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Psicologia ·
Psicologia Social
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Página 1 de 9 Hickmann G M Hickmann A A Iniciação musical no ensino fundamental afetividade e aprendizagem Pesquisas e Práticas Psicossociais 141 São João delRei janeiromarço de 2019 e2775 Iniciação musical no ensino fundamental afetividade e aprendizagem Musical initiation in elementary school affection and learning Iniciación musical en la enseñanza fundamental afetividad y aprendizaje Girlane Moura Hickmann1 Adolfo Antonio Hickmann2 Resumo Buscando tornar acessível o ensino gratuito de música para a população de baixa renda foi criado o Projeto Música para Todos sediado em Teresina Piauí A primeira autora deste trabalho participou do referido projeto realizando curso de iniciação à formação de professores de flauta doce soprano e contralto que era desenvolvido pela Yamaha Musical do Brasil no programa Sopro Novo Na mesma época a referida autora cursava Letras Inglês e passou a ministrar aulas de música em uma escola pública da cidade de Teresina combinando dois conhecimentos aulas de flauta e inglês envolvendo afetivamente os alunos no processo que influenciou no desempenho deles nas demais aulas Palavraschave Projeto Social Música Língua Inglesa Afetividade Abstract Música para Todos Project based in Teresina City Piauí State was created with the purpose of making available free music education for lowincome population The first author of this work participated in this project doing introductory course in teacher training for soprano and alto flute in Sopro Novo program developed by Yamaha Musical do Brazil At the same time the author was studying English Literature and began teaching music classes in a public school in Teresina City Two types of knowledge flute and English classes were combined affectively involving students in a process which influenced the students performance in other classes Keywords Social Project Music English Language Affection Resumen En busca de acceder a la enseñanza gratuita de música para la población de bajos ingresos fue creado el Proyecto Música para Todos con sede en Teresina Piauí La primera autora del presente trabajo participó en dicho proyecto realizando curso de iniciación a la formación de profesores de flauta dulce soprano y contralto que era desarrollado por Yamaha Musical de Brasil en el programa Sopro Novo En la misma época la autora cursaba Letras Inglés y pasó a impartir clases de música en una escuela pública de la ciudad de Teresina Piauí combinando dos conocimientos clases de flauta e inglés involucrando afectivamente a los alumnos en el proceso que influenció en el desempeño de los resultados estudiantes en las demás clases Palabras clave Proyecto Social Música Idioma en Inglés Afectividad 1 Doutoranda pela Universidade Federal do Paraná UFPR 2 Doutorando pela Universidade Federal do Paraná UFPR Página 2 de 9 Hickmann G M Hickmann A A Iniciação musical no ensino fundamental afetividade e aprendizagem Pesquisas e Práticas Psicossociais 141 São João delRei janeiromarço de 2019 e2775 Introdução A música e a Língua Inglesa são manifestações culturais universais que permitem que povos de diferentes nacionalidades etnias classes econômicas gêneros e escolaridades comuniquemse compartilhando conhecimentos sonhos sentimentos e experiências As diferenças de interesse entre crianças jovens adolescentes ou idosos desaparecem ao toque de um instrumento Acreditase que no contexto do ensino da Língua Inglesa o aprendizado de um instrumento pode viabilizar muitos sonhos pois concorre como ferramenta de ensino para o melhor aprendizado da língua Músicas cantadas em inglês fazem parte do dia a dia de diferentes gerações crianças jovens e adultos No Brasil muitas canções estrangeiras são tocadas em inúmeros meios de comunicação Além disso o idioma aumenta as chances de acesso ao conhecimento musical que não está disponível em português A globalização fortaleceu a demanda pelo domínio do idioma inglês para a vida pessoal e profissional de todos No que concerne à Língua Inglesa como língua de comunicação atende a diferentes demandas educacionais e do mundo do trabalho por transitar entre as diversas áreas do conhecimento A música por sua vez desenvolve habilidades essenciais para a vida como sensibilidade rotina e dedicação Essa influência no desenvolvimento do indivíduo começa bem cedo e pode ser percebida ainda no útero onde o bebê reage aos estímulos musicais Martins 2017 Bréscia 2003 p 81 afirma ainda que o aprendizado musical melhora o desempenho escolar dos alunos e contribui para integrar socialmente o indivíduo Na adolescência em função de aspectos maturacionais envolvendo o desenvolvimento neurológico e psicológico é comum os jovens perderem o interesse por atividades que antes os encantavam Nesse sentido o aprendizado formal é um dos âmbitos em que o adolescente tende a diminuir o investimento de tempo Salvo 2010 Se nesse momento para ensinar ao jovem o educador fizer uso de estratégias diferenciadas como a música a motivação dele pode novamente aflorar Conforme Kishimoto 1999 os professores precisam encarar modificações necessárias no seu papel de ensinar bem como conceber que o aluno é o centro na produção do conhecimento Famílias com bom poder aquisitivo podem contratar professores tanto de línguas quanto de música para seus filhos Nas famílias com limitações econômicas tal contratação é inviável Trabalhos pedagógicos como o realizado pelo Projeto Música Para Todos PMPT que foi elaborado com o objetivo de proporcionar gratuitamente música de qualidade a todos é uma iniciativa que merece destaque visto que possibilita o acesso ao aprendizado musical por meio do ensino de instrumentos ministrado em escolas públicas municipais Tal projeto foi aprovado pelo Ministério da Cultura e publicado no Diário Oficial da União e desde sua fundação depende dos recursos provenientes de incentivos fiscais como os garantidos pela Lei nº 831391 Lei de Incentivo à Cultura popularmente chamada de Lei Rouanet Professores que participaram do PMPT depois de desenvolverem domínio do instrumento optaram por agirem como multiplicadores A oferta de música antes restrita à Escola de Música na qual o projeto foi concebido foi estendida a escolas de ensino regular e à população em geral que se interessa em aprender um instrumento musical O efeito multiplicador do projeto permitiu que o número de beneficiados fosse ampliado já que os professores formados no projeto sem vínculo com as escolas puderam se tornar ministrantes de aulas em escolas públicas nas comunidades carentes Página 3 de 9 Hickmann G M Hickmann A A Iniciação musical no ensino fundamental afetividade e aprendizagem Pesquisas e Práticas Psicossociais 141 São João delRei janeiromarço de 2019 e2775 A primeira autora deste artigo passou por tal experiência primeiramente estudando flauta doce e contralto no Projeto Sopro Novo3 parceiro do PMPT e depois compartilhando tal conhecimento ao tornarse professora de flauta sem vínculo empregatício em uma escola pública de Ensino Fundamental e Médio na cidade de Teresina Por estar na época cursando Letras Inglês na Universidade Federal do Piauí surgiu a possibilidade de usar as canções em inglês na disciplina de Música O ensino de flauta foi ministrado para uma população de baixa renda na qual havia adolescentes que frequentemente abandonavam a escola para trabalhar e contribuir na renda familiar ou desistiam dos estudos por falta de interesse Segundo alguns professores das matérias regulares como o de Matemática havia o desinteresse dos alunos quanto aos estudos e o rendimento da maioria deles estava abaixo do esperado A receptividade dos alunos das diversas matérias curriculares após a participação das aulas que utilizaram o idioma nas aulas de música foi muito boa O acesso aos instrumentos musicais para as aulas de flauta foi facilitado pelo projeto implementado na escola que repassava aos alunos o valor de custo dos instrumentos As práticas em sala de aula contribuíram para o desenvolvimento da percepção sonora numérica concentração e motivação dos alunos Supõese que esses resultados tenham sido alcançados porque a música age como facilitadora da aprendizagem pois mantém os neurônios cerebrais em atividade e ajuda a desenvolver a capacidade de concentração imediata de persistência e de dar resposta 3 O programa Sopro Novo é uma iniciativa da Yamaha companhia fabricante de instrumentos musicais para busca proporcionar educação musical para a formação de professores musicais e professores leigos para atuarem nas escolas de ensino regular O Cursos oferecidos têm carga horária que varia de 78 a 86 horas à constante variedade de estímulos Scherer Domingues 2012 p 7 As aulas de flauta eram ministradas de forma lúdica e havia mais participação dos alunos envolvidos no projeto Os ganhos para a formação integral dos educandos identificados nas aulas correspondem a dados da literatura conforme afirma Ilari 2003 p 9 Os jogos musicais quando utilizados de forma lúdica participativa e não competitiva podem constituir uma fonte rica de aprendizado motivação e neurodesenvolvimento Em geral os jogos acontecem em aulas coletivas o que obviamente visa à estimulação dos sistemas de orientação espacial e do pensamento social Jogos de memória de timbres notas e instrumentos dominós de células rítmicas e brincadeiras de solfejo podem ativar os sistemas de controle de atenção da memória da linguagem de ordenação sequencial e do pensamento superior Já os jogos que utilizam o corpo tais como mímica de sons imaginários brincadeira de cadeira cantigas de roda encenações musicais e pequenas danças podem incentivar o sistema da memória de orientação espacial motor e do pensamento social entre outras Além de prazerosos os jogos musicais de participação ativa podem constituir exemplos típicos do aprendizado divertido A relação afetiva professoraluno nas aulas de iniciação musical por meio da flauta doce teve seus impactos no desenvolvimento das atividades propostas Rossini 2001 propõe que o desenvolvimento cognitivo se dá com o relacionamento afetivo entre mestre e aprendiz Piaget 1962 defende não haver dúvidas de que o afeto4 desempenha papel essencial para o funcionamento da inteligência Para o autor não haveria inteligência motivação necessidade ou interesse se não houvesse afeto porque a afetividade é uma condição 4 Sentimento que nos liga a algo ou alguém Dicionário Escolar da Língua Portuguesa ABL p 108 2008 Página 4 de 9 Hickmann G M Hickmann A A Iniciação musical no ensino fundamental afetividade e aprendizagem Pesquisas e Práticas Psicossociais 141 São João delRei janeiromarço de 2019 e2775 necessária na constituição da inteligência 1962 p 1 tradução nossa Considerase portanto que a relação entre professor e aluno deva ser marcada pela presença de afeto na medida em que a afetividade influencia na qualidade e direção das atividades acadêmicas Cabe então ampliar as pesquisas sobre o comportamento de aprendiz sob a influência de uma educação com afeto Segundo Freire 1987 p 81 Ao fundarse no amor na humildade na fé nos homens o diálogo se faz numa relação horizontal em que a confiança de um pelo no outro é consequência óbvia Seria uma contradição se amoroso humilde e cheio de fé o diálogo não provocasse este clima de confiança entre seus sujeitos Os professores demonstram interesse pelo aluno quando lhes dão a oportunidade de compartilhar seu conhecimento prévio de mundo dandolhe espaço para expressar suas realidades e sonhos Os aprendizes podem discutir os mais variados assuntos por meio da música com o uso de canções em inglês Com afetividade e trocas de experiências o professor poderá encorajar os alunos a usarem a criatividade e superar dessa forma suas dificuldades no aprendizado de qualquer matéria É importante ressaltar que o ensino exige diálogo e afeto e com a música não é diferente Educar envolve estar disponível e atento ao outro o educando Fazse necessário portanto considerar os gostos musicais do aprendiz aproveitando sua própria musicalidade para ensinálo de forma a proporcionar a ele um aprendizado prazeroso A respeito disso Snyders 1999 p 170 afirma que A música é feita para ser bela e o belo existe para proporcionar alegria a alegria estética O ensino da música tem por objetivo levar os alunos a um contato feliz com as obras musicais fazêlos viver uma experiência de alegria a partir delas As diferentes músicas podem contribuir para isto é necessário levar a sério o rock e os outros gêneros apreciados pelos jovens assim como é preciso incitálos a exprimir e viver seus gostos sem culpas nem provocações O ensino da música é o mais desesperado porque conta muito pouco para o futuro profissional e escolar dos alunos em seu conjunto E é o mais carregado de esperança o professor não tem de passar aos alunos o amor pela música pois sem dúvida nenhuma geração de jovens viveu tão musicalmente como a de agora cabe a ele simplesmente estabelecer a comunicação entre a música deles e as outras Processo de construção do projeto Os professores de flautas que atuavam nas escolas de ensino regular não tinham nenhum vínculo empregatício com a escola Entretanto os progressos dos alunos eram compartilhados com a diretoria que disponibilizava uma sala para planejamento das aulas e momentos de diálogos com os professores que trabalhavam na escola Os professores de música aproveitavam todas as oportunidades oferecidas pelo Programa Sopro Novo e o empenho da escola em facilitar o ensino do instrumento musical nas dependências da escola Nesse contexto foi dada liberdade para unir o conhecimento musical ao do idioma inglês duas manifestações culturais universais em prol de um melhor aproveitamento das aulas Por ter graduação em língua estrangeira a primeira autora entre uma aula e outra de flauta nas aulas do 6 ao 9 ano do Ensino Fundamental cantava e tocava músicas em inglês para os alunos e dava alguns exemplos para facilitar a compreensão por parte dele sobre intensidade altura e timbre Conforme cita Chagas 1997 p 24 o aprendizado musical ajuda a unir pensamento ação e emoção e facilita o contato direto com as sensações físicas com os sentimentos e com a mais profunda sensação de ser o que se é Além disso outras experiências têm mostrado a eficácia do uso da música como Página 5 de 9 Hickmann G M Hickmann A A Iniciação musical no ensino fundamental afetividade e aprendizagem Pesquisas e Práticas Psicossociais 141 São João delRei janeiromarço de 2019 e2775 ferramenta de apoio cognitivo e afetivo influenciando o desenvolvimento social dos sujeitos aprendentes Fernandes et al 2017 VillaLobos 1972 enfatizou a importância da educação musical principalmente com gerações de crianças com idade entre 5 e 14 anos Essa fase do desenvolvimento coincide com a saída do aluno do primeiro para o segundo ciclo do Ensino Fundamental Ainda de acordo com VillaLobos 1972 p 85 o principal objetivo do ensino não é o de criar artistas nem teóricos de música senão cultivar o gosto pela música e ensinar a ouvir Nossos alunos são capazes de aprender sobre sons pois os utiliza para falar e cantar O professor de Língua Inglesa por exemplo pode se utilizar de ferramentas e métodos para tornar o aprendizado mais prazeroso e efetivo Com o progresso das aulas os alunos começaram a demonstrar encantamento Isso aumentou o grau de atenção deles nas aulas de inglês Poder participar de aulas regulares de música contribui para o desenvolvimento integral do educando uma vez que facilita a aquisição de inúmeras habilidades importantes para o aprendizado sistemático e para a vida Um exemplo dessas novas habilidades foi o conhecimento matemático A relação entre música e Matemática fazse clara quando pensada em termos de frações É possível encantar os alunos com o aprendizado da Matemática devido a alguns conceitos frequentemente utilizados no ensino da música Para preencher um compasso 4 x 4 o aluno deve somar 4 semínimas que equivalem cada uma a ¼ do tempo Segundo Oliveira e Sabba 2013 p 6631 os alunos podem ser capazes de apreciar o belo não apenas das melodias e das sensações mas também das relações matemáticas como proporções frações e divisões A esse respeito Campos 2009 p 121 estudou a relação entre Matemática e música e concluiu que O pensamento lógicomatemático auxiliava o entendimento de conceitos comumente relacionados ao cenário musical tais como notas intervalos e escalas musicais ciclo das quintas dissonância ressonância e freqüência A competência musical trazia benefícios para que os alunos entendessem e dessem novos significados a proporções razões e progressões geométricas A nota nas aulas de música a princípio não era um prérequisito porém o comportamento participativo e assiduidade eram Tal exigência potencialmente influenciou no engajamento das crianças no aprendizado de flauta doce A música aproxima os alunos uns dos outros instigando o desenvolvimento da socialização eles e contribui para a formação integral A educação musical tem o seu valor outras coisas porque ela potencializa o senso crítico do aprendiz possibilitando uma maior sintetização de formas e conteúdos e as vivências que enriquecem a imaginação e a formação global da personalidade Martins p 8 Além do conteúdo formal das aulas de inglês a inserção da música propiciou a oportunidade de olhar o aluno de maneira mais integral Isso facilitava a aproximação de estudantes mais resistentes ou que apresentavam padrão de comportamento disfuncional para o contexto escolar Aos poucos houve mais engajamento dos alunos em comportamentos socialmente aceitos diminuindo a frequência de comportamentos agressivos ou de baixo envolvimento com a educação Cardoso 2013 comprovou haver um desempenho superior dos alunos participantes de aulas de música articuladas com matérias regulares em todas as matérias com exceção da Educação Física quando comparados àqueles que participaram apenas das Página 6 de 9 Hickmann G M Hickmann A A Iniciação musical no ensino fundamental afetividade e aprendizagem Pesquisas e Práticas Psicossociais 141 São João delRei janeiromarço de 2019 e2775 matérias regulares As diferenças entre grupos participantes foi superior e estatisticamente significativa Os impactos positivos influenciados pela participação dos alunos nas aulas articuladas refletiram na assiduidade dos estudantes e no aproveitamento escolar Percebeuse então que as contribuições do ensino de música inseridas no contexto do ensino da Língua Inglesa iam muito além de somente aprender notas musicais e aliálas ao ensino do idioma A proposta dessas atividades revelou possibilidades interdisciplinares pela sensibilidade que se foi ganhando ao perceber que os seres humanos integram o ritmo a outros conhecimentos A natureza interdisciplinar do conhecimento não se situa no campo pragmático que opera no nível das atividades nem no extremo teórico que ignora a sala de aula a interdisciplinaridade se situa na vida Igualmente a música se oferece à abordagem interdisciplinar pelo simples fato de ser intrínseca à vida e à cultura Existem afinidades interfaces e convergências inquestionáveis entre música e diversas áreas do conhecimento humano Por exemplo matemática e música se encontram nas regularidades na métrica e nos padrões espacialidade e música se encontram nas proporções no equilíbrio na perspectiva e na forma linguística e música no som e no ritmo das palavras e na semântica corporalidade e música na plasticidade do movimento nas habilidades físicas e de coordenação e assim por diante França 2016 p 87 A sensibilidade para o outro e a contribuição para a formação integral dos educandos despertadas pela música trouxeram questionamentos sobre o papel da afetividade no aprendizado dos alunos Atitudes que aumentem a autoconfiança e a motivação e diminuam os níveis de ansiedade podem também influenciar na persistência dos alunos em se engajar nas aulas de música nas quais canções em inglês se faziam sempre presente Hickmann 2015 p 111 reforça a importância de se cultivar relações afetivas e de se apresentar um espaço acolhedor para o aprendizado Segundo a autora é preciso também Incentivar a colaboração cujos objetivos principais sejam entre outros aumentar autoestima e motivação do aluno diminuir a ansiedade debilitante e portanto despertar o conhecimento e por consequente desenvolver no aluno as diversas inteligências poderá surtir mais efeitos positivos nos alunos do que comportamentos de avaliação de quanto esperto o aluno é metas de aprendizagem orientadas pelo meio e desempenho pessoal condutas de rotulação e classificação críticas e uso de controle aversivo Para que o aprendizado tenha significado para o aluno e se torne uma marca em sua formação integral o professor precisa envolverse no processo dando o melhor de si A relação pessoaambiente conforme Skinner 1957 é uma relação dialética na qual o professor influencia na formação do educando mas também é influenciado pela relação que estabelece com ele Assim professor e aluno saem enriquecidos O docente tem a facilidade de trabalhar os ambientes para intensificar a interação entre manifestações culturais como a Música e a Língua Inglesa Pois para tornar o ambiente social tão livre quanto possível do controle aversivo não precisamos destruir o ambiente ou fugir dele precisamos remodelálo Skinner 1971 p 36 Para Skinner 1957 o controle aversivo existe no ambiente e acarreta ações para fugir de algo que é ruim ou para não se ter consequências ruins como punições ou ameaças Para o autor remodelar o ambiente é ter responsabilidade em fazer a diferença Ao se dar conta do nível de controle existente podese construir um ambiente mais produtivo para o aprendizado Página 7 de 9 Hickmann G M Hickmann A A Iniciação musical no ensino fundamental afetividade e aprendizagem Pesquisas e Práticas Psicossociais 141 São João delRei janeiromarço de 2019 e2775 Ademais ao fazer parte do dia a dia assim como a cultura letrada a música amplia a produção espontânea e criativa da comunicação Oliveira Vanzela 2017 O projeto Sopro Novo desenvolveuse justamente nessa direção Por meio de interações mediadas pela música facilitou o ensino do idioma estrangeiro transformando um ambiente escolar com muitos estímulos aversivos em algo agradável ao qual os alunos gostavam de ir Além do ensino do inglês os recursos musicais serviram para desenvolver habilidades em adolescentes que contribuíram para a cidadania ao propiciar competências importantes na sociedade contemporânea mas de custo elevado para uma população carente A eficácia do uso da música no ensino da Língua Inglesa é reforçada por pesquisas como a de Bonato 2014 A autora destacou a melhora do interesse dos estudantes no aprendizado do idioma causando a aproximação do contato com a língua estrangeira nos contextos em que esse contato normalmente é distante da realidade dos alunos Essas experiências também demonstram a necessidade de uma formação de professores de modo integral e que considere o sentir aliado ao pensar Nesse sentido é preciso considerar as possibilidades de integração de atividades criativoartísticas como ferramentas para a melhoria do aprendizado Stoltz Weger 2015 Esses autores consideraram a interação do belo do bem e da verdade como elementos da liberdade para a aprendizagem levando em conta o desenvolvimento de seres humanos em sua integralidade Ao olhar essas considerações percebese o quanto essas experiências criativas contribuíram significativamente para a vida dos estudantes e dos próprios professores Resultados O professor ministrante das aulas de inglês pôde perceber que a música enriqueceu bastante sua percepção em relação ao outro além de melhorar a interação e o desempenho dos estudantes de modo geral Isso revelou o quanto a música pode ajudar a quebrar barreiras e obstáculos que muitas vezes dificultam o aprendizado e a socialização dos participantes Os estudantes aprenderam de forma lúdica e com grande envolvimento os princípios musicais ao mesmo tempo em que passaram a conviver de maneira mais dinâmica com elementos da Língua Inglesa Eles também desenvolveram outras habilidades como persistência atenção e concentração que favoreceram a sua autoestima A carência financeira que poderia inviabilizar a aquisição dos instrumentos musicais foi compensada pela disponibilização destes pela escola com flautas adquiridas para uso compartilhado entre todos os estudantes que não puderam comprar uma Essa é mais uma demonstração de como a escola pode ir além com pouco investimento mas com ganhos significativos não somente para o desempenho pedagógico como também para a melhora do clima escolar A música fortaleceu o engajamento dos alunos nas tarefas educacionais elevando seu desempenho no aprendizado de algumas habilidades como a Matemática e conhecimento de elementos do idioma inglês que pôde ser vivenciado por meio do cantar Trazer para o ambiente escolar essa ferramenta de interação tornou as lições mais prazerosas e atrativas para os alunos Ao engajaremse nesse processo os educandos desenvolveram também atenção e concentração aprenderam a compartilhar a respeitar as normas e os colegas bem como a trabalhar em equipe Página 8 de 9 Hickmann G M Hickmann A A Iniciação musical no ensino fundamental afetividade e aprendizagem Pesquisas e Práticas Psicossociais 141 São João delRei janeiromarço de 2019 e2775 O professor de inglês por sua vez ao acompanhar tal processo aprendeu a olhar cada aluno como único em um contexto de diversidades e a ficar mais atento e ouvir as necessidades de cada aluno Isso pôde apoiálos nas suas tentativas de realização das tarefas e de compreensão do significado não somente da matéria mas também da vida na cultura em que estão inseridos O professor pelo papel formativo que exerce pode influenciar os alunos de maneira lúdica a perceber novas possibilidades para a solução de problemas fazendo o uso da criatividade Referências Afeto 2008 In Dicionário escolar da língua portuguesa 2a ed Academia Brasileira de Letras São Paulo Companhia Editora Nacional Bonato D 2014 A utilização da música como método de aprendizagem de língua inglesa Monografia de Especialização Universidade Tecnológica Federal do Paraná Medianeira Recuperado de httprepositoriorocautfpredubrjs puibitstream148071MDEDUM TEVII201433pdf Bréscia V L P 2003 Educação musical bases psicológicas e ação preventiva Campinas Átomo São Paulo PNA Campos G P Pierre da S 2009 Matemática e Música práticas pedagógicas em oficinas interdisciplinares Dissertação de mestrado Centro de Educação Universidade Federal do Espírito Santo Cardoso A C dos S 2013 O Ensino Especializado da Música como promotor da aprendizagem Dissertação de mestrado em Supervisão Pedagógica e Formação de Formadores Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação Universidade de Coimbra Coimbra Chagas M 1997 Musicoterapia e Psicoterapia Corporal aspectos de uma relação possível Revista Brasileira de Musicoterapia 3 Rio de Janeiro Fernandes P V et al 2017 Banda 60 a experiência da música na terceira idade Pesquisas e Práticas Psicossociais 121 120128 França C C A 2016 Interdisciplinaridade da Vida e a Multidimensionalidade da Música Música na Educação Básica 778 Freire P 1987 Pedagogia do oprimido 17a ed Rio de Janeiro Paz e Terra Gomes B F Gomes E R dos Moraes H A de 2013 Musicalização no ensino aprendizagem Faculdade Capixaba da Serra Serra Recuperado em 12 fevereiro 2018 de httpserramultivixedubrwp contentuploads201309bianca04 pdf Hickmann G M 2015 Interação professoraluno na aprendizagem de Língua Inglesa motivação para aprender Dissertação de mestrado Programa de PósGraduação em Educação Universidade Federal do Paraná Curitiba Ilari B A 2003 Música e o cérebro algumas implicações do neurodesenvolvimento para a educação musical 9 716 Instituto Votorantim 2018 Projetos apoiados Música Para Todos Recuperado em 12 fevereiro 2018 de httpwwwinstitutovotorantimorgb rpt brprojetosApoiadosPaginasMusica Todosaspx Kishimoto T M 1997 Jogo brinquedo 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ctaspdfs1339pdf Piaget J 1962 A relação da afetividade com a inteligência no desenvolvimento mental da criança Rio de Janeiro Editora Fundo de Cultura Rossini M A S 2001 Pedagogia afetiva 4a ed Petrópolis Vozes Salvo C G de 2010 Prática e comportamentos de proteção e risco à saúde na adolescência Tese de doutorado Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo São Paulo Scherer C A de Domingues A 2012 Música e desenvolvimento infantil reflexões sobre a formação do professor IX Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul IX Anais do IX ANPED SUL Caxias do Sul Recuperado em 12 fevereiro 2018 de httpwwwucsbretcconferenciasi ndexphpanpedsul9anpedsulpaper viewFile1918975 Skinner B F 1973 O mito da liberdade 2a ed Rio de Janeiro Blach Skinner B F 1957 Verbal behaviour New York AppletonCenturyCrofts Snyders G 1999 A escola pode ensinar as alegrias da música São Paulo Cortez Stoltz T Weger U 2015 O pensar vivenciado na formação de professores Educar em Revista n 56 6783 VillaLobos H 1972 Educação Musical Boletim Latino Americano de Música Recebido em 1322018 Aceito em 28112018 Revista Construção Psicopedagógica 32 33 7789 77 ARTIGO DE REVISÃO httpsdoiorg1037388CP2022v32n33a02 BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR BNCC E AS COMPETÊNCIAS SÓCIOAFETIVAS UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Denise DAuriaTardeli1 Universidade Metodista São Paulo Brasil Eliane Queiroz Cunha Pralon2 Centro Universitário Adventista de São Paulo Brasil Patrícia Margarida Coelho3 Universidade Santo Amaro e Universidade Metodista São Paulo Brasil RESUMO A Base Nacional Comum Curricular BNCC documento governamental aprovado em 22 de dezembro de 2017 o CNE apresenta a Resolução CNECP nº 2 de 22 de dezembro de 2017 que institui orienta e destaca a afetividade nas relações e a convivência como aspectos importantes para a aprendizagem Na presente pesquisa fazemos uma reflexão das compe tências socioafetivas a partir de sua proposta na BNCC Para isso partimos de três objetivos bem claros e definidos i contextualizar a implantação da BNCC ii compreender como a BNCC explicita as competências socioemocionais e iii avaliar como as competências socio afetivas no ambiente escolar possibilitam a aprendizagem O corpus do nosso trabalho será a Base Nacional Comum Curricular no âmbito das competências socioemocionais A meto dologia utilizada é bibliográfica GIL 2002 O que justifica a nossa pesquisa são os dados apresentados pelo Pisa 2018 com o relato de que um ambiente pouco receptivo afeta con sideravelmente o desempenho cognitivo dos estudantes Nosso arcabouço se fundamenta em autores que pensam as questões afetivas dentro do processo da aprendizagem como Moreno e Sastre 2003 e Goleman 1995 O problema de pesquisa que direciona este tra 1 Professora titular do Programa de PósGraduação em Educação da Universidade Metodista de S Paulo Doutora em Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano pelo Instituto de Psicologia da USP Pósdoutorado em Educação pela Faculdade de Educação da USP Lattes httplattescnpqbr1273522326198021 ORCID httpsorcidorg0000000201959235 email denisetardeligmailcom 2 Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú 2001 Mestrado em Educação pela Universidade Metodista 2021 Atua como professora do Centro Universitário Adventista de São Paulo e coordena o pedagógico do Colégio Adventista Tem experiência na área de Educação com ênfase em gestão atuando principalmente nos seguintes temas Formação Continuada Currículos Inovadores Avaliação Formativa e Competências Socioemocionais Lattes httplattescnpqbr6310536390561624 email enailepralongmailcom 3 Mestra em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie Doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Docente e Coordenadora do Programa de Mestrado em Ciências Humanas UNISASP Docente do Programa de Mestrado e Doutorado em Educação da Universidade Metodista de São Paulo Lattes 1087625657694882 ORCID httpsorcidorg0000000216621173 Email patriciafariascoelhogmailcom 78 Base nacional comum curricular BNCC e as competências sócioafetivas uma revisão bibliográfica Revista Construção Psicopedagógica 32 33 7789 balho é quais as competências socioafetivas indicadas na BNCC A hipótese que sustenta este trabalho é de que quando as competências socioemocionais são desenvolvidas em sala de aula os alunos têm um melhor desenvolvimento cognitivo e afetivo A metodologia uti lizada é bibliográfica GIL 2002 Os resultados alcançados evidenciam que o desenvolvi mento cognitivo está inteiramente ligado às questões socioafetivas e que quando trabalha das de forma conjunta no ambiente escolar apresentam excelentes resultados tanto para o docente quanto para o discente Palavraschave BNCC Competência Socioafetiva Aprendizagem COMMON NATIONAL CURRICULUM BASE BNCC AND SOCIOAFFECTIVE SKILLS A BIBLIOGRAPHIC REVIEW ABSTRACT The National Curricular Common Base BNCC government document approved on December 22 2017 the CNE presents Resolution CNECP nº 2 of December 22 2017 which establishes guides and highlights affection in relationships and coexistence as parts important for learning In the present research we reflect on socioaffective competences based on their proposal in the BNCC For this we started from three objectives very clear and defined i contextualiz ing the implementation of the BNCC ii understand how the BNCC explains socioemotional competences and iii to assess how socioaffective competences in the school environment enable learning The corpus of our work will be the National Curricular Common Base within the scope of socioemotional skills The methodology used is bibliographic GIL 2002 What justifies our research is the data presented by Pisa 2018 with the report that an unreceptive envi ronment considerably affects the cognitive performance of students Our framework is based on authors who think about affective issues within the learning process such as Moreno and Sastre 2003 and Goleman 1995 The research problem that guides this work is what are the socioaffective competences indicated in the BNCC The hypothesis that supports this work is that when socioemotional skills are developed in the classroom students have a better cogni tive and affective developmentThe methodology used is bibliographic GIL 2002 The results achieved show that cognitive development is entirely linked to socioaffective issues and that when worked together in the school environment they present excellent results for both the teacher and the student Keywords BNCC Social Affective Competence Learning Introdução A presente pesquisa se pauta no documento oficial da Base Nacional Comum Curricular BRA SIL 2018 a fim de compreender a relevância das competências socioemocionais e as relações afetivas no ensino e na aprendizagem Para o processo de ensino e aprendizagem ocorrer de forma eficaz fazse necessária a con vivência e o relacionamento com o outro pois é no dia a dia de uma sala de aula que somos percebidos inspirados ou desestimulados Especificamente quando abordamos o desinte resse seja em qualquer área ou nível de educação podemos pensar que é possível conviver Revista Construção Psicopedagógica 32 33 7789 79 Denise DAuriaTardeli Eliane Queiroz Cunha Pralon Patrícia Margarida Coelho e não nos relacionarmos e quando isso ocorre todo o processo passa a ter um caráter de consistência mecânica Nesse sentido o professor além de conviver precisa se relacionar e isso é promovido dentro do espaço escolar Gusdorf 1970 retrata a escola como um lugar de memórias sendo elas cogni tivas eou afetivas Na escola é a pessoa viva que aprende e é ela mais tarde quem se lembra segundo fidelidades diversas mas coexistentes que perpetuam simultaneamente a criança e o adolescente o jovem de outrora no adulto de hoje GUSDORF 1970 p 59 No âmbito escolar é impossível separar os aspectos sociais e afetivos que envolvem a apren dizagem visto que a forma como professores e alunos interagem está diretamente ligada ao sucesso escolar Todos temos emoções e formamos vínculos com os conhecimentos e com as pessoas Assim compreender como as competências socioafetivas são evidências na BNCC para uma nova proposta pedagógica das escolas é considerar os seres que ali estão em sua integralidade Dessa forma neste trabalho partimos do seguinte problema de pesquisa as competências socioafetivas propostas na BNCC são de fato do conhecimento dos docentes A presente pes quisa tem como hipótese que se as competências socioafetivas são bem trabalhadas em sala de aula podem auxiliar os discentes no desenvolvimento cognitivo e afetivo Temos três objetivos a saber i compreender a implantação da BNCC ii verificar como a BNCC apresenta as competências sociemocionais e iii examinar como as competências socioafetivas permitem a aprendizagem na escola O corpus desta pesquisa é a Base Nacional Comum Curricular BNCC no âmbito das compe tências socioemocionais A metodologia utilizada é bibliográfica conforme explica Gil 2002 A justificativa dessa pesquisa se fundamenta nos dados apresentados pelo Pisa 2018 afirmando de que um ambiente desagradavel afeta no desempenho cognitivo dos alunos O arcabouço teorico que sustenta esta pesquisa são os estudos sobre afetividade no processo da aprendizagem de Moreno e Sastre 2003 e Goleman 1995 Apresentado nosso corpus hipo tese problema de pesquisa objetivos e justificativa daremos continuidade com nosso estudo explicando a seguir a metodologia utilizada na pesquisa Metodologia da Pesquisa Para esta pesquisa adotamos metodologia de pesquisa bibliográfica Gil 2002 p 44 explica que a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado constitu ído principalmente de livros e artigos científicos Assim sendo para este estudo realizamos um levantamento de obras publicadas nas revistas científicas no Brasil entre janeiro de 2018 até dezembro de 2020 nas bases de dados da plataforma Google Scholar Google Acadêmico que trataram do tema da BNCC e das Competências Socioemocionais Partimos de três palavras chaves BNCC Competências Socioemocionais Aprendizagem A par tir da leitura dos resumos como critérios de inclusão a i veículos de publicação optamos por periódicos indexados ii ano de publicação janeiro de 2018 a dezembro de 2020 iii idioma de publicação somente selecionamos os artigos em língua portuguesa iv modalidade de produ ção científica foram incluídos artigos da educação Os critérios de exclusão foram i títulos que não apresentavam relação com as palavrachave e iii resumo sem aderência ao tema da BNCC e Socioemocionais 80 Base nacional comum curricular BNCC e as competências sócioafetivas uma revisão bibliográfica Revista Construção Psicopedagógica 32 33 7789 A partir das buscas realizadas foram encontradas 87 publicações Após a leitura criteriosa dos artigos selecionados foram selecionados 26 artigos para servir de base e reflexão para o desen volvimento do artigo Implatação da Base Nacional Comum Curricular Um breve percurso temporal sobre a implantação da BNCC descreve que ela não foi aprovada em um único documento para todas as etapas da educação básica O primeiro documento foi o do ensino infantil e do fundamental no ano de 2017 sendo garantida a sua implementação por meio da Resolução CNE CP nº 2 de 22 de dezembro de 2017 A BNCC do ensino médio foi apro vada em 2018 portanto um ano após as demais e sua implementação nessa etapa de ensino veio pela Resolução CNECP nº 4 de 17 de dezembro de 2018 Foram três momentos importantes de elaboração e construção da BNCC como referência de uma proposta de um currículo nacional que padronizasse a educação escolar no Brasil O primeiro momento ocorreu na cidade de São Paulo em outubro de 2013 num evento orga nizado pelo Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação CONSED e que partici param dentre outros sujeitos de expressão no cenário político e empresarial a União Nacio nal dos Dirigentes Municipais de Educação UNDIME o Conselho Nacional de Educação CNE e o Movimento Todos pela Educação MTP Essa reunião extraordinária foi a última desse ano e contou com a presença de figuras importantes como a professora da USP Paula Lousano A grande discussão foi a reforma curricular para o ensino médio com a ideia de que o Bra sil precisava avançar nos indicadores de qualidade da educação sendo o tema principal do evento norteando a fala dos expositores Além disso ainda houve uma apresentação fazendo o comparativo entre os sistemas públicos de ensino referentes aos rendimentos nas avalições externas do ensino médio O segundo momento ocorreu em maio de 2014 no 6º Fórum Nacional Extraordinário da UNDIME realizado em FlorianópolisSC Na ocasião estavam na pauta temas relevantes a serem discutidos em que se destacam a aprovação do PNE e a formação de professores e carreira e Base Curricular Comum Nacional Em relação à aprovação do PNE foram ressaltados dois elementos em que o primeiro diz respeito à complementação da União aos Estados e Municípios para que se garantissem o Custo Aluno Qualidade CAQ e o segundo voltava para a supressão de um dispositivo que contava os investimentos na relação públicoprivado como 10 do Produto Interno Bruto PIB valor que se deveria ser investido até o final da vigência do PNE 20142024 No encontro a UNDIME discutiu a formação de professores e carreiras com relevante desta que para a valorização do professor a partir de sua instrução O tema da formação de profes sores foi destaque no evento discutindose com ênfase a valorização financeira desses profis sionais Por fim a pauta sobre a BNCC saiu em forma de carta com manifestação a respeito do tema pelos presentes Diante das dificuldades enfrentadas pelos municípios com formação inicial dos professores com avaliações externas que definem os conteúdos trabalhados pelos professores com os alunos com capacidade técnica insuficiente para o desenvolvimento de currículos próprios fazse necessário discutir a construção de uma Base Curricular Comum Nacional que permita a inserção de especi ficidades culturais locais e regionais Essa construção da Base deverá ser feita de maneira articu lada entre professores escolas e redes de ensino por meio das políticas pedagógicas municipais e dos projetos políticos pedagógicos Neste caso a autonomia sobre a metodologia permane cerá sendo dos professores e das escolas Esta Base Curricular Comum Nacional deverá provo car a reorientação dos processos de construção das matrizes das avaliações externas UNDIME 2014 n p Revista Construção Psicopedagógica 32 33 7789 81 Denise DAuriaTardeli Eliane Queiroz Cunha Pralon Patrícia Margarida Coelho O terceiro momento centrase no 3º Seminário Internacional do Centro Lemann para o Empreendedorismo e Inovação na Educação Brasileira ocorrido em agosto de 2014 Na oca sião o palestrante professor David Plank figura frequente nos encontros anteriores trouxe como elemento central na sua apresentação a implementação do Common Core Currículo Comum na Califórnia EUA o que ganhou atenção da plenária para a sua proposta As contri buições orais e escritas dessas audiências seguiram para as sucessivas reuniões organizadas pelo CNE que posteriormente a esses encontros aprovam a BNCC do ensino infantil e funda mental em dezembro de 2017 Conforme Saviani 2013 p 438 quando o ensino é direcionado para o desenvolvimento das competências acentuase a necessidade de o sujeito adaptarse e nas escolas procurase passar do ensino centrado nas disciplinas de conhecimento para o ensino por competências referidas a situações determinadas De acordo com a última versão do documento a BNCC encontrase organizada em direitos de aprendizagem expressos em dez competências gerais que guiam o desenvolvimento esco lar das crianças e dos jovens desde a creche até a etapa terminal da Educação Básica BRASIL 2018 p 5 cabendo à escola assegurar aos estudantes o desenvolvimento dessas dez compe tências que segundo a Base consolidamse no âmbito pedagógico BRASIL 2018 Quadro 1 As dez competências da BNCC Nº COMPETÊNCIA DESCRIÇÃO FUNÇÃO 1ª Conhecimento Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico social cultural e digital Entender e intervir positivamente na sociedade 2ª Pensamento científico crítico e criativo Exercitar a curiosidade intelectual o pensamento científico a criticidade e a criatividade Investigar causas elaborar e testar hipóteses formular e resolver problemas e inventar soluções 3ª Senso estético Desenvolver o senso estético Reconhecer valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais e participar de práticas diversificadas da produção artísticocultural 4ª Comunicação Utilizar as linguagens verbal verbovisual corporal multimodal artística matemática científica tecnológica e digital Expressarse partilhar informações experiências ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo 5ª Argumentação Argumentar com base em fatos dados e informações confiáveis Formular negociar e defender ideias pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos e a consciência socioambiental com posicionamento ético no cuidado consigo com os outros e com o planeta 6ª Cultura digital Utilizar as tecnologias digitais de comunicação e informação de forma crítica significativa reflexiva e ética Comunicarse acessar e disseminar informações produzir conhecimentos e resolver problemas Continua 82 Base nacional comum curricular BNCC e as competências sócioafetivas uma revisão bibliográfica Revista Construção Psicopedagógica 32 33 7789 Nº COMPETÊNCIA DESCRIÇÃO FUNÇÃO 7ª Autogestão Entender o mundo do trabalho e planejar seu projeto de vida pessoal profissional e social Fazer escolhas em relação ao seu futuro com liberdade autonomia consciência crítica e responsabilidade 8ª Autoconhecimento e autocuidado Conhecerse apreciarse reconhecer suas emoções e as dos outros ter autocrítica Cuidar de sua saúde física e emocional lidar com suas emoções e com a pressão do grupo 9ª Empatia e cooperação Exercitar a empatia o diálogo a resolução de conflitos e a cooperação Fazerse respeitar e promover o respeito ao outro e aos direitos humanos acolher e valorizar a diversidade sem preconceitos reconhecendose como parte de uma coletividade com a qual deve se comprometer 10ª Autonomia Agir pessoal e coletivamente com autonomia responsabilidade flexibilidade resiliência e determinação Tomar decisões segundo princípios éticos democráticos inclusivos sustentáveis e solidários Fonte Elaborado pelas autoras com base em Brasil 2018 No que se refere ao conceito de competências a BNCC enfatiza que competência é definida como a mobilização de conhecimentos conceitos e procedimentos habilidades práticas cognitivas e socioemocionais atitudes e valores para resolver demandas com plexas da vida cotidiana do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho BRASIL 2018 p 8 Diante disso é lícito afirmar que a BNCC indica conhecimentos competências aprendizagens e habilidades essenciais que influenciam a reformulação de currículos nas escolas de educa ção básica fomentando alterações na formação de professores na avaliação e na elaboração de conteúdos O presente estudo não tem por objetivo fazer uma análise crítica e política durante a construção do referido documento mas é importante salientar que ele sofreu fortes críticas na perspectiva de que o sujeito é o único responsável pelo seu sucesso ou fracasso desconsiderandose assim as implicações de questões sociais políticas históricas e ideológicas que costumam condicionar a formação de classes reverberando na concentração de poder e de riquezas nas mãos de pou cos e sobretudo reproduzindo a vida precária de muitos As competências socioemocionais explícitas na BNCC Nesse contexto a Base Nacional Comum Curricular BNCC BRASIL 2018 documento de caráter normativo em conformidade com outros marcos legais como Constituição Federal de 1988 Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9394 de 1996 e o Plano Nacional de Educação afirma que a educação deve visar a formação e o desenvolvimento humano global BRASIL 1988 2018 O trabalho regido pelas competências socioafetivas fazse necessário para a aprendizagem inte gral do sujeito numa sociedade marcada por constantes mudanças que clamam por capacida Continuação Revista Construção Psicopedagógica 32 33 7789 83 Denise DAuriaTardeli Eliane Queiroz Cunha Pralon Patrícia Margarida Coelho des dadas à espécie humana para lidar com as próprias emoções assim como o estabelecimento de contatos humanos significativos Como afirma Goleman 1995 p 18 uma visão da natureza humana que ignore o poder das emoções é lamentavelmente míope Na BNCC as competências socioemocionais estão presentes em todas as dez competências gerais Portanto no Brasil até 2020 todas as escolas deverão contemplar as competências em seus currículos Diante dessa demanda precisamos conhecer mais sobre a educação socioemo cional Social Emotional Learning SEL Solidariedade amizade responsabilidade colaboração empatia organização ética cidadania honestidade Esses valores ou características tão desejáveis nos relacionamentos humanos e cada vez mais requisitados e necessários nos dias de hoje deverão ser ensinados praticados ou pelo menos estimulados também nas escolas É o que dizem as novas diretrizes da Base Nacional Comum Curricular BNCC Segundo o Casel Guide 2015 A educação socioemocional e para nossos a socioafetiva refe rese ao processo de entendimento e manejo das emoções com empatia e pela tomada de decisão responsável p 87 Mas para que isso ocorra é fundamental a promoção dessa edu cação nas mais diferentes situações dentro e fora da escola pelo desenvolvimento das cinco competências apresentadas a seguir Quadro 2 As cinco competências socioemocionais da BNCC AUTOCONSCIÊNCIA Envolve o conhecimento de cada pessoa bem como de suas forças e limitações sempre mantendo uma atitude otimista e voltada para o crescimento AUTOGESTÃO Relacionase ao gerenciamento eficiente do estresse ao controle de impulsos e à definição de metas CONSCIÊNCIA SOCIAL Necessita do exercício da empatia do colocarse no lugar dos outros respeitando a diversidade HABILIDADES DE RELACIONAMENTO O exercício de ouvir com empatia falar com clareza e objetivo cooperar com os demais resistir à pressão social inadequada ao bullying por exemplo solucionar conflitos de modo construtivo e respeitoso bem como auxiliar o outro quando for o caso TOMADA DE DECISÃO RESPONSÁVEL Preconiza as escolhas pessoais e as interações sociais de acordo com as normas os cuidados com a segurança e os padrões éticos de uma sociedade Fonte Elaborado pelas