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Psicologia ·

Psicanálise

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Destrinchar sobre a perversão sua origem conceito na visão de Freud e Lacan Explicar sobre a PERVERSÃO enquanto psicopatologia Citar sobre o filme precisamos falar sobre Kevin Argumentar sobre os tipos de perversões Explicar sobre a perversão nos dias atuais PERVERSÃO RESUMO Este trabalho teve como objetivo explorar o fenômeno da perversão analisandoo sob a perspectiva das teorias de Freud e Lacan Abordamos os diferentes tipos de perversão destacando tanto suas manifestações sexuais quanto morais e discutimos como elas estão enraizadas nas dinâmicas psicológicas e sociais mais amplas Além disso relacionamos nossa análise com o filme Precisamos falar sobre o Kevin examinando como as complexas relações familiares retratadas no filme podem fornecer insights sobre as origens e as manifestações da perversão Reconhecendo a complexidade do tema este trabalho não busca encerrar a discussão mas sim levantar questões relevantes para um debate contínuo sobre a natureza e as implicações da perversão na sociedade contemporânea INTRODUÇÃO Nos dias atuais a questão da perversão continua a ser objeto de interesse e debate dentro da psicologia e da sociedade em geral Em um contexto contemporâneo onde as fronteiras da sexualidade e da moralidade estão em constante evolução a compreensão da perversão se torna ainda mais complexa A ascensão das redes sociais e da internet trouxe à tona novas formas de expressão e interação muitas vezes desafiando as normas tradicionais de comportamento Isso se reflete em fenômenos como a disseminação de conteúdo sexualmente explícito online o aumento do cyberbullying e a prevalência de práticas sexuais consideradas tabu ou marginalizadas como o BDSM Bondage Disciplina Dominação Submissão Sadismo e Masoquismo Além disso a cultura contemporânea frequentemente glorifica a busca pelo prazer imediato e a satisfação pessoal muitas vezes às custas do respeito pelos outros e das normas sociais Nesse contexto a perversão não é mais vista apenas como um desvio individual mas como um reflexo das dinâmicas sociais mais amplas que moldam e influenciam as nossas concepções de normalidade e moralidade JORGE 2010 Ao mesmo tempo os avanços na compreensão da psicologia humana e o crescente reconhecimento da diversidade sexual e das identidades de gênero têm levado a uma reavaliação dos conceitos de perversão O que antes poderia ser considerado como desvio ou anormalidade agora é muitas vezes compreendido dentro de um espectro mais amplo de experiências humanas A aceitação e a celebração da diversidade sexual têm levado a uma maior tolerância em relação a práticas sexuais não convencionais desafiando assim as noções tradicionais de perversão No entanto mesmo com essas mudanças sociais e culturais a perversão continua a ser um tema controverso e muitas vezes mal compreendido Ainda persistem estigmas e preconceitos em relação a certos comportamentos sexuais e morais o que pode dificultar a aceitação e a integração das pessoas que se identificam como pertencentes a esses grupos Portanto a compreensão da perversão nos dias de hoje requer uma abordagem sensível e contextualizada que leve em consideração não apenas as normas sociais e culturais dominantes mas também as experiências individuais e as complexidades da psique humana ALBERTI MARTINHO 2013 DESENVOLVIMENTO Dentro do campo psicanalítico há um debate em curso sobre a natureza da perversão e sua distinção como uma estrutura psíquica única separada da neurose e da psicose Esse debate ganha destaque especialmente no ensino de Lacan Uma questão intrigante que surge é por que alguns psicanalistas negam a presença da estrutura perversa na teoria de Freud MARTINHO 2011 Para investigar mais a fundo essa questão é útil examinar o conceito de três tempos lógicos na obra de Freud uma abordagem que considero delimitadora do tema da perversão Esses tempos lógicos referemse aos momentos fundamentais em que Freud abordou a perversão ao longo de sua obra e a compreensão desses momentos pode nos fornecer insights sobre sua evolução conceitual MARTINHO 2011 No primeiro tempo que podemos chamar de o instante do olhar encontramos as primeiras observações de Freud sobre a perversão Isso é especialmente evidente em seu trabalho seminal de 1905 Três ensaios sobre a teoria da