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KARL MARX manuscritos econômicofilosóficos MANUSCRITOS ECONÔMICOFILOSÓFICOS Karl Marx MANUSCRITOS ECONÔMICOFILOSÓFICOS Tradução apresentação e notas Jesus Ranieri Título original Ökonomischphilosophische Manuskripte MarxEngels Gesamtausgabe MEGA I 2 Berlim Dietz Verlag 1982 Copyright da tradução Boitempo Editorial 2004 Tradução e notas Jesus Ranieri Supervisão editorial Marcelo Backes Capa Antonio Kehl sobre caricatura de Loredano Editoração eletrônica Maurício Fahd Edição Ivana Jinkings Assistência editorial Ana Lotufo Ana Paula Castellani Produção gráfica Marcel Iha Paula Pires É vedada nos termos da lei a reprodução de qualquer parte deste livro sem a expressa autorização da editora Este livro atende às normas do novo acordo ortográfico 1a edição maio de 2004 1a reimpressão dezembro de 2006 2a reimpressão março de 2008 3a reimpressão agosto de 2009 4a reimpressão novembro de 2010 BOITEMPO EDITORIAL Jinkings Editores Associados Ltda Rua Pereira Leite 373 05442000 São Paulo SP Telfax 11 38757250 38726869 editorboitempoeditorialcombr wwwboitempoeditorialcombr CIP BRASIL CATALOGAÇÃO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS RJ M355m Marx Karl 18181883 Manuscritos econômicofilosóficos Karl Marx tradução apresentação e notas Jesus Ranieri 4 reimpr São Paulo Boitempo 2010 il Coleção MarxEngels Tradução de Ökonomischphilosophische Manuskripte Contém cronobiografia e índice ISBN 978 85 7559 002 7 1 Economia 2 Filosofia Alemã I Título II Série 105588 CDD 3354 CDU 33085 SUMÁRIO NOTA À EDIÇÃO 7 APRESENTAÇÃO sobre os chamados Manuscritos econômicofilosóficos de Karl Marx Jesus Ranieri 11 PREFÁCIO DO CADERNO III XXXIX PREFÁCIO 19 CADERNO I I SALÁRIO 23 I GANHO DO CAPITAL 39 1 O capital 39 2 O ganho do capital 40 3 A dominação do capital sobre o trabalho e os motivos do capitalista 46 4 A acumulação de capitais e a concorrência entre os capitalistas 47 I RENDA DA TERRA 61 TRABALHO ESTRANHADO E PROPRIEDADE PRIVADA 79 CADERNO II PARTE CONSERVADA 91 A RELAÇÃO DA PROPRIEDADE PRIVADA 91 CADERNO III COMPLEMENTO AO CADERNO II PÁGINA XXXVI PROPRIEDADE PRIVADA E TRABALHO 99 COMPLEMENTO AO CADERNO II PÁGINA XXXIX PROPRIEDADE PRIVADA E COMUNISMO 103 CRÍTICA DA DIALÉTICA E DA FILOSOFIA HEGELIANAS EM GERAL 115 PROPRIEDADE PRIVADA E CARÊNCIAS 139 Aditamentos 144 Fragmentos 149 DINHEIRO 157 ÍNDICE ONOMÁSTICO 163 ÍNDICE DE PERSONAGENS BÍBLICAS LITERÁRIAS E MITOLÓGICAS 168 CRONOBIOGRAFIA RESUMIDA DE KARL MARX 169 Manuscritos econômicofilosóficos 7 NOTA À EDIÇÃO Com a publicação dos Manuscritos econômicofilosóficos ou Manus critos de Paris escritos por Marx antes do célebre encontro com Engels a Boitempo oferece ao público o terceiro volume de um projeto que preten de abarcar em novas traduções diretamente do alemão anotadas e co mentadas os momentos fundamentais da obra de Karl Marx e Friedrich Engels Esse projeto teve início com a publicação da edição comemorativa dos 150 anos do Manifesto Comunista em 1998 na qual além de uma introdução que situa historicamente o panfleto ressaltando a atualidade e a força do texto seis especialistas refletem sobre suas múltiplas facetas Em seguida veio A sagrada família traduzida e comentada por Marcelo Backes em 2003 obra polêmica que assinala em tom sarcástico o rompimento definitivo de Marx e Engels com a esquerda hegeliana De pois dos Manuscritos econômicofilosóficos será a vez de títulos como Crítica à filosofia do direito de Hegel A ideologia alemã pela primeira vez completa no Brasil O 18 brumário de Luís Bonaparte uma seleção de textos sobre clássicos da literatura universal um capítulo inédito de Marx sobre o trabalho e outras obras dos dois autores escritas em con junto ou individualmente Além de estabelecer os fundamentos do pensamento de Marx os Ma nuscritos representam o primeiro momento de sua crítica à economia po lítica de Adam Smith JB Say e David Ricardo Possuindo duplo caráter filosófico e econômico os textos fazem também uma crítica incisiva ao idealismo hegeliano é a grande contribuição marxiana à filosofia e o esboço de um socialismo humanista contrapondoo a uma concepção materialista ainda fortemente influenciada por Feuerbach Marx iniciava a construção da contundente crítica ao capitalismo que o notabilizaria no século XX refletindo especialmente sobre a alienação pela primeira vez vista como processo econômico e produto de uma construção societal determinada pela própria morfologia social que a produz que tira do ho Nota à edição 8 mem o fruto de sua produção e faz com que se torne estranho a si mesmo e ao ambiente onde vive Nesse processo ele identifica a coisificação do trabalhador reduzido à condição de mercadoria Aponta que o trabalho dentro do sistema industrial capitalista inexoravelmente leva à alienação do homem que se objetifica diante da máquina e se torna uma ferra menta instrumento utilizado pelo capital a fim de explorálo transforma do em mercadoria o operário se torna mais pobre quanto mais riqueza gera quanto mais objetos produz tanto menos ele pode possuir Escritas em Paris em 1844 quando o autor contava com 26 anos estas anotações não foram publicadas em vida por Marx e permaneceram inéditas por quase cinquenta anos depois de sua morte O lançamento na União Soviética em 1932 significou uma revolução nos estudos de sua obra favorecendo a emergência de diferentes escolas de interpretação do pensamento marxiano e alimentando a polêmica em torno das linhas de continuidade e ruptura entre a produção da juventude e da maturidade Já nas páginas que se apresentam a seguir o filósofo alemão declara a necessidade de uma ação comunista efetiva a fim de superar a proprie dade privada prova de que mesmo antes do encontro com Engels nosso autor já era revolucionário e estava longe de ser o jovem Marx ameno e meramente filosófico que muitos teóricos pretendem ver nele numa tentativa de seccionar seu pensamento Sobre a descoberta dos Manuscritos por D Riazanov que ao lado de Kautsky e Bernstein trabalhou na investigação e no ordenamento dos ma teriais deixados por Marx e Engels Lukács que viria a sofrer profunda influência desses escritos em suas posições teóricas declarou anos mais tarde em entrevista à New Left Review Quando estive em Moscou em 1930 Riazanov me mostrou os textos escritos por Marx em Paris em 1844 Vocês nem podem imaginar minha excitação a leitura desses manuscri tos mudou toda a minha relação com o marxismo e transformou minha perspectiva filosófica Pelos meus conhecimentos de filosofia tra balhei determinando quais as palavras ou letras que desapareceram às ve zes havia palavras começando com g e terminando com s e nós tínhamos de adivinhar o que havia no meio Penso que a edição publicada saiu muito boa sei porque colaborei nela Riazanov era o responsável por esse trabalho não era um teórico mas um grande filólogo1 1 Entrevista concedida à sucursal da New Left Review em Budapeste em 1968 e publicada no número 68 em 1971 A tradução de Jesus Ranieri doutor em Ciências Sociais pela Unicamp professor de Sociologia da Unesp estudioso de Marx e autor do livro A câmara escura2 é formalmente fiel e criteriosa o que se mostra adequa do sobretudo pelo fato de o original ser um texto em grande parte inacabado ainda que compreenda ensaios irretocáveis como Dinhei ro último capítulo da presente obra Por opção de Ranieri acatada sem reservas pela editora mantivemos os colchetes barras3 e números roma nos que assinalam a numeração das páginas e manuscritos na edição original a famosa Zweite Wiedergabe da MEGA Marx und Engels Gesamtausgabe Também seguimos o original no que diz respeito à pon tuação ao uso de aspas em títulos de livros e ao uso de itálico para desta car autores obras ou palavras específicas o que se mostra coerente ain da que por vezes fira as normas editoriais da Boitempo na medida em que o uso do itálico tem para Marx a função de chamar a atenção para aquilo que está dizendo citando ou referindo e esse destaque ficaria en fraquecido se assinalássemos também as obras que o autor não pretende por alguma razão destacar em meio ao discurso Pequenos erros de grafia nas citações em francês devemse provavelmente ao fato de a edição ale mã ter optado por transcrever os autores que Marx usa em francês com total liberdade reproduzindoas de seu cadernos de notas Além disso o original alemão figurará entre parênteses sobretudo quan do se trata de um conceito ou de palavra multissignificante Para destacar as emendas do tradutor ao texto original lembremos que o original é apenas um esboço em muitos de seus trechos fizemos uso de colchetes As notas de rodapé não identificadas são do editor alemão as notas da edição brasileira estão assinaladas com NT e nas citações bibliográ ficas sempre que foi possível acrescentamos referências de edições brasileiras ou em português No final do livro o leitor encontrará uma cui dadosa cronobiografia resumida de Karl Marx contendo três aspectos fun damentais de sua trajetória a vida pessoal a militância e a obra teórica e um índice onomástico completo incluindo personagens literárias bíblicas e mitológicas citadas organizado por Marcelo Backes responsável pela revisão da tradução e supervisor editorial deste volume Manuscritos econômicofilosóficos 2 A câmara escura alienação e estranhamento em Marx São Paulo Boitempo 2001 3 1 Numeração das páginas dos próprios manuscritos começo da paginação do texto original 2 Final de página do texto original 3 Marcação da mudança de página no texto editado quando essa mudança não coincide com o início ou o final das páginas manuscritas 4 Marcação para palavras manuscritas sobrepostas significa que Marx riscou a primeira palavra ou expressão e escreveu por cima as outras 9 Poucos autores produziram tanto impacto na história quanto Karl Marx Suas ideias revolucionaram todo o campo do conhecimento que hoje compreendemos como Ciências Humanas e Sociais reivindicando uma filosofia que em vez de somente interpretar o mundo também fosse ca paz de transformálo Com a publicação dos Manuscritos na tradução rigorosa de Jesus Ranieri oferecemos ao leitor brasileiro a possibilidade de mergulhar nos procedimentos de estudo e no processo criativo de Marx desvendando os caminhos que o levavam da mera anotação de um clás sico à análise profunda e crítica da sociedade em que vivia Ivana Jinkings maio de 2004 Nota à edição 10 Manuscritos econômicofilosóficos 11 Marx nunca foi feuerbachiano A assertiva é sem dúvida uma forte pro vocação mas a leitura atenta destes manuscritos também denominados Ma nuscritos de Paris mostrará o lugar que ocupa em seu sistema uma nascente teoria da economia humana Quer dizer neles Marx faz um exame que precede e prenuncia outra grande obra A ideologia alemã da produção e reprodução da vida à revelia de uma teoria crítica de matiz preponderante mente epistemológico do estranhamento Entfremdung do homem esse sim o caso de Feuerbach A percepção marxiana já na juventude de que a exegese filosófica sucumbia ao concurso histórico das realizações inclusive intelectuais do trabalho humano teve sua origem em boa parte na leitura do Esboço de uma crítica da economia política escrito por Engels e publicado pela pri meira vez nos Anais francoalemães Esse artigo ocupavase fundamental mente da crítica da propriedade privada a partir da forma como ela aviltava tudo aquilo que envolvia as conquistas do trabalho humano A posterior leitu ra que aparece copiosamente registrada no primeiro dos manuscritos da eco nomia política realizada por Marx nos dá a certeza de um abarcamento prati camente inigualável da história da indústria da humanidade E não é um abarcamento qualquer nele o pensamento na verdade o pensar diferente mente de qualquer representação significa reprodução conceitual das articu lações da hierarquia dos elementos determinantes da construção da vida em comunidade uma tentativa de adequar categorialmente aquilo que acontece no dia a dia do homem comum à indagação do porquê desse cotidiano combinarse em formas específicas particulares através de leis universais Em outras palavras a questão é encontrar uma forma de reprodução conceitual do movimento do objeto por meio do exercício do pensamento forma essa que seja ancorada na certeza de que o aparato epistemológico é nesse caso apenas secundário mas jamais definidor das contradições materiais a não ser é claro que apareça integralmente como resultado dessas contradições como ideologia já composta em elementos de confronto político APRESENTAÇÃO Sobre os chamados Manuscritos econômicofilosóficos de Karl Marx Karl Marx 12 E o componente ideológico da economia política já era vislumbrado por Marx na medida em que o lugar da mediação efetiva do trabalho como elemento universal da socialização da humanidade era substituído na visão da economia política pelo imperativo da atividade produtiva capitalista como uma lei absolutamente natural Segundo essa concep ção o componente humano nada mais era do que um componente da atividade capitalista de produção o trabalho humano igualado a qual quer outro elemento da produção de mercadorias uma vez que no pro cesso predomina a percepção do indivíduo isolado puro ente subordina do ao território das determinações econômicas É interessante notar nesse sentido que os Manuscritos econômicofilo sóficos repousam sobre uma intrigante mas apenas aparente contradi ção a unidade da crítica à economia política dependia fundamentalmen te da concepção de trabalho como alicerce de toda atividade humana Ao mesmo tempo esse princípio não poderia ganhar corpo e fôlego sem uma concepção históricofilosófica que lhe desse inteligibilidade interna ou seja a apreensão consciente do movimento de um todo articulado que tem como base a realização material de gerações e gerações A crítica materialista de Feuerbach à filosofia especulativa e à religião ainda que proceda sem uma base forte no que diz respeito à atividade humana en quanto produtora efetiva da história unese em Marx a uma concepção em que essa atividade é o elemento primordial ou seja a apresentação do objeto enquanto percurso de exposição da verdade nesse caso a percep ção hegeliana de atividade Esse pressuposto hegeliano aparece como pano de fundo na aprecia ção do percurso do fazerse a si mesmo do homem e é fundamental na concepção arquitetônica desenvolvida por Marx acerca da mediação his tórica do trabalho humano na formação do ser social Por outro lado é perfeitamente possível notar que em razão dos estudos ainda incipientes de economia política boa parte das prerrogativas que dão sustentação ao desenvolvimento posterior de um grande sistema de crítica dessa econo mia política sistema esse que também é amplamente sedimentado na Wissenschaft hegeliana é ainda puramente intuitiva na escrita do Marx dos Manuscritos econômicofilosóficos E isso fica evidente no critério usado na redação do texto sempre e necessariamente a palavra dos autores lidos é que dá o tom da exposição ao lado de comentários bem esparsos de Marx a respeito desse mesmo conteúdo Nos Manuscritos o que se nota é algo claramente diferente da soberania do futuro Marx cujo conhe cimento do edifício das contradições do capital fez surgir sua obra máxi ma Tanto assim que somente a partir da parte final do primeiro dos ma nuscritos intitulada Trabalho estranhado último ponto de um extenso Introdução Manuscritos econômicofilosóficos 13 diálogo travado até ali com a economia clássica é que Marx se sente à vontade para do ponto de vista de uma apreciação ética apoiada na pre missa filosófica de realização dos sujeitos humanos a partir do concurso do trabalho fazer críticas ao primado da propriedade privada como ele mento orientador do conjunto das relações humanas A economia huma na traduzse numa teoria das objetivações dos produtos do trabalho das objetivações de si mesmo e objetificações a esfera subjetiva de objetiva ção das personalidades dos sujeitos humanos na história uma tríade sempre definida e condicionada por outra que é composta por trabalho estranhadotroca apropriação de excedentepropriedade privada mais bem compreendida sob a forma divisão do trabalhopropriedade priva datroca É em função dessa última mediação que Marx concentra o con junto de seus argumentos contra os pressupostos da economia política uma vez que percebe claramente o quão problemática para o ser huma no seria teórica e praticamente a naturalização conceitual das relações capitalistas de produção O conteúdo da reflexão de Marx tem lá sua dívida com a concepção filosóficoespeculativa de atividade como já foi visto porque extrai de Hegel um princípio crucial para a consecução do entendimento dos ele mentos dessa composição acima assinalada Esse princípio é o da distin ção e similitude entre alienação Entäusserung e estranhamento Entfremdung Ainda que Hegel se apoie exclusivamente numa perspec tiva mística de historicidade determinada por um apriori que consiste em garantir no percurso da gênese do espírito a efetivação de um telos uma finalidade lógica que uma vez realizada se estranha quando se exterioriza entäusserte na esfera do mundo finito é bastante claro que a aceitação do jogo de contradições não aparece somente como mero recurso metodológico mas principalmente como percepção de que o núcleo da própria realidade se movimenta em termos de forte oposição e alteridade basta pensar nos conflitos entre senhor e escravo Estado e riqueza exis tência e consciência E é por esse prisma o princípio da contradição que se estruturam em Marx graças à descoberta da contradição interna da propriedade privada todos os desdobramentos do estranhamento do tra balho Desdobramentos que atingem o produto do trabalho a própria pro dução a identidade entre os produtores e a identidade do trabalhador consigo mesmo Precisamente a marca maior dos Manuscritos econômi cofilosóficos está na demonstração do estranhamento genérico do ser humano sob o pressuposto do trabalho subordinado ao capital Eis um dos pontos mais altos das reflexões contidas nestes Manuscritos a fundamentação lógica da defesa da liberdade humana a partir do argu mento de que todos os nossos valores e crenças são oriundos de uma Karl Marx 14 atividade da qual deriva todo e qualquer conceito de dever ser Se a defe sa da liberdade do homem é moral ou ética a base para sua legitimação é aquela solidariedade que cimenta a continuidade do próprio gênero humano ou seja um valor nascido e renascido do trabalho Todo traba lho engendra um valor pois é atribuição do sujeito que trabalha conhe cer minimamente o complexo causal que é objeto da atividade o com plexo causal desconhecido não pode ser mudado pelo trabalho não po dendo ser portanto criador de valoração humana Sem o desenvolvimento contínuo dessa premissa levada a efeito pela primeira vez com a elaboração dos Manuscritos econômicofilosóficos é difícil acreditar que teria havido tamanha continuidade entre a obra de 1844 e as obras posteriores de Marx isso sem excluir é claro as grandes obras eco nômicas da maturidade Os Manuscritos inauguram graças aos estudos de economia política iniciados por Marx uma análise bem estruturada do modo de produção capitalista ou mais da forma capitalista da atividade de pro dução É nesse texto que o lugar do trabalho como forma efetivadora do ser social é realmente exposta e desenvolvida algo que até então mesmo em Marx não havia sido feito É nele que o conjunto das esferas da existência humana desde o lugar da arte da religião da filosofia passando pela conceituação de liberdade até as formas concretas e imediatas de realiza ção do trabalho aparece como dependente da esfera da produção o tra balho é mediação entre homem e natureza e dessa interação deriva todo o processo de formação humana A produção aparece como a forma de o homem se manter além de configurar a forma de ele definir e orientar suas necessidades Necessidades que uma vez satisfeitas repõem ao infinito novas necessidades inclusive na medida em que a produção se enrique ce a produtividade aumenta e portanto o trabalho se sofistica Repõem e renovam necessidades não propriamente materiais mas abstratas espiri tuais que aparecem também elas como resultado da atividade produti va tendo em vista o fato de que o marco inicial desse movimento é a relação estabelecida entre o ser humano e o meio natural É um movimen to que define a própria consciência humana o que nos remete já nos idos de 1844 à percepção de que é o ser social que produz a consciência e não o contrário Os Manuscritos econômicofilosóficos podem ser considerados uma grande síntese daqueles aspectos que são por um lado emancipadores e por outro condicionantes de nossa obrigação cotidiana diante das diretri zes da subordinação do trabalho ao capital O trabalho é e será sempre um elemento cujo papel mediador é ineliminável da sociedade e portan to da socialidade humana Mas o trabalho sob os auspícios da produção capitalista traz em si a impossibilidade de suplantação do estranhamento Introdução Manuscritos econômicofilosóficos 15 humano uma vez que o seu controle é determinado pela necessidade da reprodução privada da apropriação do trabalho alheio e não por aquilo que se poderia considerar necessidade humana ancorada na reprodução social liberta da posse privatizada A função de mediador universal do trabalho tem continuidade mas ele se submete às exigências da troca ca pitalista da propriedade privada e da divisão do trabalho Nesse sentido um aspecto que a economia política legou ao nascente sistema teórico de Marx posto que a preocupação maior dos economistas políticos era a compreensão da forma de reprodução do sistema como um todo foi a profunda percepção do lugar do estranhamentodesi Selbstentfremdung do trabalho uma vez que não há posição teleológica separada da cons ciência sob essas relações de produção e reprodução Essa prática materialista levada a cabo por Marx prática que é ao mes mo tempo crítica e incorporadora de aspectos do sistema hegeliano é aquela que reconhece que a investigação científica se conduz a partir da relação entre totalidade e realidade uma vez que essa última só pode se dar a co nhecer a partir de seus nexos causais Portanto em última instância a partir do recurso das abstrações racionais que levam em conta a hierarquia das determinações materiais postas em ação pelo trabalho do homem DA TRADUÇÃO Tentei ser o mais fiel possível ao texto original procurando garantir a per manência de expressões coloquiais assim como bem mais difícil daqueles termos que denotam o vínculo intelectual de Marx com o idealismo alemão principalmente com a filosofia de Hegel A presente tradução poderá chocar portanto àqueles que transigem menos acerca da potencialidade desse vín culo mas a decisão pela manutenção de um vocabulário aproximado resul tou do próprio manejo de Marx com os referidos termos Em primeiro lugar é preciso destacar a distinção sugerida nesta tradu ção entre alienação Entäusserung e estranhamento Entfremdung pois são termos que ocupam lugares distintos no sistema de Marx É muito comum compreenderse por alienação um estado marcado pela nega tividade situação essa que só poderia ser corrigida pela oposição de um estado determinado pela positividade emancipadora cuja dimensão se ria por sua vez completamente compreendida a partir da supressão do estágio alienado esse sim aglutinador tanto de Entäusserung quanto de Entfremdung No capitalismo os dois conceitos estariam identificados com formas de apropriação do excedente de trabalho e consequentemente com a desigualdade social que aparece também nas manifestações tanto materiais quanto espirituais da vida do ser humano Assim a categoria Karl Marx 16 alienação cumpriria satisfatoriamente o papel de categoria universal que serve de instrumento para a crítica de conjunto do sistema capitalista Na reflexão desenvolvida por Marx não é tão evidente no entanto que esse pressuposto seja levado às suas últimas consequências pois os referidos conceitos aparecem com conteúdos distintos e a vinculação entre eles geral mente sempre presente não garante que sejam sinônimos E é muito menos evidente ainda que sejam pensados somente para a análise do sistema capita lista Entäusserung significa remeter para fora extrusar passar de um estado a outro qualitativamente distinto Significa igualmente despojamento realiza ção de uma ação de transferência carregando consigo portanto o sentido da exteriorização que no texto ora traduzido é uma alternativa amplamente incorporada uma vez que sintetiza o movimento de transposição de um está gio a outro de esferas da existência momento de objetivação humana no trabalho por meio de um produto resultante de sua criação Entfremdung ao contrário é objeção socioeconômica à realização humana na medida em que veio historicamente determinar o conteúdo do conjunto das exteriorizações ou seja o próprio conjunto de nossa socialidade através da apropriação do trabalho assim como da determinação dessa apropriação pelo advento da propriedade privada Ao que tudo indica a unidade EntäusserungEntfremdung diz respeito à determinação do poder do estranhamento sobre o conjunto das alienações ou exteriorizações huma nas o que em Marx é possível perceber pela relação de concentricidade entre as duas categorias invariavelmente as exteriorizações Entäusserungen aparecem no interior do estranhamento ainda que sejam inelimináveis da existência social fundada no trabalho humano Outro obstáculo foi encontrar uma tradução adequada para o verbo aufheben que em alemão significa a um só tempo o ato de erguer algo do chão o de guardar um objeto para que se conserve e o de suspender por exemplo a vigência de um ato jurídico Em geral traduzse aufheben por suprimir abolir ou ainda superar assim como se traduz o substantivo Aufhebung por supres são abolição ou superação O problema é que o significado contido em aufheben e desdobramentos é muito maior mais rico e variado o que dificul ta sobremaneira a versão para um termo adequado que contenha ao mesmo tempo a unidade e a diversidade do original Minha opção foi vertêlos de maneira geral para suprassumir aufheben e suprassunção Aufhebung posto que o que se deve reter é a dinâmica do movimento dialético que carrega consigo no momento qualitativamente novo elementos da etapa que está sendo ou foi superada ou suprimida ou seja a um só tempo a eliminação a conservação e a sustentação qualitativa do ser que suprassume Também optei por discernir carência Bedürfnis de necessidade Notwendigkeit uma vez que a distinção é operada pelo próprio Marx Introdução Manuscritos econômicofilosóficos 17 Bedürfnis é uma carência cuja base está posta na condição biológica do ser humano comer beber dormir habitar o que a vincula a uma falta assim como também a um desejo ou seja a carência se revela como um compo nente que uma vez satisfeito pode dar inclusive origem à positividade de novas carências mais sofisticadas Por outro lado justamente por causa dessa positividade algumas vezes preponderou a opção por verter Bedürfnis por necessidade ao invés de carência uma vez que em português soa estranho esperar que carências possam ter um conteúdo positivo Porém na penúltima parte do terceiro dos Manuscritos Propriedade privada e carên cias o leitor notará que a opção de verter Bedürfnis por carência generali zouse pelo texto inteiro a fim de que se tornasse manifesta justamente a insistência de Marx em estabelecer a partir de uma exposição das carências humanas a insuficiência da reflexão teórica da economia política sobre o trabalho humano elemento este que para ela não passa de mais um com ponente da produção Por sua vez Notwendigkeit está vinculada à necessi dade lógica oposta à contingência que aparece como possibilidade efetiva de realização a partir da satisfação histórica das carências Por último peço ao leitor que não desanime diante do copioso volume de notas que acompanha a presente edição especialmente aquelas que remetem ao conteúdo dos textos dos economistas clássicos material so bre o qual Marx se debruçou interpretando por meio de transcrições que felizmente chegaram a nós o seu conteúdo A opção pela manutenção dessas notas acontece em virtude da necessidade de exposição dos crité rios bastante originais utilizados por Marx para levar adiante os seus estu dos de economia política o primeiro dos Manuscritos econômicofilosófi cos que é a parte propriamente econômica deles é a combinação de três fases distintas de trabalho sobre os textos dos economistas ou seja a consulta direta à obra do autor as anotações transcrições e comentários em cadernos de notas e finalmente a redação que forma o primeiro dos Manuscritos redação essa que era oriunda tanto da consulta por parte de Marx direta ao texto do autor quanto de seu próprio de Marx caderno de notas O leitor forçosamente notará quando cotejar o texto traduzido do alemão para o português com as referidas notas em língua original na sua maioria em francês a liberdade com que Marx repõe e rearticula o conteúdo original adequandoo à sua nascente reflexão crítica Às vezes é possível duvidar de que se trata do mesmo texto Para dirimir quaisquer dúvidas as referências aos diversos cadernos de notas de Marx também aparecerão em notas de rodapé sucedendo o trecho transcrito Jesus Ranieri fevereiro de 2004 チェックリスト主な仕様撮像素子APSC フルサイズ その他画素数1000万画素未満 1000万1999万 2000万2999万 3000万画素以上連写性能秒5枚未満 秒57枚 秒8枚以上手ブレ補正機能有 無AF測距点11点未満 1130点 31点以上液晶画面固定 バリアングル チルト バリアングルタッチ動画性能なし フルHD 4KWiFi機能有 無電子ビューファインダー有 無 Manuscritos econômicofilosóficos 19 PREFÁCIO DO CADERNO III XXXIX PREFÁCIO Anunciei nos Anais francoalemães a crítica do Direito e da Ciência do Estado sob a forma de uma crítica da filosofia hegeliana do direito1 Na preparação para a impressão evidenciouse que a crítica dirigida apenas contra a especulação combinada com a crítica das diferentes matérias particulares seria completa mente inoportuna refreando o desenvolvimento e dificultando a compreensão Além disso a condensação da riqueza e a diversidade dos objetos tratados só seria possível numa única obra de modo totalmente aforístico e por sua vez tal apresentação Darstellung aforística produziria a aparência Schein de um sistematizar arbitrário Farei por conseguinte e sucessivamente em diversas brochuras independentes a crítica do direito da moral da política etc e por último num trabalho específico a conexão do todo a relação entre as distintas partes demarcando a crítica da elaboração especulativa deste mesmo material Assim será encontrado o fundamento no presente escrito da conexão entre a economia nacional2 e o Estado o direito a moral a vida civil bürgerliches Leben etc na medida em que a economia nacional mesma ex professo trata destes objetos Ao leitor familiarizado com a economia nacional não preciso assegurar que meus resultados foram obtidos mediante uma análise inteiramente 1 Marx faz aqui alusão ao seu artigo Zur Kritik der hegelschen Rechtsphilosophie Einleitung publicado nos DeutschFranzösische Jahrbücher 1844 2 A opção por economia nacional em vez de economia política é do próprio Marx Economistas burgueses ingleses e franceses utilizavam correntemente political economy e économie politique mas aos alemães era mais próximo o termo Nationalökonomie O próprio Marx teria pronunciado também nos Anais francoalemães quando da caracte rização da diversidade de desenvolvimentos das diferentes cidades francesas e ingle sas comparadas às alemãs algo a respeito da oposição entre economia política e eco nomia nacional Somente mais tarde ele irá converter nos seus escritos o conceito de economia nacional para economia política Importa salientar igualmente que eco nomia nacional diz respeito dependendo do contexto tanto ao sistema econômico quanto às suas teorizações Karl Marx 20 empírica fundada num meticuloso estudo crítico da economia nacional É óbvio que utilizei além dos socialistas franceses e ingleses também traba lhos socialistas alemães No entanto os trabalhos alemães plenos de conteú do Inhaltsvollen e originais nesta ciência reduzemse fora os escritos de Weitling3 aos estudos publicados por Hess nas Vinte e uma folhas de impres são4 Einundzwanzig Bogen e aos Umrisse zur Kritik der National ökonomie de Engels publicados nos Anais francoalemães5 nos quais eu indicara igualmente de modo bem geral os primeiros elementos do presen te trabalho6 A crítica da economia nacional deve além do mais assim como a crítica positiva em geral sua verdadeira fundamentação às descobertas de Feuerbach De Feuerbach data em primeiro lugar a crítica positiva humanista e naturalista Quanto menos ruidosa tanto mais segura profunda extensa e duradoura é a eficácia dos escritos feuerbachianos os únicos nos quais desde a Fenomenologia e a Lógica de Hegel7 se encerra uma efetiva wirkliche revolução teórica Considerei o capítulo final do presente texto a exposição Auseinandersetzung da dialética e da filosofia hegelianas em geral extremamente necessário posto que semelhante trabalho jamais foi realizado e nem sequer chegou a ter sua necessidade reconhecida pelos teólogos críticos do nosso tempo XL uma inevitável falta de profundidade pois mesmo o teólogo crítico continua teólogo e portanto ou tem de partir dos pressupostos determinados da Filosofia como uma autoridade ou quando no processo da crítica ou mediante descobertas alheias nascem nele dúvidas acerca dos pressupostos filosóficos os abandona de maneira covarde e injustificada abstrai deles apenas manifesta mais negativa inconsciente e sofisticamente sua servidão a eles e a angústia desta servidão8 Rigorosamente considerada a crítica teológi ca por muito que no início do movimento fosse um momento efetivo do progresso nada mais é em última instância do que a culminação e a consequência da velha transcendência filosófica nomeadamente a hegeliana de 3 Weitling Wilhelm Die Menschheit wie sie ist und wie sie sein sollte Paris 1838 Do mes mo autor Garantien der Harmonie und Freiheit Vivis 1842 4 Hess Moses Socialismus und Communismus p 7491 Die Eine und ganze Freiheit p 9297 e Philosophie der That p 309331 todos publicados na coletânea Einundzwanzig Bogen aus der Schweiz 1843 5 Engels Friedrich Umrisse zu einer Kritik der Nationalökonomie p 86114 6 Marx Karl Zur Judenfrage 7 Hegel Georg Wilhelm Friedrich Phänomenologie des Geistes 1807 Wissenschaft der Logik 18121816 8 Cf Bauer Bruno Was ist jetzt der Gegenstand der Kritik in Allgemeine Literatur Zeitung caderno VIII p 1826 1844 Manuscritos econômicofilosóficos 21 formada em caricatura teológica Esta interessante justiça da história que deter mina a teologia desde sempre o lado putrefato da filosofia a apresentar agora também em si a dissolução negativa da filosofia isto é o seu processo de degenerescência esta nêmesis histórica demonstrálaei pormenorizadamente em outra ocasião9 9 Engels Friedrich Marx Karl Die heilige Familie oder Kritik der Kritischen Kritik Gegen Bruno Bauer Konsorten Frankfurt am Main 1845 Ed bras A sagrada família São Paulo Boitempo 2003 EOS 800D EOS 750D EOS 760D 2015年発売EOSシリーズのエントリー機EOS 700Dの後継機DIGIC 6搭載APSC約2410万画素撮影感度 ISO1001280030型約104万ドット液晶モニター視線入力やタッチパネル操作に対応するカメラ有りフルHD動画撮影WiFi搭載ボディ約565gサイズ約1319976mm Manuscritos econômicofilosóficos 23 CADERNO I1 I SALÁRIO O salário2 é determinado mediante o confronto hostil entre capitalista e tra balhador A necessidade da vitória do capitalista O capitalista pode viver mais tempo sem o trabalhador do que este sem aquele A aliança entre os capitalistas é habitual e produz efeito a dos trabalhadores é proibida e de péssimas consequências para eles Além disso o proprietário fundiário e o capitalista podem acrescentar vantagens industriais aos seus rendimentos ao passo que o trabalhador não pode acrescentar nem renda fundiária nem juro do capital Capitalinteresse ao seu ordenado industrial Por isso é tão grande a concorrência entre os trabalhadores Portanto somente para o trabalhador a separação de capital propriedade da terra e trabalho é uma separação necessária essencial e perniciosa Capital e propriedade fundiária 1 Neste caderno Marx não utiliza diretamente como fonte principal a obra de Adam Smith Recherches sur la nature et les causes de la richesse des nations tradução de Germain Garnier Paris t 1 2 1802 original em inglês An Inquiry into the Nature and Causes of the Wealth of Nations edição da qual Marx não faz uso mas sim os excertos que dela havia feito Uma comparação detalhada das passagens citadas da obra de Smith neste caderno I com o caderno de extratos de Marx prova indubitavelmente que este último tanto transcre veu as citações a partir do caderno de extratos quanto utilizou a redação francesa no caderno de extratos como base de sua versão Há nas citações em questão muitas varia ções quando confrontadas com o referido caderno de extratos mas nenhuma delas com promete as bases do texto de Smith O próprio Marx admitiu as divergências Para um confronto mais detalhado vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches sur la nature et les causes de la richesse des nations MEGA IV2 p 332386 2 Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 346123475 Na MarxEngels Gesamtausgabe MEGA ou seja Obras completas de Marx Engels houve o cuidado editorial de publicarse em livros paralelos o conjunto dos critérios utilizados na elaboração do texto definitivo a partir do material deixado por Marx Geralmente esses livros como é o caso do IV2 citado acima assim como aqueles que são as obras propriamente ditas trazem não somente páginas mas também as linhas numeradas que são indicadas após o ponto que sucede o número da página Para as notas desta tradução o material é extraído de Marx Karl Ökonomischphilosophische Manuskripte MEGA I 2 Apparat Dietz Verlag Berlim 1982 p 685917 NT Karl Marx 24 não precisam estacionar nessa abstração mas o trabalho do trabalhador sim Para o trabalhador portanto a separação de capital renda da terra e trabalho é mortal A taxa mais baixa e unicamente necessária para o salário é a subsistên cia do trabalhador durante o trabalho e ainda o bastante para que ele possa sustentar uma família e para que a raça dos trabalhadores não se extinga3 O salário habitual é segundo Smith o mais baixo que é compa tível com a simples humanidade simple humanité isto é com uma exis tência animal4 A procura por homens regula necessariamente a produção de homens assim como de qualquer outra mercadoria Se a oferta é muito maior que a procura então uma parte dos trabalhadores cai na situação de miséria ou na morte pela fome A existência do trabalhador é portanto reduzida à condição de exis tência de qualquer outra mercadoria O trabalhador tornouse uma merca doria e é uma sorte para ele conseguir chegar ao homem que se interesse por ele E a procura da qual a vida do trabalhador depende depende do capri cho do rico e capitalista5 Se a quantidade de oferta excede a procura então uma das partes constitutivas do preço lucro renda da terra salário é paga abaixo do preço portanto uma parte desses rendimentos Leistungen subtraise dessa aplicação e o preço de mercado gravita para o preço natural como ponto central Mas 1 se para o trabalhador mediante uma grande divisão do tra balho é dificílimo dar ao seu trabalho uma outra direção 2 cabelhe na sua relação subalterna com o capitalista antes de mais nada o prejuízo Com a gravitação do preço de mercado para o preço natural o trabalhador perde portanto ao máximo e incondicionalmente E é precisamente a capacidade do capitalista em dar outra direção ao seu capital que ou submete o trabalha dor ouvrier restringido a uma determinada esfera do trabalho à fome ou o obriga a sujeitarse a todas as exigências desse capitalista II As oscilações acidentais e súbitas do preço de mercado atingem me nos a renda da terra do que a parte do preço decomposta em lucro e salário Salaire mas atingem menos o lucro do que o salário Arbeitslohn6 Para um salário que sobe temse na maior parte das vezes um que permanece estacionário e um que cai 3 Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 347512 4 Ibid p 34715 5 Ibid p 3431527 6 Ibid p 3433638 Manuscritos econômicofilosóficos 25 O trabalhador não precisa necessariamente ganhar com o ganho do capitalista mas necessariamente perde quando ele perde Assim o trabalhador não ganha quando o capitalista mantém o preço de mercado acima do preço natural através de segredos de comércio ou industriais através do monopólio ou da localização favorável de sua propriedade Grundstück7 Além disso os preços do trabalho são muito mais constantes do que os preços dos meios de vida Frequentemente eles estão na relação inversa Num ano caro o salário decresce em virtude da diminuição da procura mas sobe por causa da subida dos gêneros alimentícios Portanto equilibrase De qualquer maneira uma quantidade de trabalhadores fica sem pão Em anos baratos o salário sobe por causa da elevação da procura e diminui em razão dos preços dos gêneros alimentícios Portanto equilibrase8 Outra desvantagem do trabalhador Os preços de trabalho das diferentes espécies de trabalhos são muito mais diversos do que os ganhos dos diferentes ramos nos quais o capital se aplica No trabalho toda a diversidade natural espiritual e social da atividade individual so bressai e é paga diferentemente enquanto o capital morto caminha sempre no mesmo passo e é indiferente perante a atividade individual efetiva9 É preciso observar enfim que onde o trabalhador e o capitalista sofrem igualmente o trabalhador sofre em sua existência e o capitalista no ganho de seu Mamon10 morto O trabalhador não tem apenas de lutar pelos seus meios de vida físicos ele tem de lutar pela aquisição de trabalho isto é pela possibilidade pelos meios de poder efetivar sua atividade Consideremos as três situações principais em que a sociedade pode se encontrar e observemos a situação do trabalhador nessas mesmas situações 1 Se a riqueza da sociedade estiver em declínio então o trabalhador sofre ao máximo pois ainda que a classe trabalhadora não possa ganhar tanto quanto a classe dos proprietários na situação próspera da socieda de nenhuma sofre tão cruelmente com o seu declínio como a classe dos trabalha dores aucune ne souffre aussi cruellement de son déclin que la classe des ouvriers11 7 Ibid p 344524 8 Ibid p 348353492 9 Ibid p 3513535211 e 3522431 10 Ídolo divindade da Obsessão pelo Lucro NT 11 Smith Adam Recherches sur la nature et les causes de la richesse des nations cit t 2 p 162 La classe des propriétaires peut gagner peutêtre plus que celleci à la prospérité de la société mais aucune ne souffre aussi cruellement de son déclin que la classe des ouvriers Vide também Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3562730 Karl Marx 26 III 2 Consideremos agora uma sociedade na qual a riqueza progrida Esta situação é a única favorável ao trabalhador Aqui começa a concorrência entre os capitalistas A procura por trabalhadores excede sua oferta Mas12 Primeiro a elevação do salário impele ao sobretrabalho Überarbeitung en tre os trabalhadores Quanto mais eles querem ganhar tanto mais têm de sacrificar o seu tempo e executar trabalho de escravos desfazendose sich entäussernd de toda a liberdade a serviço da avareza13 Com isso eles encur tam o seu tempo de vida Este encurtamento de sua duração de vida é uma circunstância favorável para a classe trabalhadora em geral pois em função disso se torna sempre necessária a nova oferta Esta classe tem sempre de sacrificar uma parte de si mesma para não perecer totalmente E ainda quando se encontra uma sociedade em situação de enriqueci mento progressivo Com o crescimento de capitais e réditos Revenuen de um país Mas isto só é possível α contanto que se acumule muito trabalho porque o capital é trabalho acumulado14 portanto na medida em que sejam retirados das mãos do trabalhador cada vez mais produtos seus que o seu próprio tra balho cada vez mais se lhe defronte como propriedade alheia e cada vez mais os meios de sua existência e de sua atividade se concentrem na mão do capi talista β a acumulação do capital aumenta a divisão do trabalho a divisão do trabalho aumenta o número de trabalhadores inversamente o número de tra balhadores aumenta a divisão do trabalho assim como a divisão do trabalho aumenta o acúmulo de capitais15 Com esta divisão do trabalho por um lado e o acúmulo de capitais por outro o trabalhador tornase sempre mais pura mente dependente do trabalho e de um trabalho determinado muito unilate ral maquinal Assim como é portanto corpórea e espiritualmente reduzido à máquina e de um homem é reduzido a uma atividade abstrata e uma barri ga assim também se torna cada vez mais dependente de todas as flutuações do preço de mercado do emprego dos capitais e do capricho do rico De igual modo o crescimento da classe de homens que IV apenas trabalha aumen ta a concorrência dos trabalhadores portanto o seu preço baixa Na essência do sistema fabril esta posição do trabalhador atinge o seu ponto culminante γ Numa sociedade que se encontra em crescente prosperidade apenas os mais ricos entre todos podem viver do juro sobre o dinheiro Todos os outros obrigamse com o seu capital a montar um negócio ou lançálo no comércio16 Desta maneira a concorrência entre os capitais tornase portanto maior 1 2 Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3471622 1 3 Ibid p 3481119 1 4 Ibid p 36089 1 5 Ibid p 358426 1 6 Ibid p 3502328 Manuscritos econômicofilosóficos 27 a concentração dos capitais tornase maior os grandes capitalistas levam à ruína os pequenos e uma parte dos capitalistas de outrora baixa à classe dos trabalha dores a qual com esta entrada sofre em parte novamente uma redução do salário e cai numa dependência ainda maior dos poucos grandes capitalistas Na medida em que o número de capitalistas se reduziu quase deixou de existir a sua concorrência em relação aos trabalhadores e na medida em que o número de trabalhadores se elevou a concorrência desses entre si tornouse tanto maior mais inatural e mais violenta Por isso uma parte da classe trabalhadora Arbeiterstand cai assim necessariamente na classe dos miseráveis ou mortos de fome Betteloder Verhungerungstand tal como uma parte dos capitalistas médios decai na classe trabalhadora Mesmo na situação de sociedade que é mais favorável ao trabalhador a con sequência necessária para ele é portanto sobretrabalho e morte prematura descer à condição de máquina de servo do capital que se acumula perigosa mente diante dele nova concorrência morte por fome ou mendicidade de uma parte dos trabalhadores V A elevação do salário desperta no trabalhador a obsessão do enriqueci mento típica do capitalista que contudo ele apenas pode satisfazer mediante o sacrifício de seu espírito Geist e de seu corpo A elevação do salário pressupõe o acúmulo de capital e conduz a ele Torna portanto o produto do trabalho cada vez mais estranho perante o trabalhador De igual modo a divisão do tra balho tornao cada vez mais unilateral e dependente assim como acarreta a concorrência não só dos homens mas também entre máquinas Posto que o tra balhador baixou à condição de máquina a máquina pode enfrentálo como concorrente Finalmente tal como o acúmulo de capital aumenta a quantidade da indústria e portanto de trabalhadores essa mesma quantidade da indústria traz através dessa acumulação Accumulation uma grande quantidade de obras malfeitas Machwerk que se torna sobreprodução Überproduktion e acaba ou por colocar fora da esfera do trabalho uma grande parte de trabalhadores ou por reduzir o seu salário ao mais miserável mínimo Estas são as consequências de uma situação da sociedade que é a mais favorável ao trabalhador a saber a situação da riqueza crescente progressiva Mas por fim esta situação crescente tem de atingir ainda o seu ponto mais alto Qual é então a posição do trabalhador 3 Num país que tivesse atingido o último estágio possível de sua riqueza seriam ambos salário e juro do capital muito baixos A concorrência entre os trabalhadores para conseguir emprego Beschäftigung seria tão grande que os salários Salaire seriam reduzidos até o suficiente para a manutenção do mesmo número de trabalhadores e com o país estando já suficientemente povoado esse número não poderia aumentar17 17 Smith Adam Recherches cit t 1 p 193 Dans un pays qui aurait atteint le dernier Karl Marx 28 O excedente Plus teria de morrer Portanto na sociedade em situação regressiva abnehmend miséria progressiva do trabalhador na sociedade em situação progressiva miséria complicada na so ciedade em situação plena miséria estacionária VI Contudo uma vez que segundo Smith uma sociedade em que a maioria sofre não é feliz18 mas uma vez que a situação mais rica da sociedade conduz ao sofrimento da maioria e que a economia nacional de maneira ge ral a sociedade do interesse privado conduz a esta situação mais rica de duzse que a infelicidade da sociedade é a finalidade da economia nacional Com respeito à relação entre trabalhador e capitalista há ainda que ob servar que a elevação do salário é mais do que compensada para o capitalis ta pela redução da quantidade de tempo de trabalho19 e que a elevação do salário e o aumento do juro do capital atuam sobre o preço das mercadorias como juro simples e composto20 Coloquemonos agora totalmente do ponto de vista do economista na cional e comparemos segundo ele as reivindicações teóricas e práticas do trabalhador Ele nos diz que originária e conceitualmente o produto total do traba lho pertence ao trabalhador21 Mas ele nos diz ao mesmo tempo que na realidade efetiva Wirklichkeit ao trabalhador pertence a parte mínima e mais indispensável do produto somente tanto quanto for necessário para ele existir não como ser humano mas como trabalhador não para ele continuar reproduzindo a humanidade mas sim a classe de escravos que é a dos trabalhadores22 Diznos o economista nacional que tudo é comprado com trabalho e que o capital nada mais é do que trabalho acumulado23 Mas ele nos diz simulta neamente que o trabalhador longe de poder comprar tudo tem de venderse a si próprio e a sua humanidade degré de richesse les salaires du travail et les profits des capitaux seraient probablement très bas tous les deux la concurrence pour obtenir de loccupation serait nécessairement telle que les salaires y seraient réduits à ce qui est purement suffisant pour maintenir le même nombre douvriers et le pays étant déjà pleinement peuplé ce nombre ne pourrait jamais augmenter Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3501016 1 8 Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3472527 1 9 Ibid p 349511 2 0 Ibid p 3512427 2 1 Ibid p 3411621 3443436 e 34646 2 2 Ibid p 347914 e 34812 2 3 Ibid p 3382734115 e 36089 Manuscritos econômicofilosóficos 29 Enquanto a renda fundiária do indolente possuidor de terra perfaz na maior parte das vezes a 3a parte do produto da terra24 e o lucro do capitalis ta diligente perfaz o dobro do juro do dinheiro25 o a mais Mehr que na melhor das hipóteses o trabalhador ganha perfaz de seus 4 filhos 2 têm de passar fome e morrer26 VII Segundo o economista nacional enquanto o trabalho é o único meio pelo qual o homem aumenta o valor dos produtos da natureza en quanto o trabalho é sua propriedade ativa na opinião da mesma economia nacional o proprietário fundiário e o capitalista que enquanto proprietário fundiário e capitalista são meramente deuses privilegiados e ociosos so brepujam por toda parte o trabalhador e lhe ditam leis Enquanto segundo o economista nacional o trabalho é unicamente o preço constante das coisas nada é mais acidental nada está exposto a maiores flutuações do que o preço do trabalho Enquanto a divisão do trabalho eleva a força produtiva do trabalho a riqueza e o aprimoramento da sociedade ela empobrece o trabalhador até a condição de máquina Enquanto o trabalho suscita o acúmulo de capitais e com isso o progressivo bemestar da sociedade a divisão do trabalho mantém o trabalha dor sempre mais dependente do capitalista levao a maior concorrência impe leo à caça da sobreprodução que é seguida por uma correspondente queda de intensidade Enquanto o interesse do trabalhador segundo o economista nacional nunca se contrapõe ao interesse da sociedade27 a sociedade contrapõese sempre e necessariamente ao interesse do trabalhador Segundo o economista nacional o interesse do trabalhador nunca se con trapõe ao interesse da sociedade 1 porque a elevação do salário é mais que compensada pela redução na quantidade do tempo de trabalho juntamente com as demais consequências acima desenvolvidas28 e 2 porque em relação à sociedade todo o produto bruto é produto líquido e apenas no que diz respeito ao homem privado o produto líquido tem um significado29 Afirmo porém que o trabalho não apenas sob as condições atuais mas também na medida em que em geral sua finalidade é a mera ampliação da 24 Ibid p 3552223 25 Ibid p 350373512 26 Ibid p 3471214 27 Ibid p 3562627 28 Ibid p 349511 29 Vide Marx Karl Exzerpte aus JeanBaptiste Say Traité déconomie politique In MEGA IV2 p 3151927 Karl Marx 30 riqueza é pernicioso funesto Isso decorre sem que o economista nacional o saiba de seus próprios desenvolvimentos Segundo o conceito renda fundiária e ganho de capital são deduções que o salá rio sofre Mas na realidade efetiva o salário é uma dedução que terra e capital permitem chegar ao trabalhador uma concessão do produto do trabalho ao traba lhador ao trabalho Mas na situação em progresso da sociedade o declínio e o empobrecimen to do trabalhador são o produto de seu trabalho e da riqueza por ele produzi da A miséria que resulta portanto da essência do trabalho hodierno mesmo A situação mais rica da sociedade um ideal que é contudo aproximada mente alcançado é pelo menos a finalidade da economia nacional assim como da sociedade burguesa é miséria estacionária para os trabalhadores É evidente por si mesmo que a economia nacional considere apenas como trabalhador o proletário isto é aquele que sem capital e renda da terra vive puramente do trabalho e de um trabalho unilateral abstrato Ela pode por isso estabelecer a proposição de que ele tal como todo cavalo tem de rece ber o suficiente para poder trabalhar Ela não o considera como homem no seu tempo livredetrabalho arbeitslose Zeit mas deixa antes essa conside ração para a justiça criminal os médicos a religião as tabelas estatísticas a política e o curador da miséria social Bettelvogt Lancemonos agora para além do nível da economia nacional e procure mos responder a duas perguntas a partir do desenvolvimento realizado até aqui e isso quase com as palavras do economista nacional 1 Que significado tem no desenvolvimento da humanidade esta redu ção da maior parte dela ao trabalho abstrato 2 Que erro cometem os reformadores en détail30 que ou desejam elevar o salário e por este meio melhorar a situação da classe trabalhadora ou consideram como Proudhon a igualdade do salário como o objetivo da re volução social31 O trabalho aparece na economia nacional apenas sob a forma de emprego Erwerbstätigkeit VIII Podese defender que aquelas ocupações que pressupõem aptidões es pecíficas ou preparação mais longa se tornam no seu todo mais rentáveis enquanto o salário relativo para a atividade mecanicamente uniforme na qual qualquer um pode ser rápida e facilmente ensinado baixou e tinha de neces sariamente baixar com a crescente concorrência E precisamente esta espécie de trabalho no estágio Stand atual de sua organização é de longe a mais nu merosa Se portanto um trabalhador da primeira categoria ganha agora sete 3 0 Em francês no texto por partes NT 3 1 Vide Proudhon PierreJoseph Questce que la propriété Ou recherches sur le principe du droit et du gouvernement Premier mémoire Paris 1841 cap III parágrafo 6 Manuscritos econômicofilosóficos 31 vezes mais e um outro da segunda ganha o mesmo que há cinquenta anos ambos ganham em média certamente quatro vezes esse tanto Mas se isolada mente num país a primeira categoria de trabalho é ocupada por apenas 1000 pessoas e a segunda por um milhão então 999000 não estão quanto a isso melhor do que há cinquenta anos e estão muito pior se tiverem subido simul taneamente os preços das necessidades vitais LebensBedürfnise E com seme lhantes cálculos médios superficiais querse enganar a classe mais numerosa da população Além disso a grandeza do salário é apenas um momento para a estimativa do rendimento do trabalhador porque para a mensuração desse últi mo conta ainda essencialmente a duração assegurada do mesmo da qual na anarquia da chamada livreconcorrência com as suas sempre recorrentes flutuações e interrupções simplesmente nada se diz Finalmente há que se considerar ainda o tempo de trabalho habitual de antes e o de agora Mas esse elevouse para o trabalhador inglês nas manufaturas de algodão a 12 até 16 horas diárias desde 25 anos para cá em virtude da avidez do empresário IX portanto precisamente após a introdução das máquinas poupadoras de traba lho A elevação num país e num ramo da indústria tinha de vigorar mais ou menos também noutros lugares e com o direito por toda a parte reconhecido de uma exploração incondicionada dos pobres pelos ricos Schulz Bewegung der Production p 6532 Mesmo se fosse tão verdadeiro quanto é falso que o rendimento médio Durchschnittseinkommen de todas as classes da sociedade tivesse aumenta do as diferenças e distâncias relativas dos rendimentos poderiam contudo terse tornado maiores e por isso as oposições da riqueza e da pobreza poderiam terse evidenciado mais nitidamente Pois precisamente porque a produção total se eleva e na mesma medida em que isso acontece aumen tam também as necessidades Bedürfnise apetites e exigências a pobreza relativa pode portanto aumentar enquanto a absoluta reduzirse O samoiedo com o seu óleo de fígado de bacalhau e peixes rançosos não é pobre porque na sua sociedade fechada todos têm as mesmas necessida des Mas num Estado que avança que no decorrer de mais ou menos uma década aumenta a sua produção total relativamente à sociedade em um terço o trabalhador que antes ou depois destes dez anos ganha a mesma quantia não ficou tão abastado quanto antes mas tornouse um terço mais carente Ibid p 6566 Mas a economia nacional conhece o trabalhador apenas como animal de trabalho como uma besta reduzida às mais estritas necessidades corporais Um povo para se cultivar de forma espiritualmente mais livre não pode permanecer na escravidão de suas necessidades corpóreas não pode con tinuar a ser servo do corpo Acima de tudo tem de lhe restar tempo para 32 Schulz Wilhelm Die Bewegung der Production Eine geschichtlichstatistische Abhandlung zur Grundlegung einer neuen Wissenschaft des Staats und der Gesellschaft Zurique 1843 Karl Marx 32 poder também criar espiritualmente e fruir espiritualmente Os progressos no organismo do trabalho ganham esse tempo Pois agora junto a novas forças motrizes e maquinaria aperfeiçoada não raramente um único operário executa nas fábricas de algodão o trabalho de 100 ou mesmo de 250 até 350 trabalhadores de antes Consequências semelhantes em todos os ramos da produção porque cada vez mais forças naturais externas são forçadas a tomar parte X no trabalho humano Se anteriormente para a satisfação de uma quantidade Quantum de necessidades materiais havia necessariamente um dispêndio de tempo e força humana que mais tarde foi reduzido à metade então simultaneamente outro tanto ampliouse sem prejuízo algum ao prazer sensível o espaço para o criar e para o fruir espiritual Mas também a partilha dos despojos que conquistamos ao velho Cronos mesmo no seu domínio mais particular ainda decide o jogo de dados do acaso que é cego e injusto Calculouse que na França do ponto de vista atual da produção um tempo de trabalho médio de cinco horas diárias para cada ser humano apto ao trabalho seria suficiente para a satis fação de todos os interesses materiais da sociedade Não obstante a econo mia de tempo por intermédio do aperfeiçoamento da maquinaria para uma numerosa população a duração do trabalho escravo nas fábricas apenas au mentou p 67 68 Ibid A passagem para além do trabalho manual composto pressupõe uma decompo sição do mesmo em suas operações simples Mas então em primeiro lugar apenas uma parte das operações uniformemente recorrentes cabe às máquinas e uma outra parte cabe aos homens Segundo a natureza das coisas e segundo experiências conformes uma tal atividade incessantemente uniforme é igual mente prejudicial para o espírito assim como para o corpo e então têm de aparecer junto