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Psicologia Social
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Neste livro abordamse os modelos que têm sido mais frequentemente utilizados em Psicologia de Desenvolvimento considerandose que nesta fase da História da sociologia estes modelos estão em mudança Parecem tender a um certo nível de integração à qual não se chega facilmente dadas não só as discrepâncias entre os diferentes modelos assim como as dificuldades metodológicas e terminológicas inerentes à própria dinâmica interna da Psicologia Científica INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO MARIA ISOLINA PINTO BORGES INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO Jornal de PSICOLOGIA EDIÇÕES PORTO 1987 Com o apoio da FUNDAÇÃO ENG ANTÓNIO DE ALMEIDA EDIÇÕES JORNAL DE PSICOLOGIA 1 Teorias da Inteligência Leandro S Almeida 2 Guia de Curso e Profissões José M Castro Maria do Céu Taveira e Pedro Braga Pinho 3 Jovens Portugueses em França Aspectos da Sua Adaptação Psicosocial Félix Neto 4 Introdução à Psicologia do Desenvolvimento Maria Isolina P Borges Título Original Introdução à Psicologia do Desenvolvimento Autor Maria Isolina P Borges JORNAL DE PSICOLOGIA PORTO 1987 Índice Prefácio 13 Introdução 17 Capítulo I A Psicologia do Desenvolvimento Aspectos históricos concepções e métodos 21 1 História da Psicologia do Desenvolvimento 23 2 O conceito de desenvolvimento psicológico 25 21 Perspectivas 25 22 O conceito de estado 34 A Jean Piaget 18961980 35 B Sigmund Freud 18561939 38 C Erik Erikson 1902 39 D Henri Wallon 18791962 40 E Arnold Gesell 18801961 41 23 Os factores de desenvolvimento 42 Capítulo II Do recémnascido aos primeiros anos de vida 47 1 Jean Piaget e o estado de inteligência sensóriomotora 49 2 A gênese do desenvolvimento mental na perspectiva psicanalítica Melanie Klein W R Bion e René Spitz 55 3 Outras perspectivas de incidência psicanalítica com implicações nesta fase de desenvolvimento Margaret Mahler D W Winnicott John Bowlby e David Rapaport 60 4 A perspectiva de Erik Erikson 67 5 Os estados impulsivo puro emocional sensóriomotor e projectivo de Henri Wallon 68 51 O estado impulsivo puro 68 52 O estado emocional ou de simbiose afectiva dos primeiros meses de vida as primeiras permutas 69 53 O estado sensóriomotor e a descoberta dos objectos 70 6 A perspectiva de Arnold Gesell os três primeiros estados 71 7 A noção de objecto e o mundo perceptivo segundo T G R Bower 75 8 A importância da observação da relação mãecriança a interrelação mãecriança nas assersões de Colwin Trevarthen 77 22 A perspectiva psicanalítica 144 Prefácio O objetivo deste livro é salientar se possível de modo claro e sucinto algumas das questões levantadas pelos modelos que nas últimas décadas têm predominado em Psicologia do Desenvolvimento Tal facto levanos à abordagem parcial de alguns desses modelos sem intenção de revisão exaustiva que der conteúdos quer de referências bibliográficas Tem assim um cariz sobretudo teórico embora pela definição clássica da Psicologia estudo dos comportamentos humanos não seja simples nesta ciência isolar a teoria da prática O percurso meios satisfatórios da metodologia experimental Num outro caso verificase ainda a necessidade de recorrer a modelos originais na Epistemologia uma vez que os resultados agora encontrados não esgotam as hipóteses teóricas Capítulo I A psicologia do desenvolvimento Aspectos históricos concepções e métodos 1 História da Psicologia do Desenvolvimento Desde a Antiguidade que se têm multiplicado concepções sobre o que é a criança tendo as diversas perspectivas encaixadas até ao final do século XIX resultado essencialmente de invenções culturais crenças acerca da sua natureza desenvolvimento e socialização construídas e mantidas ao serviço de outras crenças a respeito da natureza humana da ordem social e do cosmos A Psicologia do Desenvolvimento começou a emergir em fins do séc XIX podendo a sua história organizarse de acordo com a proposta de Robert B Cairns 1983 em três períodos o formativo 18821912 o intermédio 19131946 e a era moderna 19471982 O desenvolvimento surge assim segundo diferentes autores associado a predominância de aspectos inatos ex Trevarthen maturativos ex Gesell construtivistas ex Piaget e ambientais ex Skinner parecendo ser resultante da complexa interação de vários factores biológicos equilíbrio transmissão educacional e sóciocultural etc com Albert Bandura como figura mais representativa Para os especialistas desta teoria voltouse sobretudo para o comportamento observável e mensurável manifestado pela criança as mudanças significativas que se observam nos comportamentos implícitos ao seu desenvolvimento são dependentes da aprendizagem factoralistas mais modernos emergindo na linha de um certo criticismo em relação ao neobehaviorismo Caracterizado por Rernick tem os principais cultores entre Sternberg Snell e Glaser Almeida 1983 Não sendo uma teoria específica da Psicologia do Desenvolvimento tal como é abordada delimita em relação a esta área uma tomada de posição teórica e metodológica essencial para análise da inteligência De facto utilizando a metodologia experimental tem como objetivo o estudo de como a informação é mentalmente representada e processada na medida em que a sua validade nos é dada através de sistemas complexos que interpretam a informação sensorial Neisser 1979 Na abordagem da inteligência esta perspectiva tem juntamente com a perspectiva desenvolvimentoalistam um denominador comum o estudo do desenvolvimento cognitivo Ambos conferem acentuada importância ao conceito de inteligência como constructo e aos vários níveis de elaboração que estão na base dos processos cognitivos Diferem essencialmente na forma de abordagem dos respetivos processos ou seja a metodologia utilizada que no uso dos cognitivistas é experimental No que se refere ao construtivismo genético de destaque na linha desenvolvimentoalistam com inúmeras implicações a nível da epistemologia salientamse as estruturas e os esquemas na gênese e evolução da inteligência procurando destacarse o respetivo processo Referimonos à teoria de Piaget biólogo epistemólogo e psicólogo que estudou os processos cognitivos organizando o papel das estruturas cognitivas nos comportamentos infantis e a capacidade organizante do sujeito face aos estímulos ambientais salientando o papel activo que este assume na dinamização do seu próprio desenvolvimento Nesta linha foi criado o Centro de Epistemologia Genética de Genéve 1958 alicerçando o pressuposto de que o estudo do conhecimento exige a abordagem do desenvolvimento psicológico Desta forma a Psicologia fornece a ligação entre o aparelho psíquico não é pois exclusivamente constituído por manifestações conscientes O que foi experienciado pelo sujeito passando pelo nível de censura foi em parte recalçado e reivado no inconsciente onde se mantém em estado latente não deixando de desempenhar um papel na vida mental e condutas do indivíduo O modo como este sente o real dependerá da inconsciência os objetos externos adquiriram portanto significado simbólico os processos primário e secundário Freud 1895 1900 são modos de funcionamento mental que caracterizam respectivamente o sistema préconsciente e o sistema consciente Há assim um primeiro tópico em que o inconsciente representando os impulsos e o princípio prazerdesprazer se articula com o consciente e em que este através de processos perceptivos e lógicos situa a busca do prazer face à realidade construindose deste modo as primeiras elaborações simbólicas Um segundo tópico comporta um núcleo pulsional do Id o Super Eu e o Eu que é mediador entre o Id o Super Eu e as realidades exteriores através de mecanismos de defesa É o Super Eu que diz respeito à interiorização das regras sociais dos entre os dois que o desenvolvimento intelectual é entendido 4 Existem estádios de desenvolvimento da inteligência estando a noção de estado para Piaget dependente das seguintes condições sine qua non ordem constante na evolução dos estádios visto que cada um é necessário à formação do estádio seguinte construção progressiva de estruturas integrandose as antecedentes nas consequentes o que é assumido por Piaget como sendo exclusivo do seu sistema de estádios construção de uma estrutura de conjunto caracterizada por leis de totalidade que permitem a determinação de todas as operações abrangidas por essa estrutura inclusão de um nível de preparação e de um nível de acabamento da estrutura existência em cada estado de processos de formação ou gênese de formas de equilíbrio final que correspondem às estruturas de conjunto atrás referidas 36 B Sigmund Freud 18561939 Na linha de uma vastidão considerável de conceitos de que apenas refere alguns são consideradas várias fases de desenvolvimento psicosexual postas em relevo por Freud e Karl Abraham e delimitadas no curso por Robert Fliess distinguindose os estádios um dos outros pelo seu caráter dominante Não há entretanto na teoria de Freud a preocupação de definir a noção de estado embora esteja implícita Dados das implicações genéticas dos processos primário referido ao sistema inconsciente e secundário referido ao sistema préconsciente é em definição destes dois processo que podem ser encontradas explicações para a evolução cessus do conhecimento uma das preocupações da Psicologia do Desenvolvimento Na verdade a noção de estado freudiano implica uma mobilidade ilimitada e depende do funcionamento patológico de onde derivam ligações para o não patológico do aparelho psíquico Caracterizase sobretudo pelo nível de maturação psicológica por diferentes tipos de relações objectais Dado que não houve preocuções de caracter epistemológico diremos inspirandonos em Serge Vintrerem 1970 que a noção de estado em Freud é indissociável da construção do projeto espaço psicanalítico Neste sentido a evolução da libido processase ao longo dos estádios oral e fálico seguindoselhe o período de latência que precede o estado genital da puberdade Smirnoff 1974 Na fase oral o prazer sexual está ligado de forma tão significativa à excitação bucá e los lábios que comandam a alimentação Laplanche e Pontalis 19671971 p 245 esta força se esclarece as significações electivas pulsionais que expressam e se organizam a relação do objecto por exemplo a relação de amor com a mãe será marcada pelas seguintes significações comer ser comido Idem pp 245248 A fase anal situada aproximadamente entre os quatro anos é caracterizada por uma organização da libido sob o primado da zona erógena anal a relação do objeto será impregnada de significações ligadas à função de de 38 feccão expulsãoretensão e ao valor simbólico das fezes idem p 234 A fase fálica é marcada pela unificação das pulsões parciais sob o primado dos órgãos genitais idem p 238 conhecendo a criança nesta altura apenas o órgão genital masculino esta fase coincide com o apogeu do complexo de Édipo Progressivamente as pulsões parciais vãose organizando sob o primado das zonas genitais Freud 1905 Na fase genital da puberdade em definitivo dependentes da zona genital devemos atingirse o encontro sexual pela escolha do objeto de afeto em função do qual as pulsões parciais convergirão C Erik Erikson 1902 Este psicanalista dos nossos dias ligado às correntes culturalistas americanas e à Psicologia do Eu considera as fases psicosexuais como oral incorporativa anal retentiva e genital intrusiva Pressupõe que o Eu funciona de modo repetitivo em diversas fases de maturação biológica distinguindo a zona erógena da função psicobiológica Apresenta ao mesmo tempo preocupações de definição relativamente a fases de desenvolvimento psicossocial Considera que este é uma sucessão de fases críticas entendendose por crítico uma característica de momentos decisivos de momentos de opção entre o processo e a regressão a integração e a sujeição Erikson 19501976 p 249 Estas crises vão sendo sucessivamente integradas estabelecendose uma correlação entre todos os aspectos existentes nas várias fases em diferentes níveis de maturidade Para melhor se compreender o fenômeno do crescimento utiliza o princípio genético ou ainda que todo o ser cresce de acordo com plano básico do qual emergem etapas em momentos específicos Cada etapa constitui uma crise potencial Aliás a expressão crise não é aqui significativa de uma tragédia mas de período fulcral de vulnerabilidade e potencial fonte de capacidade criadora ou de desequilíbrio 40 23 Os factores de desenvolvimento 3 Os Métodos de Estudo no Desenvolvimento Psicológico Capítulo II Do recém nascido aos primeiros anos de vida A maior parte dos autores actuais considera os primeiros meses de vida não só como o ponto de partida da realidade complexa que é a personalidade individual já presente com a respectiva carga genética no período de gestação mas também o período em que no que se refere a comportamentos se modelam basicamente a actividade as competências e a capacidade de interagir com o meio físico e humano Referenciando os diferentes modelos exporemos pontualmente as asserções que parecem ser mais relevantes Primeiro exercícios reflexos estruturas de ritmo observáveis nos movimentos espontâneos e globais do organismo Este subestádio tem a duração aproximada do primeiro mês de vida cronológica Exemplo de condutas a sucção que se torna cada vez mais adequada Sexto começo da interiorização de esquemas e soluções de alguns problemas por dedução com interrupção da acção e compreensão brusca numa espécie de insight Estas aquisições são feitas entre os dezoito e os vinte e quatro meses de idade cronológica Exemplo de condutas a criança utiliza um instrumento vara para alcançar determinado objecto desejado segundo esse instrumento na posição adequada e quase sem exploração por tatamento ro substendido a acomodação é inicialmente indissociável da assimilação no segundo a acomodação subordinada se a assimilação e é esta que torna possível através das suas formas repertorias cognitiva e reconhecedora a formação dos esquemas primários de sucção manuais visuais auditivos e olfactivos no terceiro é a assimilação repodutora que predomina nas reações circulares secundárias desenvolvendose igualmente a assimilação reconhecedora e generalizadora no quarto na coordenação dos esquemas secundários a acomodação ainda é subordinada à assimilação no quinto substádio a acomodação prepondera relativamente à assimilação pois é imposta pela própria realidade no sexto em que a característica principal é a invenção há acomodação brusca e assimilação imediata que correspondem ao terminar da construção da permanência do objeto permanência do objeto referido aos objetos capacidade de resolver problemas que implicam a interiorização das