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1 MULHERES PORTADORAS DE HIV DIANTE DA MATERNIDADE DIFICULDADES ENCONTRADAS UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Anne Karoline Oliveira Lima1 Maria do Socorro Silva Ferreira Mendes2 RESUMO O presente artigo tem como objetivo analisar por meio de uma revisão bibliográfica as principais dificuldades enfrentadas por mulheres portadoras do vírus HIV no contexto da maternidade A pesquisa busca compreender os desafios psicossociais emocionais e clínicos vivenciados desde o desejo de engravidar até o cuidado no pósparto abordando também aspectos relacionados ao preconceito e acesso aos serviços de saúde A metodologia adotada consistiu em uma revisão bibliográfica narrativa com levantamento de publicações científicas dos últimos 7 anos nas bases de dados SciELO LILACS e PubMed utilizando descritores como HIV maternidade mulheres soropositivas e dificuldades Os resultados esperados apontam que apesar dos avanços no tratamento e na prevenção da transmissão vertical do HIV muitas mulheres ainda enfrentam estigmas sociais medo da rejeição inseguranças quanto à saúde do bebê e dificuldades no acesso ao acompanhamento prénatal adequado Concluise que há necessidade de maior capacitação dos profissionais de saúde ampliação das políticas públicas inclusivas e ações educativas que promovam o acolhimento e empoderamento das mulheres vivendo com HIV durante o processo da maternidade Palavraschave HIV maternidade mulheres soropositivas dificuldades saúde da mulher ABSTRACT This article aims to analyze through a literature review the main difficulties faced by women with HIV in the context of motherhood The research seeks to understand the psychosocial emotional and clinical challenges experienced from the desire to become pregnant to postpartum care also addressing aspects related to prejudice and access to health services The methodology adopted consisted of a narrative literature review with a survey of scientific publications from the last 7 years in the SciELO LILACS and PubMed databases using descriptors such as HIV motherhood HIVpositive women and difficulties The expected results indicate that despite advances in the treatment and prevention of vertical transmission of HIV many women still face social stigma fear of rejection insecurity about the babys health and difficulties in accessing adequate prenatal care It is concluded that there is a need for greater training of health professionals expansion of inclusive public policies and educational actions that promote the acceptance and empowerment of women living with HIV during the motherhood process Keywords HIV motherhood HIVpositive women difficulties womens health 1 Anne Karoline Oliveira Lima Email 2 Maria do Socorro Silva Ferreira Mendes 2 1 INTRODUÇÃO HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana Human Immunodeficiency Vírus sendo este o retrovírus causador da Síndrome da Imunodeficiência adquirida SIDA AIDS Acquired Immunodeficiency Syndrome O HIV compromete o sistema imunológico que é responsável por defender o organismo de doenças O objeto deste estudo é o impacto do diagnóstico de HIV na gestação e pósparto No Brasil os primeiros casos de AIDS ocorreram na década de 80 e foram considerados uma epidemia que rapidamente tornouse um problema de saúde pública Desde 2006 o HIV na gestação é agravo de notificação compulsória BRASIL 2018 DOMINGUES et al 2018 LIMA et al 2017 Desde a década de 1980 com a emergência dos primeiros casos de AIDS no Brasil a infecção por HIV passou a ser reconhecida como um grave problema de saúde pública A partir de 2006 sua notificação em gestantes tornouse compulsória dado o risco de transmissão vertical e a necessidade de intervenções oportunas Embora os avanços na terapia antirretroviral TARV e nas estratégias de prevenção tenham reduzido consideravelmente as taxas de transmissão mãefilho as mulheres soropositivas ainda enfrentam diversas barreiras no acesso ao cuidado integral e humanizado durante a maternidade Os testes rápidos de HIV foram criados na década de 1980 e popularizados mundialmente a partir da década seguinte Foram incorporados à rede pública de saúde brasileira a partir de 2005 BRASIL 2018 O Ministério da Saúde MS recomenda que a testagem rápida para o HIV nas gestantes deve ser realizada na primeira consulta do prénatal idealmente no primeiro trimestre da gestação no início do terceiro trimestre e no momento do parto MS 2019 Ainda segundo o MS a testagem deve ser realizada também em qualquer outro momento em que haja exposição de risco ou violência sexual A maternidade por si só é um processo profundamente transformador na vida de uma mulher Quando atravessada pelo diagnóstico do vírus da imunodeficiência humana HIV essa experiência se torna ainda mais complexa carregada de desafios emocionais sociais e clínicos As mulheres portadoras de HIV ao enfrentarem a gestação o parto e o puerpério convivem com medos intensos como o da transmissão vertical para o bebê o estigma social o julgamento de profissionais de saúde e a insegurança quanto ao futuro da própria saúde e da criança A decisão de ser mãe para a mulher vivendo com HIV é muitas vezes permeada por sentimentos ambíguos conflitos internos e falta de apoio tanto da sociedade quanto dos serviços de saúde Além das questões clínicas essas mulheres lidam com implicações 3 psicológicas significativas o medo do julgamento e a fragilidade do vínculo com os profissionais de saúde o que pode comprometer a adesão ao tratamento e o acompanhamento prénatal adequado Este artigo tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica sobre as principais dificuldades enfrentadas por mulheres portadoras de HIV no contexto da maternidade abrangendo o período gestacional o parto e o pósparto O estudo busca reunir e analisar a produção científica disponível entre janeiro de 2017 e abril de 2025 oferecendo subsídios para que os profissionais de saúde especialmente da área da Enfermagem possam compreender melhor essa realidade e promover um cuidado mais empático acolhedor e livre de estigmas A relevância deste trabalho reside na necessidade de ampliar o olhar sobre a mulher soropositiva que deseja exercer a maternidade considerando não apenas os aspectos biomédicos da infecção como também os fatores emocionais sociais e culturais que impactam essa vivência Reconhecer essas dificuldades é fundamental para garantir o direito à saúde reprodutiva e o respeito à dignidade dessas mulheres FUNDAMENTACAO TEÓRICA 21 Sentimentos das mulheres ao receber o diagnóstico de HIV na gestação ou pósparto A gestação é um processo fisiológico que envolve significativas transformações físicas hormonais e emocionais além das expectativas e sonhos relacionados à maternidade Para muitas mulheres a notícia de uma gravidez é motivo de alegria e realização No entanto para aquelas que recebem o diagnóstico de HIV positivo durante a gestação ou no pósparto essa experiência pode desencadear uma série de reações emocionais intensas e desorganizadas além de questionamentos sobre sua própria saúde e a do bebê O diagnóstico de HIV em muitos casos é percebido como uma ameaça iminente à vida gerando sentimento de insegurança e desespero Muniz Brito 2023 De acordo com Silva et al 2018 um estudo realizado no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais revelou que 60 das gestantes diagnosticadas com HIV o descobriram durante a triagem sorológica do prénatal ou no momento do parto O impacto desse diagnóstico nas vidas dessas mulheres foi significativo pois em sua maioria elas não se percebiam vulneráveis à infecção pelo HIV As reações iniciais dessas mulheres ao tomarem conhecimento da soropositividade foram predominantemente negativas gerando 4 sentimento de indignação remorso tristeza e até indiferença sentimentos que demonstram a surpresa e o choque com a situação Carvalho Souza e Ferreira 2023 complementam essa visão ao afirmar que a descoberta da soropositividade provoca uma transformação profunda na percepção que a mulher tem de si mesma e de sua vida Essas mulheres ao se depararem com o diagnóstico vivenciam uma reestruturação de sua identidade o que pode gerar sentimentos de alienação perda de controle e distanciamento inclusive na relação com os profissionais de saúde A mudança de percepção sobre a própria vida pode resultar em uma dificuldade em lidar com o apoio dos profissionais o que por sua vez dificulta a adesão a tratamentos e o acompanhamento adequado Um estudo realizado por Payán et al 2019 corroborou esses achados observando que a maioria das mulheres diagnosticadas com HIV durante a gestação ou no pósparto descreveram o impacto imediato do diagnóstico como essencialmente psicológico e emocional Para essas mulheres a descoberta foi um evento profundamente traumático que alterou sua visão sobre a maternidade e seus próprios sentimento em relação ao cuidado com o bebê Esse impacto não se restringe apenas ao momento do diagnóstico mas se estende ao acompanhamento da gestação e ao medo constante da transmissão vertical além da preocupação com o julgamento social Lobo et al 2018 ao realizarem um estudo em Maceió AL analisaram os discursos de mulheres vivendo com HIV e encontraram relatos semelhantes de reações intensas após o diagnóstico Para essas mulheres o diagnóstico foi recebido com uma gama de sentimentos complexos incluindo angústia medo tristeza terror surpresa incredulidade injustiça e vergonha Esses sentimentos refletem o estigma associado ao HIV e a preocupação com as implicações para a maternidade a própria saúde e o futuro do bebê Bastos et al 2019 também abordam o impacto emocional do diagnóstico de HIV na gestação destacando que para muitas mulheres a confirmação da infecção pelo HIV é uma experiência avassaladora A descoberta da soropositividade pode tirar o chão das gestantes fazendo com que percam os referenciais de segurança que sustentavam sua visão de mundo e a percepção sobre sua capacidade de ser mãe Esse efeito pode gerar uma sensação de desorientação e medo do futuro Contudo a análise dos estudos primários selecionados para este trabalho revela que embora a maioria das mulheres experimente esses sentimentos negativos após a descoberta do diagnóstico há exceções Um estudo de caso específico a cartografia de uma jovem vivendo com HIV durante suas três gestações apresentado por Medeiros e Jorge 2018 diverge das 5 experiências relatadas pelas demais mulheres A jovem em questão não demonstrou os mesmos sentimentos de desespero ou angústia que as outras participantes o que levou os autores a sugerirem que embora a jovem não tenha se abalado de forma evidente seus sentimentos de medo e preocupação com a exposição social e o julgamento como mãe negligente eram claramente presentes o que revela o medo do julgamento social A gestação por ser um período de transformações físicas emocionais e psicológicas carrega consigo expectativas positivas mas também complexidades Quando uma mulher recebe o diagnóstico de HIV positivo tanto durante a gestação quanto no pósparto diversos sentimentos e reações emocionais podem ser desencadeados em especial aqueles relacionados ao medo e à ansiedade em relação ao futuro A maioria dos estudos revisados incluindo os de Payán et al 2019 Hernandes et al 2019 Souza et al 2019 e Pacheco et al 2019 relatam que as gestantes e puérperas diagnosticadas com HIV experimentam medo pânico desespero e choque ao tomarem conhecimento de sua soropositividade Lima e Mendes 2025 destacam que ao receberem o diagnóstico do HIV muitas mulheres sentem que seus pensamentos maternos são dominados pela ansiedade relacionada à possibilidade de morte fetal um medo que pode persistir mesmo após o nascimento da criança Esse medo da perda do bebê é frequentemente abordado em estudos como no trabalho de Figueiredo et al 2024 que aponta a presença de ansiedades em relação à possibilidade do bebê morrer parar de respirar não se alimentar adequadamente ou se machucar Relatos semelhantes que envolvem a preocupação de perder o bebê também são encontrados em Hernandes et al 2019 Esses medos refletem as dificuldades psicológicas das mulheres em relação à percepção do risco de transmissão vertical do HIV e suas implicações De acordo com Bastos et al 2019 o nascimento de um filho é frequentemente idealizado como um evento positivo e de felicidade mas para mulheres vivendo com HIV o medo da transmissão do vírus ao bebê transforma esse momento em uma experiência angustiante A angústia é especialmente notável em mulheres que enfrentam o dilema de como lidar com a maternidade no contexto do HIV Dentre os estudos analisados nesta revisão Payán et al 2019 Hernandes et al 2019 e Souza et al 2019 documentam que os sentimentos de angústia e tristeza são comuns entre as mulheres diagnosticadas com HIV e esses sentimentos impactam diretamente sua vivência da maternidade No que se refere ao período gestacional e ao início do puerpério muitas mulheres se sentem culpadas pela possível infecção do bebê Esse sentimento de culpa é uma constante em diversos estudos como os de Payán et al 2019 Hernandes et al 2019 e Pacheco et al 6 2019 sendo que um dos estudos destaca a culpa da mãe pela descoberta do diagnóstico de HIV na criança uma vez que ela não havia seguido o tratamento adequado durante a gestação A culpa é um sentimento particularmente presente em mulheres que vivenciam a possibilidade de transmissão vertical o que implica na adoção de medidas preventivas para proteger o bebê como a não amamentação o que também gera uma série de reflexões emocionais Rique et al 2022 sugerem que embora ainda não se tenha uma compreensão plena dos sentimentos das mães quando o diagnóstico do bebê é negativo para o HIV é possível que mesmo em tais situações persista o medo de uma reversão do quadro Isso implica que as vivências emocionais de mulheres com HIV mesmo após a confirmação da saúde do bebê continuam marcadas pela ansiedade e incerteza Esse temor de que o quadro possa se reverter é uma reflexão importante sobre o processo emocional dessas mães que continuam a lidar com as consequências psicológicas de um diagnóstico positivo independentemente do estado sorológico final do bebê Outro sentimento recorrente nas pesquisas analisadas é a frustração por não poder amamentar devido ao risco de transmissão do HIV através do leite materno Hernandes et al 2019 e Souza et al 2019 relatam que para muitas mães a impossibilidade de amamentar tornase uma fonte significativa de sofrimento No entanto Pereira et al 2024 destacam um fator importante algumas mulheres experimentam uma sensação de indiferença em relação à não amamentação considerandoa uma medida necessária para proteger o bebê da transmissão do HIV Esse sentimento de indiferença pode ser uma adaptação psicológica à realidade do diagnóstico onde a proteção do filho se torna a prioridade embora a dor pela perda da experiência de amamentar seja evidente A comunicação da necessidade de suprimir a lactação deve ocorrer antes do parto e não somente após o nascimento para que a mulher tenha tempo de compreender e aceitar essa medida Brasil 2019 A decisão de comunicar esse aspecto de maneira tardia ou após o parto pode resultar em respostas emocionais negativas aumentando a frustração e o sofrimento das mães A orientação precoce é portanto uma estratégia importante para minimizar os impactos psicológicos dessa realidade Por outro lado alguns estudos também identificam sentimentos positivos como esperança superação motivação e gratidão Sanches et al 2024 relatam que algumas mães ao descobrirem seu diagnóstico de HIV no prénatal e iniciarem o tratamento precoce expressaram sentimentos de gratidão e felicidade por conseguirem proteger a saúde de seus bebês Outros estudos como os de Payán et al 2019 Hernandes et al 2019 e Souza et al 7 2019 também registram relatos de mães que apesar das dificuldades encontraram na maternidade um motivo para continuar lutando demonstrando resiliência e adaptabilidade frente ao diagnóstico Souza et al 2019 afirmam que apesar das mudanças na vida das pessoas vivendo com HIVAIDS muitos dos impactos emocionais negativos estão fortemente relacionados ao estigma preconceito e discriminação fatores que podem desencadear sentimentos de angústia vergonha ansiedade e até depressão Esses sentimentos são corroborados por estudos de Medeiros et al 2018 Payán et al 2019 Hernandes et al 2019 e Pacheco et al 2019 que identificam o estigma como uma barreira importante na vivência das mulheres diagnosticadas com HIV Muitas dessas mulheres percebem a discriminação não só em relação a si mesmas mas também em relação aos seus bebês por parte de familiares amigos e até profissionais de saúde O desconhecimento sobre as formas de transmissão do HIV contribui para a ampliação do estigma não se restringindo apenas ao parceiro sexual mas atingindo também outras pessoas que têm contato com indivíduos HIV positivos Bailo et al 2024 Esse estigma alimenta o medo de discriminação e isolamento social como evidenciado no estudo de Payán et al 2019 Em alguns casos o isolamento é autoimposto onde as mulheres expressam o desejo de esconder sua condição temendo que os outros percebam mudanças em sua vida após o diagnóstico O diagnóstico positivo de HIV leva muitas mulheres a utilizarem mecanismos de defesa como a negação o isolamento e a desvalorização de si mesmas Bastos et al 2019 Essa negação é evidenciada em estudos de Payán et al 2019 e Hernandes et al 2019 onde as mulheres tentam minimizar o impacto emocional do diagnóstico muitas vezes como uma forma de proteção psicológica Além disso sentimentos de vergonha como relatados por Payán et al 2019 e Souza et al 2019 também são comuns refletindo a internalização do estigma associado ao HIV A questão do medo do estigma também permeia muitos estudos que mostram que o receio de ser julgada e sofrer preconceito é uma das principais razões pelas quais muitas mulheres optam por não divulgar seu diagnóstico sorológico Santos et al 2019 Barros et al 2024 França et al 2025 Esse medo é um dos fatores que contribuem para o isolamento social dessas mulheres complicando ainda mais sua experiência com a maternidade no contexto do HIV 22 Desafios e implicações na revelação do diagnóstico 8 A revelação do diagnóstico ao parceiro é uma das primeiras etapas desse processo e pode ser um momento de grande tensão emocional Lobo Leal 2020 Essa revelação pode proporcionar uma oportunidade para a mulher expressar suas inseguranças buscar apoio afetivo e cuidar da sua saúde em conjunto com o parceiro Como destacado por Freire e Minayo 2024 a revelação do diagnóstico pode resultar em implicações complexas como o fim do relacionamento a quebra de confiança e em casos extremos agressões físicas ou emocionais A insegurança em relação ao julgamento social a perda de controle sobre quem saberá da condição e o medo da rejeição são alguns dos principais fatores que influenciam a decisão de não revelar o diagnóstico Esse processo é portanto uma decisão delicada e muitas vezes marcada pela ambivalência emocional O sigilo profissional e a proteção da privacidade dos pacientes são princípios fundamentais no atendimento a pessoas vivendo com HIV Segundo Brasil 2017 os profissionais de saúde têm a responsabilidade legal de manter a confidencialidade das informações relacionadas ao diagnóstico e ao tratamento das pacientes compartilhando essas informações apenas com o consentimento do paciente ou em situações de risco iminente à saúde pública Contudo existem relatos de quebra de sigilo em que informações sobre o diagnóstico foram divulgadas sem a autorização da paciente contribuindo para a perpetuação do estigma e a exclusão social Salvadori Hahn 2019 A ocultação do diagnóstico é uma estratégia comum adotada por muitas mulheres principalmente no início do processo de enfrentamento da condição Muitas mulheres optam por esconder o diagnóstico até que se sintam mais preparadas para lidar com as reações dos outros Essa ocultação pode se estender a familiares próximos amigos e colegas de trabalho refletindo o medo de ser discriminada Barros et al 2024 Hernandes et al 2019 reforçam que muitas mulheres enfrentam a dor do diagnóstico sozinhas sem o apoio da rede de apoio social temendo perder amigos familiares e até mesmo o afeto de seus filhos A revelação do diagnóstico também pode ocorrer em momentos em que o acompanhamento médico exige a presença de um familiar como no início do tratamento antirretroviral A exigência de um acompanhante no atendimento médico pode ser um gatilho para a divulgação do diagnóstico mas essa decisão não é simples Salvadori Hahn 2019 Muitas mulheres ainda lutam com a dúvida sobre qual a melhor forma de compartilhar essa informação sem sofrer as consequências do estigma De acordo com Souza et al 2019 o apoio familiar tem um papel fundamental no processo de adaptação ao diagnóstico e no sucesso do tratamento Mulheres que contam com 9 o suporte emocional de familiares têm maior adesão ao tratamento antirretroviral e conseguem lidar melhor com as demandas diárias de cuidados com seus filhos e com a vida em geral Bailo et al 2024 destacam que o suporte familiar não se limita ao aspecto emocional mas também contribui para a criação dos filhos garantindo uma rede de segurança para as