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Engenharia de Energia ·
Física Experimental
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Cabe destacar, brevemente, que as palavras hipótese, modelo, teoria e lei, usadas arbitrariamente acima, apresentam conotações diferentes com relação ao estágio do aceitação do conhecimento acerca de um grupo de fenômenos.\n\nUma hipótese é uma afirmação limitada acerca de causa e efeito em situações específicas. A palavra modelo é reservada para situações nas quais é sabido que a hipótese tem, pelo menos, uma validade limitada. Uma teoria científica ou lei representa uma hipótese, ou grupo de hipóteses relacionadas, as quais têm sido confirmadas por testes experimentais confiáveis e independentes (DA COSTA, 1997).\n\nInteressante também observar que não é a ciência nossa única forma de entender e representar o mundo. Há uma variada gama de conhecimentos que, embora sendo conhecimentos, não fazem parte daquilo que denominamos conhecimento científico. Incluem-se nessa categoria os conhecimentos\n\nEm que pese todo esse conjunto de dificuldades, Newton formou-se aos 23 anos em Cambridge, Inglaterra, em um período marcado por uma forte incidência da peste bubônica, que levou ao fechamento da Universidade de Cambridge.\n\nNewton retornou a sua terra natal e por lá permaneceu 18 meses, os quais foram muito profícuos e criativos, gerando a formulação de teorias que revolucionariam toda a ciência moderna. Nesse intervalo de tempo, Newton elaborou as leis do movimento:\n1. Um corpo em repouso continuará em repouso, a menos que uma força atue sobre ele e um corpo em movimento retilíneo uniforme, continuará a mover-se em linha reta com velocidade constante a menos que uma força atue sobre ele;\n2. A aceleração (taxa de variação da quantidade de movimento) é diretamente proporcional à força;\n3. A cada ação corresponde uma reação igual e oposta.\n\nA partir dessa formulação, em termos de leis gerais do movimento, inicia-se plenamente a ciência mecânica ou, em outras palavras, a física clássica, ou em termos mais gerais ainda, a ciência moderna. A grande revolução estava justamente em encontrar leis matemáticas simples e precisas, a partir das quais tornava-se possível trabalhar minuciosamente observações observadas experimentalmente.\n\nNewton afirmou que ele só pôde completar sua obra, indo muito além e enxergando bem longe, porque apoiara-se em ombros gigantes. Referia-se a vários, mas particularmente a Galileu e a Kepler, com justiça. Curiosamente, embora toda essa formulação estivesse acabada após os 18 meses de retorno à casa da avó, mesmo tendo retornado a Cambridge posteriormente, Newton não publicou de imediato seus achados. Somente 17 anos depois, em 1684, ao mostrar seus resultados e análises para Edmond Halley, um grande astrônomo da época, foi tão grande a insistência, que Newton Concordou com a publicação, a qual foi paga por Halley. Foi Halley, com crédito para tanto, quem escreveu o prefácio daquela que é considerada a mais influente obra escrita por um único indivíduo em toda a história da humanidade (BRODY, 2000). O Principia (NEWTON, 1979) (figura 1.18), na verdade, é constituído de três livros:\n1. Mecânica;\n2. Movimento dos corpos em meios com resistência (ar ou água);\n3. Estrutura e funcionamento do sistema solar, inclusive o tratamento das marés e cometas.\n\nFigura 1.1.8 - Isaac Newton e o Principia\n\nEmbora essa obra tenha despertado enorme interesse da comunidade científica da época, Newton perde parcialmente seu interesse pela ciência, elegendo-se para a administração cinco anos após sua publicação, tendo também ocupado os cargos de Supervisor e Diretor da Casa da Moeda. De 1703 até sua morte, Newton foi Presidente da Royal Society de Londres.\n\nEm 1704, Newton publica Óptica (NEWTON, 1979), um tratado sobre reflexões e cores da luz, elementos sobre os quais houvera trabalhado e escrito em 1675, cerca de trinta anos antes. Newton escreveu também sobre química, alquimia e religião, mas foi com o Principia, especialmente, complementado pelo Óptica, que ele registraria eternamente seu nome como um dos maiores cientistas de todos os tempos.\n\n1.3.2 Consolidação do Método Científico\n\nOs gregos têm o mérito da introdução do método, enquanto observação e lógica. Galileu, simbolicamente, representa a introdução da experimentação completando o método científico como tal. Por sua vez, Newton representa o ama durcimento e a constatação de que todo o conhecimento científico sobre o mundo deve ser construído por intermédio da utilização do método científico. Tudo pode ser racionalizado, medido e calculado. Newton estabeleceu a possibilidade de chegar às leis sobre a natureza com ênfase no poder da razão. Gradativamente, a partir de então, o racionalismo passa a ser, cada vez mais, considerado uma característica diferencial do ser humano. A razão é vista como mecanismo, meio de obtenção do conhecimento e guia das ações humanas.