relações espaçotemporais como a a capacidade incipiente de memorizar e antecipar acontecimentos b a predição de causas pela observação de efeitos e a predição de efeitos a partir de causas c a imitação gestual e verbal na ausência dos modelos que leve à elaboração complexa de símbolos e feedback 2 A gênese do desenvolvimento mental na perspectiva psicanalítica Melanie Klein W R Bion e René Spitz Estes três autores fundamentandose na teoria freudiana apresentam entre eles diferenças nítidas no aprofundamento daquela teoria que iremos referir ao apontar alguns aspectos das suas abordagens Na linha Kleinianina W R Bion torna mais precisas tal como fez Melanie Klein algumas das noções deixadas em abertos por Freud este psicanalista discrimina de modo mais pormenorizado os mecanismos precoces da organização objetiva e as suas implicações no acto de pensar A experiência imediata e concreta da criança nos seus primeiros meses não se transforma directamente em elementos susceptíveis de serem usados pelo pensamento pois ainda se está no domínio das impressões ao que Bion chama elementos beta β A transformação destes dados brutos será operada por elementos alfa α tornando os elementos beta disponíveis para a função do pensamento Assim a função alfa actua sobre as impressões sensoriais Na medida em que a função alfa atinge os objectivos produzemse elementos alfa susceptíveis de se armazenarem e corresponderem às características do pensamento onírico simbólico Se a função alfa se perturba e não excede aquelas funções as impressões sensoriais primitivitas tal como as emoções permanecem inalteradas como elementos do primeiro ano de vida até ao fim do terceiro Neste periodo as dificuldades de adaptação da criança são desproporcionais pelos adultos sendo a culpabilidade do factor dominante na base de terrores nocturnos dificuldades alimentares incapacidade de suportar frustrações etc tímulos externos uma actividade diferenciada nas reacções sociais Constitui assim o princípio rudimentar do Eu a passagem da passividade à actividade dirigida a comunicação mãefilho o estágio do objecto libidinal do oitavo ao décimo mês que se exprime por um malestar nítido quando a mãe se afasta verificandose aqui as primeiras identificações com o objecto libidinal A reacção de angústia ao estranho tem a ver com o facto da criança se sentir pontualmente decepcionada por não ver a mãe na medida em que a percepção da cara do estranho é comparada com os traços da cara da mãe Os índices observáveis destes estádios são portanto o sorriso índice do primeiro organizado como manifestação observável da primeira etapa da relação de objecto a angústia do oitavo mês como manifestação observável de um novo período de desenvolvimento significativo de profundas mudanças o não como manifestação observável com repercussões definitivas na vida mental e emocional dado que traduz já competências de escolha e decisão com particular revolto para a comunicação ultrapassando as respostas a nível das descargas pulsionais de ordem libidinal se apoia na satisfação de ordem alimentar Por outro lado os etologistas ao estudar o papel da alimentação no estabelecimento das relações precoces tinham chegado à conclusão de que haveria outras variáveis para além desta a considerar na determinação daquelas relações Na base das observações dos modelos maternais de pano e arame Harlow levantou a hipótese de que a relação mãebebé não dependeria primordialmente da gratificação alimentar Índices observáveis de emoção do bebé primata como vocalizar agacharse autoembrulharse e chupar presentes em situações ameaçadoras ou simplesmente novas formavam alvo de estudo naquela perspectiva Esses índices aumentavam na ausência da mãe e diminuíam na sua presença parecendo não haver dúvida de que a mãe funcionava como fonte de segurança na exploração do mundo estranho pelo bebé primata Pretendendo substituir a teoria dos instintos de Freud por asserções etológicas Bowlby tentou actualizar a teoria psicanalítica à luz das investigações etológicas Para tal baseouse também na observação directa de bebés e crianças pequenas e nos relatos fornecidos pelas mães No seu artigo de revisão Bowlby 19581976 faz uma crítica da literatura sobre relações precoces e mostra a existência de desfazamento entre as descrições de observações empíricas e as conclusões teóricas retratadas por autores psicanalistas experientes como por exemplo Anna Freud Melanie Klein e René Spitz De acordo com Bowlby estes autores apesar de observarmos comportamentos de interação social não oral entre a mãe e o seu bebé e de os descreverem utilizando termos que sugerem a relação entre laços sociais primários quando procedem a teorização dão primazia às necessidades de alimentação e de ordem Referem assim a interação social como resultado de uma ordem instrumental Bowlby identifica cinco respostas instintivas do bebé todas elas igualmente primárias o segurar o chupar o agarrar o chorar e o sorrir No decurso normal do desenvolvimento elas tornamse integradas e focalizadas na figura materna formando assim a base para aquilo que chamamos de comportamento de vinculação attachment behavior Refirase que o comportamento de vinculação é caracterizado como instintivo no sentido em que é específico da espécie não há herdado herdado é o potencial para desenvolver sistemas comportamentais que diferem em espécie de acordo com o ambiente em que se processa o desenvolvimento Como pressuposto a este modelo interativo está a ideia de que o equipamento inicial do bebé se desenvolve através da relação continua com o meio ambiente No seu trabalho de 1969 Bowlby considera as cinco respostas instintivas importantes Nas reconhece que existem formas mais sofisticadas de sistemas comportamentais que controlam o comportamento instintivo Introduz assim um modelo de sistemas de controlo postulado que entre os nove e os dezoito meses os sistemas comportamentais mais simples se incorporam em sistemas comportamentais mais complexos ditos sistemas com fins corrigidos goalcorrected systems ou sistemas de controlo organizados de tal forma que tendem a manter a proximidade entre a mãe e a criança sário examinar as condições que o activam e o fazem terminar ou que alteram a intensidade com que é activado cilidade na alimentação sono profundo assim como bom funcionamento intestinal Esta confiança significa que um indivíduo aprendeu a confiar na uniformidade e continuidade dos provedores externos mas também que pode confiar em si mesmo e na capacidade dos seus órgãos para enfrentar os desejos urgentes como também do emocional ao sensóriomotor A passagem do estado emocional ao sensóriomotor e projectivo corresponde para onde a confiança básica e a desconfiança a um modo de vida mais pessoal Junto das primeiras adaptações ao novo meio de vida Por volta das quatro semanas o bebê consegue uma certa estabilidade fisiológica tendo feito progressos consideráveis tornase menos flácido menos frágil estando a sua musculatura mais organizada está mais amadurecido do ponto de vista neurológico as fibras nervosas de milhões de células nervosas efetuaram novas conexões e aperfeiçoaram as anteriores a respiração é mais regular e mais profunda a sucção e deglutição são mais seguras não se enganando com tanta facilidade não é tão susceptível de assustar a regulação da temperatura é mais firme O segundo estado vai do fim do primeiro mês aos sete meses Segundo Gesell 19401979 por volta do mês e meio até aos três meses há um período de desequilíbrio demonstrando um desejo de maior contacto social Esta necessidade vai ser resolvida graças aos progressos na postura e na musculatura óculomotora ao iniciarse o quarto mês O bebê de quatro meses é um explorador visual ativo do seu meio ambiente Gosta que o mudem de posição tanto a cabeça direita quando na posição vertical e viraa dum lado para o outro Estamos voltado para o próprio e mais ainda para explorar o meioambiente E a altura da exibição das mãos que já não estão presas Cerca dos cinco meses aparecem novamente sinais de desequilíbrio e transição a criança começa a distinguir as caras estranhas das conhecidas tornandose sensível às modificações bruscas e gosta de estar sentada sem no entanto o conseguir Só por volta dos sete meses é que a criança vai conseguir sentarse relativamente bem constituindo esta fase para Gesell o apogeu da manipulação Já não se contenta em mexer nas suas mãos mexe agora em tudo o que lhe esteja ao alcance explorando o tamanho a forma o peso e a textura das coisas Começa a servirse de polegar com mais destreza Vocaliza uma série de vogais e consoantes que começa a juntar Os sete meses são também caracterizados por uma certa estabilidade afectiva é uma criança social sabendo interpretar as reações das outras pessoas os seus gostos e atitudes A criança de sete meses alterna com facilidade uma atividade espontânea relacionada consigo própria brincar com os objetos e uma atividade que implica um relacionamento social sendo ao mesmo tempo independente e sociável O terceiro estado vai dos sete aos dezoito meses Existe também neste estado uma série de fases de equilíbrio e desequilíbrio os oito meses constituem uma fase de desequilíbrio a criança tenta agora sentarse sem o apoio que antes aceitava havendo uma certa actividade a nível postural aos dez meses há uma fase de equilíbrio comportamental A criança já sabe sentarse sózinha pode minimamente pôrse de pé agarrada a móveis as suas manipulações são mais finas como o polegar e o indicador em oposição a nível social possui uma percepção mais discriminativa à criança dizer adeus com a mão etc aos onze meses surgem novos medos e acanhamentos face a desconhecidos diminuem por volta de um ano de idade ao ano de idade o equilíbrio da criança precisase pois está a adquirir a posição vertical gosta de agarrar os objetos e deixálos cair para se voltar a apanhar depende de aprender como se agarra está agora a aprender como largar Como não domina totalmente os seus músculos extensores os seus movimentos são bruscos e fora de tempo Já é capaz de um jogo de vivência dois aos dois imita o gesto do adulto ao largar a bola aos dez meses era capaz de ficar agarrada à bola gosta de ter audiência e receber aplausos pelas suas habilidades começa a diferenciáse melhor dos outros e a definir a sua própria identidade os quinze meses caracterizamse por uma nova fase de desequilíbrio a criança tendo acabado de adquirir a marcha o que contribui para afirmar a sua independência começa agora a insistir em fazer as coisas sozinha anda sempre de um lado para o outro tornase exigente exprime uma energia muitovincada Atrai os objetos com força a mais afirmativa exige uma série de coisas dela própria como por exemplo comer sozinha ou tirar as botas Quer exercitar as suas novas capacidades faz um risco imitativo no papel constrói uma torre com dois cubos deixa cair uma bolinha dentro de um frasco tem uma compreensão vaga das tampas de um livro Para Bower não sendo o desenvolvimento psicológico explicável por um instinto extremo não é posta de lado uma perspectiva relativista na medida em que por um lado pouco se sabe sobre a bioquímica das conexões nervosas para se assumirem posições definitivas quanto às perspectivas inata e empírista e por outro lado porque se organizam na primeira infância pontos de partida básicos e de certo modo irreversíveis que não têm muito a ver com a experiência adquirida Bower 1977 Para Bower desde que nascem os lactentes estão aptos a comunicar sendo a mãe a figura mais próxima e acessível É com ela que é estabelecido um tipo de interação especificamente nos primeiros meses a que se começa a dar muito importância com todas as implicações a nível cognitivo Assim o recémnascido é fundamentalmente competente embora pareça que não Possui 1 um sistema perceptivo já funcional que apresenta características nítidas 2 atitudes motoras intencionais 3 a capacidade de interação com outra figura humana Mal nasce todas as suas competências começam a funcionar Em poucos dias identifica a mãe a partir do que Bower conclui que toda a capacidade de aprendizagem é inata representando a expressão fenotípica de um património genético num dado ambiente físicoquímico Segundo Bower a análise da relação mãefilho é um capítulo entre vários que tratam do desenvolvimento da criança na primeira infância sendo dada uma importância dominante à noção de objeto Bower 1979 E aqui que o autor claramente explica não ser possível abordarse este problema sem se considerarem basicamente a competência motora e o controlo das ações espaciais no que essa competência e esse controlo revelam relativamente a períodos anteriores e posteriores aos cinco meses marco particularmente importante do desenvolvimento psicológico No entanto a ausência de competência motora e o controlo de relações acidentais não serem interpretadas como impossibilidade para parte da criança de identificar e tentar agarrar o objeto A intencionalidade para tocar determinado objeto como se pode verificar pela orientação do olhar existe desde as primeiras semanas não dependendo da coordenação visãopreensão já posta em evidência por Piaget Neste sentido a evolução do conceito de objeto leva a concepções que se afastam das de Piaget implicações não só relativas à noção de desenvolvimento como à própria noção de estado piagetiano A este respeito Bower considerando que os níveis de conhecimento das diferentes condutas da criança são discrepantes dado falter elementos de ordem fisiológica e bioquímica fundamentais conclui que 1º o desenvolvimento não segue uma sequência necessária sendo o conflito importante como desencadeante de evolução e podendo experiências precoces facilitar o desenvolvimento posterior 2º há várias vias de comportamento para a mesma etapa de desenvolvimento de acordo com a hipótese de Maurice Reuchlin referida na Introdução e cada uma destas vias de comportamento reflete a mesma via conceptual 3º o processo de esquematização piagetiana torna minimamente a transferência para situações novas Bower 1979 Para que as crianças consigam isto deverão possuir duas espécies de capacidades a intersubjetividade e a subjetividade Para mostrar aos outros rudimentos de consciência individual e intencionalidade as crianças devem possuir subjetividade para predizer consequências no seu contato com outrém devem ser capazes de intersubjetividade Estas duas noções pressupõem uma diferenciação na relação com as pessoas e com os objetos com os objetos a criança comunica através da manipulação intencional e ágil com as pessoas comunica através da expressão implicando esta necessária carga emotiva Há portanto a considerar um primeiro sistema de tipo biogenético presumindo dados neurofisiológicos