Filosofia Psicologia

Os présocráticos a cosmologia e a ontologia Muitos mitos se apresentam na forma de osmogonia As cosmogonias são em geral narrativas sobre as origens do que uma determinada comunidade chama de o mundo Falam da união sexual entre deuses ou entidades quaisquer que geram o mundo ou união sexual entre deuses e humanos que geralmente criam situações complexas e dão o enredo para alguma história que conta episódios de divisões guerras ciúmes paixões disputas sobre a justiça sobre domínios etc Diferentemente das cosmogonias as osmologas já estão mais para o campo do pensamento filosófico do que para o pensamento mitológico O historiador propenso a ver mais continuidade do que ruptura na história do pensamento tende a tomar as cosmologias como o início do pensamento científico As cosmologias são teorias sobre a natureza do mundo Enquanto as cosmogonias são genealogias as cosmologias são conhecimento a respeito de elementos primordiais mas naturais O pensamento cosmológico em dado momento da história da Grécia antiga remete à phýsis a palavra grega que busca sintetizar o que é eterno aquilo de onde tudo surge nasce brota Tratarseia de um elemento imperecível gerador de todos os outros elementos naturais perecíveis Boa parte dos cosmólogos são tomados como pensadores présocráticos Os pensadores présocráticos pertencem ao mundo grego mas nem todos são anteriores a Sócrates Alguns sim outros não Eles estão presentes entre o século vii e a metade do século iv aC e Sócrates é de 469399 aC boa parte das datas mencionadas aqui antes de Cristo são estimativas Vários desses pensadores em suas cosmologias trabalham em um sentido reducionista isto é tentam encontrar uma substância única ou força exclusiva ou princípio básico capaz de ser apresentado como o elemento efetivamente real e primordial do cosmos Thales de Mileto 580 aC diz que tudo é composto de água Anaximandro 610546 a C escolhe o que chama de o ilimiágua Anaximandro 610546 aC escolhe o que chama de o ilimitado e o inespecífico em grego apeirón Anaxímenes volta a falar em um elemento específico o ar Esses três filósofos são conhecidos na história da filosofia como pertencentes à Escola de Mileto uma escola que prima pelo naturalismo ou seja pela busca de explicações baseadas em nexos causais entre os fenômenos naturais e pelo monismo isto é a idéia de que dentre as mudanças naturais há de se encontrar nessas transformações algo de elementar Diferentemente da Escola de Mileto os discípulos de Pitágoras de Samos 572500 aC não procuram por um elemento natural físico mas evocam a idéia de que a essência de tudo é numérica a realidade é descrita por fórmulas matemáticas ou relações entre números Heráclito de Éfeso por sua vez evoca o fogo como elemento natural primordial Mas não em um sentido literal do termo O fogo em Heráclito deve ser visto como símbolo de algo em mudança contínua daquilo que se absorve e se transforma Heráclito é o autor da famosa frase Não é possível banharse no mesmo rio duas vezes Todavia não se deve deduzir dessa afirmação que Heráclito defenda uma teoria da mudança contínua desregrada Ao contrário ele argumenta que há uma lógica o logis governando tal mudança contínua ou seja uma cadeia de razões Sucedendo Heráclito mas em oposição a ele Parmênides de Eléia 515440 aC defende a idéia da imutabilidade mas em um plano lógico lingüístico e enfim ontológico Se os jônicos são cosmólogos e para alguns historiadores são os precursores do pensamento científico no sentido das ciências da natureza então nessa linha de raciocínio podese dizer que em contrapartida com Parmenides a escola eleata é a fundadora do pensamento ontológico e assim a criadora de um pensamento mais filosófico uma vez que a ontologia teoria do ser permanece até os nossos dias como um campo da filosofia Parmênides afirma o que se põe como uma autoevidência O que é é o que não é não é Sua teoria é a de que não se pode afirmar que o que é não é pois o nãoser por definição não é Dessa forma Parmenides conclui que só o ser existe e que o ser só poderia ter as seguintes características sempre existente indestrutível eterno e indivisível Zenão de Eléia 490 aC elabora alguns paradoxos para mostrar que