autoras com base em Brasil 2018 O grande desafio que se configura atualmente é investir nas competências cognitivasacadê micas e também nas socioafetivas Quanto a essa questão o CASEL GUIDE 2015 aponta que investir em ambas beneficia o aluno não apenas no desenvolvimento dessas competências mas também no desempenho escolar de modo geral e na manutenção de uma sociedade prósocial Portanto para que sejam trabalhadas no contexto escolar do aluno do século XXI devem ser o foco de qualquer proposta curricular que venha a ser parametrizada a partir da BNCC Em alguns estudos internacionais os pesquisadores classificam competências como habilida des A pesquisa sobre habilidades socioemocionais deu início com a comparação entre indiví 84 Base nacional comum curricular BNCC e as competências sócioafetivas uma revisão bibliográfica Revista Construção Psicopedagógica 32 33 7789 duos de perfil familiar com baixa renda residentes em Michigan na América do Norte dividi dos em dois grupos um deles composto por crianças de 3 a 5 anos participantes do programa Perry Preschool Project que tinha como propósito o desenvolvimento socioemocional das crianças com as mesmas características Os resultados apresentaram diferenças relevantes na vida adulta nas chamadas habilidades não cognitivas apresentando menores taxas de aban dono escolar baixo índice de desemprego baixo percentual em envolvimentos com o crime e menor número de gravidezes na adolescência A conclusão foi que mesmo sem ter afetado o desempenho medido em testes de QI o projeto Perry havia sido bemsucedido ao ensinar seus alunos desde os primeiros anos de escola a trabalhar melhor em grupo ter maior controle de suas emoções e mais persistência e organização para execu tar tarefas PONTES 2013 apud ABED 2014 p 110 As escolas têm mais alcance do que simplesmente desenvolver competências socioafetivas para os estudantes Programas que atingem toda a comunidade escolar professores gesto res e familiares trazem amplo benefício Estudos apontam que programas de apoio aos pais auxiliam na redução dos índices de criminalidade violência gravidez precoce subemprego entre outros Em uma sociedade como a nossa em que os alunos passam desde a mais tenra idade várias horas de suas vidas na escola tempo que está sendo ampliado em algumas escolas chamadas de escolas de tempo integral É muito importante pensar no ambiente escolar e como os alunos serão recebidos sem esquecer da saúde mental e física dos estudantes Uma escola suficiente mente boa com professores suficientemente bons é uma possibilidade das muitas alternativas para combater dificuldades advindas de condições familiares e sociais marcadas por carências dentre elas carência alimentar carências materiais e afetivas Nesse contexto um professor mediador usa diferentes estratégias instrumentos e diferentes linguagens para ganhar a simpatia dos seus alunos mas para que isso aconteça o professor precisa ter pleno conhecimento das competências socioafetivas e saber aplicálas de forma con creta Assim mais do que múltiplas inteligências o ser humano seria dotado de diferentes estilos de ser no mundo diferentes formas de aproximação elaboração e apreensão da reali dade ABED 2014 p 75 As competências socioafetivas no contexto escolar promovendo aprendizagem eficaz Em primeiro lugar é necessário mudar a visão do educador de transmissor de aulas para um educador mediador em suas aulas sendo o último um provedor de inúmeras possibilidades significativas para a aprendizagem permitindo que os educandos participem dessa construção do saber como coautores do conhecimento Meier e Garcia 2007 oferecem ao professor algumas diretrizes bastante instrumentais para refletir sobre as características que fazem de um ensinante um mediador de qualidade Intencionalidade e reciprocidade objetivos claros do professor metas transformadas em ações concretas para alcançar o processo de aprendizagem A clareza do que e a quem pretende atingir que orientam o como de suas ações GARCIA et al 2012 p 22 Significado trazer clareza ao conceito e sua associação com outras áreas de conhecimento e da vivência humana Revista Construção Psicopedagógica 32 33 7789 85 Denise DAuriaTardeli Eliane Queiroz Cunha Pralon Patrícia Margarida Coelho Conteúdos vazios de significado são facilmente esquecidos Para que a verdadeira aprendi zagem se dê é preciso que o aluno construa o seu próprio conhecimento revestindoo de senti dos pessoais o que por sua vez mobiliza a afetividade tanto do professor como dos alunos ABED 2014 p 60 Transcendência transpor o comum e articular outros saberes ao contexto atual da aprendiza gem aplicandoos à vida Mediar a transcendência é atuar de maneira consciente e intencional de forma a promover a meta cognição do aluno ou seja o pensar sobre o próprio pensamento que faz com que ele reflita sobre como relacionar aquilo que está sendo estudado no momento com outros saberes com outras situ ações com outras esferas da vivência humana ABED 2014 p 61 Competência Sentimento de capacidade valorizando autoestima motivação e esforço frente aos desafios da vida Preparo de aulas consistentes de conteúdo linguagem atividades e avalia ções nas seguintes perspectivas segundo a idade interesses e capacidades é importante que o professor ofereça feedbacks não só em relação às habilidades cognitivas envolvidas por exemplo interpretar corretamente a tarefa colher os dados e acionar os conhe cimentos disponíveis necessários à sua execução mas também às habilidades socioemocionais como a capacidade de controlar a ansiedade prestar atenção e concentrarse na execução ABED 2014 p 62 Regulação e controle do comportamento auxilia o educando no que diz respeito à intensi dade de suas ações em detrimento das situações experienciadas e a prática de pensamentos autorreflexivos Tanto os alunos muito impulsivos que começam uma atividade muito rapidamente sem compreen dêla quanto os alunos que paralisam que ficam sem ação diante da tarefa precisam tomar consci ência do seu modo de agir para poder planejar com mais eficiência de acordo com as características da situação e da tarefa os tempos para parar refletir e agir ABED 2014 p 63 Compartilhar essa característica tem uma alta abrangência dividir o que se sabe e saber falar de forma segura e clara suas intensões compartilhar é a arte de aceitar o compartilhado do outro seja para necessidades pessoais grupais ou até para situações conflituosas Promover situações de debates e trocas de ideias em sala de aula promove nos alunos o desenvolvi mento dessas e muitas outras habilidades de convívio social além de permitir ao professor ter acesso à forma de ser dos seus alunos A maneira como cada um se coloca no grupo expressa seus conheci mentos ideias valores opiniões impressões sentimentos posicionamentos dúvidas inquietações e tantos outros componentes do seu mundo interno ABED 2014 p 64 Individuação e diferenciação psicológica essa característica acaba sendo uma completude do compartilhar e é de suma importância que o educando tenha conciência da sua individuali dade e a do outro A riqueza da diversidade humana está justamente nesse duplo aspecto de sua condição simultaneamente social constituído nas e pelas relações e único ABED 2014 p 64 É nesse aspecto que percebemos o quanto é saudável aos indivíduos valorar as diferenças evitando comparações e estimulando o desenvolvimento da sua personalidade sem descuidar da adequação com as regras de convivência social Planejamento e busca por objetivos Quando não se sabe para onde vai qualquer caminho serve O ato de planejar ajudará o educando a identificar metas e traçar estratégias para concretizálas lembrando que para todo projeto é preciso de um olhar a curto médio e longo prazo favorecendo o seu alcance 86 Base nacional comum curricular BNCC e as competências sócioafetivas uma revisão bibliográfica Revista Construção Psicopedagógica 32 33 7789 O planejamento envolve diversas habilidades cognitivas como a análise das condições e recursos disponíveis a antecipação por meio de imagens mentais e o levantamento de hipóteses e também socioemocionais como motivação perseverança autocontrole para postergar a satisfação de um desejo imediato em prol de um objetivo maior e resiliência para suportar os percalços do caminho e aprender com eles ABED 2014 p 66 Procura pelo novo e pela complexidade a vida sempre trará desafios aos indivíduos mas se nessa perspectiva promovermos desafios aos educandos e possibilidades de pequenos enfrenta mentos desconhecidos poderemos ter ganhos no futuro com uma sociedade mais determinada a concretizar seus planos Incentivar os alunos a enfrentar o novo desconhecido e o complexo desafiante estimula a curio sidade intelectual e o prazer pelo aprender em si mesmo Implica em desenvolver a humildade e a aceitação dos próprios limites que ao invés de paralisar deveriam instigar a busca constante de ampliação dos recursos internos e enriquecimento pessoal ABED 2014 p 67 Consciência de modificabilidade o educador faz todas as intervenções com as mais diversas metodologias possíveis pois desistir nunca será papel do mediador Acreditar na transformação implica em estar disposto para recomeçar com novas possibilidades Não descansar da busca por caminhos recursos e estratégias que possam atingir cada um de seus alunos e colaborar com o seu desenvolvimento ABED 2014 p 67 Escolha pela alternativa positiva quando nos antecipamos a eventuais dificuldades programa mos estratégias para superálas descartando o desânimo e a desistência Quando alguém opta por um caminho pessimista não se esforça não trabalha não inicia o caminho da conquista dos objetivos a inércia paralisa GARCIA et al 2013 p 34 Sentimento de pertença promover ações que fortaleçam a consciência de seus grupos de per tencimento lugar fundamental para pertencer por ser essencial e único ajudar o aluno a construir a sua personalidade por meio da escolha e do reconhecimento dos grupos com os quais pode se identificar ABED 2014 p 69 Construção do vínculo construir vínculos entre educador e educando é de grande relevância no processo da construção socioafetiva Partindose do pressuposto amplamente ancorado pelos autores da abordagem interacionista de que a aprendizagem humana é relacional Meier e Garcia ressaltam a importância de um bom vínculo sem o qual nenhum outro critério de mediação será eficiente ABED 2014 p 7071 A sala de aula não é um ambiente para terapias muito menos um local para diagnosticar ou tratar o que quer que seja mas é o local onde se resgatam aspectos da vivência humana Ao invés de ignorála o ideal seria estar atento às sensações emoções sentimentos pensamentos e ações do dia a dia do educando Enfim cuidar do que há de melhor nos indivíduos ao longo do pro cesso do aprender a fazer mas acima de tudo aprender a ser são favorecidos com o desenvol vimento das competências socioafetivas Os investimentos educacionais precisam passar por todas as vertentes da educação com pro fessores para a construção do educador capazes de mediar o comprometimento responsável atuando nas múltiplas inteligências e nos diversos estilos cognitivos e afetivos do educando sem deixar de lado o fato de que ele faz parte do processo e precisa ter um olhar para si e é nesse olhar que encontrará a maneira mais assertiva para facilitar o desenvolvimento global de forma intencional Revista Construção Psicopedagógica 32 33 7789 87 Denise DAuriaTardeli Eliane Queiroz Cunha Pralon Patrícia Margarida Coelho Na sua prática de sala de aula o professor possui uma coisa que lhe é única a sua vivência o seu fazer pedagógico O professor pode e deve ser um pesquisador de sua própria ação um profissio nal que faz e que reflete e teoriza sobre o seu fazer Pensar o conhecimento como multifacetado ao invés de verdades absolutas liberta o professor para construir conhecimentos integrando a sua prática aos suportes teóricos que o ajudem como diria Edgar Morin a explicála e a com preendêla O professor na visão pósmoderna não é simplesmente um técnico transmissor de informações é um educador que cultiva a criação e a transformação dos saberes nos alunos e em si mesmo ABED 2014 p 132 Mais do que nunca é preciso olhar para o ambiente de formação pois é lá que estão os futuros professores que precisam sair conscientes de que os conceitos cognitivos são de suma impor tância para a sua formação e além disso cabe aos professores construírem uma diversidade de possibilidades da aprendizagem de seus educandos tornandoos competentes em suas ati vidades Será o comprometimento e o encantamento pelo ensinar que poderá inspirar os seus alunos para o apreender Posto isso o estudo do currículo da formação dos professores nos permite compreender que existe um processo que acontece muito antes da prática docente é o movimento no qual se marcam os sujeitos professor e aluno na construção das relações mediadas pelo conhecimento das competências socioafetivas Considerações finais A partir do desenvolvimento desta pesquisa foi possível alcançar o primeiro objetivo pois a partir da compreensão da implatação da BNCC depreendemos como a competência socioemo cional quando trabalhada em sala de aula possibilita uma aprendizagem completa cognitiva e afetiva para o aluno O segundo e terceiro objetivo também foram alcançados Entendermos que a regulação emo cional e as habilidades sociais educativas são variáveis que se influenciam mutuamente A hipótese desta pesquisa também foi confirmada uma vez que a habilidade do professor em conhecer suas emoções e a forma como as regula auxiliam na orientação de seus alunos assim como em saber utilizar suas emoções para servir como modelo Controle de impulsos estratégias consciência clareza e saber seu objetivo ajudam o professor a entender o que os alunos despertam nele e possa ser efetivo no manejo de seus comportamentos JUSTO ANDREATTA 2020 p 106 A metodologia bibliográfica e arcabouço teórico foram suficiente para o desenvolvimento dessa pesquisa A pergunta que direcionou este estudo também foi respondida pois foi pos sível depreender quais são as competências socioafetivas indicadas na BNCC a saber auto consciência autogestão consciência social habilidades de relacionamento e tomada de deci são responsável Verificamos ainda que segundo a BNCC é de suma importância Conhecerse apreciarse e cuidar de sua saúde física e emocional compreendendose na diversidade humana e reconhe cendo suas emoções e as dos outros com autocrítica e capacidade para lidar com elas BRASIL 2018 p 10 Os resultados alcançados neste estudo evidenciam que a partir da compreensão da BNCC é possível constatar que a ampliação cognitiva está interligada às questões socioafetivas e que o estudo sobre as competências socioemocionais são de extrema necessidade tanto para o ambiente escolar quanto para a sociedade o ampara que tenhamos cidadãos críticos e cons 88 Base nacional comum curricular BNCC e as competências sócioafetivas uma revisão bibliográfica Revista Construção Psicopedagógica 32 33 7789 cientes de seu papel capazes de lidar com suas próprias emoções usandoas para criar soluções e melhorias para a coletividade como um todo Sabemos que ainda há muito para se refletir sobre o tema BNCC e Competências Socioemocio nais mas estamos atentos a debater aprender e discutir sobre a temática que nos convoca do inteligível ao sensível Referências ABED Anita L Z O desenvolvimento das habilidades socioemocionais como caminho para a aprendizagem e o sucesso escolar de alunos da educação básica São Paulo UNESCOMEC 2014 Disponível em httpportalmecgovbrindexphpoptioncom docmanviewdownloadalias15891habilidadessocioemocionaisproduto1 pdfItemid30192 Acesso em 26 set 2022 BRASIL Ministério da Educação Base Nacional Comum Curricular ensino médio Brasília 2018 Disponível em httpbasenacionalcomummecgovbrimageshistoricoBNCC EnsinoMedioembaixasite110518pdf Acesso em 26 set 2022 BRASIL Presidência da República Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 1988 Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03ConstituicaoConstituicaoCompilado htm Acesso em 26 set 2022 CASEL GUIDE Effective social and emotional learning programs middle and high school edition 2015 Disponível em httpswwwpeacemakerresourcesorguploads559155916565 caselsecondaryguidepdf Acesso em 26 set 2022 GARCIA Sandra R org ABED Anita SOARES Tufi DONNINI S Saltos de aprendizagem o percurso de uma metodologia inovadora em educação São Paulo Mind Lab Brasil INADE 2012 Disponível em httpseducador360comwpcontentuploads201701 1470257389artigosaltosaprendizagempdf Acesso em 26 set 2022 GIL Antônio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa São Paulo SP Atlas 2002 GOLEMAN Daniel Inteligência emocional Rio de Janeiro Editora Objetiva c1995 GUSDORF Georges Professores para quê Para uma pedagogia da pedagogia Lisboa Moraes Editores 1970 JUSTO Alice R ANDREATTA Ilana Competências socioemocionais de professores avaliação de habilidades sociais educativas e regulação emocional Psicologia da Educação São Paulo n 50 p 104113 2020 Disponível em httppepsicbvsaludorgpdfpsien50n50a11pdf Acesso em 26 set 2022 MEIER Marcos GARCIA Sandra Mediação da aprendizagem contribuições de Feuerstein e Vygotsky Curitiba Edição do Autor 2007 MORENO Montserrat SASTRE Genoveva et al Falemos de sentimentos a afetividade como um tema transversal Tradução de Maria Cristina de Oliveira São Paulo Editora Moderna 1999 Revista Construção Psicopedagógica 32 33 7789 89 Denise DAuriaTardeli Eliane Queiroz Cunha Pralon Patrícia Margarida Coelho PRALON Eliane Queiroz Cunha Formação docente O estudo das competências socioemocionais e suas contribuições no processo de ensino e aprendizagem no período de formação inicial 2021 113 f Dissertação Mestrado Programa de Educação Universidade Metodista de São Paulo São Paulo 2021 SAVIANI Dermeval História das ideias pedagógicas no Brasil 4 ed Campinas Autores Associados 2013 UNDIME Carta do 6º fórum Nacional extraordinário da UNDIME Disponível em httpsundimeorgbrnoticiacartado6oforumnacionalextraordinariodaundime Acesso em 26 set 2022 ARTIGOS Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 69 RECORTES DE UM PROJETO PSICOPEDAGÓGICO TRANSDISCIPLINAR EM SALA DE AULA MEDIADO POR RECURSOS ARTETERAPÊUTICOS E DIÁLOGOS COM DIFERENTES ESTILOS COGNITIVOSOCIOAFETIVOS Olga Maria de Souza1 Sedes Sapientiae SP Eloisa Quadros Fagali2 Sedes Sapientiae SP RESUMO Este artigo traz recortes de uma pesquisa sobre o processo de aprender e de ensinar em sala de aula apresentada em uma monografia de Psicopedagogia durante o curso de Psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientiae A pesquisa teve como objetivo aplicar e avaliar um projeto de ensino e aprendizagem de natureza inter e transdisciplinar desenvolvido em sala de aula com crianças de 7 a 8 anos matriculadas no terceiro ano de uma escola particular da cidade de São Paulo Os recursos psicopedagógicos e arteterapêuticos foram aplicados pelo professor utilizando ele mentos lúdicos recursos arteterapêuticos e contos explorando as relações afetivas entre crian ças e professor as autopercepções das crianças e o desenvolvimento da linguagem nãoverbal e verbal integrada ao pensamento e à expressão criativa O planejamento e as análises das práticas fundamentaramse nas concepções sobre projeto integrativo transdisciplinar nos pen samentos teóricos de Vigotsky Wallon Carl Jung e Fagali que apresentam diferentes formas de aprender utilizando as relações afetivas e as diferentes formas de pensar criar imaginar e sentir reveladas nos diferentes estilos cognitivosocioafetivos de aprendizes e professores Palavraschave Ensinoaprendizagem Transdisciplinaridade Afetividade Estilos cognitivo socioafetivos Arteterapia Psicopedagogia 1 Olga Maria de Souza professora psicopedagoga arteterapeuta e pesquisadora 2 Eloisa Quadros Fagali doutora em Psicologia psicóloga pedagoga psicopedagoga e arteterapeuta Pesquisadora e orientadora de monografia do curso de Psicopedagogia e de Arteterapia do Instituto Sedes Sapientiae e da Pontifícia Universidade Católica SP 70 Recortes de um projeto psicopedagógico transdisciplinar em sala de aula mediado por recursos arteterapêuticos e diálogos com diferentes estilos cognitivosocioafetivos Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 CUTOUTS OF A TRANSDISCIPLINARY PSYCHOPEDAGOGICAL PROJECT IN A CLASSROOM MEDIATED BY ARTETHERAPEUTIC RESOURCES AND DIALOGUES WITH DIFFERENT COGNITIVESOCIOAFFECTIVE STYLES ABSTRACT This article presents excerpts from a research about the learning process and the use of the class room in the classroom the reception of a psychopedagogy monograph during the psychopeda gogy course at Instituto Sedes Sapientiae A research aimed to apply and evaluate an inter and transdisciplinary teaching and learning project developed in the classroom with children from 7 to 8 years old enrolled in the third year of a specific school in the city of São Paulo The psy chopedagogical and art therapy resources were used by the teacher using playful elements art therapy resources and tales exploring how affective relationships between children and teachers such as childrens selfperceptions and nonverbal and verbal language development integrated with thinking and strategic description The planning and analysis of practices based on conceptions of integrated transdisciplinary design in the theoretical thoughts of Vigotsky Wallon Carl Jung and Fagali which show different ways of learning using affective relationships and the different ways of thinking creating imagining and feeling revealed in different cogni tivesocioaffective styles of learners and teachers Keywords Teachinglearning Transdisciplinarity Affectivity Cognitivesocioaffective styles Art therapy Psychopedagogy Introdução É de grande relevância aplicar as práticas e teorias psicopedagógicas na situação de aprendiza gem em sala de aula em que o professor com um olhar e postura psicopedagógicos situase como mediador nas relações afetivas e na aprendizagem das crianças O diálogo com o outro alunos e professor requer cuidados com a dinâmica relacional afetiva em que aprendizes alunos e professores complementamse em função das identidades e das diferenças mobi lizando assim o real movimento de inclusão que respeita as singularidades de cada um e suas dificuldades valorizando suas capacidades Os recursos arteterapêuticos integrados às praticas psicopedagógicas abrangem as expressões criativas e aprendizagem individuais bem como as coletivas na partilha com o outro com trocas de conhecimentos e de expressões verbais e nãoverbais Outro aspecto de grande importância para a aprendizagem e o processo de ensino referese ao desenvolvimento de projetos integrativos inter e transdisciplinares envolvendo os temas trans versais em que se interconectam as diferentes áreas de conhecimento sem deixar de lado as integrações entre afeto elaboração de conceito processo de alfabetização desenvolvimento da linguagem nãoverbal e verbal e da expressão espontânea e criativa dos alunos O projeto de pesquisa aplicado em sala de aula desenvolveuse e foi se desdobrando no decorrer das experiências das crianças e do professor que criou condições de ensino e aprendizagem Foram considerados os seguintes eixos teóricopráticos para o desenvolvimento das práticas e análises da pesquisa Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 71 Olga Maria de Souza e Eloisa Quadros Fagali 1 Aplicação e análise de um projeto psicopedagógico integrado transdisciplinar que facili tasse a integração dos conhecimentos e dos conceitos assimilados pelos alunos 2 A construção dos vínculos afetivos entre professor e alunos que possibilitava diálogo com as emoções e trocas interpessoais facilitando o processo de ensinar e de aprender 3 O diálogo e as trocas de experiências entre diferentes estilos cognitivosocioafetivos que possibilitaram o exercício e desenvolvimento das sensações percepções imagina ções e intuições pensamento linguagem e expressões criativas dos aprendizes aluno e professor 4 Utilização das atividades artísticas e diálogos com as representações simbólicas dos con tos e dos textos e dos desenhos das crianças que ampliavam as expressões criativas e a aprendizagem 5 Desenvolvimento da autopercepção por meio das expressões simbólicas em que o aprendiz mobilizava conteúdos inconscientes projetando seus sentimentos dialogando com as emoções e desenvolvendo as habilidades sociais com destaque para o respeito às diferenças No processo da pesquisa foi possível analisar e aplicar um projeto integrativo interdisciplinar e transdisciplinar a partir da a dinâmica de aprendizagem em sala de aula enriquecida pelas mediações arteterapêuticas pelas consolidações das relações afetivas entre alunos e professor e por diferentes explorações sobre formas de pensar sentir imaginar criar e aprender respei tando as diferenças dos estilos cognitivossocioafetivos dos alunos Além disso explorar diferentes condições de aprendizagem mediadas pela arteterapia Apli car um projeto interdisciplinar e transdisciplinar que possibilite experiências sensoriais subjeti vas e imaginativas bem como o desenvolvimento do pensamento e da linguagem das crianças Desenvolver a autopercepção dos aprendizes como capazes de superar suas dificuldades e de aprender por meio do diálogo com as diferenças E fazer um levantamento bibliográfico sobre os fundamentos teóricos em relação aos projetos integrativos interdisciplinares e à importância das relações afetivas e do diálogo com as diferenças integrando linguagem nãoverbal e verbal pensamento e expressão criativa dos aprendizes Quanto a metodologia ela baseiase em pesquisa bibliográfica sobre os fundamentos dos eixos de análise segundo as concepções teóricas já destacadas em parágrafos anteriores e na apre sentação de vivências pedagógicas de sala de aula com o intuito de se realizar uma releitura psicopedagógica de experiências vividas em sala da aula Os sujeitos da pesquisa foram os alunos da pesquisadora que exerce função de professora com um olhar e uma postura psicopedagógicos e arteterapêuticos São 14 alunos cinco meninos e nove meninas de 7 a 8 anos que cursam o terceiro ano do ensino fundamental de uma escola particular religiosa da cidade de São Paulo O espaço da pesquisa é de sala de aula na qual se desenvolveram os projetos integrativos tendo como meta a criação de condições de aprendizagem mais enriquecedoras e que possibilitaram o melhor desempenho dos alunos considerando o desenvolvimento das relações interpessoais a promoção do autoconhecimento e a assimilação dos conceitos com adaptações criativas do professor junto com as crianças 72 Recortes de um projeto psicopedagógico transdisciplinar em sala de aula mediado por recursos arteterapêuticos e diálogos com diferentes estilos cognitivosocioafetivos Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 Fundamentação teórica a importância do projeto integrativo inter e transdisciplinar O projeto integrativo adotado na pesquisa como objeto deste artigo ressalta a prática da inter disciplinaridade ao integrar os conceitos das diferentes áreas do conhecimento superando as fragmentações dos saberes Também destaca a transdisciplinaridade que ultrapassa a assimi lação dos conceitos das diferentes disciplinas ao focalizar os temas transversais associados às questões existenciais sociais e emocionais do ser humano e em particular das crianças Edgar Morin apud FAGALI 2001 nos adverte sobre as fragmentações do homem do conheci mento e do ensino propondo uma visão mais complexa do conhecimento e da prática educativa Essa visão envolve a dialógica entre os saberes e o religar ou a reintegração do homem que se apresenta fragmentado no momento contemporâneo Um dos aspectos da dinâmica do apren der que possibilita esta reintegração do aprendiz referese à expressão das emoções na situ ação de aprendizagem e o desenvolvimento das relações afetivas entre alunos e professores Desenvolvimento das relações afetivas na relação de aprendizagem alunosprofessorpsicopedagogo Segundo Wallon apud ALEXANDROFF 1998 TAGLIAFERRO 2005 a emoção é uma linguagem que se revela na criança antes da linguagem verbal quando o corpo toma forma e consistên cia portanto são estados subjetivos com componentes orgânicos que provocam alterações na mímica facial na postura e na topografia dos gestos LEITE TAGLIAFERRO 2005 p 248 O referido autor ressalta que as emoções presentes nas relações afetivas têm uma função cen tral do desenvolvimento humano por serem mobilizadoras da evolução da consciência de si por isso essa função é conceituada como um fenômeno psíquico e social além do orgânico A afetividade vai além das emoções orgânicas primárias e pode se expressar de diversas formas durante o desenvolvimento da linguagem não verbal e verbal A afetividade constitui um papel fun damental na formação da inteligência de forma a determinar os interesses e necessidades individu ais do indivíduo Atribuise às emoções um papel primordial na formação da vida psíquica um elo entre o social e o orgânico ALMEIDA 2008 p 73 Considerando a aprendizagem na escola o referido autor assinala que esta deveria propor cionar formação integral intelectual afetiva e social e que as expressões das emoções e a dinâmica das relações afetivas constituem um papel fundamental na formação da inteligência e no desenvolvimento da linguagem que se integra à constituição do pensamento e da Psique da criança Influências sociais históricas e culturais na linguagem e no pensamento e constituição do caráter do aprendiz Segundo Vigotsky apud MURRAY 1993 o desenvolvimento da linguagem integrada ao pensamento e a constituição do caráter são influenciados pelos valores e hábitos culturais Nesse sentido a história da sociedade na qual a criança se desenvolve e a história pessoal dessa criança são fatores cruciais que vão determinar sua forma de pensar Nesse processo de desenvolvimento cognitivo a linguagem tem papel fundamental na determinação de como a criança vai aprender a pensar uma vez que formas avançadas de pensamento são transmitidas à criança por meio de palavras MURRAY 1993 Portanto a apropriação da linguagem oral Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 73 Olga Maria de Souza e Eloisa Quadros Fagali ou escrita é possibilitada pelas estimulações do meio pela intercomunicação entre crianças e os mediadores de aprendizagem Se a criança estiver sempre mergulhada nas atividades da escrita com interlocutores a interiori zação deste conhecimento se dará sem traumas e a criança se apropriará de uma linguagem signi ficativa A interação com adultos letrados que possam responder às atitudes da criança para com a escrita interpretandoas como significativas dandolhes sentido é se não imprescindível pelo menos importante para que a criança constitua a escrita como objeto de sua atenção e conhe cimento É por isso que o contexto sociocultural letrado é facilitador do processo de alfabetização GABARDO1997 p 26 Segundo Vigotsky 1989a a distância ou espaço entre o nível de desenvolvimento real e o desenvolvimento potencial da criança denominase zona de desenvolvimento proximal ZDP Referese a um momento e espaço de aprendizagem em que a constituição cognitiva e psíquica está em processo de construção pelos brotos ou flores do desenvolvimento em vez de frutos 1989a p 97 Os frutos constituem o desenvolvimento real e sinalizam os avanços do desen volvimento da linguagem integrado ao pensamento e à constituição psíquica da criança Segundo Fagali 2007 os diálogos interpessoais em que se apresentam na dinâmica do aprender garantidos pela confiança o respeito às capacidades e limites da criança bem como o desenvolvimento do autoconhecimento possibilitam esses avanços da aprendizagem e do desenvolvimento integral tanto da criança como do profissional Portanto essa passagem da condição de aprendizagem que transita do desenvolvimento potencial para o desenvolvimento real requer uma relação interpessoal afetiva entre professor e alunos e o desenvolvimento do autoconhecimento tanto da criança aprendiz como do professor eou psicopedagogo Fagali 2007 p 62 ressalta que a aprendizagem que envolve a afetividade requer um movimento do olhar de quem ensina ou orienta possibilitando o autoconhecimento de si próprio e do outro aprendiz A referida autora ressalta a importância dos recursos da arteterapia para a ampliação da dinâmica afetiva integrada ao desenvolvimento do pensamento e de diferentes linguagens sejam as verbais sejam as nãoverbais Os procedimentos psicopedagógicos ampliaramse com as atividades arteterapeuticas Importância dos recursos da arteterapia As atividades e criações artísticas abrem com mais facilidade caminhos para o tratamento de conflitos ou problemas emocionais e de aprendizagem e para o desenvolvimento da linguagem e do pensamento Constatase que as expressões artísticas mobilizam e encorajam os clientes ou aprendizes a se autoperceberem e irem à busca da comunicação com o outro e com os dife rentes objetos de conhecimento Portanto a arteterapia demonstra eficiência nas mediações arteterapêuticas e no processo de aprendizagem Fagali 2005 ressalta a integração dos recursos arteterapêuticos nas mediações psicopedagógi cas enfatizando que este casamento entre psicopedagogia e arteterapia deu certo são como estrelas de uma constelação As diferenças de uma em relação à outra diz respeito ao foco de atenção ao estudar a dinâmica relacional eu outro valorizando a construção criativa A arteterapia focaliza essencialmente as questões sobre a postura e os fundamentos terapêuticos considerando o aprofundamento do fazer e do refletir das artes plásticas e de outros recursos expres sivos A psicopedagogia direciona sua atenção para as questões sobre a postura do educador que necessita de um olhar terapêutico considerando o fundamento desta construção na dinâmica do aprender FAGALI 2005 p 26 74 Recortes de um projeto psicopedagógico transdisciplinar em sala de aula mediado por recursos arteterapêuticos e diálogos com diferentes estilos cognitivosocioafetivos Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 A referida autora valoriza nas práticas psicopedagógicas a importância das artes e represen tações simbólicas As representações simbólicas que emergem das expressões plásticas podem revelar os conteúdos emocionais e as singularidades de cada aprendiz de acordo com sua forma de pensar sentir e adap tarse ao meio diante das solicitações que se nos apresentam diferentes contextos de aprendizagem e das experiências existenciais FAGALI 2005 p 26 Selma Ciornai define Arteterapia como um termo que designa a utilização de recursos artísticos em contextos terapêuticos Esta definição é ampla pois pressupõe que o processo do fazer artístico tem o potencial de cura quando o cliente é acompa nhado pelo arteterapeuta experiente que com ele constrói uma relação que facilita a ampliação da consciência e do autoconhecimento possibilitando mudanças A arteterapia pode ser desenvol vida em diferentes contextos terapêuticos Assim os recursos de atividades arteterapêuticas permi tem a expressão do não verbalizável oferecendo ao cliente um leque de possibilidades de perceber sentir e expressar criativamente CIORNAI 2004 p 7 Nas situações de aprendizagem em sala de aula a escuta e o olhar cuidadoso para cada criança respeitando suas singularidades e criatividades possibilitam a expressão espontânea infantil quando utilizam os recursos plásticos e mobilizam o imaginário e as sensações bem como os sentimentos dos aprendizes No presente projeto as atividades lúdicas psicopedagógicas integradas aos recursos artete rapêuticos atividades de expressões plásticas recursos cromáticos desenhos atividades em argila ou massinha bem como as narrativas dos contos facilitaram o desenvolvimento da lin guagem e da elaboração mental a ampliação da autopercepção a avaliação de atitudes e o respeito ao outro Fagali 2000 2019 destaca pesquisas e análises de projetos integrativos psicopedagógicos mediados pelos recursos arteterapêuticos considerando o diálogo e respeito às diferenças em relação às expressões criativas do aprendiz e às suas múltiplas formas de pensar expressar suas emoções elaborar seus sentimentos e aprender Os referidos projetos de pesquisa apro fundam as elaborações teóricas e observações sobre as variações de acordo com os diferentes estilos cognitivosocioafetivos que os aprendizes e professores revelam na experiência de apren der e de ensinar Os estilos cognitivosocioafetivos diferenças de percepção pensamento motivações expressões emocionais e comportamento Segundo Fagali 2000 2019 nas mediações de aprendizagem o professor ou terapeuta deve respeitar as singularidades dos aprendizes em relação às suas expressões criativas capacidades gêneros de linguagem e formas de pensar e de sentir conforme diferentes estilos cognitivoso cioafetivos dos aprendizes professores eou psicopedagogos Os diferentes estilos cognitivosocioafetivos se distinguem segundo traços mentais psíquicos e variações das experiências o estilo sensorial concreto que apresenta a atenção focada capa cidade de memorização mecânica e ações práticas mobilizadas pelo pensamento utilitário e concreto o estilo intuitivo com grande capacidade de imaginar e de criar demonstrando o uso da atenção mais global e panorâmica e que memoriza por associações de imagens e ideias o estilo subjetivo que apresenta grande capacidade de expressar e de elaborar emoções desen volvendo com facilidade as avaliações das atitudes próprias e do outro com ênfase na ética e Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 75 Olga Maria de Souza e Eloisa Quadros Fagali moral o estilo pensamento lógico mais racional com capacidade intelectual e facilidade de desenvolver os conceitos até o nível da abstração e das relações lógicas Do ponto de vista semântico a palavra derivada do latim stilus se associa à feição especial ou ao caráter de uma produção escrita ou à maneira especial de exprimir os pensamentos e de expressar na escrita o significado de estilo ampliase associando a uma forma do sujeito se revelar no seu contato consigo próprio e com o outro Relacionase a uma forma de captar e processar a realidade usando predominantemente um tipo de pensamento ou inteligência um jeito próprio de expressar mediado por uma determinada linguagem verbal ou não verbal uma tendência a utilizar determinados padrões comportamentais e mecanismos de natureza afetiva ao dialogar com as emo ções FAGALI 2000 p 16 Fagali em parceria com Lacave 2013 ressalta suas pesquisas e práticas psicopedagógicas e arteterapêuticas identificando os diferentes estilos de heróis das narrativas A ampliação do autoconhecimento do aprendiz e sua percepção do mundo ocorrem ao dialogar sobre as sagas e tarefas dos heróis Ao projetar seus sentimentos sobre os heróis e suas tarefas ele busca atra vessar seus limites e dificuldades articulando coragem e capacidade de agir no mundo real em que vive O presente projeto psicopedagógico desenvolvido criou condições de aprendizagem que possi bilitaram o desenvolvimento dessas diferentes capacidades e predisposições mentais e psíqui cas predominantes em cada estilo experiências sensoriais com atenção focada ativaram a per cepção e habilidade para atividades concretas atividades a partir dos contos e sensibilizações mobilizaram o imaginário a intuição e a criatividade das crianças exercícios que requerem o uso do pensamento lógico ativaram o processo de assimilação e acomodação dos conceitos bem como elaborações do pensamento por meio de experiências apoiadas em diferentes canais sen soriais do tato da audição e da visão Os diálogos e trocas das vivências ativaram as avaliações subjetivas os contatos com emoções o desenvolvimento da autoestima e atitudes de respeito ao outro As pesquisas sobre esses diferentes estilos e capacidades do homem derivaram dos estudos ana líticos de Carl Jung sobre tipos psicológicos que envolvem a dinâmica psíquica do ser humano as interrelações entre conteúdos inconscientes e conscientes e o processo de desenvolvimento da psique segundo diferentes formas de pensar sentir e expressar facilitadas pelos recursos das atividades e expressões artísticas A dinâmica entre inconsciente e consciente mobilizada pela imaginação e expressões simbólicas Carl Jung 1987 psiquiatra que fundou a escola analítica valorizava as expressões artísticas como função psicológica natural e estruturante que tem o poder de cura por possibilitar elabo ração consciente dos conflitos e o poder da imaginação que possibilita recriar realidades Esses conteúdos vêm à consciência por meio das representações simbólicas presentes nas diferentes artes com representações figurativas sonoras e narrativas míticas metáforas semelhantes ao que emerge nos sonhos Jung recomendava aos seus pacientes que desenhassem e pintassem livremente seus sonhos sentimentos conflitos para trazer à consciência revelações sobre os conflitos emocionais e movimentos psíquicos as quais possibilitavam elaboração ampliada e insights intuitivos sobre saídas para os problemas e dificuldades bem como descobertas de novas possibilidades de ser e de existir sem imposições de interpretações do terapeuta Portanto segundo o pensamento ana lítico as atividades artísticas apresentam representação simbólica que pode gerar a integração 76 Recortes de um projeto psicopedagógico transdisciplinar em sala de aula mediado por recursos arteterapêuticos e diálogos com diferentes estilos cognitivosocioafetivos Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 das pessoas diante das fragmentações emocionais mentais e de comportamento humano Para Jung a cura implica na autoconsciência do homem em busca da sua integração libertandose das reduções geradas pelas cisões e fragmentações da psique geradoras da doença Nise da Silveira afirma o seguinte No mistério do ato criador o artista mergulha até as funduras imensas do inconsciente Ele dá forma e traduz na linguagem do seu tempo as intuições primordiais e assim fazendo torna acessível a todos as fontes profundas da vida SILVEIRA 1998 p 161 As imagens que emergem no processo arteterapêutico são as manifestações do Self que é o centro e a totalidade da psique Por meio da expressão plástica os símbolos do inconsciente cooperam para a autorregulação do equilíbrio da totalidade compensando atitudes unilaterais que não estão adequadas ao todo da psique o que por vezes ameaça as necessidades vitais da pessoa Essa compensação é exercida por elementos que faltavam à consciência que a comple tam ou que contrastam com ela Nise da Silveira 1998 acrescenta que Jung compara a obra de arte à criança que se desenvolve no seio materno Se considerarmos a expressão criativa da criança o processo criador consiste na ativação das forças do inconsciente e das emoções e as representações simbólicas podem revelar novas capacidades e faces das pessoas que se integram às já conhecidas Jung conceitua esse desenvolvimento em busca das revelações e integrações da psique com o nome de pro cesso de individuação As expressões artísticas potencializam essa dinâmica da psique em busca de sua integração mobilizada por uma força inconsciente arquétipo que ele denomina Self Jung destaca ainda essa relação da expressão da arte com a problemática e desenvolvimento de psique humana A problemática individual tem tanta relação com a obra de arte quanto o solo com a planta que aí germina Certas particularidades da planta serão evidentemente melhor compreendidas se conhe cermos as condições específicas de seu habitat entretanto ninguém pretende que estes dados sejam suficientes para o conhecimento da planta naquilo que há nela de essencial A planta não é apenas um produto terreno é também um processo fechado vivo e criador cuja essência nada tem a ver com a natureza do terreno JUNG 1981 apud SILVEIRA1998 p 161 As mandalas como representações simbólicas da individuação A palavra mandala tem sua origem na língua sânscrita falada na Índia antiga grupo indoeuro peu e significa círculo o que sugere o movimento em busca do centro Referese a uma figura geométrica em que o círculo está circunscrito em um quadrado ou o quadrado em um círculo Essa representação milenar das mandalas foi retomada por Jung para explicar que é esse movi mento concêntrico circular que possibilita às pessoas se concentrarem indo em direção ao cen tro Jung resgatou essas representações das mandalas para explicar o processo de individuação da psique durante a construção de mandalas as pessoas mobilizam a possível integração da psique em direção ao centro ao eixo principal da alma humana que Jung conceitua como Self Essa busca da integração da essência da psique é um movimento universal do ser humano Esse processo chega ao clímax na maturidade ou na segunda metade de vida do adulto A criança ou o jovem ainda se encontram no processo de desenvolvimento do Ego com necessidade do foco pontual das ações e das capacidades e de se adaptar gradativamente ao meio exigindo o centramento nas particularidades das ações das emoções e dos conceitos Porém na infância já há possibilidade de estimulação para a busca da integração das partes no todo para se bus Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 77 Olga Maria de Souza e Eloisa Quadros Fagali car as compensações das emoções e os balanceamentos entre os diferentes saberes por meio das variações de sensações dos sentimentos e da imaginação É possível portanto o trabalho infantil com mandalas para ampliar a percepção e avaliação subjetiva da criança dialogando com as diferentes capacidades e limites próprios e do outro As atividades com mandalas que consistem em movimentos circulares em direção ao centro possibilitam o exercício da atenção que se desloca da dispersão das partes e do fragmentado para a concentração em direção ao centro As cores e expressões figurativas ou traçados emergem do inconsciente pessoal e cole tivo para a consciência com esta representação simbólica dos círculos concêntricos A intuição e capacidade de se concentrar possibilitam essa dinâmica do inconsciente até as representações simbólicas conscientes trazendo o estado de harmonia concentração e possibilidades de inte gração da Psique Essas expressões presentes na situação de aprendizagem mesmo em sala de aula possibilitam aos aprendizes e professores ampliarem a consciência sobre o poder de se concentrar e de dialogar de forma mais harmônica diante das diferenças descobrindo aspectos a serem integrados nos níveis emocional e cognitivo em busca de novas formas de pensar sen tir e superar os conflitos ou limites Os contos como mobilizadores das ações heroicas imaginárias e identificação dos aprendizes Outro aspecto que mobiliza as forças inconscientes psíquicas favorecendo a integração das pes soas são os contos que ativam a imaginação e que podem possibilitar novas descobertas do aprendiz sobre suas capacidades e coragens heroicas para superar os limites ou dificuldades Jung e sua discípula Marie Louise Von Franz 1987 1915 valorizaram os símbolos dos contos infantis e dos mitos em que os heróis encarnam o desenvolvimento humano ao requererem a aprendizagem no diálogo com os limites e a superações destes Jung destaca nessas sagas do herói a força heroica universal humana que movimenta a psique para a transformação superando os limites em busca do novo Os contos mobilizam esse arqué tipo do herói possibilitando as experiências de autoestima das crianças e o fortalecimento de suas capacidades diante dos desafios da aprendizagem As identificações infantis com os heróis e suas jornadas possibilitam o desenvolvimento psíquico da criança integrando emoções pen samentos e expressões criativas Essas atividades entre outras atividades lúdicas e arteterapêuticas foram aplicadas e analisadas na dinâmica do aprender em sala de aula em meio às relações afetivas entre crianças e pro fessor visando a integração entre emoções pensamento e linguagem nãoverbal e verbal bem como o desenvolvimento do autoconhecimento de aprendizes Recortes das práticas psicopedagógicas Os trabalhos transdisciplinares que exemplificam esses conteúdos no artigo são três Os ele mentos da natureza em rede Identificando o eu interior através da mandala e Descobrindo o mundo através da leitura Todos realizados em sala de aula integrando conteúdos de Língua Portuguesa Ciências e Matemática com mediações psicopedagógicas e arteterapêuticas a Os elementos da natureza em rede Em trabalho transdisciplinar entre Ciências Língua Portuguesa e Matemática sobre os elemen tos da natureza e sua importância para a sobrevivência dos seres vivos foram usadas algumas técnicas de Arteterapia como a da criação de uma rede de barbante e a da visualização guiada 78 Recortes de um projeto psicopedagógico transdisciplinar em sala de aula mediado por recursos arteterapêuticos e diálogos com diferentes estilos cognitivosocioafetivos Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 técnica de introspecção imaginativa aprofundada pelos analistas junguianos e pósjunguianos Os desenhos a produção textual e a construção de um gráfico também fizeram parte do traba lho enriquecendo muito o processo de aprendizagem e autoconhecimento dos alunos Após um diálogo inicial sobre o fogo a terra a água e o ar e um relaxamento prévio os alunos em roda foram convidados a imaginar e pensar sobre os elementos da natureza e se identifi car com um deles Em seguida segurando a ponta do barbante foi pedido que cada um deles falasse seu nome e anunciasse seu elemento explicando o motivo da escolha e o poder que ele tem em nossas vidas Na sequência eles passavam o barbante para o colega com quem mais simpatizassem procurando ouvir com atenção colocandose no lugar de quem estava com a palavra No final da dinâmica o grupo formou uma rede de fios entrelaçados simbolizando troca de conhecimentos respeito e abertura às diferenças Além de fazêlos perceberem sensorial mente as relações entre os elementos fogo terra água e ar e os efeitos que eles provocam em cada um de nós Escolhi o fogo porque ele me aquece Adoro nadar na praia e na piscina da minha tia Precisamos da água para sobreviver a dinâmica também mobilizou a concentra ção do grupo pois todos estavam empenhados em segurar o barbante e a não saírem do lugar o que para alguns alunos não é muito fácil Essa atividade trouxe algumas reflexões especialmente sobre os desafios de se estar em grupo Isso mobilizou os alunos a construírem juntos regras de convivência que favorecessem o pro cesso de ensino e aprendizagem na sala de aula O momento foi registrado através do desenho Em seguida seguimos juntos