·

Marketing ·

História do Pensamento Econômico

Send your question to AI and receive an answer instantly

Ask Question

Preview text

1 Abordagem Estruturalista Abordagem Estruturalista Vania Martins 2 Abordagem Estruturalista Sumário Introdução 03 Objetivos 04 Estrutura do Conteúdo 04 Abordagem Estruturalista Tópico 1 Contexto de Surgimento 05 Tópico 2 Abordagem Múltipla das Organizações 08 Tópico 3 Tipologias Organizacionais 11 Tópico 4 Sociedade de Organizações 15 Tópico 5 O Poder e o Conflito nas Organizações 21 Resumo 24 Leitura Complementar 25 Referências Bibliográficas 26 3 Abordagem Estruturalista Após um período no qual as teorias de administração permaneceram focadas em aspectos específicos da organização a Abordagem Estruturalista surge com uma proposta integrativa que visa englobar elementos da organização antes vistos como incompatíveis por exemplo os aspectos formais e informais da empresa A Abordagem Estruturalista reconhece que os diversos aspectos de uma organização estão interligados se relacionando de tal forma que qualquer modificação ocorrida em uma parte da organização é capaz de afetar todas as outras SILVA 2008 A partir dessa perspectiva novos temas como o poder o conflito e as interações da organização com seu ambiente externo passam a ser considerados importantes para compreender o funcionamento das organizações Nesse sentido o estruturalismo contribui para as teorias da administração ao propor o estudo das organizações em um sentido mais amplo e integrado levando em conta os fatos que influenciam em seu desempenho tanto interna quanto externamente 4 Estrutura do Conteúdo Objetivos Abordagem Estruturalista Esperamos que ao final deste conteúdo você seja capaz de 1 Compreender a proposta da Aborda gem Estruturalista como uma síntese da Abordagem Clássica da Teoria da Bu rocracia e da Escola de Relações Hu manas 2 Conhecer as principais tipologias or ganizacionais construídas pelos estrutu ralistas 3 Identificar as características da so ciedade de organizações e os papéis desempenhados pelos indivíduos nesse tipo de sociedade 4 Analisar as principais contribuições do estruturalismo para o estudo do po der e do conflito nas organizações Para que você compreenda melhor o conteúdo estudado foi dividido nos seguintes tópicos 1 Contexto de Surgimento 2 Abordagem Múltipla das Organizações 3 Tipologias Organizacionais 4 Sociedade de Organizações 5 O Poder e o Conflito nas Organizações 5 Abordagem Estruturalista 1 Contexto de Surgimento De acordo com Motta e Vasconcelos 2006 o estruturalismo foi desenvolvido no campo da linguística e posteriormente incorporado às teorias da administração Tratase de uma abordagem que possui diversas correntes influenciadas pelas ciências sociais especialmente pela sociologia de Max Weber e de Karl Marx Porém no campo dos estudos organizacionais a corrente fenomenológica inspirada nos estudos de Max Weber sobre a burocracia acabou recebendo um grande destaque Linguística é a ciência que estuda a linguagem verbal a gramática e a evolução dos idiomas O linguista investiga as línguas das diversas sociedades e sua relação com outros idiomas Analisa a estrutura e a sonoridade das palavras e das sentenças o significado dos termos e das expressões idiomáticas bem como as diferenças de uso por grupos regionais ou sociais Importante O termo estruturalismo teve origem nos estudos do linguista suíço Ferdinand Saussure na década de 1910 Saussure analisou a língua como um sistema de signos no qual cada elemento só pode ser compreendido pelas relações de equivalência ou de oposição que mantém com os demais elementos Analisando esse conjunto de relações Saussure acreditava identificar a própria estrutura da linguagem Posteriormente outros estudiosos aplicaram essa noção de estrutura como um conjunto de relações para analisar outros campos de conhecimento dentre eles a administração Ferdinand Saussure A sociologia é o estudo da vida social humana dos grupos e das sociedades A fenomenologia é um método filosófico que trata da descrição e da classificação dos fenômenos visando apreender sua essência 6 Abordagem Estruturalista Um dos nomes mais importantes da Abordagem Estruturalista é Amitai Etzioni que analisou e fez a crítica das teorias até então existentes na administração Clássica Científica Burocracia e Relações Humanas Por considerar essas teorias incompletas é que formulou a proposta estruturalista Amitai Etzioni O estruturalismo segundo Motta e Vasconcelos 2006 é a primeira abordagem administrativa a tratar as organizações como sistemas abertos reconhecendo que toda organização está inserida em um ambiente social com o qual troca uma série de influências importantes para o seu desenvolvimento Embora uma