\n\nEm síntese, o método científico é definido como o método pelo cientista pretende construir uma representação precisa – ou seja, confiável, consistente e não arbitrária – do mundo à sua volta. Em geral, podemos afirmar ter o método científico quatro etapas fundamentais:\n1. Observação e descrição de um fenômeno ou grupo de fenômenos;\n2. Formulação de uma hipótese para explicar os fenômenos. Muitas vezes tais hipóteses assumem a forma de um mecanismo causal ou relação matemática;\n3. A hipótese é utilizada para prever a existência de outros fenômenos, ou então para predizer, quantitativamente, a ocorrência de novas observações possíveis;\n4. Realização de testes experimentais acerca das previsões por vários experimentais independentes e confirmação dos pressupostos adotados. Caso os experimentos confirmem as hipóteses e as previsões decorrentes, podemos avançar no conhecimento científico. religiosos e populares. Para ser conhecimento científico há que ser proveniente do uso, assim como estar submetido ao teste, do método científico. Dessa forma, não basta ser verdade, para ser conhecimento científico há que ser verificado e demonstrado à luz do método científico (MOTA, 2000).\n\nA título de explicação do discutido acima, imagine alguém que firmemente crê em vidas em outros planetas. Trata-se de crença pessoal que pode servir de cadeira, dado que é possível que tais seres existam. Assim, embora respeitável enquanto fé, no entanto, não é ciência. Não por não ser verdadeira, dado que igualmente não pode a ciência provar a impossibilidade da existência de extraterrestres, mas sim por não haver provas que atendam aos pressupostos do método científico.\n\n1.3.3. Os séculos XVIII e XIX e as relações entre ciência, tecnologia e produção\n\nConsolidada a ciência moderna com Newton, foi exatamente a visão de que não bastaria entender o mundo, era preciso modificá-lo, que implicaria nas grandes transformações que marcaram os séculos XVIII e XIX. Em particular, a máquina a vapor, descoberta por James Watt em 1784, representou um tremendo impulso na área da produção (ANDERY, 1999).\n\nA partir de então, ciência e produção interferem-se mutuamente. A ciência alimenta, altera, submete a natureza à sua volta a serviço do homem.\n\nNo século XIX, a ciência organiza-se formalmente, deixando suas práticas basicamente amadoras, sendo que especialmente na Inglaterra, na França e na Alemanha ela volta-se naturalmente para os interesses de produção.\n\nEsse período tem como característica ênfase no poder da razão. O racionalismo passa a ser entendido como uma marca natural do ser humano, e a razão, mais do que um mecanismo de obtenção do conhecimento, é vista como um guia das ações humanas.\n\nA possibilidade de se chegar a leis sobre a natureza gera o pressuposto de que há regularidades e uniformidades nos fenômenos — quer físicos ou sociais — já que todos passam a ser considerados fenômenos naturais. Em suma, em princípio, acreditava-se que tudo pudesse ser observado, medido e calculado.\n\nNo decorrer do século XIX, há um grande desenvolvimento capitalista, podendo ser entendido como dividido em dois grandes momentos. Primeiro até 1848, período em que ocorreu uma expansão centrada principalmente nos países industrializados. Nesse período, crescem as forças produtivas e a classe operária cresce tanto em número como em nível de pobreza. Na mesma proporção aumenta sua consciência política, enquanto classe, dando origem à proposta do socialismo.\n\nEm 1848, havia uma enorme efervescência na Europa, um período revolucionário, levando os capitalistas a prepararem mudanças e implementarem um novo momento de desenvolvimento capitalista (BERNAL, 1976). A unificação da Alemanha e da Itália em meados da segunda metade do século XIX contribui com a implantação de políticas nacionalistas e liberais.\n\nMarx, participante ativo da esquerda Hegeliana, em 1841 defendeu sua tese de doutorado acerca da filosofia de Demócrito e Epicuro (MARX, s/d). Posteriormente, ele trabalhou acerca da concepção materialista do homem e da história em contraposição à visão idealista de Hegel. Uma vasta produção posterior, incluindo os Manuscritos Econômico-Filosóficos (1844) (MARK, 1984), Miséria da Filosofia (1847) (MARK, s/d), Ideologia Alemã (1848) (MARX e ENGELS, 1980), Manifesto Comunista (1848) (MARK, 1985), O Dezoito Brumário (MARX, 1985), O Capital (1867), I (1885) e III (1894) (MARX, 1983), marcarão profundamente a virada do século XIX para o XX.\n\nA importância de Marx, do ponto de vista do método, está justamente na tentativa de elaboração de um sistema explicativo baseado em bases metodológicas, substanciadas na materialidade histórica e no materialismo dialético. A visão de Marx está centrada na concepção de que as transformações na sociedade se dão via contradições e antagonismos, estando o desenvolvimento associado à superação permanente desses conflitos, sendo que os elementos de transformação não estão fora da sociedade, mas sim efetivados por meio do próprio homem enquanto agente social. Do ponto de vista do método, de acordo com Marx, é da produção e da base econômica que se parte para explicar a própria sociedade. Trata-se, no limite, de tentar descobrir os fenômenos que originam e conduzem as transformações. Marx alerta, no entanto, que não é possível, no campo social, pensar-se em leis abstratas, intuitivas, atemporais e a-históricas. Trata-se, segundo ele, de descobrir as leis que, sob condições históricas específicas, ajudam a determinar se um fenômeno que tem existência em condições dadas, e não uma existência que independe da história.