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Economia Internacional
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P1 - Economia Internacional - 2023-2
Economia Internacional
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Avaliação de Economia Internacional - Prova 2
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P2 - Economia Política Internacional 2021-2
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o Novo Capitalismo dos Gerentes de Dinheiro e a Crise Financeira Global Wray 2009
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Revisão Sobre Comércio Exterior: Classificação e Documentação
Economia Internacional
CSJT
12
História das Relações Internacionais e Comércio Global
Economia Internacional
UVA
Texto de pré-visualização
1. A EVOLUÇÃO DA ECONOMIA MUNDIAL E SUAS PERSPECTIVAS\n\nA evolução da economia mundial, desde a Revolução Industrial e até os dias de hoje, tem se caracterizado pela gradual abertura das economias nacionais às transações internacionais, tanto comerciais como financeiras e de investimento direto. Este fenômeno, que hoje é conhecido como a \"globalização dos mercados\", consiste na exposição crescente dos agentes econômicos domésticos aos eventos e a concorrência mundial. A globalização caminhou basicamente por três rotas: a primeira pela crescente abertura do mercado mundial às exportações e importações (hoje em dia as transações comerciais representam 20% do PIB mundial); a segunda através da rápida expansão do mercado financeiro internacional na esteira da desregulamentação e da revolução tecnológica representada pelas tecnologias de informação e; finalmente, pela internacionalização das decisões de produção, investimento e de tecnologia, com a ampliação da presença das empresas transnacionais no mercado mundial.\n\nApós a II Guerra Mundial, o comércio internacional voltou a ser um \"motor do desenvolvimento econômico\" mundial. A redução das barreiras tarifárias, patrocinadas no âmbito do GATT, foi capaz de reduzir a tarifa média de importação nos países industrializados de 35 para 6%. Esta liberalização comercial concentrou-se basicamente no setor industrial, sendo só recentemente (com a Rodada do Uruguai) que a agricultura e serviços foram incorporados nas negociações para a estrutura do mercado mundial destes setores. Além disto, o tratamento multilateral e não discriminatório das regras de comércio, possibilitaram o crescimento das transações internacionais a taxas bem superiores ao do crescimento da renda mundial.\n\nEntre 1953 a 1973 para um crescimento da renda mundial de 4,8% ao ano o comércio cresceu em 7,8%. São também importantes para a obtenção deste resultado a vigência de taxas de câmbio fixos, os pequenos movimentos especulativos de capital e a harmonia de políticas macroeconômicas implícita no sistema de Bretton Woods. Essa reorganização da economia mundial representou uma reação institucional contra os efeitos da escalada protecionista e de desvalorizações cambiais competitivas, observadas nos anos 30, e que haviam se mostrado extremamente danosas ao comércio e ao crescimento mundial. A partir de meados dos anos 70 inicia-se uma nova fase da evolução da economia mundial. Os choques do petróleo e das taxas de juros, a ruptura do sistema de taxas de câmbio fixo, a maior mobilidade de capital e o aparecimento dos países de industrialização recente como importantes competidores no mercado mundial, são fatores que contribuem para o aparecimento de uma nova forma de protecionismo, nos países em desenvolvimento, contra a concorrência externa: as restrições não tarifárias (RNT).\n\nAs RNT assumem diversas formas: ações antidumping, Direitos compensatórios, quotas, acordos voluntários de restrição às exportações, direitos alfandegários variáveis, licenças não automáticas de importação etc., e atuaram como amortecedores ao crescimento do comércio internacional.\n\nPara reverter esta escalada protecionista é que se criou - durante a Rodada do Uruguai - a OMC (Organização Mundial do Comércio), com poderes maiores que o do GATT. A Rodada do Uruguai foi constituída de um conjunto complexo de temas. O principal objetivo das negociações era o de incorporar as \"novas áreas\", isto é serviços, propriedade intelectual e investimentos nas relações internacionais. Foram 7 anos de negociação, encerradas em dezembro de 1993, e ainda existem enormes obstáculos, para a implementação dos resultados da negociação.