parte dos autores estruturalistas dê maior atenção aos aspectos internos e estruturais da organização o estudo da adaptação da organização ao ambiente externo aparece com força nessa abordagem sendo desenvolvido posteriormente pela Teoria dos Sistemas Segundo Etzioni 1976 a Administração Científica e a Teoria das Relações Humanas eram em certos aspectos totalmente opostas os fatores que uma escola considerava críticos e cruciais a outra simplesmente ignorava Nesse sentido por volta da década de 1950 as teorias de administração tinham uma visão incompleta da organização pois cada uma privilegiava um certo aspecto do seu funcionamento em detrimento de todos os outros Para Etzioni isto era um problema pois nenhuma das duas abordagens refletiu sobre como esses elementos interagiam entre si na organização 7 Abordagem Estruturalista Você percebeu como a Administração Científica e a Escola de Relações Humanas tinham uma visão parcial da organização pois cada uma enfatizava somente uma parte da empresa Ou se falava da organização formal ou da informal Ou se pensava em atrair os trabalhadores por meio de recompensas financeiras ou se dava atenção às suas necessidades psicológicas e sociais Entretanto segundo Etzioni 1976 a Administração Científica e a Escola de Relações Humanas tinham um elemento em comum nenhuma delas via qualquer contradição básica entre a busca da racionalidade pela organização e a busca da felicidade pelo indivíduo Em ambas as teorias indivíduo e organização apareciam como elementos perfeitamente integrados já que os objetivos de cada um poderiam ser harmonizados bastando que a administração atuasse corretamente para isso De um lado Etzioni apontou a limitação da Administração Científica que não foi capaz de reconhecer as insatisfações que a organização racional do trabalho voltada apenas para o aumento da produtividade provocava no trabalhador que ficava preso a tarefas monótonas repetitivas e sem qualquer sentido Faltava olhar para o lado humano da empresa Por outro Etzioni questionou também a proposta da Escola de Relações Humanas de tornar a relação entre chefes e subordinados mais democrática e participativa apontando que essa estratégia não passava de uma forma de manipular os empregados dandolhes autoridade para assuntos sem real importância para a organização apenas para conquistar o seu apoio 8 Abordagem Estruturalista Etzioni assim como outros estruturalistas admitia a existência da desigualdade de poder na organização e entendia que ela não poderia ser eliminada com medidas superficiais que não alteravam a real distribuição de poderes e de responsabilidades na organização Por isso Etzioni insistia em discutir não só as relações humanas como também os aspectos formais da empresa como a organização das funções e as esferas de autoridade Segundo Chiavenato 2003 é nesse contexto que a Abordagem Estruturalista se apresentou como uma perspectiva mais ampla e capaz de integrar elementos antes vistos como incompatíveis na organização Por isso o estruturalismo é conhecido por promover uma abordagem múltipla da organização Para Caravantes 2005 isso trouxe uma grande vantagem para a Teoria da Administração porque seu campo de análise se tornou mais rico na medida em que reconheceu a interação entre os diversos elementos formais e informais psicológicos e materiais que interferem no funcionamento das organizações A sociedade moderna estava desenvolvendo organizações cada vez mais complexas tendo que se defrontar com uma multiplicidade de problemas que exigiam novos modelos de análise Vamos compreender melhor a abordagem múltipla da organização proposta pelos estruturalistas 2 A Abordagem Múltipla das Organizações Para Caravantes 2005 a abordagem estruturalista é integrativa na medida em que tenta englobar aspectos que foram tratados separadamente pelas diversas teorias da administração Esses aspectos conforme apontados por Etzioni 1976 são os seguintes 9 Abordagem Estruturalista Os estudiosos da Escola de Relações Humanas tendem a dedicar muita atenção às relações informais entre os trabalhadores e pouca atenção às relações formais ou mesmo às ligações entre esses dois lados da organização Os estruturalistas avançam nos estudos que procuram analisar como os grupos informais se ligam à organização formal Os grupos informais se expandem em todo tipo de organização formal Todos os trabalhadores que estão em organizações formais também fazem parte de grupos informais Existe algum tipo de relação entre as lideranças formais e informais Os estruturalistas consideram que a Abordagem Clássica e a Teoria das Relações Humanas são estudos parciais a respeito do efeito das recompensas sobre as atitudes dos trabalhadores na empresa Por isso a visão