\n\nConsiderando que Marx estava atrás das descobertas das relações e conexões, envolvendo a totalidade dos fenômenos, compreendidos a partir da realidade concreta, sua obra representa tanto uma forma de pensar ou agir político como, também, a questão do método nas ciências.\n\nO conhecimento científico adquire, de forma acentuada a partir de Marx, o caráter de ferramenta a serviço da compreensão do mundo visando sua transformação. Não se especifico da sua visão política, a serviço de uma classe, os trabalhadores, e em conflito com os detentores dos meios de produção.\n\n1.3.4. Fim do século XIX e começo do século XX\n\nA ciência na virada do século XIX para o século XX explica esta nova neutralidade. O caráter do conhecimento científico, enquanto compreendido como a transformação concreta do mundo, geraria a certeza de que o século seguinte só não seria mais como houvesse sido até então.\n\nO clima dominante na Europa no começo do século XX é o positivismo lógico, baseado em que algo só é verdadeiro se for possível demonstrá-lo lógica e empiricamente. Assim, matemática e ciência são consideradas fontes supremas de verdade.\n\nCharles Sanders Pierce, filósofo americano, considerado o fundador da filosofia do pragmatismo, afirma no começo do século XX que a verdade absoluta é, por definição, tudo aquilo que os cientistas afirmarem ser verdadeiro quandos chegaram ao final de seu trabalho (WIENER, 1966). 1.4 Os grandes filósofos da ciência do século XX\n\n1.4.1 Papel da ciência e da tecnologia na sociedade contemporânea\n\nCiência e tecnologia, particularmente no século XX, constituíram elementos centrais do mundo e são fundamentais para procurar entender aqueles tempos (MOTA, 2001). Curiosamente, em que pese sua relevância, jamais o conheci- mento, no sentido amplo da palavra, esteve tão distante entre aqueles que o praticam e o desenvolvem nas suas fronteiras e a população em geral.\n\nAssim, o cidadão comum do século XX, embora tão próximo dos impactos de novas descobertas científicas, em geral, sabe muito pouco sobre os dilemas da ciência atual, como ela é produzida e, particularmente, acerca do método científico e seus questionamentos.\n\nTais dilemas tornaram muito claro que entender a história da ciência, a questão da metodologia científica e a educação científica e tecnológica cons- tituem ingredientes absolutamente fundamentais para que as sociedades contemporâneas possam adequadamente analisar seus problemas, escolher as soluções e enfrentar seus destinos de forma esclarecida.\n\nUma geração de filósofos tratados desse tema de forma muito profunda, ten- do estabelecido como os cientistas do século X, e também os atuais, lidam com suas próprias hipóteses e, fazendo uso de suas metodologias, constroem suas teorias. Em particular, examinaremos esses tratamentos à luz de três dos mais importantes filósofos da ciência que marcaram profundamente o pensa- mento do século XX: Karl Popper, Thomas Kuhn e Paul Feyerabend.\n\nPara entender os dilemas que cercam a adoção do método científico no sé- culo XX e nos dias de hoje é preciso conferir especial atenção aos reflexos de poder e de prestígio que a ciência adquiriu ao final do século XIX. Como res- saltado anteriormente, o positivismo lógico era a filosofia dominante na virada entre os séculos XIX e XX, definindo como verdadeiro tudo aquilo, e somente aquilo, que pudesse ser demonstrado logicamente e empiricamente.\n\nCAPÍTULO 1 • 37 1.4.2 Karl Popper e a refutabilidade\n\nNo decorrer do século XX há um movimento de pensadores contestando essa atitude perante a ciência. Destacam-se os esforços de Karl Popper (POP- PER, 1934; 1945; ibid, 1963) em distinguir entre ciência verdadeira e pseudociência. Popper, diferentemente dos positivistas lógicos, negava a afirmação de que cientistas pudessem provar uma teoria por indução, por testes empíri- cos, ou via observações sucessivas.\n\nPopper estabelece, a partir de seu critério de refutabilidade, uma distinção entre ciência verdadeiramente testável, via mundos empíricos de conhecimento, e ci-ência irônica, ou seja, ciência que não é experimental e que, portanto, não pode ser testada, consequentemente não sendo ciência no sentido estrito da palavra.\n\nMesmo no contexto das ciências testáveis, ele argumenta que os observa- ções nunca são capazes de provar totalmente uma teoria. Só podemos, de fato, provar sua invalidez ou refutá-la. A partir do princípio da refutação, Popper estabelece o chamado racionalismo crítico baseado no conflito conjectura e refutação.\n\nEm que pese Popper afirmar que a ciência não deveria reduzir-se a um mé- todo, inequivocamente o programa por ele proposto de refutabilidade acabou por constituir-se no método que influenciou, de forma muito marcante, por um razoável período, os pensadores da filosofia da ciência no século passado. De alguma forma, a partir de seu antidogmatismo, uma vez aplicado à ciência, acabava tornando-se uma espécie de dogmatismo.