um segundo sistema referido a pessoas e um terceiro sistema referido a objetos A nascença e durante as duas primeiras semanas aproximadamente a criança é capaz de intersubjetividade primária capacidade que se atenua rapidamente Todavia para este psicólogo nas condutas afectivas das crianças a carga emotiva tanto está presente no contacto com as pessoas como no contacto com os objetos Nem todos os investigadores estão de acordo com este ponto de vista mas por exemplo Lipsitt 1969 está de acordo com Trevarthen Podese distinguirse assim em fases precoces de desenvolvimento momentos emocionais de prazer desprezar cólera surpresa etc O sorriso como outras emoções estando ligado a estímulos com um valor preditivo pode ser significativo a nível emotivo e cognitivo Estas tonalidades têm um caráter interpessoal e constituem uma adaptação exprimindo sentimentos aos outros pessoas ou objetos Assim agindo intencionalmente as crianças de meses mostram uma forte capacidade emocional de comunicação que integrando a adaptação aos objetos só tem consequências quando percebidas pelos adultos São assim posts em relevo as expressões comunicativas nos relacionamentos enquanto modelos de comunicação interpessoal observáveis a partir do fim do primeiro mês entre outros o chiado como forma de vocalização positiva de satisfação que como todas as outras formas de interação está profundamente ligado à forma humana a criança procura com este tipo de respostas recuperar a comunicação que ressente como posta em perigo Tal como na vinculação a recuperação para comunicar com a mãe é da iniciativa da criança como se pode observar pelos seus gestos e expressões significativas de recuperação de onde se conclui que ela está equipada para receber e interpretar o input da personalidade da mãe Assim de um modo geral nesta situação de comunicação recíproca podemos salientar o sincroni smo presente na comunicação e o caráter recíproco e complementar dessa atividade Os especialistas em Psicologia orientados no sentido da observação dos comportamentos chamam frequentemente a este período o de desenvolvimento e personalidade préescolar e põem em relevo aliás como as outras perspectivas o avanço das habilidades motoras da linguagem e do funcionamento cognitivo inserido num contexto de socialização a que é dado particular ênfase Jean Piaget e a préoperatividade Tratase de um período que vai do sexto substádio do período sensóriomotor dois anos aproximadamente até ao início da operatividade concreta que se inicia pelos seteoito anos Consideramse três níveis organizativos de que o primeiro se confina ao aparecimento da função simbólica ou semiótica como base dos dois estádios préoperatórios tendo como denominador comum e ponto de partida a diferenciação significantesignificado O segundo nível do estágio préoperatório situado entre os cinco e os sete oitavo anos de idade cronológica a partir dos dois anos e meio definese por dados que conduzem à operatividade Sendo este estágio considerado como ponto de chegada de um caminho que vai do objeto pertencente organizado no período sensóriomotor através de descentragens sucessivas dos esquemas de ação à reversibilidade transformações cognitivas sempre relativas a um suporte é realmente nele que aparecem construídas invariantes fundamentais A função interd Itória do nosso ponto de vista é bem expressa por Françoise Dolto em Le cas de Dominique A propósito da psicoterapia realizada com o adolescente Dominique Dolto diz Jamais le garçon ne peut être le vrai mari de sa mère jamais il ne peut aimer pour faire des enfants vrais Les enfants vrais ils sont faits avec le sexe de leurs parents La loi des humains cest que le sexe de fils ne doit jamais rencontrer le sexe de sa mère Dolto 1970 p 95 Segundo Freud 1931 o percurso libidinal não é idêntico nos dois sexos Enquanto que no rapaz está bem definido na menina é mais problemático e deixamos em aberto Começa por se verificar nele um desejo profundo de pênis situação vivida como uma figura narcisca Se quisermos sintetizar a história do conflito edípiano delimitandoo às fases oral anal e fática teremos o primado da relação mãefilho posta em relevo por Melanie Klein Spitz e Bion a partir das experiências vivenciadas desde o nascimento e presentes nos processos de individualização expressos por Margaret Mahler e Winnicott a eleição do objeto de afeto que é segundo evolução mais frequente a figura paternal do sexo oposto a vai estar na base do conflito edípico a instauração da situação edípiana que condiciona o processo de identificação parental e é conflituosa Aparece sob o efeito do estado fálico contribui e é simultaneamente impulsionada pelo exacerbamento libidinal da zona erógena genital A estrutura e os efeitos do complexo de castração são diferentes no rapaz e na menina O rapaz tema a castração como realização de uma ameaça paterna em resposta as suas atividades sexuais do que ele além uma intensas angústia de castração Na menina a ausência de pênis é sentida como um dano sofrido que ela procura negar compensar ou reparar Laplanch e Pontalis 19671971 Em todo este processo processo de identificação tem particular importância a função interd Itória ao mesmo tempo normativa e estruturante do complexo de castração De fato a criança é fisiologicamente igual ao parente do mesmo sexo e normalmente identificase com ele mas identificarse com ele é identificarse com o rival pelo que o conflito assume o caráter dramático de batalha necessariamente perdida O facto de serem frustrados muito cedo do ponto de vista oral os sujeitos a uma disciplina esfinteriana séria estarão na base do funcionamento psicológico deste povo cauteloso e hábil na sua actividade principal que é a pesca do salmão Nesta referência aos índios americanos mais do que caracterizar personalidades individuais ou de grupo Erikson procura explicar a orientação adequada do Eu nos diferentes contextos ambientais pondo em relevo a capacidade de integração da personalidade do ser humano Assim no prosseguimento do ciclo vital este período dos dois aos seis anos implica a fase muscular e anal que permite a observação de dois conjuntos simultâneos de modalidade social reter e perder correspondendo a atitudes que vão da autonomia a sentimentos de vergonha e dúvida e a fase genital intrusiva Nesta fase que corresponde ao conflito edipiano o Eu não se refere às modalidades sociais o continuum exprimese no ser capaz de atingir objectivos alcançar metas ou ficar longe deles representar um papel Correspondendo ao período das identificações edipianas surge a tomada de consciência por parte da criança das limitações que constituem o complexo de castração ex a comparação entre as suas realizações e as do adulto É o período do jardim escola com todas as implicações a nível de autonomia conferida pela locomoção e pela fase falhada que a criança atravessa oscilando no que se refere à bipolaridade básica entre tomadas de posição ou iniciativa e sentimentos de culpa A actividade sensóriomotora vai ramificar em duas direcções por um lado a manipulação e exploração dos objectos por sua localização no espaço para o que contribui a locomoção e o advento da linguagem encorajando a criança no caminho da inteligência prática a que Wallon chama inteligência das situações por outro lado a actividade sensóriomotora evolui no sentido da imitação de modelos sendo a acção utilizada como suporte da representação No estádio projectivo do primeiro aos três anos aparecem comportamentos preliminares à representação Na actividade projectiva as imagens mentais são imediatamente projectadas em actos Só quando estes se desigam de acção e perdem o seu carácter de imediaticidade é que pode falar em representação A imitação indução de um acto por um modelo exterior e o simulacro equivalente ao jogo simbólico na perspectiva piagetiana são condições de nascimento da representação a actividade projectiva faz assim a transição entre o acto e o pensamento sendo predominantemente entre o seu segundo e o terceiro anos de vida esfíncteres durante o dia prefere brincar sózinha e é incapaz de partilhar os seus brinquedos fase précooperativa Esta fase da précooperação reflecte na perspectiva piagetiana o egocentrismo préoperatório e na perspectiva walloniana o inconsciente de si Aos dos anos e meio a criança entra novamente num período de instabilidade e crise A sua vida aparecelhe cheia de alternativas opostas e igualmente tentadoras No entanto a sua capacidade de escolha é ainda muito fraca pois a criança é demasiado imatura para pesar os prós e os contras para escolher uma alternativa por exclusão da outra Por outro lado mostra também uma certa incapacidade em se adaptar às modificações o que é verificável através da ritualização da sua rotina diária Por volta dos três anos iniciase o 5º estádio que se prolongará até cinco anos Os três anos são caracterizados por uma nova fase de equilíbrio a criança possui agora uma maior capacidade de autonomização que se manifesta a diversos níveis Gesell 19401979 A nível motor ela já é capaz de caminhar na posição erecta dar voltas apertadas sem desequilibrar os braços colocam tal como no adulto sabe e desce facilmente escadas A nível do seu desenvolvimento pessoal e em relação ao domínio dos esfíncteres sabe quando deve ir à casa de banho e fálo sózinha A motricidade fina está cada vez mais elaborada é capaz de imitar uma cruz e abotoar os botões A linguagem emprega as palavras com mais segurança mantém o seu gosto pela aprendizagem de novas palavras e exercea no seu solilóquio e nas dramatizações A propósito destes dados Piaget refere o jogo simbólico enquanto Wallon refere o exercício da representação nascente cessidade de experimentar o desconhecido ou ir além das suas capacidades Do ponto de vista emocional é equilibrada as birras são pontuais e o medo de estranhos é passageiro ligado a coisas concretas Tem um maior autodominio brinca de modo menos violento que aos quatro anos sentase à mesa e executa calmamente uma tarefa Reage de modo positivo a uma frustração e o seu controle motor fino está mais elaborado o que é observável através do desenho Começa agora a interessarse pelos conteúdos escolares 6 A perspectiva da Aprendizagem Social Abordaremos em seguida reportandonos à perspetiva da Aprendizagem Social alguns comportamentos que emergem neste período etário e que sofrem a influência do processo de socialização nomeadamente o comportamento agressivo o comportamento dependente o comportamento de medo e ansiedade Nos primeiros anos de vida não se observam ainda comportamentos agressivos As crianças podem apresentar birras mas esta não têm um foco em especial Por exemplo a criança que tira a boneca a outra está essencialmente interessada nessa boneca e não em magoar ou dominar a outra criança Por volta dos dois anos e meio três anos começam a aparecer comportamentos agressivos no sentido em que a agressão se focaliza em alvos específicos e aparecem os companheiros da mesma idade actuam muitas vezes como modelos Muitas vezes os pais queixamse que os filhos se tornam mais agressivos após a entrada no jardimescola O comportamento agressivo é frequentemente reforçado pelas outras crianças inclusive pelas vítimas da agressão quando desistem de levar a sua posição à frente deixando o outro ganhar Assim pode concluirse que a Reforçar respostas agressivas conduz a um aumento destas respostas bem como a uma generalização de respostas agressivas a outras situações b A observação de modelos agressivos que são bemsucedidos atua igualmente o aparecimento destas respostas c Outro factor reforçador da agressividade é a permissividade o facto de se permitir livremente a agressão e comportámo da família parece ter um papel importante na aprendizaj As crianças de 2 anos tendem a ser mais dependentes do adulto do que os seus companheiros da mesma idade ao contrário da criança de 4 anos por exemplo Enquanto que as crianças mais novas se agarram fisicamente ao adulto e exigem o seu afeto as crianças mais velhas exprimem a sua dependência procurando o restabelecimento da sua confiança e atenção positiva por parte dos adultos por exemplo mostrando o seu trabalho escolar Podese inferir que a busca de atenção e aprovação são formas relativamente maduras de expressão da dependência os pedidos diretos de afeto através de abraços contactos físicos e choro são formas mais imaturas A expressão do comportamento dependente é fortemente afectada pela situação imediata ambientes ansiógenicos elicitem comportamentos de dependência ao contrário das situações de relaxamento o isolamento de contacto social ou redução do nível normal de interação social também aumentam os comportamentos de dependência Capítulo IV A operatividade concreta coincidiendo com o período de latência aquisições escolares e socialização Considerando a perspectiva psicanalítica que a criança entra num período de acalmia após a resolução relativa do conflito edipiano acrescentaremos como a maior parte dos autores que o desenvolvimento da personalidade atinge neste período uma fase de franca realização a vários níveis Em termos comportamentais essa realização fazse sentir a nível das aquisições cognitivas e da participação em grupo com ajustamentos progressivamente mais adequados quer a nível familiar quer a nível das amizades Segundo Jean Piaget Piaget e Inhelder 1966 toda a actividade cognitiva teve sempre uma linha ascendente de acordo com a evolução da capacidade participativa da criança 1 Perspectivas 11 Jean Piaget e a operatividade concreta passagem da préoperatividade à operatividade e conceitos básicos A capacidade de estabelecer coordenações aumenta à medida que as pregnâncias deixam de ser sentidas pela criança como essenciais sendo longo como vimos o período da diferenciação perfeita entre o ponto de vista próprio e o dos outros São mecanismos compensatórios a nível da articulação das representações que vão permitir essa diferenciação por gradações sucessivas A regulação funciona em dimensões diferentes enquanto compensação parcial consonante aos diferentes níveis organizados composição o produto que resulta da combinação de qualquer elemento de um conjunto com outro através de uma operação A ainda um elemento do conjunto associatividade num conjunto A B e C se se combinar C com A o resultado obtido da combinação de B com A chegase ao mesmo resultado que se combinar A com o resultado obtido da combinação de B com C identidade num conjunto de elementos há sempre um único elemento idêntico que não altera o conjunto na sua combinação com outro elemento desse conjunto reversibilidade em relação a cada elemento A B ou C do conjunto há um e um só elemento inverso que quando combinado com A B ou C dá o elemento