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Psicologia ·
Psicologia Social
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Texto de pré-visualização
Robert J Sternberg Tufts University com a contribuição dos quadros Investigando a Psicologia Cognitiva por JeffMio Universidade Estadual da Califórnia Pomona EUA Revisão Técnica José Mauro Nunes ProfessorAdjunto do Departamento de Estudos em Educaçãoà Distância DEAD da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro UERI Professor Convidado da Fundação Getulio Vargas Management IDEFGVRJ DoutoremPsicologia Clínicapela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro PUCRio CENGAGE QCJ Learning TRADUÇÃO DA a Psicologia Cognitiva EDIÇÃO NORTEAMERICANA Austrália Brasil Japão Coréia México Cingapura Espanha Reino Unido Estados Unidos CENGAGE ae Learning Psicologia Cognitiva Tradução da 5Edição NorteAmericana RobertJ Sternberg Gerente Editorial Patrícia La Rosa Editora de Desenvolvimento Noelma Brocanelli Supervisora de Produção Editorial Fabiana Alencar Albuquerque Produtora Editorial Gisele Gonçalves Bueno Quirino de Souza TitulooriginalCognitivePsychology 5th edition ISBN 9780495506324 Tradução Anna Maria Dalle Luche e Roberto Galman Revisão Técnica José Mauro Nunes Copidesque Viviane Akemi Uemura Revisão Maria Dofores Delfina Sierra Mata Adriane Peçanha 20092006 Wadsworth parte da CengageLearning 2010 Cengage Learning Edições Ltda Todos os direitos reservados Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida sejam quais forem os meios empregados sem a permissão por escrito da Editora Aos infratores aplicamseas sanções previstas nos arti gos 102104 toó 107 da Lei ns 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Esta Editoraempenhouse em contatar os responsáveis pelos direitos autorais de todas as imagens e de outros materiais utilizados neste livroSe porventura for constatada a omissão involuntária na identificaçãode algum deles dispomonos a efetuar futuramente os possíveis acertos Para informações sobre nossos produtos entre em contato pelo telefone 08001119 39 Para permissão de uso de material desta obra envie seu pedido para direitosautoraiscengagecom Diagramação Megaart Design Capa Eduardo Bertolini 2010Cengage Learning Todosos direitos reservados ISBN13 9788522106783 ISBN 10 8522106789 Cengage Learning Condomínio EBusiness Park RuaWerner Siemens m Prédio 20 Espaço 04 Lapa de Baixo CEP 05069900 São Paulo SP Tel11 36659900 Fax 36659901 SAC 0800 1119 39 Para suas soluções de curso e aprendizado visite wwwcengagecombr Impresso no Brasil Printed in Brazil 1 23456 12 II 10 Sumário Capítulo Introdução à Psicologia Cognitiva 1 1 Capítulo Á Neurociência Cognitiva 29 Capítulo J Percepção 65 4 Capítulo í Atenção e Consciência 107 Capítulo J Memória Modelos e Métodos de Pesquisa 153 Capítulo J Processos Mnésicos 189 Capítulo 7 Representação e Manipulação do Conhecimento na Memória Imagens e Proposições 225 vi Psicologia Cognitiva Capítulo O Representação e Organização do Conhecimento na Memória Conceitos Categorias Redes e Esquemas 267 O Capítulo Linguagem Natureza e Aquisição 303 Capítulo 1U A Linguagem no Contexto 339 Capítulo L J Resolução de Problemas e Criatividade 383 Capítulo Tomada de Decisões e Raciocínio 429 Capítulo 12 13 Inteligência Humana e Artificial 473 Glossário 519 Referências 527 índice remissivo 585 Ao professor Os Objetivos Originais Deste Livro Na primeira vez em que mepropus a escrever este livro tanto eu como os meus alunos sa bíamos o que era necessário haver em um livro didático ou pelo menos era assim que eu pensavaTodos queríamos um livroque cumprisse osobjetivosque seguem 1 Combinar legibilidade com integridade Já aconteceu de eu escolher livros tão difíceis de digerir quesomenteosestômagos maispreparados seriamcapazes de digerir aque lesconteúdos Já escolhi outrosque por falta de substância sedesmanchavam feito algodãodoce Eu tinha de escrever um livroque desse aos estudantes algo que pu desse ser mastigado e digerido com facilidade 2 Equilibrar uma representação clara das questões da Psicologia Cognitiva respeitando os detalhes importantes do campo Talvez nãohajadisciplina emquetantoa árvore como a floresta sejamtão importantescomoacontece na Psicologia Cognitiva Os melhorese mais duradouros trabalhos neste campo são movidos por questões também duradouras e fundamentais Entretanto este trabalho igualmente trata de detalhesdos métodos e da análise de dados necessários para produzir resultados significativos 3 Equilibrar a aprendizagem dos conteúdos com a reflexão a seu respeito Um psicólogo cognitivo especializado não só conhece a disciplina como sabe usar o conheci mento O conhecimento sem reflexão é inútil e a reflexão sem o conhecimento é vazia Tentei equilibrar o respeito pelo conteúdo com igual respeito pelo seu uso Cada capítulo finaliza com diferentes perguntas que enfatizam a compreensão do con teúdo bem como a reflexão analítica criativa e prática acerca dele Os estudantes que utilizarem este livro aprenderão não apenas as idéias e os fatos básicos da Psi cologia Cognitiva como também pensar a partir deles 4 Reconhecer as tendências tradicionais e as tendências emergentes no campo Este livro possui todos ostópicos tradicionais que constam da grande maioria dos livros didá ticos incluindo a natureza da Psicologia Cognitiva e como as pessoaspensam sobre as grandes questões do campo Introdução à Psicologia Cognitiva percepção Percepção atenção e consciência Atenção e consciência memória Me mória modelos e métodos de pesquisa e Processos mnésicos representação do conhecimento Representação e manipulação do conhecimento na memória ima gens e proposições e Representação e organização do conhecimento na memória conceitos categorias redes e esquemas linguagem A linguagem natureza e aquisição e A linguagem no contexto resolução de problemas e criatividade Resolução de problemas e criatividade e tomada de decisão e raciocínio Ra ciocínio e tomada de decisão Também incluí dois assuntos que normalmente não costumamser incluídos como capítulos em outras obras ANeurociência Cognitiva Neurociência Cognitiva está vii viii PsicologiaCognitiva presente porque a linha divisória entre a Psicologia Cognitiva e a Psicobiologia está cada vez mais difícil de ser delimitada Atualmente uma grande quantidade de traba lhos interessantes está situada na interface entreos dois campos e assim sea Psicolo gia Cognitiva de 20 anos atrás foi capaz de dar conta de seu trabalho sem uma compreensão das bases biológicas acredito que atualmente esse tipo de psicólogo cognitivo estaria mal atendido Inteligência artificial e humana Inteligência humana e artificial está se tor nandoumcampo cadavez mais importante parao Psicologia Cognitiva Há 20anos o campo da inteligência humana era dominado pelas abordagens psicométricas baseadas em testes O campo eradominado porprogramas que em termos funcio naisestavam bastantedistantesdosprocessos do pensamento humano Hojeem dia ambos os campos da inteligência são muito mais influenciados pormodelos cogniti vosoriundos de comoaspessoas processam a informação Incluíosmodelos baseados em seres humanos e computadores no mesmo capítulo porque acredito que seuob jetivo em última análise é o mesmo ou seja entender a cognição humana Embora o livro termine com o capítulo sobre inteligência esta também cumpre papel impor tante no início e no meio do livro porque é a estruturaorganizadora na qual a Psi cologia Cognitiva se apresenta Essa estrutura não se dá em termos de um modelo psicométrico tradicional de inteligência e sim em termos de inteligênciacomo es trutura organizadora para toda a cognição humana Tentei equilibrar não apenas os tópicos tradicionais com os novos mas também as citações antigas com algumas mais novas Alguns livros parecem sugerir que quase nada de novo ocorreu na última década enquanto outros parecemsugerir que a Psicologia Cognitiva foi inventada nesse mesmo período O objetivo deste livro é equilibrar a citação e a descrição de estudos clássicos com igual atenção às contribuições recentes ao campo 5 Mostrar a unidade básica da Psicologia Cognitiva Por um lado os psicólogos cogniti vos discordam com relação ao grau emque os mecanismos cognitivos são mais ge rais ou específicos Poroutro acredito que quase todosos psicólogos cognitivos são da opinião de que há uma unidade funcional básicana cognição humana Essa uni dade acredito se expressa por meio do conceito da inteligência humana O con ceito de inteligência pode ser visto como um guardachuva por meio do qual se pode entender a natureza adaptativa da cognição humana Por meio desse conceito simples a sociedade bem como a ciência psicológica reconhecem que por mais diversificada que possa ser a cognição se articula para nos proporcionar uma ma neira funcionalmente unificada de entendermose de nos adaptarmos ao ambiente Sendo assim a unidade da cognição humana expressa pelo conceitode inteligên cia serve como mensagem integradora deste livro 6 Equilibrar várias formas de aprendizagem e instrução Os estudantes aprendem melhor diante deconteúdos apresentados de diversas formas e a partirde diferentes pontos de vista Com esse objetivo procurei obter um equilíbrio entre uma apresentação tradicional de texto uma série de tipos de perguntas sobre o conteúdo factuais analíticas criativas práticas uma demonstração de idéias fundamentais da Psico logia Cognitiva e Leituras sugeridas comentadas queosestudantes podem consul tar se quiserem ter maisinformações sobre o tema Uma descrição doscapítulos no início decada umdeles também serve como um organizador avançado doque virá As perguntas de abertura e asrespostas de fechamento ajudam osestudantes a apre ciar as principais questões bem como os progressosque já foram feitos no sentido de respondêlas O texto em si enfatiza a forma como as idéias atuais evoluíram das Ao professor ix passadas e como essas idéias tratam de perguntas que os psicólogos cognitivos ten taram responder em suas pesquisas Agradecimentos Sou grato a todos os revisores que contribuírampara o desenvolvimento deste livro Susan E Dutch Westfield State College Jeremy Gottlieb Carthage College Andrew Herbert RochesterInstitute ofTechnology Christopher B Mayhorn North Carolina State Univer sity Padraig G 0Seaghdha Lehigh University Thad Polk University ofMichigan David Somers Boston University Também agradeço a Jessica Chamberland PhD Tufts University por sua inestimável ajuda na produção desta revisão Também quero agradecer a Dan Moneypenny meu editor de desenvolvimento e a Leah Bross minhaeditora de produção Sobre o Autor ROBERT J STERNBERG Robert J Sternberg é decano da Escola de Artes e Ciências pro fessor de Psicologia e professor adjunto de Educação na Tufts University E também professor honorário de Psicologia no De partamento de Psicologia na UniversityofHeidelbergem Hei delberg Alemanha Antes de aceitar sua posição na Tufts foi professor IBM de Psicologia e Educação do Departamento de Psicologia professor de Gerenciamento na Escola de Gerenciamento e diretor do Centro para Psicologia de Habi lidades Competências e Especialidades na Yale University Esse Centro agora situado na Tufts University é dedicado ao avanço da teoria pesquisa prática e avanço nas políti cas do conceito de inteligência como uma perícia em desenvolvimento como um cons tructo que é modificável e capaz até certo ponto de desenvolverse ao longo da vida O Centro busca obter impactos na ciência na educação e na sociedade Em 2003 Sternberg foi presidente da As sociação Americana de Psicologia American Psychological Association APA e em 20062007 foi presidente da Associação de Psicologia do Leste Eastern Psychological Association É presidente eleito da Associa ção para Educação e Psicologia Cognitiva Association for Cognitive Education and Psychology Fez parte da diretoria e do con selho gestor da APA 20022004 Fez parte da diretoria da Associação de Psicologia do Leste 20052008 e da Asso ciação Americana de Faculdadese Universi dades American Association ofColleges and Universities 20072009 Tam bém é presidente do Comitê de Publicações da Associação Ame ricana de Pesquisa Educacional American Educational Research Association AERA Stern berg foi presidente das divisões de Psicologia Geral Psicologia Educacional Psicologia e Ar tes Psicologia Filosófica e Teó rica da APA Sternberg atua como presidente interino e diretor de estudos de graduação no Departamento de Psicologia da Universidade de Yale Sternberg obteve PhD pela Universidade de Stanford em 1975 e bacharelado summa cum laude Phi Beta Kappa com louvor e dis tinção excepcional em Psicologia pela Uni versidade de Yale em 1972 Também possui doutorado honorário pela UniversidadeCom plutense de Madri Espanha Universidade de Leuven Bélgica Universidade do Chipre Universidade de Paris V França Universi dade Constantino O Filósofo Eslováquia Universidade de Durham Inglaterra Uni versidade do Estadode São Petersburgo Rús sia Universidade de Tilburg Holanda e Universidade Ricardo Palma Peru E autor de aproximadamente 1200 arti gos publicados de capítulos de livros e de li vros recebeu mais de 20 milhões de dólares entre verbas governamentais bolsas de estu dos e contratos para sua pesquisa O foco central de sua pesquisa é a inteligência a criatividade e a sabedoria e também estudou o amor e o ódio em relacionamentos afeti vos Suas pesquisas têm sido desenvolvidas nos cinco continentes XI XÜ Psicologia Cognitiva Sternberg também é membro da Acade mia Americana de Artes para o Avanço da Ciência American Academy of Arts for Ad vancement of Science da APA em 15 divi sões da Sociedade Americana de Psicologia American Psychological Society APS da Associaçãode Psicologia de Connecticut Connecticut Psychological Association da Real Sociedade Norueguesa para Ciên cias e Letras da Associação Internacional para Estética Empírica do laureado capí tulo da Kappa Delta Pi e da Sociedade de Psicólogos Experimentais Recebeu vários prêmios dessas e de outras organizações en tre eles o Arthur W Staats Award da Fundação Americana de Psicologia Ame rican Psychological Foundation e da So ciedade para a Psicologia Geral Society for General Psychology Foiagraciadocom o Prêmio ELThorn dike pelo Conjunto da Obra em Psicologia da Educação prêmio da Sociedade de Psico logia da Educação da APA os prêmios Ar nheim e Farnsworth da Sociedade para a Psicologia da Criatividade Estética e Artes Society for the Psychology of Creativity Aesthetics and the Arts da APA o prêmio Boyd R McCandless da Sociedade para Desenvolvimento da Psicologia da Associa ção APA o Prêmio por Distinção pela Con tribuição no Início de Carreira da APA o Prêmio Acadêmico de Distinção Científica de Rede de Psicologia Positiva Positive Psychology Network Distinguished Scientist and Scholar Award o Palmer O Johnson da Research Review Outstanding Book o prêmioSylviaScribnerda AERA o prêmio JamesMcKeen Cattei da APS o Prêmio por Distinção pela Contribuição Vitalícia à Psi cologia da Associação de Psicologia de Con necticut o prêmio Anton Jurovsky da Sociedade de Psicologia da Eslováquia o Prêmio Internacional da Associação Portu guesa de Psicologia Distinção por Contri buição e prêmio E Paul Torrance da Associação Nacional para as Crianças Su perdotadas National Association for Gifted Children prêmio Cattell da Sociedade de Psicologia Multidisciplinar e Experimen tal Society for Multivariate Experimental Psychology o Prêmio por Excelência da Fundação Mensa para Educação e Pesquisa Mensa Education and Research Foundation Distinção por Honra SEKdo Instituto SEK de Madri o prêmio Memorial Sydney Sie gel da Universidade de Stanford e o prêmio Wohlenberg da Universidade de Yale Sternberg ainda faz parte da Sociedade Fullbrightde Especialistas Sêniores para Eslo váquia Fulbright Sênior Specialist Fellowship to Slovakia é membro da IREX Rússia membro da Fundação Guggenheim da Uni versidade Sênior e Faculdade Júnior em Yale além de ser membro graduado da Fundação Nacional de Ciência Também é membro ho norário do Conselho Nacional de Ciência de Taiwan e membro do Professorado Visitante do Memorial Sir Edward Youde da Universi dade da Cidade de Hong Kong Na APA Monitor em Psicologia Stern berg é um dos 100 maiores psicólogos do sé culo XX e foi relacionado pelo 1SI como um dos autores maiscitados top á em Psicolo gia e Psiquiatria Também estava na lista dos Homens e Mulheres Notáveis com menos de 40 anos da revista Esquire e na lista dos 100 maiores jovens cientistas na Science Digest Atualmente faz partedo Quem é Quem v7ios Who inAmerica nos EstadosUnidos Quem é Quem no Mundo Whos Who in the World Quem é Quem no Ocidente Whos Who inthe East Quem é Quem em Medicina e Saúde Whos Who in Medicine and Healthcare Quem é Quem em Ciências e Engenharia Whos Who in Science and Engineering Atuou como editor do Boletim Psicológico Psychological Buüetin e da Resenha de Livros da Psicologia Contemporânea da APA Re view of Books Contemporary Psychology e como editor associado da publicação De senvolvimento Infantil e Inteligência Child Development and InteÜigence Sternberg é mais conhecido por teorias como a Teoria da Inte ligência BemSucedida a Teoria de Investi mento em Criatividade desenvolvida em conjunto com Todd Lubart a TeoriadosEsti los de Pensamento Autodirigidos pela Mente a Teoria do Equilíbrio da Sabedoria a Teoria WICS de Liderança e a Teoria Dupla do Amor e do Ódio Introdução à Psicologia Cognitiva CAPITULO i EXPLORANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA 1 O que é Psicologia Cognitiva 2 De que modo a Psicologia evoluiu como ciência 3 De que modo a Psicologia Cognitiva evoluiu a partir da Psicologia 4 De que modo as outras disciplinas contribuíram para o desenvolvimento da teoria e da pesquisa na Psicologia Cognitiva 5 De quais métodos a Psicologia Cognitiva se utiliza para estudar a maneira como as pessoas pensam 6 Quais são as questões atuais e os vários campos de estudo dentro da Psicologia Cognitiva Definindo Psicologia Cognitiva O que você vai estudar em um livro sobre Psicologia Cognitiva 1 Cognição as pessoas pensam 2 Psicologia Cognitiva os cientistas pensam sobre como as pessoas pensam 3 Estudantes de Psicologia Cognitiva as pessoas pensam sobre o que os cientistas pen sam sobre como as pessoas pensam 4 Professores que lecionam Psicologia Cognitiva releia os itens anteriores Para sermosmaisespecíficos a Psicologia Cognitiva é o estudo de como as pessoas perce bem aprendem lembramse e pensam sobrea informação Um psicólogo cognitivopoderá estudarcomoas pessoas percebem várias formas porquese lembram de alguns fatos e se es quecemde outros ou mesmo porque aprendem uma língua Vejamos alguns exemplos Por que os objetos parecem estar mais distantes do que realmente estão em dias ne bulosos Essa discrepância pode ser perigosa inclusive enganando motoristas e cau sando acidentes Por que muitas pessoas conseguem se lembrar de uma experiência em especial por exemplo de um momento muito feliz ou algumconstrangimento na infância mas es quecem os nomes de pessoas que conhecem há muitos anos 2 Psicologia Cognitiva Porque muitas pessoas têm mais medo de viajar de avião do que de carro Afinal as chances de acidente e morte são muito maiores no carro do que no avião Porque sempre me lembro mais de alguém da minha infância do que de alguém que conheci na semana passada Porqueos políticos gastam tanto dinheiro comsuas campanhas na televisão Consideremos apenas a última dessas perguntas Por que os políticos gastam tanto di nheiro com suas campanhasna televisão Afinal quantas pessoas conseguem se lembrar dos detalhes das propostas políticas dos candidatos oudequemaneira essas propostas diferem das dos outros candidatos Uma das razões pelasquais os políticos gastam tanto é a disponibili dade heurística que vamos estudar no Capítulo 12 em Raciocínio e tomada de decisão Com a utilização da heurística podemos fazer julgamentos baseados em quão facilmente recordamos algo percebidocomo instâncias relevantesde um fenômeno Tversky Kahne man 1973 Tais julgamentos constituema questão em quem se deve votar em umaelei ção A tendência é votarem nomes familiares Tom Vilsack governador doestado de Iowa Estados Unidos na ocasião da campanha pelas primárias em 2008 iniciou mas rapida mente desistiu da competição para ser indicado como candidato à presidência dosEstados Unidos Sua desistência não ocorreu porque suas idéias diferiamdas do partido Ao contrá rio o PartidoDemocratagostava muitode suaplataforma Na verdade Vilsack desistiu por que a falta de reconhecimento de seu nome inviabilizou o levantamento de recursos para sua campanha Ao final os possíveis doadores sentiram que o nome de Vilsack não tinha disponibilidade suficiente paraque os eleitores votassem nele Mitt Romney outro candi dato republicano não tão conhecido entrou na disputadas primárias com John McCain e Rudy Giuliani Investiu muito dinheiro apenas para fazer com que seu nome pudesse ficar psicologicamente disponível ao grande público A verdade é que com a compreensão da Psicologia Cognitiva as pessoas conseguem entender muito daquilo que acontece no dia adia de suas vidas Este capítulo introduz o campo da Psicologia Cognitiva Descreve um pouco da histó ria intelectual do estudo do pensamento humano Dá ênfase especial a algumas questões que surgem sempre que pensamos em como as pessoas pensam A seguir um breve resumo dos métodos mais importantes das questões e das áreas temáticas da Psicologia Cognitiva Por que estudamos a história deste campo ou de qualquer outro então De um lado quando sesabe deonde se vem podese compreender melhor o percurso da jornada Porou tro o ser humano aprende com oserrospassados Dessa forma quando se comete algumerro este é novo ou seja já não é mais igualao anterior Mudouse muito a maneira de lidar com as questões fundamentais da vida Contudo algumas permanecem iguais Em última análise podese aprender alguma coisa sobre como aspessoas pensam estudando como pensam sobre o pensar O avanço das idéias muitas vezes implica uma dialética Dialética é umprocesso de in cremento emqueasidéias evoluem como passar do tempo pormeio de umpadrão de trans formação Qual é este padrão Em uma dialética Propõese uma tese Uma tese é o enunciado de uma opinião Por exemplo muita gente acredita que a natureza humana governa muitos aspectos do comportamento humano como a inteligência ou a personalidade Sternberg 1999 Entretanto de poisde algum tempo alguns indivíduos observam falhas nessatese Cedo ou tarde ou talvez logo em seguida surge uma antítese Uma antítese é um enunciado que contraria a primeira opinião Por exemplo uma visão alternativa é Capítulo 1 Introdução à PsicologiaCognitiva 3 que nossa criação o contexto ambiental em que somos criados determina quase inteiramente muitos aspectos do comportamento humano Impreterivelmente o debate entre a tese e a antítese conduz a uma síntese Uma síntese integra os aspectos mais confiáveis de cada uma das duas ou mais visões Por exemplo no debate sobre a relação entre inato e adquirido a interação entre a nossa natureza inata e o contexto ambiental pode reger a natureza humana E importante compreender a dialética porque às vezes podemos pensar que se uma opinião está certa outra aparentemente contrastante então deverá estar errada Por exemplo no meu próprio campo de conhecimento ocorreu muitas vezes uma tendência a se acreditar que a inteligência tanto pode ser inteira ou quase totalmente determinada pela genética ou então que é completa ou quase inteiramente determinada pelo am biente Um debate similar também surgiu no campo de aquisição da linguagem Embora quase sempre para nós é melhor acreditar que tais assuntos não são questões excludentes por si só mas que são apenas exames de como as forças diferentes variam e interagem umas com as outras Na verdade a mais recente controvérsia é que as opiniões sobre natureza e criação são incompletas Em nosso desenvolvimento natureza e criação operam de ma neira conjunta Se uma síntese fizeravançar o conhecimento sobre um determinado assunto então ser virá como uma tese nova Emseguidasurgiráuma nova antítese e assim por diante Georg Hegel 17701831 observou essaprogressão dialética de idéias Hegel foi um filósofo ale mão que chegou àspróprias idéiaspor intermédio da dialética sintetizando algumas das opi niões de seus antecessores e contemporâneos Antecedentes Filosóficos da Psicologia Racionalismo versus Empirismo Onde e como começou o estudo da Psicologia Cognitiva Normalmente os historiadores da Psicologia identificam suas primeiras raízes em duas abordagens diferentes para a com preensão da mente humana A Filosofia busca entender a natureza geral de muitos aspectos do mundo parte por meio da introspecção ou seja o exame das idéias e experiências internas íntro para dentro spectione olhar inspecionar A Fisiologia busca um estudo científico das funções vitais dos organismos vivos basi camente por meio de métodos empíricos baseados na observação O Racionalismo e o Empirismo são duas abordagens para o estudo da mente O racio nalista acredita que o caminho para o conhecimento se dá por meio da análise lógica Em contrapartida Aristóteles naturalista e biólogo além de filósofo foi um empirista O em pirista acredita que se adquire conhecimento por meio da evidência empírica ou seja esta evidência é obtida por intermédio da experiência e da observação Figura 11 O Empirismo orienta diretamente à investigaçãoempírica da Psicologia Ao contrário o Racionalismo é muito importante no desenvolvimento da fundamentação teórica As teo rias racionalistas semqualquerligação com a observação não podem ser portanto válidas Entretanto grandesquantidadesde dadosempíricos semuma estrutura teóricaorganizadora também podem não fazer sentido Podemos considerar a visão racionalista do mundo como uma tese enquanto a visão empirista seria a antítese A maioria dos psicólogos atualmente Psicologia Cognitiva FIGURA 11 a aSegundo oracionalista oúnico caminho para a verdade éareflexão contemplativa bSegundo oempirista oúnico caminho para a verdade é a observação meticulosa A Psicologia Cognitiva assim como outras ciências depende do trabalho tanto dosracionaiistas comodos empiristas buscam a síntese dessasduas teses Fundamentam suas observações empíricas na teoria Por outro lado usam essas observações para revisar suas próprias teorias As idéias contrastantes do Racionalismo e do Empirismo tomaramse notórias a partir do racionalista francês René Descartes 15961650 e do empirista inglês John Locke 16321704 Descartes considerava o método introspectivo e reflexivo superior aos méto dos empíricos paraseencontrara verdade Locke porsuavez eramuitoentusiasmado com o método da observaçãoempírica Leahey 2003 Locke acreditava que os seres humanos nascem sem qualquer conhecimento e por tanto precisam buscálo por meioda observação empírica O conceito de Locke para isso é o termo tabula rasa que em latim significa folha de papel em branco Sua idéia é de que a vida e a experiênciaescrevem o conhecimento no indivíduo Sendo assim para Locke o estudo da aprendizagem era fundamental para a compreensão da mente humana Ele acre ditava que não existiamde forma alguma idéias inatas No século XVIII o filósofo alemão Immanuel Kant 17241804 sintetizou dialeticamente as idéias de Descartes e Locke argu mentando que tanto o Racionalismo como o Empirismo têm seu lugar e que ambos devem trabalhar juntos na buscapela verdade Atualmente a maioriados psicólogos aceita a sín tese de Kant Antecedentes Psicológicos da Psicologia Cognitiva As Primeiras Dialéticas na Psicologia da Cognição Estruturalismo Uma das primeiras dialéticas na história da Psicologia ocorreu entre o Estruturalismo e o Funcionalismo Leahey 2003 Morawski 2000 O Estruturalismo foi a primeira grande es coladepensamento na Psicologia quebusca entendera estrutura configuração dos elemen tos da mente e suas percepções pela análise dessas percepções em seus componentes constitutivos Consideremos por exemplo a percepção de uma flor Os estruturalistas analisam essapercepção em termosde cor forma geométrica relações de tamanho e assim por diante Capítulo 1 Introdução à Psicologia Cognitiva 5 Um psicólogo alemão cujas ídeias mais tarde contribuiriam para o desenvolvimento do Estruturalismo foi Wilhelm Wundt 18321920 Wundt nem sempre foi considerado o fun dador da Psicologia Experimental e usava uma grande variedade de métodos em suas pesqui sas Um deles era a introspecção Introspecção é um olhar interior para as informações que passam pela consciência Um exemplo são as sensações experimentadas quando se olha para uma flor Com efeito analisamos nossas própriaspercepçõesWundt defendia o estudo das ex periências sensoriais por meio da introspecção Wundt teve muitos seguidores sendo um deles o norteamericano Edward Titche ner 18671927 Titchener 1910 ajudou a trazer o Estruturalismo para os Estados Uni dos Outros psicólogos pioneiros criticaram tanto o método introspecção como o foco estruturas elementares da sensação do Estruturalismo Funcionalismo Uma Alternativa para o Estruturalismo Uma alternativa para o Estruturalismo sugeriaque os psicólogos deveriam concentrarse mais nos processos do pensamento do que nos conteúdos O Funcionalismo busca entender o que as pessoas fazem e por que o fazem Esta pergunta principal estava em desacordo com os estru turalistas que queriam saber quais eram os conteúdos elementares estruturas da mente humana Os funcionalistas sustentavam que a chave para o entendimento da mente humana e dos comportamentos era o estudo dos processos de como e por que a mente funciona como funciona em vez de estudar os conteúdos e os elementos estruturais da mente Os funcionalistas estavam unidos pelos tipos de perguntas que faziam mas não necessa riamente pelas respostas que encontravam ou pelos métodos que utilizavam para chegar a es sas respostas Como os funcionalistas acreditavam no uso de qualquer método que melhor respondesse àsperguntas de um determinado pesquisador parece natural que o Funcionalismo tenha levado ao Pragmatismo Os pragmatistas acreditam que o conhecimento só pode ser va lidado por sua utilidade o que se pode fazer com istoEstão interessados não apenas em sa ber o que as pessoasfazem mas também querem descobrir o que podemos fazer com o nosso conhecimento sobre o que as pessoas fazem Por exemplo eles acreditam na importância da Psicologiado Aprendizado e da Memória Por quê Porque pode nos ajudar a melhorar o de sempenho das crianças na escola O Pragmatismo também pode nos auxiliar a lembrar o nome de pessoas que conhecemos mas do qual nos esquecemos rapidamente Agora imaginese colocando a idéia do Pragmatismo em prática Pense so bre as maneiras de tornar a infonnação que você está aprendendo neste livro de modo que sejam mais úteis a você Parte dessetrabalho já foi feito veja que o capítulo começa com questões que tornam as informações mais coerentes e úteis e o resumo retorna a essas perguntas O texto responde de modo satisfatório às questões apresentadas no início do capítulo Ela bore suasperguntas e suasanotações sob a formade respostas Além disso tente estabelecer uma relação deste material com o de outros cursos ou atividades das quais participa Por exemplo você pode ser chamado a ex plicar a um amigocomo funciona um programade computador Uma boa formade começar seria perguntar a essapessoa se ela tem algumapergunta a respeito Assim as informações que você oferecer serão mais úteis ao seu amigo em vezde obrigálo a buscar a informação de que necessita em uma exposição longa e unilateral APLICAÇÕES PRÁTICAS DA PSICOLOGIA COGNITIVA 6 Psicologia Cognitiva Um líder na condução do Funcionalismo em direção ao Pragmatismo foi William James 18421910 Sua principal contribuição ao campo da Psicologia foi um único livro Prin cípios da Psicologia 18901970 Ainda hoje os psicólogos cognitivos apontam com fre qüência os escritos de James nas discussões de questões centrais em seu campo de conhecimento como atenção consciência e percepção John Dewey 18591952 foi mais um dos primeiros pragmatistas que influenciaram de maneira profunda o pensamento con temporâneo na Psicologia Cognitiva Dewey é lembrado basicamente por sua abordagem pragmática acerca do pensamento e da educação Associacionismo Uma Síntese Integradora O Associacionismo assim como o Funcionalismo foi menos uma escola sistemática de Psicologia e mais uma forma de pensar influente O Associacionismo investiga como os even tos e as idéias podem se associar na mente propiciando a aprendizagem Por exemplo as associações podem resultar da contiguidade associar informações que tendem a ocorrer jun tas ou quaseao mesmotempo da similaridade associarassuntoscom traços ou propriedades semelhantes ou do contraste associar assuntos que parecem apresentar polaridades como quentefrio claroescuro dianoite No fim dos anos 1800 o associacionista Hermann Ebbinghaus 18501909 foi o pri meiro pesquisador a aplicar os princípios associacionistas de maneira sistemática Ebbin ghaus estudou e observou especificamente seus próprios processos mentais Contou os próprios erros e registrou seus tempos de resposta Por meio de autoobservações estudou como as pessoasaprendem e se lembram dos conteúdos por meio da repetição consciente do material a ser aprendido Entre outras conclusões descobriu que a repetição possibilita fi xar as associações mentais de maneira mais consistente na memória Dessa forma a repeti ção auxilia o aprendizado ver o Capítulo 6 Outro associacionista influente Edward Lee Thorndike 18741949 sustentava que o papel da satisfação é a chave para a formação de associações Thorndike chamou esse princípio de Lei do Efeito 1905 um estímulo tenderá a produzir uma determinada resposta ao longo do tempo se o organismo for recompensado com essa resposta Ele acreditava que um organismo aprendia a responder de uma determinada maneira o efeito em uma dada situação se fosse constantemente recompensado por isso a satisfação que serve como estí mulo para ações futuras Assim uma criança que recebe uma recompensa por resolver cor retamente problemas de aritmética irá aprender a fazêlo sempre assim porque estabelece uma associação entre a solução válida e a recompensa Do Associacionismo ao Behaviorismo Outros pesquisadores contemporâneos de Thorndike conduziram experimentos com ani mais para investigar as relações de estímulo e resposta com métodos diferentes dos utilizados por Thorndike e seus colegas associacionistas Esses cientistas transpuseram a linha entre o Associacionismoe o campo emergente do Behaviorismo O Behaviorismo é uma perspectiva teórica segundo a qual a Psicologia deveria se concentrar apenas na relação entre o com portamento observável de um lado e os eventos ou estímulos ambientais de outro A idéia era materializar o que quer que tenha sido denominado de mental Lycan 2003 Alguns desses pesquisadores como Thorndike e outros associacionistas estudaram respostas volun tárias embora talvez carecessem de algum pensamento consciente como no trabalho de Thorndike Outros estudaram respostas desencadeadas involuntariamente em resposta ao que parecem ter sido eventos externos não relacionados Capítulo 1 Introdução à Psicologia Cognitiva 7 Na Rússiao fisiologista ganhador do Prêmio Nobel Ivan Pavlov 18491936 pesquisou esse tipo de comportamento de aprendizado involuntário começando com a observação de cachorros salivando ao simplesmente verem o técnico do laboratório que os alimentava Essa respostaocorria antes mesmoque oscachorros vissem se o técnico lhes trazia comida ou não Para Pavlov essa resposta indicava uma forma de aprendizado o aprendizado clássico condicionado sobre o qual os cachorros não tinham qualquer controle conscienteNa mente deles algum tipo de aprendizado involuntário relacionava o técnico à comida Pavlov 1955 O extraordinário trabalho de Pavlov abriu caminho para o desenvolvimento do Behaviorismo O condicionamento clássico compreende mais do que uma simples associa ção com basena contiguidade temporal por exemplo a comidae o estímulo condicionado que ocorriam quase ao mesmo tempo Rescorla 1967 O condicionamento eficaz requer contingência por exemplo a apresentação de comida sendo contingente com a apresenta ção do estímulo condicionado Rescorlae Wagner 1972Wagner e Rescorla 1972 O Behaviorismo pode ser interpretado como uma versão extrema do Associacionismo que seconcentra inteiramente na associação entre o ambiente e um comportamento obser vável Segundo alguns behavioristas radicais quaisquer hipóteses a respeito de pensamen tos e formas de pensar internas são mera especulação Os Proponentes do Behaviorismo O pai do Behaviorismo radical foi John Watson 18781958 Watson não via qualquer utilidade para os conteúdos ou mecanismos mentais internos e acreditava que os psicólogos deveriam se concentrar apenas no estudo do comportamento observável Doyle 2000 Eledescartouo pensamento como falasubvocalizado O Behaviorismo era também diferente dos movimentos anteriores da Psicologia por redirecionar a ênfase da pesquisa experimental em animais ao invés de humanos Historicamente grande parte do trabalho behaviorista tem sido até hoje realizada com animais de laboratório como ratos por possibilitarem um controle muito maior sobre os relacionamentos entre o ambiente e o comportamento em relação a ele Contudo um problema com relação à utilização de animais é determinar se a pesquisa podesergeneralizada em seres humanos ouseja aplicada de forma mais geral a seres humanos ao invés de apenas aos tipos de animais estudados B F Skinner 19041990 behaviorista radical acreditava que quase todas as formas do comportamento humano e não apenas o aprendizado podiam ser explicadas por compor tamentos emitidos em resposta ao ambiente Skinner desenvolveu pesquisas basicamente com animais nãohumanos e rejeitou os mecanismos mentais acreditando por outro lado que o condicionamento operante que envolvia o fortalecimento ou o enfraquecimento do comportamento dependente da presença ou ausência de reforço recompensa ou punição pudessem explicar todas as formas do comportamento humano Skinner aplicou sua aná liseexperimental do comportamento a muitos fenômenos psicológicos tais como a aprendi zagem a aquisição da linguagem e a resolução de problemas Principalmente por causa da presença intensa de Skinner o Behaviorismo dominou o campo de estudosda Psicologia por muitas décadas Os Behavioristas se Atrevem a Espiar Dentro da Caixa Preta Alguns psicólogos rejeitaram o Behaviorismo radical Tinham muita curiosidade em saber o que havia nessa caixa misteriosa Por exemplo Edward Tolman 18861959 acreditava que para entender o comportamento era necessáriose levar em conta o propósitoe o plano para o comportamento Tolman 1932 acreditava que todo comportamento era dirigido a algum objetivo Por exemplo o objetivo de um rato em um labirinto de laboratório seria o de encontrar comida dentro desse labirinto Tolman é tido por vezes como um precursor da moderna Psicologia Cognitiva 8 PsicologiaCognitiva Outra crítica ao Behaviorismo Bandura 1977b é que nele o aprendizado surge não apenas em função de recompensas diretas pelo comportamento Também pode ser social resultando de observações das recompensas ou punições dadas aos outros A capacidade para aprender por meio da observação está bem documentada e pode ser comprovada em seres humanos macacos cães pássaros e até mesmo em peixes Brown Laland 2001 La land 2004 Nagell Olguin Tomasello 1993 No ser humano essa habilidade está pre sente em todas as idades sendo observada tanto em crianças como em adultos MejiaArauz Rogoff Paradise 2005 Essateoria dá ênfase à maneira como se observa se modela o pró prio comportamento a partir do comportamento dos outros Aprendemos pelo exemplo Esta consideração de aprendizado social abre caminho para se examinar o que está aconte cendo na mente do indivíduo Psicologia da Gestalt Dentre os inúmeros críticos do Behaviorismo os psicólogos da Gestalt certamente estão entre os mais ávidos A Psicologia da Gestalt afirma que se compreende melhor os fenôme nos psicológicos quando se olha para eles como todos organizados e estruturados Se gundo essa visão não se pode compreender totalmente o comportamento quando se desmembram os fenômenos em partes menores Por exemplo os behavioristas têm a ten dência de estudar a resolução de problemas buscando o processamento subvocal eles buscam o comportamento observável por meio do qual a resolução do problema pode ser compreendida Os gestaltistas ao contrário estudam o insight buscando entender o evento mental não observável por meio do qual alguém vai do ponto em que não tem idéia de como resolver um problema até o ponto em que entende completamente em um simples instante de tempo A máxima o todo é diferente da soma de suas partes resume muito bem a perspectiva gestaltista Para entender a percepção de uma flor por exemplo teríamos de levar em conta o todo da experiência Não se poderia entender essa percepção em termos de uma descri ção de formas cores tamanhos e assim por diante Da mesma forma como mencionado no parágrafo anterior não poderíamos entender a resolução de problemas simplesmente exa minando os elementos isolados do comportamento observável Kõhler 1927 1940 Wer theimer 19451959 O Surgimento da Psicologia Cognitiva Uma abordagem mais recente é o Cognitifismo ou seja a crença de que grande parte do comportamento humano pode ser compreendida a partir de como as pessoas pensam O Cognitivismo é em parte uma síntese das formas anteriores de análise como o Behavio rismo e o Gestaltismo Da mesma forma que o Gestaltismo a Psicologia Cognitiva utiliza uma análise quantitativa precisa para estudar como as pessoas aprendem e pensam O Papel Inicial da Psicobiologia Ironicamente um dos exalunos de Watson Karl Spencer Lashley 18901958 questionou de forma contundente a teoria behaviorista de que o cérebro é um órgão passivo que simples mente reage às contingências comportamentais fora do indivíduo Gardner 1985 Ao con trário Lashleyconsidera o cérebro como um organizadorativo e dinâmico do comportamento Capítulo 1 Introdução à Psicologia Cognitiva 9 Lashley buscavaentender de que maneira a macroorganização do cérebro humano tomava possível a execução de atividades planejadas tão complexas como apresentações musicais jogos e o uso da linguagem Nenhuma delas em sua opinião poderia ser prontamente explicável em termos de condicionamento simples Na mesma linha mas em um nível de análise diferente Donald Hebb 1949 propôs o conceito de conjuntosde células como base parao aprendizado no cérebro Esses conjuntos são estruturas neurais coordenadas que se desenvolvem por meio da estimulação freqüente Eles sedesenvolvem ao passar do tempocom a capacidade de um neurônio célulanervosa ao ser estimulado disparar outro neurônio conectado Os behavioristas não aproveitaram esta rara oportunidade para concordar com Lashley e Hebb Na verdade o behaviorista B F Skinner 1957 escreveu um livro inteiro descrevendo como a aquisição e o uso da lingua gem poderiam serexplicados unicamente em termos de contingências ambientais Esse tra balho levoua estrutura teóricade Skinner longedemais deixandoo livreparasercontestado E tal contestaçãoestavaa caminho O lingüista Noam Chomsky 1959 fez duras críticas às idéias deSkinnerEmseuartigo Chomsky ressaltou tanto a basebiológica comoo potencial criativoda linguagem apontando paraa infinitaquantidade de sentençasque podemos pro duzir com facilidade Sendo assim desafiou as teorias behavioristas de que a linguagem é aprendidapor intermédio do reforçamento até mesmo crianças bemjovensproduzem novas sentençasa todo o momentoasquais não poderiam ter sidoreforçadas no passado Chomsky afirmou que o entendimento da linguagem não está condicionado tanto pelo que já se ou viu mas aocontrário pelo Dispositivo Inatode Aquisição de Linguagem DAL que todos os seres humanos possuem Esse dispositivo possibilita ao bebê utilizar o que escuta para inferir a gramática de seu ambiente lingüístico Em especial o DAL limita ativamente o númerode construções gramaticais possíveis Assim sendo é a estruturada mente e não a estrutura das contingências ambientais que orienta a nossa aquisiçãoda linguagem Acrescentando uma Pitada de Tecnologia Engenharia Computação e Psicologia Cognitiva Aplicada No fim da décadade 1950 alguns psicólogos estavam intrigados pela incômoda idéiade que as máquinas poderiam serprogramadas parademonstrar o processamento inteligente da in formação Rychlak Struckman 2000 Turing 1950 sugeriu que em pouco tempo seria difícil distinguir a comunicação das máquinas da dos seres humanos Ele sugeriu um teste atualmente chamado de Teste de Turingpelo qual um programade computador poderia ser consideradobemsucedido à medidaque o seu resultadofosse indistinguível peloserhumano do resultado de testes realizados com seres humanos Cummins Cummins 2000 Em outras palavras suponhaque vocêsecomunicasse com um computador e não soubesse que este era umcomputador O computador então teria passado noTeste deTuring Schonbein Betchel 2003 Por volta de 1956um novo termo entrou para o nosso vocabulário Inteligência Arti ficial IA queé a tentativado ser humano de construir sistemas quedemonstrem inteligên cia em especial o processamento inteligente da informação MerriamWebsters Colkgiate Dictionary 1993 Exemplos de IA sãoosprogramas de jogo de xadrez queconseguem vencer os seres humanos na grande maioriadas vezes Muitos dos psicólogos cognitivos interessaramse pela Psicologia Cognitiva pormeiode problemas aplicados Porexemplo segundo Berry 2000 Donald Broadbent 19261993 dizia ter desenvolvido o interesse pela Psicologia Cognitiva por causa de um problema re lacionado a aeronave AT6 Estes aviões possuíam duas alavancas quase idênticas sob o 10 Psicologia Cognitiva assento Uma servia para erguer as rodas e a outra para levantar os aerofólios Aparente mente quase todos os pilotos confundiam as duas e consequentemente acabaram cau sando enormes prejuízos com acidentes na decolagem de seus aviões Durante a Segunda Guerra Mundial muitos psicólogos cognitivos inclusive um de meus mentores Wendell Garner reuniuse com os militares para resolver problemas práticos da aviação e de ou tras áreas especialmente por causa da guerra contra forças inimigas A teoria da informa ção que buscavaentender o comportamento das pessoas sobre como elas elaboram os tipos de elementos de informação processada pelos computadores Shannon Weaver 1963 cresceu também em decorrência dos problemas de engenharia e da informática A Psicologia Cognitiva Aplicada também foi de grande utilidade para a publicidade John Watson apósdeixar o cargo de professor na Johns Hopkins University tornouse um executivo extremamente bemsucedido em uma agência de propaganda tendo utilizado os seus conhecimentos de Psicologia para alcançar o sucesso Na realidade na propaganda utilizase muito diretamente os princípios da Psicologia Cognitiva para atrair clientes para os produtos às vezes suspeitos outros não Benjamin Baker 2004 No início da década de 1960os avanços na Psicologia na Lingüística na Antropologia e na IA bem como as reações ao Behaviorismo por parte de muitos profissionais renomados da área de Psicologia convergiram para criar uma atmosfera madura para a revolução Os primeiros cognitivistas como Miller Galanter Pribram 1960 Newell Shaw Si mon 1957b afirmavam que as teorias behavioristas tradicionais sobre o comportamento eram inadequadas principalmente porque não falam sobre como as pessoas pensam Um dos primeiros e mais famosos artigos sobre Psicologia Cognitiva foi sobre o mágico nú mero sete George Miller 1956 pontuou que o número sete aparecia em diferentes mo mentos da Psicologia Cognitiva como na literatura sobre a percepção e a memória e assim imaginou se havia algum significado oculto nessas freqüentes ocorrências Por exem plo descobriu que a maioria das pessoas é capaz de se lembrar de cerca de sete itens de informação Nesse trabalho Miller introduziu também o conceito da capacidade de canal ou seja o limite superior no qual um observador consegue combinar a resposta para a informa ção que lhe for oferecida Por exemplo caso você consiga se lembrar de sete dígitos que lhe sejam apresentados em seqüência nesse caso sua capacidade de canal para memorizar números será o sete O li vro de Ulric Neisser Cognitive Psychology Neisser 1967 foi bas tante importante ao divulgar a importância do Cognitivismo que estava em desenvolvimento aos alunos de graduação pósgradua ção e ao ambiente acadêmico em geral Neisserdefiniu a Psicologia Cognitiva como o estudo de como as pessoas aprendem organi zam armazenam e utilizam o conhecimento Posteriormente Allen Newell e Herbert Simon 1972 acabaram por propor modelos deta lhados do pensamento humano bem como da resolução de proble mas desde os maissimplesaté os maiscomplexos Por volta de 1970 a Psicologia Cognitiva já era reconhecida como importante campo de estudos da Psicologia dispondo de um conjunto específico de mé todos de pesquisa Na década de 1970 Jerry Fodor 1973 popularizou o conceito da modularidade de mente Argumentava que a mente possui módu losdistintos ou sistemas de escopos diversos para tratar da linguagem Ulric Neisseré profes sor emérito da Cometi University Seu livro Cognitive Psychology foifundamental para o lançamento darevolução cognitivista na Psicologia Neisser foi também umdos grandes defensores de uma abordagem ecológica da cognição tendodemons trado a importância do estudo doprocessamento cognitiuo em contextos ecologicamente válidos Foto Cortesia de Dr Ulric Neisser Capítulo 1 Introdução à Psicologia Cognitiva 11 e possivelmente de outros tiposde informação A modularidade implicaque os processos que sãousados em umdomínio de processamento como o da linguagem Fodor 1973 ou da percepção Marr 1982operam independentemente dosprocessos em outrosdomínios Uma opiniãocontráriaseria a do processamento de domínio geral segundo a qual ospro cessos que se aplicam a um domínio como a percepção ou a linguagem aplicamse a muitos outros domínios também As abordagens modulares são úteis no estudo de alguns fenômenos cognitivos como a linguagem mas não sãocomprovadamente úteis no estudo de outrosfenômenos como a inteligência que parece estar ligada às inúmeras e diferen tes áreas do cérebro em intrincados interrelacionamentos Métodos de Pesquisa em Psicologia Cognitiva Objetivos da Pesquisa Para melhor entender os métodos específicos usados pelospsicólogos cognitivosdeveseem primeiro lugar compreender os objetivos da pesquisa em Psicologia Cognitiva alguns dos quais destacamos aqui De modo resumido esses objetivos compreendem a coleta e a aná lise de dados o desenvolvimento de teorias a formulação e a testagem de hipóteses e até mesmo a aplicação em ambientesfora do contexto da pesquisa Com freqüência os pesqui sadores buscam apenas coletara maior quantidade possível de informações a respeito de um determinado fenômeno podendo ter ou não noções preconcebidas em relação àquilo que poderão encontrar durante a coleta dos dados Tal pesquisa concen trase na descrição de determinados fenômenos cognitivos como por exemplo a maneira como as pessoas reconhecem fisionomias ou de senvolvem habilidades A coleta de dados e a análise estatística auxiliam os pesquisado res na descrição dos fenômenos cognitivos Nenhuma empreitada científica iria muito longe sem essas descrições Todavia a maioria dos psicólogos cognitivos deseja entender mais do que o que da cog nição A maioria deles também procura entender o como e o porquê do pensamento Ou seja os pesquisadores buscam formas de expli car e de descrever a cognição Para ir além das descrições os psicó logos cognitivos precisam dar um salto passando daquilo que se observa diretamente para aquilo que pode ser inferido com relação às observações Suponha que se queira estudar um determinado aspecto da cog nição Um exemplo seria o modo como as pessoas compreendem a informação contida em um livro didático Geralmente iniciase com uma teoria Uma teoria é um corpo organizado de princípios expla natórios relativos a um fenômeno com base na observação Buscase testar uma teoria e por meio desta verificar se tem o poderde pre ver determinados aspectos do fenômeno em questão Em outras pa lavras nosso processo de pensamento é se nossa teoria for correta então sempre que x ocorrer o resultado deverá ser y Esse pro cesso resulta na geração de hipóteses proposições experimentais em relação às conseqüências empíricas esperadas dessa teoria como os resultados da pesquisa Herbert A Simonfoi professor deCiênciada Computação e Psicolo giana CamcgiebÁetion University Efamoso por seu trabalho pioneirocom Ailen Newell e outros na construção e na testagemde modelos decomputador que simulavam o pensamento humanobemcomo pelos testes experimentais desses modelos Foi também importante defensor dos protocolos de pensar em vozalta parao estudo do processamento cognitivo Símonfaleceu em 2001 Foto Cortesia deCamegie Melíon University Arckives 12 Psicologia Cognitiva A seguir testamse as hipóteses por meio da experimentação Mesmo que determi nadas conclusões pareçam confirmar uma hipótese dada elas deverão ser submetidas à análise para determinar sua significância estatística A significância estatística indica a probabilidade de que umdeterminado conjuntode resultados venha a serobtidoapenas se houver fatores aleatórios em ação Por exemplo um nível 05 de significância estatís tica significaria que a probabilidade de um determinado conjunto de dados seria de ape nas 5 se somente fatores aleatórios estivessem operando Assim sendo os resultados não parecem ser apenas em virtude do acaso Por meio desse método podese decidir aceitar ou rejeitar hipóteses Uma vez que as previsões hipotéticas tenham sido testadas experimentalmente e ana lisadas estatisticamente as conclusões desses experimentos poderão conduzir a outros tra balhos Por exemplo um psicólogo pode se engajar em mais coletas e análises de dados desenvolvimento de teorias formulação de hipóteses e testagem de hipóteses Com base nas hipóteses que tenham sido aceitas eou rejeitadas a teoria deverá ser revista Além disso muitos psicólogos cognitivos têm esperança de usar os conhecimentos obtidos por meioda pesquisa para auxiliar as pessoas a utilizarem a cognição em situações reais Algumas pesquisas em Psicologia Cognitiva são aplicadas desdeo seu início na tentativa deajudar as pessoas a melhorarem as próprias vidas assim como as condições emque vivem Assimsendo a pesquisa básica pode conduzir às aplicações cotidianas Para cada um desses propósitos existem diferentes métodos de pesquisa que oferecem vantagens e desvanta gens diferenciadas Métodos de Pesquisa Característicos Os psicólogos cognitivos usam vários métodos para explorar como os seres humanos pen sam Esses métodos são a experimentos de laboratórioou outros experimentos controla dos b pesquisa psicobiológica c autoavaliações d estudos de caso e observação NO LABORATÓRIO DE GORDON BOWER ESPECIALISTAS EM DIVIDIR PARA CONQUISTAR Cresci numa pequena ci dade do estado de Ohio onde passei centenas de horas jogando beisebol Meu treinador mais ve lho Dean Harrah con seguia lembrar com admirável precisão de todos osjogos de beisebol de todos os tempos Dean conseguia se lembrar até mesmo de jo gadas insignificantes de uma partida como o turno o número de eliminações contagem de arremessos de lances e até da localização dos interceptadores enquanto vislumbrava todas as sinalizações de bateecorre hitandrun de uma partida jogada há três semanas Sua capacidade para recordar detalhes dos jogos era simplesmente assombrosa Entretanto era conhecido por esquecerse da maioria das outras coisas como seus compromissos pes soais as compras de supermercado e tudo o mais que a sua esposa lhe pedia Dean tinha um amigo Claude enxadrista fanático que como ele possuía uma memória espantosa Claude jogava xadrez muitíssimo bem e tam bém conseguia se lembrar de todas as jogadas de todos as partidas que havia jogado em me ses Todavia Claude não conseguia se lembrar de coisassimples como a tabela periódica de elementos das aulas de química durante o colegial Deane Claudenão sabiam me expli car como faziam o que faziam apenas que ambos enxergavam eventossignificativos em sua totalidade durante o desenrolar de uma partida Tais lembranças prodigiosas convi vendo na mesma cabeça ao lado de péssimas Capítulo 1 Introdução à Psicologia Cognitiva 13 NO LABORATÓRIO DE GORDON BOWER continuação recordações sempre me fascinaram Foi este um dos inúmerosquebracabeças da vida coti diana que me motivaram para o estudo da Psi cologia da memória humana Meu espanto aumentou ainda mais quan do pesquisadores me informaram o quão ge ralmente é limitada a memória das pessoas Especificamente o ser humano é seriamente limitado com relação à quantidade de coisas que pode absorver e reter na memória mesmo que por pouco tempo e consequentemente de como consegue rapidamente absorver uma nova informação na memória permanente Mas o que são essas coisas que se absorve O psicólogo George Miller 1956 batizouas de pedaçoschunks de informação e propôs que a memória imediata das pessoas está limi tada pelo número de pedaçosque conseguem absorver e recordar Sempre me perguntei se as prodigiosas memórias de Dean e Claude estavam associadas com um conhecimento interno de como fracionar a informação que tivesse significado especial para eles A afirmação de Miller me levou a ques tionar O que é um pedaço de informação Qual o tamanho desses pedaços O que de termina o seu tamanho e suas propriedades Os seus pedaços são iguais aos meus Como mensurar os pedaços A noção intuitiva é de que um pedaço é um padrão de elementos básicos que o indi víduo aprendeu anteriormente Essespadrões podem ser identificados em vários níveis de complexidade de pequenos a grandes Por exemplo a frase feliz anonovo happy new year é para a maioria das pessoas que falam inglês nada mais do que um pedaço composto de três subpedaços familiares palavras que por sua vez são compostos de 12 subpedaços familiares letras e dois espaços 14 símbolos ao todo Suponhamos todavia que os 14 sím bolos sejam dispostos em uma página como Feliianonovo happyynewyear Esta sé rie de letras agora parece não ter sentido e seria muito difícil de ser aprendida Contudo qualquer indivíduo que fale outra língua e que não tenha qualquer conhecimento do alfa beto inglês diria que ambas as séries não têm sentido e são difíceis de memorizar O que um pedaço é só depende do aprendizado an terior de um indivíduo Assim sendo a dificuldade de se recordar de algumacoisadepende de como ela é perce bida como é dividida em pedaços Porém que princípios o cérebro humano utiliza para divi dir elementos em grupos perceptivos Umimportante princípio de agrupamento é o quanto esses pedaços estão próximos em termos de tempo e de espaço Assimos espa ços vazios traços em ICBMICIAFBI fazem com que as pessoas vejam a série de pedaços de 2 4 3 e 2 letras respectivamente Esses agrupamentos apreendem a percepção e são copiados na memória imediata do indivíduo Além disso se um estudante precisasse es tudar e tentar reproduzir um número de tais seqüências repetidamente elea iria ao final recordar a série em pedaços tudoounada Ou seja a maioria dos erros de recordação iria surgir enquanto se tentasse mover a re cordação entre os pedaços nas transições C para B C para I e F para B Um segundo princípio do agrupamento é que os elementos assemelhados ou com sono ridade parecida serão agrupados juntos Por exemplo letras em tamanho forma fonte e cor semelhante serão agrupadas juntas e lem bradas enquanto unidades Assim como a proximidade no espaço e a aparência influenciam o agrupamento visual a proximidade no tempo e a qualidade dos sons influenciam o agrupamento de palavras faladas e das notas musicais Dessa maneira ouvir a série de letras acima serem ditas com pausas entre os grupos fará com que as pessoas adotem o fracionamento e se recordem desses grupos Agrupamentos semelhantes viriam à tona caso os pedaços fossem semelhantes ao serem falados por vozes distintas ou vindos de locais diferentes Esses agrupamentos auditivos expressam o hábito das pessoasde falar núme ros de telefones em uma cadência 334 por exemplo em 5551234567 e são trazidas a uma complexidade magnífica nos sofisticados tempos e ritmos da música Então o que esse fracionamento tem a ver com a aprendizagem e a memória Tudo Elaborei uma hipótese de que a maneira mais rápida para se aprender alguma coisa é estu dála e reproduzila repetidamente usando a mesma estrutura de fracionamento de um momento para o outro Desse modo para continua 14 Psicologia Cognitiva NO LABORATÓRIO DE GORDON BOWER continuação aprender a reproduzir a seqüência ICBMCI AFBI o melhor é estudar exatamente esses pedaços na mesma ordem a cada vez Nossas experiências com estudantes universitários mostraram que eles acumulam muito pouco ou nenhum ensinamento de uma série de seqüên cias diferentes caso mudássemos os agrupa mentos toda vez que eles fossem estudálos Assim sendo para a nossa série de exemplos anteriores os estudantes iriam provavelmente perceber um agrupamento diferente das letras como por exemplo ICBMCIAFB1 ou ICB MCIAFBI enquanto uma nova seqüência de letras fazendo com que se lembrassem ime diatamente dela quase tão sofrível quanto no momento em que a seqüência foi apresentada pela primeira vez Essa falha seria devida ao fato de estarem confusos sobre onde colocar os espaços ou pausas no momento em que repro duziamasséries Claro que não porquesabiam que precisavam se lembrar apenas das letras e não dosespaços Além do mais o déficit foimais ou menos igual quando simplesmente conta mos as letras corretas independentemente da ordem em que os estudantes as lembravam Em suma o estudo repetitivo só auxilia prin cipalmente quandoo material é fracionado da mesma maneira de uma ocasião para a outra Uma das implicações do resultado deste fracionamento constante é que as pessoas irão rapidamente reconhecer e reproduzir qualquer seqüênciade símbolos que seajusteaospedaços que elas já sabem ou que lhes sejam familia res Por exemplo se nosso modelo de seqüên cia de letras foragrupado como ICBMCIAFBI os alunos reconhecerão com facilidade as abre viações familiares e prontamente relembrarão de toda a série Alguns leitores poderão já ter reconhecido esses acrônimos Esta obser vaçãoilustra um princípiosimples e muito po deroso a memória humana opera com muito mais eficiência quando usa o aprendizado ante rior para reconhecer pedaçossemelhantescon tidos nos materiais a serem aprendidos Ao reconhecer e explorar pedaços familiares um indivíduo experiente reduz enormemente o volume do novo aprendizado requerido para dominar o novo material Grande parte da pe rícia em muitos domínios de habilidades da leitura de palavras à compreensão de fórmulas químicas equações matemáticas fragmentos musicais subrotinasde programação de com putadores e sim até mesmoaos fatos ocorri dos nas partidas de beisebol de Dean ou das posições das peças de xadrezde Claude tudo isso dependeda capacidadedo cérebrode reco nhecer e explorar os pedaços previamente aprendidos e rapidamente acessara nova situa ção que se apresenta Essa técnica se desen volve lentamente durante centenas de horas de estudo concentrado dos padrões recorrentes em determinados domínios O benefício dessa prática muito específica explicade que modo a memória hábil em um domínio tal como o beisebol para Dean ou o xadrez para Claude podem facilmentecoexistirao ladode recorda ções débeis domínios não relacionados como compromissosdiários ou aulas de química O valor do fracionamento consistente aplicase ao aprendizado reprodutivo quan do se tenta reproduziruma série de itens arbi trários Esse aprendizado nos é geralmente solicitado Por outro lado para o aprendizado superior de domínios conceitualmente mais ricos há as vantagens em se interrelacionar os agrupamentos em classificações por cortes transversais Por exemplo embora os agrupa mentos constantes de fatos sobre categorias como política economia e o exército possam auxiliar um aluno a lembrar de fatos sobre a Guerra Civil Americana uma melhoria no entendimento e na memória poderia advir pelo interrelacionamento e pela interassocia ção de fatos por meio dos domínios por exem plo observar os objetivos políticos utilizados por uma campanha militar como a famosa Marcha para o Marque o General Sherman conduziu pelos estados do sul O benefício dessas interrelações conceituais será um tó pico abordado mais adiante Capítulo 1 Introdução à Psicologia Cognitiva 15 naturalística e 0 simulações por computador e IA ver Quadro 11 para descrições e exem plos da cada método Como mostra o Quadro 11 cada método oferece vantagens e desvantagens Experimentos com o Comportamento Humano Nos projetos experimentais controlados o pesquisador conduz a pesquisa geralmente em um ambiente laboratorial Ele controla o maior número possível de aspectos da situação experimental Basicamente existem dois tipos de variáveis em um determinado experi mento As variáveis independentes são aspectos de uma investigação manipulados de modo individual ou cuidadosamente regulados pelo experimentador ao mesmo tempo em que outros aspectos da investigação são mantidos constantes ou seja não sujeitos a variação As variáveis dependentes são respostas de resultados os valoresdos quaisdependem da forma que uma ou mais variáveis independentes venham a influenciar ou afetar os participantes do experimento Sempre que se diz a alunos participantes da pesquisa que se sairão muito bem em uma tarefa mas não se diz algo aos outros participantes a variável independente é o volume de informaçãodada aos alunos a respeito de seu esperadodesempenho A variável dependente é a maneira como quão bem ambos os grupos se saem em suas tarefas ou seja suas notas na prova de matemática Sempre que o pesquisador manipula as variáveis independentes ele controla os efeitos das variáveis irrelevantes e observa os efeitos das variáveis dependentes resultados Tais variáveis irrelevantes mantidas constantes são chamadas de variáveis decontrole Outro tipo de variável é a variável expúria um tipo de variável irrelevante que não tenha sido contro lada durante um experimento Por exemplo imagine que se queira examinar a eficáciade duas técnicas de resolução de problemas Treinase e testase um grupo sob a primeira estra tégia às 6 horas e um segundo grupo sob a segunda estratégia às 18 horas Nesse experi mento o horário do dia seria uma variável expúria Em outras palavrasa hora do dia pode causar diferenças no desempenho que não têm nada a ver com a estratégia de resolução do problema Obviamente quando se conduz uma pesquisa todo cuidado é necessário para se evitar a influência das variáveis expúrias Ao implementar um método experimental o pesquisador precisa utilizar uma amostra aleatória e representativa da população de interesse Deve exercer controle rigoroso sobre as condições do experimento bem como designar também de maneira aleatória os partici pantes para o tratamento e as condições de controle Se esses requisitos para o método ex perimental forem preenchidos o pesquisador poderá inferir causalidade provável Esta é a inferência dos efeitos da variável ou variáveis independentes tratamento sobre as variá veis dependentes resultado para uma determinada população Muitas e diferentes variáveis dependentes são utilizadas em pesquisa cognitivopsicoló gica Duasdas mais comuns são o percentual de correlação ou seu elemento inverso a taxa de erro e o tempo de reação E importante selecionar com muito cuidado os dois tipos de variáveis porque independente de qual processo se esteja observando o que se apreende de um experimento dependerá quase que exclusivamente das variáveisescolhidas para iso lar o comportamento que está sendo observado Os psicólogos que estudam os processos cognitivos como o tempo de reação geral mente utilizamse do método da subtração que compreende estimar o tempo que um pro cesso cognitivo leva pela subtração da quantidade de tempo que o processamento da informação leva com o processo a partir do tempo que ele leva sem o processo Donders 18681869 Por exemplo quando seé solicitado a examinar as palavrascachorro gato rato hamster esquilo e informar se a palavra esquilo aparece no exame para depois examinar as 16 Psicologia Cognitiva QUADRO 11 Métodos de pesquisa Os psicólogos cognitivos usamexperimentos controlados pesquisapsicobiológica autoavaliações observaçãonaturalista e simulações por computador e IA para estudar os fenômenos cognitivos MÉTODO Descrição do método Experimentos Controlados em Laboratório Pesquisa Psicobiológica Obter amostras do desempenho em tempo e local determinados Estudar os cérebros humanos e animais usando estudos postmortem e várias medidas psicobiológicasou técnicas de imagem ver Neurociência Cognitiva autoavauações como Protocolos Verbais autqclassificaçòes dlários Obter relatórios dos participantes sobre a própria cognição em andamento ou a partir de lembranças Validade de inferências causais atribuição aleatória de sujeitos Geralmente Geralmente não Não se aplica Validade de inferências causais controle experimenta de variáveis independentes Geralmente Varia muito dependendo da técnica específica Provavelmente não Amostras tamanho Podem ser de qualquer tamanho Geralmente pequenas Provavelmente pequenas Amostras representaiividade Podem ser representativas Geralmente não são representativas Podem ser representativas Validade ecológica Não é improvável depende da tarefa e do contexto a que está sendo aplicada Improvável sob certas circunstâncias Talvez ver pontos fortes e fracos Informação acerca de diferenças individuais Geralmente pouco enfatizadas Sim Sim Pontos fortes Pontos fracos Exemplos Facilidade de administração de contagem e de análise estatística torna relativamente fácil aplicar as amostras representativas de uma população probabilidade relativamente alta de fazer inferências causais válidas Proporciona evidências contundentes das funções cognitivas ao relacionálas à atividade fisiológica oferece uma visão alternativa do processo que não está disponível por outros meios pode levar a possibilidades para o tratamento de pessoas com deficits cognitivossérios Acesso aos ínsgfits introspectivos a partir do ponto de vista dos participantes não podendo ser acessada por outros meios Nem sempre é possível generalizar resultados além de um local específico tempo e contexto da tarefa discrepâncias entre comportamento na vida real e no laboratório David Meyer e Roger Schvaneveldt1971 desenvolveram uma tarefa de laboratório na qual apresentavam resumidamente duas seqüências de letras palavras ou pseudopalavras aos sujeitos e em seguida pediamlhes que tomassem uma decisão sobre cada seqüência de letras tal como decidir se as letras formavam uma palavra legítima ou se uma palavra pertencia a uma categoria prédesignada Acessibilidade limitada para a maioria dos pesquisadores requer acesso tanto para os sujeitos apropriados como para o equipamento que pode ser caro demais e difícil de obter amostras pequenas muitos estudos têm como base estudos de cérebros anormais ou de cérebros de animais a generalização das conclusões para as populações humanas normais pode será problemática Elizabeth Warrington e Tim Shallice1972Shallice Warrington 1970 observaram que as lesões áreas de ferimento no lobo parietal esquerdo do cérebro estão associadas a deficits de memória de curto prazo breve ativa mas não há qualquer dano à memória de longo prazo Contudo pessoas com lesões nas regiões temporais mediais do cérebro apresentam memória de curto prazo relativamente normal mas têm graves deficits na memória de longo prazo Shallice 1979 Warrington 1982 Incapacidade para reportar processos que ocorrem fora da consciência Protocolos verbais e autocIassificações a coleta de dados pode influenciar os processos cognitivos que estão sendo relatados Recordações possíveis discrepâncias entre cognição real e processos e produtos cognitivos recordados Durante um estudo de imagens mentais Stephen Kosslyne seus colegas Kosslyn Seger Pani Hillger 1990 pediram a seus alunos que registrassem em um diário durante uma semana todas as suas imagens mentais em cada modalidade sensorial Estudos de Caso Desenvolver estudos intensivos de indivíduos tirando conclusões gerais sobre comportamento Altamente improvável Altamente improvável Quase certamente pequeno Capítulo 1 Introdução à Psicologia Cognitiva 17 Observações Naturalísticas Simulações por Computador IA Observar situações da vida real como Simulações tentar fazero por exemplo em salas de aula ambientes de trabalho ou em casa computador simular o desempenho cognitivo em várias tarefas IA tentativa de fazer o computador demonstrar o desempenho cognitivo inteligente independente do processo ser semelhante ao processo cognitivo humano Não se aplica Não Provavelmente pequeno Não se aplica Controle total de variáveis de interesse Não se aplica Não é provável que seja representativo Pode ser representativo Não se aplica Alta validade ecológica para casos Sim individuais baixa generalização para outros Não se aplica Sim informações ricas em detalhes com relação a indivíduos Acesso a informações ricas em detalhes sobre indivíduos inclusive contextos históricos e atuais que podem não estar disponíveis por outros meios pode levar a aplicações especializadas para grupos de indivíduos excepcionais ex prodígios pessoas com lesões cerebrais Aplicável em outras pessoas o tamanho reduzido e a nãorepresentatividade da amostra normalmente limita a generalização para a população Howard Gruber 19741981 conduziu um estudo de caso sobre Charles Darwin explorando a fundo o contexto psicológico da criatividade intelectual Épossível masa ênfase reside nas distinções ambientais e não nas diferençasindividuais Acesso a informações contextuais abundantes que podem não estar disponíveis por outros meios Não se aplica Permite explorar ampla gama de possibilidades para modelar processos cognitivos permite testar claramente para verificar se as hipóteses previram com precisão os resultados pode levar a grande variedade de aplicações práticas ex robótica para o desempenho de tarefas perigosas ou em ambientes de risco Falta de controle experimental possível influência no comportamento naturalista em decorrência da presença do observador Limitações impostas por limites de hardware ex circuito do computador e de software ex programas criados pelos pesquisadores distinções entre inteligência humana e inteligência da máquina mesmo em simulações com técnicas sofisticadas de modelagem as simulações podem modelar imperfeitamente a forma como o cérebro humano pensa Michael Cole Cole Clay Glick Sharp 1971 pesquisou membros da triboKpelle na África observando de que maneira as definições de inteligência dos Kpelle se comparavam com as definições tradicionais da inteligência ocidental bem como de que modo as definições culturais de inteligência podem governar o comportamento inteligente Simulações por meio de computações minuciosas David Marr 1982 tentou simular a percepção visual humana e propôs uma teoria de percepção visual baseada em seus modelos computacionais IA váriosprogramas de IA foram criados para demonstrar perícias ex jogar xadrez mas esses programas resolvem problemas provavelmente ao utilizar processos diferentes daqueles utilizados por peritos humanos 18 PsicologiaCognitiva palavras cachorro gato rato hamster esquilo leão e informar se a palavra leão aparece a di ferença na reação dos tempos pode indicar grosso modo a quantidade de tempo que se gasta para processar cada um dos estímulos Supõese que os resultados nas condições experimentais mostrem uma diferença esta tisticamente significante dos resultados na condição de controle O pesquisador poderá en tão inferir a probabilidade de uma ligação causai entre as variáveis independentes e as dependentes Uma vezque o pesquisadot puder estabelecer uma provável ligação causai en tre as variáveis independentes e dependentes oferecidas os experimentos controlados em laboratório oferecem um excelente método para se testar hipóteses Por exemplo supondo que se quisesse verificar se ruídos altos e perturbadores exercem influência na capacidade de se desempenhar bem uma determinada tarefa cognitiva ex ler um capítulo de um livro didático e responder aos exercícios de fixação Em termos ide ais se deveria selecionar uma amostra aleatótia de participantes do total da população de interesse A seguir se designaria aleatoriamente a cada participante às condições de trata mento ou de controle Depois se introduziriam alguns ruídos altos aos participantes na con dição de ttatamento Em seguida se apresentaria uma tarefa cognitiva aos participantes das duas condições experimental e de controle Seria possível então medir seus desempenhos por meio de alguns meios ex velocidade e precisão das respostas às perguntas de compre ensão Finalmente os resultados seriam analisados estatisticamente A partir disso seria possível examinar se a diferença entre os dois grupos atingiu significância estatística Su pondo que os participantes na condição experimental tenham mostrado desempenho infe rior àquele dos participantes na condição de controle em termos de significância estatística dessa maneira seria possível inferir que ruídos altos e distrativos certamente influenciaram a capacidade de um bom desempenho nessa tarefa cognitiva específica Na pesquisa cognitivopsicológica as variáveis dependentes podem ser muito diversifica das mas geralmente compreendem várias medidas de resultados de precisão ex freqüên cia de erros de tempos de resposta ou de ambos Dentte as inúmeras possibilidades para as variáveis dependentes estão as características da situação da tarefa ou dos participantes Por exemplo as características da situação podem compreender a presença versus a ausên cia de determinados estímulos ou certas pistas no decorrer de uma tarefa de resolução de problemas As características da tarefa podem envolver leitura versus escuta de uma sé rie de palavras e em seguida responder às perguntas de compreensão As características dos participantes podem incluir diferenças etárias diferenças na situação de escolaridade ou até baseadas em classificação em testes De um lado as características da situação ou tarefa podem ser manipuladas por meio de atribuição aleatória dos participantes tanto do grupo de tratamento como do grupo de con trole e de outro as características do participante não são facilmente manipuláveis em ter mos experimentais Por exemplo supondo que o pesquisador queira estudar os efeitos do envelhecimento sobre a velocidade e a precisão na resolução de problemas O pesquisador não poderá atribuir de modo aleatório a váriosgruposetários porque a idade das pessoas não pode ser manipulada embora participantes de vários grupos etários possam ser distribuídos aleatoriamente nas várias condições experimentais Nesses casos o pesquisador sempre pode usar outros tipos de estudos como aqueles que compreendem correlação relação esta tística entre dois ou mais atributos por exemplo as características dos participantes ou as da situação As correlações normalmente se expressam por meio de coeficientes de correlação conhecidos como r de Pearson que é um número que pode ir de 100 correlação negativa passando por 0 sem correlação até 100 correlação positiva Capítulo 1 Introdução à Psicologia Cognitiva 19 A correlação é a descrição de uma relação O coeficiente de correlação descreve a força dessa relação Quanto mais próximo do 1 estiver o coeficiente tanto positivo quanto ne gativo mais forte será a relação entre as variáveis O sinal positivo ou negativo do coe ficiente descreve a direção dessa relação Uma relação positiva indica que enquanto uma variável aumenta ex tamanho do vocabulário outra variável também aumenta ex compreensão de leitura Uma relação negativa indica que à medida que uma variável au menta ex fadiga a medida da outra diminui ex vigilância Quando não há correla ção ou seja quando o coeficiente é 0 indica que não existe padrão ou relação na alteração das duas variáveis ex inteligência e o comprimento do lobo da orelha Nesse caso am bas as variáveis podem mudar mas não variam juntas dentro de um padrão consistente Conclusões sobre relações estatísticas são altamente informativas Seu valor não deve ser subestimado Além disso uma vez que os estudos correlacionais não exigem atribuição aleatória de participantes nas condições experimental ou de controle esses métodos podem ser aplicados com flexibilidade Entretanto tais estudos geralmente não permitem inferên cias inequívocas com relação à causalidade Como conseqüência muitos psicólogos cogni tivos na maioria das vezes preferem utilizar dados experimentais a dados correlacionais Pesquisa Psicobiológica Por meio da pesquisa psicobiológica os cientistas estudam a relação entre desempenho cog nitivo eventos e estruturas cerebrais O Capítulo 2 descreve várias técnicas específicas utilizadas na pesquisa psicobiológica que em geral são classificadas em três categorias A primeira é a das técnicas de estudo do cérebro de um indivíduo postmortem estabelecendo relações da função cognitiva deste indivíduo antes da morte para a observação das caracte rísticas do cérebro A segunda categoria compreende as técnicas de estudo das imagens que mostram estruturas ou atividades no cérebro de um indivíduo sabidamente com déficit cog nitivo A terceira categoria compreende as técnicas para obtenção de informação à respeito dos processos cerebrais durante o desempenho normal de uma atividade cognitiva Os estudos postmortem ofereceram os primeiros insights a respeito de como lesões espe cíficas podem estar associadas a determinados deficits cognitivos Esses estudos continuam a oferecer insights de grande utilidade de como o cérebro influencia a função cognitiva Re centes avanços tecnológicos também estão possibilitando cada vez mais o estudo de indi víduos com reconhecidos deficits cognitivos invivo enquanto o indivíduo ainda está vivo O estudo de indivíduos com funções cognitivas disfuncionais vinculadas a lesões cerebrais geralmente possibilita a compreensão das funções cognitivas normais Além disso os psicobiologistas estão estudando alguns aspectos do funcionamento cog nitivo normal por meio do estudo da atividade cerebral em sujeitos animais Emgeral a pes quisa é feita com sujeitos animais para experimentos que compreendem procedimentos neurocirúrgicos que não poderiam ser realizadoscom seres humanos por serem difíceis an tiéticos ou até mesmo impraticáveis Por exemplo estudos mapeando a atividade neural no córtex são realizados em gatos e macacos ex à pesquisa psicobiológica sobre como o cére bro responde a estímulos visuais ver Capítulo 3 O funcionamento cognitivo e cerebral dos animais e de humanos com deficits pode ser generalizado e aplicado ao funcionamento cognitivo e cerebral de humanos normais Os psicólogos responderam a essas questões de várias maneiras A maioria vai além do escopo deste capítulo ver Capítulo 2 Apenas como exemplo para alguns tipos de atividade cog nitiva a tecnologia disponível permite aos pesquisadores estudar a atividade cerebral dinâ mica dos participantes humanos normais durante o processamento cognitivo ver técnicas de imagem do cérebro descritas no Capítulo 2 20 Psicologia Cognitiva Autoavaliações Estudos de Caso e Observação Naturalística Geralmente os experimentos individuais e estudos psicológicos concentramse na especifi cação dos aspectos discretos da cognição nos indivíduos Para se obter informações ricas em detalhes sobre a maneira como determinados indivíduos pensam dentro de uma ampla gama de contextos os pesquisadorespoderão usar outros métodos que incluem as autoava liações relato dos processoscognitivos feito pelo próprio indivíduo os estudos decaso estu dos individuais profundos e a observação naturalística estudos detalhados do desempenho cognitivo em situações cotidianas e contextos fora do laboratório De um lado a pesquisa experimental é extremamente útil para testar hipóteses Por outro a pesquisa com base nas autoavaliações estudos decaso e observação naturalística são geralmente úteis na formulação das hipóteses Esses métodos também são muito úteis na geração de descrições sobre eventos raros ou de processos em que não se disponha de outra forma de mensuração Em situações muito específicas esses métodos são a única forma de se coletar informa ção Um exemplo é o caso de Genie uma menina que ficou trancada em um quarto até os 13 anos apresentando graves e limitadas experiências sociaise sensoriais Como conseqüên cia do aprisionamento ela apresentava graves deficits físicos e nenhuma habilidade lingüís tica Por meio de métodos de estudos de caso coletouse informação a respeito de como ela conseguiu aprender a linguagem mais tarde Fromkin et ai 1974 Jones 1995 La Pointe 2005 Não seria ético do ponto de vista experimental privar uma pessoa de estimulações lingüísticas em seus primeiros 13 anos de vida Assim sendo os métodos de estudos de caso são a única maneira razoável de se avaliar os resultados de alguém a quemfoi negada a ex posição ao ambiente social e à linguagem Da mesma maneira uma lesão cerebral traumática não pode ser manipulada em huma nos no contexto laboratorial Assim sendo sempre que uma lesão cerebral traumática ocorre os estudos de caso são a única forma de se coletar informação Por exemplo o caso de Phi neas Gage um operário de ferrovia que em 1848 foi atingido durante um acidente no lobo frontal por uma enorme ponta de metal Damasio et ai 1994 Surpreendentemente Gage sobreviveu mas seu comportamento bem como seus processos mentais foram drasticamente alterados Certamente não é possível inserirse uma ponta de metal no cérebro dos partici pantes em um experimento Portanto no caso de uma lesão cerebral traumática podese confiar unicamente nos métodos de estudos de caso para a coleta de informações A confiabilidade dos dados com base nos vários tipos de autoavaliações depende da franqueza dos participantes aooferecer osrelatos É possível queumparticipante não relate corretamente a informação sobre seus processos cognitivos por vários motivos Esses moti vos podem ser tanto intencionais como não intencionais Os relatos incorretos do tipo intencionais podem incluir a tentativa de editar informações desagradáveis Os relatos in corretos do tipo não intencionais podem ocorrer pelo nãoentendímento das perguntas ou mesmo da impossibilidade de se lembrar corretamente da informação Por exemplo sempre que o participante é solicitado a dizer quais estratégias para resolução de problemas utili zavaquando estava no ensino médio é possívelque ele ou ela não lembre O participante pode tentar ser completamente honesto em seusrelatos Entretanto telatos que contêm in formação rememorada ex diários relatos retrospectivos questionários e surveys são no tadamente menos confiáveis do que os relatos provenientes durante o processamento cognitivo que está sob investigação A razão é que os participantes por vezes se esquecem do que fizeram Quando estudam processos cognitivos complexos tais como a resoluçãode problemas ou a tomada de decisão os pesquisadores geralmente usam um protocolo verbal No protocolo verbal os participantes desctevem seus pensamentos e idéias em voz alta du rante o desempenho de uma determinada tarefa cognitiva ex Gosto mais do aparta mento com piscina mas não posso pagar por ele e portanto eu talvez escolha outro Capitulo 1 Introdução à PsicologiaCognitiva 21 Uma alternativa para o protocolo verbal é que os participantes relatem informações es pecíficas com relação a um determinado aspecto de seu funcionamento cognitivo Por exemplo o estudo de uma criteriosa resolução de problemas ver o Capítulo 11 Resolu ção de problemas e criatividade Os sujeitos foram solicitados a relatar em intervalos de 15 segundos em ordem numérica o quão sentiamse próximos de alcançar uma solução para um determinado problema Infelizmente até mesmo esses métodos de autorrelatos têm suas limitações Por exemplo o funcionamento cognitivo pode ser alterado pelo ato de en trega do relatório ex processos envolvendo formas sucintas de memória ver o Capítulo 5 Outro exemplo são processos cognitivos que ocorrem fora da conscientização ex pro cessosque não exigem atenção consciente ou que ocorrem tão rapidamente que passamdes percebidos ver Capítulo 4 Para se ter uma idéia de algumas das dificuldades com os autorrelatos exercite as tarefas apresentadas no quadro Investigando a Psicologia Cogni tiva Reflita a respeito de suas próprias experiências com autorrelatos Tarefas INVESTIGANDO 1 Sem olhar para os sapatos tente relatar em voz alta as várias A PSICOLOGIA etapas envolvidas no ato de amarrálos COGNITIVA 2 Lembrese em voz alta do que você fez em seu último aniversário 3 Agora amarre os sapatos ou qualquer outra coisa como um barbante em volta do pé da mesa relatando em voz alta todas as etapas que isso demanda Você percebe as diferenças entre a tarefa 1 e a tarefa 3 4 Relate em voz alta como você trouxe à consciência todas as etapas necessárias para amarrar o sapato ou as lembranças do seu último aniversário Você consegue relatar exatamente de que forma trouxe as informações até o nível consciente Consegue relatar que parte do seu cérebro estava mais ativa durante a execução da cada tarefa Faça com a metade de um grupo de amigos um por um uma das séries de pergun tas abaixo e com a outra metade a outra série Peçalhes que respondam o mais rápido possível Grupo l O que o bichodaseda tece Qual o tecido famoso que vem do bichodaseda O que as vacas bebem Grupo 2 O que as abelhas fazem O que cresce no campo e depois se transforma em tecido O que as vacas bebem Muitos dos seus amigos ao chegarem à pergunta 3 do grupo 1 dirão leite quando todo mundo sabe que as vacas bebem água A maioria das pessoas que responde às questões do grupo 2 dirá água e não leite Você conduziu um experimento O método experi mental divide as pessoas em grupos iguais altera um aspecto entre os dois grupos no seu caso você fez uma série de perguntas antes de fazer a pergunta crítica e em seguida mede as diferenças entre os dois grupos O que você estará medindo é a quantidade de erros e 22 Psicologia Cognitiva é possível que os seus amigos do grupo 1 apresentem mais erros do que os do grupo 2 pois estabeleceram o conjunto errado de suposições para responderem às perguntas Os estudos de caso poderão ser utilizados como conclusões complementares de experi mentos laboratoriais por exemplo o estudo de indivíduos excepcionalmente dotados e as observações naturalísticas ou seja a observação de indivíduos que trabalham em usinas nu cleares Esses dois métodos de pesquisa cognitiva oferecem alta validade ecológica o grau no qual as conclusões específicas em um contexto ambiental podem ser consideradas relevan tes fora daquele contexto Como se sabe a ecologia é o estudo da interação entre um ou mais organismos e o seu ambiente Muitos psicólogos cognitivos buscam entender a interação entre o funcionamento do pensamento humano e os ambientes nos quais os seres humanos estão pensando Às vezes processos cognitivos que comumente são observados em outro contexto ex no laboratório não são idênticos àqueles observados em outro ex uma torre de controle de tráfego aéreo ou uma sala de aula Simulações por Computador e IA Os computadores digitais desempenharam importante papel no surgimento do estudo da Psicologia Cognitiva Um tipo de influência é a indireta por meio de modelos da cognição humana que tomam por base a maneira como os computadores processam informações Outro tipo é a influência direta por meio de simulações por computador e IA Nas simulações por computador os pesquisadores programam computadores para imi tarem uma determinada função ou um determinado processo humano Entre os exemplos estão o desempenho em tarefas cognitivas específicas ex manipulação de objetos no es paço tridimensional e o desempenho de determinados processos cognitivos ex reconhe cimento de padrões Alguns pesquisadores inclusive já tentaram criar modelos de computador envolvendo toda a arquitetura cognitiva da mente humana Esses modelos pro piciaram acaloradas discussões sobre o funcionameto da mente humana como um todo ver o Capítulo8 Àsvezes a difetença entre a simulação e a IA é difícil deserdelimitada Por exemplo certos programas que são projetados simultaneamente para simular o desempe nho humano e maximizar o seu funcionamento Consideremos por exemplo um programa que jogue xadrez Existem duas maneiras to talmente diferentes para conceituar a escrita desse programa Uma delas é chamada de força bruta ou seja constróise um algoritmo que considere jogadas muito importantes em pe quenos períodos potencialmente vencendo jogadores humanos simplesmente por conta do número de jogadas que o programa possui e as probabilidades das futuras conseqüências des sas jogadas O programa seria considerado um sucesso à medida que vencesse os melhores jogadores humanos Esse tipo de IA não busca representar como os seres humanos funcio nam mas se bem feito ele poderá produzir um programa que joga xadrez em altíssimo ní vel Uma abordagem alternativa a da simulação leva em conta a maneira como os grandes mestres solucionam seus problemas de xadrez e em seguida busca funcionar à maneira da queles O programa seria considerado um sucesso se conseguisse escolher numa seqüência de jogadasem uma partida as mesmas jogadasque um grande mestre escolheria Também é possível a combinação de duas abordagens para produzir um programa que de modo geral simula o desempenho humano mas também usa da força bruta para se ne cessário vencer o jogo Juntando Tudo Os psicólogos cognitivos geralmente ampliam e aprofundam o conhecimento por meio de pesquisas em Ciência Cognitiva A Ciência Cognitiva é um campo multidisciplinar que se utiliza de idéias e métodos da Psicologia Cognitiva da Psicobiologia da IA da Filosofia da Lingüística e da Antropologia Nickerson 2005 Von Eckardt 2005 Os cientistas cognitivos usam essas idéias e métodos para enfatizar o estudo de como os seres humanos Capítulo 1 Introdução à Psicologia Cognitiva 23 adquirem e utilizam o conhecimento Os psicólogos cognitivos também se beneficiam de colaborações com outros tipos de psicólogos Um exemplo disso são os psicólogos sociais ex no campo multidisciplinar da cognição social os psicólogos que estudam a motiva ção e a emoção além de ergonomistas ex psicólogos que estudam as interações entre o homem e as máquinas Questões Fundamentais e Campos da Psicologia Cognitiva Ao longo deste capítulo foram feitas alusões sobre alguns dos temas fundamentais que emergem no estudo da Psicologia Cognitiva Como surgem várias vezesao longo dos capí tulos deste livro seguese um resumo desses temas Algumas dessas perguntas vão direto ao âmago da natureza da mente humana Temas Subjacentes ao Estudo da Psicologia Cognitiva Revisando as importantes idéias deste capítulo veemse alguns dos temas centrais que são subjacentes a toda PsicologiaCognitiva Quais sãoEis sete deles vistos sob uma perspec tiva dialética 1 Inato versus adquirido a Tesejantítese Qual é o fator mais influente na cognição humana inato ou adqui rido Se acreditarmos que as características inatas da cognição humana são mais importantes podemos concentrar nossa pesquisa no estudo das características inatas da cognição Se acreditarmos que o ambiente desempenha papel impor tante na cognição então conduziremos nossa pesquisa explorando de que ma neira as diferentes características do ambiente parecem influenciar a cognição b Síntese Como é possível aprender a respeito das covariações e interações do am biente tais como de que modo um ambiente pobre afeta adversamente alguém cujos genes deveriam leválo a ser bemsucedido em uma variedade de tarefas 2 Racionalismo versus Empirismo a Teseantítese Como descobrir a verdade a respeito de si mesmo e do mundo à sua volta Devese fazer issopor meio do raciocínio lógico com base no que já se sabe Ou devese fazêlo testando as próprias observações do que se percebe pelas sensações b Síntese Como combinar a teoria com métodos empíricos para se aprender o má ximo possível a respeito dos fenômenos cognitivos 3 Estruturas versus processos a Teseantítese Devemse estudar as estruturas conteúdos atributos e produtos da mente humana Ou concentrarse no processo do pensamento humano b Síntese Como os processos mentais operam nas estruturas mentais 4 Generalidade versus especificidade do domínio a Tesejantítese Os processos observados são limitados a domínios únicos de conhe cimento ou são gerais para uma série de domínios As observações em um domí nio se aplicam também a todos os domínios ou apenas aos domínios específicos observados b Síntese Quais processos podem ser de domínio geral e quais de domínio es pecífico 24 Psicologia Cognitiva 5 Validade das inferências causais versus validade ecológica a Teseantítese Devese estudar a cognição pelo uso de experimentos altamente controlados que aumentam a probabilidade de inferências válidas com relação à causalidade Ou se deveriam usar técnicas mais naturalísticas que aumentam a probabilidade de se obter conclusões ecologicamente válidas porém à custa do controle experimental b Síntese Como combinar os métodos inclusive os laboratoriais e os mais natura lísticos de modo a se chegar a conclusões sustentáveis independentemente do método de estudo 6 Pesquisa aplicada versus pesquisa básica a Teseantítese Devese conduzir a pesquisa nos processos cognitivos fundamentais Ou devese estudar maneiras para auxiliar as pessoas a utilizarem a cognição de modo eficaz em situações práticas b Síntese Os dois tipos de pesquisa podem ser combinados dialeticamente de ma neira que a pesquisabásica conduza à pesquisaaplicada o que por sua vez leva ria a mais pesquisa e assim por diante 7 Métodos biológicos versus métodos comportamentais a Tesefantítese Devese estudar o cérebro e seu funcionamento diretamente com técnicas de imagem enquanto as pessoasrealizam tarefas cognitivas Ou se deve ria estudar o comportamento das pessoas durante o desempenho de tarefascogni tivas observandose medidas como percentual de correlação e tempo de reação b Síntese De que modo se poderia sintetizar os métodos biológicos e comporta mentais para a compreensão dos fenômenos cognitivos em múltiplos níveis de análise Embora muitas dessas perguntas sejam apresentadas de forma excludente do tipo ou ou é bom lembrar que muitas vezes uma síntese das idéias ou métodos se mostra mais útil do que posições extremadas Por exemplo a característica inata do ser humano pode propor cionar uma estrutura herdada para as características e padrões diferentes do pensamento e da açãoenquanto que o queseadquire podeengendrar asformas específicas nasquais sedesen volvem essas estruturas Podemse usar métodos empíricos para a interpretação de dados construir teorias e formular hipóteses com base nas teorias O nosso entendimento da cogni ção se aprofunda à medida que se considera tanto a pesquisa básica como a aplicada sobre os processos cognitivos fundamentais com relação às utilizações efetivas da cognição em con textos de mundo real As sínteses estão evoluindo permanentemente Aquilo que hoje é uma síntese amanhã poderá ser considerada como posição extrema e viceversa Principais Idéias da Psicologia Cognitiva Certas idéias fundamentais parecem surgir com freqüência na Psicologia Cognitiva inde pendente dos fenômenos específicos que são estudadosA seguir eis o que se pode conside rar como as cinco idéias fundamentais í Os dados napsicologia cognitiva sópodem ser completamente compreendidos no contexto de uma teoria explanatória porém denada valem as teorias sem dados empíricos A ciência não é apenas um conjunto de fatos coletados de forma empírica Ao invés disso ela comporta fatos que são explicados e organizados por teorias cientí ficas Por exemplo supondo que se saiba que a capacidade das pessoaspara reconhe cer informações que já viram antes é melhor que sua capacidade de recordar tais Capítulo 1 Introdução à Psicologia Cognitiva 25 informações Como exemplo elassesaem melhor reconhecendose já ouviram uma palavra dita constante de uma lista do que em se lembrar da palavra sem que ela tenha sidoapresentada Estaé umageneralização empíricabem interessante entre tanto a ciência requerque não apenasas pessoas sejam capazes de fazer generaliza ções como também entender por que a memória funciona assim Por um lado a explicação é um importante objetivo da ciência ao passo que a generalização em pírica não oferece na ausência de uma teoria subjacente qualquer explicação Por outro lado a teoria faz com que se compreendam as limitações das generalizações empíricas e porque ocorrem Por exemplo uma teoria proposta por Tulving e Thomson 1973 sugeria que na verdade o reconhecimento nem sempre deveria ser melhor que a recordação Outro objetivo igualmente importante da ciência é a predição A teoria de Tulving e Thomson levouos a predizer as circunstâncias sob as quais a recordação deveria ser melhor que o reconhecimento Uma coleta de dados logo após provou que estavam certos Em determinadas circunstâncias a re cordação é certamente melhor que o reconhecimento A teoria portanto sugeriu em quais circunstâncias dentre as inúmeras que se examinaram deveriam ocorrer aslimitações das generalizações Assim sendo a teoria tanto serve deauxílio paraa explicação como para a predição Ao mesmo tempo a teoria sem dados é vazia Praticamente qualquer indiví duo pode se sentar em uma poltrona e propor uma teoria até mesmo uma que pareçaplausível porém a ciência requer testes empíricos dessas teorias sem o que continuam sendo meramente especulativas Logo teotias e dados dependem uns dosoutrosAs teoriasgeramascoletasde dados que por sua vez ajudam a corrigi das que levam a mais coletas de dados e assim por diante E por meio dessa repetição e da interação entrea teoria e os dados que sepode aumentar o conheci mento científico 2 A cognição é geralmente adaptativa mas não em todas as instâncias específicas Quando se consideram asformas pelas quais se cometem erros é impressionante como os sistemas cognitivos humanos funcionam bem A evolução fez muito bem em engendrar o desenvolvimento de um aparato cognitivo capaz de decodificar com precisão os estímulos ambientais além de entender os estímulos internos da maioria das informações disponíveis Podese perceber aprender recordar racioci nar e solucionar problemas com enorme precisão Isso ocorre mesmo com uma grande quantidade de estímulos Qualquer estímulo pode desviar o indivíduo do processamento adequado da informação Todavia os mesmos processos que nos le vam a perceber recordare raciocinar com precisão na maioria das situações tam bém podem nos levar ao erro Nossas recordações e raciocínios por exemplo são suscetíveis a certos erros sistemáticos bem identificados Por exemplo à medida que sepercebe o quanto aprendeu a respeito dadisponibilidade heurística a tendência é supervalorizar a informação que já está disponível e isso ocorre mesmo quando a informação nãoé totalmente relevante aoproblema emquestão Em geral todos os sistemas naturais ou artificiais estão baseados em compensações As mesmas ca racterísticas que os tornam altamente eficientes dentro da enorme gama de cir cunstâncias podem tornálos ineficientes em outras circunstâncias específicas Um sistema que poderia serextremamente eficiente emcadacircunstância especí fica poderia ser ineficiente em uma ampla variedade de circunstâncias simples mente porque se tornaria demasiadamente incômodo e complexo Portanto os seres humanos representam uma adaptação altamente eficiente porém imperfeita dos ambientes que enfrentam 26 Psicologia Cognitiva Considere como exemplo de disponibilidade o ingresso na universidade A maioria dos responsáveis pela admissão nas universidades deseja obter toda a infor mação possível dosalunos suas habilidades de liderança suacriatividade sua ética bem como outras características igualmente relevantes Entretanto essa informação pode não estardisponível imediatamente e nessecasogeralmente sóestá disponível por meio de alguns alunos Em contrapartida as notas das provas e as médias das notas estão sempre disponíveis para todos os usos Dessaforma os encarregados pela admissão nas faculdades poderão confiar mais nas notas do que o fariam caso as in formações sobre a personalidade dos alunos como criatividade e ética estivessem mais prontamente disponíveis 3 Os processos cognitivos interagem uns com os outros e também com processos não cognitivos Embora tentem estudar e muitas vezes isolar o funcionamento de processos cognitivos específicos os psicólogos cognitivos sabem como esses processos andam juntos Por exemplo a memória depende em parte da percepção Igualmente o pensamento depende em parte da memória ou seja não é possível refletir sobre aquilo que não é lembrado Contudo os processos nãocognitivos também intera gem com os cognitivos Por exemplo aprendese melhor quando se está motivado a aprender Porém o aprendizado será provavelmente afetado se o indivíduo se chatear com algo e não conseguir se concentrar na tarefa em questão Portanto os psicólogos cognitivos buscam estudar os processos cognitivos não apenas de modo isolado como também em suas interações uns com os outros e com os processos nãocognitivos Uma das áreas mais interessantes da Psicologia Cognitiva hoje em dia é a inter face entre os níveis cognitivo e biológico Nos últimos anos pot exemplo tornouse possível localizara atividade cerebral associada a vários tipos de processos cogniti vos Entretanto é preciso muito cuidado ao assumir que a atividade biológica é a causa da atividade cognitiva A pesquisa mostta que a aprendizagem geradora de alterações no cérebro ou em outras palavras nos processos cognitivos pode afetar as estruturas biológicas tanto quanto as estruturas biológicas podem afetar os pro cessos cognitivos Assim sendo as interações entre os processos cognitivos e os outros processos podem ocorrer em vários níveis O sistema cognitivo não opera isoladamente mas funciona em interação com os outros sistemas 4 A cognição deve ser estudada por meio de uma variedade de métodos científicos Não há uma forma correta de estudar a cognição Estudiosos ingênuos buscam o melhor método para o estudo da cognição Essabusca será inevitavelmente em vão pois todo o funcionamento cognitivo precisa ser estudado por meio de um le que variado de operações convergentes ou seja utilizando diferentes métodos que visem a um entendimento comum Quanto mais diferentes forem as técnicas que levem à mesma conclusão maior será a confiança nestas Por exemplo suponhase que os estudos de tempos de reação percentual de correlação e padrõesdas diferen ças individuais todos levem a uma única conclusão Dessa forma podeseter muito mais confiança do que se esta conclusão fosse conseguida por apenas um método Os psicólogos cognitivos precisam aprender uma série de diferentes tipos de técnicas para executar bem seu trabalho Contudo esses métodos devem ser científi cos Os métodos científicos diferem dos outros métodos uma vez que oferecem a base para a natureza autocorretiva da ciência Com o tempo corrigemse os erros A razão para isso é que os métodos científicospermitem refutar as expectativas quando Capítulo 1 Introdução à Psicologia Cognitiva 27 estas estiverem erradas Os métodos não científicos não apresentam tal caracterís tica Por exemplo os métodos de investigação que dependem apenas da fé ou da autoridade para determinar uma verdade podem ter algum valor na vida das pessoas mas não são científicos e portanto não são autocorretivos Na verdade as palavras de uma autoridade hoje podem ser substituídas pela de outra amanhã sem que se saibaqualquercoisa nova a respeito dofenômeno a que aspalavras seaplicam Como o mundo aprendeu há muito tempo o fato de que importantes dignitários tenham dito que a Terraestá no centro do Universo não faz com que isso sejaverdade 5 Toda a pesquisa básica em Psicologia Cognitiva poderá levar a aplicações e toda pesquisa aplicada poderá levar a conhecimentos básicos Os políticos e às vezes até mesmo cientistas gostam de estabelecer claras dife renças entre a pesquisa básica e a aplicada A verdade no entanto é que essa dis tinção geralmente não é clara Uma pesquisa que poderia ser básica quasesempre leva a aplicações imediatas Da mesma forma pesquisas que aparentemente deve riam ser aplicadas às vezes levam rapidamente a conhecimentos básicos com aplicações imediatas ou não Por exemplo uma conclusão básica de uma pesquisa sobre a aprendizagem e a memória é que a aprendizagem é superior quando distri buída ao longo do tempo do que quando é concentrada em curtos intervalos de tempo Essa conclusão básica tem uma aplicação imediata na formulação de estra tégias Ao mesmo tempo a pesquisa sobre testemunhos oculares que à primeira vista parece ser muito aplicada melhorou o conhecimento básico do funciona mento da memória bem como sobre até que ponto o ser humano constrói as pró prias recordações Não é uma mera reprodução do que ocorre no ambiente Antes de encerrar este capítulo pense em alguns campos da Psicologia Cogni tiva descritos noscapítulosseguintes aosquais esses temase questões fundamentais estão diretamente relacionados Leituras Sugeridas Comentadas Nadei L Encyclopedia ofcognitive science v Wilson R A Keil F C The MIT ency 4 Londres Nature Publishing Group clopedia ofcognitive sciences Cambridge 2003 Uma análise detalhada de tópicos MIT Press 1999 Verbetessobre toda a em toda a gama das Ciências Cogniti gamade tópicosqueconstituem o campo vas Os verbetes estão classificados por de estudos da Ciência Cognitiva grau de dificuldade CAPITULO Neurociência Cognitiva 2 EXPLORANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA 1 Quais são as estruturas fundamentais e os processos celulares do cérebro 2 Como os pesquisadores estudam as grandes estruturas e os processos cerebrais 3 O que os pesquisadores já descobriram como resultados do estudo do cérebro Uma antiga lenda da índia Rosenzweig Leiman 1989 fala de Sita Ela se casa com um homem mas se sente atraída por outro Esses dois homens frustrados decapitam um ao outro Sita que ficou sem os dois reza desesperadamente à deusa Kali para que traga os dois homens de volta à vida Sita tem seu desejo atendido A ela foi permitido recolocar as cabeças nos corpos Na sua pressa de trazer os dois de volta à vida Sita por engano troca as cabeças E agora com quem ela está casada Quem e quem A questão mentecorpo há muito interessa a filósofos e cientistas Onde a mente está localizada no corpo se é que está De que forma mente e corpo interagem Como somos ca pazesde pensar falar planejar raciocinar aprender e recordar Quais são as bases físicas de nossas capacidades cognitivas Todas essas perguntas investigam a relação entre Psicologia Cognitiva e Neurobiologia Alguns psicólogos cognitivos buscam responder a essas questões estudando as bases biológicas da cognição Os psicólogos cognitivos estão particularmente preocupados em como a anatomia as estruturas físicas do corpo e a fisiologia funções e processos do corpo do sistema nervoso afetam e são afetadas pela cognição humana A Neurociência Cognitiva é o campo de estudos que vincula o cérebro e outros aspec tos do sistema nervoso ao processamento cognitivo e em última análise ao comporta mento O cérebro é o órgão do corpo que controla mais diretamente os pensamentos as emoções e as motivações Gloor 1997 Rockland 2000 Shepherd 1998 Em geral pen sase no cérebro como algo que está no topo da hierarquia do corpo como o chefe com vários outros órgãos respondendo a ele Contudo como qualquer bom chefe escuta seussu bordinados e é influenciado por eles que são os outros órgãos do corpo Dessa forma o cé rebro é tanto diretivo como reativo Um objetivo importante do atual trabalho sobre o cérebro é estudar a localização das funções A localização da função referese às áreas específicasdo cérebro que controlam os comportamentos e as habilidades específicas Entretanto antes de tratarmos do cérebro va mos examinar como ele se situa na organização geral do sistema nervoso 29 30 Psicologia Cognitiva Do Neurônio ao Cérebro A Organização do Sistema Nervoso O sistema nervoso é a base de nossa capacidade de percebermos de nos adaptar e de inte ragirmos com o mundo ao nosso redor Gazzaniga 1995 2000 Gazzaniga Ivry Mangun 1998 Por meio desse sistema recebese processasee depois se respondem às informações provenientes do meio ambiente Pinker 1997 Rugg 1997 Nessa seção vamos considerar inicialmente o bloco estrutural básico do sistema nervoso o neurônio Examinaremos em detalhes como a informação se movimenta por meio do sistema nervoso no nível celular e depois disso analisaremos os vários níveis de organização no sistema nervoso Nas seções posteriores vamos nos concentrar no principal órgãodo sistemanervoso o cérebro pres tando especialatenção ao córtex cerebralque controla muitosdosprocessos de pensamento Por ora vejamos como o processamentoda informaçãoocorre no nível celular Estrutura e Função Neuronais Para compreendercomo o sistemanervosoprocessa a informação é preciso examinar a estru tura e a função das células que constituem esse sistema As células neurais individuais cha madas neurônios transmitem sinais elétricos de um local para outro no sistema nervoso Carlson 2006 Shepherd 2004 A maior concentração de neurônios ocorre no neocórtex do cérebro O neocórtexé a parte do cérebroassociada à cogniçãocomplexaEsse tecido pode conter até 100000 neurônios por milímetro cúbico Churchland Sejnowski 2004 Os neu rônios tendem a se organizar na forma de redes que se interligam trocando informações e promovendovários tipos de processamento de informação Vogels Rajan Abbott 2005 Os neurônios variam em sua estrutura mas quase sempre possuem quatro partes bási cas como ilustrado na Figura21 Que são soma corpo da célula dendritos um axônio e feixes terminais O soma que contém o núcleo celular a porção central que possui funções metabólicas e reprodutivas da célula é responsável pela vida do neurônio e liga os dendritos ao axô nio Os inúmeros dendritos são estruturas ramificadas que recebem informações de outros neurônios e a soma integra essas informações O aprendizado está associado com a forma ção de novas conexões neurais Issoocorre em combinação com o aumento de sua comple xidade ou ramificação na estrutura dos dendritos no cérebro O axônio simples é um longo e fino tubo que se estende e por vezesse divide do soma que reage à informação quando apropriado transmitindo um sinal eletroquímico que viaja até o final de onde o sinal pode ser transmitido para outros neurônios Os axônios apresentamse apresentam em dois tipos com ou sem revestimento de mie lina Mielina é uma substância branca gordurosaque envolve algunsdos axônios no sistema nervoso e é responsável por parte do aspecto branco do cérebro Alguns axônios são mie linizados quando revestidos pela mielina Esse revestimento que isola e protege os axô nios mais longos da interferência elétrica de outros neurônios na área também acelera a condução de informaçãoNa verdade a transmissãopelosaxônios mielinizados pode alcan çar até 100 metros por segundo o equivalente a 224 milhas por hora Além disso a mie lina não é distribuída de maneira uniforme aolongo do axônio Édistribuída emsegmentos interrompidos pelos Nódulos de Ranvier que são pequenos intervalos no revestimento de mielina ao longodo axônio que atuam no aumento da velocidadeda condução do sinal ele troquímico O segundo tipo de axônio não possuia cobertura de mielina Normalmente es ses axônios desmielinizados são menores e mais curtos assim como mais lentos do que os axônios mielinizados Como resultado dessa condição estes não precisam de aumento na FIGURA 21 Feixes terminais Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 31 i Soma Dendritos Axônio O formato do neurônio é determinado por suafunção Cadaneurônio entretanto lem a mesma estrutura soma dendritos um axônio e feixes terminais Imagem OmikronScience Source Photo Researciers Inc Utilizada comautorização velocidade de condução do sinal eletroquímico que a mielina proporciona aos axônios mais longos A esclerose múltipla uma doença autoimune está associada com a degeneração do revestimento de mielina em axônios de certos nervos Isso resulta na deterioração da coor denação e do equilíbrio Em casos graves essa doença é fatal Os feixes terminais são pequenas formações arredondadas encontradas ao final das ra mificações de um axônio e que não tocam diretamente os dendritos do neurônio próximo a ele Na verdade existe um espaço muito pequeno a sinapse A sinapse funciona como um ponto de contato entre os feixes terminais de um ou mais neurônios e os dendritos ou às vezes o soma de um ou mais neurônios vizinhos Carlson 2006 ver Figura 21 As si napses são importantes na cognição Os ratos apresentam um incremento tanto no tama nho como no número de sinapses no cérebro como resultado do aprendizado Turner Greenough 1985 A diminuição da função cognitiva como no Mal de Alzheimer é asso ciada com a redução da eficiência das sinapses na transmissão de impulsosnervosos Selkoe 2002 A transmissão de sinal entre neurônios ocorre quando os feixes terminais liberam um ou mais transmissores na sinapse Esses neurotransmissores funcionam como mensagei ros químicos para transmissãode informação pelo intervalo da sinapse aos dendritos recep tores do próximo neurônio von Bohlen und Halbach Dermietzel 2006 32 PsicologiaCognitiva Os cientistas já catalogaram mais de 50 substâncias neurotransmissoras embora ainda haja muito mais a ser descoberto Fisiologistase psicólogos estão trabalhando na descoberta e no entendimento de neurotransmissores Em especial eles querem entender como os neu rotransmissores interagem com as drogas com o humor com as habilidades e com as per cepções Sabemos muita coisa a respeito do mecanismo da transmissão do impulso neural mas relativamente sabemos ainda muito pouco a respeito de como a atividade química do sistema nervoso se relaciona com os estados psicológicos A despeito dos limites do conhe cimento atual aprendemos muito a respeito de como essas substâncias afetam o funciona mento psicológico dos indivíduos Atualmente existem três tipos de substâncias envolvidas no processo de neurotrans missão 1 Os monoaminos neurotransmissores cada um deles é sintetizado pelo sistema nervoso pelas ações enzimáticas em um dos aminoácidos constituídos de proteínas como colina tirosina e triptofano em nossa alimentação diária ex acetilcolina dopa mina e serotonina 2 Os neurotransmissores aminoácidos obtidos diretamente dos aminoácidos da nossa ali mentação sem qualquer síntese ex ácido gamaaminobutírico ou GABA e 3 Os neuropeptídios que são cadeias de peptídeos moléculas constituídas por partes de dois ou mais aminoácidos O Quadro 21 relaciona alguns exemplos de neurotransmissores e suas funções no sis tema nervoso e suas relações com o funcionamento cognitivo A acetilcolina está ligada à memória e a sua perda tem sido relacionada à perda de me mória em pacientes com Mal de Alzheimer Hasselmo 2006 A acetilcolina também exerce importante papel no sono e no estado de alerta No despertar há um aumento da atividade dos também chamados neurônios colinérgicos na base anterior e na haste do cé rebro Rockland 2000 A dopamina está ligada à atenção e à aprendizagem Também está relacionada com a motivação tais como o reforço e a recompensa Portadores de esquizofrenia possuem um ní vel muito elevado de dopamina Este fato já orientou alguns pesquisadores no sentido de que altos níveis de dopamina podem ser parcialmente responsáveis pela condição esquizo frênica As drogas utilizadas no combate à esquizofrenia geralmente inibem a ação da dopa mina von Bohlen und Halbach Dermietzel 2006 Em contrapartida pacientes com Mal de Parkinson apresentam níveis muito baixos de dopamina Com tratamento à base de dopamina esses pacientes de Parkinson por vezes apresentam um aumento da compulsão patológica de jogar Quando o tratamento com dopamina é interrompido os pacientesdei xam de apresentar esse comportamento Drapier etai 2006 Voon et aí 2007 Essas des cobertas confirmam o papel da dopamina no processo motivacional A serotonina desempenha papel muito importante no comportamento relacionado à alimentação e ao controle de peso Também tem ligação com o comportamento agressivoe a impulsividade Rockland 2000 Drogas que bloqueiam a serotonina tendem a aumentar o comportamento agressivo Altos níveis de serotonina têm papel em alguns tipos de ano rexia Especificamente a serotonina parece ter papel em alguns tipos de anorexias decor rentes de doença ou de tratamento de doença Por exemplo pacientes com câncer ou que se submetem à diálise experimentam grave falta de apetite Agulera et ai 2000 Davis et ai 2004 A perda de apetite nos dois casos é relacionada aos altos níveis de serotonina Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 33 QUADRO 21 Neurotransmissores Os neurotransmissores são responsáveis pela comunicação intercelular no sistema nervoso Esta tabela lista uma parte dos neurotransmissores conhecidos Neurotransmissores Descrição Função Geral Exemplos Específicos Acetilcolina Ach Neurotransmissor monoamino sintetizado a partir da colina Excitatório no cérebro e na musculatura esquelé tica ou inibitório na mus culatura cardíaca e outras partes do corpo Acreditase que esteja re lacionado com a memó ria por sua alta concen tração encontrada no hipocampo Squire 1987 Dopamina DA Monoamino neurotrans missor sintetizado a partir da tirosina Influencia o movimento a atenção e a aprendiza gem Na maioria das ve zes é inibitório Mas em alguns casos pode apre sentar efeitos excitató rios O Mal de Parkinson ca racterizado por tremores e rigidezlímbica resulta da escassez de DA alguns sintomas de esquizofrenia estão associados com o excesso de DA Epinefrina e norepinefrina Monoamino neurotrans missor sintetizado a partir da tirosina Hormônios também co nhecidos como adrena lina e noradrenalina relacionados com a regulação do estado de alerta ou vigilância Relacionado a diversos efeitos no corpo relativos às reações bater ou cor rer fightorflight raiva e medo Serotonina Monoamino neurotrans missor sintetizado a partir do triptofano Relacionado ao estado de alerta sono e sonhos e humor Normalmente inibitório mas em alguns casos excitatório Normalmente inibe os sonhos falhas no sistema de serotonina estão rela cionadas com a depressão grave GABA ácido gamaminobutírico Aminoácido neurotrans missor Efeito neuromodulatório geral resultante das influências inibitórias dos axônios présinápticos Acreditase que influen cia certos mecanismos de aprendizagem e de me mória Izquierdo Me dina 1997 Glutamato Aminoácido neurotrans missor Efeito neuromodulatório geral resultantes das in fluências excitatórias dos axônios présinápticos Acreditase que influen cia certos mecanismos de aprendizagem e de me mória Izquierdo Me dina 1997 Neuropeptídeos Cadeias de peptídeos que atuam como neurotrans missores Efeito neuromodulatório geral resultantes das in fluências excitatórias dos axônios présinápticos A endorfina atua no alí vio da dor Neuromodu ladores neuropeptídios por vezes são liberados para aumentar os efeitos da Ach As descrições precedentes simplificam drasticamente a complexidade das comunicações neuronais Taiscomplexidades tornam difícil a compreensão do que acontece no cérebronor malquando pensamos sentimos e interagimos como ambiente ao nosso redor Muitos pesqui sadores procuram entender o processo normal de comunicaçãodo cérebro Esperam determinaro que está errado no cérebro de pessoas afetadas por distúrbios neurológicos e psicológicos Talvez quandosepuder entendero queestáerrado quais substâncias estãoemdesequilíbrio seja pos sível conseguir colocar ascoisas em equilíbrio novamente Uma maneira desefazer isso é colocar neurotransmissores onde é preciso ou inibir os efeitos dos neurotransmissores em excesso 34 Psicologia Cognitiva Receptores e Drogas Os receptores no cérebro que normalmente são empregados por neurotransmissores co muns podem ser desviados por drogas psicofarmacologicamente ativas legais ou ilegais Nesses casos as moléculas das drogas entram nos receptores que normalmente seriam para substâncias neurotransmissoras endógenas originadas dentro do corpo Quando o indivíduo interrompe o uso da droga surgem os sintomas da abstinência Uma vezque o usuário se torna dependente por exemplo a forma de tratamento difere por causa da toxicidade aguda dano causado pelo longo tempo de vício A toxicidade aguda é quase sempre tratada com naloxone ou drogas correlatas O naloxone bem como sua simi lar naltrexone ocupa os receptores opiáceos no cérebro melhor do que os opiáceos propria mente ditos e dessa forma bloqueia todos os efeitos dos narcóticos Na verdade o naloxone tem uma forte afinidade com os receptores de endorfina no cérebro que ele de fato coloca moléculas de narcóticos nesses receptores e depois ele mesmo os carrega para os receptores O naloxone não vicia embora esteja ligado aos receptores ele não os ativa Muito embora o naloxone possaser entendido como uma droga salvadora para alguém que tenha sofrido uma superdosagem de opiáceos seus efeitos têm vida curta Assim não é re comendado para o tratamento em longo prazo de viciados em drogas No processode desintoxicação de narcóticos a droga normalmente a heroína é geral mente substituída pela metadona que se liga aos locais receptores de endorfina de maneira similar ao naloxone reduzindo a ânsia por heroína bem como os sintomas de abstinência de indivíduos viciados Após a substituição são administradas aos pacientes dosesgradualmente decrescentes até a completa eliminação da droga em seus organismos Infelizmente a utili dade da metadona é limitada pelo fato de ser ela própria substânciaque causadependência Observando as Estruturas e Funções do Cérebro Os cientistas fazem uso de inúmeros métodos para estudar o cérebro humano entre eles os estudos postmortem do latim após a morte e as técnicas in vivo do latim vivo tanto em seres humanos como em animais Cada técnica oferece informações importantes a respeito da estrutura e do funcionamento do cérebro humano Até mesmo alguns dos primeiros estudos postmortem ainda influenciam a maneira de se pensar sobre como o cére bro realiza determinadas funções Entretanto a tendência atual é a de se concentrar em técnicas que ofereçam informações a respeito do funcionamento mental humano à medida que ocorre Essa tendência é contrária à anterior ou seja esperar encontrar indivíduos com distúrbios para só depois de sua morte então estudar seus cérebros Uma vezque os estudos postmortem formam a base para os trabalhos posteriores vamos discutilos antes de avançar para as técnicas ín vivo mais modernas Estudos PostMortem Há séculos os investigadores conseguiram dissecar o cérebro após a morte de um indivíduo Até hoje a dissecação é usada com freqüência para estudar a relação entre cérebro e com portamento Os cientistas observam atentamente o comportamento de pessoasque apresen tam sinais de lesões cerebrais enquanto estão vivas Wilson 2003 documentando o comportamento nesses estudos de casos de pacientes o mais minuciosamente possível Fawcett Rosser Dunnett 2001 Mais tarde após a morte dos pacientes examinam seus cérebros em busca das lesões áreas em que os tecidos tenham sido danificados por exem plo como conseqüência de ferimentos ou de doenças A seguir inferem que os locais lesio nados podem ter relação com o comportamento afetado O Caso de Phineas Cage discutido no Capítulo 1 foi explorado com esses métodos Capítulo2 Neurociência Cognitiva 35 Dessa maneira os cientistas podem estabelecer o vínculo entre um tipo de comporta mento observado e as anomalias localizadas em um determinado local do cérebro Um dos primeiros exemplos é o de Tan assim chamado porque essa era a única sílaba que conse guia pronunciar famoso paciente de Paul Broca 18241880 Tan apresentava graves pro blemas na fala que tinham ligação com lesões na área do lobo frontal que agora é chamada de área deBroca Essa área está ligada a determinadas funções na produção da fala Recen temente exames postmortem em vítimas da doença de Alzheimer doença que causa per das devastadoras da memória ver no Capítulo 5 levaram os pesquisadores a identificar algumas estruturas do cérebro ligadas à memória como o hipocampo descrito em uma se ção posterior deste capítulo Esses exames identificaram também algumas aberrações mi croscópicas associadas com o processo da doença ex fibras diferentes entrelaçadas no tecido do cérebro Embora sirvam para alicerçar o entendimento da relação entre o cére bro e o comportamento as técnicas de lesionamento são limitadas na medida em que não podem ser realizadas no cérebro vivo Consequentemente não oferecemconhecimentos so bre processos fisiológicos mais específicos do cérebro vivo A fim de se obter essa informa ção há a necessidade de se usar técnicas in vivo como as descritas a seguir entre outras Estudos com Animais Os pesquisadores também querem compreender os processos e as funções do cérebro vivo e para estudar sua atividade variável é preciso usar a pesquisa in vivo Muitas das primeiras técnicas in vivo foram realizadas exclusivamente em animais por exemplo as pesquisas ganhadoras do Prêmio Nobel sobre a percepção visual surgiram a partir de estudos in vivo que investigavam a atividade elétrica de células em determinadas regiões do cérebro de animais Hubel Wiesel 1963 1968 1979 ver o Capítulo 3 Nessesestudos inseremse microeletrodos no cérebro de um animal geralmente um ma caco ou um gato que obtém registros decélulas isoladas acerca da atividade de um único neu rônio no cérebro Nesses registros os cientistas inserem um finíssimo eletrodo próximo a um neurônio isolado e dessa forma conseguem captar as alterações na atividade elétrica que ocorre na célula Essa técnica só pode ser usada em laboratório e com animais porque ainda não foi encontrada uma forma segura para realizar esses registros em seres humanos Dessa maneira os cientistas podem medir os efeitos de determinados estímulos como li nhas apresentadas visualmente sobre a atividade dos neurônios individuais Outros estudos com animais incluem o lesionamento seletivo remoção cirúrgica ou lesionando parte do cérebro visando observar os conseqüentes deficits funcionais APbertin Mulder Wiener 2003 Mohammed Jonsson Archer 1986 Evidentemente essas técnicas não podem ser utilizadas em seres humanos Além disso não é possível registrar simultaneamente a ativi dade de cada neurônio As generalizações com base nesse tipo de estudo são um pouco li mitadas e assim sendo desenvolveramse várias técnicas de imagem menos invasivas para serem usadas em seres humanos descritas na próxima seção Registros Elétricos Potenciais Relacionados a Eventos Pesquisadores e profissionais como psicólogose médicos geralmente registram a atividade elétrica do cérebroque aparecesob a formade ondas de váriaslarguras freqüência e alturas intensidades Os eletroencefalogramas EEGs são registros das freqüências e das intensi dades elétricas do cérebro vivo normalmente gravadas durante períodos relativamente longos Picton Mazaheri 2003 Por meio dos EEGs é possível estudar as atividades das ondas cerebrais que indicam as alterações dos estados mentais como o sono profundo ou o sonho Para a realização de um eletroencefalograma colocamse eletrodos em vários pontos 36 Psicologia Cognitiva do couro cabeludo de modo a registrar a atividade elétrica das áreas do cérebro Assim a informação não é bem localizada em termos de células específicas mas é em contrapartida extremamente sensível às alterações ao longo do tempo Por exemplo registros de EEGs feitos durante o sono revelam mudanças nos padrões da atividade elétrica de todo o cérebro Durante o sonho surgempadrõesdiferentes daquelesque surgemno sono profundo De modo a estabelecer uma relação da atividade elétrica com um determinado evento ou tarefa ex ver um clarão de luz ou ouvir frases podemse medir as ondas do EEG em um grande número dè testes ex 100 para revelar potenciais relacionados com os eventos ERPs Um potencial relacionado com um evento é o registro de uma pequena alteração na atividade elétrica do cérebro em resposta a um evento estimulador A oscilação geral mente dura uma fração de segundo mínima Os ERPs proporcionam boas informações a res peito do transcurso de tempo da atividade cerebral relacionada a tarefas pela média eliminatória da atividade não relacionada à tarefa Os ERPs identificamse pela colocação de uma série de eletrodos na cabeça do paciente para em seguida registrar a atividade elé trica do cérebro por meio dos eletrodos As formas de ondas resultantes mostram picos ca racterísticos relacionados ao tempo da atividade elétrica mas apenas revelam informações muito gerais sobre a localização dessa atividade em função da baixa resolução espacial li mitada pela colocação dos eletrodos no couro cabeludo A técnica de ERP é usada em uma ampla gama de estudos Por exemplo alguns estudos da inteligência tentatam relacionar característicasespecíficas de ERPs aos resultadosde tes tes de inteligência ex Caryl 1994 O exame do processamento da linguagem também se beneficiou do uso dos métodos de ERP Nos estudos envolvendo a leitura a capacidade dos pesquisadores de mensurar as alterações do cérebro durante intervalos específicos de tempo também possibilitou entender a capacidade de compreensão das frases Kuperber et ai 2006 As mudanças no desenvolvimento das habilidades cognitivas também foram exami nadas pelos métodos ERP Esses experimentos possibilitaram um entendimento quase com pleto da relação entre o cérebro e o desenvolvimento cognitivo Taylor Baldeweg 2002 Além disso o alto grau de resolução temporal proporcionado pelos ERPs pode ser utilizado para complementar outras técnicas como por exemplo a tomografia por emissão de pósitrons PET discutida a seguir para identificar áreas envolvidas na associação de palavras Posner Raichle 1994 Usando os ERPs os investigadores descobri ram que os participantes mostravam maior atividade em certas partes do cérebro córtex frontal lateral esquerdo córtex posterior esquerdo e córtex insular direito sempre que faziam associações rápidas das pa lavras dadas Outro estudo mostrou que as diminuições nos potenciais elétricos são duas vezes maiores para os tons que são atendidos do que para aqueles que são ignorados ver Phelps 1999 Assim como ocorre com qualquer técnica os EEGs e os ERPs oferecem apenas uma visão da atividade cerebral e são mais úteis quando usadosem conjunto com outras técnicas visando examinar as áreas cerebrais específicas ligadas à cognição Michael Posneré professor emérito de Psicologia na University ofOregon Suapesquisa pioneira propiciou fortes evidências dasligações entre as opera ções cognitivas e a atividade localizada do cérebro Seu trabalho auxiliou a estabelecer abordagens cog nitivas e biológicas experi mentaisconjuntasparaa melhor função docérebro Foto Cortesia Dr Mi chael Posner Técnicas de Imagem Estática Os psicólogos utilizamse também de várias técnicas de imagem está tica para revelar as estruturas do cérebro Buckner 2000a Posner Raichle 1994 Rosen Buckner Dale 1998 Figura 22 e Quadro 22 Dentre essas técnicas estão os angiogramas a tomografia computado rizada TC e a ressonância magnética RM As técnicas baseadas em raios X angiograma e TC permitem a observação de grandes anor malidades do cérebro como danos resultantes de acidentes vasculares Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 37 FIGURA 22 a Angíograma ralos X magnéticos Várias técnicas jáforam desenvolvidas para fazer imagens das estruturas e as vezes dos processos do cérebro a Um angiograma do cérebro destaca seus vasos sangüíneos b Uma imagem TC deumcérebro usa uma série de tomografias rotativas uma das quais aqui apresentada para produzir uma imagem tridimensional das estruturas do cérebro c Umasérie rotativa de RMs umadas quais é aqui apresentada comuma imagem tridimensional das estruturas docérebro com mais precisão doque as daTC d Essas fotografias estáticas dePETs deum cérebro mostram diferentes processos metabólicos duranteatividades distintas As PETs permitem o estudo da fisiologia docérebro imagens CNR11SPL Ohio Nuclear I Photo Resarchers IncSpenccr Gram Stock Boston LLC Utilizada com autorização 38 Psicologia Cognitiva QUADRO 22 Principais Estruturas e Funções do Cérebro O prosencéfalo o mesencéfalo e o rombencéfalo contêm estruturas que realizam funções para a sobrevivência bem como para processosde alto nível como o pensar e o sentir Região do Cérebro Prosencéfalo Principais Estruturas Dentro das Regiões Córtex cerebral camada exterior dos hemisférios Gânglios basais conjuntos de núcleos e fibras neurais Sistema límbico hipocampo amíg dala e sepco Talar Funções das Estruturas Responsável pelo recebimento e proces samento de informações sensoriais pensamento outros processamentos cognitivos e no planejamento e envio de informações motoras Cruciais ao funcionamento do sistema motor Responsáveis pela aprendizagem emo ções e motivações em particular o hi pocampo influencia a aprendizagem e a memória a amígdala influencia a raiva e a agressividade c o septo a raiva e o medo Estação básica de retransmissão de infor mações sensoriais que chegam ao cére bro transmite informações para as regiões certas do córtex cerebral por fi bras de projeção que vão do tãlamo até regiõesespecíficas do córtex é composto por vários núcleos grupos de neurônios que recebem tipos específicos de infor mação sensorial projetandoos em regiões específicas do córtex cerebral in cluindo quatro núcleos fundamentais para a informação sensorial 1 dos re ceptores visuais via nervos ópticos ao córtex visual possibilitando a visão 2 dos receptores auditivos via nervos auditivos ao córtex auditivo possibi litando a audição 3 dos teceptores sensoriais no sistema nervoso somático ao córtex somatossensorial primário possibilitando a sensação de pressão e dor e 4 do cerebelo no rombencé falo ao córtex motor primário possibili tando a estabilidade e o equilíbrio físico cerebrais AVCs ou tumores Todavia essas técnicas têm resolução limitada e não forne cem muita informação a respeito de lesõese anormalidades menores Provavelmente a técnica de imagem estáticade maior interesse paraos psicólogos cog nitivos seja a ressonância magnética RM que serve para revelar imagens de alta resolu ção da estruturado cérebro vivo pela computaçãoe pela análise das alterações magnéticas na energia das órbitas das partículas nucleares nas moléculasdo corpo Issofacilita a detec çãode lesões in vivo como aquelas associadas a transtornos específicos do uso da linguagem Na RM um forte campo magnético é passado através do cérebro do paciente O scanner detecta vários padrões de alterações eletromagnéticas nos átomos do cérebro Malonek Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 39 QUADRO 22 Principais Estruturas e Funções do Cérebro continuação Região do Cérebro Principais Estruturas Dentro das Regiões Funções das Estruturas Hipotálamo Controla o sistema endócríno controla o sistema nervoso autônomo como a regulação da temperatura interna do apetite e da sede além de outras funções importantes responsável pela regulação do comportamento relativo à sobrevi vência da espécie em especial lutar alimentarse fugit e acasalar é impor tante no controle da consciência ver o sistema reticular ativador responsável pelas emoções pelo prazerpela dor e pelas reações de estresse Mesencéfalo Coiícuiossuperiores acima Envolvidos na visão especialmente nos reflexos visuais Colículos inferiores abaixo Envolvidos na audição Sistema reticular ativador RAS estendese para o interior do rom bencéfalo Importante no controle da consciência despertar do sono atenção função cardiorrespiratória e movimentos Substância cinzenta núcleo rubro subs tância negra região ventraí Importante no controle dos movimentos Rombencéfalo Cerebelo Fundamental para o equilíbrio a coorde nação e o tõnus muscular Pontetambém contém parte do RAS Envolvido na consciência sono e des pertar liga as transmissões neutais de uma parte do cérebro à outra respon sável pelos nervos faciais Medulaoblonga Atua como junção na qual os nervos se cruzam de um lado do corpo ao lado oposto do cérebro responsável pelas funções cardiorrcspiratórias a digestão e a deglutição Grinvald 1996Ugurbil 1999 Essas alterações molecularessão analisadas por um compu tador que gerauma imagem tridimensional do cérebro produzindo informações detalhadas das estruturas cerebrais Por exemplo a RM é usada para demonstrar que músicos que to cam instrumentos de cordas como violino e violoncelo tendem a tet uma expansão do cé rebro em uma área do hemisfériodireito que controla o movimento da mão esquerda uma vez que o controle das mãos é contralateral o lado direito do cérebro controla a mão es querda eviceversa Münte Altenmüller Jáncke 2002 Às vezes as pessoas pensam que o cérebro controla tudo o que fazem Este estudo é um bom exemplo de como aquilo que se faz ou sejaa experiência pode afetar o desenvolvimento do cérebro Contudo a técnica 40 PsicologiaCognitiva de RM é relativamente cara e além disso não oferece muita informação a respeito dos processos fisiológicos As duas últimas técnicas discutidas na seguinte seção irão oferecer essa informação imagens Metabólicas As técnicas de imagem metabólica baseiamse nas mudanças que ocorrem no cérebro como resultado do aumento do consumo de glicose e de oxigênio nas áreas ativas deste órgão A idéia básica é que as áreas ativas do cérebro consomem mais glicose e oxigênio do que as áreas inativas durante a execução de algumas tarefas Uma área exigida especificamente por uma tarefa deveria estar mais ativa durante essa tarefa do que durante um processamento maisgeralOs cientistas tentam identificaráreasespecializadas para uma determinada tarefa usando o método de subtração que compreende subtrair a atividade durante uma tarefa mais geral da atividade mensurada durante uma tarefa específica Em seguida a atividade resul tante é analisada estatisticamente Essaanálise determina quais as áreas responsáveis pelo desempenho de qualquer tarefa específica bem como as de âmbito mais genérico Por exemplo supondo que o pesquisador deseje determinar que área do cérebro é mais importante para alguma função como a re cuperação do significado das palavras Ele deveria então subtrair atividade durante uma ta refacomo a leitura de palavrasda atividade durante uma tarefa envolvendo o reconhecimento físicodas letras das palavras A diferença na atividade seria presumida para refletir a recupe ração do significado Porém há um fator importante a ser lembrado com relação a essas téc nicas os cientistas não dispõem de meios para determinar se o efeito em rede dessa atividade é excitatório ou inibitório porque alguns neurônios são inibidos pelos neurotransmis sores de outros neurônios Assim a técnica de subtração revela a atividade cerebral em rede de algumas áreas não podendo mostrar se o efeito da área é positivo ou negativo Além disso o método pressupõe que a ativação é puramente aditiva que não pode ser des coberta por meio do método de subtração o que representa uma grande simplificação desse método mas de um modo geral mostra como os cientistas conseguem determinar o fun cionamento fisiológico de certas áreas usando as técnicas de imagem descritas a seguir Tomografia por emissão de pósitrons PET As PETsmedem a elevação no consumo de oxigênio em áreas ativas do cérebro durante determinados tipos de processamento de in formações Buckner et ai 1996 0Leary et ai 2007 Raichle 1998 1999 Para acompa nhar o uso do oxigênio os participantes recebem uma forma levemente radioativa de oxigênio que emite pósitrons enquanto está sendo metabolizado Os pósitrons são partículas que têm mais ou menos o mesmo tamanho e massa dos elétrons mas têm carga positiva e não negativa A seguir é feita a tomografia do cérebro para detectar os pósitrons Um com putador analisa os dados para produzir as imagens do funcionamento fisiológico do cérebro em ação Por exemplo as PETsforam utilizadas para mostrar o aumento do fluxo sangüíneo para o lobo occipital do cérebro durante o processamento visual Posner et ai 1988 As PETs também são usadas para o estudo comparativo de cérebros de pessoasque tiram notas altas e baixas em testes de inteligência Quando as pessoas com notas altas estão engajadas em tarefas desafiadoras do ponto de vista cognitivo seus cérebros parecem utilizar a glicose de modo mais eficiente nas áreas cerebrais altamente especializadas para essas tarefas Os cé rebros das pessoas com notas baixas aparentemente utilizam a glicose de maneira mais difusa em regiões mais vastas do cérebro Haier et ai 1992 ver o Capítulo 13 Vamos considerar o trabalho com base nas PETs que ilustram a integração de informa ções a partir de várias áreas do córtex Petersen et ai 1988 1989 Posner etai 1988 Es pecificamente esse trabalho se utilizou das tomografias PET para estudar o fluxo sangüíneo cerebral localizado durante várias tarefas tais como a leitura de palavras isoladas Quando os participantes olhavam para uma palavra na tela as áreas de seus córtices visuais mostravam Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 41 níveis elevados de atividade Quando falavam uma palavra seus córtices motores ficavam muito ativos Quando ouviam uma palavra falada o córtex auditivo era ativado Quando produziam palavras relacionadas àquelas que viram exigindo alto nível de integração da in formação visualauditiva e motora asáreas relevantes do córtex mostravam maior volume de atividade As PETs não são altamente precisas porque requerem o tempo mínimo de meio minuto para produzir informação relativa ao consumo de glicose Se uma área do cérebro mostra quantidades diferentes de atividade durante o tempo de mensuração temse a médiados ní veis de atividade o que potencialmente leva a conclusões não tão precisas Outra técnica é a ressonância magnética funcional RMf técnica de imagem que usa campos magnéticos para construir uma representação detalhada em três dimensões dos ní veis de atividade nas várias partes do cérebro em determinado momento Esta técnica parte da RM discutida anteriormente mas ela se baseia no aumento do consumo de oxigênio para produzir imagens da atividade cerebral A idéia básica é a mesma das PETs A técnica de RMf não exige o uso de partículas radioativas Em lugar disso o participante executa uma tarefa enquanto é colocado dentro da máquina de RM Essamáquina normalmente se pa rece com um túnel e sempre que alguém é colocado parcial ou inteiramente no túnel é en volvido por um ímã em forma de aro que cria um campo magnético que induz mudanças nas partículasdos átomos de oxigênio As áreasmaisativas do cérebro demandam maissan gue oxigenado do que as áreas menos ativas e as diferenças nas quantidades de oxigênio consumido formam a base para as medições da RMf Em seguida essas medições são anali sadasem computador para se obter a informação maisprecisa possível a respeito do funcio namento fisiológico da atividade do cérebro durante o desempenho de tarefas Essatécnica é menos invasiva que a PET além de possibilitar uma resolução temporal maiselevada as medições podem ser feitas para atividades que durem frações de segundo ao invés de apenas atividades que durem minutos ou horas Um grande problema todavia é o custo e a novidade da RMf e somente um número relativamente pequeno de pesquisa dores tem acesso ao maquinário necessário Além disso os testes com participantes conso mem muito tempo A técnica da RMf está sendo usada para identificar regiões ativas do cérebro em muitas áreas como a visão Engel et ai 1994 a atenção Cohen et ai 1994 a linguagem Gaillard et ai 2003 e a memória Gabrieli et ai 1996 Por exemplo a RMf também é usada para mostrar que o córtex préfrontal lateral é essencial para a memória de trabalho Esta é a parte da memória usada para processar informaçõesque estão sendo usadas ativa mente em um determinado momento McCarthy et ai 1994 Além disso os métodos de RMf são aplicados para o exame de alterações cerebraisem populaçõesde pacientes inclu sive indivíduos com esquizofrenia e epilepsia Detre 2004 Weinberger etai 1996 Um procedimento correlato é a ressonância magnética farmacológica RMph A RMph combina os métodos de RMf com o estudo dos agentes psicofarmacológicos Esses estudos examinam a influência e o papel de determinados agentes psicofarmacológicos so bre o cérebro permitindo o exame do papel dos agonistas que potencializam as reações e dosantagonistas que diminuemas reações nas mesmas células receptoras Além disso es ses estudos também permitem o exame das drogas usadas para o tratamento que por sua vez possibilitam aos investigadores prever as reações dos pacientes aos tratamentos neuro químicos por meio da constituição do cérebro De modo geral esses métodos auxiliam o entendimento das áreas do cérebro e os efeitos dos agentes psicofarmacológicos no funcio namento do cérebro Baliki et ai 2005 Easton et ai 2007 Honey Bullmore 2004 Ka lischetai2004 42 Psicologia Cognitiva FIGURA 23 çgREBROl Tamanho logaritmo de milímetros ICÉREBRQI Tamanho logaritmo de milímetros 9 Tempo de vida Podese observar o cérebro emvários níveis deresolução espacial desde uma molécula atéo próprio cérebro como um todo enquanto sepercebe a mente como uma sucessão deeventos por períodos tão breves como alguns poucos milísse gundos o tempo que levapara um neurôniose comunicar comoutro ou longos como umavida inteira Nas últimas décadas oscientistas desenvolveram uma variedade considerável detécnicas capazes detratar darelação entre o cérebro e a mente Aqui resumimos graicíimente a contribuição potencial dessas várias técnicas para umentendimento desse relacionamento marcando logaritmicamente o céreÍTro no eixo horizontal e a mente noeixo vertical As técnicas estão posicionadas segundo suaprecisão temporal e espacial No gráfico daesquerda estão todas as técnicas disponíveis como raios X TC RM PET EEG ERP eletrocorticografia ECo EEGsregistrados a partir da superfície docérebro em cirurgia além damicroscopia eletrônica ME No gráfico ã direita eliminamos todas as técnicas que nãopodem ser apUcadas emseres humanos Embora o estudodorelacionamento entre mente e cérebro emhumanosdependaclaramente das técnicas deimagem cerebral RM PETe TC emconjunto com outras técnicas elétricas nosso conhecimento sobre essa relação emúitima análise exigirá a integração detodos os níveis deinvestigação Ilustração docérebro em vários níveis deresolução espacial de ÍMAGES OF MND por Michael l Posner e Marcus E Raichle 1994 1997 Scientific American Library Imagem Henryhioltand Company LLC Outro procedimento relacionado à RMph é a ressonância magnética com tensor de difu são DTI que permite o exame da dispersão limitada de água no tecido cerebral Essatécnica tem sido útil no mapeamento da substância branca do cérebro e no exame dos circuitos neu rais Algumas aplicações dessa técnica incluem o exame de lesões cerebrais traumáticas da es quizofrenia da maturação do cérebro e da esclerose múltipla Ardekani et ai 2003 Beyer Ranga Krishnan 2002 Ramachandra etai 2003 Sotak 2002 Sundgren etai 2004 Uma técnica recente para o estudo da atividade cerebral supera os problemas com outras técnicas Walsh Pascual Leone 2005 Essa nova técnica é a estimulação magnética trans craniana EMT que interrompe temporariamente a atividade do cérebro em uma área limi tada A EMT requer a colocação de uma bobina na cabeça do paciente para permitir a entrada de uma corrente elétrica Figura 24 A corrente gera um campo magnético que interrompe uma pequena área normalmente não superior a 1cm3 sob a bobina O pesquisadorpode en tão ver o funcionamento cognitivo quando uma área específica é interrompida Outra técnica recente é a eletroencefalografia magnéticaEEGM que medea atividade do cérebro de fora da cabeça pela captação dos campos magnéticos emitidos pelas alterações da atividade cetebral Essa técnica petmíte a localização de sinais do cérebro de forma a pos sibilitar saber o que diferentes partes do cérebro estão fazendo em momentos diferentes Esse Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 43 FIGURA 24 Estimulação magnética transcraniana EMT Foto im Chase Havard University Gazette é um dos métodos de mensuração mais precisos A EEGM pode ser utilizada para auxiliar ci rurgiõesa localizarestruturas patológicasdo cérebro Baumgartner 2000 Uma recente apli cação da EEGM contou com pacientes que relatavam dor de membrofantasma No caso de dor de membrofantasma como por exemplo um paciente relata dor no pé amputado Foi ob servado que quando certas áreas do cérebro são estimuladas a dor no membrofantasma é me nor A EEGM também é utilizada para examinar as alterações nas atividades do cérebro antes durante e depois da estimulação elétrica Essas alterações na atividade cerebral correspondem às alterações com a experiência de dor no membrofantasma Kringelbach et ai 2007 As técnicas atuais ainda não proporcionam mapeamentos claros de funções específi cas relacionadas a determinadas estruturas regiões ou processos cerebrais Em vez disso concluiuse que algumas estruturas discretas regiões ou processos cerebrais parecem estar ligados a determinadas funções cognitivas O conhecimento atual sobre de que modo de terminadas funções cognitivas estão ligadasa determinadas estruturas ou processoscerebrais possibilita apenas a inferência de indicações sugestivas de algum tipo de relacionamento Por meio de análises sofisticadas podese inferir cada vez com mais precisão esse relaciona mento masainda não se chegou a um ponto em que é possíveldeterminar o relacionamento específico entre causa e efeito entre uma determinada estrutura ou processo cerebral e a fun ção cognitiva específica Algumas funções podem ser influenciadas pela quantidade de es truturas regiões ou processos do cérebro Finalmente essas técnicas propiciam a melhor informação somente em conjunto com outras técnicas experimentais para a compreensão das complexidades do funcionamento cognitivo Todavia alguns pesquisadoresconduziram estudos ín vivo conjuntos em animais com técnica de imagem do cérebro Dedeogle et ai 2004 Kornblum et ai 2000 Logothetis 2004 44 PsicologiaCognitiva A Cognição no Cérebro Córtex Cerebral e Outras Estruturas Até o momento discutiuse de que modo os cientistas determinam a estrutura e a função do cérebro por meio de várias técnicas postmortem e in vivo Agora vamos discutir o que já foi descoberto acercado órgão supremo do sistema nervosoo cérebro humano Podesevisualizar o cérebro dividido em três regiões principais o prosencéfalo o mesencéfalo e o rombencéfalo verQuadro 22 Esses nomes contudo não correspondem exatamente aos locaisdas regiões na cabeça de um adulto ou mesmo de uma criança Na verdade os termos provêm da organi zação física dessas partes no sistema nervoso de um embrião em desenvolvimento Inicial mente o prosencéfalo costuma ficar mais à frente em direção ao que é o rosto O mesencéfalo vem logo em seguidae o rombencéfalo fica mais afastado próximo da parte de trás do pescoço Figura 25 a Durante o desenvolvimento essas orientações se alteram de modo que o pro sencéfalo seja quase uma tampa em cima do mesencéfalo e do rombencéfalo Mesmo assim os termos ainda são utilizadospara designar as áreas do cérebro totalmente desenvolvido A Fi gura 25 be c mostra as mudanças de locais e relacionamentos do prosencéfalo do mesencéfalo e do rombencéfalo durante o desenvolvimento do cérebro Podese ver como se desenvolvem de um embrião de poucas semanas após a concepção até um feto de sete meses Anatomia Geral do Cérebro Prosencéfalo Mesencéfalo e Rombencéfalo Prosencéfalo O prosencéfalo é a região do cérebro localizada próxima ao topo e à frente do cérebro Fi gura 26 e compreende o córtex cerebral os gânglios basais o sistema límbico o tálamo e o hipotálamo O córtex cerebral é a camada externa dos hemisférios cerebrais e desempe nha papel fundamental no pensamento e em outros processos mentais merecendo por isso uma seção especial Esta seção segue a discussão atual sobre as principais estruturas e funções do cérebro Os gânglios basais são conjuntos de neurônios cruciais à função motora e sua disfunção pode resultar em sérios defcits nessa área como tremores movimentos in voluntários alterações na postura e no tônus muscular bem como lentidão dos movimentos Esses deficits ocorrem no Mal de Parkinson e na doença de Huntington ambas causam sintomas motores graves Rockland 2000 Shepherd 1998 O sistema límbico é importante para a emoção a motivação a memória e a aprendiza gem Animais como peixes e répteis cujos sistemas límbicos são relativamente pouco de senvolvidos reagem ao ambiente quase que exclusivamente por instinto Os mamíferos e especialmente os humanos possuem sistemas límbicos relativamente mais desenvolvidos que aparentemente permitem a supressão de reações instintivas ex o impulso de agredir alguém que acidentalmente nos tenha causado dor Os sistemas límbicos fazem com que o ser humano seja capaz de adaptar com mais flexibilidade seu comportamento em resposta às mudanças no ambiente O sistema límbico compreende três estruturas cerebrais centrais interligadas que são a amígdala o septo e o hipocampo A amígdala cumpre um papel importante na emoção especialmente na raiva e agressi vidade Adolphs 2003 O septo está ligado à raiva e ao medo A estimulação da amígdala geralmente resulta em medo e pode ser comprovada de várias maneiras como por palpita ções alucinações assustadoras ou recordações de cenas horríveis Frackowiak et ai 1997 Gloor 1997 Rockland 2000 Lesões na amígdala ou mesmo sua retirada podem resultar na falta de medo desadaptativa No caso de lesões no cérebro de um animal este pode se FIGURA 25 Mesencéfalo Prosencéfalo a 5 semanas no útero c 7 meses no útero Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 45 Mesencéfalo Rombencéfalo Tubo neural Hemisférios cerebrais Mesencéfalo Cerebelo Bulbo Medula espinhal b 8 semanas no útero Cerebelo e ponte Bulbo Medula espinhal Braço Durante o desenvolvimento embrionário e fetal o cérebro tornase mais especializado e os locais e as posições relativas dorombencéfalo do mesencéfalo e doprosencéfalo sealteram daconcepção aonascimento Extraído do livro In Search of the Human Mind de RobertJ Stemberg 1995 Harcourt Brace Company Reproduzido com a per missão do editor aproximar de objetos potencialmente perigosos sem hesitação ou medo Adolphs et ai 1994Frackowiak etai 1997 A amígdala também acentua a percepção de estímulosemo cionais No ser humano lesões na amígdala anulam essa acentuação Anderson Phelps 2001 Além disso pessoas com autismo apresentam limitada ativação na amígdala Uma teoria resultante do autismo sugere que o transtorno está ligado à disfunção da amígdala BaronCohen et ai 2000 Howard etai 2000 Adolphs Sears Piven 2001 Dois outros efeitos de lesões na amígdala podem ser a agnosiavisual incapacidade de reconhecer obje tos e a hipersexualidade Steffanaci 1999 46 Psicologia Cognitiva FIGURA 26 Córtex cerebral controla as funções do pensamento das sensações e dos movimentos voluntários Corpo caloso transmite informações entre os dois hemisférios cerebrais Amígdala ligada à raiva e à agressividade Glândula pítuitária glândulamestre do sistema endócrino Septo Hipocampo influencia influencia a a raiva e aprendizagem o medo e a memória Tálamo transmite informações sensoriais ao córtex cerebral Hipotálamo regula a temperatura a alimentação o sono e o sistema endócrino Mesencéfalo sistema de ativação reticular transmite mensagens sobre o sono e o despertar Ponte retransmite informações entre o córtex cerebral e o cerebelo Cerebelo coordena os movimentos finos dos