\n\nUma das principais funções da OMC tem sido a administração do sistema de solução de controvérsias, considerando um dos principais ganhos para os países em desenvolvimento ao avançar nos \"novos temas\" (serviços, propriedade intelectual, investimentos etc.), com várias posições comerciais praticadas pelos países desenvolvidos. Dentro dos novos procedimentos, reduziu-se o poder de barganha dos países ricos, já que o elemento dominante na avaliação das medidas aplicadas passa a ser a compatibilidade com os textos legais. Com isto será possível definir violações e compensações de modo objetivo o que inibirá possíveis infratores, principalmente entre os países ricos. A partir de 1995 entraram em vigor as principais cláusulas negociadas, que incluem: acesso a mercados (redução das barreiras à importação), com importantes reduções tarifárias, que em alguns casos chegam a 50% nos países desenvolvidos. Na área agrícola acordou-se uma redução de 20% no subsídio à produção doméstica; redução média de tarifa de importação de 36% e redução nesta mesma magnitude dos subsídios à exportação. Embora longe do ideal, reduzir-se com estes mecanismos a tendência protecionista nos países ricos e estabelecerem-se regras específicas para os produtos agrícolas. Foram feitos alguns progressos com relação à aplicação da legislação antidumping e de práticas desleais de comércio, que passam por um escrutínio de arbitragens multilaterais. Na área de serviços, o texto final do acordo satisfaz as expectativas dos países em desenvolvimento, pois preserva a flexibilidade para que estes assumam internacionalmente somente os compromissos compatíveis com a situação jurídica e política interna. Com relação à propriedade intelectual, foram definidas normas detalhadas de proteção a toda gama de direitos de propriedade intelectual, indo muito além das Convenções de Berna e Paris. O espaço de manobra existente para as legislações nacionais adotarem regras distintas foi reduzido de forma significativa.\n\nA negociação em andamento na OMC, iniciada em Doha-Katar, em novembro de 2001, veio ampliar a possibilidade de novas negociações multilaterais, nas áreas de comércio de produtos agrícolas, propriedade intelectual e ações antidumping, de grande interesse para o Brasil, em decorrência da atual política de inserção do país no mercado mundial. Assim dito, a possibilidade de criação de uma área de livre comércio nas Américas e um acordo de livre comércio com a União Europeia constituem os grandes desafios que o Brasil enfrentará nos próximos três anos. Infelizmente, em nenhuma das frentes há perspectivas de avanços importantes. Em nível da OMC, a coalizão União Europeia/EUA para proteger a redução dos subsídios agrícolas e relutância dos países em desenvolvimento ao avançar nos \"novos temas\" (serviços, propriedade intelectual, investimentos etc.) levaram as negociações a um impasse. Fenômeno semelhante contaminou as negociações da ALCA e Mercosul/União Europeia.\n\nApós as turbulências dos anos 70 e início dos anos 80 (choques do petróleo, juros reais elevados e crise da dívida externa dos países em desenvolvimento), que comprometeram o crescimento das transações internacionais, observa-se a retomada do crescimento do comércio mundial a partir de meados dos anos 80. Atualmente o comércio internacional cresce a uma taxa de 6 a 7% ao ano, bem acima do crescimento do PIB mundial, que se situa em 3,5% ao ano.\n\nDeve-se destacar, no entanto, que para o período mais recente, o dinamismo do comércio mundial está muito mais vinculado a arranjos regionais de comércio e com uma nova característica: os principais atores do regionalismo são os países desenvolvidos. Estima-se que atualmente 50% do comércio mundial se realize dentro de 2. A GLOBALIZAÇÃO DOS MERCADOS\n\nA economia mundial está presenciando um período de transformações radicais; em particular houve uma dramática internacionalização (globalização) da atividade econômica nas duas últimas décadas com profundas consequências econômicas, políticas e sociais. Um conjunto de forças poderosas comanda o processo de globalização. De um lado existem as políticas governamentais de abertura econômica e de outro um conjunto de forças independentes comandadas pelo progresso tecnológico, particularmente na área de transporte e comunicações. Os benefícios de tal processo não estão distribuídos universalmente por todos os países, embora um número crescente de nações venha desfrutando da prosperidade econômica associada à globalização. O grande desafio brasileiro é o de fazer parte desse grupo de países que se integrem competitivamente na economia mundial.