eou culturaisfestivas Essas estratégias de sociabilidade são fundamentais para que se possa manter o idoso integrado à sociedade Este é um grande desafi o pois de acordo com a concepção mercantilista de trabalho que norteia a sociedade capitalista eles estão marginalizados por não trabalharem mas na perspectiva do consumo representam uma nova fronteira que merece usufruir de condições de vida apropriadas e dignas Na Figura 9 a seguir você pode ver como se apresenta distribuída a população idosa no mundo Figura 9 População idosa no mundo Fonte Vesentini 2005 p 278 Resumo 1 Aula 10 Geografi a da População 206 Após visualizar a distribuição da população jovem e idosa no espaço mundial está na hora de fazer a Autoavaliação Ateste o que aprendeu Bons estudos Nesta aula você deu prosseguimento aos estudos populacionais entendendo como é possível estudar a população sob a ótica da idade e do gênero Viu que a melhor forma de representar grafi camente a estrutura por faixa etária e por gênero é a pirâmide etária Pôde por meio dessa representação comparar discutir e relacionar as diferenças em termos de expectativa de vida taxas de natalidade e mortalidade e crescimento vegetativo entre os países desenvolvidos subdesenvolvidos industrializados e subdesenvolvidos entendendo as implicações desses indicadores nos regimes demográfi cos Por fi m você visualizou como está a espacialização da população no mundo de acordo com a faixa etária Na próxima aula você verá a relação entre população e setores de produção Autoavaliação Defi na pirâmide etária e identifi que a sua importância para os estudos populacionais 2 3 4 Aula 10 Geografi a da População 207 Existem três tipos de regimes demográfi cos Quais são e como podem ser defi nidos A população jovem pode ser considerada desfavorável para o desenvolvimento de um país Apresente dois argumentos que justifi quem essa afi rmação O envelhecimento da população de um país pode ser considerado um problema social e econômico Apresente uma argumentação que justifi que essa afi rmação Anotações Aula 10 Geografi a da População 208 Referências INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA IBGE Indicadores demográfi cos Disponível em httpwwwibgeorg br Acesso em 16 jun 2009 JAMES Oning Tamdjian MENDES Ivan Lazzari Geografi a geral e do Brasil estudos para a compreensão do espaço São Paulo FTD 2004 MOREIRA J C SENE E de Geografi a geral e do Brasil espaço geográfi co e globalização São Paulo Scipione 2004 PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO PNUD Relatório de desenvolvimento humano 2004 Disponível em httpwwwundporg Acesso em 16 jun 2009 RAMOS Luís Roberto VERAS Renato P KALACHE Alexandre Envelhecimento populacional uma realidade brasileira Revista de Saúde Pública São Paulo v 21 n 3 p 211224 jun 1987 Disponível em httpwwwscielobrpdfrspv21n306pdf Acesso em 16 jun 2009 TERRA L COELHO M A Geografi a geral o espaço natural e socioeconômico São Paulo Moderna 2005 VESENTINI J W Sociedade e espaço geografi a geral e do Brasil São Paulo Ática 2005 Anotações Aula 10 Geografi a da População 209 Anotações Aula 10 Geografi a da População 210 Estrutura da população Parte II 11 Aula 1 2 3 4 Aula 11 Geografi a da População 213 Apresentação E sta é a segunda aula que versa sobre a estrutura da população Você vai estudar como está distribuída a população de acordo com os setores de atividades econômicas que são setor primário setor secundário e setor terciário Nesse sentido será abordada a relação entre ocupação da população por setores produtivos e os níveis de desenvolvimento e subdesenvolvimento entre as nações A análise dessas variáveis apresentase articulada ao contexto social que dinamiza reforma e reorganiza o trabalho e a economia dos países Objetivos Conhecer os setores de atividade econômica primário secundário e terciário Compreender a relação entre setores de atividade econômica e situação ocupacional da população Analisar as relações entre ocupação e setores de atividades econômicas e os níveis de desenvolvimento e subdesenvolvimento entre as nações Explicar a distribuição da população por setores de atividade articulada ao contexto social em que se realiza o trabalho e a economia das nações Aula 11 Geografi a da População 214 Continuando os estudos sobre estrutura da população N o âmbito dos estudos relativos à estrutura populacional de um país região ou município assume importância a análise sob o ponto de vista ocupacional que remete a distribuição da população por setores de produção ou atividades econômicas Estudar a população levando em consideração o trabalho e a economia é relevante na medida em que é possível obter um quadro de referências ou indicadores que podem subsidiar a compreensão do desenvolvimento econômico e social no espaço geográfi co Os setores de atividade De uma forma direta podemos classifi car os setores de atividades econômicas em primário secundário e terciário O setor primário inclui as pessoas que trabalham na agricultura pecuária e extrativismo Atualmente é um setor que abrange grande percentual de população ativa nos países que apresentam baixo nível de industrialização como Uganda Nigéria Angola Ao longo do tempo à medida que os países elevaram os níveis de industrialização foram diminuindo o percentual de trabalhadores no setor primário São exemplos dessa situação EUA Reino Unido e Suíça Figura 1 Pessoas trabalhando na agricultura pecuária e extrativismo mineral Fonte httpwwwhipersuperptwpcontentuploads200803agriculturajpg httpwwwriosvivosorgbrarquivos1175935021jpg httpwwwipedcombrsie uploads7048jpg Acesso em 30 jun 2009 O setor secundário abrange os trabalhadores da indústria Entre o fi nal do século XIX quando houve a I Revolução Industrial até a década de 1970 fase de transição para a Revolução TécnicoCientífi ca Informacional ou III Revolução Industrial esse setor era considerado o mais importante da economia e apresentava elevado percentual de trabalhadores aproximadamente 30 da PEA Porém com a III Revolução Industrial que Aula 11 Geografi a da População 215 propiciou a substituição da mãodeobra empregada nas fábricas por robôs robotização ou máquinas poupadoras de mão de obra verifi case a redução acentuada de trabalhadores nesse setor principalmente nos países desenvolvidos Figura 2 Imagem de pessoas trabalhando em uma indústria Fonte httpogloboglobocomfotos2006100505MHGECOindustria05 jpg Acesso em 30 jun 2009 O setor terciário é o mais complexo dos três pois envolve uma diversidade de atividades com padrões de desenvolvimento distintos Nesse sentido envolve as pessoas que prestam serviços no comércio em bancos empresas de transportes instituições públicas ou privadas voltadas para administração educação saúde comunicação etc Abarca desde atividades tradicionais como camelôs biscateiros e subempregados até atividades modernas vinculadas ao sistema fi nanceiro universidades e empresas de computação consultorias assessorias etc Nos países desenvolvidos mesmo no auge da II Revolução Industrial esse setor já se mostrou representativo em termos de absorção de trabalhadores pois o seu crescimento era gerado em função do dinamismo dos setores primário e secundário Em décadas recentes o setor apresenta uma crescente expansão motivada pela III Revolução Industrial e o conseqüente crescimento da área da informática Entre as situações exemplares desse dinamismo estão os EUA que em 1980 empregava 60 da PEA no setor terciário e em 2005 elevou esse número para 756 No Reino Unido em 1980 o setor respondia pelo emprego de 57 da força de trabalho passando a 78 em 2005 Cabe ressaltar que esses setores apresentam defi nições conceituais porém no dia a dia esses ramos apresentamse bastante interligados Observe que para o setor primário realizar suas competências que são produzir gêneros e explorar as riquezas minerais e vegetais precisa do setor industrial e de serviços O mesmo ocorre com o setor industrial que para produzir bens industrializados cada vez mais necessita das atividades pertinentes ao setor terciário que tem entre suas funções produzir meios e estratégias para dinamizar os processos que envolvem a gestão comercialização divulgação de produtos por exemplo O setor terciário tem por competência absorver as demandas dos outros setores criando novas demandas Aula 11 Geografi a da População 216 e ofertando ao mercado consumidor de modo direto ou indireto o que a sociedade produz como bens materiais e imateriais O setor terciário se realiza economicamente articulando e ampliando as demandas postas pelos setores primário e secundário tornandoos consumidores dos seus produtos Figura 3 Imagem de pessoas trabalhando no comércio ou em telefonia setor de serviços Fonte httpwwwipeagovbrdesafi osedicoes29imagensservicos438jpg httpportalamazonialocawebcombrsitesamazoniaagoraimguploadcomerciojpg Acesso em 30 jun 2009 O terciário é considerado o setor do futuro responsável pela maioria dos empregos gerados no século XXI Essa capacidade de gerar emprego está associada a sua amplitude e diversifi cação Todavia a análise desse setor exige muita cautela visto que no conjunto dos trabalhadores estão os prestadores formais de serviços economia formal e os subempregados que desenvolvem atividades não regulamentadas ou seja não participam do sistema tributário não tem carteira assinada e quase sempre não tem acesso aos direitos trabalhistas economia informal Por outro lado o setor primário através da intensificação de uso de máquinas e equipamentos modernos e o industrial com a robotização vão demandar um número cada vez menor de trabalhadores É fundamental entender que o desenvolvimento desses setores embora ocorra de modo articulado e dependente em termos espaciais apresenta desníveis na composição e absorção do que cada um gera e na capacidade de interferir um no outro Assim por exemplo é possível encontrar em uma mesma região áreas com um desenvolvimento agrícola industrial ou de serviços mais intenso e áreas cujo dinamismo é mais lento Essas diferenças podem ocorrer também no interior dos próprios setores Os desníveis existentes estão relacionados à capacidade que cada setor tem de absorver o desenvolvimento técnico disponível no mercado das trocas que envolvem os setores da economia A situação ocupacional No que se refere à situação ocupacional a população de um país pode ser dividida de acordo com os itens a seguir População economicamente ativa PEA ou população ativa corresponde ao contingente de pessoas de 10 anos de idade ou mais que exercem atividades extradomésticas e por ela recebem uma remuneração Envolve as pessoas ocupadas que têm trabalho e as desocupadas que estão em busca de trabalho População ocupada diz respeito apenas às pessoas que exercem atividade remunerada portanto difere da PEA por não abranger a população desocupada ou desempregada Este grupo de pessoas pode ter carteira assinada ou não População economicamente inativa PEI corresponde às pessoas que não estão empregadas crianças estudantes aposentados etc ou que não exercem atividade econômica remunerada donasdecasa etc No que se refere à ocupação da população você deve estar atento para a relação que ocorre entre ocupação e setores de atividade econômica É importante ver que o trabalho ou os postos de trabalho existem e se modificam em sintonia com as transformações que estão ocorrendo nos ramos de atividade Assim é possível encontrar setores mais aquecidos ou menos aquecidos em termos de produção e trabalho O que isso significa Significa que as exigências do mundo do trabalho estão atreladas ao dinamismo econômico Este se realiza em escalas geográficas que articulam realidades distintas Assim os setores da economia e a ocupação da população se realizam em um ambiente geográfico determinado Desta feita para entender como isso ocorre é preciso saber aplicar na leitura do espaço as diferentes escalas geográficas ou seja interpretar as relações que se estabelecem entre o local e o global na tessitura dos estudos populacionais Figura 4 Pessoas de diferentes idades trabalhando em diferentes atividades Aula 11 Geografia da População 217 Desemprego o contraponto da ocupação O desemprego caracteriza a situação em que uma pessoa apta ao exercício do trabalho não está desenvolvendo nenhuma atividade que lhe assegure o direito à remuneração ou salário Pode ser classificado em desemprego conjuntural é aquele gerado a partir de uma conjuntura econômica desfavorável recessão econômica e redução dos índices de consumo que implica na dispensa de trabalhadores no entanto existe a possibilidade de recuperação dos postos de trabalho caso a situação melhore desemprego estrutural é aquele gerado a partir do desenvolvimento de novas tecnologias que possibilitam a robotização e informatização dos setores produtivos extinguindo definitivamente vários postos de trabalho nesse caso o trabalho das pessoas é substituído pelo uso de máquinas e robôs estratégia em que muitas funções deixam de existir ou para serem executadas já não prescindem de várias pessoas uma vez que os sistemas de informação racionalizam e reduzem o número de empregados O processo de globalização que acentuou a concorrência internacional exigindo que as empresas promovessem a racionalização da produção e a redução dos gastos e as transformações ocorridas no mercado de trabalho têm contribuído para o aumento o desemprego Nos países subdesenvolvidos esse problema é mais grave entre os jovens principalmente os que possuem baixo nível de escolaridade 218 Aula 11 Geografia da População Aula 11 Geografi a da População 219 Figura 5 Trabalho infantil Fonte httpwwwhaggaicombrnoticiasnovoimg5cairucasadefarinhajpg httpwwwportalmscombradmimagens 922074AA24C44DEA8F81DF9F4856E7EA9280308jpg httpfarm1staticfl ickrcom1417891719972b984fd7jpg httpguerreirossemarmasfi leswordpresscom200902criancastrabalhandojpg Acesso em 30 jun 2009 Trabalho infantil refl ita A Organização Internacional do Trabalho OIT estima que nos países subdesenvolvidos aproximadamente 240 milhões de crianças na faixa etária entre 5 e 17 anos trabalham por vezes sem remuneração e em atividades insalubres A Constituição brasileira determina que a idade mínima para que a criança ingresse no mercado de trabalho é de 16 anos O Estatuto da Criança e do Adolescente proíbe qualquer trabalho para menores de 16 anos com exceção daqueles com idade entre 14 e 16 anos que assumam a condição de aprendizes A despeito disso há registro de crianças brasileiras que desenvolvem atividades econômicas sendo a necessidade de complementar a renda familiar um fator decisivo para essa ocorrência Atividade 1 Aula 11 Geografi a da População 220 Para refl etir sobre o levantamento das atividades econômicas municipais responda ao que se pede a Qual o setor que você considera mais e menos dinâmico Por quê b Qual a atividade que emprega mais pessoas c Qual a atividade que exige o maior nível e o menor nível de qualifi cação profi ssional d Como avalia a relação entre os setores de atividade econômica e a ocupação da população no município onde você mora e Como você avalia o nível de desemprego no seu município e o que sugere para diminuir esse problema Agora aplique o que você aprendeu Faça um levantamento das atividades econômicas existentes no seu município e preencha o quadro a seguir Setores de produção Identifi cação dos tipos de atividades econômicas Primário Secundário Terciário A configuração da PEA segundo os níveis de desenvolvimento dos países Agora que você já aprendeu sobre os setores de produção e a situação ocupacional da população vamos estudar como essas variáveis se apresentam nos países desenvolvidos e subdesenvolvidos e entender como as mudanças na estrutura econômica de um país podem conduzir a alterações no perfil ocupacional da população economicamente ativa Entre os fatores que provocam alterações na distribuição da PEA de um país destacamse a industrialização estimula a mobilidade da força de trabalho para os setores secundário e terciário em função da sua capacidade de gerar novos empregos e de provocar um acentuado crescimento das cidades urbanização processo articulado ao de industrialização que se expressa entre outros fatores através da migração ruralurbana Assim verificase o aumento da população urbana que impulsiona o crescimento do setor terciário transportes comércio bancos escolas hospitais clínicas médicas saneamento básico etc ampliando o mercado de trabalho modernização do setor primário decorre da mecanização da agricultura e das mudanças nas relações de trabalho no campo fatores que contribuíram para a redução da força de trabalho rural e estimularam a sua migração para a cidade O trabalhador agrícola As mudanças entre os setores produtivos propiciaram a emergência de um novo personagem no universo do trabalho o trabalhador agrícola Quem é ele É a pessoa que reside na cidade e se desloca diariamente para a zona rural para desempenhar atividades ligadas ao segmento da agricultura A distribuição da população economicamente ativa por setores de produção apresenta diferenciais que estão articulados ao nível de desenvolvimento de cada país Observe a tabela a seguir Aula 11 Geografia da População 221 Aula 11 Geografi a da População 222 Tabela 1 Distribuição da População Economicamente Ativa de alguns países por Setores de Produção 2000 Países Distribuição da população por setores Primário Secundário Terciário Desenvolvidos Alemanha 30 390 580 Estados Unidos 30 250 720 Japão 70 340 590 França 60 290 650 Subdesenvolvidos Industrializados Brasil 206 229 565 Argentina 130 340 530 México 230 290 480 Coréia do Sul 170 360 470 África do Sul 130 250 620 Subdesenvolvidos Etiópia 860 20 120 Camboja 770 40 190 Honduras 350 220 430 Indonésia 230 310 460 Fonte Images economiques du monde 2001 Calendário Atlante De Agostini 2003 PNAD apud ADAS ADAS 2004 p 292 A interpretação dessas informações permite inferir a respeito de algumas características que marcam a estrutura da população por setores de atividade econômica em países desenvolvidos e subdesenvolvidos As disparidades entre os percentuais da PEA por atividades econômicas são evidentes o que indica diferenças estruturais nos setores produtivos Nos países desenvolvidos o setor primário é o que absorve o menor contingente de trabalhadores No entanto isso não signifi ca que o setor é frágil Ao contrário esse reduzido percentual de pessoas desenvolvendo atividades agrícolas pecuárias ou extrativas decorre do alto nível de desenvolvimento científi co tecnológico que permitiu avançada racionalização do setor incluindo acentuada mecanização e industrialização da agricultura Os elevados investimentos em ciência e tecnologia também respondem pela distribuição da PEA entre os setores terciário e secundário O terciário setor que mais emprega pessoas ampliou e diversifi cou seu raio de atividades propiciando o surgimento de muitos e novos postos de trabalho todavia estes são cada vez mais exigentes em termos de conhecimento portanto de qualifi cação da mãodeobra de modo que em geral as pessoas que trabalham nesse setor são especializadas e possuem curso de nível superior O secundário situada em uma faixa intermediária quanto ao número de pessoas que emprega apresenta tendência a redução dos postos de trabalho em virtude da crescente implementação de máquinas e robôs no processo produtivo Aula 11 Geografi a da População 223 Entre os países subdesenvolvidos é preciso considerar as disparidades sócioeconômicas existentes Assim é comum classificálos em subdesenvolvidos e subdesenvolvidos industrializados que constituem o grupo de países que experimentaram signifi cativo processo de industrialização e urbanização após a II Guerra mundial não obstante é reconhecível a heterogeneidade mesmo nesses subgrupos Os países subdesenvolvidos em geral possuem uma economia baseada no setor primário especialmente na agricultura São atividades que grosso modo apresentam baixa produtividade por trabalhador e em consequência requisitam um grande contingente de mãodeobra Essa característica se traduz no elevadíssimo percentual da PEA ocupada no setor primário Como a indústria é limitada geralmente produz apenas bens de consumo imediato como alimentos sapatos vestuário etc o percentual de trabalhadores do setor secundário é pouco expressivo Já o terciário emprega um maior número de pessoas que o secundário todavia predomina a prestação de serviços básicos com o agravante de que em geral funcionam de maneira precária e inefi ciente Fique de olho Os países desenvolvidos concentram a maior parte de sua PEA nos setores terciário eou secundário esse perfi l está associado ao desenvolvimento urbano industrial e tecnológico Fique de olho Os países subdesenvolvidos incluindo a maioria dos países africanos e parte dos asiáticos e latinoamericanos concentram a maior parte de sua PEA no setor primário esse perfi l está associado ao fato de que não tiveram modernização expressiva no meio rural portanto apresentam baixo nível tecnológico o que demanda elevado número de trabalhadores para o desenvolvimento das atividades Nos países subdesenvolvidos industrializados a despeito da persistência de alguns problemas socioeconômicos como a concentração de renda e de terras a pobreza a dependência tecnológica entre outros é reconhecível que a industrialização e a urbanização impulsionaram a dinâmica urbana e infl uenciaram a modernização do setor primário em algumas áreas Assim a distribuição da população por setores de atividades econômicas assume uma condição intermediária entre a situação delineada nos países desenvolvidos e nos subdesenvolvidos OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO OCEANO PACÍFICO OCEANO ÍNDICO OCEANO GLACIAL ÁRTICO N O L S 0 2800 Km Agricultura Agricultura e serviços Agricultura e indústria Indústria Indústria e serviços Serviços Sem dados Setores mais importantes na média do conjunto ESTRUTURA DA PRODUÇÃO CÍRCULO POLAR ÁRTICO CÍRCULO POLAR ANTÁRTICO TRÓPICO DE CÂNCER TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO EQUADOR 0 0 Aula 11 Geografi a da População 224 MAPA Estrutura da produção em nível mundial Fique de olho Nos países subdesenvolvidos industrializados que inclui Brasil México África do Sul Argentina e Tigres Asiáticos Coréia do Sul Taiwan Cingapura e Hong Kong ocorreram expressivas alterações nos percentuais da PEA A heterogeneidade da estrutura econômica se revela nos setores de produção predominantes Em alguns prevalece a agricultura e os serviços em outros a agricultura e a indústria ou ainda somente a indústria O terciário no mundo subdesenvolvido Nos países subdesenvolvidos onde o tradicional e o moderno coexistem o extraordinário crescimento do setor terciário esteve vinculado à intensa expansão urbana porém a geração de emprego não obedeceu ao mesmo ritmo Derivou desse descompasso a proliferação do subemprego que se manifesta através da economia informal de diferentes formas guardadores de carro nas ruas vendedores de semáforos ambulantes camelôs biscateiros etc Esse cenário revela a hipertrofi a do setor terciário crescimento desmedido do setor típica de países subdesenvolvidos entre eles o Brasil Fonte FERREIRA Graça MariaL Atlas geográfi co espaço mundial Apud TERRA Lígia COELHO Marcos de Amorim Geografi a geral o espaço natural e socioeconômico São Paulo Moderna 2005 p 472 Atividade 2 Aula 11 Geografi a da População 225 Pare um pouco para refl etir e organizar bem as ideias sobre essa abordagem que relaciona desenvolvimento subdesenvolvimento ocupação e setores de atividade Agora aplique mais uma vez o que você aprendeu a Elabore um exemplo que possa ser explicado a partir do que você estudou nesta aula sobre desenvolvimento subdesenvolvimento ocupação e setores de atividade DESCREVA O EXEMPLO b Elabore argumentos articulando o exemplo descrito ao que você estudou nesta aula sobre ocupação setores de atividade desenvolvimento e subdesenvolvimento Aula 11 Geografi a da População 226 Para concluir As atividades econômicas e o local de produção Até recentemente era comum classifi car as atividades econômicas de acordo com o local de produção da seguinte maneira indústria e construção civil segmentos do setor secundário e comércio e serviços e administração públicas segmentos do terciário Essas atividades eram consideradas urbanas Agricultura pecuária e extrativismo segmentos do setor primário eram identifi cados como atividades rurais Essa visão foi alterada no contexto da modernização dos sistemas de transporte e de comunicação que marcaram as duas últimas décadas do século XX e ampliaram as possibilidades de industrialização e oferta de serviços no campo Dentre as referências de como o desenvolvimento tecnológico propiciou a inserção da industrialização no ambiente de produção rural destacamse as agroindústrias e as indústrias extrativominerais Esses segmentos produtivos são emblemáticos da associação entre os setores econômicos pois o seu funcionamento envolve tanto a produção da matériaprima primário quanto a transformação em bens de consumo ou de produção secundário e a circulação e comercialização de insumos e mercadorias produzidas terciário Nas agroindústrias por exemplo já é maior o número de pessoas que exercem atividades ligadas à operacionalização e manutenção de máquinas planejamento de estratégias de venda e marketing administração e informatização da empresa do que aquelas que lidam diretamente com a preparação e cultivo do solo e colheita da produção Ou seja na agroindústria o número de postos de trabalho gerado pelas atividades típicas do setor primário é menor do que aqueles vinculados aos setores industrial e de serviços Diante desse cenário verifi case a existência de uma crescente imbricação das atividades econômicas de modo que já não é conveniente a distinção em função do local de produção por não corresponder complexidade da realidade atual Agora que você já tem as noções básicas sobre a estrutura da população a partir do contexto ocupacional e dos setores de atividades econômicas demonstre o que você aprendeu fazendo a autoavaliação Resumo 1 Aula 11 Geografi a da População 227 Nesta aula você estudou a respeito da estrutura da população atrelada à ocupação por setores de atividades econômicas Aprendeu que embora possamos classifi car e defi nir os setores de atividade em primário secundário e terciário a compreensão de como eles funcionam no contexto espacial requer uma articulação entre os mesmos que as relações entre ocupação e setores de atividades econômicas ocorrem de forma diferenciada no espaço geográfi co sendo relevante relacionar aos níveis de desenvolvimento e subdesenvolvimento entre as nações para compreender o porquê dessa ocorrência Por fi m foi levado a entender que os setores de atividade econômica e a situação ocupacional da população estão associados ao contexto social que dinamiza reforma e reorganiza o trabalho e a economia de um país Autoavaliação Explique a relação existente entre ocupação da população e setores de atividade econômica Justifi que a seguinte afi rmação Apesar de terem definições os setores de atividades econômicas devem ser compreendidos a partir de suas interdependências A distribuição da população por setores de produção apresenta diferenças conforme o nível de desenvolvimento dos países Explique como ocorre a ocupação por setor de atividade nos países desenvolvidos subdesenvolvidos industrializados e subdesenvolvidos 2 3 Aula 11 Geografi a da População 228 Referências ADAS M ADAS S Panorama geográfi co do Brasil São Paulo Moderna 2004 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA IBGE Indicadores demográfi cos Disponível em httpwwwibgeorgbr Acesso em 30 jun 2009 JAMES Oning Tamdjian MENDES Ivan Lazzari Geografi a geral e do Brasil estudos para a compreensão do espaço São Paulo FTD 2004 MOREIRA J C SENE E de Geografi a geral e do Brasil espaço geográfi co e globalização São Paulo Scipione 2004 OFFE C Capitalismo desorganizado São Paulo Editora Brasiliense 1995 PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO PNUD Relatório de desenvolvimento humano 2004 Disponível em httpwwwundporg Acesso em 30 jun 2009 RIFKIN J O fi m dos empregos o declínio inevitável dos níveis dos empregos e a redução da força de trabalho São Paulo Makron Books 1995 A era do acesso São Paulo Makron Books 2000 SINGER P Globalização e desemprego diagnóstico e alternativas São Paulo Contexto 1998 TERRA L COELHO M A Geografi a geral o espaço natural e socioeconômico São Paulo Moderna 2005 Aula 11 Geografi a da População 229 Anotações Aula 11 Geografi a da População 230 Brasil estrutura da população 12 Aula Observando e comparando as pirâmides etárias do Brasil tendo como referência as de 1980 e 2000 podese deduzir que a pirâmide referente ao ano de 1980 possui uma base larga e o topo estreito enquanto a de 2000 apresenta um estreitamento da base e um alargamento do topo a primeira refletiu um período em que o país apresentava elevadas taxas de natalidade fecundidade mortalidade portanto elevado crescimento demográfico e baixa expectativa de vida indicadores de comportamento demográfico de país subdesenvolvido ou em estágio inicial de transição demográfica A segunda representa uma fase em que as taxas de natalidade e mortalidade já se mostram declinantes consequentemente registrouse redução do crescimento populacional e a expectativa de vida ascendente indicadores de comportamento demográfico de país que já ultrapassou o estágio inicial da transição demográfica e adentrou em uma fase mais avançada aproximandose dos chamados desenvolvidos as projeções para 2010 evidenciam uma menor proporção de jovens e um considerável aumento de idosos sinalizando para a configuração da pirâmide etária do Brasil conforme o perfil de países desenvolvidos quando estaria em uma fase de transição demográfica concluída ou em via de conclusão Como vimos a mudança do perfil do Brasil de país jovem para maduro ainda é recente e certamente as sequelas desse período ainda são notáveis na sociedade Considerando o que já foi explicado sobre os aspetos positivos e negativos de um país com população predominantemente jovem como será possível avaliar a condição do Brasil Sabemos que essa avaliação precisa de uma contextualização que permita entender o porquê da argumentação Assim sendo o fato do Brasil ter sido um país jovem até os anos de 1980 é considerado negativo se construirmos nossa reflexão a partir dos aspectos seguintes Considerando que no Brasil há uma grande percentagem de crianças e adolescentes estas exercem uma pressão econômica sobre a população de adultos que em tese são os que trabalham e respondem pelo sustento dos demais 1 3 2 4 5 Aula 12 Geografi a da População 233 Apresentação E sta é a última aula da disciplina Geografi a da População O espaço geográfi co é o Brasil e o conteúdo versa sobre a estrutura da população quanto à idade sexo e setores de atividade econômica O Brasil pode ser considerado um país jovem ou em fase de transição demográfi ca Qual a relação entre População Econômica Ativa PEA e os setores de atividade Existe uma relação entre modernização dos setores de atividade emprego e desemprego O que é o Brasil quando o avaliamos sob a lupa da estrutura populacional Essas questões são os pilares sobre os quais o conteúdo desta aula se espraia Adentre a sua leitura e interpretação e bons estudos Objetivos Compreender a estrutura da população brasileira quanto à idade sexo e setores de atividade econômica Explicar as mudanças que se apresentam na estrutura etária do Brasil em seu processo sóciohistórico Analisar a relação entre População Economicamente Ativa e os setores de atividade Explicar a relação entre modernização dos setores de atividade emprego e desemprego Discutir sobre a entrada da mulher no mercado de trabalho Aula 12 Geografi a da População 234 Distribuição da população por idade e sexo V ocê estudou nas duas últimas aulas os principais aspectos da estrutura da população em diferentes países do mundo levando em consideração a distribuição por idade sexo e por setores de atividades econômicas Agora essas informações estão relacionadas ao espaço geográfi co brasileiro Para começar observe os dados da tabela e procure entender o que eles revelam Tabela 1 Distribuição da População Brasileira por faixa etária 1950 2000 Anos Faixa Etária Jovem Adulta Idosa 1950 523 431 46 2000 405 506 89 Fonte IBGE Censos populacionais Rio de Janeiro 1950 e 2000 A análise dos dados indica que no intervalo entre 1950 e 2000 houve mudanças na estrutura etária da população brasileira A população jovem que era predominante decresceu a proporção de adultos aumentou e a participação de idosos no total da população quase duplicou Essas mudanças são decorrentes da redução das taxas de mortalidade e natalidade e da elevação da expectativa de vida objeto de nossos estudos em aulas anteriores Esse perfi l da estrutura etária da população brasileira permite inferir que o país vive o fi nal do estágio de transição de país jovem para maduro embora ainda não se encontre no patamar em que estão países desenvolvidos pois sua população idosa apesar de crescente ainda é pouco expressiva no cômputo geral Avaliando a estrutura demográfi ca do Brasil nos últimos decênios através das pirâmides etárias podemos evidenciar as mudanças em seus perfi s decorrentes de alterações na dinâmica populacional entre as quais se destacam a diminuição da taxas e natalidade fecundidade e mortalidade geral e a elevação do contingente de idosos 0 0 2 4 6 8 10 12 2 4 6 10 8 12 1980 Pop total 119002706 hab Milhões de habitantes 70 ou 65 a 69 60 a 64 55 a 59 50 a 54 45 a 49 40 a 44 35 a 39 30 a 34 25 a 29 20 a 24 15 a 19 10 a 14 5 a 9 0 a 4 Homens 59089500 Mulheres 59913209 0 0 2 4 6 8 10 12 2 4 6 10 8 12 1991 Pop total 146825475 hab Milhões de habitantes 70 ou 65 a 69 60 a 64 55 a 59 50 a 54 45 a 49 40 a 44 35 a 39 30 a 34 25 a 29 20 a 24 15 a 19 10 a 14 5 a 9 0 a 4 Homens 72485122 Mulheres 74340353 0 0 2 4 6 8 10 12 2 4 6 10 8 12 2000 Pop total 169799170 hab Milhões de habitantes 70 ou 65 a 69 60 a 64 55 a 59 50 a 54 45 a 49 40 a 44 35 a 39 30 a 34 25 a 29 20 a 24 15 a 19 10 a 14 5 a 9 0 a 4 Homens 83576015 Mulheres 86223155 0 0 2 4 6 8 10 12 2 4 6 10 8 12 2010 Pop total 192040996 hab Milhões de habitantes 70 ou 65 a 69 60 a 64 55 a 59 50 a 54 45 a 49 40 a 44 35 a 39 30 a 34 25 a 29 20 a 24 15 a 19 10 a 14 5 a 9 0 a 4 Homens sem dados Mulheres sem dados Recenseamentos e projeções do IBGE Fonte Gráficos com base nos dados do IBGE Anuário estatístico do Brasil 1995 e Censo de 2000 Aula 12 Geografi a da População 235 Figura 1 Pirâmides Etárias do Brasil 1980 2010 Fonte Adas 2004 p 290 A maioria dos jovens não recebeu formação adequada para o exercício de atividades qualificadas Não se verificou investimentos eficientes em educação e saúde no país O número de jovens que trabalha aumentou consideravelmente nas últimas décadas em função das necessidades de suprimento da renda familiar Diante do novo estágio em que se encontra a dinâmica populacional do país é importante destacar que a desaceleração no ritmo de crescimento da população jovem reduz a pressão sobre o mercado de trabalho e encerra a promessa de que essa geração de jovens poderá ter uma melhor preparação técnica antes e ingressar no mundo do trabalho sendo fundamental a ampliação dos investimentos em educação o crescimento do número de adultos na estrutura etária brasileira significa a expansão da força de trabalho gerando pressão sobre o mercado de trabalho no sentido de aumentar o número de empregos o crescente envelhecimento da população prescinde de uma revisão na forma de pensar e agir em relação ao idoso tanto na esfera domiciliar como nos ambientes de trabalho e sociabilidade Na esfera governamental tornase necessário implementar políticas eficazes nas áreas de educação saúde previdência social mercado de trabalho entre outros que primem pela qualidade de vida do idoso Na esfera familiar urge acionar os dispositivos das relações afetivas que são o elo mais forte de integração ao idoso sem perder de vista o valor da experiência de vida tesouro legado aos que vivem a longevidade Com relação à estrutura sexual do Brasil os dados do Censo Demográfico 2000 IBGE 2000 indicam a existência de 861 milhões de mulheres 508 do total e 834 milhões dos homens 492 Dessa totalização inferese que a população feminina é ligeiramente superior à masculina verificandose uma proporção de 969 homens para cada 100 mulheres no país O que justifica esse perfil As razões que foram apresentadas na análise sobre o tema em escala mundial ou seja a taxa e mortalidade masculina é superior enquanto a expectativa de vida entre as mulheres apresentase mais elevada Porém ressaltase que há diferenciais na estrutura sexual da população entre as regiões do Brasil Em geral nas áreas de imigração ou seja aquelas que são foco de convergência dos fluxos de migrantes a proporção de homens é superior a de mulheres por exemplo Acre Amapá Tocantins e Mato Grosso O contrário se verifica nas áreas de emigração ponto de partida dos fluxos migratórios por exemplo Bahia e Pernambuco Destacase que as diferenças entre o número de mulheres e homens são pouco expressivas nunca superiores a 2 ou 3 Aula 12 Geografia da População 237 Atividade 1 2 0 0 2 4 6 8 10 12 2 4 6 10 8 12 2010 Pop total 192040996 hab Milhões de habitantes 70 ou 65 a 69 60 a 64 55 a 59 50 a 54 45 a 49 40 a 44 35 a 39 30 a 34 25 a 29 20 a 24 15 a 19 10 a 14 5 a 9 0 a 4 Homens sem dados Mulheres sem dados 0 0 2 4 6 8 10 12 2 4 6 10 8 12 1991 Pop total 146825475 hab Milhões de habitantes 70 ou 65 a 69 60 a 64 55 a 59 50 a 54 45 a 49 40 a 44 35 a 39 30 a 34 25 a 29 20 a 24 15 a 19 10 a 14 5 a 9 0 a 4 Homens 72485122 Mulheres 74340353 Pirâmide 1 Pirâmide 2 Aula 12 Geografi a da População 238 a Compare as duas pirâmides e apresente pelo menos três argumentos que justifi quem as mudanças que se apresentam entre a pirâmide 1 e a 2 b A pirâmide 2 pode ser reveladora de que em 2010 o estágio de transição demográfico no Brasil foi concluído Justifique a sua resposta A mulher é uma força ativa no mercado de trabalho Cite e explique dois motivos que levaram a mulher a ingressar no mercado Está na hora de refl etir e sistematizar o conteúdo estudado sobre a estrutura da população brasileira quanto a sua composição por sexo e por idade respondendo as questões a seguir Observe as pirâmides etárias abaixo Fonte ADAS Melhem Panorama geográfi co do Brasil contradições impasses e desafi os socioespaciais São Paulo moderna 2004 Brasil distribuição da população economicamente ativa por setores de produção em 1940 a 2001 80 70 60 50 40 30 20 10 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2001 0 Setor primário Setor secundário Setor terciário 702 607 540 544 450 300 250 380 330 262 131 127 178 198 100 228 228 206 229 565 443 Aula 12 Geografi a da População 239 A estrutura da população do Brasil por atividades econômicas Agora que você fez a atividade anterior sobre a estrutura da população brasileira quanto a sua composição por sexo e idade adentre mais no conteúdo desta aula e saiba como se distribui a população por setores de atividade econômica Para começar a compreender como se comporta a População Economicamente Ativa do Brasil por setores de produção veja o gráfi co a seguir Gráfi co 1 Brasil distribuição da População Economicamente Ativa por setores de produção 1940 2000 Fonte IBGE PNAD 2001 apud ADAS ADAS 2004 p 293 A representação gráfica mostra o comportamento e a distribuição da População Economicamente Ativa por setores de produção no período de 1940 a 2001 O setor primário foi o que registrou a mudança mais significativa passando de 702 em 1940 para 206 em 2001 e um padrão de comportamento ininterruptamente decrescente Esse padrão de comportamento justifi case em função da redefi nição do perfi l socioeconômico do país que em 1940 era eminentemente rural e chegou à década de 2000 como predominantemente urbano Essas mudanças foram provocadas pelos processos de industrialização e urbanização pelas alterações na legislação trabalhista e previdenciária pela manutenção de uma injusta estrutura fundiária pela difi culdade de acesso a terra pela industrialização e mecanização da agricultura Esse conjunto de fatores está associado à chamada modernização conservadora do país que propiciou o avanço em diferentes áreas desde que mantidas as estruturas que conferem poder às elites dentre elas as que envolvem a terra e a produção Nesses fatores residem as explicações para o acentuado declínio do percentual da PEA no setor primário Aula 12 Geografi a da População 240 O setor secundário evidenciou oscilações entre 1940 e 1980 prevalecendo a tendência de um ligeiro crescimento No entanto de 1980 a 2001 observase uma perspectiva declinante Em 1940 respondia por 10 da PEA nacional em 1980 chegou a 25 decaindo para 229 em 2001 As razões para esse declínio apontam para dois caminhos a crise do setor industrial que por vezes é localizado em dado segmento nacional ou advém do mercado mundial e a modernização e racionalização do setor incluída a automação que conduz a dispensa de mãodeobra O setor terciário ao contrário dos demais revelou propensão a um crescimento vertiginoso que se expressa nos seguintes números em 1940 o percentual da PEA empregada no setor era de 198 passando em 2001 a 565 Essa elevação da mãodeobra empregada no terciário é resultado do projeto de modernização brasileiro que produziu ilhas de modernização em meio a um oceano de atraso e pobreza Assim no contexto de acelerada urbanização o terciário proliferou tanto em sua feição moderna pelas vias do desenvolvimento informacional como em sua face arcaica representada pelos ambulantes vendedores de semáforos camelôs entre outros que fazem funcionar a economia informal No caso brasileiro temse claramente a confi guração do que foi chamado de hipertrofi a do setor terciário De modo geral no Brasil o aumento do desemprego está associado primordialmente ao ínfi mo desempenho econômico do país mas também à Terceira Revolução Industrial e à globalização A economia do país cresceu em um ritmo lento não gerando novos empregos em proporção equivalente à demanda apresentada em função do ingresso de novas gerações no mercado de trabalho Por outro lado funcionários experientes com maior remuneração foram alvos de demissões sendo contratadas pessoas jovens com menor salário para ocupar esses empregos PEA do Brasil Observe os dados sobre a PEA do Brasil em 2005 Atente para o número de desempregados Embora possa parecer baixo não é bem isso o que representa A partir dele inferese que nesse ano a taxa de desemprego no país estava muito próxima de 10 da PEA Essa taxa é considerada muito alta bastante superior ao que existia há uns 20 anos cerca de 5 e bem mais elevada do que a registrada em vários países do mundo Aula 12 Geografi a da População 241 Tabela 2 PEA do Brasil 2005 Situação Ocupacional PEA Total milhões Pessoas ocupadas 792 903 Pessoas desocupadas 85 97 Total 877 1000 Fonte Vesentini 2006 p 204 Ressaltase que o desemprego pode decorrer de duas situações estruturais e conjunturais Assim a oscilação nas taxas de desemprego são variáveis obedecendo à lógica das alterações que movem o mercado às mudanças no padrão produtivo e ao comportamento da PEA A modernização dos setores produtivos e a criação de novos postos de trabalho É importante ressaltar que a modernização da economia não produz apenas a extinção de postos de trabalho mas também enseja a criação de novos empregos Assim em relação ao Brasil é possível elencar alguns exemplos de como a modernização na indústria e na agropecuária simultâneos aos investimentos em transportes comunicação e energia tem infl uenciado a emergência de novos postos de trabalho Na realidade brasileira é possível identifi car alguns exemplos em que se verifi ca essa relação até certo ponto contraditória entre modernização desemprego geração de novos postos de trabalho A seguir elencamos algumas situações que expressam essa relação 1 Na produção canavieira a mecanização do corte provoca o desemprego de bóiasfrias contudo eleva a produtividade tornando a agroindústria mais competitiva no mercado Com os lucros auferidos nesse processo há possibilidades de compensar os postos de trabalho que foram extintos através da criação de empregos no interior das usinas de açúcar e álcool e em seu entorno fábricas de máquinas e equipamentos vendas administração transportes etc 2 No sistema bancário com a melhoria das tecnologias de informação e o intenso uso da informatização algumas funções exercidas pelos bancários passaram a ser feitas pelo cliente utilizando máquinas que foram destinados para esse fi m Essa situação gera o desemprego todavia a crescente demanda por equipamentos programas marketing assistência técnica etc assegura o surgimento de novos postos de trabalho Aula 12 Geografi a da População 242 3 Na indústria automobilística a robotização da linha de montagem produz desemprego no entanto as áreas de projetos de informática comércio exterior marketing etc potencializam o aparecimento de novos postos de trabalho Diante do exposto constatase que no cenário atual um traço característico dos novos empregos é a exigência em termos de especialização eou qualifi cação profi ssional o que está diretamente articulado com o nível de instrução do trabalhador Acrescentese que quanto maior a titulação em termos de pósgraduação maiores as chances de conseguir um bom emprego Quanto menor o nível de escolaridade dos trabalhadores menor será a possibilidade de conseguir trabalho mesmo em atividades pouco exigentes no que se refere à intelectualidade posto que é crescente o número de pessoas egressas do Ensino Médio que estão desempregadas ou se submetem a trabalhos braçais por não ter conquistado outra oportunidade De fato a educação é um importante fator para o ingresso das pessoas no mercado de trabalho Além disso para estimular a expansão do emprego fazse necessário incentivar as pequenas e médias empresas a reforma agrária a formação de cooperativas o aumento das exportações dentre outros O crescimento do setor terciário pelas vias da informalidade A economia informal no Brasil corresponde àquela que se encontra à margem da legalidade envolvendo pessoas que não possuem carteira de trabalho assinada e não pagam a contribuição social do Instituto Nacional de Seguro Social INSS e fi rmas que não possuem os documentos necessários para funcionar e não recolhem impostos Os exemplos são os mais diversos professores de idiomas vendedores de sanduíche camelôs eletricistas encanadores pedreiros técnicos de computador comerciários tradutores etc Dados de 2005 indicam que aproximadamente 56 da população ocupada do Brasil trabalha na informalidade o que representa um percentual extremamente elevado No Brasil a ampliação do setor informal geralmente ligado ao comércio e aos serviços foi simultânea ao processo de urbanização que promoveu uma intensa migração ruralurbana e o crescimento das cidades Essa expansão ocorreu articulada às mudanças no mercado de trabalho derivadas da III Revolução Industrial ao insignifi cante desempenho da economia que não se mostra insufi ciente para atender às demandas por postos de trabalho às exigências dos empregos formais em termos de qualifi cação profi ssional e à excessiva carga tributária paga pelos que optam pela economia formal Acrescentese que as elevadas taxas de desemprego contribuem para o crescimento da informalidade visto que em muitos casos esta se torna a única estratégia de conseguir alguma renda para sobreviver Anotações Aula 12 Geografi a da População 244 Referências ADAS Melhem Panorama geográfico do Brasil contradições impasses e desafios socioespaciais São Paulo moderna 2004 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA IBGE Indicadores demográfi cos Disponível em httpwwwibgeorg br Acesso em 30 jun 2009 PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO PNUD Relatório de desenvolvimento humano 2004 Disponível em httpwwwundporg Acesso em 30 jun 2009 RAMOS Luís Roberto VERAS Renato P KALACHE Alexandre Envelhecimento populacional uma realidade brasileira Revista de Saúde Pública São Paulo v 21 n 3 p 211224 jun 1987 Disponível em httpwwwscielobrpdfrspv21n306pdf Acesso em 30 jun 2009 OFFE C Capitalismo desorganizado São Paulo Editora Brasiliense 1995 RIFKIN J O fi m dos empregos o declínio inevitável dos níveis dos empregos e a redução da força de trabalho São Paulo Makron Books 1995 A era do acesso São Paulo Makron Books 2000 SINGER P Globalização e desemprego diagnóstico e alternativas São Paulo Contexto 1998 VESENTINI J W Brasil sociedade e espaço São Paulo Ática 2006 Anotações Aula 12 Geografi a da População 245 Anotações Aula 12 Geografi a da População 246 Esta edição foi produzida em mês de 2012 no Rio Grande do Norte pela Secretaria de Educação a Distância da Universidade Federal do Rio Grande do Norte SEDISUFRN Utilizandose Helvetica Lt Std Condensed para corpo do texto e Helvetica Lt Std Condensed Black títulos e subtítulos sobre papel offset 90 gm2 Impresso na nome da gráfi ca Foram impressos 1000 exemplares desta edição SEDIS Secretaria de Educação a Distância UFRN Campus Universitário Praça Cívica NatalRN CEP 59078970 sedissedisufrnbr wwwsedisufrnbr Resumo Nesta aula você estudou a estrutura da população brasileira a partir dos aspectos relativos à idade sexo e setores de atividade Compreendeu as razões que justificam as mudanças que ocorreram na estrutura etária e sexual da população Viu como se comportou a relação entre a PEA e os setores de atividade e refletiu sobre as contradições inerentes ao processo de modernização e suas interferências no mundo do trabalho que envolvem o emprego e o desemprego Com esta aula finalizamos os estudos sobre a dinâmica populacional tendo como cenário geográfico o espaço brasileiro Autoavaliação 1 O Brasil pode ser considerado um país jovem ou em fase de transição demográfica Justifique a sua resposta 2 Explique o comportamento do Brasil quanto à relação entre setores de atividade e PEA tendo por base o período 1940 2000 Declínio do setor primário crescimento e declínio do setor secundário e crescimento do setor terciário 3 Analise a relação até certo ponto contraditória entre modernização desemprego geração de novos postos de trabalho Aula 12 Geografia da População 243 9 788572 738767 ISBN 9788572738767
