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1 Filosofia da educação e formação de educadores Por ANTÔNIO JOAQUIM SEVERINO MARCOS ANTÔNIO LORIERI OFÉLIA MARIA MARCONDES SANDRO ADRIAN BARALDI ajsevuolcombr lorieristicombr ofeliamarcondesuolcombr sandrobaraldigmailcom 1 Formação humana Formação tem a ver com formar ou com o conjunto de procedimentos que dão forma ou que constituem algo Há posições que afirmam que a forma é a própria essência já dada aos seres e que provém de algum poder a eles externo as formas já estariam dadas a priori e aos seres competiria realizálas na sua temporalidade como conformações A ideia de conformação indicou caminhos de constituição de pessoas de modo geral caminhos impositivos Se a forma é previamente dada resta conformarse ou ser conformado a ela Se é vista como resultante do conjunto de relações que se dão com a natureza e com os demais humanos sem que haja planos aprioristicamente dados afirmase a constituição histórica da maneira humana de ser Isso se opõe à ideia de essências ou de formas idealizadas determinantes do real e das pessoas As diversas posturas estão presentes nos variados discursos pedagógicos nem sempre tomadas consciente e criticamente como orientadoras das práticas educacionais Esta diversidade e o fato de poderem ser assumidas de maneira não crítica nos levam a indagar Como pensar a formação humana Há uma forma a ser dada às pessoas ou uma condição humana que se constitui historicamente Qual o papel das mediações educacionais Educação é processo de formação de seres humanos Tratase de processo de constituição da humanidade dos humanos ou de constituição da humanidade nos humanos Se a primeira alternativa essa humanidade constituise na própria prática do existir Se a segunda haveria uma humanidade a ser realizada em cada humano Com qual alternativa ficar Seres 2 humanos devem ser formados Seres humanos formamse São indagações próprias do campo da Filosofia da Educação A formação de educadores não pode prescindir de estudos do âmbito da Filosofia da Educação A relação da Filosofia com a Educação foi trabalhada por muitos filósofos como Platão e Aristóteles Agostinho Tomás de Aquino Rousseau Kant Hegel John Dewey Adorno e outros Pensadores da América Latina participam destes esforços de reflexão filosófica e dentre eles muitos brasileiros Parte dos esforços dos educadores brasileiros é o que se quer mostrar neste simpósio que tem como objetivo provocar a partir das ideias aqui expostas trocas de impressões a respeito deste tema Os componentes da mesa fazem parte do Grupo de Pesquisa em Filosofia da Educação do Programa de PósGraduação em Educação da Universidade Nove de Julho São Paulo BR que tem como uma de suas preocupações investigar a respeito das contribuições da Filosofia da Educação para a formação dos educadores Isso tem se concretizado em resultados como publicações de artigos capítulos de livros em coparticipação na realização de eventos científicos nos quais este tema tem sido debatido Exemplos de eventos são os dois recentes congressos realizados na UNICAMP Universidade Estadual de Campinas São Paulo Brasil o primeiro em setembro de 2015 promovido pela Faculdade de Educação da UNICAMP juntamente com a Sociedade de Filosofia da Educação de Língua Portuguesa SOFELP no qual o tema central foi o papel formativo da filosofia do qual resultou um livro com este título1 o segundo realizado em setembro de 2016 foi promovido pela mesma Faculdade da UNICAMP juntamente com a Sociedade Brasileira de Filosofia da Educação SOFIE no qual ocorreram mesas sobre o papel da Filosofia da Educação na Formação do Educador Algumas das ideias de educadores brasileiros apresentadas nestes eventos serão expostas a seguir 1 Tratase do livro O Papel Formativo da Filosofia SEVERINO A J LORIERI M L GALLO S Jundiaí SP Paco Editora2016 Outros textos do mesmo Congresso da SOFELP podem ser acessados nas seguintes duas revistas e respectivos números Eccos n 38 e 39 wwwuninovebrrevistaeccos e RESAFE n26 httpperiodicosunbbrindexphpresafe 3 2 Contribuições da Filosofia da Educação na formação de Educadores segundo pensadores brasileiros Este tópico traz as contribuições dos quatro estudiosos integrantes deste Simpósio que têm trabalhado a explicitação do sentido e do papel da Filosofia da Educação na formação profissional dos educadores 21 Filosofia da Educação na formação do educador Antônio Joaquim Severino A tese aqui defendida é de que a Filosofia da Educação é imprescindível na formação do educador sendo chamada a exercer nela um papel que não pode ser desconsiderado na sua habilitação profissional A presença de componente filosóficoeducacional na matriz curricular de seu curso não deve ser vista apenas sob a perspectiva de erudição acadêmica mas fundamentalmente como via de consolidação de uma sensibilidade muito aguçada às exigências específicas da própria educação Em decorrência desta premissa sua formação não pode ser concebida e realizada como mero treinamento para o desempenho de tarefas técnicodidáticas do ensino dentro de uma visão muito estreita da profissionalidade esvaziada de qualquer dimensão humanística Do igual modo sua futura atuação profissional como docente não pode se dar como pura execução de atividades técnicas A formação profissional que é de se esperar do educador precisa ir muito além de um domínio de competências e habilidades operativas Outras exigências qualitativas se impõem na e para o amadurecimento humano desse profissional E a contribuição da filosofia da educação é fundamental para se garantir essa formação integral aos futuros profissionais ressaltando a incumbência humanista dos cursos responsáveis pela sua formação inicial À filosofia cabe então um papel pedagógico imprescindível papel que lhe cabe desempenhar como reflexão sistemática sobre a própria educação portanto como filosofia da educação mediante três percursos investigativos e reflexivos explicitar as condições da existência dos homens em sua condição ambígua de seres encarnados e transcendentes explicitar os valores que norteiem sua ação histórica no contexto da vida social valores esses vinculados ao valor máximo que é a dignidade das pessoas elucidar criticamente a ferramenta de que dispõem 4 para tanto que é o conhecimento inclusive desmascarando os enviesamentos ideológicos que atravessam e comprometem tanto o discurso teórico como o discurso prático da educação Daí a necessidade e a relevância do desenvolvimento da sensibilidade filosófica dos estudantes condição indispensável para a formação integral dos mesmos tendo em vista superar o modelo totalmente pragmatista que tem prevalecido nos cursos de preparação dos profissionais da área o que tem gestado uma visão muito tecnicista da própria didática Sem dúvida são indiscutíveis a necessidade e a relevância da profissionalização para inserção de todos os indivíduos no mundo do trabalho Não se trata nunca de negar essa apropriação dos recursos científicos e tecnológicos para a condução da vida humana na terra Assim também os futuros profissionais da educação precisam dispor do máximo desses recursos apropriados para o exercício do ensino Mas é preciso esclarecer bem o que se entende por formação humana para que se possa delinear a presença da Filosofia da Educação na dinâmica da educação universitária destinada aos futuros educadores A formação é o processo do devir humano como devir humanizador mediante o qual o indivíduo natural devém um ser cultural uma pessoa Formação deve ser concebida pois como a busca e o alcance de um sempre renovado modo de ser mediante um devir modo de ser que se caracterizaria por uma qualidade existencial marcada por um máximo possível de emancipação pela condição de sujeito autônomo Uma situação de plena humanidade A educação não é apenas um processo institucional e instrucional um processo formal de ensino sua face visível mas fundamentalmente um investimento formativo do humano seja na particularidade da relação pedagógica pessoal seja no âmbito da relação social coletiva Quando se indaga sobre a presença da filosofia da educação nos currículos dos cursos destinados à preparação dos recursos humanos para a prática educativa o que está em causa é a concepção da formação humana que se espera da Universidade que vai justificar a necessidade dessa presença A ideia aqui defendida é que a finalidade da educação superior também no caso da formação do educador não pode exaurirse nesse perfil de profissionalização técnica E que além do obviamente necessário preparo técnico dos profissionais e da fundamentação científica que lhe deve servir de lastro os cursos de 5 Pedagogia e de Licenciatura precisam investir também na formação humana dos estudantes futuros profissionais da área E que esta formação humana para além de qualquer retórica idealista tem tudo a ver com uma forma aprimorada do existir das pessoas humanas historicamente situadas Isso quer dizer que estamos considerando como filosofia uma atividade de reflexão uma modalidade de exercício da subjetividade cognoscitiva que se envolve exatamente com o delineamento desse sentido articulando e complementando todas as outras modalidades congêneres num esforço conjunto e convergente com vistas à elucidação do sentido da existência e do esclarecimento de referências para a orientação da prática humana o grande processo mediador de sua existência À educação cabe uma tarefa intrinsecamente compromissada com a emancipação dos sujeitos humanos e consequentemente à Filosofia da Educação cabe desvendar as tramas de todas as modalidades de opressão e de dominação que obstaculizam um existir histórico mais autônomo e mais autêntico SEVERINO 2001 2011a 2011b Sem dúvida as condições econômicas e sociais que atravessamos atualmente fazem parecer utópica essa perspectiva No entanto esta situação degradada só faz aguçar o desafio da formação humana necessária pelas carências ônticas e pela contingência ontológica dos homens mas possível pela nossa condição de educabilidade Assim é exigência intrínseca ao processo de formação do educador fomentar e subsidiar o desenvolvimento ao máximo da racionalidade filosófica dos futuros profissionais numa tríplice direção Numa primeira direção buscando enfrentar a questão que continua a desafiar os educadores exigindo a atenção da Filosofia da Educação que é a do próprio sentido desse existir Tratase da questão antropológica por excelência que continua se colocando ainda hoje nas mudadas condições históricas questão que transcende