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Engenharia de Produção ·

Engenharia Econômica

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Autor Prof Celso Ribeiro Campos Colaboradores Prof Pedro Ferreira Prof André Galhardo Fernandes Engenharia Econômica ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 Professor conteudista Celso Ribeiro Campos Físico Unitau 1989 engenheiro mecânico Unitau 1993 mestre em Ensino da Matemática PUCSP 2000 e doutor em Educação Matemática Unesp 2007 Professor titular da UNIP desde 2007 atua em diversos campi na cidade de São Paulo principalmente em cursos de Ciências Econômicas e Administração nas disciplinas Estatística Matemática Financeira e Métodos Quantitativos É professor da PUCSP no curso de graduação em Ciências Econômicas e orientador de mestrado e doutorado em Educação Matemática nessa instituição Também atua como professor da Escola Superior Nacional de Seguros na qual ministra a disciplina Estatística Aplicada aos Negócios no curso de MBA em Gestão de Seguro e Resseguro É autor de diversos livros tais como Matemática Financeira LCTE 2010 Educação Estatística Teoria e Prática em Ambientes de Modelagem Matemática Autêntica 2011 Towards Critical Statistics Education LAP 2016 e Manual do Investidor em Bolsa de Valores o Funcionamento do Mercado e as Estratégias Akademy 2018 Todos os direitos reservados Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma eou quaisquer meios eletrônico incluindo fotocópia e gravação ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP C198e Campos Celso Ribeiro Engenharia Econômica Celso Ribeiro Campos São Paulo Editora Sol 2019 144 p il Nota este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP Série Didática ano XXV n 213019 ISSN 15179230 1 Riscos e incertezas 2 Análise de investimentos 3 Depreciação I Título CDU 65815 W50263 19 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 Prof Dr João Carlos Di Genio Reitor Prof Fábio Romeu de Carvalho ViceReitor de Planejamento Administração e Finanças Profa Melânia Dalla Torre ViceReitora de Unidades Universitárias Prof Dr Yugo Okida ViceReitor de PósGraduação e Pesquisa Profa Dra Marília AnconaLopez ViceReitora de Graduação Unip Interativa EaD Profa Elisabete Brihy Prof Marcelo Souza Prof Dr Luiz Felipe Scabar Prof Ivan Daliberto Frugoli Material Didático EaD Comissão editorial Dra Angélica L Carlini UNIP Dra Divane Alves da Silva UNIP Dr Ivan Dias da Motta CESUMAR Dra Kátia Mosorov Alonso UFMT Dra Valéria de Carvalho UNIP Apoio Profa Cláudia Regina Baptista EaD Profa Betisa Malaman Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico Prof Alexandre Ponzetto Revisão Lucas Ricardi Ricardo Duarte ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 Sumário Engenharia Econômica APRESENTAÇÃO 7 INTRODUÇÃO 8 Unidade I 1 CONCEITOS INICIAIS9 11 Conceito de juro e operação financeira 9 12 Capital montante taxa e prazo 10 13 Rendas e empréstimos 11 2 INVESTIMENTOS CAPITAL DE GIRO CUSTOS E RECEITAS 16 21 Investimento 16 22 Despesas com mão de obra 20 23 Tributação 21 24 Receita 25 25 Custos 27 251 Custos de oportunidade 27 252 Custos variáveis 28 3 BREAKEVEN POINT30 4 RISCOS E INCERTEZAS TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE 46 41 Conceito de risco 46 42 Taxa mínima de atratividade 48 Unidade II 5 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS FLUXO DE CAIXA MÉTODOS DO PAYBACK SIMPLES E DESCONTADO 55 51 Conceito de fluxo de caixa 55 52 Método do payback simples 82 53 Método do payback descontado 86 6 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS MÉTODO DO VALOR PRESENTE LÍQUIDO E ROI93 61 Valor presente líquido 93 62 VPL anualizado 95 63 ROI 102 7 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS MÉTODO DA TAXA INTERNA DE RETORNO 106 71 Cálculo da TIR pela HP 12C 112 72 Cálculo da TIR pelo Excel 113 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 8 DEPRECIAÇÃO DRE E BALANÇO 118 81 Depreciação 119 82 Demonstrativo de resultados do exercício 123 83 Balanço patrimonial 128 84 Considerações finais 132 7 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 APRESENTAÇÃO A disciplina Engenharia Econômica trata principalmente da análise de alternativas de investimento Ela visa capacitar os alunos com os conceitos e princípios fundamentais de análise financeira como custo de oportunidade incerteza risco modelos e premissas para a análise de investimentos além de demonstrar como tomar decisões baseadas em critérios quantitativos Diversos métodos de análise de alternativas de investimentos são abordados tais como o método do valor presente líquido da taxa interna de retorno do valor uniforme equivalente e do payback que podem ser aplicados isoladamente e aplicados simultaneamente Por meio de diversos exemplos práticos relacionados ao interesse do engenheiro você entrará no mundo da análise de negócios e conhecerá ferramentas poderosas de análise de viabilidade de investimentos produtivos Inicialmente abordaremos alguns aspectos da Matemática Financeira pertinentes à análise de investimentos quais sejam o conceito de juro e de operação financeira os conceitos de capital montante e prazo as sucessões de pagamentos ou recebimentos chamadas de rendas e um tipo de renda específico no qual temos interesse especial o empréstimo Veremos como elaborar um plano de negócios como elaborar uma planilha de investimento como calcular as despesas com mão de obra quais são os regimes tributários a precificação do produto e seu impacto na receita e como elaborar uma função custo total identificando os custos fixos e variáveis os custos de oportunidade etc Estudaremos ainda o primeiro indicador de viabilidade do negócio o breakeven point ou ponto de nivelamento que indica o nível de produção para o qual os custos se igualam às receitas Discorreremos por fim sobre o conceito de risco e sua relação com a taxa mínima de atratividade TMA Na sequência para continuar o estudo de viabilidade de um projeto de investimento estudaremos o conceito de fluxo de caixa Ele nos permitirá obter diversos outros indicadores importantes para avaliar e decidir sobre a viabilidade de um investimento quais sejam o payback simples e descontado o valor presente líquido VPL e o retorno sobre o investimento ROI Continuando o estudo de viabilidade veremos a taxa interna de retorno TIR e sua relação com o VPL e a TMA Tomamos o cuidado de indicar como fazer diversos tipos de cálculos com uma calculadora financeira e com o Excel de forma a agilizar os seus estudos Por fim abordaremos alguns conceitos contábeis pertinentes ao empreendedor a depreciação o demonstrativo de resultados do exercício DRE e o balanço patrimonial Para o bom entendimento do conteúdo este livrotexto apresenta exemplos resolvidos exemplos de aplicação e indicação de conteúdos complementares ao seu estudo 8 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 Para a explicação do conteúdo apresentaremos alguns exemplos genéricos mas também tomamos o cuidado de inserir exemplos aplicados relacionados a áreas de interesse do engenheiro Inicialmente você encontrará estudos de viabilidade de projetos de investimento nas áreas de indústria e de serviço Da área de serviço destacamos um projeto de investimento que diz respeito à instalação de aparelhos de ar condicionado no qual a empresa envolve o trabalho do engenheiro no projeto de dimensionamento e compreende ainda a instalação dos aparelhos Chamamos essa empresa de Climafrio No campo da indústria criamos dois projetos de investimento produtivo O primeiro deles é o de uma empresa projetada para produzir e comercializar carregadores de aparelhos celulares a qual chamamos de Powermobile Já o segundo se refere a uma indústria que fabrica silos para a armazenagem de grãos a qual batizamos de Silobom Esses três projetos acompanharão seus estudos pois vamos aos poucos agregando indicadores de estudo de viabilidade para fazer uma comparação dos projetos sob o ponto de vista financeiro INTRODUÇÃO A Engenharia Econômica trata basicamente da avaliação de investimentos produtivos que diferem conceitualmente dos investimentos financeiros O investimento produtivo referese a um dispêndio em uma atividade produtiva seja ela voltada para a indústria serviços agricultura ou criação de animais A atividade do engenheiro está mais vinculada à indústria e ao serviço tendo em vista que esse profissional encontra mercado de trabalho principalmente no segmento industrial de produção assim como na prestação de serviços seja de consultoria vistoria elaboração de projetos e gerenciamento de obras etc Para ser capaz de analisar a viabilidade de um investimento produtivo a Engenharia Econômica trabalha com diversas estratégias que envolvem a Matemática Financeira o fluxo de caixa e a quantificação do risco por meio da taxa mínima de atratividade Adicionalmente aborda contextos de análise contábil tais como o demonstrativo de resultado do exercício DRE o balanço patrimonial a depreciação etc Com esses conhecimentos o engenheiro estará capacitado para desenvolver seus próprios projetos de investimento assim como para avaliar os projetos de terceiros de forma criteriosa e conclusiva Dessa forma a disciplina de Engenharia Econômica engloba conceitos contábeis e de finanças para juntamente com a análise matemática agregar conhecimentos valiosos para o engenheiro que poderá aplicálos em sua vida profissional 9 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 ENGENHARIA ECONÔMICA Unidade I 1 CONCEITOS INICIAIS Neste tópico vamos abordar alguns conceitos que são necessários para o entendimento da disciplina Esses conceitos envolvem principalmente assuntos de Matemática Financeira 11 Conceito de juro e operação financeira Figura 1 Existe uma diferenciação explícita entre operação comercial e operação financeira A operação comercial é uma operação de compra e venda que envolve lucro ou prejuízo Já a operação financeira é uma operação de empréstimo ou seja de transferência de posse de capital que por princípio demanda a existência de juro O juro por sua vez pode ser entendido como o aluguel do capital Alguém é detentor de um capital e por não ter uso para ele transfereo para outra pessoa que dele precisa Essa segunda pessoa se compromete a devolver o capital emprestado em um determinado prazo e além disso assume o compromisso de remunerar o dono do capital pelo uso do dinheiro Assim outra forma de definir o juro é dizer que ele corresponde à remuneração do capital Pensadores da escola austríaca que têm o liberalismo como essência consideram que o juro só existe devido às preferências do consumidor A ideia seria que as pessoas querem consumir sem ter o dinheiro e por isso aceitam o pagamento de juro O juro é essencial para a economia e não deve ser encarado como algo maléfico Os governos têm dívidas e precisam captar recursos para rolar essas obrigações e uma forma de fazer isso é oferecendo o pagamento de juros para quem estiver disposto a lhe emprestar dinheiro 10 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 