\n\n1.4.3 Thomas Kuhn e os paradigmas\n\nThomas Kuhn (KUHN, 2000), entre outros, apresenta um conjunto de diver- gências significativas acerca da visão de Popper. Segundo ele, a refutação não é mais possível do que a verificação, dado que cada processo implica na exis- tência de padrões absolutos de evidências, que transcendem os paradigmas individuais.\n\nAssim, um novo paradigma pode ser superior (melhor) do que o anterior para resolver um conjunto de enigmas propostos. O fato de a nova ciência pro- duzir mais explicações e aplicações práticas do que a outra não permite sim- plesmente qualificar a velha ciência como falha.\n\nCAPÍTULO 1 • 38 A partir do ponto de vista de Kuhn, qualquer método científico deverá ser avaliado não absolutamente, mas sim a partir daquilo que se possa fazer com ele. Nesse contexto, e somente nele, pode-se aplicar os conceitos de fal- so e verdadeiro, desde que necessariamente no interior de um paradigma bem estabelecido.\n\nKuhn afirma que, em geral, os cientistas trabalham no contexto de uma ci- ência normal, ou seja, preenchem detalhes, resolvem charadas, que reformatam o paradigma dominante. Assim funciona até que haja uma ruptura, gerada a partir de perguntas não respondidas nos limites do paradigma anterior, que demanda modificações profundas em direção à construção de um novo para- digma. A adoção de novos conceitos, diferentes enfoques e origens teóricas se- rão decorrentes da implementação do eventual paradigma revolucionário.\n\nPopper e Kuhn divergem a respeito da natureza essencial da ciência e da- neses das revoluções científicas. Popper crê que uma refutação foi bastante convincente está definida a necessidade de uma revolução. Por outro lado, se- gundo Kuhn, à maior parte do tempo, os cientistas dedicam-se ao exercício da ciência normal. Consequentemente, uma revolução científica é um fenômeno singular, muito raro e ocasional.\n\n1.4.4 Paul Feyerabend e o Contra o Método\n\nUm enfoque diferente de Popper e também de Kuhn é apresentado por Paul Feyerabend, em especial na sua obra intitulada: Contra o método (FEYERA- BEND, 1975). Nela, o filósofo afirma que não há, de fato, lógica na ciência. Se- gundo ele, os cientistas criam e adotam teorias científicas por razões de natu- reza subjetivas, e muitas vezes irracionais.\n\nDo ponto de vista de Feyerabend, o racionalismo crítico de Popper não era tão distante do positivismo que o precedera e que ele tanto condenara. De mes- ma forma, ainda que mais tolerante com relação a Kuhn, Feyerabend acredita que raramente a ciência era tão normal quanto Kuhn supunha. Em resumo, ele defendia ardentemente a ideia de que não havia método científico no senti- do estrito. O que havia eram ideias que funcionavam dentro de certas circum- stâncias. Na ocorrência de novas situações, há que se adotar novas tentativas, afirma Feyerabend.\n\nReduzir a ciência a uma metodologia particular, seja a teoria da refutabi- lidade de Popper ou o modelo de ciência normal de Kuhn, seria o mesmo que\n\nCAPÍTULO 1 • 39 destruí-la. A ciência pode ser considerada superior às demais formas de conhecimento somente à medida que permite que todos que com ela trabalham possam estar em contato com o maior número possível de modos de pensar diferentes e, a partir desse pressuposto, escolher livremente entre eles.\n\nFeyerabend findou conhecido como o filósofo da anticinecia por defender que toda descrição da realidade seria necessariamente inadequada. No entanto, a leitura atenta da sua obra mostra essencialmente uma preocupação, antes de mais nada uma alerta, acerca das dificuldades em todos os empreendimentos humanos que vissem reduzir a diversidade natural inerente à realidade. Nesse sentido, ele era um ético da crença de que os cientistas pudessem um dia abarcar a realidade em uma teoria única no mundo, a partir da qual um método científico completo seria estabelecido.\n\n1.4.5 Autoinfluências e tipos de falseacionismos\n\nFruto de todas essas discussões que marcaram o século e esses três filósofos, eles se auto influenciaram e formam mudando e incorporando novos elementos aos seus respectivos pensamentos. Em particular, Popper, no processo do amadurecimento de suas teorias, podemos destacar pelo menos três faces bastante distintas nas suas concepções de falseacionismo: dogmatismo, metodológico e sofisticado (LAKATOS & MUSGRAVE, 1965).\n\nO falseacionismo dogmático é influenciado, ainda que oposto, pelas visões dos justificacionistas clássicos, os quais só admitem como teorias científicas as teorias provadas. Os justificacionistas neoclássicos, por sua vez, estenderam esse critério às teorias prováveis. Os falseacionistas dogmáticos só aceitavam teorias que fossem refutáveis. Dentro dos marcos do falseacionismo dogmático, também conhecido como naturalismo, admite-se a falibilidade de todas as teorias científicas, uma vez que em falhando, abandonam-se mesmas imediatamente. Da mesma forma, executam-se sumariamente todas as propostas que não possam ser falseadas. Obviamente, tratava-se de um critério demasiadamente rígido entre o caráter científico e não científico do conhecimento.\n\nO falseacionismo metodológico apresenta novidade na adoção do convencionalismo, onde permite-se que o valor da verdade nem sempre pode ser provado por fatos. Em alguns casos, pode-se decidir por consenso. O falseacionista metodológico separa a rejeição da refutação, que o falseacionista dogmático havia fundido. O falseacionista metodológico indica a necessidade urgente de\n
