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Psicologia ·

Psicologia Social

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Precisamos de um trabalho estruturado SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 2 OBJETIVO 3 JUSTIFICATIVA 4 MÉTODO 5 RESULTADO 7 DISCUSSÃO 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS 9REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS O conceito de comunidade história da origem das escolas de samba em geral e a história desta escola em específico que escolhemos para a matéria psicologia social saúde mental do trabalhador A Estrela do Terceiro Milênio foi fundada em 5 de maio de 1998 no bairro do Grajaú Zona Sul de São Paulo Aonde devemos pensar no mundo do trabalho questões do Neoliberalismo e da terceirização após a escola passar do subgrupo para o grupo especial devido a questão de terceirização de mão de obra das fantasias O quanto o acolhimento da escola ajuda a comunidade nos ensaios no bom desenvolvimento da saúde mental dos mesmos que se sentem pertencentes a um grupo Como parte do trabalho realizamos a visita ao local fazendo observações e uma conversa com Paula Roma Grupo de Harmonia da escola e parte da diretoria Dia 1409 Organização e Voluntariado na Quadra O trabalho realizado na quadra é voluntário feito pela comunidade e amigos A união da comunidade é evidente promovendo um ambiente familiar e acolhedor A escola oferece diversos projetos gratuitos como futebol teatro e futebol americano Processo Criativo e Produção do Desfile A escola escolhe um tema a partir de 120 enredos homenageando figuras diversas Um artista pesquisa a fundo a história do homenageado e desenha as alas carros e tripés Após a escolha do sambaenredo o barracão inicia a produção manual dos detalhes para o desfile Então as fantasias não são confeccionadas na quadra pela comunidade e sim por uma empresa terceirizada que trabalha durante toda a semana como trabalho formal onde são contratados pessoas especializadas nessas confecção Devido a escola estar na classificação do grupo especial Financiamento e Impacto Social da Escola Eventos como o samba de sábado com ingressos a R60 arrecadam fundos para despesas da escola A escola proporciona socialização e lazer para a comunidade oferecendo um espaço de acolhimento A escola tem um impacto positivo ajudando pessoas com problemas como câncer e depressão Busca rápida sobre a escola Fundação e Origem A Estrela do Terceiro Milênio foi fundada em 5 de maio de 1998 no bairro do Grajaú Zona Sul de São Paulo Surgiu da amizade entre Silvio Azevedo Silvão e Eduardo Basílio presidente da Rosas de Ouro que incentivou a criação de uma escola para os sambistas da região Os primeiros ensaios aconteceram na casa de shows Corujão que inspirou o símbolo da escola a coruja representando sabedoria e visão noturna Identidade e Cores A escola carrega as cores azul vermelho branco e verde Seu nome faz alusão à virada do milênio refletindo esperança e renovação A madrinha da escola é a tradicional Rosas de Ouro Ascensão no Carnaval Paulistano Em 1999 realizou seu primeiro desfile pelas ruas do bairro Em 2001 estreou oficialmente no carnaval paulistano no grupo 4 da UESP União das Escolas de Samba Paulistanas A partir daí começou uma escalada de conquistas 2008 Campeã do Grupo 2 2011 Campeã do Grupo 1 garantindo vaga no Grupo de Acesso da Liga 2012 3º lugar no Grupo de Acesso 2015 Vicecampeã do Grupo 1 2016 Campeã novamente retornando ao Grupo de Acesso Desafios e Superações A escola enfrentou rebaixamentos em 2014 e 2017 mas sempre voltou com força Em 2018 foi vicecampeã com o enredo Na força da Coruja deixe a lenda te guiar Em 2019 conquistou o título com o enredo Coragem Somos nós que fazemos a vida sob o comando do carnavalesco Murilo Lobo Destaques Recentes Em 2022 brilhou com o enredo O Abre Alas Que Elas Vão Passar exaltando a força das mulheres no samba Foi campeã do Grupo de Acesso 1 emocionando o público com a voz de Pitty de Menezes e Grazi Brasil Em 2026 o enredo será uma homenagem ao poeta Paulo César Pinheiro celebrando sua obra e influência na música brasileira Essa escola é um verdadeiro exemplo de resistência cultural e paixão pelo samba Enredos Memoráveis da Estrela do Terceiro Milênio 2018 Na força da Coruja deixe a lenda te guiar Tema Lendas brasileiras com destaque para o folclore e a sabedoria ancestral Destaque A coruja como guia espiritual conectando o passado mítico ao presente urbano Resultado Vicecampeã do Grupo de Acesso 1 2019 Coragem Somos nós que fazemos a vida Tema A força do povo brasileiro diante das adversidades Carnavalesco Murilo Lobo Mensagem Um grito de resistência e esperança exaltando o poder da coletividade Resultado Campeã do Grupo de Acesso 1 2022 O Abre Alas Que Elas Vão Passar Tema A luta e o protagonismo das mulheres no samba e na sociedade Narrativa Mulheres que abriram caminhos enfrentaram preconceitos e conquistaram respeito Musas do samba Homenagem a figuras como Dona Ivone Lara e Leci Brandão Resultado Campeã do Grupo de Acesso 1 com desfile emocionante e empoderado 2026 Paulo César Pinheiro O Poeta do Brasil previsto Tema Celebração da obra do compositor e poeta Paulo César Pinheiro Expectativa Um desfile lírico e musical costurado por sambas poesias e memórias da MPB Promessa Um tributo à arte brasileira com emoção e sofisticação Fantasias e Alegorias A Estrela do Terceiro Milênio é conhecida por Fantasias ricas em detalhes com uso de materiais recicláveis e técnicas artesanais Alegorias criativas que misturam crítica social com beleza estética Cuidado com a narrativa visual sempre alinhada ao enredo e à identidade da escola Artigo pesquisado de base na scielo sobre a história do samba no Brasil A construçãoinvenção do samba mediações e interações estratégicas The constructioninvention of samba mediations and strategic interactions Miguel Jost1 resumo O objetivo do presente artigo é debater a partir de uma bibliografia sobre a formação do samba e sua consolidação como canção urbana brasileira do início do século aspectos da atuação dos primeiros sambistas dentro do contexto em que estes estavam inseridos na produção cultural à época O texto procura destacar o caráter estratégico dessa atuação e desconstruir certas noções que conferem à formação do samba uma interpretação romantizada e pouco atenta à capacidade de intervenção destes sambistas no cenário cultural do seu tempo palavraschave Samba música popular canção abstract The aim of the present article is to debate aspects ofthe actuation ofthe first samba artists within the context in which they were inserted in the cultural production ofthe period based on a bibliography about the formation of samba and its consolidation as the Brazilian urban song ofthe beginning ofthe century The text attempts to highlight the strategic character of this actuation and to deconstruct certain notions that give the formation of samba a romanticized interpretation that does not pay enough attention to the capacity ofinterventionand organizationofthese samba artists within the cultural scene of their time keywords Samba popular music song Recebido em 26 de junho de 2015 Aprovado em 14 de agosto de 2015 jost Miguel A construçãoinvenção do samba mediações e interações estratégicas Revista do Instituto de Estudos Brasileiros Brasil n 62 p 112125 dez 2015 doi 1011606issn2316901Xv0i62p112125 1 Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro PUC Rio de Janeiro Brasil112 n 62 dez 2015 p 112125 O samba como foi formatado no início do século XX no Rio de Janeiro acabou se tornando por vários motivos ponto pacífico em nossa sociedade como um dos agentes culturais que melhor representa o ethos brasileiro Esse é um dado irrefutável da nossa história e