as peculiaridades de todas as épocas Em que pesem todas as mudanças havidas nos últimos séculos nos modos pelos quais a civilização humana tenha avançado no aprimoramento de nossas condições de vida a educação continua merecendo transformações substantivas Apesar de todo o desencantamento do mundo do esvaziamento de todas as referências metafísicas e religiosas com que a tradição cultural e filosófica ocidental construía a imagem do homem a condução da existência no conturbado mundo contemporâneo continua dependente de um sentido que 6 precisamos lhe atribuir Sem dúvida a elaboração desse projeto antropológico nas condições atuais não mais recorrerá àquelas referências metafísicas e teológicas de natureza transcendental e nem mesmo às leis científicas mas se pautará numa hermenêutica da vida na imanência histórica A Filosofia da Educação ao desempenhar essa sua atribuição ontológica busca desenhar um retrato real da condição humana no contexto de sua existência histórica mas sem se respaldar em princípios metafísicos abstratos ou em dogmas religiosos transcendentais A imagem do homem que deve construir não deve ser aquela de uma essência eterna e etérea do mesmo Esperase pois da reflexão filosóficoeducacional que ela explore para educadores e educandos o significado da condição humana historicamente situada Esta é a tarefa ontológica da Filosofia da Educação que deve ser cumprida sem se transformar numa nova metafisica Numa segunda direção ainda é preciso estabelecer referências valorativas para o agir Sem dúvida em nossa tradição a Filosofia da Educação nasce como estabelecimento de valores de referência para a prática educativa Premidos pelas injunções do agir os homens assim que podem contar com os recursos sistemáticos da subjetividade pensante se servem originariamente desses instrumentos para estabelecer parâmetros para o bem agir Isso se justifica plenamente dado ao fato de que a prática é o modo originário e originante do existir humano condição prépredicativa absoluta emergente do núcleo do próprio processo vital da espécie e de onde emergem todos os processos posteriores que dão especificidade ao modo de ser dos homens Esta é a tarefa axiológica da Filosofia da Educação a ser realizada sem se transformar em mera sabedoria SEVERINO 2001 2011a 2011b Em terceiro lugar a Filosofia da Educação não pode evitar se colocar o problema das relações entre a produção do conhecimento e o processo educativo Não só num plano formalmente epistêmico mas também em suas repercussões na instauração de um campo investigativo próprio que torna possível a constituição de uma ciência da educação Sob essa perspectiva epistemológica a Filosofia da Educação precisa ainda identificar e questionar os desvios ideológicos em que incorrem a teoria e a prática educacionais Ainda não estamos livres do embaçamento ideológico pois a cultura em geral e a educação em particular 7 continuam sendo mecanismos de alienação até porque lidam com ferramentas simbólicas que atuam nas entranhas ambíguas da subjetividade A reflexão filosófica tem o necessário compromisso em desmascarar os enviesamentos ideológicos Esta é a tarefa epistemológica da Filosofia da Educação a ser alcançada sem se reduzir a simples metateoria do campo educacional 22 Filosofia como conteúdo necessário na formação dos educadores Marcos Antônio Lorieri São apresentadas aqui ideias relativas às possíveis contribuições da Filosofia da Educação para a formação de educadores presentes nos textos dos pesquisadores brasileiros José Pedro Boufleuer Marcos Antônio Lorieri e Renê José Trentin Silveira Elas foram apresentadas nos eventos mencionados na primeira parte deste texto José Pedro Boufleuer indica que se ofereça nos cursos de Pedagogia elementos da Filosofia da Educação que podem auxiliar na superação da simplificação profissionalizante à qual se tende nesses cursos Simplificação que pode leválos a apenas reproduzir maneiras de fazer sem uma consciência clara das intencionalidades desse fazer Propõe que se ofereça aos futuros pedagogos o estudo do que denominou de paradigmas filosóficos ocidentais que estão subjacentes às tendências pedagógicas com vistas a que os educadores tomem consciência desses paradigmas e os submetam a análises críticas com o auxílio da formação filosófica Toma a expressão paradigma no sentido de referências e condicionantes muitas vezes não refletidos que estão presentes na maneira de pensar a realidade orientando como nela operar Orientando portanto as maneiras de fazer Cita os seguintes a o paradigma ontológico das essências b o paradigma moderno ou da subjetividade individual c o paradigma neomoderno da linguagem pragmática ou da ação comunicativa Esta proposta visa a oferecer um caminho de formação aos educadores para que possam assumir conscientemente e não espontaneamente ou simploriamente as razões e as orientações para sua prática educativa Pois como ele afirma em cada época assumimos cumplicidades recíprocas em relação a paradigmas ele diz também narrativas que em 8 última instância governam nossas vidas É mais digno assumir essas cumplicidades de maneira conscientemente crítica nisso a filosofia da educação tem um papel fundamental Na mesma direção caminham as ideias de Renê Trentin da Silveira UNICAMP que sugere pensar o papel formativo da filosofia da educação partindo do que diz Gramsci no Caderno 11 de os Cadernos do Cárcere2 Sua proposta é que a disciplina ajude os futuros professores a superarem uma Filosofia da Educação espontânea ou internalizada através do senso comum que carrega elementos de filosofia e de filosofia da educação mas não pensados criticamente Isso pode ser feito buscando identificar esta Filosofia da Educação presente nas tendências pedagógicas denominadas por Bonfleuer de paradigmas e nas práticas costumeiras dos educadores e proceder a uma análise crítica das mesmas como forma de indicar a possibilidade de sua superação na direção de assumir alguma teoria pedagógica e sua base filosófica conscientemente e criticamente Minhas ideias caminham sempre na direção de afirmar e reafirmar que o educador como um profissional que pretende atuar intencionalmente nas diversas atividades próprias da relação educativa necessita de uma sólida formação filosófica além das demais formações propiciadas pelos conhecimentos científicos e pelas demais formas de conhecimento como as artes Necessidade que advém do fato de lhe caber decidir por caminhos que pretende oferecer como bons aos seres humanos em formação com os quais entra em relação educativa como um dos mediadores nessa relação Esta decisão por caminhos envolve no mínimo os seguintes percursos reflexivos o da humanização caminhos do ser gente o do pensar e nele o do conhecer caminhos do conhecimento o do valorar e nele em especial o do valorar moral caminhos da ética o do ser em sociedade caminhos da política o da busca de compreensão da sensibilidade 2 O que diz Gramsci conforme citação de Silveira é o seguinte é preferível pensar sem disto ter consciência crítica de uma maneira desagregada e ocasional isto é participar de uma concepção do mundo imposta mecanicamente pelo ambiente exterior ou seja por um dos muitos grupos sociais nos quais todos estão automaticamente envolvidos desde sua entrada no mundo consciente ou é preferível elaborar a própria concepção do mundo de uma maneira consciente e crítica escolher a própria esfera de atividade participar ativamente na produção da história do mundo ser o guia de si mesmo e não mais aceitar do exterior passiva e servilmente a marca da própria personalidade Gramsci 2001 p 9394 12 Caderno 11 9 humana e de suas manifestações em especial das manifestações artísticas caminhos da estética Ser educador Pedagogo assim como ser educador Professor não é como ser educador nas relações que ocorrem no diaadia quase sempre sem uma intenção clara O educador profissional é aquele que tem em primeiro lugar intencionalidade clara quer quanto aos resultados possíveis os fins os objetivos etc quer quanto aos meios Faz parte desta intencionalidade a intencionalidade política por ele escolhida Em segundo lugar cabelhe pensar com a maior clareza possível os seguintes temas e os problemas a eles inerentes a o significado da ação educativa b o ser humano Antropologia Filosófica e Educação c o ser humano que pensa e conhece Teoria do Conhecimento e Educação d o ser humano que age e suas referências éticas Ética e Educação e o ser humano cidadão Filosofia Social e Política e suas relações com a Educação f o ser humano e sua sensibilidade Estética e Educação Ao pensar filosoficamente estes temas é necessária a incursão pelas produções filosóficas historicamente acumuladas Até para que se tenha consciência crítica de sua presença ou não nas propostas pedagógicas ainda vigentes nos dias de hoje Tratase da necessária clareza a respeito dos paradigmas Bonfleuer ou das tendências pedagógicas e seus pressupostos filosóficos presentes na Filosofia da Educação espontânea ou internalizada através do senso comum Renê Silveira A Educação é uma das práticas humanas e das mais importantes ela se propõe a ajudar os seres humanos a se tornarem cada vez melhores pessoas Isto inclui procurar ajudar as pessoas a estabelecerem as melhores relações possíveis com a natureza com os demais seres humanos e consigo próprias na construção de um modo de ser no mundo que faça bem a todos assim como ao próprio mundo Lembrando que já é um grande problema a definição do que sejam o melhor e o bem aqui referidos Tudo o que diz respeito ao que o ser humano é e ao que ele faz diz respeito à educação E tudo isso exige de cada ser humano reflexão filosófica e em especial dos seres humanos que se propõem a educar intencionalmente isto é a interferir na maneira de ser de outras 10 pessoas Daí a importância e a necessidade da reflexão filosófica na formação e na prática do educador e no caso do educador pedagogo ou do educador professor 3 23 Formação de educadores e a infância como categoria filosófica Ofélia Maria Marcondes O que proponho neste texto é uma breve reflexão sobre o papel da Filosofia da Educação na formação de educadores a partir da infância como categoria filosófica ou seja um conceito geral que nos permite refletir e estabelecer diversas e possíveis relações entre ideias ou fatos e não apenas como uma etapa do desenvolvimento humano que exige a presença de uma geração mais experiente que insere a menos experiente no mundo da cultura Pensamos sistematicamente sobre algo que se