mães que por vezes enfrentam desafios significativos no dia a dia Em suma a revelação do diagnóstico de HIV é um processo repleto de implicações emocionais psicológicas e sociais As mulheres que vivem com HIV enfrentam múltiplos desafios relacionados à aceitação de sua condição à manutenção da confidencialidade e ao estigma associado à doença Esses fatores influenciam diretamente a qualidade de vida das pacientes e o sucesso do tratamento o que torna essencial a criação de estratégias de apoio tanto no contexto familiar quanto no sistema de saúde 23 A Maternidade e o HIV desafios enfrentados pelas mães após o diagnóstico Ao serem surpreendidas com o diagnóstico de infecção pelo HIV durante a gestação ou no puerpério as mulheres vivenciam um processo de enfrentamento que pode transitar da negação à aceitação exigindo uma reorganização significativa da vida diante dos desafios impostos pela soropositividade Sanches et al 2024 Embora muitas gestantes relatem experimentar uma gravidez semelhante à de outras mulheres elementos singulares permeiam sua vivência cotidiana exigindo ressignificações emocionais e práticas Lewandowski 2017 acrescenta que a angústia tende a ser mais intensa entre aquelas diagnosticadas durante a gestação ou no momento do parto devido à dupla necessidade de reorganizarse diante da condição de soropositiva e simultaneamente adaptarse às exigências do cuidado com o neonato Hernandes et al 2019 ressaltam que mulheres previamente diagnosticadas com HIV tendem a vivenciar a gestação como uma manifestação positiva do sucesso terapêutico enquanto aquelas diagnosticadas no prénatal frequentemente enfrentam sentimento de culpa fragilidade emocional e insegurança quanto à condução da gestação Após o diagnóstico iniciase uma mobilização imediata para a prevenção da transmissão vertical TV a qual envolve a introdução precoce da terapia antirretroviral TARV orientações sobre a via de parto mais adequada e a contraindicação da amamentação Conforme o Ministério da Saúde Brasil 2018 a transmissão vertical do HIV pode ocorrer durante a gestação o parto ou pela amamentação sendo uma das principais formas de infecção pediátrica 10 A valorização histórica do parto vaginal e da amamentação como práticas ideais para a saúde maternoinfantil contribui para o sofrimento das mulheres que ao receberem o diagnóstico precisam desconstruir expectativas em torno da maternidade A partir da 38ª semana gestacional indicase a cesariana para mulheres com carga viral desconhecida ou superior a 1000 cópiasmL como forma de minimizar o risco de TV Brasil 2019 Esse processo de adaptação além de técnico envolve componentes emocionais complexos pois significa abrir mão de práticas que simbolizam o cuidado materno idealizado Lima e Mendes 2025 analisaram a experiência de gestantes soropositivas e verificaram que o diagnóstico impactou negativamente a forma como essas mulheres projetavam a maternidade A responsabilidade de proteger o filho extrapolava os cuidados com o HIV e incluía aspectos emocionais como o desejo de poupálo do estigma social Os autores também identificaram uma sobrecarga emocional significativa composta por estressores diversos que interferiram na possibilidade de vivenciar uma gravidez saudável do ponto de vista psicológico Em contrapartida a informação fornecida pelos profissionais de saúde quanto à eficácia da TARV na prevenção da transmissão vertical mostrouse como fator encorajador contribuindo para uma mudança de perspectiva Apesar do impacto inicial os estudos primários incluídos nesta revisão indicam que o bemestar do bebê funciona como uma motivação importante para a adesão à TARV Entretanto as mulheres também expressam receio em relação a possíveis reações adversas ou efeitos colaterais das medicações antirretrovirais A TARV é disponibilizada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde SUS e sua eficácia está associada à supressão da carga viral a níveis indetectáveis o que reduz drasticamente o risco de transmissão do HIV Brasil 2018 Ainda que os benefícios da TARV sejam amplamente reconhecidos existem relatos de efeitos adversos tanto para a gestante quanto para o recémnascido Entre os riscos apontados estão a prematuridade e a restrição do crescimento fetal condições que podem ser atribuídas tanto à infecção pelo HIV quanto ao uso dos antirretrovirais Brasil 2018 Leite et al 2019 destacam a correlação entre a infecção pelo HIV e o aumento da incidência de trabalho de parto prematuro e nascimento de neonatos com baixo peso o que amplia a complexidade do manejo clínico durante a gestação No ciclo gravídicopuerperal o diagnóstico da infecção por HIV apresenta implicações significativas na esfera emocional e relacional das mulheres Mesquita et al 2019 ressaltam que a amamentação é culturalmente compreendida como um momento de expressão máxima do afeto materno sendo fundamental para o fortalecimento do vínculo entre mãe e filho A impossibilidade de amamentar portanto é vivenciada por muitas 11 mulheres como uma ruptura dolorosa desse processo Essa percepção é corroborada por Pinto et al 2017 que apontam o sofrimento materno diante da restrição à amamentação como uma das experiências mais difíceis relacionadas ao cuidado da criança exposta ao HIV Alvarenga et al 2019 reforçam essa conclusão ao identificarem relatos de intensa dor emocional entre mães independentemente de já terem vivenciado a amamentação em gestações anteriores ou não A impossibilidade de amamentar imposta pelo diagnóstico de infecção pelo HIV desencadeia implicações que vão além das barreiras imunológicas afetando diretamente o exercício da maternidade o vínculo mãebebê e a percepção de completude materna Pinto et al 2017 identificaram em seus achados que diversas mulheres expressaram receio quanto à qualidade do vínculo com o filho além de preocupações sobre o desenvolvimento infantil e uma sensação de maternidade incompleta No mesmo sentido Miranda et al 2024 evidenciaram o esforço das mães para manterem sua identidade materna diante da necessidade de omitir ou mesmo mentir o motivo da não amamentação como forma de evitar a revelação da soropositividade e por consequência o estigma social Já Alvarenga et al 2019 observam que na tentativa de proteger seus filhos da infecção pelo HIV muitas mulheres renunciam ao desejo de amamentar procurando mitigar o sofrimento emocional com o apoio familiar e em alguns casos através do afastamento físico temporário da criança Estudos internacionais têm apontado mudanças nas diretrizes relativas à amamentação por mulheres vivendo com HIV Miranda et al 2024 Em contextos nos quais há acesso seguro à TARV tanto para mãe quanto para a criança a amamentação não tem sido sistematicamente contraindicada Alvarenga et al 2019 A justificativa principal para essa abordagem é a ampla gama de benefícios do leite materno como o fortalecimento do sistema imunológico prevenção de doenças infecciosas e desnutrição especialmente em regiões onde há elevada taxa de mortalidade infantil no primeiro ano de vida escassez de fórmulas lácteas e falta de acesso à água potável No entanto a aplicabilidade dessa recomendação permanece controversa sendo responsabilidade das autoridades nacionais deliberarem sobre as diretrizes mais seguras em cada contexto No Brasil a normativa vigente preconiza o aconselhamento às mulheres vivendo com HIV quanto à não amamentação sendo disponibilizada gratuitamente a fórmula láctea infantil por meio do Sistema Único de Saúde SUS conforme assegurado pela Portaria GMMS nº 2313 de 19 de dezembro de 2002 Alvarenga et al 2019 12 Segundo o Ministério da Saúde Brasil 2018 mesmo diante da supressão da carga viral a níveis indetectáveis por meio da TARV há registros de transmissão do HIV pelo leite materno Dessa forma os protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas mantêm a recomendação de contraindicação à amamentação por mulheres vivendo com HIV como medida preventiva de transmissão vertical O medo da transmissão vertical além de motivar a interrupção da amamentação também impacta diretamente o comportamento das mães no cuidado cotidiano com o filho influenciando negativamente o vínculo afetivo Diversos estudos identificam que esse temor pode levar à restrição de contato físico e manifestações de afeto como beijos e abraços por receio da contaminação da criança Pinto et al 2017 Payán et al 2019 Hernandes et al 2019 Pacheco et al 2019 Em alguns casos a ansiedade associada à possibilidade de transmissão resultou em atitudes de distanciamento materno com limitações físicas e afetivas impostas pelas próprias mulheres Apesar do distanciamento inicial o mesmo estudo observou que ao longo do tempo a relação mãefilho pôde ser reconstruída Rique et al 2022 Algumas mulheres relataram o fortalecimento do vínculo após os primeiros 18 meses de vida da criança motivadas por um sentimento de empatia pelo fato de seus filhos também terem enfrentado intervenções médicas como exames e uso de medicamentos Outro fator agravante no enfrentamento da maternidade após o diagnóstico de HIV é a ausência de apoio conjugal Muitas mulheres descobrem a soropositividade durante o pré natal por meio dos testes rápidos Fernandes et al 2022 Em diversos casos seus parceiros ao desconhecerem seu próprio estado sorológico reagem com acusações responsabilização e discriminação culminando em episódios de violência ruptura da relação ou abandono Essa realidade evidencia que para muitas mulheres a maternidade será vivida de forma solitária sem o suporte afetivo e prático do companheiro o que agrava a sobrecarga física e emocional Um desafio adicional recorrente nos estudos analisados diz respeito à ansiedade gerada pela espera do diagnóstico da criança De acordo com o Ministério da Saúde Brasil 2019 a detecção de anticorpos antiHIV em crianças menores de 18 meses não é suficiente para diagnóstico definitivo devido à presença de anticorpos IgG maternos transferidos por via transplacentária especialmente no terceiro trimestre da gestação Esses anticorpos podem permanecer circulantes por até 18 meses sendo necessária a realização de exames específicos que detectem diretamente o material genético viral como a quantificação da carga viral Para muitas dessas mulheres o nascimento de um filho saudável representa um importante fator de motivação para a continuidade do tratamento funcionando como um 13 símbolo de superação e redenção da culpa Hernandes et al 2019 No entanto Pacheco et al 2019 revelam que uma parcela significativa das mulheres diagnosticadas no prénatal ou no momento do parto não aderiram ao tratamento antirretroviral resultando em maior risco de infecção da criança A confirmação do diagnóstico positivo nos bebês gerou nelas sentimento de culpa e arrependimento Os autores também ressaltam falhas no sistema de saúde como o diagnóstico tardio e a ausência de orientações adequadas o que evidencia a importância fundamental da atuação qualificada dos profissionais de saúde para a efetiva prevenção da transmissão vertical 3 METODOLOGIA Este estudo teve como objetivo investigar as principais dificuldades enfrentadas por mulheres portadoras do HIV no contexto da maternidade Para isso será adotada uma abordagem metodológica baseada em revisão bibliográfica com foco em estudos qualitativos e quantitativos que abordem os aspectos psicossociais emocionais clínicos e sociais vivenciados por essas mulheres desde o planejamento da gravidez até o período pósparto A pesquisa foi fundamentada em uma análise ampla da literatura científica incluindo artigos originais revisões sistemáticas estudos de caso e diretrizes clínicas pertinentes ao tema A busca por publicações foi realizada em bases de dados especializadas como SciELO LILACS e PubMed utilizando descritores como HIV maternidade mulheres soropositivas transmissão vertical barreiras no prénatal e preconceito Foram incluídos estudos publicados entre 2017 e 2025 redigidos em língua portuguesa inglesa e espanhola e a seleção seguiu critérios de relevância temática rigor metodológico e contribuição para a compreensão das dificuldades enfrentadas por esse grupo Esperase ao final da pesquisa oferecer uma análise aprofundada sobre os obstáculos que essas mulheres encontram ao exercerem sua maternidade contribuindo para reflexões que possam subsidiar políticas públicas práticas de saúde mais humanizadas e ações de enfrentamento ao estigma social associado ao HIV Para Gil 2002 p 44 a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado constituído principalmente de livros e artigos científicos 4 RESULTADOS Com base nos estudos analisados nos tópicos 12 e 13 é possível identificar resultados significativos e realizar uma análise crítica sobre os desafios enfrentados por 14 mulheres que vivem com HIV especialmente no contexto da gestação e maternidade Um dos aspectos mais delicados abordados na literatura referese à revelação do diagnóstico ao parceiro Essa etapa é marcada por tensão emocional medo da rejeição rompimento de vínculos afetivos e até violência Embora a revelação possa possibilitar apoio afetivo e compartilhamento da responsabilidade pelo tratamento ela também pode provocar reações negativas que agravam o sofrimento da mulher A decisão de contar ou não sobre o diagnóstico está profundamente ligada ao medo do estigma da exclusão social e da perda do controle sobre a informação Em muitos casos a mulher opta por ocultar sua condição mesmo diante da necessidade de iniciar o tratamento antirretroviral o que revela uma profunda ambivalência emocional Outro ponto crítico se refere ao sigilo profissional que deve ser garantido pelos serviços de saúde Apesar disso há relatos de quebra de confidencialidade fato que compromete a relação de confiança entre paciente e equipe de saúde além de ampliar a exposição ao preconceito A ausência de apoio social e conjugal agrava a vulnerabilidade dessas mulheres especialmente quando o diagnóstico é feito no prénatal contexto em que o abandono pelo parceiro e a responsabilização pela infecção são frequentes Nessas situações a maternidade acaba sendo vivida de forma solitária sem suporte emocional afetivo ou prático o que aumenta a sobrecarga física e psicológica da mulher No contexto da maternidade o diagnóstico de HIV impõe desafios adicionais que exigem uma reorganização da vida Mulheres diagnosticadas durante a gravidez ou o parto tendem a apresentar maior sofrimento emocional pois enfrentam simultaneamente a adaptação à maternidade e à condição de soropositiva Hernandes et al 2019 A vivência da gestação embora em alguns casos seja percebida como positiva especialmente entre mulheres já diagnosticadas anteriormente também pode ser atravessada por sentimentos de culpa insegurança e medo da transmissão vertical Nesse sentido a prevenção da transmissão do HIV ao bebê tornase uma prioridade imediata com início da terapia antirretroviral TARV definição da via de parto e proibição da amamentação Brasil 2018 A impossibilidade de amamentar é um dos aspectos mais dolorosos da maternidade para mulheres vivendo com HIV Diversos estudos revelam que a amamentação é vista como um momento de expressão máxima do vínculo materno e sua proibição representa uma ruptura simbólica com o ideal cultural da maternidade Pinto et al 2017 Mesquita et al 2019 Muitas mulheres sofrem por não poder amamentar sentemse incompletas como mães e vivem o medo constante da exposição de sua sorologia ao serem questionadas sobre a ausência da amamentação Além disso o medo de infectar o filho também interfere no 15 contato físico e nas manifestações afetivas levando em alguns casos ao distanciamento emocional da criança Pinto et al 2017 Payán et al 2019 Apesar desses desafios há também relatos de superação e reconstrução do vínculo afetivo ao longo do tempo Algumas mães motivadas pela empatia com os filhos que também enfrentam exames e medicamentos buscam formas de fortalecer a relação mesmo após períodos de distanciamento A adesão à TARV é frequentemente impulsionada pelo desejo de proteger o bebê e garantir seu bemestar No entanto o uso dos antirretrovirais também está associado a preocupações com efeitos colaterais e possíveis impactos no crescimento fetal Estudos como os de Leite et al 2019 apontam correlação entre o HIV a TARV e o aumento da incidência de prematuridade e baixo peso ao nascer O momento posterior ao nascimento também é marcado pela ansiedade em relação ao diagnóstico da criança Como os anticorpos maternos podem permanecer no organismo do bebê até os 18 meses a confirmação do diagnóstico exige testes moleculares específicos e aguardar por esse resultado é uma fonte constante de angústia Brasil 2019 Algumas mães mantêm a esperança de um diagnóstico negativo enquanto outras preferem não criar expectativas para evitar frustrações O nascimento de um filho saudável por outro lado é percebido por muitas mulheres como um símbolo de superação e motivação para continuidade do tratamento Hernandes et al 2019 Contudo em situações de diagnóstico tardio ou falhas no acolhimento e orientação o risco de transmissão aumenta e a confirmação do HIV na criança gera sentimento de culpa e arrependimento como relatado por Pacheco et al 2019 De modo geral os resultados revelam que o diagnóstico de HIV durante a gestação ou no período puerperal desencadeia uma série de desafios emocionais sociais e clínicos que afetam profundamente a experiência da maternidade A análise crítica dos estudos evidencia que os impactos vão além da questão médica envolvem a construção de uma nova identidade materna atravessada pelo estigma pelo medo pela solidão e pela luta diária por aceitação e proteção do filho Embora o acesso à TARV e às políticas públicas de prevenção da transmissão vertical representem avanços significativos ainda há falhas na abordagem humanizada do cuidado na orientação adequada e na proteção contra a discriminação É essencial que os profissionais de saúde estejam preparados não apenas tecnicamente mas também emocionalmente para acolher essas mulheres respeitando suas vivências e subjetividades A construção de estratégias de apoio psicológico fortalecimento das redes sociais e familiares bem como a garantia do sigilo e da empatia no atendimento são medidas fundamentais para que a maternidade mesmo diante do HIV possa ser vivida com dignidade segurança e afeto 16 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta revisão integrativa de literatura teve como objetivo sintetizar o conhecimento produzido na literatura científica nos últimos sete anos 2017 a 2025 acerca do impacto do diagnóstico do HIV na gravidez ou pósparto e seus efeitos na vida das mulheres Este estudo enfatiza a relevância de compreender as múltiplas dificuldades enfrentadas por mulheres portadoras do HIV no exercício da maternidade Através da revisão bibliográfica foi possível identificar que apesar dos avanços científicos no controle da transmissão vertical e no acesso ao tratamento antirretroviral persistem barreiras significativas de ordem emocional social e estrutural Entre os principais desafios destacam se o estigma social o medo da rejeição o julgamento moral a desinformação e as falhas no acolhimento por parte dos serviços de saúde Esses fatores impactam diretamente o planejamento reprodutivo o acompanhamento prénatal e o vínculo entre mãe e filho Constatase portanto a necessidade urgente de promover práticas de cuidado mais humanizadas embasadas em uma abordagem interprofissional e centrada na escuta qualificada Além disso reforçase a importância da formação continuada dos profissionais da saúde da ampliação das políticas públicas inclusivas e da promoção de campanhas educativas que combatam o preconceito e garantam os direitos reprodutivos dessas mulheres Esperase que este trabalho contribua para o fortalecimento do debate acadêmico e para a formulação de estratégias mais eficazes de apoio à maternidade entre mulheres vivendo com HIV REFERÊNCIAS ALENCAR J T O Atendimento Multiprofissional Ofertado à gestantes HIV no Núcleo de Assistência Henfil em Palmas TO Revista Humanidades e Inovação v 5 n 11 2018 Disponível em httpsrevistaunitinsbrindexphparticleview Acesso em 29 abr 2025 ALVARENGA W A Mães vivendo com HIV a substituição do aleitamento por fórmula láctea infantil Revista Brasileira de Enfermagem Brasília v 72 n 5 p 11531160 setout 2019 Epub 16 set 2019 Disponível em httpswwwscielobrscielophp scriptsciarttextpidS003471672019000501153lngennrmisotlngpt Acesso em 29 abr 2025 ARAÚJO W J Percepção de enfermeiros executores de teste rápido em Unidades Básicas de Saúde Revista Brasileira de Enfermagem Brasília v 71 supl 1 2018 Disponível em 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mulheres soropositivas e dificuldades Os resultados esperados apontam que apesar dos avanços no tratamento e na prevenção da transmissão vertical do HIV muitas mulheres ainda enfrentam estigmas sociais medo da rejeição inseguranças quanto à saúde do bebê e dificuldades no acesso ao acompanhamento prénatal adequado Concluise que há necessidade de maior capacitação dos profissionais de saúde ampliação das políticas públicas inclusivas e ações educativas que promovam o acolhimento e empoderamento das mulheres vivendo com HIV durante o processo da maternidade Palavraschave HIV maternidade mulheres soropositivas dificuldades