músculos e o equilíbrio Bulbo regula os batimentos cardíacos e a respiração Medula espinhal retransmite os impulsos nervosos entre o cérebro e o corpo controla os reflexos simples O prosencéfalo o mesencéfalo e o rombencéfalo contêm estruturas querealizam funções essenciais à sobrevivência e para o pensamento dealtonivele o sentimento Extraído do livro In Search of the Human Mind de RobertJ Ster nberg 1995 de Harcourt Brace Company Reproduzido coma permissãodo editor O hipocampo cumpre papel fundamental na formação da memória Eichenbaum 1999 2002 Gluck 1996 Manns Eichenbaum 2006 0Keefe 2003 Esse nome vem do grego cavalomarinho e de sua forma aproximada Pessoas que sofrem lesões ou re moção do hipocampo ainda conseguem se lembrar de recordações existentes Por exem plo conseguem reconhecer velhos amigos e lugares mas não conseguem formar novas lembranças em relação ao momento da lesão cerebral Novas informações novas situa ções pessoas e lugares novos ficam como novas para sempre A Síndrome de Korsakoff produz perda da função da memória que se acredita esteja ligada à deterioração do hipo campo A síndrome pode ser conseqüência de uso excessivo de álcool No caso de H M a ser discutido no Capítulo 5 há outra ilustração dos problemas decorrentes com a forma ção das lembranças por causa de danos no hipocampo O hipocampo parece manter um re gistro de onde as coisas estão e de que modo essas coisas estão ligadas umas às outras em Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 47 NO LABORATÓRIO DE JOHN GABRIELI Tudo que se sabe está nos genes ou foi aprendido por meio da experiência En tretanto apenas algumasex periências são lembradas As pessoas esquecemse com rapidez de grande parte de suas vidas e dessa maneira a seleção daquilo que se lembram e do que se esquecem é por tanto muito importante para o que se torna para o que se acreditae para as coisas que fa zemos bem As lembranças do passado mol dam o futuro De que modo o cérebro nos permite lem brar seletivamente das próprias experiências Fiquei fascinado com essa questão quando como estudante de pósgraduação tive a oportunidade de fazer uma pesquisa com aquele que talvez seja o paciente neuropsi cológico mais famoso do século XX H M Como conseqüência de uma cirurgia reali zada em 1953 com objetivo de tratar sua epi lepsia H Mtornouse umpacientede amnésia globalou seja ele não conseguia se lembrar de qualquer fato novo ou evento Depois de alguns segundos ele esqueciade todas as no vas experiências inclusiveos materiais usados em experimentos de laboratório ou eventos públicosfamosos e até mesmo os eventos pes soais mais importantes de sua vida como a morte de seuspais A cirurgia de H M compreendeu a remoção de várias estruturas localizadas nos aspectos mediais ou internos dos lobos tem porais A partir do seu caso ficou difícil sa ber que papéis essas estruturas diferentes desempenhavam na memória normal e se cumpriam alguma função crítica no regis tro inicial codificação das lembranças di ferente da retenção ou do acesso posterior a essas lembranças Com imagens não inva sivasda atividade cerebral por meio de RM foi possível examinar essas questões no cé rebro humano normal Durante a sessãode imagem de cérebros humanos normais as pessoas viam imagens de cenas internas e externas enquanto se registrava a resposta de seus cérebros para cada cena A seguir foram submetidos a um testesurpresa de memória com cenas da seção de tomografia bem como cenas novas Em algumas ocasiões os pacientes reconhe ciam corretamente a cena apresentada ante riormente uma experiência lembrada mas em outras eles não conseguiam reconhecer a cena anteriormente apresentada uma ex periência esquecida O nível de atividade cerebral no córtex parahipocampal que é uma área específica do lobo temporal me diano à medida que o paciente via cada cena indicava se ele iria lembrarse dessa cena mais tarde ou iria esquecêla Dessa forma podiase visualizar a atividade cerebral em uma estrutura específica do cérebro que determinava se a experiência presente es tava destinada a ser bem lembrada no fu turo ou fadada ao esquecimento em poucos minutos De certa forma podiase ver o nas cimento de uma lembrança e o registro se letivo das experiências destinadas a serem lembradas e que influenciariam o compor tamento futuro termos espaciais Em outras palavras o hipocampo monitora onde estão esses eventos Cain Boon Corcoran 2006 MacClelland McNaughton CVReilley 1995 Tulving Schacter 1994 Uma interrupção no hipocampo parece resultar em déficit da memória de clatativa ou seja memória para trechos de informação mas não resulta em déficit na me mória processual ou seja memória para cursos de ação Rockland 2000 O papel exato do hipocampo na memória e em sua formação ainda não foi determi nado Uma hipótese é que o hipocampo oferece um mapa cognitivo de classes que repre senta o espaço que um organismo necessita para navegar 0Keefe Nadei 1978 Outra idéia é de que o hipocampo é fundamental para o aprendizado flexível e para a percepção das relações entre os itens aprendidos Eichenbaum 1997 Squire 1992 Voltaremos ao papel do hipocampo no Capítulo 5 48 Psicologia Cognitiva O tálamo transmite informação sensorial que chega por meio de neurônios que se pro jetam até a região apropriada do córtex A maior parte dos dados sensoriais recebidos no cé rebro passa pelo tálamo que está localizado aproximadamente no centro do cérebro mais ou menos ao nível dos olhos Para acomodar todos os tipos de diferentes informações a se rem classificadas o tálamo é dividido em vários núcleos grupos de neurônios com funções similares Cada núcleo recebe informações dos sentidos específicos Em seguida as infor mações são retransmitidas às áreas específicas correspondentes no córtex cerebral o Qua dro 23 contém os nomes e as funções dos diversos núcleos O tálamo também ajuda no controle do sono e do despertar e quando não funciona direito a conseqüência pode ser dor tremor amnésia dificuldades com a fala e perturbações no sono e no despertar Ro ckland 2000 Steriade Jones McCormick 1997 Em casos de esquizofrenia imagens e es tudos in vivo revelam disfunções no tálamo Clinton MeadorWoodruff 2004 O hipotálamo regula o comportamento relacionado à sobrevivência das espécies lutar alimentarse fugir e acasalar O hipotálamo também é ativo na regulação das emoções e reações ao estresse Malsbury 2003 e interage com o sistema límbico O tamanho reduzido do hipotálamo do gregohipo sub localizadona basedo prosencéfalo embaixo do tálamo dá uma falsa idéia de sua importância no controle de muitas funções corporais Ver o Qua dro 24 para mais informações O hipotálamo também desempenha importante papel no sono A disfunção e a perda neural dentro do hipotálamo podem ser identificadas em casos de narcolepsia que ocorre quando uma pessoa adormece freqüentemente e em momentos imprevisíveis Lodi et ai 2004 Mignot Taheri Nishino 2002 Mesencéfalo O mesencéfalo auxilia no controle e na coordenação dos movimentos dos olhos e seu fun cionamento é mais importante nos animais nãomamíferos do que nos mamíferos Nos ani mais nãomamíferos é a principal fonte de controle da informação visual e auditiva Nos mamíferos essas funções são dominadas pelo prosencéfalo O Quadro 22 relaciona as QUADRO 23 Quatro Importantes Núcleos do Tálamo Quatro núcleos talâmicos fundamentais transmitem informações visuais auditivas somatossensoriais e relacionadas ao equilíbrio Nome do Núcleo f Recebe Informações de Projeta Transmíte Informações Basicamente para Benefício Funcional Núcleo geniculado lateral Receptores visuais via nervos ópticos Córtex cerebral Possibilita a visão Núcleo geniculado mediai Receptores auditivos via nervos auditivos Córtex auditivo Possibilita a audição Núcleo ventroposterior Sistema netvoso somático Córtex somatossensorial primário Possibilita sentir pressão e dor Núcleo ventrolateral Cerebelo no rombencéfalo Córtex motor primário Possibilita sentir estabilidade e equilíbrio físico Outros núcleos talâmicostambém desempenhampapéis importantes t Os nomes referemse à localização relativa dos núcleosdentro do tálamorlateral em direção ao lado direito ou esquerdodo núcleo mediaiventral mais próximoda barrigado que do copoda cabeçaposterior em direção à parte de trás ventroposterior na direçãoda barrigae da parte de trás ventrolateral em direção à barrigae ao lado A palavrageniculado significa em forma de joelho Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 49 QUADRO 24 Métodos Neurofisiológicos Cognitivos para o Estudo do Funcionamento do Cérebro Método Procedimento Apropriado para Humanos Vantagens Desvantagens Registro de célula única Eletrodo muito fino inserido próximo a um único neurônio simples A seguir são registra das as alterações na atividade elétrica que ocorrem na célula Não Registro bastante pre ciso da atividade elé ttica Não pode set usado em seres humanos EEG Alterações nos potenciais elé tricos são registradasvia ele trodos colocados no couro ca beludo Sim Relativamente não invasivo Bastante impre ciso ERP Alterações nos potenciais elé tricos são registradasvia ele trodos colocados no couro ca beludo Sim Relativamente não invasivo Não mostra ima gens reais do cérebro PET Participantes ingerem uma forma de oxigênio levemente radioativo que emite pósitrons enquanto é metabolizado A seguit são mensuradas as alte rações na concentração de pó sitrons em áreas marcadas do cérebro Sim Mostta imagens do cérebro em ação Menos úteis para processos rápidos RMf Ctia campo magnético que in duz alterações nas partículas dos átomos do oxigênioÁreas mais ativas do cérebro retiram mais sangue oxigenado do que áreas menos ativas As dife renças nas quantidades de oxi gênio consumido formam a base para as mensurações da RMf Sim Mostra imagens do cérebro em ação mais precisa que a PET Requer que o in divíduo seja co locado em um escâner descon fortável por al gum tempo EMT Requer a colocação de uma bobina na cabeça do paciente para permitir a entrada de uma corrente eléttica A cor rente gera um campo magné tico que interrompe uma pequena área normalmente não superior a um centímetro cúbico sob a bobina 0 pes quisador pode então tastrear o funcionamento cognitivo quando uma átea específicaé interrompida Sim Permite ao pesquisa dor apontar de que modo a interrupção de uma determinada área do cérebro afeta o funcionamento cognitivo Potencialmente perigoso se mal utilizado EEGM Mede a atividade do cétebro pela detecção de campos mag néticos por meio da colocação de um dispositivo na cabeça do paciente Sim Resolução espacial e tempotal extrema mente precisa Requer equipa mento muito caro ainda não disponível para os pesquisadores 50 Psicologia Cognitiva diversas estruturas e funções correspondentes do mesencéfalo e de longe a mais indis pensáveis dessas estruturas é o sistema de ativação reticular SAR também chamado de formação reticular uma rede de neurônios essenciais à regulação da consciência sono vigília excitação e em algum nível atenção bem como funções vitais a exemplo dos bati mentos cardíacos e respiração Sarter Bruno Bernston 2003 Na realidade o SAR também se estende para o rombencéfalo Tanto ele como o tálamo são essenciais para que se tenha consciência e controle sobre a própria existência A haste do cérebro liga o prosencéfalo à medula espinal e compreende o hipotálamo o tálamo o mesencéfalo e o rombencéfalo Uma estrutura chamada substância cinzenta periaquedutaí SCP fica na haste do cérebro Aparentemente essa região é a chave para certos tipos de comportamentos adaptativos Injeções de pequenas quantidades de aminoácidos excitató rios ou estimulação elétrica nessa área resultam em várias reações Por exemplo uma rea ção agressiva e de confronto outra seria evitar o confronto ou fugirOutra ainda reatividade defensiva aumentada ou reduzida como a experimentada após uma derrota quando o indi víduo se sente desanimado Bandler Shipley 1994 Rockland 2000 Os médicos determinam a morte cerebral com base na função da haste do cérebro Es pecificamente o médico deve determinar se a haste do cérebro foi danificada tão gravemente que os vários reflexos da cabeça como por exemplo o reflexo pupilar estão ausentes por mais de 12 horas ou o cérebro deve apresentar ausência de atividade elétrica ou circulação de sangue no cérebro Berkow 1992 Rombencéfalo O rombencéfalo compreende o bulbo ou medula oblongada a ponte e o cerebelo A medula oblongada controla a atividade cardíaca e grande parte da respiração deglutição e digestão A medula oblongada é também o lugar onde se cruzam os nervos do lado direito do corpo indo para o lado esquerdo do cérebro e os nervos do lado esquerdo do corpo indo para o lado direito do cérebro A medula oblongada é uma estrutura interna alongada situada no ponto em que a medula espinhal entra no crânio e se junta ao cérebro A medula oblon gada que contém parte do SAR é o que mantém o ser humano vivo A ponte serve como um tipo de estação retransmissora uma vez que contém fibras neurais que transmitem sinais de uma parte do cérebro para outra A ponte também con tém uma porção do SAR e de nervos que servem parte da cabeça e do rosto O cerebelo do latim pequeno cérebro controla a coordenação corporal o equilíbrio e o tônus mus cular bem como alguns aspectos da memória relacionados aos movimentos ver os Capí tulos 7 e 8 Middleton Helms Tillery 2003 O desenvolvimento prénatal do cérebro humano em cada indivíduo corresponde aproximadamente ao desenvolvimento evolu tivo do cérebro humano dentro da espécie como um todo Especificamente o rombencé falo é em termos evolutivos a parte mais antiga e mais primitiva do cérebro sendo também a primeira parte do cérebro a se desenvolver no período prénatal O mesencéfalo é uma aquisição relativamente nova em termos de evolução do cérebro e é a segunda parte do cérebro também a se desenvolver no período prénatal Finalmente o prosencéfalo é a aquisição evolutiva mais recente do cérebro e é a última das três porções a se desenvolver no período prénatal Além disso durante o desenvolvimento evolutivo da espécie humana o homem demons tra uma proporção cada vezmaior de massacerebral em relação à massacorporal Todavia no decorrer do desenvolvimento após o nascimento a proporção entre massa cerebral e massa corporal diminui A massa cerebral de um recémnascido é proporcionalmente muito maior em relação à sua massacorporal do que a de um adulto Desde a infância até a idade adulta o desenvolvimento do cérebro concentrase principalmente na complexidade organizacional das conexões dentro do cérebro Os aumentos no desenvolvimento do indivíduo em termos de complexidade neural são paralelosao desenvolvimento evolutivo da espécie humana mas a alteração na proporção de massacerebral em relação à massacorporal não é Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 51 Para os psicólogos cognitivos a mais importante dessas tendências é a crescente com plexidade neural do cérebro A evolução do cérebro humano propicia uma capacidade cada vez maior de exercer controle voluntário sobre o comportamento bem como aumentou a capacidade do homem de planejar e contemplar alternativas de cursos de ação Essas idéias serão discutidas na próxima seção relacionada ao córtex cerebral Córtex Cerebral e Localização da Função O córtex cerebral forma uma camada de 1 a 3 milímetros que envolve a superfície do cérebro semelhante à forma que a casca de uma árvore envolve o tronco No ser humano as inúmeras circunvoluções ou vincos do córtex compreendem três elementos diferentes os sulcos que são pequenas rugas asfissuras que são rugasgrandes e os giros que são as elevações entre os sulcose as fissuras adjacentes Essas dobras aumentam bastante a superfíciedo córtex Caso o córtex enrugado dos seres humanos fosse alisado ocuparia uma área de dois pés quadrados aproximadamente 018 m2 O córtex compreende 80 do cérebro humano Kolb Whisaw 1990 A complexidade do funcionamento do cérebro aumenta conforme a área cortical e é o córtex cerebral que possibilita ao homem pensar planejar coordenar pensamentos e ações perceber padrões visuaise sonoros e utilizar a linguagem Sem ele as pessoas não seriam hu manas A superfície do córtex cerebral é acinzentada e pode ser chamada de substância cin zenta basicamente porque é formada por corpos de células neurais que processam toda a informação que o cérebro recebe e envia Em contrapartida a substância branca no interior do cérebro é composta quase que inteiramente de axônios mielinizados brancos O córtex cerebral forma a camada mais externa dos dois hemisférios do cérebro di reito e esquerdo Davidson Hugdahl 1995 Galaburda Rosen 2003 Gazzaniga Hutsler 1999 Hellige 1993 1995 Levy 2000 Mangun etai 1994 Embora pareçam bastante se melhantes os dois hemisférios funcionam de maneiras bem diferentes O hemisfério es querdo é especializado em algumas atividades enquanto o direito em outras Por exemplo os receptores do lado direito do corpo geralmente enviam informação por meio da medula para as áreas do hemisfério esquerdo do cérebro enquanto que os do hemisfério esquerdo do cérebro direcionam as respostas motoras no lado direito do corpo O hemisfério direito direciona as respostas no lado esquerdo do corpo Entretanto nem toda transmissão de in formação é contralateral de um lado para outro Também ocorre a transmissão ipsilateral no mesmo lado Por exemplo as informações relacionadas ao odor da narina direita vão principalmente para o lado direito do cérebro Cerca de metade das informações do olho direito vai para o lado direito do cérebro Além dessa tendência geral para a especialização contralateral os hemisférios também se comunicam diretamente entre si O corpo caloso é um agregado denso de fibras neurais que liga os dois hemisférios ver Witelson Kigar Walter 2003 que permite a transmissão de informação em ambos os sentidos Uma vez que a informação chega a um hemisfério o corpo caloso a transfere para o outro Se o corpo caloso for cortado os dois hemisférios cerebrais as duas metades do cérebro não pode rão se comunicar entre si Embora algumas funções como a linguagem sejam altamente la teralizadas a maioria delas inclusive a linguagem dependem grandemente da integração dos dois hemisférios do cérebro Especialização Hemisférica De que modo os psicólogosdescobriram que os dois hemisférios têm responsabilidades dife rentes O estudo da especialização hemisférica no cérebro humano teve início com Marc Dax médico do interior da França Por volta de 1836 Dax já havia tratado mais de 40 pacientes que sofriam de afasia perda da fala como conseqüência de lesão cerebral Ob servou uma relação entre a perda da fala e o lado do cérebro onde a lesão ocorrera Dax também viu ao estudar o cérebro dos pacientes após sua morte que em todos os casos 52 Psicologia Cognitiva houve lesão do hemisfério esquerdo do cérebro e não encontrou qualquer caso de perda da fala causada apenas por lesão no hemisfério direito Em 1861 o cientista francês Paul Broca relatou que uma autópsia revelara que um pa ciente com acidente vascular cerebral afásico tinha uma lesão no hemisfério esquerdo do cérebro Por volta de 1864 Broca já estava convencido de que o hemisfério esquerdo do cé rebro é crucial para a fala teoria que se mantém ao longo do tempo A parte específica do cérebro que Broca identificou atualmente chamada de área de Broca contribui para a fala Figura 27 essa área também desempenha papel crucial para a imitação Heiser et dl 2003 Outro importante pesquisador alemão o neurologista Carl Wernicke estudou pa cientes com deficiência da fala que conseguiam falar mas cujo discurso não fazia sentido Assim como Broca Wernicke localizou a capacidade para a linguagem no hemisfério es querdo pesquisando uma localização precisa diferente atualmente conhecida como área de Wernicke que contribui para a compreensão da fala ver Figura 27 FIGURA 27 Córtex motor Córtex associativo Área de Broca fala Córtex sensorial Córtex associativo Córtex auditivo Córtex visual Área de Wernicke compreensão da linguagem Estranhamente embora pessoas comlesão na áreade Broca não consigam falar fluentemente conseguem cantar e gri tar Extraído do livro Introduction to Psychology 11 ed deRichard Atkinson Rita Atkinson Daryl Bem Ed Smith e Susan NolenHoeksema 1995 de Harcourt Brace Company Reproduzido com permissão doeditor Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 53 Karl Spencer Lashley quase sempre descrito como o pai da Neuropsicologia começou a estudar a localização em 1915 e descobriu que a implantação de eletrodos toscamente construídos em locais aparentemente idênticos no cérebro produziam resultados distintos Localizações diferentes por vezes e paradoxalmente produziram resultados semelhantes como exemplo ver Lashley 1950 Pesquisadores posteriores utilizandose de eletrodos e procedimentos de mensuração mais sofisticadosdescobriram que as localizaçõesespecíficas se correlacionam com respostas motoras específicas durante muitas sessões de testes Apa rentemente a pesquisa de Lashley ficou limitada à tecnologia disponível na época A despeito das valiosas contribuições iniciais de Broca Lashley e outros o maior respon sável pela teoria e pela pesquisa moderna em especialização hemisférica foi o psicólogo ga nhador do Prêmio Nobel Roger Sperry 1964 o qual afirmou que cada hemisfério do cérebro se comporta em muitos aspectos como um cérebro separado Em um experimento clássicoque sustenta essa afirmação Sperry e seuscolegasseccionaram o corpo caloso que li gava os dois hemisférios do cérebro de um gato e dessa maneira conseguiram provar que a informação apresentada visualmente a um hemisfério cerebral do gato não era reconhecível ao outro Trabalho semelhante com macacos indicou o mesmo desempenho distinto para cada hemisfério Sperry 1964 Algumas das informações mais interessantes a respeito de como funciona o cérebro hu mano especialmente com relação ao papel dos hemisférios surgiu a partir de estudos de se res humanos com epilepsia nos quais o corpo caloso havia sido seccionado A secção cirúrgica dessa ponte interhemisférica impede que os ataques epiléticos se espalhem de um hemisfério para outro Esse procedimento assim reduz drasticamente a gravidade dos ata ques contudo acarreta uma perda de comunicação entre os dois hemisférios E como se a pessoa tivesse dois cérebros separados e especializados em processar informações diferentes e executar funções separadas Pacientes com cérebro dividido são pessoasque foram submetidas à cirurgia para secção do corpo caloso A pesquisa com cérebro dividido revela possibilidades fascinantes com re lação às formas humanas de pensar Nesse campo muitos acham que a fala está localizada no hemisfério esquerdo A capacidade de visualizaçãoespacial parece estar localizadaem grande parte do hemisfério direito Farah 1988a 1988b Gazzaniga 1985 Zaidel 1983 As tarefas de orientação espacial também parecem estar localizadas no hemisfério direito Vogel Bowers Vogel 2003 Parece que aproximadamente 90 da população adulta tem as fun ções da fala localizadas predominantemente dentro do hemisfério esquerdo Mais de 95 das pessoas destras e mais de 70 das canhotas apresentam domínio do hemisfério esquerdo para a fala Nas pessoas em que não há processamento do hemisfério esquerdo o desenvolvimento da linguagem no hemisfério direito retém as funções fonéticas e semânticas porém apresenta deficiência na competência sintática Gazzaniga Hutsler 1999 Jerre Levy um dos pupi los de Sperry e seus colaboradores Levy Trevarthen Sperry 1972 investigaram o vínculo entre os hemisférios do cérebro e as tarefas visuaise espaciais dirigidas à fala usando partici pantes que passaram por cirurgia de divisão do cérebro O hemisfério esquerdo é importante não apenas para a fala mas também para o movi mento As pessoas com apraxia transtornos de movimentos coordenados muitas vezes sofreram lesões no hemisfério esquerdo perdendo a capacidade para executar movimentos intencionais familiares Gazzaniga Hutsler 1999 Outro papel do hemisfério esquerdo é o exame de experiências passadas e o descobrimento de padrões Descobrir padrões é um passo importante para a geração de hipóteses Assim o hemisfério esquerdo também de sempenha papel fundamental nessa função Wolford Milter Gazzaniga 2000 O hemisfériodireito é em grande parte mudo Levy 2000 apresentando poucacom preensão gramatical ou fonética porém possui um bom conhecimento semântico e está li gadotambém ao usoprático da língua Pessoas com lesões no hemisfério direito tendem a ter dificuldade para acompanhar conversas ou histórias além de exibirem dificuldade para fazer 54 PsicologiaCognitiva inferências a partir do contexto bem como de entender o discurso metafórico ou com hu mor Levy 2000 O hemisfério direito também tem um papel muito importante no autor reconhecimento Nesse sentido o hemisfério direito parece ser responsável pela identificação do próprio rosto Platek et ai 2004 Estudos mostram que pacientes com cérebro dividido geralmente não estão cientes de que viram alguma informação conflitante em duas metades da mesma figura Quando soli citados para dar respostas verbais sobre o que viram eles relataram ter visto a imagem na metade direita da figura Isto é uma referência à associação contralateral entre hemisfério e lado do corpo Assim sendo parece que o hemisfério esquerdo está controlando seu proces samento verbal fala da informação visual Considerese em contrapartida o que acontece quando esses indivíduos são solicitados a usar os dedos da mão esquerda aqual contrala teralmente envia e recebe informação do hemisfério direito para apontar o que viram A seguiros participantes escolhem a imagem da metade esquerda da figura Esseresultado in dica que o hemisfério direito parece controlar o processamento espacial apontar da infor mação visual Desse modo a tarefa que devem realizar é crucial para determinar qual imagem eles acreditam que lhes foi mostrada Michael Gazzaniga outro discípulo de Sperry afastouse da tese de seu exprofessor e colegas como Levy Gazzaniga discorda da afirmação de que os dois hemisférios funcionam completamente independentes Não obstante ainda sustenta que cada hemisfério cumpre papel complementar Por exemplo de acordo com Gazzaniga não há processamento da fala no hemisfério direito exceto em raros casos de lesão cerebral precoce ao hemisfério es querdo Em vezdisso somente o processamento visuoespacial ocorre no hemisfério direito Como exemplo Gazzaniga descobriu que antes da cirurgia de secção cerebral as pessoas podem fazer representações tridimensionais de cubos com cada uma das mãos Gazzaniga LeDoux 1978 Após a cirurgia entretanto esses indivíduos só conseguem desenhar um cubo de aparência razoável com a mão esquerda Em cada um dos pacientes os desenhos feitos com a mão direita ficam irreconhecíveis sejam cubos ou quaisquer objetos tridimen sionais Essadescoberta é importante em razão da associação contralateral entre cada lado do corpo e o hemisfério oposto do cérebro por exemplo o hemisfério direito controla a mão esquerda A mão esquerda é a única que um paciente com cérebro dividido consegue usar para desenhar figuras reconhecíveis Assim esse experimento sustenta a afirmação de que o hemisfério direito é dominante na compreensão e na exploração das relações espaciais Gazzaniga 1985 afirma que o cérebro e especialmente o hemisfério direito do cére bro está organizado em unidades de funcionamento relativamente independentes que tra balham em paralelo Segundo Gazzaniga cada uma das várias e distintas unidades da mente opera de ma neira relativamente independente das outras Essas operações acontecem geralmente fora da consciência Enquanto essas várias operações independentes e quase sempre subcons cientes estão acontecendo o hemisfério esquerdo tenta lhes atribuir interpretações Por vezes o hemisfério esquerdo percebe que o indivíduo está se comportando de uma maneira que não faz qualquer sentido intrinsecamente mas mesmo assim encontra uma forma de atribuir algum sentido àquele comportamento Além de estudar as diferenças hemisféricas na fala e nas relações espaciais os pesquisa dores tentaram determinar se os dois hemisférios pensam de formas diferentes entre si Levy 1974 descobriu algumas evidências de que o hemisfério esquerdo tende a processar a in formação analiticamente uma a uma normalmente em seqüência e afirma que o hemis fério direito tende a processála de maneira holística como um todo Lobos dos Hemisférios Cerebrais Por questões práticas quatro lobos dividem os hemisférios e o córtex do cérebro em quatro partes Esses lobos não são unidades distintas mas regiões anatômicas bastante arbitrárias Funções específicasforam identificadas em cada lobo mas que também interagem entre si Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 55 Os quatro lobos cujos nomes estão relacionados aos ossos do crânio estão localizadosdire tamente sobre eles Figura 28 São eles o frontal o parietal o temporal e o occipital Seus nomes referemse às funções dos ossos do crânio que os abrigam de modo que sua nomen clatura e até mesmo sua divisão específica são razoavelmente arbitrárias Os lobos realizam várias funções e esta discussão descreve apenas parte daquilo que fazem O lobo frontal no sentido da frente do cérebro está associado com o processamento motor e com o processamento superior do pensamento tal como o raciocínio a resolução de problemas o planejamento e o julgamento Stuss Floden 2003 e parece estar envol vido sempre que seqüências de pensamentos ou de ações são solicitadas E também funda mental para a produção do discurso O córtex préfrontal região próxima à frente do lobo frontal é responsável pela realização de complexas tarefas motoras e de controle que exi gem integração de informação ao longo do tempo Gazzaniga Ivry Mangun 2002 O lobo parietal na porção superiore posteriordo cérebro está associado com o proces samento somatossensorial recebendo dos neurônios dados relativos ao toque à dor à sensa ção de temperatura e à posiçãodos membros quando se está percebendo o espaçoe o próprio relacionamento comele como seestá situadocom relaçãoao espaçoque seocupa Culham 2003Gazzaniga Ivrey Mangun 2002 O lobo parietal também está ligadoà consciência e à atenção Se o indivíduo estiver prestando atenção àquilo que está lendo o lobo parietal está sendo ativado O lobo temporal diretamente sob as têmporas está associado ao processamentoaudi tivo Murray 2003 e à compreensãoda linguagem Também está ligadoà retenção das me mórias visuais Por exemplo se o indivíduo estiver tentando manter na memória a Figura 28então o lobo temporal está sendo ativado O lobo temporal também combina coisasno vas que se vê com aquilo que já está retido na memória visual O lobo occipital está associadoao processamento visual De Weerd 2003b e contém diversas áreas visuais cada uma especializada em analisar os aspectos específicos de uma cena inclusive cor movimento localização e forma Gazzaniga Ivrey Mangun 2002 Ao ler esse texto o lobo occipital está operando na percepção das palavras que estão diante do leitor FIGURA 28 Fissura central Lobo frontal Lobo parietal aÁreas anatômicas vista lateral esquerda Fissura longitudinal b Áreas anatômicas vistas de cima O córtex está dividido em quatro lobos frontal parietal temporal e occipital osquais têm funções específicas mas também interagem para realizar processos complexos Extraído do livro In Searchof the HumanMinei de RobertJ Sternberg 1995 deHarcourt Brace Company Reproduzido com a permissão doeditor 56 Psicologia Cognitiva As áreas deprojeção são aquelas onde ocorre o processamento sensorial nos lobos Esse nome traduz o fato de que os nervos contêm informações sensoriais que vão para o tálamo e é desse ponto que a informação sensorial é projetada para a área adequada no lobo corres pondente Do mesmo modo as áreas de projeção enviam a informação motora para baixo pela espinha dorsal até os músculos certos via sistema nervoso periférico SNP Agora uma consideração dos lobos especialmente o frontal de maneira mais detalhada O lobo frontal localizado próximo à parte da frente da cabeça o rosto é importante para o julgamento a resolução de problemas a personalidade e para o movimento inten cional Ele contém o córtex motor primário especializado no planejamento no controle e na execução dos movimentos especialmente aqueles que envolvem qualquer tipo de res posta retardada Caso o córtex motor fosse estimulado eletricamente o indivíduo reagiria movimentando uma parte correspondente do corpo A natureza do movimento dependeria de onde no córtex motor o cérebro fosse estimulado O controle dos vários tipos de movi mentos corporais está localizado contralateralmente no córtex motor primário Um mapea mento similar inverso ocorre de cima para baixo As extremidades inferiores do corpo estão representadas no lado superior em direção à parte de cima da cabeça do córtex motor e a parte superior do corpo está representada no lado inferior do córtex motor As informações que seguem para as partes próximas do corpo também vêm de partes próximas do córtex motor Desse modo o córtex motor pode ser mapeado para demonstrar FIGURA 29 Córtex sensorial Córtex motor Este mapa do córtex motor primário chamase normalmente homúnculo do latim pessoa pequena porque foi desenhado como sefosse umaseção transversal docórtex cercada pela figura deuma pessoa pequena cujas partes do corpo estabelecem uma correspondência proporcional às partes docórtex Extraído do Uvro In Search of the Human Mind Robert Stemberg 1995 Harcourt Brace Company Reproduzido com permissão Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 57 onde e em que proporções as diferentes partes do corpo estão representadas no cérebro Figura 29 Os outros três lobos estão localizados mais longe da parte frontal da cabeça e são espe cializadosem vários tipos de atividade sensorial e perceptual Por exemplo no lobo parietal o córtex primário somatossensorial recebe informações dos sentidos a respeito de pressão textura temperatura e dor e está localizado bem atrás do córtex motor primário do lobo frontal Caso o córtex somatossensorial de um indivíduo fosse estimulado eletricamente ele provavelmente teria uma sensação semelhante a estar sendo tocado Figura 210 Ao olhar os homúnculos ver Figuras 29 e 210 podese ver que o relacionamento da função e da forma aplicase ao desenvolvimento das regiões do córtex motor e somatossen sorial Quanto maior a necessidade de uso de sensibilidade e controle fino de uma determi nada parte do corpo maior será a área do córtex geralmente dedicada a ela Por exemplo o ser humano depende muito das mãose do rosto em suas interações com o mundo e apre senta proporções extremamente grandes do córtex cerebral dedicadas à sensação e à res posta motora das mãos e do rosto Em contrapartida o homem confia relativamente pouco nos dedosdospés tanto para o movimento como para a coleta de informações e consequen temente os dedos do pé representam uma área relativamente pequena tanto no córtex mo tor primário como no somatossensorial A região do córtex cerebral ligada à audição está localizada no lobotemporal abaixo do lobo parietal que realiza uma complexa análise auditiva Este tipo de análise é necessária FIGURA 210 Córtex sensorial Córtex motor Assim como acontece com o córtex motor primário no lobo frontal um homúnculo do córtex somatossensorial de forma invertida mapeia aspartes do corpo de onde recebe informações Extraído do livro In Searchof the Human Mind Robert Stemberg 1995deHarcourt Brace andCompany Reproduzido com permissão 58 Psicologia Cognitiva por exemplo para se entender a fala humana ou para se ouvir uma sinfonia O lobo é tam bém especializado pois algumas partes são mais sensíveis aos sons mais agudos Outras aos mais graves A região auditiva é basicamente contralateral embora ambos os lados da área aditiva tenham pelo menos alguma representação de cada ouvido Se o córtex auditivo fosse estimulado eletricamente o indivíduo iria relatar ter ouvido algum tipo de som A região visual do córtex cerebral fica em grande parte no lobo occipital Algumas fi bras neurais que carregam informações visuais deslocamse ipsilateralmente do olho es querdo para o hemisfério esquerdo do cérebro e do lado direito do olho para o hemisfério direito do cérebro Outras fibras cruzam o quiasma óptico do grego X visual ou cruza mento visual e vão contralateralmente até o hemisfério oposto Figura 211 Em espe AFIGURA 2i 11 Visual Quiasma óptico Nervo óptico Algumas fibras nervosas transporiam informação ipsilateralmente decada olho para cada hemisfério cerebral Outrascruzam oquiasma óptico e rransOitam a mformação visual contralateralmente aohemisfério oposui Extraído dolivro fn Search of the HumanMind RobertJ Stemberg 1995 deHarcourtBraceandCompany Reproduzido com permissão Capítulo 2 Neutociência Cognitiva 59 ciai as fibras neurais vão do lado esquerdo do campo visual para cada olho para o lado direito do córtex visual De maneira complementar os nervos do lado direito do campo vi sual da cada olho enviam informações para o lado esquerdo do córtex visual O cérebro normalmente eqüivale a apenas 140 do peso do corpo de um adulto Entre tanto ele usa cerca de 15 do sangue que circula 15 da glicose disponível e 15do oxigênio disponível no corpo de um adulto e é portanto o órgãosupremoda cognição A compreen são tanto de sua estrutura como de sua função desde os níveis neurais até os cerebraisde organização é vital para o entendimento da psicologia cognitiva O recente avanço no campoda neurociência cognitiva com enfoque na localização da função reconceitualiza a questão mentecorpo discutida no início deste capítulo A questão mudou de onde está localizada a mente no corpo para onde especificamente estão localizadas as operações cognitivas no sistema nervoso Ao longo do restante do texto retornaremos para essas questões em relação a determinadas operações cognitivas uma vez que elasserãodiscutidas com mais detalhes nos capítulos seguintes Áreas de Brodmann O córtex cerebral pode ser dividido em diferentes módulos conhecidos como Áreas de Brodmann Essas áreas aplicadas a outras espécies além da humana podem oferecer manei ras parase localizar asfunções corticais No homem existem 52 dessas áreas Porexemplo a área 4 compreendeo córtex motor primárioe área 17o córtex visual primário Transtornos Cerebrais Há uma série de transtornos cerebrais que podem prejudicar o funcionamento cognitivo Este resumoé baseado em parte no trabalho de Gazzaniga Ivrey Mangun 2002 Acidente Vascular Cerebral AVC O transtorno vascular é um transtorno cerebralcausadopor acidente vascular cerebral AVC Os AVCs ocorrem quando o fluxo de sangue no cérebro sofre uma súbita interrupção As pessoas que passam porumAVC geralmente apresentam perdas significativas de suas funções cognitivas A natureza da perda depende da área do cérebro afetada pelo AVC Pode haver paralisia dor dormência perdada fala da compreensão da linguagem prejuízos aos processos de pensamento perdaparcial de movimentos em partes do corpoou outros sintomas Há dois tiposdiferentesde AVCs segundo informação publicada no website do Natio nal Institute for Neurological Distorders and Stroke em 2004 O primeiro tipo é o AVC isquêmico Geralmente esse tipode AVC ocorre quando há umaumentodegordura nosva sos sangüíneos durante alguns anos e um pedaço desse tecido se desprende e alojase nas artériasdo cérebro Os AVCs isquêmicos podemser tratadoscom medicamentos desobstru toresO segundo tipo é o AVC hemorrágico que ocorrequando um vasosangüíneo serompe repentinamente no cérebro e o sangue transborda pelo tecido ao seu redor e nesse mo mento as células cerebrais nas áreas afetadas começam a morrer Esta morte ocorre tanto porfalta de oxigênio e de nutrientes como pela ruptura dos vasos e pelo transbordamento súbito de sangue Os sintomas desse tipo de AVC se manifestam imediatamente após sua ocorrência Entre os sintomas típicos estão Dormência e fraqueza no rosto nos braços ou nas pernas especialmente emumlado do corpo Confusão dificuldade para falar ou para entender o que se fala Transtornos da visão em um ou em ambos os olhos 60 Psicologia Cognitiva Tontura problemas para andar perda de equilíbrio ou concentração Dor de cabeça intensa sem causa aparente Informação sobre AVC página da NINDS 2004 Os prognósticos para vítimasde AVC dependemdo tipo ou da gravidade das lesões Tumores Cerebrais Os tumores cerebrais também conhecidos como neoplasmas podem afetar o funciona mento cognitivo de várias formas muito sérias Os tumores podem ocorrer tanto na subs tância cinzenta do cérebro como na substância branca sendo que estessão os maiscomuns Gazzaniga Ivrey Mangun 2002 Considerese alguns fatores básicos a respeitode tumo res cerebrais What you needto knowabout brain tumors 2004 Há dois tiposde tumorescerebrais Os tumores primários começamno cérebro e a maio ria dos tumores que ocorrem na infância é desse tipo Os tumores secundários começam em outrolugar do corpo porexemplo nos pulmões Ostumores cerebrais podem serbenignos ou malignos Os benignosnão contêm célulascancerosas e em geralpodemserremovidos e não voltam a crescer As célulasdos tumores benignosnão invadem os tecidosao seu redor Con tudo sepressionados contraáreas sensíveis do cérebro podem ocasionar sérios prejuízos cog nitivos Eles também podem representar ameaça à vida diferentemente de tumores benignos em outraspartes do corpo Os tumores cerebrais malignos ao contráriodosbenignos contêm células cancerosas sãomuitomais sérios e geralmente representam ameaça à vidada vítima Em geral crescem muito rapidamente e tendem a invadir o tecido cerebral sadio ao seu redor Somente em raros casosas células malignas podem se desprender e causar câncer em outras partes do corpo A seguir os sintomas mais comuns de tumor cerebral Dores de cabeça geralmente piores pela manhã Náusea e vômitos Alterações na fala visão ou audição Problemas com equilíbrio ou marcha Alterações no humor na personalidade e na capacidade de concentração Problemas de memória Contrações ou puxões nos músculos crises ou convulsões Dormência ou formigamento nos braços e pernas What youneed to knoiv about brain tumors 2004 O diagnóstico dos tumores cerebrais é feito em geral por meio de exames neurológi cos TCs ou RMs A forma mais comum de tratamento é uma combinaçãode cirurgia ra diação e quimioterapia Traumatismos Cranianos Os traumatismos cranianos podem ter várias causas como acidentes de carro contato com objetos rígidos e ferimentos causados por projétil Os traumatismos são de dois tipos Gazzaniga Ivrey Mangun2002Nas lesões de cabeçafechada o crânio permanece intacto mas há lesão no cérebro geralmente decorrente da força mecânica de umgolpe na cabeça Bater a cabeça contra o párabrisa em um acidente de automóvel pode resultar nesse tipo delesão Em lesões de cabeça aberta ocrânio nãofica intacto sendo penetrado porexemplo por um projétil de revólver Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 61 Os traumatismos cranianos são surpreendentemente comuns Cerca de 700000 ameri canos sofrem esse tipo de traumatismo todos os anos e entre 70 e 90000 pessoas ficam per manentemente deficientes The anatomy of a head injury 2004 A perda da consciência é um sinal de que houve algum tipo de dano ao cérebro como resultado de um trauma Os da nos resultantes de traumatismos cranianos incluem movimentos espasmódicos dificuldade paraengolir e fala arrastada entre inúmeros outros problemas cognitivos Os sintomas ime diatos de um traumatismo craniano são Perda da consciência Respiração anormal Lesão ou fratura grave visível Sangramento ou fluído claro do nariz ouvido ou boca Perturbação da fala ou da visão Pupilas de tamanhos desiguais Fraqueza ou paralisia Tontura Dor ou enrijecimento do pescoço Convulsões Vômito mais de duas ou três vezes Perda de controle da bexiga ou dos intestinos Head injuries 2004 Em resumo as lesões cerebrais podem resultar de várias causas das quais apenas algu mas estão aqui relacionadas outras serão apresentadas no decorrer do livro Quando a le são cerebral ocorre deve ser tratada o mais rapidamente possível por um médico especialista Podese chamar um neuropsicólogo para auxiliar no diagnóstico e os psicólogos especialis tas em reabilitação podem ser úteis para trazer o paciente até um grau mais favorável de fun cionamento nessas circunstâncias Temas Fundamentais No Capítulo 1 tratamos de sete temas fundamentais que podem permear a Psicologia Cog nitiva e vários deles são relevantes aqui Um deles diz respeito à ênfase nos mecanismos biológicose comportamentais Os meca nismos descritos neste capítulo são sobretudo biológicos mas um objetivo importante dos pesquisadores é descobrir de que forma o comportamento está relacionado a essesmecanismos biológicos Por exemplo eles estudam como o hipocampo possibilita a aprendizagem Por tanto biologia e comportamento trabalham juntos e não são de forma alguma excludentes O segundo tema relevante é a distinção entre o inato e o adquiridoChegase ao mundo com muitas estruturas e muitos mecanismos instalados mas o ambiente funciona para de senvolvêlos e para possibilitar que atinjam seu potencial A existência do córtex cerebral é fruto da natureza porém as recordações nele armazenadas derivam do ambiente Como foi apresentado no Capítulo 1 a natureza não opera sozinha e suas maravilhas se revelam por meio das intervenções do ambiente O terceiro tema importante é a pesquisa básica versus a pesquisa aplicada Grande parte da pesquisa sobre as abordagens biológicas à cognição é básica mas essa pesquisa básica irá mais tarde possibilitar aos psicólogos cognitivos fazer descobertas aplicadas Por exemplo i J 62 Psicologia Cognitiva para entender como tratar e possivelmente poder ajudar indivíduos com lesãocerebral os neuropsicólogos cognitivos precisam em primeiro lugar entender a natureza das lesões e sua abrangência Muitos antidepressivos modernos por exemplo afetam a recaptação da se rotonina no sistema nervoso Ao inibir essa recaptação os antidepressivos aumentam as concentrações de serotonina que por sua vez aumentam a sensação de bemestar Curiosa mente a pesquisa aplicada pode ajudar a pesquisa básica da mesma maneira que esta pode ajudar aquela No caso de antidepressivos por exemplo os cientistas já sabiam que as dro gas funcionavam antes mesmo de saber exatamente de que maneira A pesquisa aplicada na criação de medicamentos ajudou os cientistas a entender os mecanismos biológicos por trás do sucesso dessas drogas para o alívio dos sintomas da depressão Pessoas que sofrem AVCs do lado esquerdo do cérebro apresentam alguma dificuldade para falar enquanto que aquelas que sofrem derrames do lado direito apresentam quase sem pre poucas interferências na linguagemOs leitores que conhecem pessoas que tiveram AVCs já podem ter notado isso Essefato ocorre porque o centro da linguagem do homem está nor malmente localizado no lado esquerdo do cérebro Resumo 1 Quais são as estruturas e os processos fundamentais do cérebro humano O sis tema nervoso comandado pelo cérebro dividese em duas partes principais o sis tema nervoso central que consiste no cé rebro e na medula espinhal e o sistema nervoso periférico que consiste no res tante do sistema nervoso como por exem plo os nervos do rosto das pernas dos braços e das vísceras 2 De que maneira os pesquisadores estu dam as principais estruturas e processos do cérebro Durante séculos os cientistas só conseguiam visualizar o cérebro por meio de dissecações As técnicas modernas de dissecação incluem o uso de microscó pios eletrônicos além de sofisticadas aná lises químicas para investigar os mistérios das células individuais do cérebro Além disso as técnicas cirúrgicas em animais ex uso de lesões seletivas e registro de células isoladas são usadas com freqüên cia Em seres humanos os estudos incluí ram análises elétricas como EEGs e potenciais relativos a eventos estudos baseados em técnicas de raios X como angiogramas e TC estudos de análises computadorizadas de campos magnéticos dentro do cérebro RM e estudos de aná lises computadorizadas do fluxo sangüí neo e do metabolismo dentro do cérebro PET e RMf 3 O que os pesquisadores descobriram co mo conseqüência dos estudos sobre o cé rebro As principais estruturas do cérebro podem ser classificadas como aquelas que ficam no prosencéfalo ex córtex cerebral muito importante o tálamo o hipo tálamo o sistema límbico incluindo hi pocampo o mesencéfalo incluindo uma porção da haste do cérebro e o rombencé falo incluindo a medula oblongada a ponte e o cerebelo O córtex cerebral al tamente circunvoluto cerca o interior do cérebro e é a base para grande parte da cognição humana O córtex recobre os he misférios direito e esquerdo do cérebro li gadospelo corpo caloso Geralmente cada hemisfério controla contralateralmente o lado oposto do corpo Tendo como base amplas pesquisas com cérebro dividido muitos pesquisadores acreditam que na maioria das pessoas os dois hemisférios sejamespecializados o hemisférioesquerdo parece controlar principalmente a lingua gem O hemisfério direito parece controlar principalmente o processamento visuales pacial Os dois hemisférios também pro cessam dados de maneiras diferentes Outra maneira de ver o córtex é identificar as diferenças entre os quatro lobos Aproxi madamente podese dizer que o pensa mento superior e o processamento motor ocorrem no lobo frontal O processamento somatossensorial ocorre no lobo parietal e o processamento auditivo no lobo tempo ral e o processamento visual no occipital No lobo frontal o córtex motor primário Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 63 controla o planejamento o controle e a execução dos movimentos No parietal o córtex somatossensorial é responsável pe las sensações nos músculos e na pele As regiões específicas desses dois córtices po dem ser mapeadas a determinadas regiões do corpo Leituras Sugeridas Comentadas Anderson A K Phelps E A Lesions of the human amygdala impair enhanced per ception of emotionally salient events Na ture 411 305309 Matéria interessante sobre os efeitos das lesões na amígdala sobre a percepção Gazzaniga M The new cogniúve neuroscience Cambridge MÍT Press 2000 Provavel mente a resenha mais abrangente sobre Neurociência Cognitiva disponível atual mente Texto de alto nível Taylor M J Baldeweg T Application of EEG ERP and intracranial recordings to the investigation of cognitive functions in children Devehpmental 5 Science 3 318334 2002 Cobertura da combinação das alterações neurológicas e de compor tamento na infância V i CAPITULO Percepção 3 EXPLORANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA 1 Como são percebidos objetos estáveis no ambiente dada uma estimulação variável 2 Quais são duas abordagens fundamentais para explicar a percepção 3 O que acontece quando pessoas que recebem sensações visuais normais não conse guem perceber estímulos visuais Alguma vez já lhe disseram que você não consegue enxergar um palmo além do na riz Ou então que vocêé aquele quevêa árvoree não enxerga a floresta Já ouviu sua música favorita seguidamente para tentar decifrar a letraEm todas essas situa ções utilizase o complexo constructo da percepção A percepção é oconjunto deprocessos pelos quais é possível reconhecer organizar e entender as sensações provenientes dos estí mulos ambientais Epstein Rogers 1995 Goodale 2000a 2000b Kosslyn Osherson 1995 Marr 1982 Pomerantz 2003 A percepção compreende muitos fenômenos psicoló gicos Este capítulo tratada percepção visual que é a modalidade sistema de um determi nado sentido por exemplo o tato ou o olfato mais amplamente reconhecida e a mais estudada da percepção Para conhecer alguns fenômenos da percepção os psicólogos geral mente estudam situações que levantam problemas para compreender as nossas sensações Considere porexemplo a imagem mostrada na Figura 31 Para a maioria das pessoas inicialmente a figura parece umborrão de sombras sem significado No entanto a figura mostra uma criatura queolhadiretamente parao leitor quepodenão identificála Quando finalmente percebem o que é as pessoas sentemse acuadas Na Figura 31 a imagem de uma vaca está oculta em constantes graduações de sombreado que constituem a imagem Antes de conseguir identificar a figura da vaca o leitor já terá percebidocorretamente to dos osaspectos da figura mas aindanão terá conseguido organizar assensações paraformar um percepto ou seja uma representação mental de um estímulo percebido Sem esse per cepto da vaca não seria possível captarde maneira significativa aquilo quehaviasido per cebido anteriormente Na Figura 32 também sevêm sombreados que no entantosãobem mais discretos Emmuitos casos não passam de pontos e novamente aqui há outro objeto oculto Comalgum esforço podese identificar umcachorro farejando algo no chão Esses exemplos mostram que às vezes não se consegue percebero que existe Emou tras todavia percebemse coisas que não existem Por exemplo o triângulonegro no cen tro do painel esquerdo da Figura 33 e o triângulo branco no centro do painel direito Parecem quesaltamaos olhos mas quandose olha cuidadosamente paracada um dos pai néis podese verque os triângulos na verdade nãoestão ali O preto que forma o triângulo central no painel esquerdo parece mais escuro ou mais preto do que o preto ao seu redor 65 66 Psicologia Cognitiva FIGURA 31 O que seaprende a respeito daprópria percepção ao tentar identificar oobjeto que olha diretamente para você nessa foto Daüenbach K M 1951 A puzzlepicture with a new principie ofconcealment AmericanJournalof Psychology 54431433 1951 FIGURA 32 Quais mudanças perceptuais facilitariam a identificação da figura aqui apresentada mas não é Nem o triângulo central branco no painel direito é mais claro ou mais branco do queo branco queo cerca Osdois triângulos centrais são ilusões deóticaquecompreen dem a percepção da informação visual fisicamente não presente no estímulo visual senso rial Além disso em outras ocasiões percebese o que não pode estar lá Considere por exemplo a escada na Figura34 e tente chegar ao topo Difícilnão éEstaé a ilusãoda es cada perpétua que parece estar sempre indo para cima mas isso é impossível FIGURA 33 Capítulo3 Percepção 67 eA Z A Nestafigura os triângulos podem ser facilmente vistos ouserão apenas uma ilusão In Search of the Human Mind RobertJ Stemberg 1995 HarcourtBrace Company Reproduzido com permissão doeditor FIGURA 34 De quemodo se pode chegar ao topo daescada aqui apresentada A existência de ilusões perceptivas indica que aquilo que se sente por meio dos ór gãosdo sentido não é necessariamente o que é percebido na mente A mente pode es tar se utilizando da informação sensorial disponível e manipulandoa de alguma forma para criar representações mentais de objetos propriedades e relacionamentos espaciais do próprio ambiente Peterson 1999 Além disso a maneira como esses objetos são re presentados dependeem parte do ponto de vistado indivíduo ao percebêlos Edelman Weinshall 1991 Poggio Edelman 1990Tarr 1995Tarr Bülthoff 1998 Ao longo de milênios as pessoas reconhecem que o que se percebe geralmente é diferente dos estímu los sensoriais retilíneos que chegam aos receptores dos sentidos Um exemplo é o uso de ilusões de ótica na construção do Parthenon Figura 35 Se tivesse sido construído do modo como é percebido por quem o vê com uma forma estritamente retilínea o Par thenon pareceria estranho Embora o ser humano tenha uma visão limitada e esteja sujeito a ilusões ainda é muito mais capacitado que os robôs paracodificar representações visuais e darsentidoa elas Dadaa sofisticação dos robôs de hojeemdia qual é a razão da superioridade humana Possivelmente 68 Psicologia Cognitiva FIGURA 35 No início do primeiro séculodC o arquiteto romano Marcos Vitrúvio Folião escreveu a obra De Architectura na qual documenta o gênio dos arquitetos gregos íctino e Calícrates que projetaram o Parthenon consagrado em 438 aC As colunas do Parthenon naverdade são salientes no meio b para compensar a tendência visual de perce berque as Unhas paralelas a parecem securvar para dentro Da mesma forma as linhas horizontais das vigas que cruzam o topo das colunas e o degrau superior do vestíbuío inclinamse ligeiramente para cima para compensar a ten dência visual de perceber que elas securvam para baixo Além disso ascolunas sempre seinclinam ligeiramente para dentro no topo para compensar a tendência de percebêlas como seestivessem seabrindo quando vistas debaixo Vitrúvio também descreveu muitasilusões deótica nesse tratado sobre arquitetura e atéhoje os arquitetos levam em contaessasdistorções da percepção visual em seusprojetos várias mas o conhecimento é certamente uma delas O ser humano simplesmente conhece muito mais acerca do ambiente e das fontes de regularidade no ambiente do que os robôs O conhecimento humano é uma grande vantagem que os robôs ao menos os atuais não são capazes de suplantar Os arquitetos não são os únicos a terem reconhecido alguns princípios fundamentais de percepçãoHá séculos artistas sabemcomo induziro serhumano a perceber os perceptos tri dimensionais 3D quando se olha para imagens bidimensionais 2D Quaissão alguns dos princípios que orientam as percepções de perceptos tanto reais como ilusórios Emprimeiro lugar considerese a informação perceptual que leva à percepção do espaço em 3D a partir da informaçãoem 2D A seguir discutiremos algumas das maneiraspelasquaisse percebe um conjunto estável de perceptos Essapercepção estável ocorre a despeito das constantes mu dançasno tamanho e na forma daquiloque se observa Depois seguimos para asabordagens teóricas da percepção e por fim consideraremos algumas falhas raras na percepção visual normal em pessoas com lesões cerebrais Capítulo3 Percepção 69 Da Sensação à Representação Princípios da Visão A visão tem início quando a luz passa através da camada protetora do olho Essa camada a córnea é um domo claro que protege o olho Em seguida a luz passa através da pupila a abertura no centro da íris Depois a luz passa através do cristalino e do humor vítreo O cris talino é uma membrana transparente localizada atrás da íris Essa membrana se flexiona ou relaxa para permitir a visão de objetos próximos ou distantes O humor vítreo é uma subs tância gelatinosa que compreende a maior parte do olho O papel fundamental do humor vítreo é dar suporte ao olho Esseprocesso resulta na refração que é uma mudança na dire ção e na velocidade da luz que entra no olho A luz refratada é focalizada na retina uma rede de neurônios que se estende por quase toda a superfície superior do interior do olho A retina é onde ocorre a transdução da energia da luzeletromagnética ou seja onde ocorre a conversão dessa energia em impulsos neurais eletroquímicos Blake 2000 Embora a retina seja pouco espessa talvez como a página deste livro ela é composta por três ca madas importantes de tecido neural Na primeira camada de tecido neuronal mais próxima à frente ou seja na direção da parte externa do olho fica a camada das células ganglionares cujos axônios constituem o nervo óptico A segunda camada consiste de três tipos de células interneuronais As cé lulas amácrinas e as células horizontais formam ligações laterais simples por entre as áreas adjacentes da retina na camada central das células As células bipolares realizam conexões duplas para frente e para fora das células ganglionares bem como para trás e para dentro da terceira camada de células retinais A terceira camada da retina contém os fotorreceptores que convertem a energia da luz em energia eletroquímica Essaenergia pode então ser transmitida pelos neurônios para o cérebro A transmissão permite ao olho detectar o estímulo visual Ironicamente as células fotorreceptoras ficam nas células retinais mais distantes da fonte de luz A luz precisa passar primeiro por outras duas camadas As mensagens são então passadas para trás na direção da frente do olho antes de viajar para o cérebro Há dois tipos de fotorreceptores os bas tonetes fotorreceptores finos e longos que ficam mais concentrados na periferia do que na região fóvea da retina onde a visão é mais aguda Os cones fotorreceptores grossos e curtos que ficam mais concentrados na região fóvea do que na periferia da retina A fó vea é uma região pequena e fina da retina do tamanho da cabeça de um alfinete que fica mais diretamente na linha da visão Na verdade quando se olha diretamente para um ob jeto os olhos giram para que a imagem caia diretamente na fóvea O campo visual recep tivo da fóvea tem o tamanho aproximado de uma uva Cada cone da fóvea geralmente tem sua própria célula ganglionar mas os bastonetes na periferia área externa limitante da retina compartilham as células ganglionares com os ou tros bastonetes Dessa maneira cada célula ganglionar ao captar informação que vem da periferia coleta informações dos inúmeros bastonetes Porém cada célula ganglionar da fó vea capta informação de um único cone talvez por causa da função maiscomplexa dos co nes com relação ao processamento da cor Cada olho contém aproximadamente 120 milhões de bastonetes e 8 milhões de cones Bastonetes e cones se diferenciam não apenas em forma mas também em suas composições localizações e reações à luz Dentro dos bastonetes e dos cones ficam os fotopigmentos substâncias químicas que reagem à luz e que dão início ao complexo processo de transduc Ção que transforma a energia física eletromagnética em impulsoneural eletroquímico que então pode ser compreendido pelo cérebro Os bastonetes os cones e os fotopigmentos não poderiam cumprir suas tarefasse não fos sem de alguma forma ligados ao cérebro Sandell 2000 As mensagens neuroquímicas 70 Psicologia Cognitiva processadas pelos bastonetes e cones da retina viajam através das células bipolares até as células ganglionares ver Goodale 2000a 2000b Como foi observado antes os axônios das células ganglionares no olho formam coletivamente o nervo óptico deste Os nervos ópticos dos dois olhos se unem na base do cérebro e formam o quiasma óptico Nesse ponto as células ganglionares da parte interna ou nasal próxima ao nariz da retina se cruzam através do quiasma óptico e vão até o hemisfério oposto do cérebro As células ganglionares da parte externa ou temporal próxima à têmpora da retina vão para o hemisfério do mesmo lado do corpo As lentes de cada olho invertem naturalmente a ima gem do mundo enquanto projetam a imagem para a retina Dessa maneira a mensagem enviada ao cérebro está literalmente invertida e para dentro Depois de serem levadas pelo quiasma óptico as células ganglionares se dirigem para o tálamo Dali os neurônios carregam toda a informação para o córtex visual primário no lobo occipitaí do cérebro O córtex visual contém várias áreas de processamento cada qual com diferentes tipos de informação visual relativas à intensidade e à qualidade inclusive cor localização profundidade padrão e forma Vamos considerar mais detalhadamente de que modo o córtex processa as informações de cor por meio do funcionamento dos basto netes e dos cones O ser humano possuidois sistemas visuais distintos Um responsável pela visão em luz fraca que depende dos bastonetes O outro responsável pela visão em luz clara que de pende dos cones Durgin 2000 Alguns Conceitos Básicos da Percepção Se uma árvore cai na floresta e não há alguém por perto para ouvir ou ver o fato ela faz algum som A resposta para esta antiga charada pode ser encontrada colocandoa no con texto da percepção Em seu trabalho influente e polêmico james Gibson 1966 1979 oferece uma estrutura muito útil para o estudo da percepção Ele introduziu os conceitos do objeto distai externo meio informacional estímuloproximal e objeto perceptual O objeto distai distante é aquele do mundo externo Nessecaso a árvore que cai Esse evento impõe um padrão no meio informacional que é a luz refletida ondas de som aqui o som da árvore caindo moléculas químicas ou informações táteis relativas ao toque ori ginadas do ambiente Assim os prérequisitos para a percepção de objetos no mundo externo começam cedo e têm início mesmo antes da informação sensorial atingiros receptores dos sentidos células neurais que são especializadasem receber determinados tipos de infor mação sensorial Quando a informação entra em contato com os receptores sensoriais apropriados dos olhos ouvidos nariz da pele ou da boca ocorre a estímulação proximal próxima Por fim a percepção ocorre quando um objeto perceptual interno reflete de al guma forma as propriedades do mundo externo O Quadro 31 resume essa estrutura para a ocorrência da percepção listando as várias propriedades dos objetos distais dos meios de informação dos estímulos proximais e dos ob jetos perceptuais compreendidos na percepção do ambiente Para retornar à questão origi nal caso uma árvore da floresta caia e não haja alguém por perto para ouvir ela não faz qualquer som percebido porém faz um som Então a respostaserá sim ou não dependendo da forma como se encara a questão A questão de onde se deve estabelecer o limite entre a percepção e a cognição ou mesmo entre a sensação e a percepção é motivo de intensos debates Na verdade para maior produtividade tais processos deveriam ser vistos como parte de um contínuo onde a informação flui por meio do sistema Processos diferentes abordam questões diferentes As questões da sensação se concentram nas qualidades da estimulação Aquela tonalidade de vermelho é maisclara do que o vermelho da maçã Ou o somda árvore que caiu é maisalto que o som de um trovão A informação sobre a mesma cor ou o mesmo som responde a di ferentes questões para a percepção que são normalmente questões de identidade forma Capítulo 3 Percepção 71 QUADRO 31 Contínuo Perceptivo A percepção ocorre íi medida que os objetos ambientais oferecem a estrutura do meio informacional que finalmente atinge os receptores sensoriais levan do à identificação interna do objeto Objeto Distal Meio Informacional Estímulo proximal Objeto perceptual Visão vista ex Luz refletida no rosto da Absorção de fótons O rosto da avó o rosto da avó avó ondas nos bastonetes e cones eletromagnéticas da retina a superfície visíveis receptora na parte posterior do olho Audição som ex Ondas sonoras geradas Condução de ondas Arvore que cai uma árvore que cai pela queda da árvore sonoras à membrana basilar superfície receptora dentro da cóclea do ouvido interno Olfato cheiro ex Moléculas liberadas pela Absorção molecular nas Toucinho toucinho fritando fritura do toucinho células do epitélio olfativo a superfície receptora na cavidade nasal Paladar gosto ex Moléculas do sorvete Contato molecular com Sorvete uma porção de sorvete liberadas no ar e as papilas gustativas as dissolvidas em água células receptoras na língua e no palato mole combinadas com estimulação olfativa ver item anterior Tato ex teclado de Pressão mecânica e Estimulação de várias Teclado do computador computador vibração no ponto de células receptoras na contato entre a derme a camada mais superfície da pele profunda da pele epiderme e o teclado padrão e movimento Aquela coisa vermelha é uma maçãSerá que acabei de ouvir uma ár vore caindoFinalmente a cogniçãoocorre à medidaque essa informação é utilizada paraser vir a outros objetivos Será que aquela maçã é comestívelSerá que preciso sair da floresta Jamais será possível conhecer pela experiência da visão da audição do paladar ou do tato exatamente o mesmo conjunto de propriedades de estímulos que já se experimentou antes Assim uma questão fundamental para a percepção é de que modo se adquire a es tabilidade perceptual diante dessa completa instabilidade em nível de receptores senso riais Na verdade em virtude da natureza dos receptores sensoriais humanos a variação parece ser necessária à percepção 72 Psicologia Cognitiva No fenômeno da adaptação sensorial as células receptoras se adaptam à estimulação constante ao deixar de disparar até que haja uma mudança na estimulação Por meio da adaptação sensorial podese parar de detectar a presença de um estímulo Este mecanismo garante que a informaçãosensorial mude constantemente Em razão da adaptação sensorial da retina a superfície receptora do olho os olhos estão constantemente realizando minús culos e rápidos movimentos que por sua vez criam constantes alterações na localização da imagem projetada no interior do olho Para estudar a percepção visual os cientistas inven taram um modo de criar imagens estabilizadas Estas imagens não se movimentam na retina porque na realidade elas seguem os movimentos dos olhos A utilização dessa técnica con firmou a hipótese de que a estimulaçãoconstante das célulasda retina dá a impressão de que a imagem desaparece Ditchburn 1980 MartinezConde Macknik Hybel 2004 Riggs etai 1953 Desse modo a variação do estímulo é um atributo fundamental para a percep ção que paradoxalmente torna mais difícil a tarefa de explicar a percepção Constância Perceptiva O sistema perceptivo lida com a variabilidade desempenhando uma análise muito impor tante com relação aos objetos no campo perceptivo Por exemplo pense em leitor que está no compus da universidade dirigindose à sua aula de Psicologia Cognitiva Suponha que dois alunos estejam conversando do lado de fora da sala de aula quando você chega A medida que você se aproxima da porta a quantidade de espaço em sua retina destinada às imagens dessas duas pessoas tornase cada vez maior Por um lado essa evidência sensorial proximal sugere que os dois alunos estão ficando maiores Por outro você percebe que as pessoas continuam do mesmo tamanho Por quê A constância percebida do tamanho de seus colegas é um exemplo de constância per ceptiva A constância perceptiva ocorre quando a percepção de um objeto permanece igual mesmo quando a sensação proximal do objeto distai se altera Gillam 2000 As caracterís ticas físicas do objeto distai externo provavelmente não estão mudando mas porque ao ser humano é possívellidar efetivamente com o mundo externo o sistema perceptivo possuime canismos que ajustam a percepção do estímulo proximal Dessa maneira a percepção se mantém constante embora a sensação proximal mude Dentre os diversos tipos de constân cias perceptivas consideramse dois principais constância de tamanho e de forma A constância de tamanho é a percepção de que um objeto mantém o mesmo tamanho apesar das mudanças no tamanho do estímulo proximal O tamanho de uma imagem na re tina depende diretamente da distância do objeto em relação ao olho O mesmo objeto co locado em duas distâncias diferentes projeta imagens de tamanhos diferentes na retina Algumas ilusõessurpreendentes são obtidas quando os sistemas sensoriais e perceptivos são enganados pela mesma informação que normalmente auxilia o indivíduo a adquirir a cons tância de tamanho Por exemplo a Figura 36 apresenta a ilusão de Ponzo na qual dois ob jetos que parecem ser de tamanhos diferentes são na verdade do mesmo tamanho A ilusão de Ponzo resulta da impressão de profundidade criada pelas linhas convergentes Imagens de tamanhos equivalentes em profundidades diversas normalmente indicam objetos de ta manhos diferentes Outro exemplo é a ilusão de MüllerLyer ilustrada na Figura 37 Nesse caso dois segmentos de reta com o mesmo comprimento parecem ter comprimentos dife rentes Finalmente compare os dois círculos centrais nos dois padrões circulares da Figura 38 Ambos são do mesmo tamanho mas o tamanho do círculo central relativo aos círcu los ao seu redor afeta a percepção de tamanho do círculo central Assim como a constância de tamanho a constância de forma está relacionada à per cepção das distâncias mas de um modo diferente A constância de forma é a percepção de que um objeto mantém a mesma forma apesar das mudanças na forma do estímulo proxi mal Por exemplo a Figura39 é uma ilusão da constância de forma em que a forma perce Capítulo 3 Percepção 73 FIGURA 36 a b Percebese a linha acima a e o tronco acima b como mais compridos quea linha e o tronco na linha debaixo em bora ambos sejam do mesmo comprimento Isso acontece porque nomundo real em três dimensões a linha e o tronco da linha superior seriam maiores FIGURA 37 N y N a b c F LjSf Também nessa ilusão a tendência é enxergar dois segmentos de reta igualmente íongos como sefossem de comprimentos diferentes Em especial os segmentos verticais nos painéis a e c parecem mais curtos que os dos painéis b e d embora todos sejam do mesmo amanho Curiosamente não se sabe por que uma ilusão tão simples ocorre Às vezes a ilusão vista nos segmentos dos painéis a e b pode ser expUcada em termos das Unhas diagonais aofinal dos segmentos verticais Essas íinAas diagonais podem ser pistas deprofundidade semelhantes às que o indivíduo veria em suas percepções do exterior edo interior de uma construção Coren Girgus 1978 Nopainel c visto do exterior de um edifício parece que os lados se afastam na distância com as Unhas diagonais angulando em direção aos segmentos da Unha vertical como no painel a enquanto que no painel d visto do interior de um edifíáo parece que os lados se aproximam do espectador com as linhas diagonais angulando ese afastando do segmento da unha vertical como no painel b bida de um objeto permanece igual apesar das alterações em sua orientação e assim na forma de sua imagem retinal A medida que a forma real da imagem da porta sealtera al gumas partes da porta parecem mudar de modo diferente em relação à distância do espec tador E possível usar neuroimagens para localizar as partes do cérebro utilizadas nesta 74 Psicologia Cognitiva FIGURA 38 O o a b Qual dosdois círculos centrais é maior a ou b A seguir meçao diâmetro decada umdeles análise da forma Elasestão no córtex extraestriado Kanwisheretai 1996 1997 Os pon tos próximos à borda superior externa da porta parecem se mover mais rapidamente na di reção do espectador do que os pontos próximos à borda superior interna Mesmo assim é possível perceber que a porta continua com o mesmo formato Percepção de Profundidade À medida que se movimenta em seu ambiente o indivíduo está sempre olhando em volta e se orienta visualmente no espaço em três dimensões Ao olhar para frente à distância olhase para a terceira dimensão da profundidade A profundidade é a distância de uma superfície em geral usandose o própriocorpo como superfície de referência em termosde percepçãode profundidade Vamos ver o que acontece quando se transporta o próprio corpo ou se movi menta para alcançar objetos ou mesmo quando se posiciona no mundo tridimensional E precisoutilizartodasessas informações com relaçãoà profundidade O usodessas informações vai alémdo alcance do própriocorpo do indivíduo Ao dirigirum automóvel o indivíduousa a profundidade para avaliar a distância do veículo que se aproxima Quando decide chamar alguémconhecido na rua a pessoa determina o volume da voz com base na distância em que percebeestar o amigo Essa decisão é baseadaem como o indivíduopercebea distância entre ele e o amigo Como se percebe o espaço em três dimensões quando os estímulos proximais nas retinas não passam de projeções em duas dimensões daquiloque se vê Sugerimos voltar à escada impossível Figura 34 e observar também as configurações impossíveis da Figura 310 Elas são confusas porque há uma informação de profundidade contraditória em partes distintas da imagem Os pequenossegmentos dessas figuras impos síveis parecem razoáveis porque não há inconsistência em suas pistas individuais de pro fundidade Hochberg 1978 Contudo é difícil entender a figura como um todo A razão para isso é que as pistas que fornecem informações de profundidade em vários segmentos da imagem são conflitantes Geralmente as pistas de profundidade são monoculares mono um ocular relativo aosolhos ou binoculares bi ambos dois As pistasde profundidade monoculares podem ser representadas em apenas duas dimensões e observadas apenas com um olho Capítulo3 Percepção 75 FIGURA 39 Aqui vêse uma portacom batente emformato retangular Estaportaaparece fechada semiaberta bem aberta e completamente aberta Certamente a porta não parece ter um formato diferente em cada painel Na verdade seria estranho seo espectador percebesse a porta mudando deformato enquanto elaseabre E noentanto oformato da imagem daporta captado pela retina muda quando a porta seabre Olhando para a figura vêse que a imagem dese nhada na porta é diferente em cada painel O Quadro 32 também descreve a paralaxe de movimento a única pista de profundi dade monocular que não está na figura A paralaxe de movimento requer movimento e portanto não pode ser utilizada para avaliar a profundidade em uma imagem estática como por exemplo uma fotografia Outro método de avaliar a profundidade compreende as pistas de profundidade binoculares baseadas na recepção da informação sensorial em três dimensões para ambos os olhos Parker Cumming Dodd 2000 O Quadro 32 tam bém resume algumas das pistas binoculares usadas paraa percepção da profundidade As pistas de profundidade binoculares usam o posicionamento relativoaos olhosdo in divíduo Os dois olhos estão posicionados com distânciasuficiente para levardois tipos de informaçãoao cérebroa disparidade binocular e a convergência binocularNa disparidade 76 Psicologia Cognitiva FIGURA 310 Quais pistas podem fazer com que você perceba essas figuras impossíveis como totalmente plausíveis QUADRO 32 Pistas Monoculares e Binoculares para Percepção da Profundidade Várias pistas perceptuais contribuem para a percepção do mundo tridimensional Algumas podem ser observadas por apenas um olho enquanto outras requerem o uso dos dois olhos Pistas para Percepção da Profundidade Parece Mais Próximo Pistas de profundidade monoculares Gradientes de textura Tamanho relativo lnterposição Perspectiva linear Perspectiva aérea Localização no plano da figura Paralaxe de movimento Grãos maiores e mais afastados Maior Obscurece parcialmente outros objetos Linhas aparentemente paralelas parecem divergir ao se afastar do horizonte Imagens parecem mais nítidas mais claramente delineadas Acima do horizonte os objetos estão mais altos no plano da imagem abaixo do horizonte os objetos estão mais baixos no plano da imagem Os objetos que se aproximam parecem maiores e em velocidade cada vez maior isto é grandes e se aproximando rapidamente Pistas de profundidade binoculares Convergência binocular Disparidade binocular Olhos parecemser trazidos para dentro na direção do nariz Enorme discrepância entre a imagem vista pelo olho esquerdo e a imagem vista pelo olho direito Parece Mais Distante Grãos menores e mais próximos Menor Éparcialmente obscurecida por outros objetos Linhas aparentemente paralelas parecem convergir ao se aproximar do horizonte Imagens parecem nebulosas menos claramente delineadas Acima do horizonte os objetos estão mais baixos no plano da imagem abaixo do horizonte os objetos estão mais altos no plano da imagem Os objetos que se afastam parecem menores e em velocidade menor isto é pequenos e se afastando lentamente Olhos relaxam em direção aos ouvidos Pequena discrepância entre a imagem vista pelo olho esquerdo e a imagem vista pelo olho direito Capitulo 3 Percepção 77 binocular ambos os olhos enviam imagens cada vez maisdiferentes ao cérebro à medida que os objetos se aproximam O cérebro interpreta o grau de disparidade com indicação da dis tância até o espectador Além disso para os objetos vistos em lugares relativamente próxi mos o espectador usa as pistas de profundidade baseadas na convergência binocular Na convergência binocular os dois olhos viram cada vez mais para dentro à medida que os obje tos se aproximam O cérebro interpreta esses movimentos musculares como indicações da distância A Figura 311 ilustra como esses dois processos funcionam O cérebro contém neurônios especializadosna percepção da profundidade conhecidos obviamente como neu rônios binoculares que integram a informação que chega dos dois olhos para formar a FIGURA 311 Visão do olho esquerdo Visão do olho esquerdo nn Objeto distante Visão do olho direito a Disparidade binocular Comandos musculares fortes Sinais neurais fortes Comandos musculares fracos Sinais neurais II fracos II longe b Convergência binocular a Disparidade binocular quanto mais próximo umobjeto estiver do espectador maior a disparidade das visões dele percebidas pelos olhos um de cada vez Éfácil testar as perspectivas colocandose o dedo cerca de um centímetro e meio daponta do próprio nariz Olhe primeiro com um olho coberto depois com o outro Parece que o dedo pula para frente e para trãs Agora façaa mesma coisa com umobjeto que esteja a 3 metros dedistância e depois a 30 me tros O pulo aparente que indica a quantidade dedisparidade binocular irá diminuir com a distância O cérebro in terpreta a informação com relação à disparidade como uma pista indicando disparidade b Convergência binocular como os olhos estão situados empontos diferentes dacabeça quando segira o olho deforma que uma imagem caia diretamente na parte central do olho na qual se tem maior acuidade visual cada olho deve virar umpouco para den tro para registrar essa mesma imagem Quanto mais próximo o objeto quese está tentando ver mais osolhos devem se voltar para dentro Os músculos enviam mensagens aocérebro com relação aograu em que osolhos estão se vol tando para dentro e essas mensagens sãointerpretadas como pistas indicando profundidade 78 Psicologia Cognitiva informação sobre profundidade Os neurônios binoculares são encontrados no córtex visual Parker 2007 A percepção de profundidade depende maisdo que apenas a distância ou a profundidade na qual o objeto está localizado em relação ao indivíduo Proffitt et ai 2003 2006 relata ram que a distância percebida para um alvo é influenciada pelo esforçonecessário para cami nhar até o local do alvo e que a distância percebida da localização de um alvo é maior para pessoas carregando uma mochila pesada do que para aquelas que não carregam essepeso Em outras palavras pode haver uma interação entre o resultado perceptual e o esforço percebido exigido para chegar até o objeto percebido ver também Wilt Proffitt Epstein 2004 Quanto maior o esforço de uma pessoapara alcançar algo mais distante ele parece estar O papel do esforço não é limitado ao caminhar na direção de algo Quando jogam bem os tenistas relatam que a bola de tênis parece relativamente grande Da mesma forma para os jogadores de golfe o suporte da bola sempre parece maior do que é Wilt Proffitt 2005 Em ambos as percepções são em parte uma função da qualidade do desempenho Essefe nômeno foi confirmado por investigadores Wilt Proffitt 2005 que constataram que os bons rebatedores de beisebol que acertam suas tacadas percebem a bola maior do que aqueles que rebatem não tão bem A percepção da profundidade é um bom exemplo de como as pistas facilitam a percep ção Não há algo intrínseco a respeito do tamanho relativo para indicar que um objeto que parece menor esteja mais distante Ao contrário o cérebro utiliza essa informação contex tual para concluir que o objeto menor está mais distante Abordagens para Percepção de Objetos e Formas Abordagens centradas no Observador versus Abordagens Centradas no Objeto Nesse momento estou olhando para o computador no qual digito este texto Eu descrevo o que vejo como uma representação mental Que forma assume essa representação mental Há duas posições comuns para responder a essa pergunta Atores e modelos costumam utilizarse dessas pistas de percepção de pro fundidade em seu benefício enquanto são fotografados Por exemplo algu mas pessoas só se deixam ser fotografadas em determinados ângulos ou posições Um nariz longo pode parecer mais curto se fotografado de uma posição um pouco abaixo da linha central do rosto algumas fotos de Barbara Streisand de ângulos diferentes por exemplo porque a ponta do nariz recua um pouco à distância Além disso inclinarse um pouco para frente pode fazer com que a parte superior do corpo pareça um pouco maior do que a inferior e viceversa ao inclinarse um pouco para trás Em fotos de grupo ficar um pouco atrás de outra pessoa faz com que o indi víduo pareça menor e ficar um pouco à frente faz com que ele pareça maior Os estilistas de moda que fazem trajes de banho femininos criam peças com ilusões de ótica para ressaltar partes do corpo fazendo com que as pernas pareçam mais longas a cintura menor aumentando ou diminuindo a linha do busto Alguns desses processos para alteração da percepção são tão básicos que muitos animais possuem adaptações espe ciais para fazer com que pareçam maiores por exemplo o rabo do pavão aberto em leque ou para disfarçar suas identidades dos predadores Pense um pouco em como aplicar os processos perceptuais em seu benefício APLICAÇÕES PRÁTICAS DA PSICOLOGIA COGNITIVA Capítulo 3 Percepção 79 Uma delas a da representação centrada no observador diz que o indivíduo armazena a forma como o objeto lhe parece Sendo assim o que importa é a aparência do objeto ao observador e não sua estrutura real A segunda posição a representação centrada no ob jeto diz que o indivíduo armazena uma representação do objeto independentemente de sua aparência ao observador A semelhança fundamental entre essas duas posições é que ambas podem explicar como o indivíduo representa um detetminado objeto e suas partes A dife rença fundamental está em representar um objeto e suas partes em relação ao próprio indi víduo centrado no observador ou em relação à totalidade do objeto propriamente dito independentemente da própria posição do indivíduo centrado no objeto Consideremos por exemplo o meu computador Ele tem diferentes partes um monitor um teclado um mouse e assim por diante Suponha que eu represente o computador em ter mos da representação centrada no observador de maneira que suas partes sejam armazena das em termos de sua relação à minha pessoa Vejo a tela diante de mim em um ângulo de digamos 20 graus Vejo o teclado de frente para mim na horizontal Vejo o mouse diante de mim à direita Supondo que em vez disso use uma representação centrada no objeto assim veria a tela do monitor em um ângulo de 70 graus em relação ao teclado e o mouse estaria diretamente do lado direito do teclado nem na frente nem atrás dele Uma possibilidade de conciliação dessas duas abordagens de representação mental sugere que as pessoaspodem usar os dois tipos de representações De acordo com esta abor dagem o reconhecimento de objetos ocorre em um contínuo Burgund Marsolek 2000 Tarr 2000 Tarr Bülthoff 1995 Em um extremo desse contínuo estão os mecanismos cog nitivos que são mais centrados no observador No outro estão os mecanismos cognitivos mais centrados no objeto Por exemplo suponha que você veja a imagem de um carro de forma invertida Como saber que é um carro Os mecanismos centrados no objeto iriam re conhecer o objeto como um carro porém os mecanismos centrados no observador reconhe ceriam o carro estando invertido Geralmente a decomposição de objetos em partes é útil para reconhecer as diferenças entre um Mercedes e um Hyundai mas podem não ser tão úteis para reconhecer que as duas visões diferentes de um Mercedes são visões do mesmo carro Nesse caso a percepção centrada no observador pode ser mais importante Uma terceira orientação é a representação centrada em um marco Na representação centrada em um marco a informação é caracterizada por sua relação com um item proemi nente bem conhecido Imaginese visitando uma cidade nova Todos os dias você sai do hotel e faz pequenos passeios E fácil imaginar que você iria representar a área a ser explo rada em relação ao seu hotel De volta ao exemplo do computadot na representação cen trada em um marco a escrivaninha pode ser descrita em termos de um monitor de computador Por exemplo o teclado está na frente do monitor e o mouse situado do lado direito do monitor As evidências indicam que em laboratório os participantes podem alterar entre as três estratégias Todavia há diferença na ativação cerebral nessas três estratégias Committeri et aí 2004 A Abordagem Gestaltista A percepçãofaz muito maispara o ser humano do que manter a constância na profundidade do tamanho e da forma Ela organiza objetos em uma disposição visual em gruposcoerentes Kurt Koffka 18861941 Wolfgang Kõhler 18871968 e Max Wertheimer 18801943 instituíram a abordagem gestaltista de configuração perceptiva com base na idéia de que o todo é diferente da soma de suas partes individuais ver o Capítulo 1 A abordagem gestaltista provou ser especialmente útil para o entendimento de como se percebemgrupos de objetos ou mesmo partes deles para formar todos integrais Palmer 1999a 1999b 2000 Palmer Rock 1994 Prinzmetal 1995 De acordo com a Lei de Prágnanz pregnância perceptiva da Psicologia da Gestalt a tendência é perceber qualquer disposição visual de forma a organizar do modo mais simples possível os elementos díspares em uma forma 80 Psicologia Cognitiva coerente e estável Dessa maneira não se experimenta simplesmente uma mistura de sensa ções ininteligíveis e desorganizadas Por exemplo tendese a perceber a figura focai e outras sensações à medida que formam o fundo para a imagem sobre a qual se vai focalizar Pense no que acontece quando se entra em um recinto conhecido Percebese que al gumas coisas se sobressaem ex os rostos nas fotografias ou quadros Outras coisas somem ao fundo ex paredes e pisos sem decoração A figura é qualquer objeto que se percebe como importante e é quase sempre percebida em contraste com algum tipo de fundo recuado ou não ressaltado A Figura 312 a ilustra o conceito de figurafundo que se so bressai versus aquilo que recua no fundo Provavelmente o leitor irá perceber a maneira em que a palavra figure está escrita percebese essa palavra como a figura contra o fundo mais escuro que envolve as letras da palavra ground fundo Da mesma forma a Figura 312 b mostra um vaso branco contra um fundo preto ou as silhuetas de dois rostos olhando uma paraoutracontraumfundo branco Épraticamente impossível veros dois conjuntos deob jetos simultaneamente Embora se possa alternar rapidamente entre os rostos e o vaso eles não podem ser vistos ao mesmo tempo Uma das razões sugeridaspara que a figura faça algum sentido é que ambas estão de acordo com o princípio da simetria da Psicologia da Gestalt A simetria requer que as figuras tenham FIGURA 312 a b Nessas duas imagens daGestalt aeb descubra o que éfigura e o que éfundo Fotob Cortesia deKaiser Porcelain Ltd Capítulo 3 Percepção 81 proporções equilibradas em torno de umeixoou ponto central O Quadro33 e a Figura 313 resumem alguns dosprincípios gestaltistas da percepção da forma Sãoeles a percepção de fi gurafundo a proximidade a semelhança a continuidade o fechamento e a simetria Cada um desses princípios sustentaa abrangente Lei de Prãgnanz pregnância perceptiva e dessa maneira cada um deles ilustra a tendência a perceber configuraçõesvisuaisde modo a orga nizar de modo mais simples possível oselementos díspares em umaforma estável e coerente Por um momento paree olhe parao ambiente à suavolta Você perceberá umaconfiguração coerente completa e contínua de figuras e fundo mas não perceberá furos nosobjetos onde o livro os tapa isto é bloqueia sua visão Se o livro obscurece parte docantoda mesa ainda assim você iráperceber a mesa como uma entidade contínua e não interrompida Ao olhar para o ambiente a tendência é perceber agrupamentos Veemse agrupamentos de objetos próximos proximidade ou de objetos parecidos semelhança Veemse também grupos de objetos completos em vez de parciais fechamento linhascontínuasao invés de interrompi das continuidade bem como padrões simétricos em lugarde assimétricos As pessoas tendem a usarosprincípios gestaltistas mesmo quandoconfrontadas comno vos estímulos Palmer 1977 mostrou a participantes formas geométricas novas que serviam como alvos Em seguida mostroulhes fragmentos das formas Os participantes precisavam QUADRO 33 1 Princípios de Percepção Visual da Psicologia da Gestalt Os princípios gestaltistas de proximidade semelhança continuidade fechamento e simetria ajudam na percepção das formas Princípios da Gestalt Princípio Figura Ilustrando o Princípio Figurafundo Quando se percebe um campo visual alguns objetos figuras parecem desta carse e outros aspectos do campo re cuam no fundo A Figura 312 apresenta um vasode fi gurafundo na qual um modode perce ber destaca a perspectiva ou um objeto enquanto o outro modo destaca outro objeto relegando o primeiro plano an terior ao fundo Proximidade Quando se percebe uma variedade de objetos tendese a ver os que estão pró ximos como um grupo Na Figura313 a a tendência é en xergar os quatro círculos no centro como dois pares de círculos Semelhança A tendência é agrupar objetos com base em sua semelhança Na Figura313 b tendese a ver quatro colunas de x e o e não quatro linhas de letras alternadas Continuidade A tendência é perceber formas que fluem de modo regular ou contínuo ao invés de formas interrompidas ou não contínuas A Figura313 c apresenta duas curvas fragmentadas que se cruzam que são percebidas como duas curvas regulares ao invés de curvas interrompidas Fechamento Tendese a fechar ou completar objetos que na realidade não são completos A Figura 313 d apresenta apenas segmentos de linha desarticulados misturados que o observador fecha para enxergar um triângulo e um círculo Simetria Tendese a perceber objetos como se formassem imagens de espelho ao redor do próprio centro Por exemplo quando se vê a Figura 313 íe uma configuraçãode parênte ses colchetes e chaves a variedade se enxergaformandoquatro conjuntos de sinais ao invés de oito itens individuais porque se integram os elementos simé tricos em objetos coerentes 82 Psicologia Cognitiva FIGURA 313 HSGCtEEESiffi a3n s s s a ss s ss Osprincípios de percepção da forma da Psicologia da Gestalt incluem a percepção da figurafundo a proximidade b semefnança c continuidade dfechamento e e simetria Todos esses princípios demonstram a íeiunaamen tal da Lei de Prügnanz pregnância perceptiva a qual sugere que por meio da percepção unificamSe estímulos vi suais díspares em um todo coerente e estável reconhecer os fragmentos como partes do alvo original caso não estivessem em conformi dade com os princípios gestaltistas Por exemplo um triângulo apresenta fechamento e foi reconhecido com mais rapidez como parteda nova figura original do quecomo três segmen tos comparáveis ao triângulo porém não estavam fechados e portanto em desacordo com os princípios gestaltistas Em suma parece quese usam os princípios da Psicologia da Gestalt na percepção cotidiana sejam ou não conhecidas as figuras às quais são aplicados Os princípios gestaltistas de percepção da forma são muito simples e no entanto ca racterizam grande parte da organização perceptual humana Palmer 1992 Os princípios da Gestalt oferecem valiosos insights sobrea percepção da forma e de padrões porémpouca ou quasenenhuma explicação sobre esses fenômenos Paramelhorentender comoe por que se percebem formas e padrões é preciso examinar as teorias explanatórias da percepção Sistemas de Reconhecimento de Padrões Como reconhecer padrões Porexemplo como reconhecer fisionomias Uma daspropostas é que os seres humanos têm dois sistemas de reconhecimento de padrões Farah 1992 1995 Farah et ai 1998 O primeiro sistema é especializado no reconhecimento de partes de objetos e na montagem dessas partes em todos distintos Por exemplo quando durante uma aula de biologia um aluno observa os elementos de uma tulipa a haste o pistilo e assim por diante ele está olhando a flor por meio desse primeiro sistema O segundo sis tema é especializado no reconhecimento de configurações maiores e não está equipado adequadamente para analisar as partes dos objetos ou sua construção mas é bemequipado o bastante para reconhecer configurações Por exemplo ao olhar para uma tulipa no jardim e admirarsua beleza e forma específicas o indivíduo estaráolhando para a flor por meio do segundo sistema O segundo sistema muitas vezes é o mais importante para o reconhecimento de fisio nomias Assim ao olhar para um amigo que você vê todos os dias irá reconhecêlo usando o sistema configuracional O serhumano é tão dependente nesse sistema do diaadia que Capítulo 3 Percepção 83 pode sequer perceber quando ocorre alguma mudança na aparência dessa pessoa como o comprimento do cabelo ou os óculos novos Todavia o primeiro sistema também pode ser usado para o reconhecimento de fisionomias Suponha que você vê alguém cujo rosto lhe é vagamente familiar mas não tem certeza de quem possaser Você começa analisando as ca racterísticas e depois se dá conta de que é um amigo que você não vê há dez anos Nesse caso você conseguiu fazer o reconhecimento facial apenas após ter analisado o rosto por meio de seus traços fisionômicos No fim das contas tanto a análise configuracional como a de traços serve para auxiliar a fazer difíceis reconhecimentos e discriminações O reconhecimento de fisionomia ocorre ao menos em parte no giro fusiforme do lobo temporal Gauthier et ai 2003 Kanwisher McDermott Chun 1997 Tarr Cheng 2003 Existem boas evidências de que há algo especial a respeito do reconhecimento fisionômico até mesmo na mais tenra idade Por exemplo os bebês conseguem identificar os movimentos de uma foto com um rosto humano mais rapidamente do que identificam os movimentos de estímulos de complexidade semelhante que não sejam fisionomias Farah 2000a Em um es tudo foram exibidos aos participantes desenhos de dois tipos de objetos fisionomias e casas Farah etai 1998 Em todos os casos o rosto fazia par com o nome da pessoa cuja fisiono mia estava sendo representada e a casa fazia par com o nome do dono da casa e para cada bateria de teste havia seis pares Depois de estudarem os seis pares os participantes tinham que reconhecer partes de cada uma das fisionomias ou das casas ou ainda reconhecer as fi sionomias ou casascomo um todo Por exemplo eles podiam ver apenas um narizou uma ore lha ou apenas uma janela ou porta de entrada Ou então veriam um rosto inteiro ou uma casa inteira Se o reconhecimento de fisionomia é de alguma forma especial e principal mente dependente do segundo o sistema configuracionalentão aspessoas deveriam ter mais dificuldadeem reconhecer partes dos rostosdo que partes das casas As pessoasnormalmente têm mais facilidade em reconhecer casas sejam estas apresen tadas em partes ou inteiras porém mais importante ainda as pessoas têm relativamente mais dificuldade em reconhecer partes dos rostos do que em reconhecer rostos inteiros Por outro lado seu desempenho foi quase igual para reconhecer partes de casas ou casas intei ras Assim sendo o reconhecimento de fisionomias parece ser especial e provavelmente depende em especial do sistema configuracional Um exemplo interessante de efeito configuracional em reconhecimento de fisionomias ocorre quando as pessoas fixam o olhar em rostos distotcidos Ao olhar fixamente por algum tempo para um rosto distorcido Figura 314 e em seguida fixar o olhar em um rosto nor malo rostonormal vai parecerdistorcidona direçãoopostaPor exemplo ao olhar fixamente para um rosto em que osolhos estão muito próximos um do outro ao olhar para um rosto nor mal os olhos parecerão muito distantes um do outro Leopold et ai 2001 Webster et ai 2004 Zhao Chubb 2001 O conhecimento de fisionomias normalmente informa o que é FIGURA 314 Rosto normai centro e rostos distorcidos 84 Psicologia Cognitiva NO LABORATÓRIO DE STEPHEN PALMER Um assunto importante masmuito ignoradono es tudo da Psicologia Cogni s tiva é a estética a dimensão o psicológica ancorada na 5 extremidade positiva pe 3 Ia experiência da beleza e do sublime e na extremi dade negativa pela feiúra Podese supor que a estética só é de interesse para as pessoas que apreciamasartes pintura músicadança etc mas ela permeia a vida de todas as pessoas Escolher roupas filmes que irão assistir ou móveis novos ou o lugar para as próximas fé rias e até mesmo escolher outras pessoas tudo isso é fortemente influenciado pelas reações estéticas a essas escolhas Recentemente em meu laboratório iniciei um estudo científico da estética visual Ao examinar a estética da composição espacial por exemplo mostramos aos participantes duas figuras que se diferenciam apenas na lo calização de um único objeto dentro de uma moldura retangular e em seguida pedimos que nos dissessemqual figuraeles preferem em termos de estética A Figura a mostra esses três pares de figuras descrevendo um lobo sobre um fundo liso Antes de continuar a leitura a veja qual dos pares lhe parece mais agradável esteticamente Registramos as opções das pessoas para todos os pares de posições e para qual direção o lobo está olhando Em seguida computámos a quantidade de vezes que cada posição e cada direção foram escolhidas em comparação com todas as outras O padrão de resultados que encontramos está na figura b marcando curvas separadas para os objetos voltados para a esquerda e para a direita Ela mostra três efeitos impor tantes uma forte predisposição para o centro uma forte predisposição para dentro e uma pre disposição para a direita mais fraca A predispo sição para o centro referese à preferência pelo objeto que fique no centro ou perto do centro do quadro e se reflete no gráfico pelo fato de que as duas curvas são geralmente mais altas perto da posição central do que perto das la terais do quadro Esta é a razão pela qual o leitor provavelmente preferiu a figura da es querda do par superior da Figura a A predis posição para dentro referese ao fato de que as pessoas normalmente preferem um objeto direcionado com o rosto na direção de den tro do quadro ao invés de fora dele e issose reflete no gráfico pela assimetria das cutvas indo para a direita e para a esquerda Caso o objeto não esteja centralizado para o lado es querdo do quadro as pessoas vão preferir o objeto do lado direito do quadro Contudo se estiver descentralizado do lado direito do qua dro as pessoas vão preferir o objeto voltado para a esquerda Por esse motivo o leitor pro vavelmente escolheu a figura direita do par central da figura a como a mais agradável uma vez que ambas estão descentralizadas mas os lobos olham para dentro do lado di reito do quadro e para fora do lado es querdo A predisposição para a direita referese ao fato de que as pessoas geralmente prefe rem um objeto direcionado olhando para a direita do que para a esquerda e está refletido no gráfico pelo fato de que a curva para os objetos olhando para a direita é ligeiramente mais alta do que a curva para os objetos olhando para a esquerda Essa diferença é mais acentuada na posição central Provavel mente esse é o motivo pelo qual o leitor es colheu a figura esquerda no par inferior da Capítulo 3 Percepção 85 NO LABORATÓRIO DE STEPHEN PALMER continuação Esquerda b Centro Posição no quadro Direita Figura a ambas estão localizadas no mesmo ponto do quadro porém o lobo olha para o lado direito do quadro As propensões do centro de dentro e de fora também ficaram evidentes quando demos aos participantes uma câmera fotográfica e um conjunto de objetos e pedimos que tirassem a foto mais esteticamente agradável possível na opinião deles Caso decidissem colocar um objeto olhando para a direita fora do centro do quadro por exemplo eles quase sempre posicionavam o objeto do lado esquerdo do quadro maisdo que do lado direito Vimos que as mesmas propensões estavam presentes quando demos aos participantes uma tela de computador na qual eles poderiam controlar a posição do objeto e pedimos que o colocassem na posição esteticamente mais agradável Estamos agoraexaminando asopçõesde emol duramento de fotógrafos e pintores pela medi ção da posição e direção das figuras com um único objeto focai cm fotos e pinturas reais obtidas nos bancos de dados da internet Também estamos estudando as preferências para a posição vertical e para o tamanho dos objetos em quadros com um único objeto fo cai Tão logo esse estudo termine daremos início a um estudo sobre questões muito mais complexas em termos de composição ques tões essasque surgem quando dois objetos ou mais são descritos na mesma ilustração O ponto mais importante de nossos resultados até o momento é que as preferências estéticas podem ser estudadas cientificamente A be leza sem dúvida está nos olhos de quem a vê conforme o antigo ditado mas enquanto cientistas cognitivos podemos entender a percepção de beleza do mesmo modo que qualquer outro fenômeno perceptivo ou seja ao isolar as variáveis importantes e de terminar de que modo elas se combinam na mente do espectador 86 Psicologia Cognitiva um rosto normal e o que é um rosto distorcido mas nesse caso o conhecimento é anulado pelo fato de o espectador ter se acostumado ao tosto distorcido O processamento cognitivo de fisionomias e a emoção do rosto podem interagir Na rea lidade existem evidências do efeito de positividade fisionômica relacionado à idade Nesse estudo adultos mais velhos demonstraram preferência em olhar para rostos alegres e distantes do que pata tostos tristes ou zangados Isaacowitz et ai 2006a 2006b Além disso tostos alegres são considetados mais familiares do que rostos neutros ou negativos Lander Metcalfe 2007 Há provas também de que a emoção aumenta a ativação dentro do giro fusiforme quando as pessoasestão processando fisionomias Durante um estudo os participantes tive ram que olhar para um rosto e dat um nome a essa pessoa ou dat um nome à expressão desse rosto Ao serem solicitados a dar nome à expressão os participantes apresentaram um au mento na ativação do giro fusiforme em comparação a dar nome à pessoa Ganel et ai 2005 Exames em pacientes com autismo também oferecem mais evidências para o proces samento da emoção dentto do giro fusiforme Estes pacientes apresentam deficiência no re conhecimento emocional O escaneamento de cérebro de pessoas com autismo revela que o giro fusiforme é menos ativo do que em pessoas que não apresentam essa síndrome Pacientes com autismo conseguem aprender a identificar as emoções por meio de um processo muito penoso Contudo esse tteino não petmite que a identificação da emoção tornese um processo automático nessa população nem aumenta a ativação no giro fusi forme Bolte et ai 2006 Hall Szechtman Nahmias 2003 Em outro estudo os participantes olharam tanto para casas como para rostos O giro fu siforme era ativado quando as pessoas olhavam para os rostos mas não quando olhavam para as casas Assim no que se refere a rostos parece haver uma localização de percepção genuína nessa área ao contrário do que para outros objetos que talvez fossem percebidos Yovel Kanwisher 2004 Nem todos os pesquisadores concordam que o giro fusiforme seja especializado para a percepção de fisionomia em oposição às outras formas de percepção Outro ponto de vista é que esta é uma área de maior ativação na petcepção de rostos mas com ativação de outras áreas também embora em níveis inferiores Da mesma forma estas ou quaisquet ou tras áreas do cérebro que reagem maximamente às fisionomias ou qualquer outra coisa ainda podem apresentar alguma ativação enquanto percebem outros objetos De acordo com essa visão as áreas do cérebro não são tudoounada naquilo que percebem mas ao contrário podem ser ativadas difetencialmente em níveis maiores ou menores de pendendo do que é percebido Haxby et ai 2001 Haxby Gobbini Montgomery 2004 OTooleetaI2005 Outra teotia telativa à função do giro fusiforme tem o nome de hipótese da individua ção especializada a qual diz que o giro fusiforme é ativado quando alguém examina itens com os quais tenha uma habilidade visual Por exemplo um especialista em pássatos que passa muito tempo estudando as aves Esperase que ele seja capaz de diferenciálas em meio às se melhantes e que tenha bastante prática nessa tarefa de diferenciação Como conseqüência se cinco rouxinóis tordos lhe forem apresentados ele seria capaz de facilmente diferenciá los Contudo um indivíduo sem essa habilidade provavelmente não conseguiria diferenciar os mesmos pássaros Caso o cérebro dessa pessoaseja escaneado durante essa atividade a ati vação do giro fusiforme especificamente o direito seria vista Essaativação é vista em pes soas especialistas em carros e pássaros Até mesmo quando se ensinam pessoas a diferenciar as várias figurasabstratas semelhantes a ativação do giro fusiforme é notada Gauthier et ai 1999 2000 Rhodes et ai 2004 Xu 2005 Essa é a teotia que sustenta a ativação do giro fusiforme quando as pessoas visualizam faces por que na realidade o ser humano é um ex pert no exame de fisionomias A prosopagnosia a incapacidade de reconhecer rostos implicatia em algum tipo de dano no sistema configuracional Contudo outras disfunções como a dificuldade precoce Capítulo3 Percepção 87 de leitura na qual o leitor iniciante tem dificuldade pata teconhecer os traços que com preendem palavras únicas podem advir de danos ao primeiro sistema baseado em elemen tos Além disso o processamento pode passai de um sistema pata outro Um leitor típico pode aprender a aparência das palavras por meio do primeiro sistema elemento por ele mento e depois vir a reconhecer as palavras como todos integrados Na vetdade algu mas deficiências de leitura podem surgir da incapacidade do segundo sistema de assumira tarefa do primeiro Abordagens Teóricas da Percepção Existem diversas abordagens teóricas da percepção Percepção Direta Como o indivíduo reconhece a letra A quando a vêFácil de perguntat difícil de responder Claro a letra é um A porque se parece com um A mas o que faz com que ela se pareça com um A e não com um H A dificuldade em responder a essa pergunta fica clara quando se olha para a Figura315 E provável que o leitor veja a imagem da Figura 315 como as pa lavrasem inglêsTHE CAT porém o H da palavra THE é idêntico ao A da palavra CAT Aquilo que subjetivamente parece ser um processo simples de reconhecimento de padrões é quase certamente muito complexo Como se faz a ligação daquiloque se per cebe com aquilo que está atmazenado na mente Os psicólogos da Gestalt se referema esse problema como a Função Hoffding Kóhler 1940 uma referência ao psicólogo dinamarquês do século XIX Harald Hoffding que questionou se a percepção pode ser reduzida a uma simples associação do que é visto ao que é lembtado James J Gibson 19041980 in fluente e polêmico teórico também questionou o associacionismo De acordo com a teoria da percepção direta de Gibson o conjunto de informações nos receptoressensoriais inclusive o contexto sensorialé tudo de que o homem necessita para perceber qualquer coisa ou seja o ser humano não necessita de processos cognitivos supe riores ou qualquer outra coisa para mediar as experiências sensoriais e as percepções As crençasexistentesou osprocessos de pensamentos de inferências de níveiselevados não são necessários à percepção Gibson acreditava que no mundo real as informaçõescontextuais suficientes com o pas sar do tempo geralmente existem para que julgamentos perceptuais sejam feitos Ele afirma FIGURA 315 Ao ler essas palavras o leitor provavelmente nao terá dificuldade para diferenciar o A do H Olhando mais de perto cada uma das letras quais características as diferenciam 88 Psicologia Cognitiva que o ser humano não precisa apelar para os processos intelectuais de alto nível para explicar a percepção Gibson 1979 acreditou que as pessoasusam essa informação contextual dire tamente Emessência o homem é biologicamenteregulado para reagir a ela e ainda segundo sua teoria muitas vezes se observam pistas de profundidade como gradientes de textura Tais pistas ajudam a perceber diretamente a proximidaderelativa ou a distância de objetos e par tes de objetos Com base nas análises de telações estáveis entre caractetísticas de objetos e ambientes de mundo real se percebe diretamente o ambiente Gibson 1950 19541994 Mace 1986 Não há necessidade de ajuda dos processos complexos de pensamento Essas informações contextuais podem não ser prontamente controladas em um experi mento de laboratório porém é provável que estejam disponíveis no mundo real O modelo de Gibson é chamado às vezes de modelo ecológico Turvey 2003 em razão de sua preo cupação com a percepção em como acontece no diaadia o ambiente ecológico ao invés das situações de laboratório onde a disponibilidade de informação contextual é menor As limitações ecológicas aplicamse não apenas às percepções iniciais como também às repre sentações internas finais como conceitos que são formados a partir dessas percepções Hubbard 1995 Shepard 1984 Outra pesquisadora que deu continuidade à teoria gibso niana foi Eleanor Gibson 1991 1992 que conduziu pesquisas de referência sobre a per cepção em bebês Elaobservouque os bebês que certamente carecem de muita informação e experiência prévios desenvolvem rapidamente muitos aspectos da consciência percep tiva inclusive a percepção de profundidade Teorias Ascendentes Bottomup e Descendentes Topdovn As teorias que começam com o processamento de características de nível elementat são chamadas de teorias ascendentes bottomup ou seja são acionadas por dados isto é por estímulos Entretanto nem todos os teóricos se detêm nos dados sensoriais do estímulo perceptual e muitos preferem as teorias descendentes topdourn que são conduzidas por processos cognitivos de nível elevado pelo conhecimento existente e pelas expectativas anteriores que influenciam a percepção Clark 2003 Essas teorias então operam consi derando os dados sensoriais como o estímulo perceptivo As expectativas são importantes Sempre que as pessoas esperam para ver algo elas o verão mesmo que isso não esteja ali no momento ou já não exista Pot exemplo supondo que alguém espere ver uma determinada pessoa em um determinado lugar Esse indivíduo pode pensar que vê aquela pessoa mesmo que esteja vendo na realidade outra pessoa que apenas vagamente lembra aquela outra Simons 1996 As abordagens descendente topdown e ascendente bottomup são aplicadas em praticamente todos os aspectos da cognição Com telação à percepção existem duas teorias importantes que expressam as abordagens ascendente bottomup e descendente topdown mas que de algum modo podem lidar com diferentes aspectos do mesmo fenômeno Em última análise uma teoria completa da percepção precisa compreen det tanto os processos ascendentes bottomup como os descendentes topdown Teorias Ascendentes bottomup As quatro teorias bottomup mais importantes da petcepção da fotma e do padrão são as teorias do gabarito as teorias do protótipo as teotias das características e as teorias da des crição estrutural Teorias do Padrão Uma teoria afirma que todas as pessoaspossuem armazenada na mente uma enorme quanti dade de padrões que são modelos altamente elaborados para os moldes que as pessoaspode rão reconhecer Reconhecese um molde pela comparação deste com o conjunto de padrões A seguir escolhese o padrão certo que combina perfeitamente com aquilo que se está Capítulo 3 Percepção 89 observando Selfridge Neisser 1960 Vêmse exemplos de combinações de padrões na vida diária As impressões digitais correspondemse dessa maneira As máquinas processam rapidamente os números impressos nos cheques comparandoos aos padrões gabaritos Cada vez mais produtos de todos os tipos são identificados por meio dos códigos universais de produtos CUPs ou códigos de barra que podem ser lidos e identificados por compu tadoresno ato da compraJogadoresde xadrez que conhecem muitas jogadas utilizamse da estratégia de combinação de acotdo com a teoria do padrão para poderem se lembrardos jogos anteriores Gobet Jackson 2002 Em cada um dos exemplos citados o objetivo de se encontrai uma cottespondência per feita e desconsiderar as correspondências imperfeitas orienta a tarefa Seria alarmante pot exemplo descobrir que o sistema bancário de reconhecimento de números deixou de regis trar um depósito em sua conta corrente Isso pode acontecer porque o sistema do banco es tava programado para aceitar um caractere ambíguo segundo o que parecesse a melhor possibilidade Para a correspondência de padrões apenas uma correspondência exata será suficiente E é exatamente isso o que se espera do computador do banco Enttetanto con sideremos o sistema perceptivo agindo em situações cotidianas Ele raramente funcionaria caso se exigissem correspondências exatas para todos os estímulos a serem reconhecidos Imaginese por exemplo precisar de padrões mentais para cada percepto possível do rosto de alguémque se ama ou um para cada expressãofacial ou cada ângulo de visão cada pen teado ou cada vez que se aplica ou temove maquiagem As letras do alfabeto são mais simples que as fisionomias e outros estímulos complexos De qualquer modo as teoriasde correspondênciade padrões ou gabaritos também não ex plicamalguns aspectos da percepçãodas letrasPor exemplo essas teoriasnão explicama per cepção humana das letras e das palavras na Figura 315 É possível identificar duas letras diferentes Ae H a partir de somente uma formafísica Hoffding 1891 observououtros pro blemas E possível se reconhecer um A como A independentemente das variações no tama nho na otientação e na forma nas quais a letra está escrita Devese então acteditar que o ser humano possui padrõesmentais possíveis paracada tamanho orientação e formade uma letraArmazenar organizare recuperar tantos padrõesna memóriaseria muito complicado Além disso como se anteciparia ou se criaria tantos padtões para cada objeto de percepção concebível Figura 316 Teorias dos Protótipos A complicação e a rigidez das teorias dos padrões rapidamente deram origem a uma expli cação alternativa para a percepção de padrões a teoria da correspondência de protótipos O protótipo é uma espécie de média de uma classe de objetos ou padrões relacionados que integra todos os ttaços mais característicos e mais freqüentemente observados daquela classe Ou seja o protótipo é altamente representativo de um padrão mas não pretende oferecer uma correspondência exata ou idêntica de qualquer padrão ou de outros padrões que representa Há uma grande quantidade de pesquisas que sustenta a abordagem de cor respondência de protótipos por exemplo Franks Bransford 1971 O modelo de protótipo parece explicar a percepção das configurações Entre os exemplos estão um conjunto de pontos um triângulo um diamante uma letra F um M ou até mesmo uma configuração aleatória Posner Goldsmith Welton 1967 Posner Keele 1968 ou desenhos extrema mente simplificados de fisionomias Reed 1972 Os protótipos incluem até mesmo feições muito bem definidascriadas pela polícia chamados de identikits que são normalmente uti lizados para a identificação de testemunhas Solso McCarthy 1981Figura317 Surpreendentemente parece que o ser humano é capaz de formar protótipos até mesmo quando nunca tenha visto um exemplar que corresponda exatamente ao protótipo ou seja os protótipos que o indivíduo forma parecem integrar todos os traços maiscaracterísticos de um padrão Isso ocorre mesmoquando nunca se tenha visto um único caso em que todas as características típicas sejam integradas ao mesmo tempo Neumann 1977 Considere uma 90 PsicologiaCognitiva FIGURA 316 A 61 1 46 9 228 92 7 6 11146 922892 7 61 1 46 I 922892 a 7 6 1 146 I 922892 A correspondência depadrões irá distinguir entre diferentes códigos de barra mas nãoentre diferentes versões da letra A escritascomfontes diferentes ilustração dessaquestão Alguns pesquisadores geraram diversassériesde padrões como os da Figura317 aec baseados em um protótipo Em seguida mostraram aos participantes a série de padrõesgerados contudo não apresentaram o protótipo no qual se baseavam os padrões Mais tarde mostraram novamente a série de padrões gerados aos participantes e também ou tros padrões incluindo tanto os distratores como o padrão do protótipo Nessascondições os participantes não apenas identificaram o padtão do protótipo como aquele que haviam visto antes por exemplo Posner Keele 1968 Eles também ofeteceram avaliações particular mente altas da própria segurança em ter visto o protótipo antes Solso McCarthy 1981 Teorias das Características Outra explicação alternativa da percepção de formas e padrões são as teorias de correspon dência detraços oucaracterísticas De acordo com essas teorias o indivíduo tenta estabelecet correspondência entre as caractetísticas de um padrão e aquelas armazenadas na memória ao invés de associar um padtão inteiro a um gabarito ou protótipo Stankiewicz 2003 Um FIGURA 317 a Padrão protótipo Triângulo a M F a Aleatório Distorções do triângulo Capítulo 3 Percepção 91 100 75 50 25 75 50 5 0 Itens anugos Itens novos Semelhança com o protótipo a Essas configurações de pontos são semelhantes àquelas usadas cm experimentos por Michael l Posner eseus cola boradores Michael L Posner Ralph Goldsmith e Kennelh E velton Jr 1967 Perceived Distance and the Cias sification ofDistorted Patterns do Journal of Experimental Psychology 731 2838 1967 American Psychological Association Reimpresso com permissão b Esses desenhos altamente simpíiicados de rostos humanos são semelhantes aos usados por Stephen Reed StephenK Reedl972 Pattem Recognition and Categorization Cognitive Psychology julho de 1972 33 382407 Reimpresso com permissão de Elsevier c Esses rostos são semelhantes aos criados nos experimentos de Robert Solso eJohn McCarthy 1981 Robert Solso efudith McCarthy 1981 Prototype Formation ofFaces A Case ofPseudomemory British joumal ofPsychology novembro de 1981 v 72 n 4 p 499503 Reimpresso com permissão da The British Psychobgical Society d Esse gráfico ilus tra asconclusões de Solso e McCarthy indicando afreqüência do reconhecimento percebido decada rosto inclusive o reconhecimento deum rosto prototípico jamais visto pelos participantes do estudo desses modelos de correspondência de características é chamado de pandemônio no qual demônios metafóricos com funções específicas recebem e analisam as características de um estímulo Selfridge 1959 A Figura 318 demonstra esse modelo O modelo de pandemônio deOliverSelfridge descreve demônios da imagem osquais passam uma imagem retinal dedemônios de características Cada demônio decaracterís tica manifestase quando há correspondência entre o estímulo e a característica oferecida Essas combinações são gritadas aos demônios no ptóximo nível dahierarquia os demônios pensamentos cognitivos quegritam possíveis padrões armazenados na memória associa dos a uma ou mais características obsetvadas pelos demônios das características Um de mônio da decisão ouve o pandemônio de demônios cognitivos e decide qual foi visto a pattit de qual demônio cognitivo esteja gritando com mais freqüência ou seja qual deles tem mais características cotrespondentes Embora o modelo deSelfridge seja umdos mais conhecidos existem outras propostas demo delos e a maioria dos modelos de características não apenas distingue diferentes características 92 Psicologia Cognitiva FIGURA 318 Demônio da imagem recebe dados sensoriais Demônios das características decodificam características específicas H Linhas 1 2 3 4 verticais O i O f o Linhas horizontais 1 O 2 O 3 O 4 O Linhas oblíquas 1 o 3 O 4 O Demônios cognitivos gritam quando recebem certas combinações de características Demônio da decisão escuta em busca do grito mais alto no pandemônio para identificar os dados recebidos Processament de sinal iU Ângulos retos 1 n r A x O B 3 o E w G J i K V L v o T U JJ v w X z H M r 4 O Àng jIos agudos 1 0 N 2 O V 3 0 4 O Curvas descontínuas 1 2 O 3 O J 4 O Curvas contínuas 1 O 2 O 3 O 4 O Segundo o modelo de correspondência de características deOliver Selfridge o reconhecimento de padrões ocorre asso ciandose as características observadas àquelas jáarmazenadas na memória Reconhecemse padrões para os quais se encontram o maior númerodecorrespondências como também difetentes tipos de catactetísticas como por exemplo globais versus locais As características locais constituem os aspectos pequenos ou detalhados de um determinado pa drão Não há consenso em relação a exatamente o que constitui uma característica local Mesmo assim de um modo geral é possível fazer a distinção dessas características das globais características essas que dão forma ao seu formato geral Consideremse por exemplo osestí mulos descritos na Figura 319 a e b Esses estímulos sãodo tipo usado em algumas pesquisas sobre percepção de padrões Navon 1977 Em tetmos gerais os estímulos nos painéis a e b Capítulo 3 Percepção 93 formam a letra H No painel a as características locais Hs pequenos correspondem às glo bais No painel b que compreende muitas letras Ss locais isso não acontece Em um estudo os participantes identificaram o estímulo tanto em nível global como em nível local Navon 1977 Vejam o que aconteceu quando as letras locais eram peque nas e estavam perto umas das outras Os participantes conseguitam identificar os estímulos em nível global mais rapidamente do que em nível local Além disso quando solicitados a identificar estímulos em nível global não fez diferença se as características locais combina vam com as globais pois os participantes responderam mais rapidamente se as característi cas globais concordavam com as locais Em outras palavras eles ficavam mais lentos se tivessem que identificar os Ss locais combinados para formar um H global em vez de iden tificar os Hs combinados para formar um H global Este padtão de resultados é conhecido como efeito deprecedência global Em comparação quando as letras estavam mais espaçadas como nos painéis a e bda Fi gura 320 o efeito era invertido Nesse caso surgia o efeito de precedência local ou seja FIGURA 319 H H S S H H S s H H S s H H S s HH H HH H S S s s s s H H S s H H S s H H S s H H S s a b Compare opainel a Hs globais feito deHs locais com o painel b Hs globais feitos deSslocais Todas as letras locais ficam bem juntas D Navon Forest Before Trees ThePrecedence toGlobal Features inVisual Perception Cognitive Psychology v 9 n 3 p 353382 julho de 1977 Reimpresso com permissão da Elsevier FIGURA 320 H H S S H H S S H H H s s s H H s s H 0 H s b s Compare ospainéis a e b nosquais as letras locais sãobem espaçadas Em qual figura 321 ou322 observase o efeito deprecedência global Emque figura se observa o efeito deprecedência local D Navon Forest Before Trees ThePrecedence toGlobal Features inVisual Perception Cognitive Psychology v 9 n 3 p 353382 julho de 1977 Reimpresso compermissão da Elsevier 94 Psicologia Cognitivn ZL hving Biederman é pro fessorda William M Keck dadisciplina de Neurociência Cognitiva na Uràversity of Southern Califórnia Efamoso por seu trabalho sobre visão dealtonível e especifi camente sobrereconhe cimento deformas Sua teoria dosgeonsmostra um modopossível paraque várias imagens de objetos sejamdecompostas em um conjunto deunidades fun damentais Cortesiado írving Biederman FIGURA 321 os participantes identificaram mais rapidamente as características lo cais das letras individuais do que as globais e as características locais interferiram no reconhecimento global nos casos de estímulos contra ditórios Martin 1979 Outras limitações por exemplo o tamanho dos estímulos e outros tipos de características também influenciam a percepção Um tipo de apoio às teorias das catactetísticas vem da pesquisa neurológica e fisiológica Os pesquisadores usam técnicas de registro de atividade de célula isolada com animais Hubel Wiesel 1963 1968 1979 Eles mediram cuidadosamente as tespostas de neurônios individuais no córtex visual e depois mapearam esses neurônios para combinar com estímulos visuais para determinados locais no campo visual ver Capítulo 2 Essa pesquisa mostrou que os neurônios es pecíficos do córtex visual no cérebro respondem a diferentes estí mulos aptesentados em regiões específicas da retina que correspondem a esses neurônios Cada neurônio cortical individual pode pottanto ser mapeado em relação a um determinado campo receptivo na re tina Uma quantidade desproporcionalmente grande do córtex visual é dedicada a neurônios mapeados para os campos receptivos da tegião fóvea da retina A maioria das células no córtex não reage somente a pontos de luz mas a segmentos de luz especificamente otientados Hubel Wiesel 1979 p 9 Além disso essas células parecem mostrar uma estrutura hierárquica no grau de complexidade dos estímulos aos quais reagem de forma mais ou menos semelhante às idéias do mo delo de pandemônio Veja o que acontece à medida que o estímulo avança pelo sistema visual em níveis mais elevados no cóttex Em geral o tamanho do campo receptivo aumenta assim como aumenta a complexidade do estímulo exigido para desencadear uma reação imediata Como prova dessa hierarquia há dois tipos de neurônios no córtex visual Figura 321 células simples e células complexas Hubel Wiesel 1979 que se acredita sejam diferentes na complexidade da informação a respeito dos estímulos que processam e esta é uma teoria comprovadamente supersimplificada off on Davíd Hubele Torsten Wiesel descobriram queas células do córtex visual são ativadas apenas quando detectam a sen sação desegmentos delinha dedirecionamentos específicos In Search of the Human Minei RobertJ Stemberg 1995 Harcourt Brace and Company Reproduzido com permissão doeditor Capitulo3 Percepção 95 Com base no trabalho de Hubel e Wiesel outros pesquisadores enconttaram detectores de caractetísticas que respondem a cantos e ângulos De Valois De Valois 1980 Shapley Lennie 1985 Em algumas áreas do córtex células complexas altamente sofisticadas so mente disparam maximamente em resposta a formas muito específicas independentemente do tamanho do estímulo ideal oferecido como uma mão ou um rosto A medida que o es tímulo deixa de se assemelhar à forma ideal essas células têm cada vez menos probabilida des de disparar Sabeseagora que isso é bem maiscomplicado do que Hubel e Wiesel imaginaram Inú meros tiposde células se ptestam a inúmeras funções e estas células operam parcialmente em paralelo embora não se tenha consciênciadessa operação Por exemplo notouse que a informação espacial a respeito da localização de objetos percebidos foi processada simul taneamente com a informação a respeito de que modo os contornos dos objetos são inte grados Em tesumo julgamentos muito complexos a respeito do que é percebido são realizados em um estágio bem adiantado do processamento da informação e também em paralelo Dakin Hess 1999 Outro trabalho sobre percepção visual identificou vias neurais separadas no córtex ce rebral para processar diferentes aspectos dos mesmos estímulos De Yoe Van Essen 1988 Kõhler etai 1995 São chamadas vias o quê e onde A via o quê desce do córtex vi sual ptimátio no lobo occipital ver o Capítulo 2 em direção aos lobos temporais sendo responsável sobretudo pelo processamento da cor da forma e da identidade dos estímulos visuais A via onde sobe desdeo lobo occipital até o parietal sendo responsável pelo pro cessamento de informações sobrelocalização e movimento Assim asinformações sobreca racterísticas alimentam pelo menos dois sistemas diferentes pata a identificação de objetos e eventos no ambiente Uma vezqtie as características distintas tenham sido analisadas conforme suas posições como são integradas de forma que se possareconhecer como objetos específicos Teoria da Descrição Estrutural Considerese uma forma pela qual se possam formar representações mentais estáveis de objetosem 3D com basena manipulação de algumas formas geométricas simples Bieder man 1987 Esse meio é um conjunto de geons em 3D para íons geométricosque inclui objetos como tijolos cilindros cunhas cones e seus equivalentes em eixos curvos Bieder man 19901993b p 314 De acordo com a teoria do reconhecimento por componentes de Biederman RPC é possível reconhecer rapidamente objetos obsetvandose suas cunhas para depois decompor os objetos em geons Os geons também podem se recompor em configurações alternativas Sabese que um pequeno grupo de letras pode ser manipu lado para compor inúmeras palavras e frases Igualmente um pequeno número de geons pode ser usado para construir muitas formas básicas e depois em uma infinidadede objetos básicos Figura 322 Os geons sãosimples e não variamconforme o ponto de vista ou seja osobjetoscons ttuídos a partir de geons são facilmente reconhecidos de muitas perspectivas independen temente do ruído visual Segundo Biederman 1993a sua teoria RPC explica de forma simplescomo se consegue reconhecer a classificação geral de tantos objetos de maneira rá pida automática e precisa Esse reconhecimento ocorre apesar das mudanças no ponto de vista e até mesmoem muitas situações nas quais o objeto que estimula está deteriorado de algum modo A teoria RPC de Biederman explicacomo se reconhecemcadeiras lâmpadas e rostosde modo geral masnão explica como reconhecer cadeirasou rostos específicos Um exemplo seria o próprio rosto ou o de um grande amigo 96 Psicologia Cognitiva FIGURA 322 tr5 a Irving Biederman ampliou a teoria da associação de características ao propor um conjunto de componentes elementares de padrões a que baseou emformas tridimensionais derivada de umcone b O próprio Biederman reconheceu que alguns pontos de sua teoria requerem mais pesquisa como a maneira pela qual as relações entre as partes de um objeto podem ser descritas Biederman 19901993b p 16 Outro problema com a abordagem de Bieder man e também da abordagem ascendente bottomup em geral é como explicar os efei tos das expectativas antetiotes e do contexto ambiental sobre alguns fenômenos da percepção de padrões Abordagens Descendentes Topdown Em contraste com a abordagem ascendente bottomup está a abordagem descendente topaWi Btuner 1957 Gregory 1980 Rock 1983 von Helmholtz 19091962 Na per cepção construtiva quem percebe constrói uma representação cognitiva petcepção do Capítulo3 Percepção 97 estímulo usando informações sensoriais como base para a estru tura além de usar outras fontes de informação para construir a percepção Esse ponto de vista também é conhecido como percep ção inteligente porque diz que o pensamento de ordem superior cumpre um papel importante na petcepção Além disso dá ênfase ao papel do aprendizado na percepção Fahle 2003 Alguns pes quisadores apontam para o fato de que o mundo não apenas afeta a percepçãodo indivíduo como também o mundo experimentado é na realidade formado pela própria percepção Goldstone 2003 Essas idéias retornam à filosofia de Immanuel Kant Em outtas pa lavras a percepção é recíproca com o mundo que se experimenta afetando e sendo afetada por essa experiência Por exemplo imaginese dirigindo por uma estrada pela qual nunca passou Ao se aproximar de uma intersecção sem visibili dade vê um sinal octogonal vermelho escrito em branco com as letras PAE Um galho de árvore grande demais encobre parte do A e do E E possível que a partir da sua percepção você cons trua a sensação de uma placa de PARE Dessa forma sua reação será certa É assim que os consttutivistas sugerem que as percep ções de constância de forma e tamanho indicam que os processos construtivos de alto nível estão operantes dutante a percepção Outro tipo de constância perceptiva pode ser visto como uma ilus tração da construção descendente topdown da percepção Na constância da cor percebese que a cor de um objeto permanece a mesma apesar dasmudanças na iluminação que alteram a tonalidade Imagine que a ilumi naçãofique tão fraca que assensações de corsãoquase ausentes Ainda assim percebemse a banana como amarela a ameixa como arroxeada e assim por diante De acordo com os consttutivistas durante a percepção formamse rapidamente várias hipóteses com relação aos perceptos que são baseadosem três fatores O primeiro é o que se percebe pelossentidos dados sensoriais O segundo é o que se conhece conhecimento armazenado na memória e o terceiro é o que se pode inferir usandose os processos cog nitivos de alto nível Na percepção consideramse as expectativas anteriores Um exem plo seria esperar ver a aproximação de um amigo com o qual se tenha marcado um encontro Usase também o que se sabe sobre o contexto Nesse caso um exemplo seria que os trens sempre correm nos trilhos enquanto aviões e carros não Além disso podese usar aquiloqueseconsegue inferirrazoavelmente com base nos dados e no quesesabe a tespeito deles Segundo osconstrutivistas getalmente são feitas atribuições corretas comrelação às sensações visuais O motivo é porque se infere inconscientemente o processo pelo qual também inconscientemente se assimilam informações a partir de uma variedade de fon tesparacriaruma percepção Snow Mattingley 2003 Em outras palavras usando mais de uma fonte de infotmação são feitos julgamentos dos quais sequet se tem ciência No exemploda placa de PARE as informações sensoriais informam que a placa é um grupode consoantessemsignificado e organizadas de forma estranha Entretanto o apren dizado antetiot passa uma mensagem importante que uma placa dessa cor e dessa forma colocada em um cruzamento contendo essas três letras e nessa seqüência provavelmente significa que o indivíduo deve pararparapensar nessas letras estranhas Na verdade é bom começar a pisar no freio A percepção construtiva bemsucedida requer inteligência e pen samento paracombinar a informação sensorial com o conhecimento obtido a partirda ex periência anteriot Um argumento de defesa da abordagem construtivista é que as teorias ascendentes de baixo paracima da percepção a partirde dados não explicam totalmente os efeitos de hvin Rockfoi professor adjunto de Psicologia na University of Califórnia emBerkeley E conhecido pelapromoçãodo papeldasolução deproblemas napercepção e suaafirmação dequea percepção é indireta Criou também o estudo da aprendizagem deensinoúnico e fez importantescontribuições ao estudo da lua e outras ilusões perceptuais Foto Cortesiado Dr Irvm Rock 98 Psicologia Cognitiva contexto Os efeitos de contexto são as influências do ambiente sobre a percepção exem plo a percepção das palavras THE CAT na Figura 315 Efeitos de contexto muito inten sos podem ser demonstrados de modo experimental Biederman 1972 Biederman et ai 1974 Biederman Glass Stacy 1973 De Graef Christiaens DYdewalle 1990 Durante um estudo pediuse que os participantes identificassem objetos após têlos visto em um contexto apropriado ou inadequado a eles Palmer 1975 Por exemplo os participantes podem ver uma cena de uma cozinha seguida de estímulos como um pão uma caixa de correio ou um tambor O objeto adequado ao contexto estabelecido nesse caso o pão foi reconhecido mais rapidamente do que aqueles que não pertenciam ao contexto A força do contexto tam bém desempenha papel impottante no reconhecimento de objetos Bar 2004 Talvez ainda mais impressionante seja um efeito de contexto conhecido como efeito de superioridade deconfiguração Bat 2004 Pomerantz 1981 por meio do qual os objetos apre sentados em uma determinada configuração são mais fáceis de serem reconhecidos do que os objetos apresentados isoladamente mesmo que os primeiros sejam mais complexos que os segundos Suponha que se mostre a um participante quatro estímulos todos eles sendo linhas diagonais Três linhas estão inclinadas para um lado enquanto a restante para o outro A tarefa do participante é identificar qual estímulo é diferente dos outros Figura 323 a Suponha também que se mostrem aos participantes quatro estímulos todos in cluindo três linhas Figura 323 c Três dos estímulos têm forma de triângulo e o outro não Em cada caso o estímulo é uma linha diagonal ver Figura 323 a mais outras linhas Fi gura 323 b Dessaforma os estímulos nessa segunda condição são variações mais comple xas do que os estímulos na primeira condição Os participantes conseguem identificat mais rapidamente qual das figuras de três lados é diferente das outras do que qual das linhas é di ferente das outras Na mesma linha há um efeito de superioridade de objetos no qual uma linhaalvo que fotma uma patte do desenho de um objeto em 3D é identificada com mais precisão do que um alvo que forma parte de um padrão em 2D desconectado Lanze Weisstein Harris 1982 Weisstein Harris 1974 Essas conclusões são paralelas àquelas sobre o re conhecimento de letras e palavras O ponto de vista da percepção construtiva e inteligente mostra a relação central entre percepção e inteligência e de acordo com ele a inteligência é patte integrante do proces FIGURA 323 a b c Os sujeitos percebem mais rapidamente as diferenças entre configurações integradas com muitas linhas c doqueas com linhas solitárias a Nestafigura as linhas em b sãoadicionadas às linhas em a para criar formas em c tomando assim o painel c mais complexo do que o painel a Capítulo 3 Percepção 99 samento perceptual do ser humano Simplesmente não se petcebe em termos do que está lá no mundo mas percebese em termos de expectativas e de outras cognições trazidas para a interação do indivíduo com o mundo Conforme essateoria a inteligência e os pro cessos de percepção interagem na formação de crenças sobre o que se encontra nos conta tos do diaadia com o mundo em geral Umaposição radical descendente topdoum setiaa desesubestimar a importância dos dados sensoriais Se isso fosse corretoas pessoas seriamsuscetíveis a grandes imprecisões de percepção e geralmente formariam hipóteses e expectativas que julgariam de modo impró prio os dados sensoriais disponíveis Por exemplo quando se espera ver um amigo e outra pessoa aparece é possível que se considere de modo inadequado as diferenças perceptíveis entre o amigo e a outrapessoa Dessa forma uma abordagem construtivista extrema da per cepção estaria altamente suscetível a erroe portanto ineficiente Entretanto uma aborda gem ascendente bottomup radical não permitirá qualquer influência da experiência anterior ou conhecimento sobre a percepção Por que armazenarconhecimento que não tem utilidade para quem percebe Nenhum dos extremos é ideal para explicar a percepção E mais útil considerar formas por meio das quais os processos ascendentes bottomup e des cendentes topdoum interagem para formar perceptos com significado Sintetizando as Abordagens Ascendentes Bottomup e Descendentes Topdown Ambas as abordagens teóticas têm obtido sustentação empírica cí Cutting Kozlowski 1997vs Palmer 1975 Então qual delasescolher De um lado a teoria da percepçãocons trutiva que é ascendente topdoum parece contradizer a teoria da percepção direta que é descendente bottomup Os construtivistas enfatizam a importância do conhecimento an terior combinado com informações relativamentesimples e ambíguas dos receptores senso riais Por outro lado os teóricos da percepção direta enfatizama completude da informação nos próprios receptores sugerindo que a percepção ocorra de modo simples e direto e por tanto não há grandenecessidade de um processamento complexo da informação Em vez de considerar essas teorias como incompatíveis podese aprender mais sobre a percepção considerandoas complementates A informação sensorial pode ser mais infor mativa e menos ambígua na intetpretação de experiências do que imaginam os construti vistas mas pode sermenos informativa do que afitmam osteóricos da percepção direta Da mesmaforma os processos perceptivos podem ser maiscomplexos do que os teóricos da hi pótese gibsoniana Isso se aplicaria especialmente em condições reais em que os estímulos sensoriais aparecem apenas brevemente ou estão degradados Estímulos degradados são me nos informativos por vários motivos por exemplo os estímulos podem estar parcialmente obscurecidos ou enfraquecidos por causa da iluminação fraca Ou então podem estar in completos ou distorcidos por pistas ilusórias ou quaisquer outros ruídos visuais distração visualsemelhante a ruídos audíveis O maisprovável é que se use uma combinação de in formações de receptores sensoriais e o conhecimento anteriorparaentender aquilo que se percebe Evidências experimentaisapoiamessa abordagem integrada Treue 2003 van Zoest Donk 2004 Wolfe et aí 2003 Alguns trabalhos mais recentes sugerem que enquanto etapas iniciais da via visual re presentam apenas o que está na imagem retiniana de objeto logo depois também serão representadas a cor a direção o movimento a profundidade a freqüência espacial e a fre qüência tempotal As representações tardias nãosão independentes do foco deatenção do indivíduo Ao contrário são afetadasditetamente por este Maunsell 1995 Além disso a visão de coisas diferentes pode assumir formas diferentes O controle visual da ação é me diado por vias corticais diferentes das envolvidas no controle visual da percepção Ganel 100 Psicologia Cognitiva Goodale 2003 Em outras palavras quando se vê apenas um objeto como um telefone celular isso se processa de modo diferente de quando se tem a intenção de pegálo Em ge ral segundo Ganel e Goodale 2003 os objetos são percebidosde forma holística porém caso se pretenda fazer algo com eles serão notados mais analiticamente pata que se possa agir de modo eficaz Em resumo as teorias atuais com relação às maneiras como se percebem os padrões ex plicam alguns mas não todos os fenômenos que se encontram no estudo da petcepção da forma e do padrão Dada a complexidade do processo é impressionante que se consiga compreender tanta coisa Ao mesmo tempo uma teoria abrangente certamente ainda não está confirmada pois necessitaria da comprovação de todos os tipos de efeitos de contex tos aqui descritos Deficits Perceptivos Agnosias e Ataxias De modo geral quais são os caminhos visuais no cérebro Uma hipótese é que há dois ca minhos visuais distintos um para a identificação de objetos e o outro para apontar onde esses objetos se localizam no espaço Ungerleider Haxby 1994 Ungerleider Mishkin 1982 Os pesquisadores se referema isso como a hipótese do quefonde Estadivisão tem como base uma pesquisa conduzida com macacos Em especial um grupo de macacos com lesões no lobo temporal conseguiamindicar onde as coisas estavam masnão conseguiam reconhe cer o que eram Em contrapartida macacos com lesões no lobo parietal foram capazes de reconhecer o que as coisas eram mas não onde estavam Uma interpretação alternativa dos caminhos visuais sugere que os dois caminhos refe remse não ao que as coisas são ou onde estão mas àquilo que são e como funcionam Esta é a hipótese do quelcomo Goodale Milner 2004 Goodale Westwood 2004Estahipótese sustenta que a informação espacial a respeito de alguma coisa está localizada no espaço e está sempre presente no processamento da informação visual O que diferencia os dois ca minhos é se a ênfase reside em identificar o que um objeto é ou ao contrário de como situarse de forma a alcançar os objetos Assim a questão aqui é determinar se é mais im portante sabet o que o objeto é ou como alcançálo Dois tipos de deficits de processamento sustentam a hipótese do quecomo Vamos con siderarprimeiro o que Obviamente os psicólogos cognitivos sabem muita coisa a tespeito dos processos perceptivos notmaisquando estudam a percepção em participantes normais Além disso entretanto tambémobtêm compteensão da percepção ao estudarpessoas cujos processos perceptuais são diferentes da norma Farah 1990 Weiskrantz 1994 Um exem plo seriao daspessoas que sofrem de agnosia um grave déficit na capacidade de perceberin formações sensoriais Moscovitch Winocur Behrmann 1997 São diversas as formas de agnosias e nem todas são visuais Aqui o enfoqueé nas incapacidades específicas de enxer garformas e padrões no espaço Pessoas com agnosia visual possuem sensações normais do que está diante delas mas não conseguem reconhecer o que são As agnosias geralmente ocorrem em conseqüência de lesões cerebrais Farah 1990 1999 Outra causa importante de agnosia decorre da falta de oxigênio em certas áreas do cérebro A falta de oxigênio é com freqüência decorrente de traumatismo cerebralZoltan 1996As agnosias estão asso ciadas a danos nas áreas limítrofes do lobo occipital e do temporal Pessoas com esses defi cits têm problemas com o caminho do que Capítulo 3 Percepção 101 Sigmund Freud 1953 que se especializou em neurologia clínica antes de desenvolver sua teoria psicodinâmica da personalidade observou que alguns de seus pacientes não con seguiam identificar objetos conhecidos Não obstante não apresentavam qualquer perturba ção psicológica específicaou dano aparente em suas habilidades visuais Na vetdade pessoas que sofrem de agnosia visual de objeto conseguem captar todas as partes do campo porém os objetos que vêem não têm significadopara elas Kolb Whishaw 1985 Por exemplo um paciente agnósico ao olhar para um par de óculos primeiro notou um círculo depois outro depois que havia uma haste e finalmente imaginou que estivesse olhando para uma bici cleta Na verdade uma bicicleta é feita de dois cítculos e uma haste Luria 1973 Lesões em certas áreas visuais do córtex são responsáveis pela agnosia visual de objeto Transtornos na região temporal do córtex podem conduzir à simultagnosia na qual um indivíduo não consegue prestar atenção a mais de um objeto ao mesmo tempo Por exem plo se você fosse simultanósico e estivesse olhando para a Figura324 você não consegui ria ver cada um dos objetos ali apresentados Ao contrário você diria que está vendo o martelo mas não os outros objetos Williams 1970 Na agnosia espacial o indivíduo tem grande dificuldade em se orientar no ambiente cotidiano Por exemplo um agnósico espa cial pode se perder de casa virar em lugares errados no trajeto diátio e até mesmo não con seguir reconhecer as referências mais familiares Tais indivíduos também aparentam grande dificuldade em desenhar traços simétricos de objetos simétticos Heaton 1968 Esse pro blema aparentemente é tesultado de lesões no lobo parietal do cérebro A prosopagnosia mencionada antetiotmente resulta em uma deficiência grave na capacidade de reconheci mento de fisionomias Farah et ai 1995 Feinberg et ai 1994 McNeil Warrington 1993 Young 2003 Um indivíduo com prosopagnosia por exemplo poderá nem mesmo reco nhecer a si próprio no espelho Além disso existem casos muito mais raros de prosopagnó sicos que não conseguemreconhecer fisionomias humanas masque conseguem reconhecer a dos animais de sua fazenda de modo que o problema parece ser extremamente específico ao reconhecimento de fisionomias humanas McNeil Warrington 1993 Este transtorno fascinante deu origem a muitas pesquisas sobre identificação de fisionomias e tomouse o mais recente assunto do momento na percepção visual Damasio 1985 Farah etaí 1995 FIGURA 324 Quandoseolhapara essa figura veemse vários objetos sobrepostos Indivíduos com simuitagnosia nãoconseguem ver mais que um objeto de cada vez Sensation and Perception de Stanley Coren e Lawrence M vard J989 de Harcourt Brace Company Reproduzido com permissão doeditor 102 Psicologia Cognitiva Farah Levinson Kelin 1995 Haxby et ai 1996 O funcionamento do giro fusiforme do hemisfério direito está fortemente associado à prosopagnosia e em particular esse trans torno está ligadoa danos ao lobo temporal direito do cérebro Para complicar ainda maisas coisas a prosopagnosia pode surgir de várias formas Algumas vezes outros domínios da ca pacidade são afetados como nomes de animais conhecidos ao invés de fisionomias huma nas Portanto o transtorno pode não ser exclusivamente a falha em reconhecer fisionomias como se pensava no início A prosopagnosia em particulat e a agnosia em geral são obs táculos que persistem ao longo do tempo Em um determinado caso uma mulher após into xicação por monóxido de carbono começou a sofrer de agnosia inclusive a prosopagnosia Depois de 40 anos essa mesma paciente foi reavaliada e ainda apresentava essesdeficits Es sas conclusões revelam a longevidade da agnosia Sparr et aí 1991 Há ainda outros tiposde agnosias Um delesé a agnosia auditiva que é a incapacidadede reconhecer determinados sons O paciente C N não conseguia distinguir diferentes tipos de música Ela não conseguia reconhecet melodias de sua própria coleção de discos além de não conseguir dizer se duas melodias eram iguaisou diferentes Peretz et ai 1994 A pesquisa recente sugere que a agnosia auditiva pode ser neurologicamente diferente da agnosia musical Ayotte et ai 2000 Peretz et ai 1996 Em termos comportamentais a agnosiaauditiva e a musical podem ser separadas Vignolo 2003 Em alguns pacientes a capacidade de reconhecer músicas conhecidas fica prejudicada Em outros a capacidade de reconhecer sons não musicais específicosé comprometida Dois outros tipos de agnosias estão ligados ao reconhecimento de objetos Gazzaniga Ivry Mangun 2002 A agnosia aperceptiva é a incapacidade de reconhecer objetos e está li gada a uma falha no processamento perceptual A agnosia associativa é a capacidade de re presentar objetos visualmente mas não set capaz de usar essa informação para reconhecer coisas Assim na agnosia associativa o problema não está no processamento perceptual mas nos processos cognitivos associativos que operam sobte as representações percep tuais Anaki etai 2007 Um tipo final de agnosia a ser descrito é a agnosia decores A ag nosia de cores é a incapacidade para nomear as cores sem uma perda correspondente na capacidade de percebêlas Nijboer et aí 2007 Nijboer van Zandvoort de Haan 2007 Woodwardetaí 1999 Outro tipo de déficit de percepção está associado ao dano no caminho do como Este déficit é a ataxia óptica redondo que é um defeito na capacidade de usar o sistema visual pata orientar os movimentos Himmelbach Karnath 2005 As pessoascom essedéficit têm dificuldade para alcançar coisas Por exemplo ter medo de deixar as luzes da casa apagadas por não ser capaz de na volta enxergar a fechadura e ficar tateando até acertat a chave no buraco da fechadura o que é muito desagradável e toma muito tempo Alguém com ataxia óptica apresenta esse problema mesmo tendo visão perfeita Nesse caso o caminho do como está danificado Esse tipo de especificidade extrema dos deficits leva a questões sobte a especialização Especificamente existem centros de processamentos distintos ou módulos para determi nadas tarefas perceptuais Essa questão vai alémda separação dos processos perceptivos e das modalidades sensoriais diferentes ex as diferenças entre percepção visual e audi tiva Os processos modulares são aqueles especializados em tarefas específicas e podem ser apenas processosvisuais como na percepção da cor ou uma integração dos processos visuais e auditivos como em determinados aspectos da petcepção do discurso discutidos no Capítulo 10 Jerry Fodor filósofo moderno e influente escteveu um livro inteiramente dedicado à delineação dascaracterísticas necessárias dos processos modulares Para que alguns proces sos sejam realmente modulares as seguintes propriedades devem existir Em primeiro lu gar os módulos precisam funcionarcom rapidez e essa operaçãoé compulsória Emsegundo Capítulo 3 Percepção 103 lugar os módulos apresentam resultados caracterizadamente superficiais ou seja reve lando categorizações básicas O acesso central às computações é limitado e não está su jeito às influências conscientes da atenção Em terceiro lugar os módulos são específicos de domínio e em sintonia com relação aos tipos de informações utilizadas A informação não flui necessariamente livre entre os diversos módulos e por vezes fica encapsulada Finalmente os módulos são sustentados por arquiteturas neurais fixas e portanto softem padrões característicos de relações Sendo assim para que a percepção de fisionomias seja considerada um processo verdadeiramente modular é necessário que se obtenha mais evi dência da especificidade de domínio e encapsulação informacional Ou seja os outros processos perceptuais não deveriam contribuir interferir ou compartilhar informações para a percepção de fisionomias Além disso as bases neurológicas da prosopagnosia não são bem compreendidas Embora os psicólogos cognitivos fiquem intrigados pelo fato de que algumas pessoas apresentam a prosopagnosia eles ficam ainda mais fascinados com o porquê de a maioria das pessoas não o ser Como é que se reconhece a mãe ou o melhor amigo E como se re conhecem formas muito mais simplese menos dinâmicas das letras das palavras nesta frase Este capítulo examinou apenas alguns dos inúmeros aspectos da percepção que interessam aos psicólogos cognitivos São dignos de nota os processos cognitivos pelos quais se for mam as representações mentais daquilo que é percebido pelos sentidos Essas representa ções usam conhecimento anterior inferências e operações cognitivas especializadas pata entendet as sensações humanas Anomalias na Percepção da Cor Outro tipo de déficit perceptivo é o da cor que é muito mais comum em homens do que em mulheres e está ligadoà hereditariedade Este déficit é diferente da agnosiada cor discutida anteriormente na qual a pessoa ainda que perceba a cor não consegue dizer que cor é Sempreque o déficit na percepção da cor ocorre o indivíduonão consegue perceber as di ferenças nas cores O déficit na percepção da cor geralmente dura a vida inteira e ao con trário da agnosia da cor se desenvolve a partir de uma lesão Há vátios tipos de deficiência de cor também chamada de daltonismo Enttetanto ape nas um tipo representa o verdadeiro daltonismo que ocorre quando as pessoas não conse guem ver cor alguma Pessoas apresentando essagrave dificuldade possuem o que se chama de monocromacia Indivíduos com déficit de percepção de cor em um grau inferior à mono cromacia sofrem de dicromacia que ocorre por causa do mau funcionamento de um dos me canismos da percepção da cor O resultado desse erro é um dos deficits de percepção de cor que se seguemO mais comum é o relacionado ao vermelho e ao verde As pessoas que so frem deste déficit têm dificuldade para distinguir vermelho de verde embora consigamdis tinguir digamos vermelho escuro do verde claro Essas pessoas apresentam uma das duas síndtomes descritas a seguir Visual disabilities Colorblindness 2004 Um tipo é a protanopia que é umaforma extremade daltonismopara vermelhoe verde As pessoas com estasíndrome têm dificuldade para ver comprimentos de onda muito lon gos ou seja os vermelhos Esses vermelhos lhes parecem mais como beges porémmais es curosdo que de fato são Os vetdesse parecem com os vermelhos A protanomalia é a forma menos extrema de daltonismo para vermelho e verde O segundo tipo de daltonismo para vermelho e verde é a deuteranopiay em que as pessoas têm dificuldade pata ver comprimen tos de onda médios ou seja os verdes A deuteranomalia é uma forma menos grave dessa condição Embora aspessoas comdeuteranomalia não consigam enxergar osvermelhos e os verdes como as pessoas normais em geral ainda conseguem distinguilos 104 Psicologia Cognitiva Muito menos comum do que o daltonismo para vermelho e verde é o daltonismo para azul e amarelo As pessoas com esse tipo de daltonismo têm dificuldade para distinguir azul de verde A tritanopia é a falta de sensibilidade aos comptimentos de onda curtos ou seja os azuis Os azuis e os verdes podem ser confusos mas os amarelos também parecem desa parecer ou parecem tons claros de vermelhos A menos comum das anomalias de cor é o monocromatismo de bastonetes também cha mado de acromatismo As pessoas com essa condição não conseguem ver qualquer cor ou seja esta é a forma verdadeira de daltonismo puro Os portadotes dessa anomalia têm co nes que não funcionam e só enxergam tons de cinza como resultado de sua visão através dos bastonetes do olho Aquinetopsia e Acromatopsia A aquinetopsia é uma perda seletiva da percepção do movimento Gazzaniga Ivry Man gun 2002 Nesse transtorno o indivíduo não consegue perceber o movimento Ao con trário o movimento lhe parece apenas uma série de instantâneos Este é um déficit apatentemente muito raro Zihl von Cramon Mai 1983 e parece ocorrer apenas em casos de lesão bilateral grave nos córtices tempoparietais como conseqüência de lesão no córtex ptestriado A acromatopsia é uma disfunção hereditária que provoca a ausência de cones na retina As pessoas com esta síndrome precisam confiar nos bastonetes para poder enxergar Falta lhes a visão em cotes e têm dificuldade para enxergar detalhes A incidência dessa anoma lia é de aproximadamente uma em 33000 pessoas What is achromatopsia 2007 Temas Fundamentais Vários temas fundamentais como os descritos no Capítulo 1 surgem no estudo da percep ção O primeiro é o do racionalismo iersus empirismo Quanto daquilo que se petcebe pode ser compreendido como resultado de alguma