apresenta como questão ou problema dada nossa relação necessária com o meio físico e social resultando em concepções ou modos de entendimento Segundo Lorieri Concepções filosóficas ou filosofias podem ser consideradas como sistemas teóricos que procuram apresentar entendimentos produzidos de certa maneira sobre o que é a realidade ou o mundo o ser humano o conhecimento a verdade o processo de valoração o bem o belo a sociedade o poder a liberdade a história a linguagem a educação etc Sua produção se dá sempre no interior de situações históricas concretas com todos os condicionamentos sociais econômicos e políticos ali presentes LORIERI 2010 p 5 grifo do autor Essas são questões fundamentais que levam os seres humanos a perguntarem sobre si mesmos sobre a realidade que os cerca e sobre a própria existência humana O esforço por buscar produzir entendimentos a respeito desses temas é o próprio filosofar que deve ser alimentado através também do ensino de Filosofia pois além de auxiliar no atendimento da necessidade de produção das significações através da busca incessante por respostas às questões fundamentais o ensino da filosofia auxilia no necessário aprendizado de se colocar sob o crivo da reflexão crítica as significações que estão presentes na cultura e que são utilizadas para orientar e justificar maneiras de ser de agir e de pensar LORIERI 2016 p 172 3 Observação As ideias dos três autores aqui mencionados foram apresentadas no III Congresso da Sociedade Brasileira de Filosofia da Educação FEUNICAMP 1415092016 wwwfeunicampbrsofie2016indexhtml e serão publicados em livro em 2017 11 A formação do educador deve caminhar no sentido de ajudálo a tornarse um crítico de sua prática e das teorias nela presentes ou como é colocado deve auxiliálo a ser capaz de uma reflexão crítica sobre as significações presentes na cultura e assim reorientar seu agir e seu pensar Pensar criticamente nos coloca diante da exigência de pensarmos sobre o mundo o ser humano o conhecimento etc com autonomia por meio de uma reflexão que nos leve à raiz dos problemas buscando compreender a totalidade das condições em que eles surgem e como eles se resolvem ou buscam se resolver no existir da humanidade Considero que a Filosofia da Educação como disciplina nos cursos de formação de professores deve cumprir o papel de colocar questões que auxiliem os futuros professores a compreenderem sua própria atividade para que possam estar efetivamente na condução consciente de sua prática Com isso a Filosofia da Educação deve superar seu caráter enciclopédico que trata das ideias ou correntes do pensamento filosófico sobre educação sem negar a importância do saber dessas ideias tornandose o espaço para se pensar epistemológica axiológica e ontologicamente o fenômeno educativo com vistas ao questionamento dos fundamentos do currículo dos métodos das ideias de avaliação do projeto pedagógico problematizando os sentidos do quefazer educacional A filosofia torna se uma experiência educativa que nos permite crescer e a Filosofia da Educação um exercício atento que mantém viva a ligação entre educação e sua dimensão filosófica Neste ponto concordamos com Tomazetti ao afirmar que o papel da Filosofia da Educação é problematizar a formação e a subjetivação dos aprendizes colocando em xeque as relações entre ensino e aprendizagem ou seja deve propiciar a problematização acerca das representações de professor de escola de aluno de ensino por exemplo e o reconhecimento dos campos de sujeição vigentes na educação TOMAZETTI 2016 p81 Não é fácil questionar a própria prática e os fundamentos já estabelecidos Por onde porém começar esse exercício Como podemos abordar filosoficamente problemas como o que é a realidade como alcançamos a felicidade o que é educar o que é o bom o belo a verdade 12 Segundo Kohan pensar de verdade pensarse a si mesmo fazer da filosofia um exercício de se colocar a si mesmo em questão exige a cada momento ir até a mais recôndita infância do pensamento começar a pensar tudo de novo como se nunca tivéssemos pensado como se a cada vez estivéssemos pensando pela primeira vez Assim a infância é quase uma condição da filosofia KOHAN 2015a p 217 A infância tema recorrente nos cursos de formação de educadores aparece em disciplinas como História da Educação e Psicologia é comumente tratada como uma etapa do desenvolvimento humano a ser superada pela maturidade e como condição para o crescimento A criança deve ser conduzida da minoridade à maioridade O emancipado é o adulto o maduro A criança não tem razão nem conhecimento não é dona de si mesma é incapaz e suas capacidades estão em potência No entanto Kohan coloca a infância como categoria filosófica por nos convidar a suspender nossos saberes questionar nossas ações buscar os porquês nos colocar naquela situação de admiração diante do mundo e das coisas do mundo é a própria situação do filósofo construir e compreender os significados das coisas da natureza como natureza e da natureza como cultura Estamos na mesma posição infantil a cada vez que pensamos ou perguntamos sobre a existência a vida e a morte nós e o outro a realidade Kohan vê a infância como a própria filosofia e o ato de filosofar Na filosofia a infância é uma exigência pensar sem pressupostos uma exigência necessária e impossível ao mesmo tempo a de habitar cada vez que pensamos a mais recôndita infância do pensamento começar a pensar tudo de novo como se nunca tivéssemos pensado como se estivéssemos pensando cada vez que pensamos pela primeira vez O que é a infância O que é a filosofia Como pensálas como se fosse a primeira vez como se nunca as tivéssemos pensado O exercício é infinito Só tem início Só tem infância KOHAN 2015 170 grifo do autor A infância é a busca do novo possibilidades Para Kohan a filosofia e o filosofar são também escuta atenta dos possíveis no pensamento e a infância é justamente pelo menos num sentido o reino das possibilidades e da ausência de determinação KOHAN 2015a p 217 Na infância construímos tempos que ainda não existem usamos a imaginação livremente criamos soluções é ruptura e repetição A criança o ser humano no estágio da infância está aberta às experiências desejosa quer o novo é ativa Negar a infância seria 13 negar a experiência pensada aqui em termos deweyanos como resultado das interações do ser humano e seu meio em virtude dos problemas que este lhe impõe É na continuidade de nossas experiências que nos constituímos sujeitos históricos inacabados em crescimento Há uma ligação necessária entre essas duas categorias infância e experiência no sentido de que a primeira é condição para a segunda É por esta razão que Kohan leitor de Agamben afirma No humano a infância é a condição da história KOHAN 2005 p243 Pagni compreende o sentido de infância como o de ser uma condição da linguagem e uma possibilidade do pensar que irrompe na vida ao não se restringir a uma de suas fases e a altera em seu curso mediante a sua transformação 2010 p 100 Entendo que a transformação é aquela que acontece na ação sobre o mundo fruto de questionamentos e elaboração e reelaboração de significados Superando a ideia de infância restrita a uma idade específica a colocamos como aquele estado de espírito que acompanha o ser humano por toda a sua vida e por ser inacabado se transforma na medida de suas experiências E é deste ponto de vista que Pagni pensa a infância Em virtude de esse inacabamento dar ao homem o que pensar a infância é vista como móvel desse ato de pensar levando o sujeito a modificarse diante do existente ao mesmo tempo em que resiste a ele em busca de transformálo e produzir formas de subjetivação mais livres no mundo e potencializar a vida A infância seria assim um entre que habita as relações da experiência com a linguagem das quais irrompe um ato de pensar que ao mover o pensamento coloca o sujeito em um processo transformativo de si mesmo PAGNI 2010a p 30 grifo do autor Assumi a infância como categoria filosófica para pensar a Filosofia da Educação nos cursos de formação de professores por ser uma possibilidade para pensarmos a práxis educativa nos colocando questões já formuladas como se fosse a primeira vez a serem pensadas O que é educar É possível educar eou educarse É possível conhecer Quais os conteúdos e saberes válidos na construção do currículo Quais valores estão associados à avaliação Os porquês da infância são os que impulsionam a força criadora da própria existência humana nos colocando na posição de eternos aprendizes 24 Influências de Dewey no pensamento educacional brasileiro 14 Sandro Adrian Baraldi As ideias do Movimento da Escola Nova tiveram ampla repercussão no pensamento educacional brasileiro desde 1930 até o final de Século XX e em especial as ideias de John Dewey Esta repercussão impactou de alguma maneira as reflexões no campo da Filosofia da Educação e nas ideias de formação seja de alunos seja de docentes O que não ocorreu em outros âmbitos do pensamento filosófico brasileiro apesar de algumas exceções Diversas obras de Dewey do âmbito da educação foram traduzidas para o português A base do pensamento deweyano é a sua concepção de experiência Segundo Murphy 1993 p8890 a concepção geral de experiência em Dewey tem marcas profundas do conceito de experiência em Hegel que a toma como constituindo um todo unificado dinâmico e singular no qual em última instância tudo está interrelacionado Não um todo unificado idealizado e sim um todo unificado natural objetivo concreto e material Dela fazem parte os seres humanos os quais têm experiências e não apenas passam por experiências A experiência é o acontecer de tudo ou seja a elaboração dos acontecimentos Na experiência Dewey aponta para dois de seus princípios fundamentais a continuidade e a interação A continuidade significa que os acontecimentos não voltam atrás eles têm continuidade uns seguindose aos outros e até indicando possibilidades para as sequências experienciais A interação indica que para haver qualquer acontecimento devem existir relações entre seus elementos constituintes Ambos os princípios possibilitam o entendimento do acontecer de tudo ou seja a experiência Daí a negação das ideias essencialistas porque nada é e sim está sendo nada volta atrás as coisas estão sempre mudando o que exige prudência para o agir e por conta disso exige pensamento preditivo Daí também a negação de ideias solipsistas pois não existe algo como alma solitária tudo está relacionado com tudo Tudo acontece nas interações mesmo a construção de um