saúde da mulher ABSTRACT This article aims to analyze through a literature review the main difficulties faced by women with HIV in the context of motherhood The research seeks to understand the psychosocial emotional and clinical challenges experienced from the desire to become pregnant to postpartum care also addressing aspects related to prejudice and access to health services The methodology adopted consisted of a narrative literature review with a survey of scientific publications from the last 7 years in the SciELO LILACS and PubMed databases using descriptors such as HIV motherhood HIVpositive women and difficulties The expected results indicate that despite advances in the treatment and prevention of vertical transmission of HIV many women still face social stigma fear of rejection insecurity about the babys health and difficulties in accessing adequate prenatal care It is concluded that there is a need for greater training of health professionals expansion of inclusive public policies and educational actions that promote the acceptance and empowerment of women living with HIV during the motherhood process Keywords HIV motherhood HIVpositive women difficulties womens health 1 Anne Karoline Oliveira Lima Email 2 Maria do Socorro Silva Ferreira Mendes 2 1 INTRODUÇÃO HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana Human Immunodeficiency Vírus sendo este o retrovírus causador da Síndrome da Imunodeficiência adquirida SIDA AIDS Acquired Immunodeficiency Syndrome O HIV compromete o sistema imunológico que é responsável por defender o organismo de doenças O objeto deste estudo é o impacto do diagnóstico de HIV na gestação e pósparto No Brasil os primeiros casos de AIDS surgiram na década de 1980 e logo passaram a ser reconhecidos como uma epidemia de saúde pública A partir de 2014 a notificação da infecção pelo HIV tornouse obrigatória inclusive para gestantes parturientes e crianças expostas ao risco de transmissão vertical BRASIL 2022 DEZENA et al 2021 Desde a década de 1980 com a emergência dos primeiros casos de AIDS no Brasil a infecção por HIV passou a ser reconhecida como um grave problema de saúde pública A partir de 2006 sua notificação em gestantes tornouse compulsória dado o risco de transmissão vertical e a necessidade de intervenções oportunas Embora os avanços na terapia antirretroviral TARV e nas estratégias de prevenção tenham reduzido consideravelmente as taxas de transmissão mãefilho as mulheres soropositivas ainda enfrentam diversas barreiras no acesso ao cuidado integral e humanizado durante a maternidade Os testes rápidos de HIV foram desenvolvidos na década de 1980 e ganharam amplo uso mundial nos anos seguintes No Brasil a testagem rápida para HIV em gestantes é recomendada oficialmente pelo Ministério da Saúde no primeiro momento do prénatal idealmente no primeiro trimestre no início do terceiro trimestre e também ao admitir a gestante para o parto além de sempre que houver risco de exposição ou violência sexual BRASIL 2021 MANUEL et al 2022 A testagem deve ser realizada também em qualquer outro momento em que haja exposição de risco ou violência sexual A maternidade por si só é um processo profundamente transformador na vida de uma mulher Quando atravessada pelo diagnóstico do vírus da imunodeficiência humana HIV essa experiência se torna ainda mais complexa carregada de desafios emocionais sociais e clínicos As mulheres portadoras de HIV ao enfrentarem a gestação o parto e o puerpério convivem com medos intensos como o da transmissão vertical para o bebê o estigma social o julgamento de profissionais de saúde e a insegurança quanto ao futuro da própria saúde e da criança SILVA ANDRADE SOUZA 2021 A decisão de ser mãe para a mulher vivendo com HIV é muitas vezes permeada por sentimentos ambíguos conflitos internos e falta de apoio tanto da sociedade quanto dos serviços de saúde Além das questões clínicas essas mulheres lidam com implicações 3 psicológicas significativas o medo do julgamento e a fragilidade do vínculo com os profissionais de saúde o que pode comprometer a adesão ao tratamento e o acompanhamento prénatal adequado Este artigo tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica sobre os desafios psicossociais emocionais e clínicos enfrentados por mulheres portadoras de HIV desde o desejo de engravidar até o período pósparto considerando também aspectos relacionados ao preconceito e ao acesso aos serviços de saúde O estudo busca reunir e analisar a produção científica disponível entre janeiro de 2017 e abril de 2025 oferecendo subsídios para que os profissionais de saúde especialmente da área da Enfermagem possam compreender melhor essa realidade e promover um cuidado mais empático acolhedor e livre de estigmas A relevância deste trabalho reside na necessidade de ampliar o olhar sobre a mulher soropositiva que deseja exercer a maternidade considerando não apenas os aspectos biomédicos da infecção como também os fatores emocionais sociais e culturais que impactam essa vivência Reconhecer essas dificuldades é fundamental para garantir o direito à saúde reprodutiva e o respeito à dignidade dessas mulheres FUNDAMENTACAO TEÓRICA 21 Sentimentos das mulheres ao receber o diagnóstico de HIV na gestação ou pósparto A gestação é um processo fisiológico que envolve significativas transformações físicas hormonais e emocionais além das expectativas e sonhos relacionados à maternidade Para muitas mulheres a notícia de uma gravidez é motivo de alegria e realização No entanto para aquelas que recebem o diagnóstico de HIV positivo durante a gestação ou no pósparto essa experiência pode desencadear uma série de reações emocionais intensas e desorganizadas além de questionamentos sobre sua própria saúde e a do bebê O diagnóstico de HIV em muitos casos é percebido como uma ameaça iminente à vida gerando sentimento de insegurança e desespero Muniz Brito 2023 De acordo com Domingues et al 2025 um estudo realizado no estado do Rio de Janeiro revelou que 60 das gestantes diagnosticadas com HIV o descobriram durante a triagem sorológica do prénatal ou no momento do parto O impacto desse diagnóstico nas vidas dessas mulheres foi significativo pois em sua maioria elas não se percebiam vulneráveis à infecção pelo HIV As reações iniciais dessas mulheres ao tomarem conhecimento da soropositividade foram predominantemente negativas gerando sentimento 4 de indignação remorso tristeza e até indiferença sentimentos que demonstram a surpresa e o choque com a situação Carvalho Souza e Ferreira 2023 complementam essa visão ao afirmar que a descoberta da soropositividade provoca uma transformação profunda na percepção que a mulher tem de si mesma e de sua vida Essas mulheres ao se depararem com o diagnóstico vivenciam uma reestruturação de sua identidade o que pode gerar sentimentos de alienação perda de controle e distanciamento inclusive na relação com os profissionais de saúde A mudança de percepção sobre a própria vida pode resultar em uma dificuldade em lidar com o apoio dos profissionais o que por sua vez dificulta a adesão a tratamentos e o acompanhamento adequado Um estudo realizado por Silveira et al 2022 corroborou esses achados observando que a maioria das mulheres diagnosticadas com HIV durante a gestação ou no pósparto descreveram o impacto imediato do diagnóstico como essencialmente psicológico e emocional Para essas mulheres a descoberta foi um evento profundamente traumático que alterou sua visão sobre a maternidade e seus próprios sentimentos em relação ao cuidado com o bebê Esse impacto não se restringe apenas ao momento do diagnóstico mas se estende ao acompanhamento da gestação e ao medo constante da transmissão vertical além da preocupação com o julgamento social Silva et al 2023 ao realizarem um estudo em Maceió AL analisaram os discursos de mulheres vivendo com HIV e encontraram relatos semelhantes de reações intensas após o diagnóstico Para essas mulheres o diagnóstico foi recebido com uma gama de sentimentos complexos incluindo angústia medo tristeza terror surpresa incredulidade injustiça e vergonha Esses sentimentos refletem o estigma associado ao HIV e a preocupação com as implicações para a maternidade a própria saúde e o futuro do bebê Akinsolu et al 2025 também abordam o impacto emocional do diagnóstico de HIV na gestação destacando que para muitas mulheres a confirmação da infecção pelo HIV é uma experiência avassaladora A descoberta da soropositividade pode tirar o chão das gestantes fazendo com que percam os referenciais de segurança que sustentavam sua visão de mundo e a percepção sobre sua capacidade de ser mãe Esse efeito pode gerar uma sensação de desorientação e medo do futuro Contudo a análise dos estudos primários selecionados para este trabalho revela que embora a maioria das mulheres experimente esses sentimentos negativos após a descoberta do diagnóstico há exceções Um estudo de caso específico a cartografia de uma jovem vivendo com HIV durante suas três gestações apresentado por Silva et al 2023 diverge das 5 experiências relatadas pelas demais mulheres A jovem em questão não demonstrou os mesmos sentimentos de desespero ou angústia que as outras participantes o que levou os autores a sugerirem que embora a jovem não tenha se abalado de forma evidente seus sentimentos de medo e preocupação com a exposição social e o julgamento como mãe negligente eram claramente presentes o que revela o medo do julgamento social A gestação por ser um período de transformações físicas emocionais e psicológicas carrega consigo expectativas positivas mas também complexidades Quando uma mulher recebe o diagnóstico de HIV positivo tanto durante a gestação quanto no pósparto diversos sentimentos e reações emocionais podem ser desencadeados em especial aqueles relacionados ao medo e à ansiedade em relação ao futuro A maioria dos estudos revisados incluindo os de Domingues et al 2025 Cavalcante 2020 Silva et al 2022 e Pacheco 2022 relatam que as gestantes e puérperas diagnosticadas com HIV experimentam medo pânico desespero e choque ao tomarem conhecimento de sua soropositividade Lima e Mendes 2025 destacam que ao receberem o diagnóstico do HIV muitas mulheres sentem que seus pensamentos maternos são dominados pela ansiedade relacionada à possibilidade de morte fetal um medo que pode persistir mesmo após o nascimento da criança Esse medo da perda do bebê é frequentemente abordado em estudos como no trabalho de Figueiredo et al 2024 que aponta a presença de ansiedades em relação à possibilidade de o bebê morrer parar de respirar não se alimentar adequadamente ou se machucar Esses medos refletem as dificuldades psicológicas das mulheres em relação à percepção do risco de transmissão vertical do HIV e suas implicações De acordo com Akinsolu et al 2025 o nascimento de um filho é frequentemente idealizado como um evento positivo e de felicidade mas para mulheres vivendo com HIV o medo da transmissão do vírus ao bebê transforma esse momento em uma experiência angustiante A angústia é especialmente notável em mulheres que enfrentam o dilema de como lidar com a maternidade no contexto do HIV Dentre os estudos analisados nesta revisão Silva et al 2022 e Pacheco 2022 documentam que os sentimentos de angústia e tristeza são comuns entre as mulheres diagnosticadas com HIV e esses sentimentos impactam diretamente sua vivência da maternidade No que se refere ao período gestacional e ao início do puerpério muitas mulheres se sentem culpadas pela possível infecção do bebê Esse sentimento de culpa é uma constante em diversos estudos como os de Domingues et al 2025 Cavalcante 2020 e Pacheco 2022 sendo que um dos estudos destaca a culpa da mãe pela descoberta do diagnóstico de HIV na criança uma vez que ela não havia seguido o tratamento adequado durante a gestação 6 A culpa é um sentimento particularmente presente em mulheres que vivenciam a possibilidade de transmissão vertical o que implica na adoção de medidas preventivas para proteger o bebê como a não amamentação o que também gera uma série de reflexões emocionais Rique et al 2022 sugerem que embora ainda não se tenha uma compreensão plena dos sentimentos das mães quando o diagnóstico do bebê é negativo para o HIV é possível que mesmo em tais situações persista o medo de uma reversão do quadro Isso implica que as vivências emocionais de mulheres com HIV mesmo após a confirmação da saúde do bebê continuam marcadas pela ansiedade e incerteza Esse temor de que o quadro possa se reverter é uma reflexão importante sobre o processo emocional dessas mães que continuam a lidar com as consequências psicológicas de um diagnóstico positivo independentemente do estado sorológico final do bebê Outro sentimento recorrente nas pesquisas é a frustração por não poder amamentar devido ao risco de transmissão do HIV Cavalcante 2020 e Silva et al 2022 relatam que essa impossibilidade é fonte significativa de sofrimento para muitas mães Entretanto Pereira et al 2024 destacam que algumas mulheres sentem indiferença considerando a não amamentação necessária para proteger o bebê Essa adaptação psicológica evidencia que a proteção do filho se torna prioridade embora a dor pela perda da experiência de amamentar persista A comunicação da necessidade de suprimir a lactação deve ocorrer antes do parto e não somente após o nascimento para que a mulher tenha tempo de compreender e aceitar essa medida BRASIL 2022 A decisão de comunicar esse aspecto de maneira tardia ou após o parto pode resultar em respostas emocionais negativas aumentando a frustração e o sofrimento das mães A orientação precoce é portanto uma estratégia importante para minimizar os impactos psicológicos dessa realidade Por outro lado alguns estudos também identificam sentimentos positivos como esperança superação motivação e gratidão Sanches et al 2024 relatam que algumas mães ao descobrirem seu diagnóstico de HIV no prénatal e iniciarem o tratamento precoce expressaram sentimentos de gratidão e felicidade por conseguirem proteger a saúde de seus bebês Outros estudos como os de Silva et al 2022 e Pacheco 2022 também registram relatos de mães que apesar das dificuldades encontraram na maternidade um motivo para continuar lutando demonstrando resiliência e adaptabilidade frente ao diagnóstico Silva et al 2022 afirmam que apesar das mudanças na vida das pessoas vivendo com HIVAIDS muitos dos impactos emocionais negativos estão fortemente relacionados ao 7 estigma preconceito e discriminação fatores que podem desencadear sentimentos de angústia vergonha ansiedade e até depressão Esses sentimentos são corroborados por estudos de Domingues et al 2025 Silva et al 2022 e Pacheco 2022 que identificam o estigma como uma barreira importante na vivência das mulheres diagnosticadas com HIV Muitas dessas mulheres percebem a discriminação não só em relação a si mesmas mas também em relação aos seus bebês por parte de familiares amigos e até profissionais de saúde O desconhecimento sobre as formas de transmissão do HIV contribui para a ampliação do estigma não se restringindo apenas ao parceiro sexual mas atingindo também outras pessoas que têm contato com indivíduos HIV positivos Bailo et al 2024 Esse estigma alimenta o medo de discriminação e isolamento social como evidenciado no estudo de Domingues et al 2025 Em alguns casos o isolamento é autoimposto onde as mulheres expressam o desejo de esconder sua condição temendo que os outros percebam mudanças em sua vida após o diagnóstico O diagnóstico positivo de HIV leva muitas mulheres a utilizarem mecanismos de defesa como a negação o isolamento e a desvalorização de si mesmas Akinsolu et al 2025 Essa negação é evidenciada em estudos de Domingues et al 2025 e Cavalcante 2020 onde as mulheres tentam minimizar o impacto emocional do diagnóstico muitas vezes como uma forma de proteção psicológica Além disso sentimentos de vergonha como relatados por Domingues et al 2025 e Silva et al 2022 também são comuns refletindo a internalização do estigma associado ao HIV A questão do medo do estigma também permeia muitos estudos que mostram que o receio de ser julgada e sofrer preconceito é uma das principais razões pelas quais muitas mulheres optam por não divulgar seu diagnóstico sorológico Barros et al 2024 França et al 2025 Esse medo é um dos fatores que contribuem para o isolamento social dessas mulheres complicando ainda mais sua experiência com a maternidade no contexto do HIV 22 Desafios e implicações na revelação do diagnóstico A revelação do diagnóstico ao parceiro é uma das primeiras etapas desse processo e pode ser um momento de grande tensão emocional Lobo Leal 2020 Essa revelação pode proporcionar uma oportunidade para a mulher expressar suas inseguranças buscar apoio afetivo e cuidar da sua saúde em conjunto com o parceiro 8 Como destacado por Freire e Minayo 2024 a revelação do diagnóstico pode resultar em implicações complexas como o fim do relacionamento a quebra de confiança e em casos extremos agressões físicas ou emocionais A insegurança em relação ao julgamento social a perda de controle sobre quem saberá da condição e o medo da rejeição são alguns dos principais fatores que influenciam a decisão de não revelar o diagnóstico Esse processo é portanto uma decisão delicada e muitas vezes marcada pela ambivalência emocional O sigilo profissional e a proteção da privacidade dos pacientes são princípios fundamentais no atendimento a pessoas vivendo com HIV Segundo BRASIL 2022 os profissionais de saúde têm a responsabilidade legal de manter a confidencialidade das informações relacionadas ao diagnóstico e ao tratamento das pacientes compartilhando essas informações apenas com o consentimento do paciente ou em situações de risco iminente à saúde pública Contudo existem relatos de quebra de sigilo em que informações sobre o diagnóstico foram divulgadas sem a autorização da paciente contribuindo para a perpetuação do estigma e a exclusão social Salvadori Hahn 2021 A ocultação do diagnóstico é uma estratégia comum adotada por muitas mulheres principalmente no início do processo de enfrentamento da condição Muitas mulheres optam por esconder o diagnóstico até que se sintam mais preparadas para lidar com as reações dos outros Essa ocultação pode se estender a familiares próximos amigos e colegas de trabalho refletindo o medo de ser discriminada Barros et al 2024 reforçam que muitas mulheres enfrentam a dor do diagnóstico sozinhas sem o apoio da rede de apoio social temendo perder amigos familiares e até mesmo o afeto de seus filhos A revelação do diagnóstico também pode ocorrer em momentos em que o acompanhamento médico exige a presença de um familiar como no início do tratamento antirretroviral A exigência de um acompanhante no atendimento médico pode ser um gatilho para a divulgação do diagnóstico mas essa decisão não é simples Salvadori Hahn 2021 Muitas mulheres ainda lutam com a dúvida sobre qual a melhor forma de compartilhar essa informação sem sofrer as consequências do estigma De acordo com Silva et al 2022 o apoio familiar tem um papel fundamental no processo de adaptação ao diagnóstico e no sucesso do tratamento Mulheres que contam com o suporte emocional de familiares têm maior adesão ao tratamento antirretroviral e conseguem lidar melhor com as demandas diárias de cuidados com seus filhos e com a vida em geral Bailo et al 2024 destacam que o suporte familiar não se limita ao aspecto emocional mas também contribui para a criação dos filhos garantindo uma rede de segurança para as mães que por vezes enfrentam desafios significativos no dia a dia 9 Em suma a revelação do diagnóstico de HIV é um processo repleto de implicações emocionais psicológicas e sociais As mulheres que vivem com HIV enfrentam múltiplos desafios relacionados à aceitação de sua condição à manutenção da confidencialidade e ao estigma associado à doença Esses fatores influenciam diretamente a qualidade de vida das pacientes e o sucesso do tratamento o que torna essencial a criação de estratégias de apoio tanto no contexto familiar quanto no sistema de saúde Akinsolu et al 2025 23 A Maternidade e o HIV desafios enfrentados pelas mães após o diagnóstico Ao serem surpreendidas com o diagnóstico de infecção pelo HIV durante a gestação ou no puerpério as mulheres vivenciam um processo de enfrentamento que pode transitar da negação à aceitação exigindo uma reorganização significativa da vida diante dos desafios impostos pela soropositividade Sanches et al 2024 Embora muitas gestantes relatem experimentar uma gravidez semelhante à de outras mulheres elementos singulares permeiam sua vivência cotidiana exigindo ressignificações emocionais e práticas Domingues et al 2025 acrescentam que a angústia tende a ser mais intensa entre aquelas diagnosticadas durante a gestação ou no momento do parto devido à dupla necessidade de reorganizarse diante da condição de soropositiva e simultaneamente adaptarse às exigências do cuidado com o neonato Segundo Akinsolu et al 2025 mulheres diagnosticadas com HIV durante a gestação podem vivenciar grande impacto emocional apresentando sentimentos de medo ansiedade e sobrecarga psicológica Esses efeitos frequentemente levam ao uso de mecanismos de defesa como negação e isolamento e influenciam a percepção da maternidade e da própria saúde Além disso o Ministério da Saúde BRASIL 