dos estruturalistas procura combinar as duas reconhecendo a importância das recompensas simbólicas como o prestígio da posição e certos privilégios não financeiros e sociais como o reconhecimento do grupo sem diminuir a importância das recompensas materiais A Organização Formal e a Informal As Recompensas Financeiras Sociais e Simbólicas A organização formal referese aos padrões de organização estabelecidos pela administração o esquema de divisão de trabalho e de controle as regras e regulamentos etc A organização informal referese às interações humanas e à formação dos grupos sociais no ambiente de trabalho que não são planejados nem previstos pela administração Importante 10 Abordagem Estruturalista Segundo Etzioni 1976 a quantidade e variedade de organizações formais tornouse tão grande que surgiu a necessidade de um sistema capaz de organizar e supervisionar o funcionamento e as relações entre estas organizações São as agências reguladoras ministérios secretarias públicas e demais órgãos governamentais que também fazem parte das análises estruturalistas como importantes componentes do ambiente externo das demais organizações A Teoria Estruturalista ampliou o estudo das interações entre os grupos sociais iniciado pela Escola das Relações Humanas para os das interações entre as organizações Do mesmo modo que deu ênfase à interação entre os grupos sociais dentro da organização também colocou em destaque as interações entre as organizações no ambiente de mercado bem como os controles exercidos pelo governo nesse mercado Análise Interorganizacional Diferentes Tipos de Organização Enquanto a Abordagem Clássica e a Escola das Relações Humanas enfocaram quase exclusivamente certos tipos de organização como as fábricas bancos e companhias de seguro a Abordagem Estruturalista ampliou o campo de análise para as teorias de administração ao incluir em seus estudos uma grande variedade de organizações como as organizações militares religiosas filantrópicas partidos políticos prisões sindicatos hospitais etc Todas as organizações precisam de alguma forma de administração e devem ser foco de estudo e de análise para o desenvolvimento de novas teorias 11 Abordagem Estruturalista A Abordagem Clássica e a Teoria das Relações Humanas estudavam a organização como se fosse uma ilha autossuficiente Embora alguns dos autores classificados como estruturalistas tenham permanecido nessa linha de pensamento a maior parte deles deu cada vez mais atenção aos fatores do ambiente externo que influenciam intensamente a organização como a interação com os concorrentes o contato com os clientes a relação com as agências do governo o ambiente econômico dentre outros A Organização e seu Ambiente A abordagem múltipla proposta pelos estruturalistas engloba Tanto a organização formal quanto a informal inclusive a interrelação entre elas Tanto as recompensas materiais quanto as não materiais A interação da organização com seu ambiente Tanto organizações empresariais quanto outros tipos de organização hospitais igrejas prisões Importante 3 Tipologias Organizacionais Na Abordagem Estruturalista uma estrutura é um conjunto de elementos relativamente estáveis que se relacionam no tempo e no espaço para formar uma totalidade Esse conceito pode ser percebido de forma mais prática nos estudos estruturalistas que trabalham com as tipologias organizacionais e que buscam justamente esses elementos relativamente permanentes que caracterizam certos tipos de organização 12 Abordagem Estruturalista O que é uma tipologia A tipologia é um esquema que o pesquisador propõe como forma de ordenar o conhecimento existente sobre as organizações mapeando os aspectos que são escolhidos para sua investigação De modo semelhante ao tipo ideal proposto por Max Weber uma tipologia é um instrumento de pesquisa e de análise da realidade e não um retrato fiel dela Portanto é importante notar que a Abordagem Estruturalista utiliza modelos construídos para analisar os fenômenos da realidade empírica e que esses fenômenos são compostos de elementos que se relacionam entre si A estrutura no entanto é apenas uma construção mental ou teórica que existe somente na percepção e no conhecimento do analista que identifica e mapeia o conjunto de relações que caracterizam determinado fenômeno Importante Vamos observar agora a tipologia proposta por Etzioni 1976 que classifica as organizações em 3 tipos coercitivas utilitárias e normativas de acordo com o poder que utilizam para obter o consentimento de seus integrantes Devemos lembrar que Max Weber 1999 define o poder justamente como a probabilidade de que uma ordem seja obedecida ou seja a probabilidade de impor a própria vontade em uma relação social mesmo contra resistências