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Arte e Educação Vera Lúcia de Oliveira Ponciano 2 SUMÁRIO BLOCO 1 ARTE CULTURA E SUA HISTÓRIA 3 BLOCO 2 ARTE E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO 26 BLOCO 3 LINGUAGENS ARTÍSTICAS 37 BLOCO 4 ARTEEDUCAÇÃO CONCEITO FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS 48 BLOCO 5 PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO DO ENSINO DA ARTE 63 BLOCO 6 ARTE E INTERDISCIPLINARIDADE 73 3 BLOCO 1 ARTE CULTURA E SUA HISTÓRIA A arte existe para que possamos compreender a natureza do humano único ser capaz de produzir e vivenciar o simbólico A arteeducação surge com a função de fazernos compreender a importância da arte para o desenvolvimento cognitivo social e cultural apenas para mencionar algumas das contribuições da arte Disso resulta a necessidade de compreender termos e respectivos conceitos por exemplo o que é cultura o que é arte o que é estética além de conhecer o panorama da arte no mundo e no Brasil e ainda os locais nos quais a arte é veiculada seja como objeto mercadológico seja como bem simbólico para fruição Com isso formará uma base de conhecimento para que possa atuar junto a seus alunos tanto no resgate dessa história da arte fazendo os aproximar do processo de criação em cada época e período histórico quanto na valorização da fruição e criação atividades que potencializam o desenvolvimento em todas as suas facetas 11 Arte e cultura Vamos começar pela cultura e muitos são os termos utilizados para designála uma determinada ciência o cultivo de um elemento da agricultura por exemplo a cultura de arroz quando associamos a cultura ao grau de erudição de uma pessoa ou ainda ligado à antropologia que é o termo que adotamos aqui representado por tudo aquilo que homem produz ou seja conjunto complexo dos padrões de comportamento das crençasinstituições e outros valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente e característicos de uma sociedade COLI 1995 E nesse último sentido será que a arte se relaciona com a cultura Seria arte um valor material ou imaterial característico de uma sociedade e que se perpetua ao longo do tempo Se a cultura é tudo que o ser humano produz ou cria por uma capacidade exclusivamente humana aquilo que não é inato mas adquirido pela aprendizagem transmitido de geração em geração contempla a multiplicidade e é variável no tempo e no espaço será que a arte também satisfaria todos estes critérios Arte é cultura junto com as demais criações humanas algo que se contrapõe ao que é criado pela natureza e tanto a arte como a cultura só é possível porque homem tem 4 um estado para além do natural pois não se reduz ao biológico uma vez que é dotado da capacidade de produzir a sua existência de criar portanto ele é muito mais que um estado natural é um ser cultural capaz de transformar a natureza Muitos estudiosos afirmam que a condição distinta do homem se dá pela sua capacidade de linguagem outros defenderão que é o trabalho que diferencia o homem Sem entrar nesse debate vamos ver que as duas dimensões dão ao homem a condição de se destacar dentre outros animais e que a arte estará presente tanto como forma de comunicação ou para designar o modo como o homem produz sua existência pois os registros ao longo do tempo expõem a forma com que o homem se apropriou e transformou a natureza revelam o modo de vida que cada um dos humanos viveu e que fomos chamando de arte A arte foi tida como um ofício uma forma especial de saber uma atividade humana ligada à manifestações de ordem estética feita por artistas a partir de percepção emoções e ideias Ela deriva do termo latino ars que significa técnica eou habilidade ou seja manifestações de ordem estética ou comunicativa realizada por meio de uma grande variedade de linguagens tais como arquitetura desenho escultura pintura escrita música dança teatro e cinema ou é concebida como ideia de colocar o homem em equilíbrio com seu meio se caracteriza como um reconhecimento parcial da sua natureza e da sua necessidade e ainda a expressão exterior de um conteúdo interior uma comunicação intersubjetiva Se procurarmos o termo arte no dicionário Aurélio teremos que a Arte é a atividade que supõe a criação de sensações ou de estado de espírito de caráter estético carregados de vivência pessoal e profunda podendo suscitar em outrem o desejo de prolongamento ou renovação A capacidade criadora do artista expressar ou transmitir tais sensações ou sentimentos E não se pode negar todas essas definições de modo que a arte envolve um amplo espectro e é inerente ao humano revela sua capacidade distinta de criação expressa pela produção simbólica intersubjetiva que atende necessidades tipicamente humanas tão bem expressa por Nietzsche ao dizer que A arte existe para que a 5 realidade não nos destrua ou ainda como tão bem expressou Ferreira Gullar A arte existe porque a vida não basta ou seja ela ultrapassa a própria vida ou existência Coli 1995 trará maior compreensão quando expõe que A arte constrói com elementos extraídos do mundo sensível um outro mundo fecundo em ambiguidades Na obra há uma organização astuciosa de um conjunto complexo de relações um mundo único feito a partir do nosso capaz de atingir e enriquecer nossa sensibilidade Ela nos ensina muito sobre nosso próprio universo de um modo específico Ou ainda quando expressa que A arte existe porque faz sentir reconfigura os sentimentos a nãorazão Ao mesmo tempo que ultrapassa a arte coexiste com a razão como dois irmãos que não necessitam um do outro individualmente para existir mas que se complementam e sustentam a existência humana COLI 1995 Assim é extremamente importante que se reconheça o valor da cultura e da arte e a forma com que se relacionam pois assim podemos compreender a nossa própria história E compreendêla a partir do conceito de estética que nos revela e discute sobre o belo sobre o sensível 12 Arte e estética A estética dialoga com o belo com o sensível mas também diz respeito a um ramo de estudos denominado Filosofia da arte que tem por objetivo discutir e compreender sobre a arte sua finalidade características como o homem se relaciona com as percepções e sensações que a arte proporciona A estética ao tratar do belo traz ao longo do tempo diferentes concepções desse conceito e assim podemos acompanhar como ele se configura em cada época o que faz nos ligála à filosofia Assim de belo sinônimo de verdade algo que é perfeito e que só está no mundo das ideais passamos ao belo que está contido nas coisas relacionase à perfeita proporção à simetria à completude Mas como o mundo não é estático mas dinâmico tais concepções se rearranjam e o belo que estava associado ao mundo das ideias passa a ser válido somente quando se aproxima do divino Veja que o belo é visto do ponto de vista religioso exatamente porque impera nessa época a religião Mas a dinamicidade do mundo faz com que também as concepções de belo se modifiquem e o belo passa a 6 estar contido no objeto é belo em si sem dependência ou necessidade de interpretação seria belo para todos e para qualquer um e nesse momento passa a ser diferenciado do sublime pois o belo estando nos objetos seria desinteressado livre Na dinamicidade do mundo passase a conviver com a ideia de que o belo acompanha e manifesta o espírito de uma época ou seja o que é belo muda de tempos em tempos a depender da época que vivemos E hoje como definiríamos o belo Não se pode dizer que todas essas concepções ainda não estejam presentes na contemporaneidade e ao adentrarmos no universo da história da arte acompanharemos o conceito de belo que estará implícito em cada tendência em cada movimento artístico E isso requer sensibilidade ser sensível ao que se nos apresenta Isso está ligado à estética de modo que se é complexo definila ela nos será apresentada pelas sensações pela sensibilidade com que olhamos a expressão humana da criação ao longo dos tempos 13 Panorama da história da arte no mundo É possível conhecer nossa história a partir da arte E a arte tem uma história e seu início é datado Surge desde que o homem nem assim a denominava e associase ao ato de simbolizar marca característica do humano Quando abordamos a arte na préhistória será que o homem tinha consciência de que produzia arte Podemos especular tudo que a arte representou aos homens e mulheres nossos ancestrais Podemos inferir sobre seu significado mas é certo que ela foi produzida por uma necessidade inerentemente humana e se perpetuou pelos registros e marcas deixados pela humanidade Conhecemos o universo que se desvenda por entre tais registros marca do humano que só pode ser inferida interpretada apreciada por outro humano Podemos perpassar a história da humanidade olhando para suas obras e destacar aquilo que lhe é mais característico a arte rupestre a lei da frontalidade dos egípcios as esculturas gregas que simbolizavam o belo pela anatomia e proporções a pintura utilizada para decoração nas paredes e os retratos da arte romana os mosaicos coloridos místicos da arte bizantina a arte românica usada para narrar histórias 7 bíblicas e comunicar valores por meio dos afrescos o realismo de santos humanizados para exaltar a burguesia mas mantendo a exaltação do divino da arte gótica a arte atrelada aos avanços tecnológicos com o desenvolvimento da técnica do desenho linear o uso da perspectiva a pintura a óleo e o uso de tela como suporte característicos da arte renascentista a arte barroca marcada pelo exagero pela emoção com traços contorcidos uso de curvas relevos e cor dourada a elegância e o erotismo da arte gótica de inspiração mundana com uso de pinceladas rápidas leves e delicadas e desenho decorativo de cores claras e luminosas com predomínio de nus femininos o neoclassicismo que se opõe ao barroco e rococó com a reconstrução da arte da antiguidade clássica e da Grécia e de Roma o destaque para o exótico o pitoresco o fantástico e o aventuroso uso da técnica de alto relevo a exuberância do vermelho contraste de luz e sombra da composição e pinceladas livres do romantismo o realismo na representação do real concreto e objetivo o abando da pintura de santos temas históricos ou literários para pintar o que se vê o impressionismo despreocupado com as temáticas nobres mas interessados em captar a ação a luz e o movimento nas pinceladas soltas da arte realizada ao ar livre para que se capturasse melhor as variações de cores da natureza o pontilhismo que se utiliza da técnica de pontos coloridos justapostos de modo a formar uma ilusão ótica do todo com temática da natureza e valorização da luminosidade e decomposição de cores o futurismo que expressa a era da máquina da velocidade com novas normas composicionais e ideologias distintas marcado pela exposição de figuras em movimento que quer derrubar o humanismo e o humanitarismo o expressionismo que objetiva captar a expressão da subjetividade propõe o pacifismo sentimento de fraternidade e desprezo pelo materialismo industrial mecanizado e que apresentase com linhas e cores vibrantes numa pintura emocional que reflete as angústias e instabilidade da guerra o Dadaísmo que representa a ausência de sentido da vida frente aos horrores da guerra o sentimento de descrença nos valores humanos expresso pela estética do acaso a pintura automática e irracional poesia por colagem de recorte de jornais a escultura pela mistura de materiais diversos o Surrealismo sem preocupação estética ou moral representa o rompimento das barreiras entre o sonho e a realidade unindo as representações do real com o abstrato o irreal e o 8 inconsciente apoiada no método do automatismo psíquico baseado nos sonhos e suas associações o cubismo movimento da vanguarda cuja técnica pretende reproduzir a realidade vista por todos os ângulos simultaneamente com simplificação da forma e geometrização da forma o fauvismo caracterizado pela simplificação das formas e figuras e a utilização de cores puras quentes fortes agressivas retornando à expressão mais primitiva não se preocupando em retratar detalhes nem a realidade mas as sensações os impulsos vitais deixando o desenho e a forma em segundo plano o abstracionismo com obras caracterizadas pela ausência de relação e padronização de formas e cores não mantendo relação com imagens ou aparência da realidade exterior pois a intenção era fazer oposição a toda objetividade artística a Pop art movimento artístico que fazia alusão à utilização de objetos considerados banais e do cotidiano atrelado à iconografia da cultura popular com os símbolos fornecidos pelos meios de comunicação refletia a sociedade de consumo o conforto material e o tempo livre o vulgarismo dos produtos fabricados e consumidos em massa a OpArt tendência que tenta reproduzir a percepção do movimento ligada ao ótico é rico em figuras geométricas contrastes E ela continua cada dia com inovações usa espaços restritos e amplos formas e materiais os mais diversos Muito se falou da arte e grande parte do que foi dito se referiu as artes visuais mas ela também tem um representante muito eloquente na época atual o cinema E quais seriam os marcos do cinema A sétima arte começa na França no século XIX 1895 com os irmãos Lumière e a criação do cinematógrafo que era ao mesmo tempo filmador copiador e projetor Com eles foram realizados vários curta metragens A invenção da fotografia anteriormente foi sua precursora mas cinema é fruto da evolução de muitas técnicas desde a sensação de movimentos dos desenhos das cavernas passando pelo teatro de marionetes dos chineses que projetavam sombras nas paredes de figuras manipuladas há sete mil anos Leonardo da Vinci também contribuiu no século XV com a criação de Câmara escura O alemão Athanasius Kirchner criou a Lanterna Mágica no século XVII um objeto composto de um cilindro iluminado à vela para projetar imagens desenhadas em uma lâmina de vidro 9 Muitos aparelhos que serviam para o estudo da persistência retiniana foram desenvolvidos no século XIX Mas isso não para por aqui foi inventado o Fenacistoscópio um disco que apresenta várias figuras de uma mesma pessoa em posições que formam movimento ao giro do disco após foi criado o Praxinoscópio um tambor giratório com desenhos colados na sua superfície interior e no centro espelhos que ao ser girado formavam movimento harmonioso e ainda o Cinetoscópio que era em um filme perfurado projetado em uma tela no interior de uma máquina na qual só cabia uma pessoa em cada apresentação e era vista por uma lente de aumento em 1903 com a apropriação dos estilos documentarista dos irmãos Lumière e os filmes de ficção com uso de maquetes truques ópticos e efeitos especiais teatrais foi produzido um filme de ação cujo êxito contribuiu para a popularização do cinema e sua entrada na indústria cultural De lá para cá veja muita coisa aconteceu no mundo com a sétima arte por meio de seus principais movimentos Século XX nos anos 1990 destacase o Dogma 95 dinamarqueses criam dez regras para produzir um cinema puro simples e sem gênero entre as quais a ausência de trilha sonora de luz artificial e de efeitos especiais Nos EUA a indústria cinematográfica e Hollywood são fundadas por produtores independentes que deixaram Nova Jersey em 1912 para fugir da guerra judicial promovida por Thomas Edison que detinha as patentes dos equipamentos de filmagem Ainda nos anos de 1910 teremos o cinema mudo com DW Griffith filmes históricos e Charles Chaplin comédia burlesca Nos anos 20 teve muita repercussão o Expressionismo Alemão cinema que se utiliza de sombras loucura e grotesco para representar o clima pósguerra do país até a ascensão de Hitler que proibiu as artes degeneradas e investiu no cinemapropaganda AvantGarde Francesa artistas das vanguardas plásticas vão captar todos os detalhes com três câmeras lado a lado e utiliza três projetores para captar todas as paisagens inaugurando o formato de tela conhecido hoje e o Experimentalismo Soviético estudantes das faculdades de Moscou por falta de película descobrem a montagem uso de vários pedaços de 10 filmes com a justaposição de imagens e se destacam os filmes ideológicos influenciados pela Revolução Russa Na década de 1930 há destaque para o Cinema de Gênero Inaugurase o cinema falado e o som se torna fundamental no cinema Musicais inauguram a época de ouro do cinema americano e ao seu lado figuram a ingenuidade das comédias românticas e as disputas de faroestes Na década de 40 teremos o NeoRealismo Italiano a realidade do pósguerra vai para o cinema com custos baixos e temas sociais atores nãoprofissionais e gravações fora de estúdio Noir gênero que explora a violência e as regras da máfia com forte influência da literatura policial americana e da estética alemã dos anos 20 Orson Welles estreia no cinema em função de uma rusga com um desafeto e produz um dos melhores filmes da história Cidadão Kane Na década de 50 destacase a Exploitation gênero feito com pouco investimento e sem méritos artísticos exploram a literatura barata sexo e sangue O gênero é resgatado em nos anos 70 e se populariza nos anos 90 com os filmes de Quentin Tarantino Nouvelle Vague Críticos da Revista Francesa Cahiers Du Cinema colocam a câmera nos ombros e criam um estilo único com histórias simples e Ingmar Bergman diretor sueco aposta na memória psique e dores existenciais que acabaram se tornando personagens de sua obra Na década de 70 surge a Nova Geração Martin Scorcese Brian De Palma Steven Spielberg e George Lucas capitaneados por Francis Ford Coppola invadem Hollywood trazem muito lucro com filmes em que a violência e a rebeldia são a tônica Na década de 80 Pedro Almodóvar usa linguagem televisiva e toques biográficos e o tema do desejo em sua filmografia Na década de 90 até adentrarmos ao século XXI as bilheterias astronômicas com Blockbusters trazem de volta a fantasia e imaginação ao cinema em sequências milionárias e traça o futuro com a tecnologia cada vez mais presente nos equipamentos e nas telas usando até atores virtuais SAIBA MAIS Você sabe quantos profissionais estão envolvidos na produção de um filme Não são 11 somente atores e atrizes que efetivamente aparecem na tela pois a indústria cinematográfica envolve profissionais de diferentes áreas do saber Existem diferentes profissionais como o roteirista o diretor diretor de fotografia o artista visual o iluminador o sonoplasta técnico de efeitos especiais técnico de som operador de câmera figurinista editores coreógrafos maquiadores entre outros A história da arte não para aqui A música também tem uma história Supõese que a música existe desde a préhistória embora não se tenha registro fonográfico as cenas de dança registradas nas cavernas fazem supor que eram acompanhadas de música e que teria um caráter religioso ritualístico Se considerarmos que ainda hoje há tribos indígenas que sem contato com a sociedade organizada e letrada têm rituais com música utilizandose da percussão corporal da voz e de objetos básicos produzidos para esse fim não é difícil acreditar que também os ancestrais préhistóricos assim o faziam Na antiguidade a música servia aos rituais como forma de comunicação com os deuses e meio para se atingir a perfeição sendo a voz o instrumento mais utilizado Estava atrelada à dança e ao teatro sendo a lira a cítara e outros instrumentos de sopro usuais No Egito acreditavase na origem divina servia de culto aos deuses Na Grécia foi incorporada às encenações das tragédias e Pitágoras descobriu as notas e os intervalos musicais Em Roma a música foi influenciada pela música grega pelos etruscos e pela música ocidental As teorias musicais e as técnicas de execução foram incorporadas dos gregos mas alguns instrumentos como o trompete reto tuba foram criados pelos romanos A música teve importância fundamental na guerra para sinalizar ações dos soldados e tropas e para cantar hinos às vitórias conquistadas além do uso religioso e em rituais sagrados Na China a música era usada em eventos religiosos e civis para marcar momentos históricos de imperadores usavam a cítara flautas e instrumentos de percussão Na antiguidade geralmente os instrumentos eram tocados por mulheres 12 Nos templos sagrados os sacerdotes já tinham por hábito treinar coros para as festividades religiosas e na corte as pessoas cantavam embaladas pelo som da harpa e alguns instrumentos de sopro e percussão A Bíblia Sagrada menciona na Palestina o uso da harpa e o canto como louvor Na Índia a música estava ligada ao processo de vida e os relatos remontam ao século XIII aC Por volta do século IV aC os indianos elaboraram teorias musicais Na idade Média a maior influência na música foi da igreja e muitas restrições eram impostas há predomínio do canto gregoriano mas a música popular merece destaque com os trovadores e menestréis A pauta musical foi criada por um monge que definiu a altura das notas musicais e as nomeou O Renascimento foi o período em que cresce o interesse pela música profana embora as melhores melodias tenham sido as tocadas nas igrejas A música barroca é marcada pelo aparecimento da ópera e do oratório e contrapunha se ao canto gregoriano No classicismo a música instrumental será o maior destaque caracterizando a elegância e a sofisticação por meio