desta conexão da maquinaria com a mera divisão do trabalho sob numerosos braços humanos também ainda todas as desvantagens desta última As desvantagens revelamse dentre outras coisas na maior mortalidade do trabalhador fabril XI Não se levou em conta ainda esta grande diferença até que ponto os homens trabalham com máquinas ou até que ponto eles trabalham como máquinas Ibid p 69 Mas para o futuro da vida dos povos as forças naturais desprovidas de sentido que operam nas máquinas serão nossas escravas e servas Ibid p 74 Nas fiações inglesas estão ocupados apenas 158818 homens e 196818 mu lheres Nas fábricas de algodão do condado de Lancaster para cada 100 trabalhadores há 103 trabalhadoras e na Escócia até mesmo 209 Nas fá bricas de linho inglesas de Leeds contavamse para cada 100 trabalhado res masculinos 147 femininos em Dundee e na costa leste da Escócia até mesmo 280 mulheres para cada 100 homens Nas fábricas de seda ingle sas muitas trabalhadoras nas fábricas de lã que requerem maior força de trabalho mais homens Também nas fábricas de algodão norteamerica nas estavam ocupados no ano de 1833 cerca de 18593 homens e não me nos de 38927 mulheres Com as transformações no organismo do traba lho coube portanto ao sexo feminino um novo círculo de afazeres Manuscritos econômicofilosóficos 33 Erwerbsthätigkeit as mulheres ocupando uma posição economicamen te mais autônoma ambos os sexos aproximados um do outro nas suas relações sociais p 71 72 ibid Nas fiações inglesas movidas a vapor e água trabalhavam no ano de 1835 20558 crianças entre 8 e 12 anos 35867 entre 12 e 13 e finalmente 108208 entre 13 e 18 anos de idade Sem dúvida os posteriores progressos da me cânica na medida que removem cada vez mais da mão humana todas as ocupações uniformes atuam na direção de uma paulatina supressão XII desse inconveniente Todavia no caminho destes mais rápidos avanços está a circunstância de que os capitalistas podem apropriar as forças das classes subalternas até mesmo na idade infantil da maneira mais fácil e mais barata para servirse delas e as usar em lugar dos recursos da mecânica p 7071 Schulz Movimento da produção Bewegung der Production Apelo de Lord Brougham aos trabalhadores Tornaivos capitalistas o mal é que milhões apenas através de trabalho fatigante corporalmente arruinante moral e espiritualmente atrofiante podem ganhar parcos meios de subsis tência que até mesmo essa infelicidade de ter encontrado um tal trabalho tenha de ser considerada uma felicidade p 60 ibid Para viver portanto os não proprietários são obrigados a pôrse direta ou indire tamente a serviço dos proprietários quer dizer sob a sua dependência Pecqueur Théorie nouvelle déconomie soc etc p 40933 Criados ordenados trabalhadores salários empregados vencimentos ou emolumentos Ibid p 4091034 alugar o seu trabalho emprestar trabalho a juro trabalhar no lugar de outro 33 Pecqueur Constantin Théorie nouvelle déconomie sociale et politique ou études sur lorganisation des sociétés Paris 1842 p 409 Em francês no texto Pour vivre donc les nonpropriétaires sont obligés de se mettre directement ou indirectement au service des propriétaires càd sous leur dépendance 34 Pecqueur Constantin Théorie nouvelle cit p 409410 Ce sont alors des domesti ques et la part de richesses quils reçoivent en retour sappelle gages Ils concourent avec eux ou sous leurs ordres à lœuvre de production des richesses agricoles manufacturières et commerciales et alors ce sont des ouvriers et la part de richesse quils reçoivent se nomme salaire Ils dirigent le travail ou ils remplissent diverses fonctions de lordre intellectuel ou de surveillance qui assurent lœuvre de production pour le compte du propriétaire et alors sous le nom demployés ils obtiennent plus de considération plus de stabilité dans leur fonction que les ouvriers au jour ou à la semaine et la part de richesse qui leur est échue prend le nom de traitement ou démoluments et se paie au mois ou à lannée Em francês no texto Domestiques gages ouvriers salaires employés traitement ou émoluments Karl Marx 34 Alugar a matéria do trabalho emprestar a matéria do trabalho a juro fazer outro trabalhar no seu lugar Ibid35 XIII esta constituição econômica condena os homens a ocupações de tal modo abjetas a uma degradação de tal maneira desoladora e amarga que a selvageria aparece em comparação como uma condição real36 Ibid p 417418 a prostituição da carne não proprietária sob todas as formas Ibid p 42137 Apanhador de farrapos Lumpensammler Charles Loudon no escrito Solution du problème de la population etc Paris 1842 declara o número de prostitutas na Inglaterra como algo em torno de 60 até 70000 o número de mulheres de virtude duvidosa seria igualmente grande p 22838 A média de vida na rua dessas criaturas desafortunadas depois de terem entrado na carreira do vício é por volta de seis ou sete anos De maneira que para manter o número de 60 a 70000 prostitutas deve haver nos três 3 5 Ibid p 411 Des propriétaires qui prêtent à intérêt la matière du travail aux prolétaires Or emprunter du travail moyennant intérêt cest prêter la matière du travail à intérêt tout comme emprunter la matière du travail à intérêt cest prêter son travail à intérêt Et en définitive faire quelquune de ces choses cest ou faire travailler autrui à sa place ou travailler à la place dautrui ce qui est le point juste où se noue le nœud gordien de léconomie politique du passé nœud fatal qui constitue avec lesclavage ou avec la servitude mitigée limmoralité la plus flagrante au dire de saint Paul qui déclare que celui qui ne veut pas travailler na point le droit de manger Ainsi donc tout se réduit à ces deux moments louer son travail et louer la matière du travail mais quelle différence entre ces deux modes de location Louer son travail cest commencer son esclavage louer la matière du travail cest constituer sa liberté Em francês no texto louer son travail prêter son travail à lintérêt travailler à la place dautrui louer la matière du travail prêter la matière du travail à lintérêt faire travailler autrui à sa place 3 6 Em francês no texto cette constitution économique condamne des hommes à des métiers tellement abjects à une dégradation tellement désolante et amère que la sauvagerie apparaît en comparaison comme une royale condition NT 3 7 Pecqueur Constantin Théorie nouvelle cit p 418 parmi nous la dignité humaine est si bas ravalée que de cadavres vivants quon nomme chiffonniers sortent quotidiennement de leur tombe à lheure des ténèbres et sen vont munis dune lanterne dun crochet et dune hotte à la recherche de guenilles remuer et fouiller les tas dimmondices de nos riches et fastueuses cités et tant dignominie pour gagner les plus pressantes nécessités dune vie mourante Em francês no texto la prostitution de la chair nonpropriétaire sous toutes les formes NT 3 8 Loudon Charles Solution du problème de la population et de la subsistance soumise à un médecin dans une série de lettres Paris 1842 p 228 je doute fort quil y ait beaucoup plus de 60 à 70000 filles publiques dans les trois royaumes réunis On peut estimer égal le nombre de femmes dune vertu douteuse Manuscritos econômicofilosóficos 35 reinos pelo menos 8 a 9000 mulheres que se dedicam a esse infame ofício todos os anos ou cerca de 24 novas vítimas por dia o que dá a média de uma por hora e consequentemente se a mesma proporção tiver lugar em toda a super fície do globo deve haver constantemente um milhão e meio dessas infelizes Ibid p 22939 a população dos miseráveis cresce com a sua miséria e é no extremo limite da indigência que os seres humanos se apressam em maior número disputando o direito de sofrer Em 1821 a população da Irlanda era de 6801827 Em 1831 ela subira para 7764010 são 14 de aumento em dez anos No Leinster província na qual a pobreza é menor a população aumentou apenas 8 ao passo que em Connaught a província mais pobre o aumento atingiu os 21 Extratos dos Relatórios Oficiais sobre a Irlanda Publicados na Inglaterra Viena 1840 Buret de la misère etc t I p 363740 A economia nacional considera o trabalho abstratamente como uma coisa o trabalho é uma mercadoria41 se o preço é alto a mercadoria é muito procurada se é baixo a mercadoria é muito oferecida como mer cadoria o trabalho deve baixar cada vez mais de preço42 o que força a 39 Ibid p 229 Em francês no texto La moyenne vie de ces infortunées créatures sur le pavé après quelles sont entrées dans la carrière du vice est denviron six ou sept ans De manière que pour maintenir le nombre de 60à70000 prostituées il doit y avoir dans les 3 royaumes au moins 8 à 9000 femmes qui se vouent à cet infâme métier chaque année ou environ 24 nouvelles victimes par jour ce qui est la moyenne dune par heure et conséquemment si la même proportion a lieu sur toute la surface du globe il doit y avoir constamment un million et demi de ces malheureuses O grifo é de Marx 40 Buret Eugène De la misère des classes laborieuses en Angleterre et en France de la nature de la misère de son existence de ses effets de ses causes et de linsuffisance des remèdes quon lui a opposés jusquici avec lindication des moyens propres a en affranchir les sociétés t 1 Paris 1840 p 36 Em francês no texto la population des misérables croît avec leur misère et cest à la limite extrême du dénûment que les êtres humains se pressent en plus grand nombre pour se disputer le droit de souffrir En 1821 la population de lIrlande était de 6801827 En 1831 elle sétait élevée à 7764010 cest 14 daugmentation en dix ans Dans le Leinster province où il y a le plus daisance la population na augmenté que de 8 tandis que dans le Connaught province la plus misérable laugmentation sest élevée à 21 Extraits des Enquêtes publiées en Angleterre sur lIrlande Vienne 1840 E sobre a indicação destes extratos citados no interior da nota De lagriculture et de la condition des agriculteurs en Irlande et dans la Grande Bretagne VienaParis 1840 Extraits des enquêtes et des pièces officielles publiées en Angleterre par le parlement depuis lannée 1833 jusquà ce jour Vol 1 p 7980 citado por Buret Eugène De la misère cit p 3637 41 Em francês no texto le travail est une marchandise 42 Em francês no texto comme marchandise le travail doit de plus en plus baisser de prix Karl Marx 36 isso é em parte a concorrência entre capitalista e trabalhador em parte a concor rência entre trabalhadores43 A população trabalhadora vendedora de trabalho é forçosamente reduzida à parte mais fraca do produto A teoria do trabalho mercadoria será outra coisa que não uma teoria da servidão disfarçada Lc p 43 Por que então não ter visto no trabalho senão um valor de troca44 Ib p 44 As grandes oficinas Ateliers compram preferencialmente o trabalho de mulheres e crianças porque este custa menos do que o trabalho dos homens lc45 o trabalhador não está defronte àquele que o emprega na posição de um livre vende dor o capitalista é sempre livre para empregar o trabalho e o trabalhador é sempre forçado a vendêlo O valor do trabalho é completamente destruído se não for ven dido a cada instante O trabalho não é suscetível nem de acumulação nem mesmo de poupança diferentemente das verdadeiras mercadorias XIV O trabalho é a vida e se a vida não se permutar todos os dias por alimentos sofre e em seguida perece Para que a vida do homem seja uma mercadoria é preciso portanto admitir a escravidão p 4950 lc46 4 3 Buret Eugène De la misère cit p 4243 Suivant cette théorie le travail est considéré abstraitement comme une chose et léconomiste qui étudie les variations de loffre et de la demande oublie que la vie la santé la moralité de plusieurs millions dhommes sont engagées dans la question le travail est une marchandise si le prix en est élevé cest que la marchandise est trèsdemandée si au contraire il est trèsbas cest quelle est trèsofferte et de cette façon quand on spécule ainsi rien ne vient troubler votre sangfroid ni déranger vos calculs Comme marchandise le travail doit de plus en plus baisser de prix car la concurrence exerce une double pression pour le réduire pression de la part de ceux qui emploient le travail et qui sefforcent de lobtenir au meilleur marché possible au moyen de machines et dinventions nouvelles pression de la part des travailleurs qui agglomérés sur un même point et de plus en plus nombreux offrent leur travail au rabais 4 4 Em francês no texto La population ouvrière marchande de travail est forcément réduite à la plus faible part du produit La théorie du travail marchandise estelle autre chose quune théorie de servitude déguisée Pourquoi donc navoir vu dans le travail quune valeur déchange NT 4 5 Buret Eugène De la misère cit p 44 si les grands ateliers achètent de préférence le travail des enfants et des femmes qui coûte moins que celui des hommes 4 6 Ibid p 4950 Em francês no texto le travailleur nest point vis à vis de celui qui lemploie dans la position dun libre vendeur le capitaliste est toujours libre demployer le travail et louvrier est toujours forcé de le vendre La valeur du travail est complètement détruite sil nest pas vendu à chaque instant Le travail nest susceptible ni daccumulation ni même dépargne à la différence des véritables marchandises XIV Le travail cest la vie et si la vie ne séchange pas chaque jour contre des aliments elle souffre et périt bientôt Pour que la vie de lhomme soit une marchandise il faut donc admettre lesclavage Colchetes no original em alemão grifos de Marx Manuscritos econômicofilosóficos 37 Se o trabalho é portanto uma mercadoria é então uma mercadoria com as mais infelizes propriedades Mas mesmo segundo princípios da economia nacional o trabalho não é mercadoria porque não é o livre resultado de um mercado livre47 O regime econômico atual baixa ao mesmo tempo o preço e a remuneração do trabalho ele aperfeiçoa o trabalhador e degrada o homem48 p 5253 lc A indústria tornouse uma guerra e o comércio um jogo49 Lc p 62 As máquinas de trabalhar o algodão50 na Inglaterra51 representam sozinhas 84000000 de artesãos A indústria encontrouse até agora na situação de guerra de conquista ela esgotou a vida dos homens que compunham o seu exército com tanta indiferença como os grandes conquistadores O seu objetivo era a posse da riqueza e não a felicidade dos homens Buret lc p 20 Esses interesses econômicos livremente abandonados a eles próprios de vem necessariamente entrar em conflito eles não têm outro árbitro que não a guerra e as decisões da guerra dão a uns a derrota e a morte para dar aos outros a vitória é no conflito das forças opostas que a ciência procura a ordem e o equilíbrio a guerra perpétua é segundo ela o único meio de obter a paz essa guerra chamase concorrência52 Lc p 23 A guerra industrial para ser conduzida com efeito exige numerosos exércitos que ela possa juntar no mesmo ponto e dizimar abundantemente E nem por 47 Ibid p 50 que le salaire nétait pas le résultat dun libre marché ou si lon veut que le travail nétait pas une marchandise 48 Ibid p 5253 le régime économique actuel abaisse à la fois et le prix et la rémunération du travail il perfectionne louvrier et dégrade lhomme 49 Em francês no texto Lindustrie est devenue une guerre et le commerce un jeu NT 50 Buret Eugène De la misère cit p 193 nota de rodapé Les machines à travailler le coton représentant seules 84000000 douvriers Voy MacCulloch et Porter population 51 Intervenção de Marx em alemão in England em meio ao texto francês NT 52 Em francês no texto elle a prodigué la vie des hommes qui composaient son armée avec autant dindifférence que les grands conquérants Son but était la possession de la richesse et non le bonheur des hommes Ces intérêts économiques librement abandonnés à euxmêmes doivent nécessairement entrer en conflit ils nont dautre arbitre que la guerre et les décisions de la guerre donnent aux uns la défaite et la mort pour donner aux autres la victoire cest dans le conflit des forces opposées que la science cherche lordre et léquilibre la guerre perpétuelle est selon elle le seul moyen dobtenir la paix cette guerre sappelle la concurrence o grifo é de Marx NT Karl Marx 38 dedicação nem por dever os soldados desse exército suportam os esforços que lhe são exigidos só para fugir da dura necessidade da fome Eles não têm afeto nem reconhecimento pelos seus chefes estes não se ligam aos seus subordina dos por nenhum sentimento de benevolência eles não os conhecem como seres humanos mas apenas como instrumentos de produção os quais têm de render tanto quanto possível e fazer tão poucas despesas quanto possível Estas multi dões de trabalhadores cada vez mais pressionadas não têm nem mesmo a despreocupação de estarem para sempre empregadas A indústria que os con vocou a todos somente os deixa viver enquanto precisa deles e assim que pode libertarse deles ela os abandona sem a mínima hesitação e os trabalhadores são forçados a ofertar a sua pessoa e a sua força pelo preço que se lhes quiser atribuir Quanto mais o trabalho que se lhes dá é longo penoso repugnante tanto menos eles são pagos veemse alguns que com 16 horas de trabalho por dia sob esforço contínuo mal compram o direito de não morrer Lc p 686953 XV Nós temos a convicção partilhada pelos comissários encarregados do relatório sobre a condição dos tecelões manuais de que as grandes cidades in dustriais perderiam em pouco tempo a sua população de trabalhadores se não recebessem a cada instante dos campos vizinhos recrutamentos contínuos de homens sadios de sangue novo54 p 362 lc 5 3 Buret Eugène De la misère cit p 6869 La guerre industrielle demande pour être menée avec succès des armées nombreuses quelle puisse entasser sur le même point et décimer largement Et ce nest ni par dévoûment ni par devoir que les soldats de cette armée supportent les fatigues quon leur impose cest uniquement pour échapper à la dure nécessité de la faim Ils nont ni affection ni reconnaissance pour leurs chefs les chefs ne tiennent à leurs inférieurs par aucun sentiment de bienveillance ils ne les connaissent pas comme hommes mais seulement comme des instruments de production qui doivent rapporter beaucoup en dépensant le moins possible Ces populations de travailleurs de plus en plus pressées nont pas même la sécurité dêtre toujours employées lindustrie qui les a convoquées ne les fait vivre que quand elle a besoin delles et sitôt quelle peut sen passer elle les abandonne sans le moindre souci et les travailleurs mis à la réforme sont forcés doffrir leur personne et leur force pour le prix quon veut bien leur accorder Plus le travail quon leur donne est long pénible e fastidieux moins ils sont rétribués on en voit qui avec seize heures par jour defforts continus achètent à peine le droit de ne pas mourir 5 4 Em francês no texto Nous avons la conviction partagée par les commissaires chargés de lenquête sur la condition des tisserands à la main que les grandes villes industrielles perdraient en peu de temps leur population de travailleurs si elles ne recevaient à chaque instant des campagnes voisines des recrues continuelles dhommes sains de sang nouveau Manuscritos econômicofilosóficos 39 I GANHO DO CAPITAL1 1 O capital 1 Em que se baseia o capital isto é a propriedade privada dos produtos do trabalho alheio Se o próprio capital não se reduz ao roubo ou à fraude então necessita do concurso da legislação para sacralizar a herança Say t I p 136 nota2 Como alguém se torna proprietário de fundos fonds produtivos Como alguém se torna proprietário dos produtos que são criados por intermédio desses fundos Mediante o direito positivo Say t II p 43 O que se ganha com o capital com a herança de uma grande fortuna por exemplo 1 Poderseiia dizer que Marx referese aqui à propriedade exercida pelo capital sobre o trabalho e a partir disso às vantagens adquiridas por aquele sobre a distribuição desse mesmo ganho Portanto a versão nesta tradução de Gewinn por ganho em vez de lucro Profit é uma tentativa de marcar a diferença entre os dois termos pois este último seria uma vantagem adquirida a partir da propriedade do trabalho pelo capital ou seja uma das partes em que o ganho se divide Isso não impede porém que Marx dispense no decorrer do texto tratamento semelhante às duas formas uma vez que os autores que são suas fontes diretas não fazem necessariamente essa distinção A respeito vide nota no 1 do primeiro item Salário deste primeiro manuscrito NT 2 Say JeanBaptiste Traité déconomie politique ou simple exposition de la manière dont se forment se distribuent et se consomment les richesses 3a ed t 1 2 Paris 1817 T 1 p 136 en supposant même que le capital ne soit le fruit daucune spoliation il faut encore le concours de la législation pour en consacrer lhérédité Vide Marx Karl Exzerpte aus JeanBaptiste Say Traité déconomie politique In MEGA IV2 cit p 3063034 3 Say JeanBaptiste Traité déconomie politique cit t 2 p 4 Or comment eston propriétaire de ces fonds productifs et par suite comment eston propriétaire des produits qui peuvent en sortir Ici le droit positif est venu ajouter sa sanction au droit naturel Vide Marx Karl Exzerpte aus JeanBaptiste Say Traité déconomie politique cit p 3091921 Karl Marx 40 Alguém que herda por exemplo uma grande fortuna na verdade não ganha imediatamente por intermédio disso poder político A espécie de poder que essa posse imediata e diretamente lhe transfere é o poder de comprar que é um direito de comando Befehls sobre todo o trabalho de outros ou sobre todo o produto desse trabalho que existe atualmente no mercado Smith t I p 614 O capital é portanto o poder de governo Regierungsgewalt sobre o trabalho e os seus produtos O capitalista possui esse poder não por causa de suas quali dades pessoais ou humanas mas na medida em que ele é proprietário do capital O poder de comprar kaufende Gewalt do seu capital a que nada pode se opor é o seu poder Veremos mais tarde primeiro como o capitalista exerce o seu poder de governo sobre o trabalho através do capital mas depois o poder de governo do capital sobre o próprio capitalista O que é o capital Uma certa quantidade de trabalho armazenado e posto de reserva Smith t II p 3125 Capital é trabalho armazenado 2 fundos fonds fundos Stock é cada acúmulo de produtos da terra e do trabalho manufaturado Então os fundos só se chamam capital se dão ao seu proprietário um rendimento ou ganho Smith t II p 1916 2 O ganho do capital O lucro ou ganho do capital é inteiramente diferente do salário proveniente do trabalho Arbeitslohn Esta diversidade manifestase de um modo du plo Por um lado os ganhos do capital regulamse totalmente pelo valor 4 Smith Adam Recherches sur la nature et les causes de la richesse des nations cit t 1 p 61 celui qui acquiert une grande fortune ou qui la par héritage nacquiert parlà néces sairement aucun pouvoir politique Le genre de pouvoir que cette possession lui transmet immédiatement et directement cest le pouvoir dacheter cest un droit de commandement sur tout le travail dautrui ou sur tout le produit de ce travail existant alors au marché Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3391216 5 Smith Adam Recherches sur la nature et les causes de la richesse des nations cit t 2 p 312 o grifo é de Marx Une certaine quantité de travail amassé et mis en réserve Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 36089 6 Smith Adam Recherches cit t 2 p 191 De la nature des fonds 1 nota de rodapé de Garnier il signifie tout amas quelconque des produits de la terre ou du travail des manufactures Il ne prend le nom de capital que lorsquil rapporte à son propriétaire un revenu ou un profit quelconque Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3573032 Colchetes na edição alemã Manuscritos econômicofilosóficos 41 do capital aplicado mesmo que o trabalho de controle e direção possa ser o mesmo junto a capitais diversos Além disso somese que em grandes fábricas este trabalho é todo confiado a um funcionário principal Hauptcommis cujo ordenado Gehalt não tem relação alguma com o II capital cuja gestão ele controla Ainda que o trabalho do proprietário se redu za aqui a quase nada ele exige ainda lucros na proporção de seu capital Smith t I p 97997 Por que o capitalista exige esta proporção entre ganho e capital Ele não teria nenhum interesse em empregar o trabalhador se não esperasse da venda do serviço Werk deste último mais do que é necessário para reembolsar os fundos fonds por ele adiantados para salários e não teria interesse algum em aplicar uma soma grande em detrimento de uma pequena soma de fundos fonds se o seu lucro não estivesse em proporção com o volume dos fundos fonds aplicados T I p 978 O capitalista extrai portanto em primeiro lugar um ganho dos salários e em segundo da matériaprima adiantada Qual a relação existente então entre o ganho e o capital Se já é difícil determinar a taxa média normal do salário em dado lugar e em dado tempo mais difícil ainda é determinar o ganho dos capitais Alteração no preço das mercadorias com as quais o capital negocia felicidade ou infeli cidade dos seus rivais e clientes mil outros acasos aos quais as mercadorias estão expostas tanto durante o transporte como nos armazéns produzem uma mudança diária quase horária no lucro Smith t I p 1791809 Por impossível que seja então determinar com precisão o ganho dos capi tais podese fazer contudo uma ideia deles pelo juro do dinheiro Se podese 7 Smith Adam Recherches cit t 1 p 9799 Les profits des fonds sont cependant dune nature absolument différente des salaires Ils se règlent en entier sur la valeur du capital employé Mais il se peut que leur travail dinspection et de direction soit toutàfait le même ou trèsapprochant Dans beaucoup de grandes fabriques souvent presque tout le travail de ce genre est confié à un principal commis Ses salaires ne gardent jamais de proportion réglée avec le capital dont il surveille la régie et le propriétaire de ce capital bien quil se trouve parlà débarrassé de presque tout le travail nen compte pas moins que ses profits seront en proportion réglée avec son capital Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3413239 8 Smith Adam Recherches cit t 1 p 97 Il naurait pas dintérêt à employer ces ouvriers sil nattendait pas de la vente de leur ouvrage quelque chose de plus que ce quil fallait pour lui remplacer ses fonds et il naurait pas dintérêt à employer une grosse somme de fonds plutôt quune petite si ses profits ne gardaient pas quelque proportion avec létendue des fonds employés Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3412631 9 Smith Adam Recherches cit t 1 p 179180 Nous avons déjà observé quil était difficile de déterminer quel est le taux moyen des salaires du travail dans un lieu et Karl Marx 42 fazer muito ganho com o dinheiro dáse muito pela capacidade de servirse do seu agora se podese fazer pouco ganho através de sua mediação então dáse pouco Smith t I p 18018110 A proporção que a taxa de juro habitual tem de manter com a taxa de ganho líquido muda necessariamente com a elevação ou a queda do ganho Na GrãBretanha avaliase como o dobro do juro Interesse aquilo a que os comerciantes denominam um lucro honesto moderado razoável expres sões sonoras que nada querem dizer senão um lucro normal e usual Smith t I p 19811 Qual é a taxa mais baixa do ganho Qual a sua taxa mais elevada A taxa mais baixa de ganho habitual dos capitais tem sempre de ser algo mais do que o necessário para compensar as perdas ocasionais às quais está sujeita toda aplicação de capital Este excedente surplus é propriamente o ganho ou o lucro líquido O mesmo se passa com a taxa mais baixa do juro Smith t I p 19612 dans un temps particulier mais ceci même ne peut guère sobtenir à légard des profits de capitaux Ce profit se ressent nonseulement de chaque variation qui survient dans le prix des marchandises sur lesquelles elle commerce mais encore de la bonne ou mauvaise fortune de ses rivaux et de ses pratiques et de mille autres accidents auxquels les marchandises sont exposées soit dans leur transport par terre ou par mer soit même quand on les tient en magasin Il varie donc nonseulement dune année à lautre mais même dun jour à lautre et presque dheure en heure Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3491521 1 0 Smith Adam Recherches cit t 1 p 180181 Mais quoiquil soit peutêtre impossible de déterminer avec quelque précision quels sont ou quels ont été les profits moyens des capitaux soit à présent soit dans les temps anciens cependant on peut sen faire quelque idée daprès lintérêt de largent On peut établir pour maxime que partout où on pourra faire beaucoup de profits par le moyen de largent on donnera communément beaucoup pour avoir la faculté de sen servir et quon donnera en général moins quand il ny aura que peu de profits à faire par son moyen Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3492125 1 1 Smith Adam Recherches cit t 1 p 198 La proportion que le taux ordinaire de lintérêt au cours de la place doit garder avec le taux ordinaire du profit net varie nécessairement selon que le profit hausse ou baisse Dans la GrandeBretagne on porte au double de linterêt ce que les commerçants appellent un profit honnête modéré raisonnable toutes expressions qui à mon avis ne signifient autre chose quun profit commun et dusage Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 350373512 1 2 Smith Adam Recherches cit t 1 p 196 Le taux le plus bas des profits ordinaires des capitaux doit toujours être quelque chose audelà de ce quil faut pour compenser les pertes accidentelles auxquelles est exposé chaque emploi de capital Il ny a que ce surplus qui constitue vraiment le profit ou le bénéfice net Il faut aussi que le taux le plus bas de lintérêt ordinaire soit quelque chose audelà de ce qui est suffisant pour Manuscritos econômicofilosóficos 43 III A taxa mais elevada a que podem subir os ganhos habituais é aquela que na maioria das mercadorias extrai a totalidade da renda da terra e reduz o salário da mercadoria produzida ao preço mais baixo à mera subsistência do trabalhador durante o trabalho O trabalhador tem sempre de ser alimen tado de uma ou de outra maneira enquanto estiver empregado num trabalho diário a renda fundiária pode ficar inteiramente suprimida Exem plo em Bengala o pessoal da companhia indiana de comércio Smith t I p 19719813 Fora todas as vantagens de uma baixa concorrência que o capitalista nesta situa ção pode explorar ele pode manter de um modo honesto o preço de mercado acima do preço natural Primeiro através do segredo comercial se o mercado estiver muito afastado daque les que o frequentam nomeadamente por manter em segredo a alteração do preço a sua elevação acima do nível natural Este manter em segredo tem como resultado o fato de outros capitalistas não investirem seu capital nesse mesmo ramo comercial Depois através do segredo de fabricação Fabrikgeheimnis através do qual o capita lista com menos custos de produção oferece a sua mercadoria pelo mesmo preço ou mesmo por preços mais baixos que os seus concorrentes com mais lucro A trapaça através da manutenção em segredo não é imoral Negócio da bolsa E ainda onde a produção está ligada a uma determinada localidade como por exemplo o vinho seleto e a procura efetiva nunca pode ser satisfeita Finalmente mediante o monopólio de indivíduos e companhias O preço de monopólio é tão alto quanto possível Smith t I p 12012414 compenser les pertes accidentelles Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3501722 13 Smith Adam Recherches cit t 1 p 197198 Le taux le plus élevé auquel puissent monter les profits ordinaires est celui qui dans la plus grande partie des marchandises emporte la totalité de ce qui devrait aller à la rente de la terre et laisse seulement ce qui est nécessaire pour salarier le travail de préparer la marchandise et de la conduire au marché au taux le plus bas auquel le travail puisse jamais être payé cestàdire la simple subsistance de louvrier Il faut toujours que de manière ou dautre louvrier ait été nourri pendant le temps que louvrage lui a employé mais il peut trèsbien se faire que le propriétaire de la terre nait pas eu de rente Les profits du commerce que tiennent au Bengale les employés de la compagnie des Indes orientales ne sont peutêtre pas trèséloignés de ce taux excessif Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3502936 14 Smith Adam Recherches cit t 1 p 120124 quelque le prix de marché de chaque marchandise particulière tende ainsi par une gravitation continuelle tenir assez long temps de suite le prix de marché au dessus du prix naturel Lorsque par une augmentation dans la demande effective le prix de marché de quelque marchandise particulière vient à sélever considérablement au dessus du prix naturel ceux qui emploient leurs capitaux Karl Marx 44 Outras causas acidentais que podem elevar o ganho do capital Aquisição de novos territórios ou novos ramos de comércio aumentam amiúde mesmo num país rico o ganho dos capitais porque retiram uma parte dos capitais dos antigos ramos de comércio diminuem a concorrência fazem com que o mercado receba menos mercadorias cujo preço em seguida elevam os impulsionadores do comércio Handelstreibenden podem pagar com elas nesse caso o dinheiro emprestado com juros mais altos Smith t I p 19015 Quanto mais uma mercadoria é elaborada objeto da manufatura tanto mais sobe a parte do preço que se decompõe em salário e lucro se comparada com a parte que se decompõe em renda da terra No progresso que o trabalho manual exerce sobre esta mercadoria não só aumenta o volume dos ganhos como cada ganho subsequente é maior do que o precedente porque o capital a partir do qual IV ele tem origem é necessariamente cada vez maior O à fournir le marché de cette marchandise ont en général grand soin de cacher ce changement Sil était bien connu leurs grands profits leur susciteraient tant de nouveaux rivaux qui seraient tentés demployer leurs capitaux de la même manière que la demande effective étant pleinement remplie le prix de marché redescendrait bientôt au prix naturel et peutêtre même au dessous pour quelque temps Si le marché est à une grande distance de ceux qui le fournissent ils peuvent quelquefois être à même de garder leur secret pendant plusieurs années de suite et jouir pendant tout ce temps de leurs profits extraordinaires sans éveiller de nouveaux rivaux Les secrets de fabrique sont de nature à être gardés plus longtemps que les secrets de commerce Son gain extraordinaire procède du haut prix quon lui paie pour son travail particulier ce gain consiste proprement dans les hauts salaires de ce travail Mais comme ils se trouvent être répétés sur chaque partie de son capital et que leur somme totale conserve à ce moyen une proportion réglée avec ce capital on les regarde communément comme des profits extraordinaires de capital Il y a telles productions naturelles qui exigent un sol et une exposition particulière de sorte que toute la terre propre à les produire dans un grand pays ne suffit pas pour répondre à la demande effective Un monopole accordé à un individu ou à une compagnie commerçante a le même effet quun secret dans un genre de commerce ou de fabrique Le prix de monopole est à tous les moments le plus haut quil soit possible de retirer Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3441524 1 5 Smith Adam Recherches cit t 1 p 190 Lacquisition dun nouveau territoire ou de quelques nouvelles branches de commerce peut quelquefois élever les profits des capitaux et avec eux lintérêt de largent même dans un pays qui fait des progrès rapides vers lopulence Une partie de ce qui était auparavant employé dans dautres commerces en est nécessairement retirée pour être versée dans ces affaires nouvelles qui sont plus profitables ainsi dans toutes ces anciennes branches de commerce la concurrence devient moindre quauparavant Le marché vient à être moins complètement fourni de plusieurs différentes sortes de marchandises Le prix de cellesci hausse nécessairement plus ou moins et rend un plus gros profit à ceux qui en trafiquent ce qui les met dans le cas de payer un intérêt plus fort des prêts quon leur fait Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 349343502 Manuscritos econômicofilosóficos 45 capital que põe no trabalho os tecelões é necessariamente sempre maior do que aquele que faz os fiandeiros trabalharem porque não só reembolsa o último capital com os seus ganhos como além disso ainda paga o salário do tecelão e é necessário que os ganhos estejam sempre numa espécie de proporção com o capital T I 10210316 O progresso que portanto o trabalho humano realiza sobre o produto natural e que constitui o produto natural elaborado não eleva o salário mas em parte o número de capitais passíveis de ganho e em parte a proporção de cada capital subsequente com o anterior Sobre o ganho que o capitalista retira da divisão do trabalho falaremos mais tarde17 Ele ganha duplamente primeiro com a divisão do trabalho segundo geralmente com o progresso que o trabalho humano imprime sobre o produ to natural Quanto maior a participação humana numa mercadoria tanto maior o ganho do capital morto Numa mesma sociedade a taxa média do ganho do capital está muito mais próxima do mesmo nível do que o salário das diferentes espécies de tra balho T I p 22818 Junto às diversas aplicações do capital a taxa normal do ganho muda segun do a maior ou menor certeza do retorno do capital A taxa do ganho elevase com o risco risque ainda que não numa proporção integral T I p 22622719 1 6 Smith Adam Recherches cit t 1 p 102103 A mesure quune marchandise particulière vient à être plus manufacturée cette partie du prix qui se résout en salaires et en profits devient plus grande à proportion de la partie qui se résout en rente Dans les progrès que fait la main dœuvre sur cette marchandise nonseulement le nombre des profits augmente mais chaque profit subséquent est plus grand que le précédent parce que le capital doù il procède est nécessairement toujours plus grand Le capital qui met en œuvre les tisserands par exemple est nécessairement plus grand que celui qui fait travailler les fileurs parce que nonseulement il remplace ce dernier capital avec ses profits mais il paie encore en outre les salaires des tisserands et comme nous lavons vu il faut toujours que les profits gardent une sorte de proportion avec le capital Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 342515 1 7 Vide Marx Karl Ökonomischphilosophische Manuskripte MEGA I 2 Apparat cit p 2231522626 e 3492135039 18 Smith Adam Recherches cit t 1 p 228 dans une même société ou canton le taux moyen des profits ordinaires dans les différents emplois des capitaux se trouvera bien plus proche du même niveau que celui des salaires pécuniaires des diverses espèces de travail Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3522931 19 Smith Adam Recherches cit t 1 p 226227 Dans tous les divers emplois de capitaux le taux ordinaire du profit varie plus ou moins suivant le plus ou moins de certitude des rentrées Le taux ordinaire du profit sélève toujours plus ou moins avec le risque Karl Marx 46 Compreendese por si mesmo que os ganhos do capital também sobem mediante a facilitação ou baixa dispendiosidade dos meios de circulação por exemplo papel moeda 3 A dominação do capital sobre o trabalho e os motivos do capitalista O único motivo que determina o possuidor de um capital a empregálo seja na agricultura seja na manufatura ou num ramo particular do comércio por atacado en gros ou varejista en détail é o ponto de vista de seu próprio lucro Nunca lhe vem à mente calcular quanto trabalho produtivo todas essas diversas espécies de aplicação põem em atividade ou quanto é acrescentado em V valor ao produto anual das propriedades agrícolas e ao produto anual do trabalho de seu país Smith t II p 40040120 Para o capitalista a aplicação mais útil do capital é aquela que lhe rende com igual segurança o maior ganho Esta aplicação não é sempre a mais útil para a sociedade a mais útil é aquela que é empregada para extrair benefícios Nutzen das forças produtivas da natureza Say t II p 13013121 As mais importantes operações do trabalho são reguladas e dirigidas se gundo os planos e as especulações daqueles que aplicam os capitais e o objetivo que eles pressupõem em todos estes planos e operações é o lucro Portanto a taxa de lucro não sobe como a renda da terra e o salário com a prosperidade da sociedade e não cai como aqueles com o declínio des ta última Pelo contrário esta taxa é naturalmente baixa nos países ricos e alta nos países pobres e nunca é tão alta como nos países que mais rapida mente caminham em direção à ruína O interesse desta classe não tem Il ne parait pas pourtant quil sélève à proportion du risque ou de manière à le compenser parfaitement Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3522427 2 0 Smith Adam Recherches cit t 2 p 400401 Le seul motif qui détermine le possesseur dun capital à lemployer plutôt dans lagriculture ou dans les manufactures ou dans quelque branche particulière de commerce en gros ou en détail cest la vue de son propre profit Il nentre jamais dans sa pensée de calculer combien chacun de ces différents genres demploi mettra de travail productif en activité ou ajoutera de valeur au produit annuel des terres et du travail de son pays Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 36417 2 1 Say JeanBaptiste Traité déconomie politique cit t 2 p 130131 Lemploi de capital le plus avantageux pour le capitaliste est celui qui à sûreté égale lui rapporte le plus gros profit mais cet emploi peut ne pas être le plus avantageux pour la société tous les capitaux employés à tirer parti des forces productives de la nature sont les plus avantageusement employés Vide Marx Karl Exzerpte aus JeanBaptiste Say Traité déconomie politique cit p 3131822 Manuscritos econômicofilosóficos 47 portanto como as outras duas a mesma ligação com o interesse geral da sociedade O interesse particular daqueles que exploram um ramo do comércio ou da manufatura é em certo sentido sempre diferente do inte resse do público e frequentemente até mesmo contraposto a ele de maneira hostil O interesse do comerciante é sempre o de ampliar o mercado e limitar a concorrência dos vendedores Esta é uma classe de gente cujo interesse jamais será exatamente o mesmo que o da sociedade de gente que tem em geral um interesse o de enganar e sobrecarregar o público T II p 163165 Smith22 4 A acumulação de capitais e a concorrência entre os capitalistas O aumento dos capitais que eleva o salário tende a diminuir o ganho do capi talista em virtude da concorrência entre os capitalistas T I p 179 Smith23 Se por exemplo o capital que é necessário para o negócio de mercearia Epiceriegeschäft de uma cidade se encontrar repartido entre dois diferentes merceeiros Epiciers então a concorrência fará com que cada um deles venda mais barato do que se o capital tivesse se encontrado nas mãos de um único e se o capital se encontrar repartido entre 20 merceeiros VI a concor rência será certamente mais operante e tanto menor será a possibilidade de 2 2 Smith Adam Recherches cit t 2 p 163165 Les opérations les plus importantes du travail sont réglées et dirigées daprès les plans et les spéculations de ceux qui emploient les capitaux et le but quils se proposent dans tous ces plans et ces spéculations cest le profit Or le taux du profit ne hausse point comme la rente et les salaires avec la prospérité de la société et ne tombe pas comme eux avec sa décadence Au contraire ce taux est naturellement bas dans les pays riches et haut dans les pays pauvres et jamais il nest si haut que dans ceux qui se précipitent le plus rapidement vers leur ruine Lintérêt de cette troisième classe na donc pas la même liaison que celui des deux autres avec lintérêt général de la société Cependant lintérêt particulier de ceux qui exercent une branche particulière de commerce ou de manufacture est toujours à quelques égards différent et même contraire à celui du public Lintérêt du marchand est toujours dagrandir le marché et de restreindre la concurrence des vendeurs Cette proposition vient dune classe de gens dont lintérêt ne saurait jamais être exactement le même que lintérêt de la société qui ont en général intérêt à tromper le public et même à le surcharger Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3563140 e 3571720 2426 2 3 Smith Adam Recherches cit t 1 p 179 Laccroissement des capitaux qui fait hausser les salaires tend à abaisser les profits Quand les capitaux de beaucoup de riches commerçants sont versés dans un même genre de commerce leur concurrence mutuelle tend naturellement à en faire baisser les profits Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3491315 Karl Marx 48 que eles possam se entender entre si para elevar o preço das suas mercadorias Smith t II p 37237324 Agora que já sabemos que os preços de monopólio são tão altos quanto possível uma vez que o interesse do próprio capitalista do ponto de vista da economia nacional comum se defronta hostilmente com a socie dade uma vez que a elevação do ganho do capital afeta como o juro composto o preço da mercadoria Smith t I p 20125 então a concorrência é o único socorro contra os capitalistas concorrência que segundo a informa ção da economia nacional atua tão beneficamente sobre a elevação do salário assim como sobre o barateamento das mercadorias em favor do público consumidor No entanto a concorrência só é possível porque os capitais se multiplicam e sem dúvida em muitas mãos A formação de muitos capitais só é possível mediante uma acumulação multilateral porque em geral o capital só surge por acumulação e a acumulação multilateral transformase necessariamente em acumulação unilateral A concorrência entre os capitais aumenta a acumulação entre os capitais A acumulação que sob a dominação da propriedade privada é concentração do capital em poucas mãos é geralmente uma consequência necessária quando os capitais são abandonados ao seu curso natural e através da concorrência abrese verdadeiramente caminho livre a esta determinação natu ral do capital Ouvimos dizer que o ganho do capital é proporcional à sua grandeza Abs traindo primeiro totalmente da concorrência deliberada um grande capital acu mulase portanto proporcionalmente à sua grandeza muito mais depressa do que um pequeno capital VIII De acordo com isso e abstraindo já totalmente da concorrência a acumulação do grande capital é muito mais rápida do que a do pequeno Mas avancemos um pouco mais no processo Com o aumento dos capitais diminuem por intermédio da concorrência os lucros dos capitais Sofre portanto em primeiro lugar o pequeno capitalista 2 4 Smith Adam Recherches cit t 2 p 372373 Ainsi le capital quon peut employer au commerce dépicerie ne saurait excéder ce quil faut pour acheter cette quantité Si ce capital se trouve partagé entre deux différents épiciers la concurrence fera que chacun deux vendra à meilleur marché que si le capital eût été dans les mains dun seul et sil est divisé entre vingt la concurrence en sera précisément dautant plus active et il y aura aussi dautant moins de chance quils puissent se concerter entreux pour hausser le prix de leurs marchandises Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3613339 2 5 Smith Adam Recherches cit t 1 p 201 La hausse des salaires opère en haussant le prix dune marchandise comme opère lintérêt simple dans laccumulation dune dette La hausse des profits opère comme lintérêt composé Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3512427 Manuscritos econômicofilosóficos 49 O aumento dos capitais num grande número de capitais pressupõe riqueza pro gressiva do país Num país que alcançou um estágio muito alto de riqueza a taxa normal do ganho é tão pequena que a taxa de juros que este ganho permite pagar é demasiado baixa para que outros que não as pessoas mais ricas possam viver do juro do dinheiro Todas as pessoas de fortuna média têm portanto de aplicar elas pró prias o seu capital fazer negócios ou interessarse por um ramo qualquer de comércio Smith t I p 19619726 Esta situação é a situação predileta da economia nacional A proporção existente entre a soma dos capitais e dos rendimentos Revenuen determina por toda a parte a proporção em que se encontram a indústria e a ociosidade onde os capitais ganham domina a indústria onde os rendimen tos ganham domina a ociosidade T II p 325 Smith27 Que acontece com a aplicação do capital nesta concorrência intensificada Com o aumento dos capitais tem de tornarse sucessivamente maior a quanti dade dos fundos que se emprestam a juro fonds à prêter à intérêt com o aumento destes fundos fonds tornase menor o juro do dinheiro 1 porque o preço de mercado de todas as coisas cai quanto mais a sua quantidade au menta 2 porque com o aumento dos capitais num país tornase mais difícil colocar um novo capital de forma vantajosa Surge uma concorrência entre os diferen tes capitais quando o possuidor de um capital faz todos os esforços possíveis para se apossar do lugarnegócio que se encontra ocupado por um outro capi tal Mas na maior parte das vezes ele não pode esperar deslocar de seu lugar este outro capital a não ser mediante a oferta de melhores condições para negociar Ele tem de não somente vender as coisas mais barato como também frequentemente a fim de encontrar o momento mais favorável à venda comprá las mais caro Quanto mais fundos fonds forem destinados à conservação do trabalho produtivo tanto maior será a procura por trabalho os trabalhadores encontram facilmente ocupação IX mas os capitalistas têm dificuldade em 26 Smith Adam Recherches cit t 1 p 196197 Dans un pays qui est parvenu au comble de sa mesure de richesse comme le taux ordinaire du profit net y sera trèspetit il sensuivra que le taux de lintérêt ordinaire que ce profit pourra suffire à payer sera trop bas pour quil soit possible à dautres quaux gens trèsriches de vivre de lintérêt de leur argent Tous les gens de fortune bornée ou médiocre seront obligés de diriger par leurs mains lemploi de leurs capitaux Il faudra absolument que tout homme à peu près soit dans les affaires ou intéressé dans quelque genre de commerce Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3502328 27 Smith Adam Recherches cit t 2 p 325 Cest la proportion existante entre la somme des capitaux et celle des revenus qui détermine partout la proportion dans laquelle se trouveront lindustrie et la fainéantise partout où les capitaux lemportent cest lindustrie qui domine partout où ce sont les revenus la fainéantise prévaut Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3601923 Karl Marx 50 encontrar trabalhadores A concorrência dos capitalistas faz subir o salário e baixar os ganhos T II p 358359 Smith28 O pequeno capitalista tem portanto a escolha 1 ou consumir totalmente aufessen o seu capital posto que ele não pode mais viver dos juros portanto deixar de ser capitalista ou 2 montar ele próprio um negócio vender mais barato sua mercadoria e comprar mais caro do que o capitalista mais rico e pagar um salário elevado portanto arruinarse dado que o preço de mercado mediante a pressuposta elevada concorrência já está baixo demais Se ao contrário o grande capitalista quer derrubar o pequeno tem perante este último todas as vantagens que o capitalista como capitalista tem perante o trabalhador Os ganhos menores lhe são compensados através da maior quantidade do seu capital e ele pode inclusive suportar prejuízos momentâneos por um tempo até que o pequeno capitalista esteja arruinado e ele se veja livre dessa concorrência Assim ele acu mula os ganhos do pequeno capitalista E ainda o grande capitalista compra sempre mais barato do que o peque no porque ele compra em grande quantidade Portanto pode vender mais barato sem prejuízo Mas se a queda do juro do dinheiro transforma os capitalistas médios de pessoas que vivem de rendimentos Rentiers em homens de negócios então ao contrário o aumento de capitais comerciais e o menor ganho daí proce dente provocam a queda do juro do dinheiro 2 8 Smith Adam Recherches cit t 2 p 358359 à mesure que les capitaux se multiplient la quantité de fonds à prêter à intérêt devient successivement de plus en plus grande A mesure que la quantité des fonds à prêter à intérêt vient à augmenter lintérêt va nécessairement en diminuant nonseulement en vertu de ces causes générales qui font que le prix de marché de toutes choses diminue à mesure que la quantité de ces choses augmente mais encore en vertu dautres causes qui sont particulières à ce casci A mesure que les capitaux se multiplient dans un pays le profit quon peut faire en les employant diminue nécessairement il devient successivement de plus en plus difficile de trouver dans ce pays une manière profitable demployer un nouveau capital En conséquence il sélève une concurrence entre les différents capitaux le possesseur dun capital faisant tous ses efforts pour semparer de lemploi qui se trouve occupé par un autre Mais le plus souvent il ne peut espérer de débusquer de son emploi cet autre capital sinon par des offres de traiter à de meilleures conditions Il se trouve obligé nonseulement de vendre la chose sur laquelle il commerce quelque peu meilleur marché mais encore pour trouver occasion de la vendre il est quelquefois aussi obligé de lacheter plus cher Le fonds destiné à lentretien du travail productif grossissant de jour en jour la demande quon fait de ce travail devient aussi de jour en jour plus grande les ouvriers trouvent aisément de lemploi mais les possesseurs de capitaux ont de la difficulté à trouver des ouvriers à employer La concurrence des capitalistes fait hausser les salaires du travail et fait baisser les profits Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3603336113 Manuscritos econômicofilosóficos 51 Na medida em que o benefício que se pode tirar do uso de um capital diminuir diminui necessariamente o preço que se pode pagar pelo uso desse capital T II p 359 Smith29 Quanto mais a riqueza a indústria e a população aumentam tanto mais diminui o juro do dinheiro e portanto o ganho dos capitalistas mas os próprios capitais aumentam mesmo assim e ainda mais depressa do que antes apesar da diminuição dos ganhos Um grande capital ainda que de pequenos ganhos aumenta de maneira geral muito mais depressa do que um pequeno capital com grandes ganhos Dinheiro faz dinheiro diz o provér bio T I p 18930 Se portanto a esse grande capital agora fazem frente pequenos capitais com pequenos ganhos como acontece na situação pressuposta de forte concorrência ele os esmaga completamente Nesta concorrência a consequência necessária é então a deterioração geral das mercadorias a adulteração a produção enganosa a contaminação universal tal como ela se manifesta nas grandes cidades X Uma circunstância importante na concorrência entre grandes e pe quenos capitais é além disso a relação de capital fixo capital fixe e capital circulante capital circulant Capital circulant é um capital que é aplicado na produção de meios de vida manufatura ou comércio Este capital assim investido não dá ao seu dono rendimento Revenu ou lucro enquanto permanece sob sua posse ou pros segue sob a mesma forma Sai constantemente de sua mão sob uma de terminada forma para regressar sob outra e só proporciona lucro por meio desta circulação ou dessa sucessiva transformação e permuta Vertauschung Capital fixe consiste no capital empregado no melhoramento de terras na 29 Smith Adam Recherches cit t 2 p 359 Or lorsque le bénéfice quon peut retirer de lusage dun capital se trouve ainsi pour ainsi dire rogné à la fois par les deux bouts il faut bien nécessairement que le prix quon peut payer pour lusage de ce capital dimi nue en même temps que ce bénéfice Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3611315 30 Smith Adam Recherches cit t 1 p 189 A mesure de laugmentation des richesses de lindustrie et de la population lintérêt a diminué Les salaires du travail ne baissent pas comme les profits des capitaux La demande de travail augmente avec laccroissement des capitaux quels que soient les profits et après que ces profits ont baissé les capitaux nen augmentent pas moins ils continuent même à augmenter bien plus vite quauparavant Il en est des nations industrieuses qui sont en train de senrichir comme des individus industrieux Un gros capital quoiquavec de petits profits augmente en général plus promptement quun petit capital avec de gros profits Largent fait largent dit le proverbe Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3492732 Karl Marx 52 compra de máquinas instrumentos ferramentas e coisas semelhantes Smith p 19719831 Toda poupança na manutenção do capital fixo é um acréscimo no ganho líquido O capital total de cada empreendedor de um trabalho dividese necessariamen te entre seu capital fixo e seu capital circulante Na igualdade da soma uma parte será tanto menor quanto maior for a outra O capital circulante fornecelhe a matéria e o salário Salaire do trabalho e põe a indústria em atividade Portan to cada economia Ersparnis em capital fixo que não diminua a força produtiva do trabalho aumenta os fonds T II p 226 Smith32 Vêse de antemão que a relação de capital fixo e capital circulante é muito mais favorável aos grandes do que aos pequenos capitalistas Um banqueiro muito grande necessita apenas de forma insignificante de mais capital fixo do que um muito pequeno O seu capital fixo restringese ao escritório Comptoirstube Os intrumentos de um grande proprietário rural Landgutsbesitzers não aumentam na proporção da grandeza de sua terra Grundstück Da mesma forma o crédito que um grande capitalista possui comparado ao mais pequeno é uma poupança um tanto maior no capital fixo quer dizer no dinheiro que ele tem de ter sempre disponível Compreendese por fim que onde o trabalho industrial alcançou um grau elevado e portanto quase todo trabalho manual tornouse trabalho fa 3 1 Smith Adam Recherches cit t 2 p 197198 Il y a deux manières différentes demployer un capital pour quil rende un revenu ou profit à celui qui lemploie Dabord on peut lemployer à faire croître des denrées à les manufacturer ou à les acheter pour les revendre avec profit Le capital employé de cette manière ne peut rendre à son maître de revenu ou de profit tant quil reste en sa possession ou tant quil continue à rester sous la même forme Ce capital sort continuellement de ses mains sous une forme pour y rentrer sous une autre et ce nest quau moyen de cette circulation ou de ces échanges successifs quil peut lui rendre quelque profit Des capitaux de ce genre peuvent donc être trèsproprement nommés capitaux circulants En second lieu on peut employer un capital à améliorer des terres ou à acheter des machines utiles et des instruments de métier ou dautres choses semblables qui puissent donner un revenu ou profit sans changer de maître ou sans quelles aient besoin de circuler davantage ces sortes de capitaux peuvent donc trèsbien être distingués par le nom de capital fixes Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 359818 3 2 Smith Adam Recherches cit t 2 p 226 toute épargne dans la dépense dentretien du capital fixe est une bonification du revenu net de la société La totalité du capital de lentrepreneur dun ouvrage quelconque est nécessairement partagée entre son capital fixe et son capital circulant Tant que son capital total reste le même plus lune des deux parts est petite plus lautre sera nécessairement grande Cest le capital circulant qui fournit les matières et les salaires du travail et qui met lindustrie en activité Ainsi toute épargne dans la dépense dentretien du capital fixe qui ne diminue pas dans le travail la puissance productive doit augmenter le fonds Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3453239 Manuscritos econômicofilosóficos 53 bril ao pequeno capitalista não basta todo o seu capital para possuir o capital fixo necessário É sabido que os trabalhos da agricultura em grandes propriedades não ocupam habitualmente mais do que um pequeno número de braços33 Em geral com a acumulação de grandes capitais encontrase proporcionalmen te também uma concentração e uma simplificação do lugar do capital fixo em relação ao capitalista mais pequeno O grande capitalista introduz para si uma espécie XI de organização dos instrumentos de trabalho Igualmente no âmbito da indústria cada manufatura e cada fábrica já é uma ligação mais extensa de uma grande riqueza coisal sächlichen Vermögens com numerosas e multíplices