ordem no ambiente que seja relativamente independente dos mecanismos perceptuais Segundo a visão gibsoniana muito do que se percebe deriva da estrutura do estímulo independentemente da experiência do indivíduo com ele Em contrapartida na visão da percepçãoconstrutivista constróise o que se per cebe Constroemse mecanismos para a percepção com base na experiência com o ambiente Como tesultado disso a percepção é influenciada pelo menos na mesma proporção pela inteligência e pela estrutura dos estímulos percebidos O segundo tema importante é o da pesquisa básica versus a pesquisa aplicada A pes quisa sobre percepção tem muitas aplicações por exemplo no entendimento de como são construídas as máquinas que percebem O United States Postal Service empresa de correios dos Estados Unidos por exemplo faz muito uso de máquinas que lêem os códigos postais em correspondências e pacotes enviados Se essas máquinas não forem precisas as cartas e encomendas correm o risco de se perder Essas máquinas não podem depender apenas de uma rigorosa correspondência de padrões porque as pessoas escrevem números de manei ras diferentes Assim as máquinas devem fazer pelo menos alguma análise das caractetísti cas Outro exemplo de aplicação da pesquisa da percepção está nos fatores humanos Os pesquisadores dos fatores humanos projetam máquinas e interfaces do usuário para que se jam fáceis de usar Um motorista de automóvel ou um piloto de avião precisa tomar deci sões em frações de segundos de forma que as cabines devem ter painéis de instrumentos bem iluminados fáceis de serem lidos e acessíveis para ação imediata Capítulo3 Percepção 105 O terceiro tema é o da generalidade versus especificidade de domínio Talvez em ne nhum outro lugar este tema seja tão bem ilusttado do que na pesquisa sobre o reconheci mento de fisionomias Há algo de especial no reconhecimento de fisionomias Parece que sim No entanto muitos dos mecanismos utilizados para o reconhecimento de rostos tam bém são utilizados para outros tipos de percepção Dessa forma parece que os mecanismos conceituais podem ser mistos alguns gerais entre domínios outros específicos de domí nios como o reconhecimento de fisionomias Fique de péem um dos lados de uma sala e levante opolegar naaltura doolho deforma que fique do mesmo tamanho da potta do lado oposto E possível acreditat que seu polegar seja maior que a porta Não Você sabe que seu polegar está petto de você que só parece ser do tamanho da potta Há inúmeras indicações nesse aposento indicando que a potta está mais longe que seu dedo Em sua mente você torna a porta muito maior para compensar a distância entre você e ela Em consistência com um tema mencionado no início do capítulo o conhecimento é a chave para a percepção Você sabe que seu polegare a porta não são do mesmotamanho e pottanto tem condiçõesde usaresse conhecimento para aquiloque você sabe que não é Leituras Sugeridas Comentadas Gauthier I Skudlarski P Gore J C An Sparr S A Jay M Drislane F W Venna derson A W Expertise fot cats and bitds N A histotical case of visual agnosia te recruitsbrain áreasinvolved in face recog visitedafter 40 years Bran 1142 789 nition Nature Neuroscience 3 191197 7901991 Um exame da agnosiadurante 2000 Um exame do papel da técnica no a vida de um paciente giro fusiforme Xu Y Revisiting the role of the fusiform face Palmer S EVision Science Cambridge Bra área in visual expertise Cerebral Córtex dford Books 1999 Uma análise com 158 12341242 2005 Um exame da pleta e muito penetrante de todos os técnica visual aspectosdo estudo cognitivo e científico da visão CAPITULO Atenção e Consciência 4 EXPLORANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA 1 E possível processar ativamente a informação mesmo que não se esteja ciente disso Em caso afirmativo o que se faz e como se faz isso 2 Quais são algumas das funções da atenção 3 Quais são algumas teorias que os psicólogos cognitivos desenvolveram para explicar aquilo que observaram a respeito dos processos da atenção 4 O que os psicólogos cognitivos aprenderam a respeito da atenção pelo estudo do cé rebro humano Atenção é a tomada de posse pela mente de modo claro e vivido de um entre o que parecem ser vários objetos ou linhas de pensamentos simultaneamente pos síveis Implica em se afastar de algumas coisaspara lidar efetivamente com outras William James Princípios daPsicologia A Natureza da Atenção e da Consciência Atenção é o meio pelo qual se processa ativamente uma quantidade limitada de infor maçãoa partir da enorme quantidade de informaçãodisponível por meio dossentidos da memória armazenada e de outros processos cognitivos De Weerd 2003a Duncan 1999 Motter 1999 Posner FernandezDuque 1999 Rao 2003 Ela inclui processos cons cientese inconscientes Os processos conscientes são relativamente fáceis de ser estudados em muitos casos Os processos inconscientes são mais difíceis de estudar porque simples mente não se tem consciênciadeles Jacoby Lindsay Toth 1992 Merikle 2000 Porexem plo o indivíduo sempre tem disponível em sua memóriao lugar onde dormia quando tinha 10anos mas talvez não consiga processar essa informaçãoativamente com muitafreqüência Da mesma forma sempre terá disponível uma infinidadede informações sensoriais porexem plo no próprio corpo e em sua visão periférica neste exato momento Mas dá atenção a apenas uma quantidade limitada de informação sensorial disponível em determinado 107 108 Psicologia Cognitiva instante Figura 41 Além disso têmse pouca informação confiável sobre o que acontece quando se dorme e mais ainda os conteúdos da atenção podem residir dentro ou fora da consciência Davies 1999 Davies Humphreys 1993 Metzinger 1995 Há muitas vantagens em se ter processosde atenção de algum tipo Parece que há pelo menos alguns limites para os nossos recursos mentais Também há limites quanto ao volume de informação na qual se podem concentrar aqueles recursos mentais em um determinado momento Os fenômenos psicológicos da atenção possibilitam o uso dos recursos mentais li mitados de maneira sensata Ao diminuir a atenção sobre muitos estímulosexternos sensa ções e internos pensamentos e lembranças podemos focar os estímulos que mais nos interessam Este foco acentuado aumenta a probabilidade de respostarápida e precisaaoses tímulosque interessam A atenção acentuada também abre caminho para os processos de re cordação E mais provável que o indivíduo se recorde de informações às quais prestou atenção do que aquelas que ignorou A consciência inclui tanto o sentimento de percepção consciente como o conteúdo da consciência parte da qual pode estar sob o foco da atenção Block Flanagan Güzeldere 1997 Bourguignon 2000 Chalmers 1995 1996 Cohen Schooler 1997 Farthing 1992 2000 Mareei Bisiach 1988 Nelkin 1996 Peacocke 1998 Taylor 2002 Velmans 1996 Assim sendo a atenção e a consciência formam dois conjuntos parcialmente sobrepostos DiGirolamo Griffin 2003 Em um dado momento os psicólogos acreditavam que a aten ção fosse a mesma coisaque a consciência Atualmente contudo eles reconhecem que parte do processamento ativo da informaçãosensoriale da informaçãolembrada ocorre sem cons ciência Shear 1997 Tye 1995 Por exemplo nessaaltura da sua vida escrever o próprio nome não requer consciência E possível escrevêtosem que você o faça enquanto realiza conscientemente outras atividadesporém não o faráseestivercompletamente inconsciente Em contrapartida escrever um nome que nunca se viu antes requer atenção para a seqüên cia das letras Os benefícios da atenção são especialmente visíveis quando se referem aos processos conscientes da atenção Além do valor geral da atenção a atenção consciente serve a três propósitos ao desempenhar um papel causai na cognição Em primeiro lugar ajuda a mo nitorar as interações do indivíduo com o ambiente Por meio desse monitoramento man témse a consciência de quão bem o indivíduo está se adaptando à situação em que se encontra Em segundo lugar ela ajuda as pessoas a estabelecerem uma relação com o pas sado lembranças e com o presente sensações para dar um sentido de continuidade da experiência Essa continuidade pode até mesmo servir como base para a identidade pessoal Em terceiro lugar a atenção ajuda no controle e no planejamento das ações futuras que se FIGURA 41 Sensações Processos controlados Lembranças Atenção inclusive consciência Ações Processos de pensamento Processos automáticos A atenção funciona como meio dedirecionar osrecursos mentais para a informação e osprocessos cognitivos que es tão mais em evidênciaem um determinado momento Capítulo4 Atençãoe Consciência 109 faz com base nas informações do monitoramento e das ligações entre as lembranças do pas sado e as sensações do presente Processamento préconsciente Algumas informações que atualmente ficam fora da consciência ainda podem estar disponí veis na consciência ou pelo menos nos processos cognitivos As informações disponíveis para o processamento cognitivo mas que atualmente estão fora da consciência existem no nível préconsciente da consciência A informação préconsciente inclui recordações arma zenadas que não estão sendo usadas em um determinado momento mas que podem ser acessadas quando necessário Por exemplo sempre que estimulado o indivíduo pode se lem brar de como é o próprio quarto no entanto não fica pensando conscientemente a respeito do quarto a menos talvez se estiver se sentindo extremamente cansado Da mesma forma assensações também podem ser trazidas da préconsciênciapara a consciência Porexemplo antes de ler esta sentença o leitor pode dizerse estava bastante consciente das sensaçõesem seu pé direito Provavelmente não Entretanto essas sensações estavam disponíveis Como é possível estudar coisas que atualmente estão fora da consciência Os psicólo gos resolveramesseproblema estudando um fenômeno conhecido como priming ativação O primingocorre quando o reconhecimento de determinados estímulos é afetado pela apre sentação anterior dos mesmos estímulos Neely 2003 Suponha por exemplo que alguém esteja lhe dizendo o quanto gosta de ver televisão desde que comprou uma antena parabó lica Ele faz um discurso sobre as vantagens desse tipo de antena Mais tarde você ouve a palavra antena e é provável que pense que se trata de uma parabólica e não de uma an tena comum de televisão Isto é completamente diferente para outra pessoa que não tenha ouvido a conversa sobre as antenas parabólicas A maioria dos primings é positiva uma vez que a apresentação prévia dos estímulos facilita o reconhecimento Entretanto o priming às vezes pode ser negativo e pode impedir o reconhecimento tardio As vezes temse cons ciência dos estímulos de priming por exemplo agora você já tem priming para ler descrições de estudos sobre priming Entretanto o priming ocorre mesmo quando os estímulos de priming são apresentados de maneira que não permitam sua entrada na consciência Nesse caso é apresentado em uma intensidade tão baixa em um ambiente com excesso de ruído por exemplo quando muitos outros estímulosdesviam a atenção consciente sobre eles ou en tão de forma rápida demais para serem registrados na consciência Por exemplo em uma série de estudos Mareei observou o processamento de estímulos que haviam sido apresentados em um período curto demais para serem detectados pela consciência Mareei 1983a 1983b Nesses estudos as palavras eram apresentadas aos par ticipantes muito brevemente em milissegundos ou milésimos de segundos Depois de apresentadas cada palavra era substituída por uma máscara visual que bloqueia a perma nência da imagem da palavra na retina a superfície posterior do olho que contém os recep tores sensoriais da visão Mareei cronometrou as apresentações para que fossem muito breves de 20 a 110 milissegundos assegurandose de que os participantes não seriam ca pazes de detectálas de forma consciente Quando solicitados a adivinhar a palavra que ha viam visto os participantes ofereceram palpites ao acaso Em outro estudo Mareei apresentou aos participantes uma série de palavras a serem classificadas em diversas categorias Alguns exemplos seriam pernaparte do corpo e pinhei roplanta Nesse estudo os estímulos de priming foram palavras com mais de um significado Por exemplo palma tanto pode ser uma parte da mão como uma planta Em uma instância os participantes estavam conscientes de ver uma palavra de priming que tinha dois signifi cados Para esses participantes o caminho mental para um dos dois significados parecia 110 Psicologia Cognitiva estar ativado Em outras palavras um dos dois significados das palavras apresentava o efeito de priming facilitando acelerando a classificação da palavra relacionada subsequente Contudo o outro sentido apresentava um tipo de priming negativo inibindo tornando mais lenta a classificaçãoda palavra não relacionada subsequente Por exemplo se a pala vra palma fosse apresentada por um período longo o bastante para que o participante tivesse consciência de têla visto a palavra tanto inibiria como facilitaria a classificação da pala vra punho dependendo da associação que o participante fizesse da palavra paimacom mão ou com planta Aparentemente se o participante estivesse consciente de ter visto a palavra palma o caminho mental para um significado era ativado O caminho mental para o outro significado foi inibido Em contrapartida se a palavra palma for apresentada por pouco tempo de modo que a pessoa não tenha ciência de vêla os dois significadosda palavra pa recem ter sido ativados Esse procedimento facilitou a classificação seguinte de palavras no vas como por exemplo punho Os resultados de Mareei foram polêmicos e precisavam ser replicados por investigações independentes que utilizassem formas rígidas de controle o que de fato aconteceu Chees man Merikle 1984 Essas investigações utilizaram uma tarefa de identificação de cores e a conclusão a que chegaram é que a ocorrência da percepção subliminar dependeria da de finição do limiar da consciência Se o limiar abaixo do qual a percepção é subliminar fosse definido em termos do nível em que os participantes relatam a ocorrência de uma palavra na metade do tempo então a percepção subliminar ocorreria Se no entanto a definição da percepção subliminar for em termos de um limiar objetivo que se aplica a todos então ela não terá ocorrido Esse estudo aponta para a importância da definição em qualquer in vestigação cognitivapsicológica Se um fenômeno ocorre ou não às vezes depende da forma exata como ele é definido Outro exemplo de possíveisefeitos de priming e processamento préconsciente pode ser en contrado em um estudo definido como teste de intuição Esse estudo usou uma tarefa envol vendo dtades de tríades Bowers et ai 1990 Apresentaramse aos participantes pares díades de grupos de três palavras tríades Uma das tríades em cada díade era um agrupa mento potencialmente coerente a outra continha palavras aleatórias e não relacionadas Por exemplo as palavras no Grupo A uma tríade coerente podem ter sido brincando crédito e relatório As palavras no Grupo B uma tríade incoerente podem ter sido ainda páginas e música Após a apresentação da díade de tríades foram mostradas aos participantes possí veis opções para uma quarta palavra relacionada a uma das duas tríades Em seguida os parti cipantes foram solicitados a identificar duas coisas A primeira era qual das duas tríades era coerente e relacionada a uma quarta palavra A segunda qual quarta palavra era ligada à trí ade coerente No exemplo anterior as palavras do Grupo A podem ser associadas de modo significativo a uma quarta palavra carta carta de baralho carta de amor carta de moto rista As palavrasdo Grupo B não apresentavam essarelação Alguns participantes não conseguitam descobrir qual era a quarta palavra unificadora de um determinado par de tríades mas mesmo assim foram solicitados a indicar quais das duas tríades era coerente Mesmo quando não conseguiam afirmar qual era a palavra unificadora os participantes conseguiram identificar a tríade coerente em um nível superior ao do acaso Pareciam ter alguma informação préconsciente disponível que os levava a escolher uma tríade em detrimento de outra e o faziam mesmo que não soubessem conscientemente qual palavra unificava a tríade Os exemplos descritos acima se referem ao priming que no entanto não precisa ser ne cessariamente visual Os efeitos do priming também podem ser demonstrados pelo uso de ma terial de áudio Os experimentos explorando o priming auditivo revelam os mesmos efeitos comportamentais dos primings visuais Ao usar métodos de neuroimagem os pesquisadores Capítulo 4 Atenção e Consciência 111 descobriram que áreas similares do cérebro estão envolvidas em ambos os tipos de priming Badgaiyan Schacter Alpert 1999 Bergerbest Ghahremani Gabrieli 2004 Schacter Church 1992 Uma aplicação interessante de priming auditivo foi utilizada com pacientes sob efeito de anestesia Enquanto anestesiados listas de palavras foram apresentadas a esses pacientes que depois de acordados deveriam responder sim ou não e completar as palavrasdos radi cais que ouviram Os pacientes tesponderam às perguntas de sim ou não ao acaso e não re lataram conhecimento consciente das palavras Entretanto na tarefa de completar palavras a partir de radicais os pacientes demonstraram evidência de priming pois completavam fre qüentemente as palavras cujos radicais lhes foram apresentados enquanto estiveram sob o efeito da anestesia Esses resultados demonstram que mesmo quando o paciente não tem qualquer lembrança de um evento auditivo isso pode afetar seu desempenho Deeprose et aí 2005 Infelizmente às vezes trazer informações préconscientes para a consciência não é fá cil Por exemplo a maioria das pessoas já experimentou o fenômeno napontadalíngua no qual se tenta lembrar de algo que se sabe está armazenado na memória mas que não se consegue acessar Os psicólogos tentaram criar experimentos para mensurar esse fenômeno Por exemplo tentaram descobrir o quanto as pessoaspodem recobrar informações que apa rentemente estão situadas no nível préconsciente Em um estudo Brown McNeill 1966 foram lidas aos participantes inúmeras definições de dicionário Em seguida foram solicitados a identificar as palavras que correspondiam a esses significados Esse procedi mento constituiu um jogo semelhante aos programas de TV em que os participantes res pondem a perguntas sobre temas diversos Por exemplo eles poderiam receber a dica instrumento usado por navegadores para medir o ângulo entre um corpo celeste e o hori zonte No estudo alguns participantes não conseguiram apresentar a palavra mas acha vam que a conheciam Em seguida várias perguntas a respeito da palavra foram feitas pot exemplo eles poderiam identificar a primeira letra ou indicar o número de sílabas ou uma aproximação dos sons da palavra De modo geral os participantes responderam a todas as perguntas corretamente Eles foram capazes de indicar algumas propriedades da palavra certa para o instrumento mencionado anteriormente Por exemplo começa com s tem duas sílabas e soa como sexteto Por fim alguns participantes descobriram que a palavra procurada era sextante Esses resultados indicam que informações prévias préconscientes embora não estejam totalmente acessíveis ao pensamento consciente estão disponíveis para os processos de atenção O fenômeno napontadalíngua é aparentemente universal e é encontrado nas mais diversas línguas Também é visto em pessoas com limitações de leitura ou analfabetas Brennen Vikan Dybdahl 2007 Esse fenômeno varia conforme a idade da pessoa e a di ficuldade da pergunta Adultos mais velhos apresentam mais experiências napontadalín gua do que adultos jovens Gollan Brown 2006 O córtice anterior e os córtices préfrontais cingulados antetiores são acionados quando alguém vivência a experiência na pontadalíngua que sedeve ao alto nível de mecanismos cognitivos que sãoativados para resolver a falha na recuperação da informação Maril Wagner Schacter 2001 A percepção préconsciente também é observadaem pessoas com lesões em algumasáreas do córtex visual Ro Rafai 2006 geralmente pacientes cegos em áreas do campo visual que correspondem às áreas lesionadas do córtex Entretanto alguns desses pacientes parecem apresentar visão cega traços de capacidade perceptiva visual em áreas cegas Kentridge 2003 Sempre que forçados a dar um palpite sobre um estímulo na região cega eles acer tam localizações e posições de objetos em níveis superiores ao acaso Weiskrantz 1994 Da mesma forma quando forçados a tentar pegar objetos na área cega os participantes 112 PsicologiaCognitiva corticalmente cegos mesmo assim préajustam as mãos adequadamente ao tamanho à forma à posição e à localização em 3D do objeto que está no campo cego Mareei 1986 p 41 Contudo não conseguem demonstrar comportamento voluntário como tentar pe gar um copo de água que esteja na região cega mesmo quando estão com sede Parece ocor rer algum processamento visual mesmo quando os participantes não têm consciência das sensações visuais Um exemplo interessante de visão cega é o estudo de caso de um paciente chamado D B Weiskrantz 1986 O paciente ficou cego no lado esquerdo do campo visual em conse qüência de uma operação mal sucedida ou seja cada um dos olhos tinha um ponto cego no lado esquerdo do campo visual Coerente com esse dano D B relatou não ter consciência de qualquer objeto colocado no seu lado esquerdo ou de quaisquer eventos que ocorressem daquele lado Contudo apesar da falta de consciência de visão desse lado havia evidên cias de visão O investigador mostrava objetos do lado esquerdo do campo visual e a seguir apresentava a D B um teste de escolha focada em que o paciente tinha de indicar qual de dois objetos havia sido apresentado desse lado D B teve um desempenho em níveis sig nificativamente melhores do que o acaso Em outras palavras ele viu apesar de não ter consciência de ter visto Outro estudo foi concluído com um paciente com danos no córtex visual em conse qüência de um derrame Os experimentadores repetidamente emparelharam um estímulo visual com choque elétrico Após inúmeros pares de estímulos o paciente começou a de monstrar medo sempre que o estímulo visual era apresentado embora não pudesse explicar porque estava com medo Deste modo o paciente foi processando a informação visual em bora não pudesse enxergar Hamm et ai 2003 Os exemplos anteriores mostram que pelo menos algumas funções cognitivas podem ocorrer fora da consciência Parece que o ser humano pode sentir perceber e até mesmo reagir a muitos estímulos que nunca adentram a consciência Mareei 1983a Então quais processos requerem ou não a consciência INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Escreva seu nome várias vezes em um pedaço de papel enquanto visualiza tudo o que puder lembrar sobre o quarto em que você dormia quando tinha 10 anos Enquanto continua escrevendo seu nome e visualizando seu antigo quarto faça uma viagem mental de consciência para observar suas sensações corporais começando pelo dedão do pé seguindo pela perna cruzando o torso até o ombro oposto e descendo pelo braço Que sensações você está sentindo pressão do chão dos sapatos ou das roupas ou talvez uma pressão em algum outro lugarVocê ainda está conseguindo escrever seu nome enquanto acessa imagens na memória e continua pres tando atenção às sensações desse momento Processos Controlados versus Processos Automáticos Muitos processos cognitivos também podem ser diferenciados em termos de exigência ou não de controle consciente Schneider Shiffrin 1977 Shiffrin Schneider 1977 Os pro cessos automáticos não requerem controle consciente ver Palmeri 2003 Em sua maior parte são realizados sem consciência mas podese estar consciente de estarem sendo feitos Eles demandam pouco ou nenhum esforço ou mesmo intenção Os processos automáticos múltiplos podem ocotrer simultaneamente ou pelo menos muito rapidamente e sem uma seqüência específica e são chamados de processos paralelos Em comparação os processos controlados são acessíveis ao controle consciente e até mesmo o requerem sendo realizados Capítulo4 Atençãoe Consciência 113 NO LABORATÓRIO DE JOHN F KIHLSTROM John Kihlstrom éprofessor do Departamento de Psicologia da University of Califórnia em Berkeley e é membro do Institute for Cognitive and Brain Sciences e do Institute for PersonaUty and Social Re search Atualmente dirige umprograma interdisciplinar degraduação em Ciên cias Cognitivas Em seu artigo The Cognitive Unconscious O Inconsciente Cognitivo publi cado na revista Science foi amplamente reconhe cido e suscitou renovado interesse cientifico na vida mental inconsciente depois de quase um século do freuãsmo Kihlstrom 1987 O objetivo maior da minha pesquisa é uti lizar os métodos da Psicologia Cognitiva para compreender o fenômeno da hipnose um es tado especialde consciência no qual ossujeitos podem enxergar coisas que não existem não conseguem ver coisas que existem e reagem a sugestões póshipnóticas sem saber o que estão fazendo ou por que o estão fazendo Depois de sair da hipnose eles não conseguem se lembrar daquilo que fizeram enquanto hipnotizados Esse fenômeno conhecido como amnésia pós hipnótica tem sido o foco mais importante da minha pesquisa Kihlstrom 2007 Em primeiro lugar no entanto precisa mos encontrar os indivíduos certos pois exis tem enormes diferenças individuais em termos de hipnotizabilidade ou a propensão a ser hip notizado Embora indivíduos hipnotizáveis te nham propensão para outras experiências de imaginação ou de absorção não há um questio nário de personalidade que possa afirmar com segurança quem pode ou não ser hipnotizado A única maneira de descobrir quem é hipnotizá vel é tentar hipnotizálo e ver se funciona Com esse propósito dispomos de um conjunto de escalas padronizadas de suscetibilidade hip nótica que são testes firmados em desempenho semelhantes aos testes de inteligência Cada escala começa com uma indução à hipnose na qual o indivíduo é solicitado a relaxarfocalizar os olhos e prestar atenção à voz do hipnotiza dos Em seguida o indivíduo recebe uma série de sugestões para várias experiências Sua rea ção a cada uma dessas sugestões é avaliada de acordo com um critério padronizado de comportamento que leva a uma nota total representando a capacidade deste indiví duo de ser hipnotizado A partir deste ponto no entanto nossos experimentos em cognição se parecem com quaisquer outros exceto pelo fato de que os nossos participantes estão hipnotizados Em um estudo que usou um paradigma de apren dizado verbal conhecido Kihlstrom 1980 os sujeitos memorizaram uma lista de 15 pa lavras conhecidas como menina ou cadeira e depois recebiam uma sugestão para amnésia póshipnótica Vocênão conseguirá se lem brar que aprendeu essas palavras enquanto esteve hipnotizado Você não se lembrará que eu falei essas palavras ou o que são essas palavras Como parte dessa sugestão esta belecemos uma pista de reversibilidade Agora você se lembra de tudo para can celar a sugestão de amnésia Após sair da hipnose os sujeitos altamente hipnotizáveis não se lembravam de quase nada da lista ao passo que os não suscetíveis que ha viam passado pelos mesmos procedimentos se lembravam da lista quase que perfeita mente Isto demonstra que a ocorrência de amnésia póshipnótica está altamente corre lacionada com a hipnotizabilidade Depois os participantes receberam um teste de associaçãode palavras no qual eram apresentadas pistas e lhes era solicitado que relatassem a primeira palavra que lhes viesse à mente Algumas dessas pistas eram pala vras como menino e mesa que sabidamente produziam alvoscríticos na listado estudo Outras eram pistas de controle como lâm padae cachorros com probabilidade igual mente alta de produzir alvos neutros como Iu e gatos que não haviam sido estudados Apesar da incapacidade de se lembraremdas palavras que haviam acabado de estudar os sujeitos hipnotizáveis e os amnésicos não produziram menos alvos críticos do que os sujeitos não suscetíveis e os não amnésicos Isto demonstra que a amnésia póshipnótica é uma interrupção da memória episódica mas não da semântica De fato Endel Tul ving 1983 citou esse experimento como contínua 114 Psicologia Cognitiva NO LABORATÓRIO DE JOHN F KIHLSTROM continuação um dos primeiros estudos convincentes sobre a diferença entre esses dois tipos de memória Mais importante ainda no teste de livre associação os sujeitos tiveram mais probabilida des de gerar alvos críticos em lugar de neutros Este é um fenômeno de priming semântico no qual uma experiência prévia como a de estudar uma lista de palavras facilita o desempenho em uma tarefa posterior como a de gerar pala vrasdurante um teste de associaçãolivre Meyer Schvaneveldt 1971 A magnitude do efeito de priming foi a mesma nos sujeitos hipnotizáveis e amnésicos e nos não suscetíveis e não amnési cos Em outras palavrasa amnésia póshipnótica acarreta uma dissociação entre a memória explí cita e a implícita Schacter 1987 Enquanto a memória explícita e implícita está dissociada de outras formas de amnésia a dissociação observada na amnésia póshipnó tica possui algumas características que a tornam especial A maioria dos estudos da memória implícita em sujeitos neurologicamente intac tos emprega condições de codificação altamente degradadastais como processamento sem pro fundidade de forma a prejudicar a memória ex plícita Contudo na amnésia póshipnótica a codificação não é degradada de forma alguma Os sujeitos deliberadamente memorizaram a lista conforme critério rígido de aprendizado antes que a sugestão de amnésia fosse dada e se lembraram perfeitamente de toda a lista bem depois da sugestão para amnésia ser revertida Dessa forma o fenômeno comprova que a me mória implícita pode ser dissociada da memória explícita até mesmo sob condições de processa mento profundo Mais importante a grande maioria dos estudos de memória implícita na amnésia e memória normal também dizem respeito ao priming de repetição conforme exemplificado pelos testes de complementação de radicais e complementação de fragmen tos O primingde repetição pode ser mediado por meio de uma representação com base na percepção do prime estímulo ativador e de acordo com as teorias mais populares do foco de memória implícita nos sistemas de representação perceptiva no cérebro Porém nesse estudo a natureza do priming é semân tica e precisa ser mediada por uma represen tação com base na representação do prime Dessa maneira os estudos sobre a hipnose nos lembram que uma teoria abrangente da memória implícita terá de ir muito além do priming de repetição e dos sistemas de re presentação perceptiva Referências Kihlstrom j F Posthypnotic amnésia for re cently learned material Interactions with episodic and semanticmemory Cog nitive Psychobgy 12 227251 1980 Kihlstrom J F The cognitive uncons cious Science 2374821 14451452 1987 Kihlstrom J F Consciousness in hypnosis In P D Zelazo M Moscovitch E Thompson ed Camfrídge handbook of consciousness p 445479 Cambridge Cambridge University Press 2007 Meyer D E Schvaneveldt R W 1971 Facilitation in recognizing pairs of words Evidence of a dependence between re trieval operations Journal of Experimental Psychology 90 227234 1971 Schacter D L Implicit memory History and current status Journal of Experimen tal Psychology Leaming Memory and Cognition 13 501518 1987 Tulving E Elements of episodic memory Oxford Oxford University Press 1983 em seqüência isto é um passo de cada vez Levam mais tempo para serem executados pelo menos em comparação com os processos automáticos Trêsatributoscaracterizamos processos automáticosPosner Snyder 1975 Primeiro são ocultosda consciência Segundo não são intencionaise terceiro consomempoucos recursos da atenção Uma visão alternativa sugete um continuum entre os processos inteiramente au tomáticos e os inteiramente controlados De um lado a extensão dos processos controlados Capítulo4 Atenção e Consciência 115 é tão grande e diversificada que seria muito difícil caracterizartodos os processos controlados da mesma maneira Logan 1988 Dificuldades semelhantes surgem ao se caracterizarem os processos automáticos Alguns deles não podem ser recuperados na consciência apesar dos inúmeros esforços feitos para tanto Entre esses exemplos estão o processamento précons ciente e o priming Outros processos automáticos como amarrar os sapatos podem set con trolados intencionalmente mas raramente são conduzidos dessa maneira Por exemplo dificilmente se pensa a respeito de todas as etapas envolvidas na execução dos muitos com portamentos automáticos independentemente de serem trazidos até a consciência esses pro cessos não requerem decisões conscientes com relação a quais músculos mexer e que ações tomar Porexemplo quando se faz uma ligação telefônica pata alguém conhecido ou quando se está ao volante indo para um lugar conhecido não se questiona quantos músculosserão necessários para desempenhar essa tarefa Contudo suas identidades podem ser trazidas até a consciência e controladas de modo relativamente fácil O Quadro 41 resume as caracte rísticas dos processos controlados versus os processos automáticos QUADRO 41 1 Processos Controlados versus Processos Automáticos Épossível que haja um continuum de processos cognitivos desde os totalmente controla dos até os completamente automáticos esses traços caracterizam os extremos polares de cada grupo Características Processos Controlados Processos Automáticos Quantidade de esforço intencional Requerem esforço intencional Requerem pouco ou nenhum esforço e o esforço intencional pode até ser necessário para evitar comportamentos automáticos Grau de consciência Requerem consciência total Geralmente ocorrem fora da consciência embora alguns processos automáticos possam estar disponíveis à consciência Uso de recursos da atenção Consomem muitos recursosda atenção Consomem recursos de atenção desprezíveis Tipo de processamento Realizado em série um passo por vez Realizado por meio de processamento paralelo por exemplo muitas operações ao mesmo tempo ou pelo menos sem seqüência definida Velocidade de processamento Execução relativamente demorada se comparada com processos automáticos Relativamente rápidos Novidade relativa das tarefas Tarefas novas e imprevistas ou com muitas características variáveis Tarefas conhecidas e muito executadas com catactetísticas bastante estáveis Nível de processamento Níveis relativamente altos de processamento cognitivo exigindo análise ou síntese Níveis telativamente baixos de processamento cognitivo análise ou síntese mínimas Dificuldade das tarefas Tarefasgeralmente difíceis Tarefas quase sempre relativamente fáceis mas mesmo as quase complexas podem ser automatizadas com prática suficiente Processo de aquisição Com prática suficiente muitos procedimentos de rotina e até mesmo estáveis po dem se tomar automatizados de maneira que os ptocessos altamente controlados podem se tornar parcial ou totalmente automáticos assimo total de prática neces sária para a automatização aumenta muito para as tarefas altamente complexas 116 Psicologia Cognitiva Na verdade muitas tarefas que começam como processos controlados acabam se tor nando automáticas Por exemplo dirigir um carro é inicialmente um processo contro lado Uma vez que se aprende a fazêlo tornase automático em condições normais de direção Essas condições compreendem trajetos conhecidos tempo bom e pouco ou ne nhum tráfego Da mesma forma quando se aprende a falar uma língua esttangeira é pre ciso traduzir palavra por palavra a partir da sua língua nativa Com o tempo o indivíduo começa a pensar na segunda língua Essepensamento possibilita que se pule a etapa da tra dução intermediária fazendo com que o processo de falar se torne automático A atenção consciente pode ser revertida ao conteúdo em lugar do processo da fala Mudança seme lhante do controle ao processamento automático ocotre quando se adquire a capacidade de ler Entretanto quando as condições mudam a mesma atividade poderá exigir nova mente controle consciente Ao dirigir por exemplo se a rua estiver molhada o indivíduo provavelmente irá prestar mais atenção para frear e acelerar As duas tarefas são normal mente automáticas ao dirigir Podese observar que os procedimentos que se aprendem no início da vida muitas ve zes tornamse automáticos e menos acessíveis à consciência do que aqueles adquiridos mais tardiamente Alguns exemplos são amarrar os sapatos andar de bicicleta ou até mesmo ler Geralmente os processos e os procedimentos de rotina adquiridos mais recentemente são menos automáticos Ao mesmo tempo estão mais acessíveis ao controle consciente A au tomatização também chamada de procedimentalizaçâo é o processo pelo qual um procedi mento passa de altamente consciente a relativamente automático Como o leitor pode ter imaginado com baseem sua própria experiência a automatização acontece como conseqüên cia da prática Atividades muito praticadas podem ser automatizadas tornandose assim automáticas LaBerge 1975 1976 1990 LaBerge Samuels 1974 Como ocorre a automatização Uma visão bastante aceita é a de que durante a prática a implementação dos vários passos acaba por se tornar mais eficiente O indivíduo combina gradualmente os passos individuais trabalhosos com componentes integrados Estes com ponentes então são ainda mais integrados Por fim todo o processo é um único procedi mento altamente integrado ao invés de uma junção de passosindividuais Anderson 1983 LaBerge Samuels 1974 Conforme essa teoria as pessoasconsolidam vários passosdistin tos em uma única operação que requer pouco ou nenhum recurso cognitivo como a aten ção Essa abordagem da automatização está aparentemente sustentada por um dos primeiros estudos da automatização Bryan Harter 1899 Esse estudo investigou de que forma os operadores de telégrafo automatizavam gradualmente a tarefa de enviar e receber mensagens No início os novos operadores automatizavam a transmissão de letras indivi duais Entretanto uma vez automatizada a transmissão de letras eles automatizavam a transmissão de palavras de frases e depois de outros grupos de palavras Outra explicação alternativa chamada teoria do exemplo foi proposta Logan 1988 sugeriu que a automatização ocorre porque se acumula conhecimento de modo gra dual sobre determinadas reações e estímulos Por exemplo quando uma criança aprende a somar e a subtrair ela aplica um procedimento geral contar para lidar com cada par de números Após a prática repetida a criança armazena pouco a pouco o conhecimento so bre pares específicos de números específicos Ainda assim pode recorrer ao procedimento geral contar quando for necessário Do mesmo modo quando aprende a dirigir uma pes soa pode se utilizar de uma riqueza acumulada de experiências específicas Essas experiên cias formam uma base de conhecimento a partir da qual a pessoa pode rapidamente lançar mão de procedimentos específicos a fim de responder a estímulos específicos como carros que se aproximam ou faróis de trânsito Conclusões pteliminares sugerem que a teoria do exemplo de Logan explica melhor as respostas específicas a estímulos específicos como o cálculo de combinações aritméticas A visão predominante pode explicar melhor respos tas mais gerais no que diz respeito à automatização Logan 1988 Capítulo 4 Atenção e Consciência 117 Os efeitosda prática sobre a automatização mosttam uma curva de aceleração negativa Nessa curva os efeitos da prática inicial são grandes Um gráfico de melhoria de desempe nho mostraria uma curva de ascendência brusca no início Os efeitos da prática posterior fazem cada vez menos diferença no grau de automatização Em um gráfico que mostra essa melhoria Figura 42 a curva acabaria por se estabilizar Claramente os processosautomá ticos geralmente regem tarefas conhecidas e bastante praticadas Os processos controlados comandam tarefas relativamente fáceis A maioria das tarefas difíceis requer processa mento controlado contudo com prática suficienteaté as maiscomplexas tarefas como ler podem se tornar automatizadas Como os comportamentos extremanente automatizados exigempouco esforçoou controle consciente podese ter múltiplos comportamentos auto máticos potém dificilmente podese ter mais de umcomportamentocontroladoautomático que demande muito esforço Embora não exijam controle consciente os processos automá ticos raramente estão sujeitos a este tipo de controle Por exemplo a correta articulação fala e exímia digitação podem ser intetrompidas quase que imediatamente a um sinal ou reação à detecção de erro Entretanto o exímio desempenhode comportamentosautomá ticos muitas vezes é prejudicado pelo controle inconsciente Tente ler andando de bici cleta enquanto monitora conscientemente todos os seus movimentos Vai ser muito difícil executar essas duas tarefas A automatização de tarefascomo a leitura não é garantida mesmocom prática Inúme ras pesquisas apontam que em casos de dislexia a automatização fica prejudicada Maises pecificamente indivíduos com dislexia em geral apresentam dificuldades em finalizar tarefas normalmente automáticas além da leitura Brambati et ai 2006 Ramus et ai 2003 van der Leij de Jong RijswijkPrins 2001 Yap van der Leij 1994 Não necessaria mente todas as tarefasrelacionadas à automatização estão prejudicadasem pessoas com dis lexia Em alguns estudos algum nível de automatização foi registrado em indivíduos com dislexia Kelly Griffths Frith 2002 FIGURA 42 100 1 23456789 10 Blocos de testes A taxade melhoria provocada pelos efeitos daprática mostra umpadrão deaceleração negativa A curva deaceleração negativa atriimiaíi a efeitos da prática ésemelhante àcurva apresentada indicando que a taxa do aprendizado fica mais lenta à medida que o volume do aprendizado aumenta até atingir um pico de aprendizado em nível estável 118 Psicologia Cognitiva E importante automatizar várias rotinas de segurança Norman 1976 Isto se aplica principalmente às pessoas com ocupações de alto risco como pilotos mergulhadores e bombeiros Porexemplo mergulhadores novatos reclamam dafreqüente repetição de vários procedimentos de segurança dentro dos limites de uma piscina Um exemplo de procedi mento seria ter que se soltar de um cinturão estorvador com pesos Entretanto essa é uma prática muito importante como eles verão mais tarde Os mergulhadores experientes reco nhecem o valor desses procedimentos quando precisam contar com eles diante de eventual pânico ao confrontar uma situaçãode emergência no fundo do mar que coloquesuas vidas em risco Em algumas situações os processos automatizados podemsalvarvidas ao passo que em outras podem colocálas em risco Langer 1997 Consideremos um exemplo daquilo que Langer 1989 chama de descuido Em 1982 piloto e copiloto repassavam uma lista de itens antes da decolagem Observaram sem cuidado que o anticongelante estava des ligado como era para acontecer em circunstâncias normais porém não nas gélidas condi ções em que se preparavam para voar O voo acabou em um acidente com a morte de 74 passageiros Muitas vezes a implementação descuidada de processos automáticos resulta em conseqüências bem menos trágicas Por exemplo ao dirigir é possível que a pessoa acabe indo direto paracasa ao invés de pararem uma loja como havia planejado Ou após ser virsede um copo de leite o indivíduo acabe guardando a caixa de leite no armário da co zinha e não no refrigerador Uma análise abrangente dos erros humanos aponta que podem ser classificados como equívocos ou como lapsos Reason 1990 Os equívocos são erros na escolha de um obje tivo ou na especificação de um meio para atingilo já os lapsos são erros na realização de um meio para se atingir um objetivo Suponha por exemplo que você tenha resolvidoque não precisa estudar para um exame Assim propositadamente deixa o livro em casa ao sair para um fim de semana prolongado mas no momento do exame descobre que deveria ter estudado Segundo Reason você cometeu um equívoco Contudo suponha que tivesse a intenção de levaro livro pois planejouestudar muitodurante o fim de semanaprolongado mas com pressa sem querer esqueceu o livro em casa Isso seria um lapso Resumindo os equívocos compreendem erros em processos controlados intencionais e os lapsos ge ralmente compreendem erros em processos automáticos Reason 1990 Existemvários tipos de lapsos Norman 1988 Reason 1990 ver Quadro 42 Em ge ral os lapsos têm maior probabilidade de ocorrer em duas circunstâncias Na primeira cir cunstância desviase de uma rotina e osprocessos automáticos inadequadamente dominam os processos intencionais e controlados Na segunda os processos automáticos são inter rompidos Essas interrupções em geral resultam de eventos externos ou informações de fora mas algumas vezes podem ser resultado de eventos internos como os pensamentos que causammuita distração Imagineque você está digitando um documento logoapóster discutido comumamigo Você iráfazer pausas emsuadigitação à medida queospensamen tos sobre como deveria ter reagido à discussão irão interromper a sua digitação normal mente automática Os processos automáticos são muito úteis em várias ocasiões Eles liberam aspessoas de prestar excessiva atençãoem tarefas rotineiras como amarrar ossapa tos ou ligar para um número conhecido Assim é provável que se abra mão dos processos automáticos apenas pata evitar lapsos ocasionais Ao contrário devese tentar minimizar os custos desses lapsos Como minimizar o potencial paraas conseqüências negativas dos lapsos Em situações cotidianas é menos provável que se cometam lapsos quando se recebem respostas adequa das do ambiente Por exemplo a caixa de leite pode ser maior que a prateleira do armário da cozinhaou seu passageiro poderá lhe dizer Achei que iríamos passar na loja antes de ir para casa Capítulo 4 Atenção e Consciência 119 QUADRO 42 Lapsos Associados a Processos Automáticos Ocasionalmente quando nos distraímos ou somos interrompidos durante a implementa ção de um processo automático ocorrem lapsos Todavia em comparação com o número de vezes em que o indivíduo se envolve em processosautomáticos a cada dia os lapsos são eventos relativamente raros Reason 1990 Tipo de Erro Descrição de Erro Exemplo de Erro Erros de captura A intenção é desviarsede uma atividade rotineira que se está implementando em um contexto conhecido mas no ponto de onde deveria distanciatse da rotina se para de prestar atenção e obtet controle novamente do processo Então o processo automático captura o comportamento e o indivíduo não consegue se desviar da rotina 0 psicólogoWilliam James 18901970 citado em Langer 1989 deu um exemplo no qual ele seguiu automaticamente sua rotina usual tirando as roupas de trabalho vestindo o pijama e indo para a cama para só então se dat conta de que pretendia tirar a roupa de trabalho e vestirse para ir a um jantat Omissões A interrupção de uma atividade de rotina pode causar um lapso de um passo ou dois na implementação da parte remanescente da rotina Quando se vai a outro cômodo da casa para pegar algo se uma distração por exemplo o telefone o interromper o indivíduo poderá voltar ao cômodo onde estava sem pegar o objeto Perseverações Após um procedimento automático ter sido concluído um ou mais de seus passos podem ser repetidos Se ao ligar o carro o indivíduo se distrair poderá girar a chave outra vez Erros de descrição Uma descrição interna de um comportamento pretendido leva a realizar a ação correta sobre o objeto errado Ao guardar as compras o indivíduo pode colocar o sorvete no armário e um pacote de farinha no congelador Erros causados por dados Informações sensoriais que se recebe podem acabar por dominar as variáveis pretendidas em uma seqüência de ação automática Na intenção de digitar um número conhecido ao ouvir alguém dizer outra série de números o indivíduo pode acabar digitando alguns desses números em lugar daqueles que pretendia Erros de ativação associativa Associações fortes podem desencadear a rotina automática errada Quando se espera que alguém chegue à potta se o telefone tocar o indivíduo pode atender dizendo Entre Erros de perda de ativação A ativação de uma rotina pode ser insuficiente pata levála até o final Freqüentemente todas as pessoas passam pela sensação de ir a outro cômodo da casa para fazer algo e ao chegar lá se perguntam O que é que vim fazer aquií Talvezpior ainda seja a sensação desagradávelSei que eu deveria estat fazendo alguma coisa mas não lembro o que é Até que algo no ambiente motive a lembrança as pessoas podem se sentir extremamente frustradas As omissões e perseverações podem ser consideradasexemplosde erros na seqüênciade processos automáticos Entre os errosdesse tipo estão a sequência incorreta de passos como tentar tirar as meiasantes dos sapatos 120 PsicologiaCognitiva Se fosse possível encontrar maneirasde se conseguirum retorno útil talvezse pudessem reduzir as probabilidadesde conseqüências desastrosas dos lapsos Um tipo de retorno bas tante útil envolve uma função forçada Essas são limitações típicas que dificultam ou impos sibilitam a tealização de um comportamento automático que possa levar a um lapso Norman 1988 Como exemplo de função forçada alguns carros modernos dificultam ou impedem que se dirija sem o cinto de segurança Podese elaborar as próprias funções for çadas como colocar um aviso na direção como lembrete de que precisa fazer algo antes de ir para casa ou colocar objetos na frente da casa de forma a bloquear a saída para forçar a lembrança de que se deseja levar algo consigo Durante a vida automatizamse inúmeras tarefas cotidianas mas um dos pares mais úteis de processos automáticos aparece pela primeira vez horas após o nascimento a habi tuação e seu oposto complementar a desabituação Habituação e Adaptação A habituação está relacionada ao ato de se acostumar com um estímulo de tal modo que aos poucos se passe a prestar cada vez menos atenção a ele A conttapartida da habituação é a desabituação na qual uma mudança em um estímulo conhecido leva o indivíduo a começar a notálo outra vez Os dois processos ocorrem automaticamente sem nenhum esforço consciente A estabilidade e a familiaridade relativas do estímulo comandam esses processos Quaisquer aspectos que pareçam diferentes ou novos desconhecidos conduzem à desabituação e fazem com que a habituação seja menos provável Por exemplo suponha APLICAÇÕES PRÁTICAS DA PSICOLOGIA COGNITIVA A habituação também tem falhas Entediarse durante uma palestra ou durante a leitura de um livro didático é sinal de habituação Sua atenção pode começar a se desviar para os ruídos de fundo ou você pode descobrir que leu um ou dois parágrafos sem qualquer lembrança do conteúdo Fe lizmente você pode se desabituar com muito pouco esforço Aqui estão alguns passos que sugeremcomo superar os efeitos negativos do tédio 1 Faça pausas ou alterne tarefas diferentes se possível Se você não consegue se lembrar dos últimos parágrafos do texto é hora de parar por alguns minutos Volte e marque a última página de que se lembra e largue o livro Se uma pausa lhe parece desperdício de tempo va lioso faça outro trabalho por certo tempo 2 Faça anotações enquanto lê ou escuta A maioria das pessoas faz isso As anotações concentram a atenção no conteúdo mais do que apenas escutar ou ler Se necessário tente alternar entre o texto impresso e suas anotações a fim de tornar a tarefa mais interessante 3 Ajuste seu foco de atenção para aumentar a variedade dos estímulos A voz do instrutor está se arrastando interminavelmente de modo que você não consegue fazer uma pausa durante a exposição Tente observar outros aspectos dessa pessoa como gestos das mãos ou mo vimentos corporais e ao mesmo tempo preste atenção ao conteúdo Crie um intervalo no fluxo fazendo uma pergunta levantar a mão já pode fazer uma mudança no padrão de fala do palestrante Mude seu nível de excitação Se nada mais adiantar você precisará se forçar para se interessar pelo conteúdo Pense sobre como ele poderá ser usado em sua vida diária Além disso às vezes apenas respirar fundo de vezem quando ou fechar osolhos por alguns segundospode mudar seus níveis internos de excitação Capítulo 4 Atençãoe Consciência 121 QUADRO 43 Diferenças entre Ada Dtação Sensorial e Habituação As reações relacionadas à adaptação fisiológica ocorrem principalmente nos órgãos sen soriais ao passoque aquelasrelacionadas à habituação cognitiva ocorrem principal mente no cérebro e se relacionam à aprendizagem Adaptação Habituação Não acessível ao controle consciente Exemplo você não consegue determinar o quão rapidamente irá se adaptar a determinado cheiro ou a uma mu dança específicana intensidade da luz Acessível ao controle consciente Exemplo você pode decidir ficat ciente de conversas de fundo às quais havia se habituado Muito vinculado à intensidade dos estímulos Exem plo quanto maisaumenta a intensidadede uma luz mais fortemente seus sentidos irão se adaptar a ela Não muito vinculado à intensidade do estímulo Exemploseu nível de habituação não vai ser muito diferente em sua reação ao som de um ventiladot barulhento e de um condicionador de ar silencioso Não relacionadoà quantidade à duração e ao período de exposições anteriores Exemplo os receptotessen soriaisde sua pele responderãoàs mudanças de tem peratura basicamenteda mesmaformanão impor tando quantas vezes você tenha sido exposto a essas mudançase o quão tecentemente as experimentou Muito vinculado à quantidade à duração e ao cará tet recente de exposições anteriores Exemplo você se habituará com rapidezao som de um carrilhão se tiver sido exposto ao som com mais freqüência por períodos maislongose em ocasiões maisrecentes queumrádio estejatocando música instrumental enquantovocê lêo seu livro de Psicologia Cognitiva A princípio o som poderá distraílo mas após algum tempo você sehabitua a ele e malo percebe Porém seo volume da música mudasse muito de uma hora para outra você iria imediatamente desabituarse a ele O som que antes era familiar e ao qual você estava habituado deixaria de ser familiar entrando dessa maneira em sua consciência A habituaçãonão é limitada aosseres humanossendoencontrada em organismos tão simples como o molusco Aplysia Castellucci Kandel 1976 Em geral não realizamos qualquer esforço paranos habituaràs sensações dos estímulos do ambiente Não obstante embora geralmente não se tenha controle consciente sobre a própriahabituação é possível fazêlo Assim a habituação é um fenômeno da atenção que difere do fenômeno fisiológico da adaptação sensorial A adaptação sensorial é uma dimi nuição daatençãoa umestímulo quenão seja objetodecontroleconsciente Ela ocorre di retamentenosórgãos sensoriais e não no cérebro Podese exerceralgum controleconsciente sobre a observação de algo com o qual se tenha habituado masnão tem qualquercontrole consciente sobre a adaptação sensorial Por exemplo não podemos nos forçar consciente mente a sentir um aroma ao qual os nossossentidos se adaptaram nem podemosconscien temente forçar as pupilas a se adaptarem ou não se adaptarem aos diferentes níveis de claridade ou escuridão Por outro lado se alguém nos perguntar Quem é o guitarrista da quelamúsica podemos novamente observar a música defundo O Quadro 43 oferece ou tras distinções entre adaptação sensorial e habituação Dois fatores que influenciam a habituação são a variação dosestímulos internos e a ex citação subjetiva Alguns estímulos estão mais ligados à variação interna que outros Por exemplo a música de fundo contém mais variação interna do que o ruído estável de um aparelho de arcondicionado A complexidade relativa do estímulo um tapete oriental complexo versus um tapete cinza nãoparece importante para a habituação Ao invés disso o que impotta é o volume de mudança que ocotre no estímulo com o passar do tempo Por exemplo ummobile envolve mais mudanças do que uma escultura rígida e mais complexa 122 PsicologiaCognitiva Dessa maneira é relativamente difícil estar sempre habituado aos ruídos de uma televisão que mudam o tempo todo mas é relativamente fácil ficar habituado ao ruído constante de um ventilador A razão é que as vozes muitas vezes falam animadamente e com inflexão acentuada ou seja mudam constantemente enquanto o som do ventilador permanece constante com pouca variação Os psicólogos conseguem observar a habituação ocorrendo no nível fisiológico ao me dir o nível de excitação das pessoas A excitação é o nível de agitação fisiológica da reação e da prontidão pata a ação em relação a uma condição básica Medese a excitação geral mente pelos batimentos cardíacos pela pressão sangüínea pelos padrões de eletroencefa lograma EEG e também por outros sinais fisiológicos Vamos considerar o que acontece por exemplo quando um estímulo visual fixo permanece no campo de visão do indivíduo por muito tempo A atividade neural conforme demonstrado pelo EEG em resposta a esse estímulo diminui ver o Capítulo 2 Tanto a atividade neural como outras reações fisioló gicaspor exemplo batimentos cardíacos podem ser mensuradas Essas mensuraçõesdetec tam alta excitação em resposta à novidade percebida ou diminuída em resposta à familiaridade Na verdade os psicólogos de diversos campos de atividade fazem uso das in dicações fisiológicas da habituação para estudar uma ampla gama de fenômenos psicológi cos em pessoas que não conseguem relatar verbalmente suas reações Dentre essas pessoas incluemse os bebês e pacientes em coma Os indicadores fisiológicos da habituação infor mam ao pesquisador se a pessoa observa mudanças nos estímulos Essas mudanças podem ocorrer em termos de cor padrão tamanho ou formato do estímulo Esses indicadores sina lizam se a pessoa percebe as mudanças sob qualquer condição bem como quais mudanças específicas a pessoa observa no estímulo Entre outros fenômenos os pesquisadores usaram a habituação para estudar a discrimi nação visual detecção de diferenças entre os estímulos nos bebês Primeiramente eles ha bituam o bebê a um determinado padrão visual apresentandoo até que o bebê não preste mais atenção nele Em seguida apresentam um padrão visual ligeiramente diferente da quele ao qual o bebê está habituado Se ele conseguir discriminar a diferença não se habi tuará ou seja irá notar o novo padrão Se todavia o bebê não conseguir perceber a diferença parecerá habituado também ao novo padrão A habituação definitivamente oferece ao sistema de atenção das pessoas muito mais do que recebe ou seja a própria habituação não demanda qualquer esforço consciente e re quer poucos recursos de atenção Apesar de usar pouquíssimos recursos a habituação ofe rece enorme apoio aos processos da atenção permitindo que as pessoas facilmente desviem a atenção dos estímulos conhecidos e relativamente estáveis direcionandoos a estímulos novos e instáveis Podese conjecturar a respeito do valor evolutivo da habituação sem ela o sistema de atenção sofreria uma demanda muito maior Com que facilidade o ser humano funcionaria em ambientes altamente estimulantes se não pudesse se habituar a estímulos conhecidos Imaginese tentando ouvir uma aula se não pudesse se habituar aos sons da sua respiração ao ruído dos papéis e livros e ao zumbido abafado das lâmpadas fluorescentes Percebese um exemplo de falha de habituação em pessoasque sofrem de tinnitus zum bido no ouvido Pessoascom tinnitus apresentam problemas de habituação a estímulos au ditivos Muitas pessoascom zumbido no ouvido quando colocadas em um espaço silencioso irão relatar o zumbido ou outros sons Entretanto pessoas que sofrem de tinnitus crônico têm grande dificuldade de se adaptarem ao ruído Walpurger et ai 2003 Há também evi dências que indicam que pessoas com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade TDAH que será discutido mais adiante neste capítulo têm dificuldade em se habituar a vários tipos de estímulos Essadificuldade ajuda a explicai porque estímulos comuns como o zumbido das lâmpadas fluorescentes podem distrair uma pessoa com TDAH Jansiewicz et ai 2004 Capítulo 4 Atenção e Consciência 123 Atenção Detecção de Sinais A habituação sustenta o sistema humano de atenção que realiza muitas funções além de apenas sairda sintonia dos estímulosconhecidos e entrar em sintonia com estímulosnovos A atenção consciente possui quatro funções básicas Em primeiro lugar pela detecção de sinais detectase o surgimento de determinados estímulos O indivíduo tenta detectar um sinal por meio da vigilância até mesmo quando se começa a sentir cansaço em conseqüência de uma longa ausência de sinal Em segundo lugar pela atenção seletiva escolheseprestar atenção em alguns estímulos e ignorar outros Cohen 2003 Duncan 1999 Em tetceiro lugar pelaatenção dividida alocase prudentemente os recursos de atenção disponíveis para coordenar o desempenho em mais de uma tarefa por vez Em quarto lugat pela busca ten tase encontrar um sinal dentre as inúmeras distrações Essasquatro funções estão resumidas no Quadro 44 Primeiramente consideremos a detecção de sinais Quais os fatores que contribuem para a capacidadedo ser humano de detectar os eventos importantes no mundo De que maneira as pessoas procuramdetectar no ambiente estímulos importantesCompreender essafunção da atenção tem importância prática imediataO salvavidas em uma praia lotada precisaes tar sempre altamente vigilante Da mesma maneira que um controlador de tráfego aéreo Muitas outras ocupações também exigem vigilância como as que envolvem sistemas de co municação e de alerta e controle de qualidade em quase todos os ambientes Até mesmoo trabalho de investigadores de políciade médicos de psicólogos e pesquisadores requer vigi lância Também é preciso buscar dentre um conjunto de itens variados quaisos mais im portantes Em cada ambiente as pessoas precisam ficar alertas para detectar o aparecimento de um estímulo mas cada um envolve a presença de fatores de distração bem como de lon gos períodos em que o estímulo está ausente A Natureza da Detecção de Sinais A Teoria da Detecção de Sinais TDS compteende quatro resultados possíveis da pre sença ou ausência de um estímulo e da detecção ou nãodetecção de um estímulo Elaca racteriza a tentativa das pessoas de detectar um sinal um estímuloalvo Quadro 45 Em primeiro lugar nos acertos também chamados de positivos verdadeiros se identifica corretamente a presença de um alvo Em segundo lugar nos aarmes falsos também chama dos de positivos falsos identificase de maneira errada a presença de um alvo que na realidade está ausente Em terceiro lugar nas falhas também chamadas negativos fal sos errase ao deixar de identificar a presença de um alvo Em quarto lugar nas rejeições corretas também chamadas de negativos verdadeiros identificase corretamente a au sência de um alvo Normalmente a presença de um alvo é difícil de ser identificada Dessa forma detectamse julgamentos baseados em informações inconclusivas com alguns crité rios pata a detecção de alvos A quantidade de acertosé influenciada por onde se colocam os critétios para considerar algo como tal Em outras palavras até onde a pessoa está dis posta a dat alarmes falsos Por exemplo às vezes as conseqüências de uma falha são tão graves que se reduzem os critérios para considerar algo como acerto Desse modo aumen tase o númeto de alarmes falsos realizados a fim de aumentar a detecção de acertos Essa compensação aparece muitas vezes nos diagnósticos médicos Por exemplo pode ocorrer com testes de seleção em que os resultados positivos levam a outros testes Desse modo a sensibilidade geral a alvos deverá refletir a colocação de um critério flexível que é medido 124 Psicologia Cognitiva QUADRO 44 As Quatro Funções Principais da Atenção Os psicólogos cognitivos demonstram especial interesse no estudoda atenção dividida da vigilânciae da detecção de sinaisda buscae da atenção seletiva Função Descrição Exemplo Vigilância e detecção de sinais Geralmente as pessoas tentam vigilantemente detectar algum sinal ou determinado estímulo de intetesse Por meio da atenção vigilante à detecção de sinais os indivíduos são submetidos ao priming para agir com rapidez sempre que detectam estímulos de sinais Em um submarino de pesquisa podese procurar sinais de sonar incomuns em uma rua escura podese tentar identificar sinais ou sons indesejados ou após um terremoto podese ficar atento a cheiros de vazamento de gás ou de fumaça Atenção seletiva Constantemente as pessoas fazem escolhas com relação aos estímulos aos quais prestam atenção ou ignoram Ao ignorar ou pelo menos não dar ênfase a alguns estímulos destacamse particularmente os estímulos salientes O foco concentrado de atenção em determinados estímulos de informação melhora a capacidade de manipular esses estímulos para outros processos cognitivos como a compreensão verbal ou a solução de problemas Podese ptestar atenção à leituta de um livro didático ou ouvir uma aula enquanto se ignoram estímulos como rádio e televisão próximos ou pessoas que chegam mais tarde à aula Atenção dividida Freqüentemente as pessoasconseguem realizar mais de uma tarefa ao mesmo tempo e teditecionam os recursos da atenção disttibuindoos prudentemente segundo as necessidades Motoristas experientes podem facilmente falar enquanto ditigem na maior parte das vezes mas se outro veículo patecet desviar em direção ao carro imediatamente eles redirecionam toda a atenção da convetsa para a condução do veículo Busca Muitas vezes os indivíduos realizam buscas ativas por determinados estímulos Ao detectar fumaça como resultadoda vigilância podese realizar uma busca ativa pela fonte da fumaça Além disso algumas pessoasestão sempre procurando chaves óculos e outros objetos perdidos Muitas vezes os adolescentes procuram objetos perdidos na geladeira com pouco sucesso até que alguém os mostre a eles QUADRO 45 Matriz Utilizada na Teoria da Detecção de Sinais TDS A teoriada detecçãode sinais foi uma das primeiras a sugerir uma interaçãoentre a sen sação física de um estímulo e os processos cognitivos como a tomada de decisões Sinal Detectar um Sinal Não Detectar um Sinal Presente Acerto Falha Ausente Alarme falso Rejeição correta Capítulo4 Atenção e Consciência 125 em termos de acertos menos alarmes falsos A TDS é geralmente usada para mensurar a sensibilidade à presença de um alvo A mensuração pode ocorrer sob condições tanto de vigilância como de busca de alvos Elatambém é usada na pesquisa da memória paracon trolar os efeitos da adivinhação A TDS também abrange o contexto da atenção da percepção e da memória E impor tante no contexto da atenção se o indivíduoestá prestando atenção suficiente para perce ber objetosque ali estãoTambém é relevante no contexto da percepção sea pessoa é capaz de perceber sinais fracos quepodem ou não estaralém de seualcance perceptual tal como um som muito agudo A TDS é importante também no contexto da memória para indicar se o indivíduo foi ou não exposto ao estímulo anteriormente como porexemplo uma pa lavra que pode ou não ter aparecido em uma lista a ser decorada Considere umexemplo práticoda TDS importante à atenção detectar a presença de umestilete na bagagem de mão Deummodo geral osfiscais dos aeroportos têmcondições de perceber a presença desses objetos A questão é seeles sãorealmente cuidadosos e aten tos o suficiente paradetectálos Um acertoseria reconhecer a presença de um estilete na bagagem de mão de um passageiro Uma falha seria não perceber a presença do estilete na bagagem Um alarme falso seria imaginar que se vê umestilete na bagagem quando ele não existe e uma rejeição corretaseria reconhecer que não há qualquer estilete na ba gagem do passageiro Umadescoberta preocupante foi a de queosseqüestradores de 11 de setembro de 2001 foram revistados e vários deles foram separados dosdemais passageiros por teremdisparado o alarme de detecção de metais Após serem revistados novamente foram liberados para entrar nos aviões embora estivessempottando estiletes O resultado do que constituiu uma falha para os fiscais da revista foi desastroso Como resultado desse fracasso as regras de revista foram limitadasde modo considerável contudo essarestrição acarretou muitos alar mes falsos Bebês avós e outros passageiros normalmente considerados de baixo risco co meçaram a ser revistados duas e até três vezes antes de embarcar Então as regras foram modificadas paraselecionar passageiros de acordo comperfis computadorizados Porexem plo pessoas com passagem sóde ida e que mudam seus planos de última horaestão mais su jeitas à revista extta Tal procedimento por sua vez tem causado muitos inconvenientes para viajantesque mudam seus planosde viagem freqüentemente comoosque viajama ne gócios O sistema para revistade passageiros tem evoluídoconstantemente para minimizar falhas e alarmes falsos Figura 43 Vigilância Vigilância é acapacidade doindivíduo deprestar atenção emum campo deestimulação por um período prolongado durante o qual busca detectar o surgimento de um detetminado estímuloalvo de interesse Quando está vigilante o indivíduo espera atentamente para detectar um sinal de estímulo que possa aparecer em um momento desconhecido Nor malmente a vigilância é necessária em ambientes em que um dado estímulo ocorre ra ramente mas requer atenção imediata assim que ocorre Oficiais militares em vigilância paraum ataquesurpresa realizam uma tarefa de vigilância de alto risco Em umestudo os participantes vigiavam um mosttador que separecia com um relógio Mackworth 1948Um dos ponteiros moviase em passos contínuos De tempos em tem pos o ponteiro dava um passo duplo A tarefa dos participantes era apertar um botão tão logo observassem o passo duplo O desempenho dos participantes começou a sedeteriorar substancialmente após apenas uma hota de observação Na realidade depois de meia hora eles já estavam falhando em um quartodos passos duplos Parece que as reduções na vigi lância não são basicamente o resultado da diminuição da sensibilidade dos patticipantes 126 Psicologia Cognitiva FIGURA 43 A revista da bagagem de mão é um exemplo da TDS em funcionamento navida cotidiana Os profissionais aprendem técnicas que lhes permitem maximizar acenos e rejeições corretas além de minimizar alarmes falsos e falhas Ao contrário essa redução sedeveà incerteza cada vez maiorem relação àsobservações per cebidas Broadbent Gregory 1965 Para relacionar essas descobertas à TDS ao longo do tempo parece que os participantes ficam menos dispostos a apontar alarmes falsos Ao invés disso cometem errospor não relatarem a presençade sinaisde estímuloquando não têm cer teza de que os detectaram portanto apresentam índices maiores de falhas O treinamento pode ajudar a aumentar a vigilância Fisk Schneider 1981 porém em tarefas que deman dam vigilância sustentada pois a fatiga prejudica o desempenho Assim pode não haver substitutopara períodos freqüentes de descanso a fim de melhorara detecção de sinais Os processos de atenção que comandam a TDS também parecem ser altamente locali zados e fortemente influenciados pelaexpectativa Motter 1999 Posner Snyder Davidson 1980 Estudos neurológicos mostram que a detecção de sinais de um estímulo visual é maior no ponto em que se espera que o sinal apareça A precisão da detecção de sinais di minui bruscamente quando o estímulo aparece mais longe do lócus de atenção LaBetge Brown 1989LaBerge Carter Brown 1992Mangun Hillyard 1990 1991 Assim sendo umsalvavidas ou um controlador de voo muito ocupados podem responder com agilidade a um sinal dentro de um raio estreito em relação ao local onde se espera que apareça mas os sinais que surgemfora da faixa concentrada de atenção vigilante podem não ser detecta dos tão rapidamente ou com tanta precisão Capítulo4 Atençãoe Consciência 127 Em tarefas de vigilância as expectativas com relação à localização afetam intensamente a eficiência da resposta Nesse caso a eficiência compreende a velocidade e a precisão em detectar um estímuloalvo mas isso não se aplica à forma do estímulo Posner Snyder Da vidson 1980 Aqui a forma referese a qual formato ou letra poderá aparecer no campo visual Vamos supor por exemplo que um participante receba uma dica para procurar por um estímuloalvo em duas localizações distantes Isso não melhora o desempenho da vigi lância para ambas as localizações Vários estudos sugerem que a atenção visual pode ser comparada grosso modo a um focode luz ou de um holofote Os estímulos dentro do foco de atenção sãodetectados rapidamente porémos estímulos fora do focode luz não sãode tectados tão bem Eckstein Shumozaki Abbey 2000 Norman 1968 Palmer 1990 Pos ner Snyder Davidson 1980 Além disso como um holofote o feixe de atenção concen trada podeserestreitadoaté uma pequenaárea e ampliado paracobrir umaárea mais ampla e mais difusa Palmer 1990 Entretanto o desencadeamento abtupto de um estímulo por exemplo o surgimento inesperado de umestímulo capta a atenção do indivíduo Este efeito ocorre mesmoquando fatores como grau de luminosidade brilho são controlados Yantis 1993 Assim parece que as pessoas estão predispostas a observaro aparecimento súbito de estímulos em seu campo visual E possível especular sobre a vantagem adaptativa que esse traço da atenção pode ter representado para nossos ancestrais caçadores quesupostamente precisavam evitar vários predadores e caçar várias presas A vigilância aumentadaé vista em alguns casos onde são usados estímulos emocionais A amígdala desempenhapapelmuito importante no reconhecimentode estímulos emocio nais Desse modo a amígdala pareceser umaestrutura cerebral importantena regulação da vigilância Phelps 2004 2006 Whalen 1998 A vigilância é muito importante para prevenir ataques terroristasde vários tipos Por exemplo a repetição de avisos nosaeroportos quepede aos passageiros quefiquem vigilan tes com relaçãoa bagagem abandonada que pode conter explosivos Como bagagem é algo comum nos aeroportos fica difícil enxergar malasque estejam abandonadas e que pareçam não pertencer a alguém Do mesmo modo em muitos países pedese que os pedestrespres tem muita atenção em carrosou veículos que pareçamestar abandonados ou estacionados em lugares estranhos pois podem conter explosivos que podem ser detonados à distância Os custos do fracasso da vigilância no mundo atual representam grande perda de vidas e de patrimônio Busca Enquanto a vigilância compreende esperar passivamente para que um sinal apareça a busca compreende procurar um alvo de modo hábil e ativo Pashler 1998 Posner DiGirolamo 1998 Posner DiGirolamo FernandezDuque 1997 Wolfe 1994 Especificamente a busca se refere a uma varredura no ambiente para encontrar características definidas pro curar ativamente algo quando não se tem certeza de quando ele surgirá Tentar localizar uma marca específica de cera em um corredor cheio de supermercado ou um termo espe cífico em um livro didático são exemplos de busca Tal qual ocorre com a vigilância quando se busca algo se pode responder com alarmes falsos Os funcionários que fazem a revistanosaeroportos observam as radiografias das bagagens de mão para tentar determinar se há objetos pontiagudos ou cottantes que possam representar algum perigodurante o voo A busca fica ainda mais difícil em razão dos fatores de distração estímulos que não são alvos e que desviam a atenção dos estímulosalvos No caso da busca os alarmes falsos geralmente surgem quando se encontram osfatores de distração enquanto se buscam os estímulosalvos Por exemplo vamos pensar na busca de algum produto em um supermer cado Muitas vezes veemse inúmeros itens que disttaem já que se parecem muito com 128 PsicologiaCognitiva aquilo que se espera encontrar Os designers de embalagem se aproveitam da eficácia das distrações ao criar as embalagens para os produtos Por exemplo se uma embalagem se pa rece com uma caixa de um cereal conhecido o indivíduo pode pegálasem se dar conta de que na verdade se trata de outro produto menos conhecido Como você pode ter previsto a quantidade de alvos e de fatores de distração afeta a di ficuldadeda tarefa Por exemplo tente encontrar a letra T na Figura 44A Depois tente en contra a letra T na Figura44B O tamanho da imagem tem relação com o número de itens em uma determinada configuração visual e não com o tamanho dos itens ou mesmo com o tamanho do campo no qual a configuração é apresentada O efeitodo tamanho da imagem é o grau em que o número de itens em uma imagem prejudica reduza velocidade o processo de busca Ao estudar os fenômenos de busca visual os pesquisadores muitas vezes mani pulam o tamanho da imagem para a seguir observar como os vários fatores importantes aumentam ou diminuem esse efeito Os fatores de distração causam mais problemas em algumas condições do que em ou trás Suponha que se esteja buscando característicasdistintas como cor tamanho proximi dade a itens semelhantes distância de itens diferentes ou posição como vertical horizontal ou oblíqua Podese conduzir uma busca de características na qual simplesmente se varre o ambiente em busca daquela ou daquelas características Treisman 1986 1992 1993 Os fatores de distração têm pouca importância na redução da velocidade da busca neste caso Por exemplo tente encontrar o O na Figura 44B Essa letra tem características distintas se comparadas com os fatores de distração L na imagem A letra O parece saltar para fora da figura Características avulsas que são itens com traços peculiares se sobressaem na figura Yantis 1993 Quando essascaractetísticas avulsas são alvos parecem captar a atenção do espectador tornando praticamente impossível evitar a busca Infelizmente nenhuma dessas características avulsas capta a atenção do indivíduo inclusive aquelas características que são fatores de distração Quando o indivíduo busca um estímuloalvo dessas características avulsas um estímulo de distração dessas mesmas características avulsas parece distrair o in divíduo da tarefa de encontrar o alvo Theeuwes 1992 Por exemplo encontre o T na Fi gura 44B O T é um desses itens mas a presença de um círculo preto preenchido provavelmente reduz a velocidade da busca FIGURA 44A Compare a dificuldade relativa para encontrar o T em a e em b O tamanho dafigura afeta afacilidade dereali zara tarefa Capítulo4 Atençãoe Consciência 129 Entretanto o problema surge quando o estímuloalvo não tem ca racterísticas únicas ou distintas Um exemplo pode ser um determinado item no supermercado que venha em uma caixa ou em uma lata Nes sassituações a única formapara encontrálo é realizar uma busca con junta Treisman 1991 na qual se busca uma combinação específica conjunção de características Por exemplo a única diferença entre um T e um Léa integração específica conjunção dos segmentos de linha A diferença não é a propriedade de uma única e distinta carac terística de qualquer uma das letras Ambas contêm uma linha horizon tal e uma linha vertical de forma que uma busca que procurasse qualquer uma dessas características não resultaria em informações de distinção Na Figura 44A o indivíduo tinha que conduzir uma busca conjunta para encontrar o T portanto é provável que tenha demorado mais para encontrálo do que para encontrar o O na Figura44B A medida que se envelhece diminui a capacidade de se conduzi rem buscas visuais eficientes A pesquisa demonstta que este declínio está associado às áreas responsáveis pelo processamento da informa ção visual Madden et ai 2007 Essas descobertas enfatizam a im portância do sistema visual no processo de busca Anne Treisman é professora de Psicologia na Princeion University e é conhecida porseu trabalho em várias áreas daatenção e dapercepção especialmente sua teoria de queos sinais recebidos são atenuados e nãofiltrados quando atravessam o sistema deprocessamento cognitivo Foto Cortesia de Anne Treisman Teoria da Integração de Características Segundo Anne Treisman a teoria da integração de características explica a facilidade relativa de se conduzirem buscas por característi cas e a relativa dificuldade de se realizarem buscas conjuntas Consideremos o modelo de Treisman 1986 de como a mente humana conduz buscas visuais Para cada característica possível de um estímulo cada indivíduo tem um mapa mental para representar determi nada característica por meio do campo visual Por exemplo há um mapa paracada cor ta manho forma posição e orientação por exemplo p q b d de cada estímulo no campo visual do indivíduo Para cada estímulo as características são imediatamente representadas nos mapas Não é necessário maistempo para o processamentocognitivo adicional e assim FIGURA 44B No painel c encontre o O e no d encontreo T O 0 0 0 o o 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 o o o o o o 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 o o o o 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 o 0 0 0 0 O 0 0 0 0 0 0 0 0 o o o o o O 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 o o T o o O 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 o 0 0 0 0 O 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 o o o o 0 0 0 0 0 0 0 0 0 o 0 0 0 o 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 o o o o 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 o o o o o 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 o 0 0 0 0 0 0 00 d 130 Psicologia Cognitiva durante as buscas de características o indivíduo monitora o mapa de características relevan tes procurando a presença de qualquer ativação no campo visual Esse processo pode ser rea lizado em paralelo todo de uma vez e não apresenta efeitos de tamanho da imagem Contudo durante as buscasconjuntas será necessária uma etapa adicional de processamento ou seja durante esse estágio devemse usar os recursosda atenção como uma espécie de cola mental que une duas ou mais características em uma representação de objeto em um dado local Esse processo de atenção só consegue unir as características de um objeto de cada vez Essa etapa deve ser conduzida seqüencialmente unindo cada objeto um por um e dessa forma deverão aparecer os efeitos no tamanho da imagem ou seja um número maior de objetos com características a serem unidas Às vezes as pessoas buscam informações de modo bastante eficaz embora sua atenção esteja dividida E como conseguem isso Uma maneira é por meio de um mecanismo de ini bição Treisman Sato 1990 Neste caso ocorre a inibição ou supressão de características irrelevantes que poderiam distrair o indivíduo de sua capacidade de realizar a busca de um alvo Há alguma sustentação neuropsicológica para o modelo de Treisman Por exemplo os ganhadores do Prêmio Nobel David Hubel e Torsten Wiesel 1979 identificaram detecto res de características neurais específicas que são neurônios corticais que reagem de modo diferenciado a estímulos visuais de posições específicas Exemplos dessas posições seriam vertical horizontal ou diagonal Mais recentemente pesquisadores identificaram mais pro cessos corticais nas várias etapas distintas da integração de características de uma série de tarefas Bachevalier Mishkin 1986 Mishkin Appenzeller 1987 Mishkin Ungerleider Macko 1983 Essas tarefas incluem o reconhecimento e a discriminação visual de objetos Esses pesquisadores observaram que durante a busca visual parece haver atividade neural distinta compreendida na identificação de características de nível relativamente baixo Isto está em contraste com a atividade neural durante a integração e a síntese de características de nível relativamente alto Atualmente sabese que o processamento é mais complexo do que a princípio pensavam Hubel e Wiesel Há processamento paralelo de cor posição mo vimento profundidade e outras catacterísticas Maunsell 1995 Teoria da Semelhança Todavia nem todos concordam com o modelo de Treisman Segundo a teoria da semelhança seus dados podem ser reinterpretados De acordo com esse ponto de vista os dados resultam do fato de que à medida que a semelhança entre o estímuloalvo e o fator de distração aumenta também aumenta a dificuldade de detectar o primeiro Duncan Humphreys 1989 1992 Desse modo os alvos muito semelhantes aos fatores de distração são difíceis de serem detectados Os que são muito diferentes são mais fáceis Por exemplo tente en contrar o círculo preto cheio na Figura 44C O alvo é muito parecido com os fatores de distração quadrados pretos ou círculos brancos sendo muito difícil de ser encontrado De acordo com essa teoria outro fator que facilita a busca de estímulosalvo é a seme lhança uniformidade entre os fatores de distração Duncan Humphreys 1989 Buscar estímulosalvo em um fundo de fatores de distração relativamente uniforme bastante se melhantes é bem fácil mas buscálos em um fundo de fatores de distração altamente di versificados é muito difícil Além disso a dificuldade das tarefas de busca depende do grau de semelhança entre os alvos e os fatores de distração e do grau de disparidade entre es ses fatores mas não do número de características a serem integradas Por exemplo uma das razões pelas quais é mais fácil ler textos longos em letras minúsculas do que em letras maiús culas é que estas tendem a ser mais semelhantes entre si Por sua vez as minúsculas têm mais características de diferenciação Entretanto assim como na letra inicial de uma frase ou de uma palavra em um título as maiúsculassão bem diferentes das minúsculas Para se ter uma idéia de quanto os fatores de distração altamente diferenciados impedem a busca vi sual tente encontrar a letra R maiúscula nos painéis e g na Figura 44D FIGURA 44C Capítulo 4 Atenção e Consciência 131 o o o o o o o 0 o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o 0 o a o o o o o o o o o o o o o o o o o D 0 0 D 0 0 o o o o o 0 o o 0 o o o o o o o o o o 0 0 o o o o o o o 0 o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o 0 o 0 o o o o 0 0 0 0 o o 0 o o o o o o o o o o e No painel e encontre o círculo preto FIGURA 44D Q W E T Y U 1 0 P 1 A S D F G H J K L z X V B N M C l s D Q W E T u 1 0 A S P 1 CFG H J K z N M X V B 1 1 A Q W O P 1 A S D Q w E T Y U 1 Z X V B N M c c F G H J K L s U 1 0 A S P 1 D 0 W E T Z N M X V B c F G H J K l o W í 1 D Q W R E G O P 1 A S D F G H J K L Z X V B N M c 1 s f Nos painéis f e g encomre o R w r k r t a 0 a i d s P t e r h i 0 z X d r u P a s 1 9 q w k 1 t y V b n m c í 1 S A w e y u i z X h V n m c b 1 c f e h J u q z n m X V b í i s A q w 0 P 1 a s d r q f R 1 k g i P q W A S 1 z X w r 1 a d r i k b n s u i 0 a s d r e r i z n m X V b c f 9 h 1 q w k 1 m c f d q s e 9 r 0 P i g V 1 s S h A 9 Além disso algumas conclusões não se adaptam muito bem à teoria de Treisman Por exemplo algumas características como tamanho e cor podem ser unidas com facilidade mesmo sem os processos da atenção A busca dessas características integradas parece ocor rer mais ou menos com a mesma velocidade da busca de características discretas He Nakayama 1992 Nakayama 1990 Por exemplo seria tão fácil fazer uma busca de obje tos com características conjuntas de tamanho e cor quanto uma busca de objetos de apenas uma cor específica Ou então seria fácil tentar encontrar círculos vermelhos grandes estí mulosalvo em contraste com círculos vermelhos pequenos círculos grandes azuis e cír culos pequenos azuis fatores de distração tanto quanto fazerbuscas de círculos vermelhos 132 PsicologiaCognitiva estímulosalvo em contraste com círculos azuis pequenos fatores de distração Dessa forma a dificuldade de busca visual não depende apenas de que as características discretas sejam integradas como também de quais características visuais devem ser integradas em uma determinada busca Teoria da Busca Guiada Em resposta a essas e outras conclusões pesquisadores ofereceram uma alternativa para o modelo de Treisman a que chamaram de busca guiada Cave Wolfe 1990 Segundo esses pesquisadores o modelo de busca guiada sugere que todas as buscas sejam por carac terísticas ou buscas conjuntas e compreendem duas etapas consecutivas A primeira é uma etapa paralela na qual o indivíduo ao mesmo tempo ativa uma representação men tal de todos os alvos potenciais A representação se baseia na ativação simultânea de cada uma das características do alvo Em uma etapa serial posterior o indivíduo avalia seqüen cialmente cada um dos elementos ativos conforme o grau de ativação Em seguida esco lhe os verdadeiros alvos a partir dos elementos ativados De acotdo com este modelo o processo de ativação da etapa inicial paralela ajuda a guiar o processo de avaliação e se leção da segunda etapa serial da busca Vejamos então como a busca guiada pode funcionar Tente encontrar os círculosbran cos no painel h da Figura 44E Neste caso os alvos são todos círculos brancos e os fatores de distração são todos quadrados pretos Deste modo temos uma busca de características Assim sendo a etapa paralela irá ativar todos os círculos mas não ativará quadrado algum Portanto a etapa serial rapidamente terá condições de selecionar todos os alvos Entretanto observe o painel i da Figura 44E Tente encontrar o círculo preto Os fatores de distração incluem quadrados brancos círculos brancos e quadrados pretos Dessa forma o estágio pa ralelo irá ativar um mapa mental para o alvo do círculo preto Essa é a prioridade máxima de ativação por causa da conjunção de características Para o fator de distração ele irá ati var os quadrados pretos e os círculos brancos que não foram tão ativados Então irá descar tálos como fatotes de distração O modelo de busca guiada de Cave e Wolfe prevê que algumas buscas conjuntas são mais fáceis que outras Particularmente as que compreendem mais itens com características seme lhantes àquelas do alvo são mais fáceis do que as que compreendem menos itens com carac terísticas semelhantes às do alvo Esses pesquisadores encontraram sustentação para seu modelo criando para ele simulações em computador A seguir compararam o desempenho das simulações com o desempenho real dos participantes que realizam buscas Na maioria das circunstâncias as simulações de seu modelo produziram resultados muito semelhantes aos dos participantes reais Considerações Finais Supondo que se conheça de antemão a área geral na qual se espera que um estímulo seja localizado Neste caso podese encontrar o estímulo com muito mais facilidade Posner Snyder Davidson 1980 Por exemplo considere o painel j da Figura 44F Uma vez que se detecta o padrão espacial com relação a onde esperar o estímuloalvo a busca se torna mais fácil O conhecimento anterior também influencia a capacidade para usar várias estratégias de buscas conjuntas Por exemplo para a maioria das pessoas com mais de 7 anos será relativamente fácil encontrar as ocorrências das letras a e p no painel kda Figura 44F Da mesma forma qualquer um que tenha experiência em datilografar sem olhar as teclas consegue encontrar facilmente as ocorrências dessas letras no painel 1da Figura 44F Em ambos os casos o conhecimento anterior pode facilitar a busca visual FIGURA 44E h Capítulo4 Atenção e Consciência 133 aoaaoBOBOBOBaaoB ODOBOOOBODOBOOOB OBOOBOBDBOBOBDBO BOBBDBOBOBBBOBOB QBOOBDBOBOBOBOBB BOBBdOOBOBOBOBaO OBDBBBOBODBOBOBD OOBBDBOBOBDBOBOB BÜBOBOBDBOBOBDBO BBOBDBOBOBDBOBOB BOBOBOBDBODOBDBO OaBBOBOBDBOBOBDB BOBOBDBOBOBDBOBO OOBBOBDBOBOBDBOB BOBDBOBOBaBOBOBD aBODBOBOBDBOBOBD I Nopainel h encontre oscírculos Í7rancos vazios e nopainel f encontre o círculo preto FIGURA 44F X X X X X X X X X X 0 X X X X X F F F F F F F F F F E F F F F F t t t t t l l t t t t t t E E E E E E E E E E F E E E E E 8 B B B B B B B B B R B B B B B 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 i 1 1 1 1 1 G G G G G G G G G G C G G G G G O OO 0OO O a b c d a f g h i j k 1 m n 0 P q r 3 t u V w X y z a b c d e f o h i i k 1 m n 0 p q r 1 u V w X 7 a b c d e f q h i 1 k 1 m n 0 P q r s t u V w X y z a o k 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 q w e r t y u 1 0 p a s d f g h i k 1 z X c V b n m 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 q w e r 1 y U i 0 P a s d 1 9 h i k 1 z X c V b n m I No painel j encontre oestímulo desviante de cada subconjunto Nos painéis k e l encontre todos os casos das letras p e a Atenção Seletiva e Atenção Dividida Paradigmas Básicos para o Estudo da Atenção Seletiva Suponha que você esteja em um jantar e por falta de sorte está sentado ao lado de um vendedor que trabalha com mais de 110 marcas de aspiradores de pó cujos méritos ele descreve em um grau torturante de detalhes Enquanto escuta esse tagarela à sua direita 134 Psicologia Cognitiva você nota a conversa que ocorre entre duas pessoasà sua esquerda muito mais interessante com informações quentíssimãsa respeito de um conhecido seu que você não tinha conhe cimento Você se vê tentando manter a aparência de uma conversa com o tagarela à sua direita mas também está sintonizado com o diálogo emandamento à sua esquerda O caso anterior descreve umexperimento naturalista com atençãoseletiva inspirado nas pesquisas de Colin Cherry 1953 Cherry se referiu a esse fenômeno como o pro blema do coquetel o processo deacompanhar uma conversa com adistração deoutras Ele observou que oscoquetéis são lugares nos quais a atençãoseletiva sedestaca O fato ante rior é um bom exemplo disso Cherry na verdade não freqüentava coquetéis para estudar conversas mas estudou a atenção seletiva em um ambiente experimental mais cuidadosamente controlado e criou uma tarefa conhecida como sombreamento Nosombreamento escutamse duas passagens di ferentes e devese repetir apenas uma delas o mais rápido possível logo após ouvila Em ou tras palavras devese seguir a mensagem como odetetive que é asombra deum suspeito mas devese ignorar a outra Para alguns participantes ele usou a apresentação binaural mostrando as mesmas duas passagens ou às vezes uma só passagem aos dois ouvidos simul taneamente Para outros usou a apresentação dicótica com uma mensagem diferente em cada ouvido A Figuta 45 ilustra como essas tarefas deescuta podem ser apresentadas Os participantes de Cherry acharam quase impossível acompanhar apenas uma das mensagens durante a apresentação binaural de duas mensagens distintas É como se ao ptestar atenção a uma coisa a atenção fosse desviada da outra Desimone Duncan 1995 Duncan 1996 Seus participantes conduziram o sombreamento com muito mais eficácia em mensagens distintas de tarefas de escuta dicótica Em taistarefas eles geralmente con duziram o sombreamento com tazoável precisão Durante a escuta dicótica etam capazes de observar mudanças físicas e sensoriais na mensagem a que nãoestavam prestando atenção porexemplo quando a mensagem eraalterada paraum tomdiferente ouquando a voz mu davade masculina parafeminina Contudo não notavam mudanças semânticas nas men sagens em que não prestavam atenção e deixavam de notar mesmo quando ela mudava o idioma por exemplo do inglês parao alemão ou era tocada de trás parafrente Inversa mente cerca de um terço das pessoas sempre que seu nome se apresenta nessas situações irão direcionar a atenção para o próprio nome Alguns pesquisadores perceberam que FIGURA 45 Na cesta de piquenique havia creme de amendoim livro folha telhado amostra sempre Ouvido com sombreamento Na cesta de piquenique havia creme de amendoim sanduíches e bolinhos de chocolate Gato grande dia maçã amigo tudo seleção Sanduíches e bolinhos de chocolate Ouvido sem atenção Colin Cherry descobriu que aatenção seletiva era muito mais fácil durante aapresentação dicótica do que durante a apresentação binaural demensagens diferentes Capítulo4 Atenção e Consciência 135 aquelas pessoas que ouviramo nomedurante a apresentação de uma mensagem na qual não estavamprestando atenção tendem a apresentarcapacidade limitadade memória de traba lho Consequentemente se distraem facilmente Conway Cowan Bunting 2001 As crianças também desviama atenção para uma das duas mensagens quando seu nome é fa lado Newman 2005 Imagine que você esteja em uma festa ou em um restaurante barulhento Trêsfatores o auxiliam a prestar atenção seletivamente em apenas uma mensagem da pessoa que você desejaouvir O primeirofator referese às características sensoriais específicas da fala dessa pessoa como o tom agudo ou grave da voz a velocidade e o ritmodo discurso O segundo é a intensidade do som volume o terceiro é a localização da fonte do som Brungard Simpson 2007 Prestar atençãoa propriedades físicas da voz da pessoaalvo tem suas van tagens ou seja conseguese evitar a distração peloconteúdo semântico das mensagens das pessoas próximas quenãosãoalvos Evidentemente a intensidade dosom da primeira tam bém ajuda Além disso você provavelmente poderá usar de maneira intuitiva uma estra tégia para localizar sons o que transforma uma tarefa binaural em dicótica Você vira um ouvido paraa pessoaalvo e o outro para o outro lado Observe que esse método não ofe rece intensidade de som total maior pois com um ouvido próximo a quem está falando o outro fica mais distante A grande vantagemaqui é a diferençano volume que permite lo calizar a fonte do somalvo Teorias de Atenção Seletiva do Filtro e do Gargalo Os modelos de atenção seletiva podem ser de vários e diferentes tipos Bundesen 1996 2000 Logan 1996 e diferenciamse em dois aspectos Em primeiro lugar têm um filtro distinto para informações recebidas Em segundo lugar se têm onde no processamento da informação ocorre esse filtro Pashler 1998 O modelo de Broadbent Segundo uma das primeiras teorias da atenção filtrase a informação imediatamente após registrála em nível sensorial Broadbent 1958 Figura 46 Na opinião de Broadbent múltiplos canais de entrada de dados sensoriais chegam até o filtro da atenção que só permite que um deles passe para chegar aos processos da percepção Desse modo seconfere sentido às sensações Além dos estímulosalvo estímulos com características sensoriais distintas poderão passar pelo sistema de atenção como a diferença na tonalidade ou no volume do som e dessa forma atingem níveis mais elevados de processamento como a percepção Entretanto outros estímulos serão eliminados por filtragem no nível sensorial e poderão nunca passar pelo filtro de atenção para chegar ao nível da percepção A teoria de Broadbent foi sustentada pelas descobertasde Colin Cherry de que a informaçãosenso rial pode ser percebida por um ouvido que não está prestando atenção Entreos exemplos desse tipo de material estariam vozes masculinas versus femininas ou sinais sonoros versus palavras Por outro lado informações que demandam processos de percepção superiores não são observadas por esse ouvido Por exemplo palavras em inglês versus alemão ou mesmo palavras apresentadas de trás para frente Modelo do Filtro Seletivo de Moray Não muito tempo depois da teoria de Broadbent evidências surgiram indicando que seu modelo deveria estar errado por exemplo Gray Wedderburn 1960 Em primeiro lugar um pesquisador concluiu que mesmo quando os participantes ignoravam a maioria dos outros aspectos de alto nível por exemplo semânticos de uma mensagem à qual não pres tavam atenção eles ainda reconheciam seus próprios nomes com o ouvido negligenciado 136 Psicologia Cognitiva FIGURA 46 Broadbent Treisman CTJ O Q CD LU Ü UJ CL W O O Registro sensorial Registro sensorial Filtro seletivo Controle de atenuação Controle de processos Memória de curto prazo R E S P O s T A Vários mecanismos jáforam propostos sugerindo o meio pelo qual a informação sensorial passa pelo sistema deaten çãopara chegar aosprocessos depercepção dealto nível Moray 1959 Moray sugeriu que o motivo para esse efeito é que mensagens poderosas e altamente destacadaspodem rompero filtro de atenção seletiva masoutras podem não pas sar por ele Para modificar a metáfora de Broadbent podese dizer que conforme Moray o filtro seletivo bloqueia a informação no nível sensorial mas algumas mensagens muito des tacadas são tão poderosas que também passam pelo mecanismo de filtragem Modelo de Atenuação de Treisman Enquanto um participante está sombreando uma mensagem coerente em um ouvido e igno rando uma mensagem no outro ouvido algo interessante ocorre Se a mensagem no ouvido que está atento é trocada para o outro os participantes captarão as primeiras poucas palavras da mensagem antiga no novo ouvido Treisman 1960 Esta descoberta sugere que o con texto irá levar os participantes a sombrearemuma mensagem que deveria ser ignorada Além disso se a mensagem era idêntica àquela a que prestavam atenção todos os parti cipantes a notaram mesmo quando uma das mensagens estava ligeiramente fora de sincronia temporal com a outra Treisman 1964a 1964b Geralmente os participantes reconheceram que as duas mensagens eram iguais mesmoquando a mensagem sombreadaestavaaté 45se gundos na frente da outraTambém a reconheceram quandoumaestavaaté 15 segundo atrás da outra à qual não prestavam atenção Treisman observou também participantes bilíngües em nível fluente Algunsperceberam a identidade dasmensagens sempre que a segunda era a tradução da primeira A alteração de Moray no mecanismo de filtragem de Broadbent foi claramente insufi ciente para explicar as conclusõesde Treisman 1960 1964a 1964b Suas descobertas indica rama Treisman que pelomenos alguma informação sobre ossinais aosquais não se prestava Capítulo 4 Atenção e Consciência 137 atenção estava sendo analisada Treisman também interpretou as descobertas de Moray como uma indicação de que deveria estar ocorrendo algum processamento de alto nível da informa ção que chega ao ouvido que não estava prestando atenção caso contrário os participantes não reconheceriam ossons conhecidos para se conscientizarem de que elesestavam sendo des tacados Ou seja a informação recebida não pode ser eliminada no nível da sensação Caso o fosse nunca se perceberia a mensagem para reconhecer seu destaque Com base nessas descobertas Treismanpropôsuma teoria da atenção seletivaque com preende um tipo diferente de filtragem É bom lembrar que a teoria do filtro de Broadbent funciona para bloquear os estímulos que não sejam alvos Entretanto na teoria de Treisman o mecanismo simplesmente atenua diminui a força esses estímulos Para estímulos mais for tes os efeitos da atenuação não são suficientemente fortes para impedir que penetrem no me canismo de enfraquecimento de sinais A Figura 46 ilustra o mecanismo de atenuação de sinais de Treisman Segundo Treisman a atenção seletiva compreende três etapas Na primeira analisamse antes da atenção as propriedades físicas de um estímulo como volume intensidade de som e tom relacionado à freqüência das ondas sonoras Este processo préatencional se faz em paralelo simultaneamente em todos os estímulos sensoriais recebidos Para estímu los que apresentam propriedadesalvo passase o sinal adiante para a próxima etapa Para os que não apresentam essas propriedades passase apenas uma versão mais fraca do estí mulo Na segunda etapa analisase se um determinado estímulo tem um padrão como fala ou música Para estímulos que apresentam o padrãoalvo passase o sinal adiante para a próximaetapa Para os que não apresentam padrãoalvo passase apenas uma versão enfra quecida Na terceira etapa concentrase a atenção nos estímulos que chegam lá Ava liamse seqüencialmente as mensagens recebidas e atribuemse sentido às mensagens de estímulos selecionadas Modelo do Filtro Posterior de Deutsch e Deutsch Considere uma alternativa para a teoria de atenuação de Treisman Ela simplesmente muda a localizaçãodo filtro bloqueador de sinais que sucedem ao invés de precederem pelo menos algum processamento da percepção necessário ao reconhecimento do sentido nos estímulos Nessa visão o filtro bloqueadorde sinais ocorre em momento posterior ao processo produ zindo seus efeitos após a análise sensorial Desse modo ele ocorre após alguma análise per ceptiva e conceituai dos dados recebidos Deutsch Deutsch 1963 Notman 1968 Figura 47 Essa filtragem posterior permitiu que as pessoas reconhecessem informações que che gam ao ouvido que não está prestando atenção Por exemplo é possível reconhecer os pró prios nomes ou uma tradução de dados recebidos à qual estejam prestando atenção no caso de pessoas bilíngües Se a informação não gerar percepção as pessoas irão descartála no mecanismo de filtragem apresentado na Figura 47 Caso contrário como acontece com o som de um nome importante as pessoas prestarão atenção a ele Observe que os propo nentes dos mecanismos de filtragem anterior e posterior propõem que existe um gargalode atenção no qual apenas uma fonte de informação conseguepassar Os dois modelos diferem apenas sobre suas hipóteses quanto à localização do gargalo A Teoria Multimodal A teoria multimodal Johnston Heinz 1978 propõe que a atenção é flexível A seleçãode uma mensagem em detrimento de outra pode ser feita em qualquer um dos vários pontos diferentes no decorrer do processamentodas informações Segundo essa teoria o processa mento ocorre em três etapas Na primeira etapa o indivíduo constrói representações senso riais dos estímulosNa segunda constrói representações semânticas Nenhuma dessasetapas é completamente consciente Na terceira etapa as representações das etapas 2 e 3 se tornam 138 Psicologia Cognitiva FIGURA 47 Registro sensorial Processos 3erceptuaís Filtro seletivo Memória de curto prazo R E E N S P Deutsch T Deutsch R Norman O s Lí A T A De acordo com alguns psicólogos os mecanismos defiltragem deatenção sucedem emvezdeprecederem osprocessos perceptuaispreliminares conscientes A seleção anterior Broadbent estaria associada à primeira etapa ao passo que a seleção posterior estaria ligada à terceira etapa A dificuldade de uma tarefa que exija sele ção depende em parte de onde ocorre a seleção A etapa postetior requer mais esforço do que a anterior A Sintese de Neisser Em 1967 Ulric Neisser sintetizou os modelos de filtro anterior e posterior de um modo diferente de Johnston e Heinz 1978 propondo que há dois tipos de processos que co mandam a atenção os processos préatencionais e os processos atencionais Os processos automáticos préatencionais são rápidos e ocorrem em paralelo podem ser usados para observar apenas características sensoriais físicasda mensagem à qual não se presta atenção porém não discernem sentido ou relacionamentos Os processos atencionais controlados ocorrem mais tarde Eles são executados em série e consomem recursos de tempo e atenção como a memória de trabalho Também podem ser usados para observar relações entre ca racterísticas servindo para sintetizar fragmentos em uma representação mental de um objeto Trabalhos mais recentes sobre atenção partem da distinção de Neisser entre pro cessos préatencionais e atencionais concentrandose apenas nos aspectos da atenção controlados conscientemente Cowan 1995 Considere uma visão diferente dos dois processos McCann Johnston 1992 Segundo esses pesquisadores a análise física dos dados sensoriais ocorre continuamente mas a aná lise semântica dos estímulos acontece apenas quando a capacidade cognitiva na forma de memória de trabalho não está sobrecarregada a capacidade também deve ser suficiente para permitir essa análise As evidências que sustentam essa posição são o fato de que as pessoas apresentam temposde reação muito menoresquando respondem a estímulos fisicamente dis crimináveis do que aos semanticamente discrimináveis Um modelo em dois passosde algum tipo poderia explicar os dados de Cherry Moray e Treisman As evidências de processos totalmente automáticos versus os totalmente contro lados também parecem sustentar esse modelo Os processos automáticos podem ser coman dados apenas pelo primeiro passo do processamento da atenção Os processos controlados também podem ser comandados pelo segundo dos dois passos O modelo também incorpora aspectos da teoria da atenção de sinais de Treisman e da sua teoria subsequente da integração de características Segundo essa teoria os processosdistintos de detecção de características e Capítulo 4 Atenção e Consciência 139 de integração de características ocorrem durante as buscas Novamente o processo de detec ção de características de Treisman pode ser relacionado ao primeiro dos dois processos isto é processamento mais lento e controlado Infelizmente porém o modelo de dois passos não ex plica bem o contínuo de processos que vai desde os totalmente automáticos até os totalmente controlados E bom lembrar por exemplo que os processos totalmente controlados parecem ser ao menos em parte automatizados Spelke Hirst Neisser 1976 Como o modelo de dois processos explica a automatização de processos em fenômenos de atenção dividida Por exem plo como se pode ler em busca de compreensão ao mesmo tempo em que se escrevem pala vras ditadas e categorizadas Teorias de Atenção Seletiva Baseadas em Recursos de Atenção Teorias mais recentes distanciamse distanciam da noção de bloqueio de sinais ou dos filtros atenuadores de sinais aproximandose da idéia de alocação de recursos limitados de atenção As teorias dos recursos de atenção ajudam a explicar como é possível realizar mais de uma tarefa que demande atenção ao mesmo tempo Ela propõe que as pessoas têm uma quanti dade fixa de atenção que podem escolher alocar segundo o que a tarefa exige A Figura 48 mostra dois exemplos dessas teorias No painel a o sistema tem um conjunto único de recursos que pode ser dividido digamos em múltiplas tarefas Kahneman 1973 Contudo agora parece que esse modelo representa uma supersimplificação As pessoas são muito melhores na divisão de sua atenção quando as tarefas concorrentes pertencem a diferentes tipos sensoriais Pelo menos alguns recursos de atenção podem ser específicos da modalidade na qual a tarefa é apresentada Por exemplo a maioria das pessoas pode facil mente ouvir música e redigir mas é mais difícil escutar um programa de notícias no rádio e concentrarse em escrever ao mesmo tempo Isso ocorre porque ambas são tarefas verbais As palavras do noticiário interferem nas palavras sobre as quais o indivíduo está pensando Da mesma forma duas tarefas visuais têm mais probabilidade de interferir uma na outra do que uma tarefa visual ligada a uma auditiva O painel b da Figura 48 apresenta um FIGURA 48 Recursos mentais disponíveis Estímulos recebidos Alocados à tarefa os L Possíveis atividades selecionadas Respostas reais a Recursos mentais disponíveis Estímulos recebidos Modalidadeí Respostas reais b Os recursos deatenção podem compreender umúnico conjunto ou múltiplos conjuntos específicos para cada modali dade Embora já tenha sido criticada por suaimprecisão a teoria dos recursos deatenção parece complementar as teo rias dos filtros naexplicação dealguns aspectos daatenção 140 Psicologia Cognitiva modelo que permite que os recursos de atenção sejam específicosde uma modalidade Na von Gopher 1979 Para alguém que tenta escrever enquanto ouve música o uso de dois re cursos atencionais diferentes e específicos provavelmente não representaria dificuldades sérias de atenção Um exemplo seria auditivo para a música e escrito para o visual A teoria dos recursos de atenção já foi seriamente criticada por ser ampla e vaga demais por exemplo S Yantis comunicação pessoal dezembro de 1994 Na verdade ela pode não dar conta sozinha de explicar os aspectos da atenção mas complementa as teorias dos filtros muito bem As teorias dos filtros e gargalos da atenção parecem ser metáforas mais adequa das para tarefas concorrentes que possam ser incompatíveis em termos de atenção como as de atenção seletiva ou de atenção simples dividida compreendendo o efeito chamado Período Refratário Psicológico PRP Pashler 1994 Para esses tipos de tarefas parece que alguns processos préatencionais podem ocorrer de forma simultânea mas os processos que reque rem atenção devem ser tratados seqüencialmente comove passassem um a um pelo gargalo de atenção Contudo a teoria dos recursos parece ser uma metáfora melhor para explicar os fenôme nos de atenção dividida em tarefas complexas Nessas podemse observar os efeitos da ptá tica Segundo essametáfora à medida que as tarefas complexas tornamse mais automatizadas o desempenho em cada uma delas exige menos dos recursoslimitados da atenção Além disso para explicar fenômenos relacionados à busca as teorias específicas sobre o tema como os modelos que propõem a busca guiada Cave Wolfe 1990 ou similaridade Duncan Hum phreys 1989 parecem ter maior poder explicativo do que as teorias dos filtros ou recursos Entretanto esses dois tipos de teorias não são totalmente incompatíveis Embora as descober tas da pesquisa sobre a busca visual não entrem em conflito com as teorias dos filtros ou com as dos recursos as teorias específicas das tarefas descrevem mais especificamente os processos em andamento durante a busca visual Considerações Adicionais sobre a Atenção Seletiva O Papel das Variáveis de Tarefa Situação e Pessoa Os modelos teóricos existentes podem ser simples ou mecânicos demais para explicar as complexidades da atenção Por exemplo já foi demonsttado que tanto a ansiedade baseada em traços uma característica de personalidade quanto a ansiedade relacionada à situação afetam a atenção Eysenck Byrne 1992 Eysenck Calvo 1992 Eysenck Graydon 1989 Os dois tipos de ansiedade tendem a restringir a atenção Outras considerações também entram em jogo Uma delas é a excitação geral O indivíduo pode estar cansado tonto ou drogado o que pode limitar a atenção Estando excitado por vezes pode aumentála Uma segunda consideração é o interesse específico em uma tarefaalvo e em um estímulo com a falta de interesse nos fatores de distração Uma terceira é a natureza da tarefa que por exemplo pode ser muito difícil complexa ou nova Essas tarefas exigem mais recursos de atenção do que as fáceis simples e bastante conhecidas A dificuldade da tarefa influencia particular mente o desempenho durante a atenção dividida Uma quarta consideração é a quantidade de prática no desempenho de uma determinada tarefa ou de um conjunto delas o que está relacionado à habilidade no uso de recursos de atenção para essas tarefas Mais prática e habilidade aumentam a atenção Spelke Hirst Neisser 1976 Uma quinta consideração é a etapa de processamento na qual a atenção é necessária Essa etapa pode ocorrer antes du rante e após algum grau de processamento petceptual Em suma alguns processos de atenção ocorrem fora da consciência do indivíduo Ou tros estão sujeitos ao controle consciente O estudo psicológico da atenção tem incluído di versos fenômenos entte eles vigilância busca atenção seletiva e atenção dividida durante o desempenho de múltiplas tarefas Para explicar essa diversidade de fenômenos de atenção Capítulo 4 Atenção e Consciência 141 as teorias atuais enfatizam que um mecanismo de filtragem parece comandar alguns aspec tos da atenção Os recursos de atenção limitados de modalidades específicas parecem in fluenciar outros aspectos da atenção Na realidade as descobertas da pesquisa cognitiva proporcionaram muitos conhecimentos sobre a atenção mas também se obtiveram outros conhecimentos por meio do estudodos processos de atenção no cérebro O Efeito Stroop Grande parte da pesquisa sobre atenção seletiva concentrase no processamento auditivo mas ela também podeser estudadapor meiodo processamento visual Uma dastarefas mais utilizadas com esse propósitofoi formulada porJohn Ridley Stroop 1935 O efeitoStroop leva seu nome O efeito Stroopdemonstra a dificuldade psicológica de prestar atenção à corda tinta e tentar ignorar a palavra queestá impressa coma tinta daquela cor Umaexplicação parao fato de o teste de Stroop ser particularmente difícil é que para você e para a maioria dos adultos ler já é um processo automático não estandoprontamente sujeito ao seu controle consciente MacLeod 1991 1996 Por este motivo você achará difícil deixar de ler inten cionalmente e ao invés disso concentrarse na identificação da cor da tinta desconside randoa palavra impressa na cordaquela tinta Umaexplicação alternativa é quea saída de uma resposta ocorrequando os caminhos mentais para a produção da resposta são suficien temente ativados MacLeod 1991 No teste de Stroop a palavra colorida ativa uma via cortical pata dizêla Porsua vez o nome da cor ativa uma via para dar nome à cor mas o primeiro interfere no segundo Nessa situação leva mais tempo para se juntarforça de ati vação suficiente para produzir a resposta dedar nome à core não a resposta de ler o nome da cor Existem variações do efeito Stroop como o Stroop numerai o Stroop direcional o Stroop animal e o Stroop emocional Essas tarefas sãobastante semelhantes aoefeito Stroop padrão Por exemplo noStroop numerai são usadas palavras numerais Dessa forma a pala vradois pode serescrita três vezes dois dois dois e o participante sersolicitado a contaro nú mero de palavras Assim como na tarefa Stroop padrão ler às vezes interfere com a tarefa de contar Girelli etal 2001Kaufmann Nuerk 2006 Uma das variações maisutilizadas é o Stroop emocional Nessa tarefa a tarefa básica é modificada para que as palavras coloridas sejam substituídas oupor palavras emocionais ou neutras Os participantes devem dar nome às cores das palavras Os pesquisadores acham quehá um atraso maior na tarefa de nomear as com palavras emocionais emcomparação com palavras neutras Esses resultados sugerem que a leitura automática de palavras emocionais causa mais interferência doque a leitura de palavras neutras Borkenau Mauer 2006 Larsen Mercer Balota 2006 Phaf Kan 2007 Thomas Johnstone Gonsalvez 2007 Atenção Dividida Nadetecção desinais e naatenção seletiva osistema deatenção deve coordenar uma busca pela presença simultânea demuitas características Esta éuma tarefa relativamente simples talvez atéfácil No entanto algumas vezes o sistema de atençãodeve desempenhar duas ou maistarefas diferentes ao mesmo tempo Os primeiros trabalhos nessa área foram realizados por UlricNeisser e Robert Becklen 1975que fizeram com que osparticipantes assistissem a um vídeo no quala apresentação de uma atividade erasuperposta à de outra A primeira atividade era um jogo de basquete para três pessoas a segunda duas pessoas brincando de bater palmas No início a tarefa era simplesmente observar uma atividade e ignorar a outra O participante apertava um botão sempre que ocorressem eventos importantes naatividade à qual prestava atenção Defato a primeira tarefa exigia apenas atençãoseletiva 142 Psicologia Cognitiva Entretanto depois disso os dois pesquisadores pediram que os participantes prestassem atenção a ambas as atividades ao mesmo tempo sinalizando os eventos importantes em cada uma delas Mesmo quando os pesquisadores apresentaram as duas atividades dicoticamente isto é não em um único campo visual mas com uma atividade sendo observada em uma meta do campo visual e outra em outro hemicampo os participantes tiveramgrande dificul dade pararealizar asduas tarefas ao mesmo tempo A hipótese deNeisser e Becklen é deque as melhorias no desempenho iriam ocorrer como conseqüência da prática e que além disso o desempenho de múltiplas tarefas baseavase em habilidades conseqüentes da prática Eles acreditavam que o desempenho não se fundamentava em mecanismos cognitivos especiais No ano seguinte pesquisadores usaramum paradigma de tarefadupla para estudara aten ção dividida durante a realização simultâneade duas atividades Spelke Hirst Neisser 1976 O paradigma de tarefa dupla compreende duas tarefas A e B e três condições somente Ta refa A somente Tarefa B Tarefas A e B A idéia era de que os pesquisadores comparariam a latência tempo de resposta e a precisão do desempenho em cada uma das trêscondições E claro que latências mais altas significam respostas mais lentas Pesquisas anteriores haviam mostrado que a velocidade e a precisão do desempenho simultâneo de duas tarefas eram bas tante baixaspara o desempenhosimultâneode doisprocessos controlados Há casosrarosnos quaisaspessoas demonstramaltosníveis de velocidade e precisão para o desempenhosimultâ neode duas tarefas Nesses casos pelo menos umadelas em geral compreende processamento automático e normalmente ambas compreendem esse processamento Como era esperado o desempenho inicial foi de fato bastante baixo para as duas tare fas controladas que eles escolheram as quais eram ler em busca de compreensão detalhada e escreverpalavrasditadas Entretanto Spelke e seuscolaboradores fizeram com que os par ticipantes de seu estudo continuassem a realizaressas tarefas cinco dias por semana durante várias semanas 85 sessões ao todo Para surpresa geral com prática suficiente o desempe nho dos participantes melhorou em ambas as tarefas Eles apresentaram melhoria na veloci dade de leitura e precisão na compreensão da leitura medidas por testes de compreensão Também demonstraram aumento na memória de reconhecimento para palavras que haviam escrito durante o ditado Com o tempo o desempenho dos participantes em ambas as tare fas atingiu os mesmos níveis que os participantes haviam demonstrado anteriormente para cada tarefa isolada Emseguida osautoresintroduziramsublistas de palavrasrelacionadas dentro das listascom pletas do ditado Entreosexemplos estariamsublistas queformavam umasentençaou rimavam Pediram aos participantes que relatassem quaisquer palavras que houvessem sido ditadas ou qualquer propriedade geral da lista específica de quese recordassem A princípio os participan tes se lembravam de muito poucas palavras e de nenhum relacionamento entte qualquer uma delas Contudo após a prática repetida notavam que as palavrasse relacionavamde várias ma neiras Uma delas foi por categorias hierárquicas outra foi pelarimadossons Uma terceira foi por meio de seqüências de palavras que formavam sentenças e uma quarta foi pelas partes do discurso que incluíam classes gramaticais taiscomoverbos e substantivos plurais Além disso o desempenho simultâneo de umditadomais complexo inicialmente levou a umaqueda node sempenho da tarefa de compreensão da leitura Com a continuidade da prática o desempenho naquela tarefa retornou de imediato aos níveis elevados anteriores A seguir osautores modificaram a tarefado ditado de palavras Agora os participantes às vezes escreviam as palavras ditadase outras vezes a categoria correta à qual as palavras ditadas pertenciam por exemplo animais versus mobília Ao mesmo tempo ainda realiza vam a tarefa de compreensão da leitura Assim como em alterações anteriores o desempe nho inicial nas duas tarefas caiu mas voltou aos níveis mais altos após a prática Spelke e seus colaboradores sugeriram que essas conclusões demonstravam que as tarefas controladas Capítulo4 Atençãoe Consciência 143 podem serautomatizadas de forma a consumir menos recursos de atenção Além disso duas tarefas controladas diferentes podem ser automatizadas para funcionar em conjunto como uma unidade Esses autoresadmitiram que as tarefas por um lado não se tornavam comple tamente automáticas Por exemplo elas continuavam a ser intencionais e conscientes além de compreenderem níveis relativamente altos de processamento cognitivo Uma abordagem completamente diferente para o estudo da atençãodividida se concen tra em tarefasextremamente simples que demandam respostas rápidas Sempreque aspessoas tentam realizar duas tarefas rápidas sobrepostas as respostas para uma delas ou para ambas quase sempre são mais lentas Pashler 1994 Quandouma segunda tarefa começa emseguida ao iníciode outta a velocidade do desempenho muitasvezes diminui como resultado do en gajamento simultâneo em tarefas aceleradas chamado de efeito PRP conforme mencionado anteriormente neste capítulo As conclusões dosestudoscom PRP indicamque aspessoas po dem acomodarcom bastante facilidade o processamento perceptualde propriedades físicas de estímulos sensoriais enquanto realizam uma segunda tarefa acelerada Pashler 1994 Entre tanto não conseguem acomodar de imediato mais de uma tarefacognitiva que lhes exija es colher uma resposta acessar informações na memória ou realizar várias outras operações cognitivas Quando as duas tarefas requerem a realização de qualquer uma dessas opera ções cognitivas umaou ambas as tarefas apresentarão o efeito PRP Considere dirigirum carro Epreciso por exemplo estar constantementealertacom re lação a ameaças à segurança do indivíduo Suponhaquevocê deixe de identificar uma des sas ameaças como um carro que passa o sinalvermelho e vem diretamente na suadireção enquanto você entta em um cruzamento O resultado é que vocêpode tornarse umavítima inocente de um terrível acidente Mais do que isso se não conseguir dividir sua atenção você pode causar um acidente A maioria dos acidentes de carro é causada por falhas na atenção dividida Um estudo a respeito de 2700 acidentes automobilísticos ocotridos no es tado da Virgínia nos EUA entre junho e novembro de 2002 investigou as causas dos aci dentes Warner 2004 Segundo esse estudo curiosidade olhar para destroços de acidentes ocorridos foi a causa de 16 dos acidentes seguida de cansaço do motorista 12 olhar a paisagem oulugares importantes 10 distrações causadas porpassageiros oucrianças 9 mexer no rádio tocafitas ou tocacd 7 e uso do telefone celular 5 Em média as dis trações ocorridas dentrodo veículo foram responsáveis por62 do total de ocotrências As distrações ocorridas fora do veículo chegaram a 35 e os outros 3 foram porcausas inde terminadas As causas dos acidentes diferem um pouco entre áreas urbanas e rurais e os aci dentes nas áreas rurais tinham maior probabilidade de ocorrer por causa da fadiga do motorista ou insetos entrando ou batendo no veículo ou ainda distrações causadas por ani mais de estimação Nas áreas urbanas os acidentes foram devidos a distrações com outros acidentes tráfegocarregado ou pelo uso do telefonecelular Em tetmos gerais um estudo su geriu que o telefone celularé de certa forma menos responsável por acidentes doque aspes soas esperavam Cohen Graham 2003 Uma média de 21 dos acidentes ou de quaseacidentes está relacionada ao motorista que fala ao celulat embora a conversa possa ou não ter causado o acidente Seo Torabi 2004 Outra pesquisa apontou que sempre que o tempo da tarefa e ascondições paradiri girsãocontroladas os efeitos de se falarao celular são tão prejudiciais ao motorista quanto situações em que sedirige embriagado Strayer Drews Crouch 2006 Outra pesquisa de monstrou que comparadas às pessoas que não estão ao telefone celular pessoas falando ao celulardemonstram mais raiva por meio de suas expressões faciais e buzinam mais quando se deparam com uma situação de frustração McGarva Ramsey Shear 2006 Um acrés cimo na agressividade está associado ao aumento no númerode acidentes Deffenbacher et ai 2003 Assim sendo é provável que as pessoas que falam ao telefone enquanto dirigem 144 PsicologiaCognitiva têm tendência à raiva e consequentemente podem causar mais acidentes Esses resultados juntamente com aqueles sobre os efeitos da atenção dividida contribuem para explicar o aumento de acidentes quando o telefone celular está envolvido Há muitas maneiras de estudar a atenção dividida Egeth 2000 Luck et ai 1996 Moore Egeth 1997Pashler 1998 PashlerJohnston 1998Van der Heijden 1992 Uma das mais simplescomeça com o conjunto de expetiências cotidianas do próprio indivíduo Um paradigmabastante utilizadorecorre à simulaçãoda situação de dirigir StrayerJohns ton 2001 Os pesquisadores fizeram com que os participantes realizassem uma tarefa em que tinham controle de umjoystick que movimentava um cursorem uma tela de computa dor Eles deveriam mantet o cursor em posição sobre um alvo em movimento Em vários momentos o alvo piscaria verde ou vermelho Se a cor fosse verde os participantes deve tiam ignoraro sinal masse fosse vermelhodeveriampuxar um freio simulado que era um botão no joystick Em uma condição os participantes realizaram a tateia sozinhos Em outra estavam en gajados em uma segunda tarefa Este procedimento criou uma situação de tarefa dupla Os participantes ouviam uma transmissão de rádio enquanto realizavam a tarefa ou falavam ao telefone celular com um companheiro de experimento Eles falavam cerca de metade do tempo e também escutavam aproximadamente metade do tempo Dois tópicos diferentes foram usados para garantir que os resultados não se devessem ao tópico da conversa Os re sultados do estudo são aptesentados na Figura 49 Como mostra a Figura 49 a probabilidade de uma falha em razão de um sinal vermelho aumenta substancialmente na condição de tarefa dupla com o telefone celularem relação à condição de tarefa única Os tempos de reação também foram muitomenores Em compara ção não houve diferença importante entre as probabilidades de falha na tarefa única ou na tarefa dupla com rádio nem no tempo de teação nessas condições Assim o uso de telefones celulares parece sermuitomais arriscado do que ouvir rádio enquanto sedirige Consciência dos Processos Mentais Complexos Nenhum pesquisador sério da cognição acredita que as pessoastenham acesso consciente a processos mentaismuito simples Porexemplo ninguém tem uma boa idéiados meios pelos quais se reconhece que uma letra impressa como A está em maiúscula ou em minúscula Contudo agoravamos considerarum processamento mais complexo Até que ponto setem consciência dos próprios processos mentais mais complexos Os psicólogos cognitivos pos suem visões diferentes de como responder a essa pergunta Uma perspectiva Ericsson Simon 1984 é a de que as pessoas têm acesso relativamente bom a seus processos mentais complexos Simon e seus colaboradores por exemplo usam a análise de protocolo para examinar a maneira pela qual as pessoas solucionam problemas como questões de xadrez e os chamados problemas criptaritméticos cryptarithmetic pro blems nos quais o indivíduo precisa descobrir quais números substituem aslettas emumpro blema matemático computacional Essas investigações sugeriram a Simone seus colaboradores que as pessoas têm acesso bastante bom a seus complexos processos de informação Uma segunda perspectivaé a de que o acessodas pessoas a seusprocessos mentais com plexos não é muitobom por exemplo Nisbett Wilson 1977 Conformeessa teoriaas pes soas podempensarque sabem comoresolver osproblemas complexos mas muitas vezes seus pensamentos sãoequivocados Segundo Nisbett e Wilson em geralestamosconscientesdos produtos de nosso pensamento masapenasvagamente seé que o estamos de nossos proces sos de pensamento Porexemplo suponha que você tenha decidido comprar um modelo de bicicleta ao invés de outro Você certamente conheceráo produto da decisão qual mo delo comprou mas poderá ter apenas uma vaga idéiade como chegoua essadecisão Na FIGURA 49 o o ca o o e o Q E 010 009 008 007 006 005 004 003 002 001 000 625 600 575 550 525 500 475 450 É Telefone celular J Telefone celular Capítulo 4 Atenção e Consciência Tarefa única Tarefa dupla Controle do rádio ITODBS Tarefa única Tarefa dupla 1 Controle do rádio 145 No painel superior a realização da tarefa dupla aumentou significativamente a probabilidade deuma falha nacondi ção com telefone celular mas não nacondição de controle do rádio No painel inferior o tempo de reação aumentou significativamente para uma tarefa dupla nacondição com o telefone celular mas não nacondição com o controle do rádio Strayer D L Johnston W A Driven todistraction Dualtask studies of simulated driving and conversing on a cellular tclephone Psychological Science 12 463 2001 realidade de acordo com essa visão você pode acreditar que sabe por que tomou essa deci são mas talvez essa crença esteja errada Os anunciantes de produtos dependem dessa se gundavisão Eles tentam manipularseus pensamentos esentimentos emdireção a umproduto de forma quesejamquais forem osseuspensamentosconscientes os inconscientes farãocom que você compre o produto deles e não o do concorrente A essência da segunda perspectiva é que o acesso consciente das pessoas a seus processos de pensamento e até mesmo o controle que elas têm sobre eles é muito reduzido Wegner 2002 Wilson 2002 Pense no problema que é esquecer alguém que terminou um relaciona mento íntimo com você Uma técnica utilizada para isso é a supressão dos pensamentos As sim que pensa na pessoa você tenta tirála de sua mente Essa técnica tem um grande problema muitas vezes não dá certo Na verdade quanto mais você tenta não pensar 146 Psicologia Cognitiva na pessoa mais poderá acabar pensando nela e ter dificuldades para tirála da cabeça As pesquisas mostram na verdade que tentar não pensar sobre algo acaba não funcionando Wegner 1997a 1997b Ironicamente quanto mais se tenta não pensar em alguém ou algo mais obcecado se fica com essa pessoa ou esse objeto Cegueira á Mudança O comportamento adaptativo exige que se preste atenção às mudanças no ambiente pois elas oferecem pistas para oportunidades e perigos Em termos evolutivos a capacidade de identificat ptedadotes que surjam subitamente no campo visual é uma grande vantagem para a sobrevivência de organismos e em última instância de seus genes Portanto pode ser uma surpresa descobrir que as pessoasapresentam níveis impressionantes de cegueira à mudança que é a incapacidade para detectar mudanças em objetos ou cenas que estejam sendo vistas 0Regan 2003 Simons 2000 Em um estudo um estranho pede informações a uma pessoa que está parada A medida que a interação ocorre dois trabalhadores carregando uma porta de madeira passam cami nhando entre as duas pessoas Quando os operários tetminam de passar o estranho ori ginal foi substituído por outra pessoa um dos trabalhadores e a interação continua como antes Em sua opinião qual a probabilidade de que a pessoa note que aquela com quem es tava falando não é mais a mesma Por mais estranho que pareça apenas cerca de metade das pessoas percebe que a troca foi feita Muitas não notam mesmo quando são informadas explicitamente de que a pessoa com quem estão falando não é mesma com a qual iniciaram a conversa Simons Levin 1997 1998 Em outta situação os participantes vêem pates de imagens separadas por intervalos cur tos nos quais ocorrem alterações Na maior parte as pessoastêm dificuldade em reconhecer as mudanças sendo mais provável que o façam quando essasforem importantes para a cena do que quando não o são Mesmo quando lhes é dito explicitamente que procurem diferen ças as pessoastêm dificuldades para enconttálas Levin Simons 1997 Rensink 0Regan Clark 1997 Shore Klein 2000 Simons 2000 Simons Ambinder 2005 Parece haver diferenças culturais nas áreas que se observam as mudanças Com partici pantes norteamericanos os itens centrais são reconhecidos mais prontamente do que as mudanças periféricas Entretanto com participantes orientais as alterações na informação periférica foram mais rapidamente identificadas em comparação com as alterações centrais Masuda Nisbett 2006 O córtex parietal direito desempenha um importante papel na ce gueira à mudança A estimulação elétrica nessa área aumenta o tempo gasto para identifi car uma alteração em uma cena Beck et ai 2006 A cegueira à mudança não se limita à informação visual A incapacidade para identifi car uma mudança pode set observada em estímulos auditivos e táteis Gallace et ai 2006 Vitevitch 2003 Entretanto tal qual no estímulo visual um pequeno atraso se faz presente entre o estímulo otiginal e o alterado Esses resultados sugerem que as pessoassão muito menos astutas para reconhecer altera ções em seu ambiente do que poderíamos esperar Até mesmo alterações marcantes como por exemplo a mudança da identidade da pessoacom a qual se fala podem passardesperce bidas Quando se admira Sherlock Holmes por sua perspicácia provavelmente não lhe faze mos justiça Nas histórias de detetives em que aparece ele observa coisas que não são óbvias e que a maioria das pessoas tende a não notar Transtorno do Déficit de AtençãoHiperatividade A maioria das pessoasconsidera natural a capacidade de prestar atenção e dividila de formas adaptativas mas nem todos conseguem fazêlo As pessoas que sofrem do Transtorno do Capítulo 4 Atenção e Consciência 147 Déficit de AtençãoHiperatividade TDAH têm dificuldade em prestar atenção de modo que lhes petmita se adaptar da melhor maneira possível a seu ambiente Attention déficit hyperactivity disorder 2004 no qual esta seção se baseia em grande parte ver também Swan son et ai 2003 Essa condição muitas vezes começa a surgir na préescola e nos primeiros anos do Ensino Fundamental Estimase que de 3 a 5 das crianças manifestam esse trans torno o que significa que nos EUAcerca de 2 milhões de crianças apresentam os sintomas Alguns estudos sugerem que esse número é muito mais elevado afetando cerca de 12 das crianças em todo o mundo Biederman Faraone 2005 Em geral o transtorno não se en cerra na idade adulta embora possa variar em sua gravidade para mais ou para menos A condição foi descrita pela primeira vez pelo Dr Heinrich Hoffman em 1845 e atualmente está sendo amplamente investigada Ninguém sabe ao certo a causa do TDAH Pode ser uma condição talvez parcialmente herdada Algumas evidências indicam uma li gação com o hábito de fumar e beber durante a gravidez Hausknecht et ai 2005 Rodri guez Bohlin 2005 Exposição ao chumbo por parte das crianças também pode estar associada ao TDAH Lesões cerebrais também são outra causa possível assim como aditivos de alimentos em especial açúcar e certos pigmentos Cruz Bahna 2006 Há notada mente diferenças nos circuitos cerebelares frontaissubcorticais catecolaminérgicos e na re gulação de dopamina em pessoas com TDAH Biederman Faraone 2005 Existe evidência de que a incidência de TDAH tenha aumentado nos últimos anos Durante o período de 2000 a 2005 a incidência de tratamento médico aumentou mais de 11 por ano Castle et ai 2007 As razõespara esse aumento ainda não estão claras e vá rias hipóteses podem concorrer para isso inclusive maior tempo assistindo à televisão a uti lização de videogames de ritmo acelerado aditivos alimentates assim como o aumento de toxinas desconhecidas no ambiente As três características básicas do TDAH são a falta de atenção a hiperatividade isto é níveis de atividade que excedam o que normalmente apresenta uma criança de determinada idade e a impulsividade São três os tipos principais um primeiro predominantemente hipe rativoimpulsivo um segundo predominantemente desatento e um terceiro que combina a falta de atenção com hiperatividade e impulsividade Descrevo aqui o tipo desatento porque é mais relevante ao assunto deste capítulo As crianças com TDAH do tipo desatento apresentam vários sintomas específicos Em primeiro lugar são facilmente disttaídas por coisas irrelevantes que vêem ou escutam Em se gundo costumam não prestar atenção aos detalhes Em terceiro são suscetíveis a cometer erros no trabalho por falta de cuidado Quarto muitas vezes deixam de ler instruções por completo ou cuidadosamente Quinto são suscetíveis a esquecer ou perder coisas de que ne cessitam para tarefas como lápis ou livros Por fim tendem a pular de uma tarefa incompleta para outra O TDAH é tratado mais freqüentemente com uma combinação de psicoterapia e medi cação Alguns dos medicamentos usados atualmente são Ritalina medilfenidato Metadate metilfenidato e Strattera atomoxetina Este último difere dos outros medicamentos usa dos porque não é um estimulante em vezdisso afeta o neurotransmissor norepinefrina Os estimulantes por sua vez afetam o neurotransmissor dopamina E interessante notar que em crianças o número de meninos que recebem medicação para tratamento de TDAH é duas vezes maior que o de meninas Entretanto em adultos o uso de medicação para trata mento do TDAH é aproximadamente igual para os dois sexos Castle et ai 2007 Muitos estudos apontam que embora a medicação seja um instrumento útil para o tratamento do TDAH a melhor abordagem é a combinação do remédio com intervenções comportamen tais Corcoran Dattalo 2006 Rostain Tamsay 2006 148 PsicologiaCognitiva Abordagens da Neurociência Cognitiva à Atenção e à Consciência A Neurociência da atenção possui uma vasta literatura que está em constante crescimento Considere uma tentativa de sintetizar diversos estudos que investigam os processos de aten ção no cérebro Posner 1992 Posner Dehaene 1994 Posner Raichle 1994 A atenção é umafunçãodo cérebro como um todo ou uma funçãode módulos distintosque a comanda Segundo Posner o sistemade atenção não é propriedadede uma única área do cérebro nem do cérebro todo Posner Dehaene 1994 p 75 Posner e Rothbart 2007 completaram uma revisão dos estudos em neuroimagem na área da atenção O que a ptincípio parecia um padrão difuso de ativação pode ser efetiva mente organizado em áreas associadas com as três subfunções da atenção Os pesquisadores definem essas funções em estado de alerta orientação e atenção executiva e organizaram essasconclusões para descrever cada uma dessasfunções em termos de áreas cerebrais envol vidas os neurotransmissores que modulam as mudanças e os resultados da disfunção dentro do sistema A seção seguinte é em grande parte baseada na revisão abrangente de Posner e Rothbart 2007 O estado de alerta se define como a preparação para atender a um evento que se apro xima e inclui também o processo de se chegar a esse estado de pteparação As áreas do cé rebro utilizadas para essafunção são a junção parietal temporal a superiorparietal o campo frontal do olho e o colículo supetior O neurotransmissor que modula o estado de alerta é o acetilcolina ACH A disfunção do sistema de alerta está ligada às mudanças atencionais à medida que se envelhece e também ao TDAH A segunda função da atenção é a orientação que é definida pela seleção dos estímulos a serem atendidos As áreas do cérebro ligadas a essafunção são o locuscoeruleusdireito frontal o córtex direito frontal e o córtex parietal O neurotransmissor que modula a orientação é a norepinefrina A disfunção no sistema está relacionada ao autismo A função final definida dentto da atenção é a atenção executiva que compreende processos de monitoramento e de resolução de conflitos que surgem nos proces sos internos Esses processos incluem pensamentos sentimentos e reações As áreas do cére bro envolvidas nesta final e mais elevada ordem do processo atencional são a cingulada antetior a ventral lateral a préfrontal e os gânglios basais O neurotransmissor mais ligado à atenção executiva é a dopamina A disfunção no sistema está associada ao mal de Alzhei mer ao distúrbio de personalidade limítrofe e à esquizofrenia Negligência Espacial Negligência espacial ou simplesmente negligência é uma disfunção da atenção na qual os participantes ignoram metade de seu campo visual contralateral do lado oposto do hemis fério do cérebro que tenha uma lesão Essa disfunção se deve principalmente a lesões uni laterais nos lobos parietais A pesquisa revela que o problema pode ser conseqüência de uma interação de sistemas que se inibem mutuamente Quando um dos pares envolvidos no sis tema é danificado como é o caso de pacientes com negligência esses pacientes ficam trava dos para um lado do campo visual A razão é que a inibição normalmente fornecida pela outra metade do sistema não funciona mais A negligência espacial vem sendo estudada por um grande número de pesquisadores Luaute et ai 2006 Schindler et ai 2006 Uma forma de testar essa condição é oferecer aos pacientes que supostamente sofrem de negligência espacial uma folha de papel com uma série de linhas horizontais Em se guida os pacientes devem dividir cada linha exatamente ao meio Pessoas com lesões no he misfériodireito tendem a repartir as linhas mais à direita da linha central e indivíduos com Capítulo4 Atençãoe Consciência 149 lesões no hemisfério esquerdo tendem a repartir as linhas mais à esquerdada Unhacentral Isto se deve porque pacientes com esse tipo de lesão não vêem todas as linhas à esquerda enquanto que o outro gtupo não enxergaas linhas à direita Porvezes as pessoas deixam de ver todas as linhas pacientes que negligenciam todo o campo visual Sistemas Atencionais Posner 1995 identificou o sistema atencional anterior rede atencional dentro do lobo fron tal e um sistemaatencional no lobo parietal O sistema atencional anterior tornase cada vez mais ativado durante as tarefas que exigem estado de alerta e atenção Um exemplo seriam tarefas nas quais os participantes precisam prestar atenção ao significado das palavras Este sistemacompreende também a atenção para ação Aqui o participante está planejando ou selecionando uma açãodentre as alternativas de ação Em comparação o sistema atencional postetiot compreende o lobo parietal do córtex uma porção do tálamo e algumas áteas do mesencéfalo relacionadas aos movimentos dos olhos Este sistema fica muito ativado durante as tarefas que compreendem a atenção visualespacial nas quais o participante precisa se desligar e mudar o foco de atenção por exemplo a busca visual ou tarefas de vigilância Posner Raichle 1994 A atenção compreende também atividade neural nas áreas visuais auditivas e motoras bem como áreas de associação do córtex envolvido em determinadas ta refasvisuais auditivas motoras ou tarefas de ordem superior Posneretai 1988 Os sistemas atencionais anterior e posterior parecem acentuar a atenção por meio de várias tarefas Isto sugere queelaspodem estar ligadas à regulação da ativação de áreas corticais relevantes para tarefasespecíficas Posner Dehaene 1994 Outra questão surgiu com relação à atividade do sistema atencional Esta atividade ocotre como conseqüência de maior ativação de itens aos quais se presta atenção inibi ção ou ativação suprimida de itens aos quais não se presta atenção ou os dois processos Aparentemente os efeitosatencionais dependem da tarefa específica e da área do cérebro que está sendo investigada Posner Dehaene 1994 A tarefa em mãos é determinar quais processos ocorrem em quais áreasdo cérebrodurante o desempenho de quais tarefas Para mapear as áreas do cérebro envolvidas em várias tarefas os neuropsicólogos cognitivos geralmente usam a tomografia por emissão de pósitrons PET Esta técnica mapeia o fluxo de sangue cerebral regional ver o Capítulo 2 para discussão mais ampla dessa téc nica Em um desses estudos PET Corbetta et ai 1993 os pesquisadores encontraram ativação aumentada nas áreas responsáveis por cada um dos atributos distintos das várias tarefas de busca inclusive características como movimento cot formato e condições de atenção selecionada versus atenção dividida Usando Potenciais Relacionados a Eventos para Mensurar a Atenção Um modo alternativo de estudar a atenção no cérebro é tratat dos potenciais relacionados a eventos ERPs ver o Capítulo 2 que indicam mudanças mínimas da atividade elétricaem resposta a vários estímulos Tanto as técnicas de PET como de ERP oferecem informações sobre a geografia localização da atividade cerebral e sobre a cronologia doseventos no cé rebro Entretanto a PET oferece maior resolução para localizações espaciais das funções cerebrais O ERPs oferecem indicações muitomais sensíveis da cronologia dasrespostas em milissegundos Nããtànen 1988a 1988b 1990 1992 Dessa forma por meio de estudos com ERP até mesmo respostas extremamente breves aos estímulos conseguem ser observadas A sensibilidade dos ERPs às respostasmuito breves possibilitou que Nããtànen e seusco laboradores porexemplo Cowanet ai 1993 Nããtànen 1988a 1988b Paavilainen et aí 150 Psicologia Cognitiva 1993 examinassemas condições específicas nas quais os estímulosalvo versus os estímulos de distração provocam ou não respostas da atenção Porexemplo Naàtãnen concluiu que pelomenos algumas respostas a estímulos auditivos desviantes não freqüentes taiscomode terminadas mudanças na tonalidade parecem ser automáticas ocorrendo mesmo quando o participante concentra a atenção em uma tarefa básica e não está consciente do estímulo desviante Essas respostas préconscientes automáticas a estímulosdesviantes ocotrem inde pendentemente dosestímulos serem alvos ou distratores e de serem muitoou poucodiferen tes dos estímulospadrão Cowan et ai 1993 Paavilainen et aí 1993 Não há diminuição de desempenho nas tatefas controladas como resultado de uma resposta automática a estí mulos desviantes Náátãnen 1990 de maneiraque pareceque alguma análise e seleção su perficial de estímulos podem ocorrer sem sobrecarregaros recursos atencionais Muitos dos estudos anteriores utilizaram participantes normais mas os neuropsicólogos cognitivos também aprenderam muito sobre os processos de atenção no cérebro estudando pessoas que apresentam disfunções comoascom deficits de atenção específicos e tambémas que apresentavam lesões ou fluxo inconstante de sangue em áreas importantes do cérebro Os deficits gerais estão ligados a lesões no lobo frontal e nos gânglios basais Lou Henrik sen Bruhn 1984 os deficits de atenção visuais estão ligados ao córtex parietal posterior e ao tálamo bem como algumas áreas do mesencéfalo associadas aos movimentos dos olhos Posner Petersen 1990 Posner etai 1988 O trabalho com pacientes com cérebro dividido por exemplo Ladavaset ai 1994 Luck et ai 1989 também levou a conclusões interessan tes comrelação à atenção e ao funcionamento cerebral como a observação de queo hemis fério direito parece serdominante parase mantet o estado de alerta e a de que os sistemas envolvidos na busca visual patecetn serdiferentes de outros aspectos da atenção visual O uso da vatiedade dos métodos aqui descritos nos possibilita estudar a atenção de uma ma neira que qualquer método isolado não permitiria Stuss et ai 1995 Outra técnica de neuroimagem usada para examinar a atenção é a ressonância magné tica funcional RMf ver o Capítulo 2 para mais informações Tal comocom outrosméto dos as populações pacientes e nãopacientes foram examinadas por meio desses métodos Madden et ai 2007 Weaver Stevens 2007 Uma Abordagem Psicofarmacológica Outra abotdagem ao entendimento dos processos da atenção é a pesquisa psicofarmacoló gica que avalia as mudanças na atenção e na consciência associadas a várias substâncias químicas porexemplo neurotransmissores como a acetilcolina ou GABA ver o Capítulo 2 hormônios e até mesmo estimulantes do sistema nervoso central estimulantes ou depressores sedativos Wolkowitz Tinklenberg Weingartner 1985 Além disso os pes quisadores estudam aspectos fisiológicos dos processos de atenção em nível global de aná lise Por exemplo aexcitação geral pode serobservada pormeio dereações como adilatação das pupilas mudanças no sistema nervoso autonômico autorregulado ver o Capítulo 2 e padrões diferenciados de EEG Umaáreahá muito reconhecida como crucial para a excita çãogeral é o sistema reticular ativador RAS ver o Capítulo 2 Alterações no RAS e em medidas específicas de excitação foram relacionadas à habituação e à desabituação bem como ao reflexo de orientação no qual um indivíduo responde reflexivamente a mudanças súbitas ao reorientara posição do corpo em direçãoà suafonte pot exemplo ruídos súbitos ou clarões de luz Capítulo4 Atençãoe Consciência 151 Temas Fundamentais Vamos considerar a opinião de um psicólogo de como a consciência e a percepção interagem Anthony Mareei 1983a propôs um modelo para descrever como as sensações e os processos cognitivosque ocorrem na consciênciado indivíduopodem influenciaras percepções e cog nições conscientes das pessoas De acordo com Mareei as representações conscientes da quilo que se percebe diferem qualitativamente das representações não conscientes dos estímulos sensoriais Fora da consciência tentase continuamente se obter sentido de um fluxo constante de informação sensorial Também fora da consciência estão as hipóteses perceptivas relativas ao modo como a informação sensorial atual combina com as várias propriedades e objetos encontrados anteriormente no ambiente Essas hipótesessão inferên cias baseadas no conhecimento armazenado na memória de longo prazo Durante o processo de combinação integramse as informações das diversas modalidades sensoriais De acordo com o modelo de Mareei uma vez obtida uma associação aceitável entre os dados sensotiais e as hipóteses perceptivascom relaçãoàs diversas propriedades e objetos a associação é reportada à consciência como determinadas propriedades e determinados obje tos específicos Conscientemente temse consciência apenasdosobjetos ou daspropriedades informadose não dos dados sensoriais das hipóteses perceptivas que não conduzemà asso ciação ou mesmo dos processos que regulam tal associação Desse modo antes que um de terminado objeto ou propriedade seja detectado conscientemente ou seja informado à consciênciapor meiode processos não conscientes o indivíduo terá escolhidouma hipótese perceptiva satisfatória e excluído as várias possibilidades menos satisfatórias aos dados sen soriais recebidos que já se conhecem ou que se pressupõem De acordo com o modelo de Mareei os dados sensoriais e as hipóteses perceptivas estão disponíveis e sãoutilizados por vários processos cognitivos não conscientes alémdo processo de associação Mesmo os dados sensoriais e os processos cognitivos que não chegam à cons ciência ainda exercem influência sobre a maneira como se pensa e como se desempenham ou tras tarefas cognitivas Acreditase amplamente que as pessoas tenham capacidade de atenção limitada por exemplo ver Norman 1976 Na teoria de Mareei acomodamse essas limitações fazendo o máximo uso possível de informações e de processos não conscien tes enquanto se limita a informaçãoe o processamento que entra na consciência Dessa ma neira a capacidadede atenção limitada não é sobrecarregada de formapermanente portanto os processos de atenção são constantemente entrelaçados com os processos de percepção Neste capítulodescrevemos muitas funções de processos de atenção e no capítuloseguinte trataremos de vários aspectos da percepção O estudo da atenção e da consciência destaca vários temas fundamentais da Psicologia Cognitiva conforme descrição no Capítulo 1 O primeiro temasãoos respectivos papéis dasesttututas e dosprocessos O cérebro con tém várias estruturas e sistemas de estruturas como o RAS que gera os processos que contri buempara a atenção As vezes o relacionamento entre estrutura e processo não é totalmente claro e é função dos psicólogos cognitivos entendêlos melhor Por exemplo a visão cega é um fenômeno no qual ocorre um processo a visão na ausência das estruturas do cérebro que seriam necessárias para que ele ocorresse Um segundo tema é a relação entre Biologiae comportamento A visão cega é um caso de vínculo cutioso mas mesmo assim pouco compreendido A Biologia parece não estar presentepara geraro comportamento Outro exemplo intetessante é o Transtornodo Défi cit de AtençãoHiperatividade TDAHOs médicos têm agora disponíveis vários medica mentos que tratam o TDAH que possibilitam que as crianças tanto quanto os adultos concentremse melhor em tarefas que precisam desempenhar mas os mecanismos pelos quais os medicamentos funcionam ainda são pouco entendidos Na verdade um tanto 152 Psicologia Cognitiva paradoxalmente a maioria dos medicamentos usados para tratar o TDAH é composta de estimulantes que quando dados às crianças com esse transtorno parecem acalmálas Um terceiro tema é a validade da inferência causai versus a validade ecológica Onde se deveria estudar por exemplo a vigilância Podeseestudála em laboratório evidentemente para adquirir controle experimental cuidadoso mas se estamos estudando situações de vigi lância onde há muito em jogo como aquelas em que militares examinam telas de radar em busca de possíveis ataques contra o país devese insistir em ter um alto grau de validade ecológica para garantir que os resultados se apliquem à situação real em que se encontram os militares Os riscos são muito altos pata permitir que alguma falha venha a ocorrer Ainda assim quando se estuda vigilância em situações da vida real não se pode ou não seria in teressante fazer com que ocorram ataques contra o país de modo que é necessário que as simulações sejam as mais realistas possíveis Dessa maneita tentase garantir a validade eco lógica das conclusões obtidas Peça a dois amigos para o ajudarem com essa demonstração Peça que um deles leia algo bem suavemente no ouvido do outro pode ser qualquer texto uma piada um cartão de fe licitações ou um trecho do livro de Psicologia Cognitiva e peça ao outro amigo que tente sombrear o que o primeiro está dizendo Sombrear é repetir todas as palavras que a outra pessoa está dizendo No outro ouvido do seu amigo diga animal de forma bem suave Mais tarde pergunte a ele o que você disse É mais provável que ele não consiga reproduzir isso Tente novamente mas agora diga o nome de seu amigo E mais provávelque seu amigo con siga dizer que você disse o nome dele Isso demonstra o modelo de atenuação de Triesman Leituras Sugeridas Comentadas Pashler H ThePsychobgy ofAttention Cam Posner M I Rothbart M K Resarch on at bridge MIT Press 1998 Excelente rese tention networks as a model for the inte nha da literatuta sobre atenção gtation of psychological science Annuaí Review of Psychobgy 58 123 2007 Re senha abrangente sobre os sistemas neu rológicos e a atenção CAPITULO Memória Modelos e Métodos de Pesquisa 5 EXPLORANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA 1 Quais são algumas das tarefas usadas para o estudo da memória e o que essas várias tarefas indicam sobre a estrutura da memória 2 Qual tem sido o modelo tradicional predominante de estrutura da memória 3 Quais são algunsdos principais modelos alternativosda estrutura da memória 4 O que os psicólogos conheceram sobre a estrutura da memória estudando a memó ria e a fisiologia do cérebro Quem é o presidentedos Estados Unidos Que dia é hojeQual é a aparência de seumelhor amigo e comoé o timbre da vo de seuamigo Quais foram algumasde suasexperiências quando começou a cursar a faculdade De que modo você dá um laço no cadarçode seu sapato INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Como você sabe as respostas das perguntas precedentes ou de quaisquer perguntas com relação a isso Como você se lembra de qualquer informação que usa todas as horas em que está desperto todos os dias Memória é o meio pelo qual retemose nos valemos de nossas experiências passadas para usaressas informações no presente Tulving 2000b Tulving Craik 2000 A memória como um processo referese aos mecanismos dinâmicos associados ao armazenamento retenção e recuperação de informações sobre experiências passadas Bjorklund Schneider Hernández Blasi 2003 Crowder 1976 Os psicólogos cognitivos identificaram especificamente três operações usuais de memória co dificação armazenamento e recuperação Baddeley 1998 1999 e 2000b Brown Craik 2000 Cadaoperação representa umestágio do processamento da memória Na codificação você transforma dados sensoriais em uma forma de representação mental Na armazena mento você mantém as informações codificadas na memória Na recuperação você acessa ou usa as informações armazenadas na memória Estes processos de memória são discutidos detalhadamente no Capítulo 6 Este capítulo introduz algumas das tarefas usadas para oestudo da memória Em seguida discute o modelo de memória tradicional Este modelo inclui os sistemas sensorial de arma zenamento de curto prazo e de longo prazo Embora esse modelo ainda influencie o pensa mento atual sobre memória consideramos algumas perspectivas alternativas e modelos de memória interessantesantes de passara discutir a memóriadiferenciada e os conhecimentos proporcionados pela Neuropsicologia 153 154 Psicologia Cognitiva Tarefas usadas para avaliação da memória Os pesquisadores criaram ao estudar a memória diversastarefasque exigem dos participan tes lembraremse de informações arbitrárias por exemplo conjuntos de números ou de letras de maneiras distintas Em virtude de este capítulo incluir muitas referências a essas tarefas iniciamos esta seção com um organizador antecipado uma base para organizar as informações a serem fornecidas Você conhecerá deste modo como a memória é estudada As tarefasdescritasnas seçõesa seguirenvolvem memóriade recordação versus de reconhe cimento e memória implícita versus explícita Tarefas de Recordação versus Tarefas de Reconhecimento Na recordação você apresenta um fato uma palavra ou um outro item de memória Os tes tes de preenchimento de espaços em branco e a maioria dos demais testes exigemque você QUADRO 51 Tipos de Tarefas Usadas para Avaliação da Memória Algumas tarefas de memória envolvem recordação ou reconhecimento de memória explícita para conhecimento declatativo Outras tarefas envolvem memória implícita e memória de conhecimento de procedimentos Tarefas que Exigem Memória Expücita para o Conhecimento Declarativo Tarefas de memória explícita Tarefas de conhecimento declarativo Tarefas de recordação Tarefa de recordação