de sons suaves e equilibrados Criase a sonata e as óperas e as orquestras serão de grande relevância O romantismo contrapõese ao classicismo na busca por uma liberdade maior da estrutura clássica e uma expressão mais densa e viva carregada de emoções e sentimentos para expressas tudo que está na alma O século XX propiciou uma verdadeira revolução na música e foram realizadas inovações criações tendências e gêneros musicais surgiram impulsionados pelo aparecimento do rádio e tecnologias para gravar reproduzir e distribuir Mas nem só de música vive homem pois ele deixa sua marca em muitas formas de expressão caso também do teatro Embora seja impossível precisar quando o teatro tem início é possível supor que sua presença foi marcada desde as cavernas quando homens se vestiam e imitavam animais para aproximarse deles na caça e quando representavam o ocorrido aos demais Assim o teatro que coexistia junto com a dança e a música foi marcado como ritual de caça de invocação de deuses e domínio sobre as forças da natureza 13 O teatro grego surgiu das cerimônias e rituais religiosos e como só os homens podiam atuar o uso de grandes máscaras era corrente Os dois gêneros que marcam o teatro surgiram na Grécia a tragédia temas ligados às leis justiça e destino e a comédia visavam o riso satirizavam a vida Na idade média o teatro era usado para encenações bíblicas mas por medo da perda do sagrado foram proibidas na igreja e vão para as praças públicas e inaugurase a farsa com uso de estereótipos No Renascimento surge o teatro popular com ênfase à improvisação Os mais famosos dramaturgos foram Sheakespeare e Moliére que escreviam comédias que exploravam as fraquezas do ser humano No Romantismo com a ascensão da burguesia o drama substitui a tragédia e perde o cunho social exaltando as emoções e o ser humano criando o melodrama No Realismo e Naturalismo o teatro vai se elitizando passando a mostrar a vida social da burguesia o dinheiro e casamentos com representações mais próximas da realidade Atualmente muitos gêneros teatrais convivem como a ópera o teatro de bonecos os musicais entre outros continuando ativo apesar do aparecimento do cinema Mas não poderíamos encerrar esse capítulo sobre a história do teatro sem mencionar o teatro Kabuki de origem japonesa e conhecido pelo exagero e estilização do drama A dança também não pode ficar de fora pois também tem uma história Há inúmeros indícios de que a dança acompanha a história da humanidade e ela aparece como uma linguagem gestual e ligada à religiosidade Existem indícios de que o homem dança desde os tempos mais remotos Todos os povos em todas as épocas e lugares dançaram Dançaram para expressar revolta ou amor reverenciar ou afastar deuses mostrar força ou arrependimento rezar conquistar distrair enfim viver TAVARES 2005 p93 A arqueologia maravilhosa ciência que tanto esclareceu e continua a esclarecer sobre o nosso passado próximo ou longínquo ao traduzir a escrita de povos hoje desaparecidos não deixa de indicar a existência da dança como parte integrante de cerimônias religiosas parecendo correto 14 afirmase que a dança nasceu da religião se é que não nasceu junto com ela FARO 1986 p 13 A dança envolvia o batuque o canto e os movimentos corporais que criavma as coreografias e é considerada uma das mais antigas formas de arte a surge pela necessidade do homem de expressar e externar suas emoções e crenças para mediar a interação entre o corpo e a alma A dança se desenvolve ao longo do tempo de diversas formas ritmos e estilos e em cada cultura tem a sua particularidade e relacionase ao culto religioso Nos séculos XV e XVI no Renascimento a dança sofre modificações ao ganhar importância social fazendose presente em festas como diversão e entretenimento de nobres As camadas populares que tinham sua própria dança passaram a ter acesso à dança nobre com a junção dos dois tipos que originaram a dança de salão ou de casais O ballet também nasceu na corte a partir dos divertimentos da aristocracia Ao longo do tempo muitos estilos são criados e hoje são representados pelo Ballet clássico Jazz Contemporâneo Sapateado Hiphop Break dance Capoeira Dança do ventre Dança indiana Dança flamenca e a Dança de salão que engloba bolero samba foxtrote cha cha cha forró salsa zouk merengue valsa tango rumba pasodoble e rock A riqueza da cultura e da arte não pode ficar despercebida e os alunos têm direito a conhecer o que moveu e move o ser humano desde que passa a existir no mundo Mas conhecer a história da arte universal é importante porém é fundamental que a história da arte no Brasil também se faça presente 14 Panorama da história da arte no Brasil Ao pretender abordar a história da arte em nosso país é importante refletir sobre alguns marcos e compreender que a arte acompanha a nossa história de submissão ao estrangeiro e a história contada pela visão colonialista ABRIL CULTURAL 1985 Os habitantes nativos os indígenas contribuíram com a plumária a cerâmica o trançado que deixaram marcas em manifestações de arte popular 15 Os primeiros acontecimentos artísticos passam por Salvador Minas e Recife onde surgem o que se considerou arte verdadeira notadamente na arquitetura e na escultura em que são expoentes artistas autodidatas que sofrem influência da arte europeia Não há destaque para a pintura no Brasil até meados do século XVII período da ocupação holandesa quando Frans Post artista realista retrata a natureza brasileira após o que até o século XIX continua sem proeminência A pintura fica reduzida a artistas autodidatas que pintavam em igrejas inspirados em gravuras religiosas barrocas A arte produzida entre o século XVII e XIX sofre declínio com a chegada da Missão Francesa cujos artistas vieram lecionar na Academia de Belas Artes Os artistas neoclássicos ou acadêmicos imprimiram o tom das artes no Brasil numa arte academicamente convencional e intelectualizada que sai do recinto das igrejas e influencia os artistas brasileiros até o final do século XIX No Brasil predominou o academicismo até o final do século XIX e início do século XX quando há a influência da arte romântica e realista com destaque para Almeida Júnior e Pedro Wengartner que nacionalizam a temática com costumes e personagens regionais além de artistas neoclássicos como Pedro Américo Vitor Meireles Zeferino Costa Rodolfo Amoedo entre outros A arte até inicio do século XX é uma arte importada retrata as influências externas e três expoentes alcançam originalidade e surgem ligados aos movimentos vanguardistas europeus Castagneto pinta marinhas Antonio Parreiras quadros ao ar livre e Eliseu Visconti adota o impressionismo A primeira exposição de arte moderna no Brasil ocorreu em 1913 sem conturbações com quadros expressionistas de Lasar Segall Diferente do que ocorrerá a partir de então quando em 1917 Anita Malfatti expõe em São Paulo como marco de renovação das artes plásticas que culminará na polêmica Semana de Arte Moderna em 1922 em que artistas escandalizam com o rompimento do academicismo Mas o movimento foi insuficiente para romper com a arte importada o que foi posteriormente tentado com o Movimento Pau Brasil 1924 e Antropofagia 1928 16 No movimento Pau Brasil Tarsila do Amaral influenciada pelo cubismo busca em Minas Gerais inspiração para uso de cores livres e puras e predomina o surrealismo e arte brasileira passa a retratar o popular Em 1931 é realizada a primeira exposição coletiva de artistas modernos e em 1932 criase o Clube dos Artistas Modernos que acentua o rompimento com o academicismo Em 1937 ocorre o Salão de Maio com novos artistas Paulo Rossi Clovis Graciano Aldo Bonadei Alfredo Volpi Rebolo Cícero Dias entre outros constituindo com os demais acontecimentos o marco de consolidação do modernismo no Brasil No Rio de Janeiro surgem os artistas como Iberê Camargo Santa Rosa Ismael Nery Paulo Werneck ao lado de Candido Portinari que se sobressai fazendo com que a arte brasileira alcance dimensão internacional Ao final da década de trinta do século XX a arte brasileira caminha independente e vinculada a temas populares e à paisagem natural fazendo sobressaírem artistas como Pancetti Guignard ao lado dos mais antigos como Clovis Craciano Rebolo e Volpi A década de 40 é também bastante fecunda com instituição de prêmios e museus instalados como o MAM Na década de 50 surge o abstracionismo com atraso em relação ao resto do mundo de mais de trinta anos mas encontra um terreno apropriado e será retratado em mostras sucessivas na Bienal de São Paulo com repercussão nacional e internacional e com destaque para artistas como Cícero Dias Volpi Milton Dacosta Maria Leontina Samson Flexor Antonio Bandeira Ivan Serpa Lygia Clark Waldemar Cordeiro Frans Krajcberg Manabu Mabe Flavio Shiró Tomie Ohtake O abstracionismo foi o guarda chuva que abrigou diversas tendências action painting e tachismo Cícero Dias Lygia Clark e Krajcberg concretismo Ivan Serpa Waldemar Cordeiro Lothar Charoux Entre os figurativos foram expoentes Carlos Scliar Iberê Camargo Frank Shaeffer Darel Valença O figurativo ganhou maior expressão regional com Caribé na Bahia e Lula Cardoso Ayres em Pernambuco Os primitivos destacaramse na Bahia com Raimundo de Oliveira e João Alves Como a criação não cessa a produção de arte brasileira foi constante de europeia a influência passa a ser norteamericana com a pop art com montagens colagens e 17 materiais diversos e a op art com efeitos de ilusões óticas E como a tendência é inovar não é possível classificar por tendências os artistas brasileiros de forma tão radical visto que estão sempre dispostos a inovar o que pode ser visto em artistas como Wesley Duke Lee Rubens Scherman Nelson Leiner Helio Oiticica Bin Kondo Glauco Rodrigues Bernardo Cid E a música qual percurso seguiu A música tratou de escrever um dos capítulos mais ricos da nossa história Assim como o povo brasileiro a formação da música se dará a partir do encontro das culturas africana europeia e indígena que se somam ao longo da história a outros variados estilos musicais A chegada dos portugueses ao Brasil encontra a produção musical indígena constituída pois eram povos que cantavam dançavam e tocavam instrumentos como os chocalhos tambores maracás e flautas A partir de 1549 os jesuítas foram responsáveis por propagar a música tanto vocal quanto instrumental entre os nativos e após dez anos criou orquestras inteiras só com membros da tribo dos guaranis Nas Missões os índios eram ensinados e a música teve papel preponderante A cultura musical indígena não se perpetuou apenas deixou traços em alguns gêneros folclóricos devido à imposição da cultura colonizadora em que Portugal tem destaque até o século XIX com a música erudita e popular introduzindo a música instrumental harmônica a literatura musical e a maior parte dos estilos musicais que percorrerão o país por séculos todos de origem europeia além de outras contribuições como a ópera italiana e francesa o bolero e a habanera espanhola as valsa e polcas alemãs e o jazz norte americano Cabe ressaltar que até o século XVIII a música erudita era quase que exclusiva do nordeste mas no final desse século a fusão dos elementos melódicos e ritmos africanos vão dar à música popular destaque com uma sonoridade tipicamente brasileira e se espalhará por todo o país com o aparecimento dos primeiros expoentes da música brasileira 18 O classicismo terá destaque com a chegada da corte portuguesa ao Brasil em 1808 e a vinda da Biblioteca Musical de Bragança e músicos de Lisboa e da Itália com modinhas e uma das únicas peças de Orquestra de Câmara No Romantismo destacouse Francisco Manuel da Silva que fundou o Conservatório de Música do Rio de Janeiro e é o autor do Hino Nacional Brasileiro A ópera esteve no auge na transição para o Romantismo surgindo expoentes como Antônio Carlos Gomes com temas nacionalistas de estética europeia que conquistou sucesso no exterior inclusive em teatros exigentes com as óperas O Guarani e O Escravo Os precursores do nacionalismo introduziram uma música tipicamente brasileira com ritmos e melodias folclóricas em uma síntese inovadora e efetiva com as estruturas formais de matriz europeia Terá destaque Heitor Villa Lobos que incorporou o folclore brasileiro e fez dos elementos nacionais e estrangeiros eruditos e populares um estilo próprio com uso de instrumentos solo e destaque para o violão e grandes recursos orquestrais em poemas sinfônicos concertos sinfonias bailados e óperas passando pelos múltiplos gêneros da música de câmara vocal e instrumental Conseguiu também introduzir o ensino do canto orfeônico nas escolas de nível médio Além de destacarse na Semana de Arte Moderna de 1922 A partir de 1939 surgiram outras sínteses musicais que pode ser traduzida pelas vanguardas com respeito à individualidade e estímulo à livre criação independente das regras tradicionais de composição harmonia contraponto e fuga e uma série de programas radiofônicos que divulgavam os princípios e obras de música contemporânea Na sequência surge um caminho independente e centrado em regionalismos influenciando a música popular brasileira instrumental Na atualidade todas as correntes contemporâneas encontram representantes brasileiros e a música erudita segue a tendência mundial com uso livre de elementos experimentais Mas há ainda muito mais a se apreciar na nossa música e esse ir e vir no espaço tempo é fundamental para compreendermos nossa história musical Então vamos lá 19 A música popular sofreu grande influência da cultura africana que foi educada musicalmente dentro dos padrões portugueses formando orquestras e bandas com alta qualidade A partir do século XVII formaram irmandades de músicos que passaram a monopolizar a escrita e execução da música em boa parte do Brasil A partir do século XX verificase grande influência africana na construção da música brasileira popular e folclórica pela diversidade de ritmos danças e instrumentos com destaque desde o século XVII com o lundu uma dança africana sensual e humorística censurada no início e que vai incorporar elementos formais e o bandolim e assume caráter de canção urbana tornandose popular como dança de salão Além do lundu o cateretê foi um ritmo bastante difundido à época embora de origem indígena sofre influência africana A modinha de origem portuguesa será destaque entre os séculos XVIII e XiX com elementos da ópera italiana tem caráter sentimental e de apelo direto em geral com estrutura estrófica acompanhada apenas de uma viola ou guitarra As polcas schotischs e tangos de expressão peculiar no Brasil Colonial e Primeiro Império junto com a herança da modinha deram origem ao Choro nome vindo pelo seu caráter plangente O samba surge por volta de 1838 originado de um ritmo africano a umbigada com influência da modinha do maxixe e do lundu Em meados do século XX a palavra definia diferentes tipos de música introduzidos pelos africanos e sempre conduzidos por diversos tipos de batuques que assumiam características próprias em cada estado brasileiro Em 1917 o samba saiu das rodas de improvisações dos morros cariocas e foi considerada representante da música popular brasileira Com o passar dos anos surgiram outras vertentes do samba urbano carioca que ganharam denominações próprias como o samba de breque sambacanção bossa nova sambarock pagode entre outras Começou com o sucesso internacional de Aquarela do Brasil de Ary Barroso depois se estendeu através de Carmen Miranda que levou o samba para os EUA e consagrou 20 também a Bossa Nova que inseriu definitivamente o Brasil no cenário mundial da música No fim dos anos 30 iniciou a chamada Era do Rádio e até a década de 1950 vai consagrar alguns intérpretes de grande audiência nacional como Dolores Duran Nora Ney Vicente Celestino e Angela Maria A Bossa Nova surge no fim dos anos 50 como movimento urbano característica de saraus de universitários e músicos da classe média que incorporam ao samba elementos do jazz e do impressionismo musical com um contorno intimista leve e coloquial com base na voz solo e no piano ou violão para acompanhamento e com refinamentos de harmonia e ritmo Na década de 60 o samba com outras experimentações de outros gêneros como o rock e o funk marca uma afirmação e modernização da música popular introduzindo novos estilos de composição e interpretação Na década de 70 a constante transformação da música vai marcar um período fértil em que as músicas românticas e melódicas recebem a denominação de brega mas o samba continua vivo Nos ano 80 surge o rock com inúmeros estilos e músicos que vão marcar a história da música brasileira e ainda presentes no cenário nacional Nos anos 90 diversos gêneros e subgêneros musicais surgiram em todo o Brasil como pagode axé sertanejo forró lambada e outros com constante renovação Mas não se pode deixar de falar da música folclórica um gênero constituído por expressões musicais duradouras transmitidas de geração em geração presente e veiculado principalmente em festividades por todo o país fruto principalmente de lendas e mitos característicos de cada região com preservação de influências arcaicas em que se detectam traços medievais europeus indígenas e africanos ou de elementos étnicos que pertencem a regiões de imigração Nas músicas tradicionais podem ser inclusas aquelas praticadas pelas remanescentes tribos indígenas confinadas em reservas especialmente na região amazônica e centro oeste 21 Atualmente temos muitos gêneros que convivem e se misturam e assim podemos experimentar todas as sensações de ritmos melodias e histórias contadas e apontadas pela música brasileira Mas a expressão da arte se manifesta por outras formas e meios e o teatro no Brasil também foi e é rico contribuindo sempre O teatro no Brasil tem suas primeiras manifestações na catequese século XVI com forma de instrução e colonização e temática religiosa encenadas em diversos espaços inclusive ao ar livre e espaços públicos Ao lado do teatro de catequese surge no século XVII o teatro popular para celebrar festas e acompanhar atos políticos por exemplo em que se saia fantasiadas ao som de músicas e acompanhadas de dança A partir de 1808 com a chegada da corte portuguesa o teatro se qualifica os espaços teatrais construídos foram destinados somente aos aristocratas No século XIX a representação de tragédias marca os propósitos nacionalistas do teatro brasileiro e surgem também as comédias e muitos nomes se destacaram O teatro realista surge em 1855 com temas atuais e problemas sociais e conflitos psicológicos retratando o cotidiano o amor adultério falsidade após o que se passa um longo período sem destaques Em 1943 o teatro escandaliza a sociedade com a peça Vestido de Noiva mas modernizase com destaque para a peça O auto da compadecida de Ariano Suassuna Destacase também o Teatro Brasileiro de Comédia e o Teatro de Arena mas somente a partir de 1970 após o golpe militar de 64 o teatro volta a figurar com destaque no cenário nacional e hoje abriga diversas produções e gêneros anda que não seja tão popular como se gostaria Mas a pintura escultura a música e o teatro não são as únicas formas artísticas que fazem parte da história da arte no Brasil o cinema será também um elemento fundamental da criação artística brasileira E ele chega em 1896 vindo da Europa e EUA Nosso primeiro cineasta foi um imigrante italiano Affonso Segretto que filmava cenas no Rio de Janeiro a partir do que se formou um grande mercado no início do século XX com filmes produzidos e exibidos para plateias urbanas que exigiam entretenimento De lá para cá a idade de ouro do cinema brasileiro se deu entre 22 1908 e 1911 no Rio de Janeiro com filmes que reconstituíam crimes que impressionavam a imaginação popular A partir de 1912 em diante durante dez anos foram produzidos anualmente apenas cerca de seis filmes de enredo nem todos com tempo de projeção superior a uma hora Os principais realizadores do período foram Francisco Serrador Antônio Leal e os irmãos Botelho A grande crise do cinema nacional se dá entre 1912 e 1922 como resultado de problemas de produção e de exibição ocupadas pelos filmes norteamericanos predominantes no mercado mundial O cinema nacional ficou restrito a documentários e cinejornais que garantiam recursos para os filmes de ficção Destacouse nessa época a produção de documentários institucionais para grandes empresas e a filmagem de casamentos ou batizados contratadas por famílias abastadas e tradicionais além dos filmes baseado em obras célebres da literatura A média de produção dobra em meados de 1925 com progresso na qualidade e entra para o circuito Pernambuco Rio Grande do Sul e Minas Gerais Aproximadamente em 1930 nascem os clássicos do cinema mudo brasileiro mas quando o cinema mudo brasileiro alcança relativa plenitude o filme falado já está disseminado A história do cinema falado brasileiro retoma sua produção a partir de 1930 e 1940 com a proliferação do gênero da comédia musical popularesca e vulgar por meio das chanchadas São Paula tenta implantar na década de 50 sua indústria cinematográfica com o importante movimento teatral marcado pela fundação do Teatro Brasileiro de Comédia e abertura do MAM Museu de Arte Moderna O chamado de Cinema Novo em São Paulo se caracterizou