que coloca o samba de certa forma como uma referência fundamental para os debates sobre nossa formação social O que uma extensa bibliografia nos demonstrou nas últimas décadas com muita clareza é que essa eleição do samba como elemento que melhor representa nossa cultura para além de sua eficiência em solucionar o dilema identidadetradição típico de uma experiência póscolonial falseou uma série de fatores que o constituíram como um produto cultural híbrido conferindo a ele uma ideia de essência e de autenticidade cultural que solucionava as interrogações postas por esse debate mas que pouco corresponde aos dados históricos de sua formação De nenhuma forma pretendo sugerir que podemos encontrar um consenso nessa bibliografia em relação a esse caráter híbrido Como sabemos existem leituras diferentes sobre esse processo de mixagem cultural na formação do samba e da música popular em geral Nelas se misturam muitos fatores que dependendo da ordem sugerem resultados díspares O que pretendo extrair dessa bibliografia centrada na discussão sobre a formação do samba e destacar no presente texto é mais uma percepção do quanto foi necessária uma inteligência estratégica por parte desse intelectual popular o sambista para consolidação do gênero como canção urbana brasileira por excelência e como traço distintivo e determinante da nossa modernidade no campo cultural A partir dos trabalhos de autores como Muniz Sodré Hermano Vianna Cláudia Neiva de Matos Carlos Sandroni e Giovanna Dealtry acredito que é possível elencar alguns aspectos que tornam clarividente o entendimento de que nesse processo seminal do samba muito mais do que um desenvolvimento orgânico de uma linguagem que veio a ser absorvida pelo incipiente mercado de bens culturais O que temos é um projeto articulado por um grupo social consciente de seu papel marginalizado no contexto socioeconômico brasileiro e consciente naquele momento da possibilidade de fazer emergir sua voz através da música popular A tese de Hermano Vianna em O Mistério do Samba cuja primeira edição é de 1995 por exemplo é construída no intuito de desmontar teorias que enfocavam o samba como forma cultural livre de negociações e mediações transculturais entre diversas classes sociais no Brasil O autor parte de um encontro entre os jovens n 62 dez 2015 p 112125 113 intelectuais Gilberto Freyre Sérgio Buarque de Holanda Prudente de Moraes Neto e os músicos eruditos Heitor VillaLobos e Luciano Gallet com músicos populares como Pixinguinha e Donga ocorrido em um café do Rio de Janeiro em 1926 para desenhar ao leitor um quadro de intensas trocas entre diferentes grupos sociais que ajudaram a consolidar a presença da música popular como protagonista no processo de invenção de uma tradição no Brasil Na verdade no caso desse encontro o que se deu foi mais uma apresentação especial dos músicos para esses jovens intelectuais É só atentarmos para os detalhes que o próprio antropólogo traz em seu livro como a localização do café numa das áreas mais nobres da cidade naquele momento e o fechamento do café para essa ocasião especial Nesse período músicos como Pixinguinha e Donga já excursionavam o Brasil inteiro com enorme sucesso com o grupo Oito Batutas e haviam inclusive realizado uma temporada de sucesso em Paris de onde trouxeram o primeiro saxofone e a primeira bateria da nossa música popular1 Faziam também apresentações com as companhias de teatro de revista e em outros espaços importantes como no restaurante Assirius do Theatro Municipal ou nas salas de cinema como a do prestigiado Cine Palais onde músicos importantes como o maestro Ernesto de Nazareth se apresentavam Porém é por essa perspectiva de um encontro natural que o autor sublinha a noitada musical da qual participaram Sérgio Buarque Gilberto Freyre e os outros já citados Utilizandoa como dispositivo para a tese desenvolvida no livro Hermano apresenta uma série histórica de intermediações que possibilitaram a abertura no Brasil do terreno para as intensas trocas entre alta e baixa cultura entre a elite e as classes populares2 Além disso explicita como essas intermediações já eram recorrentes na história cultural do próprio samba demonstrandoo como fruto de uma longa negociação entre distintas práticas culturais e sociais que tinham o Rio de Janeiro como território de inscrição Hermano cita uma série de exemplos desses encontros como a relação de João da Bahiana com o senador Pinheiro Machado e a do empresário Arnaldo Guinle com Pixinguinha e os Oito Batutas ou como a apresentação de músicos populares para rainha da Suécia ou ainda a presença e interesse de Darius Milhaud e Blaise Cendrars sobre esse universo da música popular no Rio de Janeiro do início do século 1 Um detalhe interessante no início do século a música popular ainda era muito ligada às formas mais folclóricas Pixinguinha e seus batutas tocaram durante um bom tempo representando um típico grupo regional termo que inclusive determinava uma série de grupos que tinha por característica uma rítmica mais percussiva Os membros do grupo se caracterizavam com roupas típicas do nordeste e do norte do Brasil numa tentativa a princípio quase incompreensível de se associar ao folclore brasileiro Na volta de Paris todos passaram a tocar de terno e gravata como os músicos das jazz band internacionais 2 Diversos trabalhos na área da antropologia e da sociologia apontam para impossibilidade de utilizarmos essas categorias alta e baixa cultura elite e classes populares como formas estáveis de designação de determinado grupo social Concordo plenamente com essa impossibilidade Porém as utilizo aqui como parâmetros indicativos de uma evidente alteridade entre por exemplo o que representava o grupo desses jovens intelectuais como Gilberto Freyre e Sérgio Buarque e o que representava o grupo de músicos do qual Pixinguinha e Donga faziam parte114 n 62 dez 2015 p 112125 Poderíamos avançar nesse terreno até uma série de eventos do século XIX muito bem descritos pelo historiador José Ramos Tinhorão3 e que foram incorporados na tese de Hermano como os encontros na livraria Paula Britto ou outros eventos que representam para esses dois autores a existência de uma rede contínua desse tipo de aproximação na nossa história cultural O exemplo ainda mais longínquo sobre Gregório de Mattos e seus últimos anos de vida como músico na Bahia vale ser citado como um dos mais sedutores nessa linha É necessário frisar aqui que Hermano Vianna não tenta dar ao que chama de mediações transculturais um perfil exclusivamente pacífico e harmonioso O antropólogo afirma que sua intenção não é a de negar a repressão a determinados aspectos da cultura negra que formaram nossa ideia de popular mas mostrar como a repressão convivia com outros tipos de interação social como a desse encontro entre os jovens intelectuais e os músicos populares e que tiveram papel crucial nesse processo Utilizando a teoria do pensador argentino Nestor Garcia Canclini de que o popular se constitui em processos híbridos e complexos usando como signos de identificação elementos procedentes de diversas classes e nações4 Hermano escreve Levando isso em conta não penso ser uma afirmação arriscada dizer que o samba não é apenas criação de grupos negros pobres moradores dos morros do Rio de janeiro mas que outros grupos de outras classes e outras raças e outras nações participaram desse processo pelo menos como ativos espectadores e incentivadores das performances musicais Por isso serão privilegiadas aqui as relações exteriores ao mundo do samba5 Diante desse quadro e sob um olhar antropológico é surpreendente para Hermano que o samba tenha sido propagandeado tão rapidamente nas décadas de 1920 e 1930 como esse elemento de pureza que garantia uma