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1 O Paradoxo de Leontief no quadro das várias teorias do comércio internacional Horácio Crespo Faustino Introdução Os Estados Unidos considerados um país abundante em capital tinham segundo os dados de 1947 as suas importações capitalintensivas relativamente às suas exportações À luz da teoria de HeckscherOhlin era um resultado paradoxal Várias explicações foram adiantadas umas no quadro do próprio modelo de HeckscherOhlin Leontief19531956 Baldwin 19711979 e Leamer 1980 entre outros outras no quadro de teorias alternativas à teoria de HeckscherOhlin teoria neotecnológica e teoria da dinâmica da procura O objectivo deste artigo é o seguintei fazer o survey das várias explicações do paradoxo de Leontiefii propor a nossa própria explicação do paradoxo tendo por base diferentes correntes teóricas é o caso do modelo econométrico que propomos para testar a explicação do paradoxo no quadro da teoria neotecnológica e é o caso da explicação do paradoxo no quadro da teoria de especialização de Lafay iii apresentar o método de Leamer de uma forma que considerámos mais acessível A estrutura do artigo é a seguinte na primeira secção apresentamos os resultados paradoxais de Leontief e as suas próprias explicações adiantadas em 1953 e 1956 bem como as primeiras explicações no quadro da teoria de HeckscherOhlin Tatemoto e Ichimura1959 Baldwin19711979 Harkness e Kyle1975 a segunda secção é dedicada ao método de Leamer1980 para resolver o paradoxo e às críticas que o próprio Leamer fez ao método de Leontief Apresentamos também nesta secçãoi a generalização do método de Leamer feita por Aw1983 para o caso da balança comercial não equilibrada iios resultados da aplicação do método de Leamer feito por Stern e Maskus1981 no quadro da teoria neofactorial iii as críticas de Brecher e Choudri 1982 ao método de Leamer na terceira secção analisamos o paradoxo de Leontief no quadro da teoria neotecnológica e propomos um modelo econométrico para testar a hipótese explicativa dada por esta teoria finalmente a quarta secção é dedicada à teoria da adaptação à dinâmica da procura mundial e interna como factor de especialização e explicação do paradoxo Este artigo baseiase num trabalho com o mesmo título publicado pelo Centro de Estudos e Documentação Europeia como seu Documento de Trabalho Nº 1em Março de 1990 A parte relativa ao método de Leamer beneficiou das conversas que tive com o Dr Rui Jorge de Sá enquanto meu aluno de Teoria do Comércio Internacional do 8º Mestrado em Economia ao qual agradeço Os meus agradecimentos vão também para o meu colega e amigo Drs João Dias e Pedro Valente pela leitura atenta que fizeram da versão inicial bem como pelas críticas e sugestões Este PDF corresponde ao artigo na sua versão original em A4 Por isso o número de páginas e a respectiva numeração não correspondem aos da publicação na revista Estudos de Economia Assistente no Instituto Superior de Economia e Gestão e investigador do CEDE 2 l O paradoxo de Leontief O quadro que sintetiza os resultados de Leontief 1953 e traduz o paradoxo é o seguinte 1 Quadro l Quantidades de capital e de trabalho necessários por milhão de dólares de exportações e de substituição de importações nos Estados Unidos composição média de l947 Exportações Substituição de Importações Capital em dólares preços de l947 2 550 780 3 09l 339 Trabalho em homensano 182 313 170 004 Em termos de intensidade capitalística rácio KL temos um valor de l8 184 para a substituição de importações e l3 992 para as exportações o que dá um índice de l 30 as importações são 30 mais capitalintensivas do que as exportações Leontief justificou o paradoxo considerando que a eficiência dos trabalhadores americanos era superior tripla à dos estrangeiros era uma primeira abordagem ao conceito de capital humano e um retorno a Ricardo e às diferenças de produtividade devidas à habilidade dos trabalhadores Leontief no entanto não apresenta as causas da diferença de eficiência Três anos mais tarde Leontief 1956 voltou a analisar o problema considerando que a estrutura dos coeficientes técnicos de l947 se mantinha mas considerando l92 indústrias e não 50 como anteriormente Tal como no estudo anterior considerou que o nível de competitividade das importações não competitivas produtos importados que não eram produzidos nos Estados Unidos como café chá juta e que não entravam no cálculo da média do valor 1 W Leontief Production Domestique et Commerce Internacional Réexamen de la Position Capitalistique des ÉtatsUnis in LassudrieDuchene ed Exchange International et Croissance l972 p116 3 de substituição de importações se mantinha inalterado A conclusão foi a mesma e a explicação idêntica melhor organização das empresas americanas sem explicar o porquê dessa organização só aumentar a produtividade do trabalho e não a do capital ou mais a do primeiro que a do segundo A análise de Leontief foi conduzida numa perspectiva agregada de um lado os Estados Unidos e do outro o resto do mundo mas o próprio Leontief p399 deixou a pista para uma possível explicação do paradoxo ao inclinarse para uma formulação bilateral das hipóteses a serem testadas Aproveitando a sugestão dada por Leontief Tatemoto e Ichimura 1959 consideraram que o Japão era um dos mais importantes parceiros comerciais dos Estados Unidos e procederam e um estudo semelhante ao feito por Leontief Os resultados a que chegaram estão sintetizados nos quadros 2 e 3 Quadro 2 Quantidades de capital e de trabalho necessários por milhão de Yenes de exportação e de substituição de importações média de l951 Substituição Intensidade Capitalistica índice Exportações Importações Exp Imp Capital em Yenes aos preços de l951 1 385 780 1 330 926 251 047 161657 0644 Trabalho homensano 5 520 8 233 Quadro 3 Intensidade capitalística do Comércio JapãoEstados Unidos Exp do Exp dos Intensidade Capitalística Japão EU ExpJapão ExpEU Capital em Yennes l951 e doláres l947 1 026 387 2 741 786 54352 19415 Trabalho homensano 18 8839 141 2169 4 Procedendo a uma análise agregada tipo Leontief os autores encontravam um novo paradoxo em média um milhão de Yenes de exportações japonesas incorporavam mais capital e menos trabalho do que um milhão de Yenes de produtos substitutivos de importações O paradoxo residia no facto do Japão ser relativamente abundante em trabalho Seguindo a pista de Leontief os autores consideraram a hipótese do Japão devido ao seu desenvolvimento intermédio ter vantagens comparativas na exportação de produtos trabalhointensivos para os países desenvolvidos e ter vantagens comparativas na exportação de produtos capitalintensivos para os países subdesenvolvidos Como em 1951 só 25 das exportações do Japão se destinavam aos países desenvolvidos não era surpreendente que o comércio revelasse um país abundante em capital a análise considerava uma média e não distinguia os vários países de destino das exportações Por isso fizeram a análise bilateral em relação aos Estados Unidos o que lhes permitiu concluir por uma intensidade capitalística muito inferior à encontrada para o total das exportações do Japão 5435 contra 25104 Por outro lado a intensidade capitalística das exportações dos Estados Unidos para o Japão dá um valor de l94l5 que é não só superior ao valor l3992 da média das suas exportações globais como superior ao valor l8184 da média das suas importações Ou seja os dados pareciam indiciar à teoria que não só o comércio dos Estados Unidos e do Japão como o comércio de todos os países deviam ser analisados numa perspectiva bilateral e que essa seria a forma correcta de testar a lei da porporção dos factores de HeckscherOhlin No entanto e contrariamente a esta suposição Baldwin1971 apresenta um exemplo com três países em que o número de mercadorias é superior ao número de factores para demonstrar que na hipótese de igualização dos preços dos factores o teorema de HeckscherOhlin pode não se verificar bilateralmente Although the Heckscher Ohlin proposition holds in a multilateral sense it does not hold bilateral p144 Como o conteúdo de factores das importações era calculado a partir das indústrias substitutivas de importações colocouse o problema de incluir ou não na amostra as indústrias intensivas em recursos naturais pois estas indústrias eram capitalintensivas nos Estados Unidos 2 2 Também J Vanek l959 pp153 explicou o paradoxo pela relação de complementaridade entre capital e terra os sectores substitutivos das importações eram intensivos em terra e o melhoramento dos solos nos Estados Unidos requeriam a utilização intensiva de capital 5 Baldwin l971 utilizou a matriz inputoutput de l958 e os dados do comércio de l962 Fez uma análise considerando primeiro todas as indústrias e depois excluiu as indústrias de recursos naturais Concluiu pela existência do paradoxo em l962 embora com a exclusão das indústrias intensivas em recursos naturais ele quase desaparecesse a intensidade capitalística das importações que era 251 superior à das exportações que passa para um valor de 39 Os resultados de Baldwin estão sintetizados no quadro 4 Quadro 4 Necessidades em factores directa e indirectamente por milhão de dólares de exportações e substituição de importações dos Estados Unidos em l962 Substituição Intensidade Capitalística Índice Exp de Imp Exp Imp Capital Todas as indust 1 876 000 2 132 000 14 3206 17 915966 125l Exclas ind rec nat 1 223 000 1 259 000 11 429907 11 877358 10391 Trabalho homens ano Todas as indust 131 119 Exclas indrecnat 107 106 Para Baldwin pl35 a única forma de eliminar o paradoxo seria adicionar o capital humano medido pelos custos de educação ao capital físico e excluir as indústrias de recursos naturais Em l979 Baldwin utilizou uma matriz inputoutput de l963 e os valores de exportações e importações dos Estados Unidos de l969 expressos em preços de l958 Utilizando todas as indústrias o paradoxo de Leontief subsistia embora o valor tivesse passado de l25 para l06 os produtos substitutivos das importações eram 6 mais capitalintensivos do que os produtos de exportação Excluindo as indústrias de recursos naturais 3 esse valor passava para 09l o que era consistente com a teoria de HeckscherOhlin eliminavase o paradoxo Baldwin fez a análise para vários países e concluiuse que o paradoxo de Leontief não é um fenómeno exclusivo dos Estados Unidos o paradoxo seria um lugar comum 3 Segundo Baldwin incluemse nestas indústrias a agricultura indústrias extractivas de tabacode produtos de lã e de madeira de refinação de petróleo e de materiais não ferrosos 6 No entanto a polémica não tinha acabado Em 1971 Baldwin fez o teste ao teorema de HeckscherOhlin utilizando não só o modelo inputoutput como o método de regressão crosssection além da variável explicativa KL considerou também a variável proporção de engenheiros e