por ser diferente das chanchadas cariocas e o gênero cangaço tem repercussão internacional com a premiação em Cannes Em oposição ao eixo Rio e São Paulo surgem produtores independentes que garantiria a continuidade dos filmes artísticos compondo o Cinema Novo o qual representa a maturidade artística e cultural do cinema brasileiro 23 Glauber Rocha se projeta na década de 1960 e tem destaque um conjunto de filmes realizados na Bahia As décadas ao golpe militar de 1964 os realizadores do Cinema Novo e uma nova geração údigrudi continuam a fazer obras críticas da realidade burlando a censura Hoje temos uma produção nacional mas ele enfrenta desafios da grande indústria de filmes hollywoodianos Veja a riqueza de nossa cultura que só é possibilitada pela existência da arte que esteve presente em muitas épocas e de muitas formas 15 A espacialidade da arte A arte foi criada e esteve disponível para que o homem pudesse apreciála mas e na atualidade onde são os espaços da arte É claro que cada uma das manifestações teria apontamentos interessantíssimos a serem abordados Mas vamos nos restringir a alguns deles pois cada um pode avançar nos estudos e procurar saber mais sobre cada linguagem sobre os espaços em que são veiculadas e como hoje ela se presentifica expressão criação objeto consumo que se associam e se interpenetram para que possamos usufruir de tudo que a arte representa O que ocorre quando a arte sai das cavernas das igrejas dos mosteiros da casa dos nobres das catedrais Se antes a arte tinha uma função que agregava ao cotidiano em uma quase simbiose com ele podiase fruir a arte de forma quase natural Qual a razão para que a arte passe a ocupar espaços em que a fruição não é mais o ponto básico mas o consumo O que aconteceu com a arte de expressão inerente ao humano para objeto Não se pode precisar exatamente o que ocorre com a arte pois o artista continua produzindo por uma necessidade tipicamente humana mas hoje ela se apresenta em espaços que também servem para apreciação e em outros que comercializam a arte enquanto objeto que precisa ser consumido enquanto mercadoria Assim a arte sai dos espaços em que se associava a uma função estética cultural para adentrar espaços tipicamente criados para sua fruição e consumo restringindo públicos 24 E quais seriam esses espaços Por um lado temos espaços mais restritos e específicos que abrigam a arte como museus centros de arte centro cultural galerias Por outro temos outros locais cuja função principal não é a venda de arte como espaços públicos câmaras municipais estações de metrô ou trem átrios de empresas espaços abandonados etc Há distinção relevante entre os locais que abrigam as exposições que se destinam à venda das obras e aquelas com o intuito educativo e de divulgação Há diferenças mesmo entre os locais específicos que abrigam arte pois podem ter propósitos totalmente diferentes e por isso constroem cenários de arte diversificados e são tomados como as engrenagens que fazem rodar um calendário de programações durante o ano todo nas principais cidades do mundo Será que entender a diferença entre eles também ajuda na hora de fazer sua crítica depois de visitar uma exposição ou ver a arte exposta em diferentes locais que a abrigam Um museu tem funções sociais e culturais Abriga acervos permanentes e recebe exposições itinerantes e em função disso tem coleções e também calendários de exposições e programação paralela de mediação e visa preparar o espectador e também em aumentar a vida cultural de número maior de pessoas O centro cultural não tem acervo ou seja uma coleção de obras que estão sob sua responsabilidade para guarda e manutenção como o museu Os diretores e curadores não são fixos mas convidados de acordo com a programação oferecida É comum no Brasil a criação e financiamento de espaços culturais como é o caso da Caixa Cultural CCBB e Itaú Cultural entre outros que abrigam exposições artísticas A galeria está a serviço do mercado de arte pois comercializam as obras de artistas que representam e sobrevivem por conta dos colecionadores Fazem as obras circularem entre acervos sejam eles privados ou institucionais Embora seu foco seja a comercialização da arte mantém um papel cultural importantíssimo e suas exposições estão abertas para a visitação Os espaços independentes procuram livrarse de amarras externas tanto sociais quanto políticas típicas de museus quanto da mercadológica típica da galerias com o intuito de promoverem projetos experimentais debates e residências artísticas 25 Mas vale lembrar que temos uma arte urbana que está exposta a céu aberto nas ruas avenidas viadutos impondo sua permanência ou efemeridade por causas artísticas sociais ou políticas e que desconstroem a lógica da espacialidade de espaços internos da arte A arte hoje está além do espaço físico pois é propagada por outros canais a mídia por exemplo E os próprios canais consagrados para a arte atualizamse para fazer experimentar a arte Sem contar que vivemos a efemeridade e até a desmaterialização da arte Que espaço abriga a arte desmaterializada É preciso refletir sobre tal questão pois se perpetuamos nossa história pelo que a arte nos legou por meio de sua materialização como perpetuaremos nossa história A arte efêmera precisará de outras formas de arte para ser registrada conhecida apreciada num outro tempo hoje o cinema a fotografia seriam veículos de registro da arte ainda que efêmera mas certamente o potencial criativo do homem não se acanhará em produzir outros meios outras formas de arte para registrar a própria arte que se traduzirá ele mesmo numa outra forma de arte porque criação humana advinda da necessidade inerentemente humana de criar e perpetuarse que não cessa Conclusão do Bloco 1 A necessidade de criar inerentemente humana produziu no Brasil e no mundo uma cultura artística e estética ativa mas nem sempre reconhecida pelo grande público Por que a história de nossa marca artística nem sempre é visível Qual a razão da arte muitas vezes estar presente apenas para grupos restritos Quem são os apreciadores de arte E os artistas onde se formam É a arte que se elitizou ou os espaços públicos deixam de atuar em prol da arte De que forma a aula de arte contribui para a formação de novos artistas O ensino de arte tem essa função E nossos artistas regionais Onde estão E os anônimos Quem irá escrever os demais capítulos da história da arte em especial da brasileira Todos aqueles que tiverem o privilégio de ter contato com a arte por meio do ensino e que a partir dela desperte seu poder criador e criativo 26 Veja que você educador tem esse importante papel não só de usar a arte como meio para o desenvolvimento integral do educando mas também para que mais pessoas possam ter acesso aos bens simbólicos produzidos pela humanidade para que estes não fiquem restritos a uma população que tem o privilégio de usufruíla visto que têm acesso à arte em outros circuitos que não a escola mas nos espaços de difusão e mercado de cultura Referências do Bloco 1 COLL C TEBEROSKY A Aprendendo Arte São Paulo Ática 2000 COLI J O que é Arte 15 ed São Paulo Brasiliense 1995 FARO A J Pequena História da Dança 2 ed Rio de Janeiro Jorge Zahar 1986 GOMBRICH E H A história da arte Rio de Janeiro LTC 2013 TAVARES I M Educação corpo e arte Curitiba IESDE 2005 BLOCO 2 ARTE E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO Abordar a arte e a construção do conhecimento pressupõe colocar a arte e o conhecimento em diálogo em interação Refletir sobre como tais conceitos se relacionam para a formação do ser humano será fundamental Por isso preparamos este material que poderá contribuir para que você educador possa atuar de forma significativa elevando a arte no espaço educativo à categoria de objeto de conhecimento da maior relevância que ultrapassa a potencialidade de muitos outros objetos mas que atua em consonância com eles e que contribui não só para a construção do conhecimento artístico mas para aprendizagem em geral Para isso é imprescindível que se possa compreender os principais aspectos sobre a construção do conhecimento e do conhecimento artístico a espacialidade da educação artística o papel mediador da arte no desenvolvimento cognitivo Convidamos cada um para adentrar nas temáticas que disponibilizamos a seguir Aceita o convite 27 21 Arte e construção de conhecimento Para empreendermos a aventura da descoberta que envolve a construção do conhecimento é preciso considerar a arte enquanto um fator que potencializa tal construção Assim vamos considerar que toda experiência humana possui diferentes dimensões que se colocam como formas de perceber e conhecer o mundo entre as quais destacamos as dimensões éticas e estéticas que se interrelacionam de forma singular entendendo que uma implica na outra de forma substancial E de que forma isso ocorre Como somos seres sociais a forma com que nos relacionamos nos faz ter de considerar também a ética e a estética como pilares para a nossa forma de viver e perceber o mundo o que inclui compreender formas variadas de adentramos ao universo do conhecimento entre as quais a arte que é um dos itinerários do saber Mas será que a arte é a única forma de conhecer Quais são as demais formas Que possibilidades apresentam Apenas para citar algumas temos o senso comum a religião o mito a filosofia ciência a arte que são formas de conceber explicar conhecer o mundo ressignificar a experiência e a vivência e compreender de que atuam na construção do conhecimento Cada um constrói narrativas próprias que se influenciam mutuamente mas é possível que se possa observar cada uma em sua singularidade Muito se pode falar sobre como a arte pode influir na construção do conhecimento Preferimos trazer aqui as contribuições da neurociência e num campo relativamente novo que é a neuroestética A neurociência área de estudos sobre o sistema nervoso seu funcionamento estrutura e desenvolvimento trouxe contribuições significativas para a compreensão dos processos envolvidos na aprendizagem que está ligado à construção do conhecimento E é a neurociência que amplia nossa compreensão de como a prática estética e artística influi no desenvolvimento da tríade funcional da aprendizagem Você já ouviu falar nela Atualmente entendemos que a aprendizagem é fruto da indissociabilidade e interatividade dinâmica da cognição conação e execução que caracteriza como a 28 tríade funcional da aprendizagem conforme proposta por Fonseca 2014 Veja na figura como as funções estão relacionadas e se influenciando mutuamente Figura 1 Imagem esquemática das funções envolvidas na Tríade da aprendizagem baseado em Fonseca 2014 Embora cada função tenha suas especificidades é importante que se tenha claro que os componentes que fazem parte de cada uma dessas funções são aprimorados e potencializados quando uma pessoa participa de experiências de fruição reflexão e produção artística Isso equivale a dizer que os componentes que fazem parte de cada uma das funções da tríade ampliam a percepção a afetividade a memória a capacidade atencional e de concentração assim como o planejamento organização e antecipação expressão além da imaginação do sentido estético e da criatividade que são componentes básicos e essenciais para o desenvolvimento inclusive o cognitivo que atua na construção do conhecimento Para compreendermos que arte tem um alcance maior do que o desenvolvimento artístico vamos demonstrar com um exemplo a música não desenvolve apenas a área musical pois a neurociência demonstra que ela está ligada à capacidade de aprendizagem da matemática e está relacionada ao desenvolvimento das funções da linguagem e da expressão verbal Viram E isso é só uma ilustração de como um aspecto da arte influencia no desenvolvimento A neurociência traz novas luzes para compreendermos o desenvolvimento o que inclui o cognitivo mas como a ciência avança sempre há um campo em franca expansão que trata das contribuições da arte de forma mais direta e específica que é a neuroestética que é o estudo dos fundamentos neurológicos da contemplação e criação artística e visa explicar como as experiências estéticas são processadas no cérebro dos espectadores e do artista no processo de criação e ainda como a 29 experiência artística afeta o cérebro e os mecanismos neuronais implicados na contemplação e fruição das artes Esses estudos partem de alguns pressupostos entre os quais poderíamos citar o processamento da imagem Vamos conhecer um pouco mais sobre isso A formação da imagem é tida como processo cognitivo que envolve processos sensoriais orgânicos bioquímicos e viscerais que vão afetar de forma contundente à plasticidade cerebral que se caracteriza pela capacidade do cérebro em se reorganizar para cumprir suas funções incluindo a capacidade de funções serem desenvolvidas por mecanismos diferentes daqueles programados quando em situação de perda ou comprometimento de funções Pelo exemplo vemos que os estudos da área do córtex cerebral dedicada à visão e à recepção de informações oriundas dos processos perceptivos validam aportes da neuroestética Mas é claro que isso não é tudo apenas ilustrações da improtÂncia da arte para o desenvolvimento neuronal Neuroestética curiosidade Há trinta mil anos as células nervosas desenvolveram a capacidade de percepção da cor marco evolutivo para espécie humana que pode selecionar melhor seu habitat e também escolher melhor sua comida Assim a percepção das cores permitiu ao homosapiens enriquecer sua dieta e sua capacidade de cognição devido à diversidade de nutrientes que passou a atuar na neuroquímica cerebral Fonte Nexojornalcombr Mas não é só aí que a arte tem um papel fundamental Refletirmos sobre a importância da integração sensorial para o processo de desenvolvimento Sabese que a integração sensorial responsável pela capacidade do organismo se autoorganizar para interagir com o mundo e dar respostas ao ambiente é dependente não só da maturação biológica mas das experiências e interação O processo pelo qual o sistema nervoso central SNC localiza classifica e organiza os impulsos sensoriais e transforma as sensações em percepção para 30 que o homem possa interagir com o meio é denominada integração sensorial AYRES apud LORENZINI 2002 p6 A arte seja em qualquer uma de suas linguagens visual musical dramática seja nos processos de fruição ou produção artística estimula os sentidos seja auditivo o tátil o visual e o cinestésico portanto favorece a integração sensorial É importante destacar que grande parte das ações e atividades acionadas quando há um comprometimento na função sensorial ou seja há desintegração sensorial que comprometendo a aprendizagem envolve as atividades artísticas Deste modo é fundamental que se possa considerar a arte como um dos mecanismos mais poderosos que atua positivamente para a o desenvolvimento e construção do conhecimento Veja que diz sobre a arte os Parâmetros Curriculares Nacionais PCN para as series iniciais A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética que caracterizam um modo próprio de ordenar e dar sentido à experiência humana o aluno desenvolve sua sensibilidade percepção e imaginação tanto ao realizar formas artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer as formas produzidas por ele e pelos colegas pela natureza e nas diferentes culturas BRASIL 1997 p 14 A arte participa da formação integral do ser humano Por isso é fundamental que a educação artística seja um compromisso de todo educador pois ela contribui significativamente para construção de conhecimento como um todo 22 Arte e construção de conhecimento artístico Fica patente a importância da arte para a construção do conhecimento em geral porém é importante compreender como se dá a construção do conhecimento artístico visando com isso entender sua importância para a formação cultural e desenvolvimento infantil o que implica entender que a atividade artística é complexa mas aberta repleta de possibilidades de transformação desde que tomada de forma adequada enquanto objeto de conhecimento 31 A dramatização a pintura a música e a dança o recorte e a colagem a modelagem podem ser possibilidades ou não A apropriação mecanicistas utilitarista dessas atividades programadas limitadoras marcam a impossibilidade A arte acontece no processo transformador mutador atendendo à dimensão do desejo do lúdico do espontâneo do possível VALENTE 1989 p20 A arte pode ser compreendida como um subsistema simbólico da cultura assim tomada é um bem simbólico representativo do sistema estético e como tal se expressa em manifestações culturais carregada pelo significado atribuído a ela pela vida social A vida social atribui a arte significados diversos mas no contexto e perspectiva aqui assumidos ela se caracteriza como objeto do conhecimento um campo próprio de saber É importante demarcar esta concepção pois a arte assume ao longo de sua história variadas formas visto que ela assume diversas atribuições como expressão estética como marcador cultural sinalização identitária e objeto de representação de identidades de pertencimento social refletindo um sistema de códigos que remontam a tempos e espaços distintos A essa possibilidade do diverso é preciso compreender que alguns perigos permeiam a ideia de arte como bem simbólico como qualitativo de cultura Reduzir a cultura à produção artística remetendo a arte ao ideal kantiano que a defende como atividade sem fim atividade do espírito pode última instância pode colocála como inútil acessória considerada à luz do sistema capitalista regido pela lógica do mercado É que nos alerta Adorno e Horkheimer O princípio da estética idealista a finalidade sem fim é a inversão do esquema que obedece socialmente a arte burguesa a inutilidade para os fins estabelecidos pelo mercado Adequandose por completo à necessidade a obra de arte priva por antecipação os homens daquilo que ela deveria procurar liberálos do princípio da utilidade p 205 A arte é um bem simbólico que deve ser assumida como um objeto de conhecimento que tem uma lógica própria é produção e necessidade inerente ao humano aquilo 32 que nos eleva da condição natural à condição de ser sóciohistórico regido pelo simbólico Subtrairnos dessa possibilidade de construção desse bem simbólico que é a arte na sua amplitude podenos alijar da possibilidade de construirmos nossa humanidade e nos tornarmos seres que só têm valor quando se mantém produtivo do ponto de vista mercadológico no contexto do capital E isso começa na infância mas nem sempre entendemos isso e depois nos queixamos da situação do mundo A necessidade de compreender a arte como expressão do humano e consolidação da humanidade em nós é entender que nossa existência e nossa construção como ser sóciohistórico depende de mantermos atividades que nos coloque diante da possibilidade de pertencimento como ser de valor como humano Assim é importante que a educação da infância requeira cuidados e isso depende assumir a necessidade da arte como forma humana de existir e de conhecer e interpretar o mundo Assim não fosse como explicar as garatujas a arte Naif a arte rupestre o grafite Elas são representativas da nossa necessidade de expressão de comunicação e de manifestação inerente ao humano e requer espaço apropriado para que se desenvolva Então vamos abordar cada uma dessas formas e como ela se liga à necessidade de assumir a arte como objeto de conhecimento e forma de existir Comecemos pela garatuja É claro que ela não encontrará utilidade prática a não ser que a concebamos como uma forma da criança existir interagir e compreender a si e o mundo Para entendermos como é importante assumir um posicionamento em relação à concepção da arte é fundamental Assim vamos ver como a garatuja pode ser definida Encontramos em diversos dicionários as seguintes definições de garatuja Garatuja substantivo feminino letra ruim disforme pouco ou nada inteligível desenho tosco malfeito mais us no pl 33 trejeito desajeitado ou grotesco do corpo ou da face esgar momice careta bobagem ação ou comportamento característico de quem é bobo tolo Mas contraponto tal ponto de vista indo além da compreensão da arte como objeto utilitário e que exige virtuosismo técnico que ficaram bem explícitas nas definições acima as garatujas hoje são compreendidas como imprescindíveis para o desenvolvimento infantil e assim compreendêlas como parte da motricidade da atividade sensóriomotora é apenas um dos aspectos que a tornam fundamental na infância lembrando que ela pode ser o primeiro registro da criança em relação à sua compreensão do mundo mas que já existe desde o primeiro gesto balbucio deguste audição dos sons que envolve as diferentes linguagens artísticas E é bom ressaltar que mesmo o virtuosismo técnico pode ser alcançado quando conhecemos a atividade artística das garatujas E de que forma a arte infantil se relaciona com a arte rupestre É possível associar ambas quando refletimos sobre a necessidade inerente ao humano de expressar e conhecer o mundo Podemos ver na garatuja e na arte rupestre forma de registro da existência humana que precisa ir além do existir Ambas demonstram que existem e se desenvolve se não cerceada por uma lógica instrumental Da mesma forma o Naif que é a