capacidades intelectuais e habilidades técnicas para um objetivo comum da produção Onde a legislação mantém em mas sa a propriedade da terra o excedente de uma população crescente amon toase nas oficinas e é portanto tal como na GrãBretanha no terreno da indústria principalmente que se acumula a maior quantidade de prole tários Mas onde a legislação admite a contínua divisão do solo aí aumenta como na França o número de pequenos e endividados proprietários que pelo contínuo parcelamento são atirados à classe dos indigentes e descon tentes Finalmente se esse parcelamento e sobreendividamento forem le vados a um grau elevado então a grande posse da terra volta a engolir a pequena tal como a grande indústria aniquila a pequena e posto que novamente voltam a se formar maiores complexos de bens Gütercomplexe também a quantidade de trabalhadores sem posses simplesmente desne cessários à cultura do solo é novamente atirada à indústria34 p 5859 Schulz Movimento da produção A natureza das mercadorias da mesma espécie Art tornase outra mediante a modificação da maneira Art de produção e notadamente mediante a aplicação do sistema de máquinas Só pela eliminação da força humana se tornou possível fiar de uma libra de algodão no valor de 3 xelins e 8 dinheiros 350 meadas com o comprimento de 167 milhas inglesas ou 36 milhas alemãs e com valor comer cial de 25 guinéus Ibid p 62 Em média de 45 anos para cá os preços dos produtos de algodão diminuí ram na Inglaterra cerca de 1112 e segundo os cálculos de Marshall o mesmo quantum de produtos fabricados Fabrication pelo qual foram pagos ainda no ano de 1814 16 xelins é agora fornecido por 1 xelim e 10 dinheiros A maior barateza dos produtos industriais aumenta o consumo tanto dentro do país quanto o mercado no exterior e com isso se depreende que na GrãBretanha o número de trabalhadores do algodão após a introdução das máquinas não apenas não diminuiu mas subiu de 40000 3 3 Em francês no texto On sait que les travaux de la grande culture noccupent habituellement quun petit nombre de bras 3 4 Schulz Wilhelm Die Bewegung der Production cit p 5859 Karl Marx 54 para um milhão e meio XII No que diz respeito aos proventos dos empre sários e trabalhadores industriais em virtude da crescente concorrência entre os donos das fábricas o ganho daqueles em relação à quantidade de produ tos que eles fornecem necessariamente diminuiu Nos anos 182033 o ganho bruto dos fabricantes em Manchester por uma peça de calicó caiu de 4 xelins e 1 13 dinheiros para 1 xelim e 9 dinheiros Mas para compensar esse prejuízo tanto mais se ampliou a esfera dos produtos fabricados A consequência disso é que em ramos específicos da indústria a sobreprodução entrou parcialmente que surgem frequentes bancarrotas pelas quais se engendra no interior da classe dos capitalistas e senhores do trabalho um inseguro oscilar e flutuar da posse o que lança uma parte dos economica mente arruinados no proletariado a ponto de frequente e repentinamente se tornar necessária uma suspensão ou diminuição do trabalho cujo dano a classe dos trabalhadores assalariados sempre sente com amargor Ibid p 63 Alugar o seu trabalho é começar a sua escravidão alugar a matéria do trabalho é constituir a liberdade o trabalho é o homem A matéria ao contrário nada tem do homem35 Pecqueur théor soc etc p 41112 O elemento matéria que é impotente para a criação da riqueza sem o outro ele mento trabalho recebe a virtude mágica de ser fecundo para eles como se eles aí tivessem colocado por eles mesmos esse elemento indispensável36 Ibid lc Supondo que o trabalho cotidiano de um operário lhe renda em média 400 fr por ano e que esta soma é suficiente para cada adulto viver uma vida grosseira todo o proprietário de 2000 fr de renda de renda da terra aluguel etc força portanto indiretamente 5 homens a trabalhar para ele 100000 fr de renda representam o trabalho de 250 homens e 1000000 o trabalho de 2500 indiví duos37 Portanto 300 milhões Louis Philippe representam o trabalho de 750000 trabalhadores38 Ibid p 412413 3 5 Pecqueur Constantine Théorie nouvelle cit p 411412 Em francês no texto Louer son travail cest commencer son esclavage louer la matière du travail cest constituer la liberté le travail est lhomme La matière au contraire nest rien de lhomme 3 6 Em francês no texto lélément matière qui ne peut rien por la création de la richesse sans lautre élément travail reçoit la vertu magique dêtre fécond pour eux comme sils y avaient mis de leur propre fait cet indispensable élément 3 7 Em francês no texto En supposant que le travail quotidien dun ouvrier lui rapporte en moyenne 400 fr par an et que cette somme suffise à chaque adulte pour vivre dune vie grossière tout propriétaire de 2000 fr de rente de fermage de loyer etc force donc indirectement 5 hommes à travailler pour lui 100000 fr de rente représentent le travail de 250 hommes et 1000000 le travail de 2500 individus 3 8 Neste ponto Marx fez um cálculo a partir dos números apresentados na página 413 do livro de Pecqueur Théorie nouvelle já citado Manuscritos econômicofilosóficos 55 os proprietários receberam da lei dos homens o direito de usar e de abusar isto é de fazer o que quiserem da matéria de todo o trabalho não são de modo algum obrigados pela lei a fornecer oportunamente e sempre tra balho aos não proprietários nem de lhes pagar um salário sempre suficiente etc p 413 lc plena liberdade quanto à natureza à quantidade à oportunidade da produção ao uso ao consumo das riquezas à disposição da matéria de todo o trabalho Cada um é livre para permutar sua coisa como entender sem outra consideração que não seja o seu próprio interesse de indivíduo39 p 413 lc A concorrência não exprime outra coisa senão a troca facultativa que é ela própria a consequência próxima e lógica do direito individual de usar e abu sar dos instrumentos de toda a produção Estes três momentos econômicos o direito de usar e de abusar a liberdade de trocas e a concorrência arbitrária os quais constituem apenas um produzem as seguintes consequências cada um produz o que quer como quer quando quer onde quer produz bem ou produz mal em demasia ou insuficientemente demasiado cedo ou demasia do tarde demasiado caro ou demasiado barato cada um ignora se venderá a quem venderá como venderá quando venderá onde venderá e é o mesmo quanto às compras XIII O produtor ignora as necessidades e os recursos a procura e a oferta Vende quando quer quanto pode onde quer a quem quer ao preço que quer E da mesma maneira compra Em tudo isto ele é sempre o joguete do acaso o escravo da lei do mais forte do menos apressado do mais rico Enquanto num ponto existe escassez de riqueza noutro há excesso e desperdício Enquanto um produtor vende muito ou caro demais e tem um ganho enorme o outro não vende nada ou vende com perda A oferta ignora a procura e a procura ignora a oferta Vós produzis acreditando num gosto numa moda que se manifesta no público dos consumidores mas quando estais prestes a fornecer a mercadoria a fantasia passou e fixouse num outro gênero de produto consequências infalíveis a permanência e a universalização das bancarrotas as fraudes as ruínas súbitas e as fortunas improvisadas as crises comerciais o desemprego as saturações ou a escassez periódicas a instabilidade e o aviltamento dos salários e dos lucros o desper dício ou o depauperamento de riquezas de tempo e de esforços na arena de uma concorrência encarniçada40 p 414416 lc 39 Em francês no texto les propriétaires ont reçu de la loi des hommes le droit duser et dabuser càd de faire ce quils veulent de la matière de tout travail ils sont nullement obligés par la loi de fournir à propos et toujours du travail aux non propriétaires ni de leur payer un salaire toujours suffisant etc liberté entière quant à la nature à la quantité à la qualité à lopportunité de la production à lusage à la consommation des richesses à la disposition de la matière de tout travail Chacun est libre déchanger sa chose comme il lentend sans autre considération que son propre intérêt dindividu 40 Em francês no texto La concurrence nexprime pas autre chose que léchange facultatif qui luimême est la conséquence prochaine et logique du droit individuel duser et Karl Marx 56 Ricardo em seu livro Renda da terra as nações são apenas oficinas da produção o homem é uma máquina de consumir e produzir a vida humana um capital as leis econômicas regem cegamente o mundo Para Ricardo os homens são nada o produto tudo41 No capítulo XXVI da tradução francesa lêse seria completamente indiferente para uma pessoa que de um capital de 20000 fr ela tirasse 2000 fr de lucro por ano que o seu capital empregasse cem homens ou mil O interesse real de uma nação não é o mesmo desde que o seu rendimento líquido e real e que as suas rendas e os seus lucros sejam os mesmos que importa que ela se componha de dez ou de doze milhões de indivíduos42 dabuser des instruments de toute production Ces trois moments économiques lesquels nen font quun le droit duser et dabuser la liberté déchanges et la concurrence arbitraire entraînent les conséquences suivantes chacun produit ce quil veut comme il veut quand il veut où il veut produit bien ou produit mal trop ou pas assez trop tôt ou trop tard trop cher ou à trop bas prix chacun ignore sil vendra à qui il vendra comment il vendra quand il vendra où il vendra et il en est de même quant aux achats XIII Le producteur ignore les besoins et les ressources les demandes et les offres Il vend quand il veut quand il peut quant il peut où il veut à qui il veut au prix quil veut Et il achète de même En tout cela il est toujours le jouet du hasard lesclave de la loi du plus fort du moins pressé du plus riche Tandis que sur un point il y a disette dune richesse sur lautre il y a trop plein et gaspillage Tandis quun producteur vend beaucoup ou très cher et à bénéfice énorme lautre ne vend rien ou vend à perte Loffre ignore la demande et la demande ignore loffre Vous produisez sur la foi dun goût dune mode qui se manifeste dans le public des consommateurs mais déjà lorsque vous êtes prêt à livrer la marchandise la fantaisie a passé et sest fixée sur un autre genre de produit conséquences infaillibles la permanence et luniversalisation des banqueroutes les mécomptes les ruines subites et les fortunes improvisées les crises commerciales les chômages les encombrements ou les disettes périodiques linstabilité et lavilissement des salaires et des profits la déperdition ou le gaspillage énorme des richesses de temps et defforts dans larène dune concurrence acharnée NT 4 1 Buret Eugène De la misère cit p 6 Lexpression la plus complète la plus exagérée de cette économie politique que nous appellerions volontiers absolue se trouve dans les ouvrages de M Ricardo lingénieux métaphysicien du formage Rent of Land Ici toute tendance sociale a disparu Les nations ne sont plus que des ateliers de production lhomme une machine à consommer et à produire et la vie humaine un capital Tout se pèse ou se calcule et les lois économiques régissent fatalement le monde 1 Em nota de rodapé Pour M Ricardo les hommes ne sont rien les produits sont tout Colchetes do original alemão 4 2 Ricardo David Des principes de léconomie politique et de limpôt Tradução do inglês por F S Constancio com notas explicativas e críticas de JB Say 2a edição t 2 Paris 1835 p 194195 Citado em Buret Eugène De la misère cit p 67 Em francês no texto Il serait toutàfait indifférent pour une personne qui sur un capital de 20000 fr ferait 2000 fr par an de profit que son capital employât cent hommes ou mille Lintérêt réel dune nation nestil Manuscritos econômicofilosóficos 57 Na verdade diz o senhor de Sismondi t II p 331 não resta senão desejar que o rei tendo ficado sozinho na ilha faça rodando constantemente uma manivela cumprir por meio de autômatos todo o trabalho da Inglaterra43 o patrão que compra o trabalho do operário a um preço tão baixo que mal chega para as necessidades mais prementes não é responsável nem pela insuficiência dos salários nem pela extrema longa duração do trabalho ele submete a si mesmo à lei que impõe não é tanto dos homens que procede a miséria mas da potência das coisas44 Lc p 82 Na Inglaterra há muitos lugares onde faltam aos habitantes os capitais para um cultivo completo da terra A lã das províncias do sul da Escócia tem de fazer na maioria das vezes uma longa viagem por terra através dos piores caminhos para ser elaborada no condado de York porque faltam capitais para a manufa tura no seu lugar de produção Na Inglaterra existem muitas cidades fabris pequenas cujos habitantes não possuem capital suficiente para o transporte dos seus produtos industriais para mercados distantes onde encontrem pro cura e consumidores Os comerciantes são nesse caso XIV apenas agentes de comerciantes ainda mais ricos que residem em algumas grandes cidades comerciais Smith t II p 38245 pas le même pourvu que son revenu net et réel et que ses fermages et ses profits soient les mêmes quimporte quelle se compose de dix ou de douze millions dindividus 4 3 Sismondi JeanCharlesLéonard Simonde de Nouveaux principes déconomie politique ou de la richesse dans ses rapports avec la population 2a edição t 2 Paris 1827 p 331 citado segundo Buret Eugène De la misère cit p 67 Evidentemente Buret incorpora de Sismondi a avaliação deste último sobre Ricardo notadamente o comentário sobre o livro Des principes de léconomie politique et de limpôt São as seguintes as palavras de Sismondi acerca de Ricardo Quoi donc La richesse est tout les hommes ne sont absolument rien Quoi la richesse elle même nest quelque chose que par rapport aux impôts En vérité il ne reste plus quà désirer que le roi demeuré tout seul dans lîle en tournant constamment une manivelle fasse accomplir par des automates tout louvrage de lAngleterre 4 4 Buret Eugène De la misère cit p 82 Em francês no texto le maître qui achète le travail de louvrier à un prix si bas quil suffit à peine aux besoins les plus pressants nest responsable ni de linsuffisance des salaires ni de la trop longue durée du travail il subit luimême la loi quil impose ce nest pas tant des hommes que vient la misère que de la puissance de choses 4 5 Smith Adam Recherches cit t 2 p 382 Il y a beaucoup dendroits dans la Grande Bretagne où les habitants nont pas de capitaux suffisants pour cultiver et améliorer leurs terres La laine des provinces du midi de lÉcosse vient en grande partie faire un long voyage par terre dans de fort mauvaises routes pour être manufacturée dans le comte dYorck faute de capital pour être manufacturée sur les lieux Il y a en Angleterre plusieurs petites villes de fabriques dont les habitants manquent de capitaux suffisants pour transporter le produit de leur propre industrie à ces marchés éloignés où il trouve des demandes et des consommateurs Si on y voit quelques marchands ce ne sont proprement que les agents de marchands plus riches qui résident dans quelquesunes des grandes villes commerçantes Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3632433 Karl Marx 58 Para aumentar o valor do produto anual da terra e do trabalho não existe outro meio senão aumentar no que diz respeito ao número os operários produtivos ou aumentar no que diz respeito à potência a faculdade produtiva dos operários pre cedentemente empregados Num e noutro caso é preciso quase sempre um acréscimo de capital Smith t II p 33846 Posto que portanto reside na natureza das coisas que a acumulação de um capital é um antecedente Vorläufer necessário da divisão do trabalho o trabalho não pode sofrer maiores subdivisões a não ser na proporção em que os capitais tenham se acumulado cada vez mais Quanto mais o trabalho se decompõe em subdivisões mais aumenta a quantidade de materiais que o mesmo número de pessoas pode pôr em operação e posto que a tarefa de cada trabalhador se encontra cada vez mais reduzida a um maior nível de simplicidade descobrese um conjunto de novas máquinas para facilitar e encurtar essas tarefas Quanto mais se expande portanto a divisão do traba lho tanto mais é necessário para que um mesmo número de trabalhadores ouvriers esteja constantemente ocupado que se acumule de antemão uma igual provisão de meios de vida e uma provisão de materiais instrumentos e ferramentas provisão essa que é muito mais necessária do que aquela que era antes num estado de coisas menos avançado O número de trabalhado res em cada ramo de trabalho aumenta ao mesmo tempo em que aumenta a divisão do trabalho ou antes é este aumento de seu número que coloca os trabalhadores na situação de se classificar e subdividir dessa maneira Smith t II 19319447 4 6 Smith Adam Recherches cit t 2 p 338 Pour augmenter la valeur du produit annuel de la terre et du travail il ny a pas dautres moyens que daugmenter quant au nombre les ouvriers productifs ou daugmenter quant à la puissance la faculté productive des ouvriers précédemment employés Dans lun et dans lautre cas il faut presque toujours un surcroît de capital Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3602429 Os grifos são de Marx 4 7 Smith Adam Recherches cit t 2 p 193194 Puis donc que dans la nature des choses laccumulation dun capital est un préalable nécessaire à la division du travail le travail ne peut recevoir des subdivisions ultérieures quà proportion que les capitaux se sont préalablement accumulés de plus en plus A mesure que le travail vient à se subdiviser la quantité de matières quun même nombre de personnes peut mettre en œuvre augmente dans une grande proportion et comme la tâche de chaque ouvrier se trouve successivement réduite à un plus grand degré de simplicité il arrive quon invente une foule de nouvelles machines pour faciliter et abréger ces tâches A mesure donc que la division de travail va en sétendant il faut pour quun même nombre douvriers soit constamment occupé quon accumule davance une égale provision de vivres et une provision de matières et doutils plus forte que celle qui aurait été nécessaire dans un état de choses moins avancé Or le nombre des ouvriers augmente en général dans chaque branche douvrage en même temps quy augmente la division de travail ou plutôt cest laugmentation de leur nombre qui les met à portée de se classer et de se subdiviser de cette manière Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 358420 Manuscritos econômicofilosóficos 59 Da mesma forma que o trabalho não pode manter esta grande expansão da força produtiva sem uma precedente acumulação de capitais também a acu mulação de capitais leva de um modo natural a esta expansão O capitalista quer por intermédio do seu capital produzir a máxima quantidade possível de obras malfeitas Machwerk esforçase portanto para introduzir entre os seus trabalhadores a mais conveniente divisão do trabalho e equipálos com as melhores máquinas possíveis Seus meios para ter êxito nesses dois assuntos XV estão em relação com a expansão de seu capital e com o número de pessoas que este capital pode manter ocupadas Portanto não somente a quan tidade da indústria aumenta num país por intermédio do crescimento do capital que a põe em movimento mas também em consequência desse crescimento a mesma quantidade de indústria produz uma quantidade muito maior de pro dutos malfeitos Smith lc p 19419548 Portanto sobreprodução Combinações mais extensas das forças produtivas na indústria e comércio mediante a associação de forças humanas e forças naturais mais numerosas e multíplices para empreendimentos em larga escala Também já aqui e ali mais estreita ligação dos principais ramos da produção entre si Assim gran des fabricantes procurarão simultaneamente comprar grandes propriedades fundiárias para pelo menos não terem de aplicar somente em terceira mão uma parte das matériasprimas indispensáveis à sua indústria ou eles esta belecerão em conexão com os seus empreendimentos industriais um comér cio não apenas para a distribuição dos seus próprios produtos fabricados Fabrikate mas também para a compra de produtos de outras espécies e para a venda dos mesmos aos seus trabalhadores Na Inglaterra onde donos de fábrica singulares estão por vezes à testa de 1012000 trabalhadores já não são raras semelhantes ligações de ramos diversos da produção sob uma inte ligência dirigente semelhantes Estados menores ou províncias no interior do Estado Deste modo em tempos mais recentes os donos de minas em Birmingham assumem o processo total de preparação do ferro que antes se 4 8 Smith Adam Recherches cit t 2 p 194195 De même que le travail ne peut acquérir cette grande extension de puissance productive sans une accumulation préalable de capitaux de même laccumulation des capitaux amène naturellement cette extension La personne qui emploie son capital à faire travailler cherche nécessairement à lemployer de manière à ce quil fasse produire la plus grande quantité possible douvrage elle tâche donc à la fois détablir entre ses ouvriers la distribution de travaux la plus convenable et de les fournir des meilleures machines quelle puisse imaginer ou quelle soit à même de se procurer Ses moyens pour réussir dans ces deux objets sont proportionnés en général à létendue de son capital ou au nombre de gens que ce capital peut tenir occupés Ainsi nonseulement la quantité dindustrie augmente dans un pays à mesure de laccroissement du capital qui la met en activité mais encore par une suite de cet accroissement la même quantité dindustrie produit une beaucoup plus grande quantité douvrage Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3582032 Karl Marx 60 dividia entre diversos empresários e proprietários Vejase o distrito mineiro de Birmingham Deutsche Viertelj 3 183849 Vemos enfim nos maiores empreendimentos por ações tornados tão numero sos amplas combinações das forças do dinheiro de muitos participantes com os conhecimentos e aptidões científicos e técnicos de outros a quem é confiada a direção do trabalho Deste modo é possível aos capitalistas empregarem suas poupanças de modo mais diversificado e também simultaneamente na produção agrícola industrial e comercial pelo que o seu interesse se torna multilateral XVI as oposições entre os interesses da indústria agricultura e comércio abran damse e fundemse Mas mesmo essa possibilidade facilitada de tornar provei toso o capital na forma mais diversa tem de elevar a oposição entre as classes com meios e as sem meios Schulz lc p 4041 Monstruoso ganho extraem da miséria os locadores de casas Hausvermieter O aluguel loyer está sempre em relação inversa à miséria industrial Do mesmo modo percentuais extraídos dos vícios dos proletários arrui nados Prostituição bebedeira prestamista50 A acumulação dos capitais aumenta e a sua concorrência diminui quando capital e posse fundiária se encontram reunidos em uma só mão da mesma forma quando o capital se torna em virtude da sua grandeza capaz de com binar diversos ramos da produção Indiferença em relação aos homens Os 20 bilhetes de loteria de Smith51 Rendimento líquido e bruto de Say Revenu net et brut de Say52 4 9 Artigo de von Treskow Der bergmännische Distrikt zwischen Birmingham und Wolkerhampton mit besonderer Bezugnahme auf die Gewinnung des Eisens In Revista trimestral alemã Stuttgart Tübingen caderno 3 1838 p 53 Citado segundo Schulz Wilhelm Die Bewegung der Production cit p 40 5 0 Em francês no texto prêteur sur gages Tratase daquele trabalhador submetido ao empréstimo sob juros NT 5 1 Smith Adam Recherches cit t 1 p 215216 Dans une loterie parfaitement égale ceux qui tirent les billets gagnants doivent gagner tout ce qui est perdu par ceux qui tirent les billets blancs Dans une profession où il y en a vingt qui échouent contre un qui réussit cet un doit gagner tout ce qui aurait pu être gagné par les vingt malheureux Lavocat qui commence peut être à près de quarante ans à tirer parti de sa profession doit recevoir la rétribution non seulement de léducation si longue et si coûteuse quil sest donnée mais encore de celle que se sont donnée plus de vingt autres étudiants à qui probablement cette éducation ne rapportera jamais rien Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3521523 5 2 Say JeanBaptiste Traité déconomie politique cit t 2 p 469 Vide Marx Karl Exzerpte aus Jean Baptiste Say Traité déconomie politique cit p 3263234 Manuscritos econômicofilosóficos 61 I RENDA DA TERRA 1 Say JeanBaptiste Traité deconomie politique ou simple exposition de la manière dont se forment se distribuent et se consomment les richesses cit A passagem acima encontrase no t 1 p 136 nota de rodapé Ils établissent un droit supérieur à celui des propriétaires de terre qui remonte à une spoliation Vide Marx Karl Exzerpte aus JeanBaptiste Say Traité déconomie politique cit p 30630 2 Smith Adam Recherches sur la nature et les causes de la richesse des nations cit t 1 p 99 les propriétaires comme tous les autres hommes aiment à recueillir où ils nont pas semé et ils demandent une rente même pour le produit naturel de la terre Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 341403422 3 Smith Adam Recherches cit t 1 p 300301 On pourrait se figurer que la rente de la terre nest souvent autre chose quun profit ou un intérêt raisonnable du capital que le propriétaire a employé à lamélioration de la terre il y a des circonstances où la rente O direito dos proprietários fundiários tem sua origem no roubo Say t I p 1361 Os proprietários fundiários gostam como todos os homens de colher onde não se mearam e exigem renda inclusive pelo produto natural da terra Smith t I p 992 Poderseia imaginar que a renda da terra é apenas o ganho do capital que o proprietário utilizou para a melhoria do solo Há casos em que a renda de terra pode ser em parte assim mas o proprietário fundiário exige 1 uma renda mes mo pela terra não melhorada e aquilo que se pode considerar como juro ou ganho sobre os custos de melhoramento é quase sempre um ingredienteadição a esta renda primitiva 2 além disso essas melhorias nem sempre são feitas com os fundos fonds do proprietário fundiário mas por vezes com os do arrendatá rio não obstante quando se trata de renovar o arrendamento o proprietário fundiário exige habitualmente uma tal elevação da renda como se todas essas melhorias tivessem sido feitas com os seus fundos fonds próprios 3 Sim por vezes ele exige até mesmo uma renda por aquilo que é absolutamente incapaz do mínimo melhoramento pela mão humana Smith t I p 3003013 Smith dá como exemplo para o último caso a barrilha garança mari nha salicórnia Karl Marx 62 uma espécie de planta marinha que quando queimada produz um sal alcalino com o qual se pode fazer vidro sabão etc Ela cresce na GrãBretanha principal mente em diversos lugares da Escócia mas somente sobre rochas que ficam sob o fluxo e refluxo maré alta maré e são cobertas pelas ondas do mar duas vezes por dia e cujo produto consequentemente nunca é aumentado pela interven ção humana Apesar de tudo o proprietário de um desses terrenos onde cresce essa espécie de planta pede uma renda tão alta quanto a que pede pela terra lavradia Nas proximidades da ilha de Shetland o mar é extraordinariamente rico Uma grande parte de seus habitantes II vive da pesca Mas para retirar ganhos dos produtos do mar tem de se ter uma moradia nas terras vizinhas A renda da terra está em relação não com o que o arrendatário consegue fazer com a terra mas com o que ele pode fazer com a terra e o mar conjuntamente Smith t I p 3013024 Podese considerar a renda da terra como o produto do poder da natureza cujo uso o proprietário empresta ao arrendatário Esse produto é maior ou menor confor me a extensão desse poder ou em outras palavras segundo a extensão da ferti lidade natural ou artificial da terra É a obra da natureza que fica após a dedução ou a compensação de tudo o que se pode considerar como obra do homem Smith t II p 3773785 pourrait être regardée comme telle en partie Le propriétaire exige une rente même pour la terre non améliorée et ce quon pourrait supposer être intérêt ou profit des dépenses damélioration nest en général quune addition à cette rente primitive dailleurs ces améliorations ne sont pas toujours faites avec les fonds du propriétaire mais quelquefois avec ceux du fermier cependant quand il sagit de renouveler le bail le propriétaire exige ordinairement la même augmentation de rente que si toutes ces améliorations eussent été faites de ses propres fonds Il exige quelquefois une rente pour ce qui est toutàfait incapable dêtre amélioré par la main des hommes Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3532031 4 Smith Adam Recherches cit t 1 p 301302 La salicorne est une espèce de plante marine qui donne quand elle est brûlée un sel alkali dont on se sert pour faire du verre du savon et pour plusieurs autres usages elle croit en différents endroits de la GrandeBretagne particulièrement en Ecosse et seulement sur des rochers situés au dessous de la haute marée qui sont deux fois par jour couverts par les eaux de la mer et dont le produit par conséquent na jamais été augmenté par lindustrie des hommes Cependant le propriétaire dun domaine borné par un rivage où croit cette espèce de salicorne en exige une rente tout aussi bien que de ses terres à blé Dans le voisinage des îles de Shetland la mer est extraordinairement abondante en poisson ce qui fait une grande partie de la subsistance de leurs habitants mais pour tirer parti du produit de la mer il faut avoir une habitation sur la terre voisine La rente du propriétaire est en proportion non de ce que le fermier peut faire avec la terre mais de ce quil peut faire avec la terre et la mer ensemble Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 353313548 5 Smith Adam Recherches cit t 2 p 377378 On peut considérer cette rente comme le produit de cette puissance de la nature dont le propriétaire prête lusage au fermier Ce produit est plus ou moins grand selon quon suppose à cette puissance plus ou Manuscritos econômicofilosóficos 63 A renda da terra considerada como o preço pago pelo uso da terra é naturalmen te portanto um preço de monopólio Ela não se encontra pois em relação com as melhorias que o proprietário fundiário fez na terra ou com o que ele tem de receber para não perder mas antes com o que o arrendatário possivelmente pode dar sem perder T I p 302 Smith6 Das três classes produtivas a dos proprietários fundiários é aquela cujo rendi mento Revenu não lhe custa nem trabalho nem cuidado mas que por assim dizer lhe vem por si mesmo e sem que ela faça para isso qualquer perspectiva ou qualquer plano Smith t II p 1617 Já ouvimos dizer que a quantidade da renda da terra depende da relação com a fertilidade do solo Um outro momento da sua determinação é a localização A renda varia segundo a fertilidade da terra seja qual for o seu produto e segundo a localização seja qual for a fertilidade Smith t I p 3068 Se terrenos minas indústria da pesca forem da mesma fertilidade estará o seu produto então em relação com a extensão dos capitais que se aplicam na sua cultura e exploração assim como com o modo mais III ou menos hábil da aplicação dos capitais Quando os capitais são iguais e aplicados de maneira igualmente hábil o produto será proporcional à fertilidade natural dos terrenos pescarias e minas T II p 2109 moins détendue ou en autres termes selon quon suppose à la terre plus ou moins de fertilité naturelle ou artificielle Cest lœuvre de la nature qui reste après quon a fait la déduction ou la balance de tout ce quon peut regarder comme lœuvre de lhomme Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 362413636 6 Smith Adam Recherches cit t 1 p 302 La rente de la terre considérée comme le prix payé pour lusage de la terre est donc naturellement un prix de monopole Elle nest nullement en proportion de ce que le propriétaire peut avoir placé sur la terre en améliorations ou de ce quil lui suffirait de prendre pour ne pas perdre mais bien de ce que le fermier peut suffire à donner sans perdre Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 354913 7 Smith Adam Recherches cit t 2 p 161 Des trois classes cest la seule à laquelle son revenu ne coûte ni travail ni souci mais à laquelle il vient pour ainsi dire de luimême et sans quelle y apporte aucun dessein ni plan quelconque Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3562326 8 Smith Adam Recherches cit t 1 p 306 La rente varie selon la fertilité de la terre quel que soit son produit et selon sa situation quelle que soit sa fertilité Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 35546 9 Smith Adam Recherches cit t 2 p 210 En supposant des terres des mines et des pécheries dune égale fécondité le produit quelles rendront sera en proportion de létendue des capitaux quon emploiera à leur culture et exploration et de la manière Karl Marx 64 Estas proposições de Smith são importantes porque dados os mesmos custos de produção e o mesmo volume reduzem a renda da terra à maior ou menor fertilidade do solo demonstram assim com toda a clareza a inversão dos concei tos na economia nacional que transforma a fertilidade da terra num atributo do possuidor fundiário Mas consideremos agora a renda da terra tal como ela se configura no inter câmbio Verkehr efetivo A renda da terra é estabelecida pela luta entre arrendatário e proprietário fundiário Por toda a parte encontramos reconhecidas na economia nacional a oposição hostil dos interesses a luta a guerra como o fundamento da or ganização social Vejamos agora como o proprietário fundiário e o arrendatário se posicionam um em relação ao outro O proprietário fundiário procura na estipulação dos termos do arrendamento um modo possível de não deixar nada mais do que o suficiente ao arrendatá rio para repor o capital que proporciona as sementes paga o trabalho com pra e mantém animais e outros instrumentos e além disso rende o ganho habitual dos outros arrendamentos no cantão Canton Evidentemente esta é a menor parte com que o arrendatário pode contentarse sem ter perda e o proprietário fundiário raramente acha conveniente deixarlhe mais Tudo o que do produto ou de seu preço fica para além desta porção seja o resto como for o proprietário procura reservar para si como renda da terra a mais forte que o arrendatário na atual situação da terra pode IV pagar Este excedente surplus pode sempre ser considerado como a renda natural da terra ou como a renda pela qual a maior parte dos terrenos é naturalmente arrendada Smith T I p 29930010 plus ou moins convenable dont ces capitaux seront appliqués En supposant des capitaux égaux et également bien appliqués ce produit sera en proportion de la fécondité naturelle des terres des mines et des pécheries Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3593541 1 0 Smith Adam Recherches cit t 1 p 299300 Le propriétaire lors de la stipulation des clauses du bail tâche autant quil peut de ne lui pas laisser dans le produit une portion plus forte que ce quil faut pour remplacer le capital qui fournit la semence paie le travail achète et entretient les bestiaux et autres instruments de labourage et pour lui donner en outre les profits ordinaires que rendent les fermes dans le canton Cette portion est évidemment la plus petite dont le fermier puisse se contenter sans être en perte et le propriétaire est rarement davis de lui en laisser davantage Tout ce qui reste du produit ou de son prix au delà de cette portion quel que puisse être ce reste le propriétaire tâche de se le réserver comme rente de la terre ce qui est évidemment la plus forte rente que le fermier puisse suffire à payer dans létat actuel de la terre ce surplus peut toujours être regardé comme la rente naturelle de la terre ou la rente moyennant laquelle on peut naturellement penser que seront louées la plupart des terres Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 353619 Manuscritos econômicofilosóficos 65 Os proprietários fundiários conforme diz Say exercem uma certa espécie de monopólio sobre os arrendatários A procura das suas mercadorias dos terre nos e do solo pode expandirse ininterruptamente mas a quantidade das suas mercadorias pode apenas estenderse até um certo ponto O negócio que se fecha entre proprietário fundiário e arrendatário é sempre tão vanta joso quanto possível para o primeiro fora a vantagem que ele tira da natu reza das coisas ele ainda tira uma outra da sua posição da sua maior fortuna do crédito do prestígio já a primeira sozinha bastaria para que ele esteja sempre capacitado para lucrar sozinho com as circunstâncias favoráveis do terreno e do solo A abertura de um canal de um caminho o aumento da população e do bemestar de um cantão elevam sempre o preço do arrenda mento Certamente o próprio arrendatário pode melhorar o solo às suas custas mas desse capital ele só tira vantagem durante a permanência do arrendamento e com a expiração desse último esse capital fica para o proprie tário fundiário a partir deste momento é este que tira daí os juros sem ter feito adiantamentos já que o aluguel a partir daí se eleva proporcionalmente Say t II p 14214311 A renda da terra considerada como o preço que é pago pelo uso da terra é portanto de um modo natural o preço mais alto que o arrendatário está em condições de pagar nas atuais circunstâncias do terreno e solo Smith t I p 29912 A renda fundiária da superfície da terra perfaz portanto na maioria das vezes a terceira parte do produto total e na maior parte dos casos é 1 1 Say JeanBaptiste Traité déconomie politique cit t 2 p 142143 Les propriétaires terriens exercent une espèce de monopole envers les fermiers La demande de leur denrée qui est le terrain peut sétendre sans cesse mais la quantité de leur denrée ne sétend que jusquà un certain point le marché qui se conclut entre le propriétaire et le fermier est toujours aussi avantageux quil peut lêtre pour le premier Outre cet avantage que le propriétaire tient de la nature des choses il en tire un autre de sa position qui dordinaire lui donne sur le fermier lascendant dune fortune plus grande et quelquefois celui du crédit et des places mais le premier de ces avantages suffit pour quil soit toujours à même de profiter seul des circonstances favorables aux profits de la terre Louverture dun canal dun chemin les progrès de la population et de laisance dun canton élèvent toujours le prix des fermages Le fermier luimême peut améliorer le fonds à ses frais mais cest un capital dont il ne tire les intérêts que pendant la durée de son bail et qui à lexpiration de ce bail ne pouvant être emporté demeure au propriétaire dès ce moment celuici en retire les intérêts sans en avoir fait les avances car le loyer sélève en proportion Vide Marx Karl Exzerpte aus JeanBaptiste Say Traité déconomie politique cit p 313343148 1 2 Smith Adam Recherches cit t 1 p 299 La rente considérée comme le prix payé pour lusage de la terre est naturellement le prix le plus haut que le fermier soit en état de payer dans les circonstances où se trouve la terre pour le moment Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 35346 Karl Marx 66 uma renda fixa e independente das oscilações acidentais V da colheita Smith t I p 35113 Esta renda raramente perfaz menos de ¼ do produto total Ibid t II p 37814 A renda da terra não pode ser paga em todas as mercadorias Por exemplo em muitas regiões não é paga renda fundiária alguma pelas pedras15 Habitualmente apenas podem ser levados ao mercado os produtos da terra a parte dos produtos da terra cujo preço habitual é suficiente para repor o capital que é necessário para esse transporte e para repor o ganho habi tual desse capital Se o preço estendese para mais do que isso então o excedente surplus vai naturalmente para a renda da terra Se ele for apenas suficiente então a mercadoria pode ser levada ao mercado mas ela não chega para pagar a renda fundiária ao possuidor da terra Landbesitzer Será ou não será o preço mais que suficiente Isso depende da procura Smith t I p 30230316 A renda da terra entra na composição do preço das mercadorias de uma ma neira totalmente diferente do salário e do ganho do capital A taxa alta ou baixa dos salários e ganhos é a causa do preço elevado ou baixo das merca dorias a taxa alta ou baixa da renda da terra é o efeito do preço T I p 303 304 Smith17 1 3 Smith Adam Recherches cit t 1 p 351 La rente dun bien à la surface de la terre monte communément à ce quon suppose être le tiers du produit total et cest pour lordinaire une rente fixe et indépendante des variations accidentelles de la récolte Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3552225 1 4 Smith Adam Recherches cit t 2 p 378 Cest rarement moins du quart du produit total Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 36367 1 5 Smith Adam Recherches cit t 1 p 341 Une bonne carrière de pierre dans le voisinage de Londres fournirait une rente considérable Dans beaucoup dendroits dEcosse et de la province de Galles elle nen rapportera aucune 1 6 Smith Adam Recherches cit t 1 p 302303 On ne peut porter ordinairement au marché que ces parties seulement du produit de la terre dont le prix ordinaire est suffisant pour remplacer le capital quil faut employer pour les y porter et les profits ordinaires de ce capital Si le prix ordinaire est plus que suffisant le surplus en ira naturellement à la rente de la terre Sil nest juste que suffisant la marchandise pourra bien être portée au marché mais elle ne peut fournir à payer une rente au propriétaire Le prix seratil ou ne seratil pas plus que suffisant Cest ce qui dépend de la demande Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3541422 1 7 Smith Adam Recherches cit t 1 p 303304 la rente entre dans la composition du prix des marchandises dune autre manière que ny entrent les salaires et les profits Le taux haut ou bas des salaires et des profits est la cause du haut ou bas prix des marchandises le taux haut ou bas de la rente est leffet du prix Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3542226 Manuscritos econômicofilosóficos 67 O alimento pertence aos produtos que sempre trazem uma renda da terra Visto que os homens assim como todos os animais se multiplicam proporcio nalmente a seus meios de subsistência há sempre maior ou menor procura de alimento O alimento poderá sempre comprar uma parte maior ou menor VI de trabalho e sempre encontrarseá gente disposta a fazer algo para o obter O trabalho que o alimento pode comprar não é sempre sem dúvida igual ao trabalho que poderia subsistir dele se ele fosse repartido da maneira mais econômica e isto por causa dos salários do trabalho Arbeitssalaire de vez em quando altos Mas o alimento pode sempre comprar tanto trabalho quanto ele pode fazer subsistir de acordo com a taxa a que essa espécie de trabalho corresponde habitualmente na região A terra produz em quase todas as situações possíveis mais alimento do que o necessário para a subsistência de todo o trabalho que contribui para levar esse alimento ao mercado O a mais Mehr desse alimento é sempre mais do que suficiente para repor com ganho o capital que põe em movimento esse trabalho Portan to sempre fica algo para conceder uma renda ao proprietário fundiário T I p 305306 Smith18 Não só a renda da terra retira do alimento sua fonte original como também se uma outra parte do produto da terra chega consequentemente a dar uma renda a renda deve esse acréscimo de valor ao crescimento do poder que o trabalho alcançou para produzir alimento por intermédio au moyen da cultura e melhoria da terra p 345 t I Smith19 18 Smith Adam Recherches cit t 1 p 305306 Les hommes comme toutes les autres espèces animales se multipliant naturellement en proportion des moyens de leur subsistance il y a toujours plus ou moins demande de nourriture Toujours la nourriture pourra acheter une quantité plus ou moins grande de travail et toujours il se trouvera quelquun disposé à faire quelque chose pour la gagner A la vérité ce quelle peut acheter de travail nest pas toujours égal à ce quelle pourrait en faire subsister si elle était distribuée de la manière la plus économique et cela à cause des forts salaires qui sont quelquefois donnés au travail Mais elle peut toujours acheter autant de travail quelle peut en faire subsister au taux auquel ce genre de travail subsiste communément dans le pays Or la terre dans presque toutes les situations possibles produit plus de nourriture que ce quil faut pour faire subsister tout le travail qui concourt à mettre cette nourriture au marché Le surplus de cette nourriture est aussi toujours plus que suffisant pour remplacer avec profit le capital qui fait mouvoir ce travail Ainsi il reste toujours quelque chose pour donner une rente au propriétaire Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 354273553 19 Smith Adam Recherches cit t 1 p 345 non seulement cest de la nourriture que la rente tire sa première origine mais encore si quelquautre partie du produit de la terre vient aussi par la suite à rapporter une rente elle doit cette addition de valeur à laccroissement de puissance qua acquis le travail pour produire de la nourriture au moyen de la culture et de lamélioration de la terre Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3551722 Karl Marx 68 O alimento do homem sempre basta portanto para o pagamento da renda da terra T I p 33720 Os países se povoam não com relação ao número que seu produto pode vestir e abrigar logieren mas sim em relação àquele que seu produto pode alimentar Smith t I p 34221 Os dois maiores carecimentos humanos depois do alimento são vestuário e habi tação aquecida Na maioria das vezes eles proporcionam uma renda da terra mas nem sempre necessariamente T I ib p 33822 VIII Vejamos agora como o proprietário fundiário explora todas as vantagens da sociedade 1 A renda da terra aumenta com a população conforme Smith t I p 33523 2 Já ouvimos de Say como a renda da terra aumenta com as estradas deferro etc com a melhoria a segurança e a multiplicação dos meios de comu nicação 2 0 Smith Adam Recherches cit t 1 p 337 La nourriture de lhomme parait être le seul des produits de la terre qui fournisse toujours et nécessairement de quoi payer une rente quelconque au propriétaire Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3551213 2 1 Smith Adam Recherches cit t 1 p 342 Les pays ne se peuplent pas en proportion du nombre que leur produit peut vêtir et loger mais en raison de celui que ce produit peut nourrir Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3551417 2 2 Smith Adam Recherches cit t 1 p 338339 Les deux plus grands besoins de lhomme après la nourriture sont le vêtement et le logement La terre dans son état primitif et inculte peut fournir des matériaux de vêtement et de logement pour beaucoup plus de personnes quelle nen peut nourrir Dans son état de culture au contraire elle ne peut guère fournir de ces sortes de matériaux à toutes les personnes quelle serait dans le cas de nourrir du moins tels que ces personnes voudraient les avoir et consentiraient à les payer Ainsi dans le premier état il y a toujours surabondance de ces matériaux qui nont souvent pour cette raison que peu ou point de prix Dans lautre il y en a souvent disète ce qui augmente nécessairement leur valeur Dans le premier état une grande partie de ces matières est jetée comme inutile et le prix de celles dont on fait usage est regardé comme équivalent seulement au travail et à la dépense de les mettre en état de servir Elles ne peuvent en conséquence fournir aucune rente au propriétaire du sol Dans lautre elles sont toutes mises en œuvre et il y a souvent demande pour plus quon nen peut avoir Il se trouve toujours quelquun disposé à donner de chaque portion de ces matières plus que ce quil faut pour payer la dépense de les transporter au marché ainsi leur prix peut toujours fournir quelque chose pour faire une rente au propriétaire de la terre Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3551011 e 3551314 23 Smith Adam Recherches cit t 1 p 335 La population augmenterait et les rentes sélèveraient au dessus de ce quelles sont aujourdhui Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 35589 Manuscritos econômicofilosóficos 69 3 Cada melhoria na situação da sociedade tende quer direta quer indiretamen te a elevar a renda a aumentar a riqueza real do proprietário isto é o seu poder de comprar trabalho alheio ou o produto deste último O incremento na melhoria dos terrenos e do cultivo tende diretamente nesse sentido A parte do proprietário no produto aumenta necessariamente com o aumento do pro duto A alta no preço real dessas espécies de matériasprimas por exemplo a subida no preço do gado tende também diretamente a elevar a renda da terra numa proporção ainda maior O valor real da parte do proprietário fundiário o poder real que esta parte a ele concede sobre trabalho alheio não somente se eleva necessariamente com o valor real do produto como também a grandeza desta parte em relação ao produto total aumenta com este valor Depois de ter subido o preço real deste produto ele não exige nenhum trabalho maior para ser fornecido e para que o capital empregado seja reposto juntamente com os seus ganhos habituais A parte restante do produto que pertence ao proprietá rio fundiário tornase portanto muito maior do que era em relação ao produto total Smith t II p 15715924 IX A maior procura de produtos em estado bruto e a partir daí a elevação do valor pode resultar em parte do aumento da população e do aumento de suas carências Mas cada nova invenção cada nova aplicação que a manufatura faz de uma matériaprima até agora nunca ou pouco utilizada aumenta a renda da terra Assim por exemplo a renda das minas de carvão subiu extraordinariamente com as estradasdeferro barcos a vapor etc Fora esta vantagem que o proprietário fundiário retira da manufatura das invenções do trabalho veremos ainda uma outra25 4 As formas de melhorias na força produtiva do trabalho que objetivam dire tamente a redução do preço real dos produtos da manufatura tendem indire 24 Smith Adam Recherches cit t 2 p 157159 toute amélioration qui se fait dans létat de la société tend dune manière directe ou indirecte à faire monter la rente réelle de la terre à augmenter la richesse réelle du propriétaire cestàdire son pouvoir dacheter le travail dautrui ou le produit du travail dautrui Lextension de lamélioration des terres et de la culture y tend dune manière directe La part du propriétaire dans le produit augmente nécessairement à mesure que le produit augmente La hausse qui survient dans le prix réel de ces sortes de produits bruts la hausse par exemple du prix du bétail tend aussi à élever dune manière directe la rente du propriétaire et dans une proportion encore plus forte Nonseulement la valeur réelle de la part du propriétaire le pouvoir réel que cette part lui donne sur le travail dautrui augmentent avec la valeur réelle du produit mais encore la proportion de cette part relativement au produit total augmente aussi avec cette valeur Ce produit après avoir haussé dans son prix réel nexige pas plus de travail pour être recueilli pour suffire à remplacer le capital qui fait mouvoir ce travail ensemble les profits ordinaires de ce capital La portion restante du produit qui est la part du propriétaire sera donc plus grande relativement au tout quelle ne létait auparavant Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 355273566 25 Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3532829 Karl Marx 70 tamente a elevar a renda fundiária real Quer dizer o proprietário fundiário troca a parte da sua matériaprima que excede o seu consumo pessoal ou o preço dessa parte por produto manufaturado Tudo o que diminui o preço real da primeira espécie de produto eleva o preço real da segunda A mesma quan tidade de produto bruto corresponde então a uma quantidade maior de produ to manufaturado e o proprietário fundiário encontrase capacitado a conseguir para si uma grande quantidade de comodidades adornos e objetos de luxo Smith t II p 15926 Mas se a partir disso Smith conclui p 161 t II que uma vez que o proprietário fundiário explora todas as vantagens da sociedade e por isso X o interesse do proprietário fundiário é sempre idêntico ao interesse da socieda de27 então isso é ridículo Na economia nacional sob o domínio da propriedade privada o interesse que um indivíduo tem na sociedade está precisamente em relação inversa ao interesse que a sociedade tem nele tal como o interesse do agiota pelo perdulário não é de maneira nenhuma idêntico ao interes se do perdulário Mencionamos apenas de passagem a obsessão por monopólio Monopolsucht do proprietário fundiário pela propriedade fundiária de países estrangeiros que acabou originando por exemplo as leis dos cereais28 Do mesmo modo passamos por alto aqui a servidão medieval a escravidão nas colônias a miséria da gente do campo diaristas rurais na GrãBretanha Detenhamonos nas proposições da pró pria economia nacional 1 O proprietário fundiário está interessado no bem da sociedade o que significa segundo as proposições fundamentais nacionaleconômicas que ele 2 6 Smith Adam Recherches cit t 2 p 159 Ces sortes daméliorations dans la puissance productive du travail qui tendent directement à réduire le prix réel des ouvrages de manufacture tendent indirectement à élever la rente réelle de la terre Cest contre du produit manufacturé que le propriétaire échange cette partie de son produit brut qui excède sa consommation personnelle ou ce qui revient au même le prix de cette partie Tout ce qui réduit le prix réel de ce premier genre de produit élève le prix réel du second une même quantité de ce produit brut répond dèslors à une plus grande quantité de ce produit manufacturé et le propriétaire se trouve à portée dacheter une plus grande quantité des choses de commodité dornement ou de luxe quil désire se procurer Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 356617 27 Smith Adam Recherches cit t 2 p 161 Ce que nous venons de dire plus haut fait voir que lintérêt de la première de ces trois grandes classes est étroitement et inséparablement lié à lintérêt général de la société Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3562627 28 As Corn Laws Leis dos Cereais foram uma série de leis cuja decretação visava à defesa dos interesses dos proprietários de terras ingleses As primeiras delas datam ainda do século XV Em março de 1815 a Câmara dos Lordes e a Câmara dos Comuns aprovaram poder irrestrito aos proprietários fundiários uma lei que proibia a importação de grãos caso o preço para o mercado interno ficasse para a medida de 1 quarter inferior a 80 Manuscritos econômicofilosóficos 71 está interessado no seu progressivo povoamento na produção artística no aumento de suas necessidades numa palavra no crescimento da riqueza e esse crescimento é segundo as nossas considerações até aqui idêntico ao cres cimento da miséria e da escravidão A relação crescente do aluguel com a mi séria é um exemplo do interesse do proprietário fundiário pela sociedade pois com o aluguel cresce a renda da terra o juro do solo sobre o qual a casa está 2 Segundo o próprio economista nacional o interesse do proprietário fundiário está em oposição hostil ao interesse do arrendatário portanto já está em oposição hostil a uma parte significativa da sociedade XI 3 Uma vez que o proprietário fundiário pode exigir do arrendatá rio tanto mais renda quanto menos salário o arrendatário paga e posto que o arrendatário rebaixa tanto mais o salário quanto mais o proprietário fundiário exige renda da terra então o interesse do proprietário fundiário está tão hos tilmente ligado ao interesse do criado da lavoura quanto o interesse do dono da manufatura está ligado ao interesse dos seus trabalhadores Do mesmo modo ele rebaixa os salários a um mínimo 4 Posto que a real diminuição no preço dos produtos manufaturados ele va a renda da terra o possuidor fundiário tem então um interesse direto no rebaixamento do salário dos trabalhadores da manufatura na concorrência entre os capitalistas na sobreprodução na total miséria da manufatura 5 Se portanto o interesse do proprietário fundiário muito longe de ser idên tico ao interesse da sociedade está em oposição hostil ao interesse dos arrenda tários dos criados da lavoura dos trabalhadores da manufatura e dos capitalis tas então nem sequer o interesse de um proprietário fundiário é idêntico ao do outro em virtude da concorrência que agora queremos levar em conta De maneira geral grande propriedade fundiária e pequena se relacio nam da mesma forma que grande e pequeno capital Mas surgem ainda cir cunstâncias especiais que trazem incondicionalmente a acumulação da grande propriedade fundiária e a engolição da pequena por parte daquela XII 1 Em nenhuma parte reduzse mais o número proporcional de tra balhadores e de instrumentos com a magnitude dos fundos fonds do que na posse fundiária Da mesma maneira em parte alguma aumenta mais a possibilidade de exploração omnilateral allseitige Ausbeutung de poupança dos custos de produção e hábil divisão do trabalho com a magnitude dos xelins para o trigo a 43 xelins para o centeio 40 xelins para a cevada e 27 xelins para a aveia Essa lei foi modificada em 1822 e em 1828 foi introduzida uma escala móvel cujo objetivo era elevar as taxas de importação de cereais toda vez que os preços caíam no mercado interno e viceversa Todas essas leis se colocavam contra a vontade da burguesia inglesa que as combatia Em 26 de junho de 1846 essas leis foram revogadas pelo Parlamento inglês que suprimiu todas as restrições à importação de grãos o que teve por consequência um triunfo da burguesia industrial sobre os proprietários fundiários Karl Marx 72 fundos do que na posse fundiária Por menor que seja um campo os instrumentos de trabalho de que ele necessita como arado serra etc atingem um certo limite abaixo do qual não podem mais diminuir enquanto a pequenez da posse fundiária pode ultrapassar de longe essas fronteiras 2 A grande posse fundiária acumula para si os juros que o capital do arrendatário empregou na melhoria da terra e do solo A pequena posse fundiária tem de aplicar o seu próprio capital Para ela todo este lucro Profit fica suprimido 3 Enquanto cada melhoria social é útil à grande propriedade fundiária ela prejudica a pequena porque faz com que a mesma necessite cada vez mais de dinheiro vivo bares Geld 4 Duas são ainda as importantes leis a considerar para essa concorrência α A renda dos terrenos que sao cultivados para a produção de meios de ali mento para o homem regula a renda da maioria dos restantes terrenos culti vados Smith t I p 33129 Meios de alimento como gado etc somente a grande posse fundiária os pode produzir no final das contas Ela regula portanto a renda dos terrenos restantes e pode rebaixála a um mínimo O pequeno proprietário fundiário que trabalha para si próprio encontrase dessa maneira diante do grande proprietário fundiário na mesma relação de um artesão Handwerker que possui um instrumento próprio para com o dono da fábrica A pequena posse fundiária tornouse mero instrumento de traba lho XVI A renda da terra desaparece totalmente para o pequeno possui dor fundiário permanecelhe no máximo o juro do seu capital e seu salário pois a renda da terra pode ser impulsionada pela concorrência a se tornar apenas e tão somente o juro do capital não aplicado pelo mesmo β De resto já ouvimos falar que em igual fertilidade e exploração igual mente habilidosa das terras minas e indústrias de pesca o produto está na proporção da extensão dos capitais Portanto triunfo do grande proprietário fundiário De igual modo sendo os capitais iguais o produto está na pro porção da fertilidade Portanto sendo os capitais iguais triunfa o proprietá rio fundiário do solo mais fértil γ Podese dizer em geral de uma mina que ela é prolífera ou não prolífera conforme a quantidade de mineral que dela se pode extrair por meio de certa quantidade de trabalho é maior ou menor do que a mesma quantidade de trabalho é capaz de extrair da maioria das outras minas da mesma espécie T I p 345346 Smith30 O preço da mina mais prolífera regula o preço do 2 9 Smith Adam Recherches cit t 1 p 331 la rente des terres cultivées pour produire la nourriture des hommes règle la rente de la plupart des autres terres cultivées Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 35568 3 0 Smith Adam Recherches cit t 1 p 345346 On peut dire dune mine en général Manuscritos econômicofilosóficos 73 carvão para todas as outras minas da vizinhança Proprietário