·
Agronomia ·
Produção Agrícola
Envie sua pergunta para a IA e receba a resposta na hora
Recomendado para você
100
Introdução à Fitopatologia e Fitossanidade
Produção Agrícola
UNINGA
11
Projeto de Extensão Agronomia - Condução do Cultivo de Hortaliças
Produção Agrícola
UNINGA
1
Croqui do Cultivo Florestal em ITPAC Porto Nacional
Produção Agrícola
UMG
1
Projeto de Experimento Agrícola em Porto Nacional
Produção Agrícola
UMG
1
Instruções para o Trabalho de Forragicultura e Pastagem
Produção Agrícola
UNINTER
2
Roteiro de Atividade Substitutiva: Aspectos Agronômicos da Agricultura Sintrópica
Produção Agrícola
UNIUBE
80
Evapotranspiração e seu Papel no Ciclo Hidrológico
Produção Agrícola
UNIA
3
Tabela de Coeficientes de Cultivo para Vegetais e Frutíferas
Produção Agrícola
UNIA
53
Princípios de Agricultura Sintrópica segundo Ernst Götsch
Produção Agrícola
UNIUBE
3
Manejo de Pastagens: Diferenças, Sistemas e Conservação
Produção Agrícola
UNINTER
Texto de pré-visualização
ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA PROFA DRA ANDREA FLORINDO DAS NEVES Reitor Prof Me Ricardo Benedito de Oliveira PróReitoria Acadêmica Maria Albertina Ferreira do Nascimento Diretoria EAD Profa Dra Gisele Caroline Novakowski PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação Alan Michel Bariani Thiago Bruno Peraro Revisão Textual Marta Yumi Ando Produção Audiovisual Adriano Vieira Marques Márcio Alexandre Júnior Lara Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção Aliana de Araújo Camolez Direitos reservados à UNINGÁ Reprodução Proibida Rodovia PR 317 Av Morangueira n 6114 Prezado a Acadêmico a bemvindo a à UNINGÁ Centro Universitário Ingá Primeiramente deixo uma frase de Sócrates para reflexão a vida sem desafios não vale a pena ser vivida Cada um de nós tem uma grande re sponsabilidade sobre as escolhas que fazemos e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a socie dade Hoje em dia essa sociedade é exigente e busca por tecnologia informação e conhec imento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivên cia no mercado de trabalho De fato a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas diminuindo distâncias rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis Assim a UNINGÁ se dispõe através do Ensino a Distância a proporcionar um ensino de quali dade capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa preparados para o mer cado de trabalho como planejadores e líderes atuantes Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência conhecimento e sucesso Prof Me Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 3 WWWUNINGABR U N I D A D E 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO 5 1 DEFINIÇÃO E DIVISÕES DA ENTOMOLOGIA 6 2 SISTEMÁTICA CLASSIFICAÇÃO NOMENCLATURA E IDENTIFICAÇÃO 7 21 CLASSIFICAÇÃO 8 22 NOMENCLATURA 9 23 IDENTIFICAÇÃO 10 3 CLASSE INSECTA 11 31 ORDENS DA CLASSE INSECTA 12 4 ANATOMIA DOS INSETOS 13 41 A PAREDE CORPORAL 14 42 ABDÔMEN 15 CLASSIFICAÇÃO NOMENCLATURA E ANATOMIA DOS INSETOS PROFA DRA ANDREA FLORINDO DAS NEVES ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA 4 WWWUNINGABR 43 TÓRAX 15 431 PERNAS 15 432 ASAS E VOO 17 44 CABEÇA 19 441 ANTENAS 19 442 PEÇAS BUCAIS 21 4421 APARELHO BUCAL MASTIGADOR 21 4422 APARELHO BUCAL PICADORSUGADOR 22 4423 APARELHO BUCAL SUGADOR MAXILAR 23 4424 APARELHO BUCAL LAMBEDOR 23 CONSIDERAÇÕES FINAIS 24 5 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Olá estudante Seja bemvindoa à disciplina de Entomologia Agrícola Aqui vamos adicionar mais um degrau na escada da sua formação e tenho certeza de que você vai adorar esta disciplina Aqui estudaremos os insetos um grupo bastante diversificado dentro do reino animal há aproximadamente 1000000 de espécies descritas até o momento e as estimativas mostram que ainda há muito mais que isso a se descobrir Além disso os insetos habitam a Terra há cerca de 350 milhões de anos nós humanos estamos aqui há menos de dois milhões Os insetos são o grupo dominante de animais na Terra e ocupam uma grande diversidade de habitats pois desenvolveram adaptações ao longo da evolução que permitem a sobrevivência deles mesmo em determinadas condições inóspitas como a escassez de água Dentro de um grupo tão variado portanto temos alguns grupos de insetos que despertam um interesse especial a exemplo dos insetos vetores de doenças insetos polinizadores insetospraga dentre outros Como o nosso foco é a agricultura voltaremos nossa atenção para aqueles insetos que de alguma forma estão relacionados com as atividades agrícolas cuja atividade pode trazer benefícios ou malefícios à produção agrícola Estamos falando de forma resumida dos insetos praga e de seus inimigos naturais Para isso nossa disciplina está dividida da seguinte forma na primeira unidade falaremos sobre a ciência da Entomologia em linhas gerais e abordaremos a questão da Classificação e Nomenclatura assim como a Morfologia dos insetos Já na Unidade II nosso foco será a Fisiologia dos insetos além da reprodução e do ciclo de vida Na Unidade III você vai conhecer os insetos considerados pragaschave em determinadas culturas agrícolas e um pouco sobre as técnicas de coleta de insetos Por fim na Unidade IV nosso assunto serão as formas de controle dos insetospraga com foco no manejo integrado de pragas MIP Desejo que você aproveite ao máximo o decorrer de mais uma disciplina Bons estudos 6 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1 DEFINIÇÃO E DIVISÕES DA ENTOMOLOGIA Entomologia é a ciência que trata do estudo dos insetos como a origem grega do termo nos indica entomon significa insetos enquanto logos significa estudo Essa ciência trata portanto do estudo desses animais considerando a grande variação de aspectos e interações com outros seres vivos como plantas o próprio homem e outros animais Podemos dividir a Entomologia em dois grandes blocos Entomologia Acadêmica ou básica e Entomologia Aplicada A Entomologia acadêmica é a área que se dedica à pesquisa pura compreendendo diferentes áreas de estudo Entomologia morfológica estudo da estrutura do corpo dos insetos Entomologia fisiológica estudo das funções dos órgãos dos insetos Entomologia sistemática estudo da classificação identificação e nomenclatura dos insetos Entomologia ecológica estudo dos hábitos e habitats dos insetos suas interações com o meio e com outras espécies A Entomologia aplicada é a área que se dedica a estudar os insetos que podem atingir o homem de forma direta ou indireta Aqui há outras subdivisões Entomologia médica estudo dos insetos causadores ou transmissores de doenças ao homem Entomologia veterinária estudo dos insetos causadores ou transmissores de doenças aos animais domésticos Entomologia agrícola estudo dos insetospraga compreendendo sua identificação e formas de manejo e controle Entomologia florestal estudo dos insetos nocivos às plantas de interesse comercial Entomologia toxicológica estudo da ação dos inseticidas e resíduos em alimentos dentre outros Entomologia química estudo e fabricação de inseticidas e outros produtos relacionados Nesta disciplina para que você conheça primeiramente como são os insetos e qual o lugar que eles ocupam dentre todos os organismos vivos vamos iniciar com aspectos da Entomologia básica como morfologia fisiologia e sistemática Depois vamos partir para a Entomologia aplicada com foco na área da Entomologia Agrícola 7 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2 SISTEMÁTICA CLASSIFICAÇÃO NOMENCLATURA E IDENTIFICAÇÃO Quando falamos em grande diversidade de insetos estamos falando tanto do alto número de indivíduos por exemplo o número de formigas presentes em regiões tropicais provavelmente é maior do que todos os animais vertebrados juntos quanto do alto número de diferentes tipos de insetos Essa diversidade e as interações entre os organismos são objeto de estudo de uma ciência chamada sistemática Dentro da sistemática existe uma área que se ocupa de estudar a classificação dos organismos é a taxonomia A classificação como veremos mais adiante estabelece sete categorias básicas de classificação para os organismos reino filo classe ordem família gênero e espécie sendo esta última a unidade fundamental da sistemática Existem diferentes conceitos de espécie dependendo do ponto de vista Em nossa disciplina adotaremos o conceito biológico de espécie conforme explicado por Triplehorn e Johnson 2015 São um grupo de indivíduos ou populações na natureza que a São capazes de entrecruzar entre si e produzir uma prole fértil b Em condições naturais são reprodutivamente isolados ou seja não cruzam de outros grupos Para muitos animais na natureza e ao nosso redor observamos que as próprias características físicas impedem que haja cruzamento entre indivíduos que são bastante diferentes estabelecendose assim os limites de uma espécie No entanto vale lembrar que estamos tratando de organismos vivos e podem ocorrer situações em que esses limites não estão claramente estabelecidos Além disso é preciso considerar a variabilidade natural presente entre indivíduos de uma mesma espécie dimorfismo sexual ou seja diferenças entre machos e fêmeas estágios de desenvolvimento alterações sazonais e variações geográficas por exemplo Você também pode encontrar animais classificados como subespécie uma subcategoria abaixo do nível de espécie Muitas vezes essa subcategoria é usada para se referir a populações geograficamente restritas de uma espécie Para que você entenda o conceito biológico de espécie podemos utilizar como exemplo o cruzamento entre a égua e o asno macho também chamado de burro ou jumento que resulta na mula ou no cruzamento inverso entre um cavalo e um asno fêmea que resulta em um animal conhecido como bardoto Tanto a mula quanto o bardoto são animais normalmente estéreis Isso ocorre porque eles são resultado do cruzamento entre espécies diferentes cavalo Equus cabalus e asno Equus asinus Apesar de serem relativamente parecidos morfologicamente cavalos e asnos pertencem a espécies distintas Ainda que sejam capazes de realizar cruzamento a prole gerada não é fértil o que determina que esses animais não podem pertencer a uma mesma espécie 8 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 21 Classificação A humanidade em todas as culturas desde o seu surgimento classifica os animais de acordo com determinados padrões e com diferentes objetivos Por exemplo classificação dos animais de acordo com sua utilidade ou perigo que representam ou a classificação dos animais de acordo com seus papéis na mitologia Na Biologia a diversidade animal está organizada em uma hierarquia aninhada de grupos dentro de grupos com base nas relações evolutivas entre os organismos e as características morfológicas que compartilham Dentro de uma classificação biológica formal as espécies são reunidas em grupos denominados táxons no singular táxon e esses táxons estão organizados em um padrão hierárquico com grupos menores dentro de grupos maiores No sistema de classificação zoológica as categorias mais utilizadas são Reino Filo Divisão é um termo mais utilizado no sistema de classificação de plantas Classe Ordem Família Gênero e Espécie Figura 1 essas são chamadas de categorias básicas e todo organismo vivo está classificado dentro de cada um desses grupos Figura 1 A hierarquia da classificação científica dos seres vivos Fonte Wikimedia 2007 Por outro lado existem outros grupos que funcionam como subcategorias algumas bastante utilizadas mas que não são básicas de maneira que nem todos os organismos estão classificados dentro delas O objetivo dessas subcategorias é fazer distinções mais refinadas nos níveis básicos São exemplos Subfilo Subclasse Subordem Superfamília Subfamília Tribo Subgênero e Subespécie Conforme apresentado na Figura 1 que ilustra a hierarquia da classificação científica o reino animal que é a categoria ou táxon mais inclusivo é dividido em vários filos Cada filo por sua vez é dividido em classes 9 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA As classes se dividem em ordens as ordens são divididas em diferentes famílias as famílias se dividem em gêneros e os gêneros em espécies Assim se eu digo que as espécies A e B pertencem à mesma família automaticamente e obrigatoriamente elas pertencem à mesma ordem classe filo e reino podendo variar apenas no gênero e consequentemente na espécie Conforme descrito por Hickman et al 2016 a classificação dos insetos está organizada da seguinte forma 1 Reino Animalia onde estão todos os animais vertebrados ou invertebrados 2 Filo Arthropoda onde estão todos os animais invertebrados denominados artrópodes como aranhas escorpiões carrapatos ácaros crustáceos piolhosdecobra centopeias e insetos divididos em cinco subfilos 3 Subfilo Hexapoda onde estão os artrópodes com seis pernas divididos em duas classes Entognatha e Insecta 4 Classe Insecta onde estão os hexápodes que apresentam peças bucais ectognatas ou seja as bases das peças bucais ficam fora da cápsula cefálica 22 Nomenclatura Ao longo da sua história evolutiva houve um momento em que o homem começou a utilizar animais e plantas com diferentes finalidades alimentação cura de doenças fabricação de armas objetos agrícolas e abrigo Conforme você já estudou foi aí que o homem passou a classificar os animais No entanto além de classificar era preciso dar nomes e assim poder transmitir as experiências adquiridas para os descendentes Nos dias atuais a necessidade de nomear os organismos segue presente Afinal imagine como seria a comunicação seja científica ou não entre diferentes países com diferentes idiomas em que o nome de um animal varia conforme o lugar É devido a isso que os animais possuem dois tipos de nomes o nome científico e o nome comum A nomenclatura científica dos animais ou seja o processo de atribuir um nome científico único para cada animal segue as regras descritas no Código Internacional de Nomenclatura Zoológica conhecido pela sigla ICZN que você consegue acessar online por meio da página da Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica httpswwwicznorgthecodethe internationalcodeofzoologicalnomenclaturethecodeonline O objetivo principal desse código é promover a estabilidade e universalidade dos nomes científicos dos animais e garantir que o nome seja único e distinto A seguir estão descritas algumas das principais regras desse código conforme sintetizado por Triplehorn e Johnson 2015 1 Os nomes científicos devem ser escritos em latim ou latinizados derivados de qualquer idioma nomes de pessoas ou lugares 2 O nome científico de uma espécie é binomial ou seja formado por duas palavras o nome do gênero e um epíteto específico O nome do gênero sempre com a inicial maiúscula e o epíteto específico sempre com a inicial minúscula 3 O nome científico das subespécies é trinomial formado pelo nome do gênero o epíteto específico e o epíteto da subespécie 10 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 4 Os nomes científicos devem sempre ser destacados no texto Em meio digital devem ser impressos em itálico Exemplo Apis mellifera e se escritos à mão ou datilografados o itálico pode ser indicado por um sublinhado o sublinhado é feito separadamente sob cada palavra do nome científico Exemplo Apis mellifera 5 Nomes de espéciessubespécies podem vir acompanhados do nome do autor que é a pessoa que descreveu a espéciesubespécie assim como o ano da descrição O nome do autor não deve ser destacado Pode aparecer o nome ou apenas uma abreviação Exemplo Apis mellifera Lineu ou Apis mellifera L 6 Os nomes de gêneros e categorias mais elevadas sempre devem ser escritos com a inicial maiúscula Exemplo classe Insecta ordem Hymenoptera família Apidae Adicionalmente o nome do gênero também é destacado em itálico ou sublinhado conforme a situação Exemplo Apis As demais categorias não são destacadas em itálico nem sublinhadas 7 Uma espécie pode ser citada mas não nomeada e para isso frequentemente utilizamos sp ou spp Por exemplo Apis sp referese a uma espécie dentro do gênero Apis Se a intenção é citar duas ou mais espécies de Apis escrevese Apis spp 8 Os nomes de categorias como tribos até superfamílias possuem terminações padronizadas de maneira que podem ser facilmente reconhecidos Nomes de superfamílias terminam com o sufixo oidea Exemplo Apoidea Nomes de famílias terminam com o sufixo idae Exemplo Apidae Nomes de subfamílias terminam com o sufixo inae Exemplo Apinae Nomes de tribos terminam com o sufixo ini Exemplo Apini Ao publicar a descrição de um novo táxon desde subespécie até superfamília é preciso designar um tipo descrevendoo e indicando em que coleção ele foi colocado Isso ajuda a fixar o nome a um conceito taxonômico Os tipos normalmente são depositados em coleções zoológicas de referência que servem para estudo e consulta futura quanto às características do táxon descrito Mesmo com todas essas regras ainda existem controvérsias na nomenclatura de algumas espécies Existem situações onde animais diferentes recebem o mesmo nome científico são os homônimos e situações onde o mesmo animal recebe nomes científicos diferentes são os sinônimos ou sinonímias Geralmente as sinonímias ocorrem porque uma espécie que já havia sido descrita anteriormente é erroneamente identificada como espécie nova e descrita por um novo autor 23 Identificação A identificação consiste em um dos principais objetivos para qualquer pessoa que se propõe a estudar um determinado organismo Quando falamos especificamente na identificação de insetos isso implica uma dificuldade um pouco maior do que para outros animais em vista da grande diversidade de espécies existentes que é maior do que qualquer outro grupo 11 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Triplehorn e Johnson 2015 destacam quatro elementos que podem complicar o processo de identificação Primeiramente a existência de tantas espécies diferentes de insetos pode desencorajar alguns iniciantes que pretendem se especializar na identificação desse grupo Em segundo lugar o tamanho reduzido da maioria dos insetos frequentemente dificulta a visualização das características de identificação Em terceiro lugar dentre tantos insetos alguns são muito pouco conhecidos de maneira que há poucas informações disponíveis para auxiliar na identificação E por último alguns insetos possuem estágios bem distintos no ciclo de vida em que insetos imaturos e adultos não têm características morfológicas em comum para identificação Ainda que a identificação possa ser um pouco mais trabalhosa do que para outros grupos existem alguns procedimentos que visam ajudar nesse processo dentre eles a comparação com espécimes que já estão identificados e depositados em coleções a comparação com imagens a comparação com descrições a utilização de chaves de identificação ou até a combinação de diferentes procedimentos citados anteriormente Ao estudar em diversos livros didáticos da área da Entomologia você vai perceber que normalmente a identificação é realizada apenas até o nível de famílias Isso ocorre porque para a determinação das categorias infrafamiliares como gênero e espécie é necessário conhecimento especializado Na área da Entomologia Agrícola mais especificamente a identificação não apresenta maiores complicações uma vez que são espécies de importância econômica existe uma grande disponibilidade de informações imagens e descrições de maneira que a identificação de insetospraga se torna mais fácil 3 CLASSE INSECTA Dentro do grupo dos artrópodes do qual fazem parte todos os animais que possuem exoesqueleto a Classe Insecta é o grupo mais diversificado e numeroso O número de espécies de insetos ultrapassa todos os outros animais em conjunto Atualmente o número de espécies descritas é de 11 milhão e a estimativa dos especialistas é a de que possa existir cerca de 30 milhões de espécies de insetos na Terra Os insetos são organismos que possuem uma grande importância ecológica médica e econômica Para nós é até difícil compreender tal importância Os insetos atuais são capazes de evoluir de maneira contínua e às vezes bastante rápida comparando com a evolução de outros grupos Um bom exemplo dessa rápida evolução dos insetos é visto no campo quando os insetospraga rapidamente deixam de sofrer a ação de um determinado inseticida por terem sido selecionados indivíduos resistentes ao inseticida que vinha sendo utilizado 12 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA As principais diferenças dos insetos em relação aos demais artrópodes se resumem em dois pontos principais Peças bucais ectognatas ou seja peças bucais externas os animais de outros grupos possuem peças bucais internas Presença de dois pares de asas ligadas ao tórax para a maioria dos insetos Alguns possuem um par e outros não possuem asas Com relação ao tamanho corporal existem insetos com menos de 1 mm até insetos com 20 cm de comprimento já o tamanho médio da maioria é menor que 25 cm Insetos com tamanhos maiores são encontrados em regiões tropicais É possível encontrar insetos em praticamente todos os ambientes terrestres que permitem a vida pois eles têm uma distribuição bastante ampla e abundante espalhados por diferentes habitats Existem algumas poucas espécies que vivem em ambientes marinhos e são comuns em praias arenosas água salobra e alagados salgados São encontrados em abundância na água doce no solo e nas florestas principalmente nas florestas tropicais Mesmo em regiões desérticas ou devastadas e no topo de montanhas podemos encontrar insetos além das espécies que parasitam plantas e animais Graças à sua capacidade de voo aliada a uma excelente capacidade de adaptação os insetos alcançaram essa ampla distribuição após o desenvolvimento das suas asas eles conquistaram o ar muito antes dos répteis aves e mamíferos voadores 250 milhões de anos antes O pequeno tamanho dos insetos permite que eles sejam levados por correntes de ar ou água os ovos conseguem resistir a determinadas condições inóspitas e podem ser carregados por outros animais e levados para áreas distantes Nas regiões secas os insetos conseguem sobreviver devido à proteção oferecida pelo exoesqueleto que reduz a perda de água por evaporação mais adiante estudaremos sobre a composição do exoesqueleto Além disso alguns insetos conseguem obter água a partir dos alimentos ingeridos Durante o seu processo evolutivo os insetos exibiram uma capacidade de adaptação inacreditável A maior parte das modificações no corpo dos insetos ocorreu no trato digestivo e peças bucais além das antenas pernas e asas resultando numa diversidade de formas de vida capazes de aproveitar todo tipo de alimento e abrigo disponíveis Há espécies de insetos que são parasitas dentre os insetos que se alimentam de plantas há aqueles que sugam a seiva e aqueles que mastigam as folhas há ainda insetos que são predadores alimentandose de outros insetos e os insetos que são hematófagos que se alimentam do sangue de diversos animais Há ainda dentro desses grandes grupos grupos menores com insetos especializados Por exemplo determinados insetos que se alimentam apenas das folhas de uma espécie vegetal em particular Essa especialização com relação ao alimento diminui a competição entre as espécies e resulta numa diversidade biológica ainda maior 31 Ordens da Classe Insecta Insecta é uma classe que abrange cerca de 30 ordens diferentes com suas respectivas famílias gêneros e espécies Lembrando que a classificação é um processo dinâmico ela pode sofrer alterações à medida que novas espécies são descobertas Além disso dependendo do autor e do sistema de classificação utilizados o número de ordens e famílias pode variar Vamos conhecer os nomes de algumas dessas ordens com exemplos de representantes e número aproximado de famílias observando a Quadro 1 Atenção as ordens com nomes destacados em negrito representam ordens que englobam insetos de importância na agricultura Na Unidade III serão apresentadas as principais pragaschave na agricultura e você poderá conhecer melhor alguns dos insetos das principais ordens 13 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Ordem Representantes N famílias Microcoryphia Traças saltadoras 2 Thysanura Traçasdoslivros 3 Ephemeroptera Efeméridas 21 Odonata Libélulas e donzelinhas 11 Orthoptera Gafanhotos grilos e esperanças 16 Phasmatodea Bichopau e bichofolha 4 Dermaptera Tesourinhas 6 Plecoptera Moscasdapedra 9 Embioptera Embiópteros 3 Zoraptera Zorápteros insetosanjo 1 Isoptera Cupins 4 Mantodea LouvaaDeus 8 Blattodea Baratas 5 Hemiptera Percevejos cigarras cercopídeos psilídeos moscas brancas pulgões e cochonilhas 89 Thysanoptera Trips 7 Psocoptera Psocídeos 28 Phthiraptera Piolhos 18 Coleoptera Besouros 127 Neuroptera Sialídeos crisopídeos ascalafídeos e formigasleão 15 Hymenoptera Abelhas vespas parasitárias formigas vespas e mos casdeserra 72 Trichoptera Tricópteros 26 Lepidoptera Borboletas e mariposas 80 Siphonaptera Pulgas 8 Mecoptera Moscasescorpião e bitacídeos 9 Strepsiptera Estrepsíteros 5 Diptera Mosca doméstica moscadasfrutas 104 Quadro 1 Nomes de 26 ordens da Classe Insecta seguida dos representantes e número de famílias Fonte Adap tado de Triplehorn e Johnson 2015 4 ANATOMIA DOS INSETOS Agora que você já conheceu um pouco sobre as características gerais e a diversidade dos insetos vamos estudar a respeito da morfologia e da anatomia externa Na Unidade II abordaremos a fisiologia Os insetos apresentam uma divisão do corpo em três tagmas cabeça tórax e abdômen Figura 2 São simétricos bilateralmente e essa simetria pode ser descrita em três eixos anterior a posterior longitudinal dorsal a ventral dorsoventral e pleural lateral Ao nos referirmos aos apêndices desses insetos como antenas asas e pernas chamamos de basal o que se encontra mais próximo do corpo e apical distal o que está mais distante 14 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 2 Divisão do corpo do inseto em cabeça tórax e abdômen Fonte Scaglia 2014 41 A Parede Corporal O corpo dos insetos possui placas endurecidas ou escleritos que recebem o nome de exoesqueleto por fazerem parte da parede externa corporal dos artrópodes Além disso os artrópodes também são compostos por um extenso endoesqueleto de suporte que é formado por invaginações do exoesqueleto apófises estrutura sólida e apodema estrutura não sólida oca com a função de suporte e ligamento de músculos Outra importante característica da parede corporal é que ela influencia a forma como as substâncias como água e oxigênio se movimentam para o interior e o exterior do inseto O tegumento é formado por três camadas sendo elas uma camada celular que constitui a epiderme uma camada acelular delgada abaixo da epiderme a membrana basal ou lâmina basal e mais uma camada acelular complexa secretada pelas células da epiderme a cutícula A cutícula possui uma estrutura que varia de uma espécie para outra e também apresenta diferentes características de uma parte para outra do inseto Ela é formada por polissacarídeos de quitina açúcar Nacetilglucosamina C8H13O5Nn insolúvel em água ácidos diluídos e solventes orgânicos embutidas em uma matriz proteica Apesar de a quitina ser muito resistente ela não faz com que a cutícula fique rígida Essa rigidez que ela possui é devido a modificações na matriz proteica onde as microfibrilas estão embutidas Essa cutícula que é secretada pela epiderme conhecida como prócutícula é mole maleável de cor pálida e relativamente expansível Depois de um certo tempo passa por um processo de endurecimento e escurecimento ou esclerotização derivado da formação de ligações cruzadas entre as cadeias proteicas nas porções externas da prócutícula Então essa cutícula esclerotizada recebe o nome de exocutícula Abaixo dessa exocutícula pode ainda existir uma cutícula não esclerotizada conhecida como endocutícula Essa endocutícula forma membranas intersegmentares que conectam os escleritos Já a epicutícula é uma camada celular muito delgada que fica acima da endo e da exocutícula Ela é composta por outras camadas a cuticulina uma camada de cera e uma camada de cimento A camada de cera da epicutícula é muito importante para insetos terrestres limitando a perda de água por meio da parede corporal Os escleritos que compõem a parede corporal são subdivididos por estrias e cristas ou podem se projetar para dentro do corpo como suportes internos A estria externa que marca uma dobra de cutícula na parede corporal externa recebe o nome de sulco E a linha de fusão entre dois escleritos previamente separados é chamada de sutura 15 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 42 Abdômen O abdômen dos insetos é composto por onze segmentos sendo que os três últimos podem estar reduzidos eou modificados ou ainda representados apenas por apêndices Cada segmento possui um esclerito dorsal o tergo e um esclerito ventral o esterno Existe ainda uma região chamada de pleura região lateral de cada segmento a qual na maior parte das vezes não está presente externamente mas sim internamente formando parte do endoesqueleto abdominal Na pleura estão localizados os espiráculos que são aberturas para o sistema traqueal relacionados à respiração do inseto Os segmentos abdominais de 1 a 7 são também chamados de segmentos prégenitais os insetos alados adultos na sua maioria não possuem apêndices nesses segmentos A terminália é a parte analgenital do abdome e consiste em geral dos segmentos 8 ou 9 que apresentam a genitália até o ápice abdominal A genitália é composta pelos órgãos relacionados com a cópula e a deposição de ovos As fêmeas adultas possuem terminálias com estruturas internas para receber o órgão copulador masculino e seus espermatozoides e ainda estruturas externas utilizadas para oviposição possuindo para essa finalidade um tubo chamado de ovipositor O ovipositor pode ter duas formas a Ovipositor apendicular ou verdadeiro estruturado a partir de apêndices dos segmentos abdominais 8 e 9 b Ovipositor de substituição constituído de segmentos abdominais posteriores extensivos 43 Tórax O tórax é a região do corpo do inseto que contém as pernas e as asas da maioria dos adultos Ele é composto por três segmentos o protórax anterior o mesotórax mediano e o metatórax posterior O tórax se une à cabeça por uma região membranosa chamada de cérvix Em cada lado do pescoço existe geralmente um ou dois escleritos pequenos que ligam a cabeça com os episternos do protórax Esses segmentos torácicos são constituídos dos escleritos noto pleuras e esternos Os notos são geralmente subdivididos por suturas em dois ou mais escleritos cada um Já as pleuras são divididas em dois escleritos por uma sutura pleural a qual se estende dorsoventralmente entre a base da perna e a base da asa Cada um dos lados do tórax possui dois espiráculos um associado ao metatórax e outro associado ao mesotórax Este último serve também como abertura respiratória para protórax e cabeça 431 Pernas Em grande parte dos insetos as pernas anteriores medianas e posteriores se encontram no protórax mesotórax e metatórax respectivamente Elas são subdivididas em seis segmentos coxa trocânter fêmur tíbia tarso e prétarso ou póstarso Figura 3 16 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 3 Perna do inseto e suas subdivisões Fonte Laboratório de Insectos 2015 A movimentação das pernas depende de sua musculatura e da natureza das junções entre seus segmentos Essas junções podem ser dicondílicas ou seja com dois pontos de articulações ou monocondílicas com um único ponto de articulação As articulações entre a coxa e o tórax podem ser monocondílicas ou dicondílicas sendo que nesse caso a perna se moverá para frente e para trás Já a articulação tíbiotarsal é monocondílica o que possibilita movimentos mais variados As pernas dos insetos também apresentam diferenças conforme você pode observar na Figura 4 As pernas podem ser Raptatórias tipo de perna como a do louvaaDeus apresenta espinhos e é especializada para apreender animais Coletoras pernas presentes nas abelhas adaptadas para coletar e transportar grãos de pólen Saltatórias um exemplo aqui são as pernas traseiras dos gafanhotos adaptadas para promover grandes deslocamentos por meio da impulsão Fossoriais ou escavadoras pernas típicas de insetos que vivem no solo adaptadas para escavação como por exemplo nas paquinhas Ambulatórias tipo de perna das baratas adaptadas para locomoção no ambiente terrestre Escansoriais pernas adaptadas para fixação junto ao pelo de animais presentes em insetos parasitas como piolhos Natatórias pernas presentes em insetos que se deslocam em ambientes aquáticos como a barata dágua 17 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 4 Principais tipos de pernas Fonte CVI 2016b 432 Asas e voo Os insetos são os únicos invertebrados que são capazes de voar sendo um dos principais motivos do imenso sucesso desse grupo Eles podem apresentar dois pares de asas tetrápteros contidas no mesotórax e no metatórax um par de asas dípteros e ainda aqueles que não possuem asas no estado adulto ápteros Existem também insetos que apesar de possuírem asas não as utilizam para o voo estes são chamados de insetos aptésicos por exemplo a mariposa do bicho daseda Dentre as diferentes asas presentes nos insetos podemos destacar Figuras 5 e 6 Membranosa Asa fina e flexível com as nervuras visivelmente distintas podendo ser lisa ou coberta por pelos ou escamas Esse tipo de asa é encontrado na maioria dos insetos Tégmina Asa anterior de aspecto pergaminhoso ou coriáceo Os gafanhotos Orthoptera possuem esse tipo de asa Élitro Asa anterior dura recobrindo a asa posterior do tipo membranosa Os besouros Coleoptera apresentam esse tipo de asa Hemiélitro Possui uma parte basal dura cório e a apical flexível membrana onde estão presentes as nervuras Esse tipo de asa é característica de percevejos Hemiptera Heteroptera 18 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Balancins ou halteres Asas metatorácicas atrofiadas com a finalidade de equilíbrio É um tipo de asa encontrado em moscas e mosquitos Diptera Franjada Asas com longos pelos nas laterais São típicas de trips Thysanoptera Figura 6 Figura 5 Principais tipos de asas Fonte CVI 2016b Figura 6 Asa do tipo franjada característica dos insetos da Ordem Thysanoptera trips Fonte Wikimedia 2015 19 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para voar são requeridas forças de elevação impulso e controle de altitude que são obtidas pela movimentação das asas no ar São os músculos torácicos os responsáveis por essas forças por tracionarem diretamente na base da asa mecanismo de voo direto ou causarem alterações na forma do tórax o que por sua vez é convertido pelos escleritos axilares em movimentos alares mecanismo de voo indireto 44 Cabeça A cabeça dos insetos é composta por uma série de segmentos metâmeros ou anéis que são especializados para a coleta e manipulação dos alimentos percepção sensorial integração neural e defesa Não se conhece ainda com exatidão a quantidade de segmentos que a cabeça possui sendo o número proposto entre 3 e 7 A cabeça é dividida por sulcos ou suturas em um número de escleritos mais ou menos distintos e se conecta ao tórax por um cérvix membranoso Na cabeça se encontram os olhos compostos formam imagem ocelos percepção de luz estemas formam imagem insetos imaturos antenas e aparelho bucal Figura 7 Figura 7 Vista lateral da cabeça de um inseto Fonte Biologia Arte da Vida 2020 441 Antenas Todos os insetos adultos possuem um par de antenas como apêndices cefálicos com origem no segundo segmento da cabeça As antenas são apêndices sensoriais por esse motivo podem conter estruturas modificadas que desempenham as funções de olfato audição tato e gustação Elas são formadas por três partes o escapo onde se encontram os músculos que permitem mobilidade à antena o pedicelo que tem função auditiva e o flagelo que pode ser diferenciado com ornamentações ou estruturas diferentes Figura 8 20 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 8 Partes de uma antena Fonte Scaglia 2014 Os principais tipos de antenas são Setácea possui o formato de uma cerda os artículos tornamse mais delgados distalmente por exemplo libélula donzelinha cigarrinha Filiforme assemelhase a um fio os artículos têm tamanho quase uniforme e em geral são cilíndricos por exemplo carabídeo besourotigre Moniliforme que possui uma série de contas os artículos têm tamanho semelhante e forma mais ou menos esférica por exemplo besourodopinheiro Serreada possui o formato de uma serra seus artículos particularmente aqueles da metade ou dos dois terços distais da antena são mais ou menos triangulares por exemplo besouro tectec Pectinada assemelhase a um pente a maior parte dos artículos tem processos laterais longos e delgados Clavada os artículos se alargam para o ápice como uma clava Geniculada é uma antena em formato de cotovelo com o primeiro artículo longo e os artículos seguintes pequenos e originados em um ângulo em relação ao primeiro Plumosa se parece com uma pluma a maioria dos artículos possui espiral de pelos longos por exemplo mosquito macho Aristada apresentam três artículos com o último artículo geralmente alargado e portando uma cerda dorsal evidente Estilada possui três pequenos artículos sendo que o último apresenta um processo em forma de estilete ou digitiforme terminal alongado 21 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 442 Peças bucais Os insetos possuem geralmente um labro um par de mandíbulas e um par de maxilas um lábio e uma hipofaringe De uma forma geral existem duas peças bucais dos insetos as mastigadoras e as sugadoras sendo as peças bucais mastigadoras mais primitivas Esses tipos diferentes de peças bucais determinam como o inseto se alimenta e no caso de espécies nocivas o tipo de lesão que ele produz 4421 Aparelho bucal mastigador É o aparelho bucal mais primitivo composto de um labro ou lábio superior unido basalmente ao clípeo no lado anterior da cabeça um par de mandíbulas fortemente esclerotinizadas e responsáveis por triturar o alimento um par de maxilas e o lábio Figura 9 O clípeo é uma estrutura sensorial que tem como finalidade auxiliar no fechamento da cavidade oral As maxilas possuem uma pequena peça basal o cardo que se articula com a cápsula cefálica e uma peça maior o estipe ou estípete a gálea e a lacínia que auxiliam na manipulação do alimento e por fim um par de palpos maxilares Nesse tipo de peças bucais as mandíbulas movemse em sentido transversal ou seja de um lado para o outro possibilitando que o inseto seja capaz de morder e mastigar seu alimento Esse tipo de aparelho bucal é encontrado em gafanhotos e grilos Orthoptera cupins Isoptera em besouros Coleoptera vespas e formigas Hymenoptera e traças Thysanura Vale a pena destacar que alguns insetos mudam o tipo de aparelho bucal ao longo do desenvolvimento como as mariposas e borboletas da Ordem Lepidoptera Na fase larval quando são chamadas de lagartas o aparelho bucal é do tipo mastigador quando se tornam adultos o aparelho bucal presente é do tipo sugador maxilar cujas características você vai ler mais adiante 22 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 9 Cabeça e peças bucais de uma tesourinha Forficula auricularia Fonte Gullan e Cranston 2012 4422 Aparelho bucal picadorsugador Nesse tipo de aparelho bucal todos os elementos estão presentes porém possuem algumas modificações Ele é formado por um rostro alongado composto por estiletes A estrutura externa articulada é o lábio a qual envolve um par de mandíbulas e um par de maxilas Nesse tipo de aparelho o labro é uma peça curta que sai do ápice da fronte Já a hipofaringe fica inserida internamente na base do rostro e o lábio funciona como um guia para os estiletes mandibulares e maxilares Esses estiletes são peças que se encaixam e formam dois canais um salivar com a função de injetar saliva em plantas e animais e um canal alimentar que serve para extrair líquidos dos substratos alimentares 23 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Esse tipo de aparelho bucal é encontrado em insetos que se alimentam de líquidos como os percevejos Hemiptera podendo esses insetos ser fitófagos predadores ou hematófagos 4423 Aparelho bucal sugador maxilar Esse tipo de aparelho bucal é adaptado para a sucção de alimento líquido como o néctar das flores É formado por um labro pequeno e articulase com a fronte e o clípeo ficando a maxila reduzida a gálea para formar um tubo longo a espirotromba por meio do qual o alimento é sugado Esse aparelho bucal é característico de borboletas e mariposas Lepidoptera 4424 Aparelho bucal lambedor É um tipo de aparelho bucal encontrado nas abelhas Hymenoptera e também em alguns dípteros como a mosca doméstica e a moscadasfrutas Nele as mandíbulas e maxilas estão ausentes existindo apenas um par de palpos maxilares com função sensorial O lábio forma o rostro e tem em seu ápice as labelas que são lóbulos mais ou menos ovais membranosos percorridos por pseudotraqueias que absorvem o alimento líquido por capilaridade Essa estrutura permite que esses insetos lambam o alimento líquido que pode estar disponível em forma de fluido ou que será liquefeito pela ação da saliva de forma a haver uma digestão prévia extracorporal No vídeo Entomologia agrícola anatomia externa cabeça e antenas você poderá conhecer com mais detalhes o primeiro segmento dos insetos para entender melhor como funciona essa estrutura ENTOMOLOGIA agrícola anatomia externa cabeça e antenas Publicado no canal Prof LEGA Disponível em httpswwwyoutubecomwatchv7V5VzPb3MAE Acesso em 21 jan 2020 Para mais informações sobre a morfologia dos insetos e características gerais desses seres acessar LEITE G L D Entomologia Básica Universidade Federal de Minas Gerais 2011 p 146 Disponível em httpswwwicaufmgbrwpcontentuploads201706apentbasicapdf 24 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Caroa alunoa nesta unidade aprendemos como funciona o sistema de classificação e nomenclatura dos insetos e a importância de nomear e classificar a enorme diversidade que esse grupo possui Conhecemos também sua anatomia e como distinguir cada um deles por meio das várias modificações do exoesqueleto e dos apêndices que eles possuem Para essa finalidade conhecemos as suas características anatômicas e dessa forma foi possível identificar cada grupo de insetos bem como ordens famílias e gêneros de insetos Podemos perceber que aprender sobre a anatomia é indispensável para a compreensão dos insetos e nesse sentido conhecer as suas estruturas é essencial para diferenciálos classificá los e entender como cada um deles vive se alimenta e se reproduz Por fim através desta unidade podemos conhecer melhor as diversas características adaptativas desse grupo que foram responsáveis por sua grande proliferação o sucesso na colonização de diversos habitats e a diversidade de hábitos que eles possuem 25 25 WWWUNINGABR U N I D A D E 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO 27 1FISIOLOGIA E ANATOMIA INTERNA DOS INSETOS 28 11 SISTEMA NERVOSO 28 111 ANATOMIA DO SISTEMA NERVOSO 29 12 ÓRGÃOS SENSORIAIS 31 121 VISÃO 31 122 TATO 32 123 AUDIÇÃO 33 124 OLFATO 33 125 PALADAR 33 13 SISTEMA MUSCULAR 34 FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DOS INSETOS PROFA DRA ANDREA FLORINDO DAS NEVES ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA 26 WWWUNINGABR 14 SISTEMA DIGESTÓRIO E EXCRETOR 35 15 SISTEMA CIRCULATÓRIO 37 16 SISTEMA RESPIRATÓRIO 38 17 SISTEMA REPRODUTOR 39 2TIPOS DE REPRODUÇÃO E DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DOS INSETOS 40 3 METAMORFOSE E O CICLO DE VIDA DOS INSETOS 41 CONSIDERAÇÕES FINAIS 45 27 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Dentre todos os artrópodes o grupo dos insetos é o que apresenta o maior número de espécies e devido a essa diversidade conseguiram colonizar tanto ambientes terrestres como aquáticos com sucesso A capacidade de voar de muitas espécies permite que alcancem regiões distantes garantindo uma grande variedade de alimentos defesa contra predadores e dispersão Durante esta unidade vamos estudar a fisiologia a reprodução e o ciclo de vida dos insetos Ao estudar a fisiologia e anatomia interna conseguiremos entender o funcionamento do corpo do inseto e suas necessidades fisiológicas para crescer e se desenvolver Dentro do estudo da fisiologia temos os sistemas nervoso sensorial muscular digestório excretor circulatório respiratório e reprodutor O sistema nervoso é responsável pelas respostas aos estímulos externos como o vento o toque a luz entre outros Os órgãos sensoriais são responsáveis por realizar a comunicação entre o meio e o inseto sendo eles a visão o tato a audição o olfato e o paladar A musculatura é responsável pela locomoção e também pelo voo nos insetos alados O sistema digestório dos insetos pode apresentar modificações de acordo com sua dieta alimentar o sistema circulatório por sua vez na sua maior parte transporta nutrientes hormônios e excrementos já o sistema respiratório transporta oxigênio e gás carbônico e o sistema excretor elimina os excrementos através das fezes do animal Em relação à reprodução dos insetos na sua maioria a reprodução é sexuada e por oviparidade mas alguns grupos podem apresentar exceções Após o ovo eclodir dando origem à larva ocorre o início do desenvolvimento pósembrionário e ao longo desse processo o indivíduo vai sofrer mudanças morfológicas externas e internas conhecida como metamorfose Para que isso ocorra é necessária a atuação de um conjunto de hormônios responsáveis pela regulação da metamorfose e das trocas do exoesqueleto dos insetos garantindo o seu crescimento Consequentemente o indivíduo consegue crescer e se desenvolver chegando à fase adulta 28 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1FISIOLOGIA E ANATOMIA INTERNA DOS INSETOS 11 Sistema Nervoso A habilidade que os insetos possuem de responder a estímulos internos e externos alterando o seu comportamento e como consequência influenciando no meio em que vivem é controlada pelo sistema nervoso O sistema nervoso assemelhase de maneira geral ao dos artrópodes Esse sistema é integrado ao sistema sensorial externo aos estímulos externos e ao sistema fisiológico sendo composto por células nervosas especializadas chamadas neurônios Os neurônios são responsáveis pela sensação condução e coordenação dos movimentos e além dos neurônios o sistema nervoso possui gliais células especializadas responsáveis por proteção suporte e nutrição dos neurônios O sistema nervoso é formado por gânglios cerebrais ou cérebro localizados na região da cabeça e gânglios ventrais unidos por cordões nervosos por todo o corpo do animal As células nervosas especializadas os neurônios são divididas em três partes um corpo celular onde se encontra o núcleo da célula com ramificações terminais os dendritos por onde o estímulo nervoso é recebido e o axônio região alongada por onde são transmitidos os estímulos