arte do autodidata que criam uma forma de expressarse comunicar e compreender o mundo que os rodeiam que advém e se desenvolve a partir do próprio fazer de suas experiências estéticas E o grafite considerado por muitos como não arte entendido muitas vezes como pichação tem um papel fundamental como forma de expressão e como forma de manifestação artística arte urbana que sai dos espaços privados vai para os espaços públicos a rua as paredes de edifícios como marca de posicionamento crítico e político muitas vezes Tudo corrobora com a perspectiva que arte é necessária para o desenvolvimento humano e se queremos uma educação artística consequente na infância é preciso que a educação formal assuma tal responsabilidade compreendendo que a arte faz parte do desenvolvimento humano necessária e vital na infância 34 É importante ressaltar que a educação artística na infância deve ser assumida em todas as formas de linguagem visual musical dramática mas que abordaremos a expressão artística do desenho apenas como forma de exemplificar uma forma e que está inserido num dos campos mais estudados e com vasta literatura de apoio O desenho podese ser considerado o registro da atividade mental da criança assim deve ser incentivado e ter espaço reservado para o seu desenvolvimento como também as demais formas de expressão artística representadas pelos diversos mediadores artísticos expressão plástica musical dramática e respectivos recursos técnicos relacionados a cada um dos mediadores como o desenho E para falar em desenho vamos destacar um dos mais expressivos estudiosos do grafismo infantil Viktor Lowenfeld que o concebe o desenho como parte do desenvolvimento infantil uma forma significativa e reveladora dos processos cognitivos e afetivos da criança do mundo objetivo e subjetivo Lowenfeld parte do princípio que o desenho se desenvolve em etapas que se sucedem mas não da mesma forma e tempo para cada criança E descreve as fases a garatuja desordenada ordenada nomeada b préesquemática c esquemática d realismo e pseudonaturalista e por fim uma fase de decisão É preciso respeitar valorizar e propor experiências significativas para que haja desenvolvimento de todas as fases 23 O desenvolvimento cognitivo e o papel mediador da arte O desenvolvimento cognitivo e sua relação com a arte envolvem o desenvolvimento das faculdades mentais ou seja do raciocínio da inteligência assim como o bom funcionamento e uso do cérebro que ocorre principalmente em crianças e adolescentes No adulto a relação da arte com o desenvolvimento cognitivo se coloca na perspectiva de manutenção das conquistas e na possibilidade de bem estar que caracteriza a saúde mental que é favorecida de forma relevante pelo fazer estético e que se relaciona com a arteterapia Um trabalho em arte que se ligue ao desenvolvimento integral é fundamental e para isso é preciso pensar em conhecer as potencialidades do cérebro Tal compreensão envolve o entendimento de cérebro que se divide em dois hemisférios um que atua 35 com os aspectos objetivos o lado esquerdo que processa a matemática por exemplo e outro lado o direito em que predominam os aspectos subjetivos que envolvem as diversas manifestações artísticas como nos momentos em que as experiências artísticas se concretizam Experiências artísticas favorecem o desenvolvimento neuronal ou seja da estrutura e funcionamento do cérebro o que pode ser exemplificado pela experiência musical em propicia o desenvolvimento físico estrutural do cérebro de forma potencializada até os seis anos de idade pois nessa idade se têm janelas de oportunidades defendidas pela neurociência como momentos propícios para a aprendizagem musical o que não se coloca de forma tão favorável em outras idades As janelas de oportunidades devem ser aproveitadas para o melhor desenvolvimento cognitivo que coloca a necessidade de se propiciar experiências artísticas e estéticas que atuam para o desenvolvimento ótimo das funções cognitivas executivas e conativas que atua positivamente para o processo de aprendizagem Isso é similar nos processos de aprendizagem da escrita que altera a engenharia do cérebro Portanto não é só o desenvolvimento de uma habilidade específica mas envolve o desenvolvimento intelectual como um todo As artes são elementos préverbais que estão relacionados diretamente à percepção visual ao raciocínio abstrato atuando em diversas habilidades que numa educação conteudista fica prejudicada A arte propicia o desenvolvimento da sensibilidade ganho do raciocínio espacial pelo trabalho ativo com a percepção Ao trabalhar com qualquer elemento do aparato cerebral há uma propagação de seus efeitos para todo o cérebro que vai se promover benefícios mentais que envolvem a percepção e a criatividade que por sua vez contribuem para o desenvolvimento de habilidades para a resolução de problemas de forma mais ágil da mesma forma envolve o desenvolvimento da concentração que também contribui para o processo de aprendizagem pois atua diretamente na tríade funcional da aprendizagem O aprendizado é altamente favorecido pelo desenvolvimento dos aspectos neuronais e com isso há grande desenvolvimento da capacidade de aprender a aprender e de criar soluções novas 36 Mas a arte como forma de mediação no desenvolvimento cognitivo também é importante para a expressão e favorece a socialização desenvolvendo habilidades diferenciais que não são comuns para todos visto que muitas pessoas têm deficiências nessas áreas pois dificilmente tem o desenvolvimento artístico valorizado durante o seu desenvolvimento Porém os benefícios da arte sugerem até que otimizar o desenvolvimento mediado pela arte favorece inclusive a liderança que envolve a competência para identificar problemas e antever soluções para resolvêlos ou minimizar seus efeitos Mas entender as potencialidades da arte envolve a compreensão de que todos têm direito de ter seu desenvolvimento otimizado o que depende ultrapassar a perspectiva de ela só é possível a uns poucos que detêm o dom O desenvolvimento integral mediado pelas atividades artísticas deve ser promovido para todos ultrapassando o mito do dom pois é possível que uns tenham mais facilidade em determinados aspectos mas não por causa do dom visto que a possibilidade de criar não se apresenta como prérequisito para desenvolvimento 24 A espacialidade da Educação Artística Para compreender esta seção confira no COM A PALAVRA a entrevista com Rogério Garcia diretor escolar com amplo conhecimento de Educação Artística Assim você saberá se os espaços de produção artística se diferenciam ao longo da história e em função dos propósitos tendo em vista que atualmente os espaços de consumo de arte são distintos e estão relacionados à ação mercadológica ou de fruição Você também conhecerá sobre a trajetória do espaço de produção de arte do ateliê às ruas se a escola é um espaço de produção artística e em que se distingue dos demais espaços qual a importância do ensino da arte na infância se a arte deve constituir um objeto de conhecimento próprio ou se ela serve às demais áreas de conhecimento qual seria a orientação aos futuros professores que atuarão na educação infantil e séries iniciais para um trabalho significativo em arte 37 Conclusão do Bloco 2 É certo que a arte tem um papel fundamental como mediador no desenvolvimento cognitivo e mais atuando para otimizar as funções componentes da tríade funcional da aprendizagem o que faz com que a educação estética e artística seja crucial para a educação da infância reconhecendo as contribuições da neurociência e da neuroestética Referências do Bloco 2 BRASIL Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros curriculares nacionais arte Secretaria de Educação Fundamental Brasília MECSEF 1997 130 p FONSECA V Papel das funções cognitivas conativas e executivas na aprendizagem uma abordagem neuropsicopedagógica Rev Psicopedagogia 2014 3196 23653 LORENZINI MV Brincando a brincadeira com a criança deficiente São Paulo Manole 2002 LOWENFELD Viktor A criança e sua arte São Paulo Mestre Jou 1977 LOWENFELD Viktor Desenvolvimento da capacidade criadora São Paulo Mestre Jou 1970 PINO Angel Processos de significação e constituição do sujeito Temas de Psicologia 1 p 1724 Ribeirão Preto Sociedade Brasileira de Psicologia 1993 VALENTE Tamara da S Reflexão sobre arte na préescola In Silva C M Pimenta I M Tacts S P Coord Discutindo a educação préescolar Vitória Secretaria de Estado de Educação e Cultura do Espírito Santo 1989 46 p BLOCO 3 LINGUAGENS ARTÍSTICAS Constatada a importância da arte para a defesa do humano e do desenvolvimento integral é preciso conhecer e compreender de que forma ela se manifesta assim como quais são as contribuições específicas na educação da infância Assim este material apresenta as diferentes linguagens como a visual a musical a dramática e 38 corporal Merece destaque o desenho que é um dos aspectos mais estudados dentre os que figuram nas diferentes linguagens 31 Linguagem visual A linguagem visual está presente no cotidiano nas mais variadas formas inclusive em outras linguagens artísticas A imagem e a forma são seus componentes primordiais e seus elementos constituintes são o ponto linhas planos cor textura movimento etc Esses elementos formam a imagem que constituemse de formas e esta pode se apresentar em duas ou mais dimensões E assim ela pode se materializar na pintura no desenho na escultura na gravura nos vitrais na mídia visual na fotografia no cinema no design etc Você conhece algum espaço ou tempo de sua vida em que a imagem ou a linguagem visual não se faz presente Até quando dormimos a imagem se faz presente nos sonhos de modo que podemos afirmar que ela é uma constante em nossas vidas E se assim o é será importante garantir experiências artísticas na educação da infância apoiada na linguagem visual A experiência estética é fundamental na infância e a variação dessas experiências deve estar presente no cotidiano da vivência educativa Assim é importante que a criança participe da criação e apreciação de materiais visuais Para compreender a linguagem visual vamos participar de uma experiência visual diferente pela ausência da imagem real mas pela sua presença no espaço de sua imaginação Para isso sugiro que crie uma imagem de um personagem Está difícil visualizar o nosso personagem Justamente ele que vai nos contar sobre como a arte se expressa na modalidade visual Mas vou lhe auxiliar a compor seu personagem Imagine o seu aparecimento saindo de uma poça de tinta colorida e indo em direção a um cavalete que surge com uma moldura onde esse personagem vai se concretizando Sua forma é um pincel E sabe mais o que seu personagem tem Uma boina característica dos pintores Vamos lá seu personagem agora está rodopiando e passa a produzir obras de arte rodopia e inscreve seus pontos traços e formas nas paredes nos muros no papel de diversos 39 tipos registrando nos diferentes suportes as figuras ora mais clássicas ora mais modernas e outras que são abstratas A linguagem visual permite a transposição de ideias para o plano concreto Ao desenhar ou pintar a criança participa da criação de obras visuais A pintura e o desenho são bem característicos da arte visual Mas são as únicas formas Vamos continuar a brincar com o personagem Agora ele sai do cavalete e ao rodopiar ele se esfacela como poça de tinta de novo mas se reergue a partir de poça de tinta e aos poucos começa a surgir em outra forma Agora El ressurge pelo processo de modelagem mas qual material é feito este personagem agora Use a imaginação Será que ele é feito de argila De que cor Não é de argila é feito de massinha de modelar ou plastilina e varia de cor Veja que agora estamos abordando outra forma de expressão visual que é a escultura e ela pode ser realizada por esses ou outros materiais de modelagem Esse personagem conclui a performance se transformando em estruturas tridimensionais como se fossem caixas sobrepostas e justapostas formando estruturas tridimensionais Isso também é arte visual E tal como na pintura o personagem vai se transformando em escultura e vai se construindo em obras de todo tipo e encontra outros materiais como ferro vidro materiais naturais que ao se juntarem formam peças de esculturas as mais variadas sejam figurativas ou abstratas mostrado toda a diversidade de esculturas Viu como é possível conhecer a linguagem visual que se apóia na imagem sem têla diante de nossos olhos Essa é uma das formas de compreender como a arte atua no nosso cérebro pois a arte permite que a criatividade e a imaginação aflorem e quando realizada concretamente permite que se otimize as funções componentes da tríade funcional da aprendizagem o que envolve entre outras a coordenação visomotora tão importante para o processo de aprendizagem Ora que se convenceu do potencial da linguagem artística e da experiência estética vamos continuar para conhecer mais sobre a linguagem visual Reencontre seu personagem e agora ele ao se desmanchar das estruturas vai reaparecendo e clarões o fazem pro a mão no rosto tentando evitar os clarões que surgem a partir de uns cliques A cada clarão uma foto surge e podemos ver se formando um rolo de 40 fotografia desde as fotos mais antigas às atuais e nelas se veem paisagens e pessoas arte figurativa Mas poderia não ser Continuemos com o nosso personagem que agora que ter o rolo de fotografia em mãos mas esse é mais esperto e corre e se encaixa numa filmadora que emite imagens num grande telão São imagens do cinema mudo posteriormente são acompanhadas de som depois de cor os personagens do telão atualizam suas vestes e parecem compor com o cenário todo uma cena corriqueira Até agora estamos nos remetendo a formas de linguagem visual que provavelmente você já teve contato mas vamos trazer algo que pode ou não ser novidade O personagem se apresenta agora num stop motion Você já viu um Stop Motion que poderia ser traduzido como movimento parado é uma técnica que utiliza a disposição sequencial de fotografias diferentes de um mesmo objeto inanimado para simular o seu movimento Estas fotografias são chamadas de quadros e normalmente são tiradas de um mesmo ponto com o objeto sofrendo uma leve mudança de lugar afinal é isso que dá a ideia de movimento Cientificamente falando o Stop Motion só é compreendido como movimentação pelo fenômeno da Persistência Retiniana Ele provoca a ilusão no cérebro humano de que algo se move continuamente quando existem mais de 12 quadros por segundo Na verdade o movimento desta técnica cinematográfica nada mais é que uma ilusão de ótica Fonte httpswwwtecmundocombrplayerdevideo2247oqueestopmotion htm E seu personagem agora se vendo no stop motion reflete sobre si e sobre sua aventura enquanto personagem da linguagem visual e pensa muito vivi e hoje caminho pelas diferentes linguagens as vezes eu estou pequeno mas vou ficando gigante e isso é possível porque eu reúno no quadro a quadro pela técnica de animação os movimentos que me dão vida 41 Imagens são componentes da linguagem visual produzilas em suas diferentes formas é possível e necessário à educação da infância Crianças devem ser criadoras e apreciadoras de obras representativas da linguagem visual A educação estética é instrumento de desenvolvimento integral da criança pois envolve aspectos cognitivos culturais emocionais e sociais 32 O desenho espaço de produção cultural das crianças Vimos que a cultura é um conceito amplo que abriga entre tantas manifestações a arte que por meio das diversas linguagens artísticas entre as quais se inclui a linguagem visual dentre as quais figuram o desenho a pintura a modelagem a colagem a fotografia o cinema e em especial a expressão plástica como importante mediador artístico A expressão plástica e a linguagem visual contam com uma diversidade de recursos vamos fazer um destaque para o desenho que como as demais formas é o espaço de produção cultural das crianças e por isso é tão importante compreendêlo o que inclui reconhecer de que forma atua no desenvolvimento infantil O grafismo infantil representado pelo desenho é uma das primeiras manifestações artísticas e acompanha o desenvolvimento motor e psicológico da criança como afirmam diferentes estudiosos LUQUET LOWENFELD KELLOGG PIAGET Deriva do gesto pode ser espontâneo ou fruto de técnicas adquiridas pode ser uma forma de elaboração da vivência organização e apreensão do mundo pela criança caracterizando um exercício de simbolização e capacidade de abstração O desenho também é entendido como registro da ação sensível do pensamento e campo dos acontecimentos processuais em que se podem atribuir a cada traço um sinal do pensamento Pode ser construído por muitas de suas variantes lápis grafite lápis de cor lápis de cera canetas de feltro carvão entre outras possibilidades e carrega muitas potencialidades criativas e simbólicas Entre as possibilidades criativas vemos que sua construção por meio do desenho permite que pormenores sejam contemplados as texturas possam ser expressas cores aparecerem em diferentes tonalidades representação de formas abstratas ou 42 figurativas que em princípio parecem se revelar por estruturas simples em que a linha um dos elementos visuais se constituem como o principal elemento constitutivo da forma Ao refletirmos sobre o desenvolvimento infantil é possível verificar que o desenho a provoca áreas cerebrais por meio de estímulos multissensoriais b favorece a expressividade e as narrativas c desenvolve conexões nervosas mais complexas e abrangentes d favorece o desenvolvimento motor e intelectual e possibilita a criação e a conversa com os saberes da cultura nele representados Embora muitos reconheçam o potencial do desenho alguns relativizam um ou outro aspecto Assim apesar do reconhecimento da importância do desenho no desenvolvimento infantil algumas perspectivas diversas entre autores podem surgir Vejamos Edith Derdyk afirma que o desenho é linguagem inata toda a criança de qualquer tempo e lugar desenha Toda criança possui intimidade com o desenho como ponte de investigação expressão e comunicação com o mundo Mas Rosa Iavelberg entende que única coisa que sabemos ser universal no desenho infantil é a garatuja Todo o resto depende do contexto cultural Isso colocanos frente à necessidade de compreender como se dá o desenvolvimento do grafismo infantil que será fundamental para aprendizagens ulteriores inclusive a alfabetização É importante destacar que de uma etapa para outra os momentos são muito tênues flexíveis o que permite observar e conhecer o modo como cada criança desenha ao longo do seu desenvolvimento Nas fases do desenho podem ter idas e vindas e misturar características de vários momentos Vamos compreender o que ocorre nas diferentes fases A criança de 0 a 2 anos se relaciona com o mundo por meio do corpo pelo qual demonstra suas percepções sensações e emoções Para Florence de Mèredieu 1974 o primeiro espaço gráfico da criança é o corpo sobre o papel ou seja os movimentos de seu corpo no espaço 43 Nessa fase a imitação é um importante mecanismo da aprendizagem e ela aparece nos gestos pelos quais aprende movimento nos sons quando aprende os rudimentos da fala a ação do adulto ao riscar o papel Nessa fase a criança deixa marcas pelo prazer e pelo estímulo visual dos traços que registra no papel na areia no chão e nas paredes A ação da criança está ligada às marcas que surgem e por isso é muito importante a variedade de marcas garatujas e a exploração das diversas maneiras de preencher o papel ou qualquer espaço É também fundamental que haja frequência do desenhar pois isso permite à criança memorizar sua forma de criar ao mesmo tempo que ganha controle motor que lhe permite produzir as mesmas formas de maneira mais limpa e controlada O grafismo surge como aquisição do repertório advindo das experiências que a criança experimenta por meio de combinações sobreposições agrupamento ou repetição Ao desenhar livremente a criança explora o espaço e começa a surgir o figurativo e novas marcas geram novas descobertas É comum que surjam algumas formas livres e irregulares outras um pouco mais definidas sugerindo o quadrado o triângulo o círculo a cruz e a letra x Muitos dos estudiosos do grafismo infantil indicam que após o período da garatuja há o aparecimento da organização concêntrica em que o centro marcado apresenta simetria e é a partir disso que surge o figurativo O formato do sol é de onde partem as demais imagens e conquistas gráficas É pela exploração do próprio desenho nos diferentes suportes com suas qualidades lisa áspera grande pequeno duro e mole com as diferentes possibilidades como riscar marcar modelar e pintar sobre superfícies variadas que a criança conquista o aprimoramento do desenho o que não ocorre se o único modelo que lhe apresentam são os desenhos prontos Muitas vezes o adulto que acompanha a produção da criança se pronuncia sobre o que ela desenhou porém este é um questionamento não salutar visto que a criança não pensa ainda numa narrativa para seu desenho mas pode criar um significado apenas para satisfazer o adulto uma resposta que não tem relação com sua criação de fato mas que terá influência na sua compreensão de que para ter valor um desenho deve 44 ser figurativo