na exploração dos elementos da natureza através da técnica da visualização guiada intitulada Uma viagem imaginária Na sala de aula com uma música relaxante os alunos de olhos fechados debruçaramse sobre suas mesas e respirando calmamente foram convidados a partirem em uma viagem imaginá ria sendo guiados por meio de imagens e sensações como se estivessem sonhando Minutos depois instigados a pôr foco na respiração foram voltando à sala de aula e de olhos abertos espreguiçaramse colocando seus corpos em movimento novamente Na sequência foi entregue uma folha sulfite para cada um e pedido para que desenhassem a sua experiência Foi uma atividade que manteve a classe serena introspectiva e focada no traba lho As produções foram colocadas no chão em roda para que os alunos compartilhassem suas impressões diante de perguntas mobilizadoras Como se sentiram fazendo esse trabalho Qual é a sua força Qual é o seu poder e também o seu limite Por que escolheu esse elemento O que há nele que também há em você Alguns alunos nesse momento voltaramse para desenhos de outros colegas que tinham alguma identificação com os deles explicando sua motivação na escolha de determinado elemento e ouvido o que o outro tinha a dizer Em seguida foram em busca das produções com elementos diferentes Como tarefa de casa pediuse aos alunos que escrevessem seu elemento da natureza e entrevis tassem seus familiares registrando as escolhas deles O resultado foi registrado em um gráfico que construímos coletivamente na lousa para que eles estabelecessem comparações entre as suas escolhas e a de seus familiares Encerramos essa sequência com uma produção textual ilustrada feita por duplas ou trios de alunos que compartilhavam do mesmo elemento da natureza As produções foram lidas para o grupo e depois expostas no mural da sala de aula b Identificando o eu interior através da mandala No trabalho seguinte deuse continuidade ao estudo dos elementos fogo e água por meio da criação de mandalas individuais Nessa atividade foram usados um copo de água e cera de vela Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 79 Olga Maria de Souza e Eloisa Quadros Fagali de seis cores diferentes que foram acesas pela professora uma por vez diretamente na carteira dos alunos com fósforos diferentes Nesse momento houve um diálogo com a classe sobre sim bolismo do fogo enquanto elemento transformador de emoções negativas e intensificador da fé e da coragem Em seguida cada aluno escolheu uma cor de vela de acordo com seu estado de ânimo e iniciaram a mandala deixando cair livremente sobre a água gotas de cera derretidas pelo fogo Para que a sala não ficasse enfumaçada a vela que seria substituída por uma outra de cor diferente era apagada no copo de água Essa atividade mobilizou controle e atenção nos alunos pois embora várias velas tenham se apagado no processo nenhum deixou a vela ou o copo com água cair no chão A paciência e a autorregulação também foram motivadas pela experiência uma vez que a gota de cera ao cair sobre a água tornase muito difícil de ser controlada deslizando para outras direções em rela ção ao lugar em que foi pingada No final o grupo compartilhou suas impressões e aprendizagens Sintome feliz Eu estava irritada com meu amigo agora passou fiquei calma Eu fiquei quente estou morrendo de calor Eu fiquei com sono Estou bem relaxado Sobre a aprendizagem foi descoberto que quando as gotas caem do centro para o exterior o desenho se expande e quando elas caem do exterior para o centro a gota se junta às outras evitando a dispersão Quanto ao aspecto socioafetivo podemos dizer que o grupo criou e sustentou a tranquilidade na sala de aula O envolvimento com a experiência permitiu a criação de um momento na aula para o aluno pintar desenhos de mandalas Isso trouxe maior concentração pois os alunos começa ram a caprichar mais nos trabalhos a respeitar os limites tanto no desenho e na pintura quanto em relação aos amigos diminuindo os desentendimentos no grupo As mandalas de cera colorida ficaram expostas na sala de aula através de um móbile até o final do ano momento em que os alunos as levaram para suas casas a fim de enfeitarem a árvore de Natal c Descobrindo o mundo através da leitura Após a sondagem sobre os interesses temáticos dos alunos na leitura e nível de familiaridade com os gêneros textuais da narrativa foram selecionados um conto de fadas e um reconto ambos sobre a Chapeuzinho Vermelho Para contálos houve uma preparação anterior tanto do espaço em que os alunos iriam estar como da própria professora com repetidas leituras dos contos em voz alta para apropriação da história e seu significados simbólicos A realização da atividade ocorreu em diversas etapas No dia da leitura foi feito um combinado sobre o que os alunos podiam e não podiam fazer durante a contação Normalmente iniciase o trabalho pela exploração da capa Porém por Chapeuzinho Verme lho ser um conto conhecido é pedido aos alunos que imaginem a personagem fisicamente e a desenhem mobilizando dessa forma a função intuitiva imaginativa na aprendizagem Depois é solicitado que eles escrevam uma palavra que caracterize o seu jeito de ser O resultado é exposto no painel da sala de aula Seguem algumas falas dos alunos Eu acho que ela é cari nhosa Ela é bondosa Ela é bonita Eu acho que ela é corajosa Ah Ela é alegre Eu já acho que ela é distraída Ah Mas em minha opinião ela é teimosa e briguenta Após a contação os alunos foram organizados em duplas para conversarem desenharem e escreverem um momento significativo da história Os trabalhos foram expostos no painel e o livro da história foi finalmente mostrado e lido Nesse momento houve um confronto entre as produções realizadas pela classe e as encontradas no livro Os conceitos de semelhança e de diferença são percebidos A história é retomada oralmente para a localização das partes que 80 Recortes de um projeto psicopedagógico transdisciplinar em sala de aula mediado por recursos arteterapêuticos e diálogos com diferentes estilos cognitivosocioafetivos Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 integram a narrativa situação inicial situação problema e desfecho Na sequência cada aluno recebeu o texto individualmente para a identificação das falas dos personagens e após cada um escolher o que gostaria de ler iniciouse o treino de leitura em voz alta com o objetivo de apre sentar a história para os alunos do segundo ano Avançamos na compreensão leitora com uma atividade de leitura intertextual do conto da Cha peuzinho ao apresentar aos alunos o reconto Chapeuzinho Vermelho uma aventura borbu lhante que tem como protagonista um menino Partindo da exploração visual da capa em que foram exploradas informações como autor ilus trador e editora perguntouse como eles imaginavam que era o menino e o que será que iria lhe acontecer A classe se mobilizou com várias respostas mostrando a compreensão do conto original Eu acho que esse menino é loiro e vai levar salgadinho para a vovó Ah Ele é negro e vai levar bolo de fubá e muitas balas Ele é moreno tem olhos azuis e vai levar um cesto cheio de doces e uma torta de palmito para a vovó A partir daí repetiuse o trabalho de identificação das partes narrativas com ampliação do entendimento de mais dois elementos da narrativa além do personagem o tempo e o espaço Essa história mobilizou o grupo Utilizamos a linguagem verbal e trabalhamos esse texto locali zando novamente suas partes para maior compreensão separandoas em situação inicial que é a apresentação e caracterização no tempo e no espaço situação problemática de conflitos tentativa de solução e desfecho que é a situação final Também fizemos a leitura compartilhada com a escolha das personagens Por fim realizouse o trabalho de comparação entre as duas narrativas a do conto de fadas e a do reconto pretendendose ver os pontos semelhantes e diferentes entre eles O encerramento do processo resultou em uma dramatização para os alunos do primeiro e segundo anos Houve caracterização dos personagens por meio de adereços estudo das falas e ensaios O projeto também abarcou questões gramaticais de forma integrada aos exercícios de escrita e de compreensão leitora Discussões sobre os resultados Os projetos interdisciplinares apresentados tiveram como objetivo proporcionar uma apren dizagem significativa e prazerosa ao aluno integrando tanto os aspectos formais da apren dizagem escolar como os que se referem à singularização do aluno e do grupo no caminho da autodescoberta e do desejo de aprender Nessa jornada de herói o professor se colocou diante do aluno como um mentor fornecendolhe orientações e desafios novos que amplias sem sua percepção de mundo e o mobilizassem a um diálogo consigo mesmo em seu processo de aprendizagem Dessa forma as atividades com os elementos da natureza centradas no pilar do saber conviver tornaram evidentes ao professor e ao grupo os processos mentais preferencialmente utilizados por cada aluno na relação com o outro e com o ambiente O conhecimento dos tipos psicológicos e das atitudes extrovertida e introvertida dos alunos também contribuiu para que o professor integrasse melhor seus recursos pedagógicos ao perfil de sua sala obtendo bons resultados no ensinoaprendizagem da matemática da compreensão leitora e da linguagem escrita Afinal um projeto bem elaborado desencadeia as competências essenciais para que ocorra a aprendi Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 81 Olga Maria de Souza e Eloisa Quadros Fagali zagem Sendo assim o aluno desenvolve diferentes habilidades tais como melhorar a prática da escrita e leitura registrar pesquisar argumentar selecionar refletir respeitar a opinião dos colegas trabalhar em grupo e desenvolver a autonomia e a responsabilidade O trabalho com contos na sala de aula foi um dos que mais mobilizou o aluno a vivenciar estilos cognitivosocio afetivos diferentes do seu devido à diversidade das atividades envolvidas No caso das mandalas ao mesmo tempo em que se trabalhava a relação matemática entre as partes e o todo também se levava o aluno ao movimento do Ego em direção à integração da Psique infantil e constituição do eu sou Self e relativas liberações de seus complexos Podemos afirmar portanto que o olhar psicopedagógico na atuação do professor em sala de aula propicia ao aluno uma aprendizagem ampla de significados que vai além do ensino dos saberes formais de um currículo escolar Considerações finais A Psicopedagogia integrada aos recursos arteterapêuticos veio somar ao trabalho do professor em sala de aula ao falar das defesas e mobilizações do aluno diante do saber Dúvidas e ques tionamentos sobre os motivos da nãoaprendizagem ou o motivo de determinada proposta de trabalho não ter obtido êxito podem ser respondidos por meio de abordagens diagnósticas com enfoque processual e qualitativo sobre o processo de ensinoaprendizagem na sala de aula Entretanto a Psicopedagogia atual tem se mobilizado para que o professor se capacite também quanto à visão psicopedagógica sobre o que é aprender e quanto ao reconhecimento dos dife rentes estilos cognitivosocioafetivos de seus alunos diversificando dessa forma os instrumen tos de ensinagem em sua prática pedagógica Em outras palavras uma capacitação que mobilize sua visão para fora da dificuldade do aluno procurando um meio de ensinar integrado às formas de pensar agir sentir e criar relacionandose com o meio e com o saber trazendo revelações das complementações entre os diferentes possibilitadas pelas trocas relacionais de uma apren dizagem em grupo Afinal sabemos que na sala de aula cada um tem o seu processo de desenvolvimento diferen ciado Alguns aprendem com facilidade outros perdem o ritmo e temos aqueles que encontram muitas dificuldades para aprender Nesse contexto o professor recebe alguns diagnósticos tais como TDHA dislexia discalculia autismo transtornos de aprendizagem hiperatividade dis túrbio e déficit de atenção entre outros sem falar naqueles que apresentam suas dificuldades e não têm laudos com riscos de reduzir a criança aos traços das dificuldades e não às suas potencialidades Nesse sentindo precisase acolher esses alunos evitando novos bloqueios e proporcionando a eles uma aprendizagem significativa em que aprender seja um prazer Embora o trabalho aqui descrito tenha sido realizado em uma escola particular experiências afins têm sido observadas na prática de professores da rede pública municipal da cidade de São Paulo sob orientação do Núcleo de Apoio e Acompanhamento para a Aprendizagem NAAPA1 Tais experiências apontam que a Psicopedagogia tem muito a contribuir para a escola ao ampliar a percepção que se tem dos alunos por considerar os estilos cognitivosocioafetivos de cada um para além de laudos e dificuldades de aprendizagem 1 O NAAPA Núcleo de Apoio e Acompanhamento para a Aprendizagem é um setor integrado à Coordenadoria Pedagógica COPED da Secretaria Municipal de Educação SME vinculado ao Núcleo Técnico de Currículo NTC e tem procurado integrar à capacitação dos professores das escolas municipais de São Paulo a percepção psicopedagógica de ensinoaprendizagem 82 Recortes de um projeto psicopedagógico transdisciplinar em sala de aula mediado por recursos arteterapêuticos e diálogos com diferentes estilos cognitivosocioafetivos Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 Referências ADAMS G Livro das histórias Chapeuzinho Vermelho São Paulo Companhia das Letrinhas 2004 ALMEIDA LR Wallon e a educação In ALMEIDA LR MONEY A A Orgs Psicologia da educação São Paulo Loyola 2008 CIORNAI S Percurso em Arteterapia São Paulo Summus 2004 v 62 GABARDO C L Mergulho na escrita Curitiba Módulo 1997 ALEXANDROFF M C Emoção e escrita fios que se unem numa mesma trama 1998 Dissertação Mestrado em Educação Faculdade de Educação Universidade de São Paulo São Paulo FAGALI EQ A relação afetiva na situação de aprendizagem diferentes significados e formas de atuações Revista Diálogo Educacional Curitiba v 7 n 20 2007 FAGALI E Q Múltiplas faces do aprender novos paradigmas da pósmodernidade São Paulo Editora Unidas 2001 FAGALI E Q Encontros entre Arteterapia e Psicopedagogia a relação dialógica terapeuta e cliente educador e aprendiz In CIORNAI Org Percurso em Arteterapia Arteterapia e Educação Arteterapia e Saúde São Paulo Summus 2005 p 17 v 64 FAGALI E Q A dinâmica relacional a subjetividade o múltiplo e o transitar na aprendizagem do adolescente de quinta série 2001 Tese Doutorado em Psicologia da Educação Pontifícia Universidade Católica São Paulo 2001 FAGALI E Q LACAVE L Identificação dos estilos cognitivoafetivos de heróis dos contos e dos sujeitos sob o enfoque psicopedagógico arte terapêutico Revista Construção Psicopedagógica São Paulo v21 n 22 2013 FAGALI E Q Diálogos com as diferenças de estilos cognitivos socioafetivos recursos lúdicos e arte terapêutico frente às dificuldades e transtornos Rio de Janeiro Edit Wak 20192020 No prelo JUNG C O homem e seus símbolos Rio de Janeiro Editora Nova Fronteira 1987 RAMPAZZO A O poder das emoções Disponível em httpwwwopoderdasemocoescombr principalasp Acesso em 20 mar 2018 BRASIL Ministério da Educação e do Desporto Secretaria de Educação Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil Brasília DF 1998 ROBERTS L Chapeuzinho Vermelho uma aventura borbulhante São Paulo Editora Zastras 2009 SEBER M G A Escrita Infantil o caminho da construção São Paulo Editora Scipione 1997 SILVEIRA N Jung vida e obra Rio de Janeiro Editora Paz e Terra 1981 SILVA M A SS Construindo a leitura e escrita São Paulo Editora Ática 1991 Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 83 Olga Maria de Souza e Eloisa Quadros Fagali TAGLIAFERRO L Afetividade na sala de aula um professor inesquecível Revista Psicologia Escolar e Educacional São Paulo v 9 n 2 2005 p 248 VAZ D MORAES E N VELIAGO R Português Projeto Presente 3 ano São Paulo Ed Moderna VON FRANZ ML A interpretação dos contos de fada São Paulo 1915 Coleção Amor e Psique PROJETO Revista de Educação São Carlos ano 1 jan jun 1999 WEIZ T O diálogo entre o ensino e a aprendizagem Editora Ática 2004 Rev Psicopedagogia 2023401217683 76 ARTIGO DE REVISÃO Artigo recebido 2242022 Aprovado 28102022 Trabalho realizado no programa de mestrado em Educação na Universidade IbirapueraUNIB São Paulo SP Brasil Conflito de interesses A autora declara não haver 1 Renata Soares Leal Ferrarezi Advogada e psicopedagoga Mestranda em Educação na Universidade IbirapueraUNIB São Paulo SP Brasil Um traço e um abraço Afetividade como elemento facilitador da aprendizagem A trace and a hug Affectivity as a facilitating element of learning Renata Soares Leal Ferrarezi1 DOI 10512072179405720230007 Resumo A afetividade fecunda o ser humano por toda a sua existên cia desde o nascimento até a sua morte estando presente em todas as fases da vida A questão que se coloca é Qual a importância da afetividade na relação aluno e professor e como esta influencia a prática pedagógica Diversos es tudos de abordagem freudiana piagetiana vygotskyana e walloniana dão ênfase à relação da afetividade com o desenvolvimento cognitivo tendo portanto relação com a aprendizagem A afetividade indiscutivelmente ocupa lugar de destaque no processo de aprendizagem e a ma neira como ela acontece pode ser decisiva na concepção de mundo construída pelo aluno bem como na sua elaboração do conhecimento Unitermos Afetividade Vínculo Afetivo Aprendizagem Summary Affectivity supports the human being throughout its exis tence from birth to death being present in all stages of life The question that arises is What is the importance of affectivity in the studentteacher relationship and how does it influence pedagogical practice Several studies with a Freudian Piagetian Vygotskyan and Wallonian approach emphasize the relationship between affectivity and cogni tive development thus having a relationship with learning Affectivity undoubtedly occupies a prominent place within the learning process and the way in which it happens can be decisive in the conception of the world built by the student as well as in their elaboration of knowledge Keywords Affectivity Affective Bond Learning não é para a sobrevivência que se aprende mas por amor VOLTOLINI Introdução A afetividade fecunda o ser humano por toda a sua existência desde o nascimento até a sua morte estando presente em todas as fases da vida A questão que se coloca é Qual a importância da afetividade na relação aluno e professor e como esta influencia a prática pedagógica Isto porque é sabido que entre os fatores que in fluenciam a aprendizagem a afetividade e portanto a relação afetiva que se estabelece entre aluno e professor é sem dúvida a mais importante pois dela derivará a motivação para a aprendizagem No Dicionário Michaelis afetividade é definida no âmbito da psicologia como o conjunto de fenômenos psíquicos que se revelam na forma de emoções e de sentimentos 1994 p 20 Para Freud o conceito de afeto affekt está li gado ao de pulsão trieb Freud introduz o conceito de pulsão em Os Três Ensaios sobre a Sexualidade 1905 baseandose especialmente no estudo das modalidades da sexualidade infantil Laplanche Pontalis 1981 Afetividade como facilitadora da aprendizagem Rev Psicopedagogia 2023401217683 77 Laplanche e Pontalis 1981 p 395 destacam que na teoria freudiana a noção de pulsão sexual é desde o início contraposta a outras pulsões e que segundo Freud esse dualismo opera desde as origens da sexua lidade pois a pulsão sexual se destaca das funções de autoconservação em que a princípio ele se apoiava A afetividade para Freud A pulsão é uma produção teórica de Freud que afirma ser o representante psíquico dos estímulos que se originam dentro do organismo e alcançam a mente como uma medida de exigência feita à mente no sentido de trabalhar em consequência de sua ligação com o corpo Freud 19151974a p 142 Desse modo a pulsão ao mesmo tempo que representa o corpo no psiquismo só se faz pre sente neste último através de seus representantes psíquicos Estes são a representação ou elementos ideativos ou ideia Vorstellung e o afeto affekt Freud designa o quantum de afeto como cor respondendo à pulsão na medida em que esta se afasta da ideia e encontra expressão proporcional à sua quantidade em processos que são sentidos como afetos Freud 19151974b p 176 Freud enfatiza que somente os representantes ideativos da pulsão podem ser recalcados enquanto os afetos como expressão qualitativa da quantidade de energia pulsional sofrem outros destinos Dias e Marchelli 2008 enfatizam que para Freud o afeto é o estado emocional inicialmente ligado à realização de uma pulsão em geral inconsciente que dirige e incita toda a atividade do indivíduo Todavia uma vez reprimido transformase em angústia po dendo levar à manifestação neurótica Isto porque os fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções sentimentos e paixões são acom panhados sempre da impressão de dor ou prazer de satisfação ou insatisfação de agrado ou desagrado de alegria ou tristeza Considerandose que o afeto é o elemento básico da afetividade em Freud temse Um afeto inclui em primeiro lugar determi nadas inervações ou descargas motoras e em segundo lugar certos sentimentos estes são de dois tipos percepções das ações motoras que ocorreram e sensações diretas de prazer e desprazer que conforme dizemos dão ao afeto seu traço predominante Não penso todavia que com essa enumeração tenhamos chegado à essência de um afeto Parecemos ver em maior profundidade no caso de alguns afetos e reconhecer que o cerne que reúne a combina ção que descrevemos é a repetição de alguma experiência significativa determinada Freud 19371969 edição eletrônica Para Freud 19151974c o afeto poderá ter os seguintes destinos ou ele permanece no todo ou em parte como é ou é transformado num afeto quali tativamente diferente especialmente em angústia ou é suprimido ou seja impedido de se desenvolver Quando o desenvolvimento do afeto é suprimido ocorre o que Freud afirma como a verdadeira fina lidade do recalcamento da repressão É aquilo que Freud denominou como afetos inconscientes os afetos que foram inibidos em seu desenvolvimento pelo processo de recalcamento A teoria dos afetos criada por Freud empreende portanto uma separação entre razão e paixão pois o afeto como pura energia só é apreendido dentro de uma estrutura as duas tópicas de um conflito oposição de afetos contrários princípio de prazer desprazer que tem conexão com os processos secundários e se ligam ao princípio de realidade Afetividade na concepção walloniana Para Wallon citado em Almeida 1999 a afeti vidade tem papel imprescindível no processo de desenvolvimento da personalidade que se constitui sob a alternância de instintos funcionais pois para ele a afetividade é um domínio funcional uma das etapas que a criança percorre afirmando que o nascimento da afetividade é anterior à inteligência Na concepção walloniana a afetividade é o pon to de partida para o desenvolvimento da criança e sua evolução parte de uma sociabilidade primitiva para uma individualização psicológica Assim a vida afetiva da criança se organiza em contatos com o outro observa que são as emoções especifica mente que unem a criança ao meio social são elas que ampliam os laços que se antecipam à intenção e ao raciocínio Ferrarezi RSL Rev Psicopedagogia 2023401217683 78 Wallon divide o desenvolvimento infantil em estágios e na sua psicogênese em cada um desses estágios os aspectos afetivos e cognitivos estão em constante entrelaçamento destacando os conceitos de alternância e preponderância funcionais refe rindose à predominância alternada da afetividade e da cognição nas diferentes fases do desenvol vimento Dantas 1992 pp 8586 Assim Wallon vê o desenvolvimento da pessoa como uma construção progressiva em que se su cedem fases com predominância alternadamente afetiva e cognitiva Cada fase tem um colorido próprio uma unidade solidária que é dada pelo predomínio de um tipo de atividade As atividades predominantes correspondem aos recursos que a criança dispõe no momento para interagir com o ambiente De acordo com Wallon citado em Galvão 1995 os estágios do desenvolvimento apresentam as seguintes características no tocante à afetivi dade Quadro 1 Na sucessão dos estágios há uma alternância entre as formas de atividade que assumem a preponderância em cada fase e a cada nova fase inverte a orientação da atividade e do interesse da criança do eu para o mundo das pessoas para as coisas Tratase do princípio da alternância funcional Apesar de alternarem a dominância afetividade e cognição não se mantêm como funções exteriores uma à outra Cada uma ao reaparecer como atividade predominante num dado estágio incorpora as conquistas realizadas pela outra no estágio anterior construindose reciprocamente num permanente processo de integração e diferenciação Galvão 1995 pp 4445 Galvão 1995 destaca que segundo Wallon no primeiro estágio da psicogênese temse uma afetivi dade impulsiva emocional que se nutre pelo olhar pelo contato físico e se expressa em gestos mímica e posturas A afetividade do estágio personalismo já Quadro 1 Características de afetividade nos estágios do desenvolvimento de acordo com Wallon Galvão 1995 Estágio Idade Características Impulsivo emocional 0 1 ano Predomínio da afetividade que orienta as primeiras reações do bebê às pessoas as quais intermediam sua relação com o mundo físico a exuberância de suas manifestações afetivas é diretamente proporcional a sua inaptidão para agir diretamente sobre a realidade Sensoriomotor e projetivo 1 3 anos Predomínio da manipulação de objetos e na exploração de espaços Desenvolvimento da função simbólica e da linguagem O pensamento precisa do auxílio dos gestos para se exteriorizar o ato mental projetase em atos motores Personalíssimo 3 6 anos Predomina o processo de formação da personalidade A construção da consciência de si que se dá por meio das interações sociais reorienta o interesse da criança para as pessoas definindo o retomo da predominância das relações afetivas Categorial 6 11 anos Os progressos intelectuais dirigem o interesse da criança para as coisas para o conhecimento e conquista do mundo exterior imprimindo às suas relações com o meio preponderância do aspecto cognitivo Puberdade e Adolescência 11 anos em diante Momentos predominantemente afetivos isto é subjetivos e de acúmulo de energia sucedem outros que são predominantemente cognitivos isto é objetivos e de dispêndio de energia Impõese a necessidade de uma nova definição dos contornos da personalidade desestruturados devido às modificações corporais resultantes da ação hormonal Afetividade como facilitadora da aprendizagem Rev Psicopedagogia 2023401217683 79 é diferente pois incorpora os recursos intelectuais notadamente a linguagem desenvolvidos ao longo do estágio sensoriomotor e projetivo É uma afetivi dade simbólica que se exprime por palavras e ideias e que por esta via pode ser nutrida A troca afetiva a partir desta integração pode se dar à dis tância deixa de ser indispensável a presença física das pessoas Percebese que para Wallon a afetividade fica mais evidenciada no estágio personalíssimo que vai de 3 a 6 anos e no estágio da puberdade e ado lescência a partir de 11 anos Desse modo para Almeida 1999 p 89 con forme o alcance de novos estágios da inteligência na visão walloniana a afetividade vai se racionali zando e assim as conquistas atingidas no plano da inteligência são agregadas ao plano da afetividade portanto o desenvolvimento integral do indivíduo dependerá da reciprocidade entre a afetividade e a inteligência e ambas evoluirão ao longo do desen volvimento da criança Wallon enfatiza a impor tância de não separar a inteligência da afetividade principalmente na fase do desenvolvimento da criança em que ambos estão ainda sincreticamente misturados podendo gerar riscos para a educação Considerando que segundo Wallon o desenvol vimento afetivo é imprescindível para as relações sociais certamente tornase fundamental para a aprendizagem eis que o processo de ensino e aprendizagem se dá por meio da experiência e da interação Ou seja para Wallon o aspecto afetivo não pode estar desvinculado do cognitivo A importância da afetividade segundo Piaget e Vygotsky Silva et al 2014 ressaltam que embora Piaget 1993 não tenha destacado a afetividade como tema específico de suas investigações ele considera que na conduta humana estão presentes tanto os aspectos cognitivos como os aspectos afetivos e interfere nas ações do sujeito Na teoria de Piaget a afetividade é caracterizada como um instrumento propulsor das ações estando a razão a seu favor A afetividade funciona como a energia que move a ação enquanto a razão possibi lita ao sujeito identificar os desejos e sentimentos e permite obter êxito nas ações efetuadas Piaget reconheceu portanto que a afetividade é o agente motivador da atividade cognitiva Dantas 1992 De acordo com Vygotsky 2001 a emoção cons titui uma base afetiva para compreender de forma adequada o pensamento humano e tendo este autor concebido a pessoa como um todo abordagem holista não separou o afetivo do cognitivo A vida emocional está conectada a outros processos psico lógicos e ao desenvolvimento da consciência de um modo geral Ou seja o indivíduo é o resultado do desenvolvimento de vários processos afetivo men tal cognitivo e físico tanto interno como externo Vêse que o desenvolvimento da criança de penderá de fatores internos e externos realizando trocas de experiências num intercâmbio de relações sociais afetivas e orgânicas Afetividade e aprendizagem Como verificado diversos estudos de aborda gem freudiana piagetiana vygotskyana e walloniana dão ênfase à relação da afetividade com o desen volvimento cognitivo tendo portanto relação com a aprendizagem Segundo Freire 1983 não existe educação sem amor Para ele Amase na medida em que se busca comunicação integração a partir da comunicação com os demais p 29 Entendese portanto que não é possível apren dizagem sem que exista afeto porque para aprender é preciso gostar do que nos está sendo apresentado e consequentemente da pessoa que nos está ensi nando Não existe aprendizado sem que a afetivi dade esteja envolvida neste processo Para Ribeiro 2010 a educação afetiva consiste na construção de uma escola a partir do respeito compreensão moral e autonomia de ideias Uma vez que se pretende capacitar sujeitos críticos ho nestos e responsáveis o desenvolvimento afetivo é fundamental para qualquer indivíduo Com isso a afetividade contribui para o desenvolvimento da aprendizagem de forma crítica e autônoma pois a afetividade não se resume em manifestações de carinho físico mas principalmente em uma prepa ração para o desenvolvimento cognitivo Ferrarezi RSL Rev Psicopedagogia 2023401217683 80 Durante o período de aprendizagem a criança passa por momentos emocionais e dependendo do sentimento poderá contribuir ou prejudicar o de senvolvimento cognitivointelectual o que comprova a relação entre a afetividade e a aprendizagem Além disso a criança pode apresentar proble mas na aprendizagem consequentes de patologias variadas e comprometimento do funcionamento cognitivo por exemplo distúrbio do processamento auditivo central DPAC ou problemas decorren tes de relações familiares disfuncionais tais como abuso físico psicológico ou sexual alcoolismo e violência doméstica e da falta de interação ade quada e afetividade com o professor o que pode levar a desmotivação tristeza e incapacidade de se concentrar nas disciplinas principalmente nas que são mais complexas Kupfer 2003 É inegável que tanto os alunos como os pro fessores são afetados uns pelos outros e ambos pelo ambiente em que estão inseridos e observar e identificar as emoções apresentadas pela criança certamente irá auxiliar no seu desenvolvimento emocional e social bem como no processo de aprendizagem Para alcançar êxito no aprendizagem é impor tante que o professor desenvolva um bom relacio namento com seu aluno já que os aspectos afetivos se complementam e são condições necessárias para o desenvolvimento cognitivo Mahoney e Almeida 2005 destacam que para Wallon a aprendizagem acontece a partir do relacionamento com o meio humano e físico p 16 Sabendo que o processo da aprendizagem é com plexo a afetividade parece ser uma condição que não pode estar ausente no seu percurso Por isso consideramse três momentos de grande impacto na evolução da afetividade emoção sentimento e paixão Mahoney Almeida 2005 A verdade é que as pessoas interagem e estabele cem vínculos e laços afetivos tendo como ponto de partida os estímulos vivenciados no ambiente que compartilham e a partir dessas vivências com ou tras pessoas a criança constrói o seu conhecimento supera a fase do egocentrismo e formaliza a noção do eu e do outro como referência viabilizando as relações afetivas que assumem um papel es pecial e singular no processo educativo Piaget 1993 Desse modo as interações que ocorrem no contexto escolar são marcadas pela afetividade em todos os seus aspectos determinando a natureza das relações entre os sujeitos e os diversos objetos de conhecimento Tassoni 2001 Sara Pain 1991 destaca que a emoção se situa em dois níveis a o da categoria dos afetos reconhecíveis como estados ou sinais específicos de um estado emo cional e b o da categoria dos valores afetivos onde se produz a transformação da emoção em um valor dentro de um sistema simbólico As operações que atingem tal transformação não pertencem ao domínio das sensações emotivas mas a uma estrutura independente tributária da função semiótica geral Pain 1991 p 39 Diante disso a afetividade apresentase como elemento fundamental no desenvolvimento da aprendizagem estimulando a imaginação o desen volvimento intelectual e propiciando uma apren dizagem deforma significativa Isto porque sabese que a interação do professor e aluno é fundamental no processo ensino aprendizagem e neste caso a afetividade apresentase como elemento facilitador pois o aluno se sentirá mais confiante e portanto menos temeroso diante dos novos conhecimentos que o professor lhe apresenta Neste contexto Chalita 2001 ressaltou que o grande pilar da educação é sem dúvida a habilidade emocional ao escrever que Não é possível desenvolver a habilidade cog nitiva e a social sem que a emoção seja tra balhada A emoção trabalha com a libertação da pessoa humana A emoção é a busca do foco interior e exterior de uma relação do ser humano com ele mesmo e com o outro o que dá trabalho demanda tempo e esforço mas é o passaporte para a conquista da autonomia e da felicidade Chalita 2001 p 11 Chalita 2001 destaca ainda a importância da afetividade no tratamento dos alunos pois para ele só há educação onde há afeto e onde experiências são trocadas enriquecidas e vividas O professor que apenas transmite informação não consegue Afetividade como facilitadora da aprendizagem Rev Psicopedagogia 2023401217683 81 perceber a dimensão do afeto na aprendizagem do aluno e este precisa de afeto de atenção É funda mental que professor amenize o sofrimento do aluno e o auxilie para que ocorra um desenvolvi mento harmônico do aluno Para Ribeiro 2010 cabe à escola e principal mente ao professor a importante função social de compreender o aluno no âmbito da sua dimensão humana tanto afetiva quanto intelectual já que a criança depende da qualidade da interação com o meio social para se desenvolver integralmente A afetividade indiscutivelmente ocupa lugar de destaque dentro do processo de aprendizagem e a maneira como ela acontece pode ser decisiva na concepção de mundo construída pelo aluno bem como na sua elaboração do conhecimento Segundo Piaget 1976 citado em Turatti et al 2011 é em torno dos 7 ou 8 anos com o nascimento das operações cognitivas e com o fim do egocentrismo préoperacional que ocorre o progresso sistemático da cooperação fase em que a criança vivencia situ ações no seu dia a dia que a levam a experimentar sentimentos de sucesso ou fracasso Sucesso quando consegue executar uma tarefa escolhida ou quando sua produção é valorizada Fracasso quando a criança não consegue se sair bem Estes fatores não influenciam apenas o desenvolvimento cognitivo mas também o desenvolvimento afetivo Durante o estágio operacional concreto os afetos adquirem uma medida de estabilidade e consistência que não apresentavam antes Em torno dos sete ou oito anos emerge a conservação dos sentimentos e dos valores e as crianças tornamse aptas a coordenar os seus pensamentos afetivos de um evento para outro O pensamento afetivo é agora reversível O desenvolvimento afetivo ocorre de modo semelhante ao desenvolvimento cognitivo O aspecto afetivo é responsável pela ativação da ati vidade intelectual e portanto pela aprendizagem Wadsworth 1997 Por conseguinte não ocorre aprendizagem sem que exista afeto sem que o lado afetivo esteja envol vido neste processo Assim o professor deve conquistar o seu aluno através do afeto porque o ato de ensinar e por tanto a prática pedagógica envolve e exige certa cumplicidade entre professor e aluno e essa cum plicidade se constrói nas intervenções diárias na prática pedagógica diária Segundo Saltini 2008 essa interrelação é o fio condutor o suporte afetivo do conhecimento p 100 Esse autor complementa Neste caso o educador serve de continente para a criança Poderíamos dizer portanto que o continente é o espaço onde podemos depositar nossas pequenas construções e onde elas são acolhidas e valorizadas tal qual um útero acolhe um embrião A criança deseja e necessita ser amada aceita acolhida e ouvida para que possa despertar para a vida da curiosidade e do apren dizado Saltini 2008 p 100 Quando ocorrem explosões de raiva o professor precisa ter habilidade e paciência e seria ótimo manter um diálogo com o aluno acolhendoo e ouvindoo como recomenda Saltini 2008 p 102 buscando entender os sentimentos do aluno e buscando solu ções para as suas dificuldades Tendo sensibilidade para entendêlos e buscando ações que os valorizem e dessa forma utilizando a afetividade como elemento facilitador da aprendizagem Considerações A afetividade nas diferentes concepções teóricas aqui expostas desempenha uma função de organi zação das atividades psíquicas caracterizandose como facilitador da aprendizagem A relação afetiva professor aluno reflete bons resultados na aprendizagem pois aquele aluno que vê em seu professor um amigo um companheiro um colaborador evita causarlhe desgostos quer ser como ele o tem como alguém da família e assim adota quase que inconscientemente uma conduta de respeito cooperação e atenção nas suas aulas frutificando uma assimilação mais rápida e consis tente do conteúdo por ele ministrado Muitos estudos já apontaram a importância da afetividade no processo de ensinoaprendizagem com base nas mais diversas teorias cabendo des tacar as conclusões de Silva et al 2013 que rea lizaram pesquisa com dez meninos e dez meninas Ferrarezi RSL Rev Psicopedagogia 2023401217683 82 com idade entre 7 e 8 anos do 2º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Hortênsia situa da no Município de Itapecerica da SerraSP e concluí ram que afetividade possui grande importância no processo ensinoaprendizagem e que com um bom relacionamento entre professor e aluno acontece uma aprendizagem satisfatória Nesta pesquisa restou claro que é necessário que os professores entendam que o lugar que ocupam na sala de aula em relação aos seus alunos não é apenas daquele que ensina mas aquele que deixa marcas e boas recordações no futuro Márcia Lustosa Silva et al 2014 ao avaliarem 48 alunos do Ensino Médio de uma Escola Técnica Estadual localizada na cidade de Goiana estado de Pernambuco Brasil compararam a dimensão afetiva em relação com o desempenho escolar e constataram um melhor desempenho no grupo de estudantes com ligações afetivas aos seus docentes De acordo com este estudo o vínculo estabelecido pela interação professor e aluno propicia a cons trução do conhecimento específico baseandose na dimensão afetiva e interpretação que ambos fazem a respeito de suas ações e comportamentos mediante o processo de ensinoaprendizagem Com base na pesquisa realizada com alunos do 6º ano do Ensino Fundamental de uma escola esta dual de TeresinaPI sobre o que eles pensam acerca da afetividade suas manifestações nas vivências escolares e a relação que estas têm com a apren dizagem de conteúdos Silva e Albuquerque 2015 concluíram que os alunos apresentaram uma con cepção de afetividade atrelada à relação professor aluno pautada em carinho atenção compreensão e diálogo e atribuem grande importância à afetivi dade no processo de aprendizagem Esses alunos consideraram como um bom professor aquele que sabe expor os conteúdos é carinhoso tem um bom relacionamento com os alunos e interage com estes e facilitam a aprendizagem à medida que os alu nos apontaram as disciplinas que mais gostavam como aquelas ministradas por seus professores favoritos e que por sua vez são aquelas em que mais se esforçam e adquirem mais aprendizado e têm melhor desempenho escolar É inegável e fundamental que se reconheça a afe tividade do aluno como uma dimensão inseparável e responsável pela promoção da aprendizagem e que o professor também tenha clareza dessa afetividade como mola propulsora utilizandoa de forma a favorecer a sua prática pedagógica A afetividade ocupa portanto lugar de destaque dentro do processo de aprendizagem e a maneira como ela acontece pode ser decisiva na elaboração do conhecimento culturalmente organizado pelo aluno bem como na sua concepção do mundo Esperamos que essas reflexões possam ser úteis àqueles que pretendem transpor os desafios que se lhes apresentam nestes novos tempos e que possam conduzir os envolvidos na prática pedagógica à uti lização da afetividade como elemento de facilitação da aprendizagem tornando esta uma prática real e constante nas nossas escolas contribuindo para a formação não só de crianças mas de uma sociedade mais saudável e feliz Referências Afetividade 1994 In Dicionário Michaelis p 20 https michaelisuolcombrmodernoportuguesbusca portuguesbrasileiroafetividade Almeida A R 1999 A emoção na sala de aula Papirus Chalita G B I 2001 Educação a solução está no afeto 7a ed Gente Dantas H 1992 A afetividade e a construção do sujeito na psicogenética de Wallon Piaget Vygotsky e Wallon as teorias psicogenéticas em discussão Summus Dias C L Marchelli P S 2008 Afetividade na escola sob a ótica da psicanálise e da epistemologia genética Revista Eletrònica de Psicologia e Epistemologia Genéticas 12 8094 httpsrevistasmariliaunesp brindexphpschemearticleview563 Freire P 1983 Educação e Mudança Tradução de Moacir Gadotti e Lílian Lopes Martin Paz e Terra Freud S 1974a As Pulsões e suas Vicissitudes Ed Standard Brasileira vol XIV Imago Original publicado em 1915 Freud S 1974b Recalcamento Ed Standard Brasileira vol XIV Imago Original publicado em 1915 Freud S 1974c O Inconsciente Ed Standard Brasileira vol XIV Imago Original publicado em 1915 Freud S 1969 Análise Terminável e Interminável Ed Standard Brasileira vol XXIII Imago Original publicado em 1937 Galvão I 1995 Henri Wallon uma concepção dialética do desenvolvimento infantil Vozes 1995 Kupfer M C M 2003 Afetividade e cognição uma dicotomia em discussão Summus Afetividade como facilitadora da aprendizagem Rev Psicopedagogia 2023401217683 83 Laplanche L Pontalis J B 1981 Vocabulário da Psicanálise 2ª ed P Tamen Trad Martins Fontes Mahoney A A Almeida L R 2005 Afetividade e processo ensinoaprendizagem contribuições de Henri Wallon Revista da Psicologia da Educação 20 1130 Pain S 1991 A Função da Ignorância Estruturas Inconscientes do Pensamento Vol 1 Artes Médicas Piaget J 1993 Gênese das estruturas lógicas elementares Zahar Ribeiro L P L 2010 Afetividade na Educação Infantil a formação cognitiva e a moral do sujeito autônomo Monografia Faculdade Alfredo Nasser Instituto Superior de Educação de Aparecida de Goiânia Saltini C J P 2008 Afetividade e inteligência 5ª ed Wak Silva C S Albuquerque I N 2015 A afetividade na aprendizagem o olhar de alunos do 6º ano do ensino fundamental Formre 32 318 httpsrevistasufpi brindexphpparforarticleview4613 Silva M I A N Viana H B Carvalho E G A Barros M J A 2013 A importância da afetividade no processo ensino aprendizagem dos alunos nos anos iniciais do ensino fundamental EFDeportescom Revista Digital 18186 httpswwwefdeportescomefd186a importanciadaafetividadenoensinohtm Silva M L Cruz V A Silva F F 2014 A Dimensão afetiva e sua relevância no processo de ensinoaprendizagem uma abordagem sociocognitiva Revista Eletrônica em Gestão Educação e Tecnologia Ambiental 184 13031311 httpsperiodicosufsmbrregetarticle view14045 Tassoni E C M 2001 A afetividade e o processo de apropriação da linguagem escrita In S A S Leite Org Alfabetização e letramento contribuições para as práticas pedagógicas pp 223259 Komedi Arte Escrita Turatti M S Pessolato A G T Silva M M 2011 A importância da afetividade na educação da criança Revista da Universidade Vale do Rio Verde Três Corações 92 129142 httpsdialnetuniriojaes descargaarticulo4003609pdf Vygotsky L S 2001 A Construção do pensamento e da linguagem Martins Fontes Wadsworth B J 1997 Inteligência e afetividade da criança na Teoria de Piaget Fundamentos do Construtivismo 5ª ed pp 89117 Pioneira Correspondência Renata Soares Leal Ferrarezi Av Interlagos 1329 Chácara Flora São Paulo SP Brasil CEP 04661100 Email renataferrarezigmailcom Este é um artigo de acesso aberto distribuído nos termos de licença Creative Commons A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NA APRENDIZAGEM DO ALUNO THE INFLUENCE OF AFFECTIVITY ON STUDENT LEARNIG NOME Isabely Lucas Ederjean Sussuarana Cardoso Nilda FACULDADES INTEGRADAS APARÍCIO CARVALHO FIMCA RESUMO A aprendizagem é um processo complexo que envolve a aquisição de conhecimento habilidades e atitudes ao longo do tempo A avaliação desempenha um papel fundamental nesse processo fornecendo feedback aos alunos e aos educadores sobre o progresso e o desempenho No entanto a afetividade também desempenha um papel crucial na aprendizagem influenciando as emoções e motivações dos alunos sendo este o principal objetivo apresentado no presente artigo com base em uma revisão bibliográfica A afetividade referese às emoções sentimentos e atitudes que os alunos experimentam durante a aprendizagem Quando os alunos se sentem motivados valorizados e emocionalmente conectados ao conteúdo e ao ambiente de aprendizagem têm maior probabilidade de se envolverem ativamente e reterem o conhecimento A avaliação deve ser sensível à dimensão afetiva da aprendizagem Isso significa que os educadores devem considerar não apenas o desempenho acadêmico mas também o bemestar emocional dos alunos Feedback construtivo e encorajador pode ajudar a fortalecer a autoestima e a confiança dos alunos promovendo assim um ambiente de aprendizagem positivo Concluise que a aprendizagem a avaliação e a afetividade estão intrinsecamente ligadas Uma abordagem holística que leve em consideração não apenas o desempenho acadêmico mas também o bemestar emocional dos alunos é essencial para promover uma aprendizagem significativa e duradoura ABSTRACT Learning is a complex process that involves the acquisition of knowledge skills and attitudes over time Assessment plays a key role in this process providing feedback to students and educators about progress and performance However affectivity also plays a crucial role in learning influencing students emotions and motivations which is the main objective presented in this article based on a literature review Affectivity refers to the emotions feelings and attitudes that students experience during learning When students feel motivated valued and emotionally connected to the content and learning environment they are more likely to actively engage and retain knowledge Assessment must be sensitive to the affective dimension of learning This means that educators must consider not only academic performance but also the emotional wellbeing of students Constructive and encouraging feedback can help strengthen students selfesteem and confidence thus promoting a positive learning environment It is concluded that learning evaluation and affectivity are intrinsically linked A holistic approach that takes into account not only academic performance but also students emotional wellbeing is essential to promoting meaningful and lasting learning 1 INTRODUÇÃO A avaliação é um importante instrumento para que o professor possa obter dados sobre o processo de aprendizagem de cada aluno reorientando sua prática e elaborando o seu planejamento propondo situações capazes de gerar novos avanços na aprendizagem e contribuir para que os alunos desenvolvam mais suas competências FONSECA 2011 Nessa seara evidenciase o impacto entre o desempenho dos estudantes e seus aspectos cognitivos e emocionais pesando sobre a emoção a autoestima e sua influência direta sobre os processos sociais e de aprendizagem desse indivíduo demandando uma construção conjunta entre a família e a instituição de ensino A aprendizagem segundo alguns estudiosos é muito mais que apenas comportamentos nela estão implícitos conceitos psicológicos importantes trazer alguns exemplos desses conceitos MENDES et al 2017 Nesta forma há que se ponderar sobre o predomínio de formas de avaliação como instrumento de exclusão com base na cultura de classificação e seleção de melhores cabendo ao professor compreender a indissociabilidade da prática avaliativa do contexto do trabalho pedagógico FONSECA 2011 Portanto o contexto social possui influência sobre as construções emocionais do discente o que está diretamente ligado ao potencial de aprendizagem dele De acordo com Piletti 1995 nossa sociedade é caracterizada por situações de injustiça e desigualdade criam famílias que lutam com muitas dificuldades para sobreviver atingindo também as crianças que enfrentam inúmeras dificuldades para aprender Dessa forma condições sociais desfavoráveis e baixa autoestima teriam influência negativa sobre os potenciais de aprendizagem A relação entre afetividade e avaliação pedagógica na história da psicologia está intrinsecamente ligada à compreensão do desenvolvimento da criança e do processo de ensino e aprendizagem Piaget um dos psicólogos mais influentes na área da psicologia do desenvolvimento enfatizou a importância da afetividade no processo de aprendizagem Ele argumentou que o desenvolvimento cognitivo das crianças está interligado com o desenvolvimento afetivo e social Piaget faltou aqui citar o ano da obra citada aqui não falta ano porque o conteúdo sobre Piaget vêm de oliveira já citadoobservou que