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Incluem-se nessa categoria os conhecimentos\n\nEm que pese todo esse conjunto de dificuldades, Newton formou-se aos 23 anos em Cambridge, Inglaterra, em um período marcado por uma forte incidência da peste bubônica, que levou ao fechamento da Universidade de Cambridge.\n\nNewton retornou a sua terra natal e por lá permaneceu 18 meses, os quais foram muito profícuos e criativos, gerando a formulação de teorias que revolucionariam toda a ciência moderna. Nesse intervalo de tempo, Newton elaborou as leis do movimento:\n1. Um corpo em repouso continuará em repouso, a menos que uma força atue sobre ele e um corpo em movimento retilíneo uniforme, continuará a mover-se em linha reta com velocidade constante a menos que uma força atue sobre ele;\n2. A aceleração (taxa de variação da quantidade de movimento) é diretamente proporcional à força;\n3. A cada ação corresponde uma reação igual e oposta.\n\nA partir dessa formulação, em termos de leis gerais do movimento, inicia-se plenamente a ciência mecânica ou, em outras palavras, a física clássica, ou em termos mais gerais ainda, a ciência moderna. A grande revolução estava justamente em encontrar leis matemáticas simples e precisas, a partir das quais tornava-se possível trabalhar minuciosamente observações observadas experimentalmente.\n\nNewton afirmou que ele só pôde completar sua obra, indo muito além e enxergando bem longe, porque apoiara-se em ombros gigantes. Referia-se a vários, mas particularmente a Galileu e a Kepler, com justiça. Curiosamente, embora toda essa formulação estivesse acabada após os 18 meses de retorno à casa da avó, mesmo tendo retornado a Cambridge posteriormente, Newton não publicou de imediato seus achados. Somente 17 anos depois, em 1684, ao mostrar seus resultados e análises para Edmond Halley, um grande astrônomo da época, foi tão grande a insistência, que Newton Concordou com a publicação, a qual foi paga por Halley. Foi Halley, com crédito para tanto, quem escreveu o prefácio daquela que é considerada a mais influente obra escrita por um único indivíduo em toda a história da humanidade (BRODY, 2000). O Principia (NEWTON, 1979) (figura 1.18), na verdade, é constituído de três livros:\n1. Mecânica;\n2. Movimento dos corpos em meios com resistência (ar ou água);\n3. Estrutura e funcionamento do sistema solar, inclusive o tratamento das marés e cometas.\n\nFigura 1.1.8 - Isaac Newton e o Principia\n\nEmbora essa obra tenha despertado enorme interesse da comunidade científica da época, Newton perde parcialmente seu interesse pela ciência, elegendo-se para a administração cinco anos após sua publicação, tendo também ocupado os cargos de Supervisor e Diretor da Casa da Moeda. De 1703 até sua morte, Newton foi Presidente da Royal Society de Londres.\n\nEm 1704, Newton publica Óptica (NEWTON, 1979), um tratado sobre reflexões e cores da luz, elementos sobre os quais houvera trabalhado e escrito em 1675, cerca de trinta anos antes. Newton escreveu também sobre química, alquimia e religião, mas foi com o Principia, especialmente, complementado pelo Óptica, que ele registraria eternamente seu nome como um dos maiores cientistas de todos os tempos.\n\n1.3.2 Consolidação do Método Científico\n\nOs gregos têm o mérito da introdução do método, enquanto observação e lógica. Galileu, simbolicamente, representa a introdução da experimentação completando o método científico como tal. Por sua vez, Newton representa o ama durcimento e a constatação de que todo o conhecimento científico sobre o mundo deve ser construído por intermédio da utilização do método científico. Tudo pode ser racionalizado, medido e calculado. Newton estabeleceu a possibilidade de chegar às leis sobre a natureza com ênfase no poder da razão. Gradativamente, a partir de então, o racionalismo passa a ser, cada vez mais, considerado uma característica diferencial do ser humano. A razão é vista como mecanismo, meio de obtenção do conhecimento e guia das ações humanas.\n\nEm síntese, o método científico é definido como o método pelo cientista pretende construir uma representação precisa – ou seja, confiável, consistente e não arbitrária – do mundo à sua volta. Em geral, podemos afirmar ter o método científico quatro etapas fundamentais:\n1. Observação e descrição de um fenômeno ou grupo de fenômenos;\n2. Formulação de uma hipótese para explicar os fenômenos. Muitas vezes tais hipóteses assumem a forma de um mecanismo causal ou relação matemática;\n3. A hipótese é utilizada para prever a existência de outros fenômenos, ou então para predizer, quantitativamente, a ocorrência de novas observações possíveis;\n4. Realização de testes experimentais acerca das previsões por vários experimentais independentes e confirmação dos pressupostos adotados. Caso os experimentos confirmem as hipóteses e as previsões decorrentes, podemos avançar no conhecimento científico. religiosos e populares. Para ser conhecimento científico há que ser proveniente do uso, assim como estar submetido ao teste, do método científico. Dessa forma, não basta ser verdade, para ser conhecimento científico há que ser verificado e demonstrado à luz do método científico (MOTA, 2000).