Unidade I Uma economia dinâmica precisa de um sistema financeiro bem sólido e confiável para intermediar as operações de empréstimo de modo a gerenciar os riscos envolvidos nesse tipo de operação e negociar o montante de juro de forma justa e precisa O juro por sua vez determina o valor do dinheiro no tempo na medida em que corrige o capital e atualiza o seu poder de compra de acordo com alguns parâmetros adotados pelo sistema financeiro Assim sistematicamente falando o juro é um valor em dinheiro que o tomador de um empréstimo deve ao dono do capital pelo uso do dinheiro 12 Capital montante taxa e prazo Chamamos de capital uma quantia em dinheiro disponível para uma operação financeira Montante é a soma do capital com o seu respectivo juro Se chamarmos o capital de C o juro de J e o montante de M então teremos M C J A taxa de juro é um coeficiente que define a grandeza do juro Geralmente ela é dada em percentual e é acompanhada de um período de tempo ao qual ela é aplicada ou seja um período no qual o juro é cobrado do tomador do empréstimo Exemplos 2 ao mês 2 am 002 am 10 ao ano 10 aa 01 aa Prazo é o período de tempo que vai do início ao fim de uma operação financeira Geralmente deve existir uma compatibilidade entre o prazo e o período de cobrança do juro de forma que se a taxa estiver ao mês o prazo deverá ser designado em meses se a taxa estiver ao ano o prazo deverá estar em anos e assim por diante É possível haver uma taxa designada ao dia com prazo em dias mas nenhuma operação financeira pode ser feita com cobrança de juro em prazo menor de um dia Diante disso alguns perguntam E se eu comprar ações de manhã e vender à tarde obtendo lucro Nesse caso foi feita uma operação comercial de compra e venda e não uma operação financeira Em nossos estudos designaremos a taxa por i do inglês interest que quer dizer juro e o prazo por n Assim podemos dizer que o juro corresponde à taxa aplicada ao capital pelo prazo n ou seja J Cin Nessa fórmula a taxa deve estar na forma unitária isto é 01 em vez de 10 11 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 ENGENHARIA ECONÔMICA O juro assim definido é chamado de juro simples na medida em que seu valor é cobrado apenas sobre o capital que deu início à operação financeira o chamado capital inicial Por outro lado o juro é chamado de composto quando ele é cobrado sobre o montante acumulado período por período Nesse contexto a fórmula que relaciona o montante o capital a taxa e o prazo é M C1in 13 Rendas e empréstimos Figura 2 Chamamos genericamente de renda a uma sucessão de pagamentos ou recebimentos visando a quitação de uma dívida ou a formação de um capital Hazzan e Pompeo 2007 apresentam outra nomenclatura para isso é comum que esses conjuntos de capitais tenham algumas características tais como periodicidade uniformidade crescimento ou decrescimento de acordo com certas leis matemáticas Tais conjuntos são chamados de sequências de capitais os capitais tanto podem referirse a pagamentos como a recebimentos HAZZAN POMPEO 2007 p 150 grifo dos autores A renda que visa a formação de um capital é conhecida como capitalização Já a renda que tem por objetivo o pagamento de uma dívida é chamada de financiamento ou empréstimo e esse é o caso que nos interessa estudar Existem diversas modalidades de empréstimo mas nos interessa estudar uma modalidade específica que considera o juro composto e tem as prestações fixas Essa modalidade é conhecida como sistema francês e quando a taxa de juro envolvida é de 12 ao ano tal sistema é chamado de Price Porém segundo Hazzan e Pompeo 2007 as denominações são equivalentes e indiferentes Nesse sistema os juros formam uma sequência decrescente pois o saldo devedor vai diminuindo conforme as prestações vão sendo pagas Na figura a seguir P representa as prestações constantes F é o valor financiado e n é o número de parcelas 12 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 Unidade I F P 1 P 2 P períodos n 0 Figura 3 Fluxo de caixa de empréstimo Se a taxa de juro adotada na operação de empréstimo é i então trazendo todas as prestações para a data 0 e igualando ao valor financiado temos n n 1 i 1 F P i 1 i Como normalmente conhecemos o valor financiado e desejamos calcular o valor das prestações essa fórmula pode ser adaptada para n n F i 1 i P 1 i 1 No contexto das operações de empréstimo é comum construirmos uma planilha para acompanhar a evolução dos juros cobrados e das amortizações Toda parcela paga carrega em si dois componentes o juro do período e a amortização Dessa forma podemos entender que a amortização é o quanto se abate do principal da dívida em cada prestação paga No caso do sistema francês como as prestações são constantes e os juros são decrescentes as amortizações por consequência são crescentes As planilhas de empréstimo detalham os juros do período e o saldo devedor antes e depois do pagamento de cada prestação além do próprio valor da prestação e da amortização Adotase nos cálculos a convenção de fim de período o que quer dizer que cada prestação é paga no final do período a que se refere Além disso a renda é postecipada o que quer dizer que a primeira prestação vence no final do primeiro período após a contratação do empréstimo Lembrete Quando falamos em empréstimo ou financiamento estamos tratando de juros compostos Exemplo 1 Um empréstimo de R 10000000 é feito pelo sistema francês para ser pago em 12 prestações mensais iguais com a primeira vencendo 1 mês após a contratação do empréstimo Considerando uma taxa de juros de 1 ao mês calcule a prestação e construa a planilha desse empréstimo 13 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 ENGENHARIA ECONÔMICA Resolução A prestação pode ser calculada pela fórmula n 12 n 12 F i 1 i 100000 001 1 001 1000 1126825 P 888488 0126825 1 i 1 1 001 1 O juro do primeiro período corresponde à taxa aplicada ao valor financiado ou seja 1 de 100000 100000 O saldo devedor antes do primeiro pagamento corresponde à soma do valor financiado com o juro do período O saldo devedor após o pagamento corresponde ao saldo devedor antes do pagamento menos a prestação A amortização A corresponde à prestação P menos o juro do período J isto é A P J A partir do segundo período o juro é calculado sempre sobre o saldo devedor após o pagamento do período anterior Já o saldo devedor antes do pagamento é dado pelo saldo devedor anterior mais o juro do período e assim por diante Você deve observar a sequência decrescente dos juros e a sequência crescente das amortizações ao longo do empréstimo Na planilha é possível ter exata noção do saldo devedor período por período o que facilita uma possível negociação para antecipação de pagamentos ou para refazer o empréstimo em mais parcelas Notase também que a prestação é constante e o saldo final é nulo Vejamos como fica a planilha desse empréstimo Tabela 1 n Juro do período Saldo devedor antes do pagamento Prestação constante Saldo devedor após pagamento Amortização 0 10000000 1 100000 10100000 888488 9211512 788488 2 92115 9303627 888488 8415139 796373 3 84151 8499291 888488 7610803 804336 4 76108 7686911 888488 6798423 812380 5 67984 6866407 888488 5977919 820504 6 59779 6037699 888488 5149211 828709 7 51492 5200703 888488 4312215 836996 8 43122 4355337 888488 3466849 845366 9 34668 3501518 888488 2613030 853819 10 26130 2639160 888488 1750672 862358 11 17507 1768179 888488 879691 870981 12 8797 888488 888488 000 879691 14 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 Unidade I Alternativamente ao uso da fórmula para o cálculo da prestação é possível obter esse resultado no Excel usando para isso a sintaxe PGTO e inserindo dentro dos parênteses as informações referentes à taxa na forma unitária ao número de períodos n ao valor presente que é o valor financiado e ao tipo 0 para pagamentos no final do período e 1 para pagamentos no início do período A figura a seguir mostra essa função sendo aplicada em uma planilha de Excel Figura 4 Cálculo da prestação no Excel Digitando em uma célula qualquer PGTO01 12 100000 0 e pressionando a tecla enter aparece o valor da prestação constante 888488 Observe que o valor financiado aparece com sinal negativo Se você não inserir esse sinal o Excel retornará uma prestação negativa o que pode atrapalhar a construção da planilha Veja na figura a seguir como fazer o uso da sintaxe com referência às células e não digitando os valores Figura 5 Exemplo de cálculo da prestação no Excel Depois de fazer isso podese iniciar a construção da planilha como mostra a figura 4 usando a referência às células lembrando que algumas devem ser travadas usando a função que pode ser acessada por meio da tecla F4 Figura 6 Construindo a planilha de empréstimo no Excel Acompanhe nas figuras a seguir a construção das demais células da linha referente ao período 1 do empréstimo 15 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 ENGENHARIA ECONÔMICA Figura 7 Obtendo o saldo devedor antes do primeiro pagamento Figura 8 Vinculando a prestação com célula travada Figura 9 Obtendo o saldo devedor após o primeiro pagamento Figura 10 Calculando a amortização referente ao primeiro período Feito isso o resto da planilha é obtido arrastandose cada célula pela coluna até o último período Além do Excel a calculadora HP 12C também permite o cálculo da prestação com facilidade Veja na figura a seguir as teclas da calculadora que precisam ser pressionadas para obter o valor da prestação Figura 11 HP 12C e o cálculo da prestação 16 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 Unidade I A sequência de teclas que devem ser pressionadas na calculadora é f CLEAR FIN para limpar a memória 100000 CHS PV o valor financiado entra com sinal negativo PV present value 10 i a taxa entra na forma percentual 12 n número de períodos PMT o visor mostra a prestação PMT payment Observação Existem versões dessa calculadora disponíveis como app para celulares É bom saber também que existem outras modalidades de empréstimos tais como o sistema de amortizações constantes SAC que é mais usado para empréstimos imobiliários de longo prazo 2 INVESTIMENTOS CAPITAL DE GIRO CUSTOS E RECEITAS Figura 12 O principal objetivo desta disciplina é capacitar o aluno a construir um plano de negócio e tornálo apto a avaliar se o investimento nesse negócio é viável ou não do ponto de vista financeiro Um plano de negócio é composto de várias etapas as quais vamos estudar passo a passo adotando uma sequência lógica e realística sempre que possível acompanhada de exemplos práticos 21 Investimento O primeiro passo para a construção de um plano de negócio é a elaboração de uma planilha de investimento Um conselho útil ao pensar em empreender um novo negócio é escolher uma atividade com a qual você tenha familiaridade que esteja relacionada com a sua expertise acadêmica ou profissional Por exemplo se um engenheiro quiser abrir um negócio de comidas naturais para pets cães e gatos 17 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 ENGENHARIA ECONÔMICA ele pode até ser bemsucedido mas um profissional