cientistas em cada indústria dividiu o trabalho em tantas variáveis quanto os níveis de qualificação e ainda as variáveis economias de escala índice de concentração e índice de sindicalização Harkness e Kyle 1975 utilizaram os mesmos dados de Baldwin l97l e praticamente as mesmas variáveis explicativas KL proporção de cientistas e engenheiros e quatro níveis de qualificação dos trabalhadores Dividiram também as indústrias em dois grupos as intensivas em recursos naturais e as outras A diferença fundamental estava na variável endógena ou explicada que representava a vantagem comparativa em Baldwin eram as exportações líquidas de acordo com a versão conteúdo de factores expressa pelo modelo de Vanek e em Harkness e Kyle era uma variável dummy que assumia o valor um se a indústria era exportadora líquida e zero se era importadora líquida A utilização da variável dummy baseavase no facto de no modelo com maior número de bens do que factores não ser possível calcular o vector das exportações líquidas a matriz A dos coeficientes técnicos não é invertível Harkness e Kyle escolheram o modelo logit4 e estimaram os parâmetros pelo método da máxima verosimilhança Como os coeficientes de regressão não podem ser considerados como derivadas parciais interessanos sobretudo o sinal dos coeficientes de regressão5 O sinal indicanos o efeito positivo ou negativo da intensidade factorial sobre a probabilidade da indústria ser exportadora ou importadora líquida do seu produto Como para as indústrias não ricardianas não intensivas em recursos naturais os sinais das variáveis KL e proporção de cientistas e engenheiros eram positivos concluiram pela abundância dos Estados Unidos em Capital Físico e em Trabalho Qualificado contrariamente à conclusão de Baldwin não se verificava o paradoxo de Leontief em 1962 Para as indústrias de recursos naturais as variáveis explicativas revelaramse estatisticamente não significativas O método utilizado por Baldwin e por Harkness e Kyle consistiu em inferir a abundância de factores do país a partir dos sinais dos coeficientes de regressão Como Leamer e Bowen1981 demonstram excepto no modelo de base essa inferência não é correcta Dito mais correctamente essa inferência necessita de ser testada6 Logo por este lado a questão da existência ou não do paradoxo não estava resolvida 4 Segundo Intriligator1978p175 o nome logit é baseado na curva logística utilizada no estudo do crescimento das populações que tem a forma de um S e cuja expressão analítica é da forma Yx a 1 be cx em que a b e c são constantesVer também Amemiya1981 Na p 1486 Amemiya apresenta o modelo logit na forma Fw ew 1 ew 5 Segundo Fomby et al 1984p351 The estimated coefficients do not determine the change in the probability of the event E ocurring given a one unit change in a explanation variable Rather those partial derivatives are Pi xij f xi B Bj where f is the appropriate probability density function Thus while the sign of the coefficient does indicate the direction of the change the magnitude depends upon fxi B 6 Sobre esta questão ver Faustino1990 7 Por outro lado a conclusão de Baldwin1979 o paradoxo era um lugar comum baseavase no método de Leontief que Leamer1980 pôs em causa 2 O método de Leamer para resolver o paradoxo Segundo Leamer1980 o método de Leontief para inferir a abundância relativa de factores de um país só seria correcto num modelo com mais de dois bens se o país fosse um exportador líquido dos serviços de um dos factores e um importador líquido dos serviços do outro factor Ou seja para Leontief se KL X KL M em que X e M são as exportações e importações respectivamente então o país é relativamente abundante em Capital Ora segundo Leamer isso só é verdade se tivermos Kx KM 0 LxLM ou seja há uma exportação líquida dos serviços do Capital K e uma importação líquida dos serviços do Trabalho L Ora segundo os dados utilizados pelo próprio Leontief os Estados Unidos eram exportadores líquidos dos serviços de ambos os factores O método de Leamer O método de Leamer baseiase no modelo de Vanek CfFaustino1989a Partindo do modelo de Vanek ou seja 1 ATi Ei si Ew em que A é a matriz m por n dos coeficientes técnicos do país por hipótese é igual para todos os países Ti é o vector n por 1 das exportações líquidas do país i Ei é o vector n por 1 da dotação em factores do país i Ew Ei e si é um parâmetro que nos dá a relação entre o consumo nacional e o consumo mundial temos se considerarmos só dois factores Capital K e Trabalho L 2 Kx KM Ki si Kw 3 Lx LM Li si Lw em que Kx e KM representam o capital incorporado nas exportações e importações respectivamente e Lx LM o trabalho incorporado nas exportações e importações7 Se fizermos KT KxKM e LT LxLM vem 2 KT Ki si Kw 3 LT Li si Lw 7 Notese que a equação 1 e logotambém 2 e 3 diznos que o conteúdo de factores das exportações líquidas é igual ao excesso de oferta de factores 8 A partir de 2 e 3 temos 4 Kw Lw Ki KT Li LT Se partirmos da hipótese que o país i é abundante em Capitalou seja 5 Ki Li Kw Lw temos considerando 4 e 5 6 KiLi KwLw KiLi KiKTLiLT Atendendo a que por hipótese do modelo de Vanek a produção Q se esgota no consumo C e na exportaçãoou seja Ti Qi Ci logo Ci Qi Ti logo Kc Ki KT e Lc Li LT ou seja O capital incorporado nos bens de consumo Kc é igual ao capital incorporado na produção Ki menos o capital incorporado nas exportações líquidas KTtemos 6 KiLi KwLw KiLi KcLc A partir de 6 temos quatro hipóteses tantas quantas as combinações entre os sinais positivos ou negativos de KT e LT 8 Primeira Hipótese KT 0 LT 0 Desenvolvendo 6 temos KiLiLT Li KiKT ou Ki LT Li KT ou 7 KiLi KTLT Se conjugarmos 5 com 6 e 7 temos 8 Se KiLi KwLw e se KT0 LT0 então KTLT KiLi KcLc 8 Tendo em conta que KT Kx KM e LT Lx LM podemos ter i KT 0 LT 0 ii KT0 LT 0 iii KT 0 LT 0 iv KT 0 LT 0 9 É o primeiro critério de Leamer para inferir a abundância relativa de factores a partir do comérciose um país é relativamente abundante em Capital e é um exportador líquido dos serviços de ambos os factores então o comércio é mais capitalintensivo do que a produção e do que o consumo desse país e por sua vez os bens produzidos são mais capitalintensivos que os bens consumidos nesse país Segunda Hipótese KT 0 LT 0 Desenvolvendo 6 temos Ki LT Li KT ou 9 KiLi KTLT Faltanos saber se KTLT KcLc A partir de Ki LT Li KT e tendo em conta que Ki Kc KT e Li LcLT chegamos a KcLc KTLT Se conjugarmos agora 5 6 e 9 temos 10 Se KiLi KwLw e se KT0 LT0 então KTLT KcLc KiLi É o segundo critério de Leamer para inferir a abundância relativa de factores a partir do comércio Terceira Hipótese KT 0 LT 0 A partir de 6 chegamos a KiLT LiKT o que é sempre verdadeiro o país relativamente abundante em Capital é um exportador líquido dos serviços desse factor sendo um importador líquido dos serviços do Trabalho Quarta Hipótese KT 0 LT 0 A partir de 6 temos Ki LT Li KT o que é falso 10 Notese que se a hipótese de partida em 5 fosse o país ser abundante em Trabalho ou sejaKiLi KwLW teríamos em 6 KiLi KiKT LiLT e chegaríamos a Ki LT Li KT Assim conjugando a terceira e a quarta hipótese chegamos a 11 Se Ki Li KwLw então KT 0 LT0 Se Ki Li KwLw então KT 0 LT 0 É o terceiro critério de Leamer tendo em conta 5 podemos sempre afirmar que quando um país é exportador líquido dos serviços de um factor e importador líquido dos serviços do outro factor o factor exportado em termos líquidos é sempre o factor relativamente abundante Neste caso os critérios de Leamer e de Leontief coincidem Com a aplicação do seu método Leamer concluia pela não existência do paradoxo 21 A generalização do método de Leamer para o caso de desequilibrio na balança comercial Uma das hipóteses do modelo de Vanek é a de equilibrio da balança comercial No entanto conforme se demonstra a seguir o teorema de HeckscherOhlin Vanek continua a verificarse na condição do deficit ou superavit se manter dentro de certos limites A partir da relação ATi Ei si Ew se considerarmos quaiquer dois factores r e p chegamos à seguinte condição de abundância factorial 9 12 Er i Er w si Ep i Ep w ou seja o país é relativamente abundante no factor r e relativamente escasso no factor p Considerando para melhor compreensão os factores Capital e Trabalho temos para o caso do país abundante em Capital 12 Li Lw si KiKw Demonstrase que si é uma média ponderada de Li Lw e de Ki Kw 1 Na hipótese de comércio equilibrado temos que si Yi Yw Na hipótese de desequilibrio na balança comercial temos si YiBiYw em que Bi nos dá o saldo da balança comercial 9 Ver Faustino1989c 11 Substituindo na expressão 12 si pelo seu valor na situação de comércio desequilibrado chegamos a 13 1 Yw Li Yi Lw Bi Yi 1 Yw Ki Yi Kw Daí a conclusão de Aw when there is a large trade surplus one might find a labor riche countrys exports to be more capital intensive than its imports Conversely with a large trade surplus one might also find the exports of a capitalrich country to be more labor intensive than its importsp737 Ou seja quando o saldo da balança comercial em percentagem do rendimento nacional Bi Yi é suficientemente grande pode não se verificar o teorema de HO e suceder o paradoxo No entanto ao tirar esta conclusão Aw está já fora do quadro da teoria de HeckscherOhlin pois teoricamente o defict ou superavit da balança comercial varia sempre dentro do intervalo definido em 13 Ou seja é sempre suficientemente pequeno Pelo menos não sabemos se os dados de 1947 respeitavam ou não a relação 13 Aw não sentiu essa necessidade porque não apresentou analiticamente a justificação para a hipótese de comércio desequilibrado 22 A aplicação do método de Leamer no quadro da teoria neofactorial o paradoxo de Leontief continua 10 Stern e Maskus1981 aplicaram o método de Leamer mas consideraram três factores de produção Capital Físico Trabalho e Capital Humano H Os seus resultados foram os seguintespara 1958 e 1972 Em 1958 os Estados Unidos eram exportadores líquidos dos três factoresou seja KX KM 0 LX LM 0 HX HM 0 Temos a primeira hipótese de Leamer e logo aplicase o primeiro critério de Leamer Stern e Maskus obtiveram KX KM LX LM Kc Lc HX HM KX KM Hc Kc HX HM LX LM Hc Lc Assim os Estados Unidos eram abundantes em Trabalho relativamente ao Capital continuava a verificarse o paradoxo e eram abundantes em Capital Humano relativamente ao Capital Físico e relativamente ao Trabalho 10 A teoria neofactorial não põe em causa no essencial a teoria de HeckscherOlhinSamuelson Somente flexibiliza a hipótese de homogeneidade dos factores produtivos ao considerar como terceiro factor o Capital Humano o Trabalho deixava de ser um factor homogéneo 12 Em 1972 os Estados Unidos eram importadores líquidos dos três factores Temos a segunda hipótese de Leamer e segundo critério de Leamer para inferir a abundância relativa de factores a partir dos dados do comércio Stern e Maskus obtiveram