referência estável ao passado brasileiro e à nossa cultural popular E que tenha inclusive servido a interesses oficiais do Estado para inventar essa tradição Hermano cita por exemplo com grande espanto uma história sobre uma edição especial do programa de rádio A Hora do Brasil criado pelo Departamento de Imprensa do governo Getúlio Vargas no momento em que buscava uma aproximação com a Alemanha nazista O exemplo que chega a parecer uma anedota é de 1936 menos de vinte anos do registro de Pelo Telefone canção de Donga e Mauro de Almeida que teria marcado o surgimento do samba no circuito da canção de consumo E é sem dúvida alguma mesmo de se espantar pois o programa se encerrava com uma contagiante gravação da batida da escola de samba Estação Primeira de Mangueira que ainda não havia completado nem dez anos de história mas já ocupava o papel de portadora da verdadeira expressão cultural brasileira O importante nesse caso para a análise de Hermano é demonstrar e constatar o quão confortável foi a adesão do samba como um agente que resolvia de forma 3 TINHORÃO José Ramos História social da música popular brasileira São Paulo Ed 34 1997 4 VIANNA Hermano O mistério do samba Rio de Janeiro Jorge Zahar 2007 p 35 5 Idem ibidem n 62 dez 2015 p 112125 115 satisfatória a crise de identidade brasileira afirmar esse conforto como resultado de uma interação muito praticada entre as elites e as classes populares no Brasil e consequentemente como isso lhe garantiu uma posição privilegiada como fiel e autêntica representante da nossa cultura Mesmo que o autor dimensione ainda de uma forma um tanto etnocêntrica o desigual quadro das hierarquias sociais e da opressão à época Hermano é bemsucedido em comprovar que essa era uma prática constante no Rio de Janeiro da virada do século e que influenciou em maior ou menor escala a emergência do samba dentro de um circuito de consumo da música popular Muniz Sodré em seu livro Samba o Dono do Corpo6 não nega a existência de uma negociação e de um processo dialógico que levou à configuração do samba do Rio de Janeiro como música símbolo da identidade nacional Porém o autor acredita que essa negociação tem um caráter mais estratégico por parte de um grupo minoritário e dominado da sociedade do que por uma relativa conciliação de projetos culturais como me parece ser a tese levantada por Hermano Muniz acredita que a imposição do samba como música urbana fundadora no Brasil devese muito mais à capacidade do negro em proteger e afirmar seu patrimônio cultural africano do que à síntese de um encontro multiétnico colaborativo Se em 1926 época em que já eram músicos bemsucedidos artistas como Donga e Pixinguinha faziam uma apresentação de caráter especial para os jovens intelectuais e para outros importantes personagens da elite carioca que lá estavam presentes é porque sabiam muito bem a importância estratégica desse tipo de interação e sabiam utilizála como mais um elemento para emergência de sua expressão musical e de seu corpo na cena Nesse sentido o trabalho de Muniz Sodré parece privilegiar exatamente o componente contrário ao de Hermano destacando o samba elemento originado na cultura negra em suas relações internas Dessa forma mostra por um lado como o samba conseguiu se manter como traço expressivo dessa comunidade mesmo diante dos inúmeros processos de segregação e dominação sobre o negro no início do século E por outro como foi a afirmação dessa voz do sambista na cultura urbana em fase de industrialização e de inserção na engrenagem do capitalismo da primeira metade do século XX Logo no início do seu livro Muniz Sodré afirma O que pretendemos mesmo é indicar como um aspecto da cultura negra continuum africano no Brasil e modo brasileiro de resistência cultural encontrou em seu próprio sistema recursos de afirmação da identidade negra E implicitamente pretendemos rejeitar os discursos que se dispõem a explicar o mesmo fenômeno o samba como uma sobrevivência consentida simples matériaprima para um amálgama cultural realizado de cima pra baixo7 É possível ver tanto na passagem que destaquei do texto de Hermano quanto nessa de Muniz propostas distintas na forma de enfocar o nascimento do samba no Rio de Janeiro das décadas de 1910 e 1920 Este samba que logo se transformaria 6 SODRÉ Muniz Samba o dono do corpo Rio de Janeiro Mauad 1998primeira edição 1979 7 SODRÉ Muniz Op cit 1998 p 10116 n 62 dez 2015 p 112125 na raiz da cultura oficial brasileira e que seria utilizado de forma indiscriminada como produto brasileiro de exportação e de representação da nação perante o mundo é portanto termo de uma disputa que sempre esteve e permanece até hoje na agenda de debate nos meios culturais e intelectuais do país Entre as noções de resistência ou interação de imposição ou conciliação ficou o sambista fruto de uma expressão que independente da sua emergência como dado histórico serve a nós brasileiros como uma ancestralidade de natureza cultural Não há de minha parte a pretensão de afirmar que há uma linearidade nesse debate e que essas posições tenham permanecido sempre estáveis e ligadas pelos grupos que as assumiram em distintos momentos históricos Não é possível colocar nessas condições um processo muito mais complexo atravessado por uma série de outros fatores ao longo do tempo Pelo contrário essa questão foi se remodulando e ganhando novos contornos quanto mais a cultura se desenvolveu como produto na sociedade de massas quanto mais se fragmentou em novas propostas estéticas e quanto mais se intensificaram os meios de comunicação que possibilitam um trânsito entre produções distintas Talvez os exemplos de Muniz Sodré e de Hermano Vianna nem sejam os que delineiam com mais precisão uma oposição que se desenvolveu posteriormente tanto no meio cultural quanto no acadêmico Até porque se referem à constituição dessa categoria de popular e não ao ataque ou defesa aos termos desse debate Nenhum dos dois trabalhos inclusive sugere ou apresenta ideias de perfil sectário por parte dos autores Ambos tomam os devidos cuidados para não caírem na armadilha da afirmação racial intransigente como poderia ocorrer no caso de Muniz Sodré ou no elogio irrestrito às teses da mestiçagem que poderíamos sugerir a partir de uma leitura menos atenta do trabalho de Hermano Afirmo também de maneira peremptória que os dois livros contribuem muito para compreensão da criação do samba no Brasil e sua localização em nossa cultura popular Considero também que as informações e reflexões construídas em ambos os trabalhos mesmo colocando em oposição relações interiores e exteriores nos ajudam a demarcar uma áurea aristocrática designada à formacanção criada pelos sambistas cariocas dos anos de 1920 e 1930 e consequentemente a sua centralidade num debate que figura em disputa há tantos anos no campo cultural Em relação a esse momento incipiente da gestação do samba como bem cultural acredito ser valioso trazer um aspecto que costuma atravessar esse debate e que contribui para o quadro que tento estabelecer aqui Nessa época já havia gravações de música popular no Brasil Na maioria das vezes as canções gravadas eram lundus maxixes ou mesmo ritmos estrangeiros que já tocavam por aqui como a polca e o schottisch Diante disso parece que há no que se refere à gravação de Pelo Telefone uma insistência dos pesquisadores do samba em mitificar a descoberta dessa formagênero musical no início do século Muitos se referem à casa da Tia Ciata como um espaço que teria se tornado um protagonista da cidade Ela exerceria tamanha força que fez emergir dali automaticamente a formasamba para os meios de gravação e dez anos depois para as rádios que foram inauguradas no Brasil Na verdade não foi bem assim como o próprio Donga afirma em