da área de cuidados com animais um veterinário por exemplo um nutricionista eou um expert em cozinhas certamente terão uma vantagem em comparação com o engenheiro que nesse caso já iria começar o negócio em desvantagem Por outro lado um biólogo ou um psicólogo por exemplo teriam desvantagem em relação ao engenheiro no que se refere a um negócio de produção industrial ou fabricação de componentes Essa fase da construção do plano de negócio consiste em levantar todos os investimentos necessários para a abertura do negócio que se deseja empreender Se o investidor ou empreendedor tem expertise no segmento relacionado ao negócio em questão ele certamente terá mais capacidade de construir um plano realístico o que significa que ele terá menos surpresas e incorrerá em menos riscos na avaliação da viabilidade do novo negócio O plano de negócios é a base para tomar uma série de decisões importantes para a concepção da empresa Consiste em importante ferramenta de planejamento e tomada de decisões cruciais especialmente na fase que antecede a implementação do projeto HESS 2006 p 18 Hess 2006 ressalta que é muito importante logo de início definir claramente qual é o foco do negócio core business para evitar erros na distribuição das atividades na tomada de decisões no nível de responsabilidade na definição de gastos nas decisões de investimentos etc Ainda segundo o autor a falta de foco leva a erros de diversos tipos quase sempre caros e de difícil reversão A elaboração da planilha de investimentos não deverá levar em conta a origem dos recursos necessários para a viabilização do projeto A principal tarefa é listar todos os gastos necessários e caso haja dúvida sobre algum preço é preferível atribuir um valor maior do que o real pois a consequência de errar para menos é pior nesses casos Quanto mais detalhada for a planilha de investimentos melhor Em uma fase posterior caso o empreendedor tenha decidido por levar a cabo o negócio é muito interessante listar os gastos reais e comparálos com os gastos previstos pois isso dará mais segurança de que a análise de viabilidade foi feita corretamente Todos os gastos necessários para o funcionamento da empresa por um período devem estar contemplados no plano de investimento O período referese ao tempo estimado para a empresa começar a produzir receita suficiente para não necessitar mais de desembolso por parte do empreendedor Dessa forma podemos dizer que o plano de investimento deve contemplar duas partes os investimentos necessários para a abertura da empresa e o montante necessário para o funcionamento da empresa até que as receitas sustentem o funcionamento do negócio Essa segunda parte assim descrita é conhecida como capital de giro da empresa Exemplo 2 Construa uma planilha de investimento em um negócio de fabricação de carregadores de celular 18 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 Unidade I Resolução Vamos construir um plano de negócio cujo foco é a fabricação e venda de carregadores de celular Para isso o primeiro passo é elaborar uma planilha de investimentos Vamos fazer diversas planilhas contendo todos os gastos e depois unificálas em uma só Tabela 2 Equipamentos eletrônicos Descrição Quant Preço unitário R Preço total R Multímetro digital 4 10000 40000 Ferro de solda 4 9000 36000 Computador e periféricos 1 200000 200000 Total 276000 Tabela 3 Móveis Descrição Quant Preço unitário R Preço total R Mesa de escritório 2 40000 80000 Cadeira 4 15000 60000 Gaveteiro 2 25000 50000 Banco alto 4 10000 40000 Bancada para produção 2 60000 120000 Balcão de armazenagem 2 40000 80000 Estante para arquivo 1 30000 30000 Arquivo de aço 1 35000 35000 Total 495000 Tabela 4 Demais gastos Descrição Quant Preço unitário R Preço total R Kit de ferramentas 4 12000 48000 Bebedouro 1 25000 25000 Cafeteira elétrica 1 7000 7000 Lustre e lâmpada 5 8000 40000 Reforma das instalações 1 150000 150000 Abertura da empresa 1 250000 250000 Total 520000 19 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 ENGENHARIA ECONÔMICA Tabela 5 Capital de giro para um mês Descrição Quant Preço unitário R Preço total R Material de consumo 1 20000 20000 Salário dos técnicos 4 180000 720000 Secretária 1 164000 164000 Salário do vendedor 1 164000 164000 Contador 1 60000 60000 Seguro 1 10000 10000 Telefone internet luz água IPTU etc 1 60000 60000 Aluguel 1 200000 200000 Salário do empreendedor 1 500000 500000 Despesas com marketing 1 35000 35000 Total 1933000 Copos de plástico folha A4 filtros de papel canetas blocos papel higiênico sabonetes pó de café etc Inclui encargos O vendedor tem um salário mínimo que será acrescido de comissão Tabela 6 Componentes para um carregador Descrição Quant Preço unitário R Preço total R Regulador de voltagem 1 180 180 Capacitor 1 090 090 Diodo 2 020 040 Resistor 4 015 060 Transistor 2 030 060 LED verde 1 030 030 Conector USB fêmea 1 090 090 Placa CI 1 080 080 Tomada macho 1 100 100 Gabinete 1 120 120 Fio 02 m 400 por metro 080 Solda 4 g 15000 por kg 060 Cola 5 g 12000 por kg 060 Total 1050 20 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 Unidade I Agora vamos resumir todos os gastos de investimento em uma única tabela Tabela 7 Investimento Descrição Quant Preço unitário R Preço total R Equipamentos eletrônicos 1 276000 276000 Móveis 1 495000 495000 Demais gastos 1 520000 520000 Reserva para gastos não previstos 1 243000 243000 Subtotal 15340 Capital de giro 2 1933000 3866000 Componentes para carregador 2000 1050 2100000 Total 7500000 Note que nessa tabela consideramos a necessidade de capital de giro para dois meses e um estoque inicial de 2000 carregadores 22 Despesas com mão de obra Figura 13 As despesas relativas ao pagamento de funcionários incluem não só os salários mas também os encargos que se referem a gastos com o INSS provisão para 13º salário recolhimento de FGTS adicional de férias provisão para recolhimento de multa sobre o FGTS para o caso de dispensa do funcionário etc Todos esses encargos somados perfazem aproximadamente 64 do valor do salário nominal do funcionário Assim se o salário de um colaborador é de R 100000 por mês a despesa do empregador será de R 164000 21 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 ENGENHARIA ECONÔMICA Em alguns casos é conveniente pensar em terceirização da mão de obra na medida em que tal procedimento pode diminuir as despesas da empresa Em geral a terceirização se dá em funções que não são relacionadas à atividade principal da empresa tais como limpeza ou segurança No caso da empresa fictícia mostrada no exemplo anterior você não viu despesa relacionada à mão de obra de limpeza Nesse caso cabe um esclarecimento Consideramos que no final do expediente todos os funcionários executarão a limpeza do local diariamente de modo a não onerar a folha de pagamento com a contratação de mais funcionários para executar essa função 23 Tributação Figura 14 As empresas em geral são enquadradas de acordo com a sua atividadefim como indústria comércio ou prestadora de serviço com exceção das ONGs que têm uma legislação específica Esse enquadramento é importante na medida em que existem diferenças na forma de tributação para cada setor Além disso alguns impostos incidem sobre a receita bruta de vendas e outros incidem sobre o lucro Os impostos incidentes em cada tipo de empresa estão discriminados na tabela a seguir Tabela 8 Impostos incidentes sobre cada tipo de empresa Indústria Comércio Serviços Impostos que incidem sobre a receita bruta faturamento PIS PIS PIS Cofins Cofins Cofins ICMS ICMS ISS IPI Impostos que incidem sobre o Lair lucro antes do imposto de renda IR IR IR CSLL CSLL CSLL Fonte Hess 2006 p 38 As empresas também são enquadradas de acordo com o seu porte medido pelo faturamento anual conforme mostra a tabela a seguir 22 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 Unidade I Tabela 9 Classificação das empresas segundo o faturamento anual valores referentes a 2018 Faturamento Enquadramento De R 000 a R 36000000 Microempresa ME De R 36000001 a R 480000000 Empresa de pequeno porte EPP De R 480000001 a R 1200000000 Empresa de médio porte De R 1200000001 em diante Empresa de grande porte Fonte O que muda 2017 Essa classificação varia conforme o órgão público Para o BNDES a empresa de grande porte é aquela que fatura mais de R 300 milhões Para a Anvisa empresas com faturamento acima de R 20 milhões são consideradas de grande porte Já o IBGE classifica o porte das empresas conforme o número de empregados Indústria Micro com até 19 empregados Pequena de 20 a 99 empregados Média de 100 a 499 empregados Grande mais de 500 empregados Comércio e serviços Micro até 9 empregados Pequena de 10 a 49 empregados Média de 50 a 99 empregados Grande mais de 100 empregados O regime tributário no qual a empresa se enquadra vai definir a forma como cada imposto vai incidir Por isso é fundamental entender os prós e os contras de cada regime tributário para poder escolher o mais adequado As modalidades são Lucro real é o resultado lucro ou prejuízo do período de apuração antes de computar a provisão para o imposto de renda ajustado pelas adições exclusões e compensações prescritas ou autorizadas pela legislação do imposto de renda vigente Todas as empresas podem optar por esse regime mas geralmente são as que operam com margens baixas que fazem essa opção Sua apuração pode ser trimestral ou anual Lucro presumido esse regime dispensa a escrituração contábil exceto o livro registro de inventário e o livrocaixa Essa modalidade é baseada em valores globais da receita para presumir 23 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 ENGENHARIA ECONÔMICA o lucro a ser tributado Podem optar por esse regime as empresas que não são obrigadas a fazer a tributação pelo lucro real mas geralmente são as empresas que têm margens altas acima dos limites apontados pela Receita Federal que fazem essa opção Sua apuração é trimestral Simples Nacional Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições Simples é o nome dado ao sistema de tributação simplificada criado em 1996 por meio de uma medida provisória que posteriormente foi convertida em lei pelo governo do Brasil Via de regra é a melhor opção para as micro e pequenas empresas mas depende do ramo de atividade Aplicável somente às MEs e EPPs o Simples é um sistema de tributação simplificado e constituise de uma forma unificada de recolhimento de impostos feita por meio da aplicação de alíquotas progressivas incidentes sobre uma única base de cálculo que é a receita bruta Sua apuração é mensal e inclui dois tributos federais IRPJ e CSLL duas contribuições sobre a receita PIS e Cofins além do IPI no caso de indústria um imposto estadual ICMS um municipal ISS no caso de prestadores de serviços e a Contribuição Previdenciária Patronal CPP Suas alíquotas variam progressivamente conforme a receita bruta da empresa e variam também de acordo com o setor de atividade Em nossos estudos consideraremos apenas as empresas classificadas como ME ou EPP que podem optar pela tributação do Simples As tabelas