nervosos Figura 1 A condução do estímulo inicia no dendrito que recebe a informação e consequentemente chega ao núcleo que transmite para o axônio e dessa forma sucessivamente para o dendrito de outro neurônio seja músculo ou glândula que vai produzir uma resposta específica Figura 1 Partes de um neurônio Fonte Gallo et al 2002 Os neurônios podem ser classificados de acordo com o número de dendritos presentes bipolar quando existe apenas um dendrito independente do axônio unipolar quando o dendrito e o axônio partem da mesma ramificação e multipolar mais de um dendrito Figura 2 Ou podem ser classificados quanto ao local para onde a mensagem é enviada São chamados sensoriais ou aferentes os neurônios que levam os impulsos do interior dos órgãos dos sentidos ou seja estímulos captados no ambiente externo para o sistema nervoso Os neurônios motores ou eferentes saem do sistema nervoso e carregam o estímulo para os tecidos e órgãos que devem ser estimulados E os associativos ou de ligação ligam os neurônios sensoriais e motores 29 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 2 Classificação dos neurônios de acordo com o número de dendritos Fonte Gallo et al 2002 111 Anatomia do sistema nervoso O sistema nervoso é dividido anatomicamente em três partes central visceral e periférica O sistema nervoso central é considerado a parte mais importante do sistema nervoso dos insetos É constituído de uma massa nervosa ganglionar chamada cérebro outra massa ganglionar localizada abaixo do esôfago chamada gânglio subesofágico e uma série de outros gânglios chamados gânglios torácicos e abdominais cordão nervoso ventral Figura 3 O cérebro corresponde ao gânglio central e dorsal da cabeça Está localizado acima do esôfago e é formado a partir da fusão de três gânglios embrionários sendo dividido em três partes e cada parte é derivada da fusão de um par de gânglios A Protocérebro que corresponde ao segmento ocular sendo o centro da visão dos insetos e compreende a maior parte do cérebro Ainda na região protocérebro encontramse as células neurossecretoras que são responsáveis pela secreção do hormônio protorácicotrópico B Deuterocérebro que compreende a fusão dos gânglios antenais correspondentes aos lobos olfatórios e antenais É o centro nervoso dos sentidos as células sensitivas localizadas nas antenas estão relacionadas com a percepção do meio externo aos sentidos sensoriais como olfato paladar tato e audição C Tritocérebro que corresponde aos gânglios do terceiro segmento da cabeça e localizase abaixo do deuterocérebro A partir desse segmento saem dois nervos labrais que vão inervar o lábio superior do inseto um par de conectivos subesofagiano e outro par de conectivos do gânglio frontal A ligação da última região do cérebro o tritocérebro com o gânglio subesofágico é realizada por um par de conectivos subesofagiano O gânglio subesofágico é formado a partir da fusão de três pares de gânglios embrionários os mandibulares maxilares e labiais Dessa região partem nervos motores responsáveis por coordenar o movimento maxilar mandibular e dos lábios inferiores e também receber informações sensoriais de paladar e olfato perceptíveis aos insetos pelo lábio inferior e maxilar O gânglio subesofágico ligase aos gânglios torácicos que por sua vez ligamse aos abdominais O cordão nervoso ventral corresponde aos gânglios torácicos e abdominais situados ventralmente acima dos esternos torácicos e abdominais Os gânglios torácicos são responsáveis por controlar os órgãos locomotores tanto o caminhar como o voo dos insetos 30 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 3 Esquema do sistema nervoso central de um Orthoptera Fonte Romoser e Stoffolano 1988 A outra divisão do sistema nervoso dos insetos é o sistema nervoso visceral ou simpático que inerva os órgãos internos e ocorre independentemente da vontade do inseto É dividido em três partes estomogástrico ventral e caudal O sistema nervoso visceral estomogástrico é composto por nervos e gânglios e é responsável por controlar os órgãos de vida vegetativa dos insetos Um dos gânglios formado é o gânglio frontal localizado antes do cérebro e ligado a ele pelo conectivo gânglio frontal e o outro é o gânglio hipocerebral que pode originar um ou dois nervos esofagianos O gânglio frontal emerge num nervo que atravessa a região dorsal do esôfago seguindo por baixo do cérebro e dilatandose próximo a ele originando o gânglio hipocerebral O sistema nervoso visceral estomogástrico está ligado diretamente ao cérebro e inerva o estomodeu mesêntero coração vasos dorsais entre outros Sobre o esôfago existe um par de gânglios esofagiais ou faringeais conhecidos também como corpora cardíaca que se ligam ao gânglio hipocerebral e possuem células secretoras endócrinas e nervosas O corpora cardíaca é responsável pela liberação dos hormônios de regulação dos batimentos cardíacos Existe também o corpora allata que libera o hormônio juvenil que regula a metamorfose nos insetos O sistema nervoso simpático ventral corresponde a um par de nervos transversais ligados com os gânglios do cordão nervoso ventral e inervam os espiráculos E o sistema nervoso simpático caudal tem sua origem a partir do gânglio composto e posterior do cordão nervoso ventral e inerva a parte posterior do tubo digestivo e os órgãos reprodutores internos do inseto A última divisão anatômica do sistema nervoso dos insetos é o sistema nervoso periférico que corresponde a todos os nervos que saem e chegam aos gânglios do sistema central e assim inervam os músculos e os órgãos do sentido Nesse sistema periférico não ocorre a formação de gânglios 31 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 12 Órgãos Sensoriais O conjunto de órgãos sensoriais possui o papel de intermediar a relação inseto e meio ambiente Essa comunicação com o meio externo é feita através de cerdas espinhos ou órgãos sensoriais também chamados de sensilos localizados na cabeça antenas pernas ou partes bucais dos insetos Os sensilos estão conectados a terminações nervosas que chegam até o sistema nervoso Por exemplo quando uma cerda é tocada desencadeia um estímulo que será impulsionado até o sistema nervoso que espontaneamente comanda uma resposta ao estímulo executado Nos mosquitos as cerdas são muito sensíveis às correntes de ar alertando que estão próximas a um objeto Então quando tentamos matar uma mosca a simples corrente de ar que toca suas cerdas provoca um alerta de perigo e ela desvia o seu caminho Os órgãos sensoriais serão descritos a seguir São eles visão tato audição olfato e paladar 121 Visão A visão é controlada por dois fotorreceptores olhos compostos e ocelos Os olhos compostos são estruturas comuns em insetos adultos são áreas convexas que podem ser redondas ou ovais dependendo da espécie e encontramse na cabeça sendo dois por indivíduo Os olhos compostos são formados por unidades chamadas omatídeos que podem variar na sua quantidade conforme o ambiente onde o inseto vive e o seu comportamento Por exemplo as formigas operárias conhecidas como formigaslavapés que vivem no subsolo possuem de 6 a 9 omatídeos em cada olho composto diferente dos machos que precisam realizar o voo nupcial para encontrar uma fêmea e possuem 400 omatídeos em cada olho Cada unidade de omatídeo possui uma parte distal dióptrica representada pela córnea com o seu cone cristalino e uma parte receptora chamada retina e a retina possui um conjunto de sete células chamadas retínulas As retínulas são agrupadas ao redor de uma estrutura em forma de bastão chamada rabdoma Todo o omatídeo é envolvido por células pigmentadas assessoriais as primárias cobrem o cristalino e as secundárias ficam lateralmente a retínula As células primárias e secundárias formam a íris A luz recebida pela córnea é concentrada pelo cristalino e direcionada ao rabdoma e se espalha para as retínulas e o estímulo é levado até o protocérebro sistema nervoso central do inseto Figura 4 Cada omatídeo forma a imagem de um pedaço do objeto e o conjunto de omatídeos fornece a visão total do objeto em forma de mosaico 32 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 4 Estrutura do olho composto dos insetos Olho composto de uma Libélula Sympetrum fonscolombii A Corte na altura da margem de um olho composto B Esquema da estrutura de um omatídeo C Fonte A Wiki media 2005 B e C Snodgrass 1993 Os ocelos ou olhos simples são encontrados em ninfas larvas e em muitos insetos adultos A maioria dos insetos apresenta três ocelos na cabeça As abelhas usam os ocelos para monitorar a intensidade de luz e o fotoperíodo Ao contrário dos olhos compostos essas estruturas não formam uma imagem mas são adaptadas para perceber pequenas alterações luminosas e assim são relacionadas como estimulantes aumentando a percepção da luz recebida pelos olhos compostos 122 Tato O tato nos insetos é sentido pelos receptores mecânicos chamados sensilos tricoides ou apenas tricógenos O sensilo tricoide possui o formato de seta ou pelo e está associado a três tipos de células a célula tricógena responsável pela regeneração dos pelos e setas a célula tormógena responsável por formar a base para o encaixe da estrutura e as células sensoriais que ao contato com a seta o estímulo é direcionado para essas células Figura 5 Essa estrutura é encontrada em abundância em todo o corpo dos insetos principalmente nas larvas Figura 5 Esquema da estrutura de um sensilo tricoide Fonte Chapman 1998 33 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 123 Audição Nos insetos a audição é formada por células muito sensíveis sensilas no formato de pelos ou pelo órgão auditivo chamado tímpano que possibilita detectar frequências de sons no ar O tímpano possui células sensoriais e estendemse até uma membrana timpânica muito fina que engloba uma bolsa de ar na qual as vibrações são detectadas Os sensilos auditivos são receptores mecânicos 124 Olfato Os sensilos adaptados para percepção do olfato são receptores químicos e os mais comuns são os basicônicos e placódeos Figura 6 Esses sensilos olfativos estão localizados principalmente nas antenas mas podem ser encontrados também nos palpos maxilares e lábios de muitos insetos F i gura 6 Tipos de quimiorreceptores para o olfato A Sensilo basicônico B Sensilo placódeo Fonte Snodgrass 1993 125 Paladar Os sensilos responsáveis pela percepção do gosto são receptores químicos e são os basicônicos placódeos e tricoideos Os sensilos do paladar são normalmente encontrados nas pernas dos insetos na região do tarso e da parte distal da tíbia Mas pode ser localizado também em certas partes do aparelho bucal e nas antenas de algumas espécies de formigas vespas e abelhas 34 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 13 Sistema Muscular A função de mobilidade e locomoção é realizada pelos músculos O conjunto de tecidos responsável pela contração e distensão dos músculos é chamado sistema muscular A forma como os músculos são dispostos corresponde à segmentação do corpo dos insetos e o número de músculos é alto podendo chegar a 2 mil em larvas de Lepidópteros Os músculos dos insetos podem ser divididos em três grupos conforme os segmentos do corpo cefálicos torácicos e abdominais respectivamente músculos que pertencem à cabeça ao tórax e ao abdômen Os músculos cefálicos são encontrados na cabeça e são divididos em três grupos principais músculos cervicais responsáveis pela movimentação da cabeça músculos do aparelho bucal associados às maxilas lábios e mandíbulas e músculos das antenas que promovem o movimento das antenas Os músculos torácicos encontramse no tórax e estão associados direta ou indiretamente ao voo e aos movimentos das pernas dos insetos Os músculos das asas são responsáveis pelo seu movimento sendo considerados os mais importantes os músculos dorsoventrais que elevam as asas os músculos dorsolongitudinais que abaixam as asas e os pleurais responsáveis pelos movimentos rotatórios Figura 7 Entre os músculos que movimentam as pernas os mais importantes são os extensores flexores e rotatórios Figura 7 Corte transversal do tórax de um inseto A Asas movimentando para cima devido à contração dos músculos dorsoventrais B Asas movimentando para baixo devido à contração dos músculos dorsolongitudinais Fonte Snodgrass 1993 Os músculos abdominais mais importantes são os longitudinais e dorsoventrais responsáveis por promover a movimentação do ar dentro da traqueia os músculos transversais responsáveis pela movimentação do coração e os músculos oclusores das traqueias que controlam a sua abertura e fechamento evitando a perda de água pela respiração 35 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 14 Sistema Digestório e Excretor A digestão nos insetos assim como nos seres humanos e nos demais animais é um processo fisiológico responsável por decompor os alimentos ingeridos em moléculas menores que serão absorvidas pelas células e usados para o crescimento e desenvolvimento do inseto Quando pensamos na diversidade de insetos e na sua dieta alimentar constatamos que a alimentação dos insetos é bem diversificada desde folhas frutos seiva sangue madeira entre outros e com isso compreendemos que o aparelho digestivo dos insetos apresenta modificações de acordo com a sua dieta alimentar As alterações podem ser no formato do tubo digestivo e na complexidade da sua estrutura como um todo De maneira geral o aparelho digestório dos insetos é formado por um tubo digestivo ou canal alimentar O tubo se inicia na boca e percorre até o ânus do animal e é dividido em três partes estomodeu que corresponde ao intestino anterior mesêntero que corresponde ao intestino médio e o proctodeu que corresponde ao intestino posterior A primeira região do aparelho digestivo é o estomodeu que se inicia na boca ou cavidade oral e termina antes da região do mesêntero O alimento passa pela boca chegando à faringe depois ao esôfago seguindo pelo papo ou inglúvio onde o alimento pode ser armazenado temporariamente e em muitos insetos a digestão se inicia no papo através da ação das enzimas salivares e de algumas enzimas que são regurgitadas do intestino médio E o proventrículo ou moela que possui função trituradora nos insetos mastigadores e nos outros insetos funciona como uma válvula que apenas controla a passagem do alimento do papo para o mesêntero Figura 8 No mesêntero encontrase o estômago ou ventrículo onde ocorre a maior parte da digestão dos alimentos e os cecos gástricos que são expansões anteriores ao mesêntero em formato de tubo e pode variar no seu tamanho e número Os cecos gástricos são responsáveis por armazenar microrganismos como bactérias pela secreção de enzimas digestivas e também por aumentar a superfície para absorção de água e nutrientes Figura 8 E a última região do aparelho digestivo é o proctodeu seu início é no local de inserção dos túbulos de Malpighi onde a separação entre o mesêntero e o proctodeu é realizada pela válvula pilórica A primeira parte do proctodeu é o íleo seguido do cólon reto e ânus É nessa região que ocorre a eliminação dos excretos através das fezes Figura 8 Quando pensamos no salto que uma pequena pulga consegue realizar em relação ao salto do ser humano em termos de proporção com o tamanho do corpo o salto da pulga seria equivalente a uma pessoa de 180 m realizar um salto sem correr de 180 m Para que a pulga consiga realizar o salto depende da sua musculatura e também de um pacote de resilina proteínas que apresentam propriedades elásticas na sua composição Então quando uma pulga se prepara para dar um salto gira seus fêmures posteriores comprimindo o pacote de resilina e travase E para saltar exerce uma pequena ação muscular para liberar o travamento e assim permitir a expansão da resilina 36 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Além da estrutura do aparelho digestivo existem outros anexos que auxiliam na digestão dos alimentos como as glândulas salivares São duas glândulas que ficam na cabeça e cada uma possui um ducto que vai se unir para formar um único ducto que desemboca entre a hipofaringe e o lábio São funções da saliva lubrificar a boca solvente de alimentos contribuir com a digestão através das enzimas digestivas anticoagulante e usada para formar a seda do casulo em larvas de lepidópteros e himenópteros Figura 8 Figura 8 Estrutura do sistema digestório Fonte Gallo et al 2002 Após os nutrientes serem digeridos e absorvidos pelo sistema digestivo ocorre a remoção dos excrementos que são compostos nitrogenados pelo sistema excretor Os compostos nitrogenados são absorvidos pelos túbulos de Malpighi localizados anexos à região do intestino posterior proctodeu e têm como função remover os excrementos produzidos A principal substância nitrogenada excretada pelos insetos é o ácido úrico Como o ácido úrico é pouco solúvel em água essa característica reduz a perda de água pelos insetos Como vimos os insetos possuem uma alimentação bem diversificada e consequentemente a morfologia do aparelho digestivo desses animais pode ser diferente de um grupo para o outro E isso se deve à dieta alimentar de cada grupo Os gafanhotos baratas e cupins que se alimentam de alimentos sólidos necessitam de um tubo digestivo largo com a musculatura mais desenvolvida e com uma proteção contra ferimentos que podem ocorrer durante a absorção do alimento Já as cigarras e os pulgões se alimentam de alimentos líquidos seu tubo digestivo é mais longo estreito e com dobras para assim permitir o maior contato com o alimento 37 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 15 Sistema Circulatório O sistema circulatório dos insetos é diferente dos mamíferos não apresenta como função principal o transporte de gases como oxigênio e gás carbônico e sim de nutrientes hormônios e produtos excretores O aparelho circulatório dos insetos é composto por um vaso dorsal que percorre toda a extensão longitudinal do corpo do inseto na sua porção superior O vaso dorsal é dividido em duas partes uma posterior chamada de coração e uma anterior chamada aorta Nos insetos o sangue é chamado de hemolinfa A hemolinfa que sai do coração é bombeada até a aorta e assim direcionada às demais cavidades e apêndices do corpo do inseto através de sistema de lacunas chamado hemoceles e retorna ao coração por orifícios chamados de óstios ou ostíolos Esse tipo de sistema circulatório não possui capilar e é conhecido como sistema circulatório aberto ou lacunar Figura 9 Além do vaso dorsal o sistema circulatório dos insetos possui órgãos pulsáteis acessórios Figura 9 que impulsionam a hemolinfa para o interior dos órgãos que estão distantes do vaso dorsal como nas antenas asas e pernas Nos insetos que não apresentam os órgãos pulsáteis acessórios a circulação até os apêndices ocorre de quatro formas A por movimentos musculares do próprio apêndice B alterações de pressão no abdômen por movimentos respiratórios C pressão da hemolinfa de uma região para outra do corpo e D por movimentos ondulatórios do diafragma Figura 9 Esquema do sistema circulatório dos insetos Fonte Wigglesworth 1972 A hemolinfa é formada por plasma que é a parte líquida e os hemócitos que são a parte celular Apresenta diversas funções A Lubrificante tem o papel de lubrificar os tecidos facilitando os movimentos B Mecânica a pressão da hemolinfa auxilia na eclosão das larvas na expansão das asas entre outros C Responsável pelo transporte de nutrientes hormônios e excrementos e outros D Fagocitose E Desintoxicação F Cicatrização de feridas através da produção de um tipo de hemócito e G Formação de tecidos por certos tipos de hemócitos 38 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 16 Sistema Respiratório Os insetos necessitam de um sistema respiratório eficaz que permita o transporte de gases como oxigênio e gás carbônico e ao mesmo tempo reduza a perda de água para o meio externo O sistema traqueal responsável pela função corresponde a uma extensa rede de tubos ramificados por todo o corpo do inseto As ramificações vão ficando cada vez mais finas e os últimos ramos chegam aos tecidos Os troncos traqueais abremse para a superfície externa através de orifícios pelos quais entra o ar chamados espiráculos Figura 10A Existem geralmente dois pares de espiráculos no tórax e sete ou oito pares no abdômen Normalmente os espiráculos apresentam uma válvula ou algum tipo de mecanismo de fechamento que reduz a perda de água e é através deles que ocorrem as trocas gasosas As traqueias são compostas por uma camada simples de células e são revestidas com cutícula A sua troca ocorre junto com a troca da cutícula externa durante as mudas através dos espiráculos Sofrem ramificações em tubos menores que terminam em túbulos muito finos chamados traquéolas e esses túbulos ramificam numa rede extremamente fina que envolve as células Figura 10B Figura 10 Esquema do sistema traqueal dos insetos A e as traquéolas B Fonte Hickman et al 2016 O sistema traqueal também apresenta estruturas chamadas sacos aéreos que se parecem com traqueias dilatadas Apresentam uma parede fina e flexível e estão localizados na cavidade e nos apêndices Exercem as seguintes funções A armazenamento de ar para respiração B aumento do volume do corpo devido ao deslocamento de ar tornando o corpo mais leve C nos insetos aquáticos servem como órgãos hidrostáticos e D reservatório de ar nos insetos que mergulham 39 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 17 Sistema Reprodutor As estruturas reprodutivas dos insetos localizamse na região abdominal O aparelho reprodutor da fêmea é composto essencialmente de um par de ovários dois ductos denominados ovidutos laterais que convergem num oviduto comum que se abre na vagina Os ductos têm papel de conduzir os óvulos ou ovos para o meio exterior Na vagina desembocam na espermateca e em alguns insetos raramente há uma bolsa copuladora Figura 11A A espermateca é responsável por receber e armazenar os espermatozoides garantindo a fertilização dos ovos por dias meses e até anos em algumas espécies E a bolsa copuladora serve para receber o esperma antes de chegar à espermateca O aparelho reprodutor do macho é semelhante ao da fêmea é composto por um par de testículos dois vasos deferentes que correspondem aos ovidutos laterais da fêmea que convergem no canal ejaculador que corresponde ao oviduto comum vesícula seminal e pênis ou edeago Figura 11B A vesícula seminal corresponde a uma parte de cada vaso deferente dilatado e serve como reservatório de esperma Tanto no aparelho reprodutor masculino como no feminino encontramos glândulas acessórias Figura 11 Sistema reprodutor dos insetos A Aparelho reprodutor da fêmea B Aparelho reprodutor do macho Fonte Gotti Saldanha e Marra 2019 A célula reprodutora do sistema feminino é o óvulo e a do masculino o espermatozoide A fecundação ocorre quando o óvulo percorrendo a região da vagina encontra um ou mais espermatozoides que acabaram de sair da espermateca Os espermatozoides podem ser depositados dentro do aparelho reprodutor da fêmea de duas formas uma delas é quando o espermatozoide é depositado diretamente dentro da espermateca uma vez que os machos possuem no pênis uma extensão alongada em forma de linha e a outra forma é quando são depositados na vagina da fêmea e migram para a espermateca Um óvulo pode ser penetrado por mais de um espermatozoide mas apenas um núcleo masculino de espermatozoide unirá ao núcleo do óvulo ocorrendo assim a fecundação e os demais espermatozoides degeneramse A partir da fecundação ocorre a formação do ovo ou zigoto e posteriormente um novo indivíduo com metade do material genético da mãe e a outra metade do pai 40 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2TIPOS DE REPRODUÇÃO E DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DOS INSETOS Em relação à reprodução dos insetos a maioria das espécies realiza reprodução sexuada e o desenvolvimento embrionário ocorre por oviparidade ou seja os óvulos das fêmeas se desenvolvem depois de fecundados pelo espermatozoide e o desenvolvimento do embrião ocorre dentro do ovo e em ambiente externo fora do corpo da fêmea Em sua maioria os insetos são dioicos e raramente hermafroditas A alta capacidade reprodutiva dos insetos é uma das razões pela qual conseguem se adaptar a diversas regiões e climas tornandose uma praga para a agricultura Como já estudamos a reprodução dos insetos na sua maioria depende do encontro entre os dois sexos macho e fêmea e da fertilização do óvulo pelo espermatozoide No que diz respeito ao desenvolvimento embrionário a maioria dos insetos é ovípara ou seja o embrião se desenvolve dentro do ovo em ambiente externo mas existem algumas exceções A seguir estão descritos alguns conceitos relacionados à reprodução e ao desenvolvimento embrionário dos insetos oviparidade viviparidade partenogênese pedogênese poliembrionia e hermafroditismo A oviparidade é o mais comum entre os insetos as fêmeas produzem ovos que são eliminados do corpo delas para o meio externo onde são depositados e depois de um certo tempo eclodem A oviparidade pode ocorrer independentemente da forma de reprodução sexuada ou assexuada ou seja tanto ovos fertilizados quanto não fertilizados podem ser depositados no meio externo Na viviparidade os ovos desenvolvemse dentro do corpo da fêmea e as larvas ou ninfas eclodem logo após os ovos serem depositados ou imediatamente antes Na partenogênese os óvulos se desenvolvem sem ocorrer a fecundação com o espermatozoide Esse tipo de reprodução ocorre em grupos de insetos em que não existem machos e dá origem a indivíduos haplobiontes ou diplobiontes A partenogênese pode ocorrer de três formas arrenótoca em que os ovos postos originam somente machos telítoca em que os ovos postos originam somente fêmeas e deuterótoca em que os ovos postos originam fêmeas e machos A pedogênese é um tipo de reprodução que ocorre nos insetos imaturos que possuem ovários funcionais e os ovos vão se desenvolver por partenogênese Quando ocorre a formação de dois ou mais embriões no mesmo ovo é denominado poliembrionia sendo um tipo de reprodução comum entre os insetos parasitoides O último tipo de reprodução é o hermafroditismo que ocorre quando os dois sexos estão presentes no mesmo indivíduo sendo raro entre os grupos de insetos 41 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3 METAMORFOSE E O CICLO DE VIDA DOS INSETOS Após o ovo eclodir o inseto imaturo inicia sua vida no meio externo crescendo e se desenvolvendo Durante o desenvolvimento pósembrionário a maioria dos insetos sofre mudanças morfológicas Durante esse período os insetos precisam passar por uma série de mudas ou ecdises que são as trocas do exoesqueleto cutículas para conseguir crescer O número de ecdises realizadas pelos insetos é variável e pode mudar bastante de acordo com a espécie O exoesqueleto abandonado pelo inseto recebe o nome de exúvia O estágio entre uma muda e outra é chamado de ínstar Além disso a maioria dos insetos sofre algum tipo de metamorfose e dependendo do tipo de desenvolvimento pósembrionário os insetos podem ser classificados em três categorias ametábolos hemimetábolos ou holometábolos Nos insetos ametábolos não ocorre metamorfose do ovo eclode um indivíduo jovem Os jovens são semelhantes aos adultos com diferença no tamanho e na maturação sexual Os estágios são ovo jovem e adulto Exemplo de insetos ametábolos são as traçasdelivro Os insetos hemimetábolos sofrem uma metamorfose incompleta ou seja o indivíduo jovem que eclode do ovo difere um pouco do adulto Nessa categoria temos os gafanhotos as cigarras os louvaadeus que liberam os ovos no ambiente terrestre e as libélulas e insetos aquáticos que colocam seus ovos na água Os jovens são denominados ninfas e suas asas desenvolvemse externamente e tornamse maiores a cada muda até tornarse um adulto alado Figura 12 Os estágios são ovo ninfa com vários ínstares e adulto Figura 13 Nas ninfas aquáticas alguns grupos apresentam brânquias traqueais ou outras modificações para o meio aquático Figura 12 Exemplares de insetos com metamorfose gradual e as ninfas são aquáticas Exemplar da ordem Plecop tera A Exemplar da ordem Odonata uma libélula B Ninfa de uma libélula C Fonte Hickman et al 2016 Figura 13 Ciclo de vida dos insetos hemimetábolos Fonte Hickman et al 2016 42 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Nos insetos holometábolos ocorre uma metamorfose completa e corresponde à maioria dos insetos da classe com aproximadamente 88 A metamorfose holometábola ocorre em três estágios larva onde ocorrem os processos fisiológicos do crescimento pupa onde ocorrem os processos de diferenciação e a fase adulta com a reprodução As larvas apresentam peças bucais mastigadoras e podem ser chamadas de lagartas ou brocas Após uma série de ínstares a larva entra num estágio de pupa encontrase paralisada e não se alimenta envolta por um casulo ou envelope construído por ela mesma ainda na fase larval O adulto emerge da pupa no início é um inseto com as asas pequenas e com o passar do tempo as asas crescem e ele está pronto para voar Os estágios são ovo larva pupa e adulto Figura 14 Figura 14 Ciclo de vida dos insetos holometábolos Fonte Hickman et al 2016 A muda ocorre durante todas as etapas de desenvolvimento do inseto independentemente do tipo de metamorfose Durante a metamorfose ocorrem mudanças na morfologia externa dos insetos e também na morfologia interna como ocorre no tubo digestivo que é todo remodelado em função da diferença na dieta alimentar da larva e do adulto A regulação da metamorfose e das ecdises é de natureza hormonal ou seja são controlados por hormônios produzidos por glândulas exócrinas e as secreções são liberadas na hemolinfa A região intercerebral e os gânglios do cordão nervoso possuem células neurossecretoras que produzem um hormônio cerebral denominado hormônio protoracicotrófico PTTH e antes de ser liberado na hemolinfa o hormônio secretado é armazenado no corpora cardíaca A principal função do PTTH é ativar as glândulas protorácicas Após liberado do corpora cardíaca o PTTH é carregado pela hemolinfa até a glândula protorácica localizada na parte posterior da cabeça ou do tórax da maioria dos insetos e secretam o hormônio da muda ou ecdisona como resposta ao PTTH A ecdisona estimula as células do epitélio a iniciarem o processo de muda e consequentemente a eliminação da cutícula velha Figura 15 43 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A muda larval continua enquanto o hormônio juvenil secretado no corpora allata persistir em quantidade suficiente em conjunto com o hormônio da muda na hemolinfa Consequentemente cada muda vai formar uma larva maior do que a anterior Após alguns ínstares os corpora allata produzem cada vez menos o hormônio juvenil A partir do momento em que o hormônio juvenil se encontra no nível baixo a larva dá origem a uma pupa ao invés de uma larva maior e o mesmo acontece quando a produção do hormônio juvenil encerra na fase de pupa levando ao surgimento do adulto O mesmo acontece nos insetos hemimetábolos mas o encerramento do hormônio ocorre no último ínstar da ninfa Figura 15 Durante a fase adulta volta a ser secretado o hormônio juvenil pelos corpora allata sendo importante durante a reprodução sexual e na formação dos gametas Ao estudar os insetos os pesquisadores concluíram que a metamorfose e a muda são controladas principalmente pela interação de dois hormônios o hormônio da muda ecdisona e o hormônio juvenil Um deles é responsável pelo crescimento e a diferenciação das estruturas do adulto e o outro favorece a retenção da estrutura juvenil Figura 15 Figura 15 Controle endócrino da muda em uma mariposa inseto com metamorfose completa Fonte Hickman et al 2016 Durante o período de desenvolvimento os insetos podem realizar pausas quando as condições do meio ambiente estiverem desfavoráveis em períodos de muito frio de seca ou escassez de alimentos por exemplo Essa pausa pode ocorrer de duas formas diapausa que consiste na interrupção do seu desenvolvimento e quinetopausa que é uma interrupção na sua atividade Pode ocorrer uma pausa isolada ou as duas em conjunto Em períodos de muito frio os insetos podem entrar no estágio de pausa cessando suas atividades e seu desenvolvimento diminuindo assim seu gasto calórico 44 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Os insetos se comunicam através dos órgãos sensoriais e por sinais químicos Os sinais químicos são feromônios substâncias secretadas por um indivíduo que podem afetar o comportamento ou os processos fisiológicos de outro indivíduo sendo usados em diversas situações atrair o sexo oposto para o acasalamento sinalizar um alerta marcar um caminho estimular respostas de defesa ou iniciar um comportamento São os feromônios que determinam as castas no cupim e influenciam até certo ponto nas abelhas e formigas Então podemos dizer que os feromônios desempenham um papel importante na socialização dos insetos Você consegue entender a importância do estudo do ciclo de vida e do desenvolvimento dos insetos para o controle de pragas na agricultura Assim como qualquer inseto as pragas possuem um ciclo de vida e a partir do momento em que você o conhece fica mais fácil identificar o seu desenvolvimento e com isso o seu controle Existe um estágio do desenvolvimento do inseto que é sempre mais eficaz e barato o controle e o manejo Na lagarta da soja Anticarsia gemmatalis a maior parte do seu desenvolvimento ocorre na fase larval na qual ocorrem os maiores danos à cultura Com o manejo adequado durante esse período reduzem se as perdas no campo Então você acha importante conhecer o ciclo de vida dos insetos para assim facilitar o seu manejo Como vimos no decorrer do texto o crescimento e o desenvolvimento dos insetos são regulados por hormônios incluindo o hormônio juvenil que assegura a retenção da fase larval nos insetos Clicando no link httpwwwscielobr scielophppidS180816572012000100013scriptsciabstracttlngpt você vai acessar o artigo Desenvolvimento e produção de seda do Bombyx mori L exposto a análogos do hormônio juvenil Esse trabalho teve como objetivo avaliar a pulverização de diferentes análogos do hormônio juvenil sobre o bichodaseda e seus efeitos sobre o desenvolvimento larval e a produção de seda 45 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao fim da unidade sobre fisiologia reprodução e ciclo de vida dos insetos Ao estudarmos a fisiologia e a anatomia interna vimos como é importante entender o funcionamento do corpo do inseto como o metabolismo trabalha para suprir as necessidades fisiológicas do indivíduo e a sua comunicação com o meio externo Em relação à reprodução vimos que a maioria dos insetos realiza a reprodução sexuada com oviparidade mas existem algumas exceções Podemos dizer que o tipo de reprodução dos insetos está relacionado com a sua fisiologia e também com o meio onde vivem e nos grupos de insetos em que não existem machos as fêmeas realizam partenogênese Além disso concluímos sobre a necessidade da regulação hormonal durante o desenvolvimento pósembrionário para garantir o crescimento do inseto até tornarse um adulto 46 46 WWWUNINGABR U N I D A D E 03 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO 48 1 AS PRAGAS E OS DANOS CAUSADOS À PLANTA 49 2 PRINCIPAIS PRAGAS AGRÍCOLAS 51 21 COLEOPTERA 52 211 BICUDODOALGODOEIRO CURCULIONIDAE ANTHONOMUS GRANDIS 52 212 BROCADOCAFÉ SCOLYTIDAE HYPOTHENEMUS HAMPEI 53 22 HEMIPTERA 54 221 COCHONILHAORTÉZIA ORTHEZIIDAE ORTHEZIA PRAELONGA 54 222 MOSCABRANCA ALEYRODIDAE BEMISIA TABACI 55 223 PERCEVEJOMARROM PENTATOMIDAE EUSCHISTUS HEROS 55 INSETOS COMO PRAGA DAS PLANTAS CULTIVADAS E TÉCNICAS DE COLETA PROFA DRA ANDREA FLORINDO DAS NEVES ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA 47 WWWUNINGABR 224 PERCEVEJOSVERDES PENTATOMIDAE NEZARA VIRIDULA E PIEZODORUS GUILDINII 56 225 CIGARRINHADASRAÍZES CERCOPIDAE MAHANARVA FIMBRIOLATA 58 226 CIGARRINHADOMILHO CICADELLIDAE DALBULUS MAIDIS 59 23 HYMENOPTERA 60 231 FORMIGASCORTADEIRAS FORMICIDAE ATTA SP E ACROMYRMEX SP 60 24 LEPIDOPTERA 61 241 LAGARTADAESPIGA NOCTUIDAE HELICOVERPA ZEA 61 242 LAGARTADOCARTUCHO NOCTUIDAE SPODOPTERA FRUGIPERDA 62 243 LAGARTADASOJA NOCTUIDAE ANTICARSIA GEMMATALIS 63 244 BROCADACANA CRAMBIDAE DIATRAEA SACCHARALIS64 245 BICHOMINEIRO LYONETIIDAE LEUCOPTERA COFFEELLA 65 3 TÉCNICAS DE COLETA DE INSETOS66 31 EQUIPAMENTOS PARA A COLETA 67 311 REDE ENTOMOLÓGICA 67 312 REDE DE VARREDURA 67 313 ARMADILHA LUMINOSA 68 314 BANDEJA DÁGUA OU PRATO COLORIDO PAN TRAP 69 315 ASPIRADOR ENTOMOLÓGICO 69 316 ARMADILHA DE MALAISE 70 317 FRASCO CAÇAMOSCAS 71 32 MATANÇA DE INSETOS 72 CONSIDERAÇÕES FINAIS 74 48 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Caroa alunoa nesta unidade estudaremos primeiramente o que são pragas agrícolas as classificações que elas recebem os danos e prejuízos que elas causam nas lavouras e as principais pragas que atacam grandes culturas no país Depois serão abordadas algumas técnicas utilizadas para coletar insetos possibilitando o estudo deles e a criação de coleções entomológicas O desenvolvimento da agricultura e progresso dessa atividade culminaram no desenvolvimento das civilizações e no surgimento de novas tecnologias acumulação de bens e recursos desenvolvimento social e cultural e em melhorias do padrão de vida Porém a agricultura assim como outras atividades como silvicultura pecuária mineração exploração de pesca e urbanização impactam de forma direta ou indireta os ecossistemas A agricultura promove a substituição da cobertura vegetal nativa geralmente com centenas de espécies vegetais por uma ou poucas espécies de plantas cultivadas o que causa desequilíbrio ao meio ambiente Como consequência disso a ampla oferta de uma única espécie vegetal produz o crescimento populacional de poucas espécies de animais que as utilizam como alimento E então alguns insetos encontram nas plantações a disponibilidade de grandes quantidades de alimento e poucos predadores e consequentemente reproduzemse com mais intensidade se tornando pragas São considerados organismos pragas aqueles que competem de forma direta ou indireta com o ser o humano por alimento e matériaprima ou prejudicam a saúde e o bemestar do homem e dos animais Sendo os artrópodes ácaros sinfilos diplópodas aranhas e insetos exemplos de organismos que se encaixam nessas características Na Entomologia Agrícola nos dedicamos ao estudo dos insetospraga Do ponto de vista convencional um organismo é considerado uma praga quando pode ser identificada a sua presença no agroecossistema Contudo levando em consideração o Manejo Integrado de Pragas MIP que vamos abordar na Unidade IV um organismo só é considerado uma praga quando tem potencial para causar dano econômico 49 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1 AS PRAGAS E OS DANOS CAUSADOS À PLANTA Os danos ocasionados nas plantas por insetos são variáveis Quadro 1 podendo ser visualizados em todas as partes vegetais Essas variações vão depender da espécie e da densidade populacional da praga do estádio de desenvolvimento em que se encontram estrutura vegetal afetada e ainda da duração do ataque o que poderá acarretar maior ou menor prejuízo quantitativo e qualitativo As pragas podem ser classificadas como diretas ou indiretas de acordo com a parte da planta que é afetada É considerada uma praga direta aquela que ataca diretamente a parte da planta que será comercializada como por exemplo a broca pequena do tomateiro Neoleucinodes elegantalis que ataca os frutos do tomateiro E indireta aquela que atinge uma parte da planta que afeta indiretamente a parte que será comercializada e como exemplo podemos citar a lagarta da soja Anticarsia gemmatalis que causa perda das folhas nas plantas de soja Outra classificação que as pragas recebem é relacionada com a importância econômica delas para a agricultura Podem então ser classificadas como a Organismos nãopraga quando a sua densidade populacional nunca atinge o nível de controle nível de densidade em que se devem adotar medidas de controle b Pragas secundárias são aquelas que dificilmente atingem o nível de controle c Pragaschave são aquelas que com frequência ou sempre atingem o nível de controle Uma pragachave pode ser frequente ou severa As pragaschave frequentes são aquelas que frequentemente atingem um nível de dano que requer ações de controle enquanto as pragaschave severas são aquelas cuja densidade populacional está sempre acima dos níveis de controle NC e de dano ND Nessa última situação é necessário adotar medidas preventivas de controle para que a produtividade da lavoura não seja comprometida Tipos de injúrias nas plantas ou lavouras Insetospraga Destruir folhas ramos botões florais casca ou fruto Lagartas besouros gafanhotos Sugar a seiva vegetal nas folhas botões florais ramos frutos Percevejos pulgões cigarrinhas tripes cochonilhas Atacar raízes ou colo das plantas Besouros lagartas cigarras cupins larvas de moscas Usar parte da planta para construção de ninhos ou refúgios Formigas vespas abelhas larvas de moscas Broquear ou anelar a casca ramos frutos sementes raízes Besouros adultos larvas lagartas Disseminar ou facilitar o desenvolvimento de microrganismos fitopatogênicos fungos bactérias vírus protozoários injetandoos ao se alimentar Pulgões cochonilhas besouros cigarrinhas tripes moscasbrancas Quadro 1 Tipos de danos ocasionados por insetos na agricultura Fonte Vila Verde Agro 2019 50 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Uma determinada espécie de insetopraga também pode ser denominada especialista ou generalista polífaga Quando a alimentação do inseto é baseada em uma ou poucas espécies de plantas dizemos que se trata de uma praga especialista Por outro lado quando o insetopraga afeta vários cultivos distintos utilizando várias plantas como hospedeiras a praga passa a ser chamada de generalista ou polífaga Além de atacar a lavoura e causar perdas nos rendimentos as pragas também podem atacar durante o armazenamento desses produtos Estimase que até 10 do que é produzido pela agricultura são perdidos no processo de armazenagem devido ao ataque desses indivíduos O Quadro 2 apresenta um resumo dos danos causados por pragas que atacam grãos e sementes armazenados No caso de ataque por insetospraga nas unidades armazenadoras as sementes podem se tornar inviáveis ao plantio e comprometer a safra seguinte Conforme o seu hábito alimentar as pragas podem ser classificadas em pragas primárias internas e externas e pragas secundárias sendo consideradas primárias aquelas que danificam os grãos íntegros ou sadios Essas pragas primárias podem ainda ser classificadas como internas quando conseguem perfurar o grão e se alimentar do conteúdo interno se desenvolver e completar o seu ciclo no interior do grão Ou como pragas primárias externas quando se alimentam da parte externa do grão As pragas primárias além de causarem danos diretos em grãos e sementes também facilitam o ataque de pragas secundárias que se alimentam desses grãos que foram danificados Injúrias nos grãos ou produtos armazenados Insetospraga Alimentarse de todo ou de parte de um produto armazenado Carunchos gorgulhos besouros traças Contaminar o produto com suas secreções excreções ovos ou alguma parte do corpo tornandoo imprestável para o consumo Carunchos gorgulhos besouros traças Buscar proteção ou construir ninhos ou abrigos com ou sobre o substrato Carunchos gorgulhos besouros traças Quadro 2 Tipos de danos ocasionados por insetos nos grãos ou produtos armazenados Fonte Vila Verde Agro 2019 51 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2 PRINCIPAIS PRAGAS AGRÍCOLAS Conforme você aprendeu na Unidade I a Classe Insecta é bastante grande e diversificada com cerca de 30 ordens Dessas podemos destacar cerca de oito ordens que incluem dentre os seus representantes espécies que podem se converter em pragas agrícolas São elas Isoptera cupins Orthoptera gafanhotos Hemiptera pulgões cochonilhas cigarrinhas percevejos Thysanoptera trips Coleoptera besouros Hymenoptera formigas Lepidoptera mariposas e Diptera moscas Vale lembrar que nas mesmas classes existem também inimigos naturais como a joaninha Coleoptera percevejos predadores Hemiptera e vespas parasitoides Hymenoptera o que nos indica a intensa variedade de famílias e hábitos presentes entre os insetos A seguir você vai conhecer um pouco mais sobre algumas das espécies de insetospraga mais comuns na agricultura Tenha em mente que selecionamos apenas algumas dentre as mais importantes e que o tipo de praga presente pode variar muito conforme a região do país a cultura em questão e as práticas culturais dos produtores As pragas serão apresentadas conforme a ordem à qual pertencem e após o nome comum estão apresentados a família e os nomes científicos das espéciepragas Para que você tenha uma ideia dos danos causados por insetos nos grãos ou produtos armazenados o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento Mapa e a Food and Agriculture Organization FAO ONU estimam que as perdas médias de grãos no país chegam a aproximadamente 10 do total produzido anualmente Contudo além dessas perdas também se observam perdas qualitativas as quais têm grande importância pois comprometem o uso de todos os grãos produzidos ou os classificam para outro uso de menor valor agregado Como exemplo podemos citar o trigo esse produto é desclassificado para comercialização se for encontrado um inseto vivo no lote Os moinhos rejeitam lotes de trigo onde é constatada a presença de insetos pois isso compromete a qualidade da farinha que poderá conter fragmentos indesejáveis de insetos na indústria de panificação e em outros subprodutos de trigo 52 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 21 Coleoptera 211 Bicudodoalgodoeiro Curculionidae Anthonomus grandis Dentre as pragas que atingem o algodoeiro essa espécie é considerada a principal podendo causar até 70 de perda O primeiro relato do bicudodoalgodoeiro no Brasil ocorreu por volta de 1983 O inseto adulto é um besouro com aproximadamente 7 mm de comprimento de cor cinza ou castanha Como característica marcante assim como as demais espécies de curculionídeos também chamados de gorgulhos o bicudodoalgodoeiro possui um rostro comprido Figura 1 Figura 1 Bicudo do algodoeiro Fonte Wikimedia 2006 O ataque atinge principalmente os botões florais e as maçãs sendo a floração a fase em que ocorre o ataque O bicudo completa seu ciclo de vida em torno de 1721 dias sendo que até sete gerações podem se desenvolver em um ano Alimentase de folhas de algodão e seus ovos são postos isoladamente em botões florais por um orifício feito pela fêmea que o fecha com uma secreção cerosa que ela produz Durante um período de 7 a 12 dias as larvas se alimentam dentro da flor e a pupa fica por cerca de 3 a 5 dias Depois de um período de 3 a 7 dias se alimentando os adultos emergentes saem das flores e então as fêmeas começam a postura dos ovos