KX KMLX LM KcLc e HX HM KX KM HcKc HX HMLX LM HcLc Assimem 1972 os Estados Unidos são abundantes em Capital Físico relativamente ao Trabalho não se verificava o paradoxo de Leontief São também abundantes em Capital Físico relativamente ao Capital Humano alterouse a situação em relação a 1958 Mantinhase a situação da abundância do Capital Humano relativamente ao Trabalho 23 A crítica de Brecher e Choudri ao método de Leamer Brecher e Choudri1982 consideram que há uma contradição nos termos no método de Leamer Asim a partir do modelo de Vanek ATi Ei si Ew se considerarmos a hipótese de comércio equilibrado temos que si Ci Cw CfFaustino 1989a Se substituirmos si pelo seu valor chegase à condição 12 ATi 0 Ci Ei CwEw ou em termos dos factores K e L 12 KX KM 0 Ci Ki Cw Kw 12 LX LM 0 Ci Li Cw Lw Ora utilizando os mesmos dados utilizados por Leontief e por Leamer Brecher e Choudri concluiram que Ci Li Cw Lwou seja os Estados Unidos eram um importador líquidos dos serviços do Trabalho e não um exportador líquido como pensava Leamer Assim a conclusão de Leamer que eliminava o paradoxo partia de uma premissa errada e nesse sentido Leamer só podia concluir que o paradoxo permanecia de pé 13 3 O paradoxo de Leontief no quadro da teoria neotecnológica 11 Hirsch1975 efectuou uma distinção entre bens ricardianos bens HeckscherOhlin ou HeckscherOhlinSamuelson e bens ciclo do produto Os bens ricardianos são caracterizados pela importância dos recursos naturais na sua produção As vantagens comparativas nestes bens são determinadas pela dotação dos países nesses recursos naturais e alteramse ao longo do tempo quando novas fontes de oferta destes recursos surgem ou quando a sua procura se altera Como em geral as fontes de produtos minerais e agrícolas se situam nos países em vias de desenvolvimento é de esperar a sua especialização neste tipo de produtos Os bens HO incluem os produtos industriais caracterizados pela utilização na sua produção de uma tecnologia estandardizada a função de produção é idêntica para o mesmo bem em todos os países e a tecnologia é conhecida e igualmente disponível para todos os países Além disso considerase que não há economias de escala que a produtividade marginal de cada factor depende só da proporção em que os factores são combinados logo não depende da dotação a nível nacional com nos bens ricardianos que quaisquer que sejam os preços relativos dos factores um bem é sempre capitalintensivo relativamente a outro bem sempre trabalhointensivoou seja não se verifica o fenómeno da reversibilidade das técnicas A vantagem comparativa nestes bens reside somente na diferente dotação relativa em factores dos paises e na diferente proporção em que os factores são utilizados na produção Como exemplo destes bens apontamse os produtos têxteis e os materiais de construção Os bens ciclo do produto utilizam na sua produção a tecnologia moderna resultante de recentes inovações ou de investigação e desenvolvimento Considerase que a tecnologia não é estável nem está igualmente disponível para todos os países o pessoal altamente qualificado para as tarefas de I D é escasso e há direitos de patente e outras cláusulas que beneficiam os países de origem das inovações Segundo Vernon1966 no ciclo da sua vida o produto passa por três fases produto novo produto maduro e produto estandardizado 12 Na primeira fase da vida do produto os custos de produção não são relevantes porque a empresa detém um monopólio temporário conferido pela inovação e pode impor o preço As necessidades em capital humano são elevadas ao passo que as necessidades em capital físico são ainda pequenas os produtos ciclo do produto novos são intensivos em capital humano O paradoxo de Leontief é explicado resolvido pela teoria neotecnológica nestes termos i os produtos novos necessitam para serem lançados no mercado de certas condições elasticidadepreço da procura baixa elasticidaderendimento da procura elevada facilidade de comunicação entre produtor e consumidor conhecimento das intenções da concorrência que só os paises altamente industrializados podem proporcionar ii como os produtos ciclo do produto 11Sobre a teoria neotecnológica ver Faustino1989b 12 Como os produtos maduros já são relativamente estandardizados Hirsch1975 faz só a distinção entre produtos novos e produtos maduros 14 Novos são intensivos em trabalho altamente qualificado os custos salariais ocupam nesses produtos a maior parte do valor acrescentadoiii quando o produto chega à fase de estandardização ele necessita essencialmente de capital físico e trabalho não qualificado e por isso os países desenvolvidos deslocam estas indústrias para os novos países industrializados se esses produtos estandardizados são intensivos em capital físico ou para os países em vias de desenvolvimento se esses produtos estandardizados são intensivos em trabalho não qualificado iv decorre de i e ii que os Estados Unidos tinham vantagens comparativas ou melhor vantagens tecnológicas nos produtos novos intensivos em trabalho qualificado e por isso as exportações dos Estados Unidos serem intensivas em trabalho v decorre de iii que na fase da estandardização os Estados Unidos importarão esses produtos dos novos países industrializados e nessa altura esses produtos são intensivos em capital físico 31 Modelo econométrico para testar a explicação do paradoxo de Leontief dada pela teoria neotecnológica 13 Na sua análise dinâmica para explicar as alterações do padrão de especialização com base na teoria do ciclo do produto Forstner1984 considerou três grupos de sectores o grupo P sectores em que a vantagem comparativa está geralmente associada a um alto nível de desenvolvimento industrial o grupo N sectores em que a vantagem comparativa não está associada ao nível de desenvolvimento industrial o grupo Z sectores cuja vantagem comparativa é neutral em relação ao nível de industrialização Para efectuar esta divisão Forstner utilizou o índice de vantagens comparativas reveladas VCR de Balassa para traduzir a performance na exportação e o valor acrescentado per capita como proxy do grau de industrialização Por outro lado Forstner considerou que a alteração do sinal do coeficiente de correlação entre o índice de VCR e o valor acrescentado per capita corresponde a um processo dinâmico de alteração das vantagens comparativas que se inicia com a transição de sectores do grupo P para o grupo Z A passagem de Z para N é a última alteração do padrão das vantagens comparativas Para explicar cada alteração verificada no padrão das vantagens comparativas Forstner utiliza um modelo logit a variável dependente é uma variável dummy que assume o valor 1 se uma indústria se transfere de grupo do grupo P para o grupo Zna primeira alteração ou do grupo Z para o grupo N na última alteração e o valor zero no caso contrárioAs variáveis explicativas são as seguintes a idade do 13 O modelo que vamos especificar baseiase na análise dinâmica de Forstner1984 adaptada ao fim que tínhamos em vista 15 produto a intensidade em capital humano e a diferenciação do produto Seguindo o método de Forstner1984 dividimos os produtos industriais em três grupos Grupo A indústrias em que a vantagem comparativamedida pelas exportações líquidas está positivamente correlacionada com o valor acrescentado per capita em cada indústria considerase o valor acrescentado per capita uma medida do desenvolvimento industrial Estas indústrias são consideradas típicas dos países altamente industrializados Grupo B indústrias cuja vantagem comparativa é neutral relativamente ao nível de industrialização O coeficiente de correlação entre a vantagem comparativa e o valor acrescentado per capita não é significativamente diferente de zero Consideramos que estas indústrias ocupam uma posição intermédia e que por isso são as indústrias que se deslocam para os novos países industrializados Grupo C indústrias em que o coeficiente de correlação entre a vantagem comparativa e o valor acrescentado per capita é negativo São as indústrias que se deslocam para os países em vias de desenvolvimento Períodos de tempo para cálculo dos coeficientes de correlação escolhemos dois períodos de três anos cada O espaço de tempo entre os dois períodos depende do ciclo de vida médio dos produtos considerados ou seja a idade média de amadurecimento dos produtos A questão essencial está pois no cálculo da idade média da vida dos produtos Quanto às equações de regressão Temos duas regressões correspondentes a duas situaçõesi a passagem das indústrias do grupo A para o grupo B traduzida pela alteração do coeficiente de correlação de positivo para zero Estas indústrias tinham atingido a fase de estandardização eram capitalintensivas e encontravamse em condições de deslocação para os Novos Países IndustrializadosNPI iia passagem das indústrias do grupo B para o grupo C traduzida pela alteração do coeficiente de zero para um valor negativoEstas indústrias tinham atingido a fase da estandardização eram caracterizadas por serem trabalhointensivas e estavam em condições de deslocação para os países em vias de desenvolvimento Variável dependente YNas duas equações a variável dependente é uma variável dummy Assume o valor 1 se uma indústria se transfere de grupo do grupo A para o grupo B na primeira regressão ou do grupo B para o grupo C na segunda regressão e o valor zero no caso contrário Variáveis independentes14 intensidade em capital físico KL intensidade em capital humano HL idade do produto IP Assim temos 14 V novamente Faustino1989b sobre as especificações alternativas do modelo neotecnológico e definições das variáveis 16 Yi a0 a1 KLi a2 HLi a3 IPi Sinais esperados para os coeficientes de regressão Na primeira regressão esperase um sinal positivo para a1 reflectindo o efeito positivo do capital físico sobre as vantagens comparativas e a necessidade de transferência destas indústrias para os NPI um sinal positivo para a3 reflectindo que este grupo de produtos é relativamente novo e que as inovações tecnológicas recentes continuam a ter um impacto positivo sobre as vantagens comparativas Quanto à variável HL esperase que a2 assuma um qualquer valor 15 reflectindo assim que o impacto positivo do capital humano no início da vida do produto cede o passo ao impacto positivo do capital físico quando o produto alcança a sua primeira fase de estandardização Na segunda regressão esperase um sinal negativo para a1reflectindo que estas indústrias são intensivas em trabalho não qualificado e se devem deslocar para os países em vias de desenvolvimento um sinal negativo para a2 reflectindo que estas indústrias deixaram de ser intensivas em capital humano e se devem deslocar para outros países um sinal positivo para a3 4 A teoria da adaptação à dinâmica da procura mundial e interna como factor de especialização e explicação