a seguir apresentam as alíquotas do Simples para os diversos setores e faixas de faturamento Tabela 10 Anexo I do Simples Nacional Comércio Receita bruta em 12 meses R Alíquota Valor a deduzir R Até 18000000 400 De 18000001 a 36000000 730 594000 De 36000001 a 72000000 950 1386000 De 72000001 a 180000000 1070 2250000 De 180000001 a 360000000 1430 8730000 De 360000001 a 480000000 1900 37800000 Fonte Brasil 2018 Tabela 11 Anexo II do Simples Nacional Indústria Receita bruta em 12 meses R Alíquota Valor a deduzir R Até 18000000 450 De 18000001 a 36000000 780 594000 De 36000001 a 72000000 1000 1386000 De 72000001 a 180000000 1120 2250000 De 180000001 a 360000000 1470 8550000 De 360000001 a 480000000 3000 72000000 Fonte Brasil 2018 24 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 Unidade I Tabela 12 Anexo III do Simples Nacional Serviços Receita bruta em 12 meses R Alíquota Valor a deduzir R Até 18000000 600 De 18000001 a 36000000 1120 936000 De 36000001 a 72000000 1350 1764000 De 72000001 a 180000000 1600 3564000 De 180000001 a 360000000 2100 12564000 De 360000001 a 480000000 3300 64800000 Fonte Brasil 2018 Tabela 13 Anexo IV do Simples Nacional Serviços Receita bruta em 12 meses R Alíquota Valor a deduzir R Até 18000000 450 De 18000001 a 36000000 900 810000 De 36000001 a 72000000 1020 1442000 De 72000001 a 180000000 1400 3978000 De 180000001 a 360000000 2200 18378000 De 360000001 a 480000000 3300 82800000 Fonte Brasil 2018 Tabela 14 Anexo V do Simples Nacional Serviços Receita bruta em 12 meses R Alíquota Valor a deduzir R Até 18000000 1550 De 18000001 a 36000000 1800 450000 De 36000001 a 72000000 1950 990000 De 72000001 a 180000000 2050 1710000 De 180000001 a 360000000 2300 6210000 De 360000001 a 480000000 3050 54000000 Fonte Brasil 2018 No anexo III enquadramse por exemplo empresas de serviços de instalação de reparos e de manutenção agências de viagem escritórios etc No anexo IV enquadramse empresas de serviços em geral como vigilância e serviços advocatícios entre outras No anexo V enquadramse academias empresas de tecnologia de eventos clínicas de exames médicos etc 25 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 ENGENHARIA ECONÔMICA Em todas as tabelas a empresa deve aplicar a alíquota sobre o faturamento mensal conforme o enquadramento e proceder à dedução para fazer o recolhimento do imposto 24 Receita Figura 15 A receita de uma empresa provém da venda de seus produtos ou serviços De forma genérica e bem simplificada a empresa que produz ou comercializa apenas um produto ou serviço terá sua receita dada por R p q Nessa expressão p representa o preço de venda e q representa a quantidade vendida Se a empresa produzir ou comercializar mais de um produto ou serviço sua receita será 1 1 2 2 n n R p q p q p q para n produtosserviços comercializados Dessa forma é intuitivo perceber que a receita da empresa depende do preço Mas é precipitado afirmar que maiores preços corresponderão a maiores receitas Isso porque a quantidade vendida depende do preço em uma relação inversamente proporcional conforme prevê a lei da demanda Simplificando quanto maior for o preço menor será a demanda do produto e viceversa Sendo assim é importante perceber que a receita é bastante sensível ao preço e esse é um tema importante para o gestor do negócio decidir O estudo da formação de preços se chama precificação Existem três formas de precificação A precificação baseada no custo também chamada de custo mais margem corresponde a uma identificação precisa do custo do produto e à aplicação de uma margem de lucro sobre esse preço de 26 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 Unidade I custo para então formar o preço de venda É tida como uma forma de precificação bastante consciente conservadora e precavida Contudo esse tipo de precificação pode ser difícil na medida em que o custo do produto pode depender da quantidade produzida sendo que essa quantidade produzida depende da demanda que por sua vez depende do preço Isso faz com que a correta determinação do preço de custo seja algo complexo Já a precificação baseada no mercado corresponde a uma prática segundo a qual o gestor observa o preço praticado pelo mercado em produtos similares ao seu e simplesmente adota o mesmo preço sem fazer um estudo detalhado de custos Frequentemente esse tipo de precificação é adotado quando o gestor acha que pode praticar um preço abaixo do mercado para ganhar a concorrência Esse gesto é muito arriscado quando praticado por novas empresas pois se seus concorrentes estão há mais tempo no mercado podem igualar ou até colocar seus preços mais baixos de modo a sufocar o novo concorrente Além disso é lugar comum imaginar que ao adotar preços mais baixos que o mercado o gestor abre mão de qualidade e passa a operar com margens muito baixas que comprometem o desenvolvimento da empresa Por sua vez a precificação baseada no cliente prevê que o preço do produto ou serviço é fundado no valor que o cliente dá para ele Tal prática parece ser bastante adequada na medida em que o preço depende do custo mas também do valor que a empresa agrega ao produto que o torna diferente ou melhor que os concorrentes Contudo essa modalidade exige que a empresa informe com precisão ao cliente o valor do produto e isso não é uma tarefa fácil Empresas que se propõem a precificar seus produtos segundo essa estratégia em geral precisam gastar quantias substanciais em marketing na esperança de poder comunicar ao cliente o valor dos seus produtos De forma geral não existe uma regra para fazer a precificação mesmo quando adotamos a primeira estratégia preço mais margem O plano de negócio deve contemplar o preço de venda mas muitas vezes isso é feito de forma transitória pois na medida em que o plano vai tomando forma é possível voltar ao estágio de precificação e simular diferentes valores porque a empresa ainda não está constituída e desejase obter um preço factível com os custos e com o mercado de forma a tornar a empresa viável do ponto de vista financeiro Exemplo 3 Estabeleça o preço de venda do produto fabricado pela empresa do exemplo 2 e obtenha a sua função receita total Resolução No exemplo anterior vimos que o preço de custo do carregador de celular é R 1050 Esse custo corresponde apenas às peças ou seja à matériaprima do produto e não inclui os custos variáveis envolvidos em sua fabricação Um dos custos variáveis que é bastante impactante é o imposto que depende da receita que depende do preço de venda que depende do preço de custo que por sua vez depende do custo Como se vê a precificação não é uma tarefa simples Como ainda estamos apenas começando o plano de negócio podemos imaginar um preço de venda de R 3000 e posteriormente se for necessário revisaremos esse valor A função receita total correspondente a esse preço é R 30 q 27 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 ENGENHARIA ECONÔMICA 25 Custos Figura 16 Existem diversas formas de identificar ou classificar os custos diretos ou indiretos fixos ou variáveis etc Para os nossos estudos é mais prático trabalhar com a ideia de custos fixos e variáveis Os custos fixos consideram todos os gastos que não dependem do volume produzidovendido Isso inclui as despesas fixas com aluguel seguro contador material de consumo e outras Para fins de simplificação vamos considerar também como fixas as despesas com contas diversas água luz etc e com mão de obra salários e encargos Também devem ser consideradas como fixas as despesas com juros e amortizações de financiamentos assim como os custos de oportunidade que detalharemos a seguir 251 Custos de oportunidade Alguns custos geram desembolsos por parte das empresas e outros não Os custos de oportunidade são frequentemente esquecidos ou ignorados justamente por não representarem desembolsos Contudo para a avaliação da viabilidade financeira de um negócio é fundamental levar em consideração esse tipo de custo caso contrário o investidorempreendedor corre o risco de tomar uma decisão baseado em uma análise incompleta Quando um empreendedor abre mão de seu emprego formal para investir em um novo negócio ele deixa de receber seu salário Esse valor deve ser contabilizado como custo de oportunidade Se o investidorempreendedor tem um imóvel e aproveita esse bem para nele abrir a empresa então ele está abrindo mão do aluguel que o referido imóvel gera ou geraria Isso também configura um custo de oportunidade Por último se o empreendedor possui o capital necessário para abrir a nova empresa e o utiliza para tal então ele abre mão do rendimento desse capital Tal rendimento que não se constitui em um desembolso da nova empresa deve ser computado como custo de oportunidade 28 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 Unidade I É possível haver outros custos de oportunidade mas estes são os principais salário de que o empreendedor abre mão aluguel de sua propriedade e rendimento de suas aplicações financeiras Por outro lado se a empresa for locada em um imóvel de aluguel se o empreendedor não deixar seu emprego não abrir mão de seu salário e ainda se o capital para o investimento na nova empresa vier de um empréstimo então não haverá custo de oportunidade algum a ser considerado 252 Custos variáveis Os custos variáveis integram as despesas que dependem diretamente do volume de produção e venda No caso da produção o custo variável compreende o valor da matériaprima No caso do comércio seria o preço de aquisição Já no caso de serviços seria o custo dos produtos usados na prestação dos serviços Para exemplificar o caso dos serviços que é mais complexo uma barbearia teria um custo variável composto por xampu creme de barbear talco lâmina de barbear etc No caso de uma empresa de instalação de arcondicionado o custo variável seria composto principalmente por gás ou outros produtos de limpeza e manutenção considerando que parafusos buchas suportes cabos tubos isolantes etc são produtos provenientes de venda feita por um comércio pois o serviço só pode incluir a mão de obra e outros produtos não provenientes de uma venda direta não é possível vender uma fração de gás ou de óleo de limpeza e lubrificação Outro custo variável que impacta bastante as finanças da empresa é aquele proveniente dos tributos que incidem sobre a receita Se o regime adotado pela empresa é o do Simples então existirá uma alíquota que deverá ser aplicada à receita mensal para fazer o recolhimento do imposto Já nos regimes de lucro presumido e de lucro real existem diversos tributos cada qual com uma alíquota específica que podem ser aplicados sobre o lucro eou sobre a receita É possível ainda haver outra despesa incidente sobre a receita quando forem feitas vendas diretamente ao consumidor por meio de cartões de crédito ou débito Os bancos costumam cobrar uma porcentagem fixa do valor nominal da venda seja ela feita à vista ou a prazo Despesas como a conta de energia certamente são variáveis pois dependem do volume de produção que impacta no consumo de energia por parte das máquinas Contudo é muito difícil