Ao terminar o ciclo vegetativo do algodoeiro o patógeno pode migrar para abrigos naturais onde permanece em diapausa por até um novo ciclo da cultura Como sintomas pode ser visualizado um pequeno furo ao lado do botão floral que tem sua coloração alterada para marrom até cair As flores ficam amarelas e caem no chão assim como pequenas cápsulas Apesar de a planta atacada poder ter um bom desenvolvimento vegetativo seus órgãos reprodutivos são danificados o que proporciona queda da produção e a perda na qualidade do produto No algodão o bicudo faz perfurações externas devido ao seu hábito de alimentação e oviposição e internamente as fibras e sementes são destruídas pelas larvas 53 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 212 Brocadocafé Scolytidae Hypothenemus hampei Hypothenemus hampei é um pequeno besouro preto que ataca os frutos do café em qualquer estádio de maturação Figura 2 prejudicando consideravelmente a produção A África é a região de origem da espécie que foi descoberta no Brasil por volta de 1922 e nos dias de hoje pode ser encontrada em todas as regiões brasileiras que produzem café Existe dimorfismo sexual as fêmeas são maiores cerca de 17 mm de comprimento enquanto os machos têm cerca de 12 mm e os machos possuem asas rudimentares Por essa razão os machos não voam permanecendo nos frutos onde surgiram Figura 2 Hypothenemus hampei e os danos causados no café Fonte Embrapa 2020d Depois do acasalamento a fêmea faz uma perfuração no fruto normalmente na região da coroa construindo galerias e inicia a postura Após a eclosão as larvas acabam destruindo a semente Elas permanecem como larvas por cerca de 14 dias e então se transformam em pupas Nessa fase elas permanecem por cerca de 7 dias quando então emerge o inseto adulto O ciclo de vida da brocadocafé dura em média de 27 a 30 dias desde a postura até a emergência do adulto Durante um ano pode haver até 7 gerações desse inseto Além de provocar a queda dos grãos no momento da comercialização o café afetado pela broca sofre um prejuízo bastante significativo tanto na quantidade lotes com 85 de infestação sofrem uma perda de peso de aproximadamente 20 quanto na qualidade a cada 5 grãos perfurados atribuise um defeito na classificação ocorrendo a inferiorização do tipo do café 54 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 22 Hemiptera 221 Cochonilhaortézia Ortheziidae Orthezia praelonga A cochonilha ortézia Figura 3A é uma dentre as várias espécies de cochonilhas que podem causar danos à agricultura No Brasil essa espécie foi registrada em 1938 no estado de Pernambuco e daí para cá ela se disseminou por todos os estados brasileiros No citros ela é considerada uma das pragas mais importantes afetando também a cafeicultura e várias espécies ornamentais Figura 3 Orthezia praelonga A e fumagina B Fonte Fundecitrus 2020 Na planta ela ataca principalmente folhas e troncos em diferentes fases da planta crescimento vegetativo floração e frutificação O ataque ocorre com severidade e maior frequência nos períodos mais secos do ano ocorrendo primeiramente nas folhas e no interior da planta Não sendo controlada a infestação a praga começa a atingir a parte de cima das folhas galhos troncos e outras plantas nas proximidades As fêmeas colocam cerca de 80 a 100 ovos durante seu período de vida que dura aproximadamente 80 dias Essa praga se espalha com facilidade por toda a lavoura por meio de material vegetal pessoas roupas e equipamentos agrícolas Ela também pode ser disseminada por formigas ao se alimentarem da substância açucarada que as cochonilhas secretam Outra característica da ortézia é que ao se alimentar ela injeta toxinas nas plantas o que prejudica o desenvolvimento O inseto também elimina excreções açucaradas que favorecem o surgimento da fumagina fungo negro Capnodium sp Figura 3B que dificulta a realização da fotossíntese Como sintomas verificase que em citros ela acarreta desfolha enfraquecimento e queda dos frutos devido às toxinas injetadas na planta Os frutos que não caem tornamse ácidos e sem doce tornandose inapropriados para o comércio Outro sintoma é o aparecimento de fumagina nas folhas devido à secreção que é liberada pelo inseto o que ocasiona diminuição do crescimento da planta desfolha e queda na produção 55 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 222 Moscabranca Aleyrodidae Bemisia tabaci Apesar do nome controverso essa espécie não se refere às moscas da Ordem Diptera representadas pelas moscas domésticas e moscasdasfrutas A moscabranca é um hemíptero assim como percevejos e cigarrinhas A espécie Bemisia tabaci tem um tamanho bastante pequeno apenas 1 mm de comprimento e possui quatro asas membranosas que estão cobertas por uma substância esbranquiçada Figura 4 Figura 4 Moscabranca Fonte Wikimedia 2012 A moscabranca atinge diversas culturas dentre elas algodão feijão soja tomate e outras hortaliças além de algumas plantas ornamentais A fêmea realiza a postura dos ovos na face inferior das folhas desses ovos eclodem ninfas que passam a sugar a seiva das folhas O inseto também é vetor de vírus como Tomato chlorotic mottle virus Tomato golden virus Tomato golden mosaic virus Tomato severe rugose virus Bean golden mosaic virus entre outros As plantas infestadas perdem as folhas e ocorre o prateamento da face superior delas em conjunto com queda da produção 223 Percevejomarrom Pentatomidae Euschistus heros O percevejomarrom quando adulto mede cerca de 11 mm de comprimento e apresenta uma coloração marrom na região do escutelo triângulo invertido no centro do dorso apresenta uma meialua branca o protórax apresenta duas projeções laterais chamadas de espinhos Os insetos adultos podem viver aproximadamente 116 dias Depositam seus ovos em pequenas massas geralmente com 5 a 8 ovos sendo esses ovos postos especialmente nas folhas ou nas vagens da cultura O desenvolvimento dessa praga é favorecido em climas quentes 56 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 5 Percevejomarrom Euschistus heros Fonte Agro Link 2019b Dentre as plantas afetadas por E heros estão algodão feijão girassol e soja O percevejo marrom ataca diversas partes da planta ramos hastes e frutos O ataque ocorre durante o crescimento vegetativo a floração e a frutificação A produção é afetada devido à sucção de seiva dos ramos hastes e vagens pois provavelmente eles injetam toxinas ao se alimentarem das plantas Outro sintoma que pode ser percebido é a ocorrência de retenção foliar as vagens se tornam marrons e murchas E ainda há queda e apodrecimento das estruturas florais e dos frutos 224 Percevejosverdes Pentatomidae Nezara viridula e Piezodorus guildinii Nezara viridula é o nome científico dos percevejos comumente chamados de percevejo verde ou mariafedida Figura 6 que se disseminaram por todas as regiões do mundo onde a soja é cultivada O tamanho deles varia entre 13 e 17 mm de comprimento a coloração da região dorsal é verde em alguns casos verdeescura com a face ventral verdeclara as antenas são avermelhadas As ninfas apresentam uma cor mais escura com manchas vermelhas amarelas ou pretas A postura dos ovos costuma ser realizada na face inferior das folhas ou partes mais protegidas das plantas sendo que uma fêmea faz a postura de até 200 ovos geralmente dispostos em placas hexagonais Figura 7A os ovos inicialmente têm coloração amarelada tornandose rosados quando se aproximam da eclosão Desde ninfas alimentamse por meio da sucção da seiva tanto de folhas como de hastes frutos e grãos 57 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 6 Percevejoverdepequeno à esquerda e percevejoverde à direita Fonte University of Florida 2017 Já o percevejo Piezodorus guildinii é conhecido como percevejoverdepequeno por ser menor que N viridula Figura 6 Os adultos têm aproximadamente 10 mm de comprimento e cor verdeclara Os ovos são pretos e a maneira como as fêmeas ovipositam é bem característica formando uma fileira dupla Figura 7B com 13 a 32 ovos A postura ocorre normalmente nas vagens algumas vezes nas folhas As ninfas de P guildinii possuem um abdome volumoso de coloração amareloavermelhada com manchas escuras Figura 7 Postura de ovos de N viridula A e de P guildinii Fonte A HoffmannCampo et al 2000 e B Uni versity of Florida 2017 Como esses percevejos se alimentam da seiva da planta uma alta infestação pode ser um fator limitante para a produção de soja ou outras culturas como o feijão o arroz e o algodão Eles injetam toxinas que causam a retenção foliar condição conhecida como soja louca quando não ocorre a queda natural das folhas e a colheita mecânica é prejudicada Quando os percevejos atacam as vagens elas ficam marrons e chochas e o prejuízo pode chegar a 30 Além disso podem surgir manchas nos grãos já formados essas manchas são causadas pelo fungo chamado Nematospora corylii e são chamadas de mancha fermento ou mancha de levedura O teor de óleo e proteína desses grãos é reduzido e eles perdem o valor comercial 58 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 225 Cigarrinhadasraízes Cercopidae Mahanarva fimbriolata Nessa espécie bastante comum na cultura da canadeaçúcar o inseto adulto macho tem cerca de 13 mm de comprimento por 65 mm de largura apresenta coloração vermelha com faixas pretas nas tégminas Figura 8 à esquerda As fêmeas possuem tégminas mais escuras e apresentam uma cor marromavermelhada Figura 8 à direita A postura é realizada em bainhas secas ou sobre o solo sempre próxima ao colmo da planta Quando eclodem as ninfas se aproximam e se fixam às raízes para se alimentar por meio da sucção da seiva É possível identificar a presença das ninfas de M fimbriolata devido à presença de uma espuma esbranquiçada essa espuma é produzida pelas próprias ninfas para servir de proteção Após a finalização das ecdises emergem as cigarrinhas dotadas de asas que passam a viver na parte aérea da planta sugando então os colmos das plantas O ciclo de vida da cigarrinha das raízes é de 30 a 40 dias Figura 8 Macho e fêmea de M fimbriolata A e espuma produzida pelas ninfas B Fonte Embrapa 2020c Outras gramíneas são também hospedeiras de M fimbriolata e a densidade populacional dessa praga está correlacionada positivamente com a temperatura do solo e a disponibilidade de água Com relação aos danos são os insetos adultos que mais prejudicam a cultura ao se alimentarem eles injetam toxinas que provocam a queima das folhas Além disso provocam perda de peso e de açúcar o que representa um grave problema para a indústria 59 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 226 Cigarrinhadomilho Cicadellidae Dalbulus maidis A cigarrinhadomilho Dalbulus maidis é um inseto pequeno de 3 a 4 mm de comprimento de coloração amarelopálida asas transparentes apresenta duas pontuações pretas na região dorsal da cabeça Figura 9 Enquanto ninfa essa espécie vive abrigada no interior do cartucho do milho Essa é considerada uma praga de importância indireta pois apesar de ser um inseto sugador o maior prejuízo é causado pela transmissão dos patógenos espiroplasmas e fitoplasmas que provocam uma doença chamada enfezamento do milho Figura 9 D maidis em folhas de milho Fonte Embrapa 2017a O enfezamento pode ser do tipo pálido ou vermelho e pode ser detectado pela descoloração das bordas das folhas que ficam amareladas ou avermelhadas Com frequência também ocorre redução no porte da planta os internódios sofrem um encurtamento e as espigas diminuem de tamanho 60 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 23 Hymenoptera 231 FormigasCortadeiras Formicidae Atta sp e Acromyrmex sp As formigascortadeiras cortam e transportam vegetais diversos para dentro de seus ninhos para a produção de fungos da Ordem Agaricales que serve de alimento para as formas jovens e adultas Os mais conhecidos representantes desse grupo são as conhecidas saúvas gênero Atta e quenquéns gênero Acromyrmex Figura 9 Figura 10 Soldado de Atta sexdens saúva limão A e de Acromyrmex sp quenquém B Fonte Campos e Zor zenon 2020 As formigascortadeiras são insetos sociais que vivem em um sistema de castas reprodutoras e não reprodutoras e em colônias permanentes Elas são insetos mastigadores e holometábolos ovolarvapupaadulto São consideradas uma das principais pragas que causam danos às culturas pois atacam de forma intensa e constante em qualquer estádio de desenvolvimento da planta cortando suas folhas e carregandoas para o interior dos ninhos localizados no interior do solo Devido à desfolha que ocorre no ataque das formigas a planta tem como consequência a redução do crescimento Também pode ocorrer uma alteração no processo reprodutivo devido ao corte das flores e consequentemente alteração na produção de frutos 61 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 24 Lepidoptera 241 Lagartadaespiga Noctuidae Helicoverpa zea A mariposa forma adulta da Helicoverpa zea coloca seus ovos nos estiloestigmas cabelo do milho Figuras 11A e 11B No entanto a praga pode também colocar os ovos nas folhas de plantas ainda em estádios vegetativos de desenvolvimento Em um período de três a quatro dias ocorre a eclosão das lagartas que se alimentam inicialmente do estiloestigma e dos grãos em formação depois das folhas e dos botões florais jovens No fim do período de larvas as lagartas saem da espiga e vão para o solo passando para a fase de pupa O período larval dura de 13 a 28 dias e o período de pupa leva de 10 a 15 dias Condições de umidade contribuem para o crescimento populacional do inseto O ciclo total da praga ocorre em cerca de 40 a 45 dias Figura 11 Fase larval lagarta A e inseto adulto mariposa B de Helicoverpa zea Fonte A Wikimedia 2009 e B Wikimedia 2011 Na cultura do milho a praga ocasiona uma redução da fertilidade e do peso dos grãos deixando falhas em toda a espiga Os grãos mais novos são atacados ficando com orifícios que facilitam a penetração de microrganismos que podem causar podridões Já o ataque em outras culturas pode causar diversas injúrias como frutos brocados destruição de mudas alimentação dentro da coroa da planta causando buracos na nervura central abertura de pequenos orifícios na extremidade da flor e ainda falhas na produção de grãos 62 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 242 Lagartadocartucho Noctuidae Spodoptera frugiperda Essa espécie também chamada de lagartamilitar Figura 12 pode afetar inúmeras culturas dentre elas hortaliças em geral plantas ornamentais amendoim arroz batata mandioca maracujá morango soja sorgo trigo algodão e milho A mariposa inseto adulto possui hábito noturno e pode colocar aproximadamente 100 ovos na parte de cima da folha das plantas As lagartas recémeclodidas alimentamse da própria casca do ovo depois permanecem em repouso entre 2 e 10 horas Preferencialmente essas lagartas se alimentam de folhas novas e normalmente é encontrada apenas uma lagarta por planta por serem canibais As larvas trocam de pele sete vezes e na última ecdise deixam o cartucho entram no solo a uma profundidade de 05 cm e então se transformam em pupas Essa fase de pupa dura aproximadamente 11 dias nas épocas mais quentes do ano O adulto vive em torno de 12 dias sendo o seu ciclo completo de pouco mais de 30 dias Figura 12 Lagartadocartucho Fonte Agro Link 2019a A planta atacada fica com as folhas raspadas e perfuradas a lagarta destrói o cartucho e deixa as espigas danificadas É possível visualizar excreções deixadas pelas lagartas o que reduz a área foliar das plantas As injúrias causadas pelo inseto favorecem o ataque de patógenos Outro sintoma observado é o de coração morto causado pela perfuração da base da planta A principal parte atacada da planta é o cartucho elas o destroem principalmente na fase próxima do florescimento 63 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 243 Lagartadasoja Noctuidae Anticarsia gemmatalis Apesar do nome comum essa espécie Figura 13A ataca inúmeras culturas além da soja pastagens algodão feijão amendoim milho trigo arroz canadeaçúcar mandioca maracujá dentre outras A mariposa mede 40 mm de envergadura e apresenta coloração pardoacinzentada Figura 13B com uma característica bastante útil na identificação em posição de repouso as asas anteriores cobrem o corpo e observase claramente uma linha mediana que inicia na asa anterior e continua na asa posterior Durante o dia se você quiser encontrar uma dessas mariposas precisa procurar nas áreas sombreadas na base das plantas A fêmea normalmente deposita os ovos esverdeados na face inferior das folhas e após cinco dias ocorre a eclosão e as lagartas já começam a se alimentar das folhas A partir daí o crescimento é rápido e elas podem alcançar até 30 mm de comprimento A cor das lagartas varia verde pardoavermelhada e até preta e estão presentes três listras brancas que percorrem longitudinalmente o dorso delas Uma característica que ajuda a distinguir a espécie na fase de lagarta é a presença de cinco pares de falsas pernas quatro na região do abdômen e um na região anal o que faz com que elas se locomovam medindo palmos com grande agilidade nos ínstares iniciais No solo na região mais superficial ocorre a transformação em pupa e cerca de sete dias depois emerge o inseto adulto mariposa Figura 13 Anticarsia gemmatalis a lagartadasoja na fase de lagarta forma escura 8A e mariposa adulta 8B Fonte Moscardi et al 2012 O ataque das lagartas às folhas se intensifica à medida que elas crescem enquanto são pequenas elas raspam as folhas causando pequenas manchas claras as maiores são capazes de destruir completamente as folhas chegando a comer inclusive as hastes mais finas da planta Para completar o seu desenvolvimento A gemmatalis chega a consumir cerca de 90 cm2 de folhas destacandose como uma das piores pragas desfolhadoras na cultura da soja 64 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 244 Brocadacana Crambidae Diatraea saccharalis Diatraea saccharalis recebe esse nome comum por se destacar como pragachave no cultivo da canadeaçúcar mas ela também ataca outras gramíneas como o milho As fêmeas fecundadas ovipositam preferencialmente na face dorsal das folhas da cana um número que varia entre 5 a 50 ovos Dentro de 4 a 9 dias as lagartas eclodem e iniciam a sua alimentação pelas folhas passando em seguida para a bainha e depois perfurando o colmo abrindo galerias de baixo para cima Por volta dos 40 dias quando completam o desenvolvimento as lagartas de D saccharalis atingem até 25 mm de comprimento e apresentam uma coloração marrom na região da cabeça com o restante do corpo em tons de amarelopálido Figura 14A Enquanto se preparam para empupar as lagartas produzem um orifício para o exterior que fecham com fios de seda e serragem e logo formam a pupa Depois de 9 a 14 dias emerge a mariposa 14B saindo pelo orifício feito anteriormente no colmo da planta A mariposa tem 25 mm de envergadura possui as asas anteriores de coloração amarelopalha e asas posteriores esbranquiçadas O ciclo de vida se completa em dois meses aproximadamente Com condições climáticas ótimas pode haver até cinco gerações por ano de D saccharalis Figura 14 Lagarta A e adultos B da brocadacana D saccharalis Fonte Embrapa 2015 Os prejuízos causados pelas lagartas decorrem da abertura das galerias que provocam a perda de peso e a morte das gemas gerando falhas no processo de germinação O ataque pode causar tombamento da cana pelo vento caso as brocas produzam galerias circulares no colmo seccionandoo A doença conhecida por coraçãomorto secamento dos ponteiros o enraizamento aéreo e brotações laterais podem surgir como consequência do ataque da praga Além disso há danos indiretos causados pela broca os fungos Colletotrichum falcatum e Fusarium moniliforme podem penetrar pelas galerias causando a podridão vermelha do colmo Esses fungos invertem a sacarose causando uma diminuição da pureza do caldo consequentemente diminui se o rendimento em açúcar e álcool Quando se trata de cana destinada à produção de álcool esses fungos contaminam o caldo e concorrem com as leveduras no processo de fermentação alcoólica 65 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 245 Bichomineiro Lyonetiidae Leucoptera coffeella O bichomineiro recebe esse nome porque na fase larval do seu ciclo de vida os insetos se alimentam do mesófilo das folhas formando as minas ou galerias 15A A África é apontada como a origem de L coffeella que teria chegado ao Brasil em 1850 Hoje essa praga está disseminada em todas as partes do mundo onde o café é cultivado A forma adulta do bichomineiro é praticamente uma micromariposa branca são apenas 65 mm de envergadura Essa espécie se torna mais ativa ao fim do dia quando saem da face inferior das folhas do café Após o acasalamento os ovos são colocados na face superior das folhas cerca de 7 ovos por noite podendo chegar a 60 ovos durante toda a vida da fêmea A eclosão das lagartinhas leva em torno de 5 até 21 dias para acontecer dependendo das condições climáticas Ao eclodir elas penetram diretamente no mesófilo provocando a destruição do parênquima Figura 14B As áreas destruídas das folhas se tornam gradualmente secas até ficarem facilmente destacáveis É possível e até bem comum encontrar um alto número de lagartas em uma mesma folha Figura 15 Danos causados nas folhas A larvas do bichomineiro B e pupa em forma de X Fonte CVI 2016a As larvas permanecem ativas por um período que também varia bastante entre 9 e 40 dias Após isso as lagartas saem de dentro das folhas migrando para a face inferior onde elas tecem um fio de seda que utilizam para descer até a saia do cafeeiro o terço inferior da planta Ali cada lagarta constrói o seu casulo e se transforma em pupa O casulo dessa espécie é bem característico em formato de X como você pode observar na Figura 14C Depois de um período pupal que pode variar de 5 a 26 dias surgem as mariposinhas O número de gerações de bicho mineiro pode variar de 8 a 12 por ano Como as folhas são destruídas e chegam a cair as plantas têm a sua capacidade fotossintética reduzida Na parte mais alta da planta é onde se observam melhor os sintomas e infestações intensas provocam grande desfolhamento Para o controle dessa e das demais pragas que foram apresentadas nesta unidade são utilizados diferentes métodos em associação em busca de atingir o máximo de sucesso possível que consiste na redução da população do insetopraga Aqui não apresentamos os métodos mais indicados de controle porque em realidade não existe uma receita pronta para controlar cada praga Na Unidade IV você vai aprender mais sobre o manejo de pragas e as diferentes técnicas que podem ser empregadas 66 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3 TÉCNICAS DE COLETA DE INSETOS A coleta de insetos tem como objetivo aprender mais sobre eles bem como montar coleções e preserválos Esses seres possuem a vantagem de que quase não existem restrições quanto à sua coleta diferentemente de outros animais e plantas Como esses animais vivem em diversos habitats é possível encontrálos em diversos locais como vegetação rasteira arbustiva ou arbórea em flores frutos e folhas sobre ou sob o solo em grãos armazenados no interior de residências em criação de animais domésticos em material orgânico em decomposição em focos de iluminação pública na água entre diversos outros Para realizar a coleta de insetos o equipamento mais simples que você pode utilizar são suas próprias mãos ou fazêlo com o auxílio de pinças com estas apresentadas na Figura 16 Figura 16 Pinças filatélica superior e de ponta curva inferior Fonte Camargo et al 2015 De maneira geral as técnicas de coleta são divididas em ativas e passivas As técnicas ou métodos ativos são aqueles que requerem a buscaprocura ativa de insetos pelo coletor enquanto os métodos passivos são aqueles nos quais o coletor instala o equipamento de coleta em um determinado local e retorna depois para verificar o que foi coletado Para a coleta de insetos adultos e voadores podemse utilizar armadilhas ou outros instrumentos sobre os quais vamos explicar a seguir 67 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 31 Equipamentos para a Coleta 311 Rede entomológica Também é chamada de puçá possui um cabo de madeira ou outro material leve como alumínio ao qual se prende um aro de metal e um saco de filó ou organza voil com o fundo arredondado Figura 17 É uma boa opção para a captura de insetos em voo como libélulas borboletas e mariposas moscas abelhas vespas cigarras e outros Figura 17 Rede entomológica Fonte Camargo et al 2015 312 Rede de varredura É similar à rede entomológica mas a armação de metal é mais reforçada e reta na extremidade Figura 18 E para o saco que é utilizado empregase um material mais resistente como lona ou outro tecido A forma de utilizála é varrendo a vegetação coletando insetos que estão pousados nas partes superiores das plantas como percevejos e cigarrinhas Figura 18 Rede de varredura Fonte UFG 2009 68 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 313 Armadilha luminosa Esse tipo de armadilha é utilizado para a coleta de insetos com hábitos noturnos Nela a lâmpada deve ser de luz negra incandescente ou fluorescente códigos BL ou BLB Uma variação da armadilha luminosa é a coleta no pano onde se coloca a fonte de luz sobre um pano branco e os insetos atraídos são retirados manualmente Figura 19A Uma outra alternativa bastante utilizada é a armadilha luminosa modelo Luiz de Queiroz Figura 19B adaptada com um coletor que pode ser de voil ou nylon para não danificar os insetos aprisionados Além disso insetos podem ser coletados sob as lâmpadas da iluminação pública ou na iluminação externa de casas ou outros edifícios Figura 19 Dois modelos de armadilha luminosa coleta no pano A e armadilha modelo Luiz de Queiroz Fonte Camargo et al 2015 69 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 314 Bandeja dágua ou prato colorido Pan Trap É feita utilizando uma fôrma ou bandeja e pintando o fundo com uma cor atrativa como o branco amarelo verde etc Figura 20 A fôrma deve ser preenchida com água e umas poucas gotas de detergente que serve para facilitar o afundamento dos insetos que caírem nela e colocada no solo É importante que os insetos que caírem nela não sejam deixados na água por muito tempo para que não fiquem danificados Figura 20 Bandeja dágua Fonte Camargo et al 2015 315 Aspirador entomológico Também chamado de sugador entomológico é usado para capturar insetos pequenos e delicados como formigas moscas brancas pulgões vespinhas etc Consiste em um recipiente cilíndrico de vidro ou plástico cuja tampa de borracha ou cortiça é vazada por dois tubos flexíveis por um deles de extremidade protegida por uma pequena tela o coletor aspira com a boca e pelo outro os insetos são admitidos ao interior do frasco de coleta Figura 21 Figura 21 Aspirador entomológico Fonte Camargo et al 2015 70 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 316 Armadilha de Malaise Ela se parece com uma barraca de camping sendo construída com tela de material sintético Figura 22 Na parte mais alta da armação fica uma gaiola que recebe os insetos coletados É muito usada para coletar moscas abelhas e outros insetos que têm o hábito de subir quando aprisionados Figura 22 Armadilha de Malaise Fonte Camargo et al 2015 71 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 317 Frasco caçamoscas É construído com uma garrafa de tamanho médio com tampa rosqueável nela são feitos furos e a entrada deve ter forma de funil com tamanho suficiente para a entrada de insetos Figura 23 Dentro da garrafa é colocado suco de frutas ou proteína hidrolisada de milho A fermentação da isca atrai os insetos que entram na garrafa e não conseguem mais sair Essa armadilha é bastante indicada para coletar moscasdasfrutas Figura 23 Frasco caçamoscas Fonte Camargo et al 2015 Ao fazer a coleta de insetos para a montagem de insetários devese sempre observar se eles estão em perfeitas condições com patas antenas pernas e asas inteiras E quando for fazer a coleta sempre usar etiquetas contendo o local e a data da coleta Devese ter cuidado também ao coletar os insetos pois eles podem conter substâncias que causem alergias ou até queimaduras 72 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 32 Matança de Insetos Os insetos que foram capturados devem ser mortos o mais rápido possível para evitar que eles fiquem se debatendo na rede ou armadilha o que pode danificar apêndices como antenas pernas asas e outras partes do corpo Existem diferentes técnicas e produtos que podem ser usados para esse fim como o álcool 70 gases tóxicos congelamento e água quente A escolha do método depende do tamanho e do tipo de inseto Insetos pequenos de corpo mole ou delicado podem ser mortos de forma simples apenas colocados em álcool 70 Gases tóxicos também podem ser usados em alguns insetos de tamanho pequeno médio ou grande para isso é preciso preparar um vidro de boca larga e com tampa colocando uma camada de algodão no fundo Um papelão é colocado para cobrir o algodão e um papel absorvente é colocado sobre o papelão Devem ser feitas aberturas nas bordas do papelão para permitir a passagem do gás letal A substância mortífera que pode ser acetato de etila éter etílico ou sulfúrico é colocada de maneira a escorrer pelas laterais do vidro sem molhar a superfície do papelão sendo reposta conforme a necessidade O método que utiliza água quente é indicado para matar lagartas Elas são colocadas vivas na água quente com o fogo desligado por cerca de dois minutos Depois devem ser fixadas para não sofrerem melanização escurecimento Um fixador que é bastante utilizado é o KAAD Imediatamente após serem mortas as larvas são colocadas no KAAD durante 12 a 24 horas e então transferidas para álcool 70 O KAAD é composto por 1 parte de querosene 79 partes de Álcool 96º GL 1 parte de Ácido Acético Glacial e 1 parte de Dioxana Por fim alguns insetos podem ser colocados em frascos de vidro ou tubos de ensaio e colocados no congelador ou freezer doméstico podendo permanecer por até vários dias Para evitar problemas com relação à umidade que não pode ser muito baixa nem muito alta recomendase colocar papel absorvente entre os insetos e o frasco Para compor uma coleção entomológica depois de mortos os insetos devem ser rapidamente montados com o auxílio de alfinetes entomológicos Para cada ordem de insetos existe uma posição determinada para inserção do alfinete e as orientações sobre como devem se posicionar os apêndices A construção dessas coleções é muito importante e tem vários objetivos podendo auxiliar na identificação de espécies estudos morfológicos comparativos ou taxonômicos Para obter mais informações sobre o manejo de insetospraga na agricultura acesse MEDEIROS M A et al Princípios e práticas ecológicas para o ma nejo de insetospraga na agricultura Brasília EmaterDF 2010 44 p Disponível em httpwwwematerdfgovbrwpcontentuplo ads201806praticasinsetospragapdf 73 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA No vídeo Metodologia para coleta de insetos no campo publicado pelo canal da Embrapa você poderá visualizar como os insetos são coletados os cuidados e as recomendações que você precisa seguir para realizar essa prática e aperfeiçoar essa técnica Disponível em httpswwwyoutubecomwatchvqVkkokTzHA Acesso em 23 jan 2020 74 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezadoa alunoa nesta unidade conhecemos quais são os principais insetospragas que atingem as lavouras do nosso país bem como os danos e prejuízos causados por eles Agora você conhece um pouco mais sobre o hábito de vida deles e os sintomas que eles causam nas plantas É importante entender que a produção agrícola promove a retirada das plantas nativas e a introdução de poucas ou apenas de uma espécie de planta cultivada prejudicando o equilíbrio dos ecossistemas Dessa forma essa simplificação concentra grande quantidade de plantas iguais em um mesmo ambiente o que favorece algumas espécies de insetos que delas se alimentam Esses insetos tornamse então abundantes e passam a ser considerados pragas a partir do momento em que começam a acarretar perdas econômicas inaceitáveis na produção Sabendo da importância de se estudar esses seres nesta unidade também foram apresentadas as técnicas de coletas mais utilizadas para captura deles Com relação a isso você pôde conhecer quais são os equipamentos e armadilhas que são usados para esse fim como montálos e as formas mais indicadas para realizar a matança dos insetos para a produção de coleções entomológicas 75 75 WWWUNINGABR U N I D A D E 04 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO 77 1 MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS 78 11 COMPONENTES DO MIP 79 111 DIAGNOSE E AVALIAÇÃO DO AGROECOSSISTEMA 80 112 TOMADA DE DECISÃO 80 113 MÉTODOS DE CONTROLE 83 1131 MÉTODO LEGISLATIVO 84 1132 MÉTODO MECÂNICO 85 1133 MÉTODO FÍSICO 85 1134 MÉTODO CULTURAL 86 1135 MÉTODO COMPORTAMENTAL 87 MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS MECANISMOS DE AÇÃO DOS INSETICIDAS E RESISTÊNCIA DOS INSETOS PROFA DRA ANDREA FLORINDO DAS NEVES ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA 76 WWWUNINGABR 1136 MÉTODO DE RESISTÊNCIA DE PLANTAS 88 1137 MÉTODO BIOLÓGICO 88 11371 ESTRATÉGIAS DE CONTROLE BIOLÓGICO APLICADO 89 1138 MÉTODO QUÍMICO 91 12 MECANISMOS DE AÇÃO DOS INSETICIDAS 92 121 INSETICIDAS QUE ATUAM NO SISTEMA NERVOSO E MUSCULAR 92 122 INSETICIDAS QUE ATUAM NO SISTEMA DIGESTÓRIO 93 123 INSETICIDAS QUE ATUAM NO DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO 94 124 INSETICIDAS QUE ATUAM NA RESPIRAÇÃO CELULAR 94 13 RESISTÊNCIA DE INSETOS A INSETICIDAS 95 CONSIDERAÇÕES FINAIS 97 77 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Olá prezadoa estudante seja bemvindoa à Unidade IV Aqui iniciaremos nossos estudos abordando uma questão importantíssima na Entomologia Agrícola o manejo integrado de pragas conhecido pela sigla MIP Considerando a posição ocupada pelo Brasil como grande exportador de commodities agrícolas e a consequente expansão de monocultivos como a soja estamos gerando impactos aos ecossistemas nativos e aumentando a pressão de seleção de insetospraga Para mantermos a nossa competitividade comercial e produzir com qualidade é necessário produzir de forma sustentável É aí que entra o MIP Como você vai aprender ao longo desta unidade o MIP está relacionado com a adoção de diferentes técnicas com o objetivo de controlar megapopulações de organismospraga ou seja aqueles que apresentam potencial para provocar danos e prejuízos para a agricultura O manejo integrado de pragas surgiu como alternativa para reduzir o uso dos inseticidas químicos já que o controle dos insetospraga costumava ser realizado quase que exclusivamente com produtos químicos e alguns deles rapidamente perdiam a eficácia sobre os insetospraga além de provocarem desequilíbrio ambiental quando se utilizavam produtos não seletivos que matavam também organismos não pragas Nesta unidade você vai aprender sobre os diferentes pilares do MIP como métodos físicos químicos e legislativos assim como o controle biológico que em algumas culturas já é utilizado com sucesso há bastante tempo Para finalizar a unidade vamos abordar os diferentes tipos de inseticidas químicos de acordo com cada mecanismo de ação a questão da resistência dos insetos aos inseticidas e os procedimentos indicados de manejo para evitar ou pelo menos retardar o surgimento da resistência 78 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1 MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS O Manejo Integrado de Pragas MIP consiste em adotar e implementar um conjunto de técnicas ou ações validadas após experiências da comunidade científica que tem como objetivo controlar as pragas No MIP esse controle prioriza alguns fatores como por exemplo a mortalidade natural por meio da adoção de procedimentos que se baseiam em fatores econômicos ecológicos e ambientais Costumase dizer que o MIP é mantido por diversos pilares e esses pilares correspondem a diferentes métodos que podem ser aplicados de maneira integrada para controle das pragas e redução dos danos A Figura 1 apresenta como seria estruturado um programa de manejo integrado sempre lembrando que na base ou seja no início de tudo é preciso ter conhecimento a respeito da situação conhecer as condições ambientais a praga os seus inimigos naturais e outros fatores que forem necessários Figura 1 A base e os pilares do manejo integrado de pragas Fonte A autora As ações dentro do MIP buscam maximizar a eficiência dos métodos de controle reduzindo os efeitos oriundos da utilização excessiva de produtos químicos Nesse sentido é importante destacar a relação entre produtos químicos e a evolução da resistência nos insetos Os organismos vivos são continuamente submetidos a pressões para seleção e é dessa forma que eles se adaptam ao ambiente e evoluem Ou seja perante uma situação nova apenas os organismos capazes de sobreviver a essa determinada mudança irão continuar vivos e se reproduzir gerando novos indivíduos possuidores da mesma habilidade Assim funciona a famosa seleção natural na qual apenas os organismos mais adaptados sobrevivem Quando falamos em insetospraga existem alguns métodos utilizados para controle que apesar de serem eficazes num primeiro momento podem favorecer o surgimento de insetos resistentes a esse determinado método com o passar do tempo 79 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 11 Componentes do MIP A Figura 2 apresenta um fluxograma com os três componentes principais do MIP diagnose tomada de decisão e métodos ou táticas de controle Em seguida cada um desses componentes será abordado para que você compreenda bem os objetivos e as ações de cada um Figura 2 Componentes do MIP Fonte A autora A discussão relacionada à questão da resistência dos insetos aos inseticidas é bastante necessária e tem por objetivo conscientizar produtores e todas as demais pessoas relacionadas às atividades agrícolas sobre os riscos do uso inadequado de produtos fitossanitários para controle de pragas ou de plantas modificadas geneticamente e resistentes a determinadas pragas É preciso evitar procedimentos que possam promover a resistência eou causar outros prejuízos ao meio ambiente e muitos agricultores às vezes não entendem ou até mesmo não sabem quais as consequências das suas ações O MIP é uma prática que vem sendo aplicada em nível mundial com diversos benefícios diminuição dos custos de produção melhoria na qualidade do alimento uma vez que reduz os resíduos de produtos químicos é menos tóxica para as pessoas que trabalham diretamente na agricultura reduz os níveis de contaminação ambiental e preserva os inimigos naturais que vão auxiliar no controle populacional das pragas Para uma propriedade que deseja executar o MIP alguns procedimentos devem ser seguidos de forma rigorosa e em uma sequência específica 80 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 111 Diagnose e avaliação do agroecossistema A primeira etapa recebe o nome de diagnose pois é justamente aqui que buscamos um diagnóstico das condições do campo Aqui precisam ser respondidas várias perguntas dentre elas qual a espécie que está causando o dano Qual o comportamento desses insetos Hábito é diurno ou noturno Como é o ciclo de vida Existem inimigos naturais dessa praga no campo ou eles estão ausentes Como estão as condições climáticas Respondendo a questões como essas poderemos dar seguimento ao MIP Toda essa investigação é necessária para conhecer o ambiente com o qual estamos lidando fatores climáticos fatores sazonais e fenológicos da cultura O clima por exemplo é um fator que afeta a população de pragas pois interfere tanto nos processos fisiológicos das plantas quanto no desenvolvimento dos insetos O clima pode atuar reduzindo ou aumentando a qualidade e a quantidade de alimento disponível em situações de seca as plantas podem sintetizar metabólitos secundários que repelem os insetos fitófagos A chuva é capaz de reduzir populações de determinadas pragas pelo impacto das gotas lavando a superfície da planta e removendo ovos 112 Tomada de decisão Depois de finalizada a etapa de diagnose seguimos no programa do MIP para uma etapa denominada tomada de decisão na qual a decisão será entre realizar alguma medida de controle ou não Aqui existem duas fases diferentes denominadas plano de amostragem e índices para tomada de decisão Para realização do plano de amostragem é preciso dividir a área em talhões uniformes ou seja formar parcelas da área identificar os talhões conhecer as técnicas e unidades amostrais definir qual será o método de caminhamento o número de amostras e qual será a frequência de realização das amostragens PIRES et al 2016 Para realizar as amostragens utilizamse os chamados cadernos de campo que são planilhas específicas para cada cultura e praga Nessas planilhas são registradas diversas informações número do talhão nome de quem está fazendo a avaliação a data de avaliação a técnica utilizada para avaliação a fase fenológica da cultura nome e foto das pragas e dos inimigos naturais e também observações pertinentes como mortalidade e murcha de plantas PIRES et al 2016 Em plantas de café sob condições de estresse hídrico ou deficiência nutricional verificase a diminuição da população de um tipo de cochonilha chamada cochonilhaverde Coccus viridis Na condição oposta com excesso de chuva ocorre a diminuição da população do inseto conhecido como bichomineiro Leucoptera coffeella porque as larvas que vivem nas minas no interior das folhas morrem por afogamento 81 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A planilha de amostragem pode ser do tipo convencional ou sequencial A planilha convencional apresenta um número fixo de amostrastalhão ela requer mais tempo porém é considerada de mais fácil execução A utilização da planilha convencional permite duas decisões controle ou não controle da praga Por sua vez na planilha do tipo sequencial o número de amostras é variável e o valor costuma ser de 30 a 50 menor que o da amostragem convencional a realização da amostragem por planilha sequencial é mais rápida porém possui uma maior dificuldade para execução Além disso a planilha sequencial apresenta três colunas para as opções de controlar a praga continuar amostrando ou não controlar A Figura 3A apresenta um modelo de planilha do tipo convencional e a Figura 3B mostra um modelo de planilha de amostragem sequencial Figura 3 Planilhas de amostragem convencional A e sequencial B Fonte A Adaptado de CorrêaFerreira et al 2013 e B Pires et al 2016 Independentemente do tipo de planilha adotado é preciso que o avaliador tenha perícia técnica seja responsável assíduo e entenda que o trabalho que ele executa na propriedade é de vital importância para o manejo efetivo das pragas A técnica de amostragem consiste nos aparatos ou equipamentos necessários para a sua realização Para escolher esses objetos é preciso considerar a localidade e o comportamento da praga o tamanho e a região da planta onde se encontra a praga ou o inimigo natural Os principais aparatos utilizados são lupas com 20x e 40x de aumento bandejas plásticas brancas panos de batida tecidos brancos e armadilhas contendo atrativos conforme o hábitocomportamento do inseto PIRES et al 2016 Os métodos de amostragem podem ser de contagem direta que envolvem a avaliação direta do número de insetos em determinada unidade amostral por exemplo número de insetosárea da lupa número de insetosplanta número de insetosfolha ou de contagem indireta que define o número de insetosunidade amostral 82 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A divisão da área em talhões corresponde à divisão de grande extensão territorial em áreas relativamente uniformes e menores buscando garantir que o monitoramento ocorra de forma organizada e orientada Normalmente essas áreas já estão divididas nas propriedades para facilitar o manejo e os tratos culturais Outras formas de separação dos talhões também podem ser feitas utilizando por exemplo datas de plantio tipo de cultivar tipos de solo relevo dentre outras Cada talhão precisa ser identificado com placas numéricas e coloridas indicando o número de registro do talhão e se o talhão foi ou não pulverizado Essas características de cada talhão devem ser registradas em planilhas específicas mantidas no escritório da propriedade A realização da amostragem é realizada utilizando a técnica do caminhamento que nada mais é do que caminhar de forma organizada e sistematizada seguindo uma trajetória definida cujos nomes recebem nomes de letras Por exemplo no caso de pragas que se distribuem mais nas bordaduras como o percevejoverde da soja costumase utilizar a técnica do caminhamento em C ou em U já os caminhamentos em X em ziguezague e em espiral são empregados para a amostragem em lavouras não adensadas perenes ou cultivos anuais em lavouras perenes adensadas costumase realizar a amostragem em pontos PIRES et al 2016 Outros pontos importantes a serem considerados são a época de realização da amostragem e a frequência de amostragem A determinação desses fatores requer um conhecimento do período de ocorrência da praga e das condições climáticas que lhe são favoráveis assim como o conhecimento da biologia da pragaalvo e da população dos inimigos naturais presentes no ambiente A frequência de amostragem varia conforme o período quando as condições ambientais são menos favoráveis às pragas a amostragem deve ser realizada uma vez por semana Já na situação contrária em períodos que são mais favoráveis às pragas as amostragens devem ser intensificadas e realizadas duas vezes por semana Assim diminuemse as chances de que a população alcance o nível de dano econômico Finalmente com a realização das amostragens de maneira correta e confiável são estabelecidos os índices que permitem a tomada de decisão é necessária ou não uma intervenção A população da praga será classificada em razão da relação que mantém com as plantas hospedeiras no campo e a partir disso se estabelecem o ponto de equilíbrio PE os níveis de controle NC e de dano econômico NDE O PE é uma situação na qual o nível populacional da praga não requer a aplicação de métodos de controle ou seja existe a praga ela está se alimentando das plantas mas o número de indivíduos não é grande o suficiente para provocar danos é uma situação de equilíbrio normal na natureza O ponto seguinte já é diferente quando a população atinge o NC é o momento ideal para iniciar a intervenção implementando uma tática de controle Quando esse nível não é detectado e portanto não há intervenção o último ponto é o NDE quando a população da praga está bastante alta e pode causar sérios danos à cultura Conforme você percebeu nos programas de monitoramento de pragas são os planos de amostragem que vão determinar a necessidade ou não da intervenção Apesar de parecer algo trabalhoso essa etapa de avaliação é fundamental