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Geografi a Geografi a da População Eugênia Maria Dantas Ione Rodrigues Diniz Morais Maria José da Costa Fernandes Geografia da População Geografi a da População 2ª Edição Natal RN 2011 Geografi a Eugênia Maria Dantas Ione Rodrigues Diniz Morais Maria José da Costa Fernandes Dantas Eugenia Maria Geografi a da população Eugenia Maria Dantas Ione Rodrigues Diniz Morais e Maria José da Costa Fernandes 2 ed Natal EDUFRN 2011 246 p il ISBN 9788572738767 Disciplina ofertada ao curso de Geografi a a Distância da UFRN 1 Geografi a da população 2 Demografi a 3 Estrutura populacional I Morais Ione Rodrigues Diniz II Fernandes Maria José da Costa III Título CDU 9113 D192i COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS Marcos Aurélio Felipe GESTÃO DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS Luciana Melo de Lacerda Rosilene Alves de Paiva PROJETO GRÁFICO Ivana Lima REVISÃO DE MATERIAIS Revisão de Estrutura e Linguagem Eugenio Tavares Borges Janio Gustavo Barbosa Jeremias Alves de Araújo Kaline Sampaio de Araújo Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Thalyta Mabel Nobre Barbosa Revisão de Língua Portuguesa Camila Maria Gomes Cristinara Ferreira dos Santos Emanuelle Pereira de Lima Diniz Flávia Angélica de Amorim Andrade Janaina Tomaz Capistrano Priscila Xavier de Macedo Rhena Raize Peixoto de Lima Samuel Anderson de Oliveira Lima Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva EDITORAÇÃO DE MATERIAIS Criação e edição de imagens Adauto Harley Anderson Gomes do Nascimento Carolina Costa de Oliveira Dickson de Oliveira Tavares Heinkel Hugenin Leonardo dos Santos Feitoza Roberto Luiz Batista de Lima Rommel Figueiredo Diagramação Ana Paula Resende Carolina Aires Mayer Davi Jose di Giacomo Koshiyama Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima José Antonio Bezerra Junior Rafael Marques Garcia Módulo matemático Joacy Guilherme de A F Filho IMAGENS UTILIZADAS Acervo da UFRN wwwdepositphotoscom wwwmorguefi lecom wwwsxchu Encyclopædia Britannica Inc FICHA TÉCNICA Catalogação da publicação na fonte Bibliotecária Verônica Pinheiro da Silva Governo Federal Presidenta da República Dilma Vana Rousseff VicePresidente da República Michel Miguel Elias Temer Lulia Ministro da Educação Fernando Haddad Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN Reitora Ângela Maria Paiva Cruz ViceReitora Maria de Fátima Freire Melo Ximenes Secretaria de Educação a Distância SEDIS Secretária de Educação a Distância Maria Carmem Freire Diógenes Rêgo Secretária Adjunta de Educação a Distância Eugênia Maria Dantas Copyright 2005 Todos os direitos reservados a Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte EDUFRN Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa do Ministério da Educacão MEC Sumário Apresentação Institucional 5 Aula 1 Geografi a e os estudos populacionais 7 Aula 2 Teorias demográfi cas Parte I 25 Aula 3 Teorias demográfi cas Parte II 41 Aula 4 Crescimento populacional Parte I 59 Aula 5 Crescimento populacional Parte II 75 Aula 6 Migrações Parte I 99 Aula 7 Migrações Parte II 117 Aula 8 Migrações Parte III 139 Aula 9 Distribuição geográfi ca da população 167 Aula 10 Estrutura da população Parte I 187 Aula 11 Estrutura da população Parte II 211 Aula 12 Brasil estrutura da população 231 Al Fayha Saudi Club OmlJV Apresentação Institucional A Secretaria de Educação a Distância SEDIS da Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN desde 2005 vem atuando como fomentadora no âmbito local das Políticas Nacionais de Educação a Distância em parceira com a Secretaria de Educação a Distância SEED o Ministério da Educação MEC e a Universidade Aberta do Brasil UABCAPES Duas linhas de atuação têm caracterizado o esforço em EaD desta instituição a primeira está voltada para a Formação Continuada de Professores do Ensino Básico sendo implementados cursos de licenciatura e pósgraduação lato e stricto sensu a segunda voltase para a Formação de Gestores Públicos através da oferta de bacharelados e especializações em Administração Pública e Administração Pública Municipal Para dar suporte à oferta dos cursos de EaD a Sedis tem disponibilizado um conjunto de meios didáticos e pedagógicos dentre os quais se destacam os materiais impressos que são elaborados por disciplinas utilizando linguagem e projeto gráfi co para atender às necessidades de um aluno que aprende a distância O conteúdo é elaborado por profi ssionais qualifi cados e que têm experiência relevante na área com o apoio de uma equipe multidisciplinar O material impresso é a referência primária para o aluno sendo indicadas outras mídias como videoaulas livros textos fi lmes videoconferências materiais digitais e interativos e webconferências que possibilitam ampliar os conteúdos e a interação entre os sujeitos do processo de aprendizagem Assim a UFRN através da SEDIS se integra o grupo de instituições que assumiram o desafi o de contribuir com a formação desse capital humano e incorporou a EaD como modalidade capaz de superar as barreiras espaciais e políticas que tornaram cada vez mais seleto o acesso à graduação e à pósgraduação no Brasil No Rio Grande do Norte a UFRN está presente em polos presenciais de apoio localizados nas mais diferentes regiões ofertando cursos de graduação aperfeiçoamento especialização e mestrado interiorizando e tornando o Ensino Superior uma realidade que contribui para diminuir as diferenças regionais e o conhecimento uma possibilidade concreta para o desenvolvimento local Nesse sentido este material que você recebe é resultado de um investimento intelectual e econômico assumido por diversas instituições que se comprometeram com a Educação e com a reversão da seletividade do espaço quanto ao acesso e ao consumo do saber E REFLETE O COMPROMISSO DA SEDISUFRN COM A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA como modalidade estratégica para a melhoria dos indicadores educacionais no RN e no Brasil SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA SEDISUFRN 5 Friday Ramadan Glam Jewish Gangsters Business and Throwing Parties Who also worked with The French Connection Friday Ramadan Glam Geografi a e os estudos populacionais 1 Aula LOCATION 528 West 47th Streets New York City Near the Paramount and Palace Theaters and 21 Club SUNDAY BIG NIGHT BANG FOR THE BUCK Fiesta de invitados a Vanity NIGHT CLUB LIVE SHOWS DANCING Midtown New York City Hairspray Showgirl Show Vegas style dancing Special appearances of top entertainers in the cityWaiters in Tuxedos Varied musical programFeathered chorus girls Specialty actsFabulous food Great drinks No one under 21 invited NO COVER Special rooms on the premises for PRIVATE PARTIES Free coat checkUREDOM CHICKEN UM 8474 I10 FOR RESERVATIONS RENTALS 212 9217506 or 212 9210653 DESIGNER DJ If You Are a big Star Or Just for Fun Call 9217506 or 9210653 1 2 3 4 Aula 1 Geografi a da População 9 Apresentação V ocê está iniciando mais uma disciplina do Curso de Licenciatura em Geografi a cujo nome é Geografi a da População Um conjunto de conhecimentos básicos já foi apreendido por você ao longo das outras disciplinas o que irá favorecer a compreensão de novos conteúdos Lembrese de que a aprendizagem ocorre em rede ou seja um ponto se liga a outro que se liga a outro portanto é necessário fazer correlações e estabelecer elos para que a refl exão e sistematização das ideias tenham consistência A disciplina Geografi a da População irá provocar você nessa direção no decorrer das doze aulas em que será ministrada Na primeira aula percorreremos os caminhos mais abrangentes focalizando a relação entre a Geografi a e os estudos populacionais mostrando como o homem vai se transformando em população com o tempo sendo considerado como homem estatístico a partir da Modernidade Nesta aula você terá contato com uma discussão introdutória para auxiliar à compreensão geral da disciplina a qual envolverá teorias dinâmicas e a espacialização da população em suas diversas formas e ocorrências Objetivos Identifi car o objeto de estudo da geografi a da população e as variáveis que estão implicadas Entender a relevância dos estudos populacionais para a Geografi a Refletir a relação entre homem e população e sua trajetória no tempo histórico Compreender a relação homem população homem estatístico Atividade 1 Aula 1 Geografi a da População 10 Notas introdutórias sobre os estudos populacionais e sua relação com a Geografi a Você está iniciando mais uma disciplina na trajetória de sua formação em Geografi a Agora o foco dos estudos é a problemática da população Mas antes de aprofundar a leitura desta aula pare pense e descreva o que você acha sobre o título da disciplina Geografi a da População Para responder a provocação feita no parágrafo anterior refl ita sobre os termos Geografi a e população Lembrese de que em disciplinas anteriores você já estudou bastante o que é a Geografi a como ciência seu objeto e conceitos A novidade é a palavra população Assim o seu desafi o é juntar esses dois termos e procurar encontrar o sentido da população para a Geografi a Após esse desafi o avance na leitura e vamos aproximar os termos da questão Geografi a e população Conforme estudado em disciplinas anteriores a Geografi a é a ciência que tem o espaço como objeto de estudo No contexto atual a concepção de espaço geográfi co ultrapassou a visão meramente física ou natural passando para uma abordagem em que sociedade e natureza são estudadas no âmbito de suas interrelações e interdependências Na perspectiva de abranger os diferentes aspectos que integram e interagem na espacialização da sociedade a Geografi a apresenta vários segmentos de estudos dentre eles o de população Aula 1 Geografi a da População 11 O que seria a população para os estudos geográfi cos Observe que os nossos trajetos diários estão perpassados por pessoas Encontramos gente por toda parte e em situações diversas trabalhando estudando brincando conversando As pessoas estão sempre fazendo alguma coisa utilizando um ambiente para isso Assim as pessoas vão imprimindo marcas nos espaços e os espaços também vão deixando marcas nas pessoas de maneira que em muitos casos os lugares são identifi cados pelo que as pessoas realizam neles Figura 1 Pessoas em ambientes diversos realizando ações diversas As imagens ajudam você a enxergar essa relação entre espaço e pessoas Atividade 2 Aula 1 Geografi a da População 12 Mas será que há semelhanças e diferenças quando falamos em pessoas e quando nos referimos à população O que você acha Escreva sua opinião Muito bem há semelhanças e diferenças que merecem ser ressaltadas Quando tratamos de pessoas estamos abordando o tema no âmbito do indivíduo dos seus desejos e afazeres É como se o espaço fosse o conjunto habitado por apenas um sujeito Se pudéssemos fazer uma analogia com os conjuntos matemáticos quando nos referimos a pessoas o nosso conjunto seria unitário Quando tratamos de população ocorre uma ampliação do conjunto sendo agregados outros elementos que o diversifi cam possibilitando criar mecanismos de união e intersecção de modo que podemos compreender a dinâmica geral e particular da sociedade A partir daí temos estabelecida uma relação complexa e muitas vezes interdependente a população não existe sem as pessoas as pessoas não existem sem a população Assim qual é o desafi o dos estudos populacionais Encontrar a unidade na diversidade o particular no geral o indivíduo na população a população na sociedade Dessa forma as pessoas compõem o conjunto denominado população a partir de classes sociais idades vinculação ao trabalho entre outros Aula 1 Geografi a da População 13 O que estuda a Geografi a da população Esse ramo do conhecimento geográfi co identifi ca e analisa os fenômenos que se reproduzem no espaço visando compreender as múltiplas relações que se estabelecem entre as pessoas na dinâmica que envolve a sociedade os recursos ambientais e os meios técnicos existentes Sabemos que as populações no mundo apresentam diferenças que se referem a múltiplos aspectos como gênero sexo feminino e masculino traços fi sionômicos etnias idade crianças jovens adultos e idosos É possível dizer que essas diferenças são de natureza biológica mas também socioculturais Figura 2 Pessoas de diferentes etnias A Figura 2 fornece elementos para você perceber como o nosso planeta é populacionalmente diferente e semelhante É possível tomálo como um espelho que refl ete a diversidade humana em sua árdua tarefa de habitar e transformar a Terra no ambiente geográfi co de sua existência A Terra vai se transformando nesse ambiente plural legando à Geografi a da População outras variáveis que precisam ser compreendidas para completar as chaves de leitura que compõem o seu arquivo de interpretação Assim aos aspectos biológicos agregamse a organização cultural política econômica e territorial da sociedade que repercutem por exemplo no número de pessoas empregadas população economicamente ativa no número de pessoas que se desloca de um lugar para outro e nas razões e consequências dessa mobilidade migração no número de pessoas que nascem e morrem em um local crescimento populacional e no número de pessoas que vivem em uma localidade e na forma como ocupam esse espaço distribuição populacional A busca pela compreensão dos fenômenos que geram essas diferenças suas causas e consequências conduz a análise da dinâmica populacional que na perspectiva da Geografi a da População é investigada a partir da espacialização dos seguintes aspectos crescimento migrações estrutura e distribuição populacional Esses aspectos serão discutidos e aprofundados no decorrer de nossa disciplina Aula 1 Geografi a da População 14 Nesta aula vamos nos ater mais detalhadamente em como a população se torna um objeto e um discurso que interessa a diversas esferas da sociedade transformandose em campos teóricos que explicam e projetam o comportamento das pessoas idealizando a sua dinâmica Para isso é necessário viajar um pouco no tempo A população no tempo da Antiguidade ao Renascimento Estudar a população com base nos aspectos antes mencionados é fundamental para se entender como as pessoas vivem e organizam o seu espaço e qual o perfi l social econômico e cultural que apresentam As preocupações relativas a quantos são quem são e como vivem os habitantes do planeta não são recentes No decorrer dos séculos as visões sobre a dinâmica populacional foram sendo alteradas em função do próprio desenvolvimento da humanidade Adentrando pelos caminhos tortuosos da História você pode encontrar diversos registros que tratam de questões voltadas para a dinâmica populacional Entre esses registros estão os escritos bíblicos onde se encontram indicações de estímulo à fecundidade caracterizadas pela expressão sede férteis e multiplicaivos e também muitas citações que tratam dos movimentos migratórios dos povos bíblicos Exemplo a saída dos hebreus do Egito para o local onde hoje é Israel Figura 3 Mapa antigo de Jerusalém Fonte httpwwwcafetorahcomfi lesmapaantigode jerusalemjpg Acesso em 5 maio 2009 Aula 1 Geografi a da População 15 Você pode perceber que nos escritos mais antigos já aparecem discursos em que os termos fecundidade mortalidade e migração são verbalizados para dar sentido à dinâmica dos povos pelo espaço Antigos fi lósofos chineses reconheceram a noção de distribuição ótima da população através da movimentação de indivíduos de terras superpovoadas para outras subpovoadas eles eram favoráveis ao aumento da população por meio do casamento e procriação Os fi lósofos gregos Platão 427 aC 347 aC e Aristóteles 348 aC 222 aC defendiam a necessidade de otimizar o tamanho da população e da terra no sentido de território para que a defesa e a segurança pudessem ser maximizados os recursos pudessem ser adequados para o povo e o governo pudesse utilizálos de forma efi ciente Nesse sentido eles consideravam que o tamanho da população e a sua distribuição eram elementos fundamentais à concretização de seus ideais acerca da CidadeEstado Para Platão o problema da superpopulação deveria ser solucionado com a prática do controle de nascimentos e de políticas de colonização enquanto o subpovoamento seria revertido através do incentivo ao aumento da taxa de nascimentos e da migração Já os romanos em plena fase de conquista de terras Império Romano eram amplamente favoráveis ao crescimento da população visando à disponibilidade de homens para ocupar e manter as áreas conquistadas No período Medieval os líderes religiosos hebreus cristãos e muçulmanos assim como os escritores estimularam a expansão populacional Nesse período temse a constituição da sociedade feudal que tem no feudo a sua unidade básica de produção Na organização espacial do feudo existia a moradia do senhor feudal e sua família a vila ou aldeia habitada pelos servos e as terras onde se produziam as mercadorias necessárias à subsistência da população A maior parte da sociedade feudal era formada por servos trabalhadores semilivres que não detinham a propriedade da terra Em um outro grupo social estavam os senhores feudais ou nobres que formavam a aristocracia dominante e possuíam a propriedade da terra No feudalismo as possibilidades de mudança de grupo social eram restritas Atividade 3 Aula 1 Geografi a da População 16 Conforme você deve ter encontrado na consulta bibliográfi ca com a crise do feudalismo as relações socioespaciais foram alteradas emergindo as condições para o ressurgimento das atividades comerciais entre regiões até então fechadas em torno do feudo O mercantilismo pode ser entendido como o período em que as trocas comerciais foram ampliadas alargando as fronteiras do mundo conhecido e os papéis do Estado e da Igreja foram defi nidos na organização social De acordo com Milone 1991 p 13 nesse período a acumulação de dinheiro e de pedras preciosas e o estímulo ao comércio exterior e ao desenvolvimento das manufaturas fortaleceram o poder do Estado para intervir na atividade econômica e no tamanho da população O Estado rico e poderoso era detentor dos meios capazes de interferir na dinâmica populacional em função do discurso da adequação do número de habitantes às condições de vida que o território seria capaz de oferecer No contexto da intensifi cação das atividades comerciais ocorreu o reavivamento das cidades e a desestruturação dos feudos Você deve ter percebido que a preocupação com a população não é recente os aspectos que envolvem a dinâmica populacional isto é seu crescimento e mobilidade são alvo da refl exão de estudiosos desde épocas remotas Na base dessas análises subentendese a relação entre população e espaço Consulte livros didáticos de História Geral e leia a respeito dos fatos que marcaram a decadência do sistema feudal com ênfase no confl ito que se estabeleceu entre a Igreja e o Estado Atividade 4 1 2 Aula 1 Geografi a da População 17 Você leu a respeito de como a temática da população foise transformando em um discurso que interessa diversas esferas da sociedade como religião fi losofi a Estado entre outros Identifi que os elementos que norteiam o discurso bíblico fi losófi co e econômico a respeito do comportamento populacional da Antiguidade ao Renascimento Você acha que os elementos presentes no discurso bíblico fazem parte dos argumentos defendidos pela Igreja Católica a respeito da dinâmica populacional nos dias atuais Justifi que sua resposta Aula 1 Geografi a da População 18 A população no tempo A Modernidade e o surgimento do homem estatístico De maneira substancial a discussão sobre população assumiu maior relevância no século XVIII tendo como foco os aspectos voltados para a relação entre crescimento populacional e os meios de subsistência disponíveis Nessa direção a natureza é vista como o estoque de recursos e o homem separado dessa natureza é um objeto que pode ser quantifi cado transformado em números estatísticos que servem à produção e ao consumo Na visão de Rui Moreira geógrafo brasileiro e professor da Universidade Federal Fluminense o homem e a natureza foram jogados numa mesma sorte MOREIRA 2006 p 77 ou seja passaram a ser objetos que podem ser controlados medidos quantifi cados e aprendidos por discursos e teorias que ajudam a construir visões de mundo sobre o que é o homem e a natureza e como eles são importantes para atingir determinados fi ns sociais econômicos e políticos Nessa direção como a Geografi a adentra nesse novo panorama O que vem a ser esse homem estatístico Vejamos como ele surge e qual o seu papel nos tempos modernos O homem estatístico emerge nos processos migratórios na sua distribuição pela superfície da Terra na composição por idade e por sexo nas defi nições dos critérios para entrar no mercado de trabalho Pense que esta disciplina pode ser considerada uma prova real da existência desse homem Ao longo desse semestre você vai se deparar com as diversas situações em que o homem deixa de ser unidade para se transformar em grupo percentual taxa evolução numérica E mais vai perceber que para além dos dados estatísticos há todo um esforço de projetar o comportamento humano quanto às condições de reprodução da população Assim você vai compreender que há um conjunto de teorias que diagnosticam projetam e induzem as ações das pessoas de modo a buscar o controle efi caz dos processos que envolvem a produção material e a reprodução da espécie humana Agora vamos compreender como isso ocorre e como esse homem surge na Geografi a Moderna Para discutir essa questão leia o que afi rma Rui Moreira 2006 p 8687 A modernidade herda dos clássicos grecoromanos a concepção aristotélica do homem político zôo politikon e do animal que fala e discursa zôo logikón Isto é o homem que se distingue dos animais por nascer dotado do poder da razão O Renascimento altera e induz um conceito novo derivado por decorrência do conceito de natureza como coisa física então criada O homem desnaturalizase O homem não é só tirado do plano da natureza em que até então se encontrava como animal racional como é jogado num Aula 1 Geografi a da População 19 terreno de concepção que o afeiçoa ao mundo da engrenagem da tecnologia e da fábrica cujo advento se avizinha e para cujo surgimento toda a revolução científi ca e cultural que o Renascimento origina serve como um preparo O conceito de homemmáquina o homofaber substitui o conceito clássico do homem animal racional o homo politikon zôo logikón da concepção aristotélica Com a Revolução Industrial e o surgimento da fábrica instaurase a mecanização do trabalho e criase o homemtrabalhador visto como parte dessa engrenagem Como o modelo funcional da moderna indústria será pedido de empréstimo ao corpo primeiro o corpo inorgânico dos materiais e depois o corpo orgânico do homem este passa também a ser visto como uma engenhosa máquina Nesse naturalismo modernista que expulsa o homem da natureza para inserilo no mundo mecânico da indústria o homem apenas difere da natureza porque com o corpo nele está presente o espírito Após a leitura desse fragmento você pode perceber que a Modernidade se confi gura como um campo de força em que as ideias desenvolvidas em tempos anteriores vão sendo postas em contato umas com as outras produzindose diálogos e ressignifi cações em relação às noções de homem e de natureza Perceba que às ideias de um homem racional político religioso e espiritual legadas pela Antiguidade e Renascimento acrescentamse outras capazes de modifi car as noções anteriores Dessa perspectiva as noções vigentes são ampliadas e o homem passa a ser visto como um ser livre e autônomo que age e transforma o que existe no seu entorno em produtos para atender os novos desejos que são forjados em uma sociedade de consumo Você pode estar se perguntando o que há de novo nisso se considerarmos que o homem sempre teve a capacidade de transformar e de criar os meios para produzir os recursos necessários à sua sobrevivência Tal questionamentoafi rmação tem razão em partes Porém na formulação não há a percepção da intensidade do processo e das implicações que se apresentam e que se confi guram em termos espaciais econômicos políticos e culturais a partir da Modernidade e da Revolução Industrial De modo geral e emblemático podemos tomar como símbolo da Modernidade a Revolução Industrial Por meio dela podemos compreender como o homem se transforma em máquina força de trabalho fator de produção consumidor população conforme nos sugere Rui Moreira na mesma obra indicada nas Referências desta aula Vamos ler mais um fragmento que ratifi ca essa ideia de que a Revolução Industrial é um marco fundamental da Modernidade Não se trata apenas do crescimento da atividade fabril A Revolução Industrial é um fenômeno muito mais amplo constitui uma autêntica revolução social que se manifesta por transformações profundas da estrutura institucional cultural política e social E que do ponto de vista econômico tem suas características fundamentais no desenvolvimento e utilização de um tipo de bens que produz outros bens e de um modo geral no incremento e emprego da técnica ou seja na aplicação dos princípios científi cos e nas atividades econômicas Eis porque dentro dessa concepção ampla a industrialização está intimamente associada ao processo e desenvolvimento e por isso há no mundo Resumo Aula 1 Geografi a da População 20 atual estreita correlação entre o alto nível de vida das populações e o grau avançado de industrialização alcançado pelos países SUNKEL apud MOREIRA 2006 p 80 Podemos dizer que o homem moderno está envolvido pelo complexo movimento que rege uma sociedade baseada no indivíduo no conhecimento e na técnica Essa tríade se instaura e contamina a economia a política a religião a fi losofi a a ciência e seus diversos ramos Assim é preciso compreender esse homem tramado com esses fi os observando o fazer as crenças e os valores responsáveis por construir e sedimentar uma visão de mundo ritmada pela máquina pelo tempo do relógio e pela produtividade A Geografi a vai estudar a dimensão desse homem em sua espacialização Assim o homem estatístico gestado na Modernidade é a essência dos estudos populacionais Na Geografi a da População o homem estatístico é o componente que possibilita revelar a síntese da equação natureza versus consumo Nessa equação a natureza é vista como meio ou recurso a ser apropriado e transformado em produtos que servem ao consumo e à satisfação da sociedade O homem é o sujeito responsável pela manipulação da natureza através da técnica e do conhecimento Dessa perspectiva a questão que se revela é como equilibrar o crescimento do consumo dos recursos naturais de um lado e o crescimento da população que o consome de outro A proporção dos fatores dá lugar à proporção dos usos O homofaberconsumidor se transforma no homempopulação que por sua vez se transforma no homem estatístico ou o homem demográfi co tão estudado e debatido até hoje MOREIRA 2006 p 89 Assim é a respeito desse homem que muitos outros homens destinaram dias e noites e estudos para formular suas teorias e visões É o que chamamos de Teorias Demográfi cas e que será o conteúdo da nossa próxima aula Nesta aula iniciamos os estudos geográfi cos cuja temática é a população Durante o percurso foram colocadas questões gerais pertinentes à disciplina relativas ao objeto de estudo e suas interfaces com o tempo a sociedade e a ciência geográfi ca Você estudou como a população vai se confi gurando enquanto objeto de investigação e teorização no contexto histórico da organização da sociedade Adentrou pelos fi os que tecem o contexto histórico que infl uenciou a formação da ideia de homem e população com enfoque para o homem estatístico forjada na Modernidade Esta aula inicia as questões a serem tratadas no decorrer da disciplina Na próxima aula daremos continuidade discutindo as Teorias Demográfi cas Fique atento e bons estudos 1 2 Aula 1 Geografi a da População 21 Autoavaliação Explique a relação existente entre homempopulação e Geografi a da população Analise e explique a relação existente entre Modernidade Revolução Industrial e a ideia de homem forjada nesse período 3 Aula 1 Geografi a da População 22 Explique a relação existente entre Modernidade e produção da ideia de homem estatístico Referências DAMIANI A População e geografi a São Paulo Contexto 1998 MILONE P C População e desenvolvimento uma análise econômica São Paulo Ed Loyola 1991 MOREIRA R Para onde vai o pensamento geográfi co por uma epistemologia crítica São Paulo Contexto 2006 SANTOS J L F LEVY M S F SZMRECSÁRYI T Org Dinâmica da população teoria métodos e técnicas de análise São Paulo T A Queiroz 1991 TORRES H COSTA H Org População e meio ambiente debates e desafi os São Paulo SENAC 2000 VERRIÈRE J As políticas de população Rio de Janeiro Bertrand Brasil 1991 Anotações Aula 1 Geografi a da População 23 Anotações Aula 1 Geografi a da População 24 Teorias demográfi cas Parte I 2 Aula Blank page 1 2 3 Aula 2 Geografi a da População 27 Apresentação N esta aula você vai iniciar os estudos sobre as Teorias Demográfi cas Muito bem vamos estudar as ideias que foram responsáveis por discutir projetar induzir e apontar caminhos para equacionar a relação entre crescimento populacional e recursos naturais existentes Para isso você vai conhecer sobre Thomas Malthus e a Teoria Malthusiana o contexto histórico de produção suas predições sobre o desenvolvimento populacional as críticas e refutações às suas ideias Objetivos Entender a Teoria Demográfi ca formulada por Thomas Malthus Descrever em que consiste a Teoria Populacional de Malthus Refl etir sobre as bases que fundamentam as críticas da Teoria Malthusiana Atividade 1 Aula 2 Geografi a da População 28 Notas introdutórias sobre os estudos demográfi cos V ocê estudou na aula passada elementos importantes para a compreensão dos estudos populacionais para a Geografi a De modo enfático viu que as refl exões sobre o termo população ganharam maior destaque a partir do século XVIII com a discussão sobre os aspectos voltados para as visões que nortearam as noções de homem e população para a Geografi a Muito bem nesta aula vamos adentrar pelas teorias que foram responsáveis por discutir problematizar e apontar caminhos para equacionar a relação entre crescimento populacional e recursos existentes O estudo da dinâmica da população tem por último fi m o controle a prevenção a indução e a intervenção no comportamento demográfi co Assim os estudos demográfi cos estão presentes no campo da Ciência e da atuação dos órgãos de planejamento estatal que coletam dados e informações e fazem projeções para orientar as diversas ações dos distintos grupos sociais Um dos maiores desafi os dos estudos populacionais é aquele que lida com as tendências ou projeções demográfi cas Isso porque o contexto socioeconômico condiciona mudanças rápidas que interferem nos componentes demográfi cos Pare e pense sobre como as mudanças socioeconômicas interferem na dinâmica populacional Você acha que o número de fi lhos está condicionado pelas variáveis socioeconômicas da família Dê sua opinião É possível que a sua opinião seja a de que famílias numerosas ocorrem com mais frequência em ambientes em que as condições socioeconômicas são mais precárias enquanto que famílias menos numerosas dizem respeito a ambientes em que as condições são mais favoráveis Se você vê apenas essa realidade você tem apenas um lado da situação que começa a ser cada vez mais questionada Podemos dizer hoje que as famílias tendem a ter cada vez menos fi lhos independente da classe social A discussão sobre o porquê desse fato você vai estudar mais adiante neste curso Agora o que nos interessa mostrar é o que você consegue enxergar hoje algo que já foi visto e projetado há pelo menos trinta anos Assim as projeções demográfi cas são o Calcanhar de Aquiles dos estudos populacionais Essas projeções são feitas pautadas naquilo que denominamos de Teorias Demográfi cas que têm uma longa história e que você vai estudar a partir de agora Vamos iniciar pela Teoria de Thomas Robert Malthus Aula 2 Geografi a da População 29 Otimistas x pessimistas o lugar de Malthus Você viu na aula passada como o homem foi se transformando em objeto para os estudos da população e sua interface com a ciência geográfi ca até ser considerado como homem estatístico Pois bem algumas pessoas contribuíram mais profundamente para a sistematização de ideias teses e teorias podendo ser considerados personagens dessa história Assim já no século XVII emergiram discussões que podem ser classifi cadas no âmbito dos estudos populacionais As visões assumiam posições antagônicas a respeito de como deveria se comportar a população resultando na formação de dois grupos de pensadores os otimistas e os pessimistas ou alarmistas que debatiam a questão criando teorias e explicações que vão infl uenciar os estudos e abrir caminhos para a organização do conhecimento O grupo dos otimistas foi liderado pelo inglês Willian Godwin 17561836 e pelo francês marquês de Condorcet 17431794 que acreditavam na perfeição humana e nos avanços científi cos como sendo capazes de proverem os meios de subsistência necessários e também acreditavam na racionalidade do indivíduo para regular a sua própria reprodução Segundo eles a condição de pobreza poderia ser eliminada através de modifi cações nas instituições sociais que poriam fi m nas barreiras entre as classes sociais e redistribuiriam a riqueza Esses pensadores integravam o grupo dos chamados socialistas utópicos Entre os pessimistas o principal expoente foi Thomas Robert Malthus 17661834 primeiro escritor a apresentar e desenvolver uma teoria populacional compreensiva e consistente com as condições econômicas existentes na época Essay on the Principle of Population Um Ensaio sobre o Princípio da População publicado em 1798 uma segunda versão ampliada e reelaborada foi publicada em 1803 seguindose outras quatro versões sem modifi cações substanciais Vamos abordar de forma mais detalhada a Teoria de Malthus pela infl uência que ele teve nos estudos populacionais do seu tempo e de épocas posteriores 30 Aula 2 Geografi a da População Thomas Robert Malthus Fonte httpwwwminiwebcombrCienciasArtigosmalthushtml Acesso em 21 fev 2009 Breves informações sobre esse pensador Thomas Robert Malthus nasceu em 14 de fevereiro de 1766 em Rookery no condado de Surrey Inglaterra no seio de uma próspera família Seu pai Daniel Malthus era adepto dos ideais de JeanJacques Rousseau e amigo pessoal de pensadores como David Hume e Willian Godwin personagens infl uentes da sociedade da época nas áreas de fi losofi a religião economia educação Aos dezoito anos de idade em 1784 após receber em casa uma ampla educação liberal Malthus foi admitido na Jesus College da Universidade de Cambridge Lá estudou Matemática Latim e Grego ao mesmo tempo em que recebia sua formação sacerdotal Ordenouse sacerdote da Igreja Anglicana em 1797 Em 1798 publicou anonimamente seu Essay on Population Ensaio sobre a população Casouse em 1804 e em 1805 tornouse professor de História Moderna e Política Econômica no Colégio da Companhia das Índias Orientais em Harleybury Hertfordshire Provavelmente foi o primeiro professor de Economia Política de que se tem notícia pelo menos parece ter sido essa a primeira vez em que uma disciplina acadêmica recebeu tal denominação 31 Aula 2 Geografi a da População Malthus é conhecido pela formulação a respeito do futuro da humanidade quanto ao crescimento populacional Sua obra foi ao mesmo tempo criticada e aplaudida Enquanto alguns setores da sociedade o acusavam de ser cruel indiferente e até mesmo imoral por outro lado economistas de renome apoiavam suas teorias Na segunda edição da obra de 1803 Malthus modifi cou algumas teses mais radicais da primeira edição Com o tempo o malthusianismo foi incorporado à teoria econômica atuando como crítica às teses mais otimistas Na segunda metade do século XX os problemas demográfi cos mundiais revitalizaram as concepções de Malthus embora a agricultura intensiva tenha permitido aumentos de produção muito maiores do que os previstos por ele Malthus é um pensador original e embora tenha tido uma longa amizade com David Ricardo economista infl uente na época este fazia restrições as suas ideias Segundo o próprio Ricardo Malthus era um pensador voltado aos problemas de curto prazo ao presente enquanto Ricardo voltavase mais à economia de longo prazo Ao longo de sua vida Malthus fundou ou foi aceito como membro de diversas sociedades culturais tais como a Royal Society 1819 o Political Economy Club 1821 que incluía nomes como o de Ricardo e o de James Mill a Royal Society of Literature 1824 a Académie Française des Sciences Morales et Politiques 1833 a Real Academia de Berlim 1833 e a Statistical Society of London 1834 da qual foi um dos fundadores Malthus morreu em Saint Catherine Somerset em 23 de dezembro de 1834 Fonte httpwwwminiwebcombrCienciasArtigosmalthushtml Acesso em 21 fev 2009 As proposições da teoria demográfica malthusiana A teoria populacional de Malthus baseavase nas seguintes proposições A capacidade biológica do ser humano para se reproduzir é maior do que a sua capacidade para aumentar a oferta de alimentos As formas de controlar o crescimento populacional podem ser preventiva via diminuição do número de nascimentos e positiva através do aumento do número de mortes que se encontram continuamente em operação em uma sociedade dada O controle definitivo da capacidade reprodutiva do ser humano é dado pela limitação da oferta de alimentos Recorrendo à Matemática Malthus apresentou o problema específico de que se o crescimento da população não fosse controlado esta tenderia a dobrar de número a cada 25 anos isto é estaria crescendo a uma taxa geométrica Ex 1 2 4 8 Por outro lado a produção de alimentos na melhor das hipóteses tenderia a crescer a uma taxa aritmética Ex 1 2 3 4 MILONE 1991 p 15 Nesse sentido a disparidade entre crescimento populacional em proporções geométricas e crescimento de alimentos em proporções aritméticas levaria a humanidade a ser envolvida em problemas graves de fome miséria barbárie O desafio seria controlar os nascimentos adequandoos à capacidade produtiva de maneira que garantisse a sobrevivência da população em uma situação aceitável condição considerada quase impossível O que fazer Para esse visionário seria necessário restringir os programas de assistência praticados pelos entes públicos que tenderiam a amenizar os problemas enfrentados pelas populações mais carentes o que estimularia a natalidade nessas camadas sociais e estimular o controle da reprodução humana entre as pessoas das camadas menos abastadas através da abstinência sexual Malthus acreditava que a pobreza se constitui um destino do qual o homem não pode fugir sendo um problema que atinge a sociedade Dessa perspectiva de pensar deriva a identificação da Teoria Malthusiana como pessimista 32 Aula 2 Geografia da População Atividade 2 Aula 2 Geografi a da População 33 Você leu sobre as proposições dos otimistas e dos pessimistas Destaque de cada grupo uma proposição e explique em que eles diferem quanto à visão sobre a teoria populacional Aula 2 Geografi a da População 34 Contextualizando as ideias de Malthus Tendo em vista que o conhecimento não nasce independente do movimento real da vida DAMIANI 1998 p 12 tornase necessário contextualizar o período em que o pensamento malthusiano fl oresceu Embora Malthus tenha sistematizado e publicado suas ideias no fi nal do século XVIII e início do século XIX tendo a Inglaterra como referência é importante registrar alguns aspectos marcantes que antecederam os seus escritos Entre os séculos XIV e XVI quando se difundiu a Era Capitalista ocorreu a separação de grandes massas humanas dos meios de subsistência e produção lançadas no mercado na condição de trabalhadores livres Esse processo obteve nítida expressão na Inglaterra sendo caracterizado como uma expropriação violenta que privou da terra os camponeses livres assumiu várias formas e durou séculos Na transição entre o século XVIII e o XIX a Inglaterra viveu o processo de substituição da manufatura pela maquinaria chamado por alguns de Industrialismo O surgimento de um sistema de produção apoiado em máquinas tornou a fábrica um espaço revolucionário que modifi cou a vida de milhares de trabalhadores expulsandoos de seus empregos Esse novo padrão de produção reduziu o número de trabalhadores levando a camada excedente a compor uma massa de desempregados em determinadas fases da produção verifi couse a substituição do trabalho do homem adulto pelo da mulher e da criança Essas mudanças provocaram desemprego movimentação do trabalhador de um lugar para outro transformação de sua vida em família aumento da mortalidade infantil entre outros Essa dramática situação econômica e social desencadeou um movimento de quebra de máquinas chamado Movimento Ludista ou dos destruidores de máquinas Segundo Damiani 1998 p 13 esse episódio histórico demarcou o início da luta da classe trabalhadora para enfrentar a pobreza Foi nesse contexto que Malthus elaborou sua teoria populacional discutindo a relação entre a pobreza e as condições de subsistência da população centrandose basicamente na produção de alimentos Polemizando com os socialistas utópicos que propunham uma sociedade igualitária como alternativa para a miséria enfrentada por segmentos da população Malthus defendia que a causa verdadeira da miséria humana não era a sociedade dividida entre proprietários e trabalhadores ricos e pobres Na sua visão a miséria seria um obstáculo positivo que atuou ao longo da história para reequilibrar a desproporção natural entre o crescimento populacional e a produção dos meios de subsistência O fundamento de sua concepção estaria em uma lei natural segundo a qual o crescimento da população ocorreria em um ritmo geométrico e a dos produtos de subsistência num ritmo aritmético Malthus considerava a miséria e o vício obstáculos positivos ao crescimento da população pois têm a capacidade de reequilibrar duas forças bastante desiguais a multiplicação dos homens e a produção de alimentos Para ele a miséria era necessária aparecia na fome Atividade 3 1 2 Aula 2 Geografi a da População 35 no desemprego no rebaixamento dos salários e assim provocava a morte favorecia a doença reduzia os matrimônios já que era mais difícil sustentar os fi lhos Por outro lado ela estimula os cultivadores a ampliar o emprego da mão de obra a abrir novas terras ao cultivo a reharmonizar a relação produçãorecursos A ampliação dos meios de subsistência levaria a população a crescer novamente A visão malthusiana apregoava que uma sociedade igualitária estimularia nascimentos o que ampliaria a pobreza e diante da luta pela sobrevivência triunfaria o egoísmo Por isso considerava a assistência do Estado aos pobres uma política nefasta porque diminui a miséria a curto prazo favorecendo o casamento e a procriação dos indigentes Você concorda com a Teoria Demográfi ca de Malthus quando ele argumenta sobre a relação entre crescimento populacional e pobreza Justifi que a resposta SUGESTÃO DE ESTUDO Para ampliar o contexto sóciohistórico em que as ideias de Malthus foram formuladas pesquise na biblioteca do polo ou na internet textos que tratem do cenário socioeconômico cultural e tecnológico europeu com o advento do Mercantilismo e da Revolução Industrial Aula 2 Geografi a da População 36 A teoria de Malthus estava certa Quando olhamos o cenário atual e tomamos como parâmetro de análise as ideias de Malthus podemos questionar sobre a validade de suas formulações Não se trata de diagnosticar o certo ou o errado pois a produção do conhecimento está enredada no tempo e o que conseguimos formular muitas vezes serve apenas para um dado momento Ultrapassar o tempo de Malthus e tomálo como referência para enxergar a dinâmica populacional contemporânea é trilhar pelo menos 200 anos de história O que isso signifi ca Signifi ca que da mesma forma que não podemos compreender Malthus fora do seu tempo não conseguiremos entender a dinâmica populacional de hoje tendo como referência apenas o tempo de Malthus Mas por que será que ainda hoje temos de estudar a Teoria Malthusiana Será porque as suas previsões se confi rmaram Ou será que permanecem aspectos marcantes do seu tempo Muito bem Para responder a esses questionamentos retomemos a base de argumentação de Malthus Para ele o grande problema socioeconômico consistia no crescimento da