sujeito é uma obra coletiva Estas ideias acabaram por influenciar a maneira de pensar a educação no Brasil o que pode ser constatado nas amostras apontadas a seguir Poucas devido ao espaço possível neste simpósio mas exemplares 15 Criticando ideias que apontam para a prevalência da teoria sobre a prática Severino nos diz que É a prática que constrói a educação assim como toda expressão da existência humana Toda explicação teórica deve ter a condição da prática como referência fundamental SEVERINO 2012 p 8 Antes que possamos ter qualquer teoria precisamos de um conhecimento prático precisamos ter tido uma experiência O estágio inicial do ato de pensar é experiência Esta observação pode figurarse sovado lugar comum Deveria ser mas infelizmente não é Pelo contrário o ato de pensar é com frequência considerado na teoria filosófica e na prática educativa como alguma coisa independente da experiência e capaz de ser cultivado isoladamente DEWEY 1959 p 168 A filosofia de Dewey é também conhecida como Filosofia da Experiência Dewey considera a experiência como o método e o único método para alcançar a natureza DEWEY 1958 p 2a4 Se natureza não se nos apresenta passivamente mas temos que interagir com ela ativamente o resultado disso só pode ser uma criação uma construção em que há uma tensão entre objeto e sujeito Embora não sejamos criadores absolutos dos objetos nossa relação com eles não é mera contemplação é uma construção SEVERINO 2012 p 23 Pois Somente a ação a interação pode mudar ou refazer objetos DEWEY 1958 p 158 Severino e Dewey compartilham algumas ideias ainda que as fontes originárias do pensamento do primeiro não tenham sido ideias de Dewey e sim abordagens de Mounier e por esta razão as ideias do Existencialismo e as do materialismo histórico e dialético De qualquer maneira uma hipótese plausível é a de que as abordagens de Severino se tornam mais facilmente assimiláveis no campo da Filosofia da Educação também pela forte influência das ideias de Dewey Outro filósofo da educação brasileiro Cláudio Dalbosco trata da interação nas experiências educacionais A sociabilidade humana é fundamental na criação dos laços que sustentam a estrutura social e ela se constrói a partir da mediação permanente entre ação individualizada e contexto social DALBOSCO 2008 p 210 A interação se dá majoritariamente pela possibilidade simbólica da linguagem Esta teoria é de George Herbert 4 Todas as traduções são de minha responsabilidade 16 Mead filósofo norte americano que recebe uma forte influência da filosofia pragmatista norteamericana principalmente de Dewey colega de departamento na Universidade de Chicago e seu amigo pessoal DALBOSCO 2008 p 212 O que Mead afirma com isso a capacidade humana de representar sua ação por meio de signos nada mais é do que um aspecto central da sociabilidade humana isto é a sua capacidade conquistada pelo desenvolvimento da linguagem em seu nível simbólico de internalizar a ação dos outros adquirindo também a capacidade de se colocar no seu lugar e de assumir ou não sua posição A tese de Mead é portanto a de que estamos desde sempre inseridos num mundo social no qual nossa individualidade só pode ser alcançada por meio de uma socialização levada adiante pela capacidade de expressarse por meio do emprego significativo de símbolos DALBOSCO 2008 p 213 Dewey tece esta teoria da interação simbólica no capítulo quinto de Experience and Nature obra fundamental não traduzida para o português Ali trata da comunicação humana e de como por meio desse processo se constroem os significados Quando a comunicação acontece todos os eventos naturais ficam sujeitos a reconsideração e revisão Os eventos se tornam objetos coisas com um significado DEWEY 1958 p 166 Dalbosco ao escrever sobre Mead assim diz da linguagem nos processos de interações humanas a linguagem humana possui a capacidade por meio do emprego de símbolos significantes de provocar no outro o mesmo tipo de comportamento que ela provoca em quem a pronuncia É nisto que reside o caráter reflexivo da linguagem DALBOSCO 2008 p 215 Esta ideia está presente em Dewey Linguagem é especificamente um modo de interação de pelo menos dois seres um falante e um ouvinte isto pressupõe criaturas que pertencem a um grupo organizado e que adquiriram seus hábitos da fala DEWEY 1958 p 185 Isso se dá nas interações educacionais formais ou não Se a interação é um fenômeno social que se organiza por meio da linguagem nada mais óbvio do que se valer do instrumento da linguagem para associar as pessoas O que pode ocorrer para o bem ou para o mal Dalbosco na sua produção no campo da Filosofia da Educação não só tem pontos em comum com Dewey mas também busca nele aportes para suas reflexões Leoni Henning outra filósofa da educação brasileira trata do princípio da continuidade de Dewey propondo o fim do pensamento etapista na educação que recorta a vida Ela propõe 17 que a vida deva ser considerada em seu processo que permanentemente se estica no tempo e acontece no espaço em que ocorre HENNING 2016 p 198 pois o homem forma uma continuidade com a natureza DEWEY 1952 p 215 além de acontecer sempre em continuidades as mais diversas A aplicação desse princípio em Henning lhe serve por exemplo para a defesa da presença da Filosofia no Ensino Fundamental contrariamente à precaução de alguns estudiosos frente à possibilidade do cultivo filosófico prematuro HENNING 2016 p 197 As questões filosóficas não são estranhas à criança ao contrário ela vive cercada por elas Por isso que crescer deveria acontecer filosofando já que o processo educacional como o filosófico é um contínuo reorganizar reconstruir transformar DEWEY 2004 p 48 e isso acontece em qualquer época da nossa existência Inclusive no colocar e no recolar de questões filosóficas num contínuo que não cessa nunca A necessidade do crescimento se deve à tensão gerada pelas condições da nossa existência e isso não exclui as crianças Crescimento no sentido deweyano do termo como marcha cumulativa de ação para um resultado ulterior DEWEY 1959 p 44 não exclui ninguém sendo ou não criança O crescer está nessa atitude de fazer da ação um signo uma indicação de continuidade que possa ser utilizado de forma prática para novas experiências e que possa ser comunicado a outros sócios da experiência de viver Henning neste aspecto partilha de ideias de Dewey e as torna presentes nas reflexões filosóficas sobre a educação em nossos dias no Brasil Por estes três exemplos há muitos outros podese constatar que mesmo tendo diminuída a ênfase dada ao pensamento de Dewey no auge do movimento da Escola Nova no Brasil principalmente na segunda metade do Século XX suas ideias produziram um lastro favorável tanto ao entendimento da importância da experiência como ambiente da realização de tudo e como fonte do conhecimento quanto para reflexões no campo da Filosofia da Educação Considerações finais Os textos deste simpósio têm o objetivo de apresentar ideias de alguns pensadores brasileiros a respeito da necessidade e importância da presença da Filosofia da Educação no processo de formação de educadores Há além desses outros educadores brasileiros tão 18 importantes quanto Os que aqui foram apresentados o foram com a finalidade de que suas ideias provoquem neste encontro debates e considerações sobre o tema Tratase de um debate urgente vistos os riscos de empobrecimento da formação dos educadores por duas razões já mencionadas a primeira pelo que afirma Severino sua formação não pode ser concebida e realizada como mero treinamento para o desempenho de tarefas técnicodidáticas do ensino dentro de uma visão muito estreita da profissionalidade esvaziada de qualquer dimensão humanística A segunda por conta da necessidade de ajuda para que os educadores superem visões espontaneístas ou simplórias de acordo com René Silveira e também enviesamentos ideológicos Severino ao assumirem tendências pedagógicas ou paradigmas conforme diz Bonfleuer Referências DALBOSCO Cláudio A Teoria interacionista da ação e educação In DALBOSCO C A CASAGRANDA E A MÜHL E H Filosofia e pedagogia aspectos históricos e temáticos Campinas SP Autores Associados 2008 DEWEY John Experience and nature New York Dover Publications Inc 1958 DEWEY John Democracia e educação 3ª edição S Paulo Cia Editora Nacional 1959 DEWEY John Democracy and Education New York Dover 2004 DEWEY John La busca de la certeza México Fondo de Cultura Economica 1952 DEWEY John Arte como experiência São Paulo Martins Martins Fontes 2010 GRAMSCI A Caderno 11 19321933 Introdução ao Estudo da Filosofia In Cadernos do Cárcere Introdução ao Estudo da Filosofia A filosofia de Benedetto Croce Edição Carlos Nelson Coutinho coedição Marco Aurélio Nogueira e Luiz Sérgio Henriques Tradução de Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Civilização Brasileira 2001 vol 1 pp 81226 HENNING Leoni Maria Padilha Crescer Filosofando In SEVERINO Antônio J LORIERI Marcos A GALLO Sílvio O papel formativo da filosofia Jundiaí Paco Editorial 2016 KOHAN Walter O Infância Entre educação e filosofia Belo Horizonte Autêntica 2005 19 KOHAN Walter O Entrevista com Walter Kohan Ensaios Filosóficos v 11 p 166172 2015 KOHAN Walter O Visões de filosofia infância ALEA Rio de Janeiro vol 172 p 216 226 juldez 2015a LORIERI Marcos A Filosofia e educação um entendimento possível desta relação Revista mbienteeducação São Paulo v 3 n 2 p 0512 juldez 2010 LORIERI Marcos A Papel da filosofia na formação humana Revista SulAmericana de Filosofia e Educação Número 26 maioout2016 p 161174 MURPHY J O pragmatismo de Peirce a Davidson Porto Edições ASA 1993 PAGNI Pedro  Infância arte de governo pedagógica e cuidado de si Educação e Realidade Porto Alegre v 35 n 3 p 99123 setdez 2010 PAGNI Pedro  Um lugar para a experiência e suas linguagens entre os saberes e práticas escolares pensar a infância e o acontecimento na práxis educativa In PAGNI P A GELAMO R P orgs Experiência Educação e Contemporaneidade Marília Poiesis Editora 2010a SEVERINO Antônio J Educação sujeito e história São Paulo Olho dÁgua 2012 SEVERINO Antônio J Filosofia na formação universitária São Paulo Artes Livros 2011 SEVERINO Antônio J Formação e atuação dos professores dos seus fundamentos éticos In SEVERINO Francisca E S Org Ética e formação de professores política responsabilidade e autoridade em questão São Paulo Cortez 2011b p 130148 TOMAZETTI Elisete M Papel da Filosofia na formação de educadores In SEVERINO A J LORIERI M A GALLO S O papel formativo da Filosofia orgs Jundiaí Paco Editorial 2016