sexualidade onde ele distingue claramente entre perversidade e perversão sexual reconhecendo a presença da última em todos os seres humanos MARTINHO 2011 No segundo tempo o tempo para compreender Freud começa a mergulhar mais profundamente na gênese das perversões Um exemplo marcante é seu estudo de 1919 sobre a violência infantil intitulado Batese numa criança uma contribuição ao conhecimento da gênese das perversões sexuais Aqui Freud começa a entender as fixações perversas como resultado do complexo de Édipo e outros processos psicológicos complexos MARTINHO 2011 No terceiro tempo o momento de concluir Freud expande suas teorias sobre a perversão com base em novas observações clínicas e desenvolvimentos metapsicológicos Um exemplo importante é seu trabalho de 1927 sobre o fetichismo onde ele identifica a Verleugnung ou desmentido como um mecanismo central na perversão fetichista MARTINHO 2011 A perspectiva de Lacan sobre esses três tempos freudianos acrescenta nuances significativas à nossa compreensão da perversão Ele destaca como Freud revelou traços de perversão na neurose como reafirmou a importância da fantasia na estrutura psíquica e como isolou os mecanismos específicos da perversão MARTINHO 2011 Freud revolucionou a compreensão da perversão ao romper com ideias anteriores que a viam como simples patologia Ele sugeriu que as perversões não eram apenas desvios mas uma parte intrínseca da sexualidade humana enraizada na dialética edipiana Essa mudança destacou a importância das pulsões sexuais na formação das perversões e enfatizou que elas não são exclusivas de alguns indivíduos mas inatas em todos os seres humanos Lacan posteriormente reiterou essa visão ressaltando que a perversão não é apenas uma aberração social mas uma estrutura subjetiva fundamental Essa evolução na compreensão da perversão mostra como a psicanálise ampliou nossa visão da sexualidade humana reconhecendo sua diversidade e complexidade MARTINHO 2011 Freud estudou a fantasia de espancamento em crianças observando sua evolução em três fases distintas ao longo do desenvolvimento Na primeira fase a criança fantasia que o pai bate em outra criança geralmente um irmão ou irmã como expressão de ciúmes e rivalidade Na segunda fase a criança imagina que ela mesma é espancada pelo pai revelando um caráter masoquista e associado à culpa Na terceira fase a fantasia se torna mais sádica envolvendo múltiplas crianças e uma figura de autoridade Essas fantasias estão enraizadas no complexo de Édipo e refletem o amor e a rivalidade dentro da família MARTINHO 2011 Lacan também analisou essas fases destacando a relação entre sujeito agente e objeto na fantasia Ele observou que a fantasia evolui de uma situação intersubjetiva para uma relação dual e finalmente para uma dessubjetivação radical Em cada fase o sujeito busca satisfazer o desejo do Outro representado pela figura do pai A fantasia serve como resposta ao questionamento do Outro Che vuoi O que queres e reflete a tentativa do sujeito de preencher o vazio do Outro com sua própria imaginação MARTINHO 2011 Freud e Lacan concordam que as perversões têm origem no complexo de Édipo e estão intimamente ligadas à sexualidade infantil A fantasia de espancamento revela a complexidade das relações familiares e a busca do sujeito por amor e reconhecimento dentro do contexto familiar Essa análise amplia nossa compreensão das perversões e mostra como elas estão enraizadas nas dinâmicas psicológicas mais profundas da infância MARTINHO 2011 Dessa forma a perversão é compreendida como uma psicopatologia na qual as fantasias e os desejos do sujeito assumem formas desviantes muitas vezes enraizadas em conflitos não resolvidos do desenvolvimento psicossexual Tanto Freud quanto Lacan enfatizam a importância da análise dessas fantasias e da dinâmica psíquica subjacente para compreender e tratar a perversão MARTINHO 2011 Ao abordar os tipos de perversão à luz das teorias de Freud e Lacan podemos observar dois aspectos distintos a perversão sexual e a perversão moral A perversão sexual está intrinsecamente ligada a desvios dos padrões sexuais considerados normais pela sociedade Esses desvios podem se manifestar em fantasias desejos ou práticas sexuais que são socialmente inaceitáveis ou consideradas atípicas Um exemplo clássico desse tipo de perversão é o fetichismo no qual a excitação sexual é associada a objetos inanimados como sapatos