deve representar algo o que a fará antecipar a busca por soluções esquemáticas e figurativas em sua produção Oura atitude contraproducente que adultos em geral educadores fazem é escrever o significado dos desenhos na produção infantil o que interfere na estética do desenho e pode significar desrespeito para a criança A partir dos três anos surge a figura humana e o desenho passa a ser mais figurativo E como a criança está na fase do faz de conta ampliase o uso das palavras e das narrativas e tudo passa a ter nome e significados A figuração aparece a partir dos agrupamentos e sóis concêntricos os raios do sol serão pernas e braços e daí também surge a cabeça na figura humana Isso constituirá sua pesquisa gráfica pela qual experimenta e elabora novos símbolos sem contudo abandonar as garatujas Outras formas figurativas como os animais as árvores flores e vegetais surgem dessas pesquisas em que membros antes raios de sol são jogados para baixo E dessa forma com combinações fazem surgir novas formas como casas e meios de transporte ainda que não esteja preocupada em fazêlos parecer com os seres e objetos do mundo real Esse perpassar do abstrato garatujas ao figurativo é defendido por muitos apesar de nomearem as fases de forma distinta Para exemplificar a similaridade das fases que se sucedem como descrita anteriormente também para Lowenfeld a criança inicia o processo de desenhar fazendo garatujas ou rabiscos de forma desordenada que vão se ordenando É pela prática do rabiscar que a criança passa a fazer formas que geram figuras humanas constituídas por cabeças redondas e membros que se originam dela e por meio da experimentação e repetições de suas produções vão adquirindo maior detalhamento e os desenhos evoluem para a composição As composições da criança revelam que sua produção será a representatividade daquilo que vive quando imersa em sua cultura desde que lhe seja propiciadas experimentação e vivências do desenho Experiências que propiciem variar os suportes e recursos técnicos O quadro abaixo pode ser representativo de como os diferentes estudiosos se assemelham na descrição das fases do desenho BERSON Mèredieu 2006 LUQUET LOWENFELD PIAGET 45 Estágio vegetativo motor Realismo fortuito Rabisco ou garatuja ordenada desordenada nomeada Garatuja ordenada e desordenada Estágio representativo Realismo fracassado Figuração pré esquemática Préesquematismo Estágio comunicativo Realismo intelectual Figuração esquemática Esquematismo Realismo visual Figuração realista Realismo Pseudo naturalista O importante é ter claro que o desenvolvimento infantil passa por fases e que ele é representativo da cultura em que a criança vive concordando com Iavelberg 2013 que afirma que a garatuja é a única forma inata as demais vão depender da imersão da criança na cultura imagética o que implica que criança tenha disponível além de suportes e recursos distintos para suas pesquisas gráficas imagens de obras representativas da cultura por meio da apreciação e reflexão sobre obras do acervo universal quanto regional e local propiciando a maior variedade possível de estilos 33 Linguagem musical Para entender esta seção confira no COM A PALAVRA a entrevista com as pedagogas Silvia Maria dos Santos Mello e Graciela dos Santos Mello Assim você saberá O que é a música e se a musicalização é importante para o desenvolvimento da criança se há algum tipo ou ritmo de música que deve prevalecer no processo de musicalização na infância se a música é um objeto de conhecimento próprio e assim deve ser ensinada ou se ela é um recurso para auxiliar nas outras áreas de conhecimento se é importante não esquecer que como parte da arte ela tem um espaço de construção específico como atuar no ensino de música na interface com a tecnologia na infância se é importante um resgate da música que não tenha interferência da tecnologia qual seria a orientação aos futuros professores que atuarão na educação infantil e séries iniciais para um trabalho significativo que considere o potencial da música para o desenvolvimento infantil 46 34 Linguagem dramática e corporal A expressão dramática que provém da palavra grega drama significa ação e grosso modo é compreendida como a forma encenada com uso da linguagem teatral em que a expressão corporal tem participação significativa mas conta com inúmeros elementos de outras linguagens artísticas que estão contidos no cenário no figurino na iluminação e na sonoplastia Traz em cena a ação que ocorre nos espaços cênicos e os personagens Estabeleceu relação destes elementos com as linguagens que foram apresentadas anteriormente É importante como educador compreender o que é e qual é papel da arte dramática na educação da infância Isso implica em reconhecer o teatro como arte em que a cultura e o conhecimento se expressam no espaço cênico exigindo do homem a sua presença de forma completa com seu corpo sua fala seu gesto manifestando a necessidade de expressão e comunicação BRASIL 1997 O jogo simbólico é uma das primeiras manifestações dramatizadas da criança pela qual ela organiza o pensamento e o conhecimento de forma integradora A arte dramática é uma atividade coletiva que acolhe o individual e pela qual se tem a oportunidade de desenvolvimento a partir do estabelecimento de relações pelas quais se aprende a ouvir a acolher e a ordenar opiniões respeitando as diferentes manifestações com a finalidade de organizar a expressão de um grupo BRASIL 1997 A escola deve cuidar para o desenvolvimento da linguagem dramática e da expressão corporal permitindo que a espontaneidade lúdica e criativa se faça presente e valorizada pois é uma forma de apropriação crítica e construtiva dos conteúdos sociais e culturais assim como propicia a integração da imaginação percepção emoção intuição memória e raciocínio Conforme aponta os PCN As propostas educacionais devem compreender a atividade teatral como uma combinação de atividade para o desenvolvimento global do indivíduo um processo de socialização consciente e crítico um exercício de convivência democrática uma atividade artística com preocupações de organização estética e uma experiência que faz parte das culturas humanas BRASIL 1997 p 52 47 A arte dramática envolve códigos próprios e promove a aproximação com demais linguagens artísticas e outras como a literatura o que contribui com o desenvolvimento integral e também com a competência expressiva artística estética leitora e escritora da criança A linguagem dramática pode ser explorada por meio de diferentes formas de participação da criança como o teatro tradicionalmente conhecido o teatro de bonecos de sombra e ainda com uso de marionetes máscaras fantoches e dedoches A partir da compreensão e desenvolvimento expressivo corporal textual visual sonoro da criação teatral é possível desenvolver uma experiência significativa e integradora que contribui para o desenvolvimento integral da criança Conclusão do Bloco 3 A exploração de atividades que envolvem as diferentes linguagens artísticas é de suma importância para a educação da infância Assim crie espaço e atividades que incluam experiências nas diversas áreas nas quais a criança possa se expressar comunicar sentidos sentimentos sensações desenvolverse cognitivamente corporalmente plasticamente musicalmente pois é um direito da criança poder se desenvolver de forma integral Isso impõe que a variedade e diversidade de atividades que envolvem as diferentes linguagens artísticas estejam presentes nos espaços educativos e a arte e educação artística e estética Referências do Bloco 3 ARNHEIM Rudolph Arte e percepção visual uma proposta visual uma psicologia da visão criadora Ed USP 1986 BRASIL Secretaria de Ensino Fundamental Parâmetros curriculares nacionais arte Brasília 1997 BARBOSA Ana Mae A imagem no ensino da arte São Paulo Perspectiva 2005 CAMARGO Luís Pode rabiscar tia Fazendo artes Rio de Janeiro nº 14 p 49 1989 48 DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do grafismo infantil São Paulo Scipione 1989 O desenho da figura humana São Paulo Scipione 1990 YAVELBERG Rosa Desenho na educação infantil São Paulo Melhoramentos 2013 KELLOG Rhoda Analyzing childrens art Trad Diorki Palo Alto California Mayfield Publishng Comp 1969 LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadora São Paulo Mestre Jou 1970 LUQUET GeorgesHenri O desenho infantil Porto Livraria Civilização 1979 MÈRIDIEU Florence de O desenho infantil São Paulo Cultrix 2006 OSTROWER Fayga Criatividade e processos de criação Petrópolis Vozes 1987 PIAGET Jean INHELDER Bärbel A representação do espaço na criança Porto Alegre Artes Médicas 1993 PIAGET Jean A formação do símbolo na criança LTC 2010 PILAR Analice Dutra Desenho e construção de conhecimento na criança Porto Alegre Artes Médicas 1996 Desenho e escrita como sistema de representação Porto Alegre Artes Médicas 1996 VIGOTSKI Lev A formação social da mente o desenvolvimento dos processos superiores São Paulo Martins Fontes 1988 BLOCO 4 ARTEEDUCAÇÃO CONCEITO FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS A arteeducação fundamenta o ensino da arte tomandoa não só como linguagem expressão como área de conhecimento reconhecendo a arte como manifestação inerente ao humano Mas não foi sempre assim o ensino de arte seguiu um longo percurso e as diferentes formas e manifestações ainda se fazem presentes hoje e coexistem nas salas de aula da educação básica nem sempre realizado de forma crítica 49 41 Panorama do ensino de arte no Brasil A história do ensino de arte no Brasil remonta muitos anos e sua importância é vital para que possamos compreender de que forma chegamos ao estado atual na arte educação Para isso é preciso compreender que conforme diz Fusari assim como outras áreas do conhecimento surgem de mobilizações políticas sociais pedagógicas filosóficas e no caso da arte também de teorias e proposições artísticas e estéticas A educação no Brasil tem início com os jesuítas e com a escola de letras destinada à elite Ratio Studiorum Trivium e Quadrivium e isso vai repercutir no ensino de arte que não está apartado da educação Aos nativos a arte serviu à catequese com a utilização da música do canto coral teatro e viveu as reduções daquilo que se chamou de escolasoficinas nas quais se formava o artesão para áreas fabris apoiada na ideia de artes e ofícios e nas artes liberais pintura escultura arquitetura e engenharia juntamente com a filosofia e teologia estas últimas destinadas aos homens livres que tinham as atividades manuais excluídas de sua formação diferentemente dos exercícios praticados pelos artesãos Barbosa 2009 Em 1759 após a expulsão dos jesuítas do Brasil instalase o primeiro sistema público de educação no país e o ensino por meio de aulas régias de Ciências Artes Manuais e Técnica em geral para a elite e o desenho passa a ser uma das primeiras manifestações no ensino de arte sendo introduzindo no currículo aula régia de desenho e figura O ensino de arte se constituiu de forma informal e os artistas e artesãos brasileiros foram responsáveis pelo ensino da arte nas oficinas sob a orientação do mestre dando origem à corporação de artistas ou oficinas de artífices e artesãos único espaço de educação popular Em 1816 o ensino de arte nas academias tem início com a Missão Artística Francesa importando o modelo neoclássico momento no qual o ensino de arte é institucionalizado Em 1826 foi fundada a Academia Imperial de Belas Artes e a Escola Real das Ciências Artes e Ofícios a qual pretendia incluir duas classes de alunos o artesão e o artista que como classes distintas recebiam educação diferenciada o artista com formação 50 ampliada e teórica e os artesãos com formação na aplicação e prática mecanicista Mas mesmo na educação do artista o ensino de história da arte só será contemplado na Academia Imperial de Belas Artes em 1890 Na escola primária e secundária se realiza cópia de retratos de pessoas importantes de desenho de santos e de estampas europeias Em 1856 foi criado o Liceu de Artes e Ofícios de Bethencourt da Silva no Rio de Janeiro e outros se espalharam em todo o país local destinado a tarefa de formar o artífice e os artistas provenientes das classes operárias As tendências advindas da Missão Francesa com tendência neoclássica se tornaram menos rigorosas aproximando o ensino dos movimentos impressionistas e surgem novas leis da educação e a reforma do ensino republicano em 1890 vai introduzir o ensino do desenho obrigatório no ensino primário e secundário com a intenção de preparo para o trabalho e aperfeiçoamento intelectual Segundo Proença 2000 p 218 o ensino da arte não tinha uma preocupação com a arte em si e menos ainda com a história da arte Na década de 80 do século XIX defendiase a ideia de que uma educação popular para o trabalho objetivo principal da arte na escola influenciado pelo modelo americano que defendia a união entre a criação e a técnica que culmina na obrigatoriedade do desenho técnico na escola primária e secundária Barbosa 202 p44 aponta que por influência do liberalismo o ensino do desenho foi fundamental na escola secundária e mais ainda na primária o que segue até o início do século XX O desenvolvimento industrial se apoiaria na educação técnica Com isso o ensino do desenho geométrico tornouse obrigatório no ensino secundário influenciado pela educação norteamericana ideias de Walter Smith No início do século XX houve uma grande preocupação com a obrigatoriedade do ensino de artes no ensino primário e secundário tendo o desenho a forma primordial de inserção do ensino de artes nas escolas voltado para o trabalho industrial O desenho vai se identificando com a escrita muito mais do que com as artes plásticas o que serve de base para demonstrar que a capacidade de desenhar natural nos homens deve ser acessível a todos e não constitui um dom ou vocação trazendo um novo olhar para a arte 51 O desenho será por muito tempo o foco da educação em arte e mesmo que ainda focado no desenho conforme Barbosa 2002 informa começam a surgir novas abordagens referentes ao ensino de arte na escola e na educação brasileira E assim no século XX acontecem várias mudanças na sociedade decorrentes de relações econômicas sociais culturais e pedagógicas que interferem na educação e a Semana de 22 que renova a produção de arte vai influenciar também o ensino de arte Em 1932 com o Manifesto dos Pioneiros da Educação Anísio Teixeira Fernando de Azevedo e Cecília Meirelles e pelo movimento da Escola Nova o ensino de arte voltou se para as ideias de alguns teóricos que vão fundamentar o ensino sob novas bases Assim a livre expressão influenciada pelas ideias de John Dewey e teóricos da arte apoiada nos aportes psicológicos é inserida nos novos métodos e o ensino de arte acaba superando os cânones tradicionais As novas abordagens no ensino de arte influenciadas por Dewey Lowenfeld e Read voltamse para a expressão a partir dos interesses do aluno que a caracterizam como uma pedagogia essencialmente experimental e psicológica Ferraz e Fusari 2009 p 47 Ferraz e Fusari 2009 p 50 apontam mudanças no currículo do ensino de arte com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Lei nº 40241961 visto que a arte deixa de ser compreendida como um campo preferencial de saberes sistematizado e como as demais tornamse uma prática para aprimorar a personalidade e hábitos adolescentes Há um período de retorno e diluição das propostas anteriores Proliferam os estereótipos os trabalhos manuais a música e canto orfeônico Após esse período duas vertentes da arte se sucedem apoiadas na leitura das proposições de Dewey o desenho pedagógico e a arte denominada consumatória O desenho pedagógico trazia um processo de sensibilização reflexão e ação que se vinculava ao desenho unir a experiência estética e a experiência corporal e musical que foi deturpada e tornouse uma experiência cruel do ensino de desenho por duas décadas no Brasil A arte consumatória partia da ideia que um conceito só poderia ser apreendido quando ao final se consolidava o conteúdo por meio do desenho ou outra técnica 52 como a colagem a pintura etc ou seja a arte era usada para ajudar a criança a organizar e fixar conceitos apreendidos em outras áreas de estudo Isso equivale ao ensino pela arte O ensino de arte experimental ocorria em escolas de arte para alunos oriundos de escolas públicas A reforma demora em relação à mudança de visão relacionada ao ensino de arte a disciplina não é vista como uma disciplina importante no currículo escolar considerada como uma mera atividade havendo uma desvalorização do conhecimento das linguagens artísticas e a história da arte continua sem sequer ser citada O Estado Novo interfere nos rumos da Escola Nova e no desenvolvimento da arteeducação cristalizando alguns procedimentos antilibertários como o desenho geométrico na escola secundária e na escola primária o desenho pedagógico e a cópia de estampas usadas para as aulas de composição Iniciase a pedagogização da arte na escola numa utilização instrumental para treinar o olho e a visão Por outro lado havia ou uso da arte para liberação emocional e para o desenvolvimento da originalidade representados por Augusto Rodrigues e Noemia Varella escolas experimentais com grande valor para a arte Em 1964 as escolas experimentais foram fechadas inclusive escolas de educação infantil e outras que deveriam se normatizar e estereotipar seus currículos iguais as outras do sistema escolar A prática de arte nas escolas públicas primárias foi dominada por desenhos alusivos a comemorações cívicas religiosas e outras festas e na escola secundária predominava o desenho geométrico Com a LDB nº 569271 as disciplinas de música artes plásticas artes cênicas e desenho denominadas como Educação Artística passam a ser obrigatórios no currículo escolar do 1º e 2º grau introduzindo a polivalência no ensino de arte o que tornou ainda mais equivocado o ensino de arte advindo da pouca oferta de cursos para a formação dos professores da inexperiência para exercer com domínio todas as linguagens artísticas da falta de apoio teórico ou instrumental e da fragilidade metodológica 53 Com a educação tecnicista coexistem no ensino de arte a abordagem tradicional e escolanovista conforme aponta Pessi 1994 p27 e prevalece na escola cópia desenho geométrico educação através da arte e livre expressão Novas abordagens decorrentes da influencia da Pedagogia Libertadora Pedagogia Libertária e Pedagogia Histórica Crítica surgem no contexto educacional com o intuito de renovar a educação em arte em relação às práticas sociais O ensino da arte será influenciado pelas ideais de Paulo Freire com a consideração da cultura como elemento conscientizador Na educação libertária voltada para a independência teórica e metodológica há a defesa de um ensino livre da influência social A Pedagogia históricocrítica anos 80 do séc XX na intenção de preparar para a vida social para a participação ativa na sociedade consideraria a apropriação do conhecimento importante para o exercício da cidadania vai influenciar diretamente o ensino de artes dos anos 80 90 e na contemporaneidade Ainda nos anos 80 o surgimento das associações de professores e pesquisadores do ensino de arte auxiliando a formar novos conceitos em relação ao ensino e aprendizagem de arte na educação Há a busca por um ensino de arte obrigatório com valorização da arte enquanto objeto de conhecimento que passa a fazer parte do currículos das escolas de educação básica a partir da LDB de 1996 Nesse contexto surgem novas abordagens metodológicas entre as quais a Proposta Triangular voltada para uma educação em arte mais renovada e dentro dela a história da arte possui um espaço importante A Proposta Triangular começa a ser difundida no Brasil no período dos anos 90 a partir dos estudos feitos por Ana Mae Barbosa no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo em que o ensino da arte está associado à história da arte o fazer artístico e à leitura da obra de arte Barbosa 2001 p 37 explica os fundamentos da proposta leitura envolve análise crítica da materialidade da obra e princípios estéticos ou semiológicos ou gestálticos ou iconográficos A metodologia de análise é de escolha do professor o importante é que obras de arte sejam analisadas para que se aprenda a ler imagem e avaliála esta leitura é enriquecida pela informação histórica e ambas partem ou desembocam no fazer artístico 54 No que se refere à história da arte Ana Mae aponta que o conteúdo auxilia o aluno a compreender algo do lugar e tempo nos quais as obras de arte são situadas e ainda aponta nenhuma forma de arte existe do vácuo parte do significado de qualquer obra depende do entendimento do seu contexto Sendo assim o estudo da história da arte aproxima o aluno da compreensão do contexto na qual cada obra ou período estudado se situa para tanto a estética ajuda esclarecer e compreender melhor o que é visto dentro dos conteúdos da história da arte Apesar da importância de se conhecer os princípios de cada estilo e movimento artístico e as relações sejam no meio social político e cultural cada geração tem direito de olhar e interpretar a história de uma maneira própria dando um significado à história que não tem significação em