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1 Filosofia da educação e formação de educadores Por ANTÔNIO JOAQUIM SEVERINO MARCOS ANTÔNIO LORIERI OFÉLIA MARIA MARCONDES SANDRO ADRIAN BARALDI ajsevuolcombr lorieristicombr ofeliamarcondesuolcombr sandrobaraldigmailcom 1 Formação humana Formação tem a ver com formar ou com o conjunto de procedimentos que dão forma ou que constituem algo Há posições que afirmam que a forma é a própria essência já dada aos seres e que provém de algum poder a eles externo as formas já estariam dadas a priori e aos seres competiria realizálas na sua temporalidade como conformações A ideia de conformação indicou caminhos de constituição de pessoas de modo geral caminhos impositivos Se a forma é previamente dada resta conformarse ou ser conformado a ela Se é vista como resultante do conjunto de relações que se dão com a natureza e com os demais humanos sem que haja planos aprioristicamente dados afirmase a constituição histórica da maneira humana de ser Isso se opõe à ideia de essências ou de formas idealizadas determinantes do real e das pessoas As diversas posturas estão presentes nos variados discursos pedagógicos nem sempre tomadas consciente e criticamente como orientadoras das práticas educacionais Esta diversidade e o fato de poderem ser assumidas de maneira não crítica nos levam a indagar Como pensar a formação humana Há uma forma a ser dada às pessoas ou uma condição humana que se constitui historicamente Qual o papel das mediações educacionais Educação é processo de formação de seres humanos Tratase de processo de constituição da humanidade dos humanos ou de constituição da humanidade nos humanos Se a primeira alternativa essa humanidade constituise na própria prática do existir Se a segunda haveria uma humanidade a ser realizada em cada humano Com qual alternativa ficar Seres 2 humanos devem ser formados Seres humanos formamse São indagações próprias do campo da Filosofia da Educação A formação de educadores não pode prescindir de estudos do âmbito da Filosofia da Educação A relação da Filosofia com a Educação foi trabalhada por muitos filósofos como Platão e Aristóteles Agostinho Tomás de Aquino Rousseau Kant Hegel John Dewey Adorno e outros Pensadores da América Latina participam destes esforços de reflexão filosófica e dentre eles muitos brasileiros Parte dos esforços dos educadores brasileiros é o que se quer mostrar neste simpósio que tem como objetivo provocar a partir das ideias aqui expostas trocas de impressões a respeito deste tema Os componentes da mesa fazem parte do Grupo de Pesquisa em Filosofia da Educação do Programa de PósGraduação em Educação da Universidade Nove de Julho São Paulo BR que tem como uma de suas preocupações investigar a respeito das contribuições da Filosofia da Educação para a formação dos educadores Isso tem se concretizado em resultados como publicações de artigos capítulos de livros em coparticipação na realização de eventos científicos nos quais este tema tem sido debatido Exemplos de eventos são os dois recentes congressos realizados na UNICAMP Universidade Estadual de Campinas São Paulo Brasil o primeiro em setembro de 2015 promovido pela Faculdade de Educação da UNICAMP juntamente com a Sociedade de Filosofia da Educação de Língua Portuguesa SOFELP no qual o tema central foi o papel formativo da filosofia do qual resultou um livro com este título1 o segundo realizado em setembro de 2016 foi promovido pela mesma Faculdade da UNICAMP juntamente com a Sociedade Brasileira de Filosofia da Educação SOFIE no qual ocorreram mesas sobre o papel da Filosofia da Educação na Formação do Educador Algumas das ideias de educadores brasileiros apresentadas nestes eventos serão expostas a seguir 1 Tratase do livro O Papel Formativo da Filosofia SEVERINO A J LORIERI M L GALLO S Jundiaí SP Paco Editora2016 Outros textos do mesmo Congresso da SOFELP podem ser acessados nas seguintes duas revistas e respectivos números Eccos n 38 e 39 wwwuninovebrrevistaeccos e RESAFE n26 httpperiodicosunbbrindexphpresafe 3 2 Contribuições da Filosofia da Educação na formação de Educadores segundo pensadores brasileiros Este tópico traz as contribuições dos quatro estudiosos integrantes deste Simpósio que têm trabalhado a explicitação do sentido e do papel da Filosofia da Educação na formação profissional dos educadores 21 Filosofia da Educação na formação do educador Antônio Joaquim Severino A tese aqui defendida é de que a Filosofia da Educação é imprescindível na formação do educador sendo chamada a exercer nela um papel que não pode ser desconsiderado na sua habilitação profissional A presença de componente filosóficoeducacional na matriz curricular de seu curso não deve ser vista apenas sob a perspectiva de erudição acadêmica mas fundamentalmente como via de consolidação de uma sensibilidade muito aguçada às exigências específicas da própria educação Em decorrência desta premissa sua formação não pode ser concebida e realizada como mero treinamento para o desempenho de tarefas técnicodidáticas do ensino dentro de uma visão muito estreita da profissionalidade esvaziada de qualquer dimensão humanística Do igual modo sua futura atuação profissional como docente não pode se dar como pura execução de atividades técnicas A formação profissional que é de se esperar do educador precisa ir muito além de um domínio de competências e habilidades operativas Outras exigências qualitativas se impõem na e para o amadurecimento humano desse profissional E a contribuição da filosofia da educação é fundamental para se garantir essa formação integral aos futuros profissionais ressaltando a incumbência humanista dos cursos responsáveis pela sua formação inicial À filosofia cabe então um papel pedagógico imprescindível papel que lhe cabe desempenhar como reflexão sistemática sobre a própria educação portanto como filosofia da educação mediante três percursos investigativos e reflexivos explicitar as condições da existência dos homens em sua condição ambígua de seres encarnados e transcendentes explicitar os valores que norteiem sua ação histórica no contexto da vida social valores esses vinculados ao valor máximo que é a dignidade das pessoas elucidar criticamente a ferramenta de que dispõem 4 para tanto que é o conhecimento inclusive desmascarando os enviesamentos ideológicos que atravessam e comprometem tanto o discurso teórico como o discurso prático da educação Daí a necessidade e a relevância do desenvolvimento da sensibilidade filosófica dos estudantes condição indispensável para a formação integral dos mesmos tendo em vista superar o modelo totalmente pragmatista que tem prevalecido nos cursos de preparação dos profissionais da área o que tem gestado uma visão muito tecnicista da própria didática Sem dúvida são indiscutíveis a necessidade e a relevância da profissionalização para inserção de todos os indivíduos no mundo do trabalho Não se trata nunca de negar essa apropriação dos recursos científicos e tecnológicos para a condução da vida humana na terra Assim também os futuros profissionais da educação precisam dispor do máximo desses recursos apropriados para o exercício do ensino Mas é preciso esclarecer bem o que se entende por formação humana para que se possa delinear a presença da Filosofia da Educação na dinâmica da educação universitária destinada aos futuros educadores A formação é o processo do devir humano como devir humanizador mediante o qual o indivíduo natural devém um ser cultural uma pessoa Formação deve ser concebida pois como a busca e o alcance de um sempre renovado modo de ser mediante um devir modo de ser que se caracterizaria por uma qualidade existencial marcada por um máximo possível de emancipação pela condição de sujeito autônomo Uma situação de plena humanidade A educação não é apenas um processo institucional e instrucional um processo formal de ensino sua face visível mas fundamentalmente um investimento formativo do humano seja na particularidade da relação pedagógica pessoal seja no âmbito da relação social coletiva Quando se indaga sobre a presença da filosofia da educação nos currículos dos cursos destinados à preparação dos recursos humanos para a prática educativa o que está em causa é a concepção da formação humana que se espera da Universidade que vai justificar a necessidade dessa presença A ideia aqui defendida é que a finalidade da educação superior também no caso da formação do educador não pode exaurirse nesse perfil de profissionalização técnica E que além do obviamente necessário preparo técnico dos profissionais e da fundamentação científica que lhe deve servir de lastro os cursos de 5 Pedagogia e de Licenciatura precisam investir também na formação humana dos estudantes futuros profissionais da área E que esta formação humana para além de qualquer retórica idealista tem tudo a ver com uma forma aprimorada do existir das pessoas humanas historicamente situadas Isso quer dizer que estamos considerando como filosofia uma atividade de reflexão uma modalidade de exercício da subjetividade cognoscitiva que se envolve exatamente com o delineamento desse sentido articulando e complementando todas as outras modalidades congêneres num esforço conjunto e convergente com vistas à elucidação do sentido da existência e do esclarecimento de referências para a orientação da prática humana o grande processo mediador de sua existência À educação cabe uma tarefa intrinsecamente compromissada com a emancipação dos sujeitos humanos e consequentemente à Filosofia da Educação cabe desvendar as tramas de todas as modalidades de opressão e de dominação que obstaculizam um existir histórico mais autônomo e mais autêntico SEVERINO 2001 2011a 2011b Sem dúvida as condições econômicas e sociais que atravessamos atualmente fazem parecer utópica essa perspectiva No entanto esta situação degradada só faz aguçar o desafio da formação humana necessária pelas carências ônticas e pela contingência ontológica dos homens mas possível pela nossa condição de educabilidade Assim é exigência intrínseca ao processo de formação do educador fomentar e subsidiar o desenvolvimento ao máximo da racionalidade filosófica dos futuros profissionais numa tríplice direção Numa primeira direção buscando enfrentar a questão que continua a desafiar os educadores exigindo a atenção da Filosofia da Educação que é a do próprio sentido desse existir Tratase da questão antropológica por excelência que continua se colocando ainda hoje nas mudadas condições históricas questão que