Ao construir essa tipologia Etzioni queria compreender por que as pessoas obedecem às ordens quando participam de uma organização como as organizações conseguem fazer valer os seus objetivos de modo que as pessoas os sigam Segundo Etzioni existe um tipo de organização na qual as pessoas ingressam e permanecem por força de imposição ameaça ou medo Essas organizações são chamadas coercitivas porque são mantidas pelo poder da coerção Geralmente o exercício do poder envolve punições físicas que geram dor degradação do corpo e até a morte do indivíduo 13 Abordagem Estruturalista Nesse tipo de organização é claro o indivíduo não está motivado a participar mas é coagido a permanecer nela Se você lembrou das prisões campos de concentração e hospitais psiquiátricos acertou Por isso o tipo de relação que o indivíduo desenvolve com a organização é considerado como alienado pois não ocorre por vontade própria e sim porque o indivíduo é coagido a isso O nível de envolvimento do indivíduo com a organização nesse caso é muito baixo ou quase inexistente Existem também as organizações nas quais as pessoas ingressam e permanecem em busca de interesses e vantagens pessoais sendo os incentivos materiais a principal forma de atraílas e de mantêlas sob seu controle Nesse caso a organização exerce controle sobre seus integrantes por meio do poder remunerativo manipulando justamente as vantagens materiais que eles podem receber como salários comissões benefícios e bônus O envolvimento dos indivíduos com a organização é calculado de acordo com os custos e benefícios que resultam desta relação A empresa que se enquadra nesse tipo de organização de acordo com Etzioni é chamada de utilitária 14 Abordagem Estruturalista No contexto real das organizações costuma ocorrer uma combinação destes tipos de poder porém Etzioni ressalta que as organizações no final das contas acabam utilizando mais frequentemente um deles que se torna sua forma predominante de poder Isso é claro traz diversas implicações para a maneira como estas organizações devem ser administradas Podemos assim ver como o estruturalismo é aplicado ao estudo das organizações Espero que você tenha percebido a abordagem múltipla de que falamos ainda há pouco Em sua tipologia Etizioni trata do lado formal e informal da organização bem como dos aspectos materiais simbólicos e sociais que estão implicados em seu funcionamento Blau Scott 1970 também fizeram uma tipologia de organizações considerando que as categorias deveriam ser agrupadas de acordo com o beneficiário principal da organização Para definir a qual categoria pertence uma organização era necessário perguntar quem se beneficia com a existência da organização Você já fez parte de alguma igreja ou ONG Então você pode identificar essas organizações como organizações normativas Mas você já pensou nas organizações onde as pessoas ingressam não porque são coagidas e nem para buscar interesses materiais Estamos falando das organizações que atraem as pessoas por força de convicções crenças valores ou ideologias O envolvimento do indivíduo tem um caráter moral A organização oferece recompensas simbólicas aos indivíduos como conforto espiritual prestígio aceitação social e senso de dever moral cumprido dentre outros Por isso o poder que essas organizações têm sobre os indivíduos é um poder normativo isto é dependente de uma combinação entre os valores dos indivíduos e os da organização 15 Abordagem Estruturalista A partir dessa perspectiva a efetividade da administração ao formular objetivos estabelecer prioridades e monitorar as atividades é avaliada em função das necessidades desses beneficiários 4 Sociedade de Organizações Etzioni 1976 compartilha a ideia de que a sociedade moderna é uma sociedade de organizações chamando a atenção para a crescente importância das organizações formais em nossa época Uma organização formal é um agrupamento social estabelecido de maneira proposital para alcançar um objetivo específico por meio de uma estrutura que ordena as relações entre seus membros Embora essas formações tenham existido em outros períodos da história humana é nas sociedades modernas que elas atingem uma proporção maior de pessoas influenciando de maneira decisiva em suas vidas Na sociedade moderna há poucos aspectos da vida humana que não dependem em algum momento de uma organização formal para serem desenvolvidos Trabalhar consumir ou estudar são dimensões de nossa vida social que só conseguimos realizar se nos envolvermos com organizações 16 Abordagem Estruturalista Um aspecto interessante desse conceito é que ele coloca em evidência a importância do papel do administrador Pense em quais são os impactos do mau funcionamento das organizações na vida das pessoas