idêntico ou elemento de identidade O agrupamento além de duas estruturas conhecidas a nível matemático o grupo e o reticulado O reticulado é uma estrutura hierárquica de classes em que para cada elemento do grupo há um limite superior mínimo e um limite inferior máximo Os agrupamentos não são reticulados completos mas apenas semireticulados porque têm um limite superior mínimo mas não têm um limite inferior máximo O reticulado completo só aparece nas operações formais Segundo Piaget Piaget e Inhelder 1971 são os agrupamentos que funcionam como modelo do pensamento concreto e estão sujeitos a solução de problemas que as crianças dos níveis etários correspondentes poderão resolver Temos consequentemente a reversibilidade que neste período consiste em inversões 110 que compostas em a operação directa correspondem a negação ou seja uma conduta utilizada pela criança desde o período sensóriomotor a criança verbaliza ou não anda de sim e está presentes nas primeiras classificações que inclui nomes e separações Fazse sentir nos agrupamentos de classes aditivas se se separarem objetos que também se possam juntar e de classes multiplicativas o inverso da multiplicação de duas classes é a abstração ou supressão da última operação por exemplo os melros brancos feita a abstração da brancura ainda são melros Mas há ainda outra forma de reversibilidade que é a reciprocidade ou simetria de uma operação composta com a reciprocidade resultando em equivalência Tem origem nas simetrias motoras posteriormente espaciais perceptivas e representativas Cada uma destas formas de reversibilidade a nível das operações concretas tem a sua própria área Não há ainda um sistema de conjunto que combine as transformações inversas e recíprocas Considerandose neste período etário basicamente a actividade da operatividade concreta verificase que esta faz a passagem entre a acção e as estruturas de grupo em que são coordenadas as duas formas possíveis de reversibilidade Há coordenação em estruturas de conjuntos ou agrupamentos que ainda não assentam em combinações generalizadas como irão aparecer no periodo formal Piaget e Inhelder 1941 São elas a seriagem que consiste em ordenar elementos em função de grandezas crescentes e decrescentes esboçase no período sensóriomotor quando a criança começa a perceberse das diferenças dimensionais ao construir por exemplo uma torre com cubos Na intenção de avaliar como a criança organiza as diferentes de tamanhos pode darse uma série de pauzinhos de dimensões variadas e pedirlhe que os ordene Verificamos que a criança responde ao pedido pondo a questão há mais rosas ou flores a noção de número Piaget e Szeminska 1942 que implica a combinação estreita e concreta de serições e inclusões Verificamos pelo fato de apresentarmos à criança elementos ex pérolas de cor em duas filas com o mesmo número e aumentandose consideravelmente os espaços de uma das filas Não há conservação de número se as alterações no espaço forem positivas em relevo pela criança É necessário que haja conservação de conjuntos numéricos independentemente de situação das pérolas a nível espacial As estruturas operatórias relativas a objetos discontinhos são provas em relevo através de provas relativas às quantidades físicas sendo as noções de substância adquiridas por volta dos sete anos e as de peso por volta dos novedez anos e os do volume adquiridos por volta dos onze anos O objectivo destas provas é edificar como se forma a noção de invariância por exemplo no caso da aquisição do peso através das deformações de um determinado material assim como analisar as razões de quando o peso cada uma das noções surge ligada às respectivas quantidades físicas Piaget e Inhelder 1941 Sabemos que as estruturas operatórias dizem respeito fundamentalmente a objetos discontínuos e discretos e fragmentamse nas diferenças entre os vários elementos do mundo real objetos do conhecimento semelhancas ou equivalências Mas há um conjunto de estruturas que dizem respeito aos objetos contínuos e que se fundamentam nas vizinhanças proximidades e separações A estas operações chama Pia get infralógicas dizem respeito a outro tipo de realidades constroemse paralelamente àquelas em sintonia salientandose as noções de espaço e de tempo As medidas espaciais constituemse em ligação com a noção de medida com uma diferença de mais ou menos semelhanças Ao medir a criança parte a realidade espacial o que implica um certo encaixamento prévio das partes Piaget e Inhelder 1947 chamam a atenção para evoluir da noção de espaço do ponto de vista histórico primeiramente na abordagem teórica referente ao espaço aparece a geometria euclidiana na base do Postulado de Euclides em segundo tomou vulto a geometria projectiva finalmente impôsse a perspectiva topológica Na criança aparecem ao contrário do que acontece historicamente em primeiro lugar estruturas topológicas separações vizinhanças envolvimentos com os vários níveis de coordenação em seguida estruturas projectivas perspectivas pontuais coordenação de pontos de vista e finalmente a métrica euclidiana ordenação de deslocamentos unidades de medida O modo como a criança representa o mundo vai necessariamente beneficiar das estruturas operatórias Isto verificase igualmente num núcleo operatório do pensamento que também é importante na assimilação do real e que oscila entre dois extremos as noções de causalidade e de acaso vídeo aos grupos sociais em que se insere não se pode abordar o desenvolvimento psicológico como refere Piaget e outros autores ignorando manifestações que vão reforçar o enquadramento do sujeito na sociedade e que dizem respeito às regras morais Vários psicólogos têm preocupado com este vector realizando pesquisas que vão ter particular acuidade na adolescência por vezes considerado período de conflito tensão e perigo Tratase de estudos que têm a sua razão de ser quando abordados neste período comumente chamado de latência em que Piaget põe em relevo o papel da actividade cognitiva no desenvolvimento moral A Moral temnos enviado normalmente para a Filosofia dos valores e ultrapassa os limites de qualquer dos métodos utilizados em Psicologia para que nesta sejam assumidos os pressupostos básicos Entretanto alguns especialistas ligados à área de Psicologia têm tomado posições teóricas específicas em relação aos comportamentos morais Alguns autores de formação comportamentalista defendem uma concepção de conducta moral um acto susceptível de julgamento moral é aquele que determinado através de reflexos condicionados por condicionamentos sociais é conforme às normas de determinada sociedade A moral é assim dependente dos condicionais das sociedades em que nos integramos e que possuem princípios morais e regras pelas quais se regem Entretanto poderseá comentar que na base dos princípios morais estão conceitos que assentam na noção de justiça como valor e que este não é só um conjunto de normas implica todo o funcionamento evolução psicológica e opções do sujeito Isso implica pois também no domínio da Psicologia as alternativas clássicas ou se aceita um relativismo moral e o que é moral numa sociedade pode não o ser noutra ou o que é moral e universal asseenta em princípios que ultrapassam aquele relativismo gem do respeito unilateral ao respeito mútuo reciprocidade e autonomia que vão estar presentes no período de latência As regras perdem o caráter sagrado e transcendentes passando a basearemse em critérios de justiça Ao julgar um acto como bom ou mau as intenções da pessoa que o praticou têm o seu próprio peso assim como as consequências O dever não é definido em termos de obediência à autoridade mas sim em termos de conformidade com as expectativas do grupo na medida em que a criança já é capaz de se pôr no lugar do outro Salientando os factores que implementam o desenvolvimento moral é claro que Piaget considera dois factores básicos na passagem do estado de heteronomia para o de autonomia o desenvolvimento cognitivo sem operacionalidade não há acesso à autonomia a interacção com o grupo sem a qual não há acesso à reciprocidade Os pontos de vista de Piaget do ponto de vista moral vão ser ampliados e sintetizados em novos moldes por Kohlberg A sublimação é um processo postulada por Freud para explicar actividades humanas sem relação aparente com a sexualidade mas tendo a ver o seu motor por exemplo actividades artísticas e intelectuais postas em relevo por Freud Segundo Anna Freud no período de latência o Ego tornouse forte com a ajuda do SuperEgo e domina as pulsões através daqueles mecanismos de defesa O Id é canalizado e dirigido para a aquisição de cultura e estabelecimentos de relações amigáveis organizamse realmente muito energéticos transformandose em potências psíquicas como guardiães tais como a vergonha e o nojo Aparecendo juntamente com a inteligência discursiva por oposição à inteligência prática o sincretismo diz respeito a uma estratégia funcional da representação da linguagem a criança experimenta nas suas capacidades representativas Correspondendo a uma certa confusão entre o que se vê o que se pensa o que se sente plano subjectivo e o mundo real plano objectivo Corresponde também a dificuldades de análise e síntese Será progressivamente substituído pela capacidade de estabelecimento de categorias que vão permitir não só representar o real como explicálo As categorias que remontam ao pensamento Kantiano e Hegeliano são indispensáveis para identificar analisar definir e classificar numa primeira etapa até aos nove anos aproximadamente e para determinar as condições de existência e as relações recíprocas através das relações de tempo espaço e causalidade numa segunda etapa Analisando mais profundamente o sincretismo Wallon 1941 1945 conclui que ele parte da estrutura original e dialéctica do pensamento da criança que é a estrutura binária o par O par é a estrutura mais elementar do pensamento sem a qual o pensamento não existiria É uma espécie de molécula intelectual em que se encerra o acto de pensar sob a forma mais simples e mais diferenciada Wallon 1945 p 115 Referese à entidade EuOutro no desenvolvimento da consciência pessoal a que não só se alheia a noção complexa do Self e à própria noção de identidade tal como será expressa na linha de Erikson Marcia e Rodriguez Tomé Claes 1985 com raízes longitudinais no pensamento filosófico O pensamento fundamentado nessa estrutura é o meio de que a criança se serve no período précategorial essencialmente contraditório As contradições serão aliás ordenadas pela linguagem A capacidade de satisfazer as suas necessidades e vontades também agora susceptível de sofrer adiamentos as condições motivadas podem ser substituídas por condutas mediatas Logo eu não poderei de discriminação intelectual apenas por dois sensos tornando possível a actividade de análise e síntese que por sua vez torna possível a elaboração isto é tanto o subjectivo o objectivo característico da criança précategorial mantêmse como processo essencial e racional As categorias como substituto da realidade não esgotam sendo também susceptíveis de reformulações Estas reformulações estão por causa das categorias anteriores sendo feitas segundo um processo semelhante ao sincretismo infantil na medida em que o estar e conhecer a afectividade e a inteligência são confrontados acabamento Do ponto de vista da socialização após um período de retiro também a busca dos amigos se torna mais necessaria e firme a par do redefinido de parâmetros dos valores Por sua vez o relacionamento familiar surge de acordo com os psicanalistas Anna Freud Helen Deutsch Peter Blos Erik Erikson Adelson como campo privilegiado de manifestações significativas de rupturas sucessivas rupturas necessárias para um reencontro na passagem ao estado adulto a refazerse em novos termos As expressões puberdade período inicial da adolescência préadolescência e adolescência são assim usadas para referenciar um período que não pode ser delimitado com exatidão e para o qual utilizaremos em sentido amplo o termo adolescência pondo em relevo as características puberais do seu início e de acordo com os diferentes modelos considerando dadas significativos numa primeira fase préadolescência que vão ocorrendo em diferentes níveis de acabamento numa segunda fase ou adolescência propriamente dita Michel Claes 1985 ao referirse à adolescência como período de desenvolvimento analisa os pressupostos teóricos existentes e apresenta novos dados de pesquisas recentes através dos quais a adolescência se afasta do conceito tradicional como período de crise no sentido de dificuldades a superar exigindo particular esforço e desgastes Este especialista chama a atenção para as diferentes transformações que a adolescência parece ao mesmo tempo que impedem das necessidades do desenvolvimento tarefas específicas Essas tarefas são universais parecem surgir distintas e devem respeitar em primeiro lugar ao desenvolvimento puberal em que se verificam modificações sexuais fundamentais implicando a reconstrução da imagem corporal e respectiva identidade sexual em segundo lugar às mudanças a nível cognitivo segundo Piaget aumentam as competências cognitivas do sujeito pela passagem e utilização em pleno do pensamento formal ainda que as características deste possam ser discutíveis quanto à sua universalidade não há dúvidas de que há um aumento da capacidade de abstração em terceiro lugar as mudanças relativas ao relacionamento com as figuras parentais e a importância crescente adquirida pelos companheiros enquanto agentes de socialização como as características implícitas de relacionamento ao nível da cooaperacão e competição em quarto lugar a construção da identidade que insere o sujeito definitavemente no plano psicosocial decorrendo através de fases que se definem pelo assumir da infância perspectivandose nas capacidades de continuidade no futuro pela delimitação face às figuras parentais ao mesmo tempo que se afirma o Eu e pelas escolhas profissionais sexuais e ideológicas que reforçam aquela afirmação As dificuldades destes quatro ângulos são ultrapassadas de um modo geral pelo facto de que os jovens em crescimento não enfrentam a resolução das diferentes tarefas desenvolvimentais simultaneamente Michel Claes baseandose no trabalho de Simmons e Rosenberg 1975 sobre a representação do esquema corporal de Coleman 1978 sobre a ansiedade desencadeada pelas relações heterossexuais de Blos sobre o conflito familiar propõe um esquema de desenvolvimento da adolescência na linha da teoria local de Coleman 1978 Não há propriamente estudos realizados sobre as modificações morfológicas cognitivas e afetivas que se processam em etapas diferentes e com dinâmicas distintas E em função desta abordagem teremos afirma a estabilidade relativa numa dimensão
