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Contabilidade de Custos

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TÉCNICAS AVANÇADAS DE ANÁLISE DE CUSTOS\nAULA 2\nProfª Neide Borscheid Mayer CONVERSA INICIAL\nOlá! Seja bem-vindo à aula 2 da disciplina de Técnicas Avançadas de Análise de Custos.\nAo longo desta aula, você será apresentado a uma metodologia de controle gerencial dos custos das organizações chamada custo-padrão, que tem o propósito de servir como uma meta viável dos custos de produção como um todo. Além disso, essa metodologia tem foco na análise das variações identificadas em relação ao custo real e na responsabilização e correção daqueles pontos que não seguiram a meta pré-definida.\nComo você pode perceber, o objetivo desta disciplina é gerar em você habilidades e competências que permitam a sua formação como tomador de decisão e como analista das informações geradas por meio da contabilidade.\nBons estudos!\n\nCONTEXTUALIZANDO\nNa aula 1, vimos que a gestão e o controle de custos das organizações cumprem um papel essencial porque contribuem para o alcance de seus objetivos e resultados estratégicos.\nAo longo da aula 2, estudaremos a metodologia chamada de Custo-Padrão, que representa a informação do custo mais adequado que se espera atingir em determinado volume e nas condições de produção previamente definidos.\nNa literatura, você encontrará a menção a duas metodologias diferentes de custo-padrão, uma chamada Ideal, que podemos entender como uma metodologia em desuso, e a que chamamos de Corrente, sobre a qual refletiremos ao longo desta aula. TEMA 1 – CUSTO-PADRÃO: CONCEITOS DE CUSTO-PADRÃO, FINALIDADES E UTILIDADES DO CUSTO-PADRÃO\nO custo-padrão tem como objetivo principal auxiliar a gestão no processo de controle e planejamento de custos, porque se trata de um custo normativo, ou seja, um custo que se deseja alcançar (Padovez, 2010).\nPor meio deste método, a empresa consegue compreender o custo padrão de comportamento para os custos, bem como utilizar esse referencial para compará-lo aos custos reais incorridos no período. Não se trata de um método ou critério de contabilização de custos, como é o caso do Absorção ou Variável, mas sim uma técnica auxiliar (Martins, 2010).\nNesse contexto, os objetivos principais estão associados a (Padovez, 2010, p. 407):\na. Determinação do custo devido, ou seja, o custo corrente.\nb. Definição de responsabilidades e obtenção do comprometimento dos responsáveis por cada atividade padronizada.\nc. Avaliação de desempenho e eficácia operacional. um período de curto e médio prazos e sofrem revisões periódicas sempre que for identificada alguma distorção ou alteração do processo.\n\nAinda nesse sentido, é essencial haver seriedade no tratamento e saneamento das distorções identificadas entre o Padrão e o Real, de modo que essa postura deve partir da alta administração e ser disseminada a todos os demais níveis das empresas.\n\nNa sequência, veremos como deve ser realizada a fixação e apuração do custo-padrão.\n\nTEMA 2 – FIXAÇÃO DO PADRÃO\n\nA fixação do custo-padrão, com o detalhamento de informações que permita a identificação das origens das distorções, deve ser definida em quantidades (por exemplo, quilos) e em valores (por exemplo, preço por quilo e total), porque, por vezes, a variação pode ser originada de uma perda de material ou alteração na composição do produto em si (quantidade), por exemplo, e, em outras, por algum acréscimo de custo na aquisição de determinado material, seja por troca de fornecedor ou algum evento externo da organização. Nesse cenário, o custo real, que será utilizado para comparação com o custo-padrão, também deve seguir essa mesma estruturação. Isso se aplica a todos os tipos de custos, como mão de obra, horas-máquina, quilowatts etc., por isso, recomenda-se que essa definição ocorra em conjunto com as equipes técnicas, de engenharia e contabilidade (Martins, 2010).\n\nA construção do custo-padrão, de acordo com Padoveze (2010), é realizada por tipo de material, como detalharemos na sequência.