Quando uma empresa fecha suas portas ou um hospital encontrase despreparado para atender adequadamente seus pacientes vemos com clareza os impactos da ineficiência organizacional na qualidade de vida em uma sociedade Por outro lado Etzioni vê estas organizações como poderosos instrumentos sociais que permitem coordenar um grande número de pessoas atividades e recursos de maneira mais eficiente do que outras formas de agrupamentos humanos tais como a família e a comunidade Nas sociedades modernas ao contrário das anteriores o racionalismo e a eficiência são atributos socialmente valorizados o que torna as organizações formais a forma dominante de agrupamento utilizado para o alcance de boa parte dos objetivos que buscamos alcançar em nossa vida social Contudo a influência das organizações na vida humana nem sempre é benéfica Assim Etzioni procura destacar que as organizações formais muitas vezes retiram das pessoas o controle sobre alguns aspectos de suas próprias vidas para colocálos sob controle de funcionários ou especialistas sobre os quais as pessoas têm pouca influência Observe as colocações do autor no trecho a seguir 17 Abordagem Estruturalista O aumento do alcance e do racionalismo das organizações não se produziu sem um preço social e humano Muitas pessoas que trabalham para as organizações estão profundamente frustradas e alienadas em seu trabalho A organização em vez de ser uma obediente servidora da sociedade passa às vezes a dominála A sociedade moderna longe de ser uma reunião comunitária aproximase frequente mente de um campo de batalha onde se chocam organizações gigantescas ETZIONI 1976 As organizações são uma fonte de poder social por sua capacidade de submeter as pessoas a controles normativos e simbólicos aos quais muitas vezes não são capazes de resistir De acordo com esse ponto de vista os indivíduos ao se relacionarem com as organizações sofrem condicionamentos e imposições de normas atitudes e valores e muitas vezes veem suas realizações pessoais entrando em conflito com as metas organizacionais Sabemos por exemplo que nem todo trabalho humano é remunerado de maneira satisfatória e nem todos as regras e ordens estabelecidos nas organizações são aceitáveis para as pessoas por elas atingidas de modo que é comum existirem elevados níveis de frustração e de alienação humana nesses ambientes Desse modo para o autor o principal problema das organizações modernas é o de constituir agrupamentos humanos que sejam eficazes no alcance de seus objetivos e ao mesmo tempo capazes de garantir que as relações nela existentes sejam satisfatórias para todos os envolvidos 18 Abordagem Estruturalista Para os estruturalistas a sociedade moderna industrializada é uma sociedade de organizações das quais o homem passa a depender em quase todos os aspectos de sua vida do nascimento à morte para satisfazer diversos tipos de necessidades Em troca submetemse a diversas formas de controle e de poder Importante Atualmente as organizações desempenham um papel bem mais importante em nosso cotidiano do que jamais se verificou anteriormente Além de nos colocarem ao mundo elas também observam nosso progresso através dele e nos atendem quando o deixamos ao morrermos Hoje toda criança que nasce é registrada por um órgão do governo que reúne informações a nosso respeito desde nosso nasci mento até a morte Hoje em dia é mais comum que as pessoas morram em alguma organização como um hospital ou um abrigo do que em casa como ocorria anti gamente e cada morte deve ser também registrada oficialmente junto ao governo Cada vez que você utiliza o telefone abre a torneira liga a TV acessa a internet ou entra no carro você está em contato com a organizações e até certo ponto depen dendo delas E normalmente não apenas com uma organização mas com várias todas interagindo regularmente entre si e com você A empresa que fornece a água por exemplo possibilita a garantia de que a água irá jorrar da torneira quando você abrila assim como para milhões de pessoas No entanto esta empresa também depende de outras organizações como as que constroem e consertam reservató rios que por sua vez dependem de outras e assim por diante quase que indefinida mente Você pode multiplicar esse processo dezenas de vezes já que contar com o fornecimento regular de água é apenas uma de nossas formas de dependência em relação às organizações Mas a tremenda influência que as organizações acabam exercendo sobre nossas vidas não pode ser considerada totalmente benéfica As organizações muitas vezes têm o efeito de retirar as coisas de nossas mãos e colo calas sob o controle de funcionários ou especialistas sobre os quais temos pouca influência Por exemplo o governo exige que façamos determinadas