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Neste livro abordamse os modelos que têm sido mais frequentemente utilizados em Psicologia de Desenvolvimento considerandose que nesta fase da História da sociologia estes modelos estão em mudança Parecem tender a um certo nível de integração à qual não se chega facilmente dadas não só as discrepâncias entre os diferentes modelos assim como as dificuldades metodológicas e terminológicas inerentes à própria dinâmica interna da Psicologia Científica INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO MARIA ISOLINA PINTO BORGES INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO Jornal de PSICOLOGIA EDIÇÕES PORTO 1987 Com o apoio da FUNDAÇÃO ENG ANTÓNIO DE ALMEIDA EDIÇÕES JORNAL DE PSICOLOGIA 1 Teorias da Inteligência Leandro S Almeida 2 Guia de Curso e Profissões José M Castro Maria do Céu Taveira e Pedro Braga Pinho 3 Jovens Portugueses em França Aspectos da Sua Adaptação Psicosocial Félix Neto 4 Introdução à Psicologia do Desenvolvimento Maria Isolina P Borges Título Original Introdução à Psicologia do Desenvolvimento Autor Maria Isolina P Borges JORNAL DE PSICOLOGIA PORTO 1987 Índice Prefácio 13 Introdução 17 Capítulo I A Psicologia do Desenvolvimento Aspectos históricos concepções e métodos 21 1 História da Psicologia do Desenvolvimento 23 2 O conceito de desenvolvimento psicológico 25 21 Perspectivas 25 22 O conceito de estado 34 A Jean Piaget 18961980 35 B Sigmund Freud 18561939 38 C Erik Erikson 1902 39 D Henri Wallon 18791962 40 E Arnold Gesell 18801961 41 23 Os factores de desenvolvimento 42 Capítulo II Do recémnascido aos primeiros anos de vida 47 1 Jean Piaget e o estado de inteligência sensóriomotora 49 2 A gênese do desenvolvimento mental na perspectiva psicanalítica Melanie Klein W R Bion e René Spitz 55 3 Outras perspectivas de incidência psicanalítica com implicações nesta fase de desenvolvimento Margaret Mahler D W Winnicott John Bowlby e David Rapaport 60 4 A perspectiva de Erik Erikson 67 5 Os estados impulsivo puro emocional sensóriomotor e projectivo de Henri Wallon 68 51 O estado impulsivo puro 68 52 O estado emocional ou de simbiose afectiva dos primeiros meses de vida as primeiras permutas 69 53 O estado sensóriomotor e a descoberta dos objectos 70 6 A perspectiva de Arnold Gesell os três primeiros estados 71 7 A noção de objecto e o mundo perceptivo segundo T G R Bower 75 8 A importância da observação da relação mãecriança a interrelação mãecriança nas assersões de Colwin Trevarthen 77 22 A perspectiva psicanalítica 144 Prefácio O objetivo deste livro é salientar se possível de modo claro e sucinto algumas das questões levantadas pelos modelos que nas últimas décadas têm predominado em Psicologia do Desenvolvimento Tal facto levanos à abordagem parcial de alguns desses modelos sem intenção de revisão exaustiva que der conteúdos quer de referências bibliográficas Tem assim um cariz sobretudo teórico embora pela definição clássica da Psicologia estudo dos comportamentos humanos não seja simples nesta ciência isolar a teoria da prática O percurso meios satisfatórios da metodologia experimental Num outro caso verificase ainda a necessidade de recorrer a modelos originais na Epistemologia uma vez que os resultados agora encontrados não esgotam as hipóteses teóricas Capítulo I A psicologia do desenvolvimento Aspectos históricos concepções e métodos 1 História da Psicologia do Desenvolvimento Desde a Antiguidade que se têm multiplicado concepções sobre o que é a criança tendo as diversas perspectivas encaixadas até ao final do século XIX resultado essencialmente de invenções culturais crenças acerca da sua natureza desenvolvimento e socialização construídas e mantidas ao serviço de outras crenças a respeito da natureza humana da ordem social e do cosmos A Psicologia do Desenvolvimento começou a emergir em fins do séc XIX podendo a sua história organizarse de acordo com a proposta de Robert B Cairns 1983 em três períodos o formativo 18821912 o intermédio 19131946 e a era moderna 19471982 O desenvolvimento surge assim segundo diferentes autores associado a predominância de aspectos inatos ex Trevarthen maturativos ex Gesell construtivistas ex Piaget e ambientais ex Skinner parecendo ser resultante da complexa interação de vários factores biológicos equilíbrio transmissão educacional e sóciocultural etc com Albert Bandura como figura mais representativa Para os especialistas desta teoria voltouse sobretudo para o comportamento observável e mensurável manifestado pela criança as mudanças significativas que se observam nos comportamentos implícitos ao seu desenvolvimento são dependentes da aprendizagem factoralistas mais modernos emergindo na linha de um certo criticismo em relação ao neobehaviorismo Caracterizado por Rernick tem os principais cultores entre Sternberg Snell e Glaser Almeida 1983 Não sendo uma teoria específica da Psicologia do Desenvolvimento tal como é abordada delimita em relação a esta área uma tomada de posição teórica e metodológica essencial para análise da inteligência De facto utilizando a metodologia experimental tem como objetivo o estudo de como a informação é mentalmente representada e processada na medida em que a sua validade nos é dada através de sistemas complexos que interpretam a informação sensorial Neisser 1979 Na abordagem da inteligência esta perspectiva tem juntamente com a perspectiva desenvolvimentoalistam um denominador comum o estudo do desenvolvimento cognitivo Ambos conferem acentuada importância ao conceito de inteligência como constructo e aos vários níveis de elaboração que estão na base dos processos cognitivos Diferem essencialmente na forma de abordagem dos respetivos processos ou seja a metodologia utilizada que no uso dos cognitivistas é experimental No que se refere ao construtivismo genético de destaque na linha desenvolvimentoalistam com inúmeras implicações a nível da epistemologia salientamse as estruturas e os esquemas na gênese e evolução da inteligência procurando destacarse o respetivo processo Referimonos à teoria de Piaget biólogo epistemólogo e psicólogo que estudou os processos cognitivos organizando o papel das estruturas cognitivas nos comportamentos infantis e a capacidade organizante do sujeito face aos estímulos ambientais salientando o papel activo que este assume na dinamização do seu próprio desenvolvimento Nesta linha foi criado o Centro de Epistemologia Genética de Genéve 1958 alicerçando o pressuposto de que o estudo do conhecimento exige a abordagem do desenvolvimento psicológico Desta forma a Psicologia fornece a ligação entre o aparelho psíquico não é pois exclusivamente constituído por manifestações conscientes O que foi experienciado pelo sujeito passando pelo nível de censura foi em parte recalçado e reivado no inconsciente onde se mantém em estado latente não deixando de desempenhar um papel na vida mental e condutas do indivíduo O modo como este sente o real dependerá da inconsciência os objetos externos adquiriram portanto significado simbólico os processos primário e secundário Freud 1895 1900 são modos de funcionamento mental que caracterizam respectivamente o sistema préconsciente e o sistema consciente Há assim um primeiro tópico em que o inconsciente representando os impulsos e o princípio prazerdesprazer se articula com o consciente e em que este através de processos perceptivos e lógicos situa a busca do prazer face à realidade construindose deste modo as primeiras elaborações simbólicas Um segundo tópico comporta um núcleo pulsional do Id o Super Eu e o Eu que é mediador entre o Id o Super Eu e as realidades exteriores através de mecanismos de defesa É o Super Eu que diz respeito à interiorização das regras sociais dos entre os dois que o desenvolvimento intelectual é entendido 4 Existem estádios de desenvolvimento da inteligência estando a noção de estado para Piaget dependente das seguintes condições sine qua non ordem constante na evolução dos estádios visto que cada um é necessário à formação do estádio seguinte construção progressiva de estruturas integrandose as antecedentes nas consequentes o que é assumido por Piaget como sendo exclusivo do seu sistema de estádios construção de uma estrutura de conjunto caracterizada por leis de totalidade que permitem a determinação de todas as operações abrangidas por essa estrutura inclusão de um nível de preparação e de um nível de acabamento da estrutura existência em cada estado de processos de formação ou gênese de formas de equilíbrio final que correspondem às estruturas de conjunto atrás referidas 36 B Sigmund Freud 18561939 Na linha de uma vastidão considerável de conceitos de que apenas refere alguns são consideradas várias fases de desenvolvimento psicosexual postas em relevo por Freud e Karl Abraham e delimitadas no curso por Robert Fliess distinguindose os estádios um dos outros pelo seu caráter dominante Não há entretanto na teoria de Freud a preocupação de definir a noção de estado embora esteja implícita Dados das implicações genéticas dos processos primário referido ao sistema inconsciente e secundário referido ao sistema préconsciente é em definição destes dois processo que podem ser encontradas explicações para a evolução cessus do conhecimento uma das preocupações da Psicologia do Desenvolvimento Na verdade a noção de estado freudiano implica uma mobilidade ilimitada e depende do funcionamento patológico de onde derivam ligações para o não patológico do aparelho psíquico Caracterizase sobretudo pelo nível de maturação psicológica por diferentes tipos de relações objectais Dado que não houve preocuções de caracter epistemológico diremos inspirandonos em Serge Vintrerem 1970 que a noção de estado em Freud é indissociável da construção do projeto espaço psicanalítico Neste sentido a evolução da libido processase ao longo dos estádios oral e fálico seguindoselhe o período de latência que precede o estado genital da puberdade Smirnoff 1974 Na fase oral o prazer sexual está ligado de forma tão significativa à excitação bucá e los lábios que comandam a alimentação Laplanche e Pontalis 19671971 p 245 esta força se esclarece as significações electivas pulsionais que expressam e se organizam a relação do objecto por exemplo a relação de amor com a mãe será marcada pelas seguintes significações comer ser comido Idem pp 245248 A fase anal situada aproximadamente entre os quatro anos é caracterizada por uma organização da libido sob o primado da zona erógena anal a relação do objeto será impregnada de significações ligadas à função de de 38 feccão expulsãoretensão e ao valor simbólico das fezes idem p 234 A fase fálica é marcada pela unificação das pulsões parciais sob o primado dos órgãos genitais idem p 238 conhecendo a criança nesta altura apenas o órgão genital masculino esta fase coincide com o apogeu do complexo de Édipo Progressivamente as pulsões parciais vãose organizando sob o primado das zonas genitais Freud 1905 Na fase genital da puberdade em definitivo dependentes da zona genital devemos atingirse o encontro sexual pela escolha do objeto de afeto em função do qual as pulsões parciais convergirão C Erik Erikson 1902 Este psicanalista dos nossos dias ligado às correntes culturalistas americanas e à Psicologia do Eu considera as fases psicosexuais como oral incorporativa anal retentiva e genital intrusiva Pressupõe que o Eu funciona de modo repetitivo em diversas fases de maturação biológica distinguindo a zona erógena da função psicobiológica Apresenta ao mesmo tempo preocupações de definição relativamente a fases de desenvolvimento psicossocial Considera que este é uma sucessão de fases críticas entendendose por crítico uma característica de momentos decisivos de momentos de opção entre o processo e a regressão a integração e a sujeição Erikson 19501976 p 249 Estas crises vão sendo sucessivamente integradas estabelecendose uma correlação entre todos os aspectos existentes nas várias fases em diferentes níveis de maturidade Para melhor se compreender o fenômeno do crescimento utiliza o princípio genético ou ainda que todo o ser cresce de acordo com plano básico do qual emergem etapas em momentos específicos Cada etapa constitui uma crise potencial Aliás a expressão crise não é aqui significativa de uma tragédia mas de período fulcral de vulnerabilidade e potencial fonte de capacidade criadora ou de desequilíbrio 40 23 Os factores de desenvolvimento 3 Os Métodos de Estudo no Desenvolvimento Psicológico Capítulo II Do recém nascido aos primeiros anos de vida A maior parte dos autores actuais considera os primeiros meses de vida não só como o ponto de partida da realidade complexa que é a personalidade individual já presente com a respectiva carga genética no período de gestação mas também o período em que no que se refere a comportamentos se modelam basicamente a actividade as competências e a capacidade de interagir com o meio físico e humano Referenciando os diferentes modelos exporemos pontualmente as asserções que parecem ser mais relevantes Primeiro exercícios reflexos estruturas de ritmo observáveis nos movimentos espontâneos e globais do organismo Este subestádio tem a duração aproximada do primeiro mês de vida cronológica Exemplo de condutas a sucção que se torna cada vez mais adequada Sexto começo da interiorização de esquemas e soluções de alguns problemas por dedução com interrupção da acção e compreensão brusca numa espécie de insight Estas aquisições são feitas entre os dezoito e os vinte e quatro meses de idade cronológica Exemplo de condutas a criança utiliza um instrumento vara para alcançar determinado objecto desejado segundo esse instrumento na posição adequada e quase sem exploração por tatamento ro substendido a acomodação é inicialmente indissociável da assimilação no segundo a acomodação subordinada se a assimilação e é esta que torna possível através das suas formas repertorias cognitiva e reconhecedora a formação dos esquemas primários de sucção manuais visuais auditivos e olfactivos no terceiro é a assimilação repodutora que predomina nas reações circulares secundárias desenvolvendose igualmente a assimilação reconhecedora e generalizadora no quarto na coordenação dos esquemas secundários a acomodação ainda é subordinada à assimilação no quinto substádio a acomodação prepondera relativamente à assimilação pois é imposta pela própria realidade no sexto em que a característica principal é a invenção há acomodação brusca e assimilação imediata que correspondem ao terminar da construção da permanência do objeto permanência do objeto referido aos objetos capacidade de resolver problemas que implicam a interiorização das relações espaçotemporais como a a