as interações emocionais e afetivas desempenham um papel crucial na resolução de conflitos cognitivos e na aquisição de novos conhecimentos Sua teoria do desenvolvimento cognitivo inclui estágios de desenvolvimento que refletem tanto a capacidade cognitiva quanto a maturação emocional OLIVEIRA 2022 Vygotsky outro renomado psicólogo do desenvolvimento enfatizou a importância das interações sociais e culturais no aprendizado Ele argumentou que a aprendizagem é um processo social e que a afetividade desempenha um papel fundamental nesse processo Vygotsky introduziu o conceito de zona de desenvolvimento proximal que representa a diferença entre o que uma criança pode fazer sozinha e o que pode fazer com a ajuda de um adulto ou colega A afetividade na relação alunoprofessor desempenha um papel importante na promoção desse desenvolvimento Várias teorias da motivação na psicologia como a teoria da autodeterminação de Deci e Ryan também estão relacionadas à afetividade na avaliação pedagógica Essas teorias enfatizam a importância de satisfazer as necessidades psicológicas básicas como autonomia competência e relacionamentos sociais para promover a motivação intrínseca dos alunos OLIVEIRA 2023 Avaliações pedagógicas que promovem um ambiente afetivo positivo onde os alunos se sentem apoiados e competentes tendem a aumentar a motivação para aprender Abordagens contemporâneas na psicologia educacional também reconhecem a interconexão entre afetividade e avaliação Isso inclui a ênfase na avaliação formativa que fornece feedback contínuo e construtivo aos alunos para apoiar seu desenvolvimento Além disso a avaliação social e emocional tem ganhado destaque reconhecendo que a saúde emocional e o bem estar dos alunos desempenham um papel fundamental no sucesso acadêmico A afetividade desempenha um papel significativo na história da psicologia educacional influenciando a compreensão do desenvolvimento infantil o processo de aprendizagem e as práticas de avaliação pedagógica DE VASCONCELLOS 2023 O reconhecimento da importância das dimensões afetivas no ambiente de aprendizado é fundamental para promover o crescimento e o sucesso dos alunos para isto despertase a necessidade de subsídios informativos e referenciais para que substanciam tal processo de forma integradora e capacitada assim o objetivo desse estudo é Sistematizar e analisar produções na área de psicologia que discutam a relação entre avaliação do processo de aprendizagem e a afetividade se objetiva a elaboração do presente estudo em vias da sistematização e análise de produções voltados a área da Psicologia abordando conceitos entre a relação dos processos avaliativos o processo de aprendizagem e a afetividade 2 AVALIAÇÃO NA APRENDIZAGEM A avaliação se faz presente em todo o cotidiano humano sempre que julgamos a qualidade de algo já estamos fazendo uma avaliação Porém no contexto escolar a avaliação acontece como prática organizada e sistematizada a fim de verificar se os objetivos escolares foram atingidos e tais objetivos muitas vezes refletem as normas da própria sociedade Segundo VillasBoas 1998 p21 as práticas avaliativas podem servir a manutenção ou a transformação social consequentemente a avaliação escolar não acontece em momentos isolados do trabalho pedagógico o ideal é que ela o inicia e permeia todo o processo e por fim o conclua Mesmo com o avanço dos estudos sobre as práticas educacionais o processo de avaliação ainda não tem uma evolução significativa o que vemos ainda é um tipo de avaliação tradicional autoritária com o único objetivo é a obtenção de resultados trazer um artigo ou outro tipo de texto para fundamentar essa fala A prática avaliativa tem que centrarse no diagnóstico e não na classificação Independentemente do nível que aconteça a avaliação precisa levar em conta todo o processo de aprendizagem e não somente sua relação com os conhecimentos teóricos Notase a necessidade de que a avaliação se torne um processo transformador e permita que o professor tenha uma postura mediadora em sala de aula A avaliação assume papel de transformação quando promove a mediação entre o aluno e o conhecimento a questão do tempo em avaliação precisa ser considerada e elaborarse de testes baseados em princípios claros Hoffmann 2001 Hoffmann 2001 destaca pontos que devem ser tomados como indicadores de aprendizagem O primeiro diz respeito ao diálogo que deve ocorrer entre os professores e alunos esse diálogo é benéfico para o próprio professor quando possibilita sua reflexão sobre que posição metodológica ele assume ao elaborar suas questões Além de não ver seu próprio desenvolvimento e sentirse incompetente o aluno ainda carrega sozinho a responsabilidade pelo seu fracasso mediante os conteúdos Para isso o caminho seria a prática da avaliação mediadora no sentido da efetiva promoção da aprendizagem e das múltiplas dimensões do fazer avaliativo 3 METODOLOGIA OU MATERIAL E MÉTODOS Nesse artigo será utilizado como metodologia sistemática a revisão bibliográfica que envolve pesquisa análise e síntese de fontes bibliográficas relevantes à temática do projeto Ao utilizar a revisão bibliográfica como metodologia é possível adquirir um entendimento sólido sobre o estado atual do conhecimento dentro da psicologia acerca da relação entre avaliação do processo de aprendizagem e a afetividade identificar possíveis lacunas de pesquisas embasar a formulação de hipótese e ajudar a definir direções futuras de investigação A metodologia escolhida para o desenvolvimento da presente pesquisa é a revisão bibliográfica de caráter qualitativo e descritivo por recorrer a diversos autores e materiais pertinentes ao tema em questão Por meio desta é possível focar a análise do tema sob diversos ângulos distintos GONÇALVES 2022 uma vez que por ser de natureza qualitativa e descritiva fornece como base sólida para a análise e compreensão desses impactos pela contenção da pandemia da COVID19 O mesmo se fundamenta com base numa pesquisa em plataforma de dados denominada Google acadêmico explica que usou para google acadêmica para complementar e explicar que a gente buscou dentro da Pepsic buscando artigos dentro da psicologia base de dados somente para produções da psicologia para que se tenha base de acesso em demais plataformas importantes como PubMed e Scielo baseado nas palavras chave aprendizagem afetividade na educação e psicologia educacional Como filtros aplicados nesta pesquisa utilizouse a busca em artigos publicados em língua portuguesa inglesa e espanhola além da obtenção de publicações a partir de 2018 visando obterse informações com maiores pertinências e atualidade sobre o que estará compondo o desenvolvimento do mesmo específica que falam da relação entre afetividade e relação ensino aprendizagem REFERÊNCIAS CALDEIRA Anna M SalgueiroAvaliação e processo de ensino aprendizagem Presença PedagógicaBelo Horizonte V3p 5361 setout1997 CUNHA Maria Isabel da O Professor universitário na transição de paradigmas AraraquaraSPJM 1998 Avaliar ato tecido pelas imprecisões do cotidiano In GARCIA RL Novos Olhares sobre a alfabetização DE VASCONCELOS Anneliese Cristina Lima O FOCO NA AFETIVIDADE NO ACOMPANHAMENTO DISCENTE Copyright 2022 Editora Oiticica alguns direitos reservados Copyright do texto 2022 os autores Copyright da edição 2022 Editora Oiticica p 13 2022 GONÇALVES Carla Alexandra Metodologia do trabalho científico 2022 HOFFMANN J M L Avaliação Mediadora uma prática na construção da préescola à universidade Porto Alegre Mediação 2003 MORETTO V P Prova um momento privilegiado de estudo não um acerto de contas 9 ed Rio de Janeiro Lamparina 2010 OLIVEIRA Claudinéia De LIMA Roger dos Santos Afetividade na educação infantil uma revisão bibliográfica 2022 OLIVEIRA Aline Alves et al Afetividade Como Processo de Aprendizagem e Transformação no Contexto Atual Epitaya Ebooks v 1 n 34 p 8697 2023 DIOGO F V Relação familiar e autoestima Investigação São Paulo v 9 n 1 p 17 24 janabr 2009 HAZIN I FRADE C FALCÃO J T R Autoestima e desempenho escolar em matemática contribuições teóricas sobre a problematização das relações entre cognição e afetividade Educar n 36 p 3954 2010 BRANDEN Nathaniel O Poder da AutoEstima São Paulo Saraiva 1995 LÜDKE M ANDRÉ M E D A Pesquisa em educação abordagens qualitativas São Paulo EPU 1986 ANTUNES Celso Relações interpessoais e autoestima a sala de aula de aula como um espaço de crescimento integral 6ed Petrópolis RJ Vozes 2009 MINAYO M Cde S O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em saúde 3 edSão Paulo HucitecAbrasco 1994 ANTUNES Celso Relações interpessoais e autoestima a sala de aula de aula como um espaço de crescimento integral 6ed Petrópolis RJ Vozes 2009 MINAYO M C S O desafio do conhecimento Pesquisa qualitativa em saúde São Paulo Hucitec 2013 A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NA APRENDIZAGEM DO ALUNO THE INFLUENCE OF AFFECTIVITY ON STUDENT LEARNIG NOME Isabely Lucas Ederjean Sussuarana Cardoso Nilda FACULDADES INTEGRADAS APARÍCIO CARVALHO FIMCA RESUMO A aprendizagem é um processo complexo que envolve a aquisição de conhecimento habilidades e atitudes ao longo do tempo A avaliação desempenha um papel fundamental nesse processo fornecendo feedback aos alunos e aos educadores sobre o progresso e o desempenho No entanto a afetividade também desempenha um papel crucial na aprendizagem influenciando as emoções e motivações dos alunos sendo este o principal objetivo apresentado no presente artigo com base em uma revisão bibliográfica A afetividade referese às emoções sentimentos e atitudes que os alunos experimentam durante a aprendizagem Quando os alunos se sentem motivados valorizados e emocionalmente conectados ao conteúdo e ao ambiente de aprendizagem têm maior probabilidade de se envolverem ativamente e reterem o conhecimento A avaliação deve ser sensível à dimensão afetiva da aprendizagem Isso significa que os educadores devem considerar não apenas o desempenho acadêmico mas também o bemestar emocional dos alunos Feedback construtivo e encorajador pode ajudar a fortalecer a autoestima e a confiança dos alunos promovendo assim um ambiente de aprendizagem positivo Concluise que a aprendizagem a avaliação e a afetividade estão intrinsecamente ligadas Uma abordagem holística que leve em consideração não apenas o desempenho acadêmico mas também o bemestar emocional dos alunos é essencial para promover uma aprendizagem significativa e duradoura ABSTRACT Learning is a complex process that involves the acquisition of knowledge skills and attitudes over time Assessment plays a key role in this process providing feedback to students and educators about progress and performance However affectivity also plays a crucial role in learning influencing students emotions and motivations which is the main objective presented in this article based on a literature review Affectivity refers to the emotions feelings and attitudes that students experience during learning When students feel motivated valued and emotionally connected to the content and learning environment they are more likely to actively engage and retain knowledge Assessment must be sensitive to the affective dimension of learning This means that educators must consider not only academic performance but also the emotional wellbeing of students Constructive and encouraging feedback can help strengthen students selfesteem and confidence thus promoting a positive learning environment It is concluded that learning evaluation and affectivity are intrinsically linked A holistic approach that takes into account not only academic performance but also students emotional wellbeing is essential to promoting meaningful and lasting learning INTRODUÇÃO A avaliação é um importante instrumento para que o professor possa obter dados sobre o processo de aprendizagem de cada aluno reorientando sua prática e elaborando o seu planejamento propondo situações capazes de gerar novos avanços na aprendizagem e contribuir para que os alunos desenvolvam mais suas competências FONSECA 2011 Nessa seara evidenciase o impacto entre o desempenho dos estudantes e seus aspectos cognitivos e emocionais pesando sobre a emoção a autoestima e sua influência direta sobre os processos sociais e de aprendizagem desse indivíduo demandando uma construção conjunta entre a família e a instituição de ensino A aprendizagem segundo alguns estudiosos é muito mais que apenas comportamentos nela estão implícitos conceitos psicológicos importantes que contribuem para a formação do indivíduo como um todo MENDES et al 2017 Um primeiro exemplo disso é o processo de aprendizagem de uma língua estrangeira Quando uma pessoa decide aprender um novo idioma ela não está apenas adquirindo novos comportamentos linguísticos mas também desenvolvendo habilidades cognitivas como a capacidade de análise de memorização e de comunicação Além disso a aprendizagem de um novo idioma envolve também aspectos culturais pois o aluno tem a oportunidade de se familiarizar com diferentes costumes e tradições de um determinado país Assim a aprendizagem de uma língua estrangeira vai além do simples aprendizado de palavras e expressões englobando uma série de conceitos psicológicos que contribuem para o enriquecimento pessoal do indivíduo Nesta forma há que se ponderar sobre o predomínio de formas de avaliação como instrumento de exclusão com base na cultura de classificação e seleção de melhores cabendo ao professor compreender a indissociabilidade da prática avaliativa do contexto do trabalho pedagógico FONSECA 2011 Portanto o contexto social possui influência sobre as construções emocionais do discente o que está diretamente ligado ao potencial de aprendizagem dele De acordo com Piletti 1995 nossa sociedade é caracterizada por situações de injustiça e desigualdade criam famílias que lutam com muitas dificuldades para sobreviver atingindo também as crianças que enfrentam inúmeras dificuldades para aprender Dessa forma condições sociais desfavoráveis e baixa autoestima teriam influência negativa sobre os potenciais de aprendizagem A relação entre afetividade e avaliação pedagógica na história da psicologia está intrinsecamente ligada à compreensão do desenvolvimento da criança e do processo de ensino e aprendizagem Piaget um dos psicólogos mais influentes na área da psicologia do desenvolvimento enfatizou a importância da afetividade no processo de aprendizagem Ele argumentou que o desenvolvimento cognitivo das crianças está interligado com o desenvolvimento afetivo e social Piaget observou que as interações emocionais e afetivas desempenham um papel crucial na resolução de conflitos cognitivos e na aquisição de novos conhecimentos Sua teoria do desenvolvimento cognitivo inclui estágios de desenvolvimento que refletem tanto a capacidade cognitiva quanto a maturação emocional OLIVEIRA 2022 Vygotsky outro renomado psicólogo do desenvolvimento enfatizou a importância das interações sociais e culturais no aprendizado Ele argumentou que a aprendizagem é um processo social e que a afetividade desempenha um papel fundamental nesse processo Vygotsky introduziu o conceito de zona de desenvolvimento proximal que representa a diferença entre o que uma criança pode fazer sozinha e o que pode fazer com a ajuda de um adulto ou colega A afetividade na relação alunoprofessor desempenha um papel importante na promoção desse desenvolvimento Várias teorias da motivação na psicologia como a teoria da autodeterminação de Deci e Ryan também estão relacionadas à afetividade na avaliação pedagógica Essas teorias enfatizam a importância de satisfazer as necessidades psicológicas básicas como autonomia competência e relacionamentos sociais para promover a motivação intrínseca dos alunos OLIVEIRA 2023 Avaliações pedagógicas que promovem um ambiente afetivo positivo onde os alunos se sentem apoiados e competentes tendem a aumentar a motivação para aprender Abordagens contemporâneas na psicologia educacional também reconhecem a interconexão entre afetividade e avaliação Isso inclui a ênfase na avaliação formativa que fornece feedback contínuo e construtivo aos alunos para apoiar seu desenvolvimento Além disso a avaliação social e emocional tem ganhado destaque reconhecendo que a saúde emocional e o bemestar dos alunos desempenham um papel fundamental no sucesso acadêmico A afetividade desempenha um papel significativo na história da psicologia educacional influenciando a compreensão do desenvolvimento infantil o processo de aprendizagem e as práticas de avaliação pedagógica DE VASCONCELLOS 2023 O reconhecimento da importância das dimensões afetivas no ambiente de aprendizado é fundamental para promover o crescimento e o sucesso dos alunos para isto despertase a necessidade de subsídios informativos e referenciais para que substanciem tal processo de forma integradora e capacitada assim o objetivo deste estudo é sistematizar e analisar produções da psicologia de forma mais descritiva buscase sistematizar e analisar produções na área de psicologia que discutam a relação entre avaliação do processo de aprendizagem e a afetividade se objetiva a elaboração do presente estudo em vias da sistematização e análise de produções voltados a área da Psicologia abordando conceitos entre a relação dos processos avaliativos o processo de aprendizagem e a afetividade AVALIAÇÃO NA APRENDIZAGEM A avaliação se faz presente em todo o cotidiano humano sempre que julgamos a qualidade de algo já estamos fazendo uma avaliação Porém no contexto escolar a avaliação acontece como prática organizada e sistematizada a fim de verificar se os objetivos escolares foram atingidos e tais objetivos muitas vezes refletem as normas da própria sociedade Segundo VillasBoas 1998 p21 as práticas avaliativas podem servir a manutenção ou a transformação social consequentemente a avaliação escolar não acontece em momentos isolados do trabalho pedagógico o ideal é que ela o inicia e permeia todo o processo e por fim o conclua Mesmo com o avanço dos estudos sobre as práticas educacionais o processo de avaliação ainda não tem uma evolução significativa o que vemos ainda é um tipo de avaliação tradicional autoritária com o único objetivo é a obtenção de resultados SANTOS 2007 A prática avaliativa tem que centrarse no diagnóstico e não na classificação Independentemente do nível que aconteça a avaliação precisa levar em conta todo o processo de aprendizagem e não somente sua relação com os conhecimentos teóricos Notase a necessidade de que a avaliação se torne um processo transformador e permita que o professor tenha uma postura mediadora em sala de aula A avaliação assume papel de transformação quando promove a mediação entre o aluno e o conhecimento a questão do tempo em avaliação precisa ser considerada e elaborarse de testes baseados em princípios claros Hoffmann 2001 Hoffmann 2001 destaca pontos que devem ser tomados como indicadores de aprendizagem O primeiro diz respeito ao diálogo que deve ocorrer entre os professores e alunos esse diálogo é benéfico para o próprio professor quando possibilita sua reflexão sobre que posição metodológica ele assume ao elaborar suas questões Além de não ver seu próprio desenvolvimento e sentirse incompetente o aluno ainda carrega sozinho a responsabilidade pelo seu fracasso mediante os conteúdos Para isso o caminho seria a prática da avaliação mediadora no sentido da efetiva promoção da aprendizagem e das múltiplas dimensões do fazer avaliativo METODOLOGIA OU MATERIAL E MÉTODOS Nesse artigo será utilizado como metodologia sistemática a revisão bibliográfica que envolve pesquisa análise e síntese de fontes bibliográficas relevantes à temática do projeto Ao utilizar a revisão bibliográfica como metodologia é possível adquirir um entendimento sólido sobre o estado atual do conhecimento dentro da psicologia acerca da relação entre avaliação do processo de aprendizagem e a afetividade identificar possíveis lacunas de pesquisas embasar a formulação de hipótese e ajudar a definir direções futuras de investigação A metodologia escolhida para o desenvolvimento da presente pesquisa é a revisão bibliográfica de caráter qualitativo e descritivo por recorrer a diversos autores e materiais pertinentes ao tema em questão Por meio desta é possível focar a análise do tema sob diversos ângulos distintos GONÇALVES 2022 uma vez que por ser de natureza qualitativa e descritiva fornece como base sólida para a análise e compreensão desses impactos pela contenção da pandemia da COVID19 O mesmo se fundamenta com base numa pesquisa em plataforma de dados denominada Google acadêmico para complementar nossas pesquisas utilizamos o Google Acadêmico que é uma plataforma que permite o acesso a uma ampla variedade de artigos acadêmicos Ao buscar na plataforma nos concentramos em artigos publicados dentro do campo da psicologia O Google Acadêmico possui uma vasta base de dados que inclui artigos científicos teses dissertações resumos de conferências e livros É uma ferramenta útil para pesquisadores e estudantes pois fornece acesso gratuito a uma grande quantidade de materiais acadêmicos Ao especificar que buscamos dentro da Pepsic estamos nos referindo à base de dados disponível na Plataforma de Periódicos Científicos da Associação Brasileira de Psicologia Pepsic Essa plataforma reúne produções científicas exclusivas de psicologia englobando várias áreas de estudo dentro dessa disciplina Ao utilizar essa abordagem fomos capazes de encontrar artigos especializados estudos empíricos revisões de literatura e outras publicações relevantes para nossas pesquisas na área da psicologia Isso nos permitiu obter informações embasadas em evidências científicas e ter acesso a pesquisas recentes e confiáveis Além disso para que seja possível o acesso à base em demais plataformas importantes como PubMed e Scielo baseado nas palavraschave aprendizagem afetividade na educação e psicologia educacional Como filtros aplicados nesta pesquisa utilizouse a busca em artigos publicados em língua portuguesa inglesa e espanhola além da obtenção de publicações a partir de 2018 visando obterse informações com maiores pertinências e atualidade sobre o que estará compondo o desenvolvimento do mesmo A afetividade e o ensinoaprendizagem estão diretamente relacionados no contexto educacional A afetividade referese aos sentimentos emoções atitudes e relações interpessoais que envolvem os indivíduos no processo de aprendizagem KIELHOFNER 2009 Quando há uma atmosfera afetiva positiva na sala de aula os alunos se sentem valorizados acolhidos e seguros para se expressar e explorar novos conhecimentos Isso contribui para o desenvolvimento de uma relação saudável entre professores e alunos tornandose um facilitador para o processo de ensinoaprendizagem VY Da mesma forma a afetividade também é importante para o desenvolvimento socioemocional dos alunos Quando eles se sentem emocionalmente seguros e apoiados são mais propensos a se engajar nas atividades de aprendizagem e a ter uma maior motivação para aprender O ensinoaprendizagem por sua vez é o processo de transmissão e assimilação de conhecimentos e habilidades A afetividade desempenha um papel fundamental nesse processo pois as emoções e atitudes dos alunos podem influenciar diretamente a sua capacidade de aprender Por exemplo se um aluno está ansioso estressado ou desmotivado isso pode afetar negativamente sua capacidade de concentração e de compreensão dos conteúdos Por outro lado quando os alunos se sentem valorizados respeitados e apoiados emocionalmente eles tendem a se envolver mais ativamente no processo de aprendizagem e a obter melhores resultados Assim a relação entre afetividade e ensinoaprendizagem é bidirecional ou seja a afetividade influencia o processo de ensinoaprendizagem e por sua vez o processo de ensinoaprendizagem pode influenciar os aspectos afetivos dos alunos É importante que os educadores estejam atentos a essa relação e criem um ambiente de aprendizagem positivo que favoreça o desenvolvimento afetivo e cognitivo dos estudantes REFERÊNCIAS CALDEIRA Anna M SalgueiroAvaliação e processo de ensino aprendizagem Presença PedagógicaBelo Horizonte V3p 5361 setout1997 CUNHA Maria Isabel da O Professor universitário na transição de paradigmas AraraquaraSPJM 1998 Avaliar ato tecido pelas imprecisões do cotidiano In GARCIA RL Novos Olhares sobre a alfabetização DE VASCONCELOS Anneliese Cristina Lima O FOCO NA AFETIVIDADE NO ACOMPANHAMENTO DISCENTE Copyright 2022 Editora Oiticica alguns direitos reservados Copyright do texto 2022 os autores Copyright da edição 2022 Editora Oiticica p 13 2022 GONÇALVES Carla Alexandra Metodologia do trabalho científico 2022 HOFFMANN J M L Avaliação Mediadora uma prática na construção da préescola à universidade Porto Alegre Mediação 2003 MORETTO V P Prova um momento privilegiado de estudo não um acerto de contas 9 ed Rio de Janeiro Lamparina 2010 OLIVEIRA Claudinéia De LIMA Roger dos Santos Afetividade na educação infantil uma revisão bibliográfica 2022 OLIVEIRA Aline Alves et al Afetividade Como Processo de Aprendizagem e Transformação no Contexto Atual Epitaya Ebooks v 1 n 34 p 8697 2023 DIOGO F V Relação familiar e autoestima Investigação São Paulo v 9 n 1 p 17 24 janabr 2009 HAZIN I FRADE C FALCÃO J T R Autoestima e desempenho escolar em matemática contribuições teóricas sobre a problematização das relações entre cognição e afetividade Educar n 36 p 3954 2010 BRANDEN Nathaniel O Poder da AutoEstima São Paulo Saraiva 1995 LÜDKE M ANDRÉ M E D A Pesquisa em educação abordagens qualitativas São Paulo EPU 1986 ANTUNES Celso Relações interpessoais e autoestima a sala de aula de aula como um espaço de crescimento integral 6ed Petrópolis RJ Vozes 2009 MINAYO M Cde S O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em saúde 3 edSão Paulo HucitecAbrasco 1994 ANTUNES Celso Relações interpessoais e autoestima a sala de aula de aula como um espaço de crescimento integral 6ed Petrópolis RJ Vozes 2009 MINAYO M C S O desafio do conhecimento Pesquisa qualitativa em saúde São Paulo Hucitec 2013 SANTOS R Sistema de avaliação da educação básica situando olhares e construindo perspectiva 184 f Dissertação Doutorado em educação PUC SP São Paulo 2007 A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NA APRENDIZAGEM DO ALUNO THE INFLUENCE OF AFFECTIVITY ON STUDENT LEARNIG NOME Isabely Lucas Ederjean Sussuarana Cardoso Nilda FACULDADES INTEGRADAS APARÍCIO CARVALHO FIMCA RESUMO A aprendizagem é um processo complexo que envolve a aquisição de conhecimento habilidades e atitudes ao longo do tempo A avaliação desempenha um papel fundamental nesse processo fornecendo feedback aos alunos e aos educadores sobre o progresso e o desempenho No entanto a afetividade também desempenha um papel crucial na aprendizagem influenciando as emoções e motivações dos alunos sendo este o principal objetivo apresentado no presente artigo com base em uma revisão bibliográfica A afetividade referese às emoções sentimentos e atitudes que os alunos experimentam durante a aprendizagem Quando os alunos se sentem motivados valorizados e emocionalmente conectados ao conteúdo e ao ambiente de aprendizagem têm maior probabilidade de se envolverem ativamente e reterem o conhecimento A avaliação deve ser sensível à dimensão afetiva da aprendizagem Isso significa que os educadores devem considerar não apenas o desempenho acadêmico mas também o bemestar emocional dos alunos Feedback construtivo e encorajador pode ajudar a fortalecer a autoestima e a confiança dos alunos promovendo assim um ambiente de aprendizagem positivo Concluise que a aprendizagem a avaliação e a afetividade estão intrinsecamente ligadas Uma abordagem holística que leve em consideração não apenas o desempenho acadêmico mas também o bemestar emocional dos alunos é essencial para promover uma aprendizagem significativa e duradoura ABSTRACT Learning is a complex process that involves the acquisition of knowledge skills and attitudes over time Assessment plays a key role in this process providing feedback to students and educators about progress and performance However affectivity also plays a crucial role in learning influencing students emotions and motivations which is the main objective presented in this article based on a literature review Affectivity refers to the emotions feelings and attitudes that students experience during learning When students feel motivated valued and emotionally connected to the content and learning environment they are more likely to actively engage and retain knowledge Assessment must be sensitive to the affective dimension of learning This means that educators must consider not only academic performance but also the emotional wellbeing of students Constructive and encouraging feedback can help strengthen students selfesteem and confidence thus promoting a positive learning environment It is concluded that learning evaluation and affectivity are intrinsically linked A holistic approach that takes into account not only academic performance but also students emotional wellbeing is essential to promoting meaningful and lasting learning 1 INTRODUÇÃO A avaliação é um importante instrumento para que o professor possa obter dados sobre o processo de aprendizagem de cada aluno reorientando sua prática e elaborando o seu planejamento propondo situações capazes de gerar novos avanços na aprendizagem e contribuir para que os alunos desenvolvam mais suas competências FONSECA 2011 Nessa seara evidenciase o impacto entre o desempenho dos estudantes e seus aspectos cognitivos e emocionais pesando sobre a emoção a autoestima e sua influência direta sobre os processos sociais e de aprendizagem desse indivíduo demandando uma construção conjunta entre a família e a instituição de ensino A aprendizagem segundo alguns estudiosos é muito mais que apenas comportamentos nela estão implícitos conceitos psicológicos importantes trazer alguns exemplos desses conceitos MENDES et al 2017 Nesta forma há que se ponderar sobre o predomínio de formas de avaliação como instrumento de exclusão com base na cultura de classificação e seleção de melhores cabendo ao professor compreender a indissociabilidade da prática avaliativa do contexto do trabalho pedagógico FONSECA 2011 Portanto o contexto social possui influência sobre as construções emocionais do discente o que está diretamente ligado ao potencial de aprendizagem dele De acordo com Piletti 1995 nossa sociedade é caracterizada por situações de injustiça e desigualdade criam famílias que lutam com muitas dificuldades para sobreviver atingindo também as crianças que enfrentam inúmeras dificuldades para aprender Dessa forma condições sociais desfavoráveis e baixa autoestima teriam influência negativa sobre os potenciais de aprendizagem A relação entre afetividade e avaliação pedagógica na história da psicologia está intrinsecamente ligada à compreensão do desenvolvimento da criança e do processo de ensino e aprendizagem Piaget um dos psicólogos mais influentes na área da psicologia do desenvolvimento enfatizou a importância da afetividade no processo de aprendizagem Ele argumentou que o desenvolvimento cognitivo das crianças está interligado com o desenvolvimento afetivo e social Piaget aqui não falta ano porque o conteúdo sobre Piaget vêm de oliveira já citadoobservou que as interações emocionais e afetivas desempenham um papel crucial na resolução de conflitos cognitivos e na aquisição de novos conhecimentos Sua teoria do desenvolvimento cognitivo inclui estágios de desenvolvimento que refletem tanto a capacidade cognitiva quanto a maturação emocional OLIVEIRA 2022 Vygotsky outro renomado psicólogo do desenvolvimento enfatizou a importância das interações sociais e culturais no aprendizado Ele argumentou que a aprendizagem é um processo social e que a afetividade desempenha um papel fundamental nesse processo Vygotsky introduziu o conceito de zona de desenvolvimento proximal que representa a diferença entre o que uma criança pode fazer sozinha e o que pode fazer com a ajuda de um adulto ou colega A afetividade na relação alunoprofessor desempenha um papel importante na promoção desse desenvolvimento Várias teorias da motivação na psicologia como a teoria da autodeterminação de Deci e Ryan também estão relacionadas à afetividade na avaliação pedagógica Essas teorias enfatizam a importância de satisfazer as necessidades psicológicas básicas como autonomia competência e relacionamentos sociais para promover a motivação intrínseca dos alunos OLIVEIRA 2023 Avaliações pedagógicas que promovem um ambiente afetivo positivo onde os alunos se sentem apoiados e competentes tendem a aumentar a motivação para aprender Abordagens contemporâneas na psicologia educacional também reconhecem a interconexão entre afetividade e avaliação Isso inclui a ênfase na avaliação formativa que fornece feedback contínuo e construtivo aos alunos para apoiar seu desenvolvimento Além disso a avaliação social e emocional tem ganhado destaque reconhecendo que a saúde emocional e o bemestar dos alunos desempenham um papel fundamental no sucesso acadêmico A afetividade desempenha um papel significativo na história da psicologia educacional influenciando a compreensão do desenvolvimento infantil o processo de aprendizagem e as práticas de avaliação pedagógica DE VASCONCELLOS 2023 O reconhecimento da importância das dimensões afetivas no ambiente de aprendizado é fundamental para promover o crescimento e o sucesso dos alunos para isto despertase a necessidade de subsídios informativos e referenciais para que substanciam tal processo de forma integradora e capacitada assim o objetivo desse estudo é Sistematizar e analisar produções na área de psicologia que discutam a relação entre avaliação do processo de aprendizagem e a afetividade se objetiva a elaboração do presente estudo em vias da sistematização e análise de produções voltados a área da Psicologia abordando conceitos entre a relação dos processos avaliativos o processo de aprendizagem e a afetividade 2 AVALIAÇÃO NA APRENDIZAGEM A avaliação se faz presente em todo o cotidiano humano sempre que julgamos a qualidade de algo já estamos fazendo uma avaliação Porém no contexto escolar a avaliação acontece como prática organizada e sistematizada a fim de verificar se os objetivos escolares foram atingidos e tais objetivos muitas vezes refletem as normas da própria sociedade Segundo VillasBoas 1998 p21 as práticas avaliativas podem servir a manutenção ou a transformação social consequentemente a avaliação escolar não acontece em momentos isolados do trabalho pedagógico o ideal é que ela o inicia e permeia todo o processo e por fim o conclua Mesmo com o avanço dos estudos sobre as práticas educacionais o processo de avaliação ainda não tem uma evolução significativa o que vemos ainda é um tipo de avaliação tradicional autoritária com o único objetivo é a obtenção de resultados trazer um artigo ou outro tipo de texto para fundamentar essa fala A prática avaliativa tem que centrarse no diagnóstico e não na classificação Independentemente do nível que aconteça a avaliação precisa levar em conta todo o processo de aprendizagem e não somente sua relação com os conhecimentos teóricos Notase a necessidade de que a avaliação se torne um processo transformador e permita que o professor tenha uma postura mediadora em sala de aula A avaliação assume papel de transformação quando promove a mediação entre o aluno e o conhecimento a questão do tempo em avaliação precisa ser considerada e elaborarse de testes baseados em princípios claros Hoffmann 2001 Hoffmann 2001 destaca pontos que devem ser tomados como indicadores de aprendizagem O primeiro diz respeito ao diálogo que deve ocorrer entre os professores e alunos esse diálogo é benéfico para o próprio professor quando possibilita sua reflexão sobre que posição metodológica ele assume ao elaborar suas questões Além de não ver seu próprio desenvolvimento e sentirse incompetente o aluno ainda carrega sozinho a responsabilidade pelo seu fracasso mediante os conteúdos Para isso o caminho seria a prática da avaliação mediadora no sentido da efetiva promoção da aprendizagem e das múltiplas dimensões do fazer avaliativo 3 METODOLOGIA OU MATERIAL E MÉTODOS Nesse artigo será utilizado como metodologia sistemática a revisão bibliográfica que envolve pesquisa análise e síntese de fontes bibliográficas relevantes à temática do projeto Ao utilizar a revisão bibliográfica como metodologia é possível adquirir um entendimento sólido sobre o estado atual do conhecimento dentro da psicologia acerca da relação entre avaliação do processo de aprendizagem e a afetividade identificar possíveis lacunas de pesquisas embasar a formulação de hipótese e ajudar a definir direções futuras de investigação A metodologia escolhida para o desenvolvimento da presente pesquisa é a revisão bibliográfica de caráter qualitativo e descritivo por recorrer a diversos autores e materiais pertinentes ao tema em questão Por meio desta é possível focar a análise do tema sob diversos ângulos distintos GONÇALVES 2022 uma vez que por ser de natureza qualitativa e descritiva fornece como base sólida para a análise e compreensão desses impactos pela contenção da pandemia da COVID19 O mesmo se fundamenta com base numa pesquisa em plataforma de dados denominada Google acadêmico para que se tenha base de acesso em demais plataformas importantes como PubMed e Scielo baseado nas palavraschave aprendizagem afetividade na educação e psicologia educacional Como filtros aplicados nesta pesquisa utilizouse a busca em artigos publicados em língua portuguesa inglesa e espanhola além da obtenção de publicações a partir de 2018 visando obterse informações com maiores pertinências e atualidade sobre o que estará compondo o desenvolvimento do mesmo REFERÊNCIAS CALDEIRA Anna M SalgueiroAvaliação e processo de ensino aprendizagem Presença PedagógicaBelo Horizonte V3p 5361 setout1997 CUNHA Maria Isabel da O Professor universitário na transição de paradigmas AraraquaraSPJM 1998 Avaliar ato tecido pelas imprecisões do cotidiano In GARCIA RL Novos Olhares sobre a alfabetização DE VASCONCELOS Anneliese Cristina Lima O FOCO NA AFETIVIDADE NO ACOMPANHAMENTO DISCENTE Copyright 2022 Editora Oiticica alguns direitos reservados Copyright do texto 2022 os autores Copyright da edição 2022 Editora Oiticica p 13 2022 GONÇALVES Carla Alexandra Metodologia do trabalho científico 2022 HOFFMANN J M L Avaliação Mediadora uma prática na construção da préescola à universidade Porto Alegre Mediação 2003 MORETTO V P Prova um momento privilegiado de estudo não um acerto de contas 9 ed Rio de Janeiro Lamparina 2010 OLIVEIRA Claudinéia De LIMA Roger dos Santos Afetividade na educação infantil uma revisão bibliográfica 2022 OLIVEIRA Aline Alves et al Afetividade Como Processo de Aprendizagem e Transformação no Contexto Atual Epitaya Ebooks v 1 n 34 p 8697 2023 DIOGO F V Relação familiar e autoestima Investigação São Paulo v 9 n 1 p 17 24 janabr 2009 HAZIN I FRADE C FALCÃO J T R Autoestima e desempenho escolar em matemática contribuições teóricas sobre a problematização das relações entre cognição e afetividade Educar n 36 p 3954 2010 BRANDEN Nathaniel O Poder da AutoEstima São Paulo Saraiva 1995 LÜDKE M ANDRÉ M E D A Pesquisa em educação abordagens qualitativas São Paulo EPU 1986 ANTUNES Celso Relações interpessoais e autoestima a sala de aula de aula como um espaço de crescimento integral 6ed Petrópolis RJ Vozes 2009 MINAYO M Cde S O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em saúde 3 edSão Paulo HucitecAbrasco 1994 ANTUNES Celso Relações interpessoais e autoestima a sala de aula de aula como um espaço de crescimento integral 6ed Petrópolis RJ Vozes 2009 MINAYO M C S O desafio do conhecimento Pesquisa qualitativa em saúde São Paulo Hucitec 2013 Mais sobre A aprendizagem segundo alguns estudiosos é muito mais que apenas comportamentos nela estão implícitos conceitos psicológicos importantes Um primeiro exemplo disso é o processo de aprendizagem de uma língua estrangeira Quando uma pessoa decide aprender um novo idioma ela não está apenas adquirindo novos comportamentos linguísticos mas também desenvolvendo habilidades cognitivas como a capacidade de análise de memorização e de comunicação Além disso a aprendizagem de um novo idioma envolve também aspectos culturais pois o aluno tem a oportunidade de se familiarizar com diferentes costumes e tradições de um determinado país Assim a aprendizagem de uma língua estrangeira vai além do simples aprendizado de palavras e expressões englobando uma série de conceitos psicológicos que contribuem para o enriquecimento pessoal do indivíduo Esses exemplos evidenciam que a aprendizagem não se restringe apenas à aquisição de comportamentos ou habilidades específicas mas envolve uma série de conceitos psicológicos que são fundamentais para o desenvolvimento do indivíduo Portanto é importante que as instituições de ensino considerem esses aspectos em suas práticas pedagógicas oferecendo oportunidades de aprendizado que estimulem não apenas o crescimento intelectual mas também socioemocional dos alunos O uso do google acadêmico Para complementar nossas pesquisas utilizamos o Google Acadêmico que é uma plataforma que permite o acesso a uma ampla variedade de artigos acadêmicos Ao buscar na plataforma nos concentramos em artigos publicados dentro do campo da psicologia O Google Acadêmico possui uma vasta base de dados que inclui artigos científicos teses dissertações resumos de conferências e livros É uma ferramenta útil para pesquisadores e estudantes pois fornece acesso gratuito a uma grande quantidade de materiais acadêmicos Ao especificar que buscamos dentro da Pepsic estamos nos referindo à base de dados disponível na Plataforma de Periódicos Científicos da Associação Brasileira de Psicologia Pepsic Essa plataforma reúne produções científicas exclusivas de psicologia englobando várias áreas de estudo dentro dessa disciplina Ao utilizar essa abordagem fomos capazes de encontrar artigos especializados estudos empíricos revisões de literatura e outras publicações relevantes para nossas pesquisas na área da psicologia Isso nos permitiu obter informações embasadas em evidências científicas e ter acesso a pesquisas recentes e confiáveis Afetividade e Relação A afetividade e o ensinoaprendizagem estão diretamente relacionados no contexto educacional A afetividade referese aos sentimentos emoções atitudes e relações interpessoais que envolvem os indivíduos no processo de aprendizagem Quando há uma atmosfera afetiva positiva na sala de aula os alunos se sentem valorizados acolhidos e seguros para se expressar e explorar novos conhecimentos Isso contribui para o desenvolvimento de uma relação saudável entre professores e alunos tornandose um facilitador para o processo de ensinoaprendizagem Da mesma forma a afetividade também é importante para o desenvolvimento socioemocional dos alunos Quando eles se sentem emocionalmente seguros e apoiados são mais propensos a se engajar nas atividades de aprendizagem e a ter uma maior motivação para aprender KIELHOFNER 2009 O ensinoaprendizagem por sua vez é o processo de transmissão e assimilação de conhecimentos e habilidades A afetividade desempenha um papel fundamental nesse processo pois as emoções e atitudes dos alunos podem influenciar diretamente a sua capacidade de aprender Por exemplo se um aluno está ansioso estressado ou desmotivado isso pode afetar negativamente sua capacidade de concentração e de compreensão dos conteúdos Por outro lado quando os alunos se sentem valorizados respeitados e apoiados emocionalmente eles tendem a se envolver mais ativamente no processo de aprendizagem e a obter melhores resultados KIELHOFNER 2009 Assim a relação entre afetividade e ensinoaprendizagem é bidirecional ou seja a afetividade influencia o processo de ensinoaprendizagem e por sua vez o processo de ensinoaprendizagem pode influenciar os aspectos afetivos dos alunos É importante que os educadores estejam atentos a essa relação e criem um ambiente de aprendizagem positivo que favoreça o desenvolvimento afetivo e cognitivo dos estudantes VYGOTSKY 2017 Mesmo com o avanço dos estudos sobre as práticas educacionais o processo de avaliação ainda não tem uma evolução significativa o que vemos ainda é um tipo de avaliação tradicional autoritária com o único objetivo é a obtenção de resultados trazer um artigo ou outro tipo de texto para fundamentar essa fala SANTOS R Sistema de avaliação da educação básica situando olhares e construindo perspectiva 184 f Dissertação Doutorado em educação PUC SP São Paulo 2007 As referências KIELHOFNER G Modelo de Ocupação Humana Teoria e aplicação 4ª ed São Paulo Editora Roca 2009 SANTOS R Sistema de avaliação da educação básica situando olhares e construindo perspectiva 184 f Dissertação Doutorado em educação PUC SP São Paulo 2007 VYGOTSKY L A formação social da mente o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores 7ª ed São Paulo Editora Martins Fontes 2017 Mais sobre A aprendizagem segundo alguns estudiosos é muito mais que apenas comportamentos nela estão implícitos conceitos psicológicos importantes Um primeiro exemplo disso é o processo de aprendizagem de uma língua estrangeira Quando uma pessoa decide aprender um novo idioma ela não está apenas adquirindo novos comportamentos linguísticos mas também desenvolvendo habilidades cognitivas como a capacidade de análise de memorização e de comunicação Além disso a aprendizagem de um novo idioma envolve também aspectos culturais pois o aluno tem a oportunidade de se familiarizar com diferentes costumes e tradições de um determinado país Assim a aprendizagem de uma língua estrangeira vai além do simples aprendizado de palavras e expressões englobando uma série de conceitos psicológicos que contribuem para o enriquecimento pessoal do indivíduo Esses exemplos evidenciam que a aprendizagem não se restringe apenas à aquisição de comportamentos ou habilidades específicas mas envolve uma série de conceitos psicológicos que são fundamentais para o desenvolvimento do indivíduo Portanto é importante que as instituições de ensino considerem esses aspectos em suas práticas pedagógicas oferecendo oportunidades de aprendizado que estimulem não apenas o crescimento intelectual mas também socioemocional dos alunos O uso do google acadêmico Para complementar nossas pesquisas utilizamos o Google Acadêmico que é uma plataforma que permite o acesso a uma ampla variedade de artigos acadêmicos Ao buscar na plataforma nos concentramos em artigos publicados dentro do campo da psicologia O Google Acadêmico possui uma vasta base de dados que inclui artigos científicos teses dissertações resumos de conferências e livros É uma ferramenta útil para pesquisadores e estudantes pois fornece acesso gratuito a uma grande quantidade de materiais acadêmicos Ao especificar que buscamos dentro da Pepsic estamos nos referindo à base de dados disponível na Plataforma de Periódicos Científicos da Associação Brasileira de Psicologia Pepsic Essa plataforma reúne produções científicas exclusivas de psicologia englobando várias áreas de estudo dentro dessa disciplina Ao utilizar essa abordagem fomos capazes de encontrar artigos especializados estudos empíricos revisões de literatura e outras publicações relevantes para nossas pesquisas na área da psicologia Isso nos permitiu obter informações embasadas em evidências científicas e ter acesso a pesquisas recentes e confiáveis Afetividade e Relação A afetividade e o ensinoaprendizagem estão diretamente relacionados no contexto educacional A afetividade referese aos sentimentos emoções atitudes e relações interpessoais que envolvem os indivíduos no processo de aprendizagem Quando há uma atmosfera afetiva positiva na sala de aula os alunos se sentem valorizados acolhidos e seguros para se expressar e explorar novos conhecimentos Isso contribui para o desenvolvimento de uma relação saudável entre professores e alunos tornandose um facilitador para o processo de ensinoaprendizagem Da mesma forma a afetividade também é importante para o desenvolvimento socioemocional dos alunos Quando eles se sentem emocionalmente seguros e apoiados são mais propensos a se engajar nas atividades de aprendizagem e a ter uma maior motivação para aprender KIELHOFNER 2009 O ensinoaprendizagem por sua vez é o processo de transmissão e assimilação de conhecimentos e habilidades A afetividade desempenha um papel fundamental nesse processo pois as emoções e atitudes dos alunos podem influenciar diretamente a sua capacidade de aprender Por exemplo se um aluno está ansioso estressado ou desmotivado isso pode afetar negativamente sua capacidade de concentração e de compreensão dos conteúdos Por outro lado quando os alunos se sentem valorizados respeitados e apoiados emocionalmente eles tendem a se envolver mais ativamente no processo de aprendizagem e a obter melhores resultados KIELHOFNER 2009 Assim a relação entre afetividade e ensinoaprendizagem é bidirecional ou seja a afetividade influencia o processo de ensinoaprendizagem e por sua vez o processo de ensinoaprendizagem pode influenciar os aspectos afetivos dos alunos É importante que os educadores estejam atentos a essa relação e criem um ambiente de aprendizagem positivo que favoreça o desenvolvimento afetivo e cognitivo dos estudantes VYGOTSKY 2017 Mesmo com o avanço dos estudos sobre as práticas educacionais o processo de avaliação ainda não tem uma evolução significativa o que vemos ainda é um tipo de avaliação tradicional autoritária com o único objetivo é a obtenção de resultados trazer um artigo ou outro tipo de texto para fundamentar essa fala SANTOS R Sistema de avaliação da educação básica situando olhares e construindo perspectiva 184 f Dissertação Doutorado em educação PUC SP São Paulo 2007 As referências KIELHOFNER G Modelo de Ocupação Humana Teoria e aplicação 4ª ed São Paulo Editora Roca 2009 SANTOS R Sistema de avaliação da educação básica situando olhares e construindo perspectiva 184 f Dissertação Doutorado em educação PUC SP São Paulo 2007 VYGOTSKY L A formação social da mente o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores 7ª ed São Paulo Editora Martins Fontes 2017