identificar quanto de energia é gasto em cada unidade produzida Por isso é mais factível considerar a conta de energia luz gás etc como sendo fixa Adicionalmente é possível considerar a mão de obra como uma despesa variável se pensamos que existe uma remuneração por hora e que um determinado nível de produção irá gerar um certo número de horas Entretanto esse é mais um caso no qual é difícil quantificar o exato custo da mão de obra por produto fabricado tendo em vista que os empregados são contratados para trabalharem um número fixo de horas por semana Por isso também é mais factível considerar as despesas de mão de obra como fixas Exemplo 4 Detalhe os custos envolvidos no plano de negócios descrito no exemplo 2 e obtenha a função custo total 29 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 ENGENHARIA ECONÔMICA Solução Muitos dos custos já foram indicados na solução do exemplo 2 mas existem outros que precisam ser agregados Vamos começar com o custo do financiamento do montante necessário para o investimento que é de R 7500000 Para tanto vamos considerar um prazo de 24 meses e uma taxa de juros de 2 am valores arbitrários Faremos o cálculo da prestação usando a planilha Excel Figura 17 Cálculo da prestação do empréstimo O valor retornado pelo Excel é de R 396533 Para fazer esse mesmo cálculo na HP 12C digitamos F CLEAR FIN para limpar a memória 75000 CHS PV o valor financiado entra com sinal negativo PV present value 2 i a taxa entra na forma percentual 24 n número de períodos PMT o visor mostra a prestação PMT payment Não haverá incidência de custo de oportunidade pois na planilha de custos já foi considerado o aluguel do imóvel e uma retirada para o empreendedor e o montante investido provém de terceiros banco Com isso todos os possíveis geradores de custo de oportunidade já estão contemplados em nosso cálculo Compete agora obter o cálculo do imposto Conforme dados do exemplo vamos primeiramente considerar um faturamento anual entre R 18000000 e R 36000000 o que corresponde a uma alíquota de 780 com parcela a deduzir de R 594000 O imposto incide sobre a receita bruta de vendas que por sua vez é dada pela função de receita total R 30 q deduzida no exemplo 3 Assim temos Imposto 0078 30 q 5940 234 q 5940 Assim identificado o imposto está dado em termos anuais Como estamos interessados em estudar o custo mensal a quantidade q identificada na fórmula deve ser mensal e a parcela a deduzir precisa ser dividida por 12 30 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 Unidade I 5940 495 12 Assim adaptando o imposto para a periodicidade mensal temos Imposto 0078 30 q 495 234 q 495 Complementando os custos variáveis temos o custo de produção Conforme vimos o custo de fabricação de um carregador é de R 1050 Se fabricarmos q unidades o custo será de 105 q Dessa forma os custos variáveis serão de 234 q 105 q 1284 q Os custos fixos estão listados no exemplo e compreendem R 1933000 A esse valor vamos agregar o custo do financiamento que é de R 396533 perfazendo um total de R 2329533 Agora podemos construir a função custo total Ct 2329533 1284 q 495 2280033 1284 q É importante observar que algumas informações aqui consideradas foram arbitradas Por exemplo a taxa de juros de 2 am foi arbitrada com a justificativa de que esse valor pode ser considerado realístico Da mesma forma arbitramos 24 meses para o financiamento Caso o custo das parcelas seja muito alto para a viabilidade da empresa poderíamos considerar um prazo maior assim como poderíamos admitir uma negociação para obter uma taxa de juros menor Outra coisa que arbitramos foi a faixa de faturamento anual da empresa Se cálculos posteriores mostrarem que o faturamento deve se posicionar em outra faixa será necessário refazer os cálculos 3 BREAKEVEN POINT Figura 18 O breakeven point BEP também chamado de ponto de nivelamento corresponde ao nível de produção de uma empresa no qual as receitas se igualam aos custos ou seja o lucro é nulo 31 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 ENGENHARIA ECONÔMICA Tratase de uma informação crucial uma ferramenta gerencial muito importante pois a empresa que visa lucro precisa ter um planejamento que a faça operar em um nível de produção acima do BEP Hess 2006 p 74 aponta que o BEP é uma das mais importantes ferramentas da gestão de negócios muito útil para a tomada de decisões fundamentais para a empresa tanto no âmbito da gestão operacional quanto financeira O BEP pode ser observado no gráfico a seguir no qual colocamos a quantidade produzida e vendida no eixo horizontal e as receitas e custos no eixo vertical R Rt Ct Rt Ct Cf BEP Q q Lucro Prejuízo Figura 19 BEP Nesse gráfico é possível observar que a função receita é linear e parte da origem pois para quantidade vendida igual a zero não há receita alguma Já a função custo parte de Cf que é o custo fixo pois mesmo que a empresa não produza nada ela terá um custo As funções receita e custo total se cruzam no BEP Nesse ponto a quantidade produzida está indicada por Q e as receitas totais são iguais aos custos totais Matematicamente para obter o BEP é necessário conhecer as funções custo total e receita total Igualando essas duas funções é possível obter o valor de Q referente ao BEP No planejamento estratégico de um negócio é fundamental o conhecimento do BEP para que se possa ter uma noção preliminar da viabilidade de uma empresa O BEP pode ser diferente se levarmos em consideração os custos de oportunidade e a depreciação Dessa forma devemos entender que existem três tipos de breakeven BEP econômico BEP contábil BEP financeiro 32 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 Unidade I Segundo Campos e Hess 2019 no BEP econômico consideramse as despesas chamadas de custo de oportunidade ou seja a remuneração do capital investido eventuais receitas de aluguel de imóvel e o salário próprio de que o empreendedor abre mão para realizar o negócio assim como as despesas referentes à depreciação dos ativos da empresa Para o cálculo do BEP contábil não se considera o custo de oportunidade tendo em vista que esse custo não representa um desembolso por parte da empresa mas por outro lado considerase a despesa de depreciação Por fim o BEP financeiro despreza todos os custos não desembolsáveis tais como a depreciação do ativo da empresa e os custos de oportunidade Para ter a informação completa sobre o BEP é preciso compor um DRE que inclua a depreciação e os custos de oportunidade Abordaremos em detalhes esse assunto mais adiante neste material Saiba mais Consulte o site a seguir para ver outros exemplos de BEP e ter acesso gratuito a um template em Excel para o cálculo do breakeven point WHAT IS breakeven analysis Corporate Finance Institute sd Disponível em httpscorporatefinanceinstitutecomresourcesknowledge modelingbreakevenanalysis Acesso em 13 mar 2019 Exemplo 5 Obtenha o BEP financeiro para a empresa descrita nos exemplos 2 a 4 Faça uma análise preliminar da viabilidade desse empreendimento Faça modificações no projeto para agregar a comissão do vendedor e um veículo para as entregas Por fim construa um gráfico mostrando o BEP do negócio de fabricação de carregadores de celular Resolução No BEP financeiro não levamos em consideração a depreciação dos ativos da empresa Dessa forma vamos considerar as funções custo e receita já calculados nos exemplos 3 e 4 Ct 2280033 1284 q R 30 q Igualando essas duas expressões temos 2280033 1284 q 30 q 30 q 1284 q 2280033 2280033 1716 q 2280033 q 132869 1716 33 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 ENGENHARIA ECONÔMICA A receita mensal associada ao BEP é R 30 q 30 132869 R 3986072 Esse valor corresponde a uma receita anual de R 3986072 12 R 47832860 Essa receita se sobrepõe ao teto da faixa de alíquota do Simples que foi considerada na composição dos custos variáveis Com isso precisaremos refazer aquele cálculo Com base na tabela do Anexo II consideraremos a terceira faixa de faturamento anual que vai de R 36000001 a R 72000000 a qual tem uma alíquota de imposto de 100 e parcela a deduzir de R 1386000 Em termos mensais a parcela a deduzir é de 13860 1155 12 Imposto 01 30 q 30 q Custo variável 30 q 105 q 135 q Quanto ao custo fixo tínhamos um valor de capital de giro de R 1933000 mensais somado à parcela de R 396533 do financiamento o que totaliza R 2329533 A esse valor devemos subtrair a parcela a deduzir do imposto que é fixa no valor de R 115500 Assim temos Custo fixo 1933000 396533 115500 2214033 Portanto a função custo total fica Ct 2214033 135 q Igualando essa expressão à receita total temos 2214033 135 q 30 q 2214033 30 q 135 q 2214033 1 65 q 2214033 q 134184 165 A receita mensal associada ao BEP é R 30 q 30 134184 R 4025520 34 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 Unidade I Esse valor corresponde a uma receita anual de R 4025520 12 R 48306240 Essa receita está dentro da terceira faixa de alíquota que foi considerada portanto o cálculo não precisa mais ser refeito Apenas por precaução convém checar se o custo total tem o mesmo valor da receita Imposto 10 da receita 10 de 4025520 402552 A parcela a deduzir mensal é de 115500 logo o custo mensal do imposto é de 402552 115500 287052 O custo de fabricação de 134184 unidades é de 1050134184 1408932 O custo fixo mensal é de 2329533 logo o custo total mensal é de Ct 2329533 1408932 287052 R 4025517 Esse valor confere com a receita a menos de um arredondamento portanto o BEP calculado está correto Para igualar os custos e as receitas mensais será necessário produzir e vender 134184 unidades ou arredondando 1342 unidades de carregadores de celular Uma análise preliminar da viabilidade desse negócio consiste em verificar se é possível produzir essa quantidade com a infraestrutura do negócio o que inclui a mão de obra Temos quatro técnicos encarregados de montar os aparelhos Se considerarmos que cada técnico monta um carregador em vinte minutos então ele montaria em uma hora três carregadores Se considerarmos 7h30min de trabalho por dia seriam 22 carregadores por dia para cada funcionário Os quatro técnicos montariam então 88 carregadores por dia Em um mês com 22 dias de trabalho seria possível montar 1936 carregadores Essa seria a capacidade máxima do negócio que está acima do BEP portanto o empreendimento é viável sob esse ponto de vista Agora vamos fazer as modificações necessárias para agregar os custos relativos ao vendedor e ainda vamos considerar a aquisição de um veículo Como o produto é pequeno ele pode ser transportado em uma motocicleta devidamente equipada para esse tipo de serviço Consideramos um modelo Honda CG 160 Cargo cujo preço à vista é R 950000 Essa motocicleta financiada em 24 prestações a uma taxa de 1 ao mês resulta em uma parcela de R 44720 A esse valor vamos acrescentar um seguro de R 15000 por mês mais R 15000 de combustível o que totalizará R 74720 35 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 ENGENHARIA ECONÔMICA Lembrando que o custo fixo mensal era de R 2329533 vamos somar a esse valor o custo da motocicleta e vamos obter