transcende as peculiaridades de todas as épocas Em que pesem todas as mudanças havidas nos últimos séculos nos modos pelos quais a civilização humana tenha avançado no aprimoramento de nossas condições de vida a educação continua merecendo transformações substantivas Apesar de todo o desencantamento do mundo do esvaziamento de todas as referências metafísicas e religiosas com que a tradição cultural e filosófica ocidental construía a imagem do homem a condução da existência no conturbado mundo contemporâneo continua dependente de um sentido que 6 precisamos lhe atribuir Sem dúvida a elaboração desse projeto antropológico nas condições atuais não mais recorrerá àquelas referências metafísicas e teológicas de natureza transcendental e nem mesmo às leis científicas mas se pautará numa hermenêutica da vida na imanência histórica A Filosofia da Educação ao desempenhar essa sua atribuição ontológica busca desenhar um retrato real da condição humana no contexto de sua existência histórica mas sem se respaldar em princípios metafísicos abstratos ou em dogmas religiosos transcendentais A imagem do homem que deve construir não deve ser aquela de uma essência eterna e etérea do mesmo Esperase pois da reflexão filosóficoeducacional que ela explore para educadores e educandos o significado da condição humana historicamente situada Esta é a tarefa ontológica da Filosofia da Educação que deve ser cumprida sem se transformar numa nova metafisica Numa segunda direção ainda é preciso estabelecer referências valorativas para o agir Sem dúvida em nossa tradição a Filosofia da Educação nasce como estabelecimento de valores de referência para a prática educativa Premidos pelas injunções do agir os homens assim que podem contar com os recursos sistemáticos da subjetividade pensante se servem originariamente desses instrumentos para estabelecer parâmetros para o bem agir Isso se justifica plenamente dado ao fato de que a prática é o modo originário e originante do existir humano condição prépredicativa absoluta emergente do núcleo do próprio processo vital da espécie e de onde emergem todos os processos posteriores que dão especificidade ao modo de ser dos homens Esta é a tarefa axiológica da Filosofia da Educação a ser realizada sem se transformar em mera sabedoria SEVERINO 2001 2011a 2011b Em terceiro lugar a Filosofia da Educação não pode evitar se colocar o problema das relações entre a produção do conhecimento e o processo educativo Não só num plano formalmente epistêmico mas também em suas repercussões na instauração de um campo investigativo próprio que torna possível a constituição de uma ciência da educação Sob essa perspectiva epistemológica a Filosofia da Educação precisa ainda identificar e questionar os desvios ideológicos em que incorrem a teoria e a prática educacionais Ainda não estamos livres do embaçamento ideológico pois a cultura em geral e a educação em particular 7 continuam sendo mecanismos de alienação até porque lidam com ferramentas simbólicas que atuam nas entranhas ambíguas da subjetividade A reflexão filosófica tem o necessário compromisso em desmascarar os enviesamentos ideológicos Esta é a tarefa epistemológica da Filosofia da Educação a ser alcançada sem se reduzir a simples metateoria do campo educacional 22 Filosofia como conteúdo necessário na formação dos educadores Marcos Antônio Lorieri São apresentadas aqui ideias relativas às possíveis contribuições da Filosofia da Educação para a formação de educadores presentes nos textos dos pesquisadores brasileiros José Pedro Boufleuer Marcos Antônio Lorieri e Renê José Trentin Silveira Elas foram apresentadas nos eventos mencionados na primeira parte deste texto José Pedro Boufleuer indica que se ofereça nos cursos de Pedagogia elementos da Filosofia da Educação que podem auxiliar na superação da simplificação profissionalizante à qual se tende nesses cursos Simplificação que pode leválos a apenas reproduzir maneiras de fazer sem uma consciência clara das intencionalidades desse fazer Propõe que se ofereça aos futuros pedagogos o estudo do que denominou de paradigmas filosóficos ocidentais que estão subjacentes às tendências pedagógicas com vistas a que os educadores tomem consciência desses paradigmas e os submetam a análises críticas com o auxílio da formação filosófica Toma a expressão paradigma no sentido de referências e condicionantes muitas vezes não refletidos que estão presentes na maneira de pensar a realidade orientando como nela operar Orientando portanto as maneiras de fazer Cita os seguintes a o paradigma ontológico das essências b o paradigma moderno ou da subjetividade individual c o paradigma neomoderno da linguagem pragmática ou da ação comunicativa Esta proposta visa a oferecer um caminho de formação aos educadores para que possam assumir conscientemente e não espontaneamente ou simploriamente as razões e as orientações para sua prática educativa Pois como ele afirma em cada época assumimos cumplicidades recíprocas em relação a paradigmas ele diz também narrativas que em 8 última instância governam nossas vidas É mais digno assumir essas cumplicidades de maneira conscientemente crítica nisso a filosofia da educação tem um papel fundamental Na mesma direção caminham as ideias de Renê Trentin da Silveira UNICAMP que sugere pensar o papel formativo da filosofia da educação partindo do que diz Gramsci no Caderno 11 de os Cadernos do Cárcere2 Sua proposta é que a disciplina ajude os futuros professores a superarem uma Filosofia da Educação espontânea ou internalizada através do senso comum que carrega elementos de filosofia e de filosofia da educação mas não pensados criticamente Isso pode ser feito buscando identificar esta Filosofia da Educação presente nas tendências pedagógicas denominadas por Bonfleuer de paradigmas e nas práticas costumeiras dos educadores e proceder a uma análise crítica das mesmas como forma de indicar a possibilidade de sua superação na direção de assumir alguma teoria pedagógica e sua base filosófica conscientemente e criticamente Minhas ideias caminham sempre na direção de afirmar e reafirmar que o educador como um profissional que pretende atuar intencionalmente nas diversas atividades próprias da relação educativa necessita de uma sólida formação filosófica além das demais formações propiciadas pelos conhecimentos científicos e pelas demais formas de conhecimento como as artes Necessidade que advém do fato de lhe caber decidir por caminhos que pretende oferecer como bons aos seres humanos em formação com os quais entra em relação educativa como um dos mediadores nessa relação Esta decisão por caminhos envolve no mínimo os seguintes percursos reflexivos o da humanização caminhos do ser gente o do pensar e nele o do conhecer caminhos do conhecimento o do valorar e nele em especial o do valorar moral caminhos da ética o do ser em sociedade caminhos da política o da busca de compreensão da sensibilidade 2 O que diz Gramsci conforme citação de Silveira é o seguinte é preferível pensar sem disto ter consciência crítica de uma maneira desagregada e ocasional isto é participar de uma concepção do mundo imposta mecanicamente pelo ambiente exterior ou seja por um dos muitos grupos sociais nos quais todos estão automaticamente envolvidos desde sua entrada no mundo consciente ou é preferível elaborar a própria concepção do mundo de uma maneira consciente e crítica escolher a própria esfera de atividade participar ativamente na produção da história do mundo ser o guia de si mesmo e não mais aceitar do exterior passiva e servilmente a marca da própria personalidade Gramsci 2001 p 9394 12 Caderno 11 9 humana e de suas manifestações em especial das manifestações artísticas caminhos da estética Ser educador Pedagogo assim como ser educador Professor não é como ser educador nas relações que ocorrem no diaadia quase sempre sem uma intenção clara O educador profissional é aquele que tem em primeiro lugar intencionalidade clara quer quanto aos resultados possíveis os fins os objetivos etc quer quanto aos meios Faz parte desta intencionalidade a intencionalidade política por ele escolhida Em segundo lugar cabelhe pensar com a maior clareza possível os seguintes temas e os problemas a eles inerentes a o significado da ação educativa b o ser humano Antropologia Filosófica e Educação c o ser humano que pensa e conhece Teoria do Conhecimento e Educação d o ser humano que age e suas referências éticas Ética e Educação e o ser humano cidadão Filosofia Social e Política e suas relações com a Educação f o ser humano e sua sensibilidade Estética e Educação Ao pensar filosoficamente estes temas é necessária a incursão pelas produções filosóficas historicamente acumuladas Até para que se tenha consciência crítica de sua presença ou não nas propostas pedagógicas ainda vigentes nos dias de hoje Tratase da necessária clareza a respeito dos paradigmas Bonfleuer ou das tendências pedagógicas e seus pressupostos filosóficos presentes na Filosofia da Educação espontânea ou internalizada através do senso comum Renê Silveira A Educação é uma das práticas humanas e das mais importantes ela se propõe a ajudar os seres humanos a se tornarem cada vez melhores pessoas Isto inclui procurar ajudar as pessoas a estabelecerem as melhores relações possíveis com a natureza com os demais seres humanos e consigo próprias na construção de um modo de ser no mundo que faça bem a todos assim como ao próprio mundo Lembrando que já é um grande problema a definição do que sejam o melhor e o bem aqui referidos Tudo o que diz respeito ao que o ser humano é e ao que ele faz diz respeito à educação E tudo isso exige de cada ser humano reflexão filosófica e em especial dos seres humanos que se propõem a educar intencionalmente isto é a interferir na maneira de ser de outras 10 pessoas Daí a importância e a necessidade da reflexão filosófica na formação e na prática do educador e no caso do educador pedagogo ou do educador professor 3 23 Formação de educadores e a infância como categoria filosófica Ofélia Maria Marcondes O que proponho neste texto é uma breve reflexão sobre o papel da Filosofia da Educação na formação de educadores a partir da infância como categoria filosófica ou seja um conceito geral que nos permite refletir e estabelecer diversas e possíveis relações entre ideias ou fatos e não apenas como uma etapa do desenvolvimento humano que exige a presença de uma geração mais experiente que insere a menos experiente no mundo da cultura Pensamos sistematicamente sobre algo