\n\nA título de explicação do discutido acima, imagine alguém que firmemente crê em vidas em outros planetas. Trata-se de crença pessoal que pode servir de cadeira, dado que é possível que tais seres existam. Assim, embora respeitável enquanto fé, no entanto, não é ciência. Não por não ser verdadeira, dado que igualmente não pode a ciência provar a impossibilidade da existência de extraterrestres, mas sim por não haver provas que atendam aos pressupostos do método científico.\n\n1.3.3. Os séculos XVIII e XIX e as relações entre ciência, tecnologia e produção\n\nConsolidada a ciência moderna com Newton, foi exatamente a visão de que não bastaria entender o mundo, era preciso modificá-lo, que implicaria nas grandes transformações que marcaram os séculos XVIII e XIX. Em particular, a máquina a vapor, descoberta por James Watt em 1784, representou um tremendo impulso na área da produção (ANDERY, 1999).\n\nA partir de então, ciência e produção interferem-se mutuamente. A ciência alimenta, altera, submete a natureza à sua volta a serviço do homem.\n\nNo século XIX, a ciência organiza-se formalmente, deixando suas práticas basicamente amadoras, sendo que especialmente na Inglaterra, na França e na Alemanha ela volta-se naturalmente para os interesses de produção.\n\nEsse período tem como característica ênfase no poder da razão. O racionalismo passa a ser entendido como uma marca natural do ser humano, e a razão, mais do que um mecanismo de obtenção do conhecimento, é vista como um guia das ações humanas.\n\nA possibilidade de se chegar a leis sobre a natureza gera o pressuposto de que há regularidades e uniformidades nos fenômenos — quer físicos ou sociais — já que todos passam a ser considerados fenômenos naturais. Em suma, em princípio, acreditava-se que tudo pudesse ser observado, medido e calculado.\n\nNo decorrer do século XIX, há um grande desenvolvimento capitalista, podendo ser entendido como dividido em dois grandes momentos. Primeiro até 1848, período em que ocorreu uma expansão centrada principalmente nos países industrializados. Nesse período, crescem as forças produtivas e a classe operária cresce tanto em número como em nível de pobreza. Na mesma proporção aumenta sua consciência política, enquanto classe, dando origem à proposta do socialismo.\n\nEm 1848, havia uma enorme efervescência na Europa, um período revolucionário, levando os capitalistas a prepararem mudanças e implementarem um novo momento de desenvolvimento capitalista (BERNAL, 1976). A unificação da Alemanha e da Itália em meados da segunda metade do século XIX contribui com a implantação de políticas nacionalistas e liberais.\n\nMarx, participante ativo da esquerda Hegeliana, em 1841 defendeu sua tese de doutorado acerca da filosofia de Demócrito e Epicuro (MARX, s/d). Posteriormente, ele trabalhou acerca da concepção materialista do homem e da história em contraposição à visão idealista de Hegel. Uma vasta produção posterior, incluindo os Manuscritos Econômico-Filosóficos (1844) (MARK, 1984), Miséria da Filosofia (1847) (MARK, s/d), Ideologia Alemã (1848) (MARX e ENGELS, 1980), Manifesto Comunista (1848) (MARK, 1985), O Dezoito Brumário (MARX, 1985), O Capital (1867), I (1885) e III (1894) (MARX, 1983), marcarão profundamente a virada do século XIX para o XX.\n\nA importância de Marx, do ponto de vista do método, está justamente na tentativa de elaboração de um sistema explicativo baseado em bases metodológicas, substanciadas na materialidade histórica e no materialismo dialético. A visão de Marx está centrada na concepção de que as transformações na sociedade se dão via contradições e antagonismos, estando o desenvolvimento associado à superação permanente desses conflitos, sendo que os elementos de transformação não estão fora da sociedade, mas sim efetivados por meio do próprio homem enquanto agente social. Do ponto de vista do método, de acordo com Marx, é da produção e da base econômica que se parte para explicar a própria sociedade. Trata-se, no limite, de tentar descobrir os fenômenos que originam e conduzem as transformações. Marx alerta, no entanto, que não é possível, no campo social, pensar-se em leis abstratas, intuitivas, atemporais e a-históricas. Trata-se, segundo ele, de descobrir as leis que, sob condições históricas específicas, ajudam a determinar se um fenômeno que tem existência em condições dadas, e não uma existência que independe da história.\n\nConsiderando que Marx estava atrás das descobertas das relações e conexões, envolvendo a totalidade dos fenômenos, compreendidos a partir da realidade concreta, sua obra representa tanto uma forma de pensar ou agir político como, também, a questão do método nas ciências.