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Página 1 de 9 Hickmann G M Hickmann A A Iniciação musical no ensino fundamental afetividade e aprendizagem Pesquisas e Práticas Psicossociais 141 São João delRei janeiromarço de 2019 e2775 Iniciação musical no ensino fundamental afetividade e aprendizagem Musical initiation in elementary school affection and learning Iniciación musical en la enseñanza fundamental afetividad y aprendizaje Girlane Moura Hickmann1 Adolfo Antonio Hickmann2 Resumo Buscando tornar acessível o ensino gratuito de música para a população de baixa renda foi criado o Projeto Música para Todos sediado em Teresina Piauí A primeira autora deste trabalho participou do referido projeto realizando curso de iniciação à formação de professores de flauta doce soprano e contralto que era desenvolvido pela Yamaha Musical do Brasil no programa Sopro Novo Na mesma época a referida autora cursava Letras Inglês e passou a ministrar aulas de música em uma escola pública da cidade de Teresina combinando dois conhecimentos aulas de flauta e inglês envolvendo afetivamente os alunos no processo que influenciou no desempenho deles nas demais aulas Palavraschave Projeto Social Música Língua Inglesa Afetividade Abstract Música para Todos Project based in Teresina City Piauí State was created with the purpose of making available free music education for lowincome population The first author of this work participated in this project doing introductory course in teacher training for soprano and alto flute in Sopro Novo program developed by Yamaha Musical do Brazil At the same time the author was studying English Literature and began teaching music classes in a public school in Teresina City Two types of knowledge flute and English classes were combined affectively involving students in a process which influenced the students performance in other classes Keywords Social Project Music English Language Affection Resumen En busca de acceder a la enseñanza gratuita de música para la población de bajos ingresos fue creado el Proyecto Música para Todos con sede en Teresina Piauí La primera autora del presente trabajo participó en dicho proyecto realizando curso de iniciación a la formación de profesores de flauta dulce soprano y contralto que era desarrollado por Yamaha Musical de Brasil en el programa Sopro Novo En la misma época la autora cursaba Letras Inglés y pasó a impartir clases de música en una escuela pública de la ciudad de Teresina Piauí combinando dos conocimientos clases de flauta e inglés involucrando afectivamente a los alumnos en el proceso que influenció en el desempeño de los resultados estudiantes en las demás clases Palabras clave Proyecto Social Música Idioma en Inglés Afectividad 1 Doutoranda pela Universidade Federal do Paraná UFPR 2 Doutorando pela Universidade Federal do Paraná UFPR Página 2 de 9 Hickmann G M Hickmann A A Iniciação musical no ensino fundamental afetividade e aprendizagem Pesquisas e Práticas Psicossociais 141 São João delRei janeiromarço de 2019 e2775 Introdução A música e a Língua Inglesa são manifestações culturais universais que permitem que povos de diferentes nacionalidades etnias classes econômicas gêneros e escolaridades comuniquemse compartilhando conhecimentos sonhos sentimentos e experiências As diferenças de interesse entre crianças jovens adolescentes ou idosos desaparecem ao toque de um instrumento Acreditase que no contexto do ensino da Língua Inglesa o aprendizado de um instrumento pode viabilizar muitos sonhos pois concorre como ferramenta de ensino para o melhor aprendizado da língua Músicas cantadas em inglês fazem parte do dia a dia de diferentes gerações crianças jovens e adultos No Brasil muitas canções estrangeiras são tocadas em inúmeros meios de comunicação Além disso o idioma aumenta as chances de acesso ao conhecimento musical que não está disponível em português A globalização fortaleceu a demanda pelo domínio do idioma inglês para a vida pessoal e profissional de todos No que concerne à Língua Inglesa como língua de comunicação atende a diferentes demandas educacionais e do mundo do trabalho por transitar entre as diversas áreas do conhecimento A música por sua vez desenvolve habilidades essenciais para a vida como sensibilidade rotina e dedicação Essa influência no desenvolvimento do indivíduo começa bem cedo e pode ser percebida ainda no útero onde o bebê reage aos estímulos musicais Martins 2017 Bréscia 2003 p 81 afirma ainda que o aprendizado musical melhora o desempenho escolar dos alunos e contribui para integrar socialmente o indivíduo Na adolescência em função de aspectos maturacionais envolvendo o desenvolvimento neurológico e psicológico é comum os jovens perderem o interesse por atividades que antes os encantavam Nesse sentido o aprendizado formal é um dos âmbitos em que o adolescente tende a diminuir o investimento de tempo Salvo 2010 Se nesse momento para ensinar ao jovem o educador fizer uso de estratégias diferenciadas como a música a motivação dele pode novamente aflorar Conforme Kishimoto 1999 os professores precisam encarar modificações necessárias no seu papel de ensinar bem como conceber que o aluno é o centro na produção do conhecimento Famílias com bom poder aquisitivo podem contratar professores tanto de línguas quanto de música para seus filhos Nas famílias com limitações econômicas tal contratação é inviável Trabalhos pedagógicos como o realizado pelo Projeto Música Para Todos PMPT que foi elaborado com o objetivo de proporcionar gratuitamente música de qualidade a todos é uma iniciativa que merece destaque visto que possibilita o acesso ao aprendizado musical por meio do ensino de instrumentos ministrado em escolas públicas municipais Tal projeto foi aprovado pelo Ministério da Cultura e publicado no Diário Oficial da União e desde sua fundação depende dos recursos provenientes de incentivos fiscais como os garantidos pela Lei nº 831391 Lei de Incentivo à Cultura popularmente chamada de Lei Rouanet Professores que participaram do PMPT depois de desenvolverem domínio do instrumento optaram por agirem como multiplicadores A oferta de música antes restrita à Escola de Música na qual o projeto foi concebido foi estendida a escolas de ensino regular e à população em geral que se interessa em aprender um instrumento musical O efeito multiplicador do projeto permitiu que o número de beneficiados fosse ampliado já que os professores formados no projeto sem vínculo com as escolas puderam se tornar ministrantes de aulas em escolas públicas nas comunidades carentes Página 3 de 9 Hickmann G M Hickmann A A Iniciação musical no ensino fundamental afetividade e aprendizagem Pesquisas e Práticas Psicossociais 141 São João delRei janeiromarço de 2019 e2775 A primeira autora deste artigo passou por tal experiência primeiramente estudando flauta doce e contralto no Projeto Sopro Novo3 parceiro do PMPT e depois compartilhando tal conhecimento ao tornarse professora de flauta sem vínculo empregatício em uma escola pública de Ensino Fundamental e Médio na cidade de Teresina Por estar na época cursando Letras Inglês na Universidade Federal do Piauí surgiu a possibilidade de usar as canções em inglês na disciplina de Música O ensino de flauta foi ministrado para uma população de baixa renda na qual havia adolescentes que frequentemente abandonavam a escola para trabalhar e contribuir na renda familiar ou desistiam dos estudos por falta de interesse Segundo alguns professores das matérias regulares como o de Matemática havia o desinteresse dos alunos quanto aos estudos e o rendimento da maioria deles estava abaixo do esperado A receptividade dos alunos das diversas matérias curriculares após a participação das aulas que utilizaram o idioma nas aulas de música foi muito boa O acesso aos instrumentos musicais para as aulas de flauta foi facilitado pelo projeto implementado na escola que repassava aos alunos o valor de custo dos instrumentos As práticas em sala de aula contribuíram para o desenvolvimento da percepção sonora numérica concentração e motivação dos alunos Supõese que esses resultados tenham sido alcançados porque a música age como facilitadora da aprendizagem pois mantém os neurônios cerebrais em atividade e ajuda a desenvolver a capacidade de concentração imediata de persistência e de dar resposta 3 O programa Sopro Novo é uma iniciativa da Yamaha companhia fabricante de instrumentos musicais para busca proporcionar educação musical para a formação de professores musicais e professores leigos para atuarem nas escolas de ensino regular O Cursos oferecidos têm carga horária que varia de 78 a 86 horas à constante variedade de estímulos Scherer Domingues 2012 p 7 As aulas de flauta eram ministradas de forma lúdica e havia mais participação dos alunos envolvidos no projeto Os ganhos para a formação integral dos educandos identificados nas aulas correspondem a dados da literatura conforme afirma Ilari 2003 p 9 Os jogos musicais quando utilizados de forma lúdica participativa e não competitiva podem constituir uma fonte rica de aprendizado motivação e neurodesenvolvimento Em geral os jogos acontecem em aulas coletivas o que obviamente visa à estimulação dos sistemas de orientação espacial e do pensamento social Jogos de memória de timbres notas e instrumentos dominós de células rítmicas e brincadeiras de solfejo podem ativar os sistemas de controle de atenção da memória da linguagem de ordenação sequencial e do pensamento superior Já os jogos que utilizam o corpo tais como mímica de sons imaginários brincadeira de cadeira cantigas de roda encenações musicais e pequenas danças podem incentivar o sistema da memória de orientação espacial motor e do pensamento social entre outras Além de prazerosos os jogos musicais de participação ativa podem constituir exemplos típicos do aprendizado divertido A relação afetiva professoraluno nas aulas de iniciação musical por meio da flauta doce teve seus impactos no desenvolvimento das atividades propostas Rossini 2001 propõe que o desenvolvimento cognitivo se dá com o relacionamento afetivo entre mestre e aprendiz Piaget 1962 defende não haver dúvidas de que o afeto4 desempenha papel essencial para o funcionamento da inteligência Para o autor não haveria inteligência motivação necessidade ou interesse se não houvesse afeto porque a afetividade é uma condição 4 Sentimento que nos liga a algo ou alguém Dicionário Escolar da Língua Portuguesa ABL p 108 2008 Página 4 de 9 Hickmann G M Hickmann A A Iniciação musical no ensino fundamental afetividade e aprendizagem Pesquisas e Práticas Psicossociais 141 São João delRei janeiromarço de 2019 e2775 necessária na constituição da inteligência 1962 p 1 tradução nossa Considerase portanto que a relação entre professor e aluno deva ser marcada pela presença de afeto na medida em que a afetividade influencia na qualidade e direção das atividades acadêmicas Cabe então ampliar as pesquisas sobre o comportamento de aprendiz sob a influência de uma educação com afeto Segundo Freire 1987 p 81 Ao fundarse no amor na humildade na fé nos homens o diálogo se faz numa relação horizontal em que a confiança de um pelo no outro é consequência óbvia Seria uma contradição se amoroso humilde e cheio de fé o diálogo não provocasse este clima de confiança entre seus sujeitos Os professores demonstram interesse pelo aluno quando lhes dão a oportunidade de compartilhar seu conhecimento prévio de mundo dandolhe espaço para expressar suas realidades e sonhos Os aprendizes podem discutir os mais variados assuntos por meio da música com o uso de canções em inglês Com afetividade e trocas de experiências o professor poderá encorajar os alunos a usarem a criatividade e superar dessa forma suas dificuldades no aprendizado de qualquer matéria É importante ressaltar que o ensino exige diálogo e afeto e com a música não é diferente Educar envolve estar disponível e atento ao outro o educando Fazse necessário portanto considerar os gostos musicais do aprendiz aproveitando sua própria musicalidade para ensinálo de forma a proporcionar a ele um aprendizado prazeroso A respeito disso Snyders 1999 p 170 afirma que A música é feita para ser bela e o belo existe para proporcionar alegria a alegria estética O ensino da música tem por objetivo levar os alunos a um contato feliz com as obras musicais fazêlos viver uma experiência de alegria a partir delas As diferentes músicas podem contribuir para isto é necessário levar a sério o rock e os outros gêneros apreciados pelos jovens assim como é preciso incitálos a exprimir e viver seus gostos sem culpas nem provocações O ensino da música é o mais desesperado porque conta muito pouco para o futuro profissional e escolar dos alunos em seu conjunto E é o mais carregado de esperança o professor não tem de passar aos alunos o amor pela música pois sem dúvida nenhuma geração de jovens viveu tão musicalmente como a de agora cabe a ele simplesmente estabelecer a comunicação entre a música deles e as outras Processo de construção do projeto Os professores de flautas que atuavam nas escolas de ensino regular não tinham nenhum vínculo empregatício com a escola Entretanto os progressos dos alunos eram compartilhados com a diretoria que disponibilizava uma sala para planejamento das aulas e momentos de diálogos com os professores que trabalhavam na escola Os professores de música aproveitavam todas as oportunidades oferecidas pelo Programa Sopro Novo e o empenho da escola em facilitar o ensino do instrumento musical nas dependências da escola Nesse contexto foi dada liberdade para unir o conhecimento musical ao do idioma inglês duas manifestações culturais universais em prol de um melhor aproveitamento das aulas Por ter graduação em língua estrangeira a primeira autora entre uma aula e outra de flauta nas aulas do 6 ao 9 ano do Ensino Fundamental cantava e tocava músicas em inglês para os alunos e dava alguns exemplos para facilitar a compreensão por parte dele sobre intensidade altura e timbre Conforme cita Chagas 1997 p 24 o aprendizado musical ajuda a unir pensamento ação e emoção e facilita o contato direto com as sensações físicas com os sentimentos e com a mais profunda sensação de ser o que se é Além disso outras experiências têm mostrado a eficácia do uso da música como Página 5 de 9 Hickmann G M Hickmann A A Iniciação musical no ensino fundamental afetividade e aprendizagem Pesquisas e Práticas Psicossociais 141 São João delRei janeiromarço de 2019 e2775 ferramenta de apoio cognitivo e afetivo influenciando o desenvolvimento social dos sujeitos aprendentes Fernandes et al 2017 VillaLobos 1972 enfatizou a importância da educação musical principalmente com gerações de crianças com idade entre 5 e 14 anos Essa fase do desenvolvimento coincide com a saída do aluno do primeiro para o segundo ciclo do Ensino Fundamental Ainda de acordo com VillaLobos 1972 p 85 o principal objetivo do ensino não é o de criar artistas nem teóricos de música senão cultivar o gosto pela música e ensinar a ouvir Nossos alunos são capazes de aprender sobre sons pois os utiliza para falar e cantar O professor de Língua Inglesa por exemplo pode se utilizar de ferramentas e métodos para tornar o aprendizado mais prazeroso e efetivo Com o progresso das aulas os alunos começaram a demonstrar encantamento Isso aumentou o grau de atenção deles nas aulas de inglês Poder participar de aulas regulares de música contribui para o desenvolvimento integral do educando uma vez que facilita a aquisição de inúmeras habilidades importantes para o aprendizado sistemático e para a vida Um exemplo dessas novas habilidades foi o conhecimento matemático A relação entre música e Matemática fazse clara quando pensada em termos de frações É possível encantar os alunos com o aprendizado da Matemática devido a alguns conceitos frequentemente utilizados no ensino da música Para preencher um compasso 4 x 4 o aluno deve somar 4 semínimas que equivalem cada uma a ¼ do tempo Segundo Oliveira e Sabba 2013 p 6631 os alunos podem ser capazes de apreciar o belo não apenas das melodias e das sensações mas também das relações matemáticas como proporções frações e divisões A esse respeito Campos 2009 p 121 estudou a relação entre Matemática e música e concluiu que O pensamento lógicomatemático auxiliava o entendimento de conceitos comumente relacionados ao cenário musical tais como notas intervalos e escalas musicais ciclo das quintas dissonância ressonância e freqüência A competência musical trazia benefícios para que os alunos entendessem e dessem novos significados a proporções razões e progressões geométricas A nota nas aulas de música a princípio não era um prérequisito porém o comportamento participativo e assiduidade eram Tal exigência potencialmente influenciou no engajamento das crianças no aprendizado de flauta doce A música aproxima os alunos uns dos outros instigando o desenvolvimento da socialização eles e contribui para a formação integral A educação musical tem o seu valor outras coisas porque ela potencializa o senso crítico do aprendiz possibilitando uma maior sintetização de formas e conteúdos e as vivências que enriquecem a imaginação e a formação global da personalidade Martins p 8 Além do conteúdo formal das aulas de inglês a inserção da música propiciou a oportunidade de olhar o aluno de maneira mais integral Isso facilitava a aproximação de estudantes mais resistentes ou que apresentavam padrão de comportamento disfuncional para o contexto escolar Aos poucos houve mais engajamento dos alunos em comportamentos socialmente aceitos diminuindo a frequência de comportamentos agressivos ou de baixo envolvimento com a educação Cardoso 2013 comprovou haver um desempenho superior dos alunos participantes de aulas de música articuladas com matérias regulares em todas as matérias com exceção da Educação Física quando comparados àqueles que participaram apenas das Página 6 de 9 Hickmann G M Hickmann A A Iniciação musical no ensino fundamental afetividade e aprendizagem Pesquisas e Práticas Psicossociais 141 São João delRei janeiromarço de 2019 e2775 matérias regulares As diferenças entre grupos participantes foi superior e estatisticamente significativa Os impactos positivos influenciados pela participação dos alunos nas aulas articuladas refletiram na assiduidade dos estudantes e no aproveitamento escolar Percebeuse então que as contribuições do ensino de música inseridas no contexto do ensino da Língua Inglesa iam muito além de somente aprender notas musicais e aliálas ao ensino do idioma A proposta dessas atividades revelou possibilidades interdisciplinares pela sensibilidade que se foi ganhando ao perceber que os seres humanos integram o ritmo a outros conhecimentos A natureza interdisciplinar do conhecimento não se situa no campo pragmático que opera no nível das atividades nem no extremo teórico que ignora a sala de aula a interdisciplinaridade se situa na vida Igualmente a música se oferece à abordagem interdisciplinar pelo simples fato de ser intrínseca à vida e à cultura Existem afinidades interfaces e convergências inquestionáveis entre música e diversas áreas do conhecimento humano Por exemplo matemática e música se encontram nas regularidades na métrica e nos padrões espacialidade e música se encontram nas proporções no equilíbrio na perspectiva e na forma linguística e música no som e no ritmo das palavras e na semântica corporalidade e música na plasticidade do movimento nas habilidades físicas e de coordenação e assim por diante França 2016 p 87 A sensibilidade para o outro e a contribuição para a formação integral dos educandos despertadas pela música trouxeram questionamentos sobre o papel da afetividade no aprendizado dos alunos Atitudes que aumentem a autoconfiança e a motivação e diminuam os níveis de ansiedade podem também influenciar na persistência dos alunos em se engajar nas aulas de música nas quais canções em inglês se faziam sempre presente Hickmann 2015 p 111 reforça a importância de se cultivar relações afetivas e de se apresentar um espaço acolhedor para o aprendizado Segundo a autora é preciso também Incentivar a colaboração cujos objetivos principais sejam entre outros aumentar autoestima e motivação do aluno diminuir a ansiedade debilitante e portanto despertar o conhecimento e por consequente desenvolver no aluno as diversas inteligências poderá surtir mais efeitos positivos nos alunos do que comportamentos de avaliação de quanto esperto o aluno é metas de aprendizagem orientadas pelo meio e desempenho pessoal condutas de rotulação e classificação críticas e uso de controle aversivo Para que o aprendizado tenha significado para o aluno e se torne uma marca em sua formação integral o professor precisa envolverse no processo dando o melhor de si A relação pessoaambiente conforme Skinner 1957 é uma relação dialética na qual o professor influencia na formação do educando mas também é influenciado pela relação que estabelece com ele Assim professor e aluno saem enriquecidos O docente tem a facilidade de trabalhar os ambientes para intensificar a interação entre manifestações culturais como a Música e a Língua Inglesa Pois para tornar o ambiente social tão livre quanto possível do controle aversivo não precisamos destruir o ambiente ou fugir dele precisamos remodelálo Skinner 1971 p 36 Para Skinner 1957 o controle aversivo existe no ambiente e acarreta ações para fugir de algo que é ruim ou para não se ter consequências ruins como punições ou ameaças Para o autor remodelar o ambiente é ter responsabilidade em fazer a diferença Ao se dar conta do nível de controle existente podese construir um ambiente mais produtivo para o aprendizado Página 7 de 9 Hickmann G M Hickmann A A Iniciação musical no ensino fundamental afetividade e aprendizagem Pesquisas e Práticas Psicossociais 141 São João delRei janeiromarço de 2019 e2775 Ademais ao fazer parte do dia a dia assim como a cultura letrada a música amplia a produção espontânea e criativa da comunicação Oliveira Vanzela 2017 O projeto Sopro Novo desenvolveuse justamente nessa direção Por meio de interações mediadas pela música facilitou o ensino do idioma estrangeiro transformando um ambiente escolar com muitos estímulos aversivos em algo agradável ao qual os alunos gostavam de ir Além do ensino do inglês os recursos musicais serviram para desenvolver habilidades em adolescentes que contribuíram para a cidadania ao propiciar competências importantes na sociedade contemporânea mas de custo elevado para uma população carente A eficácia do uso da música no ensino da Língua Inglesa é reforçada por pesquisas como a de Bonato 2014 A autora destacou a melhora do interesse dos estudantes no aprendizado do idioma causando a aproximação do contato com a língua estrangeira nos contextos em que esse contato normalmente é distante da realidade dos alunos Essas experiências também demonstram a necessidade de uma formação de professores de modo integral e que considere o sentir aliado ao pensar Nesse sentido é preciso considerar as possibilidades de integração de atividades criativoartísticas como ferramentas para a melhoria do aprendizado Stoltz Weger 2015 Esses autores consideraram a interação do belo do bem e da verdade como elementos da liberdade para a aprendizagem levando em conta o desenvolvimento de seres humanos em sua integralidade Ao olhar essas considerações percebese o quanto essas experiências criativas contribuíram significativamente para a vida dos estudantes e dos próprios professores Resultados O professor ministrante das aulas de inglês pôde perceber que a música enriqueceu bastante sua percepção em relação ao outro além de melhorar a interação e o desempenho dos estudantes de modo geral Isso revelou o quanto a música pode ajudar a quebrar barreiras e obstáculos que muitas vezes dificultam o aprendizado e a socialização dos participantes Os estudantes aprenderam de forma lúdica e com grande envolvimento os princípios musicais ao mesmo tempo em que passaram a conviver de maneira mais dinâmica com elementos da Língua Inglesa Eles também desenvolveram outras habilidades como persistência atenção e concentração que favoreceram a sua autoestima A carência financeira que poderia inviabilizar a aquisição dos instrumentos musicais foi compensada pela disponibilização destes pela escola com flautas adquiridas para uso compartilhado entre todos os estudantes que não puderam comprar uma Essa é mais uma demonstração de como a escola pode ir além com pouco investimento mas com ganhos significativos não somente para o desempenho pedagógico como também para a melhora do clima escolar A música fortaleceu o engajamento dos alunos nas tarefas educacionais elevando seu desempenho no aprendizado de algumas habilidades como a Matemática e conhecimento de elementos do idioma inglês que pôde ser vivenciado por meio do cantar Trazer para o ambiente escolar essa ferramenta de interação tornou as lições mais prazerosas e atrativas para os alunos Ao engajaremse nesse processo os educandos desenvolveram também atenção e concentração aprenderam a compartilhar a respeitar as normas e os colegas bem como a trabalhar em equipe Página 8 de 9 Hickmann G M Hickmann A A Iniciação musical no ensino fundamental afetividade e aprendizagem Pesquisas e Práticas Psicossociais 141 São João delRei janeiromarço de 2019 e2775 O professor de inglês por sua vez ao acompanhar tal processo aprendeu a olhar cada aluno como único em um contexto de diversidades e a ficar mais atento e ouvir as necessidades de cada aluno Isso pôde apoiálos nas suas tentativas de realização das tarefas e de compreensão do significado não somente da matéria mas também da vida na cultura em que estão inseridos O professor pelo papel formativo que exerce pode influenciar os alunos de maneira lúdica a perceber novas possibilidades para a solução de problemas fazendo o uso da criatividade Referências Afeto 2008 In Dicionário escolar da língua portuguesa 2a ed Academia Brasileira de Letras São Paulo Companhia Editora Nacional Bonato D 2014 A utilização da música como método de aprendizagem de língua inglesa Monografia de Especialização Universidade Tecnológica Federal do Paraná Medianeira Recuperado de httprepositoriorocautfpredubrjs puibitstream148071MDEDUM TEVII201433pdf Bréscia V L P 2003 Educação musical bases psicológicas e ação preventiva Campinas Átomo São Paulo PNA Campos G P Pierre da S 2009 Matemática e Música práticas pedagógicas em oficinas interdisciplinares Dissertação de mestrado Centro de Educação Universidade Federal do Espírito Santo Cardoso A C dos S 2013 O Ensino Especializado da Música como promotor da aprendizagem Dissertação de mestrado em Supervisão Pedagógica e Formação de Formadores Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação Universidade de Coimbra Coimbra Chagas M 1997 Musicoterapia e Psicoterapia Corporal aspectos de uma relação possível Revista Brasileira de Musicoterapia 3 Rio de Janeiro Fernandes P V et al 2017 Banda 60 a experiência da música na terceira idade Pesquisas e Práticas Psicossociais 121 120128 França C C A 2016 Interdisciplinaridade da Vida e a Multidimensionalidade da Música Música na Educação Básica 778 Freire P 1987 Pedagogia do oprimido 17a ed Rio de Janeiro Paz e Terra Gomes B F Gomes E R dos Moraes H A de 2013 Musicalização no ensino aprendizagem Faculdade Capixaba da Serra Serra Recuperado em 12 fevereiro 2018 de httpserramultivixedubrwp contentuploads201309bianca04 pdf Hickmann G M 2015 Interação professoraluno na aprendizagem de Língua Inglesa motivação para aprender Dissertação de mestrado Programa de PósGraduação em Educação Universidade Federal do Paraná Curitiba Ilari B A 2003 Música e o cérebro algumas implicações do neurodesenvolvimento para a educação musical 9 716 Instituto Votorantim 2018 Projetos apoiados Música Para Todos Recuperado em 12 fevereiro 2018 de httpwwwinstitutovotorantimorgb rpt brprojetosApoiadosPaginasMusica Todosaspx Kishimoto T M 1997 Jogo brinquedo brincadeira e a educação 2a ed São Paulo Cortez Página 9 de 9 Hickmann G M Hickmann A A Iniciação musical no ensino fundamental afetividade e aprendizagem Pesquisas e Práticas Psicossociais 141 São João delRei janeiromarço de 2019 e2775 Martins C A Os benefícios da música na escola o trabalho desenvolvido na Escola Municipal de Educação Infantil Elisa Maria Paias Messon Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento Ed 02 Ano 02 Vol 01 114136 maio de 2017 Martins E T de L 2014 A música na escola Revista Eletrônica do Curso de Pedagogia das Faculdades OPET 7 Música para Todos 2018 O Projeto Recuperado em 12 fevereiro 2018 de httpwwwicsritaorgbro projeto Oliveira M A C de Alexsander Vanzela L C de 2017 A psicopedagogia e o ensino musical Música em perspectiva 101 920 Oliveira A P S de Sabba C G 2013 Utilizando frações da Música à Matemática Universidade Nove de Julho Brasil Ata do VII CIBEM Montevidéu Uruguai Recuperado em 12 fevereiro 2018 de httpwwwcibem7semureduuy7a ctaspdfs1339pdf Piaget J 1962 A relação da afetividade com a inteligência no desenvolvimento mental da criança Rio de Janeiro Editora Fundo de Cultura Rossini M A S 2001 Pedagogia afetiva 4a ed Petrópolis Vozes Salvo C G de 2010 Prática e comportamentos de proteção e risco à saúde na adolescência Tese de doutorado Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo São Paulo Scherer C A de Domingues A 2012 Música e desenvolvimento infantil reflexões sobre a formação do professor IX Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul IX Anais do IX ANPED SUL Caxias do Sul Recuperado em 12 fevereiro 2018 de httpwwwucsbretcconferenciasi ndexphpanpedsul9anpedsulpaper viewFile1918975 Skinner B F 1973 O mito da liberdade 2a ed Rio de Janeiro Blach Skinner B F 1957 Verbal behaviour New York AppletonCenturyCrofts Snyders G 1999 A escola pode ensinar as alegrias da música São Paulo Cortez Stoltz T Weger U 2015 O pensar vivenciado na formação de professores Educar em Revista n 56 6783 VillaLobos H 1972 Educação Musical Boletim Latino Americano de Música Recebido em 1322018 Aceito em 28112018 Revista Construção Psicopedagógica 32 33 7789 77 ARTIGO DE REVISÃO httpsdoiorg1037388CP2022v32n33a02 BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR BNCC E AS COMPETÊNCIAS SÓCIOAFETIVAS UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Denise DAuriaTardeli1 Universidade Metodista São Paulo Brasil Eliane Queiroz Cunha Pralon2 Centro Universitário Adventista de São Paulo Brasil Patrícia Margarida Coelho3 Universidade Santo Amaro e Universidade Metodista São Paulo Brasil RESUMO A Base Nacional Comum Curricular BNCC documento governamental aprovado em 22 de dezembro de 2017 o CNE apresenta a Resolução CNECP nº 2 de 22 de dezembro de 2017 que institui orienta e destaca a afetividade nas relações e a convivência como aspectos importantes para a aprendizagem Na presente pesquisa fazemos uma reflexão das compe tências socioafetivas a partir de sua proposta na BNCC Para isso partimos de três objetivos bem claros e definidos i contextualizar a implantação da BNCC ii compreender como a BNCC explicita as competências socioemocionais e iii avaliar como as competências socio afetivas no ambiente escolar possibilitam a aprendizagem O corpus do nosso trabalho será a Base Nacional Comum Curricular no âmbito das competências socioemocionais A meto dologia utilizada é bibliográfica GIL 2002 O que justifica a nossa pesquisa são os dados apresentados pelo Pisa 2018 com o relato de que um ambiente pouco receptivo afeta con sideravelmente o desempenho cognitivo dos estudantes Nosso arcabouço se fundamenta em autores que pensam as questões afetivas dentro do processo da aprendizagem como Moreno e Sastre 2003 e Goleman 1995 O problema de pesquisa que direciona este tra 1 Professora titular do Programa de PósGraduação em Educação da Universidade Metodista de S Paulo Doutora em Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano pelo Instituto de Psicologia da USP Pósdoutorado em Educação pela Faculdade de Educação da USP Lattes httplattescnpqbr1273522326198021 ORCID httpsorcidorg0000000201959235 email denisetardeligmailcom 2 Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú 2001 Mestrado em Educação pela Universidade Metodista 2021 Atua como professora do Centro Universitário Adventista de São Paulo e coordena o pedagógico do Colégio Adventista Tem experiência na área de Educação com ênfase em gestão atuando principalmente nos seguintes temas Formação Continuada Currículos Inovadores Avaliação Formativa e Competências Socioemocionais Lattes httplattescnpqbr6310536390561624 email enailepralongmailcom 3 Mestra em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie Doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Docente e Coordenadora do Programa de Mestrado em Ciências Humanas UNISASP Docente do Programa de Mestrado e Doutorado em Educação da Universidade Metodista de São Paulo Lattes 1087625657694882 ORCID httpsorcidorg0000000216621173 Email patriciafariascoelhogmailcom 78 Base nacional comum curricular BNCC e as competências sócioafetivas uma revisão bibliográfica Revista Construção Psicopedagógica 32 33 7789 balho é quais as competências socioafetivas indicadas na BNCC A hipótese que sustenta este trabalho é de que quando as competências socioemocionais são desenvolvidas em sala de aula os alunos têm um melhor desenvolvimento cognitivo e afetivo A metodologia uti lizada é bibliográfica GIL 2002 Os resultados alcançados evidenciam que o desenvolvi mento cognitivo está inteiramente ligado às questões socioafetivas e que quando trabalha das de forma conjunta no ambiente escolar apresentam excelentes resultados tanto para o docente quanto para o discente Palavraschave BNCC Competência Socioafetiva Aprendizagem COMMON NATIONAL CURRICULUM BASE BNCC AND SOCIOAFFECTIVE SKILLS A BIBLIOGRAPHIC REVIEW ABSTRACT The National Curricular Common Base BNCC government document approved on December 22 2017 the CNE presents Resolution CNECP nº 2 of December 22 2017 which establishes guides and highlights affection in relationships and coexistence as parts important for learning In the present research we reflect on socioaffective competences based on their proposal in the BNCC For this we started from three objectives very clear and defined i contextualiz ing the implementation of the BNCC ii understand how the BNCC explains socioemotional competences and iii to assess how socioaffective competences in the school environment enable learning The corpus of our work will be the National Curricular Common Base within the scope of socioemotional skills The methodology used is bibliographic GIL 2002 What justifies our research is the data presented by Pisa 2018 with the report that an unreceptive envi ronment considerably affects the cognitive performance of students Our framework is based on authors who think about affective issues within the learning process such as Moreno and Sastre 2003 and Goleman 1995 The research problem that guides this work is what are the socioaffective competences indicated in the BNCC The hypothesis that supports this work is that when socioemotional skills are developed in the classroom students have a better cogni tive and affective developmentThe methodology used is bibliographic GIL 2002 The results achieved show that cognitive development is entirely linked to socioaffective issues and that when worked together in the school environment they present excellent results for both the teacher and the student Keywords BNCC Social Affective Competence Learning Introdução A presente pesquisa se pauta no documento oficial da Base Nacional Comum Curricular BRA SIL 2018 a fim de compreender a relevância das competências socioemocionais e as relações afetivas no ensino e na aprendizagem Para o processo de ensino e aprendizagem ocorrer de forma eficaz fazse necessária a con vivência e o relacionamento com o outro pois é no dia a dia de uma sala de aula que somos percebidos inspirados ou desestimulados Especificamente quando abordamos o desinte resse seja em qualquer área ou nível de educação podemos pensar que é possível conviver Revista Construção Psicopedagógica 32 33 7789 79 Denise DAuriaTardeli Eliane Queiroz Cunha Pralon Patrícia Margarida Coelho e não nos relacionarmos e quando isso ocorre todo o processo passa a ter um caráter de consistência mecânica Nesse sentido o professor além de conviver precisa se relacionar e isso é promovido dentro do espaço escolar Gusdorf 1970 retrata a escola como um lugar de memórias sendo elas cogni tivas eou afetivas Na escola é a pessoa viva que aprende e é ela mais tarde quem se lembra segundo fidelidades diversas mas coexistentes que perpetuam simultaneamente a criança e o adolescente o jovem de outrora no adulto de hoje GUSDORF 1970 p 59 No âmbito escolar é impossível separar os aspectos sociais e afetivos que envolvem a apren dizagem visto que a forma como professores e alunos interagem está diretamente ligada ao sucesso escolar Todos temos emoções e formamos vínculos com os conhecimentos e com as pessoas Assim compreender como as competências socioafetivas são evidências na BNCC para uma nova proposta pedagógica das escolas é considerar os seres que ali estão em sua integralidade Dessa forma neste trabalho partimos do seguinte problema de pesquisa as competências socioafetivas propostas na BNCC são de fato do conhecimento dos docentes A presente pes quisa tem como hipótese que se as competências socioafetivas são bem trabalhadas em sala de aula podem auxiliar os discentes no desenvolvimento cognitivo e afetivo Temos três objetivos a saber i compreender a implantação da BNCC ii verificar como a BNCC apresenta as competências sociemocionais e iii examinar como as competências socioafetivas permitem a aprendizagem na escola O corpus desta pesquisa é a Base Nacional Comum Curricular BNCC no âmbito das compe tências socioemocionais A metodologia utilizada é bibliográfica conforme explica Gil 2002 A justificativa dessa pesquisa se fundamenta nos dados apresentados pelo Pisa 2018 afirmando de que um ambiente desagradavel afeta no desempenho cognitivo dos alunos O arcabouço teorico que sustenta esta pesquisa são os estudos sobre afetividade no processo da aprendizagem de Moreno e Sastre 2003 e Goleman 1995 Apresentado nosso corpus hipo tese problema de pesquisa objetivos e justificativa daremos continuidade com nosso estudo explicando a seguir a metodologia utilizada na pesquisa Metodologia da Pesquisa Para esta pesquisa adotamos metodologia de pesquisa bibliográfica Gil 2002 p 44 explica que a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado constitu ído principalmente de livros e artigos científicos Assim sendo para este estudo realizamos um levantamento de obras publicadas nas revistas científicas no Brasil entre janeiro de 2018 até dezembro de 2020 nas bases de dados da plataforma Google Scholar Google Acadêmico que trataram do tema da BNCC e das Competências Socioemocionais Partimos de três palavras chaves BNCC Competências Socioemocionais Aprendizagem A par tir da leitura dos resumos como critérios de inclusão a i veículos de publicação optamos por periódicos indexados ii ano de publicação janeiro de 2018 a dezembro de 2020 iii idioma de publicação somente selecionamos os artigos em língua portuguesa iv modalidade de produ ção científica foram incluídos artigos da educação Os critérios de exclusão foram i títulos que não apresentavam relação com as palavrachave e iii resumo sem aderência ao tema da BNCC e Socioemocionais 80 Base nacional comum curricular BNCC e as competências sócioafetivas uma revisão bibliográfica Revista Construção Psicopedagógica 32 33 7789 A partir das buscas realizadas foram encontradas 87 publicações Após a leitura criteriosa dos artigos selecionados foram selecionados 26 artigos para servir de base e reflexão para o desen volvimento do artigo Implatação da Base Nacional Comum Curricular Um breve percurso temporal sobre a implantação da BNCC descreve que ela não foi aprovada em um único documento para todas as etapas da educação básica O primeiro documento foi o do ensino infantil e do fundamental no ano de 2017 sendo garantida a sua implementação por meio da Resolução CNE CP nº 2 de 22 de dezembro de 2017 A BNCC do ensino médio foi apro vada em 2018 portanto um ano após as demais e sua implementação nessa etapa de ensino veio pela Resolução CNECP nº 4 de 17 de dezembro de 2018 Foram três momentos importantes de elaboração e construção da BNCC como referência de uma proposta de um currículo nacional que padronizasse a educação escolar no Brasil O primeiro momento ocorreu na cidade de São Paulo em outubro de 2013 num evento orga nizado pelo Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação CONSED e que partici param dentre outros sujeitos de expressão no cenário político e empresarial a União Nacio nal dos Dirigentes Municipais de Educação UNDIME o Conselho Nacional de Educação CNE e o Movimento Todos pela Educação MTP Essa reunião extraordinária foi a última desse ano e contou com a presença de figuras importantes como a professora da USP Paula Lousano A grande discussão foi a reforma curricular para o ensino médio com a ideia de que o Bra sil precisava avançar nos indicadores de qualidade da educação sendo o tema principal do evento norteando a fala dos expositores Além disso ainda houve uma apresentação fazendo o comparativo entre os sistemas públicos de ensino referentes aos rendimentos nas avalições externas do ensino médio O segundo momento ocorreu em maio de 2014 no 6º Fórum Nacional Extraordinário da UNDIME realizado em FlorianópolisSC Na ocasião estavam na pauta temas relevantes a serem discutidos em que se destacam a aprovação do PNE e a formação de professores e carreira e Base Curricular Comum Nacional Em relação à aprovação do PNE foram ressaltados dois elementos em que o primeiro diz respeito à complementação da União aos Estados e Municípios para que se garantissem o Custo Aluno Qualidade CAQ e o segundo voltava para a supressão de um dispositivo que contava os investimentos na relação públicoprivado como 10 do Produto Interno Bruto PIB valor que se deveria ser investido até o final da vigência do PNE 20142024 No encontro a UNDIME discutiu a formação de professores e carreiras com relevante desta que para a valorização do professor a partir de sua instrução O tema da formação de profes sores foi destaque no evento discutindose com ênfase a valorização financeira desses profis sionais Por fim a pauta sobre a BNCC saiu em forma de carta com manifestação a respeito do tema pelos presentes Diante das dificuldades enfrentadas pelos municípios com formação inicial dos professores com avaliações externas que definem os conteúdos trabalhados pelos professores com os alunos com capacidade técnica insuficiente para o desenvolvimento de currículos próprios fazse necessário discutir a construção de uma Base Curricular Comum Nacional que permita a inserção de especi ficidades culturais locais e regionais Essa construção da Base deverá ser feita de maneira articu lada entre professores escolas e redes de ensino por meio das políticas pedagógicas municipais e dos projetos políticos pedagógicos Neste caso a autonomia sobre a metodologia permane cerá sendo dos professores e das escolas Esta Base Curricular Comum Nacional deverá provo car a reorientação dos processos de construção das matrizes das avaliações externas UNDIME 2014 n p Revista Construção Psicopedagógica 32 33 7789 81 Denise DAuriaTardeli Eliane Queiroz Cunha Pralon Patrícia Margarida Coelho O terceiro momento centrase no 3º Seminário Internacional do Centro Lemann para o Empreendedorismo e Inovação na Educação Brasileira ocorrido em agosto de 2014 Na oca sião o palestrante professor David Plank figura frequente nos encontros anteriores trouxe como elemento central na sua apresentação a implementação do Common Core Currículo Comum na Califórnia EUA o que ganhou atenção da plenária para a sua proposta As contri buições orais e escritas dessas audiências seguiram para as sucessivas reuniões organizadas pelo CNE que posteriormente a esses encontros aprovam a BNCC do ensino infantil e funda mental em dezembro de 2017 Conforme Saviani 2013 p 438 quando o ensino é direcionado para o desenvolvimento das competências acentuase a necessidade de o sujeito adaptarse e nas escolas procurase passar do ensino centrado nas disciplinas de conhecimento para o ensino por competências referidas a situações determinadas De acordo com a última versão do documento a BNCC encontrase organizada em direitos de aprendizagem expressos em dez competências gerais que guiam o desenvolvimento esco lar das crianças e dos jovens desde a creche até a etapa terminal da Educação Básica BRASIL 2018 p 5 cabendo à escola assegurar aos estudantes o desenvolvimento dessas dez compe tências que segundo a Base consolidamse no âmbito pedagógico BRASIL 2018 Quadro 1 As dez competências da BNCC Nº COMPETÊNCIA DESCRIÇÃO FUNÇÃO 1ª Conhecimento Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico social cultural e digital Entender e intervir positivamente na sociedade 2ª Pensamento científico crítico e criativo Exercitar a curiosidade intelectual o pensamento científico a criticidade e a criatividade Investigar causas elaborar e testar hipóteses formular e resolver problemas e inventar soluções 3ª Senso estético Desenvolver o senso estético Reconhecer valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais e participar de práticas diversificadas da produção artísticocultural 4ª Comunicação Utilizar as linguagens verbal verbovisual corporal multimodal artística matemática científica tecnológica e digital Expressarse partilhar informações experiências ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo 5ª Argumentação Argumentar com base em fatos dados e informações confiáveis Formular negociar e defender ideias pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos e a consciência socioambiental com posicionamento ético no cuidado consigo com os outros e com o planeta 6ª Cultura digital Utilizar as tecnologias digitais de comunicação e informação de forma crítica significativa reflexiva e ética Comunicarse acessar e disseminar informações produzir conhecimentos e resolver problemas Continua 82 Base nacional comum curricular BNCC e as competências sócioafetivas uma revisão bibliográfica Revista Construção Psicopedagógica 32 33 7789 Nº COMPETÊNCIA DESCRIÇÃO FUNÇÃO 7ª Autogestão Entender o mundo do trabalho e planejar seu projeto de vida pessoal profissional e social Fazer escolhas em relação ao seu futuro com liberdade autonomia consciência crítica e responsabilidade 8ª Autoconhecimento e autocuidado Conhecerse apreciarse reconhecer suas emoções e as dos outros ter autocrítica Cuidar de sua saúde física e emocional lidar com suas emoções e com a pressão do grupo 9ª Empatia e cooperação Exercitar a empatia o diálogo a resolução de conflitos e a cooperação Fazerse respeitar e promover o respeito ao outro e aos direitos humanos acolher e valorizar a diversidade sem preconceitos reconhecendose como parte de uma coletividade com a qual deve se comprometer 10ª Autonomia Agir pessoal e coletivamente com autonomia responsabilidade flexibilidade resiliência e determinação Tomar decisões segundo princípios éticos democráticos inclusivos sustentáveis e solidários Fonte Elaborado pelas autoras com base em Brasil 2018 No que se refere ao conceito de competências a BNCC enfatiza que competência é definida como a mobilização de conhecimentos conceitos e procedimentos habilidades práticas cognitivas e socioemocionais atitudes e valores para resolver demandas com plexas da vida cotidiana do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho BRASIL 2018 p 8 Diante disso é lícito afirmar que a BNCC indica conhecimentos competências aprendizagens e habilidades essenciais que influenciam a reformulação de currículos nas escolas de educa ção básica fomentando alterações na formação de professores na avaliação e na elaboração de conteúdos O presente estudo não tem por objetivo fazer uma análise crítica e política durante a construção do referido documento mas é importante salientar que ele sofreu fortes críticas na perspectiva de que o sujeito é o único responsável pelo seu sucesso ou fracasso desconsiderandose assim as implicações de questões sociais políticas históricas e ideológicas que costumam condicionar a formação de classes reverberando na concentração de poder e de riquezas nas mãos de pou cos e sobretudo reproduzindo a vida precária de muitos As competências socioemocionais explícitas na BNCC Nesse contexto a Base Nacional Comum Curricular BNCC BRASIL 2018 documento de caráter normativo em conformidade com outros marcos legais como Constituição Federal de 1988 Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9394 de 1996 e o Plano Nacional de Educação afirma que a educação deve visar a formação e o desenvolvimento humano global BRASIL 1988 2018 O trabalho regido pelas competências socioafetivas fazse necessário para a aprendizagem inte gral do sujeito numa sociedade marcada por constantes mudanças que clamam por capacida Continuação Revista Construção Psicopedagógica 32 33 7789 83 Denise DAuriaTardeli Eliane Queiroz Cunha Pralon Patrícia Margarida Coelho des dadas à espécie humana para lidar com as próprias emoções assim como o estabelecimento de contatos humanos significativos Como afirma Goleman 1995 p 18 uma visão da natureza humana que ignore o poder das emoções é lamentavelmente míope Na BNCC as competências socioemocionais estão presentes em todas as dez competências gerais Portanto no Brasil até 2020 todas as escolas deverão contemplar as competências em seus currículos Diante dessa demanda precisamos conhecer mais sobre a educação socioemo cional Social Emotional Learning SEL Solidariedade amizade responsabilidade colaboração empatia organização ética cidadania honestidade Esses valores ou características tão desejáveis nos relacionamentos humanos e cada vez mais requisitados e necessários nos dias de hoje deverão ser ensinados praticados ou pelo menos estimulados também nas escolas É o que dizem as novas diretrizes da Base Nacional Comum Curricular BNCC Segundo o Casel Guide 2015 A educação socioemocional e para nossos a socioafetiva refe rese ao processo de entendimento e manejo das emoções com empatia e pela tomada de decisão responsável p 87 Mas para que isso ocorra é fundamental a promoção dessa edu cação nas mais diferentes situações dentro e fora da escola pelo desenvolvimento das cinco competências apresentadas a seguir Quadro 2 As cinco competências socioemocionais da BNCC AUTOCONSCIÊNCIA Envolve o conhecimento de cada pessoa bem como de suas forças e limitações sempre mantendo uma atitude otimista e voltada para o crescimento AUTOGESTÃO Relacionase ao gerenciamento eficiente do estresse ao controle de impulsos e à definição de metas CONSCIÊNCIA SOCIAL Necessita do exercício da empatia do colocarse no lugar dos outros respeitando a diversidade HABILIDADES DE RELACIONAMENTO O exercício