que se apresenta como questão ou problema dada nossa relação necessária com o meio físico e social resultando em concepções ou modos de entendimento Segundo Lorieri Concepções filosóficas ou filosofias podem ser consideradas como sistemas teóricos que procuram apresentar entendimentos produzidos de certa maneira sobre o que é a realidade ou o mundo o ser humano o conhecimento a verdade o processo de valoração o bem o belo a sociedade o poder a liberdade a história a linguagem a educação etc Sua produção se dá sempre no interior de situações históricas concretas com todos os condicionamentos sociais econômicos e políticos ali presentes LORIERI 2010 p 5 grifo do autor Essas são questões fundamentais que levam os seres humanos a perguntarem sobre si mesmos sobre a realidade que os cerca e sobre a própria existência humana O esforço por buscar produzir entendimentos a respeito desses temas é o próprio filosofar que deve ser alimentado através também do ensino de Filosofia pois além de auxiliar no atendimento da necessidade de produção das significações através da busca incessante por respostas às questões fundamentais o ensino da filosofia auxilia no necessário aprendizado de se colocar sob o crivo da reflexão crítica as significações que estão presentes na cultura e que são utilizadas para orientar e justificar maneiras de ser de agir e de pensar LORIERI 2016 p 172 3 Observação As ideias dos três autores aqui mencionados foram apresentadas no III Congresso da Sociedade Brasileira de Filosofia da Educação FEUNICAMP 1415092016 wwwfeunicampbrsofie2016indexhtml e serão publicados em livro em 2017 11 A formação do educador deve caminhar no sentido de ajudálo a tornarse um crítico de sua prática e das teorias nela presentes ou como é colocado deve auxiliálo a ser capaz de uma reflexão crítica sobre as significações presentes na cultura e assim reorientar seu agir e seu pensar Pensar criticamente nos coloca diante da exigência de pensarmos sobre o mundo o ser humano o conhecimento etc com autonomia por meio de uma reflexão que nos leve à raiz dos problemas buscando compreender a totalidade das condições em que eles surgem e como eles se resolvem ou buscam se resolver no existir da humanidade Considero que a Filosofia da Educação como disciplina nos cursos de formação de professores deve cumprir o papel de colocar questões que auxiliem os futuros professores a compreenderem sua própria atividade para que possam estar efetivamente na condução consciente de sua prática Com isso a Filosofia da Educação deve superar seu caráter enciclopédico que trata das ideias ou correntes do pensamento filosófico sobre educação sem negar a importância do saber dessas ideias tornandose o espaço para se pensar epistemológica axiológica e ontologicamente o fenômeno educativo com vistas ao questionamento dos fundamentos do currículo dos métodos das ideias de avaliação do projeto pedagógico problematizando os sentidos do quefazer educacional A filosofia torna se uma experiência educativa que nos permite crescer e a Filosofia da Educação um exercício atento que mantém viva a ligação entre educação e sua dimensão filosófica Neste ponto concordamos com Tomazetti ao afirmar que o papel da Filosofia da Educação é problematizar a formação e a subjetivação dos aprendizes colocando em xeque as relações entre ensino e aprendizagem ou seja deve propiciar a problematização acerca das representações de professor de escola de aluno de ensino por exemplo e o reconhecimento dos campos de sujeição vigentes na educação TOMAZETTI 2016 p81 Não é fácil questionar a própria prática e os fundamentos já estabelecidos Por onde porém começar esse exercício Como podemos abordar filosoficamente problemas como o que é a realidade como alcançamos a felicidade o que é educar o que é o bom o belo a verdade 12 Segundo Kohan pensar de verdade pensarse a si mesmo fazer da filosofia um exercício de se colocar a si mesmo em questão exige a cada momento ir até a mais recôndita infância do pensamento começar a pensar tudo de novo como se nunca tivéssemos pensado como se a cada vez estivéssemos pensando pela primeira vez Assim a infância é quase uma condição da filosofia KOHAN 2015a p 217 A infância tema recorrente nos cursos de formação de educadores aparece em disciplinas como História da Educação e Psicologia é comumente tratada como uma etapa do desenvolvimento humano a ser superada pela maturidade e como condição para o crescimento A criança deve ser conduzida da minoridade à maioridade O emancipado é o adulto o maduro A criança não tem razão nem conhecimento não é dona de si mesma é incapaz e suas capacidades estão em potência No entanto Kohan coloca a infância como categoria filosófica por nos convidar a suspender nossos saberes questionar nossas ações buscar os porquês nos colocar naquela situação de admiração diante do mundo e das coisas do mundo é a própria situação do filósofo construir e compreender os significados das coisas da natureza como natureza e da natureza como cultura Estamos na mesma posição infantil a cada vez que pensamos ou perguntamos sobre a existência a vida e a morte nós e o outro a realidade Kohan vê a infância como a própria filosofia e o ato de filosofar Na filosofia a infância é uma exigência pensar sem pressupostos uma exigência necessária e impossível ao mesmo tempo a de habitar cada vez que pensamos a mais recôndita infância do pensamento começar a pensar tudo de novo como se nunca tivéssemos pensado como se estivéssemos pensando cada vez que pensamos pela primeira vez O que é a infância O que é a filosofia Como pensálas como se fosse a primeira vez como se nunca as tivéssemos pensado O exercício é infinito Só tem início Só tem infância KOHAN 2015 170 grifo do autor A infância é a busca do novo possibilidades Para Kohan a filosofia e o filosofar são também escuta atenta dos possíveis no pensamento e a infância é justamente pelo menos num sentido o reino das possibilidades e da ausência de determinação KOHAN 2015a p 217 Na infância construímos tempos que ainda não existem usamos a imaginação livremente criamos soluções é ruptura e repetição A criança o ser humano no estágio da infância está aberta às experiências desejosa quer o novo é ativa Negar a infância seria 13 negar a experiência pensada aqui em termos deweyanos como resultado das interações do ser humano e seu meio em virtude dos problemas que este lhe impõe É na continuidade de nossas experiências que nos constituímos sujeitos históricos inacabados em crescimento Há uma ligação necessária entre essas duas categorias infância e experiência no sentido de que a primeira é condição para a segunda É por esta razão que Kohan leitor de Agamben afirma No humano a infância é a condição da história KOHAN 2005 p243 Pagni compreende o sentido de infância como o de ser uma condição da linguagem e uma possibilidade do pensar que irrompe na vida ao não se restringir a uma de suas fases e a altera em seu curso mediante a sua transformação 2010 p 100 Entendo que a transformação é aquela que acontece na ação sobre o mundo fruto de questionamentos e elaboração e reelaboração de significados Superando a ideia de infância restrita a uma idade específica a colocamos como aquele estado de espírito que acompanha o ser humano por toda a sua vida e por ser inacabado se transforma na medida de suas experiências E é deste ponto de vista que Pagni pensa a infância Em virtude de esse inacabamento dar ao homem o que pensar a infância é vista como móvel desse ato de pensar levando o sujeito a modificarse diante do existente ao mesmo tempo em que resiste a ele em busca de transformálo e produzir formas de subjetivação mais livres no mundo e potencializar a vida A infância seria assim um entre que habita as relações da experiência com a linguagem das quais irrompe um ato de pensar que ao mover o pensamento coloca o sujeito em um processo transformativo de si mesmo PAGNI 2010a p 30 grifo do autor Assumi a infância como categoria filosófica para pensar a Filosofia da Educação nos cursos de formação de professores por ser uma possibilidade para pensarmos a práxis educativa nos colocando questões já formuladas como se fosse a primeira vez a serem pensadas O que é educar É possível educar eou educarse É possível conhecer Quais os conteúdos e saberes válidos na construção do currículo Quais valores estão associados à avaliação Os porquês da infância são os que impulsionam a força criadora da própria existência humana nos colocando na posição de eternos aprendizes 24 Influências de Dewey no pensamento educacional brasileiro 14 Sandro Adrian Baraldi As ideias do Movimento da Escola Nova tiveram ampla repercussão no pensamento educacional brasileiro desde 1930 até o final de Século XX e em especial as ideias de John Dewey Esta repercussão impactou de alguma maneira as reflexões no campo da Filosofia da Educação e nas ideias de formação seja de alunos seja de docentes O que não ocorreu em outros âmbitos do pensamento filosófico brasileiro apesar de algumas exceções Diversas obras de Dewey do âmbito da educação foram traduzidas para o português A base do pensamento deweyano é a sua concepção de experiência Segundo Murphy 1993 p8890 a concepção geral de experiência em Dewey tem marcas profundas do conceito de experiência em Hegel que a toma como constituindo um todo unificado dinâmico e singular no qual em última instância tudo está interrelacionado Não um todo unificado idealizado e sim um todo unificado natural objetivo concreto e material Dela fazem parte os seres humanos os quais têm experiências e não apenas passam por experiências A experiência é o acontecer de tudo ou seja a elaboração dos acontecimentos Na experiência Dewey aponta para dois de seus princípios fundamentais a continuidade e a interação A continuidade significa que os acontecimentos não voltam atrás eles têm continuidade uns seguindose aos outros e até indicando possibilidades para as sequências experienciais A interação indica que para haver qualquer acontecimento devem existir relações entre seus elementos constituintes Ambos os princípios possibilitam o entendimento do acontecer de tudo ou seja a experiência Daí a negação das ideias essencialistas porque nada é e sim está sendo nada volta atrás as coisas estão sempre mudando o que exige prudência para o agir e por conta disso exige pensamento preditivo Daí também a negação de ideias solipsistas pois não existe algo como alma solitária tudo está relacionado com tudo Tudo acontece nas interações mesmo a construção