fundiário e empresário consideram ambos que terão um uma renda mais forte outro um lucro mais forte se venderem as coisas mais baratas do que os seus vizi nhos Os vizinhos são forçados nesse caso a vender pelo mesmo preço em bora estejam menos em condições de fazêlo e embora esse preço diminua cada vez mais e por vezes acabe com toda a renda e todo o lucro Algumas explorações se encontram pois totalmente abandonadas outras já não forne cem renda alguma e só podem continuar a ser trabalhadas pelo próprio proprie tário fundiário p 350 t I Smith31 Depois da descoberta das minas do Peru foi liquidada a maior parte das minas de prata da Europa O mesmo aconteceu em relação às minas de Cuba e São Domingo e mesmo relativamente às antigas minas do Peru após a descoberta das de Potosi p 353 t I32 Exatamente o mesmo que Smith diz das minas no trecho anterior vale mais ou menos para a posse fundiária em geral δ É de notar que o preço corrente Preisscourant dos terrenos depende da taxa corrente de juro couranten Taxe des Zinsfusses se a renda fundiária ficasse abaixo do juro do dinheiro por uma diferença muito forte ninguém iria querer comprar terras o que rapidamente voltaria a reduzir o seu preço corrente Pelo contrário se as vantagens da renda da terra mais que compensassem o juro do dinheiro nesse caso todo mundo iria querer comprar terras o que do mesmo modo restabeleceria em breve o seu preço corrente T II p 36736833 quelle est féconde ou quelle est stérile selon que la quantité de minéral que peut en tirer une certaine quantité de travail est plus ou moins grande que celle quune même quantité de travail tirerait de la plupart des autres mines de la même espèce 31 Smith Adam Recherches cit t 1 p 350 le prix de la mine de charbon la plus féconde règle le prix du charbon pour toutes les autres mines de son voisinage Le propriétaire et lentrepreneur trouvent tous deux quils pourront se faire lun une plus forte rente lautre un plus gros profit en vendant quelque chose au dessous de tous leurs voisins Les voisins sont bientôt obligés de vendre au même prix quoiquils soient moins en état dy suffire et quoique ce prix aille toujours en diminuant et leur enlève même quelquefois toute leur rente et tout leur profit Quelques exploitations se trouvent alors entièrement abandonnées dautre ne rapportent plus de rente et ne peuvent plus être continuées que par le propriétaire de la mine 32 Smith Adam Recherches cit t 1 p 353 Après la découverte des mines du Pérou les mines dargent dEurope furent pour la plupart abandonnées La même chose arriva à légard des mines de Cuba et de SaintDomingue et même à légard des anciennes mines du Pérou après la découverte de celles du Potosi 33 Smith Adam Recherches cit t 2 p 367368 Il est à remarquer que partout le prix courant des terres dépend du taux courant de lintérêt si la rente de la terre tombait au dessous de lintérêt de largent dune différence plus forte personne ne voudrait acheter des terres ce qui réduirait bientôt leur prix courant Au contraire si les avantages faisaient beaucoup plus que compenser la différence tout le monde voudrait acheter des terres ce qui en relèverait encore bientôt le prix courant Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3611522 Karl Marx 74 Desta relação da renda da terra com o juro do dinheiro seguese que a renda da terra tem de cair sempre mais de forma que por fim apenas as pessoas mais ricas possam viver da renda fundiária Portanto a concorrência entre os proprietários fundiários que não arrendam a terra é cada vez maior ruína de uma parte dos mesmos Repetida acumulação accumulation da grande pro priedade fundiária XVII Esta concorrência tem por consequência além disso que uma grande parte da propriedade fundiária cai nas mãos dos capitalistas e os capitalistas se tornam simultaneamente proprietários fundiários assim como a partir disso em geral os proprietários fundiários menores já não são mais do que capitalistas Do mesmo modo uma parte da grande propriedade fundiária se torna ao mesmo tempo industrial A última consequência é portanto a dissolução da diferença entre capitalista e proprietário fundiário de modo que no todo só se apresentam portanto duas classes de população a classe trabalhadora e a classe dos capitalistas Essa venda ao desbarato Verschacherung da propriedade fundiária a transformação da proprie dade fundiária numa mercadoria é a ruína final da velha aristocracia e o aperfeiçoa mento final da aristocracia do dinheiro 1 Não compartilhamos as lágrimas sentimentais que o romantismo verte a este respeito Ele confunde sempre a ignomínia que reside na venda ao des barato da terra com a consequência inteiramente racional necessária e desejável no interior da propriedade privada consequência que está encerrada na venda ao desbarato da propriedade privada da terra Em primeiro lugar já a propriedade fundiária feudal é na sua essência a terra vendida ao desbarato a terra estranhada entfremdete do homem e por isso a terra fazendo frente a ele na figura de alguns poucos grandes senhores Já na posse fundiária feudal situase o domínio da terra como um poder estranho posto acima dos homens O servo é o acidente da terra De igual modo o morgado o primogênito pertence à terra Ela o herda Em geral a dominação da propriedade privada começa com a posse fundiária ela é a sua base Mas na posse fundiária feudal o senhor aparece pelo menos como rei da posse fundiária Do mesmo modo existe ainda a aparência de uma relação mais íntima entre o possuidor e a terra do que a mera riqueza coisal A propriedade rural Grundstück individualizase com o senhor ela tem o seu lugar é baronial ou condal com ele tem os seus privilégios sua jurisdição sua relação política etc Ela aparece na condição de corpo inorgânico do seu senhor Daí o provérbio nenhuma terra sem dono nulle terre sans maître no que está expresso o modo de ser concrescente Verwachsensein da magnificência e da posse fundiária Ao mesmo tempo a dominação da propriedade fundiária não aparece imediatamente como domi nação do mero capital Os que lhe pertencem estão mais em relação com ela do que com sua pátria É uma espécie estreita engbrüstige de nacionalidade XVIII De igual modo a propriedade fundiária feudal dá ao seu senhor o nome como um reino ao seu rei Sua história familiar a história de sua casa Manuscritos econômicofilosóficos 75 etc tudo isso individualiza para ele a posse fundiária e faz dela inclusive for malmente a sua casa uma pessoa De igual modo os cultivadores da posse fundiária não têm a relação de diaristas mas sim em parte eles próprios são propriedade dela assim como os servos estão em parte numa relação de res peito para com ela de submissão e de obrigação Sua posição com relação a eles é por isso imediatamente política e tem de igual modo um lado acolhe dor Costumes caráter etc modificamse de uma propriedade Grundstück para a outra e parecem profundamente unidos a ela enquanto mais tarde somente a bolsa do homem se liga à propriedade não seu caráter sua indivi dualidade Finalmente ele não procura tirar a máxima vantagem possível de sua posse fundiária Antes ele consome o que ali está e deixa tranquilamente aos servos e arrendatários o cuidado da acumulação Esta é a relação aristocrática da posse fundiária que lança sobre o seu senhor uma glória romântica É necessário que esta aparência seja suprassumida aufgehoben que a pro priedade fundiária a raiz da propriedade privada seja completamente arrastada para dentro do movimento da propriedade privada e se torne mercadoria que a dominação do proprietário apareça como a pura dominação da propriedade pri vada do capital dissociado de toda a coloração política que a relação entre pro prietário e trabalhador se reduza à relação nacionaleconômica de explorador e explorado que toda a relação pessoal do proprietário com sua propriedade termi ne e esta se torne ela mesma apenas riqueza material coisal que no lugar do casamento de honra com a terra se instale o casamento por interesse e a terra tal como o homem baixe do mesmo modo a valor de regateio É necessário que aquilo que é a raiz da propriedade fundiária o sórdido interesse pessoal apareça também na sua cínica figura É necessário que o monopólio inerte se transmute em monopólio em movimento e inquieto a concorrência que a fruição ociosa do suor e do sangue alheios se transmute num comércio multiativo com os mesmos Finalmente é necessário que nesta concorrência a propriedade fundiária mostre sob a figura do capital a sua dominação tanto sobre a classe trabalhadora quanto sobre os próprios proprietários na medida em que as leis do movimento do capital os arruínem ou promovam Assim entra no lugar do provérbio medieval nenhu ma terra sem senhor nulle terre sans seigneur o provérbio moderno o dinheiro não tem dono largent na pas de maître no qual é exprimida a completa domina ção da matéria morta sobre o homem XIX 2 No que concerne à questão sobre a divisão ou nãodivisão da posse fundiária há que observar o seguinte A divisão da posse fundiária nega o grande monopólio da propriedade fundiária o suprassume mas apenas porque universaliza esse monopólio Não suprassume o fundamento do monopólio a propriedade privada Ela ataca a existência mas não a essência do monopólio A consequência disso é que ela cai vítima das leis da propriedade privada A divisão da posse fundiária corresponde precisamente ao movimento da concorrência na esfera industrial Além das desvantagens nacional econômicas desta divisão de instrumentos e do trabalho separado um do outro Karl Marx 76 que deve ser diferenciada da divisão do trabalho o trabalho é dividido não entre muitos mas o mesmo trabalho é executado de cada um para si mesmo é uma multiplicação do mesmo trabalho esta divisão transformase como aquela con corrência necessariamente em acumulação mais uma vez Ali onde portanto a divisão do trabalho tem lugar nada resta senão regres sar ao monopólio numa figura ainda mais hostil ou negarsuprassumir a própria divisão da posse fundiária Mas isto não é o regresso à posse feudal e sim a suprassunção da propriedade privada na terra e no solo em geral A primeira suprassunção do monopólio é sempre sua universalização o alargamento de sua existência A suprassunção do monopólio que atingiu sua existência mais ampla e abrangente possível é a sua completa aniquilação A associação Association aplicada à terra e ao solo partilha a vantagem da grande posse fundiária do ponto de vista nacionaleconômico e realiza primeiramente a tendência origi nária da divisão a saber a igualdade assim como ela também coloca a ligação afetiva do homem com a terra de um modo racional e não mais mediado pela servidão pela dominação e por uma tola mística da propriedade quando a terra deixa de ser um objeto de regateio e se torna novamente mediante o trabalho livre e a livre fruição uma propriedade verdadeira e pessoal do homem Uma grande vantagem da divisão é que a sua massa se arruína na propriedade de um outro modo do que na indústria uma massa que não pode mais decidirse pela servidão No que concerne à grande posse fundiária os seus defensores identificaram sempre de um modo sofista as vantagens nacionaleconômicas que a agricultura em grande escala proporciona com a grande propriedade fundiária como se não fosse precisamente pela suprassunção da propriedade que esta vantagem alcan çasse em parte a sua XX máxima extensão possível e em parte só assim se tornasse de utilidade social Do mesmo modo atacaram o espírito de regateio da pequena posse fundiária como se a grande posse fundiária ela mesma não encer rasse já na sua forma feudal o regateio latente em si para não falar da moderna forma inglesa onde estão reunidos o feudalismo do senhor da terra e o regateio industrial do arrendatário Assim como a grande propriedade fundiária pode devolver a acusação de mo nopólio que a divisão da posse fundiária lhe faz da mesma forma já que a divisão se baseia no monopólio da propriedade privada a divisão da posse fundiária pode devolver à grande posse fundiária a acusação de divisão pois também aqui domina a divisão mas numa forma rígida congelada A propriedade privada repousa de um modo geral sobre o fato de ser dividida Geteiltsein De resto assim como a divisão da posse fundiária reconduz à grande posse fundiária como riqueza de capital a propriedade fundiária feudal tem necessariamente de prosseguir em direção à divisão ou ao menos cair nas mãos dos capitalistas por mais que ela queira se virar e revirar Pois a grande propriedade fundiária como na Inglaterra atira a maioria pre ponderante da população para os braços da indústria e reduz os seus próprios Manuscritos econômicofilosóficos 77 trabalhadores à completa miséria Ela engendra e aumenta portanto o poder de seu inimigo do capital da indústria na medida em que lança braços e uma com pleta e total atividade do país para o outro lado Torna industrial a maior parte do país portanto tornaa adversária da grande propriedade fundiária Se a indús tria atingiu um poder elevado como hoje em dia na Inglaterra então ela constran ge mais e mais a grande propriedade fundiária a lançar por terra os seus monopó lios em face do estrangeiro e atiraa na concorrência com a propriedade fundiária do estrangeiro Ou seja sob o domínio da indústria a propriedade fundiária só podia assegurar a sua grandeza feudal mediante monopólios em face do estran geiro para assim se proteger das leis universais do comércio que contradizem a sua essência feudal Uma vez lançada na concorrência ela segue as leis da concor rência como qualquer outra mercadoria a esta submetida Ela na verdade tornase muito instável diminuindo e aumentando voando de uma mão para outra e ne nhuma lei pode conservála mais em poucas mãos predestinadas XXI A conse quência imediata é a fragmentação em muitas mãos e em todo caso a queda sob o poder dos capitais industriais Por fim a grande posse fundiária que desta maneira foi conservada pela força e gerou junto a si uma formidável indústria conduz ainda mais rapida mente à crise do que a divisão da posse fundiária ao lado da qual o poder da indústria permanece sempre sendo de segunda classe A grande posse fundiária como vemos na Inglaterra já abandonou o seu caráter feudal e assumiu um caráter industrial na medida em que quer fazer o máximo dinheiro possível Ela proporciona ao proprietário a máxima renda fundiária possível ao arrendatário o máximo lucro possível de seu capital Os trabalhadores agrícolas estão por isso reduzidos já ao mínimo e a classe dos arrendatários já representa o poder da indústria e do capital no interior da posse fundiária Pela concorrência com o estrangeiro na maior parte dos casos a renda da terra deixa de poder constituir um ordenado Einkommen indepen dente Uma grande parte dos proprietários fundiários tem de tomar o lugar dos arrendatários que desse modo decaem em parte no proletariado Por outro lado muitos arrendatários apoderarseão também da propriedade fundiária pois os grandes proprietários que com a sua confortável renda Revenu na maior parte dos casos se entregaram ao desperdício e na maioria das vezes são tam bém inaptos para a condução da agricultura em larga escala em parte não pos suem nem capital nem qualificação para explorar a terra e o solo Portanto também uma parcela destes se arruinará completamente Finalmente o salário reduzido a um mínimo tem de ser mais reduzido ainda para que se mantenha a nova concorrência Isto conduz então necessariamente à revolução A propriedade fundiária tinha de desenvolverse de cada uma dessas duas formas para em ambas experimentar o seu necessário declínio assim como a indústria tinha de se arruinar na forma do monopólio e na forma da con corrência para aprender a acreditar no ser humano 5D Mark IV EOS 6D Mark II EOS 90D Manuscritos econômicofilosóficos 79 TRABALHO ESTRANHADO E PROPRIEDADE PRIVADA XXII Partimos dos pressupostos da economia nacional Aceitamos sua linguagem e suas leis Supusemos a propriedade privada a separação de trabalho capital e terra igualmente do salário lucro de capital e renda da terra da mesma forma que a divisão do trabalho a concorrência o conceito de valor de troca etc A partir da própria economia nacional com suas próprias palavras constatamos que o trabalhador baixa à con dição de mercadoria e à de mais miserável mercadoria que a miséria do trabalhador põese em relação inversa à potência Macht e à grandeza Grösse da sua produção que o resultado necessário da concorrência é a acumulação de capital em poucas mãos portanto a mais tremenda res tauração do monopólio que no fim a diferença entre o capitalista e o rentista fundiário Grundrentner desaparece assim como entre o agricul tor e o trabalhador em manufatura e que no final das contas toda a socie dade tem de decomporse nas duas classes dos proprietários e dos trabalha dores sem propriedade A economia nacional parte do fato dado e acabado da propriedade priva da Não nos explica o mesmo Ela percebe o processo material da proprie dade privada que passa na realidade Wirklichkeit por fórmulas gerais abstratas que passam a valer como leis para ela Não concebe begreift estas leis isto é não mostra como têm origem na essência da propriedade privada A economia nacional não nos dá esclarecimento algum a respeito do funda mento Grund da divisão entre trabalho e capital entre capital e terra Quan do ela por exemplo determina a relação do salário com o lucro de capital o que lhe vale como razão última é o interesse do capitalista ou seja ela supõe o que deve desenvolver Do mesmo modo a concorrência entra por toda parte É explicada a partir de circunstâncias exteriores Até que ponto estas circunstâncias exteriores aparentemente casuais são apenas a expressão de um desenvolvimento necessário sobre isto a economia nacional nada nos ensina Vimos como inclusive a troca parece a ela um fato meramente aci dental As únicas rodas que o economista nacional põe em movimento são a ganância e a guerra entre os gananciosos a concorrência Karl Marx 80 Justamente pelo fato de a economia nacional não compreender a conexão do movimento ela pôde novamente opor por exemplo a doutrina da concorrência à doutrina do monopólio a doutrina da liberdade industrial à doutrina da corporação a doutrina da divisão da posse da terra à doutrina da grande propriedade fundiária pois concorrência liberdade industrial divisão da posse da terra eram desenvolvidas e concebidas apenas como consequências acidentais deliberadas violentas e não como consequências necessárias inevitáveis naturais do monopólio da corporação e da propriedade feudal Agora temos portanto de conceber a interconexão essencial entre a pro priedade privada a ganância a separação de trabalho capital e propriedade da terra de troca e concorrência de valor e desvalorização do homem de monopólio e concorrência etc de todo este estranhamento Entfremdung com o sistema do dinheiro Não nos desloquemos como faz o economista nacional quando quer esclarecer algo a um estado primitivo imaginário1 Um tal estado primiti vo nada explica Ele simplesmente empurra a questão para uma região ne bulosa cinzenta Supõe na forma do fato Tatsache do acontecimento aqui lo que deve deduzir notadamente a relação necessária entre duas coisas por exemplo entre divisão do trabalho e troca Assim o teólogo explica a origem do mal pelo pecado original Sündenfall isto é supõe como um fato dado e acabado na forma da história o que deve explicar Nós partimos de um fato nacionaleconômico presente O trabalhador se torna tanto mais pobre quanto mais riqueza produz quanto mais a sua produção aumenta em poder e extensão O trabalhador se torna uma mercadoria tão mais barata quanto mais mercadorias cria Com a valorização do mundo das coisas Sachenwelt aumenta em proporção direta a desvalorização do mundo dos homens Menschenwelt O trabalho não produz somente mercadorias ele produz a si mesmo e ao trabalhador como uma mer cadoria e isto na medida em que produz de fato mercadorias em geral Este fato nada mais exprime senão o objeto Gegenstand que o trabalho pro duz o seu produto se lhe defronta como um ser estranho como um poder indepen dente do produtor O produto do trabalho é o trabalho que se fixou num objeto fezse coisal sachlich é a objetivação Vergegenständlichung do trabalho A efetivação Verwirklichung do trabalho é a sua objetivação Esta efetivação do trabalho aparece ao estado nacionaleconômico como desefetivação Entwirklichung do trabalhador a objetivação como perda do objeto e servidão ao objeto a apropria ção como estranhamento Entfremdung como alienação Entäusserung A efetivação do trabalho tanto aparece como desefetivação que o traba lhador é desefetivado até morrer de fome A objetivação tanto aparece como perda do objeto que o trabalhador é despojado dos objetos mais necessários 1 Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3362832 Manuscritos econômicofilosóficos 81 não somente à vida mas também dos objetos do trabalho Sim o trabalho mesmo se torna um objeto do qual o trabalhador só pode se apossar com os maiores esforços e com as mais extraordinárias interrupções A apropriação do objeto tanto aparece como estranhamento Entfremdung que quanto mais objetos o trabalhador produz tanto menos pode possuir e tanto mais fica sob o domínio do seu produto do capital Na determinação de que o trabalhador se relaciona com o produto de seu trabalho como com um objeto estranho estão todas estas consequências Com efeito segundo este pressuposto está claro quanto mais o trabalhador se desgasta trabalhando ausarbeitet tanto mais poderoso se torna o mundo objetivo alheio fremd que ele cria diante de si tanto mais pobre se torna ele mesmo seu mundo interior e tanto menos o trabalhador pertence a si próprio É do mesmo modo na religião Quanto mais o homem põe em Deus tanto menos ele retém em si mesmo O trabalhador encerra a sua vida no objeto mas agora ela não pertence mais a ele mas sim ao objeto Por conse guinte quão maior esta atividade tanto mais semobjeto é o trabalhador Ele não é o que é o produto do seu trabalho Portanto quanto maior este produ to tanto menor ele mesmo é A exteriorização Entäusserung do trabalhador em seu produto tem o significado não somente de que seu trabalho se torna um objeto uma existência externa äussern mas bem além disso que se torna uma existência que existe fora dele ausser ihm independente dele e estranha a ele tornandose uma potência Macht autônoma diante dele que a vida que ele concedeu ao objeto se lhe defronta hostil e estranha XXIII Examinemos agora mais de perto a objetivação a produção do trabalhador e nela o estranhamento a perda do objeto do seu produto O trabalhador nada pode criar sem a natureza sem o mundo exterior sensí vel sinnlich Ela é a matéria na qual o seu trabalho se efetiva na qual o trabalho é ativo e a partir da qual e por meio da qual o trabalho produz Mas como a natureza oferece os meios de vida no sentido de que o traba lho não pode viver sem objetos nos quais se exerça assim também oferece por outro lado os meios de vida no sentido mais estrito isto é o meio de subsistência física do trabalhador mesmo Quanto mais portanto o trabalhador se apropria do mundo externo da natureza sensível por meio do seu trabalho tanto mais ele se priva dos meios de vida segundo um duplo sentido primeiro que sempre mais o mundo exte rior sensível deixa de ser um objeto pertencente ao seu trabalho um meio de vida do seu trabalho segundo que o mundo exterior sensível cessa cada vez mais de ser meio de vida no sentido imediato meio para a subsistência física do trabalhador Segundo este duplo sentido o trabalhador se torna portanto um servo do seu objeto Primeiro porque ele recebe um objeto do trabalho isto é recebe trabalho e segundo porque recebe meios de subsistência Portanto para que possa existir em primeiro lugar como trabalhador e em segundo como su Karl Marx 82 jeito físico O auge desta servidão é que somente como trabalhador ele pode2 se manter como sujeito físico e apenas como sujeito físico ele é trabalhador O estranhamento do trabalhador em seu objeto se expressa pelas leis nacio naleconômicas em que quanto mais o trabalhador produz menos tem para consumir que quanto mais valores cria mais semvalor e indigno ele se torna quanto mais bem formado o seu produto tanto mais deformado ele fica quanto mais civilizado seu objeto mais bárbaro o trabalhador que quanto mais podero so o trabalho mais impotente o trabalhador se torna quanto mais rico de espíri to o trabalho mais pobre de espírito e servo da natureza se torna o trabalhador A economia nacional oculta o estranhamento na essência do trabalho porque não considera a relação imediata entre o trabalhador o trabalho e a produção Sem dúvida O trabalho produz maravilhas para os ricos mas produz priva ção para o trabalhador Produz palácios mas cavernas para o trabalhador Produz beleza mas deformação para o trabalhador Substitui o trabalho por máquinas mas lança uma parte dos trabalhadores de volta a um trabalho bárbaro e faz da outra parte máquinas Produz espírito mas produz imbeci lidade cretinismo para o trabalhador A relação imediata do trabalho com os seus produtos é a relação do trabalhador com os objetos da sua produção A relação do abastado com os objetos da produção e com ela mesma é somente uma consequência desta primeira relação E a confirma Examinaremos mais tarde este outro aspecto Se portanto perguntamos qual a rela ção essencial do trabalho então perguntamos pela relação do trabalhador com a produção Até aqui examinamos o estranhamento a exteriorização do trabalhador sob ape nas um dos seus aspectos qual seja a sua relação com os produtos do seu trabalho Mas o estranhamento não se mostra somente no resultado mas também e principalmente no ato da produção dentro da própria atividade produtiva Como poderia o trabalha dor defrontarse alheio fremd ao produto da sua atividade se no ato mesmo da produção ele não se estranhasse a si mesmo O produto é sim somente o resumo Resumé da atividade da produção Se portanto o produto do trabalho é a exteriorização então a produção mesma tem de ser a exteriorização ativa a exteriorização da atividade a atividade da exteriorização No estranhamento do objeto do trabalho resumese somente o estranhamento a exteriorização na atividade do trabalho mesmo Em que consiste então a exteriorização Entäusserung do trabalho Primeiro que o trabalho é externo äusserlich ao trabalhador isto é não pertence ao seu ser que ele não se afirma portanto em seu trabalho mas negase nele que não se sente bem mas infeliz que não desenvolve nenhuma energia física e espiritual livre mas mortifica sua physis e arruina o seu 2 Colchetes da edição alemã O verbo auxiliar não foi adotado por Marx ficando a correção a cargo do editor da publicação original que serve de base para esta tradução NT Manuscritos econômicofilosóficos 83 espírito O trabalhador só se sente por conseguinte e em primeiro lugar junto a si quando fora do trabalho e fora de si quando no trabalho Está em casa quando não trabalha e quando trabalha não está em casa O seu trabalho não é portanto voluntário mas forçado trabalho obrigatório O trabalho não é por isso a satisfação de uma carência mas somente um meio para satisfazer neces sidades fora dele Sua estranheza Fremdheit evidenciase aqui de forma tão pura que tão logo inexista coerção física ou outra qualquer fogese do trabalho como de uma peste O trabalho externo o trabalho no qual o homem se exterioriza é um trabalho de autossacrifício de mortificação Finalmente a externalidade Äusserlichkeit do trabalho aparece para o trabalhador como se o trabalho não fosse seu próprio mas de um outro como se o trabalho não lhe pertencesse como se ele no trabalho não pertencesse a si mesmo mas a um outro Assim como na religião a autoatividade da fantasia humana do cérebro e do coração humanos atua independentemente do indivíduo e sobre ele isto é como uma atividade estranha divina ou diabólica assim também a atividade do trabalhador não é a sua autoatividade Ela pertence a outro é a perda de si mesmo Chegase por conseguinte ao resultado de que o homem o trabalhador só se sente como ser livre e ativo em suas funções animais comer beber e procriar quando muito ainda habitação adornos etc e em suas funções humanas só se sente como animal O animal se torna humano e o humano animal Comer beber e procriar etc são também é verdade funções genuínamente humanas Porém na abstração que as separa da esfera restante da atividade hu mana e faz delas finalidades últimas e exclusivas são funções animais Examinamos o ato do estranhamento da atividade humana prática o trabalho sob dois aspectos 1 A relação do trabalhador com o produto do trabalho como objeto estranho e poderoso sobre ele Esta relação é ao mes mo tempo a relação com o mundo exterior sensível com os objetos da natu reza como um mundo alheio que se lhe defronta hostilmente 2 A relação do trabalho com ato da produção no interior do trabalho Esta relação é a relação do trabalhador com a sua própria atividade como uma atividade estranha não pertencente a ele a atividade como miséria a força como im potência a procriação como castração A energia espiritual e física própria do trabalhador a sua vida pessoal pois o que é vida senão atividade como uma atividade voltada contra ele mesmo independente dele não perten cente a ele O estranhamentodesi Selbstentfremdung tal qual acima o estranhamento da coisa XXIV Temos agora ainda uma terceira determinação do trabalho estra nhado a extrair das duas vistas até aqui O homem é um ser genérico Gattungswesen não somente quando práti ca e teoricamente faz do gênero tanto do seu próprio quanto do restante das coisas o seu objeto mas também e isto é somente uma outra expressão da mesma coisa quando se relaciona consigo mesmo como com o gênero vivo Karl Marx 84 presente quando se relaciona consigo mesmo como com um ser universal e por isso livre A vida genérica tanto no homem quanto no animal consiste fisicamente em primeiro lugar nisto que o homem tal qual o animal vive da natureza inorgânica e quanto mais universal o homem é do que o animal tanto mais universal é o domínio da natureza inorgânica da qual ele vive Assim como plantas animais pedras ar luz etc formam teoricamente uma parte da consciência humana em parte como objetos da ciência natural em parte como objetos da arte sua natureza inorgânica meios de vida espirituais que ele tem de preparar priori tariamente para a fruição e para a digestão formam também praticamente uma parte da vida humana e da atividade humana Fisicamente o homem vive somente destes produtos da natureza possam eles aparecer na forma de alimen to aquecimento vestuário habitação etc Praticamente a universalidade do homem aparece precisamente na universalidade que faz da natureza inteira o seu corpo inorgânico tanto na medida em que ela é 1 um meio de vida imediato quanto na medida em que ela é o objetomatéria e o instrumento de sua atividade vital A natureza é o corpo inorgânico do homem a saber a natureza enquanto ela mesma não é corpo humano O homem vive da natureza significa a natureza é o seu corpo com o qual ele tem de ficar num processo contínuo para não morrer Que a vida física e mental do homem está interconectada com a natureza não tem outro sentido senão que a natureza está interconectada consigo mesma pois o homem é uma parte da natureza Na medida em que o trabalho estranhado 1 estranha do homem a natureza 2 e o homem de si mesmo de sua própria função ativa de sua atividade vital ela estranha do homem o gênero humano Fazlhe da vida genérica apenas um meio da vida individual Primeiro estranha a vida genérica assim como a vida individual Segundo faz da última em sua abstração um fim da primeira igualmente em sua forma abstrata e estranhada Pois primeiramente o trabalho a atividade vital a vida produtiva mesma aparece ao homem apenas como um meio para a satisfação de uma carência a necessidade de manutenção da existência física A vida produtiva é porém a vida genérica É a vida engendradora de vida No modo Art da atividade vital encontrase o caráter inteiro de uma species seu caráter gené rico e a atividade consciente livre é o caráter genérico do homem A vida mesma aparece só como meio de vida O animal é imediatamente um com a sua atividade vital Não se distin gue dela É ela O homem faz da sua atividade vital mesma um objeto da sua vontade e da sua consciência Ele tem atividade vital consciente Esta não é uma determinidade Bestimmtheit com a qual ele coincide imediatamente A atividade vital consciente distingue o homem imediatamente da atividade vital animal Justamente e só por isso ele é um ser genérico Ou ele somen te é um ser consciente isto é a sua própria vida lhe é objeto precisamente porque é um ser genérico Eis por que a sua atividade é atividade livre O Manuscritos econômicofilosóficos 85 trabalho estranhado inverte a relação a tal ponto que o homem precisamente por que é um ser consciente faz da sua atividade vital da sua essência apenas um meio para sua existência O engendrar prático de um mundo objetivo a elaboração da natureza inorgânica é a prova do homem enquanto um ser genérico consciente isto é um ser que se relaciona com o gênero enquanto sua própria essência ou se relaciona consigo enquanto ser genérico É verdade que também o animal produz Constrói para si um ninho habitações como a abelha castor formiga etc No entanto produz apenas aquilo de que necessita imediatamente para si ou sua cria produz uni lateralmente enquanto o homem produz universalmente o animal produz apenas sob o domínio da carência física imediata enquanto o homem produz mesmo livre da carência física e só produz primeira e verdadeiramente na sua liberdade com relação a ela o animal só produz a si mesmo enquanto o homem reproduz a natureza inteira no animal o seu produto pertence ime diatamente ao seu corpo físico enquanto o homem se defronta livremente com o seu produto O animal forma apenas segundo a medida e a carência da species à qual pertence enquanto o homem sabe produzir segundo a medida de qual quer species e sabe considerar por toda a parte a medida inerente ao objeto o homem também forma por isso segundo as leis da beleza Precisamente por isso na elaboração do mundo objetivo é que o homem se confirma em primeiro lugar e efetivamente como ser genérico Esta produção é a sua vida genérica operativa Através dela a natureza aparece como a sua obra e a sua efetividade Wirklichkeit O objeto do trabalho é portanto a objetivação da vida genérica do homem quando o homem se duplica não apenas na consciência intelectualmente mas operativa efetivamente contemplandose por isso a si mesmo num mundo criado por ele Consequentemente quando arranca entreisst do homem o objeto de sua produção o trabalho estranhado arrancalhe sua vida genérica sua efetiva objetividade genérica wirkliche Gattungsgegenständlichkeit e transforma a sua vantagem com relação ao animal na desvantagem de lhe ser tirado o seu corpo inorgânico a natureza Igualmente quando o trabalho estranhado reduz a autoatividade a ati vidade livre a um meio ele faz da vida genérica do homem um meio de sua existência física A consciência que o homem tem do seu gênero se transforma portanto mediante o estranhamento de forma que a vida genérica se torna para ele um meio O trabalho estranhado faz por conseguinte 3 do ser genérico do homem tanto da natureza quanto da faculdade gené rica espiritual dele um ser estranho a ele um meio da sua existência indivi dual Estranha do homem o seu próprio corpo assim como a natureza fora dele tal como a sua essência espiritual a sua essência humana 4 uma consequência imediata disto de o homem estar estranhado do pro duto do seu trabalho de sua atividade vital e de seu ser genérico é o estra nhamento do homem pelo próprio homem Quando o homem está frente a si Karl Marx 86 mesmo defrontase com ele o outro homem O que é produto da relação do homem com o seu trabalho produto de seu trabalho e consigo mesmo vale como relação do homem com outro homem como o trabalho e o objeto do trabalho de outro homem Em geral a questão de que o homem está estranhado do seu ser genérico quer dizer que um homem está estranhado do outro assim como cada um deles está estranhado da essência humana O estranhamento do homem em geral toda a relação na qual o homem está diante de si mesmo é primeiramente efetivado se expressa na relação em que o homem está para com o outro homem Na relação do trabalho estranhado cada homem considera portanto o outro segundo o critério e a relação na qual ele mesmo se encontra como trabalhador XXV Partimos de um factum nacionaleconômico do estranhamento do trabalhador e de sua produção Expressamos o conceito deste factum o trabalho estranhado exteriorizado Analisamos este conceito analisamos por conseguinte apenas um factum nacionaleconômico Continuemos agora a observar como tem de se enunciar e expor na efetividade o conceito de trabalho estranhado exteriorizado Se o produto do trabalho me é estranho se ele defrontase comigo como poder estranho a quem pertence então Se minha própria atividade não me pertence é uma atividade estranha forçada a quem ela pertence então A outro ser que não eu Quem é este ser Os deuses Evidentemente nas primeiras épocas a produção principal como por exemplo a construção de templos etc no Egito na Índia México aparece tanto a serviço dos deuses como também o produto pertence a eles Sozinhos porém os deuses nunca foram os senhores do trabalho Tampouco a natureza E que contradição seria também se o homem quanto mais subju gasse a natureza pelo seu trabalho quanto mais os prodígios dos deuses se tornassem obsoletos mediante os prodígios da indústria tivesse de renun ciar à alegria na produção e à fruição do produto por amor a esses poderes O ser estranho ao qual pertence o trabalho e o produto do trabalho para o qual o trabalho está a serviço e para a fruição do qual está o produto do trabalho só pode ser o homem mesmo Se o produto do trabalho não pertence ao trabalhador um poder estranho que está diante dele então isto só é possível pelo fato de o produto do trabalho pertencer a um outro homem fora o trabalhador Se sua atividade lhe é martírio então ela tem de ser fruição para um outro e alegria de viver para um outro Não os deuses não a natureza apenas o homem mesmo pode ser este poder estranho sobre o homem Considerese ainda a proposição colocada antes de que a relação do homem consigo mesmo lhe é primeiramente objetiva efetiva pela sua relação com o Manuscritos econômicofilosóficos 87 outro homem Se ele se relaciona portanto com o produto do seu trabalho com o seu trabalho objetivado enquanto objeto estranho hostil poderoso indepen dente dele então se relaciona com ele de forma tal que um outro homem estra nho fremd a ele inimigo poderoso independente dele é o senhor deste objeto Se ele se relaciona com a sua própria atividade como uma atividade nãolivre então ele se relaciona com ela como a atividade a serviço de sob o domínio a violência e o jugo de um outro homem Todo autoestranhamento Selbstentfremdung do homem de si e da natureza aparece na relação que ele outorga a si e à natureza para com os outros homens diferenciados de si mesmo Por isso o autoestranhamento religioso aparece ne cessariamente na relação do leigo com o sacerdote ou também visto que aqui se trata do mundo intelectual de um mediador etc No mundo práticoefetivo praktische wirkliche Welt o autoestranhamento só pode aparecer através da relação práticoefetiva praktisches wirkliches Verhältnis com outros homens O meio pelo qual o estranhamento procede é ele mesmo um meio prático Atra vés do trabalho estranhado o homem engendra portanto não apenas sua rela ção com o objeto e o ato de produção enquanto homens que lhe são estranhos e inimigos ele engendra também a relação na qual outros homens estão para a sua produção e o seu produto e a relação na qual ele está para com estes outros homens Assim como ele engendra a sua própria produção para a sua desefetivação Entwirklichung para o seu castigo assim como engendra o seu próprio produto para a perda um produto não pertencente a ele ele engendra também o domínio de quem não produz sobre a produção e sobre o produto Tal como estranha de si a sua própria atividade ele apropria para o estranho Fremde a atividade não própria deste Consideramos até agora a relação apenas sob o aspecto do trabalhador Consideraremola mais tarde também sob o aspecto do nãotrabalhador Através do trabalho estranhado exteriorizado o trabalhador engendra portanto a relação de alguém estranho ao trabalho do homem situado fora dele com este trabalho A relação do trabalhador com o trabalho en gendra a relação do capitalista ou como se queira nomear o senhor do trabalho com o trabalho A propriedade privada é portanto o produto o resultado a consequência neces sária do trabalho exteriorizado da relação externa äusserlichen do trabalhador com a natureza e consigo mesmo A propriedade privada resulta portanto por análise do conceito de trabalho exteriorizado isto é de homem exteriorizado de trabalho estranhado de vida estranhada de homem estranhado Herdamos certamente o conceito de trabalho exteriorizado de vida exteriorizada da economia nacional como resultado do movimento da proprie dade privada Mas evidenciase na análise desse conceito que se a propriedade privada aparece como fundamento como razão do trabalho exteriorizado ela é antes uma consequência do mesmo assim como também os deuses são origina Karl Marx 88 riamente não a causa mas o efeito do erro do entendimento humano Mais tarde esta relação se transforma em ação recíproca Somente no derradeiro ponto de culminância do desenvolvimento da proprieda de privada vem à tona novamente este seu mistério qual seja que é por um lado o produto do trabalho exteriorizado e em segundo lugar que é o meio através do qual o trabalho se exterioriza a realização desta exteriorização Este desenvolvimento lança luz imediatamente sobre diversos conflitos até agora insolúveis 1 A economia nacional parte do trabalho como sendo propriamente a alma da produção e apesar disso nada concede ao trabalho e tudo à proprie dade privada Proudhon a partir desta contradição concluiu em favor do tra balho e contra a propriedade privada3 Nós reconhecemos porém que esta aparente contradição é a contradição do trabalho estranhado consigo mesmo e que a economia nacional apenas enunciou as leis do trabalho estranhado Por isso também reconhecemos que salário e propriedade privada são idên ticos pois o salário onde o produto o objeto do trabalho paga o próprio trabalho é somente uma consequência necessária do estranhamento do trabalho assim como no salário também o trabalho aparece não como fim em si mas como o servidor do salário Desenvolveremos isto mais tarde e agora apenas nos limitamos a deduzir algumas XXVI consequências Uma violenta elevação do salário abstraindo de todas as outras dificul dades abstraindo que como uma anomalia ela também só seria mantida com violência nada seria além de um melhor assalariamento do escravo e não teria conquistado nem ao trabalhador nem ao trabalho a sua dignidade e determinação humanas Mesmo a igualdade de salários como quer Proudhon transforma somente a relação do trabalhador contemporâneo com o seu trabalho na relação de todos os homens com o trabalho A sociedade é nesse caso compreendida como um capitalista abstrato Salário é uma consequência imediata do trabalho estranhado e o trabalho estra nhado é a causa imediata da propriedade privada Consequentemente com um dos lados tem também de cair o outro 2 Da relação do trabalho estranhado com a propriedade privada depreendese além do mais que a emancipação da sociedade da proprieda de privada etc da servidão se manifesta na forma política da emancipação dos trabalhadores não como se dissesse respeito somente à emancipação deles 3 Proudhon PierreJoseph Questce que la propriété cit Vide por exemplo todo o capítulo 3 4 Du Travail Que le travail na par luimême sur les choses de la nature aucune puissance dappropriation 5 Que le travail conduit à légalité des propriétés 6 Que dans la société tous les salaires sont égaux 7 Que linégalité des facultés est la condition nécessaire de légalité des fortunes 8 Que dans lordre de la justice le travail détruit la propriété Manuscritos econômicofilosóficos 89 mas porque na sua emancipação está encerrada a emancipação humana uni versal Mas esta última está aí encerrada porque a opressão humana inteira está envolvida na relação do trabalhador com a produção e todas as relações de servidão são apenas modificações e consequências dessa relação Assim como encontramos por análise a partir do conceito de trabalho estranhado exteriorizado o conceito de propriedade privada assim podem com a ajuda destes dois fatores ser desenvolvidas todas as categorias nacionaleconômi cas e haveremos de reencontrar em cada categoria como por exemplo do regateio da concorrência do capital do dinheiro apenas uma expressão determinada e desen volvida desses primeiros fundamentos Contudo antes de examinar esta configuração Gestaltung procuremos soluci onar ainda dois problemas 1 Determinar a essência universal da propriedade privada tal como se cons tituiu enquanto resultado do trabalho estranhado em sua relação com a pro priedade verdadeiramente humana e social 2 Admitimos o estranhamento do trabalho sua exteriorização enquanto um factum e analisamos este fato Como perguntamos agora o homem chegou ao ponto de exteriorizar de estranhar o seu trabalho Como este estranhamento está fundado na essência do desenvolvimento humano Já obtivemos muito para a solução do problema quando transmutamos a questão sobre a origem da propriedade privada na questão sobre a relação do trabalho exteriorizado com a marcha do desenvolvimento da humanidade Pois quando se fala em proprie dade privada acreditase estar se tratando de uma coisa fora do homem Quan do se fala do trabalho estáse tratando imediatamente do próprio homem Esta nova disposição da questão já é inclusive a sua solução ad 1 Essência universal da propriedade privada e sua relação com a propriedade verdadeiramente humana Em dois elementos que se condicionam mutuamente ou que apenas são expressões distintas de uma e da mesma relação o trabalho exteriorizado solucionouse para nós ou seja a apropriação aparece como estranhamento como exteriorização e a exteriorização como apropriação o estranhamento como a verdadeira civilinização4 Examinamos um dos aspectos o trabalho exteriorizado no que se refere ao próprio trabalhador ou seja a relação do trabalho exteriorizado consigo mesmo Como produto como resultado necessário desta relação encontramos a rela ção de propriedade do nãotrabalhador com o trabalhador e com o trabalho A 4 O termo utilizado por Marx é Einbürgerung que designa a naturalização daquele que se torna cidadão de outro país O termo pode ter também o sentido de aclimatação o verbo é sich einbürgern reflexivo mas o conteúdo pretendido e sugerido por Marx certamente é mais amplo e abrange a possibilidade de o indivíduo tornarse cidadão aquele que pertence à cidade ao antigo burgo e que se diferencia do clero e da nobreza através da aquisição de valores civis burgueses NT Karl Marx 90 propriedade privada como a expressão material resumida do trabalho exteriorizado abarca as duas relações a relação do trabalhador com o trabalho e com o produto do seu trabalho e com o nãotrabalhador e a relação do nãotrabalhador com o trabalhador e com o produto do trabalho deste último Se vimos que com respeito ao trabalhador que se apropria da natureza através do trabalho a apropriação aparece como estranhamento a autoatividade como atividade para um outro e como atividade de um outro a vitalidade como sacrifício da vida a produção do objeto como perda do objeto para um poder estra nho para um homem estranho passemos a examinar agora a relação deste homem estranho ao trabalho e ao trabalhador com o trabalhador com o trabalho e o seu objeto Em primeiro lugar é de se notar que tudo o que aparece no trabalha dor como atividade da exteriorização o estranhamento aparece no nãotraba lhador como estado da exteriorização do estranhamento Segundo que o comportamento efetivo prático do trabalhador na produ ção e com o produto como estado espiritual aparece no nãotrabalhador que está diante dele como comportamento teórico XXVII Terceiro O nãotrabalhador faz contra o trabalhador tudo o que o trabalhador faz contra si mesmo mas não faz contra si mesmo o que faz contra o trabalhador Examinemos mais de perto essas três relações Manuscritos econômicofilosóficos 91 CADERNO II PARTE CONSERVADA1 A RELAÇÃO DA PROPRIEDADE PRIVADA 1 Este segundo manuscrito consta de duas folhas ou seja quatro páginas numeradas de XL a XLIII Inicia na metade de uma frase e constitui provavelmente apenas o fragmento de um texto mais amplo XL forma juros do seu capital No trabalhador existe pois subjetivamente o fato de que o capital é o homem totalmente perdido de si assim como existe no capital objetivamente o fato de que o trabalho é o homem totalmente perdido de si Mas o trabalhador tem a infelicidade de ser um capital vivo e portanto carente bedürftig que a cada momento em que não trabalha perde seus juros e com isso sua existência Como capital o valor do trabalhador au menta no sentido da procura e da oferta e também fisicamente a sua existência Dasein a sua vida se torna e é sabida como oferta de mercadoria tal como qualquer outra mercadoria O trabalhador produz o capital o capital produz o trabalhador O trabalhador produz portanto a si mesmo e o homem enquan to trabalhador enquanto mercadoria é o produto do movimento total O homem nada mais é do que trabalhador e como trabalhador suas propriedades humanas o são apenas na medida em que o são para o capital que lhe é estranho Mas porque ambos capital e trabalho são estranhos entre si e estão por conseguinte em uma relação indiferente exterior e acidental esta estranheza Fremdheit tem de aparecer como algo efetivo wirklich Tão logo aconteça ao capital ocor rência necessária ou arbitrária não mais existir para o trabalhador o trabalha dor mesmo não é mais para si ele não tem nenhum trabalho e por causa disto nenhum salário E aí ele tem existência Dasein não enquanto homem mas en quanto trabalhador podendo deixarse enterrar morrer de fome etc O traba lhador só é enquanto trabalhador assim que é para si como capital e só é como capital assim que um capital é para ele A existência Dasein do capital é sua existência sua vida tal como determina o conteúdo da sua vida de um modo indiferente a ele A economia nacional não conhece por conseguinte o traba lhador desocupado o homem que trabalha Arbeitsmenschen na medida em que ele se encontra fora da relação de trabalho O homem que trabalha Karl Marx 92 Arbeitsmensch o ladrão o vigarista o mendigo o desempregado o faminto o miserável e o criminoso são figuras Gestalten que não existem para ela mas só para outros olhos para os do médico do juiz do coveiro do administrador da miséria fantasmas situados fora de seu domínio As carências do trabalhador são assim para ela apenas a necessidade Bedürfnis de conserválo durante o trabalho a fim de que a raça dos trabalhadores não desapareça O salário possui por conseguinte exatamente o mesmo significado de conservação Unterhaltung na manutenção Standerhaltung de qualquer outro instrumento produtivo tal qual o consumo do capital em geral de modo a poder reproduzirse com juros Como o óleo que se põe na roda para mantêla em movimento O salário per tence pois aos custos obrigatórios do capital e do capitalista e não deve ultra passar a necessidade desta obrigação Foi portanto absolutamente consequente quando donos de fábricas ingleses antes da Amendment bill de 1834 deduzi ram do salário do trabalhador como parte integrante do mesmo as esmolas públicas que este recebia mediante taxas de assistência2 A produção produz o homem não somente como uma mercadoria a mercadoria humana o homem na determinação da mercadoria ela o produz nesta determinação respectiva precisamente como um ser desumani 2 Tratase da Amendment Bill proposta de emenda An Act for the Amendment and better Administration of the Laws relating to the Poor in England and Wales que entrou em vigor a partir de 14 de agosto de 1834 A referida lei impusera uma taxa de assistência Armentaxe que ocupava os aptos ao trabalho subvencionava os não aptos a ele e devia educar os filhos de pessoas pobres para o trabalho Ao contrário dessa lei o parlamento deliberara já em 1792 que também as pessoas aptas ao trabalho podiam receber da caixa de assistência subsídios Sobre este fundamento legal foi estabelecido em 1795 o chamado allowance system Depois da alta nos preços dos meios de subsistência e do aumento no número dos membros componentes das famílias foi fixado um padrão mínimo necessário para a sobrevivência Junto do salário a todo membro de família situado abaixo desse mínimo era paga a diferença a partir da caixa de assistência Esse sistema tinha por consequência que os capitalistas mantinham os salários tão baixos quanto possível e os trabalhadores apenas parcialmente colocados quando a administração dos subsídios se comprometia desde o princípio a bancar uma subvenção proveniente da caixa de assistência Em 1832 o parlamento inglês constituiu uma comissão para examinar a legislação vigente de assistência aos pobres e sua aplicação prática e preparar uma nova lei A comissão concluiu que a forma habitual de administração da subvenção aos neces sitados era a principal razão para o crescente pauperismo na Inglaterra Sua mais importante contribuição foi estabelecer a criação das casas de trabalho workhouses como o meio definitivo da legislação de assistência aos pobres e instituir uma autoridade pública central A Amendment bill de 1834 tornou efetivas as sugestões da comissão Ela proibia todo socorro em dinheiro e meios de subsistência aos desocupados capazes de trabalhar e suas famílias que deviam ser encaminhados para casas de trabalho onde sob condições desumanas eram obrigados a trabalhar e morar A respeito vide Marx K Exzerpte aus Eugène Buret De la misère des classes labourieuses en Angleterre et en France In MEGA IV2 p 555155627 e também p 4521445340 e 5062850743 Manuscritos econômicofilosóficos 93 zado entmenschtes Wesen tanto espiritual quanto corporalmente imorali dade deformação embrutecimento de trabalhadores e capitalistas Seu pro duto é a mercadoria conscientedesi e autoativa a mercadoria humana Grande progresso de Ricardo Mill etc contra Smith e Say declararem a existên cia Dasein do homem a maior ou menor produtividade humana de merca dorias como indiferente e até mesmo perniciosa3 A verdadeira finalidade da produção não seria quantos trabalhadores um capital sustenta mas sim quantos juros ele rende a soma das poupanças anuais Do mesmo modo foi um grande e consequente progresso da recente XLI economia nacio nal inglesa que ela que elevou o trabalho a único princípio da economia nacional tivesse exposto com plena lucidez e a um só tempo a relação inversa entre o salário e os juros do capital e que o capitalista regra geral apenas mediante o rebaixamento do salário possa ganhar e viceversa A relação normal seria não o prejuízo do consumidor mas o prejuízo mútuo de capitalista e trabalhador A relação Verhältnis da propriedade privada contém latente em si a relação da propriedade privada como trabalho assim como a relação dela mesma como capital e a conexão Beziehung destas duas expressões uma com a outra Por um lado tratase d a produção da atividade humana enquanto trabalho ou seja enquanto uma atividade totalmente estranha a si ao homem e à natureza e por conseguinte a consciência e a manifestação de vida Lebensäusserung também como atividade estranha a existência abstrata do homem como um puro homem que trabalha e que por isso pode precipitarse diariamente de seu pleno nada no nada absoluto e portanto na sua efetiva wirkliche nãoexistência Por outro tratase d a produção do objeto da atividade huma na como capital no qual toda determinidade natural e social do objeto está extin ta em que a propriedade privada perdeu sua qualidade natural e social ou seja perdeu todas as ilusões políticas e gregárias sem se mesclar com relação aparentemente humana alguma no qual também o mesmo capital per manece o mesmo na mais diversificada existência natural e social é completa mente indiferente ao seu conteúdo efetivo wirklicher Inhalt Esta oposição Gegensatz levada ao seu extremo é necessariamente o auge a culminância e o declínio de toda a relação Por isso é de novo uma grande façanha da mais recente economia nacional inglesa ter definido a renda da terra como sendo a diferença entre os juros da pior e da melhor terra cultivadas4 ter mostrado as ilusões românticas do proprietário fundiário a sua suposta importância social e a identidade do seu interesse com o interesse da sociedade que 3 Vide Marx Karl Exzerpte aus Guillaume Prevost Réflexions du traducteur sur le système de Ricardo In MEGA IV2 p 477 478 e 483 4 Ibid p 477 478 e 480 Karl Marx 94 Adam Smith ainda reafirmou5 seguindo os fisiocratas ter antecipado e preparado o movimento da realidade que transformará o proprietário fun diário num capitalista totalmente ordinário e prosaico pelo que se simpli ficará e agudizará a oposição e será acelerada com isso sua dissoluçãoAuflösung A terra como terra a renda da terra como renda da terra perderam com isso sua qualidade social distintiva Standesunterschied e converteramse em capital e juro Interesse que nada dizem ou antes que apenas sugam dinheiro A diferença entre capital e terra entre ganho e renda da terra e de ambos com o salário a distinção entre a indústria e a agricultura entre a propriedade privada imóvel e móvel é uma diferença ainda histórica uma diferença não fundada na essência da coisa uma formação Bildung fixada e o momento originário Entstehungsmoment da oposição entre capital e trabalho Na indús tria etc em oposição à propriedade fundiária imóvel exprimese apenas o modo originário e a oposição na qual a indústria se formou a partir da agricultu ra Enquanto espécie particular de trabalho enquanto distinção essencial impor tante abarcando a vida esta diferença subsiste somente na medida em que a indústria a vida da cidade se forma frente à posse da terra à vida aristocrática vida feudal e ainda conserva o caráter feudal de sua oposição em si mesma na forma do monopólio das profissões da guilda da corporação etc no interior de determinações nas quais o trabalho tem ainda um significado aparentemente social ainda o significado de efetiva coletividade wirkliches Gemeinwesen ainda não progrediu à indiferença para com o seu conteúdo até o completo ser para si mesmo isto é à abstração de qualquer outro ser e por isso mesmo também não chegou ainda a capital liberto freigelassenes Capital XLII Mas o necessário desenvolvimento do trabalho é a indústria liberta e cons tituída para si mesma enquanto tal e o capital liberto A potência da indústria sobre seu contrário se revela imediatamente no surgimento da agricultura como uma indústria real ao passo que anteriormente ela deixava o principal trabalho ao solo Boden e aos escravos desse solo mediante os quais este último se culti vava Com a transformação do escravo em trabalhador livre isto é em um tra balhador pago a soldo o senhor da terra Grundherr em si an sich transformou se em senhor de indústria Industrieherr em capitalista uma transformação que se exerceu em primeiro lugar por intermédio do arrendatário Mas o arren datário é o representante o mistério revelado do proprietário fundiário Grundeigentümer apenas por intermédio dele veio a ter lugar sua existência nacionaleconômica sua existência enquanto proprietário privado posto que a renda de sua terra só existe mediante a concorrência entre os arrendatários Deste modo o senhor da terra já se tornou no arrendatário essencialmente um 5 Smith Adam Recherches cit t 2 p 161 Vide também Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3562627 e também p 211612 e 3561215 Manuscritos econômicofilosóficos 95 capitalista comum E isto tem de cumprirse também na efetividade o capitalista que se dedica à agricultura o arrendatário tem de se tornar senhor da terra ou viceversa O regateio industrial Industrieschacher do arrendatário é o do pro prietário fundiário pois o ser do primeiro assenta o