\n\n2.1 Materiais diretos\n\nOs materiais diretos são aqueles que fazem parte da composição do produto, como é o caso da matéria-prima e das embalagens. As quantidades e os tipos de materiais necessários para produzir cada um dos produtos são definidos no que chamamos de estrutura do produto, ou ficha técnica do produto.\n\nA estrutura do produto, ou ficha técnica, pode ser entendida como a “receita” para produção desse produto, com o detalhamento de tipo de material a ser utilizado com as suas respectivas quantidades. Essa estrutura é definida pela equipe de desenvolvimento do produto ou engenharia. Como no processo produtivo há, normalmente, uma quantidade inevitável de perda ou refugo de materiais, dentro de condições técnicas ou científicas já conhecidas, esse montante também é considerado na ficha técnica para cômputo do material a ser consumido (Padoveze, 2010).\n\nEm relação ao preço padrão, deve-se sempre utilizar um preço livre de encargos, ou seja, negociado na condição de pagamento à vista e, de acordo com Padoveze (2010), aqueles obtidos em boas negociações de compra. A atualização periódica do referido valor pode levar em consideração a inflação interna da empresa.\n\n2.2 Mão de obra direta\n\nMão de obra direta é aquela relacionada aos colaboradores que trabalham diretamente no processo de fabricação do produto. A apuração da quantidade de horas despendidas para cada fase do processo, assim como a quantidade de colaboradores necessários, dependerá do nível tecnológico e automatizado do processo produtivo.\n\nHá situações em que essas informações podem ser obtidas por meio de sistemas computadorizados e, em outras, é necessária a apuração de tempos e movimentos com base em estudos de cada processo envolvido (Padoveze, 2010).\n\nO valor da hora de mão de obra direta leva em consideração a remuneração e os encargos dos trabalhadores, de forma genérica (Padoveze, 2010), por exemplo, apurando-se o custo médio horário de cada processo ou atividade.\n\n2.3 Custos indiretos variáveis\n\nOs custos indiretos variáveis são aqueles utilizados diretamente na produção, porém não fazem parte do produto em si. São classificados como variáveis, porque aumentam proporcionalmente ao volume de produção. Podemos citar como exemplo o consumo de energia elétrica. A apropriação desse tipo de custo se dá por meio de rateio e o critério de apropriação deve ser definido de acordo com a atividade desenvolvida. Padoveze (2010, p. 410) afirma que “a atividade a ser escolhida como base para construção das taxas pré determinadas de custos indiretos variáveis deve ter uma relação causal com os diversos custos indiretos variáveis”. Além disso, deve ser de fácil compreensão para posterior responsabilização, para fins de controle (por exemplo: horas máquinas trabalhadas, quantidade de produto final etc.).\n\n2.4 Custos indiretos fixos\n\nCustos indiretos fixos, da mesma forma, são gerados na produção, porém seu montante não varia em função do volume de produção, assim como não fazem parte diretamente do produto. Como exemplo, podemos citar a depreciação do prédio da fábrica.\n\nAssim como acontece com os custos indiretos variáveis, os custos indiretos fixos são alocados aos produtos por meio de rateio e os critérios são normalmente atribuídos, de acordo com Padoveze (2010), em função da capacidade produtiva e não em função de volumes realizados.\n\n2.5 Periodicidade de construção do custo-padrão\n\nA prática mais utilizada para elaboração do custo-padrão se dá a partir de uma data-base. “A elaboração do custo-padrão leva em consideração as metas projetadas dentro de um período de seis meses a um ano, por exemplo” (Padoveze, 2010, p. 412).\n\nEm função do nível de detalhamento e do grau de complexidade da informação, o custo-padrão não precisa necessariamente ser definido para a empresa como um todo no momento da sua implantação, mas ser iniciado nas áreas e nos processos mais relevantes e críticos. Gradualmente, o escopo pode ser ampliado junto com o amadurecimento no sistema de controle e gestão.\n\nAlém disso, é importante que se realize uma revisão periódica sempre que houver alguma alteração significativa que possa afetar o custo de produção (aumento de matéria-prima, alteração no processo fabril etc.). 3.1 Mas qual a diferença para o custo-padrão?