\n\nCom a globalização, as decisões de produção e comércio passaram a ser tomadas internacionalmente: a transnacionalização de empresas tornou-se a responsável pelo maior parte dos novos produtos que chegam ao mercado é transacionável internacionalmente (traded goods) ou dependem pesadamente de componentes transacionáveis. Enquanto a produção mundial cresceu seis vezes nos últimos quarenta anos, os fluxos comerciais cresceram quinze vezes. No período 1985-2000, em função da liberalização comercial multilateral e regional houve uma expansão sem precedentes do comércio mundial, ultrapassando 2 vezes o crescimento do PIB mundial (para detalhes vide tabela 1). Os países em desenvolvimento aumentaram sua participação no mercado mundial de 23% em 1985 para 32% em 2000. Entre estes dois anos a participação das exportações de manufacturados destes países no total de suas exportações passou de 47% para 83%. Uma parcela significativa do comércio mundial é intra-firma, comandados pelo investimento externo, na medida em que as empresas procuram aumentar suas escalas de operação, reduzir custos e ampliar suas atividade.\n participações nos mercados nacionais e internacionais. Este fenômeno da “desverticalização” da atividade produtiva está no âmago da estratégia das empresas transnacionais, que procuram distribuir suas atividades produtivas em escala mundial, selecionando os países de acordo com as vantagens comparativas em relação a determinados segmentos da produção.\n\nA tendência de uma crescente abertura comercial mundial tem sido acompanhada por uma dramática mudança do volume e natureza do fluxo de capitais para os países em desenvolvimento, com os capitais privados assumindo o papel anteriormente ocupado pelos financiamentos oficiais. O crescimento espetacular do investimento direto externo (IDE) acompanhado pela expansão dos capitais de portfólio constituem - hoje em dia - quase a totalidade dos fluxos de capital para os países em desenvolvimento. Entre 1983 e 2000, o ingresso líquido de capital dobro com proporção do PIB destes países, representando atualmente 3% do PIB. Deve-se destacar, no entanto, que o ingresso de capital esteve concentrado em poucos países com elevadas taxas de crescimento do PIB: na última década, 2/3 do IDE teve como destino 8 países em desenvolvimento. O IDE contribui de inúmeras maneiras para acelerar o crescimento econômico dos países receptores: aumenta a produtividade da mão de obra, possibilita escalas de produção compatíveis para operações internacionais, aumentando a concorrência e a difusão de tecnologia no mercado local.\n\nA expansão do investimento direto externo e do comércio internacional são dois grandes motores da globalização. Eles facilitam a divisão internacional de trabalho, são a forma mais eficiente de difusão de conhecimento tecnológico, de capital, de criação de riqueza e podem possibilitar a incorporação da capacidade produtiva potencial dos países no processo de desenvolvimento econômico e abrindo novos mercados para produtos e serviços de alto valor adicionado e possibilitam oportunidades de empregos melhor remunerados.\n também contribuiu decisivamente para aquilo que hoje é denominado \"o fim da geografia\". Isto foi fundamental para a globalização financeira. Hoje em dia, o principal mercado internacional é o financeiro, na esteira da revolução tecnológica, desregulamentação e desenvolvimento de novos produtos financeiros (particularmente o de derivados financeiros). Algumas informações estatísticas sobre este fenômeno são apresentadas a seguir.\n\nCusto do Transporte Aéreo, Chamadas Telefônicas Internacionais e Deflator de Preços de Computadores.\n\n(em US$ de 1990)\nANO\nReceita Média por passageiro/km. no transporte aéreo\nCusto de uma chamada telefônica de 3 minutos entre N.Y e Londres\nDeflator de preço de computadores do Dept. de Comércio dos USA.\n\n1990 = 100\n1930\t0.68\t244.65\t\n1940\t0.46\t188.51\t\n1950\t0.30\t53.20\t\n1960\t0.24\t45.86\t125.000\n1970\t0.16\t31.58\t19.474\n1980\t0.11\t3.32\t3.620\n1990\t0.10\t0.48\t0.120\n1999\t0.08\t0.12\t\nFonte: FMI (1997/1999), \"World Economic Outlook\", maio
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1. A EVOLUÇÃO DA ECONOMIA MUNDIAL E SUAS PERSPECTIVAS\n\nA evolução da economia mundial, desde a Revolução Industrial e até os dias de hoje, tem se caracterizado pela gradual abertura das economias nacionais às transações internacionais, tanto comerciais como financeiras e de investimento direto. Este fenômeno, que hoje é conhecido como a \"globalização dos mercados\", consiste na exposição crescente dos agentes econômicos domésticos aos eventos e a concorrência mundial. A globalização caminhou basicamente por três rotas: a primeira pela crescente abertura do mercado mundial às exportações e importações (hoje em dia as transações comerciais representam 20% do PIB mundial); a segunda através da rápida expansão do mercado financeiro internacional na esteira da desregulamentação e da revolução tecnológica representada pelas tecnologias de informação e; finalmente, pela internacionalização das decisões de produção, investimento e de tecnologia, com a ampliação da presença das empresas transnacionais no mercado mundial.