ser do segundo Ao se recordarem de seu nascimento antagônico sua procedência o proprietário fundiário sabe o capitalista como o seu escravo insubordinado li berto enriquecido de ontem e vêse a si próprio como capitalista ameaçado por aquele o capitalista sabe o proprietário fundiário como o senhor ocioso e cruel egoísta de ontem sabe que enquanto capitalista o prejudica ainda que deva à indústria todo o seu significado social contemporâneo seu ter e seu fruir vê nele uma oposição à indústria livre e ao capital livre independen temente de toda determinação natural esta oposição tornase extremamente amarga e dizse a verdade reciprocamente Basta apenas ler os ataques da propriedade imóvel contra a propriedade móvel e viceversa para obterse um quadro intuitivo da sua mútua infâmia O proprietário fundiário faz valer a nobreza de nascimento da sua propriedade os souvenirs recordações feu dais reminiscências a poesia da memória sua essência entusiasta sua importância política etc e se fala nacionaleconomicamente afirma que somente a agricultura seria produtiva Ele descreve ao mesmo tempo seu oponente como um indivíduo astuto mercenário critiqueiro enganador ganancioso venal rebelde sem coração nem espírito estranhado da coleti vidade e seu dilapidador usurário alcoviteiro escravo adulador insinuante tra paceiro espoliador gerador alimentador e acariciador da concorrência e por isso do pauperismo e do crime da dissolução de todos os laços sociais agiota sem honra sem princípios sem poesia sem substância sem nada Vide dentre outros o fisiocrata Bergasse que Camille Desmoulins já censurou na sua revista Révolutions de France et de Brabant6 vide também von Vincke Lancizolle Haller Leo Kosegarten7 o afetado teólogo velhohegeliano Funke que com 6 Vide Révolutions de France et de Brabant editado por Camille Desmoulins Paris 1790 no 13 Les séances des 12 13 février no 16 Le Châtelet a jugé en une séance no 23 Dans quels égarements desprit e no 26 Peutêtre mes lecteurs 7 Nos idos de julho e agosto de 1843 em Kreuznach Marx fez anotações da obra de Karl Wilhelm von Lancizolle Über Ursachen Character und Folgen der Julitage Berlim 1831 Vide Marx Karl Notizen zur Geschichte Frankreichs Deutschlands Englands uns Schwedens caderno 4 In MEGA IV2 p 156152 Marx possuía na sua biblioteca de Paris de Wilhelm Kosegarten Betrachtungen über die Veräusserlichkeit und Theilbarkeit des Landbesitzes mit besonderer Rücksicht auf einige Provinzen der Preussichen Monarchie Bonn 1842 Duran te sua colaboração na Gazeta Renana Marx ocupouse através desse escrito com o tema da alienabilidade divisão e propriedade da terra escrito esse que tinha possivelmente cone xão com o seu quarto artigo acerca dos debates da sexta dieta provincial renana Vide também Marx Karl Der Kommunismus und die Augsburger Allgemeine Zeitung In MEGA I1 p 238 e 240 Karl Marx 96 lágrimas nos olhos conta como um escravo segundo o senhor Leo quando da supressão Aufhebung da servidão recusouse a deixar de ser propriedade aristocrática8 Vide também as Fantasias patrióticas de Justus Möser que se destacam por não abandonar um só instante o horizonte íntegro pequeno burguês doméstico vulgar estúpido do filisteu e são por isso puras fantasmagorias9 Phantastereien Esta contradição fezse então interessante para a alma alemã E vide Sismondi A propriedade móvel indica por seu lado o prodígio da indústria e do movi mento é a cria da era moderna e seu filho legítimo e unigênito ela lastima o seu adversário como um pateta nãoesclarecido sobre a sua essência e isto é inteira mente correto que quer pôr no lugar do capital moral e do trabalho livre a crua violência Gewalt imoral e a servidão ela o caracteriza como um Dom Quixote que sob a aparência da retidão Gradheit da probidade do interesse universal da estabilidade esconde a incapacidade de movimento o sibarismo avarento o egoísmo o interesse particular a má intenção expõeno como um monopolista espertalhão atenua suas reminiscências sua poesia seu fanatismo mediante a enumeração histórica e sarcástica da vilania da crueldade do aviltamento da prostituição da infâmia da anarquia da revolta dos quais foram oficinas os castelos românticos XLIII A propriedade móvel teria proporcionado ao mundo a liberdade política rompido as cadeias da sociedade burguesa bürgerliche Gesellschaft unido os mundos entre si instituído o comércio filan trópico a moral pura a cultura agradável ela teria concedido ao povo em vez de suas rudes carências necessidades civilizadas e os meios para sua satisfação ao passo que o proprietário fundiário este inativo e apenas denominado agiota de cereais encareceria para o povo os primeiros meios de vida através do que forçaria o capitalista a elevar o salário sem poder elevar a força de produção e assim impediria e por fim suprimiria inteiramente o rendimento anual da nação a acumulação de capitais portanto a possibilidade de proporcionar trabalho ao povo e riqueza ao país provocaria uma bancarrota geral exploraria de modo usurário todas as vantagens da civilização moderna sem fazer o mínimo por ela e ainda por cima sem abandonar os seus preconceitos feudais Por fim ele so mente deveria olhar para o seu arrendatário ele para quem a agricultura e o próprio solo só existem enquanto uma fonte de dinheiro doada e deveria dizer se ele não é um canalha honesto fantástico astuto que no coração e na efetividade 8 Funke Georg Ludwig Wilhelm Die aus der unbeschränkten Theilbarkeit des Grundeigenthums hervorgehenden Nachtheile Hamburg Gotha 1839 p 56 Funke observa que o referido episó dio é narrado por Justus Möser em Patriothische Phantasien Berlim 1820 p 266 mas faz também referência a Heinrich Leo Studien und Skizzen zu einer Naturlehre des Staates 1833 o que pode ter levado à citação equivocada de Marx 9 Möser Justus Patriothische Phantasien cit Vide Marx K Notizen zur Geschichte Deutschlands und der USA und Exzerpte aus staats und verfassungsgeschichtlichen Werken Heft 5 In MEGA IV2 p 256265 Manuscritos econômicofilosóficos 97 de há muito pertence à indústria livre e ao encantador comércio por muito que ele também se oponha a isso e por mais que fale de recordações históricas e fins éticos ou políticos Tudo o que ele efetivamente alegue em seu proveito seria verdadeiro apenas para o cultivador da terra o capitalista e os servos do traba lho cujo inimigo seria sobretudo o proprietário fundiário ele testemunha por tanto contra si próprio Sem capital a propriedade fundiária seria matéria mor ta sem valor Seu triunfo civilizado seria justamente ter descoberto e criado no lugar da coisa morta o trabalho humano enquanto fonte de riqueza Vide Paul Louis Courier St Simon Ganilh Ricardo Mill MacCulloch Destutt de Tracy e Michel Chevalier Do efetivo curso do desenvolvimento a incluir aqui segue o necessário triunfo do capitalista isto é da propriedade privada desenvolvida sobre o proprietário fundiário não desenvolvido semidesenvolvido como aliás o movimento tem já de triunfar sobre a imobilidade a infâmia aberta e consciente de si tem de triunfar sobre a encoberta e sem consciência bewusstlose a cobiça sobre o sibarismo o interesse pessoal declarado mundano incansável muito proficiente do Iluminismo Aufklärung sobre o interesse pessoal local honesto indolente e fantástico da su perstição assim como o dinheiro tem de triunfar sobre a outra forma de proprie dade privada Os Estados que pressentem algo do perigo da indústria livre completada da moral pura completada e do comércio filantrópico completado procuram manter mas de forma totalmente inútil a capitalização da propriedade fundiária A propriedade fundiária em sua diferença em relação ao capital é a propriedade privada o capital ainda acometido por preconceitos locais e políticos o capital ainda não regressado totalmente a si a partir de seu enredamento com o mundo o capital ainda incompleto unvollendetes Capital Ele tem na marcha de sua formação mundial de chegar à sua expressão abstrata isto é pura A relação da propriedade privada é trabalho capital e a relação entre ambos Os movimentos que essa estrutura deverá percorrer são Primeiro a unidade imediata ou mediata de ambos Capital e trabalho primeiramente ainda unidos depois com efeito sepa rados e estranhados mas elevandose e fomentandose hebend und fördernd reciprocamente enquanto condições positivas Contraposição de ambos Excluemse reciprocamente e o trabalhador sabe o capitalista como sua nãoexistência Nichtdasein e viceversa cada um pro cura arrancar do outro sua existência sein Dasein Contraposição de cada um contra si mesmo Capital trabalho acumulado trabalho Enquanto tal decompondose em si e nos seus juros da mesma forma que estes novamente em juros e ganho Sacrifício pleno do capitalista Ele decai na classe trabalhadora da mesma forma que o trabalhador mas só excepcionalmente se torna capitalista O trabalho como sendo um Karl Marx 98 momento do capital seus custos Portanto o salário como um sacrifício do capital10 Trabalho decompõese em si e no salário O trabalhador mesmo como sendo um capital uma mercadoria Oposição recíproca hostil 1 0 Vide Engels Friedrich Umrisse zu einer Kritik der Nationalökonomie In Deutschefranzösische Jahrbücher editado por Arnold Ruge e Karl Marx Paris 1844 p 99100 Manuscritos econômicofilosóficos 99 CADERNO III COMPLEMENTO AO CADERNO II PÁGINA XXXVI PROPRIEDADE PRIVADA E TRABALHO I ad pag XXXVI A essência subjetiva da propriedade privada a propriedade privada enquanto atividade sendo para si enquanto sujeito enquanto pessoa é o trabalho Compreendese portanto que só a economia nacional que reconhe ceu o trabalho como seu princípio Adam Smith não sabia a propriedade privada apenas como um estado exterior ao homem que essa economia nacio nal é considerada por um lado como um produto da energia efetiva e do movi mento da propriedade privada ela é o movimento independente da propriedade privada tornado para si na consciência a indústria moderna como si mesma Selbst como um produto da indústria moderna e como ela por outro acele rou glorificou a energia e o desenvolvimento dessa indústria e fez deles um poder da consciência Como fetichistas como católicos aparecem por isso a essa economia nacional esclarecida que descobriu a essência subjetiva da riqueza no interior da propriedade privada os partidários do sistema monetário e do siste ma mercantilista que sabem a propriedade privada enquanto uma essência so mente objetiva para o homem Engels chamou por isso com razão Adam Smith de Lutero nacionaleconômico1 Tal como Lutero reconheceu a fé como a essência do mundo exterior da religião e por isso contrapôsse ao paganismo católico tal como ele suprimiu aufhob a religiosidade externa enquanto fazia da religiosida de a essência interna do homem tal como ele negou o padre existindo fora do leigo porque deslocou o padre para o coração do leigo assim fica suprimida aufgehoben a riqueza existente fora do homem e dele independente portanto apenas afirmada e mantida de um modo exterior isto é esta sua objetividade externa sem pensamento é suprimida na medida em que a propriedade privada se incorpora ao próprio homem e reconhece o próprio homem enquanto sua es sência mas assim o próprio homem é posto na determinação da propriedade privada tal como em Lutero o homem é posto na determinação da reli 1 Vide Engels Friedrich Umrisse zu einer Kritik der Nationalökonomie cit p 91 Diz Engels Enquanto porém o Lutero econômico Adam Smith criticava a economia atual as coisas tinham se modificado bastante Karl Marx 100 gião2 Sob a aparência de um reconhecimento do homem também a economia nacional cujo princípio é o trabalho é antes de tudo apenas a realização consequente da renegação do homem na medida em que ele próprio não mais está numa tensão externa com a essência externa da propriedade privada mas ele próprio se tornou essa essência tensa da propriedade privada O que antes era serexternoasi sich Äusserlichsein exteriorização Entäusserung real do homem tornouse apenas ato de exteriorização de venda Veräusserung Se portanto aquela economia nacional inicia sob a aparência do reconhecimento do homem de sua independência de sua autoatividade e do jeito que ela desloca a propriedade privada para a própria essência do homem que já não pode mais ser condicionada pelas determinações locais nacionais etc da propriedade priva da como uma essência existente fora dela desenvolvendo portanto uma energia cosmopolita universal que derruba toda barreira todo vínculo para se colocar na posição de única política única universalidade única barreira e único vínculo então ela tem de junto do desenvolvimento mais avançado deitar abai xo esta hipocrisia distinguirse no seu pleno cinismo e ela o faz na medida em que despreocupada com todas as contradições aparentes nas quais esta doutri na a enreda desenvolve mais unilateralmente portanto mais aguda e consequentemente o trabalho enquanto a única essência da riqueza na medida em que prova que as consequências dessa doutrina em oposição àquela con cepção originária são antes inimigas do homem e por fim desfere o golpe de morte à última existência individual natural da propriedade privada e fonte da riqueza existente independentemente do movimento do trabalho desfere o golpe de morte à renda da terra essa expressão da propriedade feudal tornada inteiramente nacionaleconômica e por isso incapaz de resistência à economia nacional Escola de Ricardo3 O cinismo da economia nacional não apenas au menta relativamente ao passar de Smith para Say para chegar enfim até Ricardo Mill etc mais que isso aos olhos dos últimos as consequências da indústria surgem mais desenvolvidas e mais contraditórias mas também positivamente eles vão sempre e conscientemente mais longe no estranhamento contra o ho mem do que seus predecessores porém apenas porque a sua ciência se desen volve mais consequente e verdadeiramente Na medida em que fazem da proprie dade privada em sua figura ativa sujeito acabam fazendo ao mesmo tempo do homem essência e simultaneamente do homem enquanto nãoser ser assim mesmo a contradição da efetividade corresponde plenamente à essência contra ditória que eles reconheceram como princípio A efetividade II dilacerada da indústria confirma seu princípio dilacerado em si muito antes de o refutar Seu princípio é sim o princípio desse dilaceramento 2 Vide Marx Karl Zur Kritik Einleitung MEGA IV2 p 1773137 3 Vide Marx Karl Exzerpte aus John Ramsay MacCulloch Discours sur lorigine les progrès les objects particuliers et limportance de léconomie politique In MEGA IV2 p 474475 Manuscritos econômicofilosóficos 101 A doutrina fisiocrática do Dr Quesnay constitui a transição do sistema mercantilista para Adam Smith A fisiocracia é de modo imediato a dissolução nacionaleconômica da propriedade feudal mas precisamente por isso é de modo imediato a transformação nacionaleconômica a recomposição Wiederherstellung da mesma agora com uma linguagem que se torna econô mica e não mais feudal Toda a riqueza é resolvida na terra e no cultivo da terra agricultura a terra não é ainda capital ela é ainda um modo particular de exis tência do mesmo que deve valer em sua e pela sua particularidade natural mas a terra é contudo um elemento universalnatural ao passo que o sistema mercantilista somente conhece como existência da riqueza o metal nobre O ob jeto da riqueza sua matéria recebeu logo portanto a mais alta universalidade no interior do fronteira natural enquanto que como natureza é imediatamente riqueza objetiva E a terra só é para o homem mediante o trabalho a agricultura Desta forma a essência subjetiva da riqueza já é transferida para o trabalho A agricultura é porém ao mesmo tempo o trabalho unicamente produtivo Assim o trabalho não é ainda apreendido em sua universalidade e abstração ainda está ligado a um elemento natural particular como sendo sua matéria portanto ele também ainda é reconhecido apenas num modo de existência particular determi nado pela natureza O trabalho é por isso primeiramente uma exteriorização Entäusserung determinada particular do homem da mesma maneira que o seu produto também é apreendido como um produto determinado riqueza que cabe mais ainda à natureza que a ele próprio A terra ainda é aqui reconhecida como uma existência da natureza Naturdasein independente do homem ainda não como capital isto é como um momento do trabalho mesmo O trabalho aparece antes como momento dela Mas enquanto o fetichismo da velha riqueza externa existente apenas como objeto se reduz a um elemento natural muito simples e sua essência já é reconhecida dentro de sua existência subjetiva mes mo que parcialmente e de uma forma particular o necessário passo a frente é que a essência universal da riqueza seja reconhecida e portanto o trabalho em sua completa absolutidade Absolutheit isto é abstração seja elevado a princípio É provado à fisiocracia que a agricultura do ponto de vista econômico portanto o único legítimo não difere de nenhuma outra indústria portanto não um trabalho determinado um trabalho ligado a um elemento particular uma externação particular de trabalho mas o trabalho em geral é a essência da riqueza A fisiocracia nega a riqueza particular externa apenas objetiva ao declarar o trabalho como sua essência Mas em primeiro lugar o trabalho é para ela apenas a essência subjetiva da propriedade fundiária ela parte do tipo de propriedade que aparece historicamente como sendo a dominante e reconhecida ela somente deixa a propriedade fundiária tornarse homem exteriorizado Suprime seu caráter feudal ao declarar a indústria agricultura como sua essência mas ela se relaciona com o mundo da indústria negandoo reconhece o modo feudal ao declarar a agricultura como a única indústria Karl Marx 102 Compreendese que tão logo seja apreendida a essência subjetiva da indústria em oposição à propriedade fundiária isto é a indústria se constituindo enquanto indústria essa essência encerra em si aquela sua oposição Pois assim como a indústria abarca a propriedade fundiária suprassumida também sua essência subje tiva abarca a essência subjetiva da propriedade fundiária Assim como a propriedade fundiária é a primeira forma de propriedade privada assim como a indústria historicamente se lhe defronta antes de tudo simplesmente como uma espécie particular de propriedade ou melhor é o escravo liberto da propriedade fundiária assim este processo se repete jun to da apreensão científica da essência subjetiva da propriedade privada do trabalho e do trabalho que aparece em primeiro lugar somente enquanto tra balho de cultivo da terra Landbauarbeit mas que se faz valer depois como trabalho em geral III Toda a riqueza se tornou riqueza industrial riqueza do trabalho e a indústria é o trabalho completado assim como a essência fabril é a essência desenvolvida da indústria isto é do trabalho e o capital indus trial é a figura objetiva tornada completa da propriedade privada Conforme podemos constatar agora somente a propriedade privada a partir de seu surgimento pode exercer o seu pleno domínio sobre o homem e tornarse na forma mais universal um poder históricomundial Manuscritos econômicofilosóficos 103 COMPLEMENTO AO CADERNO II PÁGINA XXXIX PROPRIEDADE PRIVADA E COMUNISMO ad p XXXIX Mas a oposição entre sem propriedade Eigentumslosigkeit e proprie dade é ainda mais indiferente não tomada em sua relação ativa em sua relação interna nem tomada como contradição enquanto ela não for concebida como a oposição entre o trabalho e o capital Também sem o movimento avançado da propriedade privada na Roma antiga na Turquia etc esta oposição pode se expressar na primeira figura erste Gestalt Assim ela ainda não aparece como posta pela propriedade privada mesma Mas o trabalho a essência subjetiva da propriedade privada enquanto exclusão da propriedade e o capital o trabalho objetivo enquanto exclusão do trabalho são a propriedade privada enquanto sua relação desenvolvida da contradição e por isso uma relação enérgica que tende à solução ad ibidem A suprassunção do estranhamentodesi faz o mesmo caminho que o estranhamentodesi Considerase primeiro a propriedade privada só em seu aspecto objetivo mas ainda assim o trabalho como a sua essência A sua forma de existência é portanto o capital que deve ser suprimido enquanto tal Proudhon Ou o modo particular do trabalho enquanto trabalho nivelado parcelado e por isso nãolivre é apreendido como a fonte da nocividade da propriedade privada e da sua existência estranhada do homem Fourier que correspondentemente aos fisiocratas apreende mais uma vez o trabalho da agri cultura pelo menos como o trabalho por excelência ao passo que SaintSimon ao contrário declara o trabalho da indústria como tal como a essência e pretende também a dominação exclusiva dos industriais e a melhoria da situação dos tra balhadores O comunismo é finalmente a expressão positiva da propriedade privada suprassumida acima de tudo a propriedade privada universal Ao apre ender esta relação em sua universalidade ele é 1 só uma generalização e aperfei çoamento da mesma em sua primeira figura como tal mostrase em uma figura duplicada uma vez o domínio da propriedade coisal sachliche é tão grande frente a ele que ele quer aniquilar tudo que não é capaz de ser possuído por todos como propriedade privada ele quer abstrair de um modo violento do talento etc a posse imediata física lhe vale como a finalidade única da vida e da existência a determinação de trabalhador não é suprassumida mas estendida a todos os ho Karl Marx 104 mens a relação da propriedade privada permanece sendo a relação da comu nidade com o mundo das coisas Sachenwelt finalmente este movimento de contrapor a propriedade privada universal à propriedade privada se exprime na forma animal na qual o casamento que é certamente uma forma de propriedade privada exclusiva é contraposto à comunidade das mulheres no qual a mulher vem a ser portanto uma propriedade comunitária e comum Podese dizer que esta ideia da comunidade das mulheres é o segredo expresso deste comunismo ainda totalmente rude e irrefletido Assim como a mulher sai do casamento e entra na prostituição universal também o mundo inteiro da riqueza isto é da essência objetiva do homem caminha da relação de casamento exclusivo com o proprietário privado em direção à relação de prostituição universal com a comu nidade Este comunismo que por toda a parte nega a personalidade do homem é precisamente apenas a expressão consequente da propriedade privada que por sua vez é esta negação A inveja universal constituindose enquanto poder é a forma oculta na qual a cobiça se estabelece e apenas se satisfaz de um outro modo A ideia de toda propriedade privada como tal propriedade está pelo menos voltada contra a propriedade mais rica como inveja e desejo de nivelamento de tal modo que estes inclusive constituem a essência da concorrência O comu nista rude é só o aperfeiçoamento desta inveja e deste nivelamento a partir do mínimo representado Ele tem uma medida determinada limitada Quão pouco esta suprassunção da propriedade privada é uma apropriação efetiva provao precisamente a negação abstrata do mundo inteiro da cultura Bildung e da civilização o retorno à simplicidade IV não natural do ser humano pobre e sem carências que não ultrapassou a propriedade privada e nem mesmo até ela chegou A comunidade é apenas uma comunidade do trabalho e da igualdade do salário que o capital comunitário a comunidade enquanto o capitalista universal paga Ambos os lados da relação estão elevados a uma universalidade representada o trabalho como a determinação na qual cada um está posto o capital enquanto a universalida de reconhecida e como poder da comunidade Na relação com a mulher como presa e criada da volúpia comunitária está expressa a degradação infinita na qual o ser humano existe para si mesmo pois o segredo desta relação tem a sua expressão inequívoca decisiva evidente desven dada na relação do homem com a mulher e no modo como é apreendida a relação genérica imediata natural A relação imediata natural necessária do homem com o homem é a relação do homem com a mulher Nesta relação gené rica natural a relação do homem com a natureza é imediatamente a sua relação com o homem assim como a relação com o homem é imediatamente a sua relação com a natureza a sua própria determinação natural Nesta relação fica sensivelmente claro portanto e reduzido a um factum intuível até que ponto a essência humana veio a ser para o homem natureza ou a natureza veio a ser essência humana do homem A partir desta relação podese julgar portanto o completo nível de formação die ganze Bildungsstufe do homem Do caráter Manuscritos econômicofilosóficos 105 desta relação seguese até que ponto o ser humano veio a ser e se apreendeu como ser genérico como ser humano a relação do homem com a mulher é a relação mais natural do ser humano com o ser humano Nessa relação se mostra também até que ponto o comportamento natural do ser humano se tornou hu mano ou até que ponto a essência humana se tornou para ele essência natural até que ponto a sua natureza humana tornouse para ele natureza Nesta relação também se mostra até que ponto a carência do ser humano se tornou carência humana para ele portanto até que ponto o outro ser humano como ser humano se tornou uma carência para ele até que ponto ele em sua existência mais indi vidual é ao mesmo tempo coletividade Gemeinwesen A primeira suprassunção positiva da propriedade privada o comunismo rude é portanto apenas uma forma fenomênica Erscheinungsform da infâmia da pro priedade privada que quer se assentar como a coletividade positiva 2 O comunismo a ainda de natureza política democrático ou despótico b com supressão do Estado mas simultaneamente ainda incompleto sempre ain da com a essência afetada pela propriedade privada ou seja pelo estranhamento do ser humano Em ambas as formas o comunismo já se sabe como reintegração ou retorno do homem a si como suprassunção do estranhamentodesi humano mas enquanto ele não apreendeu ainda a essência positiva da propriedade privada e muito menos a natureza humana da carência ele ainda continua embaraçado na mesma e por ela infectado Ele certamente apreendeu o seu conceito mas ainda não sua essência 3 O comunismo na condição de suprassunção Aufhebung positiva da proprie dade privada enquanto estranhamentodesi Selbstentfremdung humano e por isso enquanto apropriação efetiva da essência humana pelo e para o homem Por isso tratase do retorno pleno tornado consciente e interior a toda riqueza do desenvolvimento até aqui realizado retorno do homem para si enquanto homem social isto é humano Este comunismo é enquanto naturalismo consumado humanismo e enquanto humanismo consumado naturalismo Ele é a verdadeira dissolução Auflösung do antagonismo do homem com a natureza e com o ho mem a verdadeira resolução Auflösung do conflito entre existência e essência entre objetivação e autoconfirmação Selbstbestätigung entre liberdade e neces sidade Notwendigkeit entre indivíduo e gênero É o enigma resolvido da história e se sabe como esta solução V O movimento total da história é por isso assim como o seu do comunis mo ato efetivo wirklich de geração o ato de nascimento da sua existência empírica também para a sua consciência pensante o movimento concebido e sabido do seu vir a ser enquanto aquele comunismo ainda incompleto procura para si uma prova histórica a partir de figuras históricas singulares que se con trapõem à propriedade privada uma prova no existente ao mesmo tempo que arranca do movimento momentos singulares um cavalo em que montam parti cularmente Cabet Villegardelle etc e os fixa como provas de sua pureza histó rica de sangue com o que precisamente evidencia que a parte Karl Marx 106 desproporcionalmente maior deste movimento contradiz as suas afirmações e que se ele uma vez foi algo existente precisamente seu ser passado desmente a pretensão de essência Que no movimento da propriedade privada precisamente da Economia o movimento revolucionário inteiro encontra tanto a sua base empírica quanto teórica disso é fácil reconhecer a necessidade Notwendigkeit A propriedade privada material imediatamente sensível sinnliche é a ex pressão materialsensível da vida humana estranhada Seu movimento a pro dução e o consumo é a manifestação Offenbarung sensível do movimento de toda produção até aqui isto é realização ou efetividade do homem Religião família Estado direito moral ciência arte etc são apenas formas particulares da produção e caem sob a sua lei geral A suprassunção Aufhebung positiva da propriedade privada enquanto apropriação da vida humana é por conseguinte a suprassunção positiva de todo estranhamento Entfremdung portanto o retor no do homem da religião família Estado etc à sua existência Dasein humana isto é social O estranhamento religioso enquanto tal somente se manifesta na região da consciência do interior humano mas o estranhamento econômico é o da vida efetiva sua suprassunção abrange por isso ambos os lados Com preendese que entre os diferentes povos o movimento tome o seu primeiro começo conforme a verdadeira vida reconhecida do povo se processa mais na consciência ou no mundo exterior seja mais a vida ideal ou real O comunismo começa de imediato Owen com o ateísmo mas o ateísmo está primeiramente ainda muito longe de ser comunismo assim como esse ateísmo é ainda uma abstração A filantropia do ateísmo é por conseguinte primeiramente apenas uma filantropia filosófica abstrata a do comunismo de imediato é real e imedia tamente distendida ao efeito Wirkung Vimos como sob o pressuposto da propriedade privada positivamente suprassumida o homem produz o homem a si mesmo e ao outro homem assim como produz o objeto que é o acionamento Betätigung imediato da sua indi vidualidade e ao mesmo tempo a sua própria existência para o outro homem para a existência deste e a existência deste para ele Igualmente tanto o mate rial de trabalho quanto o homem enquanto sujeito são tanto resultado quanto ponto de partida do movimento e no fato de eles terem de ser este ponto de partida reside precisamente a necessidade histórica da propriedade privada Portanto o caráter social é o caráter universal de todo o movimento assim como a sociedade mesma produz o homem enquanto homem assim ela é produzida por meio dele A atividade Tätigkeit e a fruição assim como o seu conteúdo são também os modos de existência segundo a atividade social e a fruição social A essência humana da natureza está em primeiro lugar para o homem social pois é primeiro aqui que ela existe para ele na condição de elo com o homem na condição de existência sua para o outro e do outro para ele é primeiro aqui que ela existe como fundamento da sua própria existência humana assim como tam bém na condição de elemento vital da efetividade humana É primeiro aqui que a Manuscritos econômicofilosóficos 107 sua existência natural se lhe tornou a sua existência humana e a natureza se tornou para ele o homem Portanto a sociedade é a unidade essencial completa da vollendete do homem com a natureza a verdadeira ressurreição da nature za o naturalismo realizado do homem e o humanismo da natureza levado a efeito A prostituição é somente uma expressão particular da prostituição universal do trabalhador e posto que a prostituição é uma relação na qual entra não só o pros tituído mas também o prostituidor cuja infâmia é ainda maior assim cai tam bém o capitalista etc nessa categoria VI A atividade social e a fruição social de modo algum existem unicamente na forma de uma atividade imediatamente comunitária e de uma fruição imedia tamente comunitária ainda que a atividade comunitária e a fruição comunitária isto é a atividade e a fruição que imediatamente em sociedade efetiva com outros homens se externam e confirmam efetuarseão em toda parte onde aquela expressão imediata da sociabilidade Gesellschaftlichkeit se fundamente na essência do seu conteúdo e esteja conforme à sua natureza Posto que também sou cientificamente ativo etc uma atividade que rara mente posso realizar em comunidade imediata com outros então sou ativo soci almente porque o sou enquanto homem Não apenas o material da minha ativi dade como a própria língua na qual o pensador é ativo me é dado como produto social a minha própria existência é atividade social por isso o que faço a partir de mim faço a partir de mim para a sociedade e com a consciência de mim como um ser social Minha consciência universal é apenas a figura teórica daquilo de que a coletividade real o ser social é a figura viva ao passo que hoje em dia a consciência universal é uma abstração da vida efetiva e como tal se defronta hostilmente a ela Por isso também a atividade da minha consciência universal enquanto uma tal atividade é minha existência teórica enquanto ser social Acima de tudo é preciso evitar fixar mais uma vez a sociedade como abstra ção frente ao indivíduo O indivíduo é o ser social Sua manifestação de vida mesmo que ela também não apareça na forma imediata de uma manifestação comunitária de vida realizada simultaneamente com outros é por isso uma externação e confirmação da vida social A vida individual e a vida genérica do homem não são diversas por mais que também e isto necessariamente o modo de existência da vida individual seja um modo mais particular ou mais universal da vida genérica ou quanto mais a vida genérica seja uma vida indivi dual mais particular ou universal Como consciência genérica o homem confirma sua vida social real e apenas repete no pensar a sua existência efetiva tal como inversamente o ser genérico se confirma na consciência genérica e é em sua universalidade como ser pensante para si Karl Marx 108 O homem por mais que seja por isso um indivíduo particular e precisa mente sua particularidade faz dele um indivíduo e uma coletividade efetivo individual wirkliches individuelles Gemeinwesen é do mesmo modo tanto a totalidade a totalidade ideal a existência subjetiva da sociedade pensada e senti da para si assim como ele também é na efetividade tanto como intuição e fruição efetiva da existência social quanto como uma totalidade de externação humana de vida Pensar e ser são portanto certamente diferentes mas estão ao mesmo tempo em unidade mútua A morte aparece como uma dura vitória do gênero sobre o indivíduo de terminado e contradiz a sua unidade mas o indivíduo determinado é apenas um ser genérico determinado e enquanto tal mortal 4 Assim como a propriedade privada é apenas a expressão sensível de que o homem se torna simultaneamente objetivo para si e simultaneamente se torna antes um objeto estranho e não humano unmenschlich que sua externação de vida é sua exteriorização de vida sua efetivação a negação da efetivação Entwirklichung uma efetividade estranha assim a supras sunção positiva da propriedade privada ou seja a apropriação sensível da essên cia e da vida humanas do ser humano objetivo da obra humana para e pelo homem não pode ser apreendida apenas no sentido da fruição imediata unilateral não somente no sentido da posse no sentido do ter O homem se apropria da sua essência omnilateral de uma maneira omnilateral portanto como um homem total Cada uma das suas rela ções humanas com o mundo ver ouvir cheirar degustar sentir pensar intuir perceber querer ser ativo amar enfim todos os órgãos da sua individualidade assim como os órgãos que são imediatamente em sua forma como órgãos comunitários VII são no seu comportamento objetivo ou no seu comportamen to para com o objeto a apropriação do mesmo a apropriação da efetivida de humana seu comportamento para com o objeto é o acionamento da efetividade humana por isso ela é precisamente tão multíplice vielfach quanto multíplices são as determinações essenciais e atividades humanas eficiência humana e sofri mento humano pois o sofrimento humanamente apreendido é uma autofruição do ser humano A propriedade privada nos fez tão cretinos e unilaterais que um objeto somente é o nosso objeto se o temos portanto quando existe para nós como capital ou é por nós imediatamente possuído comido bebido trazido em nosso corpo habi tado por nós etc enfim usado Embora a propriedade privada apreenda todas estas efetivações imediatas da própria posse novamente apenas como meios de vida e a vida à qual servem de meio é a vida da propriedade privada trabalho e capitalização O lugar de todos os sentidos físicos e espirituais passou a ser ocupado por tanto pelo simples estranhamento de todos esses sentidos pelo sentido do ter A esta absoluta miséria tinha de ser reduzida a essência humana para com isso Manuscritos econômicofilosóficos 109 trazer para fora de si sua riqueza interior Sobre a categoria do ter vide Hess nas Vinte e uma páginas de impressão1 A suprassunção da propriedade privada é por conseguinte a emancipação com pleta de todas as qualidades e sentidos humanos mas ela é esta emancipação justa mente pelo fato desses sentidos e propriedades terem se tornado humanos tanto subjetiva quanto objetivamente O olho se tornou olho humano da mesma forma como o seu objeto se tornou um objeto social humano proveniente do homem para o homem Por isso imediatamente em sua práxis os sentidos se tornaram teoréticos Relacionamse com a coisa por querer a coisa mas a coisa mesma é um comporta mento humano objetivo consigo própria e com o homem e viceversa Eu só posso em termos práticos relacionarme humanamente com a coisa se a coisa se relaciona humanamente com o homem A carência ou a fruição perderam assim a sua natu reza egoísta e a natureza a sua mera utilidade Nützlichkeit na medida em que a utilidade Nutzen se tornou utilidade humana Da mesma maneira os sentidos e o espírito do outro homem se tornaram a minha própria apropriação Além destes órgãos imediatos formamse por isso ór gãos sociais na forma da sociedade logo por exemplo a atividade em imediata sociedade com outros etc tornouse um órgão da minha externação de vida e um modo da apropriação da vida humana Compreendese que o olho humano frui de forma diversa da que o olho rude não humano frui o ouvido humano diferentemente da do ouvido rude etc Nós vimos O homem só não se perde em seu objeto se este lhe vem a ser como objeto humano ou homem objetivo Isto só é possível na medida em que ele vem a ser objeto social para ele em que ele próprio se torna ser social gesellschaftliches Wesen assim como a sociedade se torna ser Wesen para ele neste objeto Consequentemente quando por um lado para o homem em sociedade a efetividade objetiva gegenständliche Wirklichkeit se torna em toda parte 1 A respeito cf Hess Moses Philosophie der That In Einundzwanzig Bogen aus der Schweiz editado por Georg Herwegh Zürich Winterthur 1843 primeira parte p 329 A propriedade material é o ser para si Fürsichsein do espírito tornado ideia fixa Porque ele concebe o trabalho a elaboração ou manifestação ativa Hinausarbeiten de seu si não como seu ato livre como sua própria vida espiritual mas o compreende como um outro material está também obrigado a conservarse para si mesmo não se perder na infinitude chegar ao seu ser para si Mas a propriedade termina aquela que enclausura o espírito que deve ser a saber seu ser para si quando a ação não está na criação mas no resultado o universo enquanto ser para si do espírito a ilusão Phantom a apresentação do espírito enquanto seu conceito efêmero compreende seu seroutro enquanto seu ser para si e com ambas as mãos é conservado Isto é precisamente a mania do ser Seinsucht ou seja o sentido que subsiste enquanto indivi dualidade determinada enquanto eu delimitado enquanto essência finita que conduz à mania do ter Habsucht Isto é novamente a negação de toda determinidade do eu abstrato e do comunismo abstrato o resultado da insignificante coisa em si Ding an sich do criticismo e da revolução do insatisfeito dever Sollens que levou ao ser e ao ter Que se transformou de verbo auxiliar em substantivo Karl Marx 110 efetividade das forças essenciais humanas menschliche Wesenskräfte enquanto efetividade humana e por isso efetividade de suas próprias forças essenciais todos os objetos tornamse a objetivação de si mesmo para ele objetos que realizam e confirmam sua individualidade enquanto objetos seus isto é ele mes mo tornase objeto Como se tornam seus para ele depende da natureza do objeto e da natureza da força essencial que corresponde a ela pois precisamente a determinidade desta relação forma o modo particular e efetivo da afirmação Ao olho um objeto se torna diferente do que ao ouvido e o objeto do olho é um outro que o do ouvido A peculiaridade de cada força essencial é precisamente a sua essência peculiar portanto também o modo peculiar da sua objetivação do seu ser vivo objetivoefetivo gegenständliches wirkliches lebendiges Sein Não só no pensar VIII portanto mas com todos os sentidos o homem é afirmado no mundo objetivo Por outro lado subjetivamente apreendido assim como a música desperta primeiramente o sentido musical do homem assim como para o ouvido não musical a mais bela música não tem nenhum sentido é nenhum objeto porque o meu objeto só pode ser a confirmação de uma das minhas forças essenciais portanto só pode ser para mim da maneira como a minha força essencial é para si como capacidade subjetiva porque o sentido de um objeto para mim só tem sentido para um sentido que lhe corresponda vai precisamente tão longe quanto vai o meu sentido por causa disso é que os sentidos do homem social são sentidos outros que não os do não social é apenas pela riqueza objetivamente desdobra da da essência humana que a riqueza da sensibilidade humana subjetiva que um ouvido musical um olho para a beleza da forma em suma as fruições humanas todas se tornam sentidos capazes sentidos que se confirmam como forças es senciais humanas em parte recémcultivados em parte recémengendrados Pois não só os cinco sentidos mas também os assim chamados sentidos espiritu ais os sentidos práticos vontade amor etc numa palavra o sentido humano a humanidade dos sentidos vem a ser primeiramente pela existência do seu obje to pela natureza humanizada A formação dos cinco sentidos é um trabalho de toda a história do mundo até aqui O sentido constrangido à carência prática rude também tem apenas um sentido tacanho Para o homem faminto não existe a forma humana da comida mas somente a sua existência abstrata como alimento poderia ela justamente existir muito bem na forma mais rudimentar e não há como di zer em que esta atividade de se alimentar se distingue da atividade animal de alimentarse O homem carente cheio de preocupações não tem nenhum sentido para o mais belo espetáculo o comerciante de minerais vê apenas o valor mercantil mas não a beleza e a natureza peculiar do mineral ele não tem sentido mineralógico algum portanto a objetivação da essência huma na tanto do ponto de vista teórico quanto prático é necessária tanto para fazer humanos os sentidos do homem quanto para criar sentido humano correspon dente à riqueza inteira do ser humano e natural Manuscritos econômicofilosóficos 111 Assim como pelo movimento da propriedade privada e da sua riqueza assim como da sua miséria ou da riqueza e miséria materiais e espirituais a sociedade que vem a ser encontra todo o material para esta formação assim também a sociedade que veio a ser produz o homem nesta total riqueza da sua essência o homem plenamente rico e profun do enquanto sua permanente efetividade Vêse como subjetivismo e objetivismo espiritualismo e materialismo atividade e sofrimento perdem a sua oposição apenas quando no estado social e por causa disso a sua existência enquanto tais oposições vêse como a própria resolução das oposições teóricas só é possível de um modo prático só pela energia prática do homem e por isso a sua solução de maneira alguma é apenas uma tarefa do conhecimento mas uma efetiva tarefa vital que a filosofia não pôde resolver precisamente porque a tomou apenas como tarefa teórica Vêse como a história da indústria e a existência objetiva da indústria confor me veio a ser são o livro aberto das forças essenciais humanas a psicologia huma na presente sensivelmente a qual não foi até agora apreendida em sua conexão com a essência do homem mas sempre apenas numa relação externa de utilida de porque movendose no interior do estranhamento só sabia apreender enquanto efetividade das forças essenciais humanas e enquanto atos genéricos humanos a existência universal do homem a religião ou a história na sua essên cia universalabstrata enquanto política arte literatura etc IX Na indústria material comum que justamente se apreende tanto como uma parte daquele movimento universal quanto se pode fazer dela mesma uma parte particular da indústria já que toda a atividade humana até agora era trabalho portanto in dústria atividade estranhada de si mesma temos diante de nós as forças essen ciais objetivadas do homem sob a forma de objetos sensíveis estranhos úteis sob a forma do estranhamento Uma psicologia para a qual este livro portanto pre cisamente a parte mais presente e perceptível de modo sensível a parte mais acessível da história está fechado não podendo se tornar uma ciência real plena de conteúdo efetivo O que se deve pensar em geral de uma ciência que abstrai solenemente desta grande parte do trabalho humano e não sente em si mesma a sua incompletude enquanto uma riqueza do fazer humano assim ex pandida nada lhe diz senão talvez o que se pode dizer numa palavra carência carência comum As ciências naturais desenvolveram uma enorme atividade e se apropriaram de um material sempre crescente Entretanto a filosofia permaneceu para elas tão estranha justamente quanto elas permaneceram estranhas para a filosofia A fusão momentânea foi apenas uma ilusão fantástica Havia a vontade mas falta va a capacidade A própria historiografia só de passagem leva em consideração a ciência natural como momento do esclarecimento Aufklärung da utilidade de grandes descobertas singulares Mas quanto mais a ciência natural interveio de modo prático na vida humana mediante a indústria reconfiguroua e prepa rou a emancipação humana tanto mais teve de completar de maneira imediata Karl Marx 112 a desumanização A indústria é a relação histórica efetiva da natureza e portan to da ciência natural com o homem por isso se ela é apreendida como revela ção exotérica das forças essenciais humanas então também a essência humana da natureza ou a essência natural do homem é compreendida dessa forma e por isso a ciência natural perde a sua orientação abstratamente material ou antes idealista tornandose a base da ciência humana como agora já se tornou ainda que em figura estranhada a base da vida efetivamente humana uma outra base para a vida uma outra para a ciência é de antemão uma mentira A natureza que vem a ser na história humana no ato de surgimento da história humana é a natureza efetiva do homem por isso a natureza assim como vem a ser por intermédio da indústria ainda que em figura estranhada é a natureza antropoló gica verdadeira A sensibilidade vide Feuerbach tem de ser a base de toda ciência Apenas quando esta parte daquela na dupla figura tanto da consciência sensível quanto da carência sensível portanto apenas quando a ciência parte da natureza ela é ciência efetiva2 A fim de que o homem se torne objeto da consciência sensível e a carência do homem enquanto homem se torne necessidade Bedürfnis para isso a história inteira é a história da preparação a história do desenvolvimento A história mesma é uma parte efetiva da história natural do devir da natureza até ao homem Tanto a ciência natural subsumirá mais tarde precisamente a ciência do homem quanto a ciência do homem subsumirá sob si a ciência natural será uma ciência X O homem é o objeto imediato da ciência natural pois a natureza sensível imediata para o homem é imediatamente a sensibilidade humana uma expressão idêntica imediatamente como o homem outro existindo sensivel mente para ele pois sua própria sensibilidade primeiramente existe por intermé dio do outro homem enquanto sensibilidade humana para ele mesmo Mas a natureza é o objeto imediato da ciência do homem O primeiro objeto do homem o homem é natureza sensibilidade e as forças essenciais humanas sensíveis particulares tal como encontram apenas em objetos naturais sua efetivação ob jetiva essas forças essenciais humanas podem encontrar apenas na ciência do ser natural em geral seu conhecimento de si O elemento do próprio pensar o elemento da externação de vida do pensamento a linguagem é de natureza sen sível A efetividade social da natureza e a ciência natural humana ou a ciência natural do homem são expressões idênticas Vêse como o lugar da riqueza e da miséria nacionaleconômicas é ocupado pelo homem rico e pela necessidade Bedürfnis humana rica O homem rico é simultaneamente o homem carente de uma totalidade da manifestação humana de vida O homem no qual a sua efetivação própria existe como necessidade 2 Feuerbach Ludwig Vorläufige Thesen zur Reformation der Philosophie In Anekdota zur neuesten deutschen Philosophie und Publicistik editado por Arnold Ruge vol 2 Zürich Winterthur 1843 p 8485 E também do mesmo autor Grundsätze der Philosophie der Zukunft Zürich Winterthur 1843 p 5870 Manuscritos econômicofilosóficos 113 Notwendigkeit interior como falta Not Não só a riqueza também a pobreza do homem consegue na mesma medida sob o pressuposto do socialismo uma significação humana e portanto social Ela é o elo passivo que deixa sentir ao homem a maior riqueza o outro homem como necessidade Bedürfnis A dominação da essência objetiva em mim a irrupção sensível da minha atividade essencial é a paixão que com isto se torna a atividade da minha essência 5 Um ser se considera primeiramente como independente tão logo se sustente sobre os próprios pés e só se sustenta primeiramente sobre os próprios pés tão logo deva a sua existência a si mesmo Um homem que vive dos favores de outro se considera como um ser dependente Mas eu vivo completamente dos favores de outro quando lhe devo não apenas a manutenção da minha vida mas quando ele além disso ainda criou a minha vida quando ele é a fonte da minha vida e minha vida tem neces sariamente um tal fundamento fora de si quando ela não é a minha pró pria criação A criação é portanto uma representação Vorstellung muito difícil de ser eliminada da consciência do povo O serporsimesmo Durchsichselbstsein da natureza e do homem é inconcebível para ele porque contradiz todas as palpabilidades da vida prática A criação da terra recebeu um violento golpe da geognosia3 isto é da ciên cia que expõe a formação da terra o vir a ser da terra como um processo como autoengendramento A generatio aequivoca geração espontânea é a única refutação prática da teoria da criação4 Ora é certamente fácil dizer ao indivíduo singular o que já diz Aristóteles5 foste gerado por teu pai e tua mãe portanto a cópula de dois seres humanos logo um ato genérico do ser humano produziu o ser humano em ti Vês portanto que também fisicamente o ser humano deve sua existência ao ser hu mano Tens de manter portanto não apenas um dos lados sob os olhos o pro gresso infinito segundo o qual continuas a perguntar quem gerou o meu pai quem gerou o seu avô etc Tens também de não largar o movimento circular que é sensivelmente intuível naquele progresso segundo o qual o homem repete a si próprio na procriação portanto o ser humano permanecendo sempre sujeito 3 A geognosia nasceu na Bergakademie Freiberg Saxônia por iniciativa de Abraham Gottlob Werner no ano de 1780 como uma ciência particular de estudo da formação da terra da estrutura do globo terrestre e de sua composição mineral A respeito vide Hegel Georg Wilhelm Friedrich Vorlesungen über die Naturphilosophie als der Encyclopädie der philosophischen Wissenschaften im Grundrisse parte 2 editado por Karl Ludwig Michelet Berlim 1842 p 432440 4 A respeito vide Hegel Georg Wilhelm Friedrich Vorlesungen über die Naturphilosophie cit p 455470 5 Cf provavelmente Aristóteles Metafísica VIII 4 Vide também Hegel Georg Wilhelm Friedrich Vorlesungen über die Naturphilosophie cit p 646647 Karl Marx 114 Responderás porém concedido a ti este movimento circular concedeme tu o progresso que sempre me impele a continuar até que eu pergunte quem gerou o primeiro ser humano e a natureza em geral Só posso responderte a tua pergunta é ela mesma um produto da abstra ção Perguntate como chegas àquela pergunta interrogate se a tua pergunta não ocorre a partir de um ponto de vista ao qual eu não posso responder por que ele é um ponto de vista invertido Perguntate se aquele progresso como tal existe para um pensar racional Se tu te perguntas pela criação da natureza e do ser humano abstrais portanto do ser humano e da natureza Tu os assen tas como nãosendo e ainda queres contudo que eu te os prove como sendo Digote eu agora se renuncias à tua abstração também renuncias à tua per gunta ou se quiseres manter a tua abstração sê então consequente e quando pensan do pensas o ser humano e a natureza como nãosendo XI então pensate a ti mesmo como nãosendo tu que também és natureza e ser humano Não penses não me perguntes pois tão logo pensas e perguntas tua abstração do ser da natureza e do homem não tem sentido algum Ou és um tal egoísta que assentas tudo como nada e queres tu mesmo ser Tu replicar podes a mim eu não quero assentar o nada da natureza etc perguntote pelo ato de surgimento dela assim como pergunto ao anatomista pela formação dos ossos etc Mas na medida em que para o homem socialista toda a assim denominada história mundial nada mais é do que o engendramento do homem mediante o traba lho humano enquanto o vir a ser da natureza para o homem então ele tem portan to a prova intuitiva irresistível do seu nascimento por meio de si mesmo do seu processo de geração Na medida em que a essencialidade Wesenhaftigkeit do ser humano e da natureza se tornou prática sensivelmente intuível na medida em que o homem se tornou prática sensivelmente intuível para o homem enquanto existên cia da natureza e a natureza para o homem enquanto existência do homem a per gunta por um ser estranho por um ser acima da natureza e do homem uma pergunta que contém a confissão da inessencialidade da natureza e do homem tornouse praticamente impossível O ateísmo enquanto rejeição Leugnung dessa inessencialidade não tem mais sentido algum pois o ateísmo é uma negação Negation de Deus e assenta por intermédio dessa negação a existência do homem mas o socialismo enquanto socialismo não carece mais de uma tal mediação ele começa a partir da consciência teorética e praticamente sensível do homem e da natureza como consciência do ser Ele é consciência de si positiva do homem não mais mediada pela superação da religião assim como a vida efetiva é a efetividade positiva do homem não mais mediada pela suprassunção da propriedade privada o comunismo O co munismo é a posição como negação da negação e por isso o momento efetivo necessário da emancipação e da recuperação humanas para o próximo desenvolvi mento histórico O comunismo é a figura necessária e o princípio enérgico do futuro próximo mas o comunismo não é como tal o termo do desenvolvimento humano a figura da sociedade humana Manuscritos econômicofilosóficos 115 CRÍTICA DA DIALÉTICA E DA FILOSOFIA HEGELIANAS EM GERAL 6 Este ponto talvez seja o lugar adequado para dar algumas indicações tanto no que diz respeito ao entendimento e à correção da dialética hegeliana em geral quanto especialmente no que tange à sua exposição na Fenomenologia e na Lógica1 e finalmente no que refere à relação do novo movimento crítico rela tivo a Hegel A ocupação com o conteúdo do velho mundo mundo cuja substância frustra o desenvolvimento da moderna crítica alemã era tão violenta que teve lugar uma completa relação acrítica sobre o método de criticar e uma completa falta de consciência sobre a pergunta aparentemente formal mas efetivamente essencial o que fazer diante da dialética hegeliana A falta de consciência sobre a relação da moderna crítica com a filosofia hegeliana em geral e com a dialética em particular era tão grande que críticos como Strauss2 e Bruno Bauer3 o primeiro completa mente e o segundo em seus Sinópticos onde ele frente a Strauss põe a consciên ciadesi do homem abstrato no lugar da substância da natureza abstrata e mesmo ainda em Cristianismo desvelado estão pelo menos em termos poten ciais totalmente constrangidos no interior da lógica de Hegel Assim dizse por exemplo em Cristianismo desvelado 1 Hegel Georg Wilhelm Friedrich Phänomenologie des Geistes editado por Johann Schulze Berlim 1841 1807 e também do mesmo autor Wissenschaft der Logik editado por Leopold von Henning Berlim 18331834 18121816 2 Strauss David Friedrich Das Leben Jesu kritisch bearbeitet vol 12 Tübingen 18351836 e do mesmo autor Streitschriften zur Vertheidigung meiner Schrift über das Leben Jesu und zur Charakteristik der gegenwärtigen Theologie Tübingen cadernos 13 1837 Charakteristiken und Kritiken Eine Sammlung zerstreuter Aufsätze aus den Gebieten der Theologie Anthropologie und Aesthetik Leipzig 1839 e ainda também de Strauss Die christliche Glaubenslehre in ihrer geschichtlichen Entwicklung und im Kampfe mit der modernen Wissenschaft vol 12 Tübingen Stuttgart 18401841 3 Bauer Bruno Kritik der evangelischen Geschichte der Synoptiker vol 1 Leipzig 1841 p VIXV Karl Marx 116 Como se a consciênciadesi ao pôr o mundo a diferença e nele produzirse a si própria no que produz uma vez que ela suprassume novamente a diferença de si própria do produzido uma vez que só na produção e no movimento ela própria é como se não tivesse neste movimento sua finalidade4 etc ou Eles os materialistas franceses5 não puderam ver ainda que o movimento do universo tornouse primeiro e efetivamente para si enquanto movimento da consciênciadesi e caminhou junto em direção à unidade consigo mesmo6 Expressões que nem sequer na linguagem mostram uma diferença em relação à concepção hegeliana mas ao contrário repetemna literalmente XII Quão pouco existia durante o ato da crítica Bauer os sinópticos7 uma consciência sobre a relação com a dialética hegeliana quão pouco esta consciência também surgiu do ato da crítica substancial stoffliche Kritik demonstra Bauer quando em sua Boa causa da liberdade8 recusa a in discreta pergunta do senhor Gruppe E a lógica agora lançandoa aos críticos futuros Mas também agora depois de Feuerbach tanto em suas Teses nos Anecdotis quanto pormenorizadamente na Filosofia do futuro ter demo lido o embrião da velha dialética e da velha filosofia depois de ao contrário aquela crítica que não soube realizar este ato ter se proclamado como ato 4 Bauer Bruno Das entdeckte Christenthum Eine Erinnerung an das achtzehnte Jahrhundert und ein Beitrag zur Krisis des neunzehnten Zürich Winterthur 1843 p 113 5 Inserção de Marx 6 Bauer Bruno Das entdeckte Christenthum cit p 114115 7 Bauer Bruno Kritik der evangelischen Geschichte der Synoptiker cit vol 12 Leipzig 1841 e também volume 3 Kritik der evangelischen Geschichte der Synoptiker und des Johannes Braunschweig 1842 A respeito da essência papel e tarefas da crítica vide sobretudo o prefácio vol 1 p VXXIV 8 Bauer Bruno Die gute Sache der Freiheit und meine eigene Angelegenheit Zürich Winterthur 1842 p 85 e 193194 Neste escrito Bruno Bauer toma posição tanto com relação a Bruno Bauer und die akademische Lehrfreiheit Berlim 1842 texto de Otto Friedrich Gruppe quanto com relação a Einleitung in die öffentlichen Vorlesungen über die Bedeutung der hegelschen Philosophie in der christlichen Theologie Berlim 1842 de Philipp Marheineke Nesse contexto a polêmica a respeito da lógica aparece no debate travado com Marheineke e num outro texto Correspondenz aus der Provinz retirado da Allgemeine Literatur Zeitung o próprio Bauer parece assimilar esta questão ao ponto de vista de Gruppe Estas pessoas têm voltado de novo efetivamente ao ponto de vista de Gruppe Certamente sempre partiram do fato de que a crítica deve demonstrar demonstrar demonstrar ou seja todo ensaio develhe o desenvolver de um sistema total A respeito vide Bauer Bruno Correspondenz aus der Provinz In Allgemeine LiteraturZeitung editado por Bru no Bauer Charlottenburg 1844 caderno VI p 38 Marx em A sagrada família capítulo VII item 3 retoma a referida questão Manuscritos econômicofilosóficos 117 realizado enquanto crítica pura imperativa absoluta chegada à clareza consigo9 depois de ela em sua soberba espiritualista ter reduzido o movimen to histórico todo à relação do