si mesma BARBOSA 2001 p38 Atualmente a metodologia triangular concebe um currículo que interliga o fazer artístico a história da arte e a análise de arte estariam se organizando de maneira que a criança suas necessidades seus interesses e seu desenvolvimento estariam sendo respeitados e ao mesmo tempo estaria sendo respeitada a matéria a ser aprendida seus valores sua estrutura e sua contribuição especifica para a cultura BARBOSA 2001 p35 A metodologia triangular é a veiculada atualmente nos documentos referenciais para o ensino de arte Mas é importante refletir o quanto ainda hoje muitas dessas concepções de arte e de seu ensino arte como saber arte como expressão arte como linguagem e arte como sistema cultural tendências e metodologias decorrentes estão presentes na sala de aula de forma híbrida e podem ser adotadas acriticamente 42 Compreender a arte e os ofícios e como ela foi repercutiu na arteeducação Para compreendermos a denominação de Artes e os Ofícios que fizeram parte da educação em arte no Brasil antes é preciso refletir que há uma dissociação entre arte e ofícios a partir do século XVI quando o artista recebe um status que o diferencia do artesão sendo os primeiros considerados como teóricos e intelectuais exigindose formação especializada e cuja produção está relacionada à arte acadêmica que passa 55 a assumir o caráter de belasartes contrapondose ao artesanato que na era industrial e produção de massa fica associado à arte aplicada A arte aplicada se relaciona a diferentes modalidades da produção artística presentes no cotidiano na criação de objetos utilitários em pecas ou construções úteis na arte decorativa na arquitetura no design nas artes gráficas no mobiliário As belasartes e as artes aplicadas ora se dissociam ora se aproximam mas em suas aproximações caracterizam vários movimentos das Artes e Ofícios como contraposição ao desenvolvimento industrial e à produção de massa Na metade do século XIX vamos ter na Inglaterra o movimento Arts and Crafts encabeçados por Ruskin e Morris que associa o artesanato criativo como alternativa à mecanização industrial e produção em massa que estava no auge e agrega a reforma social e questões políticoeconômicas em que há junção entre a arte e vida social É importante registrar que as Artes e Ofícios é originário da art nouveau movimento ocorrido na Europa e continente norteamericano que vai aproximar a arte e artesanato trazendo para o interior da produção artística materiais da era industrial como o vidro o ferro e o cimento valorizando a arte manual e os ofícios e introduzindo na produção industrial acabamentos mais sofisticados e que se aproximam do artesanato O estilo art nouveau visa revalorizar a beleza colocála ao alcance de todos fazendo a articulação entre arte e indústria função e forma utilidade e ornamento Outra aproximação entre arte artesanato e indústria ocorre com a experiência da Bauhaus em 1919 coordenada por Gropius que faz a junção do ideal do artista artesão expondo a complementaridade das artes sob a égide do design e da arquitetura É perceptível as afinidades da Bauhaus com as vanguardas pela ligação entre projeto estético e político pela ideia de que a arte deve ser funcional na perspectiva de pensar a pintura e a escultura como construções e pela proximidade com a arquitetura materiais procedimentos e objetivos Na década de 20 do século XX as artes aplicadas será representativa no estilo art déco que recolocase o nexo entre arte e indústria tendo a decoração como elemento mediador em cujas soluções são buscadas pelo uso de linhas retas e estilizadas 56 formas geométricas e design abstrato que estarão muito associadas com as vanguardas do início do século mas com uso de materiais mais luxuosos empregando materiais como jade laca e marfim No Brasil as artes aplicadas têm lugar no interior do modernismo de 1922 por meio da pintura tapeçarias e objetos representados pelos artistas John e Regina Graz e Antonio Gomide Na década de 50 vai se ver representada no grupo concreto paulista em que o nome de Geraldo de Barros se destaca pela sua proximidade com o desenho industrial e com a criação visual sobretudo a partir de 1954 quando funda a cooperativa Unilabor e a Hobjeto móveis dedicadas à produção de móveis e a Forminform também criada por ele destinase à criação de marcas e logotipos Como se vê as artes e ofícios é a união do que se conheceu como belasartes e artes aplicadas Muitos monumentos têm ornamentos representativos dos diferentes movimentos apresentados aqui No ensino de arte o movimento das artes e ofícios se apresentará pelo ensino do desenho geométrico valorizando a técnica em si e sua associação com a arte decorativa que tinha como proposta o desenho de rosáceas representando apenas um exercício de virtuosismo técnico dissociado completamente de uma consequência política ou social 43 A livre expressão e o ensino de arte A livre expressão foi uma metodologia significativa no ensino de arte inclusive no Brasil e envolve a experiência estética que contempla aspectos sensoriais sentimentais e emocionais em que o sujeito é o centro desta concepção Sob influência do romantismo do século XVIII e XIX vai se configurar no início do século XX como modelo educacional representativo da Escola Nova Para compreender a livre expressão como concepção metodológica no ensino de arte é preciso remontar à década de 1930 em que figurou o Movimento da Escola Nova no qual se desloca o ensinoaprendizagem centrado no intelecto para as emoções e outros aspectos psicológicos No contexto sociopolítico ocorre o término do Estado Novo que até então restringia a liberdade dos estudantes associada ao ensino do desenho geométrico que vai 57 propiciar força à ideia de se valorizar a arte como livre expressão como forma de contrapor tal contexto O ensino de arte por sua vez apoiado nos estudos e pesquisas Herbert Read e Lowemfeld vai dar consistência ao Movimento Escolinhas de Artes MEA no Brasil na década de 40 do século XX que propõe a pesquisa e novos parâmetros para a arte educação fundamentados na liberdade de expressão Os principais expoentes foram Augusto Rodrigues AEB e Noemia Varela AER que assumem vão dar impulso à valorização da arte na educação e defendem que o foco do ensino deve passar do produto para o processo Assim a importância da arte não está na arte em si mas na sua contribuição para a educação integral do ser humano crendo que isso favorece a construção de uma sociedade mais humana e democrática Dessa forma é importante no ensino de arte o estímulo para desenhar cantar dançar representar e assim expressar e moções e sentimentos tendo o lúdico como meio de aprendizagem a qual se dá pela ação no mundo Ao incentivar a ação visa que se supere a aprendizagem contemplativa e a expressão dos sujeitos passa a ser respeitada Nessa perspectiva assume primazia segundo Aguirre 2005 p219 os conceitos de liberdade sensibilidade originalidade criatividade naturalidade espontaneidade imaginação genialidade A livre expressão apoiada numa concepção idealista de mundo com fundamentação progressista persiste hoje nos projetos sociais como forma de reconstrução e reinserção dos indivíduos na sociedade baseada no desenvolvimento livre e criativo do sujeito atualmente entendida como uma utopia busca transcender o conhecimento da arte e entendêla como crescimento pessoal moral e social que acaba por cair num vazio na maior parte do país com exceção de poucas experiências conforme as apresentadas a seguir Em 1930 criase a Escola Brasileira de Arte com Theodoro Braga e o ateliê de Anita Malfatti 58 Há experiências de aprendizagem livre e incentivo à expressão criativa contrapondo se ao ensino oficial de artes que se baseava no desenho geométrico e na cópia de estampas O movimento das Escolinhas de Arte no Brasil será precursor do surgimento de experiências significativas no Brasil como a Escolinha de Arte do Brasil EAB em 1948 no Rio de Janeiro iniciativa de Augusto Rodrigues com foco nas distintas expressões artísticas dança pintura teatro desenho poesia etc É importante destacar a ampliação do repertório artístico pela inclusão de elementos da arte popular e do folclore por exemplo teatro de fantoches e bonecos a necessidade do ensino de arte por foco na criança observar o que ela fazia oferecer situações novas e verificar como reagia analisar o que recusava documentar como progredia O EAB vai receber apoio de educadores atuantes como Anísio Teixeira e Helena Antipoff e ainda estabelecer relação com a Sociedade Pestalozzi e APAE que estreita a relação entre arte e educação especial Antipoff e Nise da Silveira O surgimento em 1943 da Escola Guignard MG para formar artistas e educar pela liberdade expressiva Nessa perspectiva os artistas abrem os seus ateliês para a experimentação livre No Recife Lula Cardoso Ayres fornece lápis papel e tinta para as crianças para que expressem de modo não dirigido Em 1950 as Escolas Waldorf incentivam a integração entre arte e educação Em 1953 a EAR Escola de Arte do Recife é fundada pela arteeducadora pernambucana Noemia Varela e pelo artista e poeta pernambucano Augusto Rodrigues Noemia Varela 1997 p 54 vai defender que não há modelo perfeito nem único na educação criadora para ser imitado e seguido uma vez que cada educador sendo ele próprio singular e único como ser humano tem o potencial necessário para encontrar criar novos métodos e formas de ensinar mais sensivelmente dentro de seus limites e possibilidades E ainda Que se forme um arteeducador sempre a serviço do ser humano e não da instituição VARELA 1986 26 Para ela o fundamento da formação do 59 arte educador é reacender em cada um as conquistas do homem como ser inventivo fértil em sua imaginação e capacidade de construir o mundo A EAB também traz inovação ao propor novos materiais artísticos no ensino de arte e a sistematização de técnicas pouco conhecidas lápis de cera e anilina lápis de cera e varsol desenho de olhos fechados impressão e pintura de dedo mosaico de papel recorte e colagem coletiva sobre papel preto carimbo de batata bordado criador desenho raspado e de giz molhado Ao longo das décadas de 1950 1960 e 1970 o MEA congregou diversas escolinhas de arte no Rio de Janeiro Bahia e Recife mas com a reforma tecnicista de concepção tradicional o espaço das aulas de artes passou a ser o único espaço humanizador considerado como espaço de vazão de um sistema opressor e reprodutor que se instalara no Brasil A concepção original da livre expressão se esvaziou e o sistema continuou reproduzindo a dicotomia razãoemoção cabeçacorpo Houve desdobramentos importantes da Escolinha de Arte do Brasil Em 1971 o MEA com ênfase na liberdade de criação interfere no ensino regular de arte nas escolas públicas quando atuam na preparação das equipes para orientar a implantação da disciplina de educação artística obrigatória a partir da década de 1970 A Escolinha de Arte do Brasil tornase um importante centro de formação de profissionais que vão supervisionar experiências no ensino de arte no Brasil e na América Latina Em 1972 foi criado por Ivan Serpa o Ateliê Infantil do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro MAMRJ Em 1973 foi instituído cursos de licenciatura em educação artística Mas apesar desses desdobramentos há o enfraquecimento da concepção pois passa a fortalecer a ideia que embasa a crença no potencial expressivo e criativo inato das crianças e de que elas precisam apenas de motivação para se expressar Há a proliferação dos repertórios apreendidos nos meios de comunicação de massa e a ampla reproduções de modelos que acabam por incutir na criança a falta de confiança em sua própria expressão o que erroneamente se acreditava que era fruto da falta de criatividade e má influência dos adultos ou a uma educação inadequada 60 A fundamentação passa a ter como base a tendência tecnicista que influi na fragmentação do conhecimento o foco excessivo no processo num currículo com falha na sequenciação e articulação e metodologicamente apoiado num apanhado de atividades na experimentação e técnicas negação de instrumentos de avaliação com desorientação de grande parte dos professores fruto da falta de formação e fundamentação conduz à laissezfaire na sua pior versão que é o deixar fazer Infelizmente o que se denomina livre expressão e que chega às escolas hoje está destituída do que foi seu movimento original isso pode ser bastante prejudicial não só ao desenvolvimento de crianças e adolescentes como da arte e seu ensino 44 Ensinar pela arte e ensinar arte Para entender este tópico confira no COM A PALAVRA a entrevista com Elaine Perce Assim você conhecerá o que distingue o ensinar arte e ensinar pela arte se ambas as formas podem conviver ou há um momento em que uma prejudica a outra se a escola na atualidade conseguiu introduzir a arte como área de conhecimento que tem objeto e metodologia próprios como realmente assumir cada uma dessas formas sem que isso represente uma invasão ou inversão de uma pela outra qual seria a orientação aos futuros professores que atuarão na educação infantil e séries iniciais para um trabalho significativo em arte e que não permita que a área de arte seja diluída ou justaposta a outra forma sem critérios 45 Metodologia triangular no ensino da arte Para compreender a metodologia triangular como forma contemporânea de ensino de arte é preciso retomar alguns marcos relevantes Na década de 90 do século após a promulgação da Constituição e discussão da nova LDB e respectiva publicação dessa lei teremos dois marcos legais que darão vazão à algumas mudanças no ensino da arte Vamos ver como foi previsto o ensino da arte na Lei nº 939496 O ensino de arte constituirá componente obrigatório nos diversos níveis de educação básica como forma de promover o desenvolvimento cultural dos alunos art 26 2º 61 São características do novo marco e que se consubstancia no Parâmetros Curricular do ensino de arte documento orientador do currículo e ensino de arte Identificar a área por Arte e não mais por Educação Artística Estrutura curricular com conteúdos próprios ligados à cultura artística e não apenas como atividade Foco do ensino e aprendizagem de arte pautado em 3 eixos o criação produção o percepção análise o conhecimento da produção artísticoestética o Os eixos apresentados são componentes da Metodologia Triangular que prevê a produção a fruição e o conhecer arte conforme quadro abaixo que mostra a interface entre os três eixos Vamos saber o que cada um destes eixos significa Vejamos A produção envolve o fazer artístico em que os alunos são os produtores sociais de arte e não mais tomados como mero consumidores e para isso são ativados os recursos pessoais habilidades pesquisa de materiais e técnicas que permite compreender sua importância para o desenvolvimento pois tal fazer é tido como experiência poética a técnica e o fazer como articulação de significados experimentação de materiais e suportes variados desenvolvimento de potencialidades percepção reflexão sensibilidade imaginação intuição curiosidade e flexibilidade experiência de interação celebração e simbolização de histórias grupais 62 forma estrutura ou leis internas de formatividade A fruição que é a apreciação significativa de arte ou o fruir as formas artísticas utilizando informações e qualidades perceptivas e imaginativas para estabelecer um contato um diálogo em que as formas podem ter significados distintos para cada pessoa A reflexão pela qual se dá a construção do conhecimento em que é fundamental os dados sobre a cultura em que o trabalho artístico é realizado o que implica conhecer o objeto artístico como produção cultural ou seja o documento ou registro do imaginário humano sua historicidade e sua diversidade e envolve Contextualizar a obra de arte no tempo e explorar as circunstâncias de sua produção Mostrar que a arte não está isolada de nosso cotidiano de nossa história pessoal Estabelecer relações entre passado e presente A metodologia triangular é a forma por excelência de ensinar arte quando a arte é tomado como objeto de conhecimento parte de uma área própria Conclusão do Bloco 4 Compreender o panorama do ensino de arte no Brasil é de suma importância pois permite entender quais foram os avanços e entraves e como o ensino de arte se constitui na atualidade É possível perceber que o ensino de arte carrega marcas do momento e que se valorizava o desenho e ainda hoje se vê traços da arte consumatória das artes e ofícios da livre expressão e da metodologia triangular Muitas vezes tais formas não estão isoladas como se fosse uma diretriz para o ensino de arte mas são formas híbridas fragmentadas e nem sempre fundamentada de acordo com a abordagem original mas uma redução perigosa um substrato portanto destituída de sua intenção e embasamento Referências do Bloco 4 BARBOSA A M Ensino da arte memória e história São Paulo Perspectiva 2009 63 Teoria e prática da educação artística São Paulo Cultrix 1975 Arte educação no Brasil São Paulo Perspectiva 1978 ArteEducação conflitosacertos São Paulo Max Limonad 1984 Org História da ArteEducação São Paulo Max Limonad 1986 ArteEducação leitura no subsolo São Paulo Cortez 2000 A imagem no ensino da arte anos 80 e novos tempos São Paulo Perspectiva 2009 John Dewey e o ensino da arte no Brasil São Paulo Cortez 2001 Org ArteEducação contemporânea São Paulo Cortez 2005 BARBOSA A M SALES H M Org O ensino da arte e sua história São Paulo MAC USP 1990 BRASIL Secretaria de Ensino Fundamental Parâmetros curriculares nacionais arte Brasília 1997 FERRAZ M H FUSARI M F Metodologia do ensino da arte São Paulo Cortez 1993 FUSARI Maria F R FERRAZ Maria HCT Arte na educação escolar São Paulo Cortez 1993 coleção magistério 2º grau Série formação geral Metodologia do Ensino de Arte 2 ed São Paulo Cortez 1999 coleção Magistério 2º grau Série formação do professor MARTINS Mirian C PICOSQUE Gisa GUERRA M Terezinha Telles Didática do ensino de arte a língua do mundo poetizar fruir e conhecer arte São Paulo FTD 1998 PESSI Maria Cristina A dos Santos Illustro Imago professoras de arte e seus universos de imagens Tese de doutorado apresentada ao Programa de PósGraduação em Artes da Universidade de São Paulo São Paulo ECAUSP 2009 PILLAR A D A educação do olhar no ensino de artes Porto Alegre Mediação 1999 p 101 117 PILLOTTO Silvia Sell Duarte SCHRAMM Marilene de Lima Körting Org Reflexões sobre o ensino das artes Joinville Ed Univille 2001 BLOCO 5 PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO DO ENSINO DA ARTE Um ensino de arte que possibilite uma formação de qualidade e apoie o desenvolvimento integral da criança parte de um planejamento criterioso e da 64 compreensão do processo de avaliação como forma de acompanhamento do percurso do aluno Da mesma forma um ensino de arte que seja de qualidade para os jovens e adultos que não tiveram acesso à escolarização na idade própria é de suma importância Assim planejar a educação em arte na infância e para outro público são diferenciais relevantes pois ainda que se possam ter diretrizes gerais compreender a que público o ensino da arte se destina será crucial para se ter m ensino de arte consistente 51 A arte como manifestação dos desejos e necessidades infantis A criança tem necessidades que ultrapassam o aspecto biológico a própria legislação reconhece que ela precisa desenvolverse integralmente o que envolve o desenvolvimento físico psicológico intelectual e social Assim cuidar e educar significa muito mais que satisfazer necessidades que atendem ao biológico e a segurança física A criança tem necessidades de ordem psicológica que também envolve a cognição e a emoção Além de necessidades que envolvem o convívio com o outro As crianças precisam ter experiências educativas que possibilitem a ela compreender a si e o mundo ressignificar sua experiência para agir no mundo A possibilidade de construção de sua identidade e da realidade que a circunda será fundamental para o desenvolvimento infantil Dentre as inúmeras necessidades e interesses infantis está a criação a expressão a comunicação a ludicidade que integradas dão significado à vida humana e podem ser satisfeitas no âmbito escolar por um ensino da arte consistente Mas desde muito cedo o adulto tenta integrar a criança ao mundo produtivo no sentido capitalista o que acaba fazendo com que desde a tenra idade se pense a educação da infância para o que ela produtivamente será no futuro e com isso a tentativa de tentar a ocupar toda sua infância para preparo do seu futuro Com isso por vezes tirase da criança a possibilidade de satisfazer suas necessidades e interesses infantis Por isso é preciso garantir que a infância seja vivida tendo como parâmetro as necessidades e interesses da criança 65 As diversas linguagens artísticas possibilitam tal vivência que atende o que é inerente ao ser humano o que envolve a arte e é por isso que se defende uma educação em arte apoiada em experiências educativas que as considere Aproximarse da criança e de seus interesses e necessidades e deixála participar de tempos e espaços que envolvem as linguagens artísticas possibilitarão que ela se desenvolva integralmente o que envolve inclusive o cognitivo e acadêmico que são