de ouvir com empatia falar com clareza e objetivo cooperar com os demais resistir à pressão social inadequada ao bullying por exemplo solucionar conflitos de modo construtivo e respeitoso bem como auxiliar o outro quando for o caso TOMADA DE DECISÃO RESPONSÁVEL Preconiza as escolhas pessoais e as interações sociais de acordo com as normas os cuidados com a segurança e os padrões éticos de uma sociedade Fonte Elaborado pelas autoras com base em Brasil 2018 O grande desafio que se configura atualmente é investir nas competências cognitivasacadê micas e também nas socioafetivas Quanto a essa questão o CASEL GUIDE 2015 aponta que investir em ambas beneficia o aluno não apenas no desenvolvimento dessas competências mas também no desempenho escolar de modo geral e na manutenção de uma sociedade prósocial Portanto para que sejam trabalhadas no contexto escolar do aluno do século XXI devem ser o foco de qualquer proposta curricular que venha a ser parametrizada a partir da BNCC Em alguns estudos internacionais os pesquisadores classificam competências como habilida des A pesquisa sobre habilidades socioemocionais deu início com a comparação entre indiví 84 Base nacional comum curricular BNCC e as competências sócioafetivas uma revisão bibliográfica Revista Construção Psicopedagógica 32 33 7789 duos de perfil familiar com baixa renda residentes em Michigan na América do Norte dividi dos em dois grupos um deles composto por crianças de 3 a 5 anos participantes do programa Perry Preschool Project que tinha como propósito o desenvolvimento socioemocional das crianças com as mesmas características Os resultados apresentaram diferenças relevantes na vida adulta nas chamadas habilidades não cognitivas apresentando menores taxas de aban dono escolar baixo índice de desemprego baixo percentual em envolvimentos com o crime e menor número de gravidezes na adolescência A conclusão foi que mesmo sem ter afetado o desempenho medido em testes de QI o projeto Perry havia sido bemsucedido ao ensinar seus alunos desde os primeiros anos de escola a trabalhar melhor em grupo ter maior controle de suas emoções e mais persistência e organização para execu tar tarefas PONTES 2013 apud ABED 2014 p 110 As escolas têm mais alcance do que simplesmente desenvolver competências socioafetivas para os estudantes Programas que atingem toda a comunidade escolar professores gesto res e familiares trazem amplo benefício Estudos apontam que programas de apoio aos pais auxiliam na redução dos índices de criminalidade violência gravidez precoce subemprego entre outros Em uma sociedade como a nossa em que os alunos passam desde a mais tenra idade várias horas de suas vidas na escola tempo que está sendo ampliado em algumas escolas chamadas de escolas de tempo integral É muito importante pensar no ambiente escolar e como os alunos serão recebidos sem esquecer da saúde mental e física dos estudantes Uma escola suficiente mente boa com professores suficientemente bons é uma possibilidade das muitas alternativas para combater dificuldades advindas de condições familiares e sociais marcadas por carências dentre elas carência alimentar carências materiais e afetivas Nesse contexto um professor mediador usa diferentes estratégias instrumentos e diferentes linguagens para ganhar a simpatia dos seus alunos mas para que isso aconteça o professor precisa ter pleno conhecimento das competências socioafetivas e saber aplicálas de forma con creta Assim mais do que múltiplas inteligências o ser humano seria dotado de diferentes estilos de ser no mundo diferentes formas de aproximação elaboração e apreensão da reali dade ABED 2014 p 75 As competências socioafetivas no contexto escolar promovendo aprendizagem eficaz Em primeiro lugar é necessário mudar a visão do educador de transmissor de aulas para um educador mediador em suas aulas sendo o último um provedor de inúmeras possibilidades significativas para a aprendizagem permitindo que os educandos participem dessa construção do saber como coautores do conhecimento Meier e Garcia 2007 oferecem ao professor algumas diretrizes bastante instrumentais para refletir sobre as características que fazem de um ensinante um mediador de qualidade Intencionalidade e reciprocidade objetivos claros do professor metas transformadas em ações concretas para alcançar o processo de aprendizagem A clareza do que e a quem pretende atingir que orientam o como de suas ações GARCIA et al 2012 p 22 Significado trazer clareza ao conceito e sua associação com outras áreas de conhecimento e da vivência humana Revista Construção Psicopedagógica 32 33 7789 85 Denise DAuriaTardeli Eliane Queiroz Cunha Pralon Patrícia Margarida Coelho Conteúdos vazios de significado são facilmente esquecidos Para que a verdadeira aprendi zagem se dê é preciso que o aluno construa o seu próprio conhecimento revestindoo de senti dos pessoais o que por sua vez mobiliza a afetividade tanto do professor como dos alunos ABED 2014 p 60 Transcendência transpor o comum e articular outros saberes ao contexto atual da aprendiza gem aplicandoos à vida Mediar a transcendência é atuar de maneira consciente e intencional de forma a promover a meta cognição do aluno ou seja o pensar sobre o próprio pensamento que faz com que ele reflita sobre como relacionar aquilo que está sendo estudado no momento com outros saberes com outras situ ações com outras esferas da vivência humana ABED 2014 p 61 Competência Sentimento de capacidade valorizando autoestima motivação e esforço frente aos desafios da vida Preparo de aulas consistentes de conteúdo linguagem atividades e avalia ções nas seguintes perspectivas segundo a idade interesses e capacidades é importante que o professor ofereça feedbacks não só em relação às habilidades cognitivas envolvidas por exemplo interpretar corretamente a tarefa colher os dados e acionar os conhe cimentos disponíveis necessários à sua execução mas também às habilidades socioemocionais como a capacidade de controlar a ansiedade prestar atenção e concentrarse na execução ABED 2014 p 62 Regulação e controle do comportamento auxilia o educando no que diz respeito à intensi dade de suas ações em detrimento das situações experienciadas e a prática de pensamentos autorreflexivos Tanto os alunos muito impulsivos que começam uma atividade muito rapidamente sem compreen dêla quanto os alunos que paralisam que ficam sem ação diante da tarefa precisam tomar consci ência do seu modo de agir para poder planejar com mais eficiência de acordo com as características da situação e da tarefa os tempos para parar refletir e agir ABED 2014 p 63 Compartilhar essa característica tem uma alta abrangência dividir o que se sabe e saber falar de forma segura e clara suas intensões compartilhar é a arte de aceitar o compartilhado do outro seja para necessidades pessoais grupais ou até para situações conflituosas Promover situações de debates e trocas de ideias em sala de aula promove nos alunos o desenvolvi mento dessas e muitas outras habilidades de convívio social além de permitir ao professor ter acesso à forma de ser dos seus alunos A maneira como cada um se coloca no grupo expressa seus conheci mentos ideias valores opiniões impressões sentimentos posicionamentos dúvidas inquietações e tantos outros componentes do seu mundo interno ABED 2014 p 64 Individuação e diferenciação psicológica essa característica acaba sendo uma completude do compartilhar e é de suma importância que o educando tenha conciência da sua individuali dade e a do outro A riqueza da diversidade humana está justamente nesse duplo aspecto de sua condição simultaneamente social constituído nas e pelas relações e único ABED 2014 p 64 É nesse aspecto que percebemos o quanto é saudável aos indivíduos valorar as diferenças evitando comparações e estimulando o desenvolvimento da sua personalidade sem descuidar da adequação com as regras de convivência social Planejamento e busca por objetivos Quando não se sabe para onde vai qualquer caminho serve O ato de planejar ajudará o educando a identificar metas e traçar estratégias para concretizálas lembrando que para todo projeto é preciso de um olhar a curto médio e longo prazo favorecendo o seu alcance 86 Base nacional comum curricular BNCC e as competências sócioafetivas uma revisão bibliográfica Revista Construção Psicopedagógica 32 33 7789 O planejamento envolve diversas habilidades cognitivas como a análise das condições e recursos disponíveis a antecipação por meio de imagens mentais e o levantamento de hipóteses e também socioemocionais como motivação perseverança autocontrole para postergar a satisfação de um desejo imediato em prol de um objetivo maior e resiliência para suportar os percalços do caminho e aprender com eles ABED 2014 p 66 Procura pelo novo e pela complexidade a vida sempre trará desafios aos indivíduos mas se nessa perspectiva promovermos desafios aos educandos e possibilidades de pequenos enfrenta mentos desconhecidos poderemos ter ganhos no futuro com uma sociedade mais determinada a concretizar seus planos Incentivar os alunos a enfrentar o novo desconhecido e o complexo desafiante estimula a curio sidade intelectual e o prazer pelo aprender em si mesmo Implica em desenvolver a humildade e a aceitação dos próprios limites que ao invés de paralisar deveriam instigar a busca constante de ampliação dos recursos internos e enriquecimento pessoal ABED 2014 p 67 Consciência de modificabilidade o educador faz todas as intervenções com as mais diversas metodologias possíveis pois desistir nunca será papel do mediador Acreditar na transformação implica em estar disposto para recomeçar com novas possibilidades Não descansar da busca por caminhos recursos e estratégias que possam atingir cada um de seus alunos e colaborar com o seu desenvolvimento ABED 2014 p 67 Escolha pela alternativa positiva quando nos antecipamos a eventuais dificuldades programa mos estratégias para superálas descartando o desânimo e a desistência Quando alguém opta por um caminho pessimista não se esforça não trabalha não inicia o caminho da conquista dos objetivos a inércia paralisa GARCIA et al 2013 p 34 Sentimento de pertença promover ações que fortaleçam a consciência de seus grupos de per tencimento lugar fundamental para pertencer por ser essencial e único ajudar o aluno a construir a sua personalidade por meio da escolha e do reconhecimento dos grupos com os quais pode se identificar ABED 2014 p 69 Construção do vínculo construir vínculos entre educador e educando é de grande relevância no processo da construção socioafetiva Partindose do pressuposto amplamente ancorado pelos autores da abordagem interacionista de que a aprendizagem humana é relacional Meier e Garcia ressaltam a importância de um bom vínculo sem o qual nenhum outro critério de mediação será eficiente ABED 2014 p 7071 A sala de aula não é um ambiente para terapias muito menos um local para diagnosticar ou tratar o que quer que seja mas é o local onde se resgatam aspectos da vivência humana Ao invés de ignorála o ideal seria estar atento às sensações emoções sentimentos pensamentos e ações do dia a dia do educando Enfim cuidar do que há de melhor nos indivíduos ao longo do pro cesso do aprender a fazer mas acima de tudo aprender a ser são favorecidos com o desenvol vimento das competências socioafetivas Os investimentos educacionais precisam passar por todas as vertentes da educação com pro fessores para a construção do educador capazes de mediar o comprometimento responsável atuando nas múltiplas inteligências e nos diversos estilos cognitivos e afetivos do educando sem deixar de lado o fato de que ele faz parte do processo e precisa ter um olhar para si e é nesse olhar que encontrará a maneira mais assertiva para facilitar o desenvolvimento global de forma intencional Revista Construção Psicopedagógica 32 33 7789 87 Denise DAuriaTardeli Eliane Queiroz Cunha Pralon Patrícia Margarida Coelho Na sua prática de sala de aula o professor possui uma coisa que lhe é única a sua vivência o seu fazer pedagógico O professor pode e deve ser um pesquisador de sua própria ação um profissio nal que faz e que reflete e teoriza sobre o seu fazer Pensar o conhecimento como multifacetado ao invés de verdades absolutas liberta o professor para construir conhecimentos integrando a sua prática aos suportes teóricos que o ajudem como diria Edgar Morin a explicála e a com preendêla O professor na visão pósmoderna não é simplesmente um técnico transmissor de informações é um educador que cultiva a criação e a transformação dos saberes nos alunos e em si mesmo ABED 2014 p 132 Mais do que nunca é preciso olhar para o ambiente de formação pois é lá que estão os futuros professores que precisam sair conscientes de que os conceitos cognitivos são de suma impor tância para a sua formação e além disso cabe aos professores construírem uma diversidade de possibilidades da aprendizagem de seus educandos tornandoos competentes em suas ati vidades Será o comprometimento e o encantamento pelo ensinar que poderá inspirar os seus alunos para o apreender Posto isso o estudo do currículo da formação dos professores nos permite compreender que existe um processo que acontece muito antes da prática docente é o movimento no qual se marcam os sujeitos professor e aluno na construção das relações mediadas pelo conhecimento das competências socioafetivas Considerações finais A partir do desenvolvimento desta pesquisa foi possível alcançar o primeiro objetivo pois a partir da compreensão da implatação da BNCC depreendemos como a competência socioemo cional quando trabalhada em sala de aula possibilita uma aprendizagem completa cognitiva e afetiva para o aluno O segundo e terceiro objetivo também foram alcançados Entendermos que a regulação emo cional e as habilidades sociais educativas são variáveis que se influenciam mutuamente A hipótese desta pesquisa também foi confirmada uma vez que a habilidade do professor em conhecer suas emoções e a forma como as regula auxiliam na orientação de seus alunos assim como em saber utilizar suas emoções para servir como modelo Controle de impulsos estratégias consciência clareza e saber seu objetivo ajudam o professor a entender o que os alunos despertam nele e possa ser efetivo no manejo de seus comportamentos JUSTO ANDREATTA 2020 p 106 A metodologia bibliográfica e arcabouço teórico foram suficiente para o desenvolvimento dessa pesquisa A pergunta que direcionou este estudo também foi respondida pois foi pos sível depreender quais são as competências socioafetivas indicadas na BNCC a saber auto consciência autogestão consciência social habilidades de relacionamento e tomada de deci são responsável Verificamos ainda que segundo a BNCC é de suma importância Conhecerse apreciarse e cuidar de sua saúde física e emocional compreendendose na diversidade humana e reconhe cendo suas emoções e as dos outros com autocrítica e capacidade para lidar com elas BRASIL 2018 p 10 Os resultados alcançados neste estudo evidenciam que a partir da compreensão da BNCC é possível constatar que a ampliação cognitiva está interligada às questões socioafetivas e que o estudo sobre as competências socioemocionais são de extrema necessidade tanto para o ambiente escolar quanto para a sociedade o ampara que tenhamos cidadãos críticos e cons 88 Base nacional comum curricular BNCC e as competências sócioafetivas uma revisão bibliográfica Revista Construção Psicopedagógica 32 33 7789 cientes de seu papel capazes de lidar com suas próprias emoções usandoas para criar soluções e melhorias para a coletividade como um todo Sabemos que ainda há muito para se refletir sobre o tema BNCC e Competências Socioemocio nais mas estamos atentos a debater aprender e discutir sobre a temática que nos convoca do inteligível ao sensível Referências ABED Anita L Z O desenvolvimento das habilidades socioemocionais como caminho para a aprendizagem e o sucesso escolar de alunos da educação básica São Paulo UNESCOMEC 2014 Disponível em httpportalmecgovbrindexphpoptioncom docmanviewdownloadalias15891habilidadessocioemocionaisproduto1 pdfItemid30192 Acesso em 26 set 2022 BRASIL Ministério da Educação Base Nacional Comum Curricular ensino médio Brasília 2018 Disponível em httpbasenacionalcomummecgovbrimageshistoricoBNCC EnsinoMedioembaixasite110518pdf Acesso em 26 set 2022 BRASIL Presidência da República Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 1988 Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03ConstituicaoConstituicaoCompilado htm Acesso em 26 set 2022 CASEL GUIDE Effective social and emotional learning programs middle and high school edition 2015 Disponível em httpswwwpeacemakerresourcesorguploads559155916565 caselsecondaryguidepdf Acesso em 26 set 2022 GARCIA Sandra R org ABED Anita SOARES Tufi DONNINI S Saltos de aprendizagem o percurso de uma metodologia inovadora em educação São Paulo Mind Lab Brasil INADE 2012 Disponível em httpseducador360comwpcontentuploads201701 1470257389artigosaltosaprendizagempdf Acesso em 26 set 2022 GIL Antônio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa São Paulo SP Atlas 2002 GOLEMAN Daniel Inteligência emocional Rio de Janeiro Editora Objetiva c1995 GUSDORF Georges Professores para quê Para uma pedagogia da pedagogia Lisboa Moraes Editores 1970 JUSTO Alice R ANDREATTA Ilana Competências socioemocionais de professores avaliação de habilidades sociais educativas e regulação emocional Psicologia da Educação São Paulo n 50 p 104113 2020 Disponível em httppepsicbvsaludorgpdfpsien50n50a11pdf Acesso em 26 set 2022 MEIER Marcos GARCIA Sandra Mediação da aprendizagem contribuições de Feuerstein e Vygotsky Curitiba Edição do Autor 2007 MORENO Montserrat SASTRE Genoveva et al Falemos de sentimentos a afetividade como um tema transversal Tradução de Maria Cristina de Oliveira São Paulo Editora Moderna 1999 Revista Construção Psicopedagógica 32 33 7789 89 Denise DAuriaTardeli Eliane Queiroz Cunha Pralon Patrícia Margarida Coelho PRALON Eliane Queiroz Cunha Formação docente O estudo das competências socioemocionais e suas contribuições no processo de ensino e aprendizagem no período de formação inicial 2021 113 f Dissertação Mestrado Programa de Educação Universidade Metodista de São Paulo São Paulo 2021 SAVIANI Dermeval História das ideias pedagógicas no Brasil 4 ed Campinas Autores Associados 2013 UNDIME Carta do 6º fórum Nacional extraordinário da UNDIME Disponível em httpsundimeorgbrnoticiacartado6oforumnacionalextraordinariodaundime Acesso em 26 set 2022 ARTIGOS Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 69 RECORTES DE UM PROJETO PSICOPEDAGÓGICO TRANSDISCIPLINAR EM SALA DE AULA MEDIADO POR RECURSOS ARTETERAPÊUTICOS E DIÁLOGOS COM DIFERENTES ESTILOS COGNITIVOSOCIOAFETIVOS Olga Maria de Souza1 Sedes Sapientiae SP Eloisa Quadros Fagali2 Sedes Sapientiae SP RESUMO Este artigo traz recortes de uma pesquisa sobre o processo de aprender e de ensinar em sala de aula apresentada em uma monografia de Psicopedagogia durante o curso de Psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientiae A pesquisa teve como objetivo aplicar e avaliar um projeto de ensino e aprendizagem de natureza inter e transdisciplinar desenvolvido em sala de aula com crianças de 7 a 8 anos matriculadas no terceiro ano de uma escola particular da cidade de São Paulo Os recursos psicopedagógicos e arteterapêuticos foram aplicados pelo professor utilizando ele mentos lúdicos recursos arteterapêuticos e contos explorando as relações afetivas entre crian ças e professor as autopercepções das crianças e o desenvolvimento da linguagem nãoverbal e verbal integrada ao pensamento e à expressão criativa O planejamento e as análises das práticas fundamentaramse nas concepções sobre projeto integrativo transdisciplinar nos pen samentos teóricos de Vigotsky Wallon Carl Jung e Fagali que apresentam diferentes formas de aprender utilizando as relações afetivas e as diferentes formas de pensar criar imaginar e sentir reveladas nos diferentes estilos cognitivosocioafetivos de aprendizes e professores Palavraschave Ensinoaprendizagem Transdisciplinaridade Afetividade Estilos cognitivo socioafetivos Arteterapia Psicopedagogia 1 Olga Maria de Souza professora psicopedagoga arteterapeuta e pesquisadora 2 Eloisa Quadros Fagali doutora em Psicologia psicóloga pedagoga psicopedagoga e arteterapeuta Pesquisadora e orientadora de monografia do curso de Psicopedagogia e de Arteterapia do Instituto Sedes Sapientiae e da Pontifícia Universidade Católica SP 70 Recortes de um projeto psicopedagógico transdisciplinar em sala de aula mediado por recursos arteterapêuticos e diálogos com diferentes estilos cognitivosocioafetivos Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 CUTOUTS OF A TRANSDISCIPLINARY PSYCHOPEDAGOGICAL PROJECT IN A CLASSROOM MEDIATED BY ARTETHERAPEUTIC RESOURCES AND DIALOGUES WITH DIFFERENT COGNITIVESOCIOAFFECTIVE STYLES ABSTRACT This article presents excerpts from a research about the learning process and the use of the class room in the classroom the reception of a psychopedagogy monograph during the psychopeda gogy course at Instituto Sedes Sapientiae A research aimed to apply and evaluate an inter and transdisciplinary teaching and learning project developed in the classroom with children from 7 to 8 years old enrolled in the third year of a specific school in the city of São Paulo The psy chopedagogical and art therapy resources were used by the teacher using playful elements art therapy resources and tales exploring how affective relationships between children and teachers such as childrens selfperceptions and nonverbal and verbal language development integrated with thinking and strategic description The planning and analysis of practices based on conceptions of integrated transdisciplinary design in the theoretical thoughts of Vigotsky Wallon Carl Jung and Fagali which show different ways of learning using affective relationships and the different ways of thinking creating imagining and feeling revealed in different cogni tivesocioaffective styles of learners and teachers Keywords Teachinglearning Transdisciplinarity Affectivity Cognitivesocioaffective styles Art therapy Psychopedagogy Introdução É de grande relevância aplicar as práticas e teorias psicopedagógicas na situação de aprendiza gem em sala de aula em que o professor com um olhar e postura psicopedagógicos situase como mediador nas relações afetivas e na aprendizagem das crianças O diálogo com o outro alunos e professor requer cuidados com a dinâmica relacional afetiva em que aprendizes alunos e professores complementamse em função das identidades e das diferenças mobi lizando assim o real movimento de inclusão que respeita as singularidades de cada um e suas dificuldades valorizando suas capacidades Os recursos arteterapêuticos integrados às praticas psicopedagógicas abrangem as expressões criativas e aprendizagem individuais bem como as coletivas na partilha com o outro com trocas de conhecimentos e de expressões verbais e nãoverbais Outro aspecto de grande importância para a aprendizagem e o processo de ensino referese ao desenvolvimento de projetos integrativos inter e transdisciplinares envolvendo os temas trans versais em que se interconectam as diferentes áreas de conhecimento sem deixar de lado as integrações entre afeto elaboração de conceito processo de alfabetização desenvolvimento da linguagem nãoverbal e verbal e da expressão espontânea e criativa dos alunos O projeto de pesquisa aplicado em sala de aula desenvolveuse e foi se desdobrando no decorrer das experiências das crianças e do professor que criou condições de ensino e aprendizagem Foram considerados os seguintes eixos teóricopráticos para o desenvolvimento das práticas e análises da pesquisa Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 71 Olga Maria de Souza e Eloisa Quadros Fagali 1 Aplicação e análise de um projeto psicopedagógico integrado transdisciplinar que facili tasse a integração dos conhecimentos e dos conceitos assimilados pelos alunos 2 A construção dos vínculos afetivos entre professor e alunos que possibilitava diálogo com as emoções e trocas interpessoais facilitando o processo de ensinar e de aprender 3 O diálogo e as trocas de experiências entre diferentes estilos cognitivosocioafetivos que possibilitaram o exercício e desenvolvimento das sensações percepções imagina ções e intuições pensamento linguagem e expressões criativas dos aprendizes aluno e professor 4 Utilização das atividades artísticas e diálogos com as representações simbólicas dos con tos e dos textos e dos desenhos das crianças que ampliavam as expressões criativas e a aprendizagem 5 Desenvolvimento da autopercepção por meio das expressões simbólicas em que o aprendiz mobilizava conteúdos inconscientes projetando seus sentimentos dialogando com as emoções e desenvolvendo as habilidades sociais com destaque para o respeito às diferenças No processo da pesquisa foi possível analisar e aplicar um projeto integrativo interdisciplinar e transdisciplinar a partir da a dinâmica de aprendizagem em sala de aula enriquecida pelas mediações arteterapêuticas pelas consolidações das relações afetivas entre alunos e professor e por diferentes explorações sobre formas de pensar sentir imaginar criar e aprender respei tando as diferenças dos estilos cognitivossocioafetivos dos alunos Além disso explorar diferentes condições de aprendizagem mediadas pela arteterapia Apli car um projeto interdisciplinar e transdisciplinar que possibilite experiências sensoriais subjeti vas e imaginativas bem como o desenvolvimento do pensamento e da linguagem das crianças Desenvolver a autopercepção dos aprendizes como capazes de superar suas dificuldades e de aprender por meio do diálogo com as diferenças E fazer um levantamento bibliográfico sobre os fundamentos teóricos em relação aos projetos integrativos interdisciplinares e à importância das relações afetivas e do diálogo com as diferenças integrando linguagem nãoverbal e verbal pensamento e expressão criativa dos aprendizes Quanto a metodologia ela baseiase em pesquisa bibliográfica sobre os fundamentos dos eixos de análise segundo as concepções teóricas já destacadas em parágrafos anteriores e na apre sentação de vivências pedagógicas de sala de aula com o intuito de se realizar uma releitura psicopedagógica de experiências vividas em sala da aula Os sujeitos da pesquisa foram os alunos da pesquisadora que exerce função de professora com um olhar e uma postura psicopedagógicos e arteterapêuticos São 14 alunos cinco meninos e nove meninas de 7 a 8 anos que cursam o terceiro ano do ensino fundamental de uma escola particular religiosa da cidade de São Paulo O espaço da pesquisa é de sala de aula na qual se desenvolveram os projetos integrativos tendo como meta a criação de condições de aprendizagem mais enriquecedoras e que possibilitaram o melhor desempenho dos alunos considerando o desenvolvimento das relações interpessoais a promoção do autoconhecimento e a assimilação dos conceitos com adaptações criativas do professor junto com as crianças 72 Recortes de um projeto psicopedagógico transdisciplinar em sala de aula mediado por recursos arteterapêuticos e diálogos com diferentes estilos cognitivosocioafetivos Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 Fundamentação teórica a importância do projeto integrativo inter e transdisciplinar O projeto integrativo adotado na pesquisa como objeto deste artigo ressalta a prática da inter disciplinaridade ao integrar os conceitos das diferentes áreas do conhecimento superando as fragmentações dos saberes Também destaca a transdisciplinaridade que ultrapassa a assimi lação dos conceitos das diferentes disciplinas ao focalizar os temas transversais associados às questões existenciais sociais e emocionais do ser humano e em particular das crianças Edgar Morin apud FAGALI 2001 nos adverte sobre as fragmentações do homem do conheci mento e do ensino propondo uma visão mais complexa do conhecimento e da prática educativa Essa visão envolve a dialógica entre os saberes e o religar ou a reintegração do homem que se apresenta fragmentado no momento contemporâneo Um dos aspectos da dinâmica do apren der que possibilita esta reintegração do aprendiz referese à expressão das emoções na situ ação de aprendizagem e o desenvolvimento das relações afetivas entre alunos e professores Desenvolvimento das relações afetivas na relação de aprendizagem alunosprofessorpsicopedagogo Segundo Wallon apud ALEXANDROFF 1998 TAGLIAFERRO 2005 a emoção é uma linguagem que se revela na criança antes da linguagem verbal quando o corpo toma forma e consistên cia portanto são estados subjetivos com componentes orgânicos que provocam alterações na mímica facial na postura e na topografia dos gestos LEITE TAGLIAFERRO 2005 p 248 O referido autor ressalta que as emoções presentes nas relações afetivas têm uma função cen tral do desenvolvimento humano por serem mobilizadoras da evolução da consciência de si por isso essa função é conceituada como um fenômeno psíquico e social além do orgânico A afetividade vai além das emoções orgânicas primárias e pode se expressar de diversas formas durante o desenvolvimento da linguagem não verbal e verbal A afetividade constitui um papel fun damental na formação da inteligência de forma a determinar os interesses e necessidades individu ais do indivíduo Atribuise às emoções um papel primordial na formação da vida psíquica um elo entre o social e o orgânico ALMEIDA 2008 p 73 Considerando a aprendizagem na escola o referido autor assinala que esta deveria propor cionar formação integral intelectual afetiva e social e que as expressões das emoções e a dinâmica das relações afetivas constituem um papel fundamental na formação da inteligência e no desenvolvimento da linguagem que se integra à constituição do pensamento e da Psique da criança Influências sociais históricas e culturais na linguagem e no pensamento e constituição do caráter do aprendiz Segundo Vigotsky apud MURRAY 1993 o desenvolvimento da linguagem integrada ao pensamento e a constituição do caráter são influenciados pelos valores e hábitos culturais Nesse sentido a história da sociedade na qual a criança se desenvolve e a história pessoal dessa criança são fatores cruciais que vão determinar sua forma de pensar Nesse processo de desenvolvimento cognitivo a linguagem tem papel fundamental na determinação de como a criança vai aprender a pensar uma vez que formas avançadas de pensamento são transmitidas à criança por meio de palavras MURRAY 1993 Portanto a apropriação da linguagem oral Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 73 Olga Maria de Souza e Eloisa Quadros Fagali ou escrita é possibilitada pelas estimulações do meio pela intercomunicação entre crianças e os mediadores de aprendizagem Se a criança estiver sempre mergulhada nas atividades da escrita com interlocutores a interiori zação deste conhecimento se dará sem traumas e a criança se apropriará de uma linguagem signi ficativa A interação com adultos letrados que possam responder às atitudes da criança para com a escrita interpretandoas como significativas dandolhes sentido é se não imprescindível pelo menos importante para que a criança constitua a escrita como objeto de sua atenção e conhe cimento É por isso que o contexto sociocultural letrado é facilitador do processo de alfabetização GABARDO1997 p 26 Segundo Vigotsky 1989a a distância ou espaço entre o nível de desenvolvimento real e o desenvolvimento potencial da criança denominase zona de desenvolvimento proximal ZDP Referese a um momento e espaço de aprendizagem em que a constituição cognitiva e psíquica está em processo de construção pelos brotos ou flores do desenvolvimento em vez de frutos 1989a p 97 Os frutos constituem o desenvolvimento real e sinalizam os avanços do desen volvimento da linguagem integrado ao pensamento e à constituição psíquica da criança Segundo Fagali 2007 os diálogos interpessoais em que se apresentam na dinâmica do aprender garantidos pela confiança o respeito às capacidades e limites da criança bem como o desenvolvimento do autoconhecimento possibilitam esses avanços da aprendizagem e do desenvolvimento integral tanto da criança como do profissional Portanto essa passagem da condição de aprendizagem que transita do desenvolvimento potencial para o desenvolvimento real requer uma relação interpessoal afetiva entre professor e alunos e o desenvolvimento do autoconhecimento tanto da criança aprendiz como do professor eou psicopedagogo Fagali 2007 p 62 ressalta que a aprendizagem que envolve a afetividade requer um movimento do olhar de quem ensina ou orienta possibilitando o autoconhecimento de si próprio e do outro aprendiz A referida autora ressalta a importância dos recursos da arteterapia para a ampliação da dinâmica afetiva integrada ao desenvolvimento do pensamento e de diferentes linguagens sejam as verbais sejam as nãoverbais Os procedimentos psicopedagógicos ampliaramse com as atividades arteterapeuticas Importância dos recursos da arteterapia As atividades e criações artísticas abrem com mais facilidade caminhos para o tratamento de conflitos ou problemas emocionais e de aprendizagem e para o desenvolvimento da linguagem e do pensamento Constatase que as expressões artísticas mobilizam e encorajam os clientes ou aprendizes a se autoperceberem e irem à busca da comunicação com o outro e com os dife rentes objetos de conhecimento Portanto a arteterapia demonstra eficiência nas mediações arteterapêuticas e no processo de aprendizagem Fagali 2005 ressalta a integração dos recursos arteterapêuticos nas mediações psicopedagógi cas enfatizando que este casamento entre psicopedagogia e arteterapia deu certo são como estrelas de uma constelação As diferenças de uma em relação à outra diz respeito ao foco de atenção ao estudar a dinâmica relacional eu outro valorizando a construção criativa A arteterapia focaliza essencialmente as questões sobre a postura e os fundamentos terapêuticos considerando o aprofundamento do fazer e do refletir das artes plásticas e de outros recursos expres sivos A psicopedagogia direciona sua atenção para as questões sobre a postura do educador que necessita de um olhar terapêutico considerando o fundamento desta construção na dinâmica do aprender FAGALI 2005 p 26 74 Recortes de um projeto psicopedagógico transdisciplinar em sala de aula mediado por recursos arteterapêuticos e diálogos com diferentes estilos cognitivosocioafetivos Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 A referida autora valoriza nas práticas psicopedagógicas a importância das artes e represen tações simbólicas As representações simbólicas que emergem das expressões plásticas podem revelar os conteúdos emocionais e as singularidades de cada aprendiz de acordo com sua forma de pensar sentir e adap tarse ao meio diante das solicitações que se nos apresentam diferentes contextos de aprendizagem e das experiências existenciais FAGALI 2005 p 26 Selma Ciornai define Arteterapia como um termo que designa a utilização de recursos artísticos em contextos terapêuticos Esta definição é ampla pois pressupõe que o processo do fazer artístico tem o potencial de cura quando o cliente é acompa nhado pelo arteterapeuta experiente que com ele constrói uma relação que facilita a ampliação da consciência e do autoconhecimento possibilitando mudanças A arteterapia pode ser desenvol vida em diferentes contextos terapêuticos Assim os recursos de atividades arteterapêuticas permi tem a expressão do não verbalizável oferecendo ao cliente um leque de possibilidades de perceber sentir e expressar criativamente CIORNAI 2004 p 7 Nas situações de aprendizagem em sala de aula a escuta e o olhar cuidadoso para cada criança respeitando suas singularidades e criatividades possibilitam a expressão espontânea infantil quando utilizam os recursos plásticos e mobilizam o imaginário e as sensações bem como os sentimentos dos aprendizes No presente projeto as atividades lúdicas psicopedagógicas integradas aos recursos artete rapêuticos atividades de expressões plásticas recursos cromáticos desenhos atividades em argila ou massinha bem como as narrativas dos contos facilitaram o desenvolvimento da lin guagem e da elaboração mental a ampliação da autopercepção a avaliação de atitudes e o respeito ao outro Fagali 2000 2019 destaca pesquisas e análises de projetos integrativos psicopedagógicos mediados pelos recursos arteterapêuticos considerando o diálogo e respeito às diferenças em relação às expressões criativas do aprendiz e às suas múltiplas formas de pensar expressar suas emoções elaborar seus sentimentos e aprender Os referidos projetos de pesquisa apro fundam as elaborações teóricas e observações sobre as variações de acordo com os diferentes estilos cognitivosocioafetivos que os aprendizes e professores revelam na experiência de apren der e de ensinar Os estilos cognitivosocioafetivos diferenças de percepção pensamento motivações expressões emocionais e comportamento Segundo Fagali 2000 2019 nas mediações de aprendizagem o professor ou terapeuta deve respeitar as singularidades dos aprendizes em relação às suas expressões criativas capacidades gêneros de linguagem e formas de pensar e de sentir conforme diferentes estilos cognitivoso cioafetivos dos aprendizes professores eou psicopedagogos Os diferentes estilos cognitivosocioafetivos se distinguem segundo traços mentais psíquicos e variações das experiências o estilo sensorial concreto que apresenta a atenção focada capa cidade de memorização mecânica e ações práticas mobilizadas pelo pensamento utilitário e concreto o estilo intuitivo com grande capacidade de imaginar e de criar demonstrando o uso da atenção mais global e panorâmica e que memoriza por associações de imagens e ideias o estilo subjetivo que apresenta grande capacidade de expressar e de elaborar emoções desen volvendo com facilidade as avaliações das atitudes próprias e do outro com ênfase na ética e Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 75 Olga Maria de Souza e Eloisa Quadros Fagali moral o estilo pensamento lógico mais racional com capacidade intelectual e facilidade de desenvolver os conceitos até o nível da abstração e das relações lógicas Do ponto de vista semântico a palavra derivada do latim stilus se associa à feição especial ou ao caráter de uma produção escrita ou à maneira especial de exprimir os pensamentos e de expressar na escrita o significado de estilo ampliase associando a uma forma do sujeito se revelar no seu contato consigo próprio e com o outro Relacionase a uma forma de captar e processar a realidade usando predominantemente um tipo de pensamento ou inteligência um jeito próprio de expressar mediado por uma determinada linguagem verbal ou não verbal uma tendência a utilizar determinados padrões comportamentais e mecanismos de natureza afetiva ao dialogar com as emo ções FAGALI 2000 p 16 Fagali em parceria com Lacave 2013 ressalta suas pesquisas e práticas psicopedagógicas e arteterapêuticas identificando os diferentes estilos de heróis das narrativas A ampliação do autoconhecimento do aprendiz e sua percepção do mundo ocorrem ao dialogar sobre as sagas e tarefas dos heróis Ao projetar seus sentimentos sobre os heróis e suas tarefas ele busca atra vessar seus limites e dificuldades articulando coragem e capacidade de agir no mundo real em que vive O presente projeto psicopedagógico desenvolvido criou condições de aprendizagem que possi bilitaram o desenvolvimento dessas diferentes capacidades e predisposições mentais e psíqui cas predominantes em cada estilo experiências sensoriais com atenção focada ativaram a per cepção e habilidade para atividades concretas atividades a partir dos contos e sensibilizações mobilizaram o imaginário a intuição e a criatividade das crianças exercícios que requerem o uso do pensamento lógico ativaram o processo de assimilação e acomodação dos conceitos bem como elaborações do pensamento por meio de experiências apoiadas em diferentes canais sen soriais do tato da audição e da visão Os diálogos e trocas das vivências ativaram as avaliações subjetivas os contatos com emoções o desenvolvimento da autoestima e atitudes de respeito ao outro As pesquisas sobre esses diferentes estilos e capacidades do homem derivaram dos estudos ana líticos de Carl Jung sobre tipos psicológicos que envolvem a dinâmica psíquica do ser humano as interrelações entre conteúdos inconscientes e conscientes e o processo de desenvolvimento da psique segundo diferentes formas de pensar sentir e expressar facilitadas pelos recursos das atividades e expressões artísticas A dinâmica entre inconsciente e consciente mobilizada pela imaginação e expressões simbólicas Carl Jung 1987 psiquiatra que fundou a escola analítica valorizava as expressões artísticas como função psicológica natural e estruturante que tem o poder de cura por possibilitar elabo ração consciente dos conflitos e o poder da imaginação que possibilita recriar realidades Esses conteúdos vêm à consciência por meio das representações simbólicas presentes nas diferentes artes com representações figurativas sonoras e narrativas míticas metáforas semelhantes ao que emerge nos sonhos Jung recomendava aos seus pacientes que desenhassem e pintassem livremente seus sonhos sentimentos conflitos para trazer à consciência revelações sobre os conflitos emocionais e movimentos psíquicos as quais possibilitavam elaboração ampliada e insights intuitivos sobre saídas para os problemas e dificuldades bem como descobertas de novas possibilidades de ser e de existir sem imposições de interpretações do terapeuta Portanto segundo o pensamento ana lítico as atividades artísticas apresentam representação simbólica que pode gerar a integração 76 Recortes de um projeto psicopedagógico transdisciplinar em sala de aula mediado por recursos arteterapêuticos e diálogos com diferentes estilos cognitivosocioafetivos Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 das pessoas diante das fragmentações emocionais mentais e de comportamento humano Para Jung a cura implica na autoconsciência do homem em busca da sua integração libertandose das reduções geradas pelas cisões e fragmentações da psique geradoras da doença Nise da Silveira afirma o seguinte No mistério do ato criador o artista mergulha até as funduras imensas do inconsciente Ele dá forma e traduz na linguagem do seu tempo as intuições primordiais e assim fazendo torna acessível a todos as fontes profundas da vida SILVEIRA 1998 p 161 As imagens que emergem no processo arteterapêutico são as manifestações do Self que é o centro e a totalidade da psique Por meio da expressão plástica os símbolos do inconsciente cooperam para a autorregulação do equilíbrio da totalidade compensando atitudes unilaterais que não estão adequadas ao todo da psique o que por vezes ameaça as necessidades vitais da pessoa Essa compensação é exercida por elementos que faltavam à consciência que a comple tam ou que contrastam com ela Nise da Silveira 1998 acrescenta que Jung compara a obra de arte à criança que se desenvolve no seio materno Se considerarmos a expressão criativa da criança o processo criador consiste na ativação das forças do inconsciente e das emoções e as representações simbólicas podem revelar novas capacidades e faces das pessoas que se integram às já conhecidas Jung conceitua esse desenvolvimento em busca das revelações e integrações da psique com o nome de pro cesso de individuação As expressões artísticas potencializam essa dinâmica da psique em busca de sua integração mobilizada por uma força inconsciente arquétipo que ele denomina Self Jung destaca ainda essa relação da expressão da arte com a problemática e desenvolvimento de psique humana A problemática individual tem tanta relação com a obra de arte quanto o solo com a planta que aí germina Certas particularidades da planta serão evidentemente melhor compreendidas se conhe cermos as condições específicas de seu habitat entretanto ninguém pretende que estes dados sejam suficientes para o conhecimento da planta naquilo que há nela de essencial A planta não é apenas um produto terreno é também um processo fechado vivo e criador cuja essência nada tem a ver com a natureza do terreno JUNG 1981 apud SILVEIRA1998 p 161 As mandalas como representações simbólicas da individuação A palavra mandala tem sua origem na língua sânscrita falada na Índia antiga grupo indoeuro peu e significa círculo o que sugere o movimento em busca do centro Referese a uma figura geométrica em que o círculo está circunscrito em um quadrado ou o quadrado em um círculo Essa representação milenar das mandalas foi retomada por Jung para explicar que é esse movi mento concêntrico circular que possibilita às pessoas se concentrarem indo em direção ao cen tro Jung resgatou essas representações das mandalas para explicar o processo de individuação da psique durante a construção de mandalas as pessoas mobilizam a possível integração da psique em direção ao centro ao eixo principal da alma humana que Jung conceitua como Self Essa busca da integração da essência da psique é um movimento universal do ser humano Esse processo chega ao clímax na maturidade ou na segunda metade de vida do adulto A criança ou o jovem ainda se encontram no processo de desenvolvimento do Ego com necessidade do foco pontual das ações e das capacidades e de se adaptar gradativamente ao meio exigindo o centramento nas particularidades das ações das emoções e dos conceitos Porém na infância já há possibilidade de estimulação para a busca da integração das partes no todo para se bus Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 77 Olga Maria de Souza e Eloisa Quadros Fagali car as compensações das emoções e os balanceamentos entre os diferentes saberes por meio das variações de sensações dos sentimentos e da imaginação É possível portanto o trabalho infantil com mandalas para ampliar a percepção e avaliação subjetiva da criança dialogando com as diferentes capacidades e limites próprios e do outro As atividades com mandalas que consistem em movimentos circulares em direção ao centro possibilitam o exercício da atenção que se desloca da dispersão das partes e do fragmentado para a concentração em direção ao centro As cores e expressões figurativas ou traçados emergem do inconsciente pessoal e cole tivo para a consciência com esta representação simbólica dos círculos concêntricos A intuição e capacidade de se concentrar possibilitam essa dinâmica do inconsciente até as representações simbólicas conscientes trazendo o estado de harmonia concentração e possibilidades de inte gração da Psique Essas expressões presentes na situação de aprendizagem mesmo em sala de aula possibilitam aos aprendizes e professores ampliarem a consciência sobre o poder de se concentrar e de dialogar de forma mais harmônica diante das diferenças descobrindo aspectos a serem integrados nos níveis emocional e cognitivo em busca de novas formas de pensar sen tir e superar os conflitos ou limites Os contos como mobilizadores das ações heroicas imaginárias e identificação dos aprendizes Outro aspecto que mobiliza as forças inconscientes psíquicas favorecendo a integração das pes soas são os contos que ativam a imaginação e que podem possibilitar novas descobertas do aprendiz sobre suas capacidades e coragens heroicas para superar os limites ou dificuldades Jung e sua discípula Marie Louise Von Franz 1987 1915 valorizaram os símbolos dos contos infantis e dos mitos em que os heróis encarnam o desenvolvimento humano ao requererem a aprendizagem no diálogo com os limites e a superações destes Jung destaca nessas sagas do herói a força heroica universal humana que movimenta a psique para a transformação superando os limites em busca do novo Os contos mobilizam esse arqué tipo do herói possibilitando as experiências de autoestima das crianças e o fortalecimento de suas capacidades diante dos desafios da aprendizagem As identificações infantis com os heróis e suas jornadas possibilitam o desenvolvimento psíquico da criança integrando emoções pen samentos e expressões criativas Essas atividades entre outras atividades lúdicas e arteterapêuticas foram aplicadas e analisadas na dinâmica do aprender em sala de aula em meio às relações afetivas entre crianças e pro fessor visando a integração entre emoções pensamento e linguagem nãoverbal e verbal bem como o desenvolvimento do autoconhecimento de aprendizes Recortes das práticas psicopedagógicas Os trabalhos transdisciplinares que exemplificam esses conteúdos no artigo são três Os ele mentos da natureza em rede Identificando o eu interior através da mandala e Descobrindo o mundo através da leitura Todos realizados em sala de aula integrando conteúdos de Língua Portuguesa Ciências e Matemática com mediações psicopedagógicas e arteterapêuticas a Os elementos da natureza em rede Em trabalho transdisciplinar entre Ciências Língua Portuguesa e Matemática sobre os elemen tos da natureza e sua importância para a sobrevivência dos seres vivos foram usadas algumas técnicas de Arteterapia como a da criação de uma rede de barbante e a da visualização guiada 78 Recortes de um projeto psicopedagógico transdisciplinar em sala de aula mediado por recursos arteterapêuticos e diálogos com diferentes estilos cognitivosocioafetivos Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 técnica de introspecção imaginativa aprofundada pelos analistas junguianos e pósjunguianos Os desenhos a produção textual e a construção de um gráfico também fizeram parte do traba lho enriquecendo muito o processo de aprendizagem e autoconhecimento dos alunos Após um diálogo inicial sobre o fogo a terra a água e o ar e um relaxamento prévio os alunos em roda foram convidados a imaginar e pensar sobre os elementos da natureza e se identifi car com um deles Em seguida segurando a ponta do barbante foi pedido que cada um deles falasse seu nome e anunciasse seu elemento explicando o motivo da escolha e o poder que ele tem em nossas vidas Na sequência eles passavam o barbante para o colega com quem mais simpatizassem procurando ouvir com atenção colocandose no lugar de quem estava com a palavra No final da dinâmica o grupo formou uma rede de fios entrelaçados simbolizando troca de conhecimentos respeito e abertura às diferenças Além de fazêlos perceberem sensorial mente as relações entre os elementos fogo terra água e ar e os efeitos que eles provocam em cada um de nós Escolhi o fogo porque ele me aquece Adoro nadar na praia e na piscina da minha tia Precisamos da água para sobreviver a dinâmica também mobilizou a concentra