entrevista a Muniz Sodré Segundo o compositor desde 1914 ele e outros compositores da n 62 dez 2015 p 112125 117 pequena África que frequentavam as festas dessas tias baianas das quais uma das mais importantes Prisciliana era sua mãe já apertavam o cerco em torno da Odeon para que se gravasse um samba As palavras são estas mesmas apertar o cerco em torno da Odeon e não há como não sublinhar a afirmação de Donga como uma fonte decisiva para as análises históricas sobre o período Isso é uma demonstração do quanto já havia se estabelecido por aqui um regime no mínimo semiprofissional de trabalho com música e do quanto havia uma inteligência popular estratégica e bem formulada entre estes sambistas A biografia de Pixinguinha escrita por Sérgio Cabral apresenta muitos documentos que provam a existência dessa estrutura que apesar de precária e pouco rentável já estava estabelecida A ideia de que a consolidação do samba tem relação com essa junção da fome com a vontade de comer de que houve uma consonância entre os interesses de uma gravadora e o surgimento do gênero musical precisa dessa forma ser relativizada Nesse contorno a afirmação de Muniz Sodré de que o samba é uma estratégia de um grupo minoritário ganha mais força Não que isso lhe dê um fundo de verdade inquestionável de forma alguma mas inclui na história do samba um elemento menos romântico do que os que tradicionalmente compõem essa configuração toda apropriada para a emergência do corpo do sambista A ideia de que os sambistas estavam na década de 1910 pela região da chamada pequena África praticando somente uma experiência comunitária que em algum momento se encaixou como uma luva nas aspirações da criação de um circuito de consumo ligado à música é pouco condizente com essa afirmação de Donga É claro que foi a partir dessa experiência comunitária que se chegou à formulação do samba mas não foi só pela força que dali emergiu que o samba se viabilizou como produto cultural Foi preciso que atores como Donga requeressem essa posição de artista popular que buscava se inserir na indústria da produção musical que seria consolidada poucos anos depois com a relação dos sambistas do Estácio com Francisco Alves e com a obra de Noel Rosa Como demonstra a pesquisadora Giovanna Dealtry em No Fio da Navalha8 no universo do samba Direito e Autor passariam a ser termos que garantem a mobilidade e a inserção social do sambista9 Donga e muitos outros intervieram nessa dinâmica de maneira decisiva através de sua própria e exclusiva vontade de afirmar a expressão musical que produziam nesse universo da Cidade Nova e da praça Onze qual seja a de se colocar na engrenagem da indústria cultural Segundo Giovanna Nesse âmbito quanto mais se constrói um eu mais se termina por falar em nós O corpo do negro é enfim essa primeira e última instância de negociação e intervenção no mundo burguês dominado pelo elemento branco Calado é corpo escravo corpo de molambo corpo tatuado por pertencer a outro Tomado pelo dom da palavra que se traduz também na presença do malandro é corpo ativo constituinte da 8 DEALTRY Giovanna No fio da navalha Malandragem na literatura e no samba Rio de Janeiro Casa da Palavra 2009 9 Idem p73118 n 62 dez 2015 p 112125 individualidade Capaz senão de mudar seu destino de mudar as narrativas que constituem sua história10 De qualquer maneira é importante afirmar que esse ainda era um campo complicado e complexo Muitos artistas dessas primeiras gerações do samba tinham como costume renegar a denominação sambista pois percebiam nela uma aproximação da ideia de vadiagem e malandragem que não lhe interessava assinalar Há inúmeros casos de letras que tentam conferir ao sambista um estatuto social mais assimilável aos padrões sociais estabelecidos O exemplo já dos anos de 1930 da polêmica entre Noel Rosa e Wilson Batista talvez tenha rendido as mais elucidativas letras de samba que corroboram um impasse nesse sentido Um caso interessante a destacar aqui é o de João da Bahiana que hoje é um nome de importância para a cultura popular brasileira mas que em 1921 deixou de ir para Paris com o grupo de Pixinguinha e Donga Ele temia perder seu emprego de fiscal no porto do Rio o que dava uma clara demonstração dessa postura que referendava uma ideia de que trabalho era seu cargo no porto não a prática de fazer sambas Nessa conjuntura da emergência do samba na região da pequena África e nessa individualização da função de autor era muito comum como no caso citado de Pelo Telefone que houvesse controvérsias em relação aos nomes dos compositores dos sambas que foram lançados naqueles anos Ficou muito famosa extrapolando até o universo dos críticos e pesquisadores de música uma frase que atribuem a Sinhô e que dizia Samba é que nem passarinho é de quem pegar Isso foi possível naquele período devido à dinâmica do partidoalto na qual vários músicos ou simples membros da comunidade recitavam em suas festas estrofes em cima de quadraturas melódicas cíclicas A partir daí qualquer um poderia fixar uma forma com trechos dessas letras e pequenas intervenções melódicas sobre essa quadratura Era comum que ao fazer isso um sambista deixasse outros compositores descontentes pois estes também tinham de alguma forma participado do processo criativo das canções durante as festas Isso gerou muitos malentendidos entre os músicos Anos depois principalmente no Estácio ainda ocorreria a questão da compra de sambas que revelava a precariedade óbvia da economia da música do período e também certo desprendimento desses autores à aura da sua criação artística Em geral em toda formação da música popular e isso não só no Brasil é confuso apontar de forma definida a questão da autoria sobre as músicas Outro bom exemplo em nosso país dessa dificuldade é a obra de Gonzagão reconhecido por todos nós como inventor do gênero forró Um olhar mais atencioso ao trabalho biográfico realizado por Dominique Dreyfus11 sobre o rei do baião mostra que muitas das suas composições que entraram para a história da nossa canção popular foram retiradas de temas populares tocados pelos músicos da região no nordeste do Brasil Vários desses temas inclusive foram apresentados a ele pelo seu pai Januário profundo conhecedor das tradições folclóricas locais da região de Exu entre os estados do Ceará e de Pernambuco 10 Idem p72 11 DREYFUS Dominique Vida do viajante a saga de Luiz Gonzaga São Paulo Ed 34 1996 n 62 dez 2015 p 112125 119 Carlos Sandroni autor de um dos livros mais detalhados sobre as diferenças entre o grupo de sambistas da pequena África e o do Estácio que ainda na década de 1920 assumiria essa posição de reduto do samba demonstra com muita perspicácia o que estava envolvido no processo de apropriação dos motivos folclóricos realizado pela primeira geração de sambistas da praça Onze O autor faz sua análise a partir dessa mesma declaração de Donga em que o compositor falava em apertar o cerco na Odeon Vejamos o trecho da referida entrevista Eu e o Germano e bem assim o não menos saudoso Didi da Gracinda sempre procurávamos o falecido Hilário Jovino todos os citados são figuras de destaque na comunidade baianocarioca da época e nos aconselhávamos entre nós dentro do nosso repertório folclórico escolher aí sic qual o melhor para ser introduzido na sociedade logo que se oferecesse a oportunidade o que se deu em 1916 quando começamos a apertar o cerco Porque a hora era aquela12 Seguindo em sua análise Sandroni apresenta um vasto número de elementos que Donga soube colocar em jogo para fazer emergir o corpo do sambista da praça Onze na cena cultural da época Apesar de longa vale aqui pela sua riqueza de detalhes reproduzir toda a citação em que o autor elenca esses elementos No empreendimento que Donga se propõe no entanto