o que Parmenides defende pode parecer estranho mas é verdadeiro Zenão se baseia em uma idéia fácil de entender mas até hoje curiosa que visa mostrar a impossibilidade do movimento e portanto a impossibilidade de que algo que é possa viraser pois se é admissível que algo que é possa viraser isto significa que antes tal coisa não era gerando então uma contradição Zenão entre outros paradoxos fala de que forma uma flecha nunca atinge o alvo se ela percorre um arco ab e tal arco logicamente pode sempre ser dividido infinitamente sempre faltará um determinado segmento ab pertencente a ab para que a flecha possa chegar ao alvo O que Zenão cria enfim é a idéia de que o movimento é algo do mundo sensível mas que diante do pensamento lógicolingüístico não se sustenta Assim o mundo sensível onde a flecha atinge o alvo afinal se a lançamos a vemos atingir o alvo não se coadunaria com o mundo inteligível onde se nos ativermos à lógica ela nunca poderia ter realmente atingido o alvo no mundo atual sabese pela matemática superior com a noção de infinitésimo e de limite que o paradoxo não é do tipo que afeta o cálculo lógicomatemático A tese de Parmênides e os paradoxos de Zenão produzem um forte impacto no mundo grego Entre outras teorias que aparecem para tentar se livrar de tais paradoxos três delas são representativas do período dito présocrático a de Empédocles 440 aC a de Anaxagoras 500428 aC e a de Leucipo 460 aC e Demócrito 460370 aC Tais pensadores diferem dos anteriores especialmente pelo nãocultivo do monismo Eles optam em favor de algum tipo de pluralismo Deixam de lado a idéia de buscar como o mais real e profundo um elemento único exclusivo Para explicar o movimento e a mudança que Zenão nega Empédocles de Agrigento diz que deverseia olhar para as forças antagônicas da disputa e do amor A segunda tem a função de promover a unidade enquanto a primeira é a que convoca a dispersão e a destruição Anaxágoras de Clazomena por sua vez menciona a existência de sementes como algo que hoje se poderia chamar de elementos químicos subjacentes ao mundo físico visível e os liga a uma força de características mentais organizadora do mundo 0 nous uma força racional uma alma mente espírito que para além das formas visíveis coloca o mundo em movimento funcionando internamente nos seres orgânicos e externamente nos seres inorgânicos Leucipo de Abdera e Demócrito de Abdera preferem falar em algo material porém invisível no campo do mundo condizente com a capacidade do olhar dos homens O mundo é composto de átomos Átomo vem do grego atomon que significa indivisível Os átomos de Leucipo e Demócrito são partículas pequenas nãocriadas indestrutíveis eternas e que se movem continuamente em um plano nãoperceptível pelos humanos segundo leis e caminhos imutáveis Ao contrário de Parmênides e mais próximo a Heráclito Demócrito defende a idéia de a inércia ser aparente pois o que subjaz é o movimento em um campo nãológico mas material ainda que racional organizado seguindo leis determinadas Resumindo ao máximo os pensadores jônicos se interessam em fazer filosofia como osmologa teoria do cosmos da origem do universo Ou seja a filosofia aparece como um discurso que deve encontrar um elemento primeiro substancial para ser o ponto essencial do mundo Falam em água terra fogo nous espírito physis que grosseiramente pode ser traduzida por princípio natural e outras coisas Os pensadores eleatas deslocam a filosofia em direção à lógica e em direção à ontologia e à linguagem falam sobre o ser Parmenides ao dizer que o que é é e o que não é não é está não só enunciando uma regra lógica e lingüística mas dando uma determinação à filosofia a saber a frase estaria determinando o ser e por conseguinte o existente A filosofia nas mãos de Parmênides se transforma em ontologa teoria do ser Ao ler o texto anexado realize com suas palavras não é para copiar o texto do autor as seguintes tarefas 1 Qual a diferença entre cosmogonia e cosmologia E em qual delas o mito vai perdendo espaço dando mais ênfase ao pensamento científico Entre 10 a 15 linhas 2 Discorra sobre o Pensamento Ontológico Entre 10 a 15 linhas 3 Qual filósofo monista defendeu a tese de que o fogo era o elemento natural