do paradoxo de Leontief Segundo Lafay1976 um país deve exportar produtos cuja procura mundial cresce a taxas crescentes e importar produtos cuja procura mundial cresce a taxas decrescentes ou mesmo diminui Lafay faz ainda a distinção entre competitividade global competitividade global a nível do conjunto da economia e relacionada com o nível geral de preços e com a política monetária e orçamental e competitividade estrutural competitividade ligada à adaptação da estrutura produtiva à evolução da procura mundial Esta competitividade estrutural pressupõe uma estratégia de especialização que aproveite os segmentos créneaux mais favoráveis em termos de evolução da procura mundial Desta forma o país cria polos de competitividade ao longo da cadeia produtiva Esta estratégia de especialização aponta claramente para o reforço do comércio intrasectorial e pressupõe ou que o país é um país aberto ao exterior e cujo crescimento é suportado pelas exportações é o caso do nosso país ou que a procura interna se adapta à procura mundial e neste caso não há contradição entre reestruturação produtiva interna e dinâmica da procura mundial 15 Como o capital humano é cada vez menos necessário à medida que o produto amadurece é mais provável um valor não significativamente diferente de zero ou mesmo um valor negativo 17 Lafay1978 considera três restrições que devem ser levadas em conta pela estratégia de especialização i a restrição externa ou restrição da Balança de Pagamentos um país com poucos recursos naturais deve ter em conta a elasticidade da procura de exportaçõestentar elevála e a elasticidade da procura de importações tentar diminui la ii a restrição imposta pelas perspectivas da procura mundial e nacional é preciso efectuar estudos de mercado e melhorar as condições de comercialização e informação iii a restrição que respeita às condições da oferta os países inovadores em termos tecnológicos podem impor normas de produção aos outros países Atendendo a estas restrições o objectivo principal da estratégia de Lafay consiste no desenvolvimento dos sectores de bens de equipamento directamente produtivos e que permitam alcançar os níveis tecnológicos dos países desenvolvidos Como a especialização se reflecte no saldo da balança comercial o indicador de especialização considerado por Lafay1976 considera o peso das exportações e importações no mercado interno e a sua evolução Assim temos d QD em que Q é a produção DQMX é o consumo aparente X são as exportações e M as importações Dando outra forma ao indicador chegamos a d 1 x m com xXD e mMD Segundo Lafay1979 a especialização intersectorial é dada por d logo é função de xm e a especialização intrasectorial é dada pelo menor dos valores de x e m16 Temos as seguintes três hipóteses para a evolução do indicador d e dentro de cada hipótese podemos ainda considerar duas situações a de superavit e a de deficit i constância de d i1 com superavit da balança comercial XM 0 i2 com déficit da balança comercial XM 0 ii aumento de d ii1 através do aumento do superavit da balança comercial ii2 através da diminuição do déficit da balança comercial iii diminuição de d 16 A questão da varável utilizada para medir o grau de especialização intersectorial ou de especialização intrasectorial não é uma questão simples e pacífica Sobre esta questão ver Faustino1991 O mesmo dse diga a propósito dos conceitos de comércio inertersectorial comércio intrasectorial especialização inter sectorial e especialização intrasectorial Sobre esta matéria ver Greenaway e Milner1986 18 iii1 através da diminuição do superavit iii2 através do aumento do déficit 41Relação entre a evolução da especialização traduzida pela evolução de d e a explicação do paradoxo de Leontief17 Supunhamos que os Estados Unidos nos anos quarenta e seguintes seguiu a seguinte estratégia de especialização aumento da produção e exportação de produtos cuja procura interna e mundial18 é crescente hipótese ii diminuição da produção e exportação de produtos cuja procura mundial é regressiva hipótese iii e manutenção da produção e exportação dos produtos cuja procura mundial é estável hipótese i1 Então podemos considerar que os Estados Unidos tinham já abandonado a produção e exportação de alguns produtos capitalintensivoshipótese iii que passavaram a importar que mantinham a produção e exportação de alguns produtos trabalhointensivos por terem superavit nesses produtos conforme a hipótese i1 notese que isso não contraria o teorema de HO pois fora do modelo de base e do modelo com n bens e 2 factores com hipótese de não igualização do preço dos factores o país não exporta todos os bens em que detém vantagens comparativas e que havia uma forte preferência dos consumidores pelos produtos de procura progressiva intensivos em capital os consumidores dos Estados Unidos substituem alguns produtos importados trabalhointensivos por produção internacapitalintensiva logo algumas das indústrias substitutivas de importações seriam capitalintensivas Assim podemos explicar o paradoxo combinando a análise de especialização dinâmica de Lafay com a teoria de HO desde que se altere a hipótese de preferências idênticas e homotéticas do modelo de HO19 5Conclusões Actualmente a conclusão de Baldwin segundo a qual o paradoxo de Leontief era um lugar comum ou sejanão era um fenómeno circunscrito aos Estados Unidos pode também ser utilizada noutro sentido é um lugar comum dizerse que o paradoxo 17 Lafay não adianta qualquer explicação para o paradoxo a partir da sua análise da dinâmica de especialização 18 Notese quequer consideremos que a procura interna se adapta à procura mundialposição de Lafay quer consideremos que é a procura interna que desempenha um papel determinante posição de Malaussena de Perno 1975 o papel desempenhado pelo mercado interno de um país desenvolvido como os Estados Unidos é sempre uma forte determinante da especialização neste tipo de análise 19 ValavanisVail 1954 explicou o paradoxo de Leontief pondo também em causa a hipótese relativa às condições da procura Assim em vez de considerar que os consumidores têm preferências idênticas e homotéticas considerou que o mapa de indiferença em cada país reflecte uma forte preferência pelo bem onde reside a vantagem comparativa Quando há a abertura ao comércio cada país substitui parte das suas importações por produção doméstica 19 aparece e desaparece consoante as teorias explicativas utilizadas Mesmo dentro da mesma teoria ele é confirmado eou negado consoante se utilizem métodos diferentes É o que se passa quando o paradoxo é confirmado pela teoria neofactorial aplicando o método de Leamer e negado quando se utiliza a mesma teoria e o método de Brecher e Choudri É também um lugar comum dizerse que os testes empíricos não põem em causa a validade científica de uma teoria Quanto muito mostram a sua maior ou menor aderência à realidade e a sua maior ou menor utilidade Os dois métodos diferentes que adiantamos baseados em duas diferentes teorias não resolvem o paradoxo e só vêm reforçar a convicção que qualquer teoria permite sempre a existência de casos paradoxais e que ela própria se aperfeiçoa ao tentar explicálos Bibliografia AMEMIYA Takeshi1981 Qualitative Reponse Models A Survey Journal of Economic Literature Vol19 pp14831536 AW Bee 1983 Trade Imbalance and the Leontief Paradox Weltwirtschaftliches Archiv Vol 119 Nº 4 pp734738 BALDWIN Robert1971 Determinants of the Commodity Structure of US Trade American Economic Review Vol 61 pp 126146 BALDWIN R1979 Determinants of Trade and Foreign Investment Further Evidence Review of Economics and Statistics Vol 61 pp4048 BRECHER R e CHOUDRI E 1982 The Leontief Paradox Continued Journal of Political Economy Vol 90 Nº 4 pp820823 FAUSTINO H1989a A Generalização do Modelo e do Teorema de HeckscherOhlin CEDEPISEpp24 1989b Teoria neofactorial e teoria neotecnológica Que conciliação ao nível dos estudos empíricos das vantagens comparativas Proposta de uma metodologia CEDEPISE pp19 1989c O modelo de base de HeckscherOhlin e os principais teoremas CEDEP ISE pp48 1990 A propósito da interpretação dos sinais dos coeficientes de regressão nos modelos de vantagens comparativas uma nota sobre os estudos feitos para Portugal Estudos de EconomiaVol X nº 2pp232234 20 1991 On the controversy between BallanceForstnerMurray and Bowen about measuring comparative advantage Estudos de Economia Vol XI nº 2 1991 pp 203 212 FOMBY T HILL R e JOHNSON S1984 Advanced Econometric Methods New York SpringerVerlag pp624 FORSTNER Helmut1984 The Changing Pattern of International Trade in Manufactures A Logit Analysis Weltwirtschaftliches Archiv Vol 120 pp117 GREENAWAYD and MILNER C 1986 The Economics of IntraIndustry Trade Basil Blackwell Oxford pp207 HARKNESS J e KYLE J1975 Factors Influencing United States Comparative Advantage Journal of International Economics Vol 5 pp153165 HIRSCH Seev1975 The Product Cycle Model of International Trade A MultiCountry CrossSection Analysis Oxford Bulletin of Economics and Statistics Vol 37 pp 305 317 INTRILIGATORM1978 Econometric Models Techniques and Applications North Holland pp 631 LAFAY Gérard Competitivité Specialisation et Demande Mondial Economie et Statistique Nº 80 pp2536 1978 Remarques sur la Competitivité en Longue Période Economie et Statistique Nº 102 pp 2730 1979 Dynamique de la Specialisation Internationale Economica parispp176 LASSUDRIEDUCHÊNE B1972 Echange Internationale et Croissance Economica Paris pp358 LEAMEREdward1980 The Leontief Paradox Reconsidered Journal of Political Economy Vol 88 pp495503 LEAMER E e BOWEN H1981 CrossSection Tests of the HeckscherOlhin Theorem Comment American Economic Review Vol71 pp10401043 LEONTIEF Wassily 1953 Domestic Production and Foreign Trade the American Capital Position Reexamined Proceding of the American Philosophical Society 97 pp332349 1956 Factor Proportions and the Structure of the American Trade Further Theorical and Empirical Analysis Review of Economics and Statistics Vol 38 pp 386 407 MALAUSSENA DE PERNO JL1975 Specialisation Internationale et Développment Économique Paris Economica pp340 STERN R e MASKUS K1981 Determinants of the Structure of US Foreign Trade 195876 Journal of International Economics Vol 11 Nº 2 pp207224 TATEMOTO M e ICHIMURA S1959 Factor Proportions and Foreign Trade The Case of Japan Review of Economics and Statistics Vol 41 pp442446 VALAVANISVAIL S 1954 Leontiefs Scarce Factor Paradox Journal of Political Economy Vol 62 pp 523528 VANEK Jaroslav1959 The Natural Resource Content of Foreign Trade 18701955 and the Relative Abundance of Natural Resources in the United States Review of Economics and Statistics Vol 41 pp146153 21 VERNON Raymond International Investment and International Trade in the Product Cycle Quarterly Journal of Economics Vol 80pp 190207