serial Teste de recordação livre Tarefa de recordação Descrição do que as Tarefas Exigem Você deve rememorar consciente mente informações específicas Você deve recordar fatos Você deve apresentar um fato uma palavra ou outro item de memória Você deve repetir os itens de uma lista na ordem exata em que os ouviu ou leu Você deve repetir os itens de uma relação na ordem em que conse guir relembrálos Você deve memorizar uma relaçãode pares de itens em seguida lhe é apresentado um item do par c você precisa se lembrar do item faltante que forma o par Exemplo Quem escreveu HamleO Qual é seu primeiro nome Testes de preenchimento de espaços em branco requerem que você se lem bre de itens da memória Por exemplo O termo para pessoas que sofrem de déficit de memória se Se lhe fossem mostrados os algarismos 287164 haveria a expectativa de que você os repetisse exatamente nesta ordem Se lhe fosse apresentada a relação de palavras cão lápis tempo cabelo macaco restaurante seria plenamente aceitável se você repetisse macaco restaurante cão lápis tempo cabelo Suponha que lhe fosse apresentada a seguinte relação de pares tem pocidade névoalar chavepapel créditodia punhonuvem número galho Posteriormente quando lhe fosse dado o estímulo chave você deveria diier papel e assim por diante Capítulo5 Memória Modelos e Métodos de Pesquisa 155 se recorde de itens da memória No reconhecimento você seleciona ou identifica um item como um dos que aprendeu anteriormente Veja o Quadro 51 para exemplos e explicações de cada tipo de tarefa Testesde múltiplaescolha e com a opção verdadeirofalso envolvem algum grau de reconhecimento Três tipos principais de tarefas de rememoração são usados em experiências Lockhart 2000 O primeiro tipo é recordação serial no qual você se re corda de itens na ordem exata em que foram apresentados Crowder Green 2000 O se gundo é recordação livre em que inicialmente lhe mostram itens em pares porém durante a rememoração você recebe informaçãode somente um componente de cada par e é solici tado a lembrarse do outro componente A recordação também é denominada recordação em pares associados Lockhart2000 Os psicólogos tambémpodemmediro reaprendizado que é o número de tentativas necessárias para aprender novamente itens que foram aprendi dos em alguma ocasiãono passado A reaprendizagem também tem sidodenominada reapro veitamento e pode ser observada em adultos crianças e animais Bauer 2005 Lynne Yukako McKinney 2002 Monk et ai 1996 O efeito de reaprendizagem também foi QUADRO 51 Tipos de Tarefas Usadas para Avaliação da Memória continuação Tarefas que Exigem Memória Explícita Para o Conhecimento Declarativo Descrição do que as tarefas exigem Exemplo Tarefas de reconhecimento Você deve selecionar ou identificar um item como tendo sido aprendido anteriormente Testes de múltipla escolha e do tipo verdadeirofalso Por exemplo O termo para pessoascom capacidade de memória excepcional é 1 amné sico 2 semanticista 3 mnemo nista ou 4 retrógrados Tarefas de memória implícita Você precisa se valer de informações na memória sem perceber consciente mente que está agindo dessa forma Tarefas de preenchimento da palavra faltante usam a memória implícita Seria apresentado a você um frag mento de palavra você seria solici tado em seguida a completar o frag mento com a primeira palavra que lhe viesse à mente Por exemplo su ponha que lhe fosse solicitado para indicar as quatro letras faltantes para o preenchimento nestes espaços em branco e formar uma palavra e ór Em virtude de ter visto recentemente a palavra memória você provavelmente indicaria as qua tro letras m m i a para preen cher os espaços em contraste a alguém que não houvesse sido exposto recentemente à palavra Tarefas envolvendo conhecimento Você deve se lembrar de aptidões adquiridas e de comportamentos automáticos ao invés de fatos Se você fosse solicitado a demonstrar uma aptidão de sabercomo fazer po deria serlheoferecidaexperiência para resolução de quebracabeças ou para leitura de palavras escritas em ordem inversa e em seguida lhe seria solici tado demonstrar do que você se lembra sobre o modo de usar essas aptidões Ou você poderia ser solicitadopara do minar ou demonstrar aquilo que você já se recorda a respeitode aptidões mo toras específicas porexemplo andar de bicicletaou patinar no gelo 156 Psicologia Cognitiva observado em fetos de ratos que demonstraram intervalos de aprendizagem mais reduzidos para movimentos motores que haviam aprendido anteriormente Robinson 2005 Este efeito é nitidamente generalizável de modo extensivo a muitas situações e participantes A memória de reconhecimento usualmente é muito melhor do que a recordação em bora existam algumas exceções que são discutidas no Capítulo 6 Porexemplo em um es tudo participantes puderam reconhecer perto de 2000 fotografias em uma tarefa de memória de reconhecimento Standing Conezio Haber 1970 E difícil imaginaruma pes soalembrandose de 2000itensde qualquertipo que lhe foi solicitado para memorizar Con forme você verá posteriormente na seção sobre memória diferenciada mesmo com treina mento extensivo o melhor desempenho de rememoração foi de aproximadamente 80 itens Informar aos participantes o tipo de testefuturo pode influenciar o volume de aprendiza gem que ocorre Os testes de recordação em geral trazemà tona especificamente níveis mais profundos de processamento de informações do que os testes de reconhecimento Imagine es tudar para um exame Quando se preparar para umaprova escrita provavelmente tentará re lacionar conceitos entre si No entanto ao se preparar para um teste de múltipla escolha possivelmente tentaráse lembrar de fatos E possível que após estudar paraa prova escrita você se lembrede maisdetalhes a respeito das informações Conforme mencionado anterior mente a provaescritaé parecidacom a tarefade recordação e o teste de múltiplaescolha re lembra a tarefa de reconhecimento embora evidentemente não sejam idênticos Alguns psicólogos referemse às tarefas de memória de reconhecimento comode obtençãode conhe cimentoreceptivo Tarefas de memória de reconhecimento para as quais você deve dar uma resposta requerem diferentemente conhecimento expressivo Diferenças entre conhecimento receptivo e expressivo também são observadas em áreas distintas daquelas das tarefas de me mória simples porexemplo linguagem inteligência e desenvolvimento cognitivo Tarefas de Memória Implícita versus Tarefas de Memória Explícita Os teóricos da memória distinguem entre memória explícita e memória implícita Mulli gan 2003 Cada uma das tarefas discutidas anteriormente envolve a memória explícita em que os participantes apresentam lembrança consciente Por exemplo podem lembrar ou reconhecer palavras fatos ou imagens de um determinado conjunto prévio de itens Um fenômeno relacionado é a memória implícita na qual usamos informações porém não te mos conhecimento consciente de que estamos agindo dessa forma McBride 2007 Roedi ger McDermott 1993 Schacter 1995a e 2000 Schacter Chiu Ochsner 1993 Schacter Graf 1986a e 1986b Todos os dias você participa de muitas tarefas que envolvem sua lembrança inconsciente de informações Mesmo enquanto você lê este livro está se lem brando inconscientemente de muitas coisas que incluem o significado de determinadas palavras alguns dosconceitospsicológicocognitivos a respeito dosquaisvocê leu em capí tulos anteriores e mesmo como ler Existem diferenças na memória explícita ao longo da vida a memória implícita entretantonãoapresenta asmesmas alterações Crianças peque nas e adultos mais idosos muitas vezes tendem especificamente a ter memória explícita relativamente fraca porém memória implícita comparável à de adultos jovens Carver Bauer 2001 Murphy McKone Slee 2003 Em certos grupos de pacientes também se observam diferenças de memória explícita e memória implícita preservada esses grupos serão discutidos posteriormente neste capítulo No laboratório a memória implícita algumas vezes é estudadafazendo com que as pes soas realizem tarefas de complementação de palavras Em uma tarefa deste tipo os partici pantes recebem uma palavraincompleta como as três primeiras letras de uma palavra Eles em seguida a completam com a primeira palavra que vem à mente Porexemplo suponha que você seja solicitadoa preencher os espaços com as seis letras faltantes para formar uma palavra imp Em virtude de vocêter visto recentemente a palavra implí Capítulo 5 Memória Modelos e Métodos de Pesquisa 157 cita provavelmente indicaria as seis letras 1ícita para os espaços em branco em compara ção a uma pessoa que não tivesse sido exposta recentemente à palavra Você foi induzido Indução é a facilitação de sua capacidade para utilizar informações faltantes Em geral os par ticipantes possuem melhor desempenho quando tiverem visto a palavra em uma relação apresentada recentemente embora não tivessem sido instruídos explicitamente a se lembrar de palavras dessa relação Tulving 2000a A indução ocorre mesmo nas situações em que você não tem consciênciade ter visto a palavra antes istoé se a palavra foi apresentadadu rante uma fração de segundo ou de outra forma degradada Memória de procedimentos ou memória de processos constitui em subtipo da memória não declarativa Tulving 1985 Exemplos de memória de procedimentos incluem os procedi mentos envolvidos para andar de bicicleta ou para dirigir um carro Considere quando você está dirigindo para ir ao shopping center provavelmente engata a marcha usa seu piscapisca e permanece em sua pista sem pensar ativamente sobrea tarefa Vocênem precisa lembrarse conscientemente do que deve fazer quando o semáforo fica vermelho Muitas das atividades que realizamos todos os dias enquadramse no âmbito da memória de procedimentos estas po dem variar de escovar os dentes a escrever uma monografia O cerebelo parece ter uma participação importante na memória de procedimentos As descobertasneuropsicológicas e cognitivasque apoiam uma memóriade procedimentosdes contínua têm sido muito bem documentadas Cohen et ai 1985 Cohen Squire 1980 RempelClower etai 1996 Squire 1987 Squire Knowlton Musen 1993 No laboratório a memória de procedimentos freqüentemente é estudada por meioda tarefa de acompanha mento rotatório Esta tarefa exige que os participantes mantenham contato entre uma agu lha com formato de L e um pequeno disco rotativo Costello 1967 O disco geralmente é do tamanho de uma moeda com diâmetro inferior a 25 cm O disco é colocado em uma plataforma que gira rapidamente O participante precisa tocar o disco pequeno com o esti lete à medidaque gira rapidamente em torno de uma plataforma Após treinarem com disco e velocidade de rotação específicos os participantes são solicitados a completar a tarefa no vamente com o mesmo disco e a mesma velocidade ou com um novo disco ou outra veloci dade VerdoliniMarston e Balota 1994 observaram que quando um novo disco ou outra velocidade são usados os participantes exibem um desempenho relativamente fraco Porém com disco e velocidade idênticos os participantes desempenham a tarefa tão bem quanto após teremaprendido a tarefa mesmo quando não se lembram de havercompletado previa mente a tarefa Outra tarefausadapara estudara memória é a reconstituição com o espelho Na tarefade reconstituição com o espelho uma placa com o contorno de uma forma desenhada sobre ela é colocada atrás de um obstáculo onde não possa ser vista Para além do obstáculo na linha visual do participante encontrase um espelho Quando o participante aproximase do obstá culo sua mão e a placa com a forma delineada podem ser vistas Os participantes pegam em seguida uma caneta e traçam o contorno da forma desenhada na placa Quando aprendem essatarefa pela primeira vez os participantes têm dificuldade para manter o contorno da forma Normalmente existem muitos pontos nos quaiso estiletesaido contorno Além disso é neces sário um tempo relativamente longo para reconstituir toda a forma Entretanto com a prática os participantes tornamse bem eficientes e precisos na execução da tarefa A retenção dessa aptidão pelos participantesproporciona uma maneira para estudara memória de procedimen tos Gabrieli etai 1997 Rodrigue Kennedy Raz 2005 Os métodospara avaliar a memóriaexplícitae a implícitadescritos aqui e no Quadro 51 supõem que a memória implícita e a explícita são distintas e podem ser medidas por tarefas diferentes Alguns pesquisadores questionaram essa suposição Eles supõem como alterna tiva que ambos os tipos de memóriadesempenham um papel em toda resposta mesmo se a tarefa a ser realizada tiver como finalidade medir somente um tipo de memória Portanto os 158 Psicologia Cognitiva psicólogos cognitivos desenvolveram modelos que assumem a influência da memória implí cita e da explícita em quase todas as respostas Um dos primeirose mais amplamente reconhecidos modelosnessa área é o modelo dedis sociação do processo Jacoby 1991 O modelo supõe que a memória implícita e a explícita exercem ambas um papel em praticamente toda resposta Portanto somente uma tarefa é ne cessária para medir ambos processos No entanto duas tarefas diferentes podem ser usadas no âmbito da estrutura de dissociação do processo Em uma dessastarefas os participantes aprendem uma relação de palavras e em seguida lhes são apresentadas palavras incompletas Neste ponto recebem instruções para inclusão pelas quais devem fazer uso das informações que obtiveram anteriormente para completar as palavras ou as instruções referemse à exclusão isto é o participante é avisado a não usar os itens da relação anterior para preencher as letras faltantes Ao subtrair o número de vezes que uma palavra da relação for usada na condição de exclusão do mesmo evento na condi ção de inclusãojacoby foi capaz de estimar o efeito da memória explícita Alguns passosadi cionais permitiram a Jacoby estimar na mesma tarefa a memória implícita A tarefa de dissociação do processo foi usada extensivamente Memon Holliday Hill 2006 Yonelinas 2001 No entanto esse procedimento não está isento de críticas Estas críticas confirmam que a dissociação do processo produz estimativas distorcidas quando ocorre adivinhação e quando os participantes usam uma estratégia que envolve avaliar e corrigir suas respostas McBride Dosher 2002 McKenzie Tiberghien 2004 Yu Bellezza 2000 Modelo Tradicional de Memória Existem diversos modelos de memória Murdock 2003 Roediger 1980b Em meados da década de 1960 com base nos dados disponíveis à época os pesquisadores propuseram um modelo de memória diferenciando duas estruturas de memória propostas inicialmente por William James 18901970 memória primária que armazena informações temporárias usa das corretamente e memória secundária que inclui informações em caráter permanente ou ao menos durante um longo período Waugh Norman 1965 Três anos depois Richard Atkinson e Richard Shiffrin 1968 propuseram um modelo alternativo que conceitualizou a memória em termos de três sistemas de armazenamento 1 um armazenamento sensorial capaz de estocar quantidades de informação relativamente limitadas durante períodos muito breves 2 um armazenamento de curto prazo capaz de estocar informações por períodos um tanto mais longos mas também com capacidade relativamente limitada e 3 um arma zenamento de longo prazo de grande capacidade capazde estocar informações por períodos muito longos talvez mesmo indefinidamente Richardson Klavehn Bjork 2003 O modelo diferencia entre estruturas para retenção de informaçõessão receptáculos e in formações armazenadas nas estruturas que são denominados memória Hoje entretanto os psicólogos cognitivos comumente descrevem os três receptáculos como memória sensorial memória de curto prazo e memória de longo prazo Atkinson e Shiffrin também não esta vam sugerindo que os três receptáculos são estruturas fisiológicas distintas Os receptáculos são preferivelmenteconstructos hipotéticos conceitos que não são por si só diretamente mensuráveis ou observáveis mas que atuam como modelos mentais para a compreensão de como opera um fenômeno psicológico A Figura 51 apresenta um modelo de processamento de informações simples dessestrês receptáculos Atkinson Shiffrin 1971 Conforme a figura o modelo AtkinsonShiffrin enfatiza os receptáculos passivos nos quais as memórias são ar mazenadas Porém também se refere a alguns processosde controle que regem a transferên cia de informações de um receptáculo para outro Capítulo5 Memória Modelos e Métodos de Pesquisa 159 FIGURA 51 Richard Atkinson e Richard Shiffrin propuseram um modelo teórico para o fluxo de informações por meio doprocessa dor deinformações humano ilustrado por Aüen Beechel e adaptado de The Contrai ofShortTerm Memory de Richard C Atkinson e RichardM Shiffrin 1971 Scientific American Inc Todos os direitos reservados O modelo de três receptáculos não é no entanto a única maneira para conceitualizar a memória As seçõesa seguirapresentam inicialmente aquiloque conhecemos sobrea memó ria em termos do modelo de três receptáculos São descritas em seguida algumas maneiras alternativas para conceitualizar a memória Vamos iniciar com o receptáculo sensorial no modelo de três receptáculos Armazenamento Sensorial A armazenamento sensorial constitui o repositório inicial de muitas informações que no final passam a fazer parte da armazenagem de curto prazo e de longo prazo Provas convincentes emboranão semquestionamento veja Haber 1983argumentam em favorda existênciade uma armazenagem icônica O armazenamento icônico é um registro sensorial de natureza visual e descontínua que retém informações por períodos muito breves Sua designação ori ginase do fato de as informações serem armazenadas sob a forma de ícones Estes por sua vez são imagens visuais que representam algo Ícones são parecidos usualmente com o que estiver sendo representado Se você alguma vezescreveuseu nome com uma caneta cintilante ou com um bastão de incenso em um fundo de cor preta percebeu a persistênciade uma memóriavisualVocêvê brevemente seu nome embora a caneta não deixe um traço físico Essa persistência visual constitui um exemplo do tipo de informação mantida no armazenamento icônico A Descoberta de Sperling A descoberta inicial relativa à existência do armazenamento icônico originouse de uma tese de doutorado apresentada por um aluno do curso de pósgraduação chamado George Sperling 1960 Ele estudou o tema relativo à quantidade de informações que podemos codificar em um único e breve olhar de relance a um conjunto de estímulos Sperling pro jetou intermitentemente em uma tela uma sériede letras e númerosdurante apenas 50 milis segundos milésimos de umsegundoOs participantesforamsolicitados a indicara identidade e a localização do maior número possível de símbolos que conseguissem relembrar 160 Psicologia Cognitiva Sperling poderia estar seguro de que os participantes somente olharam rapidamente uma única vez porque pesquisas anteriores haviam mostrado que 0050 segundo é o tempo sufi ciente para apenas olhar de relance o estímulo apresentado Sperlingconstatou que quando os participantes eram solicitados a indicar o que tinham visto se lembravam somente de quatro símbolos A descoberta confirmou uma anterior feita por Brigden em 1933 O número de símbolos lembrado era praticamente o mesmo sem levar em consideração quantos haviam sido apresentados visualmente Alguns dos participantes de Sperling mencionaram que tinham visto todos os estímulos nitidamente Entretanto ao in dicar aquiloque viram esqueceramse dos demaisestímulos Sperling concebeu em seguida uma idéiagenial que permitia avaliar o que os participantes viram O procedimento usado por Brigden e no primeiro conjunto de estudos por Sperling é um procedimento derelato integrai Nesse procedimento os participantes indicam todo símbolo que viram Sperling introduziu a seguir um procedimento de relato parcial Neste caso os participantes precisavam comunicar somente parte daquilo que vêem Sperlingdescobriu uma maneira para obter uma amostra de conhecimento de seusparti cipantes Ele então extrapolou essaamostra para estimar o conhecimento total Sua lógica foi similar àquela das provas escolares que também são usadas como exemplos de conheci mento total que uma pessoa tem da matéria do curso Sperling apresentou símbolos em três linhas com quatro símbolos cada A Figura 52apresentaum quadro similaràqueleque os par ticipantes de Sperling podem ter visto Sperling comunicou aos participantes que teriam de lembrarapenas de uma única linha do quadro A linha a ser lembrada estava assinalada por um tom de intensidade elevada média ou reduzida Os tons correspondiam à necessidade de lembrarse da linha superior média ou inferior respectivamente Sperling para estimar a duração da memória icônica variou o intervalo entre a exibi ção e o tom A amplitude do intervalo varioude 010 segundos antes do inícioda exibição a 10segundo após o início da exibição do quadro O procedimento de relato parcial alterou drasticamente quanto os participantes conseguiam lembrar Em seguida Sperling multipli cou por três o número de símbolos lembrados com esse procedimento A razão era que os participantes precisam se lembrar somente de um terço das informações apresentadas porém não tinham conhecimento prévio de qual das três linhas seriam solicitadas a indicar FIGURA 52 H B S T A H M G E L W C Este quadro simbólico é similar àquele usado para a tarefa de rememoração visual de George Sperling Margaret W Matiin Psychology 2 ed 1995 por Hok Rinehart and Winston Reproduzido mediante autorização do editor Capítulo 5 Memória Modelos e Métodos de Pesquisa 161 Usando esse procedimento de relato parcial Sperling constatou que os participantes pos suíam disponíveis aproximadamente nove dos 12 símbolos caso fossem induzidos imediata mente antes ou imediatamente após o aparecimento do quadro No entanto quando eram induzidos 1segundo mais tarde suarememoração diminuía paraquatroou cincodos 12 itens Esse nível de rememoração era aproximadamente igual àquele obtido por meio do procedi mentode relato integral Estes dados apontamque a armazenagem icônica pode contercerca de noveitens Eles também indicamque as informações nesse receptáculodesaparecem muito rapidamente Figura 53 Realmente a vantagem do procedimento de relato parcial reduzse de modo drástico ao atingir 03 segundos de demora Essencialmente é obliterado por 1 se gundo de demora no início do tom Os resultados de Sperling indicam que as informações desaparecem rapidamente do ar mazenamento icônico Porque permanecemossubjetivamente inconscientes de tal fenômeno de desaparecimento Primeiro raramente estamossujeitos a estímulos comoosdessa experiên ciaAs letras apareceram somente durante 50milissegundos e desapareceram emseguida an tes que os participantes precisassem rememorálas Segundo e mais importante somos incapazes entretanto de distinguir o que vemos na memória icônica daquiloque efetiva mente vemos no ambiente O que vemos na memória icônicaé aquiloque supomos existir no ambiente Os participantes da experiência de Sperling geralmente comunicavam que ainda conseguiam ver o quadro até 150milissegundos após ter sidoapagado Pormais refinado que fosse o uso por Sperlingdo procedimento de relato parcial era im perfeito Ainda estava sujeito pelo menos em graureduzido ao problema inerente ao proce dimento derelato integral osparticipantes precisavam informar diversos símbolos Eles podem FIGURA 53 10 0 15 30 10 Atraso do tom segundos 100 75 O B 50 I o o Q 25 O gráfico mostra noeixo vertical esquerdo o número médio de letras lembradas e noeixo vertical direito valores per centuais equivalentes por um participante com base na aplicação do procedimento de relato parcial como função do atraso entre a apresentação das letras e do tom que sinaliza quando demonstrar a rememoração A barra nocanto in feriar direito indica o número medio de letras lembradas quando osparticipantes adotam o procedimento de relato inte gral Sperling 1960 162 Psicologia Cognitiva ter constatado uma perda gradual de memória durante o processo de comunicação Existe realmente uma possibilidade distinta de interferência no resultado Neste caso a produção de informações interfere com o fenômeno sendo estudado isto é comunicar verbalmente diver sos símbolos pode interferir com relatos da memória icônica Refinamento Subsequente Em um trabalho subsequente foram mostrados aos participantes quadros com duas linhas de oito letras escolhidas aleatoriamente durante 50 milissegundos Averbach Coriell 1961 Nesta experiência apareciaum pequenosinal logo acimadasposições em que uma letra havia aparecido ou estava paraaparecer Seuaparecimento ocorria a intervalos de tempovariáveis antes ou após a apresentação das letras Portanto nesta pesquisa os participantes precisavam informarsomente uma única letra por vez Dessa forma o procedimento minimizava a inter ferência no resultado Esses pesquisadores descobriram que quando a barra aparecia imedia tamente antes ou após a apresentação do estímulo os participantes conseguiam informar corretamente cerca de 75 das tentativas Portanto pareciam estar retendo cerca de 12 itens 75 de 16 na memória sensorial Consequentemente a estimativa feita por Sperling da capacidade da memória icônica pode ter sido conservadora As provas nesseestudo indicam que quando a interferência no resultado for reduzida consideravelmente as estimativas da capacidade de memória icônica podem aumentar sensivelmente A memória icônica pode abranger até 12 itens A segunda experiência Averbach Coriell 1961 revelou uma importante característica adicional da memória icônica ela pode ser apagada Esta possibilidade inerente à memória icônica definitivamente torna nossas sensações visuais mais perceptíveis Enfrentaríamossé rias dificuldades se tudo que enxergássemos em nosso ambiente visual persistisse por muito tempo Por exemplo seestivermos observando o ambiente apressadamente precisamos queas informações visuaisdesapareçam rapidamente Os pesquisadores descobriramque quando um estímuloera apresentado após uma letra alvo na mesma posição que a letraalvo havia ocupado poderiaapagar o íconevisual Aver bach Coriell 1961 Esta interferência é denominada ocultação visual traseira Ocultação visual traseira é a eliminação mental de um estímulo causado pelo posicionamento de um es tímulo em que outro havia aparecidoanteriormente Se o estímulooculto forapresentado no mesmo lugarde uma letra e no intervalo de 100milissegundos da apresentação da letra ele é superposto à letra Por exemplo F seguido de L seria E Nos intervalos maiores entre o alvo e o item oculto este apaga o estímulooriginal Por exemplo somente o L permaneceria se o F e em seguida o L tivessem sido apresentados Em intervalos ainda maiores entre o alvo e o item oculto este cessaa interferência Esta nãointerferênciaocorre presumivelmente por que a informação almejada já foi transferida para uma armazenagem mais permanente da memória Resumindo a informação visual parece entrar em nosso sistema de memória por meio de um armazenamento icônico que a preserva por períodos muito breves Na seqüência usual dos eventos essa informação pode ser transferida para outro receptáculo ou pode ser apagada Isso ocorreseoutra informação for superposta à primeira antes de existirtemposu ficiente paraa transferência de informação a outro receptáculo da memória A eliminação ou a movimentação para outro receptáculo também ocorre com a informação auditiva que esteja no receptáculo da memória mais durável Armazenamento de Curto Prazo A maioria de nós possui pouco ou nenhum acesso introspectivo a nossos receptáculos de me móriasensorial Entretanto todos possuímos acesso a nossoreceptáculode memóriade curto Capítulo5 Memória Modelos e Métodos de Pesquisa 163 prazo que mantém a memória por algunssegundose ocasionalmente por até algunsminutos Por exemplo você consegue se lembrar do nome do pesquisadorque descobriu o armazena mento icônicoEdos nomes dos pesquisadores que refinaramsubseqüentemente essetrabalho Se você consegue relembrar esses nomes utilizou alguns processos de controle mnésicospara tal finalidade De acordo com o modelo AtkinsonShiffrin o receptáculo de curto prazo não armazena apenas poucos itens Também possuidisponíveis alguns processos de controle que regulamo fluxode informaçõesdirigidoe originado do receptáculo de longo prazo Neste caso podemospreservar informações por períodos mais longos Normalmente osdados permanecem no receptáculo de curto prazo por cerca de 30 segundos a não ser que esteja treinado para retêlos As informaçõessão armazenadasauditivamente pelo modo como soam ao invés de visualmente pelo modo como aparentam ser Quantos itens de informação podemos manter em nossa memória Em geral nossa ca pacidadede memória imediata de curto prazo para uma ampla gama de itens parece ser de aproximadamente sete itens mais ou menos dois Miller 1956 Um item pode ser algosim ples como um algarismo ou algo mais complexo como uma palavra Se juntarmos um con junto de por exemplo 20 palavras ou números em sete itens significativos conseguimos relembrálos Não conseguiríamos entretanto relembrar 20 itens e repetilosimediatamente Por exemplo a maioriade nós não consegue manter na memóriade curto prazoesta série de 21 algarismos 101001000100001000100 Suponha no entanto que façamos a divisãodesse número em unidades menores como 10 100 1000 10000 1000 e 100 Provavelmente sere mos capazes de reproduzir com facilidade os 21 algarismos com seis itens Miller 1956 Outros fatores também influenciam a capacidade de armazenamento temporário na me mória Por exemplo o número de sílabas que pronunciamos com cada item afeta o número de itens que conseguimos nos lembrar Quando cada item possui um número grande de síla bas conseguimos rememorar menos itens Baddeley Thomson Buchanan 1975 Naveh Benjamin Ayres 1986 Schweickert Boruff 1986 Adicionalmente qualquer atraso ou interferência podefazer com que nossa capacidade parasete itensdiminuaparacercade três itens Realmente em geral o limite da capacidade pode estar mais próximo de três a cinco do que está de sete Cowan 2001 Algumas estimativas são até menores por exemplo Waugh Norman 1965 A maioria dos estudos empregou estímulos verbais para testar a capacidade da memória de curto prazo porém as pessoas também conseguem reter informações visuais na memó ria de curto prazo Porexemplo podem manter informações sobreformas bem comosuasco res e orientações Qual é a capacidade da armazenagem de curto prazo reter informações visuais Émenor igual ou talvez maior Uma equipe de pesquisadores propôsse a descobrir a capacidade do armazenamento de curto prazo para informações visuais Luck Vogel 1997 Vogel Woodman Luck 2001 Eles apresentaram aos participantes da experiência dois quadros visuais Os quadros foram apresentados em seqüência um após o outro Os estímulos foram de três tipos quadrados coloridos linhas pretas com diversas orientações e linhas coloridas com orientações dife rentes Desse modo o terceiro tipo de estímulo combinava as características dos dois pri meiros O tipo de estímulo foi o mesmo em cada um dos dois quadrados Por exemplo se o primeiro quadro continha quadrados coloridos o mesmo ocorria no segundo Os dois qua dros poderiam ser iguaisou diferentes entre si Caso fossem diferentes então a diferençase limitava a somente uma característica Os participantes precisavam indicar se os dois qua dros eram iguais ou distintos entre si Os pesquisadores descobriam que os participantes po deriam manter na memória cerca de quatro itens no âmbito das estimativas indicadas por Cowan 2001 Os resultados foram os mesmos caso somente características individuais fossem variadas isto é quadrados coloridos linhas pretas com diversas orientações ou 164 Psicologia Cognitiva pares de características fossem variadas isto é linhas coloridas com orientações diferen tes Portanto a retenção parece depender do número de objetos ao invés de número de características Esse trabalho continha um possível complicador isto é outro fator responsável que não pode ser facilmente isolado do fator causai suposto Nos estímulos de linhas coloridas com orientações diferentes a característica agregada ocupava a mesma localização espacial que a original ou seja a cor e a orientação estavam em relação ao mesmo item no mesmo lugar no quadro Portanto foi feito um estudo posterior para distinguir os efeitos da localiza ção espacialdo número de itens LeeChun 2001 Nessa pesquisaos estímulos que incluíam espaços demarcados e linhas poderiam estar em localizações distintas ou sobrepostas As lo calizações sobrepostas separavam portanto os itens das localizações fixas A pesquisa capa citaria alguém a determinar se as pessoasconseguem se lembrar de quatro itens conforme in dicado no trabalho anterior ou de quatro localizações espaciais Os resultados foram os mesmos alcançados na pesquisa anterior Os participantes ainda conseguiam se lembrar de quatro itens independentemente das localizações espaciais Portanto a memória era de itens e não de localizações espaciais Adicionalmente usando a Linguagem Americana de Sinais LAS os pesquisadores descobriram que a memória de curto prazo pode reter aproximada mente quatro itens para letras sinalizadas Essa descoberta é coetente com trabalhos anterio res sobre memória visuoespacial de curto prazo A descoberta faz sentido dada a natureza visual desses itens Bavelieretai 2006 Wilson Emmorey 2006 Armazenamento de Longo Prazo Harry Bahrick é professor pesquisador de Psico logiana Ohio Wesleyan University Ele é mais conhecido porseusestudos deretenção permanentede informações na memória semântica Demonstrou que o conhecimento não repetido pode permanecer na memória durante 25 ou mais anos como por exemplo no casodo re conhecimento de colegas de escola conhecidos durante os anos de ensino médio e não vistos ou lembrados desde aquela época Foto cortesia Harry Bahrick Usamos constantemente a memória de curto prazo ao longo de nossas atividades diárias Entretanto quando a maioria de nós se refere à me mória usualmente está se referindo à memória de longo prazo Nesta condição retemos memórias que permanecem conosco ao longo de períodosextensos talvez indefinidamente Todosdependemos conside ravelmente de nossa memória de longo prazo Mantemos nela informa ções que precisamos para agir em nossas vidas diárias Constituem exemplos quais são os nomes das pessoas onde guardamos objetos como nos programamos nos vários dias e assim por diante Também nos preocupamos quando temos receio de que nossa memória de longo prazo não seja de primeira qualidade Quanta informação podemos reter em nossa memória de longo prazoQuanto tempo a informação dura A pergunta sobre capacidade de armazenagem pode ser posta de lado rapidamente porque a resposta é simples Não sabemos Também não sabemos como poderíamos des cobrir Podemoscriar experimentos para pôr à prova os limites da me mória de curto prazo Porém não sabemos como testar os limites da memória de longo prazo e portanto identificar sua capacidade Al guns teóricos sugeriram que a capacidade da memória de longo prazo é infinita pelomenosem termospráticos Bahrick 1984a 1984b e 2000 Bahrick Hall 1991 Hintzman 1978 A pergunta relativa à duração das informações na memória de longo prazo não pode ser respondida de modo fácil Presentemente não temosprovasequerda existênciade um limite exterior absoluto relativo ao tempo que as informações po dem ser armazenadas O que é retido no cérebroWilder Penfieldpesquisou este tema ao realizar operações cirúrgicas nos cérebros de pacientes conscientes que Capítulo5 Memória Modelos e Métodos de Pesquisa 165 sofriam de epilepsia Ele aplicou estímulos elétricos em várias partes do córtex cerebral para localizar as origens do problema de cada paciente Na realidade seu trabalho foi instrumen tal para identificar as áreas motoras e sensoriaisdo córtex descritas no Capítulo 2 No decorrer de tal estimulaçãoPenfield 1955 1969 descobriuque os pacientesalgumas vezespareciam se lembrar de memórias dos primórdios de suas infâncias Essas memórias po dem não ter sido rememoradas durante um grande número de anos Observe que os pacien tes podiam ser estimuladospara lembrarde episódios como eventos de sua infância e não de fatos como o nome dos presidentes dos EUA Estes dados indicaram a Penfield que as me mórias de longo prazo poderiam ser permanentes Alguns pesquisadorescontestaram as interpretações de Penfield como Loftus Loftus 1980 Observaram por exemplo o número reduzido de tais casos em relaçãoàs centenas de pacientes operados por Penfield Além isso não podemos ter certeza de que os pacientesre almente estavam se lembrando desses eventos Poderiam têlos inventado Outros pesquisa dores usando técnicas empíricas em participantes mais idosos depararamse com provas contraditórias Alguns pesquisadores testaram a memória que os participantes tinham de nomes e foto grafias de seuscolegas do ensino médio Bahrick Bahrick Wittlinger 1975 Mesmo após 25 anos houve pouco esquecimento de alguns aspectos da memória Os participantes tendiam a reconhecer nomes que se relacionavam a colegasde classepreferencialmente a outras pessoas A memória de reconhecimento para atribuir nomes às fotografias da formatura foi bem acen tuada Conforme vocêpoderiaesperar a recordação de nomesresultou em nívelelevado de es quecimento A expressão armazenamento permanente referese à retenção durante um longo tempo de informações como o conhecimento de uma língua estrangeira Bahrick 1984a 1984b Bahrick etai 1993 e de matemática Bahrick Hall 1991 Schmidt etai 2000 estudaram o efeito do armazenamento permanente para nomes de ruas perto das casas em que uma criança morou Realmente visitei há pouco tempo a casa onde morei na infância há maisde 40 anos e lembreime perfeitamentedos nomes das ruas vizinhas Essas constatações indicam que o armazenamento permanente pode ocorrer mesmo para informações que vocêaprendeu passivamente Alguns pesquisadores indicaram que a armazenagem permanente constitui um sistema de memória distinto Outros como Neisser 1999 argumentaram que um sistema de memória de longo prazo pode explicar am bos os casos O tema permanece sem resolução até hoje O modelo de níveis de processamento Um afastamento radical de modelo de memória dos três receptáculos é representado pela estrutura dos níveis de processamento a qual postula que a memória não possui três ou mesmo qualquer nível específico de receptáculos distintos mas varia segundo uma dimen são contínua em termos de profundidade de codificação Craik Lockhart 1972 Emoutras palavras existe teoricamente um número infinito de níveis de processamento NP nos quais os itens podem ser codificados Não existem fronteiras nítidas entre um nível e o próximo A ênfase nesse modelo recai no processamento como chave para a armazenagem O nível em que a informação é armazenada dependerá em grandeparte de comoé codifi cada Além disso quanto mais profundo o nível de processamento maior em geral a pro babilidade de que um item possaser recuperado Craik Brown 2000 Um conjunto de expetimentos parecia apoiar a visãoNP CraikTulving 1975 Os par ticipantes receberam uma relação de palavras uma pergunta precedia cada palavra As per guntas foram variadas para incentivar três níveis de processamento diferentes Em ordem progressiva de profundidade eramde natureza física fonológica e semântica Algumas palavras 166 Psicologia Cognitiva QUADRO 52 Estrutura dos Níveis de Processamento Entre os níveisde processamentopropostospor Fergus Craik e Endel Tulvingencon tramse os níveisfísico fonológicoe semântico conforme apresentado neste quadro NÍVEL DE PROCESSAMENTO Base para o processamento Exemplo Físico Características visualmente claras das letras Palavra MESA Pergunta A palavra está escrita em letras maiúsculas Fonológico Combinações de sons associados com as letras por exemplo rimas Palavra GATO Pergunta A palavra rima com MATO Semântico Significado da palavra Palavra NARCISO Pergunta A palavra significa um tipo de planta e perguntas estão indicadas no Quadro 52 Os resultados da pesquisa foram claros Quanto mais profundo o nível de processamento incentivado pela pergunta maior o nível de reme moraçãoalcançado Resultados similares surgiramindependentemente na Rússia Zinchenko 1962 1981 Palavras que possuíam relação lógica por exemplo taxonômica como cachorro e animai foram lembradas mais facilmente do que aquelas com relação concreta por exem plo cachorro e pata Palavras com relação concreta foram lembradas mais facilmente ao mesmo tempo que as palavras sem conexão A estrutura dos níveis de processamento também pode ser aplicada a estímulos não ver bais Melinda Burgess e George Weaver 2003 observaram querostos processados emprofun didade foram mais reconhecidos emumteste subsequente doqueaqueles queforam estudados em um nível inferior de processamento Um benefício de nível de processamento ou de pro fundidade de processamento pode ser observado para uma variedade de populações in cluindo pacientes internados com esquizofrenia Ragland et ai 2003 Uma induçãoaté maisintensa para a recordação foi denominada efeitode autorreferência Rogers Kuiper Kirker 1977 No efeito de autorreferência os participantes demonstram níveis muito elevados de rememoração quando solicitados a relacionar palavras significativas para si mesmos determinando se as palavras os descrevem Mesmo as palavras que os participantes consideram que não os descrevem são rememoradas em níveis elevados Esta recordação ele vada é o resultado de julgar se as palavras descrevem ou não os participantes Entretanto os níveis mais elevados de recordação ocorrem com palavras que as pessoas consideramautodes critivas Efeitos deautorreferência similares foram constatados pormuitos outros pesquisadores por exemplo Bower Gilligan 1979 Brown Keenan Potts 1986 Ganellen Carver 1985 Halpin et ai 1984 Katz 1987 Reeder McCormick Esselman 1987 Surpreendentemente o tipo de informação que está sendo aprendidopode influenciar o efeito deautorreferência Os investigadores aocomparar traços positivos e negativos des cobriram o efeito de autorreferência para os traços positivos porém não para os negativos DArgembeau Comblain Van der Linden 2005 Portanto estamos mais bemcapacitados para associar a nós mesmos as descrições positivas ao invés das negativas Alguns pesquisadores sugerem que o efeito de autorreferência é distinto porém outros propõem que é facilmente explicado em termos da estrutura dos NP ou de outros processos de memória usuais porexemplo Mills 1983 Cada umde nós possui especificamente um Capítulo 5 Memória Modelos e Métodos dePesquisa 167 modelo próprio muitoelabotado Estemodelo é umsistema organizado de induções internas relacionadas aos nossos atributos às nossas experiências pessoais e a nós mesmos Portanto podemos de modo diversificado e elaborado codificar informações relacionadas à nossa pes soa em número muito maior do que informações sobre outros tópicos Bellezza 1984 1992 Tambémpodemosorganizarfacilmentenovas informações que dizemrespeitoa nós mesmos Quandooutras informações também são prontamente organizadas podemos rememorar de modo igualmente fácil informações quenãosãoautorreferentes Klein Kihlstrom 1986 Por último quando geramos nossas próprias induções demonstramos níveis de recordação muito mais elevados do quequando outra pessoa gera induções paraqueasutilizemos Greenwald Banaji 1989 Apesar das muitas provas disponíveis a estrutura NP como um todo tem seus críticos Para citarumexemplo alguns pesquisadores propõem queos níveis específicos podem envol ver uma definição circular Nessa visão os níveis são definidos como mais profundos porque a informação é mais bemretida Entretanto a informação é vista como mais bem retida por queos níveis são mais profundos Além disso alguns pesquisadores observaram alguns para doxos na retenção Por exemplo em algumas circunstâncias estratégias que usam rimas resultaram em melhor retenção do que aquelas baseadas apenas em ensaio semântico Por exemplo concentrarse em sons superficiais e não nos significados subjacentes pode resultar emmelhor retenção doqueconcentrarse na repetição designificados subjacentes Considere especificamente o que ocorrequandoo contexto pararecuperação envolve atenção a proprie dades fonológicas acústicas das palavras por exemplo rimas Neste caso ocorre maior de sempenho quando o contexto para codificação envolve ensaio com base em propriedades fonológicas ao invés das propriedades semânticas das palavras Fisher Craik 1977 1980 Considere entretanto o que aconteceu quando a recuperação semântica baseada na codifi cação semântica foi comparada com a recuperação acústica rima firmada na recuperação da rima O desempenho foi maiorpara a recuperação acústica Fisher Craik 1977 Em virtude dessas críticas e de algumas descobertas contrárias o modelo NP foi revi sado A seqüência dos níveis de codificação pode não ser tão importante quantoa combina çãoentre o tipo de elaboração da codificação e o tipo de tarefa exigido para a recuperação Morris Bransford Franks 1977 Além disso parece existir dois tipos de estratégias para a elaboração dacodificação O primeiro é a elaboração dopróprio item Essa estratégia elabora a codificação do item específico porexemplo uma palavra ououtrofato emtermos de suas características incluindo os vários níveis de processamento O segundo tipo de estratégia é a elaboração entre itens A estratégia elabora a codificação relacionando as características de cada item novamente em vários níveis às características dos itens já na memória Por tanto suponha que vocêdesejasse ter certeza de lembrarse de algo em particular Você po deria elaborálo em vários níveis para cada uma das duas estratégias As estratégias de elaboração possuem aplicações práticas ao estudar você pode desejar relacionar o modo como codificar a matéria àmaneira pela qual seespera quevocêa recupere no futuro Alémdisso quanto mais elaborada e diversificadamente você codificar a matéria é provável que estará mais preparado para relembrála no futuro em uma variedade de contextos en volvendo tarefas Apenas ler a matéria diversas vezes da mesma maneira apresenta menor probabilidade de serprodutivo para o aprendizado da ma tériadoque identificar mais de umamaneira paraaprendêla Seo contexto para recuperação exigirá de sua pessoa uma compreensão profunda das in formações vocêdeveencontrarmaneiras paracodificar a matéria em níveis profundos de processamento como porexemplo formular a si mesmo per guntas com conteúdo significativo sobre ela APLICAÇÕES PRÁTICAS DA PSICOLOGIA COGNITIVA 168 Psicologia Cognitiva Um modelo de Integração A Memória de Trabalho O modelo da memória de trabalho é provavelmente o mais amplamente usado e aceito atualmente Os psicólogos que o adotam encaram a memória de curto prazo e a de longo prazo de uma perspectiva diferente por exemplo Baddeley 1990a 1995 Cantor Engle 1993 Daneman Carpenter 1980 Daneman Tardif 1987 Engle 1994 Engle Cantor Carullo 1992 O Quadro 53 apresenta o contraste entre o modelo AtkinsonShiffrin e uma perspec tiva alternativa Observe as distinções semânticas as diferenças na representação metafórica e as diferenças de ênfase de cada visão A principal característica da visão alternativa é o papel da memória de trabalho A memória de trabalho retém somente a porção da memória de longo prazo mais recentemente ativada ou consciente e transfere esseselementos ativados para dentro ou para fora da armazenagem da memória temporária Dosher 2003 Alan Baddeleysugeriu um modelo de memória integrador Baddeley 1990b 1992 1993 1997 Baddeley Hitch 1974 que sintetiza o modelo de memória de trabalho e a estrutura NP Ele visualiza a estrutura NP essencialmente como uma extensão e não uma substitui ção do modelo de memória de trabalho Baddeleysugeriu inicialmente que a memória de trabalho inclui quatro elementos O primeiro é um esboço visuoespacial que retém brevemente algumas imagens visuais O se gundo é um circuito fonológico que retém por pouco tempo a fala interior para compreen são verbal e para ensaio acústico Usamos o circuito fonológico para algumas tarefas diárias incluindo sondar palavras novas e difíceis e resolver problemas envolvendo palavras Exis tem doiscomponentes importantes nesses circuitos Um é o armazenamento fonológico que retém informações na memória O outro é o ensaio subvocal usado para colocar as informa ções na memória em primeiro lugar O papel do ensaio subvocal pode ser visto no exemplo a seguir Considere tentar aprender uma relação de palavras repetindo a de número cinco Nesse caso o ensaio subvocal é inibido e você seria incapaz de ensaiar as novas palavras Quando o ensaio subvocal é inibido a nova informação não é armazenada Isso é denomi nado supressão articulatória que se torna mais pronunciada quando a informação é apresen tada visualmente e não oralmente A quantidade de informações que pode ser manipulada no interior do circuito fonoló gico é limitada Portanto podemos nos lembrar de um número menor de palavras longas comparativamente a palavras curtas Baddeley 2000b Sem esse circuito a informação acústica desaparece após dois segundos O terceiro elemento é uma executiva central que coordena as atividades de atenção e controla as respostas A executiva central é crítica para a memória de trabalho por ser o mecanismo de acesso que decide a informação a ser processada adicionalmente e como processála Decide que recursos atribuir à memória e às tarefas relacionadas e como distribuílas Também está envolvido no raciocínio e na compreensão de ordem superior sendo fundamental para a inteligência humana O quarto elemento é constituído por alguns sistemas dependentes subsidiários que desempenham outras tarefas cognitivas ou perceptivas Baddeley 1989 p 36 Recentemente outro componente o anteparo episódico foi agregado à memória de trabalho Baddeley 2000a 2001 O anteparo episódico é um sistema de capacidade limitada capaz de fundir informa ções dos sistemas subsidiários e da memória de longo prazo em uma representação episó dica unitária Este componente integra informações de partes diferentes da memória de trabalho isto é visuoespacial e fonológica a fim de que façam sentido para nós Essa in clusão nos permite resolver problemas e reavaliar experiências anteriores por meio de co nhecimento mais recente Capítulo 5 Memória Modelos e Métodos dePesquisa 169 QUADRO 53 Visão Tradicional versus Nãotradicional da Memória Diversos modelos alternativos de memória foram propostos desde que Richard Atkinson e Richard Shiffrin propuseram inicialmente seu modelo de memória em três receptá culosque pode ser considerado uma visão tradicional da memória Visão Tradicional Visão Alternativa da Memória Terminologia definição dos receptáculos de memória Memória de trabalho é outra designação para memóriade curto prazo que é distinta da memória de longo prazo Memória de trabalho memória ativa é aquela parte da memóriade longo prazo que inclui todo o conhecimento de fatos e pro cedimentos que foram ativados na memória recentemente incluindo a memória de curto prazo breve e efêmera e seu conteúdo Metáfora para visualizar os re lacionamentos A memória de curto prazopode ser visuali zada como distinta da memória de longo prazo talveza seu lado ou hierarquicamente ligada a ela Memória de curto prazo memória de traba lho e memória de longo prazo podem ser vi sualizadascomo esferasconcêntricas abriga dasem que a memóriade trabalho contém somente a parte ativada mais recentemente da memória de longo prazo e a memória de curto prazo contém somente uma parte muito pequena e efêmera da memória de trabalho Metáfora para o movimento de informação A informação movese diretamente da me mória de longo prazo para a memória de curto prazo e em seguida retorna nunca se encontra em ambas simultaneamente A informação permanece na memória de longo prazoquando ativada a informação movese para a memóriade trabalho espe cializada da memória de longo prazo que moverá a informação ativamente para fora do receptáculo de memória de curto prazo contido em seu interior Ênfase Distinção entre memóriade longo prazoe de curto prazo Papel da ativação ao mover informação para a memóriade trabalho e o papel da memória de trabalho nos processos de memória Exemplos de pesquisadores que possuem essavisão Cantor EngSe 1993 Engle 1994 Engle CantorCarullo1992 Os métodos neuropsicológicos e especialmente as imagens do cérebro podem ser de grande ajuda para o entendimento danatureza damemória Buckner 2000a 2000b Cabeza Nyberg 1997 Markowitsch 2000 Nyberg Cabeza 2000 Rosenzweig 2003 Rugg AUan 2000 Ungerleider 1995 As pesquisas neuropsicológicas mostraram provas abundantes de umanteparo de memória breve O anteparo é usado para a lembrança temporária de infor mações Édistinto damemória de longo prazo que éusada para alembrança de informações durante períodos longos Rudner et ai 2007 Schacter 1989a Smith Jonides 1995 Squire 1986 Squire Knowlton 2000 Além disso por meio de algumas novas pesquisas promisso ras que usam técnicas de tomografia poremissão depósitrons PET na sigla em inglês pes quisadores descobriram provas de que existem áreas do cérebro distintas envolvidas nos diferentes aspectos da memória de trabalho O circuito fonológico mantendo informações relacionadas à fala parece envolver a ativação bilateral dos lobos frontal e parietal Cabeza Nyberg 1997 É interessante que o esboço visuoespacial parece ativar áreas ligeiramente diferentes Dependendo da duração do intervalo de retenção ele ativa determinadas áreas 170 Psicologia Cognitiva Alan Baddeley foi diretor da MRC Applied Psychology Unit de Cambridge Inglaterra e é professor de Psicologia Cognitiva na York University na Inglaterra Baddeley é mais conhecido porseu trabalho sobre o conceito de memóriade trabalho o qual demonstrou que esta memória podeser considerada umainterface entre muitos dos vários aspectos dacognição Foto Cortesia do Dr Ahn Baddeley Intervalos mais breves ativam áreas do lobo parietal e dos lobos fron tais esquerdos Haxby et ai 1995 As funções da executiva central parecem envolver ativação principalmente nos lobos frontais Ro berts Robbins Weiskrantz 1996Finalmente as operações do ante paro episódico envolvem a ativação bilateral dos lobos frontais e de partes dos lobos temporais incluindo o hipocampo esquerdo Rudner et ai 2007 Enquanto a visão de três áreas de armazenamento enfa tiza os receptáculos estruturais para as informações armazenadas o modelo de memória de trabalho ressalta as funções desta memória no controle dos processos de memória Estes processos incluem informa ções de codificação e integração Exemplos são a integração de infor mações acústicas e visuais por meio de interação cruzada organizando as informações em conjuntos significativos e unindo novas informa ções a formas existentes de representação do conhecimento na me mória de longo prazo Podemosconceitualizar as ênfasesdiferentes por meio de metáforas contrastantes Porexemplo podemoscomparar a visãode três receptá culosa um armazémem que a informaçãoé retida passivamente O ar mazenamento sensorial atua como a plataforma de carregamento O armazenamento de curto prazo inclui a área em torno da plataforma de carregamento Nessa área a informação é armazenada temporaria mente até ser transferida ou a partir dela para a localização correta no armazém Uma metáfora para o modelo de memória de trabalho poderia ser a de um estúdio de produção multimídia A memória de trabalho gera e manipula continuamente imagens e sons Também co ordena a integração entre imagens e sons para formar arranjos com significado Após imagens sons e outras informações serem armazena das ainda se encontram disponíveis para reformatação e reintegração de maneiras distintas à medida que novas demandas e novas informaçõesse tornam disponíveis Aspectos distin tos da memória de trabalho encontramse representados diferentemente no cérebro A Fi gura 54 mostra algumas dessas diferenças A memória de trabalho pode ser avaliada por intermédio de tarefas distintas As mais comumente usadas estão indicadas na Figura 55 A Tarefa A é de adiamento da retenção Constitui a tarefa mais simples apresentada na figura Um item é mostrado neste caso uma forma geométrica O sinal no início é me ramente um ponto focai para indicar que a série de itens está se iniciando Ocorre em se guida um intervalo de retenção que pode ser preenchido com outras tarefas ou não caso em que o tempo decorre sem qualquer atividade intermediária especificamente planejada Apresentase então ao participante um estímulo e ele deve dizer se é anterior ou novo Na figura o estímulo sendo testado é novo Portanto novoseria a respostacorreta A Tarefa B é uma tarefa de carregamento da memória de trabalho ordenada tempora riamente Uma série de itens é apresentada e após um intervalo a série de asteriscos indica que um item do teste será apresentado Após esta apresentação o participante precisa dizer se o item é antigo ou novo Em virtude de 4 o número na figura não ter sidoapresentado antes a resposta correta é novo A Tarefa C é uma tarefa de ordem temporal Uma série de itens é apresentada Em se guida ps asteriscos indicam que um item do teste será indicado O item do teste mostra dois itens apresentados anteriormente 3 e 7 O participante precisaindicar qual dos doisnúmeros apareceu mais recentemente A resposta correta é 7 porque este número apareceu após o número 3 na relação FIGURA 54 Capítulo 5 Memória Modelos e Métodos de Pesquisa 171 Áreas envolvidas na memória de trabalho verbal na armazenagem fonológica e no ensaio subvocal Hemisfério esquerdo Área motora suplementar irietal e prémotora Hemisfério direito Área de Broca posterior Área motora suplementar e prémotora Áreas envolvidas na armazenagem fonológica Hemisfério esquerdo Hemisfério direito Área motora suplementar Area Parietal posterior Área motorasuplementar e prémotora e prémotora Área de Broca Área envolvida no ensaio subvocal Hemisfério esquerdo Áreas distintas docórtex cerebral encontramse envolvidas emdiferentes aspectos damemória de trabalho A figura mostra os aspectos envolvidos principalmente no circuito de articulação incluindo oarmazenamento fonológico e o ensaio subvocal De E Awh etai 1996 Dissociação daarmazenagem e ensaio namemória de trabalho ver bal indícios obtidos por meio de tomografia por emissão depósitrons Psychological Science 7 p 2531 1996 Blackuieü Inc A TarefaD ocorre em sentido inverson vezes Estímulossão apresentadose em pontos es pecíficos solicitase a um participante para repetir o estímulo queocorreu n apresentações an teriores Por exemplo umapessoa podesersolicitada a tepetiro algarismo queocorreu emuma posição anterior ou imediatamente antes como é o caso do 6 Ou podese solicitar ao parti cipante que repita o algarismo que ocorreu duas posições anteriores como é o caso do 7 172 Psicologia Cognitiva FIGURA 55 Item da tarefa 1 Item do teste Adiamento da retenção preenchido ou não Item da tarefa antigo ou novo a Tarefa de adiamento da retenção Tarefa de ordem relacionai c Tarefa de ordem temporal Tarefas de transposição Teste Tarefa qual é mais recente 53 7 2 Tarefa reproduzir na ordem correta e Carga da memória de trabalho ordenada temporalmente tem da tarefa A Item do teste r 7 Item da tarefa 2 5 b Carga da memória de trabalho ordenada temporalmente Tarefa de ordem relacionai Tarefa encontrar a repetição n itens anteriores d tarefa n itens anteriores Tarefa de transposição contínua 53 72 Sim ou não Tarefa reproduzir os itens finais na ordem correta f Carga da memória de trabalho ordenada temporalmente Tarefas e memória de trabalho DeEncyclopedia ofCognitive Science v 4 p 571 2003 Reproduzido me diante autorização de B Doster A Tarefa Eé uma tarefade carregamento da memória de trabalho ordenada temporaria mente Também pode serdenominada simplesmente uma tarefa de intervalo de algarismos quando algarismos são usados Apresentase à pessoa uma série de estímulos Após serem apresentados são repetidosna ordem em que foramapresentados Em uma variante dessata refa o participante os repete na ordem inversa daquela da que foram apresentados do fim para o início Capítulo 5 Memória Modelose Métodosde Pesquisa 173 Finalmente a Tarefa F é uma tarefa de carregamento da memória de trabalho ordenada temporariamente Apresentase ao participante uma série de problemas aritméticos simples A pessoa indica para cada problema se a soma ou a diferença está correta No final ela re pete os resultados dos problemas aritméticos em sua ordem correta Cada uma das tarefas descritas aqui e na Figura 55 permite o exame de quantas informa ções podemos manipular na memória Freqüentemente cada uma dessas tarefas é apresentada com uma segunda tarefa denominada apropriadamente tarefa secundária formando um par para que os pesquisadores possam ter mais conhecimento a respeito da executiva central A executiva central é responsável por alocar recursos de atenção e de outra natureza a tarefas em andamento Ao fazercom que os participantes realizem mais uma tarefa ao mesmo tempo podemos examinar como os recursos mentais são atribuídos Baudoin et ai 2006 DAmico Guarnera 2005 Uma tarefa que freqüentemente forma um par com aquelas relacionadas na Figura 55 constitui uma tarefa de geração de números aleatórios Nessa tarefa o participante deve tentar gerar uma série aleatória de números completando simultaneamente uma tarefa de memória de trabalho Rudkin Pearson Logie 2007 Sistemas de Memória Múltipla O modelo de memória de trabalho é coerente com a noção de que sistemas múltiplos podem estar envolvidos na armazenagem e na recuperação de informações Recordese de que quando Wilder Penfield estimulou eletricamente os cérebros de seus pacientes eles muitas vezes assegutaram que se lembravam vividamente de episódios e de eventos específicos No entanto não se recordavam de fatos semânticos que não tivessem relação com qualquer evento particular Estas descobertas indicam que podem existir pelo menos dois sistemas distintos de memória explícita Um seria para organizar e armazenar informações com um referente de tempo diferenciado Formularia perguntas como O que você comeu no al moço ontem ou Quem foi a primeira pessoa que você viu esta manhã O segundo sis tema seria para informações que não possuem um referente de tempo específicoFormularia perguntas como Quem foram os dois psicólogos que primeiro propuseram o modelo de memória de três receptáculos e O que é mnemônica Endel Tulving 1972 firmado em tais descobertas propôs uma distinção entre dois ti pos de memóriaexplícita A memória semântica armazena conhecimento geral do mundo É nossa memória para fatos que não são diferenciados para nós e que não são lembrados em qualquer contexto temporal específico A memória episódica armazena eventos ou episódios que a pessoa vivenciou De acordo com Tulving usamos a memória episódica quando apren demos relações de palavras ou quando precisamos nos lembrar de algo que nos ocorreu em uma ocasião ou em um contexto específico Por exemplo suponha que eu precisasseme lem brar que vi Harrison Hardimanowitz no consultório do dentista ontem Eu estaria me va lendo de uma memória episódica Porém se precisasse lembrarme do nome da pessoa que vejo agora na sala de espera Harrison Hardimanowitz estaria me apoiando em uma me mória semântica Não existe uma relação de tempo específicoassociado ao nome daquele in divíduoser Harrison Porém existe uma relaçãode tempo associada ao fato de têlovisto no consultório do dentista ontem Tulving 1983 1989 e outros por exemplo Shoben 1984 apoiam a distinção entre me mória semântica e episódica com base em pesquisas cognitivas e investigações neurológicas As investigações neurológicas envolveram estudos de estimulação elétrica estudos de pa cientes com transtornos de memória e estudos de fluxo de sangue no cérebro Por exemplo lesões no lobo frontal parecem afetar a lembrança a respeito de quando um estímulo foi apre sentado Porém não afetam a rememoração ou a memória de reconhecimento que um estí mulo específico foi apresentado Schacter 1989a 174 Psicologia Cognitiva NO LABORATÓRIO DE M K JOHNSON Uma lembrança é uma ex periência mental que é considerada uma repre sentação autêntica verí dica de um evento no passado de uma pessoa As lembranças podem ser falsas de um modo relati vamente secundário por exemplo uma pessoa acreditar que viu pela última vez as chaves do carro na cozinha quando na realidade esta vam na sala de estar e de maneira importante que possui implicações profundas para a pessoa e os demais por exemplo uma pessoaacreditar erroneamente ser a fonte ou o inventor de uma idéia ou acreditar que sofreu abuso sexual na infância e isso não tenha ocorrido Tais distor ções de memória refletem erros que surgem de processos de monitoramentoimperfeito da fonte os processospelosquais fazemos atribuições a respeito da origem das informações ativadasna experiência mental Errosde monitoramento da fonte incluem confusões entre fontes de infor mação internas e externas e entre váriasfontes externas por exemplo atribuir algo que foi imaginado à percepção uma intenção a uma ação algo que uma pessoa ouviu a algo que testemunhou algo lido em um tabloide a um programa de televisão um incidente que ocor reu no local A ou na ocasião A ao lado B ou à ocasião B A integração das informações com base nas experiências individuais de fontes dis tintas é necessária para todo pensamento com plexo e de ordem superior Porém esta própria criatividade nos torna vulneráveis a ter memó rias falsas porque algumas vezes atribuímos er roneamente as fontes das informações que vêm à mente Diversos tipos de constatações indi cam que o córtex préfrontal CPF desempe nha um papel predominante na identificação das fontesdas experiências mentais Uma lesão no CPF produzdeficits na memória da fonte Os deficits da memóriada fonte são maisfreqüentes nas crianças cujos lobosfrontais apresentaram desenvolvimento lento e em adultos mais ido sos que têm propensão para apresentar neuro patologias no CPF com o avançar da idade A disfunçãodo CPF podedesempenhar um papel na esquizofrenia que inclui algumas vezes deficits de monitoramento da fonte na forma de delírios Meu laboratório está utilizando atual mente imagens por ressonância magnética funcional RMf para ajudar a conhecer as regiões do cérebro envolvidas no monitora mento da fonte Em uma modalidade de es tudo os participantes viram uma série de itens de dois tipos fotografias e palavras Posterior mente aplicouse neles um teste de memória no qual lhes foi mostrado algumas palavras que correspondiam aos itens vistos previa mente itens antigos misturados com alguns que não correspondiam a qualquer dos irens vistos anteriormente itens novos Compara mos a atividade do cérebro quando os partici pantes foram solicitados a fazer julgamentos sobre a fonte por exemplo dizer sim a itens vistos previamente como imagenscom a ativi dade de cérebro quando simplesmente foram solicitados a decidir se um item do teste era familiar dizer sim a qualquer item apresen tado anteriormente Detectamos maior ati vidade no CPF na fonte de identificação comparada com a condição de teste antiga nova e algumas vezes no CPF direito tam bém uma maior atividade Além disso diver sos outros laboratórios divulgaram descobertas relacionadas oferecendo provas convergentes de que o CPF é acionado para o monitora mento da origem das memórias Outros estu dos indicam que o CPF direito participa quando julgamentos podem ser feitoscom base em informações mais globais e menos específi cas como familiaridade ou existência recente Parece que os processos ativados secundaria mente pelo CPF direito e esquerdo contribuem para avaliar a origem das experiências men tais possivelmente de diferentes maneiras e as interações entre o hemisfério direito e o es querdo são provavelmente importantes Por tanto uma meta para pesquisasfuturas consiste em relacionar mais especificamente processos de memória que agem como componentes com padrões de atividade em várias regiõesdo CPF e especificar como as regiões do CPF intera gemcom outras regiões do cérebropara produ ziras experiências subjetivasque consideramos ser memórias Leituras sugeridas Johnson M K Memory and reality Ameri can Psychologist 61 p 760771 2006 Capítulo 5 Memória Modelos c Métodosde Pesquisa 175 NO LABORATÓRIO DE M K JOHNSON continuação Johnson M K Raye O L False memories and confabulation Trends m Cognitive Sciences 2 p 137145 1998 Johnson M R Mitchell K J Raye C L DEsposito M Johnson M K A brief thought can module activity in extrastrie ate visual áreas Topdown effects of re freshing justseen visual stimuli Neuroí mage 37p 290299 2007 Lyle K BJohnson M K Importing percei ved features into false memories Me mory 14 p 197213 2006 Mitchell K J Johnson M K Raye C L Greene E J 2004 Prefrontal córtex activity associated with source monito ring in a working memory taskJournal of Cognitive Neuroscience 16 p 921934 Ranganath O Johnson M K DEsposÍto M Left anterior prefrontal activation increases with demands to recall specific perceptual information Journal of Neu roscience 20 RC 108p 15 2000 Não está claro se a memória semântica e a episódica constituem dois sistemasdistintos Não obstante parecem funcionar algumas vezes de modo diferente Muitos psicólogos cogni tivos questionam essa distinção por exemplo Baddeley 1984 Eysenck Keane 1990 Hum phreys Bain Pike 1989 Johnson Hasher 1987 Ratcliff McKoon 1986 RichardKlavehn Bjork 1988Eles apontam para áreas indistintas na fronteira entre esses dois tipos de memó ria Também observam problemas metodológicos com algumas das evidências Talvez a me mória episódica seja meramente uma forma especializada de memória semântica Tulving 1984 1986 No entanto algumas constatações neurológicas indicam que esses dois tipos de memória são distintos Os pesquisadores descobriram por meio de métodos neuropsicológi cos dissociações em áreas de cérebro para recuperação de memória semântica versus de me mória episódica Prince TsukiuraCabeza 2007 Pesquisas adicionais realizadas em pacientes com tipos específicos de perda de memória contataram pacientes com perda de memória se mântica mas sem atingir a memória episódica Temple Richardson 2004 sugerindo nova mente sistemas separados para a memória episódica e a semântica Outros pesquisadores que estudaram um tipo diferente de perda de memória notaram debilitação da memória episódica porém memória semântica intacta VarghaKhadem et ai 1997 Essas descobertas apoiam a conclusão de que existem sistemas de memória episódica e semântica distintos Um modelo neurocientífico tenta explicar as diferenças na ativação hemisférica por me mórias semânticas versus episódicas De acordo com esse modelo HERA assimetria hemis férica da codificaçãorecuperação existe maior ativação no hemisfério préfrontal esquerdo do que no direito para tarefas que exigem recuperação da memória semântica Nyberg Ca beza Tulving 1996 Tulving et ai 1994 Em contraste ocorre mais ativação no hemisfério préfrontal direito do que no esquerdo para tarefas de recuperação episódica Estemodelopro põe portanto que a memória semântica e a episódica devem ser distintas porque se valemde áreas diferentes do cérebro Por exemplo se uma pessoa é solicitada a indicar verbos relacio nados a substantivos como dirigir com carro essa tarefa requer memória semântica Re sulta em maior ativação do hemisfério esquerdo Nyberg Cabeza Tulving 1996 Em contraste se as pessoassão solicitadas a rememorar livremente de uma lista de palavras uma tarefa de memória episódica elas apresentam mais ativação no hemisfériodireito Uma classificação dos sistemas de memória em termos das dissociações desetitas nas se ções anteriores está indicada na Figura56 Squire 1986 1993 A classificação distingue me mória declarativa explícita de vários tipos de memória não declarativa implícita 176 Psicologia Cognitiva FIGURA 56 Semântica feios Episódica eventos Memória Aptidões para Indução Condicionamento Não associativa procedimentos perceptiva e habituação e por exemplo motoras semântica sensibilização perceptivas cognitivas Baseado empesquisas neurológicas extensivas Larry Squire sugeriu que a memória inclui dois tipos fundamentais memória declarativa explícita e várias formas de memória não declarativa implícita cada umapodendo serasso ciadacomestruturas e processos cerebrais descontínuos A memória não declarativa abarca a memória de procedimentos os efeitos de indução o condicionamento clássico simplesa habituação a sensibilizaçãoe os pósefeitosperceptivos Ainda segundo outra visão existem ao todo cinco sistemas de memória episódica semân tica perceptiva istoé o reconhecimento de objetoscom base em sua forma e estrutura de procedimentos e de trabalho Schacter 2000 Uma Perspectiva Conexionista O modelo de rede oferece a base estrutural para o modelo de processamento distribuído em paralelo PDP conexionista Frean 2003 Sun 2003 De acordo com o modelo PDPa chave da representação do conhecimento encontrase nas conexões entre os vários nodos e não em cada nodo individual Feldman Shastri 2003 A ativação de qualquer nodo pode provocar a ativação de um nodo conectado Este processo de irradiação de ativação pode resultar na ativação de nodos adicionais O modelo PDP enquadrase perfeitamente na noção de memó ria de trabalho com repositório da porção ativada da memória de longo prazo Nesse modelo a ativação se distribui pelos nodos que fazem parte da rede Essa irradiação continua en quanto a ativação não exceder os limites da memória de trabalho Um ativador é um nodo que aciona um nodo conectado Um efeito indutor é a ativação resultante do nodo O efeito indutor tem sido apoiado por numerosas provas Exemplossão os estudos acima menciona dos da indução como um aspecto de memória implícita Adicionalmente algumas provas justificam a noção de que a indução é devida à ativação distribuída McClelland Rumelhart 1985 1988 Porém nem todos concordam quanto ao mecanismo pata o efeito indutor veja McKoon Ratcliff 1992b Os modelos conexionistas também possuem algum apelo intuitivo em sua capacidade para integrar diversas noções contemporâneas sobte a memória memória de trabalho abarca a porção ativada da memória de longo prazo e opera por meio de ao menos algum processa mento paralelo Ativação distribuída envolve a ativação paralela simultânea indução de di versoselos entre os nodos no interior da rede Muitos psicólogos cognitivos que possuem essa visão integrada sugerem que parte da razão pela qual nós humanos demonstramos eficiên cia no processamento de informações é por podermos realizar muitas operações ao mesmo Capítulo 5 Memória Modelos e Métodos de Pesquisa 177 tempo Desse modo osconceitos psicológicos contemporâneos da memória de trabalho dos modelos de memória em rede da ativação distribuída da induçãoe dos processos paralelos intensificamse e apoiamse mutuamente Algumas das pesquisas que justificam esse modelo de memória conexionistaoriginaramse diretamente de estudosexperimentais com pessoas desempenhando tarefas cognitivas em am biente de laboratório Modelos conexionistas explicam eficazmente os efeitos indutores o aprendizado de aptidões memória de procedimentos e diversos outros fenômenos da memó ria Até o presente contudo osmodelos conexionistas têmfalhado emproporcionar previsões e explicações claras da memória de rememoração e de reconhecimento que ocorrem em se guida a um únicoepisódio ou a uma únicaexposição a informações semânticas Os psicólogos cognitivos além de realizar experiências de laboratório em participantes humanos têm usado modelos computadorizados para simular diversos aspectos do processa mento das informações O modelo de três receptáculos baseiase no processamento emserial seqüencial das informações O processamento setial pode ser simulado em computadores in dividuais que processam somente uma operação porvez Em contraste o modelo de proces samento paralelo simultâneo de diversas operações não pode ser simulado em um único computador O processamento paralelo requer redes neurais Nestas redes diversos computa dores estão conectados e operam de modo seqüencial Alternativamente um único compu tador especial pode operar com redes paralelas Muitos psicólogos cognitivos preferem atualmente um modelo de processamento paralelo paradescrever muitos fenômenos da me mória O modelo de processamento paralelo foi inspirado na realidade pela observação de como o cérebro parece processar informações Neste caso diversos processos ocorrem simul taneamente Além de inspirar modelos teóricos das funções da memória as pesquisas neuro psicológicas têm oferecido idéias específicas sobre processos da memória Também ofereceram provas relativas a várias hipóteses de como a memória humanaopera Nem todos os pesquisadores cognitivos aceitam o modelo conexionista Alguns acredi tam que o pensamento humano é mais sistemático do que os modelos conexionistas conside rariam Fodor Pylyshyn 1988 Matthews 2003 Eles julgam que ocomportamento complexo exibeumgraude ordenamento e finalidade queos modelos conectivos não conseguem incor porar Os adeptos dos modelos conectivos questionam essa alegação O tema será equacionado à medida que os psicólogos cognitivos pesquisem a extensão em que os modelos conectivos conseguem reproduzir e mesmo explicar o comportamento complexo A Memória no Mundo Real Como a memória é usada nas situações diárias e paraque serve a memória Alguns pesquisa dores consideram que devemos estudar a memória em ambientes próximos do mundo real além dos ambientes de laboratório Cohen 1989Neisser 1978 1982 A idéia básicaé que a pesquisa damemória deve tervalidade ecológica e aplicarse aos fenômenos damemória natu ral em ambientes naturais As técnicas utilizadas examinam portanto ambientes naturais usando relatos pessoais e questionários Embora este método tenha sido criticado por sua falta decontrole e capacidade degeneralização Banaji Crowder 1989 gerou algumas novas con ceitualizações interessantes a respeito das pesquisas damemória em geral Por exemplo um grupo de pesquisadores solicitou uma mudança na metáfora usada na conceituaiização damemória ao invés de uma mudança noambiente de pesquisa Ametáfota de repositório tradicional da memória na qual ela é concebida como um repositório de infor mações e eventos conduz inevitavelmente a questões dequantidade A pergunta portanto se torna Quantos itens podem set lembrados de uma ocorrência específica ou usados neste evento Koriat Goldsmith 1996a 1996b O ambiente de laboratório é muito apropriado 178 Psicologia Cognitiva para essa abordagem permitindo o controle das variáveis quantitativas Em contraste o mo delo diário ou do mundo real exige em maior grau uma metáfora de correspondência Neste caso a memória é concebida como um veículo para interação com o mundo real Portanto as perguntas passam a ser sobre a precisão na representação de eventos passados Com que proximidade a memória corresponde a eventos específicos Neste caso a memória seria vista como uma estrutura atendendo a uma finalidade particular em nossas interações com o mundo Podemos observar essa nova tendência ampliandose à medida que mais pesquisadores tornamse cada vez mais interessados nas propriedades funcionaisda memória Já existemal gumas novas idéias promissoras a respeito de qual é a funçãoda memória para oferecer algu mas propostas concretas sobre a estrutura da memória Por exemplo uma visão requer um sistema de memóriacentrado em torno de interações orgânicas corporais com o ambiente Glenberg 1997 Portanto a correspondência com o mundo real é alcançada por meio de representações que refletem o relacionamento estrutural entre o corpo e o mundo externo ao invés da codificação de representações simbólicas abstratas Ainda não sabemos se este método assumirá o papel principal nas pesquisas sobre me mória ou se será suplantado pelodinamismoda metáfora laboratóriorepositório Seja qual for o caso novasmetáforas e controvérsias são essenciais para a sobrevivência do campo de estudo Sem um fluxo constante de novas idéias ou de reavaliação das antigas a ciência es tagnaria e desapareceria Outra abordagem que já está começando a dominar grande parte das pesquisas sobre memória é o estudo neuropsicológico da memória que desenvolveuse em parte com base no estudo de pessoas com memória diferenciada A Memória Diferenciada e a Neuropsicologia A discussão da memória concentrouse até este ponto nas tarefas e nas estruturas envol vendo a memória de funcionamento normal No entanto existem casos raros de pessoas com memória diferenciada seja acentuada ou deficiente que esclarecem alguns aspectos interessantes sobre a natureza da memória em geral O estudo da memória diferenciada conduz diretamente a investigações dos mecanismosfisiológicos subjacentes à memória A Memória Extraordinária Os Mnemonistas Imaginecomo seriasua vidase possuísse uma capacidadeexcepcional de memóriaSuponha por exemplo que você fosse capaz de lembrarse de todas as palavras impressas neste livro Neste caso você seria considerado um mnemonista alguém que demonstra capacidade de memória extraordinariamente acurada baseada usualmente na adoçãode técnicas especiais para aumentar a memória Talvez o mais famoso dos mnemonistas tenha sido um homem chamado S O psicólogo russo Alexander Luria 1968 divulgou que um dia S apareceu em seu la boratório e solicitou quesuamemória fosse testada Luria testou Se descobriu quea memó ria deste homem aparentava não possuir virtualmente limites S conseguia reproduzir conjuntos extremamente longos de palavras independentemente de quanto tempo houvesse decorrido desde que as palavras lhe tivessem sido apresentadas Luria estudou S durante 30 anos Ele descobriu quemesmo quando a retençãode S era avaliada 15 ou 16 anosapós uma sessão em que S havia aprendido palavrasS ainda conseguiareproduzilas S tornouse no final um animadorprofissional Ele deslumbrava públicos comsuacapacidade paralembrase de tudo que lhe era perguntado Capitulo5 Memória Modelos e Métodos de Pesquisa 179 Qual era o truque de S Como se lembrava de tantas coisas Evidentemente ele se apoiava de modo considerável na mnemônica das imagens visuais Convertia a matéria que precisava para lembrarsepor meio dessas imagens Por exemplo ele informou que ao ser so licitado a lembrarseda palavra verde visualizavaum pote verde de flores Para a palavra ver melho visualizava um homem com uma camisa vermelha caminhando em sua direção Mesmonúmeros eram associados a imagens Por exemplo l era um homem orgulhoso e de boa aparência física O número 3 era uma pessoa triste O número 6 era um homem com um pé inchado e assim por diante Para S grande parte de seu uso de imagens visuais para a recordação não era intencio nal Era preferencialmente o resultado de um fenômeno psicológico raro Esse fenômeno denominado sinestesia é a experiência de sensações em uma modalidade sensorial distinta do sentido que foi estimulado fisicamente Por exemplo S converteria de modo automático um som em uma impressão visual Ele até comentou sentir o sabor e o peso de uma palavra Cada palavra de que se lembrava evocava toda uma faixa de sensações que lhe ocorriam au tomaticamente quando necessitava se lembrar daquela palavra Outros mnemonistas usaram estratégias diferentes V P um imigrante russo conseguia memorizar um grande número de informações como linhas e colunas de números Hunt Love 1972 Enquanto S se apoiava principalmente em imagens visuais V P obviamente utilizava em maior grau as traduções verbais Ele declarou que memorizava números trans formandoos em datas Em seguida pensaria a respeito do que havia feito naquele dia Outro mnemonista S R lembravase de conjuntos contendo muitos números segmen tandoos em grupos de três ou quatro algarismos cada Em seguida os codificava em tempos de percurso para corridas distintas EricssonChase Faloon 1980 S E um experiente fun dista era familiarizado com as durações de tempo que seriam plausíveis para corridas dife rentes S F não freqüentou o laboratório como um mnemonista Havia sido selecionado preferivelmente para representar o aluno universitário médio em termos de inteligência e capacidade de memória A memória original de S F para um conjunto de números era de cerca de sete algaris mos a média para um aluno universitário No entanto após 200 sessões de prática distribuí das ao longo de um período de dois anos S F havia aumentado mais de dez vezes sua memória para algarismos Conseguia se lembrar até cerca de 80 algarismos Entretanto sua memória ficava afetada seriamente quando os experimentadores lhe apresentavam intencio nalmente seqüências de algarismos que não podiam ser traduzidas em tempo de duração de corridas O trabalho com S F indica que uma pessoa com um nível de memória razoavel mente típico pode pelo menos em princípio ser transformada em uma pessoa com memória um tanto extraordinária Pelo menos isso é possível em alguns domínios após um grande número de sessões envolvendo prática planejada Muitos de nós anseiam ter capacidade de memória como aquela de S ou de V P Pode mos acreditar desse modo que conseguiríamos ser aprovados em nossos exames pratica mente sem esforço No entanto devemos considerar que S não estava particularmente feliz com sua vida e parte da razão era sua memória excepcional Ele declarou que sua sineste sia que era em grande parte involuntária interferia em sua capacidade para escutar as pes soas Vozes confusas originavam sensações as quais por sua vez interferiam em sua capacidade para acompanhar uma conversa Além do mais a grande dependência de S em imagens crioulhe dificuldade quando tentou compreender conceitos abstratos Por exem plo teve dificuldade para entender conceitos como infinito ou nada Estes conceitos não se prestam bem para imagens visuais Ele também ficava confuso algumas vezes quando lia Lembranças anteriores também interferiam algumas vezes em lembranças mais recentes Evidentemente não podemos dizer quantos problemas na vida de S foram causados por sua memória excepcional Porém S acreditava sem margem de dúvida que sua memória 180 Psicologia Cognitiva excepcional possuía um aspecto negativo bem como um positivo Parecia muitas vezes como se fosse um estorvo ou um auxílio Esses mnemonistas excepcionais oferecem alguma elucidação a respeito dos processosde memória Cada uma das três pessoas descritas acima adotou mais ou menos o mesmo proce dimento consciente ou quase automaticamente Cada um traduziu informações arbitrárias abstratas e sem significado em informações mais significativas ou mais concretas sensorial mente Se as informações traduzidas eram tempo de duração de corridas datas e eventos ou imagens visuais a chave era seu significado para o mnemonista De modo análogo aos mnemonistas codificamos mais facilmente informações em nossa memória a longo prazo que são similares àquelas informações que já se encontram armazena das nela Em virtude de possuirmos informações na memória a longo prazoque se relacionam a nossos interesses é mais fácil aprender novas informações que tenham correspondência com nossos intetesses e que podemos relacionar às informações antigas De Beni et ai 2007 Portanto você pode ser capaz de lembrarse das letras de suas músicasfavoritas de anos ante riores porém pode não ser capaz de lembrarse das definições de novos termos e expressões que acaba de aprender Você pode melhorar sua memória para novas informações caso possa relacionar as novas informações às antigas já armazenadas na memória de longo prazo Se você não é capaz de recuperar uma memória que precisa significa que a esqueceu Não necessariamente Psicólogos cognitivos estudaram um fenômeno denominado hiper mnésia que é um processo de recuperação de memórias que pareceriam estar esquecidas Erdelyi Goldberg 1979 Holmes 1991 Turtle Yuille 1994 A hipetmnésia algumas vezes é indicada vagamente como nãoesquecimento embora a terminologia possa não estar cor reta porque em termos esttitos as memórias recuperadas nunca estiveram indisponíveis isto é esquecidas mas preferencialmente inacessíveis isto é difíceis de recuperar A hipermné sia usualmente acontece tentando numerosas induçõesdiversificadas de recuperaçãopara aces sar uma memória A terapia psicodinâmica por exemplo algumas vezes é adotada para tentar chegar à hipermnésia Essaterapia também ressalta o risco de tentar alcançar a hiper mnésia A pessoa pode criar uma nova memória acreditando que é uma antiga ao invés de recuperar uma memória antiga genuína Usualmente consideramos natural a capacidade para lembrarse de modo muito pare cido com o ar que respiramos No entanto da mesma maneira que nos tornamos mais cons cientes da importância do ar quando não temos o suficiente para respirar apresentamos menos propensão para considerar a memória como um fato natural quando observamos pes soas com deficits de memória sérios Déficit de Memória Diversas síndromes diferentes estão associadas à perda de memória A mais conhecida é a amnésia Amnésia Amnésia é uma perda severa de memória explícita Mayes Hunkin 2003 Um tipo é a amnésia retrógrada na qual as pessoasperdem sua memória específicade eventos anterio res a qualquer trauma indutor de perda de memória Squire 1999 Formas moderadas de amnésia retrógrada podem ocorrer de modo razoavelmente comum quando alguém é vítima de uma agressão violenta Usualmente os eventos imediatamente anteriores ao episódio de agressão não são bem lembrados W Ritchie Russel e P W Nathan 1946 relataram um caso mais severo de amnésia re trógrada Um jardineiro de 22 anos foi arremessado de sua motocicleta em agosto de 1933 Uma semana após o acidente o jovem era capaz de conversar normalmente Ele parecia ter Capítulo 5 Memória Modelos e Métodos de Pesquisa 181 se recuperado no entanto tornouse rapidamente visível que haviasofrido umaperda de me mória severa para eventos que tinham ocorrido antes do trauma Ao responder perguntas afirmava que a data era fevereiro de 1922 Acreditava ser um aluno com pouca idade Não tinha lembrança dos anos intermediários Ao longo das próximas semanas sua memória de eventos passadosretornou gradualmente O retorno teve início com os eventos menos recen tes e prosseguiu para os mais recentes Dez semanas após o acidente havia recuperado sua memóriapara a maioriados eventos dos anos anterioresNo final foi capazde lembrarse de tudo que havia acontecido até alguns minutos antes do acidente Na amnésia retrógrada as memórias que retornam usualmente ocorrem a partir do passado mais distante Em seguida retornamprogressivamente até a ocasião do traumaMuitas vezes eventos ocorridos imedia tamente antes do trauma nunca são lembrados Outro tipo de amnésia é aquela a que a maioriade nós está exposta E a amnésia infan til a incapacidade para lembrarnos de eventos que ocorreram quando éramos crianças Spear 1979 Geralmente conseguimos nos lembrar de poucoou de nada daquilo que nos aconteceu com a idade aproximada de 5 anos E extremamente raro alguém lembrarse de muitasmemórias antes da idadede 3 anos Os poucosrelatosde memórias da infânciaque estão gravadas usualmenteenvolvem memórias de eventossignificativos Exemplos sãoo nas cimento de um irmão uma irmã ou a morte de um dos pais Fivush Hamond 1991 Por exemplo alguns adultos lembraramse de sua própriahospitalização ou do nascimentode um irmão quando tinham a idade de 2 anos A morte de um dos pais ou a mudança da família pode ser rememorada lembrandoo que ocorreu com a idadede 3 anos Usher Neisser 1993 A probabilidade de que um evento em tenra idade será lembrado é afetada pela inteligência pelaformação educacional e pelacapacidade lingüística Pillemer White 1989 Alémdisso solicitar a adultos para que se lembrem de eventos de seus anos préescolares resulta em um número maior de eventos lembrados do que quando adultos são solicitados a relatar sua pri meira memória Nelson Fivush 2004 No entanto a precisão dos relatosdas recordações de infância tem sidoquestionada Na realidade muitospsicólogos sugerem que a precisão das lembrançasde eventos que as crian ças possuem pode ser questionável mesmo pouco tempo depois desses eventos terem ocor rido por exemplo Ceei Bruck 1993 As lembranças são particulatmente suspeitas se as criançassãoexpostas a sugestões dissimuladas ou manifestas a respeito dos itens lembrados A falta de confiabilidade de nossas recordações para eventos é discutida mais detalhada mente no próximo capítulo Um dos casos mais famosos de amnésia é o de H M Scoville Milner 1957 H M foi submetido a uma cirurgiano cérebropara poupálo de convulsões contínuas por causade uma epilepsia incontrolável A operação foi realizada em l9 de setembro de 1953 e foi em grande parte experimental Os resultados eram grandemente imprevisíveis H M tinha 29 anos quando foi feita a operação Ele possuía inteligência acima da média Após a cirurgia sua re cuperação não acusou um fato notável com uma exceção Ele teve amnésia anterógrada a incapacidade para lembrarse de eventos que ocorrem após um evento traumático No en tanto ele tinha uma boa lembrança emboranão fosse perfeita doseventosque haviamocor ridoantesda operação A perda de memória de H M afetou severamente sua vida H Mfoi estudado extensivamente por métodos comportamentais e neurológicos Ele observou em uma ocasião Tododia é solitário em si sejaqual for a alegria que tive e sejaqual for a tris tezaque senti Milner Corkin Teuber 1968 p 217 Muitos anos após a cirurgia H M ainda dizia que o ano era 1953 Também conseguia se lembrar do nome de toda pessoa nova que conheceuapós a operação independentemente do número de vezes que interagiam Apa rentemente H M perdeu sua capacidade com a intenção proposital de relembrarse de todas as novas memórias do período após sua operação Como resultado vive suspenso em um eterno presente 182 PsicologiaCognitiva Os exames da memória de H M têm continuidade com trabalhos recentes analisando as alteraçõesque manifesta na memóriae no cérebro à medida que envelhece Esses estudos recentes constataram declínios cognitivos e de memória adicionais H M exibiu em parti cular novos problemas de compreensão e geração de novas sentenças MacKay 2006 MacKay et ai 2006 Salat et ai 2006 Skotko et ai 2004 Amnésia e a Distinção entre Memória Explicita e Implícita Os psicólogos que se dedicam à pesquisa estudam pacientes com amnésia em parte para obter dados da memória funcional em geral Uma das constatações obtidas ao se estudar vítimasde amnésia ressalta a distinção entre memóriaexplícita e memória implícita A me mória explícita normalmente fica afetada pela amnésia A memória implícita como os efeitos indutores nas tarefas de completarpalavras e na memória de procedimentos para ta refas baseadas em aptidões normalmentenão fica prejudicada Evidentemente doistipos de capacidade precisam ser diferenciados O primeiro é a capacidade para refletir consciente mente a respeito da experiência anterior o que é exigido para tarefas envolvendo memória explícita ouconhecimento declarativo O segundo é a capacidade parademonstrar o apren dizado lembrado de ummodo visivelmente automático sem lembrança consciente do apren dizadoBaddeley 1989 As vítimasde amnésia apresentam um desempenho extremamente fracona maior parte das tarefasde memóriaexplícita porémexibem desempenho normal ou quase normal nas tarefas envolvendo memória implícita como tarefas de rememoração in duzidas Warrington Weiskrantz 1970 e tarefas de completar palavras Baddeley 1989 Considere o que acontece após as tarefas de completar palavras Quando se perguntou a amnésicos se haviam visto anteriormente a palavra que acabaram de completar demonstra ram dificuldade para lembrarse da experiência específica de ter visto a palavra Graf Man dler Haden 1982 Tulving Schacter Stark 1982 Além do mais esses amnésicos não reconhecem palavras que tinham visto em níveis melhores que os ocasionais Embora a dis tinção entre memória implícita e memótia explícita tenha sido observadaprontamente nos amnésicos amnésicos e participantes normais acusam a presença da memória implícita De modo análogo as vítimas de amnésia exibem desempenho paradoxal sob outro as pecto Considere dois tipos de tatefas Conforme descrito anteriormente as tarefas de conhe cimento deprocessamentos envolvem sabercomo envolvem aptidões como saber andar de bicicleta ao passo que as tarefas de conhecimento declarativo envolvem saber isso acessam informações factuais comoos termos e as expressões em um livro de Psicologia Porum lado as vítimas de amnésia podem ter desempenho consideravelmente ruim nas tarefas tradicio nais de memória que requerem rememoração ou memória de reconhecimento do conheci mento declarativo Por outro podem demonstrar melhoria no desempenho resultante do aprendizado práticalembrada quando participam de tarefas que requerem conhecimento de procedimentos Taistarefas incluiriam quebracabeças aprendera ler a escritacom letras invertidas ou dominar aptidões motoras Baddeley 1989 Considere umexemplo desse conhecimento de processamentos preservado Pacientes com amnésia quando solicitados a dirigir em uma situação normal foram capazes deoperar e con trolar o carro de modo idênticoa um condutor normal Andersonetai 2007 No entanto os pesquisadores também expuseram ospacientes a uma simulação na qual uma seqüência de um acidente complexo foi vivenciada Nessa situação os pacientes comamnésia tiveram grandes dificuldades Não conseguiam lembrarse da resposta apropriada a essa situação Essa desco berta tem relação direta com o fato de que nos pacientes com amnésia o conhecimento im plícito e de procedimentos é preservado ao passo que o conhecimento explícito fica afetado A maioria doscondutores não possui grandeexperiência comcenários emque deve evitaraci dentes complexos e portanto precisa depender mais de uma memória declarativa paratomar decisões a respeito de comoreagir Capítulo 5 Memória Modelos e Métodos de Pesquisa 183 Amnésia e Neuropsicologia Estudos de vítimas de amnésia revelaram muito a respeito do modo pelo qual a memória depende do funcionamento eficaz de estruturas específicas do cérebro Ao se investigar relacionamentos diretos entre lesões específicas no cérebroe deficits defunção particulares os pesquisadores conseguem compreender como a memória normal funciona Desse modo aoestudar tipos diferentes de processos cognitivos nocérebro os neuropsicólogos buscam freqüentemente dissociações de funções Nas dissociações os indivíduos normais acusam a existência de uma determinada função por exemplo memória explícita Porém as pes soas com lesões específicas no cérebro acusam a ausênala dessa determinada função Essa ausência ocorre apesar da presença de funções normais em outras áreas por exemplo memória implícita Ao observar pessoas com alterações de memória sabemos que ela é volátil Uma pan cada nacabeça um distúrbio de consciência ouquaisquer outros ferimentos ou doenças no cérebro podem afetálo Não podemos determinar entretanto o relacionamento específico de causae efeito entre uma dada lesão estrutural e um déficit de memória específico O fato de uma esttutura ou região particulat estarassociada com uma interrupção de funções não significa que a região é unicamente responsável por controlar essa função Realmente fun ções podem ser partilhadas por diversas estruturas ouregiõeíj Uma analogia fisiológica am pla pode ajudar a explicar a dificuldade para determinar alocalização com base em um déficit observado Ofuncionamento normal de uma parte do cérebro osistema de ativação reticular SAR é essencial paraa vida Porém a vida depende de mais doque um cérebro em funcionamento Se você duvida da importância de outras estruturas pergunte a um pa ciente com doença cardíaca ou pulmonar Portanto embora o SAR seja essencial para a vida a morte de uma pessoa pode ser o resultado do mau funcionamento deoutras estrutu ras do organismo Relacionar uma disfunção do cérebro a uma estrutura ouregião específica apresenta um problema similar Para a observação dedissociações simples muitas hipóteses alternativas podem explicar umeloentre uma lesão específica e umdéficit de função particular Justificativas muito nais convincentes para hipóteses relativas afunções cognitivas originamse da observação deas sociações duplas Nas dissociações duplas as pessoas com diferentes tipos de transtornos neu ropatológicos exibem padrões opostos de deficits Para algumas funções e áreas docérebro os neuropsicólogos conseguiram observar apresença de uma dissociação dupla Por exemplo al gumas provas dadistinção entre memória breve e memória de longo prazo surgem precisa mente dessa dissociação dupla Schacrer 1989b Pessoas com lesões no lobo parietal esquerdo do cérebro demonstram grande incapacidade para reter informações na memória de curto prazo porém sua memória de longo prazo não é afetada Blas continuam a codifi car armazenar e recuperar informações na memória de longo praiio aparentemente com pouca dificuldade Shallice Warrington 1970 Warrington Shallice 1972 Em contraste pessoas com lesões nas regiões temporais médias de cérebro possuem memória de curto prazo de informações verbais relativamente normais como de letras e de palavras porém exibem séria incapacidade para reter novas informações verbais namemória de longo prazo Milner Corkin Teuber 1968 Shallice 1979 Warrington 1982 Dissociações duplas oferecem provas insofismáveis da noção deque estruturas espe cíficas de cérebro desempenham papéis vitais determinados na memória Squire 1987 Distúrbios ou lesões nessas áreas causam deficits severos na formação da memória Porém não podemos afirmar que a memória ou mesmo parte dela reside nessas estruturas Apesar disso estudos conduzidos em pacientes com lesão cerebral são informativos e in dicam pelo menos como a memória trabalha Presentemente os neuropsicólogos cogniti vos descobriram que as dissociações duplas justificam diversas distinções Estas distinções são aquelas entre memória breve e de longo prazo e entre memória declarativa explícita 184 fPsicologia Cognitiva enãodéclãrativaimplícita Também existem algumas indicações preliminares de ou 1trás distinções MaldeíÀlzheimer fcEmbõfááámriésiaísejaasíndrorhe nais associada à perda de memória muitas vezes é menos ddéWrútivacioqueúmadoençaque inclui a perda de memória como umde vários sintomas iOaldeÁlzheiméréLúmaLerifffmidade que atinge adultos com mais idade e que causa dèTrimciabémcomopendafJemenória progressiva Kensinger Corkin 2003 Demência é aapèfda dafuriçãointelectualsuficientemente severa para afetar a vida diária de uma pessoa Apêrdacla1 memória7no málrJe Xlzheimer pode ser vista em imagens comparativas do cére bfòdé indivíduoscomousemadoença de Aízheimer Observe na Figura 57 que à medida Mqüéadõêriçaãvariçaexiste urra atividade cognitiva decrescente nas áreas docérebro asso biadas1função damerríória AdòériçafõiKderitificada hicialmente por Alois Aízheimer em 1907 Normalmente é rrècÕnhecidacómbãsenaperã de função intelectual na vida diária Um diagnóstico defi nitivo1sóépóssiveltformalmeite após a morte Os cérebros das pessoas com a doença exi nbemplácaséèmãrãrihados decélulasque não são encontrados nos cérebrosnormais Placas sãodèpósitõsdensos que óccrrem externamente às células nervosas docérebro São estru turasesféricascòmúm núcleo denso de betaproteína amilóide Kensinger Corkin 2003 EEmáránhadosMexèlülassãopares de filamentos que se tornam deformados em torno de si Sãdéncõhtradosriocorpos células e osdendritos de neurônios muitas vezes apresentam fórrnâtodáiümachámaííensinger Corkin 2003 O mal de Aízheimer é diagnosticado Mqüãndomèmóriaâfetacà e existe pelo menos outra área de disfunção nos domínios da Mirigüágemdamòtricidád da atenção da função executiva da personalidade ou do re cõnhécTmêntodeõbjètosOs sintomas têm início gradualmente e a progressão é contínua céirreversível Ernbõraaprõgréssãoaa doença seja irreversível pode ser um poucodesacelerada O Pprincipal1medicàméntoíisado atualmente com essa finalidade é o Aricept donepezil As Pprovas1ôbtidãsèmpesqüias são de várias naturezas Fischman 2004 Indicam que na me ílhõrdás1hipõtèsèspoAAriept consegue diminuir ligeiramente a progressão dadoença porém nnãotõnséguerevêítê1ls Um medicamento mais recente memantina vendido como Na mêndaouEbixaJpddesuplementar o Aricept e diminuir um pouco mais a progressão da dóenaCsdciisrmêdicínentos possuem mecanismos diferentes O Aricept retarda a destrui Ççãodóheürbtrarismiss acetileolina no cérebro A memantina inibeumcomposto químico MÇüé1provocauiiüitaréxitação nas células cerebrais e resulta em dano àscélulas e em morte OÍFischmànÕOH AVintidênSaidóipal de Aízheimer aumenta exponencialmente com a idade Kensinger GorkinÕÕÍAUricdência na faixa etária de 70a 75 anos é de aproximadamente 1 por ã arioPPòrémrèhtréHsidades de 80 a 85 anos a incidência suplanta 6 por ano Com idade de7O1ancisí3a0 dos adultos possuem sintomas da doença de Aízheimer e após 80 51 ànòs1 áporcêfítagér suplanta 50 UiMtipdespécu de mal de Aízheimer é hereditárioe denominadomal de Aízheimer de Mníciõprematürohi associado a uma mutação genética Aspessoas nessa condição sempre desenvolvem1 adcJÁça Resulta na doença se manifestando cedo muitas vezes antesdos 50 aariòsealgumãsezes aos 20 anos Kensinger Corkin 2003 Em contraste o mal de AÀÍzhèimèríqüéafirece tardiamente parece ser determinado de modo complexo e relacio nhádo ãümãvariéade de possíveis influências genéticas e ambientais nenhuma dasquaisfoi ldèntificàdaMèTrodo conclusivo priméiròsinais do mal de Aízheimer normalmente incluem a deterioração dame mbfiáíèpisódic As pessoas apresentam dificuldade para lembrarse de coisas que apren Capitulo 5 Memória Modelos eMétodos dePesquisaj 185j FIGURA 57 a Imagens do cérebro de a uma pessoa normal b uma pessoa com mal de Aízheimer noestâgipMicialecumaA pessoa com doença de Aízheimer em estágio avançado Àmedida que adoença progride diminui aaayidaâecognitiva do cérebro associada àfunção da memória Imagens a e c CNRUPhototake bjZephyrlPhotoesearchers Inc Utilizadas compermissão deram em um contexto temporal ou espacial A medidaque a doença progrideasmemória semântica também começa a desaparecer Enquanto as pessoas sem a doença tendem a lembrarse de informações de cunho emocional melhor do que lembravamrsedeoutrasin formações sem carga emocional pessoas com a doença nãodemonstram diferençanos dois tipos de memória Kensinger etai 2002 A maioria dasformas da memórianãodeclara tiva é preservada no mal de Aízheimer até o fim de sua evolução O fim é a morte inevi tável a não ser que a pessoa morra primeiro de outras causas O Papel do Hipocampo e de Outras Estruturas Em que lugar do cérebro as memórias são armazenadas e que estruturas e áreas do cérebro encontramse envolvidas no processo de memória como codificação e recuperaçãoMuitas primeiras tentativas de localização da memória foram infrutíferas Por exemplo após lite ralmente centenasde experiências o renomado neuropsicólogo Karl Lashley afirmou relu tantementequenão conseguia identificar localizações específicas no cérebro paramemórias específicas Nas décadas que passaram desde a constatação de Lashley os psicólogos foram capazes de localizar muitas estruturas cerebrais envolvidas na memória Por exemplo elesconhecem a importância do hipocampo e de outras estruturas próximas No entanto a estrutura fisiológica pode nãoser de natureza a nos permitir identificar as localizações inde finidas de Lashley relacionadas a idéias pensamentos ou eventos específicos Mesmo as descobertas de Penfield relativas a elos entre estimulação elétrica e memória episódica de eventos têm sido sujeitas a questionamento 186 Psicologia Cognitiva Alguns estudos revelam descobertas encorajadoras embora preliminares a respeito das estruturas que parecem envolvidasem diversos aspectosda memória Primeiro propriedades sensoriais específicas de uma determinada experiência aparentam estar organizadas em vá rias áreas do córtex cerebral Squire 1986 Por exemplo as características visuais espaciais e olfativas de uma experiência podem estar armazenadas de modo descontínuo em cada uma das áreas do córtex responsáveis pelo processamento de cada tipo de sensação Portanto o córtex cerebral parece desempenhar um papel importante na memóriaem termos da arma zenagem de longo prazo das informações Zola Squire 2000 ZolaMorgan Squire 1990 Além disso o hipocampo e algumas estruturas cerebrais próximas relacionadas parecem ser importantes para a memória explícita de experiências e outras informações declarativas O hipocampo também parece desempenharam papel importante na codificação de infor mações declarativas Squire ZolaMorgan 1991 Thompson 2000Thompson Krupa 1994 ZolaMoTgan Squire 1990Sua principal função parece existir na integração e na consoli dação de informações sensoriais distintas Mbscovitch 2003 De maior importância está envolvido na transferência de novas informações sintetizadas para estruturas de longo prazo que apoiam o conhecimento declarativoTalvez essatransferênciaproporcione um meiopara fazera referência cruzada das informações armazenadas em partes diferentes do cétebro Re ber Knowlton Squire 1996Squire 1986 Squire Cohen Nadei 1984 Adicionalmente o hipocampo parece representar um papel crucial no aprendizado complexo McCormick Thompson 1984 A amígdala também parece exercer função importante na consolidação da memória especialmente onde a experiência emocional estiver envolvida Cahill et ai 1995 Cahill McGaugh 1996 Ledoux 1996 McGaugh 1999 McGaugh Cahill Roozen daal 1996 Packard Cahill McGaugh 1994 Finalmente o hipocampo também exerce pa pel significativo na rememoração de informações Gilboaetai 2006 Em termos evolutivos as estruturas cerebrais mencionadas anteriormente principal mente o córtex e o hipocampo são aquisições relativamente recentes A memória declara tiva também pode ser considerada um fenômeno relativamente recente Outras estruturas de memória podem ser responsáveis ao mesmo tempo por formas não declarativas de me mória Por exemplo os gânglios basais parecem ser as principais estruturas que controlam o conhecimento de procedimentos Mishkin Petri 1984 Porém não estão envolvidos no controle do efeito indutor Heindel Butters Salmon 1988 que pode ser influenciado por vários outros tipos de memória Schacter 1989b Além disso o cerebelo também parece desempenhar papel importante na memória para respostas de condicionamento clássico e contribui para muitas tarefas cognitivas em geral Cabeza Nyberg 1997 Thompson 1987 Portanto várias formas de memória não declarativa parecem se apoiar em estruturas cere brais distintas Além dessesconhecimentos preliminares a respeito das estruturas em nível macro esta mos começandoa compreender a estrutura da memória em nível micro Porexemplo sabe mos que aestimulação repetidade circuitos neuraisespecíficos tendea reforçar a possibilidade de ativação Emparticular em umadeterminada sinapse parecem ocorreralterações fisioló gicas nos dendritosdo neurônio receptor Essas alterações tornam o neurôniomais propenso a alcançar o limiar para uma nova ativação Também conhecemos que alguns neurotransmissores destróem a armazenagem da memó ria Outros aumentam a armazenagem da memória A serotonina e a acetilcolina aparentam aumentar a transmissão neural associada à memória A norpinefrina também pode agir nesse sentidoConcentrações elevadas de acetilcolina foram encontradas no hipocampo de pessoas normais Squire 1987 porém concentrações pequenas são constatadas em pessoas com doençade Aízheimer Na realidade os pacientes com Aízheimer apresentam perda severa do tecido do cérebro que secreta a acetilcolina Capítulo5 Memória Modelos e Métodos de Pesquisa 187 Testes de memória podemseraplicados para avaliar se uma pessoa sofre do malde Aízhei mer No entanto um diagnóstico definitivo é possível somentepor meio da análisedo tecidodo cérebro o qual conforme mencionado anteriormente apresenta placas e emaranhados de célu lasnos casos da doença Em um teste as pessoas vêem uma folhade papelcontendoquatro pa lavras Buschke et ai 1999 Cada palavra pertence a uma categoria diferente O examinador diz qualé a categoria para uma das palavras A pessoa precisa indicar a palavra apropriada Se a categoria for animal a pessoa pode apontar para a fotografia de uma vaca Alguns minutos após aspalavras terem sido apresentadas as pessoas fazem umatentativa para rememorar todas as palavras que viram Caso não consigam lembrarse de uma palavra é informada a categoria a que a palavra pertence Alguns indivíduos não conseguem se lembrar das palavras mesmo quando lhes sãolembradas as categorias Os pacientes comAízheimer obtêm resultados muito pioresnesse teste do que as demais pessoas Os pesquisadotes foram mais capazes de identificar a causade outra forma de disfunção da memória porém não criaram uma maneira para eliminar essedéficit que pode ser preve nido Provouse que o consumo de álcool impede a atividade da serotonina e portanto prejudica a formaçãode memórias Weingartner etai 1983 De fato o abuso severoe pro longado de álcool pode resultar na Síndrome de Korsakoff uma forma devastadora de am nésia anterógrada Esta síndrome muitas vezes é acompanhada por ao menos alguma amnésiaretrógrada Clarketai 2007 Parkin 1991 Shimamura Squire 1986 A síndrome de Korsakoff foi relacionada a uma lesão no diencéfalo a região formada pelo tálamo e o hipotálamo do cérebro Jernigan et ai 1991 Langlais Mandei Mair 1992 Também foi relacionada à disfunção ou ao dano em outras áreas Jacobson Lishman 1990 comooslo bos frontais do córtex Parsons Nixon 1993 Squire 1982 e os lobos temporais Blansjaar et ai 1992 Outros fatores fisiológicos também afetam a função de memória Alguns dos hormônios que ocorrem naturalmente estimulam a maior disponibilidade de glicose no cérebro o que melhoraa funçãode memória Esses hormônios freqüentemente sãoassociados a eventos de grande excitação por exemplo o primeiro beijo apaixonado crises e outros momentos cul minantes porexemplo chegara umadecisão importante Eles podemdesempenhar um pa pel na rememoração desses eventos A amígdala muitas vezes é associada a eventos emocionais portantouma pergunta fun damental a ser formulada é se em tarefas de memória há envolvimento da amígdala na me móriade eventoscom cargaemocional Emumestudoparticipantesviramduasapresentações em dias distintos Cahill et aí 1996 Cada apresentação envolvia 12clipes metade dos quais havia sido julgada comopossuidora de conteúdo relativamente emocional e a outra metade envolvendo conteúdo relativamente não emocional A medida que os participantes assis tiam aosclipes a atividade cerebral era avaliado por meio de PET veja o Capítulo 2 Após um intervalo de três semanas os participantes retornavam ao laboratório e eram solicitados a rememorar os clipes Paraos clipes relativamente emocionais a quantidade de ativação na amígdalaestavaassociada à rememoração para os clipesnão emocionais não ocorria associa ção Este padtão de resultados indica que quando aslembranças possuem carga emocional o nívelde ativação da amígdala está associado à recordação Em outraspalavras quanto maior a carga emocional da lembrança maior a probabilidade desta memória ser recordada no fu turo Pode também existirumadiferença de sexo em relação à recordação de memórias emo cionais Existem algumas provas deque asmulheres selembram melhor do que os homens de fotografias com cargaemocional Canli etai 2002 Alguns dos trabalhos mais fascinantes se concentraram maisnas estratégias usadas em relação à memória As estratégias de memória e os processos de memória constituem tema do próximo capítulo 188 Psicologia Cognitiva Temas Fundamentais Este capítulo ilustraalguns dos principaistemas estudados no Capítulo 1 Inicialmente aborda como a pesquisa básica e a pesquisa aplicada podem interagir Um exemplo são aspesquisas sobre o mal de Aízheimer Na época presente a doença nãoé curá vel porém podesertratada commedicamentos e otientaçãoprovida emum ambiente de con vivência estruturado A pesquisa básica sobre aestruturabiológica por exemplo emaranhados de células e placas e as funções cognitivas por exemplo memória afetada associadas à doença podem nos ajudar um dia a compreender e a tratar melhor a doença Segundo o capítulo apresenta a interação entrebiologia e comportamento O hipocampo tornouse umadaspartesdo cérebro mais cuidadosamente estudadas As pesquisas atuaiscom imagens obtidas por ressonância magnética funcional RMf revelam de que modo o hipo campoe outras partes do cérebro comoa amígdala no casode memória de procedimentos funcionam para permitirnos lembrar daquilo que precisamos saber Terceiro o capítulo mostra como estrutura e função são ambas importantes para com preendera memória humana O modelo AtkinsonShiffrin propôs processos de controleque operam em três estruturas uma de muito curto prazo um receptáculo de curto prazo e um receptáculo de longo prazo O modelo de memória de trabalho mais recente controla e ativa partes da memória de longo prazo a fim de prover as informações necessárias para a resolu ção de tarefas do momento Após você usar umcaixa eletrônico comumamigo peçalhe quepreencha o espaço fal tante eletrônico Seuamigo dirácomtoda probabilidade caixa eletrônico Se você fizesse isso sem ira um caixa eletrônico a maioria das pessoas provavelmente diria apa relho eletrônico A primeira resposta constitui umexemplo de memória implícita Peça a alguns amigos ou a membros da família para ajudálo em um experimento de me mória Dê para metade deles a orientação de contar o número de letras nas palavras que você está para pronunciar Dê para a outra metade a orientação de pensar em ttês palavrasrelacio nadas àspalavras quevocê estáparapronunciar Pronuncie as palavras a seguir comcerca de 5 segundos de intervalo beleza oceano concorrente mau decente feliz corajoso bebida artís tico desalento Cerca de 5 ou 10 minutos mais tarde peça a seus amigos para escreverem o maiornúmero possível das 10 palavras que conseguem se lembrar Em geral aqueles que fo ram solicitados a pensar em três palavras relacionadas às palavras que você leuse lembrarão mais do que aqueles a quem solicitou que contassem os números de letras das palavras Essa é uma demonstração de níveis de processamento Os amigos quepensaram em três palavras re lacionadas processaram as palavras mais profundamente do que aqueles que meramente con taram o númerode letras das palavras Palavras que são processadas maisprofundamentesão mais bem lembradas Leitura sugerida comentada Tulving E Craik F I M ed 2000 The Oxford handbook ofmemory Nova York Oxford University Press Este manual talvez ofereça as descrições mais abran gentesdos fenômenos da memóriaque se encontram atualmente disponíveis CAPITULO Processos Mnésicos 6 EXPLORANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA 1 O que os psicólogos cognitivos descobriram a respeito do modo como codificamos informações para armazenálas na memória 2 O que afeta nossa capacidade para recuperar informações da memória 3 De que modo aquilo que conhecemos ou aprendemos afeta o que lembramos 4 Como a memória se desenvolve com a idade O procedimento é narealidade muito simples Primeiro você dispõe itens em grupos diferentes Evidentemente um grupo pode ser suficiente dependendo dequanto há para fazer Se você precisar ir a outro local por causa dafalta de instalações isto con stitui o passo seguinte caso contrário você jáestá bem preparado E importante não exagerar ascoisas ouseja é melhor fazer poucas coisas aomesmo tempo do que mui tas Isto pode não parecer importante no curto prazo porém podem surgir facilmente complicações Um erro também pode ser oneroso Em primeiro lugar todo o procedi mento parecerá complicado Logo noentanto se tornará apenas outra faceta da vida Édifícil prever qualquer fim da necessidade para essa tarefa no futuro imediato porém nuncasepode afirmar Após o procedimento ser concluído dispõese osmateri ais emgrupos diferentes novamente Então podem sercolocados emseus lugares apro priados Finalmente serão usados umavez mais e todo o ciclo terá então deser repetido Entretanto isso faz parte da vida John Bransford e Mareia Johnson 1972 p722 solicitaram a seusparticipantes que les sem a passagem precedente e se lembrassem dos passos envolvidos Para ter idéia de como foi fácil para seus participantesprocederem desse modo tente recordar esses pas sos Os participantes de Bransford e Johnson e provavelmente você também tiveram muita dificuldade para compreender essa passagem e lembrarse dos passos envolvidos O que torna essa tarefa tão difícil Quais sãoos processos mentais envolvidos nessa tarefa Conforme mencionado no capítulo anterior os psicólogos cognitivos geralmente refe remse aos principais processos de memória abrangendo três operações comuns codificação armazenamento e recuperação Cada uma representa um estágio de processamento da memó ria Codificação referese a como você transforma umdado físico e sensorial em um tipode representação que podeser localizado na memória Armazenamento referese ao modo como você retém as informações codificadas Recuperação referese à maneira como você ganha 189 190 Psicologia Cognitiva acesso às informações armazenadas na memória Nossaênfase ao discutir esses processos será na rememoração de material pictórico e verbal Lembrese no entanto de que possuímos igualmentememórias de outros tipos de estímulos como odores Herz Engen 1996 Codificação armazenamento e recuperação são vistas muitas vezes como estágios se qüenciais Primeiro você recebe a informação Em seguida a retém durante um intervalo Posteriormente você a acessa No entanto os processos interagem entre si e são interdepen dentes Por exemplo você pode ter considerado o texto no parágrafo inicial do capítulo difí cil de codificar tornandoo portanto também difícil de armazenar e de recuperar as informações No entanto uma designação verbal pode facilitara codificação e consequente mente o armazenamento e a recuperação A maioria das pessoastem desempenho muito me lhor com o texto caso seu título seja dado Lavando Roupa Tente agora lembrarse dos passos descritos na passagem A designação verbal nos ajuda a codificare portanto a recor dar uma passagem que de outro modo parece incompreensível Codificando e Transferindo Informação Formas de Codificação Armazenamento de Curto Prazo Quando você codifica informações para armazenamento temporário e uso que tipo de có digo você usa Os participantes tiveram uma apresentação visual de diversas séries de seis letras com intervalo de 075 segundos por letra Conrad 1964 As letras usadas nas várias listas foram B C F M N P STVe X Imediatamente após a apresentaçãodas letras os participantes tinham de escrever cada lista de seis letras na ordem dada Que tipos de erros os participantes cometeram Apesar do fato de as letras terem sido apresentadas visual mente os erros tendiam a se basear em confusão auditiva Ou seja ao invés de lembrarse das letras que deveriam rememorar os participantes substituíam letras que soavam corretas Portanto tinham probabilidade de confundir F por S B por V P por B e assim por diante Outro grupo de participantes simplesmente escutava as letras individuais em um contexto que tinha ruído ao fundo Eles relatavam então imediatamente cada letra como a ouviam Os participantes mostraram o mesmo padrão de confusão na tarefa de escutar e na tarefa de memória visual Conrad 1964 Portanto parecemos codificar visualmente as letras apre sentadas pelo modo como soam e não pela maneira como aparentam ser O experimento Conrad apresenta a importância na memória de curto prazo de um có digo auditivo ao invés de um visual Porém os resultados não eliminam a possibilidade de existirem outros códigos Um deles seriao código semântico um código baseado no signifi cado da palavra Um pesquisador argumentou que a memóriaa curto prazose apoia princi palmente em um código auditivo preferencialmente a um semântico Baddeley 1966 Ele comparou o desempenho na rememoração envolvendo listasde palavrasconfundíveisauditi vamente comomapa capa lapa placa e casta com aquele para listas de palavras acustica mentedistintas comovaca poço dia fraude e bisnaga Baddeley constatou queo desempenho era muito pior para a apresentação de palavras similares auditivamente Ele também comparou o desempenho para listas de palavras similares semanticamente comogrande longo extenso amplo e largo com o desempenho para listas de palavras di ferentes semanticamente comovelho podre atrasado quente eforte Houve poucadiferença de rememoração entre as duas listas Suponha que o desempenho para as palavras similares semanticamente tenha sido muito pior Isto teria indicado que os participantes ficaram con fusos pelassimilaridades semânticas e desse modo estavam processando aspalavras seman ticamente No entanto o desempenho para as palavras com similaridade semântica foi apenas ligeiramente pior do que para as palavras distintas semanticamente Capítulo 6 Processos Mnésicos 191 Trabalhos subsequentes de investigação sobre o modo comoas informações sãocodifica das na memória de curto prazo mostraram provascristalinas de pelo menos alguma codifi caçãosemântica na memória de curto prazo Shulman 1970 Wickens Dalezman Eggemeier 1976 Portanto a codificação na memória de curto prazoparece ser principalmenteauditiva porém pode também ocorrer alguma codificação semântica secundária Adicionalmente al gumas vezes codificamos temporariamente também asinformações visuais Posner 1969 Pos ner etaí 1969 Posner Keele 1967 Entretanto a codificação visualparece ser até maisfugaz cerca de 15 segundo Também é mais vulnerável aodeclínio doquea codificação auditiva Portanto a codificação inicial é principalmente de natureza acústica porém outras formas de codificação podem ser usadasem algumas circunstâncias Armazenamento de Longo Prazo Conforme mencionado as informações armazenadas temporariamentena memória de tra balho permanecem codificadas principalmente em forma auditiva Portanto quando co metemos erros ao recuperar palavras de memória de curto prazo os erros tendem a refletir confusões entre sonsComo as informaçõessão codificadas de maneira que podemser trans feridas para armazenagem e ficarem disponíveis para recuperação subsequente A maior parte das informaçõesarmazenadasna memória de longo prazo parece ser co dificada principalmente de modo semântico Em outras palavras encontrase codificada pelo significado das palavras Considere algumas provas relevantes Participantes tomaram conhecimento de uma lista com 41 palavras diferentes Gross man Eagle 1970 Cincominutos após terem memorizado aspalavras foram submetidos a um teste de reconhecimento no qual estavamincluídos itensde distração Estes são itensque pa recem serescolhas legítimas masquenão representam alternativas corretas istoé nãoforam apresentadas previamente Nove dos itens de distração possuíam relação semântica com as palavras na lista Nove nãopossuíam Osdados de interesse eramalarmes falsos paraositens de distração Estas são respostas nas quais os participantes indicam que haviam visto os itens de distração embora não os tivessem visto Os participantes reconheceram erronea mente uma médiade 183 dossinônimos porémsomente uma médiade 105 das palavras não relacionadasEste resultado indicou maior probabilidade de confusão semântica Outra maneira paramostrar a codificação semântica consiste em usar conjuntos de pala vras para teste relacionadas semanticamente ao invés de itensde distração Os participantes são apresentados a uma listade 60 palavras que incluem 15 animais 15 profissões 15 vege tais e 15 nomes de pessoas Bousfield 1953 As palavrassão apresentadas em ordem aleató ria Portanto os componentes das várias categorias estavam totalmente misturados Após os participantes ouvirem as palavras foram solicitados a usar a recordação simples parareprodu zira listana ordemque desejassem O pesquisador analisava em seguida a ordemde apresen taçãodaspalavras lembradas Os participantes selembraram de palavras sucessivas da mesma categoria maisfreqüentemente do que seria esperadopelo acaso Realmente recordações su cessivas da mesmacategoriaocorreram efetivamente com freqüência muito maiordo que se ria esperado pela ocorrência eventual Os participantes estavam se lembrando de palavras agrupandoas em categorias Os níveis de processamento discutidos no Capítulo 5 também influenciam a codifica ção na memória de longo prazo Os participantes quando aprendem listas de palavras transferem mais informações à memória de longoprazo quando adotam uma estratégia de codificação semântica do que quando usam umaestratégia não semântica Demodo inte ressante nas pessoas com autismo essa vantagem não é observada Estadescoberta indica queparaessas pessoas as informações podemnão estar codificadas semanticamente ou no mínimo não na mesma extensão verificada nas pessoas que não possuem autismo Toichi Kamio 2002 192 Psicologia Cognitiva A codificação das informaçõesna memóriade longo prazonão é exclusivamente semân tica Também existemprovasde codificação visualOs participantes receberam 16 desenhos de objetos incluindo quatro itens de vestuário quatro animais quatro veículos e quatro itensde mobiliário Frost 1972 O pesquisador manipulou não somentea categoria semân tica mas também a visual Os desenhos diferiam em orientação visual Quatro eram incli nadosà esquerda quatro à direita quatroeram horizontais e quatroverticais Os itensforam apresentados em ordem aleatória Os participantes foram solicitados a rememorálos livre mente A ordem das respostas dos participantes mostrou efeitos das categorias semântica e visual Esses resultados indicaram que os participantes estavam codificando informações vi suais e semânticas Além das informações semânticas e visuais as informações auditivas podem ser codifi cadas na memória de longo prazo Nelson Rothbart 1972 Portanto existe grande flexibi lidade no modo pelo qual armazenamos informações que retemos durante períodos longos Aqueles que buscam conhecer a única maneira correta pela qual codificamos informações estão à procura de uma resposta à pergunta errada Não existe uma única maneira correta Uma pergunta mais produtiva seria De que maneiras codificamos informações na memória de longo prazo No entanto sob uma perspectiva mais psicológica a pergunta mais útil a ser feita é Quando codificamos e de quantas maneiras Em outras palavras sob que cir cunstâncias usamos uma forma de codificação e sob quaiscircunstâncias empregamos outra Essas perguntas residem no foco das pesquisas atuais e futuras Transferência de Informações da Memória de Curto Prazo Para a Memória de Longo Prazo Tendoem vistaos problemas de declínio e interferência descritos posteriormente neste ca pítulo como transferimos informações da memória de curto prazo para a memória de longo prazo As maneiras para transferir informações dependem do fato de envolverem memória declarativa ou não declarativa Algumas formas de memória não declarativa são grande mente voláteis e desaparecem rapidamente Exemplos sãoa induçãoe a habituação Outras formas não declarativas são mantidas mais disponíveis particularmente como resultado da prática de procedimentos repetida ou de condicionamentos das respostas repetidos Exemplos sãoa memória de procedimentos comoamarrar ospróprios sapatos e condiciona mento clássico simples como as fobias A entrada na memória declarativa de longo prazo pode ocorrer por meio de uma série de processos Um método para atingir essa meta é prestar atenção deliberadamente à infor mação para compreendêla Outro é fazendo conexões ou associações entre as novas in formações e aquilo que já conhecemos e compreendemos Fazemos conexões integrandoos novos dados emnossos padrões existentes de informações armazenadas Consolidação é esse processo de integração de novas informações nas informações armazenadas Nos seres hu manos o processo de consolidação das informações declarativas na memória podecontinuar por muitos anos após a experiência inicial Squire 1986 O estresse em geral prejudica o funcionamento da memória No entanto estresse também pode ajudar a aumentar a conso lidação da memória por meio da liberação de hormônios Roozendaal 2002 2003 A rup tura da consolidação tem sido estudada eficazmente nos amnésicos Estudos analisaram em particularpessoas que sofreram formas breves de amnésiaem conseqüência da eletroconvul soterapia TEC Squire 1986 Para essesamnésicos é clara a fonte do trauma A confusão entre as variáveis pode ser minimizada Podeser obtido um histórico clínico do paciente an tes do trauma e testes de acompanhamento e supervisão póstrauma são mais prováveis es tarem disponíveis Uma série de estudos indica que durante o processo de consolidação nossa memória é suscetível à ruptura e à distorção Capítulo 6 Processos Mnésicos 193 Para manter ou intensificar a integridade das memóriasdurante a consolidação podemos usar várias estratégias de metamemória Koriat Goldsmith 1996a 1996b Metcalfe 2000 Nelson Narens 1994 Schwartz Metcalfe 1994 As estratégias de metamemória envolvem a reflexão em nossos próprios processosde memória tendo em vista melhorálaTais estraté gias são especialmente importantes quando estamos transferindo novas informações para a memória de longo prazo ensaiandoa As estratégias de metamemória são apenas um compo nente da metacognição nossa capacidade de pensar a respeito e de controlar nossos próprios processos de pensamento e maneiras para realçar nosso pensamento Ensaio Uma técnica que as pessoas usam para manter as informações ativas é o ensaio a recitação repetida de um item Os efeitosde tal ensaio são denominados efeitos daprática O ensaio pode ser aberto caso em que usualmente é verbalizado e óbvio para qualquer pessoa que observe Ou pode ser dissimulado caso em que é silencioso e oculto Simplesmente repetir palavras continuamente para si mesmonão é suficientepara alcançar um ensaio eficaz Tulving 1962 Uma pessoa também precisa pensar sobre as palavras e possivelmente seu interrelaciona mento Quer seja o ensaio aberto ou dissimulado qual é a melhor maneira para organizar seu tempo visando ensaiar novas informações Hermann Ebbinghaus 1885 citado em Schacter 1989a observou há mais de um século que a distribuição de sessões de estudo ensaio de memória ao longo do tempo afeta a con solidação das informações na memória de longo prazo Bem mais recentemente pesquisado res ofereceram apoio à observação de Ebbinghaus como resultado dos estudos de recordação de longo prazo que as pessoas tinham de palavras de vocabulário espanhol as quais haviam aprendido oito anos antes Bahrick Phelps 1987 Eles observaram que a memória das pes soas por informações depende de como as adquirem Suas memórias tendem a ser boas quando usam a prática distribuída um aprendizado em que várias sessões são espaçadas ao longo do tempo Suas memóriasde informações não são tão boas quando estas são adquiridas por meio de prática contínua aprendizado em que as sessões são concentradas em um inter valo de tempo muito breve Quanto maior a distribuição dos ensaios de aprendizagem ao longo do tempo mais os participantes se lembraram ao longo de períodosextensos Esteefeito é denominado efeito de espaçamento As pesquisas relacionaram o efeito de espaçamento ao processo pelo qual as lembranças são consolidadas na memória de longo prazo Glenberg 1977 1979 Leicht Overton 1987 isto é o efeito de espaçamento pode ocorrer porque em cada sessãode aprendizagem o con texto para codificação pode variar As pessoas podem usar estratégias e indutores alternativos para a codificação Elas portanto enriquecem e elaboram padrões para as informações O princípio do efeito de espaçamento é importante de se lembrar nos estudos Você se lem brará em média das informações durante mais tempo se distribuir seu aprendizado das dis ciplinas e variar o contexto para codificação Não tente acumular todas as informações em um período curto Imagine estudar para um exame em diversas sessões breves ao longo de um período de duas semanas Você se lembrará de grande parte da matéria No entanto se você tentar estudar toda a matéria em apenas uma noite se lembrará de muito pouco e a memória para essas informações declinará de modo relativamente rápido Por que a distribuição de tentativas de aprendizagem ao longo de dias faria diferença Uma possibilidade é que as informações são aprendidas em conteúdos variáveis Estescontex tos distintos ajudam a reforçaras informações e a consolidálas Outra possível resposta origi nase de estudos das influências do sono sobre a memória De importância fundamental é a quantidade de sono de movimento rápido dos olhos REM um estágio específico do sono ca racterizado por sonhos e maior atividade das ondas cerebrais Karni et ai 1994 Especifica mente interrupções no padrão de sono REM durante a noite após o aprendizado reduziram 194 Psicologia Cognitiva a melhoria quantitativa de uma tarefa de discriminação visual que ocorreu em relação ao sono normal Adicionalmente essa falta de melhoria não foi observada nas interrupções du rante os padrões correspondentes aos estágios três e quatro do sono Kami et ai 1994 Ou tras pesquisas também indicam melhor aprendizado com aumentos na proporção do estágio REM do sono após exposição a situações de aprendizagem Ellenbogen Payne Stickgold 2006 Smith 1996 A influência positiva do sono na consolidação da memória é observada em grupos etários Hornung et ai 2007 Pessoas que sofrem de insônia um transtorno que priva o indivíduo de um sono muito necessário possuem dificuldade na consolidação da me mória Backhaus et ai 2006 Estas descobertas ressaltam a importância dos fatores biológi cos na consolidação da memória Portanto uma noite de sono tranqüilo que inclui muitas horas de estágio REM ajuda na consolidação da memória Existe algo especial ocorrendo no cérebro que poderia explicar por que o sono REM é tão importante para a consolidação da memória Pesquisas neuropsicológicas sobre a apren dizagem animal podem oferecer uma primeira resposta a essa pergunta Lembrese de que o hipocampo foi reconhecido como uma estrutura importante da memória Ao registrar estu dos de células do hipocampo de ratos os pesquisadores descobriram que as células do hipo campo que foram ativadas durante a aprendizagem são reativadas durante períodos de sono subsequentes Écomo seestivessem reencenando oepisódio deaprendizagem inicial paraob ter a consolidação na armazenagem de longo prazo Scaggs McNaughton 1996 Wilson McNaughton 1994 Esseefeito também foi observado em seres humanos Após aprender ca minhos em uma cidade virtual os participantes dormiram Foi observada maior atividade de hipocampo durante o sono após a pessoa haver aprendido as informações espaciais Nas pes soas com maior ativação do hipocampo também ocorria a melhora do desempenho quando precisavam se lembrar dos caminhos Peigneux et ai 2004 Durante essa maior atividade o hipocampo também apresenta níveis extremamente baixos do neurotransmissor acetilco lina Quando se ministrou acetilcolina aos pacientes durante o sono demonstraram menor consolidação da memória porém somente para informações declarativas A consolidação da memória de procedimentos não foi afetada pelos níveis de acetilcolina Gais Born 2004 Em um artigo recente pesquisadores propuseram que o hipocampo age como um sistema de aprendizado rápido McClelland McNaughton 0Reilly 1995 O hipocampo mantém temporariamente novas experiências até que possam ser assimiladas de modo apropriado no sistema de representação neocortical mais gradual do cérebro Tal sistema complementar é necessário para permitir que a memória represente mais precisamente a estrutura do am biente McClelland e seuscolegas usaram modelos de aprendizagem conexionistas para mos trar que a integração muito rápida de novas experiências conduz à ruptura nos sistemas de memória de longo prazo Portanto os benefícios da prática distribuída parecem ocorrer por possuirmos um sistema de aprendizado relativamente rápido no hipocampo Esse sistema tor nase ativado durante o sono A exposição repetida em dias subsequentes e a reativação re petida durante períodos subsequentes de sono ajudam a aprendizagem Essas memórias aprendidas rapidamente tornamse integradas em nosso sistema de memória de longo prazo mais permanente Um tópico relacionado à consolidação é a reconsolidação O processo de consolidação torna menos prováveis que as memóriasestejam sujeitasà interferência ou ao declínio No en tanto após uma memória ser transferida para a consciência ela pode retornar a um estado mais instável Neste estado a memória que foi consolidadapode ser novamente vítima de in terferência ou de declínio Para evitar esta perda ocorre o processo de reconsolidação A re consolidação possuio mesmo efeito que a consolidação porém é completada por informações codificadasanteriormente A reconsolidação não ocorre necessariamente com cada memória de que nos lembramos mas parece ocorrer na realidade com informações consolidadas há relativamente pouco tempo Walker et ai 2003 Capítulo6 Processos Mnésicos 195 O espaçamento das sessõesde prática afeta a consolidação da memóriaNo entanto a dis tribuição dos ensaios de aprendizagem no decorrer de uma determinada sessão parece não afe tar a memória De acordo com a hipótese do tempo total a quantidade de aprendizado depende da duração de tempo empregada ensaiando atentamente a matéria Esta relação ocorre prati camente sem levar em conta o modo como o tempo está dividido em ensaios durante qual quer sessão Entretanto a hipótese do tempo total nem sempre se verifica Além do mais a hipótese do tempo total de ensaio possui pelo menos duas limitações visíveis Cooper Pan tle 1967 Primeiroo tempo total dedicado ao ensaio precisaser usadona realidade para essa finalidade Segundo para obter efeitos benéficos o ensaio deve incluir diversos tipos de ela boração de dispositivos mnemônicos que podem aumentar a rememoração Uma pessoa precisa empregar o ensaio elaborativo a fim de transferir informações para a memória de longo prazo No ensaio elaborativo o indivíduo elabora de algum modo os itens a serem lembradosTal ensaio torna os itens mais significativamente integrados naquilo que a pessoa já conhece ou mais significativamente relacionados entre si e portanto mais destacados Considere em contraste o ensaio de manutenção No ensaio de manutenção a pessoa simplesmente ensaia continuamente os itens a serem repetidos Tal ensaio mantém temporariamente as informações na memória de curto prazo sem transferilas para a memó ria de longo prazo Sem qualquer tipo de elaboração as informações não podem ser organi zadas e transferidas Organização da Informação Memórias armazenadas são organizadas Uma maneira para mostrar essa organização é por meio da avaliação da organização subjetiva na rememoração livre Isto se refere ao nosso modo individual de organização de nossas memórias Os pesquisadores para avaliar a orga nização subjetiva podem apresentar aos participantes uma tarefa de tentativas múltiplas de rememoração livre Os participantes são sujeitos a muitas tentativas durante as quais apren dem a se lembrar em qualquer ordem que escolhem de uma lista de palavras não relaciona das Lembrese de que se conjuntos de palavras de teste podem ser divididos em categorias por exemplo nomes de frutas ou de mobília os participantes agruparão espontaneamente sua rememoração nessas categorias Eles procedem assim mesmo se a ordem de apresentação for aleatória Bousfield 1953 Os participantes tenderão de modo similar a mostrar padrões coerentes de ordem das palavras em seus protocolos de rememoração mesmo se não houver relações visíveis entre as palavras na lista Tulving 1962 Em outras palavras os participan tes criam sua própria organização coerente Eles podem agrupar em seguida sua rememora ção com base nas unidades subjetivas que criam Embora a maioria dos adultos tenda espontaneamente a agrupar itens em categorias o agrupamento em categorias também pode ser usado intencionalmente como auxílio para a memorização Vocêpode usar estas estratégias de memória a fimde ajudálo a estudar para os exames 1 Estude durante todo o curso ao invés de varar a noite estudando antes de uma prova Isso distribui as sessões de aprendizagem per mitindo consolidação em sistemasde memória mais permanentes 2 Relacione novas informações àquilo que você já conhece ensaiandoas de uma maneira significativa Organize as novas informações para relacionálas a outras matérias do curso ou a áreas de sua vida 3 Use os vários dispositivos mnemônicos apresentados no Quadro 61 APLICAÇÕES PRÁTICAS DA PSICOLOGIA COGNITIVA 196 Psicologia Cognitiva Dispositivos mnemônicos são técnicas específicas para auxiliálo a memorizar listas de palavras Best 2003 Esses dispositivos agregam essencialmente significadoa listas de itens que de outro modo seriam sem significadoou arbitrários Conforme o Quadro 61 apresenta uma variedade de métodos agrupamento por categoria acrônimos acrósticos imagens in terativas entre itens palavras relacionadas e o método da localização pode ajudálo a me morizar listas de palavras e itens de vocabulário Embora as técnicas descritas no Quadro 61 não sejam as únicas disponíveis correspondem às mais freqüentemente usadas QUADRO 61 Dispositivos Mnemônicos Técnicas Selecionadas Denrre os vários dispositivos mnemônicos disponíveis os dispositivos descritos a seguir apoiamse na organização das informações em partes significativascomo agrupamento por categoria acrônimos e acrósticos ou em imagens visuais como imagens interativas um sistema de relação entre palavras e o método da localização Técnica ExpucaçãoDescrição Exemplo Agrupamento por categoria Organizar uma lista de itens em um conjunto de categorias Se você precisasse se lembrar de comprar maçãs leite rosquinhas uvas iogurte pães doces queijo suíço grapefruit e alface estaria mais capacitado para fazêlo caso tentasse memorizar os itens por categorias frutas maçãs uvas grapefruit laticínios leite iogurte queijo suíço pães rosquinhas pães doces vegetais alface Imagens interativas Criar imagens interativas que unam as palavras isoladas em uma lista Suponha por exemplo que você precise se lembrar de uma lista de palavras não relacionadas mamífero mesa lápis livro rádio Kansas chuva eletricidade pedra espelho Por exemplo você poderia imaginar um mamíferosenrado em uma mesa segurando um lápis em suas patas e escrevendo em um livro com chuva caindo sobre o fCansas conforme apresentado em um mapa que aringe um rádio que está sobre uma pedra gera eletricidade refletida em um espelho Sistema de palavras relacionadas Associar a cada nova palavra uma palavra de uma lista memorizada previamente e de uma imagem interativa entre as duas palavras Uma lista deste tipo originase de uma poesia rimada para crianças Um dois feijão com arroz três quatro feijão no prato cinco seis feijão inglês sete oito comer biscoito nove dez comer pastéis Para lembrarse da lista de palavras que usar o sistema de imagens interativas você poderia visualizar um mamífero comendo um sanduíche de atum Você poderia imaginar caracóis sobre uma mesa alta Você poderia visualizarum português que segura um lápis Em seguida você continua formando imagens interativas para cada uma das palavras da lista Quando precisar se lembrar das palavras você se lembra primeiro das imagens numeradas e em seguida das palavras à medida que as visualizanas imagens interativas Capítulo 6 Processos Mnésicos 197 Noagrupamento por categoria a pessoa organiza uma lista de itens emum conjunto de categorias Por exemplo a pessoa pode organizar sua lista de compras pelos tipos de alimentos a serem comprados por exemplo frutas vegetais carne Nas imagens interativas a pessoa imagina tão vividamente quanto possível os objetos representados porpalavras das quais precisa se lembrar interagindo entre si de algum modo ativo Por exemplo suponha quevocê precise selembrar de comprar meias maçãs QUADRO 61 Dispositivos Mnemônicos Técnicas Selecionadas continuação Técnica ExpucaçãoDescrição Exemplo Método de localização Visualize caminhar em torno de uma área com marcos distintos que vocêconhece bem e relacione em seguida os vários marcos a itens específicos a serem lembrados Quando você precisamemorizar uma listade palavras percorra mentalmente cada um dos marcos distintos fixando cada palavra a ser memorizada em um dos marcos Visualize uma imagem interativa entre a nova palavra e o marco Por exemplo se desejasse se lembrar da lista de itens mencionada previamente poderiaformara visãode uma anta buscando alimento para os seusfilhotes uma mesa na calçada em frente a um terreno vazio uma estátua em forma de lápis no centro de uma fonte e assim por diante Quando desejassese lembrar da lista faria um percursomental e escolheriaas palavras que havia associado a cada um dos marcos ao longo do percurso Acrônimo Crie uma palavra ou expressão em que cada uma de suas letras representeoutro vocábuloou conceito específicopor exemplo EUA Qle ONU Suponha que você desejasse se lembrardos nomes dos dispositivos mnemônicosdescritos neste capítulo 0 acrônimoIMPACPpoderia induzilo a lembrarse de imagens interativas Método de localização Palavras relacionadas Acrósticos Categorias e Palavraschave Evidentemente esta técnica é mais útil se as primeiras letras das palavras a serem memorizadas puderemna realidade fazer parte de uma frase ou algo semelhante a uma frase mesmo se a palavra ou a frase não fizer sentido como neste exemplo Acróstico Forme uma sentença ao invés de uma única palavra para ajudálo a lembrarse das novas palavras Estudantes de música que tentam memorizar os nomes das notas existentes nas linhas da clave de sol as notas mais altas especificamente mi sol si ré e fá acima de dó médio aprendem que Meu Senhor Sabe Redimir as Falhas Sistema de palavraschave Forme uma imagem interativa que una o som e o significado de uma palavra estrangeira com o som e o significadode uma palavra conhecida Suponhaque necessitasse aprender que a palavra francesa para manteiga é beurre Primeiro você observariaque beurre tem um som um poucoparecido com urso bear Em seguida você associariaa palavrachaveurso bear com manteiga em uma imagem ou frase Porexemplo poderia visualizar um urso bear comendo um tablete de manteiga Posteriormente urso bear proporcionaria um indutor para recuperar beurre 198 Psicologia Cognitiva e uma tesoura Você pode imaginar cortar com uma tesoura uma meia que possui em seu interior uma maçã No sistema de palavras relacionadas a pessoa associa cadapalavra a outrade uma lista memorizada previamente e forma uma imagem interativa entre as duas palavras Por exemplo poderia memorizar uma listacomo Umé umsanduíche de atum Dois são caracóis Três é um português e assim por diante Para lembrarse de que precisa comprar meias maçãse uma tesoura você poderia imaginar um sanduíche de atum e uma maçã uma meia contendo caracóis e uma tesoura nas mãos de umportuguês No método de localização a pessoa visualiza estar em torno de uma área com marcos distintos os quais ela conhece bem Relaciona em seguida os vários marcos a itens específicos a serem lembrados Por exemplo suponha que você tenha três marcos em seu percurso para a escola uma casa deaparência estranha uma árvore e umcampo de beisebol Você poderia imaginar uma meia grande no altoda casaao invés da cha miné a tesoura cortando a árvore e as maçãs substituindo as bases no campo de bei sebol Ao usar acrônimos a pessoa cria uma palavra ou expressão em que cadaumade suas letras representa um determinado vocábulo ou conceito distinto Um exemplo é SP para São Paulo Ao usar acrósticos a pessoa forma uma sentença ao invés de uma única palavra para ajudála a formar palavras novas Por exemplo a pessoa poderia se lembrar de Meu Senhor SabeRedimiras Falhas para lembrarse dos nomesdas notas musicais existen tes nas linhas da clave de sol da música Aousar o sistema de palavraschave a pessoa forma uma imagem interativa que une o som e osignificado de uma palavra estrangeira com o som e osignificado de uma pa lavra conhecida Para lembrarse dapalavra libro por exemplo que significa livro em espanhol a pessoa poderiaassociar libro com liberdade Pense então na Estátuada Li berdade segurando um livrogrande ao invés de uma tocha Qual é a eficácia comparativa das várias estratégias mnemônicas incluindo o ensaio ela borativo verbal imagens mentais de itens isolados imagens interativas unindo uma seqüên ciade itens o método da localização e o sistema de palavras relacionadas Quadro 62 A eficácia relativa dos métodos de codificação é influenciada pelo tipo de tarefa recordação li vre versus recordação serial exigido na ocasião da recuperação Roediger 1980a Desse modo ao escolher um método de codificação das informações para recordação subsequente a pessoa deve considerar a finalidade da recordação das informações O indivíduo deve esco lher não apenas as estratégias que permitem acodificação eficaz das informações transferilas para a memória de longo prazo Ele ou ela deve escolher também estratégias que ofereçam indutores apropriados para facilitar a recuperação subsequente quando necessário Por exem plo antes de submeterse a um exame de Psicologia Cognitiva usar uma estratégia para re cuperar uma lista alfabética depsicólogos cognitivos importantes teria a probabilidade deser relativamente ineficaz Usando uma estratégia para relacionar determinados teóricos comas principais idéias de suas teorias provavelmente será maiseficaz O uso de dispositivos mnemônicos e de outras técnicas para ajudar a memória envolve a metamemória A maioria dos adultos usa espontaneamente o agrupamento porcategorias Portanto sua inclusão nessa lista de dispositivos mnemônicos é de fato simplesmente um lembrete parao uso dessa estratégia de memória comum Na realidade cada umde nós usa freqüentemente vários tipos de lembretes auxílios externos de memória para aumentar a probabilidade de que nos lembraremos de informações importantes Por exemplo agora você seguramente já conhece os benefícios dos diversos auxílios externos de memória Estes QUADRO 62 Dispositivos Mnemônicos Eficácia Comparativa Henry Roedigerconduziu um estudo da memória no qual a recordação inicial de uma sériede itens foi comparadacom a recordaçãoapósum treinamento breve em cada uma das diversasestratégias de memória Para a recordação livre e a recordação serial o treinamento com imagens interativas o método da localização e o sistema de palavras relacionadas foram mais eficazes do que o ensaioelaborativo verbal ou a imagem de itens isolados No entanto os aspectos benéficos do treinamento foram mais pronunciados para a condição de rememoração serial Na condição de recordação livre as imagens de itens isolados foram ligeiramente maiseficazes do que o ensaio elaborativo verbal porém para a recordação serial o ensaio elaborativo verbal foi ligeiramente maiseficaz do que para as imagens de itens isolados Condição tipo de treinamento mnemônico Ensaio elaborativo verbal Imagensisoladas de itens individuais Imagens interati vas cóm elos entre um item e o próximo Método de locali zação Sistema de pala vras relacionadas Desempenho me diano dascondições Número de parti cipantes 32 25 31 29 33 Critério de recordação livre Número médio de itens lembrados corretamente após o treinamento Número de itens corretos lembrados da lista prática antes do treina mento 132 124 130 126 131 129 Recordação imediata 114 131 156 153 142 139 Recordação após um inter valo de 24 horas 63 68 112 106 82 86 H L Roediger 1980 A Eficácia de Quatro Métodos Mnemônicos na Rememoração Journal of Experimental Psychology Adaptado mediante autorização Critério de recordação serial Número médio de itens lembrados corretamente após o treinamento Número de itens corretos lembrados da lista prática antes do treinamento 70 68 76 68 77 72 Recordação imediata 58 48 96 136 125 94 Recordação após um inter valo de 24 horas 13 10 50 58 49 36 HLM 6 5 p 558567 1980 American Psychoiogical Association O 5 o I 8 200 Psicologia Cognitiva incluem tomar notas durante as preleções preparar listas de compras dos itens a serem ad quiridos usar marcadores de tempo e até mesmo solicitar a outras pessoas para ajudálo a lembrarse de informações Além disso podemos moldar nosso ambiente para ajudarnos a lembrar de informações importantes por meio do uso de funções impositivas Norman 1988 Estas são limitações físicas que nos impedem de atuar sem ao menos considerar as principais informações a serem lembradas Por exemplo para assegurar que você se lembre de levar seu caderno para a aula poderia encostar o caderno na porta pela qual você precisa passar para ir à aula A maior parte do tempo tentamos melhorar nossa memória retrospectiva nossa memó ria do passado Às vezes também tentamos melhorar nossa memória prospectiva a memória de coisas que precisamos fazerou nos lembrar no futuro Por exemplo podemos precisar nos lembrar de telefonar para alguém comprar cereal no supermercado ou completar um traba lho escolar a ser entregue no dia seguinte Usamos algumas estratégias para melhorar a me mória prospectiva Exemplos como manter uma lista de tarefas a realizar solicitar a alguém para lembrarnosde fazer algo ou fazer um pequeno laço com uma fita em nosso dedo a fim de lembrarnosde que precisamosfazeralgo As pesquisas indicam que ter de fazeralgo regu larmente em um certo dia não melhoraria necessariamente a memória prospectiva para rea lizar tal tarefa No entanto ser incentivado monetariamente para executar a tarefa tende efetivamente a melhorar a memória prospectiva Meacham 1982 Meacham Singer 1977 A memória prospectiva assim como a memória retrospectiva está sujeita ao declínio à medida que envelhecemos Ao longo dos anos retemos mais de nossa memória prospectiva do que de nossa memória retrospectiva Esta retenção provavelmente é o resultado do uso de indutores e estratégias externas que podem ser usados para ampliar a memória prospec tiva No laboratório adultos com mais idade apresentam declínio da memória prospectiva entretanto fora do laboratório apresentam melhor desempenho do que adultos jovens Esta diferença pode ser devida à maior dependência de estratégias para nos ajudar a nos lembrar mos à medida que envelhecemos Henry et ai 2004 Recuperação Após termos armazenado informações como as recuperamos quando assim desejarmos Se enfrentamos problemas para recuperar informações como sabemos se armazenamos inicial mente as informações INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Memorize a seguinte relação de números 6 3 8 2 e 7 Oito fazia parte da relação Como as pessoas tomam decisões como essa Recuperação da Memória de Curto Prazo Após as informações serem codificadas e armazenadas na memória a curto prazo como as pessoas as recuperam Em um estudo os participantes receberam uma lista sucinta incluindo de um a seis al garismos Sternberg 1966 Esperavase que fossemcapazesde mantêla na memória de curto prazo Após uma breve pausa um algarismo de teste foi projetado na tela Os participantes tinham de dizer se esse algarismo apareceu no conjunto que foram solicitados a memorizar Portanto se alista incluía os algarismos 4 1 9 e 3 e o algarismo 9 foi projetado na tela a Capítulo 6 Processos Mnésicos 201 resposta corretaseria sim Secomo alternativa o algarismo de teste fosse 7 a resposta cor reta seria não Os algarismos que foram apresentados fazem parte do conjunto positivo Aqueles que nãoforam apresentados incluemse noconjunto negativo Osresultados são apre sentados na Figura 61 Os itens são recuperados todos ao mesmo tempo processamento paralelo ouseqüencial mente processamento serial Se recuperados em série surge então a pergunta Todos os itens são recuperados independentemente da tarefa recuperação integral ou a recuperação se interrompe logo que um item parece executar a tarefa recuperação autoconclusiva Processamento Paralelo versus Serial Conforme mencionado anteriormente o processamento paralelo referese à realização si multânea de diversas operações Se aplicadoà memóriade curto prazo os itens armazena dos nesta memória seriam todos recuperados simultaneamente e não um por vez A previsão na Figura 61 a mostra o que aconteceria se o processamento paralelo fosse o caso na tarefa de busca na memória Os tempos de resposta