\n\nO conhecimento científico adquire, de forma acentuada a partir de Marx, o caráter de ferramenta a serviço da compreensão do mundo visando sua transformação. Não se especifico da sua visão política, a serviço de uma classe, os trabalhadores, e em conflito com os detentores dos meios de produção.\n\n1.3.4. Fim do século XIX e começo do século XX\n\nA ciência na virada do século XIX para o século XX explica esta nova neutralidade. O caráter do conhecimento científico, enquanto compreendido como a transformação concreta do mundo, geraria a certeza de que o século seguinte só não seria mais como houvesse sido até então.\n\nO clima dominante na Europa no começo do século XX é o positivismo lógico, baseado em que algo só é verdadeiro se for possível demonstrá-lo lógica e empiricamente. Assim, matemática e ciência são consideradas fontes supremas de verdade.\n\nCharles Sanders Pierce, filósofo americano, considerado o fundador da filosofia do pragmatismo, afirma no começo do século XX que a verdade absoluta é, por definição, tudo aquilo que os cientistas afirmarem ser verdadeiro quandos chegaram ao final de seu trabalho (WIENER, 1966). 1.4 Os grandes filósofos da ciência do século XX\n\n1.4.1 Papel da ciência e da tecnologia na sociedade contemporânea\n\nCiência e tecnologia, particularmente no século XX, constituíram elementos centrais do mundo e são fundamentais para procurar entender aqueles tempos (MOTA, 2001). Curiosamente, em que pese sua relevância, jamais o conheci- mento, no sentido amplo da palavra, esteve tão distante entre aqueles que o praticam e o desenvolvem nas suas fronteiras e a população em geral.\n\nAssim, o cidadão comum do século XX, embora tão próximo dos impactos de novas descobertas científicas, em geral, sabe muito pouco sobre os dilemas da ciência atual, como ela é produzida e, particularmente, acerca do método científico e seus questionamentos.\n\nTais dilemas tornaram muito claro que entender a história da ciência, a questão da metodologia científica e a educação científica e tecnológica cons- tituem ingredientes absolutamente fundamentais para que as sociedades contemporâneas possam adequadamente analisar seus problemas, escolher as soluções e enfrentar seus destinos de forma esclarecida.\n\nUma geração de filósofos tratados desse tema de forma muito profunda, ten- do estabelecido como os cientistas do século X, e também os atuais, lidam com suas próprias hipóteses e, fazendo uso de suas metodologias, constroem suas teorias. Em particular, examinaremos esses tratamentos à luz de três dos mais importantes filósofos da ciência que marcaram profundamente o pensa- mento do século XX: Karl Popper, Thomas Kuhn e Paul Feyerabend.\n\nPara entender os dilemas que cercam a adoção do método científico no sé- culo XX e nos dias de hoje é preciso conferir especial atenção aos reflexos de poder e de prestígio que a ciência adquiriu ao final do século XIX. Como res- saltado anteriormente, o positivismo lógico era a filosofia dominante na virada entre os séculos XIX e XX, definindo como verdadeiro tudo aquilo, e somente aquilo, que pudesse ser demonstrado logicamente e empiricamente.\n\nCAPÍTULO 1 • 37 1.4.2 Karl Popper e a refutabilidade\n\nNo decorrer do século XX há um movimento de pensadores contestando essa atitude perante a ciência. Destacam-se os esforços de Karl Popper (POP- PER, 1934; 1945; ibid, 1963) em distinguir entre ciência verdadeira e pseudociência. Popper, diferentemente dos positivistas lógicos, negava a afirmação de que cientistas pudessem provar uma teoria por indução, por testes empíri- cos, ou via observações sucessivas.\n\nPopper estabelece, a partir de seu critério de refutabilidade, uma distinção entre ciência verdadeiramente testável, via mundos empíricos de conhecimento, e ci-ência irônica, ou seja, ciência que não é experimental e que, portanto, não pode ser testada, consequentemente não sendo ciência no sentido estrito da palavra.\n\nMesmo no contexto das ciências testáveis, ele argumenta que os observa- ções nunca são capazes de provar totalmente uma teoria. Só podemos, de fato, provar sua invalidez ou refutá-la. A partir do princípio da refutação, Popper estabelece o chamado racionalismo crítico baseado no conflito conjectura e refutação.\n\nEm que pese Popper afirmar que a ciência não deveria reduzir-se a um mé- todo, inequivocamente o programa por ele proposto de refutabilidade acabou por constituir-se no método que influenciou, de forma muito marcante, por um razoável período, os pensadores da filosofia da ciência no século passado. De alguma forma, a partir de seu antidogmatismo, uma vez aplicado à ciência, acabava tornando-se uma espécie de dogmatismo.\n\n1.4.3 Thomas Kuhn e os paradigmas\n\nThomas Kuhn (KUHN, 2000), entre outros, apresenta um conjunto de diver- gências significativas acerca da visão de Popper. Segundo ele, a refutação não é mais possível do que a verificação, dado que cada processo implica na exis- tência de padrões absolutos de evidências, que transcendem os paradigmas individuais.