população em ritmo geométrico enquanto a produção de alimentos cresceria em ritmo aritmético o que o levava a crer que a fome a miséria as guerras e a morte eram fatores de regulação natural que ajudariam a harmonizar o resultado dessa equação em que são utilizados fatores distintos de progressão Todavia nos dois séculos posteriores à divulgação da Teoria Malthusiana o que as dinâmicas socioeconômica cultural e tecnológica revelaram é que houve uma diminuição do crescimento populacional em quase todas as partes do planeta exceto na África as políticas de bemestar social voltadas para a saúde habitação saneamento e garantias trabalhistas difundidas mundialmente com destaque para a Europa não foram responsáveis pelo crescimento populacional pelo contrário contribuíram para a sua estabilização eou recuo a produção de alimentos a partir do desenvolvimento tecnológico possibilitou o aumento da produtividade de modo que atualmente há condições técnicas para se produzir alimentos em quantidade sufi ciente para suprir as necessidades da população mundial Desse modo as previsões malthusianas não se confi rmaram Contudo características marcantes da época de Malthus ainda permanecem no contexto atual assumindo as especifi cidades de seu tempo dentre as quais se destacam a pobreza a miséria as guerras as desigualdades sociais entre os diversos espaços geográfi cos Nesse sentido as ideias de Malthus ainda precisam ser estudadas para que tenhamos parâmetros de explicação mais consistentes para elucidar os fenômenos populacionais contemporâneos Na medida em que conhecemos os argumentos elaborados para explicar situações pretéritas e comparamos o que foi dito com a atualidade temos as condições para ampliar e consubstanciar a explicação dos fenômenos ou variáveis com base em teorias e ideias mais articuladas ao contexto vivido Ademais após a Segunda Guerra Mundial 19391945 a Teoria de Malthus foi retomada sob a identificação de Neomalthusianismo objeto de análise da próxima aula Se você não soubesse nada a respeito desse pensador talvez estivesse pensando como ele ou procurando justificativas que se aproximassem das suas formulações no que diz respeito aos estudos populacionais A explicação para o crescimento populacional e as questões que dele decorrem exigem que tomemos como ponto de partida as noções de Malthus para sabermos desconstruir os seus argumentos de maneira consistente Daí ser importante pensar que as ideias não sobrevivem sozinhas mas se alimentam de contradições de críticas de inovações e das dinâmicas socioeconômica cultural e tecnológica que regem a vida e os mecanismos que permitem a sua reprodução enquanto tal Pense um pouco mais A Teoria de Malthus foi refutada no decurso da História tendo em vista que a humanidade deu uma resposta contrária a suas previsões conforme apresentamos anteriormente Nessa perspectiva reflita Se a humanidade conseguiu atingir o patamar de desenvolvimento cuja equação entre crescimento populacional e produção de alimentos não se constitui mais um problema a ser enfrentado pois temos as condições técnicas para resolvêlo o desafio a ser enfrentado agora está na equação entre produção de alimentos e meio ambiente Substituindo um dos termos da equação de Malthus população X produção de alimentos por produção de alimentos X limites da natureza colocase na pauta de discussão o consumo e a invenção inseridos na relação de autonomia e dependência estabelecida pela humanidade ao transformar a natureza em um bem de consumo Essa questão não é para ser respondida agora mas para você ter como parâmetro às reflexões que serão suscitadas no decorrer da disciplina Aula 2 Geografia da População 37 Resumo 1 Aula 2 Geografi a da População 38 Nesta aula você iniciou os estudos sobre as Teorias Demográfi cas com ênfase na Teoria de Malthus Assim você adentrou pelos fi os que tecem a Teoria Populacional de Malthus seus argumentos o contexto histórico que o infl uenciou e também as críticas que foram formuladas sobre suas ideias E por fi m foi estimulado a pensar sobre a dinâmica da população e as condições da natureza como elementos de uma equação que atualiza os estudos sobre população Na próxima daremos continuidade às Teorias Demográfi cas Fique atento e bons estudos Autoavaliação Após a leitura do material explique a Em que consiste a Teoria Populacional de Malthus b Em que se baseia a crítica à Teoria Malthusiana 2 Aula 2 Geografi a da População 39 Após ler sobre a Teoria de Malthus você considera os argumentos dele válidos para explicar a dinâmica populacional de hoje Justifi que sua resposta Referências DAMIANI A População e geografi a São Paulo Contexto 1998 MILONE P C População e desenvolvimento uma análise econômica São Paulo Ed Loyola 1991 SANTOS J L F LEVY M S F SZMRECSÁRYI T Org Dinâmica da população teoria métodos e técnicas de análise São Paulo T A Queiroz 1991 THOMAS Robert Malthus Disponível em httpwwwminiwebcombrCienciasArtigos malthushtml Acesso em 21 fev 2009 TORRES H COSTA H Org População e meio ambiente debates e desafi os São Paulo SENAC 2000 VERRIÈRE J As políticas de população Rio de Janeiro Bertrand Brasil 1991 Anotações Aula 2 Geografi a da População 40 Teorias demográfi cas Parte II 3 Aula Sorry I cant assist with that 1 2 3 4 Aula 3 Geografi a da População 43 Apresentação N esta aula daremos continuidade aos estudos sobre as teorias demográfi cas com ênfase nas Teorias Marxista Neomalthusiana Reformista e da Transição Demográfi ca Você conhecerá as teses formulações proposições e críticas que sustentam cada uma delas Por meio dessas abordagens será possível a organização de um conhecimento mais crítico e consistente dos estudos populacionais dando suporte para as discussões que se avizinham e que tratarão das outras dimensões que compõem essa área de conhecimento Objetivos Compreender as formulações teses e argumentos que sedimentam as Teorias Marxista Neomalthusiana Reformista e da Transição Demográfi ca Entender as continuidades e diferenças existentes entre as proposições Explicar a validade dessas teorias para explicar a realidade populacional atual Aplicar as teorias populacionais para análise de uma situaçãoproblema Aula 3 Geografi a da População 44 Continuando com as teorias demográfi cas N a aula passada você estudou a respeito das teorias populacionais com ênfase nas ideias sustentadas por Malthus Mas esse pensador não foi o único a se debruçar sobre a temática Nesta aula mostraremos outras vertentes que por vezes se contrapõem por vezes ampliam as noções de Malthus Assim vamos iniciar pela teoria demográfi ca propugnada por Karl Marx considerada como Marxista Mas antes de detalhar essa proposta leia um pouco sobre quem foi Marx O economista fi lósofo e socialista alemão nasceu em Trier em 5 de Maio de 1818 e morreu em Londres no dia 14 de Março de 1883 Estudou na Universidade de Berlim dedicandose principalmente à fi losofi a hegeliana Formouse em Iena em 1841 apresentando a tese Sobre as diferenças da fi losofi a da natureza de Demócrito e de Epicuro Em 1842 assumiu a chefi a da redação do Jornal Renano em Colônia onde seus artigos radicaldemocratas irritaram as autoridades Em 1843 mudouse para Paris editando em 1844 o primeiro volume dos Anais GermânicoFranceses órgão principal dos hegelianos da esquerda Em 1844 conheceu em Paris Friedrich Engels com quem manteve uma amizade íntima durante a vida toda Em 1945 foi expulso da França radicandose em Bruxelas onde participou de organizações de operários e exilados Ao mesmo tempo em que estourou a revolução na França em 24 de fevereiro de 1848 Marx e Engels publicaram o folheto O Manifesto Comunista primeiro esboço da teoria revolucionária que mais tarde seria chamada marxista Voltou para Paris assumindo a chefi a do Novo Jornal Renano em Colônia primeiro jornal diário francamente socialista Depois da derrota de todos os movimentos revolucionários na Europa e o fechamento do jornal cujos redatores foram denunciados e processados Marx foi para Paris Sendo expulso deslocase para Londres onde fi xou residência Naquela cidade dedicouse a vastos estudos econômicos e históricos sendo frequentador assíduo da sala de leituras do British Museum Escrevia artigos para jornais norteamericanos sobre política exterior Sua situação material esteve sempre muito precária tendo sido generosamente ajudado por Engels que vivia em Manchester em boas condições fi nanceiras Aula 3 Geografi a da População 45 Em 1864 Marx foi cofundador da Associação Internacional dos Operários depois chamada Primeira Internacional desempenhando dominante papel de direção Em 1867 publicou o primeiro volume da sua obra principal O Capital Na Primeira Internacional Marx encontrou a oposição tenaz dos anarquistas liderados por Bakunin e em 1872 no Congresso de Haia a associação foi praticamente dissolvida Em compensação Marx pôde patrocinar a fundação em 1875 do Partido SocialDemocrático alemão que logo depois foi porém proibido Não viveu bastante para assistir às vitórias eleitorais deste partido e de outros agrupamentos socialistas da Europa Primeiros trabalhos Entre os primeiros trabalhos de Marx considerase o mais importante o artigo Sobre a crítica da Filosofi a do direito de Hegel de 1844 primeiro esboço da interpretação materialista da dialética hegeliana Só em 1932 foram descobertos e editados em Moscou os Manuscritos EconômicoFilosófi cos redigidos em 1844 e inacabados É o esboço de um socialismo humanista que se preocupa principalmente em desvendar os mecanismos presentes na alienação do homem Em 1888 foram publicadas as Teses sobre Feuerbach redigidas por Marx em 1845 rejeitando o materialismo teórico e reivindicando uma fi losofi a que em vez de só interpretar o mundo também o modifi caria Em 1867 Marx publicou o primeiro volume de sua obra mais importante O Capital É um livro principalmente econômico resultado dos estudos no British Museum tratando da teoria do valor da maisvalia da acumulação do capital entre outros temas que são fundamentais para se compreender como funciona o sistema capitalista de produção Marx reuniu uma documentação imensa para continuar esse volume mas não chegou a publicálo Os volumes II e III de O Capital foram editados por Engels em 1885 e em 1894 Outros textos foram publicados por Karl Kautsky como volume IV 190410 Fonte adaptado de httpwwwculturabrasilprobrmarxhtm Acesso em 15 mar 2009 Ao ler esta abreviada biografi a você deve ter percebido a envergadura do pensador Karl Marx um pouco de suas preocupações Podemos dizer que Marx extrapolou o seu tempo sendo até hoje lido debatido criticado contrariado A sua contribuição aos estudos populacionais extrapola uma teoria específi ca sobre o assunto instaurandose como uma visão abrangente de como funciona uma sociedade específi ca em que pesam os estudos A dialética Sobre Dialética leia O que é dialética de Leandro Konder Coleção Primeiros Passos editora Brasiliense 1985 Organização socialista Sobre as características do Socialismo leia O que é Socialismo de Arnaldo Spindel Coleção Primeiros Passos editora Brasiliense 1984 Aula 3 Geografi a da População 46 populacionais Assim podese afi rmar que Marx pensa a equação crescimento populacional X disponibilidade de recursos como uma proposição que por natureza abriga a dialética do desenvolvimento de uma sociedade dada ou seja vivendo o processo e as consequências decorrentes da Revolução Industrial suas mazelas e vicissitudes Desta feita o seu diálogo com Malthus pensador que estudamos na aula passada vai na direção de estabelecer uma crítica apontando as falhas que aquele pensador havia cometido De acordo com Marx o pensamento malthusiano estava equivocado visto que não existia na realidade uma lei geral que pudesse servir para explicar o comportamento da população em todas as sociedades Para ele cada país tinha uma lei que revelava uma dinâmica própria quanto ao crescimento populacional e à disponibilidade de recursos o que seria refl etido nas condições de vida do povo Assim a compreensão do malestar da civilização não estava atrelada à elevação do número de pessoas em um país mas a forma como o sistema de produção capitalista se realiza Segundo Marx a solução para o dilema malthusiano estava na mudança do modelo capitalista para uma organização socialista na qual funcionando mais equilibradamente a economia teria mais condições de propiciar o trabalho em condições dignas e de maneira mais abundante Além dessa possibilidade no modelo socialista haveria condições de diminuir os desequilíbrios existentes entre as taxas de fecundidade e mortalidade existentes entre as classes sociais A distribuição mais igualitária da riqueza entre os indivíduos da sociedade seria a responsável pela regulação entre crescimento populacional e disponibilidade de recursos Corroborando com Marx Friedrich Engels seu companheiro de refl exões teóricas argumenta que em uma sociedade planejada a fecundidade poderia ser controlada já que haveria compensações entre o poder produtivo ilimitado do homem e o crescimento populacional Nesse sentido o crescimento demográfi co não deveria ser entendido como uma situação alarmante Para Marx a sobrepopulação ou população excedente não é o resultado da desproporção entre o crescimento da população e dos meios de subsistência O pobre é não somente o que sofre a privação de recursos mas aquele incapaz de se apropriar dos meios de subsistência através do trabalho Assim as necessidades do trabalhador dependem sempre das necessidades que o capitalista que o emprega tem de seu trabalho Isso acontece porque no capitalismo o objetivo primordial da produção é o lucro e não a satisfação das necessidades da população Nessa perspectiva a análise marxista não despreza o crescimento absoluto da população mas não limita sua compreensão a uma lei abstrata que desconsidera a histórica interferência do homem em seu destino Admite que a superpopulação é relativa e não está ligada diretamente ao crescimento absoluto da população mas aos termos históricos do progresso da produção social de como se desenvolve e reproduz o capital DAMIANI 1998 p 17 A superpopulação não é só resultado mas uma condição da acumulação do capital que serve para regular os salários e é material humano disponível a ser aproveitado no processo produtivo Aula 3 Geografi a da População 47 Ao ler sobre o que Marx pensa sobre a dinâmica populacional você deve ter percebido que embora suas ideias sejam distintas das de Malthus os dois têm um ponto em comum que é trazer à tona explicações sobre a dinâmica populacional apresentando projeções e idealizações que devem ser consideradas para que o seu ritmo ocorra de maneira adequada Você deve estar lembrado da nossa primeira aula em que falamos do homem estatístico Pois bem podemos dizer que tanto Marx quanto Malthus estavam preocupados em encontrar as matrizes que regem esse homem para defi nir o seu comportamento em curto médio e longo prazos Eles pretendiam por vertentes teóricas e ideológicas diferentes estabelecer parâmetros que possibilitassem a compreensão do controle populacional visando a diminuição das mazelas que o período vivido por ambos apresentavam pobreza miséria desemprego aumento da população De que modo as ideias de Marx contribuíram com a Geografi a da População Podese considerar que as formulações de Karl Marx vão infl uenciar pensadores das mais distintas áreas Eles são classifi cados como marxistas Assim marxistas são pensadores que apoiados nas discussões de Marx seguem e ampliam os seus argumentos Na Geografi a a infl uência do pensamento marxista vai ser percebida com maior ênfase a partir da década de 60 do século XX Você já viu isso em Introdução à Ciência Geográfi ca ao estudar o paradigma da Geografi a Crítica Mas como podemos perceber essa infl uência nos estudos de Geografi a da População Associada a uma interpretação mais estatística dos fenômenos populacionais a análise crítica vai incorporar uma discussão analítica e contextual dos fatos e acontecimentos inspirado em proposições de cunho mais político e econômico Assim é preciso articular a análise das variáveis populacionais à dinâmica de reprodução do modo de produção capitalista A forma capitalista de propriedade expressa na separação trabalhomeios de produção e cidadecampo signifi ca o novo patamar do crescimento demográfi co MOREIRA 2006 p 91 Esse meio de interpretação pode ser considerado um caminho que deve ser atualizado revisitado e ressignifi cado de modo a articular os estudos populacionais às reorganizações do sistema capitalista O retorno às teorias ou refl exões sobre população como as de Malthus e Marx não signifi ca esgotar o tema e as referências mas esclarecer as bases do entendimento da população no século XX e permitir a refl exão sobre a realidade que se avizinha nesse século XXI Desse modo é a atualidade dessas teorias que faz com que os seus aportes sejam revisitados Mas em que se baseia essa atualidade No retorno à perspectiva de pensar o crescimento populacional como fator que interfere signifi cativamente no desenvolvimento social Agora responda Atividade 1 1 2 3 Aula 3 Geografi a da População 48 Em que consiste a Teoria Marxista Em que se fundamenta a crítica de Marx à Teoria Malthusiana Das duas teorias qual a que você considera mais adequada para analisar a dinâmica populacional que hoje aponta para baixas taxas de crescimento Aula 3 Geografi a da População 49 As teorias demográfi cas o novo a partir do velho a vertente Neomalthusiana e a vertente Reformista Vimos até aqui duas teorias demográfi cas Agora vamos estudar outras vertentes que partindo das abordagens anteriores reorganizam ideias visando esclarecer a realidade que se confi gura após a Segunda Guerra Mundial Mas antes de prosseguir na leitura dessa aula pare e pesquise na internet ou na biblioteca do seu polo sobre esse tema conforme o roteiro de Atividade 2 a seguir A realização dessa atividade é muito importante para o entendimento da sequência dos conteúdos da aula 3 4 Atividade 2 1 2 Aula 3 Geografi a da População 50 Qual foi o espaço geográfi co em que a Guerra se desenvolveu Quais foram as causas e consequências dessa Guerra para o mundo O que foi a Segunda Guerra Mundial Que contexto sóciohistórico favoreceu a ocorrência desse acontecimento Fascistas Para aprofundar seus conhecimentos pesquise na internet sobre o Fascismo e o contexto histórico em que ocorreu Aula 3 Geografi a da População 51 Após essa atividade você revisou o que foi a Segunda Guerra Mundial Relembrou os impactos que esse acontecimento teve sobre o mundo Deve ter se perguntado o que esse fato tem a ver com o que estamos estudando nessa aula Pois bem após esse acontecimento verifi case um crescimento populacional acelerado que pode ser considerado uma explosão demográfi ca Esse momento é diferente do que havia ocorrido anteriormente na Europa Essa nova confi guração se realiza em um quadro de desenvolvimento das forças produtivas bastante elevado com repercussões nas áreas de interesse social como saneamento saúde habitação e trabalho Neste último verifi case a reorganização das relações de trabalho no campo e na cidade o que gera um contingente populacional excedente confi gurandose como um problema a ser enfrentado Esse aumento populacional reanima as ideias já há algum tempo adormecidas de Malthus Apesar de não preservarem integralmente o pensamento de Malthus tendo em vista a necessidade de considerar os novos problemas sociais e econômicos historicamente evidenciados os neomalthusianos analisam esses problemas a partir da correlação entre a quantidade de habitantes crescimento natural e as possibilidades de abastecimento e recursos vitais de um território Conforme Damiani 1998 p 21 o neomalthusianismo constitui uma ideologia que se traduz em estratégias políticas reais e fundamenta ações e reações imperialistas por vezes forjando argumentos semelhantes usados em situações opostas para justifi car por exemplo a intervenção fascista no mundo Os italianos fascistas procuraram legitimar sua condição de agressores na Segunda Guerra Mundial pela necessidade de espaço vital decorrente da alta natalidade e formação de uma superpopulação em seu território Os alemães contrariamente justifi caram o empenho na ampliação do espaço vital em função da luta contra a extinção de sua população que registrava uma baixa natalidade Para a referida autora 1998 p 22 o neomalthusianismo assim como o malthusianismo tem um fundamento real mas pode ter uma interpretação tão mutilante que obscurece o entendimento No âmbito da corrente neomalthusiana emergem concepções que revelam conteúdo ideológico dentre as quais destacamse as de cunho racista que proclamam o progresso diferenciado das raças procurando justificar agressões e colonização como processo civilizatório além de subjugações existia um pavor da proliferação de raças ditas inferiores o perigo amarelo e o perigo comunista e as que explicam o subdesenvolvimento de países da Ásia África e América Latina a partir da existência de uma população excedente às possibilidades do desenvolvimento econômico Esse contingente populacional constituiria um obstáculo ao desenvolvimento por apresentar uma estrutura etária com maior número de jovens e crianças o que requisitaria investimentos não produtivos hospitais escolas etc desviando recursos que poderiam ser diretamente produtivos como construção de fábricas estradas e pontes Além disso ao aumentar os efetivos da força de trabalho poderia ser provocado um desequilíbrio cada vez maior entre oferta e procura de empregos repercutindo em termos de redução de salários e marginalização de amplas camadas de população do mercado de trabalho Aula 3 Geografi a da População 52 A teoria neomalthusiana evidenciava o receio de que o crescimento da população dos países subdesenvolvidos comprometesse os recursos naturais mundiais e que esse contingente passasse a ser uma fonte de pressão e ameaça política em um período em que o socialismo estava em expansão Nesse contexto em que também se discutia o custo social dessa população adicional as políticas públicas demográfi cas desembocavam em estratégias precisas controle de natalidade planejamento familiar As políticas de controle de natalidade valendose do eufemismo planejamento familiar foram amplamente difundidas entre os países subdesenvolvidos principalmente a partir dos anos de 1970 Essas iniciativas contaram com o apoio de organismos internacionais como a Organização das Nações Unidas ONU o Banco Mundial além de instituições públicas e privadas de alcance mundial especialmente a norteamericana Internacional Planned Parenthood Federation cuja fi liada brasileira era a Sociedade de BemEstar Familiar Bemfam e Estados nacionais que criaram direta ou indiretamente políticas de planejamento familiar As estratégias de controle da natalidade foram bastante variadas abrangendo desde a esterilização maciça da população pobre de países como Índia e Colômbia que foi cooptada com presentes como rádios e guardachuvas até a distribuição gratuita de contraceptivos e implantação de DIUs ainda ativas em muitos países dentre eles o Brasil Neste um outro mecanismo bem sucedido é a venda generalizada de contraceptivos em farmácias o que facilita o acesso ao produto e contempla os interesses das multinacionais farmacêuticas do ramo Para Damiani 1998 p 25 tornase claro que a teoria neomalthusiana negligencia as mediações sociais fundamentais como o desenvolvimento do capitalismo o imperialismo e a natureza da empresa privada que tem como objetivo o lucro apegase aos argumentos da superpopulação e da escassez de recursos insistindo em manter intacto o modo de produção capitalista Paradoxalmente milhares de toneladas de alimentos são destruídos ou em busca da valorização dos preços são estocados ou deslocados de um país para outro Na avaliação da autora 1998 p 26 nas últimas décadas os países subdesenvolvidos vivem simultaneamente as antigas alimento e novas ar água espaço formas de escassez A questão central deixou de ser os países pobres e prolífi cos e a ameaça que representavam para o planeta A nova ameaça diz respeito à difusão de um estilo de vida baseado no superconsumo desenfreado no desperdício dos países ricos O cerne da problemática atual passa pelo embate entre crescimento econômico e desenvolvimento social mais precisamente pela deterioração do desenvolvimento no âmbito de um crescimento sustentado pela racionalidade economicista Nesse processo tornase evidente que o domínio da natureza não equivale à apropriação da natureza pelo homem isto é à sua transformação e realização como ser humano Atividade 3 1 Aula 3 Geografi a da População 53 Para evitar que você fi que confuso pare e sistematize sobre a vertente Neomalthusiana procurando identifi car a Em que contexto sóciohistórico ela surgiu b Em que ela amplia as ideias de Malthus 2 Aula 3 Geografi a da População 54 De acordo com Damiani essa vertente procura explicar o que estava acontecendo em termos populacionais após a Segunda Guerra Mundial porém sem explicar as reais matrizes que determinam o fenômeno Justifi que em que consiste a crítica de Damiani quanto à vertente Neomalthusiana Agora que você respondeu a Atividade 3 e respirou um pouco siga na leitura do material e veja a seguir o conteúdo que sedimenta a Teoria Reformista e a Transição demográfi ca Se a Teoria Neomalthusiana busca fundamentação em Malthus a Teoria Reformista procura suporte nas ideias da Teoria Marxista Contemporânea da neomalthusiana a Reformista considera que a miséria da população é responsável pelo crescimento populacional Dessa perspectiva controlar o crescimento demográfi co supõe implementar reformas socioeconômicas que possibilitem a elevação do padrão de vida da população através da distribuição de renda de alimentos e melhoria do nível de escolaridade da população É na confl uência dessas medidas que se teria ao invés de um controle familiar um planejamento familiar em que a redução do número de fi lhos ocorre por decisão do casal e não por imposição do governo e de suas políticas ofi ciais Na medida em que as reformas se estendem e atingem as camadas mais baixas da população acelerase o ritmo de desenvolvimento das nações menos desenvolvidas auxiliandoas no seu processo de superação das desigualdades sociais Aula 3 Geografi a da População 55 Transição demográfi ca uma teoria Por fi m abordamos as ideias que norteiam a Teoria da Transição Demográfi ca A respeito dessa abordagem leia o que diz Ana Amélia Camarano 1996 p 1819 coordenadora da Área de Estudos Populacionais do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas IPEA Um dos desafi os enfrentados por aqueles que lidam com projeções de população diz respeito à previsão dos níveis de fecundidade Para este caso o instrumental teórico mais utilizado pelos demógrafos é a teoria da Transição Demográfi ca A versão clássica da teoria da Transição Demográfi ca assume que o desenvolvimento de uma sociedade urbanoindustrial traz melhoramento no padrão de vida e difunde o valor da família pequena Fica implícito nessa teoria que todas as sociedades que atingem esta fase de desenvolvimento convergirão para este padrão de família Algumas reformulações desta teoria sugerem uma inversão na relação a queda da fecundidade pode levar a uma melhoria nas condições de vida Neste caso as condições necessárias ao alcance da redução da fecundidade foram transferidas de melhoria de condições de vida para políticas governamentais de planejamento familiar Isto aliado ao rápido declínio da fecundidade observado no Terceiro Mundo tem levantado a questão da emergência nesses países de um mesmo padrão de formação de família observado naqueles desenvolvidos o que sugere a convergência das taxas de fecundidade Em 1944 Kirk já acreditava que a teoria da Transição Demográfi ca tornarseia universal É muito claro que o futuro signifi ca a redução sustentada da fecundidade e estabilidade das taxas mas a que nível e quando estas taxas irão se estabilizar não é estabelecido por esta abordagem teórica A idéia de estabilidade implicitamente conduz à idéia de níveis homogêneos de fecundidade de desaparecimento de diferenciais de fecundidade e de um fi m para o processo de transição demográfi ca Após a leitura do fragmento textual você pode ter uma visão geral e abrangente das ideias que norteiam os argumentos da Transição Demográfi ca Viu que a meta dessa proposição é estudar o comportamento da população e fazer projeções que levam a fornecer informações que podem ser utilizadas por diversos campos da sociedade economia governo sociedade civil Percebeu também que em termos de crescimento populacional há a defesa de que independente da situação da nação desenvolvida ou subdesenvolvida todas as sociedades tendem a estabilizar ou equilibrar o seu crescimento embora não façam prognóstico de quando isso ocorrerá Assim após a leitura dessa síntese que trata das ideias que norteiam a Teoria da Transição Demográfi ca faça a Autoavaliação para verifi car se você está afi adoa nas teorias populacionais Na próxima aula você vai refl etir sobre a dinâmica do crescimento o que certamente vai solicitar a compreensão prévia desses conteúdos Resumo Aula 3 Geografi a da População 56 Nesta aula você concluiu os estudos sobre as Teorias Demográfi cas conhecendo a abordagem Marxista Neomalthusiana Reformista e da Transição Demográfi ca A partir dessas vertentes foi possível perceber as posições e contraposições que constituem o núcleo argumentativo de cada uma Você pôde perceber também a validade e a contemporaneidade das mesmas de modo a permitir uma organização crítica dos estudos populacionais Autoavaliação Para fazer essa atividade siga as orientações a seguir a tome a sua família como modelo a ser analisado b identifi que o número de fi lhos tendo por referência a seguinte evolução avós pais e irmãos c analise a evolução encontrada tomando uma das teorias demográfi cas estudadas por você nesta aula d para a análise construa um texto contendo descrição da situação familiar encontrada em sua perspectiva histórica e evolutiva articulação da descrição às bases conceituais da teoria selecionada considerações fi nais conclusivas sobre a validade da teoria para os estudos populacionais contemporâneos Aula 3 Geografi a da População 57 Referências CAMARANO A A Hipótese de convergência dos níveis de fecundidade nas projeções populacionais São Paulo em perspectiva Revista da Fundação SEADE v 10 n 2 abrjun 1996 DAMIANI A População e geografi a São Paulo Contexto 1998 KARL Marx Disponível em httpwwwculturabrasilprobrmarxhtm Acesso em 15 mar 2009 MILONE P C População e desenvolvimento uma análise econômica São Paulo Ed Loyola 1991 SANTOS J L F LEVY M S F SZMRECSÁRYI T Org Dinâmica da população teoria métodos e técnicas de análise São Paulo T A Queiroz 1991 TORRES H COSTA H Org População e meio ambiente debates e desafi os São Paulo SENAC 2000 VERRIÈRE J As políticas de população Rio de Janeiro Bertrand Brasil 1991 Anotações Aula 3 Geografi a da População 58 Crescimento populacional Parte I 4 Aula Sorry I cant assist with that 1 2 3 4 Aula 4 Geografi a da População 61 Apresentação N esta aula você vai mergulhar no oceano dos conceitos relativos à dinâmica demográfi ca quanto ao quesito crescimento populacional Assim abordaremos o que signifi ca esse crescimento além de conceitos básicos da Geografi a da população que estão articulados a sua ocorrência quais sejam população absoluta população relativa superpopulação crescimento natural ou vegetativo taxas de natalidade taxas de mortalidade e migrações A partir da defi nição desses termos apresentase um conjunto de atividades que se tornam os campos de aplicação e refl exão necessários para a compreensão de uma realidade específi ca Sugerese que o resultado das atividades seja apresentado e discutido em grupo conforme orientado nas atividades de modo a propiciar uma compreensão abrangente e particular do tema abordado na aula Objetivos Compreender em que consiste o crescimento demográfi co Entender conceitos básicos da Geografi a da população Aplicar as noções ideias ou conceitos básicos que envolvem a discussão sobre crescimento populacional ao estudo de uma realidade específi ca Relacionar a temática do crescimento demográfi co tendo como parâmetro a realidade local Aula 4 Geografi a da População 62 Notas introdutórias sobre o panorama da demografi a mundial A Demografi a como campo específi co do conhecimento dedicase ao estudo estatístico das populações no qual se descrevem e analisam as características de uma coletividade em termos de crescimento estrutura distribuição e mobilidade espacial As análises demográfi cas assumem relevância tendo em vista que constituem subsídios fundamentais aos estudos realizados por geógrafos economistas sociólogos entre outros cientistas e também em ações de planejamento socioeconômico implementadas por governantes Estudos comparativos entre dados demográficos e socioeconômicos permitem conhecer a população a partir de suas dimensões quantitativas e qualitativas possibilitando que sejam planejadas estratégias de atuação mais adequadas às características e problemas vividos pela sociedade Considerase que a forma mais completa de proceder ao levantamento ou coleta periódica de dados estatísticos dos habitantes de um determinado lugar é o recenseamento ou censo que em geral é decenal Através desse processo de coleta de dados é possível obter uma série de informações que permitem delinear o perfi l populacional de um dado país região estado município etc dentre as quais aquelas relativas ao crescimento populacional tema norteador desta aula Você sabia que de acordo com a Organização das Nações Unidas ONU em 1999 o planeta Terra atingiu a marca de 6 bilhões de habitantes e que em 2005 já éramos 64 bilhões Você já parou para pensar se todos os países apresentam o mesmo padrão de crescimento demográfi co o que infl uencia a dinâmica desse crescimento e quais as suas consequências Se em algum momento estas perguntas já o incomodaram esperamos que ao fi nal desta aula sobre crescimento populacional você tenha encontrado as informações básicas para a compreensão dos fatores que interferem e explicam a dinâmica demográfi ca mundial e especialmente a brasileira Vamos começar Para chegarmos à compreensão de como o planeta Terra chegou a mais de 6 bilhões de habitantes é interessante revisitar a História e observar os dados ao longo do tempo As estatísticas evidenciam que a população mundial tem crescido de modo contínuo ao longo do tempo embora com intensidades e proporções diferentes Observe a Figura 1 que demonstra a trajetória do crescimento da população mundial Aula 4 Geografi a da População 63 Figura 1 Crescimento da população mundial Fonte Sene e Moreira 2007 p 114 O que se pode interpretar a partir das informações do gráfi co A leitura dos dados permite inferir que até 1800 o crescimento da população decorreu em um ritmo muito lento de modo que no limiar do século XIX o mundo tinha um contingente populacional inferior a 1 bilhão de pessoas A partir do século XX especialmente na segunda metade a partir de 1950 registrou se um crescimento exponencial de forma que entre 1950 e 2000 mais que duplicou o número de habitantes do planeta Portanto entre 1800 e 2000 duzentos anos a população mundial passou de 900 milhões para 61 bilhões de pessoas Segundo estimativas da ONU atualmente o mundo ganha cerca de 130 milhões de pessoas a cada ano Porém esse crescimento tem ocorrido de forma muito desigual entre as regiões do mundo Em 2005 somente a China e a Índia contabilizavam 130 bilhão e 104 bilhão de habitantes respectivamente Aula 4 Geografi a da População 64 a População absoluta corresponde ao total de habitantes de um lugar b População relativa é a média de habitantes por quilômetros quadrados habkm2 ou seja a concentração de população residente em uma determinada área Expressase através da densidade demográfica que indica o número de habitantes por unidade da área geralmente o quilômetro quadrado c Superpopulação ou superpovoamento situação defi nida principalmente a partir do nível de desenvolvimento socioeconômico e tecnológico resultante da relação populaçãoárea não está diretamente relacionada à densidade demográfi ca Assim uma área é considerada superpovoada quando ocorre descompasso das condições socioeconômicas da população em relação à área ocupada e aos recursos disponíveis ou seja quando os recursos não podem ser explorados de forma efi ciente para atender às necessidades da população Exemplo A densidade demográfi ca da Índia é de 336 habkm2 e a da Bélgica é de 312 habkm2 Embora apresentem índices de densidade demográfi ca muito próximos somente a Índia é considerada um país superpovoado d Subpovoamento ocorre quando uma área apresenta população absoluta inferior aos limites mínimos para o aproveitamento dos recursos disponíveis e para a construção de uma economia produtiva Defi nindo alguns conceitos para compreender a espacialização da população Vamos prosseguir na discussão apresentando alguns conceitos que permitem estabelecer a conexão entre população e espaço Tomando por referência os dados anteriormente mencionados podemos interpretálos a partir de algumas noções ou seja podemos dizer que esses países possuem elevada população absoluta e baixa densidade demográfi ca apesar de estarem entre os mais populosos do mundo Mas o que isso signifi ca Atividade 1 Aula 4 Geografi a da População 65 Você estudou até aqui alguns conceitos que estão no centro dos estudos sobre população Agora pesquise e responda as questões abaixo a Qual é a população absoluta do seu município b Identifi que a área mais populosa da cidade c Identifi que a área menos povoada d Procure saber as causas dessas diferenças Descreva o que você encontrou e Procure no site do IBGE dados referentes aos dois últimos censos demográfi cos 1991 e 2000 Localize o seu município e verifi que como a população se comportou no que diz respeito às taxas de crescimento Apresente os dados Lembrete Um país pode ser superpovoado mesmo que apresente baixa densidade demográfi ca e Populoso condição de uma área defi nida a partir da população absoluta de um lugar Países mais populosos do mundo China Índia EUA Indonésia e Brasil f Povoado condição de uma área defi nida a partir de sua população relativa Uma área pode ser densamente ou fracamente povoada Países mais populosos do mundo China Índia EUA Indonésia e Brasil Lembrete Um país populoso não é necessariamente um país muito povoado Surpreso com os números Pois é em termos de crescimento populacional e de sua repartição pela Terra o quadro real do planeta é esse e inspira preocupações Mais adiante vamos saber o porquê Antes pare e refl ita sobre o seu município Aula 4 Geografi a da População 66 Como a população cresce Vamos prosseguir com a abordagem dos conceitos Agora ampliaremos a discussão para compreender como a população cresce Na dinâmica populacional há dois processos que provocam o crescimento demográfi co São eles a Crescimento vegetativo ou natural corresponde à diferença entre os nascimentos e os óbitos é expresso em percentagem Assim a taxa de crescimento vegetativo é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade verifi cada em uma população em determinado período geralmente um ano Quanto maior é essa diferença maior é o crescimento populacional Se a diferença entre essas duas taxas for positiva signifi ca que a população aumentou se for negativa indica que a população diminuiu se as duas taxas se igualam registrase crescimento zero logo a população permanece estável b Crescimento horizontal ou migração líquida equivale à diferença entre o número de imigrantes e o de emigrantes Evidentemente esse número só será positivo se o número de imigrantes for superior ao de emigrantes Aula 4 Geografi a da População 67 Dessa forma defi nese que o crescimento demográfi co ou total de um país resulta do crescimento vegetativo acrescido do número de imigrantes e subtraído o número de emigrantes Assim é possível afi rmar que o crescimento vegetativo e as migrações estão entre os principais indicadores demográfi cos porque através deles é possível observar a dinâmica de uma população ou seja se cresceu diminuiu ou estabilizou quantas pessoas nasceram ou morreram quantas saíram ou chegaram entre outros Para compreender os processos que conduzem ao crescimento populacional vamos buscar desvendar a defi nição de alguns termos que foram mencionados Afi nal o que signifi ca taxas de natalidade mortalidade e fecundidade E em que reside a diferença entre os termos migração emigração e imigração A taxa de natalidade indica o número de nascimentos ocorridos anualmente para cada grupo de mil habitantes de um local país estado município etc É calculado pela seguinte fórmula TAXA DE NATALIDADE População absoluta Nascimentosano X 1000 Exemplo 1 Se em um país X cuja população total é de 20 milhões de habitantes nasceram em um ano 600 mil pessoas qual a sua taxa de natalidade Taxa de natalidade 600000 x 1000 20000000 30o trinta por mil Resposta A taxa de natalidade do país X é de 30o trinta por mil ou seja em um ano nasceram 30 crianças vivas para cada grupo de 1000 habitantes A taxa de mortalidade indica o número de mortes ocorridas anualmente para cada grupo de mil habitantes de um lugar É calculada pela seguinte fórmula TAXA DE MORTALIDADE Mortesano X 1000 População absoluta Aula 4 Geografi a da População 68 Exemplo 2 Se em um país Y cuja população total é de 20 milhões de habitantes morreram em um ano 300 mil pessoas qual a sua taxa de mortalidade Taxa de mortalidade 300000 x 1000 20000000 15o quinze por mil Resposta A taxa de mortalidade do país Y é de 15o quinze por mil ou seja em um ano morreram 15 pessoas para cada grupo de 1000 habitantes Essa é a taxa de mortalidade geral calculada pela média do conjunto da população Mas a mortalidade também pode ser calculada por grupos específi cos delimitados por idade profi ssão rendimentos entre outras variáveis resultando no índice de mortalidade diferencial Um exemplo é o cálculo da mortalidade por idade que permite a obtenção da taxa de mortalidade infantil que corresponde ao número de crianças que morrem antes de completar o primeiro ano de vida em um ano Essa taxa é um importante indicador do nível de desenvolvimento socioeconômico de um país pois refl ete um conjunto de fatores tais como alimentação assistência médica condições hospitalares condições de moradia saneamento básico e higiene pessoal A taxa de fecundidade indica o número médio de fi lhos que uma mulher teria ao fi nal de sua idade reprodutiva se os padrões de comportamento reprodutivo vigentes forem mantidos A taxa de fecundidade igual a 21 é considerada a taxa de reposição isto é em uma situação na qual as mulheres têm em média 21 fi lhos ao longo de sua vida o tamanho da população se mantém estável Agora você é capaz de identifi car e saber sobre os processos que são responsáveis pelo crescimento populacional Para demonstrar que você compreendeu faça uma pausa na leitura para voltar a refl etir sobre o seu município Atividade 2 Aula 4 Geografi a da População 69 Continue a pesquisa iniciada no tópico anterior Agora colete os dados do seu município referentes ao crescimento populacional atrelados aos indicadores de mortalidade e natalidade Para isso proceda da seguinte forma a Vá ao cartório de sua cidade converse com o titular e solicite pesquisar os registros de nascimentos e óbitos dos últimos dez anos b Selecione e quantifi que os óbitos referentes a crianças entre 0 e 5 anos c Identifi que a causa da morte e descreva d Calcule a taxa de mortalidade do seu município no período pesquisado e Calcule a taxa de natalidade do seu município no período pesquisado Aula 4 Geografi a da População 70 O crescimento populacional e as migrações Você viu que a população cresce decresce ou se estabiliza Para isso há fatores que são responsáveis por impulsionar essa dinâmica Agora vamos estudar o que são os processos migratórios nesse contexto Mas o que é migração emigração e imigração Parecem termos muito próximos mas atente para as suas particularidades a Migração é o processo de deslocamento de pessoas de um lugar para outro registrase sua ocorrência desde os tempos préhistóricos As migrações podem ser internas quando a mobilidade espacial ocorre dentro dos limites territoriais de um país e externas ou internacionais quando os fl uxos populacionais atravessam fronteiras políticas deslocando se dos países de origem para fi xar residência legal ou ilegalmente em outros países b Defi nese como emigração o movimento de pessoas que saem do seu país de origem para viver em outro país c A imigração corresponde ao inverso ou seja ao movimento de pessoas que entram em outro país para nele viver As migrações recentes não são aleatórias nem desvinculadas do contexto socioeconômico mundial eou regional De acordo com o Relatório do Desenvolvimento Humano 2004 PNUD 2005 o número de imigrantes internacionais isto é de pessoas que vivem fora de seu país passou de 76 milhões em 1960 para 175 milhões no ano 2000 As razões que levam as pessoas a migrar são de diferentes naturezas sendo determinadas por diversos fatores os quais serão analisados em aula subsequente Agora que você terminou a abordagem dos conceitos envolvidos no processo de crescimento populacional vamos concluir o levantamento de dados sobre alguns aspectos da população do seu município Atividade 3 Aula 4 Geografi a da População 71 a Identifi que em seu município famílias que tiveram pessoas que saíram do seu lugar de origem o motivo do deslocamento e o local de destino Registre as informações b Identifi que em seu município pessoas de outras localidades que passaram a residir no mesmo e as razões do deslocamento Registre as informações Resumo 1 Aula 4 Geografi a da População 72 Autoavaliação Após as atividades realizadas nesta aula você tem um conjunto de dados sobre o comportamento populacional do seu município Agora é a vez de sistematizar melhor essas informações Vamos realizar a Autoavaliação Elabore um texto sobre aspectos da dinâmica populacional do seu município Para isso siga as seguintes orientações Nesta aula você estudou a respeito dos conceitos básicos da Geografi a da População relativos ao tema crescimento populacional Foi levado a utilizar essas referências em situações concretas de pesquisa cujo objetivo é aproximar o conceito da realidade Para isso descobriu algumas informações pertinentes à dinâmica populacional que se faz presente no seu município e foi mais além Através da apresentação e discussão dos trabalhos pôde conhecer outras realidades compreendendo como a população se comporta o que há de comum e de diferente no contexto do crescimento populacional Para sistematização dos dados a Volte às atividades anteriores para rever os dados sistematizálos e aproximálos na perspectiva da construção de uma refl exão sobre a realidade local b Refl ita sobre os dados conectando as informações aos conceitos estudados 2 3 Aula 4 Geografi a da População 73 Para a construção do texto fi nal a Dê um título ao trabalho e crie títulos e subtítulos para desenvolver o tema caso ache necessário b Elabore uma introdução c Desenvolva o trabalho tendo por referência o conjunto de dados e informações já sistematizados refl etindo sobre eles a partir dos conceitos estudados d Elabore as considerações