muito valorizados no mundo adulto Lembrando que emoção e cognição se entrelaçam na totalidade do ser A emoção é movimento a imaginação dá forma e densidade à experiência de perceber sentir e pensar criando imagens internas que se combinam para representar essa experiência A faculdade imaginativa está na raiz de qualquer processo de conhecimento seja científico artístico ou técnico A flexibilidade é o atributo característico da atividade imaginativa pois é o que permite exercitar inúmeras composições entre imagens para investigar possibilidades e não apenas reproduzir relações conhecidas BRASIL 1997 Assim mesmo quando a intenção é a utilidade a produtividade a funcionalidade é preciso considerar o ser sensível espontâneo que cria brinca dança canta pinta esculpe modela fotografa encena dramatiza Não considerálo é dar uma educação limitada em outros os âmbitos o que impede de viver a experiência humana na sua totalidade SAIBA MAIS Vamos ver do que se trata o filme Bailamos O Laboratório de Educação LABEDU é uma organização não governamental para sensibilização de adultos sobre o papel da aprendizagem infantil Nele se encontra a seguinte descrição sobre o filme Bailamos Na pequena a narrativa uma menina apresenta ao pai seu desejo de dançar e ele tenta convencêla da importância de ela investir apenas em coisas úteis que a ajudem a ser uma boa profissional A partir das perguntas da garota o pai passa a se questionar também LABEDUORGBR Vale a pena se entregar e refletir sobre a narrativa Assista ao filme no endereço httpswwwdailymotioncomvideok7aGecMM2w18ll4ESW5 66 52 O papel da imaginação e imitação na construção infantil Ao refletir sobre experiências em arte é importante considerar a imaginação como uma habilidade a ser desenvolvida Ao olharmos para ações ou produções que se utilizam a imaginação vemnos a pergunta a imaginação se alimenta de que Ainda que se possam buscar muitas referências teóricas a respeito do assunto vamos aqui tornar claro ainda que de forma sucinta que a imaginação se nutre de tudo aquilo a que uma pessoa foi exposta ao longo de sua existência o que nos leva a aproximar a imaginação da imitação Sabese que a imitação tem papel preponderante na vida humana mas isso não significa reprodução esteriotipada de um modelo mas antes um percurso criativo que parte de referências e exploração para sua produção singular Entender a imitação sobre o ponto de vista exposto nos coloca diante de uma possibilidade de criação artística e estética real pois não se trata de fazer cópia e nem de ir ao extremo de não se ter referência alguma como se isso fosse possível ou seja um deixar fazer crendo que há um estado natural em que a criação deve emergir A primeira opção a cópia é extremamente prejudicial não só ao desenvolvimento artístico e estético mas também cognitivo pois não se coloca em ação as capacidades cerebrais que promovem a cognição e a sensibilidade e a segunda que ancora uma visão espontaneísta da livre criação a partir de um estado natural pois não existe este estado visto que a criança mesmo antes de nascer vive imersa num mundo social e cultural e dele absorve imagens sons cenas que vão formar uma espécie de memória que em momentos de criação serão trazidos à tona não para reproduzir mas para ancorarse em vivências anteriores ou apoiarse em estruturas mentais já delineadas para uma nova criação Isso nos coloca diante da possibilidade de poder usar o fazer artístico a partir de um dos eixos da abordagem triangular a criação É importante que se explorem atividades que iniciam pela criação sem que se apresente produções já realizadas de início e deixar que as crianças apreciem suas produções brinquem com elas realizem outras a partir das primeiras mas não se 67 conclui o processo sem que sejam contemplados os demais eixos da abordagem triangular Com isso é possível construir um ensino de arte que consolide aprendizagens e experiências educativas significativas 53 A mediação do professor nas atividades artísticas Para entender esta seção confira no COM A PALAVRA a entrevista com Rogério Garcia diretor escolar com amplo conhecimento de Educação Artística Assim você saberá da importância da arte e de um competente ensino da arte para a formação integral do aluno Também verá se isso passa por assumir a arte enquanto objeto de conhecimento e uma abordagem específica para seu ensino qual é o papel do professor nas diferentes formas e tendências do ensino de arte por exemplo na arte e ofícios na arte e técnica na livre expressão na abordagem triangular se as atividades artísticas no espaço da escola e no espaço de vida têm e deveriam ter mediações diferenciadas de que forma o professor faz a mediação numa proposta contemporânea de ensino de arte para a infância qual seria sua orientação aos futuros professores que atuarão na educação infantil e séries iniciais para uma mediação consequente no ensino de arte 54 Arteeducação na Educação Infantil A arteeducação na primeira infância tem o caráter de garantir experiências educativas capazes de fazer com que a criança possa ter desenvolvimento integral e atendidas suas necessidades e interesses básicos Para isso as ações devem ser planejadas considerando a faixa etária o processo de desenvolvimento respeito à cultura de origem e ao espaço de vivência da criança bem como sua identidade e subjetividades O cuidar e o educar envolvem a criação de vínculo incentivo à autonomia estabelecimento de rotinas e espaço para livre exploração ações que propiciam desenvolvimento e conhecimento Compreender que o cuidado também está associado à área de arte é fundamental pois ao organizar o ambiente e os materiais para a exploração estética e artística da 68 criança ao possibilitar que a produção da criança seja organizada de modo tal para que todas as produções sejam contempladas também é uma forma de cuidar ligado à estética O vínculo é criado em todas as ações entre criança e professor criança e criança e entre demais pessoas envolvidas na educação da criança tanto no âmbito escolar cuidadores auxiliares merendeiras porteiros etc como familiar responsáveis pela criança irmãos etc e envolve não só o contato com a criança mas o respeito e valorização de sua produção de sua forma de expressar o conhecimento estético e artístico A interação e fundamental e a forma com que eu comunico sobre suas ações e produções garantirão que ela desenvolva sentimento de ser capaz o que leva à autoestima e à autonomia O ambiente deve ser rico para que a criança possa explorar espaços sons materiais movimento e por isso devese planejar o que inclui organizar os objetos do patrimônio cultural e artístico devem estar disponíveis para a criança interagir A intencionalidade do professor apoiado numa fundamentação consistente é que dará a possibilidade da criança vivenciar uma experiência significativa em arte que envolve as diversas linguagens artísticas a música as artes visuais desenho pintura modelagem a dança encenação uso de fantoches e dedoches para crianças menores Passar de uma atividade a outra pode ser um bom marcador temporal que auxilia o desenvolvimento de rotinas importante para a faixa etária mas que não deve consistir num aparato que tire a liberdade a flexibilidade e a criatividade da criança É importante lembrar que os bebês e crianças muito pequenas não participam da produção propriamente dita mas devem ter possibilidade de ter a disposição objetos e participar de ações que potencializem seu desenvolvimento tendo o professor como principal mediador Lembrese ainda que haverá crianças com outras necessidades decorrentes de deficiências ou transtornos específicos o que exige que se façam adaptações e atendam também as necessidades específicas Se o planejamento é um momento privilegiado para o professor prever ações significativas no ensino da arte a avaliação no sentido de acompanhar o desenvolvimento infantil não só nos aspectos específicos relacionados à arte mas na totalidade é fundamental Assim crie formas de registro de momentos que retratam o 69 desenvolvimento e também da desenvoltura e reações das crianças nas ações propostas O registro fotográfico sonoro e escrito de diferentes momentos e observações serão cruciais para seguir adiante em suas proposições 55 Arteeducação nas séries iniciais A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico que caracteriza um modo particular de dar sentido às experiências das pessoas por meio dele o aluno amplia a sensibilidade a percepção a reflexão e a imaginação Aprender arte envolve basicamente fazer trabalhos artísticos apreciar e refletir sobre eles Envolve também conhecer apreciar e refletir sobre as formas da natureza e sobre as produções artísticas individuais e coletivas de distintas culturas e épocas BRASIL 1997 Empreender um ensino de arte nas séries iniciais que tome a abordagem triangular enquanto forma privilegiada envolve a experiência artística do fazer da criação ou da produção a experiência de fruição ou apreciação de manifestações artísticas e a contextualização em que se apresentam informações sobre manifestações culturas e artísticas que integram com os demais eixos as qualidades perceptivas e imaginativas Há inúmeras possibilidades de um ensino nessa perspectiva e aqui vamos abordar alguns exemplos que não esgotam toda gama de variações potenciais Lembrandose que conforme apontam os Parâmetros Curriculares Nacionais entendese que aprender arte envolve não apenas uma atividade de produção artística pelos alunos mas também a conquista da significação do que fazem pelo desenvolvimento da percepção estética alimentada pelo contato com o fenômeno artístico visto como objeto de cultura através da história e como conjunto organizado de relações formais É importante que os alunos compreendam o sentido do fazer artístico que suas experiências de desenhar cantar dançar ou dramatizar não são atividades que visam distraílos da seriedade das outras disciplinas Para isso vamos tomar alguns momentos privilegiados da história da arte como forma de exemplificar atividades que podem ser desenvolvidas nas séries iniciais De que forma poderíamos resgatar algumas características da arte da préhistória e refletir sobre sua produção com as crianças 70 Propicie a leitura de imagens projete vídeos ou traga imagens das obras dessa época As crianças devem apreciar a arte produzida descrever seus detalhes interpretar falar sobre seus sentimentos diante da obra e ainda ter ou obter informações para fundamentar e saber sobre a arte nesse período histórico Você pode recorrer a um Roteiro de leitura da obra de arte que está disponibilizado Você pode reproduzir o interior de uma caverna com papel craft e incentivar que as crianças para que criem obras que remetam àquelas produzidas por nossos ancestrais utilizando materiais naturais como carvão cúrcuma colorau páprica café terra vegetais flores folhas argila barro e outros elementos os quais possam reproduzir marcas lembrando porém que os as pinturas rupestres eram cravadas nas pedras Faça com que as crianças possam refletir sobre como seria cravar a imagem em pedra quais seriam as sensações e sentimentos que tais obras provocavam e quais seria a função daquelas imagens porque estariam escondidas no fundo das cavernas e não no seu exterior Caso reproduzir o cenário da caverna seja muito além das possibilidades faça placas de argila para que as crianças façam seus desenhos nelas ou então use como suporte o papel craft mesmo Veja que você tem em mãos uma diversidade de possibilidades e materiais para simular as imagens rupestres embora não a técnica utilizada pelos nossos ancestrais que esculpiam nas pedras o que por si só já retrata a importância da arte visto que não era um empreendimento fácil E que experiências estéticas podemos tirar da arte egípcia e sua lei da frontalidade Tire algumas selfies com seus alunos de perfil Compare e faça leitura das imagens das obras egípcias e a atual Descreva semelhanças e diferenças chame a atenção para os elementos olhos pés por exemplo e questione é possível vêlos conforme retratados pelos egípcios E então questione a arte retrata a realidade ou teria outras funções Veja que nos exemplos citados temos nítida a arte com forma privilegiada de conhecimento inclusive de outras culturas pois eles estão experimentando materiais suportes e técnicas distintas além de se aproximarem de características de outras culturas em outro tempo E dando continuidade podemos buscar o autoretrato de artistas renomados e fazer com que comparem com autoretratos tirados por eles usando o celular Propicie atividades que eles possam pesquisar sobre autoretrato em diferentes épocas e 71 estilos e comparem com autoretratos realizado por eles feitos com celular e que podem ser reelaborados em aquarela em guache em lápis de cor e a partir de uma montagem estudarem o movimento da Pop art Crie inúmeras possibilidades E se nos dedicarmos momentos de estudo da arte indígena e pensar nos ritos e danças na pintura corporal Quanto poderíamos produzir apreciar e contextualizar não só na arte indígena mas fazermos aproximações com expressões do universo de vivência da criança préadolescentes ou mesmo jovens e adultos da Educação de Jovens e Adultos das séries iniciais Podese pensar nos movimentos cenários adereços pintura corporal da cultura indígena e refletir sobre ela na perspectiva da body art movimento artístico dos anos 60 onde o corpo era o suporte para a manifestação artística visual e com manifestações da atualidade será que as tatuagens trazem algo de outra cultura A tatuagem têm a mesma função que a pintura corporal indígena Que semelhanças existem E se considerarmos os punks Será que se pode traçar algum paralelo em relação ao uso de piercings e outros elementos corporais aos objetos e adereços indígenas Reflita a partir dos exemplos e de outras possibilidades considerando os seus alunos e suas vivências considerando que há atividades mais propícias para desenvolver com crianças menores outras com préadolescentes ou jovens e adultos por isso é importante que conheça seus alunos e propicie atividades que tragam a sua cultura como elemento de apoio à aprendizagem E se tomarmos o surrealismo como exemplo e abordarmos suas características e fizermos um diálogo e questionamento sobre e se fosse possível independente do que é real fazendo fluir a imaginação Isso te instiga a realizar uma atividade interessante E de que forma poderíamos pensar na integração de diferentes linguagens nessa mesma perspectiva Seria possível desvendar o universo musical a partir de filmes que eles assistem Não seria produtivo pensar na música trazendo as trilhas sonoras dos filmes e desenhos que assistem E encenar o universo contido nas pinturas ou na música seria uma forma de estudar o contexto da obra e da época que elas retratam Cada linguagem e cada movimento artístico é um universo a ser explorado 72 Isso possibilita o encontro entre o fazer artístico dos alunos e o fazer dos artistas de todos os tempos que sempre inauguram formas de tornar presente o inexplicável BRASIL 1997 Crie imagine torne o ensino de arte consistente para que seus alunos sejam sensíveis às diferentes formas artísticas e manifestações culturais e possam desenvolver os aparatos cognitivos acionados pela arte assim como a sensibilidade a autoestima a autonomia de pensamento e do fazer e sentirse produtor social de arte Lembrese que em sua turma pode haver alunos abrangidos pela educação especial É preciso fazêlos participar tornando a atividade acessível a todos A acessibilidade pedagógica não só é um direito como dever de todo educador promover a inclusão Tal como na educação infantil nas séries iniciais a avaliação é de suma importância e a mesma perspectiva de acompanhamento deve ser seguida nesta etapa e assim formas de registro devem ser dispostas para que você professor possa planejar os próximos passos conscientes dos avanços das dificuldades e de formas de possibilitar o desenvolvimento integral do aluno aprimorando o conhecimento artístico e estético desenvolvendo habilidades de diferentes naturezas Conclusão do Bloco 5 O Planejamento e a avaliação são importantes elementos para o ensino de arte pois por meio deles se podem atender necessidades específicas do universo infantil ou do público jovem e adulto que não puderam realizar sua escolarização na idade prevista assim como desenvolver um ensino de arte de qualidade Isso implica em reconhecer as características e peculiaridades do público a ser atendido seu contexto de vivência as possibilidades das diversas linguagens artísticas e abordagens contemporâneas para o ensino da arte tomado como área e objeto de conhecimento Referências do Bloco 5 BRASIL Secretaria de Ensino Fundamental Parâmetros curriculares nacionais arte Brasília 1997 73 BLOCO 6 ARTE E INTERDISCIPLINARIDADE A arte além de ser uma área específica e ter um objeto de conhecimento próprio ela é potencialmente interdisciplinar internamente na relação entre as diversas linguagens artísticas e externamente em sua relação com as demais áreas do conhecimento Compreender a importância da interdisciplinaridade é antes de tudo entender que ela permite reconhecer as diversas formas de conhecimento em sua relação com o cotidiano e especificamente na educação reconhecêla como forma de promoção do diálogo entre as disciplinas e a respectiva possibilidade de contextualização permitindo uma visão de totalidade característica de um currículo pósmoderno que ultrapassa a linearidade e modelo analítico de currículo para propor um modelo metafórico que integra o diálogo e os múltiplos itinerários do saber 61 Diálogos entre arte interdisciplinaridade e educação A arte por si só é interdisciplinar e é potencialmente interdisciplinar com as demais disciplinas do currículo E qual é a razão para defendermos a interdisciplinaridade que não é justaposição de disciplinas não é o uso de uma disciplina para ilustrar outra mas sim o diálogo entre as disciplinas com respeito às características próprias de cada uma e preservando sua função específica garantindose que as habilidades e competências que cada uma se propõe a desenvolver sejam efetivadas E para que a arte que comumente se viu ao longo da história da arteeducação seja relegada a um segundo plano é preciso compreendêla como um campo próprio que tem um papel fundamental na educação básica Desenvolver o pensamento artístico e a percepção estética conforme apontado nos Parâmetros Curriculares Nacionais de arte envolve compreender que há relatividade nos valores que carregamos conosco assim como no modo como pensamos e agimos pois a arte cria um campo de sentido que nos permite diferenciar o que é nosso e o que é do outro respeitando a singularidade de cada um garantindo que sejamos abertos à diversidade não apenas para respeitála mas para valorizála como principal 74 atributo humano o que nos torna mais flexíveis mais inteiros mais integradores que possibilita construir melhores condições de vida para nós e para outrem visto que nos permite compreender necessidades relações não só individuais como coletivas Além disso a arte está presente no cotidiano no mundo social e do trabalho nas mais diversas profissões e ramos de atividades possibilitando o desenvolvimento pessoal e profissional A arte se relaciona com os diversos campos do saber com a técnica com a ciência com filosofia com a tecnologia A relação da arte com o mundo é perceptível e compreendêla como parte do currículo escolar será muito importante entendendo que o currículo não se reduz a um conjunto de disciplinas mas a um complexo sociocultural de produção e reprodução de conhecimentos que ultrapassa o espaço restrito da escola Se considerarmos que um dos objetivos da educação é a modificação da estrutura cognoscitiva do aluno a arte cumpre tal papel de forma exemplar pois ela atua direta e potencialmente sobre a tríade funcional da aprendizagem pois inclusive ela atua numa modelo que ultrapassa os limites do modelo lógico analítico que tem pensa os conteúdos numa lógica linear de fechamento visto que usa o modo metafórico narrativo hermenêutico descoberta interpretativo em que o significado é construído pelo diálogo com a obra consigo com o outro modelo próprio de currículos pósmodernos que se abre a inúmeras possibilidades num exercício conjunto e complementar da razão e do sonho Como consta nos PCN A arte ensina que é possível transformar continuamente a existência que é preciso mudar referências a cada momento ser flexível BRASIL 1997 Ao refletir sobre a função do currículo de arte e sua relação com a educação e com a construção do conhecimento é preciso lembrar que conhecer é extasiarse divertirse brincar com o conhecido e o desconhecido arriscar hipótese mesmo as inusitadas trabalhar com afinco em busca de resultados e alegrase com e a partir das descobertas e a arte é um tipo de conhecimento que se constrói a partir de questionamentos e de busca de respostas Pensar na interdisciplinaridade é compreender que o conhecimento só está apartado na escola pois na vida ele é transdisciplinar o que é ainda mais inovador e amplo que a interdisciplinaridade Mas independente da amplitude com que relacionamos os 75 conhecimentos na