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1 O Paradoxo de Leontief no quadro das várias teorias do comércio internacional Horácio Crespo Faustino Introdução Os Estados Unidos considerados um país abundante em capital tinham segundo os dados de 1947 as suas importações capitalintensivas relativamente às suas exportações À luz da teoria de HeckscherOhlin era um resultado paradoxal Várias explicações foram adiantadas umas no quadro do próprio modelo de HeckscherOhlin Leontief19531956 Baldwin 19711979 e Leamer 1980 entre outros outras no quadro de teorias alternativas à teoria de HeckscherOhlin teoria neotecnológica e teoria da dinâmica da procura O objectivo deste artigo é o seguintei fazer o survey das várias explicações do paradoxo de Leontiefii propor a nossa própria explicação do paradoxo tendo por base diferentes correntes teóricas é o caso do modelo econométrico que propomos para testar a explicação do paradoxo no quadro da teoria neotecnológica e é o caso da explicação do paradoxo no quadro da teoria de especialização de Lafay iii apresentar o método de Leamer de uma forma que considerámos mais acessível A estrutura do artigo é a seguinte na primeira secção apresentamos os resultados paradoxais de Leontief e as suas próprias explicações adiantadas em 1953 e 1956 bem como as primeiras explicações no quadro da teoria de HeckscherOhlin Tatemoto e Ichimura1959 Baldwin19711979 Harkness e Kyle1975 a segunda secção é dedicada ao método de Leamer1980 para resolver o paradoxo e às críticas que o próprio Leamer fez ao método de Leontief Apresentamos também nesta secçãoi a generalização do método de Leamer feita por Aw1983 para o caso da balança comercial não equilibrada iios resultados da aplicação do método de Leamer feito por Stern e Maskus1981 no quadro da teoria neofactorial iii as críticas de Brecher e Choudri 1982 ao método de Leamer na terceira secção analisamos o paradoxo de Leontief no quadro da teoria neotecnológica e propomos um modelo econométrico para testar a hipótese explicativa dada por esta teoria finalmente a quarta secção é dedicada à teoria da adaptação à dinâmica da procura mundial e interna como factor de especialização e explicação do paradoxo Este artigo baseiase num trabalho com o mesmo título publicado pelo Centro de Estudos e Documentação Europeia como seu Documento de Trabalho Nº 1em Março de 1990 A parte relativa ao método de Leamer beneficiou das conversas que tive com o Dr Rui Jorge de Sá enquanto meu aluno de Teoria do Comércio Internacional do 8º Mestrado em Economia ao qual agradeço Os meus agradecimentos vão também para o meu colega e amigo Drs João Dias e Pedro Valente pela leitura atenta que fizeram da versão inicial bem como pelas críticas e sugestões Este PDF corresponde ao artigo na sua versão original em A4 Por isso o número de páginas e a respectiva numeração não correspondem aos da publicação na revista Estudos de Economia Assistente no Instituto Superior de Economia e Gestão e investigador do CEDE 2 l O paradoxo de Leontief O quadro que sintetiza os resultados de Leontief 1953 e traduz o paradoxo é o seguinte 1 Quadro l Quantidades de capital e de trabalho necessários por milhão de dólares de exportações e de substituição de importações nos Estados Unidos composição média de l947 Exportações Substituição de Importações Capital em dólares preços de l947 2 550 780 3 09l 339 Trabalho em homensano 182 313 170 004 Em termos de intensidade capitalística rácio KL temos um valor de l8 184 para a substituição de importações e l3 992 para as exportações o que dá um índice de l 30 as importações são 30 mais capitalintensivas do que as exportações Leontief justificou o paradoxo considerando que a eficiência dos trabalhadores americanos era superior tripla à dos estrangeiros era uma primeira abordagem ao conceito de capital humano e um retorno a Ricardo e às diferenças de produtividade devidas à habilidade dos trabalhadores Leontief no entanto não apresenta as causas da diferença de eficiência Três anos mais tarde Leontief 1956 voltou a analisar o problema considerando que a estrutura dos coeficientes técnicos de l947 se mantinha mas considerando l92 indústrias e não 50 como anteriormente Tal como no estudo anterior considerou que o nível de competitividade das importações não competitivas produtos importados que não eram produzidos nos Estados Unidos como café chá juta e que não entravam no cálculo da média do valor 1 W Leontief Production Domestique et Commerce Internacional Réexamen de la Position Capitalistique des ÉtatsUnis in LassudrieDuchene ed Exchange International et Croissance l972 p116 3 de substituição de importações se mantinha inalterado A conclusão foi a mesma e a explicação idêntica melhor organização das empresas americanas sem explicar o porquê dessa organização só aumentar a produtividade do trabalho e não a do capital ou mais a do primeiro que a do segundo A análise de Leontief foi conduzida numa perspectiva agregada de um lado os Estados Unidos e do outro o resto do mundo mas o próprio Leontief p399 deixou a pista para uma possível explicação do paradoxo ao inclinarse para uma formulação bilateral das hipóteses a serem testadas Aproveitando a sugestão dada por Leontief Tatemoto e Ichimura 1959 consideraram que o Japão era um dos mais importantes parceiros comerciais dos Estados Unidos e procederam e um estudo semelhante ao feito por Leontief Os resultados a que chegaram estão sintetizados nos quadros 2 e 3 Quadro 2 Quantidades de capital e de trabalho necessários por milhão de Yenes de exportação e de substituição de importações média de l951 Substituição Intensidade Capitalistica índice Exportações Importações Exp Imp Capital em Yenes aos preços de l951 1 385 780 1 330 926 251 047 161657 0644 Trabalho homensano 5 520 8 233 Quadro 3 Intensidade capitalística do Comércio JapãoEstados Unidos Exp do Exp dos Intensidade Capitalística Japão EU ExpJapão ExpEU Capital em Yennes l951 e doláres l947 1 026 387 2 741 786 54352 19415 Trabalho homensano 18 8839 141 2169 4 Procedendo a uma análise agregada tipo Leontief os autores encontravam um novo paradoxo em média um milhão de Yenes de exportações japonesas incorporavam mais capital e menos trabalho do que um milhão de Yenes de produtos substitutivos de importações O paradoxo residia no facto do Japão ser relativamente abundante em trabalho Seguindo a pista de Leontief os autores consideraram a hipótese do Japão devido ao seu desenvolvimento intermédio ter vantagens comparativas na exportação de produtos trabalhointensivos para os países desenvolvidos e ter vantagens comparativas na exportação de produtos capitalintensivos para os países subdesenvolvidos Como em 1951 só 25 das exportações do Japão se destinavam aos países desenvolvidos não era surpreendente que o comércio revelasse um país abundante em capital a análise considerava uma média e não distinguia os vários países de destino das exportações Por isso fizeram a análise bilateral em relação aos Estados Unidos o que lhes permitiu concluir por uma intensidade capitalística muito inferior à encontrada para o total das exportações do Japão 5435 contra 25104 Por outro lado a intensidade capitalística das exportações dos Estados Unidos para o Japão dá um valor de l94l5 que é não só superior ao valor l3992 da média das suas exportações globais como superior ao valor l8184 da média das suas importações Ou seja os dados pareciam indiciar à teoria que não só o comércio dos Estados Unidos e do Japão como o comércio de todos os países deviam ser analisados numa perspectiva bilateral e que essa seria a forma correcta de testar a lei da porporção dos factores de HeckscherOhlin No entanto e contrariamente a esta suposição Baldwin1971 apresenta um exemplo com três países em que o número de mercadorias é superior ao número de factores para demonstrar que na hipótese de igualização dos preços dos factores o teorema de HeckscherOhlin pode não se verificar bilateralmente Although the Heckscher Ohlin proposition holds in a multilateral sense it does not hold bilateral p144 Como o conteúdo de factores das importações era calculado a partir das indústrias substitutivas de importações colocouse o problema de incluir ou não na amostra as indústrias intensivas em recursos naturais pois estas indústrias eram capitalintensivas nos Estados Unidos 2 2 Também J Vanek l959 pp153 explicou o paradoxo pela relação de complementaridade entre capital e terra os sectores substitutivos das importações eram intensivos em terra e o melhoramento dos solos nos Estados Unidos requeriam a utilização intensiva de capital 5 Baldwin l971 utilizou a matriz inputoutput de l958 e os dados do comércio de l962 Fez uma análise considerando primeiro todas as indústrias e depois excluiu as indústrias de recursos naturais Concluiu pela existência do paradoxo em l962 embora com a exclusão das indústrias intensivas em recursos naturais ele quase desaparecesse a intensidade capitalística das importações que era 251 superior à das exportações que passa para um valor de 39 Os resultados de Baldwin estão sintetizados no quadro 4 Quadro 4 Necessidades em factores directa e indirectamente por milhão de dólares de exportações e substituição de importações dos Estados Unidos em l962 Substituição Intensidade Capitalística Índice Exp de Imp Exp Imp Capital Todas as indust 1 876 000 2 132 000 14 3206 17 915966 125l Exclas ind rec nat 1 223 000 1 259 000 11 429907 11 877358 10391 Trabalho homens ano Todas as indust 131 119 Exclas indrecnat 107 106 Para Baldwin pl35 a única forma de eliminar o paradoxo seria adicionar o capital humano medido pelos custos de educação ao capital físico e excluir as indústrias de recursos naturais Em l979 Baldwin utilizou uma matriz inputoutput de l963 e os valores de exportações e importações dos Estados Unidos de l969 expressos em preços de l958 Utilizando todas as indústrias o paradoxo de Leontief subsistia embora o valor tivesse passado de l25 para l06 os produtos substitutivos das importações eram 6 mais capitalintensivos do que os produtos de exportação Excluindo as indústrias de recursos naturais 3 esse valor passava para 09l o que era consistente com a teoria de HeckscherOhlin eliminavase o paradoxo Baldwin fez a análise para vários países e concluiuse que o paradoxo de Leontief não é um fenómeno exclusivo dos Estados Unidos o paradoxo seria um lugar comum 3 Segundo Baldwin incluemse nestas indústrias a agricultura indústrias extractivas de tabacode produtos de lã e de madeira de refinação de petróleo e de materiais não ferrosos 6 No entanto a polémica não tinha acabado Em 1971 Baldwin fez o teste ao teorema de HeckscherOhlin utilizando não só o modelo inputoutput como o método de regressão crosssection além da variável explicativa KL considerou também a variável proporção de engenheiros e cientistas em cada indústria