capacidade incipiente de memorizar e antecipar acontecimentos b a predição de causas pela observação de efeitos e a predição de efeitos a partir de causas c a imitação gestual e verbal na ausência dos modelos que leve à elaboração complexa de símbolos e feedback 2 A gênese do desenvolvimento mental na perspectiva psicanalítica Melanie Klein W R Bion e René Spitz Estes três autores fundamentandose na teoria freudiana apresentam entre eles diferenças nítidas no aprofundamento daquela teoria que iremos referir ao apontar alguns aspectos das suas abordagens Na linha Kleinianina W R Bion torna mais precisas tal como fez Melanie Klein algumas das noções deixadas em abertos por Freud este psicanalista discrimina de modo mais pormenorizado os mecanismos precoces da organização objetiva e as suas implicações no acto de pensar A experiência imediata e concreta da criança nos seus primeiros meses não se transforma directamente em elementos susceptíveis de serem usados pelo pensamento pois ainda se está no domínio das impressões ao que Bion chama elementos beta β A transformação destes dados brutos será operada por elementos alfa α tornando os elementos beta disponíveis para a função do pensamento Assim a função alfa actua sobre as impressões sensoriais Na medida em que a função alfa atinge os objectivos produzemse elementos alfa susceptíveis de se armazenarem e corresponderem às características do pensamento onírico simbólico Se a função alfa se perturba e não excede aquelas funções as impressões sensoriais primitivitas tal como as emoções permanecem inalteradas como elementos do primeiro ano de vida até ao fim do terceiro Neste periodo as dificuldades de adaptação da criança são desproporcionais pelos adultos sendo a culpabilidade do factor dominante na base de terrores nocturnos dificuldades alimentares incapacidade de suportar frustrações etc tímulos externos uma actividade diferenciada nas reacções sociais Constitui assim o princípio rudimentar do Eu a passagem da passividade à actividade dirigida a comunicação mãefilho o estágio do objecto libidinal do oitavo ao décimo mês que se exprime por um malestar nítido quando a mãe se afasta verificandose aqui as primeiras identificações com o objecto libidinal A reacção de angústia ao estranho tem a ver com o facto da criança se sentir pontualmente decepcionada por não ver a mãe na medida em que a percepção da cara do estranho é comparada com os traços da cara da mãe Os índices observáveis destes estádios são portanto o sorriso índice do primeiro organizado como manifestação observável da primeira etapa da relação de objecto a angústia do oitavo mês como manifestação observável de um novo período de desenvolvimento significativo de profundas mudanças o não como manifestação observável com repercussões definitivas na vida mental e emocional dado que traduz já competências de escolha e decisão com particular revolto para a comunicação ultrapassando as respostas a nível das descargas pulsionais de ordem libidinal se apoia na satisfação de ordem alimentar Por outro lado os etologistas ao estudar o papel da alimentação no estabelecimento das relações precoces tinham chegado à conclusão de que haveria outras variáveis para além desta a considerar na determinação daquelas relações Na base das observações dos modelos maternais de pano e arame Harlow levantou a hipótese de que a relação mãebebé não dependeria primordialmente da gratificação alimentar Índices observáveis de emoção do bebé primata como vocalizar agacharse autoembrulharse e chupar presentes em situações ameaçadoras ou simplesmente novas formavam alvo de estudo naquela perspectiva Esses índices aumentavam na ausência da mãe e diminuíam na sua presença parecendo não haver dúvida de que a mãe funcionava como fonte de segurança na exploração do mundo estranho pelo bebé primata Pretendendo substituir a teoria dos instintos de Freud por asserções etológicas Bowlby tentou actualizar a teoria psicanalítica à luz das investigações etológicas Para tal baseouse também na observação directa de bebés e crianças pequenas e nos relatos fornecidos pelas mães No seu artigo de revisão Bowlby 19581976 faz uma crítica da literatura sobre relações precoces e mostra a existência de desfazamento entre as descrições de observações empíricas e as conclusões teóricas retratadas por autores psicanalistas experientes como por exemplo Anna Freud Melanie Klein e René Spitz De acordo com Bowlby estes autores apesar de observarmos comportamentos de interação social não oral entre a mãe e o seu bebé e de os descreverem utilizando termos que sugerem a relação entre laços sociais primários quando procedem a teorização dão primazia às necessidades de alimentação e de ordem Referem assim a interação social como resultado de uma ordem instrumental Bowlby identifica cinco respostas instintivas do bebé todas elas igualmente primárias o segurar o chupar o agarrar o chorar e o sorrir No decurso normal do desenvolvimento elas tornamse integradas e focalizadas na figura materna formando assim a base para aquilo que chamamos de comportamento de vinculação attachment behavior Refirase que o comportamento de vinculação é caracterizado como instintivo no sentido em que é específico da espécie não há herdado herdado é o potencial para desenvolver sistemas comportamentais que diferem em espécie de acordo com o ambiente em que se processa o desenvolvimento Como pressuposto a este modelo interativo está a ideia de que o equipamento inicial do bebé se desenvolve através da relação continua com o meio ambiente No seu trabalho de 1969 Bowlby considera as cinco respostas instintivas importantes Nas reconhece que existem formas mais sofisticadas de sistemas comportamentais que controlam o comportamento instintivo Introduz assim um modelo de sistemas de controlo postulado que entre os nove e os dezoito meses os sistemas comportamentais mais simples se incorporam em sistemas comportamentais mais complexos ditos sistemas com fins corrigidos goalcorrected systems ou sistemas de controlo organizados de tal forma que tendem a manter a proximidade entre a mãe e a criança sário examinar as condições que o activam e o fazem terminar ou que alteram a intensidade com que é activado cilidade na alimentação sono profundo assim como bom funcionamento intestinal Esta confiança significa que um indivíduo aprendeu a confiar na uniformidade e continuidade dos provedores externos mas também que pode confiar em si mesmo e na capacidade dos seus órgãos para enfrentar os desejos urgentes como também do emocional ao sensóriomotor A passagem do estado emocional ao sensóriomotor e projectivo corresponde para onde a confiança básica e a desconfiança a um modo de vida mais pessoal Junto das primeiras adaptações ao novo meio de vida Por volta das quatro semanas o bebê consegue uma certa estabilidade fisiológica tendo feito progressos consideráveis tornase menos flácido menos frágil estando a sua musculatura mais organizada está mais amadurecido do ponto de vista neurológico as fibras nervosas de milhões de células nervosas efetuaram novas conexões e aperfeiçoaram as anteriores a respiração é mais regular e mais profunda a sucção e deglutição são mais seguras não se enganando com tanta facilidade não é tão susceptível de assustar a regulação da temperatura é mais firme O segundo estado vai do fim do primeiro mês aos sete meses Segundo Gesell 19401979 por volta do mês e meio até aos três meses há um período de desequilíbrio demonstrando um desejo de maior contacto social Esta necessidade vai ser resolvida graças aos progressos na postura e na musculatura óculomotora ao iniciarse o quarto mês O bebê de quatro meses é um explorador visual ativo do seu meio ambiente Gosta que o mudem de posição tanto a cabeça direita quando na posição vertical e viraa dum lado para o outro Estamos voltado para o próprio e mais ainda para explorar o meioambiente E a altura da exibição das mãos que já não estão presas Cerca dos cinco meses aparecem novamente sinais de desequilíbrio e transição a criança começa a distinguir as caras estranhas das conhecidas tornandose sensível às modificações bruscas e gosta de estar sentada sem no entanto o conseguir Só por volta dos sete meses é que a criança vai conseguir sentarse relativamente bem constituindo esta fase para Gesell o apogeu da manipulação Já não se contenta em mexer nas suas mãos mexe agora em tudo o que lhe esteja ao alcance explorando o tamanho a forma o peso e a textura das coisas Começa a servirse de polegar com mais destreza Vocaliza uma série de vogais e consoantes que começa a juntar Os sete meses são também caracterizados por uma certa estabilidade afectiva é uma criança social sabendo interpretar as reações das outras pessoas os seus gostos e atitudes A criança de sete meses alterna com facilidade uma atividade espontânea relacionada consigo própria brincar com os objetos e uma atividade que implica um relacionamento social sendo ao mesmo tempo independente e sociável O terceiro estado vai dos sete aos dezoito meses Existe também neste estado uma série de fases de equilíbrio e desequilíbrio os oito meses constituem uma fase de desequilíbrio a criança tenta agora sentarse sem o apoio que antes aceitava havendo uma certa actividade a nível postural aos dez meses há uma fase de equilíbrio comportamental A criança já sabe sentarse sózinha pode minimamente pôrse de pé agarrada a móveis as suas manipulações são mais finas como o polegar e o indicador em oposição a nível social possui uma percepção mais discriminativa à criança dizer adeus com a mão etc aos onze meses surgem novos medos e acanhamentos face a desconhecidos diminuem por volta de um ano de idade ao ano de idade o equilíbrio da criança precisase pois está a adquirir a posição vertical gosta de agarrar os objetos e deixálos cair para se voltar a apanhar depende de aprender como se agarra está agora a aprender como largar Como não domina totalmente os seus músculos extensores os seus movimentos são bruscos e fora de tempo Já é capaz de um jogo de vivência dois aos dois imita o gesto do adulto ao largar a bola aos dez meses era capaz de ficar agarrada à bola gosta de ter audiência e receber aplausos pelas suas habilidades começa a diferenciáse melhor dos outros e a definir a sua própria identidade os quinze meses caracterizamse por uma nova fase de desequilíbrio a criança tendo acabado de adquirir a marcha o que contribui para afirmar a sua independência começa agora a insistir em fazer as coisas sozinha anda sempre de um lado para o outro tornase exigente exprime uma energia muitovincada Atrai os objetos com força a mais afirmativa exige uma série de coisas dela própria como por exemplo comer sozinha ou tirar as botas Quer exercitar as suas novas capacidades faz um risco imitativo no papel constrói uma torre com dois cubos deixa cair uma bolinha dentro de um frasco tem uma compreensão vaga das tampas de um livro Para Bower não sendo o desenvolvimento psicológico explicável por um instinto extremo não é posta de lado uma perspectiva relativista na medida em que por um lado pouco se sabe sobre a bioquímica das conexões nervosas para se assumirem posições definitivas quanto às perspectivas inata e empírista e por outro lado porque se organizam na primeira infância pontos de partida básicos e de certo modo irreversíveis que não têm muito a ver com a experiência adquirida Bower 1977 Para Bower desde que nascem os lactentes estão aptos a comunicar sendo a mãe a figura mais próxima e acessível É com ela que é estabelecido um tipo de interação especificamente nos primeiros meses a que se começa a dar muito importância com todas as implicações a nível cognitivo Assim o recémnascido é fundamentalmente competente embora pareça que não Possui 1 um sistema perceptivo já funcional que apresenta características nítidas 2 atitudes motoras intencionais 3 a capacidade de interação com outra figura humana Mal nasce todas as suas competências começam a funcionar Em poucos dias identifica a mãe a partir do que Bower conclui que toda a capacidade de aprendizagem é inata representando a expressão fenotípica de um património genético num dado ambiente físicoquímico Segundo Bower a análise da relação mãefilho é um capítulo entre vários que tratam do desenvolvimento da criança na primeira infância sendo dada uma importância dominante à noção de objeto Bower 1979 E aqui que o autor claramente explica não ser possível abordarse este problema sem se considerarem basicamente a competência motora e o controlo das ações espaciais no que essa competência e esse controlo revelam relativamente a períodos anteriores e posteriores aos cinco meses marco particularmente importante do desenvolvimento psicológico No entanto a ausência de competência motora e o controlo de relações acidentais não serem interpretadas como impossibilidade para parte da criança de identificar e tentar agarrar o objeto A intencionalidade para tocar determinado objeto como se pode verificar pela orientação do olhar existe desde as primeiras semanas não dependendo da coordenação visãopreensão já posta em evidência por Piaget Neste sentido a evolução do conceito de objeto leva a concepções que se afastam das de Piaget implicações não só relativas à noção de desenvolvimento como à própria noção de estado piagetiano A este respeito Bower considerando que os níveis de conhecimento das diferentes condutas da criança são discrepantes dado falter elementos de ordem fisiológica e bioquímica fundamentais conclui que 1º o desenvolvimento não segue uma sequência necessária sendo o conflito importante como desencadeante de evolução e podendo experiências precoces facilitar o desenvolvimento posterior 2º há várias vias de comportamento para a mesma etapa de desenvolvimento de acordo com a hipótese de Maurice Reuchlin referida na Introdução e cada uma destas vias de comportamento reflete a mesma via conceptual 3º o processo de esquematização piagetiana torna minimamente a transferência para situações novas Bower 1979 Para que as crianças consigam isto deverão possuir duas espécies de capacidades a intersubjetividade e a subjetividade Para mostrar aos outros rudimentos de consciência individual e intencionalidade as crianças devem possuir subjetividade para predizer consequências no seu contato com outrém devem ser capazes de intersubjetividade Estas duas noções pressupõem uma diferenciação na relação com as pessoas e com os objetos com os objetos a criança comunica através da manipulação intencional e ágil com as pessoas comunica através da expressão implicando esta necessária carga emotiva Há portanto a considerar um primeiro sistema de tipo biogenético presumindo dados neurofisiológicos um segundo sistema referido a