\n\nO custo-padrão também pode ser entendido como um tipo de orçamento, \"a diferença é que essa meta tende a forçar o desempenho da produção por ser normalmente fixado com base na suposição de melhoria contínua de aproveitamento dos fatores de produção\" (Martins, 2010, p. 318). Em virtude disso, é necessário que se tenha em mente que o custo-padrão sempre é mais rigoroso do que de fato deve ser orçado.\n\nPor outro lado, a utilização do custo-padrão para elaboração do orçamento pode trazer um nível de assertividade maior nas projeções orçamentárias, porque fornece informações mais adequadas por se basear nos melhores parâmetros de eficiência e acaba gerando um atributo de confiabilidade das metas estabelecidas (Monzo; Pagnani, 2003).\n\nA utilização orçamentária pressupõe uma gestão tempestiva e assertiva das variações identificadas ao longo do ano, de forma a identificar as reais causas que as geraram. Nesse sentido, o custo-padrão deve servir como elemento facilitador para compreensão da origem do problema, viabilizando a tomada de decisão eficaz e rápida que permita à empresa reafirmar as operações aos seus objetivos estratégicos, quando for o caso, ou, até mesmo, rever as definições orçamentárias que podem não estar adequadas em função de uma alteração significativa dos custos e processos.\n\n3.2 Custo-padrão: influência das variações de preços\n\nO custo-padrão pode ser utilizado como elemento inicial para a formação de preços de venda, porque \"ele traz os elementos necessários para parametrizar um preço de venda ideal\" (Padoveze, 2010, p. 408), por mais que depois possa sofrer algum ajuste devido às exigências do mercado. Porém, o aspecto de que trataremos nesse tópico diz respeito à definição de preço de venda, que será considerado para fixação do padrão, é a análise da variação em relação ao real.\n\nHá um elemento importante que precisa ser considerado caso a empresa viva em um período de alta inflação: se o preço estabelecido para o custo-padrão tem por base antecipar os gastos que dever\nao ser consumidos e que afetarão o custeamento dos produtos\" (Padoveze, 2010, p. 405).\n\n3.1 E o que fazer com as diferenças identificadas entre o custo real e o custo-padrão?\n\nAs diferenças identificadas e contabilizadas em contas especiais devem ser tratadas de forma que sejam eliminadas. Segundo as premissas dos Princípios Contábeis Geralmente Aceitos, esses valores acabam sendo incorporados ao custo estoque, para que ele de fato espelhe a realidade do custo real da empresa (Martins, 2010).\n\nA melhor forma de registro e controle do custo-padrão dependerá da realidade de cada empresa frente ao nível de requinte do sistema de controle adotado.\n\nTEMA 4 – PADRÃO VERSUS CUSTO REAL\n\nComo vimos, o custo-padrão é o custo que se deseja alcançar, ou seja, uma meta. Então, para que de fato ele cumpra seu propósito, após a apuração do custo real é fundamental comparar esse real com o custo-padrão para verificar se houve variações e, caso isso seja confirmado, analisar as diferenças para adoção de medidas de correção. Custo do Insumo = Preço do Insumo x Quantidade de Insumo Utilizada\n\nNo entanto, para que possamos ser assertivos na análise e tomar as medidas corretivas adequadas, é importante saber se a diferença se originou no preço ou no volume consumido. Em função disso, Padoveze (2010, p.414) apresenta um esquema genérico de análise que apresentamos a seguir:\n\nFigura 1 – Esquema de análise\n\nVariação Total\n\nVariação do Quantidade\n\n(A - B) (B - C)\n\n de materiais\n de eficiência de mão de obra\n taxa horária\neficácia de custos indiretos variáveis\n custódia indiretos variáveis\n\nFonte: Padoveze, 2010.\n\nSendo:\nA = Quantidade Real x Preço Real\nB = Quantidade Real x Preço-padrão\nC = Quantidade-padrão x Preço-padrão\n\nPara compreender melhor, vamos exemplificar: digamos que determinada empresa apurou os seguintes resultados no mês em relação ao desempenho de custos exclusivamente em relação aos materiais diretos de fabricação:\n\nQuadro 1 – Composição do custo-padrão para os materiais diretos\n\nMATERIAS DIRETOS\n\nQUANTIDADE-PADRÃO PREÇO UNITÁRIO CUSTO-PADRÃO (R$)\n\nMaterial A 4.250 101,00 429.250\n\nMaterial B 100.000 3,50 350.000\n\nCUSTO COM MATERIAS DIRETOS 104.250 104,50 779.250\n\nFonte: Padoveze, 2010.