ou roupas íntimas Outros exemplos incluem o voyeurismo no qual a excitação é obtida pela observação não consensual de pessoas nuas ou praticando sexo e o sadismo que envolve obter prazer sexual infligindo dor ou humilhação a outros Por outro lado a perversão moral é uma questão mais ampla relacionada a desvios dos valores éticos e morais aceitos pela sociedade Já a perversão moral está enraizada na estrutura psíquica do sujeito e em sua relação com o desejo e a lei Um exemplo claro desse tipo de perversão é a psicopatia na qual a pessoa demonstra falta de empatia remorso ou culpa manipulando os outros para alcançar seus próprios objetivos sem se preocupar com o impacto de suas ações sobre os outros Outro exemplo seria o comportamento antissocial caracterizado pelo desrespeito às normas sociais e aos direitos dos outros muitas vezes acompanhado por comportamentos agressivos ou criminosos É importante compreender esses conceitos de perversão não apenas como manifestações individuais mas também como fenômenos complexos que exigem uma análise cuidadosa de seus contextos sociais e psicológicos subjacentes MARTINHO 2011 Nesse sentido podemos relacionar essa discussão sobre perversão com o filme Precisamos Falar sobre o Kevin dirigido por Lynne Ramsay e lançado em 2011 O filme aborda a história de Eva interpretada por Tilda Swinton e seu relacionamento conturbado com seu filho Kevin vivido por Ezra Miller Kevin exibe desde a infância comportamentos perturbadores e violentos culminando em um ato extremo de violência na escola A narrativa do filme nos leva a refletir sobre as complexas dinâmicas familiares e os possíveis fatores que contribuem para o desenvolvimento da psicopatia No contexto do filme podemos observar como as relações familiares especialmente entre mãe e filho são exploradas em um cenário de tensão e estranheza Eva é retratada como uma mãe ambivalente lutando para se conectar emocionalmente com Kevin desde o nascimento Sua incapacidade de compreender e lidar com os comportamentos problemáticos de Kevin pode ser interpretada como uma manifestação das dinâmicas psíquicas relacionadas à perversão A relação entre Eva e Kevin pode ser analisada à luz das teorias de Freud e Lacan sobre o complexo de Édipo e a formação da sexualidade infantil A falta de vínculo afetivo entre mãe e filho juntamente com a presença de comportamentos perturbadores desde a infância de Kevin sugere uma ruptura nas etapas normativas do desenvolvimento psicossexual Essa ruptura pode ter contribuído para a emergência de uma dinâmica perversa na relação entre os personagens Além disso o filme levanta questões sobre a responsabilidade parental a natureza do mal e os limites da empatia humana Kevin é retratado como um indivíduo que parece desprovido de remorso ou empatia características frequentemente associadas à psicopatia Sua relação com Eva é marcada por jogos de poder manipulação emocional e uma profunda falta de comunicação elementos que também estão presentes em dinâmicas perversas Logo esse filme oferece uma visão provocativa e perturbadora das relações familiares e das possíveis origens da psicopatia O filme nos convida a refletir sobre as complexas interações entre natureza e criação trauma e desenvolvimento psicológico enquanto nos confronta com os aspectos sombrios e desconfortáveis da psique humana CONCLUSÃO Diante da complexidade e da diversidade da perversão é evidente que este é um tema que continua a intrigar e a desafiar tanto os estudiosos da psicologia quanto a sociedade em geral Ao longo deste trabalho exploramos as múltiplas facetas da perversão desde suas manifestações sexuais até suas ramificações morais e como elas estão intrinsecamente ligadas às dinâmicas sociais e psicológicas mais amplas Concluímos que em um mundo em constante evolução onde as fronteiras da sexualidade e da moralidade estão em constante fluxo a compreensão da perversão requer uma abordagem sensível e contextualizada REFERÊNCIAS ALBERTI Sonia MARTINHO Maria Helena Sexuação desejo e gozo entre neurose e perversão Psicologia USP v 24 p 119142 2013 JORGE Marco Antonio Coutinho Fundamentos da psicanálise de Freud a Lacan 2 A clínica da fantasia Editora SchwarczCompanhia das Letras 2010 MARTINHO Maria Helena Coelho Perversão um fazer gozar 2011 341 f Tese Doutorado em Pesquisa Clínica em Psicanálise Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 2011 Pesquisar