esse repertório folclórico deverá passar por diversas mediações Um carnaval dificilmente seria suficiente para introduzir na sociedade o que o samba efetivamente era até então isto é uma modalidade de divertimento que incluía coreografia códigos de conduta improvisação poética etc Era preciso destes comportamentos e relações entre pessoas destacar resíduos objetos capazes de transitar entre os biombos da sociedade criando na sua passagem sem dúvida novas relações E moldar estes objetos em formas capazes de adequaremse aos meios de comunicação de que se dispunha na época a partitura para piano a ser comercializada o arranjo para banda a letra impressa cuja rigidez transforma todas as improvisações posteriores em meras paródias a gravação em disco Mas o sucesso dessa empreitada dependia ainda de outros fatores o registro na Biblioteca Nacional visando à preservação dos direitos autorais e à obtenção de um aliado branco jornalista figura de destaque no Clube dos Democráticos uma das principais instituições do carnaval oficial de então Mauro de Almeida A consequência de toda essa atividade de Donga foi a de transformar algo que até então se restringia a uma pequena comunidade em um gênero de canção popular no sentido moderno com autor gravação acesso à imprensa sucesso no conjunto da sociedade Assim Donga pode não ter sido o autor de Pelo Telefone como alguns anos depois se dirá no Rio de Janeiro que Noel Rosa é o autor de Feitiço da Vila Mas como bem nota Flávio Silva é ele o autor da história é ele quem inventa a canção e assim fazendo inventa o samba carioca em muitas das características que veio a guardar até hoje 12 SANDRONI Carlos Feitiço decente transformações do samba no Rio de Janeiro Rio de Janeiro Jorge Zahar 2001 p 119120 n 62 dez 2015 p 112125 Para usar a expressão de Foucault este é o primeiro momento da constituição de uma função autor no universo do samba13 O que tanto o caso de Gonzagão quanto a ação empreendida por Donga e as polêmicas da pequena África que normalmente envolviam Sinhô nos demonstram é que na passagem de uma forma cultural coletiva para uma assinatura individual dessa forma há um inevitável processo de apropriação pelos músicos de obras e temas que não necessariamente foram compostos por eles Mais do que querer impor a esses artistas uma crítica que só teria sentido após a estabilização dessa forma nova e individualizada da autoria pareceme que cabe um agradecimento aos que foram capazes de traduzir para o objetocanção esses temaspassarinhos que sobrevoavam a vida musical de suas comunidades Sobre a experiência comunitária praticada na praça Onze no início do século e as casas das tias baianas como Ciata e Prisciliana cabe ainda acrescentar um dado histórico muito bem explicitado pelo antropólogo Antonio Risério em seu livro Dorival Caymmi uma utopia de lugar14 Segundo Risério é fundamental entender determinadas diferenças no longo e cruel processo da escravidão brasileira que criaram o contexto específico no qual se inserem essas mulheres e no qual se desenvolve uma prática social que teve a praça Onze como um dos seus centros e a cidade Bahia hoje Salvador como seu lócus original No livro o antropólogo nos lembra que a escravidão no Brasil tem dois momentos distintos e que determinaram aspectos decisivos para entendermos a permanência de elementos das culturas africanas em nossa sociedade Risério faz questão inclusive de ressaltar e chamar a atenção para o que seria um equívoco da etnografia brasileira em relação à reflexão sobre a influência das culturas africanas em solo brasileiro Assim denuncia o que seria um nagôcentrismo da nossa pesquisa etnográfica que teria gerado diversos malentendidos ao tratar o continente africano como um bloco homogêneo sem diferenças entre suas regiões e estados Esse nagôcentrismo seria justificado por toda a primeira fase da escravidão brasileira quando em sua maior parte os escravos eram os bantos oriundos do sul da África Essa primeira geração teve seus laços familiares e afetivos totalmente desarticulados e foi além de fisicamente e psiquicamente culturalmente violentada e dizimada por esse processo Sem nenhuma proximidade com seus comuns esses escravos tiveram uma dificuldade muito maior de manter práticas culturais religiosas sociais ou políticas que traziam de seus países e comunidades Além disso o sul da África era uma região com pouco desenvolvimento de um sistema econômico e quase nenhuma experiência de vida urbana mesmo como a entendemos para o período O autor destaca de forma veemente que num segundo momento quando os escravos chegados ao Brasil são em sua maioria os sudaneses e outros oriundos de países do norte da África o quadro muda radicalmente Primeiro porque estes escravos não tiveram seus laços familiares rompidos como ocorria aqui desde o início 13 Idem p 120 14 RISÉRIO Antonio Caymmi uma utopia de lugar São Paulo Perspectiva 1993 n 62 dez 2015 p 112125 121 da escravidão e segundo porque vinham de cidades relativamente organizadas dentro dos padrões modernos de urbanidade e muitas vezes mais desenvolvidas que as cidades existentes em nosso país o que lhes conferia uma compreensão mais elaborada e complexa de certos valores comunitários Dessa forma conseguiram manter minimamente organizadas heranças e práticas sociais desenvolvidas em suas sociedades de origem Isso é fundamental para compreendermos a força com que a cultura iorubana conseguiu se manter no Brasil e influenciar nossas práticas religiosas e culturais Não há como entender por exemplo a revolta dos malês na Cidade da Bahia assim como uma série de outros eventos e referências da nossa cultura sem fixarmos esse dado histórico da formação do Brasil No caso da nossa reflexão esse é um ponto fundamental pois nos ajuda a entender a força que as tias da praça Onze tinham na vida carioca da entrada do século XX Chegadas de uma Bahia onde se conseguia à época manter relativamente protegidos valores e costumes de suas culturas de origem elas puderam transmitir a seus filhos e toda geração de jovens negros daquele período um sentido mais organizado e coeso de suas práticas socioculturais Se é possível falar de uma inteligência estratégica por parte destes então jovens sambistas ela com certeza é consequência do capital cultural acumulado e protegido dentro deste contexto particular Isso também diz muito sobre a força ancestral que a Bahia viria a exercer dentro do mundo do samba e da canção popular brasileira ao longo do século XX Os intermináveis exemplos que poderiam ser dados com relação aos enredos das escolas de samba e os sambas compostos para eles que têm a Bahia mítica como pano de fundo são um índice dessa força que atravessa nossa produção cultural há muito tempo A ala das baianas hoje obrigatória em qualquer agremiação do desfile do carnaval carioca e símbolo dos mais significativos desse carnaval corporifica esse fato melhor do que qualquer outra referência que eu poderia citar aqui A ideia de que o samba nasceu no morro é outro paradigma que volta constantemente à discussão cultural brasileira e que na maioria das vezes apresenta esse morro em sua concepção romântica tentando designálo como um território mais autêntico e menos contaminado para prática do gênero Não pretendo me ocupar longamente das inúmeras declarações de sambistas que deixam claro que essa é uma alusão equivocada ao surgimento do samba Autores já citados aqui como Hermano Vianna Giovanna Dealtry e também a pesquisadora Cláudia Neiva de Matos reúnem em seus trabalhos uma série de reflexões e documentos que confirmam essa imprecisão O que aconteceu e que nos faz associar o morro ou a favela à origem do samba foi uma série de eventos relacionados muito mais à criminalização e perseguição