dividiu o trabalho em tantas variáveis quanto os níveis de qualificação e ainda as variáveis economias de escala índice de concentração e índice de sindicalização Harkness e Kyle 1975 utilizaram os mesmos dados de Baldwin l97l e praticamente as mesmas variáveis explicativas KL proporção de cientistas e engenheiros e quatro níveis de qualificação dos trabalhadores Dividiram também as indústrias em dois grupos as intensivas em recursos naturais e as outras A diferença fundamental estava na variável endógena ou explicada que representava a vantagem comparativa em Baldwin eram as exportações líquidas de acordo com a versão conteúdo de factores expressa pelo modelo de Vanek e em Harkness e Kyle era uma variável dummy que assumia o valor um se a indústria era exportadora líquida e zero se era importadora líquida A utilização da variável dummy baseavase no facto de no modelo com maior número de bens do que factores não ser possível calcular o vector das exportações líquidas a matriz A dos coeficientes técnicos não é invertível Harkness e Kyle escolheram o modelo logit4 e estimaram os parâmetros pelo método da máxima verosimilhança Como os coeficientes de regressão não podem ser considerados como derivadas parciais interessanos sobretudo o sinal dos coeficientes de regressão5 O sinal indicanos o efeito positivo ou negativo da intensidade factorial sobre a probabilidade da indústria ser exportadora ou importadora líquida do seu produto Como para as indústrias não ricardianas não intensivas em recursos naturais os sinais das variáveis KL e proporção de cientistas e engenheiros eram positivos concluiram pela abundância dos Estados Unidos em Capital Físico e em Trabalho Qualificado contrariamente à conclusão de Baldwin não se verificava o paradoxo de Leontief em 1962 Para as indústrias de recursos naturais as variáveis explicativas revelaramse estatisticamente não significativas O método utilizado por Baldwin e por Harkness e Kyle consistiu em inferir a abundância de factores do país a partir dos sinais dos coeficientes de regressão Como Leamer e Bowen1981 demonstram excepto no modelo de base essa inferência não é correcta Dito mais correctamente essa inferência necessita de ser testada6 Logo por este lado a questão da existência ou não do paradoxo não estava resolvida 4 Segundo Intriligator1978p175 o nome logit é baseado na curva logística utilizada no estudo do crescimento das populações que tem a forma de um S e cuja expressão analítica é da forma Yx a 1 be cx em que a b e c são constantesVer também Amemiya1981 Na p 1486 Amemiya apresenta o modelo logit na forma Fw ew 1 ew 5 Segundo Fomby et al 1984p351 The estimated coefficients do not determine the change in the probability of the event E ocurring given a one unit change in a explanation variable Rather those partial derivatives are Pi xij f xi B Bj where f is the appropriate probability density function Thus while the sign of the coefficient does indicate the direction of the change the magnitude depends upon fxi B 6 Sobre esta questão ver Faustino1990 7 Por outro lado a conclusão de Baldwin1979 o paradoxo era um lugar comum baseavase no método de Leontief que Leamer1980 pôs em causa 2 O método de Leamer para resolver o paradoxo Segundo Leamer1980 o método de Leontief para inferir a abundância relativa de factores de um país só seria correcto num modelo com mais de dois bens se o país fosse um exportador líquido dos serviços de um dos factores e um importador líquido dos serviços do outro factor Ou seja para Leontief se KL X KL M em que X e M são as exportações e importações respectivamente então o país é relativamente abundante em Capital Ora segundo Leamer isso só é verdade se tivermos Kx KM 0 LxLM ou seja há uma exportação líquida dos serviços do Capital K e uma importação líquida dos serviços do Trabalho L Ora segundo os dados utilizados pelo próprio Leontief os Estados Unidos eram exportadores líquidos dos serviços de ambos os factores O método de Leamer O método de Leamer baseiase no modelo de Vanek CfFaustino1989a Partindo do modelo de Vanek ou seja 1 ATi Ei si Ew em que A é a matriz m por n dos coeficientes técnicos do país por hipótese é igual para todos os países Ti é o vector n por 1 das exportações líquidas do país i Ei é o vector n por 1 da dotação em factores do país i Ew Ei e si é um parâmetro que nos dá a relação entre o consumo nacional e o consumo mundial temos se considerarmos só dois factores Capital K e Trabalho L 2 Kx KM Ki si Kw 3 Lx LM Li si Lw em que Kx e KM representam o capital incorporado nas exportações e importações respectivamente e Lx LM o trabalho incorporado nas exportações e importações7 Se fizermos KT KxKM e LT LxLM vem 2 KT Ki si Kw 3 LT Li si Lw 7 Notese que a equação 1 e logotambém 2 e 3 diznos que o conteúdo de factores das exportações líquidas é igual ao excesso de oferta de factores 8 A partir de 2 e 3 temos 4 Kw Lw Ki KT Li LT Se partirmos da hipótese que o país i é abundante em Capitalou seja 5 Ki Li Kw Lw temos considerando 4 e 5 6 KiLi KwLw KiLi KiKTLiLT Atendendo a que por hipótese do modelo de Vanek a produção Q se esgota no consumo C e na exportaçãoou seja Ti Qi Ci logo Ci Qi Ti logo Kc Ki KT e Lc Li LT ou seja O capital incorporado nos bens de consumo Kc é igual ao capital incorporado na produção Ki menos o capital incorporado nas exportações líquidas KTtemos 6 KiLi KwLw KiLi KcLc A partir de 6 temos quatro hipóteses tantas quantas as combinações entre os sinais positivos ou negativos de KT e LT 8 Primeira Hipótese KT 0 LT 0 Desenvolvendo 6 temos KiLiLT Li KiKT ou Ki LT Li KT ou 7 KiLi KTLT Se conjugarmos 5 com 6 e 7 temos 8 Se KiLi KwLw e se KT0 LT0 então KTLT KiLi KcLc 8 Tendo em conta que KT Kx KM e LT Lx LM podemos ter i KT 0 LT 0 ii KT0 LT 0 iii KT 0 LT 0 iv KT 0 LT 0 9 É o primeiro critério de Leamer para inferir a abundância relativa de factores a partir do comérciose um país é relativamente abundante em Capital e é um exportador líquido dos serviços de ambos os factores então o comércio é mais capitalintensivo do que a produção e do que o consumo desse país e por sua vez os bens produzidos são mais capitalintensivos que os bens consumidos nesse país Segunda Hipótese KT 0 LT 0 Desenvolvendo 6 temos Ki LT Li KT ou 9 KiLi KTLT Faltanos saber se KTLT KcLc A partir de Ki LT Li KT e tendo em conta que Ki Kc KT e Li LcLT chegamos a KcLc KTLT Se conjugarmos agora 5 6 e 9 temos 10 Se KiLi KwLw e se KT0 LT0 então KTLT KcLc KiLi É o segundo critério de Leamer para inferir a abundância relativa de factores a partir do comércio Terceira Hipótese KT 0 LT 0 A partir de 6 chegamos a KiLT LiKT o que é sempre verdadeiro o país relativamente abundante em Capital é um exportador líquido dos serviços desse factor sendo um importador líquido dos serviços do Trabalho Quarta Hipótese KT 0 LT 0 A partir de 6 temos Ki LT Li KT o que é falso 10 Notese que se a hipótese de partida em 5 fosse o país ser abundante em Trabalho ou sejaKiLi KwLW teríamos em 6 KiLi KiKT LiLT e chegaríamos a Ki LT Li KT Assim conjugando a terceira e a quarta hipótese chegamos a 11 Se Ki Li KwLw então KT 0 LT0 Se Ki Li KwLw então KT 0 LT 0 É o terceiro critério de Leamer tendo em conta 5 podemos sempre afirmar que quando um país é exportador líquido dos serviços de um factor e importador líquido dos serviços do outro factor o factor exportado em termos líquidos é sempre o factor relativamente abundante Neste caso os critérios de Leamer e de Leontief coincidem Com a aplicação do seu método Leamer concluia pela não existência do paradoxo 21 A generalização do método de Leamer para o caso de desequilibrio na balança comercial Uma das hipóteses do modelo de Vanek é a de equilibrio da balança comercial No entanto conforme se demonstra a seguir o teorema de HeckscherOhlin Vanek continua a verificarse na condição do deficit ou superavit se manter dentro de certos limites A partir da relação ATi Ei si Ew se considerarmos quaiquer dois factores r e p chegamos à seguinte condição de abundância factorial 9 12 Er i Er w si Ep i Ep w ou seja o país é relativamente abundante no factor r e relativamente escasso no factor p Considerando para melhor compreensão os factores Capital e Trabalho temos para o caso do país abundante em Capital 12 Li Lw si KiKw Demonstrase que si é uma média ponderada de Li Lw e de Ki Kw 1 Na hipótese de comércio equilibrado temos que si Yi Yw Na hipótese de desequilibrio na balança comercial temos si YiBiYw em que Bi nos dá o saldo da balança comercial 9 Ver Faustino1989c 11 Substituindo na expressão 12 si pelo seu valor na situação de comércio desequilibrado chegamos a 13 1 Yw Li Yi Lw Bi Yi 1 Yw Ki Yi Kw Daí a conclusão de Aw when there is a large trade surplus one might find a labor riche countrys exports to be more capital intensive than its imports Conversely with a large trade surplus one might also find the exports of a capitalrich country to be more labor intensive than its importsp737 Ou seja quando o saldo da balança comercial em percentagem do rendimento nacional Bi Yi é suficientemente grande pode não se verificar o teorema de HO e suceder o paradoxo No entanto ao tirar esta conclusão Aw está já fora do quadro da teoria de HeckscherOhlin pois teoricamente o defict ou superavit da balança comercial varia sempre dentro do intervalo definido em 13 Ou seja é sempre suficientemente pequeno Pelo menos não sabemos se os dados de 1947 respeitavam ou não a relação 13 Aw não sentiu essa necessidade porque não apresentou analiticamente a justificação para a hipótese de comércio desequilibrado 22 A aplicação do método de Leamer no quadro da teoria neofactorial o paradoxo de Leontief continua 10 Stern e Maskus1981 aplicaram o método de Leamer mas consideraram três factores de produção Capital Físico Trabalho e Capital Humano H Os seus resultados foram os seguintespara 1958 e 1972 Em 1958 os Estados Unidos eram exportadores líquidos dos três factoresou seja KX KM 0 LX LM 0 HX HM 0 Temos a primeira hipótese de Leamer e logo aplicase o primeiro critério de Leamer Stern e Maskus obtiveram KX KM LX LM Kc Lc HX HM KX KM Hc Kc HX HM LX LM Hc Lc Assim os Estados Unidos eram abundantes em Trabalho relativamente ao Capital continuava a verificarse o paradoxo e eram abundantes em Capital Humano relativamente ao Capital Físico e relativamente ao Trabalho 10 A teoria neofactorial não põe em causa no essencial a teoria de HeckscherOlhinSamuelson Somente flexibiliza a hipótese de homogeneidade dos factores produtivos ao considerar como terceiro factor o Capital Humano o Trabalho deixava de ser um factor homogéneo 12 Em 1972 os Estados Unidos eram importadores líquidos dos três factores Temos a segunda hipótese de Leamer e segundo critério de Leamer para inferir a abundância relativa de factores a partir dos dados do comércio Stern e Maskus obtiveram KX KMLX LM KcLc e HX