coisas como pagar impostos acatar as leis lutar em guerras ou enfrentamos a punição En quanto fontes de poder social as organizações têm a capacidade de submeter os indivíduos a ordens a que eles podem ser impotentes para resistir GIDDENS Anthony Sociologia 4 ed Porto Alegre Artmed 2005 Preocupados com essas questões os autores estruturalistas criaram uma concepção diferente sobre o comportamento do indivíduo na organização Esses autores chamam a atenção para os limites que as estruturas organizacionais colocam à liberdade de ação humana Vamos acompanhar o raciocínio de Friedberg 1995 19 Abordagem Estruturalista Os indivíduos em situação de trabalho estão inseridos e em certos casos até en clausurados dentro da estrutura social da organização que definem de maneira restritiva como eles podem e devem exercer seus papéis Eles não são portanto livres para adotar um comportamento qualquer Baseados na crítica que Karl Marx fez às condições de trabalho na sociedade capitalista os estruturalistas percebem que os trabalhadores em geral têm pouco controle sobre o horário o ritmo e as metas determinadas em suas atividades Muitas vezes não consegue nem mesmo ter ideia do processo total de trabalho nem de sua contribuição para ele de modo que suas atividades perdem o sentido Assim ao invés de fonte de satisfação humana o trabalho é fonte de alienação Não podemos fazer tudo o que queremos em uma organização não é mesmo Nossa margem de ação é delimitada por uma série de restrições que são colocadas pelas normas e objetivos organizacionais É nesse contexto que surge o conceito de homem organizacional que traduz a principal condição de existência humana na sociedade moderna a sociedade de organizações o homem na sociedade moderna vive submetido a organizações das quais depende desde nascer até morrer Como consequência os indivíduos para se enquadrar nelas modificam suas tendências e características pessoais a fim de se adaptar às suas exigências 20 Abordagem Estruturalista O homem organizacional possui as seguintes características combinadas em graus diferentes em cada indivíduo segundo Etzioni 1976 É incentivado não somente por recompensas materiais como também psicológicas e sociais na medida em que se adequa melhor às regras e aos padrões de desempenho das tarefas Aprende a desenvolver grande tolerância à frustração sendo capaz de adiar as recompensas Está em constante interação com diferentes organizações desempenhando nelas diferentes papéis por exemplo o papel de empregado em uma empresa de estudante na universidade de membro de uma igreja afiliado em uma associação etc Entenda melhor Na visão dos estruturalistas as organizações exigem das pessoas alto grau de conformismo obediência às regras e às decisões que acaba sendo uma das maneiras mais seguras de alcançar os níveis mais elevados na organização É dentro dessas estruturas que os indivíduos constroem suas estratégias de ação para atingir suas metas ao mesmo tempo em que se integram ao sistema lidando com suas exigências e enfrentando os diversos conflitos que se apresentam A realidade dessa condição está longe de ser facilmente conduzida pelos indivíduos Na verdade ela é tensa e mutável por isso exigindo dos indivíduos certa tolerância à frustração além de elevados níveis de flexibilidade e alta capacidade e de adaptação São essas características que permitem a participação simultânea em vários sistemas sociais nos quais os papéis desempenhados variam mudam constantemente e muitas vezes não correspondem aos anseios do indivíduo que deve desempenhálos MOTTA VASCONCELOS 2006 21 Abordagem Estruturalista 5 O Poder e o Conflito nas Organizações Segundo Etzioni 1976 o conflito é considerado por muitas teorias de administração como um fenômeno indesejável porque consome recursos coloca pessoas em oposição e desvia toda a atenção que deveria estar voltada para os objetivos organizacionais Porém os estruturalistas analisam esse fenômeno de uma forma diferente pois veem a organização como um agrupamento humano uma unidade social complexo onde interagem muitos grupos sociais que embora compartilhem alguns interesses também possuem outros divergentes Desse modo a existência de conflitos é até certo ponto uma consequência natural desse contexto Embora quase todas as organizações possuam uma hierarquia onde a distribuição do poder para definir os objetivos e estratégias organizacionais é explicitamente definida na prática tais objetivos são frequentemente decididos em um complicado jogo de poder que inclui indivíduos e grupos dentro e fora da organização com diferentes interesses expectativas e recursos Portanto esses diferentes grupos cooperam em certas esferas e competem em outras mas dificilmente podem se tornar