pessoas e um terceiro sistema referido a objetos A nascença e durante as duas primeiras semanas aproximadamente a criança é capaz de intersubjetividade primária capacidade que se atenua rapidamente Todavia para este psicólogo nas condutas afectivas das crianças a carga emotiva tanto está presente no contacto com as pessoas como no contacto com os objetos Nem todos os investigadores estão de acordo com este ponto de vista mas por exemplo Lipsitt 1969 está de acordo com Trevarthen Podese distinguirse assim em fases precoces de desenvolvimento momentos emocionais de prazer desprezar cólera surpresa etc O sorriso como outras emoções estando ligado a estímulos com um valor preditivo pode ser significativo a nível emotivo e cognitivo Estas tonalidades têm um caráter interpessoal e constituem uma adaptação exprimindo sentimentos aos outros pessoas ou objetos Assim agindo intencionalmente as crianças de meses mostram uma forte capacidade emocional de comunicação que integrando a adaptação aos objetos só tem consequências quando percebidas pelos adultos São assim posts em relevo as expressões comunicativas nos relacionamentos enquanto modelos de comunicação interpessoal observáveis a partir do fim do primeiro mês entre outros o chiado como forma de vocalização positiva de satisfação que como todas as outras formas de interação está profundamente ligado à forma humana a criança procura com este tipo de respostas recuperar a comunicação que ressente como posta em perigo Tal como na vinculação a recuperação para comunicar com a mãe é da iniciativa da criança como se pode observar pelos seus gestos e expressões significativas de recuperação de onde se conclui que ela está equipada para receber e interpretar o input da personalidade da mãe Assim de um modo geral nesta situação de comunicação recíproca podemos salientar o sincroni smo presente na comunicação e o caráter recíproco e complementar dessa atividade Os especialistas em Psicologia orientados no sentido da observação dos comportamentos chamam frequentemente a este período o de desenvolvimento e personalidade préescolar e põem em relevo aliás como as outras perspectivas o avanço das habilidades motoras da linguagem e do funcionamento cognitivo inserido num contexto de socialização a que é dado particular ênfase Jean Piaget e a préoperatividade Tratase de um período que vai do sexto substádio do período sensóriomotor dois anos aproximadamente até ao início da operatividade concreta que se inicia pelos seteoito anos Consideramse três níveis organizativos de que o primeiro se confina ao aparecimento da função simbólica ou semiótica como base dos dois estádios préoperatórios tendo como denominador comum e ponto de partida a diferenciação significantesignificado O segundo nível do estágio préoperatório situado entre os cinco e os sete oitavo anos de idade cronológica a partir dos dois anos e meio definese por dados que conduzem à operatividade Sendo este estágio considerado como ponto de chegada de um caminho que vai do objeto pertencente organizado no período sensóriomotor através de descentragens sucessivas dos esquemas de ação à reversibilidade transformações cognitivas sempre relativas a um suporte é realmente nele que aparecem construídas invariantes fundamentais A função interd Itória do nosso ponto de vista é bem expressa por Françoise Dolto em Le cas de Dominique A propósito da psicoterapia realizada com o adolescente Dominique Dolto diz Jamais le garçon ne peut être le vrai mari de sa mère jamais il ne peut aimer pour faire des enfants vrais Les enfants vrais ils sont faits avec le sexe de leurs parents La loi des humains cest que le sexe de fils ne doit jamais rencontrer le sexe de sa mère Dolto 1970 p 95 Segundo Freud 1931 o percurso libidinal não é idêntico nos dois sexos Enquanto que no rapaz está bem definido na menina é mais problemático e deixamos em aberto Começa por se verificar nele um desejo profundo de pênis situação vivida como uma figura narcisca Se quisermos sintetizar a história do conflito edípiano delimitandoo às fases oral anal e fática teremos o primado da relação mãefilho posta em relevo por Melanie Klein Spitz e Bion a partir das experiências vivenciadas desde o nascimento e presentes nos processos de individualização expressos por Margaret Mahler e Winnicott a eleição do objeto de afeto que é segundo evolução mais frequente a figura paternal do sexo oposto a vai estar na base do conflito edípico a instauração da situação edípiana que condiciona o processo de identificação parental e é conflituosa Aparece sob o efeito do estado fálico contribui e é simultaneamente impulsionada pelo exacerbamento libidinal da zona erógena genital A estrutura e os efeitos do complexo de castração são diferentes no rapaz e na menina O rapaz tema a castração como realização de uma ameaça paterna em resposta as suas atividades sexuais do que ele além uma intensas angústia de castração Na menina a ausência de pênis é sentida como um dano sofrido que ela procura negar compensar ou reparar Laplanch e Pontalis 19671971 Em todo este processo processo de identificação tem particular importância a função interd Itória ao mesmo tempo normativa e estruturante do complexo de castração De fato a criança é fisiologicamente igual ao parente do mesmo sexo e normalmente identificase com ele mas identificarse com ele é identificarse com o rival pelo que o conflito assume o caráter dramático de batalha necessariamente perdida O facto de serem frustrados muito cedo do ponto de vista oral os sujeitos a uma disciplina esfinteriana séria estarão na base do funcionamento psicológico deste povo cauteloso e hábil na sua actividade principal que é a pesca do salmão Nesta referência aos índios americanos mais do que caracterizar personalidades individuais ou de grupo Erikson procura explicar a orientação adequada do Eu nos diferentes contextos ambientais pondo em relevo a capacidade de integração da personalidade do ser humano Assim no prosseguimento do ciclo vital este período dos dois aos seis anos implica a fase muscular e anal que permite a observação de dois conjuntos simultâneos de modalidade social reter e perder correspondendo a atitudes que vão da autonomia a sentimentos de vergonha e dúvida e a fase genital intrusiva Nesta fase que corresponde ao conflito edipiano o Eu não se refere às modalidades sociais o continuum exprimese no ser capaz de atingir objectivos alcançar metas ou ficar longe deles representar um papel Correspondendo ao período das identificações edipianas surge a tomada de consciência por parte da criança das limitações que constituem o complexo de castração ex a comparação entre as suas realizações e as do adulto É o período do jardim escola com todas as implicações a nível de autonomia conferida pela locomoção e pela fase falhada que a criança atravessa oscilando no que se refere à bipolaridade básica entre tomadas de posição ou iniciativa e sentimentos de culpa A actividade sensóriomotora vai ramificar em duas direcções por um lado a manipulação e exploração dos objectos por sua localização no espaço para o que contribui a locomoção e o advento da linguagem encorajando a criança no caminho da inteligência prática a que Wallon chama inteligência das situações por outro lado a actividade sensóriomotora evolui no sentido da imitação de modelos sendo a acção utilizada como suporte da representação No estádio projectivo do primeiro aos três anos aparecem comportamentos preliminares à representação Na actividade projectiva as imagens mentais são imediatamente projectadas em actos Só quando estes se desigam de acção e perdem o seu carácter de imediaticidade é que pode falar em representação A imitação indução de um acto por um modelo exterior e o simulacro equivalente ao jogo simbólico na perspectiva piagetiana são condições de nascimento da representação a actividade projectiva faz assim a transição entre o acto e o pensamento sendo predominantemente entre o seu segundo e o terceiro anos de vida esfíncteres durante o dia prefere brincar sózinha e é incapaz de partilhar os seus brinquedos fase précooperativa Esta fase da précooperação reflecte na perspectiva piagetiana o egocentrismo préoperatório e na perspectiva walloniana o inconsciente de si Aos dos anos e meio a criança entra novamente num período de instabilidade e crise A sua vida aparecelhe cheia de alternativas opostas e igualmente tentadoras No entanto a sua capacidade de escolha é ainda muito fraca pois a criança é demasiado imatura para pesar os prós e os contras para escolher uma alternativa por exclusão da outra Por outro lado mostra também uma certa incapacidade em se adaptar às modificações o que é verificável através da ritualização da sua rotina diária Por volta dos três anos iniciase o 5º estádio que se prolongará até cinco anos Os três anos são caracterizados por uma nova fase de equilíbrio a criança possui agora uma maior capacidade de autonomização que se manifesta a diversos níveis Gesell 19401979 A nível motor ela já é capaz de caminhar na posição erecta dar voltas apertadas sem desequilibrar os braços colocam tal como no adulto sabe e desce facilmente escadas A nível do seu desenvolvimento pessoal e em relação ao domínio dos esfíncteres sabe quando deve ir à casa de banho e fálo sózinha A motricidade fina está cada vez mais elaborada é capaz de imitar uma cruz e abotoar os botões A linguagem emprega as palavras com mais segurança mantém o seu gosto pela aprendizagem de novas palavras e exercea no seu solilóquio e nas dramatizações A propósito destes dados Piaget refere o jogo simbólico enquanto Wallon refere o exercício da representação nascente cessidade de experimentar o desconhecido ou ir além das suas capacidades Do ponto de vista emocional é equilibrada as birras são pontuais e o medo de estranhos é passageiro ligado a coisas concretas Tem um maior autodominio brinca de modo menos violento que aos quatro anos sentase à mesa e executa calmamente uma tarefa Reage de modo positivo a uma frustração e o seu controle motor fino está mais elaborado o que é observável através do desenho Começa agora a interessarse pelos conteúdos escolares 6 A perspectiva da Aprendizagem Social Abordaremos em seguida reportandonos à perspetiva da Aprendizagem Social alguns comportamentos que emergem neste período etário e que sofrem a influência do processo de socialização nomeadamente o comportamento agressivo o comportamento dependente o comportamento de medo e ansiedade Nos primeiros anos de vida não se observam ainda comportamentos agressivos As crianças podem apresentar birras mas esta não têm um foco em especial Por exemplo a criança que tira a boneca a outra está essencialmente interessada nessa boneca e não em magoar ou dominar a outra criança Por volta dos dois anos e meio três anos começam a aparecer comportamentos agressivos no sentido em que a agressão se focaliza em alvos específicos e aparecem os companheiros da mesma idade actuam muitas vezes como modelos Muitas vezes os pais queixamse que os filhos se tornam mais agressivos após a entrada no jardimescola O comportamento agressivo é frequentemente reforçado pelas outras crianças inclusive pelas vítimas da agressão quando desistem de levar a sua posição à frente deixando o outro ganhar Assim pode concluirse que a Reforçar respostas agressivas conduz a um aumento destas respostas bem como a uma generalização de respostas agressivas a outras situações b A observação de modelos agressivos que são bemsucedidos atua igualmente o aparecimento destas respostas c Outro factor reforçador da agressividade é a permissividade o facto de se permitir livremente a agressão e comportámo da família parece ter um papel importante na aprendizaj As crianças de 2 anos tendem a ser mais dependentes do adulto do que os seus companheiros da mesma idade ao contrário da criança de 4 anos por exemplo Enquanto que as crianças mais novas se agarram fisicamente ao adulto e exigem o seu afeto as crianças mais velhas exprimem a sua dependência procurando o restabelecimento da sua confiança e atenção positiva por parte dos adultos por exemplo mostrando o seu trabalho escolar Podese inferir que a busca de atenção e aprovação são formas relativamente maduras de expressão da dependência os pedidos diretos de afeto através de abraços contactos físicos e choro são formas mais imaturas A expressão do comportamento dependente é fortemente afectada pela situação imediata ambientes ansiógenicos elicitem comportamentos de dependência ao contrário das situações de relaxamento o isolamento de contacto social ou redução do nível normal de interação social também aumentam os comportamentos de dependência Capítulo IV A operatividade concreta coincidiendo com o período de latência aquisições escolares e socialização Considerando a perspectiva psicanalítica que a criança entra num período de acalmia após a resolução relativa do conflito edipiano acrescentaremos como a maior parte dos autores que o desenvolvimento da personalidade atinge neste período uma fase de franca realização a vários níveis Em termos comportamentais essa realização fazse sentir a nível das aquisições cognitivas e da participação em grupo com ajustamentos progressivamente mais adequados quer a nível familiar quer a nível das amizades Segundo Jean Piaget Piaget e Inhelder 1966 toda a actividade cognitiva teve sempre uma linha ascendente de acordo com a evolução da capacidade participativa da criança 1 Perspectivas 11 Jean Piaget e a operatividade concreta passagem da préoperatividade à operatividade e conceitos básicos A capacidade de estabelecer coordenações aumenta à medida que as pregnâncias deixam de ser sentidas pela criança como essenciais sendo longo como vimos o período da diferenciação perfeita entre o ponto de vista próprio e o dos outros São mecanismos compensatórios a nível da articulação das representações que vão permitir essa diferenciação por gradações sucessivas A regulação funciona em dimensões diferentes enquanto compensação parcial consonante aos diferentes níveis organizados composição o produto que resulta da combinação de qualquer elemento de um conjunto com outro através de uma operação A ainda um elemento do conjunto associatividade num conjunto A B e C se se combinar C com A o resultado obtido da combinação de B com A chegase ao mesmo resultado que se combinar A com o resultado obtido da combinação de B com C identidade num conjunto de elementos há sempre um único elemento idêntico que não altera o conjunto na sua combinação com outro elemento desse conjunto reversibilidade em relação a cada elemento A B ou C do conjunto há um e um só elemento inverso que quando combinado com A B ou C dá o elemento idêntico ou elemento de identidade O