afinal o agricultor necessita de subsídios para a sua decisão analisando os aspectos econômicos da cultura e avaliando o custobenefício do controle das pragas Na prática o agricultor vai colocar dois pesos na balança o prejuízo esperado na cultura versus gasto com produtos para o controle Sem essa avaliação o agricultor corre o risco de aumentar o custo de produção com redução do seu lucro É importante ter em mente que o controle fitossanitário não aumenta a produção apenas reduz as perdas PIRES et al 2016 83 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 113 Métodos de controle Os métodos de controle envolvem todo e qualquer procedimento ou tecnologia utilizada com a finalidade de controlar a praga buscando a redução populacional para níveis em que não provoquem dano econômico Aqui vale a pena observar que não falamos em eliminar a praga e sim reduzir os níveis populacionais Para escolher qual método de controle será aplicado são levados em conta diferentes aspectos o econômico afinal qual será o custo do controle Existe a possibilidade de arcar com esse método ou preciso escolher um método que seja mais barato além dos aspectos ecológicos meio ambiente ao redor da área interações com outros organismos e sociais pessoas envolvidas na produção sua cultura e suas expectativas O MIP se destaca justamente por empregar diferentes métodos de manejo que podem ser combinados entre si conforme a necessidade empregando tecnologias menos agressivas aos ecossistemas buscando diminuir ao máximo os efeitos aos organismos não alvos Muitas vezes em busca de controlar uma determinada praga são provocados desequilíbrios que causam novos problemas morte de inimigos naturais surgimento de pragas secundárias resistência dos insetos aos métodos de controle dentre outros A seguir estão apresentadas algumas das principais medidas procedimentos técnicas e ou aparatos que podem ser empregados em programas de manejo integrado de pragas De acordo com a natureza desses métodos eles estão divididos em oito pilares legislativo mecânico físico cultural comportamental de resistência de plantas biológico e químico O plano de amostragem também pode ser realizado de maneira contínua e é pos sível ter informações diárias sobre a densidade populacional das pragas Isso é realizado em diversas culturas como por exemplo na canadeaçúcar para con trole da brocadacana Diatraea saccharalis Quem causa o dano à cultura é a fase larval sendo o adulto uma mariposa de hábitos noturnos Nos talhões são instaladas armadilhas luminosas que atraem os insetos adultos durante a noite Todos os dias os insetos adultos na armadilha são contados e quando o número ultrapassa o limite estabelecido alguma medida de controle é adotada 84 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1131 Método legislativo Esse método como o próprio nome nos indica diz respeito às leis portarias e decretos que estabelecem medidas para impedir a disseminação de organismospraga Podemos considerar portanto que esse é um tipo de medida de controle em caráter preventivo Afinal o melhor controle é sempre a prevenção Entre as medidas estabelecidas por meios legais podemos destacar o serviço quarentenário as medidas obrigatórias e a Lei dos Agrotóxicos Lei 780289 O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento MAPA por meio do setor de Defesa Sanitária Vegetal estabeleceu o serviço quarentenário O objetivo desse programa é fiscalizar as fronteiras do país além de portos e aeroportos para prevenir a entrada de organismos praga oriundos de outros países Neste caso não apenas novas espécies de insetos são impedidas de entrar no país mas também fungos bactérias vírus nematoides ou outros organismos que possam causar danos econômicos A legislação estabelece procedimentos e tratamentos fitossanitários que devem ser aplicados aos materiais importados como por exemplo as técnicas de irradiação fumigação e atmosfera modificada com gás ozônio ou gás carbônico para evitar a entrada das pragas quarentenárias ausentes que não existem no país Além disso existem as pragas quarentenárias presentes estão no país mas com ocorrência restrita a determinadas regiões que requerem uma vigilância e cuidados especiais entre as barreiras dos estados para evitar a sua disseminação Outra ferramenta do método legislativo são as medidas obrigatórias Essas medidas são estabelecidas com o objetivo de obrigar o agricultor por força de lei a executar um determinado procedimento de intervenção visando a controlar as pragas Um exemplo de medida obrigatória é o vazio sanitário que consiste em um período no qual o campo deve ficar limpo sem determinadas espécies vegetais para que assim as pragas dependentes delas não tenham condições de prosperar No Brasil alguns exemplos são o vazio sanitário da soja e do algodão O vazio sanitário do algodão quando todas as plantas devem ser removidas e destruídas tem por objetivo reduzir as populações de pragas sendo a principal delas o bicudodoalgodoeiro Anthonomus grandis uma espécie de besouro causadora de sérios prejuízos ao cultivo já no caso da soja o vazio sanitário tem no mínimo 60 dias variando conforme a legislação de cada estado e o objetivo é reduzir a sobrevivência do fungo causador da ferrugem asiática O agricultor que descumprir as normas não realizar o vazio sanitário ou não respeitar o período dele é multado Como último exemplo dentro do método legislativo não podemos deixar de citar a Lei no 7802 de 11 de julho de 1989 a chamada Lei dos Agrotóxicos Essa lei dispõe sobre vários processos relacionados aos produtos fitossanitários desde o seu desenvolvimento até o descarte final das embalagens 85 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1132 Método mecânico O método mecânico é bastante simples e normalmente aplicável em pequenas áreas Normalmente há duas técnicas principais dentro desse método a retirada direta das pragas das plantas utilizando a mão ou alguma ferramenta apropriada ou colocar algum tipo de barreira que dificulte ou impeça o acesso das pragas às plantas Como exemplos de barreiras podemos citar o cultivo protegido Figura 4A que se caracteriza pelo uso de estufas telados ou casas de vegetação e a colocação de sacos plásticos em frutos Figura 4B Figura 4 Exemplos de métodos mecânicos para o controle de pragas estufa A e ensacamento de frutos B Fonte Embrapa 2017b 2020a 1133 Método físico Dentro do MIP os métodos físicos são aqueles que envolvem modificações físicas nas condições ambientais O objetivo aqui é criar um ambiente desfavorável ao desenvolvimento dos organismospraga auxiliando assim na sua redução populacional Há diversas formas de provocar alterações no ambiente e a escolha do método varia conforme o tipo de propriedade o tamanho o emprego de tecnologia custos etc Alguns agentes de controle empregados são fogo temperatura fontes luminosas som radiação ionizante e atmosfera modificada Vamos aprender um pouco mais sobre cada um deles a Fogo a utilização do fogo como ferramenta para o controle de pragas é um tema que gera polêmica em razão das consequências para o ambiente e demais organismos Com relação à eficácia o fogo consegue destruir mesmo aquelas pragas em estado de dormência eliminando até as espécies mais adaptadas a condições desfavoráveis No entanto a utilização do fogo é recomendada apenas em alguns casos especiais devendo ser feita com autorização dos órgãos competentes em áreas pequenas quando outras medidas não forem aplicáveis 86 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA b Temperatura como todos os organismos possuem uma faixa de temperatura ótima com limites de temperatura para sobrevivência no frio ou calor a manipulação da temperatura é uma prática bastante eficiente no controle das pragas É claro que essa técnica não é aplicável a qualquer lavoura mas um exemplo de destaque na utilização de temperatura para controle de pragas é no período póscolheita para manutenção de grãos armazenados c Fontes luminosas esses aparatos são também conhecidos como armadilhas luminosas e são utilizados tanto para monitoramento das pragas quanto para auxiliar no controle Nesse caso insetos com hábitos noturnos principalmente da Ordem Lepidoptera mariposas e Coleoptera besouros são atraídos pelas fontes luminosas e acabam capturados nas armadilhas d Som o som pode ser uma ferramenta dentre os métodos físicos dependendo da frequência de vibração das ondas sonoras Nós humanos conseguimos ouvir até a frequência de 20000 Hertz acima disso as frequências recebem o nome de ultrassom e já não somos capazes de escutar Outros organismos como os insetos por exemplo são influenciados por ultrassom e podem ser repelidos ou atraídos com a utilização de equipamentos que produzem ultrassom Ondas sonoras maiores que 39000 Hertz podem matar organismos mais sensíveis enquanto outras frequências podem causar alterações comportamentais e Radiação ionizante a radiação ionizante é uma das técnicas mais recentes porém também gera controvérsias uma vez que pode acabar extinguindo determinados organismos A sua utilização promove uma esterilização no local além disso ela pode ser empregada para a obtenção de insetos estéreis f Atmosfera modificada assim como a utilização da temperatura essa prática também é altamente eficaz para evitar a proliferação de pragas em grãos armazenados Consiste em alterar a atmosfera do ambiente com a utilização do gás ozônio ou carbônico causando a morte das pragas 1134 Método cultural Esse tipo de método envolve a manipulação da cultura em si ou seja das plantas que sofrem o ataque das pragas Uma planta com boas condições de hidratação e nutrição pode naturalmente apresentar uma certa tolerância suportando os danos causados pelo ataque das pragas Além disso a utilização de determinadas práticas nas lavouras por si só pode ser capaz de prevenir ou até mesmo controlar surtos populacionais de insetospraga trazendo vantagens ao produtor mantendo a população da praga em níveis mais baixos e utilizandose dos fatores de mortalidade natural para equilibrar as relações entre os organismos envolvidos inseto praga planta hospedeirainimigos naturais PIRES et al 2016 Aqui destacamse as seguintes práticas a Rotação de culturas uma das práticas mais importantes baseiase no fato de que ao mudar a espécie cultivada mudam também as espécies de insetospraga que se alimentam dessa cultura A técnica ajuda na manutenção da densidade populacional das pragas em níveis abaixo do nível de dano econômico Além disso algumas culturas têm maior capacidade de fixar nutrientes no solo auxiliando a nutrição da cultura seguinte 87 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA b Cultivo de diversas espécies baseandose na mesma premissa da rotação de culturas a manutenção de diversas espécies vegetais contribui para uma maior diversidade de insetos que interagem em teias alimentares mais estáveis e complexas reduzindo a ocorrência de surtos de pragas c Plantio direto além de proporcionar mais economia aos produtores o plantio direto evita a perda de nutrientes do solo e não prejudica os organismos benéficos d Culturas barreiras a utilização de culturas barreiras visa à proteção do plantio principal tanto por ser mais atrativa às pragas quanto por auxiliar em uma rápida identificação já no início do ataque pelas pragas Em alguns casos pode auxiliar também na chegada de pragas que são transportadas pelo vento como alguns ácaros e Plantio no limpo essa medida tem prós e contras pois uma área limpa facilita a localização visual de ataques de pragas ainda no início entretanto a retirada das barreiras físicas numa determinada área pode acabar com as áreas de refúgio dos inimigos naturais causando desequilíbrio nas teias alimentares 1135 Método comportamental As técnicas que se baseiam no método comportamental são exemplificadas principalmente pela utilização de armadilhas com feromônios ou com atrativo alimentar Assim os insetos normalmente serão atraídos por força do próprio comportamento Um exemplo de armadilha com feromônio está representada na Figura 5 Nesse caso a partir do feromônio sexual foram produzidos feromônios sintéticos e eles foram colocados no interior da armadilha O inseto é capturado e morre No campo o posicionamento estratégico de armadilhas como essas causa confusão sexual Outras armadilhas podem atrair os insetos com soluções açucaradas Figura 5 Modelo de armadilha de feromônio com mariposas capturadas Fonte Embrapa 2016 88 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1136 Método de resistência de plantas O método de resistência de plantas como o próprio nome indica se baseia na utilização de variedades ou cultivares resistentes com capacidade para suportar os danos causados pelos insetos ou ainda que consigam se recuperar de maneira rápida sem que haja prejuízo na produção A utilização desse método é uma prática bem aceita dentro do MIP por diversos motivos dentre eles podemos destacar não requer conhecimento aprofundado para a sua implementação é de fácil adoção pelo agricultor e exige normalmente os mesmos tratos culturais aplicados para as plantas suscetíveis com o bônus de reduzir a aplicação dos inseticidas químicos As plantas transgênicas aquelas que sofreram modificações genéticas direcionadas nesse caso para resistência aos insetospraga também se encaixam no método de resistência de plantas 1137 Método biológico O método biológico também chamado de controle biológico está relacionado com a utilização de um organismo inimigo natural que seja predador parasitoide ou patógeno sendo que esse organismo tem por hábito consumir parasitar ou causar doenças em outros organismos pragas Dessa forma é possível utilizarse dessa prática para controlar surtos populacionais de insetospraga promovendo a redução dos níveis populacionais Essa técnica pode e deve ser usada em associação com outros métodos do MIP inclusive o controle químico o controle biológico pode ajudar a diminuir o volume de produtos químicos utilizados ou até tornar seu uso desnecessário dependendo da situação Do ponto de vista econômico e ecológico o controle biológico também é altamente preferível O controle biológico de pragas agrícolas é mais recente no Brasil quando comparado com outros países Acreditase que a maior resistência à implementação desses programas está relacionada com aspectos culturais uma vez que os resultados obtidos na utilização de controle químico e biológico são bastante diferentes e os agricultores confiam mais no controle químico já que a resposta costuma ser mais rápida e aparentemente mais eficaz O controle biológico gera resultados mais discretos e quase sempre imperceptíveis As primeiras plantas transgênicas resistentes a insetospraga receberam a denominação de plantas Bt A sigla Bt se refere às iniciais de uma bactéria chamada Bacillus thuringiensis Essa bactéria produz um grupo de proteínas que têm efeito inseticida as proteínas Cry Após o estabelecimento de técnicas que possibilitaram a transgenia genes bacterianos que expressam essas proteínas foram incorporados ao genoma das plantas que então passaram a expressar a proteína Cry causando a morte dos insetos que se alimentavam da planta Atualmente no Brasil temos quatro diferentes culturas com opção de plantas resistentes a insetos soja milho algodão e canadeaçúcar As plantas desenvolvidas mais recentemente normalmente apresentam a inserção de mais de um gene Cry para que uma mesma planta expresse diferentes toxinas a fim de dificultar a questão da seleção da resistência das pragas 89 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para iniciar um programa de controle biológico é preciso planejamento e conhecimento de diversos fatores envolvidos no processo tanto da biologia da praga quando dos inimigos naturais Além disso os profissionais que irão trabalhar na produção de inimigos naturais precisam receber treinamento adequado Uma alternativa interessante para muitos agricultores e empresários é adquirir os inimigos naturais de empresas especializadas e realizar apenas a liberação desses organismos em campo nos períodos mais indicados para que eles atuem nas pragas Existem diversos inimigos naturais que são específicos para determinadas pragas tornando a prática ainda mais eficiente e segura Nos dias atuais o controle biológico assume um papel cada vez mais importante em programas de MIP principalmente no cenário atual que evidencia a necessidade de uma produção integrada à sustentabilidade 11371 Estratégias de controle biológico aplicado O controle biológico aplicado é aquele no qual existe a interferência humana com o objetivo de utilizarse as interações entre os insetospraga e seus inimigos naturais para auxiliar no controle de pragas agrícolas Nesse sentido podemos identificar três estratégias por meio das quais o homem pode manejar os inimigos naturais para auxiliarem a diminuir a população de uma determinada praga para que o número de indivíduos se mantenha abaixo do nível de dano econômico Essas estratégias são o controle biológico clássico o controle biológico aumentativo ou por incrementação e o controle biológico por conservação Controle Biológico Clássico Essa estratégia de controle implica a importação de agentes de controle biológico provenientes da mesma região de origem da praga que pode ser um outro país ou uma outra região O primeiro caso de sucesso dessa estratégia de controle é o da joaninha Rodolia cardinalis Coleoptera Coccinellidae nativa da Austrália que foi importada pelos EUA em 1888 para controlar a cochonilha dos citros Icerya purchasi Hemiptera Monophlebidae Figura 6 foram liberados apenas 140 adultos de R cardinalis e em menos de dois anos a praga estava sob controle No Brasil o primeiro caso de controle biológico clássico é do ano de 1921 O micro himenóptero uma espécie de vespinha Prospaltella berlesi foi introduzido para o controle da cochonilha branca da amoreira Pseudoaulacaspis pentagona Considerando que essa modalidade de controle envolve a introdução de espécies exóticas consequentemente ela envolve alguns riscos Assim existem regulamentos para a introdução de espécies exóticas que precisam ser obedecidos para implantação dessa estratégia Apenas um laboratório brasileiro é credenciado pelo MAPA para realizar a introdução de inimigos naturais para controle de pragas ou fins científicos é o Laboratório de Quarentena Costa Lima situado na Embrapa Meio Ambiente em Jaguariúna São Paulo 90 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 6 A joaninha Rodolia cardinalis predadora da cochonilha dos citros Fonte Lotz 2007 Controle Biológico Aumentativo ou por Incrementação Essa modalidade do controle biológico envolve a criação produção ou multiplicação massal do inimigo natural em laboratório utilizando para isso dietas artificiais ou um hospedeiro que pode ser a própria pragaalvo ou uma espécie alternativa Após a multiplicação os inimigos naturais são liberados no campo no momento adequado considerando a biologia na interação de ambas as espécies visando a atingir a praga num momento em que ela esteja mais suscetível Um exemplo de sucesso dessa estratégia aqui no Brasil envolve uma espécie de vespinha parasitoide a Cotesia flavipes Hymenoptera Braconidae e a brocadacanadeaçúcar Diatraea saccharalis Lepidoptera Crambidae A vespa deposita seus ovos no corpo da brocadacana Figura 8 e quando as larvas eclodem crescem e se alimentam no interior da lagarta provocando a sua morte Outro exemplo bemsucedido dessa técnica aqui no Brasil é a utilização de um vírus chamado Baculovirus anticarsia para controle da lagarta da soja Anticarsia gemmatalis Lepidoptera Noctuidae O vírus é aplicado na lavoura e ao se alimentarem das folhas as lagartas ingerem o vírus e morrem Figura 7 Adulto de Cotesia flavipes atacando uma lagarta Fonte Embrapa 2020b 91 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A técnica de controle biológico aumentativo tem sido bem aceita nos programas de controle de pragas pois os resultados obtidos muitas vezes são comparáveis ao uso de inseticidas convencionais pela rápida ação dos inimigos naturais em campo Controle Biológico por Conservação A terceira e última estratégia de controle biológico também chamada de controle biológico natural é aquela que trabalha com a manutenção dos inimigos naturais favorecendo e fornecendo condições de sobrevivência e reprodução para que assim naturalmente sua população aumente e consequentemente a efetividade também Para isso essa estratégia realiza o manejo do habitat também chamado de manipulação ambiental Diversos pesquisadores da área afirmam que a maneira mais indicada para favorecer a atividade dos inimigos naturais é a criação de sistemas agrícolas diversificados Segundo a Hipótese dos inimigos naturais quanto mais diverso um hábitat mais recursos estarão disponíveis tanto alimentares quanto de refúgio ou hibernação 1138 Método químico De todos os métodos que estudamos até agora o método químico é o mais utilizado e difundido além de apresentar os resultados mais rápidos Esse método envolve a utilização de produtos fitossanitários como inseticidas larvicidas acaricidas e compostos reguladores de crescimento com a finalidade de reduzir os danos causados por organismospraga Os inseticidas normalmente agem sobre os organismos vivos bloqueando algum processo fisiológico bioquímico Os primeiros inseticidas desenvolvidos e ainda hoje mais utilizados são aqueles que têm como alvo o sistema nervoso dos insetos neurotóxicos uma vez que apresentam uma alta eficácia e uma rápida resposta no controle de pragas Existem diferentes formulações de produtos químicos elaboradas com o objetivo de atuar no controle de pragas A essas formulações normalmente são adicionados outros compostos que podem ser aditivos buscando ampliar o efeito da molécula principal adjuvantes que são veículos do ingrediente ativo além de agentes molhantes e espalhantes Além disso existem diferentes formas de preparação e aplicação desses produtos sendo algumas delas pó seco pó solúvel granulados concentrados emulsionáveis soluções concentradas gasosos aerossóis suspensão líquida pastagel Além das diferentes formulações existem também diferenças no caminho dos inseticidas ou seja diferentes formas pelas quais eles alcançam os insetos Nesse contexto os inseticidas também recebem diferentes classificações conforme está detalhado a seguir na literatura você pode encontrar essa classificação como modos de ação aqui evitamos essa nomenclatura para não causar confusão com os diferentes mecanismos de ação que você vai estudar no tópico 12 Mecanismos de ação dos inseticidas Ingestão quando o inseticida penetra no organismo por via oral e ocorre a absorção no intestino dos insetos Contato quando a ação do inseticida decorre da absorção pelo tegumento ou seja por um simples contato entre o inseto e uma superfície tratada o inseticida penetra na epicutícula e vai sendo conduzido através do tegumento Fumigação quando o inseticida é de formulação gasosa e penetra através dos espiráculos do inseto alcançando as vias respiratórias Profundidade ou com ação translaminar quando o inseticida permeia o órgão vegetal como a folha por exemplo e atinge os insetos que costumam estar nesse local como larvas minadoras Sistêmico quando o inseticida é absorvido pela planta independentemente do local onde foi aplicado inicialmente ele é incorporado à seiva da planta e circula por todas as partes do vegetal 92 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Um ponto que merece atenção quando falamos em inseticidas é a questão da seletividade Sabemos que o número de insetos na natureza é imenso e apenas uma pequena parte dessas espécies tem o potencial ou efetivamente se converte em pragas agrícolas Nesse sentido como realizar o manejo das pragas minimizando os riscos às demais espécies Muitas espécies de insetos como as abelhas e os inimigos naturais são extremamente importantes para o equilíbrio dos ecossistemas Existem duas maneiras de buscar a seletividade a ecológica e a fisiológica A seletividade ecológica envolve a forma de utilização dos inseticidas buscando minimizar a exposição dos inimigos naturais aos inseticidas isso pode ser feito por exemplo realizando as aplicações em horários nos quais as temperaturas são mais amenas visto que ocorre uma menor movimentação de inimigos naturais e outros organismos A seletividade fisiológica por sua vez ocorre na escolha do inseticida a ser utilizado buscando trabalhar com aqueles que sejam mais tóxicos às pragas e possuam baixa toxicidade para os inimigos naturais A Organização Internacional de Controle Biológico desenvolveu metodologias para avaliar a seletividade fisiológica de inseticidas aos inimigos naturais e estabeleceu uma classificação em quatro grupos classe 1 inócuos classe 2 levemente nocivos classe 3 moderadamente nocivos e classe 4 nocivos PIRES et al 2016 12 Mecanismos de Ação dos Inseticidas Os inseticidas possuem diferentes alvos nos insetospraga pois eles podem agir em diferentes processos bioquímicos e fisiológicos isso é o mesmo que dizer que os inseticidas possuem diferentes mecanismos de ação Em campo a rotação de inseticidas com diferentes mecanismos de ação é fundamental para a eficácia do programa de manejo de pragas essa estratégia dificulta a seleção de indivíduos resistentes presentes nas populações da praga A seguir vamos conhecer alguns dos principais mecanismos de ação de inseticidas disponíveis no mercado separados em quatro grupos diferentes conforme o alvo de cada um Você vai se deparar com dois termos novos agonistas e antagonistas Os compostos chamados de agonistas são aqueles que simulam imitam a ação de um outro composto enquanto os compostos antagonistas são aqueles que atuam de maneira contrária à ação de um outro composto 121 Inseticidas que atuam no sistema nervoso e muscular Inibidores da acetilcolinesterase esses inseticidas são compostos por moléculas capazes de se ligar à enzima acetilcolinesterase e inibir a sua atividade como consequência a acetilcolina que é um neurotransmissor excitatório não é degradada o que seria o caminho natural e isso provoca a passagem excessiva de impulsos levando o sistema nervoso dos insetos ao colapso Organofosforados como o malation clorpirifós triazofos acefato dentre outros e carbamatos metomil tiodicarb aldicarb etc são exemplos desse grupo Antagonistas de canais de cloro mediados pelo GABA inseticidas com esse mecanismo de ação antagonizam a ação do GABA ácido gamaaminobutírico que é um inibidor neurossináptico A consequência aqui novamente é uma hiperexcitabilidade do sistema nervoso central dos insetos Os inseticidas do grupo dos ciclodienos como endosulfan e lindane e fenilpirazois fipronil pertencem a esse grupo 93 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Moduladores de canais de sódio para que ocorra a transmissão elétrica o impulso nervoso deve existir uma diferença de potencial na membrana do axônio gerada por ação da bomba de sódio e potássio Os inseticidas desse grupo agem afetando a formação dessa bomba ocasionando uma entrada excessiva de sódio no neurônio e provocando uma hiperexcitabilidade no inseto Os piretroides como a bifentrina e o DDT são exemplos desse grupo Agonistas da acetilcolina a acetilcolina é um neurotransmissor excitatório e esse tipo de inseticida imita os efeitos da acetilcolina Contudo as moléculas do inseticida não são degradadas pela acetilcolinesterase promovendo uma super excitação do sistema nervoso dos insetos A nicotina assim como os inseticidas do grupo dos neonicotinoides imidacloprida e acetamiprida e spinosinas spinosad atuam como agonistas da acetilcolina Antagonistas da acetilcolina atuam nos receptores nicotínicos da acetilcolina que são canais iônicos na membrana plasmática de algumas células Os antagonistas da acetilcolina competem por esses receptores com a acetilcolina podendo bloquear esses receptores interrompendo a transmissão do impulso nervoso e paralisando o inseto rapidamente O inseticida Cartap é um exemplo que atua dessa forma Agonistas do GABA conforme citado anteriormente o ácido gamaaminobutírico GABA é um neurotransmissor inibitório As moléculas dos inseticidas agonistas do GABA são capazes de imitar a ação dele causando uma super inibição do sistema nervoso central As avermectinas abamectin e milbemicinas atuam dessa forma Bloqueadores de canais de sódio esse tipo de inseticida provoca o fechamento dos canais de sódio impedindo que esses íons entrem nos neurônios dos insetos Isso provoca uma paralisia devido à interrupção do impulso nervoso As oxadiazinas indoxacarb são um exemplo de inseticida com esse tipo de mecanismo de ação Moduladores de receptores de rianodina o cálcio é extremamente necessário para que ocorra a contração muscular e os receptores de rianodina são canais especializados na liberação controlada de cálcio no interior da célula Os inseticidas desse grupo considerados mais recentes em relação aos demais mecanismos de ação se ligam a esses receptores e provocam uma liberação descontrolada e o esgotamento do cálcio interno impedindo que ocorram novas contrações e provocando paralisia nos insetos os músculos alares do coração também são paralisados o que leva o inseto à morte Um exemplo aqui são as diamidas Bloqueadores seletivos da alimentação os inseticidas dessa classe que foram inicialmente desenvolvidos para controlar insetos sugadores atuam no comportamento alimentar dos insetos pois causam um bloqueio neural do aparelho sugador Como não conseguem se alimentar poucos dias após a aplicação ocorre a morte dos insetos por inanição A pimetrozina é um exemplo desse grupo 122 Inseticidas que atuam no sistema digestório Disruptores microbianos da membrana do mesêntero o mesêntero é a região mediana do intestino dos insetos Os inseticidas que atuam dessa forma contêm toxinas de origem microbiana que são ingeridas pelos insetos no momento em que se alimentam da planta tratada Ao chegarem ao mesêntero essas toxinas se ligam a receptores específicos da membrana desse órgão e provocam a paralisação do alimento Em seguida ocorre o rompimento das células que formam a parede do mesêntero e as toxinas atingem a cavidade do corpo dos insetos levandoos à morte Um exemplo desse grupo são os inseticidas BT também chamados de bioinseticidas ou inseticidas microbiológicos que contêm bactérias da espécie Bacillus thuringiensis 94 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 123 Inseticidas que atuam no desenvolvimento e crescimento Esses inseticidas também são conhecidos como reguladores de crescimento dos insetos ou ainda como inseticidas fisiológicos embora o termo fisiológicos não seja tão adequado uma vez que outros inseticidas como os neurotóxicos e os inibidores da respiração celular também agem sobre processos fisiológicos do inseto Para que você compreenda o modo de ação dos inseticidas dessa classe é interessante relembrar o conteúdo da Unidade I no que se refere ao tegumento do inseto e da Unidade II na parte dos hormônios relacionados à metamorfose e à ecdise A seguir alguns dos diferentes mecanismos de ação dos inseticidas que atuam no crescimento e desenvolvimento Agonistas do hormônio juvenil também chamados de juvenoides devido à sua semelhança estrutural e funcional com o hormônio juvenil dos insetos Sua aplicação provoca o desenvolvimento anormal dos insetos uma vez que as larvas afetadas não se transformam em pupas Os agonistas do hormônio juvenil também podem interferir na reprodução inibindo o desenvolvimento dos ovos Alguns exemplos são metoprene fenoxicarb e piriproxifen Inibidores da síntese de quitina a quitina aquele polissacarídeo que você conheceu na Unidade I presente na cutícula dos insetos está associada com proteínas conferindo dureza e resistência ao exoesqueleto dos insetos assim como no exoesqueleto dos demais artrópodes Essa classe de inseticidas atua inibindo a produção de quitina como consequência quando ocorre a ecdise a nova cutícula formada é frágil incapaz de suportar a pressão interna e o corpo do inseto As benzoilfenilureias como diflubenzuron flufenoxuron triflumuron e novaluron são os principais representantes desse grupo de inseticidas Antagonistas do hormônio juvenil conhecidos como antijuvenoides porque apresentam ação contrária à do hormônio juvenil Os inseticidas desse grupo causam injúria à glândula responsável pela secreção do hormônio juvenil A allatostatina e gonadotropina são exemplos de antijuvenoides pois competem por receptores do hormônio juvenil além do butóxido de piperonila que age interferindo na síntese desse hormônio Agonistas da ecdisona esses inseticidas imitam a ação do hormônio ecdisona que está envolvido no processo de ecdise dos insetos A aplicação desses compostos pode desencadear o processo de ecdise de forma prematura causando a morte dos insetos Os produtos do grupo das diacilhidrazinas como tebufenozide e metoxifenozide atuam dessa forma 124 Inseticidas que atuam na respiração celular Assim como nos demais seres vivos nas células dos insetos a energia ATP é produzida principalmente em um processo de ocorre nas mitocôndrias chamado cadeia de transporte de elétrons pela oxidação de carboidratos lipídeos e proteínas Logo inseticidas que atuam na respiração celular têm a mitocôndria como o principal sítio de ação São divididos em três grupos principais Inibidores do transporte de elétrons um exemplo desse grupo é a rotenona que age primariamente inibindo a enzima NADH oxidoredutase da cadeia respiratória Isso acarreta uma diminuição nos batimentos cardíacos e movimentos respiratórios reduzindo o consumo de oxigênio Outros exemplos desse grupos são fenazaquin piridaben fenpiroximate dentre outros 95 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Inibidores da síntese do ATP inseticidas que inibem a fosforilação oxidativa um dos processos da respiração celular O processo de transporte de elétrons não é afetado mas não ocorre formação de ATP Os dinitrofenóis como DNOC binapacril dinocap e organoestânicos óxido de fenbutatin cihexatin atuam dessa forma Inibidores da ATPase a ATPase é a enzima que catalisa a degradação de ATP em ADP liberando energia Os inseticidas que a inibem como o propargite e o diafentiuron interferem na respiração celular 13 Resistência de Insetos a Inseticidas A resistência envolve a capacidade do organismo em suportar doses de tóxicos que normalmente seriam letais O processo que determina o desenvolvimento da resistência é a pressão contínua de seleção Trazendo isso para o nosso contexto essa pressão é exercida pelo uso frequente de um determinado inseticida ou ainda de inseticidas diferentes mas com o mesmo mecanismo de ação Na prática acontece o seguinte numa população de insetospraga temos uma variabilidade genética natural ocorrendo alguns indivíduos que não são afetados ou que toleram a ação de um determinado inseticida Quando se realiza a aplicação constante de um mesmo produto químico ocorre um aumento na frequência relativa desses indivíduos préadaptados presentes em uma população já que os não adaptados foram eliminados Em um determinado momento aquele produto químico terá sua eficácia comprometida pois a população estará composta basicamente de insetos resistentes No caso das plantas geneticamente modificadas e resistentes aos insetos também se observam casos de resistência que implicam a necessidade de desenvolvimento de novas cultivares capazes de expressar toxinas diferentes Para preservar a eficácia da tecnologia Bt as lavouras devem possuir uma área chamada de refúgio Segundo o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento MAPA em sua página na internet o refúgio é uma área cultivada com plantas não Bt da mesma espécie em lavouras de soja milho ou algodão Bt Essa área tem como função produzir insetos suscetíveis às proteínas inseticidas que irão se acasalar com os insetos resistentes provenientes das áreas Bt gerando novos indivíduos suscetíveis à tecnologia O objetivo de manter uma população de pragas vulneráveis ao efeito inseticida da variedade transgênica é preservar os benefícios da tecnologia Todos os agricultores que utilizam tecnologia Bt precisam adotar o refúgio pois as pragasalvo podem migrar para áreas vizinhas Portanto um plano eficiente de MRI Manejo da Resistência dos Insetos deve ser implementado em âmbito regional A sustentabilidade da tecnologia depende do manejo adequado de cada propriedade BRASIL 2020 A eficácia dos programas de manejo da resistência é maior quando a implementação é feita de modo preventivo já no início da evolução da resistência Conforme você aprendeu na Unidade I o grande número de insetos existente se deve dentre outros fatores a uma grande habilidade de adaptação falando em insetos praga à rápida adaptação a diferentes agentes de controle É essencial definir como um determinado produto deve ser utilizado no sentido de evitar que a resistência se torne um problema De acordo com Georghiou 1983 as estratégias de manejo da resistência são divididas em três grupos conforme você pode observar no Quadro 1 96 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Manejo por moderação Uso de doses reduzidas do defensivo químico quando apropriado Uso menos frequente de produtos químicos Uso de produtos químicos de baixa persistência Controle em reboleiras quando viável Manutenção de áreas não tratadas para refúgio de indivíduos suscetíveis da praga quando viável Aplicação do produto nos estágios mais sensíveis da praga Recomendação de níveis de controle mais elevados quando apropriado Manejo por saturação Uso de dosagens elevadas para que a resistência seja funcionalmente recessiva Uso de compostos sinérgicos para bloquear certos processos metabólicos Manejo por ataque múltiplo Rotação de produtos químicos Mistura de produtos químicos Quadro 1 Estratégias químicas para o manejo da resistência Fonte Adaptado de Georghiou 1983 A evolução da resistência de pragas constitui um dos grandes obstáculos em programas de controle de pragas e um grande desafio à agricultura brasileira demonstrando a importância dos programas de manejo de resistência dos insetos O sucesso desses programas requer na verdade um esforço interdisciplinar envolvendo parcerias entre agricultores indústrias químicas e pesquisadores além de políticas adequadas para regulamentação do uso de inseticidas Você pode acessar a relação atualizada das Pragas Quarentenárias Presentes e Ausentes no Brasil e conhecer quais são as espécies constantes nessa lista Para isso basta acessar as Instruções Normativas no 38 e no 39 publicadas pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento MAPA em outubro de 2018 A IN 38 relaciona as pragas quarentenárias presentes PQP enquanto a IN 39 lista as pragas quarentenárias ausentes PQA que não estão presentes em território brasileiro Para isso acesse o link httpswwwgovbragriculturaptbrassuntosnoticias mapadisponibilizalistagematualizadadepragasquarentenarias 97 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Conforme você aprendeu nesta última unidade a melhor forma de lidar com aquelas espécies de insetos que estão causando danos econômicos é entender a necessidade de restabelecer um equilíbrio ambiental para que a população da praga seja reduzida e não buscar a exterminação de uma determinada espécie naquele ambiente Além disso a integração entre diferentes métodos de controle é a maneira mais eficaz e econômica para manter a sanidade das culturas O método químico é o mais utilizado dentre todas as técnicas do MIP muitas vezes o único No entanto você aprendeu sobre a questão da resistência dos insetos e agora entende a importância da atuação do engenheiro agrônomo no sentido de evitar a promoção da resistência Com a Unidade IV completa chegamos ao fim da disciplina Entomologia Agrícola Espero que você tenha gostado e aproveitado os conteúdos abordados aqui e que agora consiga enxergar os insetos com um novo olhar Afinal na sua essência eles não são pragas são apenas um grupo de organismos com uma enorme capacidade de adaptação extremamente diversos sendo que algumas espécies acabam aumentando muito o número de indivíduos em determinadas ocasiões e isso acaba se tornando um pesadelo para os produtores Conhecendo a anatomia fisiologia ciclo de vida e todas as outras características que abordamos aqui você com certeza estará apto para tomar boas decisões quando enfrentar questões relacionadas aos insetos de importância na agricultura Parabéns pela sua dedicação no decorrer desta disciplina e muito sucesso para o seu futuro 98 WWWUNINGABR ENSINO A DISTÂNCIA REFERÊNCIAS AGRO LINK Lagartadocartucho 2019a Disponível em httpswwwagrolinkcombr problemaslagartadocartucho252html Acesso em 6 fev 2020 AGRO LINK Percevejomarrom 2019b Disponível em httpswwwagrolinkcombr problemaspercevejomarrom1953html Acesso em 6 fev 2020 BIOLOGIA ARTE DA VIDA Entomologia 2020 Disponível em httpbiologiaartedavida1 blogspotcompblogpagehtml Acesso em 6 fev 2020 BRASIL Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento Refúgio 2020 Disponível em httpwwwagriculturagovbrrefugiohome Acesso em 20 fev2020 CAMARGO A J A et al Coleções entomológicas legislação brasileira coleta curadoria e taxonomia para as principais ordens Brasília DF Embrapa 2015 CAMPOS A E C ZORZENON F J Formigas cortadeiras São Paulo Apta 2020 Disponível em httpwwwbiologicospgovbruploadsfilespdfprosafapostilasformigascortadeiraspdf Acesso em 6 fev 2020 CHAPMAN R F The insect structure and function Cambridge Cambridge University Press 1998 CORRÊAFERREIRA B S et al Monitoramento de pragas na cultura da soja Londrina Embrapa Soja 2013 CVI Café 2016a Disponível em httpwwwcviufscarbrculturasCaféhtml Acesso em 6 fev 2020 CVI Coleção virtual de insetos do CCAUFSCar 2016b Disponível em httpwwwcviufscar brmorfologiahtml Acesso em 6 fev 2020 EMBRAPA Cultivo do sorgo 2015 Disponível em httpswwwspocnptiaembrapabr conteudoppidconteudoportletWARsistemasdeproducaolf61ga1ceportletpp lifecycle0ppstatenormalppmodeviewppcolidcolumn1ppcol count1prp76293187sistemaProducaoId8301prp996514994topicoId9207 Acesso em 6 fev 2020 EMBRAPA Silagem e controle biológico de pragas são temas de dia de campo 2016 Disponível em httpswwwembrapabrbuscadenoticiasnoticia10069346silageme controlebiologicodepragassaotemasdediadecampo Acesso em 6 fev 2020 EMBRAPA Enfezamento do milho aparece como problema nesta safra 2017a Disponível em httpswwwembrapabrbuscadenoticiasnoticia21567441enfezamentodomilho aparececomoproblemanestasafra Acesso em 6 fev 2020 EMBRAPA Inscrições abertas para III Curso sobre Cultivo Protegido de Hortaliças 2017b Disponível em httpswwwembrapabrbuscadenoticiasnoticia25721759inscricoes abertasparaiiicursosobrecultivoprotegidodehortalicas Acesso em 6 fev 2020 99 WWWUNINGABR ENSINO A DISTÂNCIA REFERÊNCIAS EMBRAPA Agência de Informação Embrapa Banana manejo do cacho 2020a Disponível em httpswwwagenciacnptiaembrapabrAgencia40AG01arvoreAG017041020068056html Acesso em 6 fev 2020 EMBRAPA Agência Embrapa de Informação Tecnológica Broca da canadeaçúcar 2020b Disponível em httpswwwagenciacnptiaembrapabrgestorcanadeacucararvore CONTAG01131272200817517html Acesso em 6 fev 2020 EMBRAPA Agência Embrapa de Informação Tecnológica Cigarrinhadaraiz 2020c Disponível em httpswwwagenciacnptiaembrapabrgestorcanadeacucararvore CONTAG01132272200817517html Acesso em 6 fev 2020 EMBRAPA Manual de prevenção e combate a brocadocafé 2020d Disponível em http wwwsapcembrapabrarquivosconsorciopublicacoestecnicasmanualcombateabrocapdf Acesso em 6 fev 2020 FUNDECITRUS Ortézia 2020 Disponível em httpswwwfundecitruscombrdoencas ortezia Acesso em 6 fev 2020 GALLO D et al Entomologia agrícola Piracicaba FEALQ 2002 GEORGHIOU G P Management of resistance in Arthropods In GEORGHIOU G P SAITO T Pest resistance to pesticides challenges and prospects New York Plenum Press 1983 GOTTI I A SALDANHA C B MARRA S O D O Entomologia aplicada à agronomia Londrina Editora e Distribuidora Educacional 2019 GULLAN P J CRANSTON P S Os insetos um resumo de entomologia São Paulo Roca 2012 HICKMAN C P et al Princípios integrados de zoologia 16 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2016 HOFFMANNCAMPO C B et al Pragas da soja no Brasil e seu manejo integrado Londrina Embrapa Soja 2000 LABORATORIO DE INSECTOS Las patas de un insecto 2020 Disponível em http biologiadeinsectosblogspotcom201411laspatasdeuninsectohtml Acesso em 6 fev 2020 LOTZ J W Rodolia cardinalis 2007 1 fotografia Disponível em httpswwwforestryimages orgbrowsedetailcfmimgnum5195051 Acesso em 6 fev 2020 MEDEIROS M A et al Princípios e práticas ecológicas para o manejo de insetospraga na agricultura Brasília DF EmaterDF 2010 MOSCARDI F et al Artrópodes que atacam as folhas da soja In HOFFMANNCAMPO C B CORRÊAFERREIRA B S MOSCARDI F ed Soja manejo integrado de insetos e outros Artrópodespraga Brasília DF Embrapa 2012 100 WWWUNINGABR ENSINO A DISTÂNCIA REFERÊNCIAS PIRES E M et al Controle biológico estudos aplicações e métodos de criação de predadores asopíneos no Brasil Viçosa Editora UFV 2016 ROMOSER W S STOFFOLANO J G The science of entomology New York McGrawHill 1998 SCAGLIA J A P Manual de entomologia forense São Paulo JH Mizuno 2014 SNODGRASS R E Principles of insect morphology New York Cornell University Press 1993 TRIPLEHORN C A JOHNSON N F Estudos dos insetos 2 ed São Paulo Cengage Learning 2015 UFG Manual simplificado de coleta de insetos e formação de insetário 2009 Disponível em httpswwwpasseidiretocomarquivo51522360manualsimplificadodecoletadeinsetose formacaodeinsetario Acesso em 26 jan 2020 UNIVERSITY OF FLORIDA Piezodorus guildinii 2017 Disponível em httpentnemdeptufl educreaturesvegbeanredbandedstinkbughtm Acesso em 6 fev 2020 VILA VERDE AGRO Pragas danos causados por insetos na agricultura 2019 Disponível em httpsvillaverdeagrocombrarquivos5036 Acesso em 7 jan 2020 WIGGLESWORTH V B The principles of insect physiology 7 ed New York Halsted 1972 WIKIMEDIA Olho composto 2005 1 fotografia Disponível em httpscommonswikimedia orgwikiFileDragonflyeye3811jpg Acesso em 6 fev 2020 WIKIMEDIA Bicudodoalgodoeiro 2006 1 fotografia Disponível em httpscommons wikimediaorgwikiFileBollweeviljpg Acesso em 6 fev 2020 WIKIMEDIA Classificação biológica 2007 Disponível em httpcommonswikimediaorg wikiImageBiologicalclassificationLPengovflipsvg Acesso em 2 dez 2019 WIKIMEDIA Helicoverpa zea larva 2009 1 fotografia Disponível em httpscommons wikimediaorgwikiFileHelicoverpazealarvajpg Acesso em 6 fev 2020 WIKIMEDIA Helicoverpa zea 2011 1 fotografia Disponível em httpscommonswikimedia orgwikiFileHelicoverpazea1jpg Acesso em 6 fev 2020 WIKIMEDIA Moscabranca 2012 1 fotografia Disponível em httpscommonswikimedia orgwikiFileBemisiaargentifolii1316008jpg Acesso em 6 fev 2020 WIKIMEDIA Thysanoptera 2015 1 desenho Disponível em httpscommonswikimedia orgwikiFileThripstabacidrawingjpg Acesso em 6 fev 2020