ção do grupo pois todos estavam empenhados em segurar o barbante e a não saírem do lugar o que para alguns alunos não é muito fácil Essa atividade trouxe algumas reflexões especialmente sobre os desafios de se estar em grupo Isso mobilizou os alunos a construírem juntos regras de convivência que favorecessem o pro cesso de ensino e aprendizagem na sala de aula O momento foi registrado através do desenho Em seguida seguimos juntos na exploração dos elementos da natureza através da técnica da visualização guiada intitulada Uma viagem imaginária Na sala de aula com uma música relaxante os alunos de olhos fechados debruçaramse sobre suas mesas e respirando calmamente foram convidados a partirem em uma viagem imaginá ria sendo guiados por meio de imagens e sensações como se estivessem sonhando Minutos depois instigados a pôr foco na respiração foram voltando à sala de aula e de olhos abertos espreguiçaramse colocando seus corpos em movimento novamente Na sequência foi entregue uma folha sulfite para cada um e pedido para que desenhassem a sua experiência Foi uma atividade que manteve a classe serena introspectiva e focada no traba lho As produções foram colocadas no chão em roda para que os alunos compartilhassem suas impressões diante de perguntas mobilizadoras Como se sentiram fazendo esse trabalho Qual é a sua força Qual é o seu poder e também o seu limite Por que escolheu esse elemento O que há nele que também há em você Alguns alunos nesse momento voltaramse para desenhos de outros colegas que tinham alguma identificação com os deles explicando sua motivação na escolha de determinado elemento e ouvido o que o outro tinha a dizer Em seguida foram em busca das produções com elementos diferentes Como tarefa de casa pediuse aos alunos que escrevessem seu elemento da natureza e entrevis tassem seus familiares registrando as escolhas deles O resultado foi registrado em um gráfico que construímos coletivamente na lousa para que eles estabelecessem comparações entre as suas escolhas e a de seus familiares Encerramos essa sequência com uma produção textual ilustrada feita por duplas ou trios de alunos que compartilhavam do mesmo elemento da natureza As produções foram lidas para o grupo e depois expostas no mural da sala de aula b Identificando o eu interior através da mandala No trabalho seguinte deuse continuidade ao estudo dos elementos fogo e água por meio da criação de mandalas individuais Nessa atividade foram usados um copo de água e cera de vela Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 79 Olga Maria de Souza e Eloisa Quadros Fagali de seis cores diferentes que foram acesas pela professora uma por vez diretamente na carteira dos alunos com fósforos diferentes Nesse momento houve um diálogo com a classe sobre sim bolismo do fogo enquanto elemento transformador de emoções negativas e intensificador da fé e da coragem Em seguida cada aluno escolheu uma cor de vela de acordo com seu estado de ânimo e iniciaram a mandala deixando cair livremente sobre a água gotas de cera derretidas pelo fogo Para que a sala não ficasse enfumaçada a vela que seria substituída por uma outra de cor diferente era apagada no copo de água Essa atividade mobilizou controle e atenção nos alunos pois embora várias velas tenham se apagado no processo nenhum deixou a vela ou o copo com água cair no chão A paciência e a autorregulação também foram motivadas pela experiência uma vez que a gota de cera ao cair sobre a água tornase muito difícil de ser controlada deslizando para outras direções em rela ção ao lugar em que foi pingada No final o grupo compartilhou suas impressões e aprendizagens Sintome feliz Eu estava irritada com meu amigo agora passou fiquei calma Eu fiquei quente estou morrendo de calor Eu fiquei com sono Estou bem relaxado Sobre a aprendizagem foi descoberto que quando as gotas caem do centro para o exterior o desenho se expande e quando elas caem do exterior para o centro a gota se junta às outras evitando a dispersão Quanto ao aspecto socioafetivo podemos dizer que o grupo criou e sustentou a tranquilidade na sala de aula O envolvimento com a experiência permitiu a criação de um momento na aula para o aluno pintar desenhos de mandalas Isso trouxe maior concentração pois os alunos começa ram a caprichar mais nos trabalhos a respeitar os limites tanto no desenho e na pintura quanto em relação aos amigos diminuindo os desentendimentos no grupo As mandalas de cera colorida ficaram expostas na sala de aula através de um móbile até o final do ano momento em que os alunos as levaram para suas casas a fim de enfeitarem a árvore de Natal c Descobrindo o mundo através da leitura Após a sondagem sobre os interesses temáticos dos alunos na leitura e nível de familiaridade com os gêneros textuais da narrativa foram selecionados um conto de fadas e um reconto ambos sobre a Chapeuzinho Vermelho Para contálos houve uma preparação anterior tanto do espaço em que os alunos iriam estar como da própria professora com repetidas leituras dos contos em voz alta para apropriação da história e seu significados simbólicos A realização da atividade ocorreu em diversas etapas No dia da leitura foi feito um combinado sobre o que os alunos podiam e não podiam fazer durante a contação Normalmente iniciase o trabalho pela exploração da capa Porém por Chapeuzinho Verme lho ser um conto conhecido é pedido aos alunos que imaginem a personagem fisicamente e a desenhem mobilizando dessa forma a função intuitiva imaginativa na aprendizagem Depois é solicitado que eles escrevam uma palavra que caracterize o seu jeito de ser O resultado é exposto no painel da sala de aula Seguem algumas falas dos alunos Eu acho que ela é cari nhosa Ela é bondosa Ela é bonita Eu acho que ela é corajosa Ah Ela é alegre Eu já acho que ela é distraída Ah Mas em minha opinião ela é teimosa e briguenta Após a contação os alunos foram organizados em duplas para conversarem desenharem e escreverem um momento significativo da história Os trabalhos foram expostos no painel e o livro da história foi finalmente mostrado e lido Nesse momento houve um confronto entre as produções realizadas pela classe e as encontradas no livro Os conceitos de semelhança e de diferença são percebidos A história é retomada oralmente para a localização das partes que 80 Recortes de um projeto psicopedagógico transdisciplinar em sala de aula mediado por recursos arteterapêuticos e diálogos com diferentes estilos cognitivosocioafetivos Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 integram a narrativa situação inicial situação problema e desfecho Na sequência cada aluno recebeu o texto individualmente para a identificação das falas dos personagens e após cada um escolher o que gostaria de ler iniciouse o treino de leitura em voz alta com o objetivo de apre sentar a história para os alunos do segundo ano Avançamos na compreensão leitora com uma atividade de leitura intertextual do conto da Cha peuzinho ao apresentar aos alunos o reconto Chapeuzinho Vermelho uma aventura borbu lhante que tem como protagonista um menino Partindo da exploração visual da capa em que foram exploradas informações como autor ilus trador e editora perguntouse como eles imaginavam que era o menino e o que será que iria lhe acontecer A classe se mobilizou com várias respostas mostrando a compreensão do conto original Eu acho que esse menino é loiro e vai levar salgadinho para a vovó Ah Ele é negro e vai levar bolo de fubá e muitas balas Ele é moreno tem olhos azuis e vai levar um cesto cheio de doces e uma torta de palmito para a vovó A partir daí repetiuse o trabalho de identificação das partes narrativas com ampliação do entendimento de mais dois elementos da narrativa além do personagem o tempo e o espaço Essa história mobilizou o grupo Utilizamos a linguagem verbal e trabalhamos esse texto locali zando novamente suas partes para maior compreensão separandoas em situação inicial que é a apresentação e caracterização no tempo e no espaço situação problemática de conflitos tentativa de solução e desfecho que é a situação final Também fizemos a leitura compartilhada com a escolha das personagens Por fim realizouse o trabalho de comparação entre as duas narrativas a do conto de fadas e a do reconto pretendendose ver os pontos semelhantes e diferentes entre eles O encerramento do processo resultou em uma dramatização para os alunos do primeiro e segundo anos Houve caracterização dos personagens por meio de adereços estudo das falas e ensaios O projeto também abarcou questões gramaticais de forma integrada aos exercícios de escrita e de compreensão leitora Discussões sobre os resultados Os projetos interdisciplinares apresentados tiveram como objetivo proporcionar uma apren dizagem significativa e prazerosa ao aluno integrando tanto os aspectos formais da apren dizagem escolar como os que se referem à singularização do aluno e do grupo no caminho da autodescoberta e do desejo de aprender Nessa jornada de herói o professor se colocou diante do aluno como um mentor fornecendolhe orientações e desafios novos que amplias sem sua percepção de mundo e o mobilizassem a um diálogo consigo mesmo em seu processo de aprendizagem Dessa forma as atividades com os elementos da natureza centradas no pilar do saber conviver tornaram evidentes ao professor e ao grupo os processos mentais preferencialmente utilizados por cada aluno na relação com o outro e com o ambiente O conhecimento dos tipos psicológicos e das atitudes extrovertida e introvertida dos alunos também contribuiu para que o professor integrasse melhor seus recursos pedagógicos ao perfil de sua sala obtendo bons resultados no ensinoaprendizagem da matemática da compreensão leitora e da linguagem escrita Afinal um projeto bem elaborado desencadeia as competências essenciais para que ocorra a aprendi Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 81 Olga Maria de Souza e Eloisa Quadros Fagali zagem Sendo assim o aluno desenvolve diferentes habilidades tais como melhorar a prática da escrita e leitura registrar pesquisar argumentar selecionar refletir respeitar a opinião dos colegas trabalhar em grupo e desenvolver a autonomia e a responsabilidade O trabalho com contos na sala de aula foi um dos que mais mobilizou o aluno a vivenciar estilos cognitivosocio afetivos diferentes do seu devido à diversidade das atividades envolvidas No caso das mandalas ao mesmo tempo em que se trabalhava a relação matemática entre as partes e o todo também se levava o aluno ao movimento do Ego em direção à integração da Psique infantil e constituição do eu sou Self e relativas liberações de seus complexos Podemos afirmar portanto que o olhar psicopedagógico na atuação do professor em sala de aula propicia ao aluno uma aprendizagem ampla de significados que vai além do ensino dos saberes formais de um currículo escolar Considerações finais A Psicopedagogia integrada aos recursos arteterapêuticos veio somar ao trabalho do professor em sala de aula ao falar das defesas e mobilizações do aluno diante do saber Dúvidas e ques tionamentos sobre os motivos da nãoaprendizagem ou o motivo de determinada proposta de trabalho não ter obtido êxito podem ser respondidos por meio de abordagens diagnósticas com enfoque processual e qualitativo sobre o processo de ensinoaprendizagem na sala de aula Entretanto a Psicopedagogia atual tem se mobilizado para que o professor se capacite também quanto à visão psicopedagógica sobre o que é aprender e quanto ao reconhecimento dos dife rentes estilos cognitivosocioafetivos de seus alunos diversificando dessa forma os instrumen tos de ensinagem em sua prática pedagógica Em outras palavras uma capacitação que mobilize sua visão para fora da dificuldade do aluno procurando um meio de ensinar integrado às formas de pensar agir sentir e criar relacionandose com o meio e com o saber trazendo revelações das complementações entre os diferentes possibilitadas pelas trocas relacionais de uma apren dizagem em grupo Afinal sabemos que na sala de aula cada um tem o seu processo de desenvolvimento diferen ciado Alguns aprendem com facilidade outros perdem o ritmo e temos aqueles que encontram muitas dificuldades para aprender Nesse contexto o professor recebe alguns diagnósticos tais como TDHA dislexia discalculia autismo transtornos de aprendizagem hiperatividade dis túrbio e déficit de atenção entre outros sem falar naqueles que apresentam suas dificuldades e não têm laudos com riscos de reduzir a criança aos traços das dificuldades e não às suas potencialidades Nesse sentindo precisase acolher esses alunos evitando novos bloqueios e proporcionando a eles uma aprendizagem significativa em que aprender seja um prazer Embora o trabalho aqui descrito tenha sido realizado em uma escola particular experiências afins têm sido observadas na prática de professores da rede pública municipal da cidade de São Paulo sob orientação do Núcleo de Apoio e Acompanhamento para a Aprendizagem NAAPA1 Tais experiências apontam que a Psicopedagogia tem muito a contribuir para a escola ao ampliar a percepção que se tem dos alunos por considerar os estilos cognitivosocioafetivos de cada um para além de laudos e dificuldades de aprendizagem 1 O NAAPA Núcleo de Apoio e Acompanhamento para a Aprendizagem é um setor integrado à Coordenadoria Pedagógica COPED da Secretaria Municipal de Educação SME vinculado ao Núcleo Técnico de Currículo NTC e tem procurado integrar à capacitação dos professores das escolas municipais de São Paulo a percepção psicopedagógica de ensinoaprendizagem 82 Recortes de um projeto psicopedagógico transdisciplinar em sala de aula mediado por recursos arteterapêuticos e diálogos com diferentes estilos cognitivosocioafetivos Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 Referências ADAMS G Livro das histórias Chapeuzinho Vermelho São Paulo Companhia das Letrinhas 2004 ALMEIDA LR Wallon e a educação In ALMEIDA LR MONEY A A Orgs Psicologia da educação São Paulo Loyola 2008 CIORNAI S Percurso em Arteterapia São Paulo Summus 2004 v 62 GABARDO C L Mergulho na escrita Curitiba Módulo 1997 ALEXANDROFF M C Emoção e escrita fios que se unem numa mesma trama 1998 Dissertação Mestrado em Educação Faculdade de Educação Universidade de São Paulo São Paulo FAGALI EQ A relação afetiva na situação de aprendizagem diferentes significados e formas de atuações Revista Diálogo Educacional Curitiba v 7 n 20 2007 FAGALI E Q Múltiplas faces do aprender novos paradigmas da pósmodernidade São Paulo Editora Unidas 2001 FAGALI E Q Encontros entre Arteterapia e Psicopedagogia a relação dialógica terapeuta e cliente educador e aprendiz In CIORNAI Org Percurso em Arteterapia Arteterapia e Educação Arteterapia e Saúde São Paulo Summus 2005 p 17 v 64 FAGALI E Q A dinâmica relacional a subjetividade o múltiplo e o transitar na aprendizagem do adolescente de quinta série 2001 Tese Doutorado em Psicologia da Educação Pontifícia Universidade Católica São Paulo 2001 FAGALI E Q LACAVE L Identificação dos estilos cognitivoafetivos de heróis dos contos e dos sujeitos sob o enfoque psicopedagógico arte terapêutico Revista Construção Psicopedagógica São Paulo v21 n 22 2013 FAGALI E Q Diálogos com as diferenças de estilos cognitivos socioafetivos recursos lúdicos e arte terapêutico frente às dificuldades e transtornos Rio de Janeiro Edit Wak 20192020 No prelo JUNG C O homem e seus símbolos Rio de Janeiro Editora Nova Fronteira 1987 RAMPAZZO A O poder das emoções Disponível em httpwwwopoderdasemocoescombr principalasp Acesso em 20 mar 2018 BRASIL Ministério da Educação e do Desporto Secretaria de Educação Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil Brasília DF 1998 ROBERTS L Chapeuzinho Vermelho uma aventura borbulhante São Paulo Editora Zastras 2009 SEBER M G A Escrita Infantil o caminho da construção São Paulo Editora Scipione 1997 SILVEIRA N Jung vida e obra Rio de Janeiro Editora Paz e Terra 1981 SILVA M A SS Construindo a leitura e escrita São Paulo Editora Ática 1991 Revista Construção Psicopedagógica 27 28 6983 83 Olga Maria de Souza e Eloisa Quadros Fagali TAGLIAFERRO L Afetividade na sala de aula um professor inesquecível Revista Psicologia Escolar e Educacional São Paulo v 9 n 2 2005 p 248 VAZ D MORAES E N VELIAGO R Português Projeto Presente 3 ano São Paulo Ed Moderna VON FRANZ ML A interpretação dos contos de fada São Paulo 1915 Coleção Amor e Psique PROJETO Revista de Educação São Carlos ano 1 jan jun 1999 WEIZ T O diálogo entre o ensino e a aprendizagem Editora Ática 2004 Rev Psicopedagogia 2023401217683 76 ARTIGO DE REVISÃO Artigo recebido 2242022 Aprovado 28102022 Trabalho realizado no programa de mestrado em Educação na Universidade IbirapueraUNIB São Paulo SP Brasil Conflito de interesses A autora declara não haver 1 Renata Soares Leal Ferrarezi Advogada e psicopedagoga Mestranda em Educação na Universidade IbirapueraUNIB São Paulo SP Brasil Um traço e um abraço Afetividade como elemento facilitador da aprendizagem A trace and a hug Affectivity as a facilitating element of learning Renata Soares Leal Ferrarezi1 DOI 10512072179405720230007 Resumo A afetividade fecunda o ser humano por toda a sua existên cia desde o nascimento até a sua morte estando presente em todas as fases da vida A questão que se coloca é Qual a importância da afetividade na relação aluno e professor e como esta influencia a prática pedagógica Diversos es tudos de abordagem freudiana piagetiana vygotskyana e walloniana dão ênfase à relação da afetividade com o desenvolvimento cognitivo tendo portanto relação com a aprendizagem A afetividade indiscutivelmente ocupa lugar de destaque no processo de aprendizagem e a ma neira como ela acontece pode ser decisiva na concepção de mundo construída pelo aluno bem como na sua elaboração do conhecimento Unitermos Afetividade Vínculo Afetivo Aprendizagem Summary Affectivity supports the human being throughout its exis tence from birth to death being present in all stages of life The question that arises is What is the importance of affectivity in the studentteacher relationship and how does it influence pedagogical practice Several studies with a Freudian Piagetian Vygotskyan and Wallonian approach emphasize the relationship between affectivity and cogni tive development thus having a relationship with learning Affectivity undoubtedly occupies a prominent place within the learning process and the way in which it happens can be decisive in the conception of the world built by the student as well as in their elaboration of knowledge Keywords Affectivity Affective Bond Learning não é para a sobrevivência que se aprende mas por amor VOLTOLINI Introdução A afetividade fecunda o ser humano por toda a sua existência desde o nascimento até a sua morte estando presente em todas as fases da vida A questão que se coloca é Qual a importância da afetividade na relação aluno e professor e como esta influencia a prática pedagógica Isto porque é sabido que entre os fatores que in fluenciam a aprendizagem a afetividade e portanto a relação afetiva que se estabelece entre aluno e professor é sem dúvida a mais importante pois dela derivará a motivação para a aprendizagem No Dicionário Michaelis afetividade é definida no âmbito da psicologia como o conjunto de fenômenos psíquicos que se revelam na forma de emoções e de sentimentos 1994 p 20 Para Freud o conceito de afeto affekt está li gado ao de pulsão trieb Freud introduz o conceito de pulsão em Os Três Ensaios sobre a Sexualidade 1905 baseandose especialmente no estudo das modalidades da sexualidade infantil Laplanche Pontalis 1981 Afetividade como facilitadora da aprendizagem Rev Psicopedagogia 2023401217683 77 Laplanche e Pontalis 1981 p 395 destacam que na teoria freudiana a noção de pulsão sexual é desde o início contraposta a outras pulsões e que segundo Freud esse dualismo opera desde as origens da sexua lidade pois a pulsão sexual se destaca das funções de autoconservação em que a princípio ele se apoiava A afetividade para Freud A pulsão é uma produção teórica de Freud que afirma ser o representante psíquico dos estímulos que se originam dentro do organismo e alcançam a mente como uma medida de exigência feita à mente no sentido de trabalhar em consequência de sua ligação com o corpo Freud 19151974a p 142 Desse modo a pulsão ao mesmo tempo que representa o corpo no psiquismo só se faz pre sente neste último através de seus representantes psíquicos Estes são a representação ou elementos ideativos ou ideia Vorstellung e o afeto affekt Freud designa o quantum de afeto como cor respondendo à pulsão na medida em que esta se afasta da ideia e encontra expressão proporcional à sua quantidade em processos que são sentidos como afetos Freud 19151974b p 176 Freud enfatiza que somente os representantes ideativos da pulsão podem ser recalcados enquanto os afetos como expressão qualitativa da quantidade de energia pulsional sofrem outros destinos Dias e Marchelli 2008 enfatizam que para Freud o afeto é o estado emocional inicialmente ligado à realização de uma pulsão em geral inconsciente que dirige e incita toda a atividade do indivíduo Todavia uma vez reprimido transformase em angústia po dendo levar à manifestação neurótica Isto porque os fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções sentimentos e paixões são acom panhados sempre da impressão de dor ou prazer de satisfação ou insatisfação de agrado ou desagrado de alegria ou tristeza Considerandose que o afeto é o elemento básico da afetividade em Freud temse Um afeto inclui em primeiro lugar determi nadas inervações ou descargas motoras e em segundo lugar certos sentimentos estes são de dois tipos percepções das ações motoras que ocorreram e sensações diretas de prazer e desprazer que conforme dizemos dão ao afeto seu traço predominante Não penso todavia que com essa enumeração tenhamos chegado à essência de um afeto Parecemos ver em maior profundidade no caso de alguns afetos e reconhecer que o cerne que reúne a combina ção que descrevemos é a repetição de alguma experiência significativa determinada Freud 19371969 edição eletrônica Para Freud 19151974c o afeto poderá ter os seguintes destinos ou ele permanece no todo ou em parte como é ou é transformado num afeto quali tativamente diferente especialmente em angústia ou é suprimido ou seja impedido de se desenvolver Quando o desenvolvimento do afeto é suprimido ocorre o que Freud afirma como a verdadeira fina lidade do recalcamento da repressão É aquilo que Freud denominou como afetos inconscientes os afetos que foram inibidos em seu desenvolvimento pelo processo de recalcamento A teoria dos afetos criada por Freud empreende portanto uma separação entre razão e paixão pois o afeto como pura energia só é apreendido dentro de uma estrutura as duas tópicas de um conflito oposição de afetos contrários princípio de prazer desprazer que tem conexão com os processos secundários e se ligam ao princípio de realidade Afetividade na concepção walloniana Para Wallon citado em Almeida 1999 a afeti vidade tem papel imprescindível no processo de desenvolvimento da personalidade que se constitui sob a alternância de instintos funcionais pois para ele a afetividade é um domínio funcional uma das etapas que a criança percorre afirmando que o nascimento da afetividade é anterior à inteligência Na concepção walloniana a afetividade é o pon to de partida para o desenvolvimento da criança e sua evolução parte de uma sociabilidade primitiva para uma individualização psicológica Assim a vida afetiva da criança se organiza em contatos com o outro observa que são as emoções especifica mente que unem a criança ao meio social são elas que ampliam os laços que se antecipam à intenção e ao raciocínio Ferrarezi RSL Rev Psicopedagogia 2023401217683 78 Wallon divide o desenvolvimento infantil em estágios e na sua psicogênese em cada um desses estágios os aspectos afetivos e cognitivos estão em constante entrelaçamento destacando os conceitos de alternância e preponderância funcionais refe rindose à predominância alternada da afetividade e da cognição nas diferentes fases do desenvol vimento Dantas 1992 pp 8586 Assim Wallon vê o desenvolvimento da pessoa como uma construção progressiva em que se su cedem fases com predominância alternadamente afetiva e cognitiva Cada fase tem um colorido próprio uma unidade solidária que é dada pelo predomínio de um tipo de atividade As atividades predominantes correspondem aos recursos que a criança dispõe no momento para interagir com o ambiente De acordo com Wallon citado em Galvão 1995 os estágios do desenvolvimento apresentam as seguintes características no tocante à afetivi dade Quadro 1 Na sucessão dos estágios há uma alternância entre as formas de atividade que assumem a preponderância em cada fase e a cada nova fase inverte a orientação da atividade e do interesse da criança do eu para o mundo das pessoas para as coisas Tratase do princípio da alternância funcional Apesar de alternarem a dominância afetividade e cognição não se mantêm como funções exteriores uma à outra Cada uma ao reaparecer como atividade predominante num dado estágio incorpora as conquistas realizadas pela outra no estágio anterior construindose reciprocamente num permanente processo de integração e diferenciação Galvão 1995 pp 4445 Galvão 1995 destaca que segundo Wallon no primeiro estágio da psicogênese temse uma afetivi dade impulsiva emocional que se nutre pelo olhar pelo contato físico e se expressa em gestos mímica e posturas A afetividade do estágio personalismo já Quadro 1 Características de afetividade nos estágios do desenvolvimento de acordo com Wallon Galvão 1995 Estágio Idade Características Impulsivo emocional 0 1 ano Predomínio da afetividade que orienta as primeiras reações do bebê às pessoas as quais intermediam sua relação com o mundo físico a exuberância de suas manifestações afetivas é diretamente proporcional a sua inaptidão para agir diretamente sobre a realidade Sensoriomotor e projetivo 1 3 anos Predomínio da manipulação de objetos e na exploração de espaços Desenvolvimento da função simbólica e da linguagem O pensamento precisa do auxílio dos gestos para se exteriorizar o ato mental projetase em atos motores Personalíssimo 3 6 anos Predomina o processo de formação da personalidade A construção da consciência de si que se dá por meio das interações sociais reorienta o interesse da criança para as pessoas definindo o retomo da predominância das relações afetivas Categorial 6 11 anos Os progressos intelectuais dirigem o interesse da criança para as coisas para o conhecimento e conquista do mundo exterior imprimindo às suas relações com o meio preponderância do aspecto cognitivo Puberdade e Adolescência 11 anos em diante Momentos predominantemente afetivos isto é subjetivos e de acúmulo de energia sucedem outros que são predominantemente cognitivos isto é objetivos e de dispêndio de energia Impõese a necessidade de uma nova definição dos contornos da personalidade desestruturados devido às modificações corporais resultantes da ação hormonal Afetividade como facilitadora da aprendizagem Rev Psicopedagogia 2023401217683 79 é diferente pois incorpora os recursos intelectuais notadamente a linguagem desenvolvidos ao longo do estágio sensoriomotor e projetivo É uma afetivi dade simbólica que se exprime por palavras e ideias e que por esta via pode ser nutrida A troca afetiva a partir desta integração pode se dar à dis tância deixa de ser indispensável a presença física das pessoas Percebese que para Wallon a afetividade fica mais evidenciada no estágio personalíssimo que vai de 3 a 6 anos e no estágio da puberdade e ado lescência a partir de 11 anos Desse modo para Almeida 1999 p 89 con forme o alcance de novos estágios da inteligência na visão walloniana a afetividade vai se racionali zando e assim as conquistas atingidas no plano da inteligência são agregadas ao plano da afetividade portanto o desenvolvimento integral do indivíduo dependerá da reciprocidade entre a afetividade e a inteligência e ambas evoluirão ao longo do desen volvimento da criança Wallon enfatiza a impor tância de não separar a inteligência da afetividade principalmente na fase do desenvolvimento da criança em que ambos estão ainda sincreticamente misturados podendo gerar riscos para a educação Considerando que segundo Wallon o desenvol vimento afetivo é imprescindível para as relações sociais certamente tornase fundamental para a aprendizagem eis que o processo de ensino e aprendizagem se dá por meio da experiência e da interação Ou seja para Wallon o aspecto afetivo não pode estar desvinculado do cognitivo A importância da afetividade segundo Piaget e Vygotsky Silva et al 2014 ressaltam que embora Piaget 1993 não tenha destacado a afetividade como tema específico de suas investigações ele considera que na conduta humana estão presentes tanto os aspectos cognitivos como os aspectos afetivos e interfere nas ações do sujeito Na teoria de Piaget a afetividade é caracterizada como um instrumento propulsor das ações estando a razão a seu favor A afetividade funciona como a energia que move a ação enquanto a razão possibi lita ao sujeito identificar os desejos e sentimentos e permite obter êxito nas ações efetuadas Piaget reconheceu portanto que a afetividade é o agente motivador da atividade cognitiva Dantas 1992 De acordo com Vygotsky 2001 a emoção cons titui uma base afetiva para compreender de forma adequada o pensamento humano e tendo este autor concebido a pessoa como um todo abordagem holista não separou o afetivo do cognitivo A vida emocional está conectada a outros processos psico lógicos e ao desenvolvimento da consciência de um modo geral Ou seja o indivíduo é o resultado do desenvolvimento de vários processos afetivo men tal cognitivo e físico tanto interno como externo Vêse que o desenvolvimento da criança de penderá de fatores internos e externos realizando trocas de experiências num intercâmbio de relações sociais afetivas e orgânicas Afetividade e aprendizagem Como verificado diversos estudos de aborda gem freudiana piagetiana vygotskyana e walloniana dão ênfase à relação da afetividade com o desen volvimento cognitivo tendo portanto relação com a aprendizagem Segundo Freire 1983 não existe educação sem amor Para ele Amase na medida em que se busca comunicação integração a partir da comunicação com os demais p 29 Entendese portanto que não é possível apren dizagem sem que exista afeto porque para aprender é preciso gostar do que nos está sendo apresentado e consequentemente da pessoa que nos está ensi nando Não existe aprendizado sem que a afetivi dade esteja envolvida neste processo Para Ribeiro 2010 a educação afetiva consiste na construção de uma escola a partir do respeito compreensão moral e autonomia de ideias Uma vez que se pretende capacitar sujeitos críticos ho nestos e responsáveis o desenvolvimento afetivo é fundamental para qualquer indivíduo Com isso a afetividade contribui para o desenvolvimento da aprendizagem de forma crítica e autônoma pois a afetividade não se resume em manifestações de carinho físico mas principalmente em uma prepa ração para o desenvolvimento cognitivo Ferrarezi RSL Rev Psicopedagogia 2023401217683 80 Durante o período de aprendizagem a criança passa por momentos emocionais e dependendo do sentimento poderá contribuir ou prejudicar o de senvolvimento cognitivointelectual o que comprova a relação entre a afetividade e a aprendizagem Além disso a criança pode apresentar proble mas na aprendizagem consequentes de patologias variadas e comprometimento do funcionamento cognitivo por exemplo distúrbio do processamento auditivo central DPAC ou problemas decorren tes de relações familiares disfuncionais tais como abuso físico psicológico ou sexual alcoolismo e violência doméstica e da falta de interação ade quada e afetividade com o professor o que pode levar a desmotivação tristeza e incapacidade de se concentrar nas disciplinas principalmente nas que são mais complexas Kupfer 2003 É inegável que tanto os alunos como os pro fessores são afetados uns pelos outros e ambos pelo ambiente em que estão inseridos e observar e identificar as emoções apresentadas pela criança certamente irá auxiliar no seu desenvolvimento emocional e social bem como no processo de aprendizagem Para alcançar êxito no aprendizagem é impor tante que o professor desenvolva um bom relacio namento com seu aluno já que os aspectos afetivos se complementam e são condições necessárias para o desenvolvimento cognitivo Mahoney e Almeida 2005 destacam que para Wallon a aprendizagem acontece a partir do relacionamento com o meio humano e físico p 16 Sabendo que o processo da aprendizagem é com plexo a afetividade parece ser uma condição que não pode estar ausente no seu percurso Por isso consideramse três momentos de grande impacto na evolução da afetividade emoção sentimento e paixão Mahoney Almeida 2005 A verdade é que as pessoas interagem e estabele cem vínculos e laços afetivos tendo como ponto de partida os estímulos vivenciados no ambiente que compartilham e a partir dessas vivências com ou tras pessoas a criança constrói o seu conhecimento supera a fase do egocentrismo e formaliza a noção do eu e do outro como referência viabilizando as relações afetivas que assumem um papel es pecial e singular no processo educativo Piaget 1993 Desse modo as interações que ocorrem no contexto escolar são marcadas pela afetividade em todos os seus aspectos determinando a natureza das relações entre os sujeitos e os diversos objetos de conhecimento Tassoni 2001 Sara Pain 1991 destaca que a emoção se situa em dois níveis a o da categoria dos afetos reconhecíveis como estados ou sinais específicos de um estado emo cional e b o da categoria dos valores afetivos onde se produz a transformação da emoção em um valor dentro de um sistema simbólico As operações que atingem tal transformação não pertencem ao domínio das sensações emotivas mas a uma estrutura independente tributária da função semiótica geral Pain 1991 p 39 Diante disso a afetividade apresentase como elemento fundamental no desenvolvimento da aprendizagem estimulando a imaginação o desen volvimento intelectual e propiciando uma apren dizagem deforma significativa Isto porque sabese que a interação do professor e aluno é fundamental no processo ensino aprendizagem e neste caso a afetividade apresentase como elemento facilitador pois o aluno se sentirá mais confiante e portanto menos temeroso diante dos novos conhecimentos que o professor lhe apresenta Neste contexto Chalita 2001 ressaltou que o grande pilar da educação é sem dúvida a habilidade emocional ao escrever que Não é possível desenvolver a habilidade cog nitiva e a social sem que a emoção seja tra balhada A emoção trabalha com a libertação da pessoa humana A emoção é a busca do foco interior e exterior de uma relação do ser humano com ele mesmo e com o outro o que dá trabalho demanda tempo e esforço mas é o passaporte para a conquista da autonomia e da felicidade Chalita 2001 p 11 Chalita 2001 destaca ainda a importância da afetividade no tratamento dos alunos pois para ele só há educação onde há afeto e onde experiências são trocadas enriquecidas e vividas O professor que apenas transmite informação não consegue Afetividade como facilitadora da aprendizagem Rev Psicopedagogia 2023401217683 81 perceber a dimensão do afeto na aprendizagem do aluno e este precisa de afeto de atenção É funda mental que professor amenize o sofrimento do aluno e o auxilie para que ocorra um desenvolvi mento harmônico do aluno Para Ribeiro 2010 cabe à escola e principal mente ao professor a importante função social de compreender o aluno no âmbito da sua dimensão humana tanto afetiva quanto intelectual já que a criança depende da qualidade da interação com o meio social para se desenvolver integralmente A afetividade indiscutivelmente ocupa lugar de destaque dentro do processo de aprendizagem e a maneira como ela acontece pode ser decisiva na concepção de mundo construída pelo aluno bem como na sua elaboração do conhecimento Segundo Piaget 1976 citado em Turatti et al 2011 é em torno dos 7 ou 8 anos com o nascimento das operações cognitivas e com o fim do egocentrismo préoperacional que ocorre o progresso sistemático da cooperação fase em que a criança vivencia situ ações no seu dia a dia que a levam a experimentar sentimentos de sucesso ou fracasso Sucesso quando consegue executar uma tarefa escolhida ou quando sua produção é valorizada Fracasso quando a criança não consegue se sair bem Estes fatores não influenciam apenas o desenvolvimento cognitivo mas também o desenvolvimento afetivo Durante o estágio operacional concreto os afetos adquirem uma medida de estabilidade e consistência que não apresentavam antes Em torno dos sete ou oito anos emerge a conservação dos sentimentos e dos valores e as crianças tornamse aptas a coordenar os seus pensamentos afetivos de um evento para outro O pensamento afetivo é agora reversível O desenvolvimento afetivo ocorre de modo semelhante ao desenvolvimento cognitivo O aspecto afetivo é responsável pela ativação da ati vidade intelectual e portanto pela aprendizagem Wadsworth 1997 Por conseguinte não ocorre aprendizagem sem que exista afeto sem que o lado afetivo esteja envol vido neste processo Assim o professor deve conquistar o seu aluno através do afeto porque o ato de ensinar e por tanto a prática pedagógica envolve e exige certa cumplicidade entre professor e aluno e essa cum plicidade se constrói nas intervenções diárias na prática pedagógica diária Segundo Saltini 2008 essa interrelação é o fio condutor o suporte afetivo do conhecimento p 100 Esse autor complementa Neste caso o educador serve de continente para a criança Poderíamos dizer portanto que o continente é o espaço onde podemos depositar nossas pequenas construções e onde elas são acolhidas e valorizadas tal qual um útero acolhe um embrião A criança deseja e necessita ser amada aceita acolhida e ouvida para que possa despertar para a vida da curiosidade e do apren dizado Saltini 2008 p 100 Quando ocorrem explosões de raiva o professor precisa ter habilidade e paciência e seria ótimo manter um diálogo com o aluno acolhendoo e ouvindoo como recomenda Saltini 2008 p 102 buscando entender os sentimentos do aluno e buscando solu ções para as suas dificuldades Tendo sensibilidade para entendêlos e buscando ações que os valorizem e dessa forma utilizando a afetividade como elemento facilitador da aprendizagem Considerações A afetividade nas diferentes concepções teóricas aqui expostas desempenha uma função de organi zação das atividades psíquicas caracterizandose como facilitador da aprendizagem A relação afetiva professor aluno reflete bons resultados na aprendizagem pois aquele aluno que vê em seu professor um amigo um companheiro um colaborador evita causarlhe desgostos quer ser como ele o tem como alguém da família e assim adota quase que inconscientemente uma conduta de respeito cooperação e atenção nas suas aulas frutificando uma assimilação mais rápida e consis tente do conteúdo por ele ministrado Muitos estudos já apontaram a importância da afetividade no processo de ensinoaprendizagem com base nas mais diversas teorias cabendo des tacar as conclusões de Silva et al 2013 que rea lizaram pesquisa com dez meninos e dez meninas Ferrarezi RSL Rev Psicopedagogia 2023401217683 82 com idade entre 7 e 8 anos do 2º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Hortênsia situa da no Município de Itapecerica da SerraSP e concluí ram que afetividade possui grande importância no processo ensinoaprendizagem e que com um bom relacionamento entre professor e aluno acontece uma aprendizagem satisfatória Nesta pesquisa restou claro que é necessário que os professores entendam que o lugar que ocupam na sala de aula em relação aos seus alunos não é apenas daquele que ensina mas aquele que deixa marcas e boas recordações no futuro Márcia Lustosa Silva et al 2014 ao avaliarem 48 alunos do Ensino Médio de uma Escola Técnica Estadual localizada na cidade de Goiana estado de Pernambuco Brasil compararam a dimensão afetiva em relação com o desempenho escolar e constataram um melhor desempenho no grupo de estudantes com ligações afetivas aos seus docentes De acordo com este estudo o vínculo estabelecido pela interação professor e aluno propicia a cons trução do conhecimento específico baseandose na dimensão afetiva e interpretação que ambos fazem a respeito de suas ações e comportamentos mediante o processo de ensinoaprendizagem Com base na pesquisa realizada com alunos do 6º ano do Ensino Fundamental de uma escola esta dual de TeresinaPI sobre o que eles pensam acerca da afetividade suas manifestações nas vivências escolares e a relação que estas têm com a apren dizagem de conteúdos Silva e Albuquerque 2015 concluíram que os alunos apresentaram uma con cepção de afetividade atrelada à relação professor aluno pautada em carinho atenção compreensão e diálogo e atribuem grande importância à afetivi dade no processo de aprendizagem Esses alunos consideraram como um bom professor aquele que sabe expor os conteúdos é carinhoso tem um bom relacionamento com os alunos e interage com estes e facilitam a aprendizagem à medida que os alu nos apontaram as disciplinas que mais gostavam como aquelas ministradas por seus professores favoritos e que por sua vez são aquelas em que mais se esforçam e adquirem mais aprendizado e têm melhor desempenho escolar É inegável e fundamental que se reconheça a afe tividade do aluno como uma dimensão inseparável e responsável pela promoção da aprendizagem e que o professor também tenha clareza dessa afetividade como mola propulsora utilizandoa de forma a favorecer a sua prática pedagógica A afetividade ocupa portanto lugar de destaque dentro do processo de aprendizagem e a maneira como ela acontece pode ser decisiva na elaboração do conhecimento culturalmente organizado pelo aluno bem como na sua concepção do mundo Esperamos que essas reflexões possam ser úteis àqueles que pretendem transpor os desafios que se lhes apresentam nestes novos tempos e que possam conduzir os envolvidos na prática pedagógica à uti lização da afetividade como elemento de facilitação da aprendizagem tornando esta uma prática real e constante nas nossas escolas contribuindo para a formação não só de crianças mas de uma sociedade mais saudável e feliz Referências Afetividade 1994 In Dicionário Michaelis p 20 https michaelisuolcombrmodernoportuguesbusca portuguesbrasileiroafetividade Almeida A R 1999 A emoção na sala de aula Papirus Chalita G B I 2001 Educação a solução está no afeto 7a ed Gente Dantas H 1992 A afetividade e a construção do sujeito na psicogenética de Wallon Piaget Vygotsky e Wallon as teorias psicogenéticas em discussão Summus Dias C L Marchelli P S 2008 Afetividade na escola sob a ótica da psicanálise e da epistemologia genética Revista Eletrònica de Psicologia e Epistemologia Genéticas 12 8094 httpsrevistasmariliaunesp brindexphpschemearticleview563 Freire P 1983 Educação e Mudança Tradução de Moacir Gadotti e Lílian Lopes Martin Paz e Terra Freud S 1974a As Pulsões e suas Vicissitudes Ed Standard Brasileira vol XIV Imago Original publicado em 1915 Freud S 1974b Recalcamento Ed Standard Brasileira vol XIV Imago Original publicado em 1915 Freud S 1974c O Inconsciente Ed Standard Brasileira vol XIV Imago Original publicado em 1915 Freud S 1969 Análise Terminável e Interminável Ed Standard Brasileira vol XXIII Imago Original publicado em 1937 Galvão I 1995 Henri Wallon uma concepção dialética do desenvolvimento infantil Vozes 1995 Kupfer M C M 2003 Afetividade e cognição uma dicotomia em discussão Summus Afetividade como facilitadora da aprendizagem Rev Psicopedagogia 2023401217683 83 Laplanche L Pontalis J B 1981 Vocabulário da Psicanálise 2ª ed P Tamen Trad Martins Fontes Mahoney A A Almeida L R 2005 Afetividade e processo ensinoaprendizagem contribuições de Henri Wallon Revista da Psicologia da Educação 20 1130 Pain S 1991 A Função da Ignorância Estruturas Inconscientes do Pensamento Vol 1 Artes Médicas Piaget J 1993 Gênese das estruturas lógicas elementares Zahar Ribeiro L P L 2010 Afetividade na Educação Infantil a formação cognitiva e a moral do sujeito autônomo Monografia Faculdade Alfredo Nasser Instituto Superior de Educação de Aparecida de Goiânia Saltini C J P 2008 Afetividade e inteligência 5ª ed Wak Silva C S Albuquerque I N 2015 A afetividade na aprendizagem o olhar de alunos do 6º ano do ensino fundamental Formre 32 318 httpsrevistasufpi brindexphpparforarticleview4613 Silva M I A N Viana H B Carvalho E G A Barros M J A 2013 A importância da afetividade no processo ensino aprendizagem dos alunos nos anos iniciais do ensino fundamental EFDeportescom Revista Digital 18186 httpswwwefdeportescomefd186a importanciadaafetividadenoensinohtm Silva M L Cruz V A Silva F F 2014 A Dimensão afetiva e sua relevância no processo de ensinoaprendizagem uma abordagem sociocognitiva Revista Eletrônica em Gestão Educação e Tecnologia Ambiental 184 13031311 httpsperiodicosufsmbrregetarticle view14045 Tassoni E C M 2001 A afetividade e o processo de apropriação da linguagem escrita In S A S Leite Org Alfabetização e letramento contribuições para as práticas pedagógicas pp 223259 Komedi Arte Escrita Turatti M S Pessolato A G T Silva M M 2011 A importância da afetividade na educação da criança Revista da Universidade Vale do Rio Verde Três Corações 92 129142 httpsdialnetuniriojaes descargaarticulo4003609pdf Vygotsky L S 2001 A Construção do pensamento e da linguagem Martins Fontes Wadsworth B J 1997 Inteligência e afetividade da criança na Teoria de Piaget Fundamentos do Construtivismo 5ª ed pp 89117 Pioneira Correspondência Renata Soares Leal Ferrarezi Av Interlagos 1329 Chácara Flora São Paulo SP Brasil CEP 04661100 Email renataferrarezigmailcom Este é um artigo de acesso aberto distribuído nos termos de licença Creative Commons A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NA APRENDIZAGEM DO ALUNO THE INFLUENCE OF AFFECTIVITY ON STUDENT LEARNIG NOME Isabely Lucas Ederjean Sussuarana Cardoso Nilda FACULDADES INTEGRADAS APARÍCIO CARVALHO FIMCA RESUMO A aprendizagem é um processo complexo que envolve a aquisição de conhecimento habilidades e atitudes ao longo do tempo A avaliação desempenha um papel fundamental nesse processo fornecendo feedback aos alunos e aos educadores sobre o progresso e o desempenho No entanto a afetividade também desempenha um papel crucial na aprendizagem influenciando as emoções e motivações dos alunos sendo este o principal objetivo apresentado no presente artigo com base em uma revisão bibliográfica A afetividade referese às emoções sentimentos e atitudes que os alunos experimentam durante a aprendizagem Quando os alunos se sentem motivados valorizados e emocionalmente conectados ao conteúdo e ao ambiente de aprendizagem têm maior probabilidade de se envolverem ativamente e reterem o conhecimento A avaliação deve ser sensível à dimensão afetiva da aprendizagem Isso significa que os educadores devem considerar não apenas o desempenho acadêmico mas também o bemestar emocional dos alunos Feedback construtivo e encorajador pode ajudar a fortalecer a autoestima e a confiança dos alunos promovendo assim um ambiente de aprendizagem positivo Concluise que a aprendizagem a avaliação e a afetividade estão intrinsecamente ligadas Uma abordagem holística que leve em consideração não apenas o desempenho acadêmico mas também o bemestar emocional dos alunos é essencial para promover uma aprendizagem significativa e duradoura ABSTRACT Learning is a complex process that involves the acquisition of knowledge skills and attitudes over time Assessment plays a key role in this process providing feedback to students and educators about progress and performance However affectivity also plays a crucial role in learning influencing students emotions and motivations which is the main objective presented in this article based on a literature review Affectivity refers to the emotions feelings and attitudes that students experience during learning When students feel motivated valued and emotionally connected to the content and learning environment they are more likely to actively engage and retain knowledge Assessment must be sensitive to the affective dimension of learning This means that educators must consider not only academic performance but also the emotional wellbeing of students Constructive and encouraging feedback can help strengthen students selfesteem and confidence thus promoting a positive learning environment It is concluded that learning evaluation and affectivity are intrinsically linked A holistic approach that takes into account not only academic performance but also students emotional wellbeing is essential to promoting meaningful and lasting learning 1 INTRODUÇÃO A avaliação é um importante instrumento para que o professor possa obter dados sobre o processo de aprendizagem de cada aluno reorientando sua prática e elaborando o seu planejamento propondo situações capazes de gerar novos avanços na aprendizagem e contribuir para que os alunos desenvolvam mais suas competências FONSECA 2011 Nessa seara evidenciase o impacto entre o desempenho dos estudantes e seus aspectos cognitivos e emocionais pesando sobre a emoção a autoestima e sua influência direta sobre os processos sociais e de aprendizagem desse indivíduo demandando uma construção conjunta entre a família e a instituição de ensino A aprendizagem segundo alguns estudiosos é muito mais que apenas comportamentos nela estão implícitos conceitos psicológicos importantes trazer alguns exemplos desses conceitos MENDES et al 2017 Nesta forma há que se ponderar sobre o predomínio de formas de avaliação como instrumento de exclusão com base na cultura de classificação e seleção de melhores cabendo ao professor compreender a indissociabilidade da prática avaliativa do contexto do trabalho pedagógico FONSECA 2011 Portanto o contexto social possui influência sobre as construções emocionais do discente o que está diretamente ligado ao potencial de aprendizagem dele De acordo com Piletti 1995 nossa sociedade é caracterizada por situações de injustiça e desigualdade criam famílias que lutam com muitas dificuldades para sobreviver atingindo também as crianças que enfrentam inúmeras dificuldades para aprender Dessa forma condições sociais desfavoráveis e baixa autoestima teriam influência negativa sobre os potenciais de aprendizagem A relação entre afetividade e avaliação pedagógica na história da psicologia está intrinsecamente ligada à compreensão do desenvolvimento da criança e do processo