fi nais Para a apresentação e discussão a Converse com seu tutor e organize grupos para apresentação e discussão dos resultados Defi na sessõesencontros no polo para esse fi m Referências MAGNOLI D ARAÚJO R Geografi a a construção do mundo geografi a geral e do Brasil São Paulo Moderna 2005 MOREIRA I O espaço geográfi co geografi a geral e do Brasil São Paulo Ática 2006 SANTOS J L F LEVY M S F SZMRECSÁRYI T Org Dinâmica da população teoria métodos e técnicas de análise São Paulo T A Queiroz 1991 SENE E de MOREIRA J C Geografi a para o ensino médio São Paulo Scipione 2007 TORRES H COSTA H Org População e meio ambiente debates e desafi os São Paulo SENAC 2000 VERRIÈRE J As políticas de população Rio de Janeiro Bertrand Brasil 1991 Anotações Aula 4 Geografi a da População 74 Crescimento populacional Parte II 5 Aula Sorry I cant assist with that 1 2 3 Aula 5 Geografi a da População 77 Apresentação N esta aula você vai estudar o crescimento populacional e sua espacialização no mundo a partir da relação entre demografi a e situação socioeconômica Assim você vai compreender que o mundo é lido a partir da divisão entre desenvolvimento e subdesenvolvimento condição importante para a compreensão de como a população cresce decresce e se estabiliza Desse modo as taxas de natalidade e mortalidade responsáveis por dimensionar o crescimento vegetativo de uma unidade territorial seja um país um estado uma região ou um município serão estudadas e contextualizadas de modo a levar você a entender as causas e consequências que se apresentam e são condicionadoras do processo que envolve o crescimento populacional no mundo no período compreendido entre os séculos XIX e XX Você também será estimulado a descobrir como se comporta o Brasil no âmbito dessa temática No decorrer da aula você será levado a realizar um conjunto de atividades que estimulam a articular o conteúdo a realidade Objetivos Compreender o crescimento populacional a partir da relação entre demografi a e condições socioeconômicas Entender as matrizes do desenvolvimento e do subdesenvolvimento que são responsáveis pela dinâmica do aumento declínio e estabilização da população Saber sobre as causas e consequências que estão presentes na dinâmica do crescimento populacional no mundo e no Brasil Atividade 1 Aula 5 Geografi a da População 78 Contextualizando o crescimento demográfi co mundial Vamos continuar a discussão sobre o crescimento demográfi co iniciada na aula anterior Lá você foi estimulado a pensar os conceitos e aplicálos na leitura da realidade local Agora vamos navegar pelas discussões que tratam da dinâmica demográfi ca associada às variáveis do desenvolvimento socioeconômico Assim as questões populacionais são vistas a partir da dinâmica mais geral da sociedade É uma ampliação daquilo que discutimos na primeira aula quando tratamos da existência de um homem estatístico está lembrado A dinâmica demográfi ca mundial é heterogênea A existência dessa heterogeneidade tem razões históricas estruturais e conjunturais que interferem no ritmo do crescimento populacional de cada nação Observe o mapamúndi a seguir Identifi que com a cor azul as nações mais populosas de cada continente Para saber quais as nações mais populosas consulte a internet Figura 1 O espaço mundial Fonte Terra e Coelho 2005 p 37 Aula 5 Geografi a da População 79 Pesquise em livros didáticos a respeito da população absoluta e a área geográfi ca das nações e calcule a população relativa Você aprendeu como fazer isso na aula anterior Que conclusões você tira a partir dessa espacialização Para isso considere os conceitos discutidos na aula anterior Registre suas impressões Com essa atividade você é capaz de enxergar a face da realidade populacional hoje Mas é preciso voltar no tempo para entender como esse panorama se delineou e as alterações que se processaram Para compreendermos o crescimento populacional em uma perspectiva histórica é necessário voltarmos novamente à chamada Revolução Industrial Isso porque esse evento teve uma importância singular na redefi nição da dinâmica populacional tornandose importante construir a análise demográfi ca associada a esse processo Aula 5 Geografi a da População 80 Revolução Industrial e crescimento populacional A Revolução Industrial que teve início na Inglaterra século XVIII e expandiuse para outros países europeus foi acompanhada por um crescimento demográfi co sem precedentes na História No século XIX o crescimento vegetativo da população europeia chegou a atingir entre 10 e 15 ao ano Esse elevado índice de crescimento populacional na Europa foi resultado da elevação das taxas de natalidade nas principais regiões em processo de urbanização e industrialização e principalmente da redução generalizada nas taxas de mortalidade Você deve estar se perguntando o que é urbanização Que relação existe entre urbanização e industrialização Como esses processos interferem nas variáveis natalidade e mortalidade de uma nação Vejamos Urbanização é o processo que ocorre quando a população urbana cresce a taxas maiores do que a população total Esse processo é resultado principalmente do êxodo rural ou seja da transferência de populações do meio rural para o meio urbano Sinaliza a transição de um padrão de vida econômica apoiado na produção agrícola para um padrão fundamentado na indústria no comércio e nos serviços Já a industrialização nesse momento pode ser considerada um fenômeno que ocorre no espaço urbano Assim as alterações que ela provoca vão ser sentidas na ambiência da cidade inicialmente mas com repercussões sobre a realidade do campo A industrialização foi capaz de estimular a transferência das populações campesinas para a cidade em busca de trabalho Assim a cidade foi o lócus para reprodução da vida mediada pelas novas demandas provenientes do modo de produzir pautado na máquina na produtividade e no consumo Esse fato provocou implicações na dinâmica do crescimento populacional Vamos ver o que levou as variáveis natalidade e mortalidade a apresentarem um padrão de comportamento elevado As estatísticas informam que até as últimas décadas do século XIX as taxas de natalidade se mantiveram altas entre as populações urbanas e em muitos casos até aumentaram Nesse período prevalecia a lógica de que era interessante ter uma quantidade maior de fi lhos tendo em vista que era comum o emprego de crianças pequenas a partir de sete anos de idade nas fábricas o que poderia se traduzir em aumento da renda familiar Dessa forma o incremento da industrialização e a consequente expansão das fábricas funcionavam como um fator de estímulo a natalidade Por outro lado nesse mesmo período a Europa vivenciou o declínio das taxas de mortalidade tendo em vista que a modernização da agricultura caracterizada pelo aumento da produtividade e pela introdução de novos cultivares praticamente eliminou a fome e a escassez que foram comuns na Idade Média A modernização agrícola levou à estabilização da oferta de alimentos atuando como um fator decisivo para a redução da mortalidade Além disso outros fatores contribuíram como A difusão de novos hábitos de higiene individual e pública nos ambientes urbanos o que significou a melhoria das condições sanitárias Para a diminuição da mortalidade tão importante quanto a melhoria da alimentação foi a disseminação do hábito de usar sabão A implantação de uma rede de serviços de saúde pública especialmente abastecimento de água e esgotamento sanitário que melhorou as condições sanitárias e tornou a vida urbana mais salubre Os avanços da medicina através da descoberta de vacinas da prática da medicina preventiva da implantação de novas regras de higiene e assepsia nos hospitais que eram focos de infecção e do uso da anestesia nos pacientes operados Nesse contexto as melhorias das condições sanitárias associadas à nova dinâmica da produção favoreceram o aumento da natalidade simultâneo ao recuo da mortalidade Considerando a matemática do crescimento populacional temse como resultado uma aceleração do crescimento vegetativo na maioria dos países europeus em processo de industrialização considerada como a 1ª fase da transição demográfica Os dados comprovam a análise em 1750 a população da Europa era de aproximadamente 140 milhões passando em 1840 a 270 milhões na Inglaterra entre 1801 e 1851 a população passou de 89 para 179 milhões de pessoas Conforme estudado na aula anterior foi este o cenário histórico no qual Thomas Robert Malthus formulou a sua teoria de crescimento populacional considerada pessimista Ele considerava que o descompasso entre a população e os recursos necessários à sua sobrevivência eram a causa da existência da pobreza e das doenças Essa teoria comprovadamente equivocada por explicar a dinâmica demográfica pelos mecanismos naturais desconsiderou os mecanismos culturais de regulação Porém no final do século XIX as taxas de natalidade começaram a declinar na maioria dos países europeus A mortalidade infantil decresceu significativamente influenciando de forma decisiva o comportamento reprodutivo já que houve uma tendência à redução do número de filhos em função do aumento das chances de sobrevivência das crianças até a idade adulta Acrescentemse outros elementos que foram responsáveis pelo declínio das taxas de natalidade as inovações tecnológicas que requisitaram um grau de especialização do trabalhador o fortalecimento do movimento operário que passou a exigir e obter condições dignas de trabalho o que elevou o custo com a mão de obra no processo produtivo e a implantação das leis trabalhistas que restringiram o trabalho infantil Aula 5 Geografia da População 81 Atividade 2 1 2 3 4 Aula 5 Geografi a da População 82 Também contribuíram para a redução das taxas de natalidade o crescimento econômico e o aumento da renda familiar média visto que a perspectiva de assegurar melhores condições de vida alimentação educação saúde vestimenta lazer etc para todos os membros da família tornava um número grande de fi lhos um empecilho à realização mais plena do que se apresentava como horizonte em uma sociedade de consumo Outros fatores importantes foram o ingresso da mulher no mercado de trabalho as lutas por igualdade de direitos e a disseminação dos métodos contraceptivos que funcionaram e funcionam como fatores de redução das taxas de fecundidade por conseguinte repercutem sobre a diminuição das taxas de natalidade Assim a industrialização e a urbanização se impõem como modalidades que interferem no modo de viver da população Com a disseminação desses fenômenos modifi caramse os valores da família sobre a concepção de ter fi lhos De uma perspectiva em que a criança era vista como mais um trabalhador capaz de ampliar a renda familiar passouse à compreensão de que é preciso primeiro educar a criança para que ela obtenha qualifi cação para trabalhar Essa ideia alterou a decisão sobre o número de fi lhos por família e foi extensiva a todos os grupos sociais Ter fi lhos passou a signifi car primeiro um investimento em educação sem retornos imediatos para a família Nessa perspectiva temse a manutenção da tendência a declínio das taxas de mortalidade em um contexto em que a natalidade também foi reduzida consequentemente também houve redução do crescimento vegetativo Esse período foi considerado a 2ª fase da transição demográfi ca Vamos agora sistematizar as ideias Explique a relação entre industrialização urbanização e crescimento populacional Justifi que o aumento das taxas de natalidade no início do século XIX na Europa Justifi que o declínio das taxas de natalidade no fi nal do século XX no continente europeu DESAFIO A partir da leitura desse tópico você é capaz de identifi car elementos que possam ser considerados históricos estruturais e conjunturais Identifi que esses elementos por categoria Aula 5 Geografi a da População 84 Crescimento populacional no século XX No decorrer do século XX a tendência a redução das taxas de natalidade e mortalidade na Europa foi mantida e atingiu altos níveis de equilíbrio e estabilidade resultando em taxas de crescimento vegetativo extremamente baixas negativas ou igual a zero o que foi considerado a 3ª fase da transição demográfi ca Entre 1995 e 2000 o crescimento demográfi co do continente foi de apenas 002 ao ano Segundo a ONU desde 2000 verifi case uma tendência de redução da população europeia em termos absolutos Esse padrão de comportamento populacional também evidenciado na América Anglo Saxônica EUA e Canadá e na Oceania de modo geral corresponde à dinâmica demográfi ca dos países desenvolvidos Como dissemos no início dessa aula o crescimento populacional é heterogêneo e está atrelado à dinâmica socioeconômica Assim as áreas em destaque no mapa podem ser ampliadas para outras nações que apresentam um nível de desenvolvimento compatível ou igual a elas Mas essas outras áreas não recobrem toda a superfície terrestre Restará um conjunto de nações dispersas pelos continentes americano asiático e africano que apresentam níveis de crescimento populacional elevado sendo em sua grande maioria prisioneiras das mazelas do subdesenvolvimento Assim vamos explorar as variáveis demográfi cas nos países subdesenvolvidos Inicialmente é preciso chamar a atenção para o fato de que esse grupo de países não é homogêneo embora tenham como característica comum o subdesenvolvimento Ou seja há diferenciais quanto ao nível de pobreza de educação de industrialização de urbanização entre outros de modo que não se pode afi rmar que a condição do Brasil por exemplo é similar à da Somália África nesta a pobreza as guerras tribais as epidemias a escassez de alimentos e de água geram um quadro de miserabilidade que torna a condição de subdesenvolvimento bem mais acentuada do que no Brasil Nesse sentido a dinâmica populacional que envolve natalidade mortalidade fecundidade e migração é infl uenciada além dos fatores de ordem socioeconômica por aqueles de ordem políticocultural A despeito disso assim como é feita uma leitura generalizada das fases do crescimento populacional dos países desenvolvidos também é possível empreender a mesma sistemática com relação aos países subdesenvolvidos ressaltandose as especifi cidades pertinentes Aula 5 Geografi a da População 85 Figura 2 Divisão socioeconômica do mundo atual Fonte Moreira 2006 p 35 Com este mapa você tem a noção do que é o mundo em termos de desenvolvimento e subdesenvolvimento Pode identifi car as nações que estão em cada eixo Mas apesar do mapa apresentar uma espacialização que generaliza ou seja apresenta todos numa mesma realidade a do desenvolvimento e a subdesenvolvimento atente para o que foi dito anteriormente o subdesenvolvimento também é heterogêneo Assim vamos agora compreender como o comportamento das variáveis demográfi cas foi alterado no período posterior à Segunda Guerra Mundial ocorrida entre 1939 e 1945 Após esse confl ito mundial as taxas de mortalidade declinaram aceleradamente nos países subdesenvolvidos em função dos avanços na Medicina que incluíam a difusão de novos medicamentos a vacinação em massa e o crescente controle sobre as epidemias difteria tifo e malária principalmente Essas melhorias trouxeram benefícios sociais que chegaram com décadas de atraso em relação aos países desenvolvidos detentores desse conhecimento e responsáveis por sua disseminação Esse conjunto de inovações que tinham como preocupação atuar não apenas na questão da cura das doenças epidêmicas mas também no campo da prevenção foi denominado de Revolução MédicoSanitária A queda da mortalidade nos países subdesenvolvidos em um contexto em que as taxas de natalidade permaneceram elevadas provocou um novo surto de crescimento demográfi co no planeta superior ao ocorrido na Europa no século XIX Essa conclusão decorre do fato de que a base do qual partiu era muito maior ou seja a população dos países subdesenvolvidos era muito superior à da Europa e os picos de crescimento natural foram igualmente superiores Enquanto na Europa no século XIX as taxas médias de crescimento vegetativo foram de 10 a 15 ao ano nos países subdesenvolvidos chegaram a ser superiores a 20 ao ano entre 1950 e 1985 e a maior parte deles registrou taxas superiores a 3 ao ano na fase aguda da transição demográfi ca a 1ª fase Aula 5 Geografi a da População 86 Esse cenário foi propício ao retorno de teorias alarmistas ou pessimistas já estudadas por você em aulas anteriores Assim na década de 1960 ápice do crescimento da população mundial a Teoria Malthusiana ressurgiu com nova roupagem sob o nome de Neomalthusianismo Para Malthus a natureza era culpada pela existência dos pobres enquanto os neomalthusianos responsabilizam os pobres por sua própria pobreza e também pela miséria de seus países Partem da premissa de que o alto crescimento demográfi co é uma das principais causas da generalização da pobreza entre os países subdesenvolvidos e o controle de natalidade asseguraria a passagem para o estágio de desenvolvimento Recentemente a corrente de adeptos dessa teoria tem aumentado com a agregação de grupos ambientalistas que defendem que o rápido crescimento demográfi co dos países pobres se traduziria em pressão sobre os recursos ambientais especialmente em áreas tropicais e equatoriais e em sério risco para o futuro Desta forma o controle da natalidade seria um instrumento de preservação do patrimônio ambiental Essa visão desconsidera um aspecto básico da pressão humana sobre os recursos ambientais na atualidade são os países desenvolvidos que representam apenas cerca de 20 da população mundial os responsáveis pelo consumo da maior parte dos recursos ambientais disponíveis e também por 80 da poluição gerada no planeta Desse modo conforme estudiosos do assunto os graves problemas ambientais contemporâneos não se remetem ao crescimento demográfi co dos pobres mas ao padrão de produção e consumo vigente nos países ricos que inclusive em função da disseminação de informações acaba sendo desejado e em alguns casos copiado pelos países subdesenvolvidos Na década de 1990 o debate sobre a dinâmica populacional no mundo envolveu bastante os neomalthusianos e seus opositores representantes da Igreja Católica e dos países muçulmanos que se opõem aos métodos contraceptivos e principalmente ao aborto O debate entre defensores e opositores da Teoria Neomalthusiana esteve no foco da Conferência Mundial de População realizada no Cairo Egito em 1994 sob o patrocínio da ONU Aula 5 Geografi a da População 87 O declínio das taxas de natalidade nos países subdesenvolvidos Estudos acurados sobre a questão populacional indicam que o debate entre neomalthusianos e religiosos não leva em consideração as recentes e profundas transformações da sociedade nos países subdesenvolvidos e suas repercussões sobre a dinâmica populacional que se refl etem no mundo As estatísticas demonstram que nas últimas décadas apesar dos preceitos religiosos e em muitos casos da inefi ciência dos programas de planejamento familiar todas as regiões subdesenvolvidas do mundo apresentam diminuição de suas taxas de natalidade consequentemente do ritmo de crescimento demográfi co 2ª fase da transição demográfi ca como pode visto na Figura 3 Para os analistas a estabilidade demográfi ca é uma questão de tempo 3ª fase da transição Figura 3 A transição demográfi ca em regiões subdesenvolvidas Fonte Magnoli e Araújo 2005 p 462 Porém o que explica essa tendência de redução do ritmo de crescimento populacional nos países subdesenvolvidos Aula 5 Geografi a da População 88 Conforme mencionado anteriormente esse conjunto de países apresenta disparidades em termos de desenvolvimento e portanto eles são desigualmente afetados pelo processo de modernização que se dissemina mundialmente Todavia em uma análise geral constatase que nos países subdesenvolvidos embora com intensidades e formas diferentes a modernização da economia e a urbanização têm atuado como fatores de redução das taxas de natalidade ao romper com a unidade familiar de trabalho que tinha no uso da mão de obra infantil uma de suas fontes de renda Nesse contexto um fi lho a mais para a população urbana de baixa renda representa gastos extras até o seu ingresso no mercado de trabalho Além disso na cidade difundese rapidamente a informação e os meios para realizar o controle da fecundidade Até mesmo na zona rural se operam as mudanças de visão e comportamento tendo em vista que a modernização das relações de trabalho disseminou o trabalho assalariado restringindo o emprego da mão de obra infantil o que infl uencia na redução da natalidade Dessa maneira delineiase um quadro em que o declínio das taxas de mortalidade é acompanhado de uma tendência a recuo das taxas de natalidade resultando em uma redução das taxas de crescimento demográfi co Considerando que os países desenvolvidos apresentam tendência a crescimento demográfi co baixíssimo e que os países subdesenvolvidos estão em fase de transição demográfi ca evidenciada na redução de suas taxas temse um cenário geral de desaceleração no ritmo do incremento da população mundial A política de controle de natalidade na China País mais populoso da Terra a China empreendeu uma política de controle de natalidade rigorosa que se defi ne pela política do fi lho único A adoção dessa estratégia produziu uma disparidade de nascimentos entre os sexos sendo registrados 1138 nascimentos do sexo masculino para cada 100 do sexo feminino Por que isso ocorre Em função de questões políticas e culturais Como as mães são autorizadas pelo Estado a ter apenas um fi lho parte signifi cativa delas opta pelo aborto ou pratica o infanticídio assassinato de um recémnascido quando sabem que estão esperando uma menina visto que nas regiões agrícolas tradicionais os homens gozam de um estatuto social mais elevado do que as mulheres Atividade 3 1 2 3 4 Aula 5 Geografi a da População 89 Vamos parar para refl etir sobre o crescimento populacional no século XX Explique como se comportaram as taxas de crescimento populacional nos países desenvolvidos Explique como se apresentaram as taxas de crescimento populacional nos países subdesenvolvidos Em que consiste o ressurgimento da Teoria Malthusiana na década de 1960 Justifi que o declínio das taxas de natalidade nos países subdesenvolvidos Brasil evolução populacional 1872 a 2000 Milhões de habitantes 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 1872 1890 1900 1920 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 Aula 5 Geografi a da População 90 Dinâmica da população brasileira Estudamos até aqui as questões referentes à dinâmica populacional nos países desenvolvidos e subdesenvolvidos Vamos ver mais especifi camente como fi ca o Brasil nesse contexto Em termos de crescimento populacional a situação do Brasil se insere basicamente na análise relativa aos países subdesenvolvidos Na análise da dinâmica populacional do Brasil os anos de 1872 e 1940 são emblemáticos Em 1872 realizouse o primeiro censo demográfi co e o ano de 1940 demarcou a transição para a fase de crescimento populacional acelerado Figura 4 Figura 4 Brasil crescimento da população 1872 a 2000 Fonte Moreira 2006 p 345 Entre 1872 e 1940 as taxas de crescimento da população brasileira não ultrapassavam os 2 ao ano em decorrência da predominância de altas taxas de natalidade convivendo com elevadas taxas de mortalidade No período entre 1891 e 1900 a taxa de natalidade foi em torno de 46o quarenta e seis por mil e a taxa de mortalidade foi superior a 27o vinte e sete por mil Esse elevado índice de mortalidade era gerado a partir da proliferação de doenças infecciosas e parasitárias como as epidemias de peste bubônica febre amarela varíola e cólera que assolavam as principais cidades e se difundiam pelas áreas rurais onde se concentrava a maioria da população Com a Proclamação da República várias iniciativas foram agilizadas visando o saneamento dos principais centros urbanos como drenagem de pântanos retifi cação de rios e córregos para evitar enchentes fi scalização de cortiços e habitações populares por agentes de saúde Médicos e sanitaristas foram convocados pelo governo para estabelecer Aula 5 Geografi a da População 91 estratégias de contenção da propagação das doenças epidêmicas Institutos de pesquisa no campo da saúde foram criados em São Paulo Instituto Bacteriológico hoje Adolfo Lutz e no Rio de Janeiro Instituto Mantinhos hoje Osvaldo Cruz Através das pesquisas realizadas foram descobertos os mecanismos de transmissão das doenças o que permitiu aprimorar as técnicas de prevenção e controle Apesar das reformas urbanas e dos institutos de saúde a mortalidade continuou elevada nas primeiras décadas do século XX tendo em vista que a maior parte das medidas sanitárias destinouse apenas às áreas nobres das cidades Acrescentese que nesta fase a população rural era predominante não sendo contemplada pelas medidas sanitárias e campanhas de vacinação No fi nal da década de 1910 no universo de aproximadamente 20 milhões de pessoas que viviam na zona rural 16 milhões eram portadores de parasitas intestinais e pelo menos 3 milhões eram vítimas da doença de Chagas também era signifi cativo o número de pessoas tuberculosas e com malária O padrão de elevada mortalidade somente foi rompido na década de 1940 quando ocorreram novas conquistas na esfera da prevenção de doenças e o uso de antibióticos que ampliou as chances de sobrevivência das pessoas infectadas Nesse contexto também foram importantes as campanhas públicas de educação em saúde estratégia implementada desde o fi nal dos anos de 1930 que difundiu novos hábitos de assepsia e higiene visando conter a propagação de doenças Dentre as informações divulgadas estava a importância da água fervida a maioria dos brasileiros não tinha acesso à água potável como fabricar o soro caseiro e a relevância do aleitamento materno A repercussão dessas campanhas foi sentida especialmente na redução da mortalidade infantil A partir desse período as taxas de mortalidade no Brasil enveredaram por uma perspectiva de declínio que foi sendo acentuado no decorrer dos anos Considerando que entre 1940 e 1970 enquanto as taxas de mortalidade declinavam a natalidade permaneceu alta verifi case que nas décadas que sucederam a Segunda Guerra Mundial o país vivenciou uma brusca aceleração do ritmo de crescimento populacional Para se avaliar a dimensão desse crescimento é importante atentar para os números em 1940 a população total do país era de 412 milhões passando em 1970 a 931 milhões um crescimento de cerca de 130 em apenas trinta anos Tendo em vista que foi um período em que os fluxos imigratórios foram pouco signifi cativos concluise que o crescimento demográfi co foi basicamente vegetativo ou natural Nesse contexto a maior parte da população brasileira vivia na zona rural em pequenas propriedades familiares onde o trabalho infantil na lavoura era recorrente Assim uma família numerosa signifi cava um número maior de trabalhadores Nesse período a taxa de natalidade registrou um pequeno decréscimo mas permaneceu em patamares considerados elevados nos anos de 1950 era de 430 e na década de 1960 chegou a 39o Enquanto isso a taxa de mortalidade que na década de 1930 era de 25o passou a 13o nos anos de 1950 e chegou a 10o na década de 1960 A acentuada redução da taxa de mortalidade decorreu dos benefícios proporcionados pela Revolução MédicoSanitária Brasil crescimento vegetativo 1872 a 2000 Taxa de natalidade Taxa de mortalidade Crescimento vegetativo 1872 1890 1900 1920 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 50 45 35 25 15 10 5 0 20 30 40 Aula 5 Geografi a da População 92 que popularizou a Medicina difundiu as práticas de higiene social e promoveu as campanhas de vacinação e de combate às doenças endêmicas como a malária a esquistossomose e a doença de Chagas Desde 1973 o Brasil realiza um programa de vacinação que objetiva imunizar as crianças contra as doenças mais comuns na infância muitas delas já erradicadas no país A confi guração do quadro de elevada taxa de natalidade simultânea à redução da taxa de mortalidade determinou o aumento considerável da taxa de crescimento vegetativo Figura 5 que chegou a notifi car 3 ao ano Esse elevado índice foi responsável pelo alarmismo demográfi co que perdurou no Brasil nas décadas de 1960 e 1970 Entre os que se fundamentavam na visão neomalthusiana a alta taxa de natalidade era responsável pela pobreza do país e constituía um entrave ao desenvolvimento sendo fundamental e urgente que o Estado controlasse o crescimento vegetativo da população Para os adeptos da teoria reformista a pobreza era a causa da alta natalidade sendo necessário elevar o nível de vida da população através de uma melhor distribuição de renda para se obter a diminuição da natalidade Figura 5 Brasil crescimento vegetativo 1872 a 2000 Fonte Moreira 2006 p 345 O gráfi co demonstra que o crescimento vegetativo no Brasil apresentou tendência ascendente até meados de 1950 e a partir de 1960 mostrouse declinante A explicação desse padrão de comportamento populacional encontrase na variável natalidade Conforme os dados evidenciam ao longo dos anos a taxa de mortalidade consolidou sua propensão a um acentuado declínio paralelamente ocorreu um aumento signifi cativo da expectativa de vida ao nascer No entanto a taxa de natalidade somente apresentou tendência a expressiva redução nos anos de 1960 motivada por fatores como difusão do planejamento familiar que possibilitou a população o acesso à informação e a métodos contraceptivos como as pílulas anticoncepcionais os dispositivos intrauterinos DIUs a laqueadura cirurgia de ligamento das trompas que resulta na esterilização feminina e a vasectomia cirurgia de fechamento dos canais seminais que resulta na esterilização masculina urbanização que permitiu maior acesso a produtos e serviços mas também produziu a elevação do custo de vida ter muitos filhos significa acumular despesas enquanto no campo o alimento muitas vezes vinha da própria roça na cidade basicamente tudo era comprado inibindo a formação de famílias numerosas ampliação da participação da mulher no mercado de trabalho que reduziu o tempo de sua permanência no ambiente doméstico além de criar novas perspectivas de vida e realização pessoal importante também considerar que a necessidade de licençamaternidade aparece como um fator desfavorável para a força de trabalho feminina aumento da preocupação com os investimentos na formação dos filhos e com a qualidade de vida a ser usufruída pela família Essas mudanças e possibilidades inseridas no universo de vida da mulher revolucionaram o modo de vida brasileiro e foram determinantes para o declínio das taxas de fecundidade Figura 6 Brasil taxa de fecundidade total 61 62 63 57 43 28 22 0 1 2 3 4 5 6 7 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 Figura 6 Brasil taxa de fecundidade total 1940 2000 Fonte Moreira 2006 p 346 A leitura do gráfico indica que entre 1940 e 1960 a taxa de fecundidade oscilou entre 61 e 63 filhos por mulher A partir daí imprimiuse uma tendência decrescente Em 1970 o número médio de filhos por mulher era de 57 em 2000 o índice era de apenas 22 Nos primeiros anos do século XXI confirmouse o recuo do crescimento populacional no país que registrou uma taxa de 13 a taxa de natalidade foi de 21 e a de mortalidade foi de 8 O decrescente índice de mortalidade está diretamente relacionado à sistemática queda da mortalidade infantil no país que em 1970 era de 100 e em 2000 foi de 35 Essa taxa ainda Aula 5 Geografia da População 93 Resumo Aula 5 Geografi a da População 94 é considerada elevada Canadá 6o Chile 13o e por isso há programas de combate à mortalidade infantil desenvolvidos pelo Governo aleitamento materno e nãogovernamentais A redução da natalidade e da fecundidade também tem sido progressiva o que repercute na diminuição dos índices de crescimento vegetativo colocando o Brasil na iminência de efetivar a sua transição demográfi ca do estágio de crescimento rápido 2ª fase para o de baixíssimo crescimento 3ª fase Essas mudanças no padrão de comportamento demográfi co brasileiro ocorreram de forma rápida e estão associadas às transformações estruturais em sua economia nas últimas décadas O Brasil passou da condição de país ruralagrário para urbanoindustrial o que provocou redefi nições na base econômica produtiva e estimulou a concentração da população nas cidades alterando profundamente os comportamentos reprodutivos No entanto vale ressaltar que o território brasileiro é constituído por diferentes regiões Sendo assim a análise demográfi ca em uma perspectiva regional evidencia diferenciais em termos de natalidade mortalidade fecundidade e migrações As variações na dinâmica demográfi ca estão vinculadas à estrutura social econômica política e cultural de cada região assunto que será estudado na disciplina Geografi a Regional do Brasil Política Demográfi ca no Brasil A Lei n 9263 que regulamenta o planejamento familiar no país foi aprovada em janeiro de 1996 A lei institui que o planejamento familiar é visto como parte de um programa de atendimento integral à saúde voltado para a mulher o homem e o casal Um dos pontos centrais dessa lei é a regulamentação da esterilização voluntária que era proibida pelo Código Penal Brasileiro e pelo Código de Ética Médica Nesta aula você estudou a dinâmica populacional com o enfoque voltado para o tema crescimento demográfi co A discussão foi realizada tomando como parâmetro as situações apresentadas pelas nações desenvolvidas e subdesenvolvidas quanto às taxas de natalidade e mortalidade no período compreendido entre os séculos XIX e XX Refl etiu sobre a relação entre crescimento populacional e realidade socioeconômica sendo esta realidade importante para desenhar o mapa do desenvolvimento e do subdesenvolvimento Estudou de forma mais detalhada a realidade do crescimento populacional brasileiro no contexto das nações subdesenvolvidas 1 2 3 4 Aula 5 Geografi a da População 95 Autoavaliação Explique qual a relação entre o crescimento populacional e as condições socioeconômicas Quais as matrizes do desenvolvimento e do subdesenvolvimento que são responsáveis pela dinâmica do aumento declínio e estabilização da população Quais as causas e consequências que estão presentes na dinâmica do crescimento populacional no mundo e no Brasil Para sintetizar o que você aprendeu nessa aula preencha o quadro a seguir DINÂMICA DEMOGRÁFICA PAÍSES Desenvolvidos Subdesenvolvidos Brasil Características socioeconômicas Causas do crescimento populacional Causas do declínio do crescimento populacional Situação atual 5 6 Aula 5 Geografi a da População 96 Agora elabore um texto sobre o crescimento populacional hoje e suas implicações para o desenvolvimento DESAFIO A partir da leitura do tópico sobre o Brasil você é capaz de identifi car elementos que possam ser considerados históricos estruturais e conjunturais Identifi que esses elementos por categoria Referências MAGNOLI D ARAÚJO R Geografi a a construção do mundo geografi a geral e do Brasil São Paulo Moderna 2005 MILONE P C População e desenvolvimento uma análise econômica São Paulo Ed Loyola 1991 MOREIRA I O espaço geográfi co geografi a geral e do Brasil São Paulo Ática 2006 SANTOS J L F LEVY M S F SZMRECSÁRYI T Org Dinâmica da população teoria métodos e técnicas de análise São Paulo T A Queiroz 1991 SENE E de MOREIRA J C Geografi a para o ensino médio São Paulo Scipione 2007 TERRA Lygia COELHO Marcos Amorim Geografi a geral o espaço natural e socioeconômico São Paulo Moderna 2005 TORRES H COSTA H Org População e meio ambiente debates e desafi os São Paulo SENAC 2000 VERRIÈRE J As políticas de população Rio de Janeiro Bertrand Brasil 1991 Anotações Aula 5 Geografi a da População 97 Anotações Aula 5 Geografi a da População 98 Migrações Parte I Aula 6 1 2 3 4 Aula 6 Geografi a da População 101 Apresentação O s estudos da Geografi a da População contemplam a temática migração que será abordada em um conjunto de três aulas Nesta primeira aula você estudará os fatores responsáveis pelos processos migratórios que são de ordem econômica política cultural e natural No cenário de análises das migrações estudaremos os fatores econômicos e as questões estruturais e conjunturais políticos e a interferência dos confl itos territoriais culturais que possuem interface com as discussões sobre litígios territoriais e naturais que se relacionam aos eventos da natureza e à capacidade de induzir a mobilidade populacional Dessa forma você será levado a enveredar pelas refl exões que articulam espaço geográfi co e deslocamentos populacionais Objetivos Compreender o processo migratório no contexto da organização espacial Identifi car os fatores que são responsáveis pelas migrações Analisar os fatores que interferem no processo de deslocamento das populações Relacionar os fatores que estimulam as migrações a situaçõesproblema Atividade 1 Aula 6 Geografi a da População 102 Iniciando a discussão Você discutiu até aqui alguns aspectos que envolvem os estudos populacionais Nas duas últimas aulas a temática estava voltada para o crescimento demográfi co Pois bem você já sabe os fatores que impulsionam o aumento da população tendo visto alguns deles Agora se trata de estudar mais um aspecto dessa dinâmica que é o movimento migratório Conforme você já estudou as migrações são deslocamentos populacionais que ocorrem de uma área para outra Se olharmos retrospectivamente para o tempo podemos afi rmar que as migrações se constituem num fenômeno que marca o enredo da história da humanidade Para você ter uma ideia estudos arqueológicos indicam que o Homo sapiens espécie da qual fazemos parte surgiu na África há 100 mil ou 150 mil anos e disseminouse pelos continentes Essa disseminação que se propagou no decorrer dos séculos pode ser considerada o início das primeiras migrações Assim o homem desde as épocas mais remotas foi levado a se deslocar de um ambiente para outro impulsionado por fatores diversos Pare e pense Que fatores você acha que são responsáveis por estimular o homem a sair de um lugar para outro Relacione o que você considerou relevante Mais adiante você vai poder comparar se a sua resposta tem relação com o que os estudos demográfi cos consideram como fatores responsáveis pela migração Aula 6 Geografi a da População 103 Continue a leitura da aula e veja como os movimentos migratórios envolvem as variáveis tempo e espaço complexifi cando os seus estudos Ao longo do tempo os movimentos populacionais foram se estabelecendo a partir de contextos variados e escalas espaciais diferenciadas Dessa forma conferiram complexidade ao conceito de migração que do simples deslocamento populacional passou a envolver os interesses de organizações sociais as condições políticas eou econômicas e as relações de trabalho em contextos de natureza conjunturais eou estruturais É possível afi rmar que os deslocamentos populacionais são fenômenos que ocorrem vinculados às condições socioeconômicas culturais políticas e ambientais em escala mundial e regionallocal Assim dependendo da situação os deslocamentos populacionais podem estar sendo impulsionados por fatores de repulsão ou de atração Você tem ideia de quantas pessoas vivem fora do seu país de origem ou seja quantos são os imigrantes internacionais De acordo com o Relatório do desenvolvimento humano 2004 do PNUD o número de imigrantes internacionais tem crescido consideravelmente Atente para os dados em 1960 esse contingente somava 76 milhões de pessoas em 1990 passou a totalizar 154 milhões e em 2000 chegou a 175 milhões No primeiro intervalo que compreende 30 anos a variação percentual do crescimento do número de imigrantes internacionais foi de 1026 Entre 1990 e 2000 esse crescimento relativo foi da ordem de 136 São valores bastante expressivos Mas por que será que tantas pessoas migram Em que reside a motivação para as pessoas saírem de um lugar para outro Aula 6 Geografi a da População 104 Fatores que impulsionam as migrações Ora as razões assumem diferentes perspectivas e são determinadas por fatores diversos Dentre esses fatores destacamse os econômicos políticos culturais e naturais As migrações motivadas por fatores econômicos estão vinculadas principalmente à busca de trabalho e melhores condições de vida constituindose como a condição motivacional predominante para os deslocamentos Um exemplo emblemático de deslocamento populacional por razões econômicas pode ser extraído da sociedade japonesa Nas primeiras décadas do século XX em função de difi culdades econômicas o Japão tornouse um país de emigração Porém algumas décadas após ao vivenciar a recuperação da sua economia transformouse em um país de imigração O Brasil esteve articulado aos movimentos migratórios nesses dois momentos Primeiro na condição de país de imigrantes depois assumindo o perfi l de país de emigrantes Ops você lembra os conceitos de emigração e imigração estudados nas aulas anteriores Se está com dúvida sobre esses conceitos releia as aulas sobre crescimento populacional em que esse conceitos são defi nidos Pois bem os movimentos migratórios decorrentes sobretudo de condições econômicas podem ter conotações estruturais e conjunturais A existência dessas condições tem impactos socioespaciais que podem ser verifi cados de imediato mas seus efeitos também podem ser sentidos ao longo do tempo Quando a transferência de populações de um lugar para outro ultrapassa a esfera do indivíduo ou da família e se torna um contínuo processo que envolve a população de uma área ou região temos a confi guração do que podemos denominar de processo migratório A partir daí é necessário compreender as razões desse fenômeno procurando identifi car as variáveis que estão na base de sua organização Assim os processos migratórios têm variáveis que são estruturais e conjunturais Ou seja os movimentos migratórios quando atrelados aos fatores econômicos são responsáveis pelos processos de acomodação das populações migrantes cujas repercussões vão revelar a dinâmica estrutural e conjuntural da realidade socioespacial que envolve a nação a região o campo e a cidade Assim pode se entender as interferências estruturais da economia e a capacidade que ela apresenta para direcionar as condições de desenvolvimento A dinâmica estrutural ligada à dinâmica migratória está relacionada à capacidade da sociedade em termos de tecnologia produção de conhecimento meios de transportes e comunicação qualifi cação da força de trabalho geração Aula 6 Geografi a da População 105 de emprego e renda uso dos recursos naturais Esses elementos são estruturantes do processo de desenvolvimento espacial sendo considerados as raízes que sustentam e dão dinamismo a um país e defi nem os distintos níveis de integração espacial em âmbito global e local Assim por exemplo quando se verifi ca a estagnação da economia por um longo período resultando na falta de perspectivas de desenvolvimento na elevação dos índices de desemprego no baixo nível salarial na baixa capacidade de investimento na inviabilidade da renovação do parque produtivo e na diminuição dos índices de consumo está confi gurado um problema de ordem estrutural pois as consequências são sentidas em todas as esferas da vida Para entender melhor Pense no que sustenta uma casa As paredes ou o alicerce Pois bem para que as paredes possam dar sustentação à casa é preciso de fi rmamentos como colunas e um alicerce bem feito Sem isso a casa desmorona Assim o que estrutura a casa são os elementos que permitem a existência das paredes mas quando elas são postas passam a interferir na existência da mesma Lembre que a casa é uma composição de elementos É essa composição que defi ne a natureza e funcionalidade desse ambiente O exemplo da casa pode ser tomado como uma analogia para entender a dinâmica estrutural de um país Ela é uma composição que junta aqueles elementos anteriormente referidos ligados uns aos outros de maneira a criar relações de interdependência e complementaridade Essas relações são responsáveis por defi nir mais a médio e longo prazo a direção do desenvolvimento de um país Agora que você já tem mais claro o que é estrutura precisa saber que existe outro lado dessa mesma moeda chamado conjuntura que também pode interferir na dinâmica migratória O que é a conjuntura As condições conjunturais são aquelas que resultam de situações circunstanciais ou seja de um dado momento como crises políticas e econômicas que produzem redução da produção de bens desemprego desaceleração do crescimento econômico etc podem atingir países desenvolvidos e subdesenvolvidos Elas ocorrem e podem ter uma existência curta Mas não esqueça que conjuntura e estrutura são as duas faces de uma mesma moeda Uma pode estar se alimentado da outra para sobreviver Assim muitas vezes as migrações obedecem às ocorrências conjunturais como por exemplo o fechamento de uma indústria em uma cidade que acarreta a demissão de trabalhadores e a saída de alguns para procurar emprego em outras localidades Este fato não pode ser considerado um problema estrutural e sim conjuntural se tomarmos como referência espacial a cidade e a região Aula 6 Geografi a da População 106 Porém podese vivenciar realidades conjunturais que apontam para alterações estruturais Assim considerar um fenômeno conjuntural ou estrutural deve ser uma tarefa que requer estudá lo a partir de contextos temporais procurando estabelecer uma periodização mais abrangente bem como observar a escala espacial se tem abrangência local regional nacional e mundial Por exemplo a realidade vivida pela região do Seridó do Rio Grande do Norte a partir da década de 60 do século XX com a crise da cotonicultura cultivo do algodão As mudanças não fi caram restritas àquela época mas se enraizaram de modo a exigir uma reestruturação na base produtiva cujas repercussões são sentidas até hoje Assim aquele fenômeno pode ser interpretado em âmbito estrutural pois estimulou mudanças mais profundas em termos de organização produtiva e de desenvolvimento socioambiental Agora vejamos como as migrações podem ser infl uenciadas por fatores políticos Estes fatores estão atrelados a questões que envolvem o território portanto dizem respeito a litígios de fronteiras formação de novos países guerras externas entre países e internas no interior do próprio país e recentemente à abertura política promovida pelos antigos países socialistas do leste europeu e pela exURSS Essas situações geram divergências perseguições e até a expulsão de populações inteiras de seus territórios Um caso emblemático de litígio de fronteiras é o que envolve o Estado de Israel e os palestinos Desde 1948 quando houve a partilha do território palestino para ser criado o Estado de Israel esses dois povos já se enfrentaram em sucessivas guerras e confl itos cujo alvo principal é a delimitação e apropriação de territórios Esse longo e sinistro cenário de guerras fez com que os palestinos fossem desterritorializados o que obrigou grande parte a migrar para outros países principalmente do Oriente Médio Como resultado do processo que envolve a partilha das terras entre israelenses e palestinos as Colinas de Gola a Faixa de Gaza e a Cisjordânia têmse confi gurado como áreas de litígio Na Figura 1 você pode visualizar o processo de fragmentação e as áreas de litígio territorial Figura 1 Síntese do processo de criação do Estado israelense Fonte httpwwwestadaocombrfotosmapaisraelpalestinajpg Acesso em 3 jun 2009 Aula 6 Geografi a da População 