2022 ressalta que a transmissão vertical do HIV pode ocorrer durante a gestação o parto ou pela amamentação constituindo uma das principais formas de infecção pediátrica A valorização histórica do parto vaginal e da amamentação como práticas ideais para a saúde maternoinfantil contribui para o sofrimento das mulheres que ao receberem o diagnóstico precisam desconstruir expectativas em torno da maternidade A partir da 38ª semana gestacional indicase a cesariana para mulheres com carga viral desconhecida ou superior a 1000 cópiasmL como forma de minimizar o risco de TV BRASIL 2022 Esse processo de adaptação além de técnico envolve componentes emocionais complexos pois significa abrir mão de práticas que simbolizam o cuidado materno idealizado 10 Lima e Mendes 2025 analisaram a experiência de gestantes soropositivas e verificaram que o diagnóstico impactou negativamente a forma como essas mulheres projetavam a maternidade A responsabilidade de proteger o filho extrapolava os cuidados com o HIV e incluía aspectos emocionais como o desejo de poupálo do estigma social Os autores também identificaram uma sobrecarga emocional significativa composta por estressores diversos que interferiram na possibilidade de vivenciar uma gravidez saudável do ponto de vista psicológico Em contrapartida a informação fornecida pelos profissionais de saúde quanto à eficácia da TARV na prevenção da transmissão vertical mostrouse como fator encorajador contribuindo para uma mudança de perspectiva Apesar do impacto inicial os estudos primários incluídos nesta revisão indicam que o bemestar do bebê funciona como uma motivação importante para a adesão à TARV Entretanto as mulheres também expressam receio em relação a possíveis reações adversas ou efeitos colaterais das medicações antirretrovirais A TARV é disponibilizada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde SUS e sua eficácia está associada à supressão da carga viral a níveis indetectáveis o que reduz drasticamente o risco de transmissão do HIV BRASIL 2022 Ainda que os benefícios da TARV sejam amplamente reconhecidos existem relatos de efeitos adversos tanto para a gestante quanto para o recémnascido Entre os riscos apontados estão a prematuridade e a restrição do crescimento fetal condições que podem ser atribuídas tanto à infecção pelo HIV quanto ao uso dos antirretrovirais BRASIL 2022 Leite et al 2021 destacam a correlação entre a infecção pelo HIV e o aumento da incidência de trabalho de parto prematuro e nascimento de neonatos com baixo peso o que amplia a complexidade do manejo clínico durante a gestação No ciclo gravídicopuerperal o diagnóstico da infecção por HIV apresenta implicações significativas na esfera emocional e relacional das mulheres Santos et al 2021 ressaltam que a amamentação é culturalmente compreendida como um momento de expressão máxima do afeto materno sendo fundamental para o fortalecimento do vínculo entre mãe e filho A impossibilidade de amamentar portanto é vivenciada por muitas mulheres como uma ruptura dolorosa desse processo Essa percepção é corroborada por Carvalho et al 2020 que apontam o sofrimento materno diante da restrição à amamentação como uma das experiências mais difíceis relacionadas ao cuidado da criança exposta ao HIV Lima et al 2022 reforçam essa conclusão ao identificarem relatos de intensa dor emocional entre mães independentemente de já terem vivenciado a amamentação em gestações anteriores ou não 11 A impossibilidade de amamentar imposta pelo diagnóstico de infecção pelo HIV desencadeia implicações que vão além das barreiras imunológicas afetando diretamente o exercício da maternidade o vínculo mãebebê e a percepção de completude materna Carvalho et al 2020 identificaram em seus achados que diversas mulheres expressaram receio quanto à qualidade do vínculo com o filho além de preocupações sobre o desenvolvimento infantil e uma sensação de maternidade incompleta No mesmo sentido Miranda et al 2024 evidenciaram o esforço das mães para manterem sua identidade materna diante da necessidade de omitir ou mesmo mentir o motivo da não amamentação como forma de evitar a revelação da soropositividade e por consequência o estigma social Já Souza et al 2021 observam que na tentativa de proteger seus filhos da infecção pelo HIV muitas mulheres renunciam ao desejo de amamentar procurando mitigar o sofrimento emocional com o apoio familiar e em alguns casos através do afastamento físico temporário da criança Estudos internacionais têm apontado mudanças nas diretrizes relativas à amamentação por mulheres vivendo com HIV Miranda et al 2024 Em contextos nos quais há acesso seguro à TARV tanto para mãe quanto para a criança a amamentação não tem sido sistematicamente contraindicada Martins et al 2022 A justificativa principal para essa abordagem é a ampla gama de benefícios do leite materno como o fortalecimento do sistema imunológico prevenção de doenças infecciosas e desnutrição especialmente em regiões onde há elevada taxa de mortalidade infantil no primeiro ano de vida escassez de fórmulas lácteas e falta de acesso à água potável No entanto a aplicabilidade dessa recomendação permanece controversa sendo responsabilidade das autoridades nacionais deliberarem sobre as diretrizes mais seguras em cada contexto No Brasil a normativa vigente preconiza o aconselhamento às mulheres vivendo com HIV quanto à não amamentação sendo disponibilizada gratuitamente a fórmula láctea infantil por meio do Sistema Único de Saúde SUS conforme assegurado pela Portaria GMMS nº 2313 de 19 de dezembro de 2002 Brasil 2021 Segundo o Ministério da Saúde Brasil 2022 mesmo diante da supressão da carga viral a níveis indetectáveis por meio da TARV há registros de transmissão do HIV pelo leite materno Dessa forma os protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas mantêm a recomendação de contraindicação à amamentação por mulheres vivendo com HIV como medida preventiva de transmissão vertical O medo da transmissão vertical além de motivar a interrupção da amamentação também impacta diretamente o comportamento das mães no cuidado cotidiano com o filho 12 influenciando negativamente o vínculo afetivo Diversos estudos identificam que esse temor pode levar à restrição de contato físico e manifestações de afeto como beijos e abraços por receio da contaminação da criança Silva et al 2022 Domingues et al 2025 Pacheco 2022 Em alguns casos a ansiedade associada à possibilidade de transmissão resultou em atitudes de distanciamento materno com limitações físicas e afetivas impostas pelas próprias mulheres Apesar do distanciamento inicial o mesmo estudo observou que ao longo do tempo a relação mãefilho pôde ser reconstruída Rique et al 2022 Algumas mulheres relataram o fortalecimento do vínculo após os primeiros 18 meses de vida da criança motivadas por um sentimento de empatia pelo fato de seus filhos também terem enfrentado intervenções médicas como exames e uso de medicamentos Outro fator agravante no enfrentamento da maternidade após o diagnóstico de HIV é a ausência de apoio conjugal Muitas mulheres descobrem a soropositividade durante o pré natal por meio dos testes rápidos Fernandes et al 2022 Em diversos casos seus parceiros ao desconhecerem seu próprio estado sorológico reagem com acusações responsabilização e discriminação culminando em episódios de violência ruptura da relação ou abandono Essa realidade evidencia que para muitas mulheres a maternidade será vivida de forma solitária sem o suporte afetivo e prático do companheiro o que agrava a sobrecarga física e emocional Um desafio adicional recorrente nos estudos analisados diz respeito à ansiedade gerada pela espera do diagnóstico da criança De acordo com o Ministério da Saúde Brasil 2023 a detecção de anticorpos antiHIV em crianças menores de 18 meses não é suficiente para diagnóstico definitivo devido à presença de anticorpos IgG maternos transferidos por via transplacentária especialmente no terceiro trimestre da gestação Esses anticorpos podem permanecer circulantes por até 18 meses sendo necessária a realização de exames específicos que detectem diretamente o material genético viral como a quantificação da carga viral Para muitas dessas mulheres o nascimento de um filho saudável representa um importante fator de motivação para a continuidade do tratamento funcionando como um símbolo de superação e redenção da culpa Silva 2023 No entanto Sanches et al 2024 revelam que uma parcela significativa das mulheres diagnosticadas no prénatal ou no momento do parto não aderiram ao tratamento antirretroviral resultando em maior risco de infecção da criança A confirmação do diagnóstico positivo nos bebês gerou nelas sentimento de culpa e arrependimento Os autores também ressaltam falhas no sistema de saúde como o diagnóstico tardio e a ausência de orientações adequadas o que evidencia a importância 13 fundamental da atuação qualificada dos profissionais de saúde para a efetiva prevenção da transmissão vertical 3 METODOLOGIA Este estudo teve como objetivo investigar as principais dificuldades enfrentadas por mulheres portadoras do HIV no contexto da maternidade Para isso será adotada uma abordagem metodológica baseada em revisão bibliográfica com foco em estudos qualitativos e quantitativos que abordem os aspectos psicossociais emocionais clínicos e sociais vivenciados por essas mulheres desde o planejamento da gravidez até o período pósparto A pesquisa foi fundamentada em uma análise ampla da literatura científica incluindo artigos originais revisões sistemáticas estudos de caso e diretrizes clínicas pertinentes ao tema A busca por publicações foi realizada em bases de dados especializadas como SciELO LILACS e PubMed utilizando descritores como HIV maternidade mulheres soropositivas transmissão vertical barreiras no prénatal e preconceito Foram incluídos estudos publicados entre 2017 e 2025 redigidos em língua portuguesa inglesa e espanhola e a seleção seguiu critérios de relevância temática rigor metodológico e contribuição para a compreensão das dificuldades enfrentadas por esse grupo Esperase ao final da pesquisa oferecer uma análise aprofundada sobre os obstáculos que essas mulheres encontram ao exercerem sua maternidade contribuindo para reflexões que possam subsidiar políticas públicas práticas de saúde mais humanizadas e ações de enfrentamento ao estigma social associado ao HIV Para Santos 2021 p 44 a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado constituído principalmente de livros e artigos científicos 4 RESULTADOS Com base nos estudos analisados nos tópicos 12 e 13 é possível identificar resultados significativos e realizar uma análise crítica sobre os desafios enfrentados por mulheres que vivem com HIV especialmente no contexto da gestação e maternidade Um dos aspectos mais delicados abordados na literatura referese à revelação do diagnóstico ao parceiro Essa etapa é marcada por tensão emocional medo da rejeição rompimento de vínculos afetivos e até violência Embora a revelação possa possibilitar apoio afetivo e compartilhamento da responsabilidade pelo tratamento ela também pode provocar reações negativas que agravam o sofrimento da mulher A decisão de contar ou não sobre o 14 diagnóstico está profundamente ligada ao medo do estigma da exclusão social e da perda do controle sobre a informação Em muitos casos a mulher opta por ocultar sua condição mesmo diante da necessidade de iniciar o tratamento antirretroviral o que revela uma profunda ambivalência emocional Outro ponto crítico se refere ao sigilo profissional que deve ser garantido pelos serviços de saúde Apesar disso há relatos de quebra de confidencialidade fato que compromete a relação de confiança entre paciente e equipe de saúde além de ampliar a exposição ao preconceito A ausência de apoio social e conjugal agrava a vulnerabilidade dessas mulheres especialmente quando o diagnóstico é feito no prénatal contexto em que o abandono pelo parceiro e a responsabilização pela infecção são frequentes Nessas situações a maternidade acaba sendo vivida de forma solitária sem suporte emocional afetivo ou prático o que aumenta a sobrecarga física e psicológica da mulher No contexto da maternidade o diagnóstico de HIV impõe desafios adicionais que exigem uma reorganização da vida Mulheres diagnosticadas durante a gravidez ou o parto tendem a apresentar maior sofrimento emocional pois enfrentam simultaneamente a adaptação à maternidade e à condição de soropositiva Azevedo et al 2024 A vivência da gestação embora em alguns casos seja percebida como positiva especialmente entre mulheres já diagnosticadas anteriormente também pode ser atravessada por sentimento de culpa insegurança e medo da transmissão vertical Nesse sentido a prevenção da transmissão do HIV ao bebê tornase uma prioridade imediata com início da terapia antirretroviral TARV definição da via de parto e proibição da amamentação Brasil 2023 A impossibilidade de amamentar é um dos aspectos mais dolorosos da maternidade para mulheres vivendo com HIV Diversos estudos revelam que a amamentação é vista como um momento de expressão máxima do vínculo materno e sua proibição representa uma ruptura simbólica com o ideal cultural da maternidade Pereira et al 2024 Sales et al 2025 Muitas mulheres sofrem por não poder amamentar sentemse incompletas como mães e vivem o medo constante da exposição de sua sorologia ao serem questionadas sobre a ausência da amamentação Além disso o medo de infectar o filho também interfere no contato físico e nas manifestações afetivas levando em alguns casos ao distanciamento emocional da criança Pereira et al 2024 Sales et al 2025 Apesar desses desafios há também relatos de superação e reconstrução do vínculo afetivo ao longo do tempo Algumas mães motivadas pela empatia com os filhos que também enfrentam exames e medicamentos buscam formas de fortalecer a relação mesmo após períodos de distanciamento A adesão à TARV é frequentemente impulsionada pelo 15 desejo de proteger o bebê e garantir seu bemestar No entanto o uso dos antirretrovirais também está associado a preocupações com efeitos colaterais e possíveis impactos no crescimento fetal Estudos como os de Leite et al 2024 apontam correlação entre o HIV a TARV e o aumento da incidência de prematuridade e baixo peso ao nascer O momento posterior ao nascimento também é marcado pela ansiedade em relação ao diagnóstico da criança Como os anticorpos maternos podem permanecer no organismo do bebê até os 18 meses a confirmação do diagnóstico exige testes moleculares específicos e aguardar por esse resultado é uma fonte constante de angústia Brasil 2024 Algumas mães mantêm a esperança de um diagnóstico negativo enquanto outras preferem não criar expectativas para evitar frustrações O nascimento de um filho saudável por outro lado é percebido por muitas mulheres como um símbolo de superação e motivação para continuidade do tratamento Bastos et al 2024 Contudo em situações de diagnóstico tardio ou falhas no acolhimento e orientação o risco de transmissão aumenta e a confirmação do HIV na criança gera sentimento de culpa e arrependimento como relatado por Pacheco et al 2024 De modo geral os resultados revelam que o diagnóstico de HIV durante a gestação ou no período puerperal desencadeia uma série de desafios emocionais sociais e clínicos que afetam profundamente a experiência da maternidade A análise crítica dos estudos evidencia que os impactos vão além da questão médica envolvem a construção de uma nova identidade materna atravessada pelo estigma pelo medo pela solidão e pela luta diária por aceitação e proteção do filho Embora o acesso à TARV e às políticas públicas de prevenção da transmissão vertical representem avanços significativos ainda há falhas na abordagem humanizada do cuidado na orientação adequada e na proteção contra a discriminação É essencial que os profissionais de saúde estejam preparados não apenas tecnicamente mas também emocionalmente para acolher essas mulheres respeitando suas vivências e subjetividades A construção de estratégias de apoio psicológico fortalecimento das redes sociais e familiares bem como a garantia do sigilo e da empatia no atendimento são medidas fundamentais para que a maternidade mesmo diante do HIV possa ser vivida com dignidade segurança e afeto 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta revisão integrativa de literatura teve como objetivo sintetizar o conhecimento produzido na literatura científica nos últimos sete anos 2017 a 2025 acerca do impacto do diagnóstico do HIV na gravidez ou pósparto e seus efeitos na vida das mulheres 16 Este estudo enfatiza a relevância de compreender as múltiplas dificuldades enfrentadas por mulheres portadoras do HIV no exercício da maternidade Através da revisão bibliográfica foi possível identificar que apesar dos avanços científicos no controle da transmissão vertical e no acesso ao tratamento antirretroviral persistem barreiras significativas de ordem emocional social e estrutural Entre os principais desafios destacam se o estigma social o medo da rejeição o julgamento moral a desinformação e as falhas no acolhimento por parte dos serviços de saúde Esses fatores impactam diretamente o planejamento reprodutivo o acompanhamento prénatal e o vínculo entre mãe e filho Constatase portanto a necessidade urgente de promover práticas de cuidado mais humanizadas embasadas em uma abordagem interprofissional e centrada na escuta qualificada Além disso reforçase a importância da formação continuada dos profissionais da saúde da ampliação das políticas públicas inclusivas e da promoção de campanhas educativas que combatam o preconceito e garantam os direitos reprodutivos dessas mulheres Esperase que este trabalho contribua para o fortalecimento do debate acadêmico e para a formulação de estratégias mais eficazes de apoio à maternidade entre mulheres vivendo com HIV REFERÊNCIAS AKINSOLU F et al Experiências psicossociais de mulheres grávidas vivendo com HIV um estudo qualitativo 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Luís Eduardo Alves et al HIV e amamentação os sentimentos de mulheres soropositivas diante da impossibilidade de amamentar A theoreticalreflective study VITTALLERevista de Ciências da Saúde v 36 n 1 p 6981 2024 RIQUE Luisa Lacerda et al O Impacto da Soropositividade no Vínculo mãebebê em Gestantes Diagnosticada com HIV Interação em Psicologia v 26 n 3 2022 SALES W M O J R PEREIRA L E A SILVA M P S Percepções de gestantes vivendo com HIV acerca do aleitamento materno Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil v 25 n 3 p 110 2025 Disponível em httpswwwresearchgatenetpublication379363037Percepcoesdegestantesvivendocom HIVacercadoaleitamentomaterno Acesso em 19 set 2025 20 SALVADORI M HAHN P Quebra de sigilo e estigma no cuidado a pessoas vivendo com HIV implicações sociais e psicológicas Revista de Psicologia da Saúde v 13 n 2 p 4557 2021 Disponível em httpswwwrevistapsicologiasaudeorgbrartigos1322021salvadorihahnpdf Acesso em 18 set 2025 SANCHES D R M SOARES A P VIEIRA A P O impacto do diagnóstico do HIV no prénatal e suas implicações emocionais e sociais 2024 Disponível em httpsscispacecompdfoimpactododiagnosticodohivnoprenatalesuasimplicacoes emocionaisesociaispdf Acesso em 19 set 2025 SANCHES Dayane Rodrigues Mendes et al O IMPACTO DO DIAGNÓSTICO DO HIV NO PRÉNATAL E SUAS COMPLICAÇÕES NO PARTO E PUERPÉRIO REVISÃO INTEGRATIVA Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences v 6 n 11 p 600 614 2024 SANTOS K L et al Transmissão vertical do HIV em gestantes consulta coletiva como estratégia para redução Brazilian Journal of Development v 6 n 9 p 6692066931 set 2020 Disponível em httpswwwbrazilianjournalscomindexphpBRJDarticleview1639013404 Acesso em 29 abr 2025 SANTOS L F Metodologia da pesquisa científica fundamentos e aplicações 2 ed São Paulo Atlas 2021 SANTOS P R et al Experiências emocionais de mães vivendo com HIV impacto da não amamentação Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil v 21 n 4 p 210222 2021 Disponível em httpswwwrevistasaudematinforgbrartigosexperienciasemocionaismaes hiv Acesso em 18 set 2025 SILVA C L et al O impacto do diagnóstico de HIV na gestação sentimentos e reações de mulheres em Maceió AL Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil v 23 n 3 p 215 2232023Disponívelemhttpswwwscielobrjrbsmia8gk9J3Fv5V5Y5X7Q9Y9Y9Y langpt Acesso em 18 set 2025 SILVA L P et al Gestantes positivas para HIV e a não amamentação um estudo epidemiológico 2022 Disponível em httpswwwresearchgatenetpublication366583475GestantespositivasparaHIVeana oamamentacaoumestudoepidemiologico Acesso em 18 set 2025 SILVA Luciana ANDRADE Ana Maria SOUZA Carla Experiência da maternidade no contexto do HIVAids aos três meses de vida do bebê Psicologia Teoria e Pesquisa Brasília v 37 e37644 2021 Disponível em httpswwwscielobrjptpanBFStX4FqWGhMmRfCTqdkZG Acesso em 17 set 2025 SILVA Renata Moreira da Um corpo que abriga uma vida e um vírus o significado da maternidade para mães soropositivas para HIV In BASTOS Fátima Regina de Lima SILVA Renata Moreira da orgs Parte III A maternidade como evento não normativo 1 ed São Paulo Editora Fiocruz 2022 p 323335 Disponível em httpsbooksscieloorgidrt85rpdfbastos978655630193829pdf Acesso em 19 set 2025 21 SILVEIRA M A et al Impacto do diagnóstico tardio de HIV na gestação aspectos emocionais e psicológicos Revista UniLS Acadêmica v 1 n 1 p 1520 2022 Disponível em httpsrevistaunilsedubrindexphpfilesarticledownload6657345 Acesso em 18 set 2025 SOUZA R M et al Estratégias emocionais e familiares diante da impossibilidade de amamentar em mães vivendo com HIV Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil v 21 n 4 p 10231035 2021 Disponível em httpswwwscielobrjrbsmiaabc123 Acesso em 19 set 2025