HM KX KM HcKc HX HMLX LM HcLc Assimem 1972 os Estados Unidos são abundantes em Capital Físico relativamente ao Trabalho não se verificava o paradoxo de Leontief São também abundantes em Capital Físico relativamente ao Capital Humano alterouse a situação em relação a 1958 Mantinhase a situação da abundância do Capital Humano relativamente ao Trabalho 23 A crítica de Brecher e Choudri ao método de Leamer Brecher e Choudri1982 consideram que há uma contradição nos termos no método de Leamer Asim a partir do modelo de Vanek ATi Ei si Ew se considerarmos a hipótese de comércio equilibrado temos que si Ci Cw CfFaustino 1989a Se substituirmos si pelo seu valor chegase à condição 12 ATi 0 Ci Ei CwEw ou em termos dos factores K e L 12 KX KM 0 Ci Ki Cw Kw 12 LX LM 0 Ci Li Cw Lw Ora utilizando os mesmos dados utilizados por Leontief e por Leamer Brecher e Choudri concluiram que Ci Li Cw Lwou seja os Estados Unidos eram um importador líquidos dos serviços do Trabalho e não um exportador líquido como pensava Leamer Assim a conclusão de Leamer que eliminava o paradoxo partia de uma premissa errada e nesse sentido Leamer só podia concluir que o paradoxo permanecia de pé 13 3 O paradoxo de Leontief no quadro da teoria neotecnológica 11 Hirsch1975 efectuou uma distinção entre bens ricardianos bens HeckscherOhlin ou HeckscherOhlinSamuelson e bens ciclo do produto Os bens ricardianos são caracterizados pela importância dos recursos naturais na sua produção As vantagens comparativas nestes bens são determinadas pela dotação dos países nesses recursos naturais e alteramse ao longo do tempo quando novas fontes de oferta destes recursos surgem ou quando a sua procura se altera Como em geral as fontes de produtos minerais e agrícolas se situam nos países em vias de desenvolvimento é de esperar a sua especialização neste tipo de produtos Os bens HO incluem os produtos industriais caracterizados pela utilização na sua produção de uma tecnologia estandardizada a função de produção é idêntica para o mesmo bem em todos os países e a tecnologia é conhecida e igualmente disponível para todos os países Além disso considerase que não há economias de escala que a produtividade marginal de cada factor depende só da proporção em que os factores são combinados logo não depende da dotação a nível nacional com nos bens ricardianos que quaisquer que sejam os preços relativos dos factores um bem é sempre capitalintensivo relativamente a outro bem sempre trabalhointensivoou seja não se verifica o fenómeno da reversibilidade das técnicas A vantagem comparativa nestes bens reside somente na diferente dotação relativa em factores dos paises e na diferente proporção em que os factores são utilizados na produção Como exemplo destes bens apontamse os produtos têxteis e os materiais de construção Os bens ciclo do produto utilizam na sua produção a tecnologia moderna resultante de recentes inovações ou de investigação e desenvolvimento Considerase que a tecnologia não é estável nem está igualmente disponível para todos os países o pessoal altamente qualificado para as tarefas de I D é escasso e há direitos de patente e outras cláusulas que beneficiam os países de origem das inovações Segundo Vernon1966 no ciclo da sua vida o produto passa por três fases produto novo produto maduro e produto estandardizado 12 Na primeira fase da vida do produto os custos de produção não são relevantes porque a empresa detém um monopólio temporário conferido pela inovação e pode impor o preço As necessidades em capital humano são elevadas ao passo que as necessidades em capital físico são ainda pequenas os produtos ciclo do produto novos são intensivos em capital humano O paradoxo de Leontief é explicado resolvido pela teoria neotecnológica nestes termos i os produtos novos necessitam para serem lançados no mercado de certas condições elasticidadepreço da procura baixa elasticidaderendimento da procura elevada facilidade de comunicação entre produtor e consumidor conhecimento das intenções da concorrência que só os paises altamente industrializados podem proporcionar ii como os produtos ciclo do produto 11Sobre a teoria neotecnológica ver Faustino1989b 12 Como os produtos maduros já são relativamente estandardizados Hirsch1975 faz só a distinção entre produtos novos e produtos maduros 14 Novos são intensivos em trabalho altamente qualificado os custos salariais ocupam nesses produtos a maior parte do valor acrescentadoiii quando o produto chega à fase de estandardização ele necessita essencialmente de capital físico e trabalho não qualificado e por isso os países desenvolvidos deslocam estas indústrias para os novos países industrializados se esses produtos estandardizados são intensivos em capital físico ou para os países em vias de desenvolvimento se esses produtos estandardizados são intensivos em trabalho não qualificado iv decorre de i e ii que os Estados Unidos tinham vantagens comparativas ou melhor vantagens tecnológicas nos produtos novos intensivos em trabalho qualificado e por isso as exportações dos Estados Unidos serem intensivas em trabalho v decorre de iii que na fase da estandardização os Estados Unidos importarão esses produtos dos novos países industrializados e nessa altura esses produtos são intensivos em capital físico 31 Modelo econométrico para testar a explicação do paradoxo de Leontief dada pela teoria neotecnológica 13 Na sua análise dinâmica para explicar as alterações do padrão de especialização com base na teoria do ciclo do produto Forstner1984 considerou três grupos de sectores o grupo P sectores em que a vantagem comparativa está geralmente associada a um alto nível de desenvolvimento industrial o grupo N sectores em que a vantagem comparativa não está associada ao nível de desenvolvimento industrial o grupo Z sectores cuja vantagem comparativa é neutral em relação ao nível de industrialização Para efectuar esta divisão Forstner utilizou o índice de vantagens comparativas reveladas VCR de Balassa para traduzir a performance na exportação e o valor acrescentado per capita como proxy do grau de industrialização Por outro lado Forstner considerou que a alteração do sinal do coeficiente de correlação entre o índice de VCR e o valor acrescentado per capita corresponde a um processo dinâmico de alteração das vantagens comparativas que se inicia com a transição de sectores do grupo P para o grupo Z A passagem de Z para N é a última alteração do padrão das vantagens comparativas Para explicar cada alteração verificada no padrão das vantagens comparativas Forstner utiliza um modelo logit a variável dependente é uma variável dummy que assume o valor 1 se uma indústria se transfere de grupo do grupo P para o grupo Zna primeira alteração ou do grupo Z para o grupo N na última alteração e o valor zero no caso contrárioAs variáveis explicativas são as seguintes a idade do 13 O modelo que vamos especificar baseiase na análise dinâmica de Forstner1984 adaptada ao fim que tínhamos em vista 15 produto a intensidade em capital humano e a diferenciação do produto Seguindo o método de Forstner1984 dividimos os produtos industriais em três grupos Grupo A indústrias em que a vantagem comparativamedida pelas exportações líquidas está positivamente correlacionada com o valor acrescentado per capita em cada indústria considerase o valor acrescentado per capita uma medida do desenvolvimento industrial Estas indústrias são consideradas típicas dos países altamente industrializados Grupo B indústrias cuja vantagem comparativa é neutral relativamente ao nível de industrialização O coeficiente de correlação entre a vantagem comparativa e o valor acrescentado per capita não é significativamente diferente de zero Consideramos que estas indústrias ocupam uma posição intermédia e que por isso são as indústrias que se deslocam para os novos países industrializados Grupo C indústrias em que o coeficiente de correlação entre a vantagem comparativa e o valor acrescentado per capita é negativo São as indústrias que se deslocam para os países em vias de desenvolvimento Períodos de tempo para cálculo dos coeficientes de correlação escolhemos dois períodos de três anos cada O espaço de tempo entre os dois períodos depende do ciclo de vida médio dos produtos considerados ou seja a idade média de amadurecimento dos produtos A questão essencial está pois no cálculo da idade média da vida dos produtos Quanto às equações de regressão Temos duas regressões correspondentes a duas situaçõesi a passagem das indústrias do grupo A para o grupo B traduzida pela alteração do coeficiente de correlação de positivo para zero Estas indústrias tinham atingido a fase de estandardização eram capitalintensivas e encontravamse em condições de deslocação para os Novos Países IndustrializadosNPI iia passagem das indústrias do grupo B para o grupo C traduzida pela alteração do coeficiente de zero para um valor negativoEstas indústrias tinham atingido a fase da estandardização eram caracterizadas por serem trabalhointensivas e estavam em condições de deslocação para os países em vias de desenvolvimento Variável dependente YNas duas equações a variável dependente é uma variável dummy Assume o valor 1 se uma indústria se transfere de grupo do grupo A para o grupo B na primeira regressão ou do grupo B para o grupo C na segunda regressão e o valor zero no caso contrário Variáveis independentes14 intensidade em capital físico KL intensidade em capital humano HL idade do produto IP Assim temos 14 V novamente Faustino1989b sobre as especificações alternativas do modelo neotecnológico e definições das variáveis 16 Yi a0 a1 KLi a2 HLi a3 IPi Sinais esperados para os coeficientes de regressão Na primeira regressão esperase um sinal positivo para a1 reflectindo o efeito positivo do capital físico sobre as vantagens comparativas e a necessidade de transferência destas indústrias para os NPI um sinal positivo para a3 reflectindo que este grupo de produtos é relativamente novo e que as inovações tecnológicas recentes continuam a ter um impacto positivo sobre as vantagens comparativas Quanto à variável HL esperase que a2 assuma um qualquer valor 15 reflectindo assim que o impacto positivo do capital humano no início da vida do produto cede o passo ao impacto positivo do capital físico quando o produto alcança a sua primeira fase de estandardização Na segunda regressão esperase um sinal negativo para a1reflectindo que estas indústrias são intensivas em trabalho não qualificado e se devem deslocar para os países em vias de desenvolvimento um sinal negativo para a2 reflectindo que estas indústrias deixaram de ser intensivas em capital humano e se devem deslocar para outros países um sinal positivo para a3 4 A teoria da adaptação à dinâmica da procura mundial e interna como factor de especialização e explicação do paradoxo de Leontief