R 2404253 Para compensar esse aumento de custo vamos acrescentar mais R 300 ao preço de venda Para a comissão do vendedor vamos considerar mais R 100 Assim o preço de venda será R 3400 e teremos de acrescentar o custo da comissão do vendedor a nossos cálculos Tínhamos um capital de giro correspondente a R 1933000 agregando os custos de mão de obra aluguel marketing contador contas diversas seguro do imóvel e salário do empreendedor prólabore A esse capital de giro devemos acrescentar o seguro da moto e o gasto com combustível que juntos correspondem a R 30000 Assim o novo capital de giro será de R 1963000 A esse custo devemos acrescentar as parcelas do financiamento e da motocicleta que são R 396533 e R 44720 respectivamente Assim teremos um custo fixo mensal de 1963000 396533 44720 2404253 A esse valor devemos aplicar a parcela a deduzir do imposto que também é fixa e igual a R 115500 Logo o custo fixo será 1963000 396533 44720 115500 2288753 Quanto ao custo variável teremos o custo de produção por unidade que é R 1050 o imposto que é 10 da receita e a comissão do vendedor que é R 100 por unidade vendida Se o preço de venda é R 3400 então a função receita é Rt 34 q Com isso o custo variável será 105 q 1 q 10 de 34 q 115 q 34 q 149 q Podemos agora reescrever a função custo total Ct 2288753 149 q Vejamos o que isso vai impactar no BEP Igualando os custos à receita temos 2288753 149 q 34 q 34 q 149 q 2288753 2288753 191 q 2288753 q 11983 191 Vemos que a quantidade relativa ao BEP diminuiu um pouco As receitas e os custos equivalentes a esse valor são Rt 34 q 34 11983 4074220 36 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 Unidade I Ct 22887533 149 q 2288753 149 11983 4074220 Os valores conferem Vamos conferir também a receita anual Rt 4074220 12 48890640 Esse valor está contido no intervalo correspondente à terceira alíquota do Simples portanto não há correção a fazer Essa fase do estudo de viabilidade do negócio é importante para agregar mais informações e tornar o plano o mais realístico possível Para concluir vamos fazer o gráfico do BEP R Rt Ct BEP 1198 1000 50000 30000 20000 10000 40742 22887 q Figura 20 BEP do negócio de fabricação de carregadores Observe no gráfico que a linha do custo total parte do valor do custo fixo R 2288753 e que a linha da receita total parte da origem Com isso sabemos que para operar com lucro a empresa terá de fabricar e comercializar mais de 1198 unidades por mês Exemplo 6 Vamos agora fazer outro projeto de investimento Tratase de uma fábrica de silos para armazenagem de grãos Chamaremos essa fábrica de Silobom Descrição do produto Silo metálico armazenador cilíndrico com capacidade para 377 t de produto seco com densidade de 075 tm³ com área de armazenamento de 10 m de altura total e 8 m de diâmetro volume total de armazenagem de 50265 m³ composto de fundo plano com piso perfurado metálico teto em chapa galvanizada reforçado com anéis tensores interno e externo espalhador de grãos estático e porta de inspeção Corpo em chapas galvanizada corrugada e ondulada com reforços escada interna e externa para acesso ao silo porta de inspeção com plataforma e guardacorpo A base é de concreto projetada 37 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 ENGENHARIA ECONÔMICA e executada sob orientação do técnico da obra civil contratado pelo cliente O layout simplificado do silo será apresentado na figura a seguir 8 m 10 m Figura 21 Layout simplificado do silo A Silobom comprará chapas de ferro galvanizado para confecção das paredes do silo além de chapas de alumínio para confecção dos anéis escadas porta e outros detalhes As chapas serão conformadas em prensas hidráulicas e cortadas em máquinas Outras estruturas serão cortadas e dobradas em prensa específica Haverá ainda um tratamento do material para melhorar e garantir a resistência necessária Os potenciais clientes são pequenos e médio produtores rurais e cooperativas Tabela 15 Investimentos da Silobom Descrição Quantidade Preço unitário Preço total Prensa mecânica 1 15000000 15000000 Máquina de cortar 1 8000000 8000000 Prensa dobradeira 3 3000000 9000000 Bancadas 5 50000 250000 Furadeira de mesa 3 40000 120000 Máquina de solda 2 100000 200000 Máquina de pintura 1 500000 500000 Kit de ferramentas 5 50000 250000 Construção do galpão 1 10000000 10000000 Acessório para cozinha 1 1000000 1000000 Acessório para banheiro 1 200000 200000 38 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 Unidade I Acessório para escritório 1 400000 400000 Materiais diversos 1 70000 70000 Cortadeira manual 2 75000 150000 Instrumento de medição 10 15000 150000 Equipamento de proteção 10 20000 200000 Uniforme 20 8000 160000 Computador e periféricos 1 350000 350000 Caminhão usado 1 13500000 13500000 Abertura da empresa 1 250000 250000 Outras despesas 1 250000 250000 Total 60000000 Tabela 16 Folha de pagamento da Silobom Descrição Quantidade Salário Encargos Total Técnico 5 200000 128000 1640000 Montador 5 180000 115200 1476000 Secretária 1 150000 96000 246000 Vendedor 1 200000 128000 328000 Ajudante geral 2 100000 64000 328000 Gerente 1 500000 320000 820000 Motorista 1 150000 96000 246000 Empreendedor 1 916000 916000 Total 6000000 Tabela 17 Custo de fabricação de um silo Descrição Quantidade Preço unitário Preço total Chapa de ferro 60 10000 600000 Anel 6 72000 432000 Solda elétrica 200 g 200 por grama 40000 Parafuso porca abraçadeira 150 080 12000 Escada e estrutura em alumínio 2 45000 90000 Complementos em alumínio 1 50000 50000 Material para vedação 1 40000 40000 Metal para o piso 1 236000 236000 Total 1500000 39 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 ENGENHARIA ECONÔMICA Tabela 18 Custo fixo mensal da Silobom Descrição Total Arrendamento1 200000 Contas diversas 250000 Contador 100000 Material de consumo 40000 Seguro 50000 Manutenção combustível e seguro do caminhão 100000 Manutenção e atualização de website 60000 Marketing 200000 Total 1000000 1 O terreno do galpão foi arrendado com opção de compra Vamos agora fazer o cálculo do investimento considerando dois meses de capital de giro e material para fabricação de quatro silos Tabela 19 Resumo dos investimentos na Silobom Descrição Quant Preço unitário Preço total Investimento inicial 1 60000000 60000000 Folha de pagamento 2 6000000 12000000 Custo fixo mensal 2 1000000 2000000 Custo de fabricação do silo 4 1500000 6000000 Total 80000000 Vamos considerar que esse investimento será feito com recursos de um banco de fomento com juros de 1 am para ser pago em 60 meses Figura 22 Cálculo da prestação no Excel 40 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 Unidade I O valor da prestação retornado pelo Excel é R 1779556 Para fazer esse mesmo cálculo na HP 12C digitamos f CLEAR FIN para limpar a memória 800000 CHS PV o valor financiado entra com sinal negativo 1 i a taxa entra na forma percentual 60 n número de períodos PMT o visor mostra a prestação Somando esse resultado com o total das tabelas da folha de pagamento e do custo fixo mensal temos Custo fixo 1779556 1000000 6000000 8779556 Vamos estabelecer um preço de venda de R 4500000 Assim a função receita total será Rt 45000 q Em relação à tributação vamos imaginar que o faturamento da empresa estará situado na quarta faixa de arrecadação do Anexo II do Simples que corresponde a uma alíquota de 112 e parcela a deduzir de R 2250000 referentes a uma receita anual entre R 72000001 e R 180000000 Lembrando que o preço de custo de fabricação de um silo é de R 1500000 a função custo total mensal da Silobom é t t t 22500 C 8779556 15000 q 0112 45000 q 12 C 8779556 15000 q 5040 q 187500 C 8967056 20040 q Agora vamos igualar essa expressão à função receita total para obter o BEP 45000 q 8967056 20040 q 45000 q 20040 q 8967056 24960 q 8976056 8976056 q 36 24960 Se pensamos em termos mensais esse resultado mostra que é preciso vender ao menos 4 silos por mês para a empresa equilibrar suas contas Contudo se pensarmos em termos anuais 44 silos vendidos por ano será suficiente para equilibrar as receitas e despesas 41 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 ENGENHARIA ECONÔMICA Agora vejamos se essa quantidade está compatível com a faixa de recolhimento do Simples Rt 45000 q 45000 44 198000000 Esse resultado superou o limite máximo da quarta faixa de arrecadação do Simples Anexo II que foi adotada Teremos de refazer as contas considerando a quinta faixa de tributação que vai de R 180000001 até R 360000000 a qual corresponde a uma alíquota de 147 e parcela a deduzir de R 8550000 t t t 85500 C 8779556 15000 q 0147 45000 q 12 C 8779556 15000 q 6615 q 712500 C 8067056 21615 q Agora vamos igualar essa expressão à função receita total para obter novamente o BEP 45000 q 8067056 21615 q 45000 q 21615 q 8067056 23385 q 8067056 8067056 q 345 23385 Esse resultado multiplicado por 12 corresponde a 414 aproximadamente Isso quer dizer que a Silobom precisa vender 42 silos por ano para equilibrar suas contas Agora vamos checar se essa quantidade está compatível com a faixa de recolhimento do Simples Rt 45000 q 45000 42 189000000 Esse resultado está dentro da faixa de tributação considerada e não é necessário fazer novas correções A viabilidade desse negócio está atrelada à possibilidade de produção e venda de ao menos 42 silos por ano Se consideramos que a equipe de produção consegue fabricar o material necessário para 2 silos por semana 8 por mês e que a equipe de montagem é capaz de montar essa quantidade semanalmente então o resultado é viável Adicionalmente é preciso considerar que a equipe de entrega motorista e ajudantes também deve ser capaz de entregar essa quantidade de silos o que parece ser factível Por fim resta considerar se existe mercado suficiente para consumir essa quantidade de silos Para isso é conveniente que a fábrica seja instalada em uma região agrícola com grande produção de grãos Conforme os produtores expandem sua área produtiva e aumentam sua produtividade eles precisam de mais silos para armazenagem Não raro um produtor de médio porte requer a instalação de 8 silos para 42 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 Unidade I armazenar sua produção Sendo assim considerando um trabalho dedicado da equipe de marketing pode ser possível atingir essa meta Diante disso podemos afirmar que a Silobom é financeiramente viável sob o ponto de vista do BEP Observação Você sempre deve observar se a quantidade indicada no BEP é factível para a empresa tendo em vista a capacidade de produção e o mercado Exemplo 7 Vamos considerar agora uma empresa de serviços de instalação e manutenção de arcondicionado O nome da empresa é Climafrio e o públicoalvo é composto por grandes residências e empresas de pequeno e médio portes Um engenheiro especialista em refrigeração é responsável pelos projetos e acompanhamento das instalações que são feitas por técnicos em refrigeração A empresa não faz a venda dos aparelhos mas efetua a compra na fábrica e fatura as máquinas diretamente para o cliente O mesmo acontece com os tubos isolantes materiais