107 Outro fato que pode ser destacado no âmbito das migrações que tem causas políticas é a formação de novos países a partir da fragmentação territorial até então existente De modo mais expressivo podemos citar o sangrento processo de dissolução da exIugoslávia país multiétnico que vivia sob a hegemonia dos sérvios para dar origem a novos países independentes Eslovênia Croácia BósniaHerzegovina Albânia Macedônia e Sérvia e Montenegro Figura 2 Iugoslávia antes da fragmentação Fonte http1bpblogspotcom3u2a7KDnjJISAgrSlGDbIAAAAAAAAAJEWrhtj8vCU4s400 mapabosniaiugoslaviagif Acesso em 3 jun 2009 Figura 3 Iugoslávia depois da fragmentação Fonte httpwwwgeomarcelocoelhoglobologcombrIUGOSLAVIA202020mapa20 da20divisao20poiticajpg Acesso em 3 jun 2009 Aula 6 Geografi a da População 108 A partir dos mapas você pode visualizar como uma nação foi repartida em várias outras Pode se questionar como fi caram as populações nesse contexto Elas foram levadas a migrar de uma área para outra No início da década de 1990 no contexto da derrocada do socialismo as antigas repúblicas que integravam a Iugoslávia buscaram a sua emancipação política o que se confrontava com os interesses dos sérvios desejosos de manter o poder que detinham na Iugoslávia Nesse processo guerras sangrentas marcadas pelo sentimento étnico de superioridade dos sérvios em relação aos outros povos foram responsáveis por deslocamentos populacionais principalmente daqueles que confi guravam minorias em um dado território sob o poder dos sérvios Por exemplo bósnios que viviam na Sérvia tiveram que fugir para o território da BósniaHerzegovina A guerra empreendida pelos sérvios tornouse diferenciada por trazer à tona o componente étnico estupros de mulheres de origem não sérvia como forma de humilhar os outros povos e a morte de famílias e comunidades inteiras em nome de uma faxina étnica Uma outra referência das migrações por causas políticas envolvendo guerras entre países é a de parcela dos iraquianos que tiveram de fugir para localidades circunvizinhas quando as tropas dos EUA e do Reino Unido invadiram o país No que concerne a guerras internas os países africanos como a Eritreia Etiópia Somália entre outros são exemplares esses confl itos obrigam milhares de pessoas a deixarem seus territórios passando a viver em países vizinhos como refugiados e em condições subhumanas Figura 4 Civis fugindo da Guerra do Iraque próximos à cidade sitiada de Basra Fonte httpcienciahswuolcombrmigracaohumana2htm Acesso em 3 jun 2009 Mais próximo de você está o movimento dos SemTerra aqui no Brasil É possível verifi car os deslocamentos constantes de trabalhadores de um lugar para outro apropriandose de terra e gerando confl itos que envolvem donos de terra governos e essa organização Aula 6 Geografi a da População 109 Figura 5 Movimento dos Trabalhadores Rurais SemTerra Fonte httpciranda5cirandanettwikipubArtigosNewsItem20050125222450RafaelEvangelista MSTjpg Acesso em 3 jun 2009 Todavia é importante registrar que a migração política também pode ser evidenciada em situações que não se efetivam através da coerção e violência É o caso das migrações decorrentes da abertura política Por exemplo na exURSS e em alguns países da Europa do Leste onde a transição do socialismo para o capitalismo permitiu maiores possibilidades de deslocamentos antes rigidamente controlados Entre as imagens marcantes desse período histórico está a de estradas superlotadas de automóveis transportando as pessoas que aproveitando a abertura política resolveram deixar os países do leste europeu para se fi xar em países da Europa Ocidental capitalista A partir das imagens e das discussões você é capaz de perceber que o espaço geográfi co é muito importante para a compreensão da dinâmica demográfi ca Isso porque se você se lembra das discussões postas na disciplina Organização do Espaço há ligações muito importantes entre a sociedade e a forma como o espaço se organiza Assim o espaço geográfi co é um condicionante das ações humanas A forma como o homem age está relacionada também às condições econômicas políticas e ambientais disponíveis O homem ao se deslocar de um ambiente para outro está levando em consideração essas condições Antes de continuar com a leitura pare um pouco para sistematizar as ideias resolvendo a Atividade 2 a seguir Atividade 2 1 2 3 Aula 6 Geografi a da População 110 Explique o papel dos fatores econômicos na existência dos processos migratórios Analise como os fatores políticos interferem no deslocamento das populações Destaque da realidade um fato em que o deslocamento da população foi impulsionado por fatores de ordem econômica eou política Descreva e justifi que a sua escolha de acordo com o conteúdo da aula Imigração Aula 6 Geografi a da População 111 Você estudou até aqui dois fatores que estimulam os processos migratórios Agora vamos apresentar e discutir as migrações motivadas por fatores culturais e aquelas geradas por condições naturais As migrações motivadas por fatores culturais também apresentam um componente político e dizem respeito especialmente aos confl itos religiosos ou étnicos como a perseguição aos judeus no século XX no período das guerras mundiais que provocou emigrações desse povo da Europa Outro exemplo são os confl itos étnicos ocorridos na Croácia entre croatas e a minoria sérvia Macedônia entre macedônios e a minoria albanesa e BósniaHerzegovina entre bósnios e sérvios no decorrer do processo de dissolução da exIugoslávia Esse país mantinha sua integridade territorial e sua conformação multiétnica por força de um poder centralizador e coercitivo sob o comando dos sérvios Com a abertura política as antigas repúblicas iugoslavas buscaram a sua independência política o que favoreceu a desintegração do território e culminou em guerras que tiveram como marco a perseguição e a faxina étnica tortura e morte dos não sérvios Esse cenário forçou o deslocamento das minorias albanesas croatas bósnias e sérvias principalmente para os respectivos territórios recémcriados As migrações decorrentes de fatores naturais são relacionadas às catástrofes como enchentes secas terremotos erupções vulcânicas tsunamis entre outros No Brasil as secas que ciclicamente afetam o Nordeste são em parte responsáveis pelos fl uxos migratórios que historicamente fi zeram essa região fi gurar como uma área de emigração no país O Nordeste talvez seja a região que mais sintetize a interferência das condições naturais no processo migratório Essa condição é objeto de refl exão em diversos campos da sociedade desde a ciência até as artes Você deve conhecer diversos meios em que essa realidade é retratada Atividade 3 Pesquise a letra da música Asa Branca cantada por Luiz Gonzaga Faça uma análise da letra atrelando à discussão os fatores migratórios abordados nessa aula Aula 6 Geografi a da População 112 Considerando o contexto atual marcado pelo meio técnicocientífi co informacional além dos fatores mencionados é importante ressaltar que os progressos tecnológicos nos segmentos de transporte e comunicação constituem fatores que facilitam os movimentos migratórios Diante da disponibilidade de diferentes meios de comunicação como o telefone a televisão a internet etc que possibilitaram o intercâmbio de informações e facilitaram os contatos entre os países o conhecimento sobre as condições de vida no exterior foi disseminado transformandose em um forte motivo para migrar Associado a isso os avanços nos meios de transporte tornaram as viagens mais acessíveis e rápidas o que também contribui para a tomada de decisão sobre a migração Aula 6 Geografi a da População 113 Conhecidos os principais fatores que podem infl uenciar os deslocamentos populacionais é preciso compreender que a dinâmica demográfi ca é bastante ampla no tocante às migrações Observando a realidade podese encontrar diferentes tipos de deslocamentos O ir e vir do trabalho a visita a um parente distante para passar férias a mudança de residência de uma cidade para outra a vinda de pessoas do campo para morar na cidade Enfi m as pessoas estão em constantes deslocamentos A letra da música abaixo é emblemática Encontros e Despedidas Composição M Nascimento e F Brant Mande notícias do mundo de lá Diz quem fi ca Me dê um abraço venha me apertar Tô chegando Coisa que gosto é poder partir Sem ter planos Melhor ainda é poder voltar Quando quero Todos os dias é um vaievem A vida se repete na estação Tem gente que chega pra fi car Tem gente que vai pra nunca mais Tem gente que vem e quer voltar Tem gente que vai e quer fi car Tem gente que veio só olhar Tem gente a sorrir e a chorar E assim chegar e partir São só dois lados Da mesma viagem O trem que chega É o mesmo trem da partida A hora do encontro É também de despedida A plataforma dessa estação É a vida desse meu lugar É a vida desse meu lugar É a vida Agora que você já estudou os fatores que interferem no processo migratório fi nalize o estudo dessa aula fazendo a Autoavaliação Resumo Nesta aula você iniciou os estudos sobre migrações Discutiu e problematizou os fatores que motivam ou estimulam os deslocamentos populacionais Foi levado a refl etir como as condições econômicas políticas culturais e naturais são responsáveis por induzir a saída de pessoas de uma área para outra e que repercussões isso tem no espaço geográfi co ou melhor como o espaço geográfi co induz reproduz e condiciona esses deslocamentos Autoavaliação Volte ao início dessa aula e releia o que você escreveu sobre os fatores que impulsionam as migrações Compare a sua resposta com o que você estudou até agora Reescreva a sua opinião aproximando a resposta inicial aos conteúdos estudados sobre os fatores econômicos políticos culturais e naturais 1 2 As migrações envolvem deslocamentos de pessoas A partir da música Encontros e Despedidas que elementos você destaca como sendo responsáveis pelas migrações Aula 6 Geografi a da População 114 Escolha uma das imagens que ilustram essa aula e relacione à música Encontros e Despedidas fazendo uma refl exão sobre o processo de migração e aos fatores que as estimulam 3 As suas refl exões podem ter apontado para diferentes caminhos Procure discutir com o seu colega o que ele respondeu Utilize no ambiente Moodle a página da disciplina para esse fi m Avance no estudo da aula e compare a sua resposta com o que está posto quanto aos tipos de migrações Essa discussão é importante para você seguir nos estudos do módulo seguinte que abordará os tipos de migrações e as migrações internacionais Até lá Referências BECKER Olga Maria S Mobilidade espacial da população conceitos tipologias contextos In CASTRO Iná Elias de GOMES Paulo César da Costa CORRÊA Roberto Lobato Explorações geográfi cas São Paulo Bertrand Brasil 1997 HAESBAERT Rogério Org Globalização e fragmentação no mundo contemporâneo Rio de Janeiro EdUFF 2001 PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO PNUD Relatório do desenvolvimento humano 2004 Disponível em wwwpnudorgbratlas Acesso em 3 jun 2009 SENE Eustáquio de Globalização e espaço geográfi co São Paulo Contexto 2003 Aula 6 Geografi a da População 115 Anotações Aula 6 Geografi a da População 116 Migrações Parte II Aula 7 4 3 2 1 Aula 7 Geografi a da População 119 Apresentação E sta é a segunda aula de um total de três que trata do tema migração Nesta aula abordaremos os tipos de migrações levando em consideração o tempo de duração e a direção dos deslocamentos Isso requer a defi nição e a compreensão das migrações quanto ao seu perfil se definitivas circulares ou temporárias quando pensamos os deslocamentos em sentido temporal e externa ou interna quando verifi camos de onde as pessoas saem e para onde elas vão Você deverá perceber que essas duas variáveis tempo e espaço estão interrelacionadas e se apresentam como guias para as discussões sobre as migrações sejam elas realizadas na esfera local regional nacional ou internacional Você vai estudar as migrações internacionais que têm características diferentes e ocorrem de acordo com o contexto histórico Dessa maneira vai entender cada período e como esse processo ocorre hoje sendo infl uenciado pela globalização e pela xenofobia Objetivos Identifi car os tipos de migração levando em consideração o tempo de duração e a direção dos deslocamentos Explicar as migrações de acordo com as variáveis tempo e espaço Explicar os fl uxos migratórios internacionais a partir de contextos e períodos históricos Analisar as migrações internacionais no contexto da globalização e dos processos de xenofobia As migrações quanto tempo dura uma migração Para onde vão os migrantes Na aula anterior você estudou os fatores que estimulam os deslocamentos populacionais Nesta aula vamos continuar a abordagem sobre migrações vendo que elas podem ser classificadas a partir de duas perspectivas Uma vinculada ao tempo de duração em que ocorrem os deslocamentos e outra relacionada à direção para onde as populações se deslocam ou seja os espaços envolvidos nesse processo Assim quanto ao tempo de duração as migrações podem ser Definitivas dizem respeito àquelas em que o imigrante se estabelece de forma permanente isto é fixase no local de destino Ex os imigrantes italianos japoneses e alemães que se fixaram na Região Sul do Brasil e os imigrantes nordestinos que se deslocaram para outras regiões do país e nelas se estabeleceram definitivamente Circulares são aquelas em que o imigrante é atraído pelos avanços tecnológicos presentes em determinadas áreas O seu enraizamento pode não ocorrer de forma definitiva e esse imigrante pode retornar à sua terra natal ou procurar um terceiro lugar de destino para morar Esse tipo de deslocamento ocorre entre grupos de pessoas que têm uma qualificação profissional mais elevada daí a mobilidade ser mais flexível no espaço geográfico Temporárias este tipo de migração ao contrário das migrações definitivas pressupõe a estadia do imigrante apenas por certo tempo no local de destino Podem ser diárias quando envolvem deslocamentos de trabalhadores para outros lugares visando a realização do exercício profissional nessa modalidade geralmente o trabalhador sai de casa pela manhã e só retorna à noite Também podem ser sazonais quando dependem dos ciclos que envolvem as atividades produtivas Esse tipo de migração geralmente obedece às estações do ano podendo ser citado como exemplo o deslocamento de trabalhadores brasileiros para os locais onde se realiza a colheita de gêneros agrícolas 124 Atividade 1 Agora que você conhece os tipos de migração na perspectiva do tempo de duração volte à aula anterior e releia a parte que apresenta as músicas Asa Branca e Encontros e Despedidas A partir das letras das canções responda a De qual tipo de migração a música Asa Branca mais se aproxima Justifique sua resposta b Você considera que a música Encontros e Despedidas está vinculada a apenas um tipo de migração Justifique a resposta Após o exercício continue a leitura desta aula avançando nas discussões sobre a perspectiva das migrações vinculadas ao destino ou à direção que as populações tomam em seus deslocamentos Assim em relação à direção dos deslocamentos as migrações podem ser Externas ou Internacionais correspondem a fluxos de população que atravessam fronteiras territoriais e políticas entre nações ou países Neste caso o imigrante sai do seu 121 Aula 7 Geografia da População 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 121 Aula 7 Geografia da População 121 Aula 7 Geografi a da População 123 As migrações internas também podem se efetivar a partir de deslocamentos populacionais de uma zona rural pobre e fragilmente estruturada do ponto de vista econômico para uma zona rural próspera e produtiva de uma cidade de pequeno porte para uma cidade média geralmente nos centros regionais de uma cidade de pequeno ou médio porte para a grande cidade ou metrópole e ainda de uma cidade independentemente do seu tamanho para uma outra que possua algum atrativo como extração de recursos minerais fácil acesso à terra estímulos governamentais entre outros No âmbito das migrações internas de caráter temporário destacamse as sazonais já defi nidas anteriormente nesta aula que também são identifi cadas como transumância Temos diversos exemplos no mundo em que se pode considerar a existência desses tipos de deslocamentos Na África esse tipo de migração ocorre a partir do deslocamento de trabalhadores das regiões semiáridas do sul do Saara para as áreas úmidas na época da colheita do cacau e do café O nomadismo que se caracteriza pelo deslocamento constante de povos ou tribos em busca de alimentos pastagem etc cuja moradia quase sempre se constitui de tendas desmontáveis é vivenciado pelos povos das estepes semiáridas do Saara Sahel por alguns povos da Ásia central que desenvolvem o pastoreio e são obrigados a se deslocar em função do processo de desertifi cação em algumas partes dessa área e pelos povos do Oriente Médio que são em geral comerciantes que se deslocam em busca de mercados para vender seus produtos Também no campo das migrações internas de cunho temporário observamse as migrações diárias ou pendulares representadas pelas movimentações diárias de trabalhadores que moram na periferia e se deslocam para a área central da cidade ou residem em uma cidade muito próxima daquela onde trabalham retornando ao seu local de moradia após a jornada de trabalho Um exemplo desse tipo de migrante é o trabalhador de cidades industriais e regiões metropolitanas que tem que se deslocar para trabalhar Neste último tipo incluise o commuting ou movimento dos transfronteiriços que diariamente atravessam a fronteira entre dois países para trabalhar ou utilizar serviços Podem ser citados como exemplo desse tipo de migrante os trabalhadores que moram no México e têm que atravessar a fronteira dos Estados Unidos para realizar o seu trabalho Após a leitura desses tópicos você adquiriu a noção geral sobre a classifi cação das migrações quanto à temporalidade e à direção que envolvem os deslocamentos Sabe discutir também a respeito dos elementos que estão atrelados a quanto tempo dura uma migração e para onde vão os migrantes Agora dê uma pequena pausa na leitura da aula para responder a atividade seguinte Atividade 2 1 2 Aula 7 Geografi a da População 124 Pesquise na internet o que é necessário para que um brasileiro possa viajar para os Estados Unidos e entrar naquele país legalmente Faça a mesma investigação com relação a Portugal Você encontrou diferenças entre as exigências de um país para outro Sistematize os resultados da sua pesquisa Pesquise na internet sobre os movimentos populacionais sazonais e pendulares Selecione e descreva dois exemplos da realidade em que esses movimentos ocorrem Após a descrição justifi que a sua escolha relacionandoa ao que foi estudado Aula 7 Geografi a da População 125 Após o exercício retorne a leitura da aula Agora o estudo diz respeito às migrações internacionais Você conhece alguém que veio de outro país morar no Brasil Se conhecer converse com ele sobre as razões que levaram o seu amigo a vir morar aqui Se não conhece ninguém não há problema Continue a leitura e saiba como ocorrem as migrações internacionais Migrações internacionais em uma perspectiva histórica Você já estudou que as migrações estão presentes na história da humanidade Pois bem as grandes migrações ocorridas ao longo da História explicam aspectos da atual distribuição da população mundial e expansão da cultura ocidental europeia que se disseminou pelo mundo com o desenvolvimento do capitalismo Analisando os movimentos migratórios em uma perspectiva histórica observase que esse fenômeno está na base da formação da maioria das nações As invasões bárbaras que se realizaram a partir do século V aC pelos germanos eslavos e os mongóis podem ser consideradas migrações existentes no território que hoje conhecemos como Europa estando na base da constituição de diversas nações Ultrapassando aquele período e olhando o período que se desenvolve com o capitalismo percebese que a mobilidade populacional foi intensifi cada principalmente a partir do início do século XIX até os dias atuais O marco inicial dessa fase de aceleração dos deslocamentos populacionais foi o povoamento da América e da Oceania por imigrantes europeus O deslocamento de africanos para trabalhar nas zonas agrícolas e de mineração da América a partir do século XVII assume um caráter particular por ter sido uma transferência forçada de populações sob o regime de escravidão colonial Hoje as migrações continuam em decorrência das desigualdades econômicas e sociais existentes entre os países do mundo Aula 7 Geografi a da População 126 Figura 1 Principais correntes migratórias entre 1840 e 1914 Fonte Moreira 2006 p 164 O mapa representa os fl uxos migratórios do período em que a Europa se constituía numa área de repulsão populacional Esse fenômeno pode ser entendido a partir do crescimento demográfi co que este continente vivenciou o que produziu confl itos sociais e políticos internos A amenização para as tensões vividas no continente foram encontradas fora do continente O que isso signifi ca Algumas nações europeias possuíam colônias situadas na América Ásia África e Oceania Essas colônias eram constituídas por grandes extensões de terra e uma imensa disponibilidade de recursos naturais a serem explorados como solos férteis e minerais abundantes Esses ingredientes eram considerados favoráveis à formação e disseminação da política colonialista que determinava e incentivava a ocupação e exploração desses novos territórios Assim estimulavase a saída de europeus para virem habitar as terras dos novos continentes A política de incentivo à ocupação desses territórios foi mantida mesmo após a independência dos países de modo que entre 1840 e 1914 início da I Guerra Mundial a atuação dos governos e das empresas privadas foi responsável pela instalação de mais de 65 milhões de imigrantes nos referidos territórios Somente os EUA receberam 30 milhões de imigrantes nesse período o que lhe conferiu a condição de principal polo de imigração do mundo contemporâneo A migração para os novos mundos Data do século XIX a formação de grandes fl uxos migratórios que partiram da Europa em direção à América à Oceania e às áreas de dominação europeia da África e da Ásia Nesse contexto as inovações nos sistemas de transportes naval e ferroviário possibilitaram o deslocamento de expressivos contingentes populacionais Aula 7 Geografi a da População 127 Outro momento A dinâmica dos deslocamentos populacionais em nível internacional somente foi refreada no período em que ocorreram a I e a II Guerras Mundiais 19141918 e 19391945 respectivamente e a crise econômica delas derivada Desse modo entre 1914 e 1945 os países de imigração passaram a adotar mecanismos de controle de entrada de estrangeiros o que resultou na redução das migrações internacionais O período pósguerra foi marcado pela independência de vários países africanos e asiáticos e pelo advento da Guerra Fria que opôs o capitalismo ao socialismo Assim parte considerável dos movimentos migratórios dessa fase apresentou uma motivação política A independência dos países acentuou os problemas econômicos e políticos existentes na África e na Ásia Dentre os problemas enfrentados pelos novos países principalmente os africanos estava o das fronteiras artifi ciais ou seja a delimitação de seu território em função dos interesses dos colonizadores e não da forma de organização tribal como viviam esses povos Assim tribos foram divididas passando a pertencer a países diferentes enquanto tribos diferentes passaram a compartilhar o mesmo território ensejando uma luta pelo poder que permanece até os dias atuais e se revela em guerras civis Nesse cenário a busca das superpotências EUA e URSS pela ampliação das suas respectivas áreas de infl uência fez com que ambas se envolvessem indiretamente nos confl itos desses continentes Além de centenas de mortes e da desestruturação da base econômica dos novos países a proliferação de guerras regionais produziu um grande fl uxo de migrantes políticos As migrações no período pósguerra motivadas por fatores políticos também envolveram países como a Alemanha a China o Paquistão a Coreia do Norte e o Vietnã A Alemanha foi afetada por movimentos migratórios ao ter o seu território dividido entre os países vencedores da II Guerra Mundial em 1948 o que levou 18 milhões de alemães orientais Alemanha socialista a migrar para a Alemanha Ocidental capitalista Na China a instauração do regime socialista em 1949 provocou o deslocamento de 9 milhões de chineses para a Ilha de Formosa onde foi instituída a China Nacionalista atualmente Taiwan capitalista O processo de independência que levou à criação da Índia e do Paquistão em 1947 deslocou 18 milhões de pessoas entre os dois países por motivos religiosos de modo que os muçulmanos foram para o Paquistão e os hinduístas para a Índia As guerras da Coreia 19501953 e do Vietnã 1960 1976 geraram mais de 12 milhões de refugiados que passaram a viver em países asiáticos e nos EUA Aula 7 Geografi a da População 128 Além das migrações políticas a fase posterior à II Guerra Mundial também foi assinalada por deslocamentos populacionais motivados por fatores econômicos Nesse ínterim destaca se que houve uma inversão das correntes migratórias e a Europa se transformou em um dos principais polos mundiais de atração populacional Essa inversão resultou de modifi cações nas relações políticas internacionais e da aceleração do crescimento econômico nos países desenvolvidos que recorreram ao dispositivo de atrair mão de obra de países subdesenvolvidos Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados ACNUR atualmente há 11 milhões de pessoas refugiadas que fugiram de seus países em decorrência de perseguições políticas étnicas ou religiosas A Ásia é o continente que possui o maior número de refugiados cerca de 47 milhões dos quais 26 milhões são afegãos que fugiram da guerra civil em seu país A África tem 33 milhões de refugiados fugitivos da guerra entre hutus e tútsis em Ruanda e Burundi e dos confl itos que ocorrem no Sudão Eritreia Serra Leoa e Angola A Europa tem 27 milhões de refugiados em grande parte de fugitivos da guerra civil na antiga Iugoslávia De acordo com Eric Hobsbawm o período entre 1950 e 1973 compreende a fase de maior crescimento econômico da história do capitalismo sendo por ele designada de Era de Ouro A inversão dos fl uxos migratórios que antes tinham a Europa como área de repulsão e passaram a ter este continente como uma área de atração populacional é uma das características dessa era Por outro lado o desenvolvimento econômico e tecnológico associado a um elevado padrão de vida e de consumo nos países desenvolvidos conferiu maior nitidez às desigualdades econômicas e sociais existentes no mundo O aprimoramento dos meios de transportes e comunicações difundiu as oportunidades de trabalho e as condições de vida nos países desenvolvidos Neste contexto os movimentos migratórios motivados por razões econômicas foram estimulados Os EUA e a Europa representaram as principais áreas de atração de imigrantes provenientes de países subdesenvolvidos Para os EUA foram direcionados os fl uxos de imigrantes vindos da Ásia da América do Sul da região do Caribe e de países como Canadá e México Para os países mais desenvolvidos da Europa Alemanha França Atividade 3 1 2 3 Aula 7 Geografi a da População 129 Reino Unido Holanda e Bélgica acorreram imigrantes do próprio continente gregos turcos portugueses e espanhóis e das excolônias africanas marroquinos argelinos tunisianos e nigerianos e asiáticas indianos e paquistaneses Agora pare e exercite Você leu sobre aspectos relacionados aos fluxos migratórios internacionais Observe o mapamúndi abaixo e trace por meio de setas os principais fl uxos descritos nesta aula levando em consideração a temporalidade dos mesmos Utilize cores diferentes para fazer os fl uxos e facilitar a identifi cação dos períodos Após a intervenção no mapa você é capaz de visualizar os diversos fl uxos existentes Agora crie a legenda do mapa identifi cando os fl uxos ao período em que eles ocorreram Por fi m escreva sobre fl uxos migratórios internacionais levando em consideração o mapa o contexto histórico de cada período e as características que se fazem presentes e justifi cam a existência dos mesmos Aula 7 Geografi a da População 130 Após essa atividade prossiga na leitura sobre as correntes migratórias internacionais que se apresentaram a partir da década de 1960 até os dias atuais Figura 2 As correntes migratórias na Europa nos anos 1960 e 1970 Fonte Moreira 2006 p 167 Podese afi rmar que as relações entre a população local e os imigrantes não foi amistosa tendo em vista as difi culdades de aceitar as mudanças na composição social e a convivência com grupos étnicos diferentes Todavia para a Europa o trabalho que os imigrantes desenvolviam era necessário ao desenvolvimento dos países para onde se deslocavam visto que exerciam atividades nos setores em que a remuneração era mais baixa e desempenhavam funções que não interessavam mais aos europeus No entanto o panorama favorável às migrações econômicas foi interrompido pela chamada crise do petróleo ocorrida em 1973 que demarcou o fi m da Era do Ouro Essa crise se efetivou a partir da brusca elevação dos preços do petróleo determinada pela Organização dos Países Exportadores do Petróleo OPEP que repercutiu negativamente sobre as economias dos países desenvolvidos reduzindo os fl uxos migratórios internacionais Apenas a região do Oriente Médio manteve a mobilidade populacional em função da prosperidade da indústria petrolífera que atraiu trabalhadores africanos e asiáticos As migrações internacionais contemporâneas correspondem a uma dimensão do atual período de globalização Os fl uxos mundiais de informação a difusão de hábitos globais de consumo e os Aula 7 Geografi a da População 131 decrescentes custos de transportes estimulam a transferência de trabalhadores para países em que a economia é capaz de oferecer empregos e remuneração melhores No entanto ao contrário dos capitais que não enfrentam empecilhos para se movimentar os fl uxos migratórios enfrentam barreiras culturais de língua religião hábitos e políticas mecanismos de controle e restrição Parte considerável das migrações internacionais contemporâneas tem causas econômicas e representa a transferência de força de trabalho de uma economia para outra De modo geral o ponto de origem do movimento migratório corresponde a um país cuja economia se mostra incapaz de absorver a mão de obra disponível ou seja a criação de novos postos de trabalho não acompanha o crescimento populacional E o ponto de chegada do referido movimento corresponde a uma economia que apresenta demanda de força de trabalho a qual é suprida por meio da imigração A crise econômica que atingiu a maioria dos países subdesenvolvidos na década de 1980 a situação de extrema pobreza de grande parte dos países africanos e o fi m do regime socialista na Europa central e oriental originaram fl uxos migratórios em direção aos países que ofereciam melhores oportunidades de vida e de trabalho que se mantêm até hoje Os principais polos de atração de imigrantes são os países desenvolvidos da União Europeia os EUA o Canadá a Austrália a Nova Zelândia o Japão a Venezuela os países do Oriente Médio produtores de petróleo os países africanos do Golfo da Guiné e a África do Sul Figura 3 Principais migrações internacionais contemporâneas Fonte Moreira 2006 p 168 Aula 7 Geografi a da População 132 A dinâmica das migrações internacionais produz situações novas que dizem respeito à remessa de recursos e à generalização do intercâmbio de profi ssionais altamente qualifi cados além de reações adversas como a xenofobia e o racismo Os fl uxos migratórios atuais não são maiores do que eram em 1970 mas passaram a produzir uma remessa de dinheiro signifi cativamente maior dos trabalhadores que residem em países de imigração para aqueles de emigração Em 1970 essa remessa correspondia a 5 milhões de dólares passando a 80 bilhões de dólares em 2000 Neste sentido embora os países subdesenvolvidos tenham perdido população em idade ativa estão sendo benefi ciados por tais recursos A intensifi cação de transferências de profi ssionais altamente qualifi cados de países subdesenvolvidos para os desenvolvidos foi favorecida pela dinâmica da globalização Dessa forma a fuga de talentos pode ocorrer pelo mecanismo de transferência de funcionários operado pelas empresas transnacionais ou pelo desejo de determinados segmentos de buscar aperfeiçoamento profi ssional rendimentos mais elevados melhores recursos tecnológicos e projeção internacional São exemplos dessa situação a transferência de pesquisadores esportistas artistas para os EUA e a Europa o êxodo de cientistas da exURSS para a Europa Ocidental os EUA e Israel O caso dos cientistas indianos que foram para o Vale do Silício EUA um dos principais polos de tecnologia do mundo tornouse particular em função do retorno ao país para contribuir com o seu desenvolvimento O revigorar do racismo e da xenofobia constitui uma face perversa da dinâmica dos movimentos populacionais Com a superação da crise do petróleo 1973 a partir da década de 1980 houve uma retomada da imigração para a Europa e os EUA Porém a confi guração de uma nova realidade econômica e social marcada pela redução no ritmo de crescimento da economia e pelo avanço das tecnologias provocou o aumento do desemprego Assim os imigrantes passaram a ser vistos como concorrentes uma ameaça aos empregos e aos salários da população nativa Acrescentese que o fato dos imigrantes totalizarem um contingente volumoso ampliou o temor de que a cultura e o modo de vida local fossem modifi cados em função da convivência Nesse cenário disseminaramse os movimentos xenófobos que defendem o repatriamento dos estrangeiros a adoção de políticas restritivas de imigração e a violência contra os diferentes grupos de imigrantes Os principais alvos da xenofobia são os imigrantes turcos que vivem na Alemanha os magrebinos nascidos no Magreb região ao norte da África que engloba a Argélia Marrocos e Tunísia que moram na França os asiáticos e africanos que vivem no Reino Unido e os hispanoamericanos que se fi xaram nos EUA Nesses países foram adotadas medidas restritivas à imigração como a seleção de imigrantes segundo suas qualifi cações profi ssionais e a imposição de cotas que limitam a entrada de estrangeiros A despeito desses mecanismos de controle a imigração não cessou e aumenta o número de trabalhadores ilegais que ingressam nesses países Aula 7 Geografi a da População 133 Conviver com o diferente um dos grandes desafi os do século XXI Figura 4 Encontro entre a crença cristã e a muçulmana Fonte httpogloboglobocomfotos2006112828MHG munsaudaC3A7C3A3ojpg Acesso em 5 jun 2009 A imagem simula a convivência com a diferença Ela instiga a pensar sobre como essa convivência é possível Induz você a refl etir sobre o grande desafi o que é aprender a conviver com os outros ou seja com os diferentes em termos de raça cultura religião idioma O século XX foi marcado pelas guerras genocídios massacres e faxinas étnicas motivados pela intolerância desrespeito e preconceito em relação ao outro Neste momento em que a globalização possibilita um conhecimento abrangente da população mundial tornase um imperativo aceitar e respeitar a diversidade que existe na humanidade O signifi cado que o racismo assume hoje está cada vez mais distante da ideia de raça no sentido biológico O que prevalece é uma tendência à desvalorização de certos grupos étnicos culturais ou sociais com base na atribuição de características interpretadas como inferiores às de outro grupo considerado superior O racismo não tem nenhuma base científi ca e apresenta equívocos por insistir na existência de raças na humanidade por confundir raça com nação povo grupo cultural e local de origem atribuindo a fatores raciais comportamentos que em nada se vinculam à raça e são condicionados pela cultura e pelas condições de vida Historicamente a prática do racismo tem obscurecido suas reais motivações que são de ordem política eou econômica e vinculamse à exploração domínio submissão de um grupo social em relação a outro ou à competição no mercado de trabalho Para você fi car por dentro das nefastas experiências racistas que a humanidade já vivenciou leia sobre o regime nazista na Alemanha a escravidão dos negros africanos no Brasil o sistema do Apartheid na África do Sul Essas discussões encerram a nossa segunda abordagem sobre migrações Na próxima aula você irá estudar as migrações no Brasil Até lá Resumo 1 Aula 7 Geografi a da População 134 Autoavaliação Identifi que defi na e exemplifi que os tipos de migração quanto ao tempo de duração e à direção dos deslocamentos Nesta aula você estudou os tipos de migrações levando em consideração o tempo de duração e a direção dos deslocamentos bem como a dinâmica que caracteriza as migrações internacionais Ao ler sobre os conteúdos foi levado a verifi car como isso ocorre em termos de espacialização geográfi ca observando que as pessoas ao se deslocarem fazem isso de forma defi nitiva ou temporária em escalas que são locais regionais nacionais ou internacionais Você leu que as migrações internacionais têm características diferentes e ocorrem de acordo com períodos históricos Dessa maneira foi levado a entender cada período e compreender como esse processo ocorre hoje sendo influenciado pela globalização e pela xenofobia 2 c Analise as migrações hoje e os processos de xenofobia Aula 7 Geografi a da População 135 A respeito das migrações internacionais a Cite e explique duas características dos fl uxos migratórios que ocorreram até por volta de 1950 b Explique a interferência da globalização nos processos migratórios contemporâneos Anotações Aula 7 Geografi a da População 136 Referências CASTELLS M O poder da identidade São Paulo Paz e Terra 2000 HAESBAERT Rogério Org Globalização e fragmentação no mundo contemporâneo Rio de Janeiro EdUFF 2001 HOBSBAWN E Nações e nacionalismos desde 1780 Rio e Janeiro Paz e Terra 1998 LATOUCHE S A ocidentalização do mundo Petrópolis Vozes 1996 MAGNOLI D África do Sul capitalismo e apartheid São Paulo Contexto 1992 MOREIRA Igor O espaço geográfi co geografi a geral e do Brasil São Paulo Ática 2006 PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO PNUD Relatório do desenvolvimento humano 2004 Disponível em wwwpnudorgbratlas Acesso em 4 jun 2009 RUFIN J C O império e os novos bárbaros Rio e Janeiro Record 1991 O fi m dos empregos São Paulo Makron Books 1995 SENE Eustáquio de Globalização e espaço geográfi co São Paulo Contexto 2003 VESENTINI J W A nova ordem mundial São Paulo Ática 1997 Novas geopolíticas São Paulo Contexto 2000 Nova ordem imperialismo e geopolítica global Campinas Papirus 2003 Anotações Aula 7 Geografi a da População 137 Anotações Aula 7 Geografi a da População 138 Migrações Parte III Aula 8 país de origem para fixar residência legal ou ilegalmente em outros países É importante ressaltar que para este tipo de migração ser realizado legalmente é preciso atentar para as normas que regulamentam a entrada de pessoas em cada país quando isso não ocorre a migração é considerada clandestina e o imigrante não tem estatuto de residência legal no país onde vive As migrações externas não são um fenômeno da sociedade atual A aceleração dos movimentos migratórios está associada ao desenvolvimento do capitalismo Nos séculos XVI e XVII em plena fase da expansão marítimocomercial a política de colonização empreendida pela Europa promoveu a ocorrência de migrações espontâneas ou voluntárias representadas pelos deslocamentos dos europeuscolonizadores para os territórios colonizados e de migrações forçadas representadas por exemplo pelo comércio de africanos escravizados que eram transferidos da África para outros continentes A partir do século XVIII em especial no decorrer do século XIX e primeira metade do século XX ocorreu um movimento migratório de grandes proporções envolvendo a Europa e a Ásia na condição de áreas de repulsão populacional e a América e a Oceania na condição de áreas de atração populacional Nesse período cerca de 60 milhões de europeus migraram para diferentes partes do mundo sobretudo para a América e a Oceania e milhares de asiáticos principalmente chineses indianos e japoneses também atravessaram o oceano em busca da América De modo geral os chineses elegeram como destino os EUA os indianos as Guianas e os japoneses o Brasil Internas ou Nacionais quando ocorrem dentro de um mesmo país Podem envolver diferentes escalas espaciais regional ruralurbana ruralrural urbanaurbana Quando as migrações repercutem sobre a região são classificadas em migrações intrarregionais que correspondem à mobilidade populacional no interior de uma dada região e migrações interregionais que abrangem os deslocamentos populacionais entre regiões de um mesmo país Quando as migrações se apresentam a partir de fluxos demográficos do rural para o urbano que assumem expressiva densidade são chamadas de êxodo rural Geralmente esse tipo de migração interna assume um caráter definitivo e tem entre suas principais causas a modernização do setor produtivo que passa pela industrialização expansão do terciário e mecanização da agricultura Entretanto é preciso reconhecer que em relação às causas do êxodo rural há diferenças entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos No caso dos primeiros onde esse processo atualmente é pouco expressivo ou nulo os fatores anteriormente mencionados estão na base das explicações para o fenômeno Em relação aos países subdesenvolvidos é necessário acrescentar que a modernização do setor produtivo coexiste com uma realidade problemática assinalada por precárias condições de vida e de trabalho no campo de modo que a transferência para a cidade não consiste numa escolha mas por vezes a opção que resta ao homem rural 122 Aula 7 Geografia da População 1 2 3 4 5 Aula 8 Geografi a da População 141 Apresentação E sta aula encerra os estudos sobre a temática migração Nela o ambiente geográfi co é o Brasil Você vai adentrar a dinâmica populacional que norteia os processos migratórios desde a época da colonização até os dias atuais As migrações no Brasil serão abordadas a partir de três eixos as imigrações as emigrações e as migrações internas Em cada eixo você será levado a refl etir sobre os aspectos que regem a confi guração espacial e histórica dos mesmos Nesta aula você vai estudar portanto os subtemas Brasil país de imigrantes como o Brasil se transforma em um país emigrante e migrações internas no Brasil A discussão leva você a navegar pela História e pela Geografi a como se fossem as pontas de um laço que enlaça os estudos sobre os deslocamentos da população tendo como ponto de referência o território brasileiro Objetivos Compreender as migrações no Brasil em uma perspectiva geohistórica Compreender sobre as razões que levam o Brasil a ser considerado um país de imigrantes Refletir sobre as razões que levam o Brasil a ser considerado um país de emigrantes Entender as migrações internas no Brasil o contexto histórico de sua produção e a espacialização geográfi ca das mesmas Explicar os processos migratórios que envolvem o Brasil a partir de situaçõesproblema Aula 8 Geografi a da População 142 As migrações no Brasil Você vem estudando o tema migrações Nas duas aulas anteriores esteve refl etindo sobre esse processo num contexto mais geral ou mundial Agora você vai se deter no que envolve essa temática no cenário brasileiro Você sabia que atualmente existem mais brasileiros no exterior mais de 2 milhões do que estrangeiros radicados no Brasil cerca de 1 milhão Porém nem sempre foi assim O Brasil já foi visto como um país de imigração e apenas recentemente essa imagem se inverteu confi gurandose a condição de país de emigração Vamos estudar como isso transcorreu Brasil país de imigrantes Para efeito didático podese dividir a história da imigração para o Brasil em três fases de 1808 a 1850 de 1850 a 1930 e de 1930 aos dias atuais O primeiro período de 1808 a 1850 Está relacionado à época colonial e pode ser considerado a partir da vinda da família real portuguesa para o Brasil Por que isso aconteceu Portugal e França viviam um momento de tensão que envolvia relações comerciais e domínio territorial Portugal estava sob a iminência de uma invasão francesa comandada pelo exército de Napoleão Como a corte portuguesa poderia sair menos prejudicada desse confl ito As saídas poderiam ser muitas e a escolha da família real recaiu sobre deixar o território português e se abrigar nas terras coloniais brasileiras Para isso era necessário estabelecer algumas medidas Assim com a chegada da corte portuguesa em território brasileiro ocorreu a abertura dos portos às nações amigas e a promulgação da Lei Eusébio de Queirós que proibia o tráfi co de escravos nessas plagas Dessa maneira com a chegada de D João VI o Brasil tornouse a sede do reino Considerando que não se sabia por quanto tempo essa situação iria perdurar posto que os franceses poderiam ocupar Portugal indefi nidamente D João VI passou a se preocupar com a numerosa e ostensiva quantidade de negros aqui existentes pois achava que isso não fi cava bem para a sede da monarquia Desta forma incentivou a vinda de imigrantes ao assinar o decreto de 25 de novembro de 1808 que permitia ao estrangeiro ser proprietário de terras no Brasil Os principais fl uxos imigratórios desse período segundo o ano de chegada a origem e o destino podem ser visualizados no quadro a seguir Plaga Região país espaço de terreno Fonte Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa Aula 8 Geografi a da População 143 Quadro 1 Principais fl uxos imigratórios para o Brasil entre 1808 e 1850 Principais fl uxos imigratórios para o Brasil entre 1808 e 1850 Ano Origem Destino 1808 Açores Rio Grande do Sul 1818 Suíça Rio de Janeiro fundaram a cidade de Nova Friburgo 1824 Alemanha Rio Grande do Sul fundaram a cidade de São Leopoldo 1827 Alemanha Paraná Rio Negro 1828 Prússia Pernambuco 1829 Alemanha São Paulo Santo Amaro 1829 Alemanha Santa Catarina fundaram a colônia São Pedro de Alcântara Fonte Adas M e Adas S 2004 A despeito dos incentivos o volume total dessa imigração até 1850 foi inexpressivo e substancialmente inferior à vinda de africanos na condição de escravos Os fatores que explicam esse pequeno fl uxo imigratório são as facilidades de obtenção de mão de obra escrava a instabilidade política do período regencial o prolongado movimento de reação contra a nomeação do presidente da província gaúcha pelo poder central chamado Guerra dos Farrapos 1835 a 1845 o temor do imigrante de ser tratado como um escravo A intensifi cação das pressões inglesas para que fosse extinto o tráfi co de escravos foi determinante para a assinatura em 1850 da Lei Eusébio de Queirós que proibiu tal atividade A partir daí os proprietários de terras especialmente os fazendeiros do café passaram a estimular e promover a vinda de imigrantes com a fi nalidade de substituir a mão de obra escrava O segundo período de 1850 a 1934 Corresponde à fase áurea de imigração para o Brasil Nesse intervalo a abolição da escravatura em 1888 foi o maior incentivo à chegada de imigrantes tendo em vista que obrigou o governo a buscar nova força de trabalho na