policial aos negros sambistas e também ao precário desenvolvimento da cidade que excluía cada vez mais a população pobre do tecido urbano do que a uma territorialidade específica a qual pudesse fixar uma localização geográfica e cultural para o samba O samba nasceu em bairros da cidade e não nas favelas num trânsito que colocava distintos atores e instituições em diálogo como alguns que já foram citados e como outros presentes em trabalhos que analisam a conjuntura social e cultural na praça Onze e depois no Estácio com maior riqueza de detalhes Porém quanto mais marginalizado o trabalhador negro o morro por ser um lugar com um sistema de122 n 62 dez 2015 p 112125 poder e de gestão próprios pode abrigálo tanto em sua expressão cultural ainda vista como violenta aos olhos da lei quanto em sua inviabilidade econômica de permanecer nos bairros do chamado asfalto Uma declaração de João da Bahiana ao Museu da Imagem e do Som em 1966 destacada por Cláudia Neiva de Matos ilustra esse movimento de uma aproximação posterior do samba ao território do morro ou favela de forma bem precisa e definitiva O samba saiu da cidade Nós fugíamos da polícia e íamos para os morros fazer samba Não havia essas favelas todas Existiam a Favela do Meus Amores e o Morro de São Carlos mais conhecido como Chácara do Céu Nós sambávamos nestes dois morros Mas o samba não nasceu no morro nós é que o levávamos para fugir da polícia que nos perseguia Os delegados Meira Lima e o Dr Querubim não queriam o samba15 Segundo a autora conclui Quando a polícia persegue os sambistas no início da história do samba estes vão fazer do morro o seu reduto E o morro passa a representar para sambistas e favelados em geral um domínio como lugar reservado à alegria e à liberdade onde tem lugar o rito do samba e onde o sujeito se liberta das pressões cotidianas da falta de dinheiro da imposição do trabalho16 Com o tempo muitos compositores e intérpretes da nossa música foram ajudando a moldar esse perfil do morro carioca como um território que acolheria o samba de forma mais natural e o tornaria uma expressão mais autêntica e coerente com sua origem popular Muitas letras cantaram essa intimidade entre morro e samba e muitos artistas partiram dela para inscrever sua voz na cena musical Em diversas entrevistas por exemplo a cantora Elza Soares afirma que desenvolveu sua habilidade de sambista quando ainda jovem subia e descia o morro com uma lata dágua na cabeça Muitos outros símbolos similares à lata dágua seriam ao longo do tempo chamados por artistas ligados ao samba para representar essa naturalidade com que sua subjetividade se expressa por meio da música e por consequência a autenticidade dessa manifestação É a partir principalmente das referências a esses símbolos nas letras de samba que essa noção morroautenticidade se tornou presente de forma tão determinante no imaginário brasileiro Muniz Sodré novamente pensa essa eleição do morro de forma bem específica Para o autor essa idealização do morro nas letras de samba por mais que tenha um caráter mitificado faz parte de uma estratégia importante de oposição à cultura dominante que impera na cidade e de construção de um imaginário próprio para cultura negra das regiões marginalizadas Para Muniz essa representação do morro no samba é uma ação de afirmação perante o processo de segregação da identidade negra no espaço urbano e na estrutura econômica vigente na sociedade 15 MATOS Cláudia Neiva de Acertei no milhar samba e malandragem no tempo de Getúlio Rio de Janeiro Paz e Terra 1982 p 28 16 Idem p 32 n 62 dez 2015 p 112125 123 Como se pode perceber o morro no contraste com a planície significa um espaço mítico de liberdade No samba tradicional carioca a frequente louvação por muitos considerada alienante de aspectos da vida no morro pode ser entendida como a referência a um dispositivo simbólico capaz de minar o sistema de valor da cultura dominante O morro é a utopia do samba Utopia não é mero sonho ou devaneio nostálgico mas a instauração filosófica de uma ordem alternativa onde se contestam os termos vigentes no realhistórico É essa utopia que outorga transitividade à promessa ao sonho à poesia da letra17 Temos portanto percepções controversas dessa relação com o morro mas que em ambos os casos revelam com clareza que ela também faz parte de um quadro mais complexo e menos romântico que uma interpretação mais super FACULDADE UNINOVE CURSO DE PSICOLOGIA TÂNIA SAÚDE MENTAL DO TRABALHADOR NA ESCOLA DE SAMBA ESTRELA DO TERCEIRO MILÊNIO LOCAL 2025 TÂNIA SAÚDE MENTAL DO TRABALHADOR NA ESCOLA DE SAMBA ESTRELA DO TERCEIRO MILÊNIO Projeto de pesquisa apresentado ao Curso Psicologia da IES Uninove para a disciplina de nome da disciplina Coordenador de Curso Nome do Coordenador de Curso LOCAL 2025 SUMÁRIO 1INTRODUÇÃO 1 2OBJETIVO 2 21Geral 2 22Específicos 2 3JUSTIFICATIVA 3 4METODOLOGIA 3 5RESULTADOS 3 6DISCUSSÃO 5 7CONSIDERAÇÕES FINAIS 7 8REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 8 The image contains no text 1 1 INTRODUÇÃO O samba consolidado como uma das principais expressões da cultura popular brasileira perpassa o campo artístico e musical assumindo dimensões políticas sociais e identitárias Desde suas origens nos terreiros e nas comunidades negras do início do século XX o samba representou um estilo musical e um espaço de resistência e afirmação cultural frente à marginalização e ao racismo estrutural Sandroni 2001 Vianna 1995 Nesse viés as escolas de samba não podem ser compreendidas apenas como agremiações carnavalescas elas se constituem como instituições comunitárias nas quais tecemse laços de pertencimento solidariedade e cooperação desempenhando um papel central na vida de milhares de pessoas em contextos de desigualdade social Cavalcanti 1994 Assim o carnaval e suas práticas associadas configuramse como fenômenos culturais complexos atravessados por dimensões estéticas econômicas e políticas Para além da festa as escolas de samba oferecem espaços de acolhimento e lazer funcionando como territórios de elaboração simbólica e afetiva que fortalecem a identidade coletiva de seus integrantes Moura 2022 Os supracitados conhecidos como quadras não se restringem ao período carnavalesco mas se tornam centros comunitários permanentes nos quais se articulam atividades culturais educacionais e sociais Assim a presente pesquisa debruçase sobre a saúde mental do trabalhador da escola de samba Estrela do Terceiro Milênio fundada em 1998 no bairro do Grajaú zona sul de São Paulo território marcado por vulnerabilidades sociais e urbanas Parte se do conceito de comunidade como espaço de vínculos solidariedade e identidades coletivas Bauman 2003 para compreender de que maneira o ambiente da quadra e das atividades desenvolvidas contribuem para a promoção da saúde mental dos envolvidos O samba neste contexto não é apenas prática cultural mas também estratégia de enfrentamento das tensões da vida cotidiana funcionando como mecanismo de cuidado e suporte subjetivo Concomitantemente a pesquisa busca analisar criticamente os impactos do neoliberalismo e da terceirização sobre o processo de produção carnavalesca sobretudo após a ascensão da Estrela do Terceiro Milênio ao Grupo Especial A crescente 2 profissionalização e mercantilização do carnaval inseridas na lógica do espetáculo e do mercado tendem a tensionar os vínculos comunitários e o sentido de pertencimento impondo exigências laborais intensas que afetam diretamente a saúde mental dos trabalhadores Harvey 2008 Essa contradição entre comunidade e mercado se torna central para compreender as condições de trabalho e a experiência subjetiva dos integrantes da escola Destarte propomos a reflexão concernente à relação entre cultura popular saúde mental e trabalho