Envie sua pergunta para a IA e receba a resposta na hora
Recomendado para você
100
Introdução à Fitopatologia e Fitossanidade
Produção Agrícola
UNINGA
11
Projeto de Extensão Agronomia - Condução do Cultivo de Hortaliças
Produção Agrícola
UNINGA
1
Croqui do Cultivo Florestal em ITPAC Porto Nacional
Produção Agrícola
UMG
1
Projeto de Experimento Agrícola em Porto Nacional
Produção Agrícola
UMG
1
Instruções para o Trabalho de Forragicultura e Pastagem
Produção Agrícola
UNINTER
2
Roteiro de Atividade Substitutiva: Aspectos Agronômicos da Agricultura Sintrópica
Produção Agrícola
UNIUBE
80
Evapotranspiração e seu Papel no Ciclo Hidrológico
Produção Agrícola
UNIA
3
Tabela de Coeficientes de Cultivo para Vegetais e Frutíferas
Produção Agrícola
UNIA
53
Princípios de Agricultura Sintrópica segundo Ernst Götsch
Produção Agrícola
UNIUBE
3
Manejo de Pastagens: Diferenças, Sistemas e Conservação
Produção Agrícola
UNINTER
Texto de pré-visualização
ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA PROFA DRA ANDREA FLORINDO DAS NEVES Reitor Prof Me Ricardo Benedito de Oliveira PróReitoria Acadêmica Maria Albertina Ferreira do Nascimento Diretoria EAD Profa Dra Gisele Caroline Novakowski PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação Alan Michel Bariani Thiago Bruno Peraro Revisão Textual Marta Yumi Ando Produção Audiovisual Adriano Vieira Marques Márcio Alexandre Júnior Lara Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção Aliana de Araújo Camolez Direitos reservados à UNINGÁ Reprodução Proibida Rodovia PR 317 Av Morangueira n 6114 Prezado a Acadêmico a bemvindo a à UNINGÁ Centro Universitário Ingá Primeiramente deixo uma frase de Sócrates para reflexão a vida sem desafios não vale a pena ser vivida Cada um de nós tem uma grande re sponsabilidade sobre as escolhas que fazemos e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a socie dade Hoje em dia essa sociedade é exigente e busca por tecnologia informação e conhec imento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivên cia no mercado de trabalho De fato a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas diminuindo distâncias rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis Assim a UNINGÁ se dispõe através do Ensino a Distância a proporcionar um ensino de quali dade capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa preparados para o mer cado de trabalho como planejadores e líderes atuantes Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência conhecimento e sucesso Prof Me Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 3 WWWUNINGABR U N I D A D E 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO 5 1 DEFINIÇÃO E DIVISÕES DA ENTOMOLOGIA 6 2 SISTEMÁTICA CLASSIFICAÇÃO NOMENCLATURA E IDENTIFICAÇÃO 7 21 CLASSIFICAÇÃO 8 22 NOMENCLATURA 9 23 IDENTIFICAÇÃO 10 3 CLASSE INSECTA 11 31 ORDENS DA CLASSE INSECTA 12 4 ANATOMIA DOS INSETOS 13 41 A PAREDE CORPORAL 14 42 ABDÔMEN 15 CLASSIFICAÇÃO NOMENCLATURA E ANATOMIA DOS INSETOS PROFA DRA ANDREA FLORINDO DAS NEVES ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA 4 WWWUNINGABR 43 TÓRAX 15 431 PERNAS 15 432 ASAS E VOO 17 44 CABEÇA 19 441 ANTENAS 19 442 PEÇAS BUCAIS 21 4421 APARELHO BUCAL MASTIGADOR 21 4422 APARELHO BUCAL PICADORSUGADOR 22 4423 APARELHO BUCAL SUGADOR MAXILAR 23 4424 APARELHO BUCAL LAMBEDOR 23 CONSIDERAÇÕES FINAIS 24 5 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Olá estudante Seja bemvindoa à disciplina de Entomologia Agrícola Aqui vamos adicionar mais um degrau na escada da sua formação e tenho certeza de que você vai adorar esta disciplina Aqui estudaremos os insetos um grupo bastante diversificado dentro do reino animal há aproximadamente 1000000 de espécies descritas até o momento e as estimativas mostram que ainda há muito mais que isso a se descobrir Além disso os insetos habitam a Terra há cerca de 350 milhões de anos nós humanos estamos aqui há menos de dois milhões Os insetos são o grupo dominante de animais na Terra e ocupam uma grande diversidade de habitats pois desenvolveram adaptações ao longo da evolução que permitem a sobrevivência deles mesmo em determinadas condições inóspitas como a escassez de água Dentro de um grupo tão variado portanto temos alguns grupos de insetos que despertam um interesse especial a exemplo dos insetos vetores de doenças insetos polinizadores insetospraga dentre outros Como o nosso foco é a agricultura voltaremos nossa atenção para aqueles insetos que de alguma forma estão relacionados com as atividades agrícolas cuja atividade pode trazer benefícios ou malefícios à produção agrícola Estamos falando de forma resumida dos insetos praga e de seus inimigos naturais Para isso nossa disciplina está dividida da seguinte forma na primeira unidade falaremos sobre a ciência da Entomologia em linhas gerais e abordaremos a questão da Classificação e Nomenclatura assim como a Morfologia dos insetos Já na Unidade II nosso foco será a Fisiologia dos insetos além da reprodução e do ciclo de vida Na Unidade III você vai conhecer os insetos considerados pragaschave em determinadas culturas agrícolas e um pouco sobre as técnicas de coleta de insetos Por fim na Unidade IV nosso assunto serão as formas de controle dos insetospraga com foco no manejo integrado de pragas MIP Desejo que você aproveite ao máximo o decorrer de mais uma disciplina Bons estudos 6 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1 DEFINIÇÃO E DIVISÕES DA ENTOMOLOGIA Entomologia é a ciência que trata do estudo dos insetos como a origem grega do termo nos indica entomon significa insetos enquanto logos significa estudo Essa ciência trata portanto do estudo desses animais considerando a grande variação de aspectos e interações com outros seres vivos como plantas o próprio homem e outros animais Podemos dividir a Entomologia em dois grandes blocos Entomologia Acadêmica ou básica e Entomologia Aplicada A Entomologia acadêmica é a área que se dedica à pesquisa pura compreendendo diferentes áreas de estudo Entomologia morfológica estudo da estrutura do corpo dos insetos Entomologia fisiológica estudo das funções dos órgãos dos insetos Entomologia sistemática estudo da classificação identificação e nomenclatura dos insetos Entomologia ecológica estudo dos hábitos e habitats dos insetos suas interações com o meio e com outras espécies A Entomologia aplicada é a área que se dedica a estudar os insetos que podem atingir o homem de forma direta ou indireta Aqui há outras subdivisões Entomologia médica estudo dos insetos causadores ou transmissores de doenças ao homem Entomologia veterinária estudo dos insetos causadores ou transmissores de doenças aos animais domésticos Entomologia agrícola estudo dos insetospraga compreendendo sua identificação e formas de manejo e controle Entomologia florestal estudo dos insetos nocivos às plantas de interesse comercial Entomologia toxicológica estudo da ação dos inseticidas e resíduos em alimentos dentre outros Entomologia química estudo e fabricação de inseticidas e outros produtos relacionados Nesta disciplina para que você conheça primeiramente como são os insetos e qual o lugar que eles ocupam dentre todos os organismos vivos vamos iniciar com aspectos da Entomologia básica como morfologia fisiologia e sistemática Depois vamos partir para a Entomologia aplicada com foco na área da Entomologia Agrícola 7 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2 SISTEMÁTICA CLASSIFICAÇÃO NOMENCLATURA E IDENTIFICAÇÃO Quando falamos em grande diversidade de insetos estamos falando tanto do alto número de indivíduos por exemplo o número de formigas presentes em regiões tropicais provavelmente é maior do que todos os animais vertebrados juntos quanto do alto número de diferentes tipos de insetos Essa diversidade e as interações entre os organismos são objeto de estudo de uma ciência chamada sistemática Dentro da sistemática existe uma área que se ocupa de estudar a classificação dos organismos é a taxonomia A classificação como veremos mais adiante estabelece sete categorias básicas de classificação para os organismos reino filo classe ordem família gênero e espécie sendo esta última a unidade fundamental da sistemática Existem diferentes conceitos de espécie dependendo do ponto de vista Em nossa disciplina adotaremos o conceito biológico de espécie conforme explicado por Triplehorn e Johnson 2015 São um grupo de indivíduos ou populações na natureza que a São capazes de entrecruzar entre si e produzir uma prole fértil b Em condições naturais são reprodutivamente isolados ou seja não cruzam de outros grupos Para muitos animais na natureza e ao nosso redor observamos que as próprias características físicas impedem que haja cruzamento entre indivíduos que são bastante diferentes estabelecendose assim os limites de uma espécie No entanto vale lembrar que estamos tratando de organismos vivos e podem ocorrer situações em que esses limites não estão claramente estabelecidos Além disso é preciso considerar a variabilidade natural presente entre indivíduos de uma mesma espécie dimorfismo sexual ou seja diferenças entre machos e fêmeas estágios de desenvolvimento alterações sazonais e variações geográficas por exemplo Você também pode encontrar animais classificados como subespécie uma subcategoria abaixo do nível de espécie Muitas vezes essa subcategoria é usada para se referir a populações geograficamente restritas de uma espécie Para que você entenda o conceito biológico de espécie podemos utilizar como exemplo o cruzamento entre a égua e o asno macho também chamado de burro ou jumento que resulta na mula ou no cruzamento inverso entre um cavalo e um asno fêmea que resulta em um animal conhecido como bardoto Tanto a mula quanto o bardoto são animais normalmente estéreis Isso ocorre porque eles são resultado do cruzamento entre espécies diferentes cavalo Equus cabalus e asno Equus asinus Apesar de serem relativamente parecidos morfologicamente cavalos e asnos pertencem a espécies distintas Ainda que sejam capazes de realizar cruzamento a prole gerada não é fértil o que determina que esses animais não podem pertencer a uma mesma espécie 8 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 21 Classificação A humanidade em todas as culturas desde o seu surgimento classifica os animais de acordo com determinados padrões e com diferentes objetivos Por exemplo classificação dos animais de acordo com sua utilidade ou perigo que representam ou a classificação dos animais de acordo com seus papéis na mitologia Na Biologia a diversidade animal está organizada em uma hierarquia aninhada de grupos dentro de grupos com base nas relações evolutivas entre os organismos e as características morfológicas que compartilham Dentro de uma classificação biológica formal as espécies são reunidas em grupos denominados táxons no singular táxon e esses táxons estão organizados em um padrão hierárquico com grupos menores dentro de grupos maiores No sistema de classificação zoológica as categorias mais utilizadas são Reino Filo Divisão é um termo mais utilizado no sistema de classificação de plantas Classe Ordem Família Gênero e Espécie Figura 1 essas são chamadas de categorias básicas e todo organismo vivo está classificado dentro de cada um desses grupos Figura 1 A hierarquia da classificação científica dos seres vivos Fonte Wikimedia 2007 Por outro lado existem outros grupos que funcionam como subcategorias algumas bastante utilizadas mas que não são básicas de maneira que nem todos os organismos estão classificados dentro delas O objetivo dessas subcategorias é fazer distinções mais refinadas nos níveis básicos São exemplos Subfilo Subclasse Subordem Superfamília Subfamília Tribo Subgênero e Subespécie Conforme apresentado na Figura 1 que ilustra a hierarquia da classificação científica o reino animal que é a categoria ou táxon mais inclusivo é dividido em vários filos Cada filo por sua vez é dividido em classes 9 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA As classes se dividem em ordens as ordens são divididas em diferentes famílias as famílias se dividem em gêneros e os gêneros em espécies Assim se eu digo que as espécies A e B pertencem à mesma família automaticamente e obrigatoriamente elas pertencem à mesma ordem classe filo e reino podendo variar apenas no gênero e consequentemente na espécie Conforme descrito por Hickman et al 2016 a classificação dos insetos está organizada da seguinte forma 1 Reino Animalia onde estão todos os animais vertebrados ou invertebrados 2 Filo Arthropoda onde estão todos os animais invertebrados denominados artrópodes como aranhas escorpiões carrapatos ácaros crustáceos piolhosdecobra centopeias e insetos divididos em cinco subfilos 3 Subfilo Hexapoda onde estão os artrópodes com seis pernas divididos em duas classes Entognatha e Insecta 4 Classe Insecta onde estão os hexápodes que apresentam peças bucais ectognatas ou seja as bases das peças bucais ficam fora da cápsula cefálica 22 Nomenclatura Ao longo da sua história evolutiva houve um momento em que o homem começou a utilizar animais e plantas com diferentes finalidades alimentação cura de doenças fabricação de armas objetos agrícolas e abrigo Conforme você já estudou foi aí que o homem passou a classificar os animais No entanto além de classificar era preciso dar nomes e assim poder transmitir as experiências adquiridas para os descendentes Nos dias atuais a necessidade de nomear os organismos segue presente Afinal imagine como seria a comunicação seja científica ou não entre diferentes países com diferentes idiomas em que o nome de um animal varia conforme o lugar É devido a isso que os animais possuem dois tipos de nomes o nome científico e o nome comum A nomenclatura científica dos animais ou seja o processo de atribuir um nome científico único para cada animal segue as regras descritas no Código Internacional de Nomenclatura Zoológica conhecido pela sigla ICZN que você consegue acessar online por meio da página da Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica httpswwwicznorgthecodethe internationalcodeofzoologicalnomenclaturethecodeonline O objetivo principal desse código é promover a estabilidade e universalidade dos nomes científicos dos animais e garantir que o nome seja único e distinto A seguir estão descritas algumas das principais regras desse código conforme sintetizado por Triplehorn e Johnson 2015 1 Os nomes científicos devem ser escritos em latim ou latinizados derivados de qualquer idioma nomes de pessoas ou lugares 2 O nome científico de uma espécie é binomial ou seja formado por duas palavras o nome do gênero e um epíteto específico O nome do gênero sempre com a inicial maiúscula e o epíteto específico sempre com a inicial minúscula 3 O nome científico das subespécies é trinomial formado pelo nome do gênero o epíteto específico e o epíteto da subespécie 10 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 4 Os nomes científicos devem sempre ser destacados no texto Em meio digital devem ser impressos em itálico Exemplo Apis mellifera e se escritos à mão ou datilografados o itálico pode ser indicado por um sublinhado o sublinhado é feito separadamente sob cada palavra do nome científico Exemplo Apis mellifera 5 Nomes de espéciessubespécies podem vir acompanhados do nome do autor que é a pessoa que descreveu a espéciesubespécie assim como o ano da descrição O nome do autor não deve ser destacado Pode aparecer o nome ou apenas uma abreviação Exemplo Apis mellifera Lineu ou Apis mellifera L 6 Os nomes de gêneros e categorias mais elevadas sempre devem ser escritos com a inicial maiúscula Exemplo classe Insecta ordem Hymenoptera família Apidae Adicionalmente o nome do gênero também é destacado em itálico ou sublinhado conforme a situação Exemplo Apis As demais categorias não são destacadas em itálico nem sublinhadas 7 Uma espécie pode ser citada mas não nomeada e para isso frequentemente utilizamos sp ou spp Por exemplo Apis sp referese a uma espécie dentro do gênero Apis Se a intenção é citar duas ou mais espécies de Apis escrevese Apis spp 8 Os nomes de categorias como tribos até superfamílias possuem terminações padronizadas de maneira que podem ser facilmente reconhecidos Nomes de superfamílias terminam com o sufixo oidea Exemplo Apoidea Nomes de famílias terminam com o sufixo idae Exemplo Apidae Nomes de subfamílias terminam com o sufixo inae Exemplo Apinae Nomes de tribos terminam com o sufixo ini Exemplo Apini Ao publicar a descrição de um novo táxon desde subespécie até superfamília é preciso designar um tipo descrevendoo e indicando em que coleção ele foi colocado Isso ajuda a fixar o nome a um conceito taxonômico Os tipos normalmente são depositados em coleções zoológicas de referência que servem para estudo e consulta futura quanto às características do táxon descrito Mesmo com todas essas regras ainda existem controvérsias na nomenclatura de algumas espécies Existem situações onde animais diferentes recebem o mesmo nome científico são os homônimos e situações onde o mesmo animal recebe nomes científicos diferentes são os sinônimos ou sinonímias Geralmente as sinonímias ocorrem porque uma espécie que já havia sido descrita anteriormente é erroneamente identificada como espécie nova e descrita por um novo autor 23 Identificação A identificação consiste em um dos principais objetivos para qualquer pessoa que se propõe a estudar um determinado organismo Quando falamos especificamente na identificação de insetos isso implica uma dificuldade um pouco maior do que para outros animais em vista da grande diversidade de espécies existentes que é maior do que qualquer outro grupo 11 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Triplehorn e Johnson 2015 destacam quatro elementos que podem complicar o processo de identificação Primeiramente a existência de tantas espécies diferentes de insetos pode desencorajar alguns iniciantes que pretendem se especializar na identificação desse grupo Em segundo lugar o tamanho reduzido da maioria dos insetos frequentemente dificulta a visualização das características de identificação Em terceiro lugar dentre tantos insetos alguns são muito pouco conhecidos de maneira que há poucas informações disponíveis para auxiliar na identificação E por último alguns insetos possuem estágios bem distintos no ciclo de vida em que insetos imaturos e adultos não têm características morfológicas em comum para identificação Ainda que a identificação possa ser um pouco mais trabalhosa do que para outros grupos existem alguns procedimentos que visam ajudar nesse processo dentre eles a comparação com espécimes que já estão identificados e depositados em coleções a comparação com imagens a comparação com descrições a utilização de chaves de identificação ou até a combinação de diferentes procedimentos citados anteriormente Ao estudar em diversos livros didáticos da área da Entomologia você vai perceber que normalmente a identificação é realizada apenas até o nível de famílias Isso ocorre porque para a determinação das categorias infrafamiliares como gênero e espécie é necessário conhecimento especializado Na área da Entomologia Agrícola mais especificamente a identificação não apresenta maiores complicações uma vez que são espécies de importância econômica existe uma grande disponibilidade de informações imagens e descrições de maneira que a identificação de insetospraga se torna mais fácil 3 CLASSE INSECTA Dentro do grupo dos artrópodes do qual fazem parte todos os animais que possuem exoesqueleto a Classe Insecta é o grupo mais diversificado e numeroso O número de espécies de insetos ultrapassa todos os outros animais em conjunto Atualmente o número de espécies descritas é de 11 milhão e a estimativa dos especialistas é a de que possa existir cerca de 30 milhões de espécies de insetos na Terra Os insetos são organismos que possuem uma grande importância ecológica médica e econômica Para nós é até difícil compreender tal importância Os insetos atuais são capazes de evoluir de maneira contínua e às vezes bastante rápida comparando com a evolução de outros grupos Um bom exemplo dessa rápida evolução dos insetos é visto no campo quando os insetospraga rapidamente deixam de sofrer a ação de um determinado inseticida por terem sido selecionados indivíduos resistentes ao inseticida que vinha sendo utilizado 12 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA As principais diferenças dos insetos em relação aos demais artrópodes se resumem em dois pontos principais Peças bucais ectognatas ou seja peças bucais externas os animais de outros grupos possuem peças bucais internas Presença de dois pares de asas ligadas ao tórax para a maioria dos insetos Alguns possuem um par e outros não possuem asas Com relação ao tamanho corporal existem insetos com menos de 1 mm até insetos com 20 cm de comprimento já o tamanho médio da maioria é menor que 25 cm Insetos com tamanhos maiores são encontrados em regiões tropicais É possível encontrar insetos em praticamente todos os ambientes terrestres que permitem a vida pois eles têm uma distribuição bastante ampla e abundante espalhados por diferentes habitats Existem algumas poucas espécies que vivem em ambientes marinhos e são comuns em praias arenosas água salobra e alagados salgados São encontrados em abundância na água doce no solo e nas florestas principalmente nas florestas tropicais Mesmo em regiões desérticas ou devastadas e no topo de montanhas podemos encontrar insetos além das espécies que parasitam plantas e animais Graças à sua capacidade de voo aliada a uma excelente capacidade de adaptação os insetos alcançaram essa ampla distribuição após o desenvolvimento das suas asas eles conquistaram o ar muito antes dos répteis aves e mamíferos voadores 250 milhões de anos antes O pequeno tamanho dos insetos permite que eles sejam levados por correntes de ar ou água os ovos conseguem resistir a determinadas condições inóspitas e podem ser carregados por outros animais e levados para áreas distantes Nas regiões secas os insetos conseguem sobreviver devido à proteção oferecida pelo exoesqueleto que reduz a perda de água por evaporação mais adiante estudaremos sobre a composição do exoesqueleto Além disso alguns insetos conseguem obter água a partir dos alimentos ingeridos Durante o seu processo evolutivo os insetos exibiram uma capacidade de adaptação inacreditável A maior parte das modificações no corpo dos insetos ocorreu no trato digestivo e peças bucais além das antenas pernas e asas resultando numa diversidade de formas de vida capazes de aproveitar todo tipo de alimento e abrigo disponíveis Há espécies de insetos que são parasitas dentre os insetos que se alimentam de plantas há aqueles que sugam a seiva e aqueles que mastigam as folhas há ainda insetos que são predadores alimentandose de outros insetos e os insetos que são hematófagos que se alimentam do sangue de diversos animais Há ainda dentro desses grandes grupos grupos menores com insetos especializados Por exemplo determinados insetos que se alimentam apenas das folhas de uma espécie vegetal em particular Essa especialização com relação ao alimento diminui a competição entre as espécies e resulta numa diversidade biológica ainda maior 31 Ordens da Classe Insecta Insecta é uma classe que abrange cerca de 30 ordens diferentes com suas respectivas famílias gêneros e espécies Lembrando que a classificação é um processo dinâmico ela pode sofrer alterações à medida que novas espécies são descobertas Além disso dependendo do autor e do sistema de classificação utilizados o número de ordens e famílias pode variar Vamos conhecer os nomes de algumas dessas ordens com exemplos de representantes e número aproximado de famílias observando a Quadro 1 Atenção as ordens com nomes destacados em negrito representam ordens que englobam insetos de importância na agricultura Na Unidade III serão apresentadas as principais pragaschave na agricultura e você poderá conhecer melhor alguns dos insetos das principais ordens 13 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Ordem Representantes N famílias Microcoryphia Traças saltadoras 2 Thysanura Traçasdoslivros 3 Ephemeroptera Efeméridas 21 Odonata Libélulas e donzelinhas 11 Orthoptera Gafanhotos grilos e esperanças 16 Phasmatodea Bichopau e bichofolha 4 Dermaptera Tesourinhas 6 Plecoptera Moscasdapedra 9 Embioptera Embiópteros 3 Zoraptera Zorápteros insetosanjo 1 Isoptera Cupins 4 Mantodea LouvaaDeus 8 Blattodea Baratas 5 Hemiptera Percevejos cigarras cercopídeos psilídeos moscas brancas pulgões e cochonilhas 89 Thysanoptera Trips 7 Psocoptera Psocídeos 28 Phthiraptera Piolhos 18 Coleoptera Besouros 127 Neuroptera Sialídeos crisopídeos ascalafídeos e formigasleão 15 Hymenoptera Abelhas vespas parasitárias formigas vespas e mos casdeserra 72 Trichoptera Tricópteros 26 Lepidoptera Borboletas e mariposas 80 Siphonaptera Pulgas 8 Mecoptera Moscasescorpião e bitacídeos 9 Strepsiptera Estrepsíteros 5 Diptera Mosca doméstica moscadasfrutas 104 Quadro 1 Nomes de 26 ordens da Classe Insecta seguida dos representantes e número de famílias Fonte Adap tado de Triplehorn e Johnson 2015 4 ANATOMIA DOS INSETOS Agora que você já conheceu um pouco sobre as características gerais e a diversidade dos insetos vamos estudar a respeito da morfologia e da anatomia externa Na Unidade II abordaremos a fisiologia Os insetos apresentam uma divisão do corpo em três tagmas cabeça tórax e abdômen Figura 2 São simétricos bilateralmente e essa simetria pode ser descrita em três eixos anterior a posterior longitudinal dorsal a ventral dorsoventral e pleural lateral Ao nos referirmos aos apêndices desses insetos como antenas asas e pernas chamamos de basal o que se encontra mais próximo do corpo e apical distal o que está mais distante 14 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 2 Divisão do corpo do inseto em cabeça tórax e abdômen Fonte Scaglia 2014 41 A Parede Corporal O corpo dos insetos possui placas endurecidas ou escleritos que recebem o nome de exoesqueleto por fazerem parte da parede externa corporal dos artrópodes Além disso os artrópodes também são compostos por um extenso endoesqueleto de suporte que é formado por invaginações do exoesqueleto apófises estrutura sólida e apodema estrutura não sólida oca com a função de suporte e ligamento de músculos Outra importante característica da parede corporal é que ela influencia a forma como as substâncias como água e oxigênio se movimentam para o interior e o exterior do inseto O tegumento é formado por três camadas sendo elas uma camada celular que constitui a epiderme uma camada acelular delgada abaixo da epiderme a membrana basal ou lâmina basal e mais uma camada acelular complexa secretada pelas células da epiderme a cutícula A cutícula possui uma estrutura que varia de uma espécie para outra e também apresenta diferentes características de uma parte para outra do inseto Ela é formada por polissacarídeos de quitina açúcar Nacetilglucosamina C8H13O5Nn insolúvel em água ácidos diluídos e solventes orgânicos embutidas em uma matriz proteica Apesar de a quitina ser muito resistente ela não faz com que a cutícula fique rígida Essa rigidez que ela possui é devido a modificações na matriz proteica onde as microfibrilas estão embutidas Essa cutícula que é secretada pela epiderme conhecida como prócutícula é mole maleável de cor pálida e relativamente expansível Depois de um certo tempo passa por um processo de endurecimento e escurecimento ou esclerotização derivado da formação de ligações cruzadas entre as cadeias proteicas nas porções externas da prócutícula Então essa cutícula esclerotizada recebe o nome de exocutícula Abaixo dessa exocutícula pode ainda existir uma cutícula não esclerotizada conhecida como endocutícula Essa endocutícula forma membranas intersegmentares que conectam os escleritos Já a epicutícula é uma camada celular muito delgada que fica acima da endo e da exocutícula Ela é composta por outras camadas a cuticulina uma camada de cera e uma camada de cimento A camada de cera da epicutícula é muito importante para insetos terrestres limitando a perda de água por meio da parede corporal Os escleritos que compõem a parede corporal são subdivididos por estrias e cristas ou podem se projetar para dentro do corpo como suportes internos A estria externa que marca uma dobra de cutícula na parede corporal externa recebe o nome de sulco E a linha de fusão entre dois escleritos previamente separados é chamada de sutura 15 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 42 Abdômen O abdômen dos insetos é composto por onze segmentos sendo que os três últimos podem estar reduzidos eou modificados ou ainda representados apenas por apêndices Cada segmento possui um esclerito dorsal o tergo e um esclerito ventral o esterno Existe ainda uma região chamada de pleura região lateral de cada segmento a qual na maior parte das vezes não está presente externamente mas sim internamente formando parte do endoesqueleto abdominal Na pleura estão localizados os espiráculos que são aberturas para o sistema traqueal relacionados à respiração do inseto Os segmentos abdominais de 1 a 7 são também chamados de segmentos prégenitais os insetos alados adultos na sua maioria não possuem apêndices nesses segmentos A terminália é a parte analgenital do abdome e consiste em geral dos segmentos 8 ou 9 que apresentam a genitália até o ápice abdominal A genitália é composta pelos órgãos relacionados com a cópula e a deposição de ovos As fêmeas adultas possuem terminálias com estruturas internas para receber o órgão copulador masculino e seus espermatozoides e ainda estruturas externas utilizadas para oviposição possuindo para essa finalidade um tubo chamado de ovipositor O ovipositor pode ter duas formas a Ovipositor apendicular ou verdadeiro estruturado a partir de apêndices dos segmentos abdominais 8 e 9 b Ovipositor de substituição constituído de segmentos abdominais posteriores extensivos 43 Tórax O tórax é a região do corpo do inseto que contém as pernas e as asas da maioria dos adultos Ele é composto por três segmentos o protórax anterior o mesotórax mediano e o metatórax posterior O tórax se une à cabeça por uma região membranosa chamada de cérvix Em cada lado do pescoço existe geralmente um ou dois escleritos pequenos que ligam a cabeça com os episternos do protórax Esses segmentos torácicos são constituídos dos escleritos noto pleuras e esternos Os notos são geralmente subdivididos por suturas em dois ou mais escleritos cada um Já as pleuras são divididas em dois escleritos por uma sutura pleural a qual se estende dorsoventralmente entre a base da perna e a base da asa Cada um dos lados do tórax possui dois espiráculos um associado ao metatórax e outro associado ao mesotórax Este último serve também como abertura respiratória para protórax e cabeça 431 Pernas Em grande parte dos insetos as pernas anteriores medianas e posteriores se encontram no protórax mesotórax e metatórax respectivamente Elas são subdivididas em seis segmentos coxa trocânter fêmur tíbia tarso e prétarso ou póstarso Figura 3 16 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 3 Perna do inseto e suas subdivisões Fonte Laboratório de Insectos 2015 A movimentação das pernas depende de sua musculatura e da natureza das junções entre seus segmentos Essas junções podem ser dicondílicas ou seja com dois pontos de articulações ou monocondílicas com um único ponto de articulação As articulações entre a coxa e o tórax podem ser monocondílicas ou dicondílicas sendo que nesse caso a perna se moverá para frente e para trás Já a articulação tíbiotarsal é monocondílica o que possibilita movimentos mais variados As pernas dos insetos também apresentam diferenças conforme você pode observar na Figura 4 As pernas podem ser Raptatórias tipo de perna como a do louvaaDeus apresenta espinhos e é especializada para apreender animais Coletoras pernas presentes nas abelhas adaptadas para coletar e transportar grãos de pólen Saltatórias um exemplo aqui são as pernas traseiras dos gafanhotos adaptadas para promover grandes deslocamentos por meio da impulsão Fossoriais ou escavadoras pernas típicas de insetos que vivem no solo adaptadas para escavação como por exemplo nas paquinhas Ambulatórias tipo de perna das baratas adaptadas para locomoção no ambiente terrestre Escansoriais pernas adaptadas para fixação junto ao pelo de animais presentes em insetos parasitas como piolhos Natatórias pernas presentes em insetos que se deslocam em ambientes aquáticos como a barata dágua 17 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 4 Principais tipos de pernas Fonte CVI 2016b 432 Asas e voo Os insetos são os únicos invertebrados que são capazes de voar sendo um dos principais motivos do imenso sucesso desse grupo Eles podem apresentar dois pares de asas tetrápteros contidas no mesotórax e no metatórax um par de asas dípteros e ainda aqueles que não possuem asas no estado adulto ápteros Existem também insetos que apesar de possuírem asas não as utilizam para o voo estes são chamados de insetos aptésicos por exemplo a mariposa do bicho daseda Dentre as diferentes asas presentes nos insetos podemos destacar Figuras 5 e 6 Membranosa Asa fina e flexível com as nervuras visivelmente distintas podendo ser lisa ou coberta por pelos ou escamas Esse tipo de asa é encontrado na maioria dos insetos Tégmina Asa anterior de aspecto pergaminhoso ou coriáceo Os gafanhotos Orthoptera possuem esse tipo de asa Élitro Asa anterior dura recobrindo a asa posterior do tipo membranosa Os besouros Coleoptera apresentam esse tipo de asa Hemiélitro Possui uma parte basal dura cório e a apical flexível membrana onde estão presentes as nervuras Esse tipo de asa é característica de percevejos Hemiptera Heteroptera 18 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Balancins ou halteres Asas metatorácicas atrofiadas com a finalidade de equilíbrio É um tipo de asa encontrado em moscas e mosquitos Diptera Franjada Asas com longos pelos nas laterais São típicas de trips Thysanoptera Figura 6 Figura 5 Principais tipos de asas Fonte CVI 2016b Figura 6 Asa do tipo franjada característica dos insetos da Ordem Thysanoptera trips Fonte Wikimedia 2015 19 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para voar são requeridas forças de elevação impulso e controle de altitude que são obtidas pela movimentação das asas no ar São os músculos torácicos os responsáveis por essas forças por tracionarem diretamente na base da asa mecanismo de voo direto ou causarem alterações na forma do tórax o que por sua vez é convertido pelos escleritos axilares em movimentos alares mecanismo de voo indireto 44 Cabeça A cabeça dos insetos é composta por uma série de segmentos metâmeros ou anéis que são especializados para a coleta e manipulação dos alimentos percepção sensorial integração neural e defesa Não se conhece ainda com exatidão a quantidade de segmentos que a cabeça possui sendo o número proposto entre 3 e 7 A cabeça é dividida por sulcos ou suturas em um número de escleritos mais ou menos distintos e se conecta ao tórax por um cérvix membranoso Na cabeça se encontram os olhos compostos formam imagem ocelos percepção de luz estemas formam imagem insetos imaturos antenas e aparelho bucal Figura 7 Figura 7 Vista lateral da cabeça de um inseto Fonte Biologia Arte da Vida 2020 441 Antenas Todos os insetos adultos possuem um par de antenas como apêndices cefálicos com origem no segundo segmento da cabeça As antenas são apêndices sensoriais por esse motivo podem conter estruturas modificadas que desempenham as funções de olfato audição tato e gustação Elas são formadas por três partes o escapo onde se encontram os músculos que permitem mobilidade à antena o pedicelo que tem função auditiva e o flagelo que pode ser diferenciado com ornamentações ou estruturas diferentes Figura 8 20 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 8 Partes de uma antena Fonte Scaglia 2014 Os principais tipos de antenas são Setácea possui o formato de uma cerda os artículos tornamse mais delgados distalmente por exemplo libélula donzelinha cigarrinha Filiforme assemelhase a um fio os artículos têm tamanho quase uniforme e em geral são cilíndricos por exemplo carabídeo besourotigre Moniliforme que possui uma série de contas os artículos têm tamanho semelhante e forma mais ou menos esférica por exemplo besourodopinheiro Serreada possui o formato de uma serra seus artículos particularmente aqueles da metade ou dos dois terços distais da antena são mais ou menos triangulares por exemplo besouro tectec Pectinada assemelhase a um pente a maior parte dos artículos tem processos laterais longos e delgados Clavada os artículos se alargam para o ápice como uma clava Geniculada é uma antena em formato de cotovelo com o primeiro artículo longo e os artículos seguintes pequenos e originados em um ângulo em relação ao primeiro Plumosa se parece com uma pluma a maioria dos artículos possui espiral de pelos longos por exemplo mosquito macho Aristada apresentam três artículos com o último artículo geralmente alargado e portando uma cerda dorsal evidente Estilada possui três pequenos artículos sendo que o último apresenta um processo em forma de estilete ou digitiforme terminal alongado 21 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 442 Peças bucais Os insetos possuem geralmente um labro um par de mandíbulas e um par de maxilas um lábio e uma hipofaringe De uma forma geral existem duas peças bucais dos insetos as mastigadoras e as sugadoras sendo as peças bucais mastigadoras mais primitivas Esses tipos diferentes de peças bucais determinam como o inseto se alimenta e no caso de espécies nocivas o tipo de lesão que ele produz 4421 Aparelho bucal mastigador É o aparelho bucal mais primitivo composto de um labro ou lábio superior unido basalmente ao clípeo no lado anterior da cabeça um par de mandíbulas fortemente esclerotinizadas e responsáveis por triturar o alimento um par de maxilas e o lábio Figura 9 O clípeo é uma estrutura sensorial que tem como finalidade auxiliar no fechamento da cavidade oral As maxilas possuem uma pequena peça basal o cardo que se articula com a cápsula cefálica e uma peça maior o estipe ou estípete a gálea e a lacínia que auxiliam na manipulação do alimento e por fim um par de palpos maxilares Nesse tipo de peças bucais as mandíbulas movemse em sentido transversal ou seja de um lado para o outro possibilitando que o inseto seja capaz de morder e mastigar seu alimento Esse tipo de aparelho bucal é encontrado em gafanhotos e grilos Orthoptera cupins Isoptera em besouros Coleoptera vespas e formigas Hymenoptera e traças Thysanura Vale a pena destacar que alguns insetos mudam o tipo de aparelho bucal ao longo do desenvolvimento como as mariposas e borboletas da Ordem Lepidoptera Na fase larval quando são chamadas de lagartas o aparelho bucal é do tipo mastigador quando se tornam adultos o aparelho bucal presente é do tipo sugador maxilar cujas características você vai ler mais adiante 22 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 9 Cabeça e peças bucais de uma tesourinha Forficula auricularia Fonte Gullan e Cranston 2012 4422 Aparelho bucal picadorsugador Nesse tipo de aparelho bucal todos os elementos estão presentes porém possuem algumas modificações Ele é formado por um rostro alongado composto por estiletes A estrutura externa articulada é o lábio a qual envolve um par de mandíbulas e um par de maxilas Nesse tipo de aparelho o labro é uma peça curta que sai do ápice da fronte Já a hipofaringe fica inserida internamente na base do rostro e o lábio funciona como um guia para os estiletes mandibulares e maxilares Esses estiletes são peças que se encaixam e formam dois canais um salivar com a função de injetar saliva em plantas e animais e um canal alimentar que serve para extrair líquidos dos substratos alimentares 23 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Esse tipo de aparelho bucal é encontrado em insetos que se alimentam de líquidos como os percevejos Hemiptera podendo esses insetos ser fitófagos predadores ou hematófagos 4423 Aparelho bucal sugador maxilar Esse tipo de aparelho bucal é adaptado para a sucção de alimento líquido como o néctar das flores É formado por um labro pequeno e articulase com a fronte e o clípeo ficando a maxila reduzida a gálea para formar um tubo longo a espirotromba por meio do qual o alimento é sugado Esse aparelho bucal é característico de borboletas e mariposas Lepidoptera 4424 Aparelho bucal lambedor É um tipo de aparelho bucal encontrado nas abelhas Hymenoptera e também em alguns dípteros como a mosca doméstica e a moscadasfrutas Nele as mandíbulas e maxilas estão ausentes existindo apenas um par de palpos maxilares com função sensorial O lábio forma o rostro e tem em seu ápice as labelas que são lóbulos mais ou menos ovais membranosos percorridos por pseudotraqueias que absorvem o alimento líquido por capilaridade Essa estrutura permite que esses insetos lambam o alimento líquido que pode estar disponível em forma de fluido ou que será liquefeito pela ação da saliva de forma a haver uma digestão prévia extracorporal No vídeo Entomologia agrícola anatomia externa cabeça e antenas você poderá conhecer com mais detalhes o primeiro segmento dos insetos para entender melhor como funciona essa estrutura ENTOMOLOGIA agrícola anatomia externa cabeça e antenas Publicado no canal Prof LEGA Disponível em httpswwwyoutubecomwatchv7V5VzPb3MAE Acesso em 21 jan 2020 Para mais informações sobre a morfologia dos insetos e características gerais desses seres acessar LEITE G L D Entomologia Básica Universidade Federal de Minas Gerais 2011 p 146 Disponível em httpswwwicaufmgbrwpcontentuploads201706apentbasicapdf 24 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Caroa alunoa nesta unidade aprendemos como funciona o sistema de classificação e nomenclatura dos insetos e a importância de nomear e classificar a enorme diversidade que esse grupo possui Conhecemos também sua anatomia e como distinguir cada um deles por meio das várias modificações do exoesqueleto e dos apêndices que eles possuem Para essa finalidade conhecemos as suas características anatômicas e dessa forma foi possível identificar cada grupo de insetos bem como ordens famílias e gêneros de insetos Podemos perceber que aprender sobre a anatomia é indispensável para a compreensão dos insetos e nesse sentido conhecer as suas estruturas é essencial para diferenciálos classificá los e entender como cada um deles vive se alimenta e se reproduz Por fim através desta unidade podemos conhecer melhor as diversas características adaptativas desse grupo que foram responsáveis por sua grande proliferação o sucesso na colonização de diversos habitats e a diversidade de hábitos que eles possuem 25 25 WWWUNINGABR U N I D A D E 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO 27 1FISIOLOGIA E ANATOMIA INTERNA DOS INSETOS 28 11 SISTEMA NERVOSO 28 111 ANATOMIA DO SISTEMA NERVOSO 29 12 ÓRGÃOS SENSORIAIS 31 121 VISÃO 31 122 TATO 32 123 AUDIÇÃO 33 124 OLFATO 33 125 PALADAR 33 13 SISTEMA MUSCULAR 34 FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DOS INSETOS PROFA DRA ANDREA FLORINDO DAS NEVES ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA 26 WWWUNINGABR 14 SISTEMA DIGESTÓRIO E EXCRETOR 35 15 SISTEMA CIRCULATÓRIO 37 16 SISTEMA RESPIRATÓRIO 38 17 SISTEMA REPRODUTOR 39 2TIPOS DE REPRODUÇÃO E DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DOS INSETOS 40 3 METAMORFOSE E O CICLO DE VIDA DOS INSETOS 41 CONSIDERAÇÕES FINAIS 45 27 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Dentre todos os artrópodes o grupo dos insetos é o que apresenta o maior número de espécies e devido a essa diversidade conseguiram colonizar tanto ambientes terrestres como aquáticos com sucesso A capacidade de voar de muitas espécies permite que alcancem regiões distantes garantindo uma grande variedade de alimentos defesa contra predadores e dispersão Durante esta unidade vamos estudar a fisiologia a reprodução e o ciclo de vida dos insetos Ao estudar a fisiologia e anatomia interna conseguiremos entender o funcionamento do corpo do inseto e suas necessidades fisiológicas para crescer e se desenvolver Dentro do estudo da fisiologia temos os sistemas nervoso sensorial muscular digestório excretor circulatório respiratório e reprodutor O sistema nervoso é responsável pelas respostas aos estímulos externos como o vento o toque a luz entre outros Os órgãos sensoriais são responsáveis por realizar a comunicação entre o meio e o inseto sendo eles a visão o tato a audição o olfato e o paladar A musculatura é responsável pela locomoção e também pelo voo nos insetos alados O sistema digestório dos insetos pode apresentar modificações de acordo com sua dieta alimentar o sistema circulatório por sua vez na sua maior parte transporta nutrientes hormônios e excrementos já o sistema respiratório transporta oxigênio e gás carbônico e o sistema excretor elimina os excrementos através das fezes do animal Em relação à reprodução dos insetos na sua maioria a reprodução é sexuada e por oviparidade mas alguns grupos podem apresentar exceções Após o ovo eclodir dando origem à larva ocorre o início do desenvolvimento pósembrionário e ao longo desse processo o indivíduo vai sofrer mudanças morfológicas externas e internas conhecida como metamorfose Para que isso ocorra é necessária a atuação de um conjunto de hormônios responsáveis pela regulação da metamorfose e das trocas do exoesqueleto dos insetos garantindo o seu crescimento Consequentemente o indivíduo consegue crescer e se desenvolver chegando à fase adulta 28 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1FISIOLOGIA E ANATOMIA INTERNA DOS INSETOS 11 Sistema Nervoso A habilidade que os insetos possuem de responder a estímulos internos e externos alterando o seu comportamento e como consequência influenciando no meio em que vivem é controlada pelo sistema nervoso O sistema nervoso assemelhase de maneira geral ao dos artrópodes Esse sistema é integrado ao sistema sensorial externo aos estímulos externos e ao sistema fisiológico sendo composto por células nervosas especializadas chamadas neurônios Os neurônios são responsáveis pela sensação condução e coordenação dos movimentos e além dos neurônios o sistema nervoso possui gliais células especializadas responsáveis por proteção suporte e nutrição dos neurônios O sistema nervoso é formado por gânglios cerebrais ou cérebro localizados na região da cabeça e gânglios ventrais unidos por cordões nervosos por todo o corpo do animal As células nervosas especializadas os neurônios são divididas em três partes um corpo celular onde se encontra o núcleo da célula com ramificações terminais os dendritos por onde o estímulo nervoso é recebido e o axônio região alongada por onde são transmitidos os estímulos nervosos Figura 1 A condução do estímulo inicia no