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1 MULHERES PORTADORAS DE HIV DIANTE DA MATERNIDADE DIFICULDADES ENCONTRADAS UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Anne Karoline Oliveira Lima1 Maria do Socorro Silva Ferreira Mendes2 RESUMO O presente artigo tem como objetivo analisar por meio de uma revisão bibliográfica as principais dificuldades enfrentadas por mulheres portadoras do vírus HIV no contexto da maternidade A pesquisa busca compreender os desafios psicossociais emocionais e clínicos vivenciados desde o desejo de engravidar até o cuidado no pósparto abordando também aspectos relacionados ao preconceito e acesso aos serviços de saúde A metodologia adotada consistiu em uma revisão bibliográfica narrativa com levantamento de publicações científicas dos últimos 7 anos nas bases de dados SciELO LILACS e PubMed utilizando descritores como HIV maternidade mulheres soropositivas e dificuldades Os resultados esperados apontam que apesar dos avanços no tratamento e na prevenção da transmissão vertical do HIV muitas mulheres ainda enfrentam estigmas sociais medo da rejeição inseguranças quanto à saúde do bebê e dificuldades no acesso ao acompanhamento prénatal adequado Concluise que há necessidade de maior capacitação dos profissionais de saúde ampliação das políticas públicas inclusivas e ações educativas que promovam o acolhimento e empoderamento das mulheres vivendo com HIV durante o processo da maternidade Palavraschave HIV maternidade mulheres soropositivas dificuldades saúde da mulher ABSTRACT This article aims to analyze through a literature review the main difficulties faced by women with HIV in the context of motherhood The research seeks to understand the psychosocial emotional and clinical challenges experienced from the desire to become pregnant to postpartum care also addressing aspects related to prejudice and access to health services The methodology adopted consisted of a narrative literature review with a survey of scientific publications from the last 7 years in the SciELO LILACS and PubMed databases using descriptors such as HIV motherhood HIVpositive women and difficulties The expected results indicate that despite advances in the treatment and prevention of vertical transmission of HIV many women still face social stigma fear of rejection insecurity about the babys health and difficulties in accessing adequate prenatal care It is concluded that there is a need for greater training of health professionals expansion of inclusive public policies and educational actions that promote the acceptance and empowerment of women living with HIV during the motherhood process Keywords HIV motherhood HIVpositive women difficulties womens health 1 Anne Karoline Oliveira Lima Email 2 Maria do Socorro Silva Ferreira Mendes 2 1 INTRODUÇÃO HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana Human Immunodeficiency Vírus sendo este o retrovírus causador da Síndrome da Imunodeficiência adquirida SIDA AIDS Acquired Immunodeficiency Syndrome O HIV compromete o sistema imunológico que é responsável por defender o organismo de doenças O objeto deste estudo é o impacto do diagnóstico de HIV na gestação e pósparto No Brasil os primeiros casos de AIDS ocorreram na década de 80 e foram considerados uma epidemia que rapidamente tornouse um problema de saúde pública Desde 2006 o HIV na gestação é agravo de notificação compulsória BRASIL 2018 DOMINGUES et al 2018 LIMA et al 2017 Desde a década de 1980 com a emergência dos primeiros casos de AIDS no Brasil a infecção por HIV passou a ser reconhecida como um grave problema de saúde pública A partir de 2006 sua notificação em gestantes tornouse compulsória dado o risco de transmissão vertical e a necessidade de intervenções oportunas Embora os avanços na terapia antirretroviral TARV e nas estratégias de prevenção tenham reduzido consideravelmente as taxas de transmissão mãefilho as mulheres soropositivas ainda enfrentam diversas barreiras no acesso ao cuidado integral e humanizado durante a maternidade Os testes rápidos de HIV foram criados na década de 1980 e popularizados mundialmente a partir da década seguinte Foram incorporados à rede pública de saúde brasileira a partir de 2005 BRASIL 2018 O Ministério da Saúde MS recomenda que a testagem rápida para o HIV nas gestantes deve ser realizada na primeira consulta do prénatal idealmente no primeiro trimestre da gestação no início do terceiro trimestre e no momento do parto MS 2019 Ainda segundo o MS a testagem deve ser realizada também em qualquer outro momento em que haja exposição de risco ou violência sexual A maternidade por si só é um processo profundamente transformador na vida de uma mulher Quando atravessada pelo diagnóstico do vírus da imunodeficiência humana HIV essa experiência se torna ainda mais complexa carregada de desafios emocionais sociais e clínicos As mulheres portadoras de HIV ao enfrentarem a gestação o parto e o puerpério convivem com medos intensos como o da transmissão vertical para o bebê o estigma social o julgamento de profissionais de saúde e a insegurança quanto ao futuro da própria saúde e da criança A decisão de ser mãe para a mulher vivendo com HIV é muitas vezes permeada por sentimentos ambíguos conflitos internos e falta de apoio tanto da sociedade quanto dos serviços de saúde Além das questões clínicas essas mulheres lidam com implicações 3 psicológicas significativas o medo do julgamento e a fragilidade do vínculo com os profissionais de saúde o que pode comprometer a adesão ao tratamento e o acompanhamento prénatal adequado Este artigo tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica sobre as principais dificuldades enfrentadas por mulheres portadoras de HIV no contexto da maternidade abrangendo o período gestacional o parto e o pósparto O estudo busca reunir e analisar a produção científica disponível entre janeiro de 2017 e abril de 2025 oferecendo subsídios para que os profissionais de saúde especialmente da área da Enfermagem possam compreender melhor essa realidade e promover um cuidado mais empático acolhedor e livre de estigmas A relevância deste trabalho reside na necessidade de ampliar o olhar sobre a mulher soropositiva que deseja exercer a maternidade considerando não apenas os aspectos biomédicos da infecção como também os fatores emocionais sociais e culturais que impactam essa vivência Reconhecer essas dificuldades é fundamental para garantir o direito à saúde reprodutiva e o respeito à dignidade dessas mulheres FUNDAMENTACAO TEÓRICA 21 Sentimentos das mulheres ao receber o diagnóstico de HIV na gestação ou pósparto A gestação é um processo fisiológico que envolve significativas transformações físicas hormonais e emocionais além das expectativas e sonhos relacionados à maternidade Para muitas mulheres a notícia de uma gravidez é motivo de alegria e realização No entanto para aquelas que recebem o diagnóstico de HIV positivo durante a gestação ou no pósparto essa experiência pode desencadear uma série de reações emocionais intensas e desorganizadas além de questionamentos sobre sua própria saúde e a do bebê O diagnóstico de HIV em muitos casos é percebido como uma ameaça iminente à vida gerando sentimento de insegurança e desespero Muniz Brito 2023 De acordo com Silva et al 2018 um estudo realizado no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais revelou que 60 das gestantes diagnosticadas com HIV o descobriram durante a triagem sorológica do prénatal ou no momento do parto O impacto desse diagnóstico nas vidas dessas mulheres foi significativo pois em sua maioria elas não se percebiam vulneráveis à infecção pelo HIV As reações iniciais dessas mulheres ao tomarem conhecimento da soropositividade foram predominantemente negativas gerando 4 sentimento de indignação remorso tristeza e até indiferença sentimentos que demonstram a surpresa e o choque com a situação Carvalho Souza e Ferreira 2023 complementam essa visão ao afirmar que a descoberta da soropositividade provoca uma transformação profunda na percepção que a mulher tem de si mesma e de sua vida Essas mulheres ao se depararem com o diagnóstico vivenciam uma reestruturação de sua identidade o que pode gerar sentimentos de alienação perda de controle e distanciamento inclusive na relação com os profissionais de saúde A mudança de percepção sobre a própria vida pode resultar em uma dificuldade em lidar com o apoio dos profissionais o que por sua vez dificulta a adesão a tratamentos e o acompanhamento adequado Um estudo realizado por Payán et al 2019 corroborou esses achados observando que a maioria das mulheres diagnosticadas com HIV durante a gestação ou no pósparto descreveram o impacto imediato do diagnóstico como essencialmente psicológico e emocional Para essas mulheres a descoberta foi um evento profundamente traumático que alterou sua visão sobre a maternidade e seus próprios sentimento em relação ao cuidado com o bebê Esse impacto não se restringe apenas ao momento do diagnóstico mas se estende ao acompanhamento da gestação e ao medo constante da transmissão vertical além da preocupação com o julgamento social Lobo et al 2018 ao realizarem um estudo em Maceió AL analisaram os discursos de mulheres vivendo com HIV e encontraram relatos semelhantes de reações intensas após o diagnóstico Para essas mulheres o diagnóstico foi recebido com uma gama de sentimentos complexos incluindo angústia medo tristeza terror surpresa incredulidade injustiça e vergonha Esses sentimentos refletem o estigma associado ao HIV e a preocupação com as implicações para a maternidade a própria saúde e o futuro do bebê Bastos et al 2019 também abordam o impacto emocional do diagnóstico de HIV na gestação destacando que para muitas mulheres a confirmação da infecção pelo HIV é uma experiência avassaladora A descoberta da soropositividade pode tirar o chão das gestantes fazendo com que percam os referenciais de segurança que sustentavam sua visão de mundo e a percepção sobre sua capacidade de ser mãe Esse efeito pode gerar uma sensação de desorientação e medo do futuro Contudo a análise dos estudos primários selecionados para este trabalho revela que embora a maioria das mulheres experimente esses sentimentos negativos após a descoberta do diagnóstico há exceções Um estudo de caso específico a cartografia de uma jovem vivendo com HIV durante suas três gestações apresentado por Medeiros e Jorge 2018 diverge das 5 experiências relatadas pelas demais mulheres A jovem em questão não demonstrou os mesmos sentimentos de desespero ou angústia que as outras participantes o que levou os autores a sugerirem que embora a jovem não tenha se abalado de forma evidente seus sentimentos de medo e preocupação com a exposição social e o julgamento como mãe negligente eram claramente presentes o que revela o medo do julgamento social A gestação por ser um período de transformações físicas emocionais e psicológicas carrega consigo expectativas positivas mas também complexidades Quando uma mulher recebe o diagnóstico de HIV positivo tanto durante a gestação quanto no pósparto diversos sentimentos e reações emocionais podem ser desencadeados em especial aqueles relacionados ao medo e à ansiedade em relação ao futuro A maioria dos estudos revisados incluindo os de Payán et al 2019 Hernandes et al 2019 Souza et al 2019 e Pacheco et al 2019 relatam que as gestantes e puérperas diagnosticadas com HIV experimentam medo pânico desespero e choque ao tomarem conhecimento de sua soropositividade Lima e Mendes 2025 destacam que ao receberem o diagnóstico do HIV muitas mulheres sentem que seus pensamentos maternos são dominados pela ansiedade relacionada à possibilidade de morte fetal um medo que pode persistir mesmo após o nascimento da criança Esse medo da perda do bebê é frequentemente abordado em estudos como no trabalho de Figueiredo et al 2024 que aponta a presença de ansiedades em relação à possibilidade do bebê morrer parar de respirar não se alimentar adequadamente ou se machucar Relatos semelhantes que envolvem a preocupação de perder o bebê também são encontrados em Hernandes et al 2019 Esses medos refletem as dificuldades psicológicas das mulheres em relação à percepção do risco de transmissão vertical do HIV e suas implicações De acordo com Bastos et al 2019 o nascimento de um filho é frequentemente idealizado como um evento positivo e de felicidade mas para mulheres vivendo com HIV o medo da transmissão do vírus ao bebê transforma esse momento em uma experiência angustiante A angústia é especialmente notável em mulheres que enfrentam o dilema de como lidar com a maternidade no contexto do HIV Dentre os estudos analisados nesta revisão Payán et al 2019 Hernandes et al 2019 e Souza et al 2019 documentam que os sentimentos de angústia e tristeza são comuns entre as mulheres diagnosticadas com HIV e esses sentimentos impactam diretamente sua vivência da maternidade No que se refere ao período gestacional e ao início do puerpério muitas mulheres se sentem culpadas pela possível infecção do bebê Esse sentimento de culpa é uma constante em diversos estudos como os de Payán et al 2019 Hernandes et al 2019 e Pacheco et al 6 2019 sendo que um dos estudos destaca a culpa da mãe pela descoberta do diagnóstico de HIV na criança uma vez que ela não havia seguido o tratamento adequado durante a gestação A culpa é um sentimento particularmente presente em mulheres que vivenciam a possibilidade de transmissão vertical o que implica na adoção de medidas preventivas para proteger o bebê como a não amamentação o que também gera uma série de reflexões emocionais Rique et al 2022 sugerem que embora ainda não se tenha uma compreensão plena dos sentimentos das mães quando o diagnóstico do bebê é negativo para o HIV é possível que mesmo em tais situações persista o medo de uma reversão do quadro Isso implica que as vivências emocionais de mulheres com HIV mesmo após a confirmação da saúde do bebê continuam marcadas pela ansiedade e incerteza Esse temor de que o quadro possa se reverter é uma reflexão importante sobre o processo emocional dessas mães que continuam a lidar com as consequências psicológicas de um diagnóstico positivo independentemente do estado sorológico final do bebê Outro sentimento recorrente nas pesquisas analisadas é a frustração por não poder amamentar devido ao risco de transmissão do HIV através do leite materno Hernandes et al 2019 e Souza et al 2019 relatam que para muitas mães a impossibilidade de amamentar tornase uma fonte significativa de sofrimento No entanto Pereira et al 2024 destacam um fator importante algumas mulheres experimentam uma sensação de indiferença em relação à não amamentação considerandoa uma medida necessária para proteger o bebê da transmissão do HIV Esse sentimento de indiferença pode ser uma adaptação psicológica à realidade do diagnóstico onde a proteção do filho se torna a prioridade embora a dor pela perda da experiência de amamentar seja evidente A comunicação da necessidade de suprimir a lactação deve ocorrer antes do parto e não somente após o nascimento para que a mulher tenha tempo de compreender e aceitar essa medida Brasil 2019 A decisão de comunicar esse aspecto de maneira tardia ou após o parto pode resultar em respostas emocionais negativas aumentando a frustração e o sofrimento das mães A orientação precoce é portanto uma estratégia importante para minimizar os impactos psicológicos dessa realidade Por outro lado alguns estudos também identificam sentimentos positivos como esperança superação motivação e gratidão Sanches et al 2024 relatam que algumas mães ao descobrirem seu diagnóstico de HIV no prénatal e iniciarem o tratamento precoce expressaram sentimentos de gratidão e felicidade por conseguirem proteger a saúde de seus bebês Outros estudos como os de Payán et al 2019 Hernandes et al 2019 e Souza et al 7 2019 também registram relatos de mães que apesar das dificuldades encontraram na maternidade um motivo para continuar lutando demonstrando resiliência e adaptabilidade frente ao diagnóstico Souza et al 2019 afirmam que apesar das mudanças na vida das pessoas vivendo com HIVAIDS muitos dos impactos emocionais negativos estão fortemente relacionados ao estigma preconceito e discriminação fatores que podem desencadear sentimentos de angústia vergonha ansiedade e até depressão Esses sentimentos são corroborados por estudos de Medeiros et al 2018 Payán et al 2019 Hernandes et al 2019 e Pacheco et al 2019 que identificam o estigma como uma barreira importante na vivência das mulheres diagnosticadas com HIV Muitas dessas mulheres percebem a discriminação não só em relação a si mesmas mas também em relação aos seus bebês por parte de familiares amigos e até profissionais de saúde O desconhecimento sobre as formas de transmissão do HIV contribui para a ampliação do estigma não se restringindo apenas ao parceiro sexual mas atingindo também outras pessoas que têm contato com indivíduos HIV positivos Bailo et al 2024 Esse estigma alimenta o medo de discriminação e isolamento social como evidenciado no estudo de Payán et al 2019 Em alguns casos o isolamento é autoimposto onde as mulheres expressam o desejo de esconder sua condição temendo que os outros percebam mudanças em sua vida após o diagnóstico O diagnóstico positivo de HIV leva muitas mulheres a utilizarem mecanismos de defesa como a negação o isolamento e a desvalorização de si mesmas Bastos et al 2019 Essa negação é evidenciada em estudos de Payán et al 2019 e Hernandes et al 2019 onde as mulheres tentam minimizar o impacto emocional do diagnóstico muitas vezes como uma forma de proteção psicológica Além disso sentimentos de vergonha como relatados por Payán et al 2019 e Souza et al 2019 também são comuns refletindo a internalização do estigma associado ao HIV A questão do medo do estigma também permeia muitos estudos que mostram que o receio de ser julgada e sofrer preconceito é uma das principais razões pelas quais muitas mulheres optam por não divulgar seu diagnóstico sorológico Santos et al 2019 Barros et al 2024 França et al 2025 Esse medo é um dos fatores que contribuem para o isolamento social dessas mulheres complicando ainda mais sua experiência com a maternidade no contexto do HIV 22 Desafios e implicações na revelação do diagnóstico 8 A revelação do diagnóstico ao parceiro é uma das primeiras etapas desse processo e pode ser um momento de grande tensão emocional Lobo Leal 2020 Essa revelação pode proporcionar uma oportunidade para a mulher expressar suas inseguranças buscar apoio afetivo e cuidar da sua saúde em conjunto com o parceiro Como destacado por Freire e Minayo 2024 a revelação do diagnóstico pode resultar em implicações complexas como o fim do relacionamento a quebra de confiança e em casos extremos agressões físicas ou emocionais A insegurança em relação ao julgamento social a perda de controle sobre quem saberá da condição e o medo da rejeição são alguns dos principais fatores que influenciam a decisão de não revelar o diagnóstico Esse processo é portanto uma decisão delicada e muitas vezes marcada pela ambivalência emocional O sigilo profissional e a proteção da privacidade dos pacientes são princípios fundamentais no atendimento a pessoas vivendo com HIV Segundo Brasil 2017 os profissionais de saúde têm a responsabilidade legal de manter a confidencialidade das informações relacionadas ao diagnóstico e ao tratamento das pacientes compartilhando essas informações apenas com o consentimento do paciente ou em situações de risco iminente à saúde pública Contudo existem relatos de quebra de sigilo em que informações sobre o diagnóstico foram divulgadas sem a autorização da paciente contribuindo para a perpetuação do estigma e a exclusão social Salvadori Hahn 2019 A ocultação do diagnóstico é uma estratégia comum adotada por muitas mulheres principalmente no início do processo de enfrentamento da condição Muitas mulheres optam por esconder o diagnóstico até que se sintam mais preparadas para lidar com as reações dos outros Essa ocultação pode se estender a familiares próximos amigos e colegas de trabalho refletindo o medo de ser discriminada Barros et al 2024 Hernandes et al 2019 reforçam que muitas mulheres enfrentam a dor do diagnóstico sozinhas sem o apoio da rede de apoio social temendo perder amigos familiares e até mesmo o afeto de seus filhos A revelação do diagnóstico também pode ocorrer em momentos em que o acompanhamento médico exige a presença de um familiar como no início do tratamento antirretroviral A exigência de um acompanhante no atendimento médico pode ser um gatilho para a divulgação do diagnóstico mas essa decisão não é simples Salvadori Hahn 2019 Muitas mulheres ainda lutam com a dúvida sobre qual a melhor forma de compartilhar essa informação sem sofrer as consequências do estigma De acordo com Souza et al 2019 o apoio familiar tem um papel fundamental no processo de adaptação ao diagnóstico e no sucesso do tratamento Mulheres que contam com 9 o suporte emocional de familiares têm maior adesão ao tratamento antirretroviral e conseguem lidar melhor com as demandas diárias de cuidados com seus filhos e com a vida em geral Bailo et al 2024 destacam que o suporte familiar não se limita ao aspecto emocional mas também contribui para a criação dos filhos garantindo uma rede de segurança para as mães que por vezes enfrentam desafios significativos no dia a dia Em suma a revelação do diagnóstico de HIV é um processo repleto de implicações emocionais psicológicas e sociais As mulheres que vivem com HIV enfrentam múltiplos desafios relacionados à aceitação de sua condição à manutenção da confidencialidade e ao estigma associado à doença Esses fatores influenciam diretamente a qualidade de vida das pacientes e o sucesso do tratamento o que torna essencial a criação de estratégias de apoio tanto no contexto familiar quanto no sistema de saúde 23 A Maternidade e o HIV desafios enfrentados pelas mães após o diagnóstico Ao serem surpreendidas com o diagnóstico de infecção pelo HIV durante a gestação ou no puerpério as mulheres vivenciam um processo de enfrentamento que pode transitar da negação à aceitação exigindo uma reorganização significativa da vida diante dos desafios impostos pela soropositividade Sanches et al 2024 Embora muitas gestantes relatem experimentar uma gravidez semelhante à de outras mulheres elementos singulares permeiam sua vivência cotidiana exigindo ressignificações emocionais e práticas Lewandowski 2017 acrescenta que a angústia tende a ser mais intensa entre aquelas diagnosticadas durante a gestação ou no momento do parto devido à dupla necessidade de reorganizarse diante da condição de soropositiva e simultaneamente adaptarse às exigências do cuidado com o neonato Hernandes et al 2019 ressaltam que mulheres previamente diagnosticadas com HIV tendem a vivenciar a gestação como uma manifestação positiva do sucesso terapêutico enquanto aquelas diagnosticadas no prénatal frequentemente enfrentam sentimento de culpa fragilidade emocional e insegurança quanto à condução da gestação Após o diagnóstico iniciase uma mobilização imediata para a prevenção da transmissão vertical TV a qual envolve a introdução precoce da terapia antirretroviral TARV orientações sobre a via de parto mais adequada e a contraindicação da amamentação Conforme o Ministério da Saúde Brasil 2018 a transmissão vertical do HIV pode ocorrer durante a gestação o parto ou pela amamentação sendo uma das principais formas de infecção pediátrica 10 A valorização histórica do parto vaginal e da amamentação como práticas ideais para a saúde maternoinfantil contribui para o sofrimento das mulheres que ao receberem o diagnóstico precisam desconstruir expectativas em torno da maternidade A partir da 38ª semana gestacional indicase a cesariana para mulheres com carga viral desconhecida ou superior a 1000 cópiasmL como forma de minimizar o risco de TV Brasil 2019 Esse processo de adaptação além de técnico envolve componentes emocionais complexos pois significa abrir mão de práticas que simbolizam o cuidado materno idealizado Lima e Mendes 2025 analisaram a experiência de gestantes soropositivas e verificaram que o diagnóstico impactou negativamente a forma como essas mulheres projetavam a maternidade A responsabilidade de proteger o filho extrapolava os cuidados com o HIV e incluía aspectos emocionais como o desejo de poupálo do estigma social Os autores também identificaram uma sobrecarga emocional significativa composta por estressores diversos que interferiram na possibilidade de vivenciar uma gravidez saudável do ponto de vista psicológico Em contrapartida a informação fornecida pelos profissionais de saúde quanto à eficácia da TARV na prevenção da transmissão vertical mostrouse como fator encorajador contribuindo para uma mudança de perspectiva Apesar do impacto inicial os estudos primários incluídos nesta revisão indicam que o bemestar do bebê funciona como uma motivação importante para a adesão à TARV Entretanto as mulheres também expressam receio em relação a possíveis reações adversas ou efeitos colaterais das medicações antirretrovirais A TARV é disponibilizada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde SUS e sua eficácia está associada à supressão da carga viral a níveis indetectáveis o que reduz drasticamente o risco de transmissão do HIV Brasil 2018 Ainda que os benefícios da TARV sejam amplamente reconhecidos existem relatos de efeitos adversos tanto para a gestante quanto para o recémnascido Entre os riscos apontados estão a prematuridade e a restrição do crescimento fetal condições que podem ser atribuídas tanto à infecção pelo HIV quanto ao uso dos antirretrovirais Brasil 2018 Leite et al 2019 destacam a correlação entre a infecção pelo HIV e o aumento da incidência de trabalho de parto prematuro e nascimento de neonatos com baixo peso o que amplia a complexidade do manejo clínico durante a gestação No ciclo gravídicopuerperal o diagnóstico da infecção por HIV apresenta implicações significativas na esfera emocional e relacional das mulheres Mesquita et al 2019 ressaltam que a amamentação é culturalmente compreendida como um momento de expressão máxima do afeto materno sendo fundamental para o fortalecimento do vínculo entre mãe e filho A impossibilidade de amamentar portanto é vivenciada por muitas 11 mulheres como uma ruptura dolorosa desse processo Essa percepção é corroborada por Pinto et al 2017 que apontam o sofrimento materno diante da restrição à amamentação como uma das experiências mais difíceis relacionadas ao cuidado da criança exposta ao HIV Alvarenga et al 2019 reforçam essa conclusão ao identificarem relatos de intensa dor emocional entre mães independentemente de já terem vivenciado a amamentação em gestações anteriores ou não A impossibilidade de amamentar imposta pelo diagnóstico de infecção pelo HIV desencadeia implicações que vão além das barreiras imunológicas afetando diretamente o exercício da maternidade o vínculo mãebebê e a percepção de completude materna Pinto et al 2017 identificaram em seus achados que diversas mulheres expressaram receio quanto à qualidade do vínculo com o filho além de preocupações sobre o desenvolvimento infantil e uma sensação de maternidade incompleta No mesmo sentido Miranda et al 2024 evidenciaram o esforço das mães para manterem sua identidade materna diante da necessidade de omitir ou mesmo mentir o motivo da não amamentação como forma de evitar a revelação da soropositividade e por consequência o estigma social Já Alvarenga et al 2019 observam que na tentativa de proteger seus filhos da infecção pelo HIV muitas mulheres renunciam ao desejo de amamentar procurando mitigar o sofrimento emocional com o apoio familiar e em alguns casos através do afastamento físico temporário da criança Estudos internacionais têm apontado mudanças nas diretrizes relativas à amamentação por mulheres vivendo com HIV Miranda et al 2024 Em contextos nos quais há acesso seguro à TARV tanto para mãe quanto para a criança a amamentação não tem sido sistematicamente contraindicada Alvarenga et al 2019 A justificativa principal para essa abordagem é a ampla gama de benefícios do leite materno como o fortalecimento do sistema imunológico prevenção de doenças infecciosas e desnutrição especialmente em regiões onde há elevada taxa de mortalidade infantil no primeiro ano de vida escassez de fórmulas lácteas e falta de acesso à água potável No entanto a aplicabilidade dessa recomendação permanece controversa sendo responsabilidade das autoridades nacionais deliberarem sobre as diretrizes mais seguras em cada contexto No Brasil a normativa vigente preconiza o aconselhamento às mulheres vivendo com HIV quanto à não amamentação sendo disponibilizada gratuitamente a fórmula láctea infantil por meio do Sistema Único de Saúde SUS conforme assegurado pela Portaria GMMS nº 2313 de 19 de dezembro de 2002 Alvarenga et al 2019 12 Segundo o Ministério da Saúde Brasil 2018 mesmo diante da supressão da carga viral a níveis indetectáveis por meio da TARV há registros de transmissão do HIV pelo leite materno Dessa forma os protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas mantêm a recomendação de contraindicação à amamentação por mulheres vivendo com HIV como medida preventiva de transmissão vertical O medo da transmissão vertical além de motivar a interrupção da amamentação também impacta diretamente o comportamento das mães no cuidado cotidiano com o filho influenciando negativamente o vínculo afetivo Diversos estudos identificam que esse temor pode levar à restrição de contato físico e manifestações de afeto como beijos e abraços por receio da contaminação da criança Pinto et al 2017 Payán et al 2019 Hernandes et al 2019 Pacheco et al 2019 Em alguns casos a ansiedade associada à possibilidade de transmissão resultou em atitudes de distanciamento materno com limitações físicas e afetivas impostas pelas próprias mulheres Apesar do distanciamento inicial o mesmo estudo observou que ao longo do tempo a relação mãefilho pôde ser reconstruída Rique et al 2022 Algumas mulheres relataram o fortalecimento do vínculo após os primeiros 18 meses de vida da criança motivadas por um sentimento de empatia pelo fato de seus filhos também terem enfrentado intervenções médicas como exames e uso de medicamentos Outro fator agravante no enfrentamento da maternidade após o diagnóstico de HIV é a ausência de apoio conjugal Muitas mulheres descobrem a soropositividade durante o pré natal por meio dos testes rápidos Fernandes et al 2022 Em diversos casos seus parceiros ao desconhecerem seu próprio estado sorológico reagem com acusações responsabilização e discriminação culminando em episódios de violência ruptura da relação ou abandono Essa realidade evidencia que para muitas mulheres a maternidade será vivida de forma solitária sem o suporte afetivo e prático do companheiro o que agrava a sobrecarga física e emocional Um desafio adicional recorrente nos estudos analisados diz respeito à ansiedade gerada pela espera do diagnóstico da criança De acordo com o Ministério da Saúde Brasil 2019 a detecção de anticorpos antiHIV em crianças menores de 18 meses não é suficiente para diagnóstico definitivo devido à presença de anticorpos IgG maternos transferidos por via transplacentária especialmente no terceiro trimestre da gestação Esses anticorpos podem permanecer circulantes por até 18 meses sendo necessária a realização de exames específicos que detectem diretamente o material genético viral como a quantificação da carga viral Para muitas dessas mulheres o nascimento de um filho saudável representa um importante fator de motivação para a continuidade do tratamento funcionando como um 13 símbolo de superação e redenção da culpa Hernandes et al 2019 No entanto Pacheco et al 2019 revelam que uma parcela significativa das mulheres diagnosticadas no prénatal ou no momento do parto não aderiram ao tratamento antirretroviral resultando em maior risco de infecção da criança A confirmação do diagnóstico positivo nos bebês gerou nelas sentimento de culpa e arrependimento Os autores também ressaltam falhas no sistema de saúde como o diagnóstico tardio e a ausência de orientações adequadas o que evidencia a importância fundamental da atuação qualificada dos profissionais de saúde para a efetiva prevenção da transmissão vertical 3 METODOLOGIA Este estudo teve como objetivo investigar as principais dificuldades enfrentadas por mulheres portadoras do HIV no contexto da maternidade Para isso será adotada uma abordagem metodológica baseada em revisão bibliográfica com foco em estudos qualitativos e quantitativos que abordem os aspectos psicossociais emocionais clínicos e sociais vivenciados por essas mulheres desde o planejamento da gravidez até o período pósparto A pesquisa foi fundamentada em uma análise ampla da literatura científica incluindo artigos originais revisões sistemáticas estudos de caso e diretrizes clínicas pertinentes ao tema A busca por publicações foi realizada em bases de dados especializadas como SciELO LILACS e PubMed utilizando descritores como HIV maternidade mulheres soropositivas transmissão vertical barreiras no prénatal e preconceito Foram incluídos estudos publicados entre 2017 e 2025 redigidos em língua portuguesa inglesa e espanhola e a seleção seguiu critérios de relevância temática rigor metodológico e contribuição para a compreensão das dificuldades enfrentadas por esse grupo Esperase ao final da pesquisa oferecer uma análise aprofundada sobre os obstáculos que essas mulheres encontram ao exercerem sua maternidade contribuindo para reflexões que possam subsidiar políticas públicas práticas de saúde mais humanizadas e ações de enfrentamento ao estigma social associado ao HIV Para Gil 2002 p 44 a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado constituído principalmente de livros e artigos científicos 4 RESULTADOS Com base nos estudos analisados nos tópicos 12 e 13 é possível identificar resultados significativos e realizar uma análise crítica sobre os desafios enfrentados por 14 mulheres que vivem com HIV especialmente no contexto da gestação e maternidade Um dos aspectos mais delicados abordados na literatura referese à revelação do diagnóstico ao parceiro Essa etapa é marcada por tensão emocional medo da rejeição rompimento de vínculos afetivos e até violência Embora a revelação possa possibilitar apoio afetivo e compartilhamento da responsabilidade pelo tratamento ela também pode provocar reações negativas que agravam o sofrimento da mulher A decisão de contar ou não sobre o diagnóstico está profundamente ligada ao medo do estigma da exclusão social e da perda do controle sobre a informação Em muitos casos a mulher opta por ocultar sua condição mesmo diante da necessidade de iniciar o tratamento antirretroviral o que revela uma profunda ambivalência emocional Outro ponto crítico se refere ao sigilo profissional que deve ser garantido pelos serviços de saúde Apesar disso há relatos de quebra de confidencialidade fato que compromete a relação de confiança entre paciente e equipe de saúde além de ampliar a exposição ao preconceito A ausência de apoio social e conjugal agrava a vulnerabilidade dessas mulheres especialmente quando o diagnóstico é feito no prénatal contexto em que o abandono pelo parceiro e a responsabilização pela infecção são frequentes Nessas situações a maternidade acaba sendo vivida de forma solitária sem suporte emocional afetivo ou prático o que aumenta a sobrecarga física e psicológica da mulher No contexto da maternidade o diagnóstico de HIV impõe desafios adicionais que exigem uma reorganização da vida Mulheres diagnosticadas durante a gravidez ou o parto tendem a apresentar maior sofrimento emocional pois enfrentam simultaneamente a adaptação à maternidade e à condição de soropositiva Hernandes et al 2019 A vivência da gestação embora em alguns casos seja percebida como positiva especialmente entre mulheres já diagnosticadas anteriormente também pode ser atravessada por sentimentos de culpa insegurança e medo da transmissão vertical Nesse sentido a prevenção da transmissão do HIV ao bebê tornase uma prioridade imediata com início da terapia antirretroviral TARV definição da via de parto e proibição da amamentação Brasil 2018 A impossibilidade de amamentar é um dos aspectos mais dolorosos da maternidade para mulheres vivendo com HIV Diversos estudos revelam que a amamentação é vista como um momento de expressão máxima do vínculo materno e sua proibição representa uma ruptura simbólica com o ideal cultural da maternidade Pinto et al 2017 Mesquita et al 2019 Muitas mulheres sofrem por não poder amamentar sentemse incompletas como mães e vivem o medo constante da exposição de sua sorologia ao serem questionadas sobre a ausência da amamentação Além disso o medo de infectar o filho também interfere no 15 contato físico e nas manifestações afetivas levando em alguns casos ao distanciamento emocional da criança Pinto et al 2017 Payán et al 2019 Apesar desses desafios há também relatos de superação e reconstrução do vínculo afetivo ao longo do tempo Algumas mães motivadas pela empatia com os filhos que também enfrentam exames e medicamentos buscam formas de fortalecer a relação mesmo após períodos de distanciamento A adesão à TARV é frequentemente impulsionada pelo desejo de proteger o bebê e garantir seu bemestar No entanto o uso dos antirretrovirais também está associado a preocupações com efeitos colaterais e possíveis impactos no crescimento fetal Estudos como os de Leite et al 2019 apontam correlação entre o HIV a TARV e o aumento da incidência de prematuridade e baixo peso ao nascer O momento posterior ao nascimento também é marcado pela ansiedade em relação ao diagnóstico da criança Como os anticorpos maternos podem permanecer no organismo do bebê até os 18 meses a confirmação do diagnóstico exige testes moleculares específicos e aguardar por esse resultado é uma fonte constante de angústia Brasil 2019 Algumas mães mantêm a esperança de um diagnóstico negativo enquanto outras preferem não criar expectativas para evitar frustrações O nascimento de um filho saudável por outro lado é percebido por muitas mulheres como um símbolo de superação e motivação para continuidade do tratamento Hernandes et al 2019 Contudo em situações de diagnóstico tardio ou falhas no acolhimento e orientação o risco de transmissão aumenta e a confirmação do HIV na criança gera sentimento de culpa e arrependimento como relatado por Pacheco et al 2019 De modo geral os resultados revelam que o diagnóstico de HIV durante a gestação ou no período puerperal desencadeia uma série de desafios emocionais sociais e clínicos que afetam profundamente a experiência da maternidade A análise crítica dos estudos evidencia que os impactos vão além da questão médica envolvem a construção de uma nova identidade materna atravessada pelo estigma pelo medo pela solidão e pela luta diária por aceitação e proteção do filho Embora o acesso à TARV e às políticas públicas de prevenção da transmissão vertical representem avanços significativos ainda há falhas na abordagem humanizada do cuidado na orientação adequada e na proteção contra a discriminação É essencial que os profissionais de saúde estejam preparados não apenas tecnicamente mas também emocionalmente para acolher essas mulheres respeitando suas vivências e subjetividades A construção de estratégias de apoio psicológico fortalecimento das redes sociais e familiares bem como a garantia do sigilo e da empatia no atendimento são medidas fundamentais para que a maternidade mesmo diante do HIV possa ser vivida com dignidade segurança e afeto 16 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta revisão integrativa de literatura teve como objetivo sintetizar o conhecimento produzido na literatura científica nos últimos sete anos 2017 a 2025 acerca do impacto do diagnóstico do HIV na gravidez ou pósparto e seus efeitos na vida das mulheres Este estudo enfatiza a relevância de compreender as múltiplas dificuldades enfrentadas por mulheres portadoras do HIV no exercício da maternidade Através da revisão bibliográfica foi possível identificar que apesar dos avanços científicos no controle da transmissão vertical e no acesso ao tratamento antirretroviral persistem barreiras significativas de ordem emocional social e estrutural Entre os principais desafios destacam se o estigma social o medo da rejeição o julgamento moral a desinformação e as falhas no acolhimento por parte dos serviços de saúde Esses fatores impactam diretamente o planejamento reprodutivo o acompanhamento prénatal e o vínculo entre mãe e filho Constatase portanto a necessidade urgente de promover práticas de cuidado mais humanizadas embasadas em uma abordagem interprofissional e centrada na escuta qualificada Além disso reforçase a importância da formação continuada dos profissionais da saúde da ampliação das políticas públicas inclusivas e da promoção de campanhas educativas que combatam o preconceito e garantam os direitos reprodutivos dessas mulheres Esperase que este trabalho contribua para o fortalecimento do debate acadêmico e para a formulação de estratégias mais eficazes de apoio à maternidade entre mulheres vivendo com HIV REFERÊNCIAS ALENCAR J T O Atendimento Multiprofissional Ofertado à gestantes HIV no Núcleo de Assistência Henfil em Palmas TO Revista Humanidades e Inovação v 5 n 11 2018 Disponível em httpsrevistaunitinsbrindexphparticleview Acesso em 29 abr 2025 ALVARENGA W A Mães vivendo com HIV a substituição do aleitamento por fórmula láctea infantil Revista Brasileira de Enfermagem Brasília v 72 n 5 p 11531160 setout 2019 Epub 16 set 2019 Disponível em httpswwwscielobrscielophp scriptsciarttextpidS003471672019000501153lngennrmisotlngpt Acesso em 29 abr 2025 ARAÚJO W J Percepção de enfermeiros executores de teste rápido em Unidades Básicas de Saúde Revista Brasileira de Enfermagem Brasília v 71 supl 1 2018 Disponível em 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mulheres soropositivas e dificuldades Os resultados esperados apontam que apesar dos avanços no tratamento e na prevenção da transmissão vertical do HIV muitas mulheres ainda enfrentam