devem ser os mesmos inde pendentemente do tamanho do conjunto positivo Isso ocorre porque todas as compara ções seriam feitas ao mesmo tempo O processamento serial referese àsoperações sendo realizadas uma após a outra Em ou tras palavras na tarefa de recordação dos algarismos estes seriam recuperados em sucessão ao invés de ao mesmo tempo como no modelo paralelo De acordo como modelo serial FIGURA 61 ra ca to O o O V Q Q r CO M jT a D D S O o Q Q E E Número de símbolos na lista Número de símbolos na lista a b u5 S o o y Q CL f If CO OJ CO s 0 a D o o o Q Q s E E Posição dos símbolos na lista c Posição dos símbolos na lista d O gráfico a ilustra descobertas sugestivas de processamento paralelo ográfico bilustra oprocessamento serial O gráfico c mostra oprocessamento seriai integrai eográfico d moscra oprocessamento serial autoconclusivo Base ado em S Stemfcerg 1966 Velocidade Elevada na Tarefa de Busca de Memória a Curto Prazo de S Sternberg Science v J53 p 652654 1996 1966 American Association for the Advancement ofScience 202 Psicologia Cognitiva devese levarmais tempo para recuperar quatro algarismos do que para recuperar dois con forme mostrado na Figura 61 b Processamento Integral versus Autoconclusivo Suponha que o processamentodas informaçõesfosse em série Haveria então duas manei ras pelas quais se obtém acesso aos estímulos processamento integral ou autoconclusivo Processamento serial integral implica que o participante sempre compararia o algarismo de teste com todos os algarismos do conjunto positivo mesmo se uma igualdade fosse encon trada em algum ponto da lista O processamento integral preveriao padrão dos dados indicadosna Figura 61 c Observe que todas as respostas positivas levariam o mesmo intervalode tempo independentemente da posição em série ou de uma sondagem positiva Em outras palavras em uma busca inte gral você levaria a mesma duraçãode tempo para encontrar qualquer algarismo Considere a Figura61 d Apresenta que o tempo de respostaagoraaumentaria linearmente como fun ção de onde o algarismo de teste estivesse localizado no conjunto positivo Quanto mais tar dia a posiçãoem série mais longo o tempo de resposta O Vencedor Um Modelo Integral Serial com Algumas Ressalvas O padrão real dos dados era claro Os dados pareciam ser idênticos aos das Figuras 61 b e c Os tempos de resposta aumentaram linearmente como tamanhodoconjuntoporém eram iguais independentemente da posição em série Posteriormente este padrão foi re petido Sternberg 1969 Alémdisso os tempo de resposta medianos para respostas posi tivase negativas foram essencialmente iguais Estefatodeu maiorapoioao modelo integral serial As comparações levaram aproximadamente 38 milissegundos 0038 segundo por item Sternberg 1966 1969 Embora muitos pesquisadores considerassem a questão do processamento paralelo ver sus serial ter sido respondida definitivamente na realidade ummodelo paralelo poderia jus tificar os dados Corcoran 1971 Imagine uma corrida de cavalos que envolva o processamento paraleloA corrida não termina até que o último cavalo passepela linha de chegada Suponha agora que aumentemos o número de cavalos quecorrem A duração da corrida da partida até que o último dos cavalos cruze a linha de chegada tem probabili dade de aumentar Por exemplo se os cavalos forem selecionados aleatoriamente o animal mais lento em uma corrida com oito cavalos provavelmente seria mais lento que o mais lento dos cavalos em umacorridacomquatroanimais istoé commais cavalos é mais pro vável uma faixa maisampla de velocidades Portanto a duração total da corrida terá maior duração porquea corrida não finaliza até que o cavalo maislento cruzea linha de chegada De modo similar ao seaplicar ummodelo paralelo a umatarefa de recuperação envolvendo mais itens uma faixa mais ampla de velocidades de recuperação dos vários itens também é mais provável O processo de recuperação não finaliza até que o último item tenha sido recuperado Matematicamente é impossível distinguir sem margem de dúvida os modelos paralelo e serial Townsend 1971 Sempre existe algum modelo paralelo que imitará qual quer modelo serial em suas previsões e viceversa Os dois modelos podem não ser igual mente plausíveis porém assim mesmo existem Além do mais parece que os processos usados pelas pessoas dependem em parte dos estímulos quesãoprocessados porexemplo Naus 1974 Naus Glucksberg Ornstein 1972 Alguns psicólogos cognitivos sugeriram que devemos nos empenhar nãoapenas para com preender o como dos processos de memória mas também o porquê desses processos por exem plo Bruce 1991 isto équefunções a memória exerce para aspessoas e paraosseres humanos comouma espécie Paracompreender as funções da memória precisamos estudála paraobter Capítulo 6 ProcessosMnésicos 203 informações relativamente complexas Também precisamos compre ender os relacionamentos entre as informações apresentadas e outras informações disponíveis para a pessoa ambas no contexto informa cional e como resultado da experiência prévia Recuperação da Memória de Longo Prazo E difícilfazer uma separação entre osfenômenos de armazenamento e recuperação Os participantes de um estudo foram testados em sua memória de listas com palavras pertencentes a categorias Tulving Pearlstone 1966 Eles ouviram palavras pertencentes a uma mesma categoria da lista Conheceriam até mesmo o nome da categoria antes de seus itens componentes serem apresentados Por exemplo os participantes poderiam ouvir a categoria artigo de vestuário seguida pelas palavras camisa meias calças cinto Os participan tes eram então testados para determinar sua rememoração O teste de recordação era feito de uma entre duas maneiras Na condição de recordação livre os participantes simplesmente se lembraram do maior número de palavras que conseguiam na or dem em que escolhessem Em uma condição de recordação indu zidaentretanto eram testados em cada categoria Eram informados do nome de cada categoria como um indutor Em seguida eram so licitados a lembrarse do maior número de palavras dessa categoria que pudessem O resultado crítico foi que a recordação induzida foi em média muito melhor que a rememoração livre Se os pes quisadores houvessem testado somente a recordação livre poderiam ter concluído que os participantes não tinham armazenado um número tão grande de palavras No entanto a comparação com a condição de recordação induzida demonstrou que falhas de memória evidentes eram em grande parte um resultado de falhas de recuperação ao invés de falhas de armazenamento A categoria pode afetar drasticamente a recuperação Os pesquisadores solicitaram aos participantes que memorizassem listas de palavras distribuídas em categorias Bower ei ai 1969 As palavras eram apresentadas em ordem aleatória ou na forma de uma árvore hierár quica que mostravaa organização das palavras Por exemplo a categoriaminerais poderia estar no topo seguida pelas categorias de metais e pedras e assim por diante Os partici pantes que receberam apresentação hierárquica lembraramse de 65 das palavras Em con traste a recordação foi de apenas 19para os participantes que conheceram as palavras em ordem aleatória Alguns estudos usaram modelos de probabilidade para tentar separar armazenamento e recuperação Esses modelos calculam as probabilidades de um item ter sido armazenado ou recuperado com base nas respostas dos participantes a algumas perguntas Chechile 2004 Chechile Soraci 1999 Os modelos tendem a ser bem complexos e requerem cente nas de tentativas para serem precisos Portanto esses modelos tendem a ter a aplicaçãolimi tada para uso da memória fora do laboratório Em um estudo descrito por Chechile os participantes aprendiam três palavrase em seguida eram testados sobreelasO pesquisador foi capazde mostrar diferenças na recuperação alterando o tempo que o participante tinha para lembrarse do item Quando havia muito pouco tempo por item um número menor de itens era lembrado Quando o participante possuía mais tempo mais itens eram rememo rados Chechile 2004 Os participantes não conseguiram recuperar itens com rapidez sufi ciente na condição pouco tempo Gordon H Boiveré profes soremérito dePsicologia na Universidade de Stanford Suas contribuições iniciais foram para a teoria doaprendizado da matemática Posteriormente com John Aiiderson desen volveu uma estrutura teórica para vincular estudos em laboratório da memória verbal às teorias psicolinguísticas da memória Tambémpesquisou a maneira como os estados emo cionais daspessoas influenciam a armazenagem e a recupera çãodamemória Foto Corte sia de Gordon H Bower 204 Psicologia Cognitiva Outro problema que surge quando se estuda a memória é conhecer por que algumas vezes possuímosdificuldadepara recuperar informações Os psicólogos cognitivos freqüente mente enfrentam dificuldade para distinguir entre disponibilidade e acessibilidade de itens Disponibilidadeé a presençade informações armazenadas na memória de longoprazo Aces sibilidadeé o grauem que podemos ter acesso às informações disponíveis O desempenhoda memória depende da acessibilidade das informações a serem lembradas Idealmente os pes quisadores da memória gostariamde avaliara disponibilidade de informações na memória In felizmente precisam se contentar com a avaliação da acessibilidade de tais informações Processos de Esquecimento e de Distorções de Memória Por que esquecemos tão fácil e rapidamente de números de telefone que acabamos de ver ou de nomes de pessoas que acabamos de conhecer Diversas teorias foram propostas para explicar por que esquecemos informações armazenadas na memória de trabalho As duas mais conhecidas são a teoria da interferência e a teoria do declínio A interferência ocorre quando informações concorrentes nos fazem esquecer de algo o declínio ocorre quando simplesmente a passagem do tempo nos faz esquecer Interferência versus Teoria do Declínio A teoria da interferência referese à visãode que o esquecimentoocorreporquea recordação de certas palavras interfere com a de outras As provas da interferência surgiram há muitos anos Brown 1958 Peterson Peterson 1959 Em um estudoos participantes precisavam se lembrar de trigramas conjuntos de três letras em intervalosde 3 6 9 12 15 e 18 segundos após a apresentaçãoda última letra Peterson Peterson 1959 O pesquisador usousomente consoantes para que os trigramas não fossem facilmente pronunciáveis por exemplo KBF A Figura 62 apresenta porcentagens de rememorações corretas após os vários intervalos FIGURA 62 3 6 9 12 15 li Intervalo de retenção segundos A porcentagem de recordação de três consoantes um trigrama diminui rapidamentese os participantes nãosão auto rizados a ensaiar os trigramas Keppel G Underwood B Proactive iniibition inshortterm retention ofsingle items Journal of Verbal Learning and Verbal Behavior v 1 p 153161 1962 Reproduzido mediante permis são de Eisevier Capítulo 6 Processos Mnésicos 205 de tempo Por que a rememoração diminui tão rapidamente Porque após a apresentação oral decada trigrama os participantes contaram em ordem inversa subtraindo três a partir de um número com três algarismos falado imediatamente após o trigrama A finalidade de fazer com que os participantes contassem emordem inversa erapara impedilos de ensaiar durante o intervalo de retenção Este é o período de tempo entre a apresentação da última letrae o início da fase de rememoração da tentativaexperimental De modo nítido o trigrama é quase completamente esquecido após somente 18 segun dos caso os participantes não sejam autorizados a ensaiálos Além disso tal esquecimento também ocorre quando palavras ao invés de letras são usadas com os estímulos a serem lem brados Murdoék 1961 Portanto a contagem em ordem inversa interferiu com a recor dação da memória de curto prazo apoiando a responsabilidade pela interferência no esquecimento dela Naquela ocasião pareceu surpreendente que a contagem em ordem in versa de números interferiria com a lembrança das tetras A visão anterior haviasido a de que as informações verbais interfeririam somente com amemória verbal palavras De modo similar julgouse que informações quantitativas numéricas interfeririam apenas com a me mória quantitativa Embora a discussão precedente tenha considerado a interferência como se fosse um único constructo pelo menos dois tipos de interferência aparecem destacadamente em teo ria e napesquisa psicológica interferência retroativa e interferência proativa A interferên cia retroativa ou inibição retroativa é causada por uma atividade que ocorre após aprendermos algo mas antes de sermos solicitados anos lembrar daquela coisa A interferên cia na tarefa BrownPeterson parece ser retroativa porque contar em ordem inversa dimi nuindo três ocorre após o aprendizado do trigrama Interfere em nossa capacidade de nos lembrarmos de informaçõesque aprendemos previamente Um segundo tipo de interferência é a interferência proativa ou inibição proativa A interferência proativa ocorre quando o material interferenteatua antes e não após o apren dizado da matéria a ser lembrada A interferência proativa bemcomo a retroativa pode de sempenhar um papel na memória de curto prazo Keppel Underwood 1962 Portanto a interferência retroativa parece ser importante Reitman 1971 Shiffrin 1973 Waugh Nor man 1965 mas não é o único fator Alguns psicólogos pioneiros reconheceram a necessidade de estudar a recuperação da memória para textos relacionados e não somente para conjuntos sem conexão de algarismos palavras ou sílabas que não fazem sentido Em um estudo os participantes aprenderam um texto e em seguida o rememoraram Bartlett 1932 Participantes na GrãBretanha apren deram o que foi para eles uma lenda indígena da América do Norte estranha e difícil de compreender denominada A guerra dos espíritos O texto encontrase reproduzido inte gralmente no Quadro 63 Os participantes distorceram sua lembrança a fim de tornara história mais compreen sível para eles Em outras palavras seu conhecimento anterior e suas expectativas exerce ram efeito substancial em sua recordação Evidentemente as pessoas transferem para uma tarefa de memória seus esquemas já existentes ou para asestruturas deconhecimento rele vante organizadas o que afeta o modo pelo qual se lembtam do que aprenderam Trabalhos posteriores utilizando o paradigma BrownPeterson confirmam que o conhecimento prévio exerce um efeito considerávelsobre a memória conduzindo algumas vezes à interferência ou à distorção Ainda há outro método usado freqüentemente para determinar as causas do esqueci mento que se apoia em interferências de uma curva de posições em série a curva de posições em série representa a probabilidade de recordaçãode uma determinada palavra dada sua po sição na série ordem de apresentação em uma lista Suponha que lhe seja apresentada uma listade palavras e você deva rècordálas Você pode até mesmo experimentar em si mesmo usando o box Investigando a Psicologia Cognitiva 206 Psicologia Cognitiva INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Leia uma vez a seguinte listade palavras e imediatamente emseguida tente se lembrar de todas as palavras em qualquer ordem sem olhálas novamente mesa nuvem livro árvore camisa gato luz banco giz flor relógio morcego tapete sabonete travesseiro Sevocê for como a maioria das pessoas perceberá que sua lembrança de palavras é me lhor para os itens próximos do final e nofinal dalista Sua recordação dos itens perto do iní cio e no fim da lista virá em seguida e será a mais sofrível para os itens no meio da lista Uma curva típica de posições emsérie é apresenta na Figura 63 O efeito de recenticidade referese a uma maior recordação de palavras próximas do fi nal e nofinal de uma lista O efeito de primazia referese a uma maior lembrança de pala vras próximas do início e no começo de uma lista Conforme a Figura 63 mostra o efeito de recenticidade e o efeito de primazia parecem influenciar a recordação A curva de posi ções em série faz sentido em termos de teoria da interferência As palavras no final da lista estão sujeitas à interferência proativa porém não à interferência retroativa As palavras no início da lista estão sujeitas à interferência retroativa porém não à interferência proativa E aspalavras no meio da listaestão sujeitas a ambos os tipos de interferência Desse modo se esperaria quea rememoração fosse pior no meio da lista Realmente é o que acontece A quantidade de interferência proativa geralmenteelevase e aumenta no intervalo de tempo quando as informações são apresentadas e codificadas e quando são recuperadas Underwood 1957 Igualmente conforme você poderia esperar a interferência proativa au mentaà medida que o aprendizado anterior e potencialmente capaz de interferir seeleva Greenberg Underwood 1950 A interferência proativa parece estar associada com a ativação no córtex frontal Ela ativa emparticular a áreaBrodmann 45 no hemisfério esquerdo Postle Brush Nick 2004 Em pacientes alcoólatras a interferência proativa éconstatada em grau menor do que em pa cientes nãoalcoólatras Essa descoberta indica que os pacientes alcoólatras possuem dificul dade para integrar informações do passado com as do presente Portanto os pacientes alcoólatras podemapresentardificuldade para juntar itensnão relacionados de umalista De Rosa Sullivan 2003 Essas descobertas avaliadas em conjunto indicam que a área 45 de Brodmann encontrase igualmente envolvida na junção de itens em grupos com significa ção Quando mais informações são agrupadas uma tentativa para relacionálas entre sipode ocupar muitos dos recursos disponíveis deixando uma capacidade de processamento limi tada para novos itens Toda informação não contribui igualmente para a interferência proativa Por exemplo se você estiver memorizando uma listade números seu desempenho no aprendizado dimi nuirá gradualmente à medida que alista tem continuidade Se entretanto alista mudar para palavras seu desempenho será ressaltado Esta elevação dodesempenho é conhecida como liberação da interferência proativa Bunting 2006 Os efeitos da interferência proativa pa recem dominar sob condições em que a rememoração é retardada Entretanto a interferên cia proativa e a retroativa são agora consideradas fenômenos complementares Outra teoria para explicar como esquecemos das informações é a teoria do declínio A teoria do declínio afirma que as informações são esquecidas em razão do desaparecimento gradual e ao invés do deslocamento do traço de memória Desse modo a teoria de declínio considera a informação original sujeita ao desaparecimento gradual a não ser que algo seja feito para mantêla intacta Esta visão contrasta com a teoria da interferência que acabamos de discutir naqual um oumais itens de informação bloqueiam a rememoração de outro A teoria do declínio acaba sendo excessivamente difícil de testar Por quê Primeiro sob circunstâncias normais é difícil impedir os participantes de ensaiar Por meio do ensaio os Capítulo6 Processos Mnésicos 207 QUADRO 63 A Lenda de Bartlett Leiaa lenda descrita neste quadro em seguida vire a página e tente relembrálaem sua totalidade Mito Indígena Original A guerra dosespíritos Em uma noite dois jovens de Egulac foram aré o rio para caçar focas e enquanro estavam lá o tempo tornouse enevoado e calmo Escutaram em seguida gritos de guerra e pensaram Talvez seja um grupo de guerreiros Escaparam para a margem e esconderamse atrás de um tronco Agora canoas chegavam e eles ouviram o som de remos e viram uma canoa aproximandose de les Havia cinco homens na canoa e eles disseram O que vocês acham Desejamos leválos co nosco Estamossubindo o rio para guerrear com o povo Um dos jovens disse Não tenho flechas Há flechas na canoa disseram Não irei Poderia ser morto Meus parentes não saberão para onde fui Porém você disse vol tandose para o outro jovem pode ir com eles Desse modo um dos jovens foi enquanto o outro voltou para casa Os guerreiros continuaram subindo o rio até uma cidade do outro lado de Kalama As pessoas aproximaramse da água começaram a lutar e mui tos foram mortos Porém presentemente o jovem ouviu um dos guerreiros dizer Rápido vamos em bora aquele índio foi atingido Agora ele pensou Oh eles são espíritos Não se sentiu ferido mas disseram que ele havia sido ferido Logo as canoas retomaram para Egulac e o jo vem alcançou a terra firme dirigiuse para sua casa e acendeu uma fogueira E contou para todos e disse Vejam acompanhei os espíritos e fomos lu tar Muitos de nossos companheiros foram mortos e muitos daqueles que nos atacaram também foram Disseram que fui atingido e não sentime ferido Ele contou todos os detalhes e em seguida ficou em silêncio Quando o sol raiou ele caiu Algo prero saiu de sua boca Seu rosto contorceuse As pessoas pu laram e gritaram Ele estava morto B Recordação Típica por um Estudante Inglês A guerra dosespíritos Dois homens de Edulac foram pescar En quanto pescavam na margem do rio ouviram um ruído distante Parece um grito disse um deles Apareceram alguns guerreiros em canoas que os convidaram a tomar parte na aventura Um dos jovens recusouse a se juntar sob a alegação de laços familiares po rém o outro ofereceuse para ir Mas não há flechas disse As flechas estão no barco foi a resposta Ele logo após ocupou seu lugar enquanto seu amigo retomava para casa O grupo remou rio acima até Kaloma e começou a desembarcar nas margens do rio Os inimigos apressaramse na dire ção deles e em seguida ocorreu uma batalha feroz Naquela hora alguém foi ferido e elevouse um cla mor de que os inimigos eram espíritos O grupo retornou rio abaixo e o jovem chegou em casa sem sentirse mal por causa da experiência Na manhã seguinte na aurora ele se dispôsa con tar suasaventuras Enquanto estava falando algo preto saiu de sua boca Repentinamente soltou um grito e caiu Seus amigosjuntaramse em torno dele Porém ele estava morto The war ofghosts deRemembering A Study in Experimentaland Social Psychology porFC Bartlett 1932 Cambridge University Press Reproduzido mediante autorização daCambridge lniversiry Press 208 Psicologia Cognitiva FIGURA 63 100 c0 O o o ICO ç o Q O AliiViâ 3 4 5 6 7 Posição em série 9 10 11 Quando somos solicitados a nos lembrar deumalista depalavras possuímos maior lembrança das palavras próximas dofinal deuma lista o efeito derecenticidade muito boarecordação das palavras próximas do inicio da lista efeito de primazia e lembrança relativamente ruim daspalavras no meio da lista participantes mantêm na memória as informações a serem lembradas Usualmente os parti cipantes sabem que suas memórias estão sendo testadas Eles podem tentar ensaiar as infor mações para ter bom desempenho durante o teste No entanto caso se impeça que eles ensaiem surge a possibilidade de interferência A tarefa usada para evitar o ensaio pode in terferir retroativamente na memória original Por exemplo tente não pensar em elefantes brancos à medida que você ler as duas pró ximas páginas Quando instruído a não pensar neles você na realidade considera muito di fícilnão fazêlo A dificuldadepersiste mesmosevocê tentar seguiras instruções Infelizmente como teste da teoria do declínio este experimento é em si um elefante branco por ser muito difícil impedir que as pessoas ensaiem Apesar dessas dificuldades é possível testar a teoria do declínio Tal teste envolve usar uma tarefa que atue entre o aprendizado e o teste que 1 impeça o ensaio e 2 não apre sente aprendizado interferente Em um desses estudos a tarefa interferente envolvendo detecção do tom exigiu muito esforço e atenção porém nenhum novo aprendizado Reit man 1971 1974 Os participantes ouviram um tom muito fraco apresentado por meio de fones de ouvido Deveriam pressionar um botão cada vez que ouvissem o tom Evidente mente não havia garantia de que os participantes simplesmente não ensaiassem Nem ha via qualquer garantia de que todas as informações seriam impedidas de entrar na memória de curto prazo No entanto o teste era tão próximo do ideal quanto se poderia realistica mente produzir Os participantes viram cinco palavras Reitman 1974 A exibição durou 2 segundos Tão logo a imagem desapareceu os participantes ocuparamse com a tarefa durante 15 se gundos apósosquais tentaram se lembrar do maiornúmero das cinco palavras que conse guissem A rememoração diminuiu cerca de 24 ao longo dos 15 segundos Reitman interpretou esta diminuição como prova do declínio Paraconcluir existemprovas de interferência e declíniopelo menosna memóriade curto prazo A prova de declínio não é perfeita mas certamente é indicativa A prova de inter ferência é relativamente sólida No entanto a extensão em que a interferência é retroativa proativa ou ambas não está clara Além disso a interferência também afeta informações na memória de longo prazo resultando em distorção da memória Capítulo 6 Processos Mnésicos 209 A Natureza Construtiva da Memória Uma lição importante sobre a memória é que a recuperação da memória não é apenas re construtiva envolvendo o uso de várias estratégias por exemplobuscar indutores fazer interferências para recuperar os traços da memória original de nossas experiências e recons truir em seguida as experiências originais como uma base para recuperação veja Kolodner 1983 para um modelo de inteligência artificial de memória reconstrutiva Preferencial mente em situações da vida real a memória também é construtiva pois a experiência an terior afeta como nos lembramos de informações e o que realmente rememoramos Grant Ceei 2000 Sutton 2003 Pense novamente no estudo realizado por Bransford e Johnson 1972 citado no início deste capítulo Neste estudo os participantes conseguiam se lembrar muito bemde um trecho a respeitode lavagemde roupassomente casoentendessem que era relativo à lavagem de roupas Emumademonstraçãoadicionalda naturezaconstrutiva da memória os participantesle ram uma passagem ambíguaque poderia ser interpretada significativamente de duas manei ras Bransford Johnson 1973 Poderia ser considerada como relativa à observação de uma marchapara a paz do quadragésimo andar de um prédio ou relativa a uma viagem espacial a um planeta desabitado Os participantes omitiram detalhes diferentes dependendo do que julgavam ser o conteúdoda passagem Considere por exemplo uma sentençamencionando que a atmosfera não exigia vestir roupas especiais Os participantes tinham maior probabili dade de lembrála quando consideravam que a passagem fosse longínquado que quando pen sassem tratarse de uma marcha para a paz Considere uma demonstração comparável em um domínio diferente Bower Karlin Dueck 1975 Os pesquisadores mostraram aos participantes 28 ilustrações dúbias diferentes imagens sem sentidoque podem ser interpretadas de várias maneiras veja também o Capí tulo 10 Metade do número de participantes da experiência recebeu uma interpretação pela qual podiam designaro que viam A outra metade não recebeu uma interpretação que suge risse uma designação Os participantes do grupo que atribuiu uma designação reproduziram quase 20 mais dessas imagens do que os participantesdo grupo de controle Memória Autobiográfica A memória autobiográfica referese à memória da história de uma pessoa A memória au tobiográfica é construtiva Uma pessoanão se lembra exatamente do que aconteceu reme morando preferencialmente a construção ou a reconstrução que ela elabora daquilo que aconteceu As memórias autobiográficas das pessoas geralmente são muito boas No en tanto estão sujeitasa distorções conforme serádiscutido posteriormente Elas são boasem graus diferentes durante períodos distintos da vida Adultos na faixa etária média muitas vezes lembramse de eventos dos períodos de juventude e do início da idade adulta melhor do que se recordam de eventos de seu passado mais recente Rubin 1982 1996 Uma maneira para estudara memória autobiográfica é por meio do estudo de diários Em tais estudos as pessoas muitas vezes pesquisadores mantêm autobiografias detalhadas por exemplo Ünton 1982 Wagenaar 1986 Uma pesquisadora por exemplo manteve um diá riodurante um período de seis anos Linton 1982 Elaregistrou pelo menos duas experiên cias por dia em fichas Então todo mês escolhia duas fichas aleatoriamente e tentava se lembrar dos eventos que havia registrado nas fichas bem como asdatas dos eventos Avaliou adicionalmente cada memória em função de sua importância e de seu conteúdo emocional Surpreendentemente sua proporção de esquecimento dos eventos foi linear e não curvilí nea conforme ocorre usualmente Emoutras palavras uma curva de memória típica indica 210 Psicologia Cognitiva esquecimento substancial ao longo de intervalos de curta duração e em seguida uma dimi nuição na proporção do esquecimento em intervalos de tempo mais longos A curva de es quecimento de Linton no entanto não apresentou esse padrão Sua proporção de esquecimento foi aproximadamente a mesma ao longo de todo o período de seis anos Ela também constatou pouca relação entre sua proporção de importância e emocionalidade da memória por um lado e sua memorabilidade por outro Portanto surpreendeuse com o que rememorava e com o que não lembrava Em outro estado de memória autobiográfica um pesquisador tentou se lembrar de infor mações a respeito de espetáculos assistidos no MetropolitanOpera ao longode um períodode 25 anos Sehulster 1989 Um total de 284 espetáculosforneceu osdados para o estudo Os re sultados estiveram maisem linha com as expectativastradicionais Operas vistasperto do iní cio e do fim do período de 25 anos foram bem lembradas efeito da posição em série Espetáculos importantes também foram mais lembradosdo que os menos importantes Um trabalho recente demonstrou a importância da autoestima na formação e na reme moraçãoda memóriaautobiográfica Pessoas com autoestima positiva lembramse de eventos mais positivos ao passo que pessoas com autoestima negativa lembramse mais de eventos ne gativos Christensen Wood Barrett 2003 Distorções da Memória As pessoas tendem a distorcersuaslembrançasAyers Reder1998Balotaetoí 1999Garry etai 1996 Goff Roediger 1998HeapsNash 1999Johnson Raye 1998Norman Schac ter 1995bSchacter 1997 Roediger McDermott 2000 Schacter Curran 2000 Por exem plo apenas dizerque algoocorreu para vocêo torna maispredisposto a pensar que realmente aconteceu Isto é válido se o evento aconteceu ou não Ackil Zaragoza 1998 Essas distor ções tendem a ocorrer de sete maneiras específicas que Schacter 2001 denominou os sete pecados da memória Eis os sete pecados de Schacter 1 Transiência A memóriadesaparecerapidamente Porexemplo embora a maioria das pessoas saiba que O J Simpson foi absolvido da acusação de assassinato de sua es posaelas não se lembramcomo tomaram conhecimento de sua absolvição Em uma ocasião poderiam afirmálo mas não conseguem mais 2 Falta deatenção Algumas vezes as pessoas escovam seus dentes após já têlos escovado ou entram em uma sala procurando algo e acabam percebendo que esqueceram o que estavam buscando 3 Bloqueio Aspessoas algumas vezes têm algo que sabem que deveriam se lembrar mas não conseguem E como se a informação estivesse na ponta da língua porém não conseguem recuperála Porexemplo aspessoas podem veralguém queconhecem mas o nome dapes soalhesescapa Ou podemtentar pensarem um sinônimo para uma palavra sabendoque existe um sinônimo óbvio mas são incapazes de lembrálo 4 Atribuição errônea As pessoas freqüentemente não conseguemse lembrar onde ouvi ram algoou leram uma informação Algumas vezes as pessoas pensam que viram coisas que não viram ou ouviram coisas que não ouviram Por exemplo o testemunho ocular algumas vezes obscurecido por aquilo que julgamos ter vistoao invés daquilo que real mente vimos 5 Sugestionabilidade As pessoas são suscetíveis à sugestão portanto caso lhes sejasugerido que viram algo podem pensar que se lembramde têlo visto Porexemplo na Holanda quando perguntadas se tinham visto um filme na televisão mostrando um avião se chocandocontra um prédiode apartamentos muitas pessoas disseram que o tinham visto Esse filme nunca existiu Capítulo 6 ProcessosMnésicos 211 6 Viés As pessoas apresentamfreqüentemente viésem sua recordação Porexemplo pes soasque atualmente estão sentindo dor crônica em suas vidassão mais predispostas a se lembrar de dor no passado tenham ou não sentidoa Pessoas que não estãosentindo tal dor apresentam menos probabilidade de lembrarse de dor no passado novamente com pouca relação à sua experiência passada real 7 Persistência As pessoas algumas vezes se lembram de fatos considerandoos impor tantes mas que em contexto amplo não o são Por exemplo alguém com muitos suces sos mas um fracasso importante pode se lembrar melhordeste único fracasso do que dos diversos sucessos Quais sãoalgumas das maneiras específicas pelas quaisas distorções da memória sãoes tudadas O Paradigma do Testemunho Ocular Uma pesquisa realizada entre promotores públicos nos EUA estimou que cerca de 77000 suspeitos são presos a cada ano após serem identificados por testemunhas oculares Dolan 1995 Estudos de mais de milcondenações errôneas conhecidas apontaramparaoserrosde identificação de testemunhas oculares comoo fator único mais importanteque resulta nes sas condenações erradas Wells 1993 p 554Que proporção de identificação dastestemu nhasoculares sãofalsas A resposta a esta pergunta varia amplamente desde alguns poucos pontos percentuais a maisde 90 Wells 1993p 554 porém mesmoas estimativas mais conservadoras dessa proporção indicam possibilidadesassustadoras Considere a história de um homem chamado Timothy Em 1986 Timothy foi conde nado por assassinar brutalmente uma mãee suasduasfilhas pequenas Dolan 1995 Ele re cebeu a pena de morte e durante dois anos e quatro meses viveu no corredor da morte Embora as provas físicas não apontassem para Timothy uma teste munha ocular o localizou perto da cena do crime por ocasião dos assassinatos Descobriuse subseqüentemente que um homem pa recido com Timothy visitava freqüentemente os arredores da resi dência das vítimas do assassinato e Timothy foi submetido a um segundo julgamento e absolvido Algumas das provas mais consistentes da natureza construtiva da memória foram obtidas por aquelesque estudaram a validade da testemunha ocular Em um estudo que se tornou clássico os parti cipantes viram uma série de 30 slides em que um Datsun vermelho percorria uma rua parava quando via uma placa PARE virava à di reita e em seguida parecia atropelar uma pessoa cruzando uma pas sagem de pedestres Loftus Miller Burns 1978 Logo que os participantes terminaram de ver os slides tiveram de responder a uma série de 20perguntassobreo acidenteUma das perguntascon tinha uma informação que era coerente ou incoerente com aquilo que lhes foi apresentado Porexemplo perguntouse a metade dos participantes Outro carro passou pelo Datsun vermelhoenquanto estava parado Foi formulada a mesma pergunta para a outra me tade dos participantes exceto com as palavras dê passagem substi tuindoa palavra pare Isto querdizer quea informação transmitida na pergunta formulada a esse segundo grupo era incoerente com aquilo que os participantes haviam visto Posteriormente após tomar parte de uma atividade não relacio nada todos os participantes viram dois slides e foram perguntados Elizabeth loftus é professora de Psicologia na Universdade daCalifómia Irvine Elafez contribuições importantes para o estudo da memória humana particularmente nasáreas de testemunho ocular e nas de nominadas memórias reprimi dasqueargumentou poderem ser incluídas na mente de indi víduos inconscientes para que acreditem estar se lembrando deeventos dosquais na reali dade nuncaparticiparam Foto Cortesia de Elizabeth Loftus 212 PsicologiaCognitiva qual tinham visto Um tinha uma placa PARE e o outro uma placa DE PASSAGEM A precisão nessa tarefa foi 34melhor para os participantes que haviam recebido a pergunta coerente pergunta da placa PARE doque para os participantes a quem foi formulada a per gunta incoerente pergunta da placa DÊ PASSAGEM Este e outros experimentos por exemplo Loftus 1975 1977 mostraram a grande suscetibilidade das pessoas para distorção em relatosde testemunha ocular Essa distorção pode ser devidaemparte a fenômenos que não sejam apenas de memória construtiva Porém indica efetivamente que podemos ser le vados facilmente a gerar uma memória que é diferente daquilo que realmente aconteceu Comoexemplo você poderia ter um desentendimento com um companheiro de quartoou umamigo a respeito de uma experiência emqueambos estavam no mesmo local ao mesmo tempo Porém aquilo quecada umde vocês selembra sobre a experiência podediferir acen tuadamente E ambos podem julgar que estão rememorando de modo verídico e preciso aquilo que aconteceu Existem problemas potenciais sérios decondenação errônea quando seusa o testemunho ocular comoúnico ou mesmo principal fundamento para condenar pessoas acusadas de cri mes Loftus Ketcham 1991 Loftus Miller Burns 1987 Wells Loftus 1984 Além disso o NO LABORATÓRIO DE ELIZABETH LOFTUS Você se recorda de quando era uma criança e sua família foi para a Disneylândia O ponto alto de sua viagem foi encontrar Mickey Mouse que lhe deu a mão Lembrase disso Os profis sionais de marketing usampropaganda autobio gráfica comoessa para incutir nostalgia em seus produtos Algunsanos atrás pensávamos se tal referência poderia fazercom que as pessoasacre ditassem que passaram quando criança por ex periências que são mencionadas nos anúncios Braun EUis Loftus 2002 Em nosso pri meiro estudo os participantes viram um anún cio da Disneylândia sugerindo que quando crianças haviam cumprimentado o Mickey pessoalmente Evidentemente entendemos que a maior confiança poderia ser devida a 1 uma lem brança de uma memória verdadeira ou 2 à criação de uma nova e falsa memória Em vir tude de algumas pessoas poderemter realmente conhecido Mickey na Disney ambas são possi bilidades Portanto conduzimos um segundo estudo no qual nossos participantes viram um anúncio falso da Disneylândia indicando que cumprimentaramum personagem impossível o Pernalonga Pernalonga é sem sombra de dú vida um personagem da Warner Brothers e não seria encontrado em um parque temático da Disney Novamente em relação aos contro les o anúncio aumentava a confiança de que as pessoas haviam cumprimenrado pessoalmente a personagem impossível quando crianças na Disneylândia Emboraissopossivelmente não pudesse ter acontecido porque Perna longa é um personagemda Warner Brothers e seria impossível estar em um empreendi mento da Disney cerca de 16 dos partici pantes disseram posteriormente que se lembravam ou sabiam que realmente partici param do evento Em outro estudo mostra mos que ter uma imagem do Pernalonga fazia diferença Um número até maior de pessoas alegou rer conhecido o Pernalonga quando uma imagemdeste personagemfazia parte do anúncio do que quando ele era descrito apenas verbalmente As memórias falsas do Pernalonga chegaram a atingir 48 BraunLaTour et ai 2004 Discutimos se era o anúncio em si que estava produzindo a memória falsa ou se qualquer exposição recente ao Pernalonga produziria um efeito similar Por exemplo se as pessoas o tivessem visto recentemente em um desenho animadotambém alegariam posteriormente que o haviamconhecido du rante uma viagem à Disneylândia quando eram crianças Em uma série de estudos as pessoas não afirmaram ter conhecido o Per nalonga caso já houvessem visto recente mente um grande cartaz do personagem elas apenas alegaram ter feito isso caso expostas ao anúncio Pickrell 2005 Capítulo 6 Processos Mnésicos 213 testemunha ocular muitas vezes é um determinante poderoso para um júri vir a condenar uma pessoa acusada O efeito é pronunciado particularmente se testemunhas oculares pa recem altamente confiantes de seu testemunho Isto é verdadeiro mesmo se as testemunhas oculares conseguem indicar poucos detalhes perceptivos ou oferecem respostas claramente conflitantes As pessoas algumas vezes até pensam que se lembram das coisas simplesmente porque imaginaram ou pensaram sobre elas Garry Loftus 1994 Foi estimado que até 10 mil pessoas por ano podem ser condenadas erroneamente com base em um testemunho ocu lar equivocado Cutler Penrod 1995 Loftus Ketcham 1991 Portanto em geral as pessoas são consideravelmente suscetíveis a erros nos testemunhos oculares Em geral são propen sas a imaginar que viram coisasque não viram Loftus 1998 A disposição em fileira de suspeitos pode levara conclusões errôneas Wells 1993 Teste munhas oculares supõemque o responsável pelo crime estejapresente na fileira No entanto essenem sempreé o caso Quando o responsável por um crime não estava na fileira os parti cipantes eram suscetíveis a indicar alguém quenão fosse o criminosoresponsável Destemodo elespodemreconheceralguém na fileira comoaquele que cometeuo crimeAs identidades dos nãoresponsáveis na fileira também podem afetar os julgamentos Wells Luus Windschitl NO LABORATÓRIO DE ELIZABETH LOFTUS continuação Uma coisa é incutir uma memória falsa de ter se encontrado com o Pernalonga porém ou tra bem diferente é incutir a memória falsa de uma experiência desagradável com outro perso nagem Portanto com ShariBerkowitz e outros colegas tentamos incutir uma crença falsa de que aspessoastiveram uma experiência desagra dável com o personagem Pluto durante uma vi sita à Disneylândia durante a infância Berkowitz et ai 2008 Tivemos sucesso com cerca de 30 dos participantes Além do mais aqueles que foram seduzidos pela sugestão não quiseram pa gar o valor de uma lembrança do Pluto Essa descoberta mostra que crenças falsas podem ter conseqüências conseguem afetar pensamentos e comportamentos posteriores Esses estudos fazem parte de um programa mais amplo de pesquisas sobre a maleabilidade da memória humana Loftus 2005 Porém mais especificamente essas constatações indicam que os anúncios que contêm referenciamento auto biográfico podem interferir em nossas memórias pessoais da infância Embora os anunciantes provavelmente não estejammencionandodeta lhes falsos eles mencionam efetivamente por menores que poderiamser verídicos Você pode ter visto uma imagemde Mickey Mouse quando esteve na Disneylândia porém você nunca re almente o conheceu ou o cumprimentou Um anúncio pode fazêlo pensar que isso ocorreu Em virtude de vermos milhares de anún cios no decorrer de ummês típico podería mos todos ser participantes involuntários de um experimento massificado sobre distor ção da memória Referências Berkowitz S R Laney O Morris E K Garry M Loftus E R 2008 Pluto behaving badly Falsebeliefs and their consequences American Journal of Psychology sendo impresso Braun K A Ellis R Loftus E F 2002 Make my memory How advertising can change our memories of the past Psychology and Marketing 19 p 123 BraunLaTour K A La Tour M S Pick rell Loftus E F 2004 How and when adertising can influence memo ry for consumer experience Journal of Advertising 33 p 725 Loftus E F 2005 A 30year investiga tion of the malleability of memory Learning andMemory 2 p 361366 PickrellJ E 2005 Whats up doeFactors involved in the acceptance of false in formation Tese de doutorado não pub licada University of Washington 214 Psicologia Cognitiva 1994 Em outras palavras o fato de uma determinada pessoa ser identificada como responsá vel por um crime pode ser influenciado simplesmente por quem são as outras pessoas na fileira de suspeitos Portanto a escolha de indivíduos semrelação como delito é importante A polí cia pode afetar inadvertidamente a possibilidade de uma identificação ocorrer ou não e tam bém se uma identificaçãofalsaé provávelde acontecer O reconhecimento por testemunho ocular é particularmente ineficaz ao se identificar pessoas de uma raçadistinta daquela da testemunha por exemplo Bothwell Brigham Mal pass 1989 Brigham Malpass 1985 Pezdek BlandonGitlin Moore 2003 Shapiro Penrod 1986 As provas sugerem que isso não é um resultado de problemas de rememoração de faces de pessoas de outras raças mas preferencialmente da codificação dessas faces Walker Ta naka 2003 Mesmo crianças pequenasparecemser influenciadas por informaçõespósevento em experimentos conforme demonstradopor seu comportamento em experiênciasde condi cionamento operante RoveeCollier et ai 1993 A identificação e a recordação de testemunhas oculares também sãoafetadas pelo nível de estresse das testemunhas A medida que o estresse aumenta a precisão da recordação e da identificação diminui Deffenbacher et ai 2004 Payneet ai 2002 Essas constatações colocam mais em dúvida a precisãodo testemunho ocular porque a maior parte dos crimes ocorre em situações altamente estressantes No entanto nem todos consideramo testemunho ocular com tal cetismo por exemplo vejaZaragoza McCloskey Jamis 1987 Ainda não está clarose as informações sobreo evento original realmente são deslocadas ou se simplesmente concorrem pela informação enganosa subsequente Alguns pesquisadores argumentaram queospsicólogos precisam conhecer muito mais sobre as circunstâncias queprejudicam o testemunho ocularantesde impugnálo pe rante um júri McKenna Treadway McCloskey 1992 Presentemente o veredito sobre testemunhoocularainda não é definitivo O mesmo podeser afirmado sobre memórias repri midas analisadas na próximaseção Seja qual fora validade do testemunho ocularde adultos claramente é suspeita no caso de crianças Ceei Bruck 19931995 As lembranças dascriançassão particularmente susce tíveis à distorção Taldistorção é especialmente provável quando seformulam àscrianças per guntasdirigidas como no contexto de salade audiências em um tribunal Considere alguns fatos relevantes Ceei Bruck 1995 Primeiro quanto menos idadetiver a criança podese es perar que o testemunho sejamenosconfiável As crianças de idadepréescolar em particular são muito mais suscetíveis ao questionamento sugestivo que tenta direcionálas a uma deter minada resposta que as criançasem idade escolar ou os adultos Segundo quando um ques tionadorfor coercitivo ou mesmo parecedesejar apenasumadeterminada resposta ascrianças podemser muitosuscetíveis a responderao adulto aquiloque ele desejaouvirTendo em vista as pressões envolvidas em processos nos tribunais tais formas de questionamento infeliz mente podemserprevalentes Porexemplo quandosolicitado a responder a uma perguntado tipo sim ou não mesmo se não conhecem a resposta a maioria das crianças dará uma res posta Se a perguntapossui umaopção explícita Nãosei a maioria dascrianças quandonão conhecem uma resposta admitirão que não sabem em vez de especular Waterman Blades Spencer2001 Terceiro as crianças podem acreditar que se lembramde ter observadocoisas que outros disseram haver observado Em outras palavras ouvem umahistória a respeito de algo que ocorreu e então acreditam que observaram aquilo que alegadamente aconteceu Se a criançapossui algum transtorno intelectual a memória do eventoé até mais provável deser distorcida pelo menosquando um intervalo significante ocorreu entre a ocasião do evento e quando foi lembrado Henry Gudjonsson 2003 Talvez até mais que o testemunho ocular de adultos o testemunho ocular de crianças precisa ser interpretado commuita cautela Podese tomar medidas paraaprimorar a identificação portestemunho ocular por exem plo usando métodos para reduzir viéses potenciais diminuir a pressão de escolher um sus peito de um conjunto limitado de opções e assegurar que cada membro de uma fila de Capítulo 6 Processos Mnésicos 215 suspeitos seenquadre na descrição dada pela testemunha ocular porém ofereça diversidade soboutrosaspectos descrito em Wells 1993 As pesquisas também indicamqueentrevistas sugestivas podem causar viéses na memória Melnyck Bruck 2004 Isso é especialmente provável quando essas entrevistas ocorrem próximas da ocasião do evento real Após um crime as testemunhas geralmente são entrevistadas tão logo seja possível Portanto de vemse tomar medidas paraassegurar queas perguntas feitas às testemunhas não sejam per guntas dirigidas especialmente quando a testemunha é uma criança Esse cuidado pode diminuir a possibilidade de distorção da memória Além disso alguns psicólogos por exem plo Loftus 1993a 1993b e muitos advogados de defesa acreditam que os jurados devem ser avisados de que o grau emque a testemunha ocular sentese confiante de suaidentificação não corresponde necessariamente ao grau em que a testemunha ocular é realmente precisa em sua identificação do acusado como culpado Ao mesmo tempo alguns psicólogos por exemplo Egeth 1993 Yuille 1993 e muitos promotores acreditam queas provas existentes baseadas em grande parte em estudos de testemunho ocular simulado em vez de relatos reais feitos por testemunhas oculares não sãosuficientemente sólidas para arriscar ir contra a credibilidade do testemunho ocular quando tal testemunho poderia resultar na prisão de um criminoso verdadeiro impedindo a pessoa de cometer mais crimes Memórias Reprimidas Você poderia ter sido exposto a um evento traumático quando criança mas ter ficado tão traumatizado por esse evento a ponto de não conseguir lembrálo Alguns psicoterapeutas principiaram a usar a hipnose e técnicas relacionadas para obter das pessoas aquilo que se alega ser memórias reprimidas Memórias reprimidas são aquelas que se supõe terem sido im pelidas para a inconsciência por causa do sofrimento que causam Tais memórias deacordo com a visão de psicólogos que acreditam em sua existência são muito inacessíveis porém podem ser recuperadas Briere Conte 1993 As memórias reprimidas realmente existem Muitos psicólogos duvidam seriamente de suaexistência Ceei Loftus 1994 Lindsey Read 1994 Loftus Ketcham 1994 Pennebaker Memon 1996 Roediger McDermott 1995 2000 Outros permanecem muito céticos Bo wers Farvolden 1996 Brenneis 2000 Existem muitas razões para esse ceticismo que são descritas na próxima seção Primeiro alguns terapeutas podem incutir inadvertidamente idéias na mente de seus clientes Desse modo podem criar memórias falsas de eventos que nunca aconteceram Realmente criar memórias falsas é relativamente fácil mesmo em pes soas sem problemas psicológicos específicos Tais memórias podem ser incutidas usando estí mulos comuns e desprovidos de emocionalidade Roediger McDermott 1995 Segundo mostrar que memórias incutidas são falsas muitas vezes é extremamente difícil de realizar Incidentes relatados muitas vezes terminam como no caso de abuso sexual na infância me ramente opondo a palavra de uma pessoa contra a de outra Schooler 1994 Atualmente nenhuma prova forçada aponta para a existência detais memórias Entretanto os psicólogos também nãoatingiram o pontoemquetaismemórias podem serdesconsideradas definitiva mente Portanto nenhuma conclusãodefinitiva pode ser apresentada presentemente O paradigma RoedigerMcDermott 1995 adaptado do trabalho de Deese 1959 é ca paz de mostrar os efeitos da distorção da memória no laboratório Os participantes recebem uma lista de 15 palavras associadas com uma palavra crítica porém não apresentada Por exemplo os participantes podem tomar conhecimento de 15 palavras relacionadas à palavra sono mas nuncachegam a conhecêla O índice de reconhecimento da palavra nãoapresen tada sono nestecaso foi comparável ao das palavras apresentadas Esteresultado repetiuse inúmeras vezes McDermott 1996 Schacter Verfaellie Pradere 1996 Sugrue Hayne 2006 Mesmo quando listas com menos palavras foram usadas houve maior nível de itens 216 Psicologia Cognitiva não apresentados Em uma experiência listas contendo apenas três itens revelaram esse efeitoembora em grau menor Coane et ai 2007 Incorporar a lista em uma histótia pode aumentar esse efeito em criançascom menos idade Estaestratégia reforça o contexto parti lhado e aumenta a probabilidade de um participante reconhecer falsamente a palavra não apresentada Dewhurst Pursglove Lewis 2007 Porque as pessoas são tão inseguras para distinguiro que ouviram daquiloque não ou viram Uma possibilidade é um errode monitoramento da fonte que ocorre quando uma pes soaatribuiuma memória originadade umafontea outra Pesquisas de Mareia Johnson e seus colegas Johnson 1996 Johnson Hashtroudi Lindsay 1993 Lindsay Johnson 1991 indi cam que as pessoas apresentam freqüentemente dificuldade no monitoramento da fonte ou paraidentificar asorigens de uma memória Elas podem ter acreditado que leram um artigo em um jornal de prestígiocomo o New York Times quando na realidade o viram em um ta bloide na prateleirade um supermercado enquanto aguardavam na fila do caixa Quando as pessoasouvem uma lista de palavtas que não contém uma palavra de significado muito pró ximo ao das outras palavras podem acreditar que sua rememoração da palavra principal é da lista e não de suas memórias Outra explicação possível desse maiorreconhecimento falso é a ativação distribuída Na ativaçãodistribuída toda vez que um item é estudado vocêpensa nos itens relacionados a ele Imagine uma teiade aranha metafórica com uma palavra no meio Ramificandose dessa pa lavra encontramse todas as palavras relacionadas a ela Evidentemente existirão diferenças individuais na elaboração dessas teias mas haverá também muita sobreposição Por exemplo quando vocêlê a palavra soneca palavras comosono cama e gato podem ser ativadas em sua mente Desse modoa ativaçãoramificase da palavraoriginal soneca Se vocêvir 15 palavras todas ativando a palavrasono e possível que por meiode um errode monitoramentoda fonte possa pensarque lhe foi apresentada a palavra sono Algunstrabalhos recentes apoiam a teo riade ativação distribuída de erros nesse paradigma Dqdd MacLeod 2004 Hancock etai 2003 Roediger Balota Watson 2001 Essa teoria não é entretanto universalmente aceita Meadeetal 2007 Efeitos Contextuais na Codificação e Recuperação Conformemostram osestudos sobrememóriaconstrutiva nossos contextos cognitivospara a memória influenciam nitidamente nossos processos de memória relacionados à codifica ção ao armazenamento e à recuperação de informações Os especialistas em geral possuem padrões mais elaborados queosprincipiantes em relação àssuas áreas deespecialização por exemplo Chase Simon 1973 Frensch Sternberg 1989 Esses esquemas proporcionam um contexto cognitivo no qual os especialistas podem operar O uso de esquemas torna a integração e a organizaçãorelativamente fáceis Preenchem lacunas quando lhes são forne cidas informações parciais oü mesmo distorcidas e visualizam aspectos concretos das infor mações verbais Também conseguem implementar estratégias metacognitivas apropriadas para organizare ensaiar novas informações O conhecimento especializado aumenta nitida mente nossa confiança em nossas memórias relembradas Outro fator que aumenta nossa confiança na recordação é a clareza percebida a niti deze a riqueza de detalhes da experiência e de seu contexto Quando estamos recordando uma determinada experiência muitas vezes associamos o grau dedetalhee intensidade per ceptivas com o grau em que estamos nos lembrando da experiência com precisão Johnson etai 1988 Johnson Hashtroudi Lindsay 1993 JohnsonNolde De Leonardis 1996 John son Raye 1981 Sentimos maiorconfiança de que nossas lembrançassão precisasquando as percebemos corri maior riqueza de detalhes Embora esta heurística para monitoramento da realidade geralmente sejaeficaz existem algumas situações emque fatores distintosda Capítulo 6 Processos Mnésicos 217 precisão de rememoração podem conduzir à maiorclareza e detalhe de nossas rememorações Neisser 1982 Quando vocêconsegue relembrar o contexto da experiência de aprendizado existe maior ativação do hipocampo Eldridge et ai 2000 Eventos queenvolvem estímulos emocionais também produzem maior ativação na amígdala Esta ativação conduz a um au mento da memória explícita Milner Squire Kandel 1998 RobersonNay et ai 2006 De modo interessante a estimulação elétrica dohipocampo oudaamígdala pôde resultar emre memoração ou até mesmo alucinaçõés de memórias autobiográficas Vignal etai 2007 Em particular uma forma freqüentemente estudada de memória vivida é a memória flash uma memória de um evento tão marcante que a pessoa o relembra muito vividamente como sepreservado de forma indelével emfilme Brown Kulik 1977 Pessoas comidade su ficiente para lembrarse doassassinato dopresidente JohnKennedy podem termemórias flash desse evento Algumas pessoas também possuem memórias flash da explosão da nave espa cialChallenger da destruição do World Trade Center em 11 de setembro ou de eventos muito importantes em suas vidas pessoais A intensidade emocional dè uma experiência pode au mentar a possibilidade denos lembrarmos daexperiência particular em detrimento deoutras experiências fervorosa e talvez precisamente Bohannon 1988 Uma visão relacionada é que uma memória possui muita probabilidade de tornarse uma memória flash sob três cir cunstâncias Estas se referemao fato de o traço de memória ser importante para a pessoaser surpreendente e provocar umefeito emocional no indivíduo Conway 1995 Alguns pesquisadores sugerem que asmemórias flash podem ser rememoradas mais vivi damentepor causade sua intensidade emocional Outros pesquisadores sugerem entretanto quea nitidez da rememoração pode sero resultado dos efeitos do ensaio A idéia neste caso é quefreqüentemente recontamos oupelo menos contemplamos silenciosamente nossas ex periências desses eventos importantes Talvez o ato de recontartambém aumente a intensi dade perceptiva de nossa rememoração Bohannon 1988 Outras descobertas sugerem que as memórias flash podem serdetalhadas de um ponto de vista perceptivo Neisser Harsch 1993 De acordocom essa visão as memórias podem ser relembradas com confiança relati vamente maior na precisão das memórias doque qualquer outra memória relembrada Neis ser Harsch 1993 Weaver 1993 Suponha que as memórias flash sejam realmente mais prováveis de ser o assunto de conversação ou mesmo de reflexão silenciosa Então talvez sempre que aexperiência for recontada reorganizamos econstruímos nossas memórias detal modo que a precisão de nossa lembrança na realidade diminui aopasso que a nitidez per cebida da rememoração aumentaao longodo tempo Presentemente travase umadiscussão acaloradaentre os pesquisadores a respeitode osestudosde tais memórias como um processo especial serem um instantâneo no contexto panorâmico por exemplo Cohen McCloskey Wible 1990 ou um insight instantâneo nos processos de memória porexemplo Schmidt Bohannon 1988 Alguns efeitos interessantes da memória flash envolvem o papel daemoção Quantomaior o envolvimento emocional de umapessoa em umevento melhor amemóriaqueelatemdesse evento Igualmente ao longo do tempo a memória doevento sedegrada Smith Bibí She ard 2004 Em um estudo mais de 70 das pessoas questionadas relataram ter visto em 11 de setembro de 2001 o dia dos ataques ao World Trade Center o primeiro avião atingir a pri meira torre No entanto estafilmagem somente tornouse disponível nodiaseguinte Pezdek 2003 2006 Portanto nãopoderiam tervisto em 11 desetembro a imagem doavião atingindo a torre Essas distorções ilustram a natureza construtiva das memórias flash Essas desco bertas indicam adicionalmente que as memórias flash não são imunes à distorção como se julgava no passado A intensidadeemocionalde um evento não é a única maneira pela qual emoções dispo sições de ânimo e estados deconsciência afetam a memória Nossas disposições deânimo e 218 Psicologia Cognitiva estados de consciência também proporcionam um contexto para codificação que afeta a re cuperação posterior de memórias semânticas Portanto quando codificamos informações se mânticas durante um estado de ânimo ou um estado de consciência específicos podemos recuperar mais prontamente essas informações quando no mesmo estado novamente Badde ley 1989 Bower 1983 No que concerne ao estado de consciência algo que é codificado quando somosinfluenciados pelo álcool ou por drogas pode ser recuperado maisrapidamente do que sobessas mesmasinfluências novamente Eich 1980 1995 Emtermosglobais no en tanto o efeito principaldo álcoole de muitas drogas é maiorque a interação Emoutras pa lavras o efeito depressor do álcool e de muitas drogas na memória é maior que o efeito facilitador de rememorar algo no mesmo estado drogado de quando a pessoa a codificou No que concerne ao estado de ânimo alguns pesquisadores sugeriram um fator que pode manter a depressão A pessoadeprimidaem particular pode recuperar maisprontamente as memóriasde experiências tristes anteriores o que pode alimentar a continuidade da deptes são Baddeley 1989 Se psicólogos ou outras pessoas podem intervir para impedir a conti nuação deste círculo vicioso a pessoa pode começar a se sentir mais feliz Como resultado outras lembranças felizes podem ser recuperadas mais facilmente aliviando desse modo ainda maisa depressão e assim por diante Talvez o conselho baseado na sabedoriapopular tenha pensamentos felizes não seja inteiramente sem fundamento De fato em ambiente de laboratório osparticipantes parecemrememorar mais precisamente itensque possuem as sociações agradáveis do que itens que possuem associações desagradáveis Matlin Underhill 1979 De modo interessante as pessoas que sofrem de depressão tendem a apresentardefi cits na formação e na lembrança de memórias Bearden et ai 2006 Emoções estados de ânimo estados de consciência esquemas e outras características de nosso contexto interno afetam nitidamente a recuperação da memória Além disso mesmo nossos contextos externos podem afetar claramente nossa capacidade de rememoração de informações Pareceque somosmaiscapazesde nos lembrarde informaçõesquando estamos em um contexto físicoigual àqueleno qual conhecemos as informaçõesGodden Baddeley 1975 Em um experimento 16 mergulhadores submarinos foram solicitados a memorizar uma listade 40 palavras não relacionadas O aprendizado ocorreuquando os mergulhadores estavam em terra firme ou enquanto estavam a 6 metros abaixo do nível do mar Posterior mente foram solicitados a se lembrar das palavras no mesmo ambiente em que as memori zaram ou no outro ambiente A rememoração foi melhor quando ocorreu no mesmo local da memorização Mesmo crianças apresentam efeitos do contexto na memória Considere uma experiên cia de condicionamento operante em que bebês poderiam fazer com que um berço móvel se deslocasse de modo interessante chutandoo Bebês com 3 meses de idade Butler Ro veeCollier 1989 e com 6 meses de idade Borovsky RoveeCollier 1990 tiveramoportu nidade para chutar um berçodiferenteno mesmo contexto istoé cercado por um protetor revestindo o perímetro do berço no qual aprenderam inicialmente a chutálo ou em um contexto diferente Eles chutaram mais forte no mesmo contexto Os bebês davam menos chutes quando estavam em um contexto diferente ou quando lhes era apresentado um berço diferente Concluise desses resultados que tal aprendizado parece grandemente dependente do contexto No entanto em uma série de estudos bebês de 3 meses RoveeCollier DuFault 1991 e de 6 meses Amabile RoveeCollier 1991 participaram de experiências de condi cionamento operante em contextos múltiplos chutando um berço móveldiferente Logoem seguida foram colocados em um novo contexto de condicionamento Os bebês retiveram a lembrança Eles chutaram o berço muitas vezes no novocontexto Portantoquando a infor mação é codificada em vários contextos também parece ser recuperada mais prontamente Capítulo 6 Processos Mnésicos 219 em várioscontextos Esteefeitoocorre pelo menosquando existe um intervalo de tempo mí nimo entre os contextos de condicionamento e o novo contexto No entanto considere o que aconteceu quando o novo contexto ocorreu após um longo intervalo de tempo Os be bêsnão passaram a chutar mais Não obstante ainda exibiam memória dependente do con texto para dar chutes nos contextos familiares Amabile RoveeCollier 1991 Todos os efeitos de contexto precedentes podem ser considerados uma interação entre o contexto paracodificação e o contexto para recuperação das informações codificadas Os re sultadosde vários experimentos de recuperação indicam que o modo como os itens são co dificados exerce um efeito forte no modo e com que precisãoos itens são recuperados Esta relação é denominada especificidade da codificação o que é lembrado depende do quefor codificado Tulving Thomson 1973 Considere um exemplo um tanto marcanteda especi ficidade de codificação Sabemos que a memória de reconhecimento virtualmente sempre é melhorque a recordação Porexemplo reconheceruma palavraque você aprendeu é mais fácil do que relembrála Afinal de contas no reconhecimento você tem de afirmar apenas se viu a palavra Na rememoração você precisa gerar a palavra e confirmar mentalmente em seguida se ela apareceu na lista Em um experimento Watkins e Tulving 1975 fizeram com que participantes memori zassem umalistade 24 pares associados comomoído afrio e crosta do bolo Os participantes foram instruídos a aprender a associar cada resposta como frio com sua palavraestímulo como moído Após os participantes haverem estudado os pares de palavras lhes foi atribuída uma tarefa irrelevante Em seguida foilhes aplicado um teste de reconhecimento com elementos de distração Solicitouse aos participantes quesimplesmente fizessem um cír culoem torno daspalavras que haviam vistoanteriormente Os participantes reconheceram uma média de 60 das palavras da lista Em seguida foram apresentadas aosparticipantes 24palavras como estímulo Eles foram solicitados a selembrar das respostas Suarecordação induzida foi de 73 Portanto a rememoração foi melhor que o reconhecimento Por quê De acordo com a hipótese de especificidade da codificação o estímulo foi um indutor me lhor para a palavra do que a própria palavra A razão era que as palavras haviam sido me morizadas como pares associados Conforme mencionado anteriormente veja o Capítulo 5 o elo entre codificação e re cuperação também pode explicar o efeito de autorreferência Greenwald Banaji 1989 A principal causa de efeito de autorreferência não é devida especificamente às propriedades exclusivas dos indutores autorreferentes Édevida preferencialmente a um princípio mais geral de codificação e recuperação quando as pessoas geram seus próprios indutores para recuperação sãomuitomaispotentesdo que quando outros indivíduos o fazem Outros pes quisadores confirmaram a importância de fazer induções significativas para a pessoa a fim de melhorar a memória Considere por exemplo o que aconteceu quando os participantes criaram seus próprios indutores de recuperação Foram capazes dese lembrar quase sem er ros de listas de 500 e 600 palavras Mantyla 1986 Os participantes foram solicitados a gerar outrapalavra oindutor paracada palavra em uma listaqueseria paraeles umades crição ou propriedade apropriada de palavraalvo Foilhes apresentada posteriormente uma listade suas palavras induzidas Solicitouse para que se lembrassem da palavraalvo Indutores foram de maior ajuda quando eram ambos compatíveis com a palavraalvo e dis tintos no sentido de não tenderem a gerar umgrande número de palavras relacionadas Por exemplo selhefor apresentada a palavra casaco entãojaqueta poderia ser compatível edis tinta como indutora No entanto suponhaque você mencione a palavra lãcomo indutor Este indutor poderia fazêlo pensar emalgumas palavras como tecido e ovelha que nãosão a palavraalvo Para resumir a recuperação interage intensamente coma codificação Suponha quevocê esteja estudando para um teste e deseja ter boa rememoração na hora do teste Organize as 220 Psicologia Cognitiva informações que você está estudando de uma maneira que combine apropriadamente o modo pelo qual se espera que você rememore De modo similar você se lembrará melhor das informações se o nível de processamento para codificação for igual ao nível de processa mento para recuperação Moscovitch Craick 1976 Desenvolvimento da Memória Com o desenvolvimento ocorrem muitas alterações na memória Bauer Van Abbema 2003 Quais são algumasdessas alterações Aptidões Metacognitivas e Desenvolvimento da Memória Algunspesquisadores também propuseram que crianças mais velhas podem ter maiores recur sos de processamento Kail Bisanz 1992 como recursos de atençãoe memória de trabalho Esses recursos podem estar na base da maior velocidade geral do processamento cognitivo dessas crianças De acordo com esta visão a razão pela qual essas crianças parecem capazes de processar essas informações mais rapidamente do que crianças com menos idade pode ser pelo fato de que crianças mais velhas conseguem manter mais informações para processa mento ativo Desse modo além de ser capaz de organizar informações em blocos cada vez maiores e complexos essas crianças podem sercapazes demantermais blocos de informações na memória de trabalho As pessoas parecem desenvolver e usarcada vez mais aptidões de metamemória e vários outros tipos deaptidões metacognitivas Exemplos são o monitoramento e a alteração de pro cessos cognitivos de uma pessoa enquanto se ocupa em executar tarefas cognitivas Brown 1978 Flavell Wellman 1977 Muitos pesquisadores de processamento de informações têmse interessado nas aptidões metacognitivas específicas das crianças commais idade Umexemplo é o trabalho sobre acompreensão deaparência e realidade Por exemplo mostrouse paracrian çascom4 e 5 anosobjetos de imitação com umaesponja que parecia exatamente igual a uma pedra Flavell Flavell Green 1983 Ospesquisadores incentivaram as crianças a brincar com as imitações para que pudessem se tornar totalmente familiarizados com os objetos Desse modo as crianças veriam claramente que as imitações não eram o que aparentavam ser As crianças tinham de responder em seguida perguntas sobre a identidade dos objetos Posterior mente solicitouse àscrianças para quevissem os objetos poruma folha plástica azul e parafa zerem julgamentos sobre a cor dos objetos A folha plástica distorcia o matiz percebido dos objetos A crianças também foram solicitadas a fazer julgamentos sobre tamanho enquanto viam os objetos por uma lente de aumento Elas tinham plena consciência de estar vendo os objetos por meio desses objetos intermediários Os erros das crianças formaram um padrão interessante Havia dois tipos fundamentais de erro Quando solicitadas a descrever a realidade o modo comoo objetorealmente era as crianças relataram algumas vezes a aparência o modo como o objeto parecia quando visto pelo plástico azul ou pela lente deaumento Quando solicitadas a relatar a aparência descre veram algumas vezes a realidade Em outras palavras crianças com 4e 5 anos ainda nãoper cebiam claramente a distinção entre aparência e realidade Realmente muitos pesquisadores concordariam com a observação de que crianças mais novas freqüentemente não conseguem distinguir entreaparência e realidade Sua incapaci dade paradeterminar a quantidade também pode seratribuída à sua atenção à alteração da aparência preferencialmente ao valor constante da quantidade As crianças também se aproveitam cada vez maise finalmente buscam umfeedback a respeito dosresultados de seus Capítulo6 Processos Mnésicos 221 empenhos cognitivos Essas mudanças na codificação na organização e na armazenagem da memória na metacognição e no uso do feedback parecem afetar o desenvolvimento cogni tivo das crianças em muitos domínios específicos Adicionalmente entretanto algumas al teraçõesrelacionadas ao desenvolvimentocognitivo parecem ser um domínio específico O uso de auxílios mnésicos externos ensaio e diversas outras estratégias parece vir na turalmentea quase todos nósquando adultos a tal ponto quepodemos considerar comoum fato aceitoque sempre o fizemos embora não tenhamos feito Lynne Appel e suascolegas 1972 criaram um experimento para descobrira extensão em que crianças com pouca idade ensaiam espontaneamente Elas mostraram fotografias coloridas de objetos comuns a crian çasem trêsníveis de escolarização alunosas da préescolar da Iasérie e da5 série As crian ças foram instruídas a olhar os nomes de 15 fotografias ou a se lembrar dos nomes para um teste posterior Quando ascriançasforam instruídas a apenas olhar as fotografias quase nenhuma delas apresentou ensaio Na condição de memória algumas das crianças mais novas exibiram al gum porém não muito ensaio Poucos alunos da préescola pareciam saberque o ensaio seria uma boa idéia quando seriam solicitados posteriormente a rememorar as informações Além do mais o desempenho dos préescolares não foi melhor na condição de memória do que na condição de olhar Crianças mais velhas tiveram melhor desempenho Uma diferença importante entre a memória dascriançascom menos e com mais idade assim comoadultos não reside nos me canismos básicos mas nas estratégias aprendidas como o ensaio Flavett Wellman 1977 Criançasmais jovens exageram consideravelmente suacapacidade parase lembrar de infor mações Raras vezes usam espontaneamente estratégias quando solicitadas a se lembrar de itens istoé criançascom menosidadeparecemnão conhecer muitasestratégias para aumen tar a memória Além disso mesmo quando crianças com menos idade realmente conhecem tais estraté gias nem sempre as utilizam Por exemplo mesmo quando treinadas para usarestratégias de ensaio em uma tarefa a maioria não transfere o uso de tal estratégia Elasnão passamadiante seu aprendizado de uma tarefapara outras tarefas Flavell Wellman 1977 Jarrold Baddeley Hewes 2000 Portanto as crianças maisnovas parecemnão possuir apenas o conhecimento de estratégias mas também a disposição para usálas quando realmente asconhecem Crian çascom maisidade compreendem que para reterpalavras na memória de curto prazo preci samensaiar Criançascom menos idade não possuem esse entendimento Empoucas palavras crianças com menos idade carecem de aptidõesde metamemória A possibilidade de as crianças ensaiarem não é apenas uma função da idade Crian ças com necessidades especiais muito menospropensasa ensaiar espontaneamente do que as de inteligência normal Brown et aí 1973 Realmente se tais crianças são treinadas para ensaiar seu desempenho pode ser melhorado consideravelmente Belmont Butter field 1971 Butterfield Wambold Belmont 1973 No entanto as crianças especiais nem sempre transferirão espontaneamente seu aprendizado para outras tarefas Por exemplo caso se ensine que ensaiem com listas de números mas em seguida lhes é apresentada uma listade animais podem ter de ser ensinadas novamente desdeo começo a fim de en saiar para os novos tipos de itens bem como para os antigos Em crianças com transtorno de hiperatividade e déficit de atenção em que problemas de memória são observados fre qüentemente também parece existir apoio reduzido no ensaio Kilingberg Forssberg Westerberg 2002 Cultura experiência e demandas ambientais também afetam o uso de estratégias que melhoram a memória Por exemplo criançasocidentais geralmente possuem mais educação formal do que as de outras regiões do planeta Como resultado adquirem uma prática muito maiorusandoestratégias de ensaioparase lembrarem de conjuntos isolados de informações 222 Psicologia Cognitiva Em contraste crianças guatemaltecas e crianças aborígenes australianas geralmente pos suem muito mais oportunidades de se tornar adeptas do uso de estratégias para melhorar a memóriaque se apoiam em localização espaciale arranjos de objetos Kearins 1981 Rogoff 1986 Outro aspectoda aptidão de metamemóriaenvolveo monitoramento cognitivo No mo nitoramento a pessoa acompanha e quando necessário reajusta um fluxo de pensamento em curso O monitoramento cognitivo pode incluir diversas aptidões relacionadas Brown 1978 veja também Brown DeLoache 1978 Por exemplo você está pensando naquilo que conhece e naquilo que não conhece Brown 1978 p 82 Você aprende a ter consciência de sua mente e o grau de sua compreensão Holt 1964 Outro trabalho sobre o desenvolvi mento do monitoramento cognitivo propõe uma distinção entre estratégias de automonito ramento e autorregulação Nelson Narens 1994 Automonitoramento é um processo de baixo para o alto de acompanhamento da compreensãoatual envolvendoa capacidadeaper feiçoada de prevercom precisãoo desempenho da memória Autorregulação é um processo de alto para baixo de controle executivocentral sobre planejamento e avaliação As crian ças beneficiamse do treinamento no uso de tais processos de monitoramento cognitivo para aprimorar seu uso de estratégias apropriadas veja Schneider Bjorklund 1998 Recordese também que a maturidade fisiológica do cérebro e o maior conteúdo de co nhecimento podem explicar parcialmente por que adultos e crianças com mais idade ge ralmente possuem melhor desempenho em testes de memória do que crianças com menos idade Essas mudanças fisiológicas e baseadas na experiência aumentam as alterações nos processos de memória Exemplos são maior conhecimento e disposição para usar estratégias de metamemória A meta de tais estratégiasconsiste em ser capaz no final de recuperar as informações armazenadas quando a pessoa quiser Um desenvolvimento metacognitivo importante é a aquisição de uma teoria da mente isto é uma compreensão de como a mente opera Keil 1999 Perner 1998 1999 A me dida que as crianças crescem sua teoria da mente tornase mais sofisticada Considere um exemplo Perner 1999 p 207 Max coloca seu chocolate no armário Sai para brincar Enquanto está do lado de fora não consegue ver que sua mãe vem e leva o chocolate do ar mário para a gaveta da mesa Ela sai em seguida para visitar uma amiga Quando Max re torna à casa para pegar seu chocolate onde ele o procurará Crianças com menos de 3 anos normalmente dão a resposta errada acreditando que Max procurará o chocolate na gaveta onde realmente se encontra Com a idade de 3 anos algumas crianças principiam a resolver o problema corretamente Com a idade de 4 anos a maioria delas soluciona o pro blema corretamente embora algumas com idade entre 5 e 6 anos ainda cometam erros Ru ffman et ai 1998 Crianças com autismo parecem não possuir ou ter uma teoria da mente seriamente falha BaronCohen Leslie Frith 1985 Perner 1999 O desenvolvimento precoce da teoriada mente relacionase à inteligência verbal à capa cidadede comunicaçãoe ao número de irmãosque uma criança possui McAlister Peterson 2007 Resches Perez Pereira 2007 Estadescoberta não causa surpresa tendo em vistaque a maior capacidade verbal e de comunicação e o maior número de irmãos provavelmente au mentem a quantidade de experiências interpessoais que as crianças possuem Portanto maior capacidade verbal e maior número de irmãos têm possibilidade de ajudar a criança a ter mais capacidade para colocarse na posição de outra pessoa Durante toda a fase final da infância e grande parte da idade adulta a capacidade para recordar permanece relativamente constante No entanto em muitos adultos mais velhos a capacidade de memorização começaa declinar Muitos estudos observaram umadiminuição do número de novas informaçõese de aptidões que podem ser aprendidas à medida que en velhecemos Collie et ai 2001 Tunney et ai 2002 E evidente que o declínio da memória Capítulo6 Processos Mnésicos 223 em adultos mais idosos ocorre como resultado de alterações no sistema estriado frontal Es sasalteraçõesincluem mudanças na substânciabranca e no desaparecimentode neurotrans missores Buckner 2004 Igualmenteum decréscimo de atividade no hipocampoé associado com o declínio da memória Cabeza et ai 2004 Essas mudanças são diferentes das altera çõesno cérebro observadas em pacientes com mal de Alzheimer veja o Capítulo5 Estecapítulo e o anterior indicaram muitas situações nas quais conhecimento e memó ria interagem como no caso em que o conhecimento anterior influencia a codificação e a recuperação Os doiscapítulos a seguir descrevem comorepresentamos o conhecimento Eles enfatizam os papéisdas imagens mentais e do conhecimento semântico Temas Fundamentais Estecapítulo ilustradiversos dos principais temasapresentados inicialmente no Capítulo 1 Ressalta emprimeiro lugar a validade da inferência causai versus a validade ecológica Al gunspesquisadores comoMahzarin Banaji e Robert Crowder argumentaram que as pesquisas em laboratório proporcionam descobertas que maximizam não apenas o controle experimen tal mas também a validade ecológica Ulric Neisserdiscordou indicando que se uma pessoa deseja estudar a memória diária é preciso que a examine emambientes do diaadia No final os dois tipos de pesquisa juntostêm probabilidade de maximizar nossa compreensão dos fenô menos mnésicos Normalmente não existe uma maneira correta para a realização de pesqui sas Adquirimos maior conhecimento preferencialmente quandoempregamos uma variedade de métodos que convergem para um conjunto de descobertas comuns Em segundo lugar o capítulo traz à baila o tema da especificidade do domínio versus generalidade do domínio Os mnemonistas discutidos neste capítulo operam melhor em certos domínios do que em outros Por exemplo você pode ser capazde elaborar uma mne mônica melhor se estiver muito familiarizado com um domínio como é o caso do fundista estudado por Chase Ericssone Faloon discutidono Capítulo 5 Em geralquanto maisco nhecimento você possuir sobre um domínio mais fácil será formar blocos de informações nesse domínio Em terceiro lugar o capítulo aborda um tema interessante sobre racionalismo versus empirismo Este tema é a extensão em que os tribunais devem aceitar provas empíricas de pesquisas psicológicas para orientar o que decidem Até que extensão a credibilidade das testemunhas deve ser determinada por consideraçõesracionais por exemplo elas estavam presentes na cena de um crime ou são conhecidas por ser confiáveis e em extensão por considerações empíricas reveladas por pesquisa psicológica por exemplo estar na cena de um crime não garante credibilidade do testemunho e o julgamento das pessoas quanto à confiabilidade muitas vezes são incorretos Os sistemas judiciais muitas vezes operam com base em considerações racionais daquilo que deveria ser A pesquisa psicológica re vela aquilo que é Reúna alguns amigos ou membros da família para ajudálo novamente Digalhes que você lera uma lista de palavras e logo que você terminar devem escrevero maior número de palavras que conseguirem se lembrar na ordem em que desejarem Leia para eles aspala vras a seguir com intervalode um segundo entre elas livro paz janela correr caixa harmo nia voz árvore começar âncora vazio andar área tomate conceito braço regra leão esperança Após darlhes tempo suficiente paraque tentem se lembrar das palavras totalize o númerode palavras lembradas nos seguintes grupos de quatro 1 livro paz janela correr 2caixa harmonia chapéu voz 3árvore começar âncora vazio 4 chão área tomate con ceito 4 braço regra leão esperança Existe grandeprobabilidade de queseus amigos e mem bros da família se lembrem mais dos grupos 1 e 5 do que dos grupos 2 3 e 4 sendo o grupo 224 Psicologia Cognitiva 3 o menos lembrado Este exercício demonstra a curva da posição em série Guarde as lem branças para uma demonstração no Capítulo 7 Leituras Sugeridas Comentadas Dewhurst S A Pursglove R C Lewis O Story contexts increase susceptibility to the DRM illusion in 5yearsolds Develop mental Science 103 p 374378 2007 O uso do DRM em crianças é explorado neste estudo Muitos estudos explora ram maneiras para diminuir o efeito da memória falsa Esse estudo exemplifica uma maneira para aumentar o efeito da memória falsa Pezdek K Event memory and autobiogra phical memory for the events of Sep tember 11 2001 Applied Cognitive Psychology 179 p 10331045 2003 Um estudo que examina a memória flash para 11 de setembro de 2001 São anali sadas as diferenças entre a memória pes soal e global Schacter D L The seven sins of memory Nova York Mariner 2002 Um relato in teressante do motivo pelo qual as pessoas se esquecem de informações que de ou tro modo poderiam se lembrar O livro pode ser lido por pessoasque possuamso mente uma formação mínima em Psico logia Cognitiva CAPITULO Representação e Manipulação 7 do Conhecimento na Memória Imagens e Proposições EXPLORANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA 1 Quais são algumas das principais hipóteses relativas ao modo como o conhecimento é representado na mente 2 Quais são algumas das características das imagens mentais 3 De que modo a representação do conhecimento se beneficia das imagens analógicas e das proposições simbólicas 4 Como o conhecimento e as expectativas conceituais influenciam a maneira como usamos as imagens 5 De que modo se desenvolvem as aptidões espaciais Olhe cuidadosamente fotografias de algumas pessoas famosas Descreva para si mesmo o que duas pessoasaparentam ser Sem sombra de dúvida nenhuma delas pode exis tir verdadeiramente em um formato físico no interior de sua mente Como você é capaz de imaginálas e descrevêlas Você precisa ter algum tipo de representação mental algo que o signifique ou o que você conhece sobre ele Thagard 1995 Von Eckardt 1913 1999 Geralmente você usa a representação do conhecimento a forma que assume aquilo que você conhece em sua mente sobre objetos idéias eventos e assim por diante que existem fora de sua mente Representação Mental do Conhecimento Idealmente os psicólogos cognitivos adorariam ser capazesde observar de modo direto como cada um de nós representa o conhecimento Seria como se pudéssemos gravar um videoteipe ou fotografar uma série de instantâneos de representações do conhecimento existentes na mente humana Infelizmente os métodos empíricos diretos para observação da representação do conhecimento não se encontram disponíveis atualmente Além do mais tais métodos dificilmente estarão disponíveis em um futuro imediato Quando métodos empíricos dire tos não se encontram disponíveis restam diversos métodos alternativos Para citar um exem plo podemos solicitar às pessoas para que descrevam suas próprias representações do conhecimento e seus processosde representação do conhecimento Infelizmente nenhum de nós possui acesso consciente a nossos próprios processos de representação do conhecimento 225 226 Psicologia Cognitiva e as informações que a pessoa relata sobre esses processos são extremamente duvidosas Pinker 1985 Outra possibilidade é o método racionalista Nesta abordagem tentamos deduzir logica mente o relato mais razoável de como as pessoasrepresentam o conhecimento Os filósofos fi zeram exatamente issodurante séculosNa epistemologiaclássica o estudo da natureza das origens e dos limites do conhecimento humano os filósofos distinguiram dois tipos de es truturas do conhecimento A primeira é o conhecimento declarativo conhecimento dos fa tos que podem ser enunciados Exemplos são a data de seu nascimento o nome de seu melhor amigo ou o modo como um coelho aparenta ser O segundo tipo é o conhecimento de pro cedimentos que podem ser implementados Exemplos são os passos envolvidos para dar um laço nos cadarços de seus sapatos somar uma coluna de números ou dirigir um carro A dis tinção é entre saber que e saber como Ryle 1949 Os psicólogos cognitivos fizeram uso extensivo de insights racionalistas como ponto de partida para compreender a cognição Porém eles raramente se contentam somente com as descrições racionalistas Como alternativa buscam algum tipo de apoio empírico para os insights propostos nos relatos racionalistas da cognição Existem duas fontes principais de da dos empíricos sobre representação do conhecimento Essassão as experiências de laboratório usuais e os estudos neuropsicológicos Nos trabalhos experimentais os pesquisadores estudam indiretamente a representação do conhecimento Eles agem desse modo observando como as pessoas lidam com as várias tarefas cognitivas que exigem a manipulação do conhecimento representado mentalmente Nos estudos neuropsicológicos os pesquisadores normalmente utilizam um entre dois mé todos Um consiste em observar como o cérebro normal responde a várias tarefas cognitivas envolvendo representação do conhecimento O outro consiste em observar os elos entre vá rios deficits de representação do conhecimento e as patologias associadas no cérebro Representações Externas Imagens versus Palavras Neste capítulo focalizamos a distinção entre conhecimento representado nas imagens mentais e conhecimento representado em formas mais simbólicas como palavras ou proposições abs tratas Evidentemente os psicólogos cognitivos estão interessados principalmente em nossas representações mentais internas daquilo que conhecemos Entretanto para ajudar nossa com preensão consideramos inicialmente como nossas representações externas diferem de tais re presentações em imagens Algumas idéias são melhores e mais facilmente representadas em imagens e outras em palavras Por exemplo suponha que alguém lhe pergunte Qual é a forma de um ovo de ga linha Você pode considerar que desenhar é mais fácil que descrever um ovo Para muitas formas geométricas e objetos concretos as imagens realmente parecem expressar muitas pa lavras a respeito do objeto de uma forma econômica No entanto e se alguém lhe pergun tar O que é justiça Descrever em palavras esse conceito abstrato seria muito difícil Fazêlo por meio de imagens seria mais difícil ainda Conforme as Figuras 71 a e b apresentam imagens e palavras podem ser usadas para representar objetos e idéias Porémnenhuma das duas formas de representação realmente re tém todas as características daquiloque está sendo representado Por exemplo nem a palavra gato nem a imagem do gato na realidade se alimenta de peixe emite miados ou ronrona quando acariciado A palavra gato e a imagemdesse gato são representações distintas da na tureza de um gato Cada tipo de representação possui características distintas Conforme você acaba de observar a imagemé relativamente análoga ao objeto do mundo real que representa A imagem mostra atributos concretos como forma e tamanho relativo Esses atributos são similares às características e às propriedades do objeto do mundo real que Capítulo 7 Representação e Manipulação doConhecimentona Memória Imagens e Proposições 227 FIGURA 71 I inii iiwmiiiamfiiiiwT iiiii fi iii i Mii a b O gato está debaixo da mesa c DEBAIXOGATO MESA Podemos representar objetos e idéias por imagens oupor palavras Nemimagens nempalavras captam todas as caracterís ticas daquilo que representam e cadaumcapta mais prontamente alguns tipos deinformações ao invés deoutros Alguns psicólogos cognitivos indicaram quepossuímos a algumas representações mentais que separecem com imagens pictóYicas e analógicas b outras representações mentais que sãoaltamente simbólicas como aspalavras e talvez mesmo c re presentações propositivas mais fundamentais que estão emuma linguagem mentaíabstraía quenãoé verbal nempic tórica e que ospsicólogos cognitivos muitas vezes refwesentam nessataquigrafia consideravelmente simplificada Observe a Figura 71 Qual é a forma da palavra gato1 Qual é a forma da imagemdo gatoCubra parte da palavra Explique agora de que modo o que restou relacionase às características de um gato Cubra parte do desenho Agora explique como aquilo que restou relacionase às carac terísticas de um gato INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA a imagem representa Mesmo se você cobrir uma parte da figurado gato aquilo que perma nece ainda é análogo a uma parte do gato Porém você pode examinar a imagem fazer um Zoom para obter uma visão mais próxima ou ver o quadro como um todo Entretanto mesmo quando examinando ou fazendo um zoom você não precisa seguirquaisquer regrasarbitrárias para ver as características da imagem da parte superior para a inferior da esquerda para a di reita e assim por diante Ao contrário da imagem de um gato a palavra gato é uma representação simbólica sig nificando que a relação entre a palavra e aquilo que representa é simplesmentearbitrária Não existe algo inerentemente parecido com um gato na palavra Suponha que você cubra parte da palavraA parte visível remanescente deixoude possuir até mesmo uma relação simbólica com qualquer parte do objeto que representa Adicionalmente porque os símbolossão arbi trários seu uso requer a aplicação de regras Por exemplo para formar palavras os sons das letras precisam ter seqüência de acordo com as regras porexemplo gato e não toga Para formar sentenças as palavras também precisam obedecer a uma seqüência de acordo com as regras Por exemplo podese dizer o gato está debaixo da mesae não mesadebaixo gato o está 228 Psicologia Cognitiva Stephen M Kosslyn é professor de Psicologia na Universidade de Harvard Ele é mais conhecido pelas pesquisas mostrando que as imagens não são umafaculdade única e indiferenciada mas en volvem aié certo ponto um número deprocessos distintos Elelambémfez contribuições importantes paraa Neuropsicolo gia ao identificaráreas descontínuas no cérebro associadas a processos ima géticos específicos Foto Cortesia de Stephen Kossiyn Representações simbólicascomo a palavra gato captam alguns ti pos de informações porém deixam de captar outros O dicionário de fine gato como um mamífero carnívoro Felis catus há muito domesticado como animal de estimação e para caçar ratos e camun dongos dicionário de língua inglesa MerriamWebsters Collegiate Dictionary 1993Suponha que nossa representação mental para os significados das palavras sejam parecidas com aquelas do dicionário Então a palavra gato tem a conotação de um animal que come carne carnívoro cuida de suas crias mamífero e assim por diante Es sas informações são abstratas e gerais Podem ser aplicadas a qualquer número de gatos específicos possuindo qualquer cor ou padrão de pe lagem Para a representação de características adicionais precisamos usar mais palavras Exemploseriam preto persa ou mosqueado A imagemdo gato não transmite qualquer informação abstrata pela palavra a respeito do que o gato come se cuida de suas crias e assim por diante No entanto a imagem transmite muitas informações concretas a respeito dessegato específico Por exemplocomunica a posição exata das patas do gato o ângulo no qual o vemos o comprimento da cauda do animal se ambos seus olhos estão abertos etc Imagens e palavras também representam relacionamentos de dife rentes maneiras A Figura 71 a mostra a relação espacial entre o gato e a mesa Para qualquer imagem mostrando um gato e uma mesa o re lacionamento espacial posicionai por exemplo ao lado em cima de baixoatrásserárepresentado concretamente na imagemEmcontraste ao se usar palavras os relacionamentos espaciais entre os objetos preci sam ser indicados explicitamente por um símbolo distinto como uma preposição Um exem plo seria O gato está debaixo da mesa No entanto relações mais abstratas como fazerparte de uma classe muitas vezes estão implícitas no significado das palavras Exemplos seriam que gatos são mamíferos ou que mesas são itens de mobília Porém as relações abstratas raramente encontramse implícitas nas imagens Para resumir as imagens captam adequadamente in formações concretas e espaciais de uma maneira análoga a tudo que representam Palavras captam convenientemente informações abstratas e relativas a categorias de uma maneira que é simbólica de tudo que representam Representações pictóricas transmitem todas as características simultaneamente Quaisquer regras para criar ou compreender imagens per tencem em geral ao relacionamento analógico entre a imagem e aquilo que ela representa Ajudam a assegurar a maior similaridade possível entre os dois Representações em pala vras usualmente transmitem informações demodo seqüencial Realizam isso de acordo com regras arbitrárias que têm pouco á ver com o que as palavras representam Porém as palavras têm muito a ver com a estrutura do sistema de símbolos para o uso de palavras Cada tipo de representação é bem adaptado para algumas finalidades porém não para ou tras Por exemplo plantas de engenharia e fotografias de identificação atendem a propósi tos diferentes dos de ensaios e memorandos Possuímos agora algumas idéias preliminares sobre representações externas do conheci mento Vamos considerar em seguida as representações internas do conhecimento Especifi camente como representamos em nossas mentes aquilo que conhecemos Possuímos cenários mentais imagens e narrativas mentais palavras Nos capítulos subsequentes sobre proces samento de informações e linguagem discutimos vários tipos de representações mentais sim bólicas Neste capítulo focalizamos as imagens mentais Capítulo7 Representação e Manipulação do Conhecimentona Memória Imagens e Proposições 229 Imagens Mentais Imagens constituem a representação mental de objetos e seres que não são percebidos pelo órgãos sensoriais Befírmann Kosslyn Jeannerod 1996 Thomas 2003 Freqüentemente possuímos imagens de objetos eventos ou ambientes Por exemplo recordése de uma de suas primeiras experiências em um campus universitário Quais foram algumas das visões sons e mesmo aromas que você sentiu naquela época Poderiam ter incluído grama cortada edifícios altos ou caminhos alinhados por árvores Essas sensações não se encontram disponíveis ime diatamente para você Porém assim mesmo você pode imaginálas Na realidade as imagens mentais podem representar objetos ou seresque nunca foram observadospor seussentidos em qualquer ocasião Por exemplo imagine como seria viajar pelo rio Amazonas Imagens men tais podem até representar coisasque simplesmentenão existem fora da mente da pessoaque cria a imagem Por exemplo imagine como você seria se tivesse um terceiro olho nó centro de sua testa Imagens podem envolverrepresentações mentais em qualquer das modalidadessensoriais como audição olfato ou paladar Imagine o som de um alarme de incêndio de sua canção fa vorita do hino nacional de seu país Imagine agora o odor de uma rosa de bacon frito ou de uma cebola Imagine finalmente o gosto de um limão de uma conserva ou de seu doce fa vorito Pelo menos hipoteticamente cada forma de representação mental está sujeita a inves tigação Os pesquisadores estudaram cada uma das representações sensoriais por exemplo IntonsPeterson 1992 IntonsPeterson Russell Dressel 1992 Reisberget ai 1989 Reisberg Wilson Smith 1991 Smith Reisberg Wilson 1992 Não obstante a maioria das pesquisas sobre imagens na Psicologia Cognitiva focalizou as imagens visuais Tais imagens incluem a representação mental do conhecimento visual como de objetos ou ambientes que não se encontram visíveis para os olhos presentemente Evidentemente pesquisadores são pessoas como todas as demais A maioria de nós possui maior consciência de imagens visuais do que de outras formas de imagens Quando alunos mantiveram um diário de suas imagens mentais relataram um número maior de imagens vi suais do que auditivas olfativas táteis ou do paladar Kosslyn et ai 1990 Usamos imagens visuais para resolver problemas e para responder a perguntas envolvendo objetos Kosslyn 1990Kosslyn Rabin 1999 Que fruta tem a cor vermelha maisescura uma cereja ou uma maçãQuantas janelas existem em sua casa ou apartamento Como você se locomove de sua residência para estar presente na primeira aula do dia Como você junta as peças de um quebracabeça ou as peças que compõem um motor um edifício ou um modelo De acordo com Kosslyn para resolver problemas ou responder a perguntas como essas visua lizamos os objetos em questão Ao procedermos desse modo representamos mentalmente as imagens Muitos psicólogos que estão fora do campo da PsicologiaCognitiva estão interessados nas aplicações das imagens mentais a outros campos da Psicologia Tais aplicações incluem o uso de técnicas orientadas por imagens para controlar a dor e tornar mais intensas as respostas imunológicàs e desse modo preservar a saúde Tais técnicas também ajudam a suplantar pro blemas psicológicos como fobias e outros transtornos de ansiedade Engenheiros projetistas bioquímicos físicos e muitos outros cientistas empregam imagens para pensar a respeito de várias estruturas e processos e para resolver problemas em seus campos de atuação Entre tanto nèm todos apresentam a mesma facilidade para criar e manipular imagens mentais As pesquisas em ambientes específicos e em laboratórios indicam que alguns de nós são mais ca pazesde criar imagens mentais do que outros Reisberg etai 1986 As pesquisas também in dicam que o uso de imagens mentais pode ajudar a melhorar a memória No caso de pessoas com síndrome de Down o uso de imagens mentais juntamente com uma história melhorou a memória dos fatos em comparação a simplesmente ouvir a história de Ia Iglesia Buceta Campos 2005 Kihara Yoshikawa 2001 230 Psicologia Cognitiva De que forma representamos precisamente as imagens em nossa mente De acordo com uma visão radical das imagens todas as imagens relativas a tudo que chegamos a perceber po dem estar armazenadas como cópias exatas de imagens físicas Em termos realistas armaze nar no cérebro toda imagem física observada parece impossível A capacidade do cérebro e as estruturas e processos usados pelo cérebro seriam inadequados para tal tarefa Kosslyn 1981 Kosslyn Pomerantz 1977 Observe o exemplo simples no primeiro box Investigando a Psi cologia Cognitiva Teoria do Código Dual Imagens Analógicas versus Símbolos De acordo com a Teoria do Código Dual usamos códigos imaginados e verbais para represen tar informações Paivio 1969 1971 Esses doiscódigos organizam as informações em conhe cimento sobre o qual podese agir armazenar de alguma forma e mesmo recuperar posteriormente para uso subsequente De acordo com Paivio as imagens mentais são códigos analógicos Códigos analógicos são uma forma de representação do conhecimento que pre serva as principais características perceptivas de tudo que estiver sendo representado para os estímulosfísicos que observamosem nosso ambiente Porexemploárvores e rios poderiam ser representados por códigos analógicos Do mesmo modo que o movimento dos ponteiros em um relógio analógico são analógicos à passagem do tempo as imagens mentais que formamos em nossas mentes são analógicas aos estímulos físicos que observamos INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Olhe para o seu rosto em um espelho Gire gradualmente sua cabeça do ponto mais à direita para verse fora do alcance da visão periférica es querda para o ponto mais à esquerda Agora incline sua cabeça para a frente o mais que puder e em seguida inclinea para trás o mais que puder Certifiquese de ainda estar vendo seu reflexo enquanto procede dessa maneira Agora faça algumas expressões diferentes talvez até con versando consigo mesmo para exagerar seus movimentos faciais De que modo você poderia possivelmente armazenar uma imagem móvel ou mesmo uma série de imagens distintas de sua face ou de outros objetos em rotação Em contraste de acordo com Paivio nossas representações mentais para palavras são re presentadas principalmente em um código simbólico Um código simbólico é uma forma de representação do conhecimento que foi escolhida arbitrariamente para significar algo e que não se parece perceptivamente com tudo que estiver sendo representado Da mesma maneira que um relógio digital usa símbolos arbitrários normalmente numerais para representar a passagem do tempo nossas mentes usam símbolos arbitrários para representar muitas idéias Um símbolo pode ser qualquer coisa designada arbitrariamente para significar algo diferente de si mesmo Por exemplo reconhecemos que o numerai 9 constitui um símbolo para o conceito da condição de 9 representando uma quantidade de nove de algo Porém nada a respeito do símbolo sugere de algum modo seu significado Conceitos como justiça e pazse riam representados simbolicamente Designamos arbitrariamente esse símbolo para repre sentar o conceito Porém9 possuisignificadosomente porque o utilizamospara representar um conceito mais profundo Paivio também obteve algumas provas empíricas para sua Teoria do Código Dual Eleob servou que as informações verbais parecem ser processadas diferentemente do que as basea das em imagens Por exemploem um estudo foi apresentado aos participantes uma seqüência Capítulo 7 Representação e Manipulação doConhecimento na Memória Imagens e Proposições 231 Para ter uma percepção intuitiva de como você pode usar cada um dos dois tipos de representação pense a respeito de como representa mental mente todos os fatos que você conhece sobre gatos Use sua definição mental da palavra gatoe todas as inferências que pode obter de sua ima gem mental de um gato Que tipo de representação é de mais auxílio para responder às seguintes perguntas A cauda de um gato é suficiente mente comprida para alcançar a ponta do nariz do gato caso ele a esteja estendendo em todo seu comprimento Gatos apreciam comer peixesAs patas traseiras e as dianteiras de um gato possuem exatamente o mesmo tamanho e formato Os gatos são mamíferosO que é maior o nariz ou o olho de um gato Que tipos de representação mental foram mais valio sos para responder a cada uma dessas perguntas INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA rápida de fotografias e umaseqüência de palavras Paivio 1969 Eles foram solicitados em se guida a recordarse das palavras ou das fotografias de uma entre duas maneiras Uma maneira era aleatóriae de tal modo que lembravamse do maior número possível independentemente da ordemem que os itenseram apresentados A outra era na seqüência corretaOs participan tes se lembravam mais facilmente das fotografias quando isso lhes era permitido em qualquer ordem Porém lembravamse mais prontamente da seqüência na qual as palavrasforamapre sentadas do que da seqüência das fotografias Outros pesquisadores também apoiaram a noção de que nossas mentes usam um sistema para representar informaçõesverbaise um sistemadiferente para representar informações de imagens Por exemplo assumiuse a hipótese de que a percepção visual real poderia interfe rir com imagens visuais simultâneas De modo similar a necessidade de produzir uma res posta verbal poderia interferir com a manipulação mental simultânea de palavras Uma investigação clássica testou essa noção Brooks 1968 Os participantes realizaram uma ta refa visual ou uma tarefa verbal A tarefa visual envolvia responder a perguntas que exigiam julgamentos sobre uma fotografia que era apresentada em um breve intervalo A tarefa ver bal envolvia responder a perguntas que exigiam julgamentos sobre uma sentença que era transmitida brevemente Os participantes davam suas respostasverbalmente dizendo sim ou não em voz alta visualmente apontando para uma resposta ou manualmente ba tendo de leve com uma mão para concordar e com a outra para discordar As duas condi ções de interferência eram uma tarefa visual exigindo uma resposta visual apontar e uma tarefa verbal requerendo uma resposta verbal A interferência era avaliada pela diminuição dos tempos de resposta Brooksconfirmou sua hipótese Os participantes realmente possuem tempos de resposta mais lentos ao realizara tarefa de imagens quando solicitados a respon der usando um display visual concorrente em comparação com quando estavam empre gando um meio de resposta que não interferia isto é verbal ou manual Seus participantes de modo similar demonstraram maior interferência no desempenho da tarefa verbal quando solicitados a responder usando unia forma de expressão verbal concorrente em comparação com o modo como desempenhavam quando respondiam manualmente ou usando um dis playvisualDessemodo uma respostaenvolvendopercepçãovisual pode interferircom uma tarefa envolvendo manipulação de uma imagem visual De modo análogouma respostaen volvendo expressão verbal pode interferir com uma tarefa envolvendo manipulações men tais de uma declaração verbal Estas constatações sugerem o uso de dois códigos distintos para a representação mental do conhecimento Os dois códigos são um imagético analó gico e um verbal simbólico 232 Psicologia Cognitiva NO LABORATÓRIO DE STEPHEN KOSSLYN Se perguntados a respeito do formato das ore lhas de Mickey Mouse a maioria das pessoas afirma que visualiza as orelhas do personagem do desenho animado e vê que elassão redondas As imagens mentais visuais baseiamse em ver com o olho da mente e são usadas nãoapenas para recordar informações sobre as quais uma pessoa não havia pensado previamente tal como o formato das orelhas daquele roedor mas também em várias formas de raciocínio Por exemplo ao considerar qual a melhor ma neira para colocar algumas mochilas malas e sacolas no portamalas de um carro você pode ria visualizar cada uma delas e ver a melhor maneira de acondicionálas no espaço e posicio nálas eficientemente tudo antes demover um dedo para colocar uma única bagagem no porta malas Meu laboratório tem estudado a natureza das imagens mentais visuaisdurante mais de três décadas e aprendemos muito Primeiro e princi palmente as imagens mentais visuais são muito similares à percepção visual que ocorre quando uma pessoa registra informações visuais isto é enquanto um conjunto de imagens e lembra um pouco ligar um aparelho de DVD e ver os resul tados na tela a percepção é mais como ver as informações de uma câmefa mostradasem uma tela porém isto é apenas uma metáfora não existe um homenzinho em sua cabeça olhando uma tela são apenas sinais sendo processados De fato quando solicitamos aos participantes para que classifiquem parte dos objetos visíveis porém esmaecidos e em outra parte do teste para que classifiquem partes dos objetos visuali zados mais de 90 das mesmas áreas cerebrais foram ativadas em comum Ganis Thompson Kosslyn 2004 No entanto tem permanecido uma con trovérsia a respeitode qual o nível mínimo em que a imagem entra no cérebro Especifica mente é a Área VI a primeira parte do córtex a registrar informações dos olhos também usa dosdurante asimagens visuais mentais Alguns estudos de neuroimagens constataram que essa área é ativada durante a visualização das ima gens porém outros estudos não fazem essa constatação Emuma metanálise considerando os resultados de mais de 50 desses estudos Kosslyn e Thompson 2003 descobriram que as variações dos resultados refletiam três fatores 1 se a tarefa exigia ver partes com resolução relativamente elevada por exemplo conforme é necessário no uso de imagens para classificar a forma das orelhas de um animal a partir da memória então a primeira área é ativada 2 se a tarefa é es pacial por exemplo conforme exigido para decidir em que braço a Esrárua da Liberdade segura a tocha a Área VI não é ativada mas partes do lobo parietal são e 3 se uma técnica por imagens mais precisa por exem plo usando um componente magnético mais poderoso no aparelho de ressonância mag nética então é mais provável que a ativação na Área VI sejadetectada No entanto os resultados de uma metanálise ocorrem ne cessariamente após o fato Portanto estamos testando agora diretamente as inferências obtidas dessa análise Além disso a fim de usar as imagens no raciocínio tais como colocar objetos no portamalas de um carro a pessoa precisa ser capaz de transformar a imagem girando os objetos que se encontram nela deslocan doos dobrandoos etc Descobrimos que existem diversas maneiras distintas pelas quais estes processos ocorrem Por exemplo você pode imaginar mover fisicamente os objetos nas imagens como no caso de torcê losmanualmente ou podeimaginar alguma força externa movendoos por exemplo ob servando um moror girálos No primeiro caso partes do cérebro usadas para controlar os movimentos reais são ativadas durante a existência das imagens mentais porém não quando o mesmo movimento é imaginado como resultado da atuação de uma força ex terna Kosslyn et ai 2001 Em resumo muitas questões sobre ima gens mentais que pertenciam anteriormente ao domínio da especulação podem ser estu dadas agora empiricamente e cada nova descoberta nos aproxima um pouco mais do conhecimento de como podemos ver coi sas que não estão lá Capítulo 7 Representação e Manipulação do Conhecimento naMemória Imagens e Proposições 233 NO LABORATÓRIO DE STEPHEN KOSSLYN continuação Referências Ganis G Thompson W L Kosslyn S M Brain áreas underlying visual mental imagery and visual perception an fMRI study Cognitive Brain Research 20 p 2262412004 Kosslyn S M Thompson W L When is earlyvisualcortex activated during visual mental imagery Psychológical Bulletiri Í29P72374612003 Kosslyn S MThompson W LWragaM Alpert N M 2001 Imagining rota tion by endogenous and èxogenous forces Distinct neural mechanisms for different strategies Neuroreport 12 p 25192525 Teoria Propositiva Nem todos concordam com a Teoria do Código Dual Uma teoria da representação do co nhecimento alternativa é denominada algumas vezes Teoria ConceitualPropositivaou simplesmente Teoria Propositiva Anderson Bower 1973 Pylyshyn 1973 1978 1981 1984 De acordo comessa visão não armazenamos representações mentais soba forma de imagens Nossas representações mentais denominadas algumas vezes linguagem mental parecem preferencialmente ser mais parecidas com a forma abstrata de uma proposição Uma propo sição é o significado subjacente a um relacionamento específico entre conceitos De acordo com essa visão as imagens são epienômenosfenômenos secundários que ocorrem comore sultado de outros processos cognitivos Anderson e Bower foram além desuaconceitualização original Nenhumdeles acredita atualmente na idéia dequeasproposições seencontram na base de todas as representações mentais No entanto outros como Pylyshyn ainda mantêm essa posição De que modo opera uma representação propositiva Considere um exemplo Para descre ver a Figura 71 avocê poderia dizer A mesa está acima do gato Você também poderia di zer O gato está debaixo da mesa Ambas afirmativas indicam a mesma relação que acima do gato encontrase a mesa Com um pouco de trabalho extra você provavelmente pode ria indicar 12 ou mais maneiras de representar verbalmente esse relacionamento Veja essa noção na Figura 71 a Evidentemente os teóricos dasimagens minimizariam essas explica ções Explicariam os fenômenos visuais principalmente em termos de imagens visuais e dos mecanismos neuropsicológicos que estão em sua base Farah 2000a 2000b Farah Ratcliff 1994 Hampson Marks Richardson 1990 Kosslyn 1994a 1994b Kosslyn Thompson 2000 Logie Denis 1991 Os lógicos criaram uma espécie de ferramenta denominada cálculo dos predicados para expressar o significado subjacente a um relacionamento Ele tenta eliminar as várias diferenças superficiais nas maneiras como descrevemos o significado mais profundo de uma proposição Relacionamento entre elementos Elemento subjetivo Elemento objetivo A expressão lógica paraa proposição na base da relação entreo gato e a mesa é apresen tado naFigura 71 c Evidentemente esta expressão lógica teria de ser traduzida pelo cérebro em um formato adequado à sua representação mental interna Usando Proposições Éfácil de ver por que o constructo hipotético de proposições é tão amplamente aceito entre psicológicos cognitivos As proposições podem ser usadas para descrever qualquer tipo de 234 Psicologia Cognitiva relacionamentoExemplos de relacionamentos incluem açõesde um tipo sobreoutro atribu tos de um objeto posições de um objetoclassificação de um objetoe assim por diante con forme mostrado no Quadro 71 Além disso qualquer número de proposições pode ser combinado pararepresentar relacionamentos imagens ou séries de palavras mais complexos Um exemploseria O camundongo peludo mordeuo gato que agoraestá se escondendo de baixo da mesa A idéia básica é que a forma proposicional de representação mental não existe em palavras ou em imagens E preferencialmente umaforma abstrata representando ossignificados subjacentes do conhecimento Portanto uma proposição para uma sentença não reteria as propriedades auditivas ou visuais das palavras Analogamente uma proposi ção para uma ilustração não reteria sua forma perceptiva exata Clark Chase 1972 De acordo com a visão propositiva Clark Chase 1972 ambas as imagens isto é do gatoe da mesa na Figura 71 a e asdeclarações verbais porexemplo na Figura 71 b são representadas mentalmenteem termos de seus significados profundos istoé são representa QUADRO 71 Representações Propositivas de Significados Subjacentes Podemosusarproposições para representar qualquer tipo de relacionamento incluindo ações atributos posições espaciais fazer parte de uma classe ou qualquer outro relacio namento concebível A possibilidade de combinação de proposições em relacionamentos representacionaispropositivos torna o uso de tais represenrações altamente flexível e amplamente aplicável Tipo de Relaciona mento Ações Atributos Posições espaciais Inclusão em uma classe Representação em Palavras Um camundongo mordeu um gato Camundongos são peludos Um gato está debaixo da mesa Um gato é um animal Representação Propositiva Morder ação camundongo agente da ação gato objeto característica da superfície externa peludo atributo camundongo objeto posição mais elevada verticalmente mesa gato classificação por categoria animal categoria gato membro Representação Imagética ft Neste quadro asproposições sàoexpressas deumaforma taquigráfica conhecida como cálculo dospredicados comu mente usada paraexpressar o significado subjacente Essa taquigrafia temporfinalidade únicadaralguma idéia de como o significado subjacente do conhecimento poderia ser representado Não seconsidera que essa forma é literalmente aquela emque osignificado érepresentado namente Em geral a forma taquigráfica derepresentação deproposições é a seguinte Relacionamento entreoselementos elemento sujeito elemento objeto Capítulo 7 Representação e Manipulação do Conhecimento na Memória Imagens e Proposições 235 das como proposições e nãocomo imagens oudeclarações específicas De acordo com a Teo ria Propositiva informações imagéticas e verbais são codificadas e armazenadas como proposições Em seguida quando desejamos recuperar as informações armazenadas a repre sentação propositiva é recuperada A partir dela nossas mentes recriam o código verbal ou imagético de modo relativamente preciso Algumas provas sugerem que essas representações não precisam ser exclusivas As pessoas parecem ser capazes de empregar ambos os tipos de representação para aumentar seu desem penhoem testes cognitivos Talasli 1990 Limitações Analógicas Algumas constatações indicam limites para a representação analógica de imagens Por exem plo olhe rapidamente a Figura 72 Em seguida afaste seu olhar A Figura 72 contém um paralelograma uma figura com quatro lados que possui dois pares de linhas paralelas de com primento igual Os participantes de um estudo olharam figuras como essa Tinham de deter minar se formas específicas por exemplo um paralelograma pertenciam ou não a uma dada figura completa conforme apresentado na Figura 72 Reed 1974 O desempenho geral foi um pouco melhor do que oacaso Os participantes pareciam incapazes de trazer à lembrança uma imagem mental analógica precisa Eles não conseguiam usar uma imagem mental para traçar as linhas a fim de determinar que formas componentes faziam ou não parte de uma figura completa Para Reed essas descobertas indicavam o uso de um código propositivo ao invés de um analógico Exemplos de um código propositivo seriam uma estrela de Davi ou dois triângulos sobrepostos um dos quais está invertido Outra explicação possível éque as pessoas possuem imagens mentais analógicas que são de algum modo imprecisas Existem limites adicionais à representação analógica Chambers Reisberg 1985 1992 Olhe agora aFigura 73 a Imagine ocoelho mostrado na figura Na realidade afigura repre sentada aqui é uma figura ambígua significando que pode ser interpretada de mais de uma maneira Figuras ambíguas muitas vezes são usadas em estudos de percepção Porém esses pesquisadores decidiram usar tais figuras para determinar se as representações mentais das FIGURA 72 Olhe rapidamente esta figura e em seguida cubraa com sua mão Imagine afigura que você acabou de ver Ela con tém um paralelograma De Cognition 3 ed de autoria de Margaret W Motim 1994 by Holt Rinehartand Winston Reproduzido mediante autorização da editora 236 Psicologia Cognitiva FIGURA 73 a Olhe atentamente ocoelho e em seguida cubrao com sua mão eorecrie em sua mente Você consegue ver um animal diferente nesta imagem apenas alterando mentalmente sua perspectiva b Que animal você observa nesta fi gura Crie uma imagem mental dessa figura e tente imaginar aparte frontal desse animal eaparte traseira de outro animal eaponta da cauda desse animal como aparte frontal de outro animal c Observe oanimal nesta figura e crie uma imagem mental do animal cubra afigura etente reinterpretar sua imagem mental como ade um ripo dife rente de animai ambos animais provavelmente estão voltados para amesma direção De D Çhambers eD Reisberg 1985 Can Mental Images be Ambiguous Journal ofExperimental Psychology Human Perception and Per formance 11 p 317328 J985 American Psychological Association Reproduzido mediante autorização b c Peterson M A Kihlstrom E Rose P M Glisky M L 1992 Mental images can be ambiguousRecons truais and referenceframe reversals Memory Cognition Memory Cognition 20 p 107123 Reproduzido mediante autorização da Psicionomic Society Inc imagens são verdadeiramente analógicas para as percepções deobjetos físicos Sem olharno vamente a figura você consegue determinar a interpretação alternativa da Figura 73 ai Quando os participantes do estudo de Çhambers e Reisberg enfrentaram dificuldades os pesquisadores deram indicações Entretanto mesmo os participantes com grandes aptidões de visualização muitas vezes foram incapazes de evocar a interpretação alternativa Finalmente os pesquisadores sugeriram aos participantes que se apoiassem na memó ria para traçar suas representações mentais das figuras Sem olhar novamente a figura es boce concisamente aFigura 73 acom base na representação mental que você possui dela Após você ter completado seu esboço tente ver mais uma vez se você pode encontrar uma interpretação alternativa da figura Se você for parecido com a maioria dos participantes no estudo da Çhambers e Reisberg somente após ter àsua frente um percepto objeto da percepção real da figura você consegue imaginar uma interpretação alternativa da figura Esses estudos indicam que as representações mentais das figuras não são as mesmas que os perceptos dessas figuras Caso você ainda não a tenha identificado a interpretação al ternativa do coelho é um pato Nesta interpretação as orelhas do coelho formam obico do pato Capítulo 7 Representação e Manipulação doConhecimento na Memória Imagens e Proposições 237 Uma interpretação das descobertas de Çhambers e Reisberg uma implausíyel é que não existe um código imagináriodescontínuo Uma explicação alternativa e maisplausível é que um código propositivo pode prevalecer sobre o código de imagens em algumas circuns tâncias isto é a interpretaçãOinicial da figura por um códigopropositivo pode prevalecer so bre o códigode imagens para a figura Um trabalho realizado muito anteriormente indicou que a informação semântica verbal porexemplo designação de figuras tende a distorcer a rememoração de imagens visuais na direção do significado das imagens Carmichael Hogan Walter 1932 Porexemplo para cada umadas figuras na coluna central da Figura 74 observe as interpretações alternativas para as figuras relembradas Baseie sua rememoração nas dife rentes designações atribuídas às figuras Limites Proposicionais Emcontraste com o trabalho que acabamos de discutir existemalgumas constataçõesde que as imagens mentais podem ser manipuladasdiretamente ao invésde por meio de um código propositivo Finke Pinker Farah 1989 Os participantesdesse estudo manipularam imagens mentais combinando duas imagens distintas para formar outra imagem mental totalmente diferente Essamanipulação de imagens mentais pode ser vista como uma experiência gestalt de imagens Na imagem combinadao conjuntodasduas imagens combinadasdiferia da soma de suas partes distintas O estudo mostrou que em algumas situações as imagens mentais podem ser combinadas eficazmente por exemplo a letra H e a letra X para criarimagens mentais Elas podem ser de forma geométrica por exemplo triângulos retângulos ou letras por exemplo M ou objetos por exemplo uma gravata borboleta Parece que os códigos proposicionais apresentam menorprobabilidade de influenciar os imagéticos quando os par ticipantes criam suas próprias imagens mentais ao invésde quando lhes é apresentada uma ilustração para ser representada No entanto os códigos propositivos podem influenciar os imagéticos Isto é especialmente possível quando a ilustração usada para criar uma imagem for ambígua comona Figura 73 a c ou um tanto abstrata comona Figura 72 Outros pesquisadores ampliaramo trabalho de Finke sobreconstrução de imagens men taisFinke Pinker Farah 1989 Eles apresentaramuma visãoalternativa para as descobertas deChambérs e Reisberg a respeito da manipulação dasfiguras ambíguas veja a Figura 73 a Peterson et ai 1992 Eles acreditam que a reinterpretação mental das figuras ambíguas en volve duas manipulações A primeira é um reaíinhamento mental da estrutura de referência Isto seria uma mudança na orientação das posições das figuras na página ou na tela men tal na qual a imagem é mostrada Na Figura 73 a o deslocamento seriada parte posterior do patoparaa parte frontal do coelhoe da partefrontal do patoparaa parte posterior do coelho A segunda manipulaçãoé uma reconstrução reinterpretação de partes da figura Istoseria o bicodo pato e as orelhasdo coelho Podeser improvável que os participantes manipulem ima gens mentais espontaneamente a fim de reinterpretar figuras ambíguas Porém taismanipula ções ocorrem quando os participantes são enquadrados no contexto correto Sob que condiçõesos participantes reinterpretam mentalmente sua imagem da figura pa tocoelhoveja a Figura 73 a e algumas figuras ambíguas Peterson etaí 1992 Algunsex perimentos diferiam em termos dos tiposdeindicações fornecidas Em termos da totalidade das experiências de 20 a 83 dos participantes foram capa zes de reinterpretar figuras ambíguas usando umaou mais das seguintes indicações 1 Indicação do eixo de referência implícito em que se apresentou aos participantes outra figura ambígua envolvendo o reaíinhamento doeixo de referência por exemplo vejaa Figura 73 ba cabeçade uma águiaa caudade um ganso è a caudade uma águiaa cabeça de um ganso 238 Psicologia Cognitiva FIGURA 74 Figura reproduzida T Designação verbal Cortinas em uma janela Sete Leme de navio Ampulheta Feijão Pinheiro W Arma J Dois Figuras de estímulo 8 Designação Figura verbal reproduzida Diamante em um retângulo Quatro Sol Mesa Canoa Pá Vassoura Oito 0 X O Designações semânticas influenciam semmargemde dúvida as imagens mentais conforme mostradas aquinos dife rentes desenhos deobjetos aosquais se atribuiu designações verbais semânticas Baseado emCarmichael Hogan Walter 1932 2 Indicação do eixo de referência explícito em que os participantes foram solicitados a modificar o eixo de referência considerando a parte de trás da cabeça do animal que já haviam visto como a parte frontal da cabeça de algum outro animal Peter son et aí 1992 p 111 considerado uma indicação conceituai ou a parte frontal do objeto que era vista como a parte posterior de algo diferente p 115 conside rado uma indicação abstrata 3 Indicação direcionada emqueos participantes eramorientados a prestaratenção em regiões da figura em que realinhamentos ou reconstruções deveriam ocorrer 4 Construções a partir de partes boas em que os participantes eram solicitados a elaborar uma imagem de partes consideradas como boas de acordo com critérios objetivos geométricos e empíricos concordância para interavaliaçãoj ao invés de partes consideradas como más de acordo com critérios similares Pode ocorrer além disso alguma reinterpretação espontânea de imagens mentais de fi gurasambíguas Istoé particularmentepossível para imagens de figuras que possam ser rein terpretadas sem reaíinhamento do eixo de referência Veja por exemplo a Figura73 c que Capítulo 7 Representação e Manipulação do Conhecimentona Memória Imagens e Proposições 239 pode ser um caramujo completo ou a cabeça de um elefante ou possivelmente um pássaro um capacete uma folha ou uma concha Os investigadores sugeriram em seguida que os processos envolvidos na construção e na manipulação de imagens mentais são similares àqueles envolvidos em processospercepti vos Peterson et aí 1992Um exemplo seria o reconhecimento de formas discutido no Ca pítulo 3 Nem todos concordam com essa visão Porém alguma aceitação de suas idéias ocorreu por parte de psicólogoscognitivos que afirmam que as imagens mentais e a percep ção visualsão equivalentes funcionalmente Neste caso equivalênciafuncional referese a in divíduos que usam aproximadamente as mesmas operações a fim de atender às mesmas finalidades para seus respectivos domínios Em termos geraiso peso das constatações parece indicar que existem códigos múltiplos ao invés de apenas um único código Entretanto a controvérsia continua Barsalou 1994 Manipulações Mentais de Imagens De acordo com a hipótese da equivalência funcional embora a imagem visual não seja idên tica à percepção visual é funcionalmente equivalente a ela isto é conforme Paivio indicou há muitas décadas embora não construamos imagens que sejam exatamente idênticas aos perceptos construímos efetivamente imagens com equivalência funcional aos perceptos Es tas imagens funcionalmente equivalentes são análogasaos perceptosfísicos que representam Esta visão possui muitos adeptos por exemplo Farah 1988b Finke 1989 JolicoeurKosslyn 1985a 1985b Rumelhart Norman 1988 Shepard Metzler 1971 Um pesquisador sugeriu alguns princípios relativos a como as imagens visuais podem ser funcionalmente equivalentes à percepção visual Finke 1989 Esses princípios podem ser usa dos como orientação para criar e avaliar pesquisas sobre imagens O Quadro 72 proporciona uma idéiade algumasdas perguntas que podem surgircom base nos princípios de Finke As provas de equivalência funcional podem ser vistas em estudos de neuroimagens Em um estudo os participantes viam ou imaginavam uma imagem Foi observada a ativação de áreas cerebrais similares em particular nas regiõesfrontal e parietal No entanto havia uma sobreposição nas áreas associadas com processossensoriais como visão Ganis Thompson Kosslyn 2004 A esquizofreniaoferece um exemplo interessante de similaridadesentre percepção e ima gem Muitas pessoas esquizofrênicas experimentam alucinações auditivas Estas alucinações são a experiência de ouvir que ocorre na ausência de estímulos auditivos reais Esseouvir é o resultado de material gerado internamente Observase que estes pacientes possuem difi culdade para discriminar entre diversos tipos de estímulos autoproduzidos e originados exter namente Blakemore et ai 2000 Provas obtidas por outros pesquisadores revelam que durante as alucinações auditivas ocorre uma ativação anormal do córtex auditivo Lennox et ai 2000 Adicionalmente a ativação de áreas do cérebro envolvidas com linguagem recep tiva é observada durante alucinações auditivas Ishü etai 2000 Em suma acreditaseque as alucinações auditivas ocorrem pelo menos em parte por causa de disfunções do sistema de imagens auditivas e de processos de percepção problemáticos Seal Aleman McGuire 2004 Estes desafios tornam difícil para as pessoas afetadas diferenciar entre imagens inter nas e a percepção de estímulos externos Rotações Mentais Fenômenos Básicos A rotação mental envolve transformar rotativamente a imagem mental visual de um objeto Takano Okubo 2003 Em uma experiência clássica os participantes foram solicitados a 240 Psicologia Cognitiva QUADRO 72 Princípios de Imagens Visuais Perguntas De acordo com a hipótese da equivalência funcional representamos e usamos imagens visuais de um modo funcionalmente equivalente àquele dos perceptos físicos Ronald Finke propôs diversos princípios de imagens visuais que podem ser usados para orientar as pesquisas e a teoria do desenvolvimento Princípio Perguntas Possíveis Geradas pelos Princípios 1 Nossas transformações mentais de imagens e nossos movimentos mentais pelas imagens correspondem a transformações e movimentos similares de objetos e perceptos físicos Nossas imagens mentais seguem as mesmas regras de movimento e espaço que são observadas em perceptos físicos Por exemplo leva mais tempo para manipular uma imagem mental em um ângulo de rotação maior do que em um menor Leva mais tempo para observar uma grande distância em uma imagem mental do que uma pequena distância 2 As relações espaciais entre elementos de uma imagem visual são análogas àquelas relações no espaço físico real As características das imagens visuais são análogas às características dos petceptos Por exemplo é mais fácil ver os detalhes de imagens visuaisgrandes do que de pequenas 3 Imagens mentais podem ser usadas para gerar informações que não foram armazenadas explicitamente durante a codificação Após os patticipantes terem sido solicitados a formar uma imagem mental eles conseguem responder a perguntas que requerem a inferência de informações baseadas em imagens que não foram codificadasespecificamente na ocasião em que criaram a imagem Por exemplo suponha que os participantes sejam solicitados a imaginar um tênis Eles conseguem responder postetiotmente a perguntas do tipo Quantos ilhoses existem no tênis 4 A construção de imagens mentais é análoga à construção de figuras perceptíveis visualmente Leva mais tempo mentalmente para construir uma imagem mental complexa do que uma mais simples Leva mais tempo para construir uma imagem mental de uma imagem maior do que de uma menor 5 A imagem visual é funcionalmente equivalente à percepção visual em termos de processos do sistema visual usado para cada uma delas As mesmas regiões do cérebro envolvidas na manipulação de imagens mentais encontramse envolvidas na manipulação de perceptos visuais Por exemplo áreas similares do cérebro são ativadas na manipulação mental de uma imagem em comparação com aquelas envolvidas quando ocorre a manipulação física de um objeto observar pares de ilustrações bidimensionais 2D mostrando formas geométricas tridimensio nais 3D Figura 75 Shepard Metzler 1971 Conforme a figura mostra as formas foram giradas de O9 a 1802 A rotação foi no plano da ilustração isto é no espaço 2D como na Fi gura 75 a ou em profundidade isto é no espaço 3D como na Figura 75 b Essas não eram rotações dos estímulos originais como na Figura 75 c Os participantes foram solicitados a seguir a dizer se uma dada imagem era ou não uma rotação do estímulo original Para cada aumento do grau de rotação das figuras houve um aumento correspondente dos tempos de resposta Além disso não ocorreu uma diferença significativa entre rotações no plano da ilustração e nas rotações em profundidade Estas descobertas são funcional mente equivalentes àquilo que poderíamos esperar se os participantes girassem objetos físi cos no espaço Girar maiores objetos emângulos de rotação leva mais tempo Faz pouca Capítulo 7 Representação e Manipulação doConhecimento na Memória Imagens e Proposições 241 FIGURA 75 a CD b c Paraqual desses pares de figuras afigura à direita mostra uma rotação adequada da figura à esquerda Reproduzido mediante autorização deMental Rotation por R Shepard e Metzler Science 171 3972 p 701703 1971 American Association for the Advancement of Science diferença se os objetos sãogirados em sentidohorário antihorárioou na rerceira dimensão da profundidade A descoberta de uma relação entre o grau derotação angular e o tempo de reação foi reproduzida algumas vezes com uma variedade deestímulos por exemplo Jordan Huntsman 1990 Van Selst Jolicoeur 1994 veja também Tarr 1999 Parafazer uma tentativa com rotações mentaisfaçasozinho a demonstraçãodo box In vestigando a Psicologia Cognitiva baseada em Hinton 1979 Outrospesquisadores provaram essas descobertas originais em outros estudos de rotação mental Por exemplo constataram resultados similares em rotações de figuras em 2D como letras do alfabeto Jordan Huntsman 1990 cubos Just Carpenter 1985 e partesdo corpo humano particularmente as mãos Fiorio Tinazzi Aglioti 2006 Fiorio etai 2007 Funk Brugger Wilkening 2005 Além disso os tempos de resposta são maiores para estímulos de gradados estímulos que são indistintos incompletos ou sob outros aspectos menos infor mativos Duncan Bourg 1983 do que estímulos preservados Os tempos de resposta também são maiores para itens complexos em comparação a itens simples BethellFox Sheppard 1988 e parafiguras desconhecidas comparadas comconhecidas Jolicoeur Snow 242 Psicologia Cognitiva INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Imagine um cubo flutuando no espaço em frente a você Agora apanhe mentalmente a aresta inferior frontal do cubo com sua mão esquerda Apanhe também a aresta superior posterior com sua mão direita Enquanto segura mentalmente essas arestas gire o cubo para que a aresta em sua mão esquerda fique diretamente abaixo da aresta em sua mão direita como se fosse formar um eixo vertical em torno do qual o cubo giraria Quantas arestas do cubo imaginário encontramse no meio isto é não sendo seguradas por suas mãos Descreva as posições das arestas Murray 1987 Adultos com mais idade apresentam maiordificuldade com essa tarefado que os adultos jovens Band Kok 2000 Os benefícios da maiorfamiliaridade também podemconduziraosefeitos daprática me lhorias de desempenho associadas à maiorprática Quando os participantes possuem prática na rotação mental de figuras específicas aumentando sua familiaridade seu desempenho melhora BethellFox Shepard 1988 Esta melhora entretanto parece não se transferir para tarefas de rotação envolvendo figuras novas Jolicoeur 1985 Wiedenbauer Schmid JansenOsmann 2007 Porexemplo poucaspessoas possuem muita experiênciacom rotação de cubosgeométricos reais Portanto na demonstraçãocom o cubo mental a maioriadas pes soas imagina que existem quatro arestas remanescentes de cubo sendo seguradas pelas duas arestas em suas mãos Elas imaginam também que todas as quatro arestas se encontram ali nhadas em um plano horizontal paraleloao solo Na realidadepermanecem seisarestasSo mente duas arestas encontramse alinhadas em um determinado plano horizontal paralelo ao solo em qualquer ocasião Tente vocêmesmo usandoqualquercubo não imaginário que você possa localizar O trabalho de Shepard e de outros sobre rotação mental propor ciona um elo direto entre pesquisaem Psicologia Cognitiva e pesquisa sobre inteligência Os tipos de problemas estudados por Shepard e seus colegas são muito similares aos problemas que podem ser encontrados em testes psicométricos convencionais de capacidade espacial Por exemplo o teste de Capacidades Mentais Básicas criado por Louis Thurstone e Thelma Thurstone 1962 requer a rotação mental de dois objetos apresentados em duas dimensões no plano contendo as ilustrações Problemas similares aparecem em outros testes O traba lho de Shepard aponta para uma contribuição importante da pesquisa cognitiva direcionada ao nosso conhecimento da inteligência Esta contribuição é a identificação das representações mentais e dos pro cessoscognitivos na base das adaptações ao ambiente e no final a in teligência humana Roger N Shepardé profes soremérito dacátedra Ly man Wilbur na Universi dadede Stanford Shepard é maisconhecido porseu trabalho seminal relativo ao estudo de imagens mentais bemcomoporseusestudos sobre graduação multidi mensional pelo estabe lecimento dasleis gerais da cognição e pelopensamento visualem geral Foto Cortesia de Roger N Shepard Constatações Neuropsicológicos Existe alguma prova fisiológica da rotação mental Os pesquisadores muitas vezes são incapazes de estudar diretamente a atividade cerebral associadaa diversos processos cognitivos no cérebro vivo de um ser hu mano Algumas vezes podemos conhecer esses processos estudando os cérebros de primatas animaiscujos processos cerebrais parecemsermais análogos aos nossos Os pesquisadores usando registros de uma única célula no córtex motor de macacos descobriram algumas evidências Capítulo 7 Representação e Manipulação doConhecimento na Memória Imagens e Proposições 243 fisiológicas das rotações mentaisfeitas pelos macacos Georgopoulos etai 1989 Cada ma cacohaviasidotreinadoparamover fisicamente umaalavancaemumadireção perpendicular e em sentido antihorário a uma luz Esta luzfoi usada como um ponto de referência Onde a luzaparecesse os macacosdeveriam usar esse ponto como referência para a perpendicularà alavanca e à sua rotação física em sentido antihorário Durante essas rotações físicas foi gravada a atividade cortical do macaco Posteriormente na ausência da alavanca a luz foi apresentada novamente em várias localizações A atividade cortical foi gravada novamente Duranteessas apresentações a atividade no córtexmotorindicouumpadrãointeressante As mesmas células corticais individuais tendiam a responder como se os macacos previssem os movimentos das rotações específicas associadas a determinadas localizações da luz Outro estudo que examinou a rotação mental indica que o córtex motor é ativado durante essa tarefa As áreas associadas ao movimento da mão foram particularmente ativas durante a tarefa derotação mental Eisenegger HerwigJancke 2007 Descobertas preliminaresbaseadas em pesquisas com primatas indicam que áreasdo cór tex cerebral possuem mapeamentos que parecem com configurações espaciais de receptores visuais em 2D na retina do olho vejaKosslyn 1994b Esses mapeamentos podem ser consi derados como relativamente descritivos Cohen et ai 1996 Kosslyn et ai 1995 Talvez se essas mesmas regiões de córtex forem ativadasem sereshumanos durante tarefas envolvendo imagens mentais estas possam ser similarmentedescritas na representação O maior número atual de técnicas para obtenção de imagens do cérebrotêm permitido aos pesquisadores con seguir imagens da atividade cerebral humana de modo nãoinvasivo para estudar tais espe culações Porexemplo emumestudode imagens obtidasporressonância magnética funcional RMfos pesquisadores descobriram que as mesmas áreas do cérebro envolvidas na percep ção também se encontram envolvidas nas tarefasde rotação mental Cohen etai 1996 veja também Kosslyn Sussman 1995 Desse modo imagens e percepção não são apenas funcio nalmente equivalentesnos estudospsicológicos mas técnicas neuropsicológicas confirmama equivalência demonstrando atividade cerebral sobreposta No entanto imagens mentais en volvem os mesmos mecanismos dos processos de memória Em caso afirmativo a hipóteseda equivalência funcional de percepçãoperderiaalgum terreno Se as imagens sãoequivalentes funcionalmente a tudo então na realidade são equivalentes a nada Uma análise cuidadosa cita muitosestudos psicológicos que identificam diferenças entre imagens humanas e tarefas de memória Georgopoulos Pellizzer 1995 Adicionalmente essaanálise cobreestudosde re gistro de uma única célula envolvendo primatas realizando tarefas analógicas para constatar a distinção entre imagens e memória Em resumo existem provas convergentes de estudos tradicionais e neuropsicológicos que apoiam a hipótese da equivalência funcional entre per cepção e imagens mentais Trabalhosneuropsicológicos adicionais serãodiscutidos posterior mente no capítulo A rotação mental tem sidoestudada extensivamente alémde sua aplicação às teorias da imagem Alguns estudos ressaltaram uma vantagem do sexo masculino em relação ao femi nino nas tarefas de rotação mental De Lisi Cammarano 1996 Richardson 1994 Roberts Bell 2000a2000b 2003 Alguns pesquisadores especularam que essavantagem tem dimi nuído desdeque foiobservadapela primeiravez Algumasoutras características interessantes desse efeito foram identificadas Primeiro em crianças com pouca idade não existediferença de gênero em termos de desempenho ou de ativação neurológica Roberts Bell 2000a 2000b Segundo pareceexistirdiferenças entre homense mulheres na ativação das regiões parietais nas mulheres que completam uma tarefade rotaçãomental em comparação comos homens quecompletam a mesma tarefa Thomsen etai 2000 Roberts Bell 2000a 2000b Considerase que esta descobertasignifica que nas mulheresas tarefasespaciais envolvem am bos os lados do cérebro ao passo que nos homenso lado direito domina essa função Blake 244 Psicologia Cognitiva McKenzie Hamm 2002 Considerase que as diferenças na ativação do cérebro também sig nificam que homens e mulheres usam estratégias diferentes para resolver problemas de rota ção mental Jordan etai 2002 Finalmente o treinamentofaz comqúéa diferençadegênero diminuaou mesmo desapareça Bosco Longoni Vecchi 2004 Kass Ahlers Dugger 1998 Roberts Bell 2000a 2000b Gradação de Imagens A idéia básica subjacente às pesquisas sobre tamanho e gradação da imagem é que represen tamos e usamos imagens mentais de um modo que seja equivalente funcionalmente às nossas representações e usos de perceptosPor exemplo na percepção visual existem limitações quanto à resolução nossa capacidade para distinguir elementos individuais como partes de um objeto ou objetos adjacentes fisicamenteTambém podem existirlimites em relação à clareza com que percebemos detalhes naquiloque observamos Em geral ver detalhes carac terísticos de objetosgrandes émais fácil do que ver tais detalhes de objetos pequenos Res pondemos mais rapidamente às perguntas sobre objetos grandes que observamos do que às perguntas sobre objetos pequenos Portanto se a representação por imagens é equivalente funcionalmente à percepção os participantes também devem responder mais rapidamente às perguntas sobre características de objetos grandes imagináveis do que às perguntas sobre ob jetos pequenos imagináveis Entretanto o que acontece quando focalizamos os objetos mais de perto para perceber detalhes característicos Mais cedo ou mais tarde alcançamos um pontono qual não conse guimos ver o objeto inteiro Precisamosdeixar de focalizálo em detalhe para ver o objeto in teiro uma vez maisVeja Investigando a Psicologia Cognitiva para observar a focalização percéptiva INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Localize uma estante grande do chão ao teto se possívelcaso contrário observe o conteúdo de um refrigerador grande com a porta aberta Permaneça o mais próximo possível da estante aomesmo tempo em que consegue uma visão integral dela Leia agora as palavras com as menores letras no menor livro da estante Sem desviar seu olhar você ainda consegue ver toda a estante Você consegue ler o título do livro mais distante daquele rio qual você está focalizandosua percepção Pesquisadores conseguem controlar com facilidade as dimensões dos perceptos na pes quisa percéptiva No entanto para pesquisa do tamanho da imagem é mais difícil controlar as dimensões das imagens mentais das pessoas Como sei que a imagemdo elefante èm mi nha cabeçapossui o mesmo tamanho que a imagem do elefanteem süacabeça Existem al gumas maneiraspara resolver esse problema Kosslyn 1975 Uma dasmaneiras consiste em usarò tamanho relativo comoum meio para manipular o tamanho da imagem Kosslyn 1975 Os participantes imaginam especificamente quatro pa res diferentes de animais ura elefante e um coelho um coelho e uma mosca um coelho e um elefante com o tamanho de uma mosca e finalmente um coelho e uma mosca com o ta manho de um elefante Os participantes respondem a perguntas específicas sobre as caracte rísticas do coelho e o tempo de suasrespostas é cronometrado Em tal situação leva mais tempo para descrever os detalhes dos objetos maiores isto é demora mais para responder a coelhosformando par com elefantes ou com elefantes de tamanho de moscas do que para Capítulo 7 Representação e Manipulação do Conhecimento naMemória Imagens e Proposições 245 responder a coelhos formando par com moscas ou elefantes do tamanhode moscas Consi dereuma metáfora para explicar estefenômeno Kosslyn 1983 Imagine quecadaum de nós possui uma telamental paraimagens visuais A resolução de nossa telaé mais altae mais de talhada para objetos que ocupam uma área maior da tela mental do que para objetos ocu pando uma área menor Kosslyn Koenig 1992 Em outro estudo perguntouse a crianças da Ia e da 4ã séries e a alunos adultos de fa culdade sedeterminados animaispodiamsercaracterizados como possuidores de vários atri butos físicos Kosslyn 1976 Exemplos seriam Um gato possui patas e Um gato possui uma cabeça Em uma condição osparticipantes foram solicitados a visualizar cada animal Deveriam usar esta imagem mental pararesponder àsperguntas Na outracondição não fo ram solicitados a usar imagens mentais Presumiuse que usaram conhecimento verbalpro positivo para responder às perguntas verbais Na condição de imagens todos os participantes responderam mais rapidamente às per guntas sobre atributos físicos maiores doque àsperguntas sobre os menores Por exemplo se ria possível perguntar a respeito dacabeça deumgato maior e as patas deumgato menores Foram obtidos resultados diferentes na condição sem imagens Nesta condiçãoos alunos do 4eano e osadultos responderam maisrapidamente àsperguntas sobre asdiferenças da carac terística do animal Porexemplo responderam mais rapidamente às perguntas sobre a possi bilidade de gatos terem patas que são distintas do que às perguntas a respeito dos gatos possuírem cabeças que nãosão particularmente distintas somente para os gatos A dimen são física das características não exerceu qualquer efeito no desempenho da condição sem imagens para alunos da 4 série ou paraos adultos Emcontraste osalunosdo l9 ano responderam constantemente e com maisrapidez a res peito dos atributos maiores Eles procederam desse modo nas condições com e sem imagens Muitas dessas crianças com menos idade indicaram que usavam imagens mesmo quando não eram instruídas a fazêlo Além disso em ambas as condições os adultos responderam mais rapidamente do queascrianças Entretanto a diferença foi muito maior paraa condição sem imagens do que para a condição com imagens Essas descobertas confirmam a hipótese de equivalência funcional A razão é que a dimensão física influencia a capacidade de resolução percéptiva As descobertas também confirmam a visão do código dual emdois aspectos Pri meiro para adultos commais idade asrespostas baseadas no uso de imagens um código ima gético diferiram das respostas baseadas em proposições um código simbólico Segundo o desenvolvimento do conhecimento e da capacidade propositivos não ocorre no mesmo ritmo queo desenvolvimento do conhecimento e da capacidade imagéticos A distinção no ritmode desenvolvimento de cada forma de representação também parece confirmar a noção de dois códigos distintos proposta por Paivio Escaneamento de Imagens Kosslyn obteve apoio adicional para o uso da representação imagética em seus estudos envol vendo exame por imagens A idéia fundamental na base da pesquisa de escaneamento de imagens é que estas podem ser observadas de modo muito parecido como os perceptos físicos podem ser observados Além disso esperase que nossas estratégias e respostas para o exame porimagens sejam equivalentes funcionalmente àquelas que usamos para observação percép tiva Uma maneira para testara equivalência funcional da observação por imagens consiste emobservar alguns aspectos do desempenho durante a observação percéptiva Comparase em seguida este desempenho com aquele durante o exame por imagens Por exemplo na percepção examinar distâncias maiores requer mais tempo doque exa minar distâncias menores Denis Kosslyn 1999 Emumadas experiências de Kosslyn mos trouse aos participantes uma ilha imaginária que você pode ver naFigura 77 Kosslyn Bali Reiser 1978 O mapa mostra vários objetos na ilha como uma cabana uma árvore e um 246 Psicologia Cognitiva INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA FIGURA 76 Olhe o coelho e a mosca na Figura 76 Feche seusolhos e imagineos em sua mente Olhe agora a imagem somente da mosca e determine a forma exata que sua cabeça possuiVocê observa que tem de dedicar um tempo para olhar detidamente a fim de ver as características específicas da mosca Se você é como a maior parte das pessoas tem capacidade paraconcentraro foco emsuas imagens mentaisparadar às características ou aos objetos uma área maior de sua tela mental muito parecidocom o modo como você poderia moverse fisicamente em direção a um objeto que desejasse observar mais de perto Olhe agora o coelho e o elefante e imagine ambos em sua mente Feche seusolhos em seguida e olhe o elefante Imagine caminhar em direção ao animal observandoo à medidaque fica mais próximode você Você constata que surge um ponto em que você não consegue mais ver o coelho ou mesmo todo o elefante Se você for como a maioriadas pessoas descobrirá que a imagem do elefante parecerá ficar além da dimensãodo espaçode sua imagem Paraver todo o elefante você provavelmente terá de ajustar o foco mentalmente mais uma vez Wfl íJwVit Stephen Kosslyn 1983 solicitou aos participantes que imaginassem um coelho e uma mosca para observar o direcio namento do foco afim de ver detalhes ou um coelho e um elefante para observar se o direcionamento do foco pode resultar em um transbordamento visível doespaço daimagem lago Os participantes estudaramo mapa até poderem reproduzilo precisamente com auxí lio da memória Neste ponto eles indicaram a localização de cada um dos seis objetos no mapaem uma distância máximade 0625 centímetro de sua localização correta A fase crí tica iniciou apósa fase de memorização da experiência ser completada Os participantes foram instruídos para que ao ouvirem o nome de um objeto que lhes fosse lido deveriam imaginar o mapa Precisariam em seguida examinardiretamenteem sua mente o objeto mencionado Deveriam finalmente pressionar uma tecla logo que chegassem Capítulo 7 Representação e Manipulação doConhecimento na Memória Imagens e Proposições 247 FIGURA 77 Stephen Kosslyn e seus colegas usaram o mapa deuma ilha imaginária com vários marcos afim de determinar seo exame mental da imagem deum mapa era equivalente funcionalmente aoexame perceptivo deum mapa percebido na localização do objeto indicado Um experimentador leria aos participantes em seguida o nomede um primeiro objeto Cinco segundos depois o experimentador leriaparaos partici pantes o nome de umsegundo objeto Os participantes deveriam entãoexaminar mental mente de novo paraatingir a localização adequada Pressionavam então uni botão quando encontrassem o objeto Este procedimento era repetido algumas vezes Os participantes em cada caso deslocavamse mentalmente entre vários pares de objetos em tentativas sucessivas O experimentador acompanhava os tempos de resposta dos participantes em cada tentativa Esses temposde resposta indicavamo tempo decorridopara os participantesexaminarem um objetoe depois outro A descoberta importantefoi uma relação linearquase perfeita entre as distâncias queseparavam pares deobjetos sucessivos no mapa mental e a duração do tempo decorrido até que os participantes pressionassem o botão Em outraspalavras os participantes parecem ter codificado o mapana forma de umáimagem Eles na realidade examinavam esta imagemconforme tornavase necessário para uma resposta Descobertas confirmando um código imagético foram feitas em diversos outros domí nios Por exemplo o mesmo padrão de resultados foi obtido parao exame deobjetos emtrês dimensões Pinker 1980 Especificamente os participantes observaram e em seguida re presentaram mentalmente umconjuntode objetos em 3D brinquedos suspensos em uma caixa aberta Passaram a examinar em seguida cada um dos objetos Negligência da Representação Provas adicionais da similaridade entre percepção e imagens mentais podem ser observadas em casos denegligência darepresentação Muitos pacientes que sofrem denegligência espacial 248 PsicologiaCognitiva vejao Capítulo 4 também sofremde um transtorno relacionadoNa negligênciada represen tação a pessoaé solicitadaa imaginar uma cena e descrevêla em seguida Neste caso a infor mação que estaria no campo visual direito é descrita integralmente porém a informação que estaria no esquerdoé desprezada Embora esses dois tipos de negligênciamuitas vezes ocorram juntos também podem existir de forma independente Peru e Zapparoli 1999 descrevem o caso de uma mulher que não apresentava indicação de negligênciaespacialenquanto se esfor çava com tarefasque exigiam a criação de uma imagem mental Em outro conjunto de estudos uma formação era descrita a pacientes que sofriam de negligência da representação Quando os pacientes deveriam se lembrar da formação não conseguiam descrever a porção esquerda Logie et ai 2005 De modo similar quando se apresenta uma imagem aos participantes com negligência da representação eles conse guem descrever toda a imagem No entanto quando a imagem é removida e são solicita dos a descrever de memória a imagem não conseguem descrever a porção esquerda Denis et ai 2002 A negligência de representação nas cenas somente encontrase presente quando existe um ponto de vantagem Rode etai 2004 Por exemplo se uma pessoacom negligênciada representação fosse solicitada a descrever sua cozinha ela o faria de modo preciso No en tanto caso se solicitasse à mesma pessoa para descrevera cozinha a partir do refrigerador elademonstraria negligência Éprovável que exista conhecimento completo dacena porém algumas vezes não é acessível quando o paciente gera uma imagem mental Sintetizando Imagens e Proposições Discutimos neste capítulo duas visões opostas da representação do conhecimento Uma é a Teoria do Código Dual a qual indica que o conhecimento é representadoem imagens e em símbolos A segunda é uma Teoria Propositiva indicandoque o conhecimentoé represen tado somente por proposições subjacentes e não em forma de imagens ou de palavras e de outros símbolos Antes de considerarmos algumas síntesespropostas para as duas hipóteses vamos analisar as descobertas descritas até agora Fazemos isto à luzdos princípios de imagens visuais da Finke Quadro 73 Na discussão até este ponto examinamos os três primeiros critérios da Finke para representações imagéticas As imagens mentais parecem ser sob mui tos aspectos equivalentes funcionalmente à percepção Esta conclusão se baseia em estudos de rotações mentais gradação da imagem dimensão e escaneamento da imagem No en tanto estudos envolvendo figuras ambíguas e manipulações mentais desconhecidas indicam que existem limites para a analogia entre percepção e imagens Epifenômenos e Características de Demanda Embora pareça serumaboaprova paraa existência de imagens propositivas e mentais Kosslyn 1994a 1994b o debate não está encerrado Talvez alguns dos resultados constatados em pesquisas de imagens poderiam ser o resultado de características de demanda IntonsPeter son 1983 Nesta visão as expectativas dos pesquisadores relativas ao desempenho dos parti cipantes em uma determinada tarefa criam uma expectativa implícita para os participantes terem desempenho conforme o esperado IntonsPeterson 1983 manipulou as expectativas dosexperimentadores ao sugerir a um grupode pesquisadores que o desempenho de uma tarefaseriamelhorparaas tarefas percep tivas do que para as imagéticas Ela indicou o resultado oposto a um segundogrupo de ex perimentadores e descobriu que as expectativas dos pesquisadores realmente influenciaram as respostasdos participantes em três tarefas escaneamento de imagens rotações mentais e Capítulo 7 Representação e Manipulação do Conhecimento naMemória Imagens e Proposições 249 QUADRO 73 Princípios de Imagens Visuais Descobertas Comqueprecisão osestudos relatados nestecapítulo satisfazem aos critérios sugeridos pelos princípios de imagens visuais propostos por RonaldFinke Princípio 1 Nossas transformações mentais de imagens e nossos movimentos mentais pelas imagens correspondem a transformações e movimentos similares de objetos e perceptos físicos 2 As relações espaciais entre os elementos de uma imagem visual são análogas àquelasrelações no espaçofísico real 3 Imagens mentais podemser usadas para gerar informações que não se encontravam armazenadas explicitamente durante a codificação Perguntas Possíveis Geradas pelos Princípios As rotações mentais geralmente obedecemàs mesmas leis de movimento e espaço observadas em perceptos físicos por exemplo Shepard Metler 1971 chegando a demonstrar diminuição de desempenho associada a estímulos degradados Duncan Bourg 1983veja também o Capítulo 3 para comparações com estímulosperceptivos No entanto parece que para algumas imagens mentais as rotaçõesmentais de objetos imaginados não representam integrale precisamentea rotação física dos objetos percebidos por exemplo Hinton 1979portanto algumas representações de conhecimento não associado a