de ensino e aprendizagem Piaget um dos psicólogos mais influentes na área da psicologia do desenvolvimento enfatizou a importância da afetividade no processo de aprendizagem Ele argumentou que o desenvolvimento cognitivo das crianças está interligado com o desenvolvimento afetivo e social Piaget faltou aqui citar o ano da obra citada aqui não falta ano porque o conteúdo sobre Piaget vêm de oliveira já citadoobservou que as interações emocionais e afetivas desempenham um papel crucial na resolução de conflitos cognitivos e na aquisição de novos conhecimentos Sua teoria do desenvolvimento cognitivo inclui estágios de desenvolvimento que refletem tanto a capacidade cognitiva quanto a maturação emocional OLIVEIRA 2022 Vygotsky outro renomado psicólogo do desenvolvimento enfatizou a importância das interações sociais e culturais no aprendizado Ele argumentou que a aprendizagem é um processo social e que a afetividade desempenha um papel fundamental nesse processo Vygotsky introduziu o conceito de zona de desenvolvimento proximal que representa a diferença entre o que uma criança pode fazer sozinha e o que pode fazer com a ajuda de um adulto ou colega A afetividade na relação alunoprofessor desempenha um papel importante na promoção desse desenvolvimento Várias teorias da motivação na psicologia como a teoria da autodeterminação de Deci e Ryan também estão relacionadas à afetividade na avaliação pedagógica Essas teorias enfatizam a importância de satisfazer as necessidades psicológicas básicas como autonomia competência e relacionamentos sociais para promover a motivação intrínseca dos alunos OLIVEIRA 2023 Avaliações pedagógicas que promovem um ambiente afetivo positivo onde os alunos se sentem apoiados e competentes tendem a aumentar a motivação para aprender Abordagens contemporâneas na psicologia educacional também reconhecem a interconexão entre afetividade e avaliação Isso inclui a ênfase na avaliação formativa que fornece feedback contínuo e construtivo aos alunos para apoiar seu desenvolvimento Além disso a avaliação social e emocional tem ganhado destaque reconhecendo que a saúde emocional e o bem estar dos alunos desempenham um papel fundamental no sucesso acadêmico A afetividade desempenha um papel significativo na história da psicologia educacional influenciando a compreensão do desenvolvimento infantil o processo de aprendizagem e as práticas de avaliação pedagógica DE VASCONCELLOS 2023 O reconhecimento da importância das dimensões afetivas no ambiente de aprendizado é fundamental para promover o crescimento e o sucesso dos alunos para isto despertase a necessidade de subsídios informativos e referenciais para que substanciam tal processo de forma integradora e capacitada assim o objetivo desse estudo é Sistematizar e analisar produções na área de psicologia que discutam a relação entre avaliação do processo de aprendizagem e a afetividade se objetiva a elaboração do presente estudo em vias da sistematização e análise de produções voltados a área da Psicologia abordando conceitos entre a relação dos processos avaliativos o processo de aprendizagem e a afetividade 2 AVALIAÇÃO NA APRENDIZAGEM A avaliação se faz presente em todo o cotidiano humano sempre que julgamos a qualidade de algo já estamos fazendo uma avaliação Porém no contexto escolar a avaliação acontece como prática organizada e sistematizada a fim de verificar se os objetivos escolares foram atingidos e tais objetivos muitas vezes refletem as normas da própria sociedade Segundo VillasBoas 1998 p21 as práticas avaliativas podem servir a manutenção ou a transformação social consequentemente a avaliação escolar não acontece em momentos isolados do trabalho pedagógico o ideal é que ela o inicia e permeia todo o processo e por fim o conclua Mesmo com o avanço dos estudos sobre as práticas educacionais o processo de avaliação ainda não tem uma evolução significativa o que vemos ainda é um tipo de avaliação tradicional autoritária com o único objetivo é a obtenção de resultados trazer um artigo ou outro tipo de texto para fundamentar essa fala A prática avaliativa tem que centrarse no diagnóstico e não na classificação Independentemente do nível que aconteça a avaliação precisa levar em conta todo o processo de aprendizagem e não somente sua relação com os conhecimentos teóricos Notase a necessidade de que a avaliação se torne um processo transformador e permita que o professor tenha uma postura mediadora em sala de aula A avaliação assume papel de transformação quando promove a mediação entre o aluno e o conhecimento a questão do tempo em avaliação precisa ser considerada e elaborarse de testes baseados em princípios claros Hoffmann 2001 Hoffmann 2001 destaca pontos que devem ser tomados como indicadores de aprendizagem O primeiro diz respeito ao diálogo que deve ocorrer entre os professores e alunos esse diálogo é benéfico para o próprio professor quando possibilita sua reflexão sobre que posição metodológica ele assume ao elaborar suas questões Além de não ver seu próprio desenvolvimento e sentirse incompetente o aluno ainda carrega sozinho a responsabilidade pelo seu fracasso mediante os conteúdos Para isso o caminho seria a prática da avaliação mediadora no sentido da efetiva promoção da aprendizagem e das múltiplas dimensões do fazer avaliativo 3 METODOLOGIA OU MATERIAL E MÉTODOS Nesse artigo será utilizado como metodologia sistemática a revisão bibliográfica que envolve pesquisa análise e síntese de fontes bibliográficas relevantes à temática do projeto Ao utilizar a revisão bibliográfica como metodologia é possível adquirir um entendimento sólido sobre o estado atual do conhecimento dentro da psicologia acerca da relação entre avaliação do processo de aprendizagem e a afetividade identificar possíveis lacunas de pesquisas embasar a formulação de hipótese e ajudar a definir direções futuras de investigação A metodologia escolhida para o desenvolvimento da presente pesquisa é a revisão bibliográfica de caráter qualitativo e descritivo por recorrer a diversos autores e materiais pertinentes ao tema em questão Por meio desta é possível focar a análise do tema sob diversos ângulos distintos GONÇALVES 2022 uma vez que por ser de natureza qualitativa e descritiva fornece como base sólida para a análise e compreensão desses impactos pela contenção da pandemia da COVID19 O mesmo se fundamenta com base numa pesquisa em plataforma de dados denominada Google acadêmico explica que usou para google acadêmica para complementar e explicar que a gente buscou dentro da Pepsic buscando artigos dentro da psicologia base de dados somente para produções da psicologia para que se tenha base de acesso em demais plataformas importantes como PubMed e Scielo baseado nas palavras chave aprendizagem afetividade na educação e psicologia educacional Como filtros aplicados nesta pesquisa utilizouse a busca em artigos publicados em língua portuguesa inglesa e espanhola além da obtenção de publicações a partir de 2018 visando obterse informações com maiores pertinências e atualidade sobre o que estará compondo o desenvolvimento do mesmo específica que falam da relação entre afetividade e relação ensino aprendizagem REFERÊNCIAS CALDEIRA Anna M SalgueiroAvaliação e processo de ensino aprendizagem Presença PedagógicaBelo Horizonte V3p 5361 setout1997 CUNHA Maria Isabel da O Professor universitário na transição de paradigmas AraraquaraSPJM 1998 Avaliar ato tecido pelas imprecisões do cotidiano In GARCIA RL Novos Olhares sobre a alfabetização DE VASCONCELOS Anneliese Cristina Lima O FOCO NA AFETIVIDADE NO ACOMPANHAMENTO DISCENTE Copyright 2022 Editora Oiticica alguns direitos reservados Copyright do texto 2022 os autores Copyright da edição 2022 Editora Oiticica p 13 2022 GONÇALVES Carla Alexandra Metodologia do trabalho científico 2022 HOFFMANN J M L Avaliação Mediadora uma prática na construção da préescola à universidade Porto Alegre Mediação 2003 MORETTO V P Prova um momento privilegiado de estudo não um acerto de contas 9 ed Rio de Janeiro Lamparina 2010 OLIVEIRA Claudinéia De LIMA Roger dos Santos Afetividade na educação infantil uma revisão bibliográfica 2022 OLIVEIRA Aline Alves et al Afetividade Como Processo de Aprendizagem e Transformação no Contexto Atual Epitaya Ebooks v 1 n 34 p 8697 2023 DIOGO F V Relação familiar e autoestima Investigação São Paulo v 9 n 1 p 17 24 janabr 2009 HAZIN I FRADE C FALCÃO J T R Autoestima e desempenho escolar em matemática contribuições teóricas sobre a problematização das relações entre cognição e afetividade Educar n 36 p 3954 2010 BRANDEN Nathaniel O Poder da AutoEstima São Paulo Saraiva 1995 LÜDKE M ANDRÉ M E D A Pesquisa em educação abordagens qualitativas São Paulo EPU 1986 ANTUNES Celso Relações interpessoais e autoestima a sala de aula de aula como um espaço de crescimento integral 6ed Petrópolis RJ Vozes 2009 MINAYO M Cde S O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em saúde 3 edSão Paulo HucitecAbrasco 1994 ANTUNES Celso Relações interpessoais e autoestima a sala de aula de aula como um espaço de crescimento integral 6ed Petrópolis RJ Vozes 2009 MINAYO M C S O desafio do conhecimento Pesquisa qualitativa em saúde São Paulo Hucitec 2013 A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NA APRENDIZAGEM DO ALUNO THE INFLUENCE OF AFFECTIVITY ON STUDENT LEARNIG NOME Isabely Lucas Ederjean Sussuarana Cardoso Nilda FACULDADES INTEGRADAS APARÍCIO CARVALHO FIMCA RESUMO A aprendizagem é um processo complexo que envolve a aquisição de conhecimento habilidades e atitudes ao longo do tempo A avaliação desempenha um papel fundamental nesse processo fornecendo feedback aos alunos e aos educadores sobre o progresso e o desempenho No entanto a afetividade também desempenha um papel crucial na aprendizagem influenciando as emoções e motivações dos alunos sendo este o principal objetivo apresentado no presente artigo com base em uma revisão bibliográfica A afetividade referese às emoções sentimentos e atitudes que os alunos experimentam durante a aprendizagem Quando os alunos se sentem motivados valorizados e emocionalmente conectados ao conteúdo e ao ambiente de aprendizagem têm maior probabilidade de se envolverem ativamente e reterem o conhecimento A avaliação deve ser sensível à dimensão afetiva da aprendizagem Isso significa que os educadores devem considerar não apenas o desempenho acadêmico mas também o bemestar emocional dos alunos Feedback construtivo e encorajador pode ajudar a fortalecer a autoestima e a confiança dos alunos promovendo assim um ambiente de aprendizagem positivo Concluise que a aprendizagem a avaliação e a afetividade estão intrinsecamente ligadas Uma abordagem holística que leve em consideração não apenas o desempenho acadêmico mas também o bemestar emocional dos alunos é essencial para promover uma aprendizagem significativa e duradoura ABSTRACT Learning is a complex process that involves the acquisition of knowledge skills and attitudes over time Assessment plays a key role in this process providing feedback to students and educators about progress and performance However affectivity also plays a crucial role in learning influencing students emotions and motivations which is the main objective presented in this article based on a literature review Affectivity refers to the emotions feelings and attitudes that students experience during learning When students feel motivated valued and emotionally connected to the content and learning environment they are more likely to actively engage and retain knowledge Assessment must be sensitive to the affective dimension of learning This means that educators must consider not only academic performance but also the emotional wellbeing of students Constructive and encouraging feedback can help strengthen students selfesteem and confidence thus promoting a positive learning environment It is concluded that learning evaluation and affectivity are intrinsically linked A holistic approach that takes into account not only academic performance but also students emotional wellbeing is essential to promoting meaningful and lasting learning INTRODUÇÃO A avaliação é um importante instrumento para que o professor possa obter dados sobre o processo de aprendizagem de cada aluno reorientando sua prática e elaborando o seu planejamento propondo situações capazes de gerar novos avanços na aprendizagem e contribuir para que os alunos desenvolvam mais suas competências FONSECA 2011 Nessa seara evidenciase o impacto entre o desempenho dos estudantes e seus aspectos cognitivos e emocionais pesando sobre a emoção a autoestima e sua influência direta sobre os processos sociais e de aprendizagem desse indivíduo demandando uma construção conjunta entre a família e a instituição de ensino A aprendizagem segundo alguns estudiosos é muito mais que apenas comportamentos nela estão implícitos conceitos psicológicos importantes que contribuem para a formação do indivíduo como um todo MENDES et al 2017 Um primeiro exemplo disso é o processo de aprendizagem de uma língua estrangeira Quando uma pessoa decide aprender um novo idioma ela não está apenas adquirindo novos comportamentos linguísticos mas também desenvolvendo habilidades cognitivas como a capacidade de análise de memorização e de comunicação Além disso a aprendizagem de um novo idioma envolve também aspectos culturais pois o aluno tem a oportunidade de se familiarizar com diferentes costumes e tradições de um determinado país Assim a aprendizagem de uma língua estrangeira vai além do simples aprendizado de palavras e expressões englobando uma série de conceitos psicológicos que contribuem para o enriquecimento pessoal do indivíduo Nesta forma há que se ponderar sobre o predomínio de formas de avaliação como instrumento de exclusão com base na cultura de classificação e seleção de melhores cabendo ao professor compreender a indissociabilidade da prática avaliativa do contexto do trabalho pedagógico FONSECA 2011 Portanto o contexto social possui influência sobre as construções emocionais do discente o que está diretamente ligado ao potencial de aprendizagem dele De acordo com Piletti 1995 nossa sociedade é caracterizada por situações de injustiça e desigualdade criam famílias que lutam com muitas dificuldades para sobreviver atingindo também as crianças que enfrentam inúmeras dificuldades para aprender Dessa forma condições sociais desfavoráveis e baixa autoestima teriam influência negativa sobre os potenciais de aprendizagem A relação entre afetividade e avaliação pedagógica na história da psicologia está intrinsecamente ligada à compreensão do desenvolvimento da criança e do processo de ensino e aprendizagem Piaget um dos psicólogos mais influentes na área da psicologia do desenvolvimento enfatizou a importância da afetividade no processo de aprendizagem Ele argumentou que o desenvolvimento cognitivo das crianças está interligado com o desenvolvimento afetivo e social Piaget observou que as interações emocionais e afetivas desempenham um papel crucial na resolução de conflitos cognitivos e na aquisição de novos conhecimentos Sua teoria do desenvolvimento cognitivo inclui estágios de desenvolvimento que refletem tanto a capacidade cognitiva quanto a maturação emocional OLIVEIRA 2022 Vygotsky outro renomado psicólogo do desenvolvimento enfatizou a importância das interações sociais e culturais no aprendizado Ele argumentou que a aprendizagem é um processo social e que a afetividade desempenha um papel fundamental nesse processo Vygotsky introduziu o conceito de zona de desenvolvimento proximal que representa a diferença entre o que uma criança pode fazer sozinha e o que pode fazer com a ajuda de um adulto ou colega A afetividade na relação alunoprofessor desempenha um papel importante na promoção desse desenvolvimento Várias teorias da motivação na psicologia como a teoria da autodeterminação de Deci e Ryan também estão relacionadas à afetividade na avaliação pedagógica Essas teorias enfatizam a importância de satisfazer as necessidades psicológicas básicas como autonomia competência e relacionamentos sociais para promover a motivação intrínseca dos alunos OLIVEIRA 2023 Avaliações pedagógicas que promovem um ambiente afetivo positivo onde os alunos se sentem apoiados e competentes tendem a aumentar a motivação para aprender Abordagens contemporâneas na psicologia educacional também reconhecem a interconexão entre afetividade e avaliação Isso inclui a ênfase na avaliação formativa que fornece feedback contínuo e construtivo aos alunos para apoiar seu desenvolvimento Além disso a avaliação social e emocional tem ganhado destaque reconhecendo que a saúde emocional e o bemestar dos alunos desempenham um papel fundamental no sucesso acadêmico A afetividade desempenha um papel significativo na história da psicologia educacional influenciando a compreensão do desenvolvimento infantil o processo de aprendizagem e as práticas de avaliação pedagógica DE VASCONCELLOS 2023 O reconhecimento da importância das dimensões afetivas no ambiente de aprendizado é fundamental para promover o crescimento e o sucesso dos alunos para isto despertase a necessidade de subsídios informativos e referenciais para que substanciem tal processo de forma integradora e capacitada assim o objetivo deste estudo é sistematizar e analisar produções da psicologia de forma mais descritiva buscase sistematizar e analisar produções na área de psicologia que discutam a relação entre avaliação do processo de aprendizagem e a afetividade se objetiva a elaboração do presente estudo em vias da sistematização e análise de produções voltados a área da Psicologia abordando conceitos entre a relação dos processos avaliativos o processo de aprendizagem e a afetividade AVALIAÇÃO NA APRENDIZAGEM A avaliação se faz presente em todo o cotidiano humano sempre que julgamos a qualidade de algo já estamos fazendo uma avaliação Porém no contexto escolar a avaliação acontece como prática organizada e sistematizada a fim de verificar se os objetivos escolares foram atingidos e tais objetivos muitas vezes refletem as normas da própria sociedade Segundo VillasBoas 1998 p21 as práticas avaliativas podem servir a manutenção ou a transformação social consequentemente a avaliação escolar não acontece em momentos isolados do trabalho pedagógico o ideal é que ela o inicia e permeia todo o processo e por fim o conclua Mesmo com o avanço dos estudos sobre as práticas educacionais o processo de avaliação ainda não tem uma evolução significativa o que vemos ainda é um tipo de avaliação tradicional autoritária com o único objetivo é a obtenção de resultados SANTOS 2007 A prática avaliativa tem que centrarse no diagnóstico e não na classificação Independentemente do nível que aconteça a avaliação precisa levar em conta todo o processo de aprendizagem e não somente sua relação com os conhecimentos teóricos Notase a necessidade de que a avaliação se torne um processo transformador e permita que o professor tenha uma postura mediadora em sala de aula A avaliação assume papel de transformação quando promove a mediação entre o aluno e o conhecimento a questão do tempo em avaliação precisa ser considerada e elaborarse de testes baseados em princípios claros Hoffmann 2001 Hoffmann 2001 destaca pontos que devem ser tomados como indicadores de aprendizagem O primeiro diz respeito ao diálogo que deve ocorrer entre os professores e alunos esse diálogo é benéfico para o próprio professor quando possibilita sua reflexão sobre que posição metodológica ele assume ao elaborar suas questões Além de não ver seu próprio desenvolvimento e sentirse incompetente o aluno ainda carrega sozinho a responsabilidade pelo seu fracasso mediante os conteúdos Para isso o caminho seria a prática da avaliação mediadora no sentido da efetiva promoção da aprendizagem e das múltiplas dimensões do fazer avaliativo METODOLOGIA OU MATERIAL E MÉTODOS Nesse artigo será utilizado como metodologia sistemática a revisão bibliográfica que envolve pesquisa análise e síntese de fontes bibliográficas relevantes à temática do projeto Ao utilizar a revisão bibliográfica como metodologia é possível adquirir um entendimento sólido sobre o estado atual do conhecimento dentro da psicologia acerca da relação entre avaliação do processo de aprendizagem e a afetividade identificar possíveis lacunas de pesquisas embasar a formulação de hipótese e ajudar a definir direções futuras de investigação A metodologia escolhida para o desenvolvimento da presente pesquisa é a revisão bibliográfica de caráter qualitativo e descritivo por recorrer a diversos autores e materiais pertinentes ao tema em questão Por meio desta é possível focar a análise do tema sob diversos ângulos distintos GONÇALVES 2022 uma vez que por ser de natureza qualitativa e descritiva fornece como base sólida para a análise e compreensão desses impactos pela contenção da pandemia da COVID19 O mesmo se fundamenta com base numa pesquisa em plataforma de dados denominada Google acadêmico para complementar nossas pesquisas utilizamos o Google Acadêmico que é uma plataforma que permite o acesso a uma ampla variedade de artigos acadêmicos Ao buscar na plataforma nos concentramos em artigos publicados dentro do campo da psicologia O Google Acadêmico possui uma vasta base de dados que inclui artigos científicos teses dissertações resumos de conferências e livros É uma ferramenta útil para pesquisadores e estudantes pois fornece acesso gratuito a uma grande quantidade de materiais acadêmicos Ao especificar que buscamos dentro da Pepsic estamos nos referindo à base de dados disponível na Plataforma de Periódicos Científicos da Associação Brasileira de Psicologia Pepsic Essa plataforma reúne produções científicas exclusivas de psicologia englobando várias áreas de estudo dentro dessa disciplina Ao utilizar essa abordagem fomos capazes de encontrar artigos especializados estudos empíricos revisões de literatura e outras publicações relevantes para nossas pesquisas na área da psicologia Isso nos permitiu obter informações embasadas em evidências científicas e ter acesso a pesquisas recentes e confiáveis Além disso para que seja possível o acesso à base em demais plataformas importantes como PubMed e Scielo baseado nas palavraschave aprendizagem afetividade na educação e psicologia educacional Como filtros aplicados nesta pesquisa utilizouse a busca em artigos publicados em língua portuguesa inglesa e espanhola além da obtenção de publicações a partir de 2018 visando obterse informações com maiores pertinências e atualidade sobre o que estará compondo o desenvolvimento do mesmo A afetividade e o ensinoaprendizagem estão diretamente relacionados no contexto educacional A afetividade referese aos sentimentos emoções atitudes e relações interpessoais que envolvem os indivíduos no processo de aprendizagem KIELHOFNER 2009 Quando há uma atmosfera afetiva positiva na sala de aula os alunos se sentem valorizados acolhidos e seguros para se expressar e explorar novos conhecimentos Isso contribui para o desenvolvimento de uma relação saudável entre professores e alunos tornandose um facilitador para o processo de ensinoaprendizagem VY Da mesma forma a afetividade também é importante para o desenvolvimento socioemocional dos alunos Quando eles se sentem emocionalmente seguros e apoiados são mais propensos a se engajar nas atividades de aprendizagem e a ter uma maior motivação para aprender O ensinoaprendizagem por sua vez é o processo de transmissão e assimilação de conhecimentos e habilidades A afetividade desempenha um papel fundamental nesse processo pois as emoções e atitudes dos alunos podem influenciar diretamente a sua capacidade de aprender Por exemplo se um aluno está ansioso estressado ou desmotivado isso pode afetar negativamente sua capacidade de concentração e de compreensão dos conteúdos Por outro lado quando os alunos se sentem valorizados respeitados e apoiados emocionalmente eles tendem a se envolver mais ativamente no processo de aprendizagem e a obter melhores resultados Assim a relação entre afetividade e ensinoaprendizagem é bidirecional ou seja a afetividade influencia o processo de ensinoaprendizagem e por sua vez o processo de ensinoaprendizagem pode influenciar os aspectos afetivos dos alunos É importante que os educadores estejam atentos a essa relação e criem um ambiente de aprendizagem positivo que favoreça o desenvolvimento afetivo e cognitivo dos estudantes REFERÊNCIAS CALDEIRA Anna M SalgueiroAvaliação e processo de ensino aprendizagem Presença PedagógicaBelo Horizonte V3p 5361 setout1997 CUNHA Maria Isabel da O Professor universitário na transição de paradigmas AraraquaraSPJM 1998 Avaliar ato tecido pelas imprecisões do cotidiano In GARCIA RL Novos Olhares sobre a alfabetização DE VASCONCELOS Anneliese Cristina Lima O FOCO NA AFETIVIDADE NO ACOMPANHAMENTO DISCENTE Copyright 2022 Editora Oiticica alguns direitos reservados Copyright do texto 2022 os autores Copyright da edição 2022 Editora Oiticica p 13 2022 GONÇALVES Carla Alexandra Metodologia do trabalho científico 2022 HOFFMANN J M L Avaliação Mediadora uma prática na construção da préescola à universidade Porto Alegre Mediação 2003 MORETTO V P Prova um momento privilegiado de estudo não um acerto de contas 9 ed Rio de Janeiro Lamparina 2010 OLIVEIRA Claudinéia De LIMA Roger dos Santos Afetividade na educação infantil uma revisão bibliográfica 2022 OLIVEIRA Aline Alves et al Afetividade Como Processo de Aprendizagem e Transformação no Contexto Atual Epitaya Ebooks v 1 n 34 p 8697 2023 DIOGO F V Relação familiar e autoestima Investigação São Paulo v 9 n 1 p 17 24 janabr 2009 HAZIN I FRADE C FALCÃO J T R Autoestima e desempenho escolar em matemática contribuições teóricas sobre a problematização das relações entre cognição e afetividade Educar n 36 p 3954 2010 BRANDEN Nathaniel O Poder da AutoEstima São Paulo Saraiva 1995 LÜDKE M ANDRÉ M E D A Pesquisa em educação abordagens qualitativas São Paulo EPU 1986 ANTUNES Celso Relações interpessoais e autoestima a sala de aula de aula como um espaço de crescimento integral 6ed Petrópolis RJ Vozes 2009 MINAYO M Cde S O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em saúde 3 edSão Paulo HucitecAbrasco 1994 ANTUNES Celso Relações interpessoais e autoestima a sala de aula de aula como um espaço de crescimento integral 6ed Petrópolis RJ Vozes 2009 MINAYO M C S O desafio do conhecimento Pesquisa qualitativa em saúde São Paulo Hucitec 2013 SANTOS R Sistema de avaliação da educação básica situando olhares e construindo perspectiva 184 f Dissertação Doutorado em educação PUC SP São Paulo 2007 A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NA APRENDIZAGEM DO ALUNO THE INFLUENCE OF AFFECTIVITY ON STUDENT LEARNIG NOME Isabely Lucas Ederjean Sussuarana Cardoso Nilda FACULDADES INTEGRADAS APARÍCIO CARVALHO FIMCA RESUMO A aprendizagem é um processo complexo que envolve a aquisição de conhecimento habilidades e atitudes ao longo do tempo A avaliação desempenha um papel fundamental nesse processo fornecendo feedback aos alunos e aos educadores sobre o progresso e o desempenho No entanto a afetividade também desempenha um papel crucial na aprendizagem influenciando as emoções e motivações dos alunos sendo este o principal objetivo apresentado no presente artigo com base em uma revisão bibliográfica A afetividade referese às emoções sentimentos e atitudes que os alunos experimentam durante a aprendizagem Quando os alunos se sentem motivados valorizados e emocionalmente conectados ao conteúdo e ao ambiente de aprendizagem têm maior probabilidade de se envolverem ativamente e reterem o conhecimento A avaliação deve ser sensível à dimensão afetiva da aprendizagem Isso significa que os educadores devem considerar não apenas o desempenho acadêmico mas também o bemestar emocional dos alunos Feedback construtivo e encorajador pode ajudar a fortalecer a autoestima e a confiança dos alunos promovendo assim um ambiente de aprendizagem positivo Concluise que a aprendizagem a avaliação e a afetividade estão intrinsecamente ligadas Uma abordagem holística que leve em consideração não apenas o desempenho acadêmico mas também o bemestar emocional dos alunos é essencial para promover uma aprendizagem significativa e duradoura ABSTRACT Learning is a complex process that involves the acquisition of knowledge skills and attitudes over time Assessment plays a key role in this process providing feedback to students and educators about progress and performance However affectivity also plays a crucial role in learning influencing students emotions and motivations which is the main objective presented in this article based on a literature review Affectivity refers to the emotions feelings and attitudes that students experience during learning When students feel motivated valued and emotionally connected to the content and learning environment they are more likely to actively engage and retain knowledge Assessment must be sensitive to the affective dimension of learning This means that educators must consider not only academic performance but also the emotional wellbeing of students Constructive and encouraging feedback can help strengthen students selfesteem and confidence thus promoting a positive learning environment It is concluded that learning evaluation and affectivity are intrinsically linked A holistic approach that takes into account not only academic performance but also students emotional wellbeing is essential to promoting meaningful and lasting learning 1 INTRODUÇÃO A avaliação é um importante instrumento para que o professor possa obter dados sobre o processo de aprendizagem de cada aluno reorientando sua prática e elaborando o seu planejamento propondo situações capazes de gerar novos avanços na aprendizagem e contribuir para que os alunos desenvolvam mais suas competências FONSECA 2011 Nessa seara evidenciase o impacto entre o desempenho dos estudantes e seus aspectos cognitivos e emocionais pesando sobre a emoção a autoestima e sua influência direta sobre os processos sociais e de aprendizagem desse indivíduo demandando uma construção conjunta entre a família e a instituição de ensino A aprendizagem segundo alguns estudiosos é muito mais que apenas comportamentos nela estão implícitos conceitos psicológicos importantes trazer alguns exemplos desses conceitos MENDES et al 2017 Nesta forma há que se ponderar sobre o predomínio de formas de avaliação como instrumento de exclusão com base na cultura de classificação e seleção de melhores cabendo ao professor compreender a indissociabilidade da prática avaliativa do contexto do trabalho pedagógico FONSECA 2011 Portanto o contexto social possui influência sobre as construções emocionais do discente o que está diretamente ligado ao potencial de aprendizagem dele De acordo com Piletti 1995 nossa sociedade é caracterizada por situações de injustiça e desigualdade criam famílias que lutam com muitas dificuldades para sobreviver atingindo também as crianças que enfrentam inúmeras dificuldades para aprender Dessa forma condições sociais desfavoráveis e baixa autoestima teriam influência negativa sobre os potenciais de aprendizagem A relação entre afetividade e avaliação pedagógica na história da psicologia está intrinsecamente ligada à compreensão do desenvolvimento da criança e do processo de ensino e aprendizagem Piaget um dos psicólogos mais influentes na área da psicologia do desenvolvimento enfatizou a importância da afetividade no processo de aprendizagem Ele argumentou que o desenvolvimento cognitivo das crianças está interligado com o desenvolvimento afetivo e social Piaget aqui não falta ano porque o conteúdo sobre Piaget vêm de oliveira já citadoobservou que as interações emocionais e afetivas desempenham um papel crucial na resolução de conflitos cognitivos e na aquisição de novos conhecimentos Sua teoria do desenvolvimento cognitivo inclui estágios de desenvolvimento que refletem tanto a capacidade cognitiva quanto a maturação emocional OLIVEIRA 2022 Vygotsky outro renomado psicólogo do desenvolvimento enfatizou a importância das interações sociais e culturais no aprendizado Ele argumentou que a aprendizagem é um processo social e que a afetividade desempenha um papel fundamental nesse processo Vygotsky introduziu o conceito de zona de desenvolvimento proximal que representa a diferença entre o que uma criança pode fazer sozinha e o que pode fazer com a ajuda de um adulto ou colega A afetividade na relação alunoprofessor desempenha um papel importante na promoção desse desenvolvimento Várias teorias da motivação na psicologia como a teoria da autodeterminação de Deci e Ryan também estão relacionadas à afetividade na avaliação pedagógica Essas teorias enfatizam a importância de satisfazer as necessidades psicológicas básicas como autonomia competência e relacionamentos sociais para promover a motivação intrínseca dos alunos OLIVEIRA 2023 Avaliações pedagógicas que promovem um ambiente afetivo positivo onde os alunos se sentem apoiados e competentes tendem a aumentar a motivação para aprender Abordagens contemporâneas na psicologia educacional também reconhecem a interconexão entre afetividade e avaliação Isso inclui a ênfase na avaliação formativa que fornece feedback contínuo e construtivo aos alunos para apoiar seu desenvolvimento Além disso a avaliação social e emocional tem ganhado destaque reconhecendo que a saúde emocional e o bemestar dos alunos desempenham um papel fundamental no sucesso acadêmico A afetividade desempenha um papel significativo na história da psicologia educacional influenciando a compreensão do desenvolvimento infantil o processo de aprendizagem e as práticas de avaliação pedagógica DE VASCONCELLOS 2023 O reconhecimento da importância das dimensões afetivas no ambiente de aprendizado é fundamental para promover o crescimento e o sucesso dos alunos para isto despertase a necessidade de subsídios informativos e referenciais para que substanciam tal processo de forma integradora e capacitada assim o objetivo desse estudo é Sistematizar e analisar produções na área de psicologia que discutam a relação entre avaliação do processo de aprendizagem e a afetividade se objetiva a elaboração do presente estudo em vias da sistematização e análise de produções voltados a área da Psicologia abordando conceitos entre a relação dos processos avaliativos o processo de aprendizagem e a afetividade 2 AVALIAÇÃO NA APRENDIZAGEM A avaliação se faz presente em todo o cotidiano humano sempre que julgamos a qualidade de algo já estamos fazendo uma avaliação Porém no contexto escolar a avaliação acontece como prática organizada e sistematizada a fim de verificar se os objetivos escolares foram atingidos e tais objetivos muitas vezes refletem as normas da própria sociedade Segundo VillasBoas 1998 p21 as práticas avaliativas podem servir a manutenção ou a transformação social consequentemente a avaliação escolar não acontece em momentos isolados do trabalho pedagógico o ideal é que ela o inicia e permeia todo o processo e por fim o conclua Mesmo com o avanço dos estudos sobre as práticas educacionais o processo de avaliação ainda não tem uma evolução significativa o que vemos ainda é um tipo de avaliação tradicional autoritária com o único objetivo é a obtenção de resultados trazer um artigo ou outro tipo de texto para fundamentar essa fala A prática avaliativa tem que centrarse no diagnóstico e não na classificação Independentemente do nível que aconteça a avaliação precisa levar em conta todo o processo de aprendizagem e não somente sua relação com os conhecimentos teóricos Notase a necessidade de que a avaliação se torne um processo transformador e permita que o professor tenha uma postura mediadora em sala de aula A avaliação assume papel de transformação quando promove a mediação entre o aluno e o conhecimento a questão do tempo em avaliação precisa ser considerada e elaborarse de testes baseados em princípios claros Hoffmann 2001 Hoffmann 2001 destaca pontos que devem ser tomados como indicadores de aprendizagem O primeiro diz respeito ao diálogo que deve ocorrer entre os professores e alunos esse diálogo é benéfico para o próprio professor quando possibilita sua reflexão sobre que posição metodológica ele assume ao elaborar suas questões Além de não ver seu próprio desenvolvimento e sentirse incompetente o aluno ainda carrega sozinho a responsabilidade pelo seu fracasso mediante os conteúdos Para isso o caminho seria a prática da avaliação mediadora no sentido da efetiva promoção da aprendizagem e das múltiplas dimensões do fazer avaliativo 3 METODOLOGIA OU MATERIAL E MÉTODOS Nesse artigo será utilizado como metodologia sistemática a revisão bibliográfica que envolve pesquisa análise e síntese de fontes bibliográficas relevantes à temática do projeto Ao utilizar a revisão bibliográfica como metodologia é possível adquirir um entendimento sólido sobre o estado atual do conhecimento dentro da psicologia acerca da relação entre avaliação do processo de aprendizagem e a afetividade identificar possíveis lacunas de pesquisas embasar a formulação de hipótese e ajudar a definir direções futuras de investigação A metodologia escolhida para o desenvolvimento da presente pesquisa é a revisão bibliográfica de caráter qualitativo e descritivo por recorrer a diversos autores e materiais pertinentes ao tema em questão Por meio desta é possível focar a análise do tema sob diversos ângulos distintos GONÇALVES 2022 uma vez que por ser de natureza qualitativa e descritiva fornece como base sólida para a análise e compreensão desses impactos pela contenção da pandemia da COVID19 O mesmo se fundamenta com base numa pesquisa em plataforma de dados denominada Google acadêmico para que se tenha base de acesso em demais plataformas importantes como PubMed e Scielo baseado nas palavraschave aprendizagem afetividade na educação e psicologia educacional Como filtros aplicados nesta pesquisa utilizouse a busca em artigos publicados em língua portuguesa inglesa e espanhola além da obtenção de publicações a partir de 2018 visando obterse informações com maiores pertinências e atualidade sobre o que estará compondo o desenvolvimento do mesmo REFERÊNCIAS CALDEIRA Anna M SalgueiroAvaliação e processo de ensino aprendizagem Presença PedagógicaBelo Horizonte V3p 5361 setout1997 CUNHA Maria Isabel da O Professor universitário na transição de paradigmas AraraquaraSPJM 1998 Avaliar ato tecido pelas imprecisões do cotidiano In GARCIA RL Novos Olhares sobre a alfabetização DE VASCONCELOS Anneliese Cristina Lima O FOCO NA AFETIVIDADE NO ACOMPANHAMENTO DISCENTE Copyright 2022 Editora Oiticica alguns direitos reservados Copyright do texto 2022 os autores Copyright da edição 2022 Editora Oiticica p 13 2022 GONÇALVES Carla Alexandra Metodologia do trabalho científico 2022 HOFFMANN J M L Avaliação Mediadora uma prática na construção da préescola à universidade Porto Alegre Mediação 2003 MORETTO V P Prova um momento privilegiado de estudo não um acerto de contas 9 ed Rio de Janeiro Lamparina 2010 OLIVEIRA Claudinéia De LIMA Roger dos Santos Afetividade na educação infantil uma revisão bibliográfica 2022 OLIVEIRA Aline Alves et al Afetividade Como Processo de Aprendizagem e Transformação no Contexto Atual Epitaya Ebooks v 1 n 34 p 8697 2023 DIOGO F V Relação familiar e autoestima Investigação São Paulo v 9 n 1 p 17 24 janabr 2009 HAZIN I FRADE C FALCÃO J T R Autoestima e desempenho escolar em matemática contribuições teóricas sobre a problematização das relações entre cognição e afetividade Educar n 36 p 3954 2010 BRANDEN Nathaniel O Poder da AutoEstima São Paulo Saraiva 1995 LÜDKE M ANDRÉ M E D A Pesquisa em educação abordagens qualitativas São Paulo EPU 1986 ANTUNES Celso Relações interpessoais e autoestima a sala de aula de aula como um espaço de crescimento integral 6ed Petrópolis RJ Vozes 2009 MINAYO M Cde S O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em saúde 3 edSão Paulo HucitecAbrasco 1994 ANTUNES Celso Relações interpessoais e autoestima a sala de aula de aula como um espaço de crescimento integral 6ed Petrópolis RJ Vozes 2009 MINAYO M C S O desafio do conhecimento Pesquisa qualitativa em saúde São Paulo Hucitec 2013 Mais sobre A aprendizagem segundo alguns estudiosos é muito mais que apenas comportamentos nela estão implícitos conceitos psicológicos importantes Um primeiro exemplo disso é o processo de aprendizagem de uma língua estrangeira Quando uma pessoa decide aprender um novo idioma ela não está apenas adquirindo novos comportamentos linguísticos mas também desenvolvendo habilidades cognitivas como a capacidade de análise de memorização e de comunicação Além disso a aprendizagem de um novo idioma envolve também aspectos culturais pois o aluno tem a oportunidade de se familiarizar com diferentes costumes e tradições de um determinado país Assim a aprendizagem de uma língua estrangeira vai além do simples aprendizado de palavras e expressões englobando uma série de conceitos psicológicos que contribuem para o enriquecimento pessoal do indivíduo Esses exemplos evidenciam que a aprendizagem não se restringe apenas à aquisição de comportamentos ou habilidades específicas mas envolve uma série de conceitos psicológicos que são fundamentais para o desenvolvimento do indivíduo Portanto é importante que as instituições de ensino considerem esses aspectos em suas práticas pedagógicas oferecendo oportunidades de aprendizado que estimulem não apenas o crescimento intelectual mas também socioemocional dos alunos O uso do google acadêmico Para complementar nossas pesquisas utilizamos o Google Acadêmico que é uma plataforma que permite o acesso a uma ampla variedade de artigos acadêmicos Ao buscar na plataforma nos concentramos em artigos publicados dentro do campo da psicologia O Google Acadêmico possui uma vasta base de dados que inclui artigos científicos teses dissertações resumos de conferências e livros É uma ferramenta útil para pesquisadores e estudantes pois fornece acesso gratuito a uma grande quantidade de materiais acadêmicos Ao especificar que buscamos dentro da Pepsic estamos nos referindo à base de dados disponível na Plataforma de Periódicos Científicos da Associação Brasileira de Psicologia Pepsic Essa plataforma reúne produções científicas exclusivas de psicologia englobando várias áreas de estudo dentro dessa disciplina Ao utilizar essa abordagem fomos capazes de encontrar artigos especializados estudos empíricos revisões de literatura e outras publicações relevantes para nossas pesquisas na área da psicologia Isso nos permitiu obter informações embasadas em evidências científicas e ter acesso a pesquisas recentes e confiáveis Afetividade e Relação A afetividade e o ensinoaprendizagem estão diretamente relacionados no contexto educacional A afetividade referese aos sentimentos emoções atitudes e relações interpessoais que envolvem os indivíduos no processo de aprendizagem Quando há uma atmosfera afetiva positiva na sala de aula os alunos se sentem valorizados acolhidos e seguros para se expressar e explorar novos conhecimentos Isso contribui para o desenvolvimento de uma relação saudável entre professores e alunos tornandose um facilitador para o processo de ensinoaprendizagem Da mesma forma a afetividade também é importante para o desenvolvimento socioemocional dos alunos Quando eles se sentem emocionalmente seguros e apoiados são mais propensos a se engajar nas atividades de aprendizagem e a ter uma maior motivação para aprender KIELHOFNER 2009 O ensinoaprendizagem por sua vez é o processo de transmissão e assimilação de conhecimentos e habilidades A afetividade desempenha um papel fundamental nesse processo pois as emoções e atitudes dos alunos podem influenciar diretamente a sua capacidade de aprender Por exemplo se um aluno está ansioso estressado ou desmotivado isso pode afetar negativamente sua capacidade de concentração e de compreensão dos conteúdos Por outro lado quando os alunos se sentem valorizados respeitados e apoiados emocionalmente eles tendem a se envolver mais ativamente no processo de aprendizagem e a obter melhores resultados KIELHOFNER 2009 Assim a relação entre afetividade e ensinoaprendizagem é bidirecional ou seja a afetividade influencia o processo de ensinoaprendizagem e por sua vez o processo de ensinoaprendizagem pode influenciar os aspectos afetivos dos alunos É importante que os educadores estejam atentos a essa relação e criem um ambiente de aprendizagem positivo que favoreça o desenvolvimento afetivo e cognitivo dos estudantes VYGOTSKY 2017 Mesmo com o avanço dos estudos sobre as práticas educacionais o processo de avaliação ainda não tem uma evolução significativa o que vemos ainda é um tipo de avaliação tradicional autoritária com o único objetivo é a obtenção de resultados trazer um artigo ou outro tipo de texto para fundamentar essa fala SANTOS R Sistema de avaliação da educação básica situando olhares e construindo perspectiva 184 f Dissertação Doutorado em educação PUC SP São Paulo 2007 As referências KIELHOFNER G Modelo de Ocupação Humana Teoria e aplicação 4ª ed São Paulo Editora Roca 2009 SANTOS R Sistema de avaliação da educação básica situando olhares e construindo perspectiva 184 f Dissertação Doutorado em educação PUC SP São Paulo 2007 VYGOTSKY L A formação social da mente o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores 7ª ed São Paulo Editora Martins Fontes 2017 Mais sobre A aprendizagem segundo alguns estudiosos é muito mais que apenas comportamentos nela estão implícitos conceitos psicológicos importantes Um primeiro exemplo disso é o processo de aprendizagem de uma língua estrangeira Quando uma pessoa decide aprender um novo idioma ela não está apenas adquirindo novos comportamentos linguísticos mas também desenvolvendo habilidades cognitivas como a capacidade de análise de memorização e de comunicação Além disso a aprendizagem de um novo idioma envolve também aspectos culturais pois o aluno tem a oportunidade de se familiarizar com diferentes costumes e tradições de um determinado país Assim a aprendizagem de uma língua estrangeira vai além do simples aprendizado de palavras e expressões englobando uma série de conceitos psicológicos que contribuem para o enriquecimento pessoal do indivíduo Esses exemplos evidenciam que a aprendizagem não se restringe apenas à aquisição de comportamentos ou habilidades específicas mas envolve uma série de conceitos psicológicos que são fundamentais para o desenvolvimento do indivíduo Portanto é importante que as instituições de ensino considerem esses aspectos em suas práticas pedagógicas oferecendo oportunidades de aprendizado que estimulem não apenas o crescimento intelectual mas também socioemocional dos alunos O uso do google acadêmico Para complementar nossas pesquisas utilizamos o Google Acadêmico que é uma plataforma que permite o acesso a uma ampla variedade de artigos acadêmicos Ao buscar na plataforma nos concentramos em artigos publicados dentro do campo da psicologia O Google Acadêmico possui uma vasta base de dados que inclui artigos científicos teses dissertações resumos de conferências e livros É uma ferramenta útil para pesquisadores e estudantes pois fornece acesso gratuito a uma grande quantidade de materiais acadêmicos Ao especificar que buscamos dentro da Pepsic estamos nos referindo à base de dados disponível na Plataforma de Periódicos Científicos da Associação Brasileira de Psicologia Pepsic Essa plataforma reúne produções científicas exclusivas de psicologia englobando várias áreas de estudo dentro dessa disciplina Ao utilizar essa abordagem fomos capazes de encontrar artigos especializados estudos empíricos revisões de literatura e outras publicações relevantes para nossas pesquisas na área da psicologia Isso nos permitiu obter informações embasadas em evidências científicas e ter acesso a pesquisas recentes e confiáveis Afetividade e Relação A afetividade e o ensinoaprendizagem estão diretamente relacionados no contexto educacional A afetividade referese aos sentimentos emoções atitudes e relações interpessoais que envolvem os indivíduos no processo de aprendizagem Quando há uma atmosfera afetiva positiva na sala de aula os alunos se sentem valorizados acolhidos e seguros para se expressar e explorar novos conhecimentos Isso contribui para o desenvolvimento de uma relação saudável entre professores e alunos tornandose um facilitador para o processo de ensinoaprendizagem Da mesma forma a afetividade também é importante para o desenvolvimento socioemocional dos alunos Quando eles se sentem emocionalmente seguros e apoiados são mais propensos a se engajar nas atividades de aprendizagem e a ter uma maior motivação para aprender KIELHOFNER 2009 O ensinoaprendizagem por sua vez é o processo de transmissão e assimilação de conhecimentos e habilidades A afetividade desempenha um papel fundamental nesse processo pois as emoções e atitudes dos alunos podem influenciar diretamente a sua capacidade de aprender Por exemplo se um aluno está ansioso estressado ou desmotivado isso pode afetar negativamente sua capacidade de concentração e de compreensão dos conteúdos Por outro lado quando os alunos se sentem valorizados respeitados e apoiados emocionalmente eles tendem a se envolver mais ativamente no processo de aprendizagem e a obter melhores resultados KIELHOFNER 2009 Assim a relação entre afetividade e ensinoaprendizagem é bidirecional ou seja a afetividade influencia o processo de ensinoaprendizagem e por sua vez o processo de ensinoaprendizagem pode influenciar os aspectos afetivos dos alunos É importante que os educadores estejam atentos a essa relação e criem um ambiente de aprendizagem positivo que favoreça o desenvolvimento afetivo e cognitivo dos estudantes VYGOTSKY 2017 Mesmo com o avanço dos estudos sobre as práticas educacionais o processo de avaliação ainda não tem uma evolução significativa o que vemos ainda é um tipo de avaliação tradicional autoritária com o único objetivo é a obtenção de resultados trazer um artigo ou outro tipo de texto para fundamentar essa fala SANTOS R Sistema de avaliação da educação básica situando olhares e construindo perspectiva 184 f Dissertação Doutorado em educação PUC SP São Paulo 2007 As referências KIELHOFNER G Modelo de Ocupação Humana Teoria e aplicação 4ª ed São Paulo Editora Roca 2009 SANTOS R Sistema de avaliação da educação básica situando olhares e construindo perspectiva 184 f Dissertação Doutorado em educação PUC SP São Paulo 2007 VYGOTSKY L A formação social da mente o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores 7ª ed São Paulo Editora Martins Fontes 2017