estigmas sociais medo da rejeição inseguranças quanto à saúde do bebê e dificuldades no acesso ao acompanhamento prénatal adequado Concluise que há necessidade de maior capacitação dos profissionais de saúde ampliação das políticas públicas inclusivas e ações educativas que promovam o acolhimento e empoderamento das mulheres vivendo com HIV durante o processo da maternidade Palavraschave HIV maternidade mulheres soropositivas dificuldades saúde da mulher ABSTRACT This article aims to analyze through a literature review the main difficulties faced by women with HIV in the context of motherhood The research seeks to understand the psychosocial emotional and clinical challenges experienced from the desire to become pregnant to postpartum care also addressing aspects related to prejudice and access to health services The methodology adopted consisted of a narrative literature review with a survey of scientific publications from the last 7 years in the SciELO LILACS and PubMed databases using descriptors such as HIV motherhood HIVpositive women and difficulties The expected results indicate that despite advances in the treatment and prevention of vertical transmission of HIV many women still face social stigma fear of rejection insecurity about the babys health and difficulties in accessing adequate prenatal care It is concluded that there is a need for greater training of health professionals expansion of inclusive public policies and educational actions that promote the acceptance and empowerment of women living with HIV during the motherhood process Keywords HIV motherhood HIVpositive women difficulties womens health 1 Anne Karoline Oliveira Lima Email 2 Maria do Socorro Silva Ferreira Mendes 2 1 INTRODUÇÃO HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana Human Immunodeficiency Vírus sendo este o retrovírus causador da Síndrome da Imunodeficiência adquirida SIDA AIDS Acquired Immunodeficiency Syndrome O HIV compromete o sistema imunológico que é responsável por defender o organismo de doenças O objeto deste estudo é o impacto do diagnóstico de HIV na gestação e pósparto No Brasil os primeiros casos de AIDS surgiram na década de 1980 e logo passaram a ser reconhecidos como uma epidemia de saúde pública A partir de 2014 a notificação da infecção pelo HIV tornouse obrigatória inclusive para gestantes parturientes e crianças expostas ao risco de transmissão vertical BRASIL 2022 DEZENA et al 2021 Desde a década de 1980 com a emergência dos primeiros casos de AIDS no Brasil a infecção por HIV passou a ser reconhecida como um grave problema de saúde pública A partir de 2006 sua notificação em gestantes tornouse compulsória dado o risco de transmissão vertical e a necessidade de intervenções oportunas Embora os avanços na terapia antirretroviral TARV e nas estratégias de prevenção tenham reduzido consideravelmente as taxas de transmissão mãefilho as mulheres soropositivas ainda enfrentam diversas barreiras no acesso ao cuidado integral e humanizado durante a maternidade Os testes rápidos de HIV foram desenvolvidos na década de 1980 e ganharam amplo uso mundial nos anos seguintes No Brasil a testagem rápida para HIV em gestantes é recomendada oficialmente pelo Ministério da Saúde no primeiro momento do prénatal idealmente no primeiro trimestre no início do terceiro trimestre e também ao admitir a gestante para o parto além de sempre que houver risco de exposição ou violência sexual BRASIL 2021 MANUEL et al 2022 A testagem deve ser realizada também em qualquer outro momento em que haja exposição de risco ou violência sexual A maternidade por si só é um processo profundamente transformador na vida de uma mulher Quando atravessada pelo diagnóstico do vírus da imunodeficiência humana HIV essa experiência se torna ainda mais complexa carregada de desafios emocionais sociais e clínicos As mulheres portadoras de HIV ao enfrentarem a gestação o parto e o puerpério convivem com medos intensos como o da transmissão vertical para o bebê o estigma social o julgamento de profissionais de saúde e a insegurança quanto ao futuro da própria saúde e da criança SILVA ANDRADE SOUZA 2021 A decisão de ser mãe para a mulher vivendo com HIV é muitas vezes permeada por sentimentos ambíguos conflitos internos e falta de apoio tanto da sociedade quanto dos serviços de saúde Além das questões clínicas essas mulheres lidam com implicações 3 psicológicas significativas o medo do julgamento e a fragilidade do vínculo com os profissionais de saúde o que pode comprometer a adesão ao tratamento e o acompanhamento prénatal adequado Este artigo tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica sobre os desafios psicossociais emocionais e clínicos enfrentados por mulheres portadoras de HIV desde o desejo de engravidar até o período pósparto considerando também aspectos relacionados ao preconceito e ao acesso aos serviços de saúde O estudo busca reunir e analisar a produção científica disponível entre janeiro de 2017 e abril de 2025 oferecendo subsídios para que os profissionais de saúde especialmente da área da Enfermagem possam compreender melhor essa realidade e promover um cuidado mais empático acolhedor e livre de estigmas A relevância deste trabalho reside na necessidade de ampliar o olhar sobre a mulher soropositiva que deseja exercer a maternidade considerando não apenas os aspectos biomédicos da infecção como também os fatores emocionais sociais e culturais que impactam essa vivência Reconhecer essas dificuldades é fundamental para garantir o direito à saúde reprodutiva e o respeito à dignidade dessas mulheres FUNDAMENTACAO TEÓRICA 21 Sentimentos das mulheres ao receber o diagnóstico de HIV na gestação ou pósparto A gestação é um processo fisiológico que envolve significativas transformações físicas hormonais e emocionais além das expectativas e sonhos relacionados à maternidade Para muitas mulheres a notícia de uma gravidez é motivo de alegria e realização No entanto para aquelas que recebem o diagnóstico de HIV positivo durante a gestação ou no pósparto essa experiência pode desencadear uma série de reações emocionais intensas e desorganizadas além de questionamentos sobre sua própria saúde e a do bebê O diagnóstico de HIV em muitos casos é percebido como uma ameaça iminente à vida gerando sentimento de insegurança e desespero Muniz Brito 2023 De acordo com Domingues et al 2025 um estudo realizado no estado do Rio de Janeiro revelou que 60 das gestantes diagnosticadas com HIV o descobriram durante a triagem sorológica do prénatal ou no momento do parto O impacto desse diagnóstico nas vidas dessas mulheres foi significativo pois em sua maioria elas não se percebiam vulneráveis à infecção pelo HIV As reações iniciais dessas mulheres ao tomarem conhecimento da soropositividade foram predominantemente negativas gerando sentimento 4 de indignação remorso tristeza e até indiferença sentimentos que demonstram a surpresa e o choque com a situação Carvalho Souza e Ferreira 2023 complementam essa visão ao afirmar que a descoberta da soropositividade provoca uma transformação profunda na percepção que a mulher tem de si mesma e de sua vida Essas mulheres ao se depararem com o diagnóstico vivenciam uma reestruturação de sua identidade o que pode gerar sentimentos de alienação perda de controle e distanciamento inclusive na relação com os profissionais de saúde A mudança de percepção sobre a própria vida pode resultar em uma dificuldade em lidar com o apoio dos profissionais o que por sua vez dificulta a adesão a tratamentos e o acompanhamento adequado Um estudo realizado por Silveira et al 2022 corroborou esses achados observando que a maioria das mulheres diagnosticadas com HIV durante a gestação ou no pósparto descreveram o impacto imediato do diagnóstico como essencialmente psicológico e emocional Para essas mulheres a descoberta foi um evento profundamente traumático que alterou sua visão sobre a maternidade e seus próprios sentimentos em relação ao cuidado com o bebê Esse impacto não se restringe apenas ao momento do diagnóstico mas se estende ao acompanhamento da gestação e ao medo constante da transmissão vertical além da preocupação com o julgamento social Silva et al 2023 ao realizarem um estudo em Maceió AL analisaram os discursos de mulheres vivendo com HIV e encontraram relatos semelhantes de reações intensas após o diagnóstico Para essas mulheres o diagnóstico foi recebido com uma gama de sentimentos complexos incluindo angústia medo tristeza terror surpresa incredulidade injustiça e vergonha Esses sentimentos refletem o estigma associado ao HIV e a preocupação com as implicações para a maternidade a própria saúde e o futuro do bebê Akinsolu et al 2025 também abordam o impacto emocional do diagnóstico de HIV na gestação destacando que para muitas mulheres a confirmação da infecção pelo HIV é uma experiência avassaladora A descoberta da soropositividade pode tirar o chão das gestantes fazendo com que percam os referenciais de segurança que sustentavam sua visão de mundo e a percepção sobre sua capacidade de ser mãe Esse efeito pode gerar uma sensação de desorientação e medo do futuro Contudo a análise dos estudos primários selecionados para este trabalho revela que embora a maioria das mulheres experimente esses sentimentos negativos após a descoberta do diagnóstico há exceções Um estudo de caso específico a cartografia de uma jovem vivendo com HIV durante suas três gestações apresentado por Silva et al 2023 diverge das 5 experiências relatadas pelas demais mulheres A jovem em questão não demonstrou os mesmos sentimentos de desespero ou angústia que as outras participantes o que levou os autores a sugerirem que embora a jovem não tenha se abalado de forma evidente seus sentimentos de medo e preocupação com a exposição social e o julgamento como mãe negligente eram claramente presentes o que revela o medo do julgamento social A gestação por ser um período de transformações físicas emocionais e psicológicas carrega consigo expectativas positivas mas também complexidades Quando uma mulher recebe o diagnóstico de HIV positivo tanto durante a gestação quanto no pósparto diversos sentimentos e reações emocionais podem ser desencadeados em especial aqueles relacionados ao medo e à ansiedade em relação ao futuro A maioria dos estudos revisados incluindo os de Domingues et al 2025 Cavalcante 2020 Silva et al 2022 e Pacheco 2022 relatam que as gestantes e puérperas diagnosticadas com HIV experimentam medo pânico desespero e choque ao tomarem conhecimento de sua soropositividade Lima e Mendes 2025 destacam que ao receberem o diagnóstico do HIV muitas mulheres sentem que seus pensamentos maternos são dominados pela ansiedade relacionada à possibilidade de morte fetal um medo que pode persistir mesmo após o nascimento da criança Esse medo da perda do bebê é frequentemente abordado em estudos como no trabalho de Figueiredo et al 2024 que aponta a presença de ansiedades em relação à possibilidade de o bebê morrer parar de respirar não se alimentar adequadamente ou se machucar Esses medos refletem as dificuldades psicológicas das mulheres em relação à percepção do risco de transmissão vertical do HIV e suas implicações De acordo com Akinsolu et al 2025 o nascimento de um filho é frequentemente idealizado como um evento positivo e de felicidade mas para mulheres vivendo com HIV o medo da transmissão do vírus ao bebê transforma esse momento em uma experiência angustiante A angústia é especialmente notável em mulheres que enfrentam o dilema de como lidar com a maternidade no contexto do HIV Dentre os estudos analisados nesta revisão Silva et al 2022 e Pacheco 2022 documentam que os sentimentos de angústia e tristeza são comuns entre as mulheres diagnosticadas com HIV e esses sentimentos impactam diretamente sua vivência da maternidade No que se refere ao período gestacional e ao início do puerpério muitas mulheres se sentem culpadas pela possível infecção do bebê Esse sentimento de culpa é uma constante em diversos estudos como os de Domingues et al 2025 Cavalcante 2020 e Pacheco 2022 sendo que um dos estudos destaca a culpa da mãe pela descoberta do diagnóstico de HIV na criança uma vez que ela não havia seguido o tratamento adequado durante a gestação 6 A culpa é um sentimento particularmente presente em mulheres que vivenciam a possibilidade de transmissão vertical o que implica na adoção de medidas preventivas para proteger o bebê como a não amamentação o que também gera uma série de reflexões emocionais Rique et al 2022 sugerem que embora ainda não se tenha uma compreensão plena dos sentimentos das mães quando o diagnóstico do bebê é negativo para o HIV é possível que mesmo em tais situações persista o medo de uma reversão do quadro Isso implica que as vivências emocionais de mulheres com HIV mesmo após a confirmação da saúde do bebê continuam marcadas pela ansiedade e incerteza Esse temor de que o quadro possa se reverter é uma reflexão importante sobre o processo emocional dessas mães que continuam a lidar com as consequências psicológicas de um diagnóstico positivo independentemente do estado sorológico final do bebê Outro sentimento recorrente nas pesquisas é a frustração por não poder amamentar devido ao risco de transmissão do HIV Cavalcante 2020 e Silva et al 2022 relatam que essa impossibilidade é fonte significativa de sofrimento para muitas mães Entretanto Pereira et al 2024 destacam que algumas mulheres sentem indiferença considerando a não amamentação necessária para proteger o bebê Essa adaptação psicológica evidencia que a proteção do filho se torna prioridade embora a dor pela perda da experiência de amamentar persista A comunicação da necessidade de suprimir a lactação deve ocorrer antes do parto e não somente após o nascimento para que a mulher tenha tempo de compreender e aceitar essa medida BRASIL 2022 A decisão de comunicar esse aspecto de maneira tardia ou após o parto pode resultar em respostas emocionais negativas aumentando a frustração e o sofrimento das mães A orientação precoce é portanto uma estratégia importante para minimizar os impactos psicológicos dessa realidade Por outro lado alguns estudos também identificam sentimentos positivos como esperança superação motivação e gratidão Sanches et al 2024 relatam que algumas mães ao descobrirem seu diagnóstico de HIV no prénatal e iniciarem o tratamento precoce expressaram sentimentos de gratidão e felicidade por conseguirem proteger a saúde de seus bebês Outros estudos como os de Silva et al 2022 e Pacheco 2022 também registram relatos de mães que apesar das dificuldades encontraram na maternidade um motivo para continuar lutando demonstrando resiliência e adaptabilidade frente ao diagnóstico Silva et al 2022 afirmam que apesar das mudanças na vida das pessoas vivendo com HIVAIDS muitos dos impactos emocionais negativos estão fortemente relacionados ao 7 estigma preconceito e discriminação fatores que podem desencadear sentimentos de angústia vergonha ansiedade e até depressão Esses sentimentos são corroborados por estudos de Domingues et al 2025 Silva et al 2022 e Pacheco 2022 que identificam o estigma como uma barreira importante na vivência das mulheres diagnosticadas com HIV Muitas dessas mulheres percebem a discriminação não só em relação a si mesmas mas também em relação aos seus bebês por parte de familiares amigos e até profissionais de saúde O desconhecimento sobre as formas de transmissão do HIV contribui para a ampliação do estigma não se restringindo apenas ao parceiro sexual mas atingindo também outras pessoas que têm contato com indivíduos HIV positivos Bailo et al 2024 Esse estigma alimenta o medo de discriminação e isolamento social como evidenciado no estudo de Domingues et al 2025 Em alguns casos o isolamento é autoimposto onde as mulheres expressam o desejo de esconder sua condição temendo que os outros percebam mudanças em sua vida após o diagnóstico O diagnóstico positivo de HIV leva muitas mulheres a utilizarem mecanismos de defesa como a negação o isolamento e a desvalorização de si mesmas Akinsolu et al 2025 Essa negação é evidenciada em estudos de Domingues et al 2025 e Cavalcante 2020 onde as mulheres tentam minimizar o impacto emocional do diagnóstico muitas vezes como uma forma de proteção psicológica Além disso sentimentos de vergonha como relatados por Domingues et al 2025 e Silva et al 2022 também são comuns refletindo a internalização do estigma associado ao HIV A questão do medo do estigma também permeia muitos estudos que mostram que o receio de ser julgada e sofrer preconceito é uma das principais razões pelas quais muitas mulheres optam por não divulgar seu diagnóstico sorológico Barros et al 2024 França et al 2025 Esse medo é um dos fatores que contribuem para o isolamento social dessas mulheres complicando ainda mais sua experiência com a maternidade no contexto do HIV 22 Desafios e implicações na revelação do diagnóstico A revelação do diagnóstico ao parceiro é uma das primeiras etapas desse processo e pode ser um momento de grande tensão emocional Lobo Leal 2020 Essa revelação pode proporcionar uma oportunidade para a mulher expressar suas inseguranças buscar apoio afetivo e cuidar da sua saúde em conjunto com o parceiro 8 Como destacado por Freire e Minayo 2024 a revelação do diagnóstico pode resultar em implicações complexas como o fim do relacionamento a quebra de confiança e em casos extremos agressões físicas ou emocionais A insegurança em relação ao julgamento social a perda de controle sobre quem saberá da condição e o medo da rejeição são alguns dos principais fatores que influenciam a decisão de não revelar o diagnóstico Esse processo é portanto uma decisão delicada e muitas vezes marcada pela ambivalência emocional O sigilo profissional e a proteção da privacidade dos pacientes são princípios fundamentais no atendimento a pessoas vivendo com HIV Segundo BRASIL 2022 os profissionais de saúde têm a responsabilidade legal de manter a confidencialidade das informações relacionadas ao diagnóstico e ao tratamento das pacientes compartilhando essas informações apenas com o consentimento do paciente ou em situações de risco iminente à saúde pública Contudo existem relatos de quebra de sigilo em que informações sobre o diagnóstico foram divulgadas sem a autorização da paciente contribuindo para a perpetuação do estigma e a exclusão social Salvadori Hahn 2021 A ocultação do diagnóstico é uma estratégia comum adotada por muitas mulheres principalmente no início do processo de enfrentamento da condição Muitas mulheres optam por esconder o diagnóstico até que se sintam mais preparadas para lidar com as reações dos outros Essa ocultação pode se estender a familiares próximos amigos e colegas de trabalho refletindo o medo de ser discriminada Barros et al 2024 reforçam que muitas mulheres enfrentam a dor do diagnóstico sozinhas sem o apoio da rede de apoio social temendo perder amigos familiares e até mesmo o afeto de seus filhos A revelação do diagnóstico também pode ocorrer em momentos em que o acompanhamento médico exige a presença de um familiar como no início do tratamento antirretroviral A exigência de um acompanhante no atendimento médico pode ser um gatilho para a divulgação do diagnóstico mas essa decisão não é simples Salvadori Hahn 2021 Muitas mulheres ainda lutam com a dúvida sobre qual a melhor forma de compartilhar essa informação sem sofrer as consequências do estigma De acordo com Silva et al 2022 o apoio familiar tem um papel fundamental no processo de adaptação ao diagnóstico e no sucesso do tratamento Mulheres que contam com o suporte emocional de familiares têm maior adesão ao tratamento antirretroviral e conseguem lidar melhor com as demandas diárias de cuidados com seus filhos e com a vida em geral Bailo et al 2024 destacam que o suporte familiar não se limita ao aspecto emocional mas também contribui para a criação dos filhos garantindo uma rede de segurança para as mães que por vezes enfrentam desafios significativos no dia a dia 9 Em suma a revelação do diagnóstico de HIV é um processo repleto de implicações emocionais psicológicas e sociais As mulheres que vivem com HIV enfrentam múltiplos desafios relacionados à aceitação de sua condição à manutenção da confidencialidade e ao estigma associado à doença Esses fatores influenciam diretamente a qualidade de vida das pacientes e o sucesso do tratamento o que torna essencial a criação de estratégias de apoio tanto no contexto familiar quanto no sistema de saúde Akinsolu et al 2025 23 A Maternidade e o HIV desafios enfrentados pelas mães após o diagnóstico Ao serem surpreendidas com o diagnóstico de infecção pelo HIV durante a gestação ou no puerpério as mulheres vivenciam um processo de enfrentamento que pode transitar da negação à aceitação exigindo uma reorganização significativa da vida diante dos desafios impostos pela soropositividade Sanches et al 2024 Embora muitas gestantes relatem experimentar uma gravidez semelhante à de outras mulheres elementos singulares permeiam sua vivência cotidiana exigindo ressignificações emocionais e práticas Domingues et al 2025 acrescentam que a angústia tende a ser mais intensa entre aquelas diagnosticadas durante a gestação ou no momento do parto devido à dupla necessidade de reorganizarse diante da condição de soropositiva e simultaneamente adaptarse às exigências do cuidado com o neonato Segundo Akinsolu et al 2025 mulheres diagnosticadas com HIV durante a gestação podem vivenciar grande impacto emocional apresentando sentimentos de medo ansiedade e sobrecarga psicológica Esses efeitos frequentemente levam ao uso de mecanismos de defesa como negação e isolamento e influenciam a percepção da maternidade e da própria saúde Além disso o Ministério da Saúde BRASIL 2022 ressalta que a transmissão vertical do HIV pode ocorrer durante a gestação o parto ou pela amamentação constituindo uma das principais formas de infecção pediátrica A valorização histórica do parto vaginal e da amamentação como práticas ideais para a saúde maternoinfantil contribui para o sofrimento das mulheres que ao receberem o diagnóstico precisam desconstruir expectativas em torno da maternidade A partir da 38ª semana gestacional indicase a cesariana para mulheres com carga viral desconhecida ou superior a 1000 cópiasmL como forma de minimizar o risco de TV BRASIL 2022 Esse processo de adaptação além de técnico envolve componentes emocionais complexos pois significa abrir mão de práticas que simbolizam o cuidado materno idealizado 10 Lima e Mendes 2025 analisaram a experiência de gestantes soropositivas e verificaram que o diagnóstico impactou negativamente a forma como essas mulheres projetavam a maternidade A responsabilidade de proteger o filho extrapolava os cuidados com o HIV e incluía aspectos emocionais como o desejo de poupálo do estigma social Os autores também identificaram uma sobrecarga emocional significativa composta por estressores diversos que interferiram na possibilidade de vivenciar uma gravidez saudável do ponto de vista psicológico Em contrapartida a informação fornecida pelos profissionais de saúde quanto à eficácia da TARV na prevenção da transmissão vertical mostrouse como fator encorajador contribuindo para uma mudança de perspectiva Apesar do impacto inicial os estudos primários incluídos nesta revisão indicam que o bemestar do bebê funciona como uma motivação importante para a adesão à TARV Entretanto as mulheres também expressam receio em relação a possíveis reações adversas ou efeitos colaterais das medicações antirretrovirais A TARV é disponibilizada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde SUS e sua eficácia está associada à supressão da carga viral a níveis indetectáveis o que reduz drasticamente o risco de transmissão do HIV BRASIL 2022 Ainda que os benefícios da TARV sejam amplamente reconhecidos existem relatos de efeitos adversos tanto para a gestante quanto para o recémnascido Entre os riscos apontados estão a prematuridade e a restrição do crescimento fetal condições que podem ser atribuídas tanto à infecção pelo HIV quanto ao uso dos antirretrovirais BRASIL 2022 Leite et al 2021 destacam a correlação entre a infecção pelo HIV e o aumento da incidência de trabalho de parto prematuro e nascimento de neonatos com baixo peso o que amplia a complexidade do manejo clínico durante a gestação No ciclo gravídicopuerperal o diagnóstico da infecção por HIV apresenta implicações significativas na esfera emocional e relacional das mulheres Santos et al 2021 ressaltam que a amamentação é culturalmente compreendida como um momento de expressão máxima do afeto materno sendo fundamental para o fortalecimento do vínculo entre mãe e filho A impossibilidade de amamentar portanto é vivenciada por muitas mulheres como uma ruptura dolorosa desse processo Essa percepção é corroborada por Carvalho et al 2020 que apontam o sofrimento materno diante da restrição à amamentação como uma das experiências mais difíceis relacionadas ao cuidado da criança exposta ao HIV Lima et al 2022 reforçam essa conclusão ao identificarem relatos de intensa dor emocional entre mães independentemente de já terem vivenciado a amamentação em gestações anteriores ou não 11 A impossibilidade de amamentar imposta pelo diagnóstico de infecção pelo HIV desencadeia implicações que vão além das barreiras imunológicas afetando diretamente o exercício da maternidade o vínculo mãebebê e a percepção de completude materna Carvalho et al 2020 identificaram em seus achados que diversas mulheres expressaram receio quanto à qualidade do vínculo com o filho além de preocupações sobre o desenvolvimento infantil e uma sensação de maternidade incompleta No mesmo sentido Miranda et al 2024 evidenciaram o esforço das mães para manterem sua identidade materna diante da necessidade de omitir ou mesmo mentir o motivo da não amamentação como forma de evitar a revelação da soropositividade e por consequência o estigma social Já Souza et al 2021 observam que na tentativa de proteger seus filhos da infecção pelo HIV muitas mulheres renunciam ao desejo de amamentar procurando mitigar o sofrimento emocional com o apoio familiar e em alguns casos através do afastamento físico temporário da criança Estudos internacionais têm apontado mudanças nas diretrizes relativas à amamentação por mulheres vivendo com HIV Miranda et al 2024 Em contextos nos quais há acesso seguro à TARV tanto para mãe quanto para a criança a amamentação não tem sido sistematicamente contraindicada Martins et al 2022 A justificativa principal para essa abordagem é a ampla gama de benefícios do leite materno como o fortalecimento do sistema imunológico prevenção de doenças infecciosas e desnutrição especialmente em regiões onde há elevada taxa de mortalidade infantil no primeiro ano de vida escassez de fórmulas lácteas e falta de acesso à água potável No entanto a aplicabilidade dessa recomendação permanece controversa sendo responsabilidade das autoridades nacionais deliberarem sobre as diretrizes mais seguras em cada contexto No Brasil a normativa vigente preconiza o aconselhamento às mulheres vivendo com HIV quanto à não amamentação sendo disponibilizada gratuitamente a fórmula láctea infantil por meio do Sistema Único de Saúde SUS conforme assegurado pela Portaria GMMS nº 2313 de 19 de dezembro de 2002 Brasil 2021 Segundo o Ministério da Saúde Brasil 2022 mesmo diante da supressão da carga viral a níveis indetectáveis por meio da TARV há registros de transmissão do HIV pelo leite materno Dessa forma os protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas mantêm a recomendação de contraindicação à amamentação por mulheres vivendo com HIV como medida preventiva de transmissão vertical O medo da transmissão vertical além de motivar a interrupção da amamentação também impacta diretamente o comportamento das mães no cuidado cotidiano com o filho 12 influenciando negativamente o vínculo afetivo Diversos estudos identificam que esse temor pode levar à restrição de contato físico e manifestações de afeto como beijos e abraços por receio da contaminação da criança Silva et al 2022 Domingues et al 2025 Pacheco 2022 Em alguns casos a ansiedade associada à possibilidade de transmissão resultou em atitudes de distanciamento materno com limitações físicas e afetivas impostas pelas próprias mulheres Apesar do distanciamento inicial o mesmo estudo observou que ao longo do tempo a relação mãefilho pôde ser reconstruída Rique et al 2022 Algumas mulheres relataram o fortalecimento do vínculo após os primeiros 18 meses de vida da criança motivadas por um sentimento de empatia pelo fato de seus filhos também terem enfrentado intervenções médicas como exames e uso de medicamentos Outro fator agravante no enfrentamento da maternidade após o diagnóstico de HIV é a ausência de apoio conjugal Muitas mulheres descobrem a soropositividade durante o pré natal por meio dos testes rápidos Fernandes et al 2022 Em diversos casos seus parceiros ao desconhecerem seu próprio estado sorológico reagem com acusações responsabilização e discriminação culminando em episódios de violência ruptura da relação ou abandono Essa realidade evidencia que para muitas mulheres a maternidade será vivida de forma solitária sem o suporte afetivo e prático do companheiro o que agrava a sobrecarga física e emocional Um desafio adicional recorrente nos estudos analisados diz respeito à ansiedade gerada pela espera do diagnóstico da criança De acordo com o Ministério da Saúde Brasil 2023 a detecção de anticorpos antiHIV em crianças menores de 18 meses não é suficiente para diagnóstico definitivo devido à presença de anticorpos IgG maternos transferidos por via transplacentária especialmente no terceiro trimestre da gestação Esses anticorpos podem permanecer circulantes por até 18 meses sendo necessária a realização de exames específicos que detectem diretamente o material genético viral como a quantificação da carga viral Para muitas dessas mulheres o nascimento de um filho saudável representa um importante fator de motivação para a continuidade do tratamento funcionando como um símbolo de superação e redenção da culpa Silva 2023 No entanto Sanches et al 2024 revelam que uma parcela significativa das mulheres diagnosticadas no prénatal ou no momento do parto não aderiram ao tratamento antirretroviral resultando em maior risco de infecção da criança A confirmação do diagnóstico positivo nos bebês gerou nelas sentimento de culpa e arrependimento Os autores também ressaltam falhas no sistema de saúde como o diagnóstico tardio e a ausência de orientações adequadas o que evidencia a importância 13 fundamental da atuação qualificada dos profissionais de saúde para a efetiva prevenção da transmissão vertical 3 METODOLOGIA Este estudo teve como objetivo investigar as principais dificuldades enfrentadas por mulheres portadoras do HIV no contexto da maternidade Para isso será adotada uma abordagem metodológica baseada em revisão bibliográfica com foco em estudos qualitativos e quantitativos que abordem os aspectos psicossociais emocionais clínicos e sociais vivenciados por essas mulheres desde o planejamento da gravidez até o período pósparto A pesquisa foi fundamentada em uma análise ampla da literatura científica incluindo artigos originais revisões sistemáticas estudos de caso e diretrizes clínicas pertinentes ao tema A busca por publicações foi realizada em bases de dados especializadas como SciELO LILACS e PubMed utilizando descritores como HIV maternidade mulheres soropositivas transmissão vertical barreiras no prénatal e preconceito Foram incluídos estudos publicados entre 2017 e 2025 redigidos em língua portuguesa inglesa e espanhola e a seleção seguiu critérios de relevância temática rigor metodológico e contribuição para a compreensão das dificuldades enfrentadas por esse grupo Esperase ao final da pesquisa oferecer uma análise aprofundada sobre os obstáculos que essas mulheres encontram ao exercerem sua maternidade contribuindo para reflexões que possam subsidiar políticas públicas práticas de saúde mais humanizadas e ações de enfrentamento ao estigma social associado ao HIV Para Santos 2021 p 44 a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado constituído principalmente de livros e artigos científicos 4 RESULTADOS Com base nos estudos analisados nos tópicos 12 e 13 é possível identificar resultados significativos e realizar uma análise crítica sobre os desafios enfrentados por mulheres que vivem com HIV especialmente no contexto da gestação e maternidade Um dos aspectos mais delicados abordados na literatura referese à revelação do diagnóstico ao parceiro Essa etapa é marcada por tensão emocional medo da rejeição rompimento de vínculos afetivos e até violência Embora a revelação possa possibilitar apoio afetivo e compartilhamento da responsabilidade pelo tratamento ela também pode provocar reações negativas que agravam o sofrimento da mulher A decisão de contar ou não sobre o 14 diagnóstico está profundamente ligada ao medo do estigma da exclusão social e da perda do controle sobre a informação Em muitos casos a mulher opta por ocultar sua condição mesmo diante da necessidade de iniciar o tratamento antirretroviral o que revela uma profunda ambivalência emocional Outro ponto crítico se refere ao sigilo profissional que deve ser garantido pelos serviços de saúde Apesar disso há relatos de quebra de confidencialidade fato que compromete a relação de confiança entre paciente e equipe de saúde além de ampliar a exposição ao preconceito A ausência de apoio social e conjugal agrava a vulnerabilidade dessas mulheres especialmente quando o diagnóstico é feito no prénatal contexto em que o abandono pelo parceiro e a responsabilização pela infecção são frequentes Nessas situações a maternidade acaba sendo vivida de forma solitária sem suporte emocional afetivo ou prático o que aumenta a sobrecarga física e psicológica da mulher No contexto da maternidade o diagnóstico de HIV impõe desafios adicionais que exigem uma reorganização da vida Mulheres diagnosticadas durante a gravidez ou o parto tendem a apresentar maior sofrimento emocional pois enfrentam simultaneamente a adaptação à maternidade e à condição de soropositiva Azevedo et al 2024 A vivência da gestação embora em alguns casos seja percebida como positiva especialmente entre mulheres já diagnosticadas anteriormente também pode ser atravessada por sentimento de culpa insegurança e medo da transmissão vertical Nesse sentido a prevenção da transmissão do HIV ao bebê tornase uma prioridade imediata com início da terapia antirretroviral TARV definição da via de parto e proibição da amamentação Brasil 2023 A impossibilidade de amamentar é um dos aspectos mais dolorosos da maternidade para mulheres vivendo com HIV Diversos estudos revelam que a amamentação é vista como um momento de expressão máxima do vínculo materno e sua proibição representa uma ruptura simbólica com o ideal cultural da maternidade Pereira et al 2024 Sales et al 2025 Muitas mulheres sofrem por não poder amamentar sentemse incompletas como mães e vivem o medo constante da exposição de sua sorologia ao serem questionadas sobre a ausência da amamentação Além disso o medo de infectar o filho também interfere no contato físico e nas manifestações afetivas levando em alguns casos ao distanciamento emocional da criança Pereira et al 2024 Sales et al 2025 Apesar desses desafios há também relatos de superação e reconstrução do vínculo afetivo ao longo do tempo Algumas mães motivadas pela empatia com os filhos que também enfrentam exames e medicamentos buscam formas de fortalecer a relação mesmo após períodos de distanciamento A adesão à TARV é frequentemente impulsionada pelo 15 desejo de proteger o bebê e garantir seu bemestar No entanto o uso dos antirretrovirais também está associado a preocupações com efeitos colaterais e possíveis impactos no crescimento fetal Estudos como os de Leite et al 2024 apontam correlação entre o HIV a TARV e o aumento da incidência de prematuridade e baixo peso ao nascer O momento posterior ao nascimento também é marcado pela ansiedade em relação ao diagnóstico da criança Como os anticorpos maternos podem permanecer no organismo do bebê até os 18 meses a confirmação do diagnóstico exige testes moleculares específicos e aguardar por esse resultado é uma fonte constante de angústia Brasil 2024 Algumas mães mantêm a esperança de um diagnóstico negativo enquanto outras preferem não criar expectativas para evitar frustrações O nascimento de um filho saudável por outro lado é percebido por muitas mulheres como um símbolo de superação e motivação para continuidade do tratamento Bastos et al 2024 Contudo em situações de diagnóstico tardio ou falhas no acolhimento e orientação o risco de transmissão aumenta e a confirmação do HIV na criança gera sentimento de culpa e arrependimento como relatado por Pacheco et al 2024 De modo geral os resultados revelam que o diagnóstico de HIV durante a gestação ou no período puerperal desencadeia uma série de desafios emocionais sociais e clínicos que afetam profundamente a experiência da maternidade A análise crítica dos estudos evidencia que os impactos vão além da questão médica envolvem a construção de uma nova identidade materna atravessada pelo estigma pelo medo pela solidão e pela luta diária por aceitação e proteção do filho Embora o acesso à TARV e às políticas públicas de prevenção da transmissão vertical representem avanços significativos ainda há falhas na abordagem humanizada do cuidado na orientação adequada e na proteção contra a discriminação É essencial que os profissionais de saúde estejam preparados não apenas tecnicamente mas também emocionalmente para acolher essas mulheres respeitando suas vivências e subjetividades A construção de estratégias de apoio psicológico fortalecimento das redes sociais e familiares bem como a garantia do sigilo e da empatia no atendimento são medidas fundamentais para que a maternidade mesmo diante do HIV possa ser vivida com dignidade segurança e afeto 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta revisão integrativa de literatura teve como objetivo sintetizar o conhecimento produzido na literatura científica nos últimos sete anos 2017 a 2025 acerca do impacto do diagnóstico do HIV na gravidez ou pósparto e seus efeitos na vida das mulheres 16 Este estudo enfatiza a relevância de compreender as múltiplas dificuldades enfrentadas por mulheres portadoras do HIV no exercício da maternidade Através da revisão bibliográfica foi possível identificar que apesar dos avanços científicos no controle da transmissão vertical e no acesso ao tratamento antirretroviral persistem barreiras significativas de ordem emocional social e estrutural Entre os principais desafios destacam se o estigma social o medo da rejeição o julgamento moral a desinformação e as falhas no acolhimento por parte dos serviços de saúde Esses fatores impactam diretamente o planejamento reprodutivo o acompanhamento prénatal e o vínculo entre mãe e filho Constatase portanto a necessidade urgente de promover práticas de cuidado mais humanizadas embasadas em uma abordagem interprofissional e centrada na escuta qualificada Além disso reforçase a importância da formação continuada dos profissionais da saúde da ampliação das políticas públicas inclusivas e da promoção de campanhas educativas que combatam o preconceito e garantam os direitos reprodutivos dessas mulheres Esperase que este trabalho contribua para o fortalecimento do debate acadêmico e para a formulação de estratégias mais eficazes de apoio à maternidade entre mulheres vivendo com HIV REFERÊNCIAS AKINSOLU F et al Experiências psicossociais de mulheres grávidas vivendo com HIV um estudo qualitativo BMC Public Health v 25 p 234245 2025 Disponível em httpsbmcpublichealthbiomedcentralcomarticles101186s12889025235341 Acesso em 18 set 2025 AZEVEDO A P de SOUSA M A de SILVA L P da As experiências de parto de mulheres grávidas vivendo com HIV implicações emocionais e sociais Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil Sl v 24 n 3 p 110 2024 Disponível em httpspmcncbinlmnihgovarticlesPMC11202184 Acesso em 19 set 2025 BAILO Davit Willian et al Crianças com HIV o estigma como obstáculo à adesão e a necessidade de reformas no cuidado Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences v 6 n 10 p 112128 2024 BARROS Sílvia Furtado de et al Estigma e adesão ao tratamento em mulheres que vivem com HIV revisão de literatura Revista da SBPH v 27 2024 BASTOS J F SILVA M P S PEREIRA L E A Impacto emocional da infecção por HIV na maternidade desafios e estratégias de enfrentamento Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil v 25 n 2 p 110 2024 Disponível em 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Luís Eduardo Alves et al HIV e amamentação os sentimentos de mulheres soropositivas diante da impossibilidade de amamentar A theoreticalreflective study VITTALLERevista de Ciências da Saúde v 36 n 1 p 6981 2024 RIQUE Luisa Lacerda et al O Impacto da Soropositividade no Vínculo mãebebê em Gestantes Diagnosticada com HIV Interação em Psicologia v 26 n 3 2022 SALES W M O J R PEREIRA L E A SILVA M P S Percepções de gestantes vivendo com HIV acerca do aleitamento materno Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil v 25 n 3 p 110 2025 Disponível em httpswwwresearchgatenetpublication379363037Percepcoesdegestantesvivendocom HIVacercadoaleitamentomaterno Acesso em 19 set 2025 20 SALVADORI M HAHN P Quebra de sigilo e estigma no cuidado a pessoas vivendo com HIV implicações sociais e psicológicas Revista de Psicologia da Saúde v 13 n 2 p 4557 2021 Disponível em httpswwwrevistapsicologiasaudeorgbrartigos1322021salvadorihahnpdf Acesso em 18 set 2025 SANCHES D R M SOARES A P VIEIRA A P O impacto do 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Regina de Lima SILVA Renata Moreira da orgs Parte III A maternidade como evento não normativo 1 ed São Paulo Editora Fiocruz 2022 p 323335 Disponível em httpsbooksscieloorgidrt85rpdfbastos978655630193829pdf Acesso em 19 set 2025 21 SILVEIRA M A et al Impacto do diagnóstico tardio de HIV na gestação aspectos emocionais e psicológicos Revista UniLS Acadêmica v 1 n 1 p 1520 2022 Disponível em httpsrevistaunilsedubrindexphpfilesarticledownload6657345 Acesso em 18 set 2025 SOUZA R M et al Estratégias emocionais e familiares diante da impossibilidade de amamentar em mães vivendo com HIV Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil v 21 n 4 p 10231035 2021 Disponível em httpswwwscielobrjrbsmiaabc123 Acesso em 19 set 2025

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