\n\nApós a II Guerra Mundial, o comércio internacional voltou a ser um \"motor do desenvolvimento econômico\" mundial. A redução das barreiras tarifárias, patrocinadas no âmbito do GATT, foi capaz de reduzir a tarifa média de importação nos países industrializados de 35 para 6%. Esta liberalização comercial concentrou-se basicamente no setor industrial, sendo só recentemente (com a Rodada do Uruguai) que a agricultura e serviços foram incorporados nas negociações para a estrutura do mercado mundial destes setores. Além disto, o tratamento multilateral e não discriminatório das regras de comércio, possibilitaram o crescimento das transações internacionais a taxas bem superiores ao do crescimento da renda mundial.\n\nEntre 1953 a 1973 para um crescimento da renda mundial de 4,8% ao ano o comércio cresceu em 7,8%. São também importantes para a obtenção deste resultado a vigência de taxas de câmbio fixos, os pequenos movimentos especulativos de capital e a harmonia de políticas macroeconômicas implícita no sistema de Bretton Woods. Essa reorganização da economia mundial representou uma reação institucional contra os efeitos da escalada protecionista e de desvalorizações cambiais competitivas, observadas nos anos 30, e que haviam se mostrado extremamente danosas ao comércio e ao crescimento mundial. A partir de meados dos anos 70 inicia-se uma nova fase da evolução da economia mundial. Os choques do petróleo e das taxas de juros, a ruptura do sistema de taxas de câmbio fixo, a maior mobilidade de capital e o aparecimento dos países de industrialização recente como importantes competidores no mercado mundial, são fatores que contribuem para o aparecimento de uma nova forma de protecionismo, nos países em desenvolvimento, contra a concorrência externa: as restrições não tarifárias (RNT).\n\nAs RNT assumem diversas formas: ações antidumping, Direitos compensatórios, quotas, acordos voluntários de restrição às exportações, direitos alfandegários variáveis, licenças não automáticas de importação etc., e atuaram como amortecedores ao crescimento do comércio internacional.\n\nPara reverter esta escalada protecionista é que se criou - durante a Rodada do Uruguai - a OMC (Organização Mundial do Comércio), com poderes maiores que o do GATT. A Rodada do Uruguai foi constituída de um conjunto complexo de temas. O principal objetivo das negociações era o de incorporar as \"novas áreas\", isto é serviços, propriedade intelectual e investimentos nas relações internacionais. Foram 7 anos de negociação, encerradas em dezembro de 1993, e ainda existem enormes obstáculos, para a implementação dos resultados da negociação.\n\nUma das principais funções da OMC tem sido a administração do sistema de solução de controvérsias, considerando um dos principais ganhos para os países em desenvolvimento ao avançar nos \"novos temas\" (serviços, propriedade intelectual, investimentos etc.), com várias posições comerciais praticadas pelos países desenvolvidos. Dentro dos novos procedimentos, reduziu-se o poder de barganha dos países ricos, já que o elemento dominante na avaliação das medidas aplicadas passa a ser a compatibilidade com os textos legais. Com isto será possível definir violações e compensações de modo objetivo o que inibirá possíveis infratores, principalmente entre os países ricos. 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Na área de serviços, o texto final do acordo satisfaz as expectativas dos países em desenvolvimento, pois preserva a flexibilidade para que estes assumam internacionalmente somente os compromissos compatíveis com a situação jurídica e política interna. Com relação à propriedade intelectual, foram definidas normas detalhadas de proteção a toda gama de direitos de propriedade intelectual, indo muito além das Convenções de Berna e Paris. O espaço de manobra existente para as legislações nacionais adotarem regras distintas foi reduzido de forma significativa.\n\nA negociação em andamento na OMC, iniciada em Doha-Katar, em novembro de 2001, veio ampliar a possibilidade de novas negociações multilaterais, nas áreas de comércio de produtos agrícolas, propriedade intelectual e ações antidumping, de grande interesse para o Brasil, em decorrência da atual política de inserção do país no mercado mundial. 