elétricos suportes e demais componentes necessários às instalações de refrigeração de ambientes A empresa deverá dispor de uma sede em local a ser alugado com disponibilidade de três vagas de estacionamento Serão formadas duas equipes de instalação com dois técnicos e dois ajudantes em cada uma que terão um carro e um telefone celular à disposição Dessa forma serão adquiridos dois veículos picape usados para os atendimentos Na sede ficará uma secretária encarregada da agenda das equipes dos atendimentos aos clientes da atualização de informações do site da empresa do atendimento de telefone e da divulgação propaganda via internet A sede terá ainda o escritório do engenheiro onde ele poderá fazer os projetos A empresa será optante do Simples enquadrada no Anexo III referente à prestação de serviços Tabela 20 Custos de mão de obra Função Quant Salário nominal Encargos 64 Custo Técnico instalador 4 2000 1280 13120 Ajudante 4 1000 640 6560 Secretária 1 1800 1152 2952 Limpeza 1 1000 640 1640 Engenheiro1 1 10000 10000 Total 2427200 1 O engenheiro é o empreendedor e seu salário é um prólabore 43 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 ENGENHARIA ECONÔMICA Tabela 21 Material consumível para instalação Descrição Quant Preço unitário Custo Tubo de cobre 6 15 90 Parafusos porcas e buchas 8 5 40 Suporte 2 20 40 Mãofrancesa 4 15 60 Espuma para vedação 6 5 30 Mangueira para dreno 2 250 5 Disjuntor 220 V 2 20 40 Fios elétricos 10 4 40 Gás 2 250 5 Total 35000 Na tabela anterior consideramos uma instalação composta por dois aparelhos de arcondicionado Tabela 22 Investimentos Descrição Quant Preço unitário Custo Automóvel picape 2 62500 125000 Bomba de vácuo 4 600 2400 Vacuômetro 4 500 2000 Maçarico 2 500 1000 Botijão de gás 8 200 1600 Válvulas 4 200 800 Kit de ferramentas 4 400 1600 Multímetro 2 100 200 Máquina de solda elétrica 2 400 800 Furadeira profissional 4 300 1200 Parafusadeira 4 200 800 Manômetro 4 200 800 Kit de limpeza 2 500 1000 Mangueiras e outros 4 100 400 Computador e periféricos 2 2000 4000 Telefone celular 3 500 1500 Gastos com abertura 1 2400 2400 Gastos não previstos 1 2500 2500 Total 15000000 44 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 Unidade I Tabela 23 Custos fixos mensais Descrição Valor Aluguel 2500 Combustível manutenção seguro 1000 Seguro do imóvel 100 Contas diversas 1000 Material de consumo 300 Contador 500 Marketing 100 Total 5500 Tabela 24 Resumo dos investimentos na Climafrio Descrição Quant Valor unitário Valor Investimento inicial 1 150000 150000 Mão de obra 2 24272 48544 Custos fixos mensais 2 5500 11000 Material para instalação 10 350 3500 Total 21304400 Vamos considerar que esse investimento será feito com recursos de um banco de fomento com juros de 1 am para ser pago em 36 meses Figura 23 Cálculo da prestação no Excel O valor da prestação retornado pelo Excel é R 707611 Para fazer esse mesmo cálculo na HP 12C digitamos f CLEAR FIN para limpar a memória 213044 CHS PV o valor financiado entra com sinal negativo 1 i a taxa entra na forma percentual 36 n número de períodos PMT o visor mostra a prestação 45 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 ENGENHARIA ECONÔMICA Somando esse resultado com o total das tabelas dos custos de mão de obra e dos custos fixos mensais temos Custo fixo 2427200 550000 707611 3684811 Vamos estabelecer um preço de venda de R 200000 que corresponde ao projeto de refrigeração e instalação de dois ou três aparelhos Assim a função receita total será Rt 2000 q Em relação à tributação vamos imaginar que o faturamento da empresa estará situado na terceira faixa de arrecadação do Anexo III do Simples serviços que corresponde a uma alíquota de 135 e parcela a deduzir de R 1764000 referentes a uma receita anual entre R 36000001 e R 72000000 Lembrando que o preço de custo de uma instalação é de R 35000 a função custo total mensal da Climafrio é t t t 17640 C 3684811 350 q 0135 2000 q 12 C 3684811 350 q 270 q 147000 C 3537811 620 q Agora vamos igualar essa expressão à função receita total para obter o BEP 2000 q 3537811 620 q 2000 q 620 q 3537811 1 380 q 3537811 3537811 q 256 1380 Se pensamos em termos mensais esse resultado mostra que é preciso vender ao menos 26 instalações por mês para a empresa equilibrar suas contas Contudo se pensarmos em termos anuais 308 instalações vendidas por ano serão suficientes para equilibrar as receitas e despesas Agora vejamos se essa quantidade está compatível com a faixa de recolhimento do Simples Rt 2000 q 2000 308 61600000 Esse resultado está dentro da faixa de tributação considerada e não é necessário fazer correções de tributação Considerando que uma instalação se refere a dois aparelhos de ar condicionado entendemos que cada equipe pode fazer uma instalação por dia ou seja cinco instalações por semana para cada equipe Considerando duas equipes e um mês de quatro semanas a capacidade de instalação é de 40 por mês Diante disso a quantidade obtida no BEP referente a 26 instalações por mês está em conformidade 46 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 Unidade I com a capacidade da empresa ou seja o resultado não compromete o negócio Podemos até inferir que instalações mais complexas que demandem mais tempo de trabalho poderão ser cobradas com orçamentos maiores Adicionalmente caso a equipe esteja ociosa é possível oferecer serviço de limpeza e manutenção a um custo menor Diante do exposto é factível afirmar que a empresa Climafrio é financeiramente viável do ponto de vista financeiro ao menos no que se refere ao BEP Exemplo de aplicação Pense em um projeto de investimento em alguma área na qual você tenha alguma expertise Construa um plano de negócio para esse projeto ou seja elabore uma planilha de investimento obtenha os custos calcule o capital de giro pesquise preços etc Obtenha o BEP do negócio Ao longo deste curso você conhecerá diversas ferramentas de avaliação e indicadores de viabilidade que permitirão a você fazer uma análise crítica bem fundamentada sobre a sua ideia de negócio 4 RISCOS E INCERTEZAS TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE Figura 24 41 Conceito de risco O risco está ligado à ideia de que alguma coisa pode dar errado Intuitivamente sabemos quando estamos correndo algum risco e nosso inconsciente nos dá um sinal de alerta o medo Campos 2018 pontua No contexto das finanças risco referese à probabilidade de insucesso ou seja de ocorrência de algum evento que tenha consequências negativas para um empreendimento ou investimento CAMPOS 2018 p 23 Não existe investimento com risco zero Mesmo os títulos do tesouro têm algum risco ainda que possa ser classificado como baixo ou baixíssimo Hess 2005 e Campos 2018 apresentam os principais tipos de risco aos quais um investidor está sujeito Risco de mercado é associado às variações nas taxas de juros dos bancos na realidade cambial do país e nas diversas variáveis econômicas e políticas que têm potencial de influenciar os resultados operacionais das empresas 47 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 ENGENHARIA ECONÔMICA Risco de liquidez referese à eventual necessidade de vender os ativos e não encontrar comprador interessado no negócio Risco operacional é relacionado à possibilidade de incorrer em perdas devido a falhas operacionais da empresa ou seja falha gerencial fraude ou erro humano Risco legal existe quando há uma ação em juízo contra a empresa por algum tipo de responsabilização ou ressarcimento o que pode afetar a sua saúde financeira ou até provocar alguma intervenção Esse tipo de risco busca compreender a incerteza acerca do cumprimento legal de contratos por violação de alguma legislação ou falta de documentação por exemplo Risco de imagem reputação tem origem em falhas operacionais ou deficiências no cumprimento de leis e regulamentos Pode ser gerado por boatos sobre a saúde financeira da empresa perdas significativas em seus investimentos envolvimento em processos de lavagem de dinheiro corrupção remessa ilegal de divisas e outros Risco do negócio é associado aos problemas de toda ordem que podem afetar o desempenho da empresa Esse tipo de risco envolve até a possibilidade de falência da empresa Risco país é referente à capacidade financeira da nação em honrar seus compromissos com investidores Os países são avaliados por agências de risco internacionais e se essas agências rebaixam a nota de um país isto é indicam aumento do risco país os investidores estrangeiros tendem a se desfazer de seus investimentos o que pode provocar uma crise cambial generalizada Risco mundo referese à ocorrência de eventos com potencial de alarmar os mercados mundiais Guerras atentados terroristas crises financeiras em países importantes são alguns fatos que compõem esse tipo de risco Nos investimentos produtivos sempre haverá o risco de a empresa não atingir as metas não obter lucros ou até gerar grandes prejuízos ao empreendedor Isso normalmente acontece quando o investidorempreendedor não faz um adequado estudo de viabilidade do negócio Com o estudo que ora fazemos neste curso não é exagero dizer que o risco de o negócio não produzir os resultados esperados é minimizado Daí a importância de conhecer as técnicas e de aplicálas quando da organização de um plano de negócios Um planejamento adequado faz com que as surpresas sejam raras e ainda facilita a condução do negócio na medida em que os estudos detalham cada etapa da estruturação da empresa e indicam quais resultados devem ser buscados para garantir uma boa rentabilidade do investimento As simulações feitas na organização do plano de negócio permitem que o empreendedor já saiba de antemão quais resultados ele deve ter como meta e isso ajuda na tomada de decisões e nas eventuais correções que precisarem ser feitas no gerenciamento e na operação da empresa 48 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 Unidade I Campos 2018 propõe um gráfico que relaciona o risco e o retorno de um investimento Por esse estudo existe teoricamente uma taxa livre de risco TLR considerada aquela que apresenta risco zero mesmo sabendo que isso não existe essa é uma consideração teórica Para obter um retorno rendimento maior que aquele indicado pela TLR será preciso correr algum tipo de risco O gráfico a seguir mostra que retornos altos estão associados a riscos também altos Contudo o próprio autor assim como Hess 2006 pontua que é importante saber gerenciar os riscos mitigar aqueles que podem ser minimizados e descartar aqueles que podem ser eliminados Retorno Risco Taxa livre de risco Figura 25 Relação entre o risco e o retorno 42 Taxa mínima de atratividade Figura 26 Conhecida pela sigla TMA a taxa mínima de atratividade representa a remuneração mínima esperada para um investimento Ela é representada em termos percentuais e geralmente é dada ao ano A TMA é fixa e é arbitrária ou seja é determinada pelo investidor considerando o retorno financeiro com que o mercado remunera o capital e o risco empreendido no negócio Torres 2006 p 46 destaca que a TMA não é necessariamente uma taxa