imagens ou estratégias cognitivasparecemexercer influênciaem algumassituações No exame por imagens decorre mais tempo para observar uma grande distancia em uma imagem mental do que uma distância menor Kosslyn BaliReiser 1978 Pareceque as manipulações cognitivasde imagens mentais são análogasàs manipulações dos perceptosnos estudos envolvendo a dimensão da imagemConforme ocorre na percepção visual existem limites paraa resolução dos detalhes que caracterizam uma imagem bem como limites quanto à dimensãodo espaçoda imagem análogoao campo visual que podemser observados a qualquertempo Para observardetalhes de objetos individuais ou de partesde objetos um tamanho ou um número menor de objetos ou partesde objetos podeserobservado e viceversa Kosslyn 1975 Em um trabalho relacionado Kosslyn 1976 parece ser mais fácil ver os detalhes de imagens mentais maiores por exemploa cabeça de um gato do que menores por exemplo as patas de um gato Parece também que do mesmo modo que percebemos a proximidade física de objetos que se encontram mais próximos no espaço físico também imaginamos a proximidade de imagens mentais em nosso espaço imagéticomental Kosslyn Bali Reiser 1978 Após ter sidosolicitado aosparticipantes para formaruma imagem mentalelesconseguem responder a alguns tiposde perguntasque exigeminferènciade informações o que não se encontrava codificado especificamente na ocasião em que criarama imagem Os estudosde Reed 1974 e de Çhambers e Reisberg 1985 sugerem que as representações propositivas podem desempenhar um papel osestudos de Finke 1989 e de Peterson et ai 1992 indicam que as representações imagéticas algumas vezes sãosuficientes para fazer inferências continua 250 Psicologia Cognitiva QUADRO 73 Princípios de Imagens Visuais Descobertas continuação Princípio Perguntas Possíveis Geradas pelos Princípios 4 A construção de imagens mentais é análoga à construção de figutas perceptíveis visualmente Estudosde pessoasque sempre foram cegas indicam que as imagens mentais na forma de arranjos espaciais podem ser construídas a partir de informações táteis ao invés de visuais Com base nas descobertas relacionadas a mapas cognitivos por exemplo Hirtle Mascolo 1986 Saarinen 1987b Stevens Coupe 1978Tversky 1981 parece que as representações propositiva e imagética do conhecimento influenciam a construção de arranjos espaciais 5 Imagens visuais são equivalentes funcionalmente à percepção visual em termos dos processos do sistema visual usado para cada uma Parece que algumas das mesmas regiõesdo cérebro que estão envolvidas na manipulação dos perceptos visuais podem estar envolvidas na manipulação de imagens mentais veja por exemplo Farah et ai 1988a 1988b mas também parece que as imagens espaciais e mentais podem ser representadas diferentemente no cérebro outra tarefacomparandoo desempenho perceptivo com o imagético Quando osexperimen tadores esperavam que o desempenho imagético fosse melhor que o perceptivo os partici pantes respondiam de modo correspondente e viceversa O resultado ocorreu quando os pesquisadores não se encontravam presentesenquanto os participantes respondiame quando as indicações eram apresentadas por meio de um computador Desse modo os participantes experimentais que executam tarefas de visualização podem estar respondendo em parte às características das exigências da tarefa Estas características resultam das expectativas dos experimentadores referentes aos resultados Outros investigadores responderam Jolicouer Kosslyn 1985a 1985b Em um conjunto de experiências os pesquisadores modificaram o procedimento para a tarefa Eles omitiram integralmente todas as instruções para escaneamento da imagem mental Adicionalmente perguntas que envolviam respostas exigindo exame de imagens foram intercaladas com per guntas que não exigiam qualquer exame de imagens Mesmoquando o escaneamento de ima gensnão era umaexigênciada tarefaimplícita as respostas dosparticipantesainda indicavam que as imagens mentais eram examinadas de maneira análoga ao exame perceptivo Em outro conjunto de experiências Jolicouere Kosslyn levaram os experimentadores a esperarum padrão de respostas que diferia daquele análogo parao exame perceptivo Os pes quisadores foram levados a esperar especificamente que o padrão de respostas mostraria uma curva emforma de U ao invés de uma função linear Também neste estudo asrespostas ainda indicavam uma relação linear entredistância e tempo Não indicavam o padrão de resposta em forma de U esperado pelos experimentadores A hipótese relativa à equivalência funcio nal de imagens e percepção parece ter portanto uma grandejustificativa empírica O debate entre a hipótese propositiva e a de equivalência funcional analógica foi con siderado como de difícil conciliação com base no conhecimento existente Keane 1994 Para cadadescoberta empírica queapoia a visão de que o conjunto de imagens é análogo à percepção pode ser proposta uma reinterpretação racionalista da descoberta A reinterpre tação oferece uma explicação racionalista da descoberta Embora a alternativa racionalista possa seruma explicação menos limitadado que a empírica a alternativanão podesercom pletamente refutada Desse modo o debate entrea visão de equivalência funcional e a pro positiva pode resultar em um debate entre empirismo e racionalismo Capítulo 7 Representação e Manipulação doConhecimento na Memória Imagens e Proposições 251 Os modelos mentais de JohnsonLaird Uma síntese alternativa da literatura indica que as representações mentais podem assumir qualquer uma das três formas JohnsonLaird 1983 1989 1995 1999 JohnsonLaird Gold varg 1997 Essas formas são proposições modelos mentais ou imagens Neste caso as pro posições são representações de significados totalmente abstratos que podem ser expressos verbalmenteModelos mentais são estruturas do conhecimento que os indivíduos elaboram para compreender e explicarsuas experiências Brewer 2003 Halford 1993 JohnsonLaird 2001 Schaeken JohnsonLaird DTdewalle 1996 Tversky 2000 Os modelos sãolimitados pelas teorias implícitas das pessoas a respeito dessas experiências Estas concepções podem ser maisou menosprecisas Porexemplo você pode possuirum modelomental para explicar como os aviões voam no ar No entanto o modelo depende não de leis físicas ou de outra natureza maspreferencialmente de suascrenças a respeito delas O mesmo se aplicaria à criaçãode modelos mentais com baseem problemas envolvendo raciocíniobaseadoem um texto ou em símbolos do mesmomodoque para relatosde aviõesvoando no ar Byrne 1996 Ehrlich 1996 Garnham 1987Garnham Oakhill 1996 Rogers Rutherford Bibby 1992 Schwartz 1996Stevenson 1993 Zwaan Magliano Graesser 1995 Imagens são representações muito mais específicas Elas retêm muitas das características perceptivas de objetos específicos vistos sobdeterminado ângulo com osdetalhes particula res de uma dada representação concreta Katz 2000 Kunzendorf 1991 Schwartz Black 1996 Porexemplo o gato está debaixo da mesa pode ser representado de diversas manei ras como uma proposição porque pode ser expresso verbalmente como um modelo men tal de qualquer gato e de toda mesa talvez parecendo protótipos de ambos veja o Capítulo 4 ou como uma imagem de umdeterminado gatoem uma posição específica de baixo de uma certa mesa Considere umexperimento Mani JohnsonLaird 1982 Algunsparticipantes receberam determinadas descrições de umaconfiguração espacial que indicavam umalocalização precisa paracada objeto na formação espacial Outros participantes receberam descrições indetermi nadas de uma configuração espacial Foramlhes indicadas localizações ambíguas de objetos na formação Como analogia pense em uma descrição relativamente determinada da locali zação deWashington DC A cidade localizase entreAlexandria Virginia e Baltimore Ma ryland Uma descrição indeterminada da localização é que está entre o oceano Pacífico e o oceanoAtlânticoQuando os participantes receberam descrições determinadas de configura ção espacial dos objetos inferiram informações espaciais adicionais não incluídas nas descri ções porém não se lembraram bem literalmente dos detalhes O fato de terem inferido informações espaciais adicionais indica queos participantes formaram ummodelo mental das informações O fato de não terem selembrado muito bem das descrições literais indica quese valeram dos modelos mentais Não dependeram das descrições verbais para suas representa ções mentais Considere em contrasteo que aconteceu quando os participantes receberam descrições indeterminadas da configuração espacial dos objetos Eles raramente inferiram informações espaciais que nãoconstavam das descrições porém lembravamse melhor das descrições lite rais em comparação comosdemais participantes Os autores indicaram queos participantes não inferiram um modelo mental para as descrições indeterminadas por causa do grande número de possibilidades de modelos mentais das informações fornecidas Em vez disso os participantes parecem haver representado mentalmente as descrições como proposições que podem ser expressas verbalmente A noção de modelos mentais como uma forma de re presentação doconhecimento tem sido aplicada a uma ampla gama defenômenos cognitivos Estes fenômenos incluem percepção visual memória compreensão de textos e raciocínio JohnsonLaird 1983 1989 252 Psicologia Cognitiva Talvez a adoção de modelos mentais possa oferecer umaexplicação possível paraalgumas descobertas que não podem ser explicadas integralmente em termos de imagens visuais Uma série de experimentos estudou pessoas que nasceram cegas Kerr 1983 Em virtude de estes participantes nunca terem sentido a percepção visual podemos assumir que nunca formaram imagens visuais Pelo menos isso não ocorreu no sentido usualda expressão Algumasdas ta refas de Kosslyn foram adaptadas a fim de operar de modo comparável participantes com vi sãoe cegos Kerr 1983 Porexemplo paraa tarefade examede ummapa a experimentadora usou um quadro com características e indicações topográficas que poderiam ser detectadas usando o tato Elasolicitou em seguida aos participantes que formassem uma imagem men tal do quadro Para uma tarefa similar às tarefas de dimensão da imagem de Kosslyn Kerr pediu aos participantes que imaginassem váriosobjetos comuns de diversos tamanhos Os participan tes cegos responderam mais lentamente a todas as tarefas em comparação aos participantes que possuíam visão Exibiram tempos de resposta mais rápidos ao examinar distâncias me nores do que ao examinar distâncias maiores Também foram mais rápidos ao responder per guntas relativas a imagens de objetos maiores do que a respeito das imagens de objetos menores As imagens espaciais parecem não envolver pelo menos em alguns aspectos repre sentações efetivamente análogas aos perceptos visuais O uso de um conjunto de imagens táteisindicamodalidades alternativas de imagens mentais As imagens foram estudadas mais detalhadamente por alguns pesquisadores que descobriram que as imagens táteis partilham algumas características com as imagens visuais Por exemplo áreas similares do cérebro fi cam ativadas durante a existência de ambos os tipos de imagens James etai 2002 Zhang et ai 2004 A representação imagética também pode ocorrer em uma modalidade auditiva baseada na audição Comoexemplo os pesquisadores descobriram que os participantesparecemter imagens mentais auditivas do mesmo modo que possuem imagens mentais visuais Intons Peterson Russell Dressel 1992 Especificamente os participantes levavam mais tempo mentalmente para aumentar a altura de um som do que para diminuíla Foram mais len tos em particular para passardo ronronar do tom baixo de um gato para o tom elevado de um telefone tocando do que em passar do ronronar de um gato para o tiquetaque de um relógio Os tempos de resposta relativos foram idênticos ao tempo necessário fisicamente para aumentar ou diminuir os sons Considere o que ocorreu em contraste quando pessoas foram solicitadas a fazer julgamentos psicofísicos envolvendo diferenças entre estímulos Os participantes levaram mais tempo para determinar se o ronronar possuíaum tom menor do que o tiquetaque doisestímulos relativamente próximos do que para determinar se o ron ronar possuía um tom menor do que o som do telefone tocando dois estímulos relativa mente distantes Os testes psicofísicos de sensação e percepção auditiva revelam constatações análogas a essas Em outro estudo os participantes escutaram canções conhecidas ou desconhecidas com trechos da canção substituídas pelo silêncio O exame do cérebro desses participantes revelou que havia mais ativação docórtex auditivo durante o silêncio quando a canção era conhecida do que quando era desconhecida Kraemer etai 2005 Estas descobertas são in terpretadasda seguintemaneira quando uma pessoa gerauma imagem auditiva as mesmas áreas do cérebro envolvidas na audição participam Modelos mentais falhos são responsáveis por muitos errosde pensamento Considere di versos exemplos Brewer 2003 Um deles relacionase ao fato de crianças em idade escolar tenderem a pensar quecalore frio percorrem o interior dos objetos de modo muito parecido comofazem osfluidos Essas crianças também acreditamque asplantas obtêm seualimento dosolo e que barcos feitos de ferro devem afundar Mesmo adultos possuem dificuldade para compreender a trajetória de um objeto lançado de um avião em movimento Capítulo 7 Representação e Manipulação doConhecimento na Memória Imagens e Proposições 253 A experiência é uma ferramenta útil para ajustar modelos mentaisfalhos Greene Aze vedo 2007 Em um estudo foram analisados modelos mentais falhos relativosao processode respiração Um grupode alunos universitários que fez previsões falsas em relação ao processo de respiração participou desse estudo Essas previsões se basearam em modelos mentais im precisos Os pesquisadores criaramumaexperiência de laboratório paraos alunos demonstra rem e explorarem o processo de respiração Um grupo indicou suas previsões antes da experiência e outro grupo não indicou A participação na atividade melhorou em termos ge rais a precisão das respostas dos participantes às perguntas relativas à respiração em compa ração ao desempenho antesda atividade Entretantoquandose solicitou aosalunos paraque indicassem suas previsões antesda experiência a melhoria foi até maiorModell etai 2000 Desse modo a experiência pode ajudara corrigirmodelos mentaisfalhos No entanto é de grande ajuda quando os modelos falhos tornamse explícitos Provas Neuropsicológicos para Códigos Múltiplos Podese argumentar que as expectativas do pesquisador e as características da demandacon seguem influenciar o desempenho em tarefas cognitivas Porém não parece plausível que tais fatores influenciariam os resultados das pesquisas psicobiológicas Suponha por exemplo que você se lembrasse de cada palavra do Capítulo 2 a respeito de que partes específicas de seu cérebro controlamas respectivas funções perceptivas e cognitivas Isto representa evidente mente uma suposição improvável para você ou para a maioriados participantesem pesquisas psicobiológicas Como você daria início à obtenção da conformidade com as expectativas dos pesquisadores Você teria de controlardiretamenteas atividades e as funções de seucé rebro para que simulasse aquilo que os pesquisadores esperariam em relação a funções per ceptivas ou cognitivas específicas De modo análogo pacientes com lesão cerebral não sabem que determinadas lesões devem resultar em deficits específicos Realmente os pacientes pou cas vezes sabem onde uma lesão se encontra até que os deficits sejam descobertos Portanto asdescobertas neuropsicológicas podem não levarem consideração os temasde característi cas da demanda na resolução da controvérsia de código dual Essa pesquisa entretanto não eliminaos viéses dos pesquisadores a respeito de onde detectar lesões ou seus deficits corres pondentes Lateralização dos Funções Alguns pesquisadores seguiram a tradiçãode longadata de estudar padrõesde lesões cerebrais e relacionálas a deficits cognitivos Eles observaram que lesões em áreasespecíficas do cérebro parecem afetar as funções de manipulação de símbolos como no casoda linguagem Luria 1976 Milner 1968 Em contraste lesões em outras áreas do cérebro parecem afetar as fun ções de manipulaçãode imagens com capacidade para reconhecer rostos Em termos especí ficos lesões no hemisfério direito estão associadas mais de perto com memória visual e percepção visual afetadas Lesões no hemisfério esquerdo encontramse associadas mais de perto com memória verbale entendimento verbalafetados As primeiras pesquisas psicobiológicas sobre imagens resultaram do estudo de pacientes com lesões identificadas e de pacientes com cérebrodividido veja Capítulo 2 Recordese neste capítulo osestudos de pacientes queforam submetidos a uma cirurgia que separou o he misfério direito do esquerdo Os pesquisadores descobriram que o hemisfério direito parece mais eficiente na representação e manipulação do conhecimentode natureza visuoespacial de um modo que pode seranálogo à percepção Gazzaniga Sperry 1967 O hemisfério es querdo em contraste parece ser mais eficiente na representação e manipulação de conheci mento verbal e de outras modalidades baseadas em símbolos 254 Psicologia Cognitiva Manha Farah é professora de Psicologia na Univer sidade daPennsylvania Elaé muito conhecida por seu trabalho seminal sobre imagensmeníms e sua rela çãocomo cérebro Farah demonstrou porexemplo que as imagens usam mui tas aos mesmaspartes do cérebro conforme ocorre coma percepção visual Foto Cortesiade Martha Farah Um pesquisador chegou ao ponto de sugerir que a assimetria cere bral possui origens evolutivas Corballis 1989 Conforme ocorre com o cérebro de outros animais o hemisfério direito do cérebro humano representa conhecimento de uma maneira que é análoga ao nosso am biente físico No entanto ao contrário do cérebro de outros animais o hemisférioesquerdo do cérebro humano possui unicamente capacidade para manipular componentes imagéticos e símbolos e gerar informa ções totalmente novas Exemplos de tais componentes imagéticos se riam os sons de consoantes e vogais e formas geométricas De acordo com Corballis somente os seres humanos podem conceber aquilo que nunca perceberam No entanto um estudo recente das descobertas so bre lateralização resultou em uma visão modificada Corballis 1997 Especificamente estudos neuropsicológicos recentes de rotação em ani mais e seres humanos mostram que ambos os hemisférios podem ser parcialmente responsáveis pelo desempenho de tarefas O domínio evi dente do hemisfériodireito observado nos sereshumanos pode ser o re sultado do domínio das funções do hemisférioesquerdopela capacidade lingüística Desse modo seria bom possuir uma prova clara de uma dis sociação hemisférica cerebral entre funções imagéticas analógicas e funções propositivassimbólicasPorémos cientistas terão de examinar mais detalhadamente o funcionamento do cérebro antes desse tema ser resolvido integralmente Imagens Visuais versus Imagens Espaciais Alguns pesquisadores ao tentarem compreender a natureza das imagens visuais encontra ram provas de que as imagens visuais e espaciais podem ser representadas diferentemente Farah 1988 a 1988b Farah et ai 1988a Neste caso imagens visuais referemseao uso de imagens que representam características visuais como cores e formas Imagens espaciais refe remse às que representam características espaciais como dimensões de profundidade dis tâncias e orientações Considere o caso de L H uma pessoa de 36 anos que sofreu um ferimento na cabeça quando tinha 18 anos O ferimento resultou em lesões nas regiões temporaisoccipitais direita e esquerda no lobo temporal direito e no lado frontal inferior direito Os ferimentos de L H resultaram na possível debilitação de sua capacidade para representar e manipular imagens visuais A Figura 78 indica as áreas do cérebro de L H onde ocorreu o dano Apesar dos ferimentos sofridos por L H sua capacidade para ver ficou preservada Ele foi capaz de copiar satisfatoriamente várias ilustrações Figura 79 a e b Entretanto não conseguiu reconhecer qualquer das ilustrações que copiou Em outras palavras não conse guia relacionar uma designação verbal ao objeto copiado Seu desempenho foi muito fraco quando foi solicitado a responder verbalmente a perguntas que exigiam imagens visuais como aquelas referentes à cor ou à forma No entanto surpreendentemente L H demons trou capacidade relativamente normal em diversos tipos de tarefas Estas envolveram 1 ro tações letras em 2D e objetos em 3D 2 escaneamento mental gradação do tamanho memória matricial e ângulos de letras Figura 79 c e d Os pesquisadores também se valeram de estudos do potencial relacionado a eventos ERP veja o Capítulo 2 Quadro 23Compararam desse modo os processosdo cérebro as sociados à percepção visual aos processosdo cérebro associados às imagens visuais Farah et ai 1988b Conforme você deve se lembrar o córtex visual primário está localizado na re gião occipital do cérebro Durante a percepção visual os ERPs geralmente são elevados na Capítulo7 Representação e Manipulação do Conhecimentona Memória Imagens e Proposições 255 FIGURA 78 Esquerda Direita Regiões nas quais o cérebro deL H apresentou lesões o lobo temporal direito e o lobo frontal inferior direito con forme apresentado na figura no alto e a região temporaloccipital conforme apresentado na parte inferior dafigura De Robert Sobo Cognitive Psychology 6 ed p 306 2000 Elsevier Reproduzido mediante autorização região occipital Suponha que as imagens visuais fossem análogas à percepção visual Pode ríamos esperar que durante tarefas envolvendo imagens visuais haveria elevações análogas dos ERPs na região occipital Nesse capítulo os ERPs foram medidos durante uma tarefa de leitura Em uma condi ção os participantes foram solicitados a ler uma lista de palavras concretas por exemplo gato Na outra condição os participantes foram solicitados a ler uma lista comparável de pa lavras concretas Também tiveram de imaginar os objetos enquanto liam as palavras Cada palavra foi apresentada durante 200 milissegundos Os ERPs foram registrados a partir de pontos diferentes nas regiões do lobo occipital e do lobo temporal Os pesquisadores desco briram que os ERPs eram similares durante os primeiros 450 milissegundos Entretanto de corrido este tempo os participantes na condição imagética exibiram maior atividade neural no lobo occipital do que os participantes na condição não imagética somente a leitura De acordo com os pesquisadores as provas nèuropsicológicas indicam que nossa arqui tetura cognitiva inclui representações da aparência visual dos objetos em termos de sua forma cor e perspectiva e da estrutura espacial dos objetos em termos de sua distribuição tridimensional no espaço Farah et ai 1988a p 459 O conhecimento das designações dos objetos reconhecer os objetos pelo nome e atributos responder perguntas sobre as ca racterísticas dos objetos valese de conhecimento propositivo e simbólico sobre os objetos focalizados Em contraste a capacidade para manipular a orientação rotação ou o tama nho das imagens valesedo conhecimento imagético e analógico dos objetos Dessemodo ambas as formas de representação parecem responder a tipos específicosde perguntas para uso do conhecimento 256 Psicologia Cognitiva FIGURA 79 100r ÍLH O Controle normal L H foi capaz dedesenhar com precisão vários objetos As ilustrações a mostramo quelhefoi apresentado e as ilustrações b o que ele desenhou hioentanto ele não conseguiu reconhecer osobjetos que copiou Apesar dos defi cits severos de L H exibidos nas tarefas de imagens visuais gráfico c relativo a cores tamanhos formas etc L H demonstrou possuir capacidade normaínas tarefas de imagens espaciais gráfico d relativo a rotações escanea mento gradação etc Reproduzido doartigo deM Farah K M Hammond D N Levine R Caívanio Visual andspatial mental imagery Dissociable sstems orepresentation Cognitive Psychology 20 p 439462 J988 Autorização concedida porElsevier Capítulo 7 Representação e Manipulação doConhecimento na Memória Imagens e Proposições 257 Cognição Espacial e Mapas Cognitivos Ratos Abelhas Pombos e Humanos A maior parte dos estudos descritos até agora envolveram o modo pelo qual representamos o conhecimento de imagens Os estudos são baseados naquilo que percebemos olhando e em seguida imaginando estímulos visuais Outras pesquisas indicam que podemos formar mapasque contenham imagenscom base unicamente em nossas interações físicas e relacio namentos com nosso ambiente físico Isto é válido mesmo quando nunca temos uma opor tunidade de ver todo o quadro como é possível com uma fotografia aérea ou um mapa Mapas cognitivos são representações internas de nosso ambiente físico centrados parti cularmente em relações espaciais Mapas cognitivos parecem oferecer representações inter nasqueestimulamcaracterísticasespaciais específicas denossoambienteexterno Rumelhart Norman 1988 Alguns dos trabalhos iniciais sobre mapas cognitivos foram feitos por Edward Tolman durante a década de 1930 Nesta época era considerado quase impróprio os psicólogos ten tarem compreender os processoscognitivos que não pudessem ser observados ou medidos di retamente Emum estudo ospesquisadores estavam interessados na capacidade de ratos para saberem se movimentar em um labirinto como o mostrado na Figura 710 Tolman Honzik 1930 Os ratos foram divididos em três grupos 1 No primeiro grupo os ratos tinham de saber se movimentar em um labirinto O prêmio por ir do box de partida ao box de chegada era alimento No final esses ratos aprenderam a percorrer o labirinto sem cometer erros Em outras palavras não optaram por caminhos erradosou escolheram percursos sem saída Que benefício você obtém possuindo um código dual para a representação do conhecimento Embora um código dual possa parecer redundante e ine ficiente possuirum códigopara características físicas e espaciais analógicas distinto de um códigopara o conhecimento propositivo simbólico pode ser realmente muito eficiente Considere a maneira como você aprende a maté ria no curso de Psicologia Cognitiva A maioria dos alunos freqüenta as aulasLá elesobtêm informações de um instrutor Também lêem a matéria contida em um livrotexto do modo como você está fazendoagora Se você tivesse apenas um código de representação do conhecimento analógico teria uma dificuldademuito maior para integrar as informações verbais que recebeu de seu instrutor nas aulas com as informações impressas em seu livrotextoTodas as suas informações seriam sob a forma de imagens audio visuais obtidasao escutare prestaratenção ao seu instrutor durante a aula e imagens visuais das palavras em seu livrotexto Desse modo um código simbólico que é distinto dascaracterísticas analógicas da codificação é útil paraa integração pormodalidades diferentes de aquisição de conhecimento Além dissoos códigos analógicosconservam aspectos importantes da ex periência sem interferir com as informações propositivas subjacentes Para fins de um bom desempenho em um teste é irrelevante se as informações foramobtidas na aula ou do texto No entanto posteriormentevocê pode ter de verificar a fonte das informações para provar que sua resposta é cor reta Neste casoas informações analógicaspodem ajudar APLICAÇÕES PRÁTICAS DA PSICOLOGIA COGNITIVA 258 Psicologia Cognitiva FIGURA 710 Sl PPnrta queabresomente em um sentido tSJj5 Cortina gyya1 fiii Edward Tolman descobriu queos ratos pareciam haver formado um mapa mental de um labirinto durante as experiên cias comportamentais 2 Um segundo grupo de ratos também foi colocado no labirinto porém não recebeu reforço para alcançar com sucesso o box de chegada Embora seu desempenho melhorasseao longo do tempo os ratos continuaram a cometer mais erros que os do grupo que teve reforço Estesresultados dificilmente surpreendem pois nossa expec tativa é de que o grupo premiado tivesse mais incentivo para aprender 3 Considere finalmente o terceiro grupo Esses ratos não receberam premiação du rante os 10 dias de tentativa de aprendizado Entretanto no décimoprimeiro dia foi colocado alimento pela primeira vez no box de chegada A aprendizagem desses ratos melhorou consideravelmente com apenas um reforço Esses ratos percorreram o labirinto tão bem quanto os ratos do primeiro grupo em um menor número de tentativas O que exatamente os ratos na experiência de Tolman e Honzik estavam aprendendo Parece improvável que estavam aprendendo simplesmentea virar à direita aqui virar à es querda ali e assim por diante De acordo com Tolman os ratos estavam aprendendo prefe rencialmente um mapa cognitivo uma representação interna do labirinto Tolman usando esseargumento tornouse um dos primeirosteóricos cognitivos Eledefendeua importância das representações mentais que dão origem ao comportamento Décadasmais tarde demonstrouse que mesmocriaturas muito simples pareciam capazes de formar alguns mapas cognitivos Elas podem ter capacidade para traduzir representações de imagens em uma forma primitiva préestruturada analógica e talvez até mesmo simbó lica Por exemplo um cientista alemão laureado com o Prêmio Nobel estudou o comporta mento das abelhasquando retornam à suacolmeiaapós terem localizado uma fonte de néctar von Frisch 1962 1967 As abelhas conseguemformar visivelmente não somente mapasde imagenspara chegar às fontes de alimentos Também conseguem usar alguma forma simbó lica para comunicar estas informaçõespara outras abelhas Especificamente tipos diferentes Capítulo 7 Representaçãoe Manipulaçãodo Conhecimento na Memória Imagens e Proposições 259 de danças podem ser utilizados para a representação de significadosdiferentes Por exemplo uma dança em círculo indica uma fonte a uma distância maior Os detalhes da dança por exemplo em relaçãoa padrõesde movimentosinuoso diferemde uma espécie para outra po rém as danças básicas parecem ser idênticaspara todas as espécies de abelhas Se uma mera abelha parece ser capaz de imaginar o percurso até o néctar que tipos de mapas cognitivos podem ser concebidos na mente dos sereshumanos Os pombosconstituem um grupo de animais conhecidos por seusexcelentes mapascog nitivos Estas aves são conhecidas por sua capacidade para retornar de localidades distantes a seu lugar de origem Esta qualidade tornou as aves úteis para comunicação em tempos an tigos Foram concluídas pesquisas detalhadas sobre o modo como os pombos formam esses mapas Foi observado que o hipocampo atua no processo Seigel Nitz Bingman 2005 O hipocampo esquerdoespecificamente desempenha papel fundamental na formação de ma pas Quando ocorre uma lesão no hipocampo esquerdo a capacidade dos pombos para vol tarem a seus lugaresde origem fica prejudicada No entanto uma lesãoem qualquer parte do hipocampo inibe o desempenho associadoao retorno Gagliardo etai 2001 Outra pesquisa indica que o hipocampo direito está envolvido na sensibilidade às característicasgerais do ambiente por exemplo geometria do espaço O hipocampo esquerdo é importante para a percepção de marcos no ambiente Bingman et ai 2003 O hipocampo também se encon tra envolvido na formação de mapas cognitivos em seres humanos Maguire Frackowiak Frith 1996 Parece que os seres humanos usam três tipos de conhecimento quando formam e usam mapas cognitivos O primeiro é o conhecimento de marcos que são informações a respeito de características particulares de uma localização e que podem ser firmados em representações imagéticas e propositivas Thorndyke 1981 O segundo é o conhecimento de percursos e es tradas que envolve caminhos específicos para a movimentação de uma localidade para outra Thorndyke HayesRoth 1982 Pode ser baseado no conhecimento de procedimentos e no conhecimento declarativo O terceiro é o conhecimento de avaliação que envolve distâncias estimadas entre marcos de modo muito similar como apareceriam em mapas topográficos Thorndyke HayesRoth 1982 Pode ser representado de modo imagético ou propositivo por exemploem distâncias especificadas numericamente Portanto as pessoasusam um có digo analógico e um código propositivo para representações imagéticas como as imagens de um mapa McNamara Hardy Hirtle 1989 Russell Ward 1982 Atalhos Mentais Quando usamos esses três tipos de conhecimento marcos percursos e estradas conheci mento topográfico algumas vezes parecemos usar atalhos mentais que influenciam nossas estimativas da distância Esses atalhos mentais constituem estratégias cognitivas denomi nadas heurísticas muitas vezes indicadas como regras práticas Por exemplo em relação ao conhecimento de marcos a densidade de marcos parece afetar algumas vezes nossa imagem mental de uma área Especificamente à medida que aumenta a densidade dos marcos inter venientes as estimativas de distância aumentam de modo correspondente Em outras pala vras as pessoas tendem a distorcer suas imagens mentais de tal modo que suas estimativas mentais de distâncias aumentem em relação ao número de marcos intervenientes Thorn dyke 1981 Nas estimativas de distâncias entre localidadesfísicas específicas porexemplo cidades o conhecimento de percursos e estradas parece muitas vezes ter peso maior que o conhe cimento topográfico Isto é válido mesmo quando os participantes formam uma imagem mental baseada na observação do mapa McNamara Ratcliff McKoon 1984 Considere o 260 Psicologia Cognitiva que aconteceu quando os participantesforam solicitados a indicar se determinadas cidades haviam aparecidoem um mapa Eles exibiram tempos de resposta mais rápidosentre os no mesdas cidades quando as duas cidades estavammais próximas em termos de distância de percursose estradas do que quando as duas cidades estavam fisicamente mais próximasem linha reta Figura 711 O usoda heurística na manipulação de mapas cognitivos indicaqueo conhecimento pro positivo afeta o conhecimento imagético Tversky 1981 Isto acontece ao menos quando as pessoas encontramse resolvendo problemas e respondendo a perguntas sobre imagens Emal gumas situações as informações conceituais parecem conduzir a distorções das imagens men tais Nestas situações as estratégias propositivasao invés de as imagéticas podem explicar melhor asrespostas daspessoas Essas distorções emgeral parecem refletir uma tendência para regularizar características dosmapas mentais Desse modo ângulos linhase formas sãorepre sentados mais como formas geométricas abstratas do que realmente são 1 Viés do ângulo reto As pessoas tendem a representarintersecções por exemplo cruzamento de ruas formando ângulos de 909 com mais freqüência do que as intersecções realmente formam este ângulo Moar Bower 1983 2 Heurística de simetria As pessoas tendem a representarformas por exemploEstados ou países como maissimétricas do que realmente são Tversky Schiano 1989 3 Heurística de rotação As pessoas ao representarem figuras e limites que são ligeira1 mente inclinados isto é oblíquos tendem a distorcer as imagens tornandoas mais verticais ou mais horizontais do que realmente são Tversky 1981 4 Heurística de alinhamento As pessoas tendem a representar marcos e limites que se encontram ligeiramente desalinhados distorcendo suas imagens mentais para que fiquem mais alinhadas do que realmente estão isto é distorcemos o modo como enfileiramos uma série de figuras ou objetos Tversky 1981 FIGURA 711 Sturnburg Califordiego Schmooville Schmeevüle Que cidade ê mais próxima de Sturnburg Schmeeville ouSchmooville Parece quenosso usodemapascognitivos en fatiza freqüentemente o usodoconhecimento depercursos e estradas mesmo quandocontradiz o conhecimento topo gráfico Baseado emTimothy R McNamara Roger Ratcliffe GaifMcKoon 1984 The MentalRepresentation of Knowledge Acquired fromMaps Journal of Experimental Psychology LMC 104 f 723732 1984 Ame rican Psychological Association Capítulo 7 Representação e Manipulação do Conhecimentona Memória Imagens e Ptoposições 261 5 Heurística de posição relativa As pessoas tendem a representar a posição relativa de determinados marcos e limites distorcendo suas imagens mentais de um modo que reflita mais precisamente seu conhecimento conceituai sobre os contextos nos quais os marcos e limites estão localizados em vez de refletir as configurações espaciais reais SeizovaCajic 2003 Para ver como a heurística de posição relativa pode operar feche seus olhos e imagine um mapa dos Estados Unidos Reno em Nevada está a oeste ou a leste de San Diegona Ca lifórnia Os pesquisadores em uma série de experiências formularam aos participantes per guntas deste tipo Stevens Coupe 1978 Descobriram que a grande maioria das pessoas acredita que San Diego encontrase a oeste de Reno isto é para a maioria de nós nosso mapa mental parece algo similar ao mapa a da Figura 712 Na realidade entretanto Reno localizase a oeste de San Diego Veja o mapa correto na Figura 712 b Algumas dessas heurísticas também afetam nossa percepção de espaço e de formas veja Capítulo 3 Porexemplo a heurística de simetria parece ser igualmente marcante na memó ria e na percepção Tversky 1991 Não obstante existem diferenças entre processos percep tivos e de representação imagéticos ou propositivos Por exemplo a heurística de posição relativa parece influenciar a representação mental muito mais intensamente do que influen cia a percepção Tversky 1991 Existem provas de influências marcantes ou de crenças do conhecimento semântico ou propositivo nas representações imagéticas dos mapas do mundo Saarinen 1987b Estudan tes de 71 locais em 49 países foram solicitados especificamente a esboçar um mapamúndi A maioria mesmo os asiáticos desenhou mapas mostrando uma visão eurocêntrica do mundo Muitos americanos exibiram uma visão centrada nos Estados Unidos Alguns outros fizeram esboços centrados e com ênfase em seus próprios países a Figura 713 apresenta uma visão do mundo centrada na Austrália Além disso a maioria dos estudantes registrou pou cas distorções que aumentassemos paísesmais importantes e bem conhecidos Eles também diminuíram o tamanho de países menos conhecidos por exemplo países africanos Finalmente trabalhos adicionais indicam que o conhecimento propositivo sobre catego rias semânticas pode afetar as representações imagéticas dos mapas Em um estudo os pes quisadores estudaram a influência da junção semântica nas estimativasde distância Hirtle Mascolo 1986 Os participantes da experiência de Hirtle observaram um mapa com mui tos edifícios e foram solicitados em seguida a estimar as distâncias entre vários pares de edi fícios Eles tenderam a distorcer as distâncias exibindo o viés de atribuir distâncias menores para marcos mais similares e distâncias maiores para marcos com menor similaridade Os pesquisadores descobriramdistorçõesanálogas nos mapas mentais dos estudantes para as ci dades em que viviam Ann Arbor Michigan Hirtle Jonides 1985 O trabalho sobre mapas cognitivos mostra uma vez mais como o estudo de imagens mentais pode ajudar a elucidar nosso entendimento da adaptação dos sereshumanos ao am biente isto é da inteligênciahumana Precisamos para sobreviver saber como atuar no am biente em que vivemos Precisamos locomovernos de um lugara outro Algumasvezes para deslocarmonos entre dois pontos precisamos imaginar o percurso que teremos de seguir As imagens mentais proporcionam uma base fundamental para essaadaptação Emalgumas so ciedades Gladwin 1970 a capacidade para navegar com auxílio de pouquíssimas indica ções é uma questão de vida ou morte Se os navegadores não conseguem atuar nessas condições no final ficam perdidos e corremo riscode morrerde desidratação ou de inani ção Portanto nossas capacidades imagéticas são instrumentos potenciais para nossa sobre vivência e para aquilo que nos faz ser inteligentesem nossas vidasdiárias 262 Psicologia Cognitiva FIGURA 712 a NEVADA Reno São Francisco s CALIFÓRNIA San Diego 1 r NEVADA Reno FranciscoN califórniaX l V I San 1Diego i Qual destes doismapas a ou b representa mais precisamente as posições relativas de Renoem Nevadae San Diego na Califórnia Existem também diferenças de gênero nas aptidões espaciaise a elas relacionadas As mu lheresconsideram maisfácil lembrarse onde viram coisas memória espacial e de localização Os homens consideram mais fácil realizar a rotação mental de imagens espaciais Silverman Eals 1992 No entanto a maiorparte dos testesde capacidade espacial envolverotação men tal e portanto os homens tendem a ter melhor desempenho que as mulheres em testes co muns de aptidões espaciais Mapas de texto Até agora discutimos a elaboração de mapas cognitivos baseados no conhecimento de procedimentos por exemplo seguir um determinado percurso como faz um rato em um Capítulo 7 Representação e Manipulação doConhecimento na Memória Imagens e Proposições 263 FIGURA 713 Lembrese a Austrália e não os uA encontrase no topo jo mundon e especialmente não a Ríssia Antártida ilhas ma minas 23z S tÇwjABofí oCÇANo ATLÂNTICO Baseandose neste mapa deum estudante australiano você consegue inferir que este aluno representa mentalmente o mundodemodo idêntico a você De SohoRobert L Cognitive psychology 8 ed Publicado por Aüyn and Bacon Boston MA 2008 Pearson Education Reproduzido mediante autorização da editora labirinto nas informaçõespropositivas por exemplo usando heurística mental e na obser vação de um mapa impresso Além disso podemos ser capazes de criar mapas cognitivos a partir de uma descriçãoverbal Franklin Tversky 1990 Taylor Tversky 1992a 1992b Esses mapas cognitivos podem ser tão precisos como aqueles criados observando um mapa im presso Outros chegaram a resultados similares nos estudos de compreensão de texto Glen berg Meyer Lindem 1987 Tversky observou que sua pesquisaenvolveu fazer com que os leitores visualizassem a si mesmos em um ambiente imagéticocomo participantes e não como observadores na cena Ela indagouse as pessoas poderiam criar e manipular imagens diferentementequando se vi sualizassem em ambientes diferentes Tversky indagou especificamente se as informações propositivas poderiam desempenhar um papel mais marcante nas operações mentais quando pensamos em situações nas quaissomos participantes em comparação àquelas em que atua mos como observadores Conforme indica o item 4 no Quadro 73 as descobertas relativas a mapas cognitivos indicam que a elaboração de imagens mentaispode envolver processos análogos à percepção e processos que se apoiam em representações propositivas Permanece sem clareza se o debate a respeitode proposições versus imagens pode ser so lucionado nos termos em que tem sido apresentado tradicionalmente As várias formas de representação mental são consideradas algumas vezes mutuamente exclusivas Em outras palavraspensamosem termosda pergunta Que representaçãodas informações é correta Entretanto criamos muitas vezes dicotomias falsas Indicamos que as alternativas são 264 Psicologia Cognitiva mutuamente exclusivas quando na realidade podem ser complementares Por exemplo mo delos que postulam imagens mentais e aqueles que estabelecem proposições podem ser considerados opostos entre si No entanto esta oposição não fica inerente à natureza das coi sas Tratase preferencialmente de nossa construção de uma relação As pessoas poderiam usar possivelmente ambas as representações Os teóricos propositivos poderiam gostar de acreditar que todas as representações são fundamentalmente propositivas Porémmuito pos sivelmente imagens e proposições são etapas intermediárias em direção a alguma forma mais básica e primitiva de representação na mente a respeito da qual ainda não possuímos qual quer conhecimento Podeseargumentar com uma boa base a favor de ambas as representa ções do conhecimento a propositiva e a imagética Nenhuma delas é necessariamente mais básica do que a outra A pergunta que precisamos responder atualmente relacionase a usar uma ou outra Desenvolvimento de Aptidões Visuoespaciais Crianças mais novas desenvolvem a compreensão espacial básica que forma a base da geo metria Tal compreensão básica é a visualização espacial Isto é nossa capacidade para nos orientar em nosso entorno e manipular mentalmente imagens de objetos Embora muitos estudos tenham examinado a visualizaçãoespacial em crianças por exemplo Huttenlocher Hedges Duncan 1991 Huttenlocher Presson 1973 1979 Kail 1991 1997 Marmor 1975 1977 Van Garderen 2006 considere apenas um exemplo típico dessa pesquisa Kail Pelle grino Carter 1980 Participantes cursando a 3a 43e 63séries e alunos universitários analisaram se pares de es tímulos eram idênticosou imagens inversas de cada um como se fossem refletidas em espelho Um estímulo em cada par foi apresentado em uma posição vertical O outro foi girado 0Q 30Q 60s 90e 120eou 150ea partir da posição vertical Os pares formando cada estímulo eram sím bolos alfanuméricos alfabéticos eou numéricos como 4 5 F e G ou formas geométricas abstratasdesconhecidas A velocidade da rotação mental aumenta com a idadee o graude fa miliaridade dosobjetos Kail Pelíegrino Carter 1980 Portantoparticipantes com maisidade podem executar a rotação mental mais rapidamente Todos os participantes conseguem girar objetos conhecidos de modo mais rápido do que os desconhecidos As descobertas originaram diversas perguntas duas das quais despertaram particular mente o interesse dos pesquisadores Primeiro por que a velocidade de rotação mental po deria melhorar com a idade Os pesquisadores propuseram que crianças com menos idade precisam girar todo o estímulo Crianças mais velhas conseguem girar os estímulos mais ana liticamente de modo a poder girar separadamente cada componente e precisar girar apenas uma parte do estímulo Portanto a alteração do desenvolvimento cognitivo pode envolver mais do que uma simples alteração da velocidade de processamento Uma segunda pergunta indaga por que os participantes codificaram e giraram as formas geométricas incomuns de modo mais lento do que as alfanuméricas conhecidas A diferença poderia ser por causa da ativação de uma configuração já existente na memória e facilmente acessível para os carac teres conhecidos Isto contrasta com a exigênciade que os participantes formem uma nova representação para os estímulos desconhecidos Os pesquisadores também descobriram que crianças e adultosjovensexibiam temposde resposta maisrápidos em tarefasde rotação mental quando lhesfosse permitidopraticar Kail Park 1990 O desempenho de crianças em idade escolar e de adultos jovens em tarefas de ro tação mental não é prejudicado em função de sua participaçãoem tarefassimultâneasenvol vendo rememoração Kail 1991 Essas descobertas indicam que a rotação mental pode ser um processo automático em crianças e adultos jovens Tendo em vista que a familiaridade com os itens e a prática com rotação mental parecem melhorar os tempos de resposta o es tudo desse pesquisador sugere que a rotação mental pode ser um processo automático Pode Capítulo 7 Representação e Manipulação doConhecimento na Memória Imagens e Proposições 265 permitirnos inferir que os tempos de resposta menores podem ser o resultado da automatiza ção crescente da tarefa ao longoda infância e da adolescência Além disso tais processos au tomáticos podem ser um sinal de aptidões visuoespaciais mais eficazes porque a maior velocidade está associada à maior precisão da memória espacial Kail 1997 Do outro extremo da duração da vida dois pesquisadores estudaram se a velocidade de processamento ou outrosfatores podem influenciar mudanças relacionadas à idade na rotação mental feita por adultos Dror Kosslyn 1994 Eles descobriram que participantes mais idosos 55 a 71 anos média de 65 anos responderam de modo mais lento e menos precisodo que os maisjovens 18 a 23 anos média de 20 anos em tarefasde rotação mental uma constatação quefoi repetida freqüentemente Band Kok 2000 Inagaki et ai 2002 No entanto também descobriram que os participantesmais idosos e maisjovens exibiamtemposde resposta e uma proporção de erros comparáveis em tarefas envolvendo exame de imagens Com basenessa e em outras descobertas esses autores concluíram que o envelhecimento afeta alguns aspectos das imagens visuais mais do que outros Os autores também analisaram seusdados de rotação mental de exame de imagense de outras tarefas envolvendo imagens Por exemplosolicitouse aos participantes para que geras sem ou mantivessem uma imagem mental no âmbito de uma região visual e indicassem em seguida sea imagem obscureceria um estímulo exploratório no interiordessa região Os efei tos gerais do envelhecimento podem conduzir a uma redução dos tempos de resposta das ta refas No entanto as proporções de erro relacionadas às diferenças de idadepodemsurgirpor causade efeitos específicos do envelhecimento que podem influenciar seletivamente aspectos específicos dasimagens mentais Os autores também especularam que seosparticipantes ha viam sido instados a minimizar sua proporção de erros talvez as pessoas mais idosas teriam exibido tempos de resposta até menores paraassegurar umaproporção deerrosmenor No en tanto outros trabalhos que testaram diretamente essa especulação não confirmaram a hipó tese dos autores Hertzog Vernon Rypma 1993 Outros pesquisadores indicaram que um fator que contribui para diferenças em tarefas específicas relativas a imagens mentais e rela cionadas ao declínio em funçãoda idade é o fatode a tarefaexigir ou não transformações si multâneas múltiplas Mayr Kliegl 1993 Temas Fundamentais Estecapítulo analisa alguns dos principais temas mencionados no Capítulo 1 Um primeirotema é o de estruturas e processos O debate a respeito de as imagens serem fenômenosou epifenômenos possuicomo eixo de discussãoos tipos de estruturas mentais usa dos para processar estímulos Porexemplo quando as pessoas giram objetos mentalmente a representação estrutural é imagética ou propositiva Qualquerdesses tipos de representação mental poderia gerar processos que capacitariam as pessoas a ver objetos sobpontos de vista angulares diferentes No entanto os tipos de processos seriam diferentes manipulação men tal de imagens ou manipulaçãomental de proposições Para conhecer a cognição precisamos compreendercomo interagemas estruturas e os processos Umsegundo temaé o davalidade das inferências causais versus a validade ecológica Su ponha que você deseje contratar controladores de tráfego aéreo Você consegue avaliar as aptidões de imagens mentais e de visualização espacial quepossuem usando testes de mani pulação de formas geométricas usando papel e lápis Ou você precisa testálos em um con textoqueseja mais similar aodaquele decontrole de tráfego aéreo como uma simulação das funções reais O teste com papel e lápis provavelmente produzirá avaliações mais precisas porém serão elas válidas Não existe uma resposta definitiva à pergunta Os pesquisadores 266 Psicologia Cognitiva estão estudando preferencialmente esse tipo de pergunta a fim de compreender qual a me lhor maneira para avaliar as aptidões que as pessoas demonstram ter na vida real Um terceiro tema é aquele dos estudos biológicos e comportamentais Como exemplo os trabalhos pioneiros realizados por Stephen Kosslyn e seuscolaboradores foi integralmente comportamental Os pesquisadores investigaram como as pessoas manipulam mentalmente diversos tipos de imagens A medidaque o tempo decorria a equipe principiou a usar técni cas biológicas como a ressonância magnética funcional RMf para suplementar seus estu dos comportamentais Porém nunca consideraram os dois tipos de pesquisa como opostos entre si Foram julgados de preferência como totalmente complementares e ainda hoje mantêm essa posição Veja a relação de palavras que seus amigos e membros da família lembraramse na de monstração constante do Capítulo 6 Some o número total de rememorações para toda pa lavra complementar isto é livro janela caixa chapéu etc as palavras nas posições de numeração ímpar na relação Some agora o número total de rememorações para as demais palavras istoé paz correrharmonia voz etc as palavrascom numeração par na relação A maioria daspessoas selembrará de mais palavras do primeiro conjuntodo que do segundo Isto ocorre porque o primeiro conjunto é formadopor substantivos concretos ou aquelas pa lavras que são facilmente visualizáveis O segundo conjunto é formado por substantivos abs tratos ou não facilmente visualizáveis Esta é uma demonstração da hipótese de código dual ou sua versão mais contemporânea a hipótese de equivalência funcional Que país possui maior área territorial índia ouAlemanha Caso você esteja acostumado a ver o mundo em termos do conhecido mapa Mercator em que o mapa é planoe o equador está posicionado na parte inferiordo mapa vocêpoderiapensarquea índia e a Alemanha pos suem áreas aproximadamente iguais Na realidade você poderia pensar que a Alemanha pode ser um pouco maior que a índia Observe agora um globo do mundo Você notará que a índia é efetivamente cercade cinco vezes maiorque a Alemanha Este é um exemplo de comonos sos mapas cognitivos podemnão estar baseados na realidade mas preferencialmente em nossa exposiçãoao tópico e às nossaselaboraçõese heurísticas Leituras Sugeridas Comentadas Denis M Mellet E Kosslyn S M Neu Logie R H Delia Sala S Beschin N roimaging of mental imagery Filadél Denis M Dissociating mental trans fia Taylor Francis 2004 Uma análise formations and visuospatial storage in atualizada dos estudos que buscam com working memory Evidence from repre preender as aptidões para formar ima sentational neglet Memory 1334 p gensmentaispormeiodousode técnicas 430434 2005 Uma descrição da negli de neuroimagens gência representacional e do relaciona mento destetranstorno com os processos cognitivos CAPITULO Representação e Organização O do Conhecimento na Memória Conceitos Categorias Redes e Esquemas E X PLORAND O A RSICOLOGI A COG N I TI VA 1 Como as representaçõesde palavras e de símbolos são organizadas na mente 2 Como representamos na mente outras formas de conhecimento 3 Como o conhecimento declarativo interage com o conhecimento de procedimentos Após termos representado o conhecimento dequemodo o organizamos paraquepos samos recuperálo e em seguida o utilizar O capítulo anterior descreveu como o conhecimentopode ser representado sob a forma de proposições e imagens Neste capítulo continuamos a discussão da representação do conhecimento Ampliamos essa discussão a fim de incluir várias maneiras para organizar o conhecimento declarativo que pode ser expresso por palavras e outros símbolos isto ésaber que Considere porexem plo seu conhecimento de fatos sobre Psicologia Cognitiva História Mundial sua história pessoal e Matemática Esse conhecimento se apoia em suaorganização mental do conheci mento declarativo Além disso esse capítulo descreve alguns dos vários modelos para a re presentação doconhecimento deprocedimentos Isto éo conhecimento a respeito decomo seguir vários passos procedimentos para realizar ações isto é saber como Por exemplo seu conhecimento de como andar de bicicletacomografar sua assinatura como dirigir um carro a umlugar conhecido e como apanhar uma bola depende desua representação mental do conhecimento de procedimentos Alguns teóricos chegaram a sugerir modelos de inte gração para representar simultaneamente o conhecimento declarativo e o conhecimento de procedimentos Para ter uma idéia de como o conhecimento declarativo e o de procedimentos podem interagir pegue uma folha de papel de rascunho e uma caneta ouum lápis Tente ademons traçãodescritano box Investigando a Psicologia Cognitiva Além de procurar compreender qual é aforma ou a estrutura a representação do co nhecimento os psicólogos cognitivos também tentam entender o como os processos dare presentação e damanipulação do conhecimento Isto équais são alguns dos processos gerais pormeio dos quais selecionamos e controlamos a gama desorganizada de dados iniciais que seencontram disponíveis para nós pormeio denossos órgãos sensoriais Como relacionamos estas informações sensoriais às informações que possuímos disponíveis nas fontes internas 267 268 Psicologia Cognitiva INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Escrevasua assinatura usual da maneira mais rápida e legível possível da primeira letrade seuprenome à últimaletra de seusobrenome Não pare para pensar a respeito de que letras vêm em seguida Simplesmente es creva o mais rapidamente possível Vire a folha de papel Escreva sua assinatura em sentido inverso da maneira mais rápida e legível possível Comece com a última letra de seu sobrenome e continue até chegar à primeira letrade seuprenome Compare em seguida as duas assinaturas Qual assinatura foi criada mais fácil e precisamente Você possuía paraambas as assinaturas conhecimento declarativo amplo deque letras precediam ouseguiam naordem desejada Porém para aprimeira tarefa você também poderia se valer do conhecimento de procedimentos fundamentado nosdiversos anos em que soube comoassinarseunome deinformação isto énossa memória e nosso processo depensamento Como organizamos e reorganizamos nossas representações mentais durante os vários processos cognitivos Por meio de que processos mentais operamos utilizando o conhecimento que temos em nossas mentes Em que grau esses processos pertencem ao domínio geral são comuns a diversos tipos de informações como as informações verbais e quantitativas Inversamente em que grau pertencem aodomínio específico usado somente paradeterminados tipos de informa ções a exemplo das verbais ou quantitativas A representação e o processamento do conhecimento foram investigados por pesquisa dores de diversas disciplinas Entre esses pesquisadores encontramse psicólogos cognitivos cientistas dacomputação que estudam inteligência artificial IA tentativas para programar máquinas que possam desempenhar de maneira inteligente e neuropsicólogos Seus méto dos distintos depesquisa darepresentação doconhecimento promovem a exploração deuma ampla gama defenômenos Também incentivam perspectivas múltiplas defenômenos simi lares Oferecem finalmente a vantagem deoperações convergentes o uso de diversos mé todos e técnicas para equacionar um problema Além de satisfazer sua própria curiosidade por que pesquisadores em áreas tão diferen tes querem compreender como o conhecimentoé representado O modo peloqual o conhe cimento é representado influencia profundamente como pode ser manipulado para desempenhar quaisquer tarefas cognitivas Para ilustrar a influência da representação doco nhecimento por uma analogia muito simplista tente a seguinte operação de multiplicação usando uma representação em algarismos romanos ou arábicos CMLIX 959 x LVIII x 58 Organização do Conhecimento Declarativo A unidade fundamental doconhecimento simbólico é o conceito uma idéia a respeito de algo queproporciona um meio paracompreender o mundo Bruner Goodnow Austin 1956 Fodor 1994 Hampton 1997b 1999 Kruschke 2003 Love 2003 Muitas vezes um único conceito pode ser captado em uma únicapalavra como maçã Cadaconceito relacionase a outros conceitos como vermelho redondo ou fruta Uma maneira para organizar conceitos pode ser entendida pela noção de categoria Categoria é conceito que opera para organizar ou ressaltar aspectos de equivalência entre Capítulo8 Representação e Organização do Conhecimento na Memória ConceitosCategorias 269 outros conceitos com base em características comuns ou similaridade com um protótipo veja o Capítulo 3 para mais informações sobre protótipos Coley Atran Medin 1997 Hampton 1995 Mayer 2000b Medin 1998 Medin Aguilar 1999 Wattenmaker 1995 Wisniewski Medin 1994 Por exemplo a palavra maçã pode atuar como uma categoria conforme ocorre em um conjunto de tipos diferentes de maçãs Porém também pode atuar como um conceito no âmbito da categoria fruta Discutiremos posteriormente algu mas maneiras diferentes para organizar conceitos em categorias Essas maneiras incluem o uso de características definidoras protótipos e modelos e redes semânticas organizadas hie rarquicamente Posteriormente também discutiremos neste capítulo como conceitos também podem ser organizados em esquemas que são estruturas mentais para representar o conhe cimento e que englobam um conjunto de conceitos interrelacionados em uma organização com sentido Bartlétt 1932 Brewer 1999 Por exemplo podemos ter um esquema para uma cozinha o qual nos informa os tipos de objetos que poderiam existir em uma cozinha e onde estão localizados Um problema com os esquemas é que podem dar origem a estereótipos Podemoster por exemplo um esquema para o tipo certo de pessoa que acreditamosser responsável pela des truição do World Trade Center de 11 de setembro de 2001 Este esquema pode gerar facil mente um estereótipo de certos grupos de pessoas como prováveis terroristas Conceitos e Categorias Em geral os conceitos e categorias podem ser classificados de várias maneiras Uma dis tinção comumente usada é aquela entre categorias naturais e categorias de artefatos Me din Heit 1999 Medin Lynch Solomon 2000 Categorias naturais são grupos que ocorrem naturalmente no mundo Por exemplo pássaros ou árvores formam categorias naturais Categorias de artefatos são grupos criados ou inventados pelos seres humanos para atender a finalidades ou a funções específicas Exemplos de categorias de artefatos são os automóveis e os utensílios de cozinha A velocidade necessária para atribuir objetos a categorias parece ser aproximadamente igual para as categorias natural e de artefatos VanRullen Thorpe 2001 As categorias natural e de artefatos são relativamente estáveis Além do mais as pessoas tendem a concordar quanto aos critérios de inclusão Porexemplo um tigre é sempre um ma mífero Uma faca é sempre um implemento usado para cortar Porém os conceitos nem sem pre são estáveis Eles podem mudar Dunbar 2003 Thagard 2003 Algumas categorias são indicadas como categorias ad hoc pois são formadas tendo em vista uma finalidade especí fica Barsalou 1983 Little Lewandowsky Heit 2006 As categorias natural e de artefatos possivelmente aparecem em um dicionário o que não ocorre com as categorias ad hoc Um exemplo seria o que você precisa para redigir um estudo Se você for escrever um estudo para um curso necessita de certos itens Porém quais são elesBem variam em função das pessoas dos temas e do tempo De modo similar aquilo que você necessita para conquistar uma namoradoa pode variar consideravelmente de uma pessoapara outra Uma forma adicional de entidade é um tipo nominal que é a atribuição arbitrária de uma designação a uma entidade que atende a um determinado conjunto de condições ou regras préespecificadas Kloos Sloutsky 2004 Em alguns casos as características dos tipos nomi nais são claras Por exemplo uma viúva é uma mulher cujo marido faleceu Um quadrilátero é qualquer figura com quatro lados Em outros casos as características não são tão claras como para amante ou aborrecimento Nestes casos tornase particularmente difícil afir mar como o significado é construído Diversas teorias têm sido propostas para tentar oferecer uma explicação 270 PsicologiaCognitiva Categorias Baseadas em Características Uma Visão Definidora A visão clássicade categorias conceituais envolve desmembrar um conceito em um conjunto de componentes característicos Estes componentes são necessários de maneira individual e suficientes conjuntamente para definira categoria Katz 1972 Katz Fodor 1963 Em outras palavras cada característica constitui um elemento essencial da categoria As propriedades definemde modo específico a categoria Estes componentes podem ser vistos como caracte rísticasdefinidoras porque constituem a definiçãode uma categoriade acordo com o ponto de vista firmado em características e componentes Uma característica definidora é um atributo necessário para que algo seja um X precisa ter esta característica caso contrário não é um X Considere por exemplo o termo solteiro Além de sua classificação como ser humano um solteiropode ser visto como possuidorde três características homem sem vínculo ma trimonial e adulto Cada uma das características é necessária Mesmo a ausência de uma característica torna a categoria inaplicável Portanto uma pessoado sexo masculino e sem vínculo matrimonial que não é um adulto não seria um solteiro Não nos referiríamos a um menino de 12 anos como solteiro pois não é um adulto Nem nos referiríamos a qual quer homem adulto como solteiro Caso seja casado não se enquadra na categoria Uma mulher adulta sem vínculo matrimonial também não pertence à categoria solteiro Adicio nalmente as três características são suficientes em termos conjuntos Se uma pessoa pos sui todas as três características então ela é automaticamente um solteiro De acordo com esta visão não é possível ser do sexo masculino não possuir vínculo matrimonial ser adulto e ao mesmo tempo não ser solteiro A visão baseada em características aplicase evidentemente a mais do que a condição de solteiro Por exemplo o termo esposa inclui as características casada mulher e adulta Esposo compreende as características casado ho mem e adulto A visão calcada em características é especialmente comum entre os lingüistas aqueles que estudam a linguagem Clark Clark 1977 Esta visão é atraente porque faz com que as categorias de significado pareçam estar tão ordenadas Infelizmente essavisãonão opera tão bem como parece à primeira vista Algumas categorias não se prestam prontamente para a análise das características O jogo é uma de tais categorias Identificar qualquer aspecto que sejauma característicacomum de todosos jogos é realmente muitodifícil Wittgenstein 1953 Alguns são divertidos outros não Alguns envolvem diversos jogadores outros como paciência não requerem mais de uma pessoa Alguns são competitivos outros como os jo gos de roda infantis por exemplo passaanel não sãoQuanto maisvocê consideraro con ceito de um jogo mais você começa a pensar se existe algo que mantenha a integridade da categoria Todos sabemos no entanto aquilo que desejamos expressarou pensamos que sa bemos pela palavra jogo Muitas coisas podem parecer possuir característicasdefinidoras claras Entretanto uma inobservância dessas características definidoras não parece alterar a categoria que usamos para definilas Considere uma zebra veja Keil 1989 Todos sabemos queumazebra é um animalcom listras brancase pretas e parecido com um cavalo Suponha no entanto que alguém fosse pin tar umazebra paraqueficasse preta Umazebra pintada depretonão possui o atributo crítico das listras porémaindapoderíamos denominála uma zebra Temos o mesmo problema comasaves Podemos considerar que a capacidade para voar é fundamental para ser uma ave Porém certa mente concordaríamos que um sabiá norteamericano cujas asas tivessem sido cortadasainda é um sabiá e ainda permaneceuma ave Uma avestruz tambémé uma ave porémnão voa Os exemplos do sabiá norteamericano e da avestruz ressaltam outro problema da teoriaba seada em características Um sabiáe uma avestruz partilham as mesmas características definido ras das aves Portanto são aves No entanto falando em termos informaisum sabiá parece de algum modo serum melhorexemplo de umaavedo que umaavestruz Realmente suponhaque Capítulo 8 Representação e Organização doConhecimento na Memória Conceitos Categorias 271 QUADRO 81 Pontuação da Tipicidade de Aves rard Smith 1984 encontraram enormes diferenças nas pontuações de ti 5espéciesde aves ou animais assemelhados De Malt Smith 1984 Barbara Malt e Edv picidade para vária Ave Pontuação Ave Pontuação Sabiá norteamericano 689 Urubu 484 Azulão 642 Maçarico 447 Gaivota 626 Galinha 395 Andorinha 616 Flamingo 337 Falcão 574 Albatroz 332 Sabiádosremédios 547 Pingüim 263 Estorninho 516 Morcego 153 Coruja 500 A pontuação foifeita em um escalade 7 pontos com 7 correspondendoã tipicidade maiselevada as pessoas sejamsolicitadas a avaliara tipicidade como avede um sabiá versus a de uma avestruz O primeiro praticamente sempre obterá uma pontuação maior que a segunda Malt Smith 1984 Mervis Catlin Rosch 1976 Rosch 1975 Além disso as crianças aprendemcasostípicos de uma categoria antes de aprenderos atípicos Rosch 1978 O Quadro 81 indica algumas pon tuações de tipicidade para vários exemplos de aves Malt Smith 1984 Existem certamente di ferenças substanciais Em uma escala de 7 pontos usadapor Malt e Smith para pontuações da tipicidade de aves morcego recebeu umapontuação igual a 153 Esta pontuação ocorre apesar do fato de um morcegoem termos estritos sequer ser uma ave Concluindo a teoria baseada em características possui alguns aspectos atraentes mas não parece explicar totalmente as categorias Alguns exemplos específicos de uma categoria como ave parecem ser melhores exemplos do que outros Ainda todos possuem as mesmas características definidoras Entretanto os vários exemplos podem ser típicos diferencialmente da categoria de aves Assim precisamos de uma teoria de representa ção do conhecimento que caracterize melhor como as pessoas representam verdadei ramente o conhecimento Teoria do Protótipo uma Visão Característica A Teoria do Protótipo indica que as categorias são formadas com base em um modelo pro tótipo ou médio da categoria As características peculiares são fundamentais nessa teoria que descreve caracteriza ou tipifica o protótipo porém não são necessárias para ela Carac terísticas peculiares comumente encontramse presentes em modelos de conceitos Porém não estão sempre presentes Considere por exemplo o protótipo de um jogo Poderia incluir que usualmente é divertido possuidois ou mais jogadores e apresenta algumgrau de desa fio Entretanto um jogo não precisaser divertido Não é obrigatórioque tenha dois ou mais jogadores E não precisaser desafiante De modo similar uma ave possui usualmente asa e voa Essa teoria introduz um novo obstáculo em nossa tentativa de entender a organização do conhecimento apoiando a categorização em um protótipo Um protótipo usualmente é o item original a partir do qual se baseiam os modelos subsequentes No entanto nessa teoria o protótipo pode ser qualquer modelo que melhor represente a classe em que se firma a categoria Essa teoria pode explicar os fatos de que 1 os jogos parecem não possuir quaisquer características definidoras e 2 um sabiá norteamericano parece ser um exemplo melhor de uma ave do que uma avestruz 272 Psicologia Cognitiva Você precisa entender o conceito de característica peculiar para compreender como es ses problemas são equacionados Enquanto uma característica definidora aplicase a todo item pertencente a uma categoria o mesmo não precisa ocorrer em uma característica pe culiar Desse modo a capacidade de voar é típica das aves porém não é uma característica definidora de uma aveUma avestruz não pode voar Tambémnão possuialgumasoutras ca racterísticas peculiares das aves Sendo assim de acordo com a teoria do protótipo parece menos uma ave do que um sabiá que pode voar De modo similar um jogo típico pode ser divertido porém não necessariamente Realmente considere o que acontece quando as pes soas são solicitadas a indicar as características de uma categoria como fruta ou mobília A maioria das características que as pessoas listam são preferencialmenre peculiares do que de finidoras Rosch Mervis 1975 Suponha que uma pessoa relacione as propriedades típicas de uma categoria como fruta e indique em seguida quantas dessas propriedades um deter minado caso possuiNa realidade é possívelcalcular um conjunto de similaridades do grupo que indica o quanto um caso é típicoem termos maisamplosda categoriamaisgeral Rosch Mervis 1975 Os psicólogos ao refletiremsobre como as pessoas parecem pensar sobre conceitos e ca tegorias concordaram em diferenciar dois tipos de categorias denominadas conceitos clássicos e conceitos vagos Conceitos clássicos são categorias que podem ser definidasprontamente por meio das características definidoras como solteiro Conceitos vagos são categorias que não podem ser definidas tão facilmente como os jogos Seus limitessão vagos conforme sua de signaçãoindica Conceitos clássicos tendem a ser invenções que os especialistas criaram para designar arbitrariamente uma classeque possui características definidorasassociadas Concei tos vagos tendem a evoluir naturalmente Smith 19881995a Desse modo o conceito de sol teiro é um conceito arbitrário que inventamos Alguns especialistas podem sugerir que empreguemos a palavrafruta para descreverqualquer parte de uma planta que possuisemente polpa e casca Entretanto nosso conceito natural e vagode uma fruta usualmente não se es tende com facilidade a tomates abóboras e pepinos Verifique no dicionárioa definição de to mate abóbora e pepino se você duvida da condição de fruta que possuem Esses exemplos são no entanto itens secundários de nível mais inferior no âmbito dessa categoria Conceitos e categorias clássicos e as palavras que os designam podem ser baseadas nas característicasdefinidoras Conceitos e categorias vagos possuem como base protótipos De acordo com a visão de protótipos um objeto será classificado como pertencente a uma categoria caso seja suficientemente similar ao protótipo O significadoexato de similaridade aplicado a um protótipo pode ser um tema complexo Existem atualmente teorias distintas para determinar como essa similaridade deve ser avaliada Smith Medin 1981 Para nossos fins encarnamos similaridade em termos do número de características partilhadas entre um objeto e um protótipo Talvez algumas característicasdevam até possuirum peso maior por serem mais relacionadas ao protótipo do que às demais características por exemplo Ko matsu 1992 Na realidade alguns psicólogos propõem que ao invés de usar um único protótipo para categorizar um conceito usemos diversos exemplares Exemplares são representações típicas de uma categoria Murphy 1993 Ross 2000 Ross Spalding 1994 Por exemplo ao consi derar asaves podemospensar não apenas no pássarocanoro prototípicoque é pequeno voa constrói ninhos canta e assim por diante Podemos também pensar em exemplares de aves de rapina aves de grande porte que não voam aves aquáticasde tamanho médioe assim por diante Alguns pesquisadores usam este método para explicar como as categorias são forma dase usadas emsituações de classificação rápida Nosofsky Palmeri 1997 Nosofsky Palmeri McKinley 1994 veja também Estes 1994 Em particular as categorias são estabelecidas criando uma regra e então agrupando exceções como exemplares Posteriormente durante Capítulo 8 Representação e Organização do Conhecimento naMemória Conceitos Categorias 273 o reconhecimento os exemplares entram na memória A velocidade de cada item é determi nada pela similaridade como item almejado Candidatos prováveis passam a fazer partede um processo de seleção Portanto a teoria é lógicae estável Exceções à armazenagem per mitem que as categorias permaneçam flexíveis Suponha realmente que possuímos exem plares múltiplos Vemos em seguida o caso de uma ave que pode combinar de modo mais flexível este caso a um exemplar apropriado do que a um único protótipo Ross Spalding 1994 As teorias dos exemplares da categorização também têm sidoalvo de críticasUm crí tica conhecida questiona o númeroe o tipo de exemplares que são armazenados para cada categoria Smith 2005 Porexemplo todaexceção à regra é armazenada ou somente asmais importantes são preservadas Alguns teóricos afirmam que não existem recursos suficientes na mente para uma representação de toda regra e cada exceção à regra de cada categoria Collier 2005 Alguns trabalhos propõem nem uma teoria de exemplares exclusiva nem uma teoria baseadaem regras exclusivas Rouder Ratcliff 2004 2006 Alguma combinação das duas é considerada preferencialmente mais apropriada Uma Síntese Combinação entre a Teoria das Características e a Teoria do Protótipo E interessante que mesmo as categorias clássicas parecem ter protótipos Considere dois conceitosclássicos Armstrong Gleitman Gleitman 1983 número ímpar e figura geométrica plana Por exemplo umnúmero ímpar é qualquer inteiro que não seja sequer divisível pordois As pessoas descobriram que casosdiferentes dessas categorias são maisou menos prototípicos de suas respectivas categorias Porexemplo 7 e 13 sãoexemplos típicos de números ímpares quesãoconsiderados muitopróximos do protótipo para um número ímpar Emcontraste 15 e 21 não são considerados tão prototipicamente ímpares Em outras palavras as pessoas con sideram 7 e 13 como exemplares melhores dos números ímpares do que 15 e 21 No entanto todos os quatro números são realmente ímpares Um triângulo é considerado de modo simi lar como uma figura geométrica típica Umaelipse emcontraste não é considerada Ambas as figuras no entanto pertencem por definição a um plano Uma teoria completa da categorização poderia precisar combinarcaracterísticas defini doras e peculiares veja também Hampton 1997a Smith etai 1988 Smith Shoben Rips 1974 Wisniewski 1997 2000 De acordo com essa visão cada categoria possui um protó tipo e um núcleo Um núcleo referese àscaracterísticas definidoras que algo precisa ter para ser considerado um exemplo de uma categoria O protótipo em contraste engloba as carac terísticas peculiares que tendem a ser típicas de um exemplo porém não são necessárias para ser consideradas um exemplo Considere por exemplo o conceito de um ladrão O núcleo requer que alguém desig nado como ladrão seja uma pessoaque subtrai bens de outros sem autorização O protótipo no entanto tende a identificarpessoas específicas com maior probabilidade de serem ladrões Seuscrimes podem incluira apropriação indébitade milhões de dólares de seus empregado res Esses criminosos são no entanto difíceis de apanhar A razão pela qual são difíceis de apanhar em parte é que não se parecem com os protótipos de ladrões não importando o quanto possam roubar de outras pessoas Em contraste habitantes desleixados das regiões centrais de nossas cidades são presos algumas vezes por crimes que não cometeram A ra zão emparte é queeles se parecem mais de pertocomo protótipo comumente aceito de um ladrão independentemente de roubarem ou não Dois pesquisadores testarama noçãode que compreendemos a importância das caracte rísticas definidoras somente à medida que avançamos em idade Keil Batterman 1984 Criançascom menos idade segundo a hipótese destes investigadores consideram as catego rias principalmente em termos de características peculiares Os pesquisadores apresentaram 274 Psicologia Cognitiva descrições a crianças na faixa etária de 5 a 10anos Havia entre elasduas pessoas incomuns A primeira era um velho malcheiroso e de péssimo aspecto com um revólver em seu bolso que entrou em sua casa e levou seu aparelho de televisão porque seuspais não o desejavam mais e lhe disseram que podia leválo A segunda era uma mulher muito simpática e ale gre que lhe deu um abraço porém em seguida retirou seu vaso sanitário e o levou embora sem permissão e intenção de retornálo Crianças com menos idade caracterizaram muitas vezes a primeira descriçãocomo uma representação melhor de um ladrão do que a segunda descrição Foi somenteperto da idade de 10 anos que as criançascomeçaram a mudar a ca racterização da segunda pessoa como mais parecida com um ladrão Em outras palavras as crianças com menos idade encaravam alguém como ladrão mesmo se a pessoa não tivesse roubado nada O que importava era que a pessoapossuía as característicaspeculiares de um ladrão A transição no entanto nunca é integralmente completa Poderíamos suspeitar que o primeiro indivíduo teria pelo menos a mesma probabilidade que o segundo de ser preso Desse modo o próprio tema da categorização permanece um tanto vago masparece incluir algunsaspectos de características definidoras e algunsoutrosde natureza prototípica Visão com Base na Teoria Um distanciamento dasvisões do significado baseadas em características protótipos e exem plares é a visãodo significado com base na teoria Uma visão de significado com base na teoria afirma que as pessoas compreendem e categorizam conceitos em termos de teorias implícitas ou idéias geraisque possuem em relação a estes conceitos Markman 2003 Por exemplo o que torna alguém uma pessoa razoável Na visão firmada emcomponentes se tentaria isolar as características peculiares de uma pessoa razoável Na visão baseada em exemplares a pessoa tentaria identificar alguns bons exemplos que testemunhouna própria vida Na visão com base na teoria a pessoa usaria a experiência para elaborarumaexplica ção daquiloque torna alguém uma pessoa razoável Tal teoria poderiaproporalgo parecido com o seguinte uma pessoa razoável é aquela que quando vence é benevolente na vitória e não ridiculariza os perdedores ou faz com que se sintam constrangidos pela derrotaTam bém é alguém que quando perde perde graciosamente e não culpa o vencedor ou o árbitro ou procura desculpas Ele ou ela aceita a derrota preferencialmente de modo tranqüilo pa rabeniza o vencedor e então segue em frente Observe que na visão com base na teoriaé difícil captar a essência da teoria em uma ou duas palavras A visãode um conceito é até certo ponto mais complexa A visão a partir da teoria indica que as pessoas conseguem distinguir entre característi cas de conceitos essenciais e casuais ou acidentes por possuir representações mentais com plexas destes conceitos Um estudo mostrou que tais teorias poderiam manifestarse nos julgamentos sobre conceitos aprendidos recentemente Rips 1989 Os participantes ou viram histórias sobre uma criatura hipotética Os estímulos foram apresentados sob duas condições experimentais Nesse estudo Rips 1989 uma condiçãoenvolveu uma criatura fictícia com aspecto de avedenominada PI que por um acidente ficou parecidacom um inseto Nunca foiafirmado que o PI se parecia com uma ave ou um inseto As circunstâncias da transformação foram descritas até certoponto emdetalhes O PI foi descrito comotendo umadieta composta por sementes e amoras possuindoduas asas e duas patas e criando seu ninho nos galhoselevados de umaárvore O ninho comoo de umpássaro estava cobertoporpenascinzaazuladas con forme ocorre com muitas aves Porém um determinado PI foi atingido por uma fatalidade Seu ninho encontravase próximo do lugar de um depósito de produtos químicos tóxicos Em virtude de esses produtos terem contaminado a vegetação de que PI se alimentava sua Capítulo 8 Representação e Organização doConhecimento na Memória Conceitos Categorias 275 aparência começou a mudar gradualmente O PI perdeu suas penas e no lugar delas cresceu um novo par de asas quepossuía uma membrana transparente O PI deixou seuninho e criou uma cascaexterna que era frágil e iridescente Criou mais dois pares de patas de modo que possuía agora seis patasno total Acabou sendocapaz de firmarse em superfícies lisas e come çou por alimentarse somente com o néctar de flores Após algum tempo o PI acasalouse com outro PI umafêmea normal A fêmea pôsosovos fertilizados que resultaram do acasa lamentoem seu ninho e os incubou Emseguida após três semanas filhotes normais de PI saíram de suas cascas Observe que nesta descrição o fato de o PI ser capaz de acasalarse com um PI normal paragerarPI normais mostra que o PI desvalido nunca realmente mu dou sua estrutura biológica básica Permaneceu em essência um PI A segunda condição envolveu uma transformação essencial na natureza de um ser Em outras palavras a transformação foi de essência e não acidental A transformação envolveu um animal também fictício conhecido como Al Durante uma fase inicial da vida do Al ele tinha característicasde um PI conformedescrito previamente Porém após alguns meses o Al perde suas penas e desenvolve em seguida as mesmas características que resultaram do acidente infeliz com o PI Observe que nessa segunda condição ocorreuma transforma ção idênticaàquela do PI descrita na primeira condição poréma transformação é represen tada como biológica e natural ao invés de acidental causada pela proximidade de produtos químicos tóxicos Um grupode controleleusomente a descrição dosPI porémosparticipantes experimen taisno estudo foram solicitados a indicarduasavaliações após lerem a respeito do PI e do Al A primeira avaliação foi do grau em que o PI na condição de PI ou o Al na condição de Al seenquadra na categoria de ave A segunda avaliação foi a dasimilaridade do PI ou do Al com a ave Portanto uma avaliação dizia respeito à inclusão em uma categoria e a outra à similaridade Os participantes do grupo de controleforam solicitados a simplesmente ava liar a similaridade dos PI a aves Deacordo comasteorias do protótipo e doexemplar nãoexiste umarazão específica para esperarque os dois conjuntos de avaliações dos participantes experimentais mostrassem pa drões diferentes De acordo com essas categorias as pessoas categorizam os objetos com base em suasimilaridade a um protótipo ou a um exemplar e portanto os resultados deveriam ser os mesmos para ambos os conjuntos de avaliação A Figura 81 mostra os dados reais Osresultados das avaliações decategorização e desimilaridade são consideravelmente di ferentes Observe que na condição de mudança casualas avaliações das inclusões na catego ria são maiores do que na condição de mudança essencial Em outras palavras as pessoas apresentavam menor propensão para ver a mudança casual do que a mudança essencial em termos de afetar a inclusão na categoriafundamental Em contraste as avaliações de simila ridade foram menores na condição de mudança casual do que na condição de mudança es sencial Os participantes do grupo de controle não tiveram dificuldade para reconhecer a similaridade entre um PI e uma aveA diferençade padrão entre as avaliações de inclusão na categoria e similaridade são coerentes com a visãode significado com base em teoria Trabalhos realizados com crianças proporcionam provas adicionais paraa visão combase em teoria Alguns pesquisadores estudaram uma visão do significado denominada essência lismo Esta visão afirma que certas categorias como as de leão ou fêmea possuem uma realidade subjacente que não pode ser observada diretamente Gelman 2003 2004 Por exemplo alguém poderiaser digamos uma mulhermesmo se outro indivíduo fosse incapaz ao observála na calçada de poder detectar sua condição feminina Um caso é ter cabelo curtoTercabelo curto poderia ser mais típico de homensdo que de mulheres e no entanto mulheres podem ter cabelo curto Gelman 2004 mostrou que mesmo crianças com pouca idade vão além em sua observação das característicasóbvias para compreender a natureza 276 Psicologia Cognitiva FIGURA 81 GB Controle D Avaliação da categoria D Avaliação da similaridade 79 66 38 Mudança essencial Mudança acidental Efeitos das mudanças nas avaliações de categorização e similaridade DeL Rips Similãrity Typicality and Categorization em S Vosniadou A Ortony org Similarity and Analogical Reasoning p 2159 1989 Cambridge University Press essencial dascoisas Estavisão contradiz a teoriado desenvolvimento cognitivo de Piaget De acordo com esta teoria crianças na faixa etária aproximada de 8 a 11 anos pensam concre tamente Elas não conseguem abstrair características que possuem natureza formal No en tanto o trabalho dos psicólogos que estudam o essencialismo indica que as crianças com menos idade podem observar e buscam efetivamente características ocultas que não são ób vias sob hipótese alguma Por exemploem um estudo 165 crianças com idadesentre 4 e 5 anos foram solicitadasa realizar inferências a respeito de coisas como um tigre ou ouro Gelman Markman 1986 Elas poderiam usar inclusão em uma categoria o que é abstrato ou similaridade perceptiva o que é concreto para fazersuas inferências As inferências que fariam utilizando esses dois meios eram diferentes Os pesquisadores descobriram que mesmo com a idade de 4 anos as crianças conseguiamrealizar inferências usando as caregorias abstratas mesmoquando estas categorias fossem conflitantes com as aparências O modo comoas pessoas aprendem conceitos e categorias depende em parte da tarefa quefarão comestes conceitos e categorias Por exemplo aspessoas aprendem sobre categorias dedeterminado modo caso precisem fazer classificações por exemplo este animalespecífico é um gato ou um cachorro e caso necessitem fazer inferências por exemplo seeste ani mal é um cachorro quantosdentesterá Yamauchi Markman 1998 O aprendizado por tanto é estrategicamente flexível dependendo da tarefa que o indivíduo terá de fazer a aprendizagem não ocorre com uma rigidez do tipo tamanho único Markman Ross 2003 Ross 1997 Tudo isso expressa que o significado não é apenas uma questão de um conjunto de ca racterísticas ou de exemplares As crianças principiam a formar teorias sobre a natureza dos objetos desde tenra idade Estas teoriassedesenvolvem com a idade Porexemplo vocêpro vavelmente possui uma teoria a respeito do quefaz umcarroserumcarro Você poderia ver Capítulo 8 Representação e Organização do Conhecimento naMemória Conceitos Categorias 277 carroscomtodosos tiposde aparência Desde que estivessem de acordocom suateoriavocê assim mesmo os designaria carros As teorias nos capacitam a considerar o significado de modo profundo ao invésde somente atribuir significado com base nas característicassuper ficiais dos objetos Modelos de Redes Semânticas Um modelo mais antigo ainda usado atualmente é representado em termos de uma rede semântica hierárquica relacionada ao significado conforme expresso na linguagem isto é emsímbolos lingüísticos Umarede semântica é uma teiade elementos de significado inter conectados Nós são os elementos de uma rede Em uma rede semântica os nós normal mente representam conceitos As conexões entre nós são as relações especificadas Podem envolver inclusão em uma categoria por exemplo um é um é uma relação incluindo porco a mamífero atributos por exemplo unindo peludo a mamífero ou alguma outra relaçãosemântica Dessemodo uma rede proporcionaum meiopara organizarconcei tos A forma exata de uma rede semântica difere de uma teoria para outra Porém a maior parte das redes tem alguma semelhança com a rede grandemente simplificada apresentada na Figura 82 As relações especificadas formam elos que capacitam a pessoa a unir os vários nós de uma maneira significativa Emum estudofundamental os participantes tomaramconhecimentode afirmativas re lacionando conceitos como um sabiá é um pássaro e um sabiá é um animal Collins Quillian 1969 Eles foram solicitados a verificar a veracidade das afirmativas Os participan tes conheceram somente afirmativas de inclusão em classe nas quais o sujeito era uma única palavra O predicado descrevendo o sujeito assumiu a forma éum substantivo de umaca tegoria Algumas das afirmativas eram verdadeiras outras não A medida que a categoria conceituai do predicado tornavase mais afastada hierarquicamente da categoria do sujeito da afirmativa as pessoas geralmente levavam mais tempo paraverificar umaafirmativa ver dadeira Portanto poderíamos esperar queaspessoas levassem mais tempo paraverificar um sabiá é um animal do que um sabiá é um pássaro A razãoé que pássaro é uma categoria de nível superior imediato para sabiá Animal entretanto é uma categoria de nível superior mais distante Collins e Quillian concluíram que uma representação de rede hierárquica como a queé apresentada na Figura 83 explicava adequadamente os tempos de resposta em seu estudo De acordo com esse modelo a representação do conhecimento organizado as sume a forma de um diagrama em forma de árvore hierárquica FIGURA 82 R I a a b agente objeto b Mary jogou a bola Em uma rede semântica simples os nós servem como junções representando conceitos unidos por relações especifica das a uma estrutura de rede básica mostrando que a relação Rune osnós a e b bdiagrama de uma rede simples dasentençaMary jogou a bola 278 Psicologia Cognitiva FIGURA 83 Canário É amarelo Possui pele 4Pode se locomover Alimentase Respira Possui asas Pode voar Tem penas Possui pernas j longas e finas Avestruz Éalta Não pode voar Peixe Tubarão Possui nadadeiras Pode nadar Possui guelras Pode morder Érosa Salmão Íh É comestível Éperigoso Nada contra a corrente para pôr ovos De In Searchof the HumanMindpor Robert Sternberg 1995 Harcourt Brace Company Reproduzido me diante autorização doeditor Um modelo hierárquico parecia ideal para os pesquisadores No âmbito de uma hierar quia podemos armazenar informações eficientemente queseaplicam a todos oscomponen tes de uma hierarquia em seu maior nível possível Simplesmente não temos de repetir as informações dosníveis inferiores na hierarquia Portanto um modelo hierárquico contémum grau elevado de economia cognitiva O sistema permite uma utilização máxima de uso efi ciente da capacidade com um mínimo de redundância Dessemodo se você sabe que cães e gatos são mamíferos você armazena no nível de mamíferos tudo aquilo que conhece sobre mamíferos Por exemplo você poderia armazenar que mamíferos possuem pelos e dão cria a filhotes que amamentam Você não precisarepetir esta informaçãonovamente no nível hie rarquicamente inferior para cães e gatos Tudo que era conhecido a respeito de itens nos ní veis superiores de uma hierarquia foi aplicado a todos os itens nos níveis inferiores da hierarquia Este conceito de herança implica queositens no nível inferior herdam asproprie dades dositensde nívelsuperior Este conceito por suavez é primordial paraa economiados modelos hierárquicos Modelos computadorizados da rede demonstraram claramente o valor da economia cognitiva O estudo deCollins e Quillianinstigou todaumalinhade pesquisas sobre a estrutura das redes semânticas No entanto muitos dos psicólogos que estudaramos dados de Collins e Quilliandiscordam das interpretações destes pesquisadores Para citarumexemplo numero sas anomalias dos dados não conseguiam serexplicadas pelo modelo Por exemplo ospartici pantes levammaistempo para verificar um leãoé um mamífero do que para verificar um leão é umanimal No entanto em uma visão estritamente hierárquica a verificação deveria ser maisrápida para a afirmativa referente ao mamífero do que para a do animal Afinal de contas a categoria mamífero é maispróximahierarquicamenteda categorialeão do que é a categoria animal Uma teoria alternativaé que o conhecimentose encontra organizado com baseem uma comparação de características semânticas preferencialmente a uma hierarquia de conceitos Capítulo 8 Representação eOrganização do Conhecimento naMemória Conceitos Categorias 279 FIGURA 84 Elefante Uma alternativa aosmodelos derede hierárquica da memória semântica envolve representações queressaltam a com paração de características semânticas O modelo de características também não consegue explicar todos osdados rela tivos à memória semântica estrita Smith Shoben Rips 1974 Esta teoria difere em um aspecto importante da teoria da categorização baseado em características Características de conceitos diferentes sãocom paradas diretamente ao invésde servir de base para formar uma categoria Considere por exemplo componentes do conjuntode substantivos que designam mamí feros Os substantivos que nomeiam mamíferos podem serrepresentados em termos de um es paço psicológico organizado portrês categorias tamanho ferocidade econdição deser humano Henley 1969 Um leão porexemplo teriaposicionamento elevado emtodas astrês Umele fante teria uma posição particularmente elevada em tamanho porém não tão elevada em fe rocidade Um rato seria elevadoem ferocidade A Figura 84 apresenta como as informações poderiam ser organizadas no âmbito de uma teoria baseada em características não hierárqui cas Observe queestarepresentação também deixaalgumas perguntas sem resposta Por exem plo como a própria palavra mamífero se enquadra Não parece enquadrarse no espaço dos substantivos que designam mamíferos Onde outros tipos de objetos se enquadrariam Nenhuma das duas teorias de representação precedentes especifica completamente como todas as informações poderiam ser organizadas em uma rede semântica Talvez seja usado algum tipodecombinação de representações por exemplo Collins Loftus 1975 Ou tros modelos de rede tendem a enfatizar os relacionamentos mentais sobre os quais pensa mos mais freqüentemente ao invés de apenas quaisquer relacionamentos hierárquicos Por exemplo poderiam enfatizar o elo entre pássaros e sabiás ou pardais ou o elo entre pássaros e voo Não enfatizariam o elo entre aves e apoiarse em duas patas Osconceitos parecem terumnível básico denominado algumas vezes umnível natural deespecificidade um nível no âmbito de uma hierarquia que é preferido a outros níveis Me din Proffitt Schwartz 2000 Rosch 1978 Suponha que eu lhe mostre um objeto comestí velvermelho e arredondado quepossui umtalo e queseoriginou de umaárvore Você poderia caracterizálo como uma fruta uma maçã do tipo Delicious uma maçã Red Delicious 280 Psicologia Cognitiva e assimpor diante O nível básicoe preferidoé maçã O nível básicoem geralnão é o mais absrrato nem o mais específico Evidentemente este nível básico pode ser manipulado por contexto de especialização TanakaTaylor 1991 Suponha que o objetoestivesse expostoem uma banca de frutas que vendesse somentemaçãs Você poderia descrevêlo comouma maçã Red Delicious para distinguilo das outras maçãs em volta De modo similar um fruticultor que cultivasse maçãs conversandocom um estudante de horticultura poderiaser mais espe cífico do que seria um comprador apressado Como podemos afirmar qual é o nível básico Por que maçã é o nível básico ao invés de maçã Red Delicious ou fruta Ou por que é vaca ao invésde mamífero ou Ilha Guernsey Tal vez o nível básico seja aqueleque possui o maior número de característicasdistintivas que o colocam à parte de outros conceitos no mesmo nível Rosch etai 1976 Portanto a maioria de nós encontraria mais características distintivas entre uma maçã e uma vaca por exemplo do que entre uma maçã Red Delicious e uma maçã Pippin De modosimilar encontraríamos poucas características distintivas entre uma vaca Guernsey e uma vaca Holstein Mais uma vez nem todos teriam necessariamente o mesmo nível básico como no caso dos horticulto res No entanto a maioria das pessoas teria O nível básico para nossas finalidades é aquele que a maior parte das pessoasconsidera ter distinção máxima Quando as pessoasvêem ilustrações de objetos elas os identificam mais rapidamente em um nível básico do que identificam objetos em nível superior ou inferior Rosch et ai 1976 Os objetos parecem ser reconhecidos inicialmente em termos de seu nível básico Somente mais tarde são classificados em termos de categorias de nível superior ou inferior Portanto a ilustração do objeto comestível arredondado de uma árvore provavelmente seria identifi cado no início como uma maçã Somente então se necessário seria identificado como uma fruta ou uma maçã Red Delicious Um método usual para examinar redes semânticas envolve completar as raízes de pala vras Nesta tarefaapresentase aosparticipantes um indutor durante um intervalo de tempo muito reduzido O participante toma conhecimento em seguida das primeiras letras de uma palavra e é solicitadoa completar a raizcom a primeira palavra que venha à sua mente As raízes poderiamsercompletadascom uma palavra relacionadasemanticamente ou com qual quer número de palavras não relacionadas Normalmente os participantes completam essas raízes com um item relacionado semanticamente Considerase que estas descobertas signi fiquem que a ativação de um nó da rede aumenta a ativação de nós relacionados Um estudo observouque com a progressão do mal de Alzheimer a ativação de nós relacionados fica pre judicada Como resultado as raízes de palavras para pacientes com o mal de Alzheimer são completadas mais freqüentemente com palavras que não possuem relação com o indutor Passafiume Di Giacomo Carolei 2006 Um conceito interessante relacionado às redes semânticas são as deficiências semânticas específicas de umacategoria Estas podemser causadas por algumas síndromes incluindoen tre outras a demênciasemântica e a encefalitecausadapelo vírus do herpes simples HSVE na sigla em inglês Capitanietaí 2003 Essas deficiências específicas de categorias incluem maiscomumentedificuldades com categorias animadas ou inanimadasNos casosde demên ciasemântica e HSVEsimultâneas ocorre dano nos lobos temporais anteriores RalphLowe Rogers 2007 O dano nessas áreas parece causar deficits de acesso a categorias semânticas As redes semânticas também foram analisadas como paciente H M veja o Capítulo 5 para informações gerais sobre H M Conforme você deve se lembrar o hipocampo de H M foi objeto de uma intervenção cirúrgicacomo forma de tratamento da epilepsia Um efeitocola teral deste tratamento foi uma grande perda da capacidade para formar novas memórias No entanto provas recentes indicam que H M é capaz de aprenderao menos algumas informa ções semânticas novas Embora o desempenho em tarefas semânticas tenha ficado prejudi cado em H M houve sem margem de dúvida algum aprendizado semântico 0Kane Capítulo 8 Representação e Organização doConhecimento naMemória Conceitos Categorias 281 Kensinger Corkin 2004 Estas descobertas indicam que embora o aprendizado semântico possa ocorrer sem a participação do hipocampo tal aprendizagem melhora consideravel mente pelo seu uso Podemos ampliar um passo adiante nossa compreensão dos conceitos se considerar mos não somente os níveis hierárquico e básico de um conceito Komatsu 1992 Também deveríamos levar em conta outras informações relacionais que o conceito encerra Com preenderemos melhor o modo como especificamente derivamos significados de conceitos considerandosuasrelações com outrosconceitos bemcomo as relações entre os atributos con tidos em um conceito Representações Esquemáticas Esquemas Uma abordagem importanteparacompreender comoosconceitos sãorelacionados na mente ocorre por meio de esquemas Eles possuem muitasimilaridade com as redes semânticas ex ceto que os esquemas freqüentemente são mais orientados às tarefas Recordese de que um esquema é umaestrutura mental para organizar o conhecimento Ele cria uma estruturasig nificativa de conceitos relacionados Evidentemente conceitos e esquemas podem ser consi derados em vários níveis de análise Tudo depende da mente do indivíduo e do contexto Barsalou 2000 Por exemplo a maioria de nós provavelmente encara vaca como um con ceito fundamental talvezno âmbito de um esquema mais elaborado de animais que vivem em fazendas No entanto para um criador de gado ou o fazendeiro que opera um laticínio vaca pode simplesmente não ser fundamental O criador e o fazendeiro conseguem reconhecer muitas espécies diferentes de vacas Cadauma pode possuir diversas categorias distintivas De modo similar a maioria das pessoas não possui um esquema elaborado de Psicologia Cognitiva No entanto paraa maior parte dospsicólogos cognitivos o esquema de Psicologia Cognitiva é consideravelmente elaborado Ele engloba muitos subesquemas como os subesquemas de atenção memória e percepção Esquemas possuem diversas características queasseguram ampla flexibilidade emseu uso Rumelhart Ortony 1997 Thorndyke 1984 1 Esquemas podem incluir outros esquemas Por exemplo um esquema para ani mais incluium esquema para vacas um esquema parasímios e assim pordiante 2 Esquemas englobam fatos típicos e gerais que podem variarligeiramente de um caso específico paraoutro Porexemplo embora o esquema paramamíferos inclua umfato geral de queos mamíferos normalmente possuem pelos inclui oshumanos quepos suem menos pelugem do que a maioria dos outros mamíferos Também inclui os porcosespinhos que parecem mais espinhemos do que peludos e mamíferos mari nhos como as baleiasque possuemapenas algumas cerdas 3 Esquemas podem variar em seu grau de abstração Por exemplo um esquema para justiça é muito mais abstrato do que umesquema para maçã ou mesmo para fruta Esquemas também podem incluir informações sobre relações Komatsu 1992 Uma parte destas informações inclui as seguintes relações Conceitos por exemplo o elo entre caminhões e carros Atributosno âmbitode conceitos por exemplo a altura e o pesode um elefante Atributos em conceitos relacionados por exemplo a cor vermelha de uma cereja e a cor vermelha de uma maçã 282 Psicologia Cognitiva Conceitos e contextos específicos por exemplo peixe e oceano Conceitos específicos e conhecimento básico geral por exemplo conceitos sobre de terminados presidentes dos EUA e conhecimento geral sobre o governo e a história dos EUA As relações causais seentão ocorrem no âmbito de esquemas que interessam parti cularmente aos psicólogos cognitivos Considere por exemplo nosso esquema para vidro Provavelmente especifica que se um objeto feitode vidro cair sobre uma superfície sólida o objeto pode quebrar Esquemas também incluem informações que podemos usar como base para fazer inferências em situações novas Por exemplo suponha que uma mulher com idade de 75 anos um homem de 45 anos uma freira de 30 anos e uma mulher de 25anos estejam sentados em bancos de um parque público em torno de um playground Uma criança com pouca idade cai de algum brinquedo do playground Elegrita Mamãe A quem a criança se dirigeExiste a possibilidade de que para determinar sua resposta você seria capaz de fa zeruma inferênciavalendosede váriosesquemas Estes incluiriamesquemas para mães para homens e mulheres para pessoas de várias idadese mesmopara pessoas que fazem parte de ordens religiosas As primeiras idéiassobre esquemas tinham como foco o modo como representamos as informações na memória por exemplo Bartlett 1932 Também se concentraram no modo como as crianças desenvolvem a compreensão cognitiva de como o mundo opera Piaget 19281952 1955 Pesquisadores interessados em IA adaptaram a noção de esquemas para que se enquadrassem em diversos modelos computadorizados de inteligência humana Estes pes quisadores como parte de seu interesse geral no desenvolvimento de modelos computadori zados de inteligência criaram modelos informatizados da maneira como o conhecimento é representado e usado Roteiros Uma noção sobre representações esquemáticas é denominada roteiro Schank Abelson 1977 Um roteiro é uma estrutura que descreve seqüências apropriadas de eventos em um determinado contexto Umroteiro éformado porespaços e exigências a respeito doquepode preencher esses espaços A estrutura é umtodo interconectado eaquilo que está emumespaço afeta o que pode estar em outro Roteiros tratam de situações diárias estilizadas Não estão sujeitos a muita alteração nem proporcionam a base para lidar com situações totalmente novas Schank Adeíson Í997p 41 Portanto os roteiros são muito menos flexíveis do que os esquemas em geral Roteiros entretanto incluem valores faltantes paraosatores osobjetos de cenao cenário e a seqüên cia de eventos que se espera ocorrer Estes valores considerados em conjunto formam uma visão de conjunto de um evento Considere o roteirodo restaurante O roteiro pode ser aplicado a um tipo específico de restaurante por exemplo uma cafeteria Um roteiropossui diversas características Uma de las são os objetos que incluemmesas um cardápio alimentos uma conta e dinheiro Um se gundo são os papéis a ser desempenhados Estes incluem um cliente um garçom um cozinheiro um caixa e um proprietário Uma terceira característica sãoas condições iniciais para o roteiro Porexemplo oa cliente sente fome e possui dinheiro Uma quarta caracterís tica são as cenas que incluem entrar fazer o pedido comer e sair E uma quinta caracte rística é um conjunto de resultados O cliente possui menos dinheiro O proprietário possui mais dinheiro O cliente não sente mais fome E algumas vezes o cliente e o proprietário estão satisfeitos Capítulo 8 Representação e Organização do Conhecimento na Memória Conceitos Categorias 283 O MÉDICO John não esrava se senrindo bem hoje e portanto decidiu visitar o médico da família Ele se apresenrou à atendente do médico e folheou diversas revistas médicas que estavam em uma mesa ao lado de sua poltrona Fi nalmente a enfermeira o chamou e pediulhe para tirar a roupa O doutor foi muito gentil com ele e ao término da consulta prescreveu alguns comprimidos para John que em seguida deixou o consultório e seguiu para casa John tirou sua roupa Esta descrição roteirizada de uma visita a um consultório médico é razoavelmente comum Observe que nessa descrição como provavelmente ocorreria em toda descrição verbal de um roteiro estão faltando alguns detalhes O relator ou roteirista neste caso pode ter omitido a menção desses detalhes Desse modo não sabemos com certeza se John realmente tirou sua roupa Além disso a enfermeira provavelmenre acenou para John em algum ponto Ela o conduziu em seguida à sala de exames A enfermeira provavelmente mediu em seguida a temperatura e a pressão de John e o pesou O médico provavelmente solicitou a John para que descrevesse seus sintomas e assim por diante Porém não temos certeza a respeito de cada um destes passos INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Foram conduzidos diversos estudos empíricos para testar a validade da noção de roteiro Em um deles os pesquisadores relataram aos participantes 18histórias curtas Bower Black Turner 1979 Considere uma destas representando o roteiro do consultório médico no box Investigando a Psicologia Cognitiva Solicitouse aos participantes da pesquisa que lessem 18 histórias Elesforam solicitados posteriormente a realizar umade duas tarefas Emuma tarefade recordação pediuse aospar ticipantes que se lembrassem o máximo possível a respeito de cada uma das histórias Nesta ocasião os participantesdemonstraram uma tendência significativa de recordação como par tes das histórias de elementos que na realidade não faziam parte delas mas que eram partes dos roteiros que as histórias representavam Na tarefa de reconhecimento apresentaramse sentençasaosparticipantes Eles foram solicitados a avaliarem uma escalade 7 pontos a con fiança que possuíam de terem visto cada uma das sentenças Algumas das sentenças origina ramse das histórias outras não Das sentenças que não provieram das histórias algumas originaramse dos roteiros relacionados Outras não provieram destes roteiros Os participan tes apresentavam uma maior tendênciapara caracterizarsentenças quenão seoriginaramdas histórias específicas como provenientes das histórias se as sentenças que não se originaram das histórias fossem pertinentes aos roteiros do que se as sentenças que não se originaram das histórias não tivessem relaçãocom os roteiros A pesquisa de Bower Blacke Turner indicou que os roteiros parecem orientar aquilo que as pessoas relembram e reconhecem no final aquilo que as pessoas conhecem Estudos por imagens revelam que os lobos frontais e parietaisparticipamda geração de roteiros Godbout etai 2004 A geraçãode roteiros requer participação elevada da me mória de trabalho A geração de roteirosadicionaisenvolveo uso de informações tempo rais e espaciais Algunsgrupos de pacientes têm seu usode roteiros afetado negativamente Por exemplo pessoas com esquizofrenia apresentam freqüentemente dificuldade para relembrar e sequen ciar roteiros Estaspessoas também incluemeventosa um roteiroque não deveriam ser incluí dos As pesquisas indicam uma relação entre dificuldades com o processamento de roteiros e os sintomas positivos da esquizofrenia por um lado e disfunção dos lobos frontais por outro 284 Psicologia Cognitiva Matsui etai 2006Outro caso de roteiros disfuncionais pode ser observado nas pessoascom transtorno de hiperatividade e déficitde atenção Um sequenciamento de roteiros afetado ne gativamente é observado nesta população Braun etai 2004 Uma diminuição da capacidade para sequenciar eventos que fazem parte de um roteiro também ocorre à medida que os anos passam Aílain et ai 2007 presumivelmente como resultado de processos associados a do enças na população que envelhece O papel dos lobos frontais na geração e no uso de rotei ros parece ser fundamental Um efeito interessante notado na aprendizagem de roteiros é o efeito de tipicidade Em geral quando uma pessoa está aprendendo um roteiro caso ocorram ações típicas e atípicas a informação atípica será rememorada mais prontamente Isto se dá devido provavelmente ao processamento que requer mais esforço para a informação atípica em comparação à infor mação típica Quando alguém sofre ferimento na cabeça o efeito de tipicidade desaparece Vakil et ai 2002 Em outras palavras as pessoas passam então a ter uma rememoração aproximadamente igual da informação típica e da atípica Em um contexto relacionado os roteiros também podem atuar em relação ao modo pelo qual os especialistas dialogam e trocam correspondência entre si Os especialistas cer tamente partilham um jargão um vocabulário especializado comumente usado no âm bito de um grupo profissional Adicionalmente entretanto os especialistas partilham de um entendimento comum dos roteiros que são conhecidos pelas pessoas que atuam na área de especialização Por exemplo após ler o Capítulo 2 você possui uma compreensão bá sica dos métodos de tomografia por emissão de pósitrons PET Portanto quando alguém menciona que uma imagem obtida por PET foi usada para examinar o cérebro você tem uma idéia do que aconteceu As pessoasque não atuam na área de especialização não par tilham desse entendimento No exemplo da PET uma pessoa que nunca leu ou aprendeu a respeito de PETs poderia saber que o resultado é uma imagemdo cérebro porém não co nheceria que o procedimento envolvia a injeção de uma forma de oxigênio ligeiramente radioativa Você pode ter dificuldade com o vocabulário e não possuir certas informações quando tentar entender manuais técnicos e diálogos vazados em termos técnicos fora de sua área de especialização Você não dispõe do repertório apropriado para interpretar a língua que está sendo falada Apesar das falhas do modelo de roteiro ele auxiliou os psicólogos cognitivos a obter insights sobre organização do conhecimento Roteiros podem nos ajudar a usar um arca bouço mental para agir em certas situações quando precisamoseliminar defasagensem deter minado contexto Sem acesso aos roteiros mentais provavelmente não saberíamos o que APLICAÇÕES PRÁTICAS DA PSICOLOGIA COGNITIVA Observe mais atentamente os roteiros que você usa em sua vida diária O seu roteiro de ida às aulas é diferente de seuroteiro de ir almoçar ou de outras atividadesrealizadas segundo roteiros De que maneira seusroteiros diferem em estrutura ou em detalhesTente fazer alterações em seu ro teiro seja em detalhes ou em estrutura Veja como tudo se desenrola Por exemplo você pode constatar que se apressa de manhã para ir à escolaou ao trabalho e esquece coisas ou chega atrasado Além do ajuste óbvio de acordarmaiscedoanalisea estruturadeseuroteiro Veja sevocêconsegue combinar ou eliminar etapas Vocêpoderia tentar deixar sua roupa pronta para vestir e preparar sua mochila na noite anterior para simplificar sua rotina na manhã A conclusãoA melhor maneira para fazercom que seus roteiros dêem mais resultado para você consiste em analisar primeiro quais são eles e tentar corrigilos Capítulo 8 Representação eOrganização do Conhecimento naMemória Conceitos Categorias 285 fazer na primeira vez queentrássemos em umrestaurante novo ouemumconsultório de um novo médico imagine o que seriase a enfermeira no consultório médico tivesse de explicar lhe cada passo Quando todos em uma dada situação seguem um determinado roteiro o dia passa muito mais tranqüilamente Quer adotemosa noção de categoriasde redessemânticasou de esquemas o importante é que o conhecimento seja organizado Estas formas de organização podem servir a propósi tosdiferentes O usomais adaptável e flexível do conhecimento nos permitiria usarqualquer forma de conhecimento dependendo da situação Precisamos de alguns meios paradefinir as pectos da situação relacionar esses conceitos a outros conceitos e categorias e selecionar o modo apropriado de agirtendoem vistaa situação Passamos a discutir a seguir asteorias so bre como a mente representao conhecimento de procedimentos Representações do Conhecimento de Procedimentos Algunsdos modelos mais antigos para representar o conhecimentode procedimentos origi namse de pesquisas sobre IA e simulação porcomputador veja o Capítulo 1 Os pesquisa dores tentam com estes modelos fazer com que os computadores realizem tarefasde modo inteligente particularmente de uma maneira quesimule o desempenho inteligente dos seres humanos Na realidade os psicólogos cognitivos aprenderam muitosobre representação e o uso do conhecimento de procedimentos Tiveram de seguir esta orientação em razão dos problemas propostos visando fazer comquecomputadores implementassem procedimentos baseados em uma série de instruções compiladas em programas Por meio de tentativas e erros para fazer com que os computadoressimulem processos cognitivos inteligentes os psi cólogos cognitivos conseguiram compreender algumas das complexidades do processamento de informações pelos seres humanos Como resultado de seu empenho desenvolveram uma variedade de modelos a respeito de comoa informação é representada e processada Cada um destes modelos envolveo processamento serial da informação no qual a informação é pro cessada por meio de umaseqüência linearde operações umaoperação por vez Umamaneira pela qual oscomputadores podem representar e organizar o conhecimento de procedimentos é sob a forma de um conjunto de regrasque orientam uma produção uma geração e realiza çãode um procedimento Jones Ritter 2003 As simulações porcomputador de produções seguem especificamente regras de produção do tipo seentão englobando uma cláusula se e uma cláusula então Newell Simon 1972 As pessoas podem usaresta mesmaforma paraorganizar o conhecimento ou algo quelhes seja muito parecido Suponha porexemplo que seu carro esteja passando parao lado esquerdo da pista de uma estrada Você precisa então dirigirse para o lado direito se deseja evitar atingir a grade de segurança A cláusula se inclui um conjunto de condiçõesque precisam ser levadas em conta para implementara cláusula então A cláusula então é uma ação ou uma série de ações que são uma resposta à cláusula se Para cada cláusula uma condição pode conter uma ou mais variáveis Para cada uma des tascondições podem existir uma ou mais possibilidades Por exemplo se você quer ira algum lugar se você sabe dirigir um carro se você possui carteira de habilitação e seguro se você possuir um carro disponível e se não tiver outras limitações por exemplo não tera chave o tanque estiver vazio o motor estiver avariado a bateria ter descarregado então você pode executar as açõespara dirigir um carro até cetto local Quando as regras são descritas precisamente e todas as condições e ações relevantes são observadas é necessário um número considerável de regras para executar até mesmo uma 286 Psicologia Cognitiva tarefa simples Estas regras são organizadas em uma estrutura de rotinas instruções a respeito de procedimentos para a implementação de uma tarefa e subrotinas instruções para a imple mentação de uma subtarefa no âmbito de uma tarefa maior controlada por uma rotina Mui tas dessas rotinase subrotinassãoiterativas significando quesãorepetidas muitasvezes durante a realização de uma tarefa As várias rotinas e subrotinas executam tarefas e subtarefascom ponentes necessárias para implementar a produção principal Para a realizaçãode uma deter minada tarefa ou o uso de uma aptidão específica a representação do conhecimento envolve um sistema de produção Anderson 1983Simon 1999a 1999b Considere um exemplode um sistema de produção simples para um pedestre atravessar a rua em um cruzamento com sinal Newell Simon 1972 Essesistema é apresentado a se guir com as cláusulas se indicadas à esquerda da seta e as cláusulas então indicadas à di reita das setas sinal vermelho parar sinal verde andar andar e pé esquerdo sobre a calçada pisar com o pé direito andar e pé direito sobre a calçada pisar com o pé esquerdo Neste sistema de produção a pessoa procura ver em primeiro lugar se o sinal está ver melho Caso esteja vermelho a pessoa para e procura ver novamente se o sinal está verme lho Esta seqüência é repetida até que o sinal fique verde Neste ponto a pessoa começa a andar Se a pessoa estiver andando e o pé direito estiver sobre a calçada a pessoa pisará com o pé esquerdo Algumas vezes os sistemas de produção como os programas de computador contêm er rosde programação Erros deprogramação sãofalhas nas instruções paraascondições ou para a execução de ações Por exemplo no programa de atravessar a rua se a última linha indi casseandar e pé direito sobre a calçada pisar com o pé direito o indivíduo que executa o modelode produção não sairia do lugar De acordo com o modelodo sistemade produção as representações humanas do conhecimento de procedimentos podem ter alguns erros de programação ocasionais VanLehn 1990 Até aproximadamente meados da década de 1970 os pesquisadores interessados na re presentação do conhecimento seguiam uma das duas vertentes básicas de pesquisa Pesqui sadores da IA e do processamento de informações estavam refinando vários modelos para representar o conhecimento de procedimentos Psicólogos cognitivos e outros pesquisadores estavam examinando diversos modelos alternativos para a representação do conhecimento declarativo No fim dos anos 1970 começaram a surgir alguns modelos de integração para representação do conhecimento Modelos de Integração para Representação do Conhecimento Declarativo e Não declarativo Combinando Representações CAPR Um excelente exemplo de uma teoria que combina formasde representação mental é o mo delo de representação do conhecimento e processamento de informação CAP controle adaptável do pensamento Anderson 1976 1993 Anderson Budiu Reder 2001 John Anderson sintetizou em seumodelo CAP algumas dascaracterísticas dosmodelos de proces samento serial das informações e algumas das características dos modelos de redes semânti Capftulo 8 Representação e Organização doConhecimento na Memória Conceitos Categorias 287 cas No CAP o conhecimenro de procedimentos é representado na forma de sistemas de produção O conhecimento declarativo é repre sentado na forma de redes propositivas Anderson 1985 definiu uma proposição como a menor unidade de conhecimento que pode cons tituir uma asserção distinta Recordese do Capítulo 7 que as propo sições são significados subjacentes abstraídos de relações entre os elementos O CAP é uma forma evoluída de modelos anteriores An derson 1972 Anderson Bower 1973 Anderson pretendia que seu modelo tivesse uma amplitude que lhe permitisseoferecer uma teoria abrangente a respeito de toda a ar quitetura da cognição Na visãode Anderson os processos cognitivos das pessoas como memória compreensão da linguagem resolução de problemas e raciocíniosão merasvariaçõesde um tema central Todos refletem um sistema cognitivo subjacente A versão mais recente do CAP o CAPR em que R representa racional é um modelo de pro cessamento de informações que integra uma rede de representação para o conhecimento declarativo e a representaçãode um sistemade produção para o conhecimento de procedimentos Anderson 1983 Figura 85 No CAPR as redes incluem imagens de objetos e configurações e relações espaciais correspondentes Também incluem informações temporais envolvendo o sequenciamento de ações eventos ou mesmo FIGURA 85 Memória declarativa Recuperação Aplicação Memória de produção Memória de trabalho Execução Codificação Desempenhos Mundo externo John R Anderson é professor de Psicolo giana Universidade CamegieMellon Eeé maisconhecido porseu modeh CAPR de cog nição humana Anderson também fez contribuições imjNjríantes em seu tra balhosobre a aplicação da Psicologia à aprendizagem no mundo real como a aprendizagem na lingua gemde computação LÍSP Foto Cortesia dejohn R Anderson A versão mais recente feita por John Anderson do CAPRengloba contecimento declarativo memória declara tiva conhecimento deprocedimentos memória deprocedimentos e memória de trabalho o conhecimento ativado disponível para o processamento cognitivo o qual possui uma capacidade limitada DeThe Legacy of Solomon Asch Essays in Cognitionand SocialPsychology porInuin Rock 1990 Lawrence ErVoaum Associates 288 Psicologia Cognitiva a ordem em que os itens aparecem Anderson referiuse às informações temporais como sé ries temporais Ele observou que elas contêm informações sobre a seqüência de tempo rela tiva Exemplos seriam antesapós primeirosegundoterceiro e ontemhoje Estas seqüências de tempo relativas podem ser comparadas com referentes temporais absolutos como 14ho ras e 4 de setembro de 2004 O modelo encontrase sob constante revisão e inclui atual mente informações sobre regularidades estatísticas no ambiente Anderson 1991 1996 Anderson Fincham 1996 O modelo de rede declarativa de Anderson como muitos outros modelos de redes por exemplo Collins Loftus 1975 contém um mecanismo pelo qual as informaçõespodem ser recuperadas e uma estrutura para armazenar informações Recordese de que no âmbito de uma rede semântica os conceitos são armazenados nos diversos nós pertencentes à rede De acordo com o modelo de Anderson e vários outros modelosde rede os nós podem ser inati vos ou ativos em uma determinada ocasião Um nó ativo é aquele que em certo sentido está ligado Um nó pode ser ligado ativado diretamente por estímulos externos como sensa çõesou podeserativadoporestímulos internoscomomemórias ou processos de pensamento Também pode ser ativado indiretamente pela atividade de um ou mais nós vizinhos Em virtude da receptividade de cada nó à estimulaçãode nós vizinhos a ativação pode se disseminar facilmente de um nó para outro Porém existem limites para a quantidade de informação númerode nós que pode ser ativada a qualquer tempo No âmbito da capa cidade limitada do sistema cognitivo geralessaativação difusa é a excitação que se dissemina ao longo de um conjunto de nós em uma determinada rede Shastri 2003 Evidentemente à medidaque maisnóssãoativados e a disseminação da ativaçãoalcança distâncias maiores em relação à fonte inicial da ativação a ativação perde a sua força Portanto os nós relacionados proximamente ao nó original possuem um grau elevado de ativação No entanto os nós que estão relacionados maisremotamente são ativados em grau menor Porexemplo quando o nó para camundongo é ativado o nó para gato também é fortemente ativado O nó para veado é ativado ao mesmo tempo porém em grau muito menor O CAPR também indica meios pe losquais a redese altera como resultadoda ativação Para citar um exemplo quanto maisfre qüentemente forem usados determinados elos entre os nós mais fortes os elos se tornam A ativação de um modo complementar tem probabilidade de difundirse ao longo dos percur sosdas conexões que se deslocam freqüentemente Possuiprobabilidade menor para difun dirse ao longo de conexões entre os nós utilizados com pouca freqüência Considere uma analogia Imagine um conjunto complexo de tubulaçõesde água interli gando diversos locais Quando a águaé ligada em um local começaa fluir pordiversos tubos Está apresentando um tipo de ativação difusa Uma válvula é aberta ou fechada em várias in terconexões permitindo deste modo que o fluxo continue ou desvie o fluxo a ativação para outras conexões Levando a analogia um pouco adiante processos como o de atenção podem influenciar o grau de ativação em todo o sistema Considere novamente o sistema hidráulico Quanro maior a pressãoda água no sistema maior a distância que a água se deslocará no sistemade tubulações Pararelacionar esta metáfora à ativação difusa considere o que acontecequando estamos pensando sobre um tema e várias associações vêm à mente com relação a ele Está ocorrendo a disseminação da ativação ao longo dos nós que representam nosso conheci mento dos diversos aspectos do problema e possivelmente de sua solução Para ajudar a explicar alguns aspectos da ativação difusa imagine os tubos como se fos sem mais flexíveis do que os tubos usuais Estes tubos podem se expandirou se contrair gra dualmente Tudo depende da freqüência com que são usados Os tubos ao longo dos trajetos que são percorridos freqüentemente podem se expandir para aumentar a facilidade e a velo cidade de percurso ao longo desses trajetos As tubulações ao longo de trajetos percorridos Capítulo 8 Representação e Organização doConhecimento na Memória Conceitos Categorias 289 poucas vezes podem se contrair gradualmente De modo similar na ativação difusa as cone xões usadas freqüentemente sãoreforçadas Conexões utilizadas poucas vezes tornamse debi litadas Desse modo no âmbito das redes semânticas o conhecimento declarativo pode ser aprendidoe mantido por meio do reforço das conexõescomo resultado do usofreqüente A teoria da ativação difusa foi aplicada a alguns outros concertos cognitivos Estesconceitos in cluema cognição sociale o bilinguismo Dixon Maddox 2005 Green 1998 Deque modoAndersonexplica a aquisição do conhecimentode procedimentos Talco nhecimentoé representado nos sistemas de produção preferencialmente às redes semânticas A representação do conhecimento de procedimentos ocorre em três estágios cognitivo asso ciativo e autônomo Anderson 1980 Durante o estágio cognitivo pensamos sobre regrasex plícitas para a implementação do procedimento Durante o estágio associativo praticamos extensivamente o uso de regrasexplícitas usualmente de uma maneira constante Final mente durante o estágio autônomo usamos essas regras de modoautomático e implícito De monstramos um grau elevado de integraçãoe coordenação bem como de rapidez e precisão Enquanto estivermos no estágiocognitivoda aprendizagem de comodirigirum carro com transmissão usual devemos pensar explicitamentea respeito de cada regrapara acionar o pe dal da embreagem o pedaldo acelerador e o pedal do freio Também tentamos pensarsimul taneamente a respeito de quando e como mudar as marchas Durante o estágio associativo praticamos cuidadosa e repetidamente seguindo as regras de maneira constante Gradual mente nos tornamos mais familiarizados com as regras Aprendemosquando seguir determi nadas regras e quando implementarcertos procedimentos Atingimos finalmente o estágio autônomo Nesta ocasião já integramos todas as diversas regras em uma única série de ações coordenadas Não precisamos mais pensara respeito de quepassos tomarpara mudar de mar cha Em vez disso podemos nos concentrar em ouvir nossa estação de rádio favorita Pode mos pensarsimultaneamente sobre chegara nosso destino evitaracidentes dar passagem aos pedestres e assim por diante Nossa evolução ao longo desses estágios é a implementação de procedimentos Anderson et ai 2004 ImfÍementação de procedimentos é o processo geral peloqual transformamos in formações lentas e explícitas a respeito de procedimentos saber que em implementação rápida e implícita de procedimentos saber como Recordese da discussão sobre automati zação noCapítulo 4Este é umtermo usado poroutros psicólogos cognitivos para descrever es sencialmente o mesmo processo como implementação de procedimentos Uma maneira pela qual fazemos essatransformação é pela composição Durante este estágio elaboramos uma única regra de produção que englobe eficazmente duas ou mais regras de produção direcio nando deste modo o númerode regras exigido para executaro procedimento Considere por exemplo o que acontecequandoaprendemos a dirigir um carrocomtransmissão comum Po demos compor um único procedimento para aquilo que eram dois procedimentos separados Um era para pressionar a embreagem o outro para acionar o freio quando chegamos a um si nal PARE Estes processos múltiplos são combinados no procedimento único de dirigir Outro aspecto de implementação de procedimentos é a sintonia da produção envol vendo os dois processos complementares de generalização e discriminação Aprendemos a ge neralizar as regras existentes para aplicálas às novas condições Por exemplo podemos generalizar nosso uso deembreagem defreio edoacelerador parauma variedade decarros com transmissão comum Finalmente aprendemos a discriminar novos critérios para atender às condições que enfrentamos Por exemplo o que acontece após termos dominado a direção de umcarro com umtipoespecífico decâmbio Sedirigirmos umcarro com umnúmero diferente de marchas ou composições diferentes paraa marcha a ré precisamos discriminar asinforma ções relevantes sobre as novas posições das marchas tendo por base informações irrelevantes sobreasposições de câmbioanterior Taatgene Lee 2003 demonstraramque mesmo o apren dizado de tarefas extremamente complexas porexemplo controle do tráfego aéreo podeser descrito por meio desses três processos 290 Psicologia Cognitiva Até este ponto os modelos de representação do conhecimento apresentados neste capí tulo têm sido baseados na sua maior parte em modeloscomputadorizadosde inteligência hu mana Conforme a discussão precedente mostra as teorias de processamento da informação baseadas em simulações por computador dos processos cognitivos humanos contribuíram grandementeparaa nossacompreensão da representação do conhecimento humano e do pro cessamento das informações Uma abordagem alternativa para compreendera representação do conhecimento nos seres humanos tem sidoo estudo do própriocérebrohumano Grande parte das pesquisas em Psicobiologia ofereceu provas de que muitas operações do cérebro humano não parecem processar informações passo a passo unidade por unidade O cére bro humano ao invés disso parece realizar diversos processos simultaneamente Ele age sobre um grande número de unidades de conhecimento de uma só vez Tais modelos não contradizem necessariamente os modelos passo a passo Primeiro as pessoas parecem dis postas a usar o processamento serial e paralelo Segundo tipos diferentes de processospo dem estar ocorrendo emníveisdiferentesPortanto nossoscérebrospodemestar processando simultaneamente diversos itens de informação Os processos combinamse em cada um dos passos que conhecemos quando processamos informações passo a passo Modelos Baseados no Cérebro Humano Conforme mencionado anteriormente o conhecimento tem sido descrito tradicionalmente como declarativo ou de procedimentos O conhecimento de procedimentos envolve usual mente algum graude aptidão Exemplos seriam a aptidão para resolver problemas relaciona dosa operações numéricas lingüísticas ou musicais Estas aptidões aumentam como resultado da prática O desempenho exige finalmente pouca atenção consciente pelo menos na maioria das circunstâncias veja o Capítulo 4 Porexemplo o conhecimento de um número de telefone é um conhecimento declarativo Saber como memorizar um número de telefone envolve conhecimento de procedimentos A esta altura você já se tornou muito capaz de saber como memorizar informações Como resultado não tem mais consciência de muitos dos procedimentosque você adota para memorizálas Quando você era criança entreranto ainda estava aprendendo a como representar mentalmente o conhecimento de procedimen tos para a memorização de fatos simples Você provavelmente esteve muito consciente do aprendizado para agir desse modoPorexemplo quando uma criança está tentando aprender seu próprio número de telefone solicitase frequenremente para dizêlo e discálo Esta repe tição ajuda a formar uma memória permanente do número Bem quando alguém lhe fornece seu número provavelmente a pessoa não lhe pede para recitálo de volta No entanto se existir a possibilidade de você recitálo silenciosamente para si mesmo talvez até imagine os números no teclado numéricodo aparelhotelefônico Provavelmente vocênão precisa pen sar a respeito desse processo pois ele se tornou automático Uma pessoa podeampliar a distinção tradicional entreconhecimento declarativo e de pro cedimentos para indicarque o conhecimentonão declarativo consegue abarcarum conjunto maisamplode representações mentais ao invés de apenas o conhecimento de procedimentos Squire 1986 Squire et ai 1990 Especificamente além doconhecimento declarativo repre sentamos mentalmente as seguintes formas de conhecimento não declarativo Aptidões perceptivas motoras e cognitivas conhecimento de procedimentos Conhecimento associativo simples condicionamento clássico e operante Conhecimento não associativo simples habituação e sensibilização Capítulo 8 Representação e Organização doConhecimento na Memória Conceitos Categorias 291 Indução elos fundamentais com uma rede de conhecimentos na qual a ativação das informações ao longo de um percurso mental específico facilita a recuperação subse quente das informações ao longo de um percurso relacionado ou mesmo um percurso mental idêntico veja o Capítulo 4 De acordo com Squire todas essasformas de conhecimento não declarativo usualmente são implícitas não declaradas Elas não se tornam explícitas facilmente A idéia principalde Squire para seu modelo originouse de três fontes A primeirafoi seu próprio trabalho A segundafoi um grande número de pesquisas neuropsicológicas realizadas por outros por exemplo Baddeley Warrington 1970 Milner 1972 Essas pesquisas incluí ram estudos de pacientes amnésicos de animais e da microanatomia do cérebro usando microscópios para o estudo das células do cérebro A terceira fonte foram experimentos cognitivos em sereshumanos Considere um exemplo o trabalho com pacientes amnésicos revela uma distinção clara entre os sistemas neurais para representação do conhecimento de clarativo versus o sistema neural para algumas das formas de conhecimento não declarativo Por exemplo pacientes amnésicos muitas vezes continuam a demonstrar possuir conheci mento dos procedimentos mesmo quando não conseguem se lembrar de que possuem tal co nhecimento Freqüentemente apresentam melhora no desempenho de tarefas que exigem aptidões Estas melhoras indicam alguma forma de representação de conhecimento novo apesar da incapacidade para lembrarse de ter adquirido alguma vez experiência com as tare fas Por exemplo um paciente amnésico que é submetido a ler repetidamente a escrita em or dem inversa melhorará com resultado da prática porém não se lembrará de ter participado alguma vezdessa prática Baddeley 1989 A representação do conhecimento não declarativo ocorre como resultado da experiên cia na implementação de um procedimento Não é meramente o resultado de ler ouvir ou então adquirir informações a partir de instruções explícitas Após uma representação men tal do conhecimento nãodeclarativo ser elaborada este conhecimento se torna implícito não sendo transformado facilmente em explícito Na realidade o processo de melhoria da re presentação mental do conhecimento não declarativo tende na verdade a diminuir o acesso explícito a esse conhecimento Suponha por exemplo que você tenha aprendido recente mente a dirigir um carro com transmissão comum Você pode considerar mais fácil descre ver como dirigir do que alguém que aprendeu essa aptidão há muito tempo No entanto à medida que diminui seu acesso explícito ao conhecimento não declarativo aumenta sua ra pidez e facilidade para obrer acesso implícito a esse conhecimento No final a maior parte do conhecimento não declarativo pode ser recuperada Outro paradoxo da representação do conhecimento humano também é demonstrado pe los amnésicos Embora amnésicos não apresentem capacidade de memória normal na maio ria das circunstâncias eles possuem o efeito da indução Recordese do Capítulo 4 que na in dução indicações e estímulos específicos parecem ativar os percursos mentais Estes percursos por sua vez aumentam a recuperação ou o processamento cognitivo das informações relacio nadas Por exemplo se alguém pedirlhe para soletrar a palavra vista você provavelmente a compreenderá de formadiferentedependendode diversos fatores Estes fatores incluem a pos sibilidade de você ter sido induzido a pensar em modalidades sensoriais visão em uma pai sagem vista ou na visão de um panorama Considere o que ocorre quando os participantes amnésicos não se recordam de terem sido induzidos e não conseguem se lembrar explicita mente da experiência durante a qual ocorreu a indução Apesar disso a indução ainda afeta seu desempenho Se você conseguir reunir pelo menos dois voluntários e de preferência mais tente a ex periência de indução descrita no box Investigando a Psicologia Cognitiva Ela requer que você utilize seu repositório de conhecimento declarativo 292 Psicologia Cognitiva INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Reúna seus voluntários em dois grupos Peça a um grupo que coloque as letras na posição certa nos seguintes anagramas quebracabeças nos quais você precisa descobrir a ordem correta das letras para obter uma palavra inteligível ZAZIP GASPETHIT POCH YUSEOWCH MINE ILCHI ACOT Peça aos membrosdo outro grupo que resolvamos seguintes anagra mas TEQUAJA TELOCE ASTEREW TAMNO ZELBAR TCOA As respostas corretas para o primeiro grupo são pizza spaghetti chop suey chow mein chili e um sexto itemAs respostas corretas para o segundo grupo são jaqueta colete suieater manto blazer e urrisexto item O sexto item em cada grupo pode ser taco ou cota Seus voluntários demonstraram uma tendência de optar por uma ou outra resposta dependendo da lista precedente que lhes serviu de indurora Os exemplos anteriores ilustram situações em que um item pode dar origem a outro que possui alguma relação em termos de significado Podemosdiferenciarde fato dois tipos de in dução indução semântica e indução por repetição Posner et ai 1988 Na indução semân tica somos induzidos por um contexto significativo ou pot uma informação significativa Normalmente tal informação é uma palavra ou uma indicação que possui relação significa tiva com o alvo que é usadoExemplos são frutas ou objetos verdes que podem induzir a lima Na indução por repetição uma exposição prévia a uma palavra ou a outro estímulo conduz a uma recuperação subsequente desta informação Por exemplo ouvir a palavra lima induz a uma estimulação subsequente da palavra Uma Ambos os tipos de indução geraram um grande número de pesquisas porém a indução semântica muitas vezes possui interesse par ticular para os psicólogos cognitivos Por exemplo existem provas de indução obtidas em pesquisas realizadas com participan tes que conheceram dois parágrafos curtos McKoon Ratcliff 1980 Após leremos parágra fos os participantes iniciaram um teste de memória de reconhecimento Os participantes disseram em seguida se tinham visto uma determinada palavra em uma das histórias e suas respostas foram cronometradas Algumas dás palavras que conheceram de uma das histórias eles haviam acabado de ler Outras palavras não pertenciam a qualquer das histórias O as pecto crítico do experimento era se uma dada palavra do teste era procedida por uma palavra da mesma história ou por uma palavra dè outra história O primeiro tipo de tentativa é uma tentativa induzida O segundo tipo é uma tentativa de controle não induzida Suponha que a indução realmente ocorra Então os participantes deveriam responder mais rapidamente a um item de teste caso tenha sido precedido pouco antes por um item de teste da outra história Os pesquisadores verificaram essaprevisão em uma série de experiências De acordo com a teoria de difusão da ativação a quantidade de ativação entre um indu tor e um determinado nó almejado é função de duas variáveis A primeira é o número de elos unindo o indutor e o alvo A segunda é a força relativa de cada conexão Esta visão afirmaque o aumento do número de elos intervenientes tende a diminuir a possibilidade do efeitode indução Porém aumentar a forçade cada elo entre o indutor e seu alvo tende a au mentar a probabilidade de ocorrer o efeito da indução Este modelo obteve boa comprova ção por exemplo McNamara 1992 Além disso a ocorrência de indução por meio de ativação difusa é considerada pela maioria dos psicólogos como prova de um modelo de re presentação do conhecimento de rede nos processos de memória Em particular as noções dos efeitos de indução por meio da ativação difusa no âmbito de um modelo de rede condu ziram ao aparecimento de um modelo mais novo denominado modelo conexionista da re presentação do conhecimento Capítulo 8 Representação e Organização doConhecimento naMemória Conceitos Categorias 293 Processamento em Paralelo O Modelo Conexionista As teorias do processamento de informação baseadas em computação supõem que os seres humanos assim como os computadores processam as informações serialmente isto é estas sãoprocessadas emetapassucessivas Algunsaspectos da cognição humana realmente podem ser explicados em termosde processamento serial porémdescobertas psicobiológicas e outras pesquisas cognitivas parecem indicar outros aspectos da cognição humana Estes aspectos envolvem o processamento em paralelo no qual diversas operações ocorrem simultanea mente Vimos como o processamento de informações por um computadorserviucomo metá fora paramuitos modelos cognitivos De modo similar nosso entendimentocadavez maiorde como o cérebrohumano processa a informaçãotambém serve como uma metáfora para mui tos dos modelos atuais de representação do conhecimento em seres humanos O cérebro humano parece lidar com muitas operações e processar informações de muitas fontes si multaneamente em paralelo Portanto muitos modelos atuaisde representação do conheci mento enfatizam a importância do processamento paralelo na cognição humana Como resultadoadicionaldo interesse no processamento em paralelo foram produzidos algunscom putadores para simular o processamento em paralelo comopor intermédio dasdenominadas redesneuraisde processadores informatizados interligados Atualmente muitos psicólogos cognitivos estão investigando os limites dos modelos de processamento em paralelo De acordo com os modelos de processamento de conexões do processamento em paralelo e distribuído PPD ou modelos conexionistas lidamos simul taneamente com um grande número de operações cognitivaspor meio de uma rededistribu ída por um número incalculável de localizações no cérebro McClelland Rogers 2003 McClelland Rumelhart Grupo de Pesquisas PPD 1986 McLeod Plunkett Rolls 1998 Plaut 2000 Rumelhart McClelland Grupo de Pesquisas PPD 1986 Seidenberg McClelland 1989 Um computador podeiniciara resposta a umdadoemnanossegundos milionésimos de segundos porém um neurônio individual pode levar até três milisse gundos para reagir em resposta a um estímulo Consequentemente o processamento serial no cérebro humano seria excessivamente lento para lidar com a quantidade de informações que processa Por exem plo a maioria de nós pode reconhecer um estímulo visual complexo no intervalode 300 milissegundos Caso processássemos o estímulose rialmente somente algumas centenas de neurônios reriam tido tempo de responder Preferivelmente de acordo com os modelos PPD a distri buição dos processos em paralelo explica melhora rapidez e a precisão do processamento das informações humanas A rede é a estrutura mental no interior da qual se acredita que ocorrao processamento em paralelo Nas redes conexionistas todasas formas de conhecimento são representadasno âmbito da estrutura da rede Recordese de que o nó é o elemento fundamental da rede Cada nó está conectado a divetsos outros nós Estas configurações interco nectadas de nóspermitem que a pessoa organize de modo significativo o conhecimento contido nas conexões entre os vários nós Em muitos modelos em rede cada nó representa um conceito A rede de modelo PPD é diferente emaspectos importantes da rede se mântica descrita anteriormente No modelo PPD a redeenglobaunidades semelhantes a neurônios McClelland Rumelhart 1981 1985 Rume lhart McClelland 1982 Elasnão representamrealmente por simesmas conceitos proposições ou quaisquer outros tipos de informações Portanto a configuração das conexões representa o conhecimento James L McClelland ê professor dePsicologia na Universidade de Stanford e diretor do Centro de Estu dos da Mente do Cérebro e da Computação Mc Cleiland é mais conhecido porseu trabalho seminal realizadocom David Rumelhart que resultou na introdução de modelos PPD conexionistas no pensamento psicológico corrente e pela revelação dequetais modelos podem serformulados implemen tados e testados emalguns diferentes domínios dofun cionamento cognitivo Foto Cortesiade James L McClelland 294 Psicologia Cognitiva e não as unidadesespecíficas A mesma idéiacontrola nosso usoda linguagem Letras ou sons individuais de uma palavra são relativamente não informativas poréma configuração das letras ou sons é grandemente informativa De modo similar nenhuma unidade isolada mente é muito informativa porém a configuração das interconexões entre as unidades é muitoinformativa A Figura 86 ilustra comoapenasseis unidades pontos podem serusadas para gerar um número muito maiordo que seis configurações de conexõesentre os pontos O modelo PPDdemonstra outra maneira pela qual um modelo com base no cérebro di fere de umbaseado emcomputador Processos cognitivos diferentes são processados porconfi gurações de ativação distintas ao invés de serem o resultado de um conjunto de instruções diferentes originadas na unidade central de processamento de umcomputador No cérebro a qualquertempo um determinado neurônio pode ser inativoexcitável ou inibitório Neurônios inativos não sãoestimulados além de seu limiar de excitação Não liberam neurotransmissores na sinapse o espaço interneural Neurônios excitáveis liberam neurotransmissores queestimulam osneurônios recepto res na sinapse Eles aumentam a possibilidade de os neurônios receptoresvirem a atin gir seu limiar de excitação FIGURA 86 Configuração A Configuração B Configuração C Configuração D E F BAD A B A B D C Configuração E Configuração F Configuração G Configuração H ConfiguraçãoI C D A B E F CAB U C u E F ACE Cada unidade individual ponto érelativamente não informativa porém quando asunidades são conectadas em vá rias configurações cada uma delas pode ser grandemente informativa Usando apenas combinações de trás letras po demos gerar muitas configurações distintas como DAB FED e outras mostradas na parte inferior desta figura Capítulo 8 Representação e Organização doConhecimento na Memória Conceitos Categorias 295 Neurônios inibitórios liberam neurotransmissores que podem inibir os neurônios recep tores Elesdiminuem a possibilidadede os neurônios receptores virem a atingir seu li miar de excitação Adicionalmente embora o potencial de ação de um neurônio seja total ou nulo a quan tidade liberadade neurotransmissores e neuromoduladores pode variar Neuromoduladores são substânciasquímicas que podem aumentar ou inibir a ativação neural A freqüência da ativação também pode variar Esta variação afeta o grau de excitação ou inibição de outros neurônios na sinapse No modelo PPD de modo similar as unidades individuais podem ser inativas ou podem enviar sinaisde excitaçãoou inibitórios a outras unidades Isso não significa dizerque o mo delo indica na realidade percursosneurais específicos para a representação do conhecimento Ainda nos encontramos distantes de possuir mais do que um vislumbre pálido do conheci mento de como mapear informações neurais específicas O modelo PPDusa os processos fi siológicos do cérebro como uma metáfora para compreender a cognição De acordo com o modelo PPD as conexõesentre unidadespodem possuir váriosgraus de excitaçãoou inibição potencial Estasdiferenças podem ocorrer mesmoquando as conexõesforem inativas presen temente Quanto mais freqüentemente uma conexão específica for ativada maior a forçada conexão sendo esta de excitação ou inibitória De acordo com o modelo PPD sempre que usamos conhecimento alteramos a represen tação que possuímosdele Portanto a representação do conhecimento não é realmente um produto final sendo preferencialmente um processo ou mesmo um processo potencial Aquilo que está armazenado não é uma configuração específica de conexões E uma confi guraçãoda força potencial de excitaçãoou inibição O cérebrousaesta configuração para re criar outras configurações quando estimulado a fazêlo Quando recebemos uma informação nova a ativação dessa informação fortalece ou en fraquece as conexões entre unidades A nova informação pode se originar de estímulos am bientais da memória ou de processos cognitivos A capacidade para criar uma informação nova por meio de inferênciase fazendo generalizações permite uma quase infinita versatili dade em termos de representação e manipulação do conhecimento A versatilidade é o que torna os seres humanos ao contrário dos computadores ca pazes de lidarcom informaçõesincompletase distorcidas Informaçõesdistorcidas ou incom pletas são consideradas degradadas De acordo com o modelo PPD as mentes humanas são flexíveis Elas não exigem que todos os aspectos de uma configuração combinemse precisa mente para ativar uma configuração Considere portanto o que acontece quando aspectos diferenciadores suficientes porém nem todos de uma configuração específicaforam ativados por outros atributos na descrição As informações degradadas não nos impedem de recriar a configuração correta Esta flexibilidadecognitiva também aumenta consideravelmente nossa capacidade para aprender novas informações Os psicólogos cognitivos ao usarem o modelo PPD tentam explicar várias características gerais da cognição humana Estas características incluem nossa capacidade para responder de modo flexível dinâmico rápidoe com relativa precisão mesmoquando recebemos somente informaçõesparciaisóu degradadas Além disso os psicólogos cognitivostentam usar o mo delo para explicar processos cognitivos específicos Exemplos de tais processos são a percep çãoo raciocínio a compreensão da linguagem a indução e o efeito Stroop bemcomooutros processos mnésicos Elman et ai 1996 Hinton 1991 Hinton Shallice 1991 Kaplan etai 2007 0Reilly 1996 Piaut etai 1996 Plaut Shallice 1994 Smolensky 1999 Um exemplodas iniciativas de aplicação do modelo PPD a processos cognitivos especí ficos podeservisto por meio do estudoda dislexia ou incapacidade para ler Foi desenvolvido 296 Psicologia Cognitiva um modelo PPD específico para a descrição do modo como lemos envolvendo percursos para represenrações fonológicas e semânricas Plaut et ai 1996 Simulações em computador ado tando este modelo foram capazes de imitar a leitura normal Quando um desses percursos for danificado essassimulações são capazesde imitar as manifestações comportamentais da dts lexia Welbourne Ralph 2007 Essassimulações ajudam os pesquisadores a compreender que processos não estão operando bem nas pessoas com incapacidade para leitura Embora os modelos conexionistas da representação do conhecimento expliquem muitos fenômenos da representação e do processamento do conhecimento esses modelos não estão isentos de falhas Eles explicam muitos processos cognitivos Incluem por exemplo aqueles que envolvem percepção e memória Podem ser aprendidos gradualmente por meio de nossa armazenagem de conhecimento valendose do reforço das configurações de conexões no in terior da rede No entanto muitos aspectos do modelo não estão bem definidos Por exem plo o modelo é menos eficaz para explicar como as pessoaspodem se lembrar de determinado evento Schacter 1989a Por exemplo de que modo elaboramos repentinamente uma con figuração interconectada totalmente nova para representar aquilo que conhecemos sobre um evento importante como o dia da formatura Os modelosconexionistas de modo similar não explicam satisfatoriamente como muitas vezes podemos desaprender rapidamente configurações de conexões estabelecidas quando to mamos conhecimento de informações contraditórias Ratcliff 1990Treadway et ai 1992 Suponha por exemploque você seja informado de que os critérios para classificação de par tes de plantas como os frutos são sementes polpa e casca Você também é informado que não tem importância se forem mais adocicadosdo que outras partes da planta Suponha agora que lhe seja atribuída a tarefa de separar várias fotografias de partes de plantas que são ou não frutos Você agrupará tomates e abóboras com maçãs e outras fruras mesmo se não as tivesse considerado anteriormente como frutas Essas deficiências dos sistemas conexionistas podem ser evitadas Pode ser que existam dois sistemas de aprendizagem no cérebro McClelland McNaughton 0Reilly 1995 Um sistema corresponde ao modelo conexionista ao resistir à mudança e ser relativamente per manente O sistema complementar processa a aquisição rápida de novas informações Man tém a informação por um tempo reduzido e integra em seguida a nova informação às informações que existem no sistema conexionista Provas obtidas pela Neuropsicologia e por modelagem de redes conexionistas parecem corroborar essa explicação McClelland Mc Naughton 0Reilly 1995 Porranto o sistema conexionista é poupado Porém ainda pre cisamos de uma explicação satisfatória para o outro sistema de aprendizagem Os modelos precedentes de representação do conhecimento e do processamento de in formações se valeram nitidamente dos avanços tecnológicos da ciência da computação da obtenção de imagens do cérebro e do estudo psicobiológicodo cérebro humano em ação Es tas são técnicas que poucos teriam previsto ser tão promissoras 40 anos atrás Portanto se ria insensato prever que linhas específicas de pesquisas nos conduzirão em determinadas direções No entanto certas linhas de pesquisa são efetivamente promissoras Por exemplo usando computadorespotentes os pesquisadores estão tentando criar modelos de processa mento paralelo via redes neurais Técnicas cada vez mais sofisticadaspara o estudo do cére bro oferecem possibilidades interessantes de pesquisa Estudos de casos estudos naturalistas e experimentos tradicionais em laboratório no campo da Psicologia Cognitiva também ofe recem inúmeras oportunidades para outras análises Alguns pesquisadores estão tentando explorar processos cognitivos muito específicos como o processamento auditivo de sons da fala Outros estão tentando investigar os processos fundamentais subjacentes a todos os as pectos da cognição Que tipo de pesquisa é mais valioso Capítulo 8 Representação e Organização doConhecimento na Memória Conceitos Categorias 297 Comparação entre Representações Conexionistas e de Rede Como os modelos conexionistas comparamse aos modelos de rede A Figura 87 mostra o conceito de um sabiá norteamericano representado por um modelo de rede e por um mo delo conexionista Na representação em rede uma pessoa acumula unia base de conhecimentos a respeito de um sabiá ao longo do tempo à medida que um volume cada vez maiorde informações é adquirido a respeito de sabiás Observe queas informações sobre sabiás fazem partede uma representação de rede geral que vai além de apenas sabiás A compreensãoque uma pessoa tem dos sabiásdepende parcialmente do relacionamento do sabiá com outras aves e mesmo com outros gêneros de seres vivos Realmente talvez a característica mais fundamental do sabiá é o fato de ser um organismo vivo Portanto esta informação é representada no alto para mostrar que pode ser uma característica extremamente geral de um sabiá Seres vivos existem e podemcrescer portanto esta informação tambémseencontra representada em um nível muito geral A medida que nos deslocamos para baixo na rede a informação tornase cadavez mais específica Por exemplo aprendemos queumsabiá é umpássaro decorparcial mente vermelha A redeconexionista em contraste representaconfigurações de ativação Tambémneste caso a rede indica conhecimento que se expande além de apenas aves O conhecimento en contrase nas conexões preferivelmente aos nós O conhecimento a respeito de um sabiá é acumulado por meio da ativação de certasconexões Umaconexão forte é aquela ativada mui tas vezes ao passo que uma fraca é ativada somente em ocasiões raras O Quanto a Cognição é Geral ou Específica Os psicólogos cognitivos deveriam tentar descobrir um conjunto de processos mentais que sejacomum a todos os campos da representação e processamento do conhecimento Ou de veriam estudar processos mentais específicos de um determinado campo Nas pesquisas ini ciaissobre IA os pesquisadores acreditaramque o idealseria criar programas que fossem o FIGURA 87 piama é o mesmo que possui casca è verde nesmb que que rosa lordq pinheiro carvalho margaridaí organismo vivo crescer está vivendo é o mesmo que flor ave peixe pinheiro carvalho pode se rosa locomover üa possui canáno raie peixelua salmão ê o mesmo que ialto b e é pode e é e vermelha amarela vermelho voar amarelo amarelo vermelho Representações em rede e conexionista de conceitos relacionados a aves DeJ L McClelland Modelo Conexionista de Memória em