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De um lado existem as políticas governamentais de abertura econômica e de outro um conjunto de forças independentes comandadas pelo progresso tecnológico, particularmente na área de transporte e comunicações. Os benefícios de tal processo não estão distribuídos universalmente por todos os países, embora um número crescente de nações venha desfrutando da prosperidade econômica associada à globalização. O grande desafio brasileiro é o de fazer parte desse grupo de países que se integrem competitivamente na economia mundial.\n\nCom a globalização, as decisões de produção e comércio passaram a ser tomadas internacionalmente: a transnacionalização de empresas tornou-se a responsável pelo maior parte dos novos produtos que chegam ao mercado é transacionável internacionalmente (traded goods) ou dependem pesadamente de componentes transacionáveis. Enquanto a produção mundial cresceu seis vezes nos últimos quarenta anos, os fluxos comerciais cresceram quinze vezes. No período 1985-2000, em função da liberalização comercial multilateral e regional houve uma expansão sem precedentes do comércio mundial, ultrapassando 2 vezes o crescimento do PIB mundial (para detalhes vide tabela 1). Os países em desenvolvimento aumentaram sua participação no mercado mundial de 23% em 1985 para 32% em 2000. Entre estes dois anos a participação das exportações de manufacturados destes países no total de suas exportações passou de 47% para 83%. Uma parcela significativa do comércio mundial é intra-firma, comandados pelo investimento externo, na medida em que as empresas procuram aumentar suas escalas de operação, reduzir custos e ampliar suas atividade.\n participações nos mercados nacionais e internacionais. Este fenômeno da “desverticalização” da atividade produtiva está no âmago da estratégia das empresas transnacionais, que procuram distribuir suas atividades produtivas em escala mundial, selecionando os países de acordo com as vantagens comparativas em relação a determinados segmentos da produção.\n\nA tendência de uma crescente abertura comercial mundial tem sido acompanhada por uma dramática mudança do volume e natureza do fluxo de capitais para os países em desenvolvimento, com os capitais privados assumindo o papel anteriormente ocupado pelos financiamentos oficiais. O crescimento espetacular do investimento direto externo (IDE) acompanhado pela expansão dos capitais de portfólio constituem - hoje em dia - quase a totalidade dos fluxos de capital para os países em desenvolvimento. Entre 1983 e 2000, o ingresso líquido de capital dobro com proporção do PIB destes países, representando atualmente 3% do PIB. Deve-se destacar, no entanto, que o ingresso de capital esteve concentrado em poucos países com elevadas taxas de crescimento do PIB: na última década, 2/3 do IDE teve como destino 8 países em desenvolvimento. O IDE contribui de inúmeras maneiras para acelerar o crescimento econômico dos países receptores: aumenta a produtividade da mão de obra, possibilita escalas de produção compatíveis para operações internacionais, aumentando a concorrência e a difusão de tecnologia no mercado local.\n\nA expansão do investimento direto externo e do comércio internacional são dois grandes motores da globalização. Eles facilitam a divisão internacional de trabalho, são a forma mais eficiente de difusão de conhecimento tecnológico, de capital, de criação de riqueza e podem possibilitar a incorporação da capacidade produtiva potencial dos países no processo de desenvolvimento econômico e abrindo novos mercados para produtos e serviços de alto valor adicionado e possibilitam oportunidades de empregos melhor remunerados.\n também contribuiu decisivamente para aquilo que hoje é denominado \"o fim da geografia\". Isto foi fundamental para a globalização financeira. Hoje em dia, o principal mercado internacional é o financeiro, na esteira da revolução tecnológica, desregulamentação e desenvolvimento de novos produtos financeiros (particularmente o de derivados financeiros). Algumas informações estatísticas sobre este fenômeno são apresentadas a seguir.\n\nCusto do Transporte Aéreo, Chamadas Telefônicas Internacionais e Deflator de Preços de Computadores.\n\n(em US$ de 1990)\nANO\nReceita Média por passageiro/km. no transporte aéreo\nCusto de uma chamada telefônica de 3 minutos entre N.Y e Londres\nDeflator de preço de computadores do Dept. de Comércio dos USA.\n\n1990 = 100\n1930\t0.68\t244.65\t\n1940\t0.46\t188.51\t\n1950\t0.30\t53.20\t\n1960\t0.24\t45.86\t125.000\n1970\t0.16\t31.58\t19.474\n1980\t0.11\t3.32\t3.620\n1990\t0.10\t0.48\t0.120\n1999\t0.08\t0.12\t\nFonte: FMI (1997/1999), \"World Economic Outlook\", maio