para sempre uma grande família feliz e harmoniosa como a Escola de Relações Humanas por exemplo pretendia E muito menos um ambiente no qual os conflitos são totalmente abafados pelo controle rígido da supervisão como a Abordagem Clássica São vários os conflitos identificados pelos estruturalistas na organização 22 Abordagem Estruturalista Entre administradores e trabalhadores Entre a necessidade de disciplina e a necessidade de liberdade Entre a autoridade da posição hierárquica e a autoridade do conhecimento Entre os objetivos pessoais e os objetivos organizacionais Entre as necessidades da organização e as necessidades da sociedade Porém os estruturalistas apontam muitas funções positivas do conflito para a organização e não concordam que ele deva ser eliminado de maneira artificial A expressão do conflito permite por exemplo que sejam evidenciados os problemas da organização as frustrações e insatisfações que ela causa os problemas de relacionamento e até mesmo os erros de gestão de modo que a organização pode fazer os ajustes necessários para lidar com os problemas reais que afetam seu desempenho Segundo Park 1997 Blau Scott enxergavam uma importante função para o conflito é fonte impulsionadora de mudança social indicando os aspectos da organização que precisam ser modificados para que a situação de conflito seja resolvida Porém as inovações levam a novos conflitos em um processo contínuo Para os estruturalistas o conflito é um processo social básico existente em todas as organizações podendo ser minimizado mas nunca eliminado totalmente Importante 23 Abordagem Estruturalista Sempre que os conflitos são disfarçados eles terminam se manifestando por outros meios como o abandono do emprego o aumento do número de acidentes o tratamento inadequado dos clientes dentre outras maneiras que os trabalhadores encontram para aliviar frustrações tensões e divergências na organização No final das contas a tentativa de fechar os olhos para os conflitos pode apresentar desvantagens tanto para os trabalhadores quanto para a organização C O N F L I T O Que tal enriquecer sua visão sobre esse assunto Você pode ler um ótimo artigo que fala sobre os conflitos organizacionais destacando sobretudo as consequências positivas que podem ser tiradas dessa situação Gestão de conflitos transformando conflitos organizacionais em oportunidades Disponível na seção Leitura Complementar página 25 24 Abordagem Estruturalista Neste material vimos a proposta da Abordagem Estruturalista para superar a oposição entre a Abordagem Clássica e a Escola de Relações Humanas cada uma delas concentrada em um determinado aspecto da organização Com essa proposta percebemos que os estruturalistas constroem sua análise a partir de uma abordagem múltipla que considera aspectos formais e informais da organização as recompensas materiais sociais e simbólicas que movem o comportamento humano bem como as interações da organização com seu ambiente externo Procuramos entender também o papel cada vez maior das organizações formais na sociedade moderna fator analisado por essa abordagem como gerador da sociedade de organizações e do homem organizacional Por meio das tipologias organizacionais proposta pelos estruturalistas tivemos a possibilidade de analisar as relações de poder nos mais diversos tipos de organização como prisões escolas e empresas comerciais refletindo ainda sobre quem são os principais beneficiários dessas organizações A Abordagem Estruturalista trouxe para a administração uma nova perspectiva sobre os conflitos organizacionais considerando seu lado positivo como fator propulsor de mudanças 25 Abordagem Estruturalista Gestão de conflitos transformando conflitos organizacionais em oportunidades Disponível em httpcrarsorgbrartigosinternagestaodeconflitos transformandoconflitosorganizacionaisemoportunidades41html 26 Abordagem Estruturalista BLAU Peter SCOTT Richard Organizações formais uma abordagem comparativa São Paulo Atlas 1970 CARAVANTES Geraldo Administração teorias e processo São Paulo Person Prentice Hall 2005 CHIAVENATO Idalberto Introdução à teoria geral da administração 7ª ed Rio de Janeiro Elsevier 2003 ETZIONI Amitai Organizações modernas 5 ed São Paulo Pioneira 1976 FRIEDBERG Erhard Organizações formais In BOUDON Raymond Tratado de sociologia Rio de Janeiro Zahar 1995 MARTINET André Elementos de linguística geral 8 ed Lisboa Martins Fontes 1978 MOTTA Fernando Prestes VASCONCELOS Eduardo Teoria Geral da Administração Rio de Janeiro Thomson 2006 PARK Kill Introdução ao estudo da administração São Paulo Pioneira 1997 SILVA Reinaldo da Teorias da administração São Paulo Pearson Prentice Hall 2008 WEBER Max Economia e Sociedade Brasília Editora Universidade de Brasília 1999