de um sujeito é uma obra coletiva Estas ideias acabaram por influenciar a maneira de pensar a educação no Brasil o que pode ser constatado nas amostras apontadas a seguir Poucas devido ao espaço possível neste simpósio mas exemplares 15 Criticando ideias que apontam para a prevalência da teoria sobre a prática Severino nos diz que É a prática que constrói a educação assim como toda expressão da existência humana Toda explicação teórica deve ter a condição da prática como referência fundamental SEVERINO 2012 p 8 Antes que possamos ter qualquer teoria precisamos de um conhecimento prático precisamos ter tido uma experiência O estágio inicial do ato de pensar é experiência Esta observação pode figurarse sovado lugar comum Deveria ser mas infelizmente não é Pelo contrário o ato de pensar é com frequência considerado na teoria filosófica e na prática educativa como alguma coisa independente da experiência e capaz de ser cultivado isoladamente DEWEY 1959 p 168 A filosofia de Dewey é também conhecida como Filosofia da Experiência Dewey considera a experiência como o método e o único método para alcançar a natureza DEWEY 1958 p 2a4 Se natureza não se nos apresenta passivamente mas temos que interagir com ela ativamente o resultado disso só pode ser uma criação uma construção em que há uma tensão entre objeto e sujeito Embora não sejamos criadores absolutos dos objetos nossa relação com eles não é mera contemplação é uma construção SEVERINO 2012 p 23 Pois Somente a ação a interação pode mudar ou refazer objetos DEWEY 1958 p 158 Severino e Dewey compartilham algumas ideias ainda que as fontes originárias do pensamento do primeiro não tenham sido ideias de Dewey e sim abordagens de Mounier e por esta razão as ideias do Existencialismo e as do materialismo histórico e dialético De qualquer maneira uma hipótese plausível é a de que as abordagens de Severino se tornam mais facilmente assimiláveis no campo da Filosofia da Educação também pela forte influência das ideias de Dewey Outro filósofo da educação brasileiro Cláudio Dalbosco trata da interação nas experiências educacionais A sociabilidade humana é fundamental na criação dos laços que sustentam a estrutura social e ela se constrói a partir da mediação permanente entre ação individualizada e contexto social DALBOSCO 2008 p 210 A interação se dá majoritariamente pela possibilidade simbólica da linguagem Esta teoria é de George Herbert 4 Todas as traduções são de minha responsabilidade 16 Mead filósofo norte americano que recebe uma forte influência da filosofia pragmatista norteamericana principalmente de Dewey colega de departamento na Universidade de Chicago e seu amigo pessoal DALBOSCO 2008 p 212 O que Mead afirma com isso a capacidade humana de representar sua ação por meio de signos nada mais é do que um aspecto central da sociabilidade humana isto é a sua capacidade conquistada pelo desenvolvimento da linguagem em seu nível simbólico de internalizar a ação dos outros adquirindo também a capacidade de se colocar no seu lugar e de assumir ou não sua posição A tese de Mead é portanto a de que estamos desde sempre inseridos num mundo social no qual nossa individualidade só pode ser alcançada por meio de uma socialização levada adiante pela capacidade de expressarse por meio do emprego significativo de símbolos DALBOSCO 2008 p 213 Dewey tece esta teoria da interação simbólica no capítulo quinto de Experience and Nature obra fundamental não traduzida para o português Ali trata da comunicação humana e de como por meio desse processo se constroem os significados Quando a comunicação acontece todos os eventos naturais ficam sujeitos a reconsideração e revisão Os eventos se tornam objetos coisas com um significado DEWEY 1958 p 166 Dalbosco ao escrever sobre Mead assim diz da linguagem nos processos de interações humanas a linguagem humana possui a capacidade por meio do emprego de símbolos significantes de provocar no outro o mesmo tipo de comportamento que ela provoca em quem a pronuncia É nisto que reside o caráter reflexivo da linguagem DALBOSCO 2008 p 215 Esta ideia está presente em Dewey Linguagem é especificamente um modo de interação de pelo menos dois seres um falante e um ouvinte isto pressupõe criaturas que pertencem a um grupo organizado e que adquiriram seus hábitos da fala DEWEY 1958 p 185 Isso se dá nas interações educacionais formais ou não Se a interação é um fenômeno social que se organiza por meio da linguagem nada mais óbvio do que se valer do instrumento da linguagem para associar as pessoas O que pode ocorrer para o bem ou para o mal Dalbosco na sua produção no campo da Filosofia da Educação não só tem pontos em comum com Dewey mas também busca nele aportes para suas reflexões Leoni Henning outra filósofa da educação brasileira trata do princípio da continuidade de Dewey propondo o fim do pensamento etapista na educação que recorta a vida Ela propõe 17 que a vida deva ser considerada em seu processo que permanentemente se estica no tempo e acontece no espaço em que ocorre HENNING 2016 p 198 pois o homem forma uma continuidade com a natureza DEWEY 1952 p 215 além de acontecer sempre em continuidades as mais diversas A aplicação desse princípio em Henning lhe serve por exemplo para a defesa da presença da Filosofia no Ensino Fundamental contrariamente à precaução de alguns estudiosos frente à possibilidade do cultivo filosófico prematuro HENNING 2016 p 197 As questões filosóficas não são estranhas à criança ao contrário ela vive cercada por elas Por isso que crescer deveria acontecer filosofando já que o processo educacional como o filosófico é um contínuo reorganizar reconstruir transformar DEWEY 2004 p 48 e isso acontece em qualquer época da nossa existência Inclusive no colocar e no recolar de questões filosóficas num contínuo que não cessa nunca A necessidade do crescimento se deve à tensão gerada pelas condições da nossa existência e isso não exclui as crianças Crescimento no sentido deweyano do termo como marcha cumulativa de ação para um resultado ulterior DEWEY 1959 p 44 não exclui ninguém sendo ou não criança O crescer está nessa atitude de fazer da ação um signo uma indicação de continuidade que possa ser utilizado de forma prática para novas experiências e que possa ser comunicado a outros sócios da experiência de viver Henning neste aspecto partilha de ideias de Dewey e as torna presentes nas reflexões filosóficas sobre a educação em nossos dias no Brasil Por estes três exemplos há muitos outros podese constatar que mesmo tendo diminuída a ênfase dada ao pensamento de Dewey no auge do movimento da Escola Nova no Brasil principalmente na segunda metade do Século XX suas ideias produziram um lastro favorável tanto ao entendimento da importância da experiência como ambiente da realização de tudo e como fonte do conhecimento quanto para reflexões no campo da Filosofia da Educação Considerações finais Os textos deste simpósio têm o objetivo de apresentar ideias de alguns pensadores brasileiros a respeito da necessidade e importância da presença da Filosofia da Educação no processo de formação de educadores Há além desses outros educadores brasileiros tão 18 importantes quanto Os que aqui foram apresentados o foram com a finalidade de que suas ideias provoquem neste encontro debates e considerações sobre o tema Tratase de um debate urgente vistos os riscos de empobrecimento da formação dos educadores por duas razões já mencionadas a primeira pelo que afirma Severino sua formação não pode ser concebida e realizada como mero treinamento para o desempenho de tarefas técnicodidáticas do ensino dentro de uma visão muito estreita da profissionalidade esvaziada de qualquer dimensão humanística A segunda por conta da necessidade de ajuda para que os educadores superem visões espontaneístas ou simplórias de acordo com René Silveira e também enviesamentos ideológicos Severino ao assumirem tendências pedagógicas ou paradigmas conforme diz Bonfleuer Referências DALBOSCO Cláudio A Teoria interacionista da ação e educação In DALBOSCO C A CASAGRANDA E A MÜHL E H Filosofia e pedagogia aspectos históricos e temáticos Campinas SP Autores Associados 2008 DEWEY John Experience and nature New York Dover Publications Inc 1958 DEWEY John Democracia e educação 3ª edição S Paulo Cia Editora Nacional 1959 DEWEY John Democracy and Education New York Dover 2004 DEWEY John La busca de la certeza México Fondo de Cultura Economica 1952 DEWEY John Arte como experiência São Paulo Martins Martins Fontes 2010 GRAMSCI A Caderno 11 19321933 Introdução ao Estudo da Filosofia In Cadernos do Cárcere Introdução ao Estudo da Filosofia A filosofia de Benedetto Croce Edição Carlos Nelson Coutinho coedição Marco Aurélio Nogueira e Luiz Sérgio Henriques Tradução de Carlos Nelson Coutinho Rio de Janeiro Civilização Brasileira 2001 vol 1 pp 81226 HENNING Leoni Maria Padilha Crescer Filosofando In SEVERINO Antônio J LORIERI Marcos A GALLO Sílvio O papel formativo da filosofia Jundiaí Paco Editorial 2016 KOHAN Walter O Infância Entre educação e filosofia Belo Horizonte Autêntica 2005 19 KOHAN Walter O Entrevista com Walter Kohan Ensaios Filosóficos v 11 p 166172 2015 KOHAN Walter O Visões de filosofia infância ALEA Rio de Janeiro vol 172 p 216 226 juldez 2015a LORIERI Marcos A Filosofia e educação um entendimento possível desta relação Revista mbienteeducação São Paulo v 3 n 2 p 0512 juldez 2010 LORIERI Marcos A Papel da filosofia na formação humana Revista SulAmericana de Filosofia e Educação Número 26 maioout2016 p 161174 MURPHY J O pragmatismo de Peirce a Davidson Porto Edições ASA 1993 PAGNI Pedro  Infância arte de governo pedagógica e cuidado de si Educação e Realidade Porto Alegre v 35 n 3 p 99123 setdez 2010 PAGNI Pedro  Um lugar para a experiência e suas linguagens entre os saberes e práticas escolares pensar a infância e o acontecimento na práxis educativa In PAGNI P A GELAMO R P orgs Experiência Educação e Contemporaneidade Marília Poiesis Editora 2010a SEVERINO Antônio J Educação sujeito e história São Paulo Olho dÁgua 2012 SEVERINO Antônio J Filosofia na formação universitária São Paulo Artes Livros 2011 SEVERINO Antônio J Formação e atuação dos professores dos seus fundamentos éticos In SEVERINO Francisca E S Org Ética e formação de professores política responsabilidade e autoridade em questão São Paulo Cortez 2011b p 130148 TOMAZETTI Elisete M Papel da Filosofia na formação de educadores In SEVERINO A J LORIERI M A GALLO S O papel formativo da Filosofia orgs Jundiaí Paco Editorial 2016