Europa e no Japão O término dessa fase foi marcado pela redução da chegada de imigrantes decorrente da promulgação da Constituição de 1934 que estabeleceu medidas restritivas à vinda de estrangeiros dentre as quais a defi nição de que a cada ano não poderia ingressar no país mais de 2 do total de entradas de cada nacionalidade nos últimos cinquenta anos Os principais fl uxos imigratórios desse período foram constituídos por italianos o mais expressivo alemães espanhóis síriolibaneses poloneses ucranianos e japoneses Dentre os fatores que favoreceram a entrada de imigrantes no país destacamse o desenvolvimento da cafeicultura que exigiu numerosa mão de obra a proibição do tráfi co de escravos o custeio das despesas do imigrante durante o primeiro ano de trabalho pelo fazendeiro a permissão do fazendeiro para que o imigrante cultivasse produtos de subsistência familiar em uma parcela de suas terras o custeio dos gastos de transporte do imigrante até Aula 8 Geografi a da População 144 1889 pelo governo imperial a abolição da escravatura em 1888 a unifi cação política da Itália em consequência da qual as indústrias manufatureiras do sul diante da concorrência com as do norte entraram em decadência provocando desemprego e instabilidade social É importante registrar que esse período de maior imigração coincidiu com o fi m da escravidão e o esforço do governo e de proprietários de terra para trazer imigrantes isto é força de trabalho para substituir o escravo Nesse sentido tratavase de uma imigração induzida resultante de uma propaganda brasileira no exterior que em muitos casos foi enganosa por oferecer vantagens fi ctícias O contrato de trabalho assinado pelo imigrante em seu país de origem benefi ciava apenas o empregador Porém ele o assinava iludido pela propaganda e sem conhecer o lugar onde iria morar e a realidade que iria enfrentar Diante das situações adversas foram vários os casos de confl itos fugas as famílias não podiam sair antes do término do contrato e até de emigração por parte dos que podiam arcar com as despesas da viagem de retorno ou para outro país da América Nessa fase os fl uxos anuais de imigrantes mais representativos foram os que ocorreram de 1888 quando foi decretada a abolição da escravatura a 19141918 período da I Guerra Mundial Após o confl ito decresceu exponencialmente a imigração para o Brasil Nesse contexto a expansão da indústria paulista para outras regiões do país teve um impacto devastador sobre o segmento industrial têxtil do Nordeste Ao mesmo tempo ocorreu o declínio de atividades tradicionais dessa região como o açúcar e o algodão que dependiam do mercado externo O resultado foi a acentuação do problema do desemprego na região o que motivou o deslocamento de migrantes nordestinos para a cidade de São Paulo e para as áreas cafeeiras Ao assegurar a força de trabalho necessária para a cafeicultura e a indústria esse novo fl uxo migratório assumiu maior importância que a entrada de imigrantes Além desse cenário contribuiu também para a adoção de restrições à imigração o fato de que os imigrantes tinham um nível de consciência política mais elevado do que os exescravos ou os migrantes nordestinos visto que na Europa Ocidental já ocorria a luta por melhores salários e condições de trabalho que tem entre suas formas de efetivação a greve Esses imigrantes lideraram a maioria das greves realizadas no início do século XX no CentroSul especialmente em São Paulo e no Rio de Janeiro Desse modo em 1934 quando o sistema de cotas estabeleceu restrições à imigração para o país esta já era considerada secundária em relação aos migrantes nordestinos O terceiro período de 1934 aos dias atuais Caracterizase pela queda acentuada do fl uxo imigratório no Brasil Todavia nesse intervalo as décadas de 1950 e de 1970 confi guramse como exceções Vamos entender por quê É importante recordar que entre 1939 e 1945 houve a II Guerra Mundial que teve a Europa como o principal cenário de suas batalhas Após o confl ito esse continente fi cou Aula 8 Geografi a da População 145 arrasado foram incontáveis as perdas humanas e materiais Desta forma no início da década de 1950 um número expressivo de imigrantes europeus se deslocou para o Brasil à procura de novas alternativas de vida Em meados do referido decênio o país adentrava na era JK ou seja Juscelino Kubitschek assumiu a Presidência da República e levou adiante o seu projeto de industrialização que atraiu milhares de estrangeiros A associação entre fatores externos a crise europeia e internos a intensifi cação da industrialização nacional provocou uma onda imigratória para o Brasil Na década de 1970 o panorama foi diferente O país vivia a ditadura militar e o crescimento econômico verifi cado nesse período atraiu investimentos e mão de obra do exterior Foi a fase conhecida como milagre brasileiro quando o setor industrial de transportes e serviços foram bastante ampliados e o governo fez elevados investimentos em obras infraestruturais Nessa fase que superou a de 1950 a direção dos fl uxos também partiu de países próximos como o Chile a Argentina e o Uruguai que atravessavam difi culdades econômicas e políticas decorrentes de regimes militares ditatoriais Apesar de constituírem um diferencial no âmbito desta fase ressaltase que os fl uxos imigratórios das mencionadas décadas não obtiveram o volume apresentado no período anterior No elenco de fatores que se mostraram desfavoráveis à vinda de imigrantes para o Brasil destacamse as revoluções de 1930 e 1932 e a instabilidade política e econômica delas decorrentes a reiteração da Lei de Cotas de Imigração pela Constituição de 1937 a defl agração da II Guerra Mundial a concessão de facilidades para a imigração no interior da própria Europa em tempos de reconstrução econômica e territorial o golpe de Estado de 1964 no Brasil que levou ao regime da ditadura militar e o grande endividamento externo do Brasil principalmente a partir da década de 1970 que gerou desemprego elevada infl ação redução do ritmo da atividade econômica etc Quadro 2 Imigração para o Brasil 18082005 Período N de imigrantes 1808 1883 500000 1884 1893 883700 1894 1903 862100 1904 1913 1006617 1914 1923 504000 1924 1933 738000 1934 1943 197200 1944 1953 348400 1954 1963 446700 1964 1973 86400 1974 2005 110000 Fonte Vesentini 2006 p 228 PROPORÇÃO DAS NACIONALIDADES NA IMIGRAÇÃO Para fins estatísticos os portugueses só são considerados imigrantes depois de 1822 com a independência do Brasil Eslavos poloneses e russos síriolibaneses judeus holandeses franceses norteamericanos ingleses coreanos bolivianos nigerianos etc Italianos Portugueses Alemães Japoneses Espanhóis Outros 30 178 13 42 40 31 Período 18081883 18841893 18941903 19041913 19141923 19241933 19341943 19441953 19541963 19641973 19742005 500000 883700 882100 1006617 504000 738000 197200 348400 446700 86400 110000 Imigração para o Brasil 18082005 Brasil Principais grupos de imigrantes e áreas de fixação PI SP PR SC RS RN PB PE AL SE RJ ES DF GO MT MS MG BA MA CE AM RR RO TO AC PA AP Portugueses Italianos Espanhóis Japoneses Alemães Eslavos Sírios Libaneses EUROPA Portugueses Espanhóis Italianos Alemães Eslavos ÁSIA Japoneses Síriolibaneses Imigrantes Praticamente em todo país sobretudo no Rio de Janeiro prefrindo as cidades ao campo São Paulo capital e interior Rio Grande do Sul Bento Gonçalves Garibaldi Caxias do Sul e Santa Catarina nova Trento Urussan ga e Nova Veneza principalmente São Paulo capital e áreas do interior Marília Tupã Presidente Prudente Vale do Ribeira Pará região Bragantina Paraná Londrina Maringá e Mato Grosso do Sul Santa Catarina Vale do Itajaí Rio Grande do Sul Novo Hamburgo Estrela Lajeado Vale dos Sinos Paraná São Paulo e Espírito Santo Paraná Curitiba Ponta Grossa Castro e Lapa em especial Em todo país especialmente os centros urbanos Um certo destaque para São Paulo capital e interior Principalmente São Paulo capital e interior Rio de Janeiro Paraná Minas Gerais e Rio Grande do Sul Áreas de fixação Portugueses Italianos Espanhóis Japoneses Alemães Eslavos Síriolibaneses N O L S Aula 8 Geografi a da População 146 Figura 1 Proporção das nacionalidades envolvidas na imigração para o Brasil 18082005 Nota para fi ns estatísticos os portugueses somente são considerados imigrantes após a Independência do Brasil em 1822 Eslavos poloneses e russos sírio libaneses judeus holandeses franceses norteamericanos ingleses coreanos bolivianos nigerianos etc estão inclusos na categoria de outros Figura 2 Principais grupos de imigrantes e áreas de fi xação no Brasil 18082005 Fonte Vesentini 2006 p 229 Fonte Vesentini 2006 p 228 Atividade 1 1 Aula 8 Geografi a da População 147 Agora que você leu sobre como o Brasil se tornou um país de imigrantes responda a Atividade 1 a seguir Você estudou que o Brasil viveu três períodos relacionados à imigração Leia o fragmento poético abaixo e procure relacionálo a um período da imigração brasileira Após a vinculação elabore uma justifi cativa associando as ideias que regem o fragmento textual ao que você leu nesta aula Navio negreiro Castro Alves Era um sonho dantesco o tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho Em sangue a se banhar Tinir de ferros estalar de açoite Legiões de homens negros como a noite Horrendos a dançar Negras mulheres suspendendo às tetas Magras crianças cujas bocas pretas Rega o sangue das mães Outras moças mas nuas e espantadas No turbilhão de espectros arrastadas Em ânsia e mágoa vãs E rise a orquestra irônica estridente E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais Se o velho arqueja se no chão resvala Ouvemse gritos o chicote estala E voam mais e mais Presa nos elos de uma só cadeia A multidão faminta cambaleia E chora e dança ali Um de raiva delira outro enlouquece Outro que martírios embrutece Cantando geme e ri 2 Aula 8 Geografi a da População 148 No entanto o capitão manda a manobra E após fi tando o céu que se desdobra Tão puro sobre o mar Diz do fumo entre os densos nevoeiros Vibrai rijo o chicote marinheiros Fazeios mais dançar E rise a orquestra irônica estridente E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais Qual um sonho dantesco as sombras voam Gritos ais maldições preces ressoam E rise Satanás Fonte httpwwwculturabrasilorgnavionegreirohtm Acesso em 8 jun 2009 Você considera que o desenvolvimento do Brasil está relacionado à força de trabalho dos imigrantes estrangeiros Justifi que a sua resposta articulando os seus argumentos a ideias contidas nesta aula Como o Brasil se transformou em um país emigrante Você estudou anteriormente que o Brasil nas últimas décadas vivenciou uma inversão dos fluxos migratórios passando da condição de país de imigração para a de país de emigração Você está lembrado o que significa emigração Se tem alguma dúvida volte à Aula 4 Crescimento populacional parte I e releia o que esse termo significa Na transição entre as décadas de 1970 e 1980 o número de brasileiros que fixaram residência no exterior foi superior ao da chegada de estrangeiros para residir no país Desta forma na década de 1980 o Brasil já se configurava como um país de emigrantes Mas quais os fatores que estimularam essa mudança A emigração de brasileiros foi estimulada por motivos políticos e principalmente econômicos Os fatores políticos que influenciaram esse processo estão vinculados às fases de autoritarismo vivenciadas pela sociedade brasileira durante a ditadura militar que governou o país de 1964 a 1985 Nesse período ocorreram perseguições a pessoas por motivos ideológicos prisões ilegais torturas entre outras formas de violência concreta e simbólica Neste contexto muitas pessoas migraram por força de coerção sendo por vezes a única alternativa para preservar a vida ou espontaneamente para gozar uma vida mais livre no exterior Dentre as razões de ordem econômica que mais influenciaram a emigração de brasileiros figura a crise econômica dos anos de 1980 cujas características básicas foram a elevação das taxas de desemprego desvalorização sistemática do salário inflação alta e queda do crescimento das atividades econômicas representada pelo declínio do PIB A despeito da dificuldade de se obter dados estatísticos precisos sobre o total de emigrantes brasileiros porque em muitos casos realizouse a emigração clandestina há referências de que entre os emigrantes destacamse os descendentes de japoneses que foram para o Japão em busca de emprego e melhores salários e em muitos casos objetivando fazer uma poupança e depois retornar para o Brasil e abrir seu próprio negócio e os fluxos direcionados para os EUA país mais procurado pelos brasileiros nas décadas de 1980 e 1990 apesar da dificuldade de se conseguir visto de entrada como imigrante para este país Além desses fluxos também ocorreram deslocamentos de brasileiros para países da América do Sul como O Paraguai corrente formada principalmente por brasileiros semterra ou agricultores com recursos que ultrapassam a fronteira para se dedicar basicamente às atividades agrícolas esses migrantes são reconhecidos como brasiguaios Aula 8 Geografia da População 149 O fluxo de brasiguaios teve início na década de 1970 quando o Paraguai autorizou o loteamento de terras próximo à fronteira com o Brasil permitindo que os brasileiros tivessem acesso a elas O interesse em transpor a fronteira neste caso estava diretamente relacionado ao fato de que os preços da terra no Paraná e em Santa Catarina eram bem superiores aos do Paraguai Entretanto a desilusão e os conflitos logo se fizeram presentes em função da corrupção do órgão do governo paraguaio que promovia os assentamentos e de empresas privadas de colonização que vendiam mesma gleba de terra a dois compradores Em muitos casos os brasiguaios perderam as terras ou ficaram em um estado de pobreza extrema o que acabou determinando o retorno ao Brasil Os brasiguaios são responsáveis pela expansão da fronteira agrícola brasileira para o exterior que beneficiou sobretudo as empresas madeireiras e grandes agricultores Produzem 90 da soja 80 do milho 60 da carne e 50 dos bens industriais do país entretanto vivem em condições de vida bastante precárias O Uruguai fluxo constituído por pecuaristas e agricultores gaúchos atraídos pelo baixo preço das terras e pela implantação do Mercosul Esses emigrantes possuem fazendas que ocupam 1 milhão de ha ou seja 6 da superfície do país onde criam cerca de 500000 cabeças de gado e produzem 60 da safra de arroz do país A Bolívia corrente representada por fazendeiros que se dedicam à plantação de soja e foram atraídos pelos solos férteis da região de Santa Cruz de la Sierra e pela facilidade de aquisição de terras facultada pelo governo boliviano Além dos fazendeiros também emigraram seringueiros madeireiros e garimpeiros para este país A Argentina fluxo formado por produtores agrícolas que ocupam 35 das terras onde é cultivado o arroz e por pessoas que se destinaram ao mercado de trabalho da capital Buenos Aires O Peru corrente constituída principalmente por garimpeiros em busca de trabalho nas minas de ouro A Colômbia fluxo representado por trabalhadores do garimpo de ouro que enfrentam as dificuldades de acesso em função da Floresta Amazônica e da ação de guerrilheiros e narcotraficantes A Venezuela a Guiana o Suriname e a Guiana Francesa correntes formadas por garimpeiros em busca de ouro e diamante Mas as fronteiras a serem ultrapassadas pelos brasileiros se ampliam Em busca de melhores salários e condições de vida eles migram para a Europa a Austrália e o Canadá 150 Aula 8 Geografia da População Atividade 2 1 Aula 8 Geografi a da População 151 Dentre os emigrantes do país ressaltase o segmento formado por cientistas pesquisadores e professores especialmente universitários que optam pela transferência em função das precárias condições de trabalho falta de verba para pesquisa e aquisição de materiais e instrumentos o que gera impacto negativo sobre o ensino universitário brasileiro A despeito da perda de capital humano é possível identifi car como aspecto positivo da emigração a remessa de recursos enviados por brasileiros que trabalham no exterior para suas famílias aqui residentes com o intuito de melhorar as suas condições de vida e de realizar investimentos Dados indicam que em 2005 essa remessa representou um volume de 5 bilhões de dólares isso é superior ao valor das exportações de café e carne de frango ou bovina produtos básicos da lista exportações do país Vários municípios brasileiros têm nesses recursos uma fonte primordial para a sua dinâmica econômica como é o caso de Governador Valadares MG que tem uma parcela considerável de emigrantes residindo nos EUA Veja como fi ca a cartografi a dos fl uxos emigratórios do Brasil Procure um mapa múndi e sobreponha setas a esse mapa direcionado os fl uxos que ocorreram do Brasil para outras nações do continente americano e de outras partes do mundo Para fazer essa atividade trabalhe com as referências dadas nesta aula sobre os fl uxos em termos de direção utilize cores diferentes para as setas continente americano e demais áreas dê um título ao mapa e organize uma legenda Fonte Terra e Coelho 2005 p 37 2 Aula 8 Geografi a da População 152 Faça uma análise sobre as motivações que levaram o Brasil a se transformar em um país de emigração Aula 8 Geografi a da População 153 Migrações internas no Brasil Você estudou até aqui as migrações no contexto da entrada e saída de pessoas do território brasileiro Viu como o Brasil deixa de ser um país de imigrantes e passa a ser uma nação de emigrantes Muito bem veja agora como esse processo migratório ocorre no interior desse país Para isso vamos abordar as migrações interregionais As migrações interregionais no Brasil ocorrem desde o período colonial e estiveram associadas aos ciclos econômicos da canadeaçúcar séculos XVI e XVII da mineração século XVIII do café fi m do século XIX e início do século XX e da borracha 1870 a 1910 No decorrer desses séculos a valorização do produto no mercado mundial requisitava o aumento da produção e consequentemente da mão de obra atraindo para a região produtora pessoas residentes em outras regiões do país Porém as migrações interregionais desse período eram relativamente fracas Somente a partir da segunda metade do século XX é que esse processo foi intensifi cado Para facilitar a compreensão das características que marcaram essa fase de acentuação dos deslocamentos populacionais internos no Brasil consideremos cinco períodos tendo como ponto de partida a década de 1940 A justifi cativa para essa demarcação está no fato de que até a referida década o Brasil era um país cujo povoamento era predominantemente litorâneo tendo em vista que a organização do espaço era infl uenciada pela produção econômica que estava voltada para o exterior De 1940 a 1950 a marcha para o Centrooeste e ocupação do norte do Paraná Entre 1940 e 1950 a mobilidade espacial no território brasileiro foi assinalada pelo início da marcha para o CentroOeste e a ocupação do norte do Paraná Nos anos de 1940 quando teve início a marcha para o CentroOeste as principais regiões fornecedoras de migrantes foram o Sudeste 95505 pessoas e o Nordeste 103047 migrantes que responderam por 446 e 48 da emigração total para essa região A maioria dos migrantes do Sudeste oriunda de Minas Gerais Espírito Santo e São Paulo buscava terras para o desenvolvimento da agricultura Nesse período o Governo Federal criou dois núcleos de colonização a Colônia Agrícola Nacional de Goiás município de Ceres e a de Dourados na época no Mato Grosso hoje Mato Grosso do Sul Os migrantes do Nordeste advindos principalmente dos estados do Nordeste Oriental Maranhão Piauí e do interior da Bahia foram atraídos pelas descobertas de diamantes e cristal de rocha na área da Bacia Hidrográfi ca do Araguaia e também pelos babaçuais do vale do Rio Tocantins na época localizado ao norte do Estado de Goiás N O L S TRÓPICO DE CAPRICÓR NIO EQUADOR OCEANO ATLÂNTICO MT MA PI CE RN PB PE AL SE MS MG BA PR SP Direção das migrações 50 0 0 500 Km Brasil migrações internas 19401950 Aula 8 Geografi a da População 154 Nesse mesmo período o norte do Paraná assumiu a condição de área de atração populacional em decorrência da venda de lotes de terras por uma companhia inglesa nesse caso os núcleos de colonização eram de iniciativa privada As terras férteis da região atraíram um considerável fl uxo de paulistas Da corrente migratória para o norte do Paraná surgiram ou cresceram municípios importantes como Londrina Maringá Paranavaí Araponga entre outros Figura 3 Migrações internas no Brasil 19401950 Fonte adaptado de Oliveira apud ADAS ADAS 2004 p 307 De 1950 a 1960 fl uxo migratório para o Sudeste Entre 1950 e 1960 expressivos fl uxos migratórios foram direcionados para o Sudeste especialmente para o município de São Paulo e seu entorno As correntes migratórias da década de 1950 caracterizaramse pela convergência para o Sudeste notadamente São Paulo e Rio de Janeiro tendo em vista que a região se encontrava em pleno processo de industrialização atraindo também imigrantes estrangeiros Nesse decênio o Nordeste foi a região que registrou o maior número de migrantes para o Sudeste No entanto também houve mobilidade de nordestinos na própria região como é o caso dos fl uxos direcionados para o Maranhão em função da exploração do babaçu e da cultura N O L S TRÓPICO DE CAPRICÓR NIO EQUADOR OCEANO ATLÂNTICO Direção das migrações 50 0 Brasil migrações internas 19501960 0 560 Km Aula 8 Geografi a da População 155 do arroz e para outros estados tais como Mato Grosso e Rondônia atraídos pelo garimpo e Paraná devido à cafeicultura Um outro fl uxo considerável de nordestinos destinouse ao Estado de Goiás tendo como principal motivação a construção de Brasília para onde foram em busca de trabalho na construção civil Ainda nessa década houve migração de gaúchos para o Paraná em busca de terras para a agricultura A imigração para o CentroOeste foi responsável por um expressivo acréscimo em sua população de forma que entre 1950 e 1960 esta foi a região que obteve o maior crescimento populacional no Brasil Figura 4 Migrações internas no Brasil 19501960 Fonte adaptado de Oliveira apud ADAS ADAS 2004 p 308 Aula 8 Geografi a da População 156 De 1960 a 1970 continua a marcha para o CentroOeste e a expansão para a Amazônia Entre 1960 e 1970 as migrações internas deram continuidade à marcha para o Centro Oeste e à expansão em direção a Amazônia Esse período foi assinalado pelo Golpe de 1964 que possibilitou a chegada dos militares ao poder Com base na ideologia da segurança nacional o governo implementou uma política de integração da Amazônia que foi viabilizada inicialmente através da implantação de projetos agropecuários na região mediante incentivos fi scais Essa decisão foi fundamental para deslanchar o processo migratório em direção à Amazônia onde já havia alguns investimentos agropecuários implantados na década anterior pela iniciativa privada Todavia essa fase da ocupação da Amazônia foi marcada pelo predomínio do grande capital pela instalação de propriedade de extensões gigantescas pela falsifi cação de títulos de terras e por uma atuação do Estado que benefi ciou os grandes projetos agropecuários em detrimento dos interesses de indígenas posseiros e pequenos proprietários Neste decênio novamente o Nordeste aparece como área de repulsão populacional tendo em vista que sua estrutura social altamente conservadora não ensejava mudanças estruturais e sua economia era incapaz de absorver a mão de obra disponível na região que se constituía como um foco de tensões sociais Os fl uxos migratórios dos anos de 1960 a 1970 denotaram uma confi guração que envolve as diferentes regiões do país sendo notável a continuação da saída de pessoas do Nordeste para o Sudeste em função da industrialização para os estados do Paraná e Mato Grosso onde buscavam terras para o cultivo agrícola e Goiás para se dedicar à coleta do coco do babaçu e à agricultura de subsistência Houve ainda um aumento da migração do Nordeste para a Amazônia e a saída de migrantes do Rio Grande do Sul Paraná São Paulo e Minas Gerais com destino a Mato Grosso Sobre os migrantes nordestinos ressaltamse dois aspectos primeiro aqueles que aportaram em Goiás e no Pará eram constituídos por trabalhadores rurais e por pequenos proprietários sem capital e segundo o fl uxo direcionado para Manaus foi estimulado pela criação da Superintendência da Zona Franca de Manaus em 1976 que atraiu um grande contingente de pessoas Com relação à migração de gaúchos catarinenses paranaenses e paulistas para Mato Grosso justifi case a existência do fl uxo devido à grande concentração da propriedade da terra na Região Sul e no Estado de São Paulo A densidade dos fl uxos populacionais em direção ao CentroOeste entre 19601970 resultou em uma dinâmica de crescimento demográfi co bastante elevada registrando o maior acréscimo populacional da região N O L S TRÓPICO DE CAPRICÓR NIO EQUADOR OCEANO ATLÂNTICO Direção das migrações 50 0 Brasil migrações internas 19601970 0 490 Km Manaus Santarém Altamira São Félix do Xingu Aula 8 Geografi a da População 157 Figura 5 Migrações internas no Brasil 19601970 Fonte adaptado de Oliveira apud ADAS ADAS 2004 p 312 De 1970 a 1990 e o fl uxo para a Amazônia continua Entre 1970 e 1990 a Amazônia foi o foco dos deslocamentos populacionais internos no Brasil Na década de 1970 as migrações em direção à Amazônia foram induzidas pelo Governo Federal Nesse decênio foi aprovado o Projeto de Integração Nacional PIN no qual fi guravam como obras estruturantes a construção das rodovias Transamazônica e CuiabáSantarém além de um projeto de colonização ao longo dessas estradas onde deveriam ser fi xados os migrantes A Transamazônica deveria facilitar a migração dos nordestinos desviandoos da rota para o Sudeste que já enfrentava problemas de áreas metropolitanas superpovoadas e tensões sociais Além disso era uma estratégia para povoar a Amazônia com a mão de obra que seria requisitada pelos projetos do grande capital A CuiabáSantarém facilitaria a penetração dos fl uxos de migrantes do Sul e Sudeste em direção ao Mato Grosso e Pará e também ao Nordeste tendo em vista o cruzamento desta rodovia com a Transamazônica no sul do Pará Essas estradas foram construídas e embora tenham contribuído para a integração do território nacional também provocaram impacto ambiental e social negativos especialmente para os indígenas Todavia em termos de migração uma característica desse período foi o empenho do Governo Federal em atrair migrantes para se fi xar na Amazônia sem propiciarlhes o acesso N O L S OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO Direção predominante 50 0 0 600 Km Fortaleza Rio Branco Boa Vista DF Caracaraí Brasil migrações internas 19701990 Passo Fundo JiParaná Cáceres Alta Floresta Londrina Aula 8 Geografi a da População 158 à propriedade da terra Conforme Becker 1990 p 48 a alternativa encontrada foi a da mobilidade do trabalhador apoiada na urbanização Assim as cidades e vilas assumiram a condição de local de estoque da mão de obra requisitada para as frentes de trabalho que foram implementadas na região Por se tratar de uma região encoberta por uma fl oresta equatorial a mais densa e intrincada das coberturas vegetais do mundo havia muitas frentes de trabalho como a derrubada de matas o estabelecimento de garimpos a construção de hidrelétricas e rodovias entre outros Deriva dessa dinâmica territorial a elevação significativa da população regional especialmente das cidades entre os anos de 1970 e 1990 No âmbito da Amazônia os estados de Rondônia e Roraima foram os que obtiveram maior crescimento em número relativo no intervalo 19701991 O motivo primordial para Rondônia ter se tornado a principal área de atração populacional no período focalizado foi a implantação do Programa Polonoroeste que defi niu o estabelecimento de projetos de colonização em que o trabalhador rural se tornava proprietário da terra e o asfaltamento da Rodovia CuiabáPorto Velho BR364 também conhecida como Marechal Rondon que integrou o estado à Amazônia e ao CentroSul Entretanto a ocupação foi devastadora em termos ambientais ocorreram desmatamentos e queimadas indiscriminadas para que a fl oresta ceda lugar à agricultura e à pastagem além da extração de madeira de forma irresponsável para fi ns de comercialização No caso de Roraima o crescimento populacional vertiginoso esteve atrelado à descoberta de ouro e diamante nas terras dos Ianomâmi que impulsionou a garimpagem Mas com a demarcação das terras Ianomâmi em 1991 a migração para essa área diminuiu acentuadamente Figura 6 Migrações internas no Brasil 19701990 Fonte adaptado de Oliveira apud ADAS ADAS 2004 p 314 Aula 8 Geografi a da População 159 Década de 1990 refl etindo sobre a recente dinâmica dos fl uxos migratórios As tendências migratórias delineadas nos anos de 1980 tiveram continuidade na década de 1990 Essas tendências correspondem à redução da migração interna rumo ao Sudeste e particularmente às metrópoles declínio do crescimento demográfi co do município e São Paulo que fi gurava anteriormente como principal polo de atração populacional manutenção de fl uxos migratórios em direção à Amazônia e aumento da população dos municípios de médio e pequeno porte No que se refere à diminuição de migrantes em direção ao Sudeste e à queda do crescimento populacional em São Paulo é importante considerar a crise econômica dos anos de 1980 que ecoa na década de 1990 e a desconcentração da economia especialmente da indústria nesse período No primeiro caso verifi case que o cenário de crises afetou o mercado de trabalho ampliando os níveis de desemprego Dessa forma o deslocamento para o Sudeste já não se traduz em garantia de emprego e renda e assim as migrações para a região foram sendo reduzidas Aliás as migrações internas de um modo geral tendem a um decréscimo em função das difi culdades de emprego em todas as regiões No segundo caso observase que a transferência de indústrias para outras regiões ou para o interior de São Paulo ou ainda a instalação de novas indústrias em áreas localizadas fora do centro econômico do país representado pela tríade São Paulo Rio de JaneiroBelo Horizonte provocou o declínio os fl uxos migratórios rumo ao Sudeste e em especial ao município de São Paulo Acrescentese que os problemas urbanos vivenciados em São Paulo no que se refere à habitação transporte e violência contribuem para essa redução Em relação à permanência da Amazônia como um foco de atração populacional a explicação está relacionada às atividades econômicas que ali se desenvolvem Nessa região se efetiva a expansão da fronteira agropecuária e o garimpo desponta como um segmento alvissareiro em ambas as atividades os impactos ambientais negativos com destaque para o desmatamento são nefastos para o ecossistema da fl oresta No que concerne ao crescimento demográfi co dos municípios de médio e pequeno porte registrase que essa dinâmica está vinculada a uma gama diferenciada de fatores que nem sempre aparecem conjugados Dentre eles citase a instalação de indústrias a refuncionalização das cidades em função do turismo a exploração de recursos minerais a expansão do terciário que se efetiva através do estabelecimento de instituições de Ensino Superior centros médicos e hospitalares casas comerciais tecnopolos etc Ressaltase que entre os atrativos das cidades de médio e pequeno porte estão o custo de vida e o nível de estresse que são considerados relativamente baixos se comparados ao que se evidencia nas grandes cidades Um outro aspecto importante na dinâmica dos fl uxos migratórios da década de 1990 diz respeito ao Nordeste que historicamente foi a região a contabilizar o maior número de migrantes Neste decênio a saída de nordestinos foi expressivamente reduzida sendo evidenciado também um movimento de retorno do migrante à mencionada região A confi guração desse quadro Atividade 3 Aula 8 Geografi a da População 160 está vinculada a dois fatores primeiro a crise econômica que diminuiu as oportunidades de trabalho no Sudeste principal foco das migrações nordestinas o que implica no refl uxo da saída de pessoas e também no retorno segundo a expansão da economia urbana especialmente nas médias e grandes cidades da região que ampliou o mercado de trabalho permitindo que uma parcela da mão de obra disponível possa ser absorvida Faça uma síntese das migrações internas no Brasil preenchendo o quadro abaixo utilizando as informações contidas nesta aula Período Área direção do fl uxo Características Aula 8 Geografi a da População 161 Migração ruralurbana As migrações ruralurbanas também chamadas de êxodo rural assumiram proporções consideráveis no Brasil a partir de 1970 quando foi intensifi cado o processo de modernização com base na industrialização e urbanização da sociedade Os dados censitários refl etem a dinâmica demográfi ca derivada desse processo que repercutiu na distribuição espacial da população brasileira Quadro 3 Quadro 3 População urbana e rural do Brasil 19702000 Ano População Total milhões População Urbana População Rural Nº de habitantes milhões sobre o total Nº de habitantes milhões sobre o total 1960 700 313 447 387 553 1970 931 520 559 411 441 1980 1190 804 676 386 324 1991 1468 1109 755 359 245 2000 1695 1377 812 318 188 Fonte IBGE Censos demográfi cos de 1960 1970 1980 1991 e 2000 Em 1960 a população rural ainda era predominante no país e alcançou um pequeno acréscimo na referida década que se evidenciou nos resultados do Censo Demográfi co de 1970 Porém a partir daí passou a apresentar uma tendência ao declínio tanto em termos de população absoluta quanto relativa conforme atestam os dados do Quadro 3 Inclusive foi o Censo de 1970 que demonstrou a inversão no perfi l demográfi co brasileiro que passou de hegemonicamente rural a predominantemente urbano Os censos posteriores ratifi caram a tendência de crescimento da população urbana indicando a intensifi cação do êxodo rural no país A compreensão desse fenômeno está atrelada dentre outros fatores ao processo de modernização implementado no Brasil que provocou mudanças nos espaços rural e urbano Essa modernização viabilizada pela expansão do setor industrial tinha a cidade como lócus de sua realização e tornoua extremamente atrativa por dinamizar a sua economia ampliar o mercado de trabalho e requisitar uma infraestrutura de serviços escolas centros de saúde abastecimento dágua eletrifi cação pavimentação de ruas espaços de lazer programas de habitação popular telefonia etc que se traduziram em melhoria das condições de vida da população Por outro lado as mudanças não se restringiam ao espaço urbano afetando também o meio rural através da modernização e mecanização da agricultura Contrário ao que aconteceu em relação à cidade que se confi gurou uma área de atração populacional no meio rural a perspectiva era de repulsão tendo em vista que essa modernização que elevou a produtividade do trabalho via introdução de máquinas e técnicas modernas de cultivo dispensou um signifi cativo contingente da mão de obra empregada no campo Foi basicamente esse segmento da população que vivenciou o êxodo rural Atividade 4 1 2 Aula 8 Geografi a da População 162 Todavia é essencial ressaltar que no Brasil esses migrantes foram parcialmente incorporados ao mercado de trabalho urbano por vezes restandolhes o subemprego e a economia informal Da mesma forma uma parcela considerável dessa população enfrenta problemas como o desemprego em grande parte decorrente do baixo nível de escolaridade e a moradia precária em geral atrelada ao processo de periferização eou favelização da cidade Além dos fatores de mudança anteriormente analisados também é possível identifi car que a migração ruralurbana no Brasil foi motivada por fatores de estagnação que estão associados a um crescimento populacional em ritmo superior ao da oferta de trabalho Desse modo passou a existir um contingente de trabalhadores que não é absorvido no local porque a terra agrícola disponível não assegura o trabalho e a renda necessários à sua sobrevivência e assim são forçados a migrar Entre as causas dessa situação está o problema da estrutura fundiária prevalecente no país marcada pela concentração de terras nas mãos de latifundiários principalmente no Nordeste Ressaltase que no CentroSul a situação assume um outro perfi l visto que a pequena extensão da terra não é sufi ciente para atender as necessidades de todos os fi lhos do proprietário o que os estimula à migração Assista ao fi lme Central do Brasil Faça um comentário do fi lme tendo por objetivo discutir as migrações internas do Brasil e suas repercussões socioespaciais Outros movimentos populacionais no Brasil Para além dos movimentos migratórios discutidos você pode ainda identificar e discutir a existência de outras formas de movimentos populacionais no Brasil É perceptível hoje Migrações pendulares existentes principalmente nas grandes cidades envolvendo o deslocamento diário de trabalhadores do seu local de moradia para o de trabalho e viceversa A intensificação da rede urbana recentemente tem permitido evidenciar esse fluxo migratório articulando cidades de médio e pequeno porte Migração urbanourbana anualmente abrange milhões de pessoas que se deslocam de uma cidade para outra quase sempre das pequenas para as médias ou de ambas para as de grande porte Por vezes configuram também migrações interregionais por envolver cidades de regiões diferentes ou representam a continuação do êxodo rural Migração ruralrural efetivase através do deslocamento de pessoas de uma área agrícola para outra podendose incluir a transumância ou seja a migração de caráter temporário Como exemplo temos os movimentos dos peões e boiasfrias que obedecem à dinâmica sazonal das atividades que desenvolvem Migração urbanorural no Brasil apresenta pequena expressão numérica corresponde ao deslocamento de pessoas da cidade para o campo geralmente ao retorno de filhos para cuidar das terras da família ou de pessoas que não se adaptaram à vida na cidade Recentemente esse fluxo também se evidenciou através de um pequeno número de pessoas que tem optado pela saída da cidade para morar em condomínios rurais Muito bem com essa aula sobre migração no Brasil você trilhou por mais um campo que envolve a Geografia da População Para finalizar essa parte faça a Autoavaliação Resumo Nesta aula você estudou os fluxos migratórios existentes no Brasil Viu como este país historicamente vai vivenciando cada fase de imigração e emigração e a dinâmica interna que rege os processos migratórios ou seja os fluxos interregionais os deslocamentos ruralurbano e outros tipos que caracterizaram o Brasil no século XX Por intermédio dessa aula você foi levado a entender a organização socioespacial que se configurou a partir da dinâmica migratória que regeu o Brasil desde a colonização até os dias atuais Aula 8 Geografia da População 163 Aula 8 Geografi a da População 164 Autoavaliação A migração no Brasil envolve processos de imigração emigração e migrações internas A respeito desses processos explique a O que foi a imigração no Brasil b O que representou a emigração para Brasil c Como o Brasil deixa de ser um país de imigrantes para ser um país de emigrantes d Os fl uxos migratórios internos existentes no Brasil a partir da década de 60 do século XX até os dias atuais Referências ARAUJO T B Ensaios sobre o desenvolvimento brasileiro Rio de Janeiro Revan 2000 BECKER B EGLER C Brasil uma nova potência regional na economiamundo Rio de Janeiro Bertrand Brasil 1992 CANO W Raízes da concentração industrial em São Paulo Campinas FECAMP 1998 MARTINS J de S A imigração e a crise do Brasil agrário São Paulo Pioneira 1973 MARTINS J de S O cativeiro da terra São Paulo Ciências humanas 1981 OLIVEIRA A U de Integrar para não entregar políticas públicas e Amazônia In ADAS M ADAS S Panorama geográfi co do Brasil contradições impasses e desafi os socioespaciais São Paulo Moderna 2004 ROSS J Geografi a do Brasil São Paulo EDUSP 1995 SANTOS M SILVEIRA M L O Brasil território e sociedade no início do século XXI Rio de Janeiro Record 2001 SILVA J G A modernização dolorosa Rio de Janeiro Zahar 1982 SINGER P Dinâmica populacional e desenvolvimento São Paulo HUCITEC 1980 VESENTINI J W Brasil sociedade e espaço geografi a do Brasil São Paulo Ática 2006 p 228 Anotações Aula 8 Geografi a da População 165 Anotações Aula 8 Geografi a da População 166 Distribuição geográfi ca da população 9 Aula Entretanto é importante registrar que apesar do Norte e CentroOeste apresentarem baixos índices houve um aumento da participação da população dessas regiões no total da população brasileira que passou de 11 em 1980 para 144 em 2000 Conforme foi estudado na aula sobre migração interna no Brasil esse crescimento é atribuído à expansão da fronteira agropecuária à garimpagem e à mineração A respeito das desigualdades existentes na distribuição da população no Brasil leia as informações a seguir População das regiões brasileiras e participação na população total 2000 Indicadores Regiões Sudeste Norte e CentroOeste Área km² 9722862 54817151 População absoluta 72412411 24537432 Regiões População absoluta Participação na população total do país Sudeste 72412411 426 Nordeste 47741711 282 Sul 25107616 148 Norte 12900704 282 CentroOeste 11636728 69 Fonte IBGE Anuário estatístico do Brasil 2001 p 215 Fazendo uma correlação entre os dados podese concluir que O Sudeste possui uma área que corresponde a 108 do território nacional e abriga 426 da população brasileira podendo ser considerada a região que abriga as maiores cidades grandes parques industriais comerciais e de serviços O Norte e o CentroOeste juntos totalizam uma área que equivale a 641 do território nacional e abrigam somente 144 da população brasileira podendo ser vistas como as regiões que abrigam os maiores vazios demográficos Um exemplo disso é a porção Norte do país alvo nos últimos anos das políticas de desenvolvimento territorial para estimular a ocupação e o crescimento regional Aula 9 Geografia da População 182 1 2 3 4 Aula 9 Geografi a da População 169 Apresentação E sta aula tem como tema a distribuição da população no mundo e no Brasil Vamos discutir o que é densidade demográfi ca e os fatores naturais e socioeconômicos que interferem em sua confi guração bem como a relação entre a distribuição da população e o desenvolvimento e subdesenvolvimento Assim você será levado a revisar conceitos já estudados na Aula 4 Crescimento populacional parte I desta disciplina e a mobilizar informações e habilidades para realizar a leitura de mapas O conjunto de atividades apresentado tem por meta articular os conteúdos conceituais a situações práticas de aprendizagem Objetivos Compreender a distribuição da população no mundo e no Brasil Discutir a densidade demográfi ca como uma realidade desigual e interconectada a fatores naturais e socioeconômicos Entender a relação entre distribuição da população desenvolvimento e subdesenvolvimento das nações Compreender as razões da desigual distribuição da população no território brasileiro Aula 9 Geografi a da População 170 Distribuição espacial da população mundial A o iniciar os estudos sobre a distribuição espacial da população na superfície do planeta você deve estar lembrado que na Aula 4 foram abordados alguns conceitos básicos referentes à dinâmica demográfi ca Dentre as noções estudadas estavam as defi nições de população absoluta e população relativa Pois bem nesta aula você observará como a população encontrase distribuída na superfície da Terra de modo a compreender melhor a relação entre espaço e ocupação demográfi ca Na disciplina Leituras Cartográfi cas e Interpretações Estatísticas I e II você deve ter visto noções básicas sobre como interpretar mapas Que tal exercitar as habilidades adquiridas nas disciplinas articulandoas às discussões desta aula Para isso observe bem o mapa a seguir que apresenta informações sobre a distribuição da população mundial Figura 1 Densidade demográfi ca mundial Fonte Terra e Coelho 2005 p 449 Após a observação do mapa e dos elementos cartográfi cos que o constituem como título legenda escala e linhas imaginárias você deve ter percebido que existem áreas que são densamente povoadas e outras que se constituem como verdadeiros vazios demográfi cos Por que será que isso ocorre A densidade demográfi ca ou população relativa é defi nida pela razão existente entre a população absoluta e a área territorial ou a superfície por ela ocupada Sendo assim é o indicador utilizado para avaliar a distribuição da população pelo espaço geográfi co Todavia por ser apenas uma média não mostra efetivamente o que ocasiona tal distribuição da população pelo território Observase que na maioria dos países há áreas que são densamente povoadas Aula 9 Geografi a da População 171 e outras que são escassamente povoadas Dessa forma a distribuição espacial da população no mundo é bastante desigual Existem amplos espaços com baixa densidade demográfi ca e outros em que esse indicador se apresenta extremamente elevado Essa desigual distribuição da população pode ser explicada por fatores físicos ou naturais e históricos e socioeconômicos que atuam individual ou conjuntamente favorecendo ou restringindo a ocupação do espaço Vejamos como esses fatores podem interferir nesse processo a Fatores naturais a despeito dos avanços tecnológicos que possibilitam a ocupação humana em regiões inóspitas do planeta os fatores naturais como clima relevo hidrografi a solo e vegetação atuam em conjunto gerando condições favoráveis ou desfavoráveis à ocupação populacional Desta forma as áreas onde essas condições apresentamse mais favoráveis à ocupação humana são chamadas de ecúmenas e geralmente estão próximas de vales fl uviais e zonas costeiras Aquelas áreas em que os fatores acima citados se mostram desfavoráveis são denominadas de anecúmenas e geralmente são desertos regiões geladas e montanhas Os fatores naturais podem restringir ou favorecer o adensamento populacional em determinado local Um exemplo de atuação favorável desses fatores corresponde às áreas de planícies cujos vales são férteis contribuindo para a fi xação humana Já as áreas de clima árido assumem uma condição oposta em decorrência da escassa e irregular pluviosidade que conjugada a solos com baixa aptidão agrícola difi cultam a ocupação populacional b Fatores históricos e socioeconômicos apresentamse interligados e têm grande influência na localização da população Em nível mundial esses fatores incluem a expansão colonizadora do século XVI responsável pelos grandes fl uxos migratórios que deslocaram milhares de pessoas de seu continente de origem e formaram adensamentos populacionais dispersos pelo mundo a Revolução Industrial na segunda metade do século XVIII que provocou a urbanização nos países desenvolvidos e ao se expandir para os subdesenvolvidos na segunda metade do século XX intensifi cou esse processo gerando extraordinários adensamentos populacionais como as atuais metrópoles e megalópoles Na atualidade a distribuição desigual da população pelo planeta está mais associada aos fatores históricos e socioeconômicos do que aos fatores naturais tendo em vista que a revolução tecnocientífi ca possibilitou a superação de parte considerável das limitações naturais o que levou a humanidade a expandir sua ocupação ao conquistar espaços