que seja realizável no mercado mas é a taxa que expressa a nossa avaliação do valor temporal do dinheiro e inclui uma margem para incertezas Na mesma linha Campos e Hess 2019 p 143 pontuam que a composição da TMA compreende uma taxa livre de risco TLR adicionada a um prêmio de risco ou seja ela tem um piso que é a TLR Para a TLR podese considerar a taxa de remuneração da poupança que é de 6 ao ano a Selic o CDI Certificado de Depósito Interbancário ou a taxa de remuneração do CDB por exemplo 49 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 ENGENHARIA ECONÔMICA Observação Selic é uma sigla para Sistema Especial de Liquidação e de Custódia Essa taxa corresponde à taxa básica de juros fixada pelo Comitê de Política Monetária Copom do Banco Central do Brasil CDB é a sigla para Certificado de Depósito Bancário É considerado uma aplicação financeira de baixo risco que pode ser feita segundo três modalidades préfixado pósfixado e juros mais inflação As aplicações em CDB são garantidas pelo FGC Fundo Garantidor de Crédito até o limite de R 25000000 O mais comum é usar a taxa Selic para representar a TLR Ela apresenta variações de acordo com a política monetária adotada pelo governo e os resultados da inflação corrente conforme se vê no gráfico a seguir Apesar disso é importante observar que a TMA deve permanecer fixa ao longo do período de análise do investimento aa 3000 2500 2000 1500 1000 500 000 19012000 23082000 18042001 19122001 21082002 19032003 19112003 21072004 16032005 23112005 18102006 17102007 29102008 21102009 20102010 19102011 10102012 10092013 29102014 21102015 19102016 25102017 31102018 Figura 27 Selic ao ano Já o prêmio de risco é arbitrário e fixado pelo investidor Ele representa quantitativamente a percepção do risco do negócio por parte do investidor Apenas a título de exemplo como sugerem Campos e Hess 2019 se o investidor entende que há uma chance em dez de que o negócio não dê certo o prêmio de risco pode ser fixado em 10 O analista de investimentos não deve economizar na fixação da TMA Um prêmio de risco subestimado pode levar a uma análise viesada do negócio elevando o potencial de perda para o investidor Mais adiante veremos uma forma alternativa de definir a TMA 50 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 Unidade I Lembrete É importante observar que a TMA corresponde à TLR mais o prêmio de risco Pr ou seja TMA TLR Pr Puccini 2011 acrescenta um terceiro item na composição da TMA O valor da taxa mínima de atratividade depende de três componentes básicos a Custo de oportunidade que representa a remuneração que vem sendo obtida pelo investidor na aplicação dos seus recursos financeiros b Risco do investimento em análise c Liquidez que é a capacidade com a qual se pode sair de uma posição no mercado para assumir outra PUCCINI 2011 p 284 Ainda segundo o autor no caso de pessoas físicas a TMA pode corresponder apenas à taxa de remuneração dos recursos financeiros aplicados no mercado Contudo para pessoas jurídicas a TMA pode corresponder ao custo médio ponderado de capital próprio e capital de terceiros Essa é na verdade uma forma alternativa de conceber a TMA Se estamos falando de um investimento produtivo ou seja um empreendimento então seria o caso de uma pessoa física que está investindo em um negócio próprio para se tornar uma pessoa jurídica logo não faz sentido querer separar essas entidades Contudo a ideia de um custo médio ponderado de capital faz todo o sentido desde que a ele acrescentemos o prêmio de risco Nessa linha Campos e Hess 2019 p 76 pontuam que quando o investimento depende da aplicação de capital próprio somado ao capital de terceiros podese tomar a TMA como sendo o custo médio ponderado de capital CMPC mais um prêmio pelo risco de investir no projeto ou seja TMA CMPC Pr O custo médio ponderado de capital é dado pela fórmula CP Cter CMPC CCp CCter CP Cter CP Cter 51 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 ENGENHARIA ECONÔMICA Onde CP capital próprio Cter capital de terceiros CCp custo do capital próprio CCter custo do capital de terceiros Exemplo 8 Suponha que o empreendedor pretende fazer um investimento produtivo que exige um aporte de R 20000000 Suponha ainda que ele dispõe de R 5000000 que estão aplicados em CDB com remuneração de 8 ao ano O restante do capital necessário para o empreendimento virá de um empréstimo bancário que cobra juro de 18 ao ano Nessa situação qual seria o custo médio ponderado de capital Como seria feito o cálculo da TMA Resolução Se o capital do empreendedor está aplicado a 8 ao ano para utilizálo no negócio ele arcará com um CCp de 8 Se o capital de terceiros é obtido em um banco que cobra a taxa de 18 ao ano pelo empréstimo então o CCter será de 18 As duas frações da fórmula servem para calcular quanto por cento cada capital CP e Cter representa do total No caso o CP é de R 5000000 e o Cter é de R 15000000 Vejamos então o cálculo do CMPC 50000 150000 CMPC 8 18 50000 150000 50000 150000 CMPC 025 8 075 18 2 135 155 O cálculo da TMA deve acrescentar a esse resultado um prêmio de risco O valor desse prêmio é arbitrário ou seja é definido pelo próprio analista ou pelo empreendedor Se consideramos um prêmio de risco de 10 então temos TMA CMPC Pr 155 10 255 ao ano Saiba mais Acesse o site a seguir TMA taxa mínima de atratividade Mundo Financeiro sd Disponível em httpswwwmundofinanceirocombrtaxaminimade atratividade Acesso em 20 mar 2019 52 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 Unidade I Resumo A Engenharia Econômica trata da avaliação de investimentos produtivos que se refere a um dispêndio em um negócio voltado para a indústria serviços etc Nesta unidade focamos a análise de investimentos utilizando conceitos e ferramentas oriundas da economia e finanças compondo um trabalho de investigação acerca de projetos de abertura de negócios das mais diversas naturezas dentre os quais aqueles ligados à prática do engenheiro Alguns conhecimentos de Matemática Financeira são necessários principalmente os que abordam financiamentos e empréstimos que são comuns quando se quer abrir um novo negócio Trabalhando com juro composto a prestação de um empréstimo pode ser calculada com a ajuda de uma calculadora financeira ou por meio de uma planilha de Excel Em ambos os casos os cálculos são bastante práticos e simplificados Para avaliar a viabilidade de um projeto de investimento o primeiro passo deve ser construir um plano de negócio Esse plano deve ser bastante detalhado e precisa envolver todos os gastos iniciais que são chamados de investimentos Para essa primeira etapa que consiste na elaboração da planilha de gastos é fundamental que o investidorempreendedor tenha uma certa expertise no negócio que está sendo planejado pois isso representará um grande diferencial para que o planejamento seja o mais realístico possível É necessário detalhar os gastos com mão de obra e todos os outros que irão compor o chamado capital de giro da empresa É importante também considerar os custos de oportunidade representados por uma renda da qual o empreendedor abre mão para constituir o novo negócio ou pelo aluguel que se deixa de receber para poder usar o imóvel como sede da firma Todos os custos devem ser calculados incluindo os custos fixos e os variáveis Nessa última rubrica entram os custos de produção e os tributos que incidem sobre a receita da empresa Existem diversos regimes de tributação como o lucro real o lucro presumido e o Simples Este último é indicado para micro e pequenas empresas cujo faturamento não excede R 48 milhões por ano Depois de obter a função custo total da empresa é necessário decidir sobre a precificação do produto ou serviço para obter a função receita 53 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 ENGENHARIA ECONÔMICA Ao igualar a função custo com a função receita podemos encontrar o breakeven point BEP que corresponde ao nível de produção para o qual o lucro é nulo pois as receitas são iguais aos custos Por meio do BEP já é possível saber se é factível a hipótese de haver lucro com o novo negócio O investidorempreendedor deverá estar ciente dos riscos imputados em abrir um novo negócio e deve arbitrar uma taxa chamada prêmio de risco que somada com a taxa livre de risco irá compor a taxa mínima de atratividade TMA Alternativamente a TMA pode ser obtida pela soma do custo médio ponderado de capital com o prêmio de risco Exercícios Questão 1 Entre os impostos que incidem sobre o serviço de transporte prestado por motoristas que usam aplicativos está a contribuição social do PIS cuja incidência também se dá no setor industrial e no de comércio varejista Qual imposto incidente sobre o transporte individual por aplicativo não incide sobre a produção de bens e a venda de mercadorias A IPI imposto sobre produtos industrializados B ISSQN imposto sobre serviços de qualquer natureza C CSLL contribuição social sobre o lucro líquido D ICMS imposto sobre circulação de mercadorias e serviços E ITBI imposto de transmissão de bens intervivos Resposta correta alternativa B Análise das alternativas A Alternativa incorreta Justificativa os serviços de transporte que usam aplicativos não estão sujeitos ao tributo ligado à produção de bens industrializados B Alternativa correta Justificativa o imposto sobre serviços de qualquer natureza é de competência municipal e não tem como sujeito passivo as empresas produtoras de bens nem o comércio varejista 54 ENGP Revisão Lucas Diagramação Fabio 24042018 Unidade I C Alternativa incorreta Justificativa a contribuição social sobre o lucro líquido tem como sujeito passivo ou seja aqueles que devem recolher o imposto as pessoas jurídicas empregadoras que auferem lucro Não é o caso dos motoristas de aplicativo D Alternativa incorreta Justificativa segundo o portal da Fazenda do Estado de São Paulo sd o ICMS é a sigla que identifica o imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação É um imposto que cada um dos Estados e o Distrito Federal podem instituir como determina a Constituição Federal de 1988 E Alternativa incorreta Justificativa segundo o inciso II do artigo 156 da Constituição Federal de 1988 BRASIL 1988 o ITBI ou transmissão intervivos a qualquer título por ato oneroso de bens imóveis por natureza ou acessão física e de direitos reais sobre imóveis exceto os de garantia bem como cessão de direitos a sua aquisição está ligado à intermediação de bens imóveis e não de transporte por aplicativos Questão 2 Qual o custo de oportunidade de uma empresa que tomou um empréstimo para os investimentos e operações iniciais que paga aluguel do espaço em que as ações são realizadas e cujo proprietário não abre mão do salário A Juros remuneratórios do capital inicial utilizado nos investimentos B Remuneração recorrente do trabalho anterior do empresário C Nenhum custo de oportunidade é atribuído neste caso D Os emolumentos recebidos pela escolha em aplicações de bens físicos a bens financeiros E Diminuição de custo que ocorreria se o imóvel fosse próprio Resolução desta questão na plataforma