agrupamento além de duas estruturas conhecidas a nível matemático o grupo e o reticulado O reticulado é uma estrutura hierárquica de classes em que para cada elemento do grupo há um limite superior mínimo e um limite inferior máximo Os agrupamentos não são reticulados completos mas apenas semireticulados porque têm um limite superior mínimo mas não têm um limite inferior máximo O reticulado completo só aparece nas operações formais Segundo Piaget Piaget e Inhelder 1971 são os agrupamentos que funcionam como modelo do pensamento concreto e estão sujeitos a solução de problemas que as crianças dos níveis etários correspondentes poderão resolver Temos consequentemente a reversibilidade que neste período consiste em inversões 110 que compostas em a operação directa correspondem a negação ou seja uma conduta utilizada pela criança desde o período sensóriomotor a criança verbaliza ou não anda de sim e está presentes nas primeiras classificações que inclui nomes e separações Fazse sentir nos agrupamentos de classes aditivas se se separarem objetos que também se possam juntar e de classes multiplicativas o inverso da multiplicação de duas classes é a abstração ou supressão da última operação por exemplo os melros brancos feita a abstração da brancura ainda são melros Mas há ainda outra forma de reversibilidade que é a reciprocidade ou simetria de uma operação composta com a reciprocidade resultando em equivalência Tem origem nas simetrias motoras posteriormente espaciais perceptivas e representativas Cada uma destas formas de reversibilidade a nível das operações concretas tem a sua própria área Não há ainda um sistema de conjunto que combine as transformações inversas e recíprocas Considerandose neste período etário basicamente a actividade da operatividade concreta verificase que esta faz a passagem entre a acção e as estruturas de grupo em que são coordenadas as duas formas possíveis de reversibilidade Há coordenação em estruturas de conjuntos ou agrupamentos que ainda não assentam em combinações generalizadas como irão aparecer no periodo formal Piaget e Inhelder 1941 São elas a seriagem que consiste em ordenar elementos em função de grandezas crescentes e decrescentes esboçase no período sensóriomotor quando a criança começa a perceberse das diferenças dimensionais ao construir por exemplo uma torre com cubos Na intenção de avaliar como a criança organiza as diferentes de tamanhos pode darse uma série de pauzinhos de dimensões variadas e pedirlhe que os ordene Verificamos que a criança responde ao pedido pondo a questão há mais rosas ou flores a noção de número Piaget e Szeminska 1942 que implica a combinação estreita e concreta de serições e inclusões Verificamos pelo fato de apresentarmos à criança elementos ex pérolas de cor em duas filas com o mesmo número e aumentandose consideravelmente os espaços de uma das filas Não há conservação de número se as alterações no espaço forem positivas em relevo pela criança É necessário que haja conservação de conjuntos numéricos independentemente de situação das pérolas a nível espacial As estruturas operatórias relativas a objetos discontinhos são provas em relevo através de provas relativas às quantidades físicas sendo as noções de substância adquiridas por volta dos sete anos e as de peso por volta dos novedez anos e os do volume adquiridos por volta dos onze anos O objectivo destas provas é edificar como se forma a noção de invariância por exemplo no caso da aquisição do peso através das deformações de um determinado material assim como analisar as razões de quando o peso cada uma das noções surge ligada às respectivas quantidades físicas Piaget e Inhelder 1941 Sabemos que as estruturas operatórias dizem respeito fundamentalmente a objetos discontínuos e discretos e fragmentamse nas diferenças entre os vários elementos do mundo real objetos do conhecimento semelhancas ou equivalências Mas há um conjunto de estruturas que dizem respeito aos objetos contínuos e que se fundamentam nas vizinhanças proximidades e separações A estas operações chama Pia get infralógicas dizem respeito a outro tipo de realidades constroemse paralelamente àquelas em sintonia salientandose as noções de espaço e de tempo As medidas espaciais constituemse em ligação com a noção de medida com uma diferença de mais ou menos semelhanças Ao medir a criança parte a realidade espacial o que implica um certo encaixamento prévio das partes Piaget e Inhelder 1947 chamam a atenção para evoluir da noção de espaço do ponto de vista histórico primeiramente na abordagem teórica referente ao espaço aparece a geometria euclidiana na base do Postulado de Euclides em segundo tomou vulto a geometria projectiva finalmente impôsse a perspectiva topológica Na criança aparecem ao contrário do que acontece historicamente em primeiro lugar estruturas topológicas separações vizinhanças envolvimentos com os vários níveis de coordenação em seguida estruturas projectivas perspectivas pontuais coordenação de pontos de vista e finalmente a métrica euclidiana ordenação de deslocamentos unidades de medida O modo como a criança representa o mundo vai necessariamente beneficiar das estruturas operatórias Isto verificase igualmente num núcleo operatório do pensamento que também é importante na assimilação do real e que oscila entre dois extremos as noções de causalidade e de acaso vídeo aos grupos sociais em que se insere não se pode abordar o desenvolvimento psicológico como refere Piaget e outros autores ignorando manifestações que vão reforçar o enquadramento do sujeito na sociedade e que dizem respeito às regras morais Vários psicólogos têm preocupado com este vector realizando pesquisas que vão ter particular acuidade na adolescência por vezes considerado período de conflito tensão e perigo Tratase de estudos que têm a sua razão de ser quando abordados neste período comumente chamado de latência em que Piaget põe em relevo o papel da actividade cognitiva no desenvolvimento moral A Moral temnos enviado normalmente para a Filosofia dos valores e ultrapassa os limites de qualquer dos métodos utilizados em Psicologia para que nesta sejam assumidos os pressupostos básicos Entretanto alguns especialistas ligados à área de Psicologia têm tomado posições teóricas específicas em relação aos comportamentos morais Alguns autores de formação comportamentalista defendem uma concepção de conducta moral um acto susceptível de julgamento moral é aquele que determinado através de reflexos condicionados por condicionamentos sociais é conforme às normas de determinada sociedade A moral é assim dependente dos condicionais das sociedades em que nos integramos e que possuem princípios morais e regras pelas quais se regem Entretanto poderseá comentar que na base dos princípios morais estão conceitos que assentam na noção de justiça como valor e que este não é só um conjunto de normas implica todo o funcionamento evolução psicológica e opções do sujeito Isso implica pois também no domínio da Psicologia as alternativas clássicas ou se aceita um relativismo moral e o que é moral numa sociedade pode não o ser noutra ou o que é moral e universal asseenta em princípios que ultrapassam aquele relativismo gem do respeito unilateral ao respeito mútuo reciprocidade e autonomia que vão estar presentes no período de latência As regras perdem o caráter sagrado e transcendentes passando a basearemse em critérios de justiça Ao julgar um acto como bom ou mau as intenções da pessoa que o praticou têm o seu próprio peso assim como as consequências O dever não é definido em termos de obediência à autoridade mas sim em termos de conformidade com as expectativas do grupo na medida em que a criança já é capaz de se pôr no lugar do outro Salientando os factores que implementam o desenvolvimento moral é claro que Piaget considera dois factores básicos na passagem do estado de heteronomia para o de autonomia o desenvolvimento cognitivo sem operacionalidade não há acesso à autonomia a interacção com o grupo sem a qual não há acesso à reciprocidade Os pontos de vista de Piaget do ponto de vista moral vão ser ampliados e sintetizados em novos moldes por Kohlberg A sublimação é um processo postulada por Freud para explicar actividades humanas sem relação aparente com a sexualidade mas tendo a ver o seu motor por exemplo actividades artísticas e intelectuais postas em relevo por Freud Segundo Anna Freud no período de latência o Ego tornouse forte com a ajuda do SuperEgo e domina as pulsões através daqueles mecanismos de defesa O Id é canalizado e dirigido para a aquisição de cultura e estabelecimentos de relações amigáveis organizamse realmente muito energéticos transformandose em potências psíquicas como guardiães tais como a vergonha e o nojo Aparecendo juntamente com a inteligência discursiva por oposição à inteligência prática o sincretismo diz respeito a uma estratégia funcional da representação da linguagem a criança experimenta nas suas capacidades representativas Correspondendo a uma certa confusão entre o que se vê o que se pensa o que se sente plano subjectivo e o mundo real plano objectivo Corresponde também a dificuldades de análise e síntese Será progressivamente substituído pela capacidade de estabelecimento de categorias que vão permitir não só representar o real como explicálo As categorias que remontam ao pensamento Kantiano e Hegeliano são indispensáveis para identificar analisar definir e classificar numa primeira etapa até aos nove anos aproximadamente e para determinar as condições de existência e as relações recíprocas através das relações de tempo espaço e causalidade numa segunda etapa Analisando mais profundamente o sincretismo Wallon 1941 1945 conclui que ele parte da estrutura original e dialéctica do pensamento da criança que é a estrutura binária o par O par é a estrutura mais elementar do pensamento sem a qual o pensamento não existiria É uma espécie de molécula intelectual em que se encerra o acto de pensar sob a forma mais simples e mais diferenciada Wallon 1945 p 115 Referese à entidade EuOutro no desenvolvimento da consciência pessoal a que não só se alheia a noção complexa do Self e à própria noção de identidade tal como será expressa na linha de Erikson Marcia e Rodriguez Tomé Claes 1985 com raízes longitudinais no pensamento filosófico O pensamento fundamentado nessa estrutura é o meio de que a criança se serve no período précategorial essencialmente contraditório As contradições serão aliás ordenadas pela linguagem A capacidade de satisfazer as suas necessidades e vontades também agora susceptível de sofrer adiamentos as condições motivadas podem ser substituídas por condutas mediatas Logo eu não poderei de discriminação intelectual apenas por dois sensos tornando possível a actividade de análise e síntese que por sua vez torna possível a elaboração isto é tanto o subjectivo o objectivo característico da criança précategorial mantêmse como processo essencial e racional As categorias como substituto da realidade não esgotam sendo também susceptíveis de reformulações Estas reformulações estão por causa das categorias anteriores sendo feitas segundo um processo semelhante ao sincretismo infantil na medida em que o estar e conhecer a afectividade e a inteligência são confrontados acabamento Do ponto de vista da socialização após um período de retiro também a busca dos amigos se torna mais necessaria e firme a par do redefinido de parâmetros dos valores Por sua vez o relacionamento familiar surge de acordo com os psicanalistas Anna Freud Helen Deutsch Peter Blos Erik Erikson Adelson como campo privilegiado de manifestações significativas de rupturas sucessivas rupturas necessárias para um reencontro na passagem ao estado adulto a refazerse em novos termos As expressões puberdade período inicial da adolescência préadolescência e adolescência são assim usadas para referenciar um período que não pode ser delimitado com exatidão e para o qual utilizaremos em sentido amplo o termo adolescência pondo em relevo as características puberais do seu início e de acordo com os diferentes modelos considerando dadas significativos numa primeira fase préadolescência que vão ocorrendo em diferentes níveis de acabamento numa segunda fase ou adolescência propriamente dita Michel Claes 1985 ao referirse à adolescência como período de desenvolvimento analisa os pressupostos teóricos existentes e apresenta novos dados de pesquisas recentes através dos quais a adolescência se afasta do conceito tradicional como período de crise no sentido de dificuldades a superar exigindo particular esforço e desgastes Este especialista chama a atenção para as diferentes transformações que a adolescência parece ao mesmo tempo que impedem das necessidades do desenvolvimento tarefas específicas Essas tarefas são universais parecem surgir distintas e devem respeitar em primeiro lugar ao desenvolvimento puberal em que se verificam modificações sexuais fundamentais implicando a reconstrução da imagem corporal e respectiva identidade sexual em segundo lugar às mudanças a nível cognitivo segundo Piaget aumentam as competências cognitivas do sujeito pela passagem e utilização em pleno do pensamento formal ainda que as características deste possam ser discutíveis quanto à sua universalidade não há dúvidas de que há um aumento da capacidade de abstração em terceiro lugar as mudanças relativas ao relacionamento com as figuras parentais e a importância crescente adquirida pelos companheiros enquanto agentes de socialização como as características implícitas de relacionamento ao nível da cooaperacão e competição em quarto lugar a construção da identidade que insere o sujeito definitavemente no plano psicosocial decorrendo através de fases que se definem pelo assumir da infância perspectivandose nas capacidades de continuidade no futuro pela delimitação face às figuras parentais ao mesmo tempo que se afirma o Eu e pelas escolhas profissionais sexuais e ideológicas que reforçam aquela afirmação As dificuldades destes quatro ângulos são ultrapassadas de um modo geral pelo facto de que os jovens em crescimento não enfrentam a resolução das diferentes tarefas desenvolvimentais simultaneamente Michel Claes baseandose no trabalho de Simmons e Rosenberg 1975 sobre a representação do esquema corporal de Coleman 1978 sobre a ansiedade desencadeada pelas relações heterossexuais de Blos sobre o conflito familiar propõe um esquema de desenvolvimento da adolescência na linha da teoria local de Coleman 1978 Não há propriamente estudos realizados sobre as modificações morfológicas cognitivas e afetivas que se processam em etapas diferentes e com dinâmicas distintas E em função desta abordagem teremos afirma a estabilidade relativa numa dimensão