tomando como referência empírica a trajetória da Estrela do Terceiro Milênio Ao evidenciar tanto os aspectos de acolhimento e resistência presentes na prática comunitária quanto os desafios impostos pelo avanço da racionalidade neoliberal buscase contribuir para o debate sobre a importância das manifestações culturais na promoção da saúde e na luta por dignidade social 2 OBJETIVO 21 Geral Analisar de que forma a organização comunitária e o trabalho desenvolvido pela escola de samba Estrela do Terceiro Milênio impactam a saúde mental de seus trabalhadores e voluntários considerando as tensões entre pertencimento comunitário e exigências do mercado cultural 22 Específicos Analisar de que maneira as práticas comunitárias e culturais desenvolvidas na quadra da escola de samba Estrela do Terceiro Milênio contribuem para a promoção da saúde mental de seus trabalhadores e integrantes Investigar os impactos das transformações impostas pelo neoliberalismo e pela terceirização no processo de produção carnavalesca da Estrela do Terceiro Milênio especialmente após sua ascensão ao Grupo Especial e suas implicações para as condições de trabalho e o bemestar dos envolvidos 3 3 JUSTIFICATIVA A presente pesquisa justificase pela necessidade de compreender como espaços culturais comunitários influenciam a saúde mental de seus membros No caso da Estrela do Terceiro Milênio observase uma dinâmica marcada tanto pela força comunitária expressa no voluntariado na oferta de projetos sociais e no acolhimento quanto pela lógica do trabalho terceirizado exigida pelo pertencimento ao Grupo Especial do carnaval paulistano A análise permite articular aspectos de psicologia social sociologia do trabalho e saúde coletiva ampliando a compreensão do samba como fenômeno cultural e também como espaço de construção de identidades e enfrentamento de desigualdades 4 METODOLOGIA A pesquisa utilizou adotada utilizase de uma abordagem qualitativa baseada em observação direta realizada durante visita à quadra da escola em 1409 incluindo registro das dinâmicas de organização voluntariado e acolhimento Além disso utilizamos entrevistas informais com Paula Roma integrante do grupo de Harmonia e parte da diretoria e um levantamento bibliográfico através de artigos acadêmicos como Jost 2022 que discute a formação estratégica do samba e Vianna 1995 sobre a construção cultural do gênero além de autores como Sodré 1998 que problematizam o samba como resistência cultural bem como uma pesquisa documental acerca da história da Estrela do Terceiro Milênio sua fundação enredos e trajetória no carnaval paulistano 5 RESULTADOS A partir da pesquisa realizada foi possível evidenciar que a organização cotidiana da quadra da Estrela do Terceiro Milênio é sustentada em grande medida pelo trabalho voluntário de seus membros Tal engajamento não limitase à execução de tarefas mas expressa um compromisso coletivo que corrobora os vínculos comunitários 4 e cria um espaço de acolhimento psicológico O voluntariado nesse sentido atua como prática de solidariedade e resistência fortalecendo laços identitários em um território marcado por desigualdade social Essa dinâmica confirma o papel histórico das escolas de samba como instituições comunitárias que funcionam simultaneamente como espaços de sociabilidade e reciprocidade Cavalcanti 1994 Outro ponto relevante diz respeito aos processos criativos e às transformações decorrentes da profissionalização do carnaval A produção artística que envolve desde a pesquisa dos enredos até a confecção de alegorias e fantasias articula criatividade e técnica Entretanto após a ascensão da Estrela do Terceiro Milênio ao Grupo Especial observouse uma mudança significativa a produção das fantasias deixou de ser realizada pela própria comunidade e passou a ser terceirizada com empresas especializadas assumindo a execução Essa alteração reverbera a crescente mercantilização e racionalização do carnaval coadunada à lógica neoliberal que desloca a centralidade da coletividade para a dinâmica empresarial Harvey 2008 Conquanto tenha permitido maior sofisticação técnica tal mudança também reduziu a dimensão simbólica e afetiva que a produção comunitária possuía impactando diretamente a experiência subjetiva dos trabalhadores e voluntários Ademais a pesquisa também revelou a relevância dos projetos sociais mantidos pela escola que incluem atividades gratuitas como futebol teatro e até modalidades menos tradicionais como o futebol americano Essas iniciativas ampliam o papel da Estrela do Terceiro Milênio como espaço de inclusão social especialmente em um território periférico como o Grajaú onde o acesso a políticas públicas de esporte e cultura é restrito Para além do lazer tais atividades atuam como dispositivos de proteção social oferecendo pertencimento formação cidadã e perspectivas de futuro a crianças jovens e adultos Do ponto de vista da saúde mental esses projetos desempenham um papel preventivo pois reduzem a sensação de isolamento social e oferecem redes de apoio emocional Por fim pôdese perceber que a sustentabilidade financeira da escola depende da combinação entre recursos públicos patrocínios e eventos pagos sendo o Samba de Sábado um dos principais mecanismos de arrecadação Esses eventos cumprem uma função dupla garantem a manutenção financeira e fortalecem a identidade coletiva por meio da convivência comunitária Ademais a Estrela do Terceiro Milênio atua como rede informal de apoio psicossocial acolhendo pessoas em situações de vulnerabilidade 5 como pacientes em tratamento contra o câncer ou indivíduos em depressão Nesse aspecto a escola transcende sua dimensão cultural configurandose como espaço de cuidado e de suporte subjetivo próximo ao que Bauman 2003 denomina como comunidade em busca de segurança no mundo atual e ao que Figueiredo et al 2021 descreve como práticas comunitárias de saúde mental em territórios populares Assim os resultados demonstram que a Estrela do Terceiro Milênio desempenha um papel multifacetado combina produção cultural suporte social e acolhimento comunitário mas enfrenta tensões significativas impostas pela profissionalização e pela lógica neoliberal que reconfiguram as condições de trabalho e impactam a saúde mental de seus integrantes 6 DISCUSSÃO Mediante a análise realizada a partir dos resultados obtidos constatase uma tensão nítida entre dois polos que atravessam a vida da Estrela do Terceiro Milênio e por extensão muitas agremiações semelhantes de um lado um polo comunitário centrado no voluntariado no sentimento de pertencimento e nas práticas coletivas que funcionam como fatores protetores da saúde mental de outro um polo mercadológico marcado pela profissionalização pela terceirização e pelas exigências do mercado cultural que reconfiguram as formas de trabalho e as formas de vínculo com a produção do carnaval No polo comunitário o trabalho voluntário e as rotinas da quadra produzem redes de sociabilidade que se traduzem em capital social e suporte emocional Em concordância com Matarasso 1997 atividades coletivas de arte e lazer promovem sentido de propósito autoestima e integração social fatores estreitamente relacionados à proteção contra transtornos mentais e à promoção do bemestar No contexto do samba Vianna 1995 salienta que as práticas sambásticas se constituíram historicamente como modos organizados de ação coletiva e como dispositivos de afirmação identitária essa historicidade corrobora a função das escolas de samba como espaços de construção identitária e de resistência Na Estrela do Terceiro Milênio o relato de voluntariado a oferta de projetos gratuitos e o acolhimento nas atividades corrobora a ideia de que a quadra atua como um lugar de cura social a 6 participação e os laços de