escola ele parte e se apóia no conhecimento disciplinar de um campo ou área de conhecimento o que exige flexibilidade permitirse mudar referências o que exige flexibilidade abertura ao novo A arte ensina que a possibilidade de transformação inclusive da existência pois ela nos instiga a refletir na necessidade de mudar referências a cada momento ser flexível Sem arte se tem uma experiência de aprendizagem limitada escapalhe a dimensão do sonho da força comunicativa dos objetos da sonoridade instigante da poesia das criações musicais das cores e formas dos gestos e luzes que buscam o sentido da vidaBRASIL 1997 O ato de criar é transformador a partir dele é possível passar de um modo reativo de responder aos desafios do mundo para um modo proativo e criativo E quando uma ação modifica a um dos elos da relação que envolve os integrantes da educação é possível desencadear transformações mais amplas A arte é necessária à vida humana e a escola precisa tomar a construção do conhecimento artístico e estético em suas mãos pois se temos poucas perspectivas de transformação do mundo num espaço mais humanizado a arte é uma forma potente para fazer frente às transformações políticas sociais e tecnocientíficas que anunciam o ser humano do século XXI BRASIL 1997 Apenas um ensino criador e criativo pode favoreça a integração entre a aprendizagem racional e estética dos alunos o que poderá contribuir para o exercício conjunto complementar da razão e do sonho 62 Arte e tecnologia Para entender esta seção confira a entrevista no COM A PALAVRA Você saberá o que caracteriza a interface arte e tecnologia se a arte se beneficia da tecnologia se apropria dela ou se submete a ela se há uma simbiose uma síntese possível e qual seria o propósito dessa simbiose se quando se alude à temática arte e tecnologia em geral nosso imaginário se direciona para as questões dos aparatos tecnológicos e como refletir sobre a temática se essa imagem é real se há outras possibilidades como atuar no ensino de arte na interface com a tecnologia na infância qual seria a 76 orientação aos futuros professores que atuarão na educação infantil e séries iniciais para um trabalho significativo que considere a arte e a tecnologia 63 Arte e matemática Não é difícil compreender a relação da arte e da matemática Ela sempre existiu independente de a reconhecermos Nosso propósito aqui é refletir sobre algumas dessas relações Podemos dizer que alguns dos elementos da matemática mais especificamente da geometria são os mesmos das artes visuais O ponto a linha e o plano são elementos geométricos comuns e estão presentes no universo artístico Vamos conhecer algumas obras que nos possibilitam reconhecer esses elementos O Ponto pode ser reconhecido em obras de arte abstratas ou figurativas características de muitos movimentos artísticos Lembrase do Pontilhismo um movimento artístico em que as obras eram produzidas apenas com pontos Seurat foi um dos seus expoentes E a Op Art em que a ilusão de ótica provocada pelo arranjo de elementos visuais cria imagens que podem ser figurativas ou abstratas 77 Veja que movimentos artísticos têm se utilizado do ponto para produção artística E as linhas Será que elas fazem parte da produção artística Sejam curvas ou retas elas também são elementos presentes nas obras abstratas ou figurativas Além dos pontos e linhas formas geométricas também são responsáveis por compor obras de artes de diferentes movimentos artísticos 78 E será possível estudar forma e cores com obras de arte E seria possível verificar a aprendizagem da criança por meio de uma obra de arte Quanto se reconhece dos elementos geométricos e visuais nas obras anteriores Reconhecer elementos das artes visuais obras de arte e movimentos artísticos seria possível desde que se tivesse exposto o aluno ao ensino numa perspectiva diferenciada de arte e considerado a arte e demais conteúdos curriculares em outras disciplinas Não se esqueça de possibilitar que alunos com deficiência visual possam usufruir das obras apresentadas fazendo a audiodescrição didática e ou sua reprodução em relevo com materiais diversos e com papel alumínio decalcado e hachurado por exemplo Isso auxilia alunos deficientes e videntes na leitura de obras de arte A criação a seguir é uma produção que incorpora elementos visuais e matemáticos e ainda possibilita a leitura de contexto e obras artísticas diversas Será que é possível ver elementos do Cubismo e do Fauvismo Ela consegue expressar elementos das obras de Picasso Klee Cézanne e Kandinski Fonte httpsptdepositphotoscom30649367stock illustrationgeometricpatternsinblackandhtml 79 Mas isso é só o começo A matemática e a arte estão relacionadas de muitas formas Você conhece o número de ouro e a proporção áurea Muitas obras de arte ao longo do tempo utilizaramse de tal proporção e nem sempre consciente disso Mas a partir do momento que esta proporção foi descoberta muitos artistas a utilizaram pois entendiam que ela gera uma harmonia próxima à perfeição e que isso causa em nós um sentido de beleza e maior sensibilidade PARA SABER MAIS O número de ouro a razão áurea possibilita associar natureza arte e matemática E isso possibilita compreender a razão pela qual nos sentidos atraídos pelas formas presentes na natureza e nas obras de arte Para compreender de que forma ele atua sobre nossa percepção assista ao vídeo Número de ouro a mágica por detrás do belo no endereço abaixo httpswwwyoutubecomwatchvXMo0HsjkV8 A razão áurea existe no corpo humano rosto orelhas órgãos na natureza plantas folhas moluscos animais marinhos e ainda na arquitetura e muitas outras produções humanas 80 PARA SABER MAIS Fibonacci matemático italiano ficou tão intrigado com essa relação estabelecida na razão áurea que começou a estudar essa sequência 1 1 2 3 5 8 13 21 34 55 89 144 na natureza e a encontrou na reprodução dos coelhos nas pétalas das rosas nos caules das árvores e nas conchas em espiral do náutilo um molusco marinho em que à medida que vai crescendo sua concha cresce seguindo a razão áurea em uma espiral logarítmica Ao transformar esses números em quadrados e dispôlos de maneira geométrica é possível traçar uma espiral perfeita que também aparece em diversos organismos vivos Outra curiosidade é que os termos da sequência também estabelecem a chamada proporção áurea muito usada na arte na arquitetura e no design por ser considerada agradável aos olhos Seu valor é de 1618 e quanto mais você avança na sequência de Fibonacci mais a divisão entre um termo e seu antecessor se aproxima desse número CURIOSIDADES CONCHA DO CARAMUJO Cada novo pedacinho tem a dimensão da somados dois antecessores CAMALEÃO Contraído seu rabo é uma das representações mais perfeitas da espiral de Fibonacci ELEFANTE Se suas presas de marfim crescessem sem parar ao final do processo adivinhe qual 81 seria o formato GIRASSOL Suas sementes preenchem o miolo dispostas em dois conjuntos de espirais geralmente 21 no sentido horário e 34 no antihorário PINHA As sementes crescem e se organizam em duas espirais que lembram a de Fibonacci oito irradiando no sentido horário e 13 no antihorário POEMA CONTADINHO Acharam o número de ouro até na razão entre as estrofes maiores e menores da Ilíada épico de Homero sobre os últimos dias da Guerra de Tróia A BELEZA DESCRITA EM NÚMEROS Na matemática a razão dourada é representada pela letra grega phi φ PARTENON Os gregos já conheciam a proporção embora não a fórmula para definila A largura e a altura da fachada deste templo do século V aC estão na proporção de 1 para 1618 ARTES Esse recurso matemático também foi uma das principais marcas do Renascimento A Mona Lisa de Leonardo da Vinci usa a razão na relação entre tronco e cabeça e entre elementos do rosto AS GRANDES PIRÂMIDES Mais um mistério cada bloco é 1618 vezes maior que o bloco do nível imediatamente acima Em algumas as câmaras internas têm comprimento 1618 vezes maior que sua largura 82 OBJETOS DO COTIDIANO Vários formatos de cartão de crédito já foram testados O que se sagrou favorito do público têm laterais na razão de ouro Fotos e jornais também costumam adotála ROSTO Dizem que nas faces consideradas mais harmoniosas a divisão da distância entre o centro da boca e o terceiro olho pela distância entre esse ponto e uma das pupilas bate no 1618 CORPO Se um humano mediano dividir sua altura pela distância entre o umbigo e a cabeça o resultado será algo em torno de 1618 MÃOS Com exceção do dedão em todos os outros dedos as articulações se relacionam na razão áurea Disponível em httpssuperabrilcombrmundoestranhooqueeasequenciade fibonacci O pentagrama utilizase da razão áurea para ser formado por isso ele aparecesse em muitas obras de arte Será que é pela razão dessa proporção se repetir na natureza 83 A matemática está presente na natureza e a arte se beneficia também de toda harmonia criada por ela Vamos conhecer outras obras que se utilizam da matemática A Snow Art é um exemplo em que o artista faz sua obra na neve Simon Beck faz obras do tamanho de uma vila só com seus passos na neve Para apreciar tais obras é preciso uma visão área O artista usa bússola e cálculos matemáticos para delinear as formas Outro artista que se utiliza da matemática para criar é Hamid Naderi Yeganeh um cientista da computação que cria estampas digitais animadas com formas e fórmulas matemáticas Fonte vandexcom Os fractais são também exemplos do uso da matemática na arte Neles a harmonia é criada pela repetição dos ângulos e variação da distância entre eles 84 Fonte legeniehumaineklablogcom O uso da isometria e do 3D geram arte a partir da matemática Fonte httpstheconversationcomeveryworldinagrainofsandjohn nashsastonishinggeometry42401 85 A computação é fartamente usada na criação artística unindo arte e matemática Fonte Mathematical Art Galleries Henry Segman autor da obra acima visualizou que é possível criar obras de forma simples e para ele se as palavras podem contar uma história a matemática também pode pois ela tem um vocabulário próprio A matemática e arte não param de se associar Os ovos Fabergé também são obras criadas a partir do uso da matemática como uma reapropriação dos fractais 86 E pintura japonesa é tão harmoniosa que é previsível o uso da matemática Arte matematizada O uso da álgebra da geometria das relações matemáticas nos permite refletir o quanto a natureza a arte e a tecnologia estão próximas e como elas se inter relacionam e nos sensibiliza Tudo isso nos revela que talvez seja possível refletir que há o encontro em nós da razão e do sensível por isso quando reconhecemos a razão áurea a forma pentagonal ou o pentagrama e sua presença na natureza ou ainda reconhecemos elementos da natureza na arte visual na arquitetura na tecnologia temos um encontro com o belo e isso nos causa uma sensação de prazer Mas você sabe que não é só nas artes visuais que a arte encontra a matemática A música é por excelência o exemplo do uso da matemática Sem contar que a nota musical é um elemento da física pois ela é definida pela frequência de uma onda que se propaga que nada mais é que o som Mas além disso a escala musical estabelece uma relação matemática entre as notas e essa harmonia é que nos faz que alguns sons sejam mais agradáveis A música na Grécia antiga tinha a mesma importância da matemática e da filosofia Vale ressaltar que a escala musical que deu origem às escalas utilizadas hoje foi descoberta por Pitágoras o pai da matemática e se utilizou da razão áurea Lembrese que outras culturas também criaram escalas e todas elas estabelecem relação entre números para definir as notas musicais Veja que aquilo que nos agrada mais que nos causa sensação de harmonia equilíbrio é tudo aquilo que nos aproxima de elementos da natureza Talvez isso explique a razão 87 da arte nos tocar de forma tão significativa e de nos aproximar de nossa natureza humana que faz parte do universo natural Mas a relação entre arte e matemática não para aqui mas nós temos que encerrar para seguir adiante e ver ainda como se dá a relação da arte com outras linguagens 64 Arte e linguagens A arte relacionase a qualquer disciplina do currículo e podemos verificar que outras linguagens podem a ela se associar para um trabalho significativo Vamos ver alguns exemplos de como isso pode acontecer A sonorização de histórias é uma forma bastante interessante de unir duas linguagens a artística e a literária e você pode explorar diversas formas de fazer isso Pode começar por brincar com os sons variando altura duração intensidade e timbre para sonorizar livros mudos por exemplo ou histórias lidas pelos alunos Aqui estarão reunidas não só a linguagem artística e literária mas também a matemática e a ciência visto que os elementos da música têm relação intrínseca com a matemática e também com a ciência na sua relação com os órgãos dos sentidos e ainda na física que está presente na compreensão dos sons Use os livros e suas histórias e provoque a criatividade e a imaginação dos alunos ao propor atividade em que se possam inserir sons em passagens da história contada ou lida Veja que isso já possibilita que os alunos tragam a interpretação do que lê ou ouvem visto que para escolher materiais e sons e a forma de usálos é preciso que exista um nível de interpretação o que nos faz perceber que algumas habilidades como a percepção a atenção entre outras são acionadas Contos de fada e outras produções literárias do universo infantil e as próprias criações dos alunos podem ser materiais propícios para essa atividade Personagens ou passagens da obra escolhida podem ser sonorizados E que sons os alunos podem utilizar A natureza dos sons pode ser diversa Podem ser sons vocais corporais aqueles produzidos por objetos diversos tanto os instrumentos musicais como outros da natureza do ambiente escolar ou trazidos de casa A definição de objetos a serem utilizados na atividade já propõe um aprendizado 88 significativo decidir coletivamente quais personagens ou passagens serão sonorizados será também uma forma de aprendizagem ímpar E além dessa sonorização que pode ser uma atividade inicial podese fazer a trilha sonora de uma dramatização baseada em um dos materiais da literatura infantil Nessa atividade podese também contar com a preparação do cenário que pode incluir a pintura o desenho a fotografia a escrita das falas de cada personagem a organização dos adereços e vestimentas Não há atividade mais potencializadora das muitas habilidades necessárias ao desenvolvimento que essas que incluem a interdisciplinaridade e a abordagem triangular do ensino de arte E se essa atividade for antecedida por pesquisas sobre a história da obra do autor E se for precedida por pesquisa de obras que retratem a época da obra ou que associe personagens retratados em obras de arte se os personagens da história fossem a Monalisa um rei egípcio Van Gogh É possível trabalhar o currículo a partir da relação entre as diversas disciplinas do currículo E é claro que isso possibilitaria não apenas a aprendizagem dos conteúdos em si mas serviriam para atuar sobre o desenvolvimento como um todo pois acionase o cérebro e o corpo todo além da função conativa a qual envolve a emoção As atividades podem ir se sofisticando cada vez mais desde que se compreenda que a arte não pode ser destituída de seu valor enquanto área e objeto de conhecimento como comumente se viu ao longo da história da arteeducação Atividade como essas que foram exemplificadas possibilitam ativar a sensibilidade a cognição a imaginação e a criatividade do professor ao planejar e dos alunos na participação das atividades Isso por si só valeria o encontro das diversas linguagens E você professor ao adentrar no universo da arte poderá cada vez mais observar as relações possíveis entre as linguagens presentes no currículo assim como as relações entre disciplinas O importante é que cada uma esteja presente sem descaracterização de nenhuma área 65 Arte e humanização A importância da arte para uma vivência humanizada É necessário compreender que aprendemos e ensinamos em diversas situações Nos espaços formais como a escola e 89 também nos espaços informais como em nossas casas na praça nos espaços cotidianos Humanizar é um tema que vem sendo bastante veiculado mas o que significa afinal Humanização é entendermos que o outro é um ser humano com limitações defeitos e qualidades Para compreender a humanização é preciso saber quem somos de onde viemos quais nossas origens pois isso possibilita tornarmonos melhores E humanizar requer acolhimento mas pensar em acolher requer que antes acolhamos a nós mesmos o que exige o conhecimento de nós e de nossa cultura E isso possibilita compreender que a arte é um caminho que possibilita o acolhimento possibilita reconhecermos nossas origens e nos valorizarmos pois arte é o melhor trabalho do ser humano Arte é humanizar e para pensar na humanização é preciso pertencer e isso requisita ser representada e acolhida por isso não pode estar reservado a momentos fortuitos A arte é feita de linguagens expressões ela é linguagem e expressão e por meio dela é possível educar A arte por si só é educação Arte é cognição atua sobre os sentimentos e em suas diversas linguagens permite que se possa ressignificar a existência Nos fazermos presentes ou sermos representados é um princípio da existência que pode ser feito por meio da arte e as muitas linguagens artísticas Possibilitar trazer à tona nossa história é fundamental e o teatro a literatura a ludicidade permitem contar nossa história rememorar sentirse representado e isso contribui com nosso desenvolvimento e nosso encontro com nós e com o outro numa simbiose transformante Se déssemos vazão à arte poderíamos ser humanos melhores relativizando nossas necessidades de ser produtivos que muitas vezes nos destitui da vida e da possibilidade de nos tornarmos aquilo que realmente se deseja que é o que pode nos fazer feliz completo Defender e valorizar a arte na trajetória escolar é fundamental pois sem isso perdemos muito da nossa capacidade de ser de conhecer e de se desenvolver Então vamos considerar a arte como fundamento da humanização que muitas vezes se perde ao longo do nosso processo de crescimento SABER MAIS Para compreender o papel da arte na humanização vamos compreender a história apresentada no vídeo Veja do que se trata o vídeo O poder da educação em arte 90 humanizada e assistao Jamile Menezes conta através de sua história como a arte transformou a sua vida e vem permitindo que ela transforme a vida de adultos e crianças por meio de sua atuação Uma linda história de superação redescoberta e amor pela arte Graduada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia UFRB pós graduanda em Arte Educação pela Universidade Federal da Bahia UFBA arte educadora no Ensino Fundamental I do Colégio Montessori em Cruz das AlmasBA na rede pública e estadual de ensino do Recôncavo baiano Fotógrafa designer e editora de vídeos na Art Foto em ValençaBA Publicou um livro intitulado As escolas de Joana que foi adotado como paradidático e apresentado em eventos nas cidades do Recôncavo e Baixo Sul da Bahia Interpreta a Boneca Zazá realizando contações de histórias afrobrasileiras e indígenas com brincadeiras populares É atriz e produtora na Bocó Cia de Humor em CachoeiraBA httpswwwyoutubecomwatchvAbdc2ASFHxI A arte é história sensibilização é cognição pois ela tem a capacidade de integrar de reorganizar e manter a totalidade por isso arte não é algo acessório mas vital isso explica a sua existência desde os primórdios da vida e explica porque nos transformamos no contato com ela Reflita sobre as palavras no poema a seguir de Aíla Magalhães Todo mundo nasce artista Depois vem a repressão Não faz arte diz a tia Vê se deixa a invenção Todo mundo nasce artista Depois vem a castração E o artista que está em nós Vai do quarto pro porão Todo mundo nasce artista Depois vem a podação E a vida fica triste Sem arte sem emoção 91 Conclusão do Bloco 6 A arte integra a vida da natureza à criação e produção humana A arte é uma disciplina uma área e objeto de conhecimento que possibilita acionar cognição e emoção de forma intrínseca como se apresenta de fato em nossa existência Por isso é tão fácil unila às diferentes disciplinas do currículo Por isso ela serve de elo interdisciplinar nos currículos pósmodernos Currículos pósmodernos partem da interação e ação de participantes por meio de objetos de conhecimento que dialogam Num currículo assim o conhecimento é construído a partir da exploração e relação dos objetos de conhecimento O uso da lógica metafórica é fundamental para que os objetos de conhecimento dialoguem e se possa construir conhecimento A arte é propicia para um ensino criador criativo e que favoreça educadores e alunos a conhecer e transformar sua realidade ciente de seu pertencimento de sua humanidade de sua responsabilidade individual e coletiva Referências do Bloco 6 BRASIL Secretaria de Ensino Fundamental Parâmetros curriculares nacionais arte Brasília 1997 TEDx O poder da educação na arte humanizada Disponível em httpswwwyoutubecomwatchvAbdc2ASFHxI Acesso em 13 nov 2018 UNIVERSIDADE DO PORTO Arte e matemática Disponível em httpscmupfcupptcmupartegaleriaindexhtml Acesso em 13 nov 2018