dendrito que recebe a informação e consequentemente chega ao núcleo que transmite para o axônio e dessa forma sucessivamente para o dendrito de outro neurônio seja músculo ou glândula que vai produzir uma resposta específica Figura 1 Partes de um neurônio Fonte Gallo et al 2002 Os neurônios podem ser classificados de acordo com o número de dendritos presentes bipolar quando existe apenas um dendrito independente do axônio unipolar quando o dendrito e o axônio partem da mesma ramificação e multipolar mais de um dendrito Figura 2 Ou podem ser classificados quanto ao local para onde a mensagem é enviada São chamados sensoriais ou aferentes os neurônios que levam os impulsos do interior dos órgãos dos sentidos ou seja estímulos captados no ambiente externo para o sistema nervoso Os neurônios motores ou eferentes saem do sistema nervoso e carregam o estímulo para os tecidos e órgãos que devem ser estimulados E os associativos ou de ligação ligam os neurônios sensoriais e motores 29 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 2 Classificação dos neurônios de acordo com o número de dendritos Fonte Gallo et al 2002 111 Anatomia do sistema nervoso O sistema nervoso é dividido anatomicamente em três partes central visceral e periférica O sistema nervoso central é considerado a parte mais importante do sistema nervoso dos insetos É constituído de uma massa nervosa ganglionar chamada cérebro outra massa ganglionar localizada abaixo do esôfago chamada gânglio subesofágico e uma série de outros gânglios chamados gânglios torácicos e abdominais cordão nervoso ventral Figura 3 O cérebro corresponde ao gânglio central e dorsal da cabeça Está localizado acima do esôfago e é formado a partir da fusão de três gânglios embrionários sendo dividido em três partes e cada parte é derivada da fusão de um par de gânglios A Protocérebro que corresponde ao segmento ocular sendo o centro da visão dos insetos e compreende a maior parte do cérebro Ainda na região protocérebro encontramse as células neurossecretoras que são responsáveis pela secreção do hormônio protorácicotrópico B Deuterocérebro que compreende a fusão dos gânglios antenais correspondentes aos lobos olfatórios e antenais É o centro nervoso dos sentidos as células sensitivas localizadas nas antenas estão relacionadas com a percepção do meio externo aos sentidos sensoriais como olfato paladar tato e audição C Tritocérebro que corresponde aos gânglios do terceiro segmento da cabeça e localizase abaixo do deuterocérebro A partir desse segmento saem dois nervos labrais que vão inervar o lábio superior do inseto um par de conectivos subesofagiano e outro par de conectivos do gânglio frontal A ligação da última região do cérebro o tritocérebro com o gânglio subesofágico é realizada por um par de conectivos subesofagiano O gânglio subesofágico é formado a partir da fusão de três pares de gânglios embrionários os mandibulares maxilares e labiais Dessa região partem nervos motores responsáveis por coordenar o movimento maxilar mandibular e dos lábios inferiores e também receber informações sensoriais de paladar e olfato perceptíveis aos insetos pelo lábio inferior e maxilar O gânglio subesofágico ligase aos gânglios torácicos que por sua vez ligamse aos abdominais O cordão nervoso ventral corresponde aos gânglios torácicos e abdominais situados ventralmente acima dos esternos torácicos e abdominais Os gânglios torácicos são responsáveis por controlar os órgãos locomotores tanto o caminhar como o voo dos insetos 30 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 3 Esquema do sistema nervoso central de um Orthoptera Fonte Romoser e Stoffolano 1988 A outra divisão do sistema nervoso dos insetos é o sistema nervoso visceral ou simpático que inerva os órgãos internos e ocorre independentemente da vontade do inseto É dividido em três partes estomogástrico ventral e caudal O sistema nervoso visceral estomogástrico é composto por nervos e gânglios e é responsável por controlar os órgãos de vida vegetativa dos insetos Um dos gânglios formado é o gânglio frontal localizado antes do cérebro e ligado a ele pelo conectivo gânglio frontal e o outro é o gânglio hipocerebral que pode originar um ou dois nervos esofagianos O gânglio frontal emerge num nervo que atravessa a região dorsal do esôfago seguindo por baixo do cérebro e dilatandose próximo a ele originando o gânglio hipocerebral O sistema nervoso visceral estomogástrico está ligado diretamente ao cérebro e inerva o estomodeu mesêntero coração vasos dorsais entre outros Sobre o esôfago existe um par de gânglios esofagiais ou faringeais conhecidos também como corpora cardíaca que se ligam ao gânglio hipocerebral e possuem células secretoras endócrinas e nervosas O corpora cardíaca é responsável pela liberação dos hormônios de regulação dos batimentos cardíacos Existe também o corpora allata que libera o hormônio juvenil que regula a metamorfose nos insetos O sistema nervoso simpático ventral corresponde a um par de nervos transversais ligados com os gânglios do cordão nervoso ventral e inervam os espiráculos E o sistema nervoso simpático caudal tem sua origem a partir do gânglio composto e posterior do cordão nervoso ventral e inerva a parte posterior do tubo digestivo e os órgãos reprodutores internos do inseto A última divisão anatômica do sistema nervoso dos insetos é o sistema nervoso periférico que corresponde a todos os nervos que saem e chegam aos gânglios do sistema central e assim inervam os músculos e os órgãos do sentido Nesse sistema periférico não ocorre a formação de gânglios 31 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 12 Órgãos Sensoriais O conjunto de órgãos sensoriais possui o papel de intermediar a relação inseto e meio ambiente Essa comunicação com o meio externo é feita através de cerdas espinhos ou órgãos sensoriais também chamados de sensilos localizados na cabeça antenas pernas ou partes bucais dos insetos Os sensilos estão conectados a terminações nervosas que chegam até o sistema nervoso Por exemplo quando uma cerda é tocada desencadeia um estímulo que será impulsionado até o sistema nervoso que espontaneamente comanda uma resposta ao estímulo executado Nos mosquitos as cerdas são muito sensíveis às correntes de ar alertando que estão próximas a um objeto Então quando tentamos matar uma mosca a simples corrente de ar que toca suas cerdas provoca um alerta de perigo e ela desvia o seu caminho Os órgãos sensoriais serão descritos a seguir São eles visão tato audição olfato e paladar 121 Visão A visão é controlada por dois fotorreceptores olhos compostos e ocelos Os olhos compostos são estruturas comuns em insetos adultos são áreas convexas que podem ser redondas ou ovais dependendo da espécie e encontramse na cabeça sendo dois por indivíduo Os olhos compostos são formados por unidades chamadas omatídeos que podem variar na sua quantidade conforme o ambiente onde o inseto vive e o seu comportamento Por exemplo as formigas operárias conhecidas como formigaslavapés que vivem no subsolo possuem de 6 a 9 omatídeos em cada olho composto diferente dos machos que precisam realizar o voo nupcial para encontrar uma fêmea e possuem 400 omatídeos em cada olho Cada unidade de omatídeo possui uma parte distal dióptrica representada pela córnea com o seu cone cristalino e uma parte receptora chamada retina e a retina possui um conjunto de sete células chamadas retínulas As retínulas são agrupadas ao redor de uma estrutura em forma de bastão chamada rabdoma Todo o omatídeo é envolvido por células pigmentadas assessoriais as primárias cobrem o cristalino e as secundárias ficam lateralmente a retínula As células primárias e secundárias formam a íris A luz recebida pela córnea é concentrada pelo cristalino e direcionada ao rabdoma e se espalha para as retínulas e o estímulo é levado até o protocérebro sistema nervoso central do inseto Figura 4 Cada omatídeo forma a imagem de um pedaço do objeto e o conjunto de omatídeos fornece a visão total do objeto em forma de mosaico 32 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 4 Estrutura do olho composto dos insetos Olho composto de uma Libélula Sympetrum fonscolombii A Corte na altura da margem de um olho composto B Esquema da estrutura de um omatídeo C Fonte A Wiki media 2005 B e C Snodgrass 1993 Os ocelos ou olhos simples são encontrados em ninfas larvas e em muitos insetos adultos A maioria dos insetos apresenta três ocelos na cabeça As abelhas usam os ocelos para monitorar a intensidade de luz e o fotoperíodo Ao contrário dos olhos compostos essas estruturas não formam uma imagem mas são adaptadas para perceber pequenas alterações luminosas e assim são relacionadas como estimulantes aumentando a percepção da luz recebida pelos olhos compostos 122 Tato O tato nos insetos é sentido pelos receptores mecânicos chamados sensilos tricoides ou apenas tricógenos O sensilo tricoide possui o formato de seta ou pelo e está associado a três tipos de células a célula tricógena responsável pela regeneração dos pelos e setas a célula tormógena responsável por formar a base para o encaixe da estrutura e as células sensoriais que ao contato com a seta o estímulo é direcionado para essas células Figura 5 Essa estrutura é encontrada em abundância em todo o corpo dos insetos principalmente nas larvas Figura 5 Esquema da estrutura de um sensilo tricoide Fonte Chapman 1998 33 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 123 Audição Nos insetos a audição é formada por células muito sensíveis sensilas no formato de pelos ou pelo órgão auditivo chamado tímpano que possibilita detectar frequências de sons no ar O tímpano possui células sensoriais e estendemse até uma membrana timpânica muito fina que engloba uma bolsa de ar na qual as vibrações são detectadas Os sensilos auditivos são receptores mecânicos 124 Olfato Os sensilos adaptados para percepção do olfato são receptores químicos e os mais comuns são os basicônicos e placódeos Figura 6 Esses sensilos olfativos estão localizados principalmente nas antenas mas podem ser encontrados também nos palpos maxilares e lábios de muitos insetos F i gura 6 Tipos de quimiorreceptores para o olfato A Sensilo basicônico B Sensilo placódeo Fonte Snodgrass 1993 125 Paladar Os sensilos responsáveis pela percepção do gosto são receptores químicos e são os basicônicos placódeos e tricoideos Os sensilos do paladar são normalmente encontrados nas pernas dos insetos na região do tarso e da parte distal da tíbia Mas pode ser localizado também em certas partes do aparelho bucal e nas antenas de algumas espécies de formigas vespas e abelhas 34 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 13 Sistema Muscular A função de mobilidade e locomoção é realizada pelos músculos O conjunto de tecidos responsável pela contração e distensão dos músculos é chamado sistema muscular A forma como os músculos são dispostos corresponde à segmentação do corpo dos insetos e o número de músculos é alto podendo chegar a 2 mil em larvas de Lepidópteros Os músculos dos insetos podem ser divididos em três grupos conforme os segmentos do corpo cefálicos torácicos e abdominais respectivamente músculos que pertencem à cabeça ao tórax e ao abdômen Os músculos cefálicos são encontrados na cabeça e são divididos em três grupos principais músculos cervicais responsáveis pela movimentação da cabeça músculos do aparelho bucal associados às maxilas lábios e mandíbulas e músculos das antenas que promovem o movimento das antenas Os músculos torácicos encontramse no tórax e estão associados direta ou indiretamente ao voo e aos movimentos das pernas dos insetos Os músculos das asas são responsáveis pelo seu movimento sendo considerados os mais importantes os músculos dorsoventrais que elevam as asas os músculos dorsolongitudinais que abaixam as asas e os pleurais responsáveis pelos movimentos rotatórios Figura 7 Entre os músculos que movimentam as pernas os mais importantes são os extensores flexores e rotatórios Figura 7 Corte transversal do tórax de um inseto A Asas movimentando para cima devido à contração dos músculos dorsoventrais B Asas movimentando para baixo devido à contração dos músculos dorsolongitudinais Fonte Snodgrass 1993 Os músculos abdominais mais importantes são os longitudinais e dorsoventrais responsáveis por promover a movimentação do ar dentro da traqueia os músculos transversais responsáveis pela movimentação do coração e os músculos oclusores das traqueias que controlam a sua abertura e fechamento evitando a perda de água pela respiração 35 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 14 Sistema Digestório e Excretor A digestão nos insetos assim como nos seres humanos e nos demais animais é um processo fisiológico responsável por decompor os alimentos ingeridos em moléculas menores que serão absorvidas pelas células e usados para o crescimento e desenvolvimento do inseto Quando pensamos na diversidade de insetos e na sua dieta alimentar constatamos que a alimentação dos insetos é bem diversificada desde folhas frutos seiva sangue madeira entre outros e com isso compreendemos que o aparelho digestivo dos insetos apresenta modificações de acordo com a sua dieta alimentar As alterações podem ser no formato do tubo digestivo e na complexidade da sua estrutura como um todo De maneira geral o aparelho digestório dos insetos é formado por um tubo digestivo ou canal alimentar O tubo se inicia na boca e percorre até o ânus do animal e é dividido em três partes estomodeu que corresponde ao intestino anterior mesêntero que corresponde ao intestino médio e o proctodeu que corresponde ao intestino posterior A primeira região do aparelho digestivo é o estomodeu que se inicia na boca ou cavidade oral e termina antes da região do mesêntero O alimento passa pela boca chegando à faringe depois ao esôfago seguindo pelo papo ou inglúvio onde o alimento pode ser armazenado temporariamente e em muitos insetos a digestão se inicia no papo através da ação das enzimas salivares e de algumas enzimas que são regurgitadas do intestino médio E o proventrículo ou moela que possui função trituradora nos insetos mastigadores e nos outros insetos funciona como uma válvula que apenas controla a passagem do alimento do papo para o mesêntero Figura 8 No mesêntero encontrase o estômago ou ventrículo onde ocorre a maior parte da digestão dos alimentos e os cecos gástricos que são expansões anteriores ao mesêntero em formato de tubo e pode variar no seu tamanho e número Os cecos gástricos são responsáveis por armazenar microrganismos como bactérias pela secreção de enzimas digestivas e também por aumentar a superfície para absorção de água e nutrientes Figura 8 E a última região do aparelho digestivo é o proctodeu seu início é no local de inserção dos túbulos de Malpighi onde a separação entre o mesêntero e o proctodeu é realizada pela válvula pilórica A primeira parte do proctodeu é o íleo seguido do cólon reto e ânus É nessa região que ocorre a eliminação dos excretos através das fezes Figura 8 Quando pensamos no salto que uma pequena pulga consegue realizar em relação ao salto do ser humano em termos de proporção com o tamanho do corpo o salto da pulga seria equivalente a uma pessoa de 180 m realizar um salto sem correr de 180 m Para que a pulga consiga realizar o salto depende da sua musculatura e também de um pacote de resilina proteínas que apresentam propriedades elásticas na sua composição Então quando uma pulga se prepara para dar um salto gira seus fêmures posteriores comprimindo o pacote de resilina e travase E para saltar exerce uma pequena ação muscular para liberar o travamento e assim permitir a expansão da resilina 36 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Além da estrutura do aparelho digestivo existem outros anexos que auxiliam na digestão dos alimentos como as glândulas salivares São duas glândulas que ficam na cabeça e cada uma possui um ducto que vai se unir para formar um único ducto que desemboca entre a hipofaringe e o lábio São funções da saliva lubrificar a boca solvente de alimentos contribuir com a digestão através das enzimas digestivas anticoagulante e usada para formar a seda do casulo em larvas de lepidópteros e himenópteros Figura 8 Figura 8 Estrutura do sistema digestório Fonte Gallo et al 2002 Após os nutrientes serem digeridos e absorvidos pelo sistema digestivo ocorre a remoção dos excrementos que são compostos nitrogenados pelo sistema excretor Os compostos nitrogenados são absorvidos pelos túbulos de Malpighi localizados anexos à região do intestino posterior proctodeu e têm como função remover os excrementos produzidos A principal substância nitrogenada excretada pelos insetos é o ácido úrico Como o ácido úrico é pouco solúvel em água essa característica reduz a perda de água pelos insetos Como vimos os insetos possuem uma alimentação bem diversificada e consequentemente a morfologia do aparelho digestivo desses animais pode ser diferente de um grupo para o outro E isso se deve à dieta alimentar de cada grupo Os gafanhotos baratas e cupins que se alimentam de alimentos sólidos necessitam de um tubo digestivo largo com a musculatura mais desenvolvida e com uma proteção contra ferimentos que podem ocorrer durante a absorção do alimento Já as cigarras e os pulgões se alimentam de alimentos líquidos seu tubo digestivo é mais longo estreito e com dobras para assim permitir o maior contato com o alimento 37 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 15 Sistema Circulatório O sistema circulatório dos insetos é diferente dos mamíferos não apresenta como função principal o transporte de gases como oxigênio e gás carbônico e sim de nutrientes hormônios e produtos excretores O aparelho circulatório dos insetos é composto por um vaso dorsal que percorre toda a extensão longitudinal do corpo do inseto na sua porção superior O vaso dorsal é dividido em duas partes uma posterior chamada de coração e uma anterior chamada aorta Nos insetos o sangue é chamado de hemolinfa A hemolinfa que sai do coração é bombeada até a aorta e assim direcionada às demais cavidades e apêndices do corpo do inseto através de sistema de lacunas chamado hemoceles e retorna ao coração por orifícios chamados de óstios ou ostíolos Esse tipo de sistema circulatório não possui capilar e é conhecido como sistema circulatório aberto ou lacunar Figura 9 Além do vaso dorsal o sistema circulatório dos insetos possui órgãos pulsáteis acessórios Figura 9 que impulsionam a hemolinfa para o interior dos órgãos que estão distantes do vaso dorsal como nas antenas asas e pernas Nos insetos que não apresentam os órgãos pulsáteis acessórios a circulação até os apêndices ocorre de quatro formas A por movimentos musculares do próprio apêndice B alterações de pressão no abdômen por movimentos respiratórios C pressão da hemolinfa de uma região para outra do corpo e D por movimentos ondulatórios do diafragma Figura 9 Esquema do sistema circulatório dos insetos Fonte Wigglesworth 1972 A hemolinfa é formada por plasma que é a parte líquida e os hemócitos que são a parte celular Apresenta diversas funções A Lubrificante tem o papel de lubrificar os tecidos facilitando os movimentos B Mecânica a pressão da hemolinfa auxilia na eclosão das larvas na expansão das asas entre outros C Responsável pelo transporte de nutrientes hormônios e excrementos e outros D Fagocitose E Desintoxicação F Cicatrização de feridas através da produção de um tipo de hemócito e G Formação de tecidos por certos tipos de hemócitos 38 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 16 Sistema Respiratório Os insetos necessitam de um sistema respiratório eficaz que permita o transporte de gases como oxigênio e gás carbônico e ao mesmo tempo reduza a perda de água para o meio externo O sistema traqueal responsável pela função corresponde a uma extensa rede de tubos ramificados por todo o corpo do inseto As ramificações vão ficando cada vez mais finas e os últimos ramos chegam aos tecidos Os troncos traqueais abremse para a superfície externa através de orifícios pelos quais entra o ar chamados espiráculos Figura 10A Existem geralmente dois pares de espiráculos no tórax e sete ou oito pares no abdômen Normalmente os espiráculos apresentam uma válvula ou algum tipo de mecanismo de fechamento que reduz a perda de água e é através deles que ocorrem as trocas gasosas As traqueias são compostas por uma camada simples de células e são revestidas com cutícula A sua troca ocorre junto com a troca da cutícula externa durante as mudas através dos espiráculos Sofrem ramificações em tubos menores que terminam em túbulos muito finos chamados traquéolas e esses túbulos ramificam numa rede extremamente fina que envolve as células Figura 10B Figura 10 Esquema do sistema traqueal dos insetos A e as traquéolas B Fonte Hickman et al 2016 O sistema traqueal também apresenta estruturas chamadas sacos aéreos que se parecem com traqueias dilatadas Apresentam uma parede fina e flexível e estão localizados na cavidade e nos apêndices Exercem as seguintes funções A armazenamento de ar para respiração B aumento do volume do corpo devido ao deslocamento de ar tornando o corpo mais leve C nos insetos aquáticos servem como órgãos hidrostáticos e D reservatório de ar nos insetos que mergulham 39 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 17 Sistema Reprodutor As estruturas reprodutivas dos insetos localizamse na região abdominal O aparelho reprodutor da fêmea é composto essencialmente de um par de ovários dois ductos denominados ovidutos laterais que convergem num oviduto comum que se abre na vagina Os ductos têm papel de conduzir os óvulos ou ovos para o meio exterior Na vagina desembocam na espermateca e em alguns insetos raramente há uma bolsa copuladora Figura 11A A espermateca é responsável por receber e armazenar os espermatozoides garantindo a fertilização dos ovos por dias meses e até anos em algumas espécies E a bolsa copuladora serve para receber o esperma antes de chegar à espermateca O aparelho reprodutor do macho é semelhante ao da fêmea é composto por um par de testículos dois vasos deferentes que correspondem aos ovidutos laterais da fêmea que convergem no canal ejaculador que corresponde ao oviduto comum vesícula seminal e pênis ou edeago Figura 11B A vesícula seminal corresponde a uma parte de cada vaso deferente dilatado e serve como reservatório de esperma Tanto no aparelho reprodutor masculino como no feminino encontramos glândulas acessórias Figura 11 Sistema reprodutor dos insetos A Aparelho reprodutor da fêmea B Aparelho reprodutor do macho Fonte Gotti Saldanha e Marra 2019 A célula reprodutora do sistema feminino é o óvulo e a do masculino o espermatozoide A fecundação ocorre quando o óvulo percorrendo a região da vagina encontra um ou mais espermatozoides que acabaram de sair da espermateca Os espermatozoides podem ser depositados dentro do aparelho reprodutor da fêmea de duas formas uma delas é quando o espermatozoide é depositado diretamente dentro da espermateca uma vez que os machos possuem no pênis uma extensão alongada em forma de linha e a outra forma é quando são depositados na vagina da fêmea e migram para a espermateca Um óvulo pode ser penetrado por mais de um espermatozoide mas apenas um núcleo masculino de espermatozoide unirá ao núcleo do óvulo ocorrendo assim a fecundação e os demais espermatozoides degeneramse A partir da fecundação ocorre a formação do ovo ou zigoto e posteriormente um novo indivíduo com metade do material genético da mãe e a outra metade do pai 40 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2TIPOS DE REPRODUÇÃO E DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DOS INSETOS Em relação à reprodução dos insetos a maioria das espécies realiza reprodução sexuada e o desenvolvimento embrionário ocorre por oviparidade ou seja os óvulos das fêmeas se desenvolvem depois de fecundados pelo espermatozoide e o desenvolvimento do embrião ocorre dentro do ovo e em ambiente externo fora do corpo da fêmea Em sua maioria os insetos são dioicos e raramente hermafroditas A alta capacidade reprodutiva dos insetos é uma das razões pela qual conseguem se adaptar a diversas regiões e climas tornandose uma praga para a agricultura Como já estudamos a reprodução dos insetos na sua maioria depende do encontro entre os dois sexos macho e fêmea e da fertilização do óvulo pelo espermatozoide No que diz respeito ao desenvolvimento embrionário a maioria dos insetos é ovípara ou seja o embrião se desenvolve dentro do ovo em ambiente externo mas existem algumas exceções A seguir estão descritos alguns conceitos relacionados à reprodução e ao desenvolvimento embrionário dos insetos oviparidade viviparidade partenogênese pedogênese poliembrionia e hermafroditismo A oviparidade é o mais comum entre os insetos as fêmeas produzem ovos que são eliminados do corpo delas para o meio externo onde são depositados e depois de um certo tempo eclodem A oviparidade pode ocorrer independentemente da forma de reprodução sexuada ou assexuada ou seja tanto ovos fertilizados quanto não fertilizados podem ser depositados no meio externo Na viviparidade os ovos desenvolvemse dentro do corpo da fêmea e as larvas ou ninfas eclodem logo após os ovos serem depositados ou imediatamente antes Na partenogênese os óvulos se desenvolvem sem ocorrer a fecundação com o espermatozoide Esse tipo de reprodução ocorre em grupos de insetos em que não existem machos e dá origem a indivíduos haplobiontes ou diplobiontes A partenogênese pode ocorrer de três formas arrenótoca em que os ovos postos originam somente machos telítoca em que os ovos postos originam somente fêmeas e deuterótoca em que os ovos postos originam fêmeas e machos A pedogênese é um tipo de reprodução que ocorre nos insetos imaturos que possuem ovários funcionais e os ovos vão se desenvolver por partenogênese Quando ocorre a formação de dois ou mais embriões no mesmo ovo é denominado poliembrionia sendo um tipo de reprodução comum entre os insetos parasitoides O último tipo de reprodução é o hermafroditismo que ocorre quando os dois sexos estão presentes no mesmo indivíduo sendo raro entre os grupos de insetos 41 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3 METAMORFOSE E O CICLO DE VIDA DOS INSETOS Após o ovo eclodir o inseto imaturo inicia sua vida no meio externo crescendo e se desenvolvendo Durante o desenvolvimento pósembrionário a maioria dos insetos sofre mudanças morfológicas Durante esse período os insetos precisam passar por uma série de mudas ou ecdises que são as trocas do exoesqueleto cutículas para conseguir crescer O número de ecdises realizadas pelos insetos é variável e pode mudar bastante de acordo com a espécie O exoesqueleto abandonado pelo inseto recebe o nome de exúvia O estágio entre uma muda e outra é chamado de ínstar Além disso a maioria dos insetos sofre algum tipo de metamorfose e dependendo do tipo de desenvolvimento pósembrionário os insetos podem ser classificados em três categorias ametábolos hemimetábolos ou holometábolos Nos insetos ametábolos não ocorre metamorfose do ovo eclode um indivíduo jovem Os jovens são semelhantes aos adultos com diferença no tamanho e na maturação sexual Os estágios são ovo jovem e adulto Exemplo de insetos ametábolos são as traçasdelivro Os insetos hemimetábolos sofrem uma metamorfose incompleta ou seja o indivíduo jovem que eclode do ovo difere um pouco do adulto Nessa categoria temos os gafanhotos as cigarras os louvaadeus que liberam os ovos no ambiente terrestre e as libélulas e insetos aquáticos que colocam seus ovos na água Os jovens são denominados ninfas e suas asas desenvolvemse externamente e tornamse maiores a cada muda até tornarse um adulto alado Figura 12 Os estágios são ovo ninfa com vários ínstares e adulto Figura 13 Nas ninfas aquáticas alguns grupos apresentam brânquias traqueais ou outras modificações para o meio aquático Figura 12 Exemplares de insetos com metamorfose gradual e as ninfas são aquáticas Exemplar da ordem Plecop tera A Exemplar da ordem Odonata uma libélula B Ninfa de uma libélula C Fonte Hickman et al 2016 Figura 13 Ciclo de vida dos insetos hemimetábolos Fonte Hickman et al 2016 42 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Nos insetos holometábolos ocorre uma metamorfose completa e corresponde à maioria dos insetos da classe com aproximadamente 88 A metamorfose holometábola ocorre em três estágios larva onde ocorrem os processos fisiológicos do crescimento pupa onde ocorrem os processos de diferenciação e a fase adulta com a reprodução As larvas apresentam peças bucais mastigadoras e podem ser chamadas de lagartas ou brocas Após uma série de ínstares a larva entra num estágio de pupa encontrase paralisada e não se alimenta envolta por um casulo ou envelope construído por ela mesma ainda na fase larval O adulto emerge da pupa no início é um inseto com as asas pequenas e com o passar do tempo as asas crescem e ele está pronto para voar Os estágios são ovo larva pupa e adulto Figura 14 Figura 14 Ciclo de vida dos insetos holometábolos Fonte Hickman et al 2016 A muda ocorre durante todas as etapas de desenvolvimento do inseto independentemente do tipo de metamorfose Durante a metamorfose ocorrem mudanças na morfologia externa dos insetos e também na morfologia interna como ocorre no tubo digestivo que é todo remodelado em função da diferença na dieta alimentar da larva e do adulto A regulação da metamorfose e das ecdises é de natureza hormonal ou seja são controlados por hormônios produzidos por glândulas exócrinas e as secreções são liberadas na hemolinfa A região intercerebral e os gânglios do cordão nervoso possuem células neurossecretoras que produzem um hormônio cerebral denominado hormônio protoracicotrófico PTTH e antes de ser liberado na hemolinfa o hormônio secretado é armazenado no corpora cardíaca A principal função do PTTH é ativar as glândulas protorácicas Após liberado do corpora cardíaca o PTTH é carregado pela hemolinfa até a glândula protorácica localizada na parte posterior da cabeça ou do tórax da maioria dos insetos e secretam o hormônio da muda ou ecdisona como resposta ao PTTH A ecdisona estimula as células do epitélio a iniciarem o processo de muda e consequentemente a eliminação da cutícula velha Figura 15 43 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A muda larval continua enquanto o hormônio juvenil secretado no corpora allata persistir em quantidade suficiente em conjunto com o hormônio da muda na hemolinfa Consequentemente cada muda vai formar uma larva maior do que a anterior Após alguns ínstares os corpora allata produzem cada vez menos o hormônio juvenil A partir do momento em que o hormônio juvenil se encontra no nível baixo a larva dá origem a uma pupa ao invés de uma larva maior e o mesmo acontece quando a produção do hormônio juvenil encerra na fase de pupa levando ao surgimento do adulto O mesmo acontece nos insetos hemimetábolos mas o encerramento do hormônio ocorre no último ínstar da ninfa Figura 15 Durante a fase adulta volta a ser secretado o hormônio juvenil pelos corpora allata sendo importante durante a reprodução sexual e na formação dos gametas Ao estudar os insetos os pesquisadores concluíram que a metamorfose e a muda são controladas principalmente pela interação de dois hormônios o hormônio da muda ecdisona e o hormônio juvenil Um deles é responsável pelo crescimento e a diferenciação das estruturas do adulto e o outro favorece a retenção da estrutura juvenil Figura 15 Figura 15 Controle endócrino da muda em uma mariposa inseto com metamorfose completa Fonte Hickman et al 2016 Durante o período de desenvolvimento os insetos podem realizar pausas quando as condições do meio ambiente estiverem desfavoráveis em períodos de muito frio de seca ou escassez de alimentos por exemplo Essa pausa pode ocorrer de duas formas diapausa que consiste na interrupção do seu desenvolvimento e quinetopausa que é uma interrupção na sua atividade Pode ocorrer uma pausa isolada ou as duas em conjunto Em períodos de muito frio os insetos podem entrar no estágio de pausa cessando suas atividades e seu desenvolvimento diminuindo assim seu gasto calórico 44 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Os insetos se comunicam através dos órgãos sensoriais e por sinais químicos Os sinais químicos são feromônios substâncias secretadas por um indivíduo que podem afetar o comportamento ou os processos fisiológicos de outro indivíduo sendo usados em diversas situações atrair o sexo oposto para o acasalamento sinalizar um alerta marcar um caminho estimular respostas de defesa ou iniciar um comportamento São os feromônios que determinam as castas no cupim e influenciam até certo ponto nas abelhas e formigas Então podemos dizer que os feromônios desempenham um papel importante na socialização dos insetos Você consegue entender a importância do estudo do ciclo de vida e do desenvolvimento dos insetos para o controle de pragas na agricultura Assim como qualquer inseto as pragas possuem um ciclo de vida e a partir do momento em que você o conhece fica mais fácil identificar o seu desenvolvimento e com isso o seu controle Existe um estágio do desenvolvimento do inseto que é sempre mais eficaz e barato o controle e o manejo Na lagarta da soja Anticarsia gemmatalis a maior parte do seu desenvolvimento ocorre na fase larval na qual ocorrem os maiores danos à cultura Com o manejo adequado durante esse período reduzem se as perdas no campo Então você acha importante conhecer o ciclo de vida dos insetos para assim facilitar o seu manejo Como vimos no decorrer do texto o crescimento e o desenvolvimento dos insetos são regulados por hormônios incluindo o hormônio juvenil que assegura a retenção da fase larval nos insetos Clicando no link httpwwwscielobr scielophppidS180816572012000100013scriptsciabstracttlngpt você vai acessar o artigo Desenvolvimento e produção de seda do Bombyx mori L exposto a análogos do hormônio juvenil Esse trabalho teve como objetivo avaliar a pulverização de diferentes análogos do hormônio juvenil sobre o bichodaseda e seus efeitos sobre o desenvolvimento larval e a produção de seda 45 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao fim da unidade sobre fisiologia reprodução e ciclo de vida dos insetos Ao estudarmos a fisiologia e a anatomia interna vimos como é importante entender o funcionamento do corpo do inseto como o metabolismo trabalha para suprir as necessidades fisiológicas do indivíduo e a sua comunicação com o meio externo Em relação à reprodução vimos que a maioria dos insetos realiza a reprodução sexuada com oviparidade mas existem algumas exceções Podemos dizer que o tipo de reprodução dos insetos está relacionado com a sua fisiologia e também com o meio onde vivem e nos grupos de insetos em que não existem machos as fêmeas realizam partenogênese Além disso concluímos sobre a necessidade da regulação hormonal durante o desenvolvimento pósembrionário para garantir o crescimento do inseto até tornarse um adulto 46 46 WWWUNINGABR U N I D A D E 03 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO 48 1 AS PRAGAS E OS DANOS CAUSADOS À PLANTA 49 2 PRINCIPAIS PRAGAS AGRÍCOLAS 51 21 COLEOPTERA 52 211 BICUDODOALGODOEIRO CURCULIONIDAE ANTHONOMUS GRANDIS 52 212 BROCADOCAFÉ SCOLYTIDAE HYPOTHENEMUS HAMPEI 53 22 HEMIPTERA 54 221 COCHONILHAORTÉZIA ORTHEZIIDAE ORTHEZIA PRAELONGA 54 222 MOSCABRANCA ALEYRODIDAE BEMISIA TABACI 55 223 PERCEVEJOMARROM PENTATOMIDAE EUSCHISTUS HEROS 55 INSETOS COMO PRAGA DAS PLANTAS CULTIVADAS E TÉCNICAS DE COLETA PROFA DRA ANDREA FLORINDO DAS NEVES ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA 47 WWWUNINGABR 224 PERCEVEJOSVERDES PENTATOMIDAE NEZARA VIRIDULA E PIEZODORUS GUILDINII 56 225 CIGARRINHADASRAÍZES CERCOPIDAE MAHANARVA FIMBRIOLATA 58 226 CIGARRINHADOMILHO CICADELLIDAE DALBULUS MAIDIS 59 23 HYMENOPTERA 60 231 FORMIGASCORTADEIRAS FORMICIDAE ATTA SP E ACROMYRMEX SP 60 24 LEPIDOPTERA 61 241 LAGARTADAESPIGA NOCTUIDAE HELICOVERPA ZEA 61 242 LAGARTADOCARTUCHO NOCTUIDAE SPODOPTERA FRUGIPERDA 62 243 LAGARTADASOJA NOCTUIDAE ANTICARSIA GEMMATALIS 63 244 BROCADACANA CRAMBIDAE DIATRAEA SACCHARALIS64 245 BICHOMINEIRO LYONETIIDAE LEUCOPTERA COFFEELLA 65 3 TÉCNICAS DE COLETA DE INSETOS66 31 EQUIPAMENTOS PARA A COLETA 67 311 REDE ENTOMOLÓGICA 67 312 REDE DE VARREDURA 67 313 ARMADILHA LUMINOSA 68 314 BANDEJA DÁGUA OU PRATO COLORIDO PAN TRAP 69 315 ASPIRADOR ENTOMOLÓGICO 69 316 ARMADILHA DE MALAISE 70 317 FRASCO CAÇAMOSCAS 71 32 MATANÇA DE INSETOS 72 CONSIDERAÇÕES FINAIS 74 48 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Caroa alunoa nesta unidade estudaremos primeiramente o que são pragas agrícolas as classificações que elas recebem os danos e prejuízos que elas causam nas lavouras e as principais pragas que atacam grandes culturas no país Depois serão abordadas algumas técnicas utilizadas para coletar insetos possibilitando o estudo deles e a criação de coleções entomológicas O desenvolvimento da agricultura e progresso dessa atividade culminaram no desenvolvimento das civilizações e no surgimento de novas tecnologias acumulação de bens e recursos desenvolvimento social e cultural e em melhorias do padrão de vida Porém a agricultura assim como outras atividades como silvicultura pecuária mineração exploração de pesca e urbanização impactam de forma direta ou indireta os ecossistemas A agricultura promove a substituição da cobertura vegetal nativa geralmente com centenas de espécies vegetais por uma ou poucas espécies de plantas cultivadas o que causa desequilíbrio ao meio ambiente Como consequência disso a ampla oferta de uma única espécie vegetal produz o crescimento populacional de poucas espécies de animais que as utilizam como alimento E então alguns insetos encontram nas plantações a disponibilidade de grandes quantidades de alimento e poucos predadores e consequentemente reproduzemse com mais intensidade se tornando pragas São considerados organismos pragas aqueles que competem de forma direta ou indireta com o ser o humano por alimento e matériaprima ou prejudicam a saúde e o bemestar do homem e dos animais Sendo os artrópodes ácaros sinfilos diplópodas aranhas e insetos exemplos de organismos que se encaixam nessas características Na Entomologia Agrícola nos dedicamos ao estudo dos insetospraga Do ponto de vista convencional um organismo é considerado uma praga quando pode ser identificada a sua presença no agroecossistema Contudo levando em consideração o Manejo Integrado de Pragas MIP que vamos abordar na Unidade IV um organismo só é considerado uma praga quando tem potencial para causar dano econômico 49 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1 AS PRAGAS E OS DANOS CAUSADOS À PLANTA Os danos ocasionados nas plantas por insetos são variáveis Quadro 1 podendo ser visualizados em todas as partes vegetais Essas variações vão depender da espécie e da densidade populacional da praga do estádio de desenvolvimento em que se encontram estrutura vegetal afetada e ainda da duração do ataque o que poderá acarretar maior ou menor prejuízo quantitativo e qualitativo As pragas podem ser classificadas como diretas ou indiretas de acordo com a parte da planta que é afetada É considerada uma praga direta aquela que ataca diretamente a parte da planta que será comercializada como por exemplo a broca pequena do tomateiro Neoleucinodes elegantalis que ataca os frutos do tomateiro E indireta aquela que atinge uma parte da planta que afeta indiretamente a parte que será comercializada e como exemplo podemos citar a lagarta da soja Anticarsia gemmatalis que causa perda das folhas nas plantas de soja Outra classificação que as pragas recebem é relacionada com a importância econômica delas para a agricultura Podem então ser classificadas como a Organismos nãopraga quando a sua densidade populacional nunca atinge o nível de controle nível de densidade em que se devem adotar medidas de controle b Pragas secundárias são aquelas que dificilmente atingem o nível de controle c Pragaschave são aquelas que com frequência ou sempre atingem o nível de controle Uma pragachave pode ser frequente ou severa As pragaschave frequentes são aquelas que frequentemente atingem um nível de dano que requer ações de controle enquanto as pragaschave severas são aquelas cuja densidade populacional está sempre acima dos níveis de controle NC e de dano ND Nessa última situação é necessário adotar medidas preventivas de controle para que a produtividade da lavoura não seja comprometida Tipos de injúrias nas plantas ou lavouras Insetospraga Destruir folhas ramos botões florais casca ou fruto Lagartas besouros gafanhotos Sugar a seiva vegetal nas folhas botões florais ramos frutos Percevejos pulgões cigarrinhas tripes cochonilhas Atacar raízes ou colo das plantas Besouros lagartas cigarras cupins larvas de moscas Usar parte da planta para construção de ninhos ou refúgios Formigas vespas abelhas larvas de moscas Broquear ou anelar a casca ramos frutos sementes raízes Besouros adultos larvas lagartas Disseminar ou facilitar o desenvolvimento de microrganismos fitopatogênicos fungos bactérias vírus protozoários injetandoos ao se alimentar Pulgões cochonilhas besouros cigarrinhas tripes moscasbrancas Quadro 1 Tipos de danos ocasionados por insetos na agricultura Fonte Vila Verde Agro 2019 50 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Uma determinada espécie de insetopraga também pode ser denominada especialista ou generalista polífaga Quando a alimentação do inseto é baseada em uma ou poucas espécies de plantas dizemos que se trata de uma praga especialista Por outro lado quando o insetopraga afeta vários cultivos distintos utilizando várias plantas como hospedeiras a praga passa a ser chamada de generalista ou polífaga Além de atacar a lavoura e causar perdas nos rendimentos as pragas também podem atacar durante o armazenamento desses produtos Estimase que até 10 do que é produzido pela agricultura são perdidos no processo de armazenagem devido ao ataque desses indivíduos O Quadro 2 apresenta um resumo dos danos causados por pragas que atacam grãos e sementes armazenados No caso de ataque por insetospraga nas unidades armazenadoras as sementes podem se tornar inviáveis ao plantio e comprometer a safra seguinte Conforme o seu hábito alimentar as pragas podem ser classificadas em pragas primárias internas e externas e pragas secundárias sendo consideradas primárias aquelas que danificam os grãos íntegros ou sadios Essas pragas primárias podem ainda ser classificadas como internas quando conseguem perfurar o grão e se alimentar do conteúdo interno se desenvolver e completar o seu ciclo no interior do grão Ou como pragas primárias externas quando se alimentam da parte externa do grão As pragas primárias além de causarem danos diretos em grãos e sementes também facilitam o ataque de pragas secundárias que se alimentam desses grãos que foram danificados Injúrias nos grãos ou produtos armazenados Insetospraga Alimentarse de todo ou de parte de um produto armazenado Carunchos gorgulhos besouros traças Contaminar o produto com suas secreções excreções ovos ou alguma parte do corpo tornandoo imprestável para o consumo Carunchos gorgulhos besouros traças Buscar proteção ou construir ninhos ou abrigos com ou sobre o substrato Carunchos gorgulhos besouros traças Quadro 2 Tipos de danos ocasionados por insetos nos grãos ou produtos armazenados Fonte Vila Verde Agro 2019 51 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2 PRINCIPAIS PRAGAS AGRÍCOLAS Conforme você aprendeu na Unidade I a Classe Insecta é bastante grande e diversificada com cerca de 30 ordens Dessas podemos destacar cerca de oito ordens que incluem dentre os seus representantes espécies que podem se converter em pragas agrícolas São elas Isoptera cupins Orthoptera gafanhotos Hemiptera pulgões cochonilhas cigarrinhas percevejos Thysanoptera trips Coleoptera besouros Hymenoptera formigas Lepidoptera mariposas e Diptera moscas Vale lembrar que nas mesmas classes existem também inimigos naturais como a joaninha Coleoptera percevejos predadores Hemiptera e vespas parasitoides Hymenoptera o que nos indica a intensa variedade de famílias e hábitos presentes entre os insetos A seguir você vai conhecer um pouco mais sobre algumas das espécies de insetospraga mais comuns na agricultura Tenha em mente que selecionamos apenas algumas dentre as mais importantes e que o tipo de praga presente pode variar muito conforme a região do país a cultura em questão e as práticas culturais dos produtores As pragas serão apresentadas conforme a ordem à qual pertencem e após o nome comum estão apresentados a família e os nomes científicos das espéciepragas Para que você tenha uma ideia dos danos causados por insetos nos grãos ou produtos armazenados o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento Mapa e a Food and Agriculture Organization FAO ONU estimam que as perdas médias de grãos no país chegam a aproximadamente 10 do total produzido anualmente Contudo além dessas perdas também se observam perdas qualitativas as quais têm grande importância pois comprometem o uso de todos os grãos produzidos ou os classificam para outro uso de menor valor agregado Como exemplo podemos citar o trigo esse produto é desclassificado para comercialização se for encontrado um inseto vivo no lote Os moinhos rejeitam lotes de trigo onde é constatada a presença de insetos pois isso compromete a qualidade da farinha que poderá conter fragmentos indesejáveis de insetos na indústria de panificação e em outros subprodutos de trigo 52 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 21 Coleoptera 211 Bicudodoalgodoeiro Curculionidae Anthonomus grandis Dentre as pragas que atingem o algodoeiro essa espécie é considerada a principal podendo causar até 70 de perda O primeiro relato do bicudodoalgodoeiro no Brasil ocorreu por volta de 1983 O inseto adulto é um besouro com aproximadamente 7 mm de comprimento de cor cinza ou castanha Como característica marcante assim como as demais espécies de curculionídeos também chamados de gorgulhos o bicudodoalgodoeiro possui um rostro comprido Figura 1 Figura 1 Bicudo do algodoeiro Fonte Wikimedia 2006 O ataque atinge principalmente os botões florais e as maçãs sendo a floração a fase em que ocorre o ataque O bicudo completa seu ciclo de vida em torno de 1721 dias sendo que até sete gerações podem se desenvolver em um ano Alimentase de folhas de algodão e seus ovos são postos isoladamente em botões florais por um orifício feito pela fêmea que o fecha com uma secreção cerosa que ela produz Durante um período de 7 a 12 dias as larvas se alimentam dentro da flor e a pupa fica por cerca de 3 a 5 dias Depois de um período de 3 a 7 dias se alimentando os adultos emergentes saem das flores e então as fêmeas começam a postura dos ovos Ao terminar o ciclo vegetativo do algodoeiro o patógeno