resto do mundo que diante dela cai sob a catego ria massa10 com ela mesma e ter dissolvido todas as oposições dogmáticas a uma oposição dogmática entre seu próprio bomsenso e a estupidez do mundo entre o Cristo crítico e a humanidade como multidão depois de ter demons trado diariamente hora após hora sua própria excelência frente à inépcia da massa depois de ela ter finalmente anunciado o juízo final crítico sob a figura do dia iminente onde toda a humanidade degenerada se agruparia ante ela seria por ela cindida em grupos e cada grupo particular receberia seu testimonium paupertatis atestado de pobreza depois de ela ter mandado imprimir sua superioridade acima dos sentimentos humanos assim como acima do mundo sobre o qual ela em sublime solidão entronizada deixa ressoar apenas de tempos em tempos o riso dos deuses olímpicos de seus lábios sarcás ticos11 após todas estas desopilantes administrações do idealismo prostrado sob a forma da crítica do jovem hegelianismo este também não expressou nem uma vez o pressentimento de ter de se explicar agora criticamente com sua mãe a dialética hegeliana e nem mesmo soube declarar alguma relação crítica com a dialética feuerbachiana Um comportamento totalmente acrítico para consigo mesmo Feuerbach é o único que tem para com a dialética hegeliana um comporta mento sério crítico e o único que fez verdadeiras descobertas nesse domínio ele é em geral o verdadeiro triunfador Überwinder da velha filosofia A gran deza da contribuição e a discreta simplicidade com que Feuerbach a outorga ao mundo estão em flagrante oposição à atitude contrária O grande feito Tat de Feuerbach é 1 a prova de que a filosofia não é outra coisa senão a religião trazida para o pensamento e conduzida pensadamente portanto deve ser igualmente condenada uma outra forma e outro modo de existência Daseinsweise do estranhamento Entfremdung da essência humana12 9 Bauer Bruno Neueste Schriften über die Judenfrage in Allgemeine LiteraturZeitung cit caderno IV p 1019 uma crítica clara e segura a crítica na sua pureza uma nova crítica imperativa e incontestável e também do mesmo autor Correspondenz aus der Provinz cit p 38 1 0 Hirzel Melchior Correspondenz aus Zürich In Allgemeine LiteraturZeitung cit p 12 e 15 A massa ainda não compreendeu aquele apelo em favor da expiação porque ainda não com preendeu a crítica A questão será tratada novamente por Marx em A sagrada família capítulo VII item 1 e também capítulo IX 1 1 Bauer Bruno Correspondenz aus der Provinz cit p 3032 E também Marx Karl A sagrada família capítulo VII seção 2 1 2 Feuerbach Ludwig Grundsätze der Philosophie der Zukunft cit p 133 Karl Marx 118 2 A fundação do verdadeiro materialismo e da ciência real na medida em que Feuerbach toma do mesmo modo a relação social a do homem com o homem como princípio fundamental da teoria13 3 Na medida em que ele confronta à negação da negação que afirma ser o absolutamente positivo o positivo que descansa sobre si mesmo e positi vamente se funda sobre si próprio14 Feuerbach esclarece a dialética hegeliana e fundamenta com isso o ponto de partida do positivo da consciência sensível SinnlichGewissen do se guinte modo Hegel parte do estranhamento logicamente do infinito do abstratamen te universal da substância da abstração absoluta e fixa isto é expresso popularmente parte da religião e da teologia15 Segundo ele suprassume hebt auf o infinito assenta setzt o efetivo das Wirkliche o sensível o real o finito o particular Filosofia suprassunção da religião e teologia Terceiro Ele suprassume novamente o positivo estabelece novamente a abstra ção o infinito Restabelecimento da religião e teologia Feuerbach compreende portanto a negação da negação apenas como contra dição da filosofia consigo mesma como a filosofia que afirma a teologia transcendência etc depois de têla negado Por conseguinte afirmaa em oposi ção a si mesma A posição Position ou autoafirmação e autoconfirmação que se situa na nega ção da negação está ainda para uma sua própria posição não segura por isso acometida pela sua oposição Gegensatz posição que em si mesma permanece duvidando e portanto permanece carente de demonstração portanto posição não se provando a si mesma mediante sua existência Dasein como posição não confessada e XIII portanto é contraposta direta e imediatamente à posição sensi velmentecerta sinnlichgewisse fundada sobre si mesma Feuerbach concebe também a negação da negação o conceito concreto en quanto o pensar sobrepujandose no pensar e enquanto pensar desejante wollende de ser imediatamente intuição Anschauung natureza efetividade Mas na medida em que Hegel apreendeu a negação da negação conforme a relação positiva que nela reside como a única e verdadeiramente positiva e conforme a relação negativa que nela reside como o ato unicamente verdadeiro e como o ato de autoacionamento de todo o ser ele somente encontrou a expressão abstrata lógica especulativa para o movimento da história a histó ria ainda não efetiva do homem enquanto um sujeito pressuposto mas em 1 3 Ibidem p 7784 1 4 Ibidem p 6270 1 5 Ibidem p 3358 Manuscritos econômicofilosóficos 119 primeiro lugar ato de produção história da geração do homem Esclareceremos tanto a forma abstrata quanto a diferença que este movimento tem em Hegel em oposição à moderna crítica ao mesmo processo em A essência do cristianismo16 de Feuerbach ou antes a figura crítica deste movimento ainda acrítico em Hegel Um olhar sobre o sistema hegeliano Tem de iniciarse com a Fenomeno logia hegeliana o verdadeiro lugar do nascimento e o segredo da filosofia de Hegel Fenomenologia A A consciênciadesi I Consciência a Certeza sensível ou o isto e o visar Meinen17 b A percep ção ou a coisa Ding com suas propriedades e a ilusão c Força e entendimen to fenômeno e mundo suprassensível II Consciênciadesi A verdade da certeza de si mesmo a Dependência e independência da consciênciadesi dominação e escravidão b Liberdade da consciênciadesi Estoicismo cepticismo a consciência infeliz III Razão Certeza e verdade da razão a Razão observadora observação da natureza e da consciênciadesi b Efetivação da consciênciadesi racional atra vés de si mesma O prazer e a necessidade A lei do coração e o delírio da presun ção A virtude e o curso do mundo c A individualidade que é real em e para si mesma O reino animal espiritual e a impostura ou a coisa Sache mesma A razão legisladora A razão examinadora das leis B O Espírito I O espírito verdadeiro a eticidade II O espírito estranhado de si a for mação Bildung III O espírito certo de si mesmo a moralidade C A religião Religião natural religião da arte religião revelada D O Saber absoluto18 16 Feuerbach Ludwig Das Wesen des Christenthums Leipzig 1841 p 37247 17 Incorporamos aqui a tradução sugerida por Paulo Meneses para o verbo alemão meinen visar em Hegel Georg Wilhelm Friedrich Fenomenologia do espírito partes I e II Petrópolis Vozes 199293 especialmente p 78 NT 18 Hegel Georg Wilhelm Friedrich Phänomenologie des Geistes cit p IXXII Na edição utilizada por Marx a Fenomenologia do espírito subdividese como segue A Consciência I A certeza sensível ou o isto e o visar II A percepção ou a coisa e a ilusão III Força e entendimento fenômeno e mundo suprassensível B Consciênciadesi IV A verdade da certeza de si mesmo A Dependência e independência da consciênciadesi dominação e escravidão B Liberdade da consciênciadesi Estoicismo Ceticismo e a consciência infeliz Karl Marx 120 Assim como a Enciclopédia19 de Hegel começa com a lógica com o pensamento especulativo puro e termina com o saber absoluto o espírito conscientedesi espírito filosófico ou absoluto apreendendose a si próprio isto é o espírito abstrato sobrehumano a Enciclopédia toda acaba sendo nada mais do que a es sência propagada ausgebreitete do espírito filosófico sua autoobjetivação Assim o espírito filosófico nada mais é do que espírito pensante a partir do interior de seu estranhamentodesi isto é espírito estranhado do mundo espírito que se concebe abstratamente A lógica o dinheiro do espírito o valor do pensamento o valor especulativo do homem e da natureza sua essência tornada totalmente indiferente contra toda determinidade Bestimmtheit efetiva e portanto essên cia nãoefetiva é o pensar exteriorizado que por essa razão faz abstração da natureza e do ser humano efetivo o pensar abstrato A externalidade Äusserlichkeit desse pensar abstrato a natureza tal como ela é para este pensar abstrato Ela lhe é exterior sua perdadesi e ele a concebe também exteriormente enquanto pen samento abstrato mas enquanto pensamento abstrato exteriorizado Finalmen te o espírito este pensamento retornando ao seu próprio lugar de origem o qual C AA Razão V Certeza e verdade da razão A Razão observadora B A efetivação da consciênciadesi racional através de si mesma C A individualidade que é real em e para si mesma BB O espírito VI O espírito A O espírito verdadeiro a eticidade B O espírito estranhado de si a formação C O espírito certo de si mesmo a moralidade CC A religião VII A religião A A religião natural B A religião da arte C A religião abstrata DD O saber absoluto VIII O saber absoluto 19 Hegel Georg Wilhelm Friedrich Encyclopädie der philosophischen Wissenschaften im Grundrisse 3a edição Heidelberg 1830 A edição que Marx utiliza está dividida da se guinte forma Primeira parte A ciência da lógica Segunda parte A filosofia da natureza Terceira parte A filosofia do espírito Edição brasileira Enciclopédia das ciências filosófi cas em compêndio 1830 São Paulo Loyola 1995 partes I e III1997 parte II tradução de Paulo Meneses Manuscritos econômicofilosóficos 121 enquanto espírito antropológico fenomenológico psicológico ético artístico re ligioso não vale ainda para si mesmo até que finalmente se encontre e autoafirme enquanto saber absoluto e por conseguinte espírito absoluto isto é espírito abs trato até que encerre sua existência consciente e a existência que lhe corresponde Pois sua existência efetiva é a abstração20 Um duplo erro em Hegel 1 distinguese mais claramente na Fenomenologia enquanto lugar de nasci mento da filosofia hegeliana Quando ele apreendeu por exemplo a riqueza o poder de Estado etc como a essência estranhada da essência humana21 isso aconte ce somente na sua forma de pensamento Eles são seres de pensamento por isso simplesmente um estranhamento do pensar puro isto é do pensar abstratofilosó fico O movimento todo termina assim com o saber absoluto De quê esses objetos estão estranhados e a quem eles se opõem com a petulância de efetividade isto é precisamente o pensar abstrato O filósofo portanto ele mesmo uma figura abstra ta do homem estranhado se coloca como a medida do mundo estranhado Toda a história da exteriorização e toda a retirada Zurücknahme da exteriorização não é assim nada além da história da produção do pensar abstrato do pensar absoluto XVII vejase p XIII22 do pensar lógico especulativo O estranhamento que for ma portanto o interesse intrínseco dessa exteriorização e a suprassunção dessa exteriorização é a oposição do emsi e do parasi de consciência e consciênciade si de objeto e sujeito isto é a oposição do pensar abstrato e da efetividade sensível ou da sensibilidade efetiva no interior do pensamento mesmo Todas as outras opo sições e movimentos dessas oposições são apenas a aparência o envoltório a figura exotérica dessas oposições unicamente interessantes que formam o sentido das ou tras oposições profanas Não que a essência humana se desumanize se objetive em oposição a si mesma mas sim que ela se objetive na diferença do e em oposição ao 20 A terceira parte da Enciclopédia A filosofia do espírito está assim subdivida Primeira seção O espírito subjetivo A A antropologia B A fenomenologia do espírito C A psicologia Segunda seção O espírito objetivo A O direito B A moralidade C A eticidade Terceira seção O espírito absoluto a A arte b A religião revelada c A filosofia 21 Hegel Georg Wilhelm Friedrich Phänomenologie des Geistes cit p 356385 Edição brasileira Fenomenologia do espírito cit parte II p 3560 22 Paginação referente ao próprio manuscrito de Marx NT Karl Marx 122 pensar abstrato é o que vale como a essência posta e como a essência a ser suprassumida aufzuhebende do estranhamento XVIII A apropriação das forças essenciais humanas tornadas objetos e obje tos estranhos é pois primeiramente apenas uma apropriação que se sucede na consciência no puro pensar isto é na abstração a apropriação desses objetos como pensamentos e movimentos do pensamento razão pela qual já na Fenomenologia apesar do seu aspecto absolutamente negativo e crítico e apesar da crítica efetiva mente encerrada nela23 crítica frequentemente antecipadora do desenvolvimento ulterior já está latente enquanto gérmen enquanto potência como um mistério o positivismo acrítico e do mesmo modo o idealismo acrítico das obras hegelianas posteriores essa dissolução filosófica e essa restauração da empiria existente Se gundo A vindicação Vindicirung do mundo objetivo para o homem por exem plo o conhecimento de que a consciência sensível não é nenhuma consciência abstratamente sensível mas uma consciência humanamente sensível de que a reli gião a riqueza etc são apenas a efetividade estranhada da objetivação humana das forças essenciais humanas nascidas para a obra Werk e por isso apenas o caminho para a verdadeira efetividade humana esta apropriação ou apreensão neste processo aparece para Hegel por isso de modo que sensibilidade religião poder do Estado etc são seres espirituais pois apenas o espírito é a verdadeira essência do homem e a verdadeira forma do espírito é o espírito pensante o espírito lógico especulativo A humanidade da natureza e da natureza criada pela história dos produtos do homem aparece no fato de estes serem produtos do espírito abstrato e nessa medida portanto momentos espirituais seres de pensa mento A Fenomenologia é por isso a crítica oculta verborgene em si mesma ainda obscura e mistificadora mas na medida em que ela retém hält fest o estranhamento do homem ainda que também este último apareça apenas na figura do espírito encontramse nela ocultos todos os elementos da crítica mui tas vezes preparados e elaborados de modo que suplantam largamente o ponto de vista hegeliano A consciência infeliz24 a consciência honesta25 a luta entre cons ciência nobre e consciência vil26 etc etc estas seções isoladas encerram os ele mentos críticos embora ainda numa forma estranhada de esferas totais como a religião o Estado a vida civil das bürgerliche Leben etc Portanto da mesma 2 3 A primeira edição da Fenomenologia do espírito apareceu em 1807 Os três livros da Ciência da lógica apareceram em 1812 1813 e 1816 No ano de 1817 apareceu a Enciclopédia das ciências filosóficas e em 1821 as Linhas fundamentais da filosofia do direito 2 4 Das unglückliche Bewusstsein Vide Hegel Georg Wilhelm Friedrich Phänomenologie des Geistes cit p 154168 Edição brasileira Fenomenologia do espírito cit parte I p 134 e ss 2 5 Das ehrliche Bewusstsein Ibidem p 298304 Edição brasileira Fenomenologia do espírito cit parte II p 124 e ss 2 6 Der Kampf des edelmüthigen und niederträchtigen Bewusstseins Ibid p 356385 Edição brasileira Fenomenologia do espírito cit parte I p 134 e ss Manuscritos econômicofilosóficos 123 forma que a essência o objeto enquanto ente do pensamento Gedankenwesen o sujeito é portanto sempre consciência ou consciênciadesi ou antes o objeto aparece apenas como consciência abstrata o homem apenas como consciência desi as diferentes figuras do estranhamento que surgem são por conseguinte apenas diferentes figuras da consciência ou da consciênciadesi Como em si an sich a consciência abstrata pois é assim que o objeto é concebido é puramente um momento da diferenciação da consciênciadesi assim também surge como resultado do movimento a identidade da consciênciadesi com a consciência o saber absoluto o movimento realizado vorgehende do pensamento abstrato en quanto resultado que não se passa mais fora de si mas somente em si mesmo como resultado isto é a dialética do pensamento puro é o resultado Vejase continuação na p XXII27 XXII Veja página XVIII28 A grandeza da Fenomenologia hegeliana e de seu resultado final a dialética a negatividade enquanto princípio motor e gerador é que Hegel toma por um lado a autoprodução do homem como um proces so a objetivação Vergegenständlichung como desobjetivação Entgegenständlichung como exteriorização Entäusserung e suprassunção Aufhebung dessa exteriorização é que compreende a essência do trabalho e concebe o homem objetivo verdadeiro porque homem efetivo como o resulta do de seu próprio trabalho29 O comportamento efetivo ativo do homem para consigo mesmo na condição de ser genérico ou o acionamento de seu ser genérico enquanto um ser genérico efetivo isto é na condição ser humano somente é possível porque ele efetivamente expõe herauschafft todas as suas forças genéricas o que é possível apenas mediante a ação conjunta dos homens somente enquanto resultado da história comportandose diante delas como frente a objetos o que por sua vez só em princípio é possível na forma do estranhamento Apresentaremos a unilateralidade e os limites de Hegel pormenori zadamente no capítulo final da Fenomenologia O saber absoluto um capítulo que compreende tanto o espírito concentrado da fenomenologia a sua relação com a dialética especulativa quanto também a consciência de Hegel a respeito de ambos e da sua relação recíproca30 27 Paginação referente ao próprio manuscrito de Marx NT 28 Novamente aqui a paginação diz respeito ao próprio manuscrito de Marx NT 29 Por toda a seção B Consciênciadesi Hegel trata do papel do trabalho e da fruição na concretização da liberdade da consciênciadesi Vide também do mesmo autor Vorlesungen über die Geschichte der Philosophie editado por Karl Ludwig Michelet volu me 1 Berlim 1833 30 Hegel Georg Wilhelm Friedrich Phänomenologie des Geistes cit p 574591 Edição brasileira Fenomenologia do espírito cit parte II p 207221 Karl Marx 124 Provisoriamente antecipemos apenas o seguinte Hegel se coloca no ponto de vista dos modernos economistas nacionais31 Ele apreende o trabalho como a essência como a essência do homem que se confirma ele vê somente o lado positivo do trabalho não seu lado negativo O trabalho é o viraser para si Fürsichwerden do homem no interior da exteriorização ou como homem exteriorizado O trabalho que Hegel unicamente conhece e reconhece é o abstra tamente espiritual O que forma assim a essência da filosofia em geral a exteriorização do homem que se sabe wissender Mensch ou a ciência exteriorizada que se pensa isto Hegel toma como sua essência e por isso pode frente à filosofia precedente reunir seus momentos isolados e apresentar sua filosofia como a filosofia O que os outros filósofos fizeram que eles concebem momentos isolados da natureza e da vida humana como momentos da consciênciadesi e na verdade da consciênciadesi abstrata isto Hegel sabe como o fazer da filosofia Eis porque sua ciência é absoluta Passemos agora ao nosso objeto O Saber absoluto Capítulo final da Fenomenologia A questão principal é que o objeto da consciência nada mais é do que a cons ciênciadesi ou que o objeto é somente a consciênciadesi objetivada a consciên ciadesi enquanto objeto Assentar do homem consciênciadesi Vale portanto vencer o objeto da consciência A objetividade enquanto tal vale por uma relação estranhada do homem relação não correspondente à essência humana à consciênciadesi A reapropriação da essência objetiva do homem pro 3 1 Vide Hegel Georg Wilhelm Friedrich Grundlinien der Philosophie des Rechts oder Naturrecht und Staatswissenschaft im Grundrisse editado por Eduard Gans Berlim 1833 p 254255 A particularidade determinada inicialmente como o contrário do universal Allgemeine da vontade em geral é carência subjetiva que atinge sua objetividade isto é sua satisfação por meio a de coisas externas que são da mesma maneira a propriedade e o produto de outras carências e vontades e b da atividade e do trabalho como mediadores entre os dois lados Nisso sua finalidade e a satisfação da particularidade subjetiva mas a universa lidade Allgemeinheit se conserva em relação às carências e à livre arbitrariedade alheia então este aparecer Scheinen da racionalidade nessa esfera da finitude Endlichkeit é o entendimento Verstand o aspecto sobre o qual repousa a consideração que constitui o elemento reconciliante no interior desse domínio A economia política StaatsÖkonomie é a ciência que a partir destes pontos de vista tem seu ponto de partida e que portanto tem de expor a relação e o movimento das massas na sua determinidade e no seu enredamento qualitativo e quantitativo A economia política é uma das ciências que brotaram na época moderna como seu terreno Seu desenvolvimento mostra o lado interessante de como o pensamento vide Smith Say Ricardo descobre a partir da infinita quantidade de porme nores que diante dele inicialmente se colocam os princípios simples da coisa Sache seus princípios operantes que o entendimento dirige Como por um lado é reconciliador reconhecer na esfera das carências este aparecer ativo da racionalidade que repousa na coisa então é também este o campo onde ao contrário o entendimento das finalidades subjetivas e conceitos Meinungen morais dá vazão à sua insatisfação e contraditorie dade moral Manuscritos econômicofilosóficos 125 duzida enquanto algo estranho sob a determinação do estranhamento tem assim não somente o significado de suprassumir aufheben o estranhamento mas tam bém a objetividade ou seja dessa maneira o homem vale como uma essência não objetiva espiritualista O movimento de subjugação do objeto da consciência é descrito por Hegel assim como segue O objeto se mostra não apenas esta é segundo Hegel a concepção unilateral portanto só um lado sendo apreendido daquele movimento como retor nante zurückkehrend ao Si Selbst O homem vemaser si posto Der Mensch wird Selbst gesezt O Si é porém somente o homem abstratamente concebido e gerado por meio da abstração O homem é áutico selbstisch Seu olho seu ouvido etc são áuticos cada uma de suas forças essenciais tem nele a proprieda de da ipseidade Selbstigkeit Mas por essa razão é então totalmente falso dizer a consciênciadesi tem olho ouvido força essencial A consciênciadesi é an tes uma qualidade da natureza humana do olho humano etc não é a natureza humana que é uma qualidade XXIV da consciênciadesi O Si abstraído e fixado para si é o homem enquanto egoísta abstrato que em sua pura abstração é o egoísmo elevado ao pensar Voltaremos mais tarde a este ponto A essência humana o homem referese para Hegel consciênciadesi Todo estranhamento da essência humana nada mais é do que o estranhamento da consciênciadesi O estranhamento da consciênciadesi não vale como expres são expressão que se reflete no saber e no pensar do estranhamento efetivo da essência humana O estranhamento efetivo que se manifesta como estranhamento real não é pelo contrário segundo sua mais íntima essência oculta primeiramente trazida à luz por intermédio da filosofia nada mais do que a manifestação do estranhamento da essência humana efetiva da consciên ciadesi A ciência que conceitua isto se chama por conseguinte Fenomenologia Toda reapropriação da essência objetiva estranhada aparece então como uma incorporação na consciênciadesi o homem apoderado de sua essência é ape nas a consciênciadesi apoderada da essência objetiva O retorno do objeto ao si é portanto a reapropriação do objeto A subjugação do objeto da consciência é globalmente expressa da seguin te forma 1 que o objeto enquanto tal se apresenta à consciência como evanescente 2 que é a exteriorização Entäusserung da consciênciadesi que põe a coisidade Dingheit 3 que esta exteriorização tem significado não somente negativo mas também positivo 4 ela não o tem apenas para nós ou em si an sich mas também para ela própria 5 para ela o negativo do objeto ou o próprio suprassumirse deste tem desta maneira significado positivo ou ela sabe esta nulidade Nichtigkeit do mesmo na medida em que ela se exterioriza a si pois nesta exteriorização ela se assenta enquanto objeto ou põe o objeto como a si mesma por causa da inseparável unidade do serparasi Fürsichseins 6 por outro lado situase nisto igualmente Karl Marx 126 este outro momento que ela também suprassumiu e tomou de volta dentro de si esta exteriorização e objetividade ou seja em seu seroutro enquanto tal está junto de si 7 isto é o movimento da consciência e dentro dele ela é a totalidade de seus momentos 8 ela tem de do mesmo modo relacionarse com o objeto segundo a totalidade de suas determinações e têlo apreendido segundo cada uma delas Essa totalidade de suas determinações faz do objeto em si a essência espiritual e para a consciência isto vem a ser em verdade pelo apreender de cada determina ção singular como sendo uma determinação do Si ou através da relação espiri tual para com elas antes nomeada ad 1 Que o objeto enquanto tal se apresente à consciência como evanescente é o supracitado retorno do objeto ao Si ad 2 A exteriorização da consciênciadesi põe a coisidade Porque o homem consciênciadesi então sua essência objetiva exteriorizada ou a coisidade coisidade é o que para ele é objeto e objeto é verdadeiramente para ele apenas o que lhe é objeto essencial o que é consequentemente sua essência objetiva Como o homem efetivo enquanto tal não é construído como sujeito e por isto a natureza também não o homem é a natureza humana mas apenas a abstração do homem a consciênciadesi então a coisidade só pode ser a consciênciadesi exteriorizada a consciênciadesi exteriorizada e a coisidade é posta por meio desta exteriorização É completamente plausível que um ser vivo natural provido e dotado de forças essenciais objetivas isto é materiais tenha objetos efetivonaturais de seu ser na mesma medida que sua autoexteriorização Selbstentäusserung seja o assentamento Setzung de um mundo efetivo mas sob a forma da externalidade Äusserlichkeit um mundo prepotente e objetivo não pertencente ao seu ser Nisto nada há de incompreen sível ou de misterioso Misterioso seria antes o contrário Mas é igualmente claro que uma consciênciadesi por meio de sua exteriorização possa pôr ape nas a coisidade isto é unicamente uma coisa Ding abstrata uma coisa da abs tração e nenhuma coisa efetiva Além disso é XXVI claro que a coisidade de maneira alguma é portanto algo autônomo essencial diante da consciência desi mas sim uma simples criatura um algo posto Gesetztes por ela e o algo que é posto ao invés de confirmarse a si mesmo é apenas uma confirma ção do ato de pôr que por um instante fixa sua energia como o produto e para fazer de conta mas só por um momento lhe concede o papel de um ser autônomo efetivo Quando o homem efetivo corpóreo com os pés bem firmes sobre a terra aspirando e expirando suas forças naturais assenta suas forças essenciais objeti vas e efetivas como objetos estranhos mediante sua exteriorização Entäusserung este ato de assentar não é o sujeito é a subjetividade de forças essenciais objeti vas cuja ação por isso tem também que ser objetiva O ser objetivo atua objetivamente e não atuaria objetivamente se o objetivo Gegenständliche não estivesse posto em sua determinação essencial Ele cria assenta apenas objetos porque ele é assentado mediante esses objetos porque é desde a origem Manuscritos econômicofilosóficos 127 natureza weil es von Haus aus Natur ist No ato de assentar não baixa pois de sua pura atividade a um criar do objeto mas sim seu produto objetivo apenas confirma sua atividade objetiva sua atividade enquanto atividade de um ser na tural objetivo Vemos aqui como o naturalismo realizado ou humanismo se diferencia tanto do idealismo quanto do materialismo e é a um só tempo a verdade unificadora de um e de outro Vemos igualmente como só o naturalismo é capaz de compreender o ato da história universal Weltgeschichte O homem é imediatamente ser natural Como ser natural e como ser natu ral vivo está por um lado munido de forças naturais de forças vitais é um ser natural ativo estas forças existem nele como possibilidades e capacidades Anlagen und Fähigkeiten como pulsões por outro enquanto ser natural corpóreo sensível objetivo ele é um ser que sofre dependente e limitado assim como o animal e a planta isto é os objetos de suas pulsões existem fora dele como objetos independentes dele Mas esses objetos são objetos de seu carecimento Bedürfnis objetos essenciais indispensáveis para a atuação e con firmação de suas forças essenciais Que o homem é um ser corpóreo dotado de forças naturais vivo efetivo objetivo sensível significa que ele tem objetos efetivos sensíveis como objeto de seu ser de sua manifestação de vida Lebensäusserung ou que ele pode somente manifestar äussern sua vida em objetos sensíveis efetivos wirkliche sinnliche Gegenstände É idêntico ser sein objetivo natural sensível e ao mesmo tempo ter fora de si objeto natureza sentido ou ser objeto mesmo natureza sentido para um terceiro A fome é uma carência natural ela necessita por conseguinte de uma natureza fora de si de um objeto fora de si para se satisfazer para se saciar A fome é a carência confessada de meu corpo por um objeto existente seienden fora dele indis pensável à sua integração e externação essencial O sol é o objeto da planta um objeto para ela imprescindível confirmador de sua vida assim como a planta é objeto do sol enquanto externação da força evocadora de vida do sol da força essencial objetiva do sol Um ser que não tenha sua natureza fora de si não é nenhum ser natural não toma parte na essência da natureza Um ser que não tenha nenhum obje to fora de si não é nenhum ser objetivo Um ser que não seja ele mesmo objeto para um terceiro ser não tem nenhum ser para seu objeto isto é não se comporta objetivamente seu ser não é nenhum ser objetivo Um ser nãoobjetivo é um nãoser Assenta um ser que nem é ele próprio objeto nem tem um objeto Um tal ser seria em primeiro lugar o único ser não existiria nenhum ser fora dele ele existiria isolado e solitariamente Pois tão logo existam objetos fora de mim tão logo eu não esteja só sou um outro uma outra efetividade que não o objeto fora de mim Para este terceiro objeto eu sou portanto uma outra efetividade que não ele isto é sou seu objeto Um ser que não é objeto de outro ser supõe pois que não existe nenhum ser objetivo Tão logo eu tenha Karl Marx 128 um objeto este objeto tem a mim como objeto Mas um ser não objetivo é um ser não efetivo não sensível apenas pensado isto é apenas imaginado um ser da abstra ção Ser sein sensível isto é ser efetivo é ser objeto do sentido ser objeto sensível e portanto ter objetos sensíveis fora de si ter objetos de sua sensibilidade Ser sensível é ser padecente O homem enquanto ser objetivo sensível é por conseguinte um padecedor e porque é um ser que sente o seu tormento um ser apaixonado A paixão Leidenschaft Passion é a força humana essencial que caminha energicamen te em direção ao seu objeto Mas o homem não é apenas ser natural mas ser natural humano isto é ser existente para si mesmo für sich selbst seiendes Wesen por isso ser genérico que enquanto tal tem de atuar e confirmarse tanto em seu ser quanto em seu saber Consequentemente nem os objetos humanos são os objetos naturais as sim como estes se oferecem imediatamente nem o sentido humano tal como é imediata e objetivamente é sensibilidade humana objetividade humana A natureza não está nem objetiva nem subjetivamente imediatamente disponível ao ser huma no de modo adequado E como tudo o que é natural tem de começar assim também o homem tem como seu ato de gênese a história que é porém para ele uma história sabida e por isso enquanto ato de gênese com consciência é ato de gênese que se suprassume sich aufhebender Entstehungsakt A história é a verdadeira história natural do homem Sobre isto voltaremos a falar Terceiro porque este pôr a coisidade mesma é só uma aparência um ato que contradiz a essência da atividade pura ele necessita ser mais uma vez suprassumido e a coisidade negada ad 3 4 5 6 3 Esta exteriorização Entäusserung da consciência tem sig nificado não apenas negativo mas também positivo e 4 este significado positivo não apenas para nós ou em si mas sim para ela para a própria consciência 5 Para ela o negativo do objeto ou o suprassumir dele a si próprio tem o signi ficado positivo ou seja ela sabe esta nulidade do mesmo porque ela própria se exterioriza pois nesta exteriorização ela se sabe como objeto ou sabe o objeto como a si mesma por causa da inseparável unidade do serparasi 6 Por outro lado está aqui presente ao mesmo tempo o outro momento que ela também igualmente suprassumiu e recuperou dentro de si esta exteriorização e objetivi dade e está portanto junto de si em seu seroutro enquanto tal Anderssein als solchem bei sich Já vimos a apropriação do ser objetivo estranhado ou a suprassunção da objetividade sob a determinação do estranhamento que tem de ir da estranheza Fremdheit desinteressada até o efetivo estranhamento hostil tem para Hegel ao mesmo tempo e até principalmente a significação de suprassumir a objetivi dade pois não é o caráter determinado do objeto mas sim seu caráter objetivo que constitui para a consciênciadesi o escandaloso das Anstössige e o estranhamento O objeto é por isso um negativo um negativo que suprassume Manuscritos econômicofilosóficos 129 a si mesmo uma nulidade Esta nulidade do mesmo não tem para a consciência uma significação apenas negativa mas positiva pois aquela nulidade do objeto é justamente a autoconfirmação da nãoobjetividade da sua própria XXVIII abs tração Para a consciência mesma a nulidade do objeto tem por isso um signifi cado positivo posto que ela sabe esta nulidade o ser objetivo como sua autoexteriorização porque ela sabe que a nulidade somente é por meio de sua autoexteriorização O modo como a consciência é e como algo é para ela é o saber O saber é seu único ato Por isso algo vemaser wird para ela na medida em que ela sabe este algo Saber é o seu único comportamento objetivo Ora a consciênciadesi sabe a nulidade do objeto isto é o sernãodistinto Nichtunterschiedensein do objeto com relação a ela o nãoser do objeto para ela na medida em que ela sabe o objeto enquanto sua autoexteriorização isto é ela se sabe o saber como objeto na medida em que o objeto é apenas a aparência de um objeto uma emanação enganadora o seu ser nada além do que o saber mesmo o qual se confrontou consigo mesmo e por isso opôs a si uma nulidade um algo que fora do saber não tem nenhuma objetividade ou o saber sabe que enquanto se relaciona com um objeto está apenas fora de si se exterioriza que ele mesmo aparece a si somente enquanto objeto ou que o quê aparece para ele como objeto é somente ele mesmo Por outro lado diz Hegel está aqui presente ao mesmo tempo este outro momento que ela igualmente suprassumiu e recuperou dentro de si esta exteriorização e esta objetividade e está portanto junto de si em seu seroutro enquanto tal Nesta exposição temos juntas todas as ilusões da especulação Em primeiro lugar a consciência a consciênciadesi está junto de si em seu seroutro enquanto tal Por isso a consciênciadesi ou se abstrairmos aqui da abstração hegeliana e pusermos em vez da consciênciadesi a consciência desi do homem está junto de si em seu seroutro enquanto tal Isto implica em primeiro lugar que a consciência o saber enquanto saber o pensar enquanto pensar finge ser imediatamente o outro de si mesmo finge ser sensibilidade efetividade vida o pensar que se sobrepuja no pensar Feuerbach32 Este aspecto está aqui contido na medida em que a consciência enquanto consciên cia apenas tem o seu impulso Anstoss não mediante a objetividade estranhada mas mediante a objetividade enquanto tal Em segundo lugar implica que o homem consciente de si na medida em que reconheceu e suprassumiu aufhob o mundo espiritual ou a existência espiri tual universal de seu mundo enquanto autoexteriorização confirmao nova mente contudo nesta figura exteriorizada e o toma como seu verdadeiro modo de existência restaurao finge estar em seu seroutro enquanto tal junto de si por conseguinte depois da suprassunção Aufhebung por exemplo da religião 3 2 Feuerbach Ludwig Grundsätze der Philosophie der Zukunft cit p 55 Karl Marx 130 depois do reconhecimento da religião como um produto da autoexteriorização encontrase não obstante confirmado na religião como religião Aqui está a raiz do falso positivismo de Hegel ou de seu criticismo apenas aparente o que Feuerbach indicou como o pôr Setzen o negar e o restaurar da religião ou teologia33 o que é porém de se apreender de modo mais universal A razão está pois junto de si na nãorazão Unvernunft enquanto nãorazão O homem que reconheceu levar no direito na política etc uma vida exteriorizada leva nesta vida exteriorizada enquanto tal sua verdadeira vida humana A autoasserção autoconfirmação em contradição consigo mesma tanto com o saber como com a essência Wesen do objeto é portanto o verdadeiro saber e a verdadeira vida Assim não se pode mais falar de uma acomodação de Hegel em face da religião do Estado etc pois esta mentira é a mentira de seu princípio XXIX Se eu sei a religião como consciênciadesi humana exteriorizada sei portanto nela enquanto religião não minha consciênciadesi mas minha cons ciênciadesi exteriorizada confirmada nela Meu simesmo Mein sich selbst a consciênciadesi pertencente à sua essência eu o sei portanto confirmado não na religião mas antes na religião aniquilada suprassumida Por isso em Hegel a negação da negação não é a confirmação da verdadeira essência precisamente mediante a negação da essência aparente mas a confir mação da essência aparente ou da essência estranhada de si em sua negação ou a negação dessa essência aparente enquanto uma essência objetiva habitando fora do homem e independentemente dele e sua transformação no sujeito Um papel peculiar desempenha por isso o suprassumir das Aufheben onde a negação e a conservação a afirmação Bejahung estão ligadas Assim por exemplo na filosofia do direito de Hegel o direito privado suprassumido moral a moral suprassumida família a família suprassumida sociedade civil bürgerliche Gesellschaft a sociedade civil suprassumida Estado o Estado suprassumido história mundial34 Na realidade Wirklichkeit continuam subsistindo direito privado moral família sociedade civil Estado etc apenas se tornaram momentos existências e modos de existência Daseinsweisen do homem que não têm validade isolados se dissolvem e se engendram reciprocamente etc momentos do movimento Na sua existência efetiva esta sua essência móvel está oculta Manifestase revelase em primeiro lugar no pensar na filosofia e por isso minha verdadei ra existência religiosa é minha existência Dasein filosóficoreligiosa minha verdadeira existência política é minha existência filosóficojurídica minha ver dadeira existência natural é a existência filosóficonatural minha verdadeira 3 3 Ibidem p 3442 3 4 Hegel Georg Wilhelm Friedrich Grundlinien der Philosophie des Rechts cit p 6871 Manuscritos econômicofilosóficos 131 existência artística é a existência filosóficoartística minha verdadeira existên cia humana é a minha existência filosófica Igualmente a verdadeira exis tência da religião Estado natureza arte a filosofia da religião natureza Estado arte Mas se para mim apenas a filosofia da religião etc é a verdadeira existência da religião então sou também verdadeiramente religioso somente enquanto filósofo da religião renego assim a religiosidade real wirklich e os homens realmente religiosos Mas ao mesmo tempo eu os confirmo em parte no interior de minha própria existência ou no interior da existência estranha que lhes contraponho pois esta é apenas sua expressão filosófica em parte na sua figura original peculiar eigentümlich pois valem para mim enquanto o seroutro apenas aparente como alegorias figuras ocultas sob invólucros sensíveis de sua própria existência verdadeira isto é de minha existência filosófica Do mesmo modo é a qualidade suprassumida quantidade a quantidade su prassumida medida a medida suprassumida essência a essência suprassumida fenômeno o fenômeno suprassumido efetividade Wirklichkeit a efetividade suprassumida conceito o conceito suprassumido objetividade a objetivida de suprassumida ideia absoluta a ideia absoluta suprassumida natureza a natureza suprassumida espírito subjetivo o espírito subjetivo suprassumido espírito objetivo ético o espírito ético suprassumido arte a arte suprassumida religião a religião suprassumida saber absoluto35 Por um lado este suprassumir Aufheben é um suprassumir do ser pensado portanto a propriedade privada pensada suprassumese no pensamento da mo ral E porque o pensar se supõe ser imediatamente o outro de seu si efetividade sensível portanto a sua ação vale para ele também como ação sensívelefetiva sinnliche wirkliche Action este suprassumir pensante que deixa seu objeto permanecer na efetividade acredita têlo ultrapassado efetivamente e por outro lado porque se tornou momento de pensamento para ele também vale por isso para ele em sua efetividade como autoconfirmação de si mesmo da consciên ciadesi da abstração XXX Por um lado a existência que Hegel suprassume na filosofia não é portanto a religião o Estado a natureza efetivas mas a própria religião já como um objeto do saber a dogmática assim como a jurisprudência a ciência política Staatswissenschaft a ciência natural Por um lado portanto está em oposição tanto à essência efetiva quanto à ciência imediata não filosófica ou aos 3 5 Hegel Georg Wilhelm Friedrich Encyclopädie der philosophischen Wissenschaft im Grundrisse livro I Die Wissenschaft der Logik cit A doutrina do ser A A qualidade B A quantidade C A medida A doutrina da essência A A essência como fundamento da existência B O fenômeno C A efetividade A doutrina do conceito A O conceito subjetivo B O objeto C A ideia A filosofia da natureza A filosofia do espírito Colchetes do tradutor Karl Marx 132 conceitos não filosóficos desta essência Hegel contradiz portanto seus concei tos correntes Por outro lado o homem religioso etc pode encontrar em Hegel sua última confirmação Há agora que apreender os momentos positivos da dialética hegeliana no interior da determinação do estranhamento a O suprassumir como movimento objetivo retomando de volta em si a exteriorização Entäusserung É este o juízo Einsicht expresso no interior do estranhamento da apropriação do ser Wesen objetivo mediante a suprassunção de seu estranhamento o juízo estranhado na objetivação efetiva do homem na apropriação efetiva de seu ser objetivo mediante a eliminação da determinação estranhada do mundo objetivo mediante sua suprassunção na sua existência Dasein estranhada assim como o ateísmo enquanto supressão Aufhebung de deus é o viraser Werden do humanismo teórico o comunismo enquanto suprassunção da propriedade privada é a vindicação da vida humana efetiva enquanto sua propriedade é o viraser do humanismo prático ou o ateísmo é o humanismo mediado consigo pela supressão da religião o comunismo é o humanismo mediado consigo mediante a suprassunção da propriedade priva da Somente por meio da suprassunção desta mediação que é porém um pressuposto necessário vem a ser o humanismo positivo que positivamente parte de si mesmo Mas ateísmo comunismo não são nenhuma fuga nenhuma abstração nenhum perder do mundo objetivo engendrado pelo homem suas forças essenciais trazidas à vida para a objetividade nenhuma pobreza retornando à simplicidade não natural não desenvolvida São antes pela primeira vez o viraser efetivo a efetivação tornada efetivamente para o homem de sua essência ou sua essência enquanto uma essência efetiva Hegel portanto na medida em que apreende o sentido positivo da nega ção referida a si mesma ainda que novamente num modo estranhado apreende o autoestranhamento a exteriorização da essência Wesensentäusserung a desobjetivação e a desefetivação do homem enquanto autoaquisição externação da essência Wesensäusserung objetivação efetivação Em resumo ele apreende no interior da abstração o trabalho como o ato de produção de si do homem o comportarse das Verhalten para consigo como essência estranha e a sua atividade Betätigen enquanto uma essência estranha como a consciência genérica e vida genérica vindoaser b Em Hegel abstraindo do ou antes em consequência do absurdo já des crito este ato aparece porém em primeiro lugar como um ato apenas formal porque vale como um ato abstrato porque o ser humano mesmo só vale como ser abstrato pensante como consciênciadesi e em segundo lugar porque a apreensão é formal e abstrata assim a suprassunção da exteriorização tornase uma confirmação da exteriorização ou para Hegel aquele movimento de autoproduzir de autoobjetivarse como autoexteriorização e autoestranhamento Manuscritos econômicofilosóficos 133 é a absoluta e por isso a última externação da vida humana chegada à sua essên cia tendo a si mesma por objetivo e estando em si mesma satisfeita Este movi mento em sua forma XXXI abstrata como dialética vale assim como a vida verdadeiramente humana e porque é contudo uma abstração um estranhamento da vida humana ela é considerada como processo divino mas como processo divino do homem um processo que sua própria essência diferente dele abs trata pura absoluta sofre Em terceiro lugar este processo tem de ter um portador um sujeito mas o sujeito só vem a ser enquanto resultado este resultado o sujeito que se sabe enquanto consciênciadesi absoluta é por isso o Deus o espírito absoluto a ideia que se sabe e aciona O homem efetivo e a natureza efetiva tornamse meros predicados símbolos deste homem não efetivo oculto e desta natureza inefetiva Sujeito e predicado têm assim um para com o outro a relação de uma absoluta inversão sujeitoobjeto místico ou subjetividade que sobrepuja o objeto o sujeito abso luto como um processo como sujeito exteriorizandose e retornando a si da exteriorização mas ao mesmo tempo retomandoa de volta em si e o sujeito como este processo o puro círculo infatigável em si Primeiro Apreensão formal e abstrata do ato de autoprodução ou auto objetivação do homem O objeto estranhado a efetividade essencial estranhada do homem é e aqui Hegel põe o homem consciênciadesi nada mais que consciência apenas o pensamento do estranhamento sua expressão abstrata e por isso sem conteúdo Inhaltslos e inefetiva a negação Da mesma forma a suprassunção da exteriorização não é portanto nada além do que uma suprassunção abstrata carente de conteúdo daquela abstração sem conteúdo a negação da negação A atividade plena de conteúdo viva sensível concreta da autoobjetivação torna se por isso na sua abstração vazia a negatividade absoluta uma abstração que novamente é fixada como tal e é pensada enquanto uma atividade autôno ma simplesmente atividade Porque esta denominada negatividade não é senão a forma abstrata carente de conteúdo daquele ato efetivovivo wirklicher lebendiger Akt seu conteúdo só pode ser um conteúdo meramente formal pro duzido pela abstração de todo o conteúdo São portanto formas da abstração universais abstratas pertencentes a qualquer conteúdo e consequentemente tanto indiferentes a todo conteúdo como válidas para cada um deles são as formas de pensamento as categorias lógicas arrancadas do espírito efetivo e da natureza efetiva Desenvolveremos mais adiante o conteúdo lógico da negatividade absoluta O positivo que Hegel aqui conseguiu na sua lógica especulativa é que os conceitos determinados as formas de pensamento universais fixas em sua autono mia diante da natureza e do espírito são um resultado necessário do estranhamento universal da essência humana portanto também do pensar hu mano e que Hegel os apresentou e reuniu por isso como momentos do proces so de abstração Por exemplo o ser suprassumido é essência a essência Karl Marx 134 suprassumida conceito o conceito suprassumido ideia absoluta36 Mas o que é então a ideia absoluta Ela se suprassume novamente a si mesma se não quer voltar a passar de novo por todo o ato de abstração e contentarse assim em ser uma totalidade de abstrações ou a abstração que a si se apreende Mas a abstra ção que se apreende como abstração sabese como nada ela tem de renunciar à abstração e chega assim junto a um ser que é precisamente o seu contrário junto à natureza Toda a lógica é portanto a prova de que o pensar abstrato por si nada é de que a ideia absoluta por si nada é de que somente a natureza é algo XXXII A ideia absoluta a ideia abstrata que considerada segundo sua unidade consigo é intuir Hegel Enciclopédia 3a edição p 222 24437 que na absoluta verdade de si mesma decidese a deixar sair livremente de si o momen to de sua particularidade ou do primeiro determinarse e seroutro a ideia imediata como seu reflexo como natureza lc38 toda esta ideia comportandose tão estranha e barrocamente que ocasionou aos hegelianos tremendas dores de cabeça não é absolutamente nada mais do que a abstração isto é o pensador abstrato que escaldada pela experiência e esclarecida sobre sua verdade decide sob diversas condições falsas e ainda mesmo abstratas a renunciar a si e pôr seu seroutro o particular o determi nado no lugar de seu estarjuntodesisernada Beisichsein Nichtssein da sua universalidade e de sua indeterminidade decidese livremente a deixar sair de si a natureza que ela escondia em si somente como abstração como coisa do pensamento ou seja abandonar a abstração e contemplar por fim a natureza liberta dela A ideia abstrata que se torna imediatamente intuir não é absoluta mente outra coisa senão o pensar abstrato que renuncia a si e decide pela intui ção Toda esta transição da lógica para a filosofia da natureza nada mais é do que a transição tão difícil de realizar para o pensador abstrato e por isso descrita por ele de forma tão excêntrica do abstrair ao intuir O sentimento místico que 3 6 Ibidem Tratase da primeira parte da Enciclopédia das ciências filosóficas em compêndio ou seja A ciência da lógica supra Hegel subdivide sua Ciência da lógica em Lógica objetiva à qual perten cem a doutrina do ser e a doutrina da essência e Lógica subjetiva ou doutrina do conceito fechando com o capítulo a ideia absoluta 3 7 Apesar de nos basearmos em critérios distintos de tradução estamos utilizando aqui como apoio a partir das citações oferecidas por Marx a referida versão brasileira da Enciclopédia das ciências filosóficas em compêndio vol I p 370 N T 3 8 Hegel Georg Wilhelm Friedrich Encyclopädie der philosophischen Wissenschaft im Grundrisse cit primeira parte Die Wissenschaft der Logik p 222 Edição brasileira Enciclopédia das ciências filosóficas em compêndio cit parte I A ciência da lógica p 370371 Manuscritos econômicofilosóficos 135 impele o filósofo do pensar abstrato ao intuir é o tédio a nostalgia Sehnsucht de um conteúdo O homem estranhado de si mesmo é também o pensador estranhado de sua essência isto é da essência natural e humana Seus pensamentos são por isso espíritos fixos habitando fora da natureza e do homem Hegel encerrou conjuntamente em sua lógica todos estes espíritos fixos cada um deles apreen dido primeiramente como negação isto é como exteriorização do pensar huma no depois como negação da negação isto é como suprassunção desta exteriorização como efetiva externação do pensar humano mas enquanto ele próprio ainda está embaraçado no seu estranhamento esta negação da nega ção é em parte o restabelecer dos espíritos fixos no seu estranhamento em parte o paralisar no último ato o referirse a si mesma na exteriorização como a verdadeira existência desses espíritos fixos isto é Hegel põe no lugar daquelas abstrações fixas o ato da abstração girando em si por isso ele tem o mérito de ter mostrado primeiramente os lugares de nascimento de todos esses conceitos impróprios pertencentes segundo sua data de origem a filósofos singulares tê los conjuntamente apreendido e em vez de uma abstração determinada ter criado como objeto da crítica a abstração que tem a ver com o circuito todo por que Hegel separa o pensar do sujeito veremos mais tarde mas está já evidente que se o homem não é humano também sua externação da essência Wesensäusserung não o pode ser portanto também o pensar não podia conce berse como externação da essência do homem como um sujeito humano e natural com olhos ouvidos etc vivendo na sociedade no mundo e na nature za e em parte na medida em que esta abstração se apreende a si mesma e sente acerca de si própria um tédio infinito em Hegel a renúncia do pensar abstrato que se movimenta apenas no pensar sem olhos sem dentes sem ouvidos sem nada aparece como decisão de reconhecer a natureza como essência e transfe rirse à intuição XXXIII Mas também a natureza tomada abstratamente para si fixada na sepa ração do homem é nada para o homem É evidente por si mesmo que o pensador abstrato que se resolveu pelo intuir a intui abstratamente Como a natureza foi encerrada pelo pensador na própria figura dele oculta e misteriosa como ideia absoluta como coisa de pensamento então ele na verdade na medida em que a separou de si separou de si apenas esta natureza abstrata apenas a coisa de pensa mento da natureza mas agora com o significado de que ela é o seroutro do pensa mento de que ela é a natureza efetiva intuída distinta do pensar abstrato Ou para falar uma linguagem humana o pensador abstrato experimenta junto de sua intui ção da natureza que os seres que ele na dialética divina imaginava criar a partir do nada da pura abstração como produtos puros do trabalho do pensar que se tece sobre si próprio e nunca olha para fora em direção à efetividade nada mais são que abstrações de determinações da natureza A natureza inteira repete para ele portanto apenas em forma sensível externa as abstrações lógicas Ele a analisa novamente nestas abstrações Sua intuição da natureza é portanto somente o ato de confirma Karl Marx 136 ção de sua abstração da intuição da natureza o curso gerador de sua abstração repetido por ele com consciência Assim por exemplo o tempo negatividade que se refere a si p 238 1 c25739 Ao viraser suprassumido como existência corresponde em forma natural o movimento suprassumido como matéria A luz é a forma natural da reflexão em si O corpo como lua e cometa é a forma natural da oposição que segundo a lógica é por um lado o positivo repousando sobre si mesmo e por outro o negativo repousando sobre si mesmo A terra é a forma natural do fundamento lógico enquanto unidade negativa da oposição etc A natureza enquanto natureza isto é na medida em que ainda se diferencia sen sivelmente daquele sentido secreto oculto nela a natureza separada di ferenciada destas abstrações é nada um nada confirmandose enquanto nada é semsentido Sinnlos ou tem apenas o sentido de uma externalidade que tem de ser suprassumida Do ponto de vista finitoteleológico encontrase a correta pressuposição de que a natureza não contém em si mesma o fim absoluto p 225 24540 Seu objetivo é a confirmação da abstração A natureza mostrouse como a ideia na forma do seroutro Visto que a ideia é assim como o negativo dela mesma ou externa a si assim a natureza não é externa apenas relativamente a esta ideia mas sim a externalidade constitui a destinação na qual ela é enquanto natureza p 227 24741 A externalidade não é de se entender aqui como a sensibilidade se externando aberta à luz e ao homem sensível A externalidade tomase aqui no sentido da exteriorização um equívoco uma debilidade que não deve ser Pois o verdadeiro das Wahre é ainda a ideia A natureza é somente a forma de seu ser outro E como o pensar abstrato é a essência aquilo que lhe é externo é segundo sua essência apenas um algo externo O pensador abstrato reconhece ao mesmo tempo que a sensibilidade é a essência da natureza a externalidade em oposição ao pensar tecendose em si Mas simultaneamente ele exprime esta oposição de tal forma que esta externalidade da natureza é sua oposição ao pensar sua deficiência que ela na medida em que se diferencia da abstração é um ser deficiente 3 9 Hegel Georg Wilhelm Friedrich Encyclopädie der philosophischen Wissenschaft cit p 238 A negatividade que se encontra como ponto no espaço e nele desenvolve suas determinações como linha e extensão é contudo na esfera do serforadesi precisamente não só para si e suas determinações aí dentro mas também simultaneamente como pondo na esfera do serforade si neste caso aparecendo como indiferente ao tranquilo aoladoumdooutro Nebeneinander Assim posta para si é essa negatividade o tempo Edição brasileira Enciclopédia das ciências filosóficas em compêndio cit vol II A filosofia da natureza p 5354 4 0 Ibid p 225 Edição brasileira cit p 15 4 1 Ibid p 227 Edição brasileira cit p 26 Manuscritos econômicofilosóficos 137 XXXIV Um ser deficiente não apenas para mim aos meus olhos um ser em si mesmo deficiente tem fora de si algo que lhe falta Isto é sua essência é algo diferen te dele mesmo Para o pensador abstrato a natureza tem portanto de se suprassumir a si mesma porque já foi posta por ele como um ser em potência suprassumido O espírito tem para nós a natureza por sua pressuposição da qual ele é a verdade e por isso seu primeiro absoluto Nessa verdade a natureza desvaneceu e o espírito se produziu como ideia que chegou ao seu serparasi cujo objeto assim como o sujeito é o conceito Esta identidade é a negatividade absoluta porque o conceito tem na natureza sua objetividade externa consumada porém essa sua exteriorização é suprassumida e o conceito tornouse idêntico a si mesmo nela Por isso o conceito só é essa identidade enquanto retornar da natureza p 392 38142 O manifestar que enquanto o manifestar da ideia abstrata e passagem imediata viraser da natureza enquanto manifestar do espírito que é livre é o pôr Setzen da natureza como de seu mundo um pôr que como reflexão é ao mesmo tempo pressupor Voraussetzen do mundo como natureza autônoma O manifestar no conceito é criar do mundo como ser seu no qual ele se proporciona a afirmação e verdade de sua liberdade O absoluto é o espírito esta a suprema definição do absoluto p 393 38443 42 Ibid p 392 Edição brasileira cit p 15 43 Ibid p 393 Edição brasileira cit p 26 exodus Manuscritos econômicofilosóficos 139 PROPRIEDADE PRIVADA E CARÊNCIAS XIV 7 Vimos que significado tem sob o pressuposto do socialismo a riqueza Reichheit das carências humanas e portanto tanto um novo modo de produção quanto um novo objeto da produção Nova atividade da força esse ncial humana e novo enriquecimento da essência humana No interior da proprie dade privada o significado inverso Cada homem especula sobre como criar no outro uma nova carência a fim de forçálo a um novo sacrifício colocá lo em nova sujeição e induzilo a um novo modo de fruição e por isso de ruína econômica Cada qual procura criar uma força essencial estranha sobre o outro para encontrar aí a satisfação de sua própria carência egoísta Com a massa dos objetos cresce por isso o império das Reich do ser estranho ao qual o homem está submetido e cada novo produto é uma nova potência da recíproca fraude e da recíproca pilhagem O homem se torna cada vez mais pobre en quanto homem carece cada vez mais de dinheiro para se apoderar do ser hostil e o poder de seu dinheiro cai precisamente na relação inversa da massa de pro dução ou seja cresce sua penúria Bedürftigkeit à medida que aumenta o poder do dinheiro A carência de dinheiro é por isso a verdadeira carência produzida pela economia nacional e a única carência que ela produz A quantidade de dinheiro se torna cada vez mais seu único atributo poderoso assim como ele reduz todo o ser à sua abstração reduzse ele em seu próprio movimento a ser quantitativo A imoderação e o descomedimento tornamse a sua verdadeira medida Subjetivamente mesmo isto aparece em parte porque a expansão dos produtos e das carências o torna escravo inventivo e continuamente calculista de desejos não humanos requintados não naturais e pretensiosos a proprie dade privada não sabe fazer da carência rude uma carência humana seu idealismo é a ilusão a arbitrariedade o capricho e não há eunuco que adule mais infamemente o seu déspota e procure exasperar por nenhum meio mais infame a sua embotada aptidão para o prazer Genussfähigkeit de forma a obter ilicitamente um favor do que o eunuco da indústria o produtor para captar fraudulentamente para si centavos em prata atrair para fora dos bolsos do vizinho cristãmente amado os pássaros de ouro