primordial Quem foi o seu sucessor Discorra em um texto a tese destes dois filósofos monistas destacando os pontos de convergência ou divergência entre eles Entre 10 a 15 linhas obs Além da bibliografia recomendada poderá utilizar artigos acadêmicos ou livros Não utilizar sites e google como referências Respeitar o limite de linhas Entre 10 a 15 linhas 1 A cosmogonia é uma narrativa que se ocupa da origem do universo frequentemente abordando as forças divinas ou mitológicas responsáveis pela criação do mundo Essas histórias geralmente fundamentadas em mitos envolvem deuses entidades sobrenaturais ou até mesmo interações entre divindades e humanos com acontecimentos como uniões sexuais guerras ou disputas e refletem a visão do mundo de uma cultura específica Tratase de uma forma de compreensão mítica que em grande parte está ligada à tradição oral e religiosa de um povo Por outro lado a cosmologia embora também busque entender a natureza e o universo movese para um campo mais filosófico e racional As cosmologias procuram explicações baseadas em elementos naturais e princípios lógicos deixando de lado o foco mitológico Enquanto a cosmogonia é essencialmente uma genealogia ou história da criação a cosmologia se aproxima mais do conhecimento científico procurando identificar as forças naturais que governam o cosmos Nesse processo o mito vai perdendo espaço gradualmente dando lugar a uma abordagem mais sistemática e reflexiva onde a razão e a observação começam a ser as bases para explicar o universo Portanto é na cosmologia que se percebe uma ênfase crescente no pensamento científico enquanto o mito embora ainda presente em algumas explicações cede à busca por causas naturais e lógicas 2 O Pensamento Ontológico é um campo da filosofia que se dedica ao estudo do ser ou seja à investigação da natureza da existência e das propriedades fundamentais da realidade A palavra ontologia provém do grego ontos ser e logos discurso estudo e portanto referese à disciplina filosófica que busca compreender o que é o ser em sua essência mais profunda A ontologia trata de questões fundamentais como o que significa existir o que constitui a realidade e como podemos definir os diferentes modos de ser se é que existem Ela não se limita apenas à análise do mundo material mas também investiga os conceitos mais abstratos de existência como o ser humano a mente e até o próprio conceito de tempo e espaço Dentro da história da filosofia o pensamento ontológico teve grande desenvolvimento especialmente com os filósofos présocráticos como Parmênides e seus discípulos que introduziram a ideia de que o ser é imutável e eterno O foco de Parmênides por exemplo foi afirmar que o ser é único indivisível e imperecível enquanto tudo o que não é ser não existe uma vez que segundo ele o nãoser não pode ser concebido Em contraste os pensamentos ontológicos posteriores passaram a abordar questões como o movimento a mudança e a multiplicidade dos seres como foi o caso dos filósofos pluralistas como Empédocles e Anaxágoras 3 Heráclito de Éfeso filósofo monista do século VI aC defendeu que o fogo era o elemento primordial que explicava o princípio dinâmico do universo Para ele a mudança constante e a interação de opostos eram fundamentais para a existência sendo o fogo a representação dessa transformação contínua Seu famoso aforismo não se pode entrar no mesmo rio duas vezes ilustra essa concepção de um universo em constante fluxo Seu sucessor Empédocles também buscou entender a origem da realidade mas sua teoria era pluralista Em vez de um único elemento primordial ele propôs que a natureza fosse composta por quatro elementos fundamentais terra água ar e fogo Esses elementos interagiam por meio das forças do Amor que os unia e do Ódio que os separava formando todas as coisas Enquanto Heráclito via a mudança como essencial e unificada no fogo Empédocles acreditava na combinação de múltiplos elementos para a formação da realidade Ambos no entanto compartilhavam a ideia de que o movimento e a transformação são centrais para a compreensão do mundo A principal diferença entre eles está na concepção de um princípio único contra a pluralidade de elementos para explicar o dinamismo do universo