\n\nAssim, um novo paradigma pode ser superior (melhor) do que o anterior para resolver um conjunto de enigmas propostos. O fato de a nova ciência pro- duzir mais explicações e aplicações práticas do que a outra não permite sim- plesmente qualificar a velha ciência como falha.\n\nCAPÍTULO 1 • 38 A partir do ponto de vista de Kuhn, qualquer método científico deverá ser avaliado não absolutamente, mas sim a partir daquilo que se possa fazer com ele. Nesse contexto, e somente nele, pode-se aplicar os conceitos de fal- so e verdadeiro, desde que necessariamente no interior de um paradigma bem estabelecido.\n\nKuhn afirma que, em geral, os cientistas trabalham no contexto de uma ci- ência normal, ou seja, preenchem detalhes, resolvem charadas, que reformatam o paradigma dominante. Assim funciona até que haja uma ruptura, gerada a partir de perguntas não respondidas nos limites do paradigma anterior, que demanda modificações profundas em direção à construção de um novo para- digma. A adoção de novos conceitos, diferentes enfoques e origens teóricas se- rão decorrentes da implementação do eventual paradigma revolucionário.\n\nPopper e Kuhn divergem a respeito da natureza essencial da ciência e da- neses das revoluções científicas. Popper crê que uma refutação foi bastante convincente está definida a necessidade de uma revolução. Por outro lado, se- gundo Kuhn, à maior parte do tempo, os cientistas dedicam-se ao exercício da ciência normal. Consequentemente, uma revolução científica é um fenômeno singular, muito raro e ocasional.\n\n1.4.4 Paul Feyerabend e o Contra o Método\n\nUm enfoque diferente de Popper e também de Kuhn é apresentado por Paul Feyerabend, em especial na sua obra intitulada: Contra o método (FEYERA- BEND, 1975). Nela, o filósofo afirma que não há, de fato, lógica na ciência. Se- gundo ele, os cientistas criam e adotam teorias científicas por razões de natu- reza subjetivas, e muitas vezes irracionais.\n\nDo ponto de vista de Feyerabend, o racionalismo crítico de Popper não era tão distante do positivismo que o precedera e que ele tanto condenara. De mes- ma forma, ainda que mais tolerante com relação a Kuhn, Feyerabend acredita que raramente a ciência era tão normal quanto Kuhn supunha. Em resumo, ele defendia ardentemente a ideia de que não havia método científico no senti- do estrito. O que havia eram ideias que funcionavam dentro de certas circum- stâncias. Na ocorrência de novas situações, há que se adotar novas tentativas, afirma Feyerabend.\n\nReduzir a ciência a uma metodologia particular, seja a teoria da refutabi- lidade de Popper ou o modelo de ciência normal de Kuhn, seria o mesmo que\n\nCAPÍTULO 1 • 39 destruí-la. A ciência pode ser considerada superior às demais formas de conhecimento somente à medida que permite que todos que com ela trabalham possam estar em contato com o maior número possível de modos de pensar diferentes e, a partir desse pressuposto, escolher livremente entre eles.\n\nFeyerabend findou conhecido como o filósofo da anticinecia por defender que toda descrição da realidade seria necessariamente inadequada. No entanto, a leitura atenta da sua obra mostra essencialmente uma preocupação, antes de mais nada uma alerta, acerca das dificuldades em todos os empreendimentos humanos que vissem reduzir a diversidade natural inerente à realidade. Nesse sentido, ele era um ético da crença de que os cientistas pudessem um dia abarcar a realidade em uma teoria única no mundo, a partir da qual um método científico completo seria estabelecido.\n\n1.4.5 Autoinfluências e tipos de falseacionismos\n\nFruto de todas essas discussões que marcaram o século e esses três filósofos, eles se auto influenciaram e formam mudando e incorporando novos elementos aos seus respectivos pensamentos. Em particular, Popper, no processo do amadurecimento de suas teorias, podemos destacar pelo menos três faces bastante distintas nas suas concepções de falseacionismo: dogmatismo, metodológico e sofisticado (LAKATOS & MUSGRAVE, 1965).\n\nO falseacionismo dogmático é influenciado, ainda que oposto, pelas visões dos justificacionistas clássicos, os quais só admitem como teorias científicas as teorias provadas. Os justificacionistas neoclássicos, por sua vez, estenderam esse critério às teorias prováveis. Os falseacionistas dogmáticos só aceitavam teorias que fossem refutáveis. Dentro dos marcos do falseacionismo dogmático, também conhecido como naturalismo, admite-se a falibilidade de todas as teorias científicas, uma vez que em falhando, abandonam-se mesmas imediatamente. Da mesma forma, executam-se sumariamente todas as propostas que não possam ser falseadas. Obviamente, tratava-se de um critério demasiadamente rígido entre o caráter científico e não científico do conhecimento.\n\nO falseacionismo metodológico apresenta novidade na adoção do convencionalismo, onde permite-se que o valor da verdade nem sempre pode ser provado por fatos. Em alguns casos, pode-se decidir por consenso. O falseacionista metodológico separa a rejeição da refutação, que o falseacionista dogmático havia fundido. O falseacionista metodológico indica a necessidade urgente de\n