pode migrar para abrigos naturais onde permanece em diapausa por até um novo ciclo da cultura Como sintomas pode ser visualizado um pequeno furo ao lado do botão floral que tem sua coloração alterada para marrom até cair As flores ficam amarelas e caem no chão assim como pequenas cápsulas Apesar de a planta atacada poder ter um bom desenvolvimento vegetativo seus órgãos reprodutivos são danificados o que proporciona queda da produção e a perda na qualidade do produto No algodão o bicudo faz perfurações externas devido ao seu hábito de alimentação e oviposição e internamente as fibras e sementes são destruídas pelas larvas 53 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 212 Brocadocafé Scolytidae Hypothenemus hampei Hypothenemus hampei é um pequeno besouro preto que ataca os frutos do café em qualquer estádio de maturação Figura 2 prejudicando consideravelmente a produção A África é a região de origem da espécie que foi descoberta no Brasil por volta de 1922 e nos dias de hoje pode ser encontrada em todas as regiões brasileiras que produzem café Existe dimorfismo sexual as fêmeas são maiores cerca de 17 mm de comprimento enquanto os machos têm cerca de 12 mm e os machos possuem asas rudimentares Por essa razão os machos não voam permanecendo nos frutos onde surgiram Figura 2 Hypothenemus hampei e os danos causados no café Fonte Embrapa 2020d Depois do acasalamento a fêmea faz uma perfuração no fruto normalmente na região da coroa construindo galerias e inicia a postura Após a eclosão as larvas acabam destruindo a semente Elas permanecem como larvas por cerca de 14 dias e então se transformam em pupas Nessa fase elas permanecem por cerca de 7 dias quando então emerge o inseto adulto O ciclo de vida da brocadocafé dura em média de 27 a 30 dias desde a postura até a emergência do adulto Durante um ano pode haver até 7 gerações desse inseto Além de provocar a queda dos grãos no momento da comercialização o café afetado pela broca sofre um prejuízo bastante significativo tanto na quantidade lotes com 85 de infestação sofrem uma perda de peso de aproximadamente 20 quanto na qualidade a cada 5 grãos perfurados atribuise um defeito na classificação ocorrendo a inferiorização do tipo do café 54 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 22 Hemiptera 221 Cochonilhaortézia Ortheziidae Orthezia praelonga A cochonilha ortézia Figura 3A é uma dentre as várias espécies de cochonilhas que podem causar danos à agricultura No Brasil essa espécie foi registrada em 1938 no estado de Pernambuco e daí para cá ela se disseminou por todos os estados brasileiros No citros ela é considerada uma das pragas mais importantes afetando também a cafeicultura e várias espécies ornamentais Figura 3 Orthezia praelonga A e fumagina B Fonte Fundecitrus 2020 Na planta ela ataca principalmente folhas e troncos em diferentes fases da planta crescimento vegetativo floração e frutificação O ataque ocorre com severidade e maior frequência nos períodos mais secos do ano ocorrendo primeiramente nas folhas e no interior da planta Não sendo controlada a infestação a praga começa a atingir a parte de cima das folhas galhos troncos e outras plantas nas proximidades As fêmeas colocam cerca de 80 a 100 ovos durante seu período de vida que dura aproximadamente 80 dias Essa praga se espalha com facilidade por toda a lavoura por meio de material vegetal pessoas roupas e equipamentos agrícolas Ela também pode ser disseminada por formigas ao se alimentarem da substância açucarada que as cochonilhas secretam Outra característica da ortézia é que ao se alimentar ela injeta toxinas nas plantas o que prejudica o desenvolvimento O inseto também elimina excreções açucaradas que favorecem o surgimento da fumagina fungo negro Capnodium sp Figura 3B que dificulta a realização da fotossíntese Como sintomas verificase que em citros ela acarreta desfolha enfraquecimento e queda dos frutos devido às toxinas injetadas na planta Os frutos que não caem tornamse ácidos e sem doce tornandose inapropriados para o comércio Outro sintoma é o aparecimento de fumagina nas folhas devido à secreção que é liberada pelo inseto o que ocasiona diminuição do crescimento da planta desfolha e queda na produção 55 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 222 Moscabranca Aleyrodidae Bemisia tabaci Apesar do nome controverso essa espécie não se refere às moscas da Ordem Diptera representadas pelas moscas domésticas e moscasdasfrutas A moscabranca é um hemíptero assim como percevejos e cigarrinhas A espécie Bemisia tabaci tem um tamanho bastante pequeno apenas 1 mm de comprimento e possui quatro asas membranosas que estão cobertas por uma substância esbranquiçada Figura 4 Figura 4 Moscabranca Fonte Wikimedia 2012 A moscabranca atinge diversas culturas dentre elas algodão feijão soja tomate e outras hortaliças além de algumas plantas ornamentais A fêmea realiza a postura dos ovos na face inferior das folhas desses ovos eclodem ninfas que passam a sugar a seiva das folhas O inseto também é vetor de vírus como Tomato chlorotic mottle virus Tomato golden virus Tomato golden mosaic virus Tomato severe rugose virus Bean golden mosaic virus entre outros As plantas infestadas perdem as folhas e ocorre o prateamento da face superior delas em conjunto com queda da produção 223 Percevejomarrom Pentatomidae Euschistus heros O percevejomarrom quando adulto mede cerca de 11 mm de comprimento e apresenta uma coloração marrom na região do escutelo triângulo invertido no centro do dorso apresenta uma meialua branca o protórax apresenta duas projeções laterais chamadas de espinhos Os insetos adultos podem viver aproximadamente 116 dias Depositam seus ovos em pequenas massas geralmente com 5 a 8 ovos sendo esses ovos postos especialmente nas folhas ou nas vagens da cultura O desenvolvimento dessa praga é favorecido em climas quentes 56 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 5 Percevejomarrom Euschistus heros Fonte Agro Link 2019b Dentre as plantas afetadas por E heros estão algodão feijão girassol e soja O percevejo marrom ataca diversas partes da planta ramos hastes e frutos O ataque ocorre durante o crescimento vegetativo a floração e a frutificação A produção é afetada devido à sucção de seiva dos ramos hastes e vagens pois provavelmente eles injetam toxinas ao se alimentarem das plantas Outro sintoma que pode ser percebido é a ocorrência de retenção foliar as vagens se tornam marrons e murchas E ainda há queda e apodrecimento das estruturas florais e dos frutos 224 Percevejosverdes Pentatomidae Nezara viridula e Piezodorus guildinii Nezara viridula é o nome científico dos percevejos comumente chamados de percevejo verde ou mariafedida Figura 6 que se disseminaram por todas as regiões do mundo onde a soja é cultivada O tamanho deles varia entre 13 e 17 mm de comprimento a coloração da região dorsal é verde em alguns casos verdeescura com a face ventral verdeclara as antenas são avermelhadas As ninfas apresentam uma cor mais escura com manchas vermelhas amarelas ou pretas A postura dos ovos costuma ser realizada na face inferior das folhas ou partes mais protegidas das plantas sendo que uma fêmea faz a postura de até 200 ovos geralmente dispostos em placas hexagonais Figura 7A os ovos inicialmente têm coloração amarelada tornandose rosados quando se aproximam da eclosão Desde ninfas alimentamse por meio da sucção da seiva tanto de folhas como de hastes frutos e grãos 57 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 6 Percevejoverdepequeno à esquerda e percevejoverde à direita Fonte University of Florida 2017 Já o percevejo Piezodorus guildinii é conhecido como percevejoverdepequeno por ser menor que N viridula Figura 6 Os adultos têm aproximadamente 10 mm de comprimento e cor verdeclara Os ovos são pretos e a maneira como as fêmeas ovipositam é bem característica formando uma fileira dupla Figura 7B com 13 a 32 ovos A postura ocorre normalmente nas vagens algumas vezes nas folhas As ninfas de P guildinii possuem um abdome volumoso de coloração amareloavermelhada com manchas escuras Figura 7 Postura de ovos de N viridula A e de P guildinii Fonte A HoffmannCampo et al 2000 e B Uni versity of Florida 2017 Como esses percevejos se alimentam da seiva da planta uma alta infestação pode ser um fator limitante para a produção de soja ou outras culturas como o feijão o arroz e o algodão Eles injetam toxinas que causam a retenção foliar condição conhecida como soja louca quando não ocorre a queda natural das folhas e a colheita mecânica é prejudicada Quando os percevejos atacam as vagens elas ficam marrons e chochas e o prejuízo pode chegar a 30 Além disso podem surgir manchas nos grãos já formados essas manchas são causadas pelo fungo chamado Nematospora corylii e são chamadas de mancha fermento ou mancha de levedura O teor de óleo e proteína desses grãos é reduzido e eles perdem o valor comercial 58 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 225 Cigarrinhadasraízes Cercopidae Mahanarva fimbriolata Nessa espécie bastante comum na cultura da canadeaçúcar o inseto adulto macho tem cerca de 13 mm de comprimento por 65 mm de largura apresenta coloração vermelha com faixas pretas nas tégminas Figura 8 à esquerda As fêmeas possuem tégminas mais escuras e apresentam uma cor marromavermelhada Figura 8 à direita A postura é realizada em bainhas secas ou sobre o solo sempre próxima ao colmo da planta Quando eclodem as ninfas se aproximam e se fixam às raízes para se alimentar por meio da sucção da seiva É possível identificar a presença das ninfas de M fimbriolata devido à presença de uma espuma esbranquiçada essa espuma é produzida pelas próprias ninfas para servir de proteção Após a finalização das ecdises emergem as cigarrinhas dotadas de asas que passam a viver na parte aérea da planta sugando então os colmos das plantas O ciclo de vida da cigarrinha das raízes é de 30 a 40 dias Figura 8 Macho e fêmea de M fimbriolata A e espuma produzida pelas ninfas B Fonte Embrapa 2020c Outras gramíneas são também hospedeiras de M fimbriolata e a densidade populacional dessa praga está correlacionada positivamente com a temperatura do solo e a disponibilidade de água Com relação aos danos são os insetos adultos que mais prejudicam a cultura ao se alimentarem eles injetam toxinas que provocam a queima das folhas Além disso provocam perda de peso e de açúcar o que representa um grave problema para a indústria 59 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 226 Cigarrinhadomilho Cicadellidae Dalbulus maidis A cigarrinhadomilho Dalbulus maidis é um inseto pequeno de 3 a 4 mm de comprimento de coloração amarelopálida asas transparentes apresenta duas pontuações pretas na região dorsal da cabeça Figura 9 Enquanto ninfa essa espécie vive abrigada no interior do cartucho do milho Essa é considerada uma praga de importância indireta pois apesar de ser um inseto sugador o maior prejuízo é causado pela transmissão dos patógenos espiroplasmas e fitoplasmas que provocam uma doença chamada enfezamento do milho Figura 9 D maidis em folhas de milho Fonte Embrapa 2017a O enfezamento pode ser do tipo pálido ou vermelho e pode ser detectado pela descoloração das bordas das folhas que ficam amareladas ou avermelhadas Com frequência também ocorre redução no porte da planta os internódios sofrem um encurtamento e as espigas diminuem de tamanho 60 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 23 Hymenoptera 231 FormigasCortadeiras Formicidae Atta sp e Acromyrmex sp As formigascortadeiras cortam e transportam vegetais diversos para dentro de seus ninhos para a produção de fungos da Ordem Agaricales que serve de alimento para as formas jovens e adultas Os mais conhecidos representantes desse grupo são as conhecidas saúvas gênero Atta e quenquéns gênero Acromyrmex Figura 9 Figura 10 Soldado de Atta sexdens saúva limão A e de Acromyrmex sp quenquém B Fonte Campos e Zor zenon 2020 As formigascortadeiras são insetos sociais que vivem em um sistema de castas reprodutoras e não reprodutoras e em colônias permanentes Elas são insetos mastigadores e holometábolos ovolarvapupaadulto São consideradas uma das principais pragas que causam danos às culturas pois atacam de forma intensa e constante em qualquer estádio de desenvolvimento da planta cortando suas folhas e carregandoas para o interior dos ninhos localizados no interior do solo Devido à desfolha que ocorre no ataque das formigas a planta tem como consequência a redução do crescimento Também pode ocorrer uma alteração no processo reprodutivo devido ao corte das flores e consequentemente alteração na produção de frutos 61 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 24 Lepidoptera 241 Lagartadaespiga Noctuidae Helicoverpa zea A mariposa forma adulta da Helicoverpa zea coloca seus ovos nos estiloestigmas cabelo do milho Figuras 11A e 11B No entanto a praga pode também colocar os ovos nas folhas de plantas ainda em estádios vegetativos de desenvolvimento Em um período de três a quatro dias ocorre a eclosão das lagartas que se alimentam inicialmente do estiloestigma e dos grãos em formação depois das folhas e dos botões florais jovens No fim do período de larvas as lagartas saem da espiga e vão para o solo passando para a fase de pupa O período larval dura de 13 a 28 dias e o período de pupa leva de 10 a 15 dias Condições de umidade contribuem para o crescimento populacional do inseto O ciclo total da praga ocorre em cerca de 40 a 45 dias Figura 11 Fase larval lagarta A e inseto adulto mariposa B de Helicoverpa zea Fonte A Wikimedia 2009 e B Wikimedia 2011 Na cultura do milho a praga ocasiona uma redução da fertilidade e do peso dos grãos deixando falhas em toda a espiga Os grãos mais novos são atacados ficando com orifícios que facilitam a penetração de microrganismos que podem causar podridões Já o ataque em outras culturas pode causar diversas injúrias como frutos brocados destruição de mudas alimentação dentro da coroa da planta causando buracos na nervura central abertura de pequenos orifícios na extremidade da flor e ainda falhas na produção de grãos 62 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 242 Lagartadocartucho Noctuidae Spodoptera frugiperda Essa espécie também chamada de lagartamilitar Figura 12 pode afetar inúmeras culturas dentre elas hortaliças em geral plantas ornamentais amendoim arroz batata mandioca maracujá morango soja sorgo trigo algodão e milho A mariposa inseto adulto possui hábito noturno e pode colocar aproximadamente 100 ovos na parte de cima da folha das plantas As lagartas recémeclodidas alimentamse da própria casca do ovo depois permanecem em repouso entre 2 e 10 horas Preferencialmente essas lagartas se alimentam de folhas novas e normalmente é encontrada apenas uma lagarta por planta por serem canibais As larvas trocam de pele sete vezes e na última ecdise deixam o cartucho entram no solo a uma profundidade de 05 cm e então se transformam em pupas Essa fase de pupa dura aproximadamente 11 dias nas épocas mais quentes do ano O adulto vive em torno de 12 dias sendo o seu ciclo completo de pouco mais de 30 dias Figura 12 Lagartadocartucho Fonte Agro Link 2019a A planta atacada fica com as folhas raspadas e perfuradas a lagarta destrói o cartucho e deixa as espigas danificadas É possível visualizar excreções deixadas pelas lagartas o que reduz a área foliar das plantas As injúrias causadas pelo inseto favorecem o ataque de patógenos Outro sintoma observado é o de coração morto causado pela perfuração da base da planta A principal parte atacada da planta é o cartucho elas o destroem principalmente na fase próxima do florescimento 63 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 243 Lagartadasoja Noctuidae Anticarsia gemmatalis Apesar do nome comum essa espécie Figura 13A ataca inúmeras culturas além da soja pastagens algodão feijão amendoim milho trigo arroz canadeaçúcar mandioca maracujá dentre outras A mariposa mede 40 mm de envergadura e apresenta coloração pardoacinzentada Figura 13B com uma característica bastante útil na identificação em posição de repouso as asas anteriores cobrem o corpo e observase claramente uma linha mediana que inicia na asa anterior e continua na asa posterior Durante o dia se você quiser encontrar uma dessas mariposas precisa procurar nas áreas sombreadas na base das plantas A fêmea normalmente deposita os ovos esverdeados na face inferior das folhas e após cinco dias ocorre a eclosão e as lagartas já começam a se alimentar das folhas A partir daí o crescimento é rápido e elas podem alcançar até 30 mm de comprimento A cor das lagartas varia verde pardoavermelhada e até preta e estão presentes três listras brancas que percorrem longitudinalmente o dorso delas Uma característica que ajuda a distinguir a espécie na fase de lagarta é a presença de cinco pares de falsas pernas quatro na região do abdômen e um na região anal o que faz com que elas se locomovam medindo palmos com grande agilidade nos ínstares iniciais No solo na região mais superficial ocorre a transformação em pupa e cerca de sete dias depois emerge o inseto adulto mariposa Figura 13 Anticarsia gemmatalis a lagartadasoja na fase de lagarta forma escura 8A e mariposa adulta 8B Fonte Moscardi et al 2012 O ataque das lagartas às folhas se intensifica à medida que elas crescem enquanto são pequenas elas raspam as folhas causando pequenas manchas claras as maiores são capazes de destruir completamente as folhas chegando a comer inclusive as hastes mais finas da planta Para completar o seu desenvolvimento A gemmatalis chega a consumir cerca de 90 cm2 de folhas destacandose como uma das piores pragas desfolhadoras na cultura da soja 64 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 244 Brocadacana Crambidae Diatraea saccharalis Diatraea saccharalis recebe esse nome comum por se destacar como pragachave no cultivo da canadeaçúcar mas ela também ataca outras gramíneas como o milho As fêmeas fecundadas ovipositam preferencialmente na face dorsal das folhas da cana um número que varia entre 5 a 50 ovos Dentro de 4 a 9 dias as lagartas eclodem e iniciam a sua alimentação pelas folhas passando em seguida para a bainha e depois perfurando o colmo abrindo galerias de baixo para cima Por volta dos 40 dias quando completam o desenvolvimento as lagartas de D saccharalis atingem até 25 mm de comprimento e apresentam uma coloração marrom na região da cabeça com o restante do corpo em tons de amarelopálido Figura 14A Enquanto se preparam para empupar as lagartas produzem um orifício para o exterior que fecham com fios de seda e serragem e logo formam a pupa Depois de 9 a 14 dias emerge a mariposa 14B saindo pelo orifício feito anteriormente no colmo da planta A mariposa tem 25 mm de envergadura possui as asas anteriores de coloração amarelopalha e asas posteriores esbranquiçadas O ciclo de vida se completa em dois meses aproximadamente Com condições climáticas ótimas pode haver até cinco gerações por ano de D saccharalis Figura 14 Lagarta A e adultos B da brocadacana D saccharalis Fonte Embrapa 2015 Os prejuízos causados pelas lagartas decorrem da abertura das galerias que provocam a perda de peso e a morte das gemas gerando falhas no processo de germinação O ataque pode causar tombamento da cana pelo vento caso as brocas produzam galerias circulares no colmo seccionandoo A doença conhecida por coraçãomorto secamento dos ponteiros o enraizamento aéreo e brotações laterais podem surgir como consequência do ataque da praga Além disso há danos indiretos causados pela broca os fungos Colletotrichum falcatum e Fusarium moniliforme podem penetrar pelas galerias causando a podridão vermelha do colmo Esses fungos invertem a sacarose causando uma diminuição da pureza do caldo consequentemente diminui se o rendimento em açúcar e álcool Quando se trata de cana destinada à produção de álcool esses fungos contaminam o caldo e concorrem com as leveduras no processo de fermentação alcoólica 65 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 245 Bichomineiro Lyonetiidae Leucoptera coffeella O bichomineiro recebe esse nome porque na fase larval do seu ciclo de vida os insetos se alimentam do mesófilo das folhas formando as minas ou galerias 15A A África é apontada como a origem de L coffeella que teria chegado ao Brasil em 1850 Hoje essa praga está disseminada em todas as partes do mundo onde o café é cultivado A forma adulta do bichomineiro é praticamente uma micromariposa branca são apenas 65 mm de envergadura Essa espécie se torna mais ativa ao fim do dia quando saem da face inferior das folhas do café Após o acasalamento os ovos são colocados na face superior das folhas cerca de 7 ovos por noite podendo chegar a 60 ovos durante toda a vida da fêmea A eclosão das lagartinhas leva em torno de 5 até 21 dias para acontecer dependendo das condições climáticas Ao eclodir elas penetram diretamente no mesófilo provocando a destruição do parênquima Figura 14B As áreas destruídas das folhas se tornam gradualmente secas até ficarem facilmente destacáveis É possível e até bem comum encontrar um alto número de lagartas em uma mesma folha Figura 15 Danos causados nas folhas A larvas do bichomineiro B e pupa em forma de X Fonte CVI 2016a As larvas permanecem ativas por um período que também varia bastante entre 9 e 40 dias Após isso as lagartas saem de dentro das folhas migrando para a face inferior onde elas tecem um fio de seda que utilizam para descer até a saia do cafeeiro o terço inferior da planta Ali cada lagarta constrói o seu casulo e se transforma em pupa O casulo dessa espécie é bem característico em formato de X como você pode observar na Figura 14C Depois de um período pupal que pode variar de 5 a 26 dias surgem as mariposinhas O número de gerações de bicho mineiro pode variar de 8 a 12 por ano Como as folhas são destruídas e chegam a cair as plantas têm a sua capacidade fotossintética reduzida Na parte mais alta da planta é onde se observam melhor os sintomas e infestações intensas provocam grande desfolhamento Para o controle dessa e das demais pragas que foram apresentadas nesta unidade são utilizados diferentes métodos em associação em busca de atingir o máximo de sucesso possível que consiste na redução da população do insetopraga Aqui não apresentamos os métodos mais indicados de controle porque em realidade não existe uma receita pronta para controlar cada praga Na Unidade IV você vai aprender mais sobre o manejo de pragas e as diferentes técnicas que podem ser empregadas 66 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3 TÉCNICAS DE COLETA DE INSETOS A coleta de insetos tem como objetivo aprender mais sobre eles bem como montar coleções e preserválos Esses seres possuem a vantagem de que quase não existem restrições quanto à sua coleta diferentemente de outros animais e plantas Como esses animais vivem em diversos habitats é possível encontrálos em diversos locais como vegetação rasteira arbustiva ou arbórea em flores frutos e folhas sobre ou sob o solo em grãos armazenados no interior de residências em criação de animais domésticos em material orgânico em decomposição em focos de iluminação pública na água entre diversos outros Para realizar a coleta de insetos o equipamento mais simples que você pode utilizar são suas próprias mãos ou fazêlo com o auxílio de pinças com estas apresentadas na Figura 16 Figura 16 Pinças filatélica superior e de ponta curva inferior Fonte Camargo et al 2015 De maneira geral as técnicas de coleta são divididas em ativas e passivas As técnicas ou métodos ativos são aqueles que requerem a buscaprocura ativa de insetos pelo coletor enquanto os métodos passivos são aqueles nos quais o coletor instala o equipamento de coleta em um determinado local e retorna depois para verificar o que foi coletado Para a coleta de insetos adultos e voadores podemse utilizar armadilhas ou outros instrumentos sobre os quais vamos explicar a seguir 67 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 31 Equipamentos para a Coleta 311 Rede entomológica Também é chamada de puçá possui um cabo de madeira ou outro material leve como alumínio ao qual se prende um aro de metal e um saco de filó ou organza voil com o fundo arredondado Figura 17 É uma boa opção para a captura de insetos em voo como libélulas borboletas e mariposas moscas abelhas vespas cigarras e outros Figura 17 Rede entomológica Fonte Camargo et al 2015 312 Rede de varredura É similar à rede entomológica mas a armação de metal é mais reforçada e reta na extremidade Figura 18 E para o saco que é utilizado empregase um material mais resistente como lona ou outro tecido A forma de utilizála é varrendo a vegetação coletando insetos que estão pousados nas partes superiores das plantas como percevejos e cigarrinhas Figura 18 Rede de varredura Fonte UFG 2009 68 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 313 Armadilha luminosa Esse tipo de armadilha é utilizado para a coleta de insetos com hábitos noturnos Nela a lâmpada deve ser de luz negra incandescente ou fluorescente códigos BL ou BLB Uma variação da armadilha luminosa é a coleta no pano onde se coloca a fonte de luz sobre um pano branco e os insetos atraídos são retirados manualmente Figura 19A Uma outra alternativa bastante utilizada é a armadilha luminosa modelo Luiz de Queiroz Figura 19B adaptada com um coletor que pode ser de voil ou nylon para não danificar os insetos aprisionados Além disso insetos podem ser coletados sob as lâmpadas da iluminação pública ou na iluminação externa de casas ou outros edifícios Figura 19 Dois modelos de armadilha luminosa coleta no pano A e armadilha modelo Luiz de Queiroz Fonte Camargo et al 2015 69 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 314 Bandeja dágua ou prato colorido Pan Trap É feita utilizando uma fôrma ou bandeja e pintando o fundo com uma cor atrativa como o branco amarelo verde etc Figura 20 A fôrma deve ser preenchida com água e umas poucas gotas de detergente que serve para facilitar o afundamento dos insetos que caírem nela e colocada no solo É importante que os insetos que caírem nela não sejam deixados na água por muito tempo para que não fiquem danificados Figura 20 Bandeja dágua Fonte Camargo et al 2015 315 Aspirador entomológico Também chamado de sugador entomológico é usado para capturar insetos pequenos e delicados como formigas moscas brancas pulgões vespinhas etc Consiste em um recipiente cilíndrico de vidro ou plástico cuja tampa de borracha ou cortiça é vazada por dois tubos flexíveis por um deles de extremidade protegida por uma pequena tela o coletor aspira com a boca e pelo outro os insetos são admitidos ao interior do frasco de coleta Figura 21 Figura 21 Aspirador entomológico Fonte Camargo et al 2015 70 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 316 Armadilha de Malaise Ela se parece com uma barraca de camping sendo construída com tela de material sintético Figura 22 Na parte mais alta da armação fica uma gaiola que recebe os insetos coletados É muito usada para coletar moscas abelhas e outros insetos que têm o hábito de subir quando aprisionados Figura 22 Armadilha de Malaise Fonte Camargo et al 2015 71 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 317 Frasco caçamoscas É construído com uma garrafa de tamanho médio com tampa rosqueável nela são feitos furos e a entrada deve ter forma de funil com tamanho suficiente para a entrada de insetos Figura 23 Dentro da garrafa é colocado suco de frutas ou proteína hidrolisada de milho A fermentação da isca atrai os insetos que entram na garrafa e não conseguem mais sair Essa armadilha é bastante indicada para coletar moscasdasfrutas Figura 23 Frasco caçamoscas Fonte Camargo et al 2015 Ao fazer a coleta de insetos para a montagem de insetários devese sempre observar se eles estão em perfeitas condições com patas antenas pernas e asas inteiras E quando for fazer a coleta sempre usar etiquetas contendo o local e a data da coleta Devese ter cuidado também ao coletar os insetos pois eles podem conter substâncias que causem alergias ou até queimaduras 72 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 32 Matança de Insetos Os insetos que foram capturados devem ser mortos o mais rápido possível para evitar que eles fiquem se debatendo na rede ou armadilha o que pode danificar apêndices como antenas pernas asas e outras partes do corpo Existem diferentes técnicas e produtos que podem ser usados para esse fim como o álcool 70 gases tóxicos congelamento e água quente A escolha do método depende do tamanho e do tipo de inseto Insetos pequenos de corpo mole ou delicado podem ser mortos de forma simples apenas colocados em álcool 70 Gases tóxicos também podem ser usados em alguns insetos de tamanho pequeno médio ou grande para isso é preciso preparar um vidro de boca larga e com tampa colocando uma camada de algodão no fundo Um papelão é colocado para cobrir o algodão e um papel absorvente é colocado sobre o papelão Devem ser feitas aberturas nas bordas do papelão para permitir a passagem do gás letal A substância mortífera que pode ser acetato de etila éter etílico ou sulfúrico é colocada de maneira a escorrer pelas laterais do vidro sem molhar a superfície do papelão sendo reposta conforme a necessidade O método que utiliza água quente é indicado para matar lagartas Elas são colocadas vivas na água quente com o fogo desligado por cerca de dois minutos Depois devem ser fixadas para não sofrerem melanização escurecimento Um fixador que é bastante utilizado é o KAAD Imediatamente após serem mortas as larvas são colocadas no KAAD durante 12 a 24 horas e então transferidas para álcool 70 O KAAD é composto por 1 parte de querosene 79 partes de Álcool 96º GL 1 parte de Ácido Acético Glacial e 1 parte de Dioxana Por fim alguns insetos podem ser colocados em frascos de vidro ou tubos de ensaio e colocados no congelador ou freezer doméstico podendo permanecer por até vários dias Para evitar problemas com relação à umidade que não pode ser muito baixa nem muito alta recomendase colocar papel absorvente entre os insetos e o frasco Para compor uma coleção entomológica depois de mortos os insetos devem ser rapidamente montados com o auxílio de alfinetes entomológicos Para cada ordem de insetos existe uma posição determinada para inserção do alfinete e as orientações sobre como devem se posicionar os apêndices A construção dessas coleções é muito importante e tem vários objetivos podendo auxiliar na identificação de espécies estudos morfológicos comparativos ou taxonômicos Para obter mais informações sobre o manejo de insetospraga na agricultura acesse MEDEIROS M A et al Princípios e práticas ecológicas para o ma nejo de insetospraga na agricultura Brasília EmaterDF 2010 44 p Disponível em httpwwwematerdfgovbrwpcontentuplo ads201806praticasinsetospragapdf 73 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA No vídeo Metodologia para coleta de insetos no campo publicado pelo canal da Embrapa você poderá visualizar como os insetos são coletados os cuidados e as recomendações que você precisa seguir para realizar essa prática e aperfeiçoar essa técnica Disponível em httpswwwyoutubecomwatchvqVkkokTzHA Acesso em 23 jan 2020 74 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezadoa alunoa nesta unidade conhecemos quais são os principais insetospragas que atingem as lavouras do nosso país bem como os danos e prejuízos causados por eles Agora você conhece um pouco mais sobre o hábito de vida deles e os sintomas que eles causam nas plantas É importante entender que a produção agrícola promove a retirada das plantas nativas e a introdução de poucas ou apenas de uma espécie de planta cultivada prejudicando o equilíbrio dos ecossistemas Dessa forma essa simplificação concentra grande quantidade de plantas iguais em um mesmo ambiente o que favorece algumas espécies de insetos que delas se alimentam Esses insetos tornamse então abundantes e passam a ser considerados pragas a partir do momento em que começam a acarretar perdas econômicas inaceitáveis na produção Sabendo da importância de se estudar esses seres nesta unidade também foram apresentadas as técnicas de coletas mais utilizadas para captura deles Com relação a isso você pôde conhecer quais são os equipamentos e armadilhas que são usados para esse fim como montálos e as formas mais indicadas para realizar a matança dos insetos para a produção de coleções entomológicas 75 75 WWWUNINGABR U N I D A D E 04 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO 77 1 MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS 78 11 COMPONENTES DO MIP 79 111 DIAGNOSE E AVALIAÇÃO DO AGROECOSSISTEMA 80 112 TOMADA DE DECISÃO 80 113 MÉTODOS DE CONTROLE 83 1131 MÉTODO LEGISLATIVO 84 1132 MÉTODO MECÂNICO 85 1133 MÉTODO FÍSICO 85 1134 MÉTODO CULTURAL 86 1135 MÉTODO COMPORTAMENTAL 87 MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS MECANISMOS DE AÇÃO DOS INSETICIDAS E RESISTÊNCIA DOS INSETOS PROFA DRA ANDREA FLORINDO DAS NEVES ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA 76 WWWUNINGABR 1136 MÉTODO DE RESISTÊNCIA DE PLANTAS 88 1137 MÉTODO BIOLÓGICO 88 11371 ESTRATÉGIAS DE CONTROLE BIOLÓGICO APLICADO 89 1138 MÉTODO QUÍMICO 91 12 MECANISMOS DE AÇÃO DOS INSETICIDAS 92 121 INSETICIDAS QUE ATUAM NO SISTEMA NERVOSO E MUSCULAR 92 122 INSETICIDAS QUE ATUAM NO SISTEMA DIGESTÓRIO 93 123 INSETICIDAS QUE ATUAM NO DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO 94 124 INSETICIDAS QUE ATUAM NA RESPIRAÇÃO CELULAR 94 13 RESISTÊNCIA DE INSETOS A INSETICIDAS 95 CONSIDERAÇÕES FINAIS 97 77 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Olá prezadoa estudante seja bemvindoa à Unidade IV Aqui iniciaremos nossos estudos abordando uma questão importantíssima na Entomologia Agrícola o manejo integrado de pragas conhecido pela sigla MIP Considerando a posição ocupada pelo Brasil como grande exportador de commodities agrícolas e a consequente expansão de monocultivos como a soja estamos gerando impactos aos ecossistemas nativos e aumentando a pressão de seleção de insetospraga Para mantermos a nossa competitividade comercial e produzir com qualidade é necessário produzir de forma sustentável É aí que entra o MIP Como você vai aprender ao longo desta unidade o MIP está relacionado com a adoção de diferentes técnicas com o objetivo de controlar megapopulações de organismospraga ou seja aqueles que apresentam potencial para provocar danos e prejuízos para a agricultura O manejo integrado de pragas surgiu como alternativa para reduzir o uso dos inseticidas químicos já que o controle dos insetospraga costumava ser realizado quase que exclusivamente com produtos químicos e alguns deles rapidamente perdiam a eficácia sobre os insetospraga além de provocarem desequilíbrio ambiental quando se utilizavam produtos não seletivos que matavam também organismos não pragas Nesta unidade você vai aprender sobre os diferentes pilares do MIP como métodos físicos químicos e legislativos assim como o controle biológico que em algumas culturas já é utilizado com sucesso há bastante tempo Para finalizar a unidade vamos abordar os diferentes tipos de inseticidas químicos de acordo com cada mecanismo de ação a questão da resistência dos insetos aos inseticidas e os procedimentos indicados de manejo para evitar ou pelo menos retardar o surgimento da resistência 78 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1 MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS O Manejo Integrado de Pragas MIP consiste em adotar e implementar um conjunto de técnicas ou ações validadas após experiências da comunidade científica que tem como objetivo controlar as pragas No MIP esse controle prioriza alguns fatores como por exemplo a mortalidade natural por meio da adoção de procedimentos que se baseiam em fatores econômicos ecológicos e ambientais Costumase dizer que o MIP é mantido por diversos pilares e esses pilares correspondem a diferentes métodos que podem ser aplicados de maneira integrada para controle das pragas e redução dos danos A Figura 1 apresenta como seria estruturado um programa de manejo integrado sempre lembrando que na base ou seja no início de tudo é preciso ter conhecimento a respeito da situação conhecer as condições ambientais a praga os seus inimigos naturais e outros fatores que forem necessários Figura 1 A base e os pilares do manejo integrado de pragas Fonte A autora As ações dentro do MIP buscam maximizar a eficiência dos métodos de controle reduzindo os efeitos oriundos da utilização excessiva de produtos químicos Nesse sentido é importante destacar a relação entre produtos químicos e a evolução da resistência nos insetos Os organismos vivos são continuamente submetidos a pressões para seleção e é dessa forma que eles se adaptam ao ambiente e evoluem Ou seja perante uma situação nova apenas os organismos capazes de sobreviver a essa determinada mudança irão continuar vivos e se reproduzir gerando novos indivíduos possuidores da mesma habilidade Assim funciona a famosa seleção natural na qual apenas os organismos mais adaptados sobrevivem Quando falamos em insetospraga existem alguns métodos utilizados para controle que apesar de serem eficazes num primeiro momento podem favorecer o surgimento de insetos resistentes a esse determinado método com o passar do tempo 79 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 11 Componentes do MIP A Figura 2 apresenta um fluxograma com os três componentes principais do MIP diagnose tomada de decisão e métodos ou táticas de controle Em seguida cada um desses componentes será abordado para que você compreenda bem os objetivos e as ações de cada um Figura 2 Componentes do MIP Fonte A autora A discussão relacionada à questão da resistência dos insetos aos inseticidas é bastante necessária e tem por objetivo conscientizar produtores e todas as demais pessoas relacionadas às atividades agrícolas sobre os riscos do uso inadequado de produtos fitossanitários para controle de pragas ou de plantas modificadas geneticamente e resistentes a determinadas pragas É preciso evitar procedimentos que possam promover a resistência eou causar outros prejuízos ao meio ambiente e muitos agricultores às vezes não entendem ou até mesmo não sabem quais as consequências das suas ações O MIP é uma prática que vem sendo aplicada em nível mundial com diversos benefícios diminuição dos custos de produção melhoria na qualidade do alimento uma vez que reduz os resíduos de produtos químicos é menos tóxica para as pessoas que trabalham diretamente na agricultura reduz os níveis de contaminação ambiental e preserva os inimigos naturais que vão auxiliar no controle populacional das pragas Para uma propriedade que deseja executar o MIP alguns procedimentos devem ser seguidos de forma rigorosa e em uma sequência específica 80 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 111 Diagnose e avaliação do agroecossistema A primeira etapa recebe o nome de diagnose pois é justamente aqui que buscamos um diagnóstico das condições do campo Aqui precisam ser respondidas várias perguntas dentre elas qual a espécie que está causando o dano Qual o comportamento desses insetos Hábito é diurno ou noturno Como é o ciclo de vida Existem inimigos naturais dessa praga no campo ou eles estão ausentes Como estão as condições climáticas Respondendo a questões como essas poderemos dar seguimento ao MIP Toda essa investigação é necessária para conhecer o ambiente com o qual estamos lidando fatores climáticos fatores sazonais e fenológicos da cultura O clima por exemplo é um fator que afeta a população de pragas pois interfere tanto nos processos fisiológicos das plantas quanto no desenvolvimento dos insetos O clima pode atuar reduzindo ou aumentando a qualidade e a quantidade de alimento disponível em situações de seca as plantas podem sintetizar metabólitos secundários que repelem os insetos fitófagos A chuva é capaz de reduzir populações de determinadas pragas pelo impacto das gotas lavando a superfície da planta e removendo ovos 112 Tomada de decisão Depois de finalizada a etapa de diagnose seguimos no programa do MIP para uma etapa denominada tomada de decisão na qual a decisão será entre realizar alguma medida de controle ou não Aqui existem duas fases diferentes denominadas plano de amostragem e índices para tomada de decisão Para realização do plano de amostragem é preciso dividir a área em talhões uniformes ou seja formar parcelas da área identificar os talhões conhecer as técnicas e unidades amostrais definir qual será o método de caminhamento o número de amostras e qual será a frequência de realização das amostragens PIRES et al 2016 Para realizar as amostragens utilizamse os chamados cadernos de campo que são planilhas específicas para cada cultura e praga Nessas planilhas são registradas diversas informações número do talhão nome de quem está fazendo a avaliação a data de avaliação a técnica utilizada para avaliação a fase fenológica da cultura nome e foto das pragas e dos inimigos naturais e também observações pertinentes como mortalidade e murcha de plantas PIRES et al 2016 Em plantas de café sob condições de estresse hídrico ou deficiência nutricional verificase a diminuição da população de um tipo de cochonilha chamada cochonilhaverde Coccus viridis Na condição oposta com excesso de chuva ocorre a diminuição da população do inseto conhecido como bichomineiro Leucoptera coffeella porque as larvas que vivem nas minas no interior das folhas morrem por afogamento 81 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A planilha de amostragem pode ser do tipo convencional ou sequencial A planilha convencional apresenta um número fixo de amostrastalhão ela requer mais tempo porém é considerada de mais fácil execução A utilização da planilha convencional permite duas decisões controle ou não controle da praga Por sua vez na planilha do tipo sequencial o número de amostras é variável e o valor costuma ser de 30 a 50 menor que o da amostragem convencional a realização da amostragem por planilha sequencial é mais rápida porém possui uma maior dificuldade para execução Além disso a planilha sequencial apresenta três colunas para as opções de controlar a praga continuar amostrando ou não controlar A Figura 3A apresenta um modelo de planilha do tipo convencional e a Figura 3B mostra um modelo de planilha de amostragem sequencial Figura 3 Planilhas de amostragem convencional A e sequencial B Fonte A Adaptado de CorrêaFerreira et al 2013 e B Pires et al 2016 Independentemente do tipo de planilha adotado é preciso que o avaliador tenha perícia técnica seja responsável assíduo e entenda que o trabalho que ele executa na propriedade é de vital importância para o manejo efetivo das pragas A técnica de amostragem consiste nos aparatos ou equipamentos necessários para a sua realização Para escolher esses objetos é preciso considerar a localidade e o comportamento da praga o tamanho e a região da planta onde se encontra a praga ou o inimigo natural Os principais aparatos utilizados são lupas com 20x e 40x de aumento bandejas plásticas brancas panos de batida tecidos brancos e armadilhas contendo atrativos conforme o hábitocomportamento do inseto PIRES et al 2016 Os métodos de amostragem podem ser de contagem direta que envolvem a avaliação direta do número de insetos em determinada unidade amostral por exemplo número de insetosárea da lupa número de insetosplanta número de insetosfolha ou de contagem indireta que define o número de insetosunidade amostral 82 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A divisão da área em talhões corresponde à divisão de grande extensão territorial em áreas relativamente uniformes e menores buscando garantir que o monitoramento ocorra de forma organizada e orientada Normalmente essas áreas já estão divididas nas propriedades para facilitar o manejo e os tratos culturais Outras formas de separação dos talhões também podem ser feitas utilizando por exemplo datas de plantio tipo de cultivar tipos de solo relevo dentre outras Cada talhão precisa ser identificado com placas numéricas e coloridas indicando o número de registro do talhão e se o talhão foi ou não pulverizado Essas características de cada talhão devem ser registradas em planilhas específicas mantidas no escritório da propriedade A realização da amostragem é realizada utilizando a técnica do caminhamento que nada mais é do que caminhar de forma organizada e sistematizada seguindo uma trajetória definida cujos nomes recebem nomes de letras Por exemplo no caso de pragas que se distribuem mais nas bordaduras como o percevejoverde da soja costumase utilizar a técnica do caminhamento em C ou em U já os caminhamentos em X em ziguezague e em espiral são empregados para a amostragem em lavouras não adensadas perenes ou cultivos anuais em lavouras perenes adensadas costumase realizar a amostragem em pontos PIRES et al 2016 Outros pontos importantes a serem considerados são a época de realização da amostragem e a frequência de amostragem A determinação desses fatores requer um conhecimento do período de ocorrência da praga e das condições climáticas que lhe são favoráveis assim como o conhecimento da biologia da pragaalvo e da população dos inimigos naturais presentes no ambiente A frequência de amostragem varia conforme o período quando as condições ambientais são menos favoráveis às pragas a amostragem deve ser realizada uma vez por semana Já na situação contrária em períodos que são mais favoráveis às pragas as amostragens devem ser intensificadas e realizadas duas vezes por semana Assim diminuemse as chances de que a população alcance o nível de dano econômico Finalmente com a realização das amostragens de maneira correta e confiável são estabelecidos os índices que permitem a tomada de decisão é necessária ou não uma intervenção A população da praga será classificada em razão da relação que mantém com as plantas hospedeiras no campo e a partir disso se estabelecem o ponto de equilíbrio PE os níveis de controle NC e de dano econômico NDE O PE é uma situação na qual o nível populacional da praga não requer a aplicação de métodos de controle ou seja existe a praga ela está se alimentando das plantas mas o número de indivíduos não é grande o suficiente para provocar danos é uma situação de equilíbrio normal na natureza O ponto seguinte já é diferente quando a população atinge o NC é o momento ideal para iniciar a intervenção implementando uma tática de controle Quando esse nível não é detectado e portanto não há intervenção o último ponto é o NDE quando a população da praga está bastante alta e pode causar sérios danos à cultura Conforme você percebeu nos programas de monitoramento de pragas são os planos de amostragem que vão determinar a necessidade ou não da intervenção Apesar de parecer algo trabalhoso essa etapa de avaliação é fundamental afinal o agricultor necessita de subsídios para a sua