Segundo Lafay1976 um país deve exportar produtos cuja procura mundial cresce a taxas crescentes e importar produtos cuja procura mundial cresce a taxas decrescentes ou mesmo diminui Lafay faz ainda a distinção entre competitividade global competitividade global a nível do conjunto da economia e relacionada com o nível geral de preços e com a política monetária e orçamental e competitividade estrutural competitividade ligada à adaptação da estrutura produtiva à evolução da procura mundial Esta competitividade estrutural pressupõe uma estratégia de especialização que aproveite os segmentos créneaux mais favoráveis em termos de evolução da procura mundial Desta forma o país cria polos de competitividade ao longo da cadeia produtiva Esta estratégia de especialização aponta claramente para o reforço do comércio intrasectorial e pressupõe ou que o país é um país aberto ao exterior e cujo crescimento é suportado pelas exportações é o caso do nosso país ou que a procura interna se adapta à procura mundial e neste caso não há contradição entre reestruturação produtiva interna e dinâmica da procura mundial 15 Como o capital humano é cada vez menos necessário à medida que o produto amadurece é mais provável um valor não significativamente diferente de zero ou mesmo um valor negativo 17 Lafay1978 considera três restrições que devem ser levadas em conta pela estratégia de especialização i a restrição externa ou restrição da Balança de Pagamentos um país com poucos recursos naturais deve ter em conta a elasticidade da procura de exportaçõestentar elevála e a elasticidade da procura de importações tentar diminui la ii a restrição imposta pelas perspectivas da procura mundial e nacional é preciso efectuar estudos de mercado e melhorar as condições de comercialização e informação iii a restrição que respeita às condições da oferta os países inovadores em termos tecnológicos podem impor normas de produção aos outros países Atendendo a estas restrições o objectivo principal da estratégia de Lafay consiste no desenvolvimento dos sectores de bens de equipamento directamente produtivos e que permitam alcançar os níveis tecnológicos dos países desenvolvidos Como a especialização se reflecte no saldo da balança comercial o indicador de especialização considerado por Lafay1976 considera o peso das exportações e importações no mercado interno e a sua evolução Assim temos d QD em que Q é a produção DQMX é o consumo aparente X são as exportações e M as importações Dando outra forma ao indicador chegamos a d 1 x m com xXD e mMD Segundo Lafay1979 a especialização intersectorial é dada por d logo é função de xm e a especialização intrasectorial é dada pelo menor dos valores de x e m16 Temos as seguintes três hipóteses para a evolução do indicador d e dentro de cada hipótese podemos ainda considerar duas situações a de superavit e a de deficit i constância de d i1 com superavit da balança comercial XM 0 i2 com déficit da balança comercial XM 0 ii aumento de d ii1 através do aumento do superavit da balança comercial ii2 através da diminuição do déficit da balança comercial iii diminuição de d 16 A questão da varável utilizada para medir o grau de especialização intersectorial ou de especialização intrasectorial não é uma questão simples e pacífica Sobre esta questão ver Faustino1991 O mesmo dse diga a propósito dos conceitos de comércio inertersectorial comércio intrasectorial especialização inter sectorial e especialização intrasectorial Sobre esta matéria ver Greenaway e Milner1986 18 iii1 através da diminuição do superavit iii2 através do aumento do déficit 41Relação entre a evolução da especialização traduzida pela evolução de d e a explicação do paradoxo de Leontief17 Supunhamos que os Estados Unidos nos anos quarenta e seguintes seguiu a seguinte estratégia de especialização aumento da produção e exportação de produtos cuja procura interna e mundial18 é crescente hipótese ii diminuição da produção e exportação de produtos cuja procura mundial é regressiva hipótese iii e manutenção da produção e exportação dos produtos cuja procura mundial é estável hipótese i1 Então podemos considerar que os Estados Unidos tinham já abandonado a produção e exportação de alguns produtos capitalintensivoshipótese iii que passavaram a importar que mantinham a produção e exportação de alguns produtos trabalhointensivos por terem superavit nesses produtos conforme a hipótese i1 notese que isso não contraria o teorema de HO pois fora do modelo de base e do modelo com n bens e 2 factores com hipótese de não igualização do preço dos factores o país não exporta todos os bens em que detém vantagens comparativas e que havia uma forte preferência dos consumidores pelos produtos de procura progressiva intensivos em capital os consumidores dos Estados Unidos substituem alguns produtos importados trabalhointensivos por produção internacapitalintensiva logo algumas das indústrias substitutivas de importações seriam capitalintensivas Assim podemos explicar o paradoxo combinando a análise de especialização dinâmica de Lafay com a teoria de HO desde que se altere a hipótese de preferências idênticas e homotéticas do modelo de HO19 5Conclusões Actualmente a conclusão de Baldwin segundo a qual o paradoxo de Leontief era um lugar comum ou sejanão era um fenómeno circunscrito aos Estados Unidos pode também ser utilizada noutro sentido é um lugar comum dizerse que o paradoxo 17 Lafay não adianta qualquer explicação para o paradoxo a partir da sua análise da dinâmica de especialização 18 Notese quequer consideremos que a procura interna se adapta à procura mundialposição de Lafay quer consideremos que é a procura interna que desempenha um papel determinante posição de Malaussena de Perno 1975 o papel desempenhado pelo mercado interno de um país desenvolvido como os Estados Unidos é sempre uma forte determinante da especialização neste tipo de análise 19 ValavanisVail 1954 explicou o paradoxo de Leontief pondo também em causa a hipótese relativa às condições da procura Assim em vez de considerar que os consumidores têm preferências idênticas e homotéticas considerou que o mapa de indiferença em cada país reflecte uma forte preferência pelo bem onde reside a vantagem comparativa Quando há a abertura ao comércio cada país substitui parte das suas importações por produção doméstica 19 aparece e desaparece consoante as teorias explicativas utilizadas Mesmo dentro da mesma teoria ele é confirmado eou negado consoante se utilizem métodos diferentes É o que se passa quando o paradoxo é confirmado pela teoria neofactorial aplicando o método de Leamer e negado quando se utiliza a mesma teoria e o método de Brecher e Choudri É também um lugar comum dizerse que os testes empíricos não põem em causa a validade científica de uma teoria Quanto muito mostram a sua maior ou menor aderência à realidade e a sua maior ou menor utilidade Os dois métodos diferentes que adiantamos baseados em duas diferentes teorias não resolvem o paradoxo e só vêm reforçar a convicção que qualquer teoria permite sempre a existência de casos paradoxais e que ela própria se aperfeiçoa ao tentar explicálos Bibliografia AMEMIYA Takeshi1981 Qualitative Reponse Models A Survey Journal of Economic Literature Vol19 pp14831536 AW Bee 1983 Trade Imbalance and the Leontief Paradox Weltwirtschaftliches Archiv Vol 119 Nº 4 pp734738 BALDWIN Robert1971 Determinants of the Commodity Structure of US Trade American Economic Review Vol 61 pp 126146 BALDWIN R1979 Determinants of Trade and Foreign Investment Further Evidence Review of Economics and Statistics Vol 61 pp4048 BRECHER R e CHOUDRI E 1982 The Leontief Paradox Continued Journal of Political Economy Vol 90 Nº 4 pp820823 FAUSTINO H1989a A Generalização do Modelo e do Teorema de HeckscherOhlin CEDEPISEpp24 1989b Teoria neofactorial e teoria neotecnológica Que conciliação ao nível dos estudos empíricos das vantagens comparativas Proposta de uma metodologia CEDEPISE pp19 1989c O modelo de base de HeckscherOhlin e os principais teoremas CEDEP ISE pp48 1990 A propósito da interpretação dos sinais dos coeficientes de regressão nos modelos de vantagens comparativas uma nota sobre os estudos feitos para Portugal Estudos de EconomiaVol X nº 2pp232234 20 1991 On the controversy between BallanceForstnerMurray and Bowen about measuring comparative advantage Estudos de Economia Vol XI nº 2 1991 pp 203 212 FOMBY T HILL R e JOHNSON S1984 Advanced Econometric Methods New York SpringerVerlag pp624 FORSTNER Helmut1984 The Changing Pattern of International Trade in Manufactures A Logit Analysis Weltwirtschaftliches Archiv Vol 120 pp117 GREENAWAYD and MILNER C 1986 The Economics of IntraIndustry Trade Basil Blackwell Oxford pp207 HARKNESS J e KYLE J1975 Factors Influencing United States Comparative Advantage Journal of International Economics Vol 5 pp153165 HIRSCH Seev1975 The Product Cycle Model of International Trade A MultiCountry CrossSection Analysis Oxford Bulletin of Economics and Statistics Vol 37 pp 305 317 INTRILIGATORM1978 Econometric Models Techniques and Applications North Holland pp 631 LAFAY Gérard Competitivité Specialisation et Demande Mondial Economie et Statistique Nº 80 pp2536 1978 Remarques sur la Competitivité en Longue Période Economie et Statistique Nº 102 pp 2730 1979 Dynamique de la Specialisation Internationale Economica parispp176 LASSUDRIEDUCHÊNE B1972 Echange Internationale et Croissance Economica Paris pp358 LEAMEREdward1980 The Leontief Paradox Reconsidered Journal of Political Economy Vol 88 pp495503 LEAMER E e BOWEN H1981 CrossSection Tests of the HeckscherOlhin Theorem Comment American Economic Review Vol71 pp10401043 LEONTIEF Wassily 1953 Domestic Production and Foreign Trade the American Capital Position Reexamined Proceding of the American Philosophical Society 97 pp332349 1956 Factor Proportions and the Structure of the American Trade Further Theorical and Empirical Analysis Review of Economics and Statistics Vol 38 pp 386 407 MALAUSSENA DE PERNO JL1975 Specialisation Internationale et Développment Économique Paris Economica pp340 STERN R e MASKUS K1981 Determinants of the Structure of US Foreign Trade 195876 Journal of International Economics Vol 11 Nº 2 pp207224 TATEMOTO M e ICHIMURA S1959 Factor Proportions and Foreign Trade The Case of Japan Review of Economics and Statistics Vol 41 pp442446 VALAVANISVAIL S 1954 Leontiefs Scarce Factor Paradox Journal of Political Economy Vol 62 pp 523528 VANEK Jaroslav1959 The Natural Resource Content of Foreign Trade 18701955 and the Relative Abundance of Natural Resources in the United States Review of Economics and Statistics Vol 41 pp146153 21 VERNON Raymond International Investment and International Trade in the Product Cycle Quarterly Journal of Economics Vol 80pp 190207

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