E Tulving F I M Craick org The Oxford Handbook of Memory p 583596 2000 Oxford University Press Reproduzido mediante autorização 298 Psicologia Cognitiva NO LABORATÓRIO DE JAMES L MCCLELLAND Em meu laboratório tentamos compreender as implicações da idéia de que os processoscogniti voshumanos surgemde interações dos neurônios no cérebro Desenvolvemos modelos computa cionais que executam diretamente alguma tarefa cognitiva humana usando unidades de proces samento simplese parecidas com neurônios Alguns psicólogos e neurocientistas cogni tivos supuseram ser um equívoco preocuparse a respeito da natureza do instrumento opera cional subjacente De acordo com o método que adotam os processos cognitivos humanos devem ser enten didos em um nível de análise mais abstrato Eu e meus colaboradores acreditamos entretanto que as propriedades do instrumento operacional subjacente possuem implicações importantes para a natureza e a organização dos processos cognitivos no cérebro Um caso importante é o processo de atri buir o passado simples past tense a uma pala vra em inglês Considere a formação do passado simples de like take e gleat Gleat não é uma palavra da língua inglesa porém poderia ser Por exemplo poderíamos criar a palavra gleat para referirse ao ato de saudar de determinada maneira Seja como for a maioria das pessoas concorda que o passado simples de like é liked e de take é took e o de gleat é gleated Antes do advenro dos modelos de redes neurais todos na área de atuação supuseramque para formar o passadosimplesde um verbo novo como gleat seria necessário empregar uma regra por exemplo para formar o passado simples de uma palavra em inglês adicionase ed Os psicólogos especializados em desenvol vimento também observaram que crianças mais jovens cometem ocasionalmente erros como takedao invésde tooke interpretamestefato como indicação de que elas estavam aplicando em excesso a regrado passadosimples Também supuseram que para gerar o passado simplescor retamente de uma exceção como take por exem plo para gerar took uma criança necessitaria memorizar este item específico Para palavras fa miliares porém regulares como like poderia ser usada a regra ou o mecanismo de busca Dave Rumelhart e eu 1986 analisamos este tema e observamos que os modelos de redes neurais possuem uma tendência a ser sensí veis a casos regularesgerais e a exceções es pecíficas Pensamos que com base nessa idéia poderia ser usado um único mecanismo no cérebro para produzir o passado simples de itens regularese excepcionaisCriamos para explorar esta possibilidade um modelo de rede neural simples conforme ilustrado pela figura a seguir O modelo considera como ponto de partida um padrão de atividade representando a forma do presente do indi cativo de uma palavra gerando outro padrão de atividade representando a forma do passado simples da palavra A rede opera propagando a ativação das unidades de ori gem para as unidades geradas O que deter mina se uma unidade seráativa é o padrão de ativação da conexão de entrada para cada unidade Estas conexões de entrada são mo duladas por pesos como sinapses entre neu rônios que modulam o efeito de um item inicial sobre um resultado Se o efeito geral do item inicial for positivo a unidade apa rece se for negativo desaparece Rumelhart e eu fizemos tentativas nessa rede com pares de itens representando os temposverbais presentee passadode palavras conhecidas Após tentarmos essa abordagem com as 10 palavras mais freqüentes a maio ria das quais constitui exceções a rede soube como gerar o passado simplesdessas palavras porém não soube como lidar com outras pa lavras Quando fizemos tentativas com as 10 palavras mais freqüentes e mais 400 ou tras palavras a maioria das quais era regular descobrimos que no início das tentativas a rede tendia a considerar de modo exagerado a maior parte das exceções por exemplo dissetaked ao invésde tookmesmopara aquelas palavras que havia gerado anterior mente de forma correta Exerciramos durante um longo tempo e no final das tentativas a rede recuperou sua capacidade para gerar exceções corretamente enquanto ainda ge rava o passado simples de verbos regulares como like e para muitos itens novos como gleat Portanto em uma primeira aproxima ção o modelo justificava o padrão de desen volvimento pelo qual as crianças lidam inicialmente com exceçõese aprendem em Capítulo 8 Representação e Organizaçãodo Conhecimento na MemóriaConceitos Categorias 299 NO LABORATÓRIO DE JAMES L MCCLELLAND continuação Rede de codificação fixa Conexões alteráveis da associação de configurações Rede de decodificação vinculação Representação fonológica da forma da raiz Representação de Wickel da forma da raiz Representação de Wickel do passado simples Representação fonológica do passado simples O modelo derede neural usado por Rumelhart e McClelland para modelar aformação dopassado simples dos verbos em inglês A rede decodificação fixa e a rede dedecodificação fixa foram usadas para codificar e decodifi caras configurações daativação correspondentes aos tempos presente e passado das palavras As conexões nas associações deconfigurações foram tentadas apresentando o tempo verbal presente deuma palavra com aforma codificada deseutempo passado e ajustando em seguida as conexões detal modo que a rede tenderia a produzir demodo independente o tempo passado correto usando o tempo presente De D E Rumelhart J L Mc Clelland 1986 Aprendizado do tempo passado dos verbos em inglês L McCíeiland etai org Paralleldis tribution processing Explorationsin the microstructure of cognition v 2 Psychological and biological models p 222 Reproduzido mediante autorização da MIT Press seguida como lidar com palavras regulares palavras novas e considerar de modo exagerado as exceções como regulares e quando tiverem mais idade lidar corretamente com palavras regulares palavras novas e exceções Nosso modelo ilustra em seguida que em uma rede neural não é necessário existir me canismos distintos para lidar com regras e exceções Além disso isso ilustra o aspecto geral de que a natureza da máquina de processamento subjacente pode ter implicações para caracteri zações dos processos cognitivos No entanto devodeixar claroque nossotrabalho inicial de maneira alguma esclareceu definitivamente o tema Diversos críticos apressaramse em defen der a abordagem de dois processos criticando diversas características de nossos modelos Lachter Bever 1988 Pinker Prince 1988 Outros reagiram a essas críticas propondo mo delos de redes neurais MacWhinney Lein bach 1991 Plunkett Marchman 1991 O debare sobre esses temas ainda continua McClelland Patterson 2002 Pinker Ull man 2002 Portanto nosso trabalho de modelagem não esclareceu definitivamente esse tema Simplesmente apresentou uma alternativa a conceitualizações anteriores e sugeriu que não podemos desprezar a natu reza dos mecanismos de processamento sub jacentes cuja atividade origina a cognição Referências Lachter J Bever T G 1988 The relaúon between linguistic structure and assoáative theories of language leamingconscructive critique of some connectionist learning mo dels Cognition 28 p 195247 MacWhinney B Leinbach J Implementa tions are not conceptualizaúons Revising continua 300 Psicologia Cognitiva NO LABORATÓRIO DE JAMES L MCCLELLAND continuação the verb leaming model Cognition 39 p 121157 1991 McClelland J L Patterson K Rules orconnec tions in pasttense infkctions What does the evidence tuleout Trends ín Cognitife Scien ces 6 p 465472 2002 PinkerS Prince A On language and connec tionism Analysis of a parallel distributed processing model of language acquisition Cognition 28 p 73193 1998 Pinker S Ullman M T The past and fu ture of the past tense Trends in Cogni tiveSciences 6 p 456463 2002 Plunkett K Marchman V Ushaped leam ing and frequency effects in a multilayered perception ImpUcations for child language acquisition Cognition 38 p 43102 1991 Rumelhart D E McClelland org Parallel distributed processing v 2 Psychological and biological models Cambridge MIT Press 1986 mais próximo possível do tipo domíniogeral Embora nenhum dosprogramas realmente ope rasse em todos os campos eram um bom início De modo similar no campo mais amplo da Psicologia Cognitiva a tendência na década de 1960 até meados dos anos 1970 era empe nharse por uma compreensão de domínio geral dos processos cognitivos Miller Galanter Pribram 1960 Simon 1976 Durante o fim dosanos 1970 e na décadade 1980 houve um deslocamento em direção ao campoespecífico Isto foi graças em parte às demonstrações marcantesa respeito do pa pel do conhecimento específicopara o jogo de xadrez Chase Simon 1973 De Groot 1965 veja o Capítulo 11 Um livro básico The Modularity of Mind apresentou um argumento para a extrema especificidade do domínio Fodor 1983 De acordo com esta visão a mente é modular dividida em módulos descontínuos que operam mais ou menos independente mente entre si De acordo com Fodor cada módulo funcionando de modo independente pode processar somente um tipo de dado como linguagem por exemplo palavras percep tos visuais por exemplo faces e assim por diante Provas adicionais da especificidade do domínio de reconhecimento de faces podem ser observadasnos estudos que empregam métodos de ressonância magnética funcional RMf Foiobservado em um estudo que quando os participantes viam faces e casas áreas distin tas do cérebro estavam ativadas Portanto pareceque existem processos cerebrais e cogniti vos especializados para o processamento de faces Yovel Kanwisher 2004 Fodor 1983 definiu a modularidade dos processos em nível inferior como os processos perceptivos básicos envolvidos no acesso léxico veja o Capítulo 3 No entanto a aplicação da modularidade tem sido estendida igualmente a processos intelectuais mais elevados Gardner 1983 O livro também enfatizou a modularidade de funções cognitivas específicas como distintados significados das palavras derivadas do contexto Essas funções foram ob servadas principalmente em experimentos cognitivos No entanto temas de modularidade também têmsido importantes naspesquisas psicobiológicas Por exemplo existem condições patológicas distintas associadas a deficits cognitivos descontínuos Recentemente ocorreramalgumas tentativas para integraras perspectivas de campo gerale específico em nosso pensamentosobre representação e processamento Nos capí tulos que seguem você refletirá sobre a possibilidade dos processos e formas de represen tação do conhecimento sendo descritos e podendo ser vistos como de campo geral ou específico Capítulo 8 Representação e Organização do Conhecimento na Memória Conceitos Categorias 301 Temas Fundamentais Este capítulo revela diversos temas básicos descritos no Capítulo 1 Um tema é o de racionalismo versus empirismo Como atribuímos significado aos con ceitos A visão baseada em característicasé em grande parte racionalista Conceitos pos suem conjuntos decaracterísticas que são na maior parte dos casos apriori e idênticos para todas as pessoas A noção subjacente é dequeuma pessoa poderia compreender umconceito valendose de uma definição detalhada contidaem umdicionário em grande parte sem re ferência à experiência geral O exemplar protótipo e asvisões baseadas emteorias são susten tados em maior grau nos dados empíricos Eles atribuem um papel predominante à experiência Por exemplo as teorias podem se alterar com aexperiência A teoria de um con ceitocomo cão queuma criança de3 anos possui pode sermuito diferente daquela de uma criança de 10 anos Um segundo tema éodavalidade dainferência causai versus a validade ecológica Aspri meiras pesquisas sobre conceitos como as de Bruner Goodnow e Austin usaram conceitos abstratos como formas geométricas quepoderiam serdecores formas e tamanhos diferentes Entretanto Eleanor Rosch em seu trabalho questionouessaabordagem Rosch argumentou que os conceitos naturais possuem poucas das características dos artificiais Portanto oestudo dos conceitos artificiais pode proporcionar informações que se aplicaram a esses conceitos porém não necessariamente àqueles domundo real Ospesquisadores modernos tendem a es tudar os conceitosdo mundo real maisdo que os conceitos artificiais Um terceiro tema é o da pesquisa básica versus aplicada Por exemplo os profissionais da área de pesquisa de mercado estão muito interessados na conceitualização que as pessoas fa zem dos produtos comerciais Eles adotam técnicas empíricas e estatísticas para entender como os produtos são concebidos Como resultado freqüentemente a propaganda atua para reposicionar os produtos na mente dos consumidores Por exemplo um carro que é conside rado na categoria de carro econômico pode ser transferido por meio da propaganda para uma categoriaque seja maisde carro de luxo Pergunte a um amigo seele gostaria deganhar 20 dólares Os 20dólares podem ser ga nhos seo seu amigo puder indicar os meses doanoem30 segundos emordem alfabética Tente Nos anos em que oferecemos esse valor aos alunos de nossos cursos nenhum deles conseguiu o feito portanto seus 20 dólares não correm risco Esta demonstração mostra como algo tão comum e usado freqüentemente como osmeses doano encontrase agrupado em determinada ordem É muito difícil reagrupar os meses doano em uma ordem diferente daquela comumente usada ou mais conhecida Leituras Sugeridas Comentadas Capitani E Laiacona M Mahon B Ca McLeod R Plunkett K Rolls E T In ramazza A What are the facts ofsemanúc troduction to connectionist modeling of categoryspecific deficits A criticai review of cognitive processes Nova York Oxford the clinicai evidence Cognitive Neurop University Press 1998 Não existe uma sychology 20 p 213261 2003 Uma introdução simples à teoria conexio análise decasos de deficits no uso de ca nista porém estaexposição é aquela dis tegorias semânticas específicas Este ar ponível quemais seaproxima emclareza tigo oferece uma visão de conjunto sobreo usoda modelagem conexionista abrangente dessa deficiência para caracterizar uma ampla gama de processos cognitivos Linguagem Natureza e Aquisição CAPITULO 9 EXPLORANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA 1 Que propriedades caracterizam a linguagem 2 Quais são alguns dos processos envolvidos na língua 3 Como adquirimos a capacidade para usar a linguagem Permaneci imóvel toda minhaatenção concentrada no movimento demeus dedos Senti repentinamente uma consciência vaga como sefosse dealgo esquecido um frêmito de um pensamento que retorna e dealguma maneira foime revelado o mis tério da linguagem Soube então que água significava algo frio e maravilhoso que estava fluindo sobre minha mão A palavra viva despertou minha alma deulhe luz alegria tornoua livre Tudo tinha um nome e cada nome dava origem a umnovopensamento Quando voltamos para casa todo objeto que eu tocava parecia palpitar com vida Aprendi naquele dia um grande número de palavras novas palavras que fariam o mundo desabrochar para mim Helen Keller StorofMy Life elen Keller tornouse cega e surda com 1 ano e 7 meses de idade após uma doença grave na infância Ela foi desperta inicialmente para um mundo consciente pleno de pensamento e inteligível por intermédio de sua professora Anne Sullivan A cria dora de milagres segurouuma das mãosde Helen debaixo de uma torneira da qual fluía um jato de água na mão de Helen Enquanto isso ela soletrava por meiode um alfabetomanual na outra mão de Helen a palavra águapara despertar a mente Linguagem é o uso de um meio organizado de combinaçãode palavras a fim de criar co municação Ela torna possível nos comunicarmos com as pessoas ao nosso redor Também torna possível pensar a respeito de coisas e processos que presentemente não conseguimos ver ouvir sentir ou cheirarEssas coisas indicam idéias que podemnão possuir qualquerforma tangível Conforme Helen Keller demonstrou as palavras que usamos podem serescritas fa ladas ou de outro modosinalizadas por exemplo por meio da LínguaAmericana de Sinais ASL na sigla em inglês Mesmo assim nem toda comunicação troca de pensamentos e sensações ocorre por meio da língua Comunicação englobaoutros aspectos Gestos ou ex pressões faciais representam um de taismeios nãoverbais quepodem serusados porexemplo para adornar ou para indicar Um segundo aspecto inclui olhares Olhares podem ter muitas finalidades Por exemplo algumas vezes são mortíferosoutras vezes sedutores Um terceiro 303 304 Psicologia Cognitiva aspecto inclui o controle físico como aperto de mãos acenos e abraços Estas são apenas al gumas das maneiras pelas quais podemos nos comunicar Psicolinguística é a psicologia da nossa linguagem vista a partir da interação com a mente humana Ela leva em consideração a produção e o entendimento da linguagem Gernsbacher Kaschak 2003a 2003b Indefrey Levelt 2000 Wheeldon Meyer Smith 2003 Quatro áreas de estudo contribuíram substancialmente para um entendimento da psicolinguística Uma é a lingüística o estudo da estrutura e da variação da linguagem Uma segunda área de estudo é a neurolinguística o estudo do relacionamento entre o cé rebro a cognição e a linguagem Uma terceira é a sociolinguística o estudo do relaciona mento entre o comportamento social e a linguagem Carroll 1986 E a quarta área é a lingüística computacional e a psicolinguística que englobam o estudo da linguagempor in termédio de métodos computadorizados Coleman 2003 Gasser 2003 Lewis 2003O ca pítulo descreve inicialmente de modo sucinto algumas propriedades gerais da linguagem As próximas seções discutem os processos da língua Estes processos incluem a maneira como compreendemos o significado de determinadas palavras e como estruturamos as pa lavras em sentenças com significado Em seguida a seção final elabora de modo mais abran gente a abordagem lingüística da língua Conforme você esperaria esta discussão coloca em tela o debate natureza criação que surge com tanta freqüência em relação aos temas psi cológicos concentrandose entretanto no modo como as capacidades adquiridas intera gem com a experiência O Capítulo 10descreveo contexto mais amplo no âmbito do qual usamos a língua Este contexto inclui os contextos psicológico e social da linguagem Propriedades da Linguagem Descrição Geral Que propriedades caracterizam a linguagem A resposta a esta pergunta depende a quem você pergunta Os lingüistas podem propor respostas um tanto diferentes do que proporiam os psicólogos cognitivos Parece existir no entanto consenso a respeitodas seispropriedadesque distinguem a linguagem Brown 1965 Clark Clark 1977 Glucksberg Danks 1975 A lin guagem é especificamente 1 Comunicativa A linguagem permite que nos comuniquemos com uma ou mais pessoas que a compartilham 2 Arbitrariamente simbólica A linguagem cria uma relação arbitrária entre um símbolo e seu referente uma idéia um objeto um processoou uma descrição 3 Estruturada regularmente A linguagem possui uma estrutura somente arranjos de símbolos configurados especificamente possuem significado e arranjos diferentes resultam em significados distintos 4 Estruturada em níveis múltiplos A estrutura da linguagem pode ser analisada em mais de um nível por exemplo em sons em unidades de significado em pala vras em frases 5 Gerativa e produtiva A linguagem dentro dos limites da estrutura lingüística pode gerar novas formas de expressão As possibilidades para a criação destas novas for mas é virtualmente ilimitada 6 Dinâmica As línguas evoluem constantemente Símbolos que separecem dealgum modo comseusreferentes são denominados ícones Estes elementos psicográficos sãoícones que foram usados nos hieróglifos do Egito antigo Emcontraste grande parte da linguagem envolve a manipulação de símbolos que possuem somente uma relação arbitrária com seus referentes Foto Cortesia deHemera Technologiesl PhotoscomJupiterimages Capítulo 9 Linguagem Natureza e Aquisição 305 JpKL 07 y ráí VSl V A propriedade comunicativa da linguagem aparece em primeiro lugar na lista Ape sar de ser a sua característica mais óbvia também é a mais notável Como exemplo posso escrever o que estou pensando e sentindo para que você possa ler e compreender meus pensamentos e sentimentos Isto não significa afirmar que não existam falhas ocasionais na propriedade comunicativa da linguagem Inúmerospsicólogos cognitivose outras pes soas dedicam suas vidas ao estudo de como falhamos em nossa comunicação por intermé dio da linguagem No entanto apesar das frustrações originadas pela má comunicação causa impressão o fato de uma pessoa ser capaz de usar a linguagem para comunicarse com outra A segunda propriedade da linguagem é a que podesurpreender mais Nos comunicamos pormeio denosso sistema compartilhado de referência simbólica arbitrária paraobjetos idéias processos relações edescrições Steedman 2003 Anatureza arbitrária dosistema alude àfalta de qualquer razão para a escolha de determinado símbolo Realmente todas as palavras são símbolos Um símbolo neste contexto é algo que representa indicaòu propõe alguma outra coisa Referese aponta para ou alude a um processo uma coisa ou uma descrição específicos como professor divertir ou brilhante A combinação dos sons é arbitrária Esta arbitrariedade pode ser vista a partir do fato de que línguas diferentes usam sons muito diferentes para refe rirse à mesma coisa porexemplo baum árbol árvore Uma característica conveniente dos símbolos é que podemos usálos para nos referir a ob jetos idéias relações e descrições que não seencontram atualmentepresentes comopor exem plo o rio Amazonas Podemos até mesmo usar símbolos para nos referir a coisas que nunca 306 Psicologia Cognitiva existiram comodragões ou elfos E podemos usarsímbolos para nos referir a coisas que exis tem de uma forma que não são fisicamente tangíveis tais como o cálculo integral a verdade ou a justiça Semreferência simbólica arbitrária estaríamos limitados a símbolos que de algum modo fossem parecidos com ascoisas que deveriam simbolizar Por exemplo precisaríamos de umsímbolo parecido comuma árvore pararepresentar uma árvore O princípio de convenção e oprincípio do contraste sãodois princípios queseencontramna basedosignificado daspalavras Clark 1993 1995 Diesendruck 2005 O primeiro princípio afirma simplesmente queossig nificados daspalavras sãodeterminados por convenções ou seja as palavras significam aquilo que as convenções as fazem significar De acordocom o segundoprincípio palavras diferentes possuem significados diferentes A finalidade da existência de palavras diferentes é precisa mente fazêlas simbolizar coisasque são pelo menos ligeiramente diferentes A terceira propriedade é a estruturaregular da linguagem Posteriormente nestecapítulo descrevemos de modo mais específico esta estrutura Por enquanto entretanto é suficiente que você já conheça duas coisas A primeira é que determinadas configurações de sons e le tras formam palavras com significado No entanto sons e letras aleatórios usualmente não as formam A segunda é que certas configurações de palavras formam sentençasparágrafos e discurso com significado A maioria dasdemais configurações não faz sentido A quarta propriedade é a multiplicidade da estrutura Todaexpressão verbal com signifi cado podeser analisada em mais de um nível Seções subsequentes descrevem diversos níveis emquepodemos analisar a estrutura da linguagem Estes vários níveis transmitem graus va riados de conteúdo significativo Por exemplo ospsicolinguistas estudam a línguaaoníveldos sons como p e t Eles também examinam o nível das palavras como pata tapa tempo tampa tacho Também analisam o nível das sentenças como O gato colocou a pata na tampa do tacho e em seguida levou algum tempo para afastála e provar o doce no tacho Finalmente analisam coisas ao nível de unidades maiores da língua como este parágrafo ou mesmo este livro A produtividade denominada algumas vezes capacidade gerativa é a quinta proprie dadeda linguagem Produtividade referese aqui à nossa grande capacidade para produzir a língua criativamente No entanto nosso uso da linguagem realmente possui limitações Te mos de nos adaptar a uma determinada estrutura e usar um determinado sistema compar tilhado de símbolos arbitrários Podemos usar a línguapara produzir um número infinito de sentenças individualizadas e de outras combinações de palavras que possuam significado Embora o númerode sons por exemplo s em assobio usados em uma língua possa ser fi nito os vários sons podem ser combinados interminavelmente para formar novas palavras e novassentenças Existem entre elasmuitasexpressões verbais novas Estas são expressões lingüísticas totalmente novas e que nunca haviam sido faladas antes por qualquer pessoa Portanto a linguagemé inerentemente criativa Ninguém de nós possivelmente poderia ter ouvido em ocasiões anteriores todas as sentenças que somos capazes de gerar e que real mente geramos no fluir de nossas vidasdiárias Toda língua parece ter o potencial para ex pressar qualquer idéia que pode ser expressa em qualquer outra línguaNo entanto a facilidade a clareza e a expressão sucinta de uma determinada idéia podem variargrande mentede umalíngua paraoutra Portanto o potencial criativo de línguas diferentes parece ser aproximadamente o mesmo Finalmente o aspecto produtivo da linguagemconduz de maneira bem natural à natu reza dinâmica e evolutiva da linguagem O grupo mais amplo de usuários da língua aceita ou rejeita as modificações A cada ano são agregados ao dicionário palavras criadas recente mente atestandoa aceitaçãoem ampla escaladestas palavras novas De modosimilar pala vrasque não são mais utilizadas sãoeliminadas do dicionário contribuindo ainda mais para a evolução da língua Imaginar que a língua nunca mudaria é quase tão incompreensível quanto imaginar que as pessoas e os ambientes não mudam Por exemplo o inglêsmoderno Capítulo9 Linguagem Natureza e Aquisição 307 que falamos hoje evoluiu a partir da língua falada na Idade Média Esta língua por sua vez evoluiu do inglês arcaico Embora possamos delinear várias propriedades da linguagem é fundamental sempre ter em mente a sua principal finalidade A linguagem nos facilita ter capacidade para elaborar uma representação mental de uma situação que nos permite compreendêla e realizarcomu nicações a respeito dela Budwig 1995 Zwaan Radvansky 1998 Em outras palavras no final a linguagem referese principalmente ao uso e não somente a um conjunto de propriedades ou a outro conjunto Por exemplo fornece a base para a co dificação lingüística na memória Você é capaz de lembrar melhor das coisas porque pode usar a linguagem para ajudálo a lembrálasou a reconhecêlas Para concluir existem muitas diferenças entre as línguas Apesar disso há muitas pro priedades comuns Entre elas existem comunicação referência simbólica arbitrária regulari dade da estrutura multiplicidade da estrutura produtividade e mudança Examinamos em seguida mais detalhadamente como a linguagem é usada Observamos a seguir alguns as pectos universais de como nós humanos adquirimosnossa principal língua Aspectos Fundamentais da Linguagem Existemessencialmente dois aspectos fundamentais da linguagem O primeiro é a compreen são receptiva e a decodificaçãodos elementos da língua O segundo é a codificaçãoexpressiva e a elaboração dos produtos da língua Decodificação referese à obtenção do significado com base em qualquersistemade referência simbólico sendo usado por exemplo enquanto a pes soa escuta ou lê Nos Capítulos 5 e 6 usamos o termo codificação para nos referir à codifica ção semântica e não semântica da informação em uma forma que possaser armazenada na memória de trabalho e na memória de longo prazo Waters Caplan 2003 A codificação quando aplicada à linguagem envolve transformar nossos pensamentos em uma forma que pode ser expressa como produção lingüística por exemplo fala sinalização ou escrita Usa mos neste capítulo os termos codificação e decodificação para descreversomente a codificação e a decodificação semânticas Compreensão verbal e fluência verbalsão termos relacionados Compreensão verbal é a capacidade receptiva para o entendimento de elementos lingüísticos escritos e verbais como palavras sentenças e parágrafos Starr Rayner 2003 Fluência verbal é a capacidade expres siva para a produção lingüística Quando lidamos especificamente coma comunicação ver bal podemos nos referir à compreensão ou à fluência verbal Compreensão verbal e fluência verbal parecem ser capacidades relativamente distintas Thurstone 1938 As pessoas podem ser capazes de compreender bem uma língua porém de não produzila bem e viceversa A dissociação tornase particularmente visível no caso de uma segunda língua Por exemplo muitas pessoasao redor do globo conseguem compreender grande parte da língua inglesasem ser capazesde escrever ou ler adequadamente o idioma A linguagem pode ser desmembrada em muitas unidades menores Isto é muito parecido com a análise de moléculas feita pelos químicos para obtenção dos elementos básicos A me nor unidade do somda falaé o fone que correspondesimplesmente a um som vocal Um de terminado fone pode ou não fazer parte do sistema oral de uma língua específica Jusczyk 2003 Meyer Wheeldon 2003 Munhatl 2003 Roca 2003b Um estalido de sua língua um estalo de sua bochecha ou um som de gorgolejosão todos fones Esses sons no entanto não são usados para formar palavras distintas no inglês norteamericano Um fonema é a menor unidade de som oral que pode ser usada para distinguir uma expressão oral de outra em uma determinada língua Em inglês osfonemassãoformados por sonsde vogais e consoantesPor exemplo distinguimos entre sit sat fat e fit portanto o som s o som f o som e o som são todos fonemas em inglês como também ocorre com o som t Estessons são 308 Psicologia Cognitiva QUADRO 91 Sim a língua jolos Fonéticos do InglêsNorteamericano constituem o conjunto das menores unidades de som que po Os fonemas de um dem ser usadas para distin uir uma expressãc oral com significadode outra em determi nada língua Clark Clark 1977 Consoantes Vogais DrroNGOS P pill e tfiigh i beet Ay fíite pílula coxa beterraba morder B 611 thy bit Ew about conta teu pedaço cerca M mitl á shallow e baít Oy boy moinho raso isca menino T nll até z measure medida bet apostar D dill dil c cfiip apara E bar morcego N nil zero gyp furtar U boot bota K Jcill matar L ip lábio u put colocar G giü guelra R rip fender but mas u sing cantar Y et ainda o boat barco F ill w uet bought preencher úmido comprou V vat cuba uiet estimular A pot vaso S sip sorver h hat chapéu 3 sofá sofá z tip silvo marry casar produzidos alternando seqüências de abertura e fechamento do trato vocal Línguas diferen tes usam números e combinações diferentes de fonemas A língua havaiana possui cerca de 13 fonemas Alguns dialetos africanoschegam a possuir60 O inglêsnorteamericano possui cerca de 40 fonemas conforme apresentado no Quadro 91 O conjunto de exemplos a seguir ressalta a diferença entre sons è fonemas Em inglês a diferença entre os sons p e b constitui uma distinção importante Estes sons atuam como fonemas em inglês porque englobam a diferença entre palavras diferen tes Por exemplo as pessoas que falam inglês distinguem entre they bit the buns frbm the bin eles experimentaram os brioches do pote e they pit the puns from the pin eles colocaram os trocadilhos no alfinete uma sentença bem estruturada porém sem signifi cado Existem ao mesmo tempo alguns fones que os usuários do inglês podem produzir mas que não funcionam para distinguir palavras Portanto não agem como fonemas em in glês Estes muitas vezes são denominados alofones que representam variações sonoras do mesmo fonema Para ilustrar a diferença entre os alofones do fonema p tente colocar sua mão aberta a cerca de 25 centímetros de seus lábios A seguir diga em voz alta Pütthe papêr cup to your lip Ponha o copo de papel em seu lábio Se você for parecido com a maioria das pessoasque falam inglês sentiu um pequeno sopro de ar quando pronunciou o ph em put Capítulo 9 Linguagem Naturezae Aquisição 309 e paper Porém não sentiu sopros de ar quando pronunciou o p em cup ou lipSe você conseguiu de alguma forma impedir o sopro de ar quando disse put ou paper ou acres centar um sopro de ar quando disse cup ou lip você produziu alofones Porém não esta ria fazendo uma distinção significativa dos fonemas na língua inglesa Não existe uma diferença significativa entre phut e put em inglês Em contraste a diferença entre kut e gut é potencialmente significativa No entanto em algumas línguas como o tailandês uma distinção considerada irrelevante em inglês é significativa Nessas línguas a diferença entre p e ph é fonêmica ao invés de ser somente alofônica Fromkin Rodman 1988 Fonêmica é estudo de fonemas específicos de uma língua Fonética é o estudodo modode produção ou de combinação de sons da fala ou de sua representação por símbolos escritos Roca 2003a Lingüistas podem viajar a vilarejos remotos para observar gravar e analisar línguas diferentes O estudo do patrimônio fonético de diversas línguas é uma das maneiras pelas quais os lingüistas obtêm conhecimento sobre a natureza da língua Ladefoged Maddieson 1996 A extinção da língua ou morte da língua constitui um obstáculo para seu estudo por esses meios A morte da língua ocorre por diversas razões incluindo os mem bros de áreas tribais que as trocam por áreas mais urbanas genocídio globalização e a intro duçãode uma nova língua em uma área Mufwene 2004 A morte de línguasestá ocorrendo em um ritmo alarmante algumas estimativas indicam que 90 das línguas do mundo esta rão extintas durante a próxima geração Abrams Strogatz 2003 Esta tendência representa claramente um problema para aquelas pessoas que desejam estudar línguas No próximo nível da hierarquia existe o morfema a menor unidade que denota signi ficado no âmbito de uma determinada língua Os cursos de inglês podem têlo apresentado a duas formas de fonemas Uma é a raizda palavra Raiz é a porção da palavra que contém a maior parte do significado As raízesnão podem ser desmembradas em unidades menores de significado São os itens que possuem inclusões no dicionário Motter etai 2002 Agrega mos uma segunda forma de morfema o afixo a essa raiz Afixos incluem sufixos que seguem a raiz prefixos que precedem a raiz e infixos que aparecem no interior das palavras A própria palavra afixos contém a raiz fixo um prefixo e um sufixo O prefixo é a uma va riante do prefixo ad significando na direção de para ou perto O sufixo é s que indica a forma plural de um substantivo A palavra recarga contém três morfemas re car e ga Os lingüistas analisam a estrutura dos morfemas e das palavras de um modo que vai além da análise de raízes e afixos Morfemas de conteúdo são palavras que transmitem a maior parte do significado de uma língua Morfemas de função agregam detalhes e nuances ao significado dos morfemas de conteúdo ou auxiliam estes morfemas a se enquadrarem no contexto gramatical Exemplossão o sufixoito o prefixode a conjunção eou o artigo o As inflexões constituem um subconjunto dos morfemas sendo os sufixos usuais que acrescentamos às palavras para se enquadrarem no contexto gramatical Por exemplo a maioria das crianças americanas que freqüentam jardinsdeinfância sabem como agregar su fixos especiais para indicar o seguinte Tempo do verbo Você estuda com freqüência Você estudou ontem Você está estu dando agora Número do verbo e dosubstantivo O professorpassa trabalho escolar Os assistentes do professorpassam trabalho escolar Caso possessivo O livro do estudante é maravilhoso Comparação entre adjetivos O mais preparado entre os dois professores ensinou aos alunos mais inteligentes 310 Psicologia Cognitiva O léxico é o conjunto completo de morfemas em uma determinada língua ou do reper tório lingüístico de uma pessoa O adulto médio que fala o inglês possui um léxico de apro ximadamente 80 mil morfemas Miller Gildea 1987 As crianças na primeira série nos Estados Unidos possuem mais de 10 mil palavras em seu vocabulário Ao cursarem a 3a sé rie possuem cerca de 20 mil Na 5série atingiram o marco de aproximadamente 40 mil ou metade de seu nível final quando adultos Anglin 1993 A maior parte das pessoas adultas que falam inglês ao combinar morfemas possui um vocabulário de centenas de milhares de palavras Por exemplo ao acrescentarem apenas alguns poucos morfemas ao morfema de con teúdo da raiz estudo obtemos estudante estudiosoestudou estudando e estudos O vocabulário é formado lentamente Desenvolvese por meio de diversasexposiçõesa palavras e indicações quanto a seus significados Akhtar Montague 1999 Hoff Naigles 1999Woodward Mark man 1998 Uma das maneiras pela qual o inglêsampliousepara abarcar um vocabulário em expansão é pela combinação dos morfemas existentes de modo diferente Alguns propõem que uma parte da genialidade de William Shakespeare reside em uma habilidade para criar palavras novas combinando os morfemas existentes Atribuise a ele a criação de mais de 1700 palavras 85 de seu vocabulário escrito e inúmeras expressões incluindo a pró pria palavra incontável Lederer 1991 O próximo nível de análise é denominado sintaxe A sintaxe referese ao modo como os usuários de uma determinada língua arranjam as palavras para formar sentenças A sintaxe desempenha um papel importante em nossa compreensão da língua Uma sentença inclui pelo menos duas partes A primeira é uma frase nominal que contém ao menos um substan tivo muitas vezes o sujeito da sentença e inclui todos os termos relevantes que descrevem o sujeito A segunda é uma frase verbal que contém pelo menos um verbo e os termos sobre os quais o verbo age mais precisamente A frase verbal também possui a designação predi cadoporque afirma ou declara algo sobre o sujeito Tratase normalmente de uma ação ou uma propriedade do sujeito Os lingüistas consideram o estudo da sintaxe fundamental para a compreensãoda estrutura da língua A estrutura sintática da língua especificamente é es tudada mais adiante neste capítulo INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Identifique quais dos termos a seguir formam frases nominais FN 1 a bola redonda vermelha no canto 2 e o 3 redonda e vermelha 4 a bola 5 água 6 corre rapidamente Sugestão Sujeitos podem incluir o sujeito ou o objeto de uma sentença por exemplo FN joga FN identifique quais dos termos a seguir são frases verbais FV 1 o menino joga a bola 2 e a bola em movimento 3 rolou 4 correu pela sala 5 deulhe a bola 6 corre rapidamente Sugestão frases verbais contêm verbos bem como todos os termos sobre o qual o verbo age porém não o sujeito da ação Por exemplo O estudante de Psicologia FV Semântica o estudo do significado em uma língua é complementar à sintaxe Um se manticista se preocuparia com a maneira como as palavras e sentenças expressam significado O último nível da análise é o do discurso que engloba o uso da língua além da sentença como na conversação nos parágrafos nas histórias nos capítulos e em obras completas de li teratura O Quadro 92 resume os vários aspectos da língua A próxima seção discute como compreendemos a linguagem por meio da percepção da falae da análise ulterior Faremos a discussãodo discurso e do contexto social da língua no Capítulo 10 Capítulo 9 Linguagem Natureza e Aquisição 311 QUADRO 92 Resumo da Descrição da Língua Todas as línguas humanas podem ser analisadas em muitos níveis Elementos da Língua Fonemas subconjunto distinto de todos os possíveisfones Morfemas originamse do léxico distinto dos morfemas Palavras originamse do vocabulário distinto das palavras Frases Frase nominal FN um substantivo e os termos que o descrevem Frase verbal FV um verbo e todo termo sobre o qual age Sentenças baseadas na sintaxe da língua estrutura sintática Discurso Compreensão da Língua Produtos da Língua t ã k s precisa morfema de conteúdo s morfema da função Uma pessoa precisa de muito bom senso para escrever bem coisas sem sentido FN Uma pessoa FV precisa de muito bom senso para escrever coisas sem sentido Uma pessoa precisa de muito bom senso para escrever bem coisas sem sentido Uma pessoa precisa de muito bom senso para escrever bem coisas sem sentido foi escrito pela primeira vezpor Mark Twain Lederer 1991 p 131 t c o d Í f i c a Ç ã o t Produção da Língua Processos da Compreensão Lingüística De que modo compreendemos a linguagem tendo em vista sua codificação multifacetada Uma abordagem a esta pergunta tem como foco os processos psicológicos envolvidos na percepção da fala Hickok Poeppel 2000 O método também considera a maneira como os ouvintes lidam com as peculiaridades resultantes da transmissão acústica relacionada ao som da língua Uma segunda abordagem mais orientada linguisticamente tem como foco as descrições da estrutura gramatical das línguas Finalmente um terceiro método examina os processos psicolinguísticos envolvidos na compreensão da linguagem no plano da análise macro do discurso Todas as três abordagens sobrepõemse em certo grau e propiciam infor mações interessantes sobre a natureza da linguagem e seu uso Percepção da fala Você já esteve em uma situação em que precisava se comunicar com alguém pelo telefone porém as palavras que ouvia estavam truncadas em razãode problemas na transmissão tele fônica Em caso afirmativo você concordará que a percepção da fala é fundamental para o uso da língua em nossas vidas diárias Compreender a fala é fundamental para a comunica ção humana Para compreender a percepção da fala examinamos alguns fenômenos interes santesTambém refletimos sobre a questãoda falaser algoespecialentre todososváriostipos de sons que podemos perceber 312 PsicologiaCognitiva Somos capazes de percebera fala com rapidez surpreendente Por um lado podemosper ceber até 50 fonemaspor segundo de uma língua na qual somosfluentes FoulkeSticht 1969 Por outro conseguimos percebersomente cerca de dois terçosde um único fone por segundo de sons não relacionados à fala Warren eta 1969 Considere por que as línguas estrangei ras são difíceis de compreenderquando as ouvimos Mesmose conseguimos lêlas os sons de suas letras e combinaçõesde letras podem ser diferentes dos sons correspondentesàs mesmas letras e às combinações de letras em nossa língua nativa Por exemplo meu espanhol soa americano porque tendoa reinterpretar sonsem espanholem termos do sistema fonético do inglês americano ao invés do sistema espanhol Como somos capazes de perceber 50 fonemas por segundo se paradoxalmente somente podemos percebermenos de um fone por segundo de sons não relacionados à fala Uma res postaa esta pergunta reside no fato de que ossonsda fala apresentam coarticulação A coar ticulação ocorre quando fonemas ou outras unidades são produzidas de um modo que as sobrepõem no tempo Um ou mais fonemas iniciam enquanto outros fonemas ainda estão sendo produzidos As articulações coincidem Nãosãoapenas osfonemas quesesobrepõem em uma palavra Os limites entre palavras na falacontínua também tendema sesobrepor Essa so breposição de sons do discurso pode parecer criar problemas adicionais para a percepção da fala poréma coarticulaçãoé vistacomo necessária para a transmissão eficaz das informações tendo em vista as deficiências mencionadas previamente na percepçãode outros sons Liber man etai 1967 Portanto a percepção da fala é encarada diferentemente das outras capaci dades perceptivas por causa da natureza lingüística da informação e do modo particular pelo qual a informação precisa ser codificada para a transmissão eficaz A coarticulação também pode ser observada na linguagem não verbal Foram realizados algunsestudosque examinam a produçãoda falaem pessoas que usamsinaishabilmente Es sas pessoas conseguem transmitirmuitos parágrafos com informações valiosas em menos de 1 minuto Lupton 1998 Ocorre um grau elevado de coarticulação no uso preciso da ASL Jerde Soechting Flanders 2003 Estacoarticulaçãoafeta algunsaspectos do sinal ao ter iní cio e ao conduzir a outro sinal Os aspectosafetados incluema forma o movimento e a posi ção da mão Yang Sarkar 2006 A coarticulação ocorre mais freqüentemente nas formas mais informais da ASL Emmorey 1994 Pessoas que estão aprendendo apenas a linguagem dos sinais apresentam maior probabilidade de usar a maneira mais formal Posteriormente à medida que as pessoasadquirem mais aptidão normalmente começam a usar as maneiras mais informais Portanto à medida que aumentam a aptidão e a fluência o mesmo ocorre à inci dência da coarticulação A coarticulação é o resultado da previsão do próximo sinal pratica mente do mesmo modo que a coarticulação verbal se baseia na previsão da próxima palavra No entanto esta coarticulação usualmente não prejudica a compreensão Essas observações apoiam a natureza diferenciada da percepção da linguagem independentemente de seu for mato ser oral ou por sinais Portanto como percebemos a fala tão facilmente Existemmuitas teorias alternativas da percepçãoda falapara explicar nossafacilidade Estasteorias diferemprincipalmente quanto à possibilidade de a percepção da falaser vista como especialou comum em relaçãoa outros tipos de percepção auditiva A Visão Comum da Percepção da Fala Uma abordagem importante iguala os processos de percepção da fala dos processos de per cepçãoauditiva de outrossons Estes tiposde teoriasenfatizam processos de combinaçãode modelos ou de detecção de características Tais teorias postulam que existem estágios distin tos de processamento neural Em um estágio os sons da fala são analisados em seus compo nentes Em outro esses componentes são analisados para a identificação de configurações e incluídosem um protótipo ou modelo Kuhl 1991 Massaro 1987 Stevens Blumstein 1981 Capítulo 9 Linguagem Natureza e Aquisição 313 Uma teoria desse tipo é a teoria do refinamento fonético Pisoni et ai 1985 Ela afirma que iniciamos com uma análise das sensações auditivas e passamos para um processamento de nível mais elevado Identificamos palavras com base na eliminação sucessiva das possibilida des de combinação entre cada um dos fonemas e das palavras que já temos na memória Nessa teoriao som inicialque estabelece o conjunto de palavras possíveis que ouvimos não precisa ser o primeiro fonema sozinho Você mesmo pode ter observado este fenômeno em um nível consciente Você alguma vez estava assistindo a um filme ouescutando uma prele ção quando ouviu somente um som truncado Você precisa de alguns momentos para enten der oque o conferencista deve ter falado Para decidir sobre aquilo que ouviu você pode ter passado por um processo de refinamento fonético consciente Uma teoria similar é adotada pelo modelo TRACE McClelland Elman 1986 De acordo com este modelo a percepção da fala começa com três níveis de detecção de características o nível das características acústicas o nível dos fonemas e o nível das palavras Ainda de acordo com essa teoria a percepção dafala é altamente interativa Os níveis inferiores afetam osníveis superiores e viceversa Um atributo que essas teorias possuem em comum é que todas requerem processos de cisórios que vão além da detecção de características e da combinação em modelos Desse modo a fala que percebemos pode diferir da fala que alcançam efetivamente nossos ouvi dos A razão é que fatores cognitivos e contextuais influenciam nossa percepção do sinal recebido Por exemplo oefeito de restauração fonêmica envolve integrar o que conhecemos com aquilo que ouvimos quando percebemos afala Samuel 1981 Warren 1970 Warren Warren 1970 Suponha que você estivesse participando de uma experiência Você está escutando uma sentença que possui a seguinte configuração Descobriuse que a roca estava nona A palavra final corresponde a uma das seguintes palavras a ser inse rida eixo campo mesa oularanja Além disso o interlocutor tosse ao invés deemitir o som inicial onde aparece oasterisco em roca Praticamente todos os participantes desconhecem que uma consoante foi eliminada Osom que se lembram de ter ouvido difere de acordo com o contexto Osparticipantes selembram deouvir a aroda estava no eixo a roça estava no campo a broca estava na mesa ou o braço estava no alto Em essência elas restauram ofo nemafaltante quemelhor se enquadra no contexto da sentença A restauração fonêmica ésimilar ao fenômeno visual do encerramento que se baseia na informação visual incompleta Evidentemente uma abordagem fundamental da percepção auditiva tenta se estender a várioseventos acústicos incluindo o discurso os princípios Ges talt de percepção visual Bregman 1990 Estes princípios incluem por exemplo simetria proximidade e similaridade Portanto as teorias que consideram a percepção da fala como comum usam princípios perceptivos gerais da detecção de características eda Psicologia Ges talt Tentam desse modo explicar como os ouvintes compreendem a fala Outros teóricos no entanto encaram a percepção da fala como especial A Visão Especial da Percepção da Fala Um fenômeno da percepção da fala que conduziu ànoção da especialização foi adescoberta da percepção categórica categorias descontínuas de sons da fala Isto significa que em bora os sons da fala que efetivamente ouvimos abarquem um continuum de variação das ondas sonoras percebemos os sons de modo categórico Este fenômeno pode ser observado na percepção das combinações consoantevogal ba da e ga A diferença acústica entre estas sílabas centralizase em configurações distintas de variação do sinal do discurso Al gumas configurações resultam na percepção de ba Outras na de da Eainda outras na de ga Além disso no âmbito de cada categoria de sílaba existem diferenças nas configura ções de som para casos diferentes que não influenciam apercepção do som Oba que você 314 Psicologia Cognitiva disseontem difere do ba que vocêdiz hoje Porém não é percebido de mododiferente Esta forma categórica de percepção não se aplicaa um som que não sejada fala como um tom Neste caso diferenças contínuas de altura o quanto o som é alto ou baixo são ouvidas como contínuas e distintas Em um estudo clássico os pesquisadores usaram umsintetizador de voz para imitaressa variação naturaldas configurações acústicas dassílabas Também foram capazes usando esse meio de controlar a diferença acústica entre as sílabas Liberman etai 1957 Eles criaram uma série desons formados porconsoantes e vogais que variavam emincrementos iguais de ba para da para ga No entanto as pessoas que escutavam as sílabas sintetizadas notaram uma mudançarepentina Foi da categoria de somde ba para a categoria de somde daeana logamente dacategoria deda para a dega Além disso essa diferença na designação das sí labas resultou em diferenciação inferior no âmbito de uma categoria de fonemas Também ressaltou na diferenciaçãodos limitesde fonemas Dessemodo embora os sinais fossem fisi camente iguais em distância acústica entre eles as pessoas somente ouviram ossinais que também diferiam em termos dedesignação fonética A diferença entredois bas deixava a de sejar ao passo que a diferença de ba em relação a seu vizinhodafoi preservada No entanto o processamento perceptivo normal deveria diferenciar igualmente entre todos ospares com igual espaço dos diferentes sinais ao longo do continuum Ospesquisadores concluíram por tanto que a falaé percebida por meio de processos especializados Alguns estudos examinaram em maior detalhe apercepção das categorias nas pessoas com deficiência de leitura Em adultos analfabetos não existem diferenças napercepção de catego rias entre pessoas com e sem tais deficiências Serniclaes et ai 2005 Noentanto emcrianças com deficiência de leitura a capacidade perceptiva entre categorias fica prejudicada Inversa mente a capacidade perceptiva para diferenciação no interior das categorias é ressaltada nessas mesmas crianças Breier et ai 2005 isto éascrianças comrisco dedeficiência deleitura com paradas às crianças que não possuem este risco utilizam menos informações fonológicas muito embora percebam diferenças acústicas sonoras mais sutis quando realizam uma tarefa de per cepção de categoria Breier etai 2004 Essas eoutras descobertas levaram os pesquisadores a investigar anoção de que apercep çãoda fala depende de processos especiais Também propuseram a teoria pioneira mas ainda influente da percepção motora da fala Galantucci Fowler Turvey 2006 Liberman et ai 1967 Liberman Mattingly 1985 A teoria foi desenvolvida para explicar como os ouvintes suplantam asensibilidade do contexto dos segmentos fonéticos que surge da coarticulação re sultando em fenômenos de percepção de categorias Retomando um exemplo anterior o p falado na palavra lip difere acusticamente do ph falado na palavra put Isto resulta em grande parte dasdiferenças no contexto de coarticulação de dois casos do fonema A sobre posição de p com li ou ut faz com que p soe diferente Por que as pessoas que falam inglês tratam opeo ph como o mesmo fonema De acordo com ateoria motora apercepção do discurso depende daquilo que ouvimos uma pessoa articular neste caso p eph Também depende daquilo que inferimos como as articulações pretendidas pela pessoa que fala neste caso somente p Portanto o ouvinte usa processos especializados envolvidos na produção da fala para perceber afala Apessoa suplanta portanto os efeitos da coarticulação oque re sulta na percepção decategorias Desde osprimeiros trabalhos deLiberman et ai o fenômeno da percepção de categorias foi estendido à percepção de outros tipos de estímulos como cor eemoção facial Esta extensão enfraquece aafirmação de que apercepção do discurso éespe cial Jusczyk 1997 No entanto aqueles que defendem a posição do discurso ser especial ainda mantêm que as outras formas de provas obtidas indicam que odiscurso épercebido por meio de processos especializados Um desses aspectos diferenciadores da percepção da fala humana pode ser visto naquilo quesedenominou efeito McGurk McGurk MacDonald 1976 Este efeito envolve a sincro Capítulo 9 Linguagem Natureza e Aquisição 315 nia das percepções visuais e auditivas Imaginese assistindo a um filme Enquanto a dubla gem corresponder aos movimentos dos lábios dos atores quefalam você não temproblemas Suponha no entanto quea trilhasonora indique algo como da Ao mesmo tempo oslábios do ator claramente fazem movimentos que indicam outro som como ba Vocêprovavelmente ouvirá um som conciliatório algo como tha Não corresponde ao que foi falado nem ao que foi visto Você sintetiza de alguma forma as informações auditivas e visuais e desse modo obtém um resultado que também é diferente Poresta razão os filmes de origem estrangeira cuja dublagem deixa a desejar podem causar confusão Você fica vagamente ciente dequeos lábios estão expressando uma coisae você está ouvindo algo diferente Nicholls Searle e Bradshaw 2004 analisaram em um conjunto de estudos o efeito McGurk comrelação à leitura dos lábios Os experimentadores cobriram metade da boca da pessoa que falava enquanto combinavam oudeixavam decombinar informações auditivas ou visuais Os pesquisadores descobriram que quando o lado esquerdo da boca era coberto ha via pouca alteração na ocorrência do efeito McGurk No entanto quando o lado direito da boca era coberto a ocorrência do efeito McGurk diminuía drasticamente Os pesquisadores usaram emseguida um vídeo invertido do lado esquerdo da boca e viram o efeito McGurk ressurgir Nicholls Searle Bradshaw 2004 Essas descobertas sugerem que o lado direito ou o que é percebido como o lado direito daboca recebe mais atenção na leitura dos lábios Daí decorre que a falta de correspondência entre o queo lado direito da boca diz e aquilo queé ouvido apresenta maior probabilidade de resultar no efeito McGurk Na conversação normal usamos a leitura dos lábios paraampliar nossa percepção da fala Isto é particularmente importante emsituações nasquais o ruído aofundo pode tornara per cepção da fala mais difícil A teoria motora explica essa integração bemfacilmente porque as informações articulatórias incluem informações visuais e auditivas No entantoaqueles que adotam outras teorias interpretam essas descobertas como uma justificativa para processos mais gerais depercepção Eles acreditam que estes processos integram naturalmente as infor mações pelas modalidades sensoriais Massaro 1987 Massaro Cohen 1990 Umasíntese dessas visões opostas é possível Talvez uma razão paraa complexidade deste tema resida na natureza da própria percepção da fala pois ela envolve atributos lingüísticos e perceptivos De um ponto de vista puramente perceptivo a fala é apenas um sinal relativa mente complexo que nãoé tratada deforma qualitativa diferentemente deoutros sinais Sob umaperspectiva psicolinguística a fala é especial por residir no domínio da linguagem uma capacidade humana especial Os textosde Psicologia Cognitivarealmente diferem em termos de ondea percepção da fala é discutida Algumas vezes é discutida no contexto da lingua gem outras no contexto da percepção Portanto a diversidade de pontos de vista sobre a na tureza dapercepção dafala pode serentendida como umreflexo das diferenças nomodo como os pesquisadores a tratam Eles o consideram como sinais acústicos regulares ou como men sagens fonéticas maisespeciais Remez 1994 Semântica e Sintaxe A língua é muito difícil para ser expressa em palavras Voltaire Semântica No início deste capítulo há umadescrição feita por Helen Keller de sua primeira percep çãodeque aspalavras tinhamsignificado Você provavelmente nãoselembra do momento em que as palavras adquiriram vida para você Porém seus pais certamente se lembram 316 Psicologia Cognitiva Na realidade uma das maiores alegrias de ser um pai ou uma mãe consiste em observar a descoberta surpreendente de seus filhos de que as palavras possuem significado Na semân tica denotação é a definição estrita de uma palavra conforme consta no dicionário Cono tação são as implicações emocionais as pressuposições e outros significados não explícitos Denotação e conotação consideradas juntas formam o significado de uma palavra Em vir tudede as conotações poderem variar entre as pessoas pode existir variação no significado formado Imagine a palavra cobra Para muitas pessoas a conotação de cobra é negativa ou perigosa Outras afirma um biólogo especializado em cobras denominado um herpetolo gista teriam uma conotação muito diferente e provavelmente muito mais positiva para a palavra cobra Comoentendemos inicialmente o significado das palavras Recordese de capítulos ante riores que codificamos significados na memória por meiode conceitos Estes incluem idéias às quais podemos atribuir várias características e com as quais podemos conectar várias ou tras idéias como por meio de proposições Rey 2003 Também incluem imagens e talvez configurações motoras para a implementação de procedimentos específicos Neste capítulo estamos preocupados somente com conceitos particularmente em termos de palavras como símbolos arbitrários para os conceitos Na realidade quando pensamos empalavras como representação de conceitos as pala vras constituem uma maneira econômica para manipular as informações relacionadas Por exemplo quando você pensa na palavra mesaisoladamentevocê também evoca todosos se guintes aspectos Todos os casos de existência de mesas em qualquerlugar Casos de mesas que existem somenteem sua imaginação Todas as características das mesas Todos os demais conceitos que você pode relacionar a mesas por exemplo objetos que vocêcoloca sobre as mesas ou em mesas ou locais onde você podeencontrar mesas Possuir uma palavra para algo nos ajuda a agregarnovas informações às nossas informa çõesexistentes sobreaquele conceitoPorexemplo vocêtem acesso à palavramesa Quando vocêpassa por novasexperiências relacionadas a mesas ou aprendefatos novos a respeito de mesas você possui uma palavra em torno da qual pode organizar todas essas informações relacionadas Recordese também da natureza construtiva da memória Terqualificações paraa palavra por exemplo lavando roupa marcha para a paz possui diversos efeitos Primeiro torna fácil o entendimento e a lembrança de uma passagem do texto Segundo aumenta a lem brança que a pessoa tem sob a forma de umesboço Terceiro afeta a precisão do testemunho ocular Possuir palavras como conceitos para coisas nos ajuda emnossa interação nãoverbal diária Por exemplo nossos conceitos degambá e de cachorro nos permitem reconhecer mais facilmente a diferença entre os dois mesmo se vermos o animal somente por um momento Ross Spalding 1994 Esse reconhecimento rápido nos permite responder apropriadamente dependendo daquilo que vimos Não há dúvida de que é importante ser capaz de compreen deros significados conceituais Noentanto deque modo as palavras secombinam para trans mitir significado Sintaxe A análise da estrutura lingüística constitui uma parte igualmente importante da Psicologia dalíngua Sintaxe é a maneira sistemática pela qual as palavras podem ser combinadas para Capítulo 9 Linguagem Natureza e Aquisição 317 formar frases e sentençascom significado Carroll 1986 Enquanto a percepção da fala es tuda principalmente a estrutura fonética da língua a sintaxe focaliza o estudo da gramática de frases e sentenças Em outras palavras considere a regularidade da estrutura Embora você tenha indubitavelmente ouvido a palavra gramática em ocasiões anterio rescom relaçãoao modo como as pessoas devem estruturar suas sentenças os psicolinguistas empregam a palavra gramática de uma maneira ligeiramente diferente Gramática especifica mente é o estudoda línguaem termos de percepção de configurações regulares Estas confi gurações relacionamse àsfunções e relações daspalavras em umasentença Elas seestendem amplamente até atingiro nível do discurso e limitadamente até afetara pronúncia e o signi ficado das palavras individuais Você podeter sido introduzido à gramática normativa emseus cursos de inglês Este tipo de gramática indicao modo correto peloqual se estruturao uso da língua escrita e falada A gramática descritiva possui maior interesse paraos psicolinguis tas nesta gramática é feita uma tentativa paradescrever as estruturas as funções e as rela ções das palavras na língua Considere o exemplo de uma sentença que ilustrao contraste entre as abordagens nor mativa e descritiva da gramática Quando Júnior observa seu pai levando para o andar de cima um livrosematrativo para leituraantes de dormir Júnior responde Papai o que você trouxeeste livro que não desejo para mimsejalido Pinker 1994 p 97 A elocução deJú nior poderia provocar arrepios em todo gramático normativo Porém a capacidade deJúnior para produzir uma sentença tão complexa comtais interdependências internas intrincadas agradaria aos gramáticos descritivos Por que a sintaxe permite tal satisfação Primeiro o estudo da sintaxe permite a análise da língua em unidades administráveis e portanto podem serestudadas comrelativa facili dade Segundo oferece infindáveis possibilidades de exploração Praticamente não existem limites para as combinações possíveis de palavras que podem ser usadas para formar senten çasNósnos referimos anteriormentea essa propriedade comoa produtividade da língua Em inglês como em qualquer língua podemos considerar um conjunto específico de palavras oumorfemas para sermaispreciso e um determinadoconjunto de regras paracombinaros itens e produzir uma vasta gama empolgante deexpressões verbais comsignificado Suponha que você fosse à Biblioteca do Congresso dos EUA e selecionasse aleatoriamente qualquer sentença de um livro Você procuraria emseguida umasentença idêntica na vasta gama de sentenças nos livros que se encontram lá Com exceçãode citações propositais seria impro vávelque você encontrasse uma sentença idêntica Pinker 1994 Coloque um asterisco ao lado das sentenças erradas gramaticalmente INVESTIGANDO independentemente destas terem significado ou serem precisas A PSICOLOGIA 1 O aluno o livro COGNITIVA 2 Comprou o livro 3 Comprou o aluno o livro 4 O livro foi comprado pelo aluno 5 Por quem o livro foi comprado 6 Pelo aluno o livro comprado 7 O aluno foi comprado pelo livro 8 Quem comprou o livro 9 O livro comprou o aluno 10 O livro comprou 318 Psicologia Cognitiva A tendência da sintaxe As pessoas demonstram possuir um talento notável para compreender a estrutura sintática Conforme a demonstração precedente você eu e outras pessoas fluentes em uma língua podem reconhecer imediatamente a estrutura sintática Podemos reconhecêla se determi nadas sentenças e ordens específicas de palavras estiverem ou não gramaticalmente corretas Bock 1990 Pinker 1994 Também podemos agirdessa forma mesmo quando as sentenças não tiveremsignificado Porexemplo podemos avaliar a sentença de Chomsky Idéias ima turas e obtusas repousam furiosamente Ou podemos avaliar uma sentença composta por palavras sem significado como no poema Jabberwocky de Lewis Carroll Twas brilling and the slithy toves did gyre and gimble in the wabe verso intraduzível Além disso da mesma maneira que demonstramos indução semântica do significado de palavras na memória possuímos indução sintática das estruturas de sentenças Tendemos a usar espontaneamente estruturas sintáticas que se posicionam paralelamente às estruturas das sentençasque acabamos de ouvir Bock 1990 Bock Loebell Morey 1992 Porexemplo uma pessoa apresenta maiorpossibilidade de usar uma construção na voz passiva porexemplo O aluno foi elogiado pelo professor apósouvir uma construção na voz passiva A pessoa proce derá desse modo mesmo quando os tópicos dassentençasdiferirem Mesmo crianças com ape nas 4 anos descreveram uma sériede novos itens com a mesmaestrutura da sentença que um pesquisador usou Huttenlocher Vasilyera Shimpi 2004 Outro exemplode indução sintática pode ser observado pelo uso da indução de senten ças Neste tipo de experiência os participantes tomam conhecimento de uma sentença Os participantes conhecem a seguir novas sentenças e são solicitados a avaliar o grau em que estão gramaticalmente corretas Se uma sentença possui a mesma estrutura que a apresen tada anteriormente é avaliada como quase gramaticalmente correta Luka Barsalou 2005 independentemente de seu grau real de correção gramatical Outra prova de nossa aptidão para a sintaxe aparece nos erros que produzimos na fala Bock 1990 Mesmo quando trocamosacidentalmente a colocaçãode duaspalavrasem uma sentença ainda formamos sentençasde acordo com a gramáticamesmo que não tenham sig nificado ou sejam desprovidas de sentido Trocamos quase invariavelmente substantivos por outrossubstantivos verbos por outros verbos preposições por outras preposições e assim por diante Podemosdizer por exemploColoco o forno no bolo Porémprovavelmente não di ríamos Coloco o bolo forno no Usualmente chegamos a acrescentar e retirar morfemas com função apropriada para fazer com que as palavras trocadas se enquadrem em sua nova posição Por exemploao querer expressarAsfacasde manteiga estão na gaveta podemos di zerAs gavetas de manteiga estão na faca Neste caso alteramos gavetapara o plural e fa cas para o singular a fim de preservar a correção gramatical da sentença Considere aqueles que são identificados como afásicos agramaticais os quais possuem grandesdificuldades para compreender e produzir a língua Seus erros de substituição na fala parecem preservar as ca tegorias sintáticas Butterworth Howard 1987 Garrett 1992 Os exemplos precedentes parecem indicar que nós humanos possuímos algum meca nismo mental para a classificaçãodas palavras de acordo com categorias sintáticas Este me canismo de classificação é distinto dos significados das palavras Bock 1990 Quando compomos sentenças parece que as formamos por grupos sintáticos Atribuímos categorias sintáticas apropriadas denominadas muitas vezes partes da sentença por exemplo subs tantivo verboartigoa cada componente da sentença Usamos em seguida as regrasda sin taxe aplicáveis à língua para construir seqüênciasgramaticais dos grupossintáticos No início do século XX os lingüistas que estudaram a sintaxe focalizaram primordial mente o modo como as sentenças podiam ser analisadas no que se refere à seqüência de fra sescomo sujeitoe predicado que foram mencionadas previamente Também seconcentraram Capítulo 9 Linguagem Naturezae Aquisição 319 NO LABORATÓRIO DE STEVEN PINKER Minhas pesquisastentam es 11 clarecer a linguagem exami nando um único fenômeno J com toda técnica imaginá a vel Verbos regúlares como s S vjalklwalked formam seu pas sadosimples de um modopre visível adicionando ed e as pessoas criam livremente novos verbos Quando verbos novos como Wspam e to diss entraram para a língua ninguém apressouse em consultar o dicionário para ver suas formas do passado simples todos conheciam que eram spammed e dissed Em con traste verbos irregulares como singlsang e bringj brought são peculiares e precisam ser aprendi dos individualmente Uma teoria simples é que as pessoas produzem formas regúlares aplicando inconscientemente uma regra mas produzem formas irregulares recuperandoas da memória Em virtude de as formas regular é irregular se rem iguais emtermos de significado passado e dimensão uma palavra comparálas nos per mite separar as funções dos papéis de compu tação e consulta à memória no processamento da linguagem Existem alternativas a essa teoria simples Alguns psicólogos conexionistas acreditam que as formas regular e irregular encontramse ar mazenadas em umamemória associativa que opera por analogia e alguns lingüistas acredi tam que ambas são formadas por regras Porém uma combinação de metodologias indica que a teoria de regra mais memória está correta Lingüística estatística Verbos irregulares também são os verbos usados com mais freqüên cia como be have do say e makejust ser ter fa zerdizer criarapenas conforme se esperaria se os irregulares tiveremde sermemorizados porque itensfreqüentes são mais fáceis de lembrar Psicologia experimental Verbos irregula res usuais como tookdo verbo taketomar soam mais naturais e são mais rápidosde produzir do que verbos irregularesincomuhs como strode do verbo stride andar a passos largos indi cando que dependem de traços de memóriaque podem ser mais fortes ou mais fracos Porém isso nãoacontece quando comparamos verbos regúlares usuais como walked do verbo walk andar com incomuns do tipo balked do verbo balk impedir Presumivelmente balked é gerado rapidamente por uma regra por tanto o fato de possuir um traço de memória fraco não o afeta Psicologia do desenvolvimentoAs crian ças cometem freqüentemente erroscomo brea ked e holded dos verbos break quebrar e hold abraçar respectivamente Analisamos20mil formas do passadosimples em transcriçõesda fala de crianças e encontramos justificativa para uma explicação simples A memória das crianças para formasirregularescomo held não é confiável porém após aprenderem a regra de formação do passado simples conseguem aplicálas sempre que a memória falha e por tanto produzem holded Teoria lingüística Por que verbos irre gulares algumas vezes aparecem em formas regúlares como fliedout no beisebol tringed the cky with artillery7 A resposta é que esses verbos são construídos a partir de substanti vos to hit a fly acertar uma mosca to form a ring around formar um círculo em volta de Substantivos não podem ter formas do passado simples armazenadas portanto a memória é evitada as formas similares flew e rang são desprezadas e ao invés disso a re gra é aplicada Neurociência cognitiva Se as formas regúlares forem computadas e as formas irre gulares forem memorizadas então devem ser processadas em partes diferentes do cérebro Pacientes com lesão nas partes do cére bro responsáveis pela memória de palavras originada de derrame cerebral ou do mal de Alzheimer apresentam maior dificuldade para a produção de formas irregulares pa cientes com lesão nas partes que comandam a gramática possuem maior dificuldade com asformas regúlares Estudos que medem os potenciais elétricos do couro cabeludo rela cionados a eventos mostram que as formas irregulares utilizam as partes do cérebro que respondem a palavras ao passo que as for mas regúlaresdependem das partes respon sáveis pelas combinações gramaticais 320 Psicologia Cognitiva INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Usando as 10 palavras a seguir crie cinco séries de palavras que formam sentenças gramaticais Crie também cinco seqüências de palavras que violam as regras de sintaxe da gramática inglesa bali bola basket cesto bounced pulou into em put pôr red vermelho rolled rolou tall alto the a woman mulher Para executar esta tarefa você classificou mentalmente as palavras em categorias sintáticas mesmo desconhecendo as designações corretas das categorias Em seguida você colocou as palavras em seqüências gramaticais de acordo com as categorias sintáticas das palavrase de seu conhecimento implícito das regras sintáticas do inglês Nesta obra mencionamos que a maioria das crianças com 4 anos pode exibir a mesma capacidade para agrupar palavras em categorias e arranjálas em sentenças gramaticais Evidentemente a maioria dessas crianças provavelmente não consegue designar as categorias sintáticas de qualquer palavra na maneira como as frases podiam ser divididas em várias categorias sintáticas como subs tantivos verbos e adjetivos Tais análises pertencem à gramática de estrutura frasal que analisa a estrutura das frases do modo como são empregadas As regras que orientam as se qüências de palavras são regras de estrutura frasal Para observar a interrelação de frases em uma sentença os lingüistas usam freqüentemente diagramas em forma de árvore como os apresentados na Figura 91 Diversos outros modelos também foram propostos por exemplo gramática relacionai Perlmutter 1983a gramática léxicofuncional Bresnan 1982 Os diagramas ajudam a revelar as interrelações das classes sintáticas no interior das es truturas frasais Bock 1990 Clegg Shepherd 2007 Wasow 1989Tais diagramas indicam em particular que as sentenças não são meramente cadeias de palavras organizadas agrupa das seqüencialmente São organizadas preferencialmente em estruturas hierárquicas de fra ses existentes O uso de diagramas em forma de árvore ajuda a ressaltar muitos aspectos do modo como usamos a língua incluindo nossa satisfação lingüística e nossas dificuldades no uso da língua Observe novamente a Figura 91 Focalize os dois possíveis diagramas em forma de árvore para uma sentença mostrando seus dois significados possíveis Os psicolin guistas ao observarem diagramas em forma de árvore de sentenças ambíguas conseguem apontar com maior precisão a fonte da confusão Em 1957 Noam Chomsky revolucionou o estudo da sintática Elesugeriu que para com preender a sintaxe precisamos observar não somente as interrelações entre sentenças mas também as relaçõessintáticas entre sentenças Chomsky observouespecificamente que determi nadassentençase seusdiagramas em forma de árvoreapresentamrelacionamentos peculiares Considere por exemplo as seguintes sentenças Sentençai Si Susie comeu gulosamente o crocodilo Sentença S2 O crocodilo foi comido gulosamente por Susie Muito estranhamente uma gramática de estruturas frasais não incluiria qualquer relação específicaentre as sentenças Si e S2 Figura 92 As análises das estruturas frasais de Si e S2 poderiam parecer quase totalmente diferentes No entanto as duas sentenças diferem ape nas pela voz A primeira está expressa na voz ativa e a segunda na vozpassiva Recordese do Capítulo 7de um fato importante sobre proposições Elaspodem ser usadaspara ilustrar que os mesmos significados subjacentes podem ser obtidos por meios de representação alter nativos As duas sentenças precedentes representam a mesma proposição comeu gulosa mente Susie crocodilo FIGURA 91 Capítulo 9 Linguagem Natureza e Aquisição 321 a S A menina olhou o menino com a camisa vermelha AD A menina FV olhou o menino com a camisa vermelha Det N V PP A menina olhou o menino com a camisa vermelha Det N V P Det NP A menina olhou o menino com a camisa vermelha i I I I I l Det N V P Det N PP A menina olhou o menino com a camisa vermelha Det N V P Det N P Det Adj N A menina olhou o menino com a camisa vermelha c P Det NP A N P Det Adj N A menina olhou o menino com a camisa vermelha S NP VP Det N V ÇP P Det NP nTp DetN Á meninaolhou o menino pelo telescópio d S NP VP Det N V PE PÉL Det N P Det N Ml A menina olhou o menino pelo telescópio As gramáticas de estrutura frasal ilustram as hierarquias no âmbito das sentenças a Asentença A menina olhou o menino com acamisa vermelha pode ser diagramada conforme mostrado na Figura b Os lingüistas usuaimente abreviam os diagramas em forma de árvore conforme apresentados no diagrama lingüístico em forma de árvore da sentença apresentada em a Os diagramas em forma de árvore em c e d indicam as maneiras possíveis para ana lisar a sentença A menina olhou o menino pelo telescópio 322 Psicologia Cognitiva Considere outro par de sentenças parafraseadas S3O crocodilo comeu Susie gulosamente S4 Susie foi comida gulosamente pelo crocodilo Demodo similar a gramática de estruturas frasais nãomostraria uma relação entreS3 e S4 Adicionalmente essa gramática indicaria algumas similaridades de estrutura superficial entre as sentenças correspondentes noprimeiro e nosegundo parSi e S3 S2 e S4 Elas pos suem nitidamente significados bem diferentes particularmente para Susie e o crocodilo Uma gramática adequada abordaria claramente o fato de que sentenças com estruturas su perficiais similares podem ter significados muito diferentes Essa observação e outras observações das interrelações entre asvárias estruturas frasais levou os lingüistas a avançarem além da mera descrição das diversas estruturas frasais indivi duais Eles começaram a focalizar suaatenção nas relações entre diferentes estruturas de fra ses Os lingüistas conseguem obter uma compreensão mais profunda dasintaxe estudando os relacionamentos entre estruturas frasais que envolvem transformações dos elementos nointe rior das sentenças Chomsky 1957 Chomsky sugeriu especificamente um modo para ampliar o estudo das estruturas frasais Ele propôs o estudo da gramática transformacional que en volve o estudo de regras transformacionais que determinam o modo pelo qual as proposições subjacentes podem ser dispostas para formar as diversas estruturas frasais Uma maneira simples de abordar a gramática transformacional de Chomsky consiste em dizer Transformações sãoregras que mapeiam estruturas em forma de árvore em outrases truturas emforma deárvore Wasow 1989 p 170 Por exemplo agramática transformacio nalconsidera como osdiagramas com estrutura deárvore naFigura 92 estão interrelacionados Com a aplicação das regras transformacionais a estrutura em forma de árvore de Si pode ser mapeada para se obtera estrutura em forma de árvore de S2 De modo similar a estruturade S3 pode ser mapeada para seobter a estrutura em forma deárvore de S4 Estrutura profunda referese na gramática transformacional a uma estrutura sintática subjacente que une várias estruturas frasais por meio da aplicação de várias regras de trans formação Estrutura superficial referese em contraste aqualquer das estruturas frasais que podem resultar de tais transformações Muitos leitores ocasionais de Chomsky conceberam erroneamente osseus termos Eles inferiram incorretamente que estruturas profundas apre sentam significados profundos subjacentes para as sentenças ao passo que estruturas superfi ciais referemse somente às interpretações superficiais de sentenças Chomsky quis demonstrar somente queestruturas frasais diferenciadas podem ter uma relação quenãosetorna imedia tamente clara usando apenas a gramática de estruturas frasais Esta noção se aplicaria ao exemplo Susie comeu gulosamente o crocodilo e Ocrocodilo foi comido gulosamente por Susie As regras transformacionais precisam ser aplicadas para se detectar o relacionamento subjacente entre duas estruturas frasais Relações entre Estruturas Sintáticas e Lexicais Chomsky 1965 citado em Wasow 1989 também estudou como as estruturas sintáticas podem interagir com as estruturas lexicais Chomsky sugeriu em particular que nosso lé xico mental contém mais do que significados semânticos vinculados a cada palavra ou morfema De acordo com Chomsky cada item léxico também contém informação sintá tica A informação sintática para cada item léxico indica três aspectos O primeiro aspecto é a categoria sintática do item como substantivo ou verbo O segundo são os contextos sintáticos apropriados nos quais o morfema específico pode ser usado como pronomes com função de sujeito versus de objeto direto O terceiroé qualquer informação de caráter espe cífico sobre os usos sintáticos do morfema como o tratamento dos verbos irregulares Por exemplo haveria verbetes léxicos distintos para apalavra spread difusão oumargem delucro em economia nacategoria desubstantivo epara spread espalhar como verbo Cada verbete léxico indicaria que regras sintáticas seriam usadas para a colocação dapalavra As Capítulo9 Linguagem Natureza e Aquisição 323 FIGURA 92 A FN FV A r AD s v adv AD s Susie comeu gulosamente o crocodilo O crocodilo foi comido gulosamente por Susie A FN FV AD s v adv N O crocodilo comeu Susie gulosamente pr s II Susie foi comida gulosamente pelo crocodilo FN írase nominal FV frase verbal s substantivo S sentença v verbo AD artigo definido adv advérbio Asgramáticas de estrutura frasal indicam diferenças surpreendentes entre Sf e S3 ou entre S2 eS4 Noam Chomsky sugeriu que para compreender a sintaxe também precisamos considerar uma maneira para abordar asmterreíações entre as diversas estruturas frasais regras que foram aplicáveis dependem deque categoria foi aplicável nocontexto indicado Por exemplo spread como verbo não viria após o artigo the No entanto como substantivo isso seria permitido Mesmo aspeculiaridades da sintaxe paraumdeterminado verbete léxico in dicariam queesse verbo seafasta da regra sintática normal paraformar tempos passados Esta regra normal consiste em agregar ed à raiz usada parao tempo presente Você poderia pensar porque acumularíamos desordenadamente em nosso léxico mental tantas informações sintáticas Existe uma vantagem em acrescentar informações sintáticas relacionadas aó contextoe específicas dós itens de nosso léxico mental Se aumentarmos a complexidade de nosso léxico mental podemos simplificar drasticamente o número e a complexidade das regras que precisamos em nossa sintaxe mental Por exemplo ao incluir 324 Psicologia Cognitiva o tratamento diferenciado de verbos irregulares por exemplospread ou fali cair em nosso léxico mental não precisamos dispor de regras sintáticas diferentes para cada verbo Ao tor nar nossoléxicomaiscomplexo permitimos que nossasintaxe sejamaissimples Desse modo as transformações apropriadas podem ser simples e relativamente sem contexto Ao conhe cermos a sintaxe básica da língua podemos aplicar facilmente as regras a todos os itens de nosso léxico Conseguimos então ampliargradualmente nosso léxico para que ofereça com plexidade e sofisticação crescentes Nem todos os psicólogos cognitivos concordam com todos os aspectos das teorias de Chomsky porexemplo Bock Loebell Morey 1992 Garrett 1992 Jackendoff 1991 Muitos discordam particularmente com essa ênfase na sintaxe forma em detrimento da semântica significado Apesar disso diversos psicólogos cognitivos propuseram modelos de compreen são e produçãoda língua que incluem idéias importantes da sintaxe Como relacionamos os elementos em nosso léxico mental aos elementos de nossas estruturas sintáticas Foram pro postos vários modelos paraesses elos Bock Loebell Morey 1992 Deacordo comalgunsdes tes modelos quando dividimos as sentenças em categorias sintáticas criamos espaços para cada item na sentença Considere por exemplo a sentença Joãodeu a Maria o livro da es tante Existe um espaçopara um substantivousadocomo 1 um sujeitoJoão 2um objeto direto o livro 3 um objetoindireto Maria e 4 comoobjetos de preposições daestante Também existem espaços parao verbo a preposição e os artigos Os itenslexicais por suavez contêm informações a respeito dos tiposde espaços em que os itens podem ser colocados As informações são baseadas nos tipos de papéis temáticos queos itenspodem exercer Papéis temáticos sãomaneiras pelas quais os itenspodem serusa dos no contextoda comunicação Foram identificados vários papéis Um primeiro papel é o do agente oquepratica qualquer ação Umsegundo éo dopaciente oreceptor direto daação Um terceiro é o do beneficiário o receptor indireto da ação Um quarto é o do instrumento o meio pelo quala ação é implementada Umquinto papel é o do local ondeocorre a ação Um sextoé o da fonte onde a açãose originou E um sétimopapel é a meta onde a ação se desenrola Bock 1990 Fromkin Rodman 1988 De acordo com essa visão de como a sin taxe e a semântica encontramse unidas os vários espaços sintáticos podem ser preenchidos por verbetes léxicos com papéis temáticos correspondentes Porexemplo o espaçode umsu jeito pode ser preenchido pelo papel temático do agente Como exemplo adicional os subs tantivos podem corresponder a espaços para objetos diretos Os papéis de beneficiários correspondem a objetos indiretos e assim por diante Substantivos que sãoobjetos de prepo sições podem ser preenchidos por vários papéis temáticos Estes incluem localização como a praia fonte comoa origem na cozinha e meta como a salade aula Até agora nos concen tramos na descrição da estrutura e dos processosda língua em seu estado mais desenvolvido Como adquirimos essa capacidade notável INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Levando em consideração aquilo que vocêconhece sobre percepção da fala semântica e sintaxe pense a respeito de maneiras para tornar sua produção da fala mais fácil para as pessoas entenderem Se você estiver falando com alguém cuja língua principal difere da sua tente diminuir o ritmo de suafala aumentando o intervalode tempoentre palavras Asse gurese de pronunciar cuidadosamente as consoantes sem fa2er com que as vogais soem muito longas Empregue construções mais simples para as sentenças Desmembre sentenças longas e complexas em unidadesmeno res Insira pausas mais longas entre assentenças a fim de dar tempo à pes soa para alterara sentença para a forma propositiva A comunicaçãopode parecer mais trabalhosa porém provavelmente será mais eficaz Capítulo 9 Linguagem Naturezae Aquisição 325 Aquisição da Linguagem No passado os debates sobre a aquisição da linguagem concentravamse no mesmo tema dos debatesrelativos à aquisição de qualqueraptidão o tema inato versus adquirido No entanto o pensamento atual sobrea aquisição da linguagem incorporouo entendimento de que adqui rir uma língua realmente envolve um dom natural modificado pelo ambiente Bates Good man 1999 DehaeneLambertz HertzPannier Dubois 2006 Lightfoot 2003 MacWhinney 1999 Maratsos 2003 Wexler 1996 Porexemplo o ambientesocialno qual as criançasusam suas habilidades sociaispara interagir com outras pessoas proporciona uma fonte de informa ção para aquisiçãoda linguagem Carpenter NagellTomasello 1998 Snow 1999 Tomasello 1999 Portantoo método de estudoda aquisição da linguagem gira atualmente em torno da descoberta de que aptidões são inatas e de comoo ambienteda criança moderaessas aptidões Este processo é denominado apropriadamente aprendizado orientado de modo inato veja Elman et ai 1996 Jusczyk 1997 Antes de analisar o debate inatoadquirido vamos exa minar uma série de estágios que parecemser universais na aquisição da linguagem Estágios do Aquisição da Linguagem Parece que ao redor do mundo as pessoas adquirem sua primeira língua em uma seqüência praticamente idêntica e quase do mesmo modo Pesquisas sobre a percepção da fala realiza das em anos recentes identificaramo mesmo padrão geralde progresso Estepadrão se baseia na capacidade mais geral evoluindo para a mais específica isto é quando somos mais jovens temos capacidade de distinguir inicialmente entre todos os contrastes fonéticos possíveis Porém ao longo do tempo perdemos a capacidade de distinguir contrastes não nativos em favor daqueles usados no ambiente de nossa língua nativa veja Jusczyk 1997 Portanto alguns aspectos da percepção e da capacidade de produção da fala pelas crianças atuam como imagens especulares entre si As crianças desenvolvem capacidades específicas mais geraise posteriormente as mais específicas As crianças parecem estar programadas a partir do primeiro dia a sintonizar seu ambiente lingüístico como a meta específica de adquirir a língua Um debate atual gira em torno de essacapacidadeser usada especialmente nos con ceitos de aprendizagem e seus significados nas conexões entre conceitos e seus significados ou em ambos Fodor 1997 Marcus 1998 Pinker 1999 Plunkett 1998 Seja qual foro caso as crianças possuem obviamente capacidade consideravelmente aguçada para aprendizagem da linguagem Elasdemonstram essa capacidade mesmo em tenra idade Marcus etai 1999 Pinker 1997a 1999 Porexemplorecémnascidosparecem responder preferencialmente às vozes de suas mães Barker Newman 2004 DeCasper Fifer 1980 Também parecem responder por via motora em sincronia com o discurso de quem lhes está dispensando cuidados e que interage direta mente com eles Field 1978Martin 1981Schaffer 1977Snow 1977 Stern 1977As crian ças também preferem ouvir alguém falando naquela que se tornará sua língua nativa a uma língua não nativa futura Talvez estejam se concentrando na estrutura rítmica da língua Ber toncini 1993 Mehler et ai 1996 Suponha que você fosse realizar um videoteipe das respos tas motoras das crianças enquanto prestavam atenção a alguém que estivesse falando com elas Seus movimentos pareceriam estar variando no tempo acompanhando o ritmo do dis curso A expressão emocional das crianças também parece ser igual à de quem lhes dedica atenção Fogel 1991 Elas têm muita capacidade para interpretar e responder a informações emocionais mesmo quando foram expressas por um estranho Repacholi Meltzoff 2007 Além disso parecem ser capazes de obter informações emocionais não somente das expres sõesfaciais mas também do tom de voz Em um estudo os experimentadores examinaram a compreensão emocional de crianças com 7 mesesde idade Grossmann Striano Friederici 326 Psicologia Cognitiva 2006 As crianças viram rostos felizes ou bravos combinados com uma vozfeliz ou brava Al gumas vezes a facee a vozcombinavam e outras vezes não Quando a expressãoe o tom não combinavam as crianças demonstravam confusão olhando durante mais tempo nas faces Grossmann Striano Friederici 2006 Estas descobertas indicam que elas são capazes de compreenderexpressões faciais emocionais o tom de voz emocional e se apresentam ou não correspondência Nos primeiros anos de vida nós humanos parecemos progredir pelos seguintes estágios de produção da língua 1 Arrulhamento que inclui principalmente sons vocálicos 2 Balbucioque inclui sons de consoantes bem como de vogais para a maior parte das pessoas o balbuciar de crianças crescendo entre pessoasque falam uma língua dife rente parece muito similar OUer Eilers 1998 3 Elocuções de uma única palavra estas expressões são limitadas tanto nas vogais quanto nas consoantes que utilizam Ingram 1999 4 Elocuções contendo duas palavras e fala telegráfica 5 Estrutura básica de sentenças de um adulto presente com a idade aproximada de 4 anos com aquisição contínua de vocabulário veja Bloom 2000 para uma dis cussão dos mecanismos desta aquisição Examinemos esses estágios com maior detalhe Sabeseque crianças mais novas produ zemseusprópriossons Do modo maisóbvio o aspecto comunicativo do choro seja ele in tencional ou não funciona muito bem No entanto em termos de aquisição da linguagem é o arrulhar das crianças mais jovens que mais desperta o interesse dos lingüistas Arrulha mento é a expressão oral dos bebês que explora a produção dos sons vocálicos O arrulhar das crianças ao redordo mundo incluindo crianças surdas é indiferenciável nos bebêse nas línguas Os bebês são realmente melhores que os adultos no que diz respeito à capacidade para diferenciar sons que não apresentam significado para eles Werker 1989 Conseguem fazer distinções fonéticas que os adultos perderam Portanto existem funções que crianças em idade muito tenra fazem melhor que os adultos Durante o estágiode arrulhamento as criançasque ouvem também conseguemdiscrimi nar entre todos os fones e não apenas os fonemas característicos de sua própria língua Por exemplo durante esse estágio crianças pequenas japonesas e americanas conseguem dife renciar os fonemas l e r No entanto à medida que as crianças japonesas passam para o próximo estágio perdem gradualmente essa capacidade Ao completarem 1 ano as crianças japonesas para as quais a distinção não faz uma diferença fonêmica deixam de fazer essa diferenciação Eimas 1985 Tsushima et ai 1994 A perda da capacidade de diferenciação não se limita às crianças japonesas Considere uma aptidão das crianças mais novas que crescem em lares onde é falado o inglês Elassão capazes de distinguir nos primeiros anos de vida entre fonemas que são diferentesna língua hindi falada na índia mas que não são diferentes em inglês Werker 1994 Werker Tees 1984 Em inglês os fonemas são alofônicos do som t As crianças que falam inglês em par ticular são capazes de fazer a distinção com cerca de 95 de precisão na idade entre 6 e 8 meses Entre 8 e 10 meses a precisão das crianças diminui para 70 Entre 10 a 12 meses decresce para meros 20 As crianças à medida que crescem perdem nitidamente a capa cidade para fazer distinções que não sejam relevantes para sua língua O arrulhamento re presenta um estágio importante no desenvolvimento da língua Os pesquisadores quando examinaram crianças com paralisia cerebral descobriram que se o arrulhar era postergado no início havia aumento das dificuldades futuras com a língua Otapowicz et ai 2005 Capítulo9 Linguagem Natuteza e Aquisição 327 No estágiode balbucio as crianças surdasdeixam de emitir sons vocálicos Os sons pro duzidos por crianças que ouvem se alteram Balbucio é a produção preferencial da criança principalmente daqueles fonemas distintos vogais e consoantes que são característicos da próprialinguagem da criança maisnova Locke 1994 Petitto Marentette 1991 Portanto o arrulhar de crianças ao redor do mundo é essencialmente o mesmo Entretanto o balbucio de crianças com poucaidade é mais diferenciado Conforme indicado anteriormente a capa cidade da criança para perceber bem como produzir fones não fonêmicos retrocede durante esse estágio Um caso interessanteda especialização do balbuciopode ser observado nas raras crianças mais jovens que conseguem ouvir mas que no entanto são expostasà ASL como sua primeira língua Essas crianças exibem efetivamente o balbucio porém o fazem de ma neira não verbal Formam especificamente não apenas movimentos não lingüísticos com a mão mas também lingüísticos muito parecidos com o que as crianças que se expressam ver balmente fazem com os fonemas falados Petitto et ai 2004 A criança finalmente pronuncia a sua primeira palavra E seguida logo após por uma ou duas adicionais Poucotempo em seguida surgemmais algumas A criança usaestas elo cuções de uma palavra denominadas holofrases para transmitir intenções desejos e exi gências As palavrassão usualmente substantivos que descrevem objetosconhecidosque a criança observa por exemplo carro livro bola bebê nariz ou desejos porexemplo mamãe papai suco biscoito Aos 18 meses as crianças normalmente possuem um vocabulário de 3 a 100 palavras Siegler 1986 O vocabulário da criança com pouca idadeainda não consegueenglobartudo aquilo queeladeseja descrever Como resultado a criançacometeerrosdesuperextensão Um erro de superextensão consiste em estender erroneamente o significado das palavras no lé xico existente para cobrir objetos e idéias para os quais falta uma palavra Por exemplo o termo geral para um homem pode ser dada o que pode ser muito angustiante para um pai recente em um ambiente público O termo geralpara qualquertipo de animal com quatro pa tas podesercãozinho Criançasmais novasprecisam superestender ossignificados daspala vrasqueconhecem Elas possuem um número muitoreduzido de palavras emseu vocabulário para poderprocederde outra forma Como decidemque palavras usarquando superestendem o significadodas palavras que conhecem Uma hipótese característica indica que as crianças formam definições que incluem muito poucas características Clark 1973 Portanto uma criança pode se referir a um gato como se fosse um cachorro por causade uma regramental que estabelece o seguinte se um animal pos sui como característica quatro patas então é um cãozinho Uma hipótesefuncional alternativa Nelson 1973 indica que as crianças aprendem primeiro a usar palavras que descrevem fun çõesou finalidades importantes Porexemplo lâmpadas emitem luz Cobertoresnos aquecem De acordocom essavisão os errosde superextensão resultamde confusõesfuncionais Um cão e um gatofazem coisas similares e possuem a mesmautilidadecomoanimaisde estimação Por tanto umacriançapossivelmente osconfundiráA hipótesefuncionaltemsidoencaradausu almente como uma alternativa à hipótese característicaporém ambosos mecanismospoderiam ocorrer possivelmente nas superextensões das crianças Entre 1 ano e meioe 2 anos e meio as crianças começam a combinargradualmente pa lavras individuais para expressarse verbalmente com duaspalavras Portanto iniciase deste modo uma compreensão da sintaxe Estas comunicações sintáticas iniciais parecem mais te legramas do que conversação Artigos preposições e outros morfemas que exercem funções usualmente sãoexcluídos Portantoo lingüistareferese a essas expressões verbais iniciais com sintaxe rudimentar como a fala telegráfica A fala telegráficapode ser usada para descrever expressões verbais formadas por duas ou três palavras e mesmo palavras ligeiramente mais longas caso sejam pronunciadas excluindo alguns morfemas funcionais Exemplos de fala 328 Psicologia Cognitiva telegráfica incluem quero suco e senta mamãe Estas combinações simples de palavras transmitem muitas informações sobre as intenções e as necessidades de uma criança O vocabulário se amplia rapidamente Ele mais do que triplica variando de aproximada mente 300 palavras aos 2 anos de idade para cerca de 1000palavras aos 3 anos Quase incri velmente com a idade de 4 anos as crianças adquirem os fundamentos da sintaxe e da estrutura da língua de um adulto Quadro 93 A maioria das crianças aos 5 anos de idade também consegue aprendere produzir construções de sentenças bem complexas e incomuns Aos 10 anos a linguagem das crianças é fundamentalmente a mesma dos adultos QUADRO 93 Alterações em Função do Desenvolvimento Associadas à Aquisição da Linguagem Independentemente da língua que elas adquirem crianças ao redor do mundo parecem seguir o mesmo padrão de desenvolvimento quando têm aproximadamente a mesma idade Idade Aproximada Características da Idade Interação com o Processo de Informação Prénatai Reação a vozes humanas A medida que os sons adquirem mais Ptimeitos meses Arrulhamento que inclui significado a percepção dos sons pela ptincipalmente sons de vogais criança totnase mais seletiva e aumenta Aproximadamente no Balbucio que inclui fonemas distintos sua capacidade para lembrarse de sons segundo período de 6 vogais e consoantes que catactetizam meses após o a primeira linguagem da ctiança nascimento Aproximadamente Elocução de uma palavra A medida que a fluência e a entre 1 e 3 anos Elocução de duas palavras compreensão aumentam elevase Fala telegráfica a capacidade mental para manipular símbolos lingüísticos como ocorre com o desenvolvimento conceituai ocorrem erros de superextensão quando as crianças tentam aplicar seu vocabulário limitado a uma variedade de situações potém à medida que o vocabulário das crianças se torna mais especializado esses erros ocorrem com menos freqüência Aproximadamente Sentenças simples que refletem uma Vocabulário e conceitos continuam a entre 3 e 4 anos enotme ampliação do vocabulário bem ampliarse em termos de compreensão e como uma compreensão da sintaxe fluência e a criança internaliza regrasde notavelmente versada apesar dos erros sintaxe erros causadospelo uso excessivo causados pelo uso excessivo da forma da forma regularoferecem insigfits sobre o regular modo como as crianças formam regras relativas à estrutura da língua Aproximadamente Estrutura básicade sentenças igualà de Os padrõesda linguagem e as estratégias aos 4 anos um adulto alguns acréscimos de para aquisição da língua pelas crianças complexidade da estrutura continuam são estudados de maneira muito similat durante a adolescência o vocabulário àquela para os adultos no entanto suas continua a aumentar embora em um estratégias metacognitivas para aquisição ritmo declinante de vocabulário tornamse cada vez mais sofisticadas no decorrer da infância Capítulo 9 Linguagem Natuteza e Aquisição 329 Inato e adquirido Nemo inato porsi mesmo nemo adquirido perseexplicam adequadamente todos osaspectos da aquisição da linguagem Comoo inatopoderia então facilitar a criação no processo Tal vez os seres humanos possuamum dispositivo de aquisição de linguagem DAL um meca nismo biologicamente inato que facilita a aquisição da linguagem Chomsky 1965 1972 Em outras palavras nós humanos parecemos ser préconfigurados biologicamente para estar prontos a aquisição da a linguagem Diversas observações de seres humanos apoiam a noção de que possuímos predisposição paraadquirir a linguagem Para citarumexemplo a percepção da fala humanaé bastante ex traordinária tendo em vista a natureza da capacidade de processamento auditivo para outros sons Alémdisso todasascrianças em umaampla faixade habilidades e ambientes parecem adquirir a linguagem a um ritmo incrivelmente rápido Na realidade crianças surdas adqui rem a linguagem de sinais de modo muitoparecido e aproximadamente no mesmo ritmoem que as crianças com audição adquirem a língua falada Se você já seesforçou para adquirir uma segunda língua pode perceber a relativa facilidade e rapidez com que as crianças com pouca idade parecem adquirir a primeira língua Esta realização é muito notável Considere que é oferecida àscrianças uma quantidade e variedade relativamente modesta de dados lin güísticos seja discurso ousinais emrelação à estrutura dalíngua internalizada e sofisticada que as crianças criam Crianças parecem ter um talento especial para adquirir umacompre ensão implícita das diversas regras daestrutura da língua Também possuem umtalento espe cial para aplicaressas regras a um novo vocabulárioe a novoscontextos No entanto muitos adultos ainda conseguem aprender novas línguas bem satisfatoriamente se posicionados no contexto certo como umprograma de imersão Seuaprendizado pode ser bom embora ten dam a conservar um sotaque que reflete osfonemas de suaprimeira língua quando falam a nova língua Porexemplo um espanhol aprendendo inglês pode falar inglês com sotaque espanhol De modo idêntico umamericano tenderia a falar espanhol com umcertograu de sotaque americano Provas adicionais da capacidade lingüísticainata podem serconstatadas em nossacapaci dadeparasegmentar sentenças faladas empalavras Estacapacidade seencontrapresente não apenas na língua que falamos mas também nocaso de línguas estrangeiras e dalíngua artifi cial Em um experimento osparticipantes ouviram umalínguaartificial Os participantes não receberamqualquerinformaçãosobrea naturezadas palavras No entanto apósouviremuma fala contínua na língua artificial foram capazes em muitas situações de detectar quando as palavras iniciavam e terminavam Os participantes também conseguiam reconhecer poste riormente as palavras que foram apresentadas muito embora fossem palavras artificiais Saffran Newport Aslin 1996 A capacidade parasegmentar palavras também é observada em crianças com apenas 6 meses Bortfeld et ai 2005 Johnson Jusczyk 2001 Saffran 2001 Essas capacidades têm possibilidade deenvolver familiaridade com as palavras e proba bilidades estatísticas Esse segundofator é o resultadoda freqüência com que fonemas especí ficos aparecem emseqüência na fala normal Essas probabilidades resultam emconfigurações semelhantes de palavrasem uma nova série de fonemas Metacognição é a compreensão e controle de nossa cognição Scheck Nelson 2003 Ela nosproporciona umde nossos melhores auxílios para o aprendizado de uma língua Como adultos possuímos uma grande vantagem em aprender línguas Temos maior familiaridade com a estrutura da língua do que quando éramos jovens No entanto a extensão em que a metacognição ajuda depende dequanto a nova língua é similar à língua ou às línguas que já conhecemos Por exemplo a maioria dos adultos que falam inglês considera o espanhol mais fácil de aprender que o russo A razão é que a estrutura doespanhol é muito mais parecida coma doinglês doquea estrutura do russo O chinês é aindamais difícil deaprender emter mos médios por ser ainda mais diferente do inglês do que o russo 330 Psicologia Cognitiva Talvez seja até mais surpreendente que quase todas as crianças pareçam adquirir esses aspectos da linguagem na mesma progressão e mais ou menos na mesma época Parece que existemperíodos críticos intervalos de desenvolvimentorápidodurante os quais uma deter minada capacidade precisa ser desenvolvida caso venha a evoluiradequadamente no futuro para adquirir essa compreensão dá língua Newport 2003 Scovel 2000 Stromswold 2000Ninguém conhece exatamente por que ocorrem os períodoscríticosTalvez as crian ças mais novas possuam uma vantagem no aprendizado da língua porque as limitações de suascapacidades perceptivas e de memória as tornam mais propensas a processar partes me noresde informação do discurso Newport 1991 Estas partes menores podem tornar mais fácilpara elas a percepçãoda estrutura da língua Esta visão entretanto não foide maneira alguma aceita de modo unânime Rohde Plaut 1999 Qualquer outra explicação para a existência de períodos críticostambémnão foi aceita universalmente O ambiente desempe nha papelimportantedurante taisperíodos Porexemplo osestágios de arrulhamento e bal bucio parecem ser um período crítico para a aquisição da diferenciação e da produção de fonemas distintos por um usuário nativo de uma determinada língua Durante esse período crítico o contexto lingüístico da criança precisa disponibilizar aqueles fonemasdistintos Tambémparece existir um período crítico para a aquisição da compreensão da sintaxe de uma língua Talvez o maior apoio a essa visão originase dos estudos envolvendo adultos usuá rios da ASL Considere osadultos queutilizaram a ASL durante 30anos ou mais Os pesqui sadores conseguiramdiferenciarde modo discernível entre aqueles que adquiriram a ASL antes dos 4 anos entre 4 e 6 anos e apósos 12anos Apesar de utilizarema ASL durante 30 anos aqueles que adquiriram esta linguagem posteriormente na infância tiveram uma com preensão menos profunda da sintaxediferenciada da ASL Meier 1991 Newport 1990 Os estudos de crianças isoladas linguisticamente parecem oferecer apoio adicional para a noção da interação entre a maturidade fisiológica e o apoio ambiental Considere as ra ras crianças que estiveram isoladas linguisticamente Aquelas que são resgatadas em tenra idade parecem adquirir mais estruturas de linguagem sofisticadas do que as criançasresga tadasquando têmmais idade Por exemplo a criança Genie descrita no Capítulo 1 não teve uma interação verbalsignificativa durante os primeiros 13 anos de vidaOutro exemplo é Vic tor o menino selvagem de Aveyron que foi encontrado após viver mais de 3 anos na selva Victor nunca foi capaz de aprender a língua apesar de muitas iniciativas de instrução Newton 2004 Aspesquisas sobre períodos críticos paraa aquisição dalinguagem sãomuito maisambíguas paraa aquisição de línguas adicionais após a aquisição de umprimeiro idioma Bahrick etai 1994 veja também Capítulo 10 Duasobservações adicionais queseaplicam a todososseres humanosde qualquer idade também apoiam a noção de que o inato contribui para a aquisição da linguagem Em pri meiro lugar osseres humanos possuem diversas estruturas fisiológicas cuja únicafinalidade é produzir a fala G S Dell comunicação pessoal em novembro de 1994 Em segundo um grande número decaracterísticas universais foi documentado para a ampla gama de línguas humanas Em 1963 um lingüista solitário documentou 45 características universais de 30 línguas por exemplo finlandês hindi suaíli quíchua e sérvio Desde aquela época cente nas de configurações universais foram documentadas para línguas ao redor do globo veja Pinker 1994 O inato ouo adquirido nãoparecem determinar isoladamente a aquisição da linguagem Deacordo com a visão doteste de hipótese ascrianças adquirem a língua formando mental mente hipóteses provisórias relativas àlíngua com base em sua facilidade herdada para aaqui sição dalíngua eem seguida testam essas hipóteses noambiente Portanto inato e adquirido operam juntos A implementação deste processo caracterizase porseguir diversos princípios Capítulo 9 Linguagem Natureza e Aquisição 331 operacionais Slobin 1971 1985 As crianças mais novas ao formarem hipóteses buscam e dedicamse aos seguintes aspectos 1 Configuração das alterações na forma das palavras 2 Inflexões dos morfemas que sinalizam mudança de significado especialmente su fixos 3 Seqüências de morfemas incluindoasseqüências de afixos e raízes e asseqüências de palavras na sentença Além disso ascrianças aprendem a evitar exceções Elas também elaboram várias outras configurações características de sua língua nativa Embora nem todos os lingüistas apoiem a visão do teste dehipótese dois fenômenos o justificam O primeiro éo uso excessivo daforma regular ou o uso e algumas vezes a aplicação excessiva de regras O segundo é a produtivi dade da língua criando novas expressões verbais baseadas em algum tipo de compreensão a respeito de como fazer Uma variante da visão do testede hipótese relacionase ao fatode quequando ascrian ças estão adquirindo a língua não prestam atenção em todos os seus aspectos Em vez disso as crianças concentramse nos aspectos da linguagem mais perceptivelmente destacados Es tes aspectos são os mais significativos na maioria dos casos Newport 1990 Embora os es tudos deNewport tenham focalizado a aquisição da ASL porcrianças surdas esse fenômeno pode aplicarse também à língua falada Realmente um estudo constata que as crianças com audição atentam efetivamente paraas indicações acústicas nas sentenças que marcam gra maticalmente atributos importantes das sentenças HitshPasek etai 1987 Embora poucos psicólogos ou nenhum tenham afirmado que a linguagem seja um pro duto integral inato muitos pesquisadores enfatizaram ocomponente genético por exemplo Gilger 1996 Pinker 1994 Stromswold 2000 Alguns seconcentram nos mecanismos am bientais que as crianças usam para adquirir a linguagem Três destes mecanismos são a imi tação a modelagem e o condicionamento Imitação Na imitação as crianças fazem exatamente o que vêem os outros fazerem Algumas vezes as crianças realmente imitam os padrões de linguagem deoutras pessoas especialmente de seus pais A ocorrência da imitação nascrianças estárelacionada ao comportamento per ceptivo do vocabulário e do meio social McEwen et ai 2007 Está claro que a imitação desempenha umpapel importante no aprendizado da linguagem A imitação entretanto não seria suficiente per se para aquisição da língua As crianças precisam fazer algo mais Elas mais freqüentemente seguem vagamente aquilo que ouvem Este fenômeno é denomi nado modeíagem Modelagem Mesmo observadores amadores de crianças percebem que as configurações da fala e do vo cabulário infantil seguem o modelo das configurações e do vocabulário das pessoas em seu ambiente Desde a infância ascrianças escutam e tentam imitar os sons da fala que ouvem Kuhl Meltzoff 1997 De fato pais de crianças muito jovens parecem fazer de tudo para facilitar que as crianças prestem atenção e compreendam o que estão dizendo Pais e outros adultos tendem a usar quase sem pensar um tom de voz mais alto que o usual Deste modo eles exageram a inflexão vocal de seu discurso Por exemplo eles aumentam e diminuem o tom e o volume mais exageradamente que o normal Também adotam a fala infantil 332 Psicologia Cognitiva construções de sentenças mais simples quando falam com crianças pequenas Rice 1989 Esta forma diferenciada da fala adulta também foi denominada maternês ou maternalês Por exemplo uma mãe poderia dizer aseu bebê Bebê vem para mamãe Deste modo ela tenta falar com a criança de uma maneira que ela entenderá Os adultos por meio da fala infantil parecem fazer de tudo para tornar a língua interes sante e compreensível para crianças mais novas e mais velhas A fala infantil auxilia na tarefa de segmentação das palavras fundamental para o aprendizado de novas palavras Thiessen Hill Saffran 2005 Este benefício é graças em parte ao uso de diminutivos como cachor rinho e passarinho na linguagem infantil Kemple Brooks Gills 2005 A metados adul tos é comunicarse de modo bemsucedido com suas crianças Acredolo Goodwyn 1998 Deste modo eles também tornam possível às crianças modelar aspectos do comportamento dos adultos Na verdade as crianças realmente parecem preferir escutar afala infantil mais do que outras formas de fala adulta Fernald 1985 Estes exageros atendem pelo menos a duas fina lidades Primeiro parecem captar e manter a atenção das crianças Segundo sinalizam às crianças quando revezaremse naemissão de sons e comunicar predileção informação relacio nada à emoção Os pais parecem usar essa forma especializada de fala em todas asculturas Eles fazem uma adaptação adicional dessa fala para circunstâncias específicas Empregam en tonações crescentes para tranqüilizar as crianças eentonações breves descontínuas e abruptas da fala para alertar contra o comportamento proibido Fernald et ai 1989 Os pais parecem até mesmo modelar a forma correta para interações verbais As primei ras interações entrequem cuida dacriança e a própria criança são caracterizadas poralter nância Esta pessoa diz algo e em seguida usa inflexão verbal para incitar a criança a responder Acriança balbucia espirra arrota ou então produz alguma resposta audível Apes soa que cuida dela aceita então quaisquer ruídos que acriança faça como expressões comu nicativas e respostas válidas A seguir a criança responde adicionalmente à indução O processo tem continuidade enquanto ambas exibirem interesse em continuar Eles também parecem se empenhar para compreender as primeiras elocuções das crianças Nessas expressões uma ou duas palavras podem ser usadas para transmitir toda uma gama de conceitos A medida que a criança passa a termais idade fica mais sofisticada eadquire mais linguagem os pais proporcionam gradualmente menos apoio lingüístico Eles exigem dos filhos expressões verbais cada vez mais complexas Parecem oferecer inicialmente um andaime para auxiliála a construir um edifício da língua e removem gradualmente o andaime à medida que a linguagemda criança se desenvolve Os modelos de uso da língua adotados pelos pais proporcionam o meio principal pelo qual ascrianças adquirem a linguagem O mecanismo de imitação é muito atraente em termos de simplicidade Infelizmente não explica muitos aspectos da aquisição da linguagem Suponha por exemplo que a imitação seja o principal mecanismo Por que neste caso todas as crian ças começam produzindo elocuções contendo uma palavra em seguida duas palavras e ou tras expressões telegráficas e posteriormente sentenças completas Por que nãoiniciar com sentenças completas Além disso talvez o argumento mais forte contra a imitação isolada mente relacionese àprodutividade lingüística Shakespeare pode ter sido mais produtivo que a maioria de nós Porém cada um de nós é muito inovador nafala que produzimos A maior parte das elocuções queproduzimos sãoaquelas que nuncaouvimos ou lemos antes O uso excessivo da forma regular ocorre quando as pessoas aplicam as regras gerais da língua aos casos excepcionais que diferem da norma Por exemplo ao invés de imitar a con figuração da sentença de seus pais em The mice fell down the hole and they ran home Os camundongos caíram no buraco e eles correram para casa acriança com pouca idade po deria atribuir um uso excessivo da forma às formas irregulares Ela então diria The mouses Capitulo 9 Linguagem Naturezae Aquisição 333 falled down the hole and they runned home O fato de que as crianças dizem palavras como mouses e runned mostra que o próximo mecanismo a ser analisado condiciona mento poderia não contar toda a história da aquisição da linguagem Condicionamento O mecanismo do condicionamento também é perceptivelmente simplesAs crianças ouvem elocuções e as associam a determinados objetos e eventos em seu ambiente Produzem em seguidatais expressõese sãoelogiadaspor seuspais e outras pessoaspor terem falado Imagine a primeira vez que uma criança diz mamãe A mãe da criança provavelmente a apanhará no colo e lhe dará muitoselogios e abraços Estecomportamento atua como um reforço para a criança por dizermamãeO reforçoaumenta a probabilidade de que o comportamento será repetido em geral conversando e em particular dizendo mamãeAs elocuçõesdas crian ças não são claras inicialmente mas por meio de aproximações sucessivas elas virão a falar tão bem quanto adultos que falam sua língua nativa A progressão do balbucio para elocuções contendo uma palavra e para expressões mais complexas pareceria apoiar a noção de que as crianças principiam com associações simples Suas elocuções aumentam de complexidade gradualmente e em grau que se aproxima da fala adulta Analogamente à imitaçãoa simplicidade do mecanismode condicionamento propostonão é suficientepara explicar integralmente a aquisiçãoefetivada linguagem Para citar um exem plo os pais estão muito mais propensos a responderse a afirmativa da criança é verdadeira ou falsa do que à correção relativa da gramática e da pronúncia da criança Brown Cazden Bellugi 1969 Evidentemente os pais respondem algumas vezes de modo efetivo à corre ção gramatical da fala infantil Porém suas respostas somente explicam por que as crianças acabam interrompendo a prática do uso excessivo da forma de sua fala As respostas não ex plicam por que as crianças começam em alguma ocasião a proceder desse modo Além dissodo mesmo modo que a produtividade lingüística depõe contra a imitação isoladamente ela contradiz o condicionamento As crianças usam constantemente expressõesverbaisnovas pelas quais nunca foram elogiadas anteriormente Elas aplicam constantemente as palavras e as estruturas da língua que já conhecem a situações e contextos novos para osquais nunca receberam reforço anteriormente Desse modo por meio dos efeitos combinados da capaci dade lingüística inata e da exposição a um ambiente lingüístico as crianças adquirem uma língua automaticamente e aparentemente sem despender esforço Além dos Primeiros Anos As teorias precedentes oferecem explicações de como as crianças adquirem os fundamentos das estruturas da língua dos adultos com a idade aproximada de 4 anos O progresso que as crianças com 4 anos exibem em relação à linguagem é realmente notável Porém poucos de nós teriam dificuldade para reconhecer que o vocabulário e a sofisticação lingüística das crianças de 4 anos diferem daqueles das crianças com mais idade e dos adultos Que mu danças ocorrem no uso da linguagem pelas crianças após a idade de 4 anos E o que tais mudanças implicam em relação às mudanças na cognição durante o desenvolvimento Para compreender tais mudanças examinamos a compreensão verbal e a fluência verbal Em geral a capacidade das crianças para compreender a língua e para processar informações eficientemente aumenta com a idade Hunt Lunneborg Lewis 1975 Keating Bobbitt 1978 Crianças com mais idade também demonstram maior fluência verbal que crianças com menos idade Sincoff Sternberg 1988 Não queremosobservar somente os acréscimos de compreensão verbal e a capacidade para ter fluência que se desenvolvemcom a idade Também desejamos entender o desenvolvimento observando as estratégias específicas que uma criança com certa idade usa para compreender ou gerar expressõesverbais Grande parte 334 Psicologia Cognitiva do que se desenvolve não é somente capacidade verbal Também é a capacidade para gerar estratégias úteis para a compreensão e fluência verbais Estas estratégias existem na inter secção entre aquisiçãoda língua e metacognição São aspectos importantes da inteligência humana Sternberg 1985a Um aspecto interessante das pesquisas sobreestratégiasde compreensãoverbal tem sido a pesquisarelacionadaao monitoramento da compreensão Markman 1977 1979 Esta pes quisase baseiana hipótese de que uma das maneiras pela qual aumentamosnossacompreen são da informaçãoverbal é pelo monitoramento daquilo que ouvimose lemos Desse modo a verificamos para ter precisão lógicae coesão Para estudar a fluência do monitoramento da compreensão os pesquisadores observaramcrianças e adultose tentaram correlacionaras ap tidões de monitoramento da compreensão com avaliações da compreensão geral Considere um experimento típico Crianças com idade entre 8 e 11 anos ouviram tre chos contendo informações contraditóriasA descriçãode comopreparara sobremesa Alasca ao Forno é um exemplo Markman 1979 p 656 Para preparála coloque o sorvete em um forno muito quente O sorvete noAlasca ao Forno derrete quando ficaquente com esta temperatura Em seguida tire o sorvete do forno e sirvao imediatamente Quando o Alasca ao Forno é preparado o sorvete per manece firme e não derrete Observeque o trecho contém uma contradição interna flagrante Afirma ao mesmotem po que o sorvetederrete e que não derrete Quase metade das crianças com menos idade qué viram essetrecho simplesmente não perceberama contradição Mesmoquando foramnotifi cadasantecipadamentesobreproblemas na história muitasdas crianças maisnovasainda as sim não detectaram a incoerência Portanto as crianças com menos idade não tiveram muito sucessono monitoramento da compreensão Deixam muito a desejar mesmo quando avisadas para permanecer alertas para as inconsistências no texto que leram Um aspecto importante do desenvolvimentode todas as aptidõescognitivas incluindo o monitoramento da compreen são é o progresso que as pessoas demonstram no uso dessas aptidões A Linguagem dos Animais Alguns psicólogos cognitivos especializamse no estudo dos animais Por que estudariam os animais apesar de os seres humanos estarem tão prontamente disponíveis Existem diversas razões Primeira supõese que os animais possuem muitas vezes sistemas cognitivos mais sim ples Estes modelos podem ser então aproveitados para o estudo de sereshumanos conforme ocorreu mais acentuadámente no estudo da aprendizagem Por exemplo um modelo de con dicionamento que foi propostooriginalmente para animais como ratosbrancos provouserex tremamente útil para a compreensão do aprendizado humano Rescorla Wagner 1972 O modelo ao ser apresentado inicialmente era único ao propor que a cognição dos animais é maiscomplexado que havia sidoconsideradapreviamenteRobert Rescorla e Allan Wagner demonstraramque o condicionamento clássico depende não somenteda simples contiguidade entre estímulo não condicionado e um condicionado mas talvez da contingência envolvida na situação Em outras palavras o condicionamento clássicoocorre quando os animais redu zema incerteza em uma situação de aprendizagem quando aprendem a relação entre a ocor rência de doistiposde estímulo Em suma as pesquisas com animais mais simples conduzem muitas vezes a insights importantes sobre o aprendizado humano Segunda os animais podem ser submetidos a procedimentos que não seriam possíveis para os sereshumanos Porexemplo um rato pode ser sacrificado no fimde um experimento Capítulo9 Linguagem Natureza e Aquisição 335 para estudar as alterações que ocorreram no seu cérebro como resultado da aprendizagem Também se pode injetar substâncias em um rato para estudar os efeitosde um composto quí mico no funcionamento Tais experiências obviamente não podem ser realizadas nos seres humanos Todos esses estudos evidentemente precisam estar sujeitos à aprovação institucio nal da ética das experiências antes de ser conduzidos Terceira animais que não vivemno meio selvagem podem atuar como participantes em todas as horas ou pelo menos estar disponíveis regularmente Encontramse normalmente presentes quando o experimentador precisa deles Em contraste alunos de faculdade e ou tras pessoas possuem muitas outras obrigações como aulas trabalhos escolares empregos e compromissos pessoais Além disso algumas vezes mesmo quando se inscrevem para parti cipar de pesquisas não comparecem Quarta umacompreensão da basecomparativae evolutiva bem comodas bases de desen volvimento docomportamentohumano exige estudos de animaisde várias espécies Rumbaugh Beran 2003 Se os psicólogos cognitivosdesejaremcompreenderas origensda cogniçãohu mana no passado distante precisam estudaroutros tiposde animais alémdos seres humanos Quinta e última razão o estudo de seres humanos permite aos psicólogos cognitivos analisarem que aptidões cognitivas são unicamente humanas e quais são partilhadas com animais O filósofo René Descartes propôs que a língua é o que distingue qualitativamente os seres humanos das espécies animais Estava certo Antes de analisarmos os detalhes da linguagem animal devemos enfatizar a distinçãoentre comunicação e língua Poucos duvi dariam que os animais se comunicam de alguma maneira O que se discute é se eleso fazem por meio daquilo que poderia ser denominado razoavelmente uma língua Como língua é um meio organizado de combinação de palavras para se comunicar comunicação engloba maisamplamente não apenas o intercâmbiode pensamentose sensações por meioda língua mas também a expressão não verbal Exemplos incluemgestos olhares de relancedistancia mentos e outras indicações contextuais Primatas especialmente chimpanzés permitemnos obter as percepções mais promis sorasda linguagemanimal Jane Goodall a famosa pesquisadora de chimpanzésna selva es tudou diversos aspectos do comportamento desses animais Um dos aspectos relacionase às vocalizações Goodall considera que muitas delas são claramente comunicativas embora não necessariamente indicativas de linguagem Por exemplo chimpanzés emitem um grito específico indicandoque estão para ser atacados Usam outro grito para reunir seus compa nheiros em grupo Apesar disso seu repertório de vocalizações comunicativas parece ser pe queno improdutivo não são produzidas novas expressões orais limitado em estrutura sem complexidade estrutural e relativamente não arbitrário Também não é adquirido de modo espontâneo As comunicações dos chimpanzés não satisfazem portanto nossocritério para uma língua R AUen e Beatrice Gardner usando a linguagem dos sinais foram capazes de ensinar a Washoe seu chimpanzé domesticado aptidões lingüísticas rudimentares Brown 1973 além dos estágios que um bebê humano poderia alcançar Subseqüentemente David Pre mack 1971 teve até mais sucesso com a chimpanzé Sarah Ela adquiriu um vocabuláriode maisde 100 palavras de várias partes do discurso e demonstrou possuir pelo menos aptidões lingüísticas rudimentares Sarah aplicou o modelo de suatreinadorae foi capaz de usara ins trução que recebeu para elaboraro que pareciaser uma língua rudimentar própria Washoe morreu em 2007 Herbert Terrace 1987 teve uma visão menos positiva da capacidade lingüística dos chimpanzés Ele acompanhouo crescimento de um chimpanzé denominado NimChimpsky um nome que é uma paródia de Noam Chomsky o lingüista eminente Nim ao longo de diversos anos emitiu mais de 19 mil expressões contendo muitos sinais em uma versão 336 Psicologia Cognitiva ligeiramente modificada da ASL A maiorparte de suasexpressões verbais era formada por combinações entre duas palavras A análise cuidadosa dessas expressões feita por Terrace revelou entretanto que a maio ria delaseram repetições daquiloque Nim havia visto Terraceconcluiu que apesardo que aparentavamser conquistas notáveis Nim não demonstrava possuir sequeros rudimentos de expressão sintáticaO chimpanzé conseguia produzir expressões com uma ou até maispala vras porém não de modo organizado sintaticamente Por exemplo Nim alteraria os sinais para Dá banana Nim Banana dá Nim e Banana Nim dá não mostrando preferência pela forma gramaticalmente correta Além disso Terrace também estudou filmes mostrando outros chimpanzés supostamente produzindo umalíngua Chegou à mesma conclusão paraes ses animais que havia chegado para Nim Sua posição portanto é que embora oschimpan zés possam compreender e produzir expressões verbais não possuem competência lingüística no mesmo sentidoque mesmo seres humanosmuitojovens possuem Suas comunicações não apresentam estrutura e particularmente multiplicidade de estrutura Susan SavageRumbaugh e seuscolegas SavageRumbaugh etai 1986 1993 identifica ram as melhores provas já encontradas que apoiam o uso da linguagem entre chimpanzés Seuschimpanzéspigmeus combinaram espontaneamente ossímbolos visuais como triângu losvermelhos e quadrados azuis de uma língua artificial que os pesquisadores lhes ensinaram Até parecem haver compreendido uma parte da língua que lhes foi falada Um chimpanzé pigmeu em particular Greenfield SavageRumbaugh 1990 aparentava possuir grande apti dão demonstrando possivelmente uma compreensão primitiva da estruturada língua A linguagem do chimpanzé pode não atender a todas as limitações impostas pelas propriedades da língua descritas no início do capítulo Por exemplo a linguagem usada pelos chimpanzés não é adquirida espontaneamente Ao invés disso eles aprendem a linguagem somenteapós programas de instruçãomuitoorientados e sistemáticos Neste pontosimplesmente não po demos tersegurança dequeos chimpanzés demonstram verdadeiramente a gama completa de capacidade lingüística Um estudofamoso da linguagem de um animal foi realizado observando o gorila Koko Koko consegue usar aproximadamente mil sinais e comunicarse de modo relativamente efi caz com seres humanos expressando desejos e pensamentos As provas também indicam que Koko é capaz de compreender e usar humor Gamble 2001 Koko também parece ser capaz de usar a linguagem de um modo novo combinando sinais de novas maneiras e for mando sinais totalmente novos Um dos exemplos mais famosos deste comportamento foi exibido quando Koko desenvolveu um novo sinal para anel combinando dedo e brace lete HiU 1978 Outro exemplo famoso de linguagem animal pode serobservado no casode um papa gaio africano chamado Alex Ele conseguia produzir mais de 200 palavras e expressar di versos conceitos complexos incluindo presente e ausente e um conceito similar ao zero Pepperberg 1999 Pepperberg Gordon 2005 Provas recentes também indicam que Alex foi capaz de produzir novas combinações de palavras para formar novas maneiras deexpres são de conceitos Pepperberg 2007 Alex morreu em 2007 No caso de espécies animais poderem usar linguagem parece quase certoquea facilidade lingüística dos seres humanos excede consideravelmente aquela das outras espécies animais que estudamos Noam Chomsky 1991 definiu o principalaspecto a respeito da linguagem dos animais de modo bem eloqüente Se um animal tivesse uma capacidade tão vantajosa biologicamente comoa de usarumalíngua porém de alguma maneira não a tivesse utilizado até agora seria um milagre da evolução de modo análogo a descobrir uma ilhapovoada por sereshumanos que pudessem ser ensinados a voar Capítulo 9 Linguagem Natureza e Aquisição 337 Temas Fundamentais Este capítulo examina alguns dos principais temas analisados no Capítulo 1 Em primeiro lugar existe o tema natureza versus criação Em que grau a língua é o resul tado de algumdispositivo inato de aquisição e em que extensão é o resultadoda experiência As primeiraspesquisas durante a época do Behaviorismo enfatizaram com grande relevân cia o papelda criação Muitaspesquisas modernasdesdeos trabalhos de Noam Chomsky na década de 1960 enfatizaram o papel de fatores inatos natureza Porém está claro que a na tureza interage com a criação Crianças que possuem experiências verbais mínimas em seus primeiros anos de vida terão desvantagem no desenvolvimento de aptidões lingüísticas Um segundo tema é o do Racionalismo versus Empirismo A maioria dos psicólogosen fatiza técnicas empíricas em suas pesquisas Porém lingüistas como Chomsky enfatizaram técnicas mais racionalistas Elesanalisaram a língua normalmente sem coletar de modo for mal qualquerdado empíricopelo menosno sentido que os psicólogos cognitivosconsideram a composição de tais dados Os insignts notáveis de Chomskymostramque osdois métodos se complementam Muitosinsights podem surgirdo Racionalismo Também podem ser testa dos por métodos empíricos Um terceiro tema é o da generalidade do domínio versus especificidade do domínio Em particular em que grau a língua é especial Tratasede um domínio à parte de outros domí nios ou simplesmentede mais um domínio cognitivo como qualquer outroMuitospsicólo gos acreditam nos dias atuais que realmente existe algo especial em relação à língua Os processoscognitivos operam simultaneamente sobre a língua para que as pessoas a utilizem em praticamente todos os demais domínios em que atuam Por exemplo muitos problemas de Matemática e de Físicasão apresentados por palavras Digaa qualquer número de pessoas Na lama as enguiasestão no barro nenhuma está Perguntelhes o que você acabou de dizer Nossaexperiência é que quase ninguém consegue compreender esta sentença A razão é que as pessoas não estão aplicando o esquema apro priado para compreender sua expressão verbal Se você fosse lhes solicitar que se conside rassem como peixes que não querem ser comidos por enguias e se fosse repetir em seguida essasentença muitas pessoas serão capazesde compreender aquilo que você diz Nossaex periência é que ainda existem pessoas que não serão capazes de compreender esta expressão verbal e portanto você terá de darlhes indicações mais precisas Leituras sugeridas comentadas Bloom P Hovj children learn the meanings of das indicações não verbais incluindo si words Cambridge MIT Press2000 Um nais signos e linguagem corporal estudo abrangente e com provas empíri Hillix W ARumbaugh D MAnimal bodies casda aquisição de vocabulário porcrian human minds Ape dolphin and parrot lan ças com pouca idade guage skills Nova York Kluwer Acade Givens D G Thenonverbaí dictionary ofges micPlenum 2004 Estelivroofereceuma tures stgns body language cues Spokane visãode conjunto da linguagem dos ani Center for Nonverbaí Studies Press mais Contém descrições detalhadas de 2002 Este livro proporciona uma expli pesquisas realizadas em muitas espécies cação abrangente dos comportamentos e diferentes de animais CAPITULO A Linguagem no Contexto 10 EXPLORANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA 1 Como os processos perceptivos interagem com os processos cognitivosda leitura 2 Como a linguagem influencia a nossa maneira de pensar 3 Como o contexto social influencia o nosso uso da linguagem 4 O que podemos conhecer da linguagem a partir do estudodo cérebro humano e o que este estudo revela Meu cirurgião era um açougueiro Minha casa é um ninho de ratos Os sermõesque ela profere são comprimidos para dormir Eleé um verdadeirosapo e sempresai com cães de verdade Crianças vítimas de abuso são bombasrelógio itinerantes Meuchefe é um tigre nas reuniões do Conselho de Administração e um verdadeiro gatinho comigo Outdoors são verrugas na paisagem Meu primo é um vegetal A última namorada de John o mastigou e o cuspiu fora Nenhuma das afirmativas anteriores é literalmente verdadeira No entanto leitores fluentes do inglês apresentam pouca dificuldade paracompreender estas metáforas e outrasformas não literais da língua Comoasentendemos Umadasrazões pelas quais podemos compreender usos não literais da língua é que conseguimos interpretar as palavras que ouvimos no âmbito de um contexto mais amplo nas áreas lingüística cultural social e cognitiva Focalizamos inicialmente neste capítulo o contexto cognitivo da linguagem Exa minamos o modo como aspessoas usam a linguagem emumcontexto paraaprendermos como lere sermos leitores proficientes Examinamos emseguida o modo de interação entrea lin guagem e o pensamento Discutimos a seguir alguns usos da linguagem em seu contexto social Examinamos finalmente algumas descobertas neuropsicológicas relativas à lingua gem Embora os tópicos neste capítulo sejam variados todos possuem um elemento em co mum eles abordam o tema de como a linguagem é utilizada em contextos do diaadia nos quais precisamos nos comunicar com outros e tornar nossa comunicação tãoplena de signifi cado quanto pudermos 339 340 Psicologia Cognitiva Leitura Processos Ascendentes bottomup e Processos Descendentes topdown Emvirtude de a leituraser tão complexa umadiscussão sobre o modo de participação neste processo poderia fazer parte de alguns capítulos deste livro A leitura envolve no mínimo linguagem memória pensamento inteligência e percepção Adams 1990 1999 Adams Treiman Pressley 1997 Garrod Daneman 2003 Just Carpenter 1987 Em um dia típico nos deparamos diversas vezes com a língua escrita Todosos dias vemos sinais outdoors eti quetas e avisos Estes itens contêm muitas informações que nos ajudam a tomar decisões e a compreender situações Como resultado a capacidade de leitura é fundamental para nossas vidas diárias Pessoas portadoras de dislexia dificuldade paradecifrar ler e compreender textos po dem ter muitos problemas em uma sociedade que atribui muitos valor à leitura fluente Be nasich Thomas 2003 Coltheart 2003 Gaíaburda 1999 National Research Council 1998 Shankweiler etaí 1995 SpearSwerling Sternberg 1996 Sternberg Grigorenko 1999 Stern berg SpearSwerling 1999 Torgesen 1997 Vellutino etai 1996 Problemas no processamento fonológico e portanto na identificação de palavrasrepresentamosprincipaisempecilhos para a aprendizagem da leitura Pollatsek Rayner 1989 p 403 veja também Grodzinsky 2003 Rayner Pollatsek 2000 A dislexia podeprejudicar diversos processos diferentes O primeiroé a percepçãofonológica que se refere à percepçãoda estrutura de sonsda lín gua falada Uma maneira típicade avaliação da percepção fonológica é por meio de uma ta refa de eliminação de fonemas Pedese às crianças que digam por exemplo bode semo e Outra tarefausada é a contagem de fonemas Podese perguntaràscriançasquantossons diferentes existem na palavrapeixe A resposta correta é três Um segundo processo é a leitura fonológica que envolve a leitura isolada de palavras Os professores denominam algumas vezes estaaptidão comodecodificação de palavras ouata quede palavras Para seavaliar a aptidão ascrianças podem ser solicitadas a lerpalavras iso ladasAlgumas das palavras podem serbem fáceis outras difíceis Pessoas com dislexiamuitas vezes possuem mais dificuldade para reconhecer as palavras isoladamente do que em umcon texto Quando existe o contexto eles o utilizam paradescobrir o significado da palavra Um terceiroprocesso é a codificação fonológica na memóriade trabalho Esteprocesso se encontra envolvido na recordação de séries de fonemas que algumas vezes causam confu são Podeser avaliadocomparando a memóriade trabalho para fonemas confundíveis versus inconfundíveis Por exemplo umacriançapoderia seravaliada emfunção da proficiência com que se lembrada sériet b zv g versus o xr y q A maioriadas pessoas terá maisdificuldade com a primeirasérie No entanto pessoas com dislexia que apresentam problemas de codifi cação fonológica na memória de trabalho enfrentarão muitas dificuldades Umquarto processo é o acesso léxico Este processo serefere à capacidade de uma pessoa para recuperar fonemas da memória de longo prazo A questão nesse caso é se uma pes soa conseguerecuperaruma palavrada memóriade longoprazoquando ela é vista Porexem plo sevocê vir a palavra lago reconhece imediatamente a palavra como lago ou demora um pouco para recuperála Existem diversos tipos de dislexia O tipo maisconhecido é a dislexia dodesenvolvimento a dificuldade para ler que principia na infância e continua normalmente durante a idade adulta As criançascom dislexia do desenvolvimento possuem maiscomumente dificuldade no aprendizado das regras que relacionam letras e sons Démonet Taylor Chaix 2004 Shaywitz Shaywitz 2005 Um segundo tipo é a dislexia adquirida causada tipicamente por Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 341 lesão traumática no cérebro Uma pessoa que lê com perfeição e que é vítima de uma lesão no cérebro pode adquirir dislexia Coslett 2003 Acreditase que a dislexia do desenvolvimento possui causas biológicase ambientais Uma discussão importante neste campo é o papel que cada uma desempenha Sternberg Spear Swerling 1999 Constatouse que as pessoas com dislexia do desenvolvimento possuem anor malidades em certos cromosomos mais notadamente nos de números 3 6 e 15 Paracchini Scerri Mônaco 2007 No entanto intervenções educativas podem ajudar a reduzir os pro blemas de leitura causados pela dislexia Bakker 2006 Questões Perceptivas na Leitura Se você observar seu próprio processamento do texto notará que a capacidade de leitura é verdadeiramente notável Você de algum modo consegue perceber a letra correta quando é apresentada em uma ampla gama de tipos de impressãoe tipos romanos Porexemplo pode percebêla corretamente em formas maiúsculas e minúsculas e mesmo em formas cursivas Tais processos envolvem a percepção dos aspectosdas palavras impressas relacionadasà forma visual Esses aspectos são denominados ortográficos Em seguida você precisa transfor mar a letra em um som criando um código fonológico relacionado ao som Essa transfor mação é particularmente difícil em inglês porque essa língua nem sempre assegura uma correspondência direta entre uma letra e um som George Bernard Shaw dramaturgo e ad mirador da língua inglesa observou a ilogicidade das pronúncias em inglês Ele propôs que em inglês seria perfeitamente razoávelpronunciar ghoti como fish O gh seria pronun ciado como em rough o o como em ivomen e o ti como em nation Isto acarreta outro anglicismo desconcertante como pronunciar ough Tente as palavras dough bough bou ght through cough e enough é o suficiente Após você transformar de alguma forma todos essessímbolos visuais em sons precisa dis pôlos em seqüência para formar uma palavra Pollatsek Miller 2003 Você precisa identifi car em seguida a palavra e descobrir o que ela significa Por fim você passa para a última palavra e repete o processo desde o início dando continuidade a este processo com as pala vras subsequentes para formular uma sentença específica Você continua esse processo du rante toda a leitura Evidentemente a capacidade normal de leitura não é simples assim Cerca de 36 milhões de adultos americanos ainda não aprenderam a ler em nível de 8a série Conn Silverman 1991 Por um lado as estatísticas de analfabetismo funcional e de analfa betismo deveriam nos alarmar e motivarnos a agir Por outro podemos ter de reconsiderar nossa avaliação possivelmente menos do que favorável daqueles que ainda não dominaram a tarefa de leitura Enfrentar tal desafio em qualquer idade é realmente difícil Os novos leitores ao aprenderem a ler precisamdominar dois tipos básicos de processos perceptivosprocessosléxicose processosde compreensão Processos léxicos são usadospara identificar letras e palavras Também ativam informações relevantes na memória a respeito dessas palavras Processos de compreensão são usados para entender o texto como um todo e são discutidos posteriormente neste capítulo A separação e a integração das abordagens da percepçãode baixo para cima e do alto para baixo podem ser vistas à medidaque consi deramos os processos léxicos da leitura Processos Léxicos na Leitura Fixações e Velocidade da Leitura Quando lemos nossos olhos não se movem suavemente ao longoda páginaou mesmo de uma linha do texto Nossos olhos movemse preferencialmente em movimentos seqüenciais 342 Psicologia Cognitiva rápidos à medida que fixam partes sucessivas do texto As fixações são como uma série de instantâneos Pollatsek Rayner 1989 Fixações são de comprimento variável Carpenter Just 1981 Os leitores fixam durante um tempo maior as palavras mais longas do que as pa lavras mais breves Também fixam durante mais tempo palavras menos conhecidas isto é palavras que aparecem menos freqüentemente na língua do que palavras mais conhecidas aquelas que aparecem com maior freqüência A última palavra de uma sentença também parece receber um tempo de fixação muito alongado Isto pode ser denominado tempo de finalização da sentença Carpenter Just 1981 Embora a maior das palavras seja fixada nem todas o são Leitores fixam cerca de 80 das palavras com conteúdo em um texto Estas palavras incluem substantivos verbos e ou tras palavras que possuem a maior parte do significado Palavras funcionais como o e de desempenham um papel de apoio às palavras com conteúdo Qual é precisamente a ampli tude visual de uma dessas fixações Parece que podemosobter informações úteis de uma ja nela de caracteresperceptíveis cerca de quatro caracteres à esquerdade um ponto de fixação aproximadamente 14 ou 15 caracteres à direita Estes caracteres incluem letras números si nais de pontuação e espaços Os movimentosseqüenciaisrápidos saltam uma média de apro ximadamente sete a nove caracteres entre fixações sucessivas Portanto uma parte das informações que obtemos podem ser preparatórias para fixação subsequente Pollatsek Ray ner 1989 Rayner etai 1995 Quando os alunos adotam a leitura dinâmica apresentam fi xaçõesem número menor e maisbreve JustCarpenter Masson 1982 Porémevidentemente sua maior rapidezocorre sacrificando a compreensão de algo mais que seja apenas a essência da passagem Homa 1983 Acesso léxico Um aspecto importante da leitura é o acesso léxico a identificação de uma palavra que nos permite acesso ao significado que possui a partir da memória A maioria dos psicólogos que estuda a leitura acredita que o acesso léxicoé um processo interativo Combina informações de níveis múltiplos de processamento como as características de letras as próprias letras e as palavras que englobam as letras Morton 1969 Considere alguns aspectos básicos de um modelo de ativação interativa Rumelhart McClelland 1981 1982 A hipótese deste mo delo é que a ativação de elementos léxicos específicos ocorre em níveis múltiplos Além do mais a atividade em cada um dos níveis é interativa O modelo distingue entre três níveis de processamento após a informação visual Estes são o nível da característica o nível da letra e o nível da palavra O modelo supõe que a in formação em cada nível é representada separadamente na memória A informação passa de um nível para outro bidirecionalmente Em outras palavras o processamento ocorre em cada uma de duas direçÕesOcorre inicialmente de modo ascendente principiando com dados sensoriais e progredindo para níveis mais elevados de processamento cognitivo Segundo ocorre de modo descendente iniciando com a cognição de nível elevado operando com base em conhecimento e experiências anteriores relacionados a um dado contexto Figura 101 A visão interativa que utilizamos implicanão somente características perceptíveis sen sorialmente das letras por exemplo para ajudarnos a identificar palavras Por esta razão o modelo é denominado interativo Adicionalmente o aspecto descendente do modelo per mite efeitos generalizados de contexto veja também Plaut et aí 1996 Outros teóricos sugeriram alternativas ao modelo de Rumelhart e McClelland por exemplo Meyer Schvaneveldt 1976 Paap et ai 1982 porém a distinção entre vários mo delos alternativos vai além da finalidade deste texto introdutório O apoio aos modelos de reconhecimento de palavras envolvendo níveis descontínuos de processamento cerebral Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 343 FIGURA 101 David Rumelhart e James McClelland usaram estafigura para ilustrar como a ativação no nível dacaracterística no nível da letra e no nível dapalavra podem interagir durante o reconhecimento dapalavra Nestafigura as linhas que terminam em setaresultam em ativação e as Unhas que terminam em pontoresultam em inibição Porexemplo a ca racterística de umtraço horizontal contínuo no topo de uma letra resulta naativação do caractere T masna inibição do caractere N De modo similarao nívelda letra a ativação de T comoprimeira letra conduz à ativação deTRAP e TRIPporém à inibição deABLE Indo decima para baixo a ativação dapalavra TRAP resulta na inibição deA N G e S como primeira letra porém naativação deT como primeira letra De Richard E Meer The Searchfor Insight Grappling with Gestalt Psychokgys Vnanswereà Questions in TheNature oflnsight organizado por RJ StembergeJ E Davidson 1995 MT Press Reproduzido mediante autorização da MÍT Press Petersonetaí 1988 Posneretaí 1988 1989 Estudosque mapeiam o metabolismodo cé rebro indicam que regiões diferentes do cérebro tornamse ativadas durante o processa mento visual passivodas formas de palavras em oposição à análise semântica das palavras ou mesmoà pronúncia verbal das palavras Estesestudos envolvemo uso de técnicas como tomografia por emissãode pósitrons PET e ressonânciamagnética funcional RMf discu tidas no Capítulo 2 Além da justificativa neuropsicológica pelo menos dois dos modelos de reconhecimento de palavras foram simulados emcomputadores omodelo de McClelland e Rumelhart e o mo deloproposto por Paapet aí 1982 Ambosos modelos previram corretamente um efeito de 344 PsicologiaCognitiva superioridade da palavra bem como um efeito de superioridade da pseudopalavra O efeito de superioridade da palavra é similar ao efeito de superioridade do objeto mencionados em relaçãoàs influências descendentes na percepção No efeito de superioridade da palavra as letras são lidas mais facilmente quando fazem parte de palavras do que quando são apresen tadas isoladamente ou com letras que não formam palavras As pessoaslevam um tempo subs tancialmente maior para ler letras não relacionadas do que para ler letras que formam uma palavra Cattell 1886 Demonstrações adicionaisdo efeitoforam apresentadaspor Gerald Reicher 1969 e Da niel Wheeler 1970 portanto é denominado algumas vezes de o efeito ReicherWheeler O efeito de superioridade da palavra é observado normalmente em um paradigma experimental conhecido como tarefa de decisão léxica Neste paradigma uma série de letras é apresentada muito brevemente Em seguida é retirada ou coberta por uma máscara visual uma configu ração que elimina da memória icônica o estímulo apresentado previamente vejao Capítulo 5 para outras informaçõessobre o receptáculo da memória icônica O participante é solici tado a seguir a tomar uma decisãoa respeito de a série de letras ser uma palavra No estudo do efeito de superioridade da palavra a tarefa de decisão léxica padrão é alte rada para examinar o processamento das letras Os experimentadores ao estudarem o efeito da superioridade da palavra apresentam aos participantes muito brevementeuma palavra ou uma única letra seguida por uma máscara visual Oa participante deve se decidir a seguir entre duas letras Os participantes precisam decidir a respeito do que ele ela acabou de ver Por exemplo suponha que o estímulo seja a palavra WORK O estímulo seria uma das le tras da palavra Suponha que o estímuloseja K as alternativas poderiam ser D e K As alternativas para teste poderiam ser apresentadas da seguinte forma D e K que correspondem à palavra almejada WORK e à palavra similar WORD respectivamente Os participantes são instruídos em seguida a escolher a letra que viram e são maisprecisosna escolha da letra correta quando ela for apresentada no con texto de uma palavra do que na escolha da letra correta quando for apresentada isoladamente Johnston McClelland 1973 Mesmo letras em pseudopaíavras pronunciáveis por exemplo MARD são identificadas mais precisamente do que letras isoladamente No entanto séries de letras que não podem ser pronunciadas como palavras por exemplo ORWK não auxi liam na identificação Grainger et ai 2003 PollatsekRayner 1989 Existe também um efeito de superioridade da sentença Cattell 1886 Perfetti 1985 Perfetti Roth 1981 Uma maneira pela qual é observado o efeito de superioridade da sen tença ocorre quando as pessoas levam aproximadamente o dobro do tempo para ler palavras não relacionadas do que para ler palavras em uma sentença Cattell 1886 O efeito de supe rioridade da sentença também pode ser observado em outros paradigmas Por exemplo supo nha que um leitor veja muito brevemente um estímulo em forma degradada Figura 102 Quando a palavra estiver sozinha nessa forma é mais difícilde reconhecer do que quando es tiver precedida pelo contexto de uma sentença Um exemplo de tal contexto seria Havia di versos serviços de reparo a ser feitos O primeiro era consertar o Perfetti 1985 Ter um contexto com significadopara um estímulo auxilia o leitor a percebêlo De modo análogo evidentementeos efeitos de contexto operam nos níveisconsciente e préconsciente Em nível consciente possuímos controle ativo sobre o uso do contexto para determinar o significado das palavras Em nível préconsciente o uso do contexto provavel mente é automático e fora do alcance de nosso controle ativo Stanovich 1981 veja também Posner Snyder 1975 Sereno Brewer 0Donnell 2003 Uma série de experiências envol vendo a tarefa de decisão léxica oferece prova dos efeitos de contexto ao se tomar decisões lé xicas Meyer Schvaneveldt 1971 Schvaneveldt Meyer Becker 1976 Os participantes Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 345 FIGURA 102 o pimenta janela 21 pimenta janela 42 pialervta areí6 Esta figura apresenta os casos da palavra janela eda palavra pimenta nos quais cada palavra éclaramente legível um pouco menos legível ouquase completamente ilegível Os percentuais indicam o nível de degradação parecem tomar decisões léxicas mais rapidamente quando lhes são apresentadas séries de le trasque comumente estão associadas a pares de palavras por exemplo médico e enfer meira oupão e manteiga Eles respondem mais lentamente quando lhes são apresentados pares de palavras sem relação pares que não são palavras oupares envolvendo uma palavra e letras que não formam uma palavra O grau de perfeição de nossa leitura é determinado emgrande parte pelo modo como refletimos e pensamos sobre aquilo que estamos lendo Qualé a relação entrea língua emque as informações sãoapresentadas seja visual ou verbalmente e o nosso pensamento Linguagem e Pensamento Uma das áreasmais interessantes no estudoda linguagem é a da relação entre a linguagem e a mente humana pensante Harris 2003 Muitas perguntas diferentes foram formuladas a respeito dessa relação Examinaremos somente algumas delas Os estudos que comparam e contrastam os usuários de línguas e dialetos diferentes formam a basedesta seção Diferenças entre Línguas Por que existem tantas línguas diferentes aoredor doglobo Edeque modo o uso dequalquer língua emgeral e o de uma língua específica influenciam o pensamento humano Conforme vocêsabe línguas diferentes abrangem léxicos distintos Também usamestruturassintáticas diferentes Estas diferenças refletem muitas vezes variações nos ambientes físicos e culturais nos quais as línguas surgiram e sedesenvolveram Por exemplo em termos léxicos o dialeto garo de Mianmar diferencia diversos tipos de arroz o que é compreensível por se tratar de uma cultura na qual ocorre o cultivo de arroz Árabes nômades possuem mais de 20 pala vras diferentes para camelo Essas pessoas conceitualizam nitidamente arroz e camelo mais especificamente e de modo mais complexo do queas pessoas quenão pertencem a seus gru pos culturais Como resultado dessas diferenças lingüísticas a etnia garo pensa a res peito do arroz de maneira diferente da nossa E os árabes pensam sobre camelos diferentemente de nós Considere o modo como discutimos computadores Diferenciamos 346 Psicologia Cognitiva muitos aspectos dos computadores agregamos se o computador é um desktop ou laptop um PC ou um Mac ou uma máquina Linux ou Windows Alguém de uma cultura que não pos sui acesso a computadores não precisaria de tantas palavras ou distinções para descrever essas máquinas Esperamos no entanto características e desempenho específicos para um dado computador com basenessas distinções Evidentemente pensamos sobre computadores de um modo que é diferente das pessoas que nunca viram um computador As estruturas sintáticas das línguas também diferem Quase todas as línguas proporcio nam alguma maneira para comunicar ações agentesde ações e objetosdas ações Gerrig Banaji 1994 O que difere as línguas é a ordem do sujeitodo verbo e dos complementosem uma sentença declarativa típica Também ocorre diferença na variedade de inflexões grama ticais e de outras características que os usuários são obrigados a incluir como elementos bási cos de uma sentença Por exemplo na descrição de ações passadas em inglês indicamos se uma ação ocorreu no passadoalterando flexionando a forma verbal Por exemplo walk muda para walked no tempo passado Em espanhol e em alemão o verbo também precisa indicar se o agente da ação está no singular ou no plural e se corresponde à primeira à segunda ou à terceira pessoa No idioma turco a forma verbal precisa indicaração passada singular ou plural e a pessoa Também precisa indicar se a ação foi testemunhada ou viven ciada diretamente por quem fala ou se foi percebida somente de modo indireto Estas diferen ças e outras em estruturas sintáticas obrigatórias influenciam ou talvez mesmo limitem os usuários dessas línguas a pensardiferentemente sobre objetos e idéias por causada línguaque usam enquanto pensam Relatividade Lingüística A Hipótese SapirWhorf O conceito relevante para essaquestão é o de relatividade lingüística a afirmação de que usuários de línguas diferentes possuem sistemas cognitivos distintos e que estes sistemas influenciam o modopeloqual as pessoas que falam asdiversas línguas pensam a respeito do mundo Desse modo de acordo com a visão de relatividade um garo pensaria sobre arroz diferentemente de nós Porexemplo um garodesenvolveria maiscategorias cognitivaspara arroz do que uma pessoa cujalíngua fosse o inglês O queaconteceria quando osgaros pen sassem em arrozEles teriam uma forma de expressão que resulta de uma visão diferente e talvez com maior complexidade de pensamento da dos usuários do inglês que possuem apenas poucas palavras para arroz Desse modo a língua moldaria o pensamento Existem algumas provas de que o aprendizado de palavras pode ocorrer em parte como resultado da diferenciação mental que as crianças com pouca idade fazem entre diversos tipos de conceitos Carey 1994 XuCarey 1995 1996 Portanto poderia fazer sentido que as crian ças mais novas que se deparam com tipos diferentes de objetos poderiam fazertipos distin tos de diferenciação mental Estas diferenciações seriam uma função da cultura na qual as crianças cresceram A hipótese derelatividade lingüística é denominada algumas vezes hipótese SapirWhorf osdois cientistas que foram mais empenhados emsuadivulgação Edward Sapir 19411964 afirmou que vemos e ouvimos edeoutro modo experimentamos com muita amplitude por queoshábitos dalíngua de nossa comunidade predispõem a certas escolhas de interpretação p 69 Benjamin Lee Whorf 1956 externou essa visão de modo ainda mais enfático Dissecamos a natureza segundo esquemas estabelecidos por nossas línguas nativas As categorias e os tipos que isolamos do mundo dos fenômenos não encontramos aliporque visualizam todo observador naface o mundo pelo contrário é representado emum fluxo de impressões caleidoscópicas que precisa ser organizado por nossas mentes e isto significa em grande escala pelos sistemas lingüísticos em nossas mentes p 213 Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 347 A hipótese SapirWhorf tem sido umadasidéias mais amplamente mencionadas nasciên ciassociais e do comportamento Lonner 1989 No entanto algumas de suas implicações pa recem ter alcançado proporções míticas Por exemplo muitos cientistas sociais aceitaram calorosamente e divulgaram com satisfação a noção de que os esquimós possuem um grande número de vocábulospara a palavra neve Ao contrário da crença popularosesquimós não pos suem diversas palavras para neve Martin 1986 Ninguém que conhece algo sobre o idioma dos esquimós ou mais precisamente sobre asfamílias de línguas inuite yupik faladas daSibé ria à Groenlândia disse alguma vez que