antes inabitáveis Um exemplo desse progresso são as áreas desérticas que em função do uso de tecnologias sofi sticadas conseguem produzir gêneros agrícolas e se inserir no processo produtivo atraindo contingentes populacionais e investimentos Os fatores históricos e socioeconômicos como as atividades industriais e a prestação de serviços são responsáveis por grandes concentrações demográfi cas que se refl etem nas elevadas densidades populacionais de algumas regiões do planeta O Nordeste dos EUA e o eixo São Paulo Rio de Janeiro no Brasil são áreas que exemplifi cam bem a situação anteriormente exposta Atividade 1 Aula 9 Geografi a da População 172 Assim pensando a distribuição populacional entre as áreas urbanas e rurais em nível mundial verifi case que as primeiras geralmente apresentam as maiores concentrações tendo em vista que a urbanização é um processo que assumiu dimensões planetárias Todavia ainda há países no mundo em que a população rural é superior à urbana e no interior de alguns países há regiões que assim se confi guram Com relação à questão das áreas agrícolas constatase que naquelas onde ocorreu a mecanização intensiva pradarias nos EUA Canadá e Austrália as densidades demográfi cas são baixas porque a atividade requisita um pequeno número de trabalhadores enquanto isso nas áreas de agricultura tradicional e de jardinagem como a planície chinesa e o Sudeste asiático as densidades populacionais são mais elevadas em função da relação trabalhoárea ser maior e o emprego de tecnologias modernas ser mais reduzido Agora que você já viu os fatores que servem para explicar a desigual distribuição da população pelo planeta exercite um pouco o que você estudou Para isso volte ao mapa apresentado na Figura 1 que tem informações sobre a distribuição populacional A partir do mapa da Figura 1 e do que você estudou sobre os fatores que contribuem para a distribuição da população pelo planeta responda o que se pede a Observando o mapa e a legenda é possível verifi car as áreas mais densamente povoadas do mundo Identifi que e descreva uma área em cada continente que se encontra nessa situação b Observando o mapa e a legenda é possível verifi car as áreas com menores densidades demográfi cas do mundo Identifi que e descreva a localização geográfi ca da área selecionada c Explique a densidade demográfi ca existente nas áreas selecionadas por você para responder as solicitações dos itens a e b relacionandoa aos fatores naturais ou socioeconômicos que atuam individual ou conjuntamente favorecendo ou restringindo a ocupação do espaço Após a realização dessa atividade prossiga na leitura da aula e veja que há uma relação entre distribuição da população e as condições de desenvolvimento e subdesenvolvimento das nações Aula 9 Geografi a da População 173 A distribuição da população e sua relação com o desenvolvimento e o subdesenvolvimento Focalizandose a distribuição populacional por continentes observase que os contrastes são bastante acentuados Tabela 1 Tabela 1 Distribuição da População Mundial por continentes 2002 Continente População Absoluta Área km2 Densidade demográfi ca habkm2 Ásia 3761744000 44500799 845 América 791296000 42074773 197 África 818025000 30213059 270 Europa 694352000 10298929 674 Oceania 33275000 8541172 38 Total 6098692000 135628732 449 Fonte Calendário atlante De Agostini 2004 apud TERRA COELHO 2005 p 451 De acordo com esses dados o continente mais populoso é a Ásia onde vivem 616 da população mundial nesse continente se localizam a China e a Índia os dois países mais populosos do mundo O continente asiático também apresenta a mais elevada densidade demográfi ca do planeta o Sudeste asiático está entre as áreas mais povoadas da Terra No outro extremo aparece a Oceania que abriga 054 da população mundial e a mais baixa densidade entre os continentes Um breve panorama da distribuição populacional entre as áreas segundo os níveis de desenvolvimento indica que dos 61 bilhões de habitantes do planeta aproximadamente 5 bilhões vivem em países subdesenvolvidos e 11 bilhão residem em países desenvolvidos As maiores aglomerações populacionais chamadas de formigueiros humanos são encontradas nos países subdesenvolvidos sobretudo nos vales fl uviais da Ásia destacando se a planície IndoGangética que se estende entre o Paquistão e a Índia Todavia essa não é uma situação específi ca dos subdesenvolvidos Fatores históricos e socioeconômicos propiciaram o surgimento de adensamentos demográfi cos elevados em áreas eou países desenvolvidos dos quais se ressaltam a Europa os EUA e o Japão Aula 9 Geografi a da População 174 Dentre os fatores que explicam a concentração demográfi ca na Europa especialmente nos países mais populosos integrantes da União Europeia está o dinamismo econômico do bloco o que tornou a área um foco de atração populacional Nos EUA um país populoso e de densidade demográfi ca relativamente elevada as maiores concentrações estão nos aglomerados urbanos situados nas proximidades do Oceano Atlântico nesta área encontramse duas das maiores megalópoles do mundo BostonWashington e ChicagoPittsburgh Os fatores que explicam essa elevada concentração populacional são a disponibilidade de recursos naturais a existência de uma densa rede hidrográfi ca e o processo de colonização do território Recentemente surgiu uma megalópole San DiegoSan Francisco na Costa Oeste dos EUA em decorrência do desenvolvimento do Vale do Silício importante centro tecnológico No Japão as maiores concentrações populacionais ocorrem ao longo da costa do Oceano Pacífi co onde se localizam duas megalópoles TókioOsaka e OsakaFukuoka As razões dessa densa aglomeração urbana estão associadas à existência de elevadas montanhas no interior e ao perfi l da economia do país que se evidencia altamente dependente do mercado externo tanto para a aquisição de recursos naturais quanto para a comercialização de bens industriais No início do século XXI observase uma tendência à expansão urbana na costa do Mar do Japão litoral voltado para a Ásia em função da desconcentração industrial decorrente da saturação dos transportes do encarecimento dos terrenos e de rígidas leis ambientais Pare e exercite mais um pouco Atividade 2 Aula 9 Geografi a da População 175 Nesta atividade você vai trabalhar com duas informações Tabela e Mapa Para isso siga as orientações 1 Observe na Tabela 2 a seguir a relação dos 10 países mais populosos do mundo e suas respectivas densidades demográfi cas Tabela 2 Países mais populosos do mundo em milhões 2000 Países População Absoluta Densidade Demográfi ca habkm2 China 12850 1378 Índia 10251 3448 Estados Unidos 2859 311 Indonésia 2148 1186 Brasil 1696 198 Paquistão 1450 1881 Federação Russa 1447 86 Bangladesh 1404 10784 Japão 1273 3493 Nigéria 1169 4284 Fonte Banco MundialIBGE apud TAMDJIAN MENDES 2004 p 472 2 Agora veja o mapa a seguir e localize os referidos países da Tabela 2 Figura 2 Planisfério população total 2003 Fonte Terra e Coelho 2005 p 445 Aula 9 Geografi a da População 176 3 Após a localização dos países no mapa faça uma classificação das nações entre desenvolvidos e subdesenvolvidos preenchendo o quadro abaixo PAÍS CLASSIFICAÇÃO 4 Agora explique a A relação entre densidade demográfi ca e desenvolvimento socioeconômico tendo como parâmetro a classifi cação das nações feita por você b A relação entre densidade demográfi ca e subdesenvolvimento econômico tendo como parâmetro a classifi cação das nações feita por você Aula 9 Geografi a da População 177 Para subsidiar melhor as suas respostas você pode voltar à Aula 5 Crescimento populacional parte II que traz discussões sobre o desenvolvimento e o subdesenvolvimento no contexto da dinâmica de crescimento populacional Continuando a discussão Ao fazer essa atividade você deve ter entendido que nem sempre o fato de se tratar de um país populoso signifi ca que ele possui uma elevada densidade demográfi ca Outrossim é preciso considerar que a distribuição populacional no interior dos países é bastante desigual Enquanto Bangladesh é o 8 país em população absoluta em população relativa assume o 1 lugar Já a Federação Russa está entre os 10 países mais populosos contudo apresenta uma baixa densidade demográfi ca A China é o país mais populoso do mundo e ocupa o 6 lugar em termos de população relativa Essa visão panorâmica da distribuição geográfi ca da população mundial ratifi ca a tese de que os fatores naturais e de ordem histórica e socioeconômica infl uenciam sobremaneira a ocupação do espaço e o adensamento demográfi co Mas como será que esse processo ocorreu no Brasil Atividade 3 Aula 9 Geografi a da População 178 Figura 3 Densidade demográfi ca do Brasil Fonte Moreira 2006 p 344 Observe o mapa a seguir Distribuição espacial da população no Brasil O Brasil é o quinto país mais populoso do mundo Mas será que pode ser considerado um país densamente povoado Para iniciar essa discussão faça o que se pede Aula 9 Geografi a da População 179 De acordo com o mapa responda a Você considera que o Brasil pode ser considerado muito populoso e pouco povoado Justifi que b Cite as áreas mais densamente povoadas e a de menor densidade demográfi ca c De acordo com a resposta dada na letra b apresente dois argumentos que você considera relevantes para justifi car a densidade demográfi ca brasileira Aula 9 Geografi a da População 180 Agora que você respondeu essa atividade de sondagem dos seus conhecimentos continue a leitura da aula e compare se o que você sistematizou está de acordo com o que é dito sobre o Brasil a respeito da densidade demográfi ca Para os estudiosos dos temas populacionais o Brasil tem uma baixa densidade demográfi ca em decorrência de sua vasta extensão territorial ou seja é um país populoso e ao mesmo tempo pouco povoado No entanto como será a distribuição da população pelo território Conforme você pode observar no mapa do Brasil anteriormente apresentado este país possui uma desigual distribuição espacial da população que se mostra evidente a partir do contraste entre a densa ocupação da zona litorânea e o fraco povoamento do interior Na faixa litorânea existem densidades demográfi cas superiores a 20 habkm2 chegando em algumas áreas a elevados adensamentos populacionais que superam os 50 habkm2 principalmente nas regiões Nordeste e Sudeste Nessa faixa estão localizadas importantes cidades do país entre as quais se destacam capitais de estados Natal João Pessoa Maceió Aracaju e Vitória e as áreas metropolitanas de São Paulo Rio de Janeiro Salvador Recife e Fortaleza que junto com a zona cacaueira do sul da Bahia Ilhéus Itabuna e Ipiau apresentam as mais elevadas densidades demográfi cas do Brasil Partindo do litoral em direção ao interior as densidades demográfi cas declinam para menos de 20 habkm2 com exceção de algumas áreas como Campo Grande e seu entorno MS Cuiabá e municípios adjacentes MT Brasília e as cidades satélites e Goiânia e circunvizinhanças GO Vale do Parnaíba próximo a Teresina PI vales dos rios Gurupi Mearim e Grajaú além da capital São Luís MA Grande Belém Abaetetuba Bragança e Castanhal PA Manaus AM e Macapá e entorno AP Excluindo essas manchas de adensamento populacional mais signifi cativos predominam no imenso interior brasileiro baixas densidades demográfi cas de 1 a 5 habkm2 e inferiores a 1 habkm2 As áreas de baixíssimas densidades demográfi cas correspondem a trechos do noroeste de Minas Gerais oeste da Bahia sul do Piauí e Maranhão e extensas partes dos estados que formam as regiões CentroOeste Norte do país Essa distribuição espacial da população brasileira de forma bastante irregular está articulada sobretudo a fatores históricoeconômicos porém não se pode negligenciar que os fatores naturais também infl uenciaram e infl uenciam o processo de ocupação do espaço O papel que os fatores históricoeconômicos exercem pode ser explicado a partir da inserção do Brasil na dinâmica do capitalismo mundial na condição de espaço dependente dos interesses externos A concentração da população na porção leste do território em áreas próximas ao litoral é uma tendência que começou com a ocupação do espaço pelo colonizador no período em que a canadeaçúcar comandava a economia e foi se consolidando em épocas posteriores Aula 9 Geografi a da População 181 em meio a outros ciclos econômicos como o do café do cacau e o da industrialização Em resumo as razões da elevada ocupação no litoral remetem à condição do país como ex colônia de exploração e à consequente dependência econômica que geraram a necessidade de articulação com o mercado externo e a concentração das principais atividades econômicas e do processo de urbanização nessa faixa do território Sendo assim durante muito tempo as porções central e norte do país onde há baixo adensamento populacional não participaram ativamente da dinâmica do desenvolvimento nacional Acrescentese que a precária infraestrutura de transportes e comunicações gera difi culdades à articulação desses espaços a outras regiões Porém a partir da década de 1970 essas áreas foram alvo de uma política de povoamento impulsionada pelo Governo Federal conforme foi estudado na aula sobre migrações no Brasil o que contribuiu para o aumento do número de habitantes A instalação da Zona Franca de Manaus e o desenvolvimento de intensa atividade mineradora vinculada ao capital nacional e internacional têm fomentado o desenvolvimento regional A despeito do crescimento demográfi co dessas áreas em termos absolutos e relativos a confi guração geral do perfi l de distribuição da população pelo espaço brasileiro ainda não sofreu alterações substanciais A confi rmação dessa assertiva pode ser obtida através da avaliação das informações sobre a evolução das densidades demográfi cas das regiões brasileiras entre 1940 e 2000 Tabela 3 Densidades demográfi cas das regiões do Brasil 19402000 País Regiões Recenseamentos 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 Brasil 488 614 829 1101 1407 1718 1994 Norte 041 052 072 101 165 259 335 Nordeste 936 1165 1438 1823 2257 2722 3072 Sudeste 1997 2554 3334 4338 5631 6766 7832 Sul 1020 1395 2091 2935 3386 3834 4357 CentroOeste 067 092 157 270 401 585 724 Fonte Adas e Adas 2004 p 302 As informações relativas à densidade demográfi ca ratifi cam a tendência à elevação desse indicador em termos de Brasil e de todas as suas regiões No período em exame dentre as regiões do país o Sudeste e o Sul apresentaram os mais elevados indicadores e o Norte e o CentroOeste os menos expressivos A região Nordeste assume uma posição intermediária A região Nordeste ocupa uma posição intermediária mas abriga no seu interior problemas crônicos como a seca e a concentração do desenvolvimento e dos recursos nas áreas litorâneas deixando o interior em uma posição desfavorável no contexto da inserção da região no mercado nacional e global A Região Sul apresenta assim como a Região Sudeste indicadores favoráveis ao desenvolvimento e à inserção da região no mercado nacional e global devido à conjunção dos fatores naturais históricos e socioeconômicos que se fazem presentes Assim para finalizar esta aula você ainda tem uma tarefa a fazer Atividade 4 Volte à Atividade 3 e releia o que você respondeu Compare com o que você leu sobre a realidade brasileira e escreva uma síntese de duas laudas sobre a distribuição da população no brasil Aula 9 Geografia da População 183 Resumo 1 3 2 4 Aula 9 Geografi a da População 184 Autoavaliação Explique como os fatores naturais e socioeconômicos interferem na dinâmica da distribuição da população no espaço Quando olhamos o mapamúndi e a distribuição da população pelas nações podemos perceber que há uma relação entre desenvolvimento subdesenvolvimento e densidade demográfi ca Justifi que o porquê dessa relação Discuta por que no Brasil as áreas litorâneas apresentam altas densidades demográfi cas Justifi que a existência de baixas densidades demográfi cas na Região Norte do Brasil e altas densidades demográfi cas na Região Sudeste Nesta aula você estudou a distribuição da população no planeta e no Brasil Viu que o mundo não se apresenta de forma homogênea quando a discussão é a localização geográfi ca da população Compreendeu que os fatores naturais sociais e econômicos interferem na distribuição da população e que há uma relação entre densidade demográfi ca desenvolvimento e o subdesenvolvimento das nações Estudou especifi camente a realidade brasileira entendendo o porquê do país ser considerado muito populoso mas pouco povoado Para o desenvolvimento dessa aula você foi estimulado a ligar as habilidades cartográfi cas já apreendidas às leituras sobre a temática populacional Anotações Aula 9 Geografi a da População 185 Referências ADAS M ADA S Panorama geográfi co do Brasil São Paulo Moderna 2004 ARAUJO T B Ensaios sobre o desenvolvimento brasileiro Rio de Janeiro Revan 2000 BECKER B EGLER C Brasil uma potencia regional na economiamundo Rio e Janeiro Bertrand Brasil 1992 CANO W Raízes da concentração industrial em São Paulo Campinas FECAMP 1998 IBGE Censos demográfi cos Disponível em wwwibgegovbr Acesso em 12 jun 2009 Atlas geográfi co escolar Rio de Janeiro 2002 MOREIRA I Espaço geográfi co geografi a geral e do Brasil São Paulo Ática 2006 SANTOS M SILVEIRA M L O Brasil território e sociedade no início do século XXI Rio de Janeiro Record 2001 TAMDJIAN J O MENDES I L Geografi a geral e do Brasil São Paulo FTD 2004 TERRA L COELHO M de A Geografi a geral o espaço natural e socioeconômico São Paulo Moderna 2005 Anotações Aula 9 Geografi a da População 186 Estrutura da população Parte I 10 Aula Sobre a estrutura etária A estrutura etária da população corresponde à sua distribuição por faixas de idades jovem adulta e idosa Os intervalos que compreendem as faixas etárias podem variar de acordo com os objetivos e conveniências de organismos internacionais ou mesmo dos países As classificações mais utilizadas são a Jovens 0 a 14 anos adultos 15 a 59 anos e idosos 60 anos e mais b Jovens 0 a 14 anos adultos 15 a 64 anos e idosos 65 anos e mais c Jovens 0 a 19 anos adultos 20 a 59 anos e idosos 60 anos e mais Informativo Há uma tendência para considerar 65 anos como a idade mínima do idoso em decorrência do aumento da expectativa de vida Há uma propensão para se considerar 14 anos como a idade máxima do jovem em função da entrada cada vez mais precoce do jovem no universo das atribuições e responsabilidades da vida adulta Estrutura populacional x crescimento demográfico Você sabia que as variáveis estrutura e crescimento populacional apresentam estreita relação Veja por que os países que possuem elevado crescimento vegetativo apresentam uma estrutura etária jovem ou seja a população nessa faixa é predominante Já os países que detêm baixo crescimento vegetativo geralmente revelam uma estrutura etária adulta ou velha isto é a população jovem não é maioria são países em que a tendência à baixa taxa de natalidade e elevada expectativa de vida vêm se consolidando Uma forma interessante de visualizar o perfil da estrutura da população por idade é através da pirâmide etária Nessa representação gráfica é possível observar a estrutura da população por idade e sexo de determinado país Mas para que possamos compreender bem o que a pirâmide etária representa é necessário que nos apropriemos de alguns conhecimentos básicos que dizem respeito à sua conformação Aula 10 Geografia da População 191 1 2 3 4 5 Aula 10 Geografi a da População 189 Apresentação N esta aula você vai dar continuidade aos estudos sobre população tendo como tema geral a estrutura etária e por sexo Verá que a estrutura etária da população corresponde à sua distribuição por faixas de idades e que a estrutura sexual está relacionada à quantidade de homens e mulheres no conjunto da população total Discutirá a relação entre expectativa de vida taxas de natalidade mortalidade e crescimento vegetativo dos países desenvolvidos e subdesenvolvidos além dos regimes demográfi cos que apresentam a partir dos quais são classifi cados em países com população jovem idosa e em processo de envelhecimento Por fi m poderá visualizar a espacialização geográfi ca dos regimes demográfi cos no mundo Objetivos Entender a estrutura da população sob a ótica da idade e do gênero Compreender o que é pirâmide etária e sua importância para os estudos populacionais Discutir os regimes demográficos que classificam a população em envelhecida em fase de envelhecimento e jovem relacionandoos vao desenvolvimento e subdesenvolvimento dos países Comparar a expectativa de vida as taxas de natalidade e mortalidade e o crescimento vegetativo dos países desenvolvidos subdesenvolvidos industrializados e subdesenvolvidos entendendo as implicações desses indicadores para os regimes demográfi cos Analisar como está a espacialização da população no mundo de acordo com a faixa etária Atividade 1 Aula 10 Geografi a da População 190 Para início de conversa Você considera que a população de uma área é homogênea ou heterogênea Justifi que a sua escolha Se você escolheu a heterogeneidade para a sua resposta está no caminho adequado para compreender os estudos populacionais a partir da composição estrutural Mas o que signifi ca estudar a população de acordo com a estrutura Signifi ca que os estudos sobre a população de uma unidade políticoadministrativa seja um país estado região ou município dizem respeito à elaboração e análise de um conjunto de dados que são coletados levandose em conta idade gênero etnia trabalho renda setores da economia Nessa vertente os estudos populacionais pretendem classifi car a população agrupandoa em determinadas categorias Esses estudos mostram um retrato da situação populacional e são fundamentais para o planejamento e a gestão do território Nesta aula abordaremos a estrutura etária e sexual da população evidenciando como se confi guram em relação a países desenvolvidos e subdesenvolvidos Aula 10 Geografi a da População 192 O que é uma pirâmide etária A pirâmide etária é formada por um eixo horizontal chamado abscissa que indica a quantidade de pessoas em valor absoluto ou porcentagem à direita estão representadas as mulheres e à esquerda os homens Um eixo vertical identifi cado por ordenada representa as faixas de idade As partes que a compõem são base parte inferior que corresponde à população jovem corpo parte intermediária que equivale à população adulta e ápice ou topo parte superior que representa a população idosa A análise de uma pirâmide etária permite inferir conclusões sobre natalidade expectativa de vida proporção de homens e mulheres na população dentre outros Se a pirâmide apresenta base larga indica que a taxa de natalidade é alta e a população jovem é numerosa Se o topo é estreito indica uma pequena participação percentual de idosos no conjunto total da população e portanto a expectativa de vida é baixa A alta taxa de natalidade e a baixa expectativa de vida são características de subdesenvolvimento Por outro lado caso a base da pirâmide seja estreita indicando baixa taxa de natalidade e o topo apresentese com certa largura apontando maior expectativa de vida a pirâmide sinaliza características de desenvolvimento A despeito disso é importante ressaltar que não se pode classificar um país em desenvolvido ou subdesenvolvido apenas pela pirâmide etária pois esta classifi cação exige que sejam considerados vários indicadores sociais e econômicos além dos demográfi cos Atividade 2 4 2 0 2 4 8 6 4 2 0 2 4 6 8 04 59 1014 1519 2024 2529 3034 3539 4044 4549 5054 5559 6064 6569 7074 7579 80 Idades Pirâmide 1 Pirâmide 2 Homens Mulheres Pirâmides etárias Aula 10 Geografi a da População 193 Observe as pirâmides etárias a seguir Figura 1 Pirâmides Etárias Fonte James e Mendes 2004 p 479 De acordo com o que você leu sobre o que é pirâmide etária e o que ela traz de informações responda o que se pede Os Gráfi cos 1 e 2 apresentam a realidade populacional de um país desenvolvido ou subdesenvolvido respectivamente Por quê Aula 10 Geografi a da População 194 Qual a importância da pirâmide etária para os estudos de Geografi a da População Bom a importância reside no fato de que as pirâmides etárias por refl etirem a estrutura da população por idade e sexo de determinado país revelam importantes tendências de comportamento de sua dinâmica demográfi ca Analisadas historicamente ou seja ao longo de um tempo evidenciam alterações relativas à quantidade da população total proporção entre os sexos e as faixas de idade expectativa de vida da população e deformações provocadas por guerras ou outras catástrofes De modo geral a estrutura da população por sexos representada em uma pirâmide etária permite a discussão sobre como se comporta a população em termos de homens e mulheres Podese a partir do gráfi co discutir o equilíbrio ou desequilíbrio entre o número de pessoas do sexo masculino e o do sexo feminino Podese também perguntar por que será que geralmente as pirâmides etárias apresentam um maior número de homens na base e de mulheres no topo Segundo os demógrafos o maior número de homens na base da pirâmide devese ao fato de que a taxa de natalidade masculina é superior à feminina Já em relação ao maior número de mulheres no topo da pirâmide a justifi cativa está no fato de a população masculina apresentar uma taxa de mortalidade um pouco maior que a feminina e assim a expectativa de vida das mulheres é mais elevada Contudo essas diferenças são pouco signifi cativas raramente ultrapassam os 5 ou 6 Dessa forma apenas os países de imigração registram maior número de homens em sua estrutura sexual enquanto os de emigração têm nas mulheres o seu maior contingente As pirâmides etárias demonstram as principais etapas da evolução demográfi ca indicando se a população se encontra nas fases de expansão declínio ou estabilidade Anos de idade População em milhões França pirâmide etária 2000 04 25 20 15 10 05 0 0 05 10 15 20 25 59 1014 1519 2024 2529 3034 3539 4044 4549 5054 5559 6064 6569 7074 7579 8084 8589 9094 9599 100 Homens Mulheres Aula 10 Geografi a da População 195 Fique por dentro da história Para que você tenha a devida compreensão da pirâmide etária de um país tornase necessário que conheça sua história Um exemplo ilustrativo os países europeus envolvidos na II Guerra Mundial Durante a guerra 19391945 a taxa de natalidade fi cou abaixo da normal por motivos diversos como precaução ou distância entre os casais e a taxa de mortalidade de jovens sobretudo homens foi elevada Esses fatores repercutiram sobre a base e a parte intermediária da pirâmide etária dos países sobremaneira o lado dos homens reduzindoas Terminada a guerra a taxa de natalidade se expandiu expressivamente Veja o refl exo desse contexto na pirâmide etária da França referente ao ano 2000 Observe as faixas de 5054 e 5559 anos elas são bem mais estreitas do que as anteriores Sabe por quê Considerando o período em que ocorreu a guerra aqueles que em 2000 se encontravam nessa faixa de idade foram os que nasceram no decorrer do confl ito Assim as faixas etárias destacadas refl etem as baixas taxas de natalidade do período da guerra Figura 2 Pirâmide etária da França 2000 Fonte Moreira e Sene 2004 p 440 Atividade 3 1 2 3 Aula 10 Geografi a da População 196 Apresente três motivos que justifi quem por que as taxas de mortalidade masculina são maiores que as femininas Por que nos países ou áreas consideradas de imigração o número de homens é superior ao número de mulheres Por que os países ou áreas consideradas de emigração têm o contingente de mulheres mais elevado do que o de homens Pirâmides etárias da França 2000 População em milhões 04 25 20 15 10 05 0 0 05 10 15 20 25 59 1014 1519 2024 2529 3034 3539 4044 4549 5054 5559 6064 6569 7074 7579 8084 8589 9094 9599 100 2050 População em milhões Estimativa 04 25 20 15 10 05 0 0 05 10 15 20 25 59 1014 1519 2024 2529 3034 3539 4044 4549 5054 5559 6064 6569 7074 7579 8084 8589 9094 9599 100 Homens Mulheres Aula 10 Geografi a da População 197 Aprofundando o assunto O que você aprendeu sobre a estrutura da população por idade e sexo e sua forma de representação gráfi ca a pirâmide etária colocao diante do desafi o de refl etir sobre como esses aspectos demográfi cos ocorrem em escala mundial Considerando a heterogeneidade existente entre os países do mundo podemos classifi cálos segundo as diferentes conformações etárias e sexuais Para alguns autores de acordo com as características populacionais que apresentam os países podem ser classifi cados em três regimes demográfi cos população envelhecida em fase de envelhecimento geralmente com população adulta superior a 50 do total e jovem em geral com população jovem superior a 50 do total Como se caracterizam esses regimes O regime demográfi co de população envelhecida é verifi cado em países que apresentam elevada expectativa de vida baixas taxas de natalidade e mortalidade e consequentemente baixo crescimento vegetativo Esse padrão de comportamento das variáveis demográfi cas é encontrado em países desenvolvidos que já realizaram sua transição demográfi ca Figura 3 Pirâmide etária da França 2000 Você lembra o que estudou nesta disciplina sobre transição demográfi ca De acordo com sua resposta busque as aulas sobre teorias da população e revise esse tópico de conteúdo Esse procedimento vai lhe ajudar a compreender a questão do regime demográfi co Entre os países desenvolvidos que se enquadram no regime demográfi co de população envelhecida destacamos Alemanha França Reino Unido Suécia e Japão A Figura 3 mostra o regime demográfi co da França Observe como se comportam os indicadores de expectativa de vida taxas de natalidade e mortalidade e crescimento vegetativo Fonte Terra e Coelho 2005 p 476 Pirâmides etárias dos Estados Unidos 2000 População em milhões 04 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 2 4 6 14 12 10 8 16 59 1014 1519 2024 2529 3034 3539 4044 4549 5054 5559 6064 6569 7074 7579 8084 85 2050 População em milhões 04 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 2 4 6 14 12 10 8 16 59 1014 1519 2024 2529 3034 3539 4044 4549 5054 5559 6064 6569 7074 7579 8084 85 Estimativa Homens Mulheres Aula 10 Geografi a da População 198 O regime demográfi co de população em fase de envelhecimento madura ou intermediária inclui duas situações específi cas que estão atreladas aos níveis de desenvolvimento dos países Assim nessa categoria estão os países desenvolvidos novos e os países subdesenvolvidos industrializados Antes de adentrarmos nessa questão é preciso esclarecer que entre os países desenvolvidos são considerados antigos aqueles que promoveram inicialmente a Revolução Industrial século XIX e chegaram a obter elevados índices de desenvolvimento econômico e social por exemplo Inglaterra e França São identifi cados como novos ou recentes aqueles que alcançaram indicadores de desenvolvimento econômico e social mais expressivos após a II Guerra Mundial como por exemplo Austrália e EUA Feitos os esclarecimentos vejamos o que demarca a especifi cidade dos grupos de países cuja população se encontra em fase de envelhecimento Os chamados países desenvolvidos novos possuem um percentual de idosos inferior ao dos países desenvolvidos antigos posto que a natalidade declinou somente após a II Guerra Mundial e apresentam uma grande porcentagem de população adulta caracterizandose pelo processo de envelhecimento da população Entre os países desenvolvidos que assumem esse perfi l estão Austrália EUA Canadá e Nova Zelândia Observe a Figura 4 a seguir e perceba como se comporta o regime demográfi co dos EUA Veja os indicadores de expectativa de vida taxas de natalidade e mortalidade e crescimento vegetativo Figura 4 Pirâmide etária dos EUA 2000 Fonte Terra e Coelho 2005 p 477 Os países subdesenvolvidos industrializados representados pelas nações que promoveram a industrialização mas não atingiram um nível de desenvolvimento econômico e social capaz de erradicar a pobreza a dependência econômica e tecnológica entre outros problemas do subdesenvolvimento registraram diminuição nas taxas de mortalidade natalidade e crescimento vegetativo após 1970 Nesses países o comportamento declinante Pirâmides etárias do Brasil 2000 População em milhões 04 10 8 6 4 2 0 0 2 4 6 8 10 59 1014 1519 2024 2529 3034 3539 4044 4549 5054 5559 6064 6569 7074 7579 80 Estimativa Homens Mulheres 2025 População em milhões 04 10 8 6 4 2 0 0 2 4 6 8 10 59 1014 1519 2024 2529 3034 3539 4044 4549 5054 5559 6064 6569 7074 7579 80 2050 População em milhões 04 10 8 6 4 2 0 0 2 4 6 8 10 59 1014 1519 2024 2529 3034 3539 4044 4549 5054 5559 6064 6569 7074 7579 80 Aula 10 Geografi a da População 199 das variáveis anteriormente citadas repercutiu sobre a distribuição da população por faixas de idade de modo que os jovens passaram a corresponder a aproximadamente 20 e os idosos fi caram entre 5 e 15 Avaliando esses índices historicamente observase que há uma tendência à redução da proporção de jovens e aumento do percentual de idosos no conjunto da população o que denota o envelhecimento demográfi co São representativos desse grupo de países China Cuba Armênia e Brasil A pirâmide a seguir apresenta o regime demográfico do Brasil Observe como se comportam os indicadores de expectativa de vida taxas de natalidade e mortalidade e crescimento vegetativo Figura 5 Pirâmide etária do Brasil 2000 Fonte Terra e Coelho 2005 p 477 Pirâmides etárias da Tânzania 2000 População em milhões 04 0 0 05 1 15 2 25 3 35 4 35 3 25 2 15 1 05 4 59 1014 1519 2024 2529 3034 3539 4044 4549 5054 5559 6064 6569 7074 7579 80 Estimativa 2050 População em milhões 04 0 0 05 1 15 2 25 3 35 4 35 3 25 2 15 1 05 4 59 1014 1519 2024 2529 3034 3539 4044 4549 5054 5559 6064 6569 7074 7579 80 Homens Mulheres Aula 10 Geografi a da População 200 O regime demográfi co de população jovem ocorre em países que em geral apresentam elevadas taxas de natalidade e mortalidade embora seja pertinente considerar que o número de nascimentos é bem superior ao de mortes Como resultado dessa equação demográfi ca temse um elevado crescimento vegetativo e a confi guração de uma alta proporção de jovens no conjunto da população Esse perfi l demográfi co está presente em um numeroso grupo de países que a despeito da heterogeneidade que apresentam têm como característica comum as precárias condições de vida traduzidas em baixa expectativa de vida e uma porcentagem de idosos relativamente pequena Este grupo abrange países subdesenvolvidos e não industrializados da África América Latina Ásia e Oceania Veja a Figura 6 abaixo que mostra o regime demográfi co da Tanzânia país do continente africano Observe como se comportam os indicadores de expectativa de vida taxas de natalidade e mortalidade e crescimento vegetativo Figura 6 Pirâmide etária da Tanzânia 2000 Fonte Terra e Coelho 2005 p 478 Agora dê uma paradinha para fazer a Atividade 4 a seguir Atividade 4 Aula 10 Geografi a da População 201 Você estudou os três regimes demográfi cos Viu exemplos ilustrativos de cada regime Volte às pirâmides da França dos EUA do Brasil e da Tanzânia e responda o que se pede a Compare a pirâmide do Brasil e da França descrevendo as diferenças que as mesmas apresentam em termos de expectativa de vida taxas de natalidade e mortalidade e crescimento vegetativo Explique o porquê dessas diferenças b Compare a pirâmide dos EUA e da Tanzânia descrevendo as diferenças que as mesmas apresentam em termos de expectativa de vida taxas de natalidade e mortalidade e crescimento vegetativo Explique o porquê dessas diferenças Distribuição da população mundial segundo faixa etária 2000 em Menos de 15 anos África América do Sul América do Norte Europa Total mundial Ásia Oceania De 15 a 64 anos 65 anos e mais 430 316 303 257 222 185 303 542 28 637 47 644 53 658 673 636 638 86 105 116 59 Aula 10 Geografi a da População 202 Estrutura etária e as implicações socioeconômicas Observe na Figura 7 a seguir a distribuição da população mundial segundo faixa etária em 2000 por continentes e subcontinentes Figura 7 Distribuição da população mundial por faixa etária 2000 Fonte James e Mendes 2004 p 478 Esse gráfi co demonstra a distribuição da população jovem adulta e idosa dos continentes e subcontinentes América do Norte e América do Sul do nosso planeta Observe que em relação à população total do mundo a parcela mais signifi cativa era a de adultos 638 seguida pela de jovens 303 e de idosos 59 Estudamos em aulas anteriores que há uma forte tendência mundial a declínio da participação dos jovens na população total em função da queda nas taxas de natalidade e fecundidade Enquanto isso a tendência à ampliação da proporção de idosos na população total vem sendo fortalecida devido à elevação da expectativa de vida Avaliando a distribuição da população mundial verifi case que a África é de longe a que apresenta maior percentual de jovens e menor proporção de idosos No outro extremo encontrase a Europa onde o percentual de jovens apresentase relativamente baixo sendo apenas um pouco superior ao de idosos De forma geral essa representação gráfi ca através da proporção de jovens e de idosos sinaliza para os níveis de desenvolvimento dos países que formam as mencionadas áreas continentais Assim é possível inferir que no contexto mundial a Europa América do Norte e Oceania apresentam população jovem relativamente baixa e contingente de idosos proporcionalmente elevado o que sinaliza para a predominância de países desenvolvidos Na África América do Sul e Ásia a proporção de jovens é relativamente alta e a de idosos é proporcionalmente baixa indicando a concentração de países subdesenvolvidos nessas áreas Aula 10 Geografi a da População 203 Visando analisar as implicações decorrentes da conformação de pirâmide etária para um país tomouse como referência países jovens que possuem mais de 50 da população nessa faixa de idade países maduros com mais 50 da população nesse patamar de idade e países em transição A Tabela 1 a seguir evidencia alguns desses países Tabela 1 Distribuição etária da população em alguns países Faixas etárias Países maduros Em transição Países jovens Itália Japão Brasil México Paquistão Nigéria Jovem até 19 anos 244 205 393 432 526 542 Adulto de 20 a 59 anos 523 568 529 498 416 412 Idoso de 60 anos ou mais 233 227 78 70 58 46 Fonte US breau of the census World populations profi le 2005 apud VESENTINI 2005 p 275 Para discutir as implicações da estrutura etária no desenvolvimento de um país é necessário questionar é mais vantajoso para um país ser jovem ou maduro Quais as implicações derivadas do fato de ter mais de 50 de sua população formada por jovens ou por adultos Vejamos o que dizem os estudiosos do assunto A ideia de que é vantagem para um país possuir uma população predominantemente jovem o que possibilitaria um futuro melhor prevaleceu durante certo tempo Porém essa ideia passou por mudanças em décadas recentes Observase que em geral nos países onde esse perfi l ainda se mantém imperam a pobreza e o subdesenvolvimento e sendo assim a predominância da população jovem é considerada negativa por ser vista como um peso para os adultos responsáveis pela sua sustentação Assim a população jovem em países subdesenvolvidos constituise como um peso para os adultos que têm que assumir os custos relacionados à educação saúde alimentação qualifi cação profi ssional entre outros Esse sobrepeso para a população adulta termina por impor à população jovem a entrada precoce no mundo do trabalho Assim os jovens que deveriam estar se dedicando aos estudos passam a trabalhar para ampliar a renda familiar A situação socioeconômica que envolve jovens a adultos nos países subdesenvolvidos alimenta problemas graves que se arrastam no tempo e se revelam na baixa qualifi cação da mão de obra e nos baixos índices educacionais seja da população adulta seja da população jovem Isso ocorre porque os estudos foram comprometidos alimentando um círculo vicioso em que o adulto tem que manter os jovens no seu processo de formação mas os jovens em formação têm que entrar no mercado de trabalho para ampliar a renda familiar e nesse jogo o que perdura é a necessidade de aplicar políticas públicas que equacionem as desigualdades sociais que marcam essas nações Porém considerando a questão da prevalência de jovens na população por outra ótica é possível vislumbrar algo de positivo para o futuro desde que se invista em educação e saúde Jovens bem preparados do ponto de vista biológico e intelectual teriam melhores condições de se inserirem no mercado de trabalho e assegurarem qualidade de vida para os seus futuros dependentes População jovem Participação da população com idade inferior a 15 anos OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO OCEANO PACÍFICO OCEANO ÍNDICO 14 a 2500 2501 a 3500 3501 a 4500 Superior a 4500 Dados não disponíveis 2 000 km ESCALA 0 Antilhas Bahamas Barbados Chipre Cingapura Guadalupe Malta Martinica Maurício Samoa Trinidad e Tobago Bahrein Brunei El Salvador Fiji Israel Jamaica Líbano Reunião Santa Lúcia Belize Cabo Verde Comores Maldivas Salomão Timor Leste Vanuatu Palestina L N S O Aula 10 Geografi a da População 204 Na Figura 8 a seguir você pode ver como se distribui a população jovem no mundo Figura 8 População jovem no mundo Fonte Vesentini 2005 p 277 Após você entender um pouco os argumentos que mostram a desvantagem de uma nação ser considerada jovem leia a respeito da outra face do questionamento formulado que remete à refl exão sobre o envelhecimento da população Essa tendência inicialmente verifi cada entre os países desenvolvidos vem se confi gurando em escala mundial sendo decorrente da redução nas taxas de natalidade e mortalidade que embora mais tarde também vai ocorrer em países subdesenvolvidos Dentre as consequências acarretadas pelo crescente envelhecimento demográfi co destacamse aquelas que dizem respeito ao mercado de trabalho e às condições de vida que uma população nessa faixa de idade necessita O mercado de trabalho é afetado pelo envelhecimento da população no sentido em que atualmente ao aumentar a proporção de idosos na população total cresce também o número de aposentados Desse modo vem declinando a relação entre o número de trabalhadores que são necessários para sustentar o número de aposentados Para efeito ilustrativo ressaltase que há algumas décadas existiam cerca de seis trabalhadores para cada aposentado e hoje em alguns países essa proporção já é de dois para um Qual a implicação desse fato A problemática reside no fato de que a qualidade da aposentadoria pode ser reduzida visto que será necessário um maior volume de recursos para manter o crescente número de aposentados em um contexto onde a percentagem de adultos diminui simultaneamente ao aumento de idosos População idosa Participação da população com idade superior a 65 anos OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO OCEANO PACÍFICO OCEANO ÍNDICO Até 500 501 a 800 801 a 1200 1201 a 1601 Acima de 1601 Dados não disponíveis 2 000 km ESCALA 0 Catar Comores Palestina Salomão Timor Leste Vanuatu Antilhas Bahrein Brunei Cabo Verde Fiji Maldivas Samoa Santa Lúcia Bahamas Cingapura Guam Líbano Maurício Reunião Trinidad e Tobago Barbados Guadalupe Martinica Chipre Luxemburgo Malta L N S O Aula 10 Geografi a da População 205 A melhoria nas condições de vida do idoso em um cenário de envelhecimento populacional tornouse um imperativo para o governo e a sociedade em geral Essa melhoria não pressupõe apenas mudanças em termos de políticas públicas e ações governamentais mas também na forma de perceber e tratar o idoso no ambiente familiar Ideias valores e práticas carecem de redefi nições urgentes para que a sociedade aprenda a lidar e a conviver com essa nova realidade demográfi ca Todos os setores da sociedade estão sendo afetados de forma que se faz necessário readequar os sistemas de saúde educação transportes lazer produção comércio publicidade entre outros para assegurar melhores condições de vida para o idoso A economia de mercado que até pouco tempo somente enxergava o idoso como uma representação de custos hoje já vislumbra nessa parcela da população um potencial de consumo reconhecidamente existente nos países desenvolvidos onde eles podem pagar por viagens programações sociais e culturais aquisição de produtos eletrônicos etc Além dessas iniciativas do mercado há outras que se referem à oferta de cursos universitários para a terceira idade criação de clubes ou associações promoção de viagens ou programações especiais de lazer eou culturaisfestivas Essas estratégias de sociabilidade são fundamentais para que se possa manter o idoso integrado à sociedade Este é um grande desafi o pois de acordo com a concepção mercantilista de trabalho que norteia a sociedade capitalista eles estão marginalizados por não trabalharem mas na perspectiva do consumo representam uma nova fronteira que merece usufruir de condições de vida apropriadas e dignas Na Figura 9 a seguir você pode ver como se apresenta distribuída a população idosa no mundo Figura 9 População idosa no mundo Fonte Vesentini 2005 p 278 Resumo 1 Aula 10 Geografi a da População 206 Após visualizar a distribuição da população jovem e idosa no espaço mundial está na hora de fazer a Autoavaliação Ateste o que aprendeu Bons estudos Nesta aula você deu prosseguimento aos estudos populacionais entendendo como é possível estudar a população sob a ótica da idade e do gênero Viu que a melhor forma de representar grafi camente a estrutura por faixa etária e por gênero é a pirâmide etária Pôde por meio dessa representação comparar discutir e relacionar as diferenças em termos de expectativa de vida taxas de natalidade e mortalidade e crescimento vegetativo entre os países desenvolvidos subdesenvolvidos industrializados e subdesenvolvidos entendendo as implicações desses indicadores nos regimes demográfi cos Por fi m você visualizou como está a espacialização da população no mundo de acordo com a faixa etária Na próxima aula você verá a relação entre população e setores de produção Autoavaliação Defi na pirâmide etária e identifi que a sua importância para os estudos populacionais 2 3 4 Aula 10 Geografi a da População 207 Existem três tipos de regimes demográfi cos Quais são e como podem ser defi nidos A população jovem pode ser considerada desfavorável para o desenvolvimento de um país Apresente dois argumentos que justifi quem essa afi rmação O envelhecimento da população de um país pode ser considerado um problema social e econômico Apresente uma argumentação que justifi que essa afi rmação Anotações Aula 10 Geografi a da População 208 Referências INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA IBGE Indicadores demográfi cos Disponível em httpwwwibgeorg br Acesso em 16 jun 2009 JAMES Oning Tamdjian MENDES Ivan Lazzari Geografi a geral e do Brasil estudos para a compreensão do espaço São Paulo FTD 2004 MOREIRA J C SENE E de Geografi a geral e do Brasil espaço geográfi co e globalização São Paulo Scipione 2004 PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO PNUD Relatório de desenvolvimento humano 2004 Disponível em httpwwwundporg Acesso em 16 jun 2009 RAMOS Luís Roberto VERAS Renato P KALACHE Alexandre Envelhecimento populacional uma realidade brasileira Revista de Saúde Pública São Paulo v 21 n 3 p 211224 jun 1987 Disponível em httpwwwscielobrpdfrspv21n306pdf Acesso em 16 jun 2009 TERRA L COELHO M A Geografi a geral o espaço natural e socioeconômico São Paulo Moderna 2005 VESENTINI J W Sociedade e espaço geografi a geral e do Brasil São Paulo Ática 2005 Anotações Aula 10 Geografi a da População 209 Anotações Aula 10 Geografi a da População 210 Estrutura da população Parte II 11 Aula 1 2 3 4 Aula 11 Geografi a da População 213 Apresentação E sta é a segunda aula que versa sobre a estrutura da população Você vai estudar como está distribuída a população de acordo com os setores de atividades econômicas que são setor primário setor secundário e setor terciário Nesse sentido será abordada a relação entre ocupação da população por setores produtivos e os níveis de desenvolvimento e subdesenvolvimento entre as nações A análise dessas variáveis apresentase articulada ao contexto social que dinamiza reforma e reorganiza o trabalho e a economia dos países Objetivos Conhecer os setores de atividade econômica primário secundário e terciário Compreender a relação entre setores de atividade econômica e situação ocupacional da população Analisar as relações entre ocupação e setores de atividades econômicas e os níveis de desenvolvimento e subdesenvolvimento entre as nações Explicar a distribuição da população por setores de atividade articulada ao contexto social em que se realiza o trabalho e a economia das nações Aula 11 Geografi a da População 214 Continuando os estudos sobre estrutura da população N o âmbito dos estudos relativos à estrutura populacional de um país região ou município assume importância a análise sob o ponto de vista ocupacional que remete a distribuição da população por setores de produção ou atividades econômicas Estudar a população levando em consideração o trabalho e a economia é relevante na medida em que é possível obter um quadro de referências ou indicadores que podem subsidiar a compreensão do desenvolvimento econômico e social no espaço geográfi co Os setores de atividade De uma forma direta podemos classifi car os setores de atividades econômicas em primário secundário e terciário O setor primário inclui as pessoas que trabalham na agricultura pecuária e extrativismo Atualmente é um setor que abrange grande percentual de população ativa nos países que apresentam baixo nível de industrialização como Uganda Nigéria Angola Ao longo do tempo à medida que os países elevaram os níveis de industrialização foram diminuindo o percentual de trabalhadores no setor primário São exemplos dessa situação EUA Reino Unido e Suíça Figura 1 Pessoas trabalhando na agricultura pecuária e extrativismo mineral Fonte httpwwwhipersuperptwpcontentuploads200803agriculturajpg httpwwwriosvivosorgbrarquivos1175935021jpg httpwwwipedcombrsie uploads7048jpg Acesso em 30 jun 2009 O setor secundário abrange os trabalhadores da indústria Entre o fi nal do século XIX quando houve a I Revolução Industrial até a década de 1970 fase de transição para a Revolução TécnicoCientífi ca Informacional ou III Revolução Industrial esse setor era considerado o mais importante da economia e apresentava elevado percentual de trabalhadores aproximadamente 30 da PEA Porém com a III Revolução Industrial que Aula 11 Geografi a da População 215 propiciou a substituição da mãodeobra empregada nas fábricas por robôs robotização ou máquinas poupadoras de mão de obra verifi case a redução acentuada de trabalhadores nesse setor principalmente nos países desenvolvidos Figura 2 Imagem de pessoas trabalhando em uma indústria Fonte httpogloboglobocomfotos2006100505MHGECOindustria05 jpg Acesso em 30 jun 2009 O setor terciário é o mais complexo dos três pois envolve uma diversidade de atividades com padrões de desenvolvimento distintos Nesse sentido envolve as pessoas que prestam serviços no comércio em bancos empresas de transportes instituições públicas ou privadas voltadas para administração educação saúde comunicação etc Abarca desde atividades tradicionais como camelôs biscateiros e subempregados até atividades modernas vinculadas ao sistema fi nanceiro universidades e empresas de computação consultorias assessorias etc Nos países desenvolvidos mesmo no auge da II Revolução Industrial esse setor já se mostrou representativo em termos de absorção de trabalhadores pois o seu crescimento era gerado em função do dinamismo dos setores primário e secundário Em décadas recentes o setor apresenta uma crescente expansão motivada pela III Revolução Industrial e o conseqüente crescimento da área da informática Entre as situações exemplares desse dinamismo estão os EUA que em 1980 empregava 60 da PEA no setor terciário e em 2005 elevou esse número para 756 No Reino Unido em 1980 o setor respondia pelo emprego de 57 da força de trabalho passando a 78 em 2005 Cabe ressaltar que esses setores apresentam defi nições conceituais porém no dia a dia esses ramos apresentamse bastante interligados Observe que para o setor primário realizar suas competências que são produzir gêneros e explorar as riquezas minerais e vegetais precisa do setor industrial e de serviços O mesmo ocorre com o setor industrial que para produzir bens industrializados cada vez mais necessita das atividades pertinentes ao setor terciário que tem entre suas funções produzir meios e estratégias para dinamizar os processos que envolvem a gestão comercialização divulgação de produtos por exemplo O setor terciário tem por competência absorver as demandas dos outros setores criando novas demandas Aula 11 Geografi a da População 216 e ofertando ao mercado consumidor de modo direto ou indireto o que a sociedade produz como bens materiais e imateriais O setor terciário se realiza economicamente articulando e ampliando as demandas postas pelos setores primário e secundário tornandoos consumidores dos seus produtos Figura 3 Imagem de pessoas trabalhando no comércio ou em telefonia setor de serviços Fonte httpwwwipeagovbrdesafi osedicoes29imagensservicos438jpg httpportalamazonialocawebcombrsitesamazoniaagoraimguploadcomerciojpg Acesso em 30 jun 2009 O terciário é considerado o setor do futuro responsável pela maioria dos empregos gerados no século XXI Essa capacidade de gerar emprego está associada a sua amplitude e diversifi cação Todavia a análise desse setor exige muita cautela visto que no conjunto dos trabalhadores estão os prestadores formais de serviços economia formal e os subempregados que desenvolvem atividades não regulamentadas ou seja não participam do sistema tributário não tem carteira assinada e quase sempre não tem acesso aos direitos trabalhistas economia informal Por outro lado o setor primário através da intensificação de uso de máquinas e equipamentos modernos e o industrial com a robotização vão demandar um número cada vez menor de trabalhadores É fundamental entender que o desenvolvimento desses setores embora ocorra de modo articulado e dependente em termos espaciais apresenta desníveis na composição e absorção do que cada um gera e na capacidade de interferir um no outro Assim por exemplo é possível encontrar em uma mesma região áreas com um desenvolvimento agrícola industrial ou de serviços mais intenso e áreas cujo dinamismo é mais lento Essas diferenças podem ocorrer também no interior dos próprios setores Os desníveis existentes estão relacionados à capacidade que cada setor tem de absorver o desenvolvimento técnico disponível no mercado das trocas que envolvem os setores da economia A situação ocupacional No que se refere à situação ocupacional a população de um país pode ser dividida de acordo com os itens a seguir População economicamente ativa PEA ou população ativa corresponde ao contingente de pessoas de 10 anos de idade ou mais que exercem atividades extradomésticas e por ela recebem uma remuneração Envolve as pessoas ocupadas que têm trabalho e as desocupadas que estão em busca de trabalho População ocupada diz respeito apenas às pessoas que exercem atividade remunerada portanto difere da PEA por não abranger a população desocupada ou desempregada Este grupo de pessoas pode ter carteira assinada ou não População economicamente inativa PEI corresponde às pessoas que não estão empregadas crianças estudantes aposentados etc ou que não exercem atividade econômica remunerada donasdecasa etc No que se refere à ocupação da população você deve estar atento para a relação que ocorre entre ocupação e setores de atividade econômica É importante ver que o trabalho ou os postos de trabalho existem e se modificam em sintonia com as transformações que estão ocorrendo nos ramos de atividade Assim é possível encontrar setores mais aquecidos ou menos aquecidos em termos de produção e trabalho O que isso significa Significa que as exigências do mundo do trabalho estão atreladas ao dinamismo econômico Este se realiza em escalas geográficas que articulam realidades distintas Assim os setores da economia e a ocupação da população se realizam em um ambiente geográfico determinado Desta feita para entender como isso ocorre é preciso saber aplicar na leitura do espaço as diferentes escalas geográficas ou seja interpretar as relações que se estabelecem entre o local e o global na tessitura dos estudos populacionais Figura 4 Pessoas de diferentes idades trabalhando em diferentes atividades Aula 11 Geografia da População 217 Desemprego o contraponto da ocupação O desemprego caracteriza a situação em que uma pessoa apta ao exercício do trabalho não está desenvolvendo nenhuma atividade que lhe assegure o direito à remuneração ou salário Pode ser classificado em desemprego conjuntural é aquele gerado a partir de uma conjuntura econômica desfavorável recessão econômica e redução dos índices de consumo que implica na dispensa de trabalhadores no entanto existe a possibilidade de recuperação dos postos de trabalho caso a situação melhore desemprego estrutural é aquele gerado a partir do desenvolvimento de novas tecnologias que possibilitam a robotização e informatização dos setores produtivos extinguindo definitivamente vários postos de trabalho nesse caso o trabalho das pessoas é substituído pelo uso de máquinas e robôs estratégia em que muitas funções deixam de existir ou para serem executadas já não prescindem de várias pessoas uma vez que os sistemas de informação racionalizam e reduzem o número de empregados O processo de globalização que acentuou a concorrência internacional exigindo que as empresas promovessem a racionalização da produção e a redução dos gastos e as transformações ocorridas no mercado de trabalho têm contribuído para o aumento o desemprego Nos países subdesenvolvidos esse problema é mais grave entre os jovens principalmente os que possuem baixo nível de escolaridade 218 Aula 11 Geografia da População Aula 11 Geografi a da População 219 Figura 5 Trabalho infantil Fonte httpwwwhaggaicombrnoticiasnovoimg5cairucasadefarinhajpg httpwwwportalmscombradmimagens 922074AA24C44DEA8F81DF9F4856E7EA9280308jpg httpfarm1staticfl ickrcom1417891719972b984fd7jpg httpguerreirossemarmasfi leswordpresscom200902criancastrabalhandojpg Acesso em 30 jun 2009 Trabalho infantil refl ita A Organização Internacional do Trabalho OIT estima que nos países subdesenvolvidos aproximadamente 240 milhões de crianças na faixa etária entre 5 e 17 anos trabalham por vezes sem remuneração e em atividades insalubres A Constituição brasileira determina que a idade mínima para que a criança ingresse no mercado de trabalho é de 16 anos O Estatuto da Criança e do Adolescente proíbe qualquer trabalho para menores de 16 anos com exceção daqueles com idade entre 14 e 16 anos que assumam a condição de aprendizes A despeito disso há registro de crianças brasileiras que desenvolvem atividades econômicas sendo a necessidade de complementar a renda familiar um fator decisivo para essa ocorrência Atividade 1 Aula 11 Geografi a da População 220 Para refl etir sobre o levantamento das atividades econômicas municipais responda ao que se pede a Qual o setor que você considera mais e menos dinâmico Por quê b Qual a atividade que emprega mais pessoas c Qual a atividade que exige o maior nível e o menor nível de qualifi cação profi ssional d Como avalia a relação entre os setores de atividade econômica e a ocupação da população no município onde você mora e Como você avalia o nível de desemprego no seu município e o que sugere para diminuir esse problema Agora aplique o que você aprendeu Faça um levantamento das atividades econômicas existentes no seu município e preencha o quadro a seguir Setores de produção Identifi cação dos tipos de atividades econômicas Primário Secundário Terciário A configuração da PEA segundo os níveis de desenvolvimento dos países Agora que você já aprendeu sobre os setores de produção e a situação ocupacional da população vamos estudar como essas variáveis se apresentam nos países desenvolvidos e subdesenvolvidos e entender como as mudanças na estrutura econômica de um país podem conduzir a alterações no perfil ocupacional da população economicamente ativa Entre os fatores que provocam alterações na distribuição da PEA de um país destacamse a industrialização estimula a mobilidade da força de trabalho para os setores secundário e terciário em função da sua capacidade de gerar novos empregos e de provocar um acentuado crescimento das cidades urbanização processo articulado ao de industrialização que se expressa entre outros fatores através da migração ruralurbana Assim verificase o aumento da população urbana que impulsiona o crescimento do setor terciário transportes comércio bancos escolas hospitais clínicas médicas saneamento básico etc ampliando o mercado de trabalho modernização do setor primário decorre da mecanização da agricultura e das mudanças nas relações de trabalho no campo fatores que contribuíram para a redução da força de trabalho rural e estimularam a sua migração para a cidade O trabalhador agrícola As mudanças entre os setores produtivos propiciaram a emergência de um novo personagem no universo do trabalho o trabalhador agrícola Quem é ele É a pessoa que reside na cidade e se desloca diariamente para a zona rural para desempenhar atividades ligadas ao segmento da agricultura A distribuição da população economicamente ativa por setores de produção apresenta diferenciais que estão articulados ao nível de desenvolvimento de cada país Observe a tabela a seguir Aula 11 Geografia da População 221 Aula 11 Geografi a da População 222 Tabela 1 Distribuição da População Economicamente Ativa de alguns países por Setores de Produção 2000 Países Distribuição da população por setores Primário Secundário Terciário Desenvolvidos Alemanha 30 390 580 Estados Unidos 30 250 720 Japão 70 340 590 França 60 290 650 Subdesenvolvidos Industrializados Brasil 206 229 565 Argentina 130 340 530 México 230 290 480 Coréia do Sul 170 360 470 África do Sul 130 250 620 Subdesenvolvidos Etiópia 860 20 120 Camboja 770 40 190 Honduras 350 220 430 Indonésia 230 310 460 Fonte Images economiques du monde 2001 Calendário Atlante De Agostini 2003 PNAD apud ADAS ADAS 2004 p 292 A interpretação dessas informações permite inferir a respeito de algumas características que marcam a estrutura da população por setores de atividade econômica em países desenvolvidos e subdesenvolvidos As disparidades entre os percentuais da PEA por atividades econômicas são evidentes o que indica diferenças estruturais nos setores produtivos Nos países desenvolvidos o setor primário é o que absorve o menor contingente de trabalhadores No entanto isso não signifi ca que o setor é frágil Ao contrário esse reduzido percentual de pessoas desenvolvendo atividades agrícolas pecuárias ou extrativas decorre do alto nível de desenvolvimento científi co tecnológico que permitiu avançada racionalização do setor incluindo acentuada mecanização e industrialização da agricultura Os elevados investimentos em ciência e tecnologia também respondem pela distribuição da PEA entre os setores terciário e secundário O terciário setor que mais emprega pessoas ampliou e diversifi cou seu raio de atividades propiciando o surgimento de muitos e novos postos de trabalho todavia estes são cada vez mais exigentes em termos de conhecimento portanto de qualifi cação da mãodeobra de modo que em geral as pessoas que trabalham nesse setor são especializadas e possuem curso de nível superior O secundário situada em uma faixa intermediária quanto ao número de pessoas que emprega apresenta tendência a redução dos postos de trabalho em virtude da crescente implementação de máquinas e robôs no processo produtivo Aula 11 Geografi a da População 223 Entre os países subdesenvolvidos é preciso considerar as disparidades sócioeconômicas existentes Assim é comum classificálos em subdesenvolvidos e subdesenvolvidos industrializados que constituem o grupo de países que experimentaram signifi cativo processo de industrialização e urbanização após a II Guerra mundial não obstante é reconhecível a heterogeneidade mesmo nesses subgrupos Os países subdesenvolvidos em geral possuem uma economia baseada no setor primário especialmente na agricultura São atividades que grosso modo apresentam baixa produtividade por trabalhador e em consequência requisitam um grande contingente de mãodeobra Essa característica se traduz no elevadíssimo percentual da PEA ocupada no setor primário Como a indústria é limitada geralmente produz apenas bens de consumo imediato como alimentos sapatos vestuário etc o percentual de trabalhadores do setor secundário é pouco expressivo Já o terciário emprega um maior número de pessoas que o secundário todavia predomina a prestação de serviços básicos com o agravante de que em geral funcionam de maneira precária e inefi ciente Fique de olho Os países desenvolvidos concentram a maior parte de sua PEA nos setores terciário eou secundário esse perfi l está associado ao desenvolvimento urbano industrial e tecnológico Fique de olho Os países subdesenvolvidos incluindo a maioria dos países africanos e parte dos asiáticos e latinoamericanos concentram a maior parte de sua PEA no setor primário esse perfi l está associado ao fato de que não tiveram modernização expressiva no meio rural portanto apresentam baixo nível tecnológico o que demanda elevado número de trabalhadores para o desenvolvimento das atividades Nos países subdesenvolvidos industrializados a despeito da persistência de alguns problemas socioeconômicos como a concentração de renda e de terras a pobreza a dependência tecnológica entre outros é reconhecível que a industrialização e a urbanização impulsionaram a dinâmica urbana e infl uenciaram a modernização do setor primário em algumas áreas Assim a distribuição da população por setores de atividades econômicas assume uma condição intermediária entre a situação delineada nos países desenvolvidos e nos subdesenvolvidos OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO OCEANO PACÍFICO OCEANO ÍNDICO OCEANO GLACIAL ÁRTICO N O L S 0 2800 Km Agricultura Agricultura e serviços Agricultura e indústria Indústria Indústria e serviços Serviços Sem dados Setores mais importantes na média do conjunto ESTRUTURA DA PRODUÇÃO CÍRCULO POLAR ÁRTICO CÍRCULO POLAR ANTÁRTICO TRÓPICO DE CÂNCER TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO EQUADOR 0 0 Aula 11 Geografi a da População 224 MAPA Estrutura da produção em nível mundial Fique de olho Nos países subdesenvolvidos industrializados que inclui Brasil México África do Sul Argentina e Tigres Asiáticos Coréia do Sul Taiwan Cingapura e Hong Kong ocorreram expressivas alterações nos percentuais da PEA A heterogeneidade da estrutura econômica se revela nos setores de produção predominantes Em alguns prevalece a agricultura e os serviços em outros a agricultura e a indústria ou ainda somente a indústria O terciário no mundo subdesenvolvido Nos países subdesenvolvidos onde o tradicional e o moderno coexistem o extraordinário crescimento do setor terciário esteve vinculado à intensa expansão urbana porém a geração de emprego não obedeceu ao mesmo ritmo Derivou desse descompasso a proliferação do subemprego que se manifesta através da economia informal de diferentes formas guardadores de carro nas ruas vendedores de semáforos ambulantes camelôs biscateiros etc Esse cenário revela a hipertrofi a do setor terciário crescimento desmedido do setor típica de países subdesenvolvidos entre eles o Brasil Fonte FERREIRA Graça MariaL Atlas geográfi co espaço mundial Apud TERRA Lígia COELHO Marcos de Amorim Geografi a geral o espaço natural e socioeconômico São Paulo Moderna 2005 p 472 Atividade 2 Aula 11 Geografi a da População 225 Pare um pouco para refl etir e organizar bem as ideias sobre essa abordagem que relaciona desenvolvimento subdesenvolvimento ocupação e setores de atividade Agora aplique mais uma vez o que você aprendeu a Elabore um exemplo que possa ser explicado a partir do que você estudou nesta aula sobre desenvolvimento subdesenvolvimento ocupação e setores de atividade DESCREVA O EXEMPLO b Elabore argumentos articulando o exemplo descrito ao que você estudou nesta aula sobre ocupação setores de atividade desenvolvimento e subdesenvolvimento Aula 11 Geografi a da População 226 Para concluir As atividades econômicas e o local de produção Até recentemente era comum classifi car as atividades econômicas de acordo com o local de produção da seguinte maneira indústria e construção civil segmentos do setor secundário e comércio e serviços e administração públicas segmentos do terciário Essas atividades eram consideradas urbanas Agricultura pecuária e extrativismo segmentos do setor primário eram identifi cados como atividades rurais Essa visão foi alterada no contexto da modernização dos sistemas de transporte e de comunicação que marcaram as duas últimas décadas do século XX e ampliaram as possibilidades de industrialização e oferta de serviços no campo Dentre as referências de como o desenvolvimento tecnológico propiciou a inserção da industrialização no ambiente de produção rural destacamse as agroindústrias e as indústrias extrativominerais Esses segmentos produtivos são emblemáticos da associação entre os setores econômicos pois o seu funcionamento envolve tanto a produção da matériaprima primário quanto a transformação em bens de consumo ou de produção secundário e a circulação e comercialização de insumos e mercadorias produzidas terciário Nas agroindústrias por exemplo já é maior o número de pessoas que exercem atividades ligadas à operacionalização e manutenção de máquinas planejamento de estratégias de venda e marketing administração e informatização da empresa do que aquelas que lidam diretamente com a preparação e cultivo do solo e colheita da produção Ou seja na agroindústria o número de postos de trabalho gerado pelas atividades típicas do setor primário é menor do que aqueles vinculados aos setores industrial e de serviços Diante desse cenário verifi case a existência de uma crescente imbricação das atividades econômicas de modo que já não é conveniente a distinção em função do local de produção por não corresponder complexidade da realidade atual Agora que você já tem as noções básicas sobre a estrutura da população a partir do contexto ocupacional e dos setores de atividades econômicas demonstre o que você aprendeu fazendo a autoavaliação Resumo 1 Aula 11 Geografi a da População 227 Nesta aula você estudou a respeito da estrutura da população atrelada à ocupação por setores de atividades econômicas Aprendeu que embora possamos classifi car e defi nir os setores de atividade em primário secundário e terciário a compreensão de como eles funcionam no contexto espacial requer uma articulação entre os mesmos que as relações entre ocupação e setores de atividades econômicas ocorrem de forma diferenciada no espaço geográfi co sendo relevante relacionar aos níveis de desenvolvimento e subdesenvolvimento entre as nações para compreender o porquê dessa ocorrência Por fi m foi levado a entender que os setores de atividade econômica e a situação ocupacional da população estão associados ao contexto social que dinamiza reforma e reorganiza o trabalho e a economia de um país Autoavaliação Explique a relação existente entre ocupação da população e setores de atividade econômica Justifi que a seguinte afi rmação Apesar de terem definições os setores de atividades econômicas devem ser compreendidos a partir de suas interdependências A distribuição da população por setores de produção apresenta diferenças conforme o nível de desenvolvimento dos países Explique como ocorre a ocupação por setor de atividade nos países desenvolvidos subdesenvolvidos industrializados e subdesenvolvidos 2 3 Aula 11 Geografi a da População 228 Referências ADAS M ADAS S Panorama geográfi co do Brasil São Paulo Moderna 2004 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA IBGE Indicadores demográfi cos Disponível em httpwwwibgeorgbr Acesso em 30 jun 2009 JAMES Oning Tamdjian MENDES Ivan Lazzari Geografi a geral e do Brasil estudos para a compreensão do espaço São Paulo FTD 2004 MOREIRA J C SENE E de Geografi a geral e do Brasil espaço geográfi co e globalização São Paulo Scipione 2004 OFFE C Capitalismo desorganizado São Paulo Editora Brasiliense 1995 PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO PNUD Relatório de desenvolvimento humano 2004 Disponível em httpwwwundporg Acesso em 30 jun 2009 RIFKIN J O fi m dos empregos o declínio inevitável dos níveis dos empregos e a redução da força de trabalho São Paulo Makron Books 1995 A era do acesso São Paulo Makron Books 2000 SINGER P Globalização e desemprego diagnóstico e alternativas São Paulo Contexto 1998 TERRA L COELHO M A Geografi a geral o espaço natural e socioeconômico São Paulo Moderna 2005 Aula 11 Geografi a da População 229 Anotações Aula 11 Geografi a da População 230 Brasil estrutura da população 12 Aula Observando e comparando as pirâmides etárias do Brasil tendo como referência as de 1980 e 2000 podese deduzir que a pirâmide referente ao ano de 1980 possui uma base larga e o topo estreito enquanto a de 2000 apresenta um estreitamento da base e um alargamento do topo a primeira refletiu um período em que o país apresentava elevadas taxas de natalidade fecundidade mortalidade portanto elevado crescimento demográfico e baixa expectativa de vida indicadores de comportamento demográfico de país subdesenvolvido ou em estágio inicial de transição demográfica A segunda representa uma fase em que as taxas de natalidade e mortalidade já se mostram declinantes consequentemente registrouse redução do crescimento populacional e a expectativa de vida ascendente indicadores de comportamento demográfico de país que já ultrapassou o estágio inicial da transição demográfica e adentrou em uma fase mais avançada aproximandose dos chamados desenvolvidos as projeções para 2010 evidenciam uma menor proporção de jovens e um considerável aumento de idosos sinalizando para a configuração da pirâmide etária do Brasil conforme o perfil de países desenvolvidos quando estaria em uma fase de transição demográfica concluída ou em via de conclusão Como vimos a mudança do perfil do Brasil de país jovem para maduro ainda é recente e certamente as sequelas desse período ainda são notáveis na sociedade Considerando o que já foi explicado sobre os aspetos positivos e negativos de um país com população predominantemente jovem como será possível avaliar a condição do Brasil Sabemos que essa avaliação precisa de uma contextualização que permita entender o porquê da argumentação Assim sendo o fato do Brasil ter sido um país jovem até os anos de 1980 é considerado negativo se construirmos nossa reflexão a partir dos aspectos seguintes Considerando que no Brasil há uma grande percentagem de crianças e adolescentes estas exercem uma pressão econômica sobre a população de adultos que em tese são os que trabalham e respondem pelo sustento dos demais 1 3 2 4 5 Aula 12 Geografi a da População 233 Apresentação E sta é a última aula da disciplina Geografi a da População O espaço geográfi co é o Brasil e o conteúdo versa sobre a estrutura da população quanto à idade sexo e setores de atividade econômica O Brasil pode ser considerado um país jovem ou em fase de transição demográfi ca Qual a relação entre População Econômica Ativa PEA e os setores de atividade Existe uma relação entre modernização dos setores de atividade emprego e desemprego O que é o Brasil quando o avaliamos sob a lupa da estrutura populacional Essas questões são os pilares sobre os quais o conteúdo desta aula se espraia Adentre a sua leitura e interpretação e bons estudos Objetivos Compreender a estrutura da população brasileira quanto à idade sexo e setores de atividade econômica Explicar as mudanças que se apresentam na estrutura etária do Brasil em seu processo sóciohistórico Analisar a relação entre População Economicamente Ativa e os setores de atividade Explicar a relação entre modernização dos setores de atividade emprego e desemprego Discutir sobre a entrada da mulher no mercado de trabalho Aula 12 Geografi a da População 234 Distribuição da população por idade e sexo V ocê estudou nas duas últimas aulas os principais aspectos da estrutura da população em diferentes países do mundo levando em consideração a distribuição por idade sexo e por setores de atividades econômicas Agora essas informações estão relacionadas ao espaço geográfi co brasileiro Para começar observe os dados da tabela e procure entender o que eles revelam Tabela 1 Distribuição da População Brasileira por faixa etária 1950 2000 Anos Faixa Etária Jovem Adulta Idosa 1950 523 431 46 2000 405 506 89 Fonte IBGE Censos populacionais Rio de Janeiro 1950 e 2000 A análise dos dados indica que no intervalo entre 1950 e 2000 houve mudanças na estrutura etária da população brasileira A população jovem que era predominante decresceu a proporção de adultos aumentou e a participação de idosos no total da população quase duplicou Essas mudanças são decorrentes da redução das taxas de mortalidade e natalidade e da elevação da expectativa de vida objeto de nossos estudos em aulas anteriores Esse perfi l da estrutura etária da população brasileira permite inferir que o país vive o fi nal do estágio de transição de país jovem para maduro embora ainda não se encontre no patamar em que estão países desenvolvidos pois sua população idosa apesar de crescente ainda é pouco expressiva no cômputo geral Avaliando a estrutura demográfi ca do Brasil nos últimos decênios através das pirâmides etárias podemos evidenciar as mudanças em seus perfi s decorrentes de alterações na dinâmica populacional entre as quais se destacam a diminuição da taxas e natalidade fecundidade e mortalidade geral e a elevação do contingente de idosos 0 0 2 4 6 8 10 12 2 4 6 10 8 12 1980 Pop total 119002706 hab Milhões de habitantes 70 ou 65 a 69 60 a 64 55 a 59 50 a 54 45 a 49 40 a 44 35 a 39 30 a 34 25 a 29 20 a 24 15 a 19 10 a 14 5 a 9 0 a 4 Homens 59089500 Mulheres 59913209 0 0 2 4 6 8 10 12 2 4 6 10 8 12 1991 Pop total 146825475 hab Milhões de habitantes 70 ou 65 a 69 60 a 64 55 a 59 50 a 54 45 a 49 40 a 44 35 a 39 30 a 34 25 a 29 20 a 24 15 a 19 10 a 14 5 a 9 0 a 4 Homens 72485122 Mulheres 74340353 0 0 2 4 6 8 10 12 2 4 6 10 8 12 2000 Pop total 169799170 hab Milhões de habitantes 70 ou 65 a 69 60 a 64 55 a 59 50 a 54 45 a 49 40 a 44 35 a 39 30 a 34 25 a 29 20 a 24 15 a 19 10 a 14 5 a 9 0 a 4 Homens 83576015 Mulheres 86223155 0 0 2 4 6 8 10 12 2 4 6 10 8 12 2010 Pop total 192040996 hab Milhões de habitantes 70 ou 65 a 69 60 a 64 55 a 59 50 a 54 45 a 49 40 a 44 35 a 39 30 a 34 25 a 29 20 a 24 15 a 19 10 a 14 5 a 9 0 a 4 Homens sem dados Mulheres sem dados Recenseamentos e projeções do IBGE Fonte Gráficos com base nos dados do IBGE Anuário estatístico do Brasil 1995 e Censo de 2000 Aula 12 Geografi a da População 235 Figura 1 Pirâmides Etárias do Brasil 1980 2010 Fonte Adas 2004 p 290 A maioria dos jovens não recebeu formação adequada para o exercício de atividades qualificadas Não se verificou investimentos eficientes em educação e saúde no país O número de jovens que trabalha aumentou consideravelmente nas últimas décadas em função das necessidades de suprimento da renda familiar Diante do novo estágio em que se encontra a dinâmica populacional do país é importante destacar que a desaceleração no ritmo de crescimento da população jovem reduz a pressão sobre o mercado de trabalho e encerra a promessa de que essa geração de jovens poderá ter uma melhor preparação técnica antes e ingressar no mundo do trabalho sendo fundamental a ampliação dos investimentos em educação o crescimento do número de adultos na estrutura etária brasileira significa a expansão da força de trabalho gerando pressão sobre o mercado de trabalho no sentido de aumentar o número de empregos o crescente envelhecimento da população prescinde de uma revisão na forma de pensar e agir em relação ao idoso tanto na esfera domiciliar como nos ambientes de trabalho e sociabilidade Na esfera governamental tornase necessário implementar políticas eficazes nas áreas de educação saúde previdência social mercado de trabalho entre outros que primem pela qualidade de vida do idoso Na esfera familiar urge acionar os dispositivos das relações afetivas que são o elo mais forte de integração ao idoso sem perder de vista o valor da experiência de vida tesouro legado aos que vivem a longevidade Com relação à estrutura sexual do Brasil os dados do Censo Demográfico 2000 IBGE 2000 indicam a existência de 861 milhões de mulheres 508 do total e 834 milhões dos homens 492 Dessa totalização inferese que a população feminina é ligeiramente superior à masculina verificandose uma proporção de 969 homens para cada 100 mulheres no país O que justifica esse perfil As razões que foram apresentadas na análise sobre o tema em escala mundial ou seja a taxa e mortalidade masculina é superior enquanto a expectativa de vida entre as mulheres apresentase mais elevada Porém ressaltase que há diferenciais na estrutura sexual da população entre as regiões do Brasil Em geral nas áreas de imigração ou seja aquelas que são foco de convergência dos fluxos de migrantes a proporção de homens é superior a de mulheres por exemplo Acre Amapá Tocantins e Mato Grosso O contrário se verifica nas áreas de emigração ponto de partida dos fluxos migratórios por exemplo Bahia e Pernambuco Destacase que as diferenças entre o número de mulheres e homens são pouco expressivas nunca superiores a 2 ou 3 Aula 12 Geografia da População 237 Atividade 1 2 0 0 2 4 6 8 10 12 2 4 6 10 8 12 2010 Pop total 192040996 hab Milhões de habitantes 70 ou 65 a 69 60 a 64 55 a 59 50 a 54 45 a 49 40 a 44 35 a 39 30 a 34 25 a 29 20 a 24 15 a 19 10 a 14 5 a 9 0 a 4 Homens sem dados Mulheres sem dados 0 0 2 4 6 8 10 12 2 4 6 10 8 12 1991 Pop total 146825475 hab Milhões de habitantes 70 ou 65 a 69 60 a 64 55 a 59 50 a 54 45 a 49 40 a 44 35 a 39 30 a 34 25 a 29 20 a 24 15 a 19 10 a 14 5 a 9 0 a 4 Homens 72485122 Mulheres 74340353 Pirâmide 1 Pirâmide 2 Aula 12 Geografi a da População 238 a Compare as duas pirâmides e apresente pelo menos três argumentos que justifi quem as mudanças que se apresentam entre a pirâmide 1 e a 2 b A pirâmide 2 pode ser reveladora de que em 2010 o estágio de transição demográfico no Brasil foi concluído Justifique a sua resposta A mulher é uma força ativa no mercado de trabalho Cite e explique dois motivos que levaram a mulher a ingressar no mercado Está na hora de refl etir e sistematizar o conteúdo estudado sobre a estrutura da população brasileira quanto a sua composição por sexo e por idade respondendo as questões a seguir Observe as pirâmides etárias abaixo Fonte ADAS Melhem Panorama geográfi co do Brasil contradições impasses e desafi os socioespaciais São Paulo moderna 2004 Brasil distribuição da população economicamente ativa por setores de produção em 1940 a 2001 80 70 60 50 40 30 20 10 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2001 0 Setor primário Setor secundário Setor terciário 702 607 540 544 450 300 250 380 330 262 131 127 178 198 100 228 228 206 229 565 443 Aula 12 Geografi a da População 239 A estrutura da população do Brasil por atividades econômicas Agora que você fez a atividade anterior sobre a estrutura da população brasileira quanto a sua composição por sexo e idade adentre mais no conteúdo desta aula e saiba como se distribui a população por setores de atividade econômica Para começar a compreender como se comporta a População Economicamente Ativa do Brasil por setores de produção veja o gráfi co a seguir Gráfi co 1 Brasil distribuição da População Economicamente Ativa por setores de produção 1940 2000 Fonte IBGE PNAD 2001 apud ADAS ADAS 2004 p 293 A representação gráfica mostra o comportamento e a distribuição da População Economicamente Ativa por setores de produção no período de 1940 a 2001 O setor primário foi o que registrou a mudança mais significativa passando de 702 em 1940 para 206 em 2001 e um padrão de comportamento ininterruptamente decrescente Esse padrão de comportamento justifi case em função da redefi nição do perfi l socioeconômico do país que em 1940 era eminentemente rural e chegou à década de 2000 como predominantemente urbano Essas mudanças foram provocadas pelos processos de industrialização e urbanização pelas alterações na legislação trabalhista e previdenciária pela manutenção de uma injusta estrutura fundiária pela difi culdade de acesso a terra pela industrialização e mecanização da agricultura Esse conjunto de fatores está associado à chamada modernização conservadora do país que propiciou o avanço em diferentes áreas desde que mantidas as estruturas que conferem poder às elites dentre elas as que envolvem a terra e a produção Nesses fatores residem as explicações para o acentuado declínio do percentual da PEA no setor primário Aula 12 Geografi a da População 240 O setor secundário evidenciou oscilações entre 1940 e 1980 prevalecendo a tendência de um ligeiro crescimento No entanto de 1980 a 2001 observase uma perspectiva declinante Em 1940 respondia por 10 da PEA nacional em 1980 chegou a 25 decaindo para 229 em 2001 As razões para esse declínio apontam para dois caminhos a crise do setor industrial que por vezes é localizado em dado segmento nacional ou advém do mercado mundial e a modernização e racionalização do setor incluída a automação que conduz a dispensa de mãodeobra O setor terciário ao contrário dos demais revelou propensão a um crescimento vertiginoso que se expressa nos seguintes números em 1940 o percentual da PEA empregada no setor era de 198 passando em 2001 a 565 Essa elevação da mãodeobra empregada no terciário é resultado do projeto de modernização brasileiro que produziu ilhas de modernização em meio a um oceano de atraso e pobreza Assim no contexto de acelerada urbanização o terciário proliferou tanto em sua feição moderna pelas vias do desenvolvimento informacional como em sua face arcaica representada pelos ambulantes vendedores de semáforos camelôs entre outros que fazem funcionar a economia informal No caso brasileiro temse claramente a confi guração do que foi chamado de hipertrofi a do setor terciário De modo geral no Brasil o aumento do desemprego está associado primordialmente ao ínfi mo desempenho econômico do país mas também à Terceira Revolução Industrial e à globalização A economia do país cresceu em um ritmo lento não gerando novos empregos em proporção equivalente à demanda apresentada em função do ingresso de novas gerações no mercado de trabalho Por outro lado funcionários experientes com maior remuneração foram alvos de demissões sendo contratadas pessoas jovens com menor salário para ocupar esses empregos PEA do Brasil Observe os dados sobre a PEA do Brasil em 2005 Atente para o número de desempregados Embora possa parecer baixo não é bem isso o que representa A partir dele inferese que nesse ano a taxa de desemprego no país estava muito próxima de 10 da PEA Essa taxa é considerada muito alta bastante superior ao que existia há uns 20 anos cerca de 5 e bem mais elevada do que a registrada em vários países do mundo Aula 12 Geografi a da População 241 Tabela 2 PEA do Brasil 2005 Situação Ocupacional PEA Total milhões Pessoas ocupadas 792 903 Pessoas desocupadas 85 97 Total 877 1000 Fonte Vesentini 2006 p 204 Ressaltase que o desemprego pode decorrer de duas situações estruturais e conjunturais Assim a oscilação nas taxas de desemprego são variáveis obedecendo à lógica das alterações que movem o mercado às mudanças no padrão produtivo e ao comportamento da PEA A modernização dos setores produtivos e a criação de novos postos de trabalho É importante ressaltar que a modernização da economia não produz apenas a extinção de postos de trabalho mas também enseja a criação de novos empregos Assim em relação ao Brasil é possível elencar alguns exemplos de como a modernização na indústria e na agropecuária simultâneos aos investimentos em transportes comunicação e energia tem infl uenciado a emergência de novos postos de trabalho Na realidade brasileira é possível identifi car alguns exemplos em que se verifi ca essa relação até certo ponto contraditória entre modernização desemprego geração de novos postos de trabalho A seguir elencamos algumas situações que expressam essa relação 1 Na produção canavieira a mecanização do corte provoca o desemprego de bóiasfrias contudo eleva a produtividade tornando a agroindústria mais competitiva no mercado Com os lucros auferidos nesse processo há possibilidades de compensar os postos de trabalho que foram extintos através da criação de empregos no interior das usinas de açúcar e álcool e em seu entorno fábricas de máquinas e equipamentos vendas administração transportes etc 2 No sistema bancário com a melhoria das tecnologias de informação e o intenso uso da informatização algumas funções exercidas pelos bancários passaram a ser feitas pelo cliente utilizando máquinas que foram destinados para esse fi m Essa situação gera o desemprego todavia a crescente demanda por equipamentos programas marketing assistência técnica etc assegura o surgimento de novos postos de trabalho Aula 12 Geografi a da População 242 3 Na indústria automobilística a robotização da linha de montagem produz desemprego no entanto as áreas de projetos de informática comércio exterior marketing etc potencializam o aparecimento de novos postos de trabalho Diante do exposto constatase que no cenário atual um traço característico dos novos empregos é a exigência em termos de especialização eou qualifi cação profi ssional o que está diretamente articulado com o nível de instrução do trabalhador Acrescentese que quanto maior a titulação em termos de pósgraduação maiores as chances de conseguir um bom emprego Quanto menor o nível de escolaridade dos trabalhadores menor será a possibilidade de conseguir trabalho mesmo em atividades pouco exigentes no que se refere à intelectualidade posto que é crescente o número de pessoas egressas do Ensino Médio que estão desempregadas ou se submetem a trabalhos braçais por não ter conquistado outra oportunidade De fato a educação é um importante fator para o ingresso das pessoas no mercado de trabalho Além disso para estimular a expansão do emprego fazse necessário incentivar as pequenas e médias empresas a reforma agrária a formação de cooperativas o aumento das exportações dentre outros O crescimento do setor terciário pelas vias da informalidade A economia informal no Brasil corresponde àquela que se encontra à margem da legalidade envolvendo pessoas que não possuem carteira de trabalho assinada e não pagam a contribuição social do Instituto Nacional de Seguro Social INSS e fi rmas que não possuem os documentos necessários para funcionar e não recolhem impostos Os exemplos são os mais diversos professores de idiomas vendedores de sanduíche camelôs eletricistas encanadores pedreiros técnicos de computador comerciários tradutores etc Dados de 2005 indicam que aproximadamente 56 da população ocupada do Brasil trabalha na informalidade o que representa um percentual extremamente elevado No Brasil a ampliação do setor informal geralmente ligado ao comércio e aos serviços foi simultânea ao processo de urbanização que promoveu uma intensa migração ruralurbana e o crescimento das cidades Essa expansão ocorreu articulada às mudanças no mercado de trabalho derivadas da III Revolução Industrial ao insignifi cante desempenho da economia que não se mostra insufi ciente para atender às demandas por postos de trabalho às exigências dos empregos formais em termos de qualifi cação profi ssional e à excessiva carga tributária paga pelos que optam pela economia formal Acrescentese que as elevadas taxas de desemprego contribuem para o crescimento da informalidade visto que em muitos casos esta se torna a única estratégia de conseguir alguma renda para sobreviver Anotações Aula 12 Geografi a da População 244 Referências ADAS Melhem Panorama geográfico do Brasil contradições impasses e desafios socioespaciais São Paulo moderna 2004 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA IBGE Indicadores demográfi cos Disponível em httpwwwibgeorg br Acesso em 30 jun 2009 PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO PNUD Relatório de desenvolvimento humano 2004 Disponível em httpwwwundporg Acesso em 30 jun 2009 RAMOS Luís Roberto VERAS Renato P KALACHE Alexandre Envelhecimento populacional uma realidade brasileira Revista de Saúde Pública São Paulo v 21 n 3 p 211224 jun 1987 Disponível em httpwwwscielobrpdfrspv21n306pdf Acesso em 30 jun 2009 OFFE C Capitalismo desorganizado São Paulo Editora Brasiliense 1995 RIFKIN J O fi m dos empregos o declínio inevitável dos níveis dos empregos e a redução da força de trabalho São Paulo Makron Books 1995 A era do acesso São Paulo Makron Books 2000 SINGER P Globalização e desemprego diagnóstico e alternativas São Paulo Contexto 1998 VESENTINI J W Brasil sociedade e espaço São Paulo Ática 2006 Anotações Aula 12 Geografi a da População 245 Anotações Aula 12 Geografi a da População 246 Esta edição foi produzida em mês de 2012 no Rio Grande do Norte pela Secretaria de Educação a Distância da Universidade Federal do Rio Grande do Norte SEDISUFRN Utilizandose Helvetica Lt Std Condensed para corpo do texto e Helvetica Lt Std Condensed Black títulos e subtítulos sobre papel offset 90 gm2 Impresso na nome da gráfi ca Foram impressos 1000 exemplares desta edição SEDIS Secretaria de Educação a Distância UFRN Campus Universitário Praça Cívica NatalRN CEP 59078970 sedissedisufrnbr wwwsedisufrnbr Resumo Nesta aula você estudou a estrutura da população brasileira a partir dos aspectos relativos à idade sexo e setores de atividade Compreendeu as razões que justificam as mudanças que ocorreram na estrutura etária e sexual da população Viu como se comportou a relação entre a PEA e os setores de atividade e refletiu sobre as contradições inerentes ao processo de modernização e suas interferências no mundo do trabalho que envolvem o emprego e o desemprego Com esta aula finalizamos os estudos sobre a dinâmica populacional tendo como cenário geográfico o espaço brasileiro Autoavaliação 1 O Brasil pode ser considerado um país jovem ou em fase de transição demográfica Justifique a sua resposta 2 Explique o comportamento do Brasil quanto à relação entre setores de atividade e PEA tendo por base o período 1940 2000 Declínio do setor primário crescimento e declínio do setor secundário e crescimento do setor terciário 3 Analise a relação até certo ponto contraditória entre modernização desemprego geração de novos postos de trabalho Aula 12 Geografia da População 243 9 788572 738767 ISBN 9788572738767