decisão analisando os aspectos econômicos da cultura e avaliando o custobenefício do controle das pragas Na prática o agricultor vai colocar dois pesos na balança o prejuízo esperado na cultura versus gasto com produtos para o controle Sem essa avaliação o agricultor corre o risco de aumentar o custo de produção com redução do seu lucro É importante ter em mente que o controle fitossanitário não aumenta a produção apenas reduz as perdas PIRES et al 2016 83 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 113 Métodos de controle Os métodos de controle envolvem todo e qualquer procedimento ou tecnologia utilizada com a finalidade de controlar a praga buscando a redução populacional para níveis em que não provoquem dano econômico Aqui vale a pena observar que não falamos em eliminar a praga e sim reduzir os níveis populacionais Para escolher qual método de controle será aplicado são levados em conta diferentes aspectos o econômico afinal qual será o custo do controle Existe a possibilidade de arcar com esse método ou preciso escolher um método que seja mais barato além dos aspectos ecológicos meio ambiente ao redor da área interações com outros organismos e sociais pessoas envolvidas na produção sua cultura e suas expectativas O MIP se destaca justamente por empregar diferentes métodos de manejo que podem ser combinados entre si conforme a necessidade empregando tecnologias menos agressivas aos ecossistemas buscando diminuir ao máximo os efeitos aos organismos não alvos Muitas vezes em busca de controlar uma determinada praga são provocados desequilíbrios que causam novos problemas morte de inimigos naturais surgimento de pragas secundárias resistência dos insetos aos métodos de controle dentre outros A seguir estão apresentadas algumas das principais medidas procedimentos técnicas e ou aparatos que podem ser empregados em programas de manejo integrado de pragas De acordo com a natureza desses métodos eles estão divididos em oito pilares legislativo mecânico físico cultural comportamental de resistência de plantas biológico e químico O plano de amostragem também pode ser realizado de maneira contínua e é pos sível ter informações diárias sobre a densidade populacional das pragas Isso é realizado em diversas culturas como por exemplo na canadeaçúcar para con trole da brocadacana Diatraea saccharalis Quem causa o dano à cultura é a fase larval sendo o adulto uma mariposa de hábitos noturnos Nos talhões são instaladas armadilhas luminosas que atraem os insetos adultos durante a noite Todos os dias os insetos adultos na armadilha são contados e quando o número ultrapassa o limite estabelecido alguma medida de controle é adotada 84 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1131 Método legislativo Esse método como o próprio nome nos indica diz respeito às leis portarias e decretos que estabelecem medidas para impedir a disseminação de organismospraga Podemos considerar portanto que esse é um tipo de medida de controle em caráter preventivo Afinal o melhor controle é sempre a prevenção Entre as medidas estabelecidas por meios legais podemos destacar o serviço quarentenário as medidas obrigatórias e a Lei dos Agrotóxicos Lei 780289 O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento MAPA por meio do setor de Defesa Sanitária Vegetal estabeleceu o serviço quarentenário O objetivo desse programa é fiscalizar as fronteiras do país além de portos e aeroportos para prevenir a entrada de organismos praga oriundos de outros países Neste caso não apenas novas espécies de insetos são impedidas de entrar no país mas também fungos bactérias vírus nematoides ou outros organismos que possam causar danos econômicos A legislação estabelece procedimentos e tratamentos fitossanitários que devem ser aplicados aos materiais importados como por exemplo as técnicas de irradiação fumigação e atmosfera modificada com gás ozônio ou gás carbônico para evitar a entrada das pragas quarentenárias ausentes que não existem no país Além disso existem as pragas quarentenárias presentes estão no país mas com ocorrência restrita a determinadas regiões que requerem uma vigilância e cuidados especiais entre as barreiras dos estados para evitar a sua disseminação Outra ferramenta do método legislativo são as medidas obrigatórias Essas medidas são estabelecidas com o objetivo de obrigar o agricultor por força de lei a executar um determinado procedimento de intervenção visando a controlar as pragas Um exemplo de medida obrigatória é o vazio sanitário que consiste em um período no qual o campo deve ficar limpo sem determinadas espécies vegetais para que assim as pragas dependentes delas não tenham condições de prosperar No Brasil alguns exemplos são o vazio sanitário da soja e do algodão O vazio sanitário do algodão quando todas as plantas devem ser removidas e destruídas tem por objetivo reduzir as populações de pragas sendo a principal delas o bicudodoalgodoeiro Anthonomus grandis uma espécie de besouro causadora de sérios prejuízos ao cultivo já no caso da soja o vazio sanitário tem no mínimo 60 dias variando conforme a legislação de cada estado e o objetivo é reduzir a sobrevivência do fungo causador da ferrugem asiática O agricultor que descumprir as normas não realizar o vazio sanitário ou não respeitar o período dele é multado Como último exemplo dentro do método legislativo não podemos deixar de citar a Lei no 7802 de 11 de julho de 1989 a chamada Lei dos Agrotóxicos Essa lei dispõe sobre vários processos relacionados aos produtos fitossanitários desde o seu desenvolvimento até o descarte final das embalagens 85 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1132 Método mecânico O método mecânico é bastante simples e normalmente aplicável em pequenas áreas Normalmente há duas técnicas principais dentro desse método a retirada direta das pragas das plantas utilizando a mão ou alguma ferramenta apropriada ou colocar algum tipo de barreira que dificulte ou impeça o acesso das pragas às plantas Como exemplos de barreiras podemos citar o cultivo protegido Figura 4A que se caracteriza pelo uso de estufas telados ou casas de vegetação e a colocação de sacos plásticos em frutos Figura 4B Figura 4 Exemplos de métodos mecânicos para o controle de pragas estufa A e ensacamento de frutos B Fonte Embrapa 2017b 2020a 1133 Método físico Dentro do MIP os métodos físicos são aqueles que envolvem modificações físicas nas condições ambientais O objetivo aqui é criar um ambiente desfavorável ao desenvolvimento dos organismospraga auxiliando assim na sua redução populacional Há diversas formas de provocar alterações no ambiente e a escolha do método varia conforme o tipo de propriedade o tamanho o emprego de tecnologia custos etc Alguns agentes de controle empregados são fogo temperatura fontes luminosas som radiação ionizante e atmosfera modificada Vamos aprender um pouco mais sobre cada um deles a Fogo a utilização do fogo como ferramenta para o controle de pragas é um tema que gera polêmica em razão das consequências para o ambiente e demais organismos Com relação à eficácia o fogo consegue destruir mesmo aquelas pragas em estado de dormência eliminando até as espécies mais adaptadas a condições desfavoráveis No entanto a utilização do fogo é recomendada apenas em alguns casos especiais devendo ser feita com autorização dos órgãos competentes em áreas pequenas quando outras medidas não forem aplicáveis 86 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA b Temperatura como todos os organismos possuem uma faixa de temperatura ótima com limites de temperatura para sobrevivência no frio ou calor a manipulação da temperatura é uma prática bastante eficiente no controle das pragas É claro que essa técnica não é aplicável a qualquer lavoura mas um exemplo de destaque na utilização de temperatura para controle de pragas é no período póscolheita para manutenção de grãos armazenados c Fontes luminosas esses aparatos são também conhecidos como armadilhas luminosas e são utilizados tanto para monitoramento das pragas quanto para auxiliar no controle Nesse caso insetos com hábitos noturnos principalmente da Ordem Lepidoptera mariposas e Coleoptera besouros são atraídos pelas fontes luminosas e acabam capturados nas armadilhas d Som o som pode ser uma ferramenta dentre os métodos físicos dependendo da frequência de vibração das ondas sonoras Nós humanos conseguimos ouvir até a frequência de 20000 Hertz acima disso as frequências recebem o nome de ultrassom e já não somos capazes de escutar Outros organismos como os insetos por exemplo são influenciados por ultrassom e podem ser repelidos ou atraídos com a utilização de equipamentos que produzem ultrassom Ondas sonoras maiores que 39000 Hertz podem matar organismos mais sensíveis enquanto outras frequências podem causar alterações comportamentais e Radiação ionizante a radiação ionizante é uma das técnicas mais recentes porém também gera controvérsias uma vez que pode acabar extinguindo determinados organismos A sua utilização promove uma esterilização no local além disso ela pode ser empregada para a obtenção de insetos estéreis f Atmosfera modificada assim como a utilização da temperatura essa prática também é altamente eficaz para evitar a proliferação de pragas em grãos armazenados Consiste em alterar a atmosfera do ambiente com a utilização do gás ozônio ou carbônico causando a morte das pragas 1134 Método cultural Esse tipo de método envolve a manipulação da cultura em si ou seja das plantas que sofrem o ataque das pragas Uma planta com boas condições de hidratação e nutrição pode naturalmente apresentar uma certa tolerância suportando os danos causados pelo ataque das pragas Além disso a utilização de determinadas práticas nas lavouras por si só pode ser capaz de prevenir ou até mesmo controlar surtos populacionais de insetospraga trazendo vantagens ao produtor mantendo a população da praga em níveis mais baixos e utilizandose dos fatores de mortalidade natural para equilibrar as relações entre os organismos envolvidos inseto praga planta hospedeirainimigos naturais PIRES et al 2016 Aqui destacamse as seguintes práticas a Rotação de culturas uma das práticas mais importantes baseiase no fato de que ao mudar a espécie cultivada mudam também as espécies de insetospraga que se alimentam dessa cultura A técnica ajuda na manutenção da densidade populacional das pragas em níveis abaixo do nível de dano econômico Além disso algumas culturas têm maior capacidade de fixar nutrientes no solo auxiliando a nutrição da cultura seguinte 87 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA b Cultivo de diversas espécies baseandose na mesma premissa da rotação de culturas a manutenção de diversas espécies vegetais contribui para uma maior diversidade de insetos que interagem em teias alimentares mais estáveis e complexas reduzindo a ocorrência de surtos de pragas c Plantio direto além de proporcionar mais economia aos produtores o plantio direto evita a perda de nutrientes do solo e não prejudica os organismos benéficos d Culturas barreiras a utilização de culturas barreiras visa à proteção do plantio principal tanto por ser mais atrativa às pragas quanto por auxiliar em uma rápida identificação já no início do ataque pelas pragas Em alguns casos pode auxiliar também na chegada de pragas que são transportadas pelo vento como alguns ácaros e Plantio no limpo essa medida tem prós e contras pois uma área limpa facilita a localização visual de ataques de pragas ainda no início entretanto a retirada das barreiras físicas numa determinada área pode acabar com as áreas de refúgio dos inimigos naturais causando desequilíbrio nas teias alimentares 1135 Método comportamental As técnicas que se baseiam no método comportamental são exemplificadas principalmente pela utilização de armadilhas com feromônios ou com atrativo alimentar Assim os insetos normalmente serão atraídos por força do próprio comportamento Um exemplo de armadilha com feromônio está representada na Figura 5 Nesse caso a partir do feromônio sexual foram produzidos feromônios sintéticos e eles foram colocados no interior da armadilha O inseto é capturado e morre No campo o posicionamento estratégico de armadilhas como essas causa confusão sexual Outras armadilhas podem atrair os insetos com soluções açucaradas Figura 5 Modelo de armadilha de feromônio com mariposas capturadas Fonte Embrapa 2016 88 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1136 Método de resistência de plantas O método de resistência de plantas como o próprio nome indica se baseia na utilização de variedades ou cultivares resistentes com capacidade para suportar os danos causados pelos insetos ou ainda que consigam se recuperar de maneira rápida sem que haja prejuízo na produção A utilização desse método é uma prática bem aceita dentro do MIP por diversos motivos dentre eles podemos destacar não requer conhecimento aprofundado para a sua implementação é de fácil adoção pelo agricultor e exige normalmente os mesmos tratos culturais aplicados para as plantas suscetíveis com o bônus de reduzir a aplicação dos inseticidas químicos As plantas transgênicas aquelas que sofreram modificações genéticas direcionadas nesse caso para resistência aos insetospraga também se encaixam no método de resistência de plantas 1137 Método biológico O método biológico também chamado de controle biológico está relacionado com a utilização de um organismo inimigo natural que seja predador parasitoide ou patógeno sendo que esse organismo tem por hábito consumir parasitar ou causar doenças em outros organismos pragas Dessa forma é possível utilizarse dessa prática para controlar surtos populacionais de insetospraga promovendo a redução dos níveis populacionais Essa técnica pode e deve ser usada em associação com outros métodos do MIP inclusive o controle químico o controle biológico pode ajudar a diminuir o volume de produtos químicos utilizados ou até tornar seu uso desnecessário dependendo da situação Do ponto de vista econômico e ecológico o controle biológico também é altamente preferível O controle biológico de pragas agrícolas é mais recente no Brasil quando comparado com outros países Acreditase que a maior resistência à implementação desses programas está relacionada com aspectos culturais uma vez que os resultados obtidos na utilização de controle químico e biológico são bastante diferentes e os agricultores confiam mais no controle químico já que a resposta costuma ser mais rápida e aparentemente mais eficaz O controle biológico gera resultados mais discretos e quase sempre imperceptíveis As primeiras plantas transgênicas resistentes a insetospraga receberam a denominação de plantas Bt A sigla Bt se refere às iniciais de uma bactéria chamada Bacillus thuringiensis Essa bactéria produz um grupo de proteínas que têm efeito inseticida as proteínas Cry Após o estabelecimento de técnicas que possibilitaram a transgenia genes bacterianos que expressam essas proteínas foram incorporados ao genoma das plantas que então passaram a expressar a proteína Cry causando a morte dos insetos que se alimentavam da planta Atualmente no Brasil temos quatro diferentes culturas com opção de plantas resistentes a insetos soja milho algodão e canadeaçúcar As plantas desenvolvidas mais recentemente normalmente apresentam a inserção de mais de um gene Cry para que uma mesma planta expresse diferentes toxinas a fim de dificultar a questão da seleção da resistência das pragas 89 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para iniciar um programa de controle biológico é preciso planejamento e conhecimento de diversos fatores envolvidos no processo tanto da biologia da praga quando dos inimigos naturais Além disso os profissionais que irão trabalhar na produção de inimigos naturais precisam receber treinamento adequado Uma alternativa interessante para muitos agricultores e empresários é adquirir os inimigos naturais de empresas especializadas e realizar apenas a liberação desses organismos em campo nos períodos mais indicados para que eles atuem nas pragas Existem diversos inimigos naturais que são específicos para determinadas pragas tornando a prática ainda mais eficiente e segura Nos dias atuais o controle biológico assume um papel cada vez mais importante em programas de MIP principalmente no cenário atual que evidencia a necessidade de uma produção integrada à sustentabilidade 11371 Estratégias de controle biológico aplicado O controle biológico aplicado é aquele no qual existe a interferência humana com o objetivo de utilizarse as interações entre os insetospraga e seus inimigos naturais para auxiliar no controle de pragas agrícolas Nesse sentido podemos identificar três estratégias por meio das quais o homem pode manejar os inimigos naturais para auxiliarem a diminuir a população de uma determinada praga para que o número de indivíduos se mantenha abaixo do nível de dano econômico Essas estratégias são o controle biológico clássico o controle biológico aumentativo ou por incrementação e o controle biológico por conservação Controle Biológico Clássico Essa estratégia de controle implica a importação de agentes de controle biológico provenientes da mesma região de origem da praga que pode ser um outro país ou uma outra região O primeiro caso de sucesso dessa estratégia de controle é o da joaninha Rodolia cardinalis Coleoptera Coccinellidae nativa da Austrália que foi importada pelos EUA em 1888 para controlar a cochonilha dos citros Icerya purchasi Hemiptera Monophlebidae Figura 6 foram liberados apenas 140 adultos de R cardinalis e em menos de dois anos a praga estava sob controle No Brasil o primeiro caso de controle biológico clássico é do ano de 1921 O micro himenóptero uma espécie de vespinha Prospaltella berlesi foi introduzido para o controle da cochonilha branca da amoreira Pseudoaulacaspis pentagona Considerando que essa modalidade de controle envolve a introdução de espécies exóticas consequentemente ela envolve alguns riscos Assim existem regulamentos para a introdução de espécies exóticas que precisam ser obedecidos para implantação dessa estratégia Apenas um laboratório brasileiro é credenciado pelo MAPA para realizar a introdução de inimigos naturais para controle de pragas ou fins científicos é o Laboratório de Quarentena Costa Lima situado na Embrapa Meio Ambiente em Jaguariúna São Paulo 90 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 6 A joaninha Rodolia cardinalis predadora da cochonilha dos citros Fonte Lotz 2007 Controle Biológico Aumentativo ou por Incrementação Essa modalidade do controle biológico envolve a criação produção ou multiplicação massal do inimigo natural em laboratório utilizando para isso dietas artificiais ou um hospedeiro que pode ser a própria pragaalvo ou uma espécie alternativa Após a multiplicação os inimigos naturais são liberados no campo no momento adequado considerando a biologia na interação de ambas as espécies visando a atingir a praga num momento em que ela esteja mais suscetível Um exemplo de sucesso dessa estratégia aqui no Brasil envolve uma espécie de vespinha parasitoide a Cotesia flavipes Hymenoptera Braconidae e a brocadacanadeaçúcar Diatraea saccharalis Lepidoptera Crambidae A vespa deposita seus ovos no corpo da brocadacana Figura 8 e quando as larvas eclodem crescem e se alimentam no interior da lagarta provocando a sua morte Outro exemplo bemsucedido dessa técnica aqui no Brasil é a utilização de um vírus chamado Baculovirus anticarsia para controle da lagarta da soja Anticarsia gemmatalis Lepidoptera Noctuidae O vírus é aplicado na lavoura e ao se alimentarem das folhas as lagartas ingerem o vírus e morrem Figura 7 Adulto de Cotesia flavipes atacando uma lagarta Fonte Embrapa 2020b 91 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A técnica de controle biológico aumentativo tem sido bem aceita nos programas de controle de pragas pois os resultados obtidos muitas vezes são comparáveis ao uso de inseticidas convencionais pela rápida ação dos inimigos naturais em campo Controle Biológico por Conservação A terceira e última estratégia de controle biológico também chamada de controle biológico natural é aquela que trabalha com a manutenção dos inimigos naturais favorecendo e fornecendo condições de sobrevivência e reprodução para que assim naturalmente sua população aumente e consequentemente a efetividade também Para isso essa estratégia realiza o manejo do habitat também chamado de manipulação ambiental Diversos pesquisadores da área afirmam que a maneira mais indicada para favorecer a atividade dos inimigos naturais é a criação de sistemas agrícolas diversificados Segundo a Hipótese dos inimigos naturais quanto mais diverso um hábitat mais recursos estarão disponíveis tanto alimentares quanto de refúgio ou hibernação 1138 Método químico De todos os métodos que estudamos até agora o método químico é o mais utilizado e difundido além de apresentar os resultados mais rápidos Esse método envolve a utilização de produtos fitossanitários como inseticidas larvicidas acaricidas e compostos reguladores de crescimento com a finalidade de reduzir os danos causados por organismospraga Os inseticidas normalmente agem sobre os organismos vivos bloqueando algum processo fisiológico bioquímico Os primeiros inseticidas desenvolvidos e ainda hoje mais utilizados são aqueles que têm como alvo o sistema nervoso dos insetos neurotóxicos uma vez que apresentam uma alta eficácia e uma rápida resposta no controle de pragas Existem diferentes formulações de produtos químicos elaboradas com o objetivo de atuar no controle de pragas A essas formulações normalmente são adicionados outros compostos que podem ser aditivos buscando ampliar o efeito da molécula principal adjuvantes que são veículos do ingrediente ativo além de agentes molhantes e espalhantes Além disso existem diferentes formas de preparação e aplicação desses produtos sendo algumas delas pó seco pó solúvel granulados concentrados emulsionáveis soluções concentradas gasosos aerossóis suspensão líquida pastagel Além das diferentes formulações existem também diferenças no caminho dos inseticidas ou seja diferentes formas pelas quais eles alcançam os insetos Nesse contexto os inseticidas também recebem diferentes classificações conforme está detalhado a seguir na literatura você pode encontrar essa classificação como modos de ação aqui evitamos essa nomenclatura para não causar confusão com os diferentes mecanismos de ação que você vai estudar no tópico 12 Mecanismos de ação dos inseticidas Ingestão quando o inseticida penetra no organismo por via oral e ocorre a absorção no intestino dos insetos Contato quando a ação do inseticida decorre da absorção pelo tegumento ou seja por um simples contato entre o inseto e uma superfície tratada o inseticida penetra na epicutícula e vai sendo conduzido através do tegumento Fumigação quando o inseticida é de formulação gasosa e penetra através dos espiráculos do inseto alcançando as vias respiratórias Profundidade ou com ação translaminar quando o inseticida permeia o órgão vegetal como a folha por exemplo e atinge os insetos que costumam estar nesse local como larvas minadoras Sistêmico quando o inseticida é absorvido pela planta independentemente do local onde foi aplicado inicialmente ele é incorporado à seiva da planta e circula por todas as partes do vegetal 92 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Um ponto que merece atenção quando falamos em inseticidas é a questão da seletividade Sabemos que o número de insetos na natureza é imenso e apenas uma pequena parte dessas espécies tem o potencial ou efetivamente se converte em pragas agrícolas Nesse sentido como realizar o manejo das pragas minimizando os riscos às demais espécies Muitas espécies de insetos como as abelhas e os inimigos naturais são extremamente importantes para o equilíbrio dos ecossistemas Existem duas maneiras de buscar a seletividade a ecológica e a fisiológica A seletividade ecológica envolve a forma de utilização dos inseticidas buscando minimizar a exposição dos inimigos naturais aos inseticidas isso pode ser feito por exemplo realizando as aplicações em horários nos quais as temperaturas são mais amenas visto que ocorre uma menor movimentação de inimigos naturais e outros organismos A seletividade fisiológica por sua vez ocorre na escolha do inseticida a ser utilizado buscando trabalhar com aqueles que sejam mais tóxicos às pragas e possuam baixa toxicidade para os inimigos naturais A Organização Internacional de Controle Biológico desenvolveu metodologias para avaliar a seletividade fisiológica de inseticidas aos inimigos naturais e estabeleceu uma classificação em quatro grupos classe 1 inócuos classe 2 levemente nocivos classe 3 moderadamente nocivos e classe 4 nocivos PIRES et al 2016 12 Mecanismos de Ação dos Inseticidas Os inseticidas possuem diferentes alvos nos insetospraga pois eles podem agir em diferentes processos bioquímicos e fisiológicos isso é o mesmo que dizer que os inseticidas possuem diferentes mecanismos de ação Em campo a rotação de inseticidas com diferentes mecanismos de ação é fundamental para a eficácia do programa de manejo de pragas essa estratégia dificulta a seleção de indivíduos resistentes presentes nas populações da praga A seguir vamos conhecer alguns dos principais mecanismos de ação de inseticidas disponíveis no mercado separados em quatro grupos diferentes conforme o alvo de cada um Você vai se deparar com dois termos novos agonistas e antagonistas Os compostos chamados de agonistas são aqueles que simulam imitam a ação de um outro composto enquanto os compostos antagonistas são aqueles que atuam de maneira contrária à ação de um outro composto 121 Inseticidas que atuam no sistema nervoso e muscular Inibidores da acetilcolinesterase esses inseticidas são compostos por moléculas capazes de se ligar à enzima acetilcolinesterase e inibir a sua atividade como consequência a acetilcolina que é um neurotransmissor excitatório não é degradada o que seria o caminho natural e isso provoca a passagem excessiva de impulsos levando o sistema nervoso dos insetos ao colapso Organofosforados como o malation clorpirifós triazofos acefato dentre outros e carbamatos metomil tiodicarb aldicarb etc são exemplos desse grupo Antagonistas de canais de cloro mediados pelo GABA inseticidas com esse mecanismo de ação antagonizam a ação do GABA ácido gamaaminobutírico que é um inibidor neurossináptico A consequência aqui novamente é uma hiperexcitabilidade do sistema nervoso central dos insetos Os inseticidas do grupo dos ciclodienos como endosulfan e lindane e fenilpirazois fipronil pertencem a esse grupo 93 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Moduladores de canais de sódio para que ocorra a transmissão elétrica o impulso nervoso deve existir uma diferença de potencial na membrana do axônio gerada por ação da bomba de sódio e potássio Os inseticidas desse grupo agem afetando a formação dessa bomba ocasionando uma entrada excessiva de sódio no neurônio e provocando uma hiperexcitabilidade no inseto Os piretroides como a bifentrina e o DDT são exemplos desse grupo Agonistas da acetilcolina a acetilcolina é um neurotransmissor excitatório e esse tipo de inseticida imita os efeitos da acetilcolina Contudo as moléculas do inseticida não são degradadas pela acetilcolinesterase promovendo uma super excitação do sistema nervoso dos insetos A nicotina assim como os inseticidas do grupo dos neonicotinoides imidacloprida e acetamiprida e spinosinas spinosad atuam como agonistas da acetilcolina Antagonistas da acetilcolina atuam nos receptores nicotínicos da acetilcolina que são canais iônicos na membrana plasmática de algumas células Os antagonistas da acetilcolina competem por esses receptores com a acetilcolina podendo bloquear esses receptores interrompendo a transmissão do impulso nervoso e paralisando o inseto rapidamente O inseticida Cartap é um exemplo que atua dessa forma Agonistas do GABA conforme citado anteriormente o ácido gamaaminobutírico GABA é um neurotransmissor inibitório As moléculas dos inseticidas agonistas do GABA são capazes de imitar a ação dele causando uma super inibição do sistema nervoso central As avermectinas abamectin e milbemicinas atuam dessa forma Bloqueadores de canais de sódio esse tipo de inseticida provoca o fechamento dos canais de sódio impedindo que esses íons entrem nos neurônios dos insetos Isso provoca uma paralisia devido à interrupção do impulso nervoso As oxadiazinas indoxacarb são um exemplo de inseticida com esse tipo de mecanismo de ação Moduladores de receptores de rianodina o cálcio é extremamente necessário para que ocorra a contração muscular e os receptores de rianodina são canais especializados na liberação controlada de cálcio no interior da célula Os inseticidas desse grupo considerados mais recentes em relação aos demais mecanismos de ação se ligam a esses receptores e provocam uma liberação descontrolada e o esgotamento do cálcio interno impedindo que ocorram novas contrações e provocando paralisia nos insetos os músculos alares do coração também são paralisados o que leva o inseto à morte Um exemplo aqui são as diamidas Bloqueadores seletivos da alimentação os inseticidas dessa classe que foram inicialmente desenvolvidos para controlar insetos sugadores atuam no comportamento alimentar dos insetos pois causam um bloqueio neural do aparelho sugador Como não conseguem se alimentar poucos dias após a aplicação ocorre a morte dos insetos por inanição A pimetrozina é um exemplo desse grupo 122 Inseticidas que atuam no sistema digestório Disruptores microbianos da membrana do mesêntero o mesêntero é a região mediana do intestino dos insetos Os inseticidas que atuam dessa forma contêm toxinas de origem microbiana que são ingeridas pelos insetos no momento em que se alimentam da planta tratada Ao chegarem ao mesêntero essas toxinas se ligam a receptores específicos da membrana desse órgão e provocam a paralisação do alimento Em seguida ocorre o rompimento das células que formam a parede do mesêntero e as toxinas atingem a cavidade do corpo dos insetos levandoos à morte Um exemplo desse grupo são os inseticidas BT também chamados de bioinseticidas ou inseticidas microbiológicos que contêm bactérias da espécie Bacillus thuringiensis 94 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 123 Inseticidas que atuam no desenvolvimento e crescimento Esses inseticidas também são conhecidos como reguladores de crescimento dos insetos ou ainda como inseticidas fisiológicos embora o termo fisiológicos não seja tão adequado uma vez que outros inseticidas como os neurotóxicos e os inibidores da respiração celular também agem sobre processos fisiológicos do inseto Para que você compreenda o modo de ação dos inseticidas dessa classe é interessante relembrar o conteúdo da Unidade I no que se refere ao tegumento do inseto e da Unidade II na parte dos hormônios relacionados à metamorfose e à ecdise A seguir alguns dos diferentes mecanismos de ação dos inseticidas que atuam no crescimento e desenvolvimento Agonistas do hormônio juvenil também chamados de juvenoides devido à sua semelhança estrutural e funcional com o hormônio juvenil dos insetos Sua aplicação provoca o desenvolvimento anormal dos insetos uma vez que as larvas afetadas não se transformam em pupas Os agonistas do hormônio juvenil também podem interferir na reprodução inibindo o desenvolvimento dos ovos Alguns exemplos são metoprene fenoxicarb e piriproxifen Inibidores da síntese de quitina a quitina aquele polissacarídeo que você conheceu na Unidade I presente na cutícula dos insetos está associada com proteínas conferindo dureza e resistência ao exoesqueleto dos insetos assim como no exoesqueleto dos demais artrópodes Essa classe de inseticidas atua inibindo a produção de quitina como consequência quando ocorre a ecdise a nova cutícula formada é frágil incapaz de suportar a pressão interna e o corpo do inseto As benzoilfenilureias como diflubenzuron flufenoxuron triflumuron e novaluron são os principais representantes desse grupo de inseticidas Antagonistas do hormônio juvenil conhecidos como antijuvenoides porque apresentam ação contrária à do hormônio juvenil Os inseticidas desse grupo causam injúria à glândula responsável pela secreção do hormônio juvenil A allatostatina e gonadotropina são exemplos de antijuvenoides pois competem por receptores do hormônio juvenil além do butóxido de piperonila que age interferindo na síntese desse hormônio Agonistas da ecdisona esses inseticidas imitam a ação do hormônio ecdisona que está envolvido no processo de ecdise dos insetos A aplicação desses compostos pode desencadear o processo de ecdise de forma prematura causando a morte dos insetos Os produtos do grupo das diacilhidrazinas como tebufenozide e metoxifenozide atuam dessa forma 124 Inseticidas que atuam na respiração celular Assim como nos demais seres vivos nas células dos insetos a energia ATP é produzida principalmente em um processo de ocorre nas mitocôndrias chamado cadeia de transporte de elétrons pela oxidação de carboidratos lipídeos e proteínas Logo inseticidas que atuam na respiração celular têm a mitocôndria como o principal sítio de ação São divididos em três grupos principais Inibidores do transporte de elétrons um exemplo desse grupo é a rotenona que age primariamente inibindo a enzima NADH oxidoredutase da cadeia respiratória Isso acarreta uma diminuição nos batimentos cardíacos e movimentos respiratórios reduzindo o consumo de oxigênio Outros exemplos desse grupos são fenazaquin piridaben fenpiroximate dentre outros 95 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Inibidores da síntese do ATP inseticidas que inibem a fosforilação oxidativa um dos processos da respiração celular O processo de transporte de elétrons não é afetado mas não ocorre formação de ATP Os dinitrofenóis como DNOC binapacril dinocap e organoestânicos óxido de fenbutatin cihexatin atuam dessa forma Inibidores da ATPase a ATPase é a enzima que catalisa a degradação de ATP em ADP liberando energia Os inseticidas que a inibem como o propargite e o diafentiuron interferem na respiração celular 13 Resistência de Insetos a Inseticidas A resistência envolve a capacidade do organismo em suportar doses de tóxicos que normalmente seriam letais O processo que determina o desenvolvimento da resistência é a pressão contínua de seleção Trazendo isso para o nosso contexto essa pressão é exercida pelo uso frequente de um determinado inseticida ou ainda de inseticidas diferentes mas com o mesmo mecanismo de ação Na prática acontece o seguinte numa população de insetospraga temos uma variabilidade genética natural ocorrendo alguns indivíduos que não são afetados ou que toleram a ação de um determinado inseticida Quando se realiza a aplicação constante de um mesmo produto químico ocorre um aumento na frequência relativa desses indivíduos préadaptados presentes em uma população já que os não adaptados foram eliminados Em um determinado momento aquele produto químico terá sua eficácia comprometida pois a população estará composta basicamente de insetos resistentes No caso das plantas geneticamente modificadas e resistentes aos insetos também se observam casos de resistência que implicam a necessidade de desenvolvimento de novas cultivares capazes de expressar toxinas diferentes Para preservar a eficácia da tecnologia Bt as lavouras devem possuir uma área chamada de refúgio Segundo o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento MAPA em sua página na internet o refúgio é uma área cultivada com plantas não Bt da mesma espécie em lavouras de soja milho ou algodão Bt Essa área tem como função produzir insetos suscetíveis às proteínas inseticidas que irão se acasalar com os insetos resistentes provenientes das áreas Bt gerando novos indivíduos suscetíveis à tecnologia O objetivo de manter uma população de pragas vulneráveis ao efeito inseticida da variedade transgênica é preservar os benefícios da tecnologia Todos os agricultores que utilizam tecnologia Bt precisam adotar o refúgio pois as pragasalvo podem migrar para áreas vizinhas Portanto um plano eficiente de MRI Manejo da Resistência dos Insetos deve ser implementado em âmbito regional A sustentabilidade da tecnologia depende do manejo adequado de cada propriedade BRASIL 2020 A eficácia dos programas de manejo da resistência é maior quando a implementação é feita de modo preventivo já no início da evolução da resistência Conforme você aprendeu na Unidade I o grande número de insetos existente se deve dentre outros fatores a uma grande habilidade de adaptação falando em insetos praga à rápida adaptação a diferentes agentes de controle É essencial definir como um determinado produto deve ser utilizado no sentido de evitar que a resistência se torne um problema De acordo com Georghiou 1983 as estratégias de manejo da resistência são divididas em três grupos conforme você pode observar no Quadro 1 96 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Manejo por moderação Uso de doses reduzidas do defensivo químico quando apropriado Uso menos frequente de produtos químicos Uso de produtos químicos de baixa persistência Controle em reboleiras quando viável Manutenção de áreas não tratadas para refúgio de indivíduos suscetíveis da praga quando viável Aplicação do produto nos estágios mais sensíveis da praga Recomendação de níveis de controle mais elevados quando apropriado Manejo por saturação Uso de dosagens elevadas para que a resistência seja funcionalmente recessiva Uso de compostos sinérgicos para bloquear certos processos metabólicos Manejo por ataque múltiplo Rotação de produtos químicos Mistura de produtos químicos Quadro 1 Estratégias químicas para o manejo da resistência Fonte Adaptado de Georghiou 1983 A evolução da resistência de pragas constitui um dos grandes obstáculos em programas de controle de pragas e um grande desafio à agricultura brasileira demonstrando a importância dos programas de manejo de resistência dos insetos O sucesso desses programas requer na verdade um esforço interdisciplinar envolvendo parcerias entre agricultores indústrias químicas e pesquisadores além de políticas adequadas para regulamentação do uso de inseticidas Você pode acessar a relação atualizada das Pragas Quarentenárias Presentes e Ausentes no Brasil e conhecer quais são as espécies constantes nessa lista Para isso basta acessar as Instruções Normativas no 38 e no 39 publicadas pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento MAPA em outubro de 2018 A IN 38 relaciona as pragas quarentenárias presentes PQP enquanto a IN 39 lista as pragas quarentenárias ausentes PQA que não estão presentes em território brasileiro Para isso acesse o link httpswwwgovbragriculturaptbrassuntosnoticias mapadisponibilizalistagematualizadadepragasquarentenarias 97 WWWUNINGABR ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA UNIDADE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Conforme você aprendeu nesta última unidade a melhor forma de lidar com aquelas espécies de insetos que estão causando danos econômicos é entender a necessidade de restabelecer um equilíbrio ambiental para que a população da praga seja reduzida e não buscar a exterminação de uma determinada espécie naquele ambiente Além disso a integração entre diferentes métodos de controle é a maneira mais eficaz e econômica para manter a sanidade das culturas O método químico é o mais utilizado dentre todas as técnicas do MIP muitas vezes o único No entanto você aprendeu sobre a questão da resistência dos insetos e agora entende a importância da atuação do engenheiro agrônomo no sentido de evitar a promoção da resistência Com a Unidade IV completa chegamos ao fim da disciplina Entomologia Agrícola Espero que você tenha gostado e aproveitado os conteúdos abordados aqui e que agora consiga enxergar os insetos com um novo olhar Afinal na sua essência eles não são pragas são apenas um grupo de organismos com uma enorme capacidade de adaptação extremamente diversos sendo que algumas espécies acabam aumentando muito o número de indivíduos em determinadas ocasiões e isso acaba se tornando um pesadelo para os produtores Conhecendo a anatomia fisiologia ciclo de vida e todas as outras características que abordamos aqui você com certeza estará apto para tomar boas decisões quando enfrentar questões relacionadas aos insetos de importância na agricultura Parabéns pela sua dedicação no decorrer desta disciplina e muito sucesso para o seu futuro 98 WWWUNINGABR ENSINO A DISTÂNCIA REFERÊNCIAS AGRO LINK Lagartadocartucho 2019a Disponível em httpswwwagrolinkcombr problemaslagartadocartucho252html Acesso em 6 fev 2020 AGRO LINK Percevejomarrom 2019b Disponível em httpswwwagrolinkcombr problemaspercevejomarrom1953html Acesso em 6 fev 2020 BIOLOGIA ARTE DA VIDA Entomologia 2020 Disponível em httpbiologiaartedavida1 blogspotcompblogpagehtml Acesso em 6 fev 2020 BRASIL Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento Refúgio 2020 Disponível em httpwwwagriculturagovbrrefugiohome Acesso em 20 fev2020 CAMARGO A J A et al Coleções entomológicas legislação brasileira coleta curadoria e taxonomia para as principais ordens Brasília DF Embrapa 2015 CAMPOS A E C ZORZENON F J Formigas cortadeiras São Paulo Apta 2020 Disponível em httpwwwbiologicospgovbruploadsfilespdfprosafapostilasformigascortadeiraspdf Acesso em 6 fev 2020 CHAPMAN R F The insect structure and function Cambridge Cambridge University Press 1998 CORRÊAFERREIRA B S et al Monitoramento de pragas na cultura da soja Londrina Embrapa Soja 2013 CVI Café 2016a Disponível em httpwwwcviufscarbrculturasCaféhtml Acesso em 6 fev 2020 CVI Coleção virtual de insetos do CCAUFSCar 2016b Disponível em httpwwwcviufscar brmorfologiahtml Acesso em 6 fev 2020 EMBRAPA Cultivo do sorgo 2015 Disponível em httpswwwspocnptiaembrapabr conteudoppidconteudoportletWARsistemasdeproducaolf61ga1ceportletpp lifecycle0ppstatenormalppmodeviewppcolidcolumn1ppcol count1prp76293187sistemaProducaoId8301prp996514994topicoId9207 Acesso em 6 fev 2020 EMBRAPA Silagem e controle biológico de pragas são temas de dia de campo 2016 Disponível em httpswwwembrapabrbuscadenoticiasnoticia10069346silageme controlebiologicodepragassaotemasdediadecampo Acesso em 6 fev 2020 EMBRAPA Enfezamento do milho aparece como problema nesta safra 2017a Disponível em httpswwwembrapabrbuscadenoticiasnoticia21567441enfezamentodomilho aparececomoproblemanestasafra Acesso em 6 fev 2020 EMBRAPA Inscrições abertas para III Curso sobre Cultivo Protegido de Hortaliças 2017b Disponível em httpswwwembrapabrbuscadenoticiasnoticia25721759inscricoes abertasparaiiicursosobrecultivoprotegidodehortalicas Acesso em 6 fev 2020 99 WWWUNINGABR ENSINO A DISTÂNCIA REFERÊNCIAS EMBRAPA Agência de Informação Embrapa Banana manejo do cacho 2020a Disponível em httpswwwagenciacnptiaembrapabrAgencia40AG01arvoreAG017041020068056html Acesso em 6 fev 2020 EMBRAPA Agência Embrapa de Informação Tecnológica Broca da canadeaçúcar 2020b Disponível em httpswwwagenciacnptiaembrapabrgestorcanadeacucararvore CONTAG01131272200817517html Acesso em 6 fev 2020 EMBRAPA Agência Embrapa de Informação Tecnológica Cigarrinhadaraiz 2020c Disponível em httpswwwagenciacnptiaembrapabrgestorcanadeacucararvore CONTAG01132272200817517html Acesso em 6 fev 2020 EMBRAPA Manual de prevenção e combate a brocadocafé 2020d Disponível em http wwwsapcembrapabrarquivosconsorciopublicacoestecnicasmanualcombateabrocapdf Acesso em 6 fev 2020 FUNDECITRUS Ortézia 2020 Disponível em httpswwwfundecitruscombrdoencas ortezia Acesso em 6 fev 2020 GALLO D et al Entomologia agrícola Piracicaba FEALQ 2002 GEORGHIOU G P Management of resistance in Arthropods In GEORGHIOU G P SAITO T Pest resistance to pesticides challenges and prospects New York Plenum Press 1983 GOTTI I A SALDANHA C B MARRA S O D O Entomologia aplicada à agronomia Londrina Editora e Distribuidora Educacional 2019 GULLAN P J CRANSTON P S Os insetos um resumo de entomologia São Paulo Roca 2012 HICKMAN C P et al Princípios integrados de zoologia 16 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2016 HOFFMANNCAMPO C B et al Pragas da soja no Brasil e seu manejo integrado Londrina Embrapa Soja 2000 LABORATORIO DE INSECTOS Las patas de un insecto 2020 Disponível em http biologiadeinsectosblogspotcom201411laspatasdeuninsectohtml Acesso em 6 fev 2020 LOTZ J W Rodolia cardinalis 2007 1 fotografia Disponível em httpswwwforestryimages orgbrowsedetailcfmimgnum5195051 Acesso em 6 fev 2020 MEDEIROS M A et al Princípios e práticas ecológicas para o manejo de insetospraga na agricultura Brasília DF EmaterDF 2010 MOSCARDI F et al Artrópodes que atacam as folhas da soja In HOFFMANNCAMPO C B CORRÊAFERREIRA B S MOSCARDI F ed Soja manejo integrado de insetos e outros Artrópodespraga Brasília DF Embrapa 2012 100 WWWUNINGABR ENSINO A DISTÂNCIA REFERÊNCIAS PIRES E M et al Controle biológico estudos aplicações e métodos de criação de predadores asopíneos no Brasil Viçosa Editora UFV 2016 ROMOSER W S STOFFOLANO J G The science of entomology New York McGrawHill 1998 SCAGLIA J A P Manual de entomologia forense São Paulo JH Mizuno 2014 SNODGRASS R E Principles of insect morphology New York Cornell University Press 1993 TRIPLEHORN C A JOHNSON N F Estudos dos insetos 2 ed São Paulo Cengage Learning 2015 UFG Manual simplificado de coleta de insetos e formação de insetário 2009 Disponível em httpswwwpasseidiretocomarquivo51522360manualsimplificadodecoletadeinsetose formacaodeinsetario Acesso em 26 jan 2020 UNIVERSITY OF FLORIDA Piezodorus guildinii 2017 Disponível em httpentnemdeptufl educreaturesvegbeanredbandedstinkbughtm Acesso em 6 fev 2020 VILA VERDE AGRO Pragas danos causados por insetos na agricultura 2019 Disponível em httpsvillaverdeagrocombrarquivos5036 Acesso em 7 jan 2020 WIGGLESWORTH V B The principles of insect physiology 7 ed New York Halsted 1972 WIKIMEDIA Olho composto 2005 1 fotografia Disponível em httpscommonswikimedia orgwikiFileDragonflyeye3811jpg Acesso em 6 fev 2020 WIKIMEDIA Bicudodoalgodoeiro 2006 1 fotografia Disponível em httpscommons wikimediaorgwikiFileBollweeviljpg Acesso em 6 fev 2020 WIKIMEDIA Classificação biológica 2007 Disponível em httpcommonswikimediaorg wikiImageBiologicalclassificationLPengovflipsvg Acesso em 2 dez 2019 WIKIMEDIA Helicoverpa zea larva 2009 1 fotografia Disponível em httpscommons wikimediaorgwikiFileHelicoverpazealarvajpg Acesso em 6 fev 2020 WIKIMEDIA Helicoverpa zea 2011 1 fotografia Disponível em httpscommonswikimedia orgwikiFileHelicoverpazea1jpg Acesso em 6 fev 2020 WIKIMEDIA Moscabranca 2012 1 fotografia Disponível em httpscommonswikimedia orgwikiFileBemisiaargentifolii1316008jpg Acesso em 6 fev 2020 WIKIMEDIA Thysanoptera 2015 1 desenho Disponível em httpscommonswikimedia orgwikiFileThripstabacidrawingjpg Acesso em 6 fev 2020