pertença geram redes informais de apoio que favorecem a resiliência psicológica em contextos de vulnerabilidade social Todavia o polo mercadológico introduz tensões que podem enfraquecer esses efeitos protetores A terceirização da confecção de fantasias mudança observada após a ascensão da escola ao Grupo Especial é sintomática de processos mais amplos de mercantilização da cultura em que a lógica do mercado e a busca por competitividade e excelência técnica passam a ditar parte da organização do trabalho cultural Sob os construtos de Harvey 2008 as transformações costumam vir acompanhadas de precarização fragmentação dos vínculos e perda de autonomia sobre o processo produtivo Na prática observada a transferência da produção das fantasias para empresas especializadas trouxe ganhos técnicos e de padronização exigidos pelo espetáculo mas também implicou a retirada de um espaço simbólico de produção coletiva a confecção comunitária das fantasias além de ser trabalho material historicamente constituía um rito de sociabilidade transmissão de saberes e reconhecimento coletivo elementos que reforçam a autoestima e a identidade Tal modificação tem impactos psicológicos plausíveis a atenuação de atividades produtivas comunitárias pode reduzir as oportunidades de agência de reconhecimento social e de aprendizagem coletiva corroendo o sentimento de eficácia coletiva e consecutivamente afetando o bemestar subjetivo Além disso a lógica mercadológica pode introduzir novas formas de insegurança por exemplo contratos temporários na cadeia produtiva ou pressões de prazo e demandas de intensidade laboral que sobrecarregam trabalhadores formais e informais ligados ao carnaval condições associadas na literatura de trabalho à maior exposição a estresse ansiedade e desgaste emocional Importante notar contudo que a relação entre profissionalização e saúde mental não é unidimensionalmente negativa A profissionalização também pode ocasionar efeitos positivos emprego formal em oficinas terceirizadas oferece renda direitos trabalhistas e qualificação técnica para profissionais que antes estavam excluídos do mercado formal eventos remunerados e patrocínios viabilizam a manutenção de projetos sociais e ampliam a capacidade da escola de oferecer atividades regulares o Samba de Sábado por exemplo Assim a ambivalência é central o avanço do mercado pode tanto erodir formas tradicionais de pertencimento quanto criar novas oportunidades socioeconômicas que em determinadas condições promovem segurança 7 material e autoestima A literatura sobre políticas culturais recomenda por isso modelos híbridos que conciliem qualidade técnica com participação comunitária Matarasso 1997 Do ponto de vista das políticas de promoção da saúde mental os resultados apontam para duas linhas de intervenção possíveis A primeira é reconhecer e fortalecer a função protetora das práticas comunitárias incentivar espaços de participação direta na produção cultural que recuperem parte do protagonismo perdido com a terceirização Essas ações reforçam capital social e sentido de pertença e são coerentes com abordagens de promoção de saúde comunitária apoiadas por organismos internacionais Saxena Funk Chisholm 2014 A segunda linha é mitigar os efeitos negativos da mercantilização sobre trabalhadores formais e terceirizados por meio de políticas que garantam condições de trabalho dignas formação profissional turnos compatíveis e suporte psicossocial quando necessário medidas que busquem reduzir a precariedade e a insegurança associadas à cadeia produtiva do carnaval Antunes 2018 Por fim a experiência da Estrela do Terceiro Milênio demonstra a resistência e a capacidade de adaptação das práticas culturais comunitárias frente às pressões do mercado mesmo com terceirização e exigências técnicas a escola mantém projetos sociais funciona como rede de acolhimento e preserva espaços de encontro que promovem saúde mental coletiva Isso indica que intervenções efetivas não precisam escolher entre cultura e mercado mas sim articular estratégias que preservem a centralidade comunitária participação reconhecimento cuidado mútuo enquanto incorporam ganhos técnicos e econômicos oferecidos pela profissionalização Em termos teóricos a escola aparece assim como um espaçolimiar onde se negociam identidades trabalho e saúde uma arena em que o desafio é construir arranjos institucionais que compatibilizem qualidade artística sustentabilidade financeira e cuidado com as pessoas 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS A análise sobre a Estrela do Terceiro Milênio evidencia como as escolas de samba constituem espaços de resistência cultural solidariedade comunitária e promoção de saúde mental em contextos marcados por desigualdades sociais A análise mostrou que apesar das pressões impostas pelo mercado carnavalesco sobretudo após a 8 ascensão ao Grupo Especial e a consequente necessidade de terceirização de parte da produção artística a escola preserva práticas comunitárias que reforçam vínculos afetivos e identitários O trabalho voluntário a convivência cotidiana e a oferta de projetos sociais gratuitos revelam a centralidade da escola como espaço de acolhimento pertencimento e resiliência Esses elementos estão em consonância com as análises de Sawaia 2017 que apontam a potência das práticas coletivas na constituição de suportes emocionais em contextos de vulnerabilidade ressaltando o papel das organizações comunitárias na construção de capital social Ainda que a lógica neoliberal e a terceirização introduzam tensões reduzindo a participação direta da comunidade em certos processos criativos a Estrela do Terceiro Milênio reafirma seu papel estratégico ao conciliar a profissionalização do carnaval com a preservação de laços sociais Assim reforçase a importância das escolas de samba como instituições que ultrapassam o campo artístico atuando também como agentes de saúde coletiva e de resistência cultural Concluise portanto que a Estrela do Terceiro Milênio materializa a potência do samba enquanto prática comunitária e espaço de resistência simbólica política e social A supracitada celebra a cultura popular brasileira mas também promove saúde mental e coesão social configurandose como exemplo de como práticas culturais podem contribuir para o fortalecimento das comunidades em tempos de fragmentação e individualismo 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAUMAN Zygmunt Comunidade a busca por segurança no mundo atual Zahar 2003 CAVALCANTI Maria Laura Viveiros de Castro Carnaval carioca dos bastidores ao desfile 1994 FIGUEIREDO Eugênia Gadelha et al Promoção da saúde mental comunitária em um território vulnerabilizado Desafios e possibilidades Psicoperspectivas v 20 n 2 p 3040 2021 HARVEY David O neoliberalismo história e implicações Loyola 2008 9 JOST Miguel The constructioninvention of samba mediations and strategic interactions Revista do Instituto de Estudos Brasileiros n 62 p 112125 2015MOURA Roberto Tia Ciata e a pequena África no Rio de Janeiro Todavia 2022 MATARASSO François Use or ornament The social impact of participation in the arts 1997 SANDRONI Carlos Feitiço decente transformações do samba no Rio de Janeiro 19171933 Editora SchwarczCompanhia das Letras 2001 SAXENA Shekhar FUNK Michelle CHISHOLM Dan WHOs Mental Health Action Plan 20132020 what can psychiatrists do to facilitate its implementation World Psychiatry v 13 n 2 p 107 2014 SAWAIA Bader As artimanhas da exclusão análise psicossocial e ética da desigualdade social Editora Vozes Limitada 2017 SODRÉ Muniz Samba o dono do corpo Rio de Janeiro Mauad 1998 VIANNA Hermano O mistério do samba Rio de Janeiro Ed da UFRJ 1995 TINHORÃO José Ramos História social da música popular brasileira São Paulo Ed 34 1997