possuem Pullum 1991 p 160 LauraMartin que contribuiumaisdo que qualquer outra pessoa paradesfazer o mitocompreende por queseus colegas poderiam considerar adorável o mito Porém ela ficou muitodesapontada com a rea çãodeseus colegas quando apontou a falácia a maioria elaafirma assumiu a posição de que sejaverdadeiro ou não aindaé um grandeexemplo Adler 1991 p 63 Precisamos obvia mente ter cautela em nossa interpretaçãodas descobertas sobre relatividade lingüística Considere uma forma mais atenuada de relativismo lingüístico Referese ao fato de que a linguagem pode não determinar o pensamento mas certamente pode influenciálo Nossos pensamentos e nossa linguagem interagem de inúmeras maneiras algumas das quais somente compreendemos nos dias quecorrem Obviamente a linguagem facilita o pensamento che gando mesmo a afetar a percepção e a memória Por alguma razão possuímos meios limitados paramanipular imagens não lingüísticas Hunt Banaji 1988 Tais limitações tornamdese jávelo usode língua para facilitara representaçãoe a manipulação mentais Mesmo imagens que não fazem sentido são rememoradas e recuperadas diferentemente dependendo da de signação verbal atribuída à imagem Bower Karlin Dueck 1975 Para ver como esse fenômeno poderia acontecer olhe agora a Figura 103 Suponha ao invés de ser denominada do modo indicado que tivessesido designada cortina com contas Você pode têla percebido diferentemente No entantoapós uma designação haver sido atri buída ver a mesma figura sob outra perspectiva é muito mais difícil Glucksberg 1988 Os psicólogos usaram outras figuras ambíguas veja o Capítulo 4 e obtiveram resultados simila res A Figura 104 ilustra três outras figuras às quais podese atribuir designações alternati vas Quando se informa aosparticipantes umadesignação específica eles tendema obtersua rememoração da figura de modo mais similar à designação atribuída Por exemplo após ver uma figura de dois círculos unidos por uma única linha desenharão uma figura de modo di ferente emfunção deser denominada óculos ou halteres A linha que une será especifi camente alongada ou diminuída dependendo da designação A linguagemtambém afeta de maneira diferentecomo codificamos armazenamose re cuperamos informações na memória Recordase dos exemplos do Capítulo 6 a respeito da designação lavando roupas A designação melhorou as respostas das pessoas às perguntas sobre memória e compreensão de passagens do texto Bransford Johnson 1972 1973 Sob umaperspectiva similar o testemunho ocular é influenciado consideravelmente pelo modo de construção fraseado das perguntas formuladas às testemunhas Loftus Palmer 1974 Em um estudo famoso os participantes viram um acidente Loftus Palmer 1974 Os par ticipantes foram solicitados a seguir a indicar as velocidades dos carros antes do acidente A palavra indicando impacto foi variada entreos participantes Estas palavras incluíram des pedaçou colidiu chocou e atingiu Quando foi usada a palavra despedaçou os participantes avaliaram a velocidade como consideravelmente maior do que quando quaisquer dos outros verbos foram usados Desse modo a conotação do verbo despedaçar parece influenciar os participantes a estimarem uma velocidade maior De modo similar quando os participantes foram indagados se viram vidro partido após uma semana de intervalo aqueles que foram questionados coma palavra despedaçou disseram sim muito mais freqüentemente do que os demais participantes Loftus Palmer 1974 Nenhuma outra condição variou entre os 348 Psicologia Cognitiva FIGURA 103 De que maneira adesignação que você atribui aesta imagem afeta sua percepção sua representação mental esua me mória daimagem De Psychology 5 ed por John Darley etai 1998Pearson Education FIGURA 104 reproduzida C oo ignação verbal Figura original Lista verbal Estribo Letra C Halteres Figura reproduzida Garrafa ü  Lua Crescente C c Óculos ao oo Quando as figuras originais no centro são redesenhadas de memória os novos desenhos tendem aser distorcidos para parecer mais com asfiguras designadas DePsychology 5 edporJohn Darley etai 1998 Pearson Education Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 349 participantes e portanto a diferença na descrição do acidente presumivelmente é o resul tado da escolha da palavra Mesmoquando os participantes geraram suas próprias descrições diminuiu a precisão subsequente de seu testemunho ocular Schooler EngstíerSchooler 1990 Em outras pala vras a recordação precisa na realidade diminuir após uma oportunidade para redigir uma descrição de um evento observado uma determinadacor ou uma certa face Os participan tes quando tiveram oportunidade para identificar afirmativas sobre um evento a cor verda deira ou uma face foram menos capazes de fazêlo de modo precisocaso o tivessem descrito previamente Paradoxalmentequando os participantes tiveram permissãopara pensar antes de responder seu desempenho foi até menosprecisodo que quando foramforçados a respon der rapidamente Em outras palavras tendo tempo para refletirsobre suas respostas os par ticipantes possuíam probabilidade maior para responder de acordo com o que haviam dito ou escrito do que com aquilo que tinham visto A hipótese SapirWhorfé relevante para a vida cotidiana Quase certamente sim Se a linguagem limitanosso pensamento então podemos não vislumbrar soluções paraos proble mas porque não possuímos as palavras certas para expressar essas soluções Considere os equívocos que sãocriados ao dialogarmos com pessoas que falam outras línguas comoo que acontececontinuamentenas Nações Unidas De acordo com essa visão osequívocos podem resultar do fatode que as línguas dasdemais pessoas diferem gramaticalmente da nossa De vese ficar agradecido que versões extremas da hipóteseSapirWhorf não aparentamser jus tificadas Tais versões sugeririam que somos figurativamente escravos das palavras disponíveis para nós Universais Lingüísticos Realizaramse algumas pesquisas que abordaram universais lingüísticos padrões caracte rísticos presentes em todas as línguas em várias culturas e relatividade Recordese do Capítulo 9 os lingüistas identificaram centenas de universais lingüísticos relacionadas à fo nologia o estudo dos fonemas à morfologia o estudo dos morfemas à semântica e à sin taxe Uma área que ilustra bem grande parte dessas pesquisas focaliza os substantivos que designamas cores Estaspalavras oferecemum modo especialmenteconveniente para testar os universais lingüísticos Por quê Porque as pessoas em todas as culturas denominam as cores de modo muito diferente Porém as línguas não classificam arbitrariamente o espectro de cores Um padrão sistemático parece orientar universalmente a designação das cores em todas as línguas Considere os resultados da análise das investigações dos termos que designam cores em um grande número de línguas Berlin Kay 1969 Kay 1975 Doisuniversais lingüísticos evi dentes relativos às designações das coressurgiram nas línguas Primeira todas as línguaspes quisadas baseavam seustermos básicos para coresem um conjunto de apenas 11 palavrasque indicamcores Estas sãopreto branco vermelho amarelo verde azul marrom púrpura rosa la ranja e cinza Havia uma variação nas línguasdo uso de todas as 11 palavras que indicam co res até apenas duas como no caso da tribo dani na Nova Guiné Ocidental Rosch Heider 1972 Segundo quando somente algumas daspalavras que designam cores seenquadram em uma hierarquia de cinco níveis Os níveis são 1 preto e branco 2 vermelho 3 amarelo verde e azul 4 marrom e 5 púrpura rosa laranja e cinza Desse modo se umalínguade signa apenas duascores elas serão preto e branco Se indicartrêscores serão preto brancoe vermelho Uma quarta cor será obtida do conjunto formado por amarelo verde e azul A quinta e a sextacor tambémse originam desse conjunto A seleção continuaráaté que todas as 11 cores tenham sidodesignadas A ordemde seleção no âmbitodas categorias pode variar entretanto em função da cultura Jameson 2005 350 Psicologia Cognitiva Diferenças estruturais sintáticas entre as línguas podem afetar o pensamento Por exem plo o espanhol possui duas formas do verbo to be ser e estar No entanto elas são usadas em contextos diferentes Um pesquisador estudou os usos de ser eestar em adultos e crian ças Será 1992 Quando to be indicava a identidade de algo porexemplo This isJosé em inglês ou a classea que pertencia um vocábulo por exemplo José is a carpenter adultos e crianças usavam a forma verbal ser Além disso adultos e crianças usavam formas verbais diferentes quando to be indicava atributos de objetos Ser era usado para indicar atributos perma nentes por exemplo Maria is tall Estar também era usado para indicar atributos tempo rários por exemplo Maria is busy Finalmente quando se usavam formas de to be para descrever a localização de objetos e também de pessoas animais e outras coisas adultos e crianças usavam estar por exemplo Maria is on the chair No entanto quando usavam formasde to be para descreveras localizações de eventos porexemplo reuniões ou festas os adultos usavam ser ao passo que as crianças continuavam a empregar estar Será 1992 interpreta essasdescobertas como indicativas de dois aspectos Primeiro ser parece ser usado para indicar principalmente condições permanentes como identidade in clusão em classes e atributos relativamente permanentes e estáveis de objetos Estar parece ser usado para indicar principalmente condições temporárias como atributos de curto prazo de objetos e sua localização Tal tratamento muitas vezes está sujeitoa mudança de um lu gar para outro Além do mais as crianças tratam a localização de eventos do mesmo modo que a de objetos Elasa consideram como temporária e portanto usam estar Os adultos em contraste consideram inalteráveis as localizações de eventos Em virtude de serem perma nentes exigem o uso de ser Outros pesquisadores também indicaram que crianças com pouca idade possuem dificul dade para distinguir entre objetos e eventos por exemplo Keil 1979 Crianças mais novas também encontram dificuldade para reconhecer o status permanente de muitos atributos Marcus Overton 1978 Portanto as diferenças no desenvolvimento a respeito do uso de ser para descrever a localização de eventos pode indicar diferenças no desenvolvimentoda cog nição O trabalho de Será indica que diferenças no uso da língua podem realmente indicar diferenças de pensamento No entanto seu trabalho deixa em aberto uma questão psicológica importante As pessoas que falam o espanhol como língua nativa possuem uma percepção mais diferenciada do temporário e do permanente do que as que têm o inglêscomo língua na tiva e que usam a mesma forma verbal para expressar os dois sentidos de to beAté o pre sente a resposta não é conhecida Também foram usadas outras línguas nas pesquisas sobre relatividade lingüística Por exemplo na língua navajo a escolha do verbodepende da formado objeto que recebe a ação do verbo Em inglês isto não ocorre CarroU Casagrande 1958 O uso de verbos diferentes para formasdiferentespoderia indicar que as crianças navajo aprenderiam a perceber e a or ganizar informações por formas antes do que as crianças que falam inglês As primeiraspesquisas indicaram que crianças com pouca idade usuáriasde inglêsagru pam os objetos por cor antes de agrupálos por forma Brian Goodenough 1929 Em con traste as crianças que falama língua navajoapresentam maior propensãodo que as crianças navajoque falam inglês de classificar os objetoscom base na forma Essasconstatações no entanto são problemáticas A razão é que as crianças de Boston que falam inglês agem de modo mais parecido com as crianças navajo que falam esta língua do que com as crianças navajo que falam inglês CarroU Casagrande 1958 Adicionalmente outras pesquisasque comparam generalizaçõesfeitas por adultos e crianças de substantivos novos para objetos no vos constatam que crianças mais novas que falam o inglês na realidade empregarão em ex cessoa formapara a classificação de objetos Smith JonesLandau 1996 O que aconteceria Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 351 às pessoas que falam ambas as línguas sendo estudadas Considere também outro fato Crianças que aprendem o mandarim tendem a usar mais verbos que substantivos Em con traste crianças aprendendo inglêsou italiano tendem a usar mais substantivos do que ver bos Tardif 1996TardifShatz Naigles 1997 Além dissocrianças que falam coreano usam verbos mais cedo que as crianças que falam inglês Em contraste estas crianças adquirem um vocabulário mais amplo de substantivos antes das crianças que falam coreano Gopnik Choi 1995 Gopnik Choi Baumberger 1996 Que diferenças no pensamento tais distinções de aquisição poderiam implicar Ninguém sabe com certeza Uma experiência curiosa avaliou os efeitos possíveis da relatividade lingüística ao estu dar pessoas que falam mais de uma língua Hoffman Lau Johnson 1986Em chinês um único termo shigE descreve especificamente uma pessoa que é prática experiente apta so cialmente dedicada à sua família e um tanto reservada p 1098 Evidentemente o inglês não possui um determinado termo comparável para englobar essas diversas características Hoffman e seus colegas compuseram textos em inglês e em chinês descrevendo várias per sonagens Eles incluíram o estereótipo shi gE sem evidentemente usar de modo específicoo termo shi gE nas descrições Os pesquisadoressolicitaram em seguida aos participantes que eram fluentes em inglês e em chinês para que lessemos textos em inglês ou em chinês Ava liaram a seguir várias opiniões sobre as personagens em termos da possibilidade de as afir mativas refletirem verdadeiramente as personagens Alguns desses relatos envolveram um estereótipo de uma pessoa shi gE Os resultados que obtiveram pareciam confirmar a noção de relatividade lingüística Os participantes apresentavam maior propensão para avaliar as várias afirmativas de acordo com o estereótipo shi gE quando haviam lido os textos em chinês do que quando os tinham lido em inglês De modo similar quando os participantes foram solicitados a colocar por es crito suas próprias impressões das personagens suas descrições concordavam mais proxima mente com o estereótipo shi gÈ caso houvessem lido previamente os textos em chinês Esses autores não prooõem que seria impossível para as pessoas que falam inglês compreender o estereótipo shigE Sugerem como alternativa que possuir o estereótipo prontamente acessí vel facilita sua manipulação mental As pesquisas sobre a relatividade lingüística representam um bom exemplo da dialética em ação Antes de Sapir e Whorf o tema de como a linguagemrestringe o pensamento não tinha preponderância na mente dos psicólogos Sapir e Whorf apresentaram então a tese de que a linguagem controla grande parte do pensamento Após apresentarem sua tese al guns psicólogos tentaram provar o contrário que essesdois pesquisadoresestavam errados e que a linguagem não controla o pensamento Atualmente muitos psicólogos acreditam em uma síntese ou seja que a linguagem exerce alguma influência sobre o pensamento porém nem de perto tão marcante como Sapir e Whorf acreditavam A questão de a relatividade lingüística realmente existir e em caso afirmativo em que extensão permanece em aberto Pode existir uma forma moderada de relatividade No en tanto uma forma determinista mais forte de relatividade é menos provável Com base nas provasdisponíveis a linguagemnão parece determinar diferençasde pensamento entre par ticipantes de várias culturas Por último tratase provavelmente do caso da linguagem e pensamento interagirem ao longo da duração da vida Vygotsky 1986 Bilinguismo e Dialetos Suponha que uma pessoa possa falar e pensar em dois idiomas A pessoa pensa de modo diferente em cada língua Além disso os bilíngües pessoas que sabem falar duas línguas pensam diferentemente dos monolíngues pessoas que sabem falar somente uma língua 352 Psicologia Cognitiva Michael Cole é professor dePsicologia e Comuni cação na Universdade da Califórnia em SanDiego Ele é muito conhecido porsuascontribuições à Psicologia Cognitiva cultural e intercuiturai tendo demonstrado que os testes válidos em uma cultura não podemser simplesmente traduzidos e transferidos diretamente a outra cultura e permanecer válidos Durante os últi mos 20 anos Cole tam bém tem sido criativo na renovação do interesse peia obra deLevVygotsky Foto Cortesia de Dr Michael Cole Os multilíngues falam pelo menos duas e possivelmente mais lín guas Que diferenças caso existam surgem da disponibilidade de duas línguas em comparação a apenas umaO bilinguismo poderia afetar a inteligência positiva ou negativamente O bilinguismo torna o pensamento em qualquer língua mais difí cil ou realça os processos de pensamento Os dados são um tanto con traditórios em si mesmos Hakuta 1986 Populações participantes diferentes metodologias distintas grupos lingüísticos diversos e viéses vários dos experimentadores podem ter contribuído para a inco erência na literatura Considere o que acontece quando bilíngües possuem um conhecimento equilibrado de ambos os idiomas demons tram aproximadamente a mesma fluência em ambas as línguas e provêm da mesma origem de classe média Nestes casos os efeitos po sitivos do bilinguismo tendem a ser constatados Andreou Karapetsas 2004 Bialystok 2001a Bialystok et aí 2004 Entretanto os efeitos negativos podem resultar sob outras circunstâncias Bialystok 2001b Cummins 1979 RicciardelU 1992 Quais poderiam ser as causas dessa diferença Vamos distinguir entre o que poderia ser denominado bilinguismo aditivo versus subtrativo Cummins 1976 No bilinguismo aditivo é adquirida uma segunda língua em complemento a uma primeira lín gua relativamente bem desenvolvida No bilinguismo subtrativo ele mentos de uma segunda língua substituem elementos da primeira Parece que a forma aditiva acarreta maior capacidade de pensamento A forma subtrativa em contraste acarreta menor capacidade de pen samento Cummins 1976 Pode existir em particular uma parte de um efeitolimiar Pessoas podem ter necessidade de possuir um deter minado nível de competência relativamente elevadoem ambasas línguaspara que sedetecte um efeito positivo do bilinguismo Os professores em sala de aula muitas vezes desincenti vam o bilinguismo nas crianças Sook Lee Oxelson 2006 Seja por meio de cartas solici tando que somente o inglês seja falado em casa ou por meio de atitudes e métodos sutis muitos professores incentivam efetivamente o bilinguismo subtrativo Sook Lee Oxelson 2006 Adicionalmente crianças de status socioeconômico inferior podem ser mais propen sas ao bilinguismo subtrativo do que as crianças de classe média Seu status socioeconômico pode ser um fator que as prejudique ao invés de ajudálas em função de seu bilinguismo Os pesquisadores também distinguem entre bilinguismo simultâneo que ocorre quando uma criança aprende duas línguas desde o nascimento e bilinguismo seqüencial quando uma pessoa aprende primeiro uma língua e em seguida outra Bhatia Ritchie 1999Ambas as formas de aprendizado da língua podem contribuir para a fluência dependendo das circuns tâncias específicas em que as línguas foram aprendidas Pearson et ai 1997 Sabese no en tanto que as crianças mais jovens começam a balbuciar aproximadamente na mesma idade Isto acontece independentemente de elas estarem expostas continuamente a uma ou duas línguas OUer et aí 1997 Nos Estados Unidos muitas pessoas atribuem importância exa gerada ao bilinguismo talvez porque relativamente poucos americanos nascidosnos Estados Unidos de pais que não sejam imigrantes aprendem um segundo idioma com grau elevado de fluência Em outras culturas entretanto o aprendizado de muitas línguas é um fato natu ral Por exemplo em partes da índia as pessoas aprendem rotineiramente até quatro lín guas Khubchandani 1997 Na parte flamenga da Bélgica as pessoasaprendem pelo menos francês inglêseou alemão Muitas vezes aprendem uma ou mais dessas outras línguas com alto grau de fluência Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 353 A idadeconstitui um fatorsignificativo que seacredita contribuir para a aquisição de uma língua Alguns pesquisadores propuseram que o domínio com a fluência de umnativo de al guns aspectos de uma segunda língua raramente é adquiridoapósa adolescência Outros pes quisadores discordam desta visão Bahrick et ai 1994 Eles descobriram quealguns aspectos de umsegundo idioma comocompreensão do vocabulário e fluência parecem seradquiridos tão bemapós a adolescência quanto antes Além disso esses pesquisadores descobriram que mesmo alguns aspectos da sintaxe parecem ser adquiridos prontamente após a adolescência Esses resultados são contrários a descobertas anteriores Johnson Newport 1989 1991 New port 1990 O domínioda pronúncianativa parece depender entretanto da aquisição com pouca idade Asher Garcia 1969 Oyama 1976 Pode parecer surpreendente que o aprendi zado de fonemas totalmente novos de umsegundo idioma possa sermais fácil do que o de fo nemas com grande similaridade aos da primeira língua Flege 1991 De qualquer maneira não parecem existir períodos críticos paraa aquisição de umasegunda língua Birdsong 1999 A possível exceção é a aquisição de umsotaque nativo Adultos podem parecer ter mais di ficuldade para aprender uma segunda língua porqueconseguemreter sua língua nativa como idioma dominante Crianças mais novas em contrasteque normalmenteprecisam freqüen tar a escola queadota a novalíngua podem terde mudara línguadominante Elas aprendem portanto o novo idioma com maior graude domínio Jia Aaronson 1999 Um estudo recente constatou que a idadede aquisiçãoe proficiência em uma língua pos suem correlação negativa Mechelli et ai 2004 Esta descoberta foi bem documentada Bir dsong 2006 Isto não significa que não podemos aprenderuma nova língua mais tarde na vida mas preferencialmente quanto mais cedoaprendêla maiora probabilidade de que nos tornaremos altamente proficientes em seu uso Os mesmos pesquisadores também descobri ram que o aprendizado de uma segunda língua aumentava a massacinzenta no córtex parie tal inferior esquerdo Mechelli et ai 2004 Esta densidade também foi correlacionada positivamente com a proficiência Desse modo quanto maior a proficiência de uma pessoa em um segundo idioma mais densa será essa área do cérebro Foi observada finalmente a existência de umacorrelação negativa entre a idade de aquisição e a densidade do córtexpa rietal inferior esquerdo Mechelli et ai 2004 Essas descobertas consideradas conjunta mente indicamque essa área do cérebro se beneficia do aprendizado de umasegunda língua e que além disso quantomais cedo estaaprendizagem ocorrer melhor será paraa densidade do cérebro e para a proficiência geral Que tipos de experiência de aprendizado facilitam a aquisiçãoda segunda língua Não existe uma única resposta correta a esta pergunta Bialystok Hakuta 1994 Uma razão é que cadaaprendiz de uma línguacontribuicom capacidades cognitivas e conhecimentodis tintos para a experiência de aprendizagem da língua Além disso os tipos de experiência de aprendizagem quefacilitam a aquisição de uma segunda língua devem seenquadrar no con texto e nos usos da segunda língua após esta ser adquirida Considere por exemplo quatro pessoas diferentes Caitlin uma criança bastante jovem pode não precisar ter o domínio de umvocabulário extenso e de uma sintaxe complexa para relacionarse bemcom outras crianças Caso consiga dominar a fonologia ela podeser con siderada fluente De modo similar José precisa somente sairse bemem algumas poucas situa ções diárias como iràscompras cuidar das transações rotineiras dafamília e locomoverse na cidade Pode ser considerado proficiente após dominar uma partesimples do vocabulário e da sintaxe bem como algum conhecimento programático relativo a maneiras de comunicação apropriadas aocontexto Kim Yee precisa ser capaz decomunicarse tendo porbase seu campo técnico especializado Pode serconsiderada proficiente caso domine o vocabulário técnico um vocabuláriobásicoelementar e os rudimentos da sintaxe Sumesh é um estudante que aprende uma segunda língua em um ambiente acadêmico Podese esperar que Sumesh domine a 354 Psicologia Cognitiva sintaxe e um vocabulário amplo embora superficial Cada um desses aprendizes da língua pode requerer tipos diferentes de experiências lingüísticas para alcançara proficiência que al mejam Podem sernecessários tipos diferentes de experiências paraaumentara proficiência que possuem em fonologia vocabulário sintaxe e nosaspectos pragmáticos da segunda língua Quando os usuários de uma línguaaprendem outras línguas eles as consideram diferen cialmentedifíceis Porexemplo é muitomais fácil em média para um usuário nativo de in glês adquirir o espanhol como segunda língua doqueadquirir o russo Ummotivo é queinglês e espanhol partilham um maior número de raízes queinglês e russo Além disso o russo pos sui muitomais inflexões que o inglês e o espanhol No entanto a dificuldade do aprendizado de um idioma comosegundalínguanão parece ter muita relação com suadificuldade como primeira língua As crianças russas provavelmente aprendem o russode um modo tão fácil como as crianças americanas aprendem o inglês Maratsos 1998 Hipótese do Sistema Único versus Hipótese do Sistema Duplo Uma maneira de estudaro bilinguismo consiste em aplicaraquiloque conhecemos das pes quisas de Psicologia Cognitiva a preocupações práticas relativas a comofacilitar a aquisição de uma segunda língua Outro método consiste em estudar pessoas bilíngües para observar como o bilinguismo pode oferecer informações sobre a mente humana Por exemplo al guns psicólogos cognitivos demonstraram interesse em descobrir como as duas línguas são representadas na mente do bilíngüe A hipótese do sistema único propõeque duas línguas são representadasem apenas um sistema ou região do cérebro veja Hernandez et ai 2001 para constatações que confirmam essa hipótese nos bilíngües desde crianças De modo alternativo a hipótese do sistema duplo propõe que duas línguas são representadas de al guma forma emsistemas separados da menteDe Houwer 1995 Paradis 1981 Por exemplo informações sobre idioma alemão poderiam estar armazenadas em uma parte fisicamente diferente do cérebro do que as informações sobre a língua inglesa A Figura 105 mostra es quematicamente a diferença dos dois pontos de vista Uma maneira para abordaressa questão é por meio do estudode bilíngües que sofreram lesão no cérebro Suponha que uma pessoa bilíngüe apresente uma lesão em uma parte espe cífica do cérebro Uma inferência coerente com a hipótese do sistema duplo seria que a pes soa revelaria graus diferentes de dificuldade nas duas línguas A visão do sistema único proporia umadificuldade aproximadamente igual para asduaslínguas A lógica destetipo de investigação é impositiva porém os resultados não o são Quando se estuda a recuperação da línguaapós um trauma algumas vezes a primeira línguaé recuperada antes da segunda e em outras a segunda língua é recuperada inicialmente E algumas vezes a recuperaçãoé aproxi madamente igualpara as duas línguas Albert Obler 1978 Marrero Golden Espe Pfeifer 2002 Paradis 1977 A recuperação de uma ou de ambasas línguasparece depender entre outros fatores da idade de aquisição da segunda língua e da proficiência na língua antes do incidente Marrero Golden Espe Pfeifer 2002 Emuma situaçãorelacionada um afásico bilíngüede pouca idadefoi treinado em sua lín gua nativa mas não recebeu treinamento em sua segunda língua Meinzer et ai 2006 Os pesquisadores detectaram uma recuperação significativa da primeira língua porémnenhuma alteração na capacidade da pessoa parao emprego da segunda língua Meinzer et ai 2006 As conclusões que podem ser tiradas de todas essas pesquisas são ambíguas Não obs tante os resultados parecem indicar pelo menos alguma dualidade de estrutura Um método diferente deestudo conduziu a uma visão alternativa dobilinguismo Dois pesquisadores ma pearam a região do córtex cerebral relevante para o usoda língua em doisde seus pacientes bilíngüessendo tratados de epilepsia Ojemann Whitaker 1978 Um estímulo elétrico mo deradofoi aplicado ao córtex de cada paciente O estímulo elétricotende a inibira atividade FIGURA 105 Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 355 Sistema único Inglês Alemão Tisch Table Bread Butter Sistema duplo Brol Butter O conceito desistema único estabelece a hipótese dequeambas as línguas sãorepresentadas emumsistema cognitivo unificado O conceito desistema duplo dobilinguismo propõe a hipótese deque cada língua é representada em um sis tema cognitivo distinto onde é aplicado Resulta em uma capacidade reduzida para designar objetos para os quais existe memóriaarmazenada no ponto que está sendo estimulado Os resultados para ambos os pacientes foram idênticos Eles podem ajudara explicaras contradições existentes na li teratura Algumas áreasdo cérebro apresentaram problemas idênticos para a designação de objetos em ambas as línguas Porém outras áreas do cérebro apresentaram problemas dife renciados em relação a uma ou a outra língua Os resultados também indicaram que a lín gua mais fracaestavarepresentada maisdifusamente na área do córtex do que a línguamais forte Em outras palavras formular a pergunta que indaga se as duas línguas são representa das individual ou separadamente pode ser formular a pergunta errada Os resultados desse estudo indicam que alguns aspectos das duas línguas podem ser representados individual mente ao passo que outros podem ser separadamente Resumindo duas línguas parecem compartilhar alguns aspectos porém não todos da representação mental Aprender uma segunda língua muitas vezes constitui uma vantagem porémprovavelmente é maisútil se a pessoaque a aprende estiverem um ambiente no qual a aprendizagem da segunda língua torna mais fácil em vez de dificultar o aprendizado da primeira língua Além disso paraque os efeitos benéficos apareçam a segunda língua precisa ser bem aprendida No método adotado usualmente nas escolas os alunos recebem apenas 2 ou 3 anosde instruçãoem umasegunda línguadistribuídos em algumas aulas por semana Esse métodoprovavelmente não serásuficiente para que ocorram os efeitos benéficos do bi linguismo Entretanto o aprendizado escolar parece gerar efetivamente efeitos benéficos na aquisição da sintaxe Isto é particularmenteválido quando uma segunda língua é adquirida após a adolescência Adicionalmente cada aluno deveria escolher modalidades específicas de técnicas de aquisiçãoda língua para adequarse a seus atributos pessoais Estes atributos incluem capacidades preferências e metas pessoais para o uso da segunda língua 356 Psicologia Cognitiva Mesclas e mudança da língua O bilinguismo não é um certo resultado do contato lingüístico entre grupos de línguas dife rentes Algumas vezes quando pessoasde dois grupos de línguas diferentes possuem contato prolongado entre si os usuários das línguas dos dois grupos começam a partilhar algum vo cabulário que é sobreposto à sintaxe de cada grupo Essa sobreposição resulta naquilo que é conhecido como pidgin Essamescla pode se desenvolver ao longo do tempo em uma forma lingüística distinta Possui sua própria gramática e portanto se torna um creole Um exem plo de um creole é a língua falada no Haiti O creole haitiano é uma combinação do francês com algumas línguas daÁfrica Ocidental e é umentrevários creoles Umlingüista estudou as similaridades entre diferentes creoles Bickerton 1990 Ele postulou que os creoles modernos podem ser parecidos com uma forma inicial evolutiva da língua denomi nada protolíngua A existência de pidgins e creoles e possivelmente de uma protolíngua confirma a noção de universalidadediscutida anteriormente ou seja que a capacidade lin güística é tão natural e universal que existindo oportunidade os seres humanos efetivamente inventam novas línguas com muita rapidez Creoles e pidgins surgem quando dois grupos lingüísticos distintos se encontram A contraparte um dialeto ocorre quando um único grupo lingüístico diverge gradualmente em direção a variações um tanto distintas Um dialeto é uma variedade regional de uma lín gua diferenciada por características como vocabulário sintaxe e pronúncia O estudo dos dialetos proporciona informaçõessobrefenômenos tão diferentesquanto percepção auditiva desenvolvimento de testes e discriminação social Muitas das palavras que escolhemos resul tam do dialeto que empregamosO exemplo mais conhecido é a escolha de uma palavra para um refrigerante Dependendo do dialeto que você adotar pode pedir um refrigerante um re fresco ou mesmo uma Coca Diferenças entre dialetos representam muitas vezes variaçõesregionaisque são inofen sivas Criam poucasdificuldades sériasde comunicação Porém podem criar alguma confu são Nos Estados Unidos por exemplo quando anunciantes nacionais indicam números de telefone para ligação gratuita algumas vezes direcionam as chamadas para o Meiooeste Procedem deste modo porque aprenderam que a forma do discurso nessa região parece ser a mais universalmente compreendida no país Outras formas como a sulista e a nordestina podem ser maisdifíceis de ser compreendidaspor pessoas de várias partes do país E quando as chamadas são transferidas para outros países como a índia podem ocorrer sérias dificul dades para se conseguir uma comunicação eficaz por causa de diferenças de dialeto bem como de sotaque Muitos locutores de rádio tentam aprender algo parecido com uma forma padrão do inglês denominada muitas vezesinglês corrente Desse modo conseguem ma ximizar a compreensão para o maior número possível de ouvintes Algumas vezes dialetos diferentes recebem status sociaisdistintos como é o caso das for mas padronizadas terem um status mais elevado que as não padronizadas A distinção entre formas padronizadas e não padronizadas de uma línguapodese tornar prejudicial quando as pessoas que falam um dialeto começam a considerarse usuários de um dialeto superior A vi são de que um dialeto é superiora outro pode induziruma pessoa a fazer julgamentosdistor cidos a respeito de quem fala Esta peculiaridade lingüística ou estereótipo baseado no dialeto pode estar bem disseminada e causar muitos problemas interpessoais Zuidema 2005 Por exemplo fazemos freqüentemente julgamentos sobre a inteligência a competência e a moral das pessoas com base no dialetoque empregam Wolfram Adger Christian 1999 Especifi camente uma pessoa que usa umaforma não padronizada podeser julgada menos preparada ou menos confiável do que uma pessoa que usa uma forma mais padronizada Usualmente o dialetopadronizado é aquele da classe na sociedade que possui maiorpoderpolítico ou eco nômico Praticamente todo pensamento pode ser expresso em qualquer dialeto Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 357 Lapsos de Linguagem Até agora grande parte da discussãosupôsque as pessoasusam ou pelo menos tentam usar a língua corretamente Uma área de particular interesse para os psicólogos cognitivos no entanto é o modo como as pessoas usam a língua incorretamente Uma maneira de uso in correto da língua é por meio de lapsos de linguagem erros lingüísticos inadvertidos naquilo quedizemos Eles podemocorreremqualquer nível da análiselingüística fonemas morfemas ou unidades maiores da língua Crystal 1987 McArthur 1992 Em tais casos aquilo que pensamose desejamos dizer não corresponde ao que realmente dizemos Os psicanalistas freudianos indicaram que os lapsosde linguagem refletemalgum processamento inconsciente que possui significado psicológico Supõese que os lapsos indicam muitas vezes emoções recalcadas Porexemplo um concorrente de umaempresa podedizer Eumprazer derrotálo quando o que pretendia dizerera evidentementeE um prazerconhecêlo A maioria dos psicólogos cognitivos assume um posicionamento diferente da visão psi canalítica Ficam interessados pelos lapsos de linguagem porque a falta de correspondência entre o que é pensado e aquilo que é dito pode esclarecernos a respeito de como a lingua gem é produzida Ao falarmos temos um plano mental para aquilo que iremos dizer Algu mas vezes no entanto esse plano é desfeito quando nosso mecanismo para a produção da fala não coopera com nosso mecanismo cognitivo Tais erros resultam freqüentemente de intrusões de outros pensamentos ou de estímulos ambientais Exemplosseriam um programa de entrevistas na rádio ou uma conversa a uma distância próxima Garrett 1980 Saito Ba ddeley 2004 Podese considerar que os lapsos de linguagem indicam que a linguagem do pensamento possui certa diferença em relação à linguagemcom o qual expressamos nossos pensamentos Fodor 1975 Muitas vezes nossa idéia está correta porém sua expressão é ex ternada erroneamente Algumas vezes sequerestamosconscientes do lapsoaté ser apontado para nós Sejaqual fora linguagem da mentea idéiaestá correta embora a expressão repre sentada pelo lapso esteja inadvertidamente errada Este fato pode ser observado nos lapsos verbaisocasionais mesmono discurso préplanejado e ensaiado Kawachi 2002 As pessoas tendem a demonstrar vários tipos de lapsos de linguagem em sua fala Fromkin 1973 Fromkin Rodman 1988 A pessoa que fala usaum elementoda línguaantes de ser apropriado na sentençapor que corresponde em termos de procedência a um elemento que será necessário pos teriormente na elocução verbal Por exemplo ao invés de dizer uma expressão inspiradora a pessoa poderia dizeruma expressão expiradora A pessoa que fala usaum elementoda língua que era apropriado anteriormente na sen tença porémpor ser usadode modo persistente não é apropriadoposteriormentePor exemplo uma pessoa poderia dizer Tivemos uma besta com abundância ao invés de festa com abundância A pessoa que falasubstituium elementoda língua por outro Porexemplo vocêpode ter alertado alguém a fazer algo apósser muito tarde mas queria dizerantes de ser muito tarde A pessoa que fala pratica uma inversão também denominada transposição alte rando as posições de dois elementos da língua Um exemplo é a inversão que supos tamente fez comqueflutterby setornassebutterfly borboletaem inglês Estainversão cativou os usuáriosda língua a tal ponto que hoje é a formapreferida Algumas vezes as inversões podem ser eventualmente oportunas As pessoas criam spoonerismos em que os sons iniciaisde duas palavrassão inverti dos e formam duas palavras totalmente diferentes O termo originase do nome do re verendo William Spooner que era famoso por essas inversões Alguns de seus lapsos 358 Psicologia Cognitiva preferidosincluemVocê cedeutodas as minhas aulas de Pretória ao invés de Você per deu todas as minhas aulas de História e Émais fácil umcamelo passar pelo casaco de uma agulha ao invésde E mais fácil um camelo passarpelo buracode uma agulha No malapropismo uma palavra é substituída por outra que possui um som similar mas cujo significado é diferente por exemplo lojas vendendo móveis de pinho nervoso ao invés de pinho nodoso Adicionalmente podem ocorrer lapsos por causa de inserções de sons por exemplo noceivo ao invés de nocivo ou aforgado ao invés de afogado ou outros elemen tos lingüísticos O tipo oposto de lapso envolve eliminações por exemplo eliminação de sons como procemento ao invés de processamento Tais eliminações envolvem muitas vezes mesclas de sons Cada tipo de lapso de linguagem pode ocorrer em níveis hierárquicos diferentes do pro cessamento lingüístico Dell 1986 isto é pode ocorrer ao nível acústico dos fonemas como em besta com abundância ao invés de festa com abundância Pode ocorrer ao nível se mântico de morfemas como em após ser muito tarde ao invés de antes de ser muito tarde Ou pode ocorrer em níveis até mais elevados como em comprou o balde ao invés de chu tou o balde ou comprou a fazenda Aconfiguração dos erros por exemplo inversões subs tituições em cada nível hierárquico tende a ser paralela Dell 1986 Por exemplo nos erros fonêmicos as consoantes iniciais tendem a interagir com outras consoantes iniciais como em lançando a greve ao invés de caçando a lebre Consoantes finais tendem a interagir com outras consoantes finais como em morguar sua línder ao invés de morder sua língua Prefixos interagem muitas vezes com outros prefixoscomo em expressão expiradora e as sim por diante Igualmente os erros em cada nível de análise lingüística indicam tipos específicos de in formações a respeito de como produzimos a fala Considere por exemplo os erros fonêmicos Uma palavra com pronúncia acentuada que é enfatizada pelo ritmo e pelo tom do discurso apresenta maior probabilidadede influenciar outras palavras do que uma palavra sem a ênfase da tonicidade Crystal 1987 Adicionalmente mesmo quando sons são trocados as configu rações rítmicas e tonais básicas permanecem usualmente preservadas Um exemplo é a ênfase em cedeu e na segunda sílaba de Pretória no primeiro spoonerismo citado Mesmo no nível de palavras as mesmas partes da fala tendem a ficar envolvidas nos er ros que cometemos por exemplo substantivos interferem com outrossubstantivos e verbos com outros verbos Bock 1990 Bock Loebell Morey 1992 No segundo spoonerismo citado Spooner conseguiu preservar as categorias sintáticasas palavras casaco e fagulha por buraco e agulha Ele também preservou o aspecto gramatical da sentença mantendo a concordância correta da preposição pelo e do artigo uma em pelo buraco e pelo casaso e em uma fagulha e uma agulha Mesmo no caso de substituição de palavras as categorias sintáticas são preservadas Um exemplo seria designar uma categoria quando a intenção seria indicar um membro da categoria como fruta por maçã Outro exemplo seria designar o membro errado da categoria como pêssego por maçã Um último exemplo seria indicar um mem bro de uma categoria quando a intenção era indicar a categoria como um todo como em pêssego por fruta Garrett 1992 Dados de estudos de erros de fala podem nos ajudar a compreendermelhoro processamento normal da linguagem Outro aspectoda linguagemque nos oferece uma visão distinta é o estudo da linguagem metafórica Linguagem Metafórica Discutimos até agora principalmente os usos literais da linguagem Pelo menos seus usos figurativos onipresentes são tão interessantes para os poetas como para muitas outras pes Capítulo 10 A Linguagem noContexto 359 soas Um exemplo importanteé o uso de metáforas como um meio de expressão de pensa mentosAs metáforas justapõemduaspalavrasde um modo que assevere positivamentesuas similaridades sem deixar de confirmar ao mesmo tempo suas diferenças por exemplo A casa estava umchiqueiro Ossímiles estão relacionados àsmetáforas Símiles introduzem as palavras como ouquanto qual emuma comparação entre itens por exemplo A criança era tão tranqüila como um camundongo As metáforas contêm quatro elementos básicos Dois sãoos itens sendo comparados um objeto eum veículo Objeto éotópico da metáfora por exemplo casa O veículo é aquilo pelo qual o objeto é descrito por exemplo chiqueiro Considere por exemplo a metáfora Out doors são verrugas na paisagem O objeto são outdoors O veículo é verrugas O funda mento da metáfora é o conjunto de similaridades entre o objeto e o veículo por exemplo ambos são inconvenientes A tensão da metáfora é o conjuntode diferenças entre osdois por exemplo as pessoas não vivem em chiqueiros mas efetivamente em casas Podemos conjetu rar que uma similaridade básica fundamento entre outdoors everrugas éque ambos são con siderados sem atração Sãomuitas asdiferenças tensão entreosdois incluindo queoutdoors aparecem emprédios rodovias e outras localizações públicas impessoais As verrugas no en tanto aparecem um diversas partesdo corpo de uma pessoa Das várias teorias queforam propostas paraexplicar como asmetáforas operam asprin cipais visões tradicionais ressaltaram o modo pelo qual óobjeto e o veículo são similares ouo modo pelo qual diferem Por exemplo a visão tradicional decomparação ressalta a importân ciadacomparação Frisa assimilaridades comparativas e asrelações analógicas entre o objeto eo veículo Malgady Johnson 1976 Miller 1979 Ortony 1979 confira também Sternberg Nigfo 1983 Conforme aplicado à metáfora Crianças vítimas de abuso são bombasrelógio itinerantes a visão decomparação sublinharia a similaridade entreoselementos seupoten cialde explosão Emcontraste a visão de anomalia da metáfora enfatiza a diferença entre o objeto e o veículo Beardsley 1962 Bickerton 1969 Clark Lucy 1975 Gerrig Healy 1983 Lyons 1977 Searle 1979 vanDijk 1975 A visão deanomalia ressaltaria as muitas diferen çasentrecrianças vítimas de abuso e bombasrelógio A visão de interação dodomínio integra aspectos de cadauma das visões precedentes Propõe que uma metáfora é mais doque uma comparação e mais doque uma anomalia De acordo com essa visão uma metáfora envolveuma interação de algum tipo entre o domínio área doconhecimento como animais máquinas plantas doobjeto e o domínio doveículo Black 1962 Hesse 1966 A forma exatadessa interaçãodifere um poucoentre asteorias A metáfora muitas vezes é mais eficaz quando ocorrem duas circunstâncias Primeira circuns tância o objeto e o veículo possuem muitas características similares porexemplo o poten cialexplosivo das crianças vítimas de abuso e das bombasrelógio Segunda os domínios do objeto e do veículo são muito diferentes por exemplo o domínio dos seres humanos e o domínio das armas Tourangeau Sternberg 1981 1982 Considere outra visão a de que as metáforas são essencialmente uma forma não literal de declarações de inclusão Glucksberg Keysar 1990 De acordo com essavisão o objeto de cada metáfora é um membro da classe caracterizado pelo veículo da metá fora citada isto é compreendemos as metáforas não como declarações de comparação mas como afirmações de inclusão em uma categoria na qual o veículo age como protó tipo da categoria Por exemplo suponha que eudiga A companheira de meu amigo é um iceberg Estou dizendo dessa forma que a companheira pertence à categoria de entes caracterizados pela faltatotal decalorhumano extrema rigidez e a capacidade paraproduzir umefeito acentua damente gélido em qualquer pessoa no ambiente circundante Para que uma metáfora opere bem o leitor deve perceber que asprincipais características doveículo iceberg sejam ines peradamente relevantes como características do objeto a companheira de meu colega ou 360 Psicologia Cognitiva seja o leitor deve ficar pelo menos medianamente surpreso de que as características proe minentes do veículo podem caracterizar o objeto Metáforas enriquecem nossa linguagem de uma maneira que as afirmaçõesliterais não conseguem igualar Nossa compreensão das metáforas parece exigir não somente algum tipo de comparação Também requerque os domínios do veículo e do objeto interajam de al gum modoLer uma metáfora pode alterar nossa percepçãode ambos osdomínios Portanto a metáfora pode nos educar de um modo que talvez seja mais difícilde transmitir por meio do discurso literal Metáforas podem enriquecer nosso discurso em contextos sociais Suponha por exem plo que digamos a alguémVocêé um príncipeE possível que não desejamos afirmar que a pessoa é literalmente um príncipe Queremos dizerde preferência que a pessoa possui ca racterísticas de um príncipe De que modo em geral usamos a língua para ter bom desem penho em contextos sociais A Linguagem em um Contexto Social O estudo do contexto social da linguagem constitui uma área relativamente nova da pes quisa lingüística Um aspecto do contexto é a da pragmática o estudo de como as pessoas usam a linguagem A pragmática inclui a sociolinguística e outros aspectos do contexto so cial da linguagem Na maioria das circunstâncias você altera seu uso da linguagem em resposta a indi cações contextuais sem dar muita importância a essas alterações De modo similar você usualmente altera de modo inconsciente seus padrões de linguagempara adaptarse a con textos diferentes INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Para ter uma idéiade como alteramosseu uso da linguagemem contextos diferentes suponha que você e um amigo irão se encontrar logoapós o trabalho Suponha também que aconteça algo Você precisa telefonar pa ra seu amigoe mudara hora ou o lugardo encontro Quando você ligapara seu amigo no trabalho o supervisor dele atende e se oferece para anotar um recadoO que dirá exatamente ao supervisor do seu amigopara asse gurar que seu colega ficará ciente da mudança de horário ou de local Suponha ao invés dissoque o filhode 4 anos do supervisordo seu amigo atenda O que você dirá exatamente nesta situaçãoSuponha por último que seu amigo atenda diretamente Como terá alterado sua linguagem para cada contexto mesmoquando seu propósito mensagemsubjacente em todos os três contextos foi o mesmo Por exemplo ao entabularuma conversa com um interlocutor você procura estabelecer umabase comum ouumabasecompartilhada paramanterumdiálogo Clark Brennan1991 Quando estamoscom pessoas que possuem a mesmaformação conhecimento motivos ou metas estabelecer umabasecomum tempossibilidade deserfácil e pouco notadaNo entanto quando pouco é compartilhado tal basecomum pode serdifícil de identificar Gestos e inflexões vocais que sãoformas de comunicação não verbal podem ajudara es tabelecer umabase comum Umaspecto dacomunicação nãoverbal é o espaço pessoal adis tância entre pessoas em uma conversaou outra interação que é consideradaaceitávelpara os participantes de uma dadacultura Proxemics na designação eminglês é o estudo dadistân cia interpessoal ou de seu oposto a proximidade Este campo de estudo se preocupa com a Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 361 distância relativa e sua posição e de seus interlocutores Nos Estados Unidos uma distância de 45 a 60 cm é considerada adequada Hall 1966 Os escandinavos esperam uma distância maior Os habitantes do Oriente Médio do sul da Europa e da América do Sul esperam uma distância menor Sommer 1969Watson 1970 Quando estamosem nossopróprioambientefamiliar aceitamos naturalmente nossavi sãocultural do espaço pessoal Somentequandoentramosem contato com pessoas de outras culturas observamos essas diferenças Porexemplo quandovisitei a Venezuela notei minhas expectativas culturais entrandoemconflito com asdaquelas pessoas aomeu redor Participei muitas vezes de umadança cômica Eumeafastava da pessoa com quem estavafalando En quanto isso essa pessoa estava tentandoseaproximar Em uma dadacultura maior proximi dade geralmente indica um ou mais de três aspectos Primeiro as pessoas se consideram partede umrelacionamento próximo Segundo as pessoas estãoparticipando de umasitua ção social que permite a violação de uma bolha de espaço pessoal comodançar com proxi midade Terceiro o violador da bolha encontrase dominando a interação Mesmo na cultura norteamericana existem diferençasna quantidade de espaço pessoal queé esperado Por exemplo quando dois colegas estão interagindo o espaço pessoal é muito menor doquequando umempregado e seu supervisor interagem Dean Willis Hewitt 1975 Hall 1966 Uma áreade pesquisa relacionada diz respeito à proxemics emambientes de realidade vir tual Foi observado que violações do espaço pessoal mesmo em ambientes virtuais causa malestarWilcoxetai 2006 Quando possuem opçãoas pessoas cujoespaçopessoal é vio lado em um ambiente virtual se afastarão Bailenson etai 2003 O espaço físico também é mantidoem videoconferências Grayson Coventry 1998 Essas descobertas consideradas emconjunto indicam a importância do espaço interpessoal emtodas asinterações Também indicam que a proxemics é importante mesmoquando uma ou mais pessoasnão se encon tram presentes fisicamente Atos de Fala Atos de Fala Diretos Outro aspecto importantedo modo como você usaa linguagem depende da finalidade que pretende alcançar com a linguagem No exemplo anterior você estava empregando uma linguagem para tentar assegurar que seu amigo o encontraria no novo horário e local Quando você fala que tipo de resultados consegue alcançar Os atos de fala abordam a questãodaquilo que vocêconsegue atingircom a linguagem Todos osatosde falaparecem seclassificar em cinco categorias básicas dependendo da fina lidadedos atos Searle 1975a veja também Harnish 2003 Em outras palavrasexistemes sencialmente cinco metas que você consegue realizarcom a fala nem mais nem menosO Quadro 101 identifica essas categorias e dá exemplos de cada uma 1 A primeira categoria da fala corresponde aos atos representativos Umatodefala re presentativo é aquele pelo qual uma pessoa transmite a crença de que uma dada pro posição é verdadeira O falanteusavárias fontes de informação paraapoiara crença adotada Porém a declaração é nada mais nada menos que umaafirmação de cren ça Podemos incluir várias limitações para demonstrar nosso grau de certeza Porém ainda estamos transmitindoumacrença que podeou não ser verificável 2 A segunda categoria da fala é a diretiva Uma diretiva representa uma tentativa de um falante para fazer comque um ouvinte realize algo Uma diretiva algumas vezes é muito indiretaPorexemplo quasetoda sentençaestruturadacomopergunta 362 PsicologiaCognitiva QUADRO 101 Atos da Fala As cinco categorias básicas de atos de fala englobam as várias tarefas que podem ser rea lizadas por meio da fala ou de outras maneiras de uso da linguagem Ato de Fala Descrição Exemplo Representativo Um ato de fala pelo qual uma pessoa transmite a crença de que uma dada proposição é verdadeira Se eu disser que O marquês de Sade é um sádico es tou transmitindo minha crença de que o marquês sentia prazer vendo outras pessoassentindo dor Posso usar vá rias fontes de informação para apoiar minha crença in cluindo o fato de a palavra sádico originarse do nome desse marquês Não obstante a afirmação é nem mais nem menos uma afirmativa de crença De modo similar posso fazer uma afirmação que seja verificável mais dire tamente por exemplo Conforme você pode ver aqui neste termômetro a temperatura lá fora é de 05e C Diretivo Uma tentativa de um falante pessoa que fala para fazer com que um ouvinte realize algo como dar a resposta a uma pergunta Posso pedir a meu filho que me ajude a remover a neve com a pá de várias maneiras algumasdas quais são mais diretas do que outras como Por favor ajudeme a re mover a neve ou Você me ajudaria a remover a neve As diferentes formas de expressão são todas ten tativas para fazêlo ajudarme Alguns atos diretivos são muito indiretos Se eu perguntar Já parou de chover ainda estou expressando uma diretiva neste caso bus cando informação ao invés de ajuda física Na realidade quase toda sentença estruturada como pergunta prova velmente possui função diretiva Compromisso Uma concordância do falante em participar de alguma ação futura Se meu filho responde Estou ocupado agora porém o ajudarei a remover a neve mais tarde ele está expres sando um compromisso pois está se comprometendo a ajudar no futuro Se minha filha disser em seguida Eu o ajudarei ela também está expressando um compro misso porque está prometendo sua ajuda agora Promes sas empenhos garantias certezas e semelhantes consti tuem todos atos de compromisso Expressivo Uma afirmação relacionada ao estado psicológico do fa lante Se eu disser a meu filho mais tarde Estou realmente aborrecido porque você não veio ajudarme a remover a neve este também seria um ato da fala expressivo Se minha filha disser Papai estou feliz por ter podido aju dar ela está realizando um ato de fala expressivo Declarativo tam bém denominado desempenho Um ato de fala pelo qual o próprio ato de fazer uma afir mação resulta em uma nova situação Suponha que você fosse chamado à sala do seu chefe e lhe fossedito que é responsável pela companhia ter perdido 50 mil e então seu chefe dizVocê está des pedido O ato da fala resulta em você estar em um novo estado isto é desempregado Você poderia dizer então a seu chefe Está certo porque lhe escrevi on tem uma carta dizendo que o dinheiro foi perdido por causa de sua incompetência gritante não a minha e eu me demito Você está emitindo novamente um ato de clarativo Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 363 provavelmente está desempenhando uma função diretiva Toda tentativa para obter qualquer tipode auxílio mesmo um tanto indireto classificase nessa categoria 3 Uma terceira categoria é um compromisso Ao externar um compromisso a pessoa quefala estásecomprometendo emrealizar alguma açãofutura Promessas empe nhos contratos garantias e certezas constituem compromissos 4 Um ato de fala expressivo constituiu a quarta categoria Um ato expressivo é uma afirmação relativa ao estado psicológico de quem fala 5 O quinto tipo é o atode fala declarativo pelo qual o próprio ato de fazer uma afir mação resulta em uma nova situação pretendida Quando umclérigo diz Eu agora vos declaro marido e mulher o ato da fala é declarativo Após o término do ato da fala o rito do casamentose encerra Esse ato tambémé denominadoato de desem penho Clark Clark 1977 O aspecto interessante da taxonomia de Searle é que consegue classificar quase toda afirmação que poderia ser feita A classificação mostra exaustivamente pelo menos em um nível os diferentes tipos decomunicação que a fala pode realizar Também mostra a relação próxima entre estrutura e a função da linguagem Atos de Fala Indiretos Os atos de fala algumas vezes são indiretos significando que cumprimos nossas metas ao falarmos de um modo oblíquo Uma maneira decomunicação oblíqua é pormeio de solici tações indiretas pelas quais fazemos um pedido sem solicitálo diretamente Gordon Lakoff 1971 Searle 1975b Um exemplo seria Você poderia retirar o lixo Existem quatro maneiras básicas para se fazer solicitações indiretas 1 fazer perguntas oudeclarações sobre capacidades 2 declarar um desejo 3 declarar uma ação futura e 4 citarrazões Exemplos dessas formas desolicitações indiretas encontramse noQuadro 102 Asolicitação indireta em cada caso édirecionada afazercom que uma garçonete diga a um falante onde localizar o banheiro em um restaurante Quando os atos de fala indiretos são interpretados literalmente e quando o significado indireto é entendido pelo ouvinte Quando um ato de fala indireto como Você precisa QUADRO 102 Atos de Fala Indiretos Uma maneira para usara falaconsisteem comunicarseobliquamente ao invés de diretamente Tipo de Ato de Fala Indireto Exemplo de uma Soucitacão Indireta por Informação Capacidades Se você disser Poderia me dizer onde fica o banheiro a uma garçonete em um res taurante e eladisser Simlógico que posso a probabilidade c que ela nãocaptou o significado A pergunta sobre a capacidade que elapossui para informarlhe a localiza ção do banheiro foi uma solicitação indireta para que ela lhe dissesse onde fica exata mente o banheiro Desejo Ficaria agradecido se você me informasse onde fica o banheiro Seu agradecimento antecipado énarealidade um modo de pedir a alguém que faça o que você deseja Ação futura Vocême diria onde fica o banheiro Sua indagaçãoa respeitodas açõesfuturasde uma pessoa é outra maneira defazer uma solicitação indireta Raões Você não precisa especificar as razões para dara entender que existem bons motivos para atenderà solicitação Porexemplo poderia insinuarque possui taisrazões paraa garçonete dizerlhe onde fica o banheiro dizendo Preciso saber onde fica obanheiro 364 Psicologia Cognitiva abrir a janela é apresentado isoladamente em geral é interpretado literalmente no iní cio por exemplo em Você tem necessidade de abrir a janela Gibbs 1979 Quando o mesmo ato de fala é apresentado no contexto de uma história que torna claroo significado indireto a sentença é interpretada inicialmente em termos do significado indireto Por exemplo suponha queumapersonagem emumahistória tivesse umresfriado e perguntasse Você precisa abrir a janela Ela seria interpretada como uma solicitação indireta Não abra a janela Trabalhos subsequentes mostraram que os atos de fala indiretos prevêem muitas vezes quaisobstáculos potenciais o respondente poderiaantepor Esses obstáculos sãoindicados es pecificamente pelo atode fala indireto Gibbs 1986 Por exemplo a pergunta Posso pegar aborda obstáculos potenciais de permissão Você se importaria relacionase a obstáculos potenciais a respeito de uma possível imposição ao respondente Você tem aborda obstá culos potenciais relativos à disponibilidade Solicitações indiretas quepedem autorização são consideradas as mais educadas Clark Schunk 1980 De modo similar solicitações indire tas que se referem a uma obrigação por exemplo Você não deveria são consideradas as mais descorteses Clark Schunk 1980 As respostas a essas solicitações normal mente igualam as solicitações em termos de cortesia Clark Schunk 1980 Postulados da Conversação Ao falarmos com outras pessoas estabelecemos implicitamente uma iniciativa emcoopera ção De fato se não cooperarmos mutuamente quando falamos muitas vezes acabamos fa lando sem que percebam em vez de falarmos diretamente com as pessoas Neste caso deixamos decomunicar aquilo quepretendíamos Asconversações sedesenvolvem combase em um princípio cooperativo pelo qual procuramos comunicar de maneira que facilitem a compreensão de nosso ouvinte para entender o que temos emmente Grice 1967 Mooney 2004 De acordo com Grice conversações bemsucedidas seguem quatro máximas a má xima de quantidade a dequalidade a de relação e a de maneira Exemplos destas quatro máximas encontramse no Quadro 103 Deacordo com a máxima de quantidade você deve contribuir para umaconversação do modo mais informativo requerido porém não mais do queo apropriado Por exemplo supo nha que alguém diga para você Olá como vai Você subseqüentemente inicia um soli lóquio de três horas a respeito decomo sua vida nãotem caminhado domodo que desejava Neste caso você está violando a máxima de quantidade A convenção social consiste em responder com uma resposta breve mesmo se você desejasse entrar em detalhes Algumas vezes violamos a máxima de quantidadecom umafinalidade específica Suponha que estive aguardando uma oportunidade para relatar ao professor titular de nosso departamento os problemas que identifico em nosso programa educacional O professor está assumindo um grande risco ao perguntarme Como as coisas estão indo embora esperasse somente uma resposta breve De acordo com a máxima de qualidade sua contribuição para uma conversação deve ser sincera Esperase que você faleaquilo que acredita ser o caso Se você alguma vez so licitou orientação quando estava em uma cidade que não conhecia sabe da extrema frus traçãoquepode resultar seas pessoas não falam a verdade aodizerlhe quenão sabem onde seencontradeterminado local Ironia sarcasmo e piadas poderiam parecer exceções à má xima de qualidade porém não o são Esperase que o ouvinte reconheça a ironiaou o sar casmoe infira a verdadeira disposição mental do falante a partir daquilo que é dito De modo similar uma piada muitas vezes possui a expectativa de atingir uma finalidade es pecífica contribuindo utilmente para uma conversaçãoquando essa finalidade está clara para todos Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 365 QUADRO 103 Postuladosda Conversação Os falantes geralmente adotam quatro máximas para maximizar a comunicação que ocorre durante a conversação Postulado Máxima de quantidade Máxima de qualidade Máxima de relação Máxima de maneira Máxima Tornar sua contribuição para uma conversação tão informativa quanto requerida porém não mais do que o apropriado Sua contribuição para uma conversação deve ser sincera esperase que você diga aquilo que acredita ser Você deve fazer com que sua contribuição para uma conversação seja relevante para as finalidades da conversação Você deve tentar evitar expressões ininteligíveis expressões vagas e obscurecimento proposital de seu ponto de vista Exemplo Se alguém lhe perguntar qual a temperatura lá fora e você responder Faz 31297868086298 graus lá fora você está violando a máxima de quantidade porque está dando mais informações do que provavelmente era desejado Na antiga série televisiva Jornada nas Estrelas o senhor Spock um Vulcano com uma mente parecida com um computador deparase com um encolher de ombros quando fornece mais informações em resposta a uma pergunta do que alguém esperaria ou desejaria como na resposta anterior à pergunta sobre temperatura Obviamente ocorrem circunstâncias embaraçosas em que cada um de nós não tem certeza a respeito de quanta honestidade está sendo exigida tal como a resposta para Meu bem como pareço No entanto na maioria das circunstâncias a comunicação depende da premissa de que ambas as partes envolvidas na comunicação estão sendo sinceras Em quase toda grande reunião a que compareço parece existir alguém que viola esta máxima Este alguém faz inevitavelmente longas digressões que não possuem relação com a finalidade da reunião e que dificultam sua continuidade Isso me lembra de uma história que um amigo me contou uma vez a respeito de uma reunião em que Richard Feynman o físico laureado pelo Prêmio Nobel em 1997 relatou como leu em uma ocasião um estudo feito por um sociólogo muito conhecido e descobriu que não conseguia compreendêlo Uma sentença foi redigida do seguinte modo O indivíduo membro da comunidade social recebe muitas vezes informações por meio de canais visuais e simbólicos p 281 Feynrriam concluiu em essência que o sociólogo estava violando a máxima da maneira quando compreendeu que a sentença significava As pessoas lêem De acordo com a máxima de relação sua contribuição para uma conversação deve ser aquiloquefor relevante para os propósitos da conversação Evidentemente algumas vezes as pessoas violam esta máxima de modo proposital Suponha que uma namorada lhe diga Creioque devemos conversarsobre nossarelação Você responde O tempo está muito bo nito hoje Você está violando a máxima para deixar claro que não deseja falar sobre a rela ção No entanto quando age desse modo não está demonstrando ser cooperativo A não ser que vocêsdois possam concordar em como definir a conversação não perceberãoo teor do diálogo e terão uma conversação muito frustrante 366 Psicologia Cognitiva De acordo com a máximada maneira você deve ter clareza e evitar expressões obscuras expressões vagase obscurecimentoproposital de seu ponto de vista Podemos agregara essas quatro máximas propostas por Grice umà máxima adicional somente uma pessoa fala em cada ocasião Sacks Schegloff Jefferson 1974 Existindo essa máxima o contexto situacio nal e as posições sociais relativas aosfalantes afetama vez de secomunicar Keller 1976 Sa cks Schegloff Jefferson 1974 Os sociolinguistas observaram muitas maneiras pelas quais os falantes sinalizam aos demais quando e como devem falar Algumas vezes as pessoas exi bem ostensivamente os postulados da conversação para definir um ponto de vistaSuponha por exemplo queuma pessoa diga Meus pais sãodiretores A pessoa não estáfornecendo informações completas oquesignifica exatamenteque ospaisde umapessoa sãodiretores A ambigüidade entretanto é intencional Ou algumas vezes quando uma conversação so bre um tópicoestá se tornando acalorada uma pessoa pode alterálo propositadamente e in troduzir um tema irrelevante A finalidadeda pessoa ao agirdessemodoconsiste em mudar a conversação para outro tópico mais seguro Quando não atentamos aos postulados esta mos enviandouma mensagem explícita ao procedermos destemodo os postulados retêmsua importânciaporque sua ausência é tão notada As pessoas que sofrem de autismo possuem dificuldade com a língua e a emoção Portanto não causa surpresa que as pessoas com au tismo possuem dificuldade específica para perceberviolações das máximas de Grice Eales 1993 Surian 1996 Uma discussão adicional das dificuldades com a linguagem no autismo será feita posteriormente neste capítulo Gênero e Língua Em nossa cultura homens e mulheres falam uma linguagem diferenteForam observadas di ferenças de gênero no conteúdodaquilo que dizemos Meninas mais novas apresentam maior probabilidade desolicitar ajuda queosmeninos compouca idade Thompson 1999 Adoles centes com mais idade e homens adultos jovens preferem conversar sobre opiniões políticas fontes de orgulho pessoal e aquiloque apreciam emoutra pessoa Emcontrasteas mulhetes desse grupo etário preferem conversarsobresentimentos em relaçãoaos pais amigas íntimas aulas e seus receios Rubin et ai 1980 Igualmente em geral as mulheres parecem revelar mais a respeito de si mesmas do que os homens Morton 1978 Conversações entre homens e mulheres são consideradas algumas vezes comunicação entre culturas Tannen 1986 1990 1994 De acordo com Tannen meninas e meninos com pouca idade aprendem a se comunicar por conversaçãoem ambientes culturais essencial mentedistintospor meio de suas amizades do mesmo sexo Na condição de homense mulhe respassamosa transferir os estilos de conversação que aprendemos na infância para nossas conversas com adultos Tannen indicou que as diferenças entre homens e mulheresno estilode conversação con centramsemajoritariamente em entendimento distinto das metas de conversação Estasdi ferenças culturais resultam em estilos de comunicação contrastantes Estes por sua vez podem conduzir à incompreensão e mesmo a rupturas à medida que cadaparceiro tentacom certo graude insucesso entender o outro Os homens encaram o mundo como uma ordem social hierárquica na qualo processo de comunicação consiste em obteruma posição de van tagem preservar a independência e evitar o fracasso Tannen 1990 1994 Cada homemse empenha para suplantar o outro e vencer a competição As mulheres em contraste pro curam estabeleceruma conexão entre os dois participantes danapoioe confirmação aos de mais e conseguir consenso por meio da comunicação As mulheres para atingirem suas metas de conversação adotam estratégiasde conversa çãoque minimizam asdiferenças estabelecem equidade e evitamqualquer aparência de supe rioridade por parte de qualquer pessoacom conhecimento As mulheres também afirmam a importância e o compromisso do relacionamento Elas lidam comasdiferenças de opinião em penhandose para chegar a umconsenso que promova a conexão e assegure queambas aspar Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 367 tes sintam pelo menos que suas vontades foram levadas em consideração Procedem deste modo mesmo se não estiverem inteiramente satisfeitas com a decisão consensual Os homens desfrutam de conexões e relacionamento Porém em virtude de os homens te rem sido criados em uma cultura na qual o gênero desempenha um papel importante outras metas assumem precedêncianas conversações Tannen propôsque os homens procuram afir mar sua independênciadosparceiros de conversação Indicamclaramente desse modo suaau sência de concordância com as demandas das demais pessoas o que indicaria falta de poder Os homens também preferem informar indicandodeste modo o status maiselevado confe rido pelaautoridade ao invésde consultarse indicandostatus subordinado com seusparcei ros de conversação O parceiro masculino em um relacionamento próximo pode desse modo vir a informarsuaparceirade seusplanosconjuntosA parceirafeminina em contrasteespera serconsultada a respeito de seus planos conjuntos Quando homens e mulheres participam de comunicação entre ossexos suas finalidades muitas vezes resultam em comunicação equivo cada porque cada parceiro interpreta erroneamente as intençõesdo outro Tannen indicou que homens e mulheres precisam se tornar mais conscientes de seuses tilose tradições interculturais Deste modo eles podem ao menos ter menorprobabilidade de interpretar erroneamente as interações mútuas por meio da conversaçãoTambém apre sentam maior possibilidade de concretizarsuas metas individuais as finalidades do relaciona mentoe ospropósitos dasdemais pessoas e instituições afetadas porseus relacionamentos Tal conscientização é importante não somente nas conversas entre homens e mulheres Também é importantenas conversas entre membros da família em geral Tannen 2001 Tannen pode estar certo mas presentemente são necessárias operações convergentes alémdo método fir madoem casos sociolinguísticos paraestabelecer com clareza a validade e o carátergenerali zado de suas descobertas interessantes Diferenças de gênero no usoda linguagem escritatambém foram observadas Porexem plo na redação formal escritoras tendem a usar mais pronomes e escritores mais adjetivos que especificam ossubstantivos Argamon etaí 2003 Alémdisso mulheres empregam mais características de envolvimento ao passo que os homens usam mais características infor macionais Argamon etai 2003 Essas constatações entretanto não sãoconclusivas Uma pesquisa sobre blogs constatou queo tipode blog mais queo gênero do autor ditava o estilo de redação Herring Paolilío 2006 Pense a respeito de como seu gênero influencia seu estilo de conversação Idealize algumasmaneiraspara comunicarse maiseficazmente com pessoas do sexo oposto Como seus atos de fala e seus postulados de conversação poderiam diferir Se vocêé um homem tende a empregar e preferir direti vasedeclarações a expressivos e compromissos Se vocêé umamulher usa e prefere expressivos e compromissos a diretivose declarações Neste caso falar com pessoas do sexoopostopodeacarretar interpretações errôneas do significado com base em diferenças de estilo Por exemplo quando você deseja convencer outra pessoa a fazer algo pode ser melhor empregar o estilo que reflita mais diretamente o estilo da outra pessoa Neste caso você poderia usar uma diretiva com homens Você iria à loja e uma expressiva commulheres Eu realmente aprecio fazer compras Lembrese também de que suasrespostas devem atenderàs expectativas dá outra pes soaa respeiro de quanta informação oferecer de honestidade de relevância e de ação direta A arte da comunicação eficaz realmente envolve escutar cuidadosamente a outra pessoa observara linguagem corporal e interpretar de modo preciso as metas da pessoa Isto pode ser realizado somente com tempodedicaçãoe sensibilidade APLICAÇÕES PRÁTICAS DA PSICOLOGIA COGNITIVA 368 Psicologia Cognitiva Compreensão do Discurso e da Leitura As seções precedentes discutiram alguns dos aspectos mais gerais dos usos sociais da lingua gem Esta seção discute mais especificamente os processos envolvidos na compreensão e no uso da linguagem no contexto social do discurso O discurso envolve unidades de linguagem comunicativas maiores do que sentenças individuais em conversações preleções histórias ensaios e mesmo em livrostexto Di Eugênio 2003 Do mesmo modo que as sentenças gramaticais são estruturadas de acordo com regras sintáticas sistemáticas os trechos do dis curso são estrututados sistematicamente INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA A sériede sentenças a seguirfoiexrraídade umconto escrito por O Henry William Sydney Porter 18991953 intirulado O resgate do Chefe Ver melho Na realidade a seqüência de sentenças a seguir é incorreta Serri conhecer quaisquer outros detalhes da história tente descobrir a seqüên cia correta de sentenças 1 O pai era respeitável e avarento um financiador de hipotecas e uma pessoa honrada e rigorosa ao fazer a coleta de doações na igreja e ao embargar imóveis que deixaram de ser pagos 2 Selecionamos para nossa vítima o único filho de um cidadão impor tante chamado Ebenezer Dorset 3 Estávamos no sul de Alabama Bill Driscoll e eu quando nos ocor reu essa idéia de seqüestro 4 Bill e eu julgamos que Ebenezer ficaria abalado por causa de um res gate de dois mil dólares discutindo até o último centavo Sugestão O Henry era um mestre de ironia e no fimda história aqueles que seriam osseqüestradores pagaram aò pai um resgate elevado para que recebesse de volta seu filho a fim de poderem escapar rapidamente do menino A seqüência usadapor O Henryexpresidiárioe contista experiente foi 3 2 1 e 4 Esta é a ordem que você escolheu Como soube a seqüên cia correta dessassentenças Ao atingir a idade adulta a maioria de nós possuium bom conhecimento de como as sen tenças obedecem a uma seqüência na estrutura do discurso Com base em nosso conheci mento da estrutura do discurso podemos obter o significadodos elementos da sentença que não são óbviosquando olhamos as sentenças isoladamente Para vercomo operam alguns des ses elementos dependentes do discurso leia as sentenças sobre Rita e Thomas no box Inves tigando a Psicologia Cognitiva Responda em seguida às perguntas após as sentenças INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Rita deu a Thomas um livrosobre resoluçãode problemasEle agradeceu lhe o livro Ela perguntou E este que você queria Ele respondeu en tusiastícamente Sim precisamente Rita perguntou Devo providen ciar para você o volume complementar sobre tomada de decisões Ele respondeu Sim por favor Na segunda e na terceira sentenças quem eram as pessoas e objetos sendo indicados com os pronomes ele lhe e elaPor que o substan tivo livro foi precedido pelo artigo um na primeira sentença e pelo artigo o na segundasentença Como você sabe o que significaa resposta de Thomas Sim precisamente Qual é a ação sendo solicitada na res posta Sim por favor Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 369 Os psicolinguistas cognitivos que analisam particularmente o discurso ficam perplexos pelo modo como somos capazes de responder às perguntas formuladas no exemplo prece dente Quando compreendemoso significado dos pronomes por exemplo ele ela lhe eles elas nós nos como sabemos quem ou o que os pronomes estão indicando Como conhe cemos o significado de expressões contendo elipses por exemplo Sim precisamenteO que o emprego do artigo definido o em oposição ao artigo indefinido um precedendo um substantivo significa para os ouvintes com relação ao fato de um substantivo ter sido men cionado previamente O significado de pronomes elipses artigos definidos referências e eventos e outros elementos locais no interior de sentenças depende usualmente da estru tura do discurso em que aparecem esses elementos Grosz Pollack Sidner 1989 Muitas vezes para compreender um discurso nos apoiamos não somente em nosso co nhecimento da estrutura do discurso Também nos valemos de nosso conhecimento de um amplocontexto físico social ou cultural no âmbitodo qual o discurso é apresentado Cook Gueraud 2005 van Dijk 2006 Por exemplo observe como nossa compreensão do signifi cado de um parágrafo é influenciada por seu conhecimento e expectativas existentes Por exemplo este livro de Psicologia Cognitivaserámaisfácil de ler em média casovocêtenha feito um curso introdutório de Psicologiado que caso você não o tenha feito Ao ler as sen tenças no box Investigandoa Psicologia Cognitiva que vem a seguir faça uma pausaentre as sentenças e pense a respeito daquilo que conhece e de quais são suas expectativas com base em seu conhecimento 1 Susan tornavase cada vez mais ansiosa à medida que se preparava para o próximo exame de ciências O que você conhece sobre Susan 2 Ela nunca havia elaborado um exame antes e não estava segura quanto ao modo de redigir um teste apropriado do conhecimento dos alunos Como suas impressões a respeito de Susan mudaram 3 Ela ficou particularmente aborrecida pelo fato de o diretor até ter lhe solicitado para preparar o exame 4 Mesmo durante uma greve de professores não se esperaria que uma enfermeira da escola assumisse a tarefa de redigir um exame Como suas expectativas se alteraram ao longo do texto das quatro sentenças No exemplo precedente sua compreensão de cada aspecto do dis curso foi influenciada por seu conhecimento e expectativas existentes cora baseem suasexperiências no âmbito de um contexto específico Portanto do mesmo modo que a experiência ê o conhecimento prévios podem nos auxiliar no processamento léxico do texto também podem nos ajudar na compreensão do própriotexto Quais sãoos principaisprocessos de com preensão da leitura O processo de compreensão da leituraé tão complexo a ponto de muitos cursoscompletos e um grande númerode livros serem dedicados exclusivamente ao tópico porém nos concentramos aqui apenas emalgunsprocessos Estes incluem codificação semântica aquisição de vocabulário compreensão das idéias no texto criaçãode modelos men tais do texto e compreensão do texto com base no contexto e no ponto de vista INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Codificação Semântica Recuperação do Significado das Palavras Situadas na Memória Codificação semântica é o processo pelo qual traduzimos informações sensoriais em uma representação significativa que percebemos Esta representação se baseia em nossa 370 PsicologiaCognitiva compreensão do significado das palavras No acesso léxico identificamos palavras com base na combinação de letras Por esse meio ativamos nossa memória em relação às pala vras Na codificação semântica seguimos o próximo passo e conseguimos acesso ao signifi cado da palavra armazenada na memória Algumas vezes não conseguimos codificar semanticamente a palavra porque seu significado ainda não existe na memória Precisamos então encontrar outra maneira pela qual obter o significado das palavras tal como observar o contexto no qual as lemos O leitor para efetuar a codificação semântica precisa conhecer o que uma determinada palavra significa O conhecimento do significado das palavras vocabulário relacionase muito de perto com a capacidade para compreender o texto As pessoasque possuem conhe cimento do significadodas palavras tendem a ser boas leitoras e viceversa Uma razão para esta relação parece ser que os leitores simplesmente não conseguem entender o texto a não ser que conheçam o significadodas palavras componentes Por exemploem um estudo a re cordação do conteúdo semântico de um trecho diferiu 8 entre dois grupos de participantes quando estes grupos diferiam 9 no conhecimento do vocabulário relevante para o trecho Beck Perfetti McKeown 1982 Nas crianças o tamanho do vocabulário possui correlação positivacom o desempenho em algumas tarefasde compreensão semântica incluindo repeti ção de uma passagem escrita e oral capacidade de decodificação e capacidade para realizar inferências da sentença Hagtvet 2003 Alguns estudos indicam que para assimilar o signi ficado de um texto com facilidade a pessoa deve conhecer aproximadamente 95 do voca bulário Nation 2001 Read 2000 Existem outros estudos indicando que para uma pessoa ter satisfação na leitura de um texto precisa compreender cerca de 98 do vocabulário Hu Nation 2000 Pessoas com vocabulários mais extensos são capazesde acessar informações léxicas mais rapidamente do que aquelas com vocabulários mais restritos Hunt 1978 A informação ver bal é apresentada muitas vezes rapidamente sejaouvindo ou lendo A pessoa que consegue ter acesso à informação léxica rapidamente é capaz de processar mais informações por uni dade de tempo do que uma que somente tem acesso a tal informação lentamente Aquisição do Vocabulário Conhecimento do Significado das Palavras com Base no Contexto A aprendizagem a partir do contexto constitui outro meio pelo qual um vocabulário maior contribui para a compreensão do texto Sempre que não conseguimos codificar se manticamente uma palavra por seu significado ainda não estar armazenado na memória precisamos nos valer de algum tipo de estratégiapara obter o significado a partir do texto Em geral precisamos buscar um significado usando fontes externas como dicionários ou professores ou formular um significado Formulamos o significado com base nas informações existentes armazenadas na memória usandoindicações do contexto com as quais realizamos a formulação As pessoas aprendem indiretamente a maior parte de seu vocabulário Elaso fazem não usando recursos externos mas deduzindo os significados das fernetas a partir das informa ções circundantes Werner Kaplan 1952 Por exemplo se você tentou olhar a palavra fernetas no dicionário você não a encontrou Com base na estrutura da sentença você provavelmente deduziu que fernetas é um substan tivo Você provavelmente deduziu do contexto circundante que se trata de um substantivo tendo alguma relação com palavras ou vocabulário Na realidade fernetas é uma palavra sem sentido que usei como substituta para o termo palavras para mostrar como você obteria uma idéia razoavelmente boa do significado de uma palavra com base em seu contexto Alguns pesquisadores estudaram a capacidade das crianças para aprender os significados de novas palavras por meio de instrução direta e pelo contexto Cain Oakhill Lemmon 2004 Os pesquisadores descobriram que em crianças com baixa compreensão de leitura a Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 371 NO LABORATÓRIO DE RICHARD GERRIG O filme tinha acabado À me dida que as luzes do cinema se acendem você precisa de alguns momentos para afas tarse do mundo que o filme criou e retornar a seu próprio mundo aqui e agora Esta ex periência de passar de um mundo para outro é o que tentamos captar em nosso laboratório Grande parte das pesquisasque realizamostem se orientado à compreensão dos processoscog nitivos que permitem às pessoas vivenciar expe riências tão marcantesnasquaissãotransportadas para mundos narrativos Um determinado tipo de pesquisa concen trouse nas respostas mentais das pessoas às narrativas com continuidade Suponha que o filme a que você acabou de assistir tivesse uma cena sugerindo que seria arriscado o herói en trar em certa sala Você poderia muito bem ter pensado Não ultrapasse aquelaporra Deno minamos esses tipos de pensamentos respostas participativas porque as pessoas estão reagindo como se em certos aspectos fossem participan tes verdadeiros do mundo narrativo As narrativas proporcionam às pessoas oportunidadespara codificar uma variedade de respostas participativas Polichak Gerrig2002 Durante os últimos anos Davis Rapp e eu Rapp Gerrig 2002 2006 documentamos o impacto de um tipo específico de resposta participativa circunstâncias nas quais os leitores expressam preferências mentaisem favor de um ou doisre sultadospotenciais Suponha por exemploque você esteja lendo uma história na qual um per sonagem Stu está girando a chave para dar partida em seu carro Em uma versão da histó ria Stu precisa chegar a um hospital para aju dar sua esposa grávida no trabalho de parto Em uma segunda versãoda história Stu está muito embriagado A informação adicionalexerce um impacto sobre a preferência que você codifica quando chegaao momento em que Stu aciona a partida Nossas experiências sãoum tanto mais ela boradas porque estamos particularmente inte ressados no modo como as preferências dos leitores inreragem com a informação adicional que trazem para uma situação No caso de Stu esta informaçãose centralizana possibi lidade prévia de que a partida será dada Em uma versão da história ele acaba de regular o motor na outra versãoo carro está quebrado A combinação destesfatores conduzos leito res a momentos narrativos em que por exem plopossuemrazãopara acreditar que o carro de Stu não dará a partida mas eles esperam que a partida sejaacionadaparaqueelepossa encontrar sua esposaExatamente nessascir cunstâncias os leitoresencontram dificuldade para assimilaro resultadoprovável o carro simplesmente não queria pegar Embora nossas experiências se preo cupem com as respostas participativas dos leitores aos textos também possuem implica ções mais amplas para a vida diária Muitas vezesvocê se depara com circunstâncias nas quaiso que prefere Queroganhar na lote riase choca com aquiloque vocêconhece sobre a situação Minha probabilidade de ganhar éde umaem 1milhão Quando você se encontra em tais circunstâncias é fácil contar a si mesmo uma história com seu final preferido Você podese imaginarverificando osnúmeros ganhadores descobrindo quéga nhou e iniciando sua comemoração Após ter se transportado a esse mundo narrativo extremamente agradável qual o grau de difi culdade para voltar à realidade Referências Polichak J W Gerrig R J Gec up and win Particípatory responses to narrati ves In TC Brock J J Strange M C Green org Narrative impact Social and cognitive foundations Mahwah Erlbaum 2002 p 7195 Rapp D N Gerrig R J Readers reality driven and plotdriven analyses in nar rative comprehension Memory Cogni tion 30 p 779788 2002 Rapp D N Gerrig R j Predilections for narrative outcomes The impact of story contexts and reader preferences Journal of Memor and Language 54 p 5467 2006 372 Psicologia Cognitiva capacidade para deduziro significadodas palavras a partir do contexto estava prejudicada No entanto por meiode instrução direta crianças com baixa compreensão da leitura porém com bom vocabulário conseguiam aprender o significado de novas palavras tão bem quanto as crianças com compreensão de textos mais desenvolvida Cain Oakhill Lemmon 2004 Os pesquisadores também trabalharam com participantesadultosque aprendiamo signi ficado das palavras a partir do contexto de sentenças van DaalenKapteijns ElshoutMohr 1981 veja também Sternberg Powell 1983 Eles constataram que participantes com muita ou pouca base verbal isto é pessoas com vocabulário amplo ou restrito respectivamente aprendem o significado das palavras diferentemente Os participantes com muita base verbal realizam uma análise mais profunda das possibilidades de significação de uma palavra nova em comparaçãoàqueles com pouca base verbal Os participantes com muita base verbal em particularusaramuma estratégiabemformulada para descobriro significado das palavras Os participantes com pouca base verbal pareciam não possuir qualquer estratégia clara Compreensão de Idéias no Texto Representações Propositivas Que fatores influenciam nossa compreensão daquilo que lemos Walter Kintsch desenvolveu um modelo de compreensão do texto baseadoem suas observações Kintsch 1990 Kintsch van Dijk 1978 De acordo com o modelo à medidaque lemos tentamos reter a maiorquan tidadepossível de informações na memória de trabalho ativa paracompreender o que lemos No entanto não tentamos armazenar as palavras exatas que lemos na memóriade trabalho ativa Tentamos extrair de preferência as idéias fundamentais de grupos de palavras Arma zenamos em seguida estas idéias fundamentais de uma forma representativa simplificada na memória de trabalho A forma representativa para essas idéias fundamentais é a proposição Proposições foram definidas mais detalhadamente no Capítulo 7 Por enquantoé suficiente dizer que umapropo siçãoé a unidade de linguagem mais breveque pode ser determinada de modo independente comoverdadeira ou falsa Por exemplo a sentença Pingüins são aves e pingüins podem voar contém duas proposições Você pode verificar independentemente se pingüins são aves e se pingüins podem voar Emgeral asproposições afirmam uma ação porexemplo voar ou uma relaçãopor exemplo os pingüins pertencem à categoria de pássaros De acordo com Kintsch a memória de trabalho armazena proposições ao invés de pala vras Seus limites são portanto postos à provapor um grande número de proposições ao in vés de um número específico de palavras Kintsch Keenan 1973 Quando uma série de palavras no texto exige que retenhamos um grande númerode proposições na memória de trabalho encontramosdificuldade para compreender o texto Quando a informação perma nece na memória de trabalho por um tempo mais longo é mais bemcompreendida e reme morada subseqüentemente No entanto em virtude dos limites da memória de trabalho algumas informações precisam ser transferidas da memória de trabalho a fim de deixar es paço para novas informações Deacordo comKintsch asproposições cujo tema é fundamental paraa compreensão do texto permanecerão na memória de trabalho durante mais tempo que as proposições irrele vantes para o tema do texto Kintsch denomina macroproposições as proposições cujo tema é fundamental Ele denomina adicionalmente macroestrutura a estrutura temática abran gente de uma passagem do texto Em uma experiência que testou seu modelo Kintsch e um associado solicitaram aos patticipantes que lessem um texto com 1300 palavras Kintsch van Dijk 1978 Os participantes tinhamde resumir em seguida as principais proposições no texto imediatamente um mês ou três meses após lerem o trecho O que aconteceu após três meses Os participantes lembraramse das macroproposições e da macroestrutura geral dotexto aproximadamente tãobem quanto o fizeram os participantes que resumiram o texto imediatamente após o ler No entanto as proposições que proporcionavam detalhes não te máticos sobre o textonão foram lembradas tão bemapós ummês e nemforam bemlembra das após três meses Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 373 Representação do Texto em Modelos Mentais Após as palavras serem codificadas semanticamente ou seusignificado ser inferido do uso do contexto o leitor ainda precisa criar um modelo mental do texto que estiver sendo lido Este modelo simula o mundo sendo descrito preferencialmente às palavras específicas sendo empregadas para descrevêlo Craik 1943 veja JohnsonLaird 1989 Um modelo mental pode ser concebido como um modelo de operação interna da situaçãodescrita no texto à medida que o leitoro compreende Em outraspalavras o leitorcria algum tipo de representação mental que contém em seu intetior os principais elementos do texto Eles são representados de um modo fácil de entender ou ao menos mais simples e mais con cretodo que o próprio texto Por exemplo suponhaque você leu a sentença O estrondo assustou Alice Você pode formar uma imagem de Alice ficando assustada ao ouvir um ruído elevado Ou você pode acessar proposições armazenadas na memória relativas aos efeitos dos estrondos Um determinado trecho do texto ou mesmo um dado conjunto de proposições para nos referirmos novamente ao modelo de Kintsch pode resultar em mais de um modelo mental JohnsonLaird 1983 Por exemplo você pode precisar modificar seu modelo mental Se você irá alterálo dependeda próxima sentençaserElatentou sairda rodovia sem perdero controle do carro ou Eladesviou para evitar ser baleada Na representação do estrondo que assustou Alice é possível mais de um modelo mental Se você iniciar com um modelo diferente daquele exigido em um determinado trecho sua capacidade para compreender o texto depende de suacapacidade paraformarum novo modelo mentalVocê consegue man ter somente um número limitado de modelos mentais em qualquer ocasião JohnsonLaird Byrne Scharken 1992 Portanto quando umdos modelos for incorreto precisa ser rejeitado a fim de abrir espaço para modelos novos Observe que paraformar modelos mentais você precisa fazer pelo menos inferências provisórias conclusões ou julgamentos preliminares a respeito doquesepretende expressar mas não é falado No primeiro caso você está propenso a suporque um pneu furou No se gundo caso você pode inferir que alguém está disparando umtirode revólver Observe que nenhuma destas situações é declarada explicitamente A construção de modelos mentais ilustra que além de compreender as próprias palavras também precisamos compreender como as palavras se combinam para formar representações integradas de narrativas ou ex posições Passagens do textoqueconduzem sem ambigüidade a umúnicomodelo mental são mais fáceis decompreender doqueaspassagens quepodem conduzir a modelos mentais múl tiplos JohnsonLaird 1989 As inferências podem serde várias modalidades Uma dasmaisimportantes é a inferên cia de ligação Haviland Clark 1974 Estaé uma inferência que um leitor ououvinte faz quando uma sentença parece não sera seqüência diretaque a precede Em essência aquilo que é novo na segunda sentença avança um passo muito à frente do que é informado nas sentençasanteriores Considere por exemplo dois pares de sentenças 1 John pegou a cesta do piquenique no portamalas A cerveja estava quente 2 John pegoua cerveja no portamalas A cerveja estava quente Osleitores levaram 180 milissegundos a mais paralero primeiro pardesentenças emcom paração aosegundo Haviland e Clark propuseram uma razão para este tempo de processa mento mais longo Ocorreu que no primeiro par a informação precisava ser inferida acesta depiquenique incluía cerveja enquanto estava afirmada diretamente nosegundo par Embora a maioria dos pesquisadores enfatize a importância deserealizar inferências na lei turae emformas decompreensão da linguagem por exemplo Graesser Kreuz 1993 nem to dos os pesquisadores concordam De acordo com a hipótese minimalista os leitores fazem 374 Psicologia Cognitiva inferências baseados somente em informações que estãofacilmente disponíveis Eles as fazem somente quando precisam realizar tais inferências paraque as sentenças contíguas façam sen tido McKoon Ratcliff 1992a Creio que a maior parte das provas relacionadas à posição mi nimalista indica queestas constatações também são minimalistas Os leitores parecem fazer mais inferências do que uma posição sugere Suh Trabasso 1993 Trabasso Suh 1993 Compreensão do Texto com Base no Contexto e no Ponto de Vista Aquilode que nos lembramos de umadeterminada passagem de um texto depende de nosso ponto de vista Por exemplo suponha que você estivesse lendo um trecho de um texto sobre a residência de uma família rica O trecho descreviamuitas característicasda casa como um teto com vazamento umalareira e umsubsolo mofado Também descrevia osobjetos da casa como moedas valiosas prataria e um aparelho de televisão De que modo suacodificação e compreensão do texto poderia ser diferente se você o estivesse lendo sob o ponto de vista deumcomprador potencial da residência emoposição aopontodevista deumprovável ladrão que entrasse na casa furtivamente Em um estudo usando precisamente essa passagem as pessoas que a leram do ponto de vistado ladrãotiveram maiorlembrança dosobjetos da resi dência Em contraste aquelas que a leram do ponto de vista de um comprador do imóvel lembraramse maisa respeito da condiçãode casa Anderson Pichert 1978 De fatovariando assituações ou indicações de recuperação da memória podefazer com que detalhesdiferentes sejam lembrados Os pesquisadores descobriram que instruções de recuperação distintasnão afetavam a precisão porém influenciavam efetivamente osdetalhes específicos rememorados Gilbert Fisher 2006 Resumindo nossa compreensão daquilo quelemos depende dediversas capacidades A pri meira é ter acesso aos significadosdas palavras com base na memória ou no contexto A se gunda é inferir o significado a partir das principais idéias contidas no texto que lemos A terceira é formar modelos mentais que simulam assituações sobre asquais lemos Eaquarta é extrair as principais informações do texto com base nos contextos em que lemos e no modo peloqual pretendemos usar aquiloque lemos Discutimos até o momento os contextos social e cognitivo da linguagem O uso da lin guagem interage com mas não determina completamente a natureza do pensamento As interações sociais influenciam a maneira pela qual a linguagem é utilizada e compreendida no discurso e na leituraRessaltamos a seguir algunsdosconhecimentosque obtivemos es tudando o contexto fisiológico da linguagem Em termos específicos como nossos cérebros processam a linguagem Neuropsicologia da Linguagem Recordese doCapítulo 2 que nossos primeiros conhecimentos sobre localização no cérebro relacionavamse a uma associação entre deficits de linguagem específicos e lesão orgânica específica no cérebro conforme foi inicialmente descoberto por MarcDaxPaulBroca e Carl Wernicke vejatambém Brown Hagoort 1999 Garrett 2003 A afasia de Broca e a afasia de Wernicke sãocasos particularmente bem documentadosnos quais as lesões no cérebro afetamasfunções lingüísticas veja o Capítulo 2 Vamos examinálas e tambémsíndromes relacionadas em maior detalhe Afasia Afasia é a perda dalinguagem funcional causada porlesão nocérebro Caramazza Shapiro 2001 Garrett 2003 Hillis Caramazza 2003 Existem diversos tiposde afasias Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 375 A afasia de Wernicke é causada por lesão na áreade Wernicke do cérebro veja o Capítulo 2 E caracterizada por grande dificuldade de compreensão de palavras e sentenças faladas Normalmente envolve a produção de sentenças que possuem a estrutura básica da língua falada masque não fazem sentido São sentenças que não possuem significado Dois exem plos são Sim essa era a abóbora mais distante de meus pensamentos e os escrialares comeram rapitempomente minhas panstecas associando escolares com crianças em rapi damente com em pouco tempo e panelas e panquecas Hillis Caramazza 2003 p 176 No primeiro caso as palavras fazem sentido porém não no contexto em que são apresenta das No segundo caso aspróprias palavras sãoneologismos ou palavras novas O tratamento de pacientescom essetipo de afasiaenvolve freqüentemente apoiar e incentivar a comuni cação que não seja lingüística Altschuleretai 2006 A afasia de Broca é causada por lesão na área de Broca do cérebro veja o Capítulo 2 E caracterizada pela produçãode discurso sem lógicagramatical ao mesmo tempo que a capaci dadede compreensão verbal é preservada em altograu Portanto difere da afasia de Wernicke em dois aspectos básicos Primeiro o discurso não obedece à gramática como na afasia de Wernicke Segundo a compreensão verbal encontrase em grande parte preservada Um exemplo de umaprodução por umpaciente com afasia de Broca é Pancadadomingo braço falando mal Hillis Caramazza 2003 p 176 A essência da sentença pretendida é mantida porém a expressão dasentença é consideravelmente distorcida A área de Broca é importante paraa produção da fala independentemente do formato dafala A área de Broca é ativada durante a produção imaginada ou real de sinais Campbell MacSweeney Waters 2007 Horwitz et ai 2003 A afasia global é a combinação entre compreensão gravemente afetada e produção da fala Écausada por lesões nas áreas de Broca e Wernicke A afasia após um acidente vascu lar cerebral envolve lesões nas áreas de Broca e de Wernicke Em um estudo os pesquisado res constataram que 32 das afasias imediatamente após um acidente vascular cerebral envolveram as áreas de Broca e de Wernicke Pedersen Vinter Olsen 2004 A afasia anômica envolve dificuldades paradesignar objetos ou recuperar palavras O pa ciente podeolhar um objeto e simplesmente ser incapaz de recuperar a palavracorrespon dente Algumas vezes categorias específicas de itens não conseguem serrememoradas como nomes de seres vivos Warrington Shallice 1984 Autismo Autismo é um transtorno do desenvolvimento caracterizado por anomalias do comporta mentosocial da linguagem e da cognição Jarrold Happé 2003 Pierce Courchesne 2003 Sua origem é biológica embora os genes responsáveis por essa anomalia ainda não foram identificados conclusivamente Lamb et ai 2000 Crianças com autismo apresentam anor malidade em muitas áreas do cérebro incluindo os lobos frontal e parietal bem como o cere belo o tronco cerebral o corpo caloso os gânglios basais a amígdala e o hipocampo A doença foi identificada inicialmente em meados do século XX Kanner 1943 Ecinco vezes mais comum emhomens doqueemmulheres A incidência doautismo diagnosticado aumen tou rapidamente ao longo dos últimos anos Entre os anos de 2000 e 2004 a freqüência do diagnóstico de autismo aumentou 14 Chenet ai 2007 Atualmente o autismo é diagnos ticado emcerca de 60 entre 10 mil crianças Fombonne 2003 Esta incidência corresponde aaproximadamente uma em cada 165 crianças diagnosticadas com um transtorno do espectro do autismo O aumento emépoca recente pode sero resultado de diversas causas incluindo alterações nos métodos dediagnóstico oupoluição ambiental Jick Kaye 2003 Windham etai 2006 Crianças comautismo usualmente são identificadas emtornodos 14 meses de idade quando não conseguem demonstrar os padrões normais de interação com outras 376 Psicologia Cognitiva pessoas Crianças com autismo exibem movimentos repetitivos e padrões estereotipados de interesses e atividades Pierce Courchesne 2003 Muitas vezes repetem o mesmo movimento continuamente sem que apresente uma finalidade óbvia Quando interagem com alguém têm maior possibilidade de olhar os lábios do que os olhos do interlocutor Cerca de metade do número de crianças com autismo tende a ser caracterizada por ecolalia significando que repe tem continuamente o discurso que ouviram Algumas vezesa repetição ocorre diversas horas após o empregodas palavras por outra pessoa PierceCourchesne 2003 Existem muitas teorias sobre o autismo Uma teoria recente propõe que o autismo pode ser compreendido em termos de diferenças de sexo nas conexões do cérebro hu mano De acordo com esta teoria BaronCohen 2003 os cérebros masculinos são em mé dia mais potentes que os femininos para compreender e criar sistemas Estes sistemas podem ser concretos como aqueles presentes na construção de máquinas ou abstratos como aqueles em política na escrita ou na música Os cérebros das mulheres em contraste são mais voltados à empatia e à comunicação De acordo com BaronCohen o autismo re sulta de um caso extremo de cérebro masculino Este cérebro é quase totalmente inepto em termos de empatia e comunicação porém muito forte em sistematização Como resultado as pessoas autistas algumas vezes podem realizar tarefas que exigem muita sistematização tais como descobrir o dia correspondente a uma data muito distante no futuro Conforme ocorre o autismo é também muito mais comum entre homens do que entre mulheres Embora essa teoria não tenha sido provada conclusivamente desperta curiosidade e está sendo estudada mais a fundo atualmente A disfunção executiva constitui outra teoria do autismo Ozonoff et ai 1994 Esta teo ria descreve bem osmovimentos repetitivos observados no autismo bem como as dificulda des de planejamento flexibilidade mental e automonitoramento Hill 2004 A teoria da disfunção executiva considera o autismo associado à disfunção nos lobos frontais Estudos cie Lesões e Pesquisas dos Potenciais Relacionados a Eventos Por meio de estudos de pacientes com lesões cerebrais os pesquisadores conheceram muito sobre as relações entre áreas específicas do cérebro as áreas das lesões observadas nos pacien tes e funções lingüísticas específicas os deficits observados nos pacientes com lesão cerebral Por exemplo podemos generalizar consideravelmente que muitas funções lingüísticas encon tramse localizadas principalmente nas áreas identificadas por Broca e Wernicke Acreditase atualmente que uma lesão na área de Wernicke na parte posterior do córtex acarrete mais conseqüências nocivas para a função lingüística do que uma lesão na área de Broca mais próxima da parte frontal do cérebro Kolb Whishaw 1990 Estudos de lesões também mos traram que a função lingüística é controlada por uma área muito maior do córtex posterior do que somente á área identificada por Wernicke Além dissooutras áreas do córtex também desempenham um papel Exemplos são as áreasno hemisfério esquerdo e uma parte do córtex temporal esquerdo Adicionalmente estudos recentes por meio de imagens da recuperação póstraumáticado funcionamento lingüístico indicam que o funcionamento neurológicoda linguagem parece se redistribuir para outras áreas do cérebro que incluem áreas analógicas no hemisfério direitoe algumas áreasfrontais Portanto a lesãonas principaisáreasdo hemis fério esquerdo responsáveis pelofuncionamento da linguagem podem resultar algumasvezes em maior envolvimento de outras áreas à medida que o funcionamento da linguagemse re cupera E como se áreas previamente inativas ou obscurecidas assumissem as obrigações que não foram cumpridas Cappa et ai 1997 Finalmente algumas estruturas subcorticais por exemplo os gânglios basaise o tálamo posterior também estão envolvidos na função lingüís tica Kolb Whishaw 1990 Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 377 Geschwind 1970 propôs um modelo conhecido algumas vezes como modelo Ges chwindWemicke para o modo como a linguagem é processada no cérebro De acordo com este modelo os sons da fala que sinalizam a linguagem movemse para o ouvido interno O nervo auditivo transporta emseguida esse sinais aocórtex auditivo primário do lado tempo ral Deste ponto o sinal movese para uma área de associação do cérebro em uma região em que os lobos temporal occipital e parietal se unem Neste ponto entendese osentido daquilo que foi dito Em outras palavras o significado é atribuído nesse ponto A partir daí a infor mação processada sedirige para a área de Wernicke seguindo depois para a área de Broca Embora o modelo conforme formulado originalmente tenha localizado a compreensão da lin guagem na área de Wernicke e a produção da linguagem na área de Broca essa visão é con siderada na época atual como excessivamente simplificada A área de Wernicke parece ter algum envolvimento naprodução da linguagem e aárea de Broca nacompreensão dalingua gem Zurif 1990 Os potenciais relacionados a eventos ou PREs veja o Capítulo 2 também podem ser usados para estudar o processamento da linguagem no cérebro Para citar um exemplo um certo PRE denominado N400 um potencial negativo de 400 milissegundos após o início do estímulo ocorre normalmente quando aspessoas ouvem uma sentença anômala Dambacher Kliegl 2007 Kutas Hillyard 1980 Desse modo caso se apresente às pessoas uma seqüência de sentenças normais mas também de sentenças anômalas como Oleopardo é um guarda napo muito bom as sentenças anômalas farão surgir o potencial N400 Além disso quanto mais anômala for asentença maior a resposta exibida emoutro PRE P600 um potencial po sitivo de600milissegundos após o início do estímulo Kutas Van Patten 1994 O efeito 600 parece estar mais relacionado com erros sintáticos ao passo que o efeito N400 está mais rela cionado com erros semânticos Friederici etai 2004 Outro método usado para determinaro funcionamento do cérebro é a ressonância mag nética funcional Por meio desses métodos o domínio do hemisfério esquerdo é observado na maioria dos usuários da linguagem Anderson etai 2006 Gaillard et ai 2004 Parece que homens e mulheres processam a linguagem diferentemente pelo menos em nível fono lógico Shaywitz 2005 Um estudo de homens e mulheres por ressonância magnética fun cional solicitou aos participantes que realizassem uma das quatro seguintes tarefas 1 Indicar se um par de letras era idêntico 2 Indicar se duas palavraspossuem o mesmosignificado 3 Indicar se existe rima em um par de palavras 4 Compararoscomprimentos de duaslinhas uma tarefa de controle Os pesquisadores constataram que quando participantes masculinos e femininos esta vam executando a tarefa de reconhecimento de letras e a de significação de palavras apre sentavam ativação no lobo temporal esquerdo do cérebro No entanto quando efetuavam a tarefa de rima áreas diferentes eramativadas emfunção de serem homens ou mulheres So mente a região frontal inferior do hemisfério era ativada nos homens A região frontal infe rior dos hemisférios esquerdo edireito era ativada nas mulheres Estes resultados indicam que os homens localizaram seuprocessamento fonológico mais do queas mulheres Algumas diferenças curiosas entre os sexos aparecem no modo como afunção lingüística aparenta estar localizada no cérebro Kimura 1987 Os homens parecem apresentar maior do mínio do hemisfério esquerdo paraa função lingüística emcomparação àsmulheres As mu lheres revelam possuir mais padrões bilaterais e simétricos dafunção lingüística Além disso 378 Psicologia Cognitiva as localizações no cérebro associadas com afasia parecem diferir para homens e mulheres A maioriadas mulheres afásicas apresentou lesões na região anterior embora algumas mulheres afásicas tivessem lesões na região temporal Os homensafásicos emcontraste tiveram umpa drão maisvariado de lesões Os afásicos tinham maior probabilidade de apresentar lesões nas regiões posteriores em comparação às anteriores Uma interpretação das descobertas de Ki mura é que o papelda região posteriorna função lingüísticapode serdiferentepara as mulhe res em relação ao dos homens Outra interpretação relacionase ao fato de que as mulheres demonstram menos lateralização da função lingüística As mulheres podem ser mais capazes de compensar alguma possível perda de função devida a lesões no hemisfério posterior es querdopor meiode compensaçõesfuncionais no hemisfério posteriordireito A possibilidade de que também possam existir diferenças subcorticais entre os sexos na função lingüística complica mais ainda a facilidade para interpretar as descobertas de Kimura Recordesetam bém da discussão anterior das diferenças de comunicaçãoentre homens e mulheres Kimura 1981 também estudou o processamento hemisférico da linguagem nas pessoas que usam linguagem de sinaisem vez da fala para se comunicarem Eladescobriu que as lo calizações das lesões que se esperaria impedir a fala também impedemo uso de sinais Além disso o padrãohemisférico das lesões associadas aosdeficits de sinais possui o mesmo padrão mostrado nos deficits da fala isto é todas as pessoas destras com déficit de sinais apresentam lesões no hemisfério esquerdo de modo idêntico aos canhotos Porém alguns canhotos com déficit de sinais apresentam lesões no hemisfério direito veja também Pickelí et ai 2005 Essaconstatação confirma a visão de que o cérebro processa os sinais e a fala de modo simi lar em termos de sua função lingüística Refutaa visão de que a produção de sinaisenvolve processamentoespacialou alguma forma não lingüística de processamentocognitivo Existem algumas provas de que os mecanismos do cérebro responsáveis peloaprendizado da linguagem são diferentes daqueles responsáveis pelo uso da língua por adultos Stiles et ai 1998 Emgeral o hemisfério esquerdo parece ser maisapto no processamento de rotinas bem conhecidas O hemisfério direito é mais apto para lidar com estímulosnovos Uma des coberta possivelmente relacionada é que as pessoas que aprenderam uma língua mais tarde na vida apresentam maior envolvimento do hemisfério direito Neville 1995 Talvez a ra zão sejaque a linguagem permanece um tanto maisnova para elasdo que para outras pes soas Estasdescobertas ressaltam que não é possível mapear precisamente nos hemisférios o funcionamento lingüístico ou de outros tiposde um modoque se aplique para todas as pes soas Os mapeamentos preferencialmente possuem alguma diferença de uma pessoa para outra Zurif 1995 Apesar das muitas descobertas que resultaram de estudos de pacientes com lesão cere bral ocorrem trêsdificuldades básicas para se chegara conclusões baseadas somente nos es tudos em pacientes com lesões 1 Lesões que ocorrem naturalmente muitas vezes não são facilmente localizadas em uma região descontínua do cérebro sem efeitos nocivos emoutras regiões Por exem plo quando uma hemorragia ou um fluxo de sangue insuficiente como o dano em conseqüência decoágulos causa lesões também podem afetar outras áreas docérebro Portanto muitos pacientes que apresentam lesão cortical também sofreram algum dano nas estruturas subcorticais Isro pode confundirasdescobertas de dano cortical 2 Os pesquisadores sãocapazes de estudara função lingüística dospacientes somente após às lesões teremcausado dano Normalmente são incapazes de documentar a função lingüísticade pacientes antes do dano Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 379 3 Em virtude de ser desprovido de ética criar lesões meramente para observar seus efeitos nos pacientes os pesquisadores são capazes de estudar os efeitos das lesões somente naquelas áreas em que parecem ter ocorrido naturalmente Portanto ou tras áreas não são estudadas Outros Métodos Embota os estudos de lesões tenham validade os pesquisadores também investigam a loca lização no cérebro da função lingüística por meio de outros métodos Um exemplo é a ava liação dos efeitossobre a função lingüística após a estimulação elétrica do cérebro Ojemann 1982Ojemann Mateer 1979 Os pesquisadores descobriram por meio de estudos de simu lação que a estimulação de pontos específicos no cérebro parece acarretar efeitos descontí nuos em determinadas funções lingüísticas como a designação de objetos realizando tentativas repetidas e sucessivas Pot exemplo para uma dada pessoa a estimulação repetida de um ponto específicopode resultar em dificuldade para rememorar os nomes do objetos em cada tentativa Em contraste a estimulação de outro ponto pode resultar em uma designação incorreta de objetos Adicionalmente as informações relativas à localização no cétebro em um indivíduo específico podem não ser generalizadas a todas as pessoas Portanto para um dado indivíduo um ponto distinto de estimulação pode parecer afetar somente uma deter minada função lingüística Porém para as pessoas em geral essas localizações de função variam amplamente Os efeitos da estimulação elétrica são transitórios A função lingüística retorna ao normal após a estimulação haver cessadoEsses estudos de estimulação do cérebro também mostram que um número muito maior de áreas do córtex encontramse envolvidas na função lingüística do que se julgavaanteriormente Um estudo examinou a estimulação elétrica dos cérebrosde pessoas bilíngües Os pesquisadores descobriram que áreas distintas do cérebro eram ativadas quando a pessoa usava a língua principal ou a secundária para designar itens Ocorreu no entanto alguma sobreposição de áreas com as duas línguas Lu cas McKhann Ojemann 2004 Diferençasde gênero na função lingüística podem ser identificadas usando técnicas de estimulação elétrica Existe uma interação um tanto paradoxal entre a linguageme o cére bro Ojemann 1982 Embora as mulheres geralmente possuam aptidões verbais superiores às dos homens estes possuem uma1 área da linguagem proporcionalmente maior mais dis persa difusamente em seus cérebros do que as mulheres Portanto contraintuitivamente a dimensão da área da linguagem no cérebro pode apresentar uma relação inversa com a ca pacidade para uso da língua Esta interpretação parece obter apoio adicional nas descober tas de Ojemann mencionadas anteriormente feitas em pessoas bilíngües Essasconstatações levamem conta a distribuiçãodifusada língua não dominante versus a localização maiscon centrada da língua dominante Ainda outra linha de pesquisa envolveo estudo da atividade metabólica do cérebroe do fluxo de sangue no cérebro durante a realização de várias tarefas verbais Por exemplo estu dos preliminares do metabolismo e do fluxo de sangue indicaramque muitas áreas do cére broparecem estarenvolvidas simultaneamente durante oprocessamento lingüístico Petersen et ai1988 No entanto a maioria dos estudos confirma o viés do hemisfério esquerdo in dicado pelo estudo de lesões veja Cabeza Nyberg 1997 Os pesquisadores por meio des ses estudos conseguem examinar processos cerebrais múltiplos simultâneos envolvidos em várias tarefas lingüísticas Para todos os indivíduos destros e para a maior parte dos canhotos o hemisfério es querdo do cérebro parece estar claramente implicado nos aspectos sintáticos do processa mento lingüístico sendo essencial pata a fala e os sinais O hemisfério esquerdo também 380 Psicologia Cognitiva parece ser essencial para a capacidade de escrita O hemisfério direito entretanto parece ser capaz de efetuar muita compreensão auditiva Isto ocorre particularmente em termos de processamento semântico bem como de alguma compreensão da leitura e de recuperação lingüística póstraumática O hemisfério direito também parece ser importante em diversas das nuanças sutis da compreensão e da expressão lingüística Exemplos são compreensão e expressão da inflexão vocal e do gesto e do entendimento de metáforas e de outros as pectos não literais da língua por exemplo piadas e sarcasmo Kolb Whishaw 1990 Finalmente algumasestruturas subcorticaisem especialosgângliosbasaise o tálamo pos terior parecem estar envolvidas na função lingüística O tálamo parece ter participação na função lingüística particularmente na coordenação das áreas corticais envolvidasna fala Hu ghlingsJackson 18661932 Penfield Roberts 1959 Pesquisadores relacionaram as lesões no tálamo a dificuldades específicas da fala por exemplo preservação ou diminuição da veloci dade da fluênciaou da designação Ojemann 1975 O tálamo também pode desempenhar um papel na ativação do córtex para a compreensão e rememoração da língua Em virtude da dificuldadedo estudo das estruturas subcorticais o papel específico do tálamo e de outras es truturas subcorticais ainda não se encontra bem definido Kolb Whishaw 1990 Grande parte deste capítulo esclareceu as diversas maneiras pelas quais interagem a lín gua e o pensamento O próximo capítulo focaliza a resolução de problemas e a criatividade Porém esclareceadicionalmente a interconexão dos váriosmodospelosquais usamosa lin guagem e o modo como pensamos Temas Fundamentais Este capítulo lida com diversos temas ressaltados no Capítulo 1 Um primeiro tema é o da validade da inferência causai versus validade ecológica Alguns pesquisadores estudam a compreensão e a produção da linguagem em ambientes controlados de laboratório Por exemplo estudos da fonologia têm possibilidade de ocorrer em um labo ratório onde é possível obter controle experimental preciso dos estímulos Porém os estudos sobre a linguagem e o pensamento muitas vezes são realizados em partes remotas do mundo onde controles experimentais rígidos são apenas um sonho Estudosdo uso da linguagemem vilarejosafricanos remotospor exemplo não podem ser feitos com controles rígidos embora algum controle seja possível Conforme sempre ocorre uma combinação de metodologias oferece melhorescondições aos psicólogos cognitivospara compreenderem integralmente os fenômenos psicológicos Um segundo tema referese aos métodos biológicos versus comportamentais Estudos de lesões representam particularmenteum bomexemplo de umacombinaçãodas duasmetodo logias Exigem por um lado uma compreensão profundada natureza do cérebroe das par tes do cérebro afetadas por lesões específicas Poroutro lado os pesquisadores examinam o comportamento para compreender como lesões específicas e por inferência partes do cére bro estão relacionadas ao funcionamento do comportamento Um terceiro tema é o de estrutura versus processo Para compreenderquaisquerfenôme nos lingüísticos é preciso analisarintegralmente a estrutura da línguasendo investigada Podese então investigaros processos que são usadospara compreender e produziressa língua Sem um entendimento da estrutura e do processo seria impossível compreender ple namente a língua e o pensamento Suponha que você esteja em um camping e esteja sentado em volta da fogueira à noite admirando as numerosas estrelasno céu Suponha que você fizesse para alguém a seguinte pergunta metafórica Você gostaria de ver o sol pintar um quadro no céu da manhã O Capítulo 10 A Linguagem noContexto 381 que esta pergunta significa Algumas pessoas poderiam dizer que significa que você está per guntando se ela gostaria de despertar cedo para ver como será formoso o nascer do Sol na manhã seguinte Outras pessoas poderiam dizer que significa estar ficando tarde e você de veria dormir para acordar cedo e ver o magnífico nascer do Sol Bem suponha que você formule a mesma pergunta não em um camping masem um bar sujo Emsuaopiniãoo que a expressão verbal significará neste contexto Leia a seguinte passagem Deacdordo com uma psequisa em urna uiniverisdade igrdesa noa ipmorta em que oredm estão as Itreas em umaplaarva a úinca ciosaipmotrante é quea pirmiera e a útlima letrsa esteajm no Igugar creto O rsetnante pode ser uam cnofuasõ toatl evoêc anida cnosegeu lêal sme porbkam Itso oocerre poqreu não Imeos tdoa Itera isoaladm tee mas a plaavr cmoo umtdoo Embora a maioria das pessoas não consiga ler a passagem acima com a mesma rapidez que consegue com as letras naordem correta ainda pode entender o que a passagem diz Leitura Sugerida Comentada Tomasello M The cultural origins ofhuman cognition Cambridge HarvardUniversity Press 1999 Este livro discute o papel da culturana evolução da cogniçãohumana com ênfase especial na linguagem CAPITULO Resolução de Problemas e Criatividade n EXPLORANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA 1 Quais são algunsdos principais passos envolvidos na resolução de problemas 2 Quais são as diferenças entre problemasque apresentam um caminho claro para uma solução versus os que não o apresentam 3 Quais são alguns dos obstáculos e auxílios para a resolução de problemas 4 Como a perícia expertise afeta a resolução de problemas 5 O que é criatividade e como pode ser incentivada De que forma você soluciona os problemas que surgem em função de seus relaciona mentos com outras pessoas Como você soluciona o problema dos dois fios ilus trado na Figura 111 De que modo uma pessoa soluciona qualquer problema relacionado a isso Este capítulo examina o processo de solução de problemas bem como alguns dos empecilhos e auxílios para a resolução de problemas um esforço para superar obstáculos que obstruem o caminho para uma solução Reed 2000 Na conclusão do ca pítulo discutiremos a criatividade e o seu papel na resolução de problemas Abordaremos ao longo de todo o capítulo a maneiracomo as pessoas realizam os saltos mentais que as conduzem de um conjunto de dados conhecido para a resolução de um problema Holyoak Thagard 1995 Este capítulo tem como foco a resolução individual de problemas Eútil lembrarse no entantoquetrabalharemgrupo muitas vezes facilita a resolução de problemas Assoluções obtidas pelos grupos muitas vezes sãomelhores do que aquelas determinadas pelas pessoas Williams Sternberg 1988 Este benefício se torna mais visível quando os membros do grupo representam umavariedade de níveis de habilidade Hong Page 2004 Portanto po demos reduzir nossa dificuldade para a resolução de problemas não somenteaperfeiçoando nossas aptidõespara a resolução de problemas Também podemos facilitar nossoesforço na resolução deproblemas juntandonos com outras pessoas que contribuirão com suas aptidões para dividir conosco a resolução dos problemas Com maior variedade de habilidades tam bém se obtém maior benefício da colaboração O ciclo da resolução de problemas Empenhamonos na resolução de problemas quando precisamos suplantar obstáculos para responder a uma pergunta ou atingir uma metaSe pudermos obter rapidamente uma 383 384 Psicologia Cognitiva FIGURA 111 Imagine que você ê a pessoa posicionada nomeio desta sala naqual dois fios estão presos ao teto Suameta ê unir os dois fios porém nenhum fioésuficientemente longo para que você possa alcançar e segurar ooutro enquanto segura um deles Você tem à disposição alguns pincéis limpos uma lata de tinta e uma lona encerada Deque modo você unirá os dois fios DeRichardE Mayer The search for insight grappUng with Gestalt Psychohgys unanswered questions in The Nature of Insight organizado por R J Stemberg e E Davidson 1995 MITPress Reproduzido mediante autorização da MIT Press resposta da memória não temos um problema Caso não tenhamos uma resposta imediata então temos um problema para ser resolvido Esta seçãodescreve os passos do ciclo da reso lução de problemas que inclui a identificação do problema a definição do problema a for mulaçãodeestratégiaaorganizaçãodasinformações aalocaçãode recursos o monitoramento e a avaliação apresentados na Figura 112 veja Bransford Stein 1993 Hayes 1989 Pretz Naples Sternberg 2003 Sternberg 1986 Aoanalisar ospassos lembrese também daflexibilidade aoseguir osvários passos doci clo A resolução de problemas bemsucedida pode envolver ocasionalmente a tolerânciaa alguma ambigüidade relativa à melhor maneira paraprosseguir Raramente conseguimos re solver problemas seguindo qualquer boa seqüência de passos para a resolução de problemas Além disso podemos retroagirou avançar ao longodos passos Podemos mudar sua ordem emfunção da necessidade ou mesmo omitirou agregar passos quando parecer apropriado A maneira como as pessoassolucionam problemas depende parcialmente do modo como os compreendem Whitten Graesser 2003 Considere um exemplo de como a compreensão é importante As pessoas recebem as seguintes informaçõessobre um medicamento Stanovich 2003 Stanovich West 1999 150 pessoas tomaram o medicamento e não foram curadas FIGURA 112 Avaliação dá solução do problema Monitoramento da solução L do problema Capítulo 11 Resolução deProblemas e Criatividade 385 Identificação do problema 4 Organização das informações sobre um problema V Definição do problema Elaboração de uma estratégia para a solução do problema Alocação de recursos Os passos do ciclo da resolução de problemas incluem identificação do problema definição do problema formulação de estratégia organização das informações alocação de recursos monitoramento e avaliação 150 pessoas tomaram o medicamento e foram curadas 75 pessoas nãotomaram o medicamento e nãoforam curadas 300pessoas não tomaram o medicamento e foram curadas Elas compreenderão exatamente o que lhes foi informado Muitas pessoas acreditam que o medicamento nesse caso é benéfico Na realidade o medicamento descrito não propor ciona qualquer benefício Somente 50 das pessoas que tomaram o medicamento foram curadasistoé 150de 300Emcontraste 80das pessoas que não tomaram o medicamento ficaram curadas 300 de 375 Também precisamos nos lembrar de que nossas emoções podem influenciar o modo pelo qual implementamos o ciclo da resolução de problemas Schwarz Skurnik 2003 Nos gru pos com participantes que possuem inteligência emocional elevada isto é a capacidade para identificar emoções em outras pessoas e controlar as próprias emoções o processa mento emocional pode influenciar positivamente a resolução deproblemas Jordan Troth 2004 Nos matemáticos a capacidade para controlar o estado emocional entre outros fato res relacionase à maior capacidade para solucionar problemas Carlson Bloom 2005 A motivação também afeta consideravelmente o modo como solucionamos problemas e se chegamos a solucionálos Zimmerman Campillo 2003 1 Identificação do problema Por mais estranho que pareça identificar uma situação como problemática constitui algumas vezes umpasso difícil Podemos nãoconse guir perceber que temos uma meta Por exemplo precisaríamos estar fora do rumo de um carroque se aproxima e que deixamos de notar Ou poderíamos deixar de 386 Psicologia Cognitiva MMJKõty Tranquilizese meu bem A mudança faz bem Algumas vezes não reconhecemos um problema importante com oqual nos confrontamos The NewYorker Coliec tion 1993 RobertMankoff acessado emcartoonbankcom perceber que nosso percurso para alcançar uma meta encontrase obstruído Um exemplo seriaprecisarobter maisdinheiro porque não temoso suficiente para com prar algo que desejamos Ou poderíamos deixar de reconhecer que a solução que tínhamos em mente não está correta Porexemplo o cargo que esperaríamos con quistar poderia não estar disponível para nósSe o seu problemaé a necessidade de redigir um artigo você precisa identificar inicialmente uma pergunta que seu tra balho formulará 2 Definição e representação do problema Após identificarmos a existência de um pro blema ainda precisamos definilo e representálo emgrau suficiente para compreen dercomo solucionálo Considere porexemplo a preparação pararedigir seu artigo O passode definição do problema é fundamental Se você definire representar im precisamente o problema tem capacidade muito menor para solucionálo Funké 1991 Hegafty 1991 Defato paraa solução doproblema apresentado na Figura 111 esse passoé crucial para você determinar a resposta isto é na resolução do pro blema dos dois fios você estálimitando suaresposta à suacapacidade parasolucio nar o problema 3 Formulação de estratégia Após o problema haver sido definido corretamente o pró ximopasso consiste em planejar umaestratégia parasolucionálo A estratégia pode envolver análise desmembrar a totalidade de umproblema complexo emelementos mais simples Como alternativa ou talvez como contribuição adicional ela pode envolver o processo complementar de síntese agrupar vários elementos para dispô los emalgo útil Aoredigir o seu artigo você precisa analisar oscomponentes deseu tema pesquisar os vários componentes e então sintetizar os tópicos fazendo um rascunho deseu trabalho Conforme ocorre na maior partedasdicotomias precisase tomarcuidado para não apontar uma diferença excessiva Kotovsky 2003 As pes Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 387 soas usam a análise para ajudar na síntese das informações Também podem usar a síntese para ajudar na análise Outro par de estratégias complementares envolve o pensamento divergente e o convergente No pensamento divergente você tenta gerar um conjunto diversificado de soluções alternativas possíveis de um problema Entretanto após ter examinado diversaspossibilidades você precisa empregar o pensamento convergente para fazer comque asdiversas possibilidades setransformem na melhorsolução única Algumas vezes você simplesmente consideraaquilo que julgaser a solução mais provável que você tentará primeiro Quando você escolheu o tema do seu artigo usou em pri meiro lugar o pensamento divergente para gerar muitos tópicos possíveis Em se guida usouo pensamento convergente para selecionaro tópico maisadequado de seu interesse Ao solucionar problemas da vida real você pode precisar de análise e de síntese e do pensamento convergente e divergente Não existe uma única estratégia ideal para examinar cada problema Ao invés disso a boa estratégia depende ao mesmo tempo do problema e das preferênciaspessoaisquanto aos métodos de reso lução de problemas 4 Organização das informações Neste estágio você tenta integrar todasas informações que julga serem necessárias para realizar eficazmente a tarefa do momento Ela po deria envolver obter referênciasou mesmo juntar suas próprias idéiasEste estágio é fundamental para uma boa solução do problema Algumas vezes as pessoas não conseguem resolver um problema não por faltarlhes capacidade para solucionálo mas por não entenderem que informações possuem ou como se agrupam Após uma estratégia pelo menos uma estratégia provisória ter sido formulada você está pronto para organizar as informações disponíveis de um modo que lhe permita im plementála Evidentemente ao longo do ciclo da solução do problema você está organizando e reorganizando constantemente as informações disponíveis Nesse passo no entanto você organiza as informações estrategicamente identifi cando uma representação que o capacite da melhor forma para implementar sua es tratégia Por exemplose o seu problemaconsiste em organizar as informações para o artigo você pode usar um esboço para organizar suas idéias Se o seu problema é encontrar um endereço pode precisar organizare representaras informações dispo níveis na forma de um mapa Se o seu problema é ganhar certa quantia de dinheiro até uma determinada data você representa as informações disponíveis na forma de uma escala de tempo mostrando as datas relevantes nas quais precisará ter auferido uma parcela específica da quantia total 5 Alocação derecursos A maioria de nós além de nossosoutros problemasdefrontase com o problema de possuir recursos limitados Esses recursos incluem tempo di nheiro equipamento e espaço Alguns problemas exigem muito tempo e outros re cursos Outros requerem muito poucos recursos Estudos mostram que pessoas e os melhores alunos com muita capacidade para resolver problemas tendem a dedicar uma parte maior de seus recursos mentais ao planejamento global o quadro mais amplo do que as pessoas sem experiênciana solução de problemas As pessoas com pouca experiênciae os alunos maisfracos tendem a alocar mais tempo ao planejamento local orientadoa detalhes em comparaçãoàs pessoas com experiência Larkin etai 1980Sternberg 1981 Por exemplo os melhores alunos apresentam maior probabilidade do que os menos capazes para dedicar maistempo na fase inicial decidindo como solucionar um problemae menos tempo solucionan doo efetivamente Bloom Brpder 1950Ao dedicarem mais tempo decidindo ante cipadamente o que fazer alunos eficazes apresentam menor probabilidade de ser vítimasde inícioserrados percursos indiretose todos os tiposde erros 388 Psicologia Cognitiva Quando uma pessoaaloca mais recursosmentais ao planejamento em larga escala ela é capaz de poupar tempo e energia e evitar frustrações posteriormente Desse modo ao redigir sua dissertação de conclusão do semestre você provavelmente dedicará grande parte de seu tempo conduzindo sua pesquisa organizando suasnotas e planejando sua dissertação 6 Monitoramento O uso cuidadoso do tempo inclui o monitoramento do processo de resoluçãodo problema As pessoasque resolvemproblemascom sucessonão iniciam um percurso para uma solução e esperam em seguida até chegarem ao fim do per curso para verificaronde se encontram Schoenfeld 1981 Testam preferentemente sua própria atuação ao longo de todo o percurso para assegurarse de que estão se aproximando de sua meta Caso não estejam reavaliam o que estão fazendo Podem concluir que erraram inicialmente que saíram do trajeto em algum ponto do per curso ou mesmo que vislumbram um percurso mais promissor caso sigam uma nova direção Se você estiver preparando um artigo desejará monitorar se está progre dindo Se isto não estiver ocorrendo desejará saber por quê 7 Avaliação Da mesmaforma que precisa monitorar um problema enquanto se encon tra no processo de solucionálo você precisa avaliar sua solução após haver termi nado Uma parte da avaliação pode ocorrer imediatamente O restante pode ocorrer um pouco mais tarde ou mesmo muito mais tarde Por exemplo após esboçar o seu artigo você provavelmente avaliará seu rascunho Desejará revisálo e resumilo al gumas vezes antes de entregáloMuitas vezes ocorrem avanços importantes durante o processo de avaliação Novos problemas podem ser percebidos por meio da avalia ção Além disso o problema pode ser redefinido e podem surgir novas estratégias Novos recursos também podem se tornar disponíveisou os existentes conseguem ser usados mais eficientemente Desse modo o ciclo é concluído quando resulta em no vos imigit5 e recomeça desde o princípio Tipos de Problemas Os problemas podem ser classificados em termos de possuírem caminhos nítidos para uma solução Davidson Sternberg 2003 Os problemas bem estruturados possuem caminhos claros para uma solução Estes problemas também são denominados problemas bem definidos Um exemplo seria Como se calcula a área de um paralelogramo Os problemas mal estru turados não possuem caminhos claros para soluções Estes problemas também são denomina dos problemas maldefinidos Um exemplo seria Como você une dois fios suspensos quando nenhum deles é suficientemente longo para permitirlhe alcançar o outro fio enquanto segura um dos fios em uma mão Evidentemente no mundo real dos problemas essas duas catego rias podem representar um continuum de clareza na resolução de problemas ao invésde duas classes isoladascom um limite claro entre as duas Não obstante as categorias são úteis para compreender como as pessoas solucionam problemas Examinamos a seguir cada um desses tipos de problemas Problemas Bem Estruturados Nos testes aplicados na escola seus professores lhe solicitaram que analisasse um número infindável de problemas bem estruturados em áreas de conteúdo específico por exemplo Matemática História Geografia Estes problemas possuíam percursos claros talvez não necessariamente fáceis para as soluções em particular a aplicação de uma fórmula Na pesquisa psicológica os psicólogos cognitivos poderiam lhe solicitar que solucionasse tipos Capftulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 389 de problemas bem estruturados com menos conteúdo específico Por exemplo os psicólogos cognitivos estudaram muitas vezes um determinado tipo de problema bem estruturado a classe dos problemas de movimento assimdenominados porque exigem uma série de movi mentos para se atingir o estado de uma meta final Talvez o maisconhecido desses proble mas seja aquele que envolve duas partes antagônicas que denominamos hobbits e ores no box Investigando a Psicologia Cognitiva Três hobbits e três ores estão na margem de um rio Os hobbits e os ores precisampassarpara a outra margemdo rio Possuem para essafinalidade um pequeno barco a remo com lugar para somente duas pessoas Existe no entanto um problemaSe o número de ores em qualquer das margens excedero número de hobbits nessa margem os ores comerão os hobbits De que modo todas as seis criaturas conseguem ir para o outro ladodo rio de um modo que chegarão lá com a floresta intacta Tente solucionar o pro blema antes de prosseguir a leitura A solução do problema encontrase indicada na Figura 113 A solu ção contém diversas características que vale a pena observar Primeiro o problema pode ser resolvido com um mínimo de 11 passos incluindo o primeiro e o último Segundo a solução possui uma natureza essencial mente linear Existe apenas um movimento válido unir dois pontos para traçar um segmento na maioriados passos para a solução do problema Emtodosos passos com exceçãode doisao longo do percurso da solução somente um erro pode ser cometido sem violar as regras do problema do movimento prosseguir diretamente em sentido inverso para chegar à solução No segundo passoexistem duas respostaspossíveis que permitem avançar Porém ambas conduzem à resposta correta Desse modo nova mente o erro mais provávelconsiste em retornar a um estado anterior na solução do problema INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA De acordo com os pesquisadores que estudaramo problema as pessoas parecem come ter trêstipos principais de erros Greeno 1974 Simon Reed 1976 Thomas 1974 Elas 1 inadvertidamente se movem em sentido inverso 2 realizam movimentos proibidos e 3 não compreendem a natureza do próximo movimento permitido O primeiro tipo de erro consiste em reverter a um estado que vai além da meta final por exemplo mover todos os ores e hobbits de voltapara a primeira margem do rioO segundo tipo de erro consiste em fa zer um movimento proibido istoé um movimento que não é permitido segundo os parâme tros do problema Porexemplo um movimentoque resultasse em ter maisde dois indivíduos no barco seria proibido O terceiro tipo de erro envolve se tornar imobilizado não saber o que fazer em seguida tendo em vista o estágio atual do problema Um exemplo seriaen tenderque você precisa levar um ore ou um hobbit de volta pelo rio a seu ponto de partida antes de poder levar qualquer dos personagens restantes Um método paraestudarcomosolucionar problemas bemdefinidos é realizar simulações por computador Neste caso a tarefa do pesquisador consiste em criar um programa de computador que possa resolver esses problemas Ao desenvolver as instruções queum compu tador precisa executar parasolucionar problemas o pesquisador consegue entender melhor como os seres humanos solucionam tipos similares de problemas Deacordo com ummodelo de resolução de problemas Newell Simon 1972 a pessoa que pode estar usando a inteli gência humana ou artificial precisa perceber o estadoinicialdo problema e o estado da meta no âmbito do espaço do problema Wenke Frensch 2003 Um espaço do problema é o 390 Psicologia Cognitiva FIGURA 113 Margem 1 HHH 000 H Hobbits Margem 12 HHH 000 Leia obox investigando a Psicologia Cognitiva para uma explicação da solução Oque você pode aprender arespeito de seus próprios métodos de solução deproblemas observando como lidou com esse problema específico De In Search ofthe Human Mind por RobertJ Sternberg 1995 Harcourt Brace Company Reproduzido mediante autorização da editora Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 391 universo de todas as ações possíveis que podem ser aplicadas à solução de um problema da das todas aslimitações queseaplicam à solução do problema De acordo comesse modelo a estratégia fundamental parasolucionar problemas consiste emdividir o problema emuma sé rie de passos Estes passos conduzirão no final à solução do problema existente Cada passo envolve um conjunto de regras para os procedimentos as operações que podem ser imple mentados O conjunto de regras é organizado hierarquicamente em programas contendo di versos níveis internosde subprogramas denominados rotinas e subrotinas Muitos dos programas de subnível são algoritmos seqüências de operações que podem ser repetidas exaustivamente e que em teoria garantem a solução de um problema Hunt 1975 Sternberg 2000 Geralmente umalgoritmo continua até satisfazer uma condição de terminada porum programa Suponha que seproponha a umcomputador umproblema bem definido e umahierarquia apropriada programa deoperações organizada emalgoritmos de procedimento O computador consegue calcular prontamente todas as operações e combi nações deoperações possíveis no âmbito deespaço do problema Também pode determinar a melhorseqüência possível de passos a seguir para a resolução do problema A mente humana no entanto ao contrário dos computadores não consegue processar computações emalta velocidade das numerosas combinações possíveis Os limites de nossa memória de trabalho nos impedem de considerarmaisdo que apenas algumas poucas ope rações possíveis acadavez Hambrick Engle 2003 Kintsch et ai 1999 veja também o Ca pítulo 5 Newell e Simon reconheceram esses limites e observaram que os seres humanos precisam usar atalhos mentais para solucionar problemas Esses atalhos mentais sedenomi nam heurísticas estratégias informais intuitivas e especulativas queconduzem algumas vezes a umasolução eficaz e outras vezes não Fischhoff 1999 Holyoak 1990 Korf 1999 Stanovich 2003 Sternberg 2000 Suponha que armazenemos na memória de longoprazo diversas heurísticas simples que podemos aplicar a uma variedade de problemas Por esse meio podemos aliviar a carga emnossa memória de trabalho com capacidade limitada Newell e Simon observaram que na ocasião em que pessoas orientadas à resolução de problemas se defrontaram com um problema para o qual não conseguiam vislumbrar uma resposta imediata aqueles que conseguiam resolver os problemas usaram a heurística daaná lise de meiosfins Nesta estratégia a pessoa quese propõe a resolver um problema compara o estado atual e o estadoda meta e segue passos para minimizar asdiferenças entre osdoises tados Diversas outras heurísticasde resolução de problemas incluemavançar retroagir e gerar e testar O Quadro 111 ilustracomo uma pessoa que soluciona problemas podeaplicaressas heurísticas ao problema de movimento mencionado anteriormente Greeno Simon 1988 e a um problema mais comumda vidadiária Hunt 1994 A Figura 114 apresenta um espaço do problema rudimentar para o problema de movimento Ilustra que pode existir qualquer número de estratégias possível para solucionálo Você entra em uma livraria procurando certo livro Make a Million ina Month de Hor tense Hortigan Você não tem certeza onde na livraria ou em algum lugar pode encontraro livro Qualseria um algoritmo parasolucionar este problema Equanto a uma heurística O únicoalgoritmo que lhe garante descobrir se o livro está na livraria é verificar cada livro da loja No final você terá encontrado o livro de Hortigan ou procurado sem sucesso entre todos os títulos Existem no entanto muitas heurísticas possíveis que você poderia aplicar Uma delas consiste em pedir auxílio a um atendente Uma segunda é examinar a relação de livros naloja para constatar se um exemplar encontrase disponível Uma terceira é iniciar sua busca em seções mais plausíveis finanças ou autoajuda somente então pas sandoparaas seções menos plausíveis e assim pordiante Observe entretanto que se você usar as heurísticas e não encontrar o livro não consegue ter certeza de que o livro não se encontra lá Por exemplo pode estarno lugar errado ouaindanão constar da relação de li vros à venda 392 Psicologia Cognitiva QUADRO 111 Quatro Heurísticas Estas quatro heurísticas podem ser usadas para a solução do problema de movimento ilustrado nas Figuras 113 e 114 HEURÍSnCA Análise de meiosfins Avançar Retroagir Gerar e testar Definição da Heurística A pessoa que se propõe a so lucionar o problema o ana lisa vislumbrando a finali dade a meta sendo almejada e tenta em se guida diminuir a distância entre a posição atual no es paço do problema e a meta final neste espaço A pessoa que se propõe a so lucionar o problema princi pia do início e tenta resol vêlo do começo para o fim A pessoa que se propõe a so lucionar o problema inicia pelo fim e tenta avançar em sentido inverso a partir deste ponto A pessoa que se propõe a so lucionar o problema simples mente gera passos alternati vos não necessariamente de modo sistemático e observa por sua vez se cada passo dará certo Exemplo de Heurística Apucada ao Problema Greeno Simon 1988 Tente localizar o maior número de pessoaspossível na margem distante e o me nor número de pessoaspossí vel na margem próxima Avalie a situação cuidadosa mente com as seis pessoas em uma margem e tente em se guida transportálas passo a passo para a margem oposta Inicie com o estado final todos os hobbits e todos os ores na margem distante e tente deslocarse em sentido inverso Este método opera razoavel mente bem para o problema de movimento porque na maioria dos passos do pro cesso existe apenas um mo vimento de avanço permitido e nunca existem mais de duas possibilidadessendo que am bas conduzirão no final à solução Exemplo de Heurística Apucada a um Problema da Vida Diária Como Viajar de Avião de sua Cidade para Outro Local Usando o Percurso Mais Direto Possível Hunt 1994 Tente minimizar a distância entre a origem e o destino Identifique todas as possíveis rotas aéreas conduzindo da cidade de origem em direção ao destino e escolha as rotas que parecem conduzir mais diretamente ao destino Identifique as rotas aéreas possíveis que alcançam o destino e avance para identi ficar quais dessas rotas podem ser traçadas mais diretamente para conduzir ao destino Identifique as diversas rotas alternativas possíveis a partir da cidade de partida e deter mine em seguida quais des sas rotas poderiam ser usadas para chegar ao destino Esco lha a rota mais direta Infeliz mente dado o número de combinações possíveisdas rotas aéreas esta heurística pode não ser de muita ajuda Problemas Isomórficos Algumas vezes dois problemas são isomórficos isto é sua estrutura formal é a mesma e somente seu conteúdo formal difere Algumas vezes como no caso do problema dos hobbits e ores e de um problema similar envolvendo missionários e canibais em que os canibais FIGURA 114 minimizar Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 393 Espaço do problema Todas as estratégias possíveis Análise de melosfinsl Teste não dará resultado I I Teste não dará resultado Teste não dará resultado Teste dará resultado minimizar Um espaço do problema contém todas as possíveis estratégias que conduzem do estado inicial do problema para asolução oestado da meta Este espaço do problema por exemplo mostra quatro das heurísticas que poderiam ser usadas para a resolução do problema de movimento ilustrado na Figura 113 De In Search ofthe Human Mind por Robert J Sternberg 1995 Harcourt Brace Company Reproduzido mediante autorização do editor comem os missionários quando os suplantam em número o isomorfismo é óbvio De modo similar você pode detectar prontamente o isomorfismo de muitos jogos que envolvem a construção de palavras a partirde letras mescladas ou desordenadas A Figura 115 também apresenta um conjunto deproblemas isomórficos diferente Eles ilustram alguns dos enigmas associados aos problemas isomórficos Muitas vezes é extremamente difícil observar o isomorfismo estrutural básico dosproble mas Reed 1987 Reed Dempster Ettinger 1985 Também é difícil uma pessoa ser capaz de aplicar estratégias para a resolução de problemas de um problema para outro Por exemplo pode não estar claro como um exemplo de um livrotexto aplicase a outro problema por exemplo umproblema em umteste As pessoas que solucionam problemas não demonstram apossibilidade de detectar isomorfismos quando dois problemas são similares porém não idên ticos emestrutura Além disso quando o conteúdo ouascaracterísticas superficiais dos proble mas diferem acentuadamente é mais difícil perceber o isomorfismo daestrutura dosproblemas Por exemplo crianças em idade escolar podem considerar difícil ver similaridade estrutural en tre vários problemas envolvendo palavras que são apresentados de acordo com situações em histórias diferentes De modo similar os alunos de Física podem ter dificuldade para perceber as similaridades estruturais entre vários problemas dessa disciplina quando forem empregados tipos diferentes de dados O problema do reconhecimento do isomorfismo em vários contextos nos faz retornar às dificuldades recorrentesna representação dos problemas Problemas de Representação dos Problemas Qual é a principal razão por que alguns problemas são mais fáceis de solucionar doque seus isomorfismos Considereasdiversas versões de um problema conhecido comoTorrede Hanói Neste problema a pessoa que deve resolvêlo precisa usar uma série de movimentos para 394 Psicologia Cognitiva FIGURA 115 a 1 2 3 4 5 6 7 8 9 b x x C 6 1 8 7 5 3 2 9 4 X O o O o Compare osproblemas ilustrados nos jogos de a série denúmeros b jogo davelha e c quadro mágico A série de números baseiase em equações Que valores triplos dos números satisfazem a equação X Y Z 15 O jogo da velha requer que a pessoa coloque três X ou três O emuma linha coluna ou diagonal O quadrado mágico requer que a pessoa indique números no quadro dojogo davelha demodo que cada linha coluna e a diagonal principal some até 15 Sob que aspectos esses problemas sãoisomórficos De que modo suas diferenças deapresentação afetam a facilidade de representar e solucionaresses problemas transferir um conjunto de anéis usualmente três da primeira das três hastes para a terceira usando o menor número de movimentos possível Figura 116 Os pesquisadores apresenta ram essemesmoproblemabásicoem muitas formas isomórficas diferentes Kotovsky Hayes Simon 1985 Eles constataram que algumas formasdo problema levavamum tempo até 16 vezesmaior para resolver em comparação a outras formas Embora muitos fatores tenha in fluenciado essas descobertas um determinante fundamental da relativa facilidade da resolu ção do problema foi o modo como ocorreu a representação do problema Por exemplo na forma apresentada na Figura 116 os tamanhos físicos diferentes dos discos facilitavam a re presentação mental da restrição de colocar os discos maiores sobre os menores Outras formas do problema não a facilitaram Existem muitas variações dessa tarefa envolvendo regras e restrições diferentes Chen Tian Wang 2007 Problemas comoo da Torrede Hanói constituemum desafio às habilidades parasolucio nar problemas em parte por causa das exigências impostas à memória de trabalho Um es tudo constatou que existe uma relação entre a capacidade da memória de trabalho e a capacidade para resolver problemas analíticos Fleck 2007 Outrospesquisadores solicitaram aos participantes na experiência que realizassem a tarefa que denominaram Torre de Lon dres muito similar à da Torre de Hanói Welsh SatterleeCartmell Stine 1999 Nesta ta refa a meta consistia em mover um conjunto de bolas coloridas para hastes de tamanhos diferentes a fim de obter uma configuração preestabelecida Como no caso da Torre de Ha nóihavialimitações comrelação àsbolas quepoderiam sermovimentadas a cada tempo Eles também aplicaram nos participantes dois testes de capacidade da memória de trabalho Cons tataram que as avaliaçõesda capacidade da memória de trabalho representam entre 25 e 36da variância de como os participantes foram bemsucedidos na resolução do problema De modo interessante a velocidade de processamento mental alardeada algumas vezes comofundamental para a inteligência veja o Capítulo 13 não apresentou correlação com o sucesso na solução Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 395 FIGURA 116 Existem trls discos de tamanhos diferentes coiocadosna haste mais à esquerda de modo que o disco maior encontrase por baixo o de tamanho médio no meio e o menor notopo Sua tarefa consiste em transferir todos os três discos para a haste à direita usando a haste média como área deapoio conforme seja necessário Você pode deslocar somente um disco por vez enunca pode colocar um disco maior sobre um menor De Intelligence Applied Understanding andIncre asing Your Intellectual Skills por RobertJ Stemberg 1986 Harcourt Brace Company Reproduzido mediante autorização da editora Recordese doproblema dos dois fios proposto no início deste capítulo A solução dopro blemados dois fios estádemonstrada na Figura 117 Conforme estafigura mostra o problema dos dois fios pode ser solucionado Muitas pessoas consideram noentanto extremamente di fícil chegar à solução Muitas nunca conseguem por mais que se esforcem As pessoas que consideram oproblema insolúvel muitas vezes erram no Passo 2dociclo daresolução dopro blema após o qualnuncaserecuperam isto é aodefinirem o problema como umemquepre cisam ser capazes deaproximarse de umfio enquanto seguram o outro eles seimpõem uma limitação que tornao problema virtualmente insolúvel Infelizmente todos nós estamos su jeitos a definir problemas erroneamente de tempo em tempos conforme ocorre no caso do problema dos doisfios Problemas Mal Definidos e o Papel do Insight O problema dos dois fios constitui um exemplo de um problema mal estruturado Na reali dade embora possamos deturpar ocasionalmente problemas bemestruturados temos uma probabilidade muito maior de apresentar dificuldade para representar problemas mal estrutu rados Antes deexplicarmos a natureza dos problemas mal estruturados tenteresolver mais alguns destes problemas Osproblemas a seguir ilustram algumas das dificuldades criadas pela representação de problemas mal estruturados baseado em Sternberg 1986 Assegurese de tentar todos os três problemas antes de ler as soluções 1 Harry Cheio de Si e diversos outros carpinteiros estavam à procura de trabalho A supervisora daobra deu a cada candidato duas hastes demadeira uma medindo 25 cm x 5 cm x 150 cm e a outra 25 cm x 5 cm x 1075 cm e uma braçadeira de 2 polegadas 5 cm Esta situação se encontra representada na Figura 118 A abertura dabraçadeira é suficientemente larga para que ambas as hastes possam ser inseridas e mantidas juntas quando a braçadeira é parafusada A supervisora encaminhou os candidatos a emprego a uma sala medindo 3675 mx 1815 me com teto de 24 mde 396 Psicologia Cognitiva FIGURA 117 Muitas pessoas supõem que precisam encontrar uma maneira para moverse em direção acada fio e em seguida unibs Elas não conseguem considerar a possibilidade de identificar uma maneira de fazer com que um dos fios movase em di reção aelas como por exempio amarrando algo a um dos fios e então oscilando oobjeto como um pêndulo e final mente pegando o objeto quando oscila perto do outro fio Não existe algo no problema indicando que apessoa precise se mover aoinvés de ofio poder se movimentar Não obstante a maioria das pessoas pressupõe que a imitação existe Ao se imparem uma limitação desnecessária e injustificada as pessoas tomam oproblema insolúvel De Richard E Mayer The Search for Insight Grappíing with Gestalt Psychobgys lnanswered Quesrions in TheNature ofInsight orga nizado por R J StembergeJ E Davidson 1995 MIT Press Reproduzido mediante autorização altura Estavam instaladas no teto duas vigas de30 cm x 30 cm que o dividiam em trêspartesiguais no sentido do comprimento Ela disse aos candidatos quecontrata ria o primeiro que pudesse fazer uma armaçãopara capacetes que pudesse suportar seu capacete usando apenas as duas hastes e a braçadeira Ela podia contratar so mente umapessoa Portanto recomendouque os candidatosnão tentassemse ajudar mutuamente O que Harry deveria fazer 2 Uma mulherque morava em umacidade pequenacasou 20homensdiferentes nesta mesma cidade Todos eles ainda vivem e ela nunca se divorciou de nenhum deles Apesar disso ela não infringiu a lei Comopode agir dessa forma 3 Você temem uma gaveta meias pretas e marrons avulsas misturadas emuma pro porção de cinco pretasparacada marrom Quantas meias você precisa tirar dessa gaveta para ter certeza de conseguir um par da mesma cor O problema dos dois fios e cadaumdos três problemas precedentes sãoproblemas males truturados Não existem percursos claros e prontamente disponíveis para a solução Ospro blemas mal estruturados pordefinição não possuem os espaços deproblemas bem definidos As pessoas que se propõem a solucionar problemas apresentam dificuldade para elaborar re presentações mentais apropriadas para modelar esses problemas e suas resoluções Para tais Capitulo 11 Resolução deProblemas e Criatividade 397 FIGURA 118 Usando apenas os materiais aqui apresentados como você pode fazer uma armação para capacetes na sala apresentