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Filosofia

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A IDEOLOGIA ALEMÃ a ideologia alemã 18451846 Karl marx e Friedrich engels Crítica da mais recente filosofia alemã em seus representantes Feuerbach B Bauer e Stirner e do socialismo alemão em seus diferentes profetas Tradução Rubens enderle Nélio Schneider Luciano Cavini Martorano Texto final Rubens enderle Copyright desta edição Boitempo Editorial 2007 Copyright da tradução Boitempo Editorial 2007 Título original Die deutsche Ideologie Kritik der neuesten deutschen Philosophie in ihren Repräsentanten Feuerbach B Bauer und Stirner und des deutschen Sozialismus in seinen verschiedenen Propheten 18451846 Primeira parte e textos II a IV do Apêndice traduzidos de acordo com a edição do MarxEngelsJahrbuch 2003 Berlin Akademie Verlag 2004 2 v confrontada com a edição da MEWMarxEngels Werke v 3 Berlin Dietz Verlag 1969 Segunda parte e textos I e V a IX traduzidos de acordo com a edição da MEWMarxEngels Werke v 3 Berlin Dietz Verlag 1969 Coordenação editorial Ivana Jinkings Supervisão editorial desta edição Leandro Konder Tradução Rubens Enderle Nélio Schneider Luciano Cavini Martorano Texto final Rubens Enderle Diagramação Raquel Sallaberry Brião Capa Antonio Kehl sobre ilustração de Loredano Equipe de realização Ana Paula Castellani e João Alexandre Peschanski editores Livia Campos e Vivian Miwa Matsushita assistência editorial Maurício Balthazar Leal revisão Ana Lotufo Valverde e Marcel Iha produção CIPBRASIL CATALOGAÇÃONAFONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS RJ M355i Marx Karl 18181883 A ideologia alemã crítica da mais recente filosofia alemã em seus representantes Feuerbach B Bauer e Stirner e do socialismo alemão em seus diferentes profetas 18451846 Karl Marx Friedrich Engels supervisão editorial Leandro Konder tradução Rubens Enderle Nélio Schneider Luciano Cavini Martorano São Paulo Boitempo 2007 Tradução de Die deutsche Ideologie Kritik der neuesten deutschen Philosophie in ihren Repräsentanten Feuerbach B Bauer und Stirner und des deutschen Sozialismus in seinen verschiedenen Propheten Conteúdo parcial Teses sobre Feuerbach Karl Marx 1 Feuerbach Ludwig 18041872 2 Materialismo dialético 3 Socialismo I Engels Friedrich 18201895 II Konder Leandro III Enderle Rubens IV Schneider Nélio V Martorano Luciano Cavini VI Título 053365 CDD 3354 CDU 33085 Este livro atende às normas do acordo ortográfico em vigor desde janeiro de 2009 É vedada nos termos da lei a reprodução de qualquer parte deste livro sem a expressa autorização da editora BOITEMPO EDITORIAL Jinkings Editores Associados Ltda Rua Pereira Leite 373 Sumarezinho 05442000 São PauloSP Telfax 11 38757250 38757250 editorboitempoeditorialcombr wwwboitempoeditorialcombr SUMáRIO APRESENTAçãO Emir Sader 9 SOBRE A TRADUçãO 17 ABREVIATURAS 20 PRIMEIRA PARTE Artigos rascunhos textos prontos para impressão e anotações referentes aos capítulos I Feuerbach e II São Bruno VOLUME I Crítica da mais recente filosofia em seus representantes Feuerbach B Bauer e Stirner KARL MARx CONTRA BRuNO BAuER 25 KARL MARx FRIEDRICh ENGELS FEuERBACh E hISTóRIA 29 Rascunho das páginas 1 a 29 29 Rascunho das páginas 30 a 35 47 Rascunho das páginas 36 a 72 51 Anotações 77 KARL MARx FRIEDRICh ENGELS FEuERBACh 79 KARL MARx FRIEDRICh ENGELS I FEuERBACh A A IDEOLOgIA EM gERAL EM ESPECIAL A ALEMã 83 KARL MARx FRIEDRICh ENGELS I FEuERBACh INTRODuÇÃO 1 A IDEOLOgIA EM gERAL EM ESPECIAL A FILOSOFIA ALEMã 85 KARL MARx FRIEDRICh ENGELS I FEuERBACh FRAGMENTO 1 89 KARL MARx FRIEDRICh ENGELS I FEuERBACh FRAGMENTO 2 93 KARL MARx FRIEDRICh ENGELS O CONCíLIO DE LEIPzIG 97 KARL MARx FRIEDRICh ENGELS II SÃO BRuNO 99 1 Campanha contra Feuerbach 99 2 Considerações de São Bruno sobre a disputa entre Feuerbach e Stirner 106 3 São Bruno contra os autores dA sagrada família 108 4 Necrológio de M heß 114 SEgUNDA PARTE Textos prontos para impressão e rascunhos referentes aos capítulos III São Max IV Karl grün O movimento social na França e na Bélgica Darmstadt 1845 ou A historiografia do socialismo verdadeiro e V O Dr Georg Kuhlmann von holstein ou A profecia do socialismo verdadeiro III SãO MAX 121 1 O ÚNICO E SUA PROPRIEDADE 123 Antigo testAmento o Homem 125 1 gênesis isto é Uma vida humana 125 2 Economia do Antigo Testamento 133 3 Os antigos 139 4 Os modernos 147 A O Espírito história pura dos espíritos 150 B Os possessos história impura dos espíritos 155 a A assombração 159 b A obsessão 162 C Impura história impura dos espíritos 165 a Negros e mongóis 165 b Catolicismo e protestantismo 171 D A hierarquia 174 5 Stirner comprazendose com sua construção 185 6 Os Livres 192 A O liberalismo político 192 B O comunismo 202 C O liberalismo humano 227 novo testAmento eu 235 1 Economia da Nova Aliança 235 2 Fenomenologia do egoísta em acordo consigo mesmo ou a doutrina da justificação 237 3 Apocalipse de João o teólogo ou a lógica da nova sabedoria 263 4 A peculiaridade 291 5 O possuidor 304 A Meu poder 304 I O direito 304 A Canonização em termos gerais 304 B Apropriação pela antítese simples 308 C Apropriação pela antítese composta 310 II A lei 316 III O crime 325 A Simples canonização de crime e punição 325 B Apropriação de crime e punição por meio de antítese 328 C O crime na acepção comum e na acepção incomum 332 5 A sociedade como sociedade burguesa 336 II A revolta 364 III A associação 375 1 Propriedade fundiária 376 2 Organização do trabalho 378 3 Dinheiro 382 4 Estado 386 5 Revolta 389 6 Religião e filosofia da associação 390 A Propriedade 390 B Riqueza 393 C Moral intercâmbio teoria da exploração 394 D Religião 400 E Adendo sobre a associação 400 C Minha autofruição 403 6 O Cântico dos Cânticos de Salomão ou O Único 412 2 COMENTáRIO APOLOgÉTICO 427 FIM DO CONCíLIO DE LEIPzIG 433 VOLUME II Crítica do socialismo alemão em seus diferentes profetas O SOCIALISMO VERDADEIRO 437 I DIE RhEInISChE JAhRBüChER OU A FILOSOFIA DO SOCIALISMO VERDADEIRO 441 A Comunismo Socialismo humanismo 441 B Tijolos socialistas 453 Primeiro tijolo 456 Segundo tijolo 459 Terceiro tijolo 463 IV KARL gRüN O MOVIMENTO SOCIAL NA FRANçA E NA BÉLgICA DARMSTADT 1845 Ou A hISTORIOGRAFIA DO SOCIALISMO VERDADEIRO 467 Sansimonismo474 1 Lettres dun habitant de Genève à ses contemporains 479 2 Catéchisme politique des industriels 481 3 nouveau christianisme 484 4 A escola sansimoniana 485 Fourierismo 491 O obtuso Pai Cabet e o senhor grün 499 Proudhon 509 V O DR GEORG KuhLMANN VON hOLSTEIN OU A PROFECIA DO SOCIALISMO VERDADEIRO 511 APêNDICE i Karl Marx Prólogo 523 ii JosePh WeydeMeyer coM a colaboração de Karl Marx bruno bauer e seu aPologista 525 iii trecho riscado no Manuscrito do caPítulo ii são bruno 1 529 iv trecho riscado no Manuscrito do caPítulo ii são bruno 2 531 v Karl Marx 1 ad Feuerbach 1845 533 vi Karl Marx Marx sobre Feuerbach 1845 537 vii Karl Marx sobre a Fenomenologia do espírito de hegel 541 viii Karl Marx Plano de trabalho sobre o estado 543 iX Karl Marx anotações esParsas 545 NOTAS 547 íNDICE ONOMáSTICO573 íNDICE DAS OBRAS CITADAS 587 CRONOLOGIA RESuMIDA DE KARL MARx E FRIEDRICh ENGELS 597 9 APRESENTAçãO I A busca do conhecimento e da verdade pelo pensamento humano partiu sempre da dicotomia entre sujeito e objeto As diferentes respostas dadas pelas várias correntes do pensamento a essa questão permitiram sua classi ficação na grande lista de tendências idealistas empiristas racionalistas materialistas metafísicas etc Para o pensamento aristotélico a verdade se identifica com a ausência de contradição Se A é igual a A não pode ser igual a B ou a qualquer não A Simplesmente isso Sua lógica codifica essas normas elementares sem as quais qualquer discurso se torna impossível Se uma coisa é igual a si mesma e diferente de si mesma se ela é igual a si mesma e igual a outra coisa tratase de uma contradição indicação insofismável de uma falsidade Essa lógica chamada de formal ou da identidade norteou a grande maioria das correntes do conhecimento ao longo dos séculos da Antiguida de passando pela Idade Média chegando ao mundo moderno e avançando até o contemporâneo Podemos dizer que ela continua a moldar o senso comum consistindo na leitura mais difundida da realidade empírica tal como ela costuma ser vivenciada por grande parte da humanidade Nela a contradição é sintoma de falsidade A revolução copernicana no pensamento humano veio com a reversão dessa identificação na obra de Georg Wilhelm Friedrich hegel para quem em vez de falsidade a contradição aponta para a apreensão das dinâmicas essenciais de cada fenômeno Captar a contradição passa a ser sintoma da apreensão do movimento real dos fenômenos A inversão hegeliana coloca em questão outro pressuposto do pensamen to clássico a dicotomia sujeitoobjeto Antes tal dicotomia era condição da reflexão epistemológica assim como forma de compreensão da inserção do homem no mundo Do cogito cartesiano ao eu transcendental kantiano a diferenciação sujeitoobjeto habitou com diferentes roupagens todos os sistemas filosóficos préhegelianos 10 Apresentação O pensamento de hegel atinge justamente o que era assumido como um dado da realidade a separação contraposição ou reencontro entre sujeito e objeto Ele descarta a validade de interrogações tais como se o objeto pode ser apreendido pelo sujeito ou em que medida este é deter minado ou determina a existência daquele Em sua perspectiva a primeira e maior das questões para o conhecimento do mundo mas também para a compreensão do estar do homem no mundo passa a ser a busca das razões pelas quais sujeito e objeto aparecem diferenciados e contrapostos Redefinemse assim os termos subjetividade e objetividade cada um deles mas sobretudo a relação entre eles hegel marca também uma diferenciação com o nascente pensamento sociológico que busca trilhas pelo caminho aberto pelas ciências biológi cas e absolutiza a identificação da verdade com o máximo distanciamento entre sujeito e objeto expresso paradigmaticamente na obra de Auguste Comte e Émile Durkheim Para estes a garantia da veracidade do conhe cimento está na medida do afastamento entre sujeito e objeto conside ração dos fe nômenos sociais como coisas a ponto da identificação incorporada à linguagem corrente de objetividade com verdade no sentido de conhecimento isento universal As dimensões subjetivas por sua vez passam a ser assimiladas a um falseamento do conhecimento verdadeiro dos objetos As novidades radicais da dialética hegeliana vão em duas direções A primeira a do questionamento dessa concepção de objetividade Para hegel o desafio maior é explicar o que costuma ser aceito como dado por que o mundo nos aparece com uma grande cisão entre sujeito e objeto Por que o mundo nos aparece como alheio Para responder a essas questões hegel introduz no pensamento filosó fico a noção de trabalho uma noção altamente corrosiva para as preten sões ahistóricas e sistemáticas do pensamento tradicional O conceito de trabalho posteriormente redefinido por Marx em termos históricos e materiais permite rearticular a relação entre sujeito e objeto mediante a versão de que os homens produzem a realidade inconscientemente Eles fazem mas não sabem na fórmula sintética de Marx no prefácio a O capital em que não se reconhecem Introduzse assim junto com o conceito de trabalho o de alienação Esse conceito diferencia radicalmente o pensamento dialético de outros enfoques permitindo redefinir as relações entre sujeito e objeto entre subjetividade e objetividade O mundo é criado pelos homens embora não de forma consciente o que permite explicar tanto a relação intrínseca entre eles quanto o estranhamento do homem em relação ao mundo e a distância deste em relação ao homem 11 A ideologia alemã hegel reivindica o conceito de contradição não como sintoma de fal sidade mas como motor do movimento do real O exemplo da dialética do senhor e do escravo é utilizado como a forma mais clara da relação de interdependência das determinações aparentemente opostas mas que estão incluídas uma na outra Apreender a contradição da sua relação é apreender a essência de cada polo e o sentido de sua relação mútua II Após um período em que oscilou em torno da polarização herdada da filosofia política clássica e de hegel entre sociedade civil e Estado ora valorizando um polo em detrimento do outro ora refazendo o caminho oposto Marx rompe com essa visão para fazer o que denomina anatomia da sociedade civil A abordagem da ideologia é um passo essencial nessa anatomia porque remete o conhecimento desta às condições materiais de existência em que se assenta A Alemanha tornouse objeto privilegiado dessa reflexão pelo peso que tiveram os vários sistemas de ideias no seu desenvolvimento O acerto de Marx e Engels com sua herança filosófica conclui em A ideologia alemã um longo caminho iniciado com os primeiros textos de Marx e se dá ao mesmo tempo do amadurecimento de uma teoria alternativa Tal teoria ganha corpo especialmente a partir dos Manuscritos econômicofilosóficos de Marx quando se torna claro que o recurso à dia lética hegeliana significa uma negação uma incorporação e uma superação dessa herança na direção da teoria materialista da história O roteiro dA ideologia alemã retoma a trajetória de hegel mas se vale de instrumentos distintos e desemboca em caminhos muito diferentes Para hegel é necessário começar pela crítica das ilusões do conhecimento o que Marx e Engels passarão a cunhar como ideologia hegel aponta duas dessas ilusões tomar as coisas pela sua forma de aparição e relegar o real para um mundo completamente separado das suas aparências Esses níveis de apreensão da realidade correspondem a níveis efetivamente existentes do real porém segmentados separados uns dos outros e sobretudo do significado que engloba a ambos O mundo que nos aparece sob a dico tomia entre sujeito e objeto entre subjetividade e objetividade tem de ser desvendado nas suas raízes para compreendermos o porquê dessa cisão enquanto as ilusões mencionadas optam por um dos dois polos e os abso lutizam A apreensão da verdade do real consiste justamente na explicação da forma pela qual o real se desdobra em sujeito e objeto Para hegel há dois movimentos O primeiro em que o mundo perde sua unidade cindese duplicase produzindo a dicotomia entre o mundo sensível e o mundo suprassensível Surgem o estranhamento a alienação 12 Apresentação a consciência que não se reconhece no mundo e o mundo como realidade alheia à consciência De um lado a consciência pura de outro ao alienar se a consciência convertida em objeto de si mesma contemplada mas não reconhecida É como se a consciência olhasse para o mundo tal qual estivesse olhando pela janela e não olhando para si mesma no espelho do mundo O segundo movimento trata da passagem da consciência em si à cons ciência para si com o real retomando sua unidade perdida reabsorvendo os dois polos em uma unidade superior eliminando a cisão do mundo O ca minho da razão é portanto o caminho do reconhecimento da cisão e de suas raízes em seguida de sua superação e do restabelecimento de sua unidade Afirmase assim pela primeira vez na história da filosofia que o mun do é produto do trabalho humano como realidade histórica construída coletivamente pelos homens Também pela primeira vez afirmase na filo sofia que o homem é um ser histórico o que é dado por sua capacidade de trabalho O ajuste de contas de Marx e Engels começa pelo principal dos pensa dores hegelianos de esquerda aquele que mais os havia influenciado Ludwig Feuerbach Esse autor também se propôs a fazer a crítica do idea lismo de hegel Seu ponto de partida é o das ilusões mas o das ilusões psicológicas como chave para decifrar a expressão mais típica da aliena ção a religiosa Para Feuerbach a capacidade de abstração está na origem da aliena ção religiosa em que o homem projetaria suas características elevadas ao infinito em um ser externo ao homem Em vez de ser criado por Deus como acredita a visão religiosa é o homem quem cria Deus De criação se torna criador O homem é o Deus do homem conclui Porém Feuerbach não incorpora a categoria trabalho e assim a superação das ilusões se reduz a um processo de desmistificação retomando a forma mais clássica de idealismo o da primazia da consciência sobre a realidade O sujeito volta o ocupar o lugar essencial como processo de desalienação O pro cesso de inversão da alienação religiosa orien ta a concepção de Marx sobre a alienação ainda nos Manuscritos econômicofilosóficos mas em A ideologia alemã o caráter materialista da crítica à alienação surge como ponto de não retorno do pensamento marxista Nos Manuscritos o foco é colocado na economia política e a aliena ção aponta para seu fundamento na categoria de trabalho A produção de riqueza representa para o operário a transferência de valor para a merca doria e seu empobrecimento como trabalhador A depreciação do mundo dos homens aumenta em razão direta da valorização do mundo das coisas O trabalho produz ao mesmo tempo mercadorias e o operário enquanto 13 A ideologia alemã mercadoria O resultado do trabalho se enfrenta com seu produtor como um objeto alheio estranho está dado o mecanismo essencial de explicação da alienação Como produtor o operário não se sente sujeito mas objeto do seu objeto A ativi dade de produção é a fonte da alienação e não mais um processo de ilusão psicológica ou intelectual Somente em A ideologia alemã portanto esses elementos serão articula dos para constituir uma teoria explicativa das condições históricas de produção e reprodução da vida dos homens III As ilusões do espírito puro fazem que Marx e Engels dediquem este longo livro a negar a filosofia de hegel de que eles mesmos foram depo sitários O resultado é uma crítica dos devaneios das fantasias humanas e das falsas ideias que fazem sobre si mesmos e sobre o mundo O exercício de método que enunciam ainda incipientemente não se limita à desmistificação de ideias equivocadas sobre a realidade mas se propõe a pesquisar as condições que permitem que essas ideias existam e tenham tanta preponderância há um deslocamento do debate do plano das ideias puras para o da realidade concreta em que elas são geradas Marx e Engels desde o início de suas carreiras teóricas e políticas se debruçaram sobre o entendimento de um fenômeno que identificavam como o atraso alemão aparecialhes como uma figura desconjuntada com uma cabeça enorme onde cabiam entre tantos Immanuel Kant hegel heinrich heine Johann Goethe Ludwig van Beethoven porém com um corpo pequeno mirrado que não conseguia se libertar das travas das socie dades précapitalistas Aprisionados por essas estruturas arcaicas os alemães canalizavam para a cabeça gerando maravilhosas obras do espírito as energias com que não conseguiam promover a derrubada do velho regime e a Queda da Bastilha alemã Não se pode dizer que exista uma ruptura entre os escritos anteriores de Marx e Engels e A ideologia alemã há sim uma evolução com trans formações em um processo que ganha novo corpo teórico especialmente desde os Manuscritos econômicofilosóficos que representam a incorpo ração de conceitos como os de trabalho e de alienação As Teses sobre Feuerbach e o capítulo sobre esse filósofo alemão no corpo da obra re pro duzem temas esboçados anteriormente mas agora em um marco histórico que ganha contornos mais definidos Em A ideologia alemã o ma terialismo histórico ganha o formato que terá no restante da obra desses dois autores O livro é um exemplo da dialética hegeliana uma relação de negação e incorporação de superação no sentido dialético de Aufhebung Essa 14 Apresentação superação parte da definição do significado do materialismo marxista dos pressupostos incontornáveis para todo ser humano Os pressupostos de que partimos não são pressupostos arbitrários dogmas mas pressupostos reais de que só se pode abstrair na imaginação São os indivíduos reais sua ação e suas condições materiais de vida tanto aquelas por eles já encontradas como as produzidas por sua própria ação1 Ao construir sua teoria na luta constante para marcar uma clara deli mitação em relação à presença monstruosa de um sistema de pensamento tão tentador como o hegeliano Marx e Engels concentraram o combate teórico inicial em uma diferenciação em relação aos pressupostos idealis tas de hegel Na diferenciação com o saber absoluto os dois filósofos revelam a natureza do seu materialismo que remete para a produção e a reprodução das condições de existência dos homens Dela decorrem as relações dos homens com a natureza e com suas formas de organização social isto é dos sujeitos com o que lhes aparece como a objetividade do mundo Uma forma específica de apropriação da natureza determina as formas de organização social e a consciência A apreensão do significado que as formas de reprodução da vida têm para a existência humana representa a primeira grande formulação do materialismo dialético para a compreensão da história e da consciência humana A cada estado de desenvolvimento das formas de produção ma terial da sua existência correspondem formas específicas de estruturação social além de valores e formas de apreensão da realidade Destacar esse papel de pressuposto incontornável da produção da vida material significa ao mesmo tempo colocar o trabalho no centro das condições de vida e consciência humana O homem se diferencia dos outros animais por muitas características mas a primeira determinante é a capacidade de trabalho Enquanto os outros animais apenas recolhem o que encontram na natureza o homem ao produzir as condições da sua sobrevivência a transforma A capacidade de trabalho faz com que o homem seja um ser históri co isto porque cada geração recebe condições de vida e as transmite a gerações futuras sempre modificadas para pior ou para melhor Embora tenha o potencial transformador da realidade o que o homem mais recu sa é trabalhar Foge do que o tornaria humano porque não se reconhece no que faz no que produz no mundo que transforma Porque tratase de trabalho alienado Na introdução desta obra Marx e Engels ridicularizam o essencialismo do idealismo alemão reivindicado pelos chamados hegelianos de esquerda 1 Ver adiante p 867 15 A ideologia alemã com base na contraposição entre a lei de gravidade e o reino dos sonhos em que eles descansam Nas Teses sobre Feuerbach essa crítica tem o impacto da forma de aforismos mas a articulação entre as ilusões ideoló gicas e as condições materiais de sua produção aparece em A ideologia alemã como seu eixo central Os neohegelianos não se perguntam em que o terreno social onde es tão pisando condiciona o seu pensamento colocando a questão central para a caracterização da ideologia Não haviam incorporado a categoria trabalho a qual juntamente com a introdução inédita de categorias como forças produtivas demonstrando como já se articulava o essencial do arcabouço de interpretação marxista da história permite a superação efetiva do marco do pensamento de hegel A compreensão do processo de trabalho permite ao mesmo tempo a compreensão da origem da se paração da teoria e da prática e das formas que permitem sua reconexão Desde suas primeiras obras Marx e Engels identificam um papel para a categoria trabalho porém inicialmente era apenas uma forma geral de luta do homem contra a natureza como base de todas as sociedades humanas O labor esteve desde o início ligado à alienação provocando a questão da forma como essa degeneração da atividade humana foi possível Mas desde o começo o trabalho era analisado na perspectiva da sua abolição do processo de desalienação revelando como se tratava já de uma análise ao mesmo tempo negativa e positiva A ideologia alemã é a primeira obra em que a articulação das catego rias essenciais da dialética marxista emerge madura à superfície Aparição que surge como vimos sob a rica forma da negação e da superação em que a crítica da realidade é ao mesmo tempo a crítica de sua ideo logia nesse caso dos neohegelianos de esquerda forjando simulta neamente as novas categorias que irão transformar a teoria e a realidade concreta sobre a qual ela se constrói Emir Sader 17 SOBRE A TRADUçãO Saídos da obscuridade em 1921 os textos que compõem A ideologia alemã ainda aguardam edição definitiva No árduo trabalho de editora ção dessa obra inacabada dotada de inúmeras lacunas e imprecisões com algumas páginas faltando e outras tantas roídas por ratos instalouse desde o início uma grande controvérsia sobre sua verdadeira forma final A polêmica girou fundamentalmente em torno do capítulo I Feuerbach deixado pelos autores como um conjunto de rascunhos e anotações esparsos No contexto da luta ideológica da época que confrontava stalinistas e socialdemocratas era necessário que o primeiro capítulo dA ideologia alemã fosse apresentado não como uma formulação in completa tão vigorosa quanto irregular de uma visão materialista do mundo1 mas como a inequívoca exposição inaugural de um novo método o materialismo histórico e dialético do qual diziase dependia o futuro das massas trabalhadoras Essa luta ideológica explica por que em 15 de fevereiro de 1931 David Rjazanov então diretor do MarxEngelsInstitut e editor da MarxEngelsGesamtausgabe MEGA acabou preso pela polícia de Stalin e substituído por Vladimir Adoratskij2 Rjazanov fora responsável pela primeira edição do capítulo I Feuerbach publicado em alemão em 1926 no primeiro volume dos MarxEngelsArchivs Apesar de pro blemática quanto à constituição do texto a edição de Rjazanov tinha entre muitos outros méritos o de reconhecer o caráter inacabado do manuscrito tal como este fora deixado pelos autores Na nota editorial diziase A primeira parte dA ideologia alemã não foi levada até o fim nem elaborada num todo unitário suas partes não formam nenhuma 1 NA ideologia alemã inexiste a expressão concepção materialista da história 2 Ver citação do discurso de Adoratskij contra Rjazanov na plenária do Comitê Executivo da Internacional Comunista em 1o de abril de 1931 em MarxEngelsJahrbuch 2003 Amsterdam Akademie Verlag 2003 p 145 18 Sobre a tradução unidade3 afirmação que digase de passagem estava em perfeita har monia com o que o próprio Engels reconhecia já em 1888 A seção sobre Feuerbach não está acabada A parte que foi concluída consiste numa apresentação da concepção materialista da história que só prova o quão incompletos ainda eram à época nossos conhecimentos sobre a história econômica A própria crítica da doutrina feuerbachiana padece dessa incompletude 4 Bas tante diferente porém era o juízo expresso na introdução ao volume I5 da MEgA1 já sob o comando de seu novo edi tor Adoratskij em nenhuma outra obra de juventude encontramos as questões fundamentais do materialismo dialético esclarecidas de forma tão completa e exaustiva O capítulo I Feuerbach contém a primeira exposição sistemática de sua concepção históricofilosófica da história econômica do desenvolvimento dos homens apresenta a união de dia lética e materialismo num todo unitário indiviso expressa a grande virada revolucionária dos autores com a criação de uma verdadeira ciên cia das leis de desenvolvimento da natureza e da sociedade5 etc E foi assim em suma que o capítulo I Feuerbach passou a ser editorial mente construído como um texto ideologicamente correto e dotado de uma coerência sistemática O trabalho de desconstrução do capítulo I Feuerbach seria possível apenas décadas mais tarde no âmbito da MEgA2 cuja orientação editorial deixava de ser políticoideológica e assumia um caráter progressivamente críticofilológico Tratavase agora não mais de montar os textos e preen cher suas lacunas a partir de suposições arbitrárias e imperativos externos ao trabalho editorial mas ao contrário de reproduzilos da forma exata como Marx e Engels os haviam legado 3 Marx und Engels über Feuerbach Der erste Teil der Deutschen Ideologie Die handschrift und die Textbearbeitung Marx e Engels sobre Feuerbach A primeira parte dA ideologia alemã O manuscrito e o estabelecimento do texto em MarxEngelsArchiv editado por D Rjazanov Frankfurt 1926 v 1 p 217 apud MarxEngelsJahrbuch 2003 cit p 10 4 Friedrich Engels Vorbemerkung zu Ludwig Feuerbach und der Ausgang der klassischen deutschen Philosophie Nota introdutória a Ludwig Feuerbach e o fim da filosofia clássica alemã em MEgA2 I31 p 123 apud MarxEngelsJahrbuch 2003 cit p 910 5 Citamos a partir da MarxEngelsWerke que reproduz a Apresentação da MEgA1 Vorwort des Instituts für MarxismusLeninismus beim zK der KPdSU zu Karl Marx und Friedrich Engels 18451846 Apresentação do Instituto de marxismoleninis mo do comitê central do Partido Comunista da União Soviética para Karl Marx e Friedrich Engels 18451846 em MarxEngelsWerke Berlim Dietz Verlag 1969 v 3 p VI 19 A ideologia alemã Em sua prépublicação no MarxEngelsJahrbuch 20036 que serviu de base para a primeira parte da presente tradução os manuscritos do capítulo I Feuerbach aparecem em sua fragmentação originária dispostos em partes independentes e em ordem cronológica Evidenciase assim que a crítica a Feuerbach foi escrita não antes como até então se imaginava mas ao longo e depois da elaboração dos capítulos II São Bruno e III São Max Além disso essa nova edição demonstra que a redação da obra se inicia com o artigo Contra Bruno Bauer escrito por Marx logo após a publicação dA sagrada família Esse artigo traduzido para o por tuguês pela primeira vez passa doravante a integrar o conjunto de textos dA ideologia alemã A adoção desses critérios editorias nos trouxe não obstante novas difi culdades e nos obrigou a fazer algumas adaptações em relação ao original 1 As páginas do manuscrito Feuerbach e história foram divididas pelos autores em duas colunas Na coluna da esquerda encontrase o texto principal na coluna da direita Marx e Engels realizam anotações acrescentam trechos ou desenvolvem temas paralelos Nas edições anterio res baseadas na MEgA1 ou na MEWerke grande parte dos textos mais longos que se encontram na coluna da direita foi incorporada ao texto principal mesmo quando não havia indicação precisa da intenção dos autores ou do lugar correto onde a inserção supostamente deveria ser feita No MarxEngelsJahrbuch 2003 o manuscrito é reproduzido de acordo com o original isto é em duas colunas o que de certo modo aumenta a cien tificidade da edição porém dificulta a leitura Em nossa tradução a fim de evitar a divisão em duas colunas optamos pelo uso de notas de rodapé inserindo a chamada para a nota na altura em que o texto da coluna da direita tem início no original 2 O Prólogo Vorrede que nas edições anteriores aparece como o primeiro texto dA ideologia alemã foi escrito somente depois de pronta a prova de impressão do capítulo III São Max7 Por não integrar cronologi camente o grupo de manuscritos que compõem o capítulo I Feuerbach decidimonos por colocálo no Apêndice Rubens Enderle 6 MarxEngelsJahrbuch 2003 Amsterdam Akademie Verlag 2003 A Ideologia alemã terá sua edição definitiva no volume I5 da MEgA2 ainda não publicado 7 Cf MarxEngelsJahrbuch 2003 cit p 6 20 ABREVIATURAS A E Anotação de Engels escrita na margem do manuscrito A M Anotação de Marx escrita na margem do manuscrito N A Nota dos autores N E Nota do editor brasileiro N E A J Nota da edição alemã Jahrbuch N E A W Nota da edição alemã Werke N T Nota dos tradutores S M Suprimido no manuscrito V M Variante no manuscrito p R i m e i R a p a R T e Artigos rascunhos textos prontos para impressão e anotações referentes aos capítulos i Feuerbach e II São Bruno Fireplace Safety Tips Keep anything that can burn at least 3 feet from the fireplace Never leave a fire unattended Always have a screen in place to prevent sparks from escaping Install smoke and carbon monoxide detectors and check monthly Have your chimney inspected and cleaned annually Use only dry seasoned wood Extinguish the fire before leaving or going to bed volume i CRíTiCa da maiS ReCenTe FiloSoFia em SeuS RepReSenTanTeS FeueRBaCh B BaueR e STiRneR Max Stirner em desenho de Engels Londres 1892 25 KaRl maRx ConTRa BRuno BaueR 1 20 de novembro de 1845 Gesellschaftsspiegel2 V 2 n VII janeiro de 1846 Bruxelas 20 de novembro na Wigands Vierteljahrsschrift 3o volume p 138 ss3 Bruno Bauer balbucia algumas palavras em resposta ao escrito de Engels e Marx A sagrada família ou A crítica da Crítica crítica 18454 Desde o começo B Bauer afirma que Engels e Marx não o teriam entendido repete com a mais cândida ingenui dade suas velhas e pretensiosas fraseologias Phrasen de há muito reduzi das a nada e lamenta o desconhecimento daqueles autores acerca de seus apontamentos sobre o perpétuo lutar e vencer o destruir e criar da Crí tica de como a Crítica é a única força da história de como o crítico e somente ele foi o único a destruir a religião em sua totalidade e o Estado em suas diversas manifestações de como o crítico trabalhou e ainda trabalha e o que mais se possa encontrar em queixumes sonoros e em derramamen tos patéticos como esse Em sua própria resposta Bauer nos dá de imediato uma nova prova decisiva de como o crítico trabalhou e ainda trabalha O laborioso crítico acha ser mais adequado ao seu desígnio não tomar por objeto de suas proclamações e citações o livro de Engels e Marx mas sim uma medíocre e confusa resenha deste livro publicada no Westphälische Dampfboot no de maio p 208 ss5 uma escamoteação que ele com precaução crítica oculta de seu leitor este árduo trabalho de copista do Dampfboot só é abandonado por Bauer quando ele professa um dar de ombros monossilábico porém pleno de signi ficado A Crítica crítica limitase a dar de ombros dado que ela não tem mais nada a dizer Ela encontra sua salvação nas omoplatas não obstante seu ódio contra o sensível Sinnlichkeit que ela só consegue conceber sob a forma de um cajado ver Wigands Vierteljahrsschrift p 130 instrumento de pastoreio bem adequado à sua rudeza teológica Tomado de uma sofreguidão sinóptica o resenhista da Vestfália pro duz sínteses ridículas que estão em contradição direta com o livro por ele 26 Karl Marx e Friedrich Engels apresentado O laborioso crítico copia a invencionice Machwerk do re senhista atribui isso a Engels e Marx e voltandose triunfante para a massa acrítica que ele fulmina com um olho enquanto com o outro lhe dirige uma coquete piscadela grita Vejam isto meus inimigos Reunamos então palavra por palavra as peças documentais Diz o resenhista no Westphälische Dampfboot Para ferir mortalmente os judeus ele B Bauer os transforma em teólogos e a questão da emancipação política é por ele transformada na questão da emancipação humana para destruir Hegel ele o transforma no senhor Hinrichs e para se ver livre da Revolução Francesa do comunismo de Feuerbach ele grita massa massa massa e uma vez mais massa massa massa ele a crucifica para a bên ção do espírito que é a Crítica a verdadeira encarnação da ideia absoluta em Bruno von Charlottenburg Westphälische Dampfboot cit p 212 Diz o crítico laborioso O crítico da Crítica crítica tornase infantil ao final faz sua aparição como Arlequim no theatro mundi e quer nos fazer crer com toda seriedade ele afirma que Bruno Bauer para ferir mortalmente os judeus etc etc seguese então literalmente a passagem inteira do Westphälischen Dampfboot passagem que não se encontra em nenhum lugar dA sagrada família Wigands Vierteljahrsschrift p 142 Comparemos esse texto ao contrário com o posicionamento da Crítica crítica em relação à questão judaica e à emancipação política tal como ele é exposto nA sagrada família nas p 16385 entre outras ou com sua postura diante da Revolução Francesa p 18595 ou com seu comportamento em relação ao socialismo e ao comunismo p 2274 p 211 ss p 2434 e a seção inteira sobre a Crítica crítica como Rudolph Príncipe de Gerolstein p 258333 Sobre a posição da Crítica crítica em relação a Hegel ver o segredo da construção especulati va e as seguintes observações p 79 ss mais adiante p 121 e 122 p 12658 p 1367 p 2089 p 21527 e p 3048 sobre a postura da Crítica crítica em relação a Feuerbach ver p 13841 e finalmente sobre o resultado e a ten dência das batalhas críticas contra a Revolução Francesa o materialismo e o socialismo p 2145 A partir dessas citações poderseá perceber que o resenhista da Vestfália faz de todos esses argumentos o resumo mais canhestro ridiculamente errô neo e só existente em sua imaginação um resumo que o puro e labo rioso crítico copia do original com habilidade criadora e destruidora Em frente Diz o resenhista no Westphälische Dampfboot Sua leiase a de B Bauer frívola autoapoteose em que ele tenta provar que se antes era perturbado pelo preconceito da massa aquele preconceito por sua vez não passava de uma aparência necessária da Crítica é retrucada por Marx com a oferta do seguinte pequeno tratado escolástico Por que a concepção da Virgem Maria teria de ser provada desde já pelo senhor Bruno Bauer etc etc Dampfboot p 213 Diz o laborioso crítico Ele o crítico da Crítica crítica quer que 27 A ideologia alemã saibamos e acredita do fundo de seu próprio espírito embusteiro que se Bauer se via perturbado pelo preconceito da massa tal perturbação deve ser concebida apenas como uma aparência necessária da Crítica e não com base no necessário percurso de desenvolvimento da Crítica e nos oferece como retruque a uma tal frívola autoapoteose o seguinte pequeno tratado escolástico Por que a concepção da Virgem Maria etc etc Wigands Vierteljahrsschrift p 1423 NA sagrada família p 150636 o leitor pode encontrar uma seção inteira dedicada à autoapologia de Bruno Bauer em que não se encontra infe lizmente nenhum vestígio do referido pequeno tratado escolástico não sendo este portanto de modo algum oferecido como réplica à autoapologia de Bruno Bauer bem ao contrário do que imagina o resenhista da Vestfália e daquilo que o serviçal Bruno Bauer parcialmente copia até mesmo entre aspas como se fossem citações dA sagrada família O breve tratado se encontra noutra seção e noutro contexto Ver A sagrada família p 164 e 1657 Qual a importância disso é algo que o próprio leitor poderá atestar e então poderá admirar uma vez mais a pura perspicácia do laborioso crítico Por fim exclama o laborioso crítico Foi com isso quer dizer com as citações que Bruno Bauer toma de empréstimo do Westphälische Dampfboot e imputa sorrateiramente aos autores dA sagrada família que Bruno Bauer na turalmente teve de lutar com braveza elevando a Crítica à razão Marx nos dá na verdade uma peça em que ele mesmo entra em cena ao final como o mais divertido dos comediantes Wigands Vierteljahrsschrift p 143 Para entender este na verdade devese saber que o resenhista da Vestfália para quem Bruno Bauer trabalha como copista ditou para seu crítico e laborioso escriba as seguintes palavras ao pé da letra O drama históricomundial quer dizer a luta da crítica baueriana contra a massa diluise sem muito esforço na mais divertida comédia Westphälische Dampfboot p 213 Neste momento o desditoso copista é assaltado pela ideia de que trans crever seus próprios juízos é algo que está acima de suas forças Em verdade escreve interrompendo o ditado do resenhista da Vestfália Em verdade Marx o divertido comediante e enxuga então o suor frio de sua testa Ao buscar refúgio na mais desajeitada escamoteação no mais deprimente truque de prestidigitação Bruno Bauer acaba por confirmar em última ins tância a sentença de morte que Engels e Marx lançaram sobre ele nA sagra da família Página 15 do manuscrito Feuerbach e História de Marx e Engels À direita desenho de Engels 29 KaRl maRx FRiedRiCh engelS FeueRBaCh e hiSTóRia RaSCunhoS e anoTaçõeS Do fim de novembro de 1845 a meados de abril de 1846 Rascunho das páginas 1 a 29 faltando o intervalo entre as pá ginas 3 e 7 Originalmente concebido como parte de um artigo intitulado Crítica da Caracterização de Ludwig Feuerbach de Bruno Bauer8 a Não nos daremos naturalmente ao trabalho de esclarecer a nossos sábios filósofos que eles não fizeram a libertação do homemb avançar um úni co passo ao terem reduzido a filosofia a teologia a substância e todo esse lixo à autoconsciência e ao terem libertado o homemc da dominação dessas fraseologias dominação que nunca o manteve escravizado Nem lhes explicaremos que só é possível conquistar a libertação real wirkliche Befreiung no mundo real e pelo emprego de meios reais9 que a escravidão não pode ser superada10 sem a máquina a vapor e a MuleJenny11 nem a servidão sem a melhora da agricultura e que em geral não é possível li bertar os homens enquanto estes forem incapazes de obter alimentação e bebida habitação e vestimenta em qualidade e quantidade adequadas A libertação é um ato histórico e não um ato de pensamento e é ocasionada por condições históricas pelas condições da indústria do comércio da agricultura do intercâmbio e então posteriormente conforme suas diferentes fases de desenvolvimento o absurdo da substância do sujeito da autoconsciência e da crítica pura assim como o absurdo religioso e teo lógico são novamente eliminados quando se encontram suficientemente desenvolvidosd É claro que na Alemanha um país onde ocorre apenas um desenvolvimento histórico trivial esses desenvolvimentos intelectuais a Feuerbach a m b Libertação filosófica e libertação real O homem O Único o Indivíduo a m c Condições geológicas hidrográficas etc O corpo humano A necessidade e o tra balho a m d Fraseologia e movimento real a m 30 Karl Marx e Friedrich Engels essas trivialidades glorificadas e ineficazes servem naturalmente como um substituto para a falta de desenvolvimento histórico enraízamse e têm de ser combatidosa Mas essa luta tem importância meramente localb12 na realidade e para o materialista prático isto é para o comunista tratase de revolucionar o mundo de enfrentar e de transformar pratica mente o estado de coisas por ele encontradoc Se em certos momentos encontramse em Feuerbach pontos de vista desse tipo eles não vão além de intuições isoladas e têm sobre sua intuição geral muito pouca influência para que se possa considerálos como algo mais do que embriões capazes de desenvolvimento A concepçãod feuerbachiana do mundo sensívele limitase por um lado à mera contemplação deste último e por outro lado à mera sensação ele diz o homem em vez de os homens históricos reais O homem é na realidade o alemão No primeiro caso na contemplação do mundo sensível ele se choca necessariamente com coisas que contradi zem sua consciência e seu sentimento que perturbam a harmonia por ele pressuposta de todas as partes do mundo sensível e sobretudo do homem com a naturezaf Para remover essas coisas ele tem portanto que buscar refúgio numa dupla contemplação uma contemplação profana que capta somente o que é palpável e uma contemplação mais elevada filosófica que capta a verdadeira essência das coisas Ele não vê como o mundo sensível que o rodeia não é uma coisa dada imediatamente por toda a eternidade e sempre igual a si mesma mas o produto da indústria e do estado de coisas da sociedade e isso precisamente no sentido de que é um produto histórico o resultado da atividade de toda uma série de geraçõesg que cada uma delas sobre os ombros da precedente desenvolveram sua indústria e seu comércio e modificaram sua ordem social de acordo com as necessidades alteradas Mesmo os objetos da mais simples certeza sensível são dados a Feuerbach apenas por meio do desenvolvimento social da indústria e a A importância da fraseologia para a Alemanha a m b é luta que não tem significado histórico geral mas apenas local uma luta que não traz resultados novos para a massa de homens mais do que a luta da civilização contra a barbárie v m A linguagem é a linguagem da realidade a m c Feuerbach a m d concepção teórica v m e O sensível v m f n B O erro de Feuerbach não está em subordinar o que é imediatamente palpável a aparência sensível à realidade sensível constatada por um exame mais rigoroso dos fatos sensíveis está ao contrário em que ele em última instância não consegue lidar com o mundo sensível sem considerálo com os olhos isto é através dos óculos do filósofo a m g que ela é em cada época histórica o resultado da atividade de toda uma série de gerações v m 31 A ideologia alemã do intercâmbio comercial Como se sabe a cerejeira como quase todas as árvores frutíferas foi transplantada para nossa região pelo comércio há apenas alguns séculos e portanto foi dada à certeza sensível de Feuerbach apenas mediante essa ação de uma sociedade determinada numa determi nada épocaa Aliás nessa concepção das coisas tal como realmente são e tal como se deram todo profundo problema filosófico é simplesmente dissol vido num fato empírico como será mostrado mais claramente adiante Por exemplo a importante questão sobre a relação do homem com a natureza ou então como afirma Bruno na p 110 as oposições em natureza e histó ria como se as duas coisas fossem coisas separadas uma da outra como se o homem não tivesse sempre diante de si uma natureza histórica e uma história natural da qual surgiram todas as obras de insondável grande za13 sobre a substância e a autoconsciência desfazse em si mesma na concepção de que a célebre unidade do homem com a natureza sempre se deu na indústria e apresentase de modo diferente em cada época de acordo com o menor ou maior desenvolvimento da indústria o mesmo vale no que diz respeito à luta do homem com a natureza até o desen volvimento de suas forças produtivas sobre uma base correspondente A indústria e o comércio a produção e o intercâmbio das necessidades vitaisb condicionam por seu lado a distribuição a estrutura das diferentes classes sociais e são por sua vez condicionadas por elas no modo de seu funcio namento e é por isso que Feuerbach em Manchester por exemplo vê apenas fábricas e máquinas onde cem anos atrás se viam apenas rodas de fiar e teares manuais ou que ele descobre apenas pastagens e pântanos na Campagna di Roma1 onde na época de Augusto não teria encontrado nada menos do que as vinhas e as propriedades rurais dos capitalistas romanos Feuerbach fala especialmente do ponto de vista da ciência natural ele men ciona segredos que só se mostram aos olhos do físico e do químico mas onde estaria a ciência natural sem a indústria e o comércio Mesmo essa ciência natural pura obtém tanto sua finalidade como seu material apenas por meio do comércio e da indústria por meio da atividade sensível dos homens E de tal modo é essa atividade esse contínuo trabalhar e criar sensíveis essa produção a base de todo o mundo sensível tal como ele existe agora que se ela fosse interrompida mesmo por um ano apenas Feuerbach não só encontraria uma enorme mudança no mundo natural como também sentiria falta de todo o mundo dos homens e de seu próprio dom contemplativo e até mesmo de sua própria existência Nisso subsiste sem dúvida a prioridade da natureza exterior e isso tudo não tem nenhu a Feuerbach a m b Feuerbach a m 1 planície de Roma 32 Karl Marx e Friedrich Engels ma aplicação aos homens primitivos produzidos por generatio aequivoca1 mas essa diferenciação só tem sentido na medida em que se considerem os homens como distintos da natureza De resto essa natureza que precede a história humana não é a natureza na qual vive Feuerbach é uma natureza que hoje em dia salvo talvez em recentes formações de ilhas de corais aus tralianas não existe mais em lugar nenhum e portanto também não existe para Feuerbach É certo que Feuerbach tem em relação aos materialistas puros a grande vantagem de que ele compreende que o homem é também objeto sensível mas fora o fato de que ele apreende o homem apenas como objeto sensível e não como atividade sensível pois se detém ainda no plano da teoria e não concebe os homens em sua conexão social dada em suas condições de vida existentes que fizeram deles o que eles são ele não chega nunca até os homens ativos realmente existentes mas permanece na abstração o homem e não vai além de reconhecer no plano sentimental o homem real individual corporala isto é não conhece quaisquer outras relações huma nas do homem com o homem que não sejam as do amor e da amizade e ainda assim idealizadas Não nos dá nenhuma crítica das condições de vida atuais Não consegue nunca portanto conceber o mundo sensível como a atividade sensível viva e conjunta dos indivíduos que o constituem e por isso é obrigado quando vê por exemplob em vez de homens sadios um bando de coitados escrofulosos depauperados e tísicos a buscar refúgio numa concepção superior e na ideal igualização no gênero é obrigado por conseguinte a recair no idealismo justamente lá onde o materialista comunista vê a necessidade e simultaneamente a condição de uma transformação tanto da indústria como da estrutura social Na medida em que Feuerbach é materialista nele não se encontra a história e na medida em que toma em consideração a história ele não é materialista Nele materialismo e história divergem completamente o que aliás se explica pelo que dissemos até aquic Em relação aos alemães que se consideram isentos de pressupostos Voraussetzungslosen devemos começar por constatar o primeiro pressuposto de toda a existência humana e também portanto de toda a história a saber o pressuposto de que os homens têm de a Feuerbach a m b Feuerbach a m c Se aqui tratamos mais de perto a história isto se deve ao fato de os alemães estarem acostumados a representar com as palavras história e histórico não só o real mas sim todo o possível um célebre exemplo disto é a eloquência de púlpito de São Bruno S m História a m 1 geração ou nascimento espontâneo de organismos também chamada de generatio spontanea 33 A ideologia alemã estar em condições de viver para poder fazer históriaa Mas para viver precisase antes de tudo de comida bebida moradia vestimenta e algumas coisas mais O primeiro ato histórico é pois a produção dos meios para a satisfação dessas necessidades a produção da própria vida material e este é sem dúvida um ato histórico uma condição fundamental de toda a história que ainda hoje assim como há milênios tem de ser cumprida diariamente a cada hora simplesmente para manter os homens vivos Mesmo que o mundo sensível como em São Bruno seja reduzido a um cajado a um mínimo ele pressupõe a atividade de produção desse cajado A primeira coisa a fazer em qualquer concepção histórica é portanto observar esse fato fundamental em toda a sua significação e em todo o seu alcance e a ele fazer justiça Isto como é sabido jamais foi feito pelos alemães razão pela qual eles nunca tiveram uma base terrena para a história e por conseguinte nunca tiveram um historiador Os franceses e os ingleses ao tratarem da conexão desses fatos com a chamada história apenas de um modo extremamente unilateral sobretudo enquanto permaneciam cativos da ideologia14 política realizaram ainda assim as primeiras tentativas de dar à historiografia uma base mate rialista ao escreverem as primeiras histórias da sociedade civil bürgerliche Gesellschaft do comércio e da indústria O segundo ponto é que a satisfação dessa primeira necessidade a ação de satisfazêla e o instrumento de satisfação já adquirido conduzem a novas necessidades e essa produção de novas necessidades constitui o primeiro ato histórico Por aqui se mostra desde já de quem descende espiritualmente a grande sabedoria histórica dos alemães que quando lhes falta o material positivo e quando não se trata de discutir disparates políticos teológicos ou literários nada nos oferecem sobre a história mas sim sobre os tempos préhistóricos contudo sem nos explicar como se passa desse absurdo da préhistória à história propriamente dita ainda que por outra parte sua especulação histórica se detenha em especial sobre essa préhistória porque nesse terreno ela se crê a salvo da interferência dos fatos crus e ao mesmo tempo porque ali ela pode dar rédeas soltas aos seus impulsos especulativos e produzir e destruir milhares de hipóteses A terceira condição que já de início intervém no desenvolvimento histó rico é que os homens que renovam diariamente sua própria vida começam a criar outros homens a procriar a relação entre homem e mulher entre pais e filhos a família Essa família que no início constitui a única relação social tornase mais tarde quando as necessidades aumentadas criam no vas relações sociais e o crescimento da população gera novas necessidades uma relação secundária salvo na Alemanha e deve portanto ser tratada a Hegel Condições geológicas hidrográficas etc Os corpos humanos Necessidade trabalho a m 34 Karl Marx e Friedrich Engels e desenvolvida segundo os dados empíricos existentes e não segundo o conceito de família como se costuma fazer na Alemanha Ademais esses três aspectos da atividade social não devem ser considerados como três estágios distintos mas sim apenas como três aspectos ou a fim de escrever de modo claro aos alemães como três momentos que coexistiram desde os primórdios da história e desde os primeiros homens e que ainda hoje se fazem valer na história A produção da vida tanto da própria no trabalho quanto da alheia na procriação aparece desde já como uma relação dupla de um lado como relação natural de outro como relação social social no sentido de que por ela se entende a cooperação de vários indivíduos sejam quais forem as condições o modo e a finalidade Seguese daí que um determinado modo de produção ou uma determinada fase industrial estão sempre ligados a um determinado modo de cooperação ou a uma determinada fase social modo de cooperação que é ele próprio uma força produtiva que a soma das forças produtivas acessíveis ao homem condiciona o estado social e que portanto a história da humanidade deve ser estudada e elaborada sempre em conexão com a história da indústria e das trocas Mas é claro também que na Alemanha é impossível escrever tal história pois aos alemães faltam não apenas a capacidade de concepção e o material como também a certeza sensível e do outro lado do Reno não se pode obter experiência alguma sobre essas coisas pois ali já não ocorre mais nenhuma história Mostrase portanto desde o princípio uma conexão materialista dos homens entre si conexão que depende das necessidades e do modo de produção e que é tão antiga quanto os próprios homens uma conexão que assume sempre novas formas e que apresenta assim uma história sem que pre cise existir qualquer absurdo político ou religioso que também mantenha os homens unidos Somente agora depois de já termos examinado quatro momentos qua tro aspectos das relações históricas originárias descobrimos que o homem tem também consciênciaa Mas esta também não é desde o início cons ciên cia pura O espírito sofre desde o início a maldição de estar conta minado pela matéria que aqui se manifesta sob a forma de camadas de ar em movimento de sons em suma sob a forma de linguagem A lingua gem é tão antiga quanto a consciência a linguagem é a consciência real prática que existe para os outros homens e que portanto também existe para mim mesmo e a linguagem nasce tal como a consciência do care a o homem tem também entre outras coisas espírito e que esse espírito se exte rioriza como consciência v m Os homens têm história porque têm de produzir sua vida e têm de fazêlo de modo determinado isto é dado por sua organização física tanto quanto sua consciência a m 35 A ideologia alemã cimento da necessidade de intercâmbio com outros homensa Desde o início portanto a consciência já é um produto social e continuará sendo enquanto existirem homens A consciência é naturalmente antes de tudo a mera consciência do meio sensível mais imediato e consciência do vínculo limitado com outras pessoas e coisas exteriores ao indivíduo que se torna consciente ela é ao mesmo tempo consciência da natureza que inicialmente se apresenta aos homens como um poder totalmente estranho onipo tente e inabalável com o qual os homens se relacionam de um modo puramen te animal e diante do qual se deixam impressionar como o gado é desse modo uma consciência puramente animal da natureza religião natural b e por outro lado a consciência da necessidade de firmar relações com os indivíduos que o cercam constitui o começo da consciência de que o ho mem definitivamente vive numa sociedade Esse começo é algo tão animal quanto a própria vida social nessa fase é uma mera consciência gregária e o homem se diferencia do carneiro aqui somente pelo fato de que no homem sua consciência toma o lugar do instinto ou de que seu instinto é um instinto conscientec Essa consciência de carneiro ou consciência tribal obtém seu desenvolvimento e seu aperfeiçoamento ulteriores por meio da produtividade aumentada do incremento das necessidades e do aumento da população que é a base dos dois primeiros Com isso desenvolvese a divisão do trabalho que originalmente nada mais era do que a divisão do tra ba lho no ato sexual e em seguida divisão do trabalho que em consequên cia de disposições naturais por exemplo a força corporal necessidades ca sualidades etc etcd desenvolvese por si própria ou naturalmente A divisão do trabalho só se torna realmente divisão a partir do momento em que surge uma divisão entre trabalho material e trabalho espirituale a partir desse momento a consciência pode realmente imaginar ser outra coisa diferente da consciência da práxis existente representar algo realmente sem representar algo real a partir de então a consciência está em condições de emanciparse do mundo e lançarse à construção da teoria da teologia da a Minha relação com meu ambiente é a minha consciência S m Onde existe uma relação ela existe para mim o animal não se relaciona com nada e não se relaciona absolutamente Para o animal sua relação com outros não existe como relação a m b precisamente porque a natureza ainda se encontra pouco modificada historica mente a m c Vêse logo aqui essa religião natural ou essa relação determinada com a natureza é condicionada pela forma da sociedade e viceversa Aqui como em toda parte a identidade entre natureza e homem aparece de modo que a relação limitada dos homens com a natureza condiciona sua relação limitada entre si e a relação limitada dos homens entre si condiciona sua relação limitada com a natureza a m d Os homens desenvolvem a consciência no interior do desenvolvimento histórico real S m e Primeira forma dos ideólogos sacerdotes coincide a m 36 Karl Marx e Friedrich Engels filosofia da moral etc puras Mas mesmo que essa teoria essa teologia essa filosofia essa moral etc entrem em contradição com as relações exis tentes isto só pode se dar porque as relações sociais existentes estão em contradição com as forças de produção existentes o que aliás pode se dar também num determinado círculo nacional de relaçõesa uma vez que a contra dição se instala não nesse âmbito nacional mas entre essa consciência nacional e a práxis de outras nações quer dizer entre a consciência nacional e a consciência universal de uma nação tal como agora na Alemanha e é então que essa nação porque tal contradição aparece apenas como uma contradição no interior da consciência nacional parece se restringir à luta contra essa excrescência nacional precisamente pelo fato de que ela a nação é a excrescência em si e para si Além do mais é completamente indiferente o que a consciência sozinha empreenda pois de toda essa imundície obte mos apenas um único resul tado que esses três momentos a saber a força de produçãob o estado social e a consciência podem e devem entrar em contradição entre si porque com a divisão do trabalho está dada a possibili dade e até a realidade de que as atividadesc espiritual e materiald de que a fruição e o trabalho a produção e o consumo caibam a indivíduos dife rentes e a possibilidade de que esses momentos não entrem em contradição reside somente em que a divisão do trabalho seja novamente suprassumida aufgehoben15 É evidente além disso que espectros nexos ser supe rior conceito escrúpulo são a mera expressão espiritual idealista a representação aparente do indivíduo isolado a representação de cadeias e limites muito empíricos dentro dos quais se movem o modo de produção da vida e a forma de intercâmbio a ele ligadae Com a divisão do trabalho na qual todas essas contradições estão dadas e que por sua vez se baseia na divisão natural do trabalho na família e na separação da sociedade em diversas famílias opostas umas às outras estão dadas ao mesmo tempo a distribuição e mais precisamente a distribuição desigual tanto quantitativa quanto qualitativamente do trabalho e de seus produtos portanto está dada a propriedade que já tem seu embrião sua primeira forma na família onde a mulher e os filhos são escravos do homem A escravidão na família ainda latente e rústica é a primeira propriedade que aqui digase de passagem corresponde já à definição dos economistas a Religiões Os alemães com a ideologia enquanto tal a m b 11 12 13 14 15 16 a m c trabalho v m d atividade e pensamento isto é atividade sem pensamento e pensamento sem ativi dade S m e Essa expressão idealista dos limites econômicos existentes não é apenas puramente teórica mas também existe na consciência prática quer dizer a consciência que se emancipa e está em contradição com o modo de produção existente não forma apenas religiões e filosofias mas também Estados S m 37 A ideologia alemã modernos segundo a qual a propriedade é o poder de dispor da força de trabalho alheia Além do mais divisão do trabalho e propriedade privada são expressões idênticas numa é dito com relação à própria atividade aquilo que noutra é dito com relação ao produto da atividade a Além disso com a divisão do trabalho dáse ao mesmo tempo a contra dição entre o interesse dos indivíduos ou das famílias singulares e o interesse coletivo de todos os indivíduos que se relacionam mutuamente e sem dú vida esse interesse coletivo não existe meramente na representação como interesse geral mas antes na realidade como dependência recíproca dos indivíduos entre os quais o trabalho está dividido E finalmente a divisão do trabalho nos oferece de pronto o primeiro exemplo de que enquanto os homens se encontram na sociedade natural e portanto enquanto há a sepa ração entre interesse particular e interesse comum enquanto a atividade por consequência está dividida não de forma voluntária mas de forma natural a própria ação do homem tornase um poder que lhe é estranho e que a ele é contraposto um poder que subjuga o homem em vez de por este ser domi nado Logo que o trabalho começa a ser distribuído cada um passa a ter um campo de atividade exclusivo e determinado que lhe é imposto e ao qual a é precisamente dessa contradição do interesse particular com o interesse coletivo que o interesse coletivo assume como Estado uma forma autônoma separada dos reais interesses singulares e gerais e ao mesmo tempo como comunidade ilusória mas sempre fundada sobre a base real realen dos laços existentes em cada conglo merado familiar e tribal tais como os laços de sangue a linguagem a divisão do trabalho em escala ampliada e demais interesses e em especial como desenvolvere mos mais adiante fundada sobre as classes já condicionadas pela divisão do trabalho que se isolam em cada um desses aglomerados humanos e em meio aos quais há uma classe que domina todas as outras Daí se segue que todas as lutas no interior do Estado a luta entre democracia aristocracia e monarquia a luta pelo direito de voto etc etc não são mais do que formas ilusórias em geral a forma ilusória da comunidade nas quais são travadas as lutas reais entre as diferentes classes algo de que os teóricos alemães sequer suspeitam muito embora lhes tenha sido dada orientação suficiente nos DeutschFranzösische Jahrbücher e nA sagrada família e além disso seguese que toda classe que almeje à dominação ainda que sua dominação como é o caso do proletariado exija a superação de toda a antiga forma de socieda de e a superação da dominação em geral deve primeiramente conquistar o poder político para apresentar seu interesse como o interesse geral o que ela no primeiro instante se vê obrigada a fazer É justamente porque os indivíduos buscam apenas seu interesse particular que para eles não guarda conexão com seu interesse coleti vo que este último é imposto a eles como um interesse que lhes é estranho e que deles independe por sua vez como um interesse geral especial peculiar ou então os próprios indivíduos têm de moverse em meio a essa discordância como na democracia Por outro lado a luta prática desses interesses particulares que se contrapõem constantemente e de modo real aos interesses coletivos ou ilusoriamente coletivos também torna necessário a ingerência e a contenção práticas por meio do ilusório interesse geral como Estado a m 38 Karl Marx e Friedrich Engels não pode escapar o indivíduo é caçador pescador pastor ou crítico crítico e assim deve permanecer se não quiser perder seu meio de vida ao passo que na sociedade comunista onde cada um não tem um campo de atividade exclusivo mas pode aperfeiçoarse em todos os ramos que lhe agradam a sociedade regula a produção geral e me confere assim a possibilidade de hoje fazer isto amanhã aquilo de caçar pela manhã pescar à tarde à noite dedicarme à criação de gado criticar após o jantar exatamente de acordo com a minha vontade sem que eu jamais me torne caçador pescador pastor ou críticoa Esse fixarse da atividade social essa consolidação de nosso pró prio produto num poder objetivo situado acima de nós que foge ao nosso controle que contraria nossas expectativas e aniquila nossas conjeturas é um dos principais momentos no desenvolvimento histórico até aqui reali zadob O poder social isto é a força de produção multiplicada que nasce da cooperação dos diversos indivíduos condicio nada pela divisão do trabalho aparece a esses indivíduos porque a própria cooperação não é voluntária mas natural não como seu próprio poder unificado mas sim como uma potência estranha situada fora deles sobre a qual não sabem de onde veio nem para onde vai uma potência portanto que não podem mais controlar e que pelo contrário percorre agora uma sequência particular de fases e etapas de desenvolvimento independente do querer e do agir dos homens e que até mesmo dirige esse querer e esse agirc Senão como poderia por exemplo ter a propriedade uma história assu mir diferentes formas e a propriedade da terra de acordo com os diferen tes pressupostos em questão ser impelida na França do parcelamento à a O comunismo não é para nós um estado de coisas Zustand que deve ser instaurado um Ideal para o qual a realidade deverá se direcionar Chamamos de comunismo o movimento real que supera o estado de coisas atual As condições desse movimento devem ser julgadas segundo a própria realidade efetiva S m resultam dos pressu postos atualmente existentes a m b e na propriedade que sendo inicialmente uma instituição feita pelos próprios homens não tarda a imprimir à sociedade um rumo próprio de forma alguma pretendido por seus fundadores e visível a todo aquele que não se encontre enredado na Autocons ciência ou no Único S m c essa alienação Entfremdung16 para usarmos um termo compreensível aos filósofos só pode ser superada evidentemente sob dois pressupostos práticos Para que ela se torne um poder insuportável quer dizer um poder contra o qual se faz uma revolução é preciso que ela tenha produzido a massa da humanidade como absolutamente sem propriedade e ao mesmo tempo em contradição com um mundo de riqueza e de cultura existente condições que pressupõem um grande aumento da força produtiva um alto grau de seu desenvolvimento e por outro lado esse desenvolvimento das forças produtivas no qual já está contida ao mesmo tempo a existência empírica humana dada não no plano local mas no plano históricomun dial é um pressuposto prático absolutamente necessário pois sem ele apenas se generaliza a escassez e por tanto com a carestia as lutas pelos gêneros necessários recomeçariam e toda a velha imundice acabaria por se restabelecer além disso apenas com esse desenvolvimento 39 A ideologia alemã centralização em poucas mãos e na Inglaterra da centralização em poucas mãos ao parcelamento como hoje é realmente o caso Ou como se explica que o comércio que não é mais do que a troca de produtos de indivíduos e países diferentes domine o mundo inteiro por meio da relação de oferta e procura uma relação que como diz um economista inglês paira sobre a terra igual ao destino dos antigos e distribui com mão invisível a felicidade e a desgraça entre os homens funda e destrói impérios faz povos nascerem e desaparecerem enquanto com a superação da base da propriedade pri vada com a regulação comunista da produção e ligada a ela a supressão da relação alienada dos homens com seus próprios produtos o poder da relação de oferta e procura reduzse a nada e os homens retomam seu poder sobre a troca a produção e o modo de seu relacionamento recíprocoa A forma de intercâmbio condicionada pelas forças de produção exis tentes em todos os estágios históricos precedentes e que por seu turno as condiciona é a sociedade civil esta como se deduz do que foi dito acima tem por pressuposto e fundamento a família simples e a família composta a assim chamada tribo17 cujas determinações mais precisas foram expostas anteriormente Aqui já se mostra que essa sociedade civil é o verdadeiro foco e cenário de toda a história e quão absurda é a concepção histórica anterior que descuidava das relações reais limitandose às pomposas ações dos príncipes e dos Estados b Até o momento consideramos principalmente apenas um aspecto da atividade humana o trabalho dos homens sobre a natureza O outro aspecto o trabalho dos homens sobre os homens 18 universal das forças produtivas é posto um intercâmbio universal dos homens e com isso é produzido simultaneamente em todos os povos o fenômeno da massa sem propriedade concorrência universal tornando cada um deles dependente das revo luções do outro e finalmente indivíduos empiricamente universais históricomundiais são postos no lugar dos indivíduos locais Sem isso 1 o comunismo poderia existir apenas como fenômeno local 2 as próprias forças do intercâmbio não teriam podido se desenvolver como forças universais e portanto como forças insuportáveis elas teriam permanecido como circunstâncias domésticosupersticiosas e 3 toda ampliação do intercâmbio superaria o comunismo local O comunismo empiricamente é apenas possível como ação repentina e simultânea dos povos dominantes o que pressupõe o desenvolvimento universal da força produtiva e o intercâmbio mundial associado a esse desenvolvimento a m a Além disso a massa dos simples trabalhadores força de trabalho massiva excluída do capital ou de qualquer outra satisfação limitada pressupõe o mercado mundial e também a perda não mais temporária e devida à concorrência desse próprio tra balho enquanto uma fonte segura de vida O proletariado pressupõe portanto a história universal como existência empírica prática Sm só pode portanto existir históricomundialmente assim como o comunismo sua ação só pode se dar como existência históricomundial existência históricomundial dos indivíduos ou seja existência dos indivíduos diretamente vinculada à história mundial a m b Intercâmbio e força produtiva a m 40 Karl Marx e Friedrich Engels Origem do Estado e relação do Estado com a sociedade civil A história nada mais é do que o sucederse de gerações distintas em que cada uma delas explora os materiais os capitais e as forças de produção a ela transmitidas pelas gerações anteriores portanto por um lado ela con tinua a atividade anterior sob condições totalmente alteradas e por outro modifica com uma atividade completamente diferente as antigas condições o que então pode ser especulativamente distorcido ao converterse a his tória posterior na finalidade da anterior por exemplo quando se atribui à descoberta da América a finalidade de facilitar a irrupção da Revolução Francesa19 com o que a história ganha finalidades à parte e tornase uma pessoa ao lado de outras pessoas tais como Autoconsciência Crítica Único etc enquanto o que se designa com as palavras destinação finalidade núcleo ideia da história anterior não é nada além de uma abstração da história posterior uma abstração da influência ativa que a his tória anterior exerce sobre a posterior Ora quanto mais no curso desse desenvolvimento se expandem os círculos singulares que atuam uns sobre os outros quanto mais o isolamento primitivo das nacionalidades singulares é destruído pelo modo de produção desenvol vido pelo intercâmbio e pela divisão do trabalho surgida de forma natural entre as diferentes nações tanto mais a história tornase história mundial de modo que por exemplo se na Inglaterra é inventada uma máquina que na Índia e na China tira o pão a inúmeros trabalhadores e subverte toda a forma de existência desses impérios tal invenção tornase um fato histórico mundial ou podese demonstrar o significado históricomundial do açúcar e do café no século xix pelo fato de que a falta desse produto resultado do bloqueio continental20 napoleônico provocou a sublevação dos alemães contra Napoleão e foi portanto a base real reale das glorio sas guerras de libertação de 1813 Seguese daí que essa transformação da história em história mundial não é um mero ato abstrato da autocons ciência do espírito mundial ou de outro fantasma metafísico qualquer mas sim uma ação plenamente material empiricamente verificável uma ação da qual cada indivíduo fornece a prova na medida em que anda e para come bebe e se veste Na história que se deu até aqui é sem dúvida um fato empírico que os indivíduos singulares com a expansão da atividade numa atividade históricomundial tornaramse cada vez mais submetidos a um poder que lhes é estranho cuja opressão eles também representavam como um ardil do assim chamado espírito universal etc um poder que se torna cada vez maior e que se revela em última instância como mercado mundial Mas é do mesmo modo empiricamente fundamentado que com o desmoronamento do estado de coisas existente da sociedadea por obra da revolução comu a Sobre a produção da consciência a m 41 A ideologia alemã nista de que trataremos mais à frente e com a superação da propriedade privada superação esta que é idêntica àquela revolução esse poder que para os teóricos alemães é tão misterioso é dissolvido e então a libertação de cada indivíduo singular é atingida na mesma medida em que a história transformase plenamente em história mundial De acordo com o já exposto é claro que a efetiva riqueza espiritual do indivíduo depende inteiramente da riqueza de suas relações reais Somente assim os indivíduos singulares são libertados das diversas limitações nacionais e locais são postos em con tato prático com a produção incluindo a produção espiritual do mundo inteiro e em condições de adquirir a capacidade de fruição dessa multi facetada produção de toda a terra criações dos homens A dependência multifacetada essa forma natural da cooperação históricomundial dos indi víduos é transformada por obra dessa revolução comunista no controle e domínio consciente desses poderes que criados pela atuação recíproca dos homens a eles se impuseram como poderes completamente estra nhos e os dominaram Essa visão pode agora ser apreendida de modo especulativoidealista isto é de modo fantástico como autocriação do gênero a sociedade como sujeito de maneira que a sequência sucessi va de indivíduos em conexão uns com os outros é representada como um único indivíduo que realiza o mistério de criar a si mesmo Mostrase aqui certamente que os indivíduos fazemse uns aos outros física e espiritualmen te mas não fazem a si mesmos seja no sentido de São Brunoa tampouco no sentido do Único do homem feito Finalmente da concepção de história exposta acima obtemos ainda os seguintes resultados 1 No desenvolvimento das forças produtivas advém uma fase em que surgem forças produtivas e meios de intercâmbio que no marco das relações existentes causam somente malefícios e não são mais forças de produção mas forças de destruição maquinaria e dinheiro e ligada a isso surge uma classe que tem de suportar todos os fardos da socie dade sem desfrutar de suas vantagens e que expulsa da sociedade é forçada à mais decidida oposição a todas as outras classes uma classe que configura a maioria dos membros da sociedade e da qual emana a consciência da ne cessidade de uma revolução radical a consciência comunista que também pode se formar naturalmente entre as outras classes graças à percepção da a e em razão de que no conceito 1 de personalidade 2 ocorre 3 em geral 4 que ele mesmo se coloque como limitado o que ele consegue realizar consideravelmente e que ele novamente 5 venha a suprimir aufzuheben 6 essa limitação que ela instaura 7 não por si mesma nem de maneira geral também não por seu conceito mas por sua essência 8 universal 9 pois justamente essa essência é apenas o resultado de sua autodiferenciação 10 interna 11 de sua atividade p 878 do artigo Caracterização de Ludwig Feuerbach Ainda no sentido do Único do homem feito O senhor Bruno não chega à dúzia a m 42 Karl Marx e Friedrich Engels situação dessa classe 2 que as condições sob as quais determinadas forças de produção podem ser utilizadas são as condições da dominação de uma determinada classe da sociedadea cujo poder social derivado de sua riqueza tem sua expressão práticoidealista na forma de Estado existente em cada caso é essa a razão pela qualb toda luta revolucionária dirigese contra uma classe que até então dominouc 3 que em todas as revoluções anteriores a forma da atividade permaneceu intocada e tratavase apenas de instaurar uma outra forma de distribuição dessa atividade uma nova distribuição do trabalho entre outras pessoas enquanto a revolução comunista voltase contra a forma da atividade existente até então suprime o trabalhod e supera aufhebt a dominação de todas as classes ao superar as próprias classes pois essa revolução é realizada pela classe que na sociedade não é mais conside rada como uma classe não é reconhecida como tal sendo já a expressão da dissolução de todas as classes nacionalidades etc no interior da sociedade atual e 4 que tanto para a criação em massa dessa consciência comunista quanto para o êxito da própria causa fazse necessária uma transformação massiva dos homens o que só se pode realizar por um movimento prático por uma revolução que a revolução portanto é necessária não apenas porque a classe dominante não pode ser derrubada de nenhuma outra forma mas também porque somente com uma revolução a classe que derruba detém o poder de desembaraçarse de toda a antiga imundície e de se tornar capaz de uma nova fundação da sociedade21 Essa concepção da história consiste portanto em desenvolver o processo real de produçãoe a partir da produção material da vida imediata e em con ceber a forma de intercâmbio conectada a esse modo de produção e por ele engendrada quer dizer a sociedade civil em seus diferentes estágios como o fundamento de toda a história tanto a apresentando em sua ação como Estado como explicando a partir dela o conjunto das diferentes criações teóricas e formas da consciência religião filosofia moral etc etcf e em seguir o seu processo de nascimento a partir dessas criações o que então torna possível naturalmente que a coisa seja apresentada em sua totalida de assim como a ação recíproca entre esses diferentes aspectos Ela não tem necessidade como na concepção idealista da história de procurar uma categoria em cada período mas sim de permanecer constantemente sobre a 2 cada fase de desenvolvimento das forças de produção serve de base à dominação de uma determinada classe da sociedade v m b No último estágio da sociedade burguesa S m c Que as pessoas estão interessadas em manter o atual estado de produção a m d a forma moderna da atividade sob a dominação da S m e Feuerbach a m f explicando a sociedade civil em suas diferentes fases e em seu reflexo práticoidealista o Estado assim como o conjunto dos diversos produtos e formas teóricas da consciência da religião da filosofia da moral etc etc v m 43 A ideologia alemã o solo da história real não de explicar a práxis partindo da ideia mas de explicar as formações ideais a partir da práxis material e chegar com isso ao resultado de que todas as formas e todos os produtos da consciência não podem ser dissolvidos por obra da crítica espiritual por sua dissolução na autoconsciência ou sua transformação em fantasma espectro visões etc mas apenas pela demolição prática das relações sociais reais realen de onde provêm essas enganações idealistas não é a crítica mas a revolução a força motriz da história e também da religião da filosofia e de toda forma de teoria Essa concepção mostra que a história não termina por dissolverse como espírito do espírito na autoconsciência mas que em cada um dos seus estágios encontrase um resultado material uma soma de forças de produção uma relação historicamente estabelecida com a natureza e que os indivíduos estabelecem uns com os outros relação que cada geração recebe da geração passada uma massa de forças produtivas capitais e circunstâncias que embora seja por um lado modificada pela nova geração por outro lado prescreve a esta última suas próprias condições de vida e lhe confere um desenvolvimento determinado um caráter especial que portanto as circunstâncias fazem os homens assim como os homens fazem as circunstâncias Essa soma de forças de produção capitais e formas sociais de intercâmbio que cada indivíduo e cada geração encontram como algo dado é o fundamento real reale daquilo que os filósofos representam como substância e essência do homem aquilo que eles apoteosaram e combateram um fundamento real que em seus efeitos e influências sobre o desenvolvimento dos homens não é nem de longe atingido pelo fato de esses filósofos contra ele se rebelarem como autoconsciência e como o Único Essas condições de vida já encontradas pelas diferentes gerações decidem também se as agitações revolucionárias que periodicamente se repetem na história serão fortes o bastante para subverter as bases de todo o existente e se os elementos materiais de uma subversão total que são sobretudo de um lado as forças produtivas existentes e de outro a formação de uma massa revolucionária que revolucione não apenas as condições particulares da sociedade até então existente como também a própria produção da vida que ainda vigora a atividade total na qual a sociedade se baseia se tais elementos não existem então é bastante indiferente para o desenvolvimento prático se a ideia dessa subversão já foi proclamada uma centena de vezes como o demonstra a história do comunismo Toda concepção histórica existente até então ou tem deixado completa mente desconsiderada essa base real da história ou a tem considerado apenas como algo acessório fora de toda e qualquer conexão com o fluxo histórico A história deve por isso ser sempre escrita segundo um padrão situado fora dela a produção real da vida aparece como algo préhistórico enquanto o elemento histórico aparece como algo separado da vida comum como algo extra e supraterreno Com isso a relação dos homens com a natureza 44 Karl Marx e Friedrich Engels é excluída da história o que engendra a oposição entre natureza e história Daí que tal concepção veja na história apenas ações políticas dos príncipes e dos Estados lutas religiosas e simplesmente teoréticas e especialmente que ela tenha de compartilhar em cada época histórica da ilusão dessa época Por exemplo se uma época se imagina determinada por motivos puramente políticos ou religiosos embora religião e política sejam tão somente formas de seus motivos reais então o historiador dessa época aceita essa opinião A imaginação a representação desses homens determinados sobre a sua práxis real é transformada na única força determinante e ativa que domina e determina a prática desses homens Quando a forma rudimentar em que a divisão do trabalho se apresenta entre os hindus e entre os egíp cios provoca nesses povos o surgimento de um sistema de castas próprio de seu Estado e de sua religião então o historiador crê que o sistema de castas é a força que criou essa forma social rudimentar Enquanto os franceses e os ingleses se limitam à ilusão política que se encontra por certo mais pró xima da realidade os alemães se movem no âmbito do espírito puro e fazem da ilusão religiosa a força motriz da história A filosofia hegeliana da história é a última consequência levada à sua mais pura expressão de toda essa historiografia alemã para a qual não se trata de interesses reais nem mesmo políticos mas apenas de pensamentos puros os quais por con seguinte devem aparecer a São Bruno como uma série de pensamentos que devoram uns aos outros e por fim submergem na autoconsciência e de modo ainda mais consequente a São Max Stirner que não sabe nada da história real o curso da história tem de aparecer como uma mera história de cavaleiros salteadores e fantasmas de cujas visões ele naturalmente só consegue se salvar pela profanaçãoa Tal concepção é verdadeiramente religiosa pressupõe o homem religioso como o homem primitivo do qual parte toda a história e em sua imaginação põe a produção religiosa de fantasias no lugar da produção real dos meios de vida e da própria vida Toda essa concepção da história bem como sua dissolução e os escrúpulos e dúvidas que dela derivam é um assunto meramente nacional dos alemães e tem apenas interesse local para a Alemanha como por exemplo a im portante questão muito debatida recentemente de como se passa propria mente do reino de Deus para o reino dos homens como se esse reino de Deus alguma vez tivesse existido a não ser na imaginação e como se esses doutos senhores não tivessem vivido sempre sem notálo no reino dos homens para o qual eles procuram agora o caminho e como se o diver timento científico pois não vai além disso que consiste em explicar as curiosidades dessas formações teóricas nebulosas não residisse ao contrário justamente em demonstrar o seu nascimento a partir das relações terrenas a A assim chamada historiografia objetiva consiste precisamente em conceber as condições históricas independentes da atividade Caráter reacionário a m 45 A ideologia alemã reaisa Em geral para esses alemães tratase de dissolver o absurdo já exis tente numa outra extravagância qualquer isto é de pressupor que todo esse absurdo possui um sentido à parte que tem de ser descoberto enquanto se trata tão somente de esclarecer essas fraseologias teóricas a partir das relações reais existentes A dissolução real prática dessas fraseologias o afastamento dessas representações da consciência dos homens só será realizada como já dissemos por circunstâncias modificadas e não por deduções teóricas Para a massa dos homens quer dizer o proletariado essas representações teóricas não existem para eles portanto elas não necessitam igualmente ser dissolvidas e se essa massa alguma vez teve alguma representação teórica como por exemplo a religião tais representações já se encontram há muito tempo dissolvidas pelas circunstâncias O caráter puramente nacional dessas questões e de suas soluções mostrase ainda no fato de que esses teóricos creem seriamente que alu cinações tais como o homemDeus o homem etc têm presidido as diferentes épocas da história São Bruno chega ao ponto de afirmar que apenas a crítica e os críticos têm feito a história e quando eles próprios se entregam a fazer construções históricas saltam com a maior pressa por sobre todos os períodos precedentes passando de imediato da civilização mongol para a história propriamente plena de conteúdo sobretudo a história dos Hallische e dos Deutsche Jahrbücher22 e para a dissolução da es cola hegeliana numa discórdia geral Todas as outras nações todos os acontecimentos reais são esquecidos o teathrum mundi 1 limitase à feira de livros de Leipzig e às controvérsias recíprocas da Crítica do Homem e do Único E se a teoria se decide nem que seja por uma única vez por tratar dos temas verdadeiramente históricos como por exemplo o século xviii ela nos fornece apenas a história das representações destacada dos fatos e dos desenvolvimentos históricos que constituem a sua base e for nece essa história também somente com a intenção de apresentar a época em questão como uma primeira etapa inacabada como o prenúncio ainda limitado da verdadeira época histórica isto é da época da luta entre filósofos alemães de 1840 a 1844 Ao seu objetivo de escrever uma história do pas sado para fazer resplandecer com a maior intensidade a glória de um per sonagem não histórico e de suas fantasias corresponde pois que não seja citado nenhum dos verdadeiros acontecimentos históricos nem mesmo as intervenções verdadeiramente históricas da política na história e que em seu lugar nos seja oferecida uma narração que não se baseia em estudos mas a muito mais do que um divertimento científico seria explicar inclusive no detalhe o fenômeno curioso dessas formações teóricas nebulosas a partir das relações terrestres reais e pôlas à prova v m 1 teatro do mundo 46 Karl Marx e Friedrich Engels sim em construções artificiais e em intrigas literárias como foi o caso de São Bruno em sua já esquecida História do século XVIII23 Esses pretensiosos e arrogantes merceeiros do pensamento que creem estar infinitamente acima de todos os preconceitos nacionais são na prática muito mais nacio nais do que os filisteus de cervejaria que sonham com a unidade alemã Não reconhecem como históricos os atos de outros povos vivem na Alemanha com a Alemanha e para a Alemanha transformam a canção do Reno24 em hino religioso e conquistam a AlsáciaLorena pilhando a filosofia francesa em vez do Estado francês germanizando os pensamentos franceses em vez das províncias francesas O senhor Venedey é um cosmopolita se comparado com São Bruno e São Max que no império mundial da teoria proclamam o império mundial da Alemanhaa a Nessas discussões também fica claro o quanto se engana Feuerbach na Wigands Vierteljahrsschrift 1845 tomo ii quando qualificandose como homem comum proclama a si mesmo comunista e transforma esse nome num predicado do homem com o que ele acredita poder transformar numa mera categoria a palavra comunista que no mundo real designa o membro de um determinado partido revolucionário Toda a dedução de Feuerbach com respeito à relação dos homens entre si busca apenas provar que os homens têm necessidade uns dos outros e que sempre a tiveram Ele quer estabelecer a consciência desse fato e portanto como os demais teóricos quer apenas instaurar uma consciência correta sobre um fato existente ao passo que para o verdadeiro comunista tratase de derrubar o existente Reconhecemos plenamente aliás que Feuerbach na medida em que se esforça para produzir a consciência desse fato chega tão longe quanto um teórico em geral pode chegar sem deixar de ser teórico e filósofo É característico no entanto que São Bruno e São Max ponham a representação feuerbachiana do comunista no lugar do comunista real o que acontece em parte porque desse modo eles podem como adversários da mes ma linhagem combater o comunismo como espírito do espírito como categoria filosófica e no caso de São Bruno além disso movido por interesses pragmáticos Como exemplo dos simultâneos reconhecimento e desconhecimento do existente que Feuerbach continua a compartilhar com nossos adversários lembremos a pas sagem da Filosofia do futuro onde ele afirma que o ser de uma coisa ou do homem é ao mesmo tempo sua essência que as determinadas condições de existência o modo de vida e a atividade de um indivíduo animal ou humano são aquilo em que sua essência se sente satisfeita Toda exceção é aqui expressamente concebida como um infeliz acaso como uma anormalidade que não se pode mudar Quando portanto milhões de proletários não se sentem de forma alguma satisfeitos em suas condições de vida quando seu ser não corresponde em nada à sua essência então de acordo com a passagem citada tratase de um infortúnio inevitável que deve ser suportado tranquilamente Entretanto esses milhões de proletários e co munistas pensam de modo diferente e provarão isso a seu tempo quando puserem sua existência em harmonia com sua essência de um modo prático por meio de uma revolução Por isso Feuerbach em tais casos nunca fala do mundo humano mas sempre se refugia na natureza externa e mais ainda na natureza ainda não dominada pelos homens Mas cada nova invenção cada avanço feito pela indústria arranca um novo pedaço desse terreno de modo que o solo que produz os exemplos de tais proposições feuerbachianas restringese progressivamente A essência do 47 A ideologia alemã peixe é o seu ser a água para tomar apenas uma de suas proposições A essência do peixe de rio é a água de um rio Mas esta última deixa de ser a essência do peixe quando deixa de ser um meio de existência adequado ao peixe tão logo o rio seja usado para servir à indústria tão logo seja poluído por corantes e outros detritos e seja navegado por navios a vapor ou tão logo suas águas sejam desviadas para canais onde simples drenagens podem privar o peixe de seu meio de existência Dizer que contradições como essas são anormalidades inevitáveis não difere essencialmente do lenitivo que São Max Stirner oferece aos descontentes dizendo que essa contradição é sua própria contradição e que essa situação difícil é sua própria situação difícil com o que eles poderiam ou acalmar suas mentes ou guardar sua indignação para si mesmos ou revoltarse contra isso de algum modo fantástico Isso difere muito pouco da alegação de São Bruno de que essas circunstâncias desfavoráveis devemse ao fato de que aqueles insatisfeitos estão presos ao lixo da substância não progrediram à autoconsciência absoluta e não percebem que essas condições adversas são espírito do seu espírito a m a ideológica v m Rascunho das páginas 30 a 35 Originalmente concebido como parte de São Max Antigo Testamento A Hierarquia As ideias da classe dominante são em cada época as ideias dominantes isto é a classe que é a força material dominante da sociedade é ao mesmo tempo sua força espiritual dominante A classe que tem à sua disposição os meios da produção material dispõe também dos meios da produção espiritual de modo que a ela estão submetidos aproximadamente ao mesmo tempo os pensamentos daqueles aos quais faltam os meios da produção espiritual As ideias dominantes não são nada mais do que a expressão ideala das relações materiais dominantes são as relações materiais dominantes apreendidas como ideias portanto são a expressão das relações que fazem de uma classe a classe dominante são as ideias de sua dominação Os indivíduos que compõem a classe dominante possuem entre outras coisas também consciência e por isso pensam na medida em que dominam como classe e determinam todo o âmbito de uma época histórica é evidente que eles o fazem em toda a sua extensão portanto entre outras coisas que eles domi nam também como pensadores como produtores de ideias que regulam a produção e a distribuição das ideias de seu tempo e por conseguinte que suas ideias são as ideias dominantes da época Por exemplo numa época e num país em que o poder monárquico a aristocracia e a burguesia lutam entre si pela dominação onde portanto a dominação está dividida aparece como ideia dominante a doutrina da separação dos poderes enunciada então como uma lei eterna A divisão do trabalho que já encontramos acima p 345 como uma das forças principais da história que se deu até aqui se expressa também na classe dominante como divisão entre trabalho espiritual e trabalho mate rial de maneira que no interior dessa classe uma parte aparece como os 48 Karl Marx e Friedrich Engels pensadores dessa classe como seus ideólogos ativos criadores de conceitos que fazem da atividade de formação da ilusão dessa classe sobre si mesma o seu meio principal de subsistência enquanto os outros se comportam diante dessas ideias e ilusões de forma mais passiva e receptiva pois são na realidade os membros ativos dessa classe e têm menos tempo para formar ilusões e ideias sobre si próprios No interior dessa classe essa cisão pode evoluir para uma certa oposição e hostilidade entre as duas partes a qual no entanto desaparece por si mesma a cada colisão prática em que a própria classe se vê ameaçada momento no qual se desfaz também a aparência de que as ideias dominantes não seriam as ideias da classe dominante e de que elas teriam uma força distinta da força dessa classe A existência de ideias revolucionárias numa determinada época pressupõe desde já a existência de uma classe revolucionária sobre cujos pressupostos já foi dito anteriormente o necessário p 357 Ora se na concepção do curso da história separarmos as ideias da classe dominante da própria classe dominante e as tornarmos autônomas se per manecermos no plano da afirmação de que numa época dominaram estas ou aquelas ideias sem nos preocuparmos com as condições da produção nem com os produtores dessas ideiasa se portanto desconsiderarmos os indivíduos e as condições mundiais que constituem o fundamento dessas ideias então poderemos dizer por exemplo que durante o tempo em que a aristocracia dominou dominaram os conceitos de honra fidelidade etc enquanto durante o domínio da burguesia dominaram os conceitos de liber dade igualdade etcb A própria classe dominante geralmente imagina isso Essa concepção da história comum a todos os historiadores principalmente desde o século xviii depararseá necessariamente com o fenômeno de que as ideias que dominam são cada vez mais abstratas isto é ideias que assumem cada vez mais a forma da universalidade Realmente toda nova classe que toma o lugar de outra que dominava anteriormente é obrigada para atingir seus fins a apresentar seu interesse como o interesse comum de todos os membros da sociedade quer dizer expresso de forma ideal é obrigada a dar às suas ideias a forma da universalidade a apresentálas como as únicas racionais universalmente válidas A classe revolucionária a se na concepção do curso da história fizermos abstração e permanecermos no plano da afirmação de que numa época dominaram estas e aquelas ideias sem nos preocuparmos com o modo as formas as condições de produção dessas ideias v m b A própria classe dominante tem em média a representação de que seus conceitos dominaram e os diferencia das representações dominantes de épocas precedentes apenas porque os apresenta como verdades eternas Esses conceitos dominantes terão uma forma tanto mais geral e abrangente quanto mais a classe dominante precisar apresentar seus interesses como os interesses de todos os membros da socie dade S m 49 A ideologia alemã por já se defrontar desde o início com uma classe surge não como clas se mas sim como representante de toda a sociedade ela aparece como a massa inteira da sociedade diante da única classe dominantea Ela pode fazer isso porque no início seu interesse realmente ainda coincide com o interesse coletivo de todas as demais classes não dominantes e porque sob a pressão das condições até então existentes seu interesse ainda não pôde se desenvolver como interesse particular de uma classe particular Por isso sua vitória serve também a muitos indivíduos de outras classes que não alcançaram a dominação mas somente na medida em que essa vitória co loque agora esses indivíduos na condição de se elevar à classe dominante Quando a burguesia francesa derrubou a dominação da aristocracia ela tornou possível a muitos proletários elevarse acima do proletariado mas isso apenas na medida em que se tornaram burgueses Cada nova classe instaura sua dominação somente sobre uma base mais ampla do que a da classe que dominava até então enquanto posteriormente a oposição das classes não dominantes contra a classe então dominante tornase cada vez mais aguda e mais profunda Por meio dessas duas coisas estabelecese a condição de que a luta a ser travada contra essa nova classe dominante deva proporse em contrapartida a uma negação mais resoluta e mais radical das condições até então existentes do que a que puderam fazer todas as classes anteriores que aspiravam à dominação Toda essa aparência como se a dominação de uma classe determinada fosse apenas a dominação de certas ideias desaparece por si só naturalmente tão logo a dominação de classe deixa de ser a forma do ordenamento social tão logo não seja mais necessário apresentar um interesse particular como geral ou o geral como dominanteb Uma vez que as ideias dominantes são separadas dos indivíduos domi nantes e sobretudo das relações que nascem de um dado estágio do modo de produção e que disso resulta o fato de que na história as ideias sempre dominam é muito fácil abstrair dessas diferentes ideias a ideia etc como o dominante na história concebendo com isso todos esses conceitos e ideias singulares como autodeterminações do conceito que se desenvolve na históriac Assim o fez a filosofia especulativa Ao final da Filosofia da História o a A universalidade corresponde 1 à classe contra o estamento 2 à concorrência ao intercâmbio mundial etc 3 à grande quantidade de membros da classe dominante 4 à ilusão do interesse comum No começo essa ilusão é verdadeira 5 Ao engano dos ideólogos e à divisão do trabalho a m b de apresentar um interesse particular na prática como interesse comum a todos e na teoria como interesse geral v m c É desse modo também natural que todas as relações dos homens possam ser de duzidas do conceito de homem do homem representado da essência do homem do homem a m 50 Karl Marx e Friedrich Engels próprio Hegel assume que considera somente o progresso do conceito e que expôs na história a verdadeira teodiceia p 44625 Podemos neste momento retornar aos produtoresa do conceito aos teóricos ideólogos e filósofos e então chegamos ao resultado de que os filósofos os pensadores como tais sempre dominaram na história um resultado que como vemos também já foi proclamado por Hegel26 Todo o truque que consiste em demonstrar a supremacia do espírito na história hierarquia em Stirner reduzse aos três seguintes esforços no 1 Devese separar as ideias dos dominantes que dominam por razões empíricas sob condições empíricas e como indivíduos materiais desses próprios dominantes e reconhecer com isso a dominação das ideias ou das ilusões na história no 2 Devese colocar uma ordem nessa dominação das ideias demons trar uma conexão místicab entre as ideias sucessivamente dominantes o que pode ser levado a efeito concebendoas como autodeterminações do conceito o que é possível porque essas ideias por meio de sua base empírica estão realmente em conexão entre si e porque concebidas como meras ideias se tornam autodiferenciações diferenças estabelecidas pelo pensamento no 3 A fim de eliminar a aparência mística desse conceito que se auto determina desenvolveseo numa pessoa a autoconsciência ou para parecer perfeitamente materialista numa série de pessoas que representam o conceito na história nos pensadores nos filósofosc nos ideólogos concebidos como os fabricantes da história como o conselho dos guardiões como os dominantesd Com isso eliminamse da história todos os elementos materialistas e se pode então soltar tranquilamente as rédeas de seu corcel especulativo Enquanto na vida comum qualquer shopkeeper1 sabe muito bem a dife rença entre o que alguém faz de conta que é e aquilo que ele realmente é nossa historiografia ainda não atingiu esse conhecimento trivial Toma cada época por sua palavra acreditando naquilo que ela diz e imagina sobre si mesma a representantes v m b lógica v m c O homem o espírito humano pensante a m d Esse método histórico que com razão reinou principalmente na Alemanha tem de ser desenvolvido a partir da conexão com a ilusão dos ideólogos em geral por exemplo com as ilusões dos juristas dos políticos e também entre eles os homens de Estado práticos a partir das quimeras dogmáticas e das distorções desses sujeitos o que se explica de modo bem simples a partir de sua posição prática na vida de seus negócios e da divisão do trabalho a m 1 lojista 51 A ideologia alemã Rascunho das páginas 36 a 72 faltando o intervalo entre as páginas 36 e 39 Originalmente concebido como parte de São Max Novo Testamento A sociedade como sociedade burguesa encontrado Do primeiro resulta o pressuposto de uma divisão do trabalho desenvolvida e um extenso intercâmbio do segundo resulta a localidade No primeiro os indivíduos têm de estar reunidos no segundo encontram se como instrumentos de produção ao lado do instrumento de produção dado Aqui aparece portanto a diferença entre os instrumentos de produção naturais e aqueles criados pela civilização O campo a água etc pode ser considerado como instrumento de produção natural No primeiro caso o dos instrumentos de produção naturais os indivíduos são subsumidos à natureza no segundo caso são subsumidos a um produto do trabalho Daí que no primeiro caso a propriedade propriedade da terra também aparece como dominação imediata e natural no segundo caso ela aparece como dominação do trabalho especialmente do trabalho acumulado do capital O primeiro caso pressupõe que os indivíduos estão unidos por um laço qualquer seja ele a família a tribo o próprio solo etc o segundo caso pressupõe que os indivíduos são independentes uns dos outros e se conservam unidos apenas por meio da troca No primeiro caso a troca é fundamentalmente entre os homens e a natureza uma troca na qual o trabalho daqueles é trocado pelos produtos desta última no segundo caso é predominantemente uma troca dos homens entre si No primeiro caso é suficiente o entendimento médio dos homens a atividade corporal e a espiritual ainda não estão de forma alguma separadas no segundo caso a divisão entre trabalho espiritual e corporal já tem de estar realizada na prática No primeiro caso a dominação dos proprietários sobre os não proprietá rios pode se basear em relações pes soais numa forma de comunidade no segundo caso ela tem de ter assumido uma forma coisificada num terceiro elemento o dinheiro No primeiro caso existe a pequena indústria mas subsumida à utilização do instrumento de produção natural e por isso sem distribuição do trabalho entre diferentes indivíduos no segundo caso a indústria existe apenas na e por meio da divisão do trabalho Partimos até o momento dos instrumentos de produção e já aqui se mos tra a necessidade da propriedade privada para certas fases industriais Na industrie exctractive1 a propriedade privada ainda coincide plenamente com o trabalho na pequena indústria e em toda a agricultura anterior a proprie dade é a consequência necessária dos instrumentos de produção existentes na grande indústria a contradição entre o instrumento de produção e a proprie dade privada é desde já o seu produto para cuja elaboração Erzeugung 1 indústria extrativa 52 Karl Marx e Friedrich Engels a indústria deve estar já bastante desenvolvida É somente com a grande indús tria portanto que se torna possível a superação da propriedade privada A maior divisão entre trabalho material e espiritual é a separação entre cidade e campo A oposição entre cidade e campo começa com a passagem da barbárie à civilização do tribalismo ao Estado da localidade à nação e mantémse por toda a história da civilização até os dias atuais a AntiCorn Law League27 Com a cidade surge ao mesmo tempo a necessidade da administração da polícia dos impostos etc em uma palavra a necessidade da organização comunitária e desse modo da política em geral Aqui se mostra pela pri meira vez a divisão da população em duas grandes classes que se ba seiam diretamente na divisão do trabalho e nos instrumentos de produção A cidade é de pronto o fato da concentração da população dos instrumentos de produção do capital das fruições das necessidades enquanto o campo evidencia exatamente o fato contrário a saber o isolamento e a solidão A oposição entre cidade e campo só pode existir no interior da propriedade privada É a expressão mais crassa da subsunção do indivíduo à divisão do trabalho a uma atividade determinada a ele imposta uma subsunção que transforma uns em limitados animais urbanos outros em limitados animais rurais e que diariamente reproduz a oposição entre os interesses de ambos O trabalho é aqui novamente o fundamental o poder sobre os indivíduos e enquanto existir esse poder tem de existir a propriedade privada A su peração da oposição entre cidade e campo é uma das primeiras condições da comunidade uma condição que por seu turno depende de uma massa de pressupostos materiais e que não pode ser satisfeita pela mera vontade como qualquer um pode constatar à primeira vista Tais condições têm ainda de ser desenvolvidas A separação entre cidade e campo também pode ser apreendida como a separação entre capital e propriedade da terra como o início de uma existência e de um desenvolvimento do capital independentes da propriedade da terra o início de uma propriedade que tem como base apenas o trabalho e a troca Nas cidades que na Idade Média não foram entregues prontas pela histó ria anterior mas que surgiram como formações novas a partir dos servos que se tornaram livres o trabalho particular de cada um era sua única pro priedade além do pequeno capital que trazia consigo e que consistia quase que exclu s i vamente nas ferramentas indispensáveis A concorrência entre os servos fugitivos que progressivamente afluíam à cidade a guerra contínua do campo contra as cidades e com isso a necessidade de uma força militar urba na organizada o nexo da propriedade comum com um trabalho determinado a necessidade de estabelecimentos comuns para a venda de suas mercado rias numa época em que os artesãos eram ao mesmo tempo commerçants1 e 1 comerciantes 53 A ideologia alemã a estavam novamente muito divididos entre si uma vez que os oficiais de diferentes mestres opunhamse uns aos outros no interior de um e mesmo ofício S m consequência disso a exclusão de indivíduos não qualificados desses esta belecimentos a oposição entre os interesses dos diferentes ofícios a neces sidade de uma proteção do trabalho aprendido com esforço e a organização feudal do país inteiro foram essas as causas da união dos trabalhadores de cada ofício em corporações Não precisamos aqui aprofundar as múltiplas modificações do sistema corporativo estabelecidas ao longo dos posteriores desenvolvimentos históricos A fuga dos servos para as cidades deuse inces santemente durante toda a Idade Média Esses servos perseguidos no campo por seus senhores chegavam sozinhos às cidades onde encontravam uma comunidade organizada contra a qual eram impotentes e na qual tinham de se submeter à posição que lhes determinavam a demanda por seu trabalho e o interesse de seus concorrentes urbanos organizados Esses trabalhadores que chegavam isoladamente não conseguiam nunca constituir uma força pois uma vez que seu trabalho era de tipo corporativo e precisava ser aprendido os mestres da corporação os subjugavam e os organizavam segundo seus interesses ou então quando o seu trabalho não tivesse de ser aprendido e por isso não fosse corporativo mas sim trabalho diaria mente remunerado os trabalhadores não chegavam a formar uma organização permanecendo como uma plebe desorganizada Nas cidades a demanda por trabalho dia riamente remunerado originou a plebe Essas cidades eram verdadeiras associações28 criadas pela necessidade imediata pela preocupação com a defesa da propriedade e para multipli car os meios de produção e os meios de defesa dos membros individuais A plebe dessas cidades era desprovida de todo poder na medida em que se constituía de indivíduos estranhos uns aos outros que chegavam iso ladamente e a cuja desorganização se defrontava um poder organizado militarmente equipado que os vigiava zelosamente Oficiais e aprendizes estavam organizados em cada ofício da forma que melhor correspondia ao interesse dos mestresa a relação patriarcal que havia entre eles e seus mestres dava a estes últimos um duplo poder de um lado pela influência direta que exerciam sobre toda a vida dos oficiais e de outro porque para os ofi ciais que trabalhavam com o mesmo mestre havia um vínculo real que os mantinha coesos em relação aos oficiais dos demais mestres e os separavam destes e finalmente os oficiais estavam ligados à ordem existente já pelo interesse que tinham em se tornar eles próprios mestres Daí que enquanto a plebe pelo menos se lançava contra toda a ordem urbana a sublevações que no entanto não surtiam nenhum efeito devido à sua impotência os artesãos proporcionavam apenas pequenas insubordinações no interior de corporações isoladas insubordinações que fazem parte da própria existên cia do sistema corporativo As grandes rebeliões da Idade Média partiram 54 Karl Marx e Friedrich Engels todas do campo mas foram totalmente malsucedidas devido à dispersão e à consequente rudeza dos camponeses O capital nessas cidades era um capital natural que consistia na habi tação nas ferramentas e na clientela natural e hereditária e que tinha de ser legado de pai para filho como capital irrealizável devido ao intercâmbio não desenvolvido e à circulação incompleta Esse capital não era como o moderno calculável em dinheiro e para o qual é indiferente se ele é apli cado em uma ou outra coisa mas sim um capital imediatamente ligado ao trabalho determinado do possuidor e inseparável dele era nessa medida um capital estamental Nas cidades a divisão do trabalho entre as diferentes corporações era ainda muito incipiente e no interior dessas corporações não era nem sequer realizada entre os diferentes trabalhadores Cada trabalhador tinha de estar habilitado a executar toda uma série de trabalhos e tinha de ser capaz de produzir tudo aquilo que era possível ser produzido com suas ferramentas o intercâmbio limitado e a fraca ligação das diversas cidades entre si a es cassez de população e a exiguidade das necessidades não permitiam que se instaurasse uma divisão do trabalho mais ampla e por isso cada um que quisesse se tornar mestre tinha de dominar por inteiro seu ofício É por isso que nos artesãos medievais ainda se encontrava um interesse por seu tra balho específico e pela habilidade em executálos o que muitas vezes podia elevarse até a um limitado sentido artístico Mas é por isso também que cada artesão medieval estava plenamente absorvido em seu trabalho tinha com ele uma aprazível relação servil e estava mais submetido a ele do que o trabalhador moderno para quem seu trabalho é indiferente O processo seguinte na expansão da divisão do trabalho foi a separação entre a produção e o comércio a formação de uma classe particular de comer ciantes uma separação que nas cidades históricas tradicionais com os judeus entre outras coisas foi herdada do passado e que não tardou a aparecer nas cidades de formação recente Com isso estava dada a possibilidade de uma ligação comercial para além dos círculos mais próximos uma possibilidade cuja realização dependia dos meios de comunicação existentes do estado de segurança pública alcançado no país e condicionado pelas relações políticas ao longo de toda a Idade Média como se sabe os comerciantes viajavam em caravanas armadas e pelas necessidades mais ou menos desenvolvidas das regiões acessíveis ao comércio necessidades estas que eram condicionadas pelo correspondente grau de cultura de cada região Com o comércio constituído numa classe especial com a expansão do comércio por meio dos comerciantes para além dos arredores mais próxi mos da cidade surgiu prontamente uma ação recíproca entre a produção e o comércio As cidades estabelecerama ligação umas com as outras novas a saindo de seu isolamento S m 55 A ideologia alemã ferramentas foram levadas de uma cidade para outra e a separação entre produção e comér cio provocou rapidamente uma nova divisão da produção entre as diversas cidades que passaram cada qual a explorar um ramo indus trial predominante A limitação inicial à localidade começou gradualmente a desaparecer Depende exclusivamente da extensão do comércio se as forças produtivas obtidas numa localidade sobretudo as invenções perdemse ou não para o desenvolvimento posterior Na medida em que ainda não existe comércio para além da circunvizinhança imediata cada invenção tem de ser feita sepa radamente em cada localidade e meros acasos tais como irrupções de povos bárbaros até mesmo guerras habituais são o bastante para fazer com que um país com forças produtivas e necessidades desenvolvidasa seja forçado a recomeçar tudo novamente a partir do início No começo da história toda invenção tinha de diariamente ser realizada de novo e em cada localidade de forma independente A prova de quão pouco as forças produtivas desen volvidas até mesmo no caso em que o comércio tenha atingido uma relativa extensão estão salvas de uma destruição total énos fornecida pelos fenícios cujas invenções desapareceram em sua maior parte e por longo tempo a partir do momento em que essa nação viuse excluída do comércio pela conquista de Alexandre e pela decadência que daí se seguiu Assim também se deu na Idade Média com a pintura sobre vidro por exemplo Somente quando o intercâmbio tornase intercâmbio mundial e tem por base a grande indústria quando todas as nações são levadas à luta da concorrência é que está asse gurada a permanência das forças produtivas já alcançadas A divisão do trabalho entre as diferentes cidades teve como consequência imediata o nascimento das manufaturas os ramos da produção que ultra passavam o âmbito do sistema corporativo O primeiro florescer das manufatu ras na Itália e mais tarde em Flandres teve como seu pressuposto histórico o intercâmbio com nações estrangeiras Noutros países Inglaterra e França por exemplo as manufaturas limitavamse inicialmente ao mercado interno As manufaturas além dos pressupostos já referidos têm ainda como pressu posto uma concentração avançada da população especialmente no campo e do capital que começa a acumularse em poucas mãos em parte entre as corporações apesar das leis corporativas e em parte entre os comerciantes Aquele trabalho que desde o início pressupunha uma máquina mesmo em sua forma mais rudimentar mostrouse rapidamente como o mais capaz de desenvolvimento A tecelagem até então praticada no campo pelos campo neses como atividade acessória para obterem as vestimentas necessárias foi o primeiro trabalho que pela expansão do intercâmbio recebeu um impulso e a suficientes para fazer com que uma massa de forças produtivas e de invenções ad quiridas um país com forças produtivas e necessidades desenvolvidas possa durar muito tempo S m 56 Karl Marx e Friedrich Engels um amplo desenvolvimento A tecelagem foi a primeira e permaneceu sendo a manufatura mais importante A procura aumentada de tecidos para roupas em consequência do aumento da população a acumulação que se inicia va e a mobilização do capital natural por meio da circulação acelerada a neces sidade de luxo que daí resultava e era favorecida pela extensão progressiva do intercâmbio deram à tecelagem quantitativa e qualitativamente um impulso que a arrancou da forma de produção anterior Junto aos camponeses que teciam para seu próprio uso e que continuaram a existir e existem ainda hoje surgiu uma nova classe de tecelões nas cidades cujos tecidos eram destinados a todo o mercado interno e muitas vezes também aos mercados externos A tecelagem um trabalho que na maioria dos casos requer pouca habi lidade e que não demorou a se desdobrar em infinitos ramos resistia por sua própria natureza aos grilhões da corporação A tecelagem foi por isso exercida fundamentalmente em aldeias e em vilas sem organização corpo rativa que pouco a pouco se tornaram cidades e até mesmo não tardaram em se tornar as cidades mais florescentes de cada país Com a manufatura livre da corporação alteraramse também as relações de propriedade O primeiro avanço para além do capital naturalestamental foi dado pelo surgimento de comerciantes cujo capital foi desde o início um capital móvel um capital em sentido moderno na medida em que se pode falar disso nas condições daquela época O segundo avanço veio com a ma nufatura que voltou a mobilizar uma massa de capital natural e aumentou a massa do capital móvel em relação à do capital natural A manufatura tornouse ao mesmo tempo um refúgio dos camponeses contra as corporações que os excluíam ou remuneravam mal do mesmo modo que anteriormente as cidades dominadas pelas corporações haviam servido de refúgio aos camponeses contra a nobreza rural que os oprimia Com o começo das manufaturas deuse simultaneamente um período de vagabundagem causado pela dissolução das vassalagens feudais pela dispensa dos exércitos que haviam sido formados e servido aos reis contra os vassalos pela agricultura melhorada e pela transformação de grandes porções de terras cultiváveis em pastagens Por aí já se mostra como essa vagabundagem encontrase intimamente ligada à dissolução da feudalidade Já no século xiii sucedemse diferentes épocas desse tipo muito embora a vaga bundagem só tenha se estabelecido de forma geral e permanente com o fim do século xv e o início do século xvi Esses vagabundos tão numerosos que o rei Henrique viii da Inglaterra entre outros mandou enforcar 72 mil deles foram forçados a trabalhar com as maiores dificuldades em meio à mais extrema penúria e somente depois de longas resistências O rápido florescer das manufaturas especialmente na Inglaterra absorveuos aos poucosa29 a Com a manufatura as diferentes nações entraram numa relação de concorrência numa luta comercial travada por meio de guerras barreiras alfandegárias e proi 57 A ideologia alemã Ao mesmo tempo com a manufatura modificouse a relação do traba lhador com o empregador Nas corporações continuava a existir a relação patriarcal entre oficiais e mestres na manufatura introduziuse em seu lugar a relação monetária entre trabalhador e capitalista uma relação que no campo e nas pequenas cidades permaneceu tingida de patriarcalismo mas que nas cidades maiores verdadeiramente manufatureiras perdeu logo quase toda a coloração patriarcal A manufatura e em geral o movimento da produção experimentaram um enorme impulso graças à expansão do comércio ocorrida com a descoberta da América e da rota marítima às Índias Orientais Os novos produtos importa dos desses lugares especialmente as grandes quantidades de ouro e prata que entraram em circulação alteraram totalmente a posição das classes umas em relação às outras e aplicaram um duro golpe na propriedade feudal da terra e nos trabalhadores enquanto as expedições de aventureiros a colonização e sobretudo a expansão dos mercados até a formação de um mercado mundial expansão que então se tornara possível e realizavase cada vez mais dia após dia despertaram uma nova fase do desenvolvimento histórico fase da qual em geral não nos ocuparemos aqui Mediante a colonização dos países recémdescobertos a luta comercial entre as nações ganhou novo alimento e nessa medida uma extensão e uma animosidade maiores A expansão do comércio e da manufatura acelerou a acumulação do capital móvel ao passo que nas corporações que não recebiam nenhum estímulo para a ampliação da produção o capital natural permanecia estável ou até mesmo diminuía O comércio e a manufatura criaram a grande burguesia enquanto nas corporações concentravase a pequena burguesia que então já não dominava mais nas cidades como antes mas tinha de se curvar ao domínio dos grandes comerciantes e manufatureirosa Daí a decadência das corporações tão logo entraram em contato com a manufatura As relações entre as nações em seu comércio assumiram durante a época a que nos referimos duas formas distintas No começo a escassa quantidade circulante de ouro e prata condicionou a proibição da exportação desses metais e a indústria em sua maior parte importada do estrangeiro e exigida pela necessidade de dar ocupação à crescente população urbana não podia renun ciar aos privilégios que lhe tinham sido conferidos não só naturalmen te contra a concorrência interna mas principalmente contra a concorrência externa Nessas proibições primitivas o privilégio corporativo foi estendido a toda a nação As tarifas alfandegárias surgiram dos tributos que os senhores feudais cobravam dos comerciantes que atravessavam seu domínio como bições ao passo que anteriormente as nações enquanto estavam em contato mantinham entre si trocas inofensivas A partir de então o comércio passa a ter significado político a m a Pequenoburgueses Classe média Grande burguesia a m 58 Karl Marx e Friedrich Engels resgate da pilhagem tributos que mais tarde foram igualmente cobrados pelas cidades e com o surgimento do Estado moderno tornaramse o meio de se obter dinheiro que se situava mais ao alcance do fisco O aparecimento nos mercados europeus do ouro e da prata americanos o desenvolvimento gradual da indústria o rápido desenvolvimento do comér cio e em consequência disso o florescimento da burguesia não corpo ra tiva e do dinheiro conferiram a essas medidas um outro significado O Estado que podia cada dia menos rejeitar dinheiro mantinha a proibição da exportação de ouro e prata por motivações de ordem fiscal os burgueses para quem essas massas de dinheiro jogadas novamente no mercado consti tuíam o ob jeto principal do açambarcamento estavam plenamente satisfeitos com isso os privilégios até então existentes tornaramse uma fonte de receitas para o governo e foram vendidos por dinheiro na legislação alfandegária surgiram tributos sobre a exportação que tão somente interpondo um obstáculo no caminho da indústria tinham uma finalidade puramente fiscal O segundo período teve início na metade do século xvii e durou quase até o fim do século xviii O comércio e a navegação haviam se expandido mais rapidamente do que a manufatura que desempenhava um papel secun dário as colônias começavam a se tornar fortes consumidoras as di versas nações dividiamse por meio de longas lutas no mercado mundial que se abriaa Esse período começa com as leis sobre a navegação30 e com os monopólios coloniais A concorrência das nações entre si era interditada na medida do possível mediante tarifas proibições e tratados e em última instância a luta da concorrência era travada e decidida por meio das guer ras sobretudo as guerras marítimas A nação mais poderosa nos mares a Inglaterra mantinha sua supremacia no comércio e na manufatura Vêse já aqui a concentração num só país A manufatura era continuamente protegida por barreiras alfandegárias no mercado interno pelos monopólios no mercado colonial e na medida do possível por tarifas diferenciais31 no exterior A elaboração da matériaprima produzida no próprio país era favorecida lã e linho na Inglaterra seda na Françab e a elaboração da matériaprima importada era ou negligenciada ou reprimida algodão na Inglaterra A nação predominante no comércio marítimo e como poder colonial assegurou para si naturalmente a maior extensão quantitativa e qualitativa da manufatura Esta de modo algum podia prescindir de proteção já que com a mais ínfima modificação que ocorresse noutros países ela podia perder seus mercados e ser arruinada ela é facil mente introduzida num país com condições em certa medida favoráveis e a o mercado mundial que se abria foi açambarcado pelas diversas nações que disputavam sua exploração v m b a exportação da matériaprima produzida no interior do país era proibida lã na In glaterra a m 59 A ideologia alemã pela mesma razão é facilmente destruída Ao mesmo tempo de acordo com o modo como ela foi exercida no país especialmente no século xiii a ma nufatura se encontrava tão entrelaçada às condições de vida de uma grande massa de indivíduos que a nenhuma nação era permitido ousar colocar em jogo sua existência pela admissão da livre concorrência Consequentemente ao ser levada a exportar a manufatura dependia inteiramente da extensão ou da limitação do comércio e acabou por exercer sobre ele uma influência relativamente muito pequena Daí seu papel secundário e a importância dos comerciantes no século xviii Os comerciantes e particularmente os armadores foram quem mais do que todos os outros insistiram na proteção estatal e nos monopólios os manufatureiros decerto também exigiram e obti veram proteção mas permaneciam constantemente atrás dos comerciantes em importância política As cidades comerciais espe cialmente as cidades maríti mas tornaramse em certa medida civilizadas e aburguesadas enquanto nas cidades fabris concentrouse a maior parte da pequena burguesia Cf Aikin32 etc O século xviii foi o século do comércio Pinto o diz expressamente Le commerce fait la marotte du siècle 1 e Depuis quelque temps il nest plus question que de commerce de navigation et de marine2 33 O movimento do capital embora consideravelmente acelerado permane ceu ainda relativamente lento A fragmentação do mercado mundial em partes separadas cada uma das quais tendo sido explorada por uma nação particular a exclusão da concorrência entre elas a inexperiência na própria produção e o fato de que o sistema financeiro apenas começava a elevarse de seus primeiros estágios tudo isso tolhia bastante a circulação A consequência disso era um sujo e sovina espírito de merceeiro que ainda permanecia aderido a todos os comerciantes e a todo o modo de dirigir os negócios Compara dos com os manufatureiros e sobretudo com os artesãos eles eram certamente grandes burgueses mas comparados com os comerciantes e industriais do período seguinte eles não passam de pequenos burgueses Cf Adam Smith34 Esse período também é caracterizado pelo fim das proibições de exporta ção do ouro e da prata pelo surgimento do comércio de dinheiro dos bancos das dívidas públicas do papelmoeda da especulação com ações e com fun dos de investimento da agiotagem em todos os artigos e do desenvolvimento do sistema monetário em geral O capital perdeu novamente uma grande parte do caráter natural que ainda se encontrava preso a ele A concentração do comércio e da manufatura num só país a Inglaterra concentração que se desenvolveu incessantemente no século xvii criou gra dualmente para esse país um relativo mercado mundial e com isso uma de manda por seus produtos manufaturados demanda esta que não podia mais ser satisfeita pelas forças produtivas industriais anteriores Essa demanda 1 o comércio é a mania do século 2 Desde algum tempo que não se fala noutra coisa que não seja comércio navegação e marinha 60 Karl Marx e Friedrich Engels que crescera para além dos limites das forças de produção foi a força motriz que deu origem ao terceiro período da propriedade privada desde a Idade Média criando a grande indústria a utilização de forças elementares para fins industriais a maquinaria e a mais desenvolvida divisão do trabalho As demais condições dessa nova fase a liberdade de concorrência no interior da nação o desenvolvimento da mecânica teórica a mecânica aperfeiçoada por Newton foi a ciência mais popular na França e na Inglaterra no século xviii etc já existiam na Inglaterra A livre concorrência na própria nação teve de ser conquistada em toda parte por uma revolução 1640 e 1688 na Inglaterra 1789 na França A concorrência logo forçou todo país que que ria conservar seu papel histórico a proteger suas manufaturas por meio de medidas alfandegárias renovadas as antigas tarifas eram inócuas em face da grande indústria e logo em seguida a pôr a grande indústria sob tari fas protecionistas A grande indústria apesar desses meios protecionistas universalizou a concorrência ela é a liberdade prática de comércio a tarifa protecionista é nela somente um paliativo uma arma de defesa na liber dade de comércio criou os meios de comunicação e o moderno mercado mundiala submeteu a si o comércio transformou todo capital em capital industrial e gerou com isso a rápida circulação o desenvolvimento do sistema monetário e a centralização dos capitaisb Criou pela primeira vez a história mundial ao tornar toda nação civilizada e cada indivíduo dentro dela dependentes do mundo inteiro para a satisfação de suas necessidades e suprimiu o anterior caráter exclusivista e natural das nações singulares Subsumiu a ciência natural ao capital e tomou da divisão do trabalho a sua última aparência de naturalidade Destruiu em geral a naturalidade na medida em que isso é possível no interior do trabalho e dissolveu todas as relações naturais em relações monetárias No lugar das cidades formadas naturalmente criou as grandes cidades industriais modernas nascidas da noite para o dia Destruiu onde quer que tenha penetrado o artesanato e em geral todos os estágios anteriores da indústria Completou a vitória da cidade comercial sobre o campo Seu pressuposto é o sistema automático Ela produziu uma massa de forças produtivas para a qual a propriedade privada tornouse um empecilho tanto quanto o fora a corporação para a manufatura e o pequeno empreendimento rural para o artesanato que progredia Essas forças produtivas sob o regime da propriedade privada obtêm apenas um desenvolvimento unilateral convertemse para a maioria em forças destrutivas e uma grande quantidade dessas forças não consegue alcançar a menor utilização na propriedade privada A grande indústria em a engendrou a rápida circulação e concentração dos capitais S m b Por meio da concorrência universal obrigou todo indivíduo à mais extrema aplicação de suas energias Destruiu onde foi possível a ideologia a religião a moral etc e onde não pôde fazêlo transformouas em mentiras palpáveis a m 61 A ideologia alemã geral criou por toda parte as mesmas relações entre as classes da sociedade e suprimiu por meio disso a particularidade das diversas nacionalidades E finalmente enquanto a burguesia de cada nação conserva ainda interesses nacionais à parte a grande indústria criou uma classe que tem em todas as nações o mesmo interesse e na qual toda nacionalidade já está destruída uma classe que de fato está livre de todo o mundo antigo e ao mesmo tempo com ele se defronta A grande indústria torna insuportável para o trabalhador não apenas a relação com o capitalista mas sim o próprio trabalho Não há dúvidas de que a grande indústria não alcança o mesmo nível de desenvolvimentoa em todas as localidades de um mesmo país Isso todavia não detém o movimento de classe do proletariado já que os proletários cria dos pela grande indústria colocamse à frente desse movimento e arrastam consigo toda a massa e já que os trabalhadores excluídos da grande indústria são jogados por esta última numa situação ainda pior do que a dos trabalha dores da própria grande indústria Da mesma forma os países nos quais está desenvolvida uma grande indústria atuam sobre os países plus ou moins1 não industrializados na medida em que estes são impulsionados pelo comércio mundial à luta universal da concorrência Essas diferentes formas são outras tantas formas da organização do traba lho e assim da propriedade Em cada período teve lugar uma união das forças produtivas existentes na medida em que isso era exigido pelas necessidades Essa contradição entre as forças produtivas e a forma de intercâmbio que como vimos ocorreu várias vezes na história anterior sem no entanto amea çar o seu fundamento teve de irromper numa revolução em que a contradição assumiu ao mesmo tempo diversas formas acessórias tais como totalidade de colisões colisões entre classes distintas contradição da consciência luta de ideias luta política etc De um ponto de vista limitado podese isolar então uma dessas formas acessórias e considerála como a base dessas revoluções o que é tanto mais fácil na medida em que os indivíduos que promoveram as revoluções guardavam ilusões sobre sua própria ati vidade segundo seu grau de formação e seu estágio de desenvolvimento histórico De acordo com nossa concepção portanto todas as colisões na história têm sua origem na contradição entre as forças produtivas e a forma de intercâm bio Aliás não é necessário que essa contradição para gerar colisões num país tenha de chegar ao seu extremo nesse mesmo país A concorrência 1 mais ou menos a em todos os países e nem S m 62 Karl Marx e Friedrich Engels com países industrialmente mais desenvolvidos provocada pela expansão do intercâmbio internacional é o bastante para engendrar uma contradição similar também nos países com indústria menos desenvolvida por exem plo o proletariado latente na Alemanha revelado devido à concorrência da indústria inglesa A concorrência isola os indivíduos uns dos outros não apenas os burgueses mas ainda mais os proletários apesar de agregálos Por isso transcorre sempre um longo período antes que os indivíduos possam se unir sem contar que para essa união quando não for meramente local os meios necessários as grandes cidades industriais e as comunicações acessíveis e rápidas têm de primeiro ser produzidos pela grande indústria e por isso todo poder organizado em face desses indivíduos que vivem isolados e em relações que diariamente reproduzem o isolamento só pode ser vencido após longas lutas Exigir o contrário seria o mesmo que exigir que a concorrência não deva existir nessa época histórica determinada ou que os indivíduos de vam apagar de suas mentes relações sobre as quais não têm nenhum controle como indivíduos isolados Construção de casas É evidente que entre os selvagens cada família tem sua própria caverna ou cabana assim como entre os nômades cada família tem uma tenda separada Essa economia doméstica separada tornase ainda mais necessária com o subsequente desenvolvimento da propriedade privada Entre os povos agricultores a economia doméstica coletiva é tão impossível quanto o cultivo coletivo do solo A construção de cidades foi um grande progresso Porém em todos os períodos anteriores era impossível a supe ração da economia separada economia que é inseparável da superação da propriedade privada pois não havia condições materiais para isso O estabelecimento de uma economia doméstica coletiva pressupõe o desenvol vimento da maquinaria da utilização das forças naturais e de muitas outras forças produtivas por exemplo canalizações de água iluminação a gás aquecimento a vapor etc superação da oposição entre cidade e campo Sem essas condições a economia coletiva não seria mais por si só uma for ça de produção nova careceria de toda base material repousaria sobre um fundamento meramente teórico isto é seria um simples capricho e levaria apenas a uma economia monacal O que era possível mostrase na aglutinação em cidades e na construção de prédios comuns para determinados fins particulares prisões casernas etc Que a superação da economia separada não pode ser separada da superação da família é algo por si mesmo evidente 63 A ideologia alemã a Preexistência da classe nos filósofos a m b conduziu à associação união de muitas cidades o que tem sua razão na identidade de seus interesses frente aos senhores feudais v m c a reunião dessas condições individuais que resultam em condições comuns a uma classe S m d Ela absorve inicialmente os ramos do trabalho que pertencem diretamente ao Estado e depois todos os estamentos ideológicos a m A tese frequentemente enunciada por São Sancho de que cada um é o que é por meio do Estado é no fundo a mesma tese segundo a qual o bur guês é somente um exemplar do gênero burguês uma tese que pressupõe que a classe do burguês já existia antes dos indivíduos que a constituem a Na Idade Média os burgueses eram forçados em cada cidade a se unir contra a nobreza rural a fim de salvar sua pele a expansão do comércio e o desenvolvimento das comunicações levaram as diversas cidades a conhecer outras cidades que haviam defendido os mesmos interesses na luta contra a mesma oposiçãob Das muitas burguesias locais das diversas cidades nas ceu pouco a pouco a classe burguesa As condições de vida dos burgueses singulares pela oposição às relações existentes e pelo tipo de trabalho que daí resultava transformaramse em condições que eram comuns a todos eles e ao mesmo tempo independentes de cada um individualmentec Os burgueses criaram essas condições na medida em que se separavam da associação feudal e foram criados por elas na medida em que eram determinados por sua oposição contra a feudalidade então em vigor Com o estabelecimento do vínculo entre as diferentes cidades essas condições comuns desenvolveramse em condições de classe Condições idênticas oposição idêntica e interesses idênticos também tinham de provocar neces sariamente e em todas as partes costumes idênticos A própria bur gue sia desenvolvese apenas progressivamente dentro de suas condiçõesd dividese novamente em frações distintas com base na divisão do trabalho e termina por absorver em si todas as preexistentes classes de possuidores enquanto desenvolve a maioria das classes possuidoras preexistentes e uma parte da classe até então possuidora em uma nova classe o proletariado na medida em que toda a propriedade anterior é transformada em capital industrial ou comercial Os indivíduos singulares formam uma classe somente na medida em que têm de promover uma luta contra uma outra classe de resto eles mesmos se posicionam uns contra os outros como inimigos na concorrên cia Por outro lado a classe se autonomiza por sua vez em face dos indiví duos de modo que estes encontram suas condições de vida predestinadas e recebem já pronta da classe a sua posição na vida e com isso seu desen volvimento pessoal são subsumidos a ela É o mesmo fenômeno que o da subsunção dos indivíduos singulares à divisão do trabalho e ele só pode ser suprimido pela superação da propriedade privada e do próprio trabalho 64 Karl Marx e Friedrich Engels De que modo essa subsunção dos indivíduos à classe transformase ao mesmo tempo numa subsunção a toda forma de representações etc já o indicamos várias vezes Se se considera filosoficamente esse desenvolvimento dos indivíduos nas condições comuns de existência dos estamentos e das classes que histori camente se sucedem e nas representações gerais que por essa razão lhes foram impostas podese então facilmente imaginar que nesses indivíduos desenvolveuse o Gênero ou o Homem ou que eles desenvolveram o Homem uma imaginação com a qual são dadas umas fortes bofetadas na história Podese conceber esses diferentes estamentos e classes como especi fi cações da expressão geral como subespécies do Gênero como fases de desenvol vimento do Homem Essa subsunção dos indivíduos a determinadas classes não pode ser superada antes que se forme uma classe que já não tenha nenhum interesse particular de classe a impor à classe dominante A transformação pela divisão do trabalho de forças relações pessoais em forças reificadas não pode ser superada arrancandose da cabeça a represen tação geral dessas forças mas apenas se os indivíduos voltarem a subsumir essas forças reificadas a si mesmos e superarem a divisão do trabalhoa Isso não é possível sem a comunidadeb É somente na comunidade com outros que cada indivíduo tem os meios de desenvolver suas faculdades em todos os sentidos somente na comunidade portanto a liberdade pessoal tornase possível Nosc sucedâneos da comunidade existentes até aqui no Estado etc a liberdade pessoal existia apenas para os indivíduos desenvolvidos nas condições da classe dominante e somente na medida em que eram in divíduos dessa classe A comunidade aparente em que se associaram até agora os indivíduos sempre se autonomizou em relação a eles e ao mesmo tempo porque era uma associação de uma classe contra outra classe era para a classe dominada não apenas uma comunidade totalmente ilusória como também um novo entrave Na comunidade real os indivíduos obtêm simultaneamente sua liberdade na e por meio de sua associação Os indivíduos partiram sempre de si mesmos mas naturalmente de si mesmos no interior de condições e relações históricas dadas e não do indivíduo puro no sentido dos ideólogos Mas no decorrer do desen volvimento histórico e justamente devido à inevitável autonomização das relações sociaisd no interior da divisão do trabalho surge uma divisão na a Feuerbach ser e essência a m b e sem o pleno e livre desenvolvimento dos indivíduos que ela implica S m c aparentes S m d históricas v m 65 A ideologia alemã vida de cada indivíduo na medida em que há uma diferença entre a sua vida pessoal e a sua vida enquanto subsumida a um ramo qualquer do trabalho e às condições a ele correspondentes Não se deve entender isso como se por exemplo o rentista o capitalista etc deixassem de ser pessoas mas sim no sentido de que sua personalidade é condicionada e determinada por relações de classe bem definidas e a diferença tornase evidente apenas na oposição a uma outra classe e para os próprios indivíduos somente quando entram em bancarrota No estamento e mais ainda na tribo esse fato per manece escondido por exemplo um nobre continua sempre um nobre e um roturier1 continua um roturier abstração feita de suas demais relações é uma qualidade inseparável de sua individualidade A diferença entre o indivíduo pessoal e o indivíduo de classe a contingência das condições de vida para o indivíduo aparecem apenas juntamente com a classe que é ela mesma um produto da burguesia Somente a concorrência e a luta dos indivíduos entre si é que engendram e desenvolvem essa contingência enquanto tal Por conseguinte na representação os indivíduos são mais livres sob a do minação da burguesia do que antes porque suas condições de vida lhes são contingentes na realidade eles são naturalmente menos livres porque estão mais submetidos ao poder das coisas A diferença com o estamento aparece sobretudo na oposição da burguesia ao proletariado Quando o estamento dos burgueses urbanos as corporações etc surgiu diante da nobreza rural sua condição de existência a propriedade mobi liária e o trabalho artesanal que já existiam de forma latente antes de sua separação dos laços feudais apareceu como algo positivo que se impunha contra a propriedade feudal da terra e por isso assumiu primeiramente a seu modo uma forma feudal Sem dúvida os servos fugitivos consideraram sua servidão anterior como algo acidental à sua personalidade Mas com isso apenas fizeram o que faz toda classe que se liberta de um entrave e então libertaramse não como classe mas isoladamente Além disso eles não saíram do âmbito do sistema de estamentos mas apenas formaram um novo estamento e conservaram em sua nova situação o seu modo de trabalho anterior elaborandoo na medida em que o libertavam de seus entraves anteriores que não correspondiam mais ao desenvolvimento já alcançado Entre os proletários ao contrário suas próprias condições de vida o traba lho e desse modo todo o conjunto das condições de existência da sociedade atual tornaramse para eles algo acidental sobre o qual os proletários isolados não possuem nenhum controle e sobre o qual nenhuma organização social pode lhes dar algum controlea e a contradição entre a personalidade do proletário singular e sua condição de vida que lhe foi imposta o trabalho é a sobre a qual a organização social não pode lhes dar nenhum controle v m 1 retalheiro vulgar 66 Karl Marx e Friedrich Engels revelada para ele mesmo sobretudo porque ele é sacrificado desde a juven tude e porque no interior de sua classe é desprovido da chance de alcançar as condições que o coloquem na outra classe nB Não se deve esquecer que a necessidade de existência dos servos e a impossibilidade da economia em larga escala que levou à distribuição dos allotments1 entre os servos reduziram muito rapidamente as obrigações destes para com o senhor feudal a uma média de fornecimentos em espécie e de prestações de corveia o que tornou possível ao servo a acumulação de propriedade mobiliária e com isso facilitoulhe a fuga da terra de seu senhor e lhe abriu a perspectiva de sua subsistência como cidadão urbano criaram se também com isso graduações entre os servos de modo que os servos fugitivos já eram meio burgueses É igualmente óbvio que os camponeses servos que dominavam um ofício tinham uma chance maior de adquirir propriedade mobiliária Enquanto os servos fugitivos visavam apenas desenvolver livremente e afir mar suas condições de existência já dadas e por isso não ultrapassavam em última instância os limites do trabalho livre os proletários para afirmar a si mesmos como pessoas têm de suprassumir sua própria condição de existência anterior que é ao mesmo tempo a condição de toda a sociedade anterior isto é o trabalho Eles também se encontram por isso em oposição ao Estado a forma pela qual os indivíduos se deram até então uma expressão coletiva e têm de derrubar o Estado para impor a sua personalidade De toda a exposição anterior resulta quea a relação coletiva em que entraram os indivíduos de uma classe e que era condicionada por seus interesses co muns diante de um terceiro foi sempre uma coletividade à qual os indivíduos pertenciam apenas como indivíduos médios somente enquanto vi viam nas condições de existência de sua classe uma relação na qual participavam não como indivíduos mas como membros de uma classe Ao contrário com a coletividade dos proletários revolucionários que tomam sob seu controle suas condições de existência e as de todos os membros da sociedade dáse exatamente o inverso nela os indivíduos participam como indivíduos É precisamente essa associação de indivíduos atendendo natu ralmente ao a os indivíduos que se libertaram em cada época histórica apenas continuaram a desen volver as condições de existência que já estavam dadas S m 1 parcelas lotes 67 A ideologia alemã pressuposto de que existam as atuais forças produtivas desenvolvidas que coloca sob seu controle as condições do livre desenvolvimento e do movimen to dos indivíduos condições que até agora estavam entregues ao acaso e haviam se autonomizado em relação aos indivíduos singulares justamente por meio de sua separação como indivíduos por sua união necessária dada com a divisão do trabalho e por meio de sua separação transformada num vínculo que lhes é alheio A união anterior de modo algum arbitrária tal como é apresentada por exemplo no Contrat Social35 mas sim necessária só era uma união comparar por exemplo a formação do Estado norteamericano com a das repúblicas sulamericanas sob essas condições no interior das quais os indivíduos podiam desfrutar do acaso Esse direito de poder desfrutar tranquilamente do acaso sob certas condições foi até então chamado de liberdade pessoal Tais condições de existência são apenas naturalmente as forças de produção e as formas de intercâmbio de cada época O comunismo distinguese de todos os movimentos anteriores porque revo luciona os fundamentos de todas as relações de produção e de intercâmbio precedentes e porque pela primeira vez aborda conscientemente todos os pressupostos naturais como criação dos homens que existiram anteriormente despojandoos de seu caráter natural e submetendoos ao poder dos indi víduos associados Sua organização é por isso essencialmente econômica a produção material das condições dessa associação ele faz das condições existentes as condições da associação O existente que o comunismo cria é precisamente a base real para tornar impossível tudo o que existe indepen dentemente dos indivíduos na medida em que o existente nada mais é do que um produto do intercâmbio anterior dos próprios indivíduos Desse modo os comunistas tratam praticamente as condições criadas pela produção e pelo intercâmbio precedentes como condições inorgânicas sem suspeitar no entanto que gerações anteriores tiveram como plano ou como destinação fornecerlhes materiais e sem crer que essas condições eram inorgânicas para os indivíduos que as criaram A diferença entre indivíduo pessoal e indivíduo acidental não é uma distinção conceitual mas um fato histórico Essa distinção tem um sentido distinto em épocas distintas por exemplo o estamento como algo acidental para o indivíduo do século xviii e plus ou moins1 também a família É uma distinção que não nos cabe fazer para cada época mas que cada época faz por si mesma a partir dos diferentes elementos que encontra não segundo o conceito mas forçada pelas colisões materiais da vida O que em oposição à época anterior parece acidental à época posterior o mesmo vale também para os elementos que foram transmitidos da época 1 mais ou menos 68 Karl Marx e Friedrich Engels anterior à posterior é uma forma de intercâmbio que correspondia a um determinado estágio de desen volvimento das forças produtivas A relação das forças produtivas com a forma de intercâmbio é a relação da forma de intercâmbio com a atividadea ou atuação dos indivíduos A forma funda mental dessa atividadeb é naturalmente material e dela dependem todas as outras formas de atividade como a espiri tual a política a religiosa etc A diversa configuração da vida material depende a cada vez naturalmente das necessidades já desenvolvidas e tanto a produção como a satisfação dessas necessidades são um processo histórico que não se encontra no caso de uma ovelha ou de um cão recorrente argumento principal de Stirner adversus hominem1 embora ovelhas e cães em sua forma atual também sejam malgré eux2 produtos de um processo histórico As condições sob as quais os indivíduos intercambiam uns com os outros enquanto não surge a contradição são condições inerentes à sua individualidade e não algo externo a elesc condições sob as quais esses indivíduos determinados que existem sob determinadas relações podem produzir sua vida material e tudo o que com ela se relaciona são portanto as condições de sua autoatividade e produzidas por essa autoatividade A condição determinada sob a qual eles produzem corresponde assim enquanto não surge a contradição à sua real condicionalidade Bedingtheit à sua existência unilateral unilateralidade que se mostra apenas com o surgimento da contradição e que portanto existe somente para os pósteros Assim essa condição aparece como um entrave acidental e a consciência de que ela é um entrave é também furtiva mente introduzida na época anterior Essas diferentes condições que apareceram primeiro como condições da autoatividade e mais tarde como entraves a ela formam ao longo de todo o desenvolvimento histórico uma sequência concatenada de formas de inter câmbio cujo encadeamento consiste em que no lugar da forma anterior de intercâmbio que se tornou um entrave é colocada uma nova forma que corresponde às forças produtivas mais desenvolvidas e com isso ao avançado modo de autoatividade dos indivíduos uma forma que à son tour3 tornase novamente um entrave e é então substituída por outra Dado que essas condições em cada fase correspondem ao desenvolvimento simultâneo das forças produtivas sua história é ao mesmo tempo a história das forças produtivas em desenvolvimento e que foram recebidas por cada nova geração e desse modo é a história do desenvolvimento das forças dos próprios indivíduos a autoatividade v m b autoatividade v m c Produção da própria forma de intercâmbio a m 1 contra o homem 2 contra a sua vontade 3 por sua vez 69 A ideologia alemã Como esse desenvolvimento se dá naturalmente isto é não está subor dinado a um plano geral de indivíduos livremente associados então ele parte de diferentes localidades tribos nações ramos do trabalho etc que se desenvolvem de início independentemente uns dos outros e somente pouco a pouco entram em contato uns com os outros Além disso esse de senvolvimento ocorre muito lentamente as diferentes fases e os diversos interesses jamais são plenamente ultrapassados mas apenas subordinados ao interesse vencedor e arrastamse ao lado deste durante séculos Seguese daí que mesmo no interior de uma nação os indivíduos têm também desen volvimentos diferentes abstraindose de suas condições de riqueza e que um interesse anterior cuja forma de intercâmbio peculiar já foi suplantada por outra forma correspondente a um interesse ulterior mantémse ainda por longo tempo de posse de um poder tradicional na sociedade aparente e autônoma em relação aos indivíduos Estado direito um poder que em última instância só se pode quebrar por uma revolução Isso também explica porque em relação a determinados pontos que permitem um resumo mais geral a consciência pode às vezes parecer mais avançada do que as relações empíricas contemporâneas a ela de modo que nas lutas de uma época pos terior possa se apoiar nos teóricos anteriores como autoridades Ao contrário em países que tal como a América do Norte partem desde o início de um período histórico já avançado esse desenvolvimento ocorre muito rapidamente Tais países não têm quaisquer outros pressupostos na turais além dos indivíduos que lá se instalaram movidos pelas formas de intercâmbio dos velhos países que já não correspondiam às suas necessidades Eles começam portanto com os indivíduos mais avançados dos velhos países e por isso com a forma de intercâmbio mais desenvolvida correspondente a esses indivíduos antes mesmo que essa forma de intercâmbio tenha podido imporse nos países velhos É esse o caso de todas as colônias quando não são simples bases militares ou centros comerciais Cartago as colônias gregas e a Islândia dos séculos xi e xii servem como exemplo Uma situação semelhante ocorre em caso de conquista quando ao país conquistado é transplantada já pronta a forma de intercâmbio desenvolvida noutro solo enquanto em sua pátria essa forma ainda estava repleta de interesses e relações de épocas an teriores aqui ela pode e deve implantarse totalmente e sem obstáculos nem que seja para assegurar um poder estável aos conquistadores Inglaterra e Nápoles após a conquista normanda quando receberam a forma mais plena de organização feudal O fato da conquista parece contradizer toda essa concepção histórica Até hoje fezse da violência da guerra do saque do latrocínio e assim por diante as forças motrizes da história Temos aqui de nos limitar apenas aos pontos principais e por isso tomamos apenas aquele que é o exemplo mais notável a destruição de uma velha civilização por um povo bárbaro e com isso a formação desde o princípio de uma nova estrutura da sociedade 70 Karl Marx e Friedrich Engels Roma e os bárbaros o feudalismo e as Gálias o Império Romano do Oriente e os turcos Para o povo bárbaro conquistador a própria guerra é conforme já foi sugerido acima uma forma de intercâmbio regular explorada tanto mais assiduamente quanto mais o crescimento da população dentro do rude modo de produção tradicional o único possível para esse povo gera a necessidade de novos meios de produção Na Itália ao contrário devido à concentração da propriedade agrária ocasionada não apenas pela compra e pelo endividamento mas também pela herança na medida em que em virtude da grande devassidão e da escassez de casamentos as velhas linha gens extinguiamse gradualmente e suas posses passavam às mãos de poucas pessoas à sua transformação em pastagens provocada não só pelas causas econômicas normais ainda hoje vigentes como também pela importação de cereais roubados e confiscados como tributos e pela consequente falta de consumidores para o grão italiano a população livre quase desapareceu os próprios escravos não cessavam de morrer e tinham de ser substituídos por novos A escravidão permaneceu sendo a base de toda a produção Os plebeus que se situavam entre os livres e os escravos jamais superaram a condição de uma espécie de lumpemproletariado Com efeito Roma jamais superou a condição de cidade e manteve sempre com as províncias um vínculo quase exclusivamente político que por sua vez também podia naturalmente ser interrompido por acontecimentos políticos 36 Com o desenvolvimento da propriedade privada ocorrem pela primeira vez as mesmas relações que voltaremos a encontrar em escala ampliada na propriedade privada moderna De um lado a concentração da propriedade privada que em Roma começou bem cedo como prova a lei agrícola de Licí nio37 e aumentou muito rapidamente depois das guerras civis e sobretudo sob os imperadores de outro lado e em correlação com isso a transformação dos pequenos camponeses da plebe num proletariado que em sua posição intermediária entre os cidadãos proprietários e os escravos não chegou a alcançar nenhum desenvolvimento autônomo Não há nada mais comum do que a noção de que na história até agora tudo se reduziu ao ato de tomar Os bárbaros tomam o império romano e com esse fato explicase a passagem do mundo antigo à feudalidade Mas nesse ato de tomar dos bárbaros importa saber se a nação que foi tomada desenvol veu forças produtivas industriais como é o caso dos povos modernos ou se suas forças produtivas repousam fundamental e simplesmente em sua união e naa comunidade O ato de tomar é além disso condicionado pelo objeto que é a sua cooperação tanto quanto isso é possível v m 71 A ideologia alemã tomado A riqueza de um banqueiro que consiste em papéis não pode de modo algum ser tomada sem que aquele que a venha a tomála se submeta às condições de produção e de comércio do país que foi tomado O mesmo ocorre com todo o capital industrial de um moderno país industrial Por fim o ato de tomar termina por toda parte muito rapida mente e quando não há mais nada a tomar devese começar a produzir Dessa necessidade de pro duzir que logo se apresenta decorre que a forma de comunidade adotada pelos conquistadores estabelecidos no país tem de corresponder ao estágio de desenvolvimento das forças produtivas encontradas ou quando não é esse o caso desde o início que ela tem de se modificar de acordo com as forças produtivas Com isso se explica também o fato que se julgou ter encontra do por toda parte na época posterior às migrações dos povos a saber que os vassalos converteramse em senhores e os conquistadores rapidamente adotaram a língua a cultura e os costumes dos conquistados O feudalismo não foi trazido da Alemanha já pronto mas teve sua origem por parte dos conquistadores na organização de guerra que os exércitos desenvolveram durante a própria conquista e se desenvolveu apenas depois dela até se transformar no feudalismo propriamente dito graças à ação das forças produtivas encontradas nos países conquistados O quanto a forma feudal era determinada pelas forças produtivas é demonstrado pelas fracas sadas tentativas de impor outras formas surgidas de reminiscên cias da Roma antiga Carlos Magno por exemplo Na grande indústria e na concorrência o conjunto de condições de existência de condicionamentos e limitações individuais está fundido nas duas formas mais simples propriedade privada e trabalhoa Com o dinheiro toda forma de intercâmbio e o próprio intercâmbio são postos para os indivíduos como algo acidental Portanto no próprio dinheiro já está presente o fato de que todo o intercâmbio anterior era somente intercâmbio de indiví duos sob de terminadas condições e não de indivíduos enquanto indivíduos Essas con dições encontramse reduzidas a duas trabalho acumulado ou propriedade privada e trabalho real Desaparecendo ambas ou uma delas interrompese o intercâmbio Os próprios economistas modernos por exemplo Sismondi38 Cherbuliez39 etc opõem a association des individus1 à association des capitaux2 Por outro lado os indivíduos mesmos estão completamente subsumidos à divisão do trabalho e por isso são conduzidos à mais completa dependência de uns em relação aos outros Na medida em que no interior do trabalho a propriedade privada se defronta com o trabalho ela se desenvolve a partir a Condicionamentos unilateralidades a m 1 associação dos indivíduos 2 associação dos capitais 72 Karl Marx e Friedrich Engels da necessidade da acumulação e de início ainda conserva bastante a forma da comunidade porém em seu desenvolvimento ulterior ela se aproxima cada vez mais da forma moderna da propriedade privada Por meio da divisão do trabalho já está dada desde o princípio a divisão das condições de trabalho das ferramentas e dos materiais o que gera a fragmentação do capital acumulado em diversos proprie tários e com isso a fragmentação entre capital e trabalho assim como as diferentes formas de propriedade Quanto mais se desenvolve a divisão do trabalho e a acumulação aumenta tanto mais aguda se torna essa fragmentação O próprio trabalho só pode subsistir sob o pressuposto dessa fragmentação Energia pessoal dos indivíduos de diferentes nações alemães e america nos energia já obtida pelo cruzamento de raças daí o cretinismo dos alemães na França Inglaterra etc povos estrangeiros transplantados para um solo já desenvolvido na América para um solo inteiramente novo na Alemanha a população nativa aí permaneceu tranquilamente Aqui se mostram portanto dois fatosa Primeiro as forças produtivas aparecem como plenamente independentes e separadas dos indivíduos como um mundo próprio ao lado destes o que tem sua razão de ser no fato de que os indivíduos dos quais elas são as forças existem dispersos e em oposição uns com os outros enquanto por outro lado essas forças só são forças reais no intercâmbio e na conexão desses indivíduos Portanto de um lado há uma totalidade de forças produtivas que assumiram como que uma forma objetiva e que para os próprios indivíduos não são mais as forças dos indivíduos mas as da propriedade privada e por isso são as forças dos indivíduos apenas na medida em que eles são proprietários privados Em nenhum período anterior as forças produtivas assumiram essa forma indiferente para o intercâmbio dos indivíduos na qualidade de indivíduos porque seu próprio intercâmbio era ainda limitado De outro lado confronta se com essas forças produtivas a maioria dos indivíduos dos quais essas forças se separaram e que por isso privados de todo conteúdo real de vida se tornaram indivíduos abstratos mas que somente assim são colocados em condições de estabelecer relações uns com os outros na qualidade de indiví duos O trabalho único vínculo que os indivíduos ainda mantêm com as forças produtivas e com sua própria existência perdeu para eles toda aparência de autoatividade e só conserva sua vida definhandoa Enquanto em perío dos precedentes a autoatividade e a produção da vida material estavam a Sismondi a e 73 A ideologia alemã separadas pelo único fato de que elas incumbiam a pessoas diferentes e que a produção da vida material devida à limitação dos próprios indivíduos era concebida ainda como uma forma inferior de autoatividade agora a au toatividade e a produção da vida material se encontram tão separadas que a vida material aparece como a finalidade e a criação da vida material o trabalho que é agora a única forma possível mas como veremos negativa da autoatividade aparece como meio Chegouse a tal ponto portanto quea os indivíduos devem apropriarse da totalidade existente de forças produtivas não apenas para chegar à autoa tividade mas simplesmente para assegurar a sua existência Essa apropria ção está primeiramente condicionada pelo objeto a ser apropriado as forças produtivas desenvolvidas até formar uma totalidade e que existem apenas no interior de um intercâmbio universal Sob essa perspectiva portanto tal apropriação tem de ter um caráter correspondente às forças produtivas e ao intercâmbio A apropriação dessas forças não é em si mesma nada mais do que o desenvolvimento das capacidades individuais correspondentes aos instrumentos materiais de produção A apropriação de uma totalidade de instrumentos de produção é precisamente por isso o desenvolvimento de uma totalidade de capacidades nos próprios indivíduos Essa apropriação é além disso condicionada pelos indivíduos que apropriam Somente os proletários atuais inteiramente excluídos de toda autoatividade estão em condições de impor sua autoatividade plena não mais limitada que consis te na apropriação de uma totalidade de forças produtivas e no decorrente desenvolvimento de uma totalidade de capacidades Todas as apropriações revolucionárias anteriores foram limitadas os indivíduos cuja autoativi dade estava limitada por um instrumento de produção e por um intercâm bio limitados apropriavamse desse instrumento de produção limitado e chegavam com isso apenas a uma nova limitação Seu instrumento de produção tornavase sua propriedade mas eles mesmos permaneciam sub sumidos à divisão do trabalho e ao seu próprio instrumento de produção Em todas as apropriações anteriores uma massa de indivíduos permanecia subsumida a um único instrumento de produção na apropriação pelos proletários uma massa de instrumentos de produção tem de ser subsu mida a cada indivíduo e a propriedade subsumida a todos O moderno intercâmbio universal não pode ser subsumido aos indivíduos senão na condição de ser subsumido a todos A apropriação é ainda condicionada pelo modo como tem de ser rea lizada Ela só pode ser realizada por meio de uma união que devido ao caráter do próprio proletariado pode apenas ser uma união universal e por a que as forças produtivas que se desenvolveram até formar uma totalidade e que estão ligadas a um intercâmbio universal não podem mais de modo algum ser apropriadas pelos indivíduos S m 74 Karl Marx e Friedrich Engels meio de uma revolução na qual por um lado sejam derrubados o poder do modo de produção e de intercâmbio anterior e o poder da estrutura social e que por outro desenvolva o caráter universal e a energia do proletariado necessária para a realização da apropriação uma revolução na qual além disso o proletariado se despoje de tudo o que ainda restava de sua prece dente posição social Somente nessa fase a autoatividade coincide com a vida material o que corresponde ao desenvolvimento dos indivíduos até se tornarem indiví duos totais e à perda de todo seu caráter natural e assim a transformação do tra balho em autoatividade corresponde à transformação do restrito intercâmbio anterior em intercâmbio entre os indivíduos como tais Com a apropriação das forças produtivas totais pelos indivíduos unidos acaba a propriedade privada Enquanto na história anterior uma condição particular aparecia sempre como acidental agora se tornou acidental o isolamento dos próprios indivíduos a aquisição privada particular de cada um Os indivíduos que não estão mais subsumidos à divisão do trabalho foram representados pelos filósofos como um ideal sob o nome o homem e todo esse processo que aqui expusemos foi apreendido como o processo de desenvolvimento do homem de modo que o homem foi em cada fase histórica furtivamente introduzido por sob os indivíduos precedentes e apresentado como a força motriz da história O processo inteiro foi então apreendido como processo de autoalienação Selbstentfremdungdo homem e isso ocorreu essencialmente porque o indivíduo médio da fase posterior foi sempre introduzido subrepticiamente na fase anterior e a consciência posterior nos indivíduos da fase anteriora Com essa inversão que desde o início abstrai das condições reais foi possível transformar a história inteira num processo de desenvolvimento da consciência A sociedade civil abarca o conjunto do intercâmbio material dos indivíduos no interior de um estágio determinado das forças produtivas Ela abarca o conjunto da vida comercial e industrial de um estágio e nessa medida ul trapassa o Estado e a nação apesar de por outro lado ela ter de se afirmar ante o exterior como nacionalidade e se articular no interior como Estado A palavra sociedade civil bürgerliche Gesellschaft surgiu no século xviii quando as relações de propriedade já haviam se libertado da comunidade antiga e medieval A sociedade civil como tal desenvolvese somente com a burguesia com este mesmo nome no entanto foi continuamente designada a organização social que se desenvolve diretamente a partir da produção e do intercâmbio e que constitui em todos os tempos a base do Estado e da restante superestrutura idealista a Autoalienação a m 75 A ideologia alemã Relação do Estado e do direito com a propriedade A primeira forma de propriedade tanto no mundo antigo como na Idade Média é a propriedade tribal condicionada entre os romanos principalmen te pela guerra e entre os germanos pela pecuária Entre os povos antigosa porque numa mesma cidade coabitavam muitas tribos a propriedade tribal aparece como propriedade do Estado e o direito do indivíduo sobre ela como simples possessio1 que todavia se limita assim como a propriedade tribal em geral tão somente à propriedade da terra A propriedade privada propriamente dita começa tanto entre os antigos como entre os povos mo dernos com a propriedade mobiliária escravidão e comunidade dominium ex jure Quiritium40 Entre os povos originados da Idade Média a proprieda de tribal desenvolvese passando por diferentes fases propriedade feudal da terra propriedade mobiliária corporativa capital manufatureiro até chegar ao capital moderno condicionado pela grande indústria e pela con corrência universal quer dizer até chegar à propriedade privada pura que se despiu de toda aparência de comunidade e suprimiu toda influência do Estado sobre o desenvolvimento da propriedade A essa propriedade privada moderna corresponde o Estado moderno que comprado progressivamente pelos proprietários privados por meio dos impostos cai plenamente sob o domínio destes pelo sistema de dívida pública e cuja existência tal como se manifesta na alta e na baixa dos papéis estatais na bolsa tornouse inteira mente dependente do crédito comercial que lhe é concedido pelos proprie tários privados os burgueses A burguesia por ser uma classe não mais um estamento é forçada a organizarse nacionalmente e não mais localmente e a dar a seu interesse médio uma forma geral Por meio da emancipação da propriedade privada em relação à comunidade o Estado se tornou uma existência particular ao lado e fora da sociedade civil mas esse Estado não é nada mais do que a forma de organização que os burgueses se dão necessariamente tanto no exterior como no interior para a garantia recí proca de sua propriedade e de seus interesses A autonomia do Estado tem lugar atualmente apenas naqueles países onde os estamentos não se desen volveram completamente até se tornarem classes onde os estamentos já eliminados nos países mais avançados ainda exercem algum papel e onde existe uma mistura daí que nesses países nenhuma parcela da população pode chegar à dominação sobre as outras Este é especialmente o caso da Alemanha O exemplo mais acabado do Estado moderno é a América do Norte Todos os modernos escritores franceses ingleses e americanos decla ram que o Estado existe apenas em função da propriedade privada de tal modo que isso também foi transmitido para o senso comum a particularmente Roma e Esparta S m 1 posse 76 Karl Marx e Friedrich Engels Como o Estado é a forma na qual os indivíduos de uma classe dominante fazem valer seus interesses comuns e que sintetiza a sociedade civil inteira de uma época seguese que todas as instituições coletivas são mediadas pelo Esta do adquirem por meio dele uma forma política Daí a ilusão como se a lei se baseasse na vontade e mais ainda na vontade separada de sua base real realen na vontade livre Do mesmo modo o direito é reduzido novamente à lei O direito privado se desenvolve simultaneamente com a propriedade privada a partir da dissolução da comunidade natural Entre os romanos o desenvolvimento da propriedade privada e do direito privado não gerou consequências industriais e comerciais pois o seu modo de produção inteiro mantevese o mesmoa b Entre os povos modernos em que a comunidade feudal foi dissolvida pela indústria e pelo comércio o nascimento da pro priedade privada e do direito privado deu início a uma nova fase suscetível de um desenvolvimento ulterior Amalfi41 a primeira cidade que na Idade Média praticou um extenso comércio marítimo formulou também o direito marítimo Tão logo a indústria e o comércio desenvolveram a propriedade privada primeiro na Itália e mais tarde noutros países o desenvolvido di reito privado romano foi imediatamente readotado e elevado à posição de autoridade Quando mais tarde a burguesia conquistou poder suficiente para que os príncipes acolhessem seus interesses a fim de por meio da bur guesia derrubar a nobreza feudal começou em todos os países na França no século xvi o desenvolvimento propriamente dito do direito que com exceção da Inglaterra teve como base o Código Romano Também na In glaterra os princípios do direito romano tiveram de ser introduzidos para o ulterior desenvolvimento do direito privado particularmente no âmbito da propriedade mobiliária Não se pode esquecer que o direito tal como a religião não tem uma história própria No direito privado as relações de propriedade existentes são declaradas como o resultado da vontade geral O próprio jus utendi et abutendi1 denota por um lado o fato de que a propriedade privada tornouse plenamente independente da comunidade e de outro a ilusão de que a própria proprie dade privada descansa na simples vontade privada na disposição arbitrária das coisas Na prática o abuti2 traz consigo limites econômicos muito bem determinados para o proprietário privado se este não quiser ver sua pro priedade e com ela o seu jus abutendi passando para outras mãos já que a coisa considerada simplesmente em relação com a sua vontade não é ab solutamente uma coisa mas é apenas no comércio e independentemente do a esse desenvolvimento não foi provocado por uma expansão da indústria e do co mércio S m b Usura a e 1 direito de uso e consumo também abuso 2 consumo também abuso 77 A ideologia alemã direito que ela se torna uma coisa uma verdadeira propriedade uma relação que os filósofos chamam de ideiaa Essa ilusão jurídica que reduz o direito à mera vontadeb resulta necessariamente no desenvolvimento ulterior das relações de propriedade no fato de que alguém pode ter um título jurídico de uma coisa sem ter a coisa realmente Se por exemplo a renda de um lote de terra é eliminada pela concorrência o proprietário do lote conserva sem dúvida alguma o seu título jurídico juntamente com o jus utendi et abutendi Mas ele não poderá empreender nada e não possuirá nada como proprietá rio rural caso não disponha de capital suficiente para cultivar sua terra A partir dessa mesma ilusão dos juristas explicase que para eles e para todos os códigos jurídicos em geral seja algo acidental que os indivíduos estabe leçam relações uns com os outros contratos por exemplo que essas relações sejam consideradas como relações que podem ser esta belecidas ou não a depender da vontade e cujo conteúdo repousa inteiramente sobre o arb ítrio individual dos contratantes Sempre que por meio do desenvolvimento da indústria e do comércio surgiram novas formas de intercâmbio por exemplo companhias de se guros etc o direito foi a cada vez obrigado a admitilas entre os modos de adquirir a propriedade Anotações Influência da divisão do trabalho sobre a ciênciac No Estado no direito na moral etc a repressão Na lei os burgueses devem fornecer uma expressão geral de si mesmos precisamente porque dominam como classe Ciência da natureza e história Não há história da política do direito da ciência etc da arte da re ligião etc Por que os ideólogos colocam tudo de cabeça para baixo Religiosos juristas políticos juristas políticos homens de Estado em geral moralistas religiosos Para essa subdivisão ideológica numa classe 1 autonomização dos negó cios por meio da divisão do trabalho cada um toma o seu próprio ofício como a Para os filósofos relação ideia Eles conhecem apenas a relação do homem consigo mesmo e por isso todas as relações reais tornamse para eles ideias a m b À vontade mas a vontade real etc a m c Para a coletividade tal como aparece no Estado antigo no feudalismo na monarquia absoluta a esse vínculo correspondem sobretudo as representações religiosas a m 78 Karl Marx e Friedrich Engels o verdadeiro ofício No que diz respeito à relação entre seu ofício e a reali dade eles criam ilusões tão mais necessárias quanto isso já é condicionado pela própria natureza do ofício As relações na jurisprudência na política convertemse em conceitos na consciência por não estarem acima dessas relações também os conceitos dessas relações são na cabeça de religiosos juristas políticos e moralistas conceitos fixos o juiz por exemplo aplica o código e por isso a legislação vale para ele como o verdadeiro motor ativo Respeito por sua mercadoria pois seu negócio tem a ver com o geral Ideia do direito Ideia do Estado Na consciência comum a questão é co locada de cabeça para baixo A religião é desde o início a consciência da transcendência que provém dos poderes reais Isto mais popularmente Tradição para o direito a religião etc a Os indivíduos sempre partiram de si mesmos sempre partem de si mesmos Suas relações são relações de seu processo real de vida Como ocorre que suas relações venham a se tornar autônomas em relação a eles Que os poderes de sua própria vida se tornem superiores a eles Em uma palavra a divisão do trabalho cujo grau depende sempre do de senvolvimento da força produtiva Propriedade da terra Propriedade comunal feudal moderna Propriedade estamental Propriedade da manufatura Capital industrial a i Feuerbach Oposição entre a visão materialista e a idealista a e42 79 KaRl maRx FRiedRiCh engelS FeueRBaCh Entre janeiro e março de 1846 a Toda a filosofia de Feuerbach decorre de 1 filosofia da natureza venera ção passiva extasiada genuflexão diante da grandiosidade e da onipotência da natureza 2 antropologia quer dizer α fisiologia em que nada de novo é dito senão aquilo que os materialistas disseram sobre a unidade de corpo e alma mas não de modo tão mecânico e sim um pouco mais exaltado β psicologia que conduz a ditirambos celestiais sobre o amor de forma análoga ao culto da natureza e nada mais 3 Exigência moral de que se cor responda ao conceito do homem impuissance mise en action Cf 54 p 81 a relação ética e racional do homem com seu estômago consiste em tratálo não como um ser animal mas como um ser humano 61 O homem como ser moral e o abundante palavrório sobre a eticidade Sittlichkeit nA essência do cristianismo43 b Que na fase atual de desenvolvimento os homens só podem satisfazer suas necessidades no interior da sociedade que desde sempre os homens na medida em que existem têm necessidade uns dos outros e só puderam desenvolver suas necessidades e capacidades estabelecendo relações entre si tudo isso é expresso por Feuerbach da seguinte forma o homem individual para si não tem em si a essência do homem a essência do homem está contida somente na comunidade na unidade do homem com o homem uma unidade que se apoia apenas na realidade da diferença entre Eu e Tu O homem para si é homem no sentido comum o homem com o homem a unidade do Eu e do Tu é Deus isto é homem no sentido comum 61 62 p 83 A filosofia chega a ponto de expor o fato trivial da inevitabilidade do intercâmbio entre os homens sem o reconhecimento do qual nunca teria sido engendrada a segunda geração humana que simplesmente existiu intercâmbio aliás que já se dá na diferença entre os sexos como o maior resultado alcançado ao final de toda a sua carreira E ainda por cima na 80 Karl Marx e Friedrich Engels misteriosa forma da unidade do Eu e do Tu Essa fraseologia não seria possível se Feuerbach não tivesse pensado no ato sexual no ato genérico na comunidade do Eu e do Tu κατ εξοχην1 É sobretudo porque o homem cabeça coração e porque são necessários dois homens para representar o homem que um desempenha no seu intercâmbio o papel de cabeça o ou tro de coração homem e mulher Senão não se veria por que dois são mais humanos do que um O indivíduo sansimoniano E na medida em que sua comunidade se torna prática ela se restringe ao ato sexual à compreensão dos problemas e pensamentos filosóficos à verdadeira dialética 64 ao diálogo ao engendramento do homem tanto do homem espiritual como do homem físico p 67 O que esse homem engendrado faz depois além de novamente engendrar homens espiritual e fisicamente não nos é dito Feuerbach conhece apenas o intercâmbio entre dois a verdade de que nenhum ser para si é por si só um ser verdadeiro perfeito absoluto de que a verdade e a perfeição são apenas a conexão a unidade de dois seres idênticos p 83 84 c O início da Filosofia do futuro já prova a diferença entre nós e ele 1 A tarefa dos tempos modernos foi a realização e humanização de Deus a transfor mação e dissolução da teologia na antropologia Cf A negação da teologia é a essência dos tempos modernos Filosofia do futuro p 23 d A distinção que Feuerbach estabelece entre catolicismo e protestantismo 2 o catolicismo a teologia dedicase àquilo que Deus é em si mes mo tem tendência especulativa e contemplativa o protestantismo mera cristologia abandona Deus a si mesmo a especulação e a contemplação à filosofia nada mais do que uma divisão do trabalho resultante da corres pondente necessidade de uma ciência mais desenvolvida É a partir dessa simples necessidade no interior da teologia que Feuerbach explica o protestan tismo ao qual é espontaneamente anexada então uma história autônoma da filosofia e O ser não é um conceito geral separável das coisas Ele é uno com aqui lo que é O ser é a posição da essência O que é minha essência é meu ser o peixe está na água mas desse ser tu não podes separar sua essência A lin guagem já identifica ser e essência Apenas na vida humana distinguemse ser e essência mas apenas em casos anormais infelizes pode ocorrer que 1 por excelência 81 A ideologia alemã onde se tenha seu ser não se tenha sua essência mas justamente por causa dessa separação não é verdade que não se esteja com a alma lá onde se está realmente com o corpo Somente onde está teu coração estás Tu Mas todas as coisas estão com exceção de casos contra a natureza com muito gosto onde estão e são com muito gosto o que são p 47 Um belo panegírico ao exis tente Exceção feita a casos contra a natureza e alguns poucos casos anormais terás muito gosto em ser desde os sete anos de idade porteiro numa mina de carvão permanecendo catorze horas diárias sozinho na escuridão e porque lá está teu ser então lá está também tua essência O mesmo vale para a piecer num selfactor44 Tua essência é estar submetida a um ramo de trabalho Cf essência da fé p 11 fome insatisfeita f 48 p 73 O único meio de unir sem contradição determinações opostas ou contraditórias em uma e mesma essência é o tempo Assim é ao menos no ser vivo Somente assim aparece aqui por exemplo no homem a contradição de que ora esta determinação este projeto me domina e me preenche ora uma outra determinação inteiramente oposta à primeira Isso Feuerbach chama de 1 uma contradição 2 uma união de contradições e 3 o tempo deve se encarregar disso De fato o tempo preenchido mas sempre o tempo não aquilo que nele acontece A frase a isto que somente no tempo é possível uma mudança No text found 83 KaRl maRx FRiedRiCh engelS i FeueRBaCh a a ideologia em geRal em eSpeCial a alemã Junho de 1846 i Feuerbach A A ideologia em geral em especial a alemã A crítica alemã até em seus mais recentes esforços não abandonou o terreno da filosofia Longe de investigar seus pressupostos geraisfilosóficos todo o conjunto de suas questões brotou do solo de um sistema filosófico determina do o sistema hegeliano Não apenas em suas respostas mas já nas próprias perguntas havia uma mistificação Essa dependência de Hegel é o motivo pelo qual nenhum desses modernos críticos sequer tentou empreen der uma crítica abrangente do sistema hegeliano por mais que cada um deles afirme ter superado Hegel Suas polêmicas contra Hegel e entre si limitamse ao fato de que cada um deles isola um aspecto do sistema hegeliano e volta esse aspecto tanto contra o sistema inteiro quanto contra os aspectos isolados pelos outros De início tomavamse categorias hegelianas puras e não falseadas tais como as de substância e auto cons ciência mais tarde profanaramse essas categorias com nomes mais mundanos como os de Gênero o Único o Homem etc Toda a crítica filosófica alemã de Strauß a Stirner limitase à crítica das representações religiosasa Partiase da religião real e da verdadeira teologia O que se entendia por consciência religiosa representação religiosa foi poste riormente determinado de diferentes formas O progresso consistia em subsu mir também as representações metafísicas políticas jurídicas morais e outras que eram pretensamente dominantes à esfera das representações religiosas ou teológicas do mesmo modo em declarar a consciênciab política jurídica e moral como consciência religiosa ou teológica e o homem político jurídico e moral em última instância o homem como religioso O domínio da religião a que se apresentou com a reivindicação de ser a redentora absoluta do mundo e de livrálo de todo o mal A religião foi permanentemente vista e tratada como arquiini miga como a causa última de todas as relações repugnantes a esses filósofos S m b metafísica S m 84 Karl Marx e Friedrich Engels foi pressuposto Pouco a pouco toda relação dominante foi declarada como uma relação religiosa e transformada em culto culto ao direito culto ao Estado etc Por toda parte giravase em torno de dogmas e da crença em dogmas O mundo foi canonizado numa escala cada vez maior até que por fim o venerável São Max pôde santificálo en bloc e com isso liquidálo de uma vez por todas Os velhoshegelianos haviam compreendido tudo desde que tudo fora redu zido a uma categoria da lógica hegeliana Os jovenshegelianos criticavam tu do introduzindo furtivamente representações religiosas por debaixo de tudo ou declarando tudo como algo teológico Os jovenshegelianos concor dam com os velhoshegelianos no que diz respeito à crença no domínio da religião dos conceitos do universal no mundo existente Só que uns comba tem como uma usurpação o domínio que os outros saúdam como legítimo Dado que para esses jovenshegelianos as representações os pensamentos os conceitos em resumo os produtos da consciência por eles autonomi zada são considerados os autênticos grilhões dos homens exatamente da mesma forma que para os velhoshegelianos eles eram proclamados como os verdadeiros laços da sociedade humana então é evidente que os jovens hegelianos têm de lutar apenas contra essas ilusões da consciên ciaa uma vez que segundo sua fantasia as relações entre os homens toda a sua ativi dade seus grilhões e barreiras são produtos de sua consciência os jovens hegelianos consequentemente propõem aos homens o seu postulado moral de trocar sua consciência atual pela consciência humana crítica ou egoísta e de por meio disso remover suas barreiras Essa exigência de transformar a consciência resulta na exigência de interpretar o existente de outra maneira quer dizer de reconhecêlo por meio de uma outra interpretação Os ideó logos jovenshegelianos apesar de suas fraseologias que têm a pretensão de abalar o mundo são os maiores conservadores Os mais jovens dentre eles encontraram a expressão certa para qualificar a sua atividade quando afir mam que lutam apenas contra fraseologias45 Esquecem apenas que a essas fraseologias não opõem nada além de fraseologias e queb ao combaterem as fraseologias deste mundo não combatem de modo algum o mundo real existente Os únicos resultados aos quais essa crítica filosófica pôde chegar foram algumas poucas e mesmo assim precárias explicações histórico religiosas acerca do cristianismo todas as suas outras afirmações não pas sam de floreios acrescentados à sua pretensão de ter fornecido descobertas de importância históricomundial com aquelas explicações insignificantes A nenhum desses filósofos ocorreu a ideia de perguntar sobre a conexão entre a filosofia alemã e a realidade alemã sobre a conexão de sua crítica com seu próprio meio material a e que uma modificação da consciência dominante é a finalidade que eles se esforçam por atingir S m b o mundo real existente permanece inalterado S m 85 KaRl maRx FRiedRiCh engelS I FEUERBACH INTRODUçãO 1 a ideologia em geRal em eSpeCial a FiloSoFia alemã Junho de 1846 i Feuerbach Conforme anunciam os ideólogos alemães a Alemanha teria passado nos últimos anos por uma revolução sem igual O processo de decomposição do sistema hegelianoa que começara com Strauß desenvolveuse a ponto de se transformar numa fermentação mundial em que foram envolvidas todas as potências do passado46 Nesse caos geral formaramse poderosos impérios para logo perecerem emergiram heróis momentaneamente para em seguida serem catapultados de volta às trevas por rivais mais arrojados e poderosos Foi uma revolução diante da qual a Revolução Francesa não passou de um brinquedo de criança uma luta mundial diante da qual os combates dos diádocos47 pareceriam mesquinhos Uma vez deslocados os princípios os heróis do pensamento atropelaramse uns aos outros com uma precipitação inusitada e em três anos de 1842 a 1845 revirouse mais o solo da Alemanha do que nos três séculos anteriores Tudo isso teria acontecido no terreno do pensamento puro Tratase cer tamente de um acontecimento interessante o processo de apodrecimento do espírito absolutob c Depois da extinção da última fagulha de vida os diferentes elementos deste caput mortuum1 entraram em processo de decom posição ocorreram novas combinações e formaramse novas substâncias Os industriais filosóficos que até então haviam vivido da exploração do espírito absoluto lançaramse então a novas combinações Cada um se 1 literalmente cabeça morta Expressão utilizada na química para designar o resíduo não mais utilizável do processo de destilação a escola hegeliana v m b Naturalmente o mundo exterior profano não tomou conhecimento de nada disso pois no fundo todo esse acontecimento arrebatador se desenrolou apenas no âmbito do processo de decomposição do espírito absoluto v m c O promotor de casamentos e funerais não podia estar ausente ele que desde como resíduo das grandes guerras de libertação S m 86 Karl Marx e Friedrich Engels dedicava a explorar com a maior diligência possível a parte que lhe fora destinada por sorte Isso não poderia se dar sem concorrência Inicialmente tal concorrência foi conduzida de forma bem burguesa e séria Mais tarde quando o mercado alemão estava abarrotado e apesar de todos os esforços não se conseguia mais escoar a mercadoria no mercado mundial o negócio deteriorouse segundo a maneira comum aos alemães por meio da produção fabril adulterada da piora da qualidade da sofisticação da matériaprima da falsificação dos rótulos de compras simuladas de letras de câmbio sem cobertura e de um sistema de crédito carente de qualquer base real A con corrência resultou numa luta renhida que agora nos é apresentada e louvada como uma mudança históricomundial como a produtora dos resultados e das conquistas mais formidáveis Mas para apreciar a justo títuloa essa gritaria filosófica de feira livre que desperta até mesmo no íntimo do honesto burguês alemão um sentimento nacional benfazejo a fim de tornar visível essa mesquinhez a limitação localb de todo esse movimento jovemhegeliano e sobretudo o contraste tragicômico entre as façanhas reais desses heróis e as ilusões suscitadas em torno delas é necessário olhar todo esse espetáculo ao menos uma vez de um ponto de vista situado fora da Alemanhac 1 A ideologia em geral em especial a filosofia alemã A d Os pressupostos de que partimos não são pressupostos arbitrários dogmas mas pressupostos reais de que só se pode abstrair na imaginação São os indivíduos reais sua ação e suas condições materiais de vida tanto aquelas a a pequenez a limitação local e a insignificância de todo esse movimento jovem hegeliano v m b e nacional v m c Por isso antes da crítica especial aos representantes individuais desse movimento fare mos algumas considerações de caráter geral que esclarecerão melhor os pressupostos ideológicos comuns a todos eles Essas considerações serão suficientes para carac terizar o ponto de vista de nossa crítica na medida em que isso se mostra necessário para a compreensão e a fundamentação das críticas individuais que seguem Contrapomos essas considerações especialmente a Feuerbach pois ele é o único que fez ao menos algum progresso e cujos escritos podem ser examinados de bonne foi1 S m d Conhecemos uma única ciência a ciência da história A história pode ser examinada de dois lados dividida em história da natureza e história dos homens Os dois lados não podem no entanto ser separados enquanto existirem homens história da natu 1 de boafé 87 A ideologia alemã por eles já encontradas como as produzidas por sua própria ação Esses pressupostos são portanto constatáveis por via puramente empírica O primeiro pressuposto de toda a história humana é naturalmente a existência de indivíduos humanos vivosa O primeiro fato a constatar é pois a organização corporal desses indivíduos e por meio dela sua relação dada com o restante da natureza Naturalmente não podemos abordar aqui nem a constituição física dos homens nem as condições naturais geológicas oro hidrográficas climáticas e outras condições já encontradas pelos homensb Toda historiografia deve partir desses fundamentos naturais e de sua modi ficação pela ação dos homens no decorrer da história Podese distinguir os homens dos animais pela consciência pela religião ou pelo que se queira Mas eles mesmos começam a se distinguir dos animais tão logo começam a produzir seus meios de vida passo que é condicionado por sua organização corporal Ao produzir seus meios de vida os homens produzem indiretamente sua própria vida material O modo pelo qual os homens produzem seus meios de vida depende antes de tudo da própria constituição dos meios de vida já encontrados e que eles têm de reproduzir Esse modo de produção não deve ser conside rado meramente sob o aspecto de ser a reprodução da existência física dos indivíduos Ele é muito mais uma forma determinada de sua atividade uma forma determinada de exteriorizar sua vida um determinado modo de vida desses indivíduos Tal como os indivíduos exteriorizam sua vida assim são eles O que eles sãoc coincide pois com sua produção tanto com o que produzem como também com o modo como produzem O que os indivíduos são portanto depende das condições materiais de sua produção Essa produção aparece primeiramente com o aumento da população ela própria pressupõe por sua vez um intercâmbio Verkehr entre os indivíduos A forma desse intercâmbio é novamente condicionada pela produção reza e história dos homens se condicionarão reciprocamente A história da natureza a assim chamada ciência natural não nos diz respeito aqui mas quanto à história dos homens será preciso examinála pois quase toda a ideologia se reduz ou a uma concepção distorcida dessa história ou a uma abstração total dela A ideologia ela mesma é apenas um dos lados dessa história S m a O primeiro ato histórico desses indivíduos pelo qual eles se diferenciam dos animais é não o fato de pensar mas sim o de começar a produzir seus meios de vida S m b Essas condições implicam não apenas a organização originária natural dos homens em particular as diferenças entre as raças mas também todo o seu ulterior desenvol vimento ou não desenvolvimento até os dias de hoje S m c mostrase portanto no seu modo de produção Produktionsweise tanto no que eles produzem quanto no modo como eles produzem v m No text found 89 KaRl maRx FRiedRiCh engelS i FeueRBaCh FRagmenTo 1 De junho a meados de julho de 1846 As relações entre diferentes nações dependem do ponto até onde cada uma delas tenha desenvolvido suas forças produtivas a divisão do trabalho e o intercâmbio interno Esse princípio é em geral reconhecido Mas não apenas a relação de uma nação com outras como também toda a estrutura interna dessa mesma nação dependem do nível de desenvolvimento de sua produção e de seu intercâmbio interno e externo A que ponto as forças produtivas de uma nação estão desenvolvidas é mostrado de modo mais claro pelo grau de desenvolvimento da divisão do trabalho Cada nova força produtiva na medida em que não é a mera extensão quantitativa de forças produtivas já conhecidas por exemplo o arroteamento de ter ras tem como consequência um novo desenvolvimento da divisão do trabalho A divisão do trabalho no interior de uma nação leva inicialmente à sepa ra ção entre o trabalho industrial e comercial de um lado e o trabalho agríco la de outro e com isso à separação da cidade e do campo e à oposição entre os interesses de ambos Seu desenvolvimento posterior leva à separação entre trabalho comercial e trabalho industrial Ao mesmo tempo por meio da divi são do trabalho no interior desses diferentes ramos desenvolvemse diferentes subdivisões entre os indivíduos que cooperam em determinados trabalhos A posição dessas diferentes subdivisões umas em relação às ou tras é condicio nada pelo modo como são exercidos os trabalhos agrícola industrial e comercial patriarcalismo escravidão estamentos classes As mesmas condições mostramse no desenvolvimento do intercâmbio entre as diferentes nações As diferentes fases de desenvolvimento da divisão do trabalho significam outras tantas formas diferentes da propriedade quer dizer cada nova fase da di visão do trabalho determina também as relações dos indivíduos uns com os outros no que diz respeito ao material ao instrumento e ao produto do trabalho 90 Karl Marx e Friedrich Engels A primeira forma da propriedade é a propriedade tribal Stammeigentum Ela corresponde à fase não desenvolvida da produção em que um povo se alimenta da caça e da pesca da criação de gado ou no máximo da agricul tura Neste último caso a propriedade tribal pressupõe uma grande quan tidade de terras incultas Nessa fase a divisão do trabalho é ainda bem pouco desenvolvida e se limita a uma maior extensão da divisão natural do trabalho que já existia na família os chefes patriarcais da tribo abaixo deles os membros da tribo e por fim os escravos A escravidão latente na família se desenvolve apenas aos poucos com o aumento da população e das ne cessidades e com a expansão do intercâmbio externo tanto da guerra como da troca A segunda forma é a propriedade estatal ou comunal da Antiguidade que resulta da unificação de mais de uma tribo numa cidade por meio de contrato ou conquista e na qual a escravidão continua a existir Ao lado da propriedade comunal já se desenvolve a propriedade privada móvel e mais tarde a propriedade privada imóvel mas como uma forma anômala e subordinada à propriedade comunal Apenas em sua comunidade pos suem os cidadãos o poder sobre seus escravos trabalhadores e por esse motivo permanecem ligados à forma da propriedade comunal Esta última é a propriedade privada comunitária dos cidadãos ativos que em face dos escravos são obrigados a permanecer nessa forma de associação surgida na turalmente Por isso a estrutura da sociedade que tem por base esse tipo de propriedade entra em decadência e com ela decai também no mesmo grau o poder do povo sobretudo na medida em que desenvolve a propriedade privada imóvel A divisão do trabalho já está mais desenvolvida Já podemos encontrar a oposição entre cidade e campo e mais tarde a oposição entre Estados que representam o interesse da cidade e aqueles que representam o interesse do campo e no interior das próprias cidades encontramos a oposição entre a indústria e o comércio marítimo A relação de classes entre cidadãos e escravos está completamente desenvolvidaa A terceira forma é a propriedade feudal ou estamental Se a Antiguidade baseouse na cidade e em seu pequeno território a Idade Média baseouse no campo a escassa população existente espalhada por uma vasta superfície e que não teve um grande crescimento com a chegada dos conquistadores condicionou essa mudança de ponto de partida Ao contrário da Grécia e de Roma o desenvolvimento feudal começa pois num terreno muito mais extenso preparado pelas conquistas romanas e pela expansão da agricultura vin culada a essas conquistas Os últimos séculos do Império Romano em declínio e a nos plebeus romanos encontramos de início pequenos proprietários de terra e pos teriormente os começos de um proletariado que no entanto não alcança nenhum desenvolvimento em virtude de sua posição intermediária entre os cidadãos de posse e os escravos Ao mesmo tempo encontramos aqui primeiramente S m 91 A ideologia alemã sua conquista pelos bárbaros destruíram uma enorme quantidade de forças produtivas a agricultura havia diminuído a indústria decaíra pela falta de mercados o comércio adormecera ou fora violentamente interrompido as populações da cidade e do campo haviam diminuído Essas condições preexistentes e o modo de organização da conquista por elas condiciona do desenvolveram a propriedade feudal sob a influência da organização militar germânica A propriedade feudal tal como a propriedade comunal e tribal baseiase igualmente numa comunidade em que não são mais os escravos como para os antigos mas sim os pequenos camponeses servos da gleba que formam a classe imediatamente produtora Simultanea mente à formação completa do feudalismo surge também a oposição às cidades A estrutura hierárquica da posse da terra e a vassalagem armada ligada a essa estrutura davam à nobreza o poder sobre os servos Essa estrutura feudal assim como a propriedade comunal antiga era uma associação oposta à classe produtora dominada apenas a forma de associação e a relação com os produtores diretos eram diferentes porque as condições de produção haviam mudado A essa estrutura feudal da posse da terra correspondia nas cidades a propriedade corporativa a organização feudal dos ofícios A propriedade consistia aqui principalmente no trabalho de cada indivíduo A necessida de da associação contra a nobreza de rapina associada a carência de praças de mercado comuns numa época em que o industrial era ao mesmo tempo comerciante a concorrência crescente dos servos fugitivos que afluíam às cidades florescentes a estrutura feudal do país inteiro tudo isso resultou nas corporações os pequenos capitais economizados aos poucos pelos artesãos individuais e o número estável destes numa população crescente desenvol veram a condição de oficial e de aprendiz implantando nas cidades uma hierarquia semelhante à existente no campo Portanto a propriedade principal era constituída durante a época feudal de um lado pela propriedade da terra e pelo trabalho servil a ela acorren tado e do outro pelo trabalho próprio com pequeno capital que dominava o trabalho dos oficiais A estrutura de ambos era condicionada pelas limita das relações de produção pelo escasso e grosseiro cultivo da terra e pela indústria artesanal A divisão do trabalho pouco ocorreu na florescência do feudalismo Cada país trazia em si a oposição entre cidade e campo a estru tura estamental estava fortemente estabelecida mas além da separação entre príncipes nobres clero e campesinato no campo e entre mestres oficiais e aprendizes e logo também a plebe de assalariados diaristas nas cidades não houve nenhuma outra divisão significativa Na agricultura a divisão do trabalho era dificultada pelo cultivo parcelado ao lado do qual surgiu a indústria doméstica dos próprios camponeses na indústria o trabalho nem sequer era dividido dentro de cada ofício e era bem pouco dividido entre os ofícios A divisão entre indústria e comércio que já existia nas cidades 92 Karl Marx e Friedrich Engels antigas desenvolveuse nas novas cidades apenas mais tarde quando elas passaram a se relacionar umas com as outras A junção de grandes territórios em reinos feudais era uma necessidade tanto para a nobreza rural como para as cidades Por isso a organização da classe dominante da nobreza tinha por toda parte um monarca à frente 93 KaRl maRx FRiedRiCh engelS i FeueRBaCh FRagmenTo 2 De junho a meados de julho de 1846 O fato é portanto o seguinte indivíduos determinadosa que são ativos na produção de determinada maneira contraem entre si estas relações sociais e políticas determinadas A observação empíricab tem de provar em cada caso particular empiricamente e sem nenhum tipo de mistificação ou especula ção a conexão entre a estrutura social e política e a produção A estrutura social e o Estado provêm constantemente do processo de vida de indivíduos determinados mas desses indivíduos não como podem aparecer na imagi nação própria ou alheia mas sim tal como realmente são quer dizer tal como atuam como produzem materialmente e portanto tal como desenvolvem suas atividades sob determinados limites pressupostos e condições materiais independentes de seu arbítrioc A produção de ideias de representações da consciência está em prin cípio imediatamente entrelaçada com a atividade material e com o inter câmbio material dos homens com a linguagem da vida real O representar o pensar o intercâmbio espiritual dos homens ainda aparecem aqui como emanação direta de seu comportamento material O mesmo vale para a a em determinadas relações de produção v m b que se atém simplesmente aos fatos reais v m c As representações que esses indivíduos produzem são representações seja sobre sua relação com a natureza seja sobre suas relações entre si ou sobre sua própria condição natural Beschaffenheit É claro que em todos esses casos essas representa ções são uma expressão consciente real ou ilusória de suas verdadeiras relações e atividades de sua produção de seu intercâmbio de sua organização social e polí tica A suposição contrária só seria possível no caso de além do espírito dos indiví duos reais e materialmente condicionados pressuporse ainda um espírito à parte Se a expressão consciente das relações efetivas desses indivíduos é ilusória se em suas representações põem a sua realidade de cabeça para baixo isto é consequência de seu modo limitado de atividade material e das suas relações sociais limitadas que daí derivam S m 94 Karl Marx e Friedrich Engels produção espiritual tal como ela se apresenta na linguagem da política das leis da moral da religião da metafísica etc de um povo Os homens são os produtores de suas representações de suas ideias e assim por diantea mas os homens reais ativos tal como são condicionados por um determinado desenvolvimento de suas forças produtivas e pelo intercâmbio que a ele corresponde até chegar às suas formações mais desenvolvidas A consciên cia Bewusstsein não pode jamais ser outra coisa do que o ser consciente bewusste Sein e o ser dos homens é o seu processo de vida real Se em toda ideologia os homens e suas relações aparecem de cabeça para baixo como numa câmara escura este fenômeno resulta do seu processo histórico de vida da mesma forma como a inversão dos objetos na retina resulta de seu processo de vida imediatamente físico Totalmente ao contrário da filosofia alemã que desce do céu à terra aqui se eleva da terra ao céu Quer dizer não se parte daquilo que os ho mens dizem imaginam ou representam tampouco dos homens pensados imaginados e representados para a partir daí chegar aos homens de carne e osso partese dos homens realmente ativos e a partir de seu processo de vida real expõese também o desenvolvimento dos reflexos ideológicos e dos ecos desse processo de vida Também as formações nebulosas na cabeça dos homens são sublimações necessárias de seu processo de vida mate rial processo empiricamente constatável e ligado a pressupostos materiais A moral a religião a metafísica e qualquer outra ideologia bem como as formas de consciência a elas correspondentes são privadas aqui da aparência de autonomia que até então possuíam Não têm história nem desenvolvimento mas os homens ao desenvolverem sua produção e seu intercâmbio materiais transformam também com esta sua realidade seu pensar e os produtos de seu pensar Não é a consciência que determina a vida mas a vida que deter mina a consciência No primeiro modo de considerar as coisas partese da consciência como do indivíduo vivo no segundo que corresponde à vida real partese dos próprios indivíduos reais vivos e se considera a consciência apenas como sua consciênciab Esse modo de considerar as coisas não é isento de pressupostos Ele parte de pressupostos reais e não os abandona em nenhum instante Seus pressu postos são os homens não em quaisquer isolamento ou fixação fantásticos mas em seu processo de desenvolvimento real empiricamente observável sob determinadas condições Tão logo seja apresentado esse processo ativo de vida a história deixa de ser uma coleção de fatos mortos como para os a e na verdade os homens tal como são condicionados pelo modo de produção de sua vida material por seu intercâmbio material e por seu desenvolvimento ulterior na estrutura social e política S m b a consciência desses indivíduos práticos atuantes v m 95 A ideologia alemã empiristas ainda abstratos48 ou uma ação imaginária de sujeitos imaginários como para os idealistas Ali onde termina a especulação na vida real começa também portanto a ciência real positiva a exposição da atividade prática do processo prático de desenvolvimento dos homens As fraseologias sobre a consciência aca bam e o saber real tem de tomar o seu lugar A filosofia autônoma perde com a exposição da realidade seu meio de existência Em seu lugar pode aparecer no máximo um compêndio dos resultados mais gerais que se deixam abstrair da observação do desenvolvimento histórico dos homens Se separadas da história real essas abstrações não têm nenhum valor Elas podem servir apenas para facilitar a ordenação do material histórico para indicar a sucessão de seus estratos singulares Mas de forma alguma ofere cem como a filosofia o faz uma receita ou um esquema com base no qual as épocas históricas possam ser classificadas A dificuldade começa ao con trário somente quando se passa à consideraçãoa e à ordenação do material seja de uma época passada ou do presente quando se passa à exposição real A eliminação dessas dificuldades é condicionada por pressupostos que não podem ser expostos aqui mas que resultam apenas do estudo do processo de vida real e da ação dos indivíduos de cada época Destacaremos aqui algumas dessas abstrações a fim de contrapôlas à ideologia ilustrandoas com alguns exemplos históricos a do material histórico à pesquisa da estrutura real fática das diferentes camadas v m NOT ME NOT ME NOT ME I DIDNT DO IT 97 KaRl maRx FRiedRiCh engelS o ConCílio de leipzig De fevereiro a meados de abril de 1846 O Concílio de Leipzig 49 No terceiro volume da Wigands Vierteljahrsschrift para o ano de 1845 acon tece de fato a batalha dos hunos profeticamente pintada por Kaulbach50 os espectros daqueles que foram abatidos cuja fúria não se aplaca nem mesmo na morte erguem um estrondo e gritos no ar que soam como estampidos e clamores de guerra fragores de gládios escudos e carros de combate Mas não se trata de uma batalha por coisas terrenas A guerra santa não é travada por causa de barreiras alfandegárias por uma constituição pela praga da batata51 pelo sistema bancário e por estradas de ferro mas sim em nome dos interesses mais sagrados do espírito em nome da Substância da Autoconsciência da Crítica do Único e do Verdadeiro Homem Encontramonos num concílio de Padres da Igreja Como esses padres são os últimos exemplares de sua espécie e como assim se espera advogase aqui pela última vez a causa do Ser Supremo aliás do Absoluto vale a pena lavrar o procèsverbal1 desses debates Eis aqui primeiramente São Bruno que pode ser facilmente reconhecido por seu cajado tornate natureza sensível tornate um cajado Wigand p 130 Ele traz em torno de sua cabeça a auréola da crítica pura e despre zando o mundo envolvese no manto de sua autoconsciência Ele esmagou a religião na sua totalidade e o Estado em suas manifestações p 138 ao vio lentar o conceito de substância em nome da suprema autoconsciência As ruínas da Igreja e os fragmentos do Estado jazem a seus pés enquanto seu olhar fulmina a massa e a reduz a pó Tal como Deus ele não tem pai nem mãe é sua própria criatura sua própria obra p 136 Em uma palavra é o Napoleão do espírito no espírito de Napoleão Seus exercícios espiritu ais consistem sempre em interrogar a si próprio e nessa autointerrogação encontrar o estímulo para a autodeterminação p 136 em consequência dessa cansativa tarefa de lavrar os autos de si mesmo ele emagrece visivel 1 ata protocolo 98 Karl Marx e Friedrich Engels mente Além de interrogar a si mesmo ele também interroga de tempos em tempos como veremos o Westphälische Dampfboot52 Defronte a ele encontrase São Max53 cujos merecimentos em favor do reino de Deus consistem no fato de que ele afirma ter comprovado e demonstrado sua identidade em cerca de 600 páginas impressas54 de que ele não é este ou aquele fulano ou beltrano mas justamente São Max e ninguém mais Tudo o que se pode dizer de sua glória e de suas demais insígnias é que são seu objeto e por isso sua propriedade que são únicos e incom paráveis e que não há palavras para os definir p 148 Ele é ao mesmo tempo a fraseologia e o proprietário das fraseologias ao mesmo tempo Sancho Pança e Dom Quixote Seus exercícios ascéticos consistem em elaborar ideias azedas acerca da falta de ideias em longas reflexões sobre a irreflexão em santificar o que não tem salvação De resto não pre cisamos enaltecêlo muito pois ele tem a elegância além de todas as qualidades que lhe são atribuídas e que seriam por si só mais numerosas do que os nomes de Deus entre os maometanos de dizer Eu sou o Tudo e mais ainda Eu sou o Tudo deste Nada e o Nada deste Tudo Distinguese vantajosamente de seu lúgubre rival por certa negligência solene e por interromper de tempos em tempos suas sérias meditações com um viva crítico Perante esses dois grãomestres da Santa Inquisição é intimado a compare cer o herético Feuerbach para responder a uma grave acusação de gnosticismo O herege Feuerbach troveja São Bruno está de posse da hyle da substância e se nega a devolvêla a fim de que minha autoconsciência infinita nela não se espelhe A autoconsciência está obrigada a errar como um fantasma enquanto não tiver retomado todas as coisas que provêm dela e que vão para ela E eis que agora ela já engoliu o mundo inteiro menos essa hyle a substância que o gnóstico Feuerbach guarda a sete chaves e da qual não aceita abrir mão São Max acusa o gnóstico de duvidar do dogma por ele revelado de que cada ganso cada cão cada cavalo é o homem completo e caso se aprecie o uso de um superlativo o homem completíssimo Wigand p 187 Ao qual não falta o mais ínfimo dos atributos que faz do homem um homem E certamente é este o mesmo caso de cada ganso cada cão cada cavalo Além da discussão dessas importantes acusações será decidido também um processo dos dois santos contra Moses Heß55 e de São Bruno contra os autores dA sagrada família Porém como esses inculpados vagueiam por entre as coisas deste mundo e por isso não comparecem à Santa Casa56 serão condenados por contumácia ao eterno banimento do reino do espírito enquanto durar sua vida natural Por fim os dois grãomestres voltam a tecer em conjunto e também um contra o outro extravagantes intrigasa a Ao fundo aparece o Dottore Graziano aliás Arnold Ruge sob o pretexto de ser um cérebro extraordinariamente astuto e político Wigand p 192 S m 99 KaRl maRx FRiedRiCh engelS ii São BRuno De fevereiro a meados de abril de 1846 II São Bruno 1 Campanha contra Feuerbach Antes de nos ocuparmos com o combate solene da autoconsciência baueriana consigo mesma e com o mundo temos de revelar um segredo São Bruno provocou essa guerra e esses clamores de guerra apenas porque tinha de proteger a si mesmo e à sua crítica insossa azedada contra o esquecimento ingrato do público pois tinha de demonstrar que mesmo sob as condições modificadas do ano de 1845 a crítica permaneceu igual a si mesma e imutá vel Ele escreveu o segundo volume de a boa causa e sua própria causa57 defende o seu próprio terreno luta pro aris et focis1 Mas de modo genui namente teológico ele esconde essa meta pessoal sob a aparência de querer caracterizar Feuerbach Nosso bom homem já havia sido completamente esquecido como demonstrou da melhor forma a polêmica entre Feuerbach e Stirner na qual ele nem sequer foi aludido Precisamente por isso ele se aferra a essa polêmica para na qualidade de contrário aos polos opostos poder proclamar a si mesmo como a sua unidade suprema como o Espírito Santo São Bruno inaugura a sua campanha com uma canhonada contra Feuerbach cestàdire2 com a reimpressão revista e ampliada de um ensaio que já aparecera nas Norddeutsche Blätter58 Feuerbach é feito cavaleiro da substância a fim de conferir um maior relevo à autoconsciência baueriana Nessa transubstanciação de Feuerbach supostamente comprovada pelo conjunto de seus escritos o santo homem salta imediatamente dos escritos de Feuerbach sobre Leibniz e Bayle59 à Essência do cristianismo e passa por cima do artigo contra os filósofos positivos60 nos Hallische Jahrbücher Esse erro vem bem a calhar É que foi justamente nesses textos que Feuer bach revelou contra os representantes positivos da substância todo o saber 1 por nossos altares e nossos corações 2 quer dizer 100 Karl Marx e Friedrich Engels sobre a autoconsciência numa época em que São Bruno ainda especulava sobre a Imaculada Conceição Desnecessário referir que São Bruno continua a dar pinotes em seu corcel velhohegeliano Ouçamos agora a primeira passagem de suas mais novas revelações do Reino de Deus Hegel havia reunido a substância de Spinoza e o Eu fichtiano a unidade de ambos a combinação dessas esferas opostas etc constituem o interesse peculiar mas ao mesmo tempo também a fraqueza da filosofia hegeliana Essa contradição no interior da qual se movia o sistema hegeliano tinha de ser resolvida e destruída Mas ele só pôde fazêlo tornando impossível para sempre a colocação da pergunta qual a relação entre a autoconsciência e o espírito absoluto Isso era possível de duas maneiras Ou a autoconsciência tinha de ser novamente queimada nas chamas da substância isto é a pura relação de subs tan cialidade tinha de ser firmada e mantida ou era preciso mostrar que a perso nalidade é a criadora de seus próprios atributos e de sua essência que pertence ao conceito de personalidade em geral pôr a si mesmo o conceito ou a perso na lidade como limitado e novamente suprassumir essa limitação que ela põe por meio de sua essência universal pois justamente essa essência é apenas o resultado de sua autodiferenciação de sua atividade Wigand p 86 87 88 nA sagrada família p 220 a filosofia hegeliana foi apresentada como a união entre Spinoza e Fichte ao mesmo tempo em que foi enfatizada a contradição que reside nessa união É característico de São Bruno que ele diferentemente dos autores dA sagrada família não considera a relação da autoconsciência com a substância como uma questão controversa no interior da especulação hegeliana mas como uma questão históricomundial e até mesmo como uma questão absoluta Essa é a única forma na qual ele pode expressar os conflitos do presente Ele realmente acredita que o triunfo da autoconsciência sobre a substância exerce uma influência essencial não apenas no equilíbrio europeu mas também em todo o futuro desenvolvimento da questão do Oregon61 Em que medida depende disso a abolição das leis dos cereais62 na Inglaterra até agora foi pouco debatido A expressão abstrata e nebulosa na qual em Hegel uma colisão real é distorcida vale para essa mente crítica como a colisão real Ele aceita a contradição especulativa e afirma uma parte dela em oposição à outra A fra seologia filosófica sobre uma questão real é para ele a própria questão real Consequentemente por um lado em vez de homens reais e suas consciências reais de suas relações sociais que aparentemente os confrontam como algo independente ele tem a mera fraseologia abstrata a autocons ciência assim como em vez da produção real ele tem a atividade dessa autoconsciência tornada independente por outro lado em vez da natureza real e das relações sociais realmente existentes ele tem o resumo filosófico de todas as catego rias filosóficas ou os nomes dessas relações na fraseologia a substância pois Bruno juntamente com todos os filósofos e ideólogos erroneamente consi dera os pensamentos as ideias a independente expressão intelectual do 101 A ideologia alemã mundo existente como a base desse mundo existente É evidente que com essas duas abstrações que se tornaram carentes de sentido e de conteúdo ele pode executar todo tipo de truques sem saber nada dos homens reais e de suas relações Vejase aliás o que é dito sobre a substância em relação a Feuerbach e o que é dito sobre o liberalismo humano e sobre o Sagrado em relação a São Max63 Portanto ele não abandona a base especulativa para resolver as contradições da especulação ele manobra a partir dessa base e ele mesmo ainda permanece tanto sobre a base especificamente hegeliana quea a relação da autoconsciência com o espírito absoluto continua a roubar lhe o sono Em uma palavra temos aqui a filosofia da autoconsciência que fora anunciada na Crítica dos sinópticos realizada nO cristianismo revelado e que infelizmente há muito tempo fora antecipada na Fenomenologia de hegel64 Essa nova filosofia baueriana teve sua completa elucidação nA sagrada família na p 220 ss e na p 3047 Aqui entretanto São Bruno consegue até mesmo caricaturar a si próprio ao contrabandear a personalidade para poder com Stirner apresentar o indivíduo como sua obra própria e apresentar Stirner como obra de Bruno Esse passo à frente merece uma curta nota Primeiramente compare o leitor essa caricatura com o seu original a explanação da autoconsciência nO cristianismo revelado p 113 e compare essa explanação por sua vez com o seu protótipo a Fenomenologia de hegel p 575 583 ss Ambas as passagens estão reproduzidas nA sagrada família p 221 223 224 Mas voltemonos por ora à caricatura Personalidade em geral Conceito Essência universal Pôr a si mesmo como limitado e novamente suprassumir essa limitação Autodistinção interna Que re sultados fabulosos Personalidade em geral ou é um absurdo em geral ou o conceito abstrato da personalidade Portanto é parte do conceito de personalidade pôr a si mesmo como limitado Essa limitação que reside no conceito de seu conceito está desde já posta pela personalidade por meio de sua essência universal E depois de ter novamente suprassumido essa limitação fica patente que precisamente essa essência é o resultado de sua autodiferenciação interna Todo o resultado grandioso dessa in tricada tautologia se reduz pois ao familiar truque hegeliano da autodi ferenciação do homem no pensamento uma autodiferenciação que o infeliz Bruno teimosamente proclama como a única atividade da personalidade em geral Já há muito tempo mostrouse a São Bruno que de nada serve uma personalidade cuja atividade se limita a essas cabriolas que hoje já se tornaram triviais Ao mesmo tempo essa passagem contém a confissão de que a essência da personalidade baueriana é o conceito de um conceito a abstração de uma abstração a ele continua a considerar a questão da relação da autoconsciência com o espírito ab soluto como uma questão altamente importante decisiva v m 102 Karl Marx e Friedrich Engels A crítica de Bruno a Feuerbach naquilo que ela traz de novo limitase a apresentar de forma hipócrita as censuras que Stirner faz a Feuerbach e a Bauer como sendo censuras de Bauer contra Feuerbach Assim por exemplo que a essência do homem é essência em geral e algo sagrado que o homem é o Deus do homem que o gênero humano é o Absoluto que Feuerbach divide o homem em um Eu essencial e um Eu inessencial embora Bruno sempre declare que o abstrato é o essencial e em sua antítese entre a crítica e a massa ele conceba essa separação de uma forma muito mais monstruosa do que em Feuerbach que seria preciso travar a luta contra os predicados de Deus etc Sobre a questão do amor egoísta e do amor desinteressado Bruno repete em sua polêmica contra Feuerbach as palavras de Stirner quase textualmente e ao longo de três páginas p 1335 assim como também copia desastradamente as fraseologias de Stirner cada homem é sua própria criatura a verdade é um fantasma e assim por diante Enfim em Bruno a criatura transformase numa obra Voltaremos a falar sobre a exploração de Stirner por São Bruno Assim a primeira coisa que descobrimos em São Bruno foi sua constan te dependência de Hegel Não nos demoraremos naturalmente em suas considerações copiadas de Hegel limitandonos apenas a reunir algumas frases que demonstram o quão firme é a sua crença no poder dos filósofos e a que ponto ele partilha de sua ilusão de que uma consciência modifica da uma nova orientação na interpretação das relações existentes poderia revolucionar todo o mundo até aqui existente Imbuído dessa crença São Bruno também faz que um de seus pupilos no fascículo IV da Wigands Vierteljahrsschrift p 327 forneça o atestado de que suas fraseologias sobre a personalidade acima mencionadas as quais foram proclamadas no fascículo III são pensamentos que revolucionam o mundo65 São Bruno diz Wigand p 95 A filosofia nunca foi outra coisa do que a teologia reduzida à sua forma mais geral e conduzida à sua expressão mais racional Essa passagem dirigida contra Feuerbach é copiada quase palavra por palavra da Filosofia do futuro de Feuerbach p 2 A filosofia especulativa é a teologia verdadeira consequente racional Bruno prossegue A filosofia em aliança com a religião sempre se empenhou na absoluta de pendência do indivíduo e realizou isso de fato ao exigir e permitir que a vida individual fosse absorvida na vida universal o acidente na substância o homem no espírito absoluto Como se a filosofia de Bruno em aliança com a de Hegel e em sua persistente associação proibida com a teologia não exigisse ou então não permitisse a absorção do homem na representação de um de seus aci 103 A ideologia alemã dentes a autoconsciência considerada como a substância Além disso vêse em toda essa passagem com que alegria o Padre da Igreja com sua eloquência de púlpito continua a professar sua crença revolucio nária no poder cheio de mistérios dos teólogos e filósofos sagrados Naturalmente no interesse da boa causa da liberdade e da sua própria causa Na p 105 nosso devoto homem tem a impudência de repreender Feuerbach Feuerbach fez do indivíduo do homem desumanizado do cristianismo não o homem o homem verdadeiro real pessoal predicados origina dos nA sagrada família e em Stirner mas o homem emasculado o escravo e com isso afirma entre outras coisas o disparate de que ele São Bruno pode fazer homens com o poder da mente Mais adiante afirma Em Feuerbach o indivíduo tem de submeterse ao Gênero tem de servilo O Gênero de Feuerbach é o Absoluto de Hegel e tal como este também não existe em lugar nenhum Aqui como em todas as outras passagens São Bruno não se furta à glória de fazer depender as relações reais dos indivíduos da interpretação filosó fica dessas relações Ele sequer suspeita da correlação que há entre as represen tações do espírito absoluto hegeliano e do gênero feuerba chiano de um lado e o mundo existente de outro Na p 104 o santo Padre se escandaliza terrivelmente com a heresia de Feuerbach que transforma a divina trindade RazãoAmorVontade em algo que está nos indivíduos e por sobre os indivíduos como se nos dias de hoje toda inclinação todo impulso toda necessidade não se afirmassem como um poder no indivíduo por sobre o indivíduo tão logo as circunstân cias impeçam a sua satisfação Quando por exemplo o santo Padre Bruno sente fome sem ter os meios de saciála então até mesmo o seu estômago se torna uma força nele e por sobre ele O erro de Feuerbach não está em ter declarado esse fato mas em têlo hipostasiado em vez se concebêlo como o produto de um determinado estágio do desenvolvimento histórico passível de ser ultrapassado p 111 Feuerbach é um escravo e sua natureza servil não lhe permite realizar a obra de um homem reconhecer a essência da religião que bela obra de um homem ele não reconhece a essência da religião porque não conhece a ponte por sobre a qual ele chega à fonte da religião São Bruno ainda acredita com toda a seriedade que a religião tem sua própria essência No que diz respeito à ponte por sobre a qual se chega à fonte da religião essa ponte de asnos66 tem necessariamente de ser um aqueduto São Bruno constituise aqui ao mesmo tempo num Caronte67 curiosamente modernizado aposentado devido à construção da ponte na 104 Karl Marx e Friedrich Engels entrada da qual ele passa a exigir como tollkeeper1 alguns centavos a quem quiser atravessála e chegar ao reino das sombras da religião O Santo observa na p 120 Como poderia Feuerbach existir se não houvesse nenhuma verdade e se a verdade fosse apenas um fantasma Stirner nos acuda diante do qual o homem tivesse até então se amedrontado O homem que teme o fantasma da verdade não é ninguém senão o venerável Bruno em pessoa Dez páginas antes na p 110 a visão do fantas ma da verdade já o fizera soltar os seguintes gritos de pavor capazes de sacudir o mundo A verdade que nunca se pode encontrar por si só como um objeto pronto e que desenvolve a si mesma e se resume numa unidade apenas no desdobramento da personalidade Desse modo temos aqui não apenas a verdade esse fantasma transformado numa pessoa que desenvolve a si mesma e se resume mas temos ainda que esse truque é concluído numa terceira personalidade fora dela ao modo dos parasitas Sobre o antigo caso de amor do santo homem com a verdade quando ele era jovem e os prazeres da carne ainda o moviam fortemente ver A sagrada família p 115 ss Uma prova de quão purificado de todos os apetites carnais e desejos terrenos o santo homem agora se encontra evidenciase em sua polêmica contra o sensível feuerbachiano Bruno não ataca de modo algum a forma altamente limitada sob a qual Feuerbach reconhece o sensível A tentativa fracassada de Feuerbach pelo simples fato de ser uma tentativa de escapar à ideologia é vista por ele como pecado É claro O sensível lascívia dos olhos lascívia da carne e soberba68 são horror e abominação69 aos olhos do Senhor Não sabeis que ser guiado pela carne é o mesmo que a morte e que ser guiado pelo espírito significa a vida e a paz Pois ser guiado pela carne é uma hostilidade à crítica e tudo o que é carnal é algo deste mundo E não sabeis também que está escrito as obras da carne estão manifestas e são o adultério a fornicação a impureza a luxúria a idolatria a feitiçaria a ini mizade a desavença a inveja a raiva a rixa a discórdia a revolta o ódio o assassínio a embriaguez a gula e outras semelhantes das quais eu vos disse e repito que aqueles que cometem tais atos não merecerão o Reino da Crítica70 tanto pior para eles pois tomam o caminho de Caim e em sua busca do gozo cairão no erro de Balaam e perecerão na revolta de Korah71 esses obsce nos banqueteiamse desavergonhadamente à custa de vossas esmolas e regalamse são nuvens sem água guiadas pelo vento árvores nuas estéreis duas vezes mortas e desenraizadas ondas selvagens do ocea no espumando sua própria vergonha estrelas errantes condenadas à escuridão das trevas por toda a eternidade72 Pois lemos que nos últimos dias haverá tempos terríveis homens preocupados consigo mesmos profana do res impuros que amam mais 1 coletor de impostos 105 A ideologia alemã a volúpia do que a crítica semeadores de revolta em uma palavra homens carnais73 Estes são detestados por São Bruno que se orienta pelo espírito e abomina o revestimento infame da carne74 e por isso ele condena Feuerbach que é para ele o Korah da revolta a ficar do lado de fora com os cães os feiti ceiros os fornicadores e os assassinos75 O sensível ao diabo Essa palavra não só provoca no nosso santo Padre da Igreja as mais violentas convulsões e arrebatamentos mas o faz até mesmo cantar e ele canta na p 121 o cântico do fim e o fim do cântico O sensível sabes tu malaventurado o que é o sensível O sensível é um cajado p 130 Em meio a suas convulsões São Bruno chega a arremeter contra uma de suas frases tal como o memorável Jacó contra Deus apenas com a diferença de que Deus deslocou o quadril de Jacó76 enquanto o nosso santo epiléptico apenas desloca os membros e os nervos de sua frase e desse modo esclarece a identidade de sujeito e objeto lançando mão de alguns exemplos evidentes Diga Feuerbach o que disser o fato é que ele destrói no entanto o homem pois transforma a palavra homem numa mera fraseologia pois ele não faz e cria o homem inteiramente mas eleva a humanidade inteira ao Absoluto porque para ele além do mais o órgão do Absoluto não é a humanidade mas antes os sentidos e qualifica de absoluto de indubitável de certeza imediata o objeto dos sentidos da intuição da sensação o sensí vel Com isso Feuerbach tal é a opinião de São Bruno pode muito bem agitar camadas de ar mas não é capaz de esmagar as manifestações da essência humana pois sua essência mais íntima e sua alma vivificante destroem de antemão o som externo e o tornam oco e rangente p 121 O próprio São Bruno nos dá sobre as causas de seu despautério alguns esclarecimentos misteriosos porém decisivos Como se o meu Eu não possuísse também este sexo determinado único em relação a todos os outros e esses órgãos sexuais determinados e únicos Além de seus órgãos sexuais únicos esse nobre homem tem ainda um sexo único à parte Esse sexo único énos explicado na p 121 da seguinte forma o sensível tal como um vampiro suga a medula e o sangue da vida humana é a barreira intrans ponível contra a qual o homem tem de se sofrer o golpe de misericórdia Mas nem mesmo o mais santo dos homens é puro São todos pecadores e carecem da glória que deveriam ter perante a autoconsciência São Bruno que à meianoite na solidão de sua cela mede forças com a substância tem sua atenção atraída para a mulher e para a beleza feminina por obra dos escritos frívolos do herético Feuerbach Subitamente o seu olhar escurece sua pura autoconsciência é maculada e uma imaginação sensual e conde nável obseda com imagens lascivas o crítico amedrontado O espírito tem boa vontade mas a carne é fraca77 Bruno estremece cai esquece que ele é 106 Karl Marx e Friedrich Engels o poder que com sua força amarra liberta e domina o mundo esquece que esses produtos de sua imaginação são espírito de seu espírito ele perde toda autoconsciência e balbucia um ditirambo à beleza feminina à sua ternura brandura e feminilidade aos seus sinuosos e torneados membros e ao corpo da mulher com suas formas ondulantes flutua n tes efervescentes ruidosas e sibilantes como as ondas Mas a inocência sempre se revela até mesmo quando peca Quem poderia ignorar que um corpo com formas ondulantes flutuantes como as ondas é algo que nenhum olho jamais viu e nenhum ouvido jamais ouviu Eis por que serena e amada alma o espírito não tardará em prevalecer sobre a carne rebelde e em interpor uma barreira intransponível no caminho dos apetites lascivos contra a qual eles sofrerão o golpe de misericórdia Feuerbach finalmente o santo homem chegou a essa conclusão graças a uma compreensão crítica dA sagrada família é um materialista desviado e corrompido pelo humanismo isto é um materialista que não é capaz de supor tar a terra e seu ser São Bruno conhece o ser da terra como algo distinto da terra e sabe como se deveria proceder para suportar o ser da terra mas que quer espiritualizar a si mesmo e elevarse ao céu ao mesmo tempo ele é um humanista que não pode pensar e construir um mundo espi ritual pois é alguém que está impregnado de materialismo e assim por diante p 123 Assim como para São Bruno o humanismo consiste no pensar e no construir um mundo espiritual assim também o materialismo consiste no seguinte O materialista reconhece apenas o ser atual real a matéria como se o ho mem com todos os seus atributos inclusive o pensamento não fosse um ser atual real e a reconhece como algo que se estende e se realiza ativamente na multiplicidade como natureza p 123 a matéria é primeiramente um ser atual real mas o é apenas em si como algo oculto apenas quando ela se estende e se realiza ativamente na multiplicidade um ser atual real se realiza é que ela se torna natureza Existe em primeiro lugar o conceito da matéria o abstrato a representação e esta realiza a si mesma na natureza real Temos aqui textualmente a teoria hegeliana da preexistência das categorias criadoras Desse ponto de vista também se compreende que São Bruno por engano tome as fraseologias filosóficas dos materialistas sobre a matéria pelo verdadeiro núcleo e conteú do de sua visão de mundo 2 Considerações de São Bruno sobre a disputa entre Feuerbach e Stirner Depois de lançar esses pesados argumentos no coração de Feuerbach ele passa a se ocupar da disputa entre Feuerbach e o Único A primeira evidência de seu interesse por essa disputa é um sorriso metódico triplo 107 A ideologia alemã O crítico percorre seu caminho irresistivelmente certo da vitória e vitorioso Caluniamno ele sorri O velho mundo lançase numa cruzada contra ele ele sorri Fica estabelecido portanto que São Bruno segue o seu caminho mas não o segue como as outras pessoas ele toma um curso crítico cumpre esse importante ato com um sorriso Seu sorriso imprime mais linhas em sua face do que aquelas que se veem no novo mapa do globo que inclui as duas Índias Se a dama vier a esbofeteálo ele sorrirá e tomará o acontecido por um grande favor78 como o Malvoglio79 de Shakespeare O próprio São Bruno não move sequer um dedo para refutar seus dois oponentes pois conhece um meio melhor para se desembaraçar deles ele os abandona divide et impera1 à sua própria peleja A Stirner ele con trapõe o Homem de Feuerbach p 124 e a Feuerbach o Único de Stirner p 126 ss ele sabe que os dois são tão furiosos um contra o outro quanto os dois gatos de Kilkenny80 na Irlanda que se devoraram mutuamente a tal ponto que restaram apenas as duas caudas Sobre essas caudas São Bruno nos emite o juízo de que elas são a substância e por conseguinte estão condenadas à danação eterna Ao confrontar Feuerbach e Stirner ele repete o que Hegel dissera de Spinoza e de Fichte segundo o qual como sabemos o Eu reduzido a um ponto é apresentado como um aspecto da substância e até mesmo como o seu aspecto mais sólido Por mais que Bruno tenha anteriormente se voltado contra o egoísmo que ele chegou a considerar como o odor specificus2 das massas na p 129 ele aceita o egoísmo de Stirner com a condição de que ele seja não aquele de Max Stirner mas naturalmente o de Bruno Bauer Ele estigmatiza o egoísmo de Stirner atribuindolhe o defeito de que seu Eu para a sustentação de seu egoísmo necessita da hipocrisia da fraude da violência externa Quanto ao resto acredita nos milagres críticos de São Max e vê na luta deste último p 126 um esforço real para destruir a substância desde seu fundamento Em vez de tratar da crítica que Stirner faz da crítica pura baueriana ele afirma na p 124 que a crítica de Stirner poderia afetálo tão pouco quanto as outras pois ele é o próprio crítico Por fim São Bruno refuta a ambos São Max e Feuerbach aplicando a eles de um modo um tanto quanto literal a antítese que Stirner localizara entre o crítico Bruno e o dogmático Wigand p 138 Feuerbach opõese e com isso encontrase em oposição ao Único Ele é um comunista e quer sêlo o Único é egoísta e deve sêlo ele é o santo o outro o 1 divide e impera 2 odor específico 108 Karl Marx e Friedrich Engels profano ele é o bom o outro o mau ele é Deus o outro é Homem Ambos são dogmáticos A questão é portanto que ele acusa os dois de dogmatismo O Único e sua propriedade p 194 O crítico teme tornarse dogmático ou sustentar dogmas É claro que com isso ele se tornaria o oposto de um crítico um dogmático ele que como crítico era bom tornarseia então mau ou de sua condição de altruísta co munista passaria a de um egoísta etc Não ter nenhum dogma este é o seu dogma 3 São Bruno contra os autores dA sagrada família São Bruno que se desembaraçou de Feuerbach e Stirner da maneira que indicamos acima e que interrompeu ao Único todo progresso agora se volta contra as pretensas consequências de Feuerbach isto é contra os comunistas alemães e especialmente contra os autores dA sagrada família A expressão humanismo real reale Humanismus que ele encontrou no prefácio a esse escrito polêmico constitui a base principal de sua hipótese81 ele certamente se lembrará desta passagem da Bíblia E eu irmãos não pude falarvos como a seres espirituais mas como a seres carnais no nosso caso era exatamente o contrário como a crianças em Cris to Deivos leite a beber e não comida pois ainda não o poderíeis suportar 1a Epístola aos Coríntios 312 A primeira impressão que A sagrada família produz em nosso venerável Padre da Igreja é a de uma profunda aflição e uma séria respeitosa melan colia O único aspecto bom do livro é o de ter mostrado aquilo que Feuerbach deveria ter se tornado e a posição que sua filosofia pode adotar se ela quer lutar contra a crítica p 138 que por conseguinte o livro reunia de forma diligente o querer o poder e o dever sem que esse aspecto bom pudesse entretanto compensar seus muitos aspectos aflitivos A filosofia feuerbachiana aqui pressuposta de um modo ridículo não deve e não pode compreender o crítico ela não deve e não pode conhecer e reconhecer a crítica ela não deve e não pode saber que a crítica em relação a toda transcendência é uma batalha e uma vitória constantes uma destruição e uma criação contínuas o único elemento criativo e produtivo Ela não deve e não pode saber de que modo o crítico trabalhou e ainda trabalha para pôr e para fazer das forças transcendentes que até então subjugaram a humanidade e impediramna de respirar e de viver aquilo que elas realmente são o espírito do espírito o elemento interno saído do elemento interno um elemento nativo fora e dentro de sua terra natal produtos e criações da autoconsciência Ela não deve e não pode saber que foi o crítico e apenas o crítico 109 A ideologia alemã que quebrou a religião em sua totalidade que fragmentou o Estado em suas diversas manifestações etc p 138 139 Não será isso uma cópia fiel do velho Jeová que depois de ser abando nado pelo seu povo por este ter encontrado mais prazer nos alegres deuses pagãos corre atrás dele e gritalhe Escutaime Israel e não fechais os teus ouvidos Judá Não sou eu o Senhor vosso Deus que vos conduziu do Egito para o país onde correm o leite e o mel E vede que desde a infância haveis feito aquilo que me faz mal haveisme encolerizado com as obras de minhas mãos e me haveis voltado as costas e não a face embora eu tenha sempre vos guiado introduzistes vossas abominações em minha casa para infamála e construístes os lugares altos de Baal no vale de Ben Himmon sem que eu vos tenha ordenado nada de semelhante pois nunca tive a intenção de que cometêsseis tais abominações82 Envieivos meu servo Jeremias a quem transmiti minha palavra desde o décimo terceiro ano do rei Josias filho de Amon até este dia e ele pregouvos zelosamente ao longo de vinte e três anos mas vós nunca o quisestes ouvir É por isso que diz o Senhor quem alguma vez ouviu falar em ações tão abomináveis como aquelas cometidas pela virgem Israel Pois a água da chuva não se esvai tão rapidamente quanto sou esquecido pelo meu povo Ó terra terra terra escutai a palavra do Senhor83 Assim em um longo discurso sobre o dever e o poder Bruno afirma ter sido mal compreendido por seus adversários comunistas O modo como nesse recente discurso ele descreve uma vez mais a crítica como transforma as forças precedentes que suprimiram a vida da humanidade em forças transcendentes e essas forças transcendentes em espírito do espírito o modo como ele apresenta a crítica como o único ramo da produção tudo isso prova que essa pretensa incompreensão não é mais do que uma com preensão que lhe desagradou Ao provarmos que a crítica baueriana está abaixo de toda crítica tornamonos necessariamente dogmáticos Ele chega até mesmo a nos repreender com toda a seriedade por nossa insolente des crença em suas frases antiquadas Toda a mitologia dos conceitos autônomos tendo à cabeça Zeus o Senhor dos Trovões a autoconsciência desfila aqui novamente sob o tilintar das fraseologias de uma banda inteira de janíza ros das categorias correntes LiteraturZeitung84 cf A sagrada família p 234 Em primeiro lugar é claro o mito da criação do mundo isto é do duro trabalho do crítico que é o único elemento criativo e produtivo uma batalha e uma vitória constantes uma destruição e uma criação contínuas um trabalhar e um ter trabalhado De fato o reverendo Padre chega a repreender A sagrada família por ter esta última entendido a crítica da mesma forma que ele próprio a entende na presente réplica Depois de ter remetido a substância de volta ao seu lugar de origem à autoconsciência ao homem que critica e desde A sagrada família ao homem criticado descartandoa a autoconsciência parece desempenhar aqui o papel de um quarto de despejo ideológico ele prossegue 110 Karl Marx e Friedrich Engels Ela a pretensa filosofia feuerbachiana não pode saber que a crítica e os críticos desde que existem têm dirigido e feito a história que até mesmo os seus adversários e todos os movimentos e agitações do tempo presente são criações suas que são eles que sozinhos detêm o poder em suas mãos porque extraem o seu poder de si mesmos de suas ações da crítica de seus adversários de suas criaturas que somente com o ato da Crítica o Homem é libertado e desse modo os homens são libertados e o Homem é criado e desse modo os homens são criados Portanto a crítica e os críticos são primeiramente dois sujeitos total mente diferentes que existem e atuam afastados um do outro O crítico é um sujeito diferente da crítica e a crítica um sujeito diferente do crítico Essa crítica personificada a crítica como sujeito é precisamente a Crítica crítica contra a qual se dirigia A sagrada família A crítica e os críticos desde que existem têm dirigido e feito a história É claro que eles não poderiam fazêlo desde que não existem e é igualmente claro que eles desde que existem têm feito história ao seu modo Por fim São Bruno chega ao ponto de dever e poder nos dar uma das mais profundas explicações sobre o poder revolucionário da crítica sobretudo a de que a crítica e os críticos têm o poder em suas mãos porque belo porque têm a força em sua consciência e em segundo lugar que esses grandes fabricantes da história têm o poder em suas mãos pois eles extraem o poder de si mesmos e da crítica portanto novamente de si mesmos com o que infelizmente ainda não fica provado que se possa extrair alguma coisa lá de dentro de si mesmo da crítica Com base nos próprios termos da crítica devería mos crer pelo menos que é difícil extrair de lá algo diferente da categoria da substância que lá foi descartada Finalmente a crítica ainda extrai da crítica a força para pronunciar um oráculo deveras monstruoso Ela nos revela sobretudo o segredo que permanecia escondido85 de nossos pais e indecifrável para nossos avós a saber que somente com o ato da crítica o homem é criado e com ele também os homens ao passo que até agora a crítica fora considerada como um ato de homens que teriam vindo à existência previamente por atos de uma natureza totalmente distinta É por essa razão que o próprio São Bruno parece dever à crítica portanto a uma generatio aequivoca1 o fato de estar no mundo de ser do mundo e para o mundo Mas talvez tudo isso seja tão somente uma outra interpretação da seguinte passagem do Gênesis E Adão conheceu isto é criticou sua mulher Eva e ela ficou grávida etc86 Aqui pois vemos toda a bem conhecida Crítica crítica já suficientemente caracterizada nA sagrada família novamente entrando em cena com todas as suas charlatanices e como se nada houvera Não há por que ficarmos surpre sos com isto pois o próprio santo homem lamenta na p 140 que A sagrada 1 geração ou nascimento espontâneo de organismos também chamada de generatio spontanea 111 A ideologia alemã família interrompeu à crítica todo progresso Com a maior indignação São Bruno ataca os autores dA sagrada família por terem mediante um processo químico evaporado a crítica baueriana de seu estado fluídico convertendoa numa formação cristalina Desse modo as instituições de mendicância o certificado de batismo da maioridade a região do pathos e dos aspectos tonitruantes a afecção conceitual muçulmana A sagrada família p 2 3 4 de acordo com a crítica da LiteraturZeitung87 são absurdos apenas se interpretados de forma crista lina será que as vinte e oito asneiras históricas que demonstramos à crítica em seu excurso sobre problemas da atualidade inglesa88 deixam de ser asneiras ao ser consideradas fluidamente A crítica insiste que conside rada fluidamente profetizou a priori1 a polêmica de Nauwerck89 muito tempo depois de essa polêmica ter sido travada diante de seus olhos e não a reconstruiu post festum2 Ela ainda sustenta que a palavra maréchal se considerada de maneira cristalina possa significar ferreiro ao passo que se considerada fluidamente deve significar necessariamente marechal Pretende que embora para a concepção cristalina um fait physique possa significar um fato físico a verdadeira tradução fluida desse termo seja um fato da física Ou que la malveillance de nos bourgeois justemilieux3 continue a significar em estado fluídico a negligência de nossos bons cidadãos90 Ela insiste que considerada fluidamente uma criança que por sua vez não venha a ser pai ou mãe é essencialmente filha Que a al guém deve caber a tarefa de representar por assim dizer a última lágrima de melancolia do passado Que os diferentes porteiros janotas rameiras rufiões patifes e portas de madeira de Paris não são em sua forma fluida mais do que fases do mistério91 em cujo conceito em geral reside o pôr a si mesmo como limitado e uma vez mais o suprassumir dessa limitação que é posta por sua essência universal pois precisamente essa essência é apenas o resultado de sua autodiferenciação interna de sua atividade Que a Crí tica crítica no sentido fluídico segue o seu caminho irresistivelmente vitoriosa e confiante na vitória quando ao tratar de uma questão começa por afirmar ter revelado o seu significado verdadeiro e geral92 para então admitir que ela não desejava e não tinha o direito de ultrapassar a crítica93 e finalmente confessar que ela deveria ter dado mais um passo ainda mas esse passo era impossível porque era impossível94 A sagrada família p 184 Que considerado fluidamente o futuro continua a ser obra da Crítica independentemente de qual seja a decisão do acaso95 Que do ponto de vista fluídico a Crítica não realizou nenhuma tarefa sobrehumana quando entrou numa contradição com seus elementos verdadeiros contradição que já havia encontrado sua solução naqueles mesmos elementos96 1 previamente independentemente da experiência 2 depois do evento posteriormente 3 a perversidade de nossos moderados cidadãos pequenoburgueses 112 Karl Marx e Friedrich Engels De fato os autores dA sagrada família tiveram a frivolidade de conceber essas e centenas de outras sentenças como sentenças que expressam um absurdo firme cristalino mas os evangelhos sinópticos devem ser lidos fluidamente isto é de acordo com o sentido de seus autores e de modo algum de modo cristalino ou seja de acordo com a sua verdadeira absur didade a fim de se alcançar a fé verdadeira e admirar a harmonia doméstica da Crítica Engels e Marx por isso conhecem apenas a crítica da Literatur Zeitung97 uma mentira deliberada que prova o quão fluidamente nosso santo ho mem leu o livro no qual seus últimos trabalhos são descritos como o mero corolário de todo o seu trabalho já realizado Mas também faltou ao Santo Padre a paz necessária para lêlo cristalinamente pois ele teme nos adver sários o fato de estes contestarem a sua canonização de quererem priválo de sua santidade a fim de se santificarem a si mesmos98 Notemos ainda de passagem o fato de que de acordo com a presente afir mação de São Bruno sua LiteraturZeitung não visava de modo algum fundar a sociedade social ou representar por assim dizer a última lágrima de melancolia da ideologia alemã tampouco visava direcionar o espírito para a mais aguda oposição à massa e desenvolver a Crítica crítica em toda a sua pureza mas sim expor a mediocridade e a fraseologia oca do liberalismo e do radicalismo do ano de 1842 e de seus ecos99 ou seja combater os ecos de algo já desaparecido Tant de bruit pour une omelette1 aliás é exatamente aqui que a concepção de história própria à teoria alemã mostrase novamente em sua mais pura nitidez O ano de 1842 é tido como o período mais bri lhante do liberalismo na Alemanha porque a filosofia participava naquela época da vida política Para o crítico o liberalismo desaparece com o fim dos Deutsche Jahrbücher e da Rheinische Zeitung100 órgãos da teoria liberal e radi cal Após seu desaparecimento ele deixa atrás de si apenas ecos ao passo que é apenas agora quando a burguesia alemã sente uma necessidade real produzida pelas relações econômicas de obter o poder político e se esforça para conseguilo que o liberalismo tem na Alemanha uma existência prática e consequentemente alguma possibilidade de sucesso101 A profunda aflição causada a São Bruno por A sagrada família não lhe per mitiu criticar essa obra a partir de si mesma por si mesma e em si mesma102 Para conseguir dominar seu sofrimento ele teve primeiramente de obter a obra em sua forma fluida Ele encontrou essa forma fluida numa resenha confusa e repleta de incompreensões publicada no Westphälische Dampfboot número de maio p 20614103 Todas suas citações são extraídas das passagens citadas nesse Westphälische Dampfboot sem o qual nada do que está citado é o que de fato está citado 1 Tanto barulho por uma omelete frase atribuída ao poeta francês Desbarreaux 113 A ideologia alemã Até a linguagem do santo crítico é determinada pela linguagem do crí tico da Vestfália Em primeiro lugar todas as sentenças do prefácio citadas pelo autor da Vestfália Dampfboot p 206 são transpostas para a Wigands Vierteljahrsschrift p 140 141 Tal transposição forma a parte principal da crítica baueriana de acordo com o antigo princípio já recomendado por hegel Confiar no saudável senso comum e de resto para prosseguir em confor midade com os tempos e com a filosofia ler as resenhas de escritos filosóficos talvez até mesmo seus prefácios e parágrafos introdutórios pois estes últimos fornecem os princípios gerais de onde tudo provém e os primeiros junta mente com a informação histórica dãonos uma apreciação que por se tratar de uma apreciação chega até mesmo a ultrapassar o objeto aprecia do Esse caminho comum pode ser percorrido de roupão mas é em vestes sacerdo tais que o sentimento elevado do eterno do sagrado do infinito percorre seu caminho caminho este que como vimos São Bruno também sabe percorrer enquanto massacra seus adversários Hegel Fenome nologia p 54 Depois de algumas citações do prefácio o crítico vestfaliano segue em frente Assim o próprio prefácio nos conduz ao campo de batalha do livro etc p 206 o santo crítico tendo transferido essas citações para o Wigands Viertel jahrs s chrift faz uma distinção mais sutil e diz Tal é o terreno e o inimigo que engels e marx criaram para a batalha104 Da discussão do enunciado crítico o trabalhador não cria nada o crítico vestfaliano extrai apenas a conclusão resumida105 o santo crítico realmente crê que isto é tudo o que foi dito sobre o enun ciado copia na p 141 a citação vestfaliana e se regozija com a descoberta de que apenas alegações tenham sido contrapostas à Crítica Da elucidação das expectorações críticas sobre o amor o crítico vestfaliano primeiramente compila e em parte p 209 o corpus delicti1 e então extrai da refutação algumas frases fora de contexto das quais ele desejaria se servir como autoridade para a aprovação de seu sentimentalismo viscoso o santo crítico o copia palavra por palavra sentença por sentença na mesma ordem das citações de seu predecessor O crítico vestfaliano exclama por sobre o cadáver do senhor Julius Faucher Tal é o destino do belo sobre a terra106 o santo crítico não consegue completar o seu árduo trabalho sem se apropriar dessa exclamação p 142 de modo despropositado Na p 212 o crítico vestfaliano faz um pretenso resumo dos argumentos dirigidos contra o próprio São Bruno nA sagrada família 1 corpo de delito 114 Karl Marx e Friedrich Engels o santo crítico copia tranquila e literalmente toda essa tralha com todas as exclamações vestfalianas Nem sequer sonha que em todo esse escrito polêmico em nenhum lugar é dito que ele transforma o problema da eman cipação política no problema da emancipação humana quer massacrar os judeus transforma os judeus em teólogos transforma Hegel no senhor Hinrichs107 etc Em sua credulidade o santo crítico repete a decla ração do vestfaliano de que nA sagrada família Marx tentaria fornecer uma espécie de pequeno tratado escolástico como réplica à estúpida autoapo teose de Bauer Ora a expressão estúpida autoapoteose referida por Bruno como uma citação não se encontra em nenhum lugar da Sagrada fa mília mas pode ser encontrada no crítico vestfaliano108 Tampouco o pe queno tratado é oferecido como uma réplica à autoapologia da Crítica A sagrada família p 15063 mas apenas na seção seguinte p 165 por ocasião da questão históricomundial por que o senhor Bauer teve de fazer política Finalmente São Bruno apresenta Marx p 143 como um divertido comediante depois de seu modelo vestfaliano já ter reduzido o drama históricomundial da Crítica crítica à mais divertida das comédias p 213 Vemos assim como os oponentes da Crítica devem e podem saber como o crítico trabalhou e ainda trabalha 4 Necrológio de M Heß Aquilo que Engels e Marx ainda não puderam realizar M Heß o rea liza109 Tal é a grande divina transição que graças aos relativos poder e não poder dos evangelistas110 agarrou os dedos de nosso santo homem tão firmemente que agora ela tem de encontrar seu lugar adequado ou não em cada artigo do Padre da Igreja Aquilo que Engels e Marx ainda não puderam realizar M Heß o reali za E o que é esse aquilo que Engels e Marx ainda não puderam realizar Ora nada mais nada menos do que criticar Stirner E por que Engels e marx ainda não puderam criticar Stirner Pela razão suficiente de que o livro de Stirner ainda não havia sido publicado111 quando eles escreveram A sagrada família Essa mágica especulativa que consiste em construir tudo de antemão e de colocar as coisas mais diversas numa aparente relação causal realmente passou da cabeça de nosso santo para seus dedos Ela atinge com ele a mais total ausência de conteúdo e degenera num jeito burlesco de proferir tautologias com ares de importância Por exemplo agora já no Allgemeinen LiteraturZeitung I 5 A diferença entre meu trabalho e as folhas que por exemplo um Philippson ocupa com seus escritos ou seja as folhas em branco em que por exemplo 115 A ideologia alemã a o que certamente representa uma concessão superficial às fraseologias dos filósofos S m um Philippson escreve tem também portanto de ser constituída da forma como ela é constituída de fato112 M Heß por cujos escritos Engels e Marx não assumem nenhuma responsabilidade é para o santo crítico uma visão tão estranha que ele não pode fazer nada além de copiar longas passagens de Die letzten Philosophen Os últimos filósofos e emitir o juízo de que em diversos pontos essa crítica não compreendeu Feuerbach ou então113 oh teologia que o pote quer se rebelar contra o oleiro cf Epístola aos Romanos 92021 Depois de mais um árduo trabalho de citações nosso santo crítico chega enfim à conclusão de que Heß copia Hegel pelo fato de que ele usa as duas palavras sintetizado e desenvolvimento Naturalmente São Bruno não podia deixar de dando uma meiavolta lançar sobre Feuerbach a prova de sua total dependência de hegel apresentada nA sagrada família Vejam assim Bauer havia de terminar Ele combateu por todos os meios e com toda a sua força todas as categorias hegelianas114 com exceção da autoconsciência especialmente na gloriosa batalha da LiteraturZeitung con tra o senhor Hinrichs115 Como ele lutou e venceu já vimos anteriormente Para que não fiquem dúvidas citemos ainda a seguinte passagem de Wigand p 110 onde ele afirma que a verdadeira 1 solução 2 das contradições 3 em natureza e história 4 a verdadeira unidade 5 das relações separadas 6 da genuína 7 base 8 e profundidade 9 da religião a personalidade verdadeira mente 10 irresistível autocriativa 11 infinita 12 ainda não foi encontrada116 Em três linhas não encontramos duas categorias equívocas como em Heß mas sim uma dúzia inteira de verdadeiras infinitas irresistíveis categorias hegelianas que se confirmam enquanto tais por meio da frase a verdadeira unidade das relações separadas vejam assim Bauer havia de terminar E se o santo homem pretende ter descoberto em Heß um cristão fiel não porque Heß tem esperança como o diz Bruno mas sim porque ele não tem esperança e porque fala da ressurreiçãoa então nosso grande Padre da Igreja nos permite demonstrar a existência nele com base nessa mesma página 110 do mais pronunciado judaísmo ele declara que o homem real vivo e em carne e osso ainda não nasceu uma nova elucidação sobre a determinação do sexo único e a aberração produzida Bruno Bauer ainda não se encontra em estado de dominar todas as fórmulas dogmáticas 116 Karl Marx e Friedrich Engels Quer dizer o Messias ainda não nasceu o filho do Homem deve primeiro vir ao mundo e este mundo sendo o mundo do Antigo Testamento permanece ainda sob a égide da lei das fórmulas dogmáticas Da mesma forma como São Bruno utilizouse acima de Engels e Marx como uma passagem a Heß ele se serve agora de Heß para finalmente es tabelecer um nexo causal entre Feuerbach e suas digressões sobre Stirner A sagrada família e Die letzten Philosophen Vejam assim Feuerbach havia de terminar A filosofia tinha de acabar piedosamente etc Wigand p 145 Mas o verdadeiro nexo causal está em que essa exclamação é um plágio de uma passagem de Die letzten Philosophen de Heß dirigida contra Bauer entre outros prefácio p 4 Era assim e não de outra forma que os últimos descendentes dos ascetas cristãos haviam de se despedir do mundo São Bruno conclui suas alegações contra Feuerbach e seus supostos consortes com uma interpelação a Feuerbach dizendo que tudo o que ele pode fazer é apenas trompetear fazer soar a fanfarra ao passo que o Monsieur B Bauer1 ou a Madame la critique 2 para não falar da aberração produzida por sua obra de destruição contínua passa em seu carro triunfante e colhe novos triunfos p 125 arranca de seu trono p 119 massacra p 111 fulmina como um raio p 115 destrói de uma vez por todas p 120 espanca p 121 permite à natureza somente vegetar p 120 constrói prisões mais rigorosas e finalmente com a sua massacrante eloquência de púlpito desenvolve de uma forma ousadapiedosaalegrelivre o mundo existentefixofirmesólido p 105 lança à cara de Feuerbach p 110 matéria rochosa e as rochas e por fim com uma reviravolta à direita triunfa também sobre São Max ao completar p 124 a Crítica crítica a sociedade social a matéria rochosa e as ro chas por meio da abstratividade mais abstrata e da dureza mais dura São Bruno realiza tudo isso por si mesmo em si mesmo e consigo mes mo pois ele é Ele mesmo de fato ele é ele próprio sempre o maior e pode sempre ser o maior é e pode sêlo por si mesmo em si mesmo e consigo mesmo p 136 Sela3 São Bruno seria indubitavelmente um perigo para o sexo feminino pois ele é a personalidade irresistível caso ele não temesse na mesma medi da por outro lado o sensível como barreira contra a qual o homem tem de sofrer o golpe de misericórdia Consequentemente é bem provável que 1 o Senhor Bruno Bauer 2 a Senhora crítica 3 Basta 117 A ideologia alemã ele não venha a colher nenhuma flor por si mesmo em si mesmo e consigo mesmo mas que apenas as deixe murchar na nostalgia infinita e no lânguido desejo que nutre por esta personalidade irresistível que possui este sexo único e estes órgãos sexuais únicos determinadosa ii Bruno Bauer 184546 a 5 São Bruno em seu carro triunfal Antes de abandonarmos nosso Padre da Igreja vitorioso e confiante na vitória misturemonos por um instante junto à multidão embasbacada que quando ele pas sa em seu carro triunfante e colhe novos triunfos acorre para vêlo com a mesma sofreguidão com que acorre para assistir ao espetáculo do general Tom Thumb e seus quatro pôneis Se escutamos brados vulgares vindos da multidão é porque reside no conceito do triunfador em geral que ele seja saudado com brados vulgares S m Interested in building your skills in government Come check out our free workshops Every Tuesday 12PM1PM MS Teams Blend Mode Every Friday 11AM12PM Wash St Room 112 Monthly Career Panel QA Wednesday February 1 12PM1PM WSH S101 students professional government Career Workshops Events Mentorship spsucreduSPSexplore s e g u n d a P a r t e textos prontos para impressão e rascunhos referentes aos capítulos III são Max IV Karl grün O movimento social na França e na Bélgica darmstadt 1845 ou A historiografia do socialismo verdadeiro e V O dr georg Kuhlmann von Holstein ou a profecia do socialismo verdadeiro Interested in building your skills in government Come check out our free workshops Every Tuesday 12PM1PM MS Teams Blend Mode Every Friday 11AM12PM Wash St Room 112 Monthly Career Panel QA Wednesday February 1 12PM1PM WSH S101 students professional government Career Workshops Events Mentorship spsucreduSPSexplore 121 III sãO Max Que me importam as árvores verdejantes117 são Max explora emprega ou utiliza o concílio para nos dar um longo comentário apologético do livro que não pode ser outro livro senão o Li vro o livro enquanto tal o livro pura e simplesmente isto é o livro perfeito o livro sagrado o livro enquanto algo sagrado o livro enquanto o sagrado o livro celeste em suma O Único e sua Propriedade118 O Livro como sabemos desceu do céu à terra em torno do final de 1844 e assumiu uma forma servil na editora de O Wigand em Leipzig ele foi assim abandonado às vicissi tudes da vida terrena tendo sido atacado por três Únicos sobretudo pela misteriosa personalidade de Szeliga pelo gnóstico Feuerbach e por Heß 119 Por mais que a todo momento o são Max criador se mostre superior ao são Max criatura bem como superior a todas as suas outras criaturas ele não deixa entretanto de se apiedar de seu frágil rebento e a fim de defendêlo e protegêlo lança um alto brado crítico Para elucidar tanto este brado crítico quanto a personalidade misteriosa de Szeliga temos de entrar nos detalhes da história eclesiástica e considerar mais de perto o Livro Ou para falarmos como são Max desejamos nesta passagem inserir episo dicamente uma reflexão históricoeclesiástica sobre o Único e sua Pro priedade simplesmente porque parecenos que ela poderia contribuir para o esclarecimento do resto Levantai ó portões as vossas cabeças levantaivos ó entradas eternas e entrará o rei da glória Quem é este rei da glória O senhor forte e poderoso o senhor poderoso na guerra Levantai ó portas as vossas cabeças levantai vos ó entradas eternas e entrará o rei da glória Quem é este rei da glória É o senhor Único120 ele é o rei da glória salmo 24710 ADORATION EVERY WEDNESDAY 50 unity and support of the ministry and mission of Fr Leo Because of generosity and prayers the monthly bills of properties are paid and some of them have been relocated Standardone of the problems we rear in Las and La Union is how to minist Prope but there are still some na the Ordinariate a Begg for personal and spiritual gain b Lacking personal relation with the Bible c Untrained in Bible study and interpretation and leadership members which makes it difficult to do Ministry and pastoral work 3 Ministry Arrangement and schedule a Lent is the major focused prayers period for the whole b Worship service are also involved in repentances and prayer for b Evanye listic and outreach ministry win be intensified to strengthen the movement and reformation in La Las and La Union Members will be divided in particular areas for the outreach and visiting mission for better presentation and catechism and more evangelists will be added to these areas for proper pastoral care and church growth with the help and cooperation of clders and members of members are above 70 in using the evangelical conduct and prayers in the whole congregation Some are Fanatic in prayer and fasting at Loving Area Las and La Union 4 Human Right and Religious freedom programmes a There are few known witchcraft in the conglomerate and members are taught to rely on Jesus power and healing in the struggles problems b Freedom to worship through Bible study and prayer is given and protected by the leadership of the members and clerks and the society 5 Challenges a Lack of financial support for the whole programme and ministry b Hardships in brotherliness and cooperation in the ministry c Lack of material and professional support to enable ministry The best way to sustain the ministry is to train more members soul winning shepherding pastoral and general ministry so there will be cooperation and lay leadership work from members in the whole area 6 Appreciation and prayer a We appreciate so much your prayers and support to the ministry and god bless you always b Prayer is a good should on everybody for him or her to perfect the ministry and work of God in the society 7 Introduction a We the Uju Ngila Jesus Christation in Akaninny Nosy are a vegetarian and probiotic congregation of the evangelical movement Lutheran Church Mission for God in the basking in his salvation wits a reformation and reorganization for the work and mission in the Akaninny Nosy for the Mghan b We do the ministry to the society through Christian teaching worshiping and humanitarian work in the villages and our members are Hausa pneumatic Christians and Non christians islam and pagan believers but in the Isln which is many in the society we have Lutheran belief followers and believers of the Mghan and changed their way of win ailing c We do not want to misuse the ministry and work for political victory but religious blessing in the Lord 8 Outreach and Church growth a The church has grown in the few years and some local church congregations want to join the movement because they Now that we have been reorganized and registered wi the leadership of the mission society of the church b Reformation and Bible study has increased the faith members and followers are more committed to the work of God and better positioning to all the things and promised and hopes for the believers to keep faith and ministry programme coordinations intercessions and growth and work of God 9 Non member and church services a Those outside the church are invited to all our programmes and programmes and services and special sacramental worship service like baptism baptism and marriage b From time to time a missionaries and leaders of the church arrive and make the services pastoral general and special ministry encouragement and motivation and prayers for members 10 Conumendation and recommendations a We commend the society for the good work of the church and ministry and pray for its guidance protection and blessing and b We recommend more impartation of knowledge and ministry and training cooperation and missionary support from the society to enable the ministry to deliver more and more to the whole community and Uganda as a whole 11 Assumptions and future plan a The progress of ministry to all parts of the places including the two fresh area in the district of Okole and Melia is still in the hopeful plan for future b The new strategy is to train more leaders and evangelists catechists and lay leaders for better ministry and manpower cominents to the society and a better mission work to the believers 12 Conclusion a We thank the Lord for the restoration and commitment and ravao of Evangelical Reformation in the Mghan in the 2019 after the Lords resurgence and the commitment of the society and members and the believers and all the leaders and workers b We recommend a that the society continue and increase the work and ministry among all the people b that the society educates the young workers and leaders to be more committed for better work and ministry and faith work to the society and people c that the society organize more seminars and trainings to prepare and train workers and ministers for better ministry and missionary outreach to all parts of the conglomarate d that the society do more evangelism and outreesh work and training for better missions and ministry Peace Reformation Movement from Uganda East Africa on behalf of all the believers and members of the congregation 123 1 O ÚnIcO e sua PrOPrIedade como bom alemão o homem que fundou a sua causa sobre nada121 inau gura o seu longo brado crítico com uma lamúria existe algo que não deva ser minha causa p 5 do Livro e ele continua o seu lamento capaz de dilacerar corações dizendo que tudo há de ser sua causa que a causa de deus a causa da humanidade da verdade da liberdade e além disso a causa de seu povo de seu príncipe e mil outras boas causas todas acabam caindo sobre seus ombros Pobre homem O burguês francês ou inglês reclama da falta de débouchés1 de crises econômicas do pânico na bolsa de valores da conjuntura política atual etc o pequenoburguês alemão cuja participação ativa no movimento burguês foi meramente ideal e que de resto não ofere ce no mercado mais do que a sua própria pele concebe a sua própria causa simplesmente como a boa causa a causa da liberdade da verdade da humanidade etc O nosso professor alemão crê tout bonnement 2 nessa ilusão e dedica três páginas contínuas a todas essas boas causas ele investiga a causa de deus a causa da humanidade p 6 e 7 e chega à conclusão de que elas são causas puramente egoístas que tanto deus quanto a humanidade só se preocupam com o que é deles que a verdade a liberdade a humanidade a justiça estão interessadas somente em si mesmas e não em nós pensam apenas no bem delas mesmas e não no nosso bem de onde ele conclui que todos esses personagens encontram se numa situação excepcionalmente favorável ele chega a transformar essas fraseologias idealistas deus verdade etc em prósperos burgueses que se encontram numa situação excepcionalmente favorável e desfrutam de um egoísmo lucrativo Mas algo preocupa o santo egoísta e eu exclama ele 1 mercados 2 simplesmente sem restrição Karl Marx e Friedrich Engels 124 Eu de Minha parte tiro disso uma lição e prefiro em vez de continuar a servir a esses grandes egoístas ser eu mesmo o egoísta p 7 Vemos portanto os santos motivos que guiam são Max em sua conversão ao egoísmo O que tira o seu sono não são os bens deste mundo os tesouros que serão devorados pelas traças e pela ferrugem os capitais de seus cole gas Únicos mas sim o tesouro celeste os capitais de deus da verdade da liberdade da humanidade etc se dele não fosse exigido que servisse a inúmeras boas causas nunca ele teria chegado à descoberta de que tem também uma causa própria e por tanto também não teria fundado esta sua causa em nada isto é no Livro se são Max tivesse observado um pouco mais de perto as diversas causas e os donos dessas causas por exemplo deus a humanidade a verdade então ele teria chegado à conclusão oposta a saber que um egoísmo baseado no modo de agir egoísta desses personagens tem de ser tão imaginário quanto esses mesmos personagens em vez disso nosso santo decide entrar em competição com deus e com a verdade e fundar sua verdade em si mesmo em Mim que tanto quanto deus sou o nada de todo o resto eu que sou o Meu todo eu que sou o Único eu não sou nada no sentido do vazio mas sim o nada criador o nada a partir do qual eu mesmo como criador tudo crio O santo Padre da Igreja também poderia ter escrito essa última frase da seguinte forma eu sou tudo no vazio do absurdo mas sim sou o criador nulo o tudo a partir do qual eu como criador nada crio Qual dessas duas versões é a correta ficará evidente mais adiante Basta quanto ao prefácio Quanto ao Livro propriamente dito ele é dividido tal como o Livro de tempos remotos em antigo e novo testamento a história única do homem a Lei e os Profetas e a história inumana do Único o evangelho do reino de Deus O primeiro é a história nos quadros da lógica o logos confinado no passado o segundo é a lógica na história o logos emancipado que luta contra o presente e o vence triunfante 125 Antigo Testamento O Homem 1 Gênesis isto é Uma vida humana são Max pretende aqui escrever a biografia de seu inimigo mortal do ho mem e não de um Único ou indivíduo real Isso o enreda em divertidas contradições como convém a uma gênese normal a vida humana começa ab ovo 1 com a criança como nos é revelado na p 13 a criança vive desde o início uma luta contra o mundo inteiro defendese contra tudo e tudo se defende contra ela ambos se mantêm como inimigos mas com consideração e respeito e permanecem sempre à espreita vigiando as fraquezas do outro lado o que tem continuidade na p 14 quando é dito que nós como crian ças tentamos chegar ao fundo das coisas ou ao que se encontra por detrás das coisas por isso portanto já não mais por inimizade tentamos desco brir as fraquezas de todos aqui é evidente o dedo de Szeliga o mascate de mistérios assim a criança se torna imediatamente um metafísico que busca chegar ao fundo das coisas essa criança que especula para quem a natureza das coisas está mais próxima do seu coração do que o estão seus brinquedos por vezes acaba com o passar do tempo por esgotar o mundo das coisas conquistao e entra então numa nova fase a adolescência quando tem de encarar uma nova árdua batalha vital a batalha contra a razão pois o espírito consiste na primeira autodescoberta e nós estamos acima do mundo nós somos espírito p 15 O ponto de vista do adolescente é o celestial a criança apenas aprendia ela não se ocupava com questões puramente lógicas ou teológicas tal como a criança Pilatos que abandonou rapidamente a questão o que é a verdade p 17 O adolescente tenta dominar os pensamentos compreende ideias o espírito e procura por ideias ele 1 a partir do ovo do início Karl Marx e Friedrich Engels 126 deixase absorver em pensamentos p 16 ele tem pensamentos abso lutos isto é nada senão pensamentos pensamentos lógicos O adolescente que desse modo dá à luz a si mesmo em vez de ir ao encalço de jovens mulheres e outras coisas profanas é ninguém mais do que o jovem stirner o estudio so adolescente berlinense ocupado com a lógica hegeliana e pasmo de admiração perante o grande Michelet sobre esse jovem é dito com justeza p 17 trazer à luz a ideia pura dedicarse a ela eis o prazer da juventude e todas as formas luminosas do mundo do pensamento a verdade a liberdade a humanidade o homem etc iluminam e inspiram a alma juvenil esse jovem então rejeita também o objeto e se ocupa meramente com seus pensamentos tudo o que não é espiritual ele inclui sob o des denhoso título de exterioridades e se mesmo assim ele se torna presa de tais exterioridades por exemplo dos hábitos estudantis etc é apenas quando e porque nelas descobre o espírito isto é quando para ele passam à condição de símbolos quem não seria capaz de descobrir szeliga nesta passagem Bravo jovem berlinense as bebedeiras de cerveja nas associações estudantis eram para ele apenas um símbolo e foi apenas por amor a um símbo lo que ele rolou tantas vezes para debaixo da mesa onde provavelmente também pretendia descobrir o espírito Vêse o quão virtuoso é este bravo adolescente que poderia ter servido de modelo ao velho Ewald122 quando escreveu dois volumes sobre o bom adolescente também quando por ele é dito p 15 É necessário abandonar pai e mãe e considerar como destruída toda autoridade natural Para ele o homem racional a família não existe enquanto autoridade natural seguese daí uma rejeição dos pais dos irmãos etc mas todos renascem como espírito autoridade racional e com isso o bom adolescente reconcilia a obediência e o temor aos pais com sua consciência especulativa e tudo permanece como antes do mesmo modo é dito p 15 É necessário obedecer mais a deus do que aos homens de fato o bom adolescente atinge os píncaros mais altos da moralidade na p 16 onde é dito É necessário obedecer mais à própria consciência do que a deus123 essa exaltação moral o põe acima até mesmo das eumênides vingadoras124 ou da cólera de Poseidon não há nada que ele tema tanto quanto a sua consciência tendo descoberto que o espírito é o essencial já não teme nem mesmo as temerárias conclusões seguintes Mas uma vez o espírito reconhecido como o essencial então isto faz com que haja uma diferença entre o espírito ser pobre ou rico e é por isso que se procura enriquecer o espírito o espírito quer se expandir para fundar o seu reino um reino que não é deste mundo que acaba de ser superado Desse modo o espírito empenhase em tornarse tudo em tudo desse modo como isto é apesar de eu ser espírito não sou porém o espírito perfeito e antes de mais nada éMe necessário procurar o espírito perfeito p 17 Então isto faz que haja uma diferença Isto o quê Qual isto faz A ideologia alemã 127 que haja essa diferença Voltaremos a encontrar com muita frequência esse misterioso isto em nosso santo homem e mostrarseá que se trata do Único do ponto de vista da substância do início da lógica única e enquanto tal da verdadeira identidade do ser e do nada hegelianos tudo o que o Isto faz pensa e realiza deve recair sob a responsabili dade de nosso santo que se relaciona com ele na qualidade de criador em primeiro lugar como vimos esse Isto faz que haja uma diferença entre pobre e rico e por quê Porque o espírito é reconhecido como o essencial Pobre Isto que sem esse reconhecimento nunca teria chegado à diferença entre pobre e rico e é por isso que se procura etc Se eis aqui a segunda pessoa impessoal que juntamente com o Isto é posta a serviço de stirner e tem de executar as tarefas mais ingratas Vêse aqui que essas duas pes soas estão acostumadas a se apoiar mutuamente Porque Isto faz que haja uma diferença entre o espírito ser pobre ou rico então se procura quem senão o servo fiel de Stirner125 poderia ter tido essa ideia é por isso que se procura enriquecer o espírito tão logo o Isto dá o sinal imediatamente o se faz coro com ele a plenos pulmões a divisão do trabalho é realizada em sua forma clássica Porque se procura enriquecer o espírito então o espírito quer se ex pandir para fundar o seu reino etc Mas uma vez que há uma conexão aqui então isto faz que haja uma diferença entre enriquecer o espírito e o espírito querer fundar o seu reino até aqui o espírito ainda não quis nada o espírito ainda não figurou como uma pessoa tratavase apenas do espírito do adolescente e não do espírito como tal do espí rito como sujeito Mas o santo escritor tem agora necessidade de um outro espírito diverso daquele do adolescente para opôlo a este último como um espírito estranho e em última instância como um espírito sagrado Escamo teação no 1 Desse modo o espírito empenhase em tornarse tudo em tudo uma sentença um tanto obscura que é explicada da seguinte forma Apesar de eu ser espírito não sou porém o espírito perfeito e antes de mais nada éMe necessário procurar o espírito perfeito Mas se são Max é o espírito imper feito então isso faz que haja uma diferença entre aperfeiçoar seu espí rito e ter de procurar o espírito perfeito algumas linhas acima tratavase apenas do espírito pobre e rico uma distinção quantitativa profana agora aparece subitamente o espírito imperfeito e perfeito distinção qualitativa misteriosa O esforço pelo desenvolvimento do seu espírito próprio pode então transformarse na procura do espírito perfeito por parte do espírito imperfeito O espírito santo vaga como um fantasma Escamoteação no 2 O santo autor continua Mas com isso sobretudo com essa transformação na qual o esforço pela perfeição de meu espírito se converte na busca do espírito perfeito eu Karl Marx e Friedrich Engels 128 que recém encontrei a Mim como espírito perco uma vez mais a Mim mesmo imediatamente na medida em que Me curvo perante o espírito perfeito como um espírito que não Me é próprio mas sim um espírito transcendente e sinto a Minha vacuidade p 18 Isso não é nada mais do que um desenvolvimento ulterior da escamotea ção no 2 depois de o espírito perfeito ter sido pressuposto como um ser existente e contraposto ao espírito imperfeito fica evidente que o espírito imperfeito o adolescente sente dolorosamente sua vacuidade no fundo de seu coração continuemos sem dúvida é tudo uma questão de espírito mas qualquer espírito é o espírito certo O espírito certo e verdadeiro é o ideal do espírito o espírito santo não o Meu espírito ou o teu mas sim precisamente um espírito ideal transcendente deus deus é espírito126 aqui o espírito perfeito é de súbito transformado em espírito certo e imediatamente após em espírito certo e verdadeiro Este é definido mais precisamente como o ideal do espírito o espírito santo o que é provado pelo fato de que ele é não o Meu espírito ou o teu mas sim precisamente um espírito ideal transcendente deus O espírito verdadeiro é o ideal do espírito precisamente porque ele é um ideal ele é o espírito santo pre cisamente porque é deus Que virtuosismo de pensamento notemos ainda de passagem que até agora ainda não foi dito nada sobre o teu espírito escamoteação no 3 Portanto se procuro formarme como matemático ou segundo são Max se procuro aperfeiçoarme como um matemático então estou em busca do matemático perfeito isto é do matemático certo e verdadeiro que é o ideal do matemático o matemático santo um matemático diferente de Mim e de ti embora para Mim tu possas valer como o matemático perfeito tal como para o adolescente berlinense seu professor de filosofia vale como o espírito perfeito mas sim precisamente um matemático ideal trans cendente o matemático no céu deus deus é matemático são Max chega a todos esses grandes resultados porque isto faz que haja uma diferença entre o espírito ser pobre ou rico isto é traduzindo para o alemão há uma diferença entre ser rico ou pobre de espírito e pelo fato de o seu adolescente ter descoberto esse fato notável são Max continua p 18 Isto faz que o homem se separe do adolescente pelo fato de que o primeiro toma o mundo tal como ele é etc Desse modo não ficamos sabendo de que forma o adolescente chega a tomar o mundo tal como ele é tampouco vemos nosso santo dialético fazer a transição do adolescente ao homem mas apenas somos informados de que cabe ao Isto executar esse serviço e separar o adolescente do homem Mas nem mesmo este Isto é suficiente por si só para pôr em A ideologia alemã 129 movimento o sobrecarregado vagão de carga dos pensamentos únicos Pois assim que Isto faz que o homem se separe do adolescente o homem volta a cair novamente na adolescência ocupase outra vez exclusiva mente com o espírito e negase a prosseguir viagem até que o se venha acudilo com uma nova parelha de cavalos Quando se passa a ter afeição por si mesmo corporalmente etc p 18 somente então é que tudo volta a prosseguir tranquilamente o homem descobre que ele tem um interesse pessoal e chega à segunda autodescoberta na medida em que não encontra a si mesmo apenas como espírito tal como o adolescente e então logo perdese novamente no espírito universal mas encontra a si mesmo como espírito corpóreo p 19 Este espírito corpóreo chega por fim a ter um interesse não apenas em seu próprio espírito como o adolescente mas numa satisfação total a satisfação do camarada Kerl inteiro um interesse na satisfação do camarada inteiro ele chega a ponto de encontrar prazer em si mesmo em seu corpo e em sua vida no caso de um alemão o homem de stirner chega muito atrasado em tudo ele poderia ver perambular nos boulevards de Paris ou na Regent Street de Londres centenas de adolescen tes muscadins 1 e dândis que ainda não encontraram a si mesmos como espíritos corpóreos mas que nem por isso deixam de encontrar prazer em si mesmos em seu corpo e em sua vida e cujo interesse principal reside na satisfação do camarada inteiro essa segunda autodescoberta entusiasma tanto nosso santo dialético que ele de repente esquece o seu papel e começa a falar não do homem mas de si mesmo e revelanos que ele mesmo ele o Único é o homem e que o homem é o Único nova escamoteação assim como eu me descubro leiase o adolescente se descobre por detrás das coisas e certamente como espírito assim também tenho que subsequentemente descobrirMe leiase o homem tem de descobrirse por detrás dos pensamentos sobretudo como seu criador e dono na época dos espíritos os pensamentos dominavam a Minha cabeça a cabeça do ado lescente do qual eles eram no entanto produtos como fantasias delirantes eles flutuavam ao Meu redor e Me agitavam como um poder aterrorizante Os pensamentos haviam se tornado corpóreos eram fantasmas como deus o imperador o papa a pátria etc se destruo a sua corporeidade eu os reintegro à minha corporeidade e digo apenas eu sou corpóreo e a partir de então apreendo o mundo como aquilo que ele é para Mim como o Meu mundo como Minha propriedade relaciono tudo a Mim mesmo Portanto o homem aqui identificado com o Único depois de ter dado corporeidade aos pensamentos isto é depois de têlos transformado em fantasmas destrói agora novamente essa corporeidade ao tomála de volta em seu próprio corpo de tal modo que este é convertido num corpo de fan 1 peraltas janotas Karl Marx e Friedrich Engels 130 tasmas O fato de que ele chega à sua corporeidade somente pela negação dos fantasmas evidencia a natureza da corporeidade construída do homem uma corporeidade que ele deve primeiramente dizer a si mesmo para então nela crer e ele nem sequer diz corretamente aquilo que ele diz a si mesmo O fato de que não apenas em seu cérebro mas também fora de seu corpo único não se encontrem quaisquer corpos autônomos esperma to zoides é por ele transformado na seguinte Fábula Apenas eu sou corpóreo Mais uma escamoteação Prossigamos O homem que quando jovem encheu sua cabeça com toda sorte de tolices sobre poderes e relações existentes tais como o imperador a pátria o estado etc e que as conheceu apenas como suas próprias fantasias delirantes sob a forma de suas representações este homem de acordo com São Max destrói verdadeiramente esses poderes ao expulsar de sua cabeça a falsa opinião que deles tinha ao contrário agora que não enxerga mais o mundo através das lentes de sua imaginação ele tem de atentar para a estrutura prática deste mundo tomar conhecimento dela e agir de acordo com ela ao destruir a corporeidade imaginária que para ele o mundo encarnava ele acaba por encontrar a real corporeidade do mundo fora de sua imaginação com o desaparecimento da corporeidade fantasmagórica do imperador de saparece para ele não a corporeidade mas sim o caráter fantasmagórico do imperador cujo poder ele pode agora enfim apreciar em toda a sua extensão escamoteação no 3 Quando se torna homem o adolescente nem mesmo se comporta cri ticamente diante das ideias que também são válidas para os outros e que circulam sob a forma de categorias mas apenas em face daquelas ideias que são os meros produtos de sua cabeça isto é as representações gerais sobre as condições existentes renascidas em sua cabeça assim por exemplo nem mesmo resolve a categoria pátria mas apenas a sua opinião pessoal sobre essa categoria de tal forma que a categoria universalmente válida subsiste e mesmo no domínio do pensamento filosófico o trabalho encontrase apenas em seu começo Mas pretende fazernos crer que dissolveu a própria categoria pelo fato de ter dissolvido a agradável relação pessoal que mantinha com ela exatamente como ainda há pouco ele pretendia fazernos crer que havia destruído o poder do imperador ao renunciar à representação imaginária que dele tinha escamoteação no 4 E agora prossegue são Max apreendo o mundo como sendo aquilo que ele é para Mim como sendo o Meu mundo como Minha propriedade apreende o mundo como sendo aquilo que ele é para ele ou seja como sendo aquilo que ele é obrigado a apreender e ao fazêlo apropriase do mundo faz dele sua propriedade uma forma de aquisição que de fato não se en contra em nenhum dos economistas mas da qual o Livro irá nos revelar da forma mais brilhante o método e as façanhas Porém na verdade ele não A ideologia alemã 131 apreende o mundo mas apenas suas fantasias delirantes como o seu mundo e o apropria a si ele apropria o mundo como sua representação do mundo e de acordo com a sua representação o mundo é a sua propriedade representada a propriedade de sua representação sua representação enquan to propriedade sua propriedade enquanto representação sua representação própria ou sua representação da propriedade e tudo isso é expresso na frase incomparável relaciono tudo a Mim mesmo segundo as próprias opiniões do santo o homem depois de ter reco nhecido que o mundo era povoado somente por fantasmas pelo fato de o adolescente ter visto fantasmas depois de ter desaparecido para o homem o mundo ilusório do adolescente encontrase ele num mundo real independente das fantasias do adolescente e agora deverseia dizer eu apreendo o mundo como aquilo que é in dependente de Mim como aquilo que pertence a Si mesmo o homem apreende na própria p 18 o mundo como ele é e não tal como ele gostaria que fosse primeiramente como Minha não propriedade até agora ele só era Minha propriedade enquanto fantasma eu Me relaciono a tudo e apenas nesta medida relaciono tudo a Mim se eu enquanto espírito rejeitava o mundo com o mais profundo desprezo agora como possuidor lanço os espectros ou as ideias de volta à sua vacuidade eles não têm mais nenhum poder sobre Mim do mesmo modo que nenhuma força da terra tem poder sobre o espírito p 20 Vemos aqui como o possuidor o homem de stirner apossase imediata mente sine beneficio deliberandi atque inventarii 1 da herança do adolescente que como ele mesmo diz consiste apenas de fantasias delirantes e fantas mas ele acredita que enquanto criança transformada em adolescente deu cabo realmente do mundo das coisas e enquanto adolescente transformado em homem deu cabo realmente do mundo do espírito que agora como um homem ele tem o mundo inteiro no seu bolso e nada mais com o que se preocupar se é verdade que de acordo com as palavras que ele repete do adolescente nenhuma força terrestre que se encontre fora dele tem poder sobre o espírito e que o espírito é a força suprema na terra e ele o homem submeteu a si mesmo esse espírito onipotente então não será ele onipotente de todo ele esquece que só destruiu a forma imaginária e fantasmagórica assumida pelas ideias de pátria etc no crânio do adolescente mas que ainda nem sequer tocou nessas ideias na medida em que elas expressam relações reais Longe de ter se tornado senhor das ideias somente agora ele se tornou capaz de chegar às ideias Agora à guisa de conclusão pode ficar claro p 199 que o santo ho mem conduziu a sua interpretação das diferentes idades da vida à finalidade 1 sem benefício de inventário127 Karl Marx e Friedrich Engels 132 desejada e predestinada ele nos informa o resultado alcançado na seguinte proposição uma sombra fantasmagórica que pretendemos confrontar com o seu corpo perdido toda a história da vida humana se traduz portanto à guisa de conclu são no seguinte 1 stirner concebe as diferentes fases da vida apenas como auto des co ber tas do indivíduo autodescobertas estas que se reduzem sempre a uma determinada relação de consciência aqui portanto a vida do indivíduo se resume à diversidade da consciência Naturalmente as modificações físicas e sociais que ocorrem com os indivíduos e que produzem uma consciência modificada não guardam nenhum interesse para Stirner É por isso que em stirner a criança o adolescente e o homem encontram sempre dian te deles o mundo já pronto do mesmo modo como eles simplesmente encontram a si mesmos absolutamente nada é feito para cuidar que qualquer coisa que seja possa ser encontrada Mas nem mesmo a relação da consciência é concebida corretamente e sim apenas em sua distorção especulativa razão pela qual todas essas figuras têm também uma atitude filosófica dian te do mundo a criança como realista o adolescente como idealista o homem como unidade negativa de ambos como negatividade absoluta o que fica evidente na frase conclusiva anterior mente citada aqui é revelado o segredo da vida humana aqui é posto em evidência que a criança era apenas um disfarce do realismo o adolescente um disfarce do idealismo e o homem uma tentativa de solução dessa contradição filosófica essa solução essa negatividade absoluta dáse apenas como se percebe desde já com a condição de que o homem confie cegamente nas ilusões tanto da criança quanto do adolescente acreditando com isso ter dominado o mundo das coisas e o mundo do espírito Proposição única p 20 Realista a criança era cativa das coisas deste mundo até o momento em que pouco a pouco conseguiu descobrir o que havia por detrás dessas mesmas coi sas O adolescente era idealista inspirado por pensamentos até o momento em que se esforçou para tornarse homem o homem egoísta que dis põe das coisas e dos pensamentos a seu belprazer e coloca seu interesse pessoal acima de tudo Enfim e o idoso Quando eu me tornar um então ainda haverá tempo suficiente para falar disso Proprietário da sombra emancipada ao lado a criança era realmente cativa do mundo de suas coisas até o momento em que pouco a pouco uma escamoteação tomada de empréstimo para o desenvolvimento ela conseguiu deixar estas mesmas coisas atrás de si O adolescente era imaginativo carente de pensamentos devido ao entu siasmo até o momento em que o homem ergueuse por sobre ele o burguês egoís ta com quem as coisas e os pensamentos dispõem de tudo a seu belprazer por que o seu interesse pessoal coloca tudo acima dele Enfim e o idoso Mulher o que eu tenho a ver contigo128 A ideologia alemã 133 2 Quando são Max desconsidera a vida física e social do indivíduo não dizendo absolutamente nada sobre a vida ele abstrai de modo bastante consequente das épocas históricas da nacionalidade da classe etc ou o que é o mesmo ele exagera a consciência dominante da classe que mais dele se aproxima em seu ambiente mais próximo fazendo dela a consciência normal da vida humana A fim de ultrapassar essa estreiteza local e pedante ele precisa apenas comparar o seu adolescente com o primeiro jovem empre gado de escritório que encontrar com um jovem operário inglês com um jovem ianque isso sem falar dos jovens quirguizes 3 a enorme credulidade de nosso santo o espírito peculiar de seu livro não se contenta em provocar no seu adolescente a fé na sua criança e no seu homem a fé no seu adolescente ele mesmo confunde sem o perceber as ilusões que certos adolescentes homens etc têm ou afirmam ter sobre si mesmos com a vida a realidade desses adolescentes e homens altamente ambíguos 4 toda a estrutura das idades do homem já foi apresentada por Hegel em forma prototípica na terceira parte da Enciclopédia129 e sob transfor mações várias também em outras obras de Hegel É natural que são Max que persegue fins próprios também tivesse que proceder aqui a algu mas transformações enquanto Hegel por exemplo ainda se deixa guiar pelo mundo empírico o suficiente para poder retratar o burguês alemão como escravo do mundo que o cerca stirner tem de fazêlo o senhor desse mundo o que ele não é nem na imaginação do mesmo modo são Max alega razões empíricas como justificativa por não ter se referido ao idoso quer sobretudo aguardar até que ele mesmo se torne um idoso aqui portanto uma vida humana sua vida Única como homem Hegel prontamente constrói as quatro idades do homem porque no mundo real realen Welt a negação põe a si mesma duplamente quer dizer como lua e como cometa cf Filosofia da natureza de Hegel razão pela qual aqui a quater nidade assume o lugar da trindade stirner realiza sua unicidade Einzigkeit ao fazer coincidir lua e cometa e assim ao eliminar da vida humana aquele desafortunado idoso a razão dessa escamoteação logo se tornará evidente quando passarmos a examinar a construção da história única do homem 2 Economia do Antigo Testamento devemos aqui por um momento passar da Lei aos Profetas e des vendar desde já o mistério da economia doméstica única no céu e na terra Já no antigo testamento onde a lei o homem reina ainda sobre o Único gálatas 324 a história do reino do Único segue um sábio plano estabe lecido para toda a eternidade tudo está previsto e preordenado para que o Único possa vir ao mundo quando for chegada a hora130 para libertar os homens santos de sua santidade Karl Marx e Friedrich Engels 134 O primeiro livro a vida humana tem também por isso o nome de gênesis porque contém em germe toda a economia doméstica única porque nos apresenta um protótipo de todo o desenvolvimento ulterior até o final dos tempos e o fim do mundo Toda a história única gira em torno das três fases criança adolescente e homem que retornam sob transformações várias e em círculos cada vez mais amplos até que por fim toda a história do mundo das coisas e do mundo do espírito resolvese em criança adoles cente e homem encontraremos por toda parte apenas disfarces de criança adolescente e homem do mesmo modo como já encontramos nessas três fases os disfarces de outras categorias Falamos acima sobre a concepção filosófica alemã da história Aqui em são Max encontramos um brilhante exemplo disso a ideia especulativa a representação abstrata é feita a força motriz da história e desse modo a história é transformada em mera história da filosofia Mas mesmo esta última não é de forma alguma concebida tal como realmente acontece de acordo com as fontes existentes e muito menos tal como se desenvolveu a partir da influência das relações históricas reais realen mas sim como foi concebida e descrita pelos novos filósofos alemães Hegel e Feuerbach em particular e dessas descrições por sua vez selecionouse apenas aquilo que podia ser adaptado ao objetivo proposto e que tradicionalmente estava reservado ao nosso santo a história se torna assim uma mera história de ideias ilusó rias uma história de espíritos e fantasmas enquanto a história real empírica que constitui o fundamento dessa história de fantasmas só é explorada a fim de produzir os corpos para esses fantasmas dela são tomados de empréstimo os nomes necessários para vestir os fantasmas com a aparência da realidade Realität ao fazer esse experimento nosso santo frequentemente sai de seu papel e escreve indisfarçadas histórias de fantasmas nele encontramos esse modo de fazer história em sua mais inocente mais clássica simplicidade as três simples categorias realismo idealismo e negatividade absoluta como unidade de ambas aqui denominada egoís mo que já encontramos sob a forma de criança adolescente e homem servem de base a toda a história e são adornadas com várias etiquetas históricas formam com seu modesto cortejo de categorias auxiliares o conteúdo de todas as supostas fases históricas por ele apresentadas são Max novamente revela aqui sua imensa credulidade ao levar mais longe do que qualquer um de seus predecessores a crença no conteúdo especula tivo da história elaborado pelos filósofos alemães Tratase portanto nessa solene e enfadonha construção da história de encontrar uma série pomposa de nomes extravagantes para três categorias que de tão gastas não ousam mais aparecer em público com seus nomes verdadeiros nosso sacra mentado autor poderia perfeitamente ter passado do homem p 20 imediatamente ao eu p 201 ou melhor ainda ao Único p 485 mas isso teria sido simples demais além disso a concorrência acirrada entre A ideologia alemã 135 os filósofos especulativos alemães obriga cada novo concorrente a fazer um estrondeante anúncio histórico para a sua mercadoria a força do desenvolvimento verdadeiro para empregar as palavras do Dottore Graziano desenvolvese do modo mais forte nas seguintes transformações Fundamento I realismo II Idealismo III unidade negativa de ambos Se p 485 Primeira nomenclatura I Criança dependente das coisas realismo II Adolescente dependente das ideias idealismo III Homem como unidade negativa expresso positivamente possuidor das ideias e das coisas expresso negativamente livre das ideias e das coisas segunda nomenclatura histórica I Negro realismo criança II Mongol idealismo adolescente III Caucasiano unidade negativa de realismo e idealismo homem terceira nomenclatura a mais geral I egoísta realista egoísta no sentido habitual criança negro II egoísta idealista abnegado adolescente mongol III egoísta verdadeiro o Único homem caucasiano Quarta denominação histórica repetição das fases precedentes no interior do caucasiano I Os Antigos caucasianos negroides homens infantis pagãos de pendentes das coisas realistas mundo Transição a criança que descobriu o que havia por detrás das coisas deste mundo sofistas céticos etc II Os Modernos caucasianos mongólicos homens juvenis cristãos dependentes de ideias idealistas espírito 1 História pura dos espíritos O cristianismo como espírito O espí rito 2 História impura dos espíritos O espírito em sua relação com os outros Os possessos a Pura história impura dos espíritos a a assombração o fantasma o espírito em estado negroide como espírito coisificado e coisa espiritual essência objetiva para o cristão o espírito enquanto criança egoísmo Karl Marx e Friedrich Engels 136 b a obsessão a ideia fixa o espírito na condição mongol como espiritual no espírito determinação na consciência essência pensada no cristão espírito enquanto adolescente B Impura história impura histórica dos espíritos a catolicismo Idade Média negro criança realismo etc b Protestantismo tempos modernos em tempos moder nos mongol adolescente idealismo etc no interior do protes tantismo podemse fazer ainda outras subdivisões por exemplo 1 Filosofia inglesa realismo criança negro 2 Filosofia alemã idealismo adolescente mongol 3 A Hierarquia unidade negativa dos dois termos anteriores do ponto de vista mongolcaucasiano tal unidade aparece sobretudo quando a relação histórica se transforma numa relação atualmente existente ou quando os opostos são apresentados como existindo lado a lado temos aqui portanto dois estágios que coexistem a Os incultos131 maus bourgeois 1 egoístas no sentido habitual negros crianças católicos realistas etc B Os cultos os bons citoyens 2 os abnegados os párocos etc mongóis adolescentes protestantes idealistas esses dois estágios existem um ao lado do outro donde decorre facilmente que os cultos dominem os incultos tal é a hierarquia no subsequente curso do desenvolvimento histórico então o não hegeliano surge dos incultos o hegeliano surge dos cultosa donde se segue que os hegelianos dominam os não hegelianos assim stirner converte a representação especulativa do domínio da ideia especulativa na história em representação do domínio dos próprios filósofos especulativos Na hierarquia a visão da história que ele sustentou até aqui o domínio da ideia convertese numa relação real atualmente existente o domínio mundial dos ideó logos Isso mostra o quão profundamente stirner mergulhou na especulação Esse domínio dos filósofos especulativos e ideólogos desenvolvese para que tudo tenha um bom final pois era che gado o fim dos tempos nas seguintes nomenclaturas conclusivas a o liberalismo político dependente das coisas independente das pessoas realismo criança negro antiguidade assombração catolicismo inculto sem dono 1 burgueses 2 cidadãos a O xamã e o filósofo especulativo representam o mais baixo e o mais alto degrau na ascensão ao homem interior o mongol p 453 n a A ideologia alemã 137 b o liberalismo social independente das coisas dependente do espírito sem objeto idealismo adolescente mongol modernidade obsessão protestantismo culto sem posse c o liberalismo humano sem dono e sem propriedade isto é sem deus pois deus é a um só tempo o supremo dono e a suprema posse a hierarquia unidade negativa dentro da esfera do liberalismo e enquanto tal domínio sobre o mundo das coisas e das ideias ao mesmo tempo o egoísta perfeito na superação do egoísmo a hierarquia perfeita ao mesmo tempo ele forma a transição adolescente que deu a volta ao mundo dos pensamentos para o IV Eu isto é o perfeito cristão o homem perfeito cau ca siano caucásico e egoísta verdadeiro que tal como o cristão que se torna espírito pela suprassunção do antigo mundo do espírito se torna corporal pela dissolução do reino dos espíri tos adquirindo sine beneficio deliberandi et inventarii 1 a herança do idealismo do adolescente do mongol dos modernos dos cristãos dos possessos do obsessor do protestante do homem culto do hegeliano e dos liberais humanos nB 1 categorias feuerbachianas e outras categorias tais como razão coração etc podem também ser incluídas episodicamente na ocasião adequada a fim de intensificar o brilho dessa figura e de produzir novos efeitos É evidente que também essas categorias são apenas novos disfarces do realismo e do idealismo sempre presentes ao longo da obra 2 O muito devoto são Max Jacques le bonhomme132 não tem nada de real e profano a dizer sobre a história real e profana exceto que ele sob o nome de natureza de mundo das coisas de mundo da criança etc sempre a opôs à consciência como um objeto sobre o qual a consciência especula como um mundo que apesar de sua permanente aniquilação continua a existir numa escuridão mística para a qualquer momento tornar a aparecer pro vavelmente porque as crianças e os negros continuam a existir e portanto também o seu mundo o assim chamado mundo das coisas facilmente continua a existir sobre semelhantes construções históricas e anistóricas o bom e velho Hegel já afirmou em alusão a Schelling o protótipo de todos os construtores o que aqui é dito O instrumento desse monótono formalismo não é mais difícil de se manejar do que a paleta de um pintor sobre a qual se encontram somente duas cores digamos que preto realista infantil negroide etc e amarelo133 idea lista adolescente mongol etc de modo a usar a primeira para pintar uma super 1 sem benefício de inventário Karl Marx e Friedrich Engels 138 fície quando fosse o caso de uma figura histórica o mundo das coisas e a segunda para o caso de uma paisagem o céu o espírito o sagrado etc Fenomenologia p 39 a consciência comum escarneceu de construções desse tipo de modo ainda mais certeiro em canções como esta ao Juca o senhor ordenou Ir ao campo ceifar aveia Mas o Juca não ceifou a aveia e para casa não voltou ao cão o senhor ordenou Que fosse morder o Juca Mas o cão não mordeu o Juca O Juca não ceifou a aveia e para casa não voltou ao chicote o senhor ordenou Que fosse castigar o cão Mas o chicote não castigou o cão O cão não mordeu o Juca O Juca não ceifou a aveia e para casa não voltou ao fogo o senhor ordenou Que fosse queimar o chicote Mas o fogo não queimou o chicote O chicote não castigou o cão O cão não mordeu o Juca O Juca não ceifou a aveia e para casa não voltou À água o senhor ordenou Que fosse apagar o fogo Mas a água não apagou o fogo O fogo não queimou o chicote O chicote não castigou o cão O cão não mordeu o Juca O Juca não ceifou a aveia e para casa não voltou ao boi o senhor ordenou Que fosse a água beber Mas o boi não bebeu a água a água não apagou o fogo O fogo não queimou o chicote O chicote não castigou o cão O cão não mordeu o Juca O Juca não ceifou a aveia e para casa não voltou A ideologia alemã 139 ao açougueiro o senhor ordenou Que fosse matar o boi Mas o açougueiro não matou o boi O boi não bebeu a água a água não apagou o fogo O fogo não queimou o chicote O chicote não castigou o cão O cão não mordeu o Juca O Juca não ceifou a aveia e para casa não voltou ao carrasco o senhor ordena Que enforque o açougueiro O carrasco enforcou o açougueiro O açougueiro matou o boi O boi bebeu a água a água apagou o fogo O fogo queimou o chicote O chicote castigou o cão O cão mordeu o Juca O Juca ceifou a aveia e todos voltaram para casa134 Veremos adiante a virtuosidade de pensamento e os materiais dignos de um colegial de que Jacques le bonhomme lança mão a fim de preencher esse esquema 3 Os antigos em verdade deveríamos começar aqui pelos negros mas são Max que sem sombra de dúvida ocupa um lugar no conselho de guardiões em sua ines crutável sabedoria introduz os negros apenas mais tarde e mesmo assim sem nenhuma pretensão de profundidade e autenticidade Por tanto se aqui fazemos que a filosofia grega preceda a era negra isto é que ela venha antes das campanhas de sésostris e da expedição napoleônica ao egito135 é porque temos confiança de que nosso santo autor preordenou tudo sabiamente Vejamos por isso as atividades de que se ocupam os antigos de stirner Para os antigos o mundo era uma verdade diz Feuerbach mas ele se esquece de fazer o importante acréscimo uma verdade cuja inverdade eles procuraram descobrir até que um dia realmente a descobriram p 22 Para os antigos o mundo deles não o mundo era uma verdade com o que naturalmente nenhuma verdade é dita sobre o mundo antigo mas apenas que os antigos não se comportavam de modo cristão em relação ao mundo tão logo a inverdade penetrou no mundo deles ou seja tão logo esse mundo se desintegrou em consequência de conflitos práticos e de Karl Marx e Friedrich Engels 140 monstrar empiricamente esse desenvolvimento materialista é a única coisa que ainda teria algum interesse os antigos filósofos procuraram penetrar o mundo da verdade ou a verdade de seu mundo e obviamente acharam que ele havia deixado de ser verdadeiro sua própria busca era já um sin toma do colapso interno daquele mundo Jacques le bonhomme transforma o sintoma idealista na causa material do colapso e como bom padre alemão da Igreja faz que a própria antiguidade busque a negação de si mesma o cris tianismo essa posição da antiguidade é para ele necessária porque os antigos são as crianças que buscam descobrir o que há por detrás do mun do das coisas e tão simples quanto isso ao transformar o mundo antigo na consciência ulterior que se teve do mundo antigo Jacques le bonhomme certamente pode transpor num só pulo o abismo que separa o velho mun do materialista do mundo da religião do cristianismo agora a palavra divina defronta o mundo real realen da antiguidade o cristão concebido como o cético moderno defronta o homem antigo concebido como filósofo O seu cristão não consegue jamais ser convencido da nulidade Eitelkeit da palavra divina e em consequência dessa falta de convicção crê na eterna e imbatível verdade dessa palavra p 22 assim como o homem antigo de stirner é antigo porque é não cristão ainda não é cristão ou é um cristão escondido assim também o seu cristão primitivo é cristão por que é não ateísta ainda não é ateísta ou é um ateísta escondido ele faz assim que o cristianismo seja negado pelos antigos e que o ateísmo mo derno seja negado pelos cristãos primitivos em vez do contrário Jacques le bonhomme como todos os outros filósofos especulativos agarra tudo pelo seu rabo filosófico Logo a seguir ainda encontramos mais alguns exemplos dessa credulidade pueril O cristão tem de considerar a si mesmo como um estrangeiro na terra Hebreus 1113 p 23 ao contrário os estrangeiros na terra e por razões bastante naturais por exemplo a colossal concentração de riquezas em todo o mundo romano etc etc tinham de considerar a si mesmos como cristãos não foi o cristia nismo que os fez vagabundos mas foi sua condição de vagabundos que os fez cristãos na mesma página o nosso santo Padre salta da Antígona de sófocles e da questão a ela relacionada da sacralidade do sepultamento dos mortos diretamente para o evangelho de Mateus 822 deixai os mortos enterrar os seus mortos ao passo que Hegel ao menos na Fenomenologia teve o cuidado de fazer uma transição gradual de antígona etc ao mundo romano com o mesmo direito são Max poderia ter passado imediatamente à Idade Média e juntamente com Hegel defendido esse versículo bíblico contra os cruzados ou até mesmo para ser verdadeiramente original poderia ter estabelecido uma comparação entre o sepultamento de Polinice por antígona e a transferência das cinzas de napoleão de santa Helena para Paris Mais adiante lêse A ideologia alemã 141 no cristianismo a verdade inviolável dos laços familiares que na p 22 é referida como uma das verdades dos antigos é apresentada como uma inverdade da qual não conseguiremos nos livrar tão cedo Marcos 1029 e o mesmo para todas as coisas p 23 essa frase na qual a realidade é novamente colocada de pontacabeça deve ser reordenada da seguinte forma no cristianismo a inverdade factual dos laços familiares sobre isso vejamse entre outros os documentos ainda existentes da legislação romana précristã é apresentada como uma verdade inviolável e o mesmo para todas as coisas Por esses exemplos portanto vemos como Jacques le bonhomme que não consegue se livrar tão cedo da história empírica coloca os fatos de cabeça para baixo faz que a história material seja produzida pela história ideal e o mesmo para todas as coisas desde o início somos informados apenas da pretensa opinião que os antigos tinham de seu mundo como dogmáticos eles são colocados em oposição ao mundo antigo ao seu próprio mundo em vez de aparecerem como criadores desse mundo tratase somente da relação da consciência com o objeto com a verdade tratase portanto somente da relação filosófica dos antigos com o seu mundo a história da filosofia antiga ocupa o lugar da história antiga e ainda assim da história antiga tal como são Max a imagina baseandose em Hegel e Feuerbach de modo que a história da grécia a partir da época de Péricles inclusive é reduzida a uma luta entre abstrações tais como o entendimento o espírito o coração a terrenalidade etc são esses os partidos gregos nesse mundo de fantasmas apresentado como se fosse o mundo grego ainda funcio nam machinieren personagens alegóricas tais como a senhora Pureza de Coração e figuras míticas como Pilatos que não pode faltar onde quer que se encontrem crianças ocupam gravemente seus lugares ao lado de timon de Flius Depois de nos fazer algumas surpreendentes revelações sobre os sofistas e sócrates são Max salta imediatamente aos céticos neles descobre aqueles que completaram o trabalho iniciado por Sócrates De modo que a filosofia positiva dos gregos que surge precisamente depois dos sofistas e de Só crates e especialmente a ciência enciclopédica de aristóteles não existe de forma alguma para Jacques le bonhomme Porque não consegue se livrar tão cedo dos predecessores ele se apressa a tratar da transição que o conduz aos modernos e encontra essa transição nos céticos estoicos e epicuristas Vejamos o que nosso santo Padre nos revela sobre isso Os estoicos querem realizar o ideal do homem sábio o homem que sabe a arte de viver eles encontram esse ideal na contemplação do mundo numa vida sem desenvolvimento vital sem um trato amigável com o mundo isto é numa vida isolada não numa vida em comum com outros apenas o estoico vive para ele tudo o mais está morto Os epicuristas ao contrário exigem uma vida movimentada p 30 Karl Marx e Friedrich Engels 142 aconselhamos Jacques le bonhomme o homem que deseja realizar a si mesmo e que conhece a arte de viver a consultar diógenes Laércio entre outros Lá ele descobrirá que o sábio o sophos não é senão a idealização do estoico não sendo este portanto a realização do sábio ele descobrirá que o sophos não é de modo algum apenas o estoico mas pode ser igualmente encontrado entre os epicuristas os neoacadêmicos e os céticos além disso o sophos é a primeira forma do filósofo grego com a qual nos defrontamos ele aparece de forma mítica nos sete sábios de forma prática em sócrates e como uma idealização nos estoicos epicuristas neoacadêmicos e céti cos cada uma dessas escolas tem evidentemente seu σοϕοζ1 particular assim como são Bruno tem seu sexo único de fato são Max pode reen contrar le sage 2 no século xVIII na filosofia iluminista até mesmo em Jean Paul nos homens sábios como emanuel136 etc O sábio estoico não defende a ideia de uma vida sem desenvolvimento vital mas sim a de uma vida absolutamente ativa o que fica evidente já a partir de sua noção de natureza que é heraclitiana dinâmica evolutiva e viva contrariamente à dos epicuristas que tem como princípio o átomo a mors immortalis3 nas palavras de Lucrécio nos epicuristas em oposição à divina potência de aristóteles o ócio divino tornase o ideal de vida substituindo o ideal da vida movimentada a ética dos estoicos sua única ciência pois eram incapazes de dizer qual quer coisa sobre o espírito exceto de que maneira ele deve se comportar em relação ao mundo e sobre a natureza a ciência física diziam somente que o homem sábio tem de se afirmar contra ela é não uma doutrina do espírito mas tão somente uma doutrina da recusa do mundo e da afirmação de si contra o mundo p 31 O que os estoicos sabiam dizer sobre a natureza é que a física é uma das mais importantes ciências e que por isso davamse até mesmo ao trabalho de desenvolver a física de Heráclito eles sabiam dizer além disso que o ωρα a beleza masculina é a representação mais elevada do indivíduo e glorificavam a vida em harmonia com a natureza embora isso os conduzisse a contradições Para os estoicos a filosofia está dividida em três doutrinas física ética e lógica Comparam a filosofia ao animal e ao ovo a lógica aos ossos e nervos do animal à casca do ovo a ética à carne do animal e à clara do ovo a física à alma do animal e à gema do ovo diógenes Laércio Zenão 138 Com isso já podemos perceber quão pouco verdadeira é a afirmação de que a ética é a única ciência dos estoicos sem falar que de acordo com aristóteles eles foram os principais fundadores da lógica formal e da siste mática em geral 1 sábio 2 o sábio 3 morte imortal137 A ideologia alemã 143 Os estoicos estavam tão longe de ser incapazes de dizer qualquer coisa sobre o espírito que eram até mesmo acometidos de visões de es píritos razão pela qual epicuro como um iluminista opunhase a eles e jocosamente os chamava de velhas senhoras enquanto os neopla tônicos chegaram a tomar emprestado dos estoicos uma parte de suas histórias de espíritos essas visões de espíritos dos estoicos provêm por um lado da impossibilidade de se elaborar uma noção dinâmica de na tureza sem o material que teria de ser fornecido por uma ciência empírica da natureza e por outro lado de sua mania de dar uma interpretação especulativa do mundo grego antigo e da religião e de tornálos análogos ao espírito pensante a ética estoica estava tão longe de ser uma doutrina da recusa do mundo e da afirmação de si contra o mundo que por exemplo se conside rava uma virtude estoica ter uma pátria valorosa e um bravo amigo que somente o belo era tido como o bem e que ao sábio estoico era permitido misturarse com o mundo da maneira como achasse melhor sendolhe per mitido por exemplo cometer incesto etc etc O sábio estoico encontrase de tal forma preso a uma vida isolada não a uma vida em comum com outros que Zenão diz dele O sábio não se admira com nada que pareça admirável mas o homem va loroso também não viverá na solidão pois ele é sociável por natureza e ativo na prática diógenes Laércio Liber stromatum VII 1 digase de passagem já seria exigir demais se no lugar dessa demons tração de sabedoria colegial de Jacques le bonhomme esperássemos por um desenvolvimento da ética muito complexa e contraditória dos estoicos É a propósito dos estoicos que os romanos também passam a existir para Jacques le bonhomme p 31 que evidentemente não sabe dizer nada sobre eles já que não possuem filosofia alguma A única coisa que deles nos diz é que Horácio não conseguiu ir além da sabedoria de vida estoica p 32 Integer vitae scelerisque purus 1 a propósito dos estoicos também Demócrito é citado copiandose de um manual escolar qualquer alguma passagem confusa de diógenes Laércio demócrito livro Ix 7 45 ainda por cima mal traduzida e fazendose dela a base para uma longa diatribe contra demócrito essa diatribe caracterizase por estar em contradição direta com seus fundamentos isto é com a confusa e mal traduzida passagem aci ma mencionada e por converter a tranquilidade da alma a tradução de stirner para ευδυµια 2 em baixoalemão Wellmuth em recusa do mundo stirner pensa que demócrito foi um estoico e decerto um estoico tal como o imaginam o Único e sua consciência vulgar de colegial ele pen 1 de vida íntegra e isenta de crimes139 2 serenidade alegria Karl Marx e Friedrich Engels 144 sa que toda a atividade de demócrito consiste no esforço em se separar do mundo portanto na recusa do mundo e que pode agora refutar os estoicos na pessoa de demócrito Que a vida movimentada e as peregrina ções de Demócrito pelo mundo contradigam flagrantemente essa opinião de São Max que a verdadeira fonte que dá acesso à filosofia de Demócrito seja aristóteles e não uma meia dúzia de anedotas contadas por diógenes Laércio que é tão falsa a afirmação de que Demócrito rejeitava o mundo quanto é verdade que ele foi ao contrário um pesquisador empírico da natureza e a primeira mente enciclopédica entre os gregos que a sua quase desconhecida ética limitese a algumas glosas que se supõe terem sido escritas quando ele se encontrava idoso e cansado de suas viagens que sua ciência da natureza é chamada de filosofia apenas per abusum pois segundo ele o átomo diferentemente de epicuro não passa de uma hipótese física um recurso necessário para a explicação de fatos tal como ocorre no âmbito da Química moderna com as condições de combinações dos elementos dalton entre outros nada disso tem importância quando se trata de Jacques le bonhomme demócrito tem de ser entendido sob a forma única demócrito fala de euthymia logo fala da tranquilidade da alma logo fala do recolhimento em si mesmo logo fala da recusa do mundo demócrito é um estoico e só difere do faquir indiano que murmura Brahm o certo seria Om na medida em que o comparativo difere do superlativo isto é apenas se gundo o grau dos epicuristas nosso amigo sabe tanto como dos estoicos ou seja sabe apenas aquele mínimo exigido de um colegial ele contrasta a hedoné 1 epi curista com a ataraxia dos estoicos e céticos sem saber que esta ataraxia é igualmente encontrada em epicuro e que além disso está situada acima da hedoné o que põe por terra toda essa oposição ele nos conta que os epicuris tas limitavamse a professar uma atitude diante do mundo diversa da atitude dos estoicos ele deveria nos mostrar um filósofo não estoico dos tempos antigos e modernos que não se limite a fazer isso Por fim São Max nos enriquece com uma nova máxima dos epicuristas O mundo deve ser enga nado pois ele é meu inimigo até aqui só se sabia que os epicuristas diziam É necessário desiludir o mundo sobretudo libertálo do medo dos deuses pois o mundo é meu amigo Para dar a nosso santo alguma indicação da base real realen sobre a qual repousa a filosofia de Epicuro basta mencionar que é neste filósofo que se encontra pela primeira vez a noção de que o estado repousa num contrato recíproco entre os homens num contrat social συνδηχη2 as considerações de são Max sobre os céticos seguem nesta mesma linha o que fica evidente quando afirma ser a filosofia dos céticos mais ra 1 prazer 2 contrato A ideologia alemã 145 dical do que a de epicuro Os céticos reduziam à aparência a relação teórica dos homens às coisas e na prática deixavam tudo como anteriormente na medida em que se guiavam por essa aparência da mesma forma que outros se guiavam pela realidade davam somente um outro nome à coisa Já epicuro ao contrário era o verdadeiro iluminista radical da antiguida de aquele que atacou abertamente a religião antiga e que deu origem ao ateísmo dos romanos tanto quanto esse ateísmo existiu Por essa razão Lucrécio também o elogia como o primeiro herói a derrubar os deuses e a espezinhar a religião por essa razão em meio a todos os Padres da Igreja de Plutarco até Lutero epicuro teve sempre a reputação de ser o porco o filósofo ateísta par excellence 1 motivo pelo qual clemente de alexandria diz que quando Paulo brada contra a filosofia ele tem em mente apenas a filosofia epicurista Stromatum lib 1 cap xI p 295 da edição de colônia 1958140 Vemos assim como esse ateísta declarado se mostra astucioso pérfido e esperto no seu modo de se relacionar com o mundo e em atacar diretamente a religião de seu tempo enquanto os estoicos adaptavam a velha religião à maneira especulativa e os céticos lançavam mão do seu conceito de aparência como pretexto para que todo juízo emitido fosse acompanhado de uma reservatio mentalis2 Assim de acordo com Stirner os estoicos finalmente chegam ao despre zo do mundo p 30 o de epicuro atinge a mesma sabedoria prática dos estoicos p 32 e os céticos vão até o ponto de deixar o mundo ficar como está e não se preocupar com ele Portanto de acordo com stirner todos os três conduzem a uma atitude de indiferença em relação ao mundo ao desprezo pelo mundo p 485 Muito antes dele Hegel já expressara essa ideia da seguinte forma o estoicismo o ceticismo e o epicurismo visavam a tornar o espírito indiferente a tudo o que a realidade tem a oferecer Filosofia da história p 327 É claro que os antigos tinham ideias afirma São Max resumindo sua crítica ao antigo mundo das ideias contudo eles não conheciam a ideia p 30 com relação a isso devese recordar o que fora dito acima sobre nossas ideias infantis ibid A história da filosofia antiga tem de se adequar ao modelo de stirner Para que os gregos não saiam de seu papel de crian ças não se permite que aristóteles tenha vivido e que nele se encontrem as noções de intelecto em si e para si η νοησιζ η χαδ αυτην de razão que se pensa a si mesma Αυτον δε νοει ο νουζ e de intelecto que pensa a si mesmo η νοησιζ τηζ νοησεωζ em suma sua Metafísica e o terceiro livro de sua Psicologia141 não têm direito a ter existido do mesmo modo como são Max recorda aqui o que fora dito acima sobre nossos anos de infância ele poderia ter dito mais atrás quando tratou 1 por excelência 2 reserva mental Karl Marx e Friedrich Engels 146 de nossos anos de infância veremos mais à frente o que será dito sobre os antigos e os negros e o que não será dito sobre aristóteles Para apreciar o verdadeiro significado dos últimos filósofos antigos quando da dissolução da antiguidade Jacques le bonhomme teria apenas que observar as condições reais de vida de seus adeptos sob o domínio mundial de roma em autores como Luciano entre outros ele poderia encontrar uma descrição minuciosa de como o povo os olhava como bufões públicos e como os capitalistas romanos procônsules etc os contratavam como bobos da corte encarregados de seu entretenimento de forma que depois de disputarem aos escravos alguns ossos e migalhas de pão espalhados sobre a mesa e de receberem um vinho azedo que lhes era reservado eles se punham a divertir o grande senhor e seus convivas com frases engraçadas sobre ataraxia afasia hedoné etca aliás se nosso bravo homem pretendia reduzir a história da antiguidade à história da filosofia antiga então é evidente que ele tinha de dissolver os estoicos os epicuristas e os céticos nos neoplatônicos cuja filosofia não é senão uma fantástica combinação das doutrinas estoica epicurista e cética com o conteúdo da filosofia de Platão e Aristóteles Em vez disso ele dissolve estas doutrinas diretamente no cristianismob Não foi Stirner quem deixou a filosofia grega atrás de si mas foi a filosofia grega quem deixou Stirner atrás dela cf Wigand p 186 em vez de nos dizer como a antiguidade chega a um mundo das coisas e com isso se extingue o nosso ignorante mestreescola fála desaparecer afortunadamente graças a uma referência a timon na qual é dito que a antiguidade alcança os seus fins últimos de um modo tanto mais natural quanto é verdade que de acordo com são Max os antigos encontramse colocados pela natureza na comunidade antiga o que para concluirmos pode ser entendido da forma a mais evidente porque essa comunidade a família etc designa os assim chamados laços naturais p 33 Pela natu reza o antigo mundo das coisas é criado por timon e Pilatos p 32 ele é destruído em vez de descrever o mundo das coisas que serve de base material ao cristianismo ele faz que o mundo das coisas seja aniquilado no mundo do espírito no cristianismo a exatamente do mesmo modo como os aristocratas franceses depois da revolução tornaramse os professores de dança de toda a europa e tal como os lordes ingleses que encontrarão o seu justo lugar como os cavalariços e tratadores de cães do mundo civilizado s M b stirner teria de nos mostrar ao contrário de que forma o helenismo continuou a existir por um longo tempo mesmo depois de sua dissolução de que forma os romanos paralelamente chegaram ao domínio mundial e qual foi em geral seu papel no mun do de que modo a civilização romana se desenvolveu e decaiu finalmente ele teria de mostrar como as civilizações grega e romana entraram em decadência idealmente com o cristianismo materialmente com as grandes invasões bárbaras s M A ideologia alemã 147 Os filósofos alemães estão acostumados a contrapor a antiguidade por eles considerada a época do realismo ao cristianismo e aos tempos moder nos considerados a época do idealismo ao passo que os economistas his toriadores e cientistas franceses e ingleses estão acostumados a conceber a antiguidade como o período do idealismo em contraste com o materialismo e o empirismo dos tempos modernos do mesmo modo podese conceber a antiguidade como idealista no sentido de que os antigos na história repre sentam o citoyen o homem político idealista enquanto os modernos em última análise tendem para o bourgeois para o realista ami du commerce 1 ou então de outro ponto de vista a antiguidade pode ser considerada realista na medida em que para os antigos a comunidade era uma verda de enquanto para os modernos ela não passa de uma mentira idea lista todas essas abstratas contraposições e construções históricas têm muito pouca importância a única coisa que aprendemos de toda essa caracterização dos antigos é que justamente pelo fato de stirner saber apenas algumas poucas coisas sobre o mundo antigo ele pôde captálas durchschauen tanto melhor stirner é de fato aquele mesmo rapazote objeto de uma profecia no apocalipse de João 125 ele deverá pastorear todos os povos pagãos com um cajado de ferro Vimos como ele castigou os pobres pagãos com o bor dão de ferro de sua ignorância Os modernos não terão tratamento melhor 4 Os modernos Pois se alguém está em cristo uma nova criatura é passou o que era velho tudo se fez novo II coríntios 517 p 33 segundo esse versículo da Bíblia o mundo antigo é realmente passa do ou como são Max na verdade queria dizer já era142 e num único salto143 somos transportados ao mundo do espírito este mundo novo cristão juvenil mongólico Veremos como num piscar de olhos este mundo também já era assim como foi dito acima O mundo era uma verdade para os antigos aqui também temos de dizer O espírito era uma verdade para os modernos mas não podemos nos esquecer tanto nesta frase como naquela deste importante complemento uma verdade cuja inverdade eles procuraram descobrir até que um dia realmente a descobriram p 33 se não queremos erigir nenhuma construção ao modo stirneriano aqui também temos de dizer para os modernos a verdade era um espírito mais precisamente o espírito santo Jacques le bonhomme continua a apreender os modernos não em sua conexão histórica com o mundo das coisas que 1 amigo do comércio Karl Marx e Friedrich Engels 148 apesar de seu já era segue entretanto a existir mas em sua atitude teó rica e de fato religiosa para ele a história da Idade Média e dos tempos modernos continua a existir por sua vez apenas como história da religião e da filosofia ele acredita piamente em todas as ilusões dessas épocas e nas ilusões filosóficas sobre tais ilusões Tendo conferido à história dos modernos a mesma direção por ele conferida à história dos antigos são Max pode então facilmente demonstrar nela um curso similar àque le seguido pela antiguidade e passar da religião cristã à filosofia alemã moderna com a mesma rapidez com que passara da filosofia antiga à re ligião cristã na p 37 ele caracteriza suas próprias ilusões históricas ao descobrir que os antigos nada tinham a revelar a não ser a sabedoria mun dana e que os modernos nunca foram e nunca irão além da teologia lançando em seguida a pergunta solene O que os modernos procuravam descobrir tanto os antigos quanto os modernos não fazem outra coisa na história senão procurar descobrir algo sendo que os antigos buscam conhecer o mundo das coisas os modernos o mundo do espírito Por fim os antigos acabam por ficar sem mundo enquanto os modernos ficam sem espírito os antigos queriam tornarse idealistas os modernos realistas p 485 mas ambos ocupavamse exclusivamente com o divino p 488 a história até aqui é apenas a história do homem espiritual que fé p 442 numa palavra temos aqui uma vez mais a criança e o adolescente o negro e o mongol e tudo o mais que é dito com a terminologia das trans formações várias Com isso assistimos a uma imitação fiel do procedimento especulativo que faz das crianças os genitores dos pais e o anterior o resultado do poste rior Os cristãos precisam imediatamente descobrir a inverdade por detrás de sua verdade precisam se transformar logo em ateístas e críticos escon didos como já fora sugerido a propósito dos antigos Porém não satisfeito com isso são Max ainda nos dá um brilhante exemplo de seu virtuosismo de pensamento especulativo p 230 agora depois que o liberalismo proclamou o homem podese declarar que foi realizada apenas a última consequência do cristianismo pois o cristianismo desde sempre propôsse como única tarefa realizar realisieren o homem depois que a última consequência do cristianismo foi supostamente rea lizada podeSe declarar que ela foi realizada a partir do momento em que aqueles que surgiram posteriormente transformaram o que havia antes podeSe declarar que estes surgidos anteriormente desde sem pre isto é na verdade em essência no céu enquanto judeus camuflados propuseramse como única tarefa ser transformados pelos posteriores O cristianismo para Jacques le bonhomme é um sujeito que põe a si mesmo o espírito absoluto que desde sempre põe o seu fim como o seu começo cf Enciclopédia de Hegel etc A ideologia alemã 149 daí se segue sobretudo porque se pode atribuir ao cristianismo essa tarefa imaginária o engano é evidente que antes de Feuerbach não se podia saber qual a tarefa que o cristianismo desde sempre se propusera de que o cristianismo atribui um valor infinito ao Eu como aparece por exemplo na teoria da imortalidade da alma e na obra pastoral não ele atribui esse valor unicamente ao homem somente o homem é imortal e é somente por eu ser um homem que sou também imortal se então de todo o esquema de stirner e de sua forma de colocar os problemas resulta claramente que o cristianismo não podia conferir a imortalidade senão ao Homem de Feuerbach agora ficamos sabendo além disso que isso é assim porque o cristianismo também não atribui essa imortalidade aos animais Façamos um esquema à la são Max Agora depois que a grande propriedade fundiária moderna que resultou da parcelarização praticamente proclamou o morgadio podese declarar que foi realizada apenas a última consequência da parcelarização da proprie dade fundiária e que na verdade a parcelarização desde sempre propôsse como única tarefa realizar realisieren o morgadio o verdadeiro morgadio Daí se segue o engano de que a parcelarização atribui um valor infinito aos direitos iguais de todos os membros da família como aparece por exemplo no di reito de sucessão do Code Napoléon Não ele atribui esse valor unicamente ao filho mais velho somente o filho mais velho o futuro senhor do morgadio poderá tornarse um grande proprietário de terras e é somente por Eu ser o filho mais velho que Eu me torno também proprietário de terras Com esse procedimento é infinitamente fácil dar à história orientações únicas bastando apenas descrever o seu último resultado como a tare fa que ela na verdade desde sempre se propôs as épocas anteriores apresentamse desse modo sob uma forma bizarra e sem precedentes Isso impressio na e não requer muitos custos de produção É o que ocorre por exemplo quando se diz que a verdadeira tarefa que o sistema da proprie dade fundiária desde sempre se propôs foi substituir os homens por car neiros uma consequência que recentemente se tornou manifesta na escócia etc ou ainda que a proclamação da dinastia dos capetos na verdade desde sempre propôsse conduzir Luís xVI à guilhotina e o sr guizot ao Ministério O que importa é proferir essas palavras num tom solene sagrado sacerdotal respirar fundo e então exclamar Agora finalmente podeSe declarar O que são Max diz sobre os modernos na seção acima p 337 é so mente o prólogo da história do espírito que reservamos para mais adiante aqui também vemos como ele não consegue se livrar tão cedo dos fatos empíricos e faz desfilar à nossa frente as mesmas categorias utilizadas para os antigos intelecto coração etc apenas dandolhes nomes diferentes Os sofistas tornamse sofistas escolásticos os humanistas o maquia velismo a arte da impressão o novo Mundo etc cf Hegel História da filosofia III p 128 que representa o intelecto sócrates é transformado em Lutero que Karl Marx e Friedrich Engels 150 proclama o reino do coração Hegel ibidem p 227 e do perío do poste rior à reforma aprendemos que era dominado pela senti mentalidade vazia que na seção dedicada aos antigos era chamada de pureza de sentimento cf Hegel ibidem p 241 tudo isso na p 34 desse modo são Max prova que o cristianismo segue um curso semelhante àquele da antiguidade depois de Lutero ele não se dá mais ao trabalho de con ferir nomes às suas categorias com suas botas de sete léguas apressase a alcançar a filosofia alemã moderna quatro aposições até não restar mais nada além da sentimentalidade vazia de todo o amor universal do homem do amor ao homem da consciência da liberdade da auto cons ciência p 34 Hegel ibidem p 2289 quatro palavras bastam para preen cher o abismo que separa Lutero de Hegel e somente então o cristianismo está consumado todo esse argumento é construído numa sentença magistral com a ajuda de expedientes tais como enfim e desde então desde que se também dia após dia até que finalmente etc sentença esta que o leitor pode verificar por si mesmo na mencionada página 34 já tornada clássica Por fim São Max nos dá ainda algumas provas de sua fé mostrandose tão pouco envergonhado do Evangelho a ponto de afirmar e somos na realidade apenas espírito e para tanto sustenta que o espírito no fim do mundo antigo realmente livrouse do mundo após longos esforços Imediatamente depois ele nos revela uma vez mais o mistério de sua cons trução ao declarar que o espírito cristão ocupase tal qual um adolescente com planos para a correção ou a salvação do mundo tudo isso na p 36 e levoume em espírito a um deserto e vi uma mulher assentada sobre uma besta de cor escarlate que estava repleta de nomes de blasfêmia e em sua fronte estava escrito o nome Mistério a grande Babilônia e vi a mulher embriagada do sangue dos santos etc apocalipse de João 17 v 3 5 6 O profeta apocalíptico não profetizou corretamente desta feita agora depois de stirner ter proclamado o homem podeSe declarar que ele deveria ter profetizado assim e levoume ao deserto do espírito e eu vi um homem assentado sobre uma besta de cor escarlate que estava repleta da blasfêmia dos nomes e em sua fronte estava escrito o nome Mistério o Único e vi o homem embriagado do sangue dos santos etc e assim chegamos ao deserto do espírito A O Espírito História pura dos espíritos a primeira coisa que aprendemos sobre o espírito é que não é o espírito mas sim o reino dos espíritos que é imensamente grande são Max não tem nada a dizer imediatamente sobre o espírito exceto que existe um reino dos espíritos imensamente grande da mesma forma como a respeito da Idade Média ele sabe apenas que foi uma longa era tendo pressuposto A ideologia alemã 151 este reino dos espíritos como algo existente ele passa em seguida à com provação de sua existência e para isso apoiase em dez teses 1 O espírito não é um espírito livre até o momento em que não se ocupa exclusivamente consigo mesmo até o momento em que não tem como interesse exclusivo o seu mundo o mundo espiritual primeiramente apenas consigo mesmo depois com o seu mundo 2 ele só é um espírito livre num mundo que lhe é próprio 3 apenas por meio de um mundo espiritual o espírito é espírito real 4 enquanto o espírito não tiver criado o seu mundo dos espíritos ele não é um espírito 5 suas criações o tornam espírito 6 suas criações são o seu mundo 7 O espírito é o criador de um mundo espiritual 8 O espírito só é quando cria o espiritual 9 ele só é real em conjunto com o espiritual que é sua criação 10 Mas as obras ou crias Kinder do espírito não são senão espíritos p 389 na tese 1 o mundo espiritual em vez de ser demonstrado é nova mente pressuposto como existente e esta tese 1 nos é rezada uma vez mais nas teses 29 que apresentam oito novas transformações Ao fim da tese 9 encontramonos exatamente onde estávamos ao fim da tese 1 até que na tese 10 um Mas introduznos subitamente os espíritos sobre os quais nada havia sido dito até então Dado que o espírito só é na medida em que cria o espiritual procuremos então suas primeiras criações p 41 Mas de acordo com as teses 3 4 5 8 e 9 o espírito é a sua própria criação Isso é agora expresso de tal forma que o espírito isto é a primeira criação do espírito deve surgir do nada deve primeiramente criar a si mesmo sua primeira criação é ele mesmo o espírito ibidem uma vez realizada essa primeira criação seguese a partir daí uma reprodução de criações assim como de acordo com o mito apenas os primeiros homens tiveram de ser criados tendo as gerações seguintes se reproduzido por si mesmas ibidem Por muito místico que isso possa soar tratase de um fato que expe rien ciamos diariamente És um ser pensante antes de pensar na medida em que tu crias os primeiros pensamentos tu o pensante crias a Ti mesmo pois tu não pensas antes de pensares um pensamento quer dizer antes de teres esse pensamento não é unicamente o teu canto que faz de ti um cantor e as tuas palavras que fazem de ti um homem falante do mesmo modo é apenas a criação do espiritual que faz de ti espírito nosso santo escamoteador supõe que o espírito ao produzir o espiritual o faz para chegar à conclusão de que ele produz a si mesmo como espírito Karl Marx e Friedrich Engels 152 e por outro lado ele o supõe como espírito para poder conduzilo às suas criações espirituais que de acordo com o mito reproduzemse por si mes mas e se tornam espíritos até aqui temse a velha conhecida fraseologia ortodoxohegeliana a exposição verdadeiramente única daquilo que são Max quer dizer só começa com o exemplo que ele nos apresenta com efeito se Jacques le bonhomme não pode ir além disso se nem mesmo o se ou o Isto são capazes de fazer flutuar este barco encalhado Stirner pede so corro ao seu terceiro servo o tu aquele que nunca o deixa na lama e com o qual ele pode contar nos casos de extrema necessidade este tu é um indivíduo que já havíamos encontrado anteriormente um servo piedoso e crédulo144 que testemunhamos a enfrentar chuvas e trovoadas um trabalha dor nas vinhas de seu senhor um homem que não se deixa amedrontar por nada ele é numa palavra Szeligaa Quando stirner encontra as maio res dificuldades em sua exposição ele grita Szeliga socorro e o fiel Eckart145 szeliga imediatamente encaixa os ombros sob as rodas e ergue o carro para fora do atoleiro teremos ainda muito que dizer sobre a relação entre são Max e szeliga tratase do espírito que cria a si mesmo a partir do nada portanto tratase do nada que do nada faz de si mesmo espírito É assim que são Max deriva de szeliga a criação do espírito de szeliga e a quem senão a szeliga poderia stirner ordenar que tomasse o lugar do nada da maneira acima indicada a quem senão a szeliga já imensamente satisfeito por lhe terem permitido desempenhar um papel ativo poderseia impor uma tal escamoteação O que são Max deveria provar é não que um determinado tu isto é o szeliga tornase pensante falante cantante quando começa a pensar falar e cantar mas sim deveria provar que o pensador cria a si mesmo a partir do nada desde o momento em que começa a pensar o cantor cria a si mesmo a partir do nada desde o momento em que começa a cantar etc aliás poderíamos até mesmo dizer que não são o pensador e o cantor mas sim o pensamento e o canto enquanto sujeitos que criam a si mesmos a partir do nada desde o momento em que começam a pensar e a cantar em vez disso dizse que stirner coloca somente a mera e simples reflexão e a afirmação extre mamente popular cf Wigand p 156 de que szeliga desenvolve uma de suas qualidades desde o momento em que a desenvolve não há decerto nada a admirar no fato de que São Max não chega sequer a colocar simples reflexões como essas mas sim as expressa de modo falso a fim de poder provar uma sentença muito mais falsa com a ajuda da lógica mais falsa do mundo Longe de ser verdade que a partir do nada eu faço a mim mesmo por exemplo como falante diríamos que o nada que aqui serve de base é um a cf A sagrada família ou crítica da Crítica crítica onde já foram celebrados os primeiros feitos heroicos deste homem de deus A sagrada família são Paulo Boitempo 2003 p 6983 n a A ideologia alemã 153 algo bastante diversificado o indivíduo real seus órgãos da fala um estágio determinado do desenvolvimento físico a língua e os dialetos existentes ouvidos capazes de ouvir e um meio ambiente humano que produz sons audíveis etc etc Portanto na formação de uma qualidade algo é criado de algo por meio de algo e nunca tal como na lógica hegeliana em que algo é criado do nada por meio de nada e para nada146 Agora que São Max tem em suas mãos o seu fiel Szeliga a viagem pros segue de vento em popa Veremos como por meio de seu tu ele volta a transformar o espírito em adolescente do mesmo modo como anteriormente transformara o adolescente em espírito aqui reencontraremos quase que textualmente toda a história do adolescente apenas camuflada com algumas alterações do mesmo modo que o imensamente grande reino dos espíritos da p 37 não era senão o reino do espírito que o espírito do adolescente tinha a intenção p 17 de fundar e desenvolver Assim como tu te distingues do homem pensante cantante falante assim também não é menos verdade que te distingues do espírito e tens a clara sensação de que és também alguma coisa diferente do espírito entretanto assim como pode facilmente ocorrer que no entusiasmo do pensar faltem ao eu pensante a audição e a visão assim também tomou conta de ti o en tusiasmo do espírito e agora tu anseias com todas as forças por te tornares plenamente espírito e por te absorveres no espírito O espírito é teu ideal o inatingido o que está além espírito significa Teu Deus Deus é espíri to147 sentes ciúme de ti mesmo tu que não consegues te ver livre de um resíduo do não espiritual em vez de dizer eu sou mais do que espírito dizes pesarosamente eu sou menos do que espírito e espírito que só posso conceber espírito puro ou o espírito que não é nada senão espírito mas eu não sou esse espírito e porque Eu não o sou significa que outro o é que ele existe como um outro a quem chamo de deus depois de termos nos ocupado previamente e por um longo tempo com o truque de criar algo a partir do nada agora chegamos repentinamente e muito naturalmente a um indivíduo que é também algo diferente de um espírito portanto é algo e quer se tornar espírito e mais ainda espírito puro ou seja nada com esse problema muito mais fácil extrair o nada a partir de algo temos novamente desde já a história inteira do adolescente a quem é necessário procurar o espírito perfeito e precisamos agora apenas re petir as velhas fraseologias das páginas 178 para que toda dificuldade seja superada Particularmente quando se tem um criado tão obediente e crédulo quanto szeliga a quem stirner pode impor a ideia de que assim como a ele stirner pode facilmente ocorrer que no entusiasmo do pensar faltem a audição e a visão assim também ele szeliga foi tomado pelo entusiasmo do espírito e ele szeliga anseia agora com todas as forças por se tornar espírito em vez de adquirir espírito quer dizer ele agora tem de desem penhar o papel do adolescente da p 18 szeliga crê nisso e obedece com temor e tremor ele obedece quando são Max troveja O espírito é teu ideal Karl Marx e Friedrich Engels 154 teu deus tu me fazes isto tu me fazes aquilo agora tu sentes ciúme agora tu dizes agora tu podes conceber etc Quando stirner impõe a ele a ideia de que o espírito puro é um outro pois ele szeliga não o é então é verdade que apenas szeliga está em condições de nele acreditar e de entoar repetidamente todo esse absurdo palavra por palavra aliás o método de que Jacques le bonhomme se serve para sistematizar esse absurdo já foi minuciosamente analisado quando tratamos do adolescente Porque tu tens a clara sensação de que és também algo diferente de um matemático anseias então por te tornares plenamente um matemático por te absorveres na matemática o matemático é Teu ideal o matemático significa Teu Deus tu dizes pesarosamente eu sou menos do que matemático e posso apenas conceber o matemático e porque Eu não o sou significa que outro o é que ele existe como um outro a quem chamo de deus alguém no lugar de szeliga diria arago Agora finalmente depois que provamos ser a proposição de Stirner uma repetição do adolescente podese declarar que ele na verdade desde sempre não se propôs senão a tarefa de identificar o espírito do ascetismo cristão com o espírito em geral bem como identificar a frívola realeza do espírito por exemplo do século xVIII com a ausência de espírito própria do mundo cristão Portanto a necessidade de que o espírito se encontre no além isto é de que ele seja Deus não se explica como Stirner o afirma porque Eu e espírito são dois nomes diferentes para coisas diferentes porque eu não sou espírito e o espírito não sou eu p 42 mas se explica por aquele entusiasmo do espírito que é atribuído a szeliga sem nenhum fundamento e que faz dele um cético isto é faz dele alguém que quer tornarse deus espírito puro e por não ser capaz disso coloca deus para fora de si mesmo a questão porém é que o espírito devia primeiramente criar a si mesmo a partir do nada para então criar espíritos a partir de si mesmo em vez disso szeliga agora produz deus o único espírito que aparece aqui não porque ele szeliga seja o espírito mas porque ele szeliga é o espírito imperfeito o espírito não espiritual e portanto ao mesmo tempo o não espírito Mas são Max não diz uma palavra sequer sobre como surge a representação cristã do espírito como deus apesar de que agora isso não representa mais nenhuma proeza tão grande assim ele pressupõe a sua existência a fim de explicála a história da criação do espírito na verdade desde sempre não se propôs senão a tarefa de colocar o estômago de stirner entre as estrelas colocálo para fora de nós mesmos ele não era nós e por isso não podíamos concebêlo como existente a não ser fora de nós mesmos para além de nós no além p 43 Precisamente porque não somos o espí rito que habita em nós por essa mesma razão tínhamos de Precisamente porque não somos o estô mago que habita em nós por essa mesma razão tínhamos de A ideologia alemã 155 1 como profundo conhecedor do assunto magistralmente a questão era que o espírito devia primeiramente criar a si mesmo para então criar algo diferente de si mesmo a partir de si mesmo a questão era o que é este algo diferente essa pergunta em vez de ser respondida era distorcida após as várias transformações acima mencionadas nas seguintes novas questões O espírito é algo diferente do eu Mas o que é este algo diferente p 45 agora portanto perguntase O que é o espírito que não seja o eu ao passo que a pergunta original era o que é o espírito graças à sua criação a partir do nada que não seja ele mesmo com isso são Max salta à próxima transformação B Os possessos História impura dos espíritos sem se dar conta disso são Max limitouse até aqui a nos instruir na arte de ver espíritos tomando o mundo antigo e o mundo moderno somente como o corpo aparente de um espírito como uma aparição fantasmagórica na qual ele só vislumbra lutas entre espíritos agora ele nos fornece conscientemente e ex professo 1 um manual de instruções para se ver fantasmas Manual de instruções para ver espíritos Primeiramente devese ser trans formado no mais tolo dos pobresdiabos isto é devese imaginar a si mes mo como szeliga e então dizer a si mesmo assim como são Max diz a este szeliga Olha para o mundo ao teu redor e diz para ti mesmo se um espírito não te observa de todos os lugares Basta que alguém chegue a imaginar isso e então os espíritos facilmente surgirão por si mesmos na flor vê se apenas o criador nas montanhas um espírito de elevação na água um espírito da saudade ou a saudade do espírito e ouvemse milhões de espíritos a falar por meio dos homens se alguém atingiu esse estágio este alguém pode exclamar juntamente com stirner Sim os fantasmas assombram pelo mundo inteiro com o que não é difícil avançar até o ponto p 93 em que se faz a seguinte exclamação apenas no mundo não o próprio mundo é ele mesmo um fantasma deves dizer sim sim não não qualquer outra coisa será indesejável148 isto é uma transição lógica é o errante corpo aparente de um espírito uma assombração em seguida olha firmemente para perto de ti ou à distância e verás que te encontras circundado por um mundo fantasmagórico tu vês espíritos se és uma pessoa comum podes te considerar satisfeito com isso mas se pretendes te comparar com szeliga então podes olhar também para dentro de ti mesmo e não te surpreendas se nestas circunstâncias e das alturas da szeligaidade Szeligaität descobrires que também o teu espírito é um fantasma que assombra o teu corpo que tu mesmo és um fantasma que Karl Marx e Friedrich Engels 156 espera pela salvação ou seja és um espírito com isso chegaste tão longe a ponto de poderes ver espíritos e fantasmas em todos os homens e assim a arte de ver espíritos atinge seu objetivo último p 467 a base desse manual apenas expressa de uma forma mais correta encontrase em Hegel entre outras obras na História da filosofia III p 1245 são Max acredita tanto em seu próprio manual que ele mesmo acaba por se converter em Szeliga e afirma desde que o Verbo se fez carne149 o mundo está espiritualizado enfeitiçado uma assombração p 47 stirner vê espíritos são Max pretende nos dar uma fenomenologia do espírito cristão e de acordo com seu costume agarrase a um único aspecto apenas Para os cris tãos o mundo é não apenas espiritualizado mas também é desespiritualizado tal como Hegel por exemplo admite bastante corretamente na passagem mencionada colocando os dois aspectos em relação um com o outro o que são Max também deveria ter feito se quisesse proceder historicamente como contrapostos à desespiritualização do mundo na consciência cristã os antigos que viam deuses por toda parte podem com igual razão ser concebidos como os espiritualizadores do mundo uma concepção que nosso santo dialético rejeita com a fleumática advertência Os deuses meu caro homem moderno não são espíritos p 47 O devoto Max reconhece apenas o espírito santo como espírito Mas mesmo que ele nos tivesse dado essa fenomenologia que depois de Hegel aliás é supérflua ele ainda não nos teria dado nada A perspectiva a partir da qual as pessoas se contentam com tais histórias de espíritos é ela mesma uma perspectiva religiosa porque as pessoas situadas nessa pers pectiva se tranquilizam com a religião consideramna como causa sui 1 pois a autoconsciência e o homem são ainda religiosos em vez de esclarecê las a partir das condições empíricas e indicar como determinadas condições indus triais e de intercâmbio estão necessariamente ligadas a uma determinada forma de sociedade portanto a uma determinada forma de estado e por conse guinte a uma determinada forma de consciência religio sa se stirner tivesse olhado para a história real da Idade Média ele poderia ter encontrado a razão pela qual a representação cristã do mundo na Idade Média assumiu precisamente aquela forma e como pôde acontecer que ela tenha passado a uma forma diferente ele poderia ter descoberto que o cristianismo não tem absolutamente história alguma e que todas as diferentes formas nas quais foi concebido em diferentes épocas não eram autodeterminações e desenvol vimentos ulteriores do espírito religioso mas sim efeitos de causas intei ramente empíricas livres de qualquer influência do espírito religioso 1 causa de si mesma A ideologia alemã 157 Como Stirner não vai sem dificuldades p 45 podese antes de seguirmos em frente com as visões de espíritos dizer desde já que as vá rias transformações dos homens de stirner e do mundo desses homens consistem tão somente na transformação da história inteira do mundo no corpo da filosofia hegeliana na sua transformação em fantasmas que ape nas na aparência são um seroutro das ideias do professor berlinense na Fenomenologia a bíblia hegeliana o Livro os indivíduos são primeiramen te transformados em consciência e o mundo em objeto por meio do que a variedade da vida e da história é reduzida a uma diferença da relação da consciência com o objeto essa atitude diferente é reduzida por sua vez a três relações cardinais 1 relação da consciência com o objeto como relação com a verdade ou relação com a verdade considerada como mero objeto por exemplo consciência sensível religião natural filosofia jônica150 catolicismo estado autoritário etc 2 relação da consciência considerada como a verdade com o objeto razão religião espiritual sócrates protestan tismo revolução Francesa 3 a verdadeira relação da consciência com a verdade considerada como objeto ou sua relação com o objeto considerado como verdade pensamento lógico filosofia especulativa o espírito como existente para o espírito Também em Hegel a primeira relação é definida como deuspai a segunda como cristo a terceira como espírito santo etc stirner já havia se servido dessas transformações quando tratava da criança e do adolescente dos antigos e dos modernos repetindoas mais tarde ao tratar do catolicismo e do protestantismo dos negros e dos mongóis etc até que agora aceita confiadamente essa série de camuflagens de um pensa mento como o mundo contra o qual ele como indivíduo corpóreo tem de valorizarse e afirmarse Segundo manual de instruções para ver espíritos como transformar o mundo no fantasma da verdade e a si mesmo em algo tornado sagrado ou fantasma górico uma conversa entre são Max e szeliga seu servo p 478 São Max tu tens espírito pois tens pensamentos Quais são teus pensa mentos Szeliga seres espirituais São Max Portanto nenhuma coisa Szeliga não mas o espírito das coisas o elemento fundamental de todas as coisas seu mais profundo interior sua ideia São Max Quer dizer então que o que tu pensas não é meramente teu pen samento Szeliga Pelo contrário é o que há de mais real e genuinamente verdadeiro no mundo é a verdade ela mesma quando eu só penso verdadeiramente então eu penso a verdade É claro que posso me enganar acerca da verdade e falhar em percebêla mas quando a percebo verdadeiramente então o objeto de minha percepção é a verdade São Max Quer dizer que tu aspiras o tempo todo a captar a verdade Szeliga a verdade é sagrada para mim eu não posso abolir a verdade eu Karl Marx e Friedrich Engels 158 acredito na verdade e por isso investigo em busca de seu interior nada pode ultrapassála ela é eterna a verdade é sagrada eterna ela é o sagrado o eterno São Max zangado Mas tu ao te deixares preencher por este sagrado tornaste tu mesmo sagrado assim quando szeliga percebe verdadeiramente um objeto o objeto deixa de ser um objeto e se torna a verdade eis a primeira manufatura de fantas mas em larga escala não se trata mais agora da percepção de objetos mas da percepção da verdade primeiro ele percebe os objetos verdadeiramente definindoos como a verdade da percepção e transforma esta última na percepção da verdade Mas depois de szeliga ter permitido que a verdade fosse imposta a ele como um fantasma pelo santo ameaçador eis que agora o seu severo senhor o pressiona com a seguinte questão de consciência anseia ele todo o tempo pela verdade ao que o desconcertado szeliga responde um tanto prematuramente a verdade é sagrada para mim Mas ele nota imediatamente o seu erro e tenta corrigilo envergonhado transformando os objetos não mais na verdade mas em verdades e abs traindo a verdade como a verdade dessas verdades a verdade que ele não pode mais abolir depois de têla distinguido das verdades passíveis de ser abolidas com isso ela se torna eterna Mas não satisfeito em conferir a ela predicados como sagrada eterna ele a transforma no sagrado no eterno como sujeitos ago ra evidentemente são Max pode explicarlhe que tendo sido preenchido com o sagrado ele mesmo se torna sagrado e não deveria ficar surpreso se não encontra nada além de uma assombração em si mesmo então nosso santo inicia um sermão além disso o sagrado não é para os teus sentidos e acrescenta de modo bastante consequente servindose de um e nunca descobrirás como ser sensível que és os seus traços sobretudo depois que os objetos sensíveis se foram e que a Verdade a Verdade sagrada o sagrado ocupou o seu lugar Mas obviamente para a tua fé ou mais precisamente para o teu espírito para a tua falta de espírito pois é ele mesmo algo espiritual per appositionem 1 um espírito novamente per appos é espírito para o espírito tal é a arte de mediante uma série arit mética de aposições transfor mar o mundo profano os objetos em espírito para o espírito aqui podemos apenas admirar esse método dialético de aposições mais tarde teremos ocasião de explorálo e apresentálo em todo o seu clássico esplendor O método de aposições pode também ser invertido aqui por exemplo depois de termos produzido o sagrado este não recebe novas aposições mas é transformado na aposição de uma nova definição é a combinação entre progressão e equação assim como resultado de um processo dia lético qualquer resta a ideia de um outro a quem devo servir mais do 1 por aposição justaposição A ideologia alemã 159 que a mim per appos que para mim deveria ser mais importante do que tudo per appos enfim um algo no qual eu deveria buscar minha verdadeira salvação e finalmente per appos o retorno às séries iniciais e que se torna algo sagrado p 48 temos aqui duas progressões que são igualadas uma à outra e podem assim nos proporcionar uma grande variedade de equações Voltaremos a isso mais tarde Por esse método também o sagra do que até aqui conhecemos como uma designação puramente teórica para relações puramente teóricas recebe um novo sentido prático como algo no qual eu deveria buscar minha verdadeira salvação o que torna possível fazer do sagrado o oposto do egoísta aliás nem precisamos lembrar que todo esse diálogo acompanhado de seu sermão não é mais do que uma repetição da história do adolescente com a qual antes já nos deparamos por três ou quatro vezes Aqui tendo chegado ao egoísta cortamos o fio condutor de Stirner porque temos de primeiramente apresentar o seu argumento em toda a sua pureza livre de quaisquer intermezzos embaraçadores e em segundo lugar porque intermezzi como esses por analogia a de Lazaroni Wigand p 159 a palavra correta é Lazzarone sancho deveria dizer dos intermezzi ocorrerão de qualquer modo em outras partes do Livro pois stirner longe de obedecer à sua própria exigência de sempre se concentrar em si mesmo não cessa de ao contrário exibirse repetidamente de uma forma sempre nova Façamos apenas a justa menção ao fato de que a pergunta lançada na p 45 O que é este algo distinto do eu e que é espírito agora é respondida da seguinte forma este ser é o sagrado isto é aquilo que é estranho ao eu e que graças a algumas aposições não declaradas aposições em si a partir disso é de pronto considerado como espírito O espírito o sagrado o estranho são representações idênticas representações às quais ele declara guerra da mesma forma como o fez quase textualmente no início ao tratar do adolescente e do homem não nos movemos portanto um passo sequer à frente de onde estávamos na p 20 a A assombração são Max começa agora a lidar de forma séria com os espíritos que são crias do espírito p 39 com a natureza fantasmagórica de tudo p 47 Pelo menos é o que ele imagina Mas na verdade ele apenas confere um novo nome para a sua antiga concepção da história segundo a qual os ho mens foram desde sempre os representantes de conceitos universais estes conceitos universais aparecem aqui primeiramente na forma negroide como espíritos objetivos que têm para os homens caráter objetivo e neste nível são chamados de fantasmas ou assombrações O principal fantasma é por certo o próprio homem pois os homens de acordo com o que foi dito acima existem uns para os outros apenas como representantes de um universal de uma essência de um conceito do Sagrado do Estranho do Espírito enfim Karl Marx e Friedrich Engels 160 só como homens fantasmagóricos como fantasmas e porque de acordo com a Fenomenologia de Hegel p 255 entre outras o espírito tão logo tem para o homem a forma da coisidade Dingheit é um outro homem ver mais adiante sobre o homem Portanto vemos aqui o céu a abrirse e os diferentes fantasmas a desfilar à nossa frente um após o outro Jacques le bonhomme esquece apenas de que já fizera os tempos antigos e modernos desfilar diante de nós como enormes fantasmas em comparação com os quais todas as inocentes ideias de deus etc são verdadeiras ninharias Fantasma no 1 o ser supremo deus p 53 como era de se esperar pelo que vimos até aqui Jacques le bonhomme cuja fé remove todas as montanhas da história mundial crê que os homens se colocaram durante séculos a missão extenuaramse com a terrível impossibilidade a interminável tarefa das danaides151 de provar a existência de deus sobre essa ina creditável crença não precisamos gastar mais nenhuma palavra Fantasma no 2 essência O que nosso bom homem diz sobre a essência limitase com exceção daquilo que foi copiado de Hegel a palavras pompo sas e pensamentos mesquinhos p 53 O avanço da essência até a es sência do mundo não é difícil e essa essência do mundo é naturalmente Fantasma no 3 a vaidade do mundo sobre isso não há nada a dizer exceto que disso facilmente surgem Fantasma no 4 os seres bons e os seres maus sobre isso haveria muito o que dizer mas nada é dito e passase imediatamente adiante Fantasma no 5 a essência e seu reino não devemos nos surpreender com o fato de aqui encontrarmos pela segunda vez a essência em nosso nobre autor que conhece muito bem sua própria falta de jeito Wigand p 166 e para não deixar que pairem dúvidas sobre isso põese a repetir tudo várias vezes A essência é aqui primeiramente definida como a proprietária de um reino e então dela é dito que ela é a essência p 54 a partir do que ela se transforma rapidamente em Fantasma no 6 as essências Perceber e reconhecer as essências e so mente elas isso é religião seu reino das essências é um reino de essências p 54 aqui aparece repentinamente e sem nenhuma razão aparente Fantasma no 7 o Deushomem cristo dele stirner é capaz de dizer que era corpóreo se são Max não acredita em cristo ele ao menos acredita em seu corpo real segundo stirner cristo introduziu uma grande desgraça na história e o santo sentimental relata com lágrimas nos olhos como os mais fortes cristãos penaram para poder compreendêlo sem dúvida diz que nunca houve um fantasma que causasse um tamanho martírio mental tampouco um xamã que contorcendose em lancinantes convulsões nervosas para atingir um frenesi selvagem tivesse sofrido uma agonia tão grande como a que sofreram os cristãos por causa desse incompreensível fantasma são A ideologia alemã 161 Max verte uma lágrima emocionada sobre o túmulo das vítimas de cristo e passa então ao ser horrível ao Fantasma no 8 o homem Aqui nosso bravo escritor fica horrorizado ele se aterroriza consigo mesmo vê em cada homem uma horrível as sombração uma sinistra assombração a rondar p 556 sentese extre mamente desconfortável O dilema entre fenômeno e essência não o deixa em paz ele é nabal o marido de abigail de quem se escreve que sua essência também fora separada de sua aparência havia um homem em Maon que tinha a sua essência152 em Carmelo samuel 252 na hora apropriada e antes que o martirizado São Max em seu desespero enfie uma bala na cabeça ele recorda os antigos que não se preocupavam com tais coisas acerca de seus escravos Isso o conduz a Fantasma no 9 o espírito do povo p 56 sobre o qual são Max a quem não se pode mais deter constrói também horríveis fantasias a fim de transformar Fantasma no 10 tudo numa assombração e finalmente uma vez con cluída a enumeração amontoar na classe dos fantasmas o espírito santo a verdade a justiça a lei a boa causa que ele ainda não consegue esquecer e uma meia dúzia de outras coisas completamente estranhas umas às outras Fora isso não há no capítulo inteiro nada que seja digno de nota exceto que uma montanha histórica é movida pela fé de são Max a saber ele diz p 56 foi somente pela vontade de um ser supremo que alguma vez alguém já foi respeitado somente como fantasma foi considerado como uma pessoa sagrada ou seja ou seja uma pessoa protegida e reconhe cida se devolvermos essas montanhas que foram movidas unicamente pela fé de volta ao lugar que lhes é próprio então lerseá Foi somente pela vontade das pessoas que são protegidas isto é que protegem a si mes mas e que são privilegiadas isto é que se privilegiam a si mesmas que os seres supremos foram respeitados e os fantasmas foram sacralizados são Max imagina por exemplo que na antiguidade quando cada povo se mantinha unido pelas relações e pelos interesses materiais por exemplo pela hostilidade entre diferentes tribos etc quando devido à escassez das forças produtivas cada um tinha de ser escravo ou possuir escravos etc etc quando portanto pertencer a um povo particular era uma questão do mais natural interesse Wigand p 162 ele imagina que foi apenas o con ceito de povo ou a essência do povo Volkswesen que teria criado esses interesses a partir de si mesmo também em relação aos tempos modernos quando a livre concorrência e o comércio mundial produziram o cosmopo litismo hipócrita burguês e o conceito de homem ele imagina ao contrário que foi a construção filosófica tardia do homem que teria produzido aquelas relações como revelações suas p 51 O mesmo ocorre com a religião com o reino das essências que ele considera como o único reino de cuja essência no entanto ele nada sabe pois do contrário ele saberia que a religião como Karl Marx e Friedrich Engels 162 tal não tem uma essência nem tampouco um reino na religião os homens transformam o seu mundo empírico num ente meramente pensado repre sentado que os confronta como algo estranho a eles Isso não pode por sua vez de forma alguma ser explicado a partir de outros conceitos a partir da autoconsciência e outros disparates do gênero mas sim a partir do inteiro modo de produção e de intercâmbio até aqui existente que é tão independente do conceito puro quanto a invenção da selfacting mule 1 e o uso das estradas de ferro são independentes da filosofia hegeliana Se ele pretende falar de uma essência da religião isto é de uma base material dessa inessenciali dade então ele não teria de procurála nem na essência do homem nem nos predicados de deus mas no mundo material que se encon tra em cada estágio do desenvolvimento religioso cf supra Feuerbach todos os fantasmas que passamos em revista eram representações essas representações abstraídas de sua base real realen stirner as abstrai de qualquer modo compreendidas como representações no interior da consciên cia como pensamentos na cabeça dos homens saídas de sua objetividade e reintegradas no sujeito elevadas da substância até a autoconsciência são a obsessão ou ideias fixas Quanto à origem das histórias de fantasmas de são Max ver a Anekdotis p 66 onde Feuerbach diz153 a teologia é crença em fantasmas Mas enquanto a teologia comum extrai seus fantasmas da imaginação sensível a teologia especulativa os extrai da abstração não sensível unsinnlichen e como são Max compartilha com todos os críticos especulativos dos tempos modernos a crença de que ideias autônomas ideias corporifica das fantasmas têm dominado o mundo e continuam a dominálo de que toda a história até então foi a história da teologia então nada poderia ser mais fácil do que transformar a história numa história de fantasmas a história de fantasmas de sancho portanto assenta sobre a tradicional crença em fantasmas encontrada nos filósofos especulativos b A obsessão Homem há fantasmas em Tua cabeça Tens uma ideia fixa brada São Max a seu escravo szeliga não pense que estou brincando ele o ameaça não te atrevas a acreditar que o solene Max stirner seja capaz de brincar O homem de Deus tem novamente necessidade de seu fiel Szeliga para passar do objeto ao sujeito da assombração à obsessão a obsessão é a hierarquia no indivíduo singular o predomínio do pen samento nele e por sobre ele depois que o adolescente fantasioso da p 20 se viu confrontado com o mundo como mundo de suas fantasias 1 máquina de fiar automática A ideologia alemã 163 febris como mundo de fantasmas agora ele se vê dominado pela cria de sua própria cabeça dentro de sua cabeça O mundo de suas fantasias fe bris esse é o progresso que ele realizou existe agora como mundo de sua cabeça desorganizada são Max o homem que se confrontou com o mundo dos modernos sob a forma do adolescente fantasioso tem agora necessa riamente de declarar que quase toda a humanidade é feita de verdadeiros tolos internos de um hospício p 57 a obsessão que são Max descobre na cabeça dos homens não é senão sua própria obsessão a obsessão do santo que vê o mundo sub specie æterni 1 e que toma como verdadeiro motivo de suas ações tanto as fraseolo gias hipócritas dos homens como suas ilusões razão pela qual nosso homem ingênuo crédulo pronuncia pleno de confiança a altiva sentença Quase toda a humanidade agarrase a algo mais elevado p 57 Obsessão é uma ideia fixa isto é uma ideia que submeteu os homens a si mesma ou como mais tarde seria dito de forma mais popular todo tipo de absurdidades que as pessoas colocaram dentro da cabeça com a maior facilidade são Max chega à conclusão de que tudo aquilo que submeteu o homem por exemplo a necessidade de produzir para viver e as relações aí implicadas é uma tal absurdidade ou ideia fixa sendo o mundo infantil o único mundo das coisas como vimos no mito da vida humana então tudo que não existe para a criança às vezes também para o animal é em todo caso uma ideia e facilmente também uma ideia fixa Ainda estamos longe de nos livrarmos do adolescente e da criança O capítulo sobre a obsessão tem meramente o objetivo de constatar a cate goria da obsessão na história do homem a batalha atual contra a obsessão é travada ao longo de todo o Livro especialmente na segunda parte razão pela qual bastará aqui citar alguns exemplos de obsessão na p 59 Jacques le bonhomme acredita que nossos jornais estão repletos de política porque são presas da ilusão de que o homem foi criado para se tornar um zoon politikon 2 Portanto de acordo com Jacques le bonhomme fazse política porque nossos jornais estão repletos dela se um Padre da Igreja corresse os olhos pelas notícias da bolsa de valores em nossos jornais ele não poderia ter outro juízo diferente daquele de são Max e teria que dizer esses jornais estão repletos de notícias da bolsa de valores porque eles são presas da ilusão de que o homem foi criado para especular em fundos de investimento assim não são os jornais que sofrem da obsessão mas é a obsessão que toma conta de stirner stirner explica a condenação do incesto e a instituição da monogamia a partir do sagrado eles são o sagrado se entre os persas o incesto não é condenado e se a instituição da poligamia pode ser encontrada entre os turcos então nesses lugares o incesto e a poligamia são o sagrado não é possível 1 do ponto de vista da eternidade 2 animal político Karl Marx e Friedrich Engels 164 ver nenhuma diferença entre esses dois sagrados senão a de que os persas e os turcos encheram a cabeça com um absurdo diferente daquele com o qual encheram a cabeça os povos cristãos e germânicos Maneira paroquial de destacarse da história em boa hora Jacques le bonhomme tem tão pouca ideia das causas reais materiais da condenação da poligamia e do incesto em certas condições sociais que ele a considera como um credo e em comum com todo filisteu imagina que quando um homem é aprisionado por um crime desse tipo significa que a pureza moral está a aprisionálo numa casa de correção moral p 61 tanto quanto as prisões em geral lhe parecem ser casas de correção moral a esse respeito ele se encontra num nível inferior ao do burguês educado que possui um conhecimento maior dessa questão cf a literatura sobre prisões as prisões de stirner constituem as mais triviais ilusões do burguês berli nense ilusões que entre tanto este burguês dificilmente qualifica como casa de correção moral Depois de Stirner com a ajuda de uma reflexão histórica episo dicamente incluída ter descoberto que era preciso que o homem inteiro provasse ser religioso com todas as suas capacidades p 64 então também de fato não é de surpreender pois agora somos tão completamente religiosos que o juramento dos membros do júri nos condene à morte e que por meio de um juramento oficial o policial como um bom cristão nos jogue no buraco Quando um policial o detém por estar a fumar no Tiergarten154 o cigarro é tirado de sua boca não pelo policial da guarda real prussiana que é pago para isso e tem uma participação no valor da multa mas sim pelo juramento oficial Da mesma forma o poder do burguês na corte do júri devido à aparência pseudosagrada que os amis du commerce 1 assumem aqui transformase no poder do jurado no poder do juramento no sagrado em verdade em verdade vos digo não encontrei uma fé tão grande em Israel Mateus 810 Para muitas pessoas um pensamento se torna a tal ponto uma máxima que não é a pessoa que possui a máxima mas é antes a máxima que possui a pessoa e com a máxima ela adquire novamente uma posição firme Mas isso não depende do querer dos homens nem do andar das coisas mas da misericórdia de deus romanos 916 É por isso que são Max na mesma página tem de receber vários espinhos na carne155 e darnos mais algumas de suas máximas primeiramente a máxima de não seguir nenhuma máxima da qual deriva em segundo lugar a máxima de não ter nenhuma posição firme em terceiro lugar a máxima Embora certamente devamos possuir espírito o espírito não deve nos possuir e em quarto lugar a máxima de que se deve ouvir também a sua carne pois apenas quando um homem ouve a sua carne ele ouve a si mesmo plenamente e apenas quando ouve a si mesmo plenamente o homem é consciente ou racional 1 amigos do comércio A ideologia alemã 165 C Impura história impura dos espíritos a Negros e mongóis Voltamonos agora para o início do esquema e da nomenclatura únicos da história a criança tornase negro o adolescente tornase mongol Ver economia do antigo testamento A reflexão histórica sobre nossa condição de mongóis que pretendo episo dicamente incluir neste ponto eu não a apresento com a pretensão de aprofundar o assunto ou mesmo com pretensão de autenticidade mas simplesmente porque me parece que ela poderá contribuir para a elucidação do resto p 87 são Max procura elucidar para si mesmo suas fraseologias sobre a crian ça e o adolescente dando a elas nomes de abrangência mundial weltumfassend e procura elucidar esses nomes de abrangência mundial subs tituindoos por suas fraseologias sobre a criança e o adolescente O caráter negro re presenta a antiguidade a dependência das coisas criança o caráter mongol representa o período da dependência dos pensamentos a época cristã adoles cente cf economia do antigo testamento as seguintes palavras estão reservadas para o futuro eu sou o proprietário do mundo das coisas e sou o proprietário do mundo dos pensamentos p 878 este futuro já aconteceu uma vez na p 20 por ocasião do homem e ainda voltará a ocorrer mais à frente a partir da p 226 Primeira reflexão histórica sem pretensão de aprofundar o assunto ou mesmo com pretensão de autenticidade como o egito é parte da África onde vivem os negros seguese que na era negra p 88 estão incluídas as campanhas de sesóstris156 que nunca ocorreram e a importância do egito importância que ele já possuía nos tempos de Ptolomeu da expedição napoleônica ao Egito de Mohammed Ali da questão oriental dos panfletos de duvergier de Haurannes etc e do norte da África em geral e portanto de cartago da campanha de aníbal contra roma e facilmente também a importância de siracusa e da espanha dos Vândalos de tertuliano dos Mouros de al Hussein abu ali Ben abdallah Ibn sina dos estados piratas dos franceses na argélia de abdelKader de Père enfantin e dos quatro novos sapos do charivari consequentemente stirner explica aqui as campanhas de sesóstris etc transferindoas para a era negra e explica esta última incluindoa episodicamente como uma ilustração histórica de seus pensamentos únicos acerca de nossos anos de infância Segunda reflexão histórica À era mongol pertencem as campanhas dos Hunos e dos Mongóis contra os russos e Wasserpolaken157 de modo que uma vez mais as campanhas dos hunos e dos mongóis assim como as dos russos são elucidadas por sua inclusão na era mongol enquanto a era mongol é elucidada por sua caracterização como a era da fraseologia dependência dos pensamentos fraseologia que já havíamos encontrado a propósito do adolescente Karl Marx e Friedrich Engels 166 Terceira reflexão histórica na era mongol o valor do meu eu não pôde ser muito apreciado porque o duro diamante do não Eu era de um preço muito alto porque ele ainda era muito denso e irredutível para que pudesse ser absorvido e consumido pelo meu eu ao contrário os homens ocupamse mais do que nunca apenas em rastejar em torno dessa substância tal qual minúsculos parasitas que ex traem seu alimento de um corpo sem que para isso necessitem devorálo essa atividade de parasitas é a especialidade dos mongóis entre os chineses de fato tudo permanece como antigamente etc É por isso que porque entre os chineses tudo permanece como antigamente em nossa era mongol toda mudança tem se resumido a reformas e melhoramentos em vez de mudanças destrutivas devoradoras e aniquiladoras a substância o objeto persiste toda nossa laboriosidade se resume a uma atividade de formigas e a pulos de pulga equilíbrios na corda bamba do ser objetivo etc p 88 cf Hegel Filosofia da história p 113 118 119 a substância não amolecida p 140 etc onde a china é entendida como substancialidade aqui aprendemos que os homens na verdadeira era caucasiana seguirão a máxima segundo a qual a terra a substância o objeto o estático têm de ser devorados consumidos aniquilados absorvidos des truídos e juntamente com a terra também o sistema solar do qual ela não pode ser separada O reformatório ou atividade corretiva dos mongóis já nos foi apresentado pelo stirner devorador de mundos como parte dos planos do adolescente e dos cristãos visando a salvação e correção do mundo p 36 Portanto continuamos a não dar um passo sequer adiante É característico de toda a concepção única da história que o mais elevado estágio dessa atividade mongol mereça o título de científico do que já se pode extrair como são Max nos diz mais tarde que o acabamento do céu mongol é o reino hegeliano do espírito Quarta reflexão histórica O mundo sobre o qual rastejam os mongóis é agora transformado mediante um pulo de pulga no positivo este é transformado no preceito que por sua vez mediante um parágrafo da p 89 é transformado em eticidade esta aparece em sua primeira forma como costumes ela surge portanto como pessoa mas rapidamente transformase num âmbito Raum agir de acordo com os usos e os costumes de um país significa aqui isto é na esfera da eticidade ser ético Portanto porque ser ético no âmbito da eticidade significa agir de acordo com o costume um agir ético puro é praticado do modo mais evidente na China são Max é infeliz em seus exemplos na página 116 ele atribui da mesma forma aos norteamericanos a religião da retidão ele considera puros éticos e corretos os povos mais velhacos da terra os embus teiros patriarcais os chineses e os embusteiros civilizados os ianques se tivesse prestado mais atenção em sua ponte de asnos158 ele poderia ter encontrado na Filosofia da história os norteamericanos p 81 e os chineses p 130 classificados como embusteiros A ideologia alemã 167 eis que o bom e velho Se ajuda nosso santo homem a passar à inovação então um e encarregase de leválo de volta ao costume e assim está pre parado o material para que se possa realizar um golpe de mestre na Quinta reflexão histórica não resta de fato nenhuma dúvida de que o homem por meio do costume protege a si mesmo contra a impertinência das coisas do mundo por exemplo contra a fome e consequência perfeitamente natural funda um mundo seu de que stirner necessita neste momento um mundo ao qual só ele é familiar e onde só ele se sente em casa só ele de pois de ter se tornado familiar ao mundo existente mediante o costume isto é constrói um céu para si mesmo porque a china é chamada de império celeste Pois de fato o céu não tem nenhum outro sentido senão o de ser a pátria real do homem onde ao contrário ele tem o sentido de ser a irrealidade imaginada da pátria real em que não há mais nada estranho que o determi ne isto é em que o que lhe é próprio o determina como algo estranho e assim prossegue a velha história novamente trazida à baila em vez disso para usar as palavras de são Bruno ou facilmente também nas palavras de são Max essa frase deveria ser escrita da seguinte maneira Frase de stirner sem pretensão de profundidade e autenticidade não resta de fato nenhuma dú vida de que o homem por meio do costume protege a si mesmo contra a impertinência das coisas do mundo e funda um mundo seu um mundo ao qual só ele é familiar e onde só ele se sente em casa isto é constrói um céu para si mesmo Pois de fato o céu não tem nenhum outro sentido senão o de ser a pátria real do homem onde não há mais nada estranho que o determine e o domine nenhuma influência mais a tornálo estranho a si mesmo em suma onde as escórias da existência terrestre são descartadas e se põe um fim na batalha contra o mundo onde portanto nada mais lhe é interdito p 89 Frase aprimorada não resta de fato nenhuma dúvida de que porque a china é chamada de Império celestial porque stirner está falando justamente da china e está acostu mado por sua ignorância a proteger a si mesmo contra a impertinência das coisas do mun do e a fundar um mundo seu um mundo ao qual só ele é familiar e onde só ele se sente em casa por tudo isso portanto ele constrói um céu para si mesmo a partir do Império celestial da china Pois de fato a impertinência do mundo das coisas não tem outro sentido senão o de ser o inferno real do Único em que tudo o determi na e o do mina como algo estranho mas que ele consegue transformar num céu ao tornar estranha a si toda influência dos fatos e relações terrestres históricos e por conseguinte ao não mais tornar a si mesmo estranho a eles em suma onde as escórias da existência terrestre histórica são descartadas e Stirner com o fim do mundo não encontra mais nenhuma batalha e com isso tudo está dito Karl Marx e Friedrich Engels 168 Sexta reflexão histórica na p 90 stirner imagina que na china está tudo predeterminado aconteça o que acontecer o chinês sempre sabe como terá de se comportar e ele não necessita decidir de acordo com as circunstâncias nenhum acidente imprevisto o arrebata do céu de sua paz celestial nem mesmo um bombardeio britânico o arrebata ele soube perfeitamen te como tinha de se comportar particularmente diante dos navios a vapor e das granadas shrapnel159 coisas que lhe eram desconhecidas são Max extraiu isso da Filosofia da história de Hegel p 118 e 127 à qual ele teria certamente que acrescentar alguma coisa de única a fim de chegar à sua reflexão acima Consequentemente continua são Max a humanidade galga o primeiro degrau da escada da educação por meio do costume e como a humanidade imagina que ao dar o primeiro passo em direção à cultura ela também dá o primeiro passo em direção ao céu reino da cultura ou da segunda natureza então ela realmente galga o primeiro degrau da escada celestial p 90 consequentemente isto é porque Hegel começa a história com a china e porque o chinês não se deixa perturbar stirner converte a humanida de numa pessoa que sobe o primeiro degrau na escada da cultura e sem dúvida o faz por meio dos costumes pois a china não tem para stirner outro significado senão o de encarnar os costumes Agora falta apenas nosso fanático contra o sagrado transformar a escada na escada celestial uma vez que a china também é chamada de Império Celestial como a hu manidade imagina a partir de onde stirner pode saber tudo o que a humanidade imagina ver Wigand p 189 e isso tinha de ser provado por stirner primeiramente que ela transforma a cultura no céu da cultura e em segundo lugar que transforma o céu da cultura na cultura do céu uma suposta noção da humanidade que aparece na p 91 como uma noção de stirner e que por isso recebe sua correta expressão então ela realmente galga o primeiro degrau da escada celestial como ela imagina que galga o primeiro degrau da escada celestial então ela realmente o galga como o adolescente imagina que se torna espírito puro ele realmente se o torna Ver o adolescente e o cristão na transição do mundo das coisas ao mundo do espírito onde já se encontra a simples fórmula para esta escada celestial das ideias únicas Sétima reflexão histórica p 90 se o mongolismo que segue imedia tamente a escada celestial com a qual stirner graças à noção atribuída à humanidade pôde constatar a existência de um ser espiritual se o mongo lismo estabeleceu a existência de seres espirituais ou melhor se stirner estabeleceu a existência da sua fantasia de um ser espiritual dos mongóis já os caucasianos lutaram por séculos contra esses seres espiri tuais para chegar às suas profundezas O adolescente que se torna um A ideologia alemã 169 homem e o tempo todo anseia em desvendar o que há por detrás das ideias o cristão que o tempo todo anseia sondar as profundezas da divindade É porque os chineses constataram a existência de sabese lá quais seres espirituais stirner não constata sequer a existência de um único ser espiritual com exceção de sua escada celestial que os caucasianos têm então de se engalfinhar com estes seres espirituais chineses aliás duas linhas abaixo stirner constata que os chineses tumultuaram o céu mongol o tien e prossegue Quando eles destruirão este céu Quando tornarseão finalmente verdadeiros caucasianos e encontrarão a si mesmos temos aqui a unidade negativa que já aparecera anteriormente como homem e que agora aparece como verdadeiro caucasiano isto é não do tipo negro nem do tipo mongol mas como caucasiano caucásico que aqui portanto é separado como um conceito como essência dos caucasianos reais sendo a eles contraposto como ideal do caucasiano como vocação na qual eles deveriam en contrar a si mesmos como destinação como missão como o sagra do o sagrado caucasiano o perfeito caucasiano que é justamente o caucasiano no céu Deus na laboriosa luta da raça mongol os homens construíram um céu assim acredita stirner p 91 esquecendose de que os mongóis reais estão muito mais interessados nos carneiros do que no céu160 até que o povo de origem caucasiana na medida em que eles têm a ver com o céu encarregaramse da tarefa de tumultuar o céu Construíram um céu até que na medida em que eles têm encarregaramse a despretensiosa reflexão histórica é expressa numa consecutio temporum 1 que também não tem nenhuma pretensão à classicidade ou até mesmo à correção gramatical a construção das sentenças corresponde à construção da história as pretensões de stirner restringemse a isso e assim atingem seu objetivo final Oitava reflexão histórica que é a reflexão das reflexões o alfa e o ômega de toda a história stirneriana Jacques le bonhomme como apontamos desde o início vê em todo o movimento dos povos tal como ocorreu até então uma mera sequência de céus p 91 o que também pode ser expresso dizendo se que sucessivas gerações da raça caucasiana não fizeram até hoje mais do que se engalfinhar em torno do conceito de eticidade p 92 e que a isso se limitou a sua atividade p 91 se tivessem tirado da cabeça essa maldita eticidade essa assombração eles teriam conseguido algum resultado do modo como as coisas se deram eles não obtiveram nada de nada e ainda têm de permitir que são Max lhes dê uma lição como se fossem uns cole giais É em total acordo com a sua visão da história que ao final p 92 a filosofia especulativa é evocada a fim de que este reino dos céus o reino dos espíritos e dos fantasmas nela possa encontrar a ordem que lhe é própria e que 1 sucessão gramatical de tempos verbais Karl Marx e Friedrich Engels 170 numa passagem mais adiante a mesma filosofia especulativa é concebida como o reino perfeito dos espíritos Por que é que quando se considera a história à moda hegeliana toda his tória ocorrida até então acaba por ter como resultado o reino dos espíritos aperfeiçoado e colocado em ordem na filosofia especulativa Com muita facilidade stirner poderia ter encontrado no próprio Hegel a solução desse mistério Para chegar a esse resultado o conceito de espírito tem de ser tomado como base e então deve ser mostrado que a história é o processo do próprio espírito História da filosofia III p 91 depois que o conceito de espírito foi imposto à história como sua base é certamente muito fácil mostrar que ele deve reencontrar a si mesmo por toda parte e então fazê lo encontrar sua ordem própria como um processo depois de fazer que tudo encontre sua ordem própria são Max pode agora exclamar com entusiasmo Querer conquistar liberdade para o espí rito isto é mongolismo etc cf p 17 trazer à luz os pensamentos puros etc isto é o entusiasmo da adolescência etc e cometer a hipocrisia de dizer Salta aos olhos por isso que o mongolismo representa o não sensível e a não natureza Unnatur etc quando ele deveria ter dito salta aos olhos que o Mongol é apenas o adolescente disfarçado que sendo a negação do mundo das coisas pode também ser chamado de não natureza não sensível etc eis que uma vez mais chegamos tão longe que o adolescente passa a se misturar com o homem Mas quem irá dissolver o espírito em seu nada Ele que por meio do espírito representou a natureza como o abjeto o finito o transitório isto é representou a si mesmo e de acordo com a p 16 ss isto foi obra do adolescente mais tarde do cristão depois do mongol e em seguida do caucasiano mongólico mas na verdade foi obra apenas do idea lismo apenas ele pode também degradar quer dizer em sua imaginação o espírito à mesma futilidade portanto o cristão etc não exclama stirner com uma escamoteação semelhante à da p 1920 a propósito do homem eu posso fazêlo assim como cada um de Vós que atuais e criais em sua imaginação como o eu irrestrito em uma palavra o egoísta pode fazêlo p 93 quer dizer o caucasiano caucásico que é por conseguinte o perfeito cristão o cristão legítimo o cristão sagrado aquele que é o sagrado antes de ocuparmonos com a nomenclatura a seguir também gostaría mos neste ponto de incluir uma reflexão histórica sobre a origem da reflexão histórica de Stirner acerca de nosso mongolismo nossa reflexão porém distinguese da reflexão stirneriana na medida em que esta última decididamente tem pretensão de profundidade e autenticidade toda a sua reflexão histórica assim como acerca dos antigos é uma salada feita a partir de Hegel O estado negroide é concebido como a criança porque Hegel diz Filosofia da história p 89 a África é o país da infância da história Ao definir o espírito africano negroide temos de desprezar totalmente a categoria da universalidade A ideologia alemã 171 p 90 isto é a criança ou o negro têm de fato ideias mas ainda não têm a ideia entre os negros a consciência ainda não atingiu uma objetividade sólida como por exemplo Deus a lei na qual o homem teria a percepção de seu ser razão pela qual está totalmente ausente o conhecimento de um ser absoluto O negro representa o homem natural em sua completa ausência de constrangimentos p 90 embora tenham de estar conscientes de sua dependência dos fatores naturais das coisas como diz stirner isto não os conduz no entanto à consciência de algo superior p 91 aqui encontramos uma vez mais todas as determinações stirnerianas da criança e do negro dependência relativamente às coisas independên cia relativamente às ideias e especialmente à ideia ao ser absoluto sagrado etc em Hegel ele viu os mongóis e especialmente os chineses aparecerem como o início da história e como também para Hegel a história é uma his tória de espíritos mas não tão infantil quanto a história de stirner então é evidente que os mongóis introduziram o espírito na história e que são os representantes originais de tudo o que é sagrado na página 110 em particular Hegel ainda descreve o Império Mongol do dalai Lama como o império do espírito o império da dominação teocrática um império espiritual religioso em contraste com o império temporal chinês stirner tem certamente de identificar a China com os mongóis Em Hegel na página 140 temse até mesmo o princípio mongol de onde stirner derivou o seu mongolismo aliás se ele realmente queria reduzir os mongóis à categoria de idealismo ele poderia ter encontrado no sistema do dalai Lama e no budismo seres espirituais bastante diferentes de sua frágil escada celes tial Mas ele nem mesmo teve tempo de olhar devidamente para a Filosofia da história de Hegel a peculiaridade e a unicidade da atitude stirneriana em relação à história estão em que o ser egoísta de stirner transformase num desajeitado copista de Hegel b Catolicismo e protestantismo cf Economia do Antigo Testamento O que aqui chamamos de catolicismo stirner o chama de Idade Média mas como ele confunde como em tudo o conteúdo sagrado religioso da Idade Média a religião da Idade Média com a Idade Média real profana a Idade Média em carne e osso preferimos dar imediatamente à coisa o nome que lhe é próprio a Idade Média foi uma longa era na qual as pessoas se contentavam com a ilusão de possuir a verdade elas não desejavam ou faziam nada mais do que isso sem se perguntarem seriamente se antes não seria preciso que se fosse verdadeiro para se estar em condições de possuir a verdade na Idade Média as pessoas mortificavamse logo toda a Idade Média para se tornarem capazes de receber em si o sagrado p 108 Karl Marx e Friedrich Engels 172 Hegel define a relação do homem com o divino na Igreja católica dizendo que o homem se relaciona com o absoluto como uma coisa meramente exte rior o cristianismo na forma da exterioridade História da filosofia III p 148 e outras É claro que o indivíduo tem de ser purificado para estar em condições de receber a verdade mas isso também ocorre de um modo ex terno por meio de indulgências jejuns flagelos procissões peregrinações ibidem p 140 stirner faz essa transição da seguinte forma do mesmo modo como as pessoas comprimem os olhos para ver o objeto distante assim também elas se mortificavam etc Porque em Stirner a Idade Média é identificada com o catolicismo é natural que ela tenha o seu fim com Lutero p 108 O próprio Lutero é reduzido à seguinte definição conceitual que já aparecera com relação ao adolescente no debate com szeliga e em outras ocasiões que o homem se deseja apreender a verdade tem de tornarse tão verdadeiro quanto a própria verdade somente aquele que já tem a verdade como sua fé pode nela tomar parte em relação ao luteranismo Hegel diz a verdade do evangelho existe apenas na relação verdadeira com esse mesmo evangelho a relação essencial do espírito existe apenas para o espíri to Portanto a relação do espírito com esse conteúdo é a de que assim como esse conteúdo é essencial é igualmente essencial que o espírito santo e santificante com ele se relacione História da filosofia III p 234 esta é com efeito a fé luterana sua quer dizer do homem fé é exigida e somente ela pode ser verdadeiramente levada em conta ibidem p 230 Lutero afirma que o divino só é divino na medida em que é apreendido nessa espiritualidade subjetiva da fé ibidem p 138 a doutrina da Igreja cató lica é a como enquanto verdade existente Filosofia da religião II p 331 stirner prossegue Por conseguinte com Lutero vem à tona a compreensão de que a verdade porque é pensamento existe apenas para o homem pensante e isto significa que o homem deve adotar perante seu objeto que é o pensamento um ponto de vista radicalmente diferente o ponto de vista da fé per appositionem1 o ponto de vista científico ou o ponto de vista do pensar p 110 excetuandose a repetição que stirner novamente inclui neste ponto apenas a transição da fé ao pensamento é digna de atenção essa transição é realizada por Hegel da seguinte forma 1 por aposição justaposição A ideologia alemã 173 Mas esse espírito a saber o espírito santo e santificante é também em segundo lugar essencialmente espírito pensante O pensamento como tal também deve se desenvolver nele etc p 234 stirner continua tal pensamento que eu sou espírito somente espírito perpassa a história da reforma e chega até aos dias de hoje p 111 a partir do século xVI não existe para stirner nenhuma outra história senão a história da reforma e esta ainda assim apenas na forma como Hegel a concebe são Max deu mais uma vez provas de sua gigantesca credulidade ele novamente tomou como verdadeiras palavra por palavra todas as ilu sões da filosofia especulativa alemã tornandoas ainda mais especulativas e mais abs tratas Para ele existe apenas a história da religião e da filosofia e esta existe para ele somente por meio de Hegel que com passar o tempo converteuse numa ponte de asnos161 universal na fonte de referência de todos os alemães que atualmente põemse a especular sobre princípios e a fabricar sistemas catolicismo relação com a verdade como coisa criança negro an tigo Protestantismo relação com a verdade no espírito adolescente mongol moderno Todo esse esquema era supérfluo pois tudo já estava contido na seção sobre o espírito como já fora mencionado na economia do antigo testamento podese agora fazer que a criança e o adolescente apareçam novamente em novas transformações no interior do protestantismo tal como stirner o faz na p 112 onde contrapõe a filosofia inglesa empírica concebida como a criança à filosofia alemã especulativa concebida como o adolescente Aqui uma vez mais ele copia Hegel que neste ponto tal como em outras partes do Livro aparece frequentemente sob a forma do se Baniuse isto é Hegel baniu Bacon do reino da filosofia E de fato aquilo que se chama de filosofia inglesa parece não ter ido além das descobertas de mentes supostamente abertas tais como Bacon e Hume p 112 o que Hegel expressa assim Bacon é de fato o verdadeiro líder e representante daquilo que se chama filosofia na Inglaterra e para além dele os ingleses não fizeram nenhum avanço até o momento História da filosofia III p 254 O que stirner chama de mentes abertas Hegel chama ibidem p 255 de educados homens do mundo são Max até mesmo os converte numa ocasião na simplicidade da natureza infantil pois os filósofos ingleses têm de representar a criança nas mesmas bases infantis não se permite Karl Marx e Friedrich Engels 174 a Bacon ocuparse dos problemas e questões teológicas fundamentais independentemente do que seus escritos possam dizer sobre esses assuntos particularmente De Augmentis Scientiarum Novum Organum e os Essays em compensação o pensamento alemão é aquele que só enxerga vida no pró prio ato de conhecer p 112 pois ele é o adolescente Ecce iterum Crispinus162 De que modo Stirner transforma Descartes num filósofo alemão o leitor poderá ler por sua própria conta no Livro p 112 D A Hierarquia no que até aqui foi apresentado Jacques le bonhomme concebe a história apenas como o produto de pensamentos abstratos ou antes como produ to de suas noções dos pensamentos abstratos como algo dominado por essas noções que em última análise se dissolvem todas no sagrado É esse predomínio do sagrado do pensamento da ideia absoluta hegeliana sobre o mundo empírico que ele agora apresenta como relação histórica atualmente existente como o predomínio dos santos dos ideólogos sobre o mundo profano como uma hierarquia nesta hierarquia o que antes aparecia um atrás do outro agora está colocado um ao lado do outro de modo que uma das formas coexistentes de desenvolvimento impere sobre a outra assim o adolescente impera sobre a criança o mongol sobre o negro o moderno sobre o antigo o egoísta que se sacrifica citoyen sobre o egoísta no sentido usual da palavra bourgeois etc ver a economia do antigo testamento a destruição do mundo das coisas pelo mundo do espírito apa rece aqui como o predomínio do mundo dos pensamentos sobre o mundo das coisas daí deve resultar naturalmente que o domínio que o mundo dos pensamentos exerce desde o início na história é ao final desta última apresentado também como o domínio real de fato existente dos pensadores e em última análise tal como veremos mais adiante como o domínio dos filósofos especulativos sobre o mundo das coisas de modo que são Max tem apenas de lutar contra os pensamentos e as representações dos ideólogos e derrotálos a fim de erigirse em possuidor do mundo das coisas e do mundo dos pensamentos A hierarquia é o império do pensamento o império do espírito continuamos até hoje submetidos à hierarquia e oprimidos por aqueles que se apoiam em pensamentos e os pensamentos são quem não foi capaz de perceber isso o Sagrado p 97 stirner tentou precaverse contra a acusação de que em seu livro inteiro ele não produziu senão ideias isto é o sagra do quando na verdade ele não produziu ideias em parte alguma É certo que na Wigand ele atribui a si próprio virtuosismo de pensamento ou seja de acordo com ele virtuosismo na fabricação do sagrado e esta última qualidade concedemoslhe de bom grado a hierarquia é o supremo predo mínio do espírito p 467 a hierarquia medieval era apenas uma hierarquia débil pois se via forçada a deixar subsistir livremente ao seu lado todas as A ideologia alemã 175 barbáries possíveis do mundo profano veremos mais adiante como stirner chega a saber tudo o que a hierarquia era obrigada a fazer e só a reforma reforçou o poder da hierarquia p 110 stirner pensa decerto que o predomínio dos espíritos nunca foi tão abrangente e onipotente como o foi depois da reforma ele pensa que esse predomínio dos espíritos em vez de realizar a separação entre o princípio religioso e a arte o estado e a ciência subtraiu totalmente estes últimos da realidade elevouos ao reino do espírito e os tornou religiosos Nessa concepção da história evidenciase apenas a velha ilusão da filo sofia especulativa sobre o predomínio do espírito na história Tal passagem nos mostra até mesmo com que cega confiança o nosso crédulo Jacques le bonhomme continuamente toma como o mundo real a visão de mundo derivada de Hegel e que para ele tornouse tradicional e como opera sobre esse terreno O que nessa passagem pode aparecer como pessoal e único é a concepção desse predomínio do espírito como hierarquia e aqui pretende mos mais uma vez incluir uma breve reflexão histórica sobre a origem da hierarquia stirneriana Hegel fala da filosofia da hierarquia nas seguintes transformações na República de Platão vimos a ideia de que os filósofos devem governar agora na Idade Média católica chegou o momento em que se afirma que o espiritual deve dominar mas o espiritual assumiu o significado de que o cle rical os clérigos devem dominar O espiritual é assim transformado num ser particular num indivíduo História da filosofia III p 132 com isso a realidade o mundano é abandonada por Deus somente alguns poucos indivíduos são sagrados os outros são profanos ibidem p 136 O aban dono de Deus é definido ainda mais de perto da seguinte forma Todas essas formas família trabalho vida política etc são consideradas como desprezíveis profanas Filosofia da religião II p 343 É uma união irre conciliada com a mundanidade a mundanidade em si mesma em estado bruto o que Hegel também designa em outras partes com a palavra barbarismo cf por exemplo Hist da fil III p 136 e que estando em estado bruto é simplesmente dominada Fil da rel II p 3423 esse predomínio a hierarquia da Igreja católica é portanto o predomínio da paixão Hist da fil III p 134 O verdadeiro predomínio do espírito porém não pode ser predomínio no sentido de que o elemento oposto seja mantido em estado de subordinação ibidem p 131 O sentido correto é que o espiritual como tal o sagrado segundo stirner deve ser o determinante e assim tem sido até os nossos dias desse modo vemos na Revolução Francesa o que stirner também vê seguindo Hegel de perto que a ideia abstrata deve dominar com base nela devem ser determinadas a constituição do estado e as leis ela deve constituir o laço entre os homens que por sua vez devem ter a consciência de que aquilo que para eles tem validade são as ideias abstratas a liberdade a igualdade etc Hist da fil III p 132 O verdadeiro predomínio do espírito tal como introduzido pelo protestantismo e em oposição à forma imperfeita desse predomínio na hierarquia católica é definido em seguida com a afirmação de que o mundano é tornado espiritual em si mesmo Hist da fil III p 185 Karl Marx e Friedrich Engels 176 que o divino se realiza realisiert na esfera da realidade portanto o ca tólico abandono da realidade por deus deixa de existir Fil da rel II p 343 que a contradição entre sacralidade e mundanidade resolvese na eticidade Fil da rel II p 343 que as instituições da eticidade matrimô nio família estado autossubsistência material são divinas sagradas Fil da rel II p 344 Hegel expressa esse verdadeiro predomínio do espírito de duas formas distintas Estado governo direito propriedade ordem social e como sabemos por outras obras suas também a arte a economia etc tudo isso é o religioso exteriorizado na forma da finitude Hist da fil III p 185 E esse predomínio do religioso do espiritual etc é finalmen te expresso como o predomínio da filosofia A consciência do espiritual é agora no século xVIII essencialmente o fundamento e por isso o predomínio passou à filosofia Fil da hist p 440 Hegel atribui portanto à hierarquia católica da Idade Média a intenção de querer ser o predomínio do espírito e em seguida a concebe como uma forma limitada imperfeita desse predomínio do espírito cujo acaba mento ele vislumbra no protestantismo e seu suposto processo de desen volvimento Por mais anistórico que isso possa ser Hegel é no entanto suficientemente histórico para não estender o termo hierarquia para além da Idade Média Mas são Max sabe com base neste mesmo Hegel que a época mais recente é a verdade da época precedente portanto a época do perfeito predomínio do espírito é a verdade daquela época em que o espírito predominava de forma ainda imperfeita de modo que o protestan tismo é a verdade da hierarquia logo a hierarquia verdadeira Porém como apenas a verdadeira hierarquia merece ser chamada de hierarquia é claro que a hierarquia da Idade Média tinha de ser uma hierarquia fraca o que para stirner é tanto mais fácil de provar quanto Hegel retrata na passagem citada e em centenas de outras passagens a imperfeição do predomínio do espírito na Idade Média stirner precisou apenas copiar essas passagens consistindo todo o seu trabalho próprio em substituir a palavra predomí nio do espírito por hierarquia ele não necessitou nem mesmo realizar a simples dedução pela qual o predomínio do espírito como tal transformase em hierarquia pois entre os teóricos alemães tornarase moda conferir ao efeito o nome da causa e incluir por exemplo na categoria teologia tudo o que era derivado da teologia e que ainda não se achava à altura dos prin cípios desses teóricos por exemplo a especulação hegeliana o panteís mo straussiano etc um truque que esteve em voga particularmente no ano de 1842 a partir da passagem supracitada seguese também que Hegel 1 apreende a revolução francesa como uma nova e mais perfeita fase desse predomínio do espírito 2 vê nos filósofos os senhores do mundo do século xIx 3 sustenta que agora apenas as ideias abstratas têm validade entre os homens 4 já considera o casamento a família o estado a autossubsistência material a ordem social a propriedade etc como divinos e sagrados como o religioso e 5 apresenta a eticidade como sacralidade mundanizada ou como A ideologia alemã 177 mundanidade sacralizada como a forma suprema e última do predomínio do espírito sobre o mundo tudo aquilo que literalmente encontramos em stirner depois disso não há mais nada a dizer ou a provar acerca da hierarquia stirneriana a não ser a razão pela qual são Max copiou Hegel um fato entretanto para cuja explicação são necessários dados materiais comple mentares e que portanto só é explicável para aqueles familiarizados com a atmosfera berlinense Outra questão é saber como surgiu a ideia hegeliana do predomínio do espírito sobre isso ver o que foi dito acima A adoção por São Max do predomínio mundial dos filósofos tal como concebido por Hegel e sua transformação numa hierarquia devemse à credulidade completamente acrítica de nosso santo e à ignorância sagrada heilige ou monstruosa heillose que se contenta com entrever a história isto é ver a história por entre as teses históricas hegelianas sem se preocupar em saber muitas coisas sobre ela em suma ele era tomado pelo medo de que tão logo aprendesse não seria mais capaz de abolir e dissolver p 96 e portanto permaneceria espetado na agitada atividade do inseto razão suficiente para não seguir em frente até a abolição e dissolução da sua própria ignorância Quem quer que assim como Hegel pretenda construir pela primeira vez um tal esquema que se aplique a toda a história e ao mundo atual em sua totalidade não poderá fazêlo sem conhecimentos positivos abrangentes sem que tenha que se referir em alguma medida pelo menos à história empírica sem uma grande energia e uma visão profunda se ao contrário estáse satisfeito com explorar um esquema já existente adequandoo às suas próprias finalidades e demonstrando essa concepção própria com ajuda de exemplos isolados por exemplo negros e mongóis católicos e protestantes a revolução Francesa etc e é isto que faz o nosso fanático contra o sagra do para tanto não se faz necessário nenhum conhecimento da história O resultado de toda essa exploração tornase necessariamente cômico e ainda mais cômico quando se salta do passado ao presente mais imediato tal como vimos acima nos exemplos acerca da obsessão Quanto à hierarquia real da Idade Média notemos apenas que ela não existia para o povo para a grande massa dos homens Para a grande massa somente existia o feudalismo e a hierarquia existia apenas na medida em que ela própria era feudal ou antifeudal no interior do feudalismo O próprio feudalismo tinha relações inteiramente empíricas como sua base a hierarquia e sua luta contra o feudalismo a luta dos ideólogos de uma classe contra a própria classe são apenas a expressão ideológica do feudalismo e das lutas que se desenrolaram dentro dele o que também inclui as lutas travadas entre as nações organizadas sob o sistema feudal a hierarquia é a forma ideal do feudalismo o feudalismo é a forma política das relações medievais de pro dução e de intercâmbio consequentemente a luta do feudalismo contra a Karl Marx e Friedrich Engels 178 hierarquia só pode ser explicada a partir da demonstração dessas relações práticas materiais com uma tal demonstração desaparece por si só a con cepção da história até agora em vigor concepção que aceitava credulamente as ilusões da Idade Média em particular as ilusões que o imperador e o papa faziam valer quando combatiam um ao outro como são Max apenas reduz as abstrações hegelianas sobre a Idade Mé dia e a hierarquia a palavras pomposas e pensamentos miseráveis não há nenhuma necessidade de examinarmos mais detalhadamente a hierarquia real histórica do que foi exposto acima resulta que se pode também reverter o tru que e conceber o catolicismo não apenas como um estágio preliminar mas também como a negação da hierarquia verdadeira neste caso portanto o catolicismo é a negação do espírito o não espírito é o sensível e daí resulta então a grande frase de nosso Jacques le bonhomme de que os jesuítas nos salvaram do declínio e da derrocada do sensível p 118 O que teria sido feito de nós se tivesse ocorrido a derrocada do sensível é algo que não ficamos sabendo Todo o movimento material desde o século xVI que não nos salvou do declínio do sensível mas ao contrário desenvolveu o sensível numa escala muito mais ampla não existe para stirner fo ram os jesuítas que fizeram tudo isso Conferir a propósito a Filosofia da história de Hegel p 425 Porque transpõe o velho predomínio clerical para os tempos modernos são Max concebe os tempos modernos como clericalismo e porque concebe esse predomínio clerical transposto para os tempos modernos como algo distinto do velho predomínio clerical medieval ele o pensa como predomínio dos ideólogos como escolasticismo de modo que clericalismo hierarquia como predomínio do espírito e escolasticismo predomínio do espírito como hierarquia stirner realiza essa simples transição ao clericalismo que não é abso lutamente nenhuma transição por meio de três pesadas transformações Primeiramente ele tem o conceito de clericalismo em todo aquele que vive por uma grande ideia por uma boa causa ainda a boa causa por uma doutrina etc em segundo lugar stirner depara em seu mundo de ilusão com a ilusão originária de um mundo que ainda não aprendeu a prescindir do clericalismo quer dizer a viver e a criar em razão de uma ideia etc em terceiro lugar tal é o predomínio da ideia isto é o clericalismo ou seja robespierre por exemplo por exemplo saintJust e assim por diante e assim por diante eram clérigos de cima a baixo etc todas as três transformações nas quais o clericalismo é descoberto encontrado e invocado tudo isto na p 100 expressam portanto nada mais do que aquilo que são Max já havia repetidamente nos dito antes a saber o domínio do espírito da ideia do sagrado sobre a vida ibidem A ideologia alemã 179 depois de o predomínio da ideia isto é o clericalismo ter sido imposto à história é claro que São Max pode sem dificuldade voltar a encontrar o clericalismo em toda a história precedente retratando robespierre por exemplo SaintJust e assim por diante como clérigos e os identificando a Inocêncio III e gregório VII com o que toda unicidade se desvanece diante do Único eles são todos em verdade apenas diferentes nomes diferentes disfarces para uma pessoa o clericalismo que produziu toda a história desde o início do cristianismo de que modo a partir dessa concepção da história todos os gatos são pardos já que todas as diferenças históri cas são abolidas e dissolvidas no conceito de clericalismo é o que são Max imediatamente nos esclarece com um exemplo decisivo em seu robespierre por exemplo saintJust e assim por diante aqui robespier re nos é dado como um exemplo de saintJust e saintJust como um e assim por diante de robespierre então é dito esses representantes dos interesses sagrados são confrontados por um mundo de inúmeros interes ses pessoais profanos Por quem eles são confrontados Pelos girondins e thermidorians163 que ver por exemplo as Mémoires de r Levasseur e assim por diante isto é nougaret Histoire des prisons Barère Deux amis de la liberté 164 et du commerce1 Montgaillard Histoire de France Madame roland Appel à la postérité165 as Mémoires de J B Louvet e mesmo os repug nantes Essais historiques de Beaulieu etc assim como todos os debates do tribunal revolucionário e assim por diante constantemente lançavam aos verdadeiros representantes da força revolucionária isto é aos representantes da única classe autenticamente revolucionária da massa inumerável a acusação de violarem os interesses sagrados a constituição a liberdade a igualdade os direitos do homem o republicanismo a lei a sainte propriété2 por exemplo a divisão dos poderes a humanidade a mo ralidade a mode ração e assim por diante eles foram confrontados por todos os clérigos que os acusaram de violar todos os itens principais e secundários do catecismo religioso e moral ver por exemplo Histoire du clergé de France pendant la révolution por M r Paris librairie catholique 1828 e assim por dian te A afirmação histórica burguesa de que durante o règne de la terreur3 robespierre por exemplo saintJust e assim por dian te cortaram a cabeça das honnêtes gens4 ver os inumeráveis escritos do simplório senhor Peltier por exemplo La conspiration de Robespierre de Montjoie166 e assim por diante é expressa por são Max na seguinte transformação Foi porque os clérigos ou mestresescolas revolucionários serviam ao homem que eles cor taram as gargantas dos homens com isso são Max é naturalmente poupado do inconveniente de ter de desperdiçar uma única palavra sobre as razões reais empíricas para o ato de se cortar cabeças razões que se baseavam em 1 e do comércio 2 santa propriedade 3 reino do terror 4 pessoas honradas homens de bem isto é os grandes proprietários Karl Marx e Friedrich Engels 180 interesses extremamente mundanos não nos interesses dos agiotas certamen te mas sim nos da massa inumerável Já no século xVII um antigo clérigo Spinoza havia tido a audácia de agir como o censor de são Max dizendo a ignorância não é um argumento167 Por esse motivo são Max odeia o clérigo spinoza a ponto de aceitar o clérigo Leibniz o anticlérigo de spinoza e inventa para todo estranho fenômeno tal como o terror por exemplo a decapitação e assim por diante uma razão suficiente a saber a de os homens eclesiásticos terem posto na cabeça alguma coisa desse tipo p 98 O abençoado Max que encontrou uma razão suficiente para tudo En contrei o fundo onde minha âncora se fixará eternamente168 onde estará este fundo senão na ideia por exemplo no clericalismo e assim por diante de robespierre por exemplo saintJust e assim por diante george sand Proudhon e a casta costureira de Berlim etc não culpa a classe burguesa pelo fato de ela ter questionado seu próprio egoísmo para saber até onde podia abrir espaço para a ideia revolucionária Para são Max a ideia revolucionária dos habits bleus e honnêtes gens de 1789 é a mesma ideia que a dos sansculottes169 de 1793 a mesma ideia em relação à qual se discute se se deve ou não abrir espaço mas a nenhuma ideia podese abrir um espaço ainda maior do que esse chegamos agora à hierarquia atual ao predomínio da ideia na vida ordinária toda a segunda parte do Livro é dedicada à luta contra essa hierar quia Portanto nos ocuparemos com ela quando chegarmos a essa segunda parte Mas como são Max tal como na seção dedicada à obses são desfruta de suas ideias antecipadamente e repete no início aquilo que virá posterior mente somos forçados a comentar alguns exemplos dessa hie rarquia seu método de fazer um livro não vai além do egoísmo que se encontra em todo o Livro sua autofruição encontrase em relação inversa à fruição dos leitores Porque os burgueses requerem amor para o seu reino para o seu regime eles desejam de acordo com Jacques le bonhomme fundar um reino do amor sobre a terra p 98 Porque eles exigem respeito por seu domínio e pelas condições nas quais ele é exercido e portanto querem usurpar o domínio mais do que o respeito eles exigem de acordo com nosso honrado homem o domínio do respeito como tal sendo a sua atitude para com o respeito a mesma atitude para com o espírito santo que neles vive p 95 com sua fé capaz de mover montanhas nosso Jacques le bonhomme aceita como base real profana do mundo burguês a forma distorcida pela qual a ideologia carola e hipócrita dos burgueses expressa seus interesses particu lares como interesses universais Por que motivo esse ilusionismo ideológico assume precisamente essa forma é algo que veremos ao tratarmos do libe ralismo político são Max nos dá um novo exemplo na p 115 quando discorre sobre a família ele declara que embora seja muito fácil a alguém emanciparse do A ideologia alemã 181 domínio de sua própria família a recusa da obediência facilmente atinge a consciência e então este alguém guarda consigo o amor familiar a noção de família temse portanto a noção sagrada de família o sagrado p 116 uma vez mais nosso bom rapaz vê o domínio do sagrado onde reinam relações inteiramente empíricas a atitude do burguês para com as instituições de seu regime é como a atitude do judeu para com a lei ele as transgride sempre que isso é possível em cada caso particular mas quer que todos os outros as observem se todos os burgueses em massa e ao mesmo tempo transgredissem as instituições burguesas eles deixariam de ser burgueses um comportamento que naturalmente eles não pensam em adotar e que de forma alguma é algo que dependa de seu querer ou de seu proceder O burguês corrompido transgride as leis do casamento e secretamente comete o adultério o comerciante transgride a instituição da propriedade quando pela especulação pela falência etc priva outrem da propriedade o jovem burguês quando o pode tornase independente de sua própria família e abole praticamente a família para si mas o casamento a propriedade a família permanecem intocados na teoria porque constituem na prática as bases sobre as quais a burguesia erigiu seu domínio porque essas instituições em sua forma burguesa são as condições que fazem do burguês um burguês assim como a lei constantemente transgredida faz do judeu religio so um judeu religioso essa relação do burguês com suas condições de existência adquire uma de suas formas universais na moralidade burguesa não se pode absolutamente falar de a família Historicamente a burguesia dá à família o caráter da família burguesa que tem o tédio e o dinheiro como elementos unificadores e que já traz em si a dissolução burguesa da família dissolução que não impede a própria família de continuar a existir À sua imunda existência corresponde na fraseologia oficial e na hipocrisia geral o seu conceito sagrado Onde a família é realmente dissolvida como no prole tariado dáse justamente o contrário do que diz stirner aí não existe absolutamente o conceito de família sendo possível porém nele encontrar ocasionalmente uma inclinação para a vida familiar que se baseia em rela ções extremamente reais reale no século xVIII o conceito de família foi dissolvido pelos filósofos porque a família realmente existente estava já em vias de dissolução nos estágios mais elevados da civilização dissolveuse o vínculo interno da família as partes que formam o conceito de família por exemplo a obediência a piedade a fidelidade conjugal etc mas o corpo real da família a relação de propriedade a atitude de exclusão em relação a outras famílias a coabitação forçada relações determinadas pela existência dos filhos pela estrutura das cidades modernas pela formação do capital etc continuaram a existir embora com muitas alterações porque a existência da família é tornada necessária por sua conexão com o modo de produção o qual é independente da vontade da sociedade burguesa O quanto ela é indispensável foi demonstrado de forma decisiva na revolução Francesa Karl Marx e Friedrich Engels 182 quando por um momento a família foi nada menos do que suprimida no plano legal a família continuou a existir mesmo no século xIx tendo apenas o processo de sua dissolução se tornado mais geral não devido ao conceito mas a um maior desenvolvimento da indústria e da concorrência ela continua a existir muito embora sua dissolução tenha sido proclamada desde há muito tempo pelos socialistas franceses e ingleses e apesar também de esse fato ter sido levado aos Padres da Igreja alemães por meio dos romances franceses Mais um exemplo do predomínio da ideia na vida ordinária Porque os mestresescolas podem ser levados a buscar consolação para sua escassa remuneração no caráter sagrado da causa à qual eles servem o que só pode ocorrer na alemanha Jacques le bonhomme realmente crê que essa forma de falar seja a razão de seus baixos salários p 100 ele acredita que o sagrado possui no atual mundo burguês um valor monetário ele acredita que os magros fundos do estado prussiano sobre esse assunto ver entre outros Browning170 seriam de tal forma acrescidos pela abolição do sagrado que todo mestreescola de aldeia seria de repente remunerado com um salário de ministro eis a hierarquia do absurdo a pedra fundamental da sublime catedral como diz o grande Michelet171 da hierarquia é por vezes a obra do se dividese por vezes os homens em duas classes os educados e os não educa dos dividese por vezes os macacos em duas classes os dotados de rabo e os não dotados de rabo Os primeiros na medida em que eram dignos desse nome ocupavamse com pensamentos com o espírito eles eram predo minantes na era póscristã e exigiam para seus pensamentos respeito Os não educados o animal a criança o negro são impotentes contra os pensamentos e são por eles dominados eis o sentido da hierarquia Os educados o adolescente o mongol o moderno ocupamse uma vez mais portanto unicamente com o espírito com o pensamento puro etc eles são metafísicos profissionais hegelianos em última análise Por isso os não educados são os não hegelianos Hegel foi sem dúvida o mais educado dos hegelianos e por causa disso o seu caso serve para tornar evidente como a atração pelas coisas acomete especialmente o homem mais educado O fato é que o educado e o não educado estão internamente em conflito um com o outro e em cada homem de fato o não educado encontrase em conflito com o educado E porque a maior atração pelas coisas quer dizer por aquilo que pertence ao não educado tornase evidente em Hegel aqui também se torna evidente que o mais educado dos homens é ao mesmo tempo o menos educado aí em Hegel a realidade Wirklichkeit deve estar em total acordo com o pensamento e nenhum conceito deve existir sem realidade Realität Significa dizer aí a ideia ordinária da realidade deve receber sua expressão filosófica enquanto Hegel ao contrário imagina que por conseguinte toda expressão filosófica cria a realidade que está em A ideologia alemã 183 acordo com ela Jacques le bonhomme toma a ilusão de Hegel em relação a sua própria filosofia pela moeda legítima da filosofia hegeliana A filosofia hegeliana que no domínio dos hegelianos sobre os não he gelianos aparece como o corolário da hierarquia conquista agora o último império do mundo O sistema de Hegel foi o mais alto despotismo e autocracia do pensamento a soberania absoluta e a onipotência do espírito p 97 Aqui portanto acabamos no reino dos espíritos da filosofia hegeliana que se estende de Berlim a Halle e tübingen reino dos espíritos cuja história foi escrita pelo senhor Bayrhoffer172 e para o qual o grande Michelet reuniu os dados estatísticos a preparação para esse reino dos espíritos foi a revolução Francesa que não fez outra coisa senão transformar as coisas em representações sobre as coisas p 115 cf acima Hegel sobre a revolução p 184 assim as pessoas conti nuaram sendo cidadãs em stirner isso ocorre anteriormente mas o que stirner diz é não o que ele tem em mente e o que ele tem em mente não pode ser dito Wigand p 149 e vivendo na reflexão elas tinham um objeto sobre o qual refletiam pelo qual per appositionem 1 sentiam respeito e medo stirner diz na p 98 a estrada para o inferno está pavimentada com boas intenções contra isso nós dizemos a estrada para o Único está pavimentada com más proposições conclusivas com aposições que são a escada celestial emprestada dos chineses a sua corda do objetivo p 88 sobre a qual ele dá seus pulos de pulga A partir daí foi fácil para a filosofia ou para a era modernas desde a emergência do reino dos espíritos que a era moderna é sem dúvida nada mais do que a filosofia moderna transformar os objetos existentes em representações isto é em conceitos p 114 um trabalho que são Max continua a realizar Logo no início do seu livro antes pois de surgirem as montanhas que ele mais tarde removeu por sua fé já podíamos ver nosso cavaleiro da triste figura galopando à rédea solta rumo ao grande resultado de sua sublime catedral seu cavalo ruço a aposição não conseguia galopar de modo suficientemente rápido agora por fim na p 114 ele atingiu seu objetivo e transformou por meio de um poderoso ou a era moderna em filosofia moderna desse modo a época antiga isto é a época antiga e a nova negra e mongol ou mais precisamente a era préstirneriana atingiu seu objetivo final Podemos agora revelar o porquê de São Max ter dado o título de O homem à toda a primeira parte de seu livro e de ter tentado fazer passar sua história de milagres de fantasmas e de cavaleiros pela história do homem 1 por aposição justaposição Karl Marx e Friedrich Engels 184 as ideias e pensamentos dos homens eram está claro ideias e pensamentos sobre si mesmos e sobre suas relações sua consciência de si mesmos e dos homens pois era uma consciência não apenas da pessoa singular mas da pessoa singular em conexão com toda a sociedade e de toda a sociedade na qual eles viviam as condições deles independentes nas quais produziam sua vida as formas necessárias de intercâmbio ligadas a essas condições as relações pessoais e sociais por elas engendradas tiveram de assumir a forma na medida em que eram expressas em pensamentos de condições ideais e relações necessárias isto é tiveram de ser expressas na consciência como determinações surgidas do conceito de homem da essência humana da natureza do homem do homem O que eram os homens o que eram suas relações apareceu na consciência como representação do homem de seus modos de existência ou de suas determinações conceituais imediatas então depois de os ideólogos terem pressuposto que as ideias e os pensamentos dominaram a história até o momento presente que a história dessas ideias e desses pensamentos constitui toda a história até hoje depois de terem imaginado que as condições reais recebiam sua forma do homem e de suas condições ideais isto é de determinações conceituais depois de terem feito da história da consciência que os homens têm de si mesmos o fundamento de sua história real depois de tudo isso nada era mais fácil do que chamar de história do Homem a história da consciência das ideias do sagrado das representações fixas e substituíla à história real São Max distinguese de todos os seus predecessores apenas pelo fato de que nada sabe sobre essas representações mesmo isoladas da vida real da qual elas são os produtos e seu ato de criação banal limitase em sua cópia da ideologia hegeliana a atestar sua ignorância até mesmo sobre aquilo que ele copia Fica evidente desde já de que modo ele pode contrapor a história do indivíduo real sob a forma do Único à sua fantasia sobre a história do homem a história única desenrolase inicialmente na Stoa173 em atenas depois quase que inteiramente na Alemanha e por fim no Kupfergraben174 em Berlim onde o déspota da filosofia ou da era modernas fixou residência Isso já demonstra o quão exclusivamente nacional e local é o assunto em questão em vez da história mundial são Max nos fornece uns poucos co mentários além de tudo pobres e canhestros sobre a história da teologia e da filosofia alemãs se alguma vez parecemos ter saído dos limites da alemanha foi apenas para fazer que os atos e os pensamentos de outros povos por exemplo a Revolução Francesa atingissem seu fim último na Alemanha e sobretudo em Kupfergraben citamse apenas fatos nacionalalemãs que são tratados e interpretados de forma nacionalalemã e o resultado é um resultado nacionalalemão Mas mesmo isso não é o bastante O modo de conceber e a formação de nosso santo não são apenas alemães são total mente berlinenses O papel conferido à filosofia hegeliana é o mesmo que ela desempenha em Berlim e então stirner confunde Berlim com o mundo A ideologia alemã 185 e com a história mundial O adolescente é um berlinense os bons cidadãos que encontramos por todo o livro são filisteus berlinenses bebedores de cerveja com tais premissas só se pode chegar naturalmente a um resul tado enquadrado nos limites da nacionalidade e da localidade stirner e toda sua fraternidade filosófica da qual ele é o membro mais débil e mais ignorante nos dão uma versão prática das valorosas linhas do valoroso Hoffmann von Fallersleben na alemanha somente na alemanha somente Lá eu gostaria de viver eternamente175 O resultado local berlinense que nosso bravo santo obtém de que na filosofia hegeliana o mundo inteiro já era o permite agora chegar sem muito esforço a um império próprio A filosofia hegeliana transformou tudo em pensamento em sagrado em assombração em espírito em espíritos em fantasmas stirner lutará contra eles os derrotará em sua imaginação e fundará sobre seus cadáveres seu império próprio único cor pó reo o império do camarada inteiro Pois não é contra a carne e o sangue que temos de lutar mas sim contra os principados e contra as potestades contra os senhores deste mundo que do minam na escuridão deste mundo contra a iniquidade espiritual nas alturas efésios 612 eis stirner de botas calçadas e pronto para lançarse à luta contra os pensamentos ele não necessita agarrar o escudo da crença pois suas mãos nunca o largaram com o elmo do infortúnio e o gládio da falta de espírito cf ibidem ele parte para a batalha e lhe foi permitido entrar em guerra contra o sagrado mas não vencêlo apocalipse de João 137 5 Stirner comprazendose com sua construção encontramonos agora exatamente no mesmo ponto em que estávamos na p 19 que trata do adolescente que se tornou homem e na p 90 que trata do caucasiano mongol que se transforma em caucasiano caucásico e encontra a si mesmo estamos portanto na terceira autodescoberta do indivíduo misterioso cujas árduas batalhas pela vida são Max nos descreve chega mos ao fim de toda essa história e devido à grande quantidade de material que elaboramos devemos lançar um rápido olhar ao monstruoso cadáver do homem decrépito Muito embora são Max numa página mais adiante tendo já esquecido sua história afirme que o gênio é considerado desde há muito como o criador de novas produções históricomundiais p 214 vimos que nem os seus piores inimigos são capazes de sustentar minimamente sua história pois nela não aparece pessoa alguma muito menos algum gênio mas apenas pensamentos ossificados petrificados e abortos hegelianos Karl Marx e Friedrich Engels 186 Repetitio est mater studiorum 1 são Max que apresentou toda sua história da filosofia ou tempo apenas a fim de encontrar uma oportunidade para realizar alguns estudos apressados sobre Hegel acaba por repetir uma vez mais toda sua história única entretanto ele o faz no sentido da história natural oferecendonos importantes informações sobre a ciência natural única e esclarecendonos que para ele o mundo onde quer que tenha de desempenhar um papel importante transformase imediatamente em natureza a ciência da natureza única começa imediatamente com a ad missão de sua impotência ela não considera a relação real do homem com a natureza determinada pela indústria e pela ciência natural mas proclama a relação fantástica do homem com a natureza Quão pouco o homem pode conquistar ele tem de deixar o sol seguir seu curso o mar enrolar suas ondas as montanhas se elevarem até o céu p 122 são Max que como todos os santos ama milagres mas que só pode produzir um milagre lógico irritase porque não pode fazer o sol dançar cancã lamentase por não poder fazer o mar ficar em repouso indignase por ter de permitir que as montanhas se elevem até o céu embora na p 124 o mundo se torne prosaico prosaisch desde o fim da Antiguidade nosso santo continua a achálo o mais poéti co unprosaisch dos mundos Para ele é sempre o sol e não a terra que segue o seu curso e seu desgosto está em não poder como Josué ordenar Sol detémvos Na p 123 Stirner descobre que o espírito no fim da antiguidade irresistivelmente voltou a transbordar pois em seu interior formaramse gases espíritos e quando o impacto mecânico proveniente do exterior tornouse inefetivo esses gases geraram tensões químicas que no interior começaram a praticar o seu jogo maravilhoso Essa frase contém o dado mais significativo da filosofia única da na tureza que na página precedente já havia chegado à conclusão de que para o homem a natureza é o indomável a física profana não sabe nada sobre um impacto mecânico que se torna inefetivo apenas à física única cabe o mérito dessa descoberta a química profana não conhece gases que gerem tensões químicas e ainda por cima no interior gases que se combinem formando novas misturas novas combinações químicas não geram tensões mas quando muito expansões nas quais passam ao esta do líquido de agregação e veem seu volume ser reduzido a menos de um milésimo do volume anterior Quando são Max devido aos gases sente tensões em seu próprio interior estas são quando muito impactos mecânicos mas de forma alguma tensões químicas são produzidas por uma transformação química determinada por causas fisiológicas de certos compostos em outros com o que uma parte dos elementos do composto anterior se torna gasosa ocupando um volume maior e por não dispor de 1 a repetição é a mãe do estudo A ideologia alemã 187 espaço suficiente acabam por causar um impacto mecânico ou uma pressão para o exterior Que essas inexistentes tensões químicas pratiquem um jogo extremamente maravilhoso no interior de são Max isto é nesse caso em seu cérebro é o que vemos agora no papel que elas desempe nham na ciência única da natureza aliás seria bom que são Max deixasse de ocultar aos cientistas naturais profanos que tipo de absurdo ele entende pela extravagante expressão tensões químicas que além de tudo geram no interior como se um impacto mecânico no estômago também não se gerasse no interior a ciência única da natureza foi escrita apenas porque dessa vez são Max era incapaz de se referir aos antigos de modo decente sem ao mesmo tempo deixar escapar algumas palavras sobre o mundo das coisas sobre a natureza No final do mundo antigo énos assegurado os antigos transformam se todos em estoicos os quais nenhuma derrocada do mundo quantas vezes já se supôs sua derrocada pode desconcertar p 123 assim os anti gos se tornam chineses que também não podem ser arrebatados do céu de sua paz por nenhum evento ou ideia imprevisto p 88 de fato Jacques le bonhomme acredita seriamente que o impacto mecânico pro veniente do exterior tornouse inefetivo contra os últimos antigos Para se saber o quanto isso corresponde à real situação dos romanos e dos gregos no final do mundo antigo à sua completa falta de estabilidade e seguran ça situação que com muita dificuldade ainda podia opor um resto de vis inertiae 1 ao impacto mecânico basta que se leia Luciano176 entre outros Os poderosos impactos mecânicos que o Império romano sofreu em consequên cia de sua divisão entre os diferentes césares e suas guerras uns contra os outros em consequência da concentração colossal da propriedade sobre tudo da propriedade fundiária em roma e da diminuição da população italia na daí resultante e em consequência dos hunos e dos germanos esses impactos para nosso santo historiador tornaramse inefetivos somente as tensões químicas somente os gases que o cristianismo gerou no interior é que derrubaram o Império romano Os grandes terremotos que no Ocidente e no Oriente soterraram por impactos mecânicos centenas de milhares de pessoas sob as ruínas de suas cidades o que de modo algum manteve inalterada a consciência das pessoas também eram de acordo com stirner inefetivos ou tensões químicas e de fato a história antiga termina quando eu conquisto a Minha propriedade no mun do o que é provado pela sentença bíblica eu isto é cristo recebi todas as coisas do Pai aqui portanto eu cristo em relação a isso Jacques le bonhomme não pode evitar crer que o cristão poderia mover montanhas se 1 inércia Karl Marx e Friedrich Engels 188 ele apenas o quisesse como cristão ele se proclama senhor do mundo mas apenas como cristão ele se proclama o dono do mundo O egoísmo obteve sua primeira vitória completa quando elevei a Mim mesmo a pos suidor do mundo p 124 A fim de alcançar o nível do perfeito cristão o eu de stirner tinha apenas de travar a batalha para se tornar também desprovido de espírito tarefa que ele cumprira com sucesso antes mesmo de as montanhas existirem Bemaventurados os pobres de espírito pois deles será o reino dos céus são Max atingiu a perfeição da pobreza de espírito e em sua grande alegria chega até mesmo a vangloriarse disso perante o senhor são Max desprovido de espírito acredita nas fantásticas formações ga sosas produzidas pelos cristãos formações oriundas da decomposição do mundo antigo O antigo cristão nada possuindo neste mundo contentava se com a sua propriedade celestial imaginária e com o seu título divino de propriedade em vez de fazer do mundo a propriedade do povo ele conferiu a si mesmo e à sua confraria dos esfarrapados o título de povo da propriedade 1a epístola de são Pedro 29 de acordo com stirner a ideia cristã do mundo é o mundo no qual o mundo antigo realmente se decompõe embora tal mundo seja no máximo um mundo de fantasia em que o mundo das antigas ideias é dissolvido num mundo em que os cristãos pela fé chegam a remover montanhas sentemse poderosos e são capazes de forçar o movimento para adiante até alcançarem o ponto em que o impacto mecânico é inefetivo como para stirner os homens não são mais determinados pelo mundo exterior não são mais impulsionados para adiante pelo impacto mecânico da necessidade de produzir como em geral o impacto mecânico e com ele também o ato sexual deixou de produzir seu efeito então é apenas por um milagre que eles podem continuar a existir certamente para os belos espíritos e mestresescolas alemães providos do mesmo conteúdo gasoso de stirner é muito mais fácil em vez de descrever a transformação das relações reais de propriedade e de produção do mundo antigo satisfazerse com a fantasia cristã da propriedade que em verdade não é mais do que a propriedade da fantasia cristã esse mesmo cristão primitivo que na imaginação de Jacques le bonhomme era o proprietário do mundo antigo na realidade pertencia em sua maior parte ao mundo dos proprietários ele era um escravo e podia ser traficado Mas stirner comprazendose em seu esquema continua irrefreavelmente a vangloriarse a primeira propriedade a primeira glória foi adquirida p 124 do mesmo modo o egoísmo de stirner continua a adquirir propriedade e glória e a conquistar vitórias completas a relação teológica do cristão primitivo com o mundo antigo é o protótipo perfeito de toda a sua proprie dade e de toda a sua glória A ideologia alemã 189 essa propriedade do cristão é motivada da seguinte forma O mundo perdeu sua divindade tornouse prosaico ele é Minha proprie dade da qual eu disponho da maneira como melhor Me quer dizer ao espírito apraz p 124 Isso significa o mundo perdeu sua divindade portanto está liberto das fantasias de Minha própria consciência tornouse prosaico e consequente mente comportase prosaicamente em relação a Mim manda e desmanda em Mim como lhe apraz mas de forma alguma para Me agradar À parte o fato de que stirner realmente crê não ter existido o mundo prosaico na Antiguidade e que o princípio divino reinava absoluto no mundo ele falsifica até mesmo a representação cristã que não cessa de lamentar sua impotência perante o mundo e em sua imaginação representa a sua vitória sobre o mundo como uma vitória ideal reservada para o dia do Juízo Final apenas a partir do momento em que o cristianismo foi arrestado e explorado pelo poder real deste mundo com o que ele certamente deixou de ser estranho ao mundo é que ele pode imaginar a si mesmo como o dono do mundo são Max atribui ao cristão a mesma atitude falsa em relação ao mun do antigo que ele atribuía ao adolescente em relação ao mundo da criança ele atribui ao egoísta a mesma atitude em relação ao mundo do cristão que ele atribuía ao homem em relação ao mundo do adolescente O cristão não tem agora nada mais a fazer do que se tornar desprovido de espírito o mais rapidamente possível e reconhecer o mundo do espírito em sua nulidade do mesmo modo como o fez com o mundo das coisas para então poder fazer o que bem entender também com o mundo do espírito com o que ele se torna um cristão perfeito um egoísta O comportamento do cristão para com o mundo antigo fornece portanto a norma para o com portamento do egoísta para com o mundo novo a preparação para esse estado de ausência de espírito formou o conteúdo de uma vida de quase dois milênios uma vida que naturalmente só na alemanha se apresenta em seus períodos principais Sob diversas mutações o espírito santo se tornou com o tempo a ideia abso luta a qual passando novamente por múltiplas refrações se ramificou nas diferentes ideias do amor humano da virtude burguesa da racionalidade etc p 1256 O alemão caseiro volta aqui a inverter as coisas as ideias do amor humano etc moedas cujo cunho já estava bastante desgastado particu larmente por sua grande circulação no século xVIII foram concentradas por Hegel no sublimado da ideia absoluta e nessa nova cunhagem elas obti veram uma circulação tão pequena no exterior quanto o papelmoeda prussiano a conclusão consequente já tantas e tantas vezes mencionada da visão histórica de stirner é a seguinte Os conceitos devem decidir em toda par Karl Marx e Friedrich Engels 190 te os conceitos devem regular a vida os conceitos regem esse é o mundo religioso ao qual Hegel conferiu uma expressão sistemática p 126 e que nosso bom homem confunde de tal forma com o mundo verdadeiro que já na página seguinte a p 127 é capaz de dizer agora nada rege o mun do além do espírito atolado nesse mundo de delírios a primeira coisa que ele faz na p 128 é construir um altar e em seguida abobadar uma igreja em torno desse altar uma igreja cujos muros têm as pernas do progresso e avançam cada vez mais para fora Logo aquela igreja abarca a Terra inteira Ele o Único e Szeliga seu servo ficam parados do lado de fora vagueiam em torno dos muros e são empurrados para a margem mais exterior a gritar devido à fome que o consome são Max anima o seu servo só mais um passo e o mundo do sagrado terá vencido de repente szeliga submerge no abismo extremo que está acima dele um milagre literário Pois já que a terra é uma esfera assim que a igreja envolve toda a terra o abismo só pode estar acima de szeliga assim ele inverte a lei da gravidade anda com o traseiro voltado para o céu e desse modo enobrece a ciência única da natureza o que para ele é tanto mais fácil quanto de acordo com a p 126 a natureza da coisa e o conceito da relação são indi ferentes para stirner não o guiam no tratamento ou encerramento dessa coisa e desse conceito e porque a relação que szeliga estabeleceu com a gravidade é única pela própria unicidade de szeliga e de modo algum depende da natureza da gravidade ou de como outros por exemplo os cientistas naturais a titulam ademais stirner não admite por fim que a ação de Szeliga seja separada do Szeliga real e ajuizada de acordo com valores humanos Depois de ter providenciado uma hospedagem tão digna para o seu fiel servo no céu são Max se encaminha para a sua própria paixão ele descobriu p 95 que até mesmo a forca tem a cor do sagrado as pessoas têm pavor de tocála nela reside algo inquietante isto é inabitual impróprio Para anular essa impropriedade da forca ele a transforma na sua própria forca algo que ele só pode consumar nela se enforcando Inclusive este úl timo sacrifício o Leão de Judá oferece ao egoísmo O cristão santo deixase pendurar na cruz não para salvar a cruz mas para salvar os seres humanos de sua falta de santidade o cristão profano heillos pendura a si mesmo na forca para salvar a forca da santidade ou para salvar a si mesmo da impro priedade da forca a primeira glória a primeira propriedade foi adquirida a primeira vitó ria completa foi obtida O santo combatente acabou de derrotar a história dissolvendoa em pensamentos puros pensamentos que nada são além de pensamentos e que no final dos tempos se confrontarão apenas com um exército de ideias É assim que ele são Max que agora carrega a sua for A ideologia alemã 191 ca nas costas como o asno carrega a cruz e szeliga seu servo que tendo sido recebido no céu a pontapés encontrase novamente de cabeça baixa junto ao seu senhor saem em campanha para combater esse exército de ideias ou melhor a mera aura de santidade dessas ideias dessa vez é san cho Pança cheio de sentenças morais máximas e provérbios que assume a luta contra o sagrado e dom Quixote assume o papel de seu servo piedoso e leal O honrado sancho luta com a mesma bravura de outrora do caballero manchego 1 e tal como este não deixa de confundir no mais das vezes um rebanho de carneiros mongóis com um enxame de fantasmas a pançuda Maritornes se transformou sob diversas mutações sofrendo com o passar tempo múltiplas refrações numa casta costureira berlinense177 a extinguirse de anemia o que leva são sancho a entoar uma elegia a qual despertou na memória de todos os candidatos a altos cargos e tenentes da guarda a frase de rabelais que diz que a braguilha é a arma mais importante do soldado178 libertador do mundo sancho Pança realiza os seus feitos heroicos mediante o reconhecimento da nulidade e da fatuidade de todo o exército de ideias com que se defronta Toda a grande ação se limita a um simples ato de reconhecer que no final dos tempos deixa tudo ficar como estava e modifica só a representação nem mesmo das coisas mas das fraseologias filosóficas sobre as coisas Portanto agora que os antigos foram apresentados de modo realista como criança negro caucasiano negroide animal católicos filosofia inglesa incultos não hegelianos mundo das coisas e os modernos de modo idealis ta como adolescente mongol caucasiano mongol o homem protestantes filosofia alemã cultos hegelianos mundo dos pensamentos depois de ter acontecido tudo o que estava decidido desde a eternidade pelo conselho dos Guardiões agora finalmente o tempo está consumado A unidade negativa de ambos que já havia entrado em cena como homem caucasiano caucasiano caucásico cristão perfeito na forma de servo vista através de um espelho numa palavra obscura 1a epístola aos coríntios 1312 pode agora após a paixão e o enforcamento de stirner e após a ascensão gloriosa de szeliga ao céu retornando à sua nomenclatura mais singela vir nas nuvens do céu com grande poder e glória179 assim agora passa a constar o seguinte o que antes era se cf economia do antigo testamento agora se torna eu a unidade negativa de realismo e idealismo do mundo das coisas e do mundo do espírito essa unidade de realismo e idealismo é chamada em schelling de indiferença Indifferenz ou traduzida para o dialeto berlinense Jleichjiltigkeit em Hegel ela se transforma em unidade negativa na qual os dois momentos são suprassumidos são Max que como bom especulador alemão ainda não quer dar sossego à unidade dos opostos não está 1 cavaleiro manchego da Mancha na espanha central Karl Marx e Friedrich Engels 192 contente com isso ele quer ver essa unidade diante de si num indivíduo de carne e osso num camarada inteiro para o que Feuerbach já lhe adiantou o serviço nas Anekdotis180 e nos Princípios da filosofia do futuro esse Eu stirneriano que advém ao final do mundo que existiu até aqui não é portanto um indivíduo de carne e osso mas uma categoria construída com o método hegeliano baseado em aposições cujos seguintes saltos de pulga acompanharemos no novo testamento Limitarnosemos aqui apenas a observar que esse eu em última instância advém ao criar sobre o mundo do cristão as mesmas fantasias que o cristão produz acerca do mundo das coisas assim como o cristão se apropria do mundo das coisas ao botar na sua cabeça um disparate fantasioso sobre ele assim também o eu se apropria do mundo cristão do mundo das ideias graças a uma série de imaginações fantasiosas a respeito desse mundo cristão stirner acredita piamente no que o cristão fantasia sobre sua relação com o mundo tomao por comprovado e imitao de bom grado Portanto consideramos agora que o homem é justificado sem as obras uni camente pela fé romanos 328 Hegel para quem o mundo novo também se dissolvera num mundo de pensamentos abstratos define a tarefa do filósofo moderno em oposição à do antigo da seguinte forma em vez de como os antigos libertarse da cons ciência natural e purificar o indivíduo da evidência sensível imedia ta dele fazendo uma substância pensada e pensante espírito o filósofo moderno deve suprassumir os pensamentos determinados e fixos Isto acrescenta ele é a dialética quem realiza Fenomenologia do espírito p 267 stirner se diferencia de Hegel pelo fato de realizar isso sem dialética 6 Os Livres181 O papel que os Livres têm aqui a desempenhar é referido na economia do antigo testamento nada podemos fazer diante do fato de que o eu do qual já havíamos chegado tão perto agora retroceda novamente para uma distância incerta não é de modo algum nossa culpa se não passamos da p 20 do Livro diretamente para o eu A O liberalismo político a chave para a crítica de são Max e de seus predecessores ao liberalismo é a história da burguesia alemã ressaltaremos alguns momentos dessa história a partir da revolução Francesa A situação da Alemanha no final do século passado se reflete plenamente na Crítica da razão prática de Kant enquanto a burguesia francesa se alçava ao poder mediante a revolução mais colossal que a história conheceu e con quistava o continente europeu enquanto a burguesia inglesa já politicamente A ideologia alemã 193 emancipada revolucionava a indústria e subjugava politicamente a Índia e comercialmente o resto do mundo os impotentes burgueses alemães só con seguiam ter boa vontade Kant se contentou com a simples boa vontade mesmo que ela não desse qualquer resultado e situou a realização dessa boa vontade a harmonia entre ela e as necessidades e os impulsos dos indivíduos no além essa boa vontade de Kant corresponde totalmente à impotência ao abatimento e à miséria dos burgueses alemães cujos interesses mesquinhos nunca foram capazes de evoluir para interesses nacionais e coletivos de uma classe e que por isso mesmo foram continuamente explorados pelos burgueses de todas as outras nações a esses mesquinhos interesses locais correspondiam por um lado a real estreiteza local e provinciana por outro lado a presunção cosmopolita dos burgueses alemães de modo geral o de senvolvimento alemão assumira desde a reforma um caráter inteiramente pequenoburguês grande parte da velha nobreza feudal havia sido destruída nas guerras camponesas o que restou foram ou os príncipes de minúsculos estados imperiais que aos poucos foram conquistando uma considerável independência e que imitavam a monarquia absoluta em proporções mi núsculas e próprias de cidade peque na ou proprietários de terra menores que em parte desperdiçaram seu mirrado patrimônio nas pequenas fazen das e depois passaram a viver de cargos menores em pequenos exércitos e secretarias do governo ou os Junkers do interior que levavam uma vida da qual o mais modesto squire 1 inglês ou gentilhomme de province2 francês teria se envergonhado a agricul tura foi praticada de tal maneira que não representava nem um parcelamento nem um grande cultivo e que apesar das persistentes servidão e corveia nunca chegou a empurrar os agricultores para a emancipação tanto porque esse tipo de prática não permitiu o surgi mento de uma classe ativamente revolucionária como também porque ela não era acompanhada de uma burguesia revolucionária que correspondesse a tal classe camponesa no que diz respeito aos burgueses podemos ressaltar aqui apenas alguns momentos significativos Significativo é que a manufatura do linho isto é a indústria baseada na roda de fiar e no tear manual alcançou alguma impor tância na alemanha exatamente no mesmo período em que na Inglaterra esses desengonçados instrumentos eram substituídos por máquinas O mais significativo é sua posição em relação à Holanda a Holanda a única parte da Liga Hanseática que alcançou alguma importância comercial separou se cortou o acesso da alemanha ao comércio mundial deixandoa apenas com dois portos Hamburgo e Bremen e a partir de então dominou todo o comércio alemão Os burgueses alemães eram muito fracos para impor bar reiras à sua exploração pelos holandeses a burguesia da pequena Holanda 1 nobre agrário 2 nobre provinciano Karl Marx e Friedrich Engels 194 com seus interesses de classe desenvolvidos era mais poderosa do que os muito mais numerosos burgueses da alemanha com seu indiferentismo e seus interesses mesquinhos fragmentados À fragmentação dos interesses cor respondia a fragmentação da organização política os pequenos principados e as cidadesreinos de onde viria a concentração política num país ao qual faltavam todas as condições econômicas para ela a impotência de cada uma das esferas da vida não se pode falar nem de estamentos nem de classes mas no máximo de estamentos passados e classes ainda não nascidas não permitia a nenhum deles conquistar o domínio exclusivo a consequência necessária disso foi que durante a época da monarquia absoluta que se apresentou ali em sua forma mais deformada possível a semipatriarcal a esfera espe cífica à qual cabia a administração do interesse público por meio da divisão do trabalho obteve uma independência anormal que ainda foi aprofundada na burocracia moderna desse modo o estado se constituiu como um poder aparentemente autônomo e manteve até hoje na alemanha essa posição que em outros países foi apenas passageira uma fase de transição a partir dessa posição se explicam tanto a franca consciência burocrática que não se encontra em nenhuma outra parte quanto todo um conjunto de ilusões sobre o estado que circulam na alemanha bem como a aparente independência que os teóricos daqui têm em relação aos burgueses a aparente contradição entre a forma como esses teóricos pronunciam os interesses dos burgueses e esses próprios interesses a forma característica que assumiu na alemanha o liberalismo francês que se baseia em reais interesses de classe encontramos novamente em Kant nem ele nem os burgueses alemães de quem ele foi o portavoz eufemístico perceberam que na base dessas ideias teóricas estavam os interesses materiais dos burgueses e uma vontade condicionada e determinada pelas relações materiais de produção por essa razão ele separou essa expressão teórica dos interesses que ela expressa fez das determinações materialmente motivadas da vontade dos burgueses franceses puras autodeterminações da vontade livre da vontade em si e para si da vontade humana transformandoa desse modo em puras determinações conceituais ideológicas e postulados morais em consequência disso os pequenoburgueses alemães recuaram apavorados diante da práxis desse enérgico liberalismo burguês assim que ele mostrou a sua face tanto no regime do terror quanto na lucra tivi dade burguesa descarada sob o domínio de napoleão os burgueses alemães foram ainda mais longe em suas pequenas negociatas e nas suas grandes ilusões sobre o espírito de negociata que reinava naquela época na alemanha são sancho pode confe rir entre outros Jean Paul para citar fontes beletrísticas que somente a ele estão acessíveis Os burgueses alemães que insultavam napoleão por têlos obrigado a beber chicória e perturbado a paz de suas terras com aquartela mentos e conscrições gastaram todo o seu ódio moral com ele e toda a sua A ideologia alemã 195 admiração com a Inglaterra enquanto napoleão lhes prestava os maiores serviços com sua limpeza das cavalariças de augias alemãs e a implantação de comunicações civilizadas e os ingleses só esperavam a oportunidade de explorálos à tort et à travers 1 de modo igualmente pequenoburguês os príncipes alemães imaginavam lutar a favor do princípio da legitimidade e contra a revolução enquanto eram apenas mercenários dos burgueses in gleses em meio a essas ilusões generalizadas era perfeitamente normal que os estamentos mais inclinados a alimentar ilusões os ideólogos os mestres escolas os estudantes os membros do Tugendbund182 falassem mais alto e conferissem uma expressão análoga grandiloquente ao espírito fantasista geral e à indiferença a revolução de Julho183 como queremos indicar apenas alguns pontos principais omitimos o período intermediário fez que as formas políticas correspondentes às da burguesia consolidada fossem impingidas aos alemães de fora para dentro como porém as condições econômicas nem de longe tivessem alcançado o nível de desenvolvimento correspondente a essas for mas políticas os burgueses só aceitaram essas formas como ideias abstratas como princípios válidos em e para si como desejos piedosos e fraseologias autodeterminações kantianas da vontade e do homem tal como estes devem ser em consequência eles se comportaram em relação a elas de modo mais moral sittlich e desinteressado do que outras nações isto é fizeram vigorar uma estreiteza de cunho altamente peculiar e todos os seus esforços não obtiveram nenhum êxito Por fim a concorrência cada vez mais acirrada do exterior e o intercâm bio mundial do qual a alemanha cada vez menos podia se abster agluti naram e geraram uma certa comunhão entre os interesses alemães locais e fragmentados Os burgueses alemães começaram particularmente a partir de 1840 a pensar em assegurar esses interesses comuns eles se tornaram nacionalistas e liberais e exigiram tarifas protecionistas e constituições Por tanto agora eles se encontram quase no ponto em que estavam os burgueses franceses em 1789 Quando se faz como os ideólogos de Berlim que analisam o liberalismo e o estado dentro do quadro das impressões locais dos alemães ou até se restringem à crítica das ilusões burguesas alemãs sobre o liberalismo em vez de concebêlo em conexão com os interesses reais dos quais ele se originou e junto dos quais ele existe de fato naturalmente se chega aos resultados mais insossos do mundo esse liberalismo alemão tal como ele ainda se declarava até recentemente e como vimos já em sua forma mais popular é puro entusiasmo ideologia sobre o liberalismo real como é fácil diante disso transformar o seu conteúdo todo em filosofia em puras determinações 1 a torto e a direito Karl Marx e Friedrich Engels 196 conceituais em conhecimento racional Portanto se alguém tiver a infelici dade de conhecer o liberalismo aburguesado apenas na forma sublimada que Hegel e os mestresescolas dele dependentes lhe deram não chegará senão a conclusões que pertencem exclusivamente ao reino do sagrado sancho nos proporcionará um triste exemplo disso em tempos recentes no mundo ativo falouse tanto do domínio dos burgueses que não é de admirar que a informação sobre esse tema já tenha chegado inclusive a Berlim por meio da obra de L Blanc traduzida pelo berlinense Buhl184 etc e lá mesmo tenha atraído a atenção de mestres escolas bonachões Wigand p 190 entretanto não se pode dizer que no seu método de apropriação das concepções em curso stirner tenha se habituado a uma versão especialmente lucrativa e produtiva Wigand ibidem como já ficou evidente pela sua exploração de Hegel e como agora se verá mais uma vez não passou despercebido ao nosso mestreescola que nos últimos tem pos os liberais foram identificados com os burgueses Mas pelo fato de São Max identificar os burgueses com os bons burgueses os pequenoburgueses alemães ele não consegue captar o que lhe foi transmitido tal como é na rea lidade e tal como foi expresso por todos os autores competentes a saber que o discurso liberal é a expressão idealista dos interesses reais realen da burguesia mas pensa ao contrário que o propósito último do burguês é tornarse um liberal consumado um cidadão do estado Staatsbürger Para ele não é o bourgeois a expressão verdadeira do citoyen mas sim o citoyen é a expressão verdadeira do bourgeois essa concepção tão sagrada quanto alemã vai tão longe que na p 130 a burguesia quer dizer o domínio da burguesia é transformada num pensamento nada além de um pensamento e o estado entra em cena como o verdadeiro homem que nos direitos do Homem dispensa a cada indivíduo burguês a verdadeira consagração aos direitos do homem e tudo isso depois que as ilusões sobre o estado e os Direitos do Homem já haviam sido suficientemente desveladas nos DeutschFranzösische Jahrbücher anais francoalemãesa um fato que são Max enfim acaba por perceber no seu comentário apologético do ano de 1845 assim agora ele pode transformar o burguês separando este último na qualidade de liberal de si mesmo como burguês empírico no liberal santo bem como o estado no sagrado e a relação do burguês com o estado a Isso ocorreu nos DeutschFranzösische Jahrbücher de acordo com o contexto só em relação aos direitos do Homem da revolução Francesa aliás toda essa concepção da concorrência como direitos Humanos já pode ser comprovada um século an tes nos representantes da burguesia John Hampden Petty Boisguillebert Child etc sobre a relação dos liberais teóricos com os burgueses conferir o que foi dito acima sobre o comportamento dos ideólogos de uma classe para com essa mesma classe n a A ideologia alemã 197 moderno numa relação sagrada em culto p 131 com o que ele já concluiu propriamente a sua crítica ao liberalismo político ele o transformou no sagradoa Queremos aqui dar alguns exemplos de como são Max ornamenta essa sua propriedade com arabescos históricos Para isso ele se vale da revolução Francesa com a qual o seu corretor de história São Bruno firmou um breve contrato de fornecimento limitado a alguns poucos dados Por intermédio de algumas poucas palavras de Bailly que por sua vez foram repassadas pelos Denkwürdigkeiten Fatos memoráveis185 de são Bruno os que até aqui foram súditos adquirem pela convocação dos estados ge rais a consciên cia de que são proprietários p 132 É o inverso mon brave 1 por meio disso os que já eram proprietários operam com a consciên cia de não serem mais súditos uma consciência que havia muito já fora adquirida por exemplo pelos fisiocratas186 e polemicamente contra os burgueses por Linguet Théorie des lois civiles 1767 Mercier Mably enfim de modo geral nos escritos contra os fisiocratas Essa implicação foi inclusive reconhecida logo no início da revolução por exemplo por Brissot Fauchet Marat no Cercle social187 e por todos os adversários democráticos de Lafayette Se São Max tivesse apreendido as coisas tal como ocorreram independentemente do seu corretor de história ele não se admiraria de que as palavras de Bailly de fato soam como se agora cada um fosse proprietário 188 stirner acredita que para os bons burgueses tanto faz quem protege a eles e aos seus princípios se é um rei absoluto ou um rei consti tucional uma república etc Para os bons burgueses que comodamente bebem a sua cerveja numa taberna berlinense isso é de fato indiferente189 mas para os burgueses históricos isso não é indiferente de forma alguma aqui o bom burguês stirner novamente imagina como faz em toda essa seção que os burgueses franceses norteamericanos e ingleses seriam bons filisteus berlinenses dados à cerveja A frase acima se traduzida da forma da ilusão política para um bom alemão significa para os burgueses pode ser indiferente se são eles que dominam irrestritamente ou se outras classes contrapesam o seu poder político e econômico são Max crê que um monarca absoluto ou quem quer que seja possa proteger os burgueses tão bem quanto eles protegem a si mesmos e não só isso mas também os seus princípios que consistem em submeter o poder do estado ao chacun pour soi chacun chez soi 2 e explorálo em função disso isso é algo que deve caber a um rei absoluto Que são Max nos cite um país em que havendo condições 1 meu caro 2 cada um por si cada um em seu lar a com o que para ele toda a crítica alcança o seu propósito último e todos os gatos se tornam pardos com o que ao mesmo tempo ele admite sua insciência sobre a base real e o conteúdo real do domínio da burguesia s M Karl Marx e Friedrich Engels 198 comerciais e industriais desenvolvidas e sob uma grande concorrência os burgueses permitem que um rei absoluto os proteja Depois dessa transformação dos burgueses históricos em filisteus ale mães sem história stirner não precisa mais conhecer nenhum outro tipo de burgueses a não ser burgueses acomodados e funcionários públicos leais dois fantasmas que só podem ser vistos no solo sagrado alemão e condensar toda a classe em serviçais Diener obedientes p 138 ele que dê uma olhada nesse serviçal obediente nas bolsas de Londres Manchester Nova York e Paris Agora que São Max tomou impulso ele pode ir the whole hog 1 e acreditar num estreito teórico dos Vinte e um ca dernos que diz que o liberalismo é o conhecimento racional aplicado às condições em que nos encontramos190 e declarar que os liberais são adeptos fanáticos da razão a partir dessas fraseologias se pode ver quão pouco os alemães se recu peraram de suas primeiras ilusões sobre o liberalismo abraão creu em esperança quando não havia nada a esperar e sua fé lhe foi imputada como justiça romanos 4 18 e 22 O estado paga bem para que seus bons burgueses possam pagar mal sem correr riscos é mediante uma boa remuneração que ele se assegura de seus serviçais dos quais obtém proteção para os bons burgueses que ele forma uma polícia e os bons burgueses pagam de bom grado altos tributos para ele para que possam despender tanto menos com seus trabalhadores p 152 Quer dizer os burgueses pagam bem o seu estado e fazem com que a nação inteira também o faça para que eles os burgueses possam pagar mal sem correr perigo eles asseguram para si mediante bom pagamento aos serviçais do estado uma força protetora uma polícia eles contribuem de bom grado e fazem toda a nação pagar altos tributos para que eles possam sem correr riscos descontar novamente dos seus trabalhadores como tribu to como des conto do salário aquilo que pagaram stirner faz aqui a nova descoberta econômica de que o salário é um tributo um imposto que o burguês paga ao proletário enquanto os demais economistas profanos compreendem os impostos como um tributo que os proletários pagam ao burguês da sagrada burguesia o nosso santo Padre da Igreja chega agora ao proletariado único de stirner p 148 este se compõe de cavalheiros de indústria prostitutas ladrões assaltantes e assassinos jogadores pessoas desapossadas sem ocupação e levianas ibidem estes são o proletariado perigoso e por um instante reduzemse a alguns gritalhões depois por fim a vagabundos cuja expressão plena são os vagabundos intelectuais que não se atêm aos limites de uma forma moderada de pensar Tal é o sentido amplo do assim chamado proletariado ou per appositionem2 do pauperismo p 149 1 até o fim 2 por aposição justaposição A ideologia alemã 199 O proletariado em contraposição é absorvido pelo estado p 151 O proletariado inteiro se compõe portanto de burgueses arruinados e proletários arruinados de um conjunto de vadios Lumpen191 que existiram em todas as épocas e cuja existência maciça desde o ocaso da Idade Média precedeu ao surgimento maciço do proletariado profano do que são Max pode se convencer a partir da legislação e da literatura inglesas e francesas nosso santo tem exatamente a mesma concepção do proletariado que os bons burgueses acomodados e particularmente os leais funcionários públicos Em consequência disso ele também identifica proletariado com pauperismo ao passo que o pauperismo representa apenas a condição do proletariado arruinado o último estágio no qual se afunda o proletário que se tornou incapaz de oferecer resistência à pressão da burguesia e só o proletário privado de toda e qualquer energia é um pauper 1 cf sismondi Wade192 etc Por exemplo aos olhos dos proletários stirner e seus consortes podem eventualmente valer como paupers mas jamais como proletários tais são as representações próprias que são Max tem da burguesia e do proletariado como porém essas imaginações sobre liberalismo bons burgueses e vagabundos naturalmente não o levam a nada ele se vê neces sitado para efetuar a transição para o comunismo a introduzir os burgueses e proletários reais profanos tal como ele os conhece de ouvir dizer Isso se dá nas p 151 e 152 onde o lumpemproletariado Lumpenproletariat se trans forma nos trabalhadores nos proletários profanos e os burgueses com o tempo passam às vezes por uma série de mutações diversas e por múltiplas refrações em certa linha dizse que Os possuidores governam burgueses profanos seis linhas adiante O burguês é o que é pela graça do estado burgueses sagrados outras seis linhas adiante O estado é o status da burguesia burgueses profanos o que é explicado no sentido de que o estado dá aos possuidores a sua posse como feudo e que o dinheiro e os bens do capitalista são bem estatal transferido pelo estado como feudo burgueses santos No final esse Estado onipotente se transforma de novo no estado dos possuidores ou seja dos burgueses profanos no que se encaixa esta passagem posterior a burguesia tornouse onipotente por meio da revolução p 156 nem mesmo são Max teria conseguido produzir tais contradições martirizantes e pavorosas ao menos não teria ousado promulgálas se não tivesse sido socorrido pela palavra alemã Bürger que ele pode interpretar à vontade como citoyen 2 como bourgeois3 ou como o bom burguês guter Bürger alemão antes de prosseguirmos temos de constatar outras duas grandes desco bertas políticoeconômicas que o nosso homem de bem traz à luz na paz 1 indigente 2 cidadão 3 burguês Karl Marx e Friedrich Engels 200 de seu espírito e que têm em comum com o prazer adolescente da p 17 o fato de igualmente serem puros pensamentos na p 150 toda a desgraça das condições sociais vigentes se reduz a que burgueses e trabalhadores creem na verdade do dinheiro Jacques le bonhomme imagina aqui que depende dos burgueses e trabalhadores que estão espalhados por todos os estados civilizados do mundo amanhã cedo de uma hora para outra mandar protocolar a sua incredulidade na ver dade do dinheiro ele chega até a acreditar que sendo possível tal absurdo isso serviria para alguma coisa ele acredita que qualquer literato berlinense pode abolir a verdade do dinheiro da mesma maneira que abole na sua cabeça a verdade de Deus ou da filosofia hegeliana Que o dinheiro é um produto necessário de certas relações de produção e intercâmbio e que ele permanece uma verdade enquanto existirem essas relações naturalmente não significa nada para um santo como São Max que dirige os olhos para o céu e volta o seu traseiro profano para o mundo profano a segunda descoberta é feita na p 152 e consiste em que o trabalhador não consegue realizar o valor do seu trabalho porque ele o trabalhador cai nas mãos daqueles que receberam algum bem estatal como feudo esta é agora a explicação adicional da frase da p 151 já citada anteriormente que diz que o trabalhador é absorvido pelo estado neste ponto qualquer um coloca imediatamente a singela reflexão que Stirner não a colo que não é de admirar como pode ser que o estado não tenha dado aos trabalhadores qualquer bem estatal como feudo se são Max tivesse colocado essa questão talvez ele tivesse se poupado de seu esquema da sa grada burguesia pois nesse caso ele teria sido obrigado a ver como se dá a relação entre os possuidores e o estado moderno Mediante a contraposição de burguesia e proletariado isso até mesmo stirner sabe chegase no comunismo Mas como chegar nele é algo que só stirner sabe Os trabalhadores têm em suas mãos o poder mais terrível eles precisam apenas interromper o trabalho e contemplar o objeto trabalhado Gearbeitete como seu e dele fruir esse é o sentido das agitações de trabalhadores que emergem aqui e ali p 53 as agitações de trabalhadores que já sob o imperador bizantino Zeno deram origem a uma lei Zenão de novis operibus constitutio 1 que emer giram no século xIV na Jacquerie193 e na revolta de Wat tyler194 em 1518 no evil mayday195 em Londres e em 1549 na grande revolta do curtidor Ket196 que então deram origem aos Act 2 e 3 de eduardo VI ao 15 e a uma série de outros atos parlamentares semelhantes que pouco tempo depois em 1640 e 1659 oito levantes no período de um ano aconteceram em Paris e 1 decreto sobre os novos trabalhos A ideologia alemã 201 já desde o século xIV deviam ser frequentes na França e Inglaterra a julgar pela legislação da mesma época a guerra constante dos trabalhadores con tra os burgueses que na Inglaterra desde 1770 era travada com violência e astúcia e na França desde a revolução tudo isso existe para são Max só aqui e ali na silésia em Poznan Magdeburgo e Berlim como noticiam os jornais alemães O objeto trabalhado continuaria a existir sempre e a se reproduzir como imagina Jacques le bonhomme como objeto do contemplar e do fruir mesmo que os produtores interrompessem o trabalho tal como acima no caso do dinheiro aqui nosso bom burguês volta a transformar os trabalhadores que estão espalhados por todo o mundo civilizado numa sociedade coesa que só precisa tomar uma decisão para se livrar de todas as suas dificuldades Certamente São Max não sabe que apenas no período de 1830 até agora foram feitas no mínimo cinquenta tentativas e que neste momento se faz mais uma de unir todos os tra balhadores da Inglaterra numa única associação e que todos esses projetos foram frustrados por razões altamente empíricas ele não sabe que mesmo uma minoria de trabalhadores que se une para provocar uma interrupção do trabalho logo se vê obrigada a atuar de modo revolucionário um fato que ele poderia ter aprendido com a insurreição inglesa de 1842 e antes dela já com a insurreição galesa de 1839 ano em que a agitação revolu cionária entre os trabalhadores se expressou pela primeira vez de maneira abrangente no mês sagrado proclamado concomitantemente com o arma mento geral do povo Vemos aqui uma vez mais como são Max procura por toda parte achar alguém que aceite o seu absurdo como o sentido dos fatos históricos o que ele consegue quando muito com o seu se fatos históricos aos quais ele atribui dissimuladamente o seu sentido e que por tanto tinham de desembocar num absurdo Wigand p 194 a propósito nenhum proletário sequer cogitaria em consultar são Max sobre o sentido dos movimentos proletários ou sobre o que agora se deveria empreender contra a burguesia depois dessa grande campanha o nosso santo sancho se recolhe para junto de sua Maritornes com a seguinte fanfarronada O estado repousa sobre a escravidão do trabalho ao libertarse o trabalho o estado é derrotado p 153 O estado moderno o domínio da burguesia repousa sobre a liberdade do trabalho Pois quantas vezes o próprio são Max extraiu claro que como sempre de forma devidamente caricaturizada dos DeutschFranzösische Jahrbücher a ideia de que com a liberdade de religião do estado de pensa mento etc portanto às vezes então decerto talvez também com a liberdade do trabalho não sou eu que me torno livre mas apenas um dos meus capatazes a liberdade do trabalho consiste na livre concorrência dos trabalhadores entre si também na economia política assim como em todas Karl Marx e Friedrich Engels 202 as outras esferas são Max é bastante infeliz O trabalho é livre em todos os países civilizados não se trata de libertar o trabalho mas de suprassumilo aufheben B O comunismo são Max chama o comunismo de liberalismo social porque ele está bem ciente da má fama de que goza a palavra liberalismo entre os radicais de 1842 e entre os livrespensadores197 berlinenses mais extremos essa transfor mação lhe dá simultaneamente a oportunidade e a coragem de pôr na boca dos liberais sociais todo tipo de coisas que antes de stirner ainda não haviam sido pronunciadas e cuja refutação deve então ao mesmo tempo refutar o comunismo a superação do comunismo se dá mediante uma série de construções em parte lógicas em parte históricas Primeira construção lógica Porque nós nos tornamos serviçais de egoístas não devemos nós mes mos nos tornarmos egoístas mas preferir tornar impossíveis os egoístas Queremos transformálos todos em vadios Lumpen queremos todos não ter nada para que todos tenham assim são os sociais198 Quem é essa pessoa que vós chamais de todos É a sociedade p 153 Valendose de algumas aspas sancho transforma aqui todos numa pessoa a sociedade como pessoa como sujeito a sociedade sagrada o sa grado agora o nosso santo sabe por onde ele anda e pode soltar de uma só vez a labareda de seu fervor contra o sagrado com o que naturalmente o comunismo está destruído não é de admirar que aqui são Max ponha novamente na boca dos sociais a sua falta de sentido como se fosse o sentido deles em primeiro lugar ele identifica o ter como proprietário privado com o ter em si Em vez de analisar as relações determinadas entre a propriedade privada e a produção em vez de analisar o ter do proprietário de terras do capitalista do commerçant 1 do fabricante dos trabalhadores onde o ter se mostra como um ter absolutamente determinado como comando do trabalho alheio ele transforma todas essas relações em teres 199 deixou agir o liberalismo político que transformou a nação em proprietária suprema O comunismo portanto nem precisa mais abolir a propriedade pessoal mas quando muito equilibrar a distribuição dos feudos nela instituir a égalité 2 sobre a sociedade como proprietária suprema e sobre o vadio Lump confiram o que diz São Max entre outros textos no Egalitaire de 1840 1 comerciante 2 igualdade A ideologia alemã 203 a propriedade social é uma contradição mas a riqueza social é uma con sequência do comunismo Fourier diz centenas de vezes em oposição aos modestos moralistas burgueses que o mal social não consiste em que alguns tenham demais mas em que todos tenham muito pouco razão pela qual ele aponta em Le fausse industrie Paris 1835 p 410 para a pobreza dos ricos da mesma forma já é dito na revista comunista alemã Die Stimme des Volks a Voz do Povo no II p 14 publicada em Paris no ano de 1839 antes portanto das Garantien garantias de Weitling200 a propriedade privada o tão louvado diligente cômodo inocente lucro privado evidentemente prejudica a riqueza da vida aqui são sancho toma pelo comunismo a representação que dele fazem alguns liberais que transitam para o comunismo e o modo de se expressar de alguns comunistas que falam de modo político por razões muito práticas depois de ele ter transferido a propriedade para a sociedade todos os participantes dessa sociedade imediatamente se convertem para ele em indigentes e vadios Lumpen muito embora eles próprios tenham na representação que ele tem da ordem comunista das coisas a suprema proprietária a sugestão bemintencionada que ele faz aos comunistas de elevar a palavra vadio à condição de tratamento honroso tal como a revolução o fez com a palavra burguês constitui um exemplo eviden te de como ele confunde o comunismo com algo que há muito tempo já passou em con tra posição às honnêtes gens 1 que ele traduz muito pre cariamente como bons burgueses a própria revolução elevou a palavra sansculotte201 à condição de tratamento honroso É isso que faz são Sancho a fim de que se cumpra a palavra escrita no profeta Merlim acerca das três mil e trezentas bofetadas que o homem cuja chegada se anuncia terá de aplicar em si mesmo es menester que sancho tu escudero se dé tres mil azotes y trecientos en ambas sus valientes posaderas al aire descubiertas y de modo Que le escuezan le amarguen y le enfaden 2 Dom Quixote volume II capítulo 35 são sancho constata a elevação da sociedade à condição de suprema proprietária como o segundo roubo praticado contra a esfera pessoal em proveito da humanidade ao passo que o comunismo é apenas o roubo consumado do roubo da esfera pessoal Porque para ele o roubo deve 1 pessoas honradas homens de bem isto é os grandes proprietários 2 deve o teu escudeiro sancho Pança assentar nas suas largas nádegas descobertas e ao ar três mil açoites com suas próprias mãos e mais trezentos açoites que lhe doam bem deveras202 Karl Marx e Friedrich Engels 204 inquestionavelmente ser considerado digno de repúdio então são sancho acredita por exemplo ter estigmatizado o comunismo já com a frase acima O Livro p 102 se stirner pressentiu o roubo até mesmo no comunismo como poderia ter deixado de sentir contra ele uma aversão profunda e uma justa indignação Wigand p 156 stirner está desse modo desafiado a nos dar o nome do burguês que tenha escrito sobre o co munismo ou o cartismo e que não tenha dito as mesmas tolices com muita ênfase O comunismo de fato praticará um roubo porém contra aquilo que o burguês reputa como pessoal Primeiro corolário p 349 O liberalismo logo surgiu com a declaração de que fazia parte da essência do homem não ser propriedade mas proprietário como o que aí estava em questão eram os homens e não os indivíduos então a estes coube o Quanto Wieviel o qual constituía justamente o interesse especial dos indiví duos Daí que o egoísmo dos indivíduos conservou nesse Quanto o espaço mais livre de ação que era possível e praticou uma incansável concorrência Significa dizer que o liberalismo isto é os proprietários privados liberais conferiram no início da revolução Francesa uma aura liberal à proprieda de privada declarandoa direito do Homem a isso os proprietários foram obrigados já por sua posição como partido revolucionário eles foram até mesmo obrigados não só a dar à massa do povo rural francês o direito à propriedade mas também a deixar que a propriedade existente fosse to mada e tudo isso eles puderam fazer porque nesse processo o seu próprio Quanto que era o que mais lhes interessava permaneceu intocado e foi até mesmo assegurado constatamos aqui ademais que são Max faz que a concorrência tenha origem no liberalismo uma bofetada que ele dá na his tória como vingança pela bofetada que ele acima teve de dar em si mesmo a explicação mais precisa do manifesto com o qual ele faz o liberalismo logo surgir nós a encontramos em Hegel que em 1820 se pronunciou nos seguintes termos em relação às coisas exteriores o racional isto é o que é próprio de mim como homem como ser humano é que eu possua propriedade o que e quanto eu possuo é em consequência uma casualidade jurídica Filosofia do direito 49 O que é notável em Hegel é que ele transforma a fraseologia do burguês no conceito efetivo na essência da propriedade o que stirner reproduz fielmente São Max encontra na evolução acima o alicerce para seu enuncia do adicional de que o comunismo levantou a questão sobre o Quanto do possuir e a respondeu no sentido de que o homem deve ter tanto quanto necessita Poderá o meu egoísmo se sa tisfazer com isso eu tenho em vez disso de ter tanto quanto sou capaz de me apropriar p 349 A ideologia alemã 205 em primeiro lugar aqui devemos observar que o comunismo de modo algum se originou do 49 da Filosofia do direito de Hegel e de seu o que e quanto em segundo lugar ao comunismo sequer ocorre querer dar algo ao homem já que o comunismo de modo algum é da opinião de que o homem necessita de qualquer coisa além de uma breve ilumi nação crí tica em terceiro lugar ele impinge ao comunismo o precisar do burguês atual ao introduzir uma distinção que por sua precariedade só pode ter importância para a sociedade atual e seu retrato ideal a associa ção stirne riana de alguns gritalhões e costureiras livres stirner uma vez mais conseguiu produzir grandes discernimentos sobre o comunismo Por fim são sancho em sua exigência de ter tanto quanto ele próprio for capaz de se apropriar isso se essa exigência não desembocar por exemplo na fraseologia burguesa habitual de que cada um deve ter de acordo com sua capacidade Vermögen203 de que cada um deve ter o direito do livre ganho presume o comunismo como algo vigente e o faz a fim de poder desenvolver e afirmar livremente a sua capacidade o que de modo algum depende unicamente dele assim como sua própria capacidade não depende só dele mas também das relações de produção e intercâmbio nas quais ele vive cf adiante a associação a propósito o próprio são Max não age de acordo com sua doutrina já que em todo o seu Livro ele precisa de e consome coisas das quais ele não foi capaz de se apropriar Segundo corolário Mas os reformadores sociais nos proclamam um direito social neste o indi víduo se torna o escravo da sociedade p 246 segundo a opinião dos comunistas cada um deve usufruir dos eternos direitos do Homem p 238 sobre as expressões direito trabalho etc na forma como aparecem nos autores proletários e sobre como a crítica deve se portar diante delas falaremos na seção que trata do socialismo verdadeiro ver volume II204 No que se refere ao direito afirmamos entre muitas outras coisas a contra posição do comunismo ao direito tanto em sua modalidade política quanto na privada como também na sua forma mais genérica como direito do Ho mem Ver os DeutschFranzösische Jahrbücher p 206 ss onde o privilégio e a prerrogativa são concebidos como correspondentes à propriedade privada vinculada ao estamento e o direito é concebido como correspondente à situação da concorrência da propriedade privada livre da mesma forma o próprio direito do Homem é visto como privilégio e a propriedade privada como monopólio além disso a crítica ao direito é vista em conexão com a filosofia alemã e apresentada como consequência da crítica à religião p 72 e os axiomas do direito que devem levar ao comunismo são declaradamente concebidos como axiomas da propriedade privada do mesmo modo como o direito comum de posse é concebido como pressuposto imaginário do direito à propriedade privada p 989205 Karl Marx e Friedrich Engels 206 a propósito só mesmo a um mestreescola berlinense poderia ocorrer contrapor o discurso acima citado a um Babeuf compreendendo este últi mo como representante teórico do comunismo stirner no entanto tem a petulância de afirmar na p 247 que o comunismo o qual supõe que os homens têm os mesmos direitos por natureza refuta a sua própria tese ao dizer que os homens não têm qualquer tipo de direito por natureza Pelo fato de não querer por exemplo reconhecer que os pais têm direitos sobre os filhos ele abole a família De modo geral todo esse princípio inteiramente revolucionário ou babeufiano cf Os comunistas na Suíça relatório comissional p 3 baseiase numa visão religiosa isto é falsa um ianque vem para a Inglaterra é impedido pelo juiz de paz de açoitar seu escravo e grita indignado Do you call this a land of liberty where a man cant larrup his nigger1 são sancho expõese aqui a um duplo ridículo em primeiro lugar ele vê uma supressão dos direitos iguais dos homens no fato de que os direitos iguais por natureza das crianças são voltados contra os seus pais de que são conferidos direitos Humanos iguais tanto às crianças como aos pais em segundo lugar duas páginas antes Jacques le bonhomme relata que o estado não intervém quando o filho é surrado pelo pai porque respeita o direito de família Portanto o que por um lado ele apresenta como um direito parti cular direito de família é por ele subsumido por outro lado nos direitos do Homem iguais por natureza Por fim ele admite que só conhece Babeuf a partir do relatório Bluntschli206 ao passo que este relatório por sua vez admite p 3 ter haurido a sua sabedoria do intrépido L stein207 doutor em direito O profundo conhecimento que são sancho tem do comunismo fica evidente a partir dessa citação Assim como São Bruno é o seu corretor para assuntos de revolução são Bluntschli é seu corretor para assuntos de comunistas nesse estado de coisas tampouco deve nos admirar se algumas linhas adiante nossa versão nacional da Palavra divina reduz a fraternité 2 da Revolução à igualdade dos filhos de Deus em que dogmática cristã aparece a égalité3 Terceiro corolário Porque o princípio da comunidade culmina no comunismo o comunismo é a glória do estado do amor p 414 do estado do amor uma fabricação bem própria de são Max ele deriva nesta passagem o comunismo que nesse caso naturalmente permanece um comunismo exclusivamente stirneriano são sancho conhece apenas ou o egoísmo do indivíduo ou do outro lado a demanda das pessoas por 1 a isto você chama de país livre onde um homem não pode surrar seu próprio negro 2 fraternidade 3 igualdade A ideologia alemã 207 serviços de caridade por compaixão por esmolas Fora e acima desse di lema nada existe para ele Terceira construção lógica Porque é na sociedade que as situações mais opressivas se produzem de modo acentuado que muitos especialmente os oprimidos pensam em procurar a culpa na sociedade e atribuem a si mesmos a tarefa de descobrir a sociedade correta p 155 em contraposição stirner se atribui a tarefa de descobrir a socie dade correta para ele a sociedade sagrada a sociedade como o sagrado Os que hoje em dia são oprimidos na sociedade pensam unicamente na tarefa de instituir a sociedade correta para eles sociedade que consiste pri meiramente na abolição da atual sociedade tomando como base as forças produtivas dadas Por exemplo se numa máquina se fazem sentir situa ções opressivas se digamos ela não quer funcionar e ocorre que aqueles que precisam da máquina por exemplo para fazer dinheiro descobrem o de feito da máquina e se propõem a modificála etc então de acordo com São sancho eles se atribuem a tarefa não de consertar a máquina mas de descobrir a máquina correta a máquina sagrada a máquina como o sagrado o sagrado como a máquina a máquina no céu stirner lhes aconselha a procurar a culpa em si mesmos não é culpa deles por exemplo que eles neces sitem de uma enxada e de um arado não poderiam eles enterrar e desenterrar as batatas com as unhas O santo lhes prega sobre isso na p 156 Isso não passa de um antigo fenômeno que consiste em antes procurar a culpa nas outras coisas do que em si quer dizer no estado no egoísmo do rico quando na verdade a culpa é precisamente nossa O oprimido que procura no estado a culpa pelo pauperismo não é como incidentemente vimos acima ninguém mais que o próprio Jacques le bonhomme em segundo lugar o oprimido que se tranquiliza ao procu rar a culpa no egoísmo do rico não é uma vez mais ninguém senão Jacques le bonhomme ele poderia ter se instruído melhor a respeito dos demais oprimidos lendo Facts and Fictions do alfaiate e doutor em filosofia John Watts Poor Mans Companion de Hobson etc e em terceiro lugar quem é a pessoa a que se refere nossa culpa será a criança proletária que vem ao mundo com escrofulose é criada à base de ópio e mandada para a fábrica aos sete anos de idade será o trabalhador individual de quem se espera aqui que se revolte por conta própria contra o mercado mundial será a menina que tem de escolher entre morrer de fome ou se prostituir não mas tão somente aquele que procura em si mesmo toda a culpa isto é a culpa por toda essa situação em que o mundo se encontra atualmente ou seja uma vez mais ninguém além do próprio Jacques le bonhomme Isso não passa de um antigo fenômeno da introversão e da penitência cristãs Karl Marx e Friedrich Engels 208 em sua forma germânicoespeculativa da fraseologia idealista em que eu o Real não necessito modificar a realidade o que eu só poderia fazer junto com outros mas sim me modificar em mim É a luta interna do escritor consigo mesmo A sagrada família p 122 cf p 73 121 e 306 de acordo com são sancho portanto os oprimidos pela sociedade bus cam a sociedade adequada Para ser coerente ele deveria portanto fazer que também aqueles que buscam no estado a culpa e tratase para ele das mesmas pessoas busquem o Estado adequado Mas isso ele não pode fazer porque ouviu dizer que os comunistas querem abolir o estado É essa abolição do estado que ele tem de construir agora o que são sancho efetua uma vez mais com o auxílio do seu ruço208 a aposição de um modo que parece muito simples Porque os trabalhadores se encontram em estado de necessidade o presente estado de coisas isto é o Estado status estamento tem de ser abolido ibidem Portanto estado de necessidade presente estado de coisas presente estado de coisas estamento estado status status estado conclusão estado de necessidade estado O que pode parecer mais simples não deixa de causar admira ção que os burgueses ingleses de 1688 e os franceses de 1789 não tenham colocado as mesmas singelas reflexões e equações já que naquele tempo bem mais que hoje o estamento era status o estado disso re sulta que em toda parte onde existe o estado de necessidade o estado que naturalmente é o mesmo na Prússia e na américa do norte tem de ser abolido são sancho nos proporciona agora segundo o seu costume alguns pro vérbios salomônicos Provérbio salomônico no I p 163 Que a sociedade não é em absoluto um eu que pudesse andar etc mas um instrumento do qual podemos tirar proveito que não temos incumbên cias sociais mas simplesmente interesses que não devemos nenhum sacrifício à sociedade mas se sacrificamos algo o sacrificamos a Nós nisso os sociais não pensam porque se encontram cativos do princípio religioso e anseiam sofregamente por uma sociedade sagrada a partir disso resultam os seguintes discernimentos sobre o comu nismo 1 são sancho esqueceu completamente que foi ele mesmo que transfor mou a sociedade num eu e que por isso se encontra simplesmente em sua própria sociedade A ideologia alemã 209 2 ele acredita que os comunistas esperam que a sociedade lhes dê alguma coisa qualquer ao passo que estes quando muito querem dar a si mesmos uma sociedade 3 ele transforma a sociedade antes que esta exista num instrumento do qual quer tirar proveito sem que ele e outras pessoas tenham produzido uma sociedade ou seja esse instrumento mediante um comportamento social recíproco 4 ele acredita poder falar de incumbências e interesses em relação à sociedade comunista ou seja de dois lados mutuamente complementares de uma oposição que diz respeito meramente ao âmbito da sociedade burguesa no interesse o burguês reflexivo sempre interpõe um terceiro elemento entre ele e sua manifestação de vida um vício que em verdade aparece na sua forma clássica em Bentham cujo nariz primeiro necessita ter um interesse para somente então decidirse por cheirar cf o Livro sobre o direito ao seu nariz p 247 5 são Max acredita que os comunistas querem fazer sacrifícios à sociedade ao passo que eles querem no máximo sacrificar a sociedade vigente nesse caso ele teria de designar como um sacrifício que eles fazem a si mesmos a consciência de que sua luta é uma causa comum a todas as pessoas que cresceram sob o regime burguês 6 que os sociais estão presos ao princípio religioso e 7 que anseiam por uma sociedade sagrada são pontos que já foram resolvidos acima Vimos o quão sofregamente são sancho anseia pela sociedade sagrada a fim de por intermédio dela poder refutar o comunismo Provérbio salomônico no II p 277 Fosse o interesse pela questão social menos apaixonado e ofuscado reconhecerseia que uma sociedade não pode se tornar nova enquanto aqueles que a formam e a constituem continuarem a ser os velhos stirner acredita aqui que os proletários comunistas que revolucionam a sociedade que colocam as relações de produção e a forma do intercâmbio sobre uma nova base isto é sobre si mesmos como os novos sobre o seu novo modo de vida continuam a ser os velhos a propaganda incansá vel que esses proletários fazem as discussões que eles travam diariamente entre si comprovam suficientemente quão pouco eles mesmos querem continuar a ser os velhos e quão pouco eles de modo geral querem que os homens continuem a ser os velhos eles só continuariam a ser os ve lhos se com são sancho procurassem a culpa em si mesmos mas eles sabem muito bem que somente sob circunstâncias transformadas poderão deixar de ser os velhos e por essa razão estão decididos a modificar es sas circunstâncias na primeira oportunidade na atividade revolucionária o transformar a si mesmo coincide com o transformar as circunstâncias Karl Marx e Friedrich Engels 210 esse grande provérbio é aclarado mediante um exemplo da mesma grandeza que naturalmente é novamente extraído do mundo do sagrado se por exemplo do povo judeu surgisse uma sociedade que disseminasse uma nova fé por sobre a terra esses apóstolos não poderiam continuar a ser fariseus Os primeiros cristãos uma sociedade para disseminação da fé fundada no ano I Congregatio de propaganda fide 1 fundada em 1640209 ano I ano 1640 a sociedade que deve surgir esses apóstolos O povo judeu Fariseus cristãos não fariseus não o povo judeu O que pode parecer mais simples encorajado por essas equações são Max pronuncia placidamente esta grande palavra histórica210 Os homens bem longe de se permitirem alcançar o desenvolvimento sempre quiseram formar uma sociedade Os homens sempre bem longe de quererem formar uma sociedade contu do permitiram que apenas a sociedade alcançasse um certo desenvolvimento porque continuamente quiseram se desenvolver apenas como indivíduos isolados e por essa razão alcançaram seu próprio desenvolvimento apenas na e mediante a sociedade a propósito apenas a um santo do quilate de nosso sancho poderia ter ocorrido a ideia de separar o desenvolvimento dos homens do desenvolvimento da sociedade na qual esses homens vivem e continuar a fantasiar em cima dessa base fantástica aliás ele esqueceu a sua frase inspirada em são Bruno na qual ele há pouco colocou aos seres humanos a exigência moral de transformar a si mesmos e por esse meio transformar a sua sociedade nessa frase portanto ele identificou o desen volvimento dos seres humanos com o desenvolvimento de sua sociedade Quarta construção lógica na p 156 ele faz o comunismo dizer em contraposição aos cidadãos do estado A Nossa essência não consiste em que todos somos filhos iguais do estado mas em que todos existimos uns para os outros somos todos iguais no fato de existirmos uns para os outros de cada um trabalhar para o outro de cada um de nós ser um trabalhador então ele coloca existir como 1 congregação para a Propagação da Fé hoje congregação para a evangelização dos Povos A ideologia alemã 211 trabalhador cada um de nós existir somente mediante o outro em que portanto o outro trabalha por exemplo pela minha vestimenta eu pela sua necessidade de diversão ele por meu alimento eu por sua instrução Portanto a condição de trabalhador Arbeitertum constitui nossa dignidade e nossa igualdade Que vantagem nos traz a burguesia Ônus e qual o preço que se estipula pelo nosso trabalho tão baixo quanto possível O que podeis nos oferecer como contrapartida nada além de trabalho tão somente pelo trabalho devemos a Vós uma recompense 1 é somente por meio daquilo que Vós nos proporcionais de proveitoso que podeis demandar algo de nós Queremos valer para Vós apenas tanto quanto realizamos por Vós mas Vós deveis ser considerados da mesma maneira por nós as realizações que têm algum valor para Nós ou seja os trabalhos que beneficiam a coletividade é que determinam o valor Quem realiza algo útil não vale menos que ninguém ou todos os trabalhadores úteis à coletividade são iguais como porém o trabalhador é digno do seu salário então que seu salário também seja igual p 1578 em stirner a primeira coisa que o comunismo faz é procurar pela essência de novo como bom adolescente ele só quer descobrir o que há por detrás das coisas Para o nosso santo naturalmente não tem a menor importância que o comunismo seja um movimento extremamente prático que persegue fins práticos com meios práticos e que quando muito na Alemanha diante dos filósofos alemães pode deterse por um momento na questão da essência esse comunismo stirneriano que tanto anseia pela essência chega por isso a uma única categoria filosófica o ser um para o outro que por meio de algumas equações forçadas ser um para o outro existir somente mediante o outro existir como trabalhador universal condição de trabalhador é deslocada para mais perto do mundo empírico a propósito são sancho é desafiado a mostrar uma passagem por exemplo em Owen que como representante do comunismo inglês decerto pode valer para o comunismo tanto quanto o não comunista Proudhona do qual ele extrai e adapta a maior parte das sentenças acima em que se encontre algo das frases acima sobre essência universal condição de trabalhador etc aliás nem se faz necessário recuar tanto no tempo a revista comunista alemã A voz do povo já citada acima assim se pronuncia no terceiro caderno 1 compensação indenização a nota de rodapé riscada Proudhon o mesmo que recebeu fortes críticas do jornal operário comunista La Fraternité já em 1841 por defender salários iguais a união geral dos trabalhadores e pelas demais complicações econômicas constantes na obra desse excelente escritor o mesmo de quem os comunistas nada aceitaram além de sua crítica à propriedade Karl Marx e Friedrich Engels 212 O que hoje é chamado de trabalho constitui apenas uma reles e insignificante porção do poderoso e gigantesco processo produtivo a saber a religião e a moral conferem a honra de batizar com o nome de trabalho apenas aquele produzir que é repugnante e perigoso e ainda se atrevem além disso a aspergilo com todo tipo de máximas como se fossem bendições ou feitiços trabalhar com o suor do rosto como provação imposta por deus o trabalho adoça a vida como forma de encorajamento etc a moral do mundo em que vivemos se precavê muito conscientemente de chamar de trabalho também o intercurso humano em seus aspectos prazerosos e livres ela despreza tal intercurso embora seja ele também um produzir Ela gosta de desqualificálo como fatuidade desejo vão volúpia O comunismo desmascarou essa pregadora hipócrita a moral miserável assim são Max reduziu todo o comunismo como universal condição de trabalhador a um mesmo salário uma descoberta que se repete nas três seguintes refrações contra a concorrência erguese o princípio da socie dade dos vadios Lumpengesellschaft a distribuição acaso deveria eu alguém de muitas posses não deter nenhuma vantagem em relação a quem não tem posses p 351 adiante na p 363 ele fala de uma taxa universal sobre a atividade humana na sociedade comunista E por fim na p 350 onde ele impinge aos comunistas a ideia de que o trabalho seria o único patrimônio humano são Max portanto reintroduz no comunismo a propriedade privada em sua dupla forma como distribuição e como traba lho assalariado como já ocorreu anteriormente em relação ao roubo são Max novamente manifesta aqui as representações burguesas mais ordinárias e estreitas como seus próprios discernimentos do comunismo ele se torna plenamente digno da honra de ter sido instruído por Bluntschli e assim como autêntico pequenoburguês vemlhe o medo de que ele alguém de muitas posses não tenha nenhuma vantagem em relação a quem não tem posses muito embora ele nada tivesse a temer a não ser ficar à mercê de suas próprias posses de passagem esse alguém de muitas posses imagina que a cidadania seria algo indiferente para os proletários uma vez que ele inicialmente pressupôs que eles a teriam exatamente do mesmo modo como acima ele imagi nou que a forma de governo seria indiferente para o burguês Os trabalhado res atribuem tanta importância à cidadania isto é à cidadania ativa que onde eles a têm como nos estados unidos da américa estão jus tamente a aproveitála e onde eles não a têm querem obtêla conferir as negociações dos trabalhadores norteamericanos em inúmeros meetings toda a história do cartismo inglês e do comunismo e do reformismo franceses Primeiro corolário O trabalhador em sua consciência de que o essencial nele seria o trabalhador mantémse longe do egoísmo e se submete à soberania de uma sociedade de trabalhadores assim como o burguês se restringiu com devoção ao estado da concorrência p 162 A ideologia alemã 213 O trabalhador se restringe no máximo à consciência de que para o burguês o essencial nele é o trabalhador o qual por isso também pode afirmar a si mesmo contra o burguês como tal Quanto às duas descobertas de são sancho a saber a devoção do burguês e o Estado da concorrência podese apenas registrálas como novas provas das posses desse alguém de muitas posses Segundo corolário O comunismo deve visar ao bem de todos Isso realmente dá a impressão de que nesse caso ninguém precisa ficar para trás Mas o que seria então esse bem acaso todos têm um e o mesmo bem todos estão bem com uma e a mesma coisa se isso é assim então se trata do bem verdadeiro não chegamos desse modo exatamente naquele ponto em que a religião começa a exercer seu despotismo a sociedade decretou um certo bem como o bem verdadeiro e se esse bem se chamasse por exemplo fruição obtida pelo trabalho honesto e tu preferisses desfrutar da preguiça então a sociedade se precaveria conscientemente de providenciar aquilo que te faz bem ao proclamar o bem de todos o comunismo destrói justamente o bemestar daqueles que até agora viveram de rendas etc p 4112 se isso é assim decorrem daí as seguintes equações O bem de todos comunismo se isso é assim um e o mesmo bem de todos O bemestar igual de todos em um e mesmo bem O bem verdadeiro O bem sagrado o sagrado domínio do sagrado hierarquia211 despotismo da religião comunismo despotismo da religião Isso realmente dá a impressão como se stirner tivesse dito aqui sobre o comunismo o mesmo que disse até agora sobre todas as outras coisas O quão profundamente nosso santo discerniu o comunismo fica evi dente por sua vez no fato de ele pretender que o comunismo queira impor a título de bem verdadeiro a fruição obtida pelo trabalho honesto Quem além de stirner e de alguns mestressapateiros e mestresalfaiates berlinenses pensaria na fruição obtida pelo trabalho honestoa e como a Quem além de stirner seria capaz de pôr na boca dos proletários revolucionários amorais tais bobagens morais dos proletários que como já se sabe em todo o mundo civilizado mundo do qual Berlim que é apenas culta não faz parte têm a infame intenção de chegar à fruição não mediante o trabalho honesto mas mediante a conquista s M Karl Marx e Friedrich Engels 214 se não bastasse agora ele quer pôr isso logo na boca dos comunistas nos quais é removida a base de toda essa antítese entre trabalho e fruição Mas o santo moralista pode ficar bem tranquilo quanto a esse ponto O obter pelo trabalho honesto ficará a cargo dele e daqueles que ele sem disso ter consciência representa seus pequenos mestres de ofício arruinados pela liberdade das ocupações e moralmente revoltados também o desfrutar da preguiça é uma das mais triviais visões burguesas Mas a coroação de toda a frase é a arguta objeção burguesa que ele faz aos comunistas eles querem destruir o bemestar do rentista mas falam do bemestar de todos ele acredita portanto que na sociedade comunista ainda haverá rentistas cujo bemestar deveria ser destruído Ele afirma que o bemestar enquanto rentista é um bemestar inerente aos indivíduos que agora são rentistas algo que não pode ser separado de sua individualidade ele imagina que para esses indivíduos não pode existir nenhum outro bemestar a não ser o condicionado pelo seu serrentista ele acredita ademais que a sociedade já se encontra estabelecida em termos comunistas enquanto ainda tem de lutar contra rentistas e afinsa Os comunistas no entanto não terão problemas de consciência para derrubar a dominação dos burgueses e destruir o seu bemestar tão logo tenham poder para issob não lhes interessa de modo algum se esse bemestar que seus inimigos têm em comum em função das relações de classe também se di rige como bemestar pessoal a uma sentimentalidade pressuposta de modo estreito Terceiro corolário na p 190 levantase na sociedade comunista novamente a preocupação na forma de trabalho dessa vez o bom burguês stirner que já se alegra com a perspectiva de reencontrar no comunismo a dileta preocupação calculou mal a preo cu pa ção nada mais é que o estado de ânimo abatido e temeroso que na burguesia constitui o companheiro necessário do trabalho da atividade abjeta lumpenhaften pelo ganho escasso A preocupação floresce em sua a E por fim ele confronta os comunistas com a exigência moral de se deixar explorar tranquilamente por toda a eternidade pelos rentistas comerciantes industriais etc por que não poderiam abolir essa exploração sem ao mesmo tempo destruir o bemestar desses senhores Jacques le bonhomme que aqui se arvora a campeão dos grosbourgeois nota grandesburgueses pode se poupar o esforço de proferir prédicas moralistas aos comunistas que diariamente podem ouvilas bem melhor formuladas de seus bons burgueses s M b e eles não têm problemas de consciência justamente porque para eles o bem de todos como indivíduos de carne e osso está acima do bemestar das classes so ciais até aqui vigentes O bemestar de que o rentista desfruta como rentista não é o bemestar do indivíduo como tal mas o do rentista não é um bemestar individual mas um bemestar universal no interior dessa classe s M A ideologia alemã 215 forma mais pura no bom burguês alemão no qual ela é crônica e sempre igual a si mesma miserável e desprezível ao passo que a necessidade do proletário assume uma forma aguda e premente impeleo à luta de vida ou morte tornao revolucionário e por essa razão não produz preocupação mas paixão Ora se o comunismo quer suprassumir tanto a preocupação do burguês quanto a necessidade do proletário então é bastante evidente que ele não pode fazer isso sem suprassumir a causa de ambos o trabalho chegamos agora às construções históricas do comunismo Primeira construção histórica Enquanto a fé era suficiente para suprir a honra e a dignidade dos seres humanos não se fez nenhuma objeção ao trabalho por mais pesado que ele fosse as classes oprimidas só conseguiram suportar toda a sua miséria pelo tempo em que foram constituídas por cristãos que quando muito continuaram a ser cristãos pelo tempo que puderam suportar sua miséria pois o cristianismo situado atrás deles com o cajado não permitia que seu lamento e sua revolta se revelassem p 158 O que explica que stirner seja o único a saber tudo isso a saber sobre o que eram capazes as classes oprimidas somos informados ao ler o volume I da Allgemeine LiteraturZeitung gazeta Literária geral onde a crítica em forma de mestreenca dernador 212 cita a seguinte passagem de um livro irrelevante O pauperismo moderno assumiu um caráter político enquanto o antigo men digo carregava sua sorte com resignação e a encarava como um destino divino o novo vadio Lump se pergunta se estaria obrigado a peregrinar miseravelmente pela vida só porque casualmente nasceu em andrajos Por causa desse poder do cristianismo as lutas mais sangrentas e fero zes pela emancipação dos vassalos se deram justamente contra os senhores feudais clericais e esta se impôs apesar de todo lamento e toda revolta do cristia nismo incorporado nos padrecos cf eden History of the Poor livro I 213 guizot Histoire de la civilisation en France Monteil Histoire des Français des divers états etc ao passo que por outro lado os padrecos do baixo clero particularmente no início da Idade Média incitaram os vassalos à murmu ração e à revolta contra os senhores feudais mundanos cf entre outros o conhecido decreto capitular de carlos Magno conferir também o que foi dito acima por ocasião das agitações dos trabalhadores que emergiram aqui e ali sobre as classes oprimidas e seus levantes no século xIV as formas mais antigas dos levantes dos trabalhadores estavam ligadas ao desenvolvimento do trabalho e à forma da propriedade dados a cada momento a insurreição direta ou indiretamente comunista está ligada à grande indústria em vez de abordar essa história em seu longo percurso são Max promove uma sagrada transição das classes oprimidas pacientes para as classes oprimidas impacientes Karl Marx e Friedrich Engels 216 agora que cada um deve se formar como homem como é que por exem plo os trabalhadores catalães sabem que cada um deve se formar como homem a proscrição do homem ao trabalho maquinal maschinenmäßige coincide com a escravidão p 158 antes de espártaco e da guerra dos escravos foi portanto o cristianismo que não permitiu que a proscrição do homem ao trabalho maquinal coinci disse com a escravidão e na época de espártaco foi o conceito de homem que suprimiu essa relação e acabou por gerar a escravidão Ou teria stirner até mesmo ouvido dizer alguma coisa sobre a conexão entre as modernas agitações de trabalhadores e a maquinaria e estaria aqui querendo aludir a ela nesse caso não foi a introdução do trabalho maquinal que transformou os trabalhadores em rebeldes mas foi a introdução do conceito homem que transformou o trabalho maquinal em escravidão se isso é assim então temse realmente a impressão de que isso seria uma história única dos movimentos dos trabalhadores Segunda construção histórica a burguesia proclamou o evangelho da fruição material e agora se admira que essa doutrina encontre adeptos entre nós proletários p 159 Há pouco os trabalhadores queriam tornar real o conceito do Homem o sagrado agora querem tornar real a fruição material o mundano acima a canseira do trabalho agora somente o trabalho da fruição são sancho fustiga aqui ambas sus valientes posaderas 1 primeiro a história material em seguida a história stirneriana sagrada de acordo com a história material foi a aristocracia quem pela primeira vez colocou o evangelho da fruição mundana no lugar da fruição do evangelho foi em favor da aristocracia que a sóbria burguesia num primeiro momento pôsse ao trabalho e com muita astúcia relegoua à fruição que à burguesia era vedada por suas próprias leis foi nessa ocasião que o poder da aristocracia passou em forma de dinheiro para o bolso dos burgueses de acordo com a história stirneriana a burguesia se contentou com buscar o sagrado prestar culto ao estado e transformar todos os objetos existen tes em objetos representados e foi preciso que surgissem os jesuítas para salvar o sensível da extinção completa de acordo com essa mesma história stirneriana foi mediante a revolução que a burguesia tomou todo o poder para si portanto também o seu evangelho o da fruição material embora de acordo com essa mesma história stirneriana tenhamos chegado no ponto em que apenas ideias governam o mundo a hierarquia stirneriana agora se localiza portanto entre ambas posaderas2 1 suas duas possantes nádegas 2 entre as duas nádegas A ideologia alemã 217 Terceira construção histórica p 159 depois de a burguesia ter se libertado do comando e da arbitrariedade de alguns indivíduos restou aquela arbitrariedade que brota da conjuntura das relações e que pode ser chamada de casualidade das circunstâncias restaram a sorte e os favorecidos pela sorte são sancho faz então que os comunistas descubram uma lei e uma nova ordem que põe fim a essas oscilações essa coisa aí das quais ele só sabe que os comunistas devem agora exclamar Que esta ordem seja pois sagrada quando ele teria antes de bradar Que a desordem das minhas fantasias seja a ordem sagrada dos comunistas aqui está a sabedoria apocalipse de João 1318 Quem tiver entendimento que pondere o número dos absurdos que stirner tão prolixo e sempre tão generoso concentra aqui em poucas linhas em sua formulação mais geral a primeira frase quer dizer o seguinte de pois que a burguesia aboliu o feudalismo restou a burguesia Ou depois que na imaginação de stirner a dominação das pessoas fora abolida restava fazer justamente o contrário Pois isso dá realmente a impressão de que se poderia estabelecer uma conexão direta entre as épocas históricas mais remotas conexão esta que é a conexão sagrada a conexão como o sagrado a conexão no céu essa frase de são sancho aliás não se contenta com o absurdo acima em seu mode simple 1 ele se propõe a levar o absurdo até o mode composé e bicomposé2 Ou seja em primeiro lugar são Max acredita nos burgueses que libertam a si mesmos quando estes dizem que ao libertarem a si mesmos do comando e da arbitrariedade de alguns indivíduos estariam libertando toda a massa da sociedade em geral do comando e da arbitrariedade de alguns indivíduos em segundo lugar na realidade eles não se libertaram do coman do e arbitrariedade dos indivíduos mas sim da dominação da corporação da guilda dos estamentos e consequentemente apenas então puderam exercer em relação aos trabalhadores comando e arbitrariedade como efetivos burgueses individuais terceiro eles apenas suprimiram a aparência plus ou moins3 idealista do comando e da arbitrariedade até então exercidos pelos indivíduos para no seu lugar estabelecer esse mesmo comando e essa mesma arbitrariedade em toda a sua rudeza material ele o burguês não queria mais ver seu comando e arbitrariedade limitado pelo comando e arbitrariedade do poder político até então concentrado no monarca na nobreza e na corporação mas no máximo pelos interesses gerais de toda a classe burguesa que foram expressos pelos burgueses nas leis ele nada mais fez que suprimir o comando e a arbitrariedade que se exercia sobre o comando e a arbitrariedade do burguês individual ver Liberalismo político 1 modo simples 2 modo composto e bicomposto214 3 mais ou menos Karl Marx e Friedrich Engels 218 Ora tendo são sancho deixado que a conjuntura das relações que me diante a dominação da burguesia se tornou uma conjuntura bem diferente de relações bem diferentes restasse como a categoria universal conjuntura etc em vez de realmente analisála e tendoa brindado com o nome ainda mais impreciso de casualidade das circunstâncias como se o comando e a arbitrariedade de alguns indivíduos não fossem eles mesmos uma con juntura das relações tendo ele portanto eliminado desse modo a base real realen do comunismo a saber a conjuntura determinada das relações sob o regime burguês agora ele também pode transformar esse comunismo aéreo no seu comunismo sagrado Pois isso dá realmente a impressão de que stirner é um homem de riqueza apenas ideal histórica imaginária o vadio consumado vollendete Lump Ver o Livro p 362 essa grande construção ou antes a sua premissa maior é repetida uma vez mais na p 189 com muita ênfase da seguinte forma O liberalismo político suprimiu a desigualdade entre senhores e servos ele tornou tudo sem senhor anárquico o senhor foi então afastado do indi víduo do egoísta para tornarse um fantasma a lei ou o estado dominação de fantasmas hierarquia ausência de senhor domi nação dos burgueses onipotentes como vemos essa dominação de fantasmas é antes a dominação dos muitos senhores realmente existentes portanto o comunismo poderia com a mesma razão ser concebido como a libertação dessa dominação dos muitos o que são sancho todavia não podia fazer pois isso teria derrubado tanto suas construções lógicas do comunismo como também toda a construção dos Livres Mas é assim em todo o Livro uma única conclusão extraída das próprias premissas do nosso Santo um único fato histórico joga por terra fileiras inteiras de discer ni mentos e resultados Quarta construção histórica na p 350 são sancho deriva o comunismo diretamente da abolição da servidão I Premissa maior Foi um avanço extraordinário quando o homem impôs a outrem que ele fosse contemplado como proprietário desse modo foi suprimida a servidão e cada um que até ali fora propriedade passou a ser senhor no mode simple 1 do absurdo isso significa a servidão foi suprimida tão logo foi suprimida O mode composé2 desse absurdo é são sancho acreditar que por meio da sagrada contemplação do contemplar e ser contem plado alguém se tenha tornado proprietário ao passo que a dificuldade real consistiu em tornarse proprietário e a contemplação se assentou por si mesma posteriormente e o mode bicomposé3 é que depois que a supres 1 modo simples 2 modo composto 3 modo bicomposto A ideologia alemã 219 são da servidão que no começo ainda era supressão particular começara a desdobrar suas consequências e desse modo tornarase universal não se podia mais impôr a outrem que se fosse contemplado como digno de ter propriedade os que eram tidos como propriedade se tornaram demasia do dispendiosos para seus proprietários que portanto a massa mais nume ro sa dos que até ali haviam sido propriedade isto é trabalhadores forçados não se tornaram com isso senhores mas sim trabalhadores livres II Premissa menor histórica que abrange cerca de oito séculos e cuja grande significação certamente não se perceberá cf Wigand p 194 Porém de agora em diante o teu ter e os teus teres não mais serão suficientes e não mais serão reconhecidos em contraposição aumentará o valor do teu trabalhar e do teu trabalho consideramos agora o teu manejo das coisas tal como antes a tua posse dessas coisas teu trabalho é teu patrimônio És agora senhor ou proprietário daquilo que foi trabalhado não daquilo que foi herdado ibidem de agora em diante não mais em contraposição agora como antes agora ou não tal é o conteúdo dessa frase apesar de stirner ter agora chegado ao ponto em que tu a saber szeliga és senhor daquilo que foi trabalhado não daquilo que foi herdado ocorrelhe agora todavia que no presente está a ocorrer exatamente o contrário e isso o faz dar à luz o comunismo como um aborto da natureza saído dessas duas premissas monstruosas III Conclusão comunista como porém nO Presente tudo é herdado e cada centavo que possuis traz não a efígie do trabalho mas a da herança cúmulo do absurdo assIM tudo tem de ser refundido a partir disso szeliga pode agora imaginarse como tendo chegado tanto à época do surgimento e ocaso das comunas medievais quanto ao comunismo do século xIx e com isso apesar de tudo aquilo que foi herdado e tra balhado são Max não chegou a nenhum bom manejo das coisas mas no máximo ao ter do absurdo Amantes de construções ainda podem verificar na p 421 como São Max depois de ter construído o comunismo a partir da servidão passa a construílo ainda como servidão sob um senhor feudal a sociedade de acordo com o mesmo modelo sob o qual mais acima o meio pelo qual adquirimos algo foi transformado no sagrado por cuja graça algo nos é dado agora apenas para concluir vejamos ainda alguns discernimentos sobre o comunismo que resultam das premissas acima Primeiramente stirner nos dá uma nova teoria da exploração que con siste em que o trabalhador numa fábrica de alfinetes trabalha somente um fragmento faz apenas o jogo do outro e por este outro é usado explorado p 158 Karl Marx e Friedrich Engels 220 nesse ponto stirner descobre portanto que os trabalhadores de uma fábrica se exploram mutuamente porque fazem o jogo uns dos outros enquanto o fabricante que nem sequer joga tampouco está em condições de explorar os trabalhadores stirner dá aqui um exemplo contundente do triste lugar para onde os teóricos alemães foram removidos pelo comunis mo eles são obrigados agora a ocuparse também com coisas profanas tais como fábricas de alfinetes etc e ao fazêlo comportamse como verdadeiros bárbaros como índios Ojibwa e como neozelandeses em contraposição consta agora no comunismo stirneriano loc cit Todo trabalho deve ter a finalidade de proporcionar satisfação para o ho mem Por essa razão ele o homem também tem de tornarse mestre no trabalho isto é deve poder realizálo em sua totalidade O homem tem de tornarse mestre O homem continua a ser fa bricador de cabeças de alfinete mas tem a consciência tranquilizadora de que cabeças de alfinete fazem parte do alfinete e que ele pode fazer o alfinete todo a canseira e o asco que a eterna repetição da fabricação de cabeças de alfinete produz são transformados por essa consciência em satisfação do homem Ó Proudhon discernimento adicional como os comunistas declaram que só a atividade livre é a essência iterum Crispinus 1 do homem eles necessitam como toda disposição laboriosa de um domingo uma enlevação e edificação ao lado de seu trabalho estúpido abstraindo da essência do homem que aqui foi inserida o infeliz sancho tem de transformar a atividade livre isto é aquilo que para os comunistas é a exteriorização vital criadora decorrente do livre desen volvimento de todas as capacidades para falar a língua de stirner a exterio rização vital do camarada inteiro em trabalho estúpido pois sobretudo um berlinense como ele pode perceber que não se trata aqui do árduo trabalho de pensar Por essa simples transformação os comunistas também podem agora ser convertidos em disposição laboriosa com a laboriosidade do burguês naturalmente o homem pode voltar a encontrar o seu domingo no comunismo p 161 O lado domingueiro do comunismo consiste em que o comunista vislumbra em ti o homem o irmão O comunista aparece aqui portanto como homem e como trabalha dor são sancho dá a isso o nome de loc cit uma dupla alocação do homem pelo comunista uma para o cargo do ganho material e outra para o cargo do ganho espiritual 1 de novo crispinus A ideologia alemã 221 aqui portanto ele reintroduz até mesmo o ganho e a burocracia no comunismo que por esse meio certamente alcança sua finalidade última e deixa de ser comunismo aliás ele é obrigado a fazer isso porque posterior mente na sua associação cada um obtém igualmente uma dupla alocação como homem e como Único ele legitima provisoriamente esse dualismo impingindoo ao comunismo um método que voltaremos a encontrar no seu tratamento acerca da vassalagem e da realização do valor na p 344 stirner crê que os comunistas querem resolver amiga velmente a questão da propriedade e na p 413 diz que eles chegam a apelar para o espírito de abnegação das pessoas e para a disposição de autorrenúncia dos capitalistasa dentre os burgueses comunistas surgidos desde a época de Babeuf aqueles poucos que não eram revolucionários tornaramse muito escassos a grande massa dos comunistas é em todos os países revolucionária Qual a opinião dos comunistas sobre a disposição de autorrenúncia dos ricos e sobre a abnegação das pessoas pode ser vista por são Max a partir de algumas passagens de cabet que é justamente o comunista que mais pode dar a impressão de estar a apelar para o dévoûment para a abnegaçãob tais passagens são destinadas aos republicanos e par ticularmente ao ataque contra o comunismo desferido pelo senhor Buchez que em Paris ainda tem sob seu comando um pequeno número de traba lhadores da mesma forma com a abnegação dévoûment esta é a doutrina do senhor Buchez desta feita despida de sua forma católica porque o senhor Buchez sem dúvida teme que sua catolicidade enoje e repugne a massa dos trabalhadores Para que se cumpra dignamente com seu dever devoir diz Buchez fazse necessária a abnegação dévoûment compreenda quem puder tamanha diferença entre devoir e dévoûment exigimos abnegação de todos tanto para a grande unidade nacional quanto para a associação dos trabalhadores é necessário que estejamos unidos sempre abnegados dévoués uns pelos outros É necessário é necessário isto é fácil de dizer e de há muito se diz isso e dirseá isso ainda por muito tempo sem o menor êxito caso não se concebam outros meios Buchez lamenta o egoísmo dos ricos mas de que servem tais lamúrias Buchez declara inimigos todos aqueles que não querem se devouieren 1 a são Max novamente se atribui aqui a sabedoria do agarrar e bater como se toda a sua arenga sobre o proletariado revoltoso não fosse uma paródia desastrada de Weitling e de seu proletariado rapace de Weitling um dos poucos comunistas que ele conhece graças a Bluntschli s M b na França todos os comunistas levantam contra os sansimonistas e fourieristas a crítica de pacificidade e se distinguem destes principalmente por terem desistido de toda solução amigável assim como na Inglaterra os cartistas se distinguem dos socialistas principalmente pelo mesmo critério s M 1 abnegar Karl Marx e Friedrich Engels 222 se diz ele movido pelo egoísmo um homem se recusa a abnegarse em favor de outro o que se deve fazer responderemos imediatamente sem hesitar a sociedade sempre tem o direito de nos tomar aquilo que o nosso próprio dever Pflicht exige que abneguemos a abnegação é o ú nico meio de cumprir seu dever cada um de nós deve se abnegar em toda parte e o tempo todo aquele que por egoísmo negase a cumprir seu dever de dedicação tem de ser obrigado a isso assim Buchez exorta todos os homens abnegaivos abnegaivos não penseis em outra coisa a não ser em abnegarvos Por acaso isso não significa desconhecer a natureza humana e calcála com os pés não seria essa uma visão errônea Quase di ríamos uma visão pueril e insossa Réfutation des doctrines de lAtelier por cabet p 1920 cabet passa então a demonstrar p 22 ao republicano Buchez que ele necessariamente chegará a uma aristocracia da abnegação com diversos níveis e questiona ironicamente O que fazer agora com o dévoûment Onde colocar o dévoûment se a única razão para abnegarse devouiert é alcançar os níveis mais altos da hierarquia um sistema como esse poderia surgir na cabeça de quem quisesse se tornar papa ou cardeal mas na cabeça de trabalhadores O senhor Buchez não quer que o trabalho se transforme num divertimento agradável nem que o homem trabalhe pelo seu próprio bemestar nem que crie novas fruições para si Ele afirma que o homem foi posto na terra tão somente para cumprir uma função um dever une fonction un devoir não prega ele aos comunistas o homem essa grande potência não foi criado em função de si mesmo na point été fait pour luimême esta é uma ideia grosseira O homem é um obreiro ouvrier no mundo ele tem de realizar a obra œuvre que foi imposta à sua atividade pela moral este é o seu dever Jamais percamos de vista que temos uma elevada função une haute fonction a cumprir uma função que teve início nos primeiros dias do homem e só terá fim juntamente com a humanidade Mas quem foi que revelou todas essas belas coisas ao senhor Buchez Mais qui a révelé toutes ces belles choses à M Buchez luimême o que stirner traduziria como de onde é que Buchez sabe tudo isso que o homem deve fazer Du reste comprenne qui pourra 1 Buchez prossegue como teria sido necessário que o homem esperasse milhares de séculos para aprender de vós comunistas que ele foi feito em função de si mesmo e que não possui nenhuma outra finalidade a não ser viver em todas as fruições possíveis Mas não podemos nos enganar dessa maneira não podemos esquecer que fomos feitos para trabalhar faits pour travailler para trabalhar sempre e que a única coisa que podemos exigir é o necessário para viver la suffisante vie isto é um bemestar que seja suficiente para que possamos exercer ade quadamente a nossa função Fora desse âmbito é tudo absurdo e perigoso Mas então que o sr apresente as provas Que o sr prove e que o sr não se contente com oraculizar como um profeta Logo de saída o sr fala de milhares de séculos e ademais quem diz que se esperou por nós em todos os séculos Mas vós decerto fostes aguardados com todas as vossas teorias do dévoûment devoir nationalité française association ouvrière1 Por fim diz 1 de resto compreenda quem puder A ideologia alemã 223 Buchez pedimos a vós que não vos sintais ofendidos por aquilo que dissemos somos igualmente franceses corteses e igualmente vos pedi mos que não vos sintais ofendidos p 31 Crede em nós diz Buchez existe communauté2 uma que foi edificada há muito tempo e da qual vós também sois membros crede em nós Buchez conclui cabet tornaivos comunista abnegação dever dever social direito da sociedade a voca ção a destinação do homem trabalhador da vocação do homem obra moral associação de trabalhadores produzir o indispensável à vida não são essas as mesmas coisas que são sancho censura nos comunistas por cuja falta o senhor Buchez responsabiliza os comunistas cujas solenes acusações são escarnecidas por cabet Já não está presente aqui até mesmo a hierarquia de stirner Por fim São Sancho desfere o golpe de misericórdia no comunismo ao emitir a seguinte frase p 169 ao removerem também a propriedade Eigentum os socialistas não atentam para o fato de que ela assegura uma continuidade na peculiaridade Eigenheit acaso somente dinheiro e bens constituem propriedade ou cada opinião pessoal Meinung é um Meu Mein algo próprio Eigenes devese portanto suprimir ou tornar impessoal toda opinião pessoal Ou a opinião pessoal de são sancho seria na medida em que ela não se torna também a opinião de outros um comando dado a algo talvez até à opinião alheia Aqui quando São Max afirma contra o comunismo o capital de sua opinião pessoal ele nada mais faz por sua vez do que levantar contra ele as mais velhas e triviais objeções burguesas e acredita ter dito algo novo pois para ele o berlinense culto215 essas banalidades são novas Há mais ou menos trinta anos e mais tarde no livro aqui citado Destutt de Tracy em meio a muitos outros e posteriormente a eles disse a mesma coisa de forma bem melhor Por exemplo Instruiuse formalmente o processo contra a propriedade e apresentaramse as razões a favor e contra ela como se dependesse de nós decidir se haverá propriedade ou não neste mundo mas isso significa desconhecer completa mente nossa natureza Traité de la volonté Paris 1826 p 18 Em seguida o senhor Destutt de Tracy se põe a provar que propriété in dividualité e personalité 3 são idênticas que no moi4 também reside o mien5 e descobre uma base natural para a propriedade privada no fato de a natureza ter dotado o homem com uma propriedade inevitável e ina lienável a de seu indivíduo p 17 O indivíduo vê nitidamente que 1 abnegação dever nacionalidade francesa asso ciação obreira 2 comunidade 3 pro priedade individualidade e personalidade 4 eu 5 meu Karl Marx e Friedrich Engels 224 esse eu é o proprietário exclusivo do corpo que ele anima dos órgãos que ele move de todas as suas capacidades de todas as suas forças de todos os efeitos que elas produzem de todas as suas paixões e ações porque tudo isso termina e começa com esse eu existe unicamente por meio dele é movido unicamente por sua ação e nenhuma outra pessoa pode aplicar esses mesmos instrumentos nem ser afetada por eles do mesmo modo p 16 a propriedade existe se não exatamente em toda parte onde existe um indivíduo sensível ao menos em toda parte onde existe um indivíduo querente p 19 Depois de ter assim identificado propriedade privada e personalidade Destutt de Tracy tira a seguinte conclusão de propriété 1 e propre2 a exemplo do que fez stirner mediante o jogo de palavras com Mein meu e Meinung opinião própria Eigentum propriedade e Eigenheit peculia ridade Portanto é totalmente inútil discutir sobre se não seria melhor se cada um de nós não tivesse nada próprio de discuter sil ne vaudrait pas mieux que rien ne fût propre à chacun de nous em todos os casos isso significa perguntar se não seria desejável que fôssemos totalmente diferentes do que somos ou mesmo analisar se não seria melhor se nem mesmo fôssemos p 22 tratase de objeções extremamente populares contra o comunismo que já se tornaram tradicionais e justamente por isso não é de admirar que stirner as repita Quando o burguês de mentalidade estreita diz para os comunistas ao suprimirdes a propriedade isto é minha existência como capitalista como proprietário de terras como fabricante e a vossa existência como trabalha dores suprimis a minha e a vossa individualidade ao tornardes impossí vel que eu explore a vós trabalhadores e embolse meus lucros juros ou rendimentos tornais impossível que eu exista como indivíduo Portanto quando o burguês explica aos comunistas ao suprimirdes a minha existência como burguês suprimis a minha existência como indivíduo quando dessa maneira ele na qualidade de burguês identificase consigo mesmo como indivíduo então se pode ao menos mostrar reconhecimento pela franqueza e pelo descaramento Para o burguês este é realmente o caso ele só acredita ser indivíduo na medida em que é burguês Mas o absurdo só começa a se tornar solene e sagrado no momento em que os teóricos da burguesia entram em cena e conferem a essa afirmação uma ex pressão universal ao identificar também teoricamente a proprie dade do burguês com a individualidade e ao querer justificar logicamente essa identificação stirner refutou acima a supressão comunista da propriedade privada ao converter a propriedade privada no ter e em seguida ao declarar o verbo ter uma palavra indispensável uma verdade eterna pois também 1 propriedade 2 próprio A ideologia alemã 225 na sociedade comunista poderia ocorrer de ele ter dor de barriga exa tamente do mesmo modo ele fundamenta aqui a impossibilidade de se abolir a propriedade privada transformandoa no conceito da propriedade explorando o nexo etimológico entre propriedade e próprio e declaran do a palavra próprio uma verdade eterna pois também sob o regime comunista pode ocorrer que alguma dor de barriga lhe seja própria todo esse absurdo teórico que busca asilo na etimologia seria impossível se a proprie dade privada real que os comunistas querem suprimir não tivesse sido transformada no conceito abstrato a propriedade com esse expedien te poupase por um lado o esforço de dizer ou até mesmo de saber algo sobre a propriedade privada real e por outro lado podese facilmente chegar a descobrir uma contradição no comunismo ao se conseguir de fato detec tar neste último após a supressão da propriedade real todo tipo de coisas que se deixam subsumir à propriedade na realidade porém a coisa se dá exatamente no sentido inversoa na realidade eu só tenho propriedade privada na medida em que possuo algo negociável ao passo que minha peculia ridade pode perfeitamente ser inegociável Meu casaco só é minha propriedade privada enquanto eu puder ao menos negociálo trocálo ou vendêlo enquanto ele for negociável Ao perder essa qualidade ao ficar desgastado ele ainda pode ter todo tipo de qualidades que o tornam valioso para mim e pode inclusive tornarse minha peculiaridade e transformarme num indivíduo andrajoso Mas a nenhum economista ocorreria classificálo como minha propriedade privada já que ele não mais me dá qualquer poder sobre a mais ínfima quantidade de trabalho alheio Já o jurista o ideólogo da propriedade privada ainda pode tagarelar algo nesse sentido a propriedade privada aliena não apenas a individualida de do homem mas também a das coisas O solo nada tem a ver com a renda territorial a máquina nada tem a ver com o lucro Para o proprietário de terras o solo significa unicamente renda territorial ele arrenda suas parcelas de terra e embolsa a renda uma qualidade que o solo pode perder sem perder qualquer uma de suas quali dades inerentes sem perder por exemplo uma parte de sua fertilidade uma qualidade cuja proporção e até a existência depende de relações sociais que são estabelecidas e superadas sem a participação do proprietário fundiário individual O mesmo se dá com a máquina Shakespeare já sabia melhor do que o nosso teorizador pequenoburguês quão pouco o dinheiro a forma mais universal da propriedade tem a ver com a singularidade pessoal e o quanto lhe é inclusive contraposto a Isto propriedade privada real é exatamente a coisa mais universal que não tem absolu ta mente nada a ver com a individualidade e que inclusive a derruba na mesma propor ção em que sou considerado como proprietário privado deixo de ser considerado como indivíduo uma frase que os casamentos por dinheiro diariamente comprovam s M Karl Marx e Friedrich Engels 226 esta quantidade de ouro bastaria para transformar o preto em branco o feio em belo o falso em verdadeiro o baixo em nobre o velho em jovem o covarde em valente este escravo vermelho216 vai fazer adorar a lepra lívida é isto que decide a viúva inconsolável a casarse novamente e que perfuma e embalsama como um dia de abril aquela perante a qual os senadores entregariam a garganta o hospital e as úlceras em pessoa deus visível que soldas as coisas absolutamente contrárias da natureza obrigandoas a se abraçar217 numa palavra renda territorial lucro etc os modos reais de existência da propriedade privada são relações sociais correspondentes a um certo estágio da produção e relações individuais somente enquanto ainda não se converteram em amarra das forças produtivas existentes De acordo com Destutt de Tracy a maioria dos homens os proletários deve ter perdido há muito tempo toda a individualidade embora hoje em dia se tenha a impressão de que é exatamente entre eles que a individualidade mais se desenvolve Para o burguês é tanto mais fácil demonstrar a partir de sua linguagem a identidade das relações mercantis e individuais ou tam bém das relações puramente humanas quanto mais essa própria linguagem é um produto da burguesia razão pela qual as relações de regateio foram na linguagem assim como na realidade transformadas em funda mento de todas as demais Por exemplo propriété propriedade e qualidade própria property propriedade e característica própria isto é o próprio no sentido mercantilista e no sentido individual valeur value valor commerce comércio échange exchange troca etc que podem ser empregados tanto para relações comerciais quanto para qualidades e relações de indivíduos como tais nas demais línguas modernas acontece exatamente a mesma coisa se são Max tiver a séria intenção de explorar essa ambiguidade ele poderá fazer uma série brilhante de novas descobertas econômicas sem conhecer sequer uma só palavra de economia pois também seus novos fatos econômicos que serão posteriormente registrados mantêmse inteiramente dentro desse círculo da sinonímia O cordato e crédulo Jacques leva tão ao pé da letra o jogo de palavras do burguês sobre propriedade e qualidade própria assumeo com uma serie dade tão sagrada que até se empenha para adotar um comportamento de proprietário privado em relação a suas próprias qualidades como veremos mais tarde Na p 421 finalmente Stirner ensina ao comunismo que não se a saber o comunismo ataca na verdade a propriedade mas a alienação da propriedade A ideologia alemã 227 nessa nova revelação são Max apenas repete uma velha artimanha já explorada de muitas maneiras por exemplo pelos sansimonistas cf por exemplo Leçons sur lindustrie et les finances 218 Paris 1832 onde entre outras coisas dizse o seguinte a propriedade não será eliminada mas sua forma será transformada então ela se tornará a verdadeira personificação então receberá seu verdadeiro caráter individual p 423 essa frase de efeito formulada pelos franceses e levada ao extremo par ticularmente por Pierre Leroux foi acolhida com agrado pelos socialistas especulativos alemães especulada à exaustão até dar ocasião a maquinações reacionárias e vigarices práticas portanto aqui onde ela nada significa tampouco nos ocuparemos dela mas apenas mais adiante por ocasião do socialismo verdadeiro agrada a são sancho transformar os proletários e assim também os comunistas em vadios de acordo com o exemplo de Wöniger que é explorado por Reichardt Na p 362 ele define o seu vadio Lumpen como um homem dotado apenas de riqueza ideal se um dia os vadios stirnerianos a exemplo dos mendigos parisienses do século xV fundarem um reinado dos vadios são sancho certamente será o vadiorei já que ele é vadio consumado um homem que não é dotado nem de riqueza ideal e que em consequência se nutre dos juros obtidos do capital de sua opinião própria C O liberalismo humano depois de ter ajeitado a seu gosto o liberalismo e o comunismo como modos de existência incompletos do homem filosófico e assim de toda a filosofia alemã mais recente o que ele tinha todo o direito de fazer já que na alema nha não só o liberalismo mas também o comunismo assumiu uma forma simultaneamente pequenoburguesa e profusamente ideológica tornouse fácil para São Max apresentar as formas mais recentes da filosofia alemã aquilo que ele chama de liberalismo humano como sendo o liberalismo e o comunismo consumados e ao mesmo tempo como crítica de ambos dessa sagrada construção decorrem então as seguintes três divertidas mutações cf também a economia do antigo testamento 1 O indivíduo não é o homem razão pela qual ele não vale nada nenhuma vontade pessoal ordenança cujo nome se mencionará sem senhor liberalismo político do qual já tratamos acima 2 O indivíduo nada tem de humano razão pela qual não vale nenhum Meu nem teu ou propriedade sem posse comunismo do qual igualmente já tratamos 3 O indivíduo deve na crítica dar lugar ao homem que somente agora foi encontrado sem deus identidade de sem senhor e sem posse Karl Marx e Friedrich Engels 228 liberalismo humano p 1801 na exposição mais detalhada desta última unidade negativa a inabalável ortodoxia de Jacques se concentra no seguinte apogeu p 189 O egoísmo da propriedade perdeu a última coisa que possuía quando tam bém o Meu deus perdeu o sentido pois grandioso Pois deus só é quando traz no coração a salvação do indivíduo assim como este busca nele sua salvação de acordo com isso o burguês francês só teria perdido sua última pro priedade quando a palavra adieu 1 tivesse sido banida da língua Bem em consonância com a construção feita até este momento aqui serão declarados como a suprema propriedade e como última âncora desta última a proprie dade em deus a sagrada propriedade no céu a propriedade da fantasia e a fantasia da propriedade A partir dessas três ilusões sobre o liberalismo o comunismo e a filosofia alemã ele ferve a mistura de sua nova desta vez graças ao sagrado a última transição para o Eu antes de acompanhálo nisso queremos lançar mais um olhar sobre sua última árdua batalha de vida ou morte contra o liberalismo humano tendo sancho o nosso bom homem no seu novo papel de caballero andan te2 mais precisamente no de caballero de la tristisima figura3 percorrido toda a história combatido e derrubado com o sopro em toda parte espíritos e fantasmas dragões e avestruzes sátiros e duendes fuinhas e abutres pelicanos e ouriços cf Isaías 341114 deve estar se sentindo muito bem agora quando finalmente depois de ter percorrido todas essas terras tão diferentes pode aportar na sua ilha Baratária219 na terra como tal onde o homem anda in puris naturalibus4 recordemos outra vez a sua grande sentença o dogma que lhe foi posto no lombo sobre o qual repousa toda a sua construção histórica o dogma de que as verdades que resultam do conceito do homem são veneradas justamente como revelações desse conceito e consideradas como sagradas às reve lações desse conceito sagrado não seria retirada a santidade nem mesmo pela abolição de muitas verdades manifestadas através desse conceito p 51 não precisamos repetir o que demonstramos ao santo autor com o auxílio de todos os seus exemplos a saber que posteriormente se constrói descre ve imagina consolida e justifica como revelação do conceito homem aquilo que são relações empíricas produzidas pelos seres humanos reais em seu intercâmbio real mas de modo algum pelo conceito sagrado do homem chamemos à memória também a sua hierarquia Passemos ao libera lismo humano 1 adeus 2 cavaleiro andante 3 cavaleiro da tristíssima figura 4 na pura condição natural A ideologia alemã 229 na p 44 onde são Max sucintamente contrapõe a visão teológica de Feuerbach com a nossa nada é contraposto a Feuerbach num primeiro momento a não ser um palavrório como já vimos na fabricação dos espíritos ocasião em que stirner coloca o seu estômago entre as estrelas o terceiro dióscuro220 patrono que protege os marinheiros do enjoo porque ele e o seu estômago são nomes diferentes para coisas totalmente distintas p 42 assim também a essência aparece aqui primeiramente como coisa existente e assim consta então na p 44 a essência suprema é de fato a essência do homem mas é justamente por ser a sua essência e não ele próprio que acaba dando totalmente no mesmo se a vemos fora dele e a contemplamos como deus ou se a descobrimos dentro dele e a denominamos essência do homem ou o homem Eu não sou nem deus nem o homem nem a suprema essência nem a Minha essência e por essa razão em seu aspecto decisivo dá no mesmo se eu penso a essência em Mim ou fora de Mim a essência do homem é aqui pressuposta portanto como uma coisa existente ela é a suprema essência ela não é eu e são Max em vez de dizer algo sobre a essência limitase à simples explicação de que é indiferente221se eu penso a essência em Mim ou fora de Mim se a penso neste ou naquele local Mas essa indiferença em relação à essência não é de modo algum mera negligência de estilo o que fica evidente já pelo fato de que ele próprio faz a diferenciação entre essencial e inessencial que nele mesmo pode figurar inclusive a nobre essência do egoísmo p 71 a propósito tudo o que até aqui foi dito sobre essência e inessência pelos teóricos alemães já se encontra muito melhor formulado por Hegel na Lógica A ilimitada fé ortodoxa de Stirner nas ilusões da filosofia alemã pode ser encontrada de forma concentrada no fato de ele continuamente impin gir à história o homem como única pessoa atuante e acreditar que o ho mem tenha feito a história agora voltaremos a encontrar isso também em Feuerbach cujas ilusões ele acolhe com toda a credulidade a fim de continuar a construir sobre elas tudo o que Feuerbach efetua é uma inversão de sujeito e predicado dando prefe rência a este último Mas como ele mesmo diz que O amor não é sagrado pelo fato de e ele jamais foi considerado sagrado pelos homens por essa razão ser um predicado de deus mas sim é um predicado de deus por ser divino por si e para si mesmo ele mesmo pôde descobrir que a luta contra os predicados tinha de ser inaugurada a luta contra o amor e todas as santidades como poderia ele esperar que os homens se afastassem de Deus se lhes deixava o divino e se para eles como diz Feuerbach deus mesmo nunca foi o principal e sim apenas os seus predicados então ele poderia pelo menos deixarlhes as miçangas por mais algum tempo já que a boneca o cerne propriamente dito permanecia tal como era p 77 Karl Marx e Friedrich Engels 230 Portanto o fato de o próprio Feuerbach dizêlo é razão suficiente para que Jacques le bonhomme nele acredite quando Feuerbach diz que para os homens o importante teria sido o amor porque ele é divino por si e para si mesmo agora se de fato ocorreu justamente o inverso daquilo que Feuerbach diz e nós nos atrevemos a dizer isso Wigand p 157 se para os homens nem deus nem os seus predicados jamais foram o principal se até isso não foi mais do que a ilusão religiosa da teoria alemã então sucede com o nosso sancho o mesmo que já lhe sucedeu em cervantes222 quando lhe puseram quatro estacas debaixo da sela enquanto ele dormia e tiraram o seu ruço de baixo dele apoiado nesses enunciados de Feuerbach sancho dá início ao combate que igualmente já está prefigurado no capítulo dezenove de Cervantes223 onde o ingenioso hidalgo 1 luta contra os predicados os mascarados que estão a levar o cadáver do mundo à sepultura e que tolhidos por seus talares e mantos de luto não conseguem se mexer e facilitam ao nosso hidalgo a tarefa de derrubálos com sua lança e surrálos a gosto a última tentativa de con tinuar a explorar a crítica à religião já açoitada até a exaustão como uma esfera própria de manterse dentro dos pressupostos da teoria alemã e não obstante dar a impressão de se estar saindo de seu âmbito de ainda cozinhar para o Livro com esse osso que já foi roído até a última fibra uma farta sopa de mendigo à moda rumford tal tentativa consistiu em combater as relações materiais não na sua forma real nem mesmo na forma da ilusão profana daqueles que na prática se encontram presos no mundo atual mas no estrato celestial de sua forma profana como predicados como emanações de deus como anjos desse modo o reino dos céus foi novamente povoado e uma nova massa de material foi produzida para o velho jeito de explorar esse reino celestial assim a luta contra a ilusão religiosa contra deus foi nova mente imputada à luta real são Bruno cujo ganhapão é a teologia faz em suas árduas lutas de vida ou morte contra a substância a mesma tentativa pro aris et focis2 de como teólogo sair da teologia a sua substância nada mais é do que os predicados de deus condensados num único nome com exceção da personalidade que ele reserva para si os predicados de deus que não são mais do que nomes divinizados de representações que os homens têm de suas relações empíricas bem determinadas representações que eles mais tarde hipocritamente conservam por razões práticas É claro que o com portamento empírico mate rial desses homens naturalmente nem pode mais ser entendido com o equipamento teórico herdado de Hegel no momento em que Feuerbach expôs o mundo religioso como a ilusão do mundo terreno o qual nele mesmo ainda aparece apenas como fraseologia resultou evidente 1 engenhoso fidalgo 2 literalmente para altar e lareira aqui para o seu próprio modo de pensar A ideologia alemã 231 até mesmo para a teoria alemã a pergunta que ele não respondeu como é que os homens botam na cabeça essas ilusões tal pergunta abriu até para os teóricos alemães o caminho para uma visão materialista do mundo não isenta de pressupostos mas empiricamente atenta aos reais pressupostos materiais como tais e que por isso é a primeira visão de mundo realmente crítica esse percurso já estava indicado nos DeutschFranzösische Jahrbücher na Crítica à filosofia do direito Introdução e em Sobre a questão judaica como tal visão ainda se movia no interior da fraseologia filosófica as expressões filosóficas que tradicionalmente costumam escapar nessas ocasiões tais como essência humana gênero etc proporcionaram aos teóricos alemães o tão desejado pretexto para entender mal o desenvolvimento real e para acreditar que apenas se tratava então de mais uma nova versão de seus velhos e des botados casacões teóricos tal como o Dottore Graziano da filosofia alemã o doutor arnold ruge de fato acreditou que poderia continuar a gesticular sem parar com os seus membros desajeitados e a expor sua máscara burlesca e pedante É preciso deixar a filosofia de lado Wigand p 187 cf Heß Die letzten Philosophen p 8 é preciso desembarcar dela e dedicarse como um homem comum ao estudo da realidade tarefa para a qual existe uma gigan tesca quantidade de material literário certamente desconhecido dos filósofos e então quando de novo ocorrer que se tenham pessoas como Krummacher ou Stirner diante de si descobrirseá que há muito já ficaram para trás e abaixo A relação entre filosofia e estudo do mundo real corresponde à re lação entre onanismo e amor sexual são sancho que apesar de sua falta de ideias por nós constatada com paciência e por ele com ênfase permanece dentro do mundo das ideias puras naturalmente só pode se salvar desse mundo por meio de um postulado moral por meio do postulado da falta de ideias p 196 do Livro ele é o burguês que se salva do comércio por meio da banqueroute cochonne1 com o que naturalmente ele não se torna um proletário mas um burguês falido sem recursos ele não se torna um homem do mundo mas um filósofo sem pensamentos falido Os predicados de deus que foram transmitidos por Feuerbach como po deres reais sobre os homens como hierarcas são o aborto da natureza posto no berço do mundo empírico e encontrado por stirner tanto é assim que toda a sua peculiaridade repousa unicamente sobre o que lhe foi incutido Quando stirner ver também p 63 dirige a Feuerbach a censura de que este não chega a nada ao transformar o predicado em sujeito e viceversa então o que lhe resta é chegar a bem menos pois aceita com a maior credulidade esses predicados feuerbachianos transformados em sujeitos como se fossem personalidades que dominam o mundo real aceita essas fraseologias sobre as relações como se fossem as relações reais atribuilhes 1 falência porca224 Karl Marx e Friedrich Engels 232 o predicado de modo sagrado transforma esse predicado num sujeito o sagrado ou seja faz exatamente a mesma coisa que censura em Feuerbach e então depois de por esse meio ter se livrado completamente do conteúdo bem determinado que estava em questão ele começa a travar sua batalha isto é a mostrar sua relutância contra esse sagrado que naturalmente perma nece sempre o mesmo em Feuerbach ainda está presente a consciência que são Max transforma em censura a ele de que para ele se trata apenas da destruição de uma ilusão p 77 do Livro embora Feuerbach ainda dê demasiada importância à luta contra essa ilusão no caso de stirner até mesmo essa consciência já era225 ele realmente acredita no domínio das ideias abstratas da ideologia no mundo de hoje ele acredita que na sua luta contra os predicados contra os conceitos está a atacar não mais uma ilusão mas os verdadeiros poderes dominantes do mundo daí sua mania de virar tudo de cabeça para baixo sua enorme credulidade que faz que ele tome por moeda legítima todas as ilusões fingidas todas as asseverações hipócritas da burguesia a propósito a melhor manei ra de mostrar que a boneca não é o cerne propriamente dito das miçangas e como é capenga essa bela metáfora é recorrer à própria boneca de stirner ao Livro no qual não existe qualquer cerne nem propriamente dito nem impropriamente dito e no qual nem mesmo o pouco que se encontra em suas 491 páginas merece o nome de miçangas Mas se ocorresse de encontrarmos nele algum cerne este seria o pequenoburguês alemão a propósito de onde vem o ódio de são Max contra os predicados ele mesmo nos fornece uma resposta extremamente ingênua no seu comentário apologético ele cita a seguinte passagem de A essência do cristianismo p 31 um verdadeiro ateísta é unicamente aquele para quem os predicados da essência divina tais como por exemplo o amor a sabedoria a justiça nada são e não aquele para quem só o sujeito desses predicados nada é e então exclama triunfante Não é isso que encontramos em Stirner aqui está a sa bedoria são Max vislumbrou na passagem acima uma dica de como se deve proceder para ir o mais longe possível ele acredita no que diz Feuerbach ou seja acredita que o que ele diz acima seria a essência do verdadeiro ateísta e deixa que Feuerbach o incumba da missão de se tornar um verdadeiro ateísta O Único é o verdadeiro ateísta ainda mais levianamente do que em relação a Feuerbach ele maquina contra são Bruno ou contra a crítica Veremos aos poucos tudo o que ele permite que a crítica lhe imponha como ele se submete à sua vigilância policial como ela lhe infunde seu jeito de viver seu ofício Por enquanto bastará como prova de sua fé na crítica o fato de ele na p 186 tratar a crítica e a massa como duas pessoas que lutam uma contra a outra e que procuram se libertar do egoísmo e na p 187 tomar ambas pelo que elas alegam ser A ideologia alemã 233 com a luta contra o liberalismo humano está encerrada a longa luta da antiga aliança na qual o homem foi um preceptor do Único o tempo está cumprido e o evangelho da graça e da alegria irrompe sobre a humanidade pecadora a luta pelo homem é o cumprimento da palavra que está escrita no vigé simo primeiro capítulo de cervantes que trata da alta aventura e da pre cio sa ganância do elmo de Mambrino nosso sancho que imita em tudo o seu exsenhor e atual servo prestou o juramento de conquistar para si o elmo de Mambrino o homem depois de ter procurado em vão em suas diversas incursões o ansiado elmo entre velhos e novos liberais e comunistas ele vê um homem a cavalo que traz na cabeça algo que brilha como ouro e diz para dom Quixoteszeliga se não me engano aí vem a caminhar em nossa direção um homem que traz na cabeça o elmo de Mambrino sobre o qual me ouviste o juramento que sabes Olhe Vossa Mercê bem o que diz e melhor o que faz responde dom Quixote que com o passar do tempo se tornou arguto dizeme não vês aquele cava leiro que para nós vem sobre um cavalo ruço rodado e traz na cabeça um elmo de ouro O que eu vejo responde dom Quixote não é senão um homem escarranchado num asno pardo cor do seu e que traz na ca beça uma coisa que reluz Pois essa coisa que reluz é que é o elmo de Mambrino diz sancho entrementes acercarase troteando tranquilamente o santo barbeiro Bruno montado em seu jumentinho a crítica com sua bacia de barbeiro na cabeça são sancho arremete com sua lança contra ele são Bruno pula do seu jumento deixa a bacia para trás razão pela qual o vemos apresentarse sem essa bacia aqui no concílio e foge campo afora pois ele é o crítico em pessoa com imensa alegria são sancho pega o elmo de Mambrino e quando dom Quixote nota que ele parece ser idêntico a uma bacia de bar beiro sancho retruca sem dúvida é que este famoso elmo encantado por algum estranho acidente caiu em poder de quem não soube conhecer nem estimar sua valia fundiu a outra metade para seu proveito e desta fez isto que se parece com bacia de barbeiro como tu dizes Porém seja o que for para olhos profanos para mim que a conheço esta transfiguração é indiferente a segunda glória a segunda propriedade foi adquirida agora depois de ter adquirido o homem seu elmo ele se posta à frente dele comportase para com ele como para com seu inimigo mais irrecon ciliável e lhe declara sem meias palavras mais tarde veremos o porquê que ele são sancho não é o homem mas o não homem o inumano Nessa condição de inumano ele parte para a Sierra Morena a fim de Karl Marx e Friedrich Engels 234 prepararse mediante penitências para a glória da nova aliança ali ele se despe e fica nu em pelo p 184 para obter a sua peculiaridade e para sobrepujar aquilo que o seu precursor faz no capítulo vinte e cinco de Cervantes E despindo a toda pressa os calções ficou em carnes com rou pas menores e logo sem mais nem menos deu duas cabriolas no ar e dois tombos de cabeça para baixo descobrindo coisas que para não as ver outra vez voltou o leal escudeiro a rédeas o rocinante226 O inumano sobrepuja de longe o seu modelo profano Com ânimo resoluto volta as costas a si mesmo e desse modo afastase também do crítico que lhe rouba a tranquilidade e deixao ali parado O inumano se envolve então numa disputa com a crítica que foi deixada ali parada ele despreza a si mesmo ele se pensa em comparação com um outro ele dá ordens a deus ele busca fora de si o seu melhor simesmo ele faz penitência por ainda não ter sido único ele se declara o Único o egoísta e o Único embora ele dificilmente ainda precisasse explicar tudo isso depois de ter dado as costas a si mesmo com ânimo resoluto tudo isso foi realizado pelo inumano a partir de si mesmo ver Pfister Geschichte der Teutschen227 e agora montado no seu ruço ele cavalga purificado e triunfante rumo ao Reino do Único Fim do antigo testamento 235 Novo Testamento Eu 1 Economia da Nova Aliança Ao passo que na Antiga Aliança tínhamos a lógica única dentro do pas sado como objeto de nossa edificação temos agora diante de nós o presente dentro da lógica única Temos o Único já suficientemente esclarecido em suas refrações multiformes e antediluvianas como homem caucasiano caucásico cristão consumado verdade do liberalismo humano unidade negativa de realismo e idealismo etc Com a construção histórica do Eu cai o próprio Eu Esse Eu o fim de uma construção histórica não é um Eu corpóreo gerado de modo carnal por homem e mulher que não necessita de construções para existir ele é um Eu gerado intelectualmente por duas categorias idealismo e realismo uma mera existência ideal A Nova Aliança já desfeita juntamente com a Antiga Aliança seu pres suposto possui uma organização literalmente tão sábia quanto a Antiga a saber a mesma com algumas modificações como decorre da seguinte tabela I A peculiaridade Eigenheit os antigos criança negros etc em sua verdade a saber a operação de extração de dentro do mundo das coisas para a contemplação e a tomada de posse próprias desse mundo Dis so resultou para os antigos o estarlivre do mundo para os modernos o estarlivre do espírito para os liberais o estarlivre da pessoa para os co munistas o estarlivre da propriedade para os humanistas o estarlivre de Deus portanto em geral a categoria do estarlivre liberdade como alvo A categoria negada pelo estarlivre é a peculiaridade que naturalmente não possui nenhum outro conteúdo além desse estarlivre A peculiaridade é a qualidade filosoficamente construída com base em todas as qualidades do indivíduo stirneriano II O possuidor Eigner enquanto tal Stirner descobriu a inverdade do mundo das coisas e do mundo do espírito ou seja os modernos a fase do cris tianismo no interior do desenvolvimento lógico adolescente mongol Karl Marx e Friedrich Engels 236 Assim como os modernos se desmembram nos Livres triplamente deter minados assim também o possuidor se desmembra em três determinações adicionais 1 Meu poder correspondendo ao liberalismo político no qual a verdade do direito vem à luz o direito como o poder do homem é dissolvido no poder como o direito do Eu Luta contra o Estado como tal 2 Meu intercâmbio correspondendo ao comunismo sendo que a verdade da sociedade vem à luz e a sociedade enquanto intercâmbio mediado pelo ho mem nas suas formas como sociedade prisional família Estado socie dade burguesa etc é dissolvida no intercâmbio do Eu 3 Minha autofruição correspondendo ao liberalismo humano crítico no qual a verdade da crítica o consumir o dissolver e a verdade da autocons ciência absoluta como autoconsumirse vêm à luz e a crítica enquanto ato de dissolver no interesse do homem transformase no ato de dissolver no interesse do Eu A particularidade dos indivíduos se dissolveu como vimos na categoria universal da peculiaridade que era a negação do estarlivre da liberdade em geral A descrição das qualidades particulares do indivíduo portanto só pode consistir novamente na negação dessa liberdade em suas três refrações cada uma dessas liberdades negativas é agora transformada por meio de sua negação numa qualidade positiva Entendese que assim como no Antigo Testamento o estarlivre do mundo das coisas e do mundo dos pensamentos já era apreendido como apropriação desses dois mundos assim também essa peculiaridade ou apropriação das coisas e dos pensamentos é apresentada como o estarlivre consumado O Eu com sua propriedade com seu mundo que consiste nas qualidades há pouco assinaladas é possuidor Desfrutando de si próprio e consumindo a si próprio ele é o Eu à segunda potência o possuidor do possuidor do qual o Eu está livre na mesma proporção em que ele lhe pertence portanto a negatividade absoluta na sua determinação dupla como indiferença e como relação negativa consigo mesmo com o possuidor Sua propriedade do mundo e seu estarlivre do mundo se transformaram nessa relação negativa consigo mesmo nesse autodissolverse e pertencer a si mesmo do possuidor O Eu assim definido é III O Único que portanto não possui nenhum outro conteúdo além do possuidor mais a determinação filosófica da relação negativa consigo mesmo O profundo Jacques se dá ares de que nada haveria a dizer desse Único por ser ele um indivíduo corpóreo não passível de construção Mas o que ocorre aqui é antes o mesmo que se dá com a ideia absoluta de Hegel no final da Lógica e com a personalidade absoluta no fim da Enciclopédia das quais tampouco há o que dizer porque sua construção já contém tudo o que pode ser dito de tais personalidades construídas Hegel sabe disso e não se constrange em admitilo ao passo que Stirner comete a hipocrisia de afirmar A ideologia alemã 237 que o seu Único seria algo ainda diferente do Único construído porém algo que não se deixaria ser dito a saber um indivíduo corpóreo Essa aura de hipocrisia se desfaz quando a questão é invertida quando determinamos o Único como possuidor e dizemos do possuidor que ele tem a categoria uni versal da peculiaridade como sua determinação universal com isso não só se disse tudo o que é dizível do Único mas também tudo o que ele é minus a fantasia que Jacques le bonhomme tem dele Ó profundidade da riqueza tanto da sabedoria como do conhecimento do Único Quão insondáveis são os seus juízos e inescrutáveis os seus caminhos Romanos 1133 Eis que este é o seu modo de agir mas dele só chegamos a ouvir uma minús cula palavrinha Jó 2614 2 Fenomenologia do egoísta em acordo consigo mesmo ou a doutrina da justificação Como já vimos na economia da Antiga Aliança e posteriormente o verda deiro egoísta de São Sancho o egoísta em acordo consigo mesmo não deve de modo algum ser confundido com o egoísta trivial do cotidiano com o egoísta na acepção comum Ele tem antes como seu pressuposto tanto este último que está preso no mundo das coisas criança negro antigos etc como o egoísta abnegado que está preso no mundo dos pensamentos adolescente mongol modernos etc Entretanto reside na natureza dos mistérios do Único o fato de essa oposição e a unidade negativa que dela resulta o egoísta em acordo consigo mesmo só poderem ser examinadas aqui na Nova Aliança Já que São Max pretende apresentar o verdadeiro egoísta como algo totalmente novo como o alvo da história até aqui ele precisa demonstrar por um lado aos abnegados aos pregadores do dévoûment 1 que eles são egoístas contra a sua vontade e por outro aos egoístas na acepção comum que eles são abnegados que não são egoístas verdadeiros santos Comecemos com o primeiro o abnegado Inúmeras vezes vimos que no mundo de Jacques le bonhomme todos es tão possuídos pelo Sagrado Entretanto faz diferença se alguém é culto ou inculto Os cultos que se ocupam com a ideia pura vêm aqui ao nosso encontro como os possuídos par excellence 2 pelo Sagrado Na sua forma prática eles são os abnegados E quem é abnegado Inteiramente de fato certamente aquele que concentra tudo o mais em Uma só coisa Uma finalidade Uma vontade Uma paixão Ele é dominado por uma paixão à qual ele sacrifica todas 1 devotamento 2 por excelência Karl Marx e Friedrich Engels 238 as demais E esses abnegados não seriam talvez egoístas Como só têm Uma paixão dominante eles igualmente cuidam de obter apenas Uma satisfação mas esta com avidez tanto maior Egoísta é toda a sua atividade porém se trata de um egoísmo unilateral fechado estreito é obsessão p 99 De acordo com São Sancho portanto eles têm apenas uma paixão domi nante deveriam eles também satisfazer as paixões não as que eles têm mas as que outros têm a fim de elevarse ao egoísmo multilateral aberto ilimitado a fim de corresponder a esse critério alheio do egoísmo santo De passagem são mencionados nesse ponto também o avarento e o viciado em prazer provavelmente porque Stirner acredita que ele procura o prazer como tal o prazer santo não os prazeres reais de todo tipo assim como Robespierre por exemplo SaintJust etc p 100 como exemplos do egoísta abnegado obsessivo A partir de um certo ponto de vista da etici dade raciocinase isto é raciocina nosso santo egoísta em acordo consigo mesmo a partir de seus próprios pontos de vista em extremo desacordo entre si mais ou menos assim Porém se a Uma paixão Eu sacrifico outras nem por isso a essa paixão Eu sacrifico a Mim e não sacrifico nada daquilo por meio do qual Eu sou verda deiramente Eu mesmo p 386 Em função dessas duas orações em mútuo desacordo São Max é obriga do a fazer esta reles distinção até se pode sacrificar seis paixões por exemplo sete paixões etc a uma única outra sem se deixar de ser verda deiramente Eu mesmo mas está fora de cogitação sacrificar dez ou até mais paixões Robespierre e SaintJust contudo não eram verdadeiramente Eu mesmo muito menos eram verdadeiramente o homem mas eram verda dei ramente Robespierre e SaintJust esses indivíduos únicos e incomparáveis A proeza de demonstrar aos abnegados que eles são egoístas é um velho artifício já sobejamente explorado por Helvetius e Bentham A proe za própria de São Sancho é a transformação dos egoístas na acepção comum do burguês em não egoístas Helvetius e Bentham de fato de monstram aos burgueses que eles devido à sua estreiteza prejudicam a si mesmos em termos práticos mas a proeza própria de São Max consiste em demonstrarlhes que eles não correspondem ao ideal ao conceito à essência à vocação etc do egoísta e que não se comportam em relação a si próprios como negação absoluta Uma vez mais paira diante de seus olhos apenas o seu pequenoburguês alemão A propósito ao passo que o avarento p 99 figura como egoísta abnegado o nosso Santo inclui o ganancioso p 78 entre os egoístas na acepção comum entre os impuros ímpios A segunda classe dos egoístas comuns é assim definida na p 99 Essas pessoas os burgueses não são portanto abnegadas não são es pirituosas não são idealistas não são consequentes não são entusiastas são A ideologia alemã 239 egoístas na acepção comum egoístas que pensam na vantagem para si egoístas frios calculistas etc Como o Livro não segue uma linha precisa já tivemos oportunidade de ver por ocasião da Obsessão e do Liberalismo político como Stirner consegue realizar a proeza de transformar os burgueses em não egoístas sobretudo levandose em conta o seu grande desconhecimento dos homens reais e de suas reais condições Aqui esse mesmo desconhecimento lhe serve de alavanca A isso isto é à fantasia stirneriana do altruísmo se contrapõe a cabeça dura do homem mundano que porém no mínimo durante milênios su cumbiu a ponto de ter sido obrigado a dobrar a renitente cerviz e a adorar poderes superiores p 104 Os egoístas na acepção comum comportamse metade de forma padresca e metade de forma mundana servem a Deus e ao Mamon p 105 Na p 78 somos informados do seguinte O Mamon do céu e o Deus da terra exigem exatamente o mesmo grau de autorrenúncia Selbsverleugnung do que não se depreende de que forma a autorrenúncia em favor do Mamon e a autorrenúncia em favor de Deus podem ser contrapostas uma à outra uma como mundana e a outra como padresca Na p 105 106 Jacques le bonhomme se pergunta Entretanto como pode ocorrer que o egoísmo daqueles que afirmam o inte resse pessoal não obstante sempre acabe sendo subjugado por um interesse padresco ou professoral ou seja por um interesse ideal De relance é preciso assinalar que nessa passagem os burgueses são apresentados como os representantes dos interesses pessoais Isso decorre do que segue A eles próprios sua pessoa parece demasiado pequena demasiado insigni ficante e ela de fato o é também para poder reivindicar tudo para si e para se impor de forma plena Um claro sinal disso consiste em que eles próprios se dividem em duas pessoas uma eterna e outra temporal aos domingos ocupamse da eterna nos dias de trabalho da temporal Eles têm o padreco em si mesmos e por isso não conseguem se livrar dele Neste ponto Sancho sente escrúpulos ele pergunta preocupado se com a peculiaridade se com o egoísmo na acepção extraordinária também ocorreria o mesmo Veremos que essa pergunta angustiada não é formulada sem razão Antes que o galo cante duas vezes São Tiago Jacques le bonhomme terá renunciado a si mesmo três vezes Na história ele descobre para seu grande desprazer que quanto aos dois lados que nela se manifestam isto é quanto ao interesse privado dos indivíduos e ao assim chamado interesse geral é verdadeiro dizer que um sempre acompanha o outro E como de hábito ele descobre isso de forma Karl Marx e Friedrich Engels 240 errada em sua forma sagrada voltandose para o lado dos interesses ideais do sagrado da ilusão Ele pergunta como pode ser que os egoístas comuns os representantes dos interesses pessoais estejam simultaneamente sob o domínio dos interesses gerais dos mestresescolas Como pode ser que eles estejam abaixo da hierarquia Ele responde a sua pergunta no sentido de que os burgueses etc parecem demasiado pequenos a si próprios e encontra o sinal seguro disso no fato de eles terem um comportamento religioso em especial no fato de dividirem a si mesmos numa pessoa tem poral e numa pessoa eterna quer dizer ele explica seu comportamento religioso a partir de seu comportamento religioso depois de ter previamen te transformado a luta dos interesses gerais contra os interesses pessoais na imagem invertida dessa luta em simples reflexo no interior da fantasia religiosa Sobre a importância do domínio do ideal ver acima A hierarquia Se traduzirmos a pergunta de Sancho de sua formulação fervorosa para a linguagem profana então consta que Como se dá que os interesses pessoais a despeito das pessoas sempre evoluam para interesses de classe para interesses comunitários que eles se autonomizem das pessoas individuais que assumam nessa autonomização a forma de interesses gerais que como tais se oponham aos indivíduos reais e que nessa oposição segundo a qual eles são determinados como in teresses gerais possam ser representados pela consciência como interesses ideais até mesmo religiosos sagrados Como se dá que no interior dessa autonomização dos interesses pessoais em interesses de classe o compor tamento pessoal do indivíduo tenha de se coisificar se alienar e que ao mesmo tempo ele subsista sem ele como poder independente dele pro duzido pelo intercâmbio que ele se transforme em relações sociais numa série de poderes que o determinam subordinam e que por isso aparecem na representação como poderes sagrados No interior de determinados modos de produção que naturalmente não dependem do querer constante mente há poderes práticos estranhos independentes do indivíduo isolado e até do conjunto dos indivíduos poderes que se colocam acima das pessoas a compreensão desse fato fez que fosse relativamente indiferente para Sancho se ele é concebido em termos religiosos ou se é distorcido na imaginação do egoísta acima do qual se coloca Tudo que há no nível da representação no sentido de que ele Nada coloca acima de si mesmo Nesse momento Sancho havia descido inteiramente do reino da especulação para o reino da realidade daquilo que as pessoas imaginam para aquilo que elas são daquilo que elas concebem para o modo como elas são ativas e sob certas circunstâncias têm de ser ativas O que se mostra a ele como produto do pensamento ele poderia ter compreendido como produto da vida Nesse caso ele não teria prosseguido rumo à sua característica insipidez de expli car o conflito entre os interesses pessoais e os interesses gerais dizendo que A ideologia alemã 241 os homens concebem esse conflito também em termos religiosos e que ele se lhes afigura deste ou daquele modo o que nada é senão uma outra palavra para o conceber Aliás até mesmo na insípida forma pequenoburguesa alemã em que Sancho capta a contradição entre os interesses pessoais e os interesses gerais ele é forçado a admitir que os indivíduos como não poderia deixar de ser sempre partiram de si mesmos e que por isso os dois aspectos observados por ele são aspectos do desenvolvimento pessoal dos indivíduos ambos gerados por condições de vida igualmente empíricas dos indivíduos sendo ambos apenas expressões do mesmo desenvolvimento pessoal dos homens encontrandose ambos portanto apenas em aparente oposição No que se refere à posição que coube ao indivíduo em decorrência de circunstâncias específicas do desenvolvimento e da divisão do trabalho se ele representa mais este ou aquele aspecto da oposição se ele aparece mais como egoísta ou mais como abnegado isso era um problema totalmente secundário que de fato só despertaria algum interesse se fosse levantado para de terminadas épocas históricas em relação a determinados indivíduos Do contrário isso só poderia levar a certos tipos de discurso moralista charla ta nesco Porém como dogmático que é Sancho deixase iludir nesse ponto e não encontra nenhuma outra saída a não ser a de fazer surgir Sancho Panças e Dom Quixotes e em seguida fazer que os Dom Quixotes enfiem tolices na cabeça dos Sanchos como dogmático ele extrai um dos aspectos professoral mente formulado declarao pertencente aos indivíduos como tais e expressa sua aversão ao outro aspecto É por isso que como um dogmático esse outro aspecto lhe parece em parte um mero estado de ânimo um dévoûment 1 em parte um mero princípio não uma relação que resulta necessariamente do modo de existência natural que os indivíduos levavam até então Esse princípio de qualquer modo deve ser tirado da cabeça de modo con sequente embora produza de acordo com a ideologia de Sancho todo tipo de coisas empíricas Assim por exemplo na p 180 o princípio da vida ou da sociedade criou a vida social toda civilidade toda fraternização e tudo o mais O inverso é melhor a vida criou o princípio O comunismo é simplesmente incompreensível para o nosso santo porque os comunistas não voltam o egoísmo contra a abnegação nem a abnegação contra o egoísmo e teoricamente não conferem a essa oposição nem aquela forma emocional nem a forma ideológica fervorosa demonstrando antes suas raízes Gebürtsstätte materiais com o que a oposição desaparece por si mesma Os comunistas não pregam nenhuma moral o que Stirner faz em doses extensíssimas Eles não confrontam as pessoas com esta exigência moral amaivos uns aos outros não sejais egoístas etc ao contrário eles estão bem cientes de que sob determinadas condições o egoísmo tanto 1 devotamento Karl Marx e Friedrich Engels 242 quanto a abnegação é uma forma necessária da imposição aos indivíduos Portanto os comunistas de modo algum pretendem como acredita São Max secundado por seu fiel Dottore Graziano Arnold Ruge pelo que São Max Wigand p 192 o chama de cabeça política extremamente astuta su prassumir o homem privado no homem geral no homem abnegado uma fantasia sobre a qual ambos teriam podido obter o devido esclarecimento já nos DeutschFranzösische Jahrbücher Os comunistas teóricos os únicos que têm tempo para se ocupar com a história distinguemse justamente pelo fato de terem descoberto sozinhos em toda a história a criação do interesse geral pelos indivíduos definidos como homens privados Eles sabem que isso só constitui uma oposição na aparência porque um dos lados o assim chamado geral é continuamente gerado pelo outro o do interesse privado e de modo algum constitui um poder autônomo em relação a este um poder com uma história autônoma eles sabem portanto que essa oposição é continuamente destruída e gerada na prática Não se trata pois de uma unidade negativa hegeliana de dois lados de uma oposição mas da destruição materialmente condicionada de um modo de existência mate rialmente condicionado dos indivíduos até aquele momento com a qual desaparece ao mesmo tempo aquela oposição juntamente com sua unidade Vemos portanto como o egoísta em acordo consigo mesmo em oposi ção ao egoísta na acepção comum e ao egoísta abnegado repousa desde o início numa ilusão a respeito de ambos e das relações reais dos homens reais O representante dos interesses pessoais é meramente egoísta na acepção comum devido à sua necessária oposição aos interesses comunitários que no âmbito do modo de produção e intercâmbio existente até o momento ganharam autonomia como interesses gerais e foram concebidos e afirmados na forma de interesses ideais O representante dos interesses comunitários é meramente abnegado devido à sua oposição aos interesses pessoais fixados como interesses privados devido à determinação dos interesses comunitários como interesses gerais e ideais Ambos o egoísta abnegado tanto quanto o egoísta na acepção comum encontram um ao outro em última instância na autorrenúncia p 78 Assim sendo a autorrenúncia é o que os santos têm em comum com os não santos os puros com os impuros o impuro renuncia a seus melhores sentimentos a todo pudor até mesmo ao acanhamento natural e obedece apenas à cobiça que o domina O puro renuncia à sua relação natural com o mundo Impelido pela sede do dinheiro o ganancioso renuncia a todas as advertências da consciência a toda honradez a toda brandura e a toda compaixão ele fecha os olhos a todo e qualquer escrúpulo a cobiça o arrasta A mesma coisa comete o santo expõese ao escárnio do mundo é duro de coração e rigorosamente justo pois é arrastado pelo desejo O ganancioso que comparece aqui como egoísta impuro não santo portanto como egoísta na acepção comum nada mais é que uma figura A ideologia alemã 243 repisada por amigos da infância e romances moralistas que na realidade só ocorre como anomalia mas que de forma alguma é o representante dos burgueses gananciosos que muito pelo contrário não precisam renegar advertências da consciência honradez etc nem limitarse a uma paixão da ganância Sua ganância tem como consequência antes toda uma série de outras paixões políticas e de todos os tipos cuja satisfação os burgueses de modo algum abnegam Sem entrar em detalhes quanto a isso nos deteremos agora na autorrenúncia stirneriana Aqui São Max imputa ao Simesmo Selbst que renuncia a si mesmo um outro Simesmo que só existe na representação de São Max Ele faz o impuro abnegar qualidades gerais tais como melhores sentimentos pudor acanhamento honradez etc e nem mesmo pergunta se o impuro possui essas qualidades Como se o impuro necessariamente devesse possuir todas essas qualidades Mas mesmo se o impuro as possuísse todas a abnegação dessas qualidades ainda não seria nenhuma autorrenúncia mas apenas serviria para constatar o fato que se justifica com base na própria moral em acordo consigo mesma de que a Uma paixão Leidenschaft são sacrificadas diversas outras E por fim segundo essa teo ria tudo o que Sancho faz e não faz é autorrenúncia Ele pode se propor ou não se propor a fazer a a Não há continuação neste ponto Uma página riscada e toda roída pelos ratos continha o seguinte sua própria autorrenúncia é egoísta Se ele persegue um interesse renega a indiferença em relação a esse interesse se ele faz qualquer coisa renega o nadafazer Nada mais fácil para Sancho do que provar ao egoísta na acepção comum sua pedra no caminho que ele nega constantemente a si próprio porque constantemente nega o contrário do que ele faz e jamais nega o seu real interesse Seguindo a sua teoria da autorrenúncia Sancho até chega a exclamar na p 80 Mas então por acaso o altruísmo é irreal e não existe em lugar algum Pelo contrário não há nada mais habitual Alegramonos de fato com o altruísmo da consciência do pequenoburguês alemão Ele cita de imediato um bom exemplo desse altruísmo ao um Francke de orfa nato OConnell São Bonifácio Robespierre Theodor Körner OConnell qualquer criança sabe disso na Inglaterra Só na Alemanha e prin cipalmente em Berlim ainda se consegue nutrir a fantasia de que OConnell seria altruísta OConnell que trabalha incansavelmente para dar abrigo aos seus filhos bastardos e multiplicar o seu patrimônio que não trocou em vão sua lucrativa ativi dade advocatícia 10000 libras esterlinas anuais pela atividade ainda mais lucrativa especialmente na Irlanda onde não teve concorrência de agitador político 20000 30000 libras anuais que como middleman228 explora impiedosamente os agricultores irlandeses obrigandoos a morar com seus porcos ao passo que ele Rei Dan mantém uma corte nababesca no seu palácio no Merrion Square e ao mesmo tempo lamenta sem parar a miséria desses agricultores pois ele é arrastado pelo desejo ele que sempre impulsiona o movimento só o necessário para assegurarlhe seu national tribute Karl Marx e Friedrich Engels 244 Emboraa São Max passe a dizer na p 420 No pórtico de nossa época não está gravado ConheceTe a Ti mesmo 229 mas TornaTe útil onde o mestreescola uma vez mais transforma no mandamento moral da utilização a utilização real constatada por ele tal é o teor que aquela palavra apolínea tem de ter para o egoísta na acepção comum em vez de para o abnegado Conhecei a Vós mesmos de novo apenas reconhecei o que Vós realmente sois e deixai de lado a vossa insana mania de ser algo diferente do que sois Pois isso resulta na aparição do egoísmo defraudado no qual Eu não satisfaço a Mim mas Um dos meus anseios por exemplo a pulsão da bemaventurança Todo Vosso afã é egoísmo velado oculto egoísmo inconsciente mas justamente por isso não é egoísmo e sim servidão servi lismo autorrenúncia Vós sois egoístas e não o sois quando renegais o egoísmo p 217 Não há ovelha nem cachorro que se esforce para vir a ser um verdadei ro egoísta p 443 nenhum animal recomenda ao outro conhecei a Vós mesmos de novo reconhecei o que Vós realmente sois É que Vossa natu reza é egoísta Vós tendes naturezas egoístas isto é sois egoístas Mas justamente porque já o sois Vós não necessitais ainda tornarvos ibidem Do que Vós sois faz parte também a Vossa consciência e já que sois egoístas já tendes a consciência que corresponde ao Vosso egoísmo não há portanto a mínima razão para dar ouvidos à pregação moral stirneriana de voltarvos a vós mesmos e de fazer penitência Stirner volta a explorar aqui o velho mote filosófico ao qual retor naremos mais tarde O filósofo não diz diretamente não sois homens Sempre fostes homens mas Vos faltava a consciência Daquilo que éreis e justamente por isso na realidade nem éreis Verdadeiros homens É por isso que Vossa aparência não correspondia a Vossa essência Éreis e não éreis e sua posição de chefe e que todo ano após a arrecadação do tributo deixa de lado toda a agitação para cuidar de seu corpo em sua fazenda em Derrynane Em virtude de tantos anos de charlatanice jurídica e da exploração por demais inescrupulosa de todo e qualquer movimento de que participou OConnell não obstante qualquer proveito que possa trazer tornouse desprezível até para os burgueses ingleses Aliás está claro que São Max como descobridor do verdadeiro egoísmo tem grande interesse em demonstrar o predomínio do altruísmo no mundo até este momento É por isso que ele também profere Wigand p 165 a grande sentença de que há milênios o mundo não é egoísta No máximo o egoísta pode de tempos em tempos ter entrado em cena como avantcoureur 1 de Stirner e provocado a ruína dos povos a III Consciência A M 1 precursor A ideologia alemã 245 homens Por um desvio o filósofo admite aqui que a uma determinada consciência correspondem determinados homens e determinadas circuns tâncias Mas ao mesmo tempo imagina que a exigência moral que ele faz aos homens para que modifiquem sua consciência seria capaz de produzir essa consciência modificada e nesses homens modificados por condições empíricas modificadas que naturalmente passam a ter uma outra cons ciência ele não vê outra coisa que uma consciência modificada Igualmente Vossa consciência pela qual secretamente ansiais nisso sois egoístas secretos inconscientes egoístas quer dizer sois realmente egoís tas na medida em que sois inconscientes sois não egoístas na medida em que sois conscientes ou na base da Vossa atual consciência reside um determinado ser que não é o ser por Mim requerido Vossa consciência é a consciência do egoísta como ele não deve ser e mostra portanto que Vós mesmos sois egoístas como eles não devem ser ou que Vós devíeis ser diferentes do que realmente sois Toda essa separação entre a consciência do indivíduo que lhe serve de base e suas condições reais essa fantasia de que o egoísta da atual sociedade burguesa não teria a consciência correspondente ao seu egoísmo constitui apenas uma antiga extravagância filosófica que aqui Jacques le bonhomme credulamente aceita e arremedaa Atenhamonos ao comovente exemplo do ganancioso Habgieriger mencionado por Stirner A esse ganancioso que não é o ganancioso em termos gerais mas o ga nancioso fulano ou beltrano um ganancioso único bem determinado individualmente e cuja ganância não integra a categoria da ganância a abstração que São Max faz da manifestação de vida única comple xa abrangente do ganancioso e não depende de como os Outros por exemplo São Max a intitulam a esse ganancioso ele quer pregar a lição de moral de que ele não satisfaz a si mesmo mas a um de seus anseios Mas Tu és Tu apenas por um momento apenas como momentâneo realmente és Algo que exista separado de Ti do momentâneo é algo absolutamente mais elevado é por exemplo o dinheiro Mas o fato de que para Ti o dinheiro seja antes uma fruição mais elevada que ele seja para Ti algo absolutamente mais elevado ou não seja 230 talvez me renegue Ele acha que a ganância me domina dia e noite mas isso ela só faz na sua reflexão Ele é quem transforma em dia e noite esses muitos momentos em que Eu sou sempre o momentâneo sempre Eu a A manifestação mais ridícula dessa extravagância na história ocorre no fato de que a época posterior naturalmente possui em relação à época anterior uma consciência diferente daquela que esta tinha de si mesma é o caso por exemplo dos gregos que tinham em relação a si mesmos a consciência dos gregos e não a consciência que nós temos deles e por isso a acusação que se faz aos gregos de não terem tido sobre si mesmos a nossa consciência sobre eles isto é de não terem tido a consciência daquilo que eles realmente eram diluise na acusação de terem sido gregos S M Karl Marx e Friedrich Engels 246 mesmo sempre real assim como é tão somente ele quem sintetiza esses diversos momentos da minha manifestação de vida num juízo moral e diz que eles são a satisfação da ganância Quando São Max profere o juízo de que Eu satisfaço apenas a Um dos meus anseios não a Mim então ele Me contrapõe a Mim mesmo como essência plena e íntegra E em que consiste essa essência plena e íntegra Justamente não em Tua essência momentânea não naquilo que momentaneamente és portanto segundo o próprio São Max na essência sagrada Wigand p 171 Quando Stirner diz que Eu tenho de modificar Minha consciência então Eu por minha vez sei que minha consciência momentânea também faz parte do meu ser momentâ neo e sei também que São Max ao contestar essa minha cons ciência ata ca como moralista disfarçado todo o meu modo de vidaa E então Tu és somente quando pensas em Ti és somente através da autocons ciência Wigand p 157 158 Como posso Eu ser outra coisa do que um egoísta Por exemplo como pode Stirner ser outra coisa senão um egoísta quer ele renegue o egoísmo ou não Vós sois egoístas e não sois egoístas ao renegar o egoísmo pregas Tu Inocente logrado inconfesso mestreescola É exatamente o con trário Nós egoístas na acepção comum Nós burgueses sabemos muito bem charité bien ordonnée commence par soimême 1 e desde muito tempo já inter pre tamos o versinho ama o teu próximo como a ti mesmo no sentido de cada um é o próximo de si mesmo Mas negamos ser egoístas mesqui nhos exploiteurs2 egoístas comuns cujos corações não conseguem se elevar ao sublime sentimento de tornar Seus os interesses de seus semelhantes o que cá entre nós é o mesmo que dizer que afirmamos os nossos interesses como sendo os dos nossos semelhantes Tu negas o egoísmo comum do egoísta único apenas porque renegas tuas relações naturais com o mundo É por isso que não entendes por que consumamos o egoís mo prático justamente pelo fato de renegarmos o discurso do egoísmo nós que estamos interessados na imposição dos verdadeiros interesses egoístas e não no sagrado interesse do egoísmo Aliás era previsível e com isso o burguês volta friamente as costas para São Max que Vós mestres escolas alemães quando chegásseis a Vos dedicar à defesa do egoísmo não proclama ríeis o egoísmo real profano ao alcance da mão O Livro p 455 portanto não mais aquilo que se chama de egoísmo mas sim o egoísmo na acepção extraordinária professoral o egoísmo filosófico ou o lúmpemegoísmo Portanto o egoísta na acepção extraordinária acabou de ser encontrado Vejamos mais de perto esse novo achado p 11 1 a verdadeira caridade começa por si mesma 2 exploradores a III Consciência A M A ideologia alemã 247 Do que dissemos há pouco já resulta que os habituais egoístas têm apenas de modificar a sua consciência para se tornar egoístas na acepção extraor dinária ou seja que o egoísta em paz consigo mesmo se diferencia do anterior unicamente pela consciência isto é por ser sabedor Wissender por ser filósofo De toda a visão de história de São Max decorre ademais que pelo fato de os habituais egoístas terem sido dominados apenas pelo Sagrado o verdadeiro egoísta tem de lutar unicamente contra o Sagra do A história única mostrou como São Max transformou as condições históricas em ideias e logo em seguida o egoísta num pecador contra essas ideias assim como toda asseveração egoísta foi transformada em pecado contra essas ideias o poder dos privilegiados em pecado contra a ideia da igualdade do despotismo é por isso que em relação à ideia da liberdade da concorrência pôde ser dito no Livro que ele encara a propriedade privada como o elemento pessoal p 155 231 grande o abnegado egoísta necessária e invencivelmente só encontra uma maneira de combatêlos a saber transformandoos em santos e então asseverando que desfez a santidade que há neles isto é a representação santa que ele próprio tem deles portanto desfazendoos somente na medida em que dentro dele eles existem como algo santo p 50 a Assim como tu és em cada momento Tu és a Tua Criatura e justa mente em relação a essa Criatura não perderás a Ti mesmo o Criador Tu mesmo és uma essência mais elevada do que Tu isto é o que deixas de reconhecer como egoísta involuntário e é por isso que a essência mais elevada é para Ti uma essência estranha é que Tu não és mera Criatura mas igualmente criador A mesma sabedoria numa formulação um pouco distinta consta da p 239 do Livro O Gênero não é Nada mais tarde ele se torna qualquer coisa ver autofrui ção e quando o indivíduo se eleva acima dos limites de sua individualidade tratase antes Dele mesmo como indivíduo ele só existe na medida em que se eleva ele só existe na medida em que não permanece o que ele é pois do contrário estaria acabado morto Em relação a essas frases suas criaturas Stirner se comporta imediata mente como criador ao não se perder em relação a elas Tu és apenas por um momento apenas como momentâneo realmente és Em cada momento Eu sou totalmente o que Eu sou algo separado de Ti do momentâneo é algo absolutamente mais elevado Wigand p 170 e na p 171 ibidem definese Tua essência como Tua essência momentânea a II Criador e criatura A M Karl Marx e Friedrich Engels 248 Ao passo que no Livro São Max afirma possuir ainda uma outra es sência mais elevada do que a essência momentânea no comentário apolo gético a essência momentânea do seu indivíduo é identificada com sua essência plena e íntegra e cada essência como sendo a essência momentânea é transformada numa essência absolutamente mais elevada No Livro portanto a cada momento ele é uma essência mais eleva da do que ele é neste momento enquanto no comentário tudo o que ele não é imediatamente neste momento é uma essência absolutamente mais elevada uma essência sagrada E diante de toda essa divisão lá está a p 200 do Livro Nada sei da divisão entre um Eu imperfeito e um Eu perfeito O egoísta em acordo consigo mesmo não precisa mais se sacrificar em favor de algo mais elevado já que ele próprio é para si esse algo mais eleva do e desloca essa divisão entre um mais elevado e um mais baixo para dentro de si mesmo Assim sendo de fato São Sancho contra Feuerbach O Livro p 243 na essência suprema nada aconteceu além de uma metamor fose O verdadeiro egoísmo de São Max consiste no comportamento egoísta em relação ao verdadeiro egoísmo em relação a si mesmo tal como ele é em cada momento Esse comportamento egoísta em relação ao egoís mo é a abnegação Quanto a esse aspecto São Max na qualidade de criatura é o egoísta na acepção comum na qualidade de criador é o egoísta abnegado Conheceremos também o lado oposto disso pois os dois lados se legitimam como determinações reflexivas genuínas ao percorrerem a dialética absoluta na qual cada um deles é em si mesmo o seu contrário Porém antes de examinar mais pormenorizadamente a forma esotérica desse mistério devese observálo em algumas de suas acerbas lutas pela vida A mais genérica das qualidades a saber a de colocar o egoísta na qualidade de criador em consonância consigo mesmo do ponto de vista do universo intelectual é suprida por Stirner na p 823 O cristianismo se colocou como meta redimirNos da determinação na tural determinação pela natureza pelos anseios como impulso quis desse modo que o homem não se deixasse cooptar por seus anseios Isso não implica que ele não deva ter anseios mas que os anseios não devem têlo que eles não devem tornarse fixos invencíveis indissolúveis Ora isso que o cristianismo maquinou contra os anseios não poderíamos nós aplicar à sua própria prescrição de que é o espírito que deve nos determinar Nesse caso a meta a perseguir seria a dissolução do espírito a disso lução de todas as ideias Assim como antes era preciso que se dissesse agora nos é dito é verdade que devemos ter espírito mas o espírito não deve nos ter Mas os que pertencem a Cristo crucificam sua carne junto com os praze res e anseios Gálatas 524 desse modo eles agem segundo Stirner como A ideologia alemã 249 verdadeiros proprietários com os prazeres e anseios crucificados Ele recebe o cristianismo de encomenda mas não quer se restringir à carne crucificada e sim crucificar também seu espírito ou seja o camarada inteiro A única razão pela qual o cristianismo quis nos libertar do domínio da car ne e dos anseios como fator de impulsão foi o fato de encarar nossa carne nossos anseios como algo estranho a nós a única razão por que ele quis nos salvar da determinação natural foi o fato de considerar nossa própria natureza como não pertencente a nós Pois se eu próprio não sou natureza se meus anseios naturais se minha naturalidade como um todo não faz parte de mim mesmo e isto é a doutrina do cristianismo então toda determinação pela natureza tanto pela minha própria naturalidade quanto pela assim chamada natureza exterior se me afigurarão como determinação por algo estranho como grilhão como coerção que me é infligida como heteronomia em oposição à autonomia do espírito Ele aceita de olhos fechados essa dialética cristã e passa a aplicála ao nosso espírito Aliás o cristianismo nunca chegou a nos livrar do domínio dos anseios nem mesmo no sentido do justemilieu que lhe é imputado por São Max ele se restringe ao mero mandamento moral sem resultados efetivos na prática Stirner assume o mandamento moral como se fosse o fato real e o complementa com o seguinte imperativo categórico Nós até queremos ter espírito mas o espírito não deve Nos ter e por essa razão todo o seu egoísmo em paz consigo mesmo se dilui mais de perto como diria Hegel numa filosofia moral tão aprazível quanto edificante e contemplativa A fixação ou não de um anseio isto é se ele se torna um poder exclu sivo sobre nós o que no entanto não exclui uma evolução posterior depende de que as circunstâncias materiais as condições mundanas más permitam satisfazer normalmente esse anseio e ademais de que possam desenvolver um conjunto de anseios Este último ponto por sua vez de pende de que estejamos vivendo em circunstâncias que nos permitam uma atividade multifacetada e desse modo o pleno desenvolvimento de todas as nossas aptidões Da mesma forma a fixação ou não das ideias depende da forma que assumem as condições reais e a possibilidade oferecida por elas ao desenvolvimento de cada indivíduo como por exemplo as ideias fixas dos filósofos alemães essas vítimas da sociedade qui nous font pitié 1 são inseparáveis das condições alemãs Aliás no caso de Stirner o domínio do anseio constitui uma mera fraseologia que o rotula como santo absoluto Assim para nos atermos ao exemplo comovente do ganancioso Um ganancioso não é um possuidor mas um servo e não pode fazer Nada em função de Si mesmo sem que ao mesmo tempo o esteja fazendo em função do seu senhor p 400 1 que nos infundem piedade Karl Marx e Friedrich Engels 250 Ninguém pode fazer algo sem que ao mesmo tempo o esteja fazendo em favor de uma de suas necessidades e do órgão dessa necessidade o que para Stirner significa fazer dessa necessidade e de seu órgão o senhor sobre este alguém exatamente como ele antes já havia feito do meio para satisfação de uma necessidade cf Liberalismo político e Comunismo o senhor sobre si mesmo Stirner não pode comer sem ao mesmo tempo comer em função do seu estômago Se as condições mundanas o impedem de satisfazer o seu estômago esse seu estômago se torna senhor sobre ele o anseio de comer anseio fixo e a ideia de comer ideia fixa o que simultanea mente lhe fornece um exemplo da influência das circunstâncias mundanas sobre a fixação de seus anseios e ideias A revolta de Sancho contra a fixação dos anseios e dos pensamentos desemboca depois disso no impotente mandamento mo ral do autocontrole e fornece uma nova comprovação de como ele apenas empresta às intenções mais triviais dos pequenoburgueses uma expressão ideológica grandiloquentea 1 mais ou menos a Ao atacarem a base material sobre a qual repousa a fixidez até agora necessária dos anseios ou das ideias os comunistas são os únicos por cuja ação histórica a liquefação dos anseios e das ideias que se vão fixando é consumada e deixa de ser um impotente mandamento moral como ocorre com todos os moralistas até o presente momento descendo até Stirner A organização comunista atua de maneira dupla sobre os anseios que produzem as condições atuais no indivíduo uma parte desses anseios a saber aquela que existe sob todas as condições e que é transformada apenas em sua forma e tendência pelas distintas condições sociais também só é transformada sob essa nova forma social quando lhe são dados os meios para o seu desenvolvimento normal uma outra parte em contrapartida a saber aqueles anseios que devem sua origem tão somente a uma determinada forma social a determinadas condições de produção e intercâmbio é totalmente privada de suas condições vitais Ora quais são os anseios que sob a organização comunista serão transformados e quais os que serão desfeitos é algo que só se pode decidir de forma prática pela transformação dos anseios reais práticos e não mediante comparações com condições históricas precedentes É claro que são totalmente inadequadas as duas expressões fixos e anseios que há pouco utilizamos para podermos atacar Stirner nesse único fato Que na sociedade atual o indivíduo possa satisfazer uma necessidade às custas de todas as demais e que isso não deva ser assim e que isso aconteça plus ou moins 1 com todos os indivíduos do mundo atual e que desse modo o livre desenvolvimento do indivíduo como um todo esteja impossibilitado tudo isso Stirner pelo fato de nada saber sobre o nexo empírico desse fato com a ordem mundial vigente expressa no sentido de que no caso dos egoístas que não estão em acordo consigo mesmos os anseios se tornam fixos Um anseio já é algo fixo por sua mera existência e apenas a São Max e consortes poderia ocorrer de não deixar que por exemplo o seu impulso sexual se tornasse fixo algo que ele já é e só deixaria de ser mediante a castração ou a impotência Toda necessidade que está na base de A ideologia alemã 251 Nesse primeiro exemplo ele combate portanto por um lado seus anseios carnais por outro suas ideias intelectuais por um lado sua carne por outro seu espírito quando elas suas criaturas querem tornarse independentes dele o Criador Como nosso santo trava essa luta como ele na qualida de de criador se comporta em relação à sua criatura é o que veremos agora No caso do cristão na acepção comum do chrétien simple 1 para usar uma expressão de Fourier o espírito detém o poder exclusivo e dali por diante não se houve mais nenhuma intervenção da carne Não obstante Eu só posso quebrar a tira nia do espírito por meio da carne pois somente quando um homem tem a percepção também de sua carne ele tem a percepção plena de si mesmo e somente quando ele se percebe plenamente ele é perceptivo ou racional Mas quando a carne tem a palavra e quando o tom de sua voz como não poderia deixar de ser é passional então ele o chrétien simple crê ouvir vozes diabólicas vozes contrárias ao espírito e voltase com razão fervorosamente contra isso Ele teria de não ser cristão se as quisesse tolerar p 83 Portanto quando seu espírito quer se tornar independente contra ele o santo pede socorro à carne e quando sua carne se torna rebelde ele se lembra que também é espírito O que o cristão faz numa direção São Max faz em Ambas as direções Ele é o chrétien composé 2 e uma vez mais ele demonstra ser o cristão consumado Nesse exemplo São Max o espírito não atua como Criador de sua carne nem viceversa ele constata a existência da sua carne e do seu espírito e só se lembra que ele ainda tem a outra dentro de si quando uma das partes se torna rebelde passando então a fazer valer essa outra parte como seu verdadeiro Eu contra aquela Nesse caso portanto São Max é criador só na medida em que ele é algotambémdiferentementedeterminado na me dida em que ele possui ainda uma outra qualidade além daquela que em dado momento lhe apraz subsumir à categoria criatura Toda sua atividade criadora consiste aqui no bom propósito de perceber a si mes mo mais precisamente de perceber a si mesmo plenamente ou de ser um anseio é igualmente algo fixo algo cuja fixidez São Max não consegue abolir e por exemplo chegar ao ponto de não ter de comer dentro de intervalos fixos de tempo Os comunistas nem cogitam em abolir essa fixidez de seus anseios e necessidades como Stirner no seu mundo fantasioso imputa a eles e a todos os demais seres humanos eles apenas almejam uma organização da produção e do intercâmbio que lhes possibilite a satisfação normal de todas as suas necessidades isto é limitada apenas pelas próprias necessidades S M 1 cristão simples 2 cristão composto Karl Marx e Friedrich Engels 252 racionala de perceber a si mesmo como essência plena íntegra como es sência distinta de sua essência momentânea até mesmo em franca oposição a essa essência que ele momentaneamente é Passemos agora a uma das acerbas lutas pela vida travadas pelo nosso Santo p 80 81 Meu fervor pode não ser menor do que o mais fanático mas Eu permaneço ao mesmo tempo gélido em relação a ele descrente e seu inimigo mais irreconciliável Eu permaneço seu juiz porque Eu sou seu proprietário Para dar sentido ao que São Sancho declara a respeito de Si diría mos nessa passagem sua atividade criadora se limita ao fato de que no seu fervor ele se mantém consciente de seu fervor de que ele reflete sobre esse fervor de que ele se comporta como Eu reflexivo em relação a si mesmo como Eu real Tratase da consciência à qual ele arbitrariamente atribui o nome de criador Ele só é criador na medida em que é consciente Procedendo assim Tu esqueces a Ti mesmo num doce autoesquecimento Mas será que és apenas quando pensas em Ti mesmo e definhas quando Te esqueces de Ti Quem não se esqueceria de si a todo momento Quem não perderia a si mesmo de vista mil vezes em Uma hora Wigand p 1578 Isso é algo que Sancho naturalmente não pode dar por esquecido pelo seu autoesquecimento e por essa razão permanece ao mesmo tempo o mais irreconciliável dos seus inimigos No mesmo momento em que São Max a Criatura possui um fervor enorme São Max o Criador em virtude de sua reflexão já deixou esse seu fervor para trás ou o São Max real se afervora e o São Max reflexivo imagina que já deixou esse fervor para trás Em seguida esse estaralém na reflexão daquilo que ele é na realidade é descrito de modo aprazível e aventureiro sob a forma de romanceadas fraseologias no sentido de que ele permite que seu fervor subsista isto é não leva realmente a sério sua inimizade contra ele mas que sendo o mais irreconciliável dos inimigos dele comportase em relação a ele de modo gélido e descrente Na medida em que São Max se afervora isto é na medida em que o fervor é sua qualidade real ele não se comporta como criador em relação a ele e na medida em que se comporta como criador ele não se afervora realmente o fervor lhe é estranho ele é sua não qualidade Enquanto se afervora ele não é possuidor do fervor e tão logo se torna seu possuidor ele para de se afervorar Ele o complexo inteiro é a todo momento como criador e proprietário o suprassumo de todas as suas a Nessa passagem portanto São Max justifica plenamente o exemplo comovente da hetera e amada dado por Feuerbach Na primeira um homem percebe somente a sua carne ou somente a carne dela na segunda plenamente a si mesmo ou plenamente a ela Ver Wigand p 170 171 N A A ideologia alemã 253 qualidades minus aquela que ele o suprassumo de todas as demais coloca em oposição a si mesmo na qualidade de criatura e propriedade de modo que sempre lhe é estranha justamente aquela qualidade na qual ele coloca o acento como sendo a Sua Por mais exuberante que soe a verdadeira história de São Max a respeito de seus feitos heroicos dentro de si mesmo em sua consciência é fato notó rio entretanto que existem indivíduos reflexivos que em sua reflexão e por meio dela acreditam ter deixado tudo o mais para trása porque na realidade jamais conseguem sair de dentro da reflexão Esse estratagema de afirmarse contra uma determinada qualidade como tambémdiferentementedeterminado a saber no exemplo em questão como detentor da reflexão sobre o oposto pode ser novamente aplicado com as necessárias variações a toda e qualquer qualidade Por exemplo minha indiferença pode não ser menor do que a do mais apático dos homens mas eu permaneço ao mesmo tempo em ebulição descrente e seu mais irrecon ciliável inimigo etc Não podemos esquecer que o complexo inteiro de todas as suas qualidades o possuidor que é como São Sancho se confronta reflexi vamente com aquela qualidade Una neste caso nada mais é que a singela reflexão de Sancho sobre essa qualidade Una a qual ele transformou no seu Eu ao afirmar em vez do complexo inteiro aquela qualidade Una meramente reflexiva e diante de cada uma de suas qualidades assim como da série inteira afirmar apenas aquela qualidade Una da reflexão apenas um Eu que afirma a si mesmo como Eu representado Esse comportamento hostil para consigo mesmo essa paródia solene da contabilidade que Bentham232 fez de seus próprios interesses e qualidades é agora por ele mesmo pronunciada p 188 Um interesse seja pelo que for Me apresará como escravo caso Eu não possa me livrar dele e não será mais Minha propriedade eu é que serei a Sua Por essa razão acatemos a orientação da crítica para só nos sentirmos à vontade na dissolução Nós Quem somos nós Nem sequer Nos ocorre acatar a orien tação da crítica Portanto nessa passagem São Max que de repente se a Tudo isso é de fato apenas uma expressão empolada para o burguês que vigia todas as suas sensações para não sair prejudicado e em contrapartida ser elogiado por qua lidades em massa como por exemplo o fervor filantrópico diante do qual ele deveria se comportar de modo gélido descrente e como o mais irreconciliável dos inimigos para que ele não perdesse devido a esse fervor a sua condição de proprietário mas permanecesse sendo o proprietário da filantropia Mas por amor à sua reflexão São Max sacrifica ao seu Eu reflexivo aquela qualidade em relação à qual ele se comporta como o mais irreconciliável dos inimigos ao passo que o burguês sempre sacrifica suas inclinações e seus anseios a um interesse real bem determinado S M Karl Marx e Friedrich Engels 254 encontra sob a vigilância policial da crítica exige Um e o mesmo bemestar de Todos o estarbem de Todos em Um só e Um mesmo a dominação direta da religião Seu estarinteressado na acepção extraordinária manifestase aqui como um desinteresse celestial Aliás nem precisamos mais entrar aqui na questão de que na sociedade atualmente existente de modo algum depende de São Sancho que um interesse o aprese como escravo e ele não possa mais se livrar dele A fixação dos interesses através da divisão do trabalho e das relações de classe é bem mais evidente do que a fixação dos anseios e das ideias Para sobrepujar a Crítica crítica o nosso Santo deveria ter avançado pelo menos até a dissolução da dissolução pois caso contrário a dissolução constitui um interesse do qual ele não pode se livrar um interesse que o apresou como escravo A dissolução não é mais sua propriedade mas ele é a proprie dade da dissolução Se ele por acaso quisesse ser consequente no exemplo recémdado então ele teria de tratar seu fervor em relação a seu fervor como um interesse e comportarse em relação a ele como um inimigo irreconciliável Porém dessa mesma maneira ele teria de considerar seu gélido desinteresse em relação a seu gélido fervor e ficar igualmente gélido desse modo ele obviamente teria poupado ao seu interesse original e a si a tentação de girar em círculos no plano especulativo Em contraposição ele prossegue confiante ibidem Eu quero apenas tomar as providências para que Eu assegure Minha proprie dade para Mim isto é para que eu Me assegure diante de Minha propriedade e para assegurála Eu a retomo a todo momento em Mim destruo nela todo e qualquer ímpeto de autonomia e a devoro antes que ela se possa fixar e se transformar em ideia fixa ou vício Decerto é assim que Stirner devora as pessoas que são de sua proprie dade Stirner acabou de fazer que a crítica lhe conferisse uma vocação Ele afirma devorar essa vocação de imediato ao dizer na p 189 Porém Eu não faço isso por causa da minha vocação humana e sim porque Eu Me vocaciono para isso Se não me vocaciono para isso sou como ouvimos anteriormente escra vo e não proprietário não um verdadeiro egoísta não me comporto como criador em relação a mim que é o que devo fazer como verdadeiro egoísta portanto se Alguém quer ser verdadeiro egoísta ele deve se vocacionar para essa vocação que lhe é designada pela Crítica Tratase portanto de uma vocação universal de uma vocação para Todos não só da Sua vocação mas também da sua vocação Por outro lado entra em cena aqui o verdadeiro egoísta como um ideal não alcançado pela maioria dos indivíduos pois p 434 as mentes limitadas de nascença compõem indiscutivelmente A ideologia alemã 255 a classe mais numerosa dos homens e como poderiam essas mentes limitadas penetrar o mistério do ilimitado devorar a si mesmo e do ilimi tado devorar o mundo Aliás essas expressões temíveis destruir devo rar etc são apenas novas versões para o anterior gélido e inimigo mais irreconciliável Agora finalmente nos encontramos em condições de obter uma noção das objeções stirnerianas contra o comunismo Elas nada mais eram do que uma legitimação provisória e dissimulada de seu egoísmo em acordo consigo mesmo no qual elas ressuscitam corporalmente O bemestar idêntico para Todos em Um só e Um mesmo ressurge na exigência de que Nós apenas devemos Nos sentir bem na dissolução A preocupação erguese novamente na única preocupação de assegurar para si o seu Eu como propriedade mas com o tempo erguese outra vez a preo cupação de saber como se poderia chegar a uma unidade a saber à unidade de criador e criatura E por fim reaparece o Humanismo o qual sendo o verdadeiro egoísta confrontase na qualidade de ideal inatingível com os indivíduos empíricos É por isso que na p 117 do Livro tem de constar o que segue O egoísmo em acordo consigo mesmo quer transfor mar cada homem mais propriamente em um Estado policial secreto A reflexão tal como um espião um olheiro vigia todo e qualquer meneio do espírito e do corpo e todo ato e pensamento toda manifestação de vida são para ela um caso de reflexão isto é um caso de polícia É nesse conflito interno do homem entre impulso natural e reflexão entre a ralé inte rior criatura e a polícia interior criador que consiste o egoísta em acordo consigo mesmoa Heß Die letzten Philosophen p 26 havia lançado contra o nosso Santo a seguinte acusação Ele se encontra continuamente submetido à polícia secreta de sua cons ciência crítica Ele não esqueceu a orientação da Crítica de só Nos sentirmos bem na dissolução Sua consciência crítica o está continuamente lembrando de que ao egoísta não é permitido se interessar por Nada a ponto de dedicarse totalmente ao seu objeto etc A isso São Max se autoriza a responder o seguinte Quando Heß diz de Stirner ele se encontraria continuamente etc o que mais isso quer dizer senão que quando ele critica não quer criticar à toa isto é a propósito unicamente não quer disparatar mas de fato quer realmente isto é humanamente criticar a Aliás quando São Max faz um alto oficial prussiano dizer Todo prussiano car rega seu gendarme dentro do peito ele está se referindo ao gendarme do rei só o egoísta em acordo consigo mesmo carrega seu próprio gendarme dentro do peito N A Karl Marx e Friedrich Engels 256 O que mais era dito com isso a saber que Heß falou da polícia secreta etc transparece tão claramente da passagem acima de Heß que até mesmo a compreensão única que São Max tem dela só pode ser declarada como um malentendido proposital Seu virtuosismo no pensar se transforma em virtuosismo no mentir algo que nem lhe podemos levar a mal porque se tratava nesse caso do último recurso de que dispunha o que entretanto combina muito mal com as distinçõezinhas sutis sobre o direito de mentir que ele estabelece em outra parte no Livro Aliás já demonstramos a Sancho mais do que o merecido que quando ele critica de modo algum critica realmente mas critica à toa e disparata Primeiramente portanto o comportamento do verdadeiro egoísta como criador em relação a si mesmo como criatura foi determinado no sentido de que contra uma determinação em que ele se fixa como criatura por exem plo contra si mesmo como pensante como espírito ele se afirmou como determinado também diferentemente como carne Mais tarde ele não mais se afirmou como realmente algotambémdiferentementedeterminado mas como a mera representação do seralgotambémdiferentementedeterminado em geral portanto no exemplo acima como tambémnão pensante desprovido de ideias ou indiferente em relação ao pensar uma representação que ele dispensa tão logo o absurdo se evidencia Ver acima o movimento girató rio no plano especulativo Portanto a atividade criadora consistiu aqui na reflexão de que essa determinação neste caso o pensar também lhe poderia ser indiferente no refletir em geral e desse modo ele naturalmente só cria determinações reflexivas quando cria uma coisa qualquer que seja por exemplo a representação da oposição cuja essência singela é dissimulada mediante todo tipo de arabescos cuspindo fogo Agora no que se refere ao seu conteúdo como criatura vimos que em lugar nenhum ele cria esse conteúdo essas qualidades bem determinadas como por exemplo seu pensar seu fervor etc mas apenas a determinação reflexiva desse conteúdo como criatura a representação de que essas quali dades bem determinadas são suas criaturas Nele já se encontram todas as suas qualidades e saber de onde elas vêm lhe é indiferente Ele não precisa portanto nem desenvolvêlas por exemplo aprender a dançar para se tornar senhor de suas pernas ou exercitar seu pensar em algum material que não é dado a qualquer Um ou que não pode ser conseguido por qualquer Um a fim de se tornar proprietário de seu pensar nem precisa preocuparse com as condições do mundo das quais depende na realidade o quanto um indivíduo pode se desenvolver É realmente apenas por meio de Uma qualidade que Stirner se desfaz das demais isto é a repressão de suas demais qualidades através dessa outra Na realidade ele consegue isso apenas na medida em que essa qualidade não só alcançou um livre desenvolvimento não permanecendo simples po tencialidade mas também na medida em que as condições do mundo lhe A ideologia alemã 257 permitiram desenvolver uma totalidade de qualidades uniformemente ou seja pela divisão do trabalho e essa é a razão do exercício predomi nante de uma única paixão por exemplo a de escrever livros como já mostramos De qualquer modo é um contrassenso se supor como faz São Max que seja possível satisfazer Uma paixão separadamente de todas as demais que seja possível satisfazêla sem satisfazer a si a todo o indivíduo vivo Se essa paixão assume um caráter abstrato segregado se ela se confronta comigo como um poder estranho ou seja se a satisfação do indivíduo aparece como a satisfação unilateral de uma única paixão então a razão disso de modo algum reside na consciência ou na boa vontade muito menos na falta de reflexão sobre o conceito da qualidade como imagina São Max Ela não reside na consciência mas no Ser não no pensar mas na vida ela reside no desenvolvimento empírico e na manifestação vital do indivíduo que por sua vez depende das condições do mundo Quando as circunstân cias sob as quais vive esse indivíduo só lhe permitem o desenvolvimento unilateral de uma qualidade às custas de todas as demais se elas lhe proporcionam material e tempo para desenvolver só Uma qualidade então esse indivíduo logra apenas um desenvolvimento unilateral aleijado Não há pregação moral que ajude E o modo como se desenvolve essa qualidade preferencialmente favorecida depende por sua vez de um lado do material de formação que lhe é oferecido de outro lado do grau e do modo como as demais qualidades permanecem reprimidas Justamente pelo fato de que por exemplo o pensar é o pensar deste indivíduo bem determinado permanece ele como o seu pensar determinado por sua individualidade e pelas condi ções em que vive portanto o indivíduo pensante não tem necessidade de mediante uma prolongada reflexão sobre o pensar como tal declarar que o seu pensar é o seu próprio pensar é a sua propriedade ele é desde o início seu próprio pensar peculiarmente determinado e justamente a sua peculia ridade foi evidenciada em São Sancho como o oposto disso isto é como peculiaridade que é peculiaridade em si Para um indivíduo por exemplo cuja vida abarca uma grande esfera de atividades variadas e relações práticas com o mundo que portanto leva uma vida multifacetada o pensar possui o mesmo caráter de universalidade de cada uma das demais manifestações vitais desse indivíduo Por essa razão ele não se fixa como pensar abstrato nem há necessidade de artifícios reflexivos rebuscados quando o indivíduo passa do pensar para alguma outra manifestação vital Tratase sempre des de o início de um momento que desaparece e se reproduz de acordo com a necessidade no todo da vida do indivíduo Ao contrário no caso de um mestreescola ou escritor berlinense localista cuja atividade se restringe de um lado ao árduo trabalho e do outro ao prazer de pensar cujo mundo vai de Moabit a Köpenick233 e é demarcado com pranchas de madeira atrás do Portão de Hamburgo cujas relações Karl Marx e Friedrich Engels 258 com esse mundo foram reduzidas ao mínimo por uma condição de vida miserável se se tratar de tal indivíduo não há todavia como evitar que caso ele tenha alguma necessidade de pensar que esse pensar se torne tão abstrato quanto tal indivíduo e sua vida mesma que esse pensar se torne um poder fixo confrontado com esse indivíduo totalmente incapaz de oferecer resistência um poder cujo exercício oferece ao indivíduo uma possibilidade de salvação momentânea de seu mundo mau um prazer momentâneo No caso de tal indivíduo os poucos anseios que sobram originados não tanto do intercâmbio universal quanto da constituição corporal do homem manifestamse unicamente por repercussão isto é eles assumem no interior de seu desenvolvimento tacanho o mesmo caráter unilateral e brutal que possui o pensar emergem apenas em largos interstícios e estimulados pela proliferação do anseio predominante apoiados por causas físicas imedia tas como por exemplo a compressão do abdômen e se externam com veemência e violência reprimindo da maneira mais brutal possível o anseio habitual natural levando à continuidade do domínio sobre o pensar É óbvio que o pensar professoral reflete e especula sobre esse fato empí rico de maneira professoral Porém o simples anúncio de que Stirner cria todas as suas qualidades não explica nem mesmo seu desen volvimento determinado O quão desenvolvidas são essas qualidades em termos universais ou locais em que medida elas ultrapassam as tacanhices localistas ou nelas permanecem enredadas são coisas que não dependem dele mas do intercâmbio mundial e da parcela de participação que nesse intercâmbio assumem ele e a localidade em que ele vive O que torna possível ao indivíduo sob condições favoráveis livrarse de sua tacanhice lo calista não é de modo algum o fato de os indivíduos em sua reflexão imaginarem ou pretenderem dissolver sua tacanhice localista mas uni camente o fato de eles na sua realidade empírica e determinados pelas suas necessidades empíricas terem chegado ao ponto de produzir um intercâmbio mundiala A Única coisa que nosso Santo consegue com sua árdua reflexão sobre suas qualidades e paixões é que por causa de seu permanente arrancarabo com elas ele acaba por azedar sua fruição e sua satisfação Como já foi dito anteriormente São Max cria tão somente a si como cria tura isto é limitase a subsumirse nessa categoria da criatura Sua atividade como criador consiste em contemplar a si mesmo como criatura ele nem mesmo avança no sentido de dissolver novamente essa divisão dentro de a Numa passagem profana posterior São Max reconhece que o Eu recebe um impul so fichtiano do mundo Contudo o fato de os comunistas visarem controlar esse impulso o qual todavia caso não nos contentemos com o simples palavreado se transforma em um impulso complicado e determinado de muitas maneiras constitui para São Max uma ideia ousada demais para que ele possa se ocupar com ela S M A ideologia alemã 259 si como criador e a si mesmo como criatura declarandoa seu próprio produto A divisão em coisas essenciais e coisas não essen ciais torna se no seu caso um processo vital permanente ou seja uma simples aparência isto é sua vida existe propriamente apenas na pura reflexão ela nem mesmo constitui uma existência real pois já que esta consiste em cada momento fora dele e de sua reflexão ele se esforça em vão para apresentar esta última como essencial Porém no momento em que esse inimigo a saber o verdadeiro egoísta como criatura gera a si mesmo em sua derrota no momento em que a consciência já que o fixa para si em vez de tornarse livre dele antes se detém sempre nisso e se vislumbra sempre profanada e no momento em que esse conteúdo de seu almejar é concomitantemente o que de mais bai xo pode haver vemos apenas uma personalidade restrita a si mesma e à sua ínfima ação inatividade e incubando a si mesma tão infeliz quanto deplorável Hegel O que até aqui dissemos sobre a cisão de Sancho em criador e criatura ele próprio acaba por expressar numa forma lógica criador e criatura se transformam em pressuponente e pressuposto respectivamente na medida em que sua pressuposição de seu Eu é uma posição Eu ponente e Eu posto Eu de Minha parte parto de uma pressuposição ao pressupor a Mim mesmo Minha pressuposição porém não briga por seu aperfeiçoamento São Max briga antes por seu rebaixamento mas serveMe apenas para desfrutála e consumila uma fruição invejável Eu Me nutro unicamente da Minha pressuposição e somente existo ao consumila Mas por isso grande Por isso essa pressuposição não é uma pressuposição pois já que grande pois já que Eu sou o Único quer dizer o verdadeiro egoísta o egoísta em acordo consigo mesmo assim Eu nada sei sobre a dualidade de um Eu pressuponente e um Eu pressuposto um Eu ou homem imperfeito e um perfeito quer dizer a perfeição do meu Eu consiste somente em estar ciente de ser a cada momento um Eu imperfeito uma criatura mas gran diosíssimo mas o fato de Eu Me consumir significa apenas que eu sou Quer dizer o fato de eu ser significa aqui apenas que Eu consumo em Mim a categoria do pressuposto na imaginação Eu não Me pressuponho porque a cada momento apenas me ponho ou crio a saber Me ponho ou crio como pressuposto posto ou criado e Eu só sou pelo fato de não ser pressuposto mas posto quer dizer e só sou pelo fato de Eu ser pressuposto ao meu pôr e uma vez mais sou posto somente naquele momento em que Eu Me ponho isto é Eu sou criador e criatura em Um Stirner é um homem posto já que ele permanentemente é um Eu posto e seu Eu também é homem Wigand p 183 Por isso ele é um homem posto pois já que ele nunca é arrastado pelas paixões a cometer excessos assim ele é o que os burgueses chamam de um homem posto mas o fato de ele ser um homem posto significa somente que ele contabiliza perma nentemente suas próprias mutações e refrações Karl Marx e Friedrich Engels 260 Seguindo o exemplo de Stirner e falando ao menos uma vez segundo Hegel o que até aqui era tão somente para nós a saber que toda a sua atividade criadora não tinha outro conteúdo além das determinações reflexivas universais isso agora é posto pelo próprio Stirner É que neste ponto a luta de São Max contra a essência atinge seu derradeiro prescindir por identificar a si mesmo com a essência mais precisamente com a essência pura especulativa A relação entre criador e criatura transformase em uma explicação do pressupor a si mesmo isto é ele transforma numa representação extremamente desajeitada e confusa aquilo que Hegel diz na teoria da essência sobre a reflexão Pois como São Max isola um momento de sua reflexão a reflexão ponente suas fantasias se tornam negativas quando ele transforma a si mesmo etc em autopressuposição em diferença entre si como ponente e como posto e transforma a reflexão na oposição mística entre criador e criatura A propósito é preciso registrar que nesse trecho da Lógica Hegel discute as maquinações do nada criador o que explica a ra zão pela qual São Max já na p 8 teve de pôr a si mesmo como esse nada criador Queremos agora inserir episodicamente algumas frases da explicação he geliana do pressuporasimesmo a título de comparação com a explicação de São Max Contudo como Hegel não escreve assim de modo tão sem nexo e a belprazer como nosso Jacques le bonhomme somos forçados a buscar e reunir essas frases a partir de diversas partes da Lógica para fazêlas cor responder à grande frase de Sancho A essência pressupõe a si mesma e ela mesma é o suprassumir desse pres suposto Por ser repulsão de si em relação a si mesma ou indiferença frente a si mesma relação negativa consigo ela põe a si defronte de si mesma o pôr não tem nenhum pressuposto o Outro é posto apenas pela essência mesma A reflexão portanto só é como o negativo de si mesma Como pressuponente ela é pura e simplesmente reflexão ponente Ela consiste portanto em ser ela mesma e não ser ela mesma numa unidade cria dor e criatura em Um Hegel Lógica v II p 5 16 17 18 22 Do virtuosismo no pensar stirneriano deveríamos esperar que ele tivesse procedido a investigações adicionais na Lógica hegeliana Contudo prudentemente ele deixou isso de lado Caso contrário ele teria descoberto que como simples Eu posto como criatura isto é na medida em que ele tem seraí Dasein ele é um simples Euaparência e só é essência criador na medida em que ele não está aí na medida em que ele meramente se representa já vimos e ainda continuaremos a ver que todas as suas qualidades toda a sua atividade e todo o seu comportamento para com o mundo são simples aparência que ele se imagina nada além de malabarismos na corda bamba do objetivo Seu Eu é sempre um Eu mudo oculto no seu Eu representado como essência A ideologia alemã 261 Portanto como o verdadeiro egoísta em sua atividade criadora é apenas uma paráfrase da reflexão especulativa ou da essência pura então resulta de acordo com o mito mediante reprodução natural o que já se ressaltou no exame das árduas lutas pela vida do verdadeiro egoísta a saber que suas criaturas se limitam às determinações reflexivas mais elemen tares como identidade diferença igualdade desigualdade oposição etc determi nações reflexivas que ele tenta esclarecer em Si a respeito do qual a notícia já chegou até Köln Sobre seu Eu sem pressupostos ocasionalmente ainda ouviremos uma breve palavrinha Ver entre outros o Único Assim como na construção histórica de Sancho que segue o método he geliano o fenômeno histórico posterior é transformado em causa em cria dor do fenômeno anterior assim também no caso do egoísta em acordo consigo mesmo o Stirner de hoje se torna o criador do Stirner de ontem muito em bora valendome de sua própria linguagem o Stirner de hoje seja a criatura do Stirner de ontem A reflexão no entanto inverte esse dado e na reflexão como produto da reflexão como representação o Stirner de ontem é a cria tura do Stirner de hoje exatamente da mesma forma como as condições do mundo no interior da reflexão são as criaturas de sua reflexão p 216 Não buscai a liberdade que Vos priva justamente de Vós mesmos na autorrenúncia mas buscai a Vós mesmos isto é buscai a Vós mesmos na autonegação tornaivos egoístas tornaivos cada Um de Vós um Eu oni potente Em vista do precedente não deveremos nos admirar quando mais tarde São Max voltar a se comportar em relação a essa frase como criador e como o mais irreconciliável dos inimigos e dissolver o seu sublime postulado moral tornate um Eu onipotente no sentido de que de qualquer modo cada Um faz o que pode e pode o que faz o que para São Max certamente faz dele alguém onipotente Na frase acima aliás está sintetizado o absurdo do egoísta em acordo consigo mesmo Primeiro consta o mandamento moral do buscar mais precisamente do buscarasimesmo Este é então definido em termos de que cada um deve tornarse algo que ainda não é a saber egoísta e esse egoísta é definido em termos de que ele é um Eu onipotente em que a capacidade peculiar real se dissolveu em Eu na onipotência na fantasia da capacidade Buscar a si mesmo significa portanto tornarse algo Outro do que se é mais precisamente significa tornarse onipotente isto é Nada um disparate uma fantasmagoria Chegamos agora a um ponto em que pode ser revelado e resolvido um dos mais profundos mistérios do Único e ao mesmo tempo um problema que de há muito tem mantido o mundo civilizado em angustiante expectativa Quem é Szeliga Assim se pergunta desde a crítica LiteraturZeitung ver A sagrada família etc todo aquele que tenha acompanhado o desenvolvimento Karl Marx e Friedrich Engels 262 da filosofia alemã Quem é Szeliga Todos perguntam Todos prestam atenção ao ouvir o som bárbaro desse nome Ninguém responde Quem é Szeliga São Max nos dá a chave desse mistério dos mistérios Szeliga é Stirner como criatura Stirner é Szeliga como criador Stirner é o Eu Szeliga o Tu do Livro Daí que Stirner o Criador se comporte em relação a Szeliga a Criatura como em relação ao mais irreconciliável dos inimigos No momento em que Szeliga tenta se tornar independente de Stirner em função do que ele fez uma tentativa infeliz nas Norddeutsche Blätter São Max o busca de volta para dentro de si mesmo um ex perimento que é efetuado contra essa tentativa de Szeliga nas p 1769 do comentário apologético em Wigand Entretanto a luta do criador contra a criatura de Stirner contra Szeliga é apenas aparente Szeliga agora sai a campo atirando contra o seu criador as frases de efeito desse criador por exemplo que o corpo simples desnudo é a ausência de ideias Wigand p 148 São Max concebeu como vimos unicamente a pura carne o corpo antes de sua educação e foi nessa oportunidade que deu ao corpo a destinação de ser o Outro da idéia a não ideia e o não pensante portanto a irreflexão em uma passagem posterior ele chega até mesmo a dizer expressamente que unicamente a irreflexão assim como antes unicamente a carne que portanto são identificadas uma com a outra poderia salválo da ideia p 196 Em Wigand obtemos uma prova ainda mais cabal desse nexo misterioso Já vimos na p 7 do Livro que Eu isto é Stirner é o Único Na p 153 do comentário ele passa a dirigir a palavra ao seu Tu Tu és o conteúdo das frases de efeito a saber o conteúdo do Único e na mesma página consta Ele desconsidera que ele próprio Szeliga seja o conteúdo das frases de efeito O Único é a frase como São Max diz literalmente Concebido como Eu isto é como criador ele é possuidor das frases de efeito este é São Max Concebido como Tu isto é como criatura ele é o conteúdo das frases de efeito este é Szeliga como há pouco nos foi denunciado Szeliga a criatura entra em cena como o egoísta ab negado como Dom Quixote degenerado Stirner o Criador como egoísta na acepção comum como o santo Sancho Pança Neste ponto aparece portanto o outro lado da oposição entre criador e criatura no qual cada uma das duas partes possui seu oposto em si mesma Sancho Pança Stirner o egoísta na acepção comum derrota aqui o Dom Qui xote Szeliga o egoísta abnegado e ilusório justamente na qualidade de Dom Quixote mediante a sua fé no domínio universal do Sagrado O que era ademais o egoísta na acepção comum de Stirner senão um Sancho Pança e seu egoísta abnegado senão um Dom Quixote e sua relação recíproca na forma até aqui vista senão a relação de Sancho Pança Stirner com Dom Quixote Szeliga Agora como Sancho Pança Stirner pertence a si mesmo como Sancho apenas para fazer crer a Szeliga como Dom Quixote que este o supera no domquixotismo e em consonância com tal papel A ideologia alemã 263 pressuposto o domquixotismo generalizado Nada irá empreender contra o domquixotismo de seu exsenhor ao qual ele jura a mais firme fidelidade servil e assim procedendo confirma a esperteza já desenvolvida em Cervantes Segundo o conteúdo real ele é em consequência o defensor do pequenoburguês prático porém combate a consciência que corresponde ao pequenoburguês a qual se reduz em última instância às representações idealizadoras que o pequenoburguês tem da burguesia que lhe é inalcançável Portanto Dom Quixote agora como Szeliga realiza trabalhos de servo para o seu exescudeiro Sancho mostra em cada página o quanto manteve os antigos hábitos mesmo em sua nova metamorfose O devorar e o consumir ainda se mantêm como suas principais qualidades sua timidez natural continua a exercer tal poder sobre ele que o rei da Prússia e o príncipe Henrique LXXII se transformam diante de seus olhos no Imperador da China ou no Sultão e ele só ousa falar das Câmaras aa ele continua a tirar seus provérbios e adágios do alforje e a espalhálos a sua volta ainda tem medo de fantasmas chegando a declarálos a única coisa temível a única diferença é que ao passo que Sancho na sua impiedade era logrado pelos campo neses no botequim ele no seu atual estado de santidade logra a si mesmo sem parar Entretanto retornemos a Szeliga Quem ainda não descobriu o dedo de Szeliga em todas as frases de efeito que São Sancho põe na boca de seu Tu E não apenas nas frases de efeito do Tu mas também nas frases em que Szeliga aparece como criador ou seja como Stirner podese seguir continuamente a pista de Szeliga Porém em razão de Szeliga ser criatura ele só pôde aparecer na Sagrada Família como mistério A revelação do mistério coube a Stirner o Criador Nossa intuição nos dizia contudo que aqui devia haver como base de tudo uma aventura grande sagrada Nossas expectativas não foram frustradas Essa aventura singular realmente nunca foi vista nem ouvida e supera a dos moinhos de vento que Cervantes relata no vigésimo234 3 Apocalipse de João o teólogo ou a lógica da nova sabe doria No princípio era a Palavra o Logos Nele estava a vida e a vida era a luz dos seres humanos E a luz brilhou na escuridão e a escuridão não a compreen deu Esta era a luz verídica ela estava no mundo e o mundo não a conheceu Ele veio para a sua propriedade e os Seus não o acolheram Mas a todos os que o acolheram ele conferiu o poder de se tornar proprietários que creem no nome do Único Porém quem jamais viu o Único a Câmaras alemãs Karl Marx e Friedrich Engels 264 Examinemos agora essa luz do mundo na lógica da nova sabedoria já que São Sancho não se acalma com as anteriores destruições No caso do nosso autor único é óbvio que o fundamento de sua genialidade consiste em uma reluzente série de predicados pessoais os quais perfazem seu peculiar virtuosismo no pensar Dado que todos esses predicados já foram comprovados amplamente no texto precedente basta fazer aqui uma breve relação dos principais dentre eles desleixo no pensar confusão ausência de nexo inépcia assumida repetições infindas constante contradição consigo mesmo comparações sem igual tentativas de intimidação do leitor captação sistemática da autoria de ideias alheias mediante o emprego das alavancas Tu Isto Se etc e abuso grosseiro das conjunções pois por essa razão por isso por que em consequência mas etc insciência asseveração deselegante leviandade solene discurso revolucionário e ideias pacíficas vocifera ção indignidade presunçosa e flerte com a indecência vulgar elevação do biscateiro Nante235 à condição de conceito absoluto dependência das tradições hegelianas e de frases de efeito correntes em Berlim em suma a perfeita fabricação de uma volumosa sopa para mendigos 491 páginas à moda de Rumford236 Nessa sopa para mendigos flutuam qual ossos toda uma série de elementos de transição dos quais partilharemos agora algumas specimina 1 para deleite público do público alemão de qualquer modo já tão deprimido Não poderíamos mas agora é às vezes se divide podese agora da eficácia de faz parte isso que frequentemente se ouve mencionar e isto quer dizer pode para concluir com isto ser esclarecedor intermediaria mente assim se pode pensar aqui casualmente não deveria ou por acaso não seria a progressão de no sentido de não é difícil a partir de um certo ponto de vista raciocinase mais ou menos assim por exemplo etc etc e está em que em todas as possíveis metamorfoses Por ora podemos mencionar aqui um artifício lógico a respeito do qual não se pode decidir se ele deve sua existência à tão louvada aptidão de Sancho ou à inépcia de suas ideias Esse artifício consiste em isolar como o exclusivo e único até ali um só aspecto de uma representação de um conceito que possui diversos aspectos precisamente identificados introduzilo discretamente no conceito como sua exclusiva determinação e fazer valer esse aspecto como algo original ante todos os demais aspectos atribuindolhe um novo nome Isto tudo com a liberdade e a peculiaridade que mais tarde observaremos Entre as categorias que devem seu surgimento menos à personalidade de Sancho do que à penúria geral em que se encontram atualmente os teóricos 1 provas amostras A ideologia alemã 265 alemães encontrase no lugar mais destacado a distinção torpe a plenitude da torpeza Como o nosso Santo lida com as mais atormentadoras opo sições como as de singular e universal interesse privado e interesse geral egoísmo comum e abnegação etc ele acaba incorrendo nas concessões e transações o mais torpe possível entre os dois lados as quais por sua vez estão baseadas nas distinções o mais sutis possível distinções cuja coexistência é expressa por também e cuja separação umas das outras é mantida com um sofrível na medida em que Exemplos de tais distinções torpes são como os seres humanos se exploram reciprocamente e no en tanto Nenhum deles faz isso às custas do Outro de que forma Algo me é próprio ou me é insuflado a construção de um trabalho humano e a de um trabalho único que existem lado a lado aquilo que é indispensável à vida humana e aquilo que é indispensável à vida única o que faz parte da pura personalidade e o que é objetivamente casual para o que São Max do seu ponto de vista não tem critério algum o que faz parte dos andrajos Lumpen e o que faz parte da pele do indivíduo do que ele se desfaz totalmente ou se apropria pela negação de que forma ele sacrifica meramente sua liberdade ou meramente sua peculiaridade quando ele também sacrifica mas só na medida em que ele não sacrifica propriamente o que me põe em relação com o Outro como vínculo e o que me põe em relação pessoal com ele Uma parte dessas distinções é absolutamente torpe uma outra perde ao menos no caso de Sancho todo sentido e toda sustentação A culminância dessa distinção torpe pode ser considerada aquela entre a criação do mundo pelo indivíduo e o impulso que este recebe do mundo Se neste ponto Sancho por exemplo examinasse melhor o impulso em toda a amplitude e diversificação com que este age sobre ele evidenciarseia para ele por fim a seguinte con tradição que ele é tão cegamente dependente do mundo quanto ele o cria de forma ideologicamente egoísta Ver Minha autofruição Ele deixaria de mencionar seus tambéns e seus na medida em quês lado a lado assim como o trabalho humano ao lado do trabalho único não questiona ria Uma coisa na presença da Outra para que Uma não possa atacar a Outra pelas costas e para que o egoísta em acordo consigo mesmo não venha a ser completamente suposto a si mesmo mas nós sabemos que este não precisa mais ser suposto pois desde o início já constituía o ponto de partida Essa torpeza da distinção perfaz todo o Livro também constitui uma das alavancas principais dos demais artifícios lógicos e ganha expressão particularmente numa casuística moral tão autocomplacente quanto sem valor Assim por meio de exemplos se nos esclarece até que ponto o ver dadeiro egoísta pode e não pode mentir em que medida é desprezível e não é desprezível fraudar um voto de confiança em que medida os impera dores Sigismundo e Francisco I da França podem quebrar seus juramentos e em que medida ao fazêlo seu comportamento foi reles e outras finas Karl Marx e Friedrich Engels 266 ilustrações históricas do mesmo tipo Em vista dessas penosas distinções e quæstiunculis 1 faz uma ótima figura uma vez mais a indiferença do nosso Sancho para a qual Tudo é uma e a mesma coisa e que deixa de lado todas as diferenças reais práticas e de pensamento De modo geral já se pode afirmar que sua arte de diferenciar ainda fica muito aquém de sua perícia em não diferenciar em fazer que todos os gatos se tornem pardos na noite do Sagrado e reduzir Tudo a Tudo uma perícia que encontra sua expressão mais adequada na aposição Abraça o teu Ruço Sancho pois o reencontraste Ele corre faceiro ao teu encontro desconsiderando os pontapés que recebeu e te saúda com voz estridente Ajoelhate diante dele lançate ao seu pescoço e cumpre a vocação para a qual Cervantes te chamou no trigésimo237 A aposição é o Ruço de São Sancho sua locomotiva lógica e histórica a força propulsora do Livro reduzida à sua expressão mais breve e simples Para converter uma representação na outra ou demonstrar que duas coisas completamente disparatadas são idênticas procuramse elos intermediá rios que em parte pelo sentido em parte pela etimologia em parte pela simples sonoridade possam ser aproveitados para fabricar um nexo aparente entre as duas representações básicas Estas são então anexadas na forma da apo sição à primeira representação e isso de tal modo que se dê um afastamento cada vez maior em relação ao ponto de partida e uma aproximação cada vez maior do ponto onde se quer chegar Quando a cadeia de aposições está preparada de tal modo que se pode fechála sem riscos anexase por meio de um hífen a representação conclusiva igualmente em forma de aposição e a proeza está feita Tratase de uma maneira extremamente recomendável de contrabandear ideias que se torna tanto mais eficaz quanto mais é usada para alavancar as elaborações centrais Depois de se ter realizado essa proeza diversas vezes com êxito podese de acordo com o procedimento de São Sancho omitir gradativamente alguns elos intermediários e por fim reduzir a cadeia de aposições aos elos mais necessários Ocorre porém como já vimos acima que a aposição pode ser invertida e desse modo levar a proezas novas ainda mais complicadas e a resultados ainda mais impressionantes Vimos naquele mesmo lugar que a aposição é a forma lógica da série infinita da matemática São Sancho utiliza a aposição de dois modos por um lado de modo pu ramente lógico na canonização do mundo em que ela lhe é útil para trans formar toda e qualquer coisa mundana em o Sagrado por outro lado de modo histórico nas elaborações do contexto e na síntese de diversas épocas em que cada estágio histórico é reduzido a um único termo tendose como resultado final que o último elo da cadeia histórica não avançou um milímetro 1 ínfimas questões eruditas A ideologia alemã 267 sequer em relação ao primeiro e que todas as épocas da sequência no final das contas são resumidas a uma única categoria abstrata por exemplo idealismo dependência em relação a ideias etc Quando se pretende intro duzir na cadeia histórica de aposições a aparência de progresso isso é feito de tal maneira que a proposição conclusiva é concebida como a plenificação da primeira época da cadeia e que os elos intermediá rios são concebidos como estágios de desenvolvimento em ordem crescente até a proposição conclusiva final plenificada A aposição vem acompanhada da sinonímia que é explorada por São Sancho em todos os seus aspectos Quando duas palavras possuem uma ligação etimológica ou apenas soam parecido elas passam a responder solidariamente uma pela outra ou então quando uma palavra possui diversos sentidos ela passa a ser usada de acordo com a necessidade ora num sentido ora no outro e isso dá a impressão de que São Sancho fala de Uma só e da mesma coisa em diferentes refrações Uma seção própria da sinonímia é formada ainda pela tradução quando uma expressão france sa ou latina é complementada por uma alemã que exprime a primeira só pela metade e acrescenta ainda muitas outras coisas como por exemplo quando como já vimos acima respeitar é traduzido por sentir reverên cia e temor etc Recordemse os termos Estado status estamento estado de emergência etc No caso do comunismo já tivemos oportuni dade de constatar exemplos substanciais desse uso de expressões de duplo sentido Queremos examinar brevemente agora um exemplo da sinonímia etimológica A palavra Gesellschaft sociedade tem sua origem na palavra Sal Quando um Saal salão comporta muitas pessoas então o Saal faz que elas estejam em sociedade Elas estão em sociedade e perfazem no máximo uma Salon Gesellschaft sociedade de salão ao se valerem dos tradicionais modos de falar de salão Quando chega a ocorrer um intercâmbio real este deve ser encarado como independente da sociedade p 286 Pelo fato de a palavra Gesellschaft ter sua origem em Sal o que digase de passagem não é verdade já que os radicais originais de todas as palavras são verbos então necessariamente Sal Saal Porém no ale mão culto antigo Sal se refere a um edifício Kisello Geselle de onde provém Gesellschaft referese a Hausgenosse integrante da economia doméstica e por isso o Saal salão é introduzido de modo totalmente arbitrário Mas isso não importa logo em seguida o Saal é transformado em um salon como se entre o alemão culto antigo Sal e o neofrancês salon não houvesse um estágio intermediário de cerca de mil anos e tantas quantas milhas Assim a sociedade foi transformada em uma sociedade de salão na qual de acordo com a concepção pequenoburguesa alemã tem lugar tão somente um inter câmbio de frases de efeito e da qual está excluído todo e qualquer intercâm bio real Aliás já que São Max visava apenas transformar a sociedade em Karl Marx e Friedrich Engels 268 o Sagrado ele poderia ter conseguido isso por um caminho bem mais curto caso tivesse sido mais preciso no manejo da etimologia e consultado qualquer léxico de radicais Que achado teria sido para ele se ali tivesse descoberto o nexo etimológico entre Gesellschaft sociedade e selig bemaventurado salvo Gesellschaft selig heilig santo sagrado das Heilige o Sagrado o que pode ser mais simples do que isso No caso de a sinonímia etimológica de Stirner estar correta os comunis tas buscam a verdadeira Grafschaft dignidade de conde condado a Grafschaft como o Sagrado Assim como Gesellschaft vem de Sal edifício assim Graf do gótico garâvjo vem do gótico râvo casa Sal edifício râvo casa ou seja Gesellschaft igual a Grafschaft Prefixos e sufixos são iguais nas duas palavras as sílabas do radical têm o mesmo significado logo a sociedade sagrada dos comunistas é o condado sagrado o condado como o Sagrado o que pode parecer mais simples do que isso São Sancho intuiu isto ao ver no comunismo a plenificação do feudalismo isto é do regime do condado O nosso Santo se serve da sinonímia por um lado para converter condi ções empíricas em condições especulativas por exemplo ao aplicar um termo que ocorre tanto na prática quanto na especulação em seu significado especu lativo tecer algumas frases de efeito sobre esse significado especula ti vo e em seguida proceder como se com isso também tivesse criticado as condições reais as quais ele de fato designa mediante o emprego da mesma palavra É o que acontece com a especulação Na p 406 aparece a especulação no curso de duas páginas como Uma essência que dá a si mesma uma dupla aparição ó Szeliga Ele esbraveja contra a especulação filosófica e acredita ter também despachado com isso a especulação comercial da qual ele nada sabe Por outro lado ele o pequenoburguês oculto servese dessa sinonímia para transformar relações burguesas ver o que se diz acima na seção O comunismo sobre a conexão da linguagem com as condições burguesas em relações pessoais individuais que não se podem tocar sem tocar o indivíduo em sua individualidade peculiaridade e unicidade Da mesma forma Sancho explora por exemplo o nexo etimológico entre Geld dinheiro e Geltung validade vigência Vermögen patrimônio capacidade e vermögen poder ser capaz etc A sinonímia associada à aposição constitui a alavanca principal de sua escamoteação que já pusemos a descoberto inúmeras vezes Para dar um exemplo de como é fácil valerse desse artifício também queremos ao menos uma vez escamotear à la Sancho A mutação Wechsel como mutação é a lei do fenômeno Erscheinung diz Hegel Daí decorre poderia prosseguir Stirner o fenômeno do rigor da lei contra mutações falsas pois tratase aqui da lei que paira soberana acima do fenômeno a lei como tal a lei sagrada a lei como o Sagrado o Sagrado contra o qual se peca e o qual é vingado pela punição Ou então a mutação em sua dupla aparição como letra de câmbio lettre de change e A ideologia alemã 269 mudança changement leva à caducidade échéance e décadence 1 A caducidade como consequencia da mutação manifestase na história entre outros no desaparecimento do Império romano do feudalismo do Império alemão e do domí nio de Napoleão A progressão a partir dessas grandes crises históricas para as crises comerciais de nossos dias não é difícil e a partir daí explicase também por que essas crises comerciais são condicionadas permanentemente pela caducidade das mutações Ou ele também poderia como fez com patrimônio e dinheiro justificar etimologicamente a mutação e a partir de um certo ponto de vista raciocinar mais ou menos assim os comunistas querem entre outras coisas eliminar a letra de câmbio lettre de change Mas não estaria justamente na mudança changement a principal fruição universal Eles querem portanto o que está morto imóvel a China isto é o chinês perfeito é comunista Daí os pronunciamentos dos comunistas contra as letras de câmbio Wechselbrief e os cambistas Wechsler Como se nem toda carta238 fosse carta de câmbio Wechselbrief ou seja uma carta que constata mudança Wechsel e nem toda pessoa um cambiante Wechselnder um cambista Wechsler Para dar à simplicidade de sua construção e de suas proezas lógicas uma aparência bem diversificada São Sancho precisa do episódio De vez em quando ele intercala episodicamente uma passagem que ficaria melhor em alguma outra parte do livro ou que poderia muito bem ter ficado de fora e interrompe desse modo ainda mais o fio de qualquer modo já rompido em diversos lugares de seu assimchamado desenvolvimento Isso vem então acompanhado da explicação simplória de que Nós não andamos às mil maravilhas e depois de incansáveis repetições provoca no leitor um fatal embotamento em relação a tudo inclusive à mais absoluta ausência de nexo Quando se lê o Livro habituase a Tudo e por fim até se deixa de bom grado ser submetidos às piores coisas Aliás esses episódios mesmos e não se poderia esperar outra coisa de São Sancho são apenas episódios aparentes e meras repetições de fraseologias centenas de vezes já ditas sob outras rubricas Depois de São Max ter se mostrado desse modo em suas qualidades pessoais e em seguida ter se revelado na distinção na sinonímia e no episódio como aparência e como essência chegamos agora ao verda deiro ápice e à plenificação da lógica ao conceito O conceito é Eu ver Hegel Lógica 3a Parte a lógica como Eu É a pura relação do Eu com o mundo a relação despida de todas as condi ções reais realen para ele existentes uma fórmula para todas as equações que um Santo compõe com conceitos mundanos Acima já se revelou como Sancho mediante essa fórmula apenas almeja sem êxito clarificar 1 vencimento e decadência Karl Marx e Friedrich Engels 270 as diferentes determinações reflexivas puras tais como identidade oposição etc aplicandoas a todas as coisas possíveis Comecemos com um exemplo qualquer bem determinado como por exemplo a relação entre Eu e povo Eu não sou o povo O povo não Eu Eu o não povo Eu sou portanto a negação do povo o povo foi dissolvido em Mim A segunda equação também pode ser formulada na seguinte equação paralela O eupovo não é ou o Eu do povo é o não do Meu Eu Todo o artifício consiste portanto 1 em que a negação que no início fazia parte da cópula é transferida primeiro para o sujeito e depois para o predica do 2 que a negação o não é compreendida de acordo com a conveniência como expressão de diversidade diferença oposição e dissolução direta No exemplo citado ela é compreendida como dissolução absoluta como nega ção completa veremos que segundo a conveniência de São Max ela pode também ser usada nos demais sentidos É assim que a sentença tautológica de que Eu não sou o povo se converte na nova descoberta formidável de que Eu sou a dissolução do povo Para realizar essas equações nem mesmo se fez necessário que São San cho tivesse a mínima representação do povo bastava saber que Eu e povo são nomes completamente distintos para coisas completamente distintas foi sufi ciente que as duas palavras não tivessem sequer uma única letra em comum Ora se quisermos continuar a especular sobre o povo do ponto de vista da lógica egoísta basta enfileirar a partir de fora a partir da experiên cia cotidiana qualquer determinação trivial depois de o povo e Eu o que oferece ocasião para novas equações De imediato é produzida a aparência de que determinações diversas estariam sendo criticadas de modos diversos Por essa via devese agora especular sobre liberdade felicidade e riqueza Equação básica povo não Eu Equação no 1 Liberdade do povo Não Minha liberdade Liberdade do povo Minha não liberdade Nichtfreiheit Liberdade do povo Minha falta de liberdade Unfreiheit Isso pode também ser invertido do que resulta a grande sentença Minha falta de liberdade a servidão é a liberdade do povo Equação no II Felicidade do povo Não Minha felicidade Felicidade do povo Minha não felicidade Felicidade do povo Minha infelicidade A ideologia alemã 271 Inversão Minha infelicidade Minha misère é a felicidade do povo Equação no III Riqueza do povo Não Minha riqueza Riqueza do povo Minha não riqueza Riqueza do povo Minha pobreza Inversão Minha pobreza é a riqueza do povo Isto pode ser levado adiante ad libitum 1 e estendido a outras determinações Além de um conhecimento extremamente geral daquelas representações que ele se permite conjugar com povo em uma só palavra nada mais é necessário para compor essas equações senão o conhecimento da expressão positiva para o resultado obtido na forma negativa como por exemplo pobreza para não riqueza etc o que demonstra portanto que o nível de conhecimento da língua que se adquire no trato diário é mais que suficiente para se chegar por esse meio às descobertas mais surpreendentes Portando todo o artifício consistiu aqui em que não Minha riqueza não Minha felicidade não Minha liberdade foram convertidas em Minha não riqueza Minha não felicidade Minha não liberdade O não que na primeira equação constitui a negação geral podendo expressar todas as possíveis formas de diversidade apenas implicando por exemplo que se trata de Nossa riqueza comum não Minha riqueza exclusiva tornase na segunda equação a negação da Minha riqueza da Minha felicidade etc e atribui a Mim a não felicidade a infelicidade a servidão Ao Me ser denegada uma certa riqueza a riqueza do povo não Me sendo de modo algum denegada toda e qualquer riqueza Sancho pensa que a pobreza Me deve ser atribuída Mas isso se dá também porque Minha não liber dade é igualmente traduzida para a forma positiva e assim convertida em Minha falta de liberdade Minha não liberdade pode ser centenas de outras coisas além disso por exemplo minha falta de liberdade minha não liberdade em relação ao meu corpo etc Há pouco tomamos como ponto de partida a segunda equação o povo não Eu Também poderíamos ter partido da terceira equação Eu o não povo de onde teria resultado no final por exemplo no caso da riqueza de acordo com o procedimento acima Minha riqueza é a pobreza do povo Neste caso porém São Sancho não teria procedido dessa maneira mas teria dissolvido todas as condições patrimoniais do povo junto com o próprio povo e chegado ao seguinte resultado Minha riqueza é a destruição não só da riqueza do povo mas do próprio povo Nesse ponto fica evidente o quão arbitrário foi o procedimento de São Sancho ao converter justamente a não riqueza em pobreza Nosso Santo mistura esses diferentes métodos em sua aplicação e explora a negação ora num sentido ora noutro A enorme con 1 à vontade Karl Marx e Friedrich Engels 272 fusão que daí resulta é algo que também pode perceber instantaneamente Todo aquele que não leu o livro de Stirner Wigand p 191 Da mesma forma o Eu maquina contra o Estado Eu não sou o Estado Estado não Eu Eu não do Estado Não do Estado Eu Ou com outras palavras Eu sou o Nada criador no qual o Estado desapareceu Essa singela melodia pode então ser solfejada sobre todo e qualquer tema A grande sentença que está na base de todas essas equações é Eu não sou não Eu A esse não Eu são dados diversos nomes que por um lado podem ser puramente lógicos como por exemplo seremsi seroutro e por outro lado podem ser nomes de representações concretas povo Estado etc Desse modo tornase possível introduzir a aparência de um desenvolvimento ou seja tomando como ponto de partida esses nomes e por intermédio da equação ou da série de aposições reduzindoos grada tivamente outra vez ao não Eu que desde o começo já havia sido co lo cado como base Como as condições reais realen introduzidas dessa maneira a tuam tão somente como modificações diferenciadas mais precisamente diferenciadas apenas pelo nome do não Eu nem se faz necessário dizer qualquer coisa sobre essas condições reais mesmas Isso é tanto mais cô mico pelo fato de as reais condições serem as condições dos próprios indivíduos e exatamente o fato de declarálas como condições do nãoEu constitui a prova de que nada se sabe sobre elas Isso simplifica de tal maneira as coisas que até mesmo a grande maioria composta de mentes limitadas de nascença leva no máximo dez minutos para aprender a usar esse artifício Isso fornece ao mesmo tempo um critério para a uni cidade de São Sancho O não Eu que se defronta com o Eu passa então a ser definido por São Sancho no sentido de que se trata daquilo que é estranho ao Eu o es tranho A relação do não Eu com o Eu é por isso a do estranhamento Entfremdung Expusemos há pouco a fórmula lógica usada por São San cho para descrever qualquer objeto ou relação como estranha ao Eu para descrever o estranhamento do Eu em contrapartida São Sancho também pode apresentar qualquer objeto ou relação como ainda veremos como um objeto criado pelo Eu e pertencente a ele Abstraindo num primeiro momento da arbitrariedade com que ele descreve qualquer relação como uma relação de alienação ou não a descreve já que Tudo cabe nas equações acima po demos ver já neste ponto que no caso dele não se trata de outra coisa senão de fazer que todas as condições reais assim como os indivíduos A ideologia alemã 273 reais sejam constatadas como alienadas para manter por enquanto essa expressão filosófica e convertidas na fraseologia totalmente abstrata da alie nação em vez da tarefa de apresentar os indivíduos reais em sua alie na ção real e nas condições empíricas dessa alienação sucede aqui justamente o mesmo no lugar do desenvolvimento de todas as condições puramente empíricas colocase a simples ideia do estranhamento do Estranho do Sagrado A introdução discreta da categoria da alienação uma vez mais tratase de uma determinação reflexiva que pode ser con cebida como oposição diferença não identidade etc recebe sua expressão última e máxima quando o Estranho é convertido por sua vez em o Sagrado sendo a aliena ção convertida na relação do Eu com alguma coisa qualquer na qua lidade de o Sagrado Para aclarar esse processo lógico damos preferência à relação de São Sancho com o Sagrado já que esta é a fórmula predominante e comen tamos de passagem que o Estranho é também concebido como o Existente per appositionem como aquilo que existe sem Mim que existe indepen dentemente de Mim per appos que é autô nomo devido à Minha falta de autonomia de modo que São Sancho pode descrever Tudo o que existe independentemente dele por exemplo o Monte Block239 como o Sagrado Em razão de o Sagrado ser algo estranho Fremdes tudo aquilo que é es tranho é transformado no Sagrado em razão de todo Sagrado ser um vínculo uma amarra todo vínculo toda amarra é transformada no Sagrado Desse modo São Sancho já conseguiu que para ele todo estranho se torne mera aparência mera representação da qual ele se livra simplesmente protestando contra ela e declarando não ser sua essa representação Exatamente da mesma forma como observamos no caso do egoísta em acordo consigo mesmo os seres humanos só precisam modificar sua consciência para deixar tudo all right 1 no mundo Toda nossa exposição mostrou como São Sancho critica todas as con dições reais declarandoas como o Sagrado e as combate combatendo a representação sagrada que ele tem delas Esta singela proeza de trans formar Tudo no Sagrado foi exitosa como já vimos extensamente acima porque Jacques le bonhomme acatou credulamente as ilusões da filosofia tomou a expressão ideológica especulativa da realidade separada de sua base empírica pela própria realidade bem como confundiu as ilusões dos pequenoburgueses sobre a burguesia com a essência sagrada da bur guesia e por consequência pôde nutrir a fantasia de estar lidando apenas com ideias e representações Com a mesma facilidade também os homens se transformaram em Santos no momento em que após suas ideias terem sido separadas deles e de suas condições empíricas puderam ser concebidos 1 certo Karl Marx e Friedrich Engels 274 como simples recipientes dessas ideias e foi assim que por exemplo do burguês se fez o liberal santo A relação positiva de Sancho crente em última instância com o Sagrado chamado por ele de respeito também figura sob a designação amor Amor significa a relação acolhedora com o Homem o Sagrado o Ideal as Essências mais elevadas ou significa uma tal relação humana sagrada ideal essencial Portanto tudo o que de resto é expresso como existência do Sagrado como por exemplo o Estado as prisões a tortura a polícia os negócios etc também pode ser concebido por Sancho como um outro exemplo do amor Essa nova nomenclatura o capacita a produzir novos capítulos sobre aquilo que ele já havia desqualificado sob as rubricas do Sagrado e do respeito Tratase da velha história das cabras da pastora Torralva240 agora em sua forma sagrada com a qual Sancho como fizera outrora com seu senhor leva na conversa a si e ao público por todo o livro sem no entanto interrompêla tão espirituosamente quanto nos tempos em que ele ainda era um escudeiro profano Aliás de modo geral Sancho perdeu toda a espirituosidade depois de sua canonização A primeira dificuldade parece brotar do fato de que esse Sagrado é em si muito diversificado e que assim por ocasião da crítica a um determinado santo a santidade deveria ser afastada do campo de visão e o próprio con teúdo determinado deveria ser criticado São Sancho contorna esse rochedo citando tudo o que é determinado apenas como Um exemplo do Sagrado exatamente do mesmo modo como na lógica de Hegel é indiferente se para aclarar o serparasi é mencionado o átomo ou a pessoa se para exempli ficar a atração dos corpos é citado o sistema solar o magnetismo ou o amor sexual Portanto não é de modo algum por acaso que o Livro pulula de exemplos ao contrário isso está fundado na mais íntima essência do método de desenvolvimento que nele se processa Tal como já se encontra prototi pi camente em Cervantes lançar mão do recurso de falar o tempo todo por meio de exemplos é para São Sancho a única possibilidade de produzir uma aparência de conteúdo Desse modo Sancho pode dizer o seguinte Um outro exemplo do Sagrado desinteressante é o trabalho Ele poderia pros seguir um outro exemplo é o Estado um outro exemplo é a família um outro exemplo é a renda territorial um outro exemplo é São Tiago SaintJacques le bonhomme um outro exemplo é Santa Úrsula e suas onze mil virgens É verdade que todas essas coisas têm em comum em sua representa ção o fato de serem o Sagrado Mas elas são ao mesmo tempo coisas total mente distintas umas das outras e justamente nisto é que consiste a sua deter minidade Bestimmtheit Na medida em que se fala sobre elas em sua determinidade falase sobre elas na medida em que não são o Sagrado O trabalho não é a renda territorial e a renda territorial não é o Estado o que importa portanto é determinar de que forma o Estado a renda territorial e o trabalho são sem levar em conta sua santidade representada A ideologia alemã 275 e São Max passa a fazer isso da seguinte maneira ele age como se falasse do Estado do trabalho etc designa então o Estado como a rea lidade de alguma idéia qualquer do amor do serumparaooutro do existente do que tem poder sobre os indivíduos e mediante um hífen do Sagra do o que ele poderia ter dito desde o início Ou sobre o trabalho é dito que ele tem o mesmo valor que uma missão vitalícia uma profissão uma destinação o Sagrado Isto é primeiro Estado e trabalho são subsumidos num tipo específico de Sagrado que da mesma maneira já havia sido prepa rado anteriormente e depois esse Sagrado específico é novamente dissolvido no Sagrado universal tudo isso pode se dar sem que qualquer coisa seja dita sobre trabalho e Estado O mesmo repolho que já foi completamente mastigado agora pode dada a ocasião ser novamente ruminado pois Tudo o que aparentemente é objeto de crítica serve ao nosso Sancho apenas como pretexto para declarar as ideias abstratas e os predi cados convertidos em sujeitos que nada mais são do que o Sagrado bem sortido e dos quais sem pre se mantém uma quantidade suficiente em estoque como aquilo para o que eles já no início haviam sido preparados para o Sagrado De fato ele reduziu Tudo à expressão clássica completa ao declarar que esse Tudo é um outro exemplo do Sagrado As determinações que ingressam por meio do ouvirdizer e que supostamente se referem ao conteúdo são totalmente supérfluas e quando submetidas a um exame mais detalhado o resultado é que elas não introduzem nem uma determinação nem um conteúdo e que se reduzem a sensaborias inscientes Essa bagatela chamada virtuosismo no pensar a respeito do qual não se saberia dizer de que objeto ele já não se ocupou antes mesmo de conhecêlo é algo de que qualquer um pode se apropriar não em dez minutos como antes mas em cinco No Comentário São Sancho nos ameaça com tratados sobre Feuerbach o socialismo a so ciedade burguesa e o Sagrado e sabese lá sobre o que mais Esses tratados já podem ser provisoriamente reduzidos aqui à sua expressão mais simples da seguinte maneira Primeiro Tratado Um outro exemplo do Sagrado é Feuerbach Segundo Tratado Um outro exemplo do Sagrado é o socialismo Terceiro Tratado Um outro exemplo do Sagrado é a sociedade burguesa Quarto Tratado Um outro exemplo do Sagrado é o Tratado stirnerizado etc in infinitum 1 O segundo rochedo no qual São Sancho necessariamente tinha de naufra gar após alguma reflexão é a sua própria afirmação de que cada indivíduo é um indivíduo único totalmente distinto de todos os Outros Como cada indivíduo é algo totalmente Outro ou seja o Outro então aquilo que para Um indivíduo é algo estranho Sagrado não precisa de modo algum ser 1 infinitamente Karl Marx e Friedrich Engels 276 necessariamente o mesmo para o outro indivíduo podendo até mesmo não ser E a designação em comum como Estado religião moral etc não deve nos iludir já que essas designações são meras abstrações do comportamento real de cada um dos indivíduos e esses objetos se transformam em objetos únicos para cada um deles em virtude do comportamento totalmente distinto de cada indivíduo para com eles tratase portanto de objetos totalmente distintos que em comum só têm mesmo a designação Portanto São Sancho poderia ter dito no máximo o seguinte o Estado a religião etc são para Mim São Sancho o estranho o Sagrado Em vez disso em sua concepção eles têm de ser absolutamente sagrados o Sagrado para todos os indivíduos caso contrário como poderia ele ter fabricado o seu Eu construído o seu egoísta em acordo consigo mesmo etc Como poderia ele de resto ter chegado a escrever todo o seu Livro O quão pouco lhe ocorre fazer de cada Único o critério de sua própria unicidade o quanto ele estabelece a sua própria unicidade como critério como norma moral a todos os demais indivíduos e como autêntico moralista lança cada um deles no seu leito de Procusto241 é algo que já provém entre outras coisas do seu juízo sobre o ditoso finado Klopstock242 A este ele contrapõe a seguinte máxima moral ele deveria ter se comportado de modo bem próprio em relação à religião nesse caso ele não teria obtido o que seria a conclusão correta uma conclusão que o próprio Stirner extrai inúmeras vezes como por exemplo no caso do di nheiro uma religião própria mas uma dissolução e consumição da religião p 85 um resultado geral em vez de um resultado único próprio Como se Klopstock não tivesse também obtido uma dissolução e consumição da religião e de fato uma dissolução bem própria e única que só poderia ter sido prestada por esse único Klopstock uma dissolução cuja unicidade Stirner já poderia ter detectado a partir das muitas imitações malsucedidas O comportamento de Klopstock em relação à religião não fora um compor tamento próprio embora tivesse sido um comportamento bastante pecu liar mais precisamente um comportamento em relação à religião que fez de Klopstock um Klopstock Ele só teria tido um comportamento próprio em relação a ela se não tivesse se comportado como Klopstock mas sim como um filósofo alemão moderno Neste ponto o egoísta na acepção comum que não é tão obediente como Szeliga e que já tinha acima todo tipo de interrogações faz ao nosso Santo a seguinte objeção parto aqui da realidade e estou muito ciente de que rien pour la gloire 1 é pelo meu próprio proveito e por nada mais Além disso me apraz a ideia de ter proveito também no céu me apraz pen sar que sou imortal Devo abnegar essa representação egoísta em favor da mera consciência do egoísmo em acordo consigo mesmo que não me traz 1 não é pela glória A ideologia alemã 277 nenhum tostão Os filósofos me dizem isto seria inumano Que me importa isso Não sou eu um homem E não é Humano Tudo o que faço e por que o faço E que me importa saber sob qual rubrica os Outros põem minhas ações Tu Sancho que também és filósofo porém um filósofo falido tu que não mereces por Tua filosofia nenhum crédito pecuniário e cujas ideias de vido à tua falência não merecem nenhum crédito dizes a mim que não me comporto de modo próprio em relação à religião Tu me dizes portanto o mesmo que dizem os demais filósofos só que no teu caso como de hábito o que dizes perde todo sentido quando chamas de modo próprio ao que eles chamam de modo humano Poderias tu de outro modo falar de outra peculiaridade que não da Tua própria e transformar o teu próprio compor tamento de novo em um comportamento universal Se quiseres eu também me comporto criticamente à minha maneira em relação à religião Primeiro não hesito em abnegála desde o momento em que ela pretende interferir no meu commerce1 perturbandoo depois ela me é útil nos meus negócios quando sou considerado religioso assim como é útil ao meu proletário se ao menos no céu ele puder comer o bolo que eu como aqui e por fim faço do céu a minha propriedade Ele é une propriété ajoutée à la propriété2 embora já Montesquieu que foi um camarada de calibre bem diferente do teu tenha tentado me impingir a ideia de que ele seria une terreur ajoutée à la terreur3 Ninguém além de mim comportase em relação a ele como eu e por meio dessa relação única que contraio com ele ele é um objeto único um céu único Tu criticas portanto no máximo a Tua representação do meu céu mas não o meu céu E a imortalidade então nem se fala Nessa questão me pareces ridículo Eu renego o meu egoísmo tal como afirmas para agradar aos filósofos porque eu o eternizo e declaro as leis da natureza e da lógica anuladas e sem efeito tão logo tentam impor à Minha existência uma de terminação que não é produzida por mim mesmo que me é extremamente desagradável a saber a morte Tu chamas a imorta li dade de estabilidade enfadonha como se eu não pudesse continuamente levar uma vida mo vimentada desde que neste mundo ou no além o comércio ande bem e eu possa me ocupar com outras coisas que não com o Teu Livro E o que pode ser mais estável do que a morte que contra a minha vontade põe um fim no meu movimento e novamente me submerge no universal na natureza no Gênero no Sagrado E agora ainda o Estado a lei a polícia Para muitos Eus eles podem até parecer poderes estranhos eu sei que eles são meus próprios poderes Aliás e com isso o burguês torna a dar as costas para o nosso Santo agora com um condes cendente meneio de cabeça por mim podes continuar a vociferar à vontade contra a religião contra o céu contra 1 comércio 2 uma propriedade adicionada à propriedade 3 um terror adicionado ao terror Karl Marx e Friedrich Engels 278 Deus e contra o que for Pois eu sei que em Tudo que diz respeito ao meu interesse como a propriedade privada o valor o preço o dinheiro a compra e a venda sempre enxergas o teu Próprio Vimos há pouco como os indivíduos são diferentes entre si Mas cada indivíduo por sua vez é diferente em si mesmo É assim que São Sancho refletindose em qualquer uma dessas qualidades isto é compreendendose determinandose como Eu em uma dessas determinidades pode determi nar o objeto das outras qualidades e estas outras qualidades mesmas como o Estranho o Sagrado e assim proceder com todas as suas qualidades uma após a outra Assim por exemplo o que o objeto é para a sua carne o Sa grado o é para o seu espírito ou o que o objeto é para a sua necessidade de descanso o Sagrado o é para a sua necessidade de movimento É com base nesse estratagema que ele opera a conversão acima mencionada de todo fazer e não fazer em autorrenúncia A propósito o seu Eu não é um Eu real mas apenas o Eu das equações acima o mesmo Eu que figura como Caio na lógica formal mais exatamente na doutrina dos juízos Um outro exemplo a saber um exemplo mais geral da canonização do mundo é a transformação das colisões práticas isto é das colisões dos indivíduos com suas condições práticas de vida em colisões ideais isto é em colisões desses indivíduos com representações que eles elaboram ou põem na cabeça Esta proeza também é bem fácil de fazer Do mesmo modo como já tornou anteriormente as ideias independentes dos indivíduos São Sancho toma aqui o reflexo ideal das colisões reais e o separa dessas mesmas colisões tornandoo independente delas As contradições reais em que se encontra o indivíduo são convertidas em contradições do indivíduo com sua representação ou na expressão ainda mais simples usada por São Sancho com a representação com o Sagrado Desse modo ele consegue transformar a colisão real a imagem original de sua cópia ideal numa consequência desse simulacro ideológico E assim ele chega ao resultado de que não se trata aí da suprassunção prática da colisão prática e sim meramente do ato de abandonar a representação dessa colisão um abandono ao qual ele como bom moralista conclama os homens Tendo São Sancho desse modo transformado todas as contradições e co lisões que envolvem um indivíduo em simples contradições e colisões desse indivíduo com uma de suas representações a qual se tornou independente dele e o subjugou razão pela qual ela se transforma facilmente na represen tação na representação sagrada no Sagrado só resta ao indivíduo portanto Uma coisa a fazer cometer o pecado contra o Espírito Santo abstrair dessa representação e declarar o Sagrado um fantasma Essa fraude lógica a que o indivíduo submete a si mesmo é tida pelo nosso Santo como um dos efforts máximos do egoísta Mas por outro lado qualquer um reconhecerá como se torna fácil com esse procedimento declarar secundários do ponto de vista egoísta todos os conflitos e movimentos históricos que vierem a ocorrer sem A ideologia alemã 279 que nada se saiba sobre eles para tanto basta apenas isolar algumas frases típicas que neles aparecem transformálas pelo modo já mencionado em o Sagrado descrever os indivíduos como subjugados por esse Sagrado e por fim afirmar a si mesmo também no que toca a isto como desprezador do Sagrado como tal Uma ramificação adicional dessa proeza lógica mais precisamente a mano bra preferida de nosso Santo é a exploração dos termos destinação vocação missão etc o que lhe facilita infinitamente o trabalho de trans formar toda e qualquer coisa no Sagrado Porque na vocação na destinação na missão etc o indivíduo aparece em sua própria representação como um Outro diferente do que ele realmente é como o Estranho ou seja o Sagra do e diante do seu ser real afirma a sua representação daquilo que ele deve ser o legítimo o ideal o Sagrado Desse modo São Sancho pode quando julgar apropriado transformar Tudo no Sagrado valendose da seguinte série de aposições deter minarse isto é estipular para si uma destinação insirase aqui um conteúdo qualquer estipular para si a destinação como tal estipular para si a destinação sagrada estipular para si a destinação como o Sagrado isto é o Sagrado como a destinação Ou ser determinado isto é ter uma destinação ter a destinação a destinação sagrada a destinação como o Sagrado o Sagra do como a destinação o Sagrado por destinação a destinação do Sagrado Agora ele não precisa fazer mais nada a não ser exortar enfaticamente as pessoas a estipularem para si a destinação da ausência de destinação a vocação da ausência de vocação a missão da ausência de missão ainda que em todo o Livro descendo até o Comentário só o que ele faz é estipular desti na ções às pessoas conferirlhes missões e qual pregador no deserto chamálas para o evangelho do verdadeiro egoísmo a respeito do qual no entanto consta o seguinte todos são chamados mas apenas Um OConnell é escolhido Já vimos acima como São Sancho separa as representações dos indiví duos de suas condições de vida de suas colisões e contradições práticas para transformálas então no Sagrado Ora aqui aparecem essas representações na forma da destinação da vocação da missão A vocação para São Sancho tem uma forma dupla primeiro como vocação que Outros fixam para Mim do que acima já tivemos exemplos no caso dos jornais repletos de política e no caso das prisões que o nosso Santo confundiu com casas de melhoramento morala Em seguida a vocação aparece ainda como vocação na qual o próprio indivíduo acredita Quando o Eu é desvinculado de todas as suas condições a Já tratamos extensamente mais acima sobre esse tipo de vocação em que uma das condições de vida de uma certa classe é abstraída dos indivíduos que constituem essa classe e apresentada como exigência universal a todos os seres humanos em que o burguês faz da política e da moralidade cuja existência ele não pode dispensar a vocação de todos os seres humanos S M Karl Marx e Friedrich Engels 280 de vida empíricas de sua atividade de suas condições existenciais separado do mundo que lhe serve de base e de seu próprio corpo ele não tem de fato outra vocação e nenhuma outra destinação além daquela de representar o Caio dos juízos lógicos e de contribuir para que São Sancho possa compor as equações acima Ao contrário no âmbito da realidade no qual os indivíduos têm necessidades têm eles já por esse fato uma vocação e uma missão e num primeiro momento é indiferente se eles fazem destas a sua vocação também no nível da representação No entanto é claro que os indivíduos por terem consciência constroem também uma representação da vocação que lhes foi dada por sua existência empírica e desse modo oferecem a São Sancho a oportunidade de agarrarse à palavra vocação à expressão da representação de suas condi ções reais de vida e de desconsiderar essas condições de vida mesmas O proletário por exemplo que como qualquer outro ser humano tem a vocação de satisfazer as suas necessidades e que não consegue satis fazer nem mesmo as necessidades que tem em comum com qualquer outro ser humano que é subjugado pela obrigatoriedade da jornada de trabalho de catorze horas diárias no mesmo nível do animal de carga rebaixado pela concorrência à condição de coisa de mercadoria que é desalojado de sua posição de mera força produtiva a única que lhe deixaram por outras forças produtivas mais poderosas este proletário tem já por isso a missão real de revolucionar suas condições É claro que ele pode conceber isso como sua vocação ele também pode caso queira fazer propaganda expressar essa sua vocação de tal maneira que a vocação humana do proletário seja fazer isto e aquilo tanto mais porque sua posição não lhe permite satisfazer nem mesmo as necessidades que decorrem de sua condição natural mais imediata São Sancho não se preocupa com a realidade Realität que está na base dessa representação nem com a finalidade prática desse proletário ele se segura na palavra vocação e declara esta como o Sagrado e o proletário como um servo do Sagrado o jeito mais fácil de se saber superior e de se passar adiante Particularmente nas condições até aqui dadas sempre que uma classe exerceu o domínio sempre que as condições de vida de um indivíduo coin cidiram com as de uma classe ou seja sempre que a missão prática de cada nova classe ascendente necessariamente se apresentou a cada indivíduo dessa mesma classe como uma missão universal e que cada classe realmente só conseguiu derrubar a precedente libertando os indivíduos de todas as classes de algumas amarras que até ali os prendiam particularmente sob estas circunstâncias se fez necessário apresentar a missão dos indivíduos de uma classe que almejava tomar o poder como a missão humana universal A propósito quando por exemplo o burguês expõe ao proletário que Ele o proletário tem a missão humana de trabalhar catorze horas diárias então o proletário tem toda a razão em responder no mesmo tom sua missão seria antes derrubar todo o regime burguês A ideologia alemã 281 Já constatamos repetidas vezes como São Sancho estipula toda uma sé rie de missões que se dissolvem todas na missão conclusiva do verdadeiro egoísmo que é conferida a todos os seres humanos Mas até mesmo quando ele não reflete quando não está ciente de ser criador e criatura ele consegue extrair uma missão em virtude da seguinte distinção torpe p 466 Depende de Ti se queres continuar a Te ocupar com o pensar Se Tu quiseres chegar a algo considerável no ato de pensar então assim começam as condições e destinações para Ti assim portanto quem quiser pensar tem de fato uma missão que consciente ou inconscientemente ele confere a si mesmo com aquela vontade mas Ninguém tem a missão de pensar Abstraindo num primeiro momento do restante do conteúdo dessa frase ela já está incorreta até do ponto de vista do próprio São Sancho porque o egoísta em paz consigo mesmo de fato tem querendo ou não a missão de pensar Ele tem de pensar por um lado para pôr freios à carne que só pode ser contida por meio do espírito do pensar e por outro lado para poder cumprir sua determinação reflexiva como criador e criatura Em consequên cia disso ele também confere a todo o mundo dos egoístas defraudados a missão de conhecer a si mesmos uma missão de que decerto não será possível desincumbirse sem o ato de pensar Agora para dar a essa frase uma forma lógica a partir da forma da distinção torpe é preciso suprimir primeiramente o considerável Para cada homem o considerável a que ele quer chegar com o pensar é dife rente dependendo de seu grau de instrução suas condições de vida e seu propósito momentâneo São Max não nos fornece aqui portanto nenhum critério sólido para determinar quando começa a missão que se assume com o pensar até que ponto se pode pensar sem assumir uma missão ele se limita à expressão relativa considerável Mas considerável é para mim Tudo o que solicita o meu pensar considerável é Tudo o que ocupa o meu pensar Consequentemente em vez de Se Tu quiseres chegar a algo con siderável com o pensar deveria constar Se de fato quiseres pensar Isto porém nem depende do Teu querer ou não querer já que tens consciên cia e só podes satisfazer as Tuas necessidades por meio de uma atividade em que deves empregar também a Tua consciência Além disso é preciso eliminar a forma hipotética Se Tu quiseres pensar desse modo conferes a Ti mesmo de antemão a missão de pensar São Sancho não tinha nenhuma necessi dade de trombetear tão pomposamente essa sentença tautológica O fato é que se cobriu toda essa frase com a forma da distinção torpe e da tautologia pomposa com o único propósito de dissimular o conteúdo como determina do real Tu tens uma determinação uma missão quer estejas consciente disso ou nãoa Ele se origina da Tua necessidade e de sua ligação com o mundo a Não podes viver nem comer nem dormir nem te mover nem fazer qualquer coisa sem concomitantemente estipular uma destinação uma missão para Ti uma teoria Karl Marx e Friedrich Engels 282 existente A sabedoria propriamente dita de Sancho consiste então em dizer que se Tu pensas vives etc isso se deve apenas à Tua vontade estejas Tu na determinidade em que estiveres Caso contrário teme ele a determinação deixaria de ser a Tua autodeterminação Se identificas o Teu Simesmo com a Tua reflexão ou conforme a necessidade com a Tua vontade é óbvio que nessa abstração Tudo o que não for posto pela Tua reflexão ou Tua vontade não é autodeterminação ou seja também por exemplo Tua respiração a circulação do Teu sangue o pensar o viver etc Para São Sancho porém a autodeterminação nem mesmo consiste na vontade mas como já vimos no caso do verdadeiro egoísta na reservatio mentalis 1 da indiferença em relação a qualquer determinidade uma indiferença que reaparece aqui como ausência de determinação Na sua própria série de aposições isso ficaria assim diante de qualquer determinar real ele coloca para si a ausência de determinação como determinação diferencia de si mesmo a cada momento aquele que não tem uma determinação sendo desse modo a cada momento também um Outro diferente do que ele é uma terceira pessoa mais precisamente o Outro por excelência o santo Outro o Outro que se defronta com cada unicidade o semdeterminação o universal o comum o vadio Lump Mesmo que São Sancho se salve da determinação pulando para dentro da ausência de determinação ela própria uma determinação mais exa tamente a pior de todas o teor moral e prático dessa grande proeza abs traindo do que já foi desenvolvido acima em relação ao verdadeiro egoísta resumese à apologia da vocação impingida a cada indivíduo no mundo até aqui Enquanto por exemplo os trabalhadores argumentam na sua propaganda comunista que seria vocação determinação missão de cada ser humano desenvolver seus muitos aspectos todas as suas aptidões por exemplo também a aptidão do pensar São Sancho vê nisso apenas a vocação para algo estranho a asseveração do Sagrado da qual ele procurar libertar ao defender o indivíduo na condição de estropiado às suas próprias custas pela divisão do trabalho e subsumido a uma vocação unilateral contra sua própria necessidade de se tornar diferente necessidade que Outros declararam ser sua vocação O que aqui se faz valer sob a forma de uma vocação de uma determinação é exatamente a negação da vocação gerada até aqui na prática pela divisão do trabalho a negação da única vocação realmente existente portanto a negação de toda e qualquer vocação A realização do indivíduo em todos os seus aspectos somente deixará de ser concebida que em vez de livrarse da estipulação de missões da vocação etc como alega acaba transformando cada manifestação da vida até a própria vida em missão S M 1 reserva intelectual secreta A ideologia alemã 283 como ideal como vocação etc quando o controle sobre o impulso do mundo que reclama as aptidões dos indivíduos para o seu desenvolvimento real for assumido pelos indivíduos como querem os comunistas Por fim toda essa asneira sobre a vocação na lógica egoísta tem por sua vez a vocação de tornar possível que o olhar do Santo penetre nas coisas capacitandoo a destruílas sem nem mesmo necessitar tocálas Portanto por exemplo trabalho vida de negócios etc são considerados por Este ou por Aquele como sua vocação Desse modo eles se tornam o trabalho sa grado a vida de negócios sagrada o Sagrado O verdadeiro egoísta não os considera como vocação com isso ele dissolveu o trabalho sagrado e a vida de negócios sagrada Assim eles continuam a ser o que são e ele continua a ser o que era Nem lhe ocorre investigar se o trabalho a vida de negócios etc esses modos de existência dos indivíduos não levam necessariamente segundo o seu conteúdo e seus processos reais às representações ideológicas que ele combate isto é no caso dele canoniza como essências autônomas Assim como São Sancho canoniza o comunismo apenas para mais tarde na associação poder melhor trazer ao homem como sua própria invenção a representação sagrada que ele tem dele assim também ele vocifera contra vocação determinação missão unicamente para reproduzilas como impe rativo categórico em todo o seu livro Sempre que surgem dificuldades San cho as parte ao meio com um desses imperativos categóricos ValorizaTe ConheceiVos outra vez Tornaivos Cada Um de Vós um Eu onipotente etc Sobre o imperativo categórico ver a Associação sobre vocação etc ver a Autofruição Até aqui enumeramos apenas as principais proezas lógicas das quais São Sancho se serve para canonizar o mundo existente e desse modo criticálo e consumilo Ele consome de fato apenas o Sagrado no mundo sem sequer tocar no mundo ele mesmo É óbvio que em consequência ele tem de se comportar na prática de forma totalmente conservadora Se ele quisesse criticar a crítica profana começaria justamente onde acaba a eventual aura de santidade Quanto mais a forma normal de intercâmbio da sociedade e com isso as condições da classe dominante desenvolvem sua oposição às forças produtivas progressistas quanto mais cresce em decorrência a discórdia na própria classe dominante e entre esta e a classe dominada é claro que tanto mais inautêntica se torna a consciência que originalmente correspondia a essa forma de intercâmbio isto é ela cessa de ser a consciência que corresponde a ela e tanto mais as representações sobre essas relações de intercâmbio que vinham sendo transmitidas representações essas em que os interesses pessoais reais etc são declarados como universais descambam para meras frases de efeito idealizadoras para a ilusão conscien te para a hipocrisia proposital Porém quanto mais elas são desmentidas pela vida e quanto menos valem para a própria consciência tanto mais resolutamente são afirmadas tanto mais hipócrita moralista e santa se torna a linguagem Karl Marx e Friedrich Engels 284 da sociedade normal em questão Quanto mais hipócrita se torna essa so ciedade tanto mais fácil é para um homem crédulo como Sancho descobrir em toda parte a representação do Sagrado do Ideal Da hipocrisia geral da sociedade ele o crédulo pode abstrair a fé universal no Sagrado o do mínio do Sagrado e até mesmo provêla de um pedestal na forma deste Sagrado Ele é o dupe1 por essa hipocrisia da qual ele deveria ter deduzido exatamente o contrário O mundo do Sagrado se resume em última instância em o homem Como já vimos em todo o Antigo Testamento ele supõe o homem de toda a história até aqui como sujeito ativo no Novo Testamento ele estende esse domínio do homem a todo o mundo físico e espiritual existente presen te bem como às qualidades dos indivíduos atualmente existentes Tudo é do homem e em consequência o mundo é transformado em o mundo do homem O Sagrado como pessoa é o homem que é para ele apenas um outro nome para o conceito a ideia As representações e ideias dos homens separadas das coisas reais naturalmente nem precisam ter como seu fun damento os indivíduos reais mas o indivíduo da representação filosófica o indivíduo meramente pensado separado de sua realidade o homem como tal o conceito do homem Nisso se consuma a sua fé na filosofia Agora que Tudo foi transformado em o Sagrado ou naquilo que é do homem o nosso Santo pode passar para a apropriação e ele faz isso desis tindo da representação do Sagrado ou do homem como um poder que está acima dele É claro que pelo fato de o Estranho ter sido transformado no Sagrado numa simples representação essa representação do Estranho que ele confunde com o estranho real tornase sua propriedade As fórmulas elementares para a apropriação do mundo do homem a maneira como o Eu toma posse do mundo depois de ter perdido o respeito pelo Sagrado já estão contidas nas equações acima Como vimos já como egoísta em acordo consigo mesmo São Sancho é senhor sobre suas qualidades Para se tornar senhor sobre o mundo ele nada precisa fazer além de tornálo uma qualidade sua A maneira mais simples de ele fazer isso é declarar diretamente a qualidade do homem com todo o absurdo que isso implica como sua qualidade Sendo assim ele reivindica para si por exemplo como qualidade do Eu o absurdo do amor ao próximo universal quando afirma amar cada Um p 387 e isto com a consciência do egoísmo porque o amor o faz feliz Todavia quem tem um natural tão feliz faz parte daqueles para quem é dito Ai de vós se fizerdes tropeçar a Um desses pequeninos243 O segundo método é este São Sancho quer conservar Algo como sua qualidade mas quando esta mesma coisa lhe dá muito necessariamente a 1 ludibriado A ideologia alemã 285 impressão de ser uma relação ele a transforma numa relação num modo de existência do homem numa relação sagrada e desse modo a rejeita E São Sancho faz isso até mesmo quando a qualidade separada da relação pela qual é realizada realisiert dissolvese em puro absurdo Assim sendo ele quer por exemplo na p 322 conservar o orgulho nacionalista ao declarar a nacionalidade como sua qualidade e a nação como sua Possuidora e Senho ra Ele poderia prosseguir assim a religiosidade é Minha qualidade longe de Mim desistir dela como Minha qualidade a religião é Minha Senhora o Sagrado O amor familial é Minha qualidade a família é Minha Senhora A legalidade é Minha qualidade o direito é Meu Senhor a atividade política é Minha qualidade o Estado é Meu Senhor O terceiro modo de apropriação é empregado quando ele sente na prática a pressão de um poder estranho e o rejeita cabalmente como sagrado sem dele se apropriar Nesse caso ele vislumbra no poder estranho a sua própria impotência e reconhece esta como sua qualidade sua criatura a qual ela já superou em cada momento como criador Isto se dá por exemplo no caso do Estado Também aqui ele consegue chegar com êxito ao ponto de não estar lidando com nada estranho mas apenas com sua própria qualidade à qual ele só precisa contrapor para sobrepujála a sua condição de criador Para ele a falta de uma qualidade também vale em caso de necessidade como uma qualidade sua Quando São Sancho passa fome a causa disto não é a falta de alimentos mas o Seu próprio terfome a sua própria qualidade de passarfome Quando ele cai da janela e quebra o pescoço isso não acontece porque a força da gravidade o derrubou mas porque a ausência de asas a incapacidade de voar é sua qualidade própria O quarto método que ele aplica com o mais brilhante dos êxitos é o de declarar Tudo o que é objeto de Uma de suas qualidades como seu objeto como sua propriedade porque se relaciona com ele em virtude de uma de suas qualidades não importando como essa relação esteja de fato consti tuída Portanto aquilo que até aqui era chamado de ver ouvir sentir etc Sancho esse inócuo akkapareur1 chama adquirir propriedade A vitrine que admiro ao ser olhada é o objeto do meu olho e seu reflexo na minha retina é a propriedade do meu olho Só que então a vitrine além de ter essa relação com o olho tornase sua propriedade e não só a propriedade do seu olho sua propriedade que está tão de cabeça para baixo quanto a imagem da vitrine refletida na sua retina No momento em que o dono da loja baixa a cortina ou segundo Szeliga cortinados e reposteiros244 sua propriedade deixa de existir e a única coisa que ele conserva tal como o burguês falido é a lembrança dolorosa de glórias passadas Quando Stirner passa perto da cozinha imperial ele de fato adquire uma propriedade do cheiro dos 1 literalmente comprador usurário Karl Marx e Friedrich Engels 286 faisões que ali são assados mas os faisões mesmos ele nem chega a ver A única propriedade durável que lhe cabe nesse caso é o ronco mais ou menos audível do seu estômago A propósito não depende só da condição atual do mundo que de modo algum foi ele que fez o que e quanto ele chegará a ver mas também do seu bolso e da posição que lhe coube na vida em virtude da divisão do trabalho fato que talvez lhe cerre muitas portas ainda que possa ter olhos e ouvidos bastante açambarcadores Se São Sancho tivesse dito simplesmente que Tudo aquilo que é objeto de sua representação sendo um objeto representado por ele isto é sendo sua representação de um objeto é sua representação id est sua propriedade o mesmo com o olhar etc teríamos apenas nos admirado da ingenuidade infantil do homem que com tal trivialidade acreditou ter feito um grande achado e conquistado fortuna Mas o fato de ele presumir que essa proprie dade especulativa seja a propriedade propriamente dita tinha naturalmente de exercer uma grande magia sobre os ideólogos alemães desprovidos de propriedade Cada outro homem em seu âmbito também é seu objeto e como seu objeto sua propriedade sua criatura Cada um dos Eus diz para o outro ver p 184 Para Mim Tu és apenas Aquilo que Tu és para Mim por exemplo meu exploiteur1 a saber Meu objeto e por ser Meu objeto Mi nha proprie dade Em consequência também Minha criatura que Eu como Criador a cada momento posso devorar e retomar para dentro de Mim Cada Eu toma o Outro portanto não como um proprietário mas como sua propriedade não como Eu ver p 184 mas como SerparaEle como objeto não como pertencente a si mesmo mas como pertencente a ele a um Outro como alienado de si mesmo Tomemos pois Ambos pelo que ale gam ser p 187 por proprietários por pertencentes a si mesmos e pelo que tomam um ao outro por propriedade por pertencentes ao estranho Eles são e não são proprietários cf p 187 Para São Sancho porém é im portante que em todas as relações com Outros não se considere a relação real mas aquilo que Cada Um pode se imaginar aquilo que Cada Um é em si na sua reflexão Já que Tudo o que é objeto para o Eu também é seu objeto mediante alguma de suas qualidades isto é portanto sua propriedade tal como por exemplo a surra que ele recebe sendo objeto de seus membros de sua sen sação é sua representação seu objeto consequentemente sua propriedade ele pode se proclamar proprietário de cada um dos objetos existentes para ele e desse modo declarar o mundo que o envolve por mais que este o maltrate e o rebaixe à condição de homem que possui uma riqueza apenas ideal um vadio Lump como sua propriedade e proclamar a si mesmo 1 explorador A ideologia alemã 287 seu proprietário Por outro lado já que cada objeto para o Eu não é só Meu objeto mas também meu objeto cada objeto pode ser declarado com a mesma indiferença para com seu conteúdo como o não Próprio o Estranho o Sagrado O mesmo objeto e a mesma relação podem em consequência ser declarados com igual desenvoltura e igual êxito como o Sagrado e como Minha propriedade Tudo depende de se colocar o acento no Meu ou no objeto Os métodos de apropriação e canonização são apenas duas diferentes refrações de Uma mesma versão Todos esses métodos são simples expressões positivas para a negação do que foi posto como estranho ao Eu nas equações acima só que a negação por sua vez é formulada como acima em diversas determinações Primei ro a negação pode ser determinada de modo puramente formal de modo que nem chega a afetar o conteúdo como se viu acima no caso do amor ao semelhante e em todos os casos em que toda a transformação se limita à adição da consciência da indiferença Ou toda a esfera do objeto ou predi cado todo o conteúdo podem ser negados como no caso da religião e do Estado ou em terceiro podese negar unicamente a cópula minha relação até aqui estranha com o predicado e colocar o acento no Meu de modo que Eu me comporto como proprietário em relação ao que é Meu por exemplo em relação ao dinheiro que se torna moeda de Minha própria cunhagem No último caso tanto a qualidade do homem quanto sua relação podem perder todo sentido Ao retomar para dentro de Mim mesmo cada uma das qualidades do homem esta se extingue na Minha Eudade Ichheit Não se pode mais dizer o que ela de fato é Ela é apenas nominalmente o que ela já foi Sendo Minha sendo determinação dissolvida dentro de Mim ela não é mais nenhuma determinação em relação a Outros mas apenas em relação a Mim ela é meramente posta por Mim qualidade aparente Assim por exemplo Meu pensar Exatamente o que ocorre com as Minhas qualidades ocorre também com as coisas que se encontram em relação comigo e que no fundo como já se viu acima são apenas Minhas qualidades por exem plo o caso de Minha vitrine contemplada Portanto na medida em que em Mim o pensar é totalmente diferente de todas as demais qualidades assim como por exemplo a loja do ourives é totalmente diferente da loja de fiambres a diferença retorna como diferença da aparência e novamente se afirma para fora na minha exteriorização para Outros Desse modo a deter minação dissolvida foi recuperada com sucesso e na medida em que permite uma expressão em termos de linguagem deve ser reproduzida mediante as antigas expressões A propósito ainda ouviremos uma breve palavra sobre as ilusões não etimológicas de São Sancho sobre a linguagem O lugar da equação simples acima é tomado aqui pela antítese Na sua forma mais simples ela tem por exemplo o seguinte teor Pensar do homem Meu pensar pensar egoísta Karl Marx e Friedrich Engels 288 sendo que aqui o Meu significa tanta coisa que ele também pode ser sem pensar ou seja o Meu suprime o pensar Já um pouco mais intrincada se torna a antítese no seguinte exemplo no qual o absurdo é liberado Ainda mais intrincada se torna a antítese quando São Max introduz uma determinação e quer dar a impressão de uma evolução ampla Nesse caso uma antítese única se torna uma série de antíteses Inicialmente consta por exemplo onde ele poderia da mesma forma substituir a palavra direito por qualquer outra já que ela reconhecidamente não possui mais nenhum sentido Embora incorra continuamente nesse absurdo ele precisa para avançar na antítese introduzir uma outra determinação notória do direito que possa ser empre gada tanto no sentido puramente pessoal quanto no sentido ideo lógico por exemplo o poder como base do direito Somente agora que o direito possui na primeira tese uma determinação adicional que é mantida na antítese a antítese pode gerar um conteúdo Agora consta o seguinte Direito o poder do homem poder o direito Meu o que então uma vez mais simplesmente se dissolve nisto Poder como direito Meu Meu poder Essas antíteses nada mais são do que as inversões positivas das equações negativas acima das quais continuamente já ressaltaram na conclusão as antíteses Elas ainda superam as equações em grandeza singela e em grande simploriedade Com a mesma facilidade com que antes São Sancho pôde encarar Tudo como estranho existente à parte dele como sagrado ele pode agora encarar tudo como seu produto existente só através dele como sua propriedade Pois ten do transformado Tudo em qualidade sua ele só precisa passar a se comportar em relação a isso como se comportou em relação a suas qualidades originais na condição de egoísta em acordo consigo mesmo um procedimento que não precisamos repetir aqui Por esse meio o nosso mestreescola berlinen se se torna Senhor absoluto do mundo todavia este é o caso também de cada ganso cada cachorro cada cavalo Wigand p 187 O experimento lógico propriamente dito que está na base de todas essas formas de apro priação é uma simples forma do falar a saber a paráfrase a circunscrição de uma relação como expressão como modo de existência de uma outra O dinheiro como meio de troca do homem o dinheiro de minha própria cunhagem como meio de troca do egoísta Direito é o que é direito para Mim Todo e qualquer direito como o direito do homem A ideologia alemã 289 relação Vimos há pouco que cada relação pôde ser apresentada como exemplo da relação de propriedade exatamente da mesma forma ela pode ser apresentada como relação de amor de poder de exploração etc Esse maneirismo da paráfrase é algo que São Sancho encontrou já pronto na especulação onde ele desempenha um papel central Ver abaixo a Teoria da exploração As diferentes categorias da apropriação se tornam categorias cômodas assim que é introduzida a aparência da práxis e que se pretende levar a sério a questão da apropriação A forma cômoda da afirmação do Eu diante do Estranho do Sagrado do mundo da afirmação do homem é a renommage 1 Ele nega ao Sagrado o respeito respeito reverência etc para ele essas categorias cômodas valem pela relação com o Sagrado ou por um terceiro como o Sagrado e confere a essa negação permanente o título de um ato um ato que parece tanto mais burlesco pelo fato de ele continuamente lutar apenas contra o fantasma de sua própria representação santificadora Por outro lado como apesar de ele negar o respeito ao Sagrado o mundo o trata impiedosamente ele desfruta da satisfação interior de anunciar ao mundo que é só uma questão de chegar ao poder contra ele para tratálo sem nenhum respeito Essa ameaça com sua reservatio mentalis2 destrui dora do mundo completa a comicidade A primeira forma da renom mage consiste na maneira como São Sancho na p 16 não teme a ira de Poseidon nem as Eumênides vingativas na p 58 não teme a maldição na p 242 não quer nenhum perdão etc e por fim assevera estar cometendo a mais desmedida profanação do Sagrado A segunda forma é a ameaça contra a lua na p 218 Pudesse Eu Te agarrar Eu Te agarraria mesmo e se Eu encontrar meios de Te alcançar Tu não Me apavorarás não vou me desenganar diante de Ti mas tão somente esperar Minha oportunidade Mesmo que por ora eu Me contente com não poder fazer nada contra Ti me lembrarei disso em relação a Ti uma apóstrofe na qual o nosso Santo desce abaixo do nível em que se encontra o cachorrinho de Pfeffel245 em sua cova e o mesmo ocorre na p 425 onde ele não renuncia ao poder sobre a vida e a morte etc Por fim a prática fanfarronesca pode transformarse por sua vez em simples prática dentro da teoria quando o Santo com as mais pomposas palavras alega ter feito coisas que nunca fez sendo que ele tenta contrabandear trivialidades tradicionais com o rótulo de criações originais valendose de altissonantes frases de efeito Nisso se inclui propriamente o livro todo mas especialmente o que nos é impingido como desenvolvimento quando se trata apenas de uma construção histórica mal plagiada e depois a asseveração de que o Livro parece ter sido escrito 1 fanfarrice 2 reserva mental oculta Karl Marx e Friedrich Engels 290 contra o homem Wigand p 168 e um semnúmero de assertivas isola das como as seguintes Com um sopro do Eu vivo Eu derrubo povos p 219 do Livro Eu boto para quebrar p 254 p 285 Morto está o povo bem como a asseveração de estar revolvendo as entranhas do direito na p 275 e o chamado desafiador ornado com citações e versinhos para que se apresente um adversário de carne e osso na p 280 A renommage 1 já é em si e para si sentimental Mas além disso o senti mentalismo ainda ocorre no Livro como categoria expressa que tem sua importância no caso da apropriação positiva que não é mais a simples afir mação contra o Estranho Por mais singelos que até aqui tenham sido os mé todos da apropriação numa elaboração mais detalhada deve ser introduzida a aparência de que desse modo o Eu também adquire para si propriedade na acepção comum o que só se pode obter mediante um pavoneamento forçado desse Eu apenas pelo envolvimento de si e de Outros em algum tipo de encantamento sentimental É impossível evitar o sentimentalismo depois que ele reivindicou acriticamente para si os predicados do homem como seus próprios por exemplo o predicado de amar cada Um por egoísmo provocando desse modo uma inchação desmesurada das suas qualidades Assim na p 351 o sorriso da criança é declarado como sua propriedade e no mesmo lugar o estágio da civilização em que não se mata mais os anciãos é apresentado com as mais tocantes formulações como o feito desses anciãos mesmos etc Desse sentimentalismo faz parte plenamente sua relação com Maritornes246 A unidade de sentimentalismo e renommage é a revolta Na sua orientação para fora contra Outros ela é renommage na sua orientação para dentro como rosnaremsi ela é sentimentalismo Ela é a expressão específica da relutância impotente do filisteu Ele se indigna com a ideia de ateísmo terrorismo co munismo assassinato do rei etc O objeto contra o qual São Sancho se indigna é o Sagrado por essa razão a revolta que também é caracterizada como crime é em última instância pecado A revolta não precisa portanto aparecer de modo nenhum como um ato já que ela é meramente o pecado contra o Sagrado Em consequência São Sancho se satisfaz com tirar da cabeça a santidade ou o espírito da estranheza e efetuar a sua apropriação ideo lógica Mas como o presente e o futuro estão em geral bastante confusos na sua cabeça pois ora afirma já ter se apropria do de tudo ora afirma ainda ter de adquirir tudo assim também no momento da revolta lhe ocorre às vezes por pura casualidade que ele ainda se confronta com o Estranho real mesmo depois de já ter dado conta da aura de santidade do Estranho Nesse caso ou melhor nesse lampejo a revolta é transformada então num ato imaginário e o Eu é transformado num Nós Examinaremos os detalhes dessa questão mais tarde Ver Revolta 1 fanfarrice A ideologia alemã 291 O verdadeiro egoísta que na exposição até agora se mostrou o maior dos conservadores por fim recolhe dos pedaços do mundo do homem doze cestos cheios247 pois nem se pense em perder Algo Como toda a sua ação se limita a experimentar algumas desgastadas habilidades casuísticas no sistema de ideias a ele transmitido pela tradição filosófica é evidente que para ele o mundo real não existe e por conseguinte assim permanecerá O conteúdo do Novo Testamento nos fornecerá a prova disso em detalhes Assim comparecemos diante das cancelas da maioridade e somos declarados maiores de idade p 86 4 A peculiaridade Fundar para si um mundo próprio significa edificar para si um céu p 89 do Livroa Já desvendamos o santuário mais íntimo desse céu Agora nos empe nharemos em conhecer mais coisas sobre ele Entretanto reencontraremos no Novo Testamento a mesma hipocrisia que já perpassou o Antigo Assim como neste último os dados históricos eram meros substantivos para de signar um par de categorias simples assim também aqui na Nova Aliança todas as condições mundanas são apenas disfarces outras designações para o parco conteúdo que coligimos na Fenomenologia e na Lógica248 Sob a aparência de falar do mundo real São Sancho sempre fala apenas dessas mirradas categorias Não queres a liberdade de ter todas essas belas coisas Tu as queres ter realmente possuílas como Tua propriedade Não tinhas de ser apenas um livre terias de ser também um possuidor p 205 Neste ponto uma das mais antigas fórmulas a que chegou o movimento social incipiente a mais miserável das formas da oposição do socialismo contra o liberalismo é elevada à condição de adágio do egoísta em acordo consigo mesmo O quanto essa oposição é antiga até mesmo para Berlim é algo que nosso Santo já pode deduzir do fato de que na Historischpolitischer Zeitschrift Berlim 1831 de Ranke ela é indicada com espanto a Até aqui a liberdade foi definida pelos filósofos de maneira dupla por um lado como poder como domínio sobre as circunstâncias e relações nas quais vive um indivíduo por todos os materialistas por outro lado como autodestinação estarlivre do mundo real como liberdade meramente imaginária do espírito por todos os idealistas espe cialmente os alemães Depois de termos visto anteriormente na Fenomenologia o verdadeiro egoísta de São Max buscar o seu egoísmo na dissolução na produção do estarlivre na liberdade idealista é cômico ver como ele faz valer no capítulo da peculiaridade a destinação contrária o poder sobre as circunstâncias que o determinam a liberdade materialista diante do estarlivre S M Karl Marx e Friedrich Engels 292 Como Eu a a liberdade utilizo depende da Minha peculiaridade p 205 O grande dialético também pode inverter isso e dizer como Eu utilizo a Minha peculiaridade depende da Minha liberdade Mas ele prossegue Livre de quê Aqui portanto mediante um travessão a liberdade já se transforma na liberdade em relação a Algo per appositionem em relação a Tudo Desta vez entretanto a aposição é posta na forma de uma sentença que aparentemente determina melhor o conteúdo Pois tendo obtido esse grande resultado Sancho se torna sentimental Quanta coisa podemos sacudir das nossas costas Primeiro o jugo da ser vidão depois toda uma série de outros jugos que no final das contas levam imperceptivelmente a que a autorrenúncia mais completa nada mais é que liberdade liberdade do próprio Simesmo e o anseio por liberdade como algo Absoluto Nos levou à peculiaridade Através de uma série extremamente tosca de jugos a libertação da ser vidão que constituiu a asseveração da individualidade dos servos da gleba e ao mesmo tempo a derrubada de uma determinada barreira empírica é identificada aqui com a liberdade idealistacristã muito anterior oriunda das cartas aos romanos e coríntios e desse modo a liberdade em si é transformada na autorrenúncia Feito isto já teríamos acabado de nos ocupar com a liber dade já que ela agora incontestavelmente é o Sagrado Um determinado ato histórico de autolibertação é convertido por São Max na categoria abstrata da liberdade e essa categoria é então determinada com maior exatidão a partir de um fenômeno histórico bem diferente que igualmente pode ser subsumido sob a liberdade Nisso consiste toda a proeza de transformar o sacudimento da servidão na autonegação Para deixar a sua teoria da liberdade clara como o sol para o burguês alemão Sancho começa agora a declamar na linguagem própria do bur guês especificamente do burguês berlinense Entretanto quanto mais livre Eu me torno tanto mais se amontoa a coerção diante dos Meus olhos tanto mais impotente Eu Me sinto O filho não livre da selva ainda não sente nada de todas as barreiras que oprimem uma pessoa letrada ele pensa ser mais livre do que esta Na mesma proporção em que Eu obtenho liberdade para Mim crio para Mim novos limites e novas missões tendo Eu inventado os trens de ferro volto a Me sentir sem forças porque ainda não consigo cruzar os ares qual pássaro e tendo Eu resolvido um problema cuja obscuridade angustiou o Meu espírito inumeráveis outros problemas já estão à Minha espera etc p 205 206 Oh desajeitado beletrista para burgueses e camponeses Não o filho não livre da selva mas as pessoas letradas são as que pensam que o selvagem é mais livre do que o letrado É tão claro que o filho da selva posto em cena por F Halm249 não conhece as barreiras do A ideologia alemã 293 letrado pelo fato de não poder experimentálas quanto é claro que o bur guês letrado de Berlim que só conhece o filho da selva pelo teatro nada sabe sobre as barreiras do selvagem O simples fato é este as barreiras do selvagem não são as do civilizado A comparação que nosso Santo faz entre Ambos é fantástica no tocante ao berlinense letrado cuja formação consiste em não saber nada de Ambos O fato de ele não saber nada das barreiras do selvagem é explicável embora saber alguma coisa sobre o assunto não constitua nenhuma façanha tendo em vista os muitos relatos mais recentes de viagens mas ele tampouco conhece as do letrado e a prova disto é seu exemplo dos trens de ferro e do voo O pequenoburguês inerte para quem os trens de ferro caíram do céu e que justamente por isso acre dita que ele próprio os inventou imediatamente após ter andado uma vez de trem passa a fantasiar sobre o voo livre Na realidade primeiro veio o balão de ar e só depois vieram os trens de ferro São Sancho teve de in verter isso porque caso contrário qualquer Um teria percebido que com a invenção do balão de ar o postulado dos trens de ferro nem de longe estava dado ao passo que o inverso é fácil de imaginar Ele põe toda a re lação empírica de cabeça para baixo Quando o carreteiro e a carreta não mais satisfizeram as necessidades evoluídas do comércio quando entre outras coisas a centralização da produção pela grande indústria tornou necessários novos meios para o transporte rápido e maciço de suas massas de produtos inventouse a locomotiva que permitiu a aplicação do trem de ferro ao grande comércio O interesse dos inventores e dos acionários era o seu lucro o do commerce como um todo a redução dos custos de pro dução a possibilidade e até a necessidade absoluta da invenção residiam nas condições empíricas A aplicação da nova invenção em diversos países se baseou nas diferentes condições empíricas por exemplo na América do Norte na necessidade de unificar os estados isolados do imenso terri tório e interligar os distritos semicivilizados do interior com o oceano e os entrepostos de seus produtos Cf entre outros M Chevalier Lettres sur lAmérique du Nord Em outros paí ses nos quais apenas se lamenta em vista de cada nova invenção que ela não plenifica o reino das invenções como por exemplo na Alemanha depois de muita relutância contra os detestáveis trens de ferro que não proporcionam asas esses países aca barão sendo obrigados pela concorrência a adotálos e a deixar de lado o carreteiro e a carreta assim como a vetusta e recatada roda de fiar A falta de outras aplicações lucrativas do capital tornou a construção de trens de ferro o ramo industrial predominante na Alemanha O desenvolvimento de sua fabricação de trens obteve o mesmo progresso de suas pantufas no mercado mundial Porém em lugar nenhum se constrói trens de ferro em função da categoria liberdade de o que São Max já poderia ter dedu zido do fato de Ninguém construir trens de ferro para ficar livre do seu saco de dinheiro O núcleo positivo do desprezo ideológico do burguês Karl Marx e Friedrich Engels 294 pelos trens de ferro oriundo do anseio pelo voo do pássaro é a preferência pelo carreteiro pela carreta e pela estrada de chão Sancho anseia pelo seu mundo próprio que como vimos acima é o céu Por essa razão ele quer trocar a locomotiva pelo carro de fogo de Elias e subir aos céus250 Depois que a derrubada real de barreiras que constitui ao mesmo tempo um desenvolvimento muito positivo da força produtiva uma energia real reale e a satisfação de necessidades incontestáveis uma ampliação do po der do indivíduo transformouse para esse espectador inerte e insciente na mera liberação Freiwerden de uma barreira o que por sua vez pode ser por ele acomodado em termos lógicos como postulado da liberação da barreira pura e simples agora aparece como resultado no final de todo o desenvolvimento o que no início já estava pressuposto Serlivre de Algo significa apenas estar livre de ou sem p 206 De imediato ele dá um exemplo bem infeliz disso Ele está livre da dor de cabeça é o mesmo que ele está sem ela como se esse estarlivre da dor de cabeça não fosse o mesmo que uma capacidade muito positiva de dispor de minha cabeça o mesmo que uma propriedade de minha cabeça ao passo que enquanto Eu tinha dor de cabeça Eu era a propriedade da minha cabeça enferma No sem consumamos a liberdade recomendada pelo cristianismo no sem pecado sem Deus sem costume etc p 206 Por conseguinte também nosso cristão consumado só encontra sua peculiaridade no sem ideia sem destinação sem vocação sem lei sem constituição etc e conclama seus irmãos em Cristo a só se sentir bem na dissolução isto é na produção do estarlivre da liberdade cristã consumada Ele prossegue Por acaso devemos desistir da liberdade só porque ela se denuncia como um ideal cristão Não nada deve se perder voilà notre conservateur tout trouvé 1 a liberdade tampouco mas ela deve se tornar nossa própria e isso ela não consegue na forma da liberdade p 207 Aqui nosso egoísta em acordo toujours et partout 2 consigo mesmo esquece que já no Antigo Testamento mediante o ideal cristão da liberdade isto é mediante a imaginação da liberdade tornamonos possuidores do mundo das coisas ele igualmente esquece que depois disso o que precisa ríamos seria tão somente nos livrar do mundo das ideias para nos tornar mos possuidores também deste ele esquece que aqui a peculiaridade resultou para ele como consequência da liberdade do estarlivre 1 eis que flagramos nosso conservador 2 sempre e em toda parte A ideologia alemã 295 Depois de nosso Santo ter arranjado para si a liberdade como serlivre de Algo e isto por sua vez como estarsem este último sendo concebido como ideal cristão da liberdade e desse modo como liberdade do homem ele pode ministrar com base nesse material previamente preparado um curso prático de sua lógica A primeira e mais simples antítese tem o seguinte teor liberdade do homem liberdade Minha em que na antítese a liberdade deixa de existir na forma da liberdade Ou estarsem no interesse do homem estarsem em interesse Meu Essas duas antíteses percorrem com um numeroso séquito de decla mações todo o capítulo da peculiaridade mas se ficasse apenas com elas o nosso conquistador Sancho chegaria a muito pouco nem mesmo até a ilha Baratária251 Acima ele reservou para si ao observar a atividade dos homens a partir de seu mundo próprio de seu céu dois momentos de libertação real em sua abstração da liberdade O primeiro foi que na sua autossa tisfação os indivíduos satisfazem uma necessidade determinada real mente sentida Por ocasião da eliminação desse momento o indivíduo real foi substituído por o homem e o lugar da satisfação da necessidade real foi tomado pela busca de um ideal fantástico da liberdade como tal da liberdade do homem O segundo momento foi que uma capacidade que existia apenas como potencialidade nos indivíduos em processo de libertação é confirmada como poder real ou ampliada pela supressão de uma barreira No entanto pode se considerar a supressão da barreira que é apenas uma consequência da nova criação de poder o elemento principal Mas só se chega a essa ilusão quando se assume a política como a base da história empírica ou quando se tem de demonstrar a negação da negação por toda parte como o faz Hegel ou enfim quando na condição de burguês berlinense insciente refletese sobre a nova criação depois de o novo poder já ter sido criado Ao pôr de lado este segundo momento para seu próprio uso São Sancho passa a ter uma determinidade que ele pode contrapor ao remanescente e abstrato caput mortuum 1 remanescente e abstrato da liberdade Por esse meio ele chega às seguintes novas antíteses Ou então 1 literalmente cabeça morta252 Liberdade rechaço do poder estranho Peculiaridade posse do poder próprio Liberdade a eliminação cabal do poder estranho Peculiaridade a posse real do poder próprio Karl Marx e Friedrich Engels 296 O quanto São Sancho tomou seu próprio poder que ele aqui contrapõe à liberdade extraiuo desta mesma liberdade e o escamoteou em si mesmo é um fato em resposta ao qual não queremos remetêlo aos materia listas ou comunistas mas apenas ao Dictionnaire de lacadémie onde ele pode descobrir que liberté é utilizada o mais das vezes no sentido de puissance 1 Entretanto se São Sancho afirmar que não está lutando contra a liberté mas contra a liberdade então ele poderá obter alguns conselhos de Hegel sobre a liber dade negativa e positiva Como pequenoburguês alemão ele é convidado a deleitarse na observação conclusiva deste capítulo A antítese também pode ser expressa da seguinte maneira Depois de ter diferenciado dessa maneira mediante uma abstração barata a peculiaridade da liberdade ele age como se apenas agora estivesse come çando a desenvolver essa diferença e exclama Como é grande a diferença entre liberdade e peculiaridade p 207 Ficará evidente que além das antíteses gerais ele não reservou mais nada para si e que ao lado dessa determinação da peculiaridade ele acaba por recair continuamente de modo extremamente divertido na peculiaridade na acepção comum Mesmo na situação de escravidão é possível ser livre interiormente muito embora neste caso se possa ser livre somente de todo tipo de coisas mas não de tudo pois do chicote do capricho autoritário etc do senhor não é possível livrarse Em contrapartida a peculiaridade isto é toda a Minha essência e existência sou Eu mesmo Estou livre daquilo de que estou sem sou possuidor daquilo que tenho em Meu poder ou do que está em Meu poder Eu sou Meu próprio em todo tempo e sob todas as circunstâncias se Eu souber como Me ter e me jogar fora para Outros Eu não posso querer de verdade o serlivre porque Eu não posso produzilo Eu só posso desejálo e buscar por ele pois ele permanece um ideal uma quimera As amarras da realidade cortam a todo momento na Minha carne os mais cortantes vergões Mas eu permaneço Meu próprio Servilmente dedicado a um amo penso unicamente em Mim e no Meu proveito seus golpes até me atingem Não estou livre deles mas eu os suporto unicamente para o Meu proveito por exemplo para iludilo através da aparência da calma e deixálo seguro de si ou então para não atrair sobre Mim coisa pior por meio da renitência Como porém Eu mantenho os olhos fixos em Mim e no Meu proveito próprio enquanto as pancadas se mantêm na posse dele e de seu lombo Eu agarro pelo topete a próxima boa oportunidade isto 1 poder potência Liberdade busca idealista por estarsem e luta contra o serOutro Peculiaridade estarsem real e fruição da própria existência A ideologia alemã 297 é ele deseja ele busca uma próxima boa oportunidade que no entanto permanece um ideal uma quimera de pisotear o possuidor de escravos Assim o fato de Eu ficar livre dele e de seu chicote é apenas uma consequên cia de Meu egoísmo precedente Talvez haja quem diga Eu teria sido livre também na condição da escravidão a saber em si ou interiormente só que livre em si não é realmente livre e interiormente não é exteriormente Já Eu em contraposição era próprio total e inteiramente Meu próprio interior e exteriormente Das dores da tortura e dos golpes do chicote o Meu corpo não está livre sob o domínio de um amo cruel mas são os Meus ossos que gemem sob a tortura são minhas fibras que se crispam sob os golpes e Eu gemo porque Meu corpo geme O fato de eu suspirar e tremer prova que Eu ainda estou em Mim que Eu sou Meu próprio p 2078 Nosso Sancho que aqui volta a fazer o papel de beletrista para o pequenoburguês e camponês prova que apesar das muitas pancadas já recebidas em Cervantes continuou o tempo todo o possuidor de si mesmo e que essas pancadas faziam antes parte de sua peculiaridade Ele é o seu próprio em todo momento e sob todas as circunstâncias se ele souber como se ter Neste ponto portanto a peculiaridade é hipotética e depende do seu entendimento que ele entende como sendo uma casuística servil Esse entendimento mais tarde acaba por se tornar um pensar que é quando ele pensa em si e no seu proveito esse pensar e esse pro veito pensado são sua propriedade pensada Esse pensar continua a ser aclarado no sentido de que ele suporta as pancadas para seu proveito e a peculia ridade por sua vez consiste na representação do proveito e ele suporta o ruim para não se tornar possuidor de algo pior Mais tarde o entendimento também se evidencia como possuidor da ressalva de uma próxima boa oportunidade ou seja de uma simples reservatio mentalis e por fim do pisotear do proprietário de escravos na antecipação da ideia quando ele é então possuidor dessa antecipação enquanto o proprietário de escravos o pisoteia realmente no presente Portanto ao passo que aqui ele se identifica com a sua consciência que procura se aquietar por meio de todo tipo de máximas sábias no final ele se identifica com o seu corpo de tal modo que ele é totalmente seu próprio interior e exteriormente enquan to ainda tiver uma centelha de vida e mesmo enquanto ainda tiver alguma vida inconsciente dentro de si Fenômenos como gemer dos ossos crispar das fibras etc fenômenos que traduzidos da linguagem da única ciência natural para a ciência patológica podem ser produzidos no seu cadáver por meio do galvanismo se ele for tirado em tempo da forca na qual se enforcou acima fenômenos que podem ser produzidos até numa rã morta têm para ele o valor de provas de que ele ainda era totalmente interior e exteriormente seu próprio de que ele ainda estava em seu poder A mesma coisa em que se evidenciam o poder e a peculia ridade do proprie tário de escravos o fato de que justamente Ele e nenhum Outro é surrado de que justamente os seus ossos gemem suas fibras se crispam sem que Karl Marx e Friedrich Engels 298 Ele possa mudar isso isto tudo é aqui considerado pelo nosso Santo uma prova de sua própria peculiaridade e de seu próprio poder Portanto estan do ele atrelado ao Spanso Bocho 253 surinamês sem poder mexer braços nem pernas nem qualquer outro membro e sendo obrigado a deixar que façam o que quiserem com ele seu poder e sua peculiaridade não consistem no fato de poder dispor de seus membros mas no fato de que esses membros são seus Mais uma vez ele pôs sua peculiaridade a salvo concebendose sempre como determinado diferentemente ora como mera consciência ora como corpo inconsciente ver a Fenomenologia São Sancho contudo suporta a surra que lhe cabe com muito mais dignidade do que os escravos reais Por mais que os missionários tentem no interesse dos proprietários de escravos impingir aos escravos que é para o seu proveito que eles devem suportar as pancadas eles não se deixam persuadir com essas baboseiras Eles não fazem a reflexão ponderada e teme rosa de que caso contrário atrairiam sobre si coisa pior tampouco têm eles a pretensão de iludir o proprietário de escravos com sua calma ao contrário eles escarnecem seus algozes zombam da sua impotência que não pode nem mesmo obrigálos a ser humildes e reprimem todo e qualquer gemido toda e qualquer queixa pelo tempo que a dor física lhes per mitir Ver o Traité de législation de Charles Comte Portanto eles não são seus possuidores nem interiormente nem exteriormente mas apenas os pos suidores de sua renitência o que pode ser expresso da mesma forma nos seguintes termos eles não são nem interiormente nem exteriormente livres mas são livres somente em um sentido a saber interiormente livres da autohumilhação o que também demonstram exteriormente Na medida em que Stirner recebe pancadas ele é possuidor das pancadas e desse modo está livre do não sersurrado e essa liberdade esse estarsem faz parte da sua peculiaridade Do fato de São Sancho fixar uma característica especial da peculiaridade na ressalva de fugir na próxima boa oportunidade e encarar a sua assim implementada liberação como mera consequência de seu egoísmo prece dente seu isto é do egoísmo em acordo consigo mesmo decorre que ele imagina que os negros revoltosos do Haiti254 e os negros fugidos de todas as colônias não quisessem libertar a si mas o homem O escravo que toma a resolução de se libertar já deve ter superado a ideia de que a escravidão é a sua peculiaridade Ele deve estar livre dessa peculiaridade Porém a peculia ridade de um indivíduo pode consistir de fato em que ele se joga fora Significaria aplicar um critério estranho a ele se Se quisesse afirmar o contrário Por fim São Sancho se vinga da surra recebida dirigindo a palavra ao possuidor de sua peculiaridade ao proprietário de escravos Minha perna não está livre dos golpes do senhor mas ela é a Minha perna e é inarrancável Que ele a arranque de Mim e veja bem se ainda tem a Minha A ideologia alemã 299 perna Não ficará com nada na mão além do cadáver da Minha perna que é a Minha perna tanto quanto um cachorro morto ainda é um cachorro p 208 Que ele Sancho que acredita aqui que o proprietário de escravos quer ter a sua perna viva provavelmente para usála ele próprio veja bem o que ainda sobra nele da sua perna inarrancável Ele não fica com nada além da perda de sua perna e se tornou o possuidor perneta de sua perna arrancada Se ele for obrigado a mover o moinho com os pés por oito horas diárias é ele que com o tempo ficará idiotizado e o idiotismo passará então a ser sua peculiaridade Que o juiz que o condenou a isso veja bem se ainda tem o entendimento de Sancho na sua mão Mas isso de pouco adiantaria ao pobre Sancho A primeira propriedade a primeira glória foi adquirida Tendo o nosso Santo revelado com a ajuda desses exemplos dignos de um asceta e com considerável dispêndio em termos de produção beletrística a diferença entre liberdade e peculiaridade ele declara na p 209 de modo totalmente inesperado que entre peculiaridade e liberdade há uma fissura ainda mais profunda do que a mera diferença das palavras Essa fissura mais profunda consiste em que a determinação da liber dade feita acima é repetida com diversos tipos de variações e refrações e muitas inserções episódicas Da determinação da liberdade como o estarsem decorrem as seguintes questões de que os homens devem ser tornar livres p 209 etc as controvérsias sobre esse que ibidem na con dição de pequenoburguês alemão ele vê aqui uma vez mais no conflito dos interesses reais apenas a discórdia em torno da determinação desse que e naturalmente admira muito a ele que o burguês não queira se livrar da burguesia p 210 em seguida a repetição da frase de que a supressão de uma barreira representa a interposição de uma nova bar reira na seguinte forma o impulso para uma determinada liberdade constantemente inclui a intenção de erigir um novo domínio p 210 e no tocante a isso ficamos sabendo que na revolução os burgueses não visa vam erigir seu próprio domínio mas o domínio da lei ver acima sobre o liberalismo seguida do resultado de que não se quer ficar sem Aquilo que é bem conveniente como por exemplo o olhar irresistível da amada p 211 Ademais resulta que a liberdade é uma fantasmagoria p 211 um sonho p 212 depois disso ficamos sabendo de passagem que a voz da natureza também pode vir a ser a peculiaridade p 213 enquanto em contraposição a voz de Deus e da consciência deve ser considerada obra do diabo para então fanfarronar Tais homens ímpios que consideram isso obra do diabo existem como lidareis Vós com eles p 213 214 Porém não é a natureza que deve determinar a Mim sou Eu que devo determinar a Minha natureza segue o discurso do egoísta Karl Marx e Friedrich Engels 300 em acordo consigo mesmo E minha consciência também é uma espécie de voz da natureza É nesta oportunidade que resulta inclusive que o animal dá passos muito corretos p 213 Ouvimos ademais que a liberdade silencia so bre o que deve acontecer daqui por diante depois que Eu me tornei livre p 215 Ver Cântico dos Cânticos de Salomão A exposição da fissura mais profunda feita acima é concluída com a repetição da cena da surra na qual São Sancho se pronuncia de modo um pouco mais claro sobre a peculiaridade Mesmo não livre mesmo preso com mil amarras Eu sou e Eu não estou aí só futuramente e na esperança como a liberdade mas mesmo sendo o mais aviltado dos escravos eu estou presente p 215 Nesta passagem portanto ele confronta a si e a liberdade como duas pessoas e a peculiaridade se torna mero estaraí mera presença mais pre cisamente a mais aviltada das presenças A peculiaridade é aqui mera constatação da identidade pessoal Stirner que acima já havia se constituído como Estado policial secreto promovese aqui a repartição de passaportes Longe de mim que do mundo do homem Algo se perca Ver Cântico dos Cânticos de Salomão Após a p 218 também se pode desistir da própria peculiaridade me diante a subserviência a submissão embora de acordo com o acima exposto ela não possa deixar de existir enquanto a pessoa de algum modo existir por mais aviltado ou submisso que seja esse modo Ou o escra vo mais aviltado não seria o mais submisso De acordo com uma das descrições anteriores da peculiaridade só se pode desistir de sua própria peculiaridade desistindo de sua vida Na p 218 a peculiaridade como um dos aspectos da liberdade como poder é afirmada uma vez mais contra a liberdade como estarsem e enume rada entre os meios que Sancho alega usar para assegurar sua peculiaridade hipocrisia fraude meios que a Minha peculiaridade emprega porque ele teve de se submeter às condições do mundo etc pois os meios que Eu emprego se orientam por aquilo que Eu sou Já vimos que entre esses meios o estarsemmeios desempenha um papel central o que se evidencia também no seu processo contra a lua ver acima a Lógica Em seguida para variar a liberdade é compreendida como autolibertação isto é que Eu só posso ter tanta liberdade quanta Eu arranjar para Mim através da mi nha peculiaridade e a determinação da liberdade que ocorre em todos os ideólogos particularmente os alemães aparece como autodeterminação como peculiaridade Isso nos é esclarecido assim de nada aproveita às ovelhas se lhes for dada liberdade de expressão p 220 O quanto é trivial nesse trecho a sua concepção da peculiaridade como autolibertação já se percebe pela repetição das mais conhecidas frases de efeito sobre liberdade outor gada concessão da liberdade livrarse etc p 220 221 A oposição entre a A ideologia alemã 301 liberdade como estarsem e a peculiaridade como negação desse estarsem passa agora a ser ilustrada poeticamente A liberdade desperta Vosso rancor contra Tudo o que Vós não sois Ela é portanto a peculiaridade rancorosa ou de acordo com São Sancho as natu rezas biliosas como por exemplo Guizot não teriam peculiaridade E não estaria Eu fruindo a Mim mesmo no rancor contra Outros o egoísmo Vos chama à alegria por Vós mesmos à autofruição tratase portanto da liberdade que se alegra aliás já tomamos conhecimento da alegria e da au tofruição do egoísta em acordo consigo mesmo A liberdade é e permanece um anseio como se o anseio não fosse também uma peculiaridade uma autofruição de indivíduos de feição especial particularmente germânico cristãos e o anseio deverá perderse A peculiaridade é uma realidade que por si só elimina tanta não liberdade quanta estiver obstruindo o Vosso próprio caminho quando então antes de ser eliminada a não liberdade minha peculiaridade é uma peculiaridade obstruída Característico do pequenoburguês alemão é uma vez mais que para ele todas as barreiras e todos os obstáculos caem por si sós já que ele nunca mexe um dedo e por costume faz daquelas barreiras que não caem por si sós a sua peculiaridade A propósito nesse ponto a peculiaridade entra em cena como pessoa atuante embora mais tarde ela seja rebaixada a mera descrição do possuidor p 215 A mesma antítese se mostra novamente para nós na seguinte forma Como próprios realmente estais livres de Tudo e o que adere a Vós é o que aceitas tes é Vossa escolha e gosto O próprio é o livre nato o livre em contraposição é apenas o que anseia por liberdade Embora São Sancho admita na p 252 que cada Um é gerado como homem de modo que os recémnascidos seriam iguais nesse ponto Daquilo que Vós como próprios não estais livres constitui Vossa escolha e gosto tal como acima no caso do escravo as pancadas Que paráfrase de mau gosto A peculiaridade se reduz aqui portanto à ima ginação de que São Sancho aceitou e ficou de livre vontade com Tudo de que não pôde ficar livre como por exemplo da fome quando não tem dinheiro Abstraindo das muitas coisas como por exemplo dialeto bócio hemorroidas pobreza ter uma perna só obrigação de filosofar que lhe foi imposta pela divisão do trabalho etc abstraindo do fato de que de modo algum depende dele aceitar ou não essas coisas e mesmo que aceitemos por um momento pensar de acordo com seus pressupostos ele sempre só tem a escolher entre coisas bem determinadas que se situam no seu âmbito e que de modo algum são postas por sua peculiaridade Como agricultor irlandês ele só tem a escolher por exemplo entre comer batatas ou morrer de fome e nem mesmo essa escolha ele tem sempre Na frase acima deve se observar ainda a bela aposição pela qual exatamente como no caso do direito o aceitar é identificado sem mais nem menos com a escolha e o Karl Marx e Friedrich Engels 302 gosto Aliás aquilo que São Sancho entende por um livre nato não se consegue saber nem dentro do contexto nem fora dele E uma sensação que lhe foi infundida não seria também uma sensação aceita por ele E não ficamos sabendo nas p 84 85 que as sensações infun didas não são sensações próprias A propósito ressalta neste ponto como já vimos no caso de Klopstock que aqui é mencionado como exemplo que o comportamento próprio de modo algum coincide com o comportamento individual ainda que para Klopstock o cristianismo pareça ter sido bem conveniente e de modo algum pareça ter lhe obstruído o caminho O possuidor não precisa primeiro se libertar porque rejeita de antemão tudo que está fora dele mesmo Enleado no respeito pueril não obstante ele já trabalha no sentido de se libertar desse enleamento É porque o próprio não precisa primeiro se libertar que ele trabalha já desde criança para se libertar e tudo isto porque ele como vimos é o livre nato Enleado no respeito pueril ele já reflete com desenvoltura isto é de ma neira própria sobre esse seu próprio enleamento No entanto isso não nos deve causar admiração já vimos no início do Antigo Testamento a criança prodígio que é o egoísta em acordo consigo mesmo A peculiaridade opera no pequeno egoísta e lhe arranja a tão ansiada liberdade Não é Stirner que vive mas é a peculiaridade que vive opera e arranja dentro dele Ficamos sabendo aqui que a peculiaridade não é a descrição do possuidor mas que o possuidor é apenas a circunscrição da peculiaridade O estarsem como vimos constituía no seu ponto mais alto o estarlivre do próprio simesmo a autonegação Vimos igualmente que em contrapo sição a isso ele afirmou a peculiaridade como afirmação de si mesmo como proveito próprio Mas também vimos que esse mesmo proveito próprio por sua vez era autorrenúncia Já há algum tempo sentíamos uma falta pungente do Sagrado Nós o redescobrimos inopinadamente na p 224 na conclusão da peculiaridade todo encabulado onde ele se legitima com a seguinte formulação nova Com uma coisa que Eu realizo em proveito próprio ou nem mesmo realizo tenho Eu uma relação diferente do que com uma à qual Eu sirvo desprendi damente ou também com uma que Eu realizo Não satisfeito com essa curiosa tautologia que São Max aceitou por escolha e gosto de repente entra em cena novamente o Se há muito dado como desaparecido na condição de vigia noturno que constata a iden tidade do Sagrado e pensa poder apontar a seguinte característica distintiva contra Aquela eu pos so pecar ou cometer um pecado admirável tautologia a outra só posso deixar escapar arredar de Mim pôr a perder isto é cometer uma insensatez A ideologia alemã 303 Caso em que ele pode deixar escapar a si mesmo pôr a perder a si mesmo ser privado de si mesmo ser morto O livrecomércio experimenta ambas as perspectivas ao ser considerado em parte como o Sagrado em parte não ou do modo mais complicado pelo qual o próprio Sancho expressa isso ao ser encarada em parte como uma liberdade que pode ser concedida ou tirada dependendo das circunstâncias em parte com uma liberdade que sob todas as circunstâncias deve ser tida como sagrada p 2245 Sancho mostra novamente um discernimento próprio da questão do livrecomércio e do protecionismo aduaneiro Por esse meio lhe é dada a vocação de apontar um único caso em que o livrecomércio 1 por ser uma liberdade e 2 sob todas as circunstâncias foi tido como sagrado O Sagrado serve para tudo Depois de construída como vimos a peculiaridade com o auxílio das antí teses lógicas e do seralgotambémdiferentementedeterminado feno me nológico a partir da liberdade previamente arranjada momento em que São Sancho despejou Tudo o que lhe convinha por exemplo as pancadas na peculiaridade e tudo o que não lhe convinha na liberdade ficamos sabendo por fim que tudo isso ainda não era a verdadeira peculiaridade A peculiaridade consta na p 225 não é uma ideia como a liberdade etc ela é apenas uma descrição do possuidor Veremos que essa descrição do possuidor consiste em negar a liberdade nas três refrações que lhe são atribuídas por São Sancho as do liberalismo do comunismo e do humanismo em formulála em sua verdade e em chamar esse processo lógico extremamente simples conforme a lógica ali desenvolvida de descrição de um verdadeiro Eu Todo o capítulo da peculiaridade se reduz aos mais triviais eufemismos com que o pequenoburguês alemão procura se consolar de sua impotência Exatamente como Sancho ele acredita que na luta dos interesses burgueses contra os restos do feudalismo e da monarquia absoluta em outros países tratase apenas da questão de princípio de que o homem deve se tornar livre Ver também acima o Liberalismo político Em consequência ele vê no livrecomércio apenas uma liberdade e tagarela com muita importância e bem ao modo de Sancho sobre se o homem sob todas as circunstâncias deveria ou não ter liberdade de comércio E quando seus anseios de liberdade têm um fim deplorável como não poderia deixar de ser nessas condições ele busca consolo novamente ao modo de Sancho em que o homem ou ele próprio não poderia de qualquer modo tornarse livre de Tudo que a liberdade seria um conceito muito impreciso e que até mesmo Metternich e Carlos X poderiam apelar para a verdadeira liberdade p 210 do Livro e apenas a título de comentário justamente os reacionários particularmente a Escola Histórica255 e os românticos igualmente bem ao modo de Sancho Karl Marx e Friedrich Engels 304 põem a verdadeira liberdade na peculia ridade por exemplo dos agricultores do Tirol de modo geral no desenvolvi mento peculiar dos indivíduos e ade mais das localidades das províncias e dos estamentos e em que ele como alemão ainda que não seja livre seria indenizado por todos os padecimentos por meio de sua inquestionável peculiaridade Ainda como Sancho ele não vê na liberdade um poder que ele pode conseguir para si e em consequência declara a sua impotência como um poder Aquilo que o pequenoburguês alemão comum fala a título de consolo para si mesmo em voz baixa no maior silêncio do seu espírito o berlinense trombeteia a todo volume como formulação espirituosa Ele se orgulha de sua peculiaridade torpe e de sua própria torpeza 5 O possuidor Sobre como o possuidor se subdivide nas três refrações Meu poder Meu intercâmbio e Minha autofruição vejase a economia da Nova Aliança Passamos imediatamente à primeira dessas refrações A Meu poder O capítulo do poder por sua vez também é dividido tricotomicamente sendo nele tratados 1 direito 2 lei e 3 crime uma tricotomia para cuja cuidadosa dissimulação Sancho utiliza com demasiada frequência o epi sódio Trataremos o conjunto de forma tabelar com as necessárias inserções episódicas I O direito A Canonização em termos gerais Um outro exemplo do Sagrado é o direito O direito é não Eu não Meu direito o direito estranho o direito vigente Todo direito vigente direito estranho direito de estranhos não de mim direito dado por estranhos direito que se dá a Mim que se deixa sobrevir a Mim p 244 245 Nota 1 O leitor se perguntará por que a segunda proposição da equação de no 4 aparece de repente na equação de no 5 como primeira proposição referente à segunda proposição da equação de no 3 e assim em lugar do direito de um só golpe aparece todo o direito vigente como primeira proposi O Sagrado A ideologia alemã 305 ção Isso acontece para gerar a impressão de que São Sancho está falando do direito real existente o que entretanto nem lhe ocorre Ele fala do di reito tão somente na medida em que este é apresentado como predicado sagrado Nota 2 Depois de o direito ter sido determinado como direito estranho podem ser conferidos a ele quaisquer nomes tais como direito sultanesco direito dos povos etc dependendo de como São Sancho quer determinar naquele momento o estranho de quem ele o recebe Podese prosseguir dizendo então que o direito estranho teria sido dado por natureza por Deus por eleição popular etc p 250 portanto não por Mim Mas ingênua é a maneira como o nosso Santo procura dar às singelas equações acima com o auxílio da sinonímia a aparência de um desenvolvimento Se um idiota Me der razão256 e se o idiota que lhe dá razão fosse ele mes mo Eu ponho a minha razão sob suspeita seria de desejar no interesse de Stirner que isso tivesse de fato acontecido Mas mesmo que um sábio me dê razão nem por isso Eu já tenho razão Se Eu tenho ou não tenho razão independe totalmente de algum tolo ou sábio me dar razão Não obstante buscamos até agora esse direito Buscamos o direito e nos dirigimos com essa finalidade ao tribunal O que busco portanto perante esse tribunal Eu busco o direito sultanesco não o meu direito Eu busco o direito estranho perante o tribunal superior de censura busco portanto o direito da censura p 2445 Nessa frase magistral provoca admiração o emprego engenhoso da sinonímia Dar razão no sentido coloquial comum e dar o que é justo Rechtgeben no sentido jurídico são identificados Ainda mais digna de admiração é a fé capaz de remover montanhas que se dirige ao tribunal por diversão só para ficar com a razão uma fé que explica a existência dos tribunais a partir da teimosia Rechthabereia a A concepção que Saint Jacques le bonhomme tem de modo geral de um tribunal já ressalta do fato de ter apontado como exemplo o Tribunal Superior de Censura que é considerado um tribunal no máximo na concepção prussiana um tribunal encarre gado de tomar simples medidas administrativas que não pode estabelecer punições nem conciliar processos civis O fato de os indivíduos terem por base dois estados de produção totalmente distintos um no qual tribunal e administração estão separados e outro no qual eles coincidem patriarcalmente é algo que não preocupa um Santo que está sempre a lidar com os indivíduos reais As equações acima são convertidas aqui em vocação destinação missão em mandamentos morais que São Max trovejou na consciência pesada de seu fiel servo Szeliga ao qual ele se dirige aqui como suboficial prussiano seu próprio gendarme fala através dele com Ele Que Ele preserve para si não minguado o direito de comer etc O direito de comer jamais foi minguado aos proletários sucedendo apesar disso por si só que eles muitas vezes não possam exercêlo S M Karl Marx e Friedrich Engels 306 Por fim ainda é digna de nota a esperteza com que Sancho como fez acima na equação 5 com o substantivo mais concreto introduz previamente sorrateiramente o direito sultanesco para posteriormente aportar com tanto maior segurança a sua categoria geral direito estranho Direito estranho não Meu direito Ter Meu direito estranho não ter direito não ter nenhum direito ter a falta de direito p 247 Meu direito não Teu direito Teu não direito Teu direito Meu não direito Nota Vós quereis ter direito contra os Outros quer dizer ter os Vossos direitos Isto não podeis contra eles Vós tereis eternamente o não direito pois eles não seriam Vossos adversários se não tivessem também os seus direitos O tempo todo eles Vos darão o não direito Se permanecerdes no chão do direito permanecereis na teimosia p 248 253 Formulemos o assunto entrementes ainda de outra maneira Tendo assim documentado suficientemente os seus conhecimentos sobre o direito São Sancho pode agora restringirse a determinar o direito uma vez mais como o Sagrado e aproveitar a oportunidade para repetir alguns dos predi cados anteriormente já conferidos ao Sagrado agora com o complemento o direito Por acaso o direito não é um conceito religioso isto é algo Sagrado p 247 Quem pode sem adotar um ponto de vista religioso perguntar pelo direito ibidem Direito em e para si Portanto sem relação comigo Direito absoluto Portan to separado de Mim Um em e para si existente Um Absoluto Um direito eterno como uma verdade eterna o Sagrado p 270 Vós recuais assustados diante dos Outros porque acreditais ver ao lado deles o fantasma do direito p 253 Vós Vos esgueirais por aí para obter para Vós a fantasmagoria ibidem Direito é uma esquisitice concedida por uma fantasmagoria síntese das duas frases acima p 276 O direito é uma ideia fixa p 270 O direito é o espírito p 244 Porque o direito só pode ser concedido por um espírito p 275 Agora São Sancho desenvolve uma vez mais o que já havia desenvol vido no Antigo Testamento a saber o que é uma ideia fixa com a única diferença de que aqui o direito se interpõe em toda parte como um outro exemplo da ideia fixa A ideologia alemã 307 O direito é originalmente Minha ideia ou ele 257 tem sua origem em Mim Mas se ele de Mim proveio vulgo escapuliu258 se a palavra saiu então ela se tornou carne que São Sancho pode comer até se saciar uma ideia fixa razão pela qual todo o livro de Stirner se compõe de ideias fixas que escaparam de dentro dele mas foram capturadas de novo por nós e tran cafiadas na tão louvada casa de melhoramento dos costumes Eu agora não consigo mais me livrar da ideia depois de a ideia ter se livrado dele para qualquer lado que me vire ela está diante de mim O que lhe pende atrás é o rabo259 Assim os seres humanos não voltaram a dominar a ideia direito que eles próprios criaram A criatura desembestou com eles em cima Isto é o direito absoluto por Mim resolvido que sinonímia e rendido Ao adorálo como algo Absoluto não podemos mais consumilo e ele Nos priva da força criadora a Criatura é mais do que o Criador ela é em e para si Experimentem não deixar mais o direito andar livre por aí Seguiremos este conselho imediatamente com relação a esta frase colocandoa a ferros aqui mesmo até segunda ordem p 270 Ao arrastar assim o direito por todas as possíveis provas de fogo e de água da santificação e canonizálo o que São Sancho fez foi destruílo Com o direito absoluto desaparece o próprio direito é extinguido ao mesmo tempo o domínio do conceito do direito a hierarquia Pois não se deve esquecer que desde então conceitos ideias e princípios Nos dominaram e que sob o domínio desses regentes o conceito do direito ou o conceito de justiça desem penhou um dos papéis mais significativos p 276 Já estamos habituados a que as relações jurídicas apareçam como ocorre novamente aqui como domínio do conceito do direito e que ele mate o direito já pelo fato de declarálo como um conceito e desse modo como o Sagrado ver sobre isso a Hierarquia O direito não surge a partir das condições materiais dos homens e do conflito que surge entre eles em virtude disso mas do conflito deles com a representação que têm dele a qual eles devem tirar da cabeça Ver Lógica Dessa última forma de canonização do direito fazem parte ainda as seguintes três notas Nota 1 Enquanto esse direito estranho concordar com o Meu é claro que Eu nele encontrarei também este último p 245 Que São Sancho medite sobre esta frase por enquanto Nota 2 Uma vez que se imiscuiu um interesse egoísta estava degenerada a sociedade como prova por exemplo o romanismo com o seu direito privado plena mente evoluído p 278 De acordo com isso a sociedade romana deve ter sido desde o começo a sociedade romana degenerada já que nas dez tábuas260 o interesse egoísta se Karl Marx e Friedrich Engels 308 destaca de modo ainda mais crasso do que no direito privado plenamente evoluído do período imperial Nessa reminiscência infeliz de Hegel o direito privado é concebido portanto como um sintoma do egoísmo e não do Sagrado Que São Sancho também medite sobre isto de que maneira o direito privado está relacionado com a propriedade privada e em que medida o direito privado deu origem a toda uma massa de outras relações jurídicas cf Propriedade privada Estado e direito sobre as quais São Max não sabe dizer nada além de que elas seriam o Sagrado Nota 3 Mesmo que o direito também proceda do conceito ele só ganha existência porque é útil para as necessidades Assim diz Hegel Filosofia do direito 209 complemento de quem sobreveio ao nosso Santo a hierarquia dos conceitos no mundo moderno Hegel portanto explica a existência do direito a partir das necessidades empíricas dos indivíduos e põe o conceito a salvo por meio de uma simples asseveração Vêse assim que Hegel procede de modo infinitamente mais materialista do que nosso Eu de carne e osso São Sancho B Apropriação pela antítese simples a O direito do homem O direito Meu b O direito humano O direito egoísta Este é o direito egoísta isto é para Mim é justo assim e por isso é direito passim a última frase p 251 Nota 1 Eu Me dou a legitimação para matar se Eu mesmo não o proibir a Mim se Eu mesmo não temer o homicídio como quem teme uma injustiça p 249 Deve ser assim Eu mato se Eu mesmo não o proibir a Mim se Eu não tiver medo de cometer homicídio Toda essa frase é um enchimento fanfarronesco da segunda equação na antítese c onde a legitimação perdeu o sentido Nota 2 Eu decido se o direito está em Mim fora de Mim não existe nenhum direito p 249 Somos aquilo que está em nós Não do mesmo modo como não somos o que está fora de nós Exatamente porque Nós não somos espírito c Direito estranho ser legi timado por estranhos Meu direito ser legitimado por Mim d Direito é o que é justo para o homem Direito é o que é justo para Mim A ideologia alemã 309 que habita em nós exatamente por isto tivemos de transferilo para fora de nós pensálo como existente fora de nós no além p 43 De acordo com a sua própria frase na p 43 São Sancho deve portanto transferir o direito que está dentro dele de novo para fora de si mais precisamente para o além Mas se ele quiser usar esse procedimento para se apropriar então ele poderá transferir a moral a religião todo o Sagra do para dentro de si e decidir se dentro dele ele é o moral o religioso o Sagrado fora dele não existe nenhuma moral religião santidade mas logo em seguida segundo a p 43 ele as transfere novamente para fora de si para o além Com o que se estabelece a restauração de todas as coisas segundo o modelo cristão Nota 3 Fora de Mim não existe nenhum direito Se for direito para Mim então é justo É possível que nem por isso já seja justo para Outros p 249 Deve ser assim se for justo para Mim então é justo para Mim mas ainda não para os Outros Já tivemos exemplos suficientes dos pulos de pulga sinonímicos que São Sancho dá com a palavra direito Direito Recht e justo recht o direito jurídico o direito moral aquilo que lhe é justo etc são empregados caoticamente conforme convém São Max deve tentar verter suas frases sobre o direito para alguma outra língua para que o absurdo venha cabalmente à luz Como essa sinonímia já foi tratada com pormenores na Lógica é suficiente aqui remeter a ela A mesma frase citada acima é apresentada ainda nas seguintes três transformações A Para decidir se eu tenho ou não direito não existe outro juiz além de Mim mesmo Outros só podem julgar e decidir se concordam com o Meu direito e se ele existe como direito também para eles p 246 B A sociedade até quer que cada Um consiga obter o seu direito mas de fato só o direito sancionado pela sociedade o direito da sociedade não realmente o seu direito quer dizer obter o Seu direito é aqui uma palavra totalmente desprovida de sentido E então ele continua a fanfarronar Eu porém Me concedo o direito ou Me privo dele pela Minha própria pleni potência de possuidor e criador do Meu direito criador somente na medida em que ele primeiro declara o direito como sua ideia e depois assegura ter retomado essa ideia em si mesmo Eu não reconheço nenhuma outra fonte do direito além de Mim nem Deus nem o Estado nem a natureza nem o homem nem direito divino nem direito humano p 269 C Como o direito humano sempre é algo dado na realidade tudo sempre acaba desembocando no direito que os homens dão isto é facultam uns aos outros p 251 O direito egoísta em contraposição é o direito que Eu dou a Mim ou retiro de Mim Karl Marx e Friedrich Engels 310 Entretanto para encerrar pode soar plausível que no millennium de Sancho o direito egoísta sobre o qual se chega a um entendimento mútuo não seja muito diferente daquele que é dado ou facultado mutuamente Nota 4 Para concluir Eu tenho ainda de retomar o modo semiadequado de expressão do qual Eu só queria fazer uso enquanto estivesse revolvendo as entranhas do direito e ao menos permiti que a palavra permanecesse Mas de fato junto com o conceito também a palavra perde seu sentido O que Eu chamei de Meu direito isso nem é mais direito p 275 Qualquer um identifica no primeiro relance a razão pela qual São San cho permitiu que a palavra direito permanecesse nas antíteses acima Pois como ele nem mesmo fala do conteúdo do direito muito menos o critica a única maneira de dar a impressão de que está falando do direito é mantendo a palavra direito Se excluímos a palavra direito das antíteses nada consta nelas além de Eu Meu e as demais formas gramaticais pronominais da primeira pessoa Aliás o conteúdo sempre só foi introduzido pelos exemplos que no entanto como vimos nada eram além de tautologias como quando Eu mato então Eu mato etc e nas quais as palavras direito legitimado etc foram acomodadas unicamente para dissimular a tauto logia simplória e estabelecer algum tipo de ligação com as antíteses Também a sinonímia teve essa vocação de produzir a aparência de se tratar de algum conteúdo qualquer Aliás de imediato se percebe quão pródiga é a mina de renommage oferecida por essa tagarelice sem conteúdo sobre o direito Todo o revolver nas entranhas do direito consistiu portanto em que São Sancho fizesse uso do modo semiadequado de expressão e ao me nos permitiu que a palavra permanecesse isto porque ele não saberia dizer nada sobre o assunto em pauta Se a antítese é para ter algum sentido isto é se Stirner queria manifestar nela simplesmente a sua relutância diante do direito então devese dizer antes que não foi ele quem revolveu as entranhas do direito mas foi o direito que revolveu as suas entranhas que ele apenas fez constar que o direito não Lhe é legítimo Que Ele preserve para si não minguado esse direito Jacques le bonhomme Para que algum conteúdo penetre nessa vacuidade São Sancho ainda precisa realizar uma manobra lógica adicional que ele com grande virtu osismo mistura para valer com a canonização e com a antítese simples e camufla tão bem com episódios frequentes que o público e os filósofos alemães não puderam de fato se dar conta disso C Apropriação pela antítese composta Stirner precisa introduzir agora uma determinação empírica do direito que ele possa reivindicar para o indivíduo isto é ele precisa reconhecer no direito uma Outra coisa além da santidade Para isso ele poderia ter A ideologia alemã 311 se poupado de todas as suas maquinações desengonçadas já que desde Maquiavel Hobbes Spinoza Bodin etc na época mais recente para não falar das anteriores o poder foi apresentado como o fundamento do direito com o que a visão teórica da política se emancipou da moral e estava dado nada mais do que o postulado para um tratamento independente da política Mais tarde no século XVIII na França e no século XIX na Inglaterra todo o direito foi reduzido ao direito privado do qual São Max não fala e o direito privado foi reduzido a um poder bem determinado o poder dos proprietários privados e nesse caso porém de modo nenhum alguém se contentou com a mera fraseologia São Sancho portanto extrai a determinação poder de dentro do direito e a aclara para si mesmo nos seguintes termos Costumamos pflegen classificar os Estados de acordo com as diferentes maneiras como o poder supremo está distribuído portanto o poder su premo Poder contra quem Contra o indivíduo o Estado exerce poder a conduta do Estado é prática da violência261 e ele chama o seu poder de direito A totalidade tem um poder que é dito um poder legitimado isto é que é direito p 259 260 Por meio de Nossos cuidados Pflegen nosso Santo obterá seu tão ansiado poder e poderá passar a cuidar de si mesmo Direito o poder do homem Poder o direito Meu Equações intermediárias Estar legitimado Estar autorizado Legitimarse Autorizarse Antítese Estar legitimado pelo homem Estar legitimado por Mim A primeira antítese Direito poder do homem Poder direito Meu transformase agora em já que na tese direito e poder são idênticos e que na antítese o modo apenas meio adequado de expressão deve ser retirado depois de o direito ter perdido todo o sentido como vimos Nota 1 Amostras da perífrase bombástica e fanfarronesca das antíteses e equações acima O que Tu tens o poder de ser para isso Tu tens o direito Eu derivo todo o direito e toda legitimação de Mim mesmo Eu estou legitimado para Tudo o Direito do homem Poder Meu Meu poder Karl Marx e Friedrich Engels 312 que está em Meu poder Eu não exijo nenhum direito razão pela qual não preciso reconhecer nenhum Aquilo que Eu posso conseguir por coa ção Eu coajo a Mim mesmo a conseguilo e ao que Eu não obtenho por coação Eu não tenho nenhum direito etc Legitimado ou não legitimado isso não é importante para Mim basta que Eu esteja em poder de para que por si só eu já esteja autorizado e não precise de nenhuma outra autorização ou legitimação p 248 275 Nota 2 Amostras da maneira como São Sancho desenvolve o poder como a base real reale do direito Assim dizem os comunistas de onde será que Stirner ficou sabendo tudo isso que os comunistas dizem já que além do Relatório Bluntschli262 da Volksphilosophie de Becker263 e de algumas poucas outras coisas ele não chegou a ter nada deles em mãos O mesmo trabalho daria às pessoas o direito à mesma fruição Não o mesmo trabalho não Te dá direito a isso mas tão somente a mesma fruição Te dá direito à mesma fruição Frui e assim terás direito à fruição Se tomardes para Vós a fruição então ela é Vosso direito se ao contrário ape nas ansiais por ela sem pôr as mãos nela ela continuará sendo sempre um direito bem adquirido daqueles que foram privilegiados para a fruição É o direito deles assim como se torna o Vosso direito se a tomardes em Vossas mãos p 250 Comparese o que aqui é posto na boca dos comunistas com o que foi dito acima sobre o comunismo São Sancho uma vez mais supõe que os proletários sejam uma sociedade coesa que apenas teria de tomar a deci são de tomar nas mãos para no dia seguinte dar um fim sumário a toda a ordem mundial vigente Os proletários no entanto chegam a essa unidade só depois de um longo desenvolvimento um desenvolvimento em que o apelo ao seu direito também desempenha um papel importante Esse apelo ao seu direito aliás é apenas um meio para fazer que eles se tornem Eles ou seja uma massa unida revolucionária No que se refere ao restante da frase ela representa do início ao fim um brilhante exemplo de tautologia o que fica claro assim que se deixa fora dela tanto o poder como o di reito o que pode ser feito sem prejuízo do conteúdo Em segundo lugar o próprio São Sancho diferencia capacidade pessoal de capacidade de fato de modo que ele diferencia portanto fruir de poder de fruir Eu posso ter um grande poder capacidade pessoal de fruir sem que tenha necessaria mente só por isso o poder de fato dinheiro etc Meu fruir real portanto continua hipotético O fato de a criança de estirpe real colocarse acima das demais crianças prossegue o mestreescola em seus exemplos bem ao gosto do amigo das crianças já é um ato que lhe assegura a primazia e o fato de as demais crianças aprovarem e reconhecerem esse ato é o ato delas que as torna dignas de ser súditas p 250 A ideologia alemã 313 Nesse exemplo a relação social em que se encontra uma criança da família real com outras crianças é concebida como o poder mais precisa mente como o poder pessoal da criança real e como a impotência das demais crianças Suponhamos por um momento que o fato de as demais crianças se deixarem comandar pela criança real seja mesmo concebido como seu ato isso provaria no máximo que elas são egoístas A peculiaridade opera nos pequenos egoístas e os impele a explorar a criança real a tirar vantagem dela para si Dizse a saber Hegel diz que a punição seria o direito do criminoso Só que a impunidade é igualmente o seu direito Se o seu empreendimento for bemsucedido ele recebe o que é seu direito e se não o for ele igualmente re cebe o que é direito Se alguém se expuser temerariamente a perigos e acabar morrendo por causa disso decerto diremos isso foi bem feito ele teve o que queria Mas se ele vencer os perigos isto é se o seu poder vencer então ele também teria direito Se uma criança brincar com a faca e se cortar ela recebe o que é de direito mas se não se cortar ela também recebe o que é de direito Em consequência o criminoso certamente recebe o que é de direito quando sofre as consequências do risco que correu por que é que ele correu o risco já que estava ciente das possíveis consequências p 255 Na conclusão dessa frase na pergunta dirigida ao criminoso Por que é que ele correu o risco está latente o absurdo professoral do conjunto Se alguém recebe o que é de direito quando ao invadir uma casa cai e quebra a perna ou uma criança quando se corta dessas questões tão importantes que só mesmo um São Sancho poderia se ocupar com elas a única coisa que se extrai é que nelas o acaso é declarado como Meu poder Portanto no primeiro exemplo o Meu poder era Meu agir no segundo era a relação social independente de mim no terceiro era o acaso Todavia já constatamos essas determinações contraditórias no caso da peculiaridade Entre os exemplos acima bem ao gosto do amigo das crianças Sancho ainda insere a seguinte interpolação hilariante Aliás de fato o direito é maleável como a cera O tigre que me ataca tem direito e Eu que o abato também tenho direito Não é o Meu direito que preservo contra ele mas a Mim p 251 Na proposição inicial São Sancho se coloca numa relação de direito com o tigre e na proposição complementar lhe ocorre que no fundo não se dá nenhuma relação de direito Por isto de fato o direito é maleável como a cera O direito do homem se dissolve no direito do tigre Com isso está finalizada a crítica do direito Depois de já termos de há muito aprendido por intermédio de centenas de autores mais antigos que o direito teria se originado do poder por intermédio de São Sancho ficamos sabendo ainda que o direito é o poder do homem com o que ele exito samente afastou do caminho todas as questões sobre a conexão entre o direito e os homens reais e suas condições e conseguiu compor a sua antítese Ele Karl Marx e Friedrich Engels 314 se limita a suprimir o direito na condição em que ele mesmo o põe a saber como o Sagrado isto é ele se limita a suprimir o Sagrado e a deixar o direito como está Essa crítica do direito é adornada com uma grande quantidade de episó dios a saber com tudo que é tipo de coisas sobre as quais se cuida falar no Café Stehely264 depois do meiodia das duas às quatro Episódio I direito humano e direito bem adquirido Quando a revolução carimbou a igualdade como um direito ela se refugiou no âmbito religioso na região do Sagrado do ideal Em consequência desde então a luta pelos direitos humanos inalienáveis sagrados Contra o direito humano eterno se faz valer com toda naturalidade e com a mesma legitimidade o direito bem adquirido do existente direito contra direito onde naturalmente Um é difamado pelo Outro como não direito Esta é a controvérsia jurídica desde a revolução p 248 Primeiro se repete que os direitos humanos são o Sagrado e que em consequência ocorre desde então a luta pelos direitos humanos com o que São Sancho apenas demonstra que a base material dessa luta permaneceu sagrada isto é estranha para ele Pelo fato de Ambos o direito humano e o direito bem adquirido serem direitos eles têm a mesma legitimidade aqui mais precisamente legitimidade em termos históricos Pelo fato de Ambos serem direitos em termos jurídicos eles têm a mesma legitimidade em termos históricos Desse modo podese resolver tudo no mais breve prazo possível sem saber nada sobre o assunto e por exemplo no caso do embate em torno das leis do cereal na Inglaterra dizer contra o profit lucro se fazer valer com toda naturalidade e mesmo legitimidade a renda que também é profit lucro Lucro contra lucro onde naturalmente Um é difamado pelo Outro Esta é a luta pelas leis do cereal desde 1815 na Inglaterra A propósito Stirner poderia ter dito de antemão o direito existente é o direito do homem o direito humano Costumase chamálo a partir de certo lado direito bem adquirido Onde está portanto a diferença entre direito humano e direito bem adquirido Já sabemos que o direito sagrado estranho é aquilo que é dado por es tranhos Ora já que os direitos humanos também são chamados de direitos naturais inatos e já que para São Sancho o nome é a própria coisa eles são portanto os direitos que me foram dados pela natureza isto é pelo nasci mento Mas os direitos bem adquiridos desembocarão na mesma coisa a saber na natureza que Me dá um direito isto é o nascimento e ademais a herança e assim por diante Eu sou nascido como homem é o mesmo que Eu sou nascido como filho do rei Isto consta nas p 249 250 onde também se faz a Babeuf265 a censura de que ele não teria possuído esse talento dialético da dissolução da diferença A ideologia alemã 315 Já que Eu sob todas as circunstâncias também é homem como São Sancho concede mais tarde e esse Eu em consequência também é benefi ciado por aquilo que ele tem como homem tal como ele por exemplo sendo berlinense é beneficiado pelo Zoológico de Berlim assim ele é também beneficiado pelo direito humano sob todas as circunstâncias Mas como ele de modo algum é nascido sob todas as circunstâncias como filho de rei ele de modo algum é beneficiado sob todas as circunstân cias pelo direito bem adquirido Consequentemente no solo do direito persiste uma diferença fundamental entre direito humano e direito bem adquirido Se ele não tivesse sido obrigado a dissimular a sua lógica então era de se dizer aqui considerandose que Eu julguei ter dissolvido o conceito do direito da maneira como Eu sempre costumo dissolver as coisas então a luta em torno desses dois direitos específicos é uma luta no interior de um conceito dissolvido por Mim na Minha opinião e em consequência nem precisa continuar a ser considerado por Mim Para incrementar a meticulosidade São Sancho poderia ter acrescenta do ainda a seguinte formulação também o direito humano é adquirido ou seja bem adquirido e o direito bem adquirido é direito humano possuído por homens Aliás quando se separam tais conceitos da realidade empírica que lhes serve de base podese virálos do avesso como uma luva o que já foi pro vado com suficiente detalhamento por Hegel para quem esse método tinha legiti midade junto aos ideólogos abstratos Portanto São Sancho não precisa mais leválo ao ridículo por meio das suas maquinações desengonçadas Até aqui o direito bem adquirido e o direito humano desembocaram na mesma coisa para que São Sancho pudesse dissipar em nada uma luta existente fora de sua cabeça na história Para conseguir produzir uma luta nova terrível que existe dentro do nada criador de sua cabeça o nosso Santo passa a nos provar que é tão perspicaz no distinguir como é onipotente no amontoar Também quero conceder magnânimo Sancho que cada Um é gerado como homem logo de acordo com a instrução acima dirigida a Babeuf também como filho de rei de modo que os recémnascidos são nisso iguais entre si unicamente porque eles ainda não se mostram nem agem de outro modo a não ser justamente como simples homens pessoinhas nuas e cruas Os adultos em contraposição são filhos de sua própria cria ção Eles possuem mais do que simples direitos inatos eles adquiriram direitos Será que Stirner crê que a criança saiu do útero sem o seu próprio ato um ato mediante o qual ela adquiriu o direito de estar fora do útero E toda criança não se mostra e não age logo de início como criança única Que antagonismo que campo de batalha A antiga luta entre os direitos inatos e os direitos bem adquiridos p 252 Karl Marx e Friedrich Engels 316 Que luta dos barbados contra os lactentes Aliás Sancho só fala contra os direitos humanos porque em tempos mais recentes de novo costumouse falar contra eles Na verdade ele também adquiriu para si esses direitos humanos inatos Na peculiaridade já tínhamos o livre nato onde ele converteu a peculiaridade em direitos humanos inatos ao mostrarse e agir como livre já pelo simples fato de ter nascido Não só isso Cada Eu desde o nascimento já é um criminoso contra o Estado e assim o crime contra o Estado se torna um direito humano inato e a criança já comete um crime contra algo que ainda não existe para ela mas para o que ela existe Por fim Stirner fala mais tarde de cérebros limitados natos poetas natos músicos natos etc Já que aqui o poder a capacidade musical poética respectivamente limitada é inato e direito poder vêse como Stirner reivindica os direitos humanos inatos para o Eu ainda que desta vez a igualdade não figure entre eles Episódio 2 Privilegiado e igual em direitos A luta pela prerrogativa e pelo direito igual é transformada pelo nosso Sancho primeiramente na luta em torno dos simples conceitos privilegiado e igual em direitos Desse modo ele se poupa de adquirir algum conhecimento sobre o modo de pro dução medieval cuja expressão política é a prerrogativa e sobre o modo de produção moderno cuja expressão é o direito puro e simples o direito igual bem como sobre a relação entre esses dois modos de produção e as condições jurídicas que lhes correspondem Ele pode até reduzir os dois conceitos acima à expressão ainda mais simples igual e desigual e provar que a mesma coisa por exemplo os demais homens um cachorro etc dependendo das circunstâncias pode ser indiferente gleichgültig isto é ter a mesma valida de gleich gültig ou não ter a mesma validade isto é ser desigual distinta preferida etc etc O irmão porém de condição humilde gloriese na sua grandeza Saint Jacques le bonhomme 19 266 II A lei Temos a revelar ao leitor agora um grande mistério do nosso santo ho mem a saber que ele começa todo o seu tratado sobre o direito com uma explicação geral do direito que escapa dele enquanto fala do direito e somente consegue recapturar no momento em que passa a falar de algo totalmente diferente a saber da lei Naquele tempo o evangelho gritou para o nosso Santo não julgueis para que não sejais julgados e ele abriu a sua boca ensinou e disse O direito é o espírito da sociedade E a sociedade é o Sagrado Tendo a socie dade uma vontade então essa vontade é justamente o direito ela só subsiste por meio do direito Mas já que ela só subsiste por não por meio do direito mas só por exercer sobre o indivíduo um domínio assim o direito é sua vontade soberana p 244 A ideologia alemã 317 Isto é o direito é tendo então justamente só subsiste já que mas só subsiste por assim vontade soberana Esta frase é o Sancho consumado Essa frase escapou do nosso Santo naquela oportunidade porque não combinava com suas teses mas agora é recapturada parcialmente porque agora de novo lhe convém parcialmente Os Estados duram enquanto houver uma vontade soberana e essa vontade so berana for encarada como tendo um sentido idêntico ao da vontade própria A vontade do senhor é lei p 256 A vontade soberana da sociedade direito A vontade soberana lei direito lei Às vezes isto é qual tabuleta de taberna de seu Tratado sobre a lei ainda virá à luz uma diferença entre direito e lei que curiosamente tem quase tanto a ver com o seu Tratado sobre a lei quanto a definição do direito que havia escapado tem a ver com o Tratado sobre o direito Porém o que é direito o que numa sociedade é de direito também toma a forma de palavra na lei p 255 Esta frase é uma cópia desajeitada de Hegel O legítimo é a fonte do conhecimento do que é direito ou do que é de direito O que São Sancho diz com tomar a forma de palavra Hegel também chama de posto sabido etc Filosofia do direito 211 ss É bastante compreensível por que São Sancho teve de excluir o direito como a vontade ou vontade soberana da sociedade do seu Tratado sobre o direito Apenas na medida em que o direito era determinado como poder do homem ele podia retomálo para dentro de si como seu poder Por tanto em favor de sua antítese ele foi obrigado a manter a determinação materialista do poder e deixar escapar a determinação da vontade Veremos nas antíte ses sobre a lei por que ele recaptura a vontade agora que fala da lei Na história real aqueles teóricos que consideravam o poder como o fun damento do direito formavam a oposição frontal àqueles que encaravam a vontade como a base do direito uma oposição que São Sancho também pôde conceber como a que existe entre realismo criança antigo negro etc e idealismo adolescente moderno mongol etc Se o poder é suposto como a base do direito como fazem Hobbes etc então direito lei etc são apenas sintomas expressão de outras relações nas quais se apoia o poder do Esta do A vida material dos indivíduos que de modo algum depende de sua mera vontade seu modo de produção e as formas de intercâmbio que se condi cio nam reciprocamente são a base real do Estado e continuam a sêlo em todos os níveis em que a divisão do trabalho e a propriedade privada Karl Marx e Friedrich Engels 318 ainda são necessárias de forma inteiramente independente da vontade dos indivíduos Essas condições reais de modo algum foram criadas pelo poder do Estado elas são antes o poder que o cria Os indivíduos que dominam nessas condições abstraindo do fato de que seu poder deve se constituir como Estado têm de conferir à sua vontade condicionada por essas condi ções bem determinadas uma expressão geral como vontade do Estado como lei uma expressão cujo conteúdo sempre é dado pelas condições dessa classe do que o direito privado e o direito criminal são a prova mais cabal Assim como não depende de sua vontade ou arbitrariedade idealista o fato de seus corpos serem pesados tampouco depende dela impor a sua própria vontade na forma da lei pondoa ao mesmo tempo fora do alcance da arbitrariedade pessoal de cada indivíduo entre eles Seu domínio pessoal deve se constituir simultaneamente como um domínio médio Seu poder pessoal se apoia em condições de vida que se desenvolvem como condições comuns a muitos cuja continuidade eles na condição de dominadores devem afirmar contra outras e ao mesmo tempo como válidas para todos A expressão dessa vontade condicionada por seu interesse comum é a lei Justamente a imposição dos indivíduos independentes uns dos outros e da sua própria vontade que sobre essa base é necessariamente egoísta em seu comportamento recíproco torna necessária a autorrenúncia na lei e no direito autorre núncia como exceção autoafirmação de seus interesses na média dos casos que em consequência não é considerada como autorrenúncia por eles mas só pelo egoísta em acordo consigo mesmo O mesmo vale para as classes dominadas de cuja vontade tampouco depende a existência da lei e do Esta do Por exemplo enquanto as forças produtivas não tiverem se desenvolvido a ponto de tornar supérflua a concorrência e por essa razão reiterada mente provocarem a concorrência as classes dominadas quere rão algo impossível se tiverem a vontade de eliminar a concorrência e junto com ela Estado e lei Aliás só mesmo na imaginação dos ideólogos essa vontade surge antes que as condições tenham evoluído a ponto de poder produzila Depois que as condições evoluíram o suficiente para produzila o ideólogo pode imaginar essa vontade como algo simplesmente arbitrário e consequentemente identificável em todas as épocas e sob todas as circunstâncias Assim como o direito não procede da pura arbitrariedade tampouco procede dela o crime isto é a luta do indivíduo isolado contra as condições dominantes Ao contrário ele está nas mesmas condições que aquele domínio Os mesmos visionários que vislumbram no direito e na lei o domínio de uma vontade universal independente para si mesma conseguem ver no crime a simples quebra do direito e da lei Portanto não é o Estado que subsiste por meio da vontade dominante mas o Estado que procede do modo de vida material dos indivíduos tem também a forma de uma vontade soberana Se esta perde o domínio então se modificou não só a vontade mas também a A ideologia alemã 319 existência e a vida material dos indivíduos e só por causa disso a sua vontade É possível que direito e lei se perpetuem267 mas nesse caso eles não são mais dominantes e sim nominais do que as histórias do antigo direito roma no e do direito inglês fornecem exemplos notáveis Já vimos anteriormente como entre os filósofos pôde surgir mediante a separação entre as ideias e os indivíduos que lhes serviam de base e suas condições empíricas um de senvolvimento e uma história das simples ideias Da mesma maneira se pode aqui separar por sua vez o direito de sua base real realen com o que então se consegue extrair uma vontade soberana que se modifica diferentemente nas diferentes épocas e que em suas criações as leis possui uma história própria independente Desse modo a história política e burguesa se dissolve ideologicamente numa história do domínio de leis sucessivas Esta é a ilusão específica de juristas e políticos a qual Jacques le bonhomme adota sans façon1 Ele nutre a mesma ilusão que por exemplo Frederico Guillerme IV que tam bém considera as leis como simples ideias repentinas da vontade soberana e em consequência sempre acha que elas fracassam diante do Algo tosco do mundo Praticamente nenhuma de suas manias totalmente inofensivas conseguiu ir além dos limites de uma mera ordem de gabinete Ele que tente ordenar 25 milhões de empréstimo a centésima parte da dívida pública da Inglaterra e verá de quem é a vontade de sua vontade soberana A propósito mais tarde também descobriremos que Jacques le bonhomme se vale das quime ras e fan tas magorias de seu soberano e coberlinense como documentos para tecer a partir deles a trama de suas próprias esquisitices teóricas sobre direito lei crime etc Mas isso não nos deve causar admiração porque até mesmo a fantasmagoria da Vossische Zeitung268 repetidamente lhe apresen ta algo como por exemplo o Estado de direito O exame mais superficial da legislação por exemplo da legislação para os pobres em todos os países mostra rá o quanto os dominadores avançaram quando imaginaram poder impor algo mediante sua simples vontade soberana isto é apenas como querentes Aliás São Sancho é obrigado a aceitar a ilusão dos juristas e políticos sobre a vontade soberana para poder fazer brilhar esplendida mente nas equações e antíteses em que logo nos deleitaremos a sua pró pria vontade e ficar em condições de tirar da cabeça alguma ideia que pôs dentro dela Meus queridos irmãos considerai uma alegria fugaz o fato de cairdes em provações SaintJacques le bonhomme 12 269 Lei vontade soberana do Estado vontade do Estado 1 sem rodeios Karl Marx e Friedrich Engels 320 Antíteses Vontade do Estado vontade estranha Minha vontade vontade própria Vontade soberana do Estado possuidor da vontade Minha Minha voluntariedade Equações A a vontade do Estado não Minha vontade B Minha vontade não a vontade do Estado C vontade querer D Minha vontade não querer do Estado vontade contra o Estado renitência contra o Estado E querer o não Estado voluntariedade voluntariedade não querer o Estado F a vontade do Estado o nada da Minha vontade Minha ausência de vontade G Minha ausência de vontade o ser da vontade do Estado Já do que vimos anteriormente sabemos que o ser da vontade do Estado é igual ao ser do Estado do que resulta a seguinte nova equação H Minha ausência de vontade ser do Estado I o não da Minha ausência de vontade não ser do Estado K a voluntariedade o nada do Estado L Minha vontade não ser do Estado Nota 1 Já segundo a frase acima citada da p 256 os Estados duram enquanto a vontade dominante for encarada como tendo um sentido idêntico ao da vontade própria Nota 2 Quem para subsistir falase à consciência do Estado tiver de con tar com a ausência de vontade de Outros é um produto mal feito desses Outros assim como o senhor é um produto mal feito do servo p 257 equações F G H I Nota 3 A vontade própria Minha é o destruidor do Estado Por essa razão ela é estig matizada por este último como voluntariedade A vontade própria e o Estado são poderes em inimizade mortal entre os quais não pode haver paz eterna p 257 Por isso ela vigia realmente a Todos ela vê em cada Um um egoísta a voluntariedade e do egoísta ela tem medo p 263 O Estado se opõe Próprios do Estado os que portam a lei do Estado Próprios de si Únicos que portam a sua própria lei em si mesmosp 268 A ideologia alemã 321 ao duelo até mesmo qualquer pancadaria é punida mesmo que a polícia não seja chamada p 245 Nota 4 Para ele o Estado é incontornavelmente necessário que Ninguém tenha von tade própria se alguém a tivesse o Estado teria de excluílo trancafiar banir se a tivessem Todos quem é essa pessoa que Vós chamais de Todos eles eliminariam o Estado p 257 Isso também pode ser desenvolvido retoricamente De que adiantam as Tuas leis se não há quem as observe De que adiantam tuas ordens se Ninguém se deixa comandar p 256a Nota 5 A antítese simples vontade do Estado Minha vontade explica uma motiva ção aparente no que segue Se se imaginasse até mesmo o caso em que cada indivíduo do povo tivesse declarado a mesma vontade e por esse meio tivesse se concretizado uma vontade geral perfeita nada mudaria na questão Não estaria Eu preso hoje e depois à Minha vontade de ontem Minha criatura a saber uma determinada expressão da vontade teria se tornado Minha senhora eu porém o Criador estaria inibido na Minha fluidez e na Minha dissolução Pelo fato de ontem eu ter sido um querente hoje sou um semvontade ontem voluntário hoje involuntário p 258 São Sancho procura aqui apropriarse da velha frase já tantas vezes re petida por revolucionários bem como por reacionários de que na democracia o indivíduo exerce sua soberania apenas por um momento para logo em seguida renunciar novamente ao domínio e o faz de maneira desengonça da aplicando a ela a sua teoria fenomenológica do criador e da criatura A teoria do criador e da criatura no entanto priva essa frase de todo sentido De acordo com essa sua teoria São Sancho não é um semvontade hoje por ter mudado a sua vontade de ontem isto é por ter uma vonta de diferentemente a Nota 5 Há um esforço para diferenciar lei da ordem arbitrária de uma ordenança Unicamente a lei sobre o agir humano é uma manifestação da vontade logo or dem ordenança p 256 Alguém pode muito bem declarar o que quer tolerar logo que por meio de uma lei não quer admitir o contrário disso sob pena de tratar o transgressor como seu inimigo Eu sou obrigado a tolerar que ele Me trate como seu inimigo mas jamais que disponha de Mim como se eu fosse sua criatura nem que faça da sua racionalidade ou até irracionalidade a Minha norma p 256 Neste ponto portanto o nosso Sancho não tem nada a objetar contra a lei desde que ela trate o transgressor como inimigo A inimizade contra a lei se volta apenas contra a forma não contra o conteúdo Toda lei repressiva que o ameaça com a forca e a roda parecelhe conveniente desde que ele possa concebêla como declaração de guerra São Sancho se tranquiliza quando nos limitamos a conferirlhe a honra de encarálo como inimigo não como criatura Na realidade ele é no máximo inimigo do homem mas a criatura das condições berlinenses S M Karl Marx e Friedrich Engels 322 determinada de maneira que agora a bobagem ontem elevada à condição de lei como expressão de sua vontade oprimiria como laço ou amarra a sua von tade hoje já mais esclarecida Segundo sua teoria a sua vontade de hoje deve ser antes a negação de sua vontade de ontem porque ele tem a obrigação de sendo o criador comportarse em relação à sua vontade de ontem no sentido de dissolvêla Só na condição de semvontade ele é criador na condição de realmente querente ele é criatura o tempo todo Ver a Fenome nologia Mas agora só porque ele ontem era um querente não quer dizer de modo algum que hoje ele seja um semvontade ele é antes um renitente contra a sua vontade de ontem quer esta tenha ou não assumido a forma de lei Nos dois casos ele pode dissolvêla como ele sempre costuma fazer a saber como sua vontade Desse modo ele terá satisfeito completamente o egoísmo em acordo consigo mesmo Portanto é completamente indiferente se a sua vontade de ontem assumiu ou não uma forma de existência como lei fora de sua cabeça especialmente se considerarmos que a palavra que escapou para fora dele acima mencionada também já foi rebelde em relação a ele E ademais na frase acima São Sancho não quer de fato preservar a sua voluntariedade e sim a sua espontaneidade liberdade de vontade liberdade o que representa uma infração grave contra o código moral do egoísta em acordo consigo mesmo Enrascado nessa infração São Sancho vai tão longe a ponto de proclamar a acima tão difamada liberdade interior a liberdade da relutância como a verdadeira peculiaridade Mas Como mudar isso clama Sancho A única maneira é Eu não reconhecer nenhum dever isto é não Me amarrar ou deixar amarrar Só que Me amar rarão Minha vontade ninguém pode amarrar e Minha renitência permanece livre p 258 Tambores e trombetas homenageiam Sua jovem glória270 E São Sancho esquece de fazer a singela reflexão de que sua vontade não obstante está amarrada na medida em que ela é uma renitência contra a sua vontade Na frase acima sobre o fato de a vontade individual estar amarrada pela vontade geral expressa em forma de lei consumase a visão idealista do Es tado para a qual se trata da simples vontade e que entre os autores franceses e alemães levou às mais sutis quæstiunculis 1a Aliás caso se trate apenas do querer não do poder e na pior das hipóteses apenas da relutância não dá para ver por que São Sancho quer a Se a voluntariedade de um indivíduo se sentirá amanhã oprimida por uma lei que ontem ela ajudou a fazer é algo que dependerá de que ocorram novas circunstân cias de que seus interesses se modifiquem a tal ponto que a lei feita ontem não corresponda 1 questiúnculas A ideologia alemã 323 eliminar de forma tão rasa um objeto tão profícuo do querer e da relu tância como é a lei do Estado Toda e qualquer lei etc a esse ponto chegamos hoje p 256 Impressionante tudo o que crê Jacques le bonhomme As equações até aqui foram puramente destrutivas contra o Estado e a lei O verdadeiro egoísta teve de comportarse de modo puramente destrutivo contra ambos Sentimos falta da apropriação mas em contrapartida tive mos a alegria de ver São Sancho realizar a grande proeza de mostrar como se destrói o Estado por meio de uma simples modificação da vontade que por sua vez naturalmente depende da simples vontade Entretanto a apro priação não está totalmente ausente aqui embora ela acompanhe o processo bem marginalmente e só mais tarde possa às vezes trazer resultados As duas antíteses acima Vontade do Estado vontade estranha Minha vontade vontade própria vontade soberana do Estado possuidor da vontade Minha também podem ser sintetizadas da seguinte maneira Domínio da vontade estranha Domínio da vontade própria Nesta nova antítese que aliás estava permanentemente oculta na base de sua destruição do Estado por meio de sua voluntariedade ele se apropria da ilusão política sobre o domínio da arbitrariedade da vontade ideológica Ele também poderia expressar isso assim Arbítrio da lei lei do arbítrio mais a esses interesses modificados Se essas novas circunstâncias tiverem alguma influência sobre os interesses de toda a classe dominante essa classe modificará a lei se tiverem influência apenas sobre indivíduos a renitência destes será naturalmente desconsiderada pela maioria Apetrechado com essa liberdade da relutância Sancho pode agora restabelecer a limitação da vontade de Um por meio da vontade do Outro que constitui exatamente o fundamento da concepção idealista do Estado acima exposta Pois de fato seria uma esculhambação se cada Um pudesse fazer o quisesse Quem é que diz que cada Um pode fazer Tudo o que quiser foi omitido sabiamente aqui Que Cada Um de Vós se torne um Eu onipotente era o teor do discurso do egoísta em paz consigo mesmo Para que consta a seguir para que afinal estás aqui Tu que não precisas tolerar Tudo Reage Assim ninguém fará nada contra Ti p 259 e para deixar cair a última aparência da diferença ele faz que por trás do Ti único se postem por segurança mais alguns milhões de modo que todo o seu tratado pode servir muito bem como início desengonçado de uma teoria do Estado em termos rousseaunianos S M Karl Marx e Friedrich Engels 324 Entretanto a tal simplicidade de expressão São Sancho não conseguiu chegar Na antítese III já temos uma lei dentro dele mas ele se apropria da lei de forma ainda mais direta na seguinte antítese Alguém pode muito bem explicar o que quer tolerar logo não admitir o seu contrário por meio de uma lei etc p 256 Esse não admitir vem acompanhado das ameaças obrigatórias Esta última antítese tem sua relevância para a seção sobre o crime Episódios Na p 256 nos é explicado que lei não se distingue da ordem arbitrária ordenança porque ambas são manifestação da vontade logo ordem Nas p 254 255 260 263 dando a impressão de falar do Estado ele pressupõe o Estado prussiano e trata das importantes questões da Vossische Zeitung sobre o Estado de direito a exoneração de funcionários públicos a arrogância dos funcionários e tolices desse tipo A única coisa importante é a descoberta de que os antigos parlamentos franceses insis tiam no direito de fazer o registro dos editos reais porque eles queriam julgar por direito pró prio O ato de registrar as leis adotado pelos parlamentos franceses surgiu concomitantemente com a burguesia e com a necessidade imperiosa imposta aos reis de pretextar diante tanto da nobreza feudal quanto de Estados estran geiros uma vontade estranha da qual a sua seria dependente e a necessidade de ao mesmo tempo oferecer uma garantia aos burgueses São Max pode buscar uma compreensão mais aprofundada disso na história de seu dileto Francisco I de resto antes de falar novamente dos parlamentos franceses ele deveria ao menos buscar alguma informação nos catorze volumes do Des Etats généraux et autres assemblées nationales Paris 1788 sobre o que os parlamentos franceses queriam ou não queriam e que importância tinham De modo geral este seria o lugar apropriado para inserir um episódio curto sobre a erudição do nosso Santo desbravador Abstraindo dos livros teóricos como os escritos de Feuerbach e de B Bauer assim como os da tradição hegeliana que constituem a sua fonte principal abstraindo destas fontes teóricas que estão entre as mais precárias o nosso Sancho utiliza e cita as seguintes fontes históricas para a revolução francesa os Politische Reden de Rutenberg271 e os Denkwürdigkeiten dos Bauer272 para o comunismo Proudhon a Volksphilosophie de A Becker a revista Einundzwanzig Bogen273 e o RelatórioBluntschli para o liberalismo a Vossische Zeitung os jornais patrióticos da Saxô nia a Câmara de Baden mais uma vez as Einundzwanzig Bogen e o es crito de E Bauer que marcou época além disso aqui e ali ainda são citados como comprovações históricas a Bíblia o 18 Jahrhundert de Schlosser a Histoire de dix ans de Louis Blanc as Politische Vorlesungen de Lei manifestação da vontade do Estado Lei manifestação da vontade Minha manifestação da Minha vontade A ideologia alemã 325 Hinrichs Dies Buch gehört dem König de Bettina a Triarchie de Heß os Deutsch Französische Jahrbücher as Anekdota de Zurique Moriz Carrière sobre a catedral de Colônia a Sessão da Câmara dos Pares de Paris de 25 de abril de 1844 Karl Nauwerck Emilia Galotti274 a Bíblia em suma a sala de leitura inteira de Berlim junto com seu proprietário Willibald Alexis Cabanis Em vista dessa amostra dos profundos estudos de Sancho tornase perfeitamente explicável por que para ele há neste mundo tal infini dade de coisas estranhas isto é sagradas III O crime Nota 1 Se Tu permites que um Outro Te dê o direito então Tu deves permitir que ele Te dê igualmente o não direito Se é dele que Te vem a justificação e a re compensa então espera dele também a acusação e a punição O direito vem acompanhado do não direito a legalidade do crime O que és Tu Tu és um criminoso p 262 O code civil 1 vem acompanhado do code pénal2 o code penal do code de commerce3 O que és tu Tu és um commerçant4 São Sancho poderia ter nos poupado dessa surpresa enervante Vindo dele a frase Se Tu permites que um Outro Te dê o direito então Tu deves permitir que ele Te dê igualmente o não direito perdeu todo o sentido na medida em que desse modo pretende acrescentar uma nova determinação pois ele já disse de acordo com uma equação anterior se Tu permites que um Outro Te dê o direito então Tu estás permitindo que ele Te dê direito estranho portanto o Teu não direito A Simples canonização de crime e punição a Crime No que diz respeito ao crime tratase como já vimos de um substantivo para designar uma categoria geral do egoísta em acordo consigo mesmo negação do Sagrado pecado Nas antíteses e equações já citadas sobre os exemplos do Sagrado Estado direito lei a relação negativa do Eu com esse Sagrado ou a cópula também podia ser chamada de crime assim como em relação à lógica hegeliana que igualmente é um exemplo do Sagrado São Sancho também pode dizer Eu não sou a lógica hegeliana Eu sou um pecador con tra a lógica hegeliana Já que ele estava falando de direito Estado etc ele deveria ter continuado assim um outro exemplo de pecado ou de crime são os assim chamados crimes jurídicos ou os crimes políticos Em vez disso ele expõe extensamente uma vez mais que esses crimes seriam 1 Código Civil 2 Código Penal 3 Código Comercial 4 comerciante Karl Marx e Friedrich Engels 326 os pecados contra o Sagrado a ideia fixa o fantasma o homem Só contra um Sagrado há criminosos p 268 O Código criminal só subsiste por meio do Sagrado p 318 Da ideia fixa se originam os crimes p 269 Vêse aqui como uma vez mais é o homem que encaminha também o con ceito do crime do pecado e desse modo o do direito Antes era o inverso Um homem no qual Eu não reconheço o homem é um pecador p 268 Nota 1 Poderia Eu aceitar que alguém cometa um crime contra Mim isto é afirma do em contraposição ao povo francês durante a revolução sem aceitar que ele deva agir assim como Eu considero apropriado E esse agir Eu chamo de o direito o bom etc o divergente Eu chamo de um crime Logo penso Eu que os Outros deveriam seguir na direção do mesmo alvo junto comigo como seres que devem obedecer a alguma lei vocação destinação missão O Sagrado racional Eu estatuo o que seja o homem e o que significa agir de modo verda deiramente humano e exijo de cada Um que essa lei se torne para ele norma e ideal sob pena de ele se identificar como pecador e criminoso p 2678 Ao fazer isso ele derrama uma lágrima ominosa sobre os túmulos das pessoas próprias que na época do terror foram assassinadas pelo povo soberano em nome do Sagrado Com o auxílio de um exemplo ele continua a demonstrar como a partir dessa perspectiva sagrada podem ser cons truídos os nomes dos crimes reais Se como na revolução o que era o fantasma o homem é concebido como bom burguês então vêm desse conceito do homem as conhecidas transgressões e crimes Quer dizer então esse conceito etc dá de si os conhecidos crimes p 268 Temos aqui um brilhante exemplo de o quanto a credulidade é a quali dade predominante do nosso Sancho no capítulo sobre o crime quando ele transforma os sansculottes da revolução mediante um maltrato sinonímico da palavra citoyen em bons burgueses berlinenses Segundo São Max bons burgueses e leais funcionários andam inseparavelmente juntos Robespier re por exemplo SaintJust etc seriam portanto os leais funcionários ao passo que Danton tornouse culpado de um problema de caixa e malbaratou o dinheiro do Estado São Sancho fez uma boa introdução para uma história da revolução para o burguês e camponês prussiano Nota 2 Depois de São Sancho nos ter assim apresentado o crime político e jurídico como um exemplo de crime em termos gerais a saber da sua categoria do A ideologia alemã 327 crime do pecado da negação inimizade ofensa desprezo do Sagrado da conduta indecente contra o Sagrado ele pode agora declarar com confiança Até aqui o egoísta tem se afirmado no crime e zombado do Sagrado p 319 Nesta passagem todos os crimes cometidos até aqui são creditados na conta do egoísta em acordo consigo mesmo ainda que posteriormente te nhamos de transferir alguma coisa disso para o devedor Sancho crê que até aqui só se cometeram crimes para zombar do Sagrado e para se afirmar não contra as coisas mas contra o Sagrado nas coisas O furto cometido por um pobrediabo que se apropriou de um táler alheio pode ser subsumido na categoria dos crimes contra a lei por isso esse pobrediabo cometeu o furto por pura vontade de violar a lei Exatamente como Jacques le bonhomme imaginou acima que as leis teriam sido promulgadas e que ladrões teriam sido trancafiados unicamente por causa do Sagrado b Pena Como temos de nos ocupar justamente com crimes jurídicos e políticos desco brese nessa oportunidade que de tais crimes na acepção comum costuma decorrer uma pena ou então como está escrito que a morte é o soldo do pecado275 Agora se entende depois de tudo o que já ouvimos sobre o crime que a pena é a autodefesa e a prevenção do Sagrado contra os profanadores Nota 1 A pena só tem um sentido caso deva ser expiação pela violação de algo sagra do p 316 Na pena cometemos a loucura de querer satisfazer o direito a fantasmagoria o Sagrado O Sagrado deve poder defenderse aqui do homem São Sancho comete aqui a loucura de confundir o homem com os Únicos Eus próprios etc p 318 Nota 2 O Código criminal só subsiste mediante o Sagrado e definha por si só quando se desiste da pena p 318 Na verdade São Sancho quer dizer o seguinte a pena definha por si só quando se desiste do Código criminal isto é a pena só subsiste por meio do Código criminal Porém um Código criminal que existe apenas por meio da pena não seria um absurdo e uma pena que existe apenas por meio do Código criminal não seria também um absurdo Sancho contra Heß Wigand p 186 Sancho confunde aqui o Código criminal com um ma nual de moral teológica Nota 3 A título de exemplo de como da ideia fixa se origina o crime vejase o seguinte Karl Marx e Friedrich Engels 328 A santidade do matrimônio é uma ideia fixa Da santidade decorre que a infide lidade é um crime e em consequência uma certa lei matrimonial estipula para grande irritação das Câmaras aa e do Imperador de todos os rb e não menos do Imperador do Japão e do Imperador da China e especial mente do Sultão uma pena mais breve ou mais longa para isso p 269 Frederico Guilherme IV que acredita poder promulgar leis segundo o padrão do Sagrado e que por causa disso constantemente se desentende com todo o mundo pode se consolar com o fato de ter encontrado em nosso San cho ao menos Um que crê no Estado Que São Sancho experimente comparar a lei matrimonial prussiana que existe apenas na cabeça de seu autor com as determinações válidas na prática do code civil o que o levará a descobrir a diferença entre leis matrimoniais sagradas e profanas Na fantasmagoria prussiana a santidade do matrimônio deve ter validade por determinação do Estado tanto para o homem quanto para a mulher na práxis francesa na qual a mulher é encarada como propriedade privada do homem só a mulher pode ser punida por adultério e mesmo ela só pode sêlo por exigência do homem que faz valer seu direito de propriedade B Apropriação de crime e punição por meio de antítese Essas duas equações se contrapõem antiteticamente e se originam da simples contraposição de o homem e Eu Elas são meras sínteses do que já foi visto O Sagrado pune o Eu Eu puno o Eu a alemãs b russos Crime no sentido Meu Quebra da lei Minha Minha manifestação da vontade Meu poder p 256 passim Crime no sentido dos homens Quebra da lei do homem da manifestação da vontade do Estado do poder do Estado p 259 ss Crime inimizade contra a lei do homem o Sagrado inimizade crime contra a lei Minha Criminoso o inimigo ou adversário do Sagrado o sagrado como pessoa moral inimigo ou adversário o criminoso contra o Eu o corpóreo A ideologia alemã 329 Na última antítese a satisfação também pode ser chamada de autossatis fação já que se trata da satisfação Minha em contraposição à satisfação do homem Se nas equações antitéticas acima levamos em conta sempre o primeiro membro resulta a seguinte série de antíteses simples nas quais a tese con tém sempre o substantivo sagrado universal estranho e a antítese sempre o substantivo profano pessoal apropriado crime inimizade criminoso inimigo ou adversário punir defenderme pena satisfação vingança autossatisfação Logo em seguida teremos uma breve palavrinha a dizer sobre essas equações e antíteses que são tão simples que até mesmo um imbecil nato p 434 será capaz de em cinco minutos apropriarse desse método único de pensar Antes disso vejamse algumas passagens comprobatórias além das já citadas Nota 1 Em teu agir contra Mim jamais poderás ser um criminoso e sim apenas um adver sário p 268 e inimigo no mesmo sentido p 256 crime com inimizade do homem como exemplos disso são citados p 268 os inimigos da pátria O lugar da pena deve postulado moral ser tomado pela satisfação que por sua vez não deve ter o propósito de satisfazer o direito ou a justiça mas sim Nos proporcionar o que é satisfatório p 318 Nota 2 Ao lutar contra a aura de santidade o moinho de vento do poder vigente São Sancho nem chega a conhecer esse poder e muito menos a atacálo ele se limita a apresentar a exigência moral para que se modifique formalmente a relação do Eu com ele Ver Lógica Eu sou obrigado a tolerar asseveração inflada que ele sc1 Meu ini migo por trás de quem estão alguns milhões de pessoas Me trate como seu inimigo mas jamais que disponha de Mim como se Eu fosse sua cria Pena satisfação vingança do homem contra Eu satisfação vin gança punição Minha contra Eu Punir defenderse contra o Eu por parte do Sagrado defenderMe punição Minha contra Eu 1 Scilicet ou seja Karl Marx e Friedrich Engels 330 tura nem que faça da sua racionalidade ou até irracionalidade a Minha norma p 256 onde ele concede ao P P 1 Sancho uma liberdade bastante restrita a saber a escolha entre se deixar tratar como sua criatura ou su portar os 3300 açoites com que Merlim comprometeu suas posaderas2 Tal liberdade lhe é proporcionada por qualquer código criminal que todavia não pergunta primeiro de que maneira deverá declarar sua inimizade ao P P Sancho Mas mesmo que Vós pareçais imponentes ao adversário como poder mesmo que sejais para ele um poder imponente nem por isso já sois uma autoridade santificada a não ser que ele fosse um criminoso Respeito e consideração ele não Vos deve ainda que tome precauções em relação a Vós e ao Vosso poder p 258 O próprio São Sancho aparece aqui como criminoso ao barganhar com toda seriedade pela diferença entre parecer imponente e ser respeitado entre precaverse de e ter consideração por uma diferença na ordem de no máximo uma décima sexta parte Quando São Sancho toma precauções em relação a alguém ele vive na reflexão e possui um objeto sobre o qual reflete o qual respeita e diante do qual ele sente reverência e temor p 115 Nas equações acima a punição a vingança a satisfação etc são apresentadas como partindo apenas de Mim na medida em que São Sancho é o objeto da satisfação as antíteses podem ser invertidas por esse meio a autossatisfação se transforma em serproporcionadasatisfaçãoparaumoutroemmim ou serdadoumfimnaMinhasatisfação Nota 3 Os mesmo ideólogos que puderam imaginar que direito lei Estado etc se originaram de um conceito geral tal como em última instância do con ceito do homem e que teriam sido desdobrados por causa desse conceito é natural que os mesmos ideólogos possam imaginar também que os crimes sejam cometidos por pura petulância contra um conceito que os crimes em termos gerais não sejam nada mais que zombaria contra conceitos e que só seriam punidos para proporcionar satisfação aos conceitos violados Sobre esse assunto já dissemos o necessário acima com referência ao direito e já antes disso com referência à hierarquia ao que remetemos Nas antí teses acima às determinações canonizadas crime pena etc é contraposta a designação de uma outra determinação que São Sancho à sua maneira escolhe entre essas primeiras determinações e da qual se apropria Essa nova determinação que como foi dito aparece aqui apenas nominalmente sendo profana deve conter a relação diretamente individual e expressar a condição factual Ver Lógica Na história do direito podese constatar que nas épocas mais antigas e rudimentares essas condições individuais e factuais constituíam exatamente em sua forma mais crassa o direito Com 1 Pastor Pastorum 2 nádegas276 A ideologia alemã 331 o desenvolvimento da sociedade burguesa ou seja com a evolução dos inte resses pessoais em interesses de classe as relações jurídicas se modificaram e civilizaram a sua expressão Não foram mais concebidas como individuais mas como universais Ao mesmo tempo a divisão do trabalho transferiu para as mãos de poucos a conservação dos interesses conflitantes dos indivíduos singulares o que provocou também o desaparecimento da imposição bárbara do direito Toda a crítica de São Sancho ao direito limitase nas antíteses acima a declarar a expressão civilizada das relações jurídicas e a divisão do trabalho civilizada como fruto da ideia fixa do Sagrado e a reivindicar para si a expressão bárbara e a maneira bárbara de conciliálos Para ele tratase tão somente das designações pois a coisa mesma ele não toca já que não conhece as condições reais sobre as quais se apoiam essas diversas formas do direito e na expressão jurídica das relações de classe só consegue vislumbrar as designações idealizadas daquelas condições bárbaras Assim na mani festação da vontade stirneriana reencontramos a hostilização na inimizade no reagir etc reencontramos o decalque do direito da força e a práxis do sistema feudal mais antigo na satisfação na vingança etc reencontramos o ius talionis a Gewere dos antigos germanos a compensatio satisfactio em suma os artigos principais das leges barbarorum e das consuetudines feudorum 277 das quais Sancho se apropriou e passou a gostar não a partir das bibliote cas mas das narrativas de seu antigo Senhor Amadis de Gaula Em última instância portanto São Sancho chega uma vez mais apenas ao impotente mandamento moral de que cada Um deve buscar satisfação para si mesmo e aplicar penas a si mesmo Ele acredita em Dom Quixote quando este lhe diz que por meio de um simples mandamento moral pode sem mais nem menos transformar os poderes de fato que surgem da divisão do trabalho em poderes pessoais O quanto as condições jurídicas estão associadas ao desenvolvimento desses poderes efetivos desenvolvimento origina do da divisão do trabalho é fato que pode ser reconhecido já a partir da evolução histórica do poder dos tribunais e da lamúria dos feudalistas em reação à evolução do direito Ver por exemplo Monteil loc cit XIVe XVe siècle278 Exatamente na época entre o domínio da aristocracia e o da burgue sia quando colidiram os interesses de duas classes quando o intercâmbio comercial entre as nações europeias começou a ganhar importância e em consequência a própria relação internacional assumiu um caráter burguês o poder dos tribunais começou a ter mais relevância chegando ao seu ápice sob o domínio burguês para o qual essa divisão consumada do trabalho é incontornavelmente necessária É totalmente indiferente o que os servos da divisão do trabalho os juízes e até mesmo os professores juris1 imaginam sobre isso 1 professores de ciência jurídica Karl Marx e Friedrich Engels 332 C O crime na acepção comum e na acepção incomum Há pouco o crime na acepção comum ao ser falsificado foi creditado na conta do egoísta na acepção incomum agora a falsificação vem à tona O egoísta incomum passa a achar que ele comete apenas crimes incomuns que devem ser afirmados em contraposição ao crime comum Portanto debitamos novamente ao P P egoísta os crimes comuns como pr contra 1 A luta dos criminosos comuns contra a propriedade alheia também pode ser expressa da seguinte maneira embora isto valha para cada um dos con correntes eles buscam o bem alheio p 265 buscam o bem sagrado buscam o Sagrado o que transforma o criminoso comum em crente p 265 Essa acusação do egoísta na acepção incomum contra o criminoso na acepção comum é entretanto apenas aparente pois ele próprio é quem ambiciona a aura de santidade do mundo inteiro Na verdade a acusação que ele levanta contra o criminoso não é a de estar buscando o Sagrado mas a de estar buscando o Bem Depois de ter construído para a sua própria cabeça e dentro do mundo moderno um mundo próprio um céu a saber um mundo de pelejas e cavaleiros andantes depois de ter concomitantemente documentado a di ferença entre si como criminoso cavalheiresco e os criminosos comuns São Sancho empreende uma cruzada renovada contra os dragões e arbustos demônios do campo fantasmas assombrações e ideias fixas Seu fiel servo Szeliga cavalga devotamente atrás dele E seguindo eles seu caminho aconteceu a admirável aventura dos desditados que foram levados contra sua vontade onde eles por si não queriam ir como está escrito no vigésimo segundo de Cervantes279 Troteando pois o nosso cavaleiro andante e seu servo Dom Quixote sem delonga alçou Sancho os olhos e viu que pelo seu caminho vinham uns doze homens a pé presos com algemas e por uma longa corrente escoltados por um comissário e quatro gendarmes que pertenciam à sagrada Hermandad280 a Hermandad dos santos ao Sagrado Quando se aproximaram São Sancho com muito corteses falas pediu aos que iam guardando que fossem servidos de informálo e dizerlhe a causa por que levavam aquela gente assim amarrada Condenados a trabalhos forçados na construção mandados por Sua Majestade para Spandau281 mais não precisais saber Como exclamou São Sancho gente forçada Será possível que o rei possa fazer violência a um Eu próprio Diante disso Eu Me convoco para a vocação de moderar essa violência A conduta do 1 como constou anteriormente A ideologia alemã 333 Estado é prática da violência e a isto ele chama direito Porém a violência do indivíduo ele chama de crime Em seguida São Sancho começou a exor tar os apenados dizendolhes que não se acabrunhassem pois apesar de serem não livres eram próprios e embora seus ossos talvez fossem ter de gemer por causa de alguns açoites e talvez até lhes arrancassem uma perna ainda assim disse ele Vós vencereis Tudo isso porque a Vossa vontade Ninguém poderá amarrar E Eu sei com certeza que não há bruxaria no mundo que possa mover e forçar a vontade como imaginam alguns simplórios pois é o Nosso livrearbítrio e não há erva nem feitiço que possam subjugálo Sim Ninguém poderá amarrar a Vossa vontade e Vossa renitência ficará livre Como porém os condenados a trabalhos de construção não quisessem se tranquilizar com esse sermão mas passassem a relatar um após o outro como era injusta sua condenação Sancho falou Queridos irmãos de Tudo o que me contastes ficou bem claro para mim que embora tendo sido punidos por Vossos crimes essa punição que deveis sofrer Vos proporciona pouco prazer ou seja que ides ao encontro dela de má vontade e até sem vontade nenhuma E pode até ser que a pusilanimidade de um no aparelho de tortu ra a pobreza do Outro a falta de mercê do Terceiro e por fim o julgamento parcial do juiz tenham sido a causa da Vossa ruína e que não se permitirá que Vos beneficieis do direito que Vos caberia o Vosso direito Tudo isto Me obriga a mostrarVos por que o céu Me pôs no mundo Como porém a inteligência própria do egoísta em acordo consigo mesmo exige que não se tente pelo uso da violência nada que se possa conseguir pela concordância solicito por este meio ao Sr Commissarius e aos Srs Gendarmes que Vos libertem e Vos permitam seguir o Vosso caminho Além do mais meus Srs Gendarmes a Vós esses pobres coitados não fizeram nada de mal Não convém a egoístas em acordo consigo mesmos que eles se tornem verdugos de outros Únicos que nada lhes fizeram de mal A Vós parece que a categoria do roubado passa para o primeiro plano Por que diligenciais Vós contra o crime Em verdade em verdade Vos digo que estais cheios de entusiasmo pela moralidade tomados pela ideia da moralidade perseguis tudo o que é hostil a ela estais carregando para a cova devido ao vosso juramento esses pobres condenados a trabalhos forçados Vós sois o Sagrado Portanto libertai de boa vontade essa gente Caso contrário tereis de haverVos comigo Eu que derrubo povos com um sopro do Eu vivo Eu que cometo a mais desmedida das profanações e não temo nem mesmo a lua Olha só a audácia do indivíduo exclamou o comissário É melhor que Ele ponha já o penico na cabeça e trate de seguir seu caminho São Sancho porém furioso com essa grosseria prussiana embraçou a sua lança e com toda a velocidade que a aposição lhe permitiu correu de encontro a ele de modo que logo o derrubou no chão Desencadeouse então uma briga generalizada durante a qual os condenados a trabalhos forçados Karl Marx e Friedrich Engels 334 se libertaram SzeligaDom Quixote foi jogado por um gendarme numa vala que outrora servira de trincheira ou para impedir a passagem de ovelhas e São Sancho cometeu os maiores atos heroicos contra o Sagrado Em poucos minutos os gendarmes haviam sido dispersados Szeliga rastejou para fora da vala e o Sagrado foi provisoriamente eliminado São Sancho então reuniu em torno de si os condenados a trabalhos força dos agora libertos e lhes dirigiu o seguinte discurso p 265 266 do Livro O que é um criminoso comum o criminoso na acepção comum senão Um que cometeu o descuido fatal beletrista fatal para burguês e campo nês de almejar ter o que é do povo em vez de buscar o que é Seu Ele buscou o desprezível murmuração geral dos condenados diante desse juízo moral bem alheio fez o que fazem os crentes que buscam aquilo que é de Deus o criminoso como alma boa O que faz o sacerdote que exorta o criminoso Ele lhe apresenta a grande injustiça que cometeu com o seu ato a de ter profanado o que foi santificado pelo Estado a sua propriedade na qual deve ser incluída também a vida dos que pertencem ao Estado Em vez disso ele poderia ter preferido censurálo por ter se maculado risadi nhas dos condenados por essa apropriação egoísta do palavreado banal dos padrecos ao não ter desprezado o alheio mas considerado digno de ser roubado grunhidos dos condenados ele poderia ter feito isso se não fosse um padreco um dos condenados Na acepção comum Eu porém falo com o criminoso como se fosse um egoísta e ele sentirá vergonha um hurra sonoro e semvergonha dos criminosos que não querem ser chamados a sentir vergonha não por ter se excedido em relação a Vossas leis e Vossos bens mas por ter considerado Vossas leis dignas de se manejar aqui se fala de manejar Umgehen apenas na acepção comum mas de resto Eu contorno umgehe um rochedo até poder explodilo e driblo umgehe por exemplo até mesmo a censura e Vossos bens dignos de se desejar outro hurra sentirão vergonha Ginês de Passamonte o arquiladrão que de qualquer modo não conseguia aguentar muita coisa gritou Não devemos fazer mesmo nada além de nos entregar à vergonha e mostrar submissão assim que o padreco na acepção incomum começa a nos exortar Sentirá vergonha prossegue Sancho por não Vos ter desprezado junta mente com o que é Vosso por ter sido pouco egoísta Sancho aplica aqui um critério estranho ao egoísmo dos criminosos Em consequência ouvese um berreiro generalizado entre os condenados um pouco desnorteado Sancho desvia o rumo da conversa voltandose contra os bons burgueses presentes com um movimento retórico Mas Vós não podeis falar com ele de modo egoísta pois Vós não estais no nível de um criminoso Vós não cometeis crime algum Ginês interrompe de novo Que credulidade bom homem Nossos dis ciplinadores na prisão cometem crime de fato desfalcam o caixa praticam fraudes e violações 282 A ideologia alemã 335 só que ele mostra novamente a sua credulidade Até os reacionários já sabiam que na constituição os burgueses abolem o Estado naturalmente constituído e edificam e fazem um Estado próprio que le pouvoir constituant qui était dans le temps naturalmente constituído passa dans la volonté hu maine 1 que esse Estado feito é como uma árvore feita pintada etc Ver Fiévée Correspondance politique et administrative Paris 1815 Appel à la France contre la division des opinions284 Le drapeau blanc de Sarrans aîné2 e a Gazette de France do período da restauração bem como os escritos iniciais de Bonald de Maistre etc Os burgueses liberais por sua vez criticavam os republicanos mais antigos sobre os quais eles naturalmente sabiam tão pouco quanto São Max sobre o Estado burguês dizendo que o seu patriotismo nada seria além de une passion factice envers unêtre abstrait une idée générale3 Benj Cons tant De lesprit des conquêtes Paris 1814 p 93 ao passo que os reacionários criticavam os burgueses dizendo que sua ideologia política nada seria além de une mystification que la classe aisée fait subir à celles qui ne le sont pas4 Gazette de France 1831 Février Na p 295 São Sancho declara o Estado como uma instituição para cristianizar o povo e sabe dizer a respeito do fundamento do Estado somente que este é mantido coeso pelo cimento do respeito à lei ou o Sagrado por meio do respeito o Sagrado como có pula pelo Sagrado p 314 Nota 4 Se o Estado é sagrado deve haver censura p 316 O governo francês não refuta a liberdade de imprensa como direito humano mas exige de cada indivíduo uma caução de que ele realmente é um homem Quel bonhomme 5 Jacques le bonhomme é convocado a estudar as Leis de setembro285 p 380 Nota 5 na qual receberemos os esclarecimentos mais profundos sobre as diferentes formas de Estado as quais Jacques le bonhomme autonomiza e nas quais nada mais vê que diversas tentativas de realizar realisieren o verdadeiro Estado A república não é nem um pouco diferente da monarquia absoluta pois não importa se o monarca se chama príncipe ou povo já que Ambos são uma majestade o Sagrado O constitucionalismo já avançou para além da república porque ele é o Estado em processo de dissolução Essa dissolução é explicada assim No Estado constitucional o governo quer ser abso luto e o povo quer ser absoluto Estes dois Absolutos isto é Sagrados se desgastarão mutuamente até o fim p 302 Eu não sou o Estado Eu sou o nada criador do Estado desse modo submergem todas as perguntas sobre constituição etc no seu verdadeiro nada p 310 1 o poder constituinte que tomou forma no decorrer do tempo agora passa pela vontade humana283 2 Sarrans o Velho 3 uma paixão artificial devotada a um ente abstrato a uma ideia geral 4 uma ilusão com que a classe abastada faz troça daquelas que não são 5 Que homem de bem Karl Marx e Friedrich Engels 336 Ele deveria ter acrescentado que também as frases acima sobre as formas de Estados são apenas uma circunscrição desse nada cuja única criação é a frase acima Eu não sou o Estado São Sancho fala aqui bem ao estilo professoral alemão de a república que naturalmente é bem mais antiga do que a monarquia constitucional como por exemplo as repúblicas gregas Naturalmente ele não sabe nada sobre o fato de que num Estado re presentativo democrático como a América do Norte as colisões de classes já atingiram uma forma para a qual as monarquias constitucionais recém começam a ser empurradas Suas frases de efeito sobre a monarquia consti tucional provam que ele não aprendeu nem esqueceu nada desde o ano 1842 do calendário berlinense Nota 6 O Estado deve sua existência unicamente ao desprezo que Eu sinto por Mim e se extinguirá totalmente com o desaparecimento desse menospre zo de modo que é algo que depende unicamente de Sancho a determinação de em quanto tempo todos os Estados do mundo deverão se extinguir Repetição da nota 3 na equação inversa ver Lógica Ele só existe quando está acima de Mim só como poder e poderoso Ou curioso este ou que prova o contrário do que deveria provar podeis conceber um Estado cujos habitantes em sua totalidade salto do Eu para o Nós fazem pouco caso dele p 377 Não precisamos mais tratar da sinonímia entre poder Macht pode roso Mächtig e fazer machen Do fato de em cada Estado haver pessoas que fazem caso dele isto é que no Estado e por meio do Estado fazem algo de si Sancho conclui que o Estado é um poder que está acima dessas pessoas Uma vez mais o que está em jogo é a necessidade de tirar da cabeça a ideia fixa do Estado Jacques le bonhomme continua a sonhar que o Estado é uma simples ideia e acredita no poder independente dessa ideia de Estado Ele é o verdadeiro crente no Estado possuído pelo Estado político p 309 Hegel idealizou a representação que tinham do Estado os ideólogos políticos que ainda partiam dos indivíduos isolados embora partissem meramente da vontade desses indivíduos Hegel transforma a vontade comum desses indivíduos na vontade absoluta esta idealização da ideologia é tomada por Jacques le bonhomme bona fide 1 como a visão correta do Estado e nessa fé criticaa declarando que o Absoluto é o Absoluto 5 A sociedade como sociedade burguesa Deternosemos um pouco mais neste capítulo porque se trata não sem in tenção do capítulo mais confuso de todos os capítulos confusos contidos no 1 de boafé A ideologia alemã 337 Livro e porque ao mesmo tempo é o que mostra de modo mais brilhante o quão pouco o nosso Santo consegue tomar conhecimento das coisas em sua forma profana Em vez de profanálas ele as santifica beneficiando o leitor com sua própria representação sagrada Antes de chegarmos à sociedade burguesa propriamente dita ainda teremos alguns novos esclare cimentos sobre a propriedade em termos gerais e sua relação com o Estado Esses es clarecimentos se apresentam como novos pelo fato de proporcionarem a São Sancho a oportunidade de expor mais uma vez as suas equações prediletas sobre o direito e o Estado e por esse meio conferir ao seu tratado refra ções e variações mais diversificadas Naturalmente teremos de citar só os últimos membros dessas equações já apresentadas já que o leitor ainda se lembrará de seu contexto a partir do capítulo Meu poder Propriedade privada ou propriedade burguesa não Minha propriedade propriedade sagrada propriedade alheia propriedade respeitada ou respeito pela propriedade alheia propriedade do homem p 327 369 Dessas equações resultam simultaneamente as seguintes antíteses Propriedade no sentido burguês propriedade no sentido egoísta p 327 propriedade do homem propriedade Minha posses humanas Minhas posses p 324 equações o homem Direito poder do Estado propriedade de direito p 324 Minha por direito p 332 propriedade garantida propriedade de estranhos propriedade pertencente a estranhos propriedade legal p 367 332 um conceito jurídico Algo espiritual universal ficção pura ideia ideia fixa fantasma propriedade do fantasma p 368 324 332 367 369 propriedade privada propriedade do direito direito poder do Estado propriedade privada ou propriedade burguesa Karl Marx e Friedrich Engels 338 propriedade privada propriedade em poder do Estado propriedade do Estado ou então propriedade propriedade do Estado propriedade do Estado não propriedade Minha Estado o proprietário universal p 339 334 Chegamos agora às antíteses propriedade privada propriedade egoísta propriedade legal de Outrem propriedade legal do Outro é aquilo que Eu considero legítimo p 339 o que pode ser repetido em centenas de outras fórmulas como por exem plo quando se substitui poder por plenos poderes ou quando se emprega fórmulas já apresentadas ou então propriedade de algo propriedade de tudo p 343 A alienação como relação ou cópula nas equações acima também pode ser expressa nas seguintes antíteses propriedade privada propriedade egoísta referirse à propriedade como algo Sagrado fantasma respeitála ter respeito pela propriedade p 324 abandonar a relação sagrada para com a propriedade não mais encarála como alheia não temer mais o fantasma não ter nenhum respeito pela propriedade ter a propriedade da falta de respeito p 368 340 343 legitimado pelo Estado de direito ao homem como propriedade autorizado por Mim como propriedade p 339 Meu por direito Meu pelo meu poder ou violência p 332 propriedade privada estranhe za em relação à propriedade de todos os Outros Minha propriedade proprieda de em relação à propriedade de todos os Outros propriedade dada por estranhos propriedade tomada por Mim p 339 A ideologia alemã 339 Os modos de apropriação contidos nas equações e antíteses acima experi mentarão sua efetivação somente na associação mas já que por enquanto ainda nos encontramos na sociedade sagrada o que nos diz respeito agora é unicamente a canonização Nota Na Hierarquia já foi tratada a razão pela qual os ideólogos podem conceber a relação de propriedade como uma relação do homem cujas diferentes formas em diferentes épocas são determinadas pelo modo como os indivíduos representam o homem Necessitamos aqui apenas remeter àquela seção Tratado I Sobre o parcelamento das terras o resgate das servidões e o açambarcamento da pequena propriedade de terras pela grande Todas essas coisas são desenvolvidas a partir da propriedade sagrada e da equação propriedade burguesa respeito pelo Sagrado 1 Propriedade no sentido burguês significa propriedade sagrada de modo tal que Eu devo respeitar a Tua propriedade Respeito pela propriedade Em consequência os políticos gostariam que cada Um possuísse a sua pequena parcela de propriedade e com esse propósito provocaram em parte um incrível parcelamento p 327 328 2 Os liberais em termos políticos empenhamse para que se possível todas as servidões sejam resgatadas e que cada Um seja senhor livre em sua terra mesmo que o teor de solo dessa terra a terra tem teor de solo possa ser adequadamente fertilizado com o estrume produzido por um único homem Por pequena que seja desde que seja própria a saber uma propriedade respeitada Quanto maior o número de tais possuidores tanto mais gente livre e bons patriotas tem o Estado p 328 3 O liberalismo político como tudo o que é religioso dá valor ao respeito à humanidade às virtudes do amor É por essa razão que ele vive em incessante irritação Pois na prática as pessoas não respeitam nada e todos os dias as pequenas possessões são novamente compradas em grande quantidade pelos proprietários maiores e as pessoas livres acabam por se tornar trabalhadores diaristas Se ao contrário tivessem os pequenos proprietá rios ponderado que também a grande propriedade é a Sua não teriam se excluído respeitosamente dela e não teriam sido excluídos p 328 1 Em primeiro lugar portanto todo o movimento do parcelamento do qual São Sancho só sabe que ele é o Sagrado é explicado aqui a partir de um simples devaneio que os políticos botaram na cabeça Os políticos exigem respeito pela propriedade e em consequência gostariam de fazer esse parcelamento que ainda por cima foi imposto em toda parte me diante o desrespeito à propriedade alheia Os políticos realmente provocaram em parte um incrível parcelamento Foi portanto obra dos políticos que o parcelamento no que concerne ao cultivo do solo tenha perdurado por tanto tempo na França já antes da revolução assim como hoje em dia ainda persiste na Irlanda e em parte também em Wales e que para introduzir o cultivo em grande escala tenham faltado apenas os capitais e todas as demais condições A propósito São Sancho pode constatar o quanto os políticos de Karl Marx e Friedrich Engels 340 hoje gostariam de realizar o parcelamento com base no fato de que a totali dade dos burgueses franceses está insatisfeita com ele tanto porque o parce lamento diminui a concorrência dos trabalhadores entre si quanto por razões políticas além disso com base no fato de que a totalidade dos reacionários o que Sancho já poderia ter constatado a partir das Memórias do velho Arndt286 via no parcelamento nada mais do que a transformação da propriedade de terra em propriedade moderna industrial negociável profanada Não é o lugar aqui para inteirar o nosso Santo das razões econômicas que obrigaram os burgueses a realizar essa transformação assim que assumiram o governo uma transformação que pode ocorrer tanto por meio da suspensão das rendas territoriais que excedem o valor do lucro quanto por meio do parcelamento Tampouco é o momento de inteirálo de que a forma como acontece essa trans formação depende do estágio em que se encontram a indústria o comércio a navegação etc de um país As frases acima sobre o parcelamento nada mais são do que uma transcrição bombástica do simples fato de que em diversos lugares aqui e ali existe um grande parcelamento transcrição expressa no linguajar canonizante de nosso Sancho que se encaixa em tudo e em nada De resto as frases acima de Sancho contêm apenas as fantasias do pequeno burguês alemão sobre o parcelamento que para ele no entanto é o estranho o Sagrado Cf Liberalismo político 2 O resgate das servidões uma misère 1 que só existe na Alemanha onde os governos só se sentiram obrigados a dar esse passo pela condição mais evoluída dos países vizinhos e devido a apertos financeiros é considerada pelo nosso Santo algo que os liberais em termos políticos almejam visando gerar pessoas livres e bons burgueses O horizonte de Sancho mais uma vez não vai além do Parlamento provincial da Pomerânia e da Câmara dos deputados da Saxônia Esse resgate de servidões em terras alemãs jamais levou a algum resultado político ou econômico e por se tratar de uma meia medida não produziu qualquer efeito Naturalmente mais uma vez Sancho nada sabe sobre os resgates de servidões nos séculos XIV e XV historicamente importantes que se originaram do desenvolvimento inci piente do comércio da indústria e da carência de dinheiro dos proprietá rios de terras As mes mas pessoas que quiseram resgatar as servidões para como acredita Sancho fazer bons burgueses e pessoas livres como por exemplo Stein e Vincke mais tarde acharam que para gerar bons burgueses e pessoas livres as servidões deveriam ser restabelecidas como agora mesmo se tenta fazer na Vestfália do que se deduz que o respeito tanto quanto o temor a Deus serve para tudo 3 A compra em grande quantidade da pequena propriedade de ter ras pelos grandes proprietários ocorre de acordo com Sancho porque o 1 miséria A ideologia alemã 341 respeito pela propriedade não tem lugar na prática Duas das mais corri queiras consequências da concorrência a concentração e o açambarcamento a concorrência de modo geral que não existe sem a concentração aparecem aqui aos olhos do nosso Sancho como violações da propriedade burguesa que se movimenta na concorrência A propriedade burguesa já é violada pelo simples fato de existir De acordo com Sancho nada pode ser comprado sem que com isso se ataque a propriedadea A profundidade do discernimento que São Sancho teve da concentração da propriedade de terras já ressalta do fato de nela ver somente o ato que mais salta aos olhos o ato da concentração a simples compra em grande quantidade A propósito de acordo com San cho não é possível prever em que medida os pequenos proprietá rios deixam de ser proprietários pelo fato de se tornarem trabalhadores diaristas Pois na página seguinte p 329 o próprio Sancho desenvolve de modo extremamente solene contra Proudhon a ideia de que eles permanecem proprietários da parcela que lhes resta do cultivo do solo a saber do salário pelo trabalho Às vezes é bem possível encontrar por exemplo na história um revezamento em que ora a grande propriedade engole a pequena ora a pequena engole a grande dois fenômenos que para São Sancho se dissolvem pacificamente na razão mais que suficiente de que na prática as pessoas não respeitam nada O mesmo se aplica às demais formas tão variadas da propriedade de terras E então segue o sábio dito se os pequenos proprietários etc No Antigo Testamento vimos como São Sancho bem ao estilo especulativo fez que os mais antigos ponderassem sobre as experiências dos mais recen tes agora vemos como ele bem ao estilo do proseador queixase de que os mais antigos não levaram em consideração não só as ideias dos mais recentes sobre eles mas nem mesmo o próprio absurdo que estes proferiram Que habilidade de pedagogo Se os terroristas tivessem ponderado que levariam Napoleão ao trono se os barões ingleses da época de Runnymede e da Magna Charta287 tivessem ponderado que em 1849 as leis do cereal seriam abolidas se Creso tivesse ponderado que Rothschild o sobrepujaria em riqueza se Alexandre o Grande tivesse ponderado que Rotteck288 o avaliaria e que seu império cairia nas mãos dos turcos se Temístocles tivesse ponderado que derrotaria os persas no interesse de Otto o Infante se Hegel tivesse ponderado que seria explorado por São Sancho de maneira tão comum se tivesse se tivesse se tivesse De que pequenos proprietários São Sancho imagina estar falando Dos agricultores sem propriedade que só se tornaram pequenos proprietários em função do esfacelamento da grande propriedade de terras ou daqueles que hoje em dia estão sendo arruinados a São Sancho chega a esse absurdo porque toma a expressão jurídica ideológica da propriedade burguesa pela propriedade burguesa real e então não consegue mais explicar por que essa sua ilusão não quer corresponder à realidade S M Karl Marx e Friedrich Engels 342 pela concentração Para São Sancho os dois casos parecem ser uma e a mesma coisa No primeiro caso eles não se excluíram de modo algum da grande propriedade mas cada Um tomou posse dela na proporção em que não foi excluído pelos outros e que tinha patrimônio Contudo esse não era o fanfarronesco patrimônio stirneriano mas um patrimônio condicionado por relações bem empíricas como por exemplo pelo seu próprio desenvol vimento e por todo o desenvolvimento até ali da sociedade burguesa pela localidade e por sua maior ou menor interconexão com as localidades vizi nhas pelo tamanho da propriedade de terra de que se tomou posse e pela quantidade dos que se apropriaram dela pelas condições da indústria do intercâmbio pelos meios de comunicação e instrumentos de produção etc Quão pouco eles se comportaram de modo a excluir a grande propriedade de terra já ressalta do fato de que muitos dentre eles mesmos se tornaram grandes proprietários de terras Sancho se expõe ao ridículo até mesmo na Alemanha com sua pretensão descabida de que os agricultores numa época em que o parcelamento ainda nem existia e representava para eles a única forma revolucionária deveriam ter pulado essa etapa e se lançado com um único salto no egoísmo em acordo consigo mesmo Para nem falar nesse ab surdo dito por ele não era possível que os agricultores se organizassem em termos comunistas porque lhes faltavam os meios para realizar a primeira condição de uma associação comunista a administração coletiva e porque o parcelamento constituía antes apenas Uma das condições que mais tarde fizeram surgir a necessidade de tal associação De qualquer modo um mo vimento comunista jamais poderá partir do campo mas partirá sempre das cidades apenas No segundo caso quando São Sancho fala dos pequenos proprietários ar ruinados estes ainda têm um interesse comum com os grandes proprietários de terras em relação à classe totalmente sem posses e em relação à burguesia industrial E mesmo no caso de não haver esse interesse comum faltalhes o poder para apropriarse da grande propriedade de terras por morarem dispersos e porque toda sua atividade e sua situação de vida impossibilitam que estabeleçam uma associação que é a primeira condição para tal apropria ção e porque um movimento desse tipo por sua vez pressupõe um outro de caráter bem mais geral que nem sequer depende deles Por fim toda a tirada de Sancho tem por resultado que eles devem tratar de tirar da cabeça o respeito pela propriedade de Outrem Sobre isso ainda ouviremos mais adiante uma breve palavra Por fim lancemos ainda Uma frase ad acta 1 na prática as pessoas não respeitam nada mesmo isto quer dizer que o problema parece não estar mesmo no respeito 1 aos autos A ideologia alemã 343 Tratado no 2 propriedade privada Estado e direito Se tivesse se tivesse se tivesse Se São Sancho tivesse deixado de lado por um momento as ideias em voga dos juristas e políticos sobre a propriedade privada assim como a polêmica contra elas se uma única vez tivesse apreendido essa propriedade privada em sua existência empírica em sua conexão com as forças produtivas dos indivíduos toda a sua sabedoria salomônica com a qual ele agora nos entreterá teria se desmanchado em nada Se tivesse feito isso dificilmente lhe teria escapado embora ele seja como Habacuque289 capable de tout 1 que a propriedade privada é uma forma necessária de intercâmbio em um deter minado estágio das forças produtivas uma forma de intercâmbio da qual não será possível se desvencilhar que não poderá ser dispensada da produção da vida material imediata enquanto não se criarem forças produtivas para as quais a propriedade privada se torne um entrave Se tivesse feito isso tampouco escaparia ao leitor que Sancho fora obrigado a ocuparse com condições materiais em vez de dissolver o mundo inteiro em um sistema de moral teológica a fim de poder contrapor a este um novo sistema de moral pretensamente egoísta Não lhe teria escapado inclusive que se tratava nesse caso de coisas bem diferentes de respeito e desrespeito Se tivesse se tivesse se tivesse Esse se tivesse aliás é apenas uma reverberação da frase acima formu lada por Sancho pois se Sancho tivesse feito tudo aquilo ele decerto não teria mais escrito o seu livro Ao aceitar pia e credulamente a ilusão dos políticos juristas e demais ideólogos ilusão esta que põe todas as relações empíricas de cabeça para baixo e ainda adicionarlhe bem ao jeito alemão algo de seu São Sancho vê transformarse a propriedade privada em propriedade do Estado ou proprie dade de direito com a qual ele pode passar a realizar um experimento para justificar suas equações acima Examinemos em primeiro lugar a transformação da propriedade privada em propriedade do Estado A questão da propriedade se decide unicamente pelo poder a questão do poder por enquanto decidese antes pela propriedade e como o Estado não importando se o Estado dos burgueses o Estado dos vadios Lumpen a associação stirneriana ou o Estado dos homens é pura e simplesmen te o único poderoso ele é o único proprietário p 333 Ao lado do fato do Estado dos burgueses alemão aqui figuram uma vez mais as quimeras de Sancho e Bauer no mesmo nível ao passo que as formações historicamente significativas do Estado não se acham em lugar nenhum Em primeiro lugar ele transforma o Estado numa pessoa o po deroso Ele entende e distorce ao estilo pequenoburguês alemão o fato de 1 capaz de tudo Karl Marx e Friedrich Engels 344 a classe dominante constituir o seu domínio comum como poder público como Estado no sentido de que o Estado se constitui como terceira força contra essa classe dominante e absorve em si mesmo todo o poder que tem em relação a ela Ele passará então a comprovar sua crença por meio de uma série de exemplos Mesmo estando a propriedade tanto sob o domínio da burguesia quanto em todas as épocas vinculada a certas condições em primeira linha econô micas dependentes do estágio de desenvolvimento das forças produtivas e do intercâmbio condições que necessariamente ganham expressão jurídica e política São Sancho em sua singeleza acredita que o Estado vincula a posse da propriedade car tel est son bon plaisir 1 assim como faz com tudo por exemplo com o casamento a certas condições p 335 Pelo fato de os burgueses não permitirem que o Estado se imiscua em seus interesses privados e lhe concederem somente o poder necessário para garantir sua própria segurança e a preservação da concorrência pelo fato de os burgueses de modo geral apenas aparecerem como cidadãos na proporção em que isso é imperioso para as suas relações privadas Jacques le bonhomme acredita que eles nada são para o Estado Ao Estado interessa tão somente ser ele próprio rico se Miguel é rico e Pe dro pobre isto não importa para ele ambos não são nada para ele p 334 Na p 345 ele haure a mesma sabedoria do fato de o Estado tolerar a concorrência em seu meio Do fato de a diretoria de uma empresa ferroviária preocuparse unica mente com os acionistas no sentido de que estes façam os seus pagamentos e recebam seus dividendos o mestreescola berlinense deduz na sua ino cência que os acionistas nada são para ela assim como para Deus todos somos pecadores A partir da impotência do Estado diante da atividade dos proprietários privados Sancho demonstra a impotência dos proprietários privados diante do Estado e sua própria impotência diante de ambos Adiante Pelo fato de os burgueses terem organizado a defesa de sua pro priedade dentro do Estado e em consequência Eu não poder tirar a fábri ca daquele fabricante a não ser no quadro das condições determinadas pela burguesia isto é da concorrência Jacques le bonhomme acredita que O Estado tem a fábrica como propriedade o fabricante a tem apenas como feudo como possessão p 347 Da mesma forma o cachorro que guarda minha casa tem a casa como propriedade enquanto Eu a tenho apenas como feudo como possessão recebida do cachorro 1 pois isto é o que lhe apraz A ideologia alemã 345 Do fato de as condições materiais encobertas da propriedade privada com frequência entrarem obrigatoriamente em contradição com a ilusão jurídica que se tem a respeito da propriedade privada como fica evidente por exemplo no caso de expropriações Jacques le bonhomme conclui que aqui salta claramente aos olhos o princípio de resto encoberto de que somente o Estado é proprietário e o indivíduo em contraposição é vassalo p 335 A única coisa que aqui salta aos olhos é que as relações profanas de propriedade escaparam à vista do nosso denodado burguês escondendose sob o manto do Sagrado e que ele continua tendo que pedir empres tada da China uma escada celestial para alçarse a um degrau da cultura no qual nos países civilizados até mesmo os mestresescolas já se encontram Do mesmo modo como aqui Sancho converte as contradições inerentes à existência da propriedade privada em negação da propriedade privada assim ele também procedeu como vimos acima com as contradições no interior da família burguesa Sendo os burgueses e de modo geral todos os membros da sociedade burguesa forçados a se constituir como Nós como pessoa moral como Estado para assegurar seus interesses comuns e a delegar a alguns poucos já em virtude da divisão do trabalho o poder coletivo gerado por esse fato Jacques le bonhomme imagina que Cada um tem o usufruto da propriedade somente enquanto portar dentro de si o Eu do Estado ou for um membro leal da sociedade Quem for um EuEstado isto é um bom cidadão ou súdito este sendo tal Eu não um Eu próprio detém o feudo sem ser perturbado p 334 335 Desse modo cada um só detém a posse de uma ação da ferrovia enquanto portar dentro de si o Eu da diretoria de acordo com isso portanto só se pode possuir uma ação da ferrovia na condição de santo Depois de ter impingido a si mesmo dessa maneira a identidade entre propriedade privada e propriedade do Estado São Sancho pode dar um passo adiante O fato de o Estado não privar arbitrariamente o indivíduo daquilo que este possui da parte do Estado nada mais é do que o Estado não roubar a si pró prio p 334 335 O fato de São Sancho não roubar arbitrariamente a propriedade de outrem nada mais é que São Sancho não roubar a si próprio já que ele encara toda propriedade como sua Seria descabido exigir de nós que nos aprofundemos nas demais fantasias de São Sancho sobre Estado e propriedade como por exemplo que o Estado se vale da propriedade para engodar e recompensar os indivíduos que movido por uma malice 1 bem particular ele teria inventado as altas custas 1 malícia Karl Marx e Friedrich Engels 346 judiciárias para arruinar os cidadãos caso não se mostrassem leais a ele etc etc e de modo geral na representação pequenoburguesa alemã da onipotência do Estado uma representação que já perpassa os antigos juristas alemães e que aqui se pavoneia com asseverações altissonantes Por fim ele ainda procura explanar a já suficientemente comprovada identidade de propriedade do Estado e propriedade privada com o auxílio da sinonímia etimológica mas ao fazêlo bate en ambas posaderas1 com sua erudição Minha propriedade privada é somente aquilo que dentre o que é do Estado ele deixa a meu encargo na medida em que reduz priva esse tanto aos demais membros do Estado é propriedade do Estado p 339 Casualmente a coisa funciona exatamente do modo inverso A proprie dade privada em Roma a única a que pode se referir o mote etimológico encontravase na mais frontal contraposição à propriedade do Estado De fato o Estado concedeu aos plebeus propriedade privada mas para isso não reduziu a propriedade privada de outros e sim privou esses mesmos plebeus de parte de sua propriedade estatal ager publicus 2 e de seus direitos políticos razão pela qual eles chamavam a si mesmos de privati roubados mas assim não se chamavam aqueles fantásticos demais membros do Estado com os quais sonha São Sancho Jacques le bonhomme se expõe ao ridículo em todos os países em todas as línguas e em todas as épocas desde o momento em que abre a boca para falar de fatos positivos sobre os quais o Sagrado não pode ter nenhum conhecimento apriorístico O desespero diante do fato de que o Estado absorve toda a propriedade o impele de volta para dentro de sua autoconsciência indignada mais íntima onde é surpreendido pela descoberta de que é um literato Ele expressa sua admiração com as seguintes palavras dignas de nota Em oposição ao Estado Eu sinto cada vez mais claramente que Me resta ainda um grande poder o poder sobre Mim mesmo o que em seguida é desdobrado nos seguintes termos As Minhas ideias são para Mim uma propriedade real com que Eu posso fazer negócio p 339 O vadio Lump Stirner o homem da riqueza apenas ideal toma portanto a resolução desesperada de fazer negócio com o leite coalhado azedo de suas ideias290 E de que modo esperto ele se safa quando o Estado declara as suas ideias como contrebande Escutai Eu desisto delas em todo caso uma sábia decisão e obtenho outras em troca delas isto é caso alguém seja tão mau negociante que aceite 1 em ambas as nádegas 2 terra que se encontrava em poder do Estado A ideologia alemã 347 trocar suas ideias pelas dele que passarão a ser Minha propriedade nova comprada p 339 O cidadão honesto não se acalma antes de ter preto no branco a prova de que comprou legalmente a sua propriedade Veja o consolo do cidadão berlinense diante de todos os apertos que o Estado lhe causa e de todos os problemas com a polícia Sobre ideias há isenção de imposto A transformação da propriedade privada em propriedade do Estado se reduz no final das contas à concepção de que o burguês só possui como exemplar do gênero burguês cuja síntese se chama Estado e dá a proprie dade ao indivíduo como feudo Aqui uma vez mais a questão está de cabeça para baixo Na classe burguesa como em todas as demais classes somente evoluem para condições coletivas e universais aquelas condições pessoais nas quais os membros individuais da classe têm sua posse e vivem Ainda que antigamente tais ilusões filosóficas tivessem livre curso na Alemanha atualmente elas se tornaram completamente ridículas numa época em que o comércio mundial demonstrou de sobejo que a aquisição burguesa é totalmente independente da política e que a política em contraposição é totalmente dependente da aquisição burguesa Já no século XVIII a política era tão dependente do comércio que por exemplo quando o Estado francês quis tomar um empréstimo um particular teve de avalizar o Estado junto aos holandeses A Minha falta de valor ou o pauperismo é a valorização ou o sub sistir do Estado p 336 esta é uma das 1001 equações stirnerianas que aqui mencionamos pela simples razão de que nessa oportunidade ouvimos algumas novidades sobre o pauperismo O pauperismo é a Minha falta de valor um fenômeno em que não posso concreti zar Meu valor Por essa razão Estado e pauperismo são uma e a mesma coisa O Estado visa o tempo todo tirar proveito de Mim isto é explorarMe despojarMe consumirMe mesmo que essa tentativa consista tão somente em que Eu lhe proporcione uma proles 1 proletariado Ele quer que eu seja sua criatura p 336 Abstraindo do fato de que aqui se evidencia o quão pouco depende dele concretizar seu valor embora ele possa impor sua peculiaridade em toda parte e em todo o tempo de que aqui uma vez mais essência e fenômeno em contraposição a afirmações anteriores são totalmente separados um do outro emerge novamente a referida visão pequenoburguesa do nosso bonhomme de que o Estado quer explorálo O que nos interessa ainda é a derivação etimológica a partir da língua latina antiga do proletariado que aqui é introduzida furtiva e ingenuamente no Estado moderno Será que São Sancho realmente não sabe que onde quer que o Estado moderno 1 descendência Karl Marx e Friedrich Engels 348 tenha se desenvolvido o proporcionar uma proles constitui para o Estado isto é para os burgueses oficiais justamente a atividade mais desagradável do proletariado Quem sabe não deveria ele para seu próprio bem traduzir também Malthus291 e o ministro Duchâtel292 para o alemão Como pequeno burguês alemão há pouco São Sancho sentiu cada vez mais claramente que ainda lhe restava em oposição ao Estado um grande poder ou seja ter ideias a despeito do Estado Se ele fosse um proletário inglês ele teria sentido que lhe restava o poder de fazer filhos a despeito do Estado Mais uma jeremiada contra o Estado Mais uma teoria do pauperismo Primeiro ele na qualidade de Eu produz farinha linho ou ferro e carvão com o que ele abole desde já a divisão do trabalho Em seguida ele começa a lamuriarse longamente de que seu trabalho não é pago de acordo com o que vale e entra em conflito até segunda ordem com os pagadores O Estado então intervém apaziguando Se Eu não Me contentar com o preço que ele a saber o Estado estipular para certa mercadoria e certo serviço se Eu buscar antes estipular por Mim mesmo o preço para a Minha mercadoria isto é fazer que Eu seja pago então entro em conflito até segunda ordem grande Até Segunda Ordem não com o Estado mas com os compradores da mercadoria p 337 Ao querer estabelecer uma relação direta com esses compradores isto é encostálos na parede o Estado intervém aparta um homem do outro embora não se trate aqui do homem mas de trabalhadores e empregadores ou o que ele embaralha completamente de vendedores e compradores de mercadorias e o Estado faz isso com a intenção malévola de como espírito espírito santo em todo caso pôrse de permeio Os trabalhadores que exigem um salário maior são tratados como criminosos assim que fazem menção de forçálo p 337 Temos aqui uma vez mais um primor de absurdo O Sr Senior poderia ter se poupado de escrever suas cartas sobre o salário laboral293 se antes ti vesse estabelecido uma relação direta com Stirner especialmente porque neste caso o Estado decerto não teria apartado um homem do outro Nesta passagem Sancho faz o Estado entrar em cena três vezes Primeiro apaziguando em seguida determinando o preço e por fim como espí rito como o Sagrado O fato de São Sancho após a gloriosa identificação da propriedade privada com a propriedade do Estado fazer que o Estado também determine o salário laboral atesta que sua coerência e seu desco nhecimento das coisas deste mundo se equivalem Fato que igualmente escapa ao conhecimento de nosso Santo e que passa um risco bem grosso na sua lenda do salário laboral é que na Inglaterra na América do Norte e na Bélgica os trabalhadores que querem forçar o aumento de salários de modo algum são logo tratados como criminosos mas pelo contrário bastantes vezes realmente conseguem forçar esse aumento de salário E os A ideologia alemã 349 trabalhadores mesmo que o Estado não se pusesse de permeio quando eles encostam seus empregadores na parede não ganham nada com isso ou ganham muito menos do que por meio de associações e interrupções do trabalho enquanto eles continuarem sendo trabalhadores e seus adversá rios capitalistas este é igualmente um fato que poderia ser percebido até mesmo em Berlim Tampouco há necessidade de explicitar que a sociedade burguesa que se baseia na concorrência e seu Estado burguês em vista de todo seu fundamento material não podem permitir nenhuma outra luta entre seus cidadãos além da luta da concorrência e quando essa gente se encosta mutuamente na parede são forçados a se intrometer não na qualidade de espírito mas com baionetas Aliás a brilhante ideia de Stirner de que o Estado é o único a ficar mais rico quando os indivíduos na base da propriedade burguesa ficam mais ricos ou de que até aqui toda propriedade privada teria sido propriedade do Esta do novamente põe a relação histórica de cabeça para baixo Com o desenvolvimento e a acumulação da propriedade burguesa isto é com o desenvol vimento do comércio e da indústria os indivíduos se tornaram cada vez mais ricos ao passo que o Estado se tornou cada vez mais endividado Esse fato já emergira nas primeiras repúblicas comerciais italianas atingira o seu ápice mais tarde a partir do século passado na Holanda sendo que Pinto o especulador financeiro já chamara a atenção para isso em 1750 e agora volta a ocorrer na Inglaterra Precisamente por isso também se evi dencia que tendo a burguesia juntado algum dinheiro o Estado é obrigado a mendigar junto a ela acabando na prática por ser comprado por ela Isso aconteceu num período no qual a burguesia ainda se defrontava com outra classe ou seja no qual o Estado ainda podia manter uma certa aparência de independência em relação a ambas Porém mesmo depois de ser comprado o Estado continua necessitado de dinheiro e por isso continua a ser depen dente dos burgueses sempre podendo não obstante quando exigido pelo interesse dos burgueses dispor de mais recursos do que outros Estados me nos desenvolvidos e em consequência menos endividados Mas até mesmo os Estados menos desenvolvidos da Europa os da Santa Aliança294 rumam inexoravelmente para o mesmo destino e acabarão por ser arrematados pelos burgueses ocasião em que estes poderão se deixar enganar por Stirner e sua identidade de propriedade privada e propriedade do Estado e o mesmo ocorrerá com o seu próprio soberano que em vão procura protelar a hora em que o poder do Estado será vendido por qualquer preço aos burgueses que se tornaram maus Chegamos agora à relação entre propriedade privada e direito onde voltaremos a ouvir aquela mesma meia dúzia de coisas sob outra forma A identidade de propriedade do Estado e propriedade privada recebe uma formulação aparentemente nova O reconhecimento político da propriedade privada no direito é declarado como a base da propriedade privada Karl Marx e Friedrich Engels 350 A propriedade privada vive da mercê do direito Unicamente no direito ela está assegurada posse ainda não é propriedade pois ela só se torna Minha mediante a anuência do direito não sendo um fato mas uma ficção uma ideia Aquela é a propriedade do direito propriedade jurídica propriedade garan tida ela não é Minha por meio de Mim mas por meio do direito p 332 A única coisa que essa frase faz é levar o referido absurdo sobre a proprie dade do Estado a uma culminância ainda mais cômica Por isso passaremos logo à forma como Sancho explora o fictício ius utendi et abutendi 1 Na p 332 ficamos sabendo além da bela sentença acima que a proprie dade é o poder irrestrito sobre algo poder com o qual Eu posso mandar e des mandar a meu belprazer Porém o poder não é algo existente para si mas algo que existe meramente no Eu poderoso em Mim o poderoso p 366 A propriedade em consequência não é uma coisa não é esta árvore mas meu poder sobre ela minha capacidade de dispor dela p 366 Ele conhece unicamente coisas ou Eus O direito é poder separado do Eu que se tornou independente dele transformado em fantasma Esse poder perenizado tratado sobre o direito sucessório não se extingue nem mesmo com a Minha morte mas é transferido ou legado As coisas não pertencem portanto realmente a Mim mas ao direito Por outro lado isso nada mais é que uma alucinação porque o poder do indivíduo se torna per manente e um direito unicamente pelo fato de outros aliarem seu poder com o poder desse indivíduo O delírio consiste em que eles acreditam não mais poder resgatar esse seu poder p 366 367 Um cachorro quando vê o osso em poder de outro só se mantém afastado quando se sente muito fraco O homem porém respeita o direito do outro aos seus ossos E tal como aqui de modo geral usamos o termo humano quando vemos em tudo algo espiritual no caso presente o direito isto é transformamos tudo num fantasma e nos comportamos em relação a tudo como se estivéssemos diante de um fantasma Humano é encarar o singular não como singular mas como um universal p 368 369 Toda a desgraça decorre portanto novamente da fé que os indivíduos depositam no conceito do direito conceito que eles devem tirar da cabeça São Sancho só conhece coisas e Eus e de tudo o que não cabe nessas rubricas de todas as relações ele só conhece os conceitos abstratos que jus tamente por isso para ele se convertem em fantasmas Por outro lado todavia às vezes ele começa a atinar que isso tudo nada mais é que uma alucinação e que o poder do indivíduo depende muito de se outros aliam seu poder com o seu Mas em última instância tudo acaba por desembocar no delírio de que os indivíduos acreditam não mais poder resgatar esse seu poder A ferrovia por sua vez não pertence realmente aos acionistas mas aos estatutos Sancho logo menciona como exemplo concludente o 1 o direito de usar e consumir ou abusar do que é seu A ideologia alemã 351 direito sucessório Ele não o explica a partir da necessidade da acumulação e da família que existia antes do direito mas a partir da ficção jurídica do prolongamento do poder para além da morte Essa ficção jurídica mesma é abandonada cada vez mais por todas as legislações à medida que a sociedade feudal dá lugar à sociedade burguesa Confira por exemplo o Code Napo léon Não há necessidade de explicitar aqui que o poder paterno absoluto e a primogenitura tanto a primogenitura natural do feudalismo quanto a poste rior estavam baseados em relações materiais bem determinadas A mesma coisa aconteceu entre os povos antigos na época da dissolução da vida comunitária pela vida privada A melhor prova disso é a história do direito sucessório romano Sancho não podia ter escolhido exemplo mais infeliz do que o do direito sucessório justo aquele que mais claramente per mite demonstrar o quanto o direito é dependente das relações de produção Comparese a título de exemplo o direito sucessório romano e o germânico Um cachorro decerto jamais extraiu fósforo farinha de osso ou cal de um osso tampouco pôs algo na cabeça sobre seu direito a algum osso São Sancho igualmente nunca se pôs na cabeça refletir sobre se o direito a um osso que os homens reivindicam para si e os cachorros não talvez tenha algo a ver com a maneira produtiva como os homens lidam com esse osso e os cachorros não De todo modo temos aqui em um só exemplo todo o estilo da crítica de Sancho e da fé inabalável que ele deposita em ilusões correntes As relações de produção dos indivíduos até aqui estabelecidas igualmente devem ganhar expressão em relações políticas e jurídicas Ver acima No âmbito da divisão do trabalho essas relações obrigatoriamente se tornam independentes dos indivíduos Todas as relações só podem ser expressas em termos de linguagem na forma de conceitos O fato de essas generalidades e esses conceitos serem considerados como forças misteriosas é uma consequência necessária da autonomização das relações reais realen cuja expressão eles constituem Além dessa validade para a cons ciência co mum essas generalidades ainda adquirem uma validade e uma conformação especial dos políticos e juristas os quais em virtude da divisão do trabalho dependem do cultivo desses conceitos e veem neles e não nas relações de produção o verdadeiro fundamento de todas as reais realen relações de propriedade São Sancho adota essa ilusão acriticamente realizando com isso a façanha de declarar a propriedade jurídica como a base da proprie dade privada e o conceito do direito como a base da propriedade jurídica o que o permite passar a limitar toda a sua crítica a declarar que o conceito do direito é um conceito um fantasma Com isso São Sancho concluiu Para sua tranquilidade podese informálo ainda de que o procedimento dos cachorros quando dois deles encontram um osso é reconhecido como direito em todos os livros jurídicos originais vim vi repellere licere 1 dizem as 1 é permitido repelir o uso da força com o uso da força Karl Marx e Friedrich Engels 352 Pandectas295 idque ius natura comparatur1 que se entende como ius quod natura omnia animalia homens e cachorros docuit2 acontece que mais tarde o direito vem a ser justamente a repulsa organizada do uso da força pelo uso da força São Sancho aproveitando o embalo documenta a sua erudição na área da história do direito disputando um osso com Proudhon Ele diz que Proudhon tenta nos enrolar dizendo que a sociedade seria a possuidora original e a única proprietária do direito imprescritível que os assim chamados proprie tários teriam se tornado ladrões em relação a ela que se ela passasse a privar os atuais proprietários de sua propriedade nada estaria roubando deles já que apenas faria valer o seu direito imprescritível Esse é o ponto a que se chega com essa assombração da sociedade como pessoa moral p 330 331 Em contraposição Stirner quer nos enrolar nas p 340 367 420 e em outras partes dizendo que nós a saber os semposses teríamos presenteado aos proprietários a sua propriedade por desconhecimento covardia ou até por bondade etc e nos conclama a tomarmos de volta nosso presente Entre as duas enrolações há a diferença de que Proudhon se apoiou em um fato histórico ao passo que São Sancho apenas pôs algo dentro da cabeça para dar ao assunto uma nova faceta É que as investigações mais recentes na área da história do direito evidenciaram que tanto em Roma quanto entre os povos germânicos célticos e eslavos o ponto de partida do desenvol vimento da propriedade foi a propriedade comunitária ou a propriedade tribal e que a propriedade privada propriamente dita surgiu em toda parte por usurpação fato que São Sancho todavia não poderia ter descolado da profunda noção de que o conceito do direito é um conceito Na confrontação com os dogmáticos do direito Proudhon tinha toda razão em fazer valer esse fato e combatêlos em toda a linha com seus próprios pressupostos Esse é o ponto a que se chega com essa assombração do conceito do di reito como conceito Proudhon só poderia ter sido atacado por causa da sua frase acima citada se tivesse defendido a forma mais antiga e rudimentar de propriedade diante da propriedade privada que se originou desse primitivo sistema comunitário Sancho resume a sua crítica a Proudhon na seguinte pergunta arrogante Por que esse apelo sentimental como se ele fosse uma pobre vítima de rou bo p 420 O sentimentalismo que aliás jamais ocorre em Proudhon só é permitido em relação a Maritornes Sancho realmente imagina ser o tal diante de 1 e este direito foi posto pela natureza 2 um direito que a natureza ensinou a todos os seres vivos A ideologia alemã 353 alguém como Proudhon que acredita em fantasmas Ele acredita que o seu estilo burocrático empolado do qual Frederico Guilherme IV se envergonha ria é revolucionário A fé traz bemaventurança Na p 340 ficamos sabendo do seguinte Todas as tentativas de fazer leis razoáveis sobre a propriedade desaguaram da baía do amor para dentro de um mar caótico de determinações Combina com isto a seguinte frase igualmente aventuresca O intercâmbio se baseou até aqui no amor na conduta respeitosa no fazer umparaooutro p 385 Neste ponto São Sancho surpreende a si próprio com um paradoxo des concertante sobre o direito e o intercâmbio Entretanto se recordamos que por o amor ele entende o amor por o homem de modo geral por um existente em e para si por um universal a relação com um indivíduo ou uma coisa como a relação com uma essência com o Sagrado essa aparência resplandecente desmorona Os oráculos acima se dissolverão então nas velhas trivialidades que nos entediaram durante todo o Livro ou seja que duas coisas das quais Sancho nada sabe a saber o direito e o intercâmbio até aqui existentes são o Sagrado e que em geral até o presente momento apenas conceitos dominaram o mundo A relação com o Sagrado de resto denominado respeito ocasionalmente também pode ser intitulada amor Ver Lógica Apenas um exemplo de como São Sancho transforma a legislação numa relação de amor e o comércio num episódio amoroso Em um projeto de lei de registro para a Irlanda o governo pleiteou que fossem admitidos como eleitores aqueles que pagassem cinco libras esterli nas de imposto para os pobres Portanto quem dá esmolas adquire direitos políticos senão pode tentar tornarse um cavaleiro do cisne296 em outra parte p 344 Em primeiro lugar é preciso aqui observar que esse projeto de lei de registro que concede direitos políticos era um projeto de lei municipal ou corporativa ou para falar de modo compreensível a Sancho um re gulamento municipal que visava conceder não direitos políticos mas direitos municipais direito de voto para funcionários locais Em segundo lugar Sancho que traduz McCulloch297 para o alemão deveria saber bem o que significa to be assessed to the poorrates at five pounds Não significa pagar cinco libras de imposto para os pobres e sim estar registrado numa lista de impostos para pobres como residente em um domicílio cujo aluguel anual perfaz cinco libras O bonhomme berlinense não sabe que o imposto para os pobres na Inglaterra e na Irlanda é um imposto local cujo valor va ria de cidade para cidade e de ano para ano de modo que seria totalmente impossível vincular qualquer direito a um determinado valor em impostos Karl Marx e Friedrich Engels 354 Por fim Sancho acredita que o imposto inglês e irlandês para os pobres seja uma esmola ao passo que ele apenas angaria os recursos financeiros para um ataque aberto e frontal da burguesia dominante contra o proletariado Ele cobre os custos das casas de detenção para trabalhos forçados que como se sabe são um meio de dissuasão malthusiano contra o pauperismo Aqui se pode ver como Sancho deságua da baía do amor em um mar caótico de determinações Comentese de passagem que a filosofia alemã pelo fato de ter como ponto de partida tão somente a consciência necessariamente se acabaria em filosofia moral na qual então os diversos heróis travam uma peleja pela ver dadeira moral Feuerbach ama o homem por causa do homem São Bruno o ama porque ele o merece Wigand p 137 e São Sancho ama Cada Um porque isso lhe apraz com a consciência do egoísmo o Livro p 387 Acima no primeiro Tratado já ouvimos como os pequenos proprietá rios de terras se excluíram respeitosamente da grande propriedade Este excluir se da propriedade alheia por respeito é apresentado de maneira geral como uma característica da propriedade burguesa A partir dessa característica Stirner consegue explicar para si mesmo por que no âmbito da burguesia apesar de seu senso de que cada Um seja proprietário a maioria possui o mesmo que nada p 348 Isso sucede porque a maioria já se alegra por ser mero detentor Inhaber de alguma coisa mesmo que seja apenas de alguns trapos p 349 Szeliga explica para si mesmo o fato de a maioria possuir apenas alguns trapos como consequência natural da satisfação que essa maioria sente por ter trapos p 343 Seria Eu apenas possuidor Não até agora se era apenas possuidor com a posse assegurada de uma parcela pelo fato de se deixar os outros igual mente com a posse de uma parcela mas agora tudo pertence a Mim Eu sou proprietário de tudo o que Eu necessito e de que posso me apossar Assim como Sancho anteriormente fez que os pequenos proprietários de terras se excluíssem respeitosamente da grande propriedade e agora fez que os pequenos proprietários se excluíssem uns dos outros ele pôde também entrar em maiores detalhes e fazer que a propriedade comercial seja excluída da propriedade fundiária a propriedade da fábrica da pro priedade propriamente comercial etc e tudo isso por respeito e chegar assim a uma economia totalmente nova tendo como base o Sagrado Feito isso só o que ele precisa fazer é tirar da cabeça o respeito para abolir de um só golpe a divisão do trabalho e a configuração da propriedade dela resul tante Sancho dá uma prova dessa nova economia na p 128 do Livro onde ele não compra a agulha do shopkeeper 1 mas do respeito e não compra do 1 lojista A ideologia alemã 355 shopkeeper com dinheiro mas compra da agulha com respeito A propósito a autoexclusão dogmática de Cada Um da propriedade alheia hostilizada por Sancho é uma ilusão puramente jurídica No atual modo de produção e in tercâmbio Cada Um não dá a mínima para ela e trata justamente de excluir todos os demais da propriedade que por enquanto é sua Com respeito à propriedade de tudo de Sancho a oração subordinada complementar já diz o suficiente de tudo que Eu necessito e de que posso me apossar Ele pró prio aborda isso com mais detalhe na p 353 Se Eu digo o mundo pertence a Mim então isto na verdade é também um palavrório vazio que só tem sen tido na medida em que Eu não respeito nenhuma propriedade alheia Portanto na medida em que o não respeito pela propriedade alheia é a sua propriedade O que ofende Sancho em sua amada propriedade privada é exatamente a exclusividade sem a qual ela seria um absurdo o fato de que além dele há ainda outros proprietários privados Pois a propriedade privada alheia é sagrada Já veremos como ele remedeia essa situação inadequada na sua associação Descobriremos então que a sua propriedade egoísta a pro priedade na acepção incomum nada mais é que a propriedade comum ou burguesa transfigurada por sua fantasia santificadora Concluamos com o seguinte provérbio salomônico Quando os seres humanos chegarem ao ponto de perder o respeito pela propriedade então cada um terá propriedade então as associações tam bém multiplicarão os recursos do indivíduo nesse tocante e assegurarão a sua propriedade ameaçada p 342298 Tratado no 3 Sobre a concorrência na acepção comum e na acepção in comum Numa bela manhã trajado a rigor o escriba das linhas abaixo foi visitar o Senhor Ministro Eichhorn Não sendo possível concorrer com o fabricante é que o Sr Ministro das Finanças não lhe havia dado nem local nem dinheiro para construir uma fábrica própria nem o Sr Ministro da Justiça lhe havia dado permissão para tomar a fábrica do fabricante ver acima Propriedade burguesa Eu quero concorrer com aquele professor de direito o homem é um simplório e Eu que sei cem vezes mais que ele esvaziarei o seu auditório Amigo estudaste e fizeste a pósgraduação Não mas o que importa Eu sei de sobejo o que a disciplina requer Sinto muito mas aqui a concorrência não está liberada Não há nada que desabone a Tua pessoa mas falta o essencial o diploma de doutor E é isso que Eu o Estado exijo Esta é portanto a liberdade da concorrência suspirou o escriba destas linhas apenas o Estado Meu Senhor é quem me capacita para concorrer Diante disso ele regressou abatido para a sua moradia p 347 Em países desenvolvidos não lhe teria sucedido isso de ser obrigado a pedir permissão ao Estado para poder concorrer com um professor de direi Karl Marx e Friedrich Engels 356 to Mas como ele mesmo se dirige ao Estado como a um empregador e pede remuneração isto é salário por trabalho ou seja como ele próprio se coloca na relação de concorrência não é de se supor todavia que ele seja bem sucedido em seu pleito se forem levados em conta seus tratados já referidos sobre propriedade privada e privati 1 propriedade comunitária proletaria do lettres patentes2 Estado e status etc Tendo em vista suas realizações até aqui o Estado poderá empregálo quando muito como zelador custos do Sagrado em algum domínio no interior da Pomerânia A título de entretenimento podemos inserir episodicamente aqui a grande descoberta de Sancho de que entre pobres e ricos não existe nenhuma outra diferença além da que existe entre os que têm patrimônio e os que não têm patrimônio p 354 Mergulhemos novamente agora no mar caótico das determinações stirnerianas referentes à concorrência Com a concorrência está associada não tanto grande não tanto a inten ção de fazer a coisa da melhor maneira quanto a outra a de tornála o mais rentável possível o mais lucrativa possível Em consequência estudase tendo em vista um cargo estudo para o ganhapão estudase mesuras e bajulação rotina e conhecimento de causa trabalhase para manter a aparência Em consequência onde aparentemente se trata de uma boa realização na verdade se tem em vista apenas fazer um bom negócio e faturar dinheiro É verdade que ninguém quer ser censor mas o que se quer é ser promovido temese a transferência ou até a destituição p 354 355 O nosso bonhomme poderia buscar um manual de economia em que al guém mesmo que seja um teórico afirme que no caso da concorrência o que importa é uma boa realização ou fazer a coisa da melhor maneira e não tornála o mais rentável possível Aliás em qualquer livro desse tipo ele pode descobrir que no âmbito da propriedade privada a concorrência mais evoluída como por exemplo na Inglaterra de fato faz a coisa da melhor maneira A fraude comercial e industrial só grassa nas relações tacanhas de concorrência entre os chineses alemães e judeus e de modo geral entre os mascates e retalhistas Mas nem mesmo o comércio de porta em porta é mencionado pelo nosso Santo ele só conhece a concorrência entre supra numerários e candidatos a altos cargos revelandose aqui o funcionário subalterno consumado da coroa prussiana Ele poderia perfeitamente ter apontado como exemplo de conconrrência a disputa dos cortesãos de todas as épocas pelo favor do seu príncipe mas isso estava muito distante de seu horizonte pequenoburguês Depois dessas portentosas aventuras com os supranumerários contadores assalariados e registradores São Sancho sobrevive à grande aventura com 1 despojados 2 direitos documentados A ideologia alemã 357 o famoso corcel Clavilenho do qual o profeta Cervantes já havia falado no Novo Testamento capítulo quarenta e um Ocorre que Sancho se assenta no alto do cavalo econômico e determina por meio do Sagrado o valor mínimo do salário laboral No entanto ele mostra aqui uma vez mais a sua natureza medrosa e já de início negase a montar o corcel voador que o levaria à região muito além das nuvens onde são gerados o granizo a neve o trovão o raio e o relâmpago Mas o Conde isto é o Estado o encoraja e uma vez que o mais ousado e experiente SzeligaDom Quixote se alçou à sela o nosso bravo Sancho também lhe monta na garupa E tendo a mão de Szeliga girado o parafuso localizado na cabeça do cavalo ele se elevou pelos ares e todas as damas presentes principalmente Maritornes exclamaram Que o egoísmo em acordo consigo mesmo esteja convosco destemido cavaleiro e ainda mais destemido escudeiro e que Vós consigais nos libertar da fantasmagoria de Malambruno299 do Sagrado Trata de man ter o equilíbrio destemido Sancho para que não caiais e suceda convosco o mesmo que com Faetonte quando quis conduzir o carro do sol Suponhamos ele já balança hipoteticamente que assim como a ordem faz parte da essência do Estado assim a subordinação está fundada em sua nature za agradável modulação entre essência e natureza as cabras que Sancho observa durante o seu voo assim nós vemos que os preteridos são desproporcionalmente sobreestimados e defraudados pelos subordinados decerto ele quis dizer superiores ou privilegiados p 357 Suponhamos que assim nós vemos queira dizer assim supomos Suponhamos que existam superiores e subordinados no Estado então igualmente supomos que aqueles são privilegiados em relação a estes Mas devemos atribuir a beleza estilística dessa sentença assim como o repentino reconhecimento da essência e da natureza de certa coisa ao medo e à confusão mental de nosso Sancho temerosamente tentando man ter o equilíbrio em seu voo pelos ares assim como aos foguetes a queimar bem debaixo do seu nariz Nem nos admira que São Sancho não explique as consequências da concorrência a partir da concorrência mas a partir da burocracia e permita nesse ponto que o Estado por sua vez determine o salário laborala Ele não pondera que as contínuas flutuações do salário laboral cons ti tuem uma afronta direta a toda a sua bela teoria e que um exame mais de talhado das relações industriais sem dúvida lhe proporcionaria o exemplo de um fabricante que teria sido defraudado e sobreestimado pelos a Novamente ele não pondera que a defraudação e sobreestimação dos trabalha dores no mundo moderno se apoia na sua falta de posses e que essa falta de posses se encontra em contradição direta com a asseguração atribuída por Sancho aos burgueses liberais que afirmam dar propriedade a cada um mediante o parcelamento da propriedade fundiária S M Karl Marx e Friedrich Engels 358 seus trabalhadores segundo as leis gerais da concorrência caso essas ex pressões jurídicas e morais não tivessem perdido todo sentido no âmbito da concorrência Quão simplório e pequenoburguês é o reflexo das relações globais no crânio singular de Sancho o quanto ele se sente obrigado na condição de mestreescola a abstrair de todas essas relações uma aplicação moral e a refutálas com postulados morais fica evidente uma vez mais na estatura nanica a que para ele se reduziu a concorrência Devemos comunicar essa preciosa passagem in extenso 1 para que nada se perca Mais uma vez no que concerne à concorrência ela se mantém justamente pelo fato de que nem todos assumem a sua própria causa nem entram em concor dância uns com os outros acerca dela Por exemplo o pão é uma necessidade de todos os moradores de uma cidade razão pela qual facilmente poderiam resolver de comum acordo estabelecer uma padaria pública Em vez disso eles deixam o suprimento da demanda a cargo dos padeiros concorrentes Da mesma forma a carne a cargo dos açougueiros o vinho a cargo dos co merciantes de vinhos etc Se Eu não Me preocupo com o Meu interesse Eu tenho de darme por satisfeito com o que aprouver a outros concederMe Ter pão é do Meu interesse Meu desejo e anseio mas mesmo assim deixa se isso a cargo dos padeiros e se espera quando muito que a rivalidade entre eles a corrida pela primeira posição sua competição em suma sua concorrência proporcionem uma vantagem que não se podia esperar das guildas de padeiros que detinham a propriedade total e exclusiva do direito de fazer pão p 365 Característico do nosso pequenoburguês é que neste ponto ele reco menda aos seus cofilisteus diante da concorrência uma instituição como a padaria pública que de fato existiu em distintas formas no sistema de guildas e que foi derrubada pelo modo de produção mais barato da con corrência ele recomenda portanto uma instituição local que só poderia se manter em condições bastante restritas e que necessariamente naufragaria com o aparecimento da concorrência que aboliu a estreiteza local Ele não chegou a aprender a partir da concorrência que a demanda por exem plo de pão a cada dia é diferente nem que de modo algum depende dele se amanhã o pão ainda será do seu interesse ou se sua necessidade ainda será considerada pelos outros como de seu interesse nem que no âmbito da concorrência o preço do pão é determinado pelos custos de produção e não pelo arbítrio dos padeiros Ele ignora todas as relações criadas pela concorrência abolição das restrições locais implementação de comunicações divisão do trabalho evoluída intercâmbio mundial proletariado máquinas etc para lançar um olhar melancólico para trás para o filisteísmo medieval Tudo o que ele sabe sobre a concorrência é que ela representa rivalidade 1 por extenso A ideologia alemã 359 corrida pela primeira posição e competição ele nem se preocupa com o restante de seu nexo com a divisão do trabalho com a relação entre oferta e demanda etca Que os burgueses de fato entraram em concordância em toda parte e toda vez que seu interesse o exigia e isso eles sabem avaliar bem melhor que São Sancho na medida em que podiam fazer isso no âmbito da concorrência e da propriedade privada mostram as sociedades por ações que tiveram início com o aparecimento do comércio marítimo e da manufatura e amealharam todos os ramos da indústria e do comércio a que tiveram acesso Todavia tais concordâncias que entre outras coi sas levaram à conquista de um reino nas Índias Orientais são uma baga tela em comparação com a fantasia bemintencionada de uma padaria pública que mereceria ser discutida na Vossische Zeitung No que diz respeito aos proletários estes ao menos na sua forma moderna surgiram a partir da concorrência e já construíram diversas instituições comunitárias que no entanto sempre acabaram naufragando porque não puderam concorrer com os padeiros açougueiros etc privados que rivalizavam uns com os outros e porque para os proletários não há devido aos interesses de correntes da divisão do trabalho de muitas formas antagônicos aos seus nenhuma outra concordância possível a não ser a concordância polí tica voltada contra o conjunto da situação atual Quando o desenvolvimento da concorrência capacita os proletários a entrar em concordância eles entram em concordância sobre coisas bem outras do que padarias pú blicasb A falta de concordância que Sancho percebe aqui entre os indiví duos concorrentes corresponde e se contrapõe inteiramente à sua expo sição adicional sobre a concorrência da qual Nós desfrutamos no Comen tário Wigand p 173 Introduziuse a concorrência porque se viu nela uma coisa saudável para todos fezse um acordo a respeito dela tentouse implantála comunitariamente a Eles poderiam ter entrado em concordância de antemão O que pouco preocupa o nosso sábio é que a concorrência pela primeira vez torna possível qualquer con cordância para usar essa palavra de cunho moral que não se pode sequer cogitar uma concordância de todos como quer Sancho por causa dos interesses classistas antagônicos De modo geral os filósofos alemães encaram a sua própria pequena miséria local como própria da história mundial enquanto imaginam que nas relações histórias mais amplas o que faltou foi a sua própria sabedoria para resolver o assunto mediante a concordância e colocar tudo em pratos limpos No exemplo do nosso Sancho vemos até onde se pode chegar com tais fantasias S M b Eles devem entrar em concordância sobre uma padaria pública Naturalmente pouco importa ao nosso Sancho o fato de esse eles esse todos em qualquer época e sob diferentes condições representar interesses diversificados De modo geral em toda a história até aqui os indivíduos sempre cometeram o erro de não se apropriar desde o início dessa habilidade superinteligente com a qual nossos filósofos alemães posteriormente tagarelam sobre eles S M Karl Marx e Friedrich Engels 360 concordouse com ela mais ou menos assim como numa caçada um gru po de caçadores pode achar compatível com seus propósitos que seus indivíduos se espalhem no mato e cacem isoladamente Todavia só agora fica evidente que na prática da concorrência nem todos têm o seu ganho Só agora fica evidente que Sancho sabe sobre a caça tanto quanto sobre a concorrência Ele não fala de uma caçada com batedores nem de uma caçada com cães mas de uma caçada na acepção incomum Faltalhe apenas escrever uma nova história da indústria e do comércio conforme os princípios acima e criar uma associação dedicada a tais caçadas incomuns No mesmo estilo tranquilo cômodo e próprio de um jornal de povoado ele se expressa sobre a posição da concorrência ante as relações morais Tudo que o homem como tal não puder garantir em termos de bens corpóreos constitui aquilo que nós podemos tirar dele este é o sentido da concorrência da liberdade de negociar Tudo que ele não puder sustentar em termos de bens espirituais cabe igualmente a nós Porém intocáveis são os bens santificados Santificados e garantidos por quem Pelo homem ou pelo conceito pelo conceito da coisa Como tais bens intocáveis ele cita a vida a liberdade da pessoa a religião a honra o senso de decência o senso de pudor etc p 325 Em países desenvolvidos Stirner não tem permissão de tirar todos esses bens santificados do homem como tal mas pode decerto tirálos dos homens reais pela via e sob as condições da concorrência A grande revolução provocada na sociedade pela concorrência a qual dissolveu as relações dos burgueses entre si e com os proletários em puras relações monetárias transformou todos os acima mencionados bens santificados em artigos de comércio e destruiu todas as relações naturais e tradicionais dos proletários como por exemplo as relações familiares e políticas junto com todo o seu arcabouço ideológico toda essa tremenda revolução no entanto não partiu da Alemanha a Alemanha nela desempenhou apenas um papel passivo permitiu que lhe tomassem seus bens santificados e nem mesmo recebeu por eles o preço corrente Em consequência nosso pequeno burguês alemão conhece unicamente as asseverações hipócritas dos bur gueses sobre os limites morais da concorrência dos burgueses que pisam com os pés diariamente os bens santificados dos proletários sua honra seu senso de pudor sua liberdade pessoal e os privam até mesmo do ensino religioso Esses pretextados limites morais representam para ele o verdadeiro sentido da concorrência e a realidade desta não existe para o sentido daqueles Sancho resume os resultados de suas investigações sobre a concorrência na seguinte frase Seria livre uma concorrência a qual o Estado esse dominador de acordo com o princípio burguês tolhe com milhares de barreiras p 347 A ideologia alemã 361 O princípio burguês de Sancho de fazer que o Estado seja por toda parte um dominador e de considerar as barreiras da concorrência que se originam dos modos de produção e intercâmbio como barreiras com as quais o Estado tolhe a concorrência expressase nesta passagem novamente com a devida indignação Em tempos bem recentes São Sancho ouviu soar vindo da França cf Wigand p 190 o eco de todo tipo de novidades entre outras sobre a coisificação das pessoas na concorrência e sobre a diferença entre concor rência e competição Mas o pobre berlinense estragou essas belas coisas por tolice Wigand ibidem onde quem fala é a sua consciência pesada Assim diz ele por exemplo na p 346 do Livro Mas a livreconcorrência é realmente livre Seria ela de fato uma concorrên cia a saber das pessoas que é o que ela alega ser só porque baseia seu direito nesse título A madame concorrência alega ser algo só porque ela isto é alguns juristas políticos e pequenoburgueses entusiastas últimos retardatários de seu séquito baseia seu direito nesse título Com essa alegoria Sancho começa a adaptar as belas coisas que vêm da França ao meridiano de Berlim Passaremos por cima da representação absurda já resolvida acima de que o Estado nada tem a objetar contra a Minha pessoa e assim me permite concorrer porém sem me dar a coisa essencial p 347 e chega remos logo à sua prova de que a concorrência não é uma concorrência entre pessoas Mas são realmente as pessoas que concorrem Não uma vez mais são apenas as coisas As moedas em primeira linha etc na competição sempre acontecerá de um ficar para trás em relação ao outro O que faz a diferença é tão somente se os recursos faltantes poderão ser conquistados pela força pessoal ou se só poderão ser obtidos por gratuidade apenas por meio de um presente mais precisamente quando por exemplo o mais pobre deve deixar sua riqueza ao mais rico isto é presenteálo com ela p 348 Esta teoria da doação nós lhe deixamos de presente Wigand p 190 Que ele se instrua no primeiro manual de direito que encontrar no capítulo contrato se um presente que ele deve presentear ainda é um presente É por isso que Stirner nos presenteia com nossa crítica ao seu livro a saber porque ele deve deixála para nós isto é presentearnos com ela Para Sancho não existe o fato de que de dois concorrentes cujas coisas são iguais um arruína o outro Outro fato que não existe para ele é o de que os trabalhadores concorrem entre si embora não possuam nenhum tipo de coisas na acepção stirneriana Ao abolir a concorrência dos trabalhadores entre si ele realiza um dos mais piedosos desejos de nossos verdadeiros socialistas cuja calorosa gratidão não lhe passará despercebida Apenas as coisas concorrem não as pessoas Apenas as armas lutam não as Karl Marx e Friedrich Engels 362 pessoas que as portam e aprenderam a usálas Estas estão aí apenas para ser fuziladas É assim que se reflete a luta da concorrência na cabeça dos mestresescolas pequenoburgueses que diante dos modernos barões da bolsa de valores e cottonLords 1 consolamse com a consciência de que lhes falta somente a coisa para afirmar sua força pessoal contra eles Ainda mais cômica se torna essa representação tacanha quando examinamos mais detalhadamente essas coisas em vez de nos limitar ao mais universal e popular como por exemplo o dinheiro que entretanto não é tão popular como parece Fazem parte dessas coisas entre outras que o concorrente vive num campo e numa cidade em que possui as mesmas van tagens que seus concorrentes já estabelecidos ali que a relação entre cidade e campo atingiu um estágio avançado de desenvolvimento que ele concorre numa situação geográfica geológica e hidrográfica favorável que ele exerce sua atividade como fabricante de seda em Lyon como fabricante de algo dão em Manchester ou que numa época mais antiga tocou o seu negócio como proprietário de navios na Holanda que a divisão do trabalho no seu ramo de produção tanto quanto em outros ramos que de modo algum dependem dele atingiu um alto nível de sofisticação que as comunicações lhe asseguram o mesmo transporte barato que aos seus concorrentes que ele encontra trabalhadores habilidosos e supervisores com boa formação Todas essas coisas que se fazem necessárias para concorrer para a ca pacidade de concorrência como tal no mercado mundial que ele não conhece e não pode nem chegar a conhecer em função de sua teoria do Estado e de sua padaria pública mas que infelizmente determina a concorrência e a capacidade de concorrência não podem ser conquistadas por ele me diante sua força pessoal nem ser por ele recebidas de presente mediante a graça do Estado cf p 348 O Estado prussiano com sua tentativa de presentear tudo isso a Seehandlung300 pode lhe dar a melhor lição possí vel sobre esse ponto Ao glosar extensamente a ilusão do Estado prussia no sobre sua onipotência e a ilusão da Seehandlung sobre sua capacidade de concorrência Sancho se apresenta aqui como o filósofo imperial prussiano da Seehandlung A propósito a concorrência teve início de fato como concorrência entre pessoas dotadas de recursos pessoais A li beração dos servos primeira condição da concorrência a primeira acu mulação de coisas foram atos puramente pessoais Portanto quando Sancho quer colocar a concorrência entre pessoas no lugar da concorrência entre coisas isto quer dizer ele quer retornar ao início da concorrência e faz isso imaginando que mediante sua boa vontade e sua consciência extraordi nariamente egoísta possa dar um outro rumo ao desenvolvimento da concorrência 1 lordes do algodão A ideologia alemã 363 Este grande homem para quem nada é sagrado e que não pergunta nada que diga respeito à natureza da coisa e ao conceito da relação por fim é não obstante obrigado a declarar que a natureza da diferença entre o que é pessoal e o que é real sachlich301 bem como o conceito da relação dessas duas qualidades são sagrados e desse modo a desistir de se com portar como criador em relação a eles Entretanto é possível abolir essa diferença estabelecida por ele na passagem citada e que lhe é sagrada sem com isso cometer a mais desmedida das profanações Primeiramente ele mesmo a abole ao fazer que a força pessoal conquiste recursos reais trans formando assim a força pessoal em poder real Ele pode em seguida aplicar aos outros tranquilamente o postulado moral de adotar uma conduta pessoal em relação a ele Da mesma forma os mexicanos teriam podido exigir dos espanhóis que não os fuzilassem com espingardas mas que batessem neles com os punhos ou para usar uma expressão de São Sancho que os agar rassem pela cabeça a fim de que adotassem uma conduta pessoal para com eles Tendo uma pessoa adquirido mediante alimentação saudável formação cuidadosa e exercício corporal força física e agilidade aprimora das ao passo que a outra devido à comida parca e prejudi cial à saúde e à digestão debilitada por essa comida devido à negligência sofrida na infân cia e ao esforço excessivo nunca tenha podido adquirir coisas para criar músculos que dirá chegar ao domínio sobre eles então a força pessoal de uma é em relação à outra uma força puramente real Ele não conquistou os recursos faltantes mediante a força pessoal mas ao contrário ele deve sua força pessoal aos recursos reais que se encontram disponíveis Aliás a transformação de recursos pessoais em recursos reais e dos reais em pessoais é apenas um dos aspectos da concorrência que nem pode ser separado dela A exigência de não concorrer com recursos reais mas com recursos pes soais desemboca no postulado moral de que a concorrência e as relações que a condicionam devem ter efeitos diferentes do que os efeitos que elas inevitavelmente têm Mais uma síntese desta vez conclusiva da filosofia da concorrência A concorrência sofre da precariedade de que nem todos têm à disposição os recursos para concorrer porque eles não são extraídos da personalidade mas da casualidade A maioria é desprovida de recursos e por essa razão grande por essa razão desprovida de bens p 349 Já foi observado acima que na concorrência a própria personalidade é uma casualidade e a casualidade uma personalidade Os recursos para a concorrência independentes da personalidade são as condições de pro dução e intercâmbio das próprias pessoas recursos estes que no âmbito da concorrência aparecem como um poder independente das pessoas como recursos casuais em relação a elas A libertação dos seres humanos em relação a esses poderes se implementa de acordo com Sancho tirando da cabeça as representações desses poderes ou melhor as distorções filosóficas Karl Marx e Friedrich Engels 364 e religiosas dessas representações seja mediante a sinonímia etimológi ca patrimônio Vermögen e estar apto vermögen seja por meio de postulados morais por exemplo que cada um seja um Eu onipotente ou mediante caretas simiescas e fanfarronices comodamente burlescas contra o Sagrado Já ouvimos anteriormente a queixa de que na atual sociedade burgue sa particularmente por causa do Estado o Eu não pode concretizar seu valor id est não pode tornar efetivas suas capacidades Agora ficamos sabendo ademais que a peculiaridade não lhe proporciona os meios para concorrer que o seu poder não é nenhum poder e que ele permanece desprovido de bens ainda que todo e qualquer objeto por ser seu objeto também seja sua propriedadea O dementi 1 do egoísmo em acordo consigo mesmo está completo Porém todas essas precariedades da concorrência desaparecerão assim que o Livro tiver se transferido para a consciência geral Até que isso aconteça Sancho persevera no seu comércio de ideias sem entretanto chegar a uma boa realização ou fazer a coisa da melhor maneira possível II A revolta Com a crítica à sociedade está concluída a crítica ao mundo antigo e sa grado Mediante a revolta saltamos direto para cá para o mundo novo e egoísta Já vimos na Lógica o que é a revolta como tal a abdicação do respeito pelo Sagrado Entretanto aqui ela assume além disso um caráter prático específico revolução revolta santa revolta revolução egoísta ou profana revolução subversão das condições dadas revolta subversão Minha revolução ato político ou social revolta Meu ato egoísta revolução derrubada do vigente revolta vigência da derrubada etc etc p 422 e seguintes A maneira de que os seres humanos até aqui se valiam para derrubar o mundo que encontraram também teve naturalmente de ser declarada sagrada e em contraposição teve de ser afirmada uma forma própria de ruptura com o mundo existente a A diferença entre essência e aparência se impõe aqui apesar de Sancho S M 1 desmentido A ideologia alemã 365 A revolução consiste numa subversão da condição ou do status vigentes do Estado ou da sociedade sendo logo um ato político ou social A revolta até tem como consequência inevitável a transformação das condições dadas mas não é este o seu ponto de partida e sim a insatisfação dos homens consigo mesmos Ela é um soerguimento do indivíduo um galgar sem levar em consideração as organizações que se originam daí A revolução visava a novas organizações a revolta leva a que não Nos deixemos mais organizar mas que organizemos a Nós mesmos Ela não é uma luta contra o vigente já que onde ela vinga o vigente desmorona por si mesmo ela é apenas um laborar que Me permite sair do vigente Se Eu abandono o vigente ele está morto e começa a apodrecer Como pois Minha finalidade não é a derrubada de um vigente mas o Meu soerguimento acima dele a Minha intenção e o Meu ato não são políticos ou sociais mas egoístas por serem voltados unicamente para Mim e para a Minha peculiaridade p 421 422 Les beaux esprits se rencontrent 1 Cumpriuse o que proclamou a voz do pregador no deserto302 O ímpio João Batista Stirner encontrou no Dr Kuhlmann von Holstein o seu Messias sagrado Atenção Não devíeis derrubar e destruir o que se encontra no Vosso caminho mas contornálo e deixálo para trás E depois que o contornastes e deixastes para trás ele se acaba por si só pois não encontra mais alimento Das Reich des Geistes etc Genebra 1845 p 116 A revolução e a revolta stirneriana não se diferenciam como Stirner pensa pelo fato de aquela ser um ato político ou social e esta um ato egoísta mas pelo fato de uma ser um ato e a outra não O absurdo de toda a sua contra posição se mostra diretamente no fato de ele falar da revolução de uma pessoa moral que deve lutar contra o vigente uma segunda pessoa moral Se São Sancho tivesse repassado as diferentes revoluções reais e as tentativas revolucionárias talvez ele encontrasse nelas mesmas aquelas formas que ele obscuramente intuiu ao produzir a sua revolta ideológica por exemplo entre os corsos os irlandeses os vassalos russos e de modo geral entre os povos não civilizados Se ele tivesse se preocupado ademais com os indi víduos reais vigentes em toda revolução e com suas relações em vez de contentarse com o puro Eu e com o vigente isto é com a substância uma frase de efeito que não carece de nenhuma revolução para ser derrubada mas apenas de um cavaleiro andante como São Bruno talvez ele chegasse à noção de que toda revolução e seus resultados foram condicionados por essas relações pelas necessidades e que o ato político ou social de modo algum se encontrava em oposição ao ato egoísta A profunda noção que São Sancho tem da revolução fica evidente no seguinte pronunciamento A revolta até tem como consequência inevitável uma transformação das condições dadas mas não é este o seu ponto de 1 Os belos espíritos encontram um ao outro Karl Marx e Friedrich Engels 366 partida Isto que foi dito na antítese implica que a revolução parte de uma transformação das condições dadas isto é que a revolução parte da revolu ção A revolta em contraposição parte da insatisfação dos homens consigo mesmos Essa insatisfação consigo mesmo combina primorosamente com as anteriores frases de efeito sobre a peculiaridade e sobre o egoísta em acor do consigo mesmo que o tempo todo pode seguir seu próprio caminho que experimenta o tempo todo a alegria consigo mesmo e a todo momento é aquilo que ele pode ser A insatisfação consigo mesmo é ou a insatisfação consigo mesmo no quadro de uma certa condição dada que condiciona toda a personalidade como por exemplo a insatisfação consigo mesmo como trabalhador ou a insatisfação moral No primeiro caso portanto tratase de insatisfação concomitante e principalmente com as relações vigentes no segundo caso tratase de uma expressão ideológica dessas mesmas relações que de modo algum se alça acima delas mas delas faz parte integralmente O primeiro caso leva como Sancho acredita à revolução para a revolta resta portanto apenas o segundo a insatisfação moral consigo mesmo Já sabemos que o vigente é o Sagrado a insatisfação consigo mesmo se reduz portanto à insatisfação moral consigo mesmo como algo Sagrado isto é como algo que crê no Sagrado o vigente Só mesmo a um mestreescola descontente poderia ocorrer a ideia de basear seu arrazoado sobre revolução e revolta na satisfação e na insatisfação São afirmações bem próprias ao círculo pequenoburguês do qual São Sancho haure suas inspirações como vemos continuamente Já sabemos que sentido tem o sair do vigente Tratase do velho deva neio de que o Estado desmoronará por si mesmo assim que todos os seus membros saírem dele e de que o dinheiro perderá sua validade quando to dos os trabalhadores se recusarem a recebêlo Já na forma hipotética dessa frase se expressa a fantastiquice e a impotência do desejo piedoso Tratase da velha ilusão de que depende unicamente da boa vontade das pessoas modificar as relações vigentes e de que as relações vigentes são ideias A transformação da consciência separadamente das relações tal como é ope rada pelos filósofos como vocação isto é como negócio é ela própria um produto das relações vigentes e delas faz parte Esse idealizado soerguimento acima do mundo é a expressão ideológica da impotência dos filósofos dian te do mundo Suas fanfarronices ideológicas são desmentidas diariamente pela práxis Em todo caso Sancho não se revoltou contra o seu estado de confusão mental quando escreveu essas linhas Para ele a transformação das condi ções dadas está de um lado e os homens do outro e os dois lados estão totalmente separados um do outro Sancho nem de longe chega a pensar que as condições dadas desde sempre foram as condições desses homens e que elas nunca poderiam ser transformadas sem que os homens se transformas sem e que uma vez chegados a esse ponto ficassem insatisfeitos consigo A ideologia alemã 367 mesmos nas velhas condições dadas Ele acredita desferir o golpe mortal na revolução ao fazer que ela vise a novas organizações ao passo que a re volta leva a que não Nos deixemos mais organizar mas a que organizemos a Nós mesmos Porém já o fato de Nós Nos organizarmos já o fato de os revoltados serem Nós implica que o indivíduo deve se deixar organi zar pelos Nós e isto apesar da relutância de Sancho e assim revolução e revolta só se diferenciam pelo fato de que naquela se sabe disso ao passo que nesta se nutrem ilusões Em seguida Sancho mantém em termos hipotéticos o saber se a revolta vinga ou não Não se consegue vislum brar como ela não deveria vingar e muito menos como ela deveria vingar já que cada um dos revoltados apenas segue seu próprio caminho a não ser que relações profanas se interpusessem para mostrar aos revoltados a necessidade de um ato coletivo um ato que fosse então político ou social não importando se provocado por motivos egoístas ou não Sancho faz uma distinção torpe adicional que uma vez mais se deve à confusão entre a derrubada do vigente e o soerguimento acima dele como se no ato de derrubálo não se soerguesse acima dele e no ato de soerguerse acima dele não o derrubasse mesmo que fosse apenas na medida em que o vigente consiste nele próprio A propósito nem o derrubar puro e simples nem o soerguerse puro e simples dizem algo significativo o soerguerse igualmente ocorre na revo lução o que Sancho pode deduzir do fato de o Levonsnous1 ter sido um conhecido slogan da Revolução Francesa303 Criar organizações é a palavra de ordem da revolução pôrse em pé ou levantarse é exigência da revolta Que constituição deve ser escolhida é a questão que ocupa as cabeças revolucionárias e todo o período político fervilha de lutas e questões constitucionais assim como também os talentos sociais foram extraordinariamente inventivos em termos de instituições sociais falans térios304 e similares Ficar sem constituição é o que almeja o revoltado p 422 É fato que da Revolução Francesa decorreram organizações também é fato que Empörung revolta deriva de empor para cima igualmente é fato que na revolução e depois dela brigouse por constituições do mesmo modo é fato que foram projetados diversos sistemas sociais não menos factual é que Proudhon falou de anarquia Esses cinco fatos constituem os ingredientes com os quais Sancho cozinha a frase acima citada Do fato de a Revolução Francesa ter levado a organizações Sancho conclui que a revolução ordena isso Do fato de a revolução política ter sido política na qual a transformação social assumiu simultaneamente o caráter oficial das lutas constitucionais Sancho deduz fiel ao seu corretor de história305 que a briga teria sido em torno da constituição mais adequada A essa descoberta ele vincula por meio de um assim como também uma 1 levantemonos Karl Marx e Friedrich Engels 368 menção aos sistemas sociais Na época da burguesia as pessoas se ocupavam com questões constitucionais assim como também recentemente foram elaborados diversos sistemas sociais Este é o nexo da frase acima A partir do que foi dito acima contra Feuerbach resulta que as revolu ções que ocorreram até aqui levaram obrigatoriamente a novas organizações políticas no âmbito da divisão do trabalho que a revolução comunista ao abolir a divisão do trabalho acaba por eliminar as organizações políticas e por fim também resulta que a revolução comunista não se orientará pelas organizações sociais produzidas por talentos sociais inventivos mas sim pelas forças produtivas Porém ficar sem constituição é o que almeja o revoltado Ele o livre nato que de antemão está livre de tudo almeja livrarse da constituição no final dos tempos É preciso observar ainda que todo tipo de ilusões anteriores do nosso bonhomme contribuiu para o surgimento da revolta de Sancho Ou seja entre outras coisas a crença de que os indivíduos que fazem uma revolução estariam unidos por um laço ideal e de que seu levante armado se limitaria a deixarse comandar por um novo conceito uma ideia fixa fantasma goria fantasma o Sagrado Sancho faz que eles tirem da cabeça esse laço ideal o que em sua representação os reduz a um bando desordenado ao qual só resta ainda revoltarse Ademais ele ouviu que a concorrência é a guerra de todos contra todos e esta frase mesclada com sua revolução profanada constitui o principal fator de sua revolta Ao buscar uma comparação para esclarecer melhor este ponto ocorreme contra toda expectativa a fundação do cristianismo p 423 Ficamos sabendo aqui que Cristo não foi um revolucionário mas um revoltado que se sobressaiu Por isso o que importava para ele era unicamente o Sede prudentes como as serpentes ibidem Para poder corresponder à expectativa e ao unicamente de Sancho não pode existir a parte final do dito bíblico recém citado Mateus 1016 e sem falsidade como as pombas Cristo é aqui obrigado a figurar pela segunda vez como pessoa histórica a fim de desempenhar o mesmo papel que acima coube aos mongóis e aos negros Mais uma vez ficamos em dúvida sobre se a revolta deve esclarecer Cristo ou Cristo a revolta A ingenuidade germânicocristã do nosso Santo se concentra na frase que diz que Cristo removeu as fontes de vida de todo o mundo pagão com as quais o Estado vigente de qualquer modo ohnehin deve ser sem ele ohne ihn necessaria mente murcharia p 424 Murcha flor da retórica de púlpito Ver acima Os antigos De resto credo ut intelligam 1 ou para que Eu encontre uma comparação para melhor esclarecimento 1 creio para poder entender A ideologia alemã 369 Vimos com o auxílio de inúmeros exemplos como ao nosso Santo nada ocorre além da história sagrada mais precisamente naquelas passagens em que ela ocorre contra toda expectativa apenas ao leitor Contra toda a expectativa ela volta a ocorrerlhe até mesmo no Comentário onde Sancho na p 154 faz que os comentaristas judeus na antiga Jerusalém ao serem confrontados com a definição cristã Deus é o amor exclamem Aí podeis ver que se trata de um deus pagão esse que é proclamado pelos cristãos pois se deus é o amor então ele é o deus Amor o deus do amor Contra toda a expectativa porém o Novo Testamento foi escrito em grego e a definição cristã tem o seguinte teor ο δεος αγαπη εστιν1 João 416 ao passo que o deus Amor o deus do amor se chama Εροξ Assim sendo Sancho ainda terá de explicar como foi que os comentaristas judeus fizeram para transformar αγαπη2 em ετοξ3 É que nessa passagem do Comentário Cristo é compa rado com Sancho igualmente para melhor esclarecimento sendo que de fato é preciso reconhecer que ambos apresentam a mais surpreendente semelhança um com o outro ambos são essências corpóreas e ao menos o feliz herdeiro crê na sua recíproca existência ou natureza única Einzigkeit Toda a construção histórica já tem como alvo essa sua ideia fixa a saber que Sancho é o Cristo moderno A filosofia da revolta que há pouco nos foi exposta em antíteses precá rias e flores retóricas murchas em última instância nada mais é que uma apologia grandiloquente da economia do parvenu parvenu Emporkömmling Emporgekommener Empörer306 Todo revoltado se defronta em seu ato egoísta com um vigente específico acima do qual ele almeja erguerse não importando quais sejam as relações gerais Ele procura livrarse do vigente somente na medida em que se trata de uma amarra de resto ele procura bem pelo contrário apropriarse dele O tecelão que ascende à condição de fabricante se livra por esse meio do tear e o abandona no mais o mundo segue no seu próprio ritmo e o nosso revoltado em franco crescimento faz aos outros apenas a hipócrita exigência moral de que eles também se tornem parvenus como elea Assim todas as gabarolices belicosas de Stirner se diluem em deduções morais tiradas das fábulas de Gellert e em interpretações espe culativas da miséria burguesa Até aqui vimos que a revolta é tudo menos um ato Na p 342 ficamos sabendo que o procedimento de agarrar não seria desprezível mas deno taria o puro ato do egoísta em acordo consigo mesmo Decerto ele quer dizer dos egoístas em acordo mútuo já que do contrário o agarrar desemboca no a Tratase da velha moral do pequenoburguês a saber que a melhor condição do mundo é quando cada um procura chegar até onde pode e no mais não se preocupa com o curso do mundo S M 1 Deus é o amor 2 ágape ou caridade amor no sentido cristão 3 eros amor no sentido sexual Karl Marx e Friedrich Engels 370 procedimento não civilizado dos ladrões ou civilizado dos burgueses mas no primeiro caso ele não vinga e no segundo caso não é revolta É de se notar que ao egoísta em acordo consigo mesmo que nada faz corresponde aqui o ato puro um ato que de fato só se poderia esperar de um indivíduo tão sem ação De passagem ficamos sabendo quem criou o populacho e de antemão podemos estar cientes de novamente se tratar de um estatuto e da fé nesse estatuto da fé no Sagrado que aqui entra em cena para variar como cons ciência de pecado Acontece que o dogma de que o agarrar é pecado é crime apenas este dog ma cria um populacho a velha consciência de pecado é a única culpada p 342 A fé em que a consciência seria culpada de tudo é um dogma que faz dele um revoltado e do populacho um pecador Em contraposição a essa consciência de pecado o egoísta encoraja a si ou ao populacho a agarrar como segue Eu digo para Mim até onde alcançar o Meu poder isto é Minha propriedade e reivindico como Minha propriedade tudo aquilo que Me sinto sufi cientemente forte para alcançar etc p 340 São Sancho diz para si mesmo portanto que quer dizer algo para si mesmo conclamase a ter o que tem e expressa a sua relação real como uma relação de poder uma paráfrase que representa o mistério inteiro de todas as suas fanfarronices ver Lógica Em seguida ele que em todo momento é o que pode ser e portanto tem o que pode ter diferencia sua proprie dade real realizada realisiertes da qual ele desfruta na conta de capital de sua proprieda de possível sua sensação de força não realizada unrealisiertes que ele registra na conta de ganhos e perdas Contribuição para realizar a contabilidade da propriedade na acepção incomum Numa passagem já referida Sancho denuncia o que vem a significar esse dizer solene Digo para Mim mesmo então isso é também propriamente um palavrório vazio Ele prossegue nessa linha O egoísmo diz ao populacho sem posses visando exterminálo Agarra e toma para Ti aquilo de que necessitas p 341 O quanto esse palavrório é vazio já se vê logo no exemplo seguinte Eu vejo no patrimônio do banqueiro algo alheio tanto quanto Napoleão viu as terras dos reis como alheias Nós o Eu repentinamente se transforma em Nós não temos pudor em conquistálo e já estamos buscando os meios para isso Portanto nós o despimos do espírito de alheamento do qual tínha mos medo p 369 A ideologia alemã 371 Quão pouco Sancho despiu o patrimônio do banqueiro do espírito de alheamento fica demonstrado imediatamente com sua sugestão beminten cionada feita ao populacho de conquistálo mediante o agarrar Que ele o agarre e veja o que fica em seu poder Não o patrimônio do banqueiro mas papel sem valor o cadáver desse patrimônio que ainda é patrimô nio tanto quanto um cachorro morto ainda é um cachorro O patrimônio do banqueiro só é patrimônio no âmbito das relações de produção e intercâmbio vigentes e só pode ser conquistado dentro das condições dadas por essas relações e com os meios que lhes correspondem E caso Sancho queira se voltar para algum outro patrimônio deverá descobrir que as perspectivas não são melhores Assim sendo o puro ato do egoísta em acordo consigo mesmo acaba desembocando num malentendido extremamente sórdido Esse é o ponto a que se chega com a assombração do Sagrado Depois de ter dito para si mesmo o que queria dizer para si mesmo Sancho faz o populacho revoltado dizer o que antes lhe fora dito por Sancho Pois para o caso de haver uma revolta ele confeccionou uma proclamação oficial junto com instruções de uso a ser afixada em todas as bodegas dos povoados e distribuída em toda a zona rural Ela reivindica um encarte no almanaque Der hinkende Botte 307 e no calendário territorial do ducado de Nassau Por enquanto as tendances incendiaires1 de Sancho se restringem às baixadas à propaganda entre lavradores e criadas de fazenda excluindo as cidades mais uma prova de o quanto ele despiu o espírito de alheamento da grande indústria Entrementes queremos fazer constar aqui o mais extensamente possível esse precioso documento que temos em mãos e que não deve se perder visando no que depender de Nós contribuir para a divulgação de sua merecida fama Wigand p 191 A proclamação consta na página 358 e seguintes e começa assim O que é que torna a Vossa propriedade segura Vós privilegiados O fato de Nós Nos abstermos de interferir logo a Nossa proteção Pelo fato de que Vós Nos infligis violência Primeiro porque nós nos abstemos de interferir isto é por infligirmos violência a nós mesmos em seguida porque Vós nos infligis violência Cela va à merveille 2 Adiante Se quiserdes o nosso respeito compraio pelo preço que Nos aprouver Só o que queremos é a justa apreciação Primeiro os revoltados querem negociar seu respeito pelo preço que lhes aprouver para em seguida fazer da justa apreciação o critério do preço Primeiro um preço arbitrário depois um preço determinado por leis comerciais com base nos custos de produção e na relação entre demanda e oferta independentemente do arbítrio 1 tendências incendiárias 2 Isso vai às mil maravilhas Karl Marx e Friedrich Engels 372 Queremos deixarvos a Vossa propriedade desde que compenseis devidamen te esse deixar Clamareis contra a violência quando Nós lançarmos mão dela sem violência não as obteremos a saber as ostras dos privilegiados Nós não queremos tomar nada absolutamente nada de Vós Primeiro a deixamos para Vós depois a tiramos de Vós sendo obri gados a usar de violência e por fim preferimos mesmo não tirar nada de Vós Nós a deixaremos para Vós no caso de Vós mesmos a deixardes em um momento luminoso o único que temos reconhecemos no entanto que esse deixar é um lançarmão e uso da violência mas no final das con tas não se nos poderá acusar de tomar alguma coisa de Vós E com isso o assunto está encerrado Nos extenuamos doze horas com o suor em Nosso rosto e em troca disso Vós Nos ofereceis algumas moedas Então tomai igualmente em troca do Vosso trabalho o mesmo nada de igualdade Os lavradores revoltados se mostram como autênticas criaturas stirnerianas Não gostais disso Pensais que Nosso trabalho está muito bem pago com aquele salário ao passo que o Vosso valeria um salário de muitos milhares Mas se Vós não pedísseis um valor tão alto pelo Vosso e deixásseis que Nós realizássemos melhor o valor do Nosso Nós lograríamos fazer caso fosse exigido de Nós trabalhos muito mais importantes do que Vós realizais pelos muitos milhares de táleres e se Vós recebêsseis um salário como o Nosso logo Vos tornaríeis mais diligentes a fim de receber mais Se realizar des algo que Nos pareça valer dez e cem vezes mais do que o Nosso próprio trabalho opa opa tu servo piedoso e fiel então deveis receber por ele cem vezes mais Nós em contrapartida pretendemos produzir para Vós coisas que Vos faríeis valorizar Nosso trabalho mais do que com a nossa diária habitual Primeiro os revoltados se queixam de que seu trabalho estaria sendo pouco remunerado Porém no final eles prometem que só farão um traba lho que vale mais do que a diária habitual quando receberem uma diária maior Em seguida eles creem que realizarão coisas extraordinárias bastando para isso que recebam salários melhores enquanto ao mesmo tempo só esperam realizações extraordinárias do capitalista quando o salário deste estiver rebaixado ao nível do seu Por fim depois de terem cometido a proeza econômica de transformar o lucro essa forma necessária do capital sem a qual eles iriam à falência junto com o capitalista em salário laboral eles realizam o milagre de pagar cem vezes mais do que o seu próprio traba lho isto é cem vezes mais do que o que eles ganham Este é o sentido da frase acima se é que Stirner quer dizer o que ele diz Porém se ele apenas cometeu um erro estilístico se na verdade ele quis fazer que os revoltados em seu conjunto oferecessem cem vezes mais do que cada um deles ganha então ele fez que eles oferecessem ao capitalista apenas o que todo capitalis A ideologia alemã 373 ta hoje em dia já possui É óbvio que o trabalho do capitalista em conexão com o seu capital vale dez ou cem vezes mais do que o de um único simples trabalhador Neste caso portanto Sancho como sempre deixa tudo ficar como estava Já chegaremos a um bom termo uns com os outros assim que tivermos che gado a um acordo no sentido de que nenhum de Nós precise mais presentear o outro Neste caso decerto chegaremos a um ponto em que pagaremos até mesmo aos aleijados aos velhos e aos enfermos um valor apropriado para que eles não Nos deixem em virtude da fome e da necessidade pois se quisermos que eles vivam então também convém que Nós compremos o cumprimento de nossa vontade Eu digo compremos não tenho em mente portanto nenhuma mísera esmola Esse episódio sentimental dos aleijados etc visa provar que os lavradores revoltados de Sancho já subiram àquelas alturas da consciência burguesa em que eles não querem dar nada nem receber nada de presente e em que acreditam que numa relação a dignidade e o interesse de ambas as partes estarão assegurados assim que ela for convertida numa relação de compra A essa tonitruante proclamação do povo revoltado na imaginação de San cho segue a instrução de uso na forma de um diálogo entre o fazendeiro e os seus lavradores mas desta vez o senhor se comporta como Szeliga e os lavradores se comportam como Stirner Nessa instrução de uso os strikes ingleses e as coalizões francesas de trabalhadores são construídos a priori ao modo berlinense O corifeu dos lavradores O que é que Tu tens O fazendeiro Eu tenho uma fazenda de mil acres O corifeu E Eu sou Teu lavrador e daqui por diante só trabalharei no Teu campo se Eu ganhar um táler de diária O fazendeiro Então Eu contratarei algum outro O corifeu Não encontrarás nenhum porque Nós lavradores não trabalhamos mais de outra maneira e se algum se oferecer por menos ele que se cuide de Nós E agora também as criadas domésticas passam a exigir a mesma coisa e não encontrarás mais nenhuma abaixo desse preço O fazendeiro Oh mas assim estarei arruinado Os lavradores em coro Não te precipites Certamente ganharás tanto quanto Nós E caso não seja assim deixaremos o suficiente para que tenhas com que viver como Nós nada de igualdade O fazendeiro Mas Eu estou acostumado a viver em melhores condições Os lavradores Não temos nada contra isso mas não é problema Nosso se puderes dispor de mais tudo bem Mas devemos Nós arrendarmonos abaixo do preço para que Tu possas viver bem O fazendeiro Mas Vós que sois gente inculta não necessitais de tanto Os lavradores Então tomaremos um pouco mais para que possamos adquirir a formação de que talvez careçamos O fazendeiro Mas se arruinais dessa maneira os ricos quem ainda apoiará as artes e as ciências Karl Marx e Friedrich Engels 374 Os lavradores Pois bem é a quantidade que terá de fazer isso Nós faremos uma coleta o que dará uma boa soma Vós ricos de qualquer modo agora andais comprando só livros de mau gosto e aquelas imagens lastimosas da Nossa Senhora ou um par de ágeis pernas dançantes O fazendeiro Oh maldita igualdade Os lavradores Não meu velho e bom senhor nada de igualdade Nós só queremos valer pelo valor que temos e se Vós sois mais então no mínimo deveis valer mais Nós queremos apenas a justa apreciação e temos a intenção de nos mostrar merecedores do preço que Vós pagareis por Nós No final dessa obraprima dramática Sancho admite que a unanimidade dos lavradores é de todo modo exigida Não ficamos sabendo como se consegue produzila O que nos é dito é que os lavradores não têm a inten ção de modificar de alguma forma as relações de produção e intercâmbio vigentes mas apenas pressionar o fazendeiro a lhes pagar aquilo que ele gasta a mais do que eles Não guarda a menor importância para o nosso bemintencionado bonhomme que essa diferença nas dépensen 1 distribuída pela massa dos proletários resulte apenas numa bagatela para cada um e não melhore em nada a sua situação O estágio da agricultura a que pertencem esses heroicos lavradores é evidenciado logo após o final do drama onde eles passam a ser servos domésticos Eles vivem portanto no patriarcado no qual a divisão do trabalho ainda está pouco desenvolvida no qual a propósito toda a conspiração deverá chegar ao seu desfecho com o fazendeiro a levar o corifeu para o celeiro e a lhe aplicar uma certa quantidade de chibatadas ao passo que nos países civilizados o capita lista acabaria com o assunto suspendendo o trabalho por algum tempo e mandando os trabalhadores para o recreio O senso prático com que Sancho elabora todo o conjunto de sua obraprima o quanto ele se mantém dentro dos limites da probabilidade fica evidente já na ideia esquisita de querer provocar um turnout2 de lavradores mas particularmente na coa lizão das criadas domésticas E com que comodismo ele acredita que o preço do cereal no mercado mundial se orientará pelas exigências de sa lário desses lavradores do interior da Pomerânia Em vez de pela relação entre demanda e oferta Um verdadeiro efeitosurpresa é produzido pelo inopinado excurso sobre a literatura a última exposição de quadros e a re nomada dançarina da hora surpreendente até mesmo depois da inesperada pergunta do fazendeiro referente à arte e à ciência As pessoas se tornam bem amistosas assim que tocam no tema literário e o próprio fazendeiro pressionado esquece por um momento sua ruína iminente para manifestar o seu dévoûment3 pela arte e pela ciência Por fim os revoltados acabam lhe reiterando sua probidade e lhe dando a declaração tranquilizadora de não estarem sendo movidos por algum interesse inoportuno nem por tendências 1 despesas 2 suspensão do trabalho 3 abnegação dedicação A ideologia alemã 375 subversivas mas pelos mais puros motivos morais Eles querem tão somente a justa apreciação e prometem por sua honra e sua consciência que se mos trarão merecedores do preço mais alto A coisa toda tem um único propósito assegurar a cada um o Seu o seu ganho honesto e justo o gozo honesta mente obtido pelo trabalho Mas o fato é que o preço depende da posição do mercado de trabalho e não da revolta moral de alguns lavradores com formação literária mas de fato não se pode pedir que esses nossos bravos homens estejam cientes desse fato Esses revoltados do interior da Pomerânia são tão modestos que apesar de sua unanimidade que lhes confere poder para bem outras coisas que rem permanecer na condição de serviçais de qualquer jeito e um táler de diária é o que o seu coração mais deseja Daí que de modo bem coerente não são eles que catequizam o fazendeiro que está em seu poder mas é o fazendeiro que os catequiza O ânimo seguro e a forte autoestima do servo doméstico igualmente se manifesta na linguagem segura e forte que ele e seus companheiros utilizam Talvez pois bem a quantidade terá de fazer isso uma boa soma meu velho e bom senhor no mínimo Já anteriormente na proclamação constava caso isso fosse exigido decerto opa Nós pretendemos produzir decerto talvez por exemplo etc Temse a impressão de que os lavradores também montaram no famoso corcel Clavilenhoa Toda a ruidosa revolta do nosso Sancho se reduz portanto em última instância a um turnout mas um turnout na acepção incomum a saber um turnout berlinizado Ao passo que os turnouts reais nos países civilizados constituem uma parte cada vez mais secundária do movimento dos trabalha dores porque a união mais universal dos trabalhadores entre si leva a outras formas de movimento Sancho tenta apresentar o turnout em sua caricatura pequenoburguesa como a última e superior forma de luta no cenário da história mundial As ondas da revolta nos lançam agora nas praias da terra prometida onde manam leite e mel onde todo israelita autêntico se assenta debaixo de sua própria figueira e onde irrompeu o millennium1 da concordância C A associação Ao tratar da Revolta reunimos inicialmente as fanfarronadas de Sancho e então acompanhamos o desenrolar do ato puro do egoísta em acordo consigo mesmo Para tratar da associação seguiremos o caminho inver a Na França produzse relativamente mais do que no interior da Pomerânia Na França segundo Michel Chevalier se toda a produção anual for distribuída igualmente entre a população ela resulta em 97 francos per capita ou seja para uma família S M 1 reino de mil anos Karl Marx e Friedrich Engels 376 so em primeiro lugar examinaremos as instituições positivas para então confrontar as ilusões de nosso santo sobre elas 1 Propriedade fundiária Se não queremos mais deixar a terra para os proprietários fundiários mas sim nos apropriarmos dela nos unimos e formamos para alcançar este objetivo uma associa ção uma société sociedade que se torna a proprietária caso sejamos bem suce didos aqueles deixam de ser proprietários As terras e os terrenos transformamse em propriedade dos conquistadores E estes indivíduos se converterão em uma coletividade que disporá deles de maneira não menos arbitrária do que um indivíduo isolado ou do chamado propriétaire Assim também portanto a propriedade se mantém e precisamente como exclusiva já que a humanidade esta grande sociedade Sozietät exclui os indivíduos de sua propriedade dandolhes apenas talvez um pedaço arrendado a título de salário É assim que continua a ser e assim o será Aquilo de que todos querem ter uma parte é retirado daquele indivíduo que deseja têlo só para si tornandose um bem coletivo Como se trata de um bem coletivo cada um tem nele sua parte e esta parte é sua propriedade Assim também em nossas velhas relações uma casa que pertença a cinco herdeiros é seu bem comum mas a quinta parte de seu rendimento é a propriedade de cada um p 329 330 Depois que nossos intrépidos revoltados se constituíram como associa ção como sociedade e sob essa forma conquistaram um pedaço de terra esta sociedade esta pessoal moral tornase proprietária Para que isso não seja mal compreendido é dito logo a seguir que esta sociedade exclui o indivíduo de sua propriedade dandolhe apenas talvez uma parte arrendada a título de salário Dessa maneira São Sancho atribui a si e à sua associação a representação que ele tem do comunismo O leitor se recordará que Sancho em sua ignorância acusava os comunistas de pretenderem trans formar a sociedade no maior dos proprietários que ao indivíduo conferiria suas posses como feudo Não é o caso nem de longe que Sancho alimente em seus acólitos a espe rança de terem uma parte no bem coletivo Em outra ocasião Sancho afirma igualmente contra os comunistas Se a riqueza pertence à coletividade que Me beneficia com uma parte dela ou se ela pertence a proprietários isolados tratase para Mim da mesma coerção já que Eu não posso dispor dela em nenhum dos casos razão pela qual a sua coletividade também retira dele os seus bens por não querer que eles pertençam apenas a ele fazendoo sentir assim o poder da vontade coletiva Em terceiro lugar encontramos aqui mais uma vez a exclusividade que ele frequentemente reprovou na propriedade burguesa fazendo que não lhe pertença nem mesmo o miserável ponto sobre o qual ele se encontra Ele tem antes apenas o direito e o poder de acocorarse sobre ele como um miserável e oprimido servo da gleba A ideologia alemã 377 Em quarto lugar Sancho se apropria aqui do sistema feudal que para seu desgosto ele descobriu em todas as sociedades existentes ou projetadas até agora A sociedade conquistadora embriagase mais ou menos como o fizeram as associações dos germanos semisselvagens que conquistaram as províncias romanas e aí estabeleceram um sistema ainda mais cruel conservando as características do velho sistema tribal Ela concede a cada indivíduo um pedacinho de terra como salário Entretanto no estágio em que se encontram Sancho e os germanos do século XVI o sistema feudal ainda se assemelha muito ao sistema de salário Ademais podese entender por que a propriedade tribal honradamente trazida aqui mais uma vez por Sancho tivesse de se dissolver dentro de pouco tempo nas atuais relações O próprio Sancho percebe isso quando proclama É assim que continua a ser e bonito E assim o será e finalmente através do seu grande exemplo da casa dos cinco herdeiros ele prova que não tem de modo algum a intenção de superar os limites de nossas velhas relações Todo o seu plano para a organização da propriedade fundiária tem apenas o objetivo de nos reconduzir por meio de um desvio histórico ao arrenda mento hereditário pequenoburguês e à propriedade familiar das cidades do Império alemão Das nossas velhas quer dizer das atuais relações existentes Sancho se apoderou apenas de seu absurdo jurídico segundo o qual os indivíduos ou propriétaires se ocupam da propriedade fundiária de maneira arbitrária Na associação esta presumida arbitrariedade deve continuar a ser exercida por parte da sociedade O que acontece com o solo é tão indiferente para a associação que a sociedade pode talvez arrendar as suas parcelas para os indivíduos assim como pode talvez não fazêlo Tudo isso é total mente indiferente Que com uma determinada organização da agricultura seja dada uma determinada forma de atividade a saber a subsunção a um determinado nível da divisão do trabalho é algo que Sancho certamente não tem como saber Mas qualquer pessoa pode notar que os pequenos servos da gleba aqui apresentados por Sancho estão longe da condição de poder a partir de cada um converteremse num Eu todopoderoso e o quão pouco a sua propriedade feita de suas parcelas miseráveis corresponde à tão festejada propriedade de tudo No mundo real o intercâmbio entre os indivíduos depende de seu modo de produção e por isso o talvez de Sancho possa colocar abaixo toda a sua associa ção Mas talvez ou melhor sem dúvida aparece aqui a verdadeira concepção de Sancho sobre o inter câmbio na associação ou seja a concepção de que o intercâmbio egoísta tem o Sagrado como seu fundamento Aqui Sancho aparece à luz do dia com a primeira instituição de sua futura associação Os revoltados que aspiravam se tornar os sem constitui ção ao se autoinstituírem acabam por escolher uma constituição da propriedade fundiária Vemos que Sancho tinha razão quando não alimentava Karl Marx e Friedrich Engels 378 grandes esperanças acerca das novas instituições Mas ao mesmo tempo notamos que ele assume um alto posto entre os talentos sociais e que é extraordinariamente inventivo ao propor instituições sociais 2 Organização do trabalho A organização do trabalho diz respeito apenas àqueles trabalhos que outros podem fazer por Nós como por exemplo o abate de animais a lavoura etc os demais trabalhos conservam a sua natureza egoísta porque ninguém pode por exemplo conceber em Teu lugar Tuas composições musicais executar por Ti os Teus esboços de pintura etc Ninguém pode substituir as obras de um Rafael Estas são trabalhos de um Único que somente este Único é capaz de realizar enquanto aqueles outros trabalhos merecem ser chamados de hu manos na p 356 esse adjetivo aparece como idêntico a de serventia geral pois o elemento próprio é nesse caso de mui pouca importância de modo que qualquer pessoa pode ser adestrada a fim de executálos p 355 É sempre útil que nos coloquemos de acordo sobre o tema do trabalho humano a fim de que ele não tome todo o nosso tempo e esforço como acontece sob o regime da concorrência Mas para quem o tempo deve ser ganho Para que propósito o homem necessita de mais tempo além daquele que é necessário para recuperar suas forças de trabalho enfraquecidas Sobre isto o comunismo se cala Para quê Para que ele possa se regozijar em seu trabalho como Único depois de ter feito seu trabalho como homem p 3567 Por meio do trabalho eu posso ocupar as funções de um presidente de um ministro etc para o exercício destas funções só se exige uma formação geral acessível a qualquer pessoa Mas se estes cargos podem ser confiados a qualquer um somente aquele que possua a força própria do indivíduo poderá lhes conferir vida e significado E já que ele realiza a sua função não como um homem comum mas acrescenta a isto a capacidade Vermögen própria de sua natureza única não se pode pagar a ele o mesmo que se paga a um funcionário ou Ministro E se ele se tornou digno de que Vós o agradecêsseis e caso queirais conservar para Vós esta força do Único tão digna de gratidão então não podereis pagálo como se ele fosse uma pessoa comum que apenas executa um trabalho humano mas sim como alguém que realiza algo único p 3623 Caso consigais proporcionar satisfação a milhares de pessoas estas Te retri buirão pois estará em Teu poder a possibilidade de deixar de fazêlo e sendo assim elas terão de remunerar a Tua atividade p 351 Minha natureza única não pode ser aferida por nenhuma taxa salarial geral como se fosse algo que eu fizesse na qualidade de homem Apenas para o trabalho humano pode ser estabelecida uma taxa salarial Que se estabeleça portanto uma taxa salarial geral para o trabalho humano desde que não Vos priveis de Vossa natureza única p 363 Como exemplo da organização do trabalho na associação é mencionada na p 365 a já citada padaria pública Essas instituições públicas devem ser um verdadeiro milagre sob as parcelas bárbaras acima pressupostas A ideologia alemã 379 Inicialmente o trabalho humano deve ser organizado e assim ter o seu tempo reduzido para que o Irmão Straubinger308 possa mais tarde quando estiver de folga regozijarse em seu trabalho como Único p 357 enquanto na p 363 o tornarse feliz do Único se dissolve em seu ganho extra Já na página 363 a exteriorização da vida do Único não vem depois da realização do trabalho humano mas ao contrário o trabalho humano é o único que pode ser feito e exige então um aumento salarial O Único que nada tem a ver com a sua natureza única mas apenas com um salário mais alto des de já poderia encerrar a sua natureza dentro do guardaroupa e com isso contentarse a despeito da sociedade com encenar uma farsa para os homens comuns e para si mesmo Segundo a p 356 o trabalho humano compatibilizase com a utilidade geral porém nas páginas 351 e 363 o trabalho único se afirma precisamente pelo fato de receber uma remuneração extra como trabalho de utilidade geral ou pelo menos de utilidade para muitos A organização do trabalho na associação consiste então na separação entre trabalho humano e trabalho único no aferimento de uma taxa salarial para o trabalho humano e de uma barganha por um aumento salarial para o trabalho único Esse aumento salarial é novamente duplo isto é um para a realiza ção única do trabalho humano e outro para a realização única do trabalho único o que dá origem a uma contabilidade tanto mais intricada quanto é verda de que o que ontem era um trabalho único por exemplo a fiação do fio de algodão no 200 hoje se torna um trabalho humano e que para garantir o anda mento único dos trabalhos humanos exigese uma contínua automoucharderie 1 em interesse próprio e uma moucharderie geral em interesse público Todo esse importante plano de organização resulta portanto de uma apropriação in teiramente pequenoburguesa da lei da oferta e da procura que hoje existe e foi desenvolvida por todos os economistas Sancho pode encontrar essa lei a partir da qual é determinado o preço daqueles trabalhos que ele considera únicos como por exemplo o trabalho de uma dançarina o de um médico ou advogado notáveis já explicada por Adam Smith e calculada pelo norte americano Cooper Os mais recentes economistas também explicaram a par tir dessa lei o salário elevado daquilo que eles chamam de travail improductif 2 e o baixo salário do lavrador diarista em suma explicaram as desigualdades dos salários Novamente chegamos com a ajuda de Deus à concorrência mas à concorrência numa situação inteiramente rebaixada tão rebaixada a ponto de Sancho poder propor uma taxação uma fixação do salário por meio de leis como se fazia antigamente nos séculos XIV e XV Vale a pena ainda mencionar que a representação aqui trazida à luz por Sancho também se encontra como algo inteiramente novo no Senhor Messias o Dr Georg Kuhlmann von Holstein 1 autoespionagem 2 trabalho improdutivo Karl Marx e Friedrich Engels 380 O que Sancho chama aqui de trabalhos humanos é com exceção de suas fantasias burocráticas o mesmo que em outros casos se entende por trabalho mecânico cuja realização o desenvolvimento da indústria deixa cada vez mais às máquinas Na associação sob a organização da propriedade fundiária tal como esboçada acima as máquinas são claramente uma impossibilidade e por isso os servos da gleba em acordo consigo mesmos preferem entrar em concordância acerca desses trabalhos Sobre presidentes e ministros Sancho this poor localized being 1 como diz Owen os julga a partir de seu ambiente mais imediato Como sempre Sancho é novamente aqui infeliz em seus exemplos prá ticos Ele acha que ninguém poderia conceber em Teu lugar tuas composi ções musicais executar por Ti os Teus esboços de pintura Ninguém pode substituir as obras de um Rafael Mas Sancho poderia muito bem saber que não foi o próprio Mozart e sim uma outra pessoa quem criou grande parte do Réquiem de Mozart e foi inteiramente responsável pelo seu acabamento final309 e que o próprio Rafael executou pessoalmente apenas uma parte ínfima de seus afrescos Ele imagina que os chamados organisateurs do trabalho310 queriam or ganizar a atividade total de cada indivíduo enquanto justamente neles se estabelece a diferença entre o trabalho produtivo imediato que deve ser organizado e o trabalho produtivo não imediato Mas de acordo com o pensamento deles nesses trabalhos não ocorre que cada um deva como Sancho imagina trabalhar no lugar de Rafael mas sim que todo aquele que esconde em si um Rafael possa se desenvolver livremente Sancho imagina que Rafael tenha produzido as suas pinturas independentemente da divisão do trabalho vigente na Roma de seu tempo Caso ele compare Rafael com Leonardo da Vinci e Ticiano poderá então perceber o quanto as obras de arte do primeiro eram condicionadas pela Roma florescente daquele tempo educada sob influência florentina ao passo que as do segundo eram condi cionadas pelas condições de Florença e as do terceiro enfim pelo desenvol vimento totalmente diferenciado de Veneza Rafael tanto quanto qualquer outro artista estava condicionado pelos progressos técnicos da arte feitos antes dele pela organização da sociedade e da divisão do trabalho em sua localidade e finalmente pela divisão do trabalho em todos os países com os quais sua localidade mantinha comércio Se um indivíduo como Rafael virá a desenvolver seu talento é algo que depende inteiramente da procura que por sua vez depende da divisão do trabalho e das condições de formação dos homens que dela resultam Ao proclamar a natureza única do trabalho científico e artístico Stirner adota uma posição muito abaixo da posição burguesa Em nosso tempo já foi descoberta a necessidade de organizar esta atividade única Horace 1 este pobre ser de limitação local A ideologia alemã 381 Vernet311 não teria tido tempo para realizar um décimo de suas pinturas caso houvesse ponderado que eram trabalhos que somente este Único está apto a realizar A grande demanda por vaudevilles312 e por romances em Paris provocou uma organização do trabalho para a produção desses artigos produção esta que continua sempre a criar algo superior aos seus concorrentes únicos na Alemanha Na astronomia pessoas como Arago Herschel Encke e Bessel acharam necessário organizarse para observações conjuntas e apenas a partir de então chegaram a alguns resultados aceitáveis Na historiografia é absolutamente impossível para o Único produzir algo e aqui também os franceses por meio da organização do trabalho há muito tempo superaram todas as outras nações No entanto é evidente digase de passagem que todas essas organizações que se baseiam na moderna divisão do trabalho continuam a conduzir aos resultados os mais restritos e que só representam um progresso se confrontados com o isolamento tacanho em que nos encontramos até agora É preciso ainda destacar que Sancho confunde a organização do trabalho com o comunismo e até mesmo se espanta com o fato de o comunismo não responder às suas dúvidas sobre esta organização É assim que um jovem camponês da Gasconha se espanta com o fato de Arago não saber lhe dizer sobre qual estrela o Deus todopoderoso instalou seu trono A concentração exclusiva do talento artístico em alguns indivíduos e com isso a sua permanente asfixia em meio às grandes massas é conse quên cia da divisão do trabalho Mesmo se em certas condições sociais cada um fosse um pintor notável isso não significaria necessariamente que cada um fosse além disso um pintor original de modo que também aqui a diferença entre trabalho humano e trabalho único se mostra como um puro absurdo Sob uma organização comunista da sociedade permanece de todo modo a subsunção do artista à estreiteza local e nacional que decorre puramente da divisão do trabalho e a subsunção do indivíduo a esta arte determinada de modo que ele é exclusivamente pintor escultor etc e até mesmo o nome de sua atividade expressa continuamente a estreiteza de seu desenvolvimento social e sua dependência da divisão do trabalho Numa sociedade comunista não há nenhum pintor mas no máximo homens que entre outras atividades também pintam A organização do trabalho de Sancho mostra claramente o quanto todos esses cavaleiros filosóficos da substância se apoiam em meras fraseologias A subsunção da substância ao sujeito à qual eles dedicam as palavras mais sublimes isto é o rebaixamento da substância que domina o sujeito a um mero acidente desse sujeito mostrase como mero discurso vazioa a Se Sancho tivesse levado a sério suas frases teria que ter abordado a questão da divi são do trabalho Mas ele passa por cima disso e aceita sem pensar a atual divisão do Karl Marx e Friedrich Engels 382 Por isso eles negligenciam tranquilamente a divisão de trabalho a produção material e o intercâmbio material justamente tudo aquilo que subsume os indivíduos a determinadas relações e modos de atividade Em geral para eles se trata apenas de descobrir novas fraseologias para a interpretação do mundo existente fraseologias que se esgotam em bazófias burlescas na mesma medida em que eles cada vez mais acreditam se elevar acima deste mundo e pôrse em oposição a ele Do que Sancho constitui um exemplo deplorável 3 Dinheiro O dinheiro é uma mercadoria e mais precisamente um meio ou um bem essencial pois ele protege a fortuna da ossificação mantém sua liquidez e promove sua circulação Mesmo se conheceis um melhor meio de troca ele sempre se converterá novamente em dinheiro p 364 Na p 353 o dinheiro é definido como propriedade corrente ou circu lante Na associação portanto será mantido o dinheiro essa propriedade pu ramente social despojada de todo elemento individual O quão aprisionado Sancho se encontra da perspectiva burguesa é mostrado em sua preocupa ção com um meio de troca melhor Assim ele inicialmente pressupõe que é necessário um meio de troca em geral e então ele não conhece nenhum outro meio de troca que não seja o dinheiro Que um navio uma ferrovia que transportam mercadorias sejam também meios de troca é algo que não lhe interessa De modo que para não falar meramente de meio de troca mas especialmente do dinheiro ele é necessariamente levado a introduzir as de mais determinações do dinheiro dizendo que ele é o meio universal de troca corrente e circulante que ele conserva a liquidez de toda propriedade etc Com isso também são introduzidas as determinações econômicas que Sancho não conhece mas que são precisamente aquelas determinações que consti tuem o dinheiro e com elas também são introduzidos toda a situação atual o regime de classes o domínio da burguesia etc Inicialmente nos deteremos em algumas explicações sobre o curso muito original das crises financeiras na associação Surge o problema De onde tirar dinheiro Não se deve pagar com dinheiro ao que pode sobrevir a penúria mas sim com sua capacidade Vermögen única coisa de trabalho para poder aproveitála em sua associação Se tivesse se aproximado da abordagem desse objeto teria por certo descoberto que a divisão do trabalho não é superada pelo simples fato de ter sido retirada da cabeça A luta dos filósofos contra a substância e sua total negligência em relação à divisão do trabalho à base material onde tem origem o fantasma da substância apenas comprova que estes heróis se voltam apenas para a destruição de frases e de modo algum para a mudança das relações de onde estas frases deviam surgir S M A ideologia alemã 383 que Nos podemos dizer abastados Não é o dinheiro que Vos causa danos mas a Vossa incapacidade Unvermögen de o adquirir E então a exortação moral Deixai Vossa capacidade atuar agrupaiVos e ela não Vos faltará sob a forma de dinheiro Vosso dinheiro dinheiro de Vosso cunho Saibas pois que Tu tens tanto dinheiro quanto tens de capacidade pois Tu vales tanto quanto consegues Te impor p 353 364 No poder do dinheiro na autonomização do meio universal de troca tanto em relação à sociedade como em relação aos indivíduos evidencia se da forma mais nítida a autonomização das relações de produção e de intercâmbio em geral Portanto como de costume Sancho não sabe nada da ligação das relações financeiras com a produção geral e com o intercâmbio Como bom burguês ele poupa sossegado seu dinheiro o que não poderia ser diferente dada sua divisão do trabalho e a organização da propriedade fundiária O poder real do dinheiro que se sobressai nas crises monetárias e pressiona o pequenoburguês consumista na forma de uma permanente falta de dinheiro também é para o egoísta em acordo consigo mesmo um fato altamente desagradável Ele se livra de seu incômodo ao exprimir de forma invertida a representação habitual do pequenoburguês e ao introduzir a aparência de que a posição dos indivíduos em relação ao poder do dinheiro é uma coisa que depende puramente do querer ou do esforço pessoal Esse desvio bemsucedido lhe dá então ocasião de dirigir ao pequenoburguês que se encontra pasmado e ainda por cima desanimado com a falta de di nheiro um sermão moral impregnado de sinonímia etimologia e metafonia com o que ele se livra de todas as questões inoportunas sobre as causas dos apuros financeiros Primeiramente a crise financeira consiste em que todos os bens são de uma só vez depreciados em relação ao meio de troca e perdem a ca pacidade sobre o dinheiro A crise se manifesta precisamente quando não se é mais capaz de pagar com a sua capacidade mas se é obrigado a pagar com dinheiro Isso por sua vez não ocorre pelo fato de advir a escassez de dinheiro como imagina o pequenoburguês que avalia a crise a partir de sua miséria privada mas sim pelo fato de que o dinheiro como mercadoria uni versal como propriedade corrente e circulante tem sua diferença fixada em relação a todas as outras mercadorias especiais que repentinamente dei xam de ser propriedade corrente As causas desse fenômeno para o agrado de Sancho não podem ser aqui analisadas Aos pequenos merceeiros sem dinheiro e sem esperança Sancho oferece primeiramente o lenitivo de que a causa da escassez de dinheiro e da crise inteira não estaria no dinheiro mas sim na sua incapacidade em adquirilo O arsênico não é o culpado pela morte de alguém que o ingeriu mas sim a incapacidade de sua constituição em digerilo Karl Marx e Friedrich Engels 384 Depois de Sancho ter definido o dinheiro como um bem essencial e in clusive específico como meio universal de troca como dinheiro na acepção comum ele dá de repente meiavolta na questão tão logo percebe a quais dificuldades isso o levaria e considera todo patrimônio como dinheiro a fim de produzir a aparência do poder pessoal A dificuldade durante a crise advém justamente quando todo bem cessa de ser dinheiro Isso resulta aliás na práxis do burguês que só aceita todo bem como meio de pagamento enquanto esse todo bem for dinheiro e que só cria dificuldades quando se torna difícil transformar esse bem em dinheiro situação na qual ele tam bém não o considera mais como um bem A dificuldade na crise consiste além disso precisamente no fato de que Vós pequenoburgueses a quem Sancho fala aqui não podeis mais fazer circular o dinheiro de Vosso cunho Vossas letras de câmbio senão que de vós é exigido dinheiro dinheiro que não foi cunhado por Vós e que não mostra nenhuma evidência de que tenha passado por Vossas mãos Por fim Stirner distorce o lema burguês Tu vales tanto quanto tens de dinheiro no seguinte lema Tu tens tanto dinheiro quanto vales com o que ele não altera nada mas apenas introduz a aparência do poder pessoal e com isso é expressa a trivial ilusão burguesa de que cada um é o próprio culpado pelo fato de não ter dinheiro Então Sancho conclui com o clássico ditado burguês Largent na pas de maitre 1 e pode então subir ao púlpito e exclamar Deixai Vossa capacidade agir reuniVos e o dinheiro não Vos faltará Je ne connais pas de lieu à la bourse où se fasse le transfert des bonnes intentions2 Ele precisava apenas acrescentar Consegui Vosso crédito knowledge is power3 o primeiro centavo é mais difícil de conseguir do que o último milhão aceitai o conselho de serdes comedido e de poupardes o que é Vosso principalmente não o multiplicai demais etc desse modo Sancho teria nos deixado entrever não uma mas as duas orelhas de burro Em geral para esse homem para quem cada um é o que pode ser e faz o que pode fazer todos os capítulos terminam com postulados morais Na associação de Stirner o regime monetário é desse modo o regime atualmente existente expresso sob a forma eufemística confortável e lírica de um pequenoburguês alemão Depois que Sancho desfilou desse modo com as orelhas de seu Ruço eis que se ergue SzeligaDom Quixote em toda sua esqualidez para irromper com um solene discurso sobre a moderna cavalaria andante no qual o dinhei ro é transformado na Dulcineia del Toboso e os fabricantes e commerçants en masse4 são transformados em cavaleiros mais especificamente em cavalhei ros de indústria O discurso tem ainda o objetivo adicional de provar que 1 O dinheiro não tem dono 2 Não conheço nenhum lugar na bolsa onde se negociem boas intenções 3 saber é poder 4 comerciantes em massa A ideologia alemã 385 o dinheiro sendo um meio essencial é também na essência filha313 E ele ampliou os seus direitos e disse A felicidade e a infelicidade dependem do dinheiro Razão pela qual ele é no período burguês um poder porque ele é apenas cortejado como uma moça uma leiteira per appositionem Dulcineia sem que no entanto forme um par indissolúvel com ninguém Todo romantismo e espírito ca valheiresco do galanteio por um objeto caro é revigorado na concorrência O dinheiro um objeto do desejo é arrebatado pelos audazes cavalheiros de indústria p 364 Sancho obteve agora uma profunda explicação sobre a razão pela qual o dinheiro é um poder no período burguês primeiramente porque dele de pendem a felicidade e a infelicidade e em segundo lugar porque ele é uma moça Ele descobriu além disso por que ele pode ficar sem seu dinheiro a saber porque uma moça não forma um par indissolúvel com ninguém Agora o pobrediabo sabe onde se encontra Szeliga que fez do burguês um cavaleiro agora faz por conseguinte do comunista um burguês e inclusive um marido burguês Quem tem sorte casase com a noiva O vadio Lump tem sorte ele invade o seu lar a sociedade e desonra a donzela Em sua casa ela não é mais noiva mas sim esposa e juntamente com sua virgindade ela perde o nome de fa mília Como donadecasa a senhorita Dinheiro passa a se chamar Trabalho pois Trabalho é o nome do marido Ela é uma propriedade do marido Para completar o quadro o filho de Trabalho e Dinheiro é de novo uma moça essencialmente moça uma moça solteira será que Szeliga já viu uma moça sair casada do ventre de sua mãe portanto Dinheiro Depois da prova exposta acima de que todo dinheiro é uma moça solteira fica eviden te que todas as moças solteiras são dinheiro Dinheiro por tanto mas descendente reconhecido do Trabalho seu pai toute recherche de la paternité est interdite 1 A forma do rosto a efígie traz uma outra feição p 3645 Essa história de casamento enterro e batismo de criança basta por si só para mostrar o quanto ela é a essencialmente filha de Szeliga e mais precisamente filha com descendência reconhecida Sua razão última se encontra na ignorância de Sancho seu excavalariço Tal ignorância evidencia se nitidamente no final quando o orador volta a se ocupar sofregamente do cunho do dinheiro e revela que continua a considerar a moeda metálica o mais importante meio circulante Caso tivesse se ocupado um pouco mais de perto com as relações econômicas do dinheiro ele em vez de tecerlhe uma bela grinalda verde314 saberia que para não falar dos títulos públicos ações públicas etc é a letra de câmbio que constitui a maior parte dos meios circulantes enquanto o papelmoeda constitui uma parte proporcionalmente 1 toda investigação de paternidade está proibida artigo 340 do Código Napoleônico Karl Marx e Friedrich Engels 386 muito menor e a moeda metálica uma parte ainda menor desses meios Na Inglaterra por exemplo circula quinze vezes mais dinheiro em forma de letras de câmbio e notas bancárias do que sob a forma metálica E mesmo no que diz respeito à moeda metálica ela é puramente definida pelos cus tos de produção quer dizer pelo trabalho Portanto o longo processo de procriação de Stirner foi aqui supérfluo As solenes reflexões que Szeliga sustenta sobre o meio de troca baseado no trabalho e assim diferenciado do dinheiro atual meio de troca que ele descobriu com alguns comunistas apenas provam uma vez mais a ingenuidade com a qual nossa nobre dupla acredita em tudo que lê Quando depois dessa cavalheiresca e romântica investida de ga lanteio os dois cavalgam para casa não se veem dois cavaleiros trazendo consigo a felicidade nem tampouco a noiva e menos ainda o dinheiro mas se veem quando muito um vadio Lump a carregar o outro 4 Estado Vimos como Sancho em sua associação conserva a forma existente da propriedade fundiária a divisão do trabalho e o dinheiro na forma como essas relações vivem na representação de um pequenoburguês Que a par tir dessas premissas Sancho não consiga se ver livre do Estado é algo que transparece à primeira vista De início sua recémconquistada propriedade tem de assumir a forma da propriedade garantida de direito Já ouvimos Aquilo em que todos querem tomar parte será retirado daquele indivíduo que quer têlo só para si p 330 Aqui portanto é afirmada a vontade da coletividade sobre a vontade do indivíduo isolado Como cada um dos egoístas em acordo consigo mesmo pode entrar em desacordo com os outros e desse modo entrar em contradição a vontade coletiva deve também ter uma expressão diante dos indivíduos isolados e a essa vontade se dá o nome de vontade do Estado p 257 Suas definições são pois definições jurídicas A execução dessa vontade coletiva tornará necessária por sua vez a adoção de medidas repressivas e o emprego da violência oficial Assim as associações se tornam também nesta questão a da propriedade o meio pelo qual os indivíduos multiplicam e asseguram sua propriedade contestada garantem portanto a propriedade garantida logo a propriedade de direito logo a propriedade que Sancho não possui incondicionalmente mas que ele ostenta como um feudo à frente da associação p 342 Entendese então que com as relações de propriedade todo o direito civil seja novamente produzido e que o próprio Sancho exponha por exemplo a doutrina do contrato inteiramente no sentido dos juristas tal como segue A ideologia alemã 387 Também não tem importância se Eu privo a Mim mesmo desta ou daquela liberdade por exemplo por meio de um contrato qualquer p 409 E para assegurar os contratos contestados também não terá impor tância se ele tiver por sua vez que se submeter a um tribunal e a todas as atuais consequências de um processo civil Assim voltamos a nos aproximar saindo lentamente do crepúsculo e da noite das relações existentes mas existentes apenas na representação anã do pequenoburguês alemão Sancho confessa Em relação à liberdade não existe entre o Estado e a associação nenhuma diferença essencial Do mesmo modo que o Estado não pode conviver com uma liberdade ilimitada assim também a associação não pode surgir nem se manter sem que a liberdade seja limitada de todas as maneiras A limitação da liberdade é por toda parte inevitável pois não se pode livrarse de tudo não se pode voar como um pássaro simplesmente porque se gostaria de fazêlo etc A associação ainda será limitada pela ausência de liberdade e espontanei dade pois seu objetivo não é exatamente a liberdade que ele ao contrário da peculiaridade sacrifica mas tão somente a peculiaridade p 4101 Abstraindo por ora da cômica distinção entre liberdade e peculiaridade o fato é que Sancho sem o querer já sacrificou sua peculiaridade em sua associação por meio das instituições econômicas Como um autêntico devoto do Estado ele só vê uma limitação onde começam as instituições políticas Ele deixa subsistir a velha sociedade e com ela a subsunção dos indivíduos à divisão do trabalho sendo assim ele não pode escapar ao destino firmar para si uma peculiaridade separada da divisão do trabalho e da ocupação e da situação material que essa divisão do trabalho designou a ele Se por exemplo a sorte lhe ordenasse trabalhar como oficial de serralheiro em Wil lenhall315 então sua peculiaridade imposta consistiria numa torção das ancas que lhe deixaria uma perna aleijada se o fantasmatítulo316 de seu livro tivesse de existir como fiandeira sua peculiaridade consistiria em dois joelhos entrevados Mesmo se nosso Sancho permanecesse em sua antiga profissão como servo da gleba que Cervantes já lhe havia consagrado e que ele agora a considerasse sua vocação própria para a qual estivesse destinado ainda assim seria reservada a ele por força da divisão do trabalho e da sepa ração entre cidade e campo a peculiaridade de se tornar um mero animal local privado de todo intercâmbio com o mundo e consequentemente de toda formação Assim se excepcionalmente quisermos tomar a peculiaridade no sentido de individualidade poderemos dizer que Sancho perde sua peculiaridade malgré lui 1 por meio da organização social Que também por meio da orga 1 contra a sua vontade Karl Marx e Friedrich Engels 388 nização social ele renuncie à sua liberdade é algo inteiramente coerente e só serve para provar com mais clareza o quanto ele se esforça para se apropriar da situação atual no interior da associação A diferença essencial entre liberdade e individualidade forma portanto a distinção entre a situação atual e a associação Já vimos como essa distinção é essencial A maior parte dos membros de sua associação possivelmente não se incomodará com tal distinção mas sim decretará o serlivre dela e se com isso ele não sossegar ela lhe demonstrará a partir de seu próprio Li vro em primeiro lugar que não existe nenhuma essência mas que essência e distinção essencial são o Sagrado em segundo lugar ela provará que a associação não tem absolutamente nada a questionar acerca da natureza das coisas e do conceito da relação e em terceiro lugar que ela não atenta de modo algum contra sua peculiaridade e sim somente contra sua liberdade de exteriorizála Quem sabe ela venha a lhe demonstrar caso ele se esforce em se tornar um sem constituição que ela só limita a sua liberdade quando o encarcera lhe administra pancadas lhe arranca uma perna e que ele partout et toujours é próprio enquanto ainda for capaz de dar os sinais de vida de um polvo de uma ostra ou mesmo de um cadáver galvanizado de rã Pelo seu trabalho ela lhe atribuirá um determinado preço como já ouvimos não permitirá uma valorização realmente livre de sua propriedade uma vez que com isso ela lhe tolhe a liberdade não a peculiaridade coisa que Sancho na p 338 censura no Estado O que deve fazer então o servo Sancho Contar consigo próprio e nada perguntar sobre a associação Por fim sempre que ele esbravejar contra os obstáculos a ele colocados ela lhe insinuará que enquanto ele tiver a peculiaridade de conceber as liberdades como peculiaridades tomará ela a liberdade de considerar suas peculiari dades como liberdades Do mesmo modo como a distinção acima mencionada entre trabalho humano e trabalho único era somente uma apropriação tacanha da lei da oferta e da procura agora a diferença entre liberdade e peculiaridade é uma apropriação tacanha da relação entre Estado e sociedade civil ou como diz o senhor Guizot entre liberté individuelle e pouvoir public1 Tanto é assim que em seguida ele pode copiar Rousseau quase que literalmente A convenção segundo a qual cada um deve sacrificar uma parte de sua liberdade não se deve de modo algum a um querer universal ou então tão somente ao querer de um outro homem mas a isto Eu a aceito antes apenas por proveito próprio No que diz respeito ao sacrifício eu só sacrifico a bem dizer aquilo que não se encontra em meu poder isto é eu não sacrifico absolutamente nada p 418 Essa é uma qualidade que o servo em acordo consigo mesmo compar tilha com todo outro servo e em geral com todo indivíduo que já tenha vivido 1 liberdade individual poder público A ideologia alemã 389 sobre a face da terra Comparar também com Godwin Political Justice317 Sancho parece digase de passagem possuir a peculiaridade de acreditar que em Rousseau os indivíduos fazem o contrato por amor ao universal o que jamais ocorreu a Rousseau No entanto restalhe um consolo O Estado é sagrado mas a associação é não sagrada E nisso consiste a grande diferença entre Estado e associação p 411 Portanto a grande diferença resulta em que a associação é o verdadeiro Estado moderno e que o Estado é a ilusão stirneriana do Estado prussiano que ele equivocadamente toma pelo Estado em geral 5 Revolta Sancho confia tão pouco afinal de contas com razão em suas sutis dis tinções entre Estado e associação sagrado e não sagrado humano e único peculiaridade e liberdade que encontra seu refúgio na ultima ratio1 do egoís ta em acordo consigo mesmo a revolta Desta vez no entanto ele não se revolta contra si mesmo como antes pretendia mas contra a associa ção Assim como primeiramente ele buscava compreender todos os pontos no interior da associação aqui também se dá o mesmo com a revolta Caso a comunidade não me faça justiça eu me revolto contra ela e defendo minha propriedade p 343 Se a revolta não prosperar a associação o excluirá encarcerandoo banindoo etc p 2567 Sancho tenta aqui adotar os droits de lhomme 2 de 1793 entre os quais também se inclui o direito à insurreição318 um direito humano que certa mente traz frutos amargos para quem o emprega no seu sentido próprio Toda a associação de Sancho resulta portanto no seguinte enquanto antes ele considerava a crítica das relações existentes apenas pelo lado da ilusão agora na associação ele procura conhecer essas relações em seu conteúdo real e afirmar esse conteúdo contra as ilusões anteriores Nessa tentativa nosso ignorante mestreescola tinha naturalmente de obter um retumbante fracasso Ele se esforçou uma vez em assimilar a natureza das coisas e o conceito da relação mas de nenhuma coisa ou relação ele conseguiu eliminar o espírito da estranheza Agora que já tomamos conhecimento da associação em sua forma real restanos apenas considerar as duas representações fanáticas que Sancho faz dela a saber a religião e a filosofia da associação 1 último recurso 2 direitos do homem Karl Marx e Friedrich Engels 390 6 Religião e filosofia da associação Começamos aqui novamente com o ponto com o qual abrimos mais acima a apresentação da associação Sancho utiliza duas categorias propriedade e riqueza as ilusões sobre a propriedade correspondem principalmente aos dados positivos fornecidos sobre a propriedade fundiária já as ilusões sobre a riqueza correspondem aos dados sobre a organização do trabalho e o regime monetário na associação A Propriedade p 331 O mundo Me pertence Interpretação de seu aforamento da parcela p 343 Eu sou o proprietário de tudo o que necessito um dissimulado circunlóquio para dizer que as suas necessidades são as suas posses e que aquilo de que ele necessita como servo é condicionado por suas relações Os economistas afirmaram da mesma maneira que o trabalha dor é proprietário de tudo aquilo de que como trabalhador ele tem necessi dade Ver em Ricardo319 o desenvolvimento sobre o valor mínimo do salário p 343 Mas agora tudo Me pertence Verniz musical sobre a taxa salarial sua parcela seu permanente apuro financeiro e sua exclusão de tudo aquilo que a sociedade não quer que ele possua sozinho A mesma tese também é expressa na p 327 da seguinte forma Seus quer dizer os de outrem bens são Meus e desse modo deles eu disponho como proprietário na medida do meu poder Esta altissonante Allegro marciale 1 transformase em seguida numa sua ve cadência na garupa da qual ela monta pouco a pouco destino habitual de Sancho p 331 O mundo Me pertence Vós comunistas dizeis algo diferente com a frase invertida O mundo pertence a todos Todos são Eu e novamente Eu e assim por diante por exemplo Robespierre SaintJust etc p 415 Eu sou Eu e Tu és Eu mas este Eu no qual Nós todos somos iguais é apenas Meu pensamento uma universalidade o Sagrado A variação prática deste tema encontrase na p 330 onde os indivíduos como uma massa conjunta quer dizer todos são contrapostos como poder regulador aos indivíduos isolados quer dizer ao Eu distinto de todos 1 marcha ligeira A ideologia alemã 391 Finalmente então essas dissonâncias resolvemse no acorde final paci ficador de que aquilo que eu não possuo é em todo caso a propriedade de um outro Eu A propriedade de todos é com isso apenas a interpretação do fato de que cada um possui uma propriedade exclusiva p 336 Porém a propriedade só é Minha se eu dela puder dispor incondi cionalmente Na qualidade de Eu absoluto Eu tenho propriedade realizo o livre comércio Já sabemos que quando a liberdade comercial e a incondicionalidade não são respeitadas atentase apenas contra a liberdade e não contra a peculia ridade A propriedade incondicional é um suplemento adequado para a propriedade assegurada garantida na associação p 342 Segundo a opinião dos comunistas a comunidade deve ser a proprie tária Eu ao contrário sou proprietário e só Me entendo com os outros quando se trata da Minha propriedade Na p 329 vimos como a société 1 se torna proprietária e na p 330 como ela exclui os indivíduos de sua propriedade Vimos em linhas gerais o sistema feudal tribal apresentado como o mais grosseiro início do feuda lismo Conforme a p 416 sistema feudal ausência de propriedade razão pela qual segundo a mesma página a propriedade só é reconhecida na associação e somente na associação e inclusive por um motivo razo ável porque ninguém mais adquire o que é seu a partir de um outro ser como um feudo ibidem Significa dizer que no sistema feudal até agora existente o outro ser era o senhor feudal na associação ele é a société Do que se depreende quando muito que Sancho tenha uma propriedade exclusiva mas de modo algum assegurada no ser da história até nossos dias Em conexão com a p 330 de acordo com a qual cada indivíduo é excluí do daquilo que a sociedade entende que ele não tem o direito de possuir sozinho e com o regime estatal e jurídico da associação é dito na p 369 Propriedade jurídica e legítima de um outro será apenas aquela que considerares como justo que seja sua propriedade Caso isso deixe de Te parecer justo ela perde sua legitimidade para Ti e zombarás do direito absoluto a ela Com isso ele reconhece o admirável fato de que o que é de direito na associação não necessita para ele ser justo um direito humano inques tionável Por haver na associação a instituição dos antigos parlamentos fran ceses que Sancho tanto ama ele poderá até mesmo registrar sua reclamação e depositála nos tribunais restandolhe o consolo de que não se pode livrarse de tudo 1 sociedade Karl Marx e Friedrich Engels 392 As frases até agora citadas parecem estar em contradição uma com a outra e também com a realidade da associação A chave do enigma se encontra no entanto na já introduzida ficção jurídica de que Sancho quando é excluído da propriedade dos outros está apenas chegando a uma concordância com estes outros p 369 Mas isso tem um fim quer dizer o respeito pela propriedade alheia quando Eu posso deixar a árvore em questão para um outro tal como eu deixo para outro Meu cajado etc mas de antemão sem considerálo como alheio para Mim isto é como algo sagrado Ele permanece antes como Minha propriedade não importa o tempo pelo qual Eu o ceda a outrem ele é e continua a ser Meu Na fortuna de um banqueiro Eu não vejo nada alheio p 328 Diante da Tua e da Vossa propriedade eu não retrocedo acanhado mas a considero sempre como Minha propriedade algo a que Eu não devo nenhum respeito Fazei então o mesmo com aquilo que chamais de Minha propriedade A partir de tal consideração Nós poderemos nos entender um com o outro da melhor forma possível Se Sancho permite conforme os estatutos da associação que lhe matem a pauladas tão logo ele meta a mão na propriedade alheia então ele certamente dirá que sua peculiaridade é a gatunagem mas a associação decretará que Sancho apenas permitiuse uma liberdade Mas se Sancho é tão livre para meter a mão na propriedade alheia então a associação tem a peculiaridade de por causa disso aplicarlhe as devidas chibatadas A questão é propriamente a seguinte A propriedade burguesa e muito especialmente a propriedade pequenoburguesa e minifundiária continua a existir na associação como vimos Apenas a interpretação a consideração é diferente porque Sancho sempre coloca o acento no considerar Com isso é consumada a concordância de que essa nova filosofia do considerar é tida em grande consideração em toda a associação Essa filosofia consiste em que primeiramente cada relação seja ela causada por condições eco nômicas ou pela coerção direta passe a ser encarada como uma relação de concordância em segundo lugar que se imagine que toda propriedade dos outros lhes tenha sido deixada por nós e que permaneça com eles até o momento em que tivermos o poder de lhas tomar e caso nunca obtenhamos um tal poder tant mieux 1 em terceiro lugar que Sancho e sua associa ção garantem para si uma mútua falta de respeito enquanto na prática a asso ciação entendese com Sancho por meio do cajado e finalmente que essa concordância é uma mera fraseologia pois cada um sabe que os outros só chegam à concordância com a intenção secreta de revogála na primeira oportunidade Na Tua propriedade Eu vejo não o Teu mas o Meu como cada Eu também o vê da mesma forma então os Eus veem na proprie dade o 1 tanto melhor A ideologia alemã 393 universal com o que chegamos à moderna interpretação filosófica alemã da propriedade privada comum especial e exclusiva À filosofia da associação sobre a propriedade também pertencem entre outras as seguintes extravagâncias derivadas do sistema de Sancho Na p 342 lêse que por meio da falta de respeito se pode adquirir propriedade na associação na p 351 que todos Nós vivemos em meio à abundância e que eu tenho apenas que me servir de tudo aquilo que eu con siga enquanto a associação inteira pertence às sete vacas magras do Faraó e finalmente que Sancho nutre ideias que se encontram no seu livro e que na p 374 são cantadas numa incomparável ode dedicada a si mesmo e que consiste numa imitação das três odes de Heine dedicadas a Schlegel320 Tu ó Tu que nutres tais pensamentos como os que constam em Teu Livro nutres o absurdo Este é o hino que Sancho dedica provisoriamente a si mesmo e sobre o qual mais tarde a associação se entenderá com ele Enfim compreendese mesmo sem a necessidade da concordância que a propriedade na acepção incomum da qual já falamos na Feno me nologia seja admitida na associação em lugar do pagamento em dinheiro como pro priedade corrente e circulante Sobre os simples fatos como por exemplo o de Eu ter compaixão o de Eu falar com os outros o de a Minha perna ser amputada respectivamente arrancada a associação também concordará que o sentimento do sensível é também o sentimento do que é Meu uma propriedade p 387 que também as orelhas e as línguas alheias são Minha propriedade que também as relações mecânicas são Minha propriedade Assim o açambarcamento na associação consistirá principalmente em que todas as relações possam se transformar graças a uma simples paráfrase em relações de propriedade Essa nova forma de se expressar males que agora já estão propagados é um meio essencial ou faculdade na associação e cobrirá com sucesso o déficit por meios de existência que na visão dos talentos sociais de Sancho é inevitável B Riqueza p 216 Tornaivos cada um de Vós um Eu todopoderoso p 353 Pensa no aumento de Tua riqueza p 420 Garanti o valor de Vossos bens Mantende o preço deles Não permiti que sede obrigados a vender abaixo do preço Não Vos deixeis serdes convencido de que Vossa mercadoria não vale o preço que tem Não Vos deixeis serdes ridicularizado por um preço ridículo Imitai os arrojados etc p 420 Valorizai a Vossa propriedade Valorizate Karl Marx e Friedrich Engels 394 Esses pequenos dizeres morais que Sancho aprendeu de um agiota judeu andaluz o qual deu ao seu filho lições de vida e de comércio e que agora ele retira de seu alforje constituem a principal riqueza da associação O fun damento de todas essas frases é a grande frase da página 351 Tudo aquilo que és capaz de fazer vermagst é teu Vermögen321 Ou essa frase é sem sentido quer dizer tem um sentido meramente tau tológico ou contém um absurdo Ela é tautológica se quer dizer isto O que Tu podes podes Tu É absurda caso o Vermögen no 2 deva ser entendido na acepção comum de riqueza riqueza comercial e caso a frase portanto esteja baseada na similaridade etimológica A colisão consiste precisamente no fato de que à minha capacidade Vermögen é atribuído algo diferente daquilo que essa capacidade pode suportar por exemplo quando da minha capa cidade de fazer versos é exigido que eu ganhe dinheiro com eles Da minha capacidade se exige um produto totalmente diferente do produto próprio dessa capacidade específica ou seja um produto que depende de relações estranhas relações que não estão sujeitas à minha capacidade Na associação essa dificuldade deve ser resolvida por meio da sinonímia etimológica Vêse como o nosso mestreescola egoísta aspira a obter um posto importante na associação De resto tal dificuldade é apenas aparente A habitual máxima moral do burguês Anything is good to make money of 1 é aqui exposta à exaustão no estilo solene de Sancho C Moral intercâmbio teoria da exploração p 352 Vós procedeis de maneira egoísta caso não considereis um ao outro nem como proprietário nem como vadio Lump ou trabalhador mas como uma parte de Vosso patrimônio como sujeito utilizável Então Vós não dareis algo para o pos suidor para o proprietário nem para aquele que trabalha mas tão somente para aquele de quem necessitais Precisamos de um rei perguntamse os norteamericanos e respondem Ele e seu trabalho não valem um centavo para nós Na p 229 ao contrário ele critica o período burguês Em vez de me tomar tal como Eu sou olhase simplesmente para a Minha propriedade para minhas qualidades próprias Eigenschaften e contraise comigo uma união conjugal322 apenas por desejar a Minha propriedade De certo modo casase não com o que sou mas com o que possuo Isto é portanto só se leva em consideração a minha simples utilidade para os outros sou tratado como um sujeito utilizável Sancho cospe o período burguês na sopa a fim de poder devorála totalmente sozinho na associação 1 Tudo é bom para se fazer dinheiro A ideologia alemã 395 Se os indivíduos da sociedade atual veem uns aos outros como possuido res como trabalhadores ou como quer Sancho como vadios Lumpen isto não quer dizer senão que eles se tratam como sujeitos utilizáveis fato que apenas um sujeito tão inutilizável como Sancho poderia colocar em dúvida O capitalista que vê o trabalhador como trabalhador só o leva em con sideração porque ele precisa de um trabalhador o trabalhador age da mesma maneira em relação ao capitalista o mesmo ocorre com os americanos que segundo o pensamento de Sancho ele poderia nos indicar de qual fonte retirou esse fato histórico não necessitam de nenhum rei porque dele não necessitam como trabalhador Sancho uma vez mais escolheu seu exemplo com a inépcia que lhe é habitual já que ele deveria ter provado justamente o contrário daquilo que realmente prova p 395 Tu não és para mim senão um alimento do mesmo modo como Tu Te alimentas de Mim e Me utilizas Temos um com o outro apenas uma relação a da prestabilidade da serventia do proveito p 416 Ninguém é para mim uma pessoa de respeito nem mesmo o meu próximo mas é unicamente a exemplo dos demais seres um objeto do qual eu me agrado ou não um objeto interessante ou desinteressante um sujeito prestável ou imprestável Logo a seguir a relação de prestabilidade que na associação deve ser a única relação entre os indivíduos é por sua vez parafraseada no alimen to recíproco Os cristãos realizados da associação naturalmente também comem a ceia mas não um com o outro e sim um a do outro Hegel na sua Fenomenologia mostra o quanto essa teoria da explo ração recíproca que foi desenvolvida por Bentham até a saciedade já fora concebida no início deste século como uma fase do século anterior Ver nesta obra o capítulo A luta do iluminismo com a superstição onde a teoria da prestabilidade é apresentada como o resultado último do ilumi nismo A aparente tolice que consiste em reduzir todas as múltiplas relações dos indivíduos entre si a uma única relação de prestabilidade essa aparente abs tração metafísica deriva de que no interior da moderna sociedade burguesa todas as relações são praticamente subsumidas a uma única e abstrata relação monetária e de regateio Tal teoria surgiu com Hobbes e Locke simultanea mente à primeira e à segunda Revolução inglesa com os primeiros golpes pelos quais a burguesia conquistou poder político para si Naturalmente ela já era antes um pressuposto tácito para os escritores de economia A ciência própria dessa teoria da utilidade é a economia com os fisiocratas ela recebe o seu verdadeiro conteúdo pois foram eles que pela primeira vez sintetizaram a economia de forma sistemática Com Helvétius e Holbach já se encontra uma idealização dessa doutrina que corresponde inteiramente à oposição da burguesia antes da Revolução Em Holbach toda atividade dos indivíduos em seu intercâmbio recíproco é apresentada como relação de utilidade Nützlichkeit e de uso Benutzung como por exemplo o falar o Karl Marx e Friedrich Engels 396 amar etc As verdadeiras relações aqui pressupostas são portanto o falar o amar atividades determinadas de determinadas qualidades próprias dos indivíduos Tais relações não devem portanto ter um significado próprio mas ser a expressão e a manifestação de uma terceira relação que a elas é imputa da a saber uma relação de utilidade ou de uso Esta transpo sição só deixa de ser absurda e arbitrária tão logo aquelas relações não valham para os indivíduos como suas próprias relações como autoatividade mas antes como disfarces de modo algum da categoria uso mas de uma terceira finalidade e relação reais que se chama relação de utilidade O mascaramento na linguagem só adquire um sentido quando é a expres são inconsciente ou consciente de um mascaramento real Nesse caso a relação de utilidade tem um sentido bem definido a saber que eu tire proveito do fato de causar prejuízo a outrem exploitation de lhomme par lhomme 1 nesse caso o proveito que eu tiro de uma relação é completamente estranho a ela como vimos acima acerca da riqueza quando se dizia que de cada capaci dade é exigido um produto estranho a ela uma relação que é determinada pelas relações sociais e esta é justamente a relação de utilidade Tudo isso constitui na realidade o caso do burguês Apenas uma relação é de seu interesse a relação de exploração todas as outras relações só valem para ele enquanto possa subsumilas àquela relação e mesmo onde lhe ocorram relações que não se deixam subordinar diretamente à relação de exploração ele acaba por subordinálas ao menos em sua ilusão A expressão material desse proveito é o dinheiro o representante dos valores de todas as coisas pessoas e relações sociais De resto vêse de imediato que procedendo se gundo um método inteiramente especulativo a categoria uso Benutzen é inicialmente abstraída das relações reais de troca nas quais me situo diante de outros homens e de modo algum da reflexão e da mera vontade num segundo momento percorrendo o caminho inverso aquelas relações se fa zem passar pela realidade das categorias que foram abstraídas das próprias relações Da mesma maneira e com os mesmos direitos Hegel descreveu todas as relações como relações do espírito objetivo A teoria de Holbach é portanto a ilusão filosófica historicamente justificada da burguesia surgida precisamente na França e cuja disposição para a exploração ainda podia ser exposta como disposição para o desenvolvimento pleno dos indivíduos num intercâmbio liberto dos antigos laços medievais A libertação do ponto de vista da burguesia a concorrência foi no entanto a única forma encontrada no século XVIII para abrir uma nova via para o desenvolvimento livre A proclamação teórica da consciência correspondente a essa práxis burguesa da consciência da exploração recíproca como relação universal de todos os indivíduos uns com os outros foi igualmente um audacioso e nítido pro gresso um esclarecimento profanador do atavio político patriarcal religioso 1 exploração do homem pelo homem A ideologia alemã 397 e benevolente da exploração sob o feudalismo um atavio que correspondia à forma de exploração daquela época e que fora sistematizado sobretudo pelos teóricos da monarquia absoluta Se Sancho tivesse feito em seu Livro o mesmo que Helvétius e Holbach fizeram no século precedente o anacronismo seria ainda mais ridículo Mas vimos como ele no lugar do egoísmo burguês ativo coloca um jactante egoís mo em acordo consigo mesmo Seu único mérito ele o obtém contra a sua vontade e sem o saber o mérito de ser a expressão dos pequenoburgueses de hoje que almejam ser os burgueses de amanhã Era perfeitamente normal que ao modo de proceder mesquinho tímido e acanhado desses burgueses correspondesse a forma barulhenta fanfarrona e bisbilhoteira com que o Único foi apresentado ao mundo por seus representantes filosó ficos às pessoas com as quais esse burguês trava relações convém inteiramente que não saibam nada sobre seus bravateadores teóricos e ao burguês convém não dar ouvidos a eles quando dizem que essas pessoas estão em desacordo umas com as outras e que ele tem o dever de apregoar o egoísmo em acordo consigo mesmo talvez Sancho veja agora por meio de qual cordão umbilical sua associação Verein se liga à União Aduaneira Zollverein323 Os progressos da teoria da utilidade e da exploração suas diferentes fases estão em clara conexão com as diferentes épocas de desenvolvimento da burguesia Em Helvétius e Holbach esses progressos em relação com seu conteúdo real não chegaram a mais do que uma paráfrase das formas de expressão dos teóricos da época da monarquia absoluta Mais do que do próprio fato tratavase de uma nova forma de expressão do desejo de reduzir todas as relações à relação de exploração de explicar o intercâmbio a partir das necessidades materiais e dos modos de satisfação dessas necessi dades A tarefa estava colocada Hobbes e Locke tinham diante de si tanto o desenvolvimento da burguesia holandesa ambos viveram por um tempo na Holanda quanto as primeiras ações políticas pelas quais florescia a burguesia na Inglaterra deixando para trás toda limitação local e provincial além disso tinham já diante de si um estágio relativamente desenvolvido da manufatura do comércio marítimo e da colonização particularmente Locke que escrevia simultaneamente ao primeiro período da economia política inglesa com o surgimento das sociedades de ações do banco inglês e da supremacia marí tima inglesa Neles e sobretudo em Locke a teoria da exploração ainda está diretamente ligada ao conteúdo econômico Helvétius e Holbach tinham perante si além da teoria inglesa e do de senvolvimento obtido à época pelas burguesias holandesa e inglesa a bur guesia francesa que ainda lutava pelo seu livre desenvolvimento O espírito comercial universal do século XVIII havia arrebatado sobretudo na França sob a forma da especulação todas as classes As dificuldades financeiras do governo e os debates sobre a tributação que delas decorriam já ocupavam toda a França do período Somavase a isso o fato de que Paris era a única Karl Marx e Friedrich Engels 398 cidade mundial no século XVIII a única cidade onde se dava um intercâmbio pessoal de indivíduos de todas as nações Essas premissas juntamente com o caráter universal dos franceses em geral deram às teorias de Helvétius e Holbach uma coloração propriamente universal mas ao mesmo tempo privaramnas do conteúdo econômico positivo descoberto pelos ingleses A teoria que os ingleses desenvolveram como uma simples constatação de uma realidade se torna nos autores franceses um sistema filosófico Essa universalidade roubada do conteúdo positivo tal como se encontra em Helvétius e Holbach é essencialmente distinta da totalidade plena de con teúdo que pode ser encontrada pela primeira vez em Bentham e Mill A primeira corresponde à burguesia em luta ainda não desenvolvida a segunda à burguesia dominante desenvolvida O conteúdo da teoria da exploração negligenciado por Helvétius e Holbach foi desenvolvido e sistematizado pelos fisiocratas contempora neamente àqueles dois autores mas como aos fisiocratas serviam de base às relações econômicas não desenvolvidas da França onde o feudalismo fundado na propriedade fundiária ainda não havia sido destruído então eles perma neciam presos ao ponto de vista feudal que lhes ensinava que a propriedade fundiária e o trabalho agrícola constituem aquela força produtiva que condiciona toda a formação da sociedade O desenvolvimento subsequente da teoria da exploração se deu na In glaterra com Godwin mas especialmente antes dele com Bentham que retomou pouco a pouco o conteúdo econômico desprezado pelos franceses e isto na mesma medida em que a burguesia se impunha tanto na Inglater ra como na França A obra Political Justice de Godwin foi escrita durante o período do Terror as principais obras de Bentham foram escritas durante e a partir da Revolução Francesa e do desenvolvimento da grande indústria na Inglaterra Por fim encontramos em Mill a unificação plena da teoria da utilidade com a economia política A economia política que antes ou era tratada por financistas banqueiros e negociantes portanto em geral por pessoas que tinham diretamente a ver com relações econômicas ou por homens de formação universal como Hobbes Locke e Hume para os quais ela significava um ramo do saber enci clopédico apenas com os fisiocratas elevouse a uma ciência particular e como tal passou a ser tratada Como disciplina científica particular ela acolheu tão amplamente as demais relações políticas jurídicas etc que acabou por reduzilas a relações econômicas Mas ela reservou essa sub sunção a si de todas as relações apenas para um lado dessas relações a elas deixando quanto ao resto um significado autônomo fora da economia A completa subsunção de todas as relações existentes à relação de utilidade a elevação incondicional desta relação de utilidade ao patamar de conteúdo único de todo o resto é algo que encontramos pela primeira vez em Bentham no momento em que a burguesia depois da Revolução Francesa e do desenvolvimento da grande A ideologia alemã 399 indústria não aparece mais como uma classe particular mas como a classe cujas condições são as condições de toda a sociedade Depois de criadas as paráfrases sentimentais e morais que nos franceses formavam todo o conteúdo da teoria da utilidade para o desenvolvimento ulterior dessa teoria faltava apenas saber como os indivíduos e as relações seriam utilizados explorados A resposta a essa questão já havia sido dada nesse meiotempo pela economia política o único progresso possível se encontrava na incorporação do conteúdo econômico Bentham consumou esse progresso Na economia porém já se havia declarado que as principais condições da exploração independentemente da vontade dos indivíduos eram determinadas pela produção em geral e encontradas já prontas pelos indivíduos isolados À teoria da utilidade não restava assim nenhum outro campo de especulação a não ser o da posição ocupada pelos indivíduos nessas grandes relações o da exploração privada por indiví duos isolados de um mundo encontrado pronto Sobre isso Bentham e sua escola fizeram longas reflexões morais Toda a crítica do mundo existente feita pelo utilitarismo324 também alcançava por isso um horizonte limitado Preso às condições da burguesia sua crítica só se ocupava daquelas relações que haviam se formado numa época anterior e impulsionado o desenvolvimento da burguesia O utilitarismo desenvolve por isso a conexão de todas as relações existentes com as relações econômicas porém apenas de uma forma limitada O utilitarismo tinha desde o início o caráter de uma teoria geral da utili dade mas esse caráter só se tornou pleno de conteúdo com a inclusão das relações econômicas especialmente da divisão do trabalho e da troca Sob a divisão do trabalho a atividade privada do indivíduo tornase de utilidade geral a utilidade geral de Bentham se reduz à mesma utilidade geral que em geral é afirmada na concorrência Por meio da inclusão das relações econômicas entre a renda fundiária o lucro e o salário foram introduzidas as relações determinadas de exploração das classes singulares pois a forma da exploração depende da posição social do explorador O utilitarismo ainda pôde se servir até aqui de determinados fatos sociais toda a sua incursão posterior sobre a forma da exploração se perde em fraseologias de catecismo O conteúdo econômico transformou o utilitarismo pouco a pouco numa mera apologia do existente na prova de que sob as condições existentes as atuais relações entre os homens são as mais vantajosas e de maior utilidade geral Tal caráter ele conserva em todos os economistas modernos Enquanto o utilitarismo tinha pelo menos a vantagem de assinalar a co nexão de todas as relações existentes com as bases econômicas da sociedade com Sancho ele perdeu todo o conteúdo positivo abstraindo de todas as relações reais e limitandose à mera ilusão que o burguês isolado alimenta acerca de sua habilidade com a qual ele acredita poder explorar o mundo De resto Sancho só deixa aparecer o utilitarismo em bem poucas passagens Karl Marx e Friedrich Engels 400 e mesmo assim nessa forma diluída como vimos o que ocupa quase todo o Livro é o egoísmo em acordo consigo mesmo isto é a ilusão dessa ilusão do pequeno burguês E mesmo essas magras passagens Sancho finalmente as dissolve como mostraremos numa névoa azul D Religião Nessa qualidade em comum quer dizer com outras pessoas Eu não vejo nada além de uma multiplicação do Meu poder e Eu só a conservo na medida em que ela é Minha força multiplicada p 416 Não Me humilho mais diante de nenhum outro poder e reconheço que todos os poderes são apenas o Meu poder são poderes que Eu tenho de subjugar imediatamente caso ameacem se tornar poderes contra Mim ou acima de Mim cada um deles não pode senão formar uma unidade com os Meus meios de Me impor Eu vejo eu reconheço eu tenho de subjugar o poder não pode senão formar uma unidade com os Meus meios O que essas exigências morais significam e o quanto elas correspondem à realidade é algo que já nos foi mostrado na própria associação A essa ilusão de seu poder certamente também está ligada a outra ilusão a saber de que na associação a substância ver o Liberalismo humano é destruída e as relações entre os seus membros nunca conseguem assumir uma forma estável ante os indivíduos isolados A associação Verein a união Vereinigung essa união sempre fluida de to dos os elementos Entretanto também por meio da associação surge uma sociedade mas apenas da mesma forma como por meio de uma pensamento surge uma ideia fixa No momento em que uma associação se cristaliza em sociedade ela desistiu de ser uma união pois a união é um indissolúvel ato de unirse ela se tornou um serunido o cadáver da asso ciação ou da união tornouse sociedade Não há elo natural nem espiritual que mantenha coesa a associação p 294 408 416 No que diz respeito ao elo natural este apesar da contrariedade de Sancho está presente na associação no sistema de servidão da gleba e na organização do trabalho etc assim como o elo espiritual está presente na filosofia sanchoniana De resto precisamos apenas referir o que dissemos muitas vezes ainda ao tratarmos da associação acerca da autonomização das relações ante os indivíduos que ocorre na divisão do trabalho Numa palavra a sociedade é sagrada a associação é Teu próprio a sociedade Te explora Tu exploras a associação etc p 418 E Adendo sobre a associação Enquanto não víamos até então nenhuma outra possibilidade de chegar à associação senão por meio da revolta agora ficamos sabendo pelo comen tário que já existem como um aspecto da sociedade burguesa centenas A ideologia alemã 401 de milhares de exemplares de associação de egoístas e que ela também nos é acessível sem o recurso de qualquer revolta ou de qualquer Stirner Sancho nos mostra então tais associações na vida Fausto encontrase no meio de uma dessas associa ções quando proclama Aqui eu sou gente aqui eu posso sêlo Goethe chega até mesmo aqui a pôr o preto no branco325 mas Humanus é o nome do santo ver Goethe cf o Livro326 Caso Heß tivesse atentado para a vida real então ele teria diante dos olhos centenas de milhares de associações egoístas como essas algumas passageiras outras duradouras Sancho deixa então as crianças a brincar em frente à janela de Heß enquanto alguns bons companheiros o levam à taberna e ele se encontra com sua amada Certamente Heß não levará em consideração esses exemplos triviais por mais substancial e abissal que seja a diferença deles em relação às sociedades sagradas até mesmo em relação à sociedade fraternal humana dos socialistas sagrados Sancho contra Heß Wigand p 193 194 Do mesmo modo já na p 305 do Livro a união em busca de objetivos e interesses materiais foi tomada como associação voluntária de egoístas em busca da graça Portanto aqui a associação se reduz por um lado a associações burguesas e sociedades de ações por outro lado a recursos burgueses piqueniques etc É igualmente sabido que as primeiras e as últimas não menos pertencem inteiramente à época atual Para perceber a diferença Sancho poderia obser var as associações de uma época anterior como as da era feudal ou as de outras nações como as dos italianos ingleses etc e chegar até mesmo às associações de crianças Com essa nova interpretação da associação ele confirma apenas o seu conservadorismo esclerosado Sancho que integrou toda a sociedade burguesa em sua instituição supostamente nova pelo fato de que ela lhe agradava apenas reafirma aqui a título de complemento que na sua associação as pessoas também se divertirão e se divertirão mais precisamente de forma bastante tradicional Quais as relações existentes dele independentes que o colocam em condições ou não de acompanhar alguns bons companheiros à taberna é algo que certamente não ocupa os pensamentos de nosso Bonhomme A ideia de dissolver a sociedade inteira em grupos voluntários ideia que aqui é stirnerzada verstirnerte de acordo com o que se ouve dizer em Berlim pertence a Fourier 327 Em Fourier porém essa ideia tem como pressuposto a transformação total da sociedade e se baseia na crítica das associações existentes tão admiradas por Sancho e acompanhadas de todo o aborrecimento que lhes é característico Fourier descreve essas tentativas atuais de divertimento em conexão com as relações de produção e inter câmbio existentes e polemiza contra elas Sancho longe de criticálas quer Karl Marx e Friedrich Engels 402 transplantálas inteiramente para seu novo feliz instituto da concordância e com isso apenas prova uma vez mais o quanto ele está preso à socie dade burguesa existente Finalmente Sancho pronuncia a seguinte oratio pro domo1 quer dizer para a associação Pode ser dita uma associação de egoístas a associação na qual se deixa que a maioria seja enganada em seus interesses mais naturais e declarados Podese dizer que os egoístas se uniram lá onde um é escravo ou servo do outro Sociedades em que as necessidades de um sejam satisfeitas à custa das neces sidades de outro em que por exemplo um possa satisfazer sua necessidade de descanso sob a condição de que o outro tenha de trabalhar até a exaustão Heß identifica estas suas associações egoístas com as associações de egoístas de Stirner Wigand p 192 193 Sancho desse modo pronuncia o piedoso desejo de que em sua associa ção apoiada na exploração recíproca possam todos os membros ser igualmente poderosos espertos etc de tal maneira que cada um possa explorar o outro na mesma medida em que é por eles explorado e de for ma que nenhum deles seja ludibriado em seus interesses mais naturais e declarados ou que suas necessidades possam ser satisfeitas à custa dos outros Notemos aqui que Sancho reconhece os interesses naturais e declarados e as necessidades de todos portanto reconhece interesses e necessidades iguais Além disso lembremonos ao mesmo tempo da p 456 do Livro onde se afirma que o engano é um pensamento moral impreg nado do espírito corporativo e que para uma pessoa que tenha recebido uma ampla formação ele resta uma ideia fixa contra a qual nenhuma liberdade de pensamento pode dar proteção Sancho recebe de cima seus pensamentos e assim permanece ibidem Esse poder igual de todos está de acordo com sua exigência de que cada um se torne todopoderoso isto é de que todos devam se tornar impotentes uns contra os outros um postu lado totalmente consequente e que vai ao encontro da cômoda exigência do peque noburguês de um mundo do regateio em que cada um encontra sua vantagem Mas nosso Santo pressupõe inopinadamente uma socie dade na qual cada um possa satisfazer suas necessidades livremente sem fazêlo à custa de outro e neste caso a teoria da exploração se conver te por sua vez numa paráfrase sem sentido sobre as reais relações dos indi víduos entre si Depois que Sancho consumiu o outro e o saboreou em sua associação transformando assim o intercâmbio com o mundo no intercâmbio consigo mesmo ele passa dessa autofruição indireta para a autofruição direta quanto então se põe a saborear a si mesmo 1 Discurso para a própria casa nesse caso discurso em interesse próprio A ideologia alemã 403 C Minha autofruição A filosofia que prega o fruir Genießen é tão velha na Europa quanto a escola cirenaica328 Tal como os gregos na Antiguidade os franceses são entre os modernos os campeões nesta filosofia e precisamente pela mesma razão porquanto seu temperamento e sua sociedade os capacitam para o fruir mais do que para outras coisas A filosofia da fruição Genuß nunca foi mais do que a linguagem espirituosa dos círculos sociais privilegiados para a fruição Sem levar em conta que o modo e o conteúdo de seu fruir foram sempre condicionados por toda a configuração da sociedade na qual se deu a fruição e que sofriam todas as contradições dessa sociedade essa filosofia se con verteu numa pura fraseologia tão logo reivindicou um caráter universal e se proclamou como a visão de vida da sociedade como um todo A partir desse momento ela se rebaixou à condição de sermão moral edificante de enfeite sofístico da sociedade atual ou então se metamorfoseou em seu contrário ao considerar a fruição como uma ascese involuntária A filosofia da fruição surgiu na época moderna com a queda do feu dalismo e a transformação sob a monarquia absoluta da nobreza rural feudal na nobreza cortesã licenciosa e perdulária Para essa nobreza ela assumiu mais ainda a forma de uma visão de vida imediata ingênua que era expressa em memórias poesias romances etc Ela só se tornou uma ver dadeira filosofia nas mãos de alguns autores da burguesia revolucionária que de um lado participavam da formação e do modo de vida da nobreza cortesã e de outro partilhavam da visão mais universal da burguesia vi são esta que repousava nas condições mais universais dessa classe Ela foi por isso aceita por ambas as classes embora a partir de pontos de vista totalmente diferentes Se para a nobreza tal linguagem ainda estava intei ramente limitada ao estamento e às condições de vida do estamento ela foi generalizada pela burguesia e dirigida a todo indivíduo sem distinção de modo que foram abstraídas as condições de vida desses indivíduos e a teoria da fruição foi convertida desse modo numa insípida e hipócrita doutrina moral Quando o desenvolvimento posterior derrubou a nobreza e pôs a burguesia em conflito com seu oposto o proletariado a nobreza se tornou devotoreligiosa e a burguesia se tornou solenemoralista sendo ambas austeras em suas teorias ou então caíram na hipocrisia acima mencionada muito embora na prática a nobreza não renunciasse de modo algum ao fruir e a fruição até mesmo assumisse com a burguesia uma forma econômica oficial como luxoa a Na Idade Média as diversões eram plenamente classificadas cada estamento tinha suas diversões particulares e suas próprias formas de se divertir A nobreza era o estamento privilegiado com diversões exclusivas enquanto na burguesia já existia a separação de trabalho e fruição e a fruição estava subordinada ao trabalho A classe dos servos voltada exclusivamente para o trabalho tinha no máximo umas poucas diversões Karl Marx e Friedrich Engels 404 A conexão do fruir dos indivíduos de cada época com as relações de classe e as condições geradas pelas relações de produção e de intercâmbio nas quais eles vivem a estreiteza do fruir existente até agora situado fora do conteúdo de vida real dos indivíduos e em oposição a ele a conexão de cada filosofia da fruição com a fruição real que a ela se apresenta e a hipocrisia de uma tal filosofia que se dirige a todos os indivíduos sem distinção tudo isso naturalmente só pôde ser desvendado quando as condições de produção e de intercâmbio do mundo até agora existente puderam ser criticadas isto é quando a oposição entre burguesia e proletariado havia gerado visões co munistas e socialistas Com isso toda moral seja ela a moral da ascese seja a da fruição teve seu pilar quebrado Nosso insípido e moralista Sancho certamente acredita como se extrai de todo o seu livro que bastaria apenas uma outra moral uma concepção de vida que a ele parecesse nova o extrairdesuacabeça algumas ideias fixas para que todos tivessem uma vida feliz para que pudessem gozar a vida O capítulo sobre a autofruição poderia portanto no máximo trazer de volta sob uma nova etiqueta as mesmas fraseologias e sentenças com o uso das quais ele já proporcionou a si mesmo muito frequentemente a au tofruição de nos aplicar um sermão A única coisa original nisso se limita também ao fato de que ele glorifica toda fruição e a traduz filosoficamente para o alemão dando a ela o nome de autofruição Se a filosofia francesa da fruição do século XVIII ao menos reproduzia numa forma espirituosa a existência de uma vida jubilosa e audaz já a frivolidade total de Sancho se limita a expressões como consumir dissipar a imagens como a luz que deve significar a vela e a recordações das ciências naturais que resultam ou numa absurdidade beletrística como no caso da planta que absorve ar do muito limitadas que a eles eram dadas no mais das vezes por acaso que dependiam da disposição de seu senhor e de outras circunstâncias fortuitas e que mal se podem levar em consideração Sob o domínio da burguesia as diversões assumiram sua forma em consonância com as classes da sociedade Os divertimentos da burguesia se constituíram segundo o material que essa classe havia produzido em seus diferentes estágios de desenvolvimento e adquiriram dos indivíduos bem como da contínua subordinação da fruição ao interesse monetário o caráter enfadonho que elas têm ainda hoje Os divertimentos do proletariado devido à longa duração do trabalho que eleva ao máximo a necessidade de lazer por um lado e à limitação qualitativa e quantitativa dos divertimentos acessíveis aos proletários por outro assumiram a sua atual forma brutal As fruições de todos os estamentos e classes até hoje existentes tiveram em geral de ser ou infantis estafantes ou violentas pois sempre estiveram separadas do conjunto da atividade vital do verdadeiro conteúdo da vida dos indi víduos e se reduziram mais ou menos ao ato de dar um aparente conteúdo a uma atividade sem conteúdo Naturalmente a crítica das fruições até agora existentes só pôde se realizar quando a oposição entre burguesia e proletariado estava tão desen volvida a ponto de permitir também a crítica do modo de produção e de troca até agora existente S M A ideologia alemã 405 éter dos pássaros canoros que engolem besouros ou então em falsidades como por exemplo a afirmação de que uma vela queima a si mesma Contra isso aqui podemos fruir uma vez mais de toda a sobriedade solene contra o Sagrado sobre o qual escutamos que em sua configuração como vo cação destinação missão como ideal teria ele atrapalhado até aqui a autofruição dos homens De resto sem entrar nas formas mais ou menos sujas sob as quais o auto Selbst da autofruição Selbstgenuß pode ser mais do que uma fraseologia temos mais uma vez de apresentar ao leitor em poucas palavras as maquinações de Sancho contra o Sagrado com as pequenas modulações desse capítulo Vocação destinação missão ideal são para repetir em poucas pala vras ou 1 a representação das tarefas revolucionárias materialmente prescritas a uma classe oprimida ou 2 simples paráfrases idealistas ou também a correspondente expressão consciente dos modos de atividade autonomizados em diferentes ocupações por meio da divisão do trabalho ou 3 a expressão consciente da necessidade em que a cada instante se en contram indivíduos classes nações de assegurar a sua posição por meio de uma atividade plenamente definida ou 4 as condições de existência expressas idealmente nas leis na moral etc da classe dominante condicionadas pelo desenvolvimento da produção até aqui a qual se torna com mais ou menos consciência teoricamente independente dos seus ideólogos podem representar a si mesmas na consciência dos indivíduos singulares dessa classe como vocação etc e assim podem ser confrontadas aos indivíduos da classe dominante como norma de vida em parte como paliativo ou consciên cia da dominação em parte como seu meio moral Aqui como em geral ocorre com os ideólogos é de se notar que eles necessariamente colocam a questão de cabeça para baixo e veem na sua ideologia tanto a força motriz como o objetivo de todas as relações sociais enquanto ela é tão somente sua expressão e seu sintoma Sabemos por nosso Sancho que ele tem a crença mais devastadora nas ilusões desses ideólogos Porque os homens de acordo com suas diferentes relações de vida fazem de si isto é dos homens diferentes representações Sancho acredita que são as diferentes representações que fazem as diferentes relações de vida e portanto acredita que os fabricantes em grande escala dessas representações os ideólogos têm dominado o mundo cf p 433 Os pensadores são quem governa no mundo o pensamento governa o mundo os padres ou os mestresescolas colocam todo tipo de coisa na cabeça pensam em si como um ideal de homem para o qual todos os demais devem se voltar p 442 Sancho conhece e Karl Marx e Friedrich Engels 406 muito bem até a conclusão segundo a qual os homens foram submetidos aos caprichos do mestreescola e em sua estupidez subjugaram a si mesmos Porque isso é concebível para mim para o mestreescola então é possível para os homens porque é possível para os homens então quer dizer que devia ser assim que essa era sua vocação e finalmente apenas de acordo com essa vocação apenas na qualidade de vocacionados podem os homens ser conside rados E a conclusão subsequente O homem não é o indivíduo mas sim um pensamento um ideal o Homem Gênero Humanidade p 441 Todos os conflitos que os homens por suas condições reais de vida travam consigo mesmos ou com outrem aparecem para nosso mestreescola Sancho como conflitos que os homens travam com representações acerca do viver do homem representações que eles ou puseram em sua própria cabeça ou deixaram que fossem postas em sua cabeça pelos mestresescolas Se var ressem essas representações da cabeça como poderiam viver felizes estas pobres criaturas que pulos eles dariam enquanto agora eles têm de bailar como um urso ao som da flauta do mestreescola e do Bärenführer 329 p 435 O mais reles desses Bärenführer é Sancho que arrasta pelo nariz apenas a si mesmo Se por exemplo não tivessem os homens quase sempre e quase por toda parte na China assim como na França colocado na cabeça que sofriam de superpopulação que abundância de meios de vida essas pobres criaturas não teriam imediatamente descoberto Sob o pretexto de uma argumentação sobre possibilidade e realidade Sancho procura aqui trazer novamente à baila sua velha história do do mínio do Sagrado no mundo Possível significa para ele tudo o que um mestreescola meu coloca na cabeça a partir do que Sancho pode facilmente provar que essa possibilidade não tem nenhuma outra realidade além da quela que possui em sua cabeça Sua declaração solene de que manteve se oculto o gravíssimo equívoco de milênios por trás da palavra possível p 441 basta para provar o quão impossível é para ele ocultar atrás de palavras as consequências de seu copioso equívoco de milênios Esse discurso sobre a coincidência entre possibilidade e realidade p 439 acerca daquilo que os homens têm capacidade de ser e daquilo que eles são o que está em plena harmonia com suas exortações até agora imper tinentes de que se deve deixar sua capacidade atuar etc ainda o conduz entretanto a algumas divagações sobre a materialista teoria da circunstância Umstandstheorie que agora apreciaremos mais de perto Antes mais um exemplo de sua perversão ideológica Na p 428 ele identifica a pergunta como se pode ganhar a vida com a pergunta como se faz para produ zir em si o verdadeiro Eu ou também a verdadeira vida Segundo a mesma página com sua nova filosofia moral acaba o temor pela vida e tem início o seu desperdício A força miraculosa dessa sua filosofia moral supostamente nova é proferida de forma expressiva pelo nosso Salomão no seguinte provérbio A ideologia alemã 407 Se Te considerares como mais capaz do que se pretende que sejas então Tu terás mais poder se Te considerares como mais então terás mais p 483 Ver acima na associação o modo de Sancho para adquirir propriedade Passemos então à sua teoria da circunstância O homem não tem uma vocação mas forças que se exteriorizam lá onde estão pois o ser dessas forças consiste unicamente em sua exteriorização e elas podem permanecer inativas tão pouco quanto a vida Em cada mo mento cada um utiliza tanta força quanto possui valorizaiVos imitai os bravos tornaiVos cada um de Vós um Eu todopoderoso etc assim dizia acima o discurso de Sancho É certo que as forças podem ser aguçadas e multiplicadas especialmente por meio da oposição inimiga ou do apoio amigo mas ali onde falta sua aplicação também se pode estar certo de sua ausência O fogo pode ser obtido a partir de uma pedra mas sem a pancada ele não aparece da mesma maneira o homem necessita do impulso Anstoß Por consequência uma vez que as forças revelamse sempre ativas por si mesmas o mandado Gebot para a sua utilização seria supérfluo e absurdo A força é apenas uma palavra mais simples para se dizer exteriorização da força p 4367 O egoísmo em acordo consigo mesmo que faz suas forças ou capacida des agirem ou não de acordo com sua vontade e a elas aplica o jus utendi et abutendi 1 tomba aqui de maneira súbita e inesperada De repente as forças agem de forma autônoma sem se preocupar com a vontade de Sancho elas atuam desde sempre como forças químicas ou mecânicas indepen dentemente do indivíduo que as possui Além disso aprendemos que uma força não existe quando falta sua exteriorização com o que é justificado que a força necessita de um impulso a fim de se exteriorizar Mas não nos é dito por qual destas opções Sancho vai se decidir a saber se na exterio rização defeituosa da força é o impulso ou a força que falta Em contrapartida nosso pesquisador único da natureza nos ensina que se pode obter fogo a partir de uma pedra um exemplo que como é regra no caso de Sancho não poderia ter sido escolhido de forma mais infeliz Sancho como simples mestreescola de aldeia acredita que quando se provoca fogo este surge da pedra onde até então permanecia escondido Qualquer aluno da quarta série poderá lhe dizer que pelo método de se fazer fogo pela fricção de ferro e pedra mé todo de há muito olvidado em todos os países civilizados são pequenas partículas do ferro e não da pedra que se desprendem e precisamente por meio daquela mesma fricção tornamse incandescentes que portanto o fogo que para Sancho não é uma relação que mediante certos graus de calor ocorre entre certos corpos com outros corpos especial mente com o oxigênio mas sim uma coisa autônoma um elemento uma ideia fixa o Sagrado não vem nem da pedra nem do ferro Sancho poderia do 1 direito de uso e consumo também abuso Karl Marx e Friedrich Engels 408 mesmo modo ter dito podemse fazer telas descoloridas a partir do cloro mas caso falte o impulso a saber a tela não descolorida então não surge daí nenhuma tela Nesta ocasião queremos registrar para a autofruição de Sancho um fato primitivo da ciência única da natureza Na Ode ao Crime dizse Não estrondeia ao longe o trovejar E não vês como o céu Cheio de pressentimentos silencia e escurece p 319 do Livro Troveja e o céu silencia Sancho tem notícia portanto de um outro lugar onde troveja que não o céu Sancho percebe além disso o silêncio do céu por meio de seu semblante uma habilidade sua que ninguém conseguirá imitar A explicação deve ser que Sancho ouve o trovejar e vê o silêncio as duas ações ocorrendo simultaneamente Vimos como Sancho ao tratar da assombração fez a montanha representar o espírito da elevação Aqui o céu silencioso representa para ele o espírito do pressentimento Aliás não se vê por que Sancho tanto se indigna aqui contra o mandado de utilizar suas forças Pois essa ordem pode ser possivelmente o impulso que falta um impulso que de fato perde seu efeito numa pedra Stein mas cuja eficácia Sancho pode observar em qualquer batalhão em exercício Que a própria ordem seja um impulso Anstoß para suas escassas forças é imediatamente deduzido do fato de que para ele ela é uma pedra no caminho Stein des Anstoßes330 A consciência é também uma força que segundo a doutrina que acaba mos de ouvir também se revela sempre ativa por si mesma Logo Sancho não precisaria pretender mudar a consciência mas no máximo o impulso que atua sobre ela de modo que Sancho teria escrito seu livro em vão Neste caso porém ele considera suas pregações morais e seus mandados como um impulso suficiente Aquilo que Alguém pode vir a ser ele também o será Um poeta inato pode muito bem ter sido impedido por desfavor das circunstâncias de se colocar à altura de seu tempo e de criar grandes obrasdearte depois de ter se dedicado aos longos estudos indispensáveis para a atividade mas ele fará versos seja ele um lavrador ou alguém venturoso a ponto de viver na corte de Weimar331 Um músico nato executará música não importando se com todos os instrumentos esta fantasia de todos os instrumentos foi cedida a ele por Proudhon Ver O comunismo ou apenas com um talo de aveia ao nosso mestreescola vem à mente naturalmente as Éclogas de Virgílio332 Uma mente filosófica inata pode afirmarse como filósofo acadêmico ou como filósofo de aldeia Por fim um imbecil inato sempre permanecerá uma mente tapada Sem dúvida as cabeças limitadas de nascença formam indiscutivelmente a classe humana mais numerosa zahlreichsten Menschenklasse Mas por que no gênero humano também não deveriam se manifestar as mesmas diferenças que são evidentes em cada espécie animal p 434 A ideologia alemã 409 Mais uma vez Sancho escolheu o seu exemplo com a falta de habilidade que lhe é habitual Se aceitamos o seu disparate sobre poetas músicos e filó sofos inatos então esse exemplo prova apenas por um lado que o indivíduo nato permanece aquilo que ele é desde o seu nascimento a saber um poeta etc e por outro lado que pode acontecer de esse indivíduo nato na medida em que venha a ser em que se desenvolva acabe por não se tornar por desfavor das circunstâncias aquilo que ele poderia vir a ser Por um lado portanto seu exemplo não prova absolutamente nada por outro prova o contrário do que deveria provar e os dois lados provam que Sancho seja pelo nascimento ou pelas circunstâncias pertence à classe humana mais numerosa E para tanto ele divide com essa classe e com a sua tampa a consolação de ser uma mente tapada única 333 Sancho aventurase aqui a tomar a poção mágica que Dom Quixote havia preparado com alecrim vinho óleo e sal e que como Cervantes relata no capítulo XVII334 fez que Sancho depois de duas horas seguidas de suor e aflição se pusesse a esguichar pelos dois canais de seu corpo A bebida ma terialista que nosso valente escudeiro tomou para sua autofruição esvaziou o de todo o seu egoísmo no sentido incomum da palavra Vimos acima como de repente Sancho perdeu toda a cerimônia diante do impulso e renunciou à sua capacidade tal como se deu antigamente com os magos egípcios diante dos piolhos de Moisés335 aqui ocorrem então dois novos acessos de covardia sob efeito dos quais ele se curva diante do desfavor das circunstâncias e por fim chega até mesmo a reconhecer sua constituição física original como algo que pode se deformar independentemente de sua intervenção Sendo assim o que resta ainda ao nosso egoísta falido Sua cons tituição física original não se encontra em suas mãos ele não pode controlar as circunstâncias e o impulso sob cuja influência esta constituição física se desenvolve tal como ele é em cada instante ele é não a sua criatura mas a criatura da ação recíproca entre suas disposições inatas e as circuns tâncias às quais está sujeito Sancho concede em tudo isso Infeliz criador Infelicíssima criatura Mas a desgraça maior chega por último Não contente por ter recebido um a um dos exatos tres mil azotes y trecientos en ambas sus valientes posaderas1 Sancho ainda tem por fim de aplicar em si mesmo um golpe final procla mandose um crente no gênero E que crente no gênero Ele atribui ao gênero em primeiro lugar a divisão do trabalho pelo que ele o faz responsável pelo fato de alguns serem poetas outros músicos e outros mestresescolas em segundo lugar atribuilhe as falhas físicas e intelectuais que existem na classe humana mais numerosa e o torna responsável pelo fato de que sob o domínio da burguesia os indivíduos sejam em sua maioria seus iguais De acordo com seus pontos de vista sobre as cabeças limitadas de nascença deverseia 1 três mil e trezentos açoites em suas duas nádegas valentes Karl Marx e Friedrich Engels 410 explicar a atual difusão da escrofulose dizendose que o gênero sente um prazer especial em deixar que os corpos nascidos com escrofulose formem a classe humana mais numerosa Até mesmo os materialistas e médicos mais triviais se encontravam acima de tais ingenuidades muito antes de que o egoísta em acordo consigo mesmo recebesse do gênero do desfavor das circunstâncias e do impulso a vocação para debutar perante o público alemão Como até agora Sancho explicou toda deformação dos indivíduos e com isso suas relações a partir das ideias fixas dos mestresescolas sem se preocupar com o nascimento dessas ideias agora ele explica essa deformação a partir do simples processo natural de geração Nem de longe ele chega a pensar que a capacidade de desenvolvimento das crianças orientase pelo desenvolvimento dos pais e que todas essas deformações surgiram histori camente sob as relações sociais que se deram até o presente e podem por sua vez ser suprimidas exatamente do mesmo modo isto é historicamente Mesmo as diferenças do gênero humano surgidas espontaneamente como as diferenças entre raças etc sobre as quais Sancho não fala absolutamente nada podem e têm de ser historicamente eliminadas Talvez Sancho que nesta ocasião lança um furtivo olhar para a zoologia e assim descobre que as cabeças limitadas de nascença formam a classe mais numerosa não apenas entre ovelhas e bois mas também entre pólipos e ciliados que não têm cabeça já tenha ouvido falar que as raças de animais tam bém podem ser melhoradas e que mediante o cruzamento das raças podemse produzir formas mais perfeitas inteiramente novas tanto para o usufruto dos homens como para a própria autofruição deles Por que não deveria Sancho então extrair daqui uma conclusão válida para os homens Nesta ocasião queremos inserir episodicamente as transformações de Sancho sobre o gênero Veremos que ele se posiciona diante do gênero humano da mesma maneira como diante do Sagrado quanto mais se enrai vece contra ele mais nele ele acredita No I Já vimos como o gênero gera a divisão do trabalho e as mutações surgidas sob as circunstâncias sociais que se deram até hoje e precisamente de modo que o gênero juntamente com seus produtos é apreendido como algo imutável sob todas as circunstâncias algo independente do controle dos homens No II O gênero é realizado realisiert já por meio da aptidão em compensa ção aquilo que Tu fazes a partir desta aptidão de acordo com o que foi dito acima teríamos aquilo que as circunstâncias fazem a partir da aptidão é realização Realisation tua Tua mão está plenamente realizada realisiert no sentido do gênero pois do contrário ela não seria mão mas algo como uma pata Tu fazes a partir dela Aquilo que queres e do modo como o podes fazer p 184 185 Wigand Sancho repete aqui o que no No 1 foi dito de outra forma A ideologia alemã 411 No que foi até agora exposto vimos como o gênero independentemente do controle e dos graus históricos de desenvolvimento dos indivíduos põe no mundo o conjunto das aptidões físicas e espirituais a existência imediata dos indivíduos e a forma embrionária da divisão do trabalho No III O gênero permanece como impulso que é tão somente a ex pressão geral para as circunstâncias a determinar o desenvolvimento do indivíduo primordial novamente gerado pelo gênero Ele é para Sancho aqui precisamente o mesmo poder misterioso que os demais burgueses chamam de natureza das coisas e em cujos ombros jogam todas as rela ções que são independentes deles e cujo contexto por essa razão eles não entendem No IV O gênero como o possível ao homem e como necessidade huma na constitui a base da organização do trabalho na associação stirneriana onde o possível a todos e a necessidade comum a todos são igualmente con cebidos como produto do gênero No V Ouvimos qual é o papel exercido pela concordância na associação p 462 Se o que importa é entrar em concordância e se comunicar uns com os outros então é certo que Eu só posso fazer uso dos meios humanos meios que Me estão disponíveis pelo fato de Eu ser ao mesmo tempo um homemie um exemplar do gênero Aqui portanto a linguagem como produto do gênero Que Sancho fale alemão e não francês é algo que ele não deve de modo algum ao gênero mas às circunstâncias Aliás em todas as línguas modernas evoluídas o desenvolvimento espontâneo da língua foi suprassumido nas línguas na cio nais em parte pela história do desenvolvimento das línguas a partir de um material prévio como é o caso das línguas românicas e germânicas em parte pelo cruzamento e pela mistura de nações como no inglês e em parte ainda pela concentração econômica e política que forneceu a base para a concentração progressiva dos dialetos no interior de uma nação É evidente que os indivíduos em seu devido tempo tomarão plenamente sob seu controle também esse produto do gênero Na associação falarse á a língua como tal a língua sagrada a língua do Sagrado o hebraico e inclusive o dialeto aramaico336 que era falado por Cristo a essência cor pórea Isto nos ocorreu agora contra a expectativa de Sancho e tão somente porque Nos pareceu que poderia contribuir para o esclarecimento do que resta No VI Nas páginas 277 e 278 somos informados de que o gênero se des dobra em povos cidades estamentos em todas as formas de corporações e por último na família e que por isso consequentemente é ele que até agora tem protagonizado a história Aqui portanto toda a história que se deu até então até desembocar na infeliz história do único é trans formada no produto do gênero e certamente por uma razão satisfatória Karl Marx e Friedrich Engels 412 pois essa história é às vezes resumida sob o nome de história da humanidade ie do gênero No VII Sancho distribuiu mais coisas no até agora do gênero que qual quer outro mortal antes dele e resumiu isso na seguinte frase O gênero não é nada o gênero é apenas um pensado espírito fantasma etc p 239 Por fim isso não tem nada a ver com o nada de Sancho que é idêntico ao pensado pois ele próprio é o nada criador e o gênero como vimos cria muitas coisas de modo que ele também pode muito bem não ser nada Sobre isso Sancho nos conta p 456 Nada em absoluto é justificado mediante o ser o pensado é tão bom quanto o não pensado A partir da p 448 Sancho desfia uma longa meada de trinta páginas para obter fogo a partir do pensamento e da crítica do egoísta em acordo consigo mesmo Já presenciamos exteriorizações demais de seu pensamento e de sua crítica para ainda oferecermos ao leitor um impulso com o seu aguado caldo de albergue noturno Uma colher cheia deste caldo337 pode bastar Pensais que os pensamentos voam tão livremente por aí que qualquer um tenha o direito de apanhálos e voltálos contra mim como sua propriedade inviolável O que voa livremente por aí é tudo Meu p 457 Sancho empreende aqui uma caçada ilegal a galinholas que só existem no pensamento338 Vimos de quantos pensamentos que voam por aí ele se apossou Ele supunha poder capturálos tão logo apenas lhes polvilhasse na cauda o sal do Sagrado Essa monstruosa contradição entre a sua real propriedade dos pensamentos e a ilusão que ele guarda sobre isso pode servir como exemplo clássico e evidente de toda a sua propriedade no sen tido incomum da palavra É exatamente este contraste que constitui a sua autofruição 6 O Cântico dos Cânticos de Salomão ou O Único Cessem do sábio grego e do troiano As navegações grandes que fizeram Calese de Alexandre e de Trajano A fama das vitórias que tiveram Cesse tudo o que a Musa antiga canta Que outro valor mais alto se alevanta E vós Spreïdes minhas Daime uma fúria grande e sonorosa E não de agreste avena ou frauta ruda Mas de tuba canora e belicosa Que o peito acende e a cor ao gesto muda A ideologia alemã 413 daime ó ninfas do Spree um canto digno dos heróis que lutam às Vossas margens contra os homens e as substâncias um canto que se difunda por todo o universo e que seja cantado em todos os países pois se trata aqui do homem que fez Mais do que prometia a força humana mais do que a simples força humana podia realizar tratase do homem que edificara Novo reino que tanto sublimara que fundou um novo império entre populações longínquas a saber a as sociação tratase do tenro e novo ramo florescente De uma árvore de Cristo mais amada do tenro e jovem ramo florido de uma árvore amada por Cristo mais do que qualquer outra e que não é nada menos do que a certíssima esperança do aumento da pequena Cristandade a mais certíssima esperança de crescimento para a pusilânime cristandade339 tratase numa palavra de algo sem precedentes do único Tudo o que se encontra neste cântico dos cânticos sem precedentes sobre o Único já teve seu precedente no Livro Mencionamos este capítulo ape nas para efeito do ordenamento a fim de podermos proceder corretamente economizamos até o momento alguns pontos e faremos uma breve recapi tulação de outros O Eu de Sancho sofre uma completa transmigração da alma Já o en contramos sob a forma de egoístas em acordo consigo mesmos de servos da gleba de mercadores de pensamentos de concorrentes desafortunados de proprietários de escravos dos quais uma perna é arrancada de Sancho manteado ao ar pela ação recíproca do nascimento e das circunstâncias e sob mil outras formas Aqui ele se despede como inumano com a mesma divisa sob a qual ele fez sua entrada no Novo Testamento O verdadeiro homem é somente o inumano p 232 Esta é uma das mil e uma equações em que Sancho dispõe sua lenda do Sagrado O conceito homem não é o homem real O conceito homem O homem O homem Não é o homem real Homem real O não homem o inumano O verdadeiro homem é somente o inumano Karl Marx e Friedrich Engels 414 Sancho tenta esclarecer para si mesmo a inocuidade dessa frase com os seguintes rodeios Não é tão difícil dizer em poucas palavras o que é um ser inumano é um homem que não corresponde ao conceito do que seja humano A lógica chama isso de sentença paradoxal Poderseia pronunciar tal sentença a de que um homem possa ser um homem sem ser um homem se não se admitisse a hipótese de que o conceito do homem pode ser separado da existência e a essência separada da aparência Dizse ele aparece de fato como homem mas não é um homem Pronunciouse essa sentença paradoxal ao longo de muitos séculos e o que é mais grave por todo este tempo houve apenas inumanos Que indivíduo teria correspondido ao seu conceito p 232 Essa passagem é novamente baseada na fantasia que nosso mestreescola alimenta sobre o mestreescola que criou para si um ideal de homem e o plantou na cabeça dos outros fantasia que constitui o texto fundamental do Livro Sancho chama de uma hipótese o fato de que o conceito e a existência a essência e a aparência do homem possam ser separados como se nas pró prias palavras ele já não expressasse a possibilidade da separação Quando ele diz conceito ele diz algo distinto da existência quando diz essência ele diz algo distinto da aparência Ele não coloca esses enunciados em oposição eles é que são os enunciados de uma oposição A única questão portanto seria a de saber se a ele seria permitido classificar algo sob esse ponto de vista e para abordar essa questão Sancho teria de ter considerado as relações reais entre os homens as quais nessas relações metafísicas receberam outras de nominações De resto os próprios argumentos de Sancho sobre os egoístas em acordo consigo mesmos mostram como é possível fazer que esses pontos de vista divirjam uns dos outros ao passo que seus argumentos sobre peculia ridade possibilidade e realidade quanto à autofruição mostram como é possível fazer que eles ao mesmo tempo divirjam e coincidam A sentença paradoxal dos filósofos que diz que o homem real não é um homem é somente no interior da abstração a mais universal a mais abrangente expressão da contradição universal existente de fato entre as relações e as necessidades dos homens A forma paradoxal da frase abstrata corresponde inteiramente ao caráter paradoxal das relações da sociedade burguesa levadas ao seu nível mais alto Exatamente da mesma forma como a sentença paradoxal de Sancho sobre o seu ambiente eles são egoístas e não são egoístas corresponde à contradição de fato entre a existência dos pequenoburgueses alemães e as tarefas a eles impostas pelas relações existentes e que eles mesmos acalentam como votos e desejos piedosos Aliás os filósofos declararam os humanos como inumanos não porque eles não correspondessem ao conceito de homem mas porque seu conceito de homem não correspondia ao verdadeiro conceito de homem ou porque eles não tinham a verdadeira consciência do que é o homem Tout comme A ideologia alemã 415 chez nous340 no Livro onde Sancho também declara os homens como não egoís tas somente porque eles não têm a verdadeira consciência do egoísmo Devido a sua enorme trivialidade e certeza indubitável não haveria ne nhuma necessidade de citar a frase totalmente inócua de que a representação sobre os homens não é o homem real que a representação de uma coisa não é a própria coisa essa frase que também poderia servir para a pedra e a representação da pedra de acordo com a qual Sancho teria de dizer que a verdadeira pedra é somente a não pedra Mas a conhecida fantasia de Sancho de que até agora os homens teriam sofrido todo tipo de infortúnio tão somente por meio do domínio das representações e dos conceitos lhe possibilita ligar a essa frase uma vez mais suas velhas conclusões A velha ideia de Sancho de que bastaria varrer da cabeça algumas representações para varrer do mundo as relações de onde essas representações surgiram reproduzse aqui sob a forma de que bastaria arrancar da cabeça a representação do homem para aniquilar as relações reais que hoje são chamadas de inumanas seja este pre dicado inumano o juízo dos indivíduos situados em contradição com suas relações seja o juízo da sociedade normal dominante sobre a classe anormal dominada Exatamente do mesmo modo como uma baleia retirada de sua água salgada e jogada no Kupfergraben declararia caso tivesse consciência que sua situação causada pelo desfavor das circunstâncias é inbaleiável unwalfischmäßig embora Sancho lhe pudesse demonstrar que a situação é baleiável walfischmäßig pelo simples fato de ser a sua situação própria a situação da baleia assim também julgam os homens sob determinadas circunstâncias Na página 185 Sancho levanta a grande questão Mas como represar o inumano que se esconde em todo indivíduo Como se consegue que ao libertar o humano não seja ao mesmo tempo libertado o inumano Todo o liberalismo tem um inimigo mortal um opositor inven cível como Deus tem o diabo o homem tem sempre ao seu lado o inumano o egoísta o indivíduo O Estado a sociedade a humanidade não dominam esse diabo E acabandose os mil anos Satanás será solto da sua prisão e sairá a ludibriar as nações dos quatro cantos da terra Gogue e Magogue para ajuntálas em batalha E subiram sobre a largura da terra e cercaram o arraial dos santos e a cidade amada Apocalipse 2079 A questão tal como a compreende o próprio Sancho conduz novamente a um puro absurdo Ele imagina que até agora os homens teriam sempre se submetido a um dado conceito de homem e que então teriam se li bertado tão intensamente a ponto de considerar necessário realizar em si mesmos este conceito que a medida da liberdade que eles conquistaram para si em cada época era determinada pela representação que faziam em cada época do ideal de homem sendo assim era inevitável que em cada indivíduo restasse um resíduo que não correspondia a esse ideal e que Karl Marx e Friedrich Engels 416 por isso esse resíduo na qualidade de inumano não fosse libertado ou o fosse apenas malgré eux 1 Na realidade é claro que as coisas se deram assim os homens não se libertaram em cada época na mesma medida de seu ideal de homem mas sim de acordo com o que as forças produtivas existentes lhes prescreviam e permitiam No entanto todas as libertações que ocorreram até agora tiveram como base forças produtivas limitadas cuja produção insuficiente para a totalidade da sociedade só possibilitava o desenvolvimento na medida em que uns satisfaziam suas necessidades à custa de outros e assim adquiriam a minoria o monopólio do desenvolvimento enquanto os outros a maioria devido à luta constante pela satisfação das necessidades mais essenciais isto é até a criação de forças produtivas novas revolucionárias viamse excluídos de todo desenvolvimento Assim a sociedade até hoje desenvolveuse sempre no quadro de um antagonismo Gegensatz que na Antiguidade se dava entre homens livres e escravos na Idade Média entre a nobreza e os servos e que nos tempos modernos opõe a burguesia e o proletariado É isto que explica por um lado a maneira anormal desu mana pela qual a classe oprimida satisfaz suas necessidades e por outro lado a limitação no interior da qual se desenvolve o intercâmbio e com ele toda a classe dominante de modo que essa limitação do desenvolvimento consiste não apenas na exclusão de uma classe como também na estreiteza da classe excludente e que o inumano se encontra igualmente na classe dominante Esse assim chamado inumano é tanto quanto o humano um produto das atuais relações é o seu aspecto negativo a rebelião que não se baseia em nenhuma força produtiva nova revolucionária contra as relações baseadas nas forças produtivas existentes e contra a forma de satisfação das necessidades que corresponde a essas relações A expressão positiva humano corresponde a certas relações dominantes num certo estágio de produção e às formas condicionadas por essas relações de se satisfazer as necessidades assim como a expressão negativa inumano corresponde à tentativa diariamente recolocada por esse mesmo estágio de produção de negar no interior do modo de produção existente essas relações dominantes e os meios de satisfação que prevalecem sob elas Para nosso Santo tais lutas históricomundiais se reduzem a uma mera colisão entre São Bruno e a massa cf toda a crítica do liberalismo humano especialmente p 192 ss Assim nosso simplório Sancho com seus simplórios provérbios sobre o inumano e seu arrancarohomemdesuacabeça com o que o inumano também desaparece e já não resta nenhuma medida para os indivíduos chega finalmente ao seguinte resultado ele reconhece como individualida de e peculiaridade do indivíduo a deformação e sujeição física intelectual 1 apesar da vontade deles A ideologia alemã 417 e social a que esse indivíduo está submetido sob as atuais relações como um conservador qualquer ele reconhece essas relações com toda tranquilidade pois encontrase livre de toda preocupação desde que tirou de sua cabeça a representação que os filósofos faziam dessas relações Do mesmo modo como aqui ele declara que a casualidade imposta ao indivíduo constitui a individualidade deste último também anteriormente cf Lógica ao tratar do seu Eu ele abstraiu não apenas de toda casualidade mas também em geral de toda individualidade Sancho celebra esse grande resultado inumano com a seguinte Kyrie eleison341 que ele coloca na boca do inumano Eu era desprezível porque buscava o Meu melhor Eumesmo fora de Mim Eu era o inumano porque sonhava com o humano Eu era como os devotos que têm fome de seu verdadeiro Eu e continuam sempre como pobres pecadores Eu só pensava em Mim em comparação com um outro Eu não fui por completo não fui único Mas agora eu cesso de aparecer para Mim como o inumano Cesso de me medir pelo homem e de permitir que eu seja medido por outrem Deixo de reconhecer qualquer coisa acima de mim Eu apenas fui o inumano mas já não o sou mais eu sou o único Aleluia Sem aqui nos ocuparmos de como o inumano que digase de passa gem ajustou corretamente seu estado de espírito quando deu as costas a si próprio e ao crítico São Bruno aparece ou não aparece para si próprio notemos que o Único342 é aqui caracterizado por ter tirado o Sagrado da cabeça pela noningentésima vez com o que como temos também de repetir pela noningentésima vez tudo fica como antes343 sem falar que isso não passa de um desejo piedoso Temos aqui pela primeira vez o Único Sancho que com a ladainha acima foi investido como cavaleiro agora se apropria de seu nome novo nobre Sancho alcança sua condição de Único ao arrancar o homem da cabeça Desse modo ele deixa de pensar em si somente em comparação um outro e de reconhecer qualquer coisa acima dele Ele se torna incomparável Aqui temos novamente a velha mania de Sancho de fazer com que repre sentações ideias o Sagrado aqui na forma do homem sejam o único tertium comparationis 1 e o único elo entre os indivíduos no lugar das suas necessidades Ele varre uma representação da cabeça e se torna assim único Para ser único no seu sentido do termo ele deve antes de tudo nos provar sua ausência de pressupostos 1 Terceiro elemento da comparação Karl Marx e Friedrich Engels 418 p 470 Teu pensamento não tem como pressuposto o pensamento mas a penas a Ti Mas então Tu Te pressupões Sim mas não sou pressuposto para Mim e sim para o Meu pensamento Eu sou antes do Meu pensamento Daí se segue que nenhum pensamento precede Meu pensamento ou que Meu pen samento é sem pressuposto Pois o pressuposto que Eu sou para Meu pensamento não é um pressuposto criado pelo pensamento não é um pres suposto pensado mas é o proprietário do pensamento e prova apenas que o pensamento nada mais é do que propriedade Que Sancho não pense antes de pensar e que tanto ele como qualquer outro seja neste sentido um pensador sem pressupostos é algo que so mos obrigados a lhe conceder Assim também lhe é concedido que ele não tenha nenhum pensamento como pressuposto de sua existência isto é que ele não tenha sido criado por pensamentos Se por um momento Sancho abstraísse de todo o seu catálogo de pensamentos o que não pode ser muito difícil dada a pouca variedade dos produtos disponíveis restaria o seu Eu real mas o seu Eu real dentro das atuais relações mundanas que existem para ele Desse modo ele se desembaraçou por um momento de todos os pressupostos dogmáticos mas apenas agora os pressupostos reais começam pela primeira vez a aparecer para ele E esses pressupostos reais são igualmente os pressupostos de seus pressupostos dogmáticos que queira ele ou não reaparecerão para ele junto com os pressupostos reais enquanto ele não obtiver outros pressupostos reais e com isso também outros pres supostos dogmáticos ou enquanto ele não reconhecer materialisticamente os pressupostos reais como pressupostos de seu pensamento o que daria fim aos pressupostos dogmáticos em geral Como o seu desenvolvimento até aqui e o seu ambiente berlinense o conduziram agora ao pressuposto dogmático do egoísmo em acordo consigo mesmo então apesar de toda imaginária ausência de pressupostos esse pressuposto permanecerá preso a ele enquanto não superar seus pressupostos reais Como autêntico mestreescola Sancho continua a aspirar ao famoso pen samento sem pressupostos hegeliano quer dizer ele aspira ao pensamento sem pressupostos dogmáticos o que em Hegel é também um desejo piedoso Sancho acreditou que poderia apanhálo por uma sutil trapaça e chegou até mesmo a se exceder saindo também à caça do Eu sem pressupostos Mas tanto um como o outro lhe escaparam Sancho tenta a sorte então de outra maneira p 214 215 Esgota o clamor pela liberdade Quem deve se tornar livre Tu Eu Nós Livres de quê De tudo aquilo que não é Tu Eu ou Nós Eu sou portanto o cerne O que sobra se Eu me liberto de tudo o que Eu não sou Apenas Eu e nada mais do que Eu Então era este o cerne da questão Um escolástico viajante O caso me faz rir344 Tudo o que não é Tu não é Eu não é Nós é decerto mais uma vez A ideologia alemã 419 aqui uma representação dogmática como Estado nacionalidade divisão do trabalho etc Depois que essas representações foram criticadas o que Sancho acredita já ter sido feito pela Crítica mais precisamente pela Crítica crítica ele novamente imagina que também é livre do Estado da nacionalidade e da divisão do trabalho reais Por conseguinte o Eu que aqui é o cerne que está liberto de tudo o que Eu não sou é por sua vez o Eu sem pressupostos que vimos acima trazendo consigo tudo aquilo de que não conseguiu se livrar Porém se Sancho tivesse chegado a encarar a liberação de modo a que rer se livrar não meramente das categorias mas das cadeias reais então essa libertação pressuporia uma modificação sua e juntamente com ela a modi ficação de uma grande massa de outros homens e efetuaria uma mudança na situação mundial que por sua vez é algo que abrange não só ele como também os outros Assim certamente o seu Eu resta após a libertação porém resta como um Eu totalmente modificado que compartilha com ou tros uma realidade mundial modificada que é precisamente o pressuposto comum a ele e aos outros de sua liberdade e da liberdade deles seguese daí que a unicidade a incomparabilidade e a independência do seu Eu são novamente feitas em pedaços Sancho tenta ainda de uma terceira forma p 237 Sua infâmia não está em que eles judeus e cristãos se excluem uns aos outros mas no fato de que isso só se dá pela metade Se pudessem ser egoís tas completos então excluiriam uns aos outros plenamente p 273 Se se quer apenas dissolver o antagonismo tomase o seu significado de modo muito formal e debilmente O antagonismo merece muito mais ser aguçado p 274 Deixareis de simplesmente dissimular Vosso antagonismo apenas quando o reconhecerdes plenamente e quando cada um afirmar a si mesmo dos pés à cabeça como único A oposição final e mais decisiva a do Único contra o Único vai além basicamente do que se chama oposição Na qua lidade de Único Tu não tens mais nada em comum com o outro e por isso também não tens em Ti mais nada que Te separe dele ou Te torne hostil a ele O antagonismo desaparece na perfeita condição de divor ciamento Geschiedenheit ou unicidade Einzigkeit p 183 Eu não quero ter ou ser algo especial diante dos outros tampouco Me Meço pelos outros Eu quero ser e ter tudo aquilo que posso ser e ter O que Me importa se outros são ou têm algo parecido Eles não podem ser nem ter algo igual o mesmo Eu não ajo em detrimento deles da mesma forma como não ajo em detrimento do rochedo pelo fato de Eu ter em relação a ele a vantagem do movimento Se ele pudesse ter movimento então ele o teria Não agir em detrimento dos outros homens é nisso que consiste a exigência de não se ter privilégios Ninguém deve se considerar como algo especial como por exemplo judeu ou cristão Ora eu não Me considero como algo especial mas como único Eu tenho é verdade semelhança com outros mas Karl Marx e Friedrich Engels 420 isso vale apenas para a comparação ou reflexão de fato Eu sou incomparável único Minha carne não é a carne deles Meu espírito não é o espírito deles Quando os colocais sob as generalidades carne espírito então eles são Vossos pensamentos que nada têm a ver com Minha carne Meu espírito p 234 A sociedade humana perece por causa dos egoístas pois eles não tratam mais uns aos outros como homens mas agem de modo egoísta como um Eu contra um Tu que é totalmente distinto de Mim e contrário a Mim p 180 Como se um não estivesse sempre à procura do outro e como se um não tivesse de se juntar ao outro quando dele precisasse Mas a diferença é que nesse caso o indivíduo realmente se une com o outro indivíduo enquanto anteriormente ele estava atado a ele por um laço p 178 Somente quando sois único podeis estabelecer relações uns com os outros como realmente sois No que diz respeito à ilusão de Sancho quanto ao intercurso dos únicos como realmente são quanto à união do indivíduo com o indivíduo em suma quanto à associação já esgotamos totalmente o assunto Notemos apenas o seguinte se na associação cada um olhava o outro apenas como seu objeto como sua propriedade cf p 167 e a teoria da propriedade e da exploração já no Comentário Wigand p 157 ao contrário o governador da ilha Baratária apercebese e reconhece que o outro também pertence a si mesmo que ele é o Seu próprio que ele é único e que nessa qualidade também se torna o objeto de Sancho embora não seja mais a propriedade de Sancho Em seu desespero ele se salva apenas pela inesperada ideia de que devido a isso ele esquece de si mesmo em doce autoesquecimento um deleite que ele proporciona a si mesmo mil vezes a cada hora e que é ado çado ainda mais pela doce consciência de que ele então não desapareceu completamente Disso resulta portanto o velho dito popular de que cada um existe para si mesmo e para outros Tratemos agora de reduzir as frases pomposas de Sancho ao seu parco conteúdo As frases bombásticas sobre o antagonismo que deve ser aguçado e levado ao extremo e sobre o algo especial que Sancho não quer tomar como uma vantagem sua reduzemse a uma e mesma coisa Sancho quer ou antes acredita que quer que os indivíduos devam travar relações uns com os outros de modo puramente pessoal que seu intercurso não deva ser mediado por um terceiro por uma coisa cf a concorrência Esse terceiro é aqui o algo especial Besondre ou o antagonismo particular besondre não absoluto isto é a posição dos indivíduos uns em relação aos outros tal como condicionada pelas atuais relações sociais Sancho não quer por exemplo que dois indivíduos estejam em antagonismo um com o outro como burguês e proletário ele protesta contra o algo especial que coloca o burguês em vantagem sobre o proletário ele gostaria de fazêlos travar um com o outro uma relação puramente pessoal como simples indivíduos Ele não conside A ideologia alemã 421 ra que no interior da divisão do trabalho as relações pessoais necessária e inevitavelmente se desenvolvem e se fixam como relações de classes e que portanto todo seu discurso se resume a um mero desejo piedo so o qual ele almeja realizar realisieren exortando os indivíduos dessas classes a arrancar da cabeça as representações de seu antagonismo e de seus privilégios especiais Nas frases de Sancho acima citadas tudo é apenas uma questão de saber como as pessoas concebem a si mesmas e como ele as concebe o que elas querem e o que ele quer O antagonismo e o algo especial são supri midos por uma mudança do conceberse como e do querer Mesmo aquilo que constitui uma vantagem de um indivíduo em relação a outro é hoje em dia ao mesmo tempo um produto da sociedade e em sua realização tem de afirmar a si mesmo como privilégio tal como já mostra mos a Sancho por ocasião da concorrência Além disso o indivíduo como tal considerado por si mesmo é subordinado à divisão do trabalho que o torna unilateral deformao determinao A que conduz na melhor das hipóteses a intensificação da contradi ção e a supressão da qualidade de especial Besonderheit realizadas por Sancho Conduz a isto que as relações dos indivíduos devam ser seu modo de se comportar Verhalten e que suas diferenças mútuas devam ser suas autodife ren cia ções tal como um Simesmo empírico se diferencia do outro Essas duas ideias podem significar duas coisas ou são uma pará frase ideológica do existente pois as relações dos indivíduos sob todas as circunstâncias não podem ser senão o modo de seu comportamento uns em relação aos outros ao mesmo tempo que suas diferenças não podem ser senão suas autodife renciações ou são o desejo piedoso de que eles devem se comportar uns em relação aos outros e se diferenciar uns dos outros de modo que seu comportamento não se autonomize como uma relação social independente deles e de modo que suas diferenças uns dos outros não assumam o caráter real sachlich345 independente da pessoa que assumiu e diariamente continua a assumir Os indivíduos sempre e em todas as circunstâncias partiram de si mesmos mas como eles não eram únicos no sentido de não precisar esta belecer relações uns com os outros e como suas necessidades portanto sua natureza e o modo de satisfazer essas necessidades os conectavam uns aos outros relação entre os sexos troca divisão do trabalho então eles tiveram de estabelecer relações Ademais como eles não firmaram rela ções como puros Eus mas como indivíduos num determinado estágio de desenvolvimento de suas forças produtivas e necessidades e como essas relações por seu turno determinaram a produção e as necessidades então foi justamente o comportamento pessoal individual dos indivíduos seu comportamento uns em relação aos outros como indivíduos que criou as relações existentes e que diariamente volta a criálas Eles firmaram relações uns com os outros tal como eram partiram de si mesmos tal Karl Marx e Friedrich Engels 422 como eram indiferentemente de qual visão de vida possuíam Essa visão de vida mesmo a visão estrábica dos filósofos naturalmente só podia ser determinada por sua vida real Daí se segue certamente que o desenvolvimento de um indivíduo é condicionado pelo desenvolvimento de todos os outros com os quais ele se encontra em intercurso direto ou indireto e que as diferentes gerações de indivíduos que entram em relações uns com os outros possuem uma conexão entre si que a existência física das últimas gerações depende da existência de suas predecessoras que essas últimas gerações recebendo das anteriores as forças produtivas e as formas de intercâmbio que foram acumuladas são por elas determinadas em suas próprias relações mútuas Em poucas palavras é evidente que um desenvolvimento sucede e que a história de um indivíduo singular não pode ser de modo algum apartada da história dos indivíduos precedentes e contemporâneos mas sim é determinada por ela A transformação do comportamento individual no seu contrário num comportamento meramente relativo a coisas sachlich a diferenciação de individualidade e casualidade por parte dos próprios indivíduos é como já indicamos um processo histórico que em diferentes estágios de desenvolvimento assume formas cada vez mais agudas e universais Na época presente o domínio das relações materiais sachlichen Verhältnisse sobre os indivíduos o esmagamento da individualidade pela casualidade atingiu sua forma mais aguda e universal e com isso designou aos indi víduos existentes uma missão bem determinada Ele deu aos indivíduos a missão de no lugar do domínio das relações dadas e da casualidade sobre os indivíduos instaurar o domínio dos indivíduos sobre a casuali dade e sobre as relações dadas Ele não colocou a exigência como Sancho o imagina de que Eu Me desenvolva o que todo indivíduo fez até aqui sem precisar do bom conselho de Sancho mas sim exigiu antes que o indivíduo venha a se libertar de uma forma de desenvolvimento bem determinada Essa missão posta pelas atuais relações coincide com a missão de organizar a sociedade de forma comunista Já mostramos acima que a superação da autonomização das relações em face dos indivíduos da sujeição da individualidade sob a casualidade da subsunção de suas relações pessoais a relações gerais de classe etc é condi cionada em última instância pela superação da divisão do trabalho Também mostramos além disso que a propriedade privada só pode ser superada sob a condição de um desenvolvimento universal dos indivíduos pois universal são o intercâmbio e as forças produtivas que eles encontram dados e que só podem ser apropriados por indivíduos universalmente desenvolvidos isto é feitos para o livre manejo Betätigung de suas vidas Mostramos que os indivíduos atuais têm de superar a propriedade privada porque as forças produtivas e as formas de intercâmbio se desenvolveram a tal ponto que sob o domínio da propriedade privada se transformaram em forças destrutivas e A ideologia alemã 423 porque a oposição entre as classes foi levada ao seu ponto máximo Por fim mostramos que a superação da propriedade privada e da própria divisão do trabalho é a organização Vereinigung dos indivíduos sobre a base dada pelas atuais forças produtivas e pelo atual intercâmbio mundial No interior da sociedade comunista da única sociedade na qual o de senvolvimento original e livre dos indivíduos não é uma fraseologia esse desenvolvimento é determinado justamente pela conexão entre os indivíduos uma conexão que em parte consiste em pressupostos econômicos em parte na solidariedade necessária ao livre desenvolvimento de todos e finalmente no modo de atuação universal dos indivíduos sobre a base das forças produtivas existentes Tratase aqui portanto de indivíduos num determinado estágio histórico de desenvolvimento e de forma alguma de quaisquer indivíduos fortuitos mesmo sem levar em conta a necessária revolução comunista que é ela própria uma condição geral para o seu livre desenvolvimento A consciência dos indivíduos sobre suas relações mútuas naturalmente se torna também uma consciência totalmente diferente e é portanto princípio do amor ou Dévoûment 1 tanto quanto é egoísmo Com a incomparabilidade de Sancho ocorre o mesmo que com a unici dade Ele mesmo se lembrará caso ele não tenha desaparecido completa mente em doce autoesquecimento que a organização do traba lho na asso ciação stirneriana de egoístas não depende somente da compa rabilidade mas também da igualdade das necessidades E ele supôs não apenas necessidades iguais mas também uma atuação igual de modo que no trabalho humano uns pudessem ser substituídos por outros E em que consistia o salário extra do único a coroar o seu sucesso senão em que sua obra fosse comparada com a do outro e sobre ela tivesse pre ferência E como pode Sancho sequer falar de incomparabilidade se ele deixa subsistir a comparação praticamente independente o dinheiro a ele se subordinando e pondose em comparação com outros por meio desse padrão universal de medida O quanto ele mesmo desmente portanto a sua incomparabilidade é algo evidente Nada mais fácil do que chamar de determinações reflexivas os pares igualdade e desigualdade semelhança e dessemelhança Também a incom pa rabilidade é uma determinação re flexiva que requer como seu pressuposto a atividade do comparar Para mostrar o quão pouco a comparação é uma pura determinação reflexiva arbitrária precisamos apenas citar um exemplo o dinheiro o tertium comparationis2 corrente de todos os homens e coisas De resto a incomparabilidade pode ter diferentes significados O único significado que aqui é levado em consideração a unicidade no sentido da originalidade pressupõe que a atividade do indivíduo incomparável se diferencie numa determinada esfera da atividade dos seus iguais Persiani 1 sacrifício 2 terceiro elemento da comparação Karl Marx e Friedrich Engels 424 é uma cantora incomparável justamente porque ela é cantora e é comparada com outras cantoras por ouvidos que mediante uma comparação baseada numa audição normal e numa formação musical estão qualificados para o reconhecimento de sua incomparabilidade Incomparável é o canto de Persiani com o coaxar de um sapo embora também aqui pudesse ocorrer uma comparação que entretanto seria uma comparação entre homem e sapo e não entre Persiani e um sapo singular Apenas no primeiro caso se pode falar de uma comparação entre indivíduos no segundo a questão diz respeito apenas às suas propriedades como categoria Art ou gênero Deixamos a Sancho para a sua autofruição um terceiro tipo de incompara bilidade a incomparabilidade do canto da persa com o rabo de um cometa uma vez que ele de todo modo encontra prazer em juízos sem sentido embora mesmo essa comparação absurda tenha uma realidade Realität na absurdidade das relações atuais O dinheiro é a medida comum de tudo mesmo das coisas mais heterogêneas De resto a incomparabilidade de Sancho desemboca na mesma fraseo logia da unicidade Os indivíduos não devem mais ser medidos por um tertium comparationis1 deles independente mas a comparação deve ser convertida em sua autodiferenciação id est no livre desenvolvimento de sua individuali dade o que certamente se dará quando os indivíduos arrancarem as ideias fixas de suas cabeças De resto Sancho conhece apenas o tipo de comparação literária e pole mista que chega ao resultado grandioso de que Sancho não é Bruno e Bruno não é Sancho Em contraposição ele naturalmente não conhece as ciências que só alcançaram progressos significativos por meio da comparação e do estabelecimento de diferenças no interior das esferas da comparação e nas quais esta última adquire um caráter de importância universal a saber ci ências como a anatomia a botânica a filologia etc Grandes nações como os franceses os norteamericanos os ingleses comparamse continuamente uns com os outros de forma prática e teórica tanto na concorrência quanto na ciência Pequenos lojistas e filisteus como os alemães que têm medo da comparação e da concorrência encolhemse atrás do escudo da incomparabilidade que seu fabricante filosófico lhes fornece Não apenas no interesse deles mas também eu seu próprio interesse Sancho recusou tolerar qualquer comparação Na p 415 Sancho diz Não existe ninguém igual a Mim e na p 408 a associação com Meus iguais é apresentada como a dissolução da sociedade no intercurso Verkehr A criança prefere o intercurso com Seus iguais à sociedade 1 terceiro elemento da comparação A ideologia alemã 425 Sancho no entanto usa igual a Mim e igual em geral no sentido de o mesmo por exemplo na passagem acima citada da p 183 O igual o mesmo é algo que eles não podem nem ser nem ter E com isso ele chega à sua nova expressão conclusiva que ele utiliza especialmente no Comentário A unicidade a originalidade o desenvolvimento próprio dos indiví duos que de acordo com Sancho não ocorre por exemplo em todos os trabalhos humanos embora ninguém vá negar que um construtor de fornos não constrói um forno da mesma maneira que outro o desenvolvimen to próprio dos indivíduos que segundo o mesmo Sancho não ocorre nas esferas religiosas políticas etc ver a Fenomenologia embora ninguém vá negar que dentre todos aqueles que creem no Islã nenhum crê nele da mesma maneira que o outro e que nessa medida cada um deles é úni co tanto quanto entre os cidadãos nenhum tem a mesma relação com o Estado simplesmente pelo fato de que é Ele que se relaciona e não o outro a tão famosa unicidade que era tão distinta da mesmidade Dieselbigkeit da identidade da pessoa e da qual Sancho via em todos os indivíduos até aqui quase que apenas exemplares de um gênero é agora dissolvida na identidade policialmente constatada de uma pessoa consigo mesma no fato de que um indivíduo não é o outro E assim Sancho que pretendia cair sobre o mundo como uma tempestade míngua à estatura de um escrivão de repartição pública Na p 184 do Comentário ele admite com muita unção e grande auto fruição que ele não se sacia quando o Imperador do Japão come pois suas vísceras e as do Imperador do Japão são únicas são vísceras incompará veis id est não são as mesmas Se Sancho crê por meio disso ter superado as relações sociais até então existentes ou mesmo apenas as leis da natureza então sua ingenuidade é excessivamente grande e resulta meramente do fato de que os filósofos não descreveram as relações so ciais como relações mútuas entre indivíduos particulares idênticos uns com os outros e as leis da natureza como as conexões mútuas desses corpos particulares Famosa é a expressão clássica que Leibniz deu a esta antiga sentença que figura em todo manual de física como doutrina da impenetrabilidade dos corpos Opus tamen est ut quælibet monas differat ab alia quacunque neque enim unquam dantur in natura duo entia quorum unum exasse conveniat cum altero 1 Principia Philosophiæ seu Theses A unicidade de Sancho é aqui rebaixada a uma qualidade que ele com partilha com todo piolho e todo grão de areia 1 Contudo toda e qualquer mônada se diferencia necessariamente de todas as outras pois nunca há na natureza duas essências em total acordo uma com a outra Karl Marx e Friedrich Engels 426 O maior desmentido com o qual a filosofia poderia terminar era o de reputar ser uma das maiores descobertas a compreensão própria de qual quer parvo campônio e sargento da polícia de que Sancho não é Bruno e de tomar o fato dessa diferença como um verdadeiro prodígio E assim o hurra crítico de nosso virtuose do pensar se transformou num acrítico miserere Após todas essas aventuras nosso fiel escudeiro único navega nova mente rumo ao porto de sua nativa choupana de servo O fantasmatítulo de seu livro corre ao seu encontro alegremente Sua primeira pergunta é como está o Ruço Melhor do que seu dono responde Sancho Dou graças a Deus por tamanha bondade mas agora me conte meu ami go qual o proveito que obtiveste com Tua escudeirice Que novas roupas trazes para mim Não trago nenhuma coisa desse tipo responde Sancho mas trago o nada criador o nada a partir do qual eu mesmo como criador tudo posso criar isto é Tu ainda deverás me ver como Padre da Igreja e Arcebispo de uma ilha e de fato de uma das melhores ilhas que se podem encontrar Que os céus nos deem tudo isso querido e sem demora pois disso care cemos Mas o que disseste sobre a ilha eu não entendi O mel não é nada para a boca do asno replica Sancho Tu o verás em seu devido tempo mulher Mas agora eu já posso dizerTe que não há no mundo nada mais agradável do que a honra de buscar aventuras como egoís ta em acordo consigo mesmo e como fiel escudeiro do cavaleiro da triste figura É certamente verdade que a maioria das aventuras não alcan ça seu objetivo último tal como seria necessário para satisfazer às exi gências humanas tan a gusto como el hombre queria1 pois noventa e nove em cada cem dessas aventuras percorrem um percurso tortuoso e adverso Sei isso por experiência própria pois numas eu fui trapaceado noutras fui manteado e noutras fui moído Mesmo com tudo isso porém foi uma coisa bela de se ver pois a exigência única é sempre satisfeita quando se vagabundeia pela história inteira a citar todos os livros dos gabinetes berlinenses de leitura a buscar alojamento em todas as línguas para um pernoite etimológico a falsear os fatos políticos em todas as nações a lançar provocações contra todos os dragões avestruzes elfos sátiros e fantasmas a trocar altercações com todos os Padres da Igreja e filóso fos e por fim a pagar por tudo isso apenas com seu próprio corpo cf Cervantes I cap 52 1 do modo como o homem quereria 427 Embora Sancho em tempos idos e na condição humilhante em que se en contrava Cervantes cap 26 e 29 tivesse toda sorte de escrúpulos para desfrutar de uma prebenda eclesiástica acabou por tomar a decisão de tirar da cabeça esses escrúpulos levando em conta as circunstâncias modificadas e o seu antigo cargo preparatório de fâmulo de uma irmandade devota cap 21 de Cervantes Tornouse arcebispo e cardeal da ilha Baratária e como tal ele se assenta com expressão solene e atitude arquiepiscopal entre os mais importantes do nosso concílio A esse concílio retornamos agora após o longo episódio do Livro No entanto encontramos o Irmão Sancho muito mudado em sua nova situação de vida Ele representa a ecclesia triumphans1 em oposição à ecclesia militans2 na qual se encontrava anteriormente As fanfarras bélicas do Livro deram lugar a uma seriedade solene o lugar do Eu foi tomado por Stirner Isso mostra o quanto há de verdade no provérbio francês quil ny a quun pas du sublime au ridicule 3 Desde que Sancho se tornou Padre da Igreja e começou a emitir cartas pastorais ele passou a se apresentar como Stirner Ele aprendeu de Feuerbach esse jeito único de autofruição mas infelizmente ele lhe cai tão bem quanto ao seu Ruço cai bem tocar alaúde Quando ele fala de si mesmo na terceira pessoa qualquer um vê que o cria dor Sancho bem ao modo dos suboficiais prussianos dirigese à sua cria tura Stirner comoEle e que ele não deve de modo algum ser confun dido com César346 Essa impressão ganha em comicidade pelo fato de Sancho cometer essa inconsequência apenas para fazer concorrência a Feuerbach A autofruição de Sancho com sua atuação como grande homem tornase aqui malgré lui4 uma fruição para outros O que Sancho faz de especial em seu comentário e que ainda não foi 2 COmENTáRIO APOLOgéTICO 1 igreja triunfante 2 igreja militante 3 de que apenas um passo separa o sublime do ridículo 4 contra sua vontade Karl Marx e Friedrich Engels 428 esgotado por nós no dito episódio consiste em que ele promove uma nova série de variações sobre os temas já tão conhecidos entoados monótona e extensamente no Livro A música de Sancho a qual a exemplo da música dos sacerdotes hindus de Vixnu conhece uma nota só é transcrita agora para tons mais altos mas o seu efeito entorpecente permanece naturalmente o mesmo Assim por exemplo a contraposição de egoísta e santo é remis turada e vendida com os rótulos de interessante e desinte ressante e em seguida de interessante e absolutamente interessante inovação que aliás só interessará a apreciadores do pão não levedado vulgo pão ázimo é claro que não se pode levar a mal que um pequenoburguês berlinense culto347 distorça beletristicamente o interessado de modo a transformá lo no interessante O conjunto das ilusões que de acordo com a mania preferida de Sancho foram criadas pelos mestresescolas aparece agora como dificuldades escrúpulos criados unicamente pelo espírito os quais as pobres almas que permitiram que aqueles escrúpulos lhes fossem impingidos têm de superar mediante a leviandade o malafamado ato de tirardacabeça p 162 O que segue então é um tratado sobre se devemos tirar os escrúpulos da cabeça mediante o pensar ou mediante a irreflexão e um adágio críticomoral em que ele resmunga em tom menor O pensar não pode ser oprimido por algo como o júbilo p 166 mas para tranquilidade da Europa sobretudo da conturbada old merry and young sorry England 1 Sancho emite tão logo se acomoda em sua chaise percée2 episcopal a seguinte carta pastoral Stirner não tem nenhum apreço pela sociedade burguesa e ele nem cogita em estendêla a tal ponto que ela engula o Estado e a família p 189 de acordo com isso devese ter em conta o que dizem Herr Cobden e Herr Dunoyer Como arcebispo Sancho se arroga ao mesmo tempo a função de polícia intelectual e na p 193 aplica um corretivo em Heß por promover confusões contrárias à polícia que se tornam tanto mais imperdoáveis à medida que aumenta o esforço contínuo que nosso Padre da Igreja faz para demonstrar a sua identidade Para demonstrar a este mesmo Heß que Stirner também possui a coragem heroica da mentira essa qualidade ortodoxa do egoísta em acordo consigo mesmo ele canta na p 188 Mas Stirner nem mesmo fala daquilo que Heß o faz dizer a saber que o erro dos egoístas precedentes se resume em que eles não teriam nenhuma consciência do seu egoísmo cf a Fenomenologia e o Livro inteiro A outra qualidade do egoísta em acordo consigo mesmo a credulidade ele a demonstra na p 182 onde ele não refuta Feuerbach quando este diz que o indivíduo é comunista Outra forma de exercitar seu poder policial consiste em que na p 154 ele aplica 1 velha alegre e jovem triste Inglaterra 2 literalmente cadeira furada vaso sanitário A ideologia alemã 429 a todos os críticos de suas obras uma reprimenda por não terem se detido mais detalhadamente no egoísmo tal como ele é concebido por Stirner To dos eles de fato cometeram o erro de acreditar que se tratava do egoísmo real ao passo que se tratava apenas da concepção que Stirner tinha dele Pelo fato de iniciar com uma hipocrisia o comentário apologético com prova ainda a habilitação de Sancho para ser Padre da Igreja Ainda que uma breve refutação não traga nenhum proveito aos referidos resenhistas ela poderá ser útil para muitos outros leitores do Livro p 47 Sancho se faz aqui de devotado e afirma sacrificar seu precioso tempo em proveito do público embora por toda parte nos assegure ter em vista apenas o seu próprio proveito e embora procure aqui salvar apenas sua própria pele de Padre da Igreja E com isso temos tudo que há de especial no comentário Preservamos até aqui o Único que todavia já se encontra também na p 491 do Livro não tanto em proveito de muitos outros leitores e sim em proveito do próprio Stirner Uma mão lava a outra do que decorre irrefutavelmente que o indivíduo é comunista Para os filósofos uma das tarefas mais difíceis que há é a de descer do mundo do pensamento para o mundo real A realidade imediata do pensamento é a linguagem Assim como os filósofos autonomizaram o pensamento também tiveram de autonomizar a linguagem num reino próprio Este é o segredo da linguagem filosófica na qual os pensamentos como palavras possuem um conteúdo próprio O problema de descer do mundo dos pensamentos para o mundo real se converte no problema de descer da linguagem para a vida mostramos que a autonomização dos pensamentos e das ideias é uma consequência da autonomização das condições e relações pessoais dos indivíduos mostramos que a ocupação sistemática exclusiva com esses pensamentos por parte dos ideólogos e filósofos e desse modo a sistema tização desses pensamentos é uma consequência da divisão do trabalho e que principalmente a filosofia alemã é uma consequência das condições pequenoburguesas alemãs Os filósofos teriam somente de dissolver sua linguagem na linguagem comum da qual ela foi abstraída para reconhecer que ela é a linguagem deturpada do mundo real e darse conta de que nem os pensamentos nem a linguagem constituem um reino próprio que eles são apenas manifestações da vida real Sancho que segue os filósofos haja o que houver é obrigado a sair à procura da pedra filosofal da quadratura do círculo e do elixir da vida de uma palavra que como palavra possua a força mágica de guiar do reino da linguagem e do pensamento para a vida real Os longos anos de contato com Dom Quixote contaminaram Sancho a tal ponto que ele não nota que essa sua missão essa sua vocação nada mais é que uma consequência da crença em seus volumosos livros filosóficos de cavalaria Karl Marx e Friedrich Engels 430 Assim sendo Sancho começa por nos expor uma vez mais o domínio do sagrado e das ideias no mundo e agora na nova forma do domínio da linguagem ou da fraseologia é natural que a linguagem tão logo se auto no mize transformese em fraseologia Na p 151 Sancho chama o mundo atual de um mundo da fraseologia um mundo em que no princípio era a palavra Ele detalha os motivos de sua caça à palavra mágica A especulação visava descobrir um predicado tão geral que fosse capaz de conceituar cada um em si Se o predicado deve compreender cada um em si então cada um tem de aparecer nele como sujeito isto é não meramente como aquilo que ele é mas como aquele que ele é p 152 Pelo fato de a especulação procurar tais predicados expressos anterior mente por Sancho como vocação destinação missão gênero etc os homens reais até agora procuraram a si mesmos na palavra no lógos no predicado p 153 Até agora usavase o nome quando se queria diferen ciar no âmbito da linguagem um indivíduo de outro meramente como pessoa idêntica Porém Sancho não se satisfaz com os nomes comuns pelo fato de a especu lação ter lhe posto a missão de encontrar um predicado que fosse tão geral a ponto de compreender em si cada um como sujeito ele se põe à procura do nome abstrato filosófico o nome acima de todos os nomes o nome de todos os nomes o nome como categoria que por exemplo diferencia Sancho de Bruno e ambos de Feuerbach de modo tão preciso quanto seus próprios nomes e não obstante se aplica a todos os três bem como a todos os demais seres humanos e essências corpóreas uma inovação que causaria a maior confusão em todas as letras de câmbio contratos de casamento etc e destruiria de um só golpe todos os tabelionatos e cartórios de registro civil Esse nome miraculoso essa palavra mágica que na linguagem é a morte da linguagem essa ponte de asnos348 para a vida esse mais alto degrau da escada celestial chinesa é o Único As propriedades miraculosas dessa palavra são entoadas nas seguintes estrofes O Único deve ser apenas a última declaração Ausage a declaração moribun da sobre Ti e sobre mim deve ser apenas aquela declaração que se converte na opinião uma declaração que não é mais declaração uma declaração a emudecer uma declaração muda p 153 No caso dele do Único o não pronunciado é o principal p 149 Ele é indeterminado ibidem Ele aponta para o seu conteúdo situado fora ou além do conceito ibidem Ele é um conceito indeterminado e não pode se tornar mais determinado mediante quaisquer outros conceitos p 150 Ele é o batismo filosófico dos nomes profanos p 50 O Único é uma palavra sem pensamento A ideologia alemã 431 Ele não tem conteúdo de pensamento Ele expressa o Uno que não pode existir uma segunda vez consequente mente tampouco busca ser expresso pois se ele pudesse ser expresso real e inteiramente ele existiria uma segunda vez estaria presente na expressão p 151 Depois de ter cantado desse modo as propriedades dessa palavra ele festeja nas seguintes antístrofes os resultados que se obtêm com a descoberta de suas forças prodigiosas Com o Único está encerrado o reino das ideias absolutas p 150 Ele é a pedra conclusiva do nosso mundo da fraseologia p 151 Ele é a lógica a se extinguir como fraseologia p 153 No Único a ciência pode ser absorvida na vida porque seu Isto se transforma em Este e Aquele que então não busca mais a si mesmo na palavra no lógos no predicado p 153 No entanto no caso dos seus resenhistas Sancho teve de passar pela terrível experiência de saber que também o Único pode ser fixado como conceito e é isso que fazem os adversários p 149 que são tão adversários de Sancho que nem sentem o esperado efeito mágico da palavra mágica e antes põemse a cantar tal como na ópera Ce nest pas ça nest pas ça1 Sancho voltase com grande aspereza e solene seriedade especialmente contra o seu Dom QuixoteSzeliga pois no caso dele o malentendido pressupõe uma franca revolta e um total desconhecimento de sua posição como criatura Se Szeliga tivesse entendido que o Único não é mais uma categoria justamente por ser a fraseologia ou categoria completamente sem conteúdo talvez ele o tivesse reconhecido como o nome daquilo que para ele ainda não tem nome p 179 Portanto Sancho reconhece aqui expressamente que ele e seu Dom Qui xote rumam para Um e o mesmo alvo com a única diferença de que Sancho acredita ter descoberto a verdadeira estrela dalva ao passo que Dom Quixote ainda continua a vogar no escuro no caótico mar morto deste mundo de profundeza abissal349 Na Filosofia do futuro p 49 Feuerbach dizia Por estar fundado sobre o puramente indizível o ser é ele próprio algo indizível De fato ele é o indizível Onde cessam as palavras é que começa a vida é aí que se descortina o segredo do ser 1 Não é isso não é isso Karl Marx e Friedrich Engels 432 Sancho encontrou a transição do dizível para o indizível encontrou a palavra que é simultaneamente mais e menos do que uma palavra Vimos que todo o problema de chegar do pensamento à realidade e em consequência da linguagem à vida só existe na ilusão filosófica isto é só pode ter sua justificativa para a consciência filosófica à qual é impossível obter clareza sobre a constituição e a origem de sua aparente separação da vida Esse grande problema quando de fato chegou a assombrar a cabeça de nossos ideólogos naturalmente acabou por tomar o rumo de que um desses cavaleiros andantes saiu à procura de uma palavra que como palavra constituísse a transição em questão que como palavra deixasse de ser mera palavra que como palavra apontasse de modo misterioso supralin guístico a partir da linguagem em direção ao objeto real designado por ela em suma que desempenhasse entre as palavras o mesmo papel que o Deushomem salvador desempenha entre os homens na fantasia cristã O crânio mais oco e limitado entre os filósofos acabou por fazer a filosofia se extinguir ao proclamar a sua própria ausência de ideias como o fim da filosofia e desse modo como a entrada triunfal na vida corpórea Sua filosofante ausência de ideias já representava por si mesma o fim da filosofia assim como sua linguagem indizível o fim de toda e qualquer linguagem O triunfo de Sancho ainda estava condicionado ao fato de que dentre todos os filósofos era ele quem menos sabia sobre as condições reais e em consequência disso no caso dele as categorias filosóficas perderam o último resquício de relação com a realidade e desse modo o último resquício de sentido E agora anda piedoso e fiel servo Sancho anda ou melhor cavalga o teu Ruço rumo à autofruição do Teu Único consome o Teu Único até a última letra esse Único cujos maravilhosos título força e valentia já ha viam sido cantados por Calderón da seguinte maneira O Único El valiente Campeón El generoso Adalid El gallardo Caballero El ilustre Paladín El siempre fiel Cristiano El Almirante feliz De áfrica el Rey soberano De Alexandría el Cadé De Berberia de Egipto el Cid morabito y Gran Señor De Jerusalem1 1 O valente Campeão O generoso Adail O galhardo Cavaleiro O ilustre Paladino O sempre fiel Cristão O Almirante feliz da África o Rei soberano de Alexandria o Cádi da Berberia do Egito o Cid morabita e Grão Senhor de Jerusalém350 433 FIm DO CONCíLIO DE LEIPzIg Para concluir não será descabido trazer à lembrança de Sancho o grão Senhor de Jerusalém a crítica de Cervantes a Sancho em Don Quijote cap 20 p 171 da edição de Bruxelas do ano de 1617 cf o Comentário p 194 Depois de terem enxotado todos os seus oponentes do Concílio São Bruno e São Sancho que também se chama Max firmam uma aliança eterna a cantar o seguinte dueto comovente e a balançar alegremente um para o outro suas cabeças como dois mandarins São Sancho O crítico é o verdadeiro portavoz da massa ele é o príncipe e general nas guerras de libertação contra o egoísmo O Livro p 187 São Bruno max Stirner é o líder e comandante dos cruzados contra a Crítica Ao mesmo tempo é o mais capaz e valente de todos os guerreiros Wigand p 124 São Sancho Passamos agora a trazer o liberalismo político e social diante do tribunal do liberalismo humano ou crítico id est Crítico crítico O Livro p 163 São Bruno Diante do Único e sua propriedade cai por terra o liberal político que quer quebrar a vontade própria e o liberal social que quer destruir a propriedade Eles caem diante da adaga crítica isto é roubada da Crítica do Único Wigand p 124 São Sancho Em face da Crítica nenhuma ideia está segura porque ela é o próprio espí rito pensante A Crítica ou antes Ele quer dizer São Bruno O Livro p 195 199 Karl Marx e Friedrich Engels 434 São Bruno interrompendoo com mesuras Unicamente o liberal crítico não quer cair diante da Crítica porque Ele próprio é o crítico Wigand p 124 São Sancho A Crítica e unicamente a Crítica acompanha o passo do tempo Entre as teorias sociais a Crítica é indiscutivelmente a mais completa Nela o princípio do amor do cristianismo o verdadeiro princípio social chega ao seu mais puro exercício e se procede ao último experimento possível de tirar das pessoas a exclusividade e a repulsa uma luta contra o egoísmo em sua forma mais simples e por essa razão mais dura O Livro p 177 São Bruno Esse Eu é a consumação e o ápice de uma era histórica passada O Único é o último refúgio do velho mundo o último esconderijo a partir do qual ele pode lançar seus ataques à Crítica crítica Esse Eu é o egoísmo mais exacerbado mais poderoso e mais forte do velho mundo id est do cris tianismo Esse Eu é a substância em sua dureza mais dura Wigand p 124 Concluído esse aprazível diálogo os dois grandes Padres da Igreja de claram encerrado o concílio Em seguida sem dizer palavra apertamse as mãos O Único abandona a si mesmo em doce autoesquecimento sem contudo desaparecer totalmente nesse ato O crítico sorri três vezes e então segue inexoravelmente seu caminho certo da vitória e triunfante VOLUmE II CRíTICA DO SOCIALISmO ALEmãO Em SEUS DIFERENTES PROFETAS La Churreria CAFFÉ LA CHURRÉRIA 314 W El Norte Pkwy 8757867669 HOURS MonSat 8am 7pm Sunday 8am 2pm NUESTRAS ESPECIALIDADES Torta de Queso Antioqueña Antioquia Cheese Cake Medallo Especial La Churrería Medallo Specialty Churro Repostería Antioqueña Antioquia Pastry Y Muchos Más And Much More Café Continental Continental Cafe Queso Antioqueño Antioquia Cheese Panques Los Corrales Los Corrales Pancakes CHURROS TRADICIONALES Art Kolepsky 12 Churros 12 6 Churros 6 CHURROS RELLENOS Filled Churros 7 ALSO Hot Chocolate Latte Americano Espresso Cappuccino VEGAN CHURROS Churros Light 75 light fried and baked churros SOCIAL MEDIA instagram lachurreriaabq Facebook La Churreria Facebook La Churreria Caffé Solid Black Pug 1230 328 PM 437 A relação que comprovamos no primeiro volume cf São max O libera lismo político entre o liberalismo alemão existente até agora e o movimento da burguesia francesa e inglesa é a mesma que ocorre entre o socialismo alemão e o movimento proletário da França e da Inglaterra Ao lado dos co munistas alemães patenteouse um certo número de autores que acolheram algumas ideias comunistas de origem francesa e inglesa e as amalgamaram com seus pressupostos filosóficos alemães Esses socialistas ou socia listas verdadeiros como denominam a si mesmos não veem a literatura comunista do exterior como expressão e produto de um movimento real mas como escritos puramente teóricos que se originaram inteiramente dos pensamentos puros da mesma forma como eles imaginam terem surgido os sistemas filosóficos alemães Eles não consideram que na base desses escritos mesmo quando pregam sistemas estão as necessidades práticas todas as condições de vida de uma determinada classe de determinados países Eles acatam piamente a ilusão de alguns desses repres en tantes li terários de partidos de que esses escritos refletem a ordem mais racional possível da sociedade e não as necessidades de uma determinada classe e época A ideologia alemã no interior da qual esses socialistas verdadeiros estão presos não lhes permite contemplar a situação real Sua atividade em face dos franceses e ingleses não científicos consiste antes de mais nada meramente em expor enfaticamente ao desprezo do público alemão a superficialidade ou o empirismo rudimentar desses estrangeiros em entoar um hino à ciência alemã e conferirlhe a missão de trazer à luz do dia a verdade do comunismo e do socialismo o socialismo absoluto o socialismo verdadeiro E eles imediatamente põem mãos à obra para cumprir essa missão como representantes da ciência alemã ainda que na maioria dos casos essa ciência alemã lhes tenha permanecido quase tão estranha quanto os escritos originais dos franceses e ingleses dos quais tomaram conhecimento somente a partir das compilações de Stein e Oelckers351 etc O SOCIALISmO VERDADEIRO Karl Marx e Friedrich Engels 438 E em que consiste essa verdade que eles conferem ao socialismo e ao co munismo Com a ajuda da ideologia alemã principalmente das ideologias hegeliana e feuerbachiana eles procuram obter clareza sobre as ideias dessa literatura que lhes são totalmente inexplicáveis em parte devido já ao desconhecimento do mero contexto literário em parte devido à referida concepção falsa que têm da literatura socialista e comunista Os sistemas os críticos e os escritos polêmicos comunistas são abstraídos por eles do movimento real do qual são pura expressão e postos numa conexão arbi trária com a filosofia alemã Eles separam a consciência de determinadas esferas de vida historicamente condicionadas dessas mesmas esferas de vida e a medem pela consciência verdadeira absoluta isto é pela consci ência filosófica alemã De modo bem coerente eles transformam as relações desses indivíduos determinados em relações do homem explicam para si mesmos as ideias que esses indivíduos bem determinados têm sobre suas próprias relações como sendo ideias sobre o homem Desse modo eles retornaram do chão histórico real para o chão da ideologia e podem agora que não conhecem o contexto real construir facilmente um contexto fantasioso com ajuda do absoluto ou de algum outro método ideológico Essa tradução das ideias francesas para a linguagem dos ideólogos alemães e essa conexão arbitrariamente produzida entre o comunismo e a ideologia alemã acabam compondo o assim chamado socialismo verdadeiro que a exemplo da constituição inglesa dos tories352 é trombeteado para orgulho da nação e inveja dos países vizinhos Esse socialismo verdadeiro nada mais é portanto que a transfiguração do comunismo proletário e dos partidos e seitas da França e da Inglater ra que têm maior ou menor afinidade com ele no céu do espírito alemão e como igualmente veremos da mentalidade alemã O socialismo verdadeiro que alega se basear na ciência é ele próprio antes de tudo uma ciência esotérica sua literatura teórica é apenas para Aqueles que foram iniciados nos mistérios do espírito pensante mas ele também possui uma literatura exotérica pois já pelo fato de ocuparse com situações sociais exotéricas precisa fazer uma espécie de propaganda Nessa literatura exo té rica ele não apela mais ao espírito pensante alemão mas à mentalidade alemã Isso é facilitado em muito pelo fato de que o socialismo verdadeiro que não se ocupa com os homens reais mas com o homem perdeu toda a paixão revolucionária e em lugar desta proclama a filantropia generalizada Desse modo ele não se dirige aos proletários mas às duas classes mais numerosas da Alemanha aos pequenoburgueses e suas ilusões filantrópicas e aos ideólogos desses mesmos pequenoburgueses aos filósofos e discípulos de filósofos ele se dirige em geral à consciência comum e incomum que atualmente predomina na Alemanha Em vista das condições factuais existentes na Alemanha era necessário que se formasse essa seita intermediária que fosse tentada uma mediação A ideologia alemã 439 entre o comunismo e as concepções dominantes Foi igualmente necessário que uma porção de comunistas alemães que partiram da filosofia viessem e ainda venham para o comunismo mediante essa transição ao passo que outros que não conseguem deslindar os laços da ideologia pregarão esse socialismo verdadeiro até seu bemaventurado fim Por essa razão não po demos saber se aqueles dentre os socialistas verdadeiros cujos escritos aqui criticados foram redigidos já há algum tempo ainda defendem essa posição ou se já avançaram De qualquer modo não temos nada contra as pessoas em questão apenas tomamos esses documentos impressos como expressão de uma tendência inevitável para um país tão atolado como a Alemanha Além disso porém o socialismo verdadeiro de fato abriu a uma massa de beletristas doutores e demais literatos alemães modernos353 a porta à ex ploração do movimento social A falta de lutas partidárias reais apaixonadas e práticas na Alemanha fez que em seu início o movimento social fosse um movimento meramente literário O socialismo verdadeiro é o mais perfeito movimento literário social que surgiu sem interesses partidários reais e que agora que o partido comunista tomou forma quer continuar a existir apesar dele A partir do surgimento de um partido comunista real na Alemanha é evidente que os socialistas verdadeiros se restringirão cada vez mais a um público de pequenoburgueses e a assumir o papel de literatos impotentes e decaídos como representantes desse público Sunday 12 July Assumption of the Blessed Virgin Mary Eucharist Schedule Castro 900am Hondagua 800am Paya 730am Mindoro 1000am Noon Misola 1000am Livestreamed at 1000am Tranquille Ormoc city 441 A Comunismo Socialismo Humanismo 355 Rheinische Jahrbücher v 1 p 167 ss Iniciamos com este artigo porque ele expõe o caráter nacionalalemão do socialismo verdadeiro com plena consciência e grande autoconfiança p 168 Parece que os franceses não compreendem seus próprios gênios Nesse ponto eles são acudidos pela ciência alemã que no socialismo propicia o mais racional se é que se pode falar da razão no superlativo ordenamento da sociedade Portanto aqui a ciência alemã propicia um ordenamento da sociedade no socialismo e especificamente o mais racional dos ordenamentos O socialismo tornase um mero ramo da onipotente onissapiente ciência alemã que a tudo abrange e que até mesmo funda uma sociedade é verdade que o socialismo é francês de origem mas os socialistas franceses eram em si alemães razão pela qual os franceses reais não os entenderam Em conse quência disso nosso autor pode dizer O comunismo é francês o socialismo é alemão a sorte dos franceses é terem um instinto social tão apurado que ele lhes servirá um dia como substituto para o estudo científico Esse resultado estava predelineado no curso do desenvolvi mento dos dois povos os franceses chegaram ao comunismo através da política agora se sabe é claro como foi que o povo francês chegou ao comunismo os alemães através da metafísica que por fim reverteu em antropologia no socialismo a saber no socialismo verdadeiro Por último ambos se dissolvem no humanismo Depois que se transformou o comunismo e o socialismo em duas teorias abstratas em dois princípios naturalmente nada é mais fácil do que fantasiar uma unidade hegeliana qualquer desses dois opostos dandolhe um nome indeterminado qualquer Desse modo não só se lançou um olhar penetrante sobre o curso do desenvolvimento dos dois povos como também se expôs I Die Rheinische Jahrbücher 354 ou A filosofia do socialismo verdadeiro Karl Marx e Friedrich Engels 442 brilhantemente a superioridade do indivíduo especulativo em relação tanto aos franceses quanto aos alemães Aliás essa frase foi copiada quase literalmente do Bürgerbuch de Püttmann p 43 e outras 356 os estudos científicos do autor sobre o socialismo se limi tam igualmente a uma reprodução construtiva das ideias apresentadas neste livro nos Einundzwanzig Bogen e em outros escritos da época do surgimento do comunismo alemão Daremos agora apenas algumas amostras das objeções que nesse artigo são levantadas contra o comunismo p 168 O comunismo não liga os átomos num todo orgânico Exigir a ligação de átomos num todo orgânico é o mesmo que exigir a quadratura do círculo O comunismo na forma em que é defendido na França sua sede principal constitui a oposição crua rohe à decadência egoísta do Estado mercantil não consegue avançar para além dessa oposição política e não chega a nenhuma liberdade incondicional isenta de pressupostos ibidem Eis o postulado ideológico alemão da liberdade incondicional isenta de pressupostos que não passa da fórmula prática para o pensar incon dicio nal isento de pressupostos Entretanto o comunismo francês é cru porque constitui a expressão teórica de uma oposição real só que de acordo com nosso autor ele já deveria ter superado essa oposição pressupondoa como superada em sua imaginação Compare ademais o Bürgerbuch p 43 passim A tirania pode muito bem continuar a existir no interior do comunismo porque ele não permite que o gênero continue a existir p 168 Pobre gênero Até agora o gênero subsistiu concomitantemente com a tirania mas pelo fato de o comunismo abolir o gênero ele permite que a tirania continue a existir E como é que o comunismo faz conforme nosso socialista verdadeiro para abolir o gênero Ele tem a massa diante de si ibidem No comunismo o homem não se torna consciente de sua essência sua de pendência é levada pelo comunismo à condição extrema a mais brutal de todas à dependência da matéria crua separação de trabalho e fruição O homem não chega a nenhuma atividade moral sittlich livre Para valorizar os estudos científicos que auxiliaram nosso socialista verdadeiro na formulação dessa frase confirase a frase seguinte Os socialistas e comunistas franceses de modo algum reconheceram teoricamente a essência do socialismo nem mesmo os comunistas fran ceses radicais lograram superar a oposição entre trabalho e fruição ainda não se alçaram à ideia da atividade livre A diferença entre o comunismo e A ideologia alemã 443 o mundo mercantil é meramente esta no comunismo a alienação completa da propriedade humana real deve ser retirada do domínio do acaso isto é deve ser idealizada Bürgerbuch p 43 Portanto aqui o nosso socialista verdadeiro acusa os franceses de terem uma consciência correta de suas condições sociais factuais e deveriam trazer à tona a consciência do Homem quanto à sua essência Todas as acusações desses socialistas verdadeiros contra os franceses desembocam num só ponto o fato de a filosofia de Feuerbach não ser o ponto culminante de todo o seu movimento O ponto de partida do autor é a frase que ele encontrou pronta sobre a separação de trabalho e fruição mas em vez de começar com esta frase ele inverte ideologicamente o assunto começando com a falta de consciência do homem daí deduzindo a dependência da matéria crua e fazendo que esta se realize realisieren na separação de trabalho e fruição Aliás ainda teremos exemplos de até onde chega o nosso socialista verdadeiro com sua independência da matéria crua Esses senhores são dotados em geral de uma notável delicadeza Tudo os choca principalmente a matéria em toda parte queixamse da crueza Roheit Acima já tínhamos a oposição crua agora a condição mais brutal da dependência da matéria crua O alemão a boca escancara não seja o amor demasiado cru do contrário fará mal à saúde357 Naturalmente a filosofia alemã no seu disfarce de socialismo até dá a impressão de se ocupar com a crua realidade mas se mantém o tempo todo a uma distância decente dela e grita para ela com irritação histérica noi me tangere 1 Concluídas essas objeções científicas contra o comunismo francês che gamos a algumas abordagens históricas que dão um testemunho brilhante da atividade moral livre e dos estudos científicos de nosso socialista verdadeiro bem como de sua independência em relação à matéria crua Na p 170 ele chega ao resultado de que o comunismo francês cru uma vez mais é o único que há A construção dessa verdade a priori é efetuada com um apurado instinto social e mostra que o Homem se tornou cons ciente de sua essência Ouçamos Não há nenhum outro pois o que Weitling fez é apenas uma reelaboração de ideias fourieristas e comunistas das quais ele tomou conhecimento em Paris e genebra Não há nenhum comunismo inglês pois o que Weitling etc Decerto Thomas morus os Levellers358 Owen Thompson Watts Holyoake Harney 1 Não me toques Karl Marx e Friedrich Engels 444 morgan Southwell goodwyn Barmby greaves Edmonds Hobson Spence ficarão admirados ou se contorcerão no túmulo quando chegar aos seus ouvidos a notícia de que eles não são comunistas pois Weitling foi para Paris e genebra Ademais o comunismo de Weitling parece ser de um tipo diferente do comunismo francês cru vulgo babouvismo já que ele também contém ideias fourieristas Os comunistas eram especialmente fortes na montagem de sistemas ou ordens sociais já prontas a Icária 359 de Cabet La Félicité360 Weitling Porém todos os sistemas são dogmáticoditatoriais p 170 Ao emitir sua opinião sobre os sistemas em geral o socialismo ver dadeiro naturalmente se furtou ao esforço de tomar conhecimento dos próprios sistemas comunistas De um só golpe ele deixou para trás não só a Icária mas também todos os sistemas filosóficos de Aristóteles até Hegel o système de la nature361 o sistema botânico de Lineu e Jussieu e até mesmo o sistema solar Aliás no que diz respeito aos próprios sistemas quase todos emergiram no começo do movimento comunista e serviram naquela época para a propaganda como romances populares que corres pondiam plenamente à consciência ainda não desenvolvida dos proletários que iniciavam seu movimento O próprio Cabet chama a sua Icária de roman philosophique 1 que de modo algum deve ser julgado com base no seu sistema mas a partir de seus escritos polêmicos a partir de toda a sua atividade como líder de partido Alguns desses romances como por exemplo o sistema de Fourier foram escritos com espírito realmente po ético outros como os de Owen e Cabet foram elaborados sem qualquer fantasia e com um calculismo mercantil ou com uma pragmática adulação jurídica das concepções próprias da classe a ser trabalhada Esses siste mas perderam toda relevância durante o desenvolvimento do partido e foram preservados quando muito nominalmente como palavraschave Quem é que acredita em Icária na França Quem na Inglaterra acredita nos diversos planos de Owen tantas vezes modificados que ele próprio pregava de acordo com as circunstâncias temporais alteradas ou visando à propaganda para determinadas classes A melhor prova de quão pouco o teor real desses sistemas consiste em sua forma sistemática é dada pelos fourieristas ortodoxos da Démocratie pacifique362 que não obstante toda a sua ortodoxia são justamente os antípodas de Fourier ou seja são bur gueses doutrinários O conteúdo propriamente dito de todos os sistemas que marcaram época corresponde às necessidades do tempo em que sur giram Na base de cada um deles está todo o desenvolvimento pregresso de uma nação a conformação histórica das relações de classe com suas 1 romance filosófico A ideologia alemã 445 consequências políticas morais filosóficas e demais Diante dessa base e desse conteúdo dos sistemas comunistas nada se ganha com a afirmação de que todos os sistemas são dogmáticoditatoriais Os alemães ainda não dispunham de relações de classe já constituídas como os ingleses e franceses Em consequência disso os comunistas alemães só podiam obter a base de seu sistema a partir das relações do estamento do qual provinham Em consequência é perfeitamente natural que o único sistema comunista alemão hoje existente tenha sido uma reprodução das ideias francesas no interior da cosmovisão limitada pelas acanhadas relações manufatureiras A tirania que continua a existir no interior do comunismo é evidenciada pela loucura de Cabet que exige que todo mundo faça uma assinatura de sua Populaire p 168 Quando nosso amigo começa por deturpar as exigências feitas a um partido pelo líder desse partido que a isso é obrigado por de terminadas circunstâncias e pelo perigo da dispersão dos limitados recursos financeiros e em seguida as julga com base na essência do Homem é claro que ele terá de chegar ao resultado de que esse líder de partido e todas as demais pessoas que tomam partido são loucas em contraposição figuras apartidárias como ele e a essência do Homem te riam uma mente saudável Pois que ele se inteire dos fatos com o Ma ligne droite 363 de Cabet Por fim toda a oposição de nosso autor e de todos os socialistas verda deiros e ideólogos alemães contra os movimentos reais de outras nações pode ser resumida numa sentença clássica Os alemães avaliam tudo sub specie æterni1 em conformidade com a essência do Homem os estran geiros veem tudo de modo prático em conformidade com as pessoas e as relações realmente existentes Os estrangeiros pensam e agem para o tempo os alemães para a eternidade Nosso socialista verdadeiro admite isso da seguinte maneira Em seu próprio nome que é o oposto de concorrência o comunismo já denota sua unilateralidade porém essa tendenciosidade que agora seguramente pode ter sua validade como nome de partido deve durar para sempre Tendo destruído o comunismo de maneira tão cabal nosso autor passa a se ocupar com o seu oposto o socialismo O socialismo constitui a ordem anárquica que é essencialmente peculiar ao gênero humano assim como ao universo p 170 e que justamente por isso até hoje ainda não existiu para o gênero humano A livre concorrência é muito crua para se manifestar aos olhos do nosso socialista verdadeiro como ordem anárquica 1 do ponto de vista da eternidade Karl Marx e Friedrich Engels 446 Cheio de confiança no cerne moral da humanidade o socialismo decreta que a união dos sexos é e deveria ser apenas o grau mais elevado do amor pois só o natural é verdadeiro e o verdadeiro é moral p 171 A razão pela qual a união etc etc é e deveria ser se aplica a tudo Por exemplo Cheio de confiança no cerne moral dos macacos o socialismo pode igualmente decretar que o onanismo que ocorre naturalmente entre os macacos é e deveria ser apenas o grau mais elevado do amor próprio pois apenas o natural é verdadeiro e o verdadeiro é moral é difícil dizer de onde o socialismo tira o critério para determinar o que é natural Atividade e fruição coincidem na peculiaridade do homem Aquelas são deter minadas por esta e não pelos produtos que estão fora de nós Como porém esses produtos são indispensáveis para a atividade isto é para a verdadeira vida mas se soltaram da humanidade através da atividade comum de toda a humanidade eles são ou devem ser para todos o substrato comum do desenvolvimento futuro comunhão de bens No entanto a nossa sociedade atual se asselvajou tanto que indivíduos se lançam com avidez animalesca sobre os produtos do trabalho alheio e ao fazerem isso deixam deteriorar inativos sua própria essência rentistas Rentiers a consequência necessária disso é que outros cuja propriedade sua própria essência humana não definha por causa da inatividade mas pelo esforço desgastante são forçados à produção maquinal proletários Os dois extremos da nossa sociedade porém rentistas e proletários situamse nUm só estágio de formação ambos são dependentes das coisas fora deles mesmos ou são negros como diria São max nas páginas 169 170 Os resultados acima obtidos pelo nosso mongol acerca de nossa negridão são a coisa mais bem acabada que o socialismo verdadeiro até agora soltou de si mesmo como produto indispensável à verdadeira vida e sobre a qual acredita ele com base na peculiaridade do Homem toda a humanidade teria de se lançar com avidez animalesca Rentistas proletários maquinal comunhão de bens esses quatro conceitos são para o nosso mongol em todo caso produtos situados fora dele em relação aos quais sua atividade e sua fruição consiste em apresentálos como nomes meramente antecipados dos resultados de seu próprio ato maquinal de produzir Somos informados de que a sociedade está asselvajada e que por essa razão os indivíduos que compõem essa mesma sociedade sofrem de todo tipo de debilidade A sociedade se separa desses indivíduos se autonomiza ela se asselvaja por conta própria e o sofrimento dos indivíduos é apenas decorrência desse asselvajamento A primeira consequência desse asselvaja mento é constituída pelas determinações predador inativo e detentor de uma essência própria em deterioração e logo tomamos um susto ao descobrir que essas determinações constituem o rentista Quanto a isso A ideologia alemã 447 a única coisa a dizer é que esse deixar deteriorar a própria essência nada mais é que o jeito filosoficamente mistificado para obter clareza a respeito dessa inatividade sobre cuja conformação prática pouco se parece saber A segunda consequência necessária dessa primeira decorrência do asselvajamento são as duas determinações seguintes definhamento da própria essência humana pelo esforço desgastante e ser forçado à pro dução maquinal Essas duas determinações constituem a consequência necessária do fato de os rentistas deixarem deteriorar sua própria essência e na linguagem profana recebem o nome de tomamos outro susto ao ficar sabendo o proletário O nexo causal da frase é portanto o seguinte é fato constatável que exis tem proletários e que eles trabalham maquinalmente Por que os proletários precisam produzir maquinalmente Porque os rentistas deixam deteriorar a sua própria essência Por que os rentistas deixam deteriorar a sua própria essência Porque a nossa sociedade atual se asselvajou tanto Por que ela se asselvajou dessa maneira Pergunta ao teu criador Característico do nosso socialista verdadeiro é o fato de ele ver na oposição entre rentistas e proletários os extremos da nossa sociedade Essa oposição existiu em praticamente todos os estágios mais ou menos desenvolvidos da sociedade e desde tempos imemoriais foi amplamente dissecada por todos os moralistas sendo retomada particularmente bem no início do mo vi mento proletário ou seja numa época em que o prole tariado ainda possuía interesses comuns com a burguesia industrial e a pequenaburguesia Confira por exemplo os escritos de Cobbett e P L Courier ou os de SaintSimon que no início ainda incluía os capitalistas Kapitalisten industriais entre os travailleurs 1 em oposição aos oisifs2 aos rentistas Rentiers Pronunciar essa oposição trivial não na lingua gem corriqueira mas na sagrada linguagem filosófica conferir a essa noção infantil não a expressão adequada mas uma expressão abstrata sublimada é a isto que se reduz aqui e em todos os demais casos o rigor da ciência alemã consumada no socialismo verdadeiro Esse rigor atinge então o seu ápice no final Aqui nosso socialista verdadeiro transforma os estágios totalmente diferentes de formação dos proletários e rentistas em um estágio de formação porque é capaz de contornar seus estágios reais de formação e subsumilos na fraseologia filosófica dependência das coisas fora deles Aqui o socialismo verdadeiro encontrou o estágio de formação em que a diversidade de todos os estágios de formação nos três reinos naturais na geologia e na história é plenamente reduzida a nada Apesar do seu ódio contra a dependência das coisas fora dele o socia lista verdadeiro precisa conceder que depende delas já que os produtos isto é 1 trabalhadores 2 ociosos Karl Marx e Friedrich Engels 448 justamente essas coisas são indispensáveis para a verdadeira vida e para a atividade Essa concessão envergonhada é feita visando abrir caminho para uma construção filosófica da comunhão de bens uma construção que se perde num absurdo tão grande que aqui apenas precisamos recomendála à atenção do leitor Chegamos agora à primeira das frases citadas acima Nela se reivindica novamente a independência em relação às coisas para a atividade e a fruição Atividade e fruição são determinadas pela peculiaridade do Ho mem Em vez de demonstrar essa peculiaridade na atividade e na fruição das pessoas que o cercam o que logo o levaria a descobrir em que medida os produtos situados fora de nós igualmente possuem voz ativa ele faz ambos coincidir na peculiaridade do Homem Em vez de visualizar a peculiaridade das pessoas em sua atividade e o modo de fruição por ela condicionado ele explica ambas a partir da peculiaridade do Homem o que encerra toda e qualquer discussão Diante da ação real dos indivíduos ele se refugia uma vez mais em sua indescritível e intangível peculiaridade Aliás aqui podemos ver o que os socialistas verdadeiros entendem por atividade livre Nosso autor nos denuncia imprudentemente que se trata da atividade que não é determinada pelas coisas fora de nós isto é do actus purus a atividade pura absoluta que nada mais é que atividade e que em última instância desemboca uma vez mais na ilusão do puro pensar Essa pura atividade fica naturalmente muito maculada quando possui um substrato material e um resultado material só a contragosto o socialista verdadeiro se ocupa com tal atividade impura e despreza seu produto que não é mais denominado resultado mas apenas um dejeto do Homem p 169 Em consequência disso o sujeito que está na base dessa pura atividade tampouco pode ser um homem real dotado de sentidos mas tão somente o espírito pensante A atividade livre assim germanizada nada mais é que outra fórmula para a acima referida liberdade incondicional isenta de pressupostos Aliás todo esse falatório a respeito da atividade livre que serve ao socialista verdadeiro apenas para encobrir o seu desconhecimento da produção real desemboca em última instância no puro pensar o quanto isso é verdade já é evidenciado por nosso autor no fato de que o postulado do conhecimento verídico é sua última palavra Essa separação entre os dois principais partidos desta época a saber entre o comunismo francês cru e o socialismo alemão resultou do desenvolvimento havido nos dois últimos anos tendo iniciado principalmente com a filosofia do ato de Heß nos Einundzwandig Bogen de Herwegh Assim sendo já era tempo de lançar uma luz mais intensa sobre os schibboleths364 dos partidos sociais p 173 Temos aqui portanto de um lado o partido comunista realmente existente na França com sua literatura e do outro lado alguns semie ruditos alemães que buscam esclarecer filosoficamente as ideias dessa A ideologia alemã 449 literatura Estes últimos são considerados tanto quanto os primeiros como um partido principal desta época portanto como um partido que possui uma relevância infinita não só para seu oposto mais próximo os comunistas franceses mas também para os cartistas e comunistas ingleses os reformadores nacionalistas norteamericanos e de modo geral para todos os partidos desta época Infelizmente todos esses partidos não sabem nada da existência desse partido principal Porém já há um bom tempo se instalou essa mania dos ideólogos alemães de que cada uma de suas frações literárias especialmente aquela que imagina ser a que mais avançou não só se declara um partido principal mas até mesmo o partido principal desta época Desse modo temos o partido principal da Crítica crítica o partido principal do egoísmo em acordo consigo mesmo e agora o partido principal do socialista verdadeiro Nesse ritmo a Alemanha poderá chegar a algumas dúzias de partidos principais cuja existência será conhecida apenas na Alemanha e mesmo aqui apenas pela classe reduzida dos eruditos semieruditos e literatos ao passo que todos eles se imaginam girando a manivela da história mundial ao trançarem o longo fio de suas próprias fantasias Esse partido principal dos socialistas verdadeiros resultou do desenvol vimento havido nos dois últimos anos tendo iniciado principalmente com a filosofia do ato de Heß Isto é ele resultou quando iniciou o envolvi mento do nosso autor no socialismo ou seja nos dois últimos anos com o que para ele já era tempo de iluminar a si mesmo mais detidamente por meio de alguns schibboleths sobre aquilo que ele considera como partidos sociais Tendo resolvido dessa maneira a questão do comunismo e do socialismo nosso autor nos apresenta a unidade mais elevada de ambos o humanismo A partir desse instante ingressamos na terra do Homem e a partir de agora toda a verdadeira história do nosso socialista verdadeiro se desenrola na Alemanha No humanismo desfazemse então todas as controvérsias a respeito de nomes para que comunistas para que socialistas Nós somos homens p 72 tous frères tous amis 1 Não nademos contra a corrente meus irmãos isso de pouco adianta Subamos ao monte de Templow e brademos Viva o rei 365 Para que homens para que animais para que plantas para que pedras Somos todos corpos 1 todos irmãos todos amigos Karl Marx e Friedrich Engels 450 Segue uma discussão histórica que se baseia na ciência alemã aquela que um dia ajudará os franceses a encontrar um substituto para o seu instinto social époga antiga ingenuidade Idade média romanticismo época moderna humanismo Por meio dessas três trivialidades nosso au tor naturalmente constrói historicamente o seu humanismo e logo oferece a comprovação para a verdade das humaniora366 dos tempos antigos Quanto a construções desse tipo comparese com o São max do primeiro volume quando ele fabrica esse artigo com muito mais competência artística e menos diletantismo Na p 172 somos informados de que a última consequência do escolasticismo é a cisão da vida que Heß aniquilou A teoria é aqui apresentada portanto como a causa da cisão da vida Não se entende por que esses socialistas verdadeiros ainda falam de socie dade já que a exemplo dos filósofos acreditam que todas as cisões reais foram provocadas por cisões conceituais Com base nessa fé filosófica no poder que os conceitos têm de criar e destruir o mundo eles conseguem então inclusive imaginar que um indivíduo qualquer tenha aniquilado a cisão da vida mediante alguma aniquilação de conceitos Como fazem todos os ideólogos alemães esses socialistas verdadeiros misturam continuamente a história literária com a história real considerando ambas como igualmente efetivas Todavia essa mania é muito compreensível no caso dos alemães que procuram encobrir o papel miserável que desempenharam e continuam a desempenhar na história real colocando as ilusões em que eram especial mente ricos no mesmo nível da realidade Passemos aos dois últimos anos em que a ciência alemã resolve da maneira mais cabal possível todas as questões não deixando às outras nações nenhuma outra tarefa além de cumprir seus decretos Feuerbach realizou só unilateralmente isto é iniciou a obra da antropologia a saber a recuperação pelo Homem da sua de Feuerbach ou do Homem essência a essência de que fora alienado ele aniquilou a ilusão religiosa a abstração teórica o Deushomem ao passo que Heß aniquila a ilusão política a abstração de sua de Heß ou do Homem capacidade Vermögen de sua atividade isto é do patrimônio Vermögen Foi só por meio do trabalho deste último que o Homem foi libertado dos últimos poderes fora dele capacitado para a atividade moral todo o desprendimento da época anterior a Heß foi apenas aparente e reconduzido à sua dignidade ou onde é que ante riormente o Homem de Heß valia pelo que ele era Por acaso ele não era avaliado com base nos seus tesouros Sua validade provinha do dinheiro que possuía p 171 Característica comum a todas essas palavras altissonantes sobre libertação etc é que sempre é apenas o Homem o liberto etc Embora os pronuncia mentos acima deem a entender que o patrimônio o dinheiro etc tenham cessado de existir ficamos sabendo na frase seguinte que A ideologia alemã 451 Só agora após a destruição dessas ilusões visto sub specie æterni 1 o dinheiro é de fato uma ilusão lor nest quune chimère2 pode ser pensada uma nova ordem uma ordem humana da sociedade ibidem Mas isso é totalmente supérfluo pois o reconhecimento da essência do homem tem como consequência natural e necessária uma vida verdadeiramente humana p 172 Chegar ao comunismo ou ao socialismo por intermédio da metafísica da política etc essas fraseologias tão apreciadas pelos socialistas verda deiros nada mais querem dizer do que o seguinte este ou aquele escritor se apropriou mediante a linguagem própria ao seu atual ponto de vista das ideias comunistas que chegaram até ele de fora e procedentes de situações bem distintas das dele e lhes conferiu a expressão que corresponde a esse ponto de vista Naturalmente depende de todo desenvolvimento de um país se um ou outro ponto de vista predomina na nação como um todo se sua visão comunista possui uma coloração política metafísica ou outra Do fato de que a visão da maior parte dos comunistas franceses tem uma coloração política um fato que se confronta com outro a saber que um grande número de socialistas franceses abstraiu totalmente da política nosso autor tira a conclusão de que os franceses teriam chegado ao comunismo median te a política mediante seu desenvolvimento político Essa frase que tem grande circulação em toda a Alemanha não mostra que nosso autor tenha algum conhecimento de política particularmente do desenvolvimento político fran cês ou mesmo do comunismo mas apenas que ele considera a política como uma esfera autônoma que possui seu próprio desenvolvimento autônomo uma fé que ele tem em comum com todos os ideólogos Outra palavrachave dos socialistas verdadeiros é verdadeira proprie dade a propriedade verdadeira pessoal propriedade real social viva natural etc etc em contraste com a qual se encontra a proprieda de privada que eles designam de modo também bem característico como a assim chamada propriedade Já no primeiro volume apontamos para o fato de que essa linguagem procede originalmente dos sansimonianos entre os quais ela no entanto nunca assumiu essa forma metafísicomisteriosa dos alemães e para eles essa linguagem se justificativa de certa maneira nos primórdios do movimento socialista diante da gritaria obtusa dos burgueses O fim que teve a maioria dos sansimonianos prova ademais a facilidade com que essa verdadeira propriedade acaba novamente por se dissolver na propriedade privada comum Se imaginarmos essa oposição entre o comunismo e o mundo da proprie dade privada em sua forma mais rudimentar isto é em sua forma mais abstrata eliminando dessa oposição todas as suas condições reais 1 da perspectiva da eternidade 2 o ouro não passa de uma quimera Karl Marx e Friedrich Engels 452 chegase à oposição entre propriedade e ausência de propriedade Nesse caso podese conceber a superação dessa oposição como supressão deste ou daquele lado como supressão da propriedade do que resulta a ausên cia geral da propriedade ou a vadiagem Lumperei ou como supressão da ausência de propriedade que consiste na instauração da verdadeira propriedade Na realidade de um lado estão os verdadeiros proprietários privados de outro os proletários comunistas sem propriedade Essa opo sição tornase mais acirrada a cada dia e impele para uma crise Portanto se os representantes teóricos dos proletários quiserem conseguir alguma coisa com sua atividade literária deverão insistir sobretudo em que sejam eliminadas todas as fraseologias que enfraquecem a consciência do acirra mento dessa oposição todas as fraseologias que mascaram essa oposição e até oferecem aos burgueses o ensejo de por segurança aproximarse dos comunistas por força de seus devaneios filantrópicos No entanto deparamonos com todas essas qualidades ruins nas palavraschave dos socialistas verdadeiros principalmente na da verdadeira propriedade Estamos bem cientes de que o movimento comunista não poderá ser ar ruinado por um punhado de fraseômanos alemães mas ainda assim num país como a Alemanha em que durante séculos as fraseologias filosóficas tiveram um certo poder e em que a ausência das nítidas oposições de classe presentes em outros países empresta de qualquer modo menos nitidez e resolução à consciência comunista é necessário contraporse a todas as fraseologias que possam enfraquecer e diluir ainda mais a consciência da oposição total entre o comunismo e a ordem mundial vigente Essa teoria da verdadeira propriedade concebe como mera aparência a propriedade privada real que existiu até hoje ao passo que a concepção abstraída dessa propriedade real é ao contrário concebida como verdade e realidade dessa aparência ela é portanto ideológica do começo ao fim O que ela faz é dar uma expressão mais clara e determinada às concepções dos pequenoburgueses cujas aspirações caridosas e desejos piedosos igualmente desembocam na supressão da ausência de propriedade Nesse artigo constatamos uma vez mais o tipo de visão nacionalres trita que está na base do suposto universalismo e cosmopolitismo dos alemães A terra é dos franceses e russos aos britânicos pertence o mar mas no reino aéreo dos sonhos o nosso domínio não tem par Nele temos a hegemonia nele é inteira nossa união Enquanto os demais povos cresceram ao résdochão367 é esse reino aéreo do sonho o reino da essência do homem que os alemães apresentam aos demais povos com enorme autoconfiança como a A ideologia alemã 453 consumação e o propósito de toda a história universal em todos os campos consideram seus devaneios como a sentença final e definitiva sobre os feitos das demais nações e porque em toda parte figuram como espectadores ou chegam depois dos eventos acreditam terem sido chamados para julgar o mundo inteiro e fazer que toda a história atinja o seu ápice na Alemanha Já constatamos diversas vezes que a esse orgulho nacional empolado e efusivo corresponde uma práxis mesquinha própria de mercadores e manufatureiros A estreiteza nacionalista é repulsiva onde quer que apareça mas particular mente na Alemanha ela se torna asquerosa porque aqui vem acompanhada da ilusão de se estar acima da nacionalidade e de todos os interesses reais e nessa versão é lançada no rosto daquelas nacionalidades que admitem abertamente que sua estreiteza nacionalista está baseada em interesses reais Aliás em todos os países podese constatar que a insistência na nacionalidade afeta apenas os burgueses e seus escritores B Tijolos socialistas 368 Rheinische Jahrbücher p 155 ss Neste artigo inicialmente o leitor é preparado para as verdades mais densas do socialismo verdadeiro por meio de um prólogo beletrísticopoético O prólogo inicia constatando que a felicidade é o propósito último de toda busca de todo movimento dos esforços ingentes e incansáveis de milênios passados Em alguns rápidos traços énos oferecida por assim dizer uma história da busca da felicidade Quando o edifício do mundo antigo desabou em ruínas o coração humano com seus desejos buscou refúgio no além ele transferiu para lá a sua felici dade p 156 Daí decorre todo a másorte do mundo terreno Nos últimos tempos o homem tem se despedido do além e nosso socialista verdadeiro per gunta então Poderá ele saudar novamente a terra como o país de sua felicidade Reconhecer nela novamente sua pátria original mas então por que ele continua a separar vida e felicidade Por que ele não suprime o último muro que continua cin dindo a própria vida terrena em duas metades hostis ibidem O país dos meus sentimentos mais afortunados etc Em seguida ele dirige um convite ao Homem para um passeio um convite que o Homem aceita com prazer O Homem sai para a natureza livre e desenvolve entre outras coisas as seguintes efusões oriundas do coração de um socialista verdadeiro flores coloridas carvalhos altos e altivos seu crescer e florescer sua vida é sua satisfação sua felicidade uma multidão imensurável de pequenos animais nos relvados pássaros do mato valente rebanho de Karl Marx e Friedrich Engels 454 jovens corcéis vejo diz o Homem que esses animais não conhecem nem desejam outra felicidade além daquela que está presente na manifestação e na fruição de sua vida Quando a noite desce vem ao encontro do meu olhar uma incontável multidão de mundos a girar no espaço infinito segundo leis eternas Nessas vibrações vejo uma unidade de vida movimento e felicidade p 157 O Homem poderia ver ainda uma grande quantidade de outras coi sas na natureza como por exemplo a enorme concorrência entre plantas e animais tal como a que existe por exemplo no reino vegetal no seu bosque de carvalhos altos e altivos onde os capitalistas altos e altivos fazem mirrar os recursos vitais do pequeno arbusto que poderia então igualmente exclamar terra aqua aere et igni interdicti sumus 1 ele poderia ver as plantas parasitárias os ideólogos da vegetação ademais uma guerra franca entre os pássaros do mato e a multidão imensurável de pequenos animais entre a grama de seus relvados e o valente rebanho de jovens corcéis Ele poderia ver na incontável multidão de mundos toda uma monarquia feudal celeste com arrendatários e inquilinos em que estes úl timos por exemplo a lua levam uma existência bem precária aere et aqua interdicti um sistema de feudos em que até os vagabundos sem pátria os cometas obtiveram sua classificação estamental e no qual por exemplo os asteroides despedaçados são testemunhas de ocasionais cenas desa gradáveis enquanto os meteoritos esses anjos caídos esgueiramse en vergonhados pelo espaço infinito até que encontram em algum lugar um abrigo modesto mais adiante ele acabaria topando com as estrelas fixas reacionárias Todos esses seres encontram no exercício e na manifestação de todas as ca pacidades vitais com que foram dotados pela natureza simultaneamente sua felicidade a satisfação e a fruição de suas vidas Isto é na interação recíproca dos corpos naturais na manifestação de suas energias o Homem acha que os corpos naturais encontram sua felicidade etc O Homem passa a receber do nosso socialista verdadeiro uma repri menda por causa de sua discórdia O Homem não procedeu igualmente do mundo originário Ele não é uma criatura da natureza como todas as demais Ele não foi formado das mesmas substâncias não foi dotado das mesmas energias e qualidades gerais que animam todas as coisas Por que ele continua a buscar num além terreno a sua felicidade na terra p 158 As mesmas energias e qualidades gerais que o Homem tem em comum com todas as coisas são coesão impenetrabilidade volume peso etc que 1 fomos excluídos da terra da água do ar e do fogo A ideologia alemã 455 encontramos registradas detalhadamente na primeira página de qualquer manual de física Simplesmente não é possível distinguir como disso se pode extrair a razão pela qual o Homem não deveria buscar sua felicidade num além terreno Porém ele admoesta o Homem Olhai os lírios do campo Claro olhai os lírios do campo olhai como eles são comidos pelas cabras como são transplantados para a lapela pelo Homem como se dobram sob as carícias impudicas da lavradeira e do burriqueiro Olhai os lírios do campo eles não trabalham não fiam e ainda assim vosso Pai celestial os alimenta Ide e procedei da mesma forma Depois de termos sido informados sobre a unidade do Homem com todas as coisas também ficamos sabendo qual a sua diferença em relação a todas as coisas Porém o Homem se reconhece possui a consciência de si mesmo Enquanto nos demais seres os instintos e forças da natureza se manifestam isolada e inconscientemente no Homem eles se reúnem e nele alcançam o estado de consciência sua natureza é o espelho da natureza inteira que nele se re conhece muito bem Se a natureza se reconhecer em mim então reconheço a mim mesmo na natureza reconheço na sua vida minha própria vida Então vivamos também o que a natureza colocou em nós p 158 Todo esse prólogo é um modelo de ingênua mistificação filosófica O socialista verdadeiro parte da ideia de que o conflito entre vida e felicidade deve cessar Na tentativa de encontrar uma prova para essa afirmação ele se vale da natureza e presume que nela esse conflito não existe e como o Homem igualmente é um corpo natural e possui as qualidades gerais inerentes aos corpos ele deduz que para ele esse conflito tampouco deva existir Hobbes com muito mais razão pôde provar o seu bellum omnium contra omnes 1 a partir da natureza e Hegel cuja construção serve de base para o nosso socialista verdadeiro pôde vislumbrar na natureza o conflito o perío do dissoluto da ideia absoluta e até dar ao animal o nome de medo concreto de Deus Depois de ter mistificado dessa maneira a natureza o nosso socialista verdadeiro mistifica a consciência humana transformandoa em espelho da natureza previamente mistificada Naturalmente tão logo a manifestação da consciência impingiu à natureza a expressão ideal de um desejo piedoso é claro que a consciência é apenas o espelho em que a natu reza contempla a si mesma Do mesmo modo que acima a partir da quali dade do Homem como mero corpo natural assim também aqui a partir de 1 guerra de todos contra todos Karl Marx e Friedrich Engels 456 sua qualidade de mero espelho provase que o Homem também deve suprimir na sua esfera o conflito que se presume não existir na natureza mas vejamos mais de perto esta última proposição em que está sintetizado todo esse absurdo O primeiro fato a ser expresso é que o Homem possui consciência de si mesmo Os instintos e forças dos seres naturais isolados são transformados nos instintos e forças da natureza que então naturalmente se manifestam isoladamente em cada um desses seres Essa mistificação se fazia necessária para depois produzir a união desses instintos e forças da natureza na au toconsciência humana Desse modo a autoconsciência do Homem também é tacitamente transformada na autoconsciência da natureza dentro dele Essa mistificação por sua vez parece ser desfeita quando o Homem busca des forrarse da natureza de modo que se ela encontra nele sua autocons ciência então ele também busca nela a sua autoconsciência um procedimento no qual ele naturalmente não encontra nela nada além daquilo que ele próprio nela colocou por meio da mistificação acima descrita E eis que ele retorna são e salvo ao lugar de onde havia partido e este giro sobre o próprio calcanhar passou recentemente a se chamar na Alemanha de desenvolvimento A esse prólogo segue o desenvolvimento propriamente dito do socialismo verdadeiro Primeiro tijolo p 160 No seu leito de morte SaintSimon disse aos seus discípulos Toda a minha vida pode ser resumida em uma ideia assegurar a todos os homens o desenvolvimento mais livre possível de suas aptidões naturais SaintSimon foi um proclamador do socialismo Essa frase é elaborada conforme o método acima descrito do socialista verdadeiro e em conexão com a mistificação da natureza feita no prólogo A natureza como fundamento de toda a vida constitui uma unidade que procede de si mesma e retorna a si mesma que abrange toda a incontável multiplicidade de seus fenômenos e além da qual não há nada p 158 Vimos como se deve proceder para transformar os corpos naturais diver sificados e suas relações recíprocas em fenômenos múltiplos da essência secreta dessa unidade misteriosa O aspecto novo nessa frase é que a natu reza também é chamada de o fundamento de toda a vida e logo a seguir é dito que além dela não há nada o que significa que ela igualmente engloba a vida e não pode ser mero fundamento dela A essas palavras tonitruantes segue o pivô de todo o artigo Cada um desses fenômenos cada vida individual só subsiste e se desenvolve por meio de seu contrário de sua luta contra o mundo exterior repousa tão A ideologia alemã 457 somente sobre sua interação com a vida coletiva com a qual ela por seu turno está unida por meio de sua natureza para formar um todo uma unidade orgânica do universo p 1589 Essa frase axial é aclarada ainda da seguinte maneira Por um lado cada vida individual encontra seu fundamento sua fonte e seu alimento na vida coletiva por outro lado em luta constante a vida coletiva busca consumir e diluir dentro de si a vida individual p 159 Depois de ter sido pronunciada dessa forma a respeito de toda a vida individual essa frase pode em consequência disso ser aplicada também ao Homem o que de fato acontece Em consequência disso o Homem só pode se desenvolver na e através da vida coletiva no II ibidem Em seguida a vida individual inconsciente é contraposta à vida cons ciente à vida natural em geral à sociedade humana e então a frase citada por último é repetida da seguinte forma De acordo com a minha natureza apenas na e através da comunhão com outras pessoas poderei chegar ao desenvolvimento à fruição autoconsciente de minha vida poderei tomar parte na minha felicidade no II ibidem A exemplo do que ocorreu acima com a vida individual em geral esse desenvolvimento do homem individual na sociedade é levado adiante A oposição entre a vida individual e a geral tornase também na sociedade a condição para um desenvolvimento humano consciente é na constante luta na constante reação à sociedade que se confronta comigo como po der limitador que evoluo para a autodeterminação para a liberdade sem a qual não há felicidade minha vida é uma permanente libertação uma permanente batalha contra e vitória sobre o mundo exterior consciente e incons ciente a fim de submetêlo a mim e consumilo em função da fruição do meu amor O instinto de autopreservação a busca da minha própria felicidade liberdade satisfação são portanto expressões vitais naturais isto é racionais ibidem Adiante Em consequência disso exijo da sociedade que ela me conceda a possibilidade de lutar pela minha satisfação pela minha felicidade que ela escolha um campo de batalha para a minha vontade de lutar Assim como cada uma das plantas exige solo calor sol ar e chuva para crescer e carregar folhas flores e frutos assim também o Homem na sociedade quer as condições para a formação e satisfação de todas as suas necessidades inclinações e aptidões Ela deve oferecerlhe a possibilidade de conquistar sua felicidade O uso que fará dela o que fará de si e de sua vida depende só dele de sua peculiaridade Ninguém pode dispor sobre a minha felicidade a não ser eu mesmo p 159 160 Karl Marx e Friedrich Engels 458 Segue então como resultado final de toda a discussão a frase de SaintSimon que citamos no início deste bloco Desse modo a noção francesa foi fundada pela ciência alemã Em que consiste essa fundação À natureza já haviam sido impingidas acima algumas ideias que o socia lista verdadeiro deseja ver realizadas na sociedade humana O que anterior mente era o homem individual passa agora a ser toda a sociedade a saber o espelho da natureza A partir das concepções impingidas à natureza podese passar agora a mais uma conclusão em relação à sociedade humana Como o autor evita ocuparse com o desenvolvimento histórico da socie dade e se dá por satisfeito com essa mirrada analogia não há razão plausível para dizer que ela não tenha sido um retrato fiel da natureza em todas as épocas Por consequência as fraseologias sobre a sociedade que se confronta com os indivíduos como poder limitador etc aplicamse perfeitamente a todas as formas de sociedade é natural que nessa construção da sociedade se imis cuam algumas inconsequências Assim fazse necessário aqui reconhecer uma luta na natureza em contraposição à harmonia do prólogo Nosso autor não concebe a sociedade a vida coletiva como a interação das vidas indi viduais que a compõem mas como uma existência especial que ademais estabelece uma interação para si com essas vidas individuais Se na base disso tudo houver alguma referência a condições reais então se trata da ilusão sobre a autonomia do Estado em relação à vida privada e da fé nessa aparente autonomia como algo absoluto Aliás nem aqui nem em todo o artigo se trata de natureza e sociedade mas tão somente das duas categorias individualidade e universalidade às quais são conferidos diferentes nomes e das quais se diz que constituem uma oposição cuja reconciliação seria altamente desejável Da razão de ser da vida individual confrontada com a vida cole tiva decorre que a satisfação das necessidades o desenvolvimento das aptidões o amorpróprio etc são expressões vitais naturais racionais Da concepção da sociedade como reflexo da natureza decorre que em todas as formas de sociedade existentes até agora incluindo a atual essas expressões vitais alcançaram seu desenvolvimento pleno e foram reconhecidas em sua razão de ser De repente na p 159 ficamos sabendo que na nossa sociedade atual essas expressões vitais naturais e racionais ainda assim são reprimidas com tanta frequência e que unicamente por isso costumam degenerar em desnaturação mácriação egoísmo vício etc Como portanto a sociedade ainda assim não corresponde à natureza que é seu protótipo o socialista verdadeiro exige dela que ela se organize em conformidade com a natureza e demonstra seu direito a essa postulação com o exemplo infeliz da planta Em primeiro lugar a planta não exige da natureza todas as condições de existência enumeradas acima e se não dispu ser delas ela nem chegará a se tornar planta continuando como semente Em A ideologia alemã 459 seguida a qualidade das folhas flores e frutos depende muito do solo do calor etc das condições climáticas e geológicas nas quais ela cresce Portanto a exigência impingida à planta se desfaz em dependência com pleta das condições de vida previamente dadas justamente essa exigência passa agora a servir de justificativa ao nosso socialista verdadeiro para exigir uma organização da sociedade em conformidade com sua peculiaridade individual A postulação da verdadeira sociedade socialista se baseia na postulação imaginária de um coqueiro dirigida à vida coletiva para que esta lhe proporcione solo calor sol ar e chuva no Polo Norte A postulação acima dirigida à sociedade pelo indivíduo é deduzida da suposta relação entre as pessoas metafísicas individualidade e universa lidade e não do desenvolvimento real da sociedade O que se precisa para fazer essa postulação é apenas interpretar indivíduos isola dos como representantes como corporificações da individualidade e a sociedade como corporificação da universalidade e a mágica está feita E com isso a frase de SaintSimon sobre o desenvolvimento livre das ap tidões foi concomi tante mente reconduzida à sua correta expressão e sua verdadeira fundamentação Essa expressão correta consiste no absurdo de que os indivíduos que compõem a sociedade queiram conservar a sua peculiaridade que eles queiram continuar como são ao mesmo tempo em que exigem da sociedade uma transformação que só pode provir da transformação deles próprios Segundo tijolo E quem não souber como continua a canção que a cante outra vez desde o início A multiplicidade infinita de todos os seres individuais sintetizada como unidade constitui o organismo mundial Weltorganismus p 160 Ou seja somos arremessados de volta ao início do artigo e pela segunda vez presenciamos toda essa comédia de vida individual e vida coletiva Uma vez mais nos é revelado o mistério profundo da interação entre as duas vidas restauré à neuf 1 pela nova expressão relação polar e pela transformação da vida individual num mero símbolo retrato da vida coletiva Esse artigo reflete a si mesmo de forma caleidoscópica uma mania do desenvolvimento comum a todos os socialistas verdadeiros Com suas frases eles fazem como aquela vendedora de cerejas que as vendia abaixo do preço de custo seguindo o princípio econômico correto de que é a quantidade vendida que importa No caso do socialismo verdadeiro isso se faz tanto mais necessário porque suas cerejas apodreceram antes mesmo de ficarem maduras 1 renovada Karl Marx e Friedrich Engels 460 Algumas amostras dessa autorreflexão Não contente com essa caleidoscopia nosso autor ainda repete de outra maneira suas frases simplórias sobre individualidade e universalidade Em primeiro lugar ele erige essas poucas abstrações mirradas em princípios ab solutos e delas deduz que na realidade a mesma relação deveria rea parecer Só isso já oferece a oportunidade de dizer tudo duas vezes sob a aparência da dedução ou seja primeiro de forma abstrata e como dedução de forma aparentemente concreta mas além disso ele intercambia os nomes concretos que confere às suas duas categorias A universalidade entra em cena pela Tijolo no I p 158 159 Cada vida individual subsiste e se desenvol ve apenas através do seu oposto repousa apenas na interação com a vida coletiva com a qual por sua vez é ligada num todo mediante a sua natureza Unidade orgânica do universo A vida individual por um lado encontra seu fundamento sua fonte e seu alimento na vida coletiva por outro lado em luta constante a vida coletiva busca consumir a vida individual Tijolo no II p 160 161 Cada vida individual subsiste e se desen volve na e através da vida coletiva a vida coletiva apenas na e através da vida individual interação A vida individual se desenvolve como parte da vida universal Unidade sintetizada é o organismo mundial A qual a vida coletiva se torna o solo e alimento de seu da vida individual desenvolvimento que ambos se fundamentam reciprocamente que ambos se combatem e se confrontam como inimigos Em consequência disso p 159 A vida universal inconsciente é para a vida individual inconsciente o mesmo que a sociedade humana para a vida consciente Posso chegar ao desenvolvimento apenas na e por meio da comunhão com outros homens A oposição entre a vida individual e a vida universal também se torna na sociedade etc A natureza é uma unidade que engloba todas as incontáveis multipli cidades de seus fenômenos Disso resulta p 161 Que a vida individual consciente é con dicionada pela vida coletiva consciente e viceversa O homem individual se desenvolve apenas na e por meio da sociedade a sociedade e viceversa etc A sociedade é uma unidade que abran ge e sintetiza em si a multi plicidade das evoluções individuais da vida humana A ideologia alemã 461 sequência como natureza vida coletiva inconsciente vida conscien te vida universal organismo mundial unidade sintetizadora sociedade humana comunidade unidade orgânica do universo felicidade geral bemestar geral etc e a individualidade aparece com os nomes correspondentes de vida individual inconsciente e consciente felicidade do indivíduo bemestar próprio etc Para cada um desses nomes temos de escutar de novo as mesmas fraseologias que já foram ditas suficientes vezes sobre individualidade e universalidade Portanto o segundo tijolo não contém nada que já não estivesse contido no primeiro mas já que os socialistas franceses utilizam as palavras égalité solidarité unité des intérêts 1 nosso autor procura mediante a germanização talhálas para servir de tijolos do socialismo verdadeiro Como membro consciente da sociedade reconheço cada um dos demais mem bros como uma essência diferente de mim mas ao mesmo tempo como uma essência igual a mim que repousa sobre o fundamento comunitário original do ser e dele procede Reconheço cada um dos meus semelhantes humanos como contraposto a mim por meio de sua natureza particular e igual a mim por meio de sua natureza universal O reconhecimento da igualdade humana do direito de Cada um à vida está baseado em consequência disso na consciên cia da natureza humana comum a todos da natureza comunitária o amor a amizade a justiça e todas as virtudes sociais repousam igualmente sobre o sentimento de afinidade e unidade humanas naturais Se até agora foram designadas e editadas como deveres portanto numa sociedade que não está baseada na coação externa mas na consciência da natureza humana interior isto é na razão elas se transformam em manifestações livres da vida em con formidade com a natureza Em consequência na sociedade em conformidade com a natureza isto é com a razão as condições de vida devem ser iguais para todos os seus membros isto é universais p 1612 O autor possui um grande talento para primeiramente propor uma sen tença assertiva e em seguida legitimála como consequência de si mesma por meio de um em consequência disso um ainda assim etc Da mesma forma ele sabe como infiltrar narrativamente nessa estranha espécie de dedução frases socialistas que se tornaram tradicionais valendose para tanto de há é assim devem assim se torna etc No primeiro tijolo tínhamos de um lado o indivíduo e do outro o uni versal a confrontar o indivíduo sob a forma da sociedade Aqui a oposição reaparece na seguinte forma o indivíduo é cindido em si mesmo numa natureza particular e numa natureza universal Em seguida deduzemse da natureza universal a igualdade humana e a sociabilidade As relações humanas comunitárias aparecem aqui portanto como produto da essência do Homem da natureza quando na verdade são produtos históricos tanto quanto a consciência da igualdade Não contente com isso o autor ainda fun 1 igualdade solidariedade unidade de interesses Karl Marx e Friedrich Engels 462 damenta a igualdade afirmando que ela se baseia em geral no fundamento comunitário original do ser No prólogo p 158 fôramos informados de que o Homem foi formado das mesmas substâncias com as mesmas energias e qualidades universais que animam todas as coisas No primeiro tijolo fica mos sabendo que a natureza constitui o fundamento de toda vida portanto o fundamento comunitário original do ser O autor portanto foi muito além dos franceses ao demonstrar como membro consciente da sociedade não só a igualdade dos homens entre si mas também sua igualdade com cada pulga cada feixe de palha cada pedra Agradanos a ideia de que todas as virtudes sociais de nosso socialista verdadeiro se baseiam no sentimento da afinidade e da unidade humanas naturais embora nessa afinidade natural também se baseiem a vassa lagem a escravidão e todas as desigualdades sociais de todas as épocas A propó sito essa afinidade humana natural é um produto histórico diariamente remodelado pelos homens ele sempre foi perfeitamente natural por mais desumano e antinatural que possa parecer não só ao juízo do Homem mas também a uma posterior geração revolucionária Casualmente ainda ficamos sabendo que a atual sociedade se baseia na coerção externa Por coerção externa os socialistas verdadeiros não entendem as condições de vida material limitadoras em que vivem certos indivíduos mas apenas a coerção estatal a baioneta a polícia os canhões que muito longe de constituírem o fundamento da sociedade são apenas uma consequência de sua própria divisão Esse aspecto já foi detalhado nA sagrada família e agora é novamente abordado no primeiro volume dessa publicação À sociedade atual baseada na coerção externa o socialista contrapõe o ideal da verdadeira sociedade que repousa sobre a consciência da natureza humana interior isto é da razão Portanto sobre a consciência da consciên cia o pensar do pensar O socialista verdadeiro não se diferencia mais dos filósofos nem mesmo na maneira de se expressar Ele esquece que em todas as épocas tanto a natureza interior dos homens quanto sua consciência dela isto é sua razão foram um produto histórico e que embora sua sociedade como ele diz se baseasse na coerção externa sua natureza interior correspondia a essa coerção externa Seguem então na p 163 a individualidade e a universalidade com seu séquito habitual nas figuras do bemestar individual e do bemestar geral Explicações parecidas sobre a relação entre ambas podem ser encon tradas em qualquer manual de economia política na parte que trata da concorrência e entre outros também em Hegel só que numa expressão muito melhor Por exemplo os Rheinische Jahrbücher p 163 Ao promover o bemestar geral promovo o meu próprio bemestar e ao promover o meu próprio bemestar promovo o bemestar geral A Filosofia do direito de Hegel p 248 1833 A ideologia alemã 463 Promovendo minha finalidade promovo o universal e este por sua vez promove minha finalidade Cf também Filosofia do direito p 323 ss sobre a relação entre o cidadão e o Estado Como resultado final aparece em consequência disso a unidade consciente da vida individual com a vida coletiva a harmonia p 163 Rheinische Jahrbücher Como resultado final a saber do fato de que essa relação polar entre a vida individual e a vida universal consiste em que por um lado ambas se combatem e se contrapõem como inimigas por outro ambas se condicionam e fundamentam reciprocamente Como resultado final decorre daí quando muito a harmonia da de sarmonia com a harmonia e de toda essa nova repetição das fraseologias já conhecidas decorre somente a fé do autor de que se esfalfar inutilmente com as categorias da individualidade e da universalidade seria a verdadeira forma de resolver as questões sociais O autor conclui com o seguinte floreio A sociedade orgânica tem como fundamento a igualdade universal e evolui me diante as oposições dos indivíduos contra o universal para uma consonância livre para a unidade da felicidade individual com a felicidade geral para a harmonia so cial societária para o reflexo da harmonia universal p 164 Só mesmo a modéstia pode levar a chamar esta frase de um tijolo Ela é a pedra fundamental do socialismo verdadeiro Terceiro tijolo A luta do Homem contra a natureza repousa sobre a oposição polar sobre a interação de minha vida particular com a vida universal da natureza Quando essa luta se apresenta como atividade consciente ela se chama trabalho p 164 Não seria talvez o contrário a concepção da oposição polar repousa sobre a observação de uma luta dos homens contra a natureza Primeiro se extrai uma abstração de um fato para em seguida explicar que esse fato repousa sobre essa abstração método dos mais banais para se parecer pro fundo e especulativo ao jeito alemão Por exemplo Fato o gato devora o rato Reflexão gato natureza rato natureza consumição do rato pelo gato consumição da natureza pela natureza autoconsumição da natureza Exposição filosófica do fato a devoração do rato pelo gato repousa sobre a autoconsumição da natureza Karl Marx e Friedrich Engels 464 Portanto depois que se mistificou desse modo a luta do Homem contra a natureza mistificase a atividade consciente do Homem em relação à na tureza concebendoa como fenômeno dessa mera abstração das lutas reais Então por fim infiltrase a palavra profana trabalho como resultado dessa mistificação uma palavra que o nosso socialista verdadeiro tinha na ponta da língua desde o começo mas que ousou pronunciar somente depois de uma boa dose de legitimação O trabalho é construído a partir da concepção pura abstrata do Homem e da natureza e em consequência definido de uma maneira que tanto se aplica quanto não se aplica a todos os estágios do desenvolvimento do trabalho O trabalho é em consequência disso toda atividade consciente do Homem mediante a qual ele procura submeter a natureza ao seu domínio em termos intelectuais e materiais visando levála à fruição consciente de sua vida utilizála para sua satisfação intelectual e física ibidem Chamemos a atenção unicamente para a brilhante conclusão final Quando essa luta se apresenta como atividade consciente ela se chama trabalho o trabalho é em consequência disso toda atividade consciente do Homem etc Devemos essa noção profunda à oposição polar Lembremos a frase sansimoniana sobre o libre développement de toutes les facultés 1 citada acima Ao mesmo tempo recordemos que Fourier queria que o atual travail répugnant2 fosse substituído pelo travail attrayant3 À opo sição polar devemos as seguintes fundamentação e explicação filosóficas dessas frases Como porém este porém visa indicar que não há aqui nenhum nexo pre sente a vida em cada desdobramento exercício e manifestação de suas energias e faculdades deve obter sua fruição sua satisfação assim resulta que o próprio trabalho deve ser um desdobramento e desenvolvimento das aptidões humanas e assegurar fruição satisfação e felicidade O próprio trabalho deve por isso transformarse em livre manifestação da vida e através disso em fruição ibidem Aqui é demonstrado o que é prometido no prefácio dos Rheinische Jahrbücher a saber em que medida a ciência social alemã se diferencia da francesa e da inglesa em sua formação até o presente e o que significa expor cientificamente a doutrina do comunismo é difícil trazer à tona cada lapso lógico presente nessas poucas linhas sem se tornar monótono Em primeiro lugar os erros cometidos contra a lógica formal Para demonstrar que o trabalho uma manifestação da vida deveria propor cionar fruição presumese que a vida deve proporcionar fruição em cada uma 1 livre desenvolvimento de todas as faculdades 2 trabalho repugnante 3 trabalho atraente A ideologia alemã 465 de suas manifestações e disso se conclui que a vida deve fazer isso também em sua manifestação como trabalho Não contente com essa transformação parafrástica de uma postulação numa conclusão o autor ainda tira uma falsa conclusão Do fato de que a vida deve levar à fruição em cada um de seus desdobramentos resulta para ele que o trabalho que é um desdobramento da vida deve ser ele próprio um desdobramento e um desenvolvimento das aptidões humanas ou seja uma vez mais da vida Portanto ele deve ser o que ele já é O que o trabalho deveria fazer para algum dia conseguir não ser um desdobramento de aptidões humanas mas isso ainda não é o bastante Porque o trabalho deve ser isso ele deve por isso sêlo ou ainda melhor porque ele deve ser um desdobramento e desenvolvimento das aptidões humanas ele deve por isso ser algo bem diferente a saber uma livre manifestação da vida do que ainda nem se havia falado até agora E enquanto acima se passou direto da postulação da fruição da vida para a postulação do trabalho como fruição aqui esta última postulação é apresentada como consequência da nova postulação da livre manifestação da vida no trabalho No que se refere ao conteúdo dessa frase não se vê por que o trabalho não foi sempre o que ele devia ser e por que agora ele deve se tornar isso que ele é ou por que ele deve se tornar algo que até este momento não devia ser Mas de fato até o momento ainda não se havia desdobrado suficientemente a essência do Homem e a oposição polar entre o Homem e a natureza O que segue é uma fundamentação científica da proposição comunista da propriedade comunitária dos produtos do trabalho O produto do trabalho porém este porém aqui reiterado tem o mesmo sentido do anterior deve servir simultaneamente à felicidade do indivíduo do trabalhador e à felicidade geral Isto ocorre por meio da reciprocidade da complementação recíproca de todas as atividades sociais ibidem Essa frase nada mais é que uma cópia vacilante em virtude da introdução do termo felicidade daquilo que toda economia louva na concorrência e na divisão do trabalho Por fim a fundamentação filosófica da organização do trabalho pelos franceses O trabalho como uma atividade livre fruitiva que proporciona satisfação e ao mesmo tempo serve ao bemestar geral é a base da organização do trabalho p 165 Como o trabalho ainda deveria e deve tornarse uma atividade livre fruitiva etc ou seja como ele ainda não o é seria de esperar antes que a organização do trabalho fosse ao inverso a base do trabalho como uma atividade fruitiva Mas é plenamente suficiente que se tenha o conceito do trabalho como tal atividade No final do seu artigo o autor acredita ter chegado a resultados Karl Marx e Friedrich Engels 466 Esses tijolos e resultados junto com os demais blocos de granito que se encontram nos Einundzwanzig Bogen no Bürgerbuch e nas Neue Anekdota 369 compõem a pedra fundamental sobre a qual o socialismo verdadeiro aliás a filosofia social alemã construirá a sua igreja Ocasionalmente teremos oportunidade de ouvir alguns dos hinos alguns fragmentos do cantique allégorique hébraique et mystique1 que são cantados nessa igreja 1 cântico alegórico hebraico e místico370 467 Na verdade se não fosse para caracterizar aqui de uma só vez todo um bando até poríamos de lado a pena outra vez E agora ela a História da sociedade de Theodor mundt comparece com essa mesma presunção diante do círculo mais amplo do público leitor de um público que estende a mão com avidez para tudo o que vem com a palavra social escrita na testa porque um senso certeiro lhe diz que nessa palavrinha permanecem ocultos mistérios referentes ao futuro Dupla responsabilidade do escritor duplo castigo se empreendeu a obra sem para isso estar vocacionado Não queremos propriamente entrar em discussão com o senhor mundt sobre o fato de ele não saber a respeito das realizações factuais da literatura social da França e da Inglaterra nada além daquilo que lhe foi segredado pelo se nhor L Stein cujo livro pôde ser bem recebido por ocasião de sua publicação mas ainda hoje produzir fraseologias sobre SaintSimon denominar Bazard e Enfantin de os dois ramos do sansimonismo em seguida tratar de Fourier papaguear bobagens sobre Proudhon etc Ainda assim de bom grado fecharíamos um olho a tudo isso se ao menos a gênese das ideias sociais tivesse sido exposta de maneira própria e inovadora Com essa sentença arrogante e digna de Radamanto371 o senhor grün Neue Anekdote p 1223 abre sua recensão da História da sociedade de mundt O leitor ficará muito surpreso com o talento artístico do senhor Grün que sob a máscara acima apenas ocultou uma autocrítica ao seu próprio livro o qual naquela época ainda não havia nascido O senhor grün nos oferece o divertido espetáculo de uma fusão do socia lismo verdadeiro com a literatura da corrente Jovem Alemanha O livro acima foi redigido em forma de cartas dirigidas a uma senhora do que o leitor já pode intuir que nele as divindades profundas do socialismo verdadeiro deambulam adornadas com as rosas e murtas da jovem literatura Apa nhemos de imediato algumas rosas A carmanhola cantava por si mesma na minha cabeça mas de todos mo dos permanece sendo algo terrível que a carmanhola possa fazer seu desjejum IV KARL GRüN O mOVImENTO SOCIAL NA FRANçA E NA BéLgICA DARmSTADT 1845 ou A HISTORIOgRAFIA DO SOCIALISmO VERDADEIRO Karl Marx e Friedrich Engels 468 dentro da cabeça de um escritor alemão e até mesmo talvez ali hospedarse permanentemente p 3 Se o velho Hegel estivesse aqui eu o agarraria pelas orelhas o quê Então a natureza é o seroutro do espírito O quê seu simplório p 11 Bruxelas representa de certo modo a Convenção francesa ela tem um partido do morro e um partido do vale p 24 A Lüneburger Heide da política p 80 Crisálida multicor poética inconsequente fantástica p 82 O liberalismo da restauração o cacto sem solo que se enroscou qual planta parasitária em torno dos assentos da Câmara dos Deputados p 87 88 O fato de o cacto não ser nem sem solo nem uma planta parasitária não prejudica essa bela metáfora assim como a anterior não é prejudicada pelo fato de não haver crisálidas ou pupas multicores nem poéticas nem inconsequentes Eu mesmo me sinto em meio a esse mar agitado de jornais e jornalistas no Cabinet montpensier 372 como um segundo Noé que envia seus pombos para ver se em algum lugar é possível construir cabanas ou plantar videiras se seria viável firmar uma aliança razoável com os deuses irados p 259 O senhor grün decerto referese aqui à sua atividade como correspon dente jornalístico Camille Desmoulins foi um ser humano A Assembleia Constituinte era cons tituída por filisteus Robespierre foi um virtuoso magnetizador A nova história é em suma a luta de vida e morte contra os épiciers 1 e os magneti zadores p 311 A felicidade é um mais só que um mais elevado à potência x p 203 Portanto a felicidade x uma fórmula que só existe na matemática estética do senhor grün A organização do trabalho o que é ela E os povos respondem à esfinge com milhares de vozes jornalísticas A França canta a estrofe a Alemanha a antístrofe a velha Alemanha mística p 259 Para mim a América do Norte é até mais repulsiva do que o Velho mundo porque esse egoísmo do mundo mercantil traz a cor rubra de uma saúde im pertinente pois lá é tudo tão superficial tão sem raiz eu quase diria tão provinciano Denominais a América de Novo mundo ela é o mais velho de todos os velhos mundos nele nossas roupas desgastadas podem ser exibidas em desfiles p 101 324 Até então só se sabia que as meias alemãs não usadas são usadas lá embora sejam demasiado ruins para ser exibidas em desfiles 1 mercadores A ideologia alemã 469 O garantismo Garantismus à prova de lógica dessas instituições p 461 A quem tais flores não alegram não merece ser um homem 373 Que graciosa teimosia Quanta ingenuidade petulante Quanto escara funchar heroico por dentro da estética Quanta displicência e genialidade heinianas Enganamos o leitor Não é a beletrística do senhor grün que adorna a ciência do socialismo verdadeiro mas a ciência é apenas o enchimento posto nos interstícios dessas tagarelices beletrísticas Ela constitui por assim dizer seu pano de fundo social Num artigo do senhor grün intitulado Feuerbach e os socialistas Deutsches Bürgerbuch p 74 encontrase a seguinte manifestação Quando se menciona Feuerbach mencionase todo o trabalho da filosofia desde Baco de Verulâmio até hoje dizse também o que a filosofia quer e significa em última instância temse já o Homem como resultado último da história universal Agindo assim colocamos mãos à obra com mais segurança porque o fazemos mais meticulosamente do que quando se põe na mesa o salário do tra balho a concorrência a precariedade das constituições e cartas magnas Conquistamos o Homem o homem que se livrou da religião das ideias mortas de toda essência que lhe é estranha juntamente com todas as traduções disso para a práxis ganhamos o homem puro verídico Essa frase por si só já deixa totalmente claro o tipo de segurança e meticulosidade que se pode esperar do senhor grün Ele não se deixa envolver em questões menores munido de uma fé límpida nos resulta dos da filosofia alemã assim como foram formulados por Feuerbach a saber que o Homem é o homem puro verídico o objetivo final da história universal que a religião é a essência humana alienada entäußerte que a essência humana é a essência humana e a medida de todas as coi sas munido das verdades adicionais do socialismo alemão ver acima de que também o dinheiro o trabalho assalariado etc são alienações Entäußerungen da essência humana que o socialismo alemão é a realiza ção da filosofia alemã e a verdade teórica do socialismo e do comunismo estrangeiros etc o senhor grün viaja para Bruxelas e Paris com toda a autocomplacência do socialismo verdadeiro Os potentes toques de trombeta do senhor grün em louvor do socialismo verdadeiro e da ciência alemã superam tudo o que nesse tocante foi trans mitido à posteridade por seus demais companheiros de fé No que se refere ao verdadeiro socialismo essas louvações são evidentemente sinceras A modéstia do senhor grün não lhe permite pronunciar uma única frase que já não tenha sido revelada antes dele por algum outro socialista verdadeiro nos Einundzwanzig Bogen no Bürgerbuch e nas Neue Anekdota De fato todo o seu livro não tem nenhum outro propósito a não ser dar corpo a um es quema de construção do movimento social francês esboçado por Heß nos Karl Marx e Friedrich Engels 470 Einundzwanzig Bogen p 7488 respondendo desse modo a uma necessidade expressa na p 88 desse mesmo artigo 374 Porém no que se refere aos enalte cimentos da filosofia alemã esta deve apreciálos tanto mais quanto menos ele a conhece O orgulho nacionalista do socialista verdadeiro o orgulho da Alemanha como o país do Homem da essência do Homem em face das demais nacionalidades profanas atinge sua culminância nesse autor Eis algumas amostras disso O que eu gostaria de saber é se todos eles franceses e ingleses belgas e norteamericanos não deveriam primeiro aprender de nós p 28 Isto passa a ser explicitado Os norteamericanos me parecem radicalmente prosaicos e apesar de toda a sua liberdade jurídica eles ainda devem sim aprender de nós a conhecer o socialismo p 101 Especialmente desde 1829 quando fundaram sua própria escola demo cráticosocialista que foi combatida já em 1830 pelo seu próprio economista Cooper Os democratas belgas Crês que já percorreram a metade do caminho que nós alemães deixamos para trás Não é que novamente tive de me bater com um deles que considera a realização da livre humanidade uma quimera p 28 Aqui a nacionalidade do Homem da essência do Homem da hu manidade se esparrama diante da nacionalidade belga Vós franceses deixai Hegel em paz até que o compreendais Estamos con victos de que a crítica que Lerminier 375 faz à Filosofia do direito mesmo sendo bastante fraca demonstra mais noção de Hegel do que qualquer coisa que o senhor grün escreveu seja em seu próprio nome seja qua1 Ernst von der Haide Deixai de tomar café e vinho por um ano inteiro não permiti que nenhuma paixão excitante abrase vossa mente deixai que guizot governe e que a Argélia caia em poder do marrocos como é que a Argélia poderia algum dia cair em poder do marrocos mesmo que os franceses abrissem mão dela recolheivos a uma mansarda e estudai a Lógica junto com a Fenomenologia Se finalmente depois de um ano magros e de olhos vermelhos sairdes para as ruas e tropeçardes por exemplo em algum dândi ou pregador de rua não vos deixeis induzir ao erro pois entrementes vos tornastes pessoas grandes e poderosas vosso espírito se assemelha a um carvalho nutrido por milagrosas seivas tudo o que mirardes vos revelará suas mais secretas fraquezas mesmo sendo espíritos criados penetrai no íntimo da natureza vosso olhar é mortal vossa palavra remove montanhas vossa dialética é mais afiada do que a mais afiada das guilhotinas Postaivos diante do Hôtel de Ville e a burguesia 1 como A ideologia alemã 471 já era pisai no Palais Bourbon376 e ele se desmanchará toda sua Câmara de Deputados se desfará no nihilum album1 guizot desaparecerá Luís Filipe se desvanecerá em espectro histórico e de dentro de todos esses momentos que pereceram se erguerá vitoriosa a ideia absoluta da sociedade livre Sem brin cadeira só podereis dominar Hegel se antes vos transformardes no próprio Hegel Como eu já disse acima a amante de Moor só poderá morrer pelas mãos de moor377 p 1156 Não há quem não possa sentir o aroma beletrístico que se eleva dessas frases do socialismo verdadeiro O senhor grün como todos os socialistas verdadeiros não esquece de trazer à tona o velho boato da superficialidade dos franceses Pois estou fadado a achar que o espírito francês toda vez que o tenho por perto é insuficiente e superficial p 371 O senhor grün não esconde de nós que seu livro está destinado a exaltar o socialismo alemão como a crítica do socialismo francês A gentalha da literatura alemã da moda detraiu nossas aspirações so cialistas dizendo que seriam imitação dos equívocos dos franceses Até agora ninguém achou que valesse a pena escrever nem mesmo uma sílaba em resposta a isso Essa gentalha deveria se envergonhar se é que ainda tem senso de pudor ao ler este livro Com certeza ela nem sonhava que o socia lismo alemão fosse a crítica do socialismo francês que ele está muito longe de considerar os franceses como inventores do novo Contrat social exigindo deles antes que primeiro busquem complementarse através da ciência alemã Nesse momento encontrase em preparação aqui em Paris uma tradução de A essência do cristianismo de Feuerbach Que os franceses façam bom proveito da escola alemã O que quer que surja da situação eco nômica do país da constelação política deste lugar apenas a cosmovisão humanista pode capacitar para uma vida humana no futuro O povo apolítico e desprezado dos alemães este povo que nem povo é terá lançado a pedra fundamental para a construção do futuro p 353 De fato o que quer que surja da situação econômica e da constelação política de certo país não precisa ser do conhecimento de um socialista verdadeiro em sua familiaridade com a essência do Homem O senhor grün na qualidade de apóstolo do socialismo verdadeiro não se dá por satisfeito como fazem seus coapóstolos em orgulhosamente contrapor à ignorância dos demais povos a onisciência dos alemães Ele lança mão de sua prática de literato impõese aos representantes dos mais diversos partidos socialistas democráticos e comunistas da maneira mais detestável ao modo de um viajante cosmopolita e depois de têlos bisbilho tado por todos os lados vai ao encontro deles como apóstolo do socialismo 1 puro nada Karl Marx e Friedrich Engels 472 verdadeiro Só o que ele ainda tem a fazer é instruílos comunicarlhes as revelações mais profundas atinentes à humanidade livre A superioridade do socialismo verdadeiro em relação aos partidos da França se transforma aqui na superioridade pessoal do senhor grün em relação aos representan tes desses partidos Por fim esse fato também oferece a oportunidade não só de fazer que os líderes partidários franceses sirvam de pedestal ao senhor grün mas também de aportar toda sorte de mexericos e assim indenizar o provinciano alemão pelo esforço que exigiram dele as proposições de conteúdo mais denso do socialismo verdadeiro Kats retorceu o rosto inteiro mostrando uma alegria plebeia quando lhe atestei minha grande satisfação com o seu discurso p 50 O senhor grün passa então a dar aulas a Kats sobre o terrorismo francês e diz que assim fiquei feliz por arrancar aplausos do meu novo amigo p 51 A impressão que causou em Proudhon teve uma importância bem diferente Tive o imenso prazer de me tornar algo como o professor do homem cuja perspicácia talvez ainda não tenha sido superada desde Lessing e Kant p 404 Louis Blanc nada mais é que seu rapazinho preto p 314 Ele perguntou por nossas condições de vida ávido em saber mas ao mesmo tempo manifestando grande ignorância nós alemães conhecemos os franceses quase tão bem quanto eles próprios nós ao menos estudamos os franceses p 315 E sobre o Pai Cabet 378 ficamos sabendo que ele é obtuso p 382 O senhor grün lhe propõe algumas perguntas a respeito das quais Cabet admitiu que não se havia exatamente aprofundado nelas Isto eu grün já havia percebido faz tempo e desse modo a conversa estava encerrada ainda mais quando me ocorreu que a missão de Cabet já havia muito estava concluída p 381 mais adiante veremos como o senhor grün soube dar a Cabet uma nova missão Ressaltaremos em primeiro lugar o esquema e as poucas ideias gerais de cunho tradicional que compõem o esqueleto do livro de grün Ambos são copiados de Heß a quem o senhor grün parafraseia em geral de forma grandiosa Coisas que já em Heß eram totalmente indeterminadas e místicas mas que nos primórdios nos Einundzwanzig Bogen podiam ser bem aceitas e que só foram se tornando insípidas e reacionárias em virtude de sua eterna reimposição no Bürgerbuch nas Neue Anekdota e nos Rheinische Jahrbücher numa época em que já haviam se tornado antiquadas estas coisas o senhor grün transforma em absurdo completo A ideologia alemã 473 Heß promove a síntese do desenvolvimento do socialismo francês com o desenvolvimento da filosofia alemã SaintSimon com Schelling Fourier com Hegel Proudhon com Feuerbach Cf por exemplo Einundzwanzig Bogen p 789 3267 Neue Anekdota p 1946 202 ss Paralelos entre Feuerbach e Proudhon por exemplo Heß Feuerbach é o Proudhon ale mão etc Neue Anekdota p 202 Grün Proudhon é o Feuerbach fran cês p 404 Esse esquematismo na execução do texto propiciado a ele por Heß forma todo o nexo interno do livro de grün O que o senhor grün não esquece é de dar uma pintura beletrística às frases de Heß De fato até mesmo equívocos flagrantes de Heß como por exemplo que desenvolvi mentos teóricos constituam o pano de fundo social e a base teórica dos movimentos práticos por exemplo Neue Anekdota p 192 são copiados fielmente pelo senhor Grün Por exemplo Grün p 264 O pano de fundo social da questão política do século XVIII constituiu o produto simul tâneo de ambas as tendências filosóficas dos sensualistas e deístas Da mesma forma a opinião de que bastaria tornar Feuerbach prático bastaria aplicálo à vida social para produzir uma crítica completa da sociedade atual Se adicionarmos a isso ainda o restante da crítica que Heß faz ao comunismo e socialismo franceses por exemplo que Fourier Proudhon etc não foram além da categoria do trabalho assalariado Bürgerbuch p 40 passim que Fourier gostaria de aprazer o mundo com novas associações do egoísmo Neue Anekdota p 196 que nem mesmo os comunistas franceses radicais avançaram para além da oposição entre trabalho e fruição ainda não se elevaram ao nível da unidade de produção e consumo etc Bürgerbuch p 43 que a anarquia é a negação do conceito do domínio político Einundzwanzig Bogen p 77 etc etc então teremos posto no bolso toda a crítica que o senhor grün faz aos franceses e que ele já tinha guardado no seu bolso antes de ir a Paris Além das acima mencionadas há ainda algumas outras fraseologias que facilitam ao se nhor grün o acerto de contas com os socialistas e comunistas franceses fraseologias que tradicionalmente circulam na Alemanha sobre religião política nacionalidade humano e desumano etc etc as quais passaram dos filósofos para os socia listas verdadeiros Só o que ele precisa fazer é procurar em toda parte o Homem e a palavra humano e condenar o lugar em que não se encontram Por exemplo Tu és político então és obtuso p 283 De modo similar o senhor Grün pode então exclamar tu és nacionalista religioso adepto da economia política tu tens um Deus então não és humano então és obtuso como ele faz em todo o seu livro Isto naturalmente basta como crítica cabal da política da nacionalidade da religião etc e ao mesmo tempo é suficiente para iluminar a peculiaridade dos autores recémcriticados e sua conexão com o desenvolvimento social A partir disso já se vê que o artefato de grün se situa bem abaixo do li vro de Stein que ao menos tentou expor a conexão que há entre a literatura Karl Marx e Friedrich Engels 474 socialista e o desenvolvimento real da sociedade francesa No entanto nem seria preciso mencionar que tanto no livro em questão quanto nas Neue Anekdota o senhor grün olha para o seu predecessor de cima a baixo com a maior condescendência mas terá o senhor grün ao menos copiado corretamente as coisas que lhe foram transmitidas por Heß e outros Terá colhido o material necessário ao esquema que adotou de outros de modo extremamente acrítico na base da fé e da confiança Terá proporcionado uma exposição correta e completa de cada um dos autores socialistas com base nas fontes Essas são de fato as exigências mínimas que se pode fazer a um homem do qual os norte americanos e franceses ingleses e belgas devem aprender que foi o professor de Proudhon e que a todo instante bate na tecla da meticulosidade alemã diante dos superficiais franceses Sansimonismo O senhor grün não teve em suas mãos um único livro de toda a literatura san simoniana Suas fontes principais são sobretudo o tão desprezado Lorenz Stein além da fonte principal de Stein L Reybaud 379 em troca disso na p 260 ele expõe o senhor Reybaud como mau exemplo e o chama de filisteu na mesma passagem ele faz de conta que Reybaud casualmente lhe caiu nas mãos muito tempo depois de ter liquidado os sansimonianos e em algumas passagens L Blanc380 Não tardaremos em apresentar a prova disso Vejamos antes o que o senhor grün diz sobre a vida do próprio SaintSi mon A fontes principais para a vida de SaintSimon são os fragmentos de sua autobiografia nas Œuvres de SaintSimon publicadas por Olinde Rodrigues e no Organisateur 381 de 19 de maio de 1830 Temos aqui portanto todos os documentos diante de nós 1 as fontes originais 2 Reybaud que fez um excerto delas 3 Stein que utilizou Reybaud 4 a edição beletrística do senhor grün Senhor Grün SaintSimon toma parte na luta de libertação dos norteamericanos sem mostrar um interesse especial pela guerra em si a ele ocorreu a ideia de que se poderia interligar os dois grandes oceanos p 84 Stein p 143 Primeiro ele ingressou no serviço militar e foi com Bouillé para a América do Norte Nessa guerra cuja importância ele aliás captou muito bem a guerra como tal disse ele não me interessa e sim o propósito dessa guerra etc Depois de ter tentado em vão convencer o vicerei do méxico a construir um grande canal para interligar os dois oceanos A ideologia alemã 475 Reybaud p 77 Soldat de lindépendance américaine il servait sous Washington la guerre en elle même ne mintéressait pas ditil mais le seul but de la guerre mintéressait vivement et cet intérêt men faisait supporter les travaux sans répugnance 1 O senhor grün apenas copia que SaintSimon não tinha um interesse especial pela guerra em si mas omite a questão principal a saber seu inte resse pelo propósito dessa guerra O senhor grün omite ademais que SaintSimon tentou convencer o vice rei a aceitar o seu plano reduzindoo desse modo a uma mera ideia que lhe ocorreu Ele deixa igualmente de fora porque Stein indica isso apenas por meio da data que SaintSimon só fez isso à la paix 2 O senhor Grün prossegue imediatamente Mais tarde quando ele esboça o plano para uma expedição francoholan desa à índia inglesa ibidem Stein Em 1785 ele viajou para a Holanda para esboçar o plano de uma expedição conjunta francoholandesa contra as colônias inglesas na índia p 143 Neste ponto Stein se equivoca no seu relato e Grün o copia fielmente Segundo o próprio SaintSimon foi o Duque de La Vauguyon que ordenou aos Estados gerais que empreendessem uma expedição conjunta com a França contra as colônias inglesas na índia De si mesmo ele só diz que teria promovido poursuivi a execução desse plano durante um ano Senhor Grün Na Espanha ele quer cavar um canal de madri até o mar ibidem SaintSimon quer cavar um canal Que absurdo Antes lhe ocorreu agora ele quer Grün falsifica os fatos neste ponto não porque a cópia que faz de Stein seja demasiadamente fiel e sim porque é superficial demais Stein p 44 Tendo ele retornado à França no ano de 1786 já no ano seguinte foi à Espanha para apresentar ao governo um plano visando concluir um canal de madri até o mar O senhor grün pôde numa leitura rápida extrair sua frase citada acima da frase de Stein porque esta dá a entender no mínimo que o plano de cons trução e a ideia geral do projeto tenham partido de SaintSimon enquanto 1 Como soldado do movimento norteamericano pela independência ele serviu sob o comando de Washington a guerra em si não me interessa disse ele mas tão só o propósito da guerra me interessa vivamente e esse interesse me fez suportar suas dificuldades sem contrariedade 2 no período de paz Karl Marx e Friedrich Engels 476 na verdade este apenas esboçou um plano para sanear as dificuldades fi nanceiras ocasionadas pela construção do canal que havia muito já estava em andamento Reybaud Six ans plus tard il proposa au gouvernement espagnol un plan de canal qui devait établir une ligne navigable de Madrid à la mer 1 p 78 O mesmo erro que se encontra em Stein SaintSimon p XVII Le gouvernement espagnol avait entrepris un canal qui devait faire communi quer Madrid à la mer cette entreprise languissait parce que ce gouvernement manquait douvriers et dargent je me concertait avec m le comte de gabarrus aujourdhui ministre des finances et nous présentâmes au gouvernement le projet suivant 2 etc Senhor Grün Na França ele especulava por bens nacionais Stein descreve primeiramente a posição de SaintSimon durante a re volução e chega então à sua especulação com bens nacionais p 144 ss mas de onde o senhor grün tirou a expressão absurda especular por bens nacio nais em vez de em bens nacionais Podemos esclarecer também isto ao leitor mediante a apresentação do original Reybaud p 78 Revenu à Paris il tourna son activité vers des spéculations et trafiqua sur les domaines nationaux 3 Na maioria das situações a palavra sur deve ser traduzida por em O senhor Grün deixa a frase acima sem qualquer motivação Nem fica mos sabendo por que SaintSimon especulava em bens nacionais e por que esse fato em si trivial tem alguma relevância em sua vida A questão é que o senhor Grün acha supérfluo copiar de Stein e Reybaud que SaintSimon tinha intenção de fundar uma escola científica e um grande estabelecimen to industrial a título de experimentação e que pretendia angariar o capital necessário para isso por meio dessas especulações O próprio SaintSimon apresenta isso como motivação para suas especulações Œuvres p XIX 1 Seis anos mais tarde ele propôs ao governo espanhol o plano de um canal que deveria estabelecer uma linha navegável entre madri e o mar 2 O governo espanhol havia empreendido a construção de um canal que deveria interligar madri com o mar esse empreendimento ficou paralisado porque faltaram ao governo trabalhadores e dinheiro eu me pus de acordo com o conde Cabarrus o atual ministro das finanças e propusemos ao governo o seguinte projeto 3 Tendo retornado a Paris ele volta sua atividade às especulações e especula em bens nacionais A ideologia alemã 477 Senhor Grün Ele se casou para poder hospedar a ciência para colocar à prova a vida dos homens para extorquilos psicologicamente ibidem O senhor grün pula aqui de repente um dos mais importantes períodos de SaintSimon o de seus estudos na área da ciência natural e de suas viagens O que quer dizer casarse para hospedar a ciência casarse para extorquir psicologicamente as pessoas com as quais não se casa etc A questão toda é esta SaintSimon se casou para poder promover salões e nestes entre outras coisas também poder estudar os eruditos Stein expressa isso assim p 149 Ele se casou em 1801 Valime do matrimônio para estudar os eruditos cf SaintSimon p 23 Agora mediante a comparação com o original o absurdo formulado pelo senhor grün se torna compreensível e explicável A extorsão psicológica dos homens se reduz em Stein e no próprio SaintSimon à observação dos eruditos na vida social SaintSimon queria conhecer em conexão direta com sua visão socialista básica a influência da ciência sobre a personalidade dos eruditos e sobre seu comportamento na vida cotidiana O senhor grün transforma isso numa ideia absurda indeter minada e romanesca que lhe teria ocorrido Senhor Grün Ele se torna pobre como em virtude de quê trabalha como escriturário numa casa de penhores por um salário de mil francos anuais ele o conde o rebento de Carlos magno então quando e por quê passou a viver da misericórdia de um exservo seu mais tarde quando e por quê tenta se matar com um tiro é salvo e começa uma nova vida de estudo e propaganda Só agora ele escreve suas duas obras principais O senhor grün valese de ele se torna então mais tarde agora para substituir a cronologia e o nexo entre cada um dos momentos da vida de SaintSimon Stein p 1567 Somouse a isso um inimigo novo e temível a necessidade externa que se tornava cada vez mais premente Após seis meses de espera constran gedora élhe oferecido um posto até mesmo este traço o senhor grün toma de Stein só que grün foi bem matreiro ao colocálo após a casa de penhores como escriturário na casa de penhores e não numa casa de penhores tal como o senhor grün matreiramente altera já que sabidamente em Paris só existe uma casa de penhores a pública por mil francos de salário anual Extraordinária mudança de sorte naqueles tempos O neto do famoso cortesão na corte de Luís XIV o herdeiro de uma coroa ducal de uma grande fortuna de berço um Par da França e um grande da Espanha escriturário numa casa de penhores Karl Marx e Friedrich Engels 478 Agora se explica o lapso do senhor grün com a casa de penhores Stein usa corretamente a expressão Para diferenciarse ainda mais de Stein o senhor grün chama SaintSimon apenas de conde e rebento de Carlos magno Esta última designação ele tem de Stein p 142 e Reybaud p 77 que no entanto são inteligentes o suficiente para dizer que SaintSimon deriva a si próprio de Carlos magno Em vez de apresentar os fatos concretos de Stein os quais obviamente fazem que a pobreza de SaintSimon durante a Restauração pareça extraordinária ouvimos do senhor grün apenas sua admiração pelo fato de que um conde e suposto rebento de Carlos magno pudesse decair daquela maneira Stein Dois anos viveu ele ainda após a tentativa de suicídio e neles atuou talvez mais do que no mesmo número de décadas de sua vida pregressa O Catéchisme des industriels estava concluído O senhor grün transforma esse concluir de uma obra há muito preparada em Só agora ele escreveu etc e o Nouveau christianisme etc p 1645 Na p 169 Stein designa esses dois escritos como as duas obras principais de sua vida O senhor grün portanto não só copiou os erros de Stein mas também fabricou erros novos a partir de passagens de formulação imprecisa em Stein Para dissimular um pouco sua atividade de copista ele extrai apenas os fatos mais salientes mas lhes rouba seu caráter factual ao arrancálos do contexto cronológico tanto quanto ao separálos de toda a sua motivação omitindo até mesmo os elementos de ligação mais necessários Pois o que apresenta mos acima é literalmente tudo o que o senhor grün relata sobre a vida de SaintSimon Nessa descrição a vida movimentada e ativa de SaintSimon é transformada numa série de ideias repentinas e ocorrências que despertam menos interesse do que a vida de qualquer camponês ou especulador con temporâneo de alguma movimentada província da França E então depois de ter jogado no papel essa excrescência biográfica ele exclama Que vida genuinamente civilizada Ele tem inclusive o despudor de dizer na p 85 A vida de SaintSimon é o espelho do próprio sansi monismo como se essa vida de SaintSimon escrita por grün fosse o espelho de qualquer coisa que não a maneira como o próprio senhor grün faz livros Ativemonos mais longamente a essa biografia porque ela nos propor ciona um exemplo clássico de quão meticuloso é o tratamento que o senhor grün dispensa aos socialistas franceses Aqui ele já joga com termos omite falsifica e transpõe fatos aparentando despreocupação com o intuito de dissimular suas cópias mais tarde veremos que o senhor grün continua a desenvolver todos os sintomas de um plagiário intimamente inquieto desordem artificial para dificultar a comparação omissão de frases e pa lavras das citações de seus predecessores que ele não entende bem por ignorar os originais invenção e ornamentação com o uso de fraseologias A ideologia alemã 479 indeter mi nadas ataques pérfidos contra as pessoas que justamente naquele momento ele está a plagiar O senhor grün é tão precipitado e impulsivo no seu plágio que frequentemente se reporta a coisas que ele nunca disse aos seus leitores mas que estão presentes na sua cabeça de leitor de Stein Passamos agora à exposição que grün faz da doutrina de SaintSimon 1 Lettres dun habitant de Genève à ses contemporains382 Não ficou claro para o senhor Grün a partir da leitura de Stein qual a conexão entre o plano de fomento dos eruditos proposto no escrito acima citado e o fantástico anexo à brochura Ele fala deste escrito como se nele se tratasse em primeira linha de uma nova organização da sociedade e conclui como segue O poder espiritual nas mãos dos eruditos o poder secular nas mãos dos proprietários a eleição para todos p 85 cf Stein p 151 Reybaud p 83 A frase le pouvoir de nommer les individus appelés à remplir les fonctions des chefs de lhumanité entre les mains de tout le monde o poder de nomear os indivíduos chamados a cumprir as funções dos líderes da humanidade nas mãos de todo mundo que Reybaud cita a partir de SaintSimon p 47 e que Stein traduz de modo extremamente desajeitado esta frase é reduzida pelo senhor grün à eleição para todos perdendo com isso todo seu sentido SaintSimon fala da eleição do Conselho de Newton383 o senhor grün fala da eleição de modo geral Depois de já ter dado a consideração das Lettres etc como acabada mediante quatro ou cinco frases copiadas de Stein e Reybaud e de já ter inclusive falado do Nouveau christianisme o senhor grün retorna subita mente a elas Todavia a ciência abstrata não resolve muito menos a ignorância concreta como podemos ver Pois do ponto de vista da ciência abstrata os proprie tários e todo mundo ainda não eram coincidentes p 87 O senhor grün esquece que até aquele momento apenas havia falado da eleição para todos e ainda não havia falado de todo mundo mas em Stein e Reybaud ele encontra o tout le monde e em consequência coloca o todo mundo entre aspas Ele esquece ademais que não compartilhou a seguinte frase de Stein que motivou o uso do pois na sua própria frase Para ele SaintSimon ao lado dos sábios ou sabedores distinguemse os propriétaires1 e tout le monde é verdade que ambos ainda se encontram em relação mútua sem qualquer barreira no entanto naquela vaga figura do 1 proprietários Karl Marx e Friedrich Engels 480 tout le monde já está oculto o germe da classe cuja compreensão e elevação constituiria a posterior tendência básica de sua teoria a saber da classe la plus nombreuse et la plus pauvre1 sendo que na realidade esse segmento do povo estava presente apenas potencialmente naquela época p 154 Stein ressalta que SaintSimon estabelece já uma diferença entre proprié taires e tout le monde mas uma diferença ainda muito indeterminada O senhor grün deturpa isso no sentido de que SaintSimon ainda manteria essa diferença Isto é naturalmente um grande equívoco de SaintSimon e só se explica pelo fato de ele nas Lettres assumir o ponto de vista da ciência abstrata Infelizmente porém na passagem em questão SaintSimon nem mesmo fala como pensa o senhor grün de diferenças em alguma ordem social futura Em favor de uma subscrição ele se dirige a toda a humani dade que pela sua constatação lhe parece estar dividida em três classes em três classes que não são como crê Stein savants 2 propriétaires e tout le monde mas 1 os savants os artistes3 e todas as pessoas com ideias liberais 2 os adversários da renovação isto é os propriétaires na medida em que não se associam à primeira classe 3 o surplus de lhumanité qui se rallie au mot Égalité4 Essas três classes formam tout le monde Cf SaintSimon Lettres p 212 Ademais numa passagem posterior SaintSimon diz que considera sua distribuição do poder vantajosa para todas as classes na passagem em que ele fala dessa distribuição p 47 tout le monde evidentemente corres ponde ao surplus que se reúne sob o lema da igualdade sem que isso no entanto exclua as demais classes Portanto Stein disse quanto ao principal a coisa certa embora não tenha levado em conta a passagem das p 21 e 22 mas o senhor Grün que nem conhece o original aferrase ao lapso insignificante de Stein a fim de abstrair da argumentação deste o puro absurdo Logo obteremos um exemplo ainda mais contundente disso Na p 94 onde o senhor grün nem está mais falando de SaintSimon mas de sua escola ficamos sabendo inesperadamente SaintSimon diz num de seus livros estas misteriosas palavras As mulheres serão admitidas elas até poderão ser nomeadas Dessa semente quase oca brotou todo o colossal espetáculo da emancipação das mulheres Decerto se SaintSimon falou em algum escrito qualquer de uma ad missão e nomeação das mulheres não se sabe para quê então se trata de fato de palavras muito misteriosas Esse mistério porém só existe para o senhor grün Esse um dos livros de SaintSimon não é outro senão a Lettres dun habitant de Genève Após ter dito que todo e qualquer homem pode fazer a subscrição para o Conselho de Newton ou para seus departa mentos ele prossegue Les femmes seront admises à souscrire elles pourront être 1 mais numerosa e mais pobre 2 eruditos 3 artistas 4 o restante da humanidade que se reúne sob o lema igualdade A ideologia alemã 481 nommées1 Naturalmente nomeadas para um posto nesse Conselho ou em seus departamentos Stein citou essa passagem como deve ser tendo em mãos o próprio livro e acrescentou a seguinte observação Aqui etc reaparecem em seu germe todos os traços de sua visão posterior e até de sua escola e até mesmo a primeira ideia de uma emancipação das mulheres p 152 Stein também ressalta corretamente numa nota que Olinde Rodrigues em sua edição de 1832 por razões polêmicas mandou imprimir essa passagem em letras grandes como única passagem comprobatória da emancipação das mulheres escrita pelo próprio SaintSimon grün para esconder sua atividade de copista transpõe para a escola essa passagem do livro ao qual ela pertence faz dela o absurdo citado acima transforma o germe de Stein numa semente e infantilmente imagina que a doutrina da emancipação das mulheres teria se originado dessa passagem O senhor grün arrisca um palpite sobre uma contradição que haveria entre as Cartas de um morador de Genebra e o Catecismo dos industriais e que consistiria em que no Catecismo se faz valer o direito dos travailleurs 2 Todavia o senhor grün só pode descobrir a diferença entre as Lettres que lhe foram transmitidas por Stein e Reybaud e o Catéchisme que igualmente lhe foi transmitido Se tivesse lido o próprio SaintSimon ele já poderia ter descoberto nas Lettres em vez dessa contradição a sua semente de uma visão que no Catéchisme entre outros já se encontra mais desenvolvida Por exemplo Tous les hommes travailleront 3 Lettres p 60 Si sa cervelle do rico ne sera pas propre au travail il sera bien obligé de faire travailler ses bras car Newton ne laissera sûrement pas sur cette planète des ouvriers volontairement inutiles dans latelier4 p 64 2 Catéchisme politique des industriels384 Stein costuma citar esse escrito como Catéchisme des industriels por isso o senhor grün não conhece nenhum outro título Ao menos seria de esperar a menção ao título correto por parte do senhor grün sobretudo porque quando fala ex officio 5 desse escrito ele lhe dedica apenas dez linhas Depois de ter copiado de Stein que nesse escrito SaintSimon quer conferir a regência ao trabalho o senhor Grün prossegue Para ele o mundo passa a se dividir em ociosos e industriais p 85 1 As mulheres serão admitidas à subscrição elas poderão ser nomeadas 2 trabalhadores 3 Todos os homens terão de trabalhar 4 Se seu cérebro não for apto para o trabalho ele terá de trabalhar com as mãos pois Newton certamente não tolerará neste planeta nenhum trabalhador voluntariamente inútil na oficina 5 por ofício Karl Marx e Friedrich Engels 482 Nessa passagem o senhor grün comete uma falsidade Ele impinge ao Catéchisme uma diferenciação que encontra bem mais tarde em Stein quando este trata da escola sansimoniana Stein p 206 Atualmente a sociedade consiste apenas de ociosos e trabalhadores Enfantin Em vez dessa divisão impingida no Catéchisme encontrase uma divisão em três classes a saber as classes féodale intermédiaire et industrielle 1 as quais o senhor grün naturalmente não podia abordar sem plagiar Stein já que ele não conhecia o Catéchisme Depois disso o senhor grün repete uma vez mais que a regência do trabalho é o conteúdo do Catéchisme concluindo a sua caracterização desse escrito da seguinte maneira Assim como o republicanismo diz tudo pelo povo tudo mediante o povo SaintSimon diz tudo pela indústria tudo mediante a indústria ibidem Stein p 165 Tudo é feito pela indústria então tudo também deve ser feito para ela Como Stein informa corretamente p 160 nota o lema tout par lindustrie tout pour elle 2 já se encontra no escrito de SaintSimon intitulado Lindustrie de 1817 A caracterização que o senhor grün faz do Catéchisme consiste portanto em que ele além da falsidade cometida acima ainda cita erro nea mente o lema de um escrito bem anterior que ele nem conhece E com isso a meticulosidade alemã já criticou suficientemente o Catéchisme politique des industriels Entretanto em outras passagens dispersas pela mixórdia produzida por grün ainda encontramos algumas glosas isoladas que integram este assunto Comprazendose intimamente com sua própria esperteza o senhor grün distribui as coisas que reuniu a partir da caracte rização que Stein faz desse escrito processandoas com uma coragem digna de reconhecimento Senhor Grün p 87 A livre concorrência era um conceito impuro confuso um conceito que continha em si mesmo um novo mundo de luta e desgraça a luta entre capital e trabalho e a desgraça do trabalhador sem capital SaintSimon limpou o conceito da indústria reduzindoo ao conceito dos trabalhadores ele formulou os direitos e as reclamações do quarto estamento do proletariado Ele teve de abolir o direito hereditário porque este se tornou uma injustiça para com o trabalhador para com o industriário Essa é relevância do seu Catecismo dos industriais 1 feudal intermediária e industrial 385 2 tudo pela indústria tudo para ela A ideologia alemã 483 O senhor grün encontrou o seguinte em Stein p 169 por ocasião do Catéchisme Esta é portanto a verdadeira relevância de SaintSimon a de ter previsto essa oposição entre burguesia e peuple 1 como uma oposição determi nada Este é o original em que o senhor grün baseou a relevância do Catecismo Stein Ele SaintSimon no Catéchisme principia com o conceito do trabalhador industrial A partir disso o senhor grün produz o absurdo colossal de que SaintSimon ao topar com a livre concorrência como conceito impuro limpou o conceito da indústria e o reduziu ao conceito dos trabalhadores O senhor grün mostra por todos os cantos que o conceito que ele tem da livre concorrência e da indústria é muito impuro e confuso Não contente com esse absurdo ele arrisca uma mentira direta afirmando que SaintSimon teria reivindicado a abolição do direito hereditário Continuando a apoiarse na sua maneira de entender o Catéchisme segundo Stein ele diz na p 88 SaintSimon havia fixado os direitos do proletariado ele já havia divulgado a nova palavra de ordem os industriais os trabalhadores devem ser alçados ao primeiro escalão do poder Isso foi algo unilateral mas toda luta traz em si a unilateralidade sem ser unilateral não se pode lutar O próprio senhor grün com sua máxima retórica da unilateralidade comete aqui a unilateralidade de entender mal Stein no sentido de que SaintSimon teria pretendido alçar ao primeiro escalão do poder os traba lhadores propriamente ditos os proletários Cf a p 102 onde consta o seguinte a respeito de Michel Chevalier m Chevalier ainda fala com grande empatia dos industriais mas para o discípulo os industriais não são mais os proletários como para o mestre ele reúne capitalista empresário e trabalhador em um só conceito incluindo portanto os ociosos numa categoria que deveria abranger somente a classe mais pobre e numerosa Para SaintSimon dos industriais fazem parte além dos trabalhadores também os fabricants négociants 2 em suma o conjunto dos capitalistas indus triais aos quais ele até se dirige preferencialmente O senhor grün poderia ter descoberto isso já na primeira página do Catéchisme mas vemos como ele sem jamais ter visto o escrito fantasia beletristicamente sobre ele a partir do que ouviu dizer 1 povo 2 fabricantes negociantes Karl Marx e Friedrich Engels 484 Na sua análise do Catéchisme Stein diz A partir de SaintSimon chega a uma História da indústria em sua relação com o poder estatal ele foi o primeiro a tornar consciente o fato de que na ciência da indústria está oculto um momento estatal não se pode negar que ele logrou dar um impulso decisivo pois só depois dele a França passou a ter uma Histoire de léconomie politique etc p 165 170 O próprio Stein encontrase no grau máximo de confusão quando fala de um momento estatal na ciência da indústria Entretanto ele mostra que intuiu a coisa certa ao acrescentar que a história do Estado possui uma relação direta e precisa com a história da economia política Observemos a maneira como mais tarde quando fala da escola sansimo niana o senhor grün se apropria desse fragmento de Stein No seu Catecismo dos industriais SaintSimon havia tentado escrever uma história da indústria nela ressaltando o elemento estatal O mestre em pessoa portanto abriu caminho para a economia política p 99 Primeiro o senhor grün transforma portanto o momento estatal de Stein num elemento estatal e o converte numa fraseologia absurda ao omitir os dados mais precisos que Stein havia apresentado Essa pedra Stein que os construtores rejeitaram 386 realmente tornouse para o senhor grün a pedra fundamental Eckstein de suas Cartas e estudos387 Porém tornouse ao mesmo tempo a pedra Stein no caminho E não só isso Stein diz que ao ressaltar esse momento estatal na ciência da indústria SaintSimon abriu caminho para a história da economia política o senhor grün em contrapar tida faz que ele abra caminho para a própria economia política O senhor grün raciocina mais ou menos assim já existia economia antes de SaintSimon como relata Stein ele ressaltou o momento estatal na indústria ou seja tor nou a economia do Estado economia estatal economia política ou seja SaintSimon abriu caminho para a economia política Inegavelmente o senhor grün revela um espírito bemhumorado na formulação de suas conjeturas À maneira como o senhor grün faz que SaintSimon abra caminho para a economia política corresponde a maneira como ele o faz abrir caminho para o socialismo científico Ele o sansimonismo contém o socialismo científico no fato de SaintSimon ter buscado a nova ciência durante toda a sua vida p 82 3 Nouveau christianisme 1 Da mesma forma brilhante como tem procedido até aqui o senhor grün continua a apresentar excertos dos excertos de Stein e Reybaud com orna 1 Novo cristianismo A ideologia alemã 485 mentação beletrística e dilaceração implacável das partes que em ambos se encontram vinculadas umas às outras Daremos apenas um exemplo a fim de mostrar que também esse escrito jamais esteve em suas mãos Para SaintSimon a questão era produzir uma cosmovisão unitária adequa da a períodos históricos orgânicos os quais ele contrapôs expressamente aos períodos críticos Conforme sua opinião desde Lutero vivemos num período crítico ele pretendia fundamentar o início de um novo período orgânico Daí o Novo cristianismo p 88 Nunca e em lugar nenhum SaintSimon contrapôs os períodos históricos orgânicos aos períodos históricos críticos Tratase de uma franca mentira do senhor grün Bazard foi o primeiro a fazer essa classificação O senhor Grün descobriu em Stein e Reybaud que no Nouveau christianisme SaintSimon reconhece a crítica de Lutero mas acha que sua doutrina dogmática concreta é falha O senhor grün mistura essa frase com suas reminiscências oriundas das mesmas fontes sobre a escola sansimoniana e a partir disso fabrica a afirmação acima Depois de ter produzido da maneira como vimos algumas fraseolo gias beletrísticas sobre a vida e as obras de SaintSimon usando Stein e seu cicerone Reybaud como única fonte conclui o senhor grün com esta exclamação E foi a este SaintSimon que os filisteus da moral o senhor Reybaud e com ele toda uma horda de arremedadores alemães acreditaram ter de proteger oraculizando com sua sabedoria habitual que um homem como esse uma vida como essa não deveria ser medida com os metros habituais mas então me digam seus metros são de madeira Digam a verdade já nos agradaria saber que são feitos de madeira de carvalho bem consistente Dainos a nós queremos aceitálos gratos como um presente valioso não os queimaremos nem pensar Com eles queremos medir as costas do filisteus p 89 Por meio de fraseologias beletrísticas juvenis como essas o senhor grün documenta sua superioridade em relação aos seus modelos 4 A escola sansimoniana Como o senhor grün leu dos sansimonianos exatamente tanto quanto leu do próprio SaintSimon ou seja nada ele deveria ao menos ter feito um ex certo decente de Stein e Reybaud observado a ordem cronológica relatado concatenadamente o decurso dos eventos mencionado os pontos necessá rios Em vez disso induzido por sua consciência pesada ele faz justamente o contrário mistura as coisas tanto quanto possível omite as que são mais necessárias e faz uma confusão que é ainda maior do que a da sua exposição de SaintSimon Temos aqui de ser ainda mais breves pois para destacar cada plágio e cada equívoco teríamos de escrever um livro tão volumoso quanto o do senhor grün Karl Marx e Friedrich Engels 486 Não ficamos sabendo nada sobre o período que vai da morte de SaintSi mon até a Revolução de Julho época em que se dá o desenvolvimento teórico mais importante do sansimonismo desse modo de imediato o senhor Grün exclui por completo a parte mais importante do sansimo nismo a crítica às condições vigentes E de fato seria difícil dizer alguma coisa sobre isso sem conhecer as fontes principalmente os jornais O senhor grün abre seu curso sobre os sansimonianos com a seguinte proposição A cada um de acordo com a sua capacidade a cada capacidade de acordo com as suas obras assim reza o dogma prático do sansimonismo Reybaud p 96 utiliza essa frase em sua exposição como ponto de tran sição de SaintSimon para os sansimonianos o senhor grün faz o mesmo e prossegue Ela brota diretamente da última palavra dita por SaintSimon assegurar a todos os homens o desenvolvimento mais livre possível de suas aptidões O senhor grün quis se diferenciar de Reybaud neste ponto Reybaud vin cula esse dogma prático ao Nouveau christianisme O senhor grün considera isso uma ideia de Reybaud e sem hesitar substitui o Nouveau christianisme pela última palavra dita por SaintSimon Ele não sabia que Reybaud apenas havia apresentado um excerto literal da Doctrine de SaintSimon Exposition première année 1 p 70 O senhor grün não consegue explicar para si mesmo como é que em Reybaud após alguns excertos sobre a hierarquia religiosa do sansimonis mo o dogma prático cai repentinamente do céu O senhor grün imagina que a hierarquia decorre unicamente dessa proposição ao passo que esta só pode apontar para uma nova hierarquia se concebida em conexão com as ideias religiosas do Nouveau christianisme e ainda à parte dessas ideias a proposição em questão exige quando muito uma classificação secular da sociedade Ele diz na p 91 A cada um de acordo com sua capacidade significa transformar a hierarquia católica em lei da ordem social A cada capacidade de acordo com suas obras isto significa ademais transformar a oficina em sacristia transformar toda a vida civil em domínio sacerdotal é que em Reybaud no excerto acima mencionado da Exposition ele en contra o seguinte Léglise vraiment universelle va paraître léglise universelle gouverne le temporel comme le spirituel la science est sainte lindustrie est sainte et tout bien est bien déglise et toute profession est une fonction religieuse un 1 Doutrina de SaintSimon Exposição Ano I A ideologia alemã 487 grade dans la hiérarchie sociale A chacun selon sa capacité à chaque capacité selon ses œuvres 1 Só o que o senhor grün teve de fazer foi inverter essa passagem trans formar as frases precedentes em conclusões a partir da frase conclusiva a fim de obter essa sua frase totalmente incompreensível A imagem do sansimonismo refletida por Grün se afigura tão confusa e enrolada que na p 90 ela inicialmente faz surgir do dogma prático um proletariado espiritual então desse proletariado espiritual uma hierarquia dos espíritos e por fim dessa hierarquia dos espíritos a liderança da hierar quia Ele só precisaria ter lido a Exposition para se dar conta de como a visão religiosa do Nouveau christianisme em conexão com a pergunta referente a como se deveria constatar a capacité 2 introduz a necessidade da hierarquia e de sua liderança Com esta Única frase A chacun selon sa capacité à chaque capacité selon ses œuvres o senhor grün concluiu toda a sua exposição e crítica da Exposition de 18281829 Ademais ele praticamente não menciona o Producteur388 e o Organisateur Ele folheia o livro de Reybaud e na seção Terceira época do sansimonismo p 126 Stein p 205 ele encontra o seguinte et les jours suivants le Globe 389 parut avec le soustitre de Journal de la doctrine de SaintSimon laquelle était résumée ainsi sur la première page Religion Science Industrie Association universelle 3 O senhor grün pula diretamente da frase acima citada para o ano de 1831 processando da seguinte maneira a informação de Reybaud p 91 Os sansimonianos propuseram o seguinte esquema de seu sistema cuja for mulação foi obra especialmente de Bazard Religião Ciência Indústria Associação universal 1 Surgirá a igreja verdadeiramente universal a igreja universal governa tanto o temporal quanto o espiritual a ciência é sagrada a indústria é sagrada e todo bem é bem da igreja e toda profissão é uma função espiritual um grau na hierarquia social A cada um de acordo com sua capacidade a cada capacidade de acordo com suas obras 2 capa cidade 3 e nos dias seguintes o Globe apareceu com o subtítulo Jornal da doutrina de SaintSimon a qual foi resumida da seguinte maneira na primeira página Religião Ciência Indústria Associação universal Karl Marx e Friedrich Engels 488 O senhor grün omite três frases que constam igualmente no título do Globe referindose todas a reformas sociais práticas390 Elas se encontram tanto em Stein quanto em Reybaud Ele as omite a fim de poder transformar essa mera chamada de primeira página de um jornal em esquema do sistema Ele silencia o fato de que elas constam no título do Globe e pode então diante do título mutilado desse periódico criticar o sansimonismo inteiro com a sábia observação de que a religião consta bem no alto Aliás em Stein ele poderia ter constatado que no Globe não é este o caso O Globe contém o que o senhor grün todavia não poderia saber as críticas mais detalhadas e importantes das condições vigentes especialmente das econômicas é difícil dizer de onde o senhor grün obtém a notícia nova porém im portante de que a formulação desse esquema de quatro palavras foi obra especialmente de Bazard De janeiro de 1831 o senhor Grün pula de volta para outubro de 1830 Os sansimonianos dirigiram à Câmara de Deputados uma profissão de fé curta mas abrangente no período de Bazard de onde vem este logo depois de Revolução de Julho depois que os senhores Dupin e mauguin os acusaram da tribuna de pregar a comunhão de bens e de mulheres Segue essa alocução e em seguida o senhor grün faz o seguinte comen tário Como tudo isso ainda é sensato e comedido Bazard redigiu a alocução à Câmara p 924 Primeiro no que se refere a esse comentário final vejamos o que diz Stein p 205 A julgar por sua forma e seu tom não hesitamos nenhum instante em atribuí lo esse documento tal como o faz Reybaud a Bazard mais do que a Enfantin E Reybaud diz p 123 Aux formes aux prétentions assez modérées de cet écrit il est facile de voir quil provenait plutôt de limpulsion de m Bazard que de celle de son collègue 1 A ousadia genial do senhor grün faz que a suposição de Reybaud de que o impulso para a alocução se deve a Bazard mais do que a Enfantin se transforme na certeza de que ele a redigiu inteira A passagem introdutória ao documento foi traduzida de Reybaud p 122 mm Dupin et mauguin signalèrent du haut de la tribune une secte qui prêchait la communauté des biens et la communauté des femmes 2 1 Pelas formas pelas exigências bastante moderadas desse escrito é fácil ver que ele proveio mais do impulso do senhor Bazard do que do de seu colega 2 Os Srs Dupin e mauguin do alto da tribuna chamaram a atenção para uma seita que prega a comunhão de bens e a comunhão de mulheres A ideologia alemã 489 Só que o senhor grün omite a data mencionada por Reybaud e em vez disso diz logo depois de Revolução de Julho A cronologia não combina nem um pouco com o jeito do senhor grün de se emancipar dos seus pre decessores Ele se diferencia de Stein nessa passagem ao colocar no texto o que Stein coloca numa nota ao omitir a passagem introdutória da alocução tranduzindo fonds de production capital produtivo por riqueza fundiária Grundvermögen e classement social des individus classificação social dos in divíduos por ordem social dos indivíduos singulares Seguem agora algumas notas desleixadas sobre a história da escola sansi mo niana história por ele montada tal como acima para a vida de SaintSimon com o mesmo material artificial extraído de Stein Reybaud e L Blanc Deixamos a cargo do leitor a tarefa de conferilas pessoalmente no livro Já compartilhamos com o leitor tudo o que o senhor grün sabe dizer sobre o saintsimonismo no período de Bazard isto é desde a morte de SaintSimon até o primeiro cisma391 Agora ele se prepara para mostrar um trunfo beletrísticocrítico chamando Bazard de mau dialético e assim prosseguindo mas assim são os republicanos Eles só sabem como morrer tanto Catão quanto Bazard quando não se matam com a adaga permitem que seu coração se parta p 95 Poucos meses após essa desavença partiuse o seu de Bazard coração Stein p 210 O quanto a observação do senhor grün é correta pode ser compro vado também em vista de republicanos como Levasseur Carnot Barère BillaudVarennes Buonarroti Teste dArgenson etc etc Seguem então algumas fraseologias banais sobre Enfantin dentre as quais apenas chamamos a atenção para a seguinte descoberta do senhor Grün Será que esse fenômeno histórico finalmente deixa claro que a religião nada mais é que sensualismo que o materialismo ousadamente pode reivindicar a mesma origem que o próprio dogma sagrado p 97 O senhor Grün olha complacente em volta de si Acaso alguém já pensou nisso Ele jamais teria pensado nisso se os Hallische Jahrbücher não tives sem pensado nisso ao tratar dos românticos392 A propósito o que seria de esperar é que desde aquele tempo o senhor grün tivesse avançado em seu pensamento Como vimos o senhor grün não sabe nada de toda a crítica econômica dos sansimonianos Não obstante ele utiliza Enfantin para também dizer algo sobre as consequências econômicas de SaintSimon sobre as quais ele já fabulou acima é que ele encontra em Reybaud p 129 ss e Stein p 206 excertos da Economia política393 de Enfantin mas também aqui falsifica o original ao transformar a abolição do imposto sobre as necessidades mais Karl Marx e Friedrich Engels 490 básicas da vida que Reybaud e Stein corretamente apresentam segundo Enfantin como decorrência das propostas referentes ao direito hereditário numa medida indiferente a essas propostas e delas independente Ele demonstra sua originalidade também ao falsificar a ordem cronológica falando primeiro do sacerdote Enfantin e ménilmontant394 e só depois do economista Enfantin ao passo que seus predecessores tratam a economia de Enfantin no período de Bazard simultaneamente ao Globe para o qual ela foi escrita Enquanto aqui ele traz o período de Bazard para dentro do pe ríodo de ménilmontant já mais tarde quando fala da economia e de m Chevalier ele volta a introduzir o período de ménilmontant O ensejo para isso lhe é dado pelo Livre nouveau395 e como de costume ele transforma numa afirmação categórica a suposição de Reybaud de que M Chevalier seria o autor desse escrito O senhor grün descreveu agora o sansimonismo em sua totalidade p 82 Ele cumpriu sua promessa de não perseguilo criticamente até o interior de sua literatura ibidem e em consequência enredouse de forma extremamente acrítica numa literatura bem diferente em Stein e Rey baud Em compensação ele nos faz algumas revelações sobre as preleções econômicas de m Chevalier do ano de 18411842 quando este havia muito tempo já deixara de ser sansimoniano Quando estava a escrever sobre o sansimonismo o senhor grün se deparou com uma crítica a essas preleções na Revue des deux Mondes da qual ele pôde se utilizar da mesma maneira que até ali havia se utilizado de Stein e Reybaud Daremos apenas uma amostra de sua noção crítica Ele afirma ali que não se produz o suficiente Que afirmação Ela é digna da velha escola econômica com suas unilateralidades enferrujadas Enquanto a economia política não compreender que a produção depende do consumo essa assim chamada ciência não chegará a lugar nenhum p 102 Vemos aqui como o senhor grün com suas fraseologias sobre consumo e produção que lhe foram transmitidas pelo socialismo verdadeiro paira sobranceiro acima de qualquer obra sobre economia Abstraindo do fato de que em todo e qualquer economista ele pode descobrir que a oferta também depende da procura isto é que a produção depende do consumo há na França até mesmo uma escola econômica própria a de Sismondi que quer fazer a produção depender do consumo diferentemente da maneira pela qual ela dele já depende na livre concorrência esta escola representa a mais resoluta oposição aos economistas hostilizados pelo senhor grün Aliás só mais adiante veremos o senhor grün lucrar exitosamente com os fundos que lhe foram confiados com a unidade de produção e consumo A fim de indenizar o leitor pelo tédio provocado por seus excertos su perficiais falsificados e adulterados com fraseologias extraídos de Stein e Reybaud o senhor grün promove o seguinte foguetório faiscante ao modo jovemalemão ardente ao modo humanista e florescente ao modo socialista A ideologia alemã 491 O sansimonismo inteiro como sistema social nada mais foi que uma chuva efervescente de ideias derramada sobre o solo da França por uma nuvem caridosa antes nas p 82 83 uma massa de luz porém ainda em forma de caos luminoso não de claridade ordenada Ele foi uma peça teatral cujo efeito foi ao mesmo tempo dos mais abaladores e dos mais divertidos O autor morreu antes da primeira exibição um dos diretores durante a apresentação os demais diretores e a totalidade dos atores despiram seus trajes enfiaramse em suas roupas burguesas foram para casa e agiram como se nada tivesse acontecido Foi um espetáculo até interessante no final um tanto confuso alguns atores extrapolaram e isso foi tudo p 104 Heine tinha toda razão ao avaliar seus imitadores Semeei dentes de dragão e colhi pulgas Fourierismo Fora algumas traduções de trechos sobre o amor extraídas dos Quatre mouve ments396 aqui tampouco ficamos sabendo de algo que já não estivesse em Stein de forma bem mais completa A moral é despachada pelo senhor grün com uma única frase que muito antes de Fourier já havia sido dita por centenas de outros autores A moral segundo Fourier nada mais é que a tentativa sistemática de reprimir as paixões dos homens p 147 A moral cristã jamais se definiu de outra maneira O senhor Grün não aborda nem mesmo a crítica de Fourier à agricultura e à indústria atuais e se contenta com traduzir algumas sentenças genéricas da introdução a uma seção dos Quatre mouvements Origine de léconomie politique et de la controver se mercantile Origem da economia política e da controvérsia mercantil p 332 334 dos Quatre mouvements Seguem então alguns excertos dos Quatre mouvements e um do Traité de lassociation sobre a Revolução France sa junto com as tabelas sobre a civilização já conhecidas a partir de Stein Assim a parte crítica de Fourier é liquidada com a maior superficialidade e precipitação em 28 páginas de traduções literais que com raras exceções se restringem ao que há de mais genérico e abstrato e misturam aleatoriamente coisas importantes com coisas sem importância O senhor grün passa então à exposição do sistema de Fourier Um texto bem mais completo e mais bem feito já está há muito tempo disponível trata se do escrito de Chouroa 397 também citado por Stein Apesar de considerar indispensavelmente necessário oferecer profundas revelações sobre as séries de Fourier o senhor grün não consegue fazer nesse tocante nada além de traduzir citações literais do próprio Fourier e mais tarde como ainda ve remos formular algumas fraseologias beletrísticas sobre o número Nem lhe ocorre mostrar como Fourier chegou às séries e como ele e seus discípulos as construíram ele não faz a menor revelação sobre a construção interna dessas Karl Marx e Friedrich Engels 492 séries A única maneira de criticar tais construções o que vale também para o método de Hegel é mostrar como fazêlas e assim demonstrar que podem ser dominadas Por fim o senhor Grün põe totalmente em segundo plano o que Stein ao menos procura ressaltar de certa maneira a saber a oposição entre travail répugnant1 e travail attrayant2 A parte principal de toda essa exposição é a crítica do senhor grün a Fourier Trazemos à memória do leitor o que já dissemos acima sobre as fontes da crítica de grün e mostraremos agora com o auxílio de alguns exemplos como o senhor grün primeiro acolhe as proposições do socialismo verdadeiro e em seguida as exagera e falsifica Nem é preciso dizer que a divisão feita por Fourier entre capital talento e trabalho oferece material esplêndido e amplo para alguém dar uma de sabido que nesse ponto se pode desfiar um longo palavrório sobre a impossibilidade e a injustiça da divisão sobre a introdução do trabalho assalariado etc sem que se chegue a criticar essa divisão a partir da relação real entre trabalho e capital Antes do senhor grün Proudhon já havia dito tudo isso de forma infinitamente melhor sem ao menos ter tocado o cerne da questão O senhor grün extrai a crítica à psicologia de Fourier assim como toda a sua crítica da essência do Homem Pois a essência humana é o todo p 190 Fourier igualmente apela para essa essência humana cujo invólucro inte rior ele nos revela à sua maneira no quadro das doze paixões também ele quer o que todas as cabeças honestas e sensatas querem ou seja transformar a essência interior do homem em realidade em práxis O que está dentro também deve estar fora e assim a diferença entre dentro e fora deve ser totalmente superada A história da humanidade fervilha de socialistas caso queiramos identificá los por meio dessa característica o que importa em cada um é como ele concebe a essência do homem p 190 Ou antes a única coisa que importa para um socialista verdadeiro é impingir a cada um ideias sobre a essência do homem e transformar os di versos estágios do socialismo em diversas filosofias da essência do homem Essa abstração anistórica leva o senhor grün a proclamar aqui a superação de toda e qualquer diferença entre dentro e fora uma superação que poria um fim até mesmo à reprodução da essência do homem A propósito não se entende por que os alemães se vangloriam tão terrivelmente de sua sabe doria da essência do homem já que toda sua sabedoria as três qualidades universais entendimento coração e vontade já é conhecida praticamente em toda parte desde Aristóteles e os estoicos A partir desse ponto de vista o senhor grün acusa Fourier de retalhar o homem em doze paixões 1 trabalho repugnante 2 trabalho atraente A ideologia alemã 493 Nem quero entrar na questão da completude desse quadro em termos psico lógicos consideroo insuficiente assim em termos psicológicos o público pode ficar tranquilo Por acaso por esse número doze se consegue saber o que é o homem De modo algum Fourier poderia da mesma forma ter mencionado somente os cinco sentidos neles reside o homem inteiro quando se os explica quando se sabe interpretar o conteúdo humano desses sentidos como se esse conteúdo humano não dependesse inteiramente do estágio da produção e do intercâmbio entre os homens Na verdade o Homem reside unicamente Num sentido no sentimento ele sente diferentemente do animal etc p 205 Vemos como aqui pela primeira vez em todo seu livro o senhor grün se esforça para dizer qualquer coisa sobre a psicologia de Fourier a partir do ponto de vista feuerbachiano Vemos igualmente que grande fantasia é esse homem todo que reside numa única qualidade de um indivíduo real e é interpretado a partir dela pelo filósofo vemos que tipo de homem é este que não é contemplado na sua atividade e existência histórica real mas que pode ser deduzido a partir do lóbulo de sua própria orelha398 ou de alguma outra característica que o diferencie do animal Esse homem reside em si mesmo como o cravo em sua própria pele A noção de que o senti mento hu mano é humano e não animal naturalmente não só torna supér fluo qualquer intento psicológico como também representa ao mesmo tempo a crítica a toda e qualquer psicologia O senhor grün consegue criticar facilmente o tratamento que Fourier dispensa ao amor julgando a crítica que Fourier faz às atuais relações amo rosas a partir das fantasias com que ele tratou de obter para si mesmo uma visão do amor livre Como autêntico filisteu alemão o senhor Grün leva essas fantasias a sério Elas são a Única coisa que ele leva a sério Se ele realmente quis abordar esse aspecto do sistema não se entende por que ele também não abordou as exposições de Fourier sobre a educação que de longe são o que de melhor existe nesse gênero e que contêm as mais geniais observações A propósito ao tratar do amor o senhor grün revela como autêntico beletris ta jovemalemão quão pouco ele aprendeu da crítica de Fourier Ele pensa que dá na mesma partir da superação do matrimônio ou da superação da propriedade privada que uma coisa sempre teria por conse quência a outra Porém é pura fantasia beletrística querer partir de alguma dissolução do matrimônio diferente daquela que já está a ocorrer na prática na sociedade burguesa Ele poderia ter constatado em Fourier que este em toda parte sempre parte unicamente da transformação da produção O senhor grün se admira do fato de Fourier que em toda parte tem como ponto de partida a inclinação deve ser atração empreender todo tipo de experimentos matemáticos razão pela qual também é chamado na p 203 de socialista matemático mesmo tendo deixado de lado todas as condições de vida de Fourier o senhor grün deveria ter se aprofundado um pouco mais sobre a atração o que logo o levaria a descobrir que esse Karl Marx e Friedrich Engels 494 tipo de relação natural não pode ser determinado com maior precisão sem alguns cálculos Em vez disso ele nos regala com uma filípica beletrística contra o número amalgamada com tradições hegelianas na qual ocorrem passagens como estas Fourier calcula a molécula do mais anormal dos teus gostos um verdadeiro milagre adiante A civilização tão duramente hostilizada baseouse numa tabuada insensível o número não é algo determinado O que é um O um não descansa enquanto não se transforma em dois três quatro com ele acontece o mesmo que com o pároco alemão do interior que também não descansa enquanto não tem uma mulher e nove filhos O número mata tudo que é essencial e real o que é meia razão O que é uma terça verdade ele também poderia ter perguntado o que é um logaritmo de tonalidade esverdeada no caso do desenvolvimento orgânico o número enlouquece sobre essa frase estão fundadas a fisiologia e a química orgânica p 2034 Quem toma o número como medida das coisas tornase ou melhor é um egoísta A essa frase ele pode agora associar com exageros uma outra que lhe foi transmitida por Heß v acima Todo o plano organizacional de Fourier se baseia em nada mais que e goísmo a pior expressão do egoísmo civilizado é justamente Fourier p 206 208 Ele prova isso de imediato relatando que na ordem mundial de Fourier o mais pobre come diariamente comida servida em quarenta travessas cinco refeições são servidas diariamente as pessoas atingem a idade de 144 anos e coisas desse tipo A visão grandiosa da humanidade que Fourier contrapõe com humor singelo à despretensiosa mediocridade dos homens da restaura ção serve ao senhor grün apenas de ensejo para isolar o lado mais inocente dela e formular a seu respeito glosas morais típicas de um filisteu Ao dirigir censuras a Fourier a respeito de sua concepção da Revolução Francesa o senhor grün propicia ao mesmo tempo um aperitivo de sua própria noção da época da Revolução Ele faz Fourier dizer Se tivessem tomado conhecimento da associação qua renta anos antes a Revolução teria sido evitada O senhor Grün pergunta mas como foi então que a cabeça de Luís XVI rolou apesar de o ministro Turgot conhecer o direito ao trabalho Com o direito ao trabalho teria sido mais fácil pagar a dívida pública do que com ovos de galinha p 211 A ideologia alemã 495 O senhor Grün só não se dá conta da seguinte bagatela o direito ao trabalho de que fala Turgot é a livre concorrência e justamente essa livre concorrência necessitava da Revolução para se impor O senhor Grün consegue resumir toda sua crítica a Fourier na afirmação de que Fourier não submete a civilização a nenhuma crítica cabal E por que Fourier não fez isso Ouçamos Ela foi criticada em seus fenômenos não em seus fundamentos ela foi abomina da ridicularizada como existente mas não foi examinada em sua raiz Nem a política nem a religião foram trazidas perante o foro da crítica e por essa razão a essência do homem não chegou a ser investigada p 209 O senhor grün declara aqui portanto as condições reais de vida dos ho mens como fenômenos mas a religião e a política como o fundamento e a raiz desses fenômenos Nessa frase desgastada vemos que os socialistas verdadei ros sustentam as fraseologias ideológicas da filosofia alemã como verdades mais elevadas do que as exposições concretas dos socialistas franceses mas vemos simultaneamente que eles buscam vincular seu objeto propriamente dito a essência do homem com os resultados da crítica francesa à sociedade Sendo religião e política concebidas como fundamento das condições ma teriais de vida é muito natural que tudo desemboque em última instância em investigações sobre a essência do homem isto é sobre a consciência que o homem tem de si mesmo Ao mesmo tempo podese constatar que o senhor grün nem está muito preocupado com o que está a copiar numa passagem posterior assim como nos Rheinische Jahrbücher ele se apropria à sua maneira do que constava dos DeutschFranzösische Jahrbücher sobre a relação entre citoyen 1 e bourgeois2 e que está em contradição direta com a frase acima Sonegamos do leitor até o final a exposição da frase sobre produção e consumo que foi confiada ao senhor Grün pelo socialismo verdadeiro Ela é um exemplo concludente de como o senhor grün usa as proposi ções do socialismo verdadeiro como metro para medir as realizações dos franceses e as expõe como puro absurdo ao arrancálas de sua completa indeter mi nidade Produção e consumo podem ser separados em termos temporais e espa ciais tanto na teoria quanto na realidade externa mas em essência são Uma coisa só Por acaso a mais comum das atividades laborais como por exemplo fazer pão não é uma produção que se transforma em consumo para centenas de outros E não o é até mesmo para o próprio padeiro que consome cereal água leite ovos etc O consumo de sapatos e roupas não é a produção por sapateiros e alfaiates Acaso não estou produzindo ao comer pão Estou produzindo em grande quantidade produzo moinhos formas 1 cidadão 2 burguês Karl Marx e Friedrich Engels 496 fornos e consequentemente arados grades manguais mós trabalhos de carpintaria trabalhos de alvenaria e consequentemente carpinteiros pedreiros e agricultores consequentemente seus pais consequente mente todos os seus ascendentes consequentemente Adão Acaso não estou consumindo ao produzir Igualmente em grande quantidade Ao ler um livro estou a consumir em primeiro lugar o produto de muitos anos ao guardálo para mim ou ao estragálo estou a consumir o material e a atividade da fábrica de papel da gráfica do encadernador Mas acaso não estou também produzindo Talvez eu esteja a produzir um novo livro e por meio disso um novo papel novos tipos de impressão novas tintas novas ferramentas de encadernação pelo mero fato de eu lêlo e de mil outros o lerem também produzimos por meio do nosso consumo uma nova edição e com isso todos aqueles materiais requeridos para sua con secução Os que fabricam tudo isso consomem por sua vez matériaprima em grande quantidade que também precisa ser produzida e que só pode ser produzida mediante o consumo Em suma atividade e fruição são Uma coisa só quem as separou foi um mundo degenerado que interpôs entre elas o conceito de valor e preço rasgando mediante esse conceito o homem ao meio e junto com o homem a sociedade p 191 192 Na realidade produção e consumo estão muitas vezes em contradi ção Só o que se precisa fazer diante disso é interpretar de verdade essa contradição captar a verdadeira essência de produção e consumo a fim de estabelecer a unidade de ambos e superar toda a contradição Em con sequência essa teoria ideológica alemã se aplica com perfeição ao mundo existente a unidade de produção e consumo é demonstrada com o auxílio de exemplos tirados da sociedade atual ela existe em si O senhor grün demonstra antes de mais nada que de fato existe uma relação entre pro dução e consumo Ele explica que não pode vestir um casaco nem comer pão a não ser que ambos tenham sido produzidos explica também que na sociedade atual há pessoas que produzem casacos sapatos pão coisas das quais outras pessoas são consumidoras O senhor grün considera essa noção uma no vidade Ele se expressa numa linguagem clássica beletrísticoideológica Por exemplo Acreditase que a fruição do café do açúcar etc seja puro consumo mas acaso essa fruição não é também produção nas colônias Ele poderia da mesma forma ter perguntado acaso essa fruição não é a fruição do chicote pelos escravos negros e a produção de açoites nas colô nias Vemos que o resultado desse jeito efusivo nada mais é que uma apologia das condições existentes A segunda noção propalada pelo senhor grün consiste em que ele consome ao produzir especialmente a matériaprima de modo geral os custos de produção tratase da noção de que de nada não se faz nada de que é necessário o material Ele poderia ter encontrado em qualquer manual de economia no capítulo consumo repro dutivo a explicação detalhada das emaranhadas relações que estão A ideologia alemã 497 envolvidas nesse processo caso o manual não se limite como faz o senhor grün ao conhecimento trivial de que sem couro não é possível fazer botas Até aqui o senhor grün conseguiu convencer a si mesmo de que deve haver produção para que haja consumo e de que na produção consomese matériaprima Sua dificuldade começa propriamente quando ele tenta demonstrar que produz ao consumir O senhor grün faz uma tentativa totalmente frustrada de obter um pouquinho de luz sobre a mais trivial e geral das relações entre procura e oferta Ele avança até a noção de que seu consumo isto é sua procura produz nova oferta Porém ele esquece que sua procura deve ser uma procura efetiva que ele deve oferecer um equiva lente para o produto procurado a fim de que sua procura provoque nova produção Também os economistas se reportam à impossibilidade de separar consumo e produção e à identidade absoluta de procura e oferta justamente quando querem provar que nunca ocorre superprodução mas jamais expõem coisas tão canhestras e triviais como o senhor grün A propósito esse jeito é igual ao que nobres padrecos rentistas etc desde sempre usaram para demonstrar sua produtividade O senhor grün esquece ademais que hoje em dia o pão é produzido por moinhos movidos a vapor e que antes ele era produzido por moinhos movidos a vento e água e antes ainda por moi nhos manuais esquece também que esses diferentes modos de produção são totalmente independentes do mero ato de comer pão e que portanto se introduz aí um desenvolvimento histórico da produção o qual nem sequer ocorre ao senhor grün ele que produz em grande quantidade O senhor grün nem imagina que esses diferentes estágios da produção trazem con sigo também diferentes relações de produção para o consumo diferentes contradições entre ambos que essas contradições só podem ser entendidas a partir de uma certa observação só podem ser resolvidas através de uma transformação prática do respectivo modo de produção e de toda a condição social baseada nele Se nos demais exemplos que apresenta o senhor grün por sua trivialidade fica aquém do mais comum dos economistas no exem plo do livro ele prova que estes são muito mais humanos do que ele Eles nem cogitam em pedir que o senhor grün ao acabar de consumir um livro produza de imediato um novo Eles se contentam com que ele produza a sua própria formação com esse livro e desse modo exerça um efeito posi tivo sobre a produção como tal O consumo reprodutivo do senhor grün se transforma em puro milagre em virtude da omissão do elo intermediário do simples pagamento que a pura abstração do senhor Grün torna supérfluo quando é ele que de fato torna a sua procura efetiva Ele lê e através desse simples ato de ler proporciona aos fundidores de tipos aos fabricantes de papel e aos gráficos as condições para produzir novos tipos novo papel novos livros O seu simples consumo cobre os custos de produção de todas essas pessoas A propósito já comprovamos suficientemente de que manei ra o senhor grün consegue pela leitura produzir novos livros a partir de Karl Marx e Friedrich Engels 498 livros velhos e ganhar o reconhecimento do mundo comercial como produtor de novo papel novos tipos nova tinta de impressão e novas ferramentas de encadernador A primeira carta do livro de Grün termina com estas palavras Estou a ponto de me jogar na indústria Em lugar nenhum do livro o senhor grün renega essa sua divisa Em que consistiu então toda a atividade do senhor grün Para provar a proposição do socialismo verdadeiro sobre a unidade de produção e con sumo o senhor grün se refugia nas proposições mais triviais possíveis da econo mia sobre procura e oferta e para que estas por sua vez sirvam ao seu propósito ele as recorta suprimindo delas os elos intermediários necessá rios e transformandoas em puras fantasias O cerne de tudo é portanto uma transfiguração ignorante e fantasiosa das condições existentes Característico é ademais o final socialista no qual ele novamente tarta mudeia o que dizem os seus predecessores alemães Produção e consumo estão separados porque um mundo degenerado os separou à força Como foi que esse mundo degenerado fez isso Ele interpôs um conceito entre ambos Com essa interposição ele rasgou o homem ao meio Não contente com isso ele rasgou junto com ele também a sociedade isto é rasgou a si mesmo igualmente ao meio Essa tragédia ocorreu no ano de 1845 A unidade de consumo e produção que para os socialistas verdadeiros originalmente significava que a própria atividade produtiva deveria propiciar fruição o que para eles no entanto é uma concepção puramente fantasiosa é determinada pelo senhor grün no sentido de que consumo e produção em termos econômicos devem coincidir p 196 ou seja não pode ocorrer que a massa de produtos exceda as necessidades imediatas de consumo o que naturalmente leva a que todo o movimento cesse Em consequência ele também acusa Fourier com ar grave de querer perturbar essa unidade mediante a superprodução O senhor grün esquece que a superprodução só provoca crises quando tem influência sobre o valor de troca dos produtos e que não só em Fourier mas também no melhor dos mundos do senhor grün o valor de troca desapareceu Sobre essa bobagem filistina nada há a dizer a não ser que ela é digna do socialismo verdadeiro O senhor grün repete em muitos lugares e com grande autocom pla cência o seu comentário sobre a teoria da produção e do consumo defendida pelo socialismo verdadeiro Assim também quando trata de Proudhon Pregai a liberdade social dos consumidores e tereis a verdadeira igualdade da produção p 433 Nada mais fácil do que pregar isso O erro até agora estava apenas em que os consumidores não foram educados não foram formados que nem todos consomem humanamente p 432 Esse ponto de vista de que o con sumo constitui o critério da produção e não o contrário representa a morte de toda visão econômica existente até hoje ibidem A verdadeira solidarie A ideologia alemã 499 dade dos homens entre si até mesmo torna verdadeira a proposição de que o consumo de cada um tem como pressuposto o consumo de todos ibidem O consumo de cada um tem no contexto da concorrência plus ou moins 1 continuamente o consumo de todos como pressuposto assim como a produ ção de cada um tem como pressuposto a produção de todos Tratase apenas de determinar como de que modo isso se dá A isso o senhor grün responde apenas com o postulado moral do consumo humano do conhecimento da verdadeira essência do consumo p 432 Por não saber nada das condições reais de produção e consumo não lhe resta outro refúgio a não ser o derra deiro esconderijo de um socialista verdadeiro a essência do homem Pela mesma razão ele insiste em tomar como ponto de partida o consumo e não a produção Quando se parte da produção devese atentar às condições reais da produção e à atividade produtiva dos homens Porém quando se parte do consumo é possível tranquilizarse com a declaração de que não se consome humanamente e com o postulado do consumo humano da educação para o verdadeiro consumo e fraseologias similares sem deterse nem por um momento nas condições reais de vida dos homens e sua atividade Por fim é preciso mencionar ainda que justamente os economistas que tomaram o consumo como ponto de partida eram reacionários e ignoraram o elemento revolucionário presente na concorrência e na grande indústria O obtuso Pai Cabet e o senhor Grün O senhor grün conclui o seu excurso sobre a escola de Fourier e sobre o senhor Reybaud com as seguintes palavras Quero incutir nos organizadores do trabalho a consciência de sua essência quero mostrarlhes historicamente de onde provêm a esses seres híbridos que não hauriram de si mesmos nem mesmo a menor das ideias E mais tarde talvez eu ainda encontre espaço para expor o senhor Reybaud como mau exemplo não só o senhor Reybaud mas também o senhor Say No fundo o primeiro nem é tão ruim assim ele só é tolo mas o segundo é mais do que tolo ele é erudito Portanto p 260 A postura de gladiador que o senhor grün assume suas ameaças contra Reybaud o desprezo à erudição suas promessas tonitruantes são todos eles sinais seguros de que nesse ponto ele está prenhe de grandes coisas Na plena consciência de sua essência intuímos desses sintomas que o senhor grün estaria prestes a consumar um dos mais portentosos golpes de plagiador Uma vez que se pegou a pista de sua tática sua gritaria perde a inocência e se dilui em toda parte num calculismo matreiro 1 mais ou menos Karl Marx e Friedrich Engels 500 Portanto Segue um capítulo intitulado A organização do trabalho Onde foi gerada esta ideia Na França mas como O capítulo também traz a etiqueta Retrospectiva do século XVIII Onde foi gerado este capítulo do senhor grün Na França mas como O leitor ficará sabendo de imediato Uma vez mais recordese o leitor que neste ponto o senhor grün à maneira meticulosa dos alemães quer incutir nos organizadores do trabalho franceses a consciência de sua essência mediante uma demonstração histórica Portanto Tendo o senhor grün notado que Cabet era obtuso e que sua missão havia muito já estava concluída algo que ele claro já tinha percebido muito tempo antes não acabou tudo naturalmente entre eles Ao contrário o senhor Grün deu a Cabet uma nova missão a de compor mediante algumas citações arbitrariamente embaralhadas o pano de fundo francês da sua própria história alemã do desenvolvimento socialista do século XVIII Como ele faz isso Ele lê produtivamente No décimo segundo e no décimo terceiro capítulos de sua Voyage en Icarie Cabet embaralha as opiniões de autoridades antigas e modernas favoráveis ao comunismo Ele não tem nenhuma pretensão de descrever um movimento histórico O burguês francês tem o comunismo na conta de uma pessoa de máfama muito bem diz Cabet eu vos apresentarei as provas testemunhais dos homens mais respeitáveis de todos os tempos provas que falam em favor do caráter de meu cliente e Cabet procede como um advogado Ele transforma em testemunhos favoráveis ao seu cliente até mesmo os desfavoráveis Não se pode exigir fidelidade his tórica num discurso de defesa Se a um homem famoso ocasionalmente escapou uma palavra contra o dinheiro contra a desigualdade contra a riqueza contra as mazelas sociais Cabet a retoma pede que ela seja repe tida transformaa na confissão de fé do homem manda imprimila bate palmas e exclama com afabilidade irônica dirigindose ao seu burguês incomodado Écoutez écoutez nétaitil pas communiste1 Não há um que lhe escape nem montesquieu nem Sieyès nem Lamartine nem mesmo guizot todos comunistas malgré eux 2 Voilà mon communiste tout trouvé3 No seu estado de espírito produtivo o senhor grün lê as citações reuni das por Cabet para o século XVIII em nenhum momento ele duvida de que 1 Escuta escuta Por acaso ele não era comunista 2 malgrado sua própria vontade 3 Eis meu comunista pego no ato A ideologia alemã 501 tudo aquilo esteja correto cria para o leitor a partir de sua fantasia um nexo místico entre os autores que em Cabet aparecem casualmente na mesma página rega tudo isso com sua excreção beletrística jovemalemã e o batiza com o título acima Portanto Após as passagens citadas Cabet aborda a história grega e romana inter roga o cristianismo o neoplatonismo a patrística a Idade média a Reforma a filosofia que começava a despertar cf Cabet p 47l82 O senhor Grün deixa o trabalho de copiar essas onze páginas para gente mais pa ciente na medida em que o pó dos livros manteve em seus corações o humanismo ne cessário a saber para fazer esse trabalho de cópia grün p 261 Apenas a consciência social dos árabes pertence ao senhor grün Ficamos em ansiosa expectativa quanto às revelações que ele compartilhará sobre isso com o mundo Devo restringirme ao século XVIII Sigamos pois o senhor grün até o século XVIII por ora apenas comentando que em grün estão sublinhadas praticamente as mesmas palavras que em Cabet 1 Vós adversários da comunidade afirmais que ela tem a seu favor apenas algumas opiniões sem crédito nem peso pois bem inquirirei diante dos vossos olhos a história e todos os filósofos ouvi Não me deterei no relato a respeito de diversos povos antigos que praticavam ou haviam praticado a comunhão de bens Tampouco determeei nos hebreus nos sacerdotes egípcios em minos Licurgo nem Pitágoras nada vos direi tampouco sobre Confúcio nem zaratustra que proclamaram este princípio aquele na China e este na Pérsia Senhor Grün O senhor grün inicia sua retrospec tiva com as seguintes palavras A ideia social não caiu do céu ela é orgânica isto é surgiu pela via do desenvolvimento gradativo Não posso escrever aqui sua história completa não posso começar com os hindus e chineses passar para a Pérsia o Egito e a Judeia inquirir gregos e romanos quanto à sua consciência social interrogar o cristia nismo o neopla tonismo e a patrística deixar que falem a Idade média e os árabes examinar a Reforma e a filosofia que começa a despertar e assim chegar ao século XVIII p 261 Cabet Cabet inicia suas citações com as seguintes palavras Vous prétendez adversaires de la com munauté quelle na pour elle que quelques opinions sans crédit et sans poids eh bien je vais interroger devant vous lhistoire et tous les philosophes écoutez je ne marrête pas à vous parler de plusieurs peuples an ciens qui pratiquaient ou avaient pratiqué la communauté des biens Je ne marrête non plus aux Hébreux ni aux prêtes Égyptiens ni à Minos Lycurge et Pythagore je ne vous parle non plus de Confucius et de Zoroastre qui lun Chine et lautre en Perse proclamèrent ce principe 1 Voyage en Icarie 2 ed p 470 Karl Marx e Friedrich Engels 502 O senhor grün conclui dessas citações de Cabet que Locke teria sido um adversário do sistema monetário p 264 o adversário mais decla rado do dinheiro e de todo tipo de posse que vai além da necessidade p 266 Infelizmente esse Locke foi um dos primeiros propugnadores cien tíficos do sistema monetário um patrono muito especial do açoi ta mento dos vagabundos e paupers 2 um dos doyens3 da moderna economia política 1 mas aqui está Locke escutaio a exclamar no seu admirável Governo Civil Aquele que possui além de suas necessidades ultrapassa os limites da razão e da justiça primitiva e rouba o que pertence a outros Todo excesso é uma usurpação e a visão do indigente deveria despertar o remorso na alma do rico Homens perversos que nadais na opulência e na volúpia tremei diante da possibilidade de que o infeliz que hoje carece do necessário um dia venha a conhecer de verdade os Direitos do Homem Ouvi como continua a exclamar A fraude a máfé a ganância ao a mon toarem de um lado todos os vícios junto com a riqueza e do outro lado todos os sofrimentos junto da miséria produziram aquela desigualdade das posses que perfaz a desgraça do gênero humano O filósofo deve considerar portanto o uso do dinheiro como uma das invenções mais funestas da atividade humana 2 pobres esmoleiros 3 decanos Senhor Grün Locke o fundador do sensualismo diz Aquele que possui além de suas necessidades ultrapassa os limites da razão e da justiça primitiva e rouba o que pertence a outros Todo excesso é uma usurpação e a visão do indigente deve399 despertar o remorso na alma do rico Homens perversos que nadais no excesso e na volúpia tremei diante da possibilidade de que um dia o infeliz que hoje carece do necessário venha a conhecer de verdade os Direitos do Homem A fraude a deslealdade a ganância produziram a desigualdade das posses que perfaz a desgraça do gênero humano ao acumular todos os sofrimentos por um lado junto às riquezas e por outro lado junto à miséria O filósofo deve en carar portanto o uso da moeda como uma das invenções mais funestas da indústria humana p 265 266 Cabet Mais voici Locke écoutezle sécrier dans son admirable gouvernement civil Celui qui possède au delà de ses besoins passe les bornes de la raison et de la justice primitive et enlève ce qui appartient aux autres Toute superfluité est une usurpa tion et la vue de lindigent devrait éveiller le remords dans lâme du riche Hommes pervers qui nagez dans lopulence et les voluptés tremblez quun jour linfortuné qui manque du nécessaire napprenne à connaître vraiment les droits de lhomme Ecoutezle sécrier encore La fraude la mauvaise foi lavarice ont produit cette iné galité dans les fortunes qui fait le malheur de lespèce humaine en amoncelant dun côté tous les vices avec la richesse et de lautre tous les maux avec la misere do que o se nhor Grün faz um absurdo Le philosophe doit donc considérer lusage de la monnaie comme une des plus funestes inventions de lindustrie humaine 1 p 485 A ideologia alemã 503 A digressão do senhor grün para fora da França consiste em que Cabet 1 Escutai o barão de Puffendorff professor de Direito natural na Alemanha e conse lheiro de Estado em Estocolmo e Berlin que no seu direito da natureza e dos povos refuta as doutrinas de Hobbes e grotius sobre a monarquia absoluta que proclama a igualdade natural a fraternidade e a comunhão de bens primitiva e que reconhece que a propriedade é uma instituição humana que procede de uma partilha consentida de modo geral para assegurar a cada um e sobretudo ao trabalhador uma possessão perpétua indivisa ou dividida e que em consequência a desigualdade atual das fortunas é uma injustiça que desencadeia as demais desigualdades apenas devido à insolência dos ricos e à covardia dos pobres E Bossuet o bispo de meaux o preceptor do Delfim da França o famoso Bossuet acaso também não reconhece na sua Política extraída das Sagradas Escrituras que ele redigiu para a instrução do Delfim que sem os governos a terra e todos os bens pertenceriam aos homens de maneira tão comunitária quanto o ar e a luz segundo o direito primitivo da natureza ninguém tem um direito particular ao que quer que seja tudo pertence a todos e é só com o governo civil que se origina a propriedade Cabet Ecoutez le baron de Puffendorff professeur de droit naturel en Allemagne et conseiller détat à Stockholm et à Berlin qui dans son droit de la nature et des gens réfute la doctrine dHobbes et de Grotius sur la monarchie absolue qui proclame légalité naturelle la fraternité la com munauté des biens primitive et qui reconnaît que la propriété est une institution humaine quelle résulte dun partage consenti pour assurer à chacun et surtout au travailleur une possession perpétuelle indivise ou divise et que par con séquent linégalité actuelle de fortune est une injustice qui nentraîne les autres inégalités traduzido de modo absurdo pelo senhor Grün que par linsolence des riches et la lâcheté des pauvres Et Bossuet lévêque de Meaux le précepteur du dauphin de France le célèbre Bossuet dans sa Po li tique tiré de lEcriture sainte rédigée pour linstruction du Dauphin ne reconnaîtil pas aus si que sans les gouvernements la terre et tous les biens seraient aussi communs entre les hommes que lair et la lumière Selon le droit primitif de la nature nul na le droit particulier sur quoi que ce soit tout est à tous et cest du gouvernement civil que naît la propriété 1 p 486 O senhor Grün Já Bossuet o bispo de meaux diz em sua Política extraída da Sagrada Escritura Sem os governos sem a política complemento ridículo do senhor grün a terra e com ela todos os seus bens pertenceriam aos homens de maneira tão comu nitária quanto o ar e a luz segundo o direito primitivo da natureza ninguém tem um direito particular ao que quer que seja Tudo pertence a todos é do governo civil que se ori gina a propriedade Um padreco do século XVII possui a honestida de de dizer tais coisas tais con cepções Também o germânico Puffendorf isto é o senhor grün co nhecido apenas por um epigrama de Schiller400 opinou A atual desigual dade das fortunas é uma injustiça que pode desencadear todas as demais desigualdades por meio da inso lência dos ricos e da covardia dos pobres p 270 O senhor grün ainda acrescenta Não queremos digre ssionar mas permanecer na França cita um alemão Ele até mesmo grafa o nome alemão conforme a grafia incorreta Karl Marx e Friedrich Engels 504 do francês401 Abstraindo do fato de ocasionalmente traduzir errado e omitir ele surpreende pelas melhorias que introduz no texto Cabet fala primeiro de Pufendorff e depois de Bossuet o senhor Grün fala primeiro de Bossuet e depois de Pufendorff Cabet fala de Bossuet como um homem famoso o senhor Grün o chama de um padreco Cabet cita Pufendorff com seus títulos o senhor Grün faz a observação sincera de que ele só é conhecido por um epigrama de Schiller Agora ele também o conhece de uma citação de Cabet ficando evidente que esse obtuso francês chamado Cabet não estudou apenas seus conterrâneos mas também os alemães melhor do que o senhor grün Cabet diz Apressome para chegar aos grandes filósofos do século XVIII e começo com montesquieu p 487 o senhor grün para chegar a montes quieu começa com uma descrição do gênio legislativo do século XVIII p 282 Comparemse as respectivas citações de montesquieu mably Rousseau Turgot Para nós é suficiente comparar aqui o que Cabet e o senhor grün dizem sobre Rousseau e Turgot Cabet passa de montesquieu a Rousseau o senhor Grün constrói a seguinte transição Rousseau foi o político radical assim como montesquieu o constitucional 1 Escutai agora Rousseau o autor deste imortal Contrato social escutai Os homens são iguais em direito A natureza tornou todos os bens comuns Em caso de parti lha a parte de cada um se torna sua propriedade Em todos os casos a sociedade é sempre a única proprietária de todos os bens Continuai a escutar do que decorre que a condição social só é vantajosa para os homens quando todos eles têm algo e nenhum deles tem demais Escutai escutai ainda Rousseau na sua Economia política O maior dos males já ocorreu quando se precisa defender pobres e conter ricos O senhor Grün cita de Rousseau O maior dos males já aconteceu quando se precisa defender pobres e conter ricos etc conclui com as palavras do que decorre que a condição social só é vantajosa para os homens quando todos eles têm algo e nenhum deles tem demais De acordo com o senhor Grün Rousseau fica confuso e totalmente hesitante quando tem de declarar algo a respeito da seguinte pergunta que transformação ocorre com a posse anterior quando o homem selvagem ingressa na so ciedade O que responde ele Ele responde a natureza tornou todos os bens comuns conclui com as palavras em caso de partilha a parte de cada um se torna sua pro priedade p 284 285 Cabet Ecoutez maintenant Rousseau lauteur de cet immortel Contrat social écou tez Les hommes sont égaux en droit La nature a rendu tous les biens communs dans le cas de partage le part de cha cun devient sa propriété Dans tous les cas la société est toujours seule propri étaire de tous les biens Máxima que o senhor Grün omite Ecoutez encore conclui assim doù il suit que létat social nest avantageux aux hommes quautant quils ont tous quelque chose et quaucun deux na rien de trop Ecoutez écoutez encore Rousseau dans son économie politique Le plus grand mal est déjà fait quand on a des pauvres à défendre et des riches à contenir 1 etc etc p 489 490 A ideologia alemã 505 1 Entretanto enquanto o rei declara que na corte apenas ele e seu ministro Turgot são amigos do povo enquanto o povo o cumula de bênçãos enquanto os filósofos o cobrem de admiração enquanto Voltaire antes de morrer quer beijar a mão que assinou tantas leis de melhorias para o povo enquanto isso a aristocracia conspira organiza até mesmo um longo período de fome e revoltas para derrubálo e consegue com suas intrigas e difamações atiçar os salões de Paris contra o reformador e fazer que o próprio Luís XVI se arruíne forçandoo a demitir o virtuoso ministro que poderia têlo salvo Voltemos a Turgot o barão o ministro de Luís XVI durante o primeiro ano A inovações geniais do senhor grün consistem aqui primeiramente em embaralhar as citações do Contrat social e da Économie politique e em segundo lugar em começar por onde Cabet conclui Cabet menciona os títulos dos escritos rousseaunianos que ele cita o senhor grün silencia sobre eles A nosso ver essa tática se explica pelo fato de Cabet falar de uma Économie politique de Rousseau obra que o senhor grün não deve conhecer porque não ocorre em nenhum epigrama de Schiller Para o senhor grün que perscrutou todos os segredos da Encyclopedie cf p 263 continuou sendo um segredo o fato de a Economie politique de Rousseau nada mais ser que o artigo da Encyclopedie sobre a économie politique Passemos agora a Turgot No caso deste o senhor grün não se contenta mais com o simples ato de copiar citações mas copia também as descrições que Cabet faz de Turgot O senhor Grün Uma das tentativas mais nobres e mais vãs de implantar o novo no solo do anti go que ameaçava ruir em toda parte foi feita por Turgot Em vão A aristocracia provoca propositalmente um período de fome instiga revoltas conspira e difama até que o jovial Luís demite o seu minis tro A aristocracia não quis ouvir por isso foi obrigada a sentir O desenvolvi mento da humanidade sempre vinga da forma mais terrível os bons anjos que fazem ouvir o último grito urgente de advertência antes de alguma catástrofe O povo francês bendisse Turgot Voltaire desejou beijarlhe a mão antes de morrer o rei o havia chamado de amigo Turgot o barão o ministro um dos últi mos senhores feudais perseguia a ideia de que deveria ser inventada uma prensa caseira para assegurar plena mente a liberdade de imprensa p 289 290 Cabet Et cependant tandis que le roi déclare que lui seul et son ministre Turgot sont dans la cour les amis du peuple tandis que le peuple le comble de ses bénédictions tan dis que les philosophes le couvrent de leur admiration tandis que Voltaire veut avant de mourir baiser la main qui a signé tant daméliorations populaires laristocratie conspire organise même une vaste famine et des émeutes pour le perdre et fait tant par ses intrigues et calomnies quelle parvient à déchaîner les salons de Paris contre le réfor mateur et à perdre Louis XVI luimême en le forçant à renvoyer le vertueux ministre qui le sauverait p 497 Revenons à Turgot baron ministre de Louis XVI pendant la pre mière année de son règne qui veut réformer les abus qui fait une foule de réformes qui veut faire établir une nouvelle langue et qui pour assurer la liberté de la presse travaille luimême à linvention dune presse à domi cile 1 p 495 Karl Marx e Friedrich Engels 506 Cabet chama Turgot de barão e ministro o senhor grün copia isso dele Mas para enfeitar o texto de Cabet ele transforma o filho mais novo do prévôt 1 dos comerciantes de Paris em um do mais antigos senhores feudais Cabet se engana ao descrever o período de fome e a revolta de 1775 como resultado das maquinações da aristocracia Até a época atual não se tem clareza sobre quem foram os autores do alarde a respeito do período de fome e do movimento a ele vinculado Em todo caso os parlamentos e os preconceitos populares tiveram mais participação nisso do que a aristocracia Está perfeitamente em ordem que o senhor grün copie esse erro do obtuso Pai Cabet Ele crê em Cabet como se fosse um evangelho Apoiado na autoridade de Cabet o senhor grün inclui Turgot entre os comunistas Turgot um dos chefes da escola fisiocrática o mais resoluto representante da livre concorrência o de fensor do lucro o professor de Adam Smith Turgot foi um grande homem porque correspondeu ao seu tempo e não às fantasias do senhor grün Já mostraremos como estas surgiram Passemos agora aos homens da Revolução Francesa Cabet causa extremo constrangimento ao burguês contra o qual advoga ao incluir Sieyès entre os precursores do comunismo mais precisamente porque Sieyès reconhece a igualdade dos direitos e só admite a propriedade por meio do Estado Cabet p 499502 O senhor grün que está condenado a achar o espírito francês insuficiente e superficial toda vez que o tem por perto copia isso com con fiança e tem a presunção de achar que um velho líder partidário como Cabet teria sido chamado para a tarefa de manter o humanismo do senhor grün longe do pó dos livros Cabet prossegue Écoutez le fameux Mirabeau2 p 504 o senhor Grün diz Escutemos Mirabeau p 292 e cita algumas das passagens destacadas por Cabet nas quais mirabeau se declara favorável à partilha equânime da herança entre os irmãos O senhor Grün exclama Comunismo para a família p 292 Utilizando esse método o senhor grün pode percorrer todas as instituições burguesas e descobrir em toda parte uma porção de comunismo de maneira que todas juntas elas representam o comunismo perfeito Ele pode batizar o Code Napoléon de code de la commu nauté3 e descobrir colônias comunistas nos prostíbulos casernas e prisões Finalizemos essa série monótona de citações com Condorcet A comparação entre os dois livros mostrará ao leitor de maneira bem especial como o senhor grün omite embaralha ora cita títulos ora não omite os dados cronoló gicos porém segue exatamente a mesma ordem de Cabet mesmo que este não siga exatamente a cronologia e no final das contas ele não consegue apresentar mais do que um excerto mal e temerosamente camuflado de Cabet de seu governo o qual quer reformar os abusos o qual efetua uma série de reformas o qual quer introduzir uma nova linguagem e o qual para assegurar a liberda de de imprensa trabalha com as próprias mãos na invenção de uma prensa caseira 1 preposto 2 Escutai o famoso mirabeau 3 Código da comunidade A ideologia alemã 507 1 Ouvi Condorcet sustentar em sua resposta à Academia Berlinense Ou seja é somente porque as instituições são ruins que o povo é tantas vezes um pouco ladrão por princípio Escutaio em seu jornal A educação social ele tolera até mesmo grandes capitalistas Ouvi um dos líderes girondinos o filósofo Condorcet falar no dia 6 de julho de 1792 da tribuna da Assembleia Legislativa Decretai que os bens dos três príncipes franceses Luís XVIII Carlos X e o príncipe de Condé sejam imediatamente postos à venda esses bens chegam a quase 100 milhões e então no lugar dos três príncipes colocareis cem mil cidadãos organizai a educação e instituições públicas de auxílio Porém escutai o Comitê para a Educação Pública a apresentar à Assembleia Legislativa no dia 20 de abril de 1792 seu relatório sobre o plano de educação proposto por Condorcet A educação pública deve oferecer a todos os indivíduos os meios para eles satisfazerem suas necessidades este deve ser o objetivo prioritário de uma educação nacional e desse ponto de vista ele representa um dever de justiça para o poder político o senhor Grün O girondino radical é Condorcet Ele reconhece a injustiça da distribuição das posses ele desculpa o povo pobre se o povo está um tanto ladrão por princípio isto se deve às instituições No seu jornal A instrução social ele admite até mesmo grandes capi talistas Condorcet entrou com um requerimen to no Legislativo para repartir os 100 milhões dos três príncipes emigrados em 100000 partes organiza a edu cação e a instituição de auxílios públi cos Cf o texto original No seu relatório ao Legislativo refe rente à educação pública Condorcet diz Oferecer a todos os indivíduos do gênero humano os meios para satisfa zerem suas necessidades é o objeto da educação e o dever do poder estatal etc Aqui o senhor grün trans forma o relatório do Comitê sobre o plano de Condorcet num relatório de Condorcet grün p 293 294 Cabet Entendez Condorcet soutenir dans sa réponse à lacadémie de Berlin Segue uma longa passagem de Cabet que conclui assim Cest donc uniquement parce que les institutions sont mauvaises que le peuple est Si souvent un peu voleur par principe Écoutezle dans son journal Linstruction sociale il tolère même de grands capi talistes etc Écoutez lun des chefs Girondins le philo sophe Condorcet le 6 juillet 1792 à la tribune de lassemblée législative Décrétez que les biens des trois princes français Louis XVIII Charles X et le prince de Condé o que o senhor grün omite soient surlechamp mis en vente ils montent à près de 100 millions et vous remplacerez trois princes par cent mille citoyens or ganisez linstruction et les établissements de secours publics Mais écoutez le comité dinstruction pu blique présentant à lassemblée législative son rapport sur le plan déducation rédigé par Condorcet 20 avril 1792 Léducation publique doit offrir à tous les individus les moyens de pourvoir a leurs besoins tel doit être le premier but dune instruction na tionale et sous ce point de vue elle est pour la puissance politique un devoir de justice 1 etc p 5023 505 509 Karl Marx e Friedrich Engels 508 Valendose desse plágio descarado de Cabet o senhor grün incute nos organizadores do trabalho franceses pela via histórica a consciência de sua essência e além disso procede ocasionalmente segundo o princípio divide et impera 1 Em meio às citações ele lança de imediato o seu juízo definitivo sobre as pessoas que ele acabou de conhecer a partir de uma única passagem profere algumas fraseologias sobre a Revolução Francesa e reparte o todo em duas metades mediante algumas citações tiradas de morelly este havia entrado en vogue2 em Paris pela ação de Villegardelle justamente no tempo certo para o senhor grün mas as passagens principais de sua obra já haviam sido traduzidas no Vorwärts402 de Paris muito tempo antes de o senhor grün chegar lá Daremos aqui apenas alguns exemplos contundentes da displi cência com que o senhor Grün traduz Morelly Lintérêt rend les cœurs dénaturés et répand lamertume sur les plus doux liens quil change en de pesantes chaînes que détestent chez nous les époux en se dé testant euxmêmes 3 O senhor Grün O interesse deixa os corações não naturais e esparge amargura sobre os mais doces laços que ele transforma em pesadas cadeias as quais os nossos esposos detestam e ademais a si mesmos p 274 Puro absurdo Morelly Notre âme contracte une soif si furieuse quelle se suffoque pour létancher 4 O senhor Grün Nossa alma fica com uma sede tão furiosa que ela sufoca para estancá la ibidem mais uma vez puro absurdo Morelly Ceux qui prétendent régler les mœurs et dicter des lois 5 etc O senhor Grün Aqueles que simulam regulamentar os costumes e ditar leis etc p 275 Todos os três erros tirados de uma única passagem de morelly constam em catorze linhas do senhor grün Também em sua descrição de morelly há longos plágios de Villegardelle 1 Divide e impera 2 em voga 3 O interesse deixa os corações desnaturados e esparge amargura sobre os mais doces laços que ele transforma em pesadas cadeias as quais entre nós são detestadas pelos esposos ao detestarem a si mesmos 4 Nossa alma fica com uma sede tão furiosa que ela se sufoca para estancála 5 Aqueles que pretendem regrar os costumes e ditar as leis A ideologia alemã 509 O senhor grün é capaz de resumir toda a sua sabedoria sobre o século XVIII nas seguintes palavras O sensualismo o deísmo e o teísmo arremeteram unidos contra o mun do antigo O mundo antigo ruiu Quando se tratava de construir um mundo novo o deísmo foi vitorioso na Constituinte o teísmo no convento o puro sensualismo foi decapitado ou silenciado p 263 Vemos aqui como a mania filosófica de despachar a história com algumas categorias da história da Igreja chega no caso do senhor grün ao estágio da mais profunda humilhação o da mera fraseologia beletrística vemos como ela serve apenas de arabesco aos seus plágios Avis aux philosophes 1 Pulamos o que o senhor grün diz sobre o comunismo As notas históricas foram copiadas por ele das brochuras de Cabet a Voyage en Icarie tal como foi adotada pelo socialismo verdadeiro cf Bürgerbuch e Rheinische Jahrbücher403 Quando chama Cabet de o OConnell comunista da França p 382 o senhor grün demonstra o seu conhecimento das condições vigentes na França e ao mesmo tempo na Inglaterra e prossegue Ele seria capaz de mandar me enforcar se tivesse o poder para isso e se sou besse o que penso e escrevo sobre ele Esses agitadores são perigosos para gente como nós porque eles são obtusos p 382 Proudhon O senhor Stein expediu para si mesmo o mais brilhante atestado de po breza intelectual já que ele tratou este Proudhon en bagatelle 2 cf Einundzwanzig Bogen p 84 Todavia é preciso algo mais do que o repolho cozido de Hegel para que se siga essa lógica encarnada p 411 Alguns poucos exemplos devem mostrar que também nestes trechos o senhor Grün permanece fiel a si mesmo Nas p 43744 ele traduz alguns excertos das provas econômicopolíticas que Proudhon apresenta para demonstrar que a propriedade é impossível e no final exclama A essa crítica da propriedade que representa a sua dissolução completa nada precisamos acrescentar Não queremos escrever aqui nenhuma nova crítica que venha a abolir novamente a igualdade da produção a individualização dos mesmos trabalhadores Já indiquei o necessário acima o restante que o senhor grün não indicou se descobrirá por ocasião da reconstrução da sociedade da instituição das verdadeiras relações de posse p 444 Dessa maneira o senhor grün procura safarse de abordar os argumen tos econômicopolíticos desenvolvidos por Proudhon e ao mesmo tempo procura se elevar acima deles Todas as provas apresentadas por Proudhon 1 Aviso aos filósofos 2 como uma bagatela um zero Karl Marx e Friedrich Engels 510 são falsas o que o senhor grün descobrirá assim que algum outro autor vier a demonstrar isso Os comentários apresentados nA sagrada família sobre Proudhon em es pecial sobre o fato de Proudhon criticar a economia política a partir do ponto de vista econômicopolítico e o direito a partir do ponto de vista jurídico são copiados pelo senhor grün Entretanto ele entendeu tão pouco do que de fato se trata que omitiu o ponto alto propriamente dito a saber que Proudhon afirma a validade das ilusões dos juristas e economistas frente à sua práxis e formula fraseologias totalmente absurdas em relação à proposição acima O aspecto mais importante do livro de Proudhon intitulado De la création de lordre dans lhumanité 1 é a sua dialectique sérielle2 a tentativa de propor um método de pensar em que as ideias independentes são substituídas pelo processo do pensar Denkprozeß A partir do ponto de vista francês Proudhon busca uma dialética como a que Hegel realmente formulou Portanto a afi nidade com Hegel existe aqui realiter3 não precisa ser criada pela analogia fantasiosa Aqui portanto teria sido fácil empreender a crítica à dialética de Proudhon desde que se tivesse feito a crítica à dialética de Hegel Isso porém não se pode exigir dos socialistas verdadeiros sobretudo porque Feuerbach o filósofo que eles reivindicam para si não logrou êxito na tentati va O senhor grün procura escamotear sua tarefa de uma maneira realmente cômica Justamente no ponto em que ele deveria utilizar sua artilharia pesada alemã ele foge com um gesto obsceno Num primeiro momento ele enche algumas folhas com traduções e em seguida explica a Proudhon com uma dilatada captatio benevolentiæ4 beletrística que com toda a sua dialectique sérielle ele só pretendia bancar o erudito mas ele também procura consolálo com a seguinte exortação Ó meu caro amigo não te iludas no que diz respeito ao sererudito e ser professor Tivemos que desaprender de novo tudo o que nossos escolarcas e máquinas universitárias com exceção de Stein Reybaud e Cabet tentaram nos incutir com tão imenso esforço com tanta mávontade de parte deles e nossa p 457 Para provar que ele agora não aprende mais com tão imenso esforço ainda que talvez com exatamente tanta mávontade o senhor grün começa em Paris no dia 6 de novembro seus estudos socialistas e suas cartas e até o dia 20 de janeiro subsequente já havia concluído não só os estudos mas necessariamente também a exposição da verdadeira impressão geral de todo o caminho percorrido 1 Sobre a criação da ordem na humanidade 2 dialética serial 3 realmente 4 busca da popularidade 511 No prefácio consta que Faltava um homem cuja boca transformasse em linguagem todo o nosso sofrimento e todo nosso anseio e esperança em suma tudo o que move o âmago de nosso tempo E em meio ao tumulto do desespero e da dúvida ele teria de surgir da solidão do espírito com a solução do enigma que com imagens tão vivas circunda a todos nós Este homem tão esperado por nosso tempo ele apareceu É o Dr Georg Kuhlmann von Holstein August Becker o autor dessas linhas permitiu portanto que um es pírito muito simplório e um caráter muito dúbio lhe pusesse na cabeça que nem um único enigma teria sido resolvido nem uma única energia teria sido despertada o movimento comunista que já tomou conta de todos os países civilizados seria uma noz oca da qual não se consegue achar o miolo um ovo universal posto por uma galinha universal sem o concurso de um galo pois o verdadeiro miolo e o autêntico galo no terreiro seria o Doutor Georg Kuhlmann von Holstein Porém esse grande galo universal é um capão bem ordinário que fez que os artesãos alemães da Suíça o cevassem por algum tempo e que não escapará ao seu destino Naturalmente não achamos que o Doutor Kuhlmann von Holstein seja um charlatão bem ordinário e um impostor astuto que não acredita no poder de cura do seu elixir da vida longa e que com toda a sua ma crobiótica vise apenas conservar a vida de sua própria pessoa de forma alguma pois sabemos muito bem que esse inspirado doutor é um charlatão espiritualista um impostor piedoso um espertalhão místico que todavia como todos os de sua espécie não é muito escrupuloso na escolha dos meios já que há um vínculo orgânico entre a sua pessoa e os seus fins sagrados É que os fins sagrados sempre estabelecem um vínculo orgânico dos mais íntimos com as pessoas sagradas pois são de natureza puramente idealista e existem apenas dentro das cabeças Todos os idealistas sejam eles filosóficos ou reli V O DR gEORg KUHLmANN VON HOLSTEIN ou A PROFECIA DO SOCIALISmO VERDADEIRO O NOVO mUNDO ou O REINO DO ESPíRITO NA TERRA PROcLaMaçãO404 Karl Marx e Friedrich Engels 512 giosos antigos ou modernos acreditam em inspirações em revelações em salvadores em milagreiros o fato de essa crença assumir ora a forma tosca religio sa ora a forma erudita filosófica depende apenas do seu grau de ins trução assim como depende unicamente da medida de sua energia de seu caráter de sua posição social etc se adotam um comportamento passivo ou ativo em relação à crença milagrosa isto é se são pastores milagreiros ou se são ovelhas se ao sêlo perseguem fins teóricos remotos ou fins bem práticos Kuhlmann é um homem muito enérgico e não lhe falta a formação filosó fica de modo algum se comporta passivamente para com a crença milagrosa e em sua ação persegue fins bem práticos A única coisa que August Becker tem em comum com Kuhlmann é a enfer midade psíquica nacional O bom homem tem pena daqueles que não são ca pazes de compreender que a vontade e o pensamento de nossa época só podem ser expressos por indivíduos Para o idealista todo e qualquer movimento transformador do mundo existe apenas na cabeça de um eleito e o destino do mundo depende de que essa cabeça única que possui toda a sabedoria como proprietário privado não seja mortalmente atingida por alguma pedra realista antes de ter feito as suas revelações Ou por acaso não é assim acrescenta desafiadoramente August Becker Reuni todos os filósofos e teólogos atuais fazeios discutir e votar e então observai os resultados Para o ideólogo todo o desenvolvimento histórico se reduz às abstrações teóricas do desenvolvimento histórico na forma que assumiram nas cabeças de todos os filósofos e teólogos da atualidade todavia por ser impossível reunir todas essas cabeças e fazêlas discutir e votar é preciso que haja Uma cabeça sagrada que forme a ponta de todas aquelas cabeças filosóficas e teológicas e esse cabeçapontuda constitui a unidade especulativa dos cabeçudos Dickköpfe o Salvador Esse sistema de cabeças é tão velho quanto as pirâmides do Egito com as quais possui certa semelhança e tão novo quanto a monarquia da Prússia em cuja capital ele recentemente ressuscitou rejuvenescido Esses dalailamas idealistas têm em comum com o Dalai Lama real o fato de quererem se per suadir de que o mundo do qual extraem seu alimento não poderia subsistir sem as suas excreções sagradas mas assim que essa loucura idealista se torna prática vem imediatamente à tona seu caráter maligno sua sede clerical de poder seu fanatismo religioso sua charlatanice sua hipocrisia pietista sua fraude piedosa O milagre é a ponte de asnos que leva do reino da ideia para a práxis O senhor Dr georg Kuhlmann von Holstein é uma tal ponte de asnos ele é inspirado e por essa razão é inevitável que sua palavra mágica mova até as montanhas mais firmes isso serve de consolo para as criaturas pacientes que não sentem energia suficiente dentro de si mesmas a fim de explodir essas montanhas com pólvora natural é fonte de confiança para os cegos e vacilantes que não conseguem ver o nexo concreto entre as manifestações ainda muito esparsas do movimento revolucionário A ideologia alemã 513 Faltou até agora diz August Becker um ponto de unificação Santo georg405 supera sem muito esforço todos os obstáculos reais realen transformando todas as coisas reais realen em ideias e construindo a si próprio como a unidade especulativa dessas coisas o que permite que ele as governe e as organize A sociedade das ideias é o mundo E sua unidade ordena e governa o mundo p 138 Nessa sociedade das ideias o nosso profeta manda e desmanda do jeito que bem entende Queremos perambular por aí guiados pela nossa própria ideia e examinar tudo em detalhe na medida em que isso exija o nosso tempo p 138 Que unidade especulativa do absurdo mas o papel é paciente e o público alemão ao qual o profeta apresentou seus oráculos sabia tão pouco sobre o desenvolvimento filosófico de sua própria pátria que nem mesmo se deu conta de que ao proferir seus oráculos especulativos o grande profeta apenas repetiu as fraseologias filosóficas mais decadentes e as ajustou aos seus fins práticos Assim como os milagreiros da medicina e as curas milagrosas se baseiam no desconhecimento das leis do mundo natural assim também os milagreiros e as curas milagrosas sociais se baseiam no desconhecimento das leis do mundo social e o doutor milagreiro Von Holstein é justamente o pastor milagreiro socialista de Niederempt Esse pastor milagreiro revela às suas ovelhas inicialmente o seguinte Vejo diante de mim uma assembleia de eleitos que me precederam na atuação em palavra e ação em favor da salvação deste tempo e agora vieram para ouvir o que eu direi sobre o bem e o mal da humanidade muitos já falaram e escreveram em seu nome mas até agora ninguém pronun ciou qual é propriamente seu sofrimento o que ele espera e aguarda e como ele pode alcançar isso E isto é justamente o que eu quero fazer E suas ovelhas creem nele Em toda a obra desse espírito santo que reduz teorias socialistas já caducas às mais gerais e áridas abstrações não há uma única ideia original Nem mesmo na forma ou no estilo há algo de original O estilo sagrado da Bíblia já foi imitado por outros com maior propriedade Nesse tocante Kuhlmann usou Lamennais como modelo mas ele é apenas uma caricatura de Lamennais Queremos proporcionar ao nosso leitor uma amostra das belezas do seu estilo Dizeime primeiro como fica o vosso estado de ânimo quando refletis sobre o que será de vós por toda a eternidade Muitos até riem e dizem Que me importa a eternidade Outros esfregam com vontade os olhos e dizem Eternidade o que é isso Karl Marx e Friedrich Engels 514 Como vos sentis ademais quando refletis sobre a hora em que a cova vos engolirá E ouço muitas vozes Entre elas uma que diz assim Ensinase em tempos recentes que o espírito seria eterno que na morte ele apenas se dissolve novamente em Deus do qual se originou Porém aqueles que ensinam tais coisas não sabem me dizer o que restará de mim então Oh quem dera eu jamais tivesse nascido E posto que eu dure eternamente oh meus pais minhas irmãs meus irmãos minhas crianças e todos que amo algum dia voltarei a vêlos Oh quem dera jamais os tivesse visto etc Como vos sentis ademais quando pensais no infinito Sentimonos mal senhor Kuhlmann não diante da ideia da morte mas diante da vossa fantasia da morte diante de vosso estilo diante dos meios miseráveis que o senhor utiliza para influenciar os ânimos das pessoas Como fica o teu estado de ânimo querido leitor quando ouves um padreco como este que põe as suas ovelhas diante de um inferno bem quen te e com um ânimo bem frouxo cuja eloquência toda se limita a ativar as glândulas lacrimais de seus ouvintes e que aposta unicamente na covardia de sua comunidade No que diz respeito ao teor mirrado da proclamação podese primeira mente reduzir a primeira seção ou a introdução no Novo mundo à simples ideia de que o senhor Kuhlmann von Holstein veio para fundar o Reino do Espírito o reino dos céus na terra que antes dele ninguém sabia o que era propriamente o inferno e o que era propriamente o céu a saber que aquele é a sociedade até agora e este a sociedade futura o Reino do Espírito e que ele próprio seria o espírito santo ansiosamente esperado Todas essas grandes ideias não são exatamente ideias muito originais do santo georg para mostrar ao mundo essa visão nem teria sido preciso que ele se desse o trabalho de ir de Holstein até a Suíça descesse da solidão do espírito para o meio dos artesãos e se revelasse Todavia a ideia de que o senhor Dr Kuhlmann von Holstein é o espírito santo ansiosamente esperado é e permanecerá a sua propriedade privada bem exclusiva A escritura sagrada do nosso Santo georg como ele próprio a revela toma agora o seguinte percurso Ela revelará diz ele o Reino do Espírito em forma terrena para que con templeis a sua glória e vejais que não há outra salvação possível a não ser no Reino do Espírito Por outro lado ela desvendará o vosso vale de lágrimas para que contempleis a vossa miséria e a razão de todos os vossos sofrimentos En tão eu mostrarei o caminho que leva desse presente cheio de aflição para um futuro cheio de alegria Para esse fim seguime em espírito até uma elevação de onde possamos vislumbrar desimpedidamente toda a região O profeta permite portanto que contemplemos primeiro a sua bela região o seu Reino dos céus Nada vemos lá além de um malentendido A ideologia alemã 515 miseravelmente encenado do sansimonismo em trajes caricatos de Lamennais enfeitado com reminiscências do senhor Stein Passamos a citar as revelações mais importantes do Reino dos céus que permitem constatar o método profético Por exemplo na p 37 A eleição é livre e se orienta pela inclinação de cada um A inclinação se orienta pelas suas aptidões Se numa sociedade oraculiza Santo georg cada um seguir sua inclinação então todos desenvolverão conjuntamente suas aptidões e se assim for então constantemente se produzirá o que todos necessitam conjuntamente tanto no reino do espírito quanto no reino da matéria pois a sociedade sempre possui tantas aptidões e energias quantas são as suas necessidades Les attrac tions sont proportionelles aux Destinées 406 As inclinações são proporcionais às destinações conferir também Proudhon O senhor Kuhlmann se diferencia aqui dos socialistas e comunistas apenas em função de um malentendido cuja causa deve ser procurada na busca da realização de seus fins práticos e sem dúvida também na sua men talidade estreita Ele confunde a diversidade das aptidões e capacidades com a desigualdade das posses e da fruição condicionada pela posse e por essa razão polemiza contra o comunismo Nele a saber no comunismo ninguém deve ter qualquer vantagem em relação a outro exaltase o profeta ninguém deve possuir mais e viver melhor do que o outro E se tiverdes qualquer dúvida quanto a isso e não vos associardes à sua gritaria então eles vos difamam condenam e perseguem e vos penduram na forca p 100 Às vezes Kuhlmann profetiza até com bastante acerto Depois disso paramse em fileira todos os que clamam fora com a Bíblia Fora sobretudo com a religião cristã pois é a religião da humildade e da mentalidade servil Fora com toda e qualquer crença Nada sabemos de Deus nem de imortalidade Não passam de fantasmagorias que eles exploram para obter vantagem quer dizer que os padrecos exploram para obter vantagem e que continuam a ser desfiadas por mentirosos e impostores De fato quem ainda crê em tais coisas é o maior dos tolos Kuhlmann polemiza com especial veemência contra os adversários do princípio da doutrina da fé da humildade e da desigualdade isto é da diferença de estamento e de nascimento Ele fundamenta o seu socialismo na torpe doutrina da escravidão predestina da que na forma como é expressa por Kuhlmann lembra muito a de Friedrich Rohmer na hierarquia teocrática e em última instância na sua própria pessoa Cada ramo do trabalho consta na p 42 é liderado pelo mais habilidoso o qual trabalha com os demais e cada ramo no reino da fruição é liderado pelo mais divertido o qual desfruta com os demais mas como a sociedade é Karl Marx e Friedrich Engels 516 indivisa e tem um só espírito toda a sua ordem é liderada e regida por uma só pessoa E esta é a mais sábia a mais virtuosa e bemaventurada Na p 34 ficamos sabendo o seguinte Quando o homem se empenha pela virtude no espírito então ele mexe e movi menta seus membros e desenvolve e molda e dá forma a tudo em si e fora de si conforme lhe apraz E quando ele se sente bem no espírito ele tem de sentilo em tudo que nele sente e vive Em consequência o homem come e bebe e se permite degustar em consequência ele canta e brinca e dança e beija e chora e ri A influência da contemplação de Deus sobre o apetite e da bemaventurança espiritual sobre o impulso sexual também não é exatamente propriedade privada do kuhlmannismo ela porém acaba desvendando certos pontos obscuros do profeta Por exemplo na p 36 Ambas posse e fruição se orientam pelo seu a saber do homem trabalho Este é o critério de suas necessidades é assim que Kuhlmann distorce a proposição de que o conjunto da sociedade comunista sempre tem tantas aptidões e energias quantas são suas neces sidades Porque o trabalho é a manifestação das ideias e das pulsões E aí repousam as necessidades Porém as aptidões e necessidades dos homens sempre são diferentes e repartidas de tal maneira que aquelas só podem ser desenvolvidas e estas só podem ser satisfeitas se cada um trabalhar constantemente para todos e o produto de todos for permutado e distribuído conforme o mérito sendo assim cada um recebe tão somente o valor do seu trabalho Como mostram as frases seguintes e muitas outras ainda das quais pouparemos o leitor todo esse galimatias tautológico seria pura e simples mente impenetrável a despeito da simplicidade e da clareza sublimes da revelação enaltecidas por A Becker se não dispuséssemos de uma chave de interpretação nos fins práticos que o profeta busca realizar Logo tudo se tornará compreensível O valor continua a oraculizar o senhor Kuhlmann determina a si mesmo de acordo com a necessidade de todos No valor sempre está contido o trabalho de cada um e em troca ele pode adquirir para si tudo o que o seu coração vier a desejar Vede meus amigos consta na p 39 a sociedade dos homens verdadeiros vê a vida sempre como uma escola para educarse E com isso ela quer ser bemaventurada Porém tal coisa precisa se manifestar e se tornar visível senão ela não é possível Caso não se dê atenção ao ponto alto de toda revelação a culminância prática tampouco se entende o que o senhor georg Kuhlmann von Holstein quer dizer com isso tudo que tal coisa a vida Ou a bemaventurança deve se manifestar e se tornar visível porque senão ela não seria possí vel que o trabalho estaria contido no valor e que em troca de quê A ideologia alemã 517 poderseia adquirir tudo o que o coração deseja e por fim que o valor determinaria a si mesmo conforme a necessidade Tentemos em consequência uma explicação prática Como ficamos sabendo por intermédio de August Becker o santo Georg Kuhlmann von Holstein não foi feliz na sua pátria Então ele vai até a Suíça e ali encontra um mundo totalmente novo as sociedades comunistas dos artesãos alemães Ele nada tem a opor e imediatamente passa a se ocupar com o comunismo e os comunistas Como relata August Becker ele sempre trabalhou incessantemente para incrementar sua doutrina e elevála às alturas do seu tempo isto é em meio aos comunistas ele se tornou ad majorem Dei gloriam 1 comunista Até este ponto tudo transcorreu bem Ocorre porém que um dos princípios mais fundamentais do comunis mo pelo qual este se diferencia de qualquer socialismo reacionário consiste no parecer empírico fundado na natureza do homem de que as diferenças relativas à cabeça e às capacidades intelectuais em geral não condicionam as diferenças relativas ao estômago e às necessidades físicas ou seja a proposição falsa a cada um conforme suas capacidades baseada nas condições atual mente vigentes deve ser reformulada na medida em que se refere à fruição em sentido mais estrito para a cada um conforme a necessidade em outras palavras a diversidade na atividade nos trabalhos não fundamenta nenhuma desigualdade nenhuma prerrogativa de posse e de fruição Isso o profeta não podia admitir pois o privilégio a vantagem o sereleito dentre outros são justamente o ponto de estimulação do profeta Tal coisa porém deve se manifestar e se tornar visível senão ela não é possível Sem vantagem prática sem estimulação perceptível o profeta não seria profeta não seria um homem de Deus prático mas apenas um homem de Deus teórico um filósofo O profeta portanto é obrigado a fazer os comunistas compreenderem que a diversidade da atividade do trabalho fundamenta uma diversidade do valor e da bemaventurança ou da fruição do mérito do prazer o que dá no mesmo e que pelo fato de cada um definir por si mesmo sua bemaventurança tanto quanto seu trabalho ele o profeta e este é o ponto alto prático da revelação poderia reivindicar uma vida melhor do que a do artesão comuma Depois disso todas as passagens obscuras do profeta ficam esclarecidas que a posse e a fruição de cada um se orientaria pelo seu trabalho que o trabalho do Homem seria o critério de suas necessidades que por conseguinte cada um receberia o valor pelo seu trabalho que o valor determinaria a si mesmo conforme a necessidade que o trabalho de cada 1 para maior glória de Deus a A propósito numa preleção não publicada em forma impressa o profeta falou isto abertamente N A Karl Marx e Friedrich Engels 518 um estaria contido no valor e que em troca ele poderia adquirir tudo o que seu coração desejasse por fim que a bemaventurança do eleito deva se manifestar e se tornar visível porque senão ela não é possível Todo esse absurdo tornase agora compreensível Não sabemos a extensão real das reivindicações práticas do Dr Kuhlmann aos artesãos O que sabemos é que sua doutrina constitui o dogma funda mental de toda sede de poder espiritual e temporal o véu místico de toda busca hipócrita do prazer a dissimulação de toda infâmia e a fonte de muitas loucuras Não podemos deixar de mostrar ainda o caminho que conforme o senhor Kuhlmann von Holstein leva desse tempo presente cheio de aflições para um futuro cheio de alegrias Esse caminho é agradável e aprazível como a primavera num campo florido ou como um campo florido na primavera Suave e silenciosa com mão cálida lança seus botões dos botões saem as flores e cantam a cotovia e o rouxinol e acorda o grilo na grama Assim como vem a primavera que venha também o novo mundo p 114 ss De modo verdadeiramente idílico o profeta pinta a transição do atual isolamento social para a comunidade Assim como ele transforma a sociedade real numa sociedade de ideias a fim de poder perambular por aí guiado pela sua própria ideia e examinar tudo em detalhe na medida em que isso exige seu tempo da mesma forma ele transforma o movimento social real que já se anuncia em todos os países civilizados como precursor de uma terrível revolução da sociedade numa conversão cômoda e tranquila numa naturezamorta em face da qual os proprietários e dominadores do mundo podem dormir muito bem descansados Para o idealista as abstrações teóricas dos eventos reais seus signos idealizados constituem a realidade os eventos reais são apenas os sinais de que o velho mundo desce à cova Por que estendeis a mão com tanto temor para as manifestações deste dia resmunga o profeta na p 118 que nada mais são que sinais de que o velho mundo desce à cova e por que desperdiçais vossas energias com aspirações que não podem realizar vossas esperanças e expectativas Não deveis derrubar nem destruir e sim contornar e abandonar o que obstrui vosso caminho E quando o tiverdes contornado e abandonado ele cessa por si só pois não encontra mais alimento Quando buscardes a verdade e espalhardes a luz desaparecerão do vosso meio a mentira e a escuridão p 116 Porém muitos dirão Como fundaremos uma nova vida enquanto ainda subsiste a antiga ordem que nos impede de fazêlo Ela não deveria ser destruí da primeiro Jamais responde o mais sábio virtuoso e bemaventurado jamais Se morásseis com outros em uma casa carcomida e que se tornou muito apertada e desconfortável e os outros quisessem continuar a morar nela vós não a derrubaríeis e iríeis morar a céu aberto mas construiríeis primeiro uma A ideologia alemã 519 nova e quando esta estivesse pronta entraríeis nela e abandonaríeis a outra ao seu destino p 120 O profeta usa então duas páginas inteiras para dar as regras para conse guir insinuarse para dentro do novo mundo E eis que ele se torna beligerante mas não basta que vos mantenhais unidos e renuncieis ao velho mundo tam bém lançareis mão das armas contra ele para combatêlo e ampliar e consolidar o vosso reino No entanto não pela via da violência mas pela via da livre persuasão mas para o caso de ainda assim fazerse necessário lançar mão da espada real e dar a vida real para conquistar o céu com violência o profeta promete ao seu santo grupamento uma imortalidade russa os russos acreditam que ressuscitarão nas suas respectivas localidades se forem mortos pelo inimigo na guerra E os que caírem pelo caminho renascerão renovados e florescerão melhores do que eram antes Por isso por isso não vos preocupeis pela vossa vida e não temais a morte p 129 Ou seja também na luta com armas reais o profeta tranquiliza seu gru pamento santo não é necessário que empenheis vossa vida realmente mas basta fazer de conta A doutrina do profeta é tranquilizante em todos os sentidos e tendo em vista as amostras que extraímos de sua sagrada escritura certamente não há por que se admirar dos aplausos com que foi contemplada por alguns sossegados dorminhocos APÊNDICE No text content to extract Facsímile do prólogo Vorrede 523 i Karl Marx Prólogo escrito depois de pronta a prova de impressão do capítulo III São Max Até o momento os homens sempre fizeram representações falsas de si mes mos daquilo que eles são ou devem ser Eles organizaram suas relações de acordo com suas representações de Deus do homem normal e assim por diante Os produtos de sua cabeça tornaramse independentes Eles os cria dores curvaramse diante de suas criaturas Libertemolos de suas quimeras das ideias dos dogmas dos seres imaginários sob o jugo dos quais eles definham Rebelemonos contra esse império dos pensamentos Ensinemoslhes a trocar essas imaginações por pensamentos que cor respondam à essência do homem diz Um a se comportar criticamente para com elas diz o Outro a arrancálas da cabeça diz o Terceiro e a realidade existente haverá de desmoronar Essas fantasias inocentes e infantis formam o cerne da nova filosofia dos jovens hegelianos que na Alemanha é não apenas acolhida pelo público com horror e reverência como também é apresentada pelos próprios heróis filosóficos com a consciência solene de sua periculosidade revolucionária mundial e de sua virulência criminosa O primeiro volume desta obra tem o objetivo de desmascarar esses cordeiros que consideram a si mesmos e são considerados por outros como lobos de mostrar como eles apenas repetem filosoficamente os balidos das representações dos burgueses alemães e de como as bravatas desses intérpretes filosóficos apenas espe lham a miséria da real situação alemã Ela tem o objetivo de ridicularizar e desacreditar a batalha filosófica com as sombras da realidade batalha que tanto convém ao sonhador e sonolento povo alemão Certa vez um nobre homem imaginou que os seres humanos se afo gavam na água apenas porque estavam possuídos pela ideia da gravidade Se afastassem essa representação da cabeça por exemplo esclarecendoa Karl Marx e Friedrich Engels 524 como uma representação supersticiosa religiosa eles estariam livres de todo e qualquer perigo de afogamento Durante toda a sua vida combateu a ilusão da gravidade de cujas danosas consequências todas as estatísticas lhe forneciam novas e numerosas provas Aquele nobre homem era do tipo dos novos filósofos revolucionários alemãesa a O idealismo alemão não se distingue da ideologia de todos os outros povos por nenhuma diferença específica Também esta última considera o mundo como domi nado por ideias as ideias e conceitos como princípios determinantes determinados pensamentos como o mistério do mundo material acessível apenas aos filósofos Hegel completou o idealismo positivo para ele não somente todo o mundo ma terial se transformou num mundo de pensamentos e toda a história numa história dos pensamentos ele não se contenta em registrar as coisas do pensamento mas procura também descrever o ato da produção Os filósofos alemães sacudidos para fora de seu mundo de sonhos protestam contra o mundo de pensamentos que a noção da verdadeira e corpórea Todos os críticos filosóficos alemães afirmam que as ideias as representações os conceitos até agora dominaram e determinaram os homens reais que o mundo real é um produto do mundo ideal isso se deu até o presente momento mas a partir de agora deve mudar Eles se diferenciam pela maneira como pretendem libertar o mundo humano que na visão deles tanto padece sob o poder de seus próprios pensamentos fixos diferenciamse por aquilo que consideram como pensamentos fixos concordam na crença nessa dominação dos pensamentos concordam na crença de que seu ato de pensar crítico há de provocar a derrocada do existente seja porque consideram suficiente sua atividade isolada de pensar seja porque querem conquistar a consciência universal A crença de que o mundo real é produto do mundo ideal de que o mundo das ideias Desnorteados pelo mundo hegeliano dos pensamentos os filósofos alemães pro testam contra a dominação dos pensamentos ideias representações que até então segundo pensam quer dizer segundo a ilusão de Hegel produziram determinaram e dominaram o mundo real Fazem seu protesto e morrem Segundo o sistema hegeliano as ideias os pensamentos e os conceitos produzem determinam e dominam o mundo real dos homens seu mundo material suas relações reais Seus rebeldes discípulos tomam isso dele S M 525 ii Joseph Weydemeyer com a colaboração de Karl Marx Bruno Bauer e seu apologista De 29 de março a fins de abril de 1846 Das Westphälische Dampfboot Ano II abril de 1846 Bruno Bauer e seu apologista Os feitos do grande crítico que de sua posição elevada lança um olhar de desdém à atividade dos homens ordinários os quais só existem para ele como uma massa indigente em busca de salvação encontraram por diversas vezes sua merecida apreciação Muito débil para uma verdadeira defesa quis ele ocultar essa debilidade aos olhos da massa desprezada tentando iludila por meio de um ataque simulado aos seus perigosos oponentes Aos DeutschFranzösische Jahrbücher 407 que lhe haviam demonstrado seus erros acerca da questão judaica408 respondeu ele apenas por meio de algumas pro clamações em sua falecida gazeta literária Ele ainda se sente firme e seguro em seu trono o suficiente para descartar com desprezo o oponente que não conseguiu refutar Considerando que se opor à Sagrada família deixara de ser satisfatório resolveu buscar seu refúgio num novo procedimento em geral recomendável Em vez de atacar o próprio escrito atacou uma crítica409 feita a este crítica que não fora elaborada segundo um entendimento plenamente correto e que abrigava várias citações falsas Construiu seu edifício sobre o solo da ignorância da massa que não poderia identificar esse truque de prestidigitação Em que medida ele calculou seu truque corretamente não podemos saber com certeza apenas nos surpreende que o grande crítico não tenha pensado que um peculato como esse é algo fácil de descobrir e que por causa disso ele acabaria por se encontrar numa situação ainda mais desfavorável Mas o senhor Bruno não está sozinho ele encontrou um fiel colaborador para sua grande obra que consiste em iludir a massa sobre a fraqueza de seus opositores para que por trás dessa miragem ele possa esconder melhor suas próprias fraquezas No no 87 da Triersche Zeitung a voz de um certo T O da Alta Silésia410 proclama o elogio do grande crítico e volta a forne cer à massa provas tão convincentes da fraqueza realmente deplorável de seus opositores que a ninguém mais é permitida a menor dúvida disso A história da Revolução Francesa sob o poder de Napoleão afirma ele volta Karl Marx e Friedrich Engels 526 a mostrar uma tal força e liberdade de espírito um domínio tão poderoso e perfeito de seu objeto uma pureza tão clássica da representação uma vitória tão resplandecente sobre todo culto do gênio heroworship1 ou seja lá como eles costumam chamálo que diante disso todos os ataques que se dirigiram contra o crítico e que foram qualificados de destruidores411 aparecem em sua fraqueza realmente deplorável como o produto de um egoísmo nanico que atingido em seu ponto fraco por alguém ousasse exclamar não preciso de amigos portanto é porque o senhor Bruno Bauer cometeu essa grande ousadia que sua questão judaica foi discutida nos DeutschFranzösische Jahrbücher e que A sagrada família foi escrita Oh grande observador profundo conhecedor dos homens Permitenos perguntar de onde vem esse conhecimento exato que perscruta os pensamentos mais íntimos daquela gente a cujo egoís mo nanico pensas responder É certamente um grande feito proclamar que os opositores são muito fracos para que se continue a se ocupar com eles um feito que qualquer leiloeiro poderia realizar Não tendo vós nada mais a contrapor à crítica a não ser a suspeição das pessoas a quem buscais imputar motivos sórdidos então vós mesmos demonstrais com isso que a crítica era uma crítica destruidora e que não vale a pena o esforço que se poderia empregar convosco a fim de expor vossas suspeições à luz do dia Antes de passarmos à livre concepção da história de Bauer queremos citar ainda uma passagem do nosso apologista que prova o quanto ele mesmo está tomado pelo espírito de Bruno consideremos o último artigo A crítica e a massa publicado na Literaturzeitung em nenhuma época a necessidade de uma crítica histórica foi tão urgente quanto neste exato momento A massa atomisticamente decomposta espalhase sob o domínio de poderes em relação aos quais não tem consciência de que ela há muito tempo está submetida à sua crítica histórica e de que ela mesma a massa foi por eles convocada A Crítica certamente convocou a massa mas apenas na cabeça do crítico ao heroísmo das fraseologias a massa espalhase ao heroísmo das fraseologias e é conduzida à vertigem de uma circularidade vã e monótona que ao final deve se tornar tão insuportável que ela se verá forçada a implorar formalmente à reação por uma decidida e estrondosa ordem de sentido Bruno Bauer foi o primeiro a quem chegou a clara consciência desse desacordo sem limites e de suas causas foi ele quem primeiramente se dedicou com esforço heroico para dominálo o primeiro a ser seu verdadeiro senhor e a conquistar o novo princípio que triunfante e irreversivelmente conduznos para fora desse mundo terrivelmente aborrecido falecido Bruno Bauer foi o primeiro a colocar o espírito pensante do homem como senhor e juiz sobre as forças do passado pelo que o espírito pensante do homem lhe deve ser decerto 1 culto ao herói A ideologia alemã 527 muito grato Compelido a uma atividade infatigável por meio da consciência plena e vigorosa de seu significado históricomundial ele expõe seus trabalhos numa rápida sucessão412 devese agora admitir que nosso apologista espalhouse a um heroís mo das fraseologias muito significativo ou melhor que aprendeu a imitar esplendidamente seu mestre em cujo significado históricomun dial ele se perde produzindo fantasias inócuas Ele aceitou de boafé o desacordo sem limites da massa que conduz ao resignado apelo a uma estrondosa ordem de sentido por parte da reação e não vê que o verdadeiro desacordo só existe na cabeça de seu mestre mais precisamente um desacordo entre a história feita por ele e a história real porém principalmente entre a impor tância própria do mundo e o seu reconhecimento desse mundo esse novo princípio que consiste em sustentar a história em suas ilusões conduznos certamente para fora desse mundo terrivelmente aborrecido falecido em direção a um mundo das ideias que não tem mais nada em comum com o mundo real a não ser uma ligação fortuita a saber Bruno Bauer que é tam bém a verdadeira ideia desse mundo Do livro mencionado de Bauer o apologista cita uma caracterização de napoleão que nos dá uma nova prova do modo como o senhor Bruno faz história nem em sentido comum meigo nem violento nem indulgente nem cruel nem dotado de sentimentos amigáveis nem capaz de despertálos noutrem incapaz de qualquer agitação pessoal calmo simples e impositivo por meio da força de sua vontade terrível nos arrebatamentos de suas paixões porém capaz de domálas no âmago de seu Eu e de avaliar a impressão que elas produzem estrangeiro em sua própria casa pareceu lhe pequeno demais ocuparse exclusivamente da França e de seus partidos decadentes A frieza e a passionalidade de seu espírito parecem têlo levado à luta com o mundo com a humanidade com o gênero e a França inteira esqueceu ou nunca quis admitir para si mesma que foi por meio de uma mentira que ele conquistara o poder do qual ele se viu investido na noite do 19 Brumário413 Tal é portanto o homem que pela primeira vez de modo franco e verda deiro revelou ao olhar agudo e penetrante de Bruno Bauer olhar que ele não pôde ofuscar eliminar seu grande egoísmo e toda sua grandeza egoísta um verdadeiro híbrido que pode ser calmo e incapaz de qualquer agitação pessoal e ao mesmo tempo terrível nos arrebatamentos de suas paixões sendo capaz de domálas no âmago de seu Eu414 um legítimo fantasma que de modo horrendo se pode tornar livre de todas as paixões tornando se ao mesmo tempo um outro por meio de suas paixões E afirmase que esse híbrido esse fantasma teria dominado a França sem se ocupar de seus partidos decadentes Sem dúvida é apenas na Alemanha que fábulas como essas podem se atrever a existir sem temer uma gargalhada geral somente lá ainda se pode pretender enganar as pessoas dizendo que a guerra com o Karl Marx e Friedrich Engels 528 restante da europa que o senhor Bruno não tarda a estender ao mundo à humanidade e ao gênero era algo que dependia da disposição de Napo leão quando a verdade é que essa guerra já se desenrolava antes dele e que apenas por meio dela ele podia estabelecer o seu domínio napoleão que de acordo com o senhor Bruno não se ocupava dos partidos da França foi alçado ao poder por meio da luta entre esses mesmos partidos organizou uma esplêndida polícia e rígidas leis de imprensa para reprimilos e foi der rubado quando um dos partidos a burguesia tornouse forte o suficiente para se ver livre do jugo estorvante do conquistador Que a França não tenha se dedicado a tomar conhecimento em toda sua extensão e profundidade de que a consciência de Napoleão não era suficientemente íntegra para re sistir a uma mentira é algo que aborrece nosso grande crítico ele que quer nos fazer crer que Napoleão chegou ao poder por meio de uma mentira e nos prova que sua escrita da história é um regresso à infância em que também é permitido dizer que a Revolução Francesa inteira não teria acontecido se Luís XVi não tivesse convocado a Assembleia dos notáveis415 ou dizer que hoje não existiria história nem historiadores se Adão e Eva não tivessem estado bem dispostos Assim fazse necessário que nosso grande homem envie seu serviçal pelo mundo para anunciar sua glória com retumbar de trompetes e para essa fi nalidade o órgão do socialismo doutrinário416 já se encontra adequada mente preparado a ecoar o refrão frasista de seu correspondente em Paris417 J Weydemeyer 529 iii O texto abaixo concebido como parte do capítulo II São Bruno foi riscado por Marx no alto da primeira página do manuscrito Feuerbach e História mas nA sagrada família já foi suficientemente desmentida a afirmação de que os santos filósofos e teólogos teriam engendrado a não autonomia Unselbständigkeit do indivíduo ao terem enunciado algumas frases in sossas sobre o espírito absoluto como se o indivíduo isto é cada homem tivesse se tornado não autônomo tivesse realmente sido suprassumido no espírito absolutoa no momento em que alguns mascates do pensamento que só puderam chegar às suas esquisitices filosóficas por meio de uma situação social miserável e não pela não autonomia do indivíduo impu seram ordenaram ao indivíduo que ele devia imediata e irrefletidamente dissolverse no espírito absoluto a Insignificâncias filosóficas Feuerbach tal como seus demais concorrentes acredita ter superado a filosofia A luta contra a universalidade que até o momento submeteu o indivíduo resume o ponto de vista Standpunkt da crítica filosófica alemã Afirmamos que essa luta na forma como ela foi conduzida repousa ela mesma sobre ilusões filosóficas para as quais essa universalidade é um poder A M Página 18 do manuscrito Feuerbach e História escrito por Marx e engels 531 iV O texto abaixo riscado no manuscrito foi concebido como parte do capítulo II São Bruno Cf supra p 99 a Enquanto todos os comunistas tanto na França como na Inglaterra e na Alemanha estão de acordo quanto à necessidade da revolução São Bruno tranquilamente continua a sonhar e sustenta que o humanismo real isto é o comunismo seja colocado no lugar do espiritualismo que não tem nenhum lugar unicamente para que seja objeto de adoração Então conti nua a sonhar é preciso que se alcance a salvação que a terra se faça céu e que o céu se faça terra O douto teólogo continua incapaz de esquecer o céu então brilharão em celestes harmonias a alegria e a glória por toda a eternidade p 140b O santo padre da igreja muito se surpreenderá quando sobre ele se abater o dia do Juízo Final dia em que tudo se cumprirá um dia cuja alvorada será feita do reflexo no firmamento das cidades em chamas quando em meio àquelas harmonias celestes ecoar em seus ouvidos a melodia da Marseillaise e da carmagnole acompanhada do habitual rugir dos canhões e a guilhotina a marcar o compasso quando a massa abjeta bradar o ça ira ça ira 418 e suspender a autoconsciência nos postes de luzc Abriremos mão do prazer de construir a priori o comporta mento de São Bruno no dia do Juízo Finald É difícil também decidir se os a Bauer A M b Sagrada família A M c Mas os prosélitos da religião feuerbachiana do amor parecem ter uma representação peculiar dessa alegria e dessa felicidade quando falam de uma revolução em que se trata de algo inteiramente diferente das harmonias celestes S M d São Bruno não tem a mínima razão para delinear um quadro edificante da alegria e glória por toda a eternidade V M Karl Marx e Friedrich Engels 532 proletaires en révolution1 devem ser concebidos como substância como massa que quer derrubar a crítica ou como emanação do espírito à qual no entanto ainda faltaria a consistência necessária para a digestão dos pensamentos bauerianos 1 proletários em revolução 533 V Karl Marx 1 Ad Feuerbach 1845419 1 O principal defeito de todo o materialismo existente até agora o de Feu erbach incluído é que o objeto Gegenstand a realidade o sensível só é apreendido sob a forma do objeto Objekt ou da contemplação mas não como atividade humana sensível como prática não subjetivamente Daí o lado ativo em oposição ao materialismo ter sido abstratamente desenvolvido pelo idealismo que naturalmente não conhece a atividade real sensível como tal Feuerbach quer objetos sensíveis sinnliche Objekte efetivamente diferenciados dos objetos do pensamento mas ele não apreende a própria atividade humana como atividade objetiva gegenständliche Tätigkeit Razão pela qual ele enxerga nA essência do cristianismo apenas o comportamento teórico como o autenticamente humano enquanto a prática é apreendida e fixada apenas em sua forma de manifestação judaica suja Ele não entende por isso o significado da atividade revolucionária práticocrítica 2 A questão de saber se ao pensamento humano cabe alguma verdade objetiva gegenständliche Wahrheit não é uma questão da teoria mas uma questão prá tica É na prática que o homem tem de provar a verdade isto é a realidade e o poder a natureza citerior Diesseitigkeit de seu pensamento A disputa acerca da realidade ou não realidade do pensamento que é isolado da prática é uma questão puramente escolástica 3 A doutrina materialista sobre a modificação das circunstâncias e da educação esquece que as circunstâncias são modificadas pelos homens e que o próprio educador tem de ser educado ela tem por isso de dividir a socieda de em duas partes a primeira das quais está colocada acima da sociedade Karl Marx e Friedrich Engels 534 A coincidência entre a alteração das circunstâncias e a atividade ou au tomodificação humanas só pode ser apreendida e racionalmente entendida como prática revolucionária 4 Feuerbach parte do fato da autoalienação Selbstentfremdung religiosa da duplicação do mundo Welt num mundo religioso e num mundo mun dano weltliche Seu trabalho consiste em dissolver o mundo religioso em seu fundamento mundano Mas que o fundamento mundano se destaque de si mesmo e construa para si um reino autônomo nas nuvens pode ser esclareci do apenas a partir do autoesfacelamento e do contradizerasimesmo desse fundamento mundano Ele mesmo portanto tem de ser tanto compre endido em sua contradição quanto revolucionado na prática Assim por exemplo depois que a terrena família é revelada como o mistério da sagrada família é a primeira que tem então de ser teórica e praticamente eliminada 5 Feuerbach não satisfeito com o pensamento abstrato quer a contemplação Anschauung mas ele não compreende o sensível die Sinnlichkeit como atividade prática humanosensível 6 Feuerbach dissolve a essência religiosa na essência humana Mas a essência humana não é uma abstração intrínseca ao indivíduo isolado Em sua reali dade ela é o conjunto das relações sociais Feuerbach que não penetra na crítica dessa essência real é forçado por isso 1 a fazer abstração do curso da história fixando o sentimento religioso para si mesmo e a pressupor um indivíduo humano abstrato isolado 2 por isso a essência só pode ser apreendida como gênero como gene ralidade interna muda que une muitos indivíduos de modo natural 7 Feuerbach não vê por isso que o próprio sentimento religioso é um produto social e que o indivíduo abstrato que ele analisa pertence a uma determinada forma de sociedade 8 Toda vida social é essencialmente prática Todos os mistérios que conduzem a teoria ao misticismo encontram sua solução racional na prática humana e na compreensão dessa prática A ideologia alemã 535 9 O máximo a que chega o materialismo contemplativo isto é o materialismo que não concebe o sensível como atividade prática é a contemplação dos indivíduos singulares e da sociedade burguesa 10 O ponto de vista do velho materialismo é a sociedade burguesa o ponto de vista do novo é a sociedade humana ou a humanidade socializada 11 Os filósofos apenas interpretaram o mundo de diferentes maneiras o que importa é transformálo Facsímile da décima primeira das teses sobre Feuerbach do caderno de notas de Marx 537 Vi Karl Marx Marx sobre Feuerbach 1845 Com alterações de Engels 1888 1 O principal defeito de todo o materialismo existente até agora o de Feuerbach incluído é que o objeto Gegenstand a realidade o sensível só é apreendido sob a forma do objeto Objekt ou da contemplação mas não como atividade humana sensível como prática não subjetivamente daí decorreu que o lado ativo em oposição ao materialismo foi desenvolvido pelo idealismo mas apenas de modo abstrato pois naturalmente o idealismo não conhece a atividade real sensível como tal Feuerbach quer objetos sensíveis sinnliche Objekte efetivamente diferenciados dos objetos do pensamento mas ele não apreende a própria atividade humana como atividade objetiva gegenständliche Tätigkeit Razão pela qual ele enxerga na Essência do cristianismo apenas o comportamento teórico como o autenticamente humano enquanto a prática é apreendida e fixada apenas em sua forma de manifestação judaicasuja Ele não entende por isso o significado da atividade revolucionária prático crítica 2 A questão de saber se ao pensamento humano cabe alguma verdade objetiva gegenständliche Wahrheit não é uma questão da teoria mas uma questão prática na prática tem o homem de provar a verdade isto é a realidade e o poder a natureza citerior Diesseitigkeit de seu pensamento A disputa acerca da realidade ou não realidade de um pensamento que se isola da prática é uma questão puramente escolástica 3 A doutrina materialista de que os homens são produto das circunstâncias e da educação de que homens modificados são portanto produto de outras circunstâncias e de uma educação modificada esquece que as circunstân cias são modificadas precisamente pelos homens e que o próprio educador Karl Marx e Friedrich Engels 538 tem de ser educado por isso ela necessariamente chega ao ponto de dividir a sociedade em duas partes a primeira das quais está colocada acima da sociedade por exemplo em Robert Owen A coincidência entre a alteração das circunstâncias e a atividade humana só pode ser apreendida e racionalmente entendida como prática revolu cionária 4 Feuerbach parte do fato da autoalienação Selbsentfremdung religiosa da duplicação do mundo num mundo religioso imaginado e um mundo real wirkliche Welt Seu trabalho consiste em dissolver o mundo religioso em seu fundamento mundano Ele ignora que após a realização desse trabalho o principal resta ainda por fazer Sobretudo o fato de que o fundamento mundano se destaca de si mesmo e constrói para si um reino autônomo nas nuvens é precisamente algo que só pode ser esclarecido a partir do autoes facelamento e do contradizerasimesmo desse fundamento mundano Ele mesmo tem portanto de ser primeiramente entendido em sua contradição e em seguida por meio da eliminação da contradição ser revolucionado na prática Assim por exemplo depois que a terrena família é revelada como o mistério da sagrada família é a primeira que tem então de ser criticada na teoria e revolucionada na prática 5 Feuerbach não satisfeito com o pensamento abstrato apela à contemplação sensível mas ele não apreende o sensível die Sinnlichkeit como atividade prática humanosensível 6 Feuerbach dissolve a essência religiosa na essência humana Mas a essência humana não é uma abstração intrínseca ao indivíduo isolado Em sua reali dade ela é o conjunto das relações sociais Feuerbach que não penetra na crítica dessa essência real é forçado por isso 1 a fazer abstração do curso da história fixando o sentimento religioso para si mesmo e a pressupor um indivíduo humano abstrato isolado 2 por isso nele a essência humana pode ser compreendida apenas como gênero como generalidade interna muda que une muitos indivíduos de modo meramente natural 7 Feuerbach não vê por isso que o sentimento religioso é ele mesmo um produto social e que o indivíduo abstrato que ele analisa pertence na realidade a uma determinada forma de sociedade A ideologia alemã 539 8 A vida social é essencialmente prática Todos os mistérios que induzem a teoria ao misticismo encontram sua solução racional na prática humana e na compreensão dessa prática 9 O ponto mais alto a que leva o materialismo contemplativo isto é o materia lismo que não concebe o sensível como atividade prática é a contemplação dos indivíduos singulares na sociedade burguesa 10 O ponto de vista do velho materialismo é a sociedade burguesa o ponto de vista do novo é a sociedade humana ou a humanidade socializada 11 Os filósofos apenas interpretaram o mundo de diferentes maneiras porém o que importa é transformálo No text content to extract 541 Vii Karl Marx Sobre a Fenomenologia do espírito de Hegel420 A construção hegeliana da Fenomenologia 1 A autoconsciência em vez do homem Sujeito objeto 2 As diferenças das coisas são irrelevantes porque a substância é apreendida como autodiferenciação ou porque a autodiferenciação o diferenciar a atividade do entendimento é apreendida como essencial É por isso que Hegel no interior da especulação fornece distinções reais distinções que capturam as coisas 3 A suprassunção Aufhebung da alienação é identificada com a supras sunção da objetividade Gegenständlichkeit um aspecto especialmente desenvol vido por Feuerbach 4 A tua suprassunção do objeto representado do objeto como objeto da consciência é identificada com a suprassunção real objetiva com a ação Aktion sensível a prática Praxis com a atividade real que é diferente do pensar ainda a desenvolver FACTS ABOUT ALASKA Alaska is the largest state in the union 656425 sq miles Alaska has more coastline than the rest of the states combined 29469 miles Alaska has more than 3 million lakes including Nicikof Lake which is the second largest in the United States Alaskas Mt McKinley rises 20320 feet above sea level and is the highest mountain in North America In the winter the sun never rises at Barrow the northernmost settlement in the Us but in the summer it never sets and the sun shines twentyfour hours a day for one hundred days Highway mileage in the state is only 8982 miles The recent Exxon Valdez oil spill covered nearly 1000 miles of the coast and is considered one of the worst oil spills in history The Alaskas state bird is the Willow Ptarmigan It is probably the most colorful and handsome grouse in North America Juneau the capital is the only state capital in the United States not reachable by road Alaska borders only one other state Washington Alaska has about 100000 glaciers The Alaska Totem Pole is one of the states most famous cultural icons The native tongue of Alaskas Aleuts is the oldest spoken language in the Americas 15 of the state is national parks and wildlife areas You can see the Northern Lights in Alaska The Alaska state flag contains 8 stars Anchorage Alaskas largest city is the event center for dog sled races and the Iditarod 543 Viii Karl Marx Plano de trabalho sobre o Estado421 1 A história da formação do Estado moderno ou a Revolução Francesa A presunção da esfera política Confusão com o Estado antigo Relação dos revolucionários com a sociedade civil Duplicação de todos os elementos em elementos sociais e elementos estatais 2 A proclamação dos direitos do homem e a constituição do Estado A liberdade individual e o poder público Liberdade igualdade e unidade A soberania popular 3 O Estado e a sociedade civil 4 O Estado representativo e as cartas constitucionais O estado constitucional representativo o estado democrático representativo 5 A divisão dos poderes Poder legislativo e poder executivo 6 O poder legislativo e os corpos legislativos clubes políticos 7 O poder executivo Centralização e hierarquia Centralização e civilização política Federalismo e industrialismo Administração do Estado e administração comunal 8 O poder judiciário e o direito 8 A nacionalidade e o povo 9 Os partidos políticos 9 O sufrágio a luta pela superação do estado e da sociedade civil The Alaskan Malamute is one of the oldest native Arctic sled dogs named for the native Inuit tribe known as the Mahlemuts They were bred for strength and endurance and are an excellent team player often used for sledding and hauling heavy loads They have a thick double coat that comes in various shades of gray and white and are well adapted for cold weather 545 iX Karl Marx Anotações esparsas422 O egoísta divino em oposição ao homem egoísta A ilusão sobre o Estado antigo na revolução O conceito e a substância A revolução história da formação do Estado moderno página manuscrita dA ideologia alemã capítulo III São Max 547 notas 1 Este texto é uma reação de Marx ao artigo de Bruno Bauer intitulado Charakteristik Ludwig Feuerbachs Caracterização de Ludwig Feuerbach em especial a algumas considerações críticas à Sagrada família nele contidas n E aw 2 Gesellschaftsspiegel Organ zur Vertretung der besitzlosen Volksklassen und zur Beleuchtung der gesellschaftlichen Zustände der Gegenwart Espelho da sociedade órgão para a representação das classes populares despossuídas e para o melhoramento das condições sociais do presente revista dirigida por Moses Heß n t 3 Bruno Bauer Charakteristik Ludwig Feuerbachs Caracterização de Ludwig Feuerbach em Wigands Vierteljahrsschrift Revista trimestral de wigand Leipzig 1845 n 3 p 13843 a Wigands Vierteljahrsschrift revista filosófica dos jovenshegelianos foi publicada de 1844 a 1845 em Leipzig por otto wigand nela colaboravam entre outros Bruno Bauer Max stirner e Ludwig Feuerbach n t 4 Karl Marx Friedrich Engels Die heilige Familie oder Kritik der kritischen Kritik Gegen Bruno Bauer Consorten a sagrada família ou crítica da Crítica crítica contra Bruno Bauer e consortes Frankfurt aM 1845 ed bras A sagrada família são Paulo Boi tempo 2003 n E aw 5 otto Lüning Die heilige Familie oder Kritik der kritischen Kritik Gegen Br Bauer und consorte von F Engels und K Marx a sagrada família ou crítica da Crítica crítica contra Bruno Bauer e consortes de F Engels e K Marx em Das Westphälische Dampfboot o Vapor da Vestfália Bielefeld ano I maio de 1845 p 20614 a autoria de otto Lüning embora seja a mais provável ainda permanece duvidosa Cf MarxEngels Jahrbuch 2003 amsterdam akademie Verlag 2004 p 160 a revista mensal Das Westphälische Dampfboot dirigida pelo socialista verdadeiro otto Lüning foi editada de janeiro de 1845 a dezembro de 1846 em Bielefeld e de janeiro de 1847 a março de 1848 em Paderborn n t 6 Cf A sagrada família cit capítulo VI seção 3 terceira campanha da Crítica absoluta a a autoapologia da Crítica absoluta seu passado político p 117 n E aJ 7 Cf ibidem capítulo VI 3 terceira campanha da Crítica absoluta b Questão judaica número III p 125 n E aJ 8 Ver texto III do apêndice n t 9 Embora conscientes da relevância da distinção entre os conceitos real e efetivo na literatura hegeliana jovem hegeliana e marxista optamos por traduzir wirklich por real assim como Wirklichkeit por realidade e verwirklichen por realizar indicando entre colchetes as raras ocorrências no original dos termos real Realität realisieren e outra variantes n t 10 o verbo aufheben possui três sentidos principais 1 levantar sustentar erguer 2 anular Notas 548 abolir destruir revogar cancelar suspender superar 3 conservar poupar preservar cf Michael Inwood suprassunção em Dicionário Hegel Rio de Janeiro Jorge Zahar 1997 p 302 Marx do mesmo modo que Hegel e schiller emprega comumente a palavra nas acepções 2 e 3 combinadas mas também a emprega muitas vezes simplesmente na segunda acepção dando ênfase ao aspecto negativo da superação traduzimos aufheben aufgehoben Aufhebung por superar superado superação quando se trata da segunda acepção e por suprassumir suprassumido suprassunção quando é evidente se tratar de uma combinação da segunda com a terceira acepção n t 11 MuleJenny máquina de fiar criada por samuel Crompton na Inglaterra em 1779 n t 12 Falha no manuscrito n E aw 13 Referência ao Prólogo no céu do Fausto de Goethe n E aJ 14 o conceito de ideologia surgiu durante a Revolução Francesa primeiramente como o nome de uma nova ciência fundada pelos assim chamados ideólogos franceses Foi Destutt de tracy que em abril de 1796 introduziu esse conceito numa conferência proferida no Instituto nacional de Paris Por ideologia Destutt de tracy entendia uma ciência das ideias que deveria ser a ciência primeira e fundamental os ideólogos polemizavam contra a metafísica e a ideologia e politicamente defen diam pontos de vista liberais napoleão que inicialmente fora um discípulo dos ideólogos con cebia ideologia como frívolas brincadeiras do pensamento e invencionices vãs e rejeitava sua influência sobre a política os ideólogos franceses entendiam ideia como representação obtida sensivelmente e acreditavam com isso ter encontrado um fundamento seguro para toda filosofia napoleão porém dá ao conceito o significado de um conteúdo que transcende a empiria e a realidade de modo que para ele a ideologia representa apenas um raciocínio e uma teoria desessencializada e distante da prática uma forma de pensamento com pretensões ilegítimas a uma validade prá tica Com napoleão o conceito de ideologia se torna um conceito polêmico com o qual os adversários políticos devem ser desqualificados Ulrich Diers Ideologie em o Brunner w Conze e R Koselleck eds Geschichtliche Grundbegriffe stuttgart 1982 v 3 p 13169 Em Paris Marx fez excertos da obra Éléments dIdeologie de Destutt de tracy em MEGa2 IV2 p 48992 na seção o comunismo do capítulo III são Max Marx utilizou em sua polêmica contra o conceito de propriedade de stirner as concepções de Destutt de tracy sobre propriedade indivíduo e per sonalidade n E aJ 15 Ver nota 10 n t 16 a palavra Entfremdung deriva de fremd alheio passando pelo verbo entfremden alhear Guarda também os sentidos de estranhar depararse com algo ou alguém estranho não reconhecer algo ou alguém Em Hegel o conceito designa dois fenô menos distintos 1 o fato de que a substância é estranha ao indivíduo 2 a alie nação ou abandono de si mesmo pelo indivíduo e sua identificação com a substância universal pela aquisição de cultura No segundo sentido mas não no primeiro Entfremdung é intercambiável com a palavra Entäusserung que pode ser traduzida por exterioriza ção ou externação Para o Marx dos Manuscritos econômicofilosóficos de 1844 a Entfremdung Marx também usa Entäusserung com o mesmo sentido assume a forma da alienação do indivíduo no trabalho o que se dá em quatro momentos alienação estranhamento do 1 trabalho 2 do produto do trabalho 3 do indivíduo em relação ao gênero e 4 do indivíduo em relação ao seu próprio ser social Diferentemente de Hegel a Entfremdung marxiana não é um fenômeno intrínseco a toda atividade humana mas sim a apropriação por um outro o capitalista das forças próprias do trabalhador por meio da venda Veräusserung dessas forças Da mesma forma a solução para a alienaçãoestranhamento é bastante distinta nos dois autores em Hegel a solução está A ideologia alemã 549 na intensificação da alienação pela negatividade radical do iluminismo e da revolução para o Marx de 1844 ainda sob forte influência de Feuerbach tratavase de recuperar o ser genérico pela superação do trabalho aliena do isto é da propriedade privada É somente nA ideologia alemã porém que Marx chega à ideia da Aufhebung da alienaçãoestranhamento não mais como rei dentificação do indivíduo com a universalidade do ser genérico perdido mas como liberação das forças produ tivas que sob a forma alienada da propriedade privada desenvolveramse como forças humanas universais Cf M Inwood Dicionário Hegel cit p 458 K Marx Ökonomischphilosophische Manuskripte em MEGa2 I2 p 36375 ed bras Manuscritos econômicofilosóficos são Paulo Boitempo 2004 Rubens Enderle Ontologia e política a formação do pensamento marxiano de 1842 a 1846 Disser tação de Mestrado Belo Horizonte UFMG 2000 p 8391 M H M da Costa a exteriorização da vida nos manuscritos econômicofilosóficos de 1844 Ensaios Ad Hominem v 1 tomo 4 2001 p 165212 w Breckman Marx the young hegelians and the origins of radical social theory Cambridge Cambridge University Press 1999 p 28497 n t 17 na década de 1840 o termo Stamm tribo clã tronco linhagem desempenhava um papel fundamental na ciência da história Designava uma comunidade de pes soas que descendia de um único e mesmo predecessor Uma primeira determinação precisa desse conceito foi realizada por Lewis Henry Morgan em sua obra Ancien Society publicada em Londres no ano de 1877 n t 18 Frase incompleta no original n t 19 Referência a Pellegrino Rossi Cours déconomie politique Bruxelas 1843 p 261 Cf Karl Marx Brüsseler Hefte 1845 Cadernos de Bruxelas 1845 caderno 5 em MEGa2 IV3 p 364 n t 20 Bloqueio continental barreira marítima criada por napoleão em 1806 para impe dir que os aliados da França e os Estados neutros do continente Europeu pudessem estabelecer comércio com a GrãBretanha o bloqueio econômico levou a uma significativa diminuição das importações na Europa e a uma grande entrada de mercadorias coloniais como o açúcar a oposição da Rússia ao bloqueio continental contribuiu para a deflagração da guerra em 1812 n E aJ 21 Cf texto IV do apêndice n t 22 os Hallische Jahrbücher für Deutsche Wissenschaft und Kunst anais Hallesianos de Ciência e arte alemãs fundados e dirigidos por arnold Ruge e theodor Echtermeyer surgiram a partir de 1o de janeiro de 1838 na editora de otto wigand em Leipzig a sede da redação estava localizada na cidade de Halle Em 1o de julho de 1841 Ruge e wigand transferiram a redação para Dresden a fim de escapar da censura prussiana e a revista passou a se chamar Deutsche Jahrbücher für Wissenschaft und Kunst anais alemães de Ciência e arte Em 3 de janeiro de 1843 foi proibida a publicação dos Deutsche Jahrbücher n t 23 Bruno Bauer Geschichte Deutschlands und der französischen Revolution unter der Herrschaft Napoleons Charlottenburg 1846 24 Canção do Reno assim era chamada a canção sie sollen ihn nicht haben den freien deutschen Rhein o Reno alemão livre não deve pertencer a eles Composta por nikolaus Becker 18091845 tornouse extremamente popular em 1840 como hino patriótico contra a ameaça francesa de guerra pela anexação da margem alemã do Reno n t 25 o desenvolvimento do princípio do espírito é a verdadeira teodiceia pois é a cons tatação de que o espírito só pode libertar a si mesmo no elemento do espírito e de que o que aconteceu e acontece todos os dias não apenas vem de Deus como é a própria obra de Deus G w F Hegel Vorlesungen über die Philosophie der Geschichte Notas 550 editado por Eduard Gans Berlim 1837 p 446 ed bras Filosofia da história Brasília Editora Universidade de Brasília 1995 n E aJ 26 Cf Hegel Vorlesungen cit p 440 n E aJ 27 AntiCornLaw League Liga contra a lei dos cereais associação fundada em 1838 em Manchester pelos industriais Cobden e Bright a liga tinha como objetivo a revogação da chamada lei dos cereais que limitava e até proibia a importação de cereais que contribuía para o aumento do valor dos salários com o objetivo de defender os inte resses dos grandes proprietários rurais n t 28 Referência à associação Verein de stirner noção da qual Marx e Engels se ocupam mais adiante Cf infra seção a associação p 375 ss n t 29 Cf Frederic Morton Eden The state of the poor Londres 1797 v 1 p 23 823 87 1003 1278 13940 165170 Cf Karl Marx ManchesterHefter 1845 Cadernos de Manchester caderno 5 em MEGa2 IV p 3801 386 38990 392 Cf John wade History of the middle and working classes Londres 1835 p 315 434 Cf Karl Marx ManchesterHefter 1845 caderno 5 em MEGa2 IV4 p 378 311 n E aJ 30 Navigation Act leis da navegação criadas em 1651 por oliver Cromwell e diversas vezes emendada de 1660 a 1673 Por essas leis ficava determinado que mercadorias da Ásia da África e da américa que se destinavam à Inglaterra à Irlanda e às colônias inglesas só poderiam ser transportadas em navios cujos proprietários e capitães bem como três quartos da tripulação fossem súditos britânicos as leis de navegação foram suprimidas em 1849 n t 31 as tarifas diferenciais tributavam diferentemente mercadorias de um mesmo gênero de acordo com o país em que eram produzidas Elas visavam assim favorecer a marinha mercante a indústria e o comércio de um país protegendoos de ameaças externas n t 32 John aikin A description of the country from thirty to forty miles round Manchester Londres 1795 p 1818 n E aJ 33 Isaac de Pinto Traité de la circulation et du crédit amsterdam 1771 p 234 e 283 Cf Karl Marx Brüsseler Hefte 1845 em MEGa2 IV3 p 287 e 288 n E aJ 34 adam smith An inquiry into the nature and causes of the wealth of nations Londres 1776 2 v ed bras A riqueza das nações são Paulo Martins Fontes 2003 2 v n E aJ 35 JeanJacques Rousseau Du contrat social Londres 1782 p 1929 Cf Karl Marx Notizen zur Geschichte Frankreichs Venedigs und Polens und Exzerpte aus staats theo retischen Werken anotações sobre a história da França Veneza e Polônia e excertos de obras de teoria do Estado caderno 2 em MEGa2 IV2 p 912 n E aJ 36 Este parágrafo que constava nas edições da MEWerke e da MEGa1 não consta na nova edição do MEJahrbuch que serviu de base para a presente edição Como não há nenhuma explicação dos editores para a ausência desse trecho decidimos incluílo em separado no lugar onde ele se encontrava na edição da MEWerke n t 37 Referência à lei agrícola dos tribunos romanos Licínio e sexto que entrou em vigor no ano de 367 a C em razão da luta dos plebeus contra os patrícios segundo a lei um cidadão romano não poderia tomar da propriedade estatal da terra mais de 500 jugera cerca de 125 hectares para sua posse após o ano de 367 as exigências dos plebeus foram satisfeitas com terras conquistadas em guerras n t 38 J C L s de sismondi Nouveaux principes déconomie politique Paris 1827 cf MEGa 2 I2 p 695 n E aJ 39 a E Cherbuliez Riche ou Pauvre Paris 1840 cf MEGa2 IV7 p 27 IV3 p 770 n E aJ 40 Dominium ex ius quiritium antecedente do ius civile o ius quiritium designava o di reito dos cidadãos mais privilegiados de roma Quirites Por dominium entendiase no A ideologia alemã 551 ocaso da república romana o poder de domínio do pater familias a partir do começo do império o conceito passa a significar o pleno poder legal do proprietário n t 41 nos séculos X e XI amalfi era uma cidade comercial em plena ascensão o direito ma rítimo de amalfi Tabula Amalphitana tinha validade em toda a Itália e era observado por todas as nações que navegavam no Mediterrâneo n E aJ 42 Essa observação foi escrita por Engels depois de 1883 ano da morte de Marx n t 43 Ludwig Feuerbach Das Wesen des Christenthums a essência do cristianismo Leipzig 1841 n E aJ 44 Piecer num selfactor o selfactor é uma parte automática da máquina de fiar piecer é a jovem funcionária que toma conta da máquina e que amarra novamente os fios quando estes arrebentam n E aw 45 Cf Bruno Bauer was ist jetzt der Gegenstand der Kritik em Allgemeine LiteraturZeitung Gazeta Geral Literária Charlottenburg n 8 julho de 1844 p 19 e 24 Allgemeine LiteraturZeitung revista mensal de Bruno Bauer publicada em Charlottenburg de dezembro de 1843 a outubro de 1844 n t 46 theodor opitz t o da alta silésia Deutsche Geschichtschreibung Historiografia alemã Triersche Zeitung Gazeta de trier n 87 28 de março de 1846 n E aJ 47 Diádocos nome dado aos generais que sucederam alexandre Magno após sua morte 323 a C repartiram seu império e travaram por vinte anos grandes lutas pela conquista do poder hegemônico n t 48 o empirismo idealista Berkeley Hume Mach avenarius etc sustenta em oposição ao empirismo materialista Bacon Hobbes Locke os materialistas franceses do século XVIII etc que a natureza cognoscível constitui a origem da experiência n t 49 o Concílio de Leipzig já designava na época a primeira reunião geral da Igreja católica alemã que se deu a 26 de março de 1845 sob a liderança de Robert Blum e definiu os princípios e determinações gerais da Igreja católica alemã os delegados negaram o primado do papa e seu poder hierárquico o celibato o culto aos santos as indulgências os jejuns e as romarias o uso do termo por Marx e Engels é uma analogia irônica a Bauer e stirner os Padres da Igreja cujos escritos haviam sido publicados em Leipzig pelo editor otto wigand n t 50 A batalha dos hunos Hunnenschlacht famosa obra do pintor alemão wilhelm von Kaulbach 18051874 representa uma batalha em que os espectros dos guerreiros abatidos sobem aos ares e lá continuam a luta com fúria redobrada o pano de fundo histórico da pintura é a batalha dos hunos nos campos da Catalunha no ano de 451 a obra foi exposta ao público em Berlim em 1837 no palácio do conde Raczynski Como Marx morou em Berlim de 1836 a 1841 é provável que tenha visitado a exposição na época n t 51 Referência à potato blight praga que acometeu a Irlanda então possessão da Grã Bretanha na segunda metade da década de 1840 e provocou um dos maiores surtos de fome mortalidade e de migrações da Europa moderna n t 52 otto Lüning cf nota 5 n t 53 Cf Max stirner Recensenten stirners Wigands Vierteljahrsschrift Leipzig n 3 1845 p 14794 n t 54 o livro Der Einzige und sein Eingenthum o Único e sua propriedade de stirner que totalizava 491 páginas n t 55 Moses Heß Die letzten Philosophen os últimos filósofos Darmstadt 1845 n E aJ 56 santa Casa assim era chamada a prisão da Inquisição em Madri n E aJ 57 Bruno Bauer Die gute Sache der Freiheit und meine eigene Angelegenheit a boa causa da liberdade e minha própria causa Zurique winterthur 1842 Marx e Engels lançam aqui uma ironia contra Bauer referindose ao artigo Charakteristik Ludwig Feuerbachs como segundo volume da obra Die gute Sache der Freiheit n t Notas 552 58 Bruno Bauer Ludwig Feuerbach Norddeutsche Blätter für Kritik Literatur und Unterhaltung Folhas nortealemãs para a Crítica a Literatura e o Debate Berlim n 4 outubro de 1844 p 113 as Norddeutschen Blätter foram publicadas em dois volumes o primeiro em 1844 e o segundo em 1845 sob o título Beiträge zum Feldzuge der Kritik Contribuição à cam panha da crítica n t 59 Ludwig Feuerbach Geschichte der neuern Philosophie História da filosofia moderna apresentação desenvolvimento e crítica da filosofia de Leibniz ansbach 1837 e Pierre Bayle nach seinen für die Geschichte der Philosophie und Menschheit interessantesten Momenten dargestellt und gewürdigt Pierre Bayle apresentado e apreciado segundo seus momentos mais interessantes para a história da filosofia e da humanidade ansbach 1838 n E aJ 60 Ludwig Feuerbach Zur Kritik der positiven Philosophie Über das wesen und die Bedeutung der speculativen Philosophie und theologie in der gegenwärtigen Zeit mit besonderer Rücksicht auf die Religionsphilosophie Para a crítica da filosofia positi va sobre a essência e o significado da filosofia e da teologia especulativa nos tempos atuais com especial consideração à filosofia da religião Hallische Jahrbücher Leipzig n 289293 37 de dezembro de 1838 n t 61 Questão do oregon o território de oregon na costa americana do Pacífico foi reivin dicado tanto pelos Estados Unidos quanto pela GrãBretanha a luta pela posse do oregon terminou em 1846 com a divisão do território entre os dois países n E aJ 62 Ver nota 27 n t 63 a referência a Feuerbach remete provavelmente ao intervalo entre as páginas 3 e 7 do manuscrito Feuerbach e História páginas que faltam no manuscrito a referência ao liberalismo humano remete à seção III são Max antigo testamento o liberalismo humano n E aJ 64 Bruno Bauer Kritik der evangelischen Geschichte der Synoptiker Crítica da história evangélica dos sinópticos Leipzig 1841 v 1 Das entdeckte Christenthum o cristia nismo revelado Zurique winterthur 1843 G w F Hegel Phänomenologie des Geistes Fenomenologia do espírito editado por Johann schulze 2 ed Berlim 1841 sinópticos é como são chamados na literatura sobre a história da religião os três pri meiros evangelhos também podendo designar seus autores Mateus Marcos e Lucas n t 65 Cf o artigo anônimo Über das Recht des Freigesprochenen eine ausfertigung des wider ihn ergangenen Erkenntnisses zu verlangen sobre o direito do absolvido de exigir um despacho da sentença proferida sobre seu caso Wigands Vierteljahrsschrift v IV 1845 n E aJ 66 Ponte de asnos Eselbrücke em latim pons asinorum nome dado à quinta proposição dos Elementos de Euclides considerada como uma passagem para os problemas mais difíceis que vêm a seguir na escolástica medieval tetragrama utilizado para facilitar na descoberta do termo médio de um silogismo n t 67 Caronte na mitologia grega o barqueiro que conduzia as sombras dos mortos de uma margem a outra do rio aqueronte e recebia como pagamento uma moeda de cada passageiro Por isso na Grécia antiga era costume colocar uma moeda dentro da boca dos mortos n t 68 Cf Evangelho de João 216 n t 69 Cf Ezequiel 1118 e 1121 n t 70 Cf Epístola de Paulo aos Gálatas 51921 n E aJ 71 Korah primo de Moisés Liderou 250 hebreus contra Moisés e aarão durante a travessia do deserto Cf Gênesis 1612 165 269 e 273 n E aJ 72 Cf Epístola de Judas 1113 n E aJ A ideologia alemã 553 73 Cf 2a Epístola de Paulo a timóteo 314 n E aJ 74 Cf Epístola de Judas 23 n E aJ 75 Cf apocalipse 2215 n E aJ 76 Cf Gênesis 322526 n E aJ 77 Cf Evangelho de Mateus 2641 n E aJ 78 william shakespeare Noite de reis 3o ato cena 2 n E aJ 79 Em shakespeare Malvolio n E aJ 80 To fight like Kilkenny cats a expressão remete à imagem de dois gatos que brigam tão encarniçadamente e por tanto tempo que acabam por devorar um ao outro deles res tando somente as duas caudas sua origem mais provável é a de uma alegoria para a longa disputa entre os dois distritos Englishtown e Irishtown em que no século XIV foi dividida a cidade irlandesa de Kilkenny a luta entre os dois centros urbanos estendeuse até o fim do século XVII n t 81 Cf texto IV do apêndice n t 82 Cf Jeremias 322122 3230 323335 n E aJ 83 Cf Jeremias 2523 181314 2229 n E aJ 84 Bruno Bauer Correspondenz aus der Provinz Correspondência da Província 9 Allgemeine LiteraturZeitung Charlottenburg n 6 maio de 1844 p 38 n E aJ 85 Cf Epístola de Paulo aos Colossenses 126 Cf também Epístola de Paulo aos Romanos 1625 e Epístola de Paulo aos Efésios 19 e 3310 n E aJ 86 na Bíblia e deu à luz Caim e disse Possuí um homem com a ajuda do senhor Gênesis 41 n E aJ 87 Carl Reichardt Preussens Beruf in der deutschen staatsEntwicklung und die nächsten Bedingungen zu seiner Erfüllung a vocação da Prússia no desenvolvimento do Estado alemão e as condições imprescindíveis para sua realização Allgemeine LiteraturZeitung n 69 de junho a agosto de 1844 LiteraturZeitung abreviação de Allgemeine LiteraturZeitung n E aJ 88 Julius Faucher Englische tagesfragen Questões cotidianas da Inglaterra Allgemeine LiteraturZeitung n 79 de junho a agosto de 1844 n E aJ 89 A polêmica de Nauwerck Karl nauwerck proferiu no semestre de inverno de 184344 e para uma numerosa plateia sua preleção intitulada História dos mais importantes sistemas da doutrina filosófica do Estado o rei Frederico Guilherme IV exigiu providên cias para reparar aquele terrível erro Depois de uma conversa do ministro Eichhorn com nauwerck em 29 de fevereiro de 1844 este último renunciou à sua autorização para lecionar suas Vorlesung über Geschichte der philosophischen staatslehre Lições sobre a história da doutrina filosófica do Estado foram publicadas na Wigands Vierteljahrsschrift 1844 n 14 e 1845 n 1 Marx e Engels referemse aqui ao artigo que Ernst Jungnitz publicou sobre a polêmica na Allgemeinen LiteraturZeitung Ernst Jungnitz Herr nauwerk und die philosophische Facultät Herr nauwerk e a faculdade de Filosofia Allgemeine LiteraturZeitung n 6 maio de 1844 n t 90 Cf Edgar Bauer Proudhon Allgemeine LiteraturZeitung n 5 abril de 1844 p 64 34 68 n t 91 Cf szeliga Die Geheimnisse von Paris Kritik os mistérios de Paris Crítica Allgemeine LiteraturZeitung n 7 junho de 1844 p 44 n t 92 Bruno Bauer Von den neuesten schriften über die Judenfrage Dos novos escritos sobre a questão judaica Allgemeine LiteraturZeitung n 1 dezembro de 1843 p 3 n E aJ 93 Bruno Bauer neueste schriften über die Judenfrage os mais recentes escritos sobre a questão judaica Allgemeine LiteraturZeitung n 4 março de 1844 p 15 n E aJ 94 Bruno Bauer was ist jetzt der Gegenstand der Kritik Qual é agora o objeto da Crítica Allgemeine LiteraturZeitung n 8 julho de 1844 p 23 n E aJ Notas 554 95 Bruno Bauer neueste schriften cit p 10 n E aJ 96 Bruno Bauer was ist jetz der Gegenstand cit p 22 n E aJ 97 Bruno Bauer Charakteristik cit p 139 n E aJ 98 Ibidem p 140 n E aJ 99 Ibidem p 139 n E aJ 100 a Rheinische Zeitung für Politik Handel und Gewerbe Gazeta Renana de Política Comércio e Indústria surgiu em Colônia em 1o de janeiro de 1842 fundada e finan ciada por membros da burguesia liberal renana Idealizado como veículo para a defesa de reformas políticas de caráter liberal o jornal foi também o portavoz do pensamento jovemhegeliano que naquele momento decidira tomar parte nas questões políticas e passava a fazer da imprensa diária o fórum da crítica filosófica Desde a publicação de seu primeiro artigo na Rheinische Zeitung a influência de Marx nos rumos do periódico se tornaria cada vez mais forte até a sua admissão como diretor de redação em 15 de outubro de 1842 sob a liderança de Marx a Gazeta Re nana radicalizou seu perfil democrático e tomou partido em defesa dos interesses dos trabalhadores e das populações mais pobres consolidandose ao mesmo tempo como o principal órgão de oposição na alemanha tudo isso contribuiu para a sua proibição em 20 de janeiro de 1843 decidida num conselho de ministros presidido pelo rei Frederico Guilherme IV Por pressão dos acionistas junto ao governo a Gazeta Renana ainda conseguiu prolongar sua existência até março porém submetida a uma censura extrema realidade que motivou Marx a se desligar de seu posto n t 101 Cf Bruno Bauer Charakteristik cit p 1401 n E aJ 102 Ibidem p 136 n E aJ 103 otto Lüning Die Heilige Familie oder cit p 20614 n E aJ 104 Bruno Bauer Charakteristik cit p 141 n E aJ 105 otto Lüning Die Heilige Familie oder cit p 208 n E aJ 106 Friedrich von schiller Wallensteins Tod ato IV cena 12 Citado por otto Lüning Die Heilige Familie cit p 207 n E aJ 107 Bruno Bauer Charakteristik cit p 142 n E aJ 108 otto Lüning Die Heilige Familie oder cit p 213 n E aJ 109 Bruno Bauer Charakteristik cit p 143 n E aJ 110 Referência a Bruno Bauer Kritik der evangelischen Ver nota 64 n E aJ 111 o livro Der Einzige und sein Eingenthum de Max stirner Johann Caspar schmidt foi publicado no fim de 1844 pela editora de otto wigand em Leipzig n t 112 Bruno Bauer Von den neuesten schriften cit p 5 Bauer cita Gustav Philippson Die Judenfrage von Bruno Bauer näher beleuchtet a questão judaica de Bruno Bauer vista mais de perto Dessau 1843 n E aJ 113 Bruno Bauer Charakteristik cit p 144 n E aJ 114 Ibidem p 1445 n E aJ 115 Bruno Bauer Hinrichs politische Vorlesungen Lições políticas de Hinrichs Allgemeine LiteraturZeitung cit n 5 abril de 1844 p 235 n E aJ 116 Bruno Bauer Charakteristik cit p 110 n E aJ 117 Citação de Heine Reisebilder Quadros de viagem Die Bäder von Lucca as termas de Lucca capítulo IV Marx e Engels modificam o texto de Heine escrevendoo em baixoalemão numa alusão irônica a stirner pertencente ao grupo dos Freien Livres de Berlim Mais adiante chamaremos a atenção do leitor para outras referências jocosas ao baixoalemão em especial ao dialeto berlinense n t 118 o livro Der Einzige und sein Eigenthum de Max Stirner pseudônimo de Johann Cas par Schmidt 18061856 foi publicado em 1844 pela editora de Otto Wigand em Leipzig na edição constava o ano de 1845 o pseudônimo do autor Stirn significa testa fronte deriva do modo como schmidt era chamado por seus amigos devido A ideologia alemã 555 à sua fronte proeminente É como uma alusão irônica ao seu apelido que Marx e Engels muitas vezes escrevem stirner entre aspas pois essa palavra tal como no português também guarda os significados figurados de teimoso obstinado cabeçudo testaçudo n t 119 Referência aos seguintes textos escritos contra o livro de stirner Der Einzige und sein Eigenthum o Único e sua propriedade de szeliga publicado na revista Norddeutsche Blätter Über das wesen des Christenthums in Beziehung auf den Einzigen und sein Eingenthum sobre a essência do cristianismo em relação a o Único e sua proprie dade de Feuerbach publicado na Wigands Vierteljahrsschrift e uma brochura de Heß intitulada Die letzten Philosophen os últimos filósofos stirner respondeu a essas críticas e fez uma defesa de seu livro no terceiro volume da Wigands Vierteljahrsschrift com o artigo Recensenten stirners os resenhistas de stirner nA ideologia alemã Marx e Engels chamam ironicamente este último artigo de comentário apologético n E aw 120 na Bíblia consta Ele é o senhor Zebaoth n t 121 Eu fundei minha causa sobre nada em alemão Ich habe meine Sachauf nichts gestellt essa frase que abre e termina Der Einzige und sein Eigenthum de stirner foi extraí da de um poema de Goethe intitulado Vanitas Vanitatum a vaidade das vaidades n t 122 Johann Ludwig Ewald Der gute Jüngling gute Gatte und Vater oder Mittel um es zu werden o bom adolescente bom marido e bom pai ou meios para se tornar tudo isso n t 123 atos dos apóstolos 529 n t 124 Eumênides figuras da mitologia grega antigas Fúrias que incitavam os homens à vin gança mas que acabaram submetidas à Justiça de Palas atena n t 125 o servo fiel de stirner szeliga n t 126 João 424 n t 127 Benefício de inventário favor que a lei concede ao herdeiro desobrigandoo de pagar as dívidas do falecido senão na proporção dos bens herdados conforme se verificar pelo inventário Concedese ao herdeiro assim o benefício de promover o inventário antes de decidir pela aceitação ou recusa da herança n t 128 João 24 n t 129 a obra de Hegel Encyklopädie der philosophischen Wissenschaften im Grundrisse En ciclopédia das ciências filosóficas em compêndio consiste de três partes a Ciência da lógica B Filosofia da natureza e C Filosofia do Espírito n E a w 130 Gálatas 44 n t 131 alusão ao dialeto berlinense os autores escrevem Unjebildete incultos e mais à frente Jebildete cultos no lugar de Ungebildete e Gebildete n t 132 Jacques le bonhomme Jacó o tonto assim os camponeses eram depreciativamente chamados pelos nobres franceses n E aw 133 Em Hegel vermelho e verde n t 134 a citação deste trecho é de uma tradicional canção infantil alemã conhecida como Jockellied Canção de Juca Juca traduz o original Jockel apelido alemão que pode ser aplicado ao nome próprio Jakob Há aqui portanto uma referência irônica a stirner que nA ideologia alemã é chamado pelos autores de Jacó o tonto Jacques le bonhomme n t 135 Expedição napoleônica ao Egito expedição que o general napoleão Bonaparte realizou no Egito em 1798 e na qual fez fuzilar 4 mil presos de guerra a operação voltavase contra a Inglaterra e tinha o objetivo de conquistar territórios na Índia Devido à luta com as tropas inglesas e seus aliados o comandante francês sofreu uma dura derrota napoleão abandonou suas tropas e retornou a Paris em 1799 n E aw Notas 556 136 Emanuel personagem do romance Hesperus oder 45 Hundsposttage Hesperus ou 45 dias do cão mensageiro de Jean Paul n E aw 137 Lucrécio De rerum natura livro 3 verso 882 n E aw 138 Ver Diogenis Laertii de clarorum philosophorum vitis dogmatibus et apophthegmagtibus libri decem Dez livros sobre as vidas doutrinas e aforismos de filósofos ilustres n E aw 139 trecho de Carmium ode XXII em Qu Horatii Flacci opera omnia poetica obra poética completa de Qu Horatius Flaccus n E aw 140 Ver Clementis Alexandrini opera græce et latina quæ extant obras de Clemente de alexandria escritas nas línguas grega e latina n E aw 141 aristóteles De anima n t 142 Já era traduz aqui alle jeworden referência irônica que os autores fazem ao dialeto berlinense originado do baixoalemão que coloca o j no lugar do g o correto seria alle ist geworden n t 143 a palavra alemã Satz pode significar tanto salto pulo quanto frase proposição sentença n t 144 Mateus 2521 n t 145 O fiel Eckart herói das sagas alemãs medievais figura típica de um homem dedicado e guardião confiável n E aw 146 Cf Hegel Ciência da lógica tomo I seção 2 n E aw 147 João 424 n t 148 Mateus 537 n t 149 João 114 n t 150 Filosofia jônica expressão mais antiga da filosofia grega da natureza que compreende o conjunto dos autores chamados présocráticos seus representantes tales anaximandro anaxímenes Heráclito desenvolveram em estreita ligação com suas investigações sobre a natureza uma primeira explicação filosófica da realidade basea da primordialmente no lógos e não mais nos mitos n t 151 Tarefa das Danaides segundo as lendas gregas as cinquenta filhas de Dânaos porque na noite de núpcias assassinaram os maridos que lhes haviam sido impostos foram condena das no tártaro à interminável tarefa de encher com água um tonel sem fundo n E aw 152 Jogo de palavras de Marx e Engels na citada passagem da Bíblia não consta Wesen essência mas sim Anwesen que significa uma porção de terra com habitação etc n E aw 153 a citação é do artigo de Feuerbach Vorläufige thesen zur Reformation der Philosophie teses provisórias para a reforma da filosofia publicado no segundo volume da coletânea Anekdota zur neuesten deutschen Philosophie und Publicistik anedota da mais recente filosofia e jornalismo alemães editada na suíça em 1843 por arnold Ruge n E aw 154 Tiergarten jardim zoológico neste caso de Berlim até a revolução de 1848 o fumo era proibido nas ruas de Berlim e no jardim zoológico sob pena de multa ou castigos físicos os denunciantes recebiam uma parte da multa paga pelos delinquentes n E aw 155 segunda epístola aos Coríntios 127 n t 156 Campanhas de Sesóstris campanhas militares lendárias dos faraós egípcios que chegaram a penetrar territórios da Ásia e da Europa n t 157 Wasserpolacken alcunha dada aos poloneses silesianos na alemanha o nome que literalmente significa polacos da água tem origem na antiga designação dos janga deiros que navegavam pelo rio oder e que eram em sua maioria polacos silesianos do norte n E aw 158 Ver supra nota 66 n t 159 Referência à introdução deste armamento então desconhecido dos chineses na primeira Guerra do ópio 18381842 que foi uma guerra de conquista da Inglaterra contra a A ideologia alemã 557 China Com essa guerra teve início a transformação da China num país semicolonial n E aw 160 trocadilho intraduzível entre as palavras Hammel carneiro e Himmel céu n t 161 Ver supra nota 66 n t 162 Ecce iterum Crispinus e aí está Crispinus de novo assim começa a IV sátira de Juvenal cuja primeira parte fustiga Crispinus um dos cortesãos do imperador romano Domiciano n E aw 163 Girondins girondinos na Revolução Francesa partido político moderado chefiado por JacquesPierre Brissot 17541793 e que defendia um compromisso com a monarquia o nome devese ao fato de que seus principais dirigentes provinham do departamento francês da Gironda Thermidoriens termidorianos membros do partido político que com o golpe de 9 de termidor do ano II 27 de julho de 1794 derrubou Robespierre n t 164 Deux amis de la liberté Dois amigos da liberdade sob esse pseudônimo Kerverseau e Clavelin publicaram em Paris entre o fim do século XVIII e o início do XIX uma obra em vários volumes intitulada Histoire de la Révolution de 1789 n E aw 165 tratase aqui das seguintes obras Montgaillard Revue chronologique de lhistoire de France e Roland de la Platière Appel à limpartiale postérité par la citoyenne Roland n E aw 166 Montjoie Histoire de la conjuration de Maximilien Robespierre n E aw 167 Cf Benedicti de Spinoza opera quæ supersunt omnia obras reunidas de Benedito spinoza n E aw 168 trecho de um cântico da Igreja evangélica n E aw 169 Habits bleus roupas azuis os soldados dos exércitos republicanos assim chamados devido à cor de seus uniformes por extensão os republicanos em oposição aos realistas que eram chamados de blancs brancos Honnêtes gens pessoas honradas homens de bem id est os grandes proprietários Sansculottes sem culotes como eram chamados os burgueses democratas porque não usavam culotes calça larga na parte superior e justa a partir do joelho como os aristocratas mas sim pantalons calças compridas Posteriormente o termo passou a designar o setor mais revolucionário da massa n E aw 170 G Browning The domestic and financial condition of Great Britain preceded by a brief sketch of her foreign policy and of the statistics and politics of France Russia Austria and Prussia a situação interna e financeira da GrãBretanha precedido por um breve resumo de sua política externa e das estatísticas e políticas da França da Rússia da Áustria e da Prússia Londres 1834 n E aw 171 Ver Michelet Geschichte der letzten Systeme der Philosophie in Deutschland von Kant bis Hegel História dos últimos sistemas filosóficos na alemanha de Kant a Hegel n E aw 172 Cf Karl theodor Bayrhoffer Die Idee und Geschichte der Philosophie a ideia e a história da filosofia obra publicada em Marburg em 1838 n E aw 173 Stoa pórtico em grego local onde Zenão de Cítio 336264 a C fundador da escola filosófica dos estoicos ensinava em Atenas n E aw 174 Kupfergraben braço oeste do rio spree que atravessa Berlim n t 175 Citação do poema nur in Deutschland na alemanha somente de Hoffmann von Fallersleben n E aw 176 Ver Luciani samosatensis opera obra de Luciano de samósata n E aw 177 alusão a Marie wilhelmine Dähnhardt 18181902 esposa de stirner por dois anos e meio 18441846 n t 178 Rabelais Garantua et Pantagruel 8o capítulo livro III n t 179 Mateus 2430 n t Notas 558 180 Cf nota 153 181 os Livres Freien assim se autointitulava o grupo berlinense de jovens hegelianos que tinha como principais representantes Bruno Bauer Edgar Bauer Eduard Meyen Ludwig Buhl e Max stirner n t 182 Tugendbund aliança para a virtude sociedade política secreta fundada na Prússia no ano de 1808 com o objetivo de fortalecer os sentimentos patrióticos da população contra a ocupação napoleônica e pela instauração de uma ordem constitucional atendendo à vontade de napoleão o rei da Prússia dissolveu a aliança em 1809 n t 183 Revolução de Julho referese à revolução francesa de julho de 1830 que depôs o rei Bourbon Carlos X e alçou ao trono Luís Felipe de orléans conhecido como o rei bur guês seu reinado a Monarquia de Julho caracterizado por alterações de caráter liberal na constituição restauracionista de 1814 duraria até a revolução de 1848 n t 184 Cf Louis Blanc Histoire de dix ans 18301840 publicado em Berlim em tradução de Ludwig Buhl com o título Geschichte der zehn Jahre História dos dez anos em 18441845 n t 185 Referência ao ensaio de Edgar Bauer intitulado Bailly und die ersten tage der Französischen Revolution Baily e os primeiros dias da Revolução Francesa em Denkwürdigkeiten zur Geschichte der neueren Zeit seit der Revolution Fatos memorá veis da história recente desde a Revolução dos irmãos Bruno e Edgar Bauer n E aw 186 Fisiocratas membros de uma doutrina da economia política francesa do século XVIII que reunia entre outros Quesnay Mercier de la Rivière Le trosne e turgot nas palavras de Marx os fisiocratas em contraposição ao sistema mercantilista des locaram a pesquisa sobre a origem da maisvalia da esfera da circulação para a esfera da própria produção e com isso lançaram as bases para a análise da produção ca pitalista os fisiocratas consideravam a renda fundiária como a única forma da maisvalia e por isso o trabalho agrícola como o único trabalho produtivo Mas essa aparente glorificação da propriedade fundiária transformase em sua negação e conômica e na confirmação da produção capitalista uma vez que os fisiocratas defendiam que todos os impostos recaíssem sobre a renda fundiária exigiam a liberação da indústria das garras da auto ridade estatal e proclamavam a livre concorrência n E aw 187 Cercle social Círculo social organização criada em Paris em fins do século XVIII por representantes da intelectualidade democrática seu ideólogo Claude Fauchet defendia a partilha igual do solo a limitação da grande propriedade assim como a garantia de trabalho para todos os cidadãos capazes de trabalhar a crítica de Fauchet à igualdade formal de direitos proclamada pela Revolução preparou o terreno para a intervenção nesta questão de Jacques Roux um dos líderes do grupo dos enragés enfurecidos n E aw 188 seguem passagens roídas pelos ratos n E aw 189 Indiferente numa referência irônica ao dialeto berlinense Marx e Engels escrevem jleichjültig em vez de gleichgültig n t 190 Do artigo Preussen seit der Einsetzung arndts bis zur absetzung Bauers a Prússia desde a nomeação de arndt até a destituição de Bauer publicado anonimamente na revista Einundzwanzig Bogen aus der Schweiz Vinte e um cadernos da suíça nt 191 a palavra Lumpen tem o significado original de farrapo velho e sujo pano de chão mas também é usada no sentido de andrajo Figuradamente Lumpen pode significar vadio vagabundo enquanto a derivação Lump é usada com o sentido fortemente pejorativo de escória maucaráter trapaceiro Marx u ti liza Lump e Lumpen para designar o indivíduo vadio que não se ocupa de ne nhu ma atividade socialmente produtiva Portanto traduzimos Lump e Lumpen por vadios acompanhandoas sempre do original entre colchetes Lumperei foi traduzido por vadia A ideologia alemã 559 gem ao passo que o termo Lumpenproletariat foi traduzido por lumpempro letariado conceito já consagrado na literatura marxista n t 192 simonde de sismondi Nouveaux principes déconomie politique John wade History of the Middle and Working Classes n t 193 Jacquerie revolta camponesa ocorrida no norte da França entre 28 de maio e 24 de junho de 1358 durante a Guerra dos Cem anos a designação deriva de Jacques le bonhomme n t 194 Referência à revolta dos camponeses em 1381 dirigida pelo rebelde inglês walter ou wat tyler que acabou morto por ordem do prefeito de Londres walworth em presença de Ricardo II n t 195 Evil Mayday 1o de Maio terrível assim ficou conhecido o levante dos citadinos de Londres ocorrrido em 1o de maio de 1517 contra o excesso de comerciantes estrangeiros no levante tomaram parte principalmente as camadas mais baixas da população da cidade n E aw 196 Robert Ket liderou em 1549 a maior revolta camponesa do oeste da Inglaterra que reivindicava a devolução das terras coletivas roubadas pela aristocracia nessa luta morreram 3 mil camponeses e muitos outros foram presos e executados Robert Ket foi enforcado numa praça da cidade de norwich n E aw 197 Em vez de Freigeistern livrespensadores Marx e Engels escrevem Freijeistern numa referência jocosa ao dialeto berlinense n t 198 os sociais isto é os liberais sociais n t 199 neste ponto faltam quatro páginas no manuscrito incluindo a parte em que se encon trava a conclusão da Primeira construção lógica e o início da segunda construção lógica n E aw 200 wilhelm weitling Garantien der Harmonie und Freiheit Garantias da harmonia e da liberdade n t 201 Ver supra nota 169 n t 202 Miguel de Cervantes saavedra O engenhoso fidalgo Dom Quixote de la Mancha trad Viscondes de Castillo e azevedo são Paulo nova Cultural 2003 p 510 n t 203 nesta passagem Marx e Engels jogam com o duplo significado da palavra Vermögen que tal como a palavra posses em português tem tanto o sentido de capacidade como o de riqueza patrimônio traduzimos por posses patrimônio ou capacidade conforme o contexto n t 204 Isto é o volume II dA ideologia alemã Cf infra p 435 ss n t 205 Referências aos artigos sobre a questão judaica e Crítica da filosofia do direito de Hegel Introdução de Marx e Esboços de uma crítica da economia política de Engels todos publicados nos DeutschFranzösische Jahrbücher n t 206 Escrito anticomunista do jurista suíço Johann Caspar Bluntschli 18081881 intitulado Die Kommunisten in der schweiz os comunistas na suíça publicado em 1843 n t 207 Lorenz von stein Der Socialismus und Communismus des heutigen Frankreichs o socia lismo e o comunismo da França atual n t 208 Ruço apelido do jumento de sancho Pança no Dom Quixote de Cervantes n t 209 Congregatio de Propaganda Fide organização católica fundada pelo papa e que tinha como objetivo a expansão do catolicismo em todos os países e a luta contra os heréticos n E aw 210 Paráfrase de um verso de Goethe em Ifigênia em Táuris n t 211 os colchetes são de Marx n E aw 212 o mestreencadernador é como Marx e Engels nA sagrada família chamam Carl Ernst Reichardt que no seu artigo schriften über den Pauperismus Escritos sobre o pauperismo cita uma passagem do livro de august theodor woeniger intitulado Notas 560 Publicistische Abhandlungen über de Pauperismus Ensaios jornalísticos sobre o pau perismo n t 213 o título do livro de Eden é The state of the poor or an history of the labouring classes in England a situação dos pobres ou uma história das classes trabalhadoras na Inglaterra n t 214 Modo composto e bicomposto termos usados por Fourier n t 215 Jebildete em vez de gebildete alusão de Marx e Engels ao dialeto berlinense n t 216 Em shakespeare escravo amarelo yellow slave n t 217 shakespeare timão de atenas 4o ato cena 3 em w shakespeare Obra completa trad oscar Mendes Rio de Janeiro nova aguilar 1988 v I p 394 e 402 n t 218 o autor de Leçons sur lindustrie et les finances é Pereire n E aw 219 Baratária ilha imaginária que aparece no Dom Quixote de Cervantes especialmente no 45o capítulo da segunda parte n t 220 Dióscuros na mitologia grega os gêmeos Castor e Pólux filhos de Zeus transformados por este último na constelação de Gêmeos protetora dos marinheiros n t 221 Jleichjültig em vez de gleichgültig alusão de Marx e Engels ao dialeto berlinense n t 222 Esse episódio consta do 4o capítulo do Dom Quixote de Cervantes n t 223 Referência à primeira parte do Dom Quixote de Cervantes n t 224 na sua obra Des trois unités externes Das três unidades externas publicada no jornal La Phalange em 1845 v 1 Fourier descreve 36 tipos de falência dos quais o 32o tipo é assim definido a falência porca é a falência de um simples homem que em vez de agir de acordo com as regras gerais abandona à ruína sua mulher seus filhos e a si mesmo com o que ele se expõe à captura da justiça assim como ao desprezo dos amigos do comércio os quais só aceitam uma falência quando ela é anunciada e se mantém nos limites dos princípios fundamentais no jargão comercial dizse o seguinte de um falido que arruinou sua mulher e a si mesmo a isso não se chama trabalhar mas sim emporcalhar n t 225 Ver nota 142 n t 226 Dom Quixote de Cervantes primeira parte n t 227 J C Pfister Geschichte der Teutschen Nach den Quellen História dos teutões em busca das fontes 5 Bände Hamburg Perthes 18291835 n t 228 Middleman tem o significado geral de intermediário corretor atravessador na Irlanda havia interarrendatários Zwischenpächter ou como eles eram designados por Engels supraarrendatários Oberpächter Estes arrendavam terra dos proprietá rios e então a repassavam em pequenas parcelas por um valor mais alto a título de subarrendamento o supraarrendatário é responsável pelo arrendamento peran te o proprietário fundiário a ele é dada a custódia da terra Engels na Irlanda entre o proprietário fundiário e aqueles que de fato trabalhavam a terra chegava a existir com frequência até uma dúzia de intermediários como esses n E a w 229 a sentença Conhecete a ti mesmo estava inscrita no pórtico do templo de apolo em Delfos cidade da Grécia antiga situada nos arredores do monte Parnaso n E aw 230 segue uma passagem bastante danificada n E aw 231 neste parágrafo há passagens bastante roídas pelos ratos n E aw 232 De acordo com a ética de Bentham são consideradas morais aquelas ações em cujos resultados a soma das alegrias Freuden são superiores à soma dos sofrimentos a exposição de longas listas de alegrias e sofrimentos e a comparação entre elas com o objetivo de definir a moralidade de uma ação é o que Marx e Engels chamam aqui de contabilidade de Bentham Uma avaliação de Bentham por Marx pode ser encontrada no volume 1 dO capital n E aw 233 Moabit e Köpenick eram dois bairros o primeiro localizado no centro o segundo no sudeste da cidade de Berlim n t A ideologia alemã 561 234 Marx se refere ao vigésimo capítulo da primeira parte do Dom Quixote de Cervantes n t 235 o Eckensteher Nante literalmente o paradonaesquina nante personagem do drama a tragédia em Berlim de K von Holtei por causa desse modelo o conhecido cômi co alemão F Beckmann criou uma farsa popular intitulada o Eckensteher Nante em questão o nome nante tornouse um termo para designar um falastrão filosófico que em toda oportunidade faz piadas no jargão berlinense n E aw 236 Referência a sir Benjamin thompson conde de Rumford 17531814 oficial político físico experimental e inventor Duas de suas invenções nascidas de sua preocupação com a marginalidade social no período em que atuou como militar em Munique foram o fogão de Rumford que aproveitava melhor a energia em comparação com os fogões ao ar livre e a sopa de Rumford um prato à base de batatas inglesas para a alimentação dos pobres em cozinhas comunitárias e que se difundiu por toda a Europa como prevenção contra a marginalidade social n t 237 Marx e Engels referemse ao trigésimo capítulo da primeira parte do Dom Quixote de Cervantes n t 238 Wechselbrief traduzse literalmente por carta de câmbio daí a ocorrência do termo carta n t 239 o Blocksberg com 1141 metros é o monte mais alto do maciço montanhoso do Harz na região central da alemanha sachsenanhalt n t 240 História que consta do vigésimo capítulo da primeira parte do Dom Quixote de Cer vantes n t 241 Procusto nas lendas gregas figura de um ladrão que colocava sobre uma cama tudo o que caía em suas mãos se a coisa era muito curta ele a alongava com um martelo se era muito comprida ele a encurtava à força Leito de Procusto é uma expressão utilizada para nomear uma estrutura ou um esquema no qual algo é forçado a se encaixar à força n E aw 242 Referência à obra o Messias do poeta alemão Friedrich Gottlieb Klopstock 1724 1803 n t 243 alusão a Marcos 942 Mateus 186 Lucas 172 n t 244 Do artigo de szeliga Eugen sue die Geheimnisse von Paris Kritik Eugène sue os mistérios de Paris publicado na Allgemeinen LiteraturZeitung caderno VII n E aw 245 Referência ao conto Biographie eines Pudels Biografia de um poodle de Gottlieb Konrad Pfeffel 17361809 n t 246 o episódio da relação de sancho com Maritornes é descrito no décimo sexto capítulo da primeira parte do Dom Quixote de Cervantes n t 247 alusão a Marcos 643 e paralelos n t 248 Fenomenologia e Lógica referemse aqui aos capítulos Fenomenologia do egoís ta em acordo consigo mesmo e apocalipse de João o teólogo ou a lógica da nova sabe doria do livro O Único e sua propriedade de stirner as referências a esses capítulos aparecerão doravante entre aspas enquanto as referências à Lógica e à Fenomenologia de Hegel serão grafadas em itálico n t 249 alusão ao poema dramático Der sohn der wildniß o filho do deserto 1843 de autoria do autor austríaco Friedrich Halm pseudônimo de Eligius Franz Joseph Barão de MünchBellinghausen 18061871 n E aw 250 alusão a 2 Reis 211 n t 251 Cf especialmente o quadragésimo quinto capítulo da segunda parte do Dom Quixote de Cervantes n t 252 Expressão utilizada na química para designar o resíduo não mais utilizável do processo de destilação n t Notas 562 253 Spanso Bocho uma das mais cruéis punições corporais introduzida no suriname pelos colonizadores na p 393 de sua obra Traité de législation Charles Comte descreve essa tortura da seguinte forma amarramse as mãos do condenado e forçamno a encolher as pernas e colocar os joelhos entre os braços Então ele é colocado de lado e tal como uma galinha assada é fortemente amarrado a uma estaca cravada no chão Desse modo ele não pode mais se mexer como se estivesse morto Um negro armado com um galho de tamarindo o espanca até que a pele se solte ele o vira então do outro lado e o espanca novamente fazendo que o sangue encharque o solo do local da execução ao final do castigo para que a carne do infeliz não gangrene seu corpo é lavado com suco de limão no qual foi dissolvida certa quantidade de pólvora Depois desse procedimento mandase o condenado de volta à sua cabana para que ele se cure caso isso ainda seja possível n E aw 254 Referência à revolta dos escravos no Haiti que começou em 1791 e durou até 1793 os revoltosos sob a liderança de toussaintLouverture lutavam contra os proprietá rios das plantações e os colonizadores por liberdade terra e independência a sua luta forçou o fim da escravidão no Haiti n E aw 255 Escola Histórica do Direito corrente de pensamento jurídico de inspiração român tica surgida na alemanha no fim do século XVIII seu principal representante é Friedrich Karl von savigny Marx fez uma crítica a ela no seu artigo o manifesto filosófico da Escola Histórica do Direito na Rheinische Zeitung e na Crítica à filosofia do direito de Hegel Introdução publicado nos DeutschFranzösische Jahrbücher n t o segundo artigo foi publicado pela Boitempo em Crítica à filosofia do direito de Hegel em 2005 n E 256 Para entender essa passagem é preciso saber que a palavra Recht significa tanto direito como razão dependendo do contexto em que é usada nessa citação stirner passa tacitamente de um significado para o outro enquanto Marx a lê de maneira coerente no sentido de ter razão dar razão etc n t 257 a exclamação neste ponto se deve a um erro de concordância na frase em alemão Das Recht é neutro mas stirner utilizou o pronome er ele em vez de es como seria o correto n t 258 Jogo de sentido com o termo entspringen que significa provir brotar originarse mas pode ser lido literalmente como saltar fora de escapar escapulir n t 259 Do poema tragische Geschichte História trágica de Chamisso n E aw 260 Dez tábuas variante primitiva da lei das doze tábuas lex duodecim Tabularum um dos mais antigos monumentos legais do Estado romano escravocrata a lei foi adotada como resultado da luta dos plebeus contra os patrícios no período da República em mea dos do século V a C e serviu como ponto de partida para o ulterior desenvolvimento do direito privado romano n E aw 261 o autor joga com o termo Gewalt que significa tanto poder como violência n t 262 Referência ao escrito anticomunista do jurista suíço Johann Caspar Bluntschli 1808 1881 intitulado Die Kommunisten in der Schweiz os comunistas na suíça de 1843 apelidado de BluntschliBericht n t 263 Die Volksphilosophie unserer Tage a filosofia popular de nossos dias de Heinrich august Becker n t 264 Café berlinense onde nos anos 1840 costumavam se encontrar os cidadãos mais radicais sobretudo os escritores n E aw 265 Referência a François noël Babeuf 17601797 conhecido pelo nome de Gracchus Babeuf jornalista que na Revolução Francesa acabou executado por tomar parte na Conspiração dos Iguais n t 266 tiago 91 n t 267 segundo o Fausto Ia parte 2a cena em que Goethe escreve Lei e direito se perpe tuam como uma doença eterna n E aw A ideologia alemã 563 268 Mais antigo jornal berlinense representava os interesses da burguesia liberal n t 269 tiago 12 n t 270 Do poema BergIdylle Idílio da montanha de Heine n E aw 271 Referência a adolf Rutenberg professor de geografia e amigo pessoal de Marx em Berlim integrante do Doctorclub Clube dos doutores n t 272 Referência às Denkwürdigkeiten zur Geschichte der neuern Zeit Fatos memoráveis para a história de nosso tempo publicadas em doze cadernos de 1843 e 1844 pelos irmãos Bruno Bauer 18091882 e Edgar Bauer 18201886 a seguir se faz alusão também à obra de Edgar Bauer Die liberalen Bestrebungen in Deutschland os esforços liberais na alemanha n t 273 Einundzwanzig Bogen aus der Schweiz Vinte e uma folhas da suíça revista Zurique e wintertuhr em que escreviam principalmente os jovens hegelianos n t 274 neste trecho fazse referência às seguintes obras Geschichte des achtzehnten Jahrhunderts und des neunzehnten bis zum Sturz des französischen Kaiserreichs História dos séculos XVIII e XIX até a queda do Império Francês em seis volumes de Friedrich Christoph schlosser Dies Buch gehört dem König Este livro pertence ao Rei de Bettina von arnim Die europäische Triarchie a triarquia europeia de Moses Heß Der Kölner Dom als freie deutsche Kirche a catedral de Colônia como Igreja livre alemã de Moriz Carrière Discours dans la chambre des pairs le 25 april 1844 Discurso na Câmara dos Pares em 25 de abril de 1844 de François Guizot Ueber die Theilnahme am Staate sobre a participação no Estado de Karl nauwerck e Emilia Galotti peça dramática em cinco atos de Gotthold Ephraim Lessing n E aw 275 alusão a Romanos 623 n t 276 Referência ao episódio narrado no trigésimo quinto capítulo da segunda parte do Dom Quixote de Cervantes n t 277 Leges barbarorum leis bárbaras surgiram no intervalo entre os séculos V e IX e consistiam essencialmente numa transcrição do direito do costume das diferentes tribos germânicas francos frísios etc Consuetudines feudorum uma das compilações do direito feudal medieval surgida em Bolonha nas primeiras décadas do século XII Jus talionis o direito pelo qual se vinga o delito infligindo ao delinquente o mesmo dano ou mal que ele praticou olho por olho dente por dente A Gewere dos antigos germanos o domínio legítimo de um homem livre sobre uma parcela do solo o que fazia do proprietário o soberano sobre todas as coisas e homens que se encontravam dentro dos limites de sua terra Compensatio o ajuizamento mútuo de duas demandas contrárias uma à outra Satisfactio gratificação ou multa por uma violação n E aw 278 Referência à obra Histoire des français des divers états ou histoire de France aux cinq derniers siècles Paris 1847 10 v de amansalexis Monteil n t 279 Isto é o vigésimo segundo capítulo da primeira parte do Dom Quixote de Cervantes n t 280 Referência à santa Hermandad aliança de cidades espanholas fundada no fim do século XV com a colaboração de autoridades reais a aliança tinha por objetivo aproveitarse da luta da burguesia contra os grandes senhores feudais para fortalecer o absolutismo a partir de meados do século XVI as forças armadas da santa Hermandad passaram a desempenhar funções de polícia Em sentido irônico figurado a polícia foi mais tarde designada com o nome de santa Hermandad n E aw 281 Spandau o atual bairro da grande Berlim era outrora uma cidade autônoma os detentos aprisionados numa cidadela à margem direita do Elba foram mandados a spandau para a construção de uma fortaleza n E aw 282 neste ponto faltam doze páginas do manuscrito n E aw Notas 564 283 Citação extraída do livro Appel à la France contre la division des opinions apelo à França contra a divisão das opiniões n t 284 o editor de Appel à la France contre la division des oppinions é JacquesHonoré Lelarge barão de Lourdoueix n E aw 285 Leis de setembro leis promulgadas pelo governo francês em setembro de 1835 em resposta ao atentado de 28 de julho contra o rei Luís Felipe Elas limitavam a atividade do tribunal do Júri e instituíam duras medidas contra a imprensa Para a imprensa elas elevavam o valor das cauções para o surgimento de novos periódicos e previam penas de prisão e altas multas para publicações que se manifestassem contra a propriedade privada e a ordem estatal vigente n E aw 286 Referência a Ernst Moritz arndt Erinnerungen aus dem äußeren Leben Recordações da vida exterior 1840 n t 287 Magna Charta Magna Charta Libertatum documento que foi imposto ao rei João sem terra pelos grandes senhores feudais os barões revoltosos apoiados pelos cavaleiros e pelas cidades a carta assinada em 15 de junho de 1215 limitava o poder do rei em proveito dos grandes senhores feudais e continha certas concessões à cavalaria e às cidades n E aw 288 Referência a Karl von Rottecks allgemeine Geschichte vom Anfang der historischen Kenntnis bis auf unsere Zeiten a história geral de Karl von Rotteck do início do co nhecimento histórico até nossos dias do historiador e político liberal alemão Karl von Rotteck n t 289 Habacuque profeta bíblico o livro do profeta Habacuque apresenta uma mistura das mais diversas visões e é a expressão da total impotência e incapacidade para a apreensão da realidade n E aw 290 Referência jocosa ao fato de que stirner no verão de 1845 tentou assegurar sua existência abrindo uma leiteria já que sua atividade literária se provara fracassada do ponto de vista financeiro Como não havia compradores para o leite mas apenas fornecedores os estoques acabaram por azedar nos armazéns e foram jogados fora n E aw 291 Referência a An Essay on the Principle of Population de thomas Robert Malthus n t 292 Referência a De la charité de Charles Marie Duchâtel n t 293 Referência a Three Lectures on the Rate of Wages de nassau william senior n t 294 a santa aliança foi uma união das forças contrarrevolucionárias contrárias a todo movimento progressista na Europa Foi fundada em 26 de setembro de 1815 em Paris por iniciativa de Alexandre I por Rússia Áustria e Prússia A esses Estados se uniu a maioria dos Estados europeus a Inglaterra não ingressou formalmente na aliança seu documento fundamental o ato da santa aliança foi escrito num tom religioso e místico os Estados que faziam parte da santa aliança estavam obrigados a prestar apoio mútuo para a repressão de todos os movimentos populares revolucionários onde quer que eles surgissem a santa aliança durou até o início dos anos 1830 n E aw 295 Pandectas designação grega em latim Digesta da parte mais importante do direito romano Consistiam numa reunião de excertos das obras de juristas romanos e reprodu ziam os interesses dos senhores de escravos Foram publicadas nos tempos do imperador bizantino Justiniano n E aw 296 alusão a um conto coletado pelos irmãos Grimm chamado Cavaleiro do cisne n t 297 Referência a A Descriptive and Statistical Account of the British Empire exhibiting its extent physical capacities population industry and civil and religious institutions de John Ramsay McCulloch n E aw 298 neste ponto faltam quatro páginas do manuscrito n E aw 299 Personagem do Dom Quixote de Cervantes n E aw A ideologia alemã 565 300 alusão a Preußische seehandlungsgesellschaft Companhia de Comércio Marítimo da Prússia que foi fundada como companhia comercial e bancária em 1772 e recebeu uma série de privilégios do Estado tornandose seu credor e agente comercial me diante altos empréstimos ao governo n E aw 301 o termo real aqui e nas próximas linhas traduz sachlich literalmente relativo a coisas Sache em oposição a persönlich traduzido por pessoal n t 302 alusão a Marcos 13 n t 303 Parte do lema do Révolutions de Paris semanário revolucionário democrático publica do em Paris de julho de 1789 a fevereiro de 1794 o lema inteiro era o seguinte Les grands ne nous paraissent grands que parce que nous sommes à genoux levonsnous os grandes só nos parecem grandes porque estamos de joelhos levantemonos n E aw 304 Falanstérios designação dada às colônias socialistas de acordo com os ideais utópicos de Charles Fourier n t 305 alusão a Bruno Bauer n t 306 Imitação irônica da sinonímia de stirner Emporkömmling aquele que está subindo na vida Emporgekommener o que subiu Empörer o revoltado n t 307 Der hinkende Botte o mensageiro coxo almanaque popular surgido em 1950 como suplemento do jornal Neuen Zeitungen Este devido ao ritmo apressado da redação trazia frequentemente notícias falsas os Hinkenden Boten ao contrário reuniam as notícias mais importantes do ano e as apresentavam preocupandose mais com a veracidade do que com a atualidade dos fatos sua lentidão era muitas vezes alvo de chacota Caricaturas mostravam um aleijado montado sobre um velho rocim en quanto por ele passava o carteiro a toda a velocidade montado num cavalo veloz n E aw 308 Irmão straubinger personagem literária do século XIX representação do tipo de jovem artesão que ia alegremente de uma cidade a outra para demonstrar suas habilidades Foi o tema de uma opereta homônima composta por Edmund Eysler e encenada em Viena em 1903 n t 309 o Réquiem que Mozart começou foi concluído por Franz Xaver süßmayer n E aw 310 Referência aos projetos de socialistas como Charles Fourier que propugnavam uma organização do trabalho como forma de se contrapor à anarquia da produção no capitalismo n t 311 Horace Vernet 17891863 pintor francês bastante produtivo especialista em cenas de batalhas n E aw 312 Vaudeville forma de canção popular satírica dos séculos XV a XVIII inspirada em acontecimentos do cotidiano e baseada numa melodia conhecida também designa no teatro um tipo de comédia muito movimentada caracterizada pelos quiproquós e por situações confusas e imprevistas n t 313 Cf A sagrada família são Paulo Boitempo 2003 p 190 n t 314 Da canção de bodas da ópera Der Freischütz de Carl Maria von weber com libreto escrito por Franz Kind n E aw 315 willenhall pequena cidade centro da indústria do ferro situada no condado de staffordshire Inglaterra n E aw 316 alusão ao fato de stirner ter dedicado O Único e sua propriedade à sua mulher Marie Dähnhardt a frase de Marx o fantasmatítulo do seu livro é derivada da expressão o fantasmatítulo do livro dela usada por Stirner para aludir também de forma irônica à obra Dies Buch gehört dem König Este livro pertence ao Rei de Bettina von arnim Já o termo fantasmatítulo Titelgespenst por sua vez é uma modificação jocosa do termo personagemtítulo Titelgestalt n t Notas 566 317 Godwin Enquiry Concerning Political Justice and its Influence on Morals and Happiness Investigação acerca da justiça política e sua influência na moral e na felicidade Londres 1796 n t 318 tratase de uma das mais importantes teses da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão Déclaration des droits de lhomme e du citoyen do ano de 1793 escrita por Robespierre e aprovada pela Convenção no período da ditadura jacobina Um dos artigos da Declaração dizia se o governo fere os direitos do povo a sublevação é o direito mais sagrado e o dever necessário e indispensável do povo inteiro e de cada uma de suas partes singulares n E aw 319 Cf David Ricardo On the Principles of Political Economy and Taxation sobre os prin cípios da economia política e da taxação n E aw 320 Cf Heine Sonetos a A W von Schlegel no Livro das Canções n E aw 321 Nessa frase Stirner faz um uso combinado e ambíguo como Marx denuncia no pa rágrafo seguinte do verbo vermögen ser capaz de estar apto a poder realizar algo e do substantivo Vermögen que significa tanto capacidade faculdade poder quanto bens riqueza n t 322 Em stirner honesta n E aw 323 Fundada em 1834 e liderada pela Prússia a União aduaneira estabeleceu a liberdade alfandegária para os 39 estados alemães favorecendo a expansão do comércio e da indústria É considerada o primeiro passo para a Unificação alemã que se daria em 1871 n t 324 a partir deste ponto o termo Nützlichkeitstheorie passa a ser traduzido como utilitaris mo em vez de teoria da utilidade n t 325 Pôr o preto no branco isto é passar por escrito uma declaração verbal a frase de stirner alude ao fato de que a expressão alemã Schwarz auf Weiss se tornou conhecida a partir da seguinte citação do Fausto de Goethe Pois aquilo que se possui preto no branco podese levar para casa descansadamente Fausto I versos 19667 n t 326 Humanus personagem dos Die Geheimnisse os segredos poema inacabado de Goethe n t 327 Charles Fourier Theórie de lUnité universelle teoria da unidade universal 1822 n t 328 a escola cirenaica foi fundada na cidade de Cirene em 400 a C pelo filósofo grego aristipo De acordo com sua doutrina filosófica o prazer sensível e espiritual hedonismo constitui o bem supremo que porém teria de ser governado pela liberdade interior n E aw 329 Bärenführer literalmente condutor de ursos assim se chamava um tipo de músico ambulante que apresentandose acompanhado de um urso o fazia dançar o que na verdade não passava de um truque que consistia em provocar dores terríveis no animal puxandoo fortemente pelo focinho por meio de uma corrente presa a um anel nasal n t 330 Jogo de palavras com os vocábulos Stein pedra e Anstoß impulso golpe pan cada Marx escreve Stein des Anstoßes expressão que pode ser traduzida por pedra no caminho mas que tem o sentido literal de pedra contra a qual se choca na qual se tropeça n t 331 alusão a J w von Goethe que viveu por muitos anos na corte do duque de saxeweimar n t 332 Referência à avena ou flauta pastoril que aparece nos primeiros versos das Éclogas também chamadas de Bucólicas de Virgílio os versos são os seguintes tityre tu pa tulæ recubans sub tegmine fagi siluestrem tenui musam meditaris auena Ó titiro tu que estás deitado sob uma frondosa faia compões um poema silvestre na tênue flauta pastoril n t A ideologia alemã 567 333 tampa e tapada traduzem aqui o jogo de palavras com Nagel unha e vernagelt encravada a palavra vernagelt também é utilizada em alemão com o sentido figu rado de obtuso limitado n t 334 o capítulo XVII da primeira parte do Dom Quixote de Cervantes n t 335 Êxodo 81618 n t 336 Dialeto aramaico os arameus eram povos semíticos que no século II a C se fixaram no norte da síria seu dialeto era falado na Palestina na época em que viveu Jesus Cristo a partir do século VII d C ele foi suprimido pelo árabe n E aw 337 a palavra alemã Brühe sopa caldo ralo também é usada para significar palavras desnecessárias ou fora de propósito em sentido muito próximo à nossa expressão familiar encher linguiça n t 338 a expressão alemã caçar galinholas Jagd auf Schnepfen pode significar também procurar prostitutas n t 339 trechos de Os lusíadas de Luís de Camões 1 17 citados por Marx e Engels em por tuguês n t 340 tudo tal como é entre nós Modificação da frase Cest tout comme ici É tudo como aqui da peça Arlequim imperador na Lua de nolant de Fatouville n t 341 Kyrie eleison expressão grega que significa Ó senhor tenha misericórdia de mim Usada como começo de uma antiga oração cristã n t 342 neste ponto há uma referência irônica das oder der Einzige intraduzível em por tuguês ao provável equívoco de gêneros cometido por stirner que na citação acima antepôs à palavra Einzige Único o artigo neutro das no lugar do artigo masculino der n t 343 Marx escreve Alles beim Alten tudo como antigamente num trocadilho irônico igualmente intraduzível com a expressão Alles in Allem por completo usada acima por stirner n t 344 J w von Goethe Fausto 1a parte cena 3 verso 420 n t 345 Real neste caso traduz sachlich que literalmente significa relativo a coisas Sache n t 346 Referência à obra De bello galico escrita por Júlio César na terceira pessoa e a respeito de si mesmo n t 347 Jebildeten em vez de gebildeten alusão dos autores ao dialeto berlinense n t 348 Ver nota 66 n t 349 Mestre Kuonrat von wurzeburc Diu guldin Smitte verso 143 n E aw 350 Pedro Calderón de la Barca La puente de Mantible ato 1 a comparação dos textos mostra que Marx e Engels inseriram o termo o sempre fiel Cristão n t 351 Referência aos livros de Lorenz von stein Der Socialismus und Communismus des heutigen Franhreichs o socialismo e o comunismo da França atual Leipzig 1842 2 ed 1847 e theodor oelckers Die Bewegung des Socialismus und Communismus o movimento do socialismo e do comunismo n t 352 os tories partido formado após a restauração dos stuart que em 1660 haviam retorna do ao trono os tories representavam a nobreza rural e eram partidários da monarquia absoluta de modo que entre os partidos ingleses era o que menos tinha a ganhar com o estabelecimento da constituição Esta correspondia antes aos interesses da burguesia cuja vitória na revolução fora assegurada pela participação decisiva das massas populares n E aw 353 alusão aos escritores da corrente Junges Deutschland Jovem Alemanha grupo de escritores e críticos liberais que surgiu na alemanha a partir de 1830 e sofreu influência de Heinrich Heine e Ludwig Börne alguns nomes do movimento são Karl Gutzkow Ludolf wienbarg e theodor Mundt o grupo foi dissolvido após 1848 n t 354 os Rheinische Jahrbücher zur gesellschaftlichen Reform anais renanos para a reforma Notas 568 social eram editados por Hermann Püttmann Foram publicados apenas dois volumes o primeiro em agosto de 1845 em Darmstadt o segundo no fim de 1846 na pequena localidade de BelleVue em Konstanz na fronteira entre a alemanha e a suíça Em seus esforços para propagandear as ideias comunistas na alemanha Marx e Engels acha ram necessário utilizar a revista para essa finalidade o primeiro volume continha o discurso de Engels nas reuniões em Elberfeld em 8 e em 15 de fevereiro de 1845 speeches in Elberfeld Discursos de Elberfeld e o segundo volume continha o artigo the Festival of nations in London a festa das nações em Londres também de Engels a orientação geral dos anais era dominada pelos diferentes representantes do socialismo verdadeiro n E aw 355 tratase de um artigo de Hermann semmig n E aw 356 Referência ao artigo de Moses Heß publicado no Deutsches Bürgerbuch für 1845 o livro de ouro alemão de 1845 editado por H Püttmann em dezembro de 1844 com o título Ueber die Noth in unserer Gesellschaft und deren Abhülfe sobre a pobreza em nossa sociedade e o remédio contra ela n t 357 Citação modificada de Heine Lyrisches Intermezzo Intermezzo lírico 50o poema n E aw 358 Leveller niveladores assim eram chamados durante a Revolução Inglesa um grupo político formado por trabalhadores da manufatura e por camponeses e que exerceu gran de influência entre os soldados do exército de Cromwell Eles representavam o ponto de vista de que os homens são livres e iguais uns aos outros por nascimento Exigiam sufrá gio universal abolição da realeza e devolução das terras usurpadas aos camponeses n E aw 359 Cabet Voyage en Icarie roman philosophique et social 2 ed Paris 1842 a primeira edição do livro de Cabet foi publicada em 1840 em dois volumes com o título de Voyage et aventurres de Lord William Carisdall en Icarie n E aw 360 Ver Chastellux De la Félicité publique n E aw 361 Système de la nature referência à obra do materialista francoalemão Paul Henri Dietrich dHolbach que por medo de represálias assinou essa obra com o nome do secretário da academia Francesa morto em 1760 JB de Mirabaud n E aw 362 Démocratie Pacifique jornal de Victor Considérant fundado em agosto de 1843 n t 363 Cabet Ma ligne droite ou le vrai chemin du salut pour le peuple ou propagande communiste ou questions à discuter ou à écarter Minha linha reta ou o verdadeiro caminho para a salvação do povo ou propaganda comunista ou questões a discutir ou a afastar Paris 1841 n t 364 Schibboleth ou shibboleth termo de origem bíblica cf Juízes 12115 que designa uma forma de senha linguística um modo de falar ou de pronunciar ou o uso de uma expressão particular que serve para identificar alguém como membro de um determinado grupo Uma pessoa cujo modo de falar viola um schibboleth é identi ficada como não pertencente ao grupo e por conseguinte é dele excluída n t 365 Do poema Verkehrte welt Mundo invertido estrofe Zeitgedichte Poema do tempo de Heinrich Heine n E aw 366 Humaniora conjunto das disciplinas que abarcavam o estudo da antiga cultura clás sica os humanistas do Renascimento e seus alunos consideravam essas disciplinas como o fundamento da formação e da educação humanísticas n E aw 367 Heinrich Heine Deutschland ein Wintermärchen alemanha um conto de fadas de inverno caput VII n E aw 368 artigo de autoria de Rudoph Matthäi n E aw 369 Neue Anedokta coletânea de artigos de autoria de Moses Heß Karl Grün otto Lüning e outros representantes do socialismo verdadeiro publicada em Darmstadt em 1845 n t A ideologia alemã 569 370 Referência a Evariste Parny La guerre des dieux a guerra dos deuses 1o canto n E aw 371 Radamanto em grego Radamanthys um dos juízes dos mortos na mitologia grega caracterizado por seu comportamento irrepreensível n t 372 salão de leitura no Palais Royal em Paris n E aw 373 Citação modificada da ópera A flauta mágica de Mozart n E aw 374 Ver Moses Heß Socialismus und Communismus n E aw 375 Eugène Lerminier Philosophie du droit 1831 n t 376 Hôtel de Ville câmara municipal aqui a câmara parisiense Palais Bourbon o prédio localizado no Quai dorsay que abriga a câmara dos deputados francesa o Palais foi propriedade dos Bourbon até a Revolução quando em 1790 foi declarado propriedade nacional na época da Restauração a câmara dos deputados começou a se reunir ali n E aw 377 Citação de Friedrich schiller Die Räuber os salteadores ato X cena 2 n t 378 no original Papa Cabet tradução alemã para o francês Père Cabet como era chamado o autor de Voyage en Icarie no sentido em que é aqui empregado o termo père pode ser traduzido para o português como pai paizinho papai papá e até mesmo por tio n t 379 Louis Reybaud Études sur les réformateurs ou socialistes modernes Estudos sobre os reformadores ou socialistas modernos n E aw 380 Louis Blanc Histoire de dix ans História de dez anos n t 381 Ver o artigo À un Catholique sur la vie et le caractère de saintsimon a um católico sobre a vida e o caráter de saintsimon no referido número do Organisateur LOrganisateur jornal da escola sansimoniana publicado em Paris no período de 1829 1831 n E aw 382 Lettres dun habitant de Genève à ses contemporains Cartas de um morador de Genebra a seus contemporâneos escrito por saintsimon em 1802 e publicado anonimamente em Paris em 1803 n E aw 383 Esse conselho do qual saintsimon fala nas cartas em questão tinha o propósito de criar as condições necessárias para que cientistas e artistas pudessem desenvolver livremente seus talentos os fundos deveriam ser levantados mediante subscrição pública Cada subscritor deveria nomear três matemáticos três físicos três químicos três fisiologistas três escritores três pintores e três músicos a soma levantada por subscrição seria dividida entre os três matemáticos físicos etc que receberam o maior número de votos e assim se tornaram membros do Conselho de newton n E aw 384 Catéchisme politique des industriels Catecismo político dos industriais a primeira edição dessa obra de saintsimon apareceu em Paris sob o título Catéchisme des industriels em 18234 em três cadernos n E aw 385 a classe feudal ou classe da nobreza é de acordo com saintsimon a classe da antiga nobreza feudal a classe média ou intermediária formouse antes da Revolução de 1789 a partir dos conselheiros jurídicos do governo dos militares burgueses e da burguesia proprietária de terra À classe dos industriais pertencem todos aqueles que produzem e aqueles que se ocupam com a circulação desses produtos Compreende três grandes grupos os camponeses os fabricantes e os comerciantes Essa classe dos industriais é a mais importante classe social é a única que tem uma verdadeira utilidade social e por isso deve assumir o papel mais importante na sociedade e também conduzir os assuntos do Estado sobre isso cf saintsimon Catéchisme politique des industriels n E aw 386 Referência ao salmo 11722 cf Mateus 2142 1 Pedro 27 n E aw 387 Cartas e estudos subtítulo do livro de Grün n t Notas 570 388 Le Producteur primeiro órgão de imprensa da escola sansimoniana a revista foi editada em 18251826 em Paris n E aw 389 Le Globe jornal publicado em Paris nos anos 18241832 a partir de 18 de janeiro de 1831 tornouse o órgão da escola sansimoniana n E aw 390 tratase das seguintes frases todas as instituições sociais devem ter como objeti vo melhorar a condição moral intelectual e física da classe mais numerosa e mais pobre Todos os privilégios herdados estão abolidos sem exceção A cada um de acordo com sua capacidade a cada capacidade de acordo com suas obras n E aw 391 Isto é o período entre 1825 e 1831 n t 392 Ver o artigo de Karl Rosenkranz Ludwick tieck und die romantische schule Ludwig tieck e a escola romântica nos Hallische Jahrbücher anais Hallesianos 1838 no 155158 e 160163 n E aw 393 tratase do escrito Économie politique et Politique Economia política e Política de B P Enfantin publicado em Paris como livro mas editado anteriormente como uma série de artigos no jornal Le Globe no ano de 1831 n E aw 394 Ménilmontant local no subúrbio de Paris atualmente o 20o arrondissement onde Enfantin o grande pai dos sansimonianos juntamente com quarenta dos seus seguidores tentou constituir uma comuna de trabalhadores em 1832 n t 395 Le Livre nouveau o livro novo que de acordo com seus autores deveria servir como a nova Bíblia da religião sansimoniana foi redigido em julho de 1832 pelos líderes da escola tendo à frente Enfantin e além dele Barrot Fournel Chevalier Duveyrier e Lambert Extratos do Livre nouveau e outras informações sobre ele se encontram em Reybaud Études sur les réformateurs ou socialistes modernes n E aw 396 o livro Théorie des quatre mouvements et des destinées générales teoria dos quatro movimentos e dos destinos gerais de Fourier foi publicado anonimamente em 1808 em Lyon a fim de despistar a polícia francesa no livro constava Leipzig como local de publicação n E aw 397 august Ludwig Churoa Kritische Darstellung der Socialtheorie Fouriers Exposição crítica da teoria social de Fourier n E aw 398 Referência a Hegel Vorlesungen über die Naturphilosophie Lições sobre a filosofia da natureza Introdução 246 adendo n E aw 399 Em Grün deveria n t 400 Ver o epigrama os filósofos nas obras de schiller n E aw 401 Cabet escreve Puffendorff em vez de Pufendorff n t 402 Vorwärts avante jornal alemão publicado de janeiro a dezembro de 1844 em Paris com duas edições semanais Marx e Engels colaboraram no jornal sob influência de Marx que a partir do verão de 1844 iniciou sua colaboração o Vorwärts passou a assumir uma orientação comunista o periódico criticava duramente a situação reacionária na Prússia Por exigência do governo prussiano o ministério de Guizot expediu em janeiro de 1845 a ordem de expulsão da França de Marx e outros colaboradores nos números 72 e 73 apareceu o artigo Excertos do Code de la Nature de Morelly e no número 87 o artigo Frederico Guilherme IV e Morelly n E aw 403 Ver o artigo de Karl Grün Feuerbach und die socialisten Feuerbach e os socialistas em Deutsches Bürgerbuch für 1845 bem como Politik und socialismus Política e socialismo nos Rheinische Jahrbücher 1845 p 98144 n E aw 404 Die Neue Welt oder das Reich des Geistes auf Erden Verkündigung o mundo novo ou o reino do Espírito na terra Genebra 1845 nesta obra estão publicadas as preleções proferidas por Georg Kuhlmann nas comunidades weitlingianas da suíça Ver análise deste livro no artigo de Engels Zur Geschichte des Urchristentums sobre a história do cristianismo primitivo 1894 A ideologia alemã 571 o manuscrito desse quinto capítulo do segundo volume dA ideologia alemã foi escrito pela mão de weydemeyer e traz ao final a anotação M Heß É provável que esse capítulo tenha sido primeiramente esboçado por Heß reescrito por weydemeyer e finalmente redigido por Marx e Engels n E aw 405 santo Georg ou são Jorge n t 406 Les attractions sont proportionelles aux Destinées citação da obra Théorie des quatre mouvements et des destinées générales n t 407 o primeiro e único volume dos DeutschFranzösische Jahrbücher foi publicado sob a redação de Karl Marx e arnold Ruge em Paris em fevereiro de 1844 nele consta vam dois artigos de Marx Zur Judenfrage sobre a questão judaica e Zur Kritik der Hegelschen Rechtsphilosophie Einleitung sobre a crítica da filosofia do direito de Hegel Introdução e dois artigos de Engels Umrisse zu einer Kritik der nationalökonomie Esboços para uma crítica da economia política Die Lage Englands Past and Present by thomas Carlyle London 1843 a situação da Inglaterra n t 408 Karl Marx Zur Judenfrage DeutschFranzösische Jahrbücher Paris 1844 p 182214 MEGa2 I2 p 14169 n E aJ 409 Ver nota 5 n t 410 theodor opitz t o da alta silésia em Triersche Zeitung n 87 28 de março de 1846 p 2 n E aJ 411 Referência ao artigo de Gustaf Julius Bruno Bauer oder die Entwicklung des theolo gischen Humanismus unsrer tage Eine Kritik und Charakteristik Bruno Bauer ou o desenvolvimento do humanismo teológico de nossos dias Uma crítica e caracterização Wigands Vierteljahrsschrift 1845 v 3 p 81 n t 412 theodor opitz t o da alta silésia op cit p 2 n E aJ 413 Bruno Bauer Geschichte Deutschlands cit p 89 n E aJ 414 theodor opitz t o da alta silésia op cit p 2 n E aJ 415 Desde 1369 os representantes do clero da nobreza e do terceiro estamento eram eventualmente convocados pelo rei da França para compor a chamada assembleia dos notáveis n t 416 Referência à Triersche Zeitung n E aJ 417 Referência a Karl Grün n E aJ 418 Marseillaise Carmagnole Ça ira canções revolucionárias da época da grande Revolução Francesa Esta última tinha o seguinte refrão ah um dia os aristocratas serão pendurados nos postes de luz n t 419 as Teses ad Feuerbach foram escritas por Marx em meados de 1845 em Bruxelas e encontramse no seu livro de anotações de 18441847 com o título de 1 ad Feuerbach Foram publicadas pela primeira vez em 1888 por Engels como apêndice de seu livro Ludwig Feuerbach e o fim da filosofia clássica alemã e com o título de Marx sobre Feuerbach Engels fez algumas modificações no texto de Marx razão pela qual apresen tamos aqui o manuscrito original de Marx seguido da versão alterada por Engels n t 420 Essas notas de Marx encontramse na página 16 do mesmo caderno de anotações em que se encontram as Teses ad Feuerbach n E aw 421 Essas notas encontramse nas páginas 23 e 22 do caderno de anotações de Marx n E aw 422 Essas notas encontramse na página 51 do caderno de anotações de Marx antes das Teses ad Feuerbach n E aw 110 Hunting Lessons from the Alaskan Wilderness Be observant Look for fresh animal tracks and signs 2 Dress Appropriately Dress for changing weather conditions Layer clothing for warmth and comfort 3 Use Proper Equipment Make sure all your gear is in good working condition 4 Know Your Target Identify your target and whats beyond it before shooting 5 Practice Ethical Hunting Follow all laws and regulations Respect wildlife and habitat 6 Be Patient Hunting requires patience and quiet observation 7 Stay Safe Always let someone know where youll be hunting Carry a first aid kit and survival gear 8 Know When to Stop If conditions get unsafe or visibility is poor stop hunting 9 Handle Game Properly Learn how to field dress and store game to maintain meat quality 10 Respect Nature Leave the environment as you found it Take all trash with you and minimize impact 573 Índice onomástico Abd elKAder Sidi el Hadschi Uld Mahiddin 18081883 líder da luta pela libertação da Argélia nos anos 18321847 p 165 AbigAil personagem do Antigo Testamento p 161 AbrAão personagem do Antigo Testamento p 198 Adão personagem do Antigo Testamento p 110 528 AiKin John 17471822 médico inglês historiador e jornalista p 59 550 AleXAndre i 17771825 czar russo entre 1801 e 1825 p 564 AleXAndre o Grande 356323 a c rei da Macedônia a partir de 336 a c p 55 341 412 551 AleXis Willibald pseudônimo de Georg Wilhelm Häringi 17981871 autor de romances históricos dentre eles Cabanis p 325 Al Hussein Abu Ali Ben Abdallah Ibn Sina Avicena 9801037 sábio da Idade Média filósofo médico e poeta p 165 AmAdis de gAulA herói de um romance medieval de cavalaria p 331 Amon personagem do Antigo Testamento p 109 AnAXimAndro c 610547 a c filósofo présocrático discípulo de Tales de Mileto p 556 AnAXÍmenes c 588524 a c filósofo da escola jônica p 556 AnÍbAl c 247183 a c general e estadista cartaginês p 165 AntÍgonA personagem das sagas gregas filha de Édipo heroína de uma tragédia homônima de Sófocles p 140 ArAgo DominiqueFrançois 17861853 astrônomo francês físico e matemático político p 154 381 Argenson MarcRené de Voyer marquês de 17711842 político francês participante da Revolução Francesa e do movimento republicano na França nos tempos da Restauração e da Monarquia de Julho aliado de Babeuf p 489 AristiPo c 435360 a c filósofo grego fundador da escola cirenaica p 566 Aristóteles 384322 a c filósofo grego primeiro sistematizador das ciências autor de Organon Metafísica Ética a Nicômaco e Política entre muitas outras obras fundamentais p 141 142 144 145 146 444 492 556 Arndt Ernst Moritz 17691860 escritor historiador e filólogo participou ativamente da luta de libertação do povo alemão contra o domínio de Napoleão membro da Assembleia Nacional de Frankfurt defensor da monarquia constitucional p 340 558 564 Arnim Bettina von 17851859 escritora alemã da escola romântica defensora das ideias liberais dos anos 1840 p 325 563 565 Augusto Gajus Julios Cesar Octavianus Augustus 63 a c14 d c imperador romano de 27 a c a 14 d c p 31 AVENARIUS Richard Heinrich Ludwig 18431896 filósofo alemão elaborou a teoria do empi riocriticismo p 551 AVICENA ver Al Hussein Índice onomástico 574 BABEUF François Noël Gracchus 17601797 revolucionário francês comunista utópico organizador da conspiração dos iguais p 206 221 314 315 562 bAcon Francis visconde de Saint Albans e barão de Verulam Baco de Verulamo 15611626 filósofo inglês naturalista e historiador Autor de Novum Organum Nova Atlântida e Ensaios p 173 551 bAilly JeanSylvain 17361793 astrônomo francês político da Revolução Francesa um dos líderes da burguesia constitucional liberal p 197 558 bAlAAm Bileam personagem do Antigo Testamento p 104 BARèRE DE VIEUzAC Bertrand 17551841 jurista francês político da Revolução Francesa de putado da Convenção jacobino participante ativo do golpe de 9 de Termidor p 179 489 bArmby John Goodwyn 18201881 clérigo inglês socialista cristão p 444 bArrot Camille Hyacinthe Odilon 17911873 primeiroministro da França de 1848 a 1849 p 570 bAuer Bruno 18091882 filósofo jovemhegeliano alemão historiador da religião e jornalista p 25 26 27 29 102 107 114 115 116 117 324 343 525 526 527 531 547 549 551 552 553 554 558 563 565 571 bAuer Edgar 18201886 irmão de Bruno Bauer jornalista alemão jovemhegeliano p 324 558 563 bAyle Pierre 16471706 filósofo francês cético crítico do dogmatismo religioso p 99 BAyRHOFFER Karl Theodor 18121888 professor de filosofia inicialmente hegeliano em 1839 1840 passou a integrar o movimento católico alemão p 183 557 BAzARD SaintAmand 17911832 político francês republicano líder do sansimonismo junta mente com Enfantin de 1825 a 1831 p 467 485 487 488 489 490 beAulieu ClaudeFrançois 17541827 historiador e jornalista francês partidário da realeza p 179 becKer Heinrich August 18141871 jornalista alemão colaborador na Rheinische Zeitung e no Vorwärts Apoiador de Weitling dirigiu depois da prisão deste último o movimento dos artesãos comunistas na Suíça p 324 511 512 513 516 517 562 becKer Nikolaus 18091845 poeta alemão autor da Canção do Reno p 312 549 bentHAm Jeremy 17481832 teórico inglês da filosofia da utilidade utilitarismo p 209 238 253 395 398 399 560 berKeley George bispo de Cloyne 16851753 empirista irlandês considerado um dos maiores filósofos do início do período moderno p 551 bessel Friedrich Wilhelm 17841846 astrônomo alemão p 381 bettinA ver Arnim Bettina von BILLAUDVARENNE JeanNicolas 17561819 jurista francês político da Revolução Francesa embora fosse líder jacobino colaborou para a queda de Danton e Robespierre em 1795 foi deportado para a Guiana p 489 blAnc Louis 18111882 socialista francês jornalista e historiador em 1842 foi membro do governo provisório francês p 196 324 472 474 489 558 569 blum Robert 18071848 político alemão chefiou a ala esquerda da Assembleia Nacional de Frankfurt p 551 bluntscHli Johann Caspar 18081881 jurista suíço e político reacionário p 206 212 221 312 324 559 562 bodin Bodinus Jean 15301596 um dos primeiros teóricos do Estado moderno defensor do absolutismo monárquico autor de Six livres de la république Seis livros sobre a república p 311 boisguillebert Pierre le Pesant senhor de 16461714 economista francês seguidor dos fisiocratas fundador da economia política clássica na França p 196 bonAld LouisGabrielAmbroise visconde de 17541840 político e jornalista francês monar quista um dos ideólogos da reação aristocrática e clerical na Restauração p 335 BONIFáCIO Bonifacius são c 680c 755 organizador da Igreja da alta Idade Média missio nário do papa junto às tribos germânicas mais tarde bispo p 243 bÖrne Ludwig Löb Baruch 17861837 escritor alemão exerceu influência sobre o movimento literário Junges Deutschland Jovem Alemanha p 567 A ideologia alemã 575 bossuet JacquesBénigne 16271704 escritor francês teólogo e político eclesiástico ideólogo da reação católica e do absolutismo p 503 504 BOUILLÉ FrançoisClaudeAmour marquês de c 17401899 militar francês sob Luís XVI de fendeu as posses coloniais francesas na América contra os ingleses p 474 brigHt John 18111889 industrial do setor têxtil político britânico defensor do livrecam bismo e um dos fundadores da AntiCornLaw League Liga contra a lei dos cereais p 550 brissot JacquesPierre 17541793 político da Revolução Francesa no início da Revolução membro do clube jacobino mais tarde líder e teórico dos girondinos p 197 557 BROWNING G autor de The domestic and financial condition of Great Britain As condições domésticas e financeiras da GrãBretanha p 182 557 bruno São ver bAuer Bruno BUCHEz PhilippeJosephBenjamin 17961865 político e historiador francês republicano um dos ideólogos do socialismo católico discípulo de SaintSimon em 1848 presidente do governo provisório p 221 222 223 buHl Ludwig Heinrich Franz 18141882 jornalista alemão jovemhegeliano p 196 558 buonArroti Filippo Michele 17611837 revolucionário italiano participou do movimento revolucionário francês no fim do século XVIII e início do século XiX comunista utópico lutou junto com Babeuf p 489 cAbArrus François conde de 17521810 ministro das finanças na Espanha de José Bonaparte p 476 cAbet Étienne 17881856 jurista e jornalista francês comunista utópico autor do romance Voyage en Icarie Viagem a Icária p 221 222 223 444 445 472 499 500 501 502 503 504 505 506 507 508 509 510 568 569 570 cAlderón de lA bArcA Pedro 16001681 poeta e dramaturgo espanhol p 432 567 cAmões Luís Vaz de 15241580 poeta português renascentista autor dOs Lusíadas cArlos X 17571836 rei da França de 1824 a 1830 p 303 307 558 cArlyle Thomas 17951881 escritor historiador e ensaísta escocês autor entre outras obras de História da Revolução Francesa The French Revolution A History p 571 cArnot LazareNicolas 17531823 matemático político e militar francês jacobino no tempo da Revolução Francesa mais tarde tomou parte no Estado contrarrevolucionário de 9 de Ter midor em 1795 tornouse membro do Diretório sob Napoleão I ministro da Guerra banido da França pelos Bourbon em 1815 p 489 cAronte na mitologia grega barqueiro que conduzia as sombras dos mortos de uma margem a outra do rio Aqueronte p 103 552 cArrière Moriz 18171895 filósofo idealista alemão professor de estética p 325 563 cArtesius ver descArtes René cAtão Marcus Porcius Cato Cato o jovem 9546 a c filósofo e político romano republicano estoico suicidouse após a vitória de César p 489 CERVANTES SAAVEDRA Miguel de 15471616 escritor espanhol autor do Dom Quixote p 230 233 234 263 266 274 297 332 357 387 409 426 427 433 559 560 561 563 565 567 CÉSAR Júlio Gaius Julius Cesar c 10044 a c líder militar e político da República romana conquistou a Gália travou uma guerra civil contra a facção conservadora do Senado liderada por Pompeu seu assassinato por um grupo de senadores abriu caminho a uma instabilidade que culminaria com o fim da República e o início do Império p 427 567 cHAmisso Adalbert von 17811838 poeta alemão de origem francesa p 562 cHArles X ver cArlos X cHAstelluX FrançoisJean marquês de 17341788 militar e jornalista francês participou da guerra de independência norteamericana travou contato com Voltaire e os enciclopedistas p 568 CHERBULIEz AntoineElisée 17971869 economista suíço adepto de Sismondi cuja teoria ele juntou com elementos da teoria ricardiana p 71 550 CHEVALIER Michel 18061879 engenheiro economista e jornalista francês nos anos 1830 adepto de SaintSimon mais tarde defensor do livrecambismo p 293 375 483 490 570 Índice onomástico 576 cHild sir Josiah 16301699 economista inglês mercantilista banqueiro e comerciante p 196 cHouroA Churoa ver rocHAu August Ludwig von CLAVELIN G autor juntamente com Kerverseau da Histoire de la Révolution de 1789 par deux amis de la liberté História da Revolução de 1789 por dois amigos da liberdade p 557 clemente de AleXAndriA Titus Flavius Clemens Alexandrinus c 150c 215 teólogo cristão filósofo p 145 556 cobbet William c 17621835 político e jornalista inglês de origem camponesa lutou pela democratização da Inglaterra p 447 cobden Richard 18041865 fabricante em Manchester liberal defensor do livrecambismo um dos fundadores da AntiCornLaw League Liga contra a lei dos cereais p 428 550 comte FrançoisCharles 17821837 jornalista liberal francês economista p 10 298 562 CONDÉ LouisJoseph de Bourbon príncipe de 17361818 senhor feudal francês lutou com sua tropa de emigrantes contra a república francesa p 507 condorcet MarieJeanAntoineNicolas marquês de 17431794 autor iluminista apoiou os girondinos na Revolução Francesa p 506 507 constAntrebeque HenriBenjamin de 17671830 político liberal francês jornalista e escritor ocupouse com questões de direito público p 335 cooPer Thomas 17591840 estudioso e político norteamericano iluminista p 379 470 COURIER DE MÉRÉ PaulLouis 17721825 filólogo e jornalista inglês democrata atuou contra a reação aristocrática e clerical na França p 447 crisPinus c de 100 um dos cortesãos do imperador romano Domiciano p 174 220 557 cristo personagem do Novo Testamento p 108 147 157 160 161 187 248 294 368 369 411 413 567 cromPton Samuel 17531827 inventor britânico criou a máquina de fiar que ficou conhecida como mulejenny p 548 CROMWELL Oliver 15991658 político britânico líder da causa parlamentar e comandante do exército que derrotou as forças de Carlos I durante a guerra civil na Inglaterra foi lorde protetor da Inglaterra Escócia e Irlanda de 1653 a 1658 p 550 568 däHnHArdt Marie Wilhelmine 18181902 participou do círculo berlinense dos Livres foi casada com Johann Caspar Schmidt Max Stirner de 1843 a 1847 Stirner dedicou a ela Para minha querida Marie Dähnhardt seu livro Der Einzige und sein Eingenthum O único e sua propriedade aparece nA ideologia alemã como personagemtítulo do Livro e como Dulcineia del Toboso p 384 dAlAi lAmA chefe supremo do lamaísmo religião dominante do Tibete originada do budismo maaiana no século VII p 171 512 dAlton John 17661844 químico e físico inglês fundador da teoria atômica na química p 144 dAnAides as cinquenta filhas de Dânaos personagens da mitologia grega p 160 556 dAnton GeorgesJacques 17591794 advogado em Paris político da Revolução Francesa líder da ala direita dos jacobinos p 326 demócrito de AbderA c 460370 a c filósofo grego um dos fundadores do atomismo p 143 144 descArtes Cartesius René 15961650 filósofo francês matemático e pesquisador da natu reza p 174 desmoulins LucieSimpliceCamilleBenoit 17601794 advogado em Paris participou da Revolução Francesa amigo de Danton p 468 destutt de trAcy AntoineLouisClaude conde 17541836 economista francês filósofo partidário da monarquia consitucional p 223 224 226 548 DEUX AMIS DE LA LIBERTÉ Dois amigos da liberdade pseudônimo de Clavelin e Kerverseau p 179 557 DIóGENES LAÉRCIO Diogenes Laertius século iii historiador da filosofia da Grécia antiga p 143 144 dióscuros na mitologia grega os gêmeos Castor e Pólux p 560 A ideologia alemã 577 dom quiXote personagem do romance homônimo de Cervantes ver também SzELIGA p 433 DOTTORE GRAzIANO ver ruge Arnold ducHâtel CharlesMarieTanneguy conde 18031867 político francês orleanista ministro do Interior em 1839 e de 1840 a 1848 malthusiano p 348 564 dulcineiA del toboso personagem do Dom Quixote de Cervantes p 384 385 ver também däHnHArdt Marie Wilhelmine dunoyer BarthélemyCharlesPierreJoseph 17861862 economista e político francês p 428 duPin AndréMarieJacques 17831865 advogado e político francês orleanista presidente em 1849 da Assembleia Legislativa em 1857 passou a integrar os bonapartistas p 488 DUVERGIER DE HAURANNE Prosper 17981881 político liberal e jornalista francês p 165 DUVEyRIER Charles 18031866 dramaturgo francês sansimoniano p 570 ecHtermeyer Ernst theodor 18051844 um dos fundadores dos Hallische Jahrbücher für Wissenschaft und Kunst Anais de Halle para a Ciência e a Arte p 549 ecKensteHer nAnte personagem do drama Ein Trauerspiel in Berlin A tragédia de Berlim p 561 eden sir Frederic Morton 17661809 economista inglês discípulo de Adam Smith p 215 550 560 edmonds Thomas Rowe 18031809 economista inglês socialista utópico extraiu conclusões socialistas da teoria de Ricardo p 444 EDUARDO VI 15371553 rei da Inglaterra de 1547 a 1553 p 200 eicHHorn Johann Albrecht Friedrich 17791856 político prussiano ministro da Cultura de 1840 a 1848 p 355 553 emAnuel personagem de Hesperus oder 45 Hundsposttage Hesperus ou 45 dias de cão de correio de Jean Paul p 142 encKe Johann Franz 17911865 astrônomo alemão p 381 ENFANTIN BarthélemyProsper também Père Enfantin 17961964 socialista utópico francês um dos seguidores mais próximos de SaintSimon liderou juntamente com Bazard a escola sansimonista p 165 467 482 488 489 490 570 engels Friedrich 18201895 p 25 26 27 547 550 551 553 554 555 556 558 559 560 561 567 568 570 571 ePicuro c 341c 270 a c filósofo grego antigo ateísta p 143 144 145 eumênides figuras da mitologia grega que incitavam os homens à vingança mas que acabaram submetidas à justiça de Palas Atena p 555 EVA personagem do Antigo Testamento p 528 EWALD Johann Ludwig 17471822 teólogo alemão professor de moral p 126 555 FATOUVILLE Nolant de Anne Mauduit de Fatouville 1715 escritora dramática da Comédie Italienne p 567 FAUCHER Julius Jules 18201878 economista e escritor alemão jovemhegeliano defensor do livrecambismo na Alemanha p 113 553 FAUCHET Claude 17441793 bispo francês um dos ideólogos do Cercle social juntouse aos girondinos em 1793 p 197 558 FEUERBACH Ludwig Andreas 18041872 filósofo materialista alemão com sua crítica das religiões e o conceito de alienação influenciou os pensadores socialistas e exis tencialistas do século XIX p 26 29 30 31 32 41 42 46 64 78 79 80 81 83 85 86 89 93 98 99 101 102 103 104 105 106 107 108 115 116 121 134 139 141 149 162 192 229 230 231 232 248 252 275 324 354 368 427 428 430 431 443 450 469 471 473 510 529 533 534 537 538 541 547 549 551 552 555 556 570 571 FICHTE Johann Gottlieb 17621814 filósofo alemão um dos representantes do idealismo derivado do pensamento de Kant exerceu influência sobre as teorias filosóficas de Schelling Hegel e Schopenhauer p 100 107 Índice onomástico 578 FIÉVÉE Joseph 17671839 político e jornalista francês realista p 335 FOURIER FrançoisMarieCharles 17721837 socialista utópico francês p 203 251 401 444 464 467 473 491 492 493 494 495 498 499 560 565 566 570 FOURNEL MarieJérômeHenri 17991876 engenheiro francês sansimoniano discípulo de Enfantin p 570 FRANCKE August Hermann 16631727 teólogo evangélico pietista FRANCISCO I 14941547 rei da França de 1515 a 1547 p 265 324 FREDERICO GUILHERME IV 17951861 rei da Prússia de 1840 a 1861 p 328 353 553 554 570 gellert Christian Fürchtegott 17151769 escritor e poeta de fábulas alemão p 369 ginês de PAssAmonte personagem do Dom Quixote de Cervantes p 334 GODWIN William 17561836 escritor e jornalista inglês um dos fundadores do anarquismo p 389 398 566 goetHe Johann Wolfgang von 17491832 escritor cientista e filósofo alemão figura funda mental da literatura universal p 401 548 555 559 562 566 567 GREAVES James Pierrepont 17771842 pedagogo inglês envolveuse com projetos para a organização do trabalho rural p 444 GREGóRIO VII Hildebrando c 10201085 papa romano de 1073 a 1085 p 179 grimm irmãos Jacob e Wilhelm 17851863 e 17861859 linguistas e filólogos alemães mais conhecidos pelas compilações de contos folclóricos que publicaram grotius Hugo Hugo de Groot 15831645 jurista holandês precursor do contratualismo moderno e um fundadores do direito internacional p 503 grün Karl 18171887 jornalista nos anos 1840 um dos principais representantes do so cialismo verdadeiro p 119 467 468 469 470 471 472 473 474 475 476 478 479 480 481 482 483 484 485 486 487 488 489 490 491 492 493 494 495 496 497 498 499 500 501 502 503 504 505 506 507 508 509 510 568 569 570 571 GUIzOT FrançoisPierreGuillaume 17871874 historiador e político francês conduziu de 1840 a 1848 a política interna e externa da França defendia os interesses da grande burguesia financeira monarquista p 149 215 301 388 470 471 500 563 570 GUTzKOW Karl Ferdinand 18111878 escritor dramaturgo e jornalista alemão participou do movimento literário Junges Deutschland Jovem Alemanha p 567 HAbAcuque personagem do Antigo Testamento p 343 564 HAide Ernst von der pseudônimo de Karl Grün p 470 HAlm Friedrich pseudônimo de Eligius Franz Joseph barão de MünchBellinghausen 18061871 escritor austríaco da escola romântica p 292 561 HAmPden John 15951643 político inglês membro do longo parlamento líder da oposição puritana na Revolução Inglesa p 196 HArney George Julian 18171897 funcionário influente do movimento trabalhista inglês líder da ala direita dos cartistas redator do Northern Star principal órgão dos cartistas amigo de Marx e Engels p 444 Hegel Georg Wilhelm Friedrich 17701831 filósofo considerado o maior expoente do idea lismo alemão elaborou com base na dialética um sistema filosófico de análise da realidade p 26 33 50 83 100 101 102 106 107 113 114 115 133 134 137 140 141 145 148 149 150 156 157 160 166 168 170 171 172 173 175 176 177 178 182 183 186 189 190 191 192 196 204 205 229 230 236 249 259 260 268 269 274 295 296 308 313 315 317 336 341 395 396 418 444 455 462 268 470 471 473 492 509 510 524 541 548 549 550 552 555 556 557 559 561 562 570 571 Heine Heinrich 17971856 poeta alemão amigo de Marx na juventude p 393 469 491 554 563 566 567 568 HENRIQUE VIII 14911547 rei da Inglaterra de 1509 a 1547 p 56 Henrique lXXii 17971853 príncipe do estado alemão de ReußLobensteinEbersdorf p 263 A ideologia alemã 579 HELVÉTIUS ClaudeAdrien 17151771 filósofo francês representante do materialismo mecanicista ateísta um dos ideólogos da burguesia revolucionária francesa p 238 395 397 398 Heráclito de Éfeso c 540c 480 a c filósofo grego da Antiguidade um dos fundadores da dialética p 142 556 HerscHel sir John Frederick William 17921871 astrônomo inglês p 381 HERWEGH Georg Friedrich 18171875 poeta revolucionário alemão p 448 Hess Moses 18121875 jornalista alemão cofundador e colaborador da Reinische Zeitung em meados dos anos 1840 um dos principais representantes do socialismo verdadeiro posteriormente lassalleano p 231 255 256 325 327 401 402 428 448 449 450 469 472 473 474 494 547 551 555 563 568 569 571 HinricHs Hermann Friedrich Wilhelm 17941861 professor alemão de filosofia velho hegeliano p 26 114 115 325 554 Hobbes Thomas 15881679 filósofo inglês teórico do contratualismo absolutista p 311 317 395 397 398 455 503 551 Hobson Joshua 18101876 jornalista inglês cartista editor do Northern Star p 207 444 HOFFMANN VON FALLERSLEBEN August Heinrich 17981874 poeta e filólogo alemão p 185 557 HolbAcH Paul Henri Dietrich barão de 17231789 filósofo francoalemão materialista mecanicista ateísta ideólogo da burguesia revolucionária francesa p 395 396 397 398 568 Holtei Karl von 17981880 poeta ator e dramaturgo alemão p 561 HolyoAKe Georg James 18171906 jornalista e cooperativista inglês nos anos 1830 e 1840 owenista e cartista p 443 Horácio Quintus Horatius Flaccus 658 a c poeta romano autor de odes e sátiras p 143 HumAnus personagem dos Die Geheimnisse Os segredos de Goethe p 566 Hume David 17111776 filósofo historiador e economista inglês p 173 398 551 ibn sinA Avicena ver Al Hussein inocêncio iii c 11611216 papa romano de 1198 a 1216 p 179 irmão strAubinger artesão personagem literária do século XiX p 565 JAcques le bonHomme ver stirner Max JAcó personagem do Antigo Testamento p 105 JeAn PAul pseudônimo de Johann Paul Friedrich Richter 17631825 escritor satirista alemão p 142 194 556 JEOVá Javé nome do deus israelita p 109 JeremiAs personagem do Antigo Testamento p 109 553 João sem terrA João I 11661216 rei da Inglaterra de 1199 a 1216 p 564 JosiAs personagem do Antigo Testamento p 109 JOSUÉ personagem do Antigo Testamento p 186 JUNGNITz Ernst 1848 jornalista alemão jovemhegeliano p 553 Jussieu Antoine Laurent de 17481836 botânico francês p 444 JUVENAL Decimus Junius Juvenalis entre 50 e 150 escritor de sátiras romano p 557 KAnt Immanuel 17241804 filósofo alemão um dos maiores pensadores do Iluminismo concebeu o criticismo e exerceu influência nas teorias de Hegel Nietzsche e Marx entre outros p 192 193 472 557 KAts Jacob 18041886 trabalhador belga literato funcionário do movimento trabalhista permaneceu sob a influência dos socialistas utópicos p 472 KAulbAcH Wilhelm von 18051874 pintor alemão p 97 551 KERVERSEAU François Marie 17571825 autor juntamente com Clavelin da Histoire de la Révolution de 1789 par deux amis de la liberté História da Revolução de 1789 por dois amigos da liberdade p 557 Índice onomástico 580 Ket Kett Robert 14921549 liderou a revolta dos camponeses na Inglaterra em 1549 p 200 559 KloPstocK Friedrich Gottlieb 17241803 poeta alemão um dos primeiros representantes do Iluminismo na Alemanha p 276 302 561 KorAH personagem do Antigo Testamento p 104 105 552 KÖrner Karl Theodor 17911813 poeta alemão e dramaturgo da escola romântica morto na guerra de libertação contra Napoleão p 423 KrummAcHer Friedrich Wilhelm 17961868 pastor calvinista alemão líder dos pietistas de Wuppertal p 231 KuHlmAnn Georg 1812 charlatão que se autointitulava profeta e que com fraseologias religiosas pregava o socialismo verdadeiro entre os trabalhadores manuais alemães e se guidores de Weitling posteriormente mostrouse provocador a serviço do governo austríaco p 119 365 379 511 512 513 514 515 516 517 518 570 KUONRAT VON WURzEBURC Konrad von Würzburg 1287 poeta alemão da Idade Média p 567 LAFAyETTE La Fayette MarieJosephPaul marquês de 17571834 estadista e general francês tomou parte na guerra de independência norteamericana na época da Revolução Francesa comandante da Guarda Nacional em 1830 um dos que prepararam a ascensão de Luís Felipe ao trono p 197 lAmArtine AlphonseMarieLouis de 17901869 poeta historiador e político francês nos anos 1840 um dos líderes dos republicanos moderados em 1848 ministro do Exterior no Governo Provisório p 500 lAmennAis La Mennais FélicitéRobert de 17821854 abade e jornalista francês um dos ideólogos do socialismo cristão p 513 515 LEIBNIz Gottfried Wilhelm conde de 16461716 matemático e filósofo alemão p 99 180 425 552 LEONARDO DA VINCI 14521519 pintor e estudioso italiano de múltiplos talentos expoente máximo do Renascimento p 380 lerminier JeanLouisEugène 18031857 jurista e jornalista liberal francês conservador a partir do fim dos anos 1830 p 470 569 lerouX Pierre 17971871 jornalista francês e socialista utópico partidário de SaintSimon p 227 lessing Gotthold Ephraim 17291781 escritor e filósofo alemão proeminente representante do Iluminismo p 472 563 LEVASSEUR de la Sarthe René 17471834 médico francês participou da Revolução Francesa jacobino p 179 489 licÍnio Gajus Licinius Stolo c 350 a c estadista romano na primeira metade do século IV a C como tribuno do povo elaborou juntamente com Sexto leis no interesse dos ple beus p 70 550 licurgo Lycurgus legislador lendário de Esparta p 501 lineu Carl von Linné 17071778 naturalista sueco fundador de um sistema para a classificação das plantas e dos animais p 444 linguet SimonNicolasHenri 17361794 advogado jornalista historiador e economista francês crítico da teoria dos fisiocratas p 197 locKe John 16321704 filósofo inglês fundador do contratualismo liberal p 395 397 398 502 551 lourdoueiX JacquesHonoré Lelarge barão de 17871860 jornalista francês redator da Gazette de France p 564 LOUVET DE COUVRAy JeanBaptiste 17601797 escritor francês tomou parte na Revolução Francesa girondino p 179 luciAno Lukianos c 120c 180 escritor satírico da Grécia antiga p 146 187 557 LUCRÉCIO Titus Lucretius Carus c 95c 55 a c filósofo e poeta romano materialista e ateu p 142 145 556 LUíS XIV 16381715 rei da França de 1643 a 1715 p 477 A ideologia alemã 581 LUíS XVI 17541793 rei da França de 1774 a 1792 destronado em 1792 guilhotinado em 1793 p 149 494 505 507 528 LUíS XVIII 17551824 rei da França em 1814 e de 1815 a 1824 irmão de Luís XVI exilado de 1791 a 1814 em 1814 alçado ao trono pela Santa Aliança deposto em 1815 p 507 LUíS FELIPE 17731850 rei da França de 1830 a 1848 alçado ao trono como duque de Orléans na Revolução de Julho de 1830 p 558 564 lünning Otto p 547 551 554 568 lutero Martinho 14831546 teólogo alemão considerado o pai espiritual da Reforma pro testante p 145 150 172 485 mAbly GabrielBonnot de 17091785 teórico francês representante do comunismo utó pico p 197 504 mAcH Ernst 18381916 físico e filósofo austríaco exerceu grande influência no pensamento do séc XX seus primeiros livros contêm os fundamentos do empiriocriticismo p 551 MAQUIAVEL Niccolò Machiavelli 14691527 político historiador e escritor italiano conside rado o fundador da moderna ciência política p 311 mAistre JosephMarie conde de 17531821 escritor francês monarquista ideólogo da reação aristocrática e clerical inimigo ferrenho da Revolução Francesa p 335 mAlAmbruno personagem do Dom Quixote de Cervantes p 357 mAltHus Thomas Robert 17661834 intelectual e economista inglês autor da teoria da su perpopulação p 348 564 MALVOGLIO Malvolio personagem de Noite de reis de Shakespeare p 107 553 mAmbrino personagem do Dom Quixote de Cervantes p 233 mArAt JeanPaul 17431793 jornalista francês na Revolução Francesa um dos líderes mais coerentes do clube jacobino editor do jornal Ami du peuple Amigo do povo p 197 mAriA Virgem personagem da Bíblia Novo Testamento p 26 27 mAritornes personagem do Dom Quixote de Cervantes p 191 201 290 352 357 ver também däHnHArdt Marie Wilhelmine mArX Karl 18181883 p 25 26 27 547 mAttHäi Rudolph 18181889 jornalista alemão socialista verdadeiro p 568 mAuguin François 17851854 advogado e parlamentar francês membro das assembleias constituinte e legislativa p 488 mAX São ver stirner Max McCULLOCH John Ramsay 17891864 economista inglês apologeta da ordem capitalista vulgarizador da teoria de Ricardo p 564 MERCIER DE LA RIVIèRE PaulPierre 17201793 economista francês fisiocrata p 558 merlim personagem do Dom Quixote de Cervantes p 203 330 metternicH Clemens Wenzel Lothar príncipe de 17731859 estadista e diplomata austría co ministro do Exterior 18091821 e chanceler 18211848 um dos organizadores da Santa Aliança p 303 micHelet Karl Ludwig 18011893 filósofo alemão hegeliano professor na Universidade de Berlim coeditor das obras de Hegel p 126 182 183 557 mill James 17731836 economista e filósofo inglês p 398 minos rei e legislador lendário de Creta p 501 mirAbeAu HonoréGabrielVictorRiqueti conde de 17491791 político da Revolução Francesa defensor dos interesses da grande burguesia e da nobreza aburguesada p 506 moHAmmed Ali 17691849 herdeiro do trono egípcio governou o país de 1805 a 1849 im plementou uma série de reformas progressistas p 165 MOISÉS personagem do Antigo Testamento p 409 552 monteil AmansAlexis 17691850 historiador francês p 215 331 563 montesquieu Charles de Secondat barão de La Brède e de 16891755 pensador e jurista francês influente nas áreas da filosofia política e do direito constitucional autor de O espírito das leis e As cartas persas p 277 500 504 montgAillArd GuillaumeHonoré Roques 17721825 abade e historiador francês p 179 557 Índice onomástico 582 montJoie FélixChristopheLouis Ventre de la Toulubre 17461816 jornalista francês realista p 179 557 moor Karl personagem de Os salteadores de Schiller p 471 morus sir Thomas 14781535 político inglês lordechanceler escritor humanista represen tante do comunismo utópico p 443 morelly ÉtienneGabriel 1717 representante do comunismo utópico na França p 508 570 morgA John Minter 17821854 escritor inglês adepto de Owen p 444 MOzART Wolfgang Amadeus 17561791 músico e compositor clássico austríaco p 380 565 569 M R ver RÉGNIER DESTOURBET mundt Theodor 18081861 escritor alemão representante do movimento Jovem Alemanha mais tarde professor de Literatura e História em Breslau e Berlim p 467 567 nAbAl personagem do Antigo Testamento p 161 nAPoleão i bonAPArte 17691821 rei da França 18041814 e 1815 p 40 97 140 194 195 269 341 370 525 527 528 548 549 555 558 NAUWERCK Nauwerk Karl 18101891 jornalista e político colaborador nos Hallische Jahrbücher nos Deutsche Jahrbücher nas Anekdota e na Rheinische Zeitung integrante do círculo berlinense dos Livres membro da Assembleia Nacional de Frankfurt extrema esquer da p 111 325 553 563 NEWTON sir isaac 16421727 físico astrônomo e matemático inglês fundador da ciência da mecânica p 60 479 480 481 NOÉ personagem do Antigo Testamento p 468 nougAret PierreJeanBaptiste 17421823 jornalista e historiador francês p 179 OCONNELL Daniel 17751847 advogado e político irlandês líder da ala direita do movimento nacional de libertação do povo irlandês p 234 243 244 279 509 oelcKers Hermann Theodor 18161869 escritor democrata alemão p 437 567 OPITz Theodor T O da Alta Silésia correspondente da Triersche Zeitung p 551 571 otto i Otto o Infante 18151867 rei da Grécia de 1832 a 1862 p 341 OWEN Robert 17711858 socialista utópico inglês p 211 380 443 444 538 PArny Evariste 17531814 poeta francês p 569 PAulo personagem do Novo Testamento p 145 552 553 Peltier JeanGabriel 17651825 jornalista francês realista p 179 Pereire Isaac 18061880 com o irmão JacquesEmile 18001875 inicialmente seguidor de SaintSimon mais tarde banqueiro p 560 PÉRICLES c 493429 a c estadista ateniense líder da democracia ateniense na época de seu maior florescimento econômico e cultural p 141 PersiAni Fanny 18121867 cantora italiana p 423 424 Petty sir William 16231687 economista e estatístico inglês fundador da economia clássica na Inglaterra p 196 PFEFFEL Gottlieb Konrad 17361809 poeta de fábulas alemão p 289 561 PFISTER Johann Christian 17721835 político eclesiástico e historiador alemão p 234 560 PHiliPPson Gustav 18141880 educador e escritor alemão escreveu contra Bruno Bauer p 114 115 PilAtos Pôncio Pontius Pilatus procurador romano da Judeia 2636 p 125 141 146 Pinto Isaac de 17151787 especulador holandês na bolsa de valores escritor de economia p 59 349 550 PlAtão c 427c 347 a c filósofo grego discípulo de Sócrates fundador da Academia p 146 175 PlutArco c 46c 125 escritor moralista grego filósofo idealista p 145 Polinice personagem da tragédia Antígona de Sófocles p 140 Poseidon deus grego dos mares p 126 289 ProudHon PierreJoseph 18091865 teórico e jornalista francês um dos fundadores teóricos A ideologia alemã 583 do anarquismo p 180 211 324 341 352 353 367 408 467 472 473 474 492 498 509 510 515 553 Procusto ladrão personagem da mitologia grega p 561 PUFENDORFF Samuel conde de 16321694 jurista e historiador alemão representante da teoria jusnaturalista p 504 570 PüttmAnn Hermann 18111894 poeta e jornalista radical alemão socialista verdadeiro em meados dos anos 1840 p 442 568 PitágorAs c 580c 496 a c matemático da Grécia antiga filósofo p 501 quesnAy François 16941774 economista francês líder da escola dos fisiocratas p 558 rAbelAis François c 14941553 escritor francês renascentista p 191 557 rAdAmAnto um dos juízes dos mortos na mitologia grega p 568 RAFAEL Raffaelo Santi 14831520 pintor italiano do Renascimento p 378 380 rAnKe Leopold 17951886 historiador alemão ideólogo da nobreza rural prussiana Junkertum p 291 RÉGNIER DESTOURBET Hippolyte pseudônimo M R 18041832 escritor e historiador francês p 179 reicHArdt Carl Ernst mestreencadernador em Berlim aliado de Bruno Bauer colaborador da Allgemeine LiteraturZeitung p 227 553 559 rei dAn ver OCONNELl Daniel reybAud MarieRochLouis 17991879 escritor economista e jornalista liberal francês p 474 475 476 478 479 481 484 485 486 487 488 489 490 499 510 569 570 ricArdo ii Ricardo ii Plantageneta 13671400 rei da Inglaterra de 1377 a 1399 Shakespeare retratou sua vida na peça Ricardo II p 559 ricArdo David 17781823 economista inglês expoente da economia política clássica p 390 566 robesPierre MaximilienMarieIsidor de 17581794 político da Revolução Francesa líder dos jacobinos de 1793 a 1794 chefe do governo revolucionário p 178 179 180 238 243 326 390 468 557 566 rocHAu August Ludwig von pseudônimo Churoa 18101873 jornalista e historiador liberal alemão p 491 570 rodrigues BenjaminOlinde 17941851 financista e jornalista francês discípulo de SaintSimon um dos fundadores e líderes da escola sansimonista p 474 481 roHmer Friedrich 18141856 escritor filosófico e político p 515 rolAnd de lA PlAtière JeanneManon 17541793 escritora francesa tomou parte na Revolução Francesa girondina p 557 ROSENKRANz Johann Karl Friedrich 18051879 filósofo e historiador da literatura alemão hegeliano professor em Königsberg p 570 rossi Pellegrino 17871848 economista político e jurista italiano naturalizado francês Foi uma importante figura na Monarquia de Julho na França p 549 rottecK Karl Wenzeslaus Rodecker von 17751840 historiador e político liberal p 341 564 rousseAu JeanJacques 17121778 iluminista francês teórico do contratualismo demo crático p 388 389 504 505 550 rouX Jacques 17521794 importante figura da Revolução Francesa um dos pioneiros do socialismo na França p 558 ruÇo jumento de Sancho Pança no Dom Quixote p 208 230 234 266 384 426 427 432 559 rudolPH príncipe de Gerolstein personagem do romance Os mistérios de Paris de Eugène Sue p 26 ruge Arnold 18021880 jornalista alemão jovemhegeliano em 1844 publicou juntamen te com Marx os DeutschFranzösische Jahrbücher p 98 135 231 242 549 556 571 RUMFORD ver tHomPson sir Benjamin rutenberg Adolf 18081869 jornalista alemão jovemhegeliano p 324 563 Índice onomástico 584 sAintJust LouisAntoineLéon de 17671794 político da Revolução Francesa líder jaco bino p 178 179 180 238 326 390 sAintsimon ClaudeHenri de Rouvroy conde de 17601825 socialista utópico francês p 447 456 458 459 467 473 474 475 476 477 478 479 480 481 482 483 484 485 486 487 489 490 569 sAlomão c 970930 a c rei de Israel p 300 406 412 sAncHo PAnÇA personagem do Dom Quixote de Cervantes p 98 191 203 241 262 559 561 ver também stirner Max sAnd George pseudônimo de AmandineLucieAurore Dupin baronesa Dudevant 18041876 escritora francesa autora de muitos romances sobre temas sociais representante da corrente humanitária no romantismo p 180 sArrAn Sarrans JeanRaimondPascal 17801844 jornalista francês p 335 SAVIGNy Friedrich Karl von 17791861 um dos mais respeitados e influentes juristas do século XiX p 562 sAy JeanBaptiste 17671832 economista francês p 499 scHelling Friedrich Wilhelm Joseph von 17751854 filósofo idealista alemão sua filosofia tardia aproximouse do romantismo e foi usada pelo governo prussiano como reação ao jovemhegelianismo p 137 191 473 scHiller Friedrich von 17591805 p 503 504 505 548 554 569 570 scHlegel August Wilhelm von 17671845 poeta tradutor e historiador da literatura alemão conhecido por sua tradução de Shakespeare p 393 566 scHlosser Friedrich Christoph 17761861 historiador alemão liberal p 324 563 scHmidt Johann Caspar ver stirner Max semmig Friedrich Hermann 18201897 escritor alemão socialista verdadeiro em meados dos anos 1840 p 568 senior Nassau William 17901864 economista inglês um dos portavozes econômicos oficiais da burguesia Marx p 348 564 sesóstris em egípcio Senvosret rainha lendária do Egito p 139 165 556 sHAKesPeAre William 15641616 dramaturgo e poeta inglês p 107 225 553 560 sieyès EmmanuelJoseph 17481836 abade francês participou da Revolução Francesa repre sentante da grande burguesia p 500 506 sigismundo i c 13611437 imperador alemão de 1411 a 1437 p 265 sismondi JeanCharlesLéonard Simonde de 17731842 economista e historiador suíço crítico do capitalismo p 71 72 199 490 550 559 smitH Adam 17231790 economista inglês expoente da economia política clássica p 59 379 506 550 sócrAtes c 469c 399 a c filósofo ateniense criou o método da maiêutica baseado na progressiva definição dos conceitos por meio do diálogo adversário dos sofistas e mestre de Platão p 141 142 149 157 SóFOCLES c 497c 406 a c dramaturgo grego p 140 SOUTHWELL Charles 18141860 socialista utópico inglês seguidor de Owen fundador do jornal ateísta The Oracle of Reason O oráculo da razão p 444 sPence Thomas 17501814 socialista utópico inglês p 444 SPINOzA Baruch Benedictus 16321677 filósofo holandês monista criador de uma ética baseada no método da geometria p 100 107 180 311 557 steHely proprietário de uma confeitaria em Berlim que servia de ponto de encontro dos literatos e para o grupo dos Livres p 314 stein Heinrich Friedrich Karl conde de 17571831 estadista prussiano defendeu reformas que visavam à consolidação do Estado prussiano p 340 stein Lorenz von 18151890 hegeliano professor de filosofia e de direito público na Univer sidade de Kiel agente secreto do governo prussiano p 206 437 467 473 474 475 476 477 478 479 480 481 482 483 484 485 487 488 489 490 491 492 509 510 515 559 567 stirner Max pseudônimo de Johann Caspar Schmidt 18061856 filósofo alemão jovem hegeliano autor de Der einzige und sein Eigenthum O Único e sua propriedade p 44 A ideologia alemã 585 47 50 68 83 99 101 102 103 104 106 107 108 114 116 126 127 129 131 132 133 136 139 140 143 145 146 147 149 150 152 153 154 155 156 157 159 160 162 163 164 165 166 167 168 169 170 171 172 173 174 175 176 177 178 181 183 184 185 186 187 188 189 190 191 192 196 197 198 199 200 202 204 205 206 207 209 211 213 214 215 216 217 218 219 220 221 222 223 224 226 229 231 232 235 236 238 239 241 244 245 246 247 248 249 250 251 254 255 256 259 260 261 262 263 268 272 276 285 298 300 302 305 307 310 312 314 315 316 346 348 349 352 354 360 361 365 369 372 373 380 384 386 401 402 427 428 429 433 547 548 550 551 554 555 557 558 561 562 564 565 566 567 strAtton Charles Sherwood 18381883 anão norteamericano que se apresentava sob o pseudônimo de General Tom Thumb General polegar p 117 sue Eugène 18041857 escritor francês autor de romances de apelo sentimental sobre temas sociais p 561 süssmAyer Franz Xaver 17661803 compositor austríaco p 565 SzELIGA pseudônimo de Franz Szeliga zychlin von zychlinsky 18161900 oficial prussiano jovemhegeliano colaborador na Allgemeine LiteraturZeitung e na Norddeutsche Blätter p 121 125 126 152 153 154 155 156 157 158 162 172 190 191 219 233 261 262 263 268 276 285 305 332 334 354 357 373 384 385 386 431 553 555 561 tertuliAnous Quintus Septimus Florens c 160c 220 teólogo cristão da Antiguidade obscurantista p 165 teste Charles 1848 comunista utópico francês adepto de Babeuf participou do movimento republicano na época da Monarquia de Julho p 489 temÍstocles c 525c 460 a C estadista grego e general da época das guerras médicas re presentante da corrente radicaldemocrata em Atenas p 431 tHomPson sir Benjamin conde de Rumford 17531814 oficial inglês de origem norte americana aventureiro criou casas de trabalho para mendigos e receitas de pratos de baixo custo para os pobres p 264 443 561 TIMON DE FLIUS c 320c 230 a C filósofo grego cético p 141 ticiAno Tiziano Vecellio 14771576 pintor realista italiano da Renascença p 380 tom tHumb ver strAtton Charles Sherwood TORRALVA personagem do Dom Quixote de Cervantes p 127 ver também däHnHArdt Marie Wilhelmine TOUSSAINTLOUVERTURE François Dominique 17431803 o maior líder da revolução haitiana tendo sido depois governador de SaintDomingue antigo nome do Haiti p 562 trAJAnous Marcus Ulpius c 53117 imperador romano 98117 p 412 trosne Guillaume François le 17281780 economista francês um dos expoentes da doutrina fisiocrata p 558 turgot AnneRobertJacques barão de LAulne 17271781 economista e estadista fisiocrata aluno de Quesnay controlador geral das finanças 17741776 p 494 495 504 505 506 558 tyler Wat 1381 líder da revolta dos camponeses inglesa de 1381 p 200 559 Único o ver stirner Max ÚrsulA santa uma das mais populares santas católicas da Idade Média p 274 VAUGUyON PaulFrançois duque de la 17461828 estadista francês p 475 VENEDEy Jakob 18051871 jornalista e político radical alemão liberal depois da revolução de 18489 p 46 VERNET Horace 17891863 pintor de batalhas francês p 381 565 VILLEGARDELLE François 18101856 jornalista francês adepto de Fourier mais tarde comunista utópico p 508 VINCKE Friedrich Ludwig Wilhelm Philipp conde de 17741844 estadista prussiano p 340 Índice onomástico 586 VIRGíLIO Publius Vergilius Maro 7019 a c poeta romano p 408 566 VIXNU divindade indiana p 428 VOLTAIRE FrançoisMarie Arouet de 16941778 filósofo francês escritor satírico e historiador representante do Iluminismo do século XVIII p 505 WADE John 17881875 jornalista economista e historiador inglês p 199 550 559 WASHINGTON George 17321799 general norteamericano nas guerras de independência e primeiro presidente dos Estados Unidos da América do Norte 17891796 p 475 WATTS John 18181887 socialista utópico inglês seguidor de Owen mais tarde liberal p 207 443 WEBER Carl Maria von 17861826 barão e compositor de Holstein hoje parte da Alemanha pioneiro do drama musical alemão p 565 WEITLING Wilhelm Christian 18081871 alfaiate de profissão um dos teóricos do comunismo utópico p 203 221 443 444 559 WEyDEMEyER Joseph 18161866 personalidade do movimento operário americano e alemão membro da Liga dos Comunistas participou da Revolução Alemã de 18481849 iniciou a propaganda marxista nos Estados Unidos amigo e colabotador de Marx e Engels p 525 571 WIGAND Otto 17951870 editor e livreiro alemão sua firma em Leipzig publicava obras de escritores radicais p 25 26 27 46 97 98 100 102 107 113 115 116 121 152 160 161 168 174 183 196 201 219 230 242 244 246 247 252 262 272 359 361 401 402 433 547 549 551 554 WöNIGER Woeniger August Theodor escritor alemão p 227 559 zENãO 426491 imperador bizantino 474491 p 200 zENãO DE CíTIO c 336264 a C filósofo grego fundador do estoicismo p 142 143 557 zEUS deus grego p 109 560 zARATUSTRA zoroastro profeta persa fundador do zoroastrismo p 501 587 Índice dAs obrAs citAdAs Na relação dos textos citados por Marx e Engels constam as edições que supõese foram por eles utilizadas Em alguns casos referimonos a edições mais recentes Algumas fontes não puderam ser localizadas Obras ensaios artigos autores conhecidos e anônimos AleXis Willibald Wilhelm Häring Cabanis Berlim 1832 Romance em 6 livros AMADIS des Gaules Amadis de Gaula Amsterdã 1750 ANEKDOTA zur neuesten deutschen Philosophie und Publicistik Anedota da mais recente filosofia e jornalismo alemães de Bruno Bauer Ludwig Feuerbach Friedrich Köppen Karl Nauwerck Arnold Ruge e alguns autores anônimos Publicado por Arnold Ruge zurique e Winterthur 1843 v 12 APPEL à la France contre la division des oppinions Apelo à França contra a divisão das opi niões ver Lourdoueix Henri de Aristóteles Metafísica 2 ed São Paulo Loyola 2005 ARISTOTELES über die menschlische Seele Aristóteles De anima Traduzido do grego e comentado por M W Voigt Leipzig 1803 Arndt Ernst Moritz Erinnerungen aus dem äußeren Leben Lembranças da vida exterior Leipzig 1840 Arnim Bettina von Dies Buch gehört dem König Este livro pertence ao rei Berlim 1843 v 12 À UN CATHOLIQUE Sur la vie et le caractère de SaintSimon A um católico Sobre a vida e o caráter de SaintSimon LOrganizateur n 40 19 de maio de 1830 AUzÜGE aus Morellys Code de la nature Vorwärts n 72 e 73 1844 bAcon Francis Francisci Baconi Baronis de Verulamio De dignitate et augmentis scientiarum Da dignidade e do progresso da ciência Wirceburgi 1779 The Essays or Councels Civill and Morall Ensaios ou conselhos civis e morais Londres 1625 Novum Organum Novo Organon Londres 1620 bAuer Bruno anônimo Charakteristik Ludwig Feuerbachs Caracterização de Ludwig Feuerbach Wigands Vierteljahrsschrift v 3 1845 Das entdeckte Christenthum Eine Erinnerung an das achtzehnte Jahrhundert und ein Beitrag zur Krisis des neuzehnten Uma retrospectiva do século XVIII e uma contribuição sobre a crise do século XIX zurique e Winterthur 1843 Geschichte der Politik Cultur und Aufklärung des achtzehnten Jahrhunderts História da política da cultura e do esclarecimento do século XVIII Charlottenburg 18431845 v 14 anônimo Hinrichs politische Vorlesungen Lições políticas de Hinrichs Allgemeine LiteraturZeitung n 5 1844 Kritik der evangelischen Geschichte der Synoptiker Crítica da história evangélica dos sinópticos Leipzig 1841 v 1 anônimo Ludwig Feuerbach Norddeutsche Blätter für Kritik Literatur und Unterhaltung Folhas NorteAlemãs para a Crítica a Literatura e o Debate Berlim n 4 1844 Índice das obras citadas 588 bAuer Bruno Die gute Sache der Freiheit und meine eigene Angelegenheit A boa causa da liberdade e minha própria causa zurique e Winterthur 1842 anônimo Neueste Schriften über die Judenfrage Os mais recentes escritos sobre a questão judaica Allgemeine LiteraturZeitung n 4 1844 Was ist jetzt der Gegenstand der Kritik Allgemeine LiteraturZeitung n VIII 1844 bAuer Bruno bAuer Edgar Denkwürdigkeiten zur Geschichte der neueren Zeit der Französischen Revolution Fatos memoráveis da história dos tempos modernos desde a Revolução Francesa Charlottenburg 18431844 bAuer Edgar Bailly und die ersten Tage der Französichen Revolution Bailly e os primeiros dias da Revolução Francesa Charlottenburg 1843 Die liberalen Bestrebungen in Deutschland Os esforços liberais na Alemanha zurique e Winterthur 1843 cadernos 12 BAyRHOFFER Karl Theodor Die Idee und Geschichte der Philosophie A ideia e a história da filosofia Marburg 1838 beAulieu ClaudeFrançois Essais historiques sur les Causes et les Effets de la Révolution de Fran ce Ensaios históricos sobre as causas e os efeitos da Revolução Francesa Paris 18011803 becKer August Die Volksphilosophie unserer Tage A filosofia popular de nossos dias Neumünster 1843 anônimo Prefácio a Kuhlmann Georg Die neue Welt oder das Reich des Geistes auf Erden Verkündigung O novo mundo ou o reino do espírito na terra Genebra 1845 becKer Nicolaus Der deutsche Rhein O Reno alemão In Gedichte von Nicolaus Becker Poemas de Nicolaus Becker Colônia 1841 Bíblia Sagrada citada de acordo com a tradução alemã de Martinho Lutero 1º Livro de Moisés 41 4119 499 2º livro de Moisés 7 e 8 Livro de Josué 1012 1º Livro de Samuel 252 Livro de Hiob 2614 Salmos 24710 11822 Isaías 341114 Jeremias 256 1814 193 2229 253 322230 3335 Ezequiel 1118 Habacuque 14 Mateus 53 62628 81022 1016 1127 2016 Marcos 1029 Lucas 145 João 24 Epístola de Paulo aos Romanos 328 41822 623 9162021 1ª Epístola de Paulo aos Coríntios 312 13212 2ª Epístola de Paulo aos Coríntios 517 Epístola de Paulo aos Gálatas 324 5192124 Epístola de Paulo aos Efésios 612 2ª Epístola de Paulo a Timóteo 3134 1ª Epístola de Pedro 289 Epístola aos Hebreus 1113 Epístola de Tiago 129 Epístola de Judas 11131923 Apocalipse 125 13718 17356 2079 2215 blAnc Louis Histoire de dix ans 18301840 História dos dez anos 18301840 Paris 18411844 v 15 bluntscHli Johann Caspar Die Kommunisten in der Schweiz nach den bei Weitling vorgefundenen Papieren Os comunistas na Suíça de acordo com os papéis encontrados com Weitling zurique 1843 bossuet Jacques Benigne Politique tirée des propres Paroles de lÉcritureSainte A política extraída das próprias palavras das Sagradas Escrituras Bruxelas 1710 A ideologia alemã 589 brissot JacquesPierre Mémoires de Brissot sur ses Contemporains et la Révolution Fran çaise Memórias de Brissot sobre seus contemporâneos e sobre a Revolução Francesa Paris 1830 v 12 buHl Ludwig Geschichte der zehn Jahre 18301840 von Louis Blanc História dos dez anos 18301840 de Louis Blanc Traduzido do francês Berlim 18441845 5 v cAbet Étienne Ma ligne droite ou le vrai chemin du salut pour le peuple Minha linha reta ou o verdadeiro caminho da salvação para o povo Paris 1841 Réfutation des Doctrines de lAtelier Refutação das doutrinas do Atelier Paris 1842 Voyage en Icarie roman philosophique et social Viagem a Icária romance filosófico e social Paris 1842 cAlderón de lA bArcA Pedro La puente de Mantible In Las comedias de D Pedro Calderón de la Barca Leipzig 18271830 cAmões Luís de Lusiada Os Lusíadas Berlim 1810 cArrière Moriz Der Kölner Dom als freie deutsche Kirche Gedanken über Nationalität Kunst und Religion beim Wiederbeginn des Baues A catedral de Colônia como Igreja livre alemã Pensamentos sobre nacionalidade arte e religião no recomeço da construção Stuttgart 1843 CERVANTES SAAVEDRA Miguèl de Vida y hechos del ingenioso hidalgo Don Quixote de la Mancha Haia 1744 cHAmisso Adalbert von Tragische Geschichte In Adalbert von Chamissos Werke Obras de Adalbert von Chamisso 2 ed Leipzig 1842 v 3 cHAstelluX François Jean de De la Félicité publique Ou Considérations sur le sort des hommes dans les différentes époques de lhistoire Da felicidade pública Ou considerações sobre o destino dos homens nas diferentes épocas da história Amsterdã 1772 CHEVALIER Michel Cours dÉconomie politique fait au Collège de France Curso de economia política realizado no Collège de France Bruxelas 1845 Lettres sur lAmérique du Nord Cartas sobre a América do Norte Paris 1836 cHuroA A L von August Ludwig von Rochau Kritische Darstellung der socialtheorie Fouriers Exposição crítica da teoria social de Fourier Braunschweig 1840 clemente de AleXAndriA Clementis Alexandrini Opera graece et latine quae extant Obras de Clemente de Alexandria escritas nas línguas grega e latina Colônia 1688 CODE Napoléon Código napoleônico Paris e Leipzig 1808 comte Charles Traité de Législation ou Exposition des Lois générales suivant lesquelles les Peu ples prospèren dépérissent ou restent stationnaires Tratado de legislação ou exposição das leis gerais segundo as quais os povos prosperam perecem ou permanecem esta cionários Bruxelas 1837 constAntrebecque Benjamin de De lEsprit de Conquête et de lUsurpation dans leur Rapports avec la Civilisation européenne Do espírito de conquista e da usurpação em suas relações com a civilização europeia 1814 declArAtion des droits de lhomme et du citoyen 1793 Declaração dos direitos do homem e do cidadão 1793 In P J B BUCHEz e P C rouX Histoire parlementaire de la Révolution française ou Journal des Assemblées Nationales depuis 1789 à 1815 História parlamen tar da Revolução francesa ou Jornal das Assembleias Nacionais de 1789 a 1815 Paris 1837 t 31 destutt de trAcy AntoineLouisClaude conde Élémens dIdéologie IVe e Ve parties Traité de la Volonté et de ses Effets Elementos de Ideologia partes IV e V Tratado da vontade e de seus efeitos Paris 1826 DEUX amis de la liberté Dois amigos da liberdade ver Kerverseau Fr Marie e G Clavelin DICTIONNAIRE de lAcadémie Française Dicionário da Academia Francesa Bruxelas 1835 v 12 DIóGENES LAÉRCIO Diogenis Laertii de clarorum philosophorum vitis dogmatibus et apophthegmatibus libri decem Dez livros sobre a vida as doutrinas e as declarações de filósofos ilustres Paris 1850 eden FredericMorton The State of the Poor or an history of the labouring classes in England A situação dos pobres ou uma história das classes trabalhadoras na Inglaterra Londres 1797 v 13 Índice das obras citadas 590 EINUNDZWANZIG Bogen aus der Schweiz Vinte e uma folhas da Suíça Editada por Georg Herwegh 2 ed Glarus 1844 ENCYCLOPÉDIE ou Dictionnaire raisonné des Sciences des Artes et des Métiers par une Société des Gens de Lettres Enciclopédia ou dicionário fundamental das ciências das artes e das profissões elaborado por uma sociedade de literatos Paris 1751 ENFANTIN BarthélemyProsper Économie politique et Politique Articles extraits du Globe Eco nomia política e Política Artigos extraídos do Globe Paris 1751 engels Friedrich Umrisse zu einer Kritik der Nationalökonomie Esboços de uma crítica da economia política DeutschFranzösische Jahrbücher Paris 1844 engels Friedrich mArX Karl Die heilige Familie oder Kritik der kritischen Kritik gegen Bruno Bauer und Consorten A sagrada família ou A crítica da Crítica crítica contra Bruno Bauer e consortes Frankfurt 1845 EWALD Johann Ludwig Der gute Jüngling gute Gatte und Vater oder Mittel um es zu werden Ein Gegenstück zu der Kunst ein gutes Mädchen zu werden O bom adolescente o bom marido e o bom pai ou meios para se tornar tudo isso Uma contraposição à arte de se tornar uma boa moça Frankfurt 1844 v 12 FAUCHER Julius Englische Tagesfragen Questões cotidianas da Inglaterra Allgemeine LiteraturZeitung n 79 1844 De la Félicité ver Chastellux François Jean de FEUERBACH Ludwig Geschichte der neuern Philosophie Darstellung Entwicklung und Kritik der Leibnitzschen Philosophie História da filosofia moderna Exposição desenvolvimento e crítica da filosofia leibniziana Ansbach 1837 Grundätze der Philosophie der Zukunft Princípios da filosofia do futuro zurique e Winterthur 1843 anônimo zur Kritik der positiven Philosophie Hallische Jahrbücher ano I n 289293 1838 Pierre Bayle Ein Beitrag zur Geschichte der Philosophie und Menschheit Ansbach 1838 Vorläufige Thesen zur Reformation der Philosophie Teses provisórias para a reforma da filosofia In Anekdota zur neuesten deutschen Philosophie und Publicistik Anedota da mais recente filosofia e jornalismo alemães v 2 1843 Das Wesen des Christenthums A essência do cristianismo Leipzig 1841 anônimo Über das Wesen des Christenthums in Beziehung auf den Einzigen und sein EigenthumSobre a Essência do Cristianismo em relação a O Único e sua propriedade Wigands Vierteljahrsschrift v 2 1845 Das Wesen des Glaubens im Sinne Luthers Ein Beitrag zum Wesen des Christenthums A essência da crença no sentido de Lutero Uma contribuição à Essência do Cristianismo Leipzig 1844 FIEVÉE Joseph Correspondance politique et administrative commencée au Mois de Mai 1814 et dédiée à M le Comte de Blacas dAulps Correspondência política e administrativa ini ciada em maio de 1814 e dedicada ao digníssimo Conde de Blacas dAulps Paris 1816 FOURIER Charles La fausse industrie A falsa indústria Paris 1836 anônimo Section ébauchée des Trois Unités Externes Esboço da seção das três unidades externas La Phalange Paris ano XIV 1ª série t 1 1845 Théorie de lUnité universelle Teoria da unidade universal In OEuvres complètes de Ch Fourier 2 ed Paris 18411845 v 25 Théories des quatre mouvementes et des destinées génerales Teorias dos quatro movimentos e das destinações gerais Paris 1841 Traité de lAssociation domestiqueagricole Tratado da associação domésticoagrícola Paris Londres 1822 FRIEDRICH Wilhelm IV und Morelli Vorwärts n 87 1844 gellert Christian Fürchtegott Fabeln und Erzählungen Fábulas e contos 2 ed Leipzig 1748 t 1 1751 t 2 GODWIN William Enquiry Concerning Political Justice and its Influence on Morals and Happiness Investigação sobre a justiça política e sua influência na moral e na felicidade Londres 1796 goetHe Johann Wolfgang von Faust Der Tragödie erster Teil In Goethes Werke Fausto a A ideologia alemã 591 tragédia primeira parte In Obras de Goethe Editado por Karl Heinemann Leipzig e Viena 30 v v 5 Die Geheimnisse Os segredos In Goethes Werke Editado por Karl Heinemann Leipzig e Viena 30 v v 2 grün Karl Die soziale Bewegung in Frankreich und Belgien Briefe und Studien O movimento social na França e na Bélgica Cartas e estudos Darmstadt 1845 Feuerbach und die Socialisten Feuerbach e os socialistas In Deutsches Bürgerbuch für 1845 Editado por H Püttmann Darmstadt 1845 Geschichte der Gesellschaft von Theodor Mundt História da sociedade de Theodor Mundt In Neue Anekdota Editado por Karl Grün Darmstadt 1845 Politik und Socialismus Política e socialismo Rheinische Jahrbücher zur gesellschaftlichen Reform v 1 1845 GUIzOT FrançoisPierreGuillaume Histoire de la Civilisation en France depuis la Chute de lEmpire romain jusquen 1789 História da civilização francesa desde a queda do Império Romano até 1789 Paris 1840 Discurso na Câmara dos Pares em 25 de abril de 1844 Moniteur Universel n 117 26 de abril de 1844 HAlm Friedrich Eligius Franz Joseph barão de MünchBellinghausen Der Sohn der Wildniß o filho do deserto Viena 1843 Poema dramático em 5 atos Hegel Georg Wilhelm Friedrich Encyklopädie der philosophischen Wissenschaften im Grundrisse Enciclopédia das ciências filosóficas em compêndio Heidelberg 1817 Grundlinien der Philosophie des Rechts oder Naturrecht und Staatswissenschaft im Grundrisse Princípios da filosofia do direito ou direito natural e ciência do Estado em compên dio Editado por Eduard Gans In Georg Wilhelm Friedrich Hegels Werke Edição completa por meio de uma união de amigos e parentes Berlim 1833 v 8 Phänomenologie des Geistes Fenomenologia do espírito Editado por Johann Schutze In Georg Wilhelm Friedrich Hegels Werke Berlim 1832 v 2 Vorlesungen über die Geschichte der Philosophie Lições sobre a história da filosofia Editado por Carl Ludwig Michelet In Georg Wilhelm Friedrich Hegels Werke 2 ed Berlim 1844 t 3 v 15 Vorlesungen über die Naturphilosophie als der Encyclopädie der philosophischen Wissenschaft im Grundrisse Zweiter Theil Lições sobre a filosofia da natureza Editado por Carl Ludwig Michelet In Georg Wilhelm Friedrich Hegels Werke Berlim 1842 v 7 parte 1 Vorlesungen über die Philosophie der Geschichte Lições sobre a filosofia da história Editada por Eduard Gans In Georg Wilhelm Friedrich Hegels Werke Berlim 1837 v 9 Vorlesungen über die Philosophie der Religion Nebst einer Schrift über die Beweise vom Daseyn Gottes Lições sobre a filosofia da religião Acompanhada de um escrito sobre a prova da existência de Deus Editado por Philipp Marheineke In Georg Wilhelm Friedrich Hegels Werke Berlim 1840 parte 2 v 12 Wissenchaft der Logik Ciência da Lógica Editado por Leopold von Henning In Georg Wilhelm Friedrich Hegels Werke Berlim 18331834 parte 1 seção 12 v 35 Heine Heinrich Die Bäder von Lucca As termas de Lucca In Heinrich Heines sämmtliche Werke Obras completas de Heinrich Heine Hamburgo 18671868 18 v v 2 BergIdylle Idílio da montanha 3 In Heinrich Heines sämmtliche Werke Hamburgo 18671868 v 15 Deutschland Ein Wintermärchen Alemanha Um conto de fadas de inverno In Heinrich Heines sämmtliche Werke Hamburgo 18671868 v 17 caput VII Lyrisches Intermezzo 50 In Heinrich Heines sämmtliche Werke Hamburgo 1867 1868 v 15 Sonettenkranz an A W von Schlegel Grinalda de sonetos para A W von Schlegel In Heinrich Heines sämmtliche Werke Hamburgo 18671868 v 2 Verkehrte Welt Mundo invertido In Heinrich Heines sämmtliche Werke Hamburgo 18671868 v 17 HEß Moses Über die sozialistische Bewegung in Deutschland Sobre o movimento socialista na Alemanha In Neue Anekdota Editado por Karl Grün Darmstadt 1845 Índice das obras citadas 592 HEß MosesÜber die Noth in unserer Gesellschaft und deren Abhülfe Sobre o estado de necessidade em nossa sociedade e as soluções para ele In Deutsches Bürgerbuch für 1845 Editado por H Püttmann Darmstadt 1845 Die letzten Philosophen Os últimos filósofos Darmstadt 1845 Philosophie der That Filosofia do ato In Einundzwanzig Bogen aus der Schweiz Editado por Georg Herwegh 2 ed Glarus 1844 Socialismus und Communismus Socialismo e comunismo In Einundzwanzig Bogen aus der Schweiz Editado por Georg Herwegh 2 ed Glarus 1844 Die europäische Triarchie A triarquia europeia Leipzig 1841 HinricHs Hermann Friedrich Wilhelm Politische Vorlesungen Unser Zeitalter und wie es geworden nach seinen politichen kirchlichen und wissenschaftlichen Zuständen mit besondern Bezuge auf Deutschland und namentlich Preußen Lições políticas Nossa época e como ela se originou a partir de suas condições políticas religiosas e científicas com especial atenção à Alemanha e sobretudo à Prússia Halle 1843 v 12 HOFFMANN VON FALLERSLEBEN August Heinrich Nur in Deutschland Na Alemanha somente In Hoffmans von Fallersleben Gesammelte Werke Editado por Heinrich Gerstenberg Berlim 1890 v 3 HolbAcH PaulHenriDietrich d Système de la Nature ou des Loix du Monde Physique et du Monde Moral Sistema da natureza ou das leis do mundo físico e do mundo moral por J B Mirabaud Londres 1770 HORATIUS FLACCUS Quintus Carminum ode XXII In Qu Horatii Flacci opera omnia poetica editio nova Obra poética de Qu Horatius Flaccus nova edição Halae 1802 JeAn PAul Hesperus oder 45 Hundsposttage Eine Lebensbeschreibung Hesperus ou 45 dias de cão de correio In Jean Pauls sämmtliche Werke Berlim 1841 v 5 JOCKELLIED Niemand kommt nach Haus Ninguém volta para casa In Deutsches Kinderlied und Kinderspiel editado por Franz Magnus Böhme Leipzig 1897 JUNGNITz Ernst Herr Nauwerk und die philosophische Facultät Herr Nauwerk e a faculdade de Filosofia Allgemeine LiteraturZeitung n VI 1844 JUVENAL Decimi Junii Juvenalis Satirae Sátiras de Decimus Junius Juvenalis em uma tradução comentada Berlim e Leipzig 1777 KAnt Immanuel Critik der practischen Vernunft Crítica da razão prática Riga 1788 KERVERSEAU Fr Marie CLAVELIN G Histoire de la Révolution de France Précedée de lexposé rapide des Administrations successives qui ont déterminé cette Révolution mémorable Nouvelle Édition revue corrigé et augmentée par deux Amis de la Liberté História da Revolução da França Precedida pela exposição rádida das administrações sucessivas que determinaram essa Revolução memorável Nova edição revista corrigida e ampliada por dois amigos da liberdade Paris 1792 KloPstocK Friedrich Gottlieb Der Messias O Messias Viena 17751783 v 14 KONRADS von Würzburg Goldene Schmiede A ourivesaria de Konrad von Würzburg Publicado por Wilhelm Grimm Berlim 1840 KuHlmAnn Georg Die Neue Welt oder das Reich des Geistes auf Erden Verkündigung O novo mundo ou o reino do espírito na Terra Proclamação Genebra 1845 LEIBNIz Gottfried Wilhelm Principia Philosophiae Seu Theses in gratiam Principis Eugenii In Gothofredi Guillelmi Leibnitii Opera Omnia Nunc primum collecta in Classes distributa praefationibus indicibus exornata sutiu Ludovici DutensTomus Secundus Princípios de Filosofia ou Teses dedicadas ao Príncipe Eugênio In Gottfried Wilhelm Leibniz Obras Com pletas reunidas agora pela primeira vez distribuídas em classes com prefácio e indicações de Ludwig Dutens volume 2 Genebra 1768 lerminier Eugène Philosophie du Droit Filosofia do direito Bruxelas 1832 lessing Gotthold Ephraim Emilia Galotti Ein Trauerspiel in 5 Aufzügen Emília Galotti Uma tragédia em 5 atos In Lessings Werke mit Lebensbild von Julius Petersen und Einl Von Waldemar Oehlke und Eduard Stemplinger Obras de Lessing com nota biográfica por Julius Petersen e introdução de Waldemar Oehlke e Eduard Stemplinger Berlim e outra Bong o J s d t 2 LEVASSEUR DE LA SARTHE René Mémoires Memórias Paris 18291831 v 14 A ideologia alemã 593 linguet SimonNicolasHenri Théorie des loix civiles ou principes fondamentaux de la so cieté Teoria das leis civis ou princípios fundamentais da sociedade Londres 1767 t 1 e 2 lourdoueiX Henri de Appel à la France contre la division des oppinions Extrait de la Gazette de France Apelo à França contra a divisão das opiniões Extraído da Gazette de France Paris 1831 LOUVET DE COUVRAy JeanBaptiste Mémoires Memórias Paris 1823 luciAnus Luciani samosatensis opera ex recensione Guillelmi Dindorfii Graece et latine cum indicibus Obras de Luciano de Samóstata estabelecidas por Wilhelm Dindorf Com indica ções em grego e latim Paris 1840 lüning Otto Die heilige Familie oder Kritik der kritischen Kritik Gegen Bruno Bauer und consorten von F Engels und K Marx Frankfurt 1845 A sagrada família ou crítica da Crítica crítica Contra Bruno Bauer e consortes de F Engels e K Marx Frankfurt 1845 Das Westphälische Dampfboot Bielefeld ano I 1845 mArX Karl zur Kiritik der Hegelschen Rechts philosophie Einleitung Crítica da Filosofia do Direito de Hegel Introdução DeutschFranzösische Jahrbücher Paris 1844 zur Judenfrage Sobre a questão judaica DeutschFranzösische Jahrbücher Paris 1844 mAttHäi Rudolf Socialistische Bausteine Tijolos socialistas Rheinische Jahrbücher zur gesellschaftlichen Reform Darmstadt v 1 1845 micHelet Carl Ludwig Geschichte der letzten Systeme der Philosophie in Deutschland von Kant bis Hegel História dos últimos sistemas de filosofia na Alemanha de Kant até Hegel Berlim 18371838 t 12 monteli AmansAlexis Histoire des Français des divers États aux cinq derniers Ciècles História dos Franceses dos diversos estados nos cinco últimos séculos Paris 18271842 v 110 montgAillArd GuillaumeHonoré Revue Chronologique de lHistoire de France depuis la première Convocation des Notables jusquau Départ des Troupes étrangères 17871818 Exposição cronológica da história da França desde a primeira convocação dos notáveis até a partida das tropas estrangeiras 17871818 Paris 1820 montJoie Félix Louis Christophe Histoire de la conjuration de Maximilien Robespierre História da conjuração de Maximilien Robespierre Paris 1795 morelly Code de la nature avec lanalyse raisonnée du système social de Morelly Código da natureza com a análise aprofundada do sistema social de Morelly por Villegardelle Paris 1841 M R Hippolyte Régnier dEstourbet Histoire du Clergé de France pendant la Révolution História do clero da França durante a Revolução Paris 1828 mundt Theodor Die Geschichte der Gesellschaft in ihren neueren Entwicklungen und Problemen A história da sociedade em seus mais novos desenvolvimentos e problemas Berlim 1844 NAUWERCK Karl Über die Theilnahme am Staate Sobre a participação no Estado Leipzig 1844 nougAret PierreJeanBaptiste Histoire des prisons de Paris et des départements contenant des mémoires rares et précieux Le tout pour servir à lhistoire de la Révolution Française notamment à la tyrannie de Robespierre et des ses agens et complices Ouvrage dédié à tous ceux qui ont été détenus comme suspects Rédigé et publié par P J B Nougaret História das prisões de Paris e dos departamentos contendo memórias raras e preciosas Concebida para servir à história da Revolução Francesa especialmente à tirania de Robespierre e de seus agentes e cúmplices Obra dedicada a todos aqueles que foram detidos como suspeitos Redigida e publicada por P J B Nougaret Paris 1797 v 14 oelcKers Theodor Die Bewegung des Socialismus und Comunismus O movimento do socialismo e do comunismo Leipzig 1844 Pereire J Leçons sur lindustrie et les finances Lições sobre a indústria e as finanças Paris 1832 PFISTER J C Geschichte der Teutschen Bd 15 Geschichte der europäischen Staaten História dos Teutões v 15 História dos Estados europeus publicado por A H L Heeren e F A Ukert Hamburgo 18291935 Pinto Isaac Letre sur la jalousie du commerce Carta sobre a inveja do comércio In Traité de la circulation et du crédit Tratado da circulação e do crédito Amsterdã 1771 Preussen seit der Einsetzung Arndts bis zur Absetzung Bauers A Prússia desde a nomeação de Arndt até a destituição de Bauer In Einundzwanzig Bogen aus der Schweiz Editado por Georg Herwgh 2 ed Glarus 1844 Índice das obras citadas 594 ProudHon PierreJoseph anônimo De la création de lordre dans lhumanité ou Principes dorganisation politique Da criação da ordem na humanidade ou Princípios de organização política Paris Besançon 1843 Questce que la propriété Ou recherches sur le principe du droit et du gouvernement Premier mémoire O que é a propriedade Ou investigações sobre o princípio do direito e do governo Primeiro tratado Paris 1841 rAbelAis Franz Gargantua und Pantagruel Editado por Gottlob Regis Leipzig 1832 reicHArdt Carl Schriften über den Pauperismus Publicistische Abhandlungen von Wöniger Doctor beider Rechte und der Philosophie 1843 Berlin bei Hermes Escritos sobre o pau perismo Artigos jornalísticos Allgemeine LiteraturZeitung n 1 1843 reybAud Louis Études sur les réformateurs ou socialistes modernes Estudos sobre os reformadores ou socialistas modernos Bruxelas 1843 ricArdo David On the Principles of Political Economy and Taxation Dos princípios da economia política e da taxação s l 1817 rolAnd de la Platière JeanneManon Appel à limpartiale Postérité par la Citoyenne Roland ou Recueil des Écrits qulle a rédigés pendant sa détention aux prisons de lAbbaye ed de SaintePélagie Apelo à imparcial posteridade pela cidadã Roland ou coleção de escritos que ela redigiu durante sua detenção nas prisões lAbbaye e SaintePélagie Paris 1795 ROSENKRANz Karl Ludwig Tieck und die romantische Schule Ludwig Tieck e a escola român tica Hallische Jahrbücher für deutsche Wissenschaft und Kunst ano I n 155158 n 160 163 1838 rousseAu JeanJacques Du contract social ou principes du droit politique O contrato social ou princípios do direito público Amsterdã 1762 Économie ou Œconomie Moral Politique In Encyclopédie ou Dictionnaire raisonné des Sciences des Arts et des Métiers Paris 1751 rutenberg Adolf Bibliothek politischer Reden aus dem 18 und 19 Jahrhundert Biblioteca de discursos políticos dos séculos XVIII e XiX Berlim 18431844 v 16 sAintsimon ClaudeHenri de Catéchisme politique des industriels Catecismo político dos industriais In OEuvres de SaintSimon Paris 1841 Nouveau christianisme dialogues entre un novateur et un conservateur Novo cristianis mo diálogos entre um inovador e um conservador In OEuvres de SaintSimon Paris 1841 Doctrine de SaintSimon Exposition Première Année 1829 A doutrina de SaintSimon Exposição Primeiro ano Bruxelas 1831 Lindustrie ou discussions politiques morales et philosophiques A indústria ou discussões políticas morais e filosóficas Paris 1817 Lettres dun habitant de Genève à ses Contemporains Cartas de um habitante de Genebra a seus contemporâneos In OEuvres de SaintSimon Paris 1841 OEuvres Publicado em 1832 por Olinde Rodrigues Paris 1841 Vie de SaintSimon écrite par luimême Vida de SaintSimon escrita por ele mesmo In OEuvres de SaintSimon Paris 1841 Schiller Friedrich von Die Philosophen Os filósofos In Friedrich von Schiller säm mtliche Werke Obras completas de Friedrich von Schiller Stuttgart e Tübingen 1812 1815 v 12 Die Räuber Ein Schauspiel Os salteadores Uma peça de teatro In Friedrich von Schiller sämmtliche Werke Obras completas de Friedrich von Schiller Stuttgart e Tübingen 18121815 v 1 Der Taucher O mergulhador In Friedrich von Schiller sämmtliche Werke Obras completas de Friedrich von Schiller Stuttgart e Tübingen 18121815 v 1 Wallensteins Tod ein Trauerspiel in 5 Aufzügen A morte de Wallenstein Uma tragédia em 5 atos In Friedrich von Schiller sämmtliche Werke Obras completas de Friedrich von Schiller Stuttgart e Tübingen 18121815 v 1 scHlosser Friedrich Christoph Geschichte des achtzehnten Jahrjunderts und des neunzehnten bis zum Sturz des französischen Kaiserreichs História dos séculos XVIII e XiX até a queda do império francês Heidelberg 18361848 v 16 A ideologia alemã 595 semmig Hermann Communismus socialismus humanismus Rheinische Jahrbücher zur gesellschaftlichen Reform Darmstadt v 1 1845 senior Nassau William Three Lectures on the Rate of Wages delivered before the University of Oxford in Easter term 1830 Três cursos sobre a taxa dos salários apresentada perante a Universidade de Oxford na Páscoa de 1830 Londres 1831 sHAKesPeAre William Timon von Athen In Shakespeares dramatische Werke de acordo com a tradução de August von Schlegel e Ludwig Tieck Berlim 18761877 vol 112 v 10 Was ihr wollt Como queiras In Shakespeares dramatische Werke de acordo com a tradução de August von Schlegel e Ludwig Tieck Berlim 18761877 vol 112 v 10 sismondi JeanCharlesLéonard Simonde de Nouveaux Principes dÉconomie politique ou de la Richesse dans ses Rapports avec la Population Novos princípios de economia política ou da riqueza em suas relações com a população 2 ed Paris 1827 smitH Adam Recherches sur la nature et les causes de la richesse des nations Traduction nouvelle avec des notes et observations par Germain Garnier Investigações sobre a natureza e as causas da riqueza das nações Tradução nova com notas e observações por Germain Garnier Paris 1802 v IIV SóFOCLES Antigone Antígona Edição bilíngue gregoalemão de Karl Heinrich Jördens Berlim 1782 SPINOzA Baruch Benedictus Benedicti de Spinoza opera quæ supersunt omnia Obras completas de Benedictus de Spinoza Editada por Gottlob Paulus Iena 1802 STEIN LORENz VON Der Socialismus und Communismus des heutigen Frankreichs Ein Beitrag zur Zeitgeschichte O socialismo e o comunismo da França atual Uma contribuição à história de nossa época Leipzig 1842 stirner Max Johann Caspar Schmidt Der Einzige und sein Eigenthum O Único e sua pro priedade Leipzig 1845 anônimo Recensenten Stirner Os resenhistas de Stirner Wigands Vierteljahrsschrift v 3 1845 SzELIGA Der Einzige und sein Eigenthum Von Max Stirner Kritik von Szeliga O Único e sua propriedade de Max Stirner Crítica de Szeliga Norddeutsche Blätter für Kritik Literatur und Unterhaltung n 9 1845 Eugen Sue die Geheimnisse von Paris Eugène Sue Os mistérios de Paris Allgemeine LiteraturZeitung n 8 1844 über das Recht des Freigesprochenen eine Ausfertigung des wider ihn ergangenen Erkenntnisses zu verlangen Sobre o direito do absolvido de exigir um despacho da sentença proferida sobre seu caso Wigands Vierteljahrsschrift v 4 1845 Villegardelle ver Morelly VIRGILIUS PUBLIUS MARO Virgils Eklogen As Éclogas de Virgílio nova tradução para o alemão de Karl Heirich Jördens Berlim e Stralsund 1782 WATTS John The Facts and Fictions of political Economists being a Review of the Princi ples of the Science separating the true from the false Fatos e ficções dos economistas políticos uma revisão dos princípios da ciência a fim de separar o verdadeiro do falso Manchester 1842 WEITLING Wilhelm Garantien der Harmonie und Freiheit Garantias da harmonia e da liberdade Vivis 1842 Die Menschheit wie sie ist und wie sie sein sollte A humanidade como ela é e como deveria ser Munique 1895 WOENIGER August Theodor Publicistische Abhandlungen Artigos jornalísticos 2 ed Berlim 1843 Periódicos Allgemeine LiteraturZeitung Monatsshcrift Gazeta geral literária Revista Mensal editado por Bruno Bauer volumes III Charlottenburg 18431844 Beiträge zum Feldzuge der Kritik Contribuições à campanha da crítica cf Norddeutsche Blätter Índice das obras citadas 596 Bürgerbuch Livro de ouro ver Deutsches Bürgerbuch Charivari Paris DeutschFranzösische Jahrbücher Anais francoalemães editado por Arnold Ruge e Karl Marx 1o e 2o fascículos Paris 1844 Deutsche Jahrbücher für Wissenschaft und Kunst Anais alemães de ciência e arte Leipzig 18411843 Deutsches Bürgerbuch für 1845 O livro de ouro alemão de 1845 editado por H Püttmann Darmstadt 1845 Le Drapeau Blanc A bandeira branca Paris LÉgalitaire Journal de lOrganisation Sociale O igualitário Jornal da organização social Paris 1840 La Fraternité Journal Moral et Politique A Fraternidade Jornal moral e político Paris 1840 La Gazette de France A Gazeta da França Paris Le Globe Journal de la Doctrine de SaintSimon O Globo Jornal da Doutrina de SaintSimon Paris 1831 Hallische Jahrbücher für deutsche Wissenschaft und Kunst Anais hallesianos de ciência e arte alemãs ano 1 1838 Historischpolitische Zeitschrift Revista HistóricoPolítica editada por Leopold Ranke v 1 Hamburgo 1832 v 2 Berlim 18331836 Journal dinstruction sociale par les citoyens Condorcet Sieyès et Duhamel Jornal de instrução social editado pelos cidadãos Condorcet Sieyès e Duhamel 1793 Königlich privilegirte Berlinische Zeitung von Staats und gelehrten Sachen Jornal berlinense com privilégio real sobre questões políticas e eruditas Berlim Landkalender für das Grossherzogthum Hessen auf das Jahr der gnadenreichen Geburt Jesu Christi 1841 Calendário do grãoducado de Hessen para o ano da graça do nascimento de Jesus Cristo de 1841 Darmstadt 1840 Le Moniteur Universel O Monitor Universal Paris Norddeutsche Blätter für Kritik Literatur und Unterhaltung Folhas nortealemãs de crítica literatura e debate publicado sob o título Beiträge zum Feldzuge der Kritik Norddeutsche Blätter für 1844 und 1845 Contribuições à campanha da crítica Folhas nortealemãs de 1844 e 1845 t 12 Berlim 1846 LOrganisateur O Organizador Paris La Phalange Revue de la Science Sociale A Falange Revista de Ciência Social ano 14 1a série de 8 t 1 Paris 1845 Le Populaire O Popular Le Producteur Journal philosophique de lIndustrie de la Science et des Beaux Arts O Produtor Jornal filosófico da indústria da ciência e das belasartes 18251826 Révolutions de Paris Dédiées à la Nation et au District des PetitsAugustins Revoluções de Paris Dedicadas à Nação e ao Distrito de PetitsAugustins Paris 17891794 Revue des deux Mondes Revista dos dois Mundos Paris Rheinische Jahrbücher zur gesellschaftlichen Reform Anais renanos para a reforma social editados com várias colaborações por Hermann Püttmann t 1 Darmstadt 1845 Die Stimme des Volks Pariser deutsche kommunistische Zeitschrift A voz do Povo revista co munista alemãparisiense Paris Vorwärts Pariser Deutsche Zeitschrift Avante Revista alemãparisiense Paris 1844 Vossische Zeitung Gazeta de Voss cf Königlich privilegirte Berlinische Zeitung von Staats und gelehrten Sachen Das Westphälische Dampfboot Eine Monatsschrift O Vapor da Vestfália Uma revista mensal Bielefeld e Paderborn 18451847 Wigands Vierteljahrsschrift Revista Trimestral de Wigand t 24 Leipzig 597 cronologiA resumidA Karl Marx Em Trier capital da pro víncia alemã do Reno nasce Karl Marx 5 de maio o segundo de oito filhos de Heinrich Marx e de Enriqueta Pressburg Trier na época era in fluenciada pelo liberalis mo revolucionário francês e pela reação ao Antigo Regime vinda da Prússia O pai de Marx nascido Hirschel advogado e conselheiro de Justiça é obrigado a abandonar o judaísmo por motivos profissionais e políticos os judeus estavam proi bidos de ocupar cargos públicos na Renânia Marx entra para o Ginásio de Trier outubro Inicia seus estudos no Liceu Friedrich Wilhelm em Trier 1818 1820 1824 1830 Friedrich Engels Nasce Friedrich Engels 28 de novembro pri meiro dos nove filhos de Friedrich Engels e Elizabeth Franziska Mauritia van Haar em Barmen Alemanha Cresce no seio de uma família de industriais religiosa e conservadora Fatos históricos Simón Bolívar declara a Venezuela independente da Espanha George IV se torna rei da Inglaterra pondo fim à Regência Insurreição constitucionalista em Portugal Simón Bolívar se torna chefe do Executivo do Peru Estouram revoluções em di versos países eu ropeus A população de Paris insurgese contra a promulgação de leis que 598 Escreve Reflexões de um jovem perante a escolha de sua profissão Presta exame final de bacha relado em Trier 24 de setembro Inscrevese na Universidade de Bonn Estuda Direito na Univer sidade de Bonn Participa do Clube de Poetas e de associações de estudan tes No verão fica noivo em segredo de Jenny von Westphalen vizinha sua em Trier Em razão da oposição entre as famí lias casarseiam apenas sete anos depois Ma triculase na Universi dade de Berlim Transferese para a Uni versidade de Berlim e estuda com mestres como Gans e Savigny Escreve Canções selvagens e Transformações Em carta ao pai descreve sua re lação contraditória com o hegelianismo doutrina predominante na época Entra para o Clube dos Doutores encabeçado por Bruno Bauer Perde o interesse pelo Direito e entregase com paixão ao estudo da filosofia o que lhe compromete a saúde Morre seu pai 1831 1834 1835 1836 1837 1838 Engels ingressa em outubro no Ginásio de Elberfeld Na juventude fica impressionado com a miséria em que vivem os trabalhadores das fábricas de sua família Escreve Poema Por insistência do pai Engels deixa o ginásio e começa a trabalhar nos negócios da famíla Escre ve História de um pirata Estuda comércio em Bre men Começa a escrever ensaios lite rá rios e sociopolíticos poemas e panfletos filosóficos em periódicos como o Hamburg Journal e o Telegraph für Deutchland entre eles o poema O be duíno setembro sobre o espírito da liberdade dissolvem a Câmara e suprimem a liberdade de imprensa Luís Filipe assu me o poder Morre Hegel A escravidão é abolida no Império Britânico In sur reição operária em Lyon Revolução Farroupilha no Brasil O Congresso alemão faz moção contra o movimento de escrito res Jovem Alemanha Fracassa o golpe de Luís Napoleão em Estras burgo Criação da Liga dos Justos A rainha Vitória assume o trono na Inglaterra Richard Cobden funda a AntiCornLawLeague na Inglaterra Proclama ção da Carta do Povo que originou o cartismo Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 599 1839 1840 1841 1842 K F Koeppen dedica a Marx seu estudo Friedrich der Große und seine Widersacher Frederico o Grande e seus adversários Com uma tese sobre as diferenças entre as filo sofias de Demócrito e Epicuro Marx recebe em Iena o título de doutor em Filosofia 15 de abril Volta a Trier Bru no Bauer acusado de ateísmo é expulso da cátedra de Teologia da Universidade de Bonn com isso Marx perde a oportu nidade de atuar como docente nessa uni versidade Elabora seus primeiros trabalhos como publicis ta Começa a colaborar com o jornal Rheinische Zeitung Gazeta Re nana publicação da burguesia em Colônia do qual mais tarde seria redator Conhece Engels que na ocasião visitava o jornal Escreve o primeiro traba lho de envergadura Briefe aus dem Wupperthal Cartas de Wupperthal sobre a vida operária em Barmen e na vizinha Elberfeld Te legraph für Deutschland primavera Outros viriam como Literatura popular alemã Karl Beck e Memorabilia de Immer mann Estuda a filosofia de Hegel Engels publica Réquiem para o Aldeszeitung ale mão abril Vida literária moderna no Mitternachtzeitung mar çomaio e Cidade natal de Siegfried dezembro Publica Ernst Moritz Arndt Seu pai o obriga a deixar a escola de comér cio para dirigir os negó cios da família Engels prosseguiria sozinho seus estudos de filosofia religião literatura e políti ca Presta o serviço militar em Berlim por um ano Frequenta a Universi dade de Berlim como ouvinte e conhece os jovenshegelianos Critica intensamente o conservado rismo na figura de Schelling com os escritos Schelling em Hegel Schelling e a reve lação e Schelling filósofo em Cristo Em Manchester assume a fiação do pai a Ermen Engels Conhece Mary Burns jovem trabalhado ra irlandesa que viveria com ele até a morte Mary e a irmã Lizzie mostram a Engels as dificuldades da vida operária e ele inicia es tudos sobre os efeitos do capitalismo no operariado inglês Publica artigos Feuerbach publica Zur Kritik der Hegelschen Philosophie Crítica da fi losofia hegeliana Primei ra proibição do trabalho de menores na Prússia Auguste Blanqui lidera o frustrado levante de maio na França Proudhon publica O que é a propriedade Questce que la propriété Feuerbach traz a público A essência do cristianis mo Das Wesen des Christentums Primeira lei trabalhista na França Eugène Sue publica Os mistérios de Paris Feuerbach publica Vorläufige Thesen zur Reform der Philosophie Teses provisórias para uma reforma da filosofia O Ashleys Act proíbe o trabalho de menores e mulheres em minas na Inglaterra Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 600 1843 1844 Sob o regime prussiano é fechado o Rheinische Zeitung Marx casase com Jenny von Westphalen Recusa convite do governo prussiano para ser redator no diário oficial Passa a lua de mel em Kreuznach onde se de dica ao estudo de diversos autores com destaque para Hegel Redige os manuscritos que vi riam a ser conhecidos como Crítica da filosofia do direito de Hegel Zur Kritik der Hegelschen Re chtsphilosophie Em outu bro vai a Paris onde Moses Heß e George Herwegh o apresentam às sociedades secretas socialistas e comunistas e às associações operá rias alemãs Conclui A questão judaica Zur Judenfrage Substitui Arnold Ruge na direção dos DeutschFranzösische Jahrbücher Anais Franco Alemães Em dezembro inicia grande amizade com Heinrich Heine e conclui sua Introdução à crítica da filosofia do direito de Hegel Zur Kritik der He gelschen Rechtsphilosophie Einleitung Em colaboração com Arnold Ruge elabora e publica o primeiro e úni co volume dos Deutsch Französische Jahrbücher no qual participa com dois artigos A questão judaica e Introdução a uma crítica da filosofia do direito de Hegel no Rheinische Zeitung entre eles Crítica às leis de imprensa prussianas e Centralização e liber dade Engels escreve com Ed gar Bauer o poema satíri co Como a Bíblia escapa milagrosamente a um atentado impudente ou O triunfo da fé contra o obscurantismo religioso O jornal Schweuzerisher Republicaner publica suas Cartas de Londres Em Bradford conhece o poeta G Weerth Começa a escrever para a impren sa cartista Mantém conta to com a Liga dos Justos Ao longo desse tempo suas cartas à irmã favo rita Marie revelam seu amor pela natureza e por música livros pintura viagens esporte vinho cerveja e tabaco Em fevereiro Engels pu blica Esboço para uma crítica da economia política Umrisse zu einer Kritik der Nationalökonomie texto que influenciou profundamente Marx Se gue à frente dos negócios do pai escreve para os Feuerbach publica Grundsätze der Philosophie der Zukunft Princípios da filosofia do futuro O Grahams Factory Act regula o horário de traba lho para menores e mu lheres na Inglaterra Fun dado o primeiro sindicato operário na Alemanha Insurreição de operários têxteis na Silésia e na Boêmia Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 601 1845 Escreve os Manuscritos econômicofilosóficos Ökonomisch philosophische Manuskripte Colabora com o Vorwärts Avan te órgão de imprensa dos operários alemães na emigração Conhece a Liga dos Justos fundada por Weitling Amigo de Heine Leroux Blanc Proudhon e Bakunin ini cia em Paris estreita ami zade com Engels Nasce Jenny primeira filha de Marx Rompe com Ruge e desligase dos DeutschFranzösische Jahrbücher O governo decreta a prisão de Marx Ruge Heine e Bernays pela colaboração nos DeutschFranzösische Jahrbücher Encontra Engels em Paris e em dez dias planejam seu primei ro trabalho juntos A sagrada família Die heilige Familie Marx pu blica no Vorwärts artigo sobre a greve na Silésia Por causa do artigo sobre a greve na Silésia a pedi do do governo prussiano Marx é expulso da Fran ça juntamente com Bakunin Bürgers e Bornstedt Mudase para Bruxelas e em colabora ção com Engels escreve e publica em Frankfurt A sagrada família Ambos começam a escrever A ideologia alemã Die deutsche Ideologie e Marx elabora As teses sobre Feuerbach Thesen über Feuerbach Em setembro nasce Laura segunda filha de Marx e Jenny Em dezembro ele renuncia à na cionalidade prussiana DeutschFranzösische Jahrbücher e colabora com o jornal Vorwärts Deixa Manchester Em Paris tornase amigo de Marx com quem desenvolve atividades militantes o que os leva a criar laços cada vez mais profundos com as organi zações de trabalhadores de Paris e Bruxelas Vai para Barmen As observações de Engels sobre a classe trabalha dora de Manchester feitas anos antes formam a base de uma de suas obras principais A situa ção da classe trabalhado ra na Inglaterra Die Lage der arbeitenden Klasse in England publicada pri meiramente em alemão a edição seria traduzida para o inglês 40 anos mais tarde Em Barmen organiza debates sobre as ideias comunistas junto com Hesse e Kötten e profere os Discursos de Elberfeld Em abril sai de Barmen e encontra Marx em Bruxelas Juntos es tudam economia e fazem Criada a organização internacionalista De mocratas Fraternais em Londres Richard M Hoe registra a patente da primeira prensa rotativa moderna Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 602 1846 1847 Marx e Engels organizam em Bruxelas o primeiro Comitê de Correspon dência da Liga dos Justos uma rede de correspon dentes comunistas em diversos países a qual Proudhon se nega a in tegrar Em carta a Annenkov Marx critica o recémpublicado Sis tema das contradições econômicas ou Filosofia da miséria Système des contradictions économi ques ou Philosophie de la misère de Proudhon Redige com Engels a Zirkular gegen Kriege Circular contra Kriege alemão emigrado dono de um periódico socialis ta em Nova york Por falta de editor Marx e Engels desistem de publicar A ideologia alemã a obra só seria publicada em 1932 na União Soviéti ca Em dezembro nasce Edgar o terceiro filho de Marx Filiase à Liga dos Justos em seguida nomeada Liga dos Comunistas Realiza se o primeiro congresso da associação em Londres junho ocasião em que se encomenda a Marx e Engels um manifesto dos comunistas Eles parti cipam do congresso de trabalhadores alemães em Bruxelas e juntos fun uma breve visita a Manchester julho e agos to onde percorrem al guns jornais locais como o Manchester Guardian e o Volunteer Journal for Lancashire and Cheshire Lançada A situação da classe trabalhadora na Inglaterra em Leipzig Começa sua vida em comum com Mary Burns Seguindo instruções do Comitê de Bruxelas Engels estabelece estreitos contatos com socialistas e comunistas franceses No outono ele se desloca para Paris com a incum bência de estabelecer novos comitês de corres pondência Participa de um encontro de tra balhadores alemães em Paris propagando ideias comunistas e discorrendo sobre a utopia de Prou dhon e o socialismo real de Karl Grün Engels viaja a Londres e participa com Marx do I Congresso da Liga dos Justos Publica Princípios do comunismo Grundsätze des Kommunismus uma versão preliminar do Manifesto Comunista Manifest der Kommunistischen Partei Em Bruxelas Os Estados Unidos decla ram guerra ao México Rebelião polonesa em Cracóvia Crise alimentar na Europa Abolidas na Inglaterra as leis dos cereais A Polônia tornase pro víncia russa Guerra civil na Suíça Realizase em Londres o II Congresso da Liga dos Comunistas novembro Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 603 1848 1849 dam a Associação Ope rária Alemã de Bruxelas Marx é eleito vice presidente da Associação Democrática Conclui e publica a edição francesa de Miséria da filosofia Misère de la philosophie Bruxelas julho Marx discursa sobre o livrecambismo numa das reuniões da Asso ciação Democrática Com Engels publica em Londres fevereiro o Manifesto Comunista O governo revolucio nário francês por meio de Ferdinand Flocon convida Marx a morar em Paris depois que o governo belga o expulsa de Bruxelas Redige com Engels Reivindicações do Partido Comunista na Alemanha Forderungen der Kommunistischen Partei in Deutschland e organiza o regresso dos membros alemães da Liga dos Comunistas à pátria Com sua família e com Engels mudase em fins de maio para Colônia onde ambos fundam o jornal Neue Rheinische Zeitung Nova Gazeta Renana cuja primeira edição é publicada em 1o de junho com o subtítulo Organ der Demokratie Marx começa a dirigir a Associação Operária de Colônia e acusa a bur guesia alemã de traição Proclama o terrorismo revolucionário como úni co meio de amenizar as dores de parto da nova sociedade Conclama ao boicote fiscal e à resistên cia armada Marx e Engels são absol vidos em processo por junto com Marx participa da reunião da Associação Democrática voltando em seguida a Paris para mais uma série de encontros Depois de atividades em Londres volta a Bruxelas e escreve com Marx o Manifesto Comunista Expulso da França por suas atividades políticas chega a Bruxelas no fim de janei ro Juntamente com Marx toma parte na insurreição alemã de cuja derrota falaria quatro anos depois em Revolução e contrar revolução na Alemanha Revolution und Konterevolution in Deutschland Engels exerce o cargo de editor do Neue Rheinische Zeitung recémcriado por ele e Marx Participa em setembro do Comitê de Segurança Pública criado para rechaçar a contrarre volução durante grande ato popular promovido pelo Neue Rheinische Zeitung O periódico sofre suspensões mas prosse gue ativo Procurado pela polícia tenta se exilar na Bélgica onde é preso e depois expulso Mudase para a Suíça Em janeiro Engesls retor na a Colônia Em maio Definida na Inglaterra a jornada de dez horas para menores e mulheres na indústria têxtil Criada a Associação Operária em Berlim Fim da escra vidão na áustria Abolição da escravidão nas colônias francesas Barricadas em Paris eclode a revolução o rei Luís Filipe abdica e a República é proclamada A revolução se alastra pela Europa Em junho Blanqui lidera novas insurreições operárias em Paris brutalmente reprimidas pelo general Cavaignac Decretado estado de sítio em Colô nia em reação a protestos populares O movimento revolucionário reflui Proudhon publica Les confessions dun Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 604 1850 1851 participação nos distúr bios de Colônia ataques a autoridades publicados no Neue Rheinische Zeitung Ambos de fendem a liberdade de imprensa na Alemanha Marx é convidado a deixar o país mas ainda publi caria Trabalho assalariado e capital Lohnarbeit und Kapital O periódico em difícil situação é extinto maio Marx em condição finan ceira precária vende os próprios móveis para pa gar as dívidas tenta voltar a Paris mas impedido de ficar é obrigado a deixar a cidade em 24 horas Graças a uma campanha de arrecadação de fundos promovida por Ferdinand Lassalle na Alemanha Marx se estabelece com a família em Londres onde nasce Guido seu quarto filho novembro Ainda em dificuldades financeiras organiza a ajuda aos emigrados alemães A Liga dos Co munistas reorganiza as sessões locais e é fundada a Sociedade Universal dos Comunistas Revolu cionários cuja liderança logo se fraciona Edita em Londres a Neue Rheinische Zeitung Nova Gazeta Renana revista de economia política bem como Lutas de classe na França Die Klassenkämpfe in Frankreich Morre o filho Guido Continua em dificulda des mas graças ao êxito dos negócios de Engels em Manchester conta com ajuda financeira Dedicase intensamente toma parte militarmente na resistência à reação À frente de um batalhão de operários entra em Elberfeld motivo pelo qual sofre sanções legais por parte das autoridades prussianas enquanto Marx é convidado a dei xar o país Publicado o último número do Neue Rheinische Zeitung Marx e Engels vão para o sudoes te da Alemanha onde Engels envolvese no levante de BadenPa latinado antes de seguir para Londres Publica A guerra dos camponeses na Alemanha Der deutsche Bauernkrieg Em novem bro retorna a Manchester onde viverá por vinte anos e às suas atividades na Ermen Engels o êxito nos negócios possi bilita ajudas financeiras a Marx Engels juntamente com Marx começa a colaborar com o Movimento Car tista Chartist Movement Estuda língua história e literatura eslava e russa révolutionnaire A Hun gria proclama sua inde pendência da áustria Após período de refluxo reorganizase no final do ano em Londres o Comitê Central da Liga dos Comunistas com a participação de Marx e Engels Abolição do sufrágio universal na França Na França golpe de Es tado de Luís Bonaparte Realização da primeira exposição universal em Londres Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 605 1852 1853 1854 aos estudos de economia na biblioteca do Museu Britânico Aceita o con vite de trabalho do New York Daily Tribune mas é Engels quem envia os primeiros textos intitula dos Contrarrevolução na Alemanha publicados sob a assinatura de Marx Hermann Becker publica em Colônia o primeiro e único tomo dos Ensaios escolhidos de Marx Nas ce Francisca 28 de mar ço quinta de seus filhos Envia ao periódico Die Revolution de Nova york uma série de artigos sobre O dezoito brumário de Luís Bonaparte Der achtzehnte Brumaire des Louis Bonaparte Sua proposta de dissolução da Liga dos Comunistas é acolhida A difícil situa ção financeira é ameniza da com o trabalho para o New York Daily Tribune Morre a filha Francisca nascida um ano antes Marx escreve tanto para o New York Daily Tribune quanto para o Peoples Paper inúmeros artigos sobre temas da época Sua precária saúde o impede de voltar aos estudos econômicos inter rompidos no ano anterior o que faria somente em 1857 Retoma a corres pondência com Lassalle Continua colaborando com o New York Daily Publica Revolução e contrarrevolução na Alemanha Revolution und Konterevolution in Deutschland Com Marx elabora o panfleto O grande homem do exílio Die groben Männer des Exils e uma obra hoje desaparecida chamada Os grandes homens ofi ciais da Emigração nela atacam os dirigentes bur gueses da emigração em Londres e defendem os revolucionários de 1848 1849 Expõem em cartas e artigos con juntos os planos do governo da polícia e do judiciário prus sianos textos que te riam grande repercussão Escreve artigos para o New York Daily Tribune Estuda o persa e a histó ria dos países orientais Publica com Marx ar tigos sobre a Guerra da Crimeia Luís Bonaparte é pro clamado imperador da França com o título de Napoleão Bonaparte III A Prússia proíbe o trabalho para menores de 12 anos Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 606 1855 1856 1857 Tribune dessa vez com artigos sobre a revolução espanhola Começa a escrever para o Neue Oder Zeitung de Breslau e segue como colaborador do New York Daily Tribune Em 16 de janeiro nasce Eleanor sua sexta filha e em 6 de abril morre Edgar o terceiro Ganha a vida redigindo artigos para jornais Dis cursa sobre o progresso técnico e a revolução proletária em uma festa do Peoples Paper Estuda a história e a civilização dos povos eslavos A esposa Jenny recebe uma herança da mãe o que permite que a família mude para um aparta mento mais confortável Retoma os estudos sobre economia política por considerar iminente nova crise econômica euro peia Fica no Museu Britâ nico das nove da manhã às sete da noite e trabalha madrugada adentro Só descansa quando adoece e aos domingos nos pas seios com a família em Hampstead O médico o proíbe de trabalhar à noite Começa a redigir os manuscritos que viriam a ser conhecidos como Grundrisse der Kritik der Politischen Ökonomie Esboços de uma crítica da economia política e que servirão de base à obra Para a crítica da economia política Zur Kritik der Politischen Ökonomie Escreve a cé lebre Introdução de 1857 Continua a colaborar no New York Daily Tribune Escreve artigos sobre Escreve uma série de artigos para o periódico Putman Engels e sua mulher Mary Burns visitam a terra natal dela a Irlanda Adoece gravemente em maio Analisa a situação no Oriente Médio es tuda a questão eslava e aprofunda suas reflexões sobre temas militares Sua contribuição para a New American Encyclo paedia Nova Enciclo pédia Americana ver sando sobre as guerras faz dele um continuador de Von Clausewitz e um pre cursor de Lenin e Mao Tsétung Engels conti nua trocando cartas com Marx discorrendo sobre a crise na Europa e nos Estados Unidos Morte de Nicolau I na Rússia e ascensão do czar Alexandre II Morrem Max Stirner e Heinrich Heine Guerra francoinglesa contra a China O divórcio sem necessi dade de aprovação parla mentar se torna legal na Inglaterra Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 607 1858 1859 1860 JeanBaptiste Bernadotte Simón Bolívar Gebhard Blücher e outros na New American Encyclopae dia Nova Enciclopédia Americana Atravessa um novo período de dificul dades financeiras e tem um novo filho natimorto o New York Daily Tribune deixa de publicar alguns de seus artigos Marx dedicase à leitura de Ciência da lógica Wissenschaft der Logik de Hegel Agravamse os problemas de saúde e a penúria Publica em Berlim Para a crítica da economia po lítica A obra só não fora publicada antes porque não havia dinheiro para postar o original Marx comentaria Seguramen te é a primeira vez que alguém escreve sobre o dinheiro com tanta falta dele O livro muito esperado foi um fracasso Nem seus companheiros mais entusiastas como Liebknecht e Lassalle o compreenderam Escreve mais artigos no New York Daily Tribune Começa a colaborar com o perió dico londrino Das Volk contra o grupo de Edgar Bauer Marx polemiza com Karl Vogt a quem acusa de ser subsidiado pelo bonapartismo Blind e Freiligrath Vogt começa uma série de calúnias contra Marx e as querelas chegam aos tribunais de Berlim e Lon dres Marx escreve Herr Vogt Senhor Vogt Engels dedicase ao estu do das ciências naturais Faz uma análise junto com Marx da teoria revo lucionária e suas táticas publicada em coluna do Das Volk Escreve o artigo Po und Rhein Pó e Reno em que analisa o bonapartismo e as lutas liberais na Alemanha e na Itália Enquanto isso estuda gótico e inglês arcaico Em dezembro lê o recémpublicado A origem das espécies The Origin of Species de Darwin Engels vai a Barmen para o sepultamento de seu pai 20 de março Publica a brochura Savoia Nice e o Reno Savoyen Nizza und der Rhein pole mizando com Lassalle Continua escrevendo para vários pe riódicos entre eles o All gemeine Militar Zeitung Morre Robert Owen A França declara guerra à áustria Giuseppe Garibaldi toma Palermo e Nápoles Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 608 1861 1862 1863 Enfermo e depauperado Marx vai à Holanda onde o tio Lion Philiph concorda em adiantarlhe uma quantia por conta da herança de sua mãe Volta a Berlim e projeta com Lassalle um novo periódico Reencontra ve lhos amigos e visita a mãe em Trier Não consegue recuperar a nacionalidade prussiana Regressa a Lon dres e participa de uma ação em favor da liberta ção de Blanqui Retoma seus trabalhos científicos e a colaboração com o New York Daily Tribune e o Die Presse de Viena Trabalha o ano inteiro em sua obra científica e encontrase várias vezes com Lassalle para dis cutirem seus projetos Em suas cartas a Engels desenvolve uma crítica à teoria ricardiana so bre a renda da terra O New York Daily Tribune justificandose com a situação econômica in terna norteamericana dispensa os serviços de Marx o que reduz ainda mais seus rendimentos Viaja à Holanda e a Trier e novas solicitações ao tio e à mãe são negadas De volta a Londres tenta um cargo de escrevente da ferrovia mas é reprovado por causa da caligrafia Marx continua seus estu dos no Museu Britânico e se dedica também à mate mática Começa areda ção definitiva de O capital Das Kapital e participa de ações pela inde pen dência da Polônia Morre sua mãe no vembro deixandolhe algum di nheiro como herança Contribui com artigos sobre o conflito de seces são nos Estados Unidos no New York Daily Tribu ne e no jornal liberal Die Presse Morre em Manchester Mary Burns companheira de Engels 6 de janeiro Ele permaneceria moran do com a cunhada Lizzie Esboça mas não conclui um texto sobre rebeliões camponesas Guerra civil norteameri cana Abolição da servi dão na Rússia Nos Estados Unidos Lincoln decreta a abo lição da escravatura O escritor Victor Hugo pu blica Les misérables os miseráveis Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 609 1864 1865 1866 1867 Engels participa da fun dação da Associação Internacional dos Traba lhadores depois conhe cida como a Primeira Internacional Tornase coproprietário da Ermen Engels No segundo semestre contribui com Marx para o Sozial Demokrat periódico da socialde mocracia alemã que populariza as ideias da Internacional na Ale manha Recebe Marx em Man chester Ambos rompem com Schweitzer diretor do SozialDemokrat por sua orientação lassalliana Suas conversas sobre o movimento da classe tra balhadora na Alemanha resultam em artigo para a imprensa Engels publica A questão militar na Prús sia e o Partido Operário Alemão Die preubische Militärfrage und die deutsche Arbeiterpartei Escreve a Marx sobre os trabalhadores emigrados da Alemanha e pede a intervenção do Conselho Geral da Internacional Engels estreita relações com os revolucionários alemães especialmente Liebknecht e Bebel Envia carta de congratulações a Marx pela publicação do primeiro volume de O capital Estuda as novas descobertas da química e Malgrado a saúde con tinua a trabalhar em sua obra científica É convi dado a substituir Lassalle morto em duelo na As sociação Geral dos Ope rários Alemães O cargo entretanto é ocupado por Becker Apresenta o pro jeto e o estatuto de uma Associação Internacional dos Trabalhadores duran te encontro internacional no Saint Martins Hall de Londres Marx elabora o Manifesto de Inauguração da Associação Internacio nal dos Trabalhadores Conclui a primeira re dação de O capital e participa do Conselho Central da Internacional setembro em Londres Marx escreve Salário preço e lucro Lohn Preis und Profit Publica no SozialDemokrat uma biografia de Proudhon morto recentemente Co nhece o socialista francês Paul Lafargue seu futuro genro Apesar dos intermináveis problemas financeiros e de saúde Marx conclui a redação do primeiro livro de O capital Prepara a pauta do primeiro Con gresso da Internacional e as teses do Conselho Central Pronuncia dis curso sobre a situação na Polônia O editor Otto Meissner publica em Hamburgo o primeiro volume de O capital Os problemas de Marx o impedem de prosseguir no projeto Redige instruções para Wilhelm Liebknecht re cémingressado na Dieta Dühring traz a público seu Kapital und Arbeit Capital e trabalho Fundação na Inglaterra da Associação Interna cional dos Trabalhadores Reconhecido o direito a férias na França Morre Wilhelm Wolff amigo íntimo de Marx a quem é dedicado O capital Assassinato de Lincoln Proudhon publica De la capacité politique des classes ouvrières A capacidade política das classes operárias Morre Proudhon Na Bélgica é reconheci do o direito de associa ção e a férias Fome na Rússia Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 610 1868 1869 1870 prussiana como represen tante socialdemocrata Piora o estado de saúde de Marx e Engels conti nua ajudandoo financei ramente Marx elabora estudos sobre as formas primitivas de propriedade comunal em especial sobre o mir russo Cor respondese com o russo Danielson e lê Dühring Bakunin se declara discí pulo de Marx e funda a Aliança Internacional da Socialdemocracia Casa mento da filha Laura com Lafargue Liebknecht e Bebel fun dam o Partido Operário Socialdemocrata alemão de linha marxista Marx fugindo das polícias da Europa continental pas sa a viver em Londres com a família na mais absoluta miséria Conti nua os trabalhos para o segundo livro de O capi tal Vai a Paris sob nome falso onde permanece algum tempo na casa de Laura e Lafargue Mais tarde acompanhado da filha Jenny visita Ku gelmann em Hannover Estuda russo e a história da Irlanda Correspondese com De Paepe sobre o proudhonismo e con cede uma entrevista ao sindicalista Haman sobre a importância da organi zação dos trabalhadores Continua interessado na situação russa e em seu movimento revolucionário Em Genebra instalase uma seção russa da In ternacional na qual se acentua a oposição entre Bakunin e Marx que redi escreve artigos e matérias sobre O capital com fins de divulgação Engels elabora uma sinop se do primeiro volume de O capital Em Manchester dissolve a empresa Ermen En gels que havia assumido após a morte do pai Com um soldo anual de 350 libras auxilia Marx e sua família com ele mantém intensa correspondência Começa a contribuir com o Volksstaat o órgão de imprensa do Partido Socialdemocrata alemão Escreve uma pequena biografia de Marx publi cada no Die Zukunft ju lho Lançada a primeira edição russa do Manifesto Comunista Em setembro acompanhado de Lizzie Marx e Eleanor visita a Irlanda Engels escreve História da Irlanda Die Geschichte Irlands Começa a co laborar com o periódico inglês Pall Mall Gazette discorrendo sobre a guerra francoprussiana Deixa Manchester em setembro Em Bruxelas acontece o Congresso da Associação Internacional dos Traba lhadores setembro Fundação do Partido Socialdemocrata alemão Congresso da Primeira Internacional na Basileia Suíça Na França são presos membros da Internacional Comunista Nasce Vladimir Lenin Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 611 1871 1872 ge e distribui uma circular confidencial sobre as ativi dades dos bakunistas e sua aliança Redige o primeiro comunicado da Internacio nal sobre a guerra franco prussiana e exerce a partir do Conselho Central uma grande atividade em favor da República francesa Por meio de Serrailler envia instruções para os membros da Internacio nal presos em Paris A filha Jenny colabora com Marx em artigos para A Marse lhesa sobre a repressão dos irlandeses por policiais britânicos Atua na Internacional em prol da Comuna de Paris Instrui Frankel e Varlin e redige o folhe to Der Bürgerkrieg in Frankreich A guerra civil na França É vio lentamente atacado pela imprensa conservadora Em setembro durante a Interna cional em Londres é reeleito secretário da seção russa Revisa o primeiro volume de O capital para a segunda edição alemã Acerta a primeira edição francesa de O capital e recebe exemplares da primeira edição russa lançada em 27 de março Participa dos preparati vos do V Congresso da Internacional em Haia quando se decide a trans ferência do Conselho Geral da organização para Nova york Jenny a filha mais velha casase com o socialista Charles Longuet acompanhado de Lizzie e instalase em Londres para promover a causa comunista Lá continua escrevendo para o Pall Mall Gazette dessa vez sobre o desenvolvimento das oposições É eleito por unanimidade para o Con selho Geral da Primeira Internacional O contato com o mundo do trabalho permitiu a Engels analisar em profundidade as for mas de desenvolvimento do modo de produção capitalista Suas conclu sões seriam utilizadas por Marx em O capital Prossegue suas ativi dades no Conselho Geral e atua junto à Comuna de Paris que instaura um governo operário na capital fran cesa entre 26 de março e 28 de maio Participa com Marx da Conferência de Londres da Interna cional Redige com Marx uma circular confidencial sobre supostos conflitos internos da Internacional envolvendo bakunistas na Suíça intitulado As pre tensas cisões na Interna cional Die angeblichen Spaltungen in der Internationale Ambos intervêm contra o lassa lianismo na socialdemo cracia alemã e escrevem um prefácio para a nova edição alemã do Mani festo Comunista Engels participa do Congresso da Associação Interna cional dos Trabalhadores A Comuna de Paris ins taurada após revolução vitoriosa do proletariado é brutalmente reprimida pelo governo francês Legalização das trade unions na Inglaterra Morrem Ludwig Feuerbach e Bruno Bauer Bakunin é expulso da Internacional no Congres so de Haia Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 612 1873 1874 1875 1876 1877 1878 Impressa a segunda edição de O capital em Hamburgo Marx envia exemplares a Darwin e Spencer Por ordens de seu médico é proibido de realizar qualquer tipo de trabalho Negada a Marx a cidada nia inglesa por não ter si do fiel ao rei Com a filha Eleanor viaja a Karlsbad para tratar da saúde numa estação de águas Continua seus estudos sobre a Rússia Redige observações ao Programa de Gotha da socialde mocracia alemã Continua o estudo sobre as formas primitivas de propriedade na Rússia Volta com Eleanor a Karlsbad para trata mento Marx participa de campa nha na imprensa contra a política de Gladstone em relação à Rússia e traba lha no segundo volume de O capital Acometido novamente de insônias e transtornos nervosos viaja com a esposa e a filha Eleanor para des cansar em Neuenahr e na Floresta Negra Paralelamente ao segun do volume de O capital Marx trabalha na inves tigação sobre a comuna rural russa comple men tada com estudos de geologia Dedicase tam bém à Questão do Oriente e participa de campanha contra Bismarck e Lothar Bücher Com Marx escreve para periódicos italianos uma série de artigos sobre as teorias anarquistas e o movimento das classes trabalhadoras Prepara a terceira edição de A guerra dos campo neses alemães Por iniciativa de Engels é publicada Crítica do Programa de Gotha Kritik des Gothaer Programms de Marx Elabora escritos contra Dühring discorrendo sobre a teoria marxista publicados inicialmente no Vorwärts e transfor mados em livro posterior mente Conta com a colaboração de Marx na redação final do AntiDühring Herrn Eugen Dührings Umwälzung der Wissenschaft O amigo colabora com o capítulo 10 da parte 2 Da his tória crítica discorrendo sobre a economia polí tica Publica o AntiDühring e atendendo a pedido de Wolhelm Bracke um ano antes publica pequena biografia de Marx inti tulada Karl Marx Morre Lizzie Morre Napoleão III As tropas alemãs se retiram da França Na França são nomeados inspetores de fábricas e é proibido o trabalho em minas para mulheres e menores Morre Moses Heß Fundado o Partido So cialista do Povo na Rússia Crise na Primeira Internacional Morre Bakunin A Rússia declara guerra à Turquia Otto von Bismarck proíbe o funcionamento do Par tido Socialista na Prússia Primeira grande onda de greves operárias na Rússia Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 613 Marx trabalha nos volu mes II e III de O capital Elabora um projeto de pesquisa a ser executado pelo Partido Operário francês Tornase amigo de Hyndman Ataca o oportunismo do periódico SozialDemokrat alemão dirigido por Liebknecht Escreve as Randglossen zu Adolph Wagners Lehrbuch der politischen Ökonomie Glosas marginais ao tratado de economia política de Adolph Wagner Bebel Bernstein e Singer visitam Marx em Londres Prossegue os contatos com os grupos revolucio nários russos e mantém correspondência com zasulitch Danielson e Nieuwenhuis Recebe a visita de Kautsky Jenny sua esposa adoece O casal vai a Argenteuil visitar a filha Jenny e Longuet Morre Jenny Marx Continua as leituras sobre os problemas agrários da Rússia Acometido de pleurisia visita a filha Jenny em Argenteuil Por prescrição médica viaja pelo Mediterrâneo e pela Suíça Lê sobre física e matemática A filha Jenny morre em Paris janeiro Deprimido e muito enfermo com problemas respiratórios Marx morre em Londres em 14 de março É se pultado no Cemitério de Highgate 1879 1880 1881 1882 1883 Engels lança uma edição especial de três capítulos do AntiDühring sob o título Socialismo utópico e científico Die Entwicklung des Socialismus Von der Utopie zur Wissenschaft Marx escreve o prefácio do livro Engels estabele ce relações com Kautsky e conhece Bernstein Enquanto prossegue em suas atividades políticas estuda a história da Ale manha e prepara Labor Standard um diário dos sindicatos ingleses Es creve um obituário pela morte de Jenny Marx 8 de dezembro Redige com Marx um novo prefácio para a edição russa do Mani festo Comunista Publica A dialética da natureza Dialektik der Natur Escreve outro obi tuário dessa vez para a filha de Marx Jenny No sepultamento de Marx profere o que ficaria co nhecido como Discurso diante da sepultura de Marx Das Begräbnis von Karl Marx Após a morte do amigo publica uma edição inglesa do Morre Arnold Ruge Fundada a Federation of Labour Unions nos Esta dos Unidos Assassinato do czar Alexandre II Os ingleses bombar deiam Alexandria e ocupam Egito e Sudão Implantação dos seguros sociais na Alemanha Fun dação de um partido marxista na Rússia e da Sociedade Fabiana que mais tarde daria origem ao Partido Trabalhista na Inglaterra Crise econômi ca na França forte queda na Bolsa Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 614 1884 1885 1889 1894 1895 pri meiro volume de O capital imediatamente depois prefacia a terceira edição alemã da obra e já começa a preparar o segundo volume Publica A origem da família da propriedade privada e do Estado Der Ursprung der Familie des Privateigentum und des Staates Editado por Engels é publicado o segundo volume de O capital Também editado por Engels é publicado o terceiro volume de O ca pital O mundo aca dêmico ignorou a obra por muito tempo embora os principais grupos políticos logo tenham começado a estudála Engels publica os textos Contribuição à história do cristianismo primitivo Zur Geschischte des Urchristentums e A ques tão camponesa na França e na Alemanha Die Bauernfrage in Frankreich und Deutschland Redige uma nova intro dução para As lutas de classes na França Após longo tratamento médico Engels morre em Londres 5 de agosto Suas cinzas são lançadas ao mar em Eastbourne Dedicouse até o fim da vida a com pletar e traduzir a obra de Marx ofuscando a si pró prio e a sua obra em favor do que ele considerava a causa mais importante Fundação da Sociedade Fabiana de Londres Fundase em Paris a II Internacional O oficial francês de origem judaica Alfred Dreyfus acusado de traição é preso Protestos antissemitas multiplicam se nas principais cidades francesas Os sindicatos franceses fundam a Confederação Geral do Trabalho Os irmãos Lumière fazem a primeira projeção pública do cinematógrafo Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos XII No text present in the image