cada produto é uma isca Karl Marx 140 com a qual se quer atrair para junto de si a essência do outro o seu dinheiro cada carência efetiva ou possível é uma fraqueza que apresentará a armadilha à mosca exploração universal da essência humana comunitária tal como cada imperfeição do ser humano é um vínculo com o céu um lado pelo qual seu coração é acessível ao padre cada falta Not é uma ocasião para sob a aparência mais gentil dirigirse ao vizinho e lhe dizer dileto amigo doute aqui lo de que precisas mas tu conheces a conditio sine qua non sabes com qual tinta tens de enganarte ao escrever para mim trapaceiote na mesma medida em que te proporciono uma fruição1 sujeitase às suas ideias mais vis joga de alcoviteiro entre ele e sua carência causa nele apetites patológicos espreita nele cada fraqueza para então exigir o adiantamento em dinheiro desta obra de caridade Em parte este estranhamento se mostra na medida em que produz por um lado o refinamento das carências e dos seus meios por outro a degradação brutal a completa simplicidade rude abstrata da carência ou melhor apenas produziuse novamente a si na sua significação contrária Mesmo a carência de ar livre deixa de ser para o trabalhador carência o homem retorna à caver na que está agora porém infectada pelo mefítico ar pestilento da civilização e que ele apenas habita muito precariamente como um poder estranho que diaria mente se lhe subtrai do qual ele pode ser diariamente expulso se XV não pagar Tem de pagar esta casa mortuária A habitaçãoluz que Prometeu em Ésquilo2 denota como uma das maiores dádivas pelas quais ele fez do selvagem um ho mem cessa de existir para o trabalhador Luz ar etc a mais elementar limpeza animal cessam de ser para o homem uma carência A imundície esta corrupção apodrecimento do homem o fluxo de esgoto isto compreendido à risca da civi lização tornase para ele um elemento vital O completo abandono não natural a natureza apodrecida tornamse seu elemento vital Nenhum de seus sentidos existe mais não apenas em seu modo humano mas também não num modo não humano por isto mesmo nem sequer num modo animal As mais rudes formas instrumentos de trabalho humano reaparecem assim o moinho de tambor do escravo romano tornouse modo de produção modo de existência de muitos trabalhadores ingleses Isto quer dizer não apenas que o homem deixa de ter quaisquer carências humanas mas que mesmo as carências animais desapare cem O irlandês apenas conhece a carência do comer e efetivamente conhece a necessidade do comer batatas e naturalmente apenas batatas Lumper a pior espécie de batatas3 Mas a Inglaterra e a França já têm em cada cidade industrial 1 Goethe Johann Wolfgang Fausto primeira parte 2 Ésquilo Prometeu vinctus V p 450453 3 Buret Eugène De la misère des classes labourieuses en Angleterre et en France de la nature de la misère de son existence de ses effets de ses causes et de linsuffisance des remèdes quon lui Manuscritos econômicofilosóficos 141 uma pequena Irlanda O selvagem o animal ainda têm a carência da caça do movimento etc da socialidade Geselligkeit A simplificação da máquina do trabalho é utilizada para fazer em primeiro lugar do homem que ainda vem a ser do homem totalmente não formado a criança trabalhador assim como o trabalhador tornouse uma criança abandonada à negligência A máquina aco modase à debilidade do ser humano para tornar o ser humano débil uma máquina Como o aumento das carências e dos seus meios engendra a falta de carên cias e a falta de meios demonstrao o economista nacional e o capitalista falam os em geral sempre dos homens de negócio empíricos quando nos dirigimos aos economistas nacionais seu testemunho científico e existência 1 na medida em que ele reduz a carência do trabalhador à mais necessária e mais miserável subsistência da vida física e sua atividade ao movimento mecânico mais abstrato ele diz portanto o homem não tem nenhuma outra carência nem de atividade nem de fruição pois ele proclama também esta vida como vida e existência humanas na medida em que 2 ele calcula a vida existência mais escassa possível como norma e precisamente como norma universal universal porque vigente para a massa dos homens ele faz do trabalhador um ser insensí vel e sem carências assim como faz de sua atividade uma pura abstração de toda atividade cada luxo do trabalhador aparece a ele portanto como reprovável e tudo o que ultrapassa a mais abstrata de todas as carências seja como fruição ou externação de atividade aparece a ele como luxo A economia nacional esta ciência da riqueza é por isso ao mesmo tempo ciência do renunciar da indigên cia da poupança e ela chega efetivamente a poupar ao homem a carência de ar puro ou de movimento físico Esta ciência da indústria maravilhosa é simultanea mente a ciência da ascese e seu verdadeiro ideal é o avarento ascético mas usu rário e o escravo ascético mas producente O seu ideal moral é o trabalhador que leva uma parte de seu salário à caixa econômica e ela encontrou mesmo para esta sua ideia predileta uma arte servil Levouse o sentimentalismo para o teatro Por isso ela é apesar de seu aspecto mundano e voluptuoso uma ciência efetivamente moral a mais moral de todas as ciências A autorrenúncia a renúncia à vida a todas as carências humanas é a sua tese principal Quanto menos comeres beberes comprares livros fores ao teatro ao baile ao restau rante pensares amares teorizares cantares pintares esgrimires etc tanto mais tu poupas tanto maior se tornará o teu tesouro que nem as traças nem o roubo a opposés jusquici avec lindication des moyens propres a en affranchir les sociétés T 1 Paris 1840 p 110111 Regarde lhomme dIrlande avec trois livres de pommes de terre par jour et la pire espèce trois livres de lumper 1 nota de rodapé Gustave de Beaumont lIrlande tome II p 114 La pomme de terre de bonne qualité est devenue pour les Irlandais un objet de luxe ils ne cultivent plus pour leur consommation que la pire espéce appelée Lumper qui a lavantage de produire plus gros tubercules Colchetes no original Karl Marx 142 corroem4 teu capital Quanto menos tu fores quanto menos externares a tua vida tanto mais tens tanto maior é a tua vida exteriorizada tanto mais acumulas da tua essência estranhada Tudo XVI o que o economista nacional te arranca de vida e de humanidade ele te supre em dinheiro e riqueza E tudo aquilo que tu não podes pode o teu dinheiro ele pode comer beber ir ao baile ao teatro sabe de arte de erudição de raridades históricas de poder político pode viajar pode apropriarse disso tudo para ti pode comprar tudo isso ele é a verdadeira capa cidade Vermögen Mas ele que é tudo isso não deseja senão criarse a si pró prio comprar a si próprio pois tudo o mais é sim seu servo e se eu tenho o senhor tenho o servo e não necessito do seu servo Todas as paixões e toda atividade têm portanto de naufragar na cobiça Ao trabalhador só é permitido ter tanto para que queira viver e só é permitido querer viver para ter Sem dúvida elevase agora no terreno da economia nacional uma controvér sia Um dos lados Lauderdale Malthus etc recomenda o luxo e amaldiçoa a poupança o outro Say Ricardo etc recomenda a poupança e amaldiçoa o luxo Mas aquele admite que quer o luxo para produzir o trabalho isto é a poupança absoluta o outro lado admite que recomenda a poupança para produzir a riqueza isto é o luxo O primeiro lado tem a romântica ilusão de que não unicamente a cobiça deveria determinar o consumo do rico e contradiz suas próprias leis quan do faz o desperdício passar imediatamente por um meio de enriquecimento E por outro lado élhe demonstrado assim muito diligente e circunstanciadamente que eu pelo desperdício reduzo meus bens e não aumento o outro lado comete a hipocrisia de não reconhecer que precisamente o capricho e a divagação determi nam a produção ele esquece as necessidades refinadas esquece que sem consu mo nada seria produzido ele esquece que a produção mediante a concorrência só tem de se tornar mais omnilateral mais luxuosa ele esquece que o uso lhe determina o valor das coisas e que a moda determina o uso ele deseja ver produ zido só o útil mas esquece que a produção de demasiado útil produz população demasiado inútil Ambos os lados esquecem que desperdício e poupança luxo e privação riqueza e pobreza são iguais E tu tens de poupar não somente teus sentidos imediatos como comer etc tu tens de poupar também na colaboração com interesses universais na compai xão na confiança se tu queres ser econômico se não queres te arruinar com ilusões Tu tens de fazer venal ou seja útil tudo o que é teu Quando pergunto ao economista nacional eu obedeço às leis econômicas quando tiro dinheiro do abandono da oferta de meu corpo para a volúpia alheia os operários fabris na França nomeiam a prostituição de suas mulheres e filhas de x horas de trabalho o que é à letra verdadeiro ou não procedo nacionaleconomicamente quando vendo o meu amigo aos marroquinos e a venda imediata de seres humanos 4 Tratase do Novo Testamento O evangelho de Mateus 6 1920 Manuscritos econômicofilosóficos 143 como comércio dos conscritos etc se realiza em todos os países civilizados o economista nacional respondeme assim tu não ages contra minhas leis mas veja o que diz a prima moral e a prima religião minha moral e religião nacional econômicas nada tem a objetarte mas em quem devo acreditar mais agora na economia nacional ou na moral A moral da economia nacional é o ganho o trabalho e a poupança o ascetismo mas a economia nacional prometeme satisfazer minhas carências A economia nacional da moral é a riqueza em boa consciência em virtude etc mas como posso ser virtuoso se nada sou como posso ter uma boa consciência se nada sei Está fundado na essência do estranhamento que cada esfera me imputa um critério distinto e oposto um a moral outro a economia nacional porque cada uma é um estranhamento de terminado do homem e cada XVII uma fixa um círculo particular da atividade essencial estranhada cada uma se comporta estranhadamente com relação à outra Assim o senhor Michel Chevalier repreende Ricardo por este abstrair da moral Mas Ricardo deixa a economia nacional falar a sua própria linguagem Se esta não fala moralmente então a culpa não é de Ricardo M Chevalier abstrai da economia nacional na medida em que moraliza mas ele abstrai necessária e efetivamente da moral na medida em que aciona a economia nacional A relação do economista nacional com a moral se de outro modo não é arbitrária aci dental e por isso infundada e não científica se não ilude pela aparência mas é considerada essencial só pode ser contudo a relação das leis nacionaleconômi cas com a moral se isto não tem lugar ou antes o contrário tem lugar o que pode fazer Ricardo Além disso a oposição entre a economia nacional e a moral é também apenas uma aparência e assim como é uma oposição novamen te não é oposição alguma A economia nacional apenas expressa a seu modo as leis morais A ausência de carências como o princípio da economia nacional mostrase da maneira mais grandiosa na sua teoria da população Há seres humanos a mais Até mesmo a existência do homem é um puro luxo e se o trabalhador é moral Mill sugere louvores públicos para aqueles que se mostrarem abstinentes nas relações sexuais e repreensões públicas para aqueles que pecam contra esta esterilidade do casamento5 não é isto moral doutrina da ascese será poupado na procriação A produção do homem aparece como miséria pública O sentido que a produção tem no que diz respeito ao rico mostrase manifesta mente no sentido que ela tem para o pobre para aqueles de cima sua externação é 5 Mill James Élemens déconomie politique Trad de langlais par JTParisot Paris 1823 p 59 Il suffirait peutêtre que le blâme public pesât de toute as force sur les hommes qui par leur impré voyance et en se créant une nombreuse famille sont tombés dans la pauvreté et la dépendance et que lapprobation publique devin le récompense de ceux qui par une sage réserve se sont garantis de la misère et de la dégradation Marx pro vavelmente não utiliza o caderno de excertos Vide Marx Karl Exzerpte aus James Mill Élémens déconomie politique In MEGA IV2 p 435 Karl Marx 144 sempre refinada oculta ambígua aparência para aqueles de baixo é sempre gros seira franca sincera essência A rude carência do trabalhador é uma fonte de lucro muito maior do que a refinada do rico Os porões em Londres rendem mais aos senhorios do que os palácios isto é no que a estes respeita uma riqueza maior e assim para falar nacionaleconomicamente uma maior riqueza social E assim como a indústria especula com o refinamento das carências especula da mesma forma com sua crueza mas sobre a sua crueza artificialmente gerada cuja verda deira fruição é por isso a autonarcose esta aparente satisfação da carência esta civilização no interior da crua barbárie da carência As tabernas inglesas são por isso exposições simbólicas da propriedade privada Seu luxo mostra a verdadeira relação do luxo industrial e da riqueza com o homem Elas são por isso também com razão os únicos divertimentos dominicais do povo pelo menos os únicos tratados brandamente pela polícia inglesa Aditamentos XVIII Já vimos como o economista nacional estabelece de diversos modos a unidade entre trabalho e capital 1 o capital é trabalho acumulado 2 a determi nação do capital no interior da produção em parte a reprodução do capital com lucro em parte o capital como matériaprima material do trabalho em parte ele mesmo enquanto instrumento que trabalha a máquina é o capital imediata mente posto idêntico com o trabalho é trabalho produtivo 3 o trabalhador é um capital 4 o salário pertence aos custos do capital 5 no que respeita ao trabalhador o trabalho é a reprodução de seu capital vital 6 com respeito ao capitalista o trabalho é um momento da atividade de seu capital Finalmente 7 o economista nacional supõe a unidade originária de ambos como a unidade entre capitalista e trabalhador este é o estado paradisíaco originário A forma como ambos os momentos XIX como duas pessoas se chocam é para o economista nacional um acontecimento acidental e por isso esclarecido apenas externamente Vide Mill6 As nações que ainda estão fascinadas pelo brilho sensível dos metais nobres e por isso ainda são idólatras Fetischdiener das moedas ainda não são as nações do dinheiro consumadas Oposição de França e Inglaterra Em que medida a solução dos enigmas teóricos é uma tarefa da práxis e está praticamente mediada assim como a verdadeira práxis é a condição de uma teoria efetiva e positiva mostrase por exemplo no fetichismo A consciência sensível do fetichista Fetischdieners é uma outra diferente da 6 Mill James Élémens déconomie politique cit p 3233 Dans le plus grand nombre des cas mais surtout lorsque la société est trèscivilisée louvrier et le propriétaire du capital sont deux personnes différentes Louvrier na ni matière première ni outils ces objets lui sont fournis par le capitaliste Marx provavelmente não utiliza o caderno de excertos Vide Marx Karl Exzerpte aus James Mill Élémens déconomie politique cit p 432 Manuscritos econômicofilosóficos 145 do grego porque a sua existência sensível é ainda uma outra A hostilidade abstrata entre sentido e espírito é necessária enquanto o sentido humano para com a natureza o sentido humano da natureza e portanto também o sentido natural do homem ainda não tiver sido produzido mediante o pró prio trabalho do homem A igualdade não é outra coisa senão o eu eu Ich Ich alemão traduzi do para o francês isto é em forma política A igualdade enquanto fundamen to do comunismo é a sua fundamentação política e é o mesmo que quando o alemão o fundamenta dessa maneira apreendendo o homem como consciência de si uni versal Compreendese que a suprassunção do estranhamento ocorre sempre a par tir da forma de estranhamento que é potência Macht dominante na Alemanha a consciência de si na França a igualdade por causa da política na Inglaterra a carência prática efetivomaterial medindose somente junto de si mesma A partir deste ponto é que deverseia reconhecer e criticar Proudhon7 Se caracterizamos o próprio comunismo ainda porque enquanto negação da negação enquanto apropriação da essência humana que se medeia consigo mesma mediante a negação da propriedade privada por isso não ainda enquan to a verdadeira posição posição por si mesma mas antes começando a partir da propriedade privada ao velho modo alemão segundo o modo da fenomenologia hegeliana assim fosse agora terminado enquanto momento ultrapassado überwundenes Moment e se pudesse e se pudesse contentar se com isto da essência humana na consciência apenas mediante a efetiva suprassunção de seu pensamento depois assim como antes assim com ele permanece portanto o efetivo estranhamento da vida humana e um estranhamento tanto maior quanto mais se tem uma consciência sobre o mesmo pode ser terminado assim ele é portanto de terminar somente pelo comunis mo posto à obra8 Para suprassumir o pensamento da propriedade privada basta de todo o comunismo pensado Para suprassumir a propriedade privada efetiva é preciso uma ação comunista efetiva A história produzilaá e aquele movi mento que nós em pensamento já sabemos ser um movimento suprassumindo a si próprio sofrerá na efetividade um processo muito áspero e extenso Temos de considerar porém enquanto um progresso efetivo que desde o princípio temos adquirido uma consciência tanto da estreiteza quanto da finalidade do movi mento histórico e uma consciência que o sobrepuja Quando os artesãos comunistas se unem vale para eles antes de mais nada como finalidade a doutrina propaganda etc Mas ao mesmo tempo eles se apro 7 A respeito vide de Edgar Bauer Proudhon in Allgemeine LiteraturZeitung cit ca derno V p 4142 E além disso Marx Karl Die heilige Familie cit capítulo IV item 4 8 Neste ponto do manuscrito a página está rasgada sendo possíveis de ler somente algu mas palavras soltas que mesmo sendo reunidas não têm coerência suficiente para que se possa reconstruir a passagem Karl Marx 146 priam dessa maneira de uma nova carência a carência de sociedade e o que aparece como meio tornouse fim Este movimento prático podese intuir nos seus mais brilhantes resultados quando se vê operários ouvriers socialistas fran ceses reunidos Nessas circunstâncias fumar beber comer etc não existem mais como meios de união ou como meios que unem A sociedade a associação o entretenimento que novamente têm a sociedade como fim basta a eles a fraternidade dos homens não é nenhuma frase mas sim verdade para eles e a nobreza da humanidade nos ilumina a partir dessas figuras endurecidas pelo trabalho XX Quando a economia nacional afirma que procura e oferta sempre se pro vêm ela esquece imediatamente que segundo a sua própria afirmação a oferta de homens teoria da população sempre excede a procura que portanto o desequilíbrio entre procura e oferta guarda sua expressão mais decisiva no resultado essencial de toda a produção a existência do homem Em que medida o dinheiro que aparece como meio é a verdadeira potência e a única finalidade em que medida afinal o meio que faz de mim uma essência que me apropria da essência estranha objetiva é autofinalidade isto podese observar no fato de como propriedade fundiária onde o solo é a fonte da vida cavalo e espada lá onde eles são os verdadeiros meios de vida são também reconhecidos enquanto as verdadeiras potências vitais políti cas Na Idade Média um estado Stand se emancipa tão logo lhe é permitido sustentar a espada Entre as populações nômades o cavalo é que me faz livre um participante da coletividade Dissemos acima que o homem retorna à caverna etc mas regressa a ela sob uma figura estranhada hostil O selvagem na sua caverna esse pitoresco ele mento natural oferecendose para fruição e abrigo não se sente estranho ou sentese antes como em casa como o peixe na água Mas o porão dos pobres é uma habitação hostil que a ele resiste como potência estranha que apenas se lhe entrega na medida mesma em que ele entrega a ela seu suor de sangue9 que ele não pode considerar como seu lar onde ele pudesse finalmente dizer aqui estou em casa onde ele se encontra antes como estando na casa de um outro numa casa estranha que diariamente está à espreita e o expulsa se não pagar o aluguel Do mesmo modo ele sabe a qualidade de sua habitação em oposição com a habitação humana residente no outro lado no céu da riqueza O estranhamento aparece tanto no fato de meu meio de vida ser de um outro no fato de aquilo que é meu desejo ser a posse inacessível de um outro quanto no fato de que cada coisa mesma é um outro enquanto si mesma quanto também no fato de que minha atividade é um outro quanto finalmente e isto vale também para os capitalistas no fato de que em geral o poder não humano domina 9 Não foi possível encontrar na MarxEngels Gesamtausgabe MEGA qualquer menção dos edi tores a esta citação NT Manuscritos econômicofilosóficos 147 A determinação da riqueza inativa e esbanjadora que se abandona somente à fruição na qual o desfrutador sem dúvida se ativa por um lado como um indivíduo apenas efêmero que ilusoriamente se desgasta e ao mesmo tempo sabe o trabalho escravo alheio o suor humano de sangue como a presa de sua ambição e por isso do próprio homem portanto também de si próprio como um ser sacrificado inútil pelo qual o desprezo humano aparece na condição de arrogância como um desdenhar daquilo que pode prolongar cem vidas huma nas aparece em parte na condição de ilusão infame de que o seu esbanjamento desenfreado e o consumo inconsistente e improdutivo condicionam o trabalho e com isso a subsistência do outro sabe que a efetivação das forças essenciais humanas é somente a efetivação de seu não ser Unwesen seu capricho e ideias arbitrariamente bizarros essa riqueza por outro lado sabe porém a riqueza enquanto um mero meio e coisa digna de aniquilação que é portanto simulta neamente seu escravo e seu senhor simultaneamente generosa e vil caprichosa presunçosa pretensiosa fina cultivada espirituosa essa riqueza não experi mentou ainda a riqueza enquanto uma potência totalmente estranha sobre si própria vê nela antes apenas sua própria potência e não10 a riqueza mas sim a fruição finalidade última A essa riqueza11 XXI e à brilhante fasci nada ilusão pela aparência sensível acerca da essência da riqueza contrapõese o industrial labutador austero prosaicoeconômico esclarecido sobre a essência da riqueza e como ele proporciona àquele sibarismo um ambiente maior diz a ele belas lisonjas nas suas produções seus produtos são precisamente tantos outros vis cumprimentos aos apetites do perdulário assim ele sabe apropriar se para si do modo unicamente útil da potência dissipada do outro Se por conseguinte a riqueza industrial aparece antes de mais nada como resultado da riqueza perdulária fantástica o movimento da primeira suplanta também de modo ativo por ele o próprio movimento da última A queda do juro monetário Geldzins é nomeadamente uma consequência necessária e resultado do movi mento industrial Os meios do detentor de rendimentos Rentier perdulário diminuem assim diariamente precisamente na relação inversa do aumento dos meios e ciladas da fruição Ele tem portanto ou que consumir seu próprio capi tal portanto arruinarse ou tornarse ele mesmo capitalista industrial Por outro lado com efeito a renda da terra sobe imediata e constantemente no decurso do movimento industrial mas já o vimos chegará necessariamente um momento em que a propriedade fundiária tem de cair na categoria do capital que se reproduz com ganho Gewinn como toda outra propriedade e sem dúvida é este o resultado do mesmo movimento industrial Portanto também o 10 A inserção do advérbio que aparece aqui entre colchetes é de responsabilidade do editor alemão NT 11 Novamente aqui o manuscrito se encontra deteriorado impossibilitando a legibilidade de todo um trecho no qual estão faltando várias linhas Karl Marx 148 senhor da terra Grundherr perdulário tem de ou consumir o seu capital por tanto arruinarse ou tornarse arrendatário da sua própria terra um industrial que trabalha na agricultura A diminuição do juro monetário que Proudhon considera como a supres são do capital e enquanto tendência para a socialização do capital12 é por isso e antes de tudo imediatamente apenas um sintoma do completo triunfo do capital que trabalha arbeitendes Kapital sobre a riqueza esbanjadora ou seja a transformação de toda a propriedade privada em capital industrial o completo triunfo da propriedade privada sobre a aparência de todas as qualidades ainda humanas da mesma e a completa sujeição do proprietário privado pela essência da propriedade privada o trabalho Sem dúvida o capitalista industrial também frui De modo nenhum ele re gressa à simplicidade não natural da carência mas a sua fruição é apenas coisa sem importância descanso subordinada à produção por isso fruição calculada portanto propriamente econômica pois ele junta sua fruição aos custos do capi tal e sua fruição deve por isso custar a ele apenas tanto quanto aquilo por ele esbanjado for novamente substituído pela reprodução do capital com lucro A fruição está portanto subsumida ao capital o indivíduo que frui subsume sob o indivíduo que capitaliza enquanto anteriormente acontecia o contrário O de créscimo dos juros é por isso apenas um sintoma da supressão do capital na medida em que é um sintoma de sua plena dominação estranhamento que se completa e por isso avança para sua abolição Este é em geral o único modo em que o existente Bestehende confirma o seu contrário A contenda dos economistas nacionais sobre luxo e poupança é apenas por isso a contenda da economia nacional que deixou claro a essência da riqueza contra aqueles que ainda estão acometidos por recordações românticas antiindustriais Mas ambos os lados não sabem conduzir o objeto da luta à sua expressão simples portanto nem um nem outro a concluem XXXIV Além disso a renda da terra qua renda da terra seria ulteriormente derrubada na medida em que seria antes demonstrado pela nova economia nacional em oposição ao argumento dos fisiocratas que dizia que o proprietá 1 2 Proudhon PierreJoseph Questce que la propriété Ou recherches sur le principe du droit et du gouvernement Premier mémoire cit p 230231 On se préoccupe fort aujourdhui dune opération de finances dont on espère un grand résultat pour le dégrèvement du budget il sagit de la conversion de la rente 5 p 100 Laissant de côté la question politico légale pour ne voir que la question financière nestil pas vrai que lorsquon aura converti de 5 p 100 en 4 p 100 il faudra plus tard par les mêmes raisons et les mêmes nécessités convertir le 4 en 3 puis le 3 en 2 puis le 2 en 1 puis enfin abolir toute espèce de rente Mais ce sera par le fait décréter légalité des conditions et labolition de la propriété or il me semblerait digne dune nation intelligente daller audevant dune révolution inévitable plutôt que de sy laisser trainer au char de linflexible nécessité Manuscritos econômicofilosóficos 149 rio fundiário seria o único verdadeiro produtor que o proprietário fundiário enquanto tal seria antes o único detentor de rendimentos Rentier totalmente improdutivo A agricultura seria coisa do capitalista que daria essa aplicação ao seu capital se dela tivesse que esperar o lucro costumeiro A colocação dos fisiocratas de que unicamente a propriedade fundiária enquanto única propri edade produtiva teria de pagar impostos estatais portanto também somente ela outorgar e participar do sistema do Estado Staatswesen transformase por isso na determinação contrária de que o imposto sobre a renda da terra é o único imposto sobre um rendimento improdutivo portanto o único imposto que não é nocivo à produção nacional Entendese que assim compreendida tam bém a prerrogativa política do proprietário fundiário não mais se desdobra de sua principal tributação Tudo o que Proudhon concebe como movimento do trabalho contra o capital é apenas o movimento do trabalho na determinação do capital do capital indus trial contra o capital que se consome não enquanto capital ou seja não indus trialmente E este movimento segue o seu caminho triunfante isto é o caminho do triunfo do capital industrial Vêse portanto que primeiramente na medida em que o trabalho é apreendido como essência da propriedade privada também o movimento nacionaleconômico pode ser visto como tal na sua efetiva determinidade Fragmentos divisão do trabalho A sociedade assim como aparece para o economista nacional é a socieda de burguesa bürgerliche Gesellschaft na qual cada indivíduo é um todo de carências e apenas XXXV é para o outro assim como o outro apenas é para ele na medida em que se tornam reciprocamente meio O economista nacional tão bem quanto a política nos seus direitos humanos reduz tudo ao homem isto é ao indivíduo do qual retira toda determinidade para o fixar como capitalista ou trabalhador A divisão do trabalho é a expressão nacionaleconômica da sociabilidade Gesellschaftlichkeit do trabalho no interior do estranhamento Ou posto que o trabalho é apenas uma expressão da atividade humana no interior da exteriorização a externação da vida enquanto exteriorização da vida assim também a divisão do trabalho não é outra coisa senão o assentar Setzen exteriorizado estranhado da atividade humana como uma atividade genérica real ou enquanto atividade do homem como ser genérico Sobre a essência da divisão do trabalho a qual tinha de ser naturalmente apreendida como um motor principal da produção de riqueza tão logo o traba lho fosse reconhecido como a essência da propriedade privada isto é sobre esta figura estranhada e exteriorizada da atividade humana enquanto atividade genéri ca os economistas nacionais são muito obscuros e contraditórios Karl Marx 150 Adam Smith A divisão do trabalho não deve sua origem à sabedoria Weisheit humana Ela é a consequência necessária lenta e progressiva da propensão para o inter câmbio e do desbaratamento recíproco dos produtos Esta inclinação para o comércio é provavelmente uma consequência necessária do uso da razão Vernunft e da palavra Wortes Ela é comum a todos os homeos e não se encontra em nenhum outro animal O animal uma vez crescido vive por conta própria O homem necessita constantemente do amparo de outros e em vão o esperaria meramente de sua benevolência Será muito mais seguro dirigirse ao interesse pessoal deles e convencêlos de que sua própria vanta gem reside em fazer aquilo que ele deseja deles Dirigimonos a outros ho mens não à sua humanidade mas ao seu egoísmo nunca lhes falamos das nossas carências mas sempre de suas vantagens Portanto como obtemos uns dos outros por troca comércio regateio a maioria dos bons serviços que nos são necessários assim é esta disposição para o regateio que deu à divisão do trabalho sua origem Por exemplo numa tribo de caçadores ou pastores um indivíduo particular faz arcos e cordas com mais rapidez e habilidade do que um outro Ele troca amiúde com seus companheiros estas espécies de traba lho cotidiano por gado e caça e logo percebe que por este meio pode conse guir mais facilmente os últimos do que quando ele próprio ia à caça A partir de um cálculo interessado ele faz portanto da fabricação de arcos etc sua principal ocupação A diferença dos talentos naturais entre os indivíduos não é tanto a causa como o efeito da divisão do trabalho Sem a disposição dos homens para comerciar e trocar cada um seria obrigado a conseguir para si próprio todas as necessidades Notwendigkeiten e comodidades da vida Cada um teria tido de realizar o mesmo trabalho diário e aquela grande diferença das ocupações que pode unicamente produzir uma grande diferença de talentos não teria tido lugar Como agora esta inclinação para trocar engendra a diversidade de talentos entre os homens é também a mesma inclinação que torna esta diversidade útil Muitas raças de animais ainda que da mesma espécie receberam da natureza diferentes características que em relação à sua aptidão são mais evidentes do que se poderia observar entre os homens não cultivados Por natureza um filósofo não é nem em metade diferente em gênio e inteligência de um carregador um cão doméstico de um galgo um galgo de um perdigueiro e este de um cão pastor No entanto essas diferentes raças de animais ainda que da mesma espécie não são quase de nenhuma utilidade umas para as outras O cão de guarda nada pode acres centar à vantagem da sua força XXXVI para com isso servirse talvez da agilidade do galgo etc Os efeitos desses diversos talentos ou graus de inteli gência na falta da capacidade ou da inclinação para comércio e troca não podem ser lançados conjuntamente à comunidade e não podem de modo algum contribuir para a vantagem ou para a comodidade comunitária da species Cada animal tem de manterse e protegerse a si próprio independente mente dos outros não pode tirar a mínima utilidade da diversidade dos talentos que a natureza distribuiu entre seus iguais Entre os homens pelo contrário os mais díspares talentos são reciprocamente úteis porque os Manuscritos econômicofilosóficos 151 diferentes produtos de cada um dos seus respectivos ramos industriais por intermédio dessa inclinação universal para o comércio e a troca se encon tram por assim dizer lançados numa massa comunitária na qual cada ho mem pode ir comprar segundo sua carência qualquer parte do produto da indústria dos outros Porque esta inclinação para a troca dá origem à divisão do trabalho a prosperidade dessa divisão está consequentemente limitada pela expansão da capacidade de trocar ou em outras palavras pela expansão do mer cado Se o mercado é muito pequeno então ninguém será encorajado a entregarse totalmente a uma única ocupação por não poder trocar o exce dente Mehr do produto do seu trabalho que ultrapassa o seu próprio consu mo por um igual excedente do produto do trabalho de um outro que deseja ria comprar 13 Na situação desenvolvida 1 3 Smith Adam Recherches sur la nature et les causes de la richesse des nations cit t 1 p 2937 Cette division du travail ne doit pas être regardée dans son origine comme leffet dune sagesse humaine elle est la conséquence nécessaire quoique lente et graduelle dun certain penchant naturel à tous les hommes qui ne se proposent pas de vues dutilité aussi étendues cest ce penchant à trafiquer à faire des trocs et des échanges dune chose pour une autre ce penchant est un de ces premiers principes de la nature humaine ou bien comme il paraît plus probable sil est une conséquence nécessaire de lusage du raisonnement et de la parole Il est commun à tous les hommes et on ne laperçoit dans aucune autre espèce danimaux Dans presque toutes les autres espèces danimaux chaque individu quand il est parvenu à as pleine croissance est toutàfait indépendant Mais lhomme a presque continuellement besoin du secours de ses semblables et cest en vain quil lattendrait de leur seule bienveillance Il sera bien plus sûr de son fait en sadressant à leur intérêt personnel et en leur persuadant quil y va de leur propre avantage de faire ce quil souhaite deux Nous ne nous adressons pas à leur humanité mais à leur égoïsme et ce nest jamais de nos besoins que nous leur parlons cest toujours de leur avantage Comme cest ainsi par traité par troc et par achat que nous obtenons des autres la plupart de ces bons offices qui nous sont mutuellement nécessaires cest cette même disposition à trafiquer qui a dans lorigine donné lieu à la division du travail Par exemple dans une tribu de chasseurs ou de bergers un particulier fait des arcs et des flèches avec plus de célérité et dadresse quun autre Il troque souvent avec ses compagnons ces sortes douvrages contre du bétail ou du gibier et il saparçoit bientôt que par ce moyen il peut se procurer plus de bétail et de gibier que sil se mettait luimême en campagne pour en avoir Par calcul dintérêt donc il fait sa principale affaire de fabriquer des arcs et des flèches la différence des talens naturels entre les individus nest pas tant la cause que leffet de la division du travail sans la disposition des hommes à trafiquer et à échanger chacun aurait été obligé de se procurer à soimême toutes les nécessités et commodités de la vie Chacun aurait eu la même tâche à remplir et le même ouvrage à faire et il ny aurait pas eu lieu à cette grande différence doccupations qui seule peut donner naissance à une grande différence de talens Comme cest ce penchant à troquer qui donne lieu à cette diversité de talens si remar quable entre hommes de différentes professions cest aussi ce même penchant qui rend cette Karl Marx 152 Cada pessoa subsiste de échanges da troca e tornase uma espécie de nego ciante e a sociedade mesma é propriamente uma sociedade impulsionadora do comércio Handelstreibende14 Vide Destutt de Tracy a sociedade é uma série de troca recíproca no comércio Commerce reside a essência total da sociedade15 A acumulação de capitais sobe com a divisão do trabalho e viceversa Tanto sobre Adam Smith Se cada família produzisse a totalidade dos objetos de seu consumo a sociedade poderia permanecer em marcha ainda que não efetuasse espécie alguma de troca sem ser fundamental a troca é imprescindível no estado avançado de nossa sociedade a divisão do trabalho é uma aplicação hábil das forças do homem diversité utile Beaucoup de races danimaux quon reconnaît pour être de la même espèce ont reçu de la nature des caractères distinctifs quant à leurs dispositions beaucoup plus remarquables que ceux quon pourrait observer entre les hommes antérieurement à leffet des habitudes et de léducation Par nature un philosophe nest pas de moitié aussi différent dun portefaix en talent et en intelligence quun mâtin lest dun lévrier un lévrier dun épagneul et celuici dun chien de berger Toutefois ces différentes races danimaux quoique de même espèce ne sont presque daucune utilité les unes pour les autres Le mâtin ne peut pas ajouter aux avantages de sa force en saidant de la légéreté du lévrier ou de la sagacité de lépagneul ou de la docilité du chien de berger Les effets de ces différents talens ou degrés dintelligence faute dune faculté ou dun penchant au commerce et à léchange ne peuvent être mis en commun et ne peuvent le moins du monde contribuer à lavantage ou à la commodité commune de lespèce Chaque animal est toujours obligé de sentretenir et de se défendre luimême à part et indépendamment des autres et il ne peut retirer la moindre utilité de cette variété de talens que la nature a répartie entre ses pareils Parmi les hommes au contraire les talens les plus disparates sont utiles les uns aux autres parce que les différents produits de chacune de leurs diverses sortes dindustrie respective au moyen de ce penchant universel à troquer et à commercer se trouvent mis pour ainsi dire en une masse commune où chaque homme peut aller acheter suivant ses besoins une portion quelconque du produit de lindustrie des autres Puisque cest la faculté déchanger qui donne lieu à la division du travail laccroissement de cette division doit par conséquent toujours être limitée par létendue de la faculté déchanger ou en autres termes par létendue du marché Si le marché est trèspetit personne ne sera encouragé à sadonner entièrement à une seule occupation faute de pouvoir trouver à échanger tout ce surplus du produit de son travail qui excédera sa propre consommation contre un pareil surplus du produit du travail dautrui quil voudrait se procurer Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 3354133740 1 4 Smith Adam Recherches cit t1 p 46 Ainsi chaque homme subsiste déchanges ou devient une espèce de marchand et la société ellemême est proprement une société commerçante Vide Marx Karl Exzerpte aus Adam Smith Recherches cit p 33835 1 5 Destutt de Tracy AntoineLouisClaude Élemens didéologie Paris 1826 p 68 e 78 la société est une série continuelle déchanges le commerce est toute la société Vide também a respeito Marx Karl Exzerpte aus AntoineLouisClaude Destutt de Tracy Élemens didéologie In MEGA IV2 p 4891718 20 Manuscritos econômicofilosóficos 153 portanto ela aumenta os produtos da sociedade sua potência e suas fruições mas ela rouba diminui a capacidade de cada homem tomado individualmente A produção não pode ter lugar sem a troca Assim JB Say16 As forças inerentes ao homem são sua inteligência e sua disposição física para o trabalho aquelas que derivam sua origem do estado social consistem na capaci dade de dividir o trabalho e de distribuir os diversos trabalhos entre os diferentes homens e na capacidade de trocar os serviços recíprocos e os produtos que consti tuem estes meios17 O motivo pelo qual um homem oferece os seus serviços a outro é o interesse próprio o homem exige uma recompensa pelos serviços prestados a um outro18 O direito da propriedade privada exclusiva é impres cindível para que se estabeleça a troca entre os homens19 Troca e divisão do trabalho condicionamse mutuamente entre si Assim Skarbek20 Mill apresenta a troca desenvolvida o comércio como resultado da divisão do trabalho A atividade do homem pode ser reduzida a elementos muito simples Na verdade ela nada mais pode fazer além de produzir movimento pode mover as coisas para as afastar XXXVII ou para aproximálas umas das outras as 16 Say JeanBaptiste Traité déconomie politique ou simple exposition de la manière dont se forment se distribuent et se consomment les richesses cit t 1 p 7677 En résultat on peut dire que la séparation des travaux est un habile emploi des forces de lhomme quelle accroît en conséquence les produits de la societé cestà dire sa puissance et ses jouissances mais quelle ôte quelque chose à la capacité de chaque homme pris individuellement Vide Marx Karl Exzerpte aus JeanBaptiste Say Traité déconomie politique cit p 3051013 17 Skarbek Frédéric Théorie des richesses sociales Suivie dune bibliographie de leconomie politique T 1 Paris 1829 p 2526 Les forces inhérentes à lhomme sont son intelligence et son aptitude physique au travail Celles qui dérivent de létat de société consistent dans la faculté de diviser et de répartir parmi les hommes les divers travaux et dans la faculté dechanger les services mutuels et les produits qui constituent ces moyens Vide Marx Karl Exzerpte aus Frédéric Skarbek Théorie des richesses sociales In MEGA IV2 p3281115 18 Skarbek Frédéric Théorie des richesses sociales cit p 27 les motifs pour lesquels il consent à vouer ses services à autrui lhomme exige une récompense pour les services rendus à autrui Vide Marx Karl Exzerpte aus Frédéric Skarbek Théorie cit p 3281617 1920 19 Skarbek Frédéric Théorie des richesses sociales cit p 75 Lexistence du droit de propriété exclusive est donc indispensable pour que léchange puisse sétablir parmi les hommes Vide Marx Karl Exzerpte aus Frédéric Skarbek Théorie cit p 3293537 20 Skarbek Frédéric Théorie des richesses sociales cit p 121 Chapitre V De linfluence réciproque de la division dindustrie sur léchange et de léchange sur cette division Vide Marx Karl Exzerpte aus Frédéric Skarbek Théorie cit p 3296 Karl Marx 154 propriedades da matéria fazem o resto Na aplicação do trabalho e das máquinas descobrese amiúde que os efeitos poderiam ser aumentados mediante uma hábil distribuição por separação de operações que se opõem e por reunião de todas aquelas que de algum modo podem se ativar reciprocamente Posto que em geral os homens não podem executar muitas operações diferentes com a mesma rapidez e habilidade que o hábito lhes proporciona para a prática de um pequeno número é sempre vantajoso assim restringir tanto quanto possível o número de operações confiadas a cada indivíduo Para a divisão do trabalho e a distribuição das forças dos homens e das máquinas do modo mais vantajoso é necessário num grande número de casos operar em larga escala ou por outras palavras produzir as riquezas em grandes massas Esta vantagem é o funda mento da formação das grandes manufaturas das quais frequentemente um pequeno número fundado em condições favoráveis aprovisiona às vezes não apenas um único mas muitos países com a quantidade exigida dos objetos por eles produzidos Assim Mill21 Mas toda a moderna economia nacional concorda que divisão do trabalho e riqueza da produção divisão do trabalho e acumulação de capital se condicionam reciprocamente assim como que unicamente a propriedade priva da em liberdade entregue a si própria pode gerar a divisão do trabalho mais útil e abrangente Os desenvolvimentos de Adam Smith acabam por resumirse nisto a divisão do trabalho dá ao trabalho a infinita capacidade de produção Ela está fundada na inclinação para a troca e para o regateio uma inclinação especificamente hu mana que provavelmente não é acidental mas está condicionada pelo uso da 2 1 Mill James Élemens déconomie politique cit p 7 laction de lhomme peut être ramenée à de trèssimples élémens Il ne peut en effet rien faire de plus que de produire du mouvement il peut mouvoir les choses pour les approcher ou les éloigner les unes des autres les propriétés de la matière font tout le reste p 1112 Dans lemploi du travail et des machines on trouve souvent que les effets peuvent être augmentés par une distribution habile cestàdire en séparant toutes les óperations qui ont une tendence à se contrarier et en réunissant toutes celles qui peuvent de quelque manière que ce soit se faciliter les unes les autres Comme en général les hommes ne peuvent exécuter beaucoup dopérations différentes avec la même vitesse et la même dextérité quils parviennent par lhabitude à en exécuter un petit nombre il est toujours avantageux de limiter autant que possible le nombre dopérations confiées à chaque individu Pour diviser le travail et distribuer les forces des hommes et des machines de la manière la plus avantageuse il est nécessaire dans une foule de cas dopérer sur une grande échelle ou en dautres termes de produire les richesses par grandes masses Cest cet avantage qui donne naissance aux grandes manufactures Un petit nombre de ces manufactures placées dans les positions les plus convenables approvisionnent quelquefois non pas un seul mais plusieurs pays de la quantité quon y désire de lobjet quelles produisent Aparentemente Marx não faz uso do caderno de excertos Vide Marx Karl Exzerpte aus James Mill Élémens déconomie politique cit p 428716 Manuscritos econômicofilosóficos 155 razão e da linguagem O motivo daquele que troca Austauschender não é a humanidade mas sim o egoísmo A diversidade dos talentos humanos constitui mais o efeito do que a causa da divisão do trabalho isto é da troca Também somente a última torna útil essa diversidade As qualidades particulares das dife rentes raças de uma espécie animal são por natureza mais pronunciadas que a diversidade da disposição e da atividade humanas Mas porque os animais não são capazes de permutar não é útil a nenhum indivíduo animal a diferente quali dade de um animal da mesma espécie mas de raça diversa Os animais não podem fundir as diferentes qualidades da sua species não são capazes de contri buir em nada para a vantagem comunitária e a comodidade de sua species É outro o caso do homem no qual os díspares talentos e modos de atividade se utilizam reciprocamente porque podem juntar os seus diversos produtos numa massa comunitária da qual cada um pode comprar Assim como a divisão do trabalho brota da inclinação para a troca assim ela cresce e está delimitada pela extensão da troca do mercado Numa situação desenvolvida cada homem é um negociante a sociedade é uma sociedade comercial Say considera a troca como acidental e não fundamental A sociedade poderia subsistir sem ela Ela se torna indispensável num estado avançado da sociedade Todavia a produção não pode ter lugar sem ela A divisão do trabalho é um meio cômodo útil uma aplicação hábil das forças humanas para a riqueza social mas ele restringe a capacidade de cada homem tomado individualmente A última observação é um progresso de Say Skarbek distingue as forças individuais inerentes ao homem inteligência e disposição física para o trabalho das forças derivadas da sociedade troca e divi são do trabalho que se condicionam reciprocamente Mas o pressuposto neces sário da troca é a propriedade privada Skarbek expressa aqui de forma objetiva o que Smith Say Ricardo etc dizem quando indicam o egoísmo o interesse privado como fundamento da troca ou o regateio como a forma essencial e ade quada da troca Mill apresenta o comércio como consequência da divisão do trabalho A ativi dade humana reduzse para ele a um movimento mecânico divisão do trabalho e aplicação de máquinas promovem a riqueza da produção Tem de entregarse a cada homem uma esfera tão pequena quanto possível de operações Por seu lado a divisão do trabalho e a aplicação de máquinas condicionam a produção da riqueza em massa portanto do produto Este o fundamento das grandes manu faturas XXXVIII A consideração da divisão do trabalho e da troca é do maior interesse porque elas são as expressões manifestamente exteriorizadas da atividade e força essencial humanas como uma atividade e força essencial conformes ao gênero Gattungsmässige Que a divisão do trabalho e a troca assentamse sobre a propriedade privada não é outra coisa senão a afirmação de que o trabalho é a essência da proprie dade privada uma afirmação que o economista nacional não pode demons Karl Marx 156 trar e que nós queremos demonstrar para ele Justamente nisso no fato de divisão do trabalho e troca serem figuras da propriedade privada justamente nisso repousa a dupla demonstração tanto de que a vida humana necessitou da propriedade privada para a sua efetivação como por outro lado de que ela agora necessita da suprassunção da propriedade privada Divisão do trabalho e troca são dois fenômenos nos quais o economista nacio nal reclama a sociabilidade de sua ciência e exprime num só fôlego sem consciên cia a contradição da sua ciência a fundação da sociedade pelo interesse particu lar não social Os momentos que temos de considerar são primeiramente será conside rada a inclinação para a troca cujo fundamento é encontrado no egoísmo como base ou ação recíproca da divisão do trabalho Say considera a troca como não fundamental para a essência da sociedade A riqueza a produção é explicada pela divisão do trabalho e pela troca O empobrecimento e a desessencialização Entwesung da atividade individual mediante a divi são do trabalho são reconhecidos Troca e divisão do trabalho são reconhe cidas como produtoras da grande diversidade dos talentos humanos uma diversidade que pelas primeiras se torna também novamente útil Starbek divide as produções ou forças essenciais produtivas do homem em duas partes 1 as individuais e a ele inerentes a sua inteligência e especial disposição ou capaci dade de trabalho 2 as derivadas da sociedade não do indivíduo efetivo a divisão do trabalho e a troca Além disso a divisão do trabalho é circunscrita pelo mercado O trabalho humano é simples movimento mecânico o principal é feito pelas propri edades materiais dos objetos A um indivíduo tem de ser atribuído o mínimo possível de operações fragmentação do trabalho e concentração do capital a nulidade Nichtigkeit da produção individual e a produção da riqueza em massa entendimento da livre propriedade privada na divisão do trabalho Manuscritos econômicofilosóficos 157 XLI Se as sensações paixões etc do homem não são apenas determinações antropológicas em sentido próprio mas sim verdadeiramente afirmações ontológicas do ser natureza e se elas só se afirmam efetivamente pelo fato de o seu objeto ser para elas sensivelmente então é evidente 1 que o modo da sua afirmação não é inteiramente um e o mesmo mas ao contrário que o modo distinto da afirmação forma a peculiaridade Eigentümlichkeit da sua existência de sua vida o modo como o objeto é para elas é o modo peculiar de sua fruição 2 aí onde a afirmação sensível é o suprassumir imediato do objeto na sua forma independente comer beber elaborar o objeto etc isto é a afirmação do objeto 3 na medida em que o homem é humano portanto também sua sensação etc é humana a afirmação do objeto por um outro é igualmente sua própria fruição 4 só mediante a indústria desenvolvida ou seja pela mediação da propriedade privada vem a ser wird a essência ontológica da paixão humana tanto na sua totalidade como na sua humanidade a ciência do homem é portanto propriamente um produto da autoatividade Selbstbetätigung prática do ho mem 5 o sentido da propriedade privada livre de seu estranhamento é a existência dos objetos essenciais para o homem tanto como objeto da fruição como da atividade O dinheiro na medida em que possui o atributo de tudo comprar na medida em que possui o atributo de se apropriar de todos os objetos é portanto o objeto enquanto possessão eminente A universalidade de seu atributo é a onipotência de seu ser ele vale por isso como ser onipotente O dinheiro é o alcoviteiro entre a necessidade e o objeto entre a vida e o meio de vida do homem Mas o que medeia a minha vida para mim medeiame também a existência de outro homem para mim Isto é para mim o outro homem Que diabo Decerto mãos e pés E cabeça e traseiro são teus Então tudo aquilo que vigorosamente eu fruo É por isso menos meu Se posso pagar seis cavalos Não são minhas as suas forças DINHEIRO Karl Marx 158 Corro e sou um homem probo Como se tivesse vinte e quatro pernas Goethe Fausto Mefisto1 Shakespeare em Timão de Atenas Ouro Amarelo brilhante precioso ouro Não deuses não sou homem que faça orações inconsequentes Esta quantidade de ouro bastaria para transformar o preto em branco o feio em belo o falso em verdadeiro o vil em nobre o velho em jovem o covarde em valente Isto vai subornar vossos sacerdotes e vossos servidores afastandoo de vós vai tirar o travesseiro de debaixo da cabeça do homem mais robusto este escravo amarelo vai unir e dissolver religiões bendizer amaldiçoados fazer adorar a lepra lívida dar lugar aos ladrões fazendoos sentar no meio dos senadores com títulos genuflexões e elogios é isto que decide a viúva inconsolável a casarse novamente e que perfuma e embalsama como um dia de abril aquela perante a qual entregariam a garganta o hospital e as úlceras em pessoa Vamos Poeira maldita prostituta comum de todo o gênero humano que semeia a discórdia entre a multidão de nações E depois abaixo Ó tu doce regicida amável agente de separação entre o filho e o pai Brilhante corruptor do mais puro leito do Himeneu Valente Marte Galanteador sempre jovem viçoso amado e delicado cujo esplendor funde a neve sagrada que descansa sobre o seio de Diana Deus visível que soldas as coisas absolutamente impossíveis obrigandoas a se beijarem tu que sabes falar todas as línguas para todos os desígnios ó tu pedra de toque dos corações pensa que o homem teu escravo rebelase e pela virtude que em ti reside faze que nasçam entre eles as querelas que os destruam a fim de que os animais possam conquistar o império do mundo2 1 Goethe Johann Wolfgang Fausto I cena 4 A taverna de Auerbach 2 Shakespeare William Timão de Atenas ato IV cena III A edição utilizada por Marx é a de SchlegelTieck de 1832 p 217 e 227 itálicos do próprio Marx A versão por nós sugerida é Shakespeare William Obra completa vol I Tragédias tradução de F Carlos Manuscritos econômicofilosóficos 159 Shakespeare descreve acertadamente a essência do dinheiro Para entendêlo comecemos primeiramente com a interpretação da passagem goethiana O que é para mim pelo dinheiro o que eu posso pagar isto é o que o dinheiro pode comprar isso sou eu o possuidor do próprio dinheiro Tão grande quanto a força do dinheiro é a minha força As qualidades do dinheiro são minhas de seu possuidor qualidades e forças essenciais O que eu sou e consigo não é determinado de modo algum portanto pela minha individualidade Sou feio mas posso comprar para mim a mais bela mulher Portanto não sou feio pois o efeito da fealdade sua força repelente é anulado pelo dinheiro Eu sou segundo minha individualidade coxo mas o dinheiro me proporciona vinte e quatro pés não sou portanto coxo sou um ser humano mau sem honra sem escrúpulos sem espírito mas o dinheiro é honrado e portanto também o seu possuidor O dinheiro é o bem supremo logo é bom também o seu possuidor o dinheiro me isenta do trabalho de ser desonesto sou portanto presumido honesto sou tedio so mas o dinheiro é o espírito real de todas as coisas como poderia seu possuidor ser tedioso Além disso ele pode comprar para si as pessoas ricas de espírito e quem tem o poder sobre os ricos de espírito não é ele mais rico de espírito do que o rico de espírito Eu que por intermédio do dinheiro consigo tudo o que o coração humano deseja não possuo eu todas as capacidades humanas Meu dinheiro não transforma portanto todas as minhas incapacidades Unvermögen no seu contrário Se o dinheiro é o vínculo que me liga à vida humana que liga a sociedade a mim que me liga à natureza e ao homem não é o dinheiro o vínculo de todos os vínculos Não pode ele atar e desatar todos os laços Não é ele por isso também o meio universal de separação Ele é a verdadeira moeda divisionária Scheidemünze bem como o verdadeiro meio de união a força galvanoquímica galvanochemische da sociedade Shakespeare destaca no dinheiro particularmente duas propriedades 1 é a divindade visível a transmutação de todas as propriedades huma nas e naturais no seu contrário a confusão e a inversão universal de todas as coisas ele confraterniza impossibilidades 2 é a prostituta universal o proxeneta universal dos homens e dos povos A inversão e a confusão de todas as qualidades humanas e naturais a confraternização das impossibilidades a força divina do dinheiro repousa em sua essência enquanto ser genérico estranhado exteriorizandose e se vendendo sich veräussernden do homem Ele é a capacidade exteriorizada entäusserte da humanidade O que eu qua homem não consigo o que portanto todas as minhas forças essenciais individuais não conseguem consigoo eu por intermédio do di de Almeida Cunha Medeiros e Oscar Mendes Rio de Janeiro Editora Nova Aguilar 1988 NT Karl Marx 160 nheiro O dinheiro faz assim de cada uma dessas forças essenciais algo que em si ela não é ou seja o seu contrário Se eu desejo uma refeição ou se quero me utilizar da malaposta porque não sou suficientemente forte para fazer o caminho a pé o dinheiro me proporciona a refeição e a malaposta ou seja ele transforma meus desejos de seres da representação os traduz da sua existência pensada representada querida em sua existência sensível efetiva da representação para a vida do ser representado para o ser real Enquanto tal mediação o dinheiro é a força verdadeiramente criadora A procura demande existe certamente também para aquele que não tem di nheiro algum mas a sua demande é um puro ser da representação que não tem nenhum efeito nenhuma existência sobre mim sobre o terceiro sobre o outro XLIII que portanto permanece para mim mesmo não efetivo sem objeto A dife rença da demande efetiva baseada no dinheiro e da carente de efeito baseada na minha carência minha paixão meu desejo etc é a diferença entre ser e pensar entre a pura representação existindo em mim e a representação tal como ela é para mim enquanto objeto efetivo fora de mim Eu se não tenho dinheiro para viajar não tenho necessidade alguma isto é nenhuma necessidade efetiva e efetivandose de viajar Eu se tenho vocação para estudar mas não tenho dinheiro algum para isso não tenho nenhuma vocação para estudar isto é nenhuma vocação efetiva verdadeira Se eu ao contrário não tenho realmente nenhuma vocação para estudar mas tenho a vontade e o dinheiro tenho para isso uma vocação efetiva O dinheiro en quanto exterior não oriundo do homem enquanto homem nem da sociedade humana enquanto sociedade meio e capacidade universais faz da representa ção efetividade e da efetividade uma pura representação transforma igualmente as forças essenciais humanas efetivas e naturais em puras representações abstratas e por isso em imperfeições angustiantes fantasias assim como por outro lado transforma as efetivas imperfeições e fantasias as suas forças essenciais realmente impotentes que só existem na imaginação do indivíduo em forças essenciais efetivas e efetiva capacidade Já segundo esta determinação o dinheiro é portan to a inversão universal das individualidades que ele converte no seu contrá rio e que acrescenta aos seus atributos atributos contraditórios Enquanto tal poder inversor o dinheiro se apresenta também contra o in divíduo e contra os vínculos sociais etc que pretendem ser para si essência Ele transforma a fidelidade em infidelidade o amor em ódio o ódio em amor a virtude em vício o vício em virtude o servo em senhor o senhor em servo a estupidez em entendimento o entendimento em estupidez Como o dinheiro enquanto conceito existente e atuante do valor confun de e troca todas as coisas ele é então a confusão e a troca universal de todas as coisas portanto o mundo invertido a confusão e a troca de todas as qualida des naturais e humanas Quem pode comprar a valentia é valente ainda que seja covarde Como o dinheiro não se permuta por uma qualidade determinada por uma coisa determi Manuscritos econômicofilosóficos 161 nada por forças essenciais humanas mas sim pela totalidade do mundo objetivo humano e natural ele permuta portanto considerado do ponto de vista do seu possuidor cada qualidade por outra inclusive atributo e objeto contraditórios para ele ele é a confraternização das impossibilidades obriga os contraditórios a se beijarem Pressupondo o homem enquanto homem e seu comportamento com o mun do enquanto um comportamento humano tu só podes trocar amor por amor confiança por confiança etc Se tu quiseres fruir da arte tens de ser uma pessoa artisticamente cultivada se queres exercer influência sobre outros seres humanos tu tens de ser um ser humano que atue efetivamente sobre os outros de modo estimu lante e encorajador Cada uma das tuas relações com o homem e com a natureza tem de ser uma externação Äusserung determinada de tua vida individual efetiva correspondente ao objeto da tua vontade Se tu amas sem despertar amor recí proco isto é se teu amar enquanto amar não produz o amor recíproco se mediante tua externação de vida Lebensäusserung como homem amante não te tornas homem amado então teu amor é impotente é uma infelicidade vindication of the rights of woman Manuscritos econômicofilosóficos 163 ÍNDICE ONOMÁSTICO ARISTÓTELES 384322 aC Filósofo grego e principal discípulo de Platão Autor de obras sobre lógica metafísica ética vida animal política retórica e poética p 113 BAUER Bruno 18091882 Filósofo historiador da religião e publicista jovem hegeliano cri ticou a Bíblia e o conceito ortodoxo de Deus a partir do ponto de vista idealista foi hegeliano de esquerda e demitido da Universidade de Bonn por seu radicalismo depois passou a conservador defendendo a reação prussiana p 115 116 BAUER Edgar 18201886 Irmão de Bruno publicista jovem hegeliano viveu em várias ci dades da Europa depois da Revolução de 1848 e assim como mudou de cidade mudou também de ponto de vista político a partir de 1861 tornouse funcionário do governo prussiano p 115 116 BEAUMONT de la Bonninière GustaveAuguste 18021866 Publicista e político francês au tor de livros acerca da escravidão e dos órgãos penais nos Estados Unidos membro da Câmara dos Deputados inclinavase à oposição como republicano moderado foi mem bro da Assembleia Nacional p 141 BERGASSE Nicolas 17501832 Político e advogado francês monarquista Fisiocrata foi com batido por Camille Desmoulins na revista Révolutions de France et de Brabant Paris 1790 no 13 Les séances des 12 13 février no 16 Le Châtelet a jugé en une séance no 23 Dans quels égarements desprit e no 26 Peutêtre mes lecteurs p 95 BROUGHAM Henry Peter Lord 17781868 Jurista inglês escritor e estadista Dirigente dos Whigs e nos anos vinte e trinta do século XIX partidário do livrecomércio e defensor da reforma eleitoral p 33 BURET AntoineEugène 18101842 Socialista pequenoburguês e economista francês par tidário de Sismondi Autor de De la misère des classes laborieuses en Angleterre et en France de la nature de la misère de son existence de ses effets de ses causes et de linsuffisance des remèdes quon lui a opposés jusquici avec lindication des moyens propres a en affranchir les sociétés cuja primeira parte foi publicada em Paris no ano de 1840 p 35 36 37 38 56 57 92 153 CABET Éttiene 17881856 Escritor e político francês carbonário participou da revolução de 1830 fracassou ao tentar fundar uma comunidade socialista nos Estados Unidos autor de uma novela comunista utópica intitulada Viagem à Icária p 105 CHEVALIER Michel 18061879 Engenheiro francês economista e publicista Nos anos 30 do século XIX foi partidário de SaintSimon e mais tarde defensor das liberdades burguesas de livrenegociação p 97 143 146 CONSTANCIO F S Tradutor de David Ricardo do inglês para o francês p 56 Índice onomástico 164 COURIER de MÈRE PaulLouis 17721825 Filólogo e publicista francês democrata burguês opôsse à reação aristocrática e clerical na França p 97 DESMOULINS Camille 17601794 LucieSimpliceCamilleBenoist Desmoulins político e jornalista francês que com seus panfletos foi um dos principais instigadores da revolu ção francesa Após o movimento que derrubou a monarquia tornouse secretáriogeral de Danton para ao final das contas ser condenado à morte e executado p 95 DESTUTT de Tracy AntoineLouisClaude 17541836 Filósofo sensualista e político liberal fran cês nomeado senador durante o consulado de Napoleão e par da França com a Restaura ção seu pensamento foi influenciado por John Locke Destutt de Tracy é o fundador da teoria da ideologia defendeu os interesses da burguesia contra a classe operária p 97 152 ENGELS Friedrich p 20 21 23 98 99 146 ÉSQUILO c526c456 aC Dramaturgo grego e criador da tragédia grega Foi responsável por diversas inovações teatrais uso de máscaras utilização do coro e emprego do diálo go p 140 FEUERBACH Ludwig 18041872 Filósofo alemão influenciou os pensadores socialistas e existencialistas do século XIX com sua crítica das religiões e o conceito de alienação ideólogo das camadas democráticas mais radicais da burguesia alemã interessadas em liberdades de cunho democrático e cidadão Segundo Engels Feuerbach evoluiu ainda que não de um modo inteiramente ortodoxo de Hegel para o materialismo p 20 112 116 117 118 119 129 130 FOURIER Charles 17721837 Pensador francês socialista utópico autor de um ambicioso e sistemático projeto de reforma social sua crítica da ordem social vigente é aguda e deci dida p103 FUNKE Georg Ludwig Wilhelm Teólogo alemão Marx o chama de o afetado teólogo velho hegeliano Autor de Die aus der unbeschränkten Theilbarkeit des Grundeigenthums hervorgehenden Nachtheile As desvantagens oriundas da divisibilidade ilimitada da proprieda de rural editato em Hamburgo e Gotha no ano de 1839 p 95 96 GANILH Charles 17581836 Político e economista francês considerado um epígono do mercantilismo p 97 GANS Eduard 17981838 Jurista adversário da escola histórica do direito editor das Linhas fun damentais da filosofia do direito Grundlinien der Philosophie des Rechts de Hegel p 124 GARNIER Germain Tradutor de Adam Smith do inglês para o francês Essa tradução Recherches sur la nature et les causes de la richesse des nations foi uma das principais fontes de Marx para a escritura dos Manuscritos p 23 40 GOETHE Johann Wolfgang von 17491832 Escritor alemão poeta dramaturgo e figura fun damental da literatura alemã universal p 140 158 GRUPPE Otto Friedrich 18041876 Filósofo e escritor antihegeliano p 116 HALLER Carl Ludwig von 17681854 Historiador suíço e apologeta da escravidão e do ab solutismo p 95 HEGEL Georg Wilhelm Friedrich 17701831 Filósofo alemão último dos grandes criadores de sistemas filosóficos dos tempos modernos lançou as bases das principais tendências posteriores Hegel foi o maior expoente do idealismo alemão uma decorrência da filosofia kantiana surgida em oposição a ela que começou com Fichte e Schelling esses dois pensadores trataram a realidade como se fosse baseada num só princípio a fim de superar o dualismo existente entre sujeito e objeto estabelecido por Kant segundo o qual apenas era possível conhecer a aparência fenomenológica das coisas e não sua essência Para Hegel o fundamento supremo da realidade não podia ser o ab 165 Manuscritos econômicofilosóficos soluto de Schelling nem o eu de Fichte e sim a ideia que se desenvolve numa linha de estrita necessidade a dinâmica dessa necessidade não teria sua lógica determinada pelos princípios de identidade e contradição mas sim pela dialética realizada em três fases tese antítese e síntese de maneira que toda e qualquer realidade primeiro se apresenta depois negase a si mesma e num terceiro momento supera e elimina essa contradição Conforme a célebre correção de Marx a dialética de Hegel foi concebida de maneira invertida todavia p 19 20 95 113 115 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 145 HENNING Leopold von Um dos organizadores da obra de Hegel p 115 HERWEGH Georg 18171875 Poeta revolucionário alemão do realismo pósgoetheano p 109 HESS Moses 18121875 Filósofo e jornalista alemão primeiro jornalista a defender publica mente as ideias socialistas na Alemanha p 20 109 HIRZEL Konrad Melchior 17931843 Estadista e publicista suíço colaborador do Allgemeine LiteraturZeitung Jornal Literário Geral em Zurique p 117 KOSEGARTEN Wilhelm 17921868 Publicista reacionário defendeu os privilégios da no breza e a ordem de classe prussiana pregando a volta da Idade Média Autor de Betrachtungen über die Veräusserlichkeit und Theilbarkeit des Landbesitzes mit besonderer Rücksicht auf einige Provinzen der Preussichen Monarchie Considerações acerca da alienabilidade e da divisibilidade da propriedade de terra com especial atenção a algumas províncias da monar quia prussiana editado em Bonn no ano de 1842 Marx possuía a obra em sua biblioteca de Paris e durante sua colaboração na Gazeta Renana ocupouse através desse escrito com o tema da alienabilidade divisão e propriedade da terra p 95 LANCIZOLLE Karl Wilhelm von Deleuze de 17961871 Jurista alemão e diretor do arquivo estatal prussiano Autor de Über Ursachen Character und Folgen der Julitage Sobre os moti vos o caráter e a consequência dos dia de julho Berlim 1831 obra sobre a qual Marx trabalhou intensamente entre julho e agosto e 1843 Os dias de julho do título da obra referemse à revolução de 1830 que derrubou Carlos X na França e entregou o poder a Luís Felipe de Orléans apoiado pelos setores burgueses A revolução deu origem a uma série de movimentos insurrecionais que visavam a abolição dos regimes absolutistas europeus p 95 LAUDERDALE conde de 17591839 James Maitland economista inglês que baseado em Condillac introduziu um elemento utilitário nas interpretações da teoria de valor de Adam Smith Autor de Uma investigação sobre a natureza e a origem da riqueza pública e sobre os meios e causas de seu crescimento 1804 p 142 LEO Heinrich 17991878 Historiador e publicista alemão defensor de visões políticas reacio nárias e religiosas um dos ideólogos da aristocracia agrária prussiana p 95 96 LOUIS PHILIPPE Luís Felipe duque dOrléans 17721850 Rei da França de 1830 a 1848 p 54 LOUDON Charles 18011844 Médico e escritor inglês Em 1833 fez parte da comissão investigativa do trabalho fabril Autor de Solution du problème de la population et de la subsistance soumise a un médecin dans une série de lettres publicado em Paris no ano de 1842 Tanto esta quanto outras referências testemunham acerca da atualidade e da abrangência das informações de Marx p 34 LUTERO Martinho 14831546 Teólogo escritor e tradutor alemão líder da Reforma p 99 MACCULLOGH John Ramsay 17891864 Economista inglês apologista da ordem capita lista foi responsável pela vulgarização dos ensinamentos de Ricardo p 37 97 100 Índice onomástico 166 MARHEINEKE Philipp Konrad 17801846 Teólogo protestante e historiador do cristianismo de ascendência hegeliana p 116 MALTHUS Thomas 17661834 Economista e demógrafo britânico conhecido sobretudo pela teoria segundo a qual o crescimento da população tende sempre a superar cresceria em progressão geométrica a produção de alimentos que cresceria em progressão aritmé tica p 142 MARSHALL John 17831841 Economista inglês p 53 MARX Karl p 19 20 21 23 24 25 26 28 29 35 37 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 54 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 72 73 80 82 89 92 93 94 95 96 98 100 116 117 119 120 121 123 134 143 144 145 146 152 153 154 158 MEDEIROS F Carlos de Almeida Cunha Tradutor de Shakespeare para o português com a colaboração de Oscar Mendes p 159 MENDES Oscar Tradutor de Shakespeare para o português p 159 MENESES Paulo Tradutor de Hegel para o português p 119 120 MICHELET Karl Ludwig 18011893 Filósofo idealista alemão Hegeliano e professor na Universidade de Berlim ajudou a organizar as obras completas de Hegel p 113 123 MILL James 17731836 Filósofo historiador e economista escocês foi adepto da filosofia utilitarista e criticou o sistema colonial britânico p 93 97 100 143 144 153 154 155 MÖSER Justus 17201794 Estadista alemão historiador e escritor político Educador de ín dole baixoiluminista pequenoburguês completo rematado filisteu p 96 OWEN Robert 17711858 Pensador britânico personalidade representativa do socialismo utópico do início do século XIX criou várias comunidades industriais influiu no pro gresso das ideias dos operários ingleses defendeu inovações pedagógicas como o jardim de infância a escola ativa e os cursos noturnos p 106 PARISOT J T Tradutor de James Mill para o francês p 143 PECQUEUR Constantin 18011887 Economista francês e socialista utópico Autor de Théorie nouvelle déconomie sociale et politique ou études sur lorganization des sociétés Nova teoria da economia social e política ou estudos sobre a organização das sociedades publicado em Paris no ano de 1842 p 33 34 54 PROUDHON PierreJoseph 18091865 Filósofo francês e socialista pequenoburguês suas ideias exerceram grande influência sobre o desenvolvimento do anarquismo e de todos os movimentos federalistas e libertários Marx acusou Proudhon de converter as categorias econômicas em categorias eternas e de retornar através desse rodeio ao ponto de vista da economia burguesa e polemizou com ele em Miséria da filosofia uma resposta ao escrito Filosofia da miséria publicado pelo filósofo francês p 30 88 103 145 148 149 QUESNAY François 16941774 Médico e economista francês fundador e principal represen tante da escola fisiocrática século XVIII p 101 RICARDO David 17721823 Economista inglês um dos principais e o último representantes da escola de economia clássica parte em sua doutrina da determinação do valor pelo tem po de trabalho e põe de manifesto o antagonismo econômico entre as classes ainda que sem chegar a compreender o caráter histórico e transitório do regime capitalista p 56 57 93 97 100 124 142 143 155 RUGE Arnold 18021880 Publicista radical alemão e hegeliano de esquerda defensor da unificação alemã sob um regime liberal adaptou as ideias de Hegel ao liberalismo fundou junto com E T Echtermeyer em 1837 a revista Anais de Halle para arte e ciência alemãs 167 Manuscritos econômicofilosóficos e em 1844 os Anais francoalemães com Karl Marx Ruge foi membro da Assembleia Nacional de Frankfurt atuando na extrema esquerda no exílio em Londres foi um dos dirigentes da ala democrática na década de sessenta fez as pazes com os nacionalistas de tendência bismarckiana p 98 112 SAINTSIMON ou St Simon conde de 17601825 ClaudeHenri de Rouvroy filósofo fran cês suas ideias influenciaram profundamente o movimento romântico e o socialismo utó pico Pensador de mirada genial os escritos de SaintSimon contêm conforme a afirma ção de Engels em gérmen quase todas as ideias não estritamente econômicas dos socia listas posteriores p 97 103 SAY JeanBaptiste 17671832 Economista francês defensor do liberalismo econômico ajudou a divulgar as ideias de Adam Smith Marx acusou Say de ocultar sua vacuidade e as mediocridades de Adam Smith sob o esplendor de uma fraseologia genérica p 29 39 46 56 60 61 64 65 69 71 95 103 124 144 153 157 158 159 SCHLEGEL August Wilhelm von 17671845 Escritor tradutor e crítico literário alemão divulgador das ideias do romantismo p 158 SCHULZ Wilhelm 17971860 Publicista membro da Assembleia Nacional de Frankfurt e participante da Revolução de 184849 Autor de Die Bewegung der Production Eine geschichtlichstatistische Abhandlung zur Grundlegung einer neuen Wissenschaft des Staats und der Gesellschaft O movimento da produção Um ensaio estatísticohistórico para a fundamenta ção de uma nova ciência do Estado e da sociedade publicado em Zurique no ano de 1843 Marx se ocupou do texto para a escritura dos Manuscritos p 31 33 53 60 SCHULZE Johann Um dos organizadores da obra de Hegel p 115 SHAKESPEARE William 15641616 Escritor inglês poeta nacional da Inglaterra Um dos escritores mais citados por Marx Escreveu suas obras para um pequeno teatro de reper tório no final do século XVI e início do XVII quatrocentos anos depois suas peças ainda encantam plateias em todo o mundo e são mais lidas e encenadas do que as de qualquer outro autor teatral p 158 159 SISMONDI JeanCharlesLéonardSimonde de 17731842 Economista e historiador suíço criticou a economia clássica a partir do ponto de vista do romanticismo econômico de nunciou os perigos inerentes à industrialização e ao desenvolvimento desordenado do capitalismo Sismondi assinalou as contradições do capitalismo mas se limitou a uma crítica sentimental do capitalismo partindo de um ponto de vista pequenoburguês segundo Lênin p 57 96 SKARBEK Frédéric 17921866 Economista polonês partidário de Adam Smith Marx citao por distinguir as forças individuais inerentes ao homem inteligência e disposição física para o trabalho das forças derivadas da sociedade troca e divisão do trabalho que se condicionam reciprocamente e situa o autor na esteira de Smith Say e Ricardo Autor de Théorie des richesses sociales Suivie dune bibliographie de leconomie politique publicado em Paris no ano de 1829 p 153 155 SMITH Adam 17231790 Economista e filósofo britânico fundador da economia liberal clás sica Marx chama Smith de economista do período manufatureiro suas teorias da divisão do trabalho do trabalho produtivo e da maisvalia tiveram grande importância no desenvolvimento das ciências econômicas p 23 24 25 26 27 28 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 72 73 80 93 94 99 100 101 124 150 151 152 154 155 STRAUSS David Friedrich 18081874 Filósofo e teólogo alemão hegeliano de esquerda sua obra abriu um novo campo de interpretação bíblica ao explicar mitologicamente e interpretar historicamente os relatos sobre a vida de Jesus p 115 TIECK Ludwig 17731853 Escritor romântico alemão e tradutor junto com A W Schlegel de Shakespeare também traduziu o Dom Quixote de Cervantes p 158 TRESKOW Provavelmente Sigismund Otto von Fornecedor do exército e autor de um artigo sobre a extração do ferro entre Birminghan e Wolkerhampton Der bergmännische Distrikt zwischen Birmingham und Wolkerhampton mit besonderer Bezugnahme auf die Gewinnung des Eisens publicado na Revista trimestral alemã de Stuttgart e Tübingen caderno 3 1838 Marx cita o texto nos Manuscritos p 60 VILLEGARDELLE François 18101856 Publicista francês partidário de Fourier e mais tarde comunista utópico p 105 VINCKE Provavelmente Friedrich Ludwig Wilhelm Philipp Barão de Vincke 17741844 Estadista prussiano p 95 WEITLING Wilhelm 18081871 Alfaiate de profissão um dos teóricos do comunismo utópico da igualdade Ironizado por Heine que se mostra quase intimidado diante do vigor comunista do alfaiate em várias passagens de sua obra p 20 WERNER Abraham Gottlob 17501817 Mineralogista pioneiro da geognosia que nasceu na Bergakademie em Freiberg Saxônia através de sua iniciativa no ano de 1780 como uma ciência particular de estudo da formação da terra da estrutura do globo terrestre e de sua composição mineral p 113 ÍNDICE DE PERSONAGENS BÍBLICAS LITERÁRIAS E MITOLÓGICAS CRONOS Divindade agrícola da mitologia préhelênica os gregos designaramno deus do tempo Identificado entre os romanos com Saturno p 32 DIANA Deusa romana da caça e dos animais Identificada com a deusa grega Ártemis p 158 DOM QUIXOTE Protagonista do famoso romance do escritor espanhol Miguel de Cervantes publicado em duas partes em 1605 e 1615 a obra conta a mui grosso modo a história e os delírios de um fidalgo castelhano que passa a imitar os feitos dos heróis de romances de cavalaria p 96 FAUSTO Personagem lendário que vendeu a alma ao diabo imortalizado no clássico de Go ethe p 140 158 MAMMON Ídolo divindade da Obsessão pelo Lucro citado na Bíblia Mateus 6 24 e Lucas 16 9 11 e 13 p 25 MARTE Deus romano da guerra personificação do ideal de soldado Correspondente ao grego Ares p 158 MEFISTO Mefistófeles o personagem demoníaco que aparece na lenda de Fausto para comprar sua alma Adquiriu contornos modernos no Fausto de Goethe 18081832 p 158 PROMETEU Figura da mitologia grega filho de Jápeto e Climene Foi castigado por Zeus por roubar o fogo do Olimpo e entregálo aos homens é um dos mitos gregos mais presentes na cultura ocidental p 140 TIMÃO Personagem de Shakespeare em Timão de Atenas p 158 168 Índice onomástico Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 1818 Em Trier capital da província alemã do Reno nasce Karl Marx 5 de maio o segundo de oito filhos de Heinrich Marx e de Enriqueta Pressburg Trier na época era influenciada pelo liberalismo revolucionário francês e pela reação ao Antigo Regime vinda da Prússia Simón Bolívar declara a Venezuela independente da Espanha 1820 Nasce Friedrich Engels 28 de novembro primeiro dos oito filhos de Friedrich Engels e Elizabeth Franziska Mauritia van Haar em Barmen Alemanha Cresce no seio de uma família de industriais religiosa e conservadora George IV se torna rei da Inglaterra pondo fim à Regência Insurreição constitucionalista em Portugal 1824 O pai de Marx nascido Hirschel advogado e conselheiro de Justiça é obrigado a abandonar o judaísmo por motivos profissionais e políticos os judeus estavam proibidos de ocupar cargos públicos na Renânia Marx entra para o Ginásio de Trier outubro Simón Bolívar se torna chefe do Executivo do Peru CRONOLOGIA RESUMIDA 169 Cronologia resumida Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 1830 Inicia seus estudos no Liceu Friedrich Wilhelm em Trier Estouram revoluções em diversos países europeus A população de Paris insurgese contra a promulgação de leis que dissolvem a Câmara e suprimem a liberdade de imprensa Luís Filipe assume o poder 1831 Morre Hegel 1834 Engels ingressa em outubro no Ginásio de Elberfeld A escravidão é abolida no Império Britânico Insurreição operária em Lyon 1835 Escreve Reflexões de um jovem perante a escolha de sua profissão Presta exame final de bacharelado em Trier 24 de setembro Inscrevese na Universidade de Bonn Revolução Farroupilha no Brasil O Congresso alemão faz moção contra o movimento de escritores Jovem Alemanha 1836 Estuda Direito na Universidade de Bonn Participa do Clube de Poetas e de associações de estudantes No verão fica noivo em segredo de Jenny von Westphalen sua vizinha em Trier Em razão da oposição entre as famílias casarse iam apenas sete anos depois Matriculase na Universidade de Berlim Na juventude fica impressionado com a miséria em que vivem os trabalhadores das fábricas de sua família Escreve Poema Fracassa o golpe de Luís Napoleão em Estrasburgo Criação da Liga dos Justos 170 Manuscritos econômicofilosóficos Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 1837 Transferese para a Universidade de Berlim e estuda com mestres como Gans e Savigny Escreve Canções selvagens e Transformações Em carta ao pai descreve sua relação contraditória com o hegelianismo doutrina predomi nante na época Por insistência do pai Engels deixa o ginásio e começa a trabalhar nos negócios da família Escreve História de um pirata A rainha Vitória assume o trono na Inglaterra 1838 Entra para o Clube dos Doutores encabeçado por Bruno Bauer Perde o interesse pelo Direito e entregase com paixão ao estudo da filosofia o que lhe compromete a saúde Morre seu pai Estuda comércio em Bremen Começa a escrever ensaios literários e sociopolíticos poemas e panfletos filosóficos em periódicos como o Hamburg Journal e o Telegraph für Deutschland entre eles o poema O beduíno setembro sobre o espírito da liberdade Richard Cobden funda a AntiCornLaw League na Inglaterra Proclamação da Carta do Povo que originou o cartismo 1839 Escreve o primeiro trabalho de envergadura Briefe aus dem Wupperthal Cartas de Wupperthal sobre a vida operária em Barmen e na vizinha Elberfeld Telegraphfür Deutschland primavera Outros viriam como Literatura popular alemã Karl Beck e Memorabilia de Immermann Estuda a filosofia de Hegel Feuerbach publica Zur Kritik der Hegelschen Philosophie Crítica da filosofia hegeliana Primeira proibição do trabalho de menores na Prússia Auguste Blanqui lidera o frustrado levante de maio na França 1840 K F Koeppen dedica a Marx seu estudo Friedrich der Grosse und seine Widersacher Frederico o Grande e seus adversários Engels publica Réquiem para o Aldeszeitung alemão abril Vida literária moderna no Mitternachtzeitung marçomaio e Cidade natal de Siegfried dezembro Proudhon publica O que é a propriedade Questce que la propriété 171 Cronologia resumida Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 1841 Com uma tese sobre as diferenças entre as filosofias de Demócrito e Epicuro Marx recebe em Iena o título de doutor em Filosofia 15 de abril Volta a Trier Bruno Bauer acusado de ateísmo é expulso da cátedra de Teologia da Universidade de Bonn com isso Marx perde a oportunidade de atuar como docente nessa universidade Publica Ernst Moritz Arndt Seu pai o obriga a deixar a escola de comércio para dirigir os negócios da família Engels prosseguiria sozinho seus estudos de filosofia religião literatura e política Presta o serviço militar em Berlim por um ano Frequenta a Universidade de Berlim como ouvinte e conhece os jovens hegelianos Critica intensa mente o conservadorismo na figu ra de Schelling com os escritos Schelling em Hegel Schelling e a revelação e Schelling filósofo em Cristo Feuerbach traz a público A essência do cristianismo Das Wesen des Christentums Primeira lei trabalhista na França 1842 Elabora seus primeiros trabalhos como publicista Começa a colaborar com o jornal Rheinische Zeitung Gazeta Renana publicação da burguesia em Colônia do qual mais tarde seria redator Conhece Engels que na ocasião visitava o jornal Em Manchester assume a fiação do pai a Ermen Engels Conhece Mary Burns jovem trabalhadora irlandesa que viveria com ele até a morte Mary e a irmã Lizzie mostram a Engels as dificuldades da vida operária e ele inicia estudos sobre os efeitos do capitalismo no operariado inglês Publica artigos no Rheinische Zeitung entre eles Crítica às leis de imprensa prussianas e Centralização e liberdade Eugène Sue publica Os mistérios de Paris Feuerbach publica Vorläufige Thesen zur Reform der Philosophie Teses provisórias para uma reforma da filosofia O Ashleys Act proíbe o trabalho de menores e mulheres em minas na Inglaterra 172 Manuscritos econômicofilosóficos Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 1843 Sob o regime prussiano é fechado o Rheinische Zeitung Marx casase com Jenny von Westphalen Recusa convite do governo prussiano para ser redator no diário oficial Passa a lua de mel em Kreuznach onde se dedica ao estudo de diversos autores com destaque para Hegel Redige os manuscritos que viriam a ser conhecidos como Crítica da filosofia do direito de Hegel Zur Kritik der Hegelschen Rechtsphilosophie Em outubro vai a Paris onde Moses Hess e George Herwegh o apresentam às sociedades secretas socialistas e comunistas e às associações operárias alemãs Engels escreve com Edgar Bauer o poema satírico Como a Bíblia escapa milagrosamente a um atentado impudente ou O triunfo da fé contra o obscurantismo religioso O jornal Schweuzerisher Republicaner publica suas Cartas de Londres Em Bradford conhece o poeta G Weerth Começa a escrever para a imprensa cartista Mantém contato com a Liga dos Justos Ao longo desse período suas cartas à irmã favorita Marie revelam seu amor pela natureza e por música livros pintura viagens esporte vinho cerveja e tabaco Feuerbach publica Grundsätze der Philosophie der Zukunft Princípios da filosofia do futuro Conclui Sobre a questão judaica Zur Judenfrage Substitui Arnold Ruge na direção dos Deutsch Französische Jahrbücher Anais FrancoAlemães Em dezembro inicia grande amizade com Heinrich Heine e conclui sua Crítica da filosofia do direito de Hegel Introdução Zur Kritik der Hegelschen Rechtsphilosophie Einleitung 173 Cronologia resumida Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 1844 Em colaboração com Arnold Ruge elabora e publica o primeiro e único volume dos DeutschFranzösische Jahrbücher no qual participa com dois artigos A questão judaica e Introdução a uma crítica da filosofia do direito de Hegel Escreve os Manuscritos econômicofilosóficos Ökonomischphilosophische Manuskripte Colabora com o Vorwärts Avante órgão de imprensa dos operários alemães na emigração Conhece a Liga dos Justos fundada por Weitling Amigo de Heine Leroux Blanc Proudhon e Bakunin inicia em Paris estreita amizade com Engels Nasce Jenny primeira filha de Marx Rompe com Ruge e desligase dos Deutsch Französische Jahrbücher O governo decreta a prisão de Marx Ruge Heine e Bernays pela colaboração nos DeutschFranzösische Jahrbücher Encontra Engels em Paris e em dez dias planejam seu primeiro trabalho juntos A sagrada família Die heilige Familie Marx publica no Vorwärts artigo sobre a greve na Silésia Em fevereiro Engels publica Esboço para uma crítica da economia política Umrisse zu einer Kritik der Nationalökonomie texto que influenciou profundamente Marx Segue à frente dos negócios do pai escreve para os Deutsch Französische Jahrbücher e colabora com o jornal Vorwärts Deixa Manchester Em Paris tornase amigo de Marx com quem desenvolve atividades militantes o que os leva a criar laços cada vez mais profundos com as organizações de trabalhadores de Paris e Bruxelas Vai para Barmen O Grahams Factory Act regula o horário de trabalho para menores e mulheres na Inglaterra Fundado o primeiro sindicato operário na Alemanha Insurreição de operários têxteis na Silésia e na Boêmia 1845 Por causa do artigo sobre a greve na Silésia a pedido do governo prussiano Marx é expulso da França juntamente com Bakunin Bürgers e Bornstedt Mudase para Bruxelas e em colaboração com Engels escreve e publica em Frankfurt A sagrada família Ambos começam a escrever A ideologia alemã Die deutsche Ideologie e Marx elabora As teses sobre Feuerbach Thesen über Feuerbach Em setembro nasce As observações de Engels sobre a classe trabalhadora de Manchester feitas anos antes formam a base de uma de suas obras principais A situação da classe trabalhadora na Inglaterra Die Lage der arbeitenden Klasse in England publicada primeiramente em alemão a edição seria traduzida para o inglês 40 anos mais tarde Em Barmen organiza debates sobre as ideias comunistas junto com Hess e Kötten e profere os Criada a organização internacionalista Democratas Fraternais em Londres Richard M Hoe registra a patente da primeira prensa rotativa moderna 174 Manuscritos econômicofilosóficos Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 1845 Laura segunda filha de Marx e Jenny Em dezembro ele renuncia à nacionalidade prussiana Discursos de Elberfeld Em abril sai de Barmen e encontra Marx em Bruxelas Juntos estudam economia e fazem uma breve visita a Manchester julho e agosto onde percorrem alguns jornais locais como o Manchester Guardian e o Volunteer Journal for Lancashire and Cheshire Lançada A situação da classe trabalhadora na Inglaterra em Leipzig Começa sua vida em comum com Mary Burns 1846 Marx e Engels organizam em Bruxelas o primeiro Comitê de Correspondência da Liga dos Justos uma rede de correspondentes comunistas em diversos países a qual Proudhon se nega a integrar Em carta a Annenkov Marx critica o recémpublicado Sistema das contradições econômicas ou Filosofia da miséria Système des contradictions économiques ou Philosophie de la misère de Proudhon Redige com Engels a Zirkular gegen Kriege Circular contra Kriege crítica a um alemão emigrado dono de um periódico socialista em Nova York Por falta de editor Marx e Engels desistem de publicar A ideologia alemã a obra só seria publicada em 1932 na União Soviética Em dezembro nasce Edgar o terceiro filho de Marx Seguindo instruções do Comitê de Bruxelas Engels estabelece estreitos contatos com socialistas e comunistas franceses No outono ele se desloca para Paris com a incumbência de estabelecer novos comitês de correspondência Participa de um encontro de trabalhadores alemães em Paris propagando ideias comunistas e discorrendo sobre a utopia de Proudhon e o socialismo real de Karl Grün Os Estados Unidos declaram guerra ao México Rebelião polonesa em Cracóvia Crise alimentar na Europa Abolidas na Inglaterra as leis dos cereais 175 Cronologia resumida Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 1847 Filiase à Liga dos Justos em seguida nomeada Liga dos Comunistas Realizase o primeiro congresso da associação em Londres junho ocasião em que se encomenda a Marx e Engels um manifesto dos comunistas Eles participam do congresso de trabalhadores alemães em Bruxelas e juntos fundam a Associação Operária Alemã de Bruxelas Marx é eleito vicepresidente da Associação Democrática Conclui e publica a edição francesa de Miséria da filosofia Misère de la philosophie Bruxelas julho Engels viaja a Londres e participa com Marx do I Congresso da Liga dos Justos Publica Princípios do comunismo Grundsätze des Kommunismus uma versão preliminar do Manifesto Comunista Manifest der Kommunistischen Partei Em Bruxelas junto com Marx participa da reunião da Associação Democrática voltando em seguida a Paris para mais uma série de encontros Depois de atividades em Londres volta a Bruxelas e escreve com Marx o Manifesto Comunista A Polônia tornase província russa Guerra civil na Suíça Realizase em Londres o II Congresso da Liga dos Comunistas novembro 176 Manuscritos econômicofilosóficos Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 1848 Marx discursa sobre o livre cambismo numa das reuniões da Associação Democrática Com Engels publica em Londres fevereiro o Manifesto Comunista O governo revolucionário francês por meio de Ferdinand Flocon convida Marx a morar em Paris depois que o governo belga o expulsa de Bruxelas Redige com Engels Reivindicações do Partido Comunista da Alemanha Forderungen der Kommunistischen Partei in Deutschland e organiza o regresso dos membros alemães da Liga dos Comunistas à pátria Com sua família e com Engels mudase em fins de maio para Colônia onde ambos fundam o jornal Neue Rheinische Zeitung Nova Gazeta Renana cuja primeira edição é publicada em 1º de junho com o subtítulo Organ der Demokratie Marx começa a dirigir a Associação Operária de Colônia e acusa a burguesia alemã de traição Proclama o terrorismo revolucionário como único meio de amenizar as dores de parto da nova sociedade Conclama ao boicote fiscal e à resistência armada Expulso da França por suas atividades políticas chega a Bruxelas no fim de janeiro Juntamente com Marx toma parte na insurreição alemã de cuja derrota falaria quatro anos depois em Revolução e contrarrevolução na Alemanha Revolution und Konterevolution in Deutschland Engels exerce o cargo de editor do Neue Rheinische Zeitung recémcriado por ele e Marx Participa em setembro do Comitê de Segurança Pública criado para rechaçar a contrarrevolução durante grande ato popular promovido pelo Neue Rheinische Zeitung O periódico sofre suspensões mas prossegue ativo Procurado pela polícia tenta se exilar na Bélgica onde é preso e depois expulso Mudase para a Suíça Definida na Inglaterra a jornada de dez horas para menores e mulheres na indústria têxtil Criada a Associação Operária em Berlim Fim da escravidão na Áustria Abolição da escravidão nas colônias francesas Barricadas em Paris eclode a revolução o rei Luís Filipe abdica e a República é proclamada A revolução se alastra pela Europa Em junho Blanqui lidera novas insurreições operárias em Paris brutalmente reprimidas pelo general Cavaignac Decretado estado de sítio em Colônia em reação a protestos populares O movimento revolucionário reflui 177 Cronologia resumida Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 1849 Marx e Engels são absolvidos em processo por participação nos distúrbios de Colônia ataques a autoridades publicados no Neue Rheinische Zeitung Ambos defendem a liberdade de imprensa na Alemanha Marx é convidado a deixar o país mas ainda publicaria Trabalho assalariado e capital Lohnarbeit und Kapital O periódico em difícil situação é extinto maio Marx em condição financeira precária vende os próprios móveis para pagar as dívidas tenta voltar a Paris mas impedido de ficar é obrigado a deixar a cidade em 24 horas Graças a uma campanha de arrecadação de fundos promovida por Ferdinand Lassalle na Alemanha Marx se estabelece com a família em Londres onde Em janeiro Engels retorna a Colônia Em maio toma parte militarmente na resistência à reação À frente de um batalhão de operários entra em Elberfeld motivo pelo qual sofre sanções legais por parte das autoridades prussianas enquanto Marx é convidado a deixar o país Publicado o último número do Neue Rheinische Zeitung Marx e Engels vão para o sudoeste da Alemanha onde Engels envolvese no levante de BadenPalatinado antes de seguir para Londres Proudhon publica Les confessions dun révolutionnaire A Hungria proclama sua independência da Áustria Após período de refluxo reorganiza se no fim do ano em Londres o Comitê Central da Liga dos Comunistas com a participação de Marx e Engels nasce Guido seu quarto filho novembro 1850 Ainda em dificuldades financeiras organiza a ajuda aos emigrados alemães A Liga dos Comunistas reorganiza as sessões locais e é fundada a Sociedade Universal dos Comunistas Revolucionários cuja liderança logo se fraciona Edita em Londres a Neue Rheinische Zeitung Nova Gazeta Renana revista de economia política bem como Lutas de classe na França Die Klassenkämpfe in Frankreich Morre o filho Guido Publica A guerra dos camponeses na Alemanha Der deutsche Bauernkrieg Em novembro retorna a Manchester onde viverá por vinte anos e às suas atividades na Ermen Engels o êxito nos negócios possibilita ajudas financeiras a Marx Abolição do sufrágio universal na França 178 Manuscritos econômicofilosóficos Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 1851 Continua em dificuldades mas graças ao êxito dos negócios de Engels em Manchester conta com ajuda financeira Dedicase intensamente aos estudos de economia na biblioteca do Museu Britânico Aceita o convite de trabalho do New York Daily Tribune mas é Engels quem envia os primeiros textos intitulados Contrarrevolução na Alemanha publicados sob a assinatura de Marx Hermann Becker publica em Colônia o primeiro e único tomo dos Ensaios escolhidos de Marx Nasce Francisca 28 de março quinta de seus filhos Engels juntamente com Marx começa a colaborar com o Movimento Cartista Chartist Movement Estuda língua história e literatura eslava e russa Na França golpe de Estado de Luís Bonaparte Realização da primeira exposição universal em Londres 1852 Envia ao periódico Die Revolution de Nova York uma série de artigos sobre O 18 de brumário de Luís Bonaparte Der achtzehnte Brumaire des Louis Bonaparte Sua proposta de dissolução da Liga dos Comunistas é acolhida A difícil situação financeira é amenizada com o trabalho para o New York Daily Tribune Morre a filha Francisca nascida um ano antes Publica Revolução e contrarrevolução na Alemanha Revolution und Konterevolution in Deutschland Com Marx elabora o panfleto O grande homem do exílio Die grossen Männer des Exils e uma obra hoje desaparecida chamada Os grandes homens oficiais da Emigração nela atacam os dirigentes burgueses da emigração em Londres e defendem os revolucionários de 18481849 Expõem em cartas e artigos conjuntos os planos do governo da polícia e do judiciário prussianos textos que teriam grande repercussão Luís Bonaparte é proclamado imperador da França com o título de Napoleão Bonaparte III 179 Cronologia resumida Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 1853 Marx escreve tanto para o New York Daily Tribune quanto para o Peoples Paper inúmeros artigos sobre temas da época Sua precária saúde o impede de voltar aos estudos econômicos interrompidos no ano anterior o que faria somente em 1857 Retoma a correspondência com Lassalle Escreve artigos para o New York Daily Tribune Estuda o persa e a história dos países orientais Publica com Marx artigos sobre a Guerra da Crimeia A Prússia proíbe o trabalho para menores de 12 anos 1854 Continua colaborando com o New York Daily Tribune dessa vez com artigos sobre a revolução espanhola 1855 Começa a escrever para o Neue Oder Zeitung de Breslau e segue como colaborador do New York Daily Tribune Em 16 de janeiro nasce Eleanor sua sexta filha e em 6 de abril morre Edgar o terceiro Escreve uma série de artigos para o periódico Putman Morte de Nicolau I na Rússia e ascensão do czar Alexandre II 1856 Ganha a vida redigindo artigos para jornais Discursa sobre o progresso técnico e a revolução proletária em uma festa do Peoples Paper Estuda a história e a civilização dos povos eslavos A esposa Jenny recebe uma herança da mãe o que permite que a família mude para um apartamento mais confortável Acompanhado da mulher Mary Burns Engels visita a terra natal dela a Irlanda Morrem Max Stirner e Heinrich Heine Guerra francoinglesa contra a China 180 Manuscritos econômicofilosóficos Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 1857 Retoma os estudos sobre economia política por considerar iminente nova crise econômica europeia Fica no Museu Britânico das nove da manhã às sete da noite e trabalha madrugada adentro Só descansa quando adoece e aos domingos nos passeios com a família em Hampstead O médico o proíbe de trabalhar à noite Começa a redigir os manuscritos que viriam a ser conhecidos como Grundrisse der Kritik der Politischen Ökonomie Esboços de uma crítica da economia política e que servirão de base à obra Para a crítica da economia política Zur Kritik der Politischen Ökonomie Escreve a célebre Introdução de 1857 Continua a colaborar no Adoece gravemente em maio Analisa a situação no Oriente Médio estuda a questão eslava e aprofunda suas reflexões sobre temas militares Sua contribuição para a New American Encyclopaedia Nova Enciclopédia Americana versando sobre as guerras faz de Engels um continuador de Von Clausewitz e um precursor de Lenin e Mao TséTung Continua trocando cartas com Marx discorrendo sobre a crise na Europa e nos Estados Unidos O divórcio sem necessidade de aprovação parlamentar se torna legal na Inglaterra New York Daily Tribune Escreve artigos sobre JeanBaptiste Bernadotte Simón Bolívar Gebhard Blücher e outros na New American Encyclopaedia Nova Enciclopédia Americana Atravessa um novo período de dificuldades financeiras e tem um novo filho natimorto 1858 O New York Daily Tribune deixa de publicar alguns de seus artigos Marx dedicase à leitura de Ciência da lógica Wissenschaft der Logik de Hegel Agravamse os problemas de saúde e a penúria Engels dedicase ao estudo das ciências naturais Morre Robert Owen 181 Cronologia resumida Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 1859 Publica em Berlim Para a crítica da economia política A obra só não fora publicada antes porque não havia dinheiro para postar o original Marx comentaria Seguramente é a primeira vez que alguém escreve sobre o dinheiro com tanta falta dele O livro muito esperado foi um fracasso Nem seus companheiros mais entusiastas como Liebknecht e Lassalle o compreenderam Escreve mais artigos no New York Daily Tribune Começa a colaborar com o periódico londrino Das Volk contra o grupo de Edgar Bauer Marx polemiza com Karl Vogt a quem acusa de ser subsidiado pelo bonapartismo Blind e Freiligrath Faz uma análise junto com Marx da teoria revolucionária e suas táticas publicada em coluna do Das Volk Escreve o artigo Po und Rhein Pó e Reno em que analisa o bonapartismo e as lutas liberais na Alemanha e na Itália Enquanto isso estuda gótico e inglês arcaico Em dezembro lê o recémpublicado A origem das espécies The Origin of Species de Darwin A França declara guerra à Áustria 1860 Vogt começa uma série de calúnias contra Marx e as querelas chegam aos tribunais de Berlim e Londres Marx escreve Herr Vogt Senhor Vogt Engels vai a Barmen para o sepultamento de seu pai 20 de março Publica a brochura Savoia Nice e o Reno Savoyen Nizza und der Rhein polemizando com Lassalle Continua escrevendo para vários periódicos entre eles o Allgemeine Militar Zeitung Contribui com artigos sobre o conflito de secessão nos Estados Unidos no New York Daily Tribune e no jornal liberal Die Presse Giuseppe Garibaldi toma Palermo e Nápoles 182 Manuscritos econômicofilosóficos Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 1861 Enfermo e depauperado Marx vai à Holanda onde o tio Lion Philiph concorda em adiantarlhe uma quantia por conta da herança de sua mãe Volta a Berlim e projeta com Lassalle um novo periódico Reencontra velhos amigos e visita Guerra civil norteamericana Abolição da servidão na Rússia a mãe em Trier Não consegue recuperar a nacionalidade prussiana Regressa a Londres e participa de uma ação em favor da libertação de Blanqui Retoma seus trabalhos científicos e a colaboração com o New York Daily Tribune e o Die Presse de Viena 1862 Trabalha o ano inteiro em sua obra científica e encontrase várias vezes com Lassalle para discutirem seus projetos Em suas cartas a Engels desenvolve uma crítica à teoria ricardiana sobre a renda da terra O New York Daily Tribune justificando se com a situação econômica interna norteamericana dispensa os serviços de Marx o que reduz ainda mais seus rendimentos Viaja à Holanda e a Trier e novas solicitações ao tio e à mãe são negadas De volta a Londres tenta um cargo de escrevente da ferrovia mas é reprovado por causa da caligrafia Nos Estados Unidos Lincoln decreta a abolição da escravatura O escritor Victor Hugo publica Les misérables Os miseráveis 183 Cronologia resumida 184 Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 1863 Marx continua seus estudos no Museu Britânico e se dedica também à matemática Começa a redação definitiva de O capital Das Kapital e participa de ações pela independência da Polônia Morre sua mãe novembro deixandolhe algum dinheiro como herança Morre em Manchester Mary Burns companheira de Engels 6 de janeiro Ele permaneceria morando com a cunhada Lizzie Esboça mas não conclui um texto sobre rebeliões camponesas 1864 Malgrado a saúde continua a trabalhar em sua obra científica É convidado a substituir Lassalle morto em duelo na Associação Geral dos Operários Alemães O cargo entretanto é ocupado por Becker Apresenta o projeto e o estatuto de uma Associação Internacional dos Trabalhadores durante encontro internacional no Saint Martins Hall de Londres Marx elabora o Manifesto de Inauguração da Associação Internacional dos Trabalhadores Engels participa da fundação da Associação Internacional dos Trabalhadores depois conhecida como a Primeira Internacional Tornase coproprietário da Ermen Engels No segundo semestre contribui com Marx para o SozialDemokrat periódico da socialdemocracia alemã que populariza as ideias da Internacional na Alemanha Dühring traz a público seu Kapital und Arbeit Capital e trabalho Fundação na Inglaterra da Associação Internacional dos Trabalhadores Reconhecido o direito a férias na França Morre Wilhelm Wolff amigo íntimo de Marx a quem é dedicado O capital 1865 Conclui a primeira redação de O capital e participa do Conselho Central da Internacional setembro em Londres Marx escreve Salário preço e lucro Lohn Preis und Profit Publica no SozialDemokrat uma biografia de Proudhon morto recentemente Conhece o socialista francês Paul Lafargue seu futuro genro Recebe Marx em Manchester Ambos rompem com Schweitzer diretor do SozialDemokrat por sua orientação lassalliana Suas conversas sobre o movimento da classe trabalhadora na Alemanha resultam em artigo para a imprensa Engels publica A questão militar na Prússia e o Partido Operário Alemão Die preussische Militärfrage und die deutsche Arbeiterpartei Assassinato de Lincoln Proudhon publica De la capacité politique des classes ouvrières A capacidade política das classes operárias Morre Proudhon Manuscritos econômicofilosóficos 185 Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 1866 Apesar dos intermináveis problemas financeiros e de saúde Marx conclui a redação do primeiro livro de O capital Prepara a pauta do primeiro Congresso da Internacional e as teses do Conselho Central Pronuncia discurso sobre a situação na Polônia Escreve a Marx sobre os trabalhadores emigrados da Alemanha e pede a intervenção do Conselho Geral da Internacional Na Bélgica é reconhecido o direito de associação e a férias Fome na Rússia 1867 O editor Otto Meissner publica em Hamburgo o primeiro volume de O capital Os problemas de Marx o impedem de prosseguir no projeto Redige instruções para Wilhelm Liebknecht recémingressado na Dieta prussiana como representante socialdemocrata Engels estreita relações com os revolucionários alemães especialmente Liebknecht e Bebel Envia carta de congratulações a Marx pela publicação do primeiro volume de O capital Estuda as novas descobertas da química e escreve artigos e matérias sobre O capital com fins de divulgação 1868 Piora o estado de saúde de Marx e Engels continua ajudandoo financeiramente Marx elabora estudos sobre as formas primitivas de propriedade comunal em especial sobre o mir russo Correspondese com o russo Danielson e lê Dühring Bakunin se declara discípulo de Marx e funda a Aliança Internacional da Social Democracia Casamento da filha Laura com Lafargue Engels elabora uma sinopse do primeiro volume de O capital Em Bruxelas acontece o Congresso da Associação Internacional dos Trabalhadores setembro Cronologia resumida 186 Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 1869 Liebknecht e Bebel fundam o Partido Operário Social Democrata alemão de linha Em Manchester dissolve a empresa Ermen Engels que havia assumido após a morte do Fundação do Partido SocialDemocrata alemão Congresso da marxista Marx fugindo das polícias da Europa continental passa a viver em Londres com a família na mais absoluta miséria Continua os trabalhos para o segundo livro de O capital Vai a Paris sob nome falso onde permanece algum tempo na casa de Laura e Lafargue Mais tarde acompanhado da filha Jenny visita Kugelmann em Hannover Estuda russo e a história da Irlanda Correspondese com De Paepe sobre o proudhonismo e concede uma entrevista ao sindicalista Haman sobre a importância da organização dos trabalhadores pai Com um soldo anual de 350 libras auxilia Marx e sua família com ele mantém intensa correspondência Começa a contribuir com o Volksstaat o órgão de imprensa do Partido SocialDemocrata alemão Escreve uma pequena biografia de Marx publicada no Die Zukunft julho Lançada a primeira edição russa do Manifesto Comunista Em setembro acompanhado de Lizzie Marx e Eleanor visita a Irlanda Primeira Internacional na Basileia Suíça Manuscritos econômicofilosóficos 187 Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 1870 Continua interessado na situação russa e em seu movimento revolucionário Em Genebra instalase uma seção russa da Internacional na qual se acentua a oposição entre Bakunin e Marx que redige e distribui uma circular confidencial sobre as atividades dos bakunistas e sua aliança Redige o primeiro comunicado da Internacional sobre a guerra francoprussiana e exerce a partir do Conselho Central uma grande atividade em favor da República francesa Por meio de Serrailler envia instruções para os membros da Internacional presos em Paris A filha Jenny colabora com Marx em artigos para A Marselhesa sobre a repressão dos irlandeses por policiais britânicos Engels escreve História da Irlanda Die Geschichte Irlands Começa a colaborar com o periódico inglês Pall Mall Gazette discorrendo sobre a guerra francoprussiana Deixa Manchester em setembro acompanhado de Lizzie e instalase em Londres para promover a causa comunista Lá continua escrevendo para o Pall Mall Gazette dessa vez sobre o desenvolvimento das oposições É eleito por unanimidade para o Conselho Geral da Primeira Internacional O contato com o mundo do trabalho permitiu a Engels analisar em profundidade as formas de desenvolvimento do modo de produção capitalista Suas conclusões seriam utilizadas por Marx em O capital Na França são presos membros da Internacional Comunista Nasce Vladimir Lenin 1871 Atua na Internacional em prol da Comuna de Paris Instrui Frankel e Varlin e redige o folheto Der Bürgerkrieg in Frankreich A guerra civil na França É violentamente atacado pela imprensa conservadora Em setembro durante a Internacional em Londres é reeleito secretário da seção russa Revisa o primeiro volume de O capital para a segunda edição alemã Prossegue suas atividades no Conselho Geral e atua junto à Comuna de Paris que instaura um governo operário na capital francesa entre 26 de março e 28 de maio Participa com Marx da Conferência de Londres da Internacional A Comuna de Paris instaurada após revolução vitoriosa do proletariado é brutalmente reprimida pelo governo francês Legalização das trade unions na Inglaterra Cronologia resumida 188 Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 1872 Acerta a primeira edição francesa de O capital e recebe exemplares da primeira edição russa lançada em 27 de março Participa dos preparativos do V Congresso da Internacional em Haia quando se decide a transferência do Conselho Geral da organização para Nova York Jenny a filha mais velha casase com o socialista Charles Longuet Redige com Marx uma circular confidencial sobre supostos conflitos internos da Internacional envolvendo bakunistas na Suíça intitulado As pretensas cisões na Internacional Die angeblichen Spaltungen in der Internationale Ambos intervêm contra o lassalianismo na socialdemocracia alemã e escrevem um prefácio para a nova edição alemã do Manifesto Comunista Engels participa do Congresso da Associação Internacional dos Trabalhadores Morrem Ludwig Feuerbach e Bruno Bauer Bakunin é expulso da Internacional no Congresso de Haia 1873 Impressa a segunda edição de O capital em Hamburgo Marx envia exemplares a Darwin e Spencer Por ordens de seu médico é proibido de realizar qualquer tipo de trabalho Com Marx escreve para periódicos italianos uma série de artigos sobre as teorias anarquistas e o movimento das classes trabalhadoras Morre Napoleão III As tropas alemãs se retiram da França 1874 Negada a Marx a cidadania inglesa por não ter sido fiel ao rei Com a filha Eleanor viaja a Karlsbad para tratar da saúde numa estação de águas Prepara a terceira edição de A guerra dos camponeses alemães Na França são nomeados inspetores de fábricas e é proibido o trabalho em minas para mulheres e menores 1875 Continua seus estudos sobre a Rússia Redige observações ao Programa de Gotha da socialdemocracia alemã Por iniciativa de Engels é publicada Crítica do Programa de Gotha Kritik des Gothaer Programms de Marx Morre Moses Heß 1876 Continua o estudo sobre as formas primitivas de propriedade na Rússia Volta com Eleanor a Karlsbad para tratamento Elabora escritos contra Dühring discorrendo sobre a teoria marxista publicados inicialmente no Vorwärts e transformados em livro posteriormente Fundado o Partido Socialista do Povo na Rússia Crise na Primeira Internacional Morre Bakunin Manuscritos econômicofilosóficos 189 Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 1877 Marx participa de campanha na imprensa contra a política de Gladstone em relação à Rússia e trabalha no segundo volume de O capital Acometido novamente de insônias e transtornos nervosos viaja com a esposa e a filha Eleanor para descansar em Neuenahr e na Floresta Negra Conta com a colaboração de Marx na redação final do AntiDühring Herrn Eugen Dührings Umwälzung der Wissenschaft O amigo colabora com o capítulo 10 da parte 2 Da história crítica discorrendo sobre a economia política A Rússia declara guerra à Turquia 1878 Paralelamente ao segundo volume de O capital Marx trabalha na investigação sobre a comuna rural russa complementada com estudos de geologia Dedicase Publica o AntiDühring e atendendo a pedido de Wolhelm Bracke feito um ano antes publica pequena biografia de Marx intitulada Karl Marx Morre Lizzie Otto von Bismarck proíbe o funcionamento do Partido Socialista na Prússia Primeira também à Questão do Oriente e participa de campanha contra Bismarck e Lothar Bücher grande onda de greves operárias na Rússia 1879 Marx trabalha nos volumes II e III de O capital 1880 Elabora um projeto de pesquisa a ser executado pelo Partido Operário francês Tornase amigo de Hyndman Ataca o oportunismo do periódico SozialDemokrat alemão dirigido por Liebknecht Escreve as Randglossen zu Adolph Wagners Lehrbuch der politischen Ökonomie Glosas marginais ao tratado de economia política de Adolph Wagner Bebel Bernstein e Singer visitam Marx em Londres Engels lança uma edição especial de três capítulos do AntiDühring sob o título Socialismo utópico e científico Die Entwicklung des Socialismus Von der Utopie zur Wissenschaft Marx escreve o prefácio do livro Engels estabelece relações com Kautsky e conhece Bernstein Morre Arnold Ruge Cronologia resumida 190 Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 1881 Prossegue os contatos com os grupos revolucionários russos e mantém correspondência com Zasulitch Danielson e Nieuwenhuis Recebe a visita de Kautsky Jenny sua esposa adoece O casal vai a Argenteuil visitar a filha Jenny e Longuet Morre Jenny Marx Enquanto prossegue em suas atividades políticas estuda a história da Alemanha e prepara Labor Standard um diário dos sindicatos ingleses Escreve um obituário pela morte de Jenny Marx 8 de dezembro Fundada a Federation of Labour Unions nos Estados Unidos Assassinato do czar Alexandre II 1882 Continua as leituras sobre os problemas agrários da Rússia Acometido de pleurisia visita a filha Jenny em Argenteuil Por prescrição médica viaja pelo Mediterrâneo e pela Suíça Lê sobre física e matemática Redige com Marx um novo prefácio para a edição russa do Manifesto Comunista Os ingleses bombardeiam Alexandria e ocupam Egito e Sudão 1883 A filha Jenny morre em Paris janeiro Deprimido e muito enfermo com problemas respiratórios Marx morre em Londres em 14 de março É sepultado no Cemitério de Highgate Começa a esboçar A dialética da natureza Dialektik der Natur publicada postumamente em 1927 Escreve outro obituário dessa vez para a filha de Marx Jenny No sepultamento de Marx profere o que ficaria conhecido como Discurso diante da sepultura de Marx Das Begräbnis von Karl Marx Após a morte do amigo publica uma edição inglesa do primeiro volume de O capital imediatamente depois prefacia a terceira edição alemã da obra e já começa a preparar o segundo volume Implantação dos seguros sociais na Alemanha Fundação de um partido marxista na Rússia e da Sociedade Fabiana que mais tarde daria origem ao Partido Trabalhista na Inglaterra Crise econômica na França forte queda na Bolsa 1884 Publica A origem da família da propriedade privada e do Estado Der Ursprung der Familie des Privateigentum und des Staates Fundação da Sociedade Fabiana de Londres 1885 Editado por Engels é publicado o segundo volume de O capital 1889 Fundase em Paris a II Internacional Manuscritos econômicofilosóficos Karl Marx Friedrich Engels Fatos históricos 1894 Também editado por Engels é publicado o terceiro volume de O capital O mundo acadêmico ignorou a obra por muito tempo embora os principais grupos políticos logo tenham começado a estudála Engels publica os textos Contribuição à história do cristianismo primitivo Zur Geschischte des Urchristentums e A questão camponesa na França e na Alemanha Die Bauernfrage in Frankreich und Deutschland O oficial francês de origem judaica Alfred Dreyfus acusado de traição é preso Protestos antissemitas multiplicamse nas principais cidades francesas 1895 Redige uma nova introdução para As lutas de classes na França Após longo tratamento médico Engels morre em Londres 5 de agosto Suas cinzas são lançadas ao mar em Eastbourne Dedicouse até o fim da vida a completar e traduzir a obra de Marx ofuscando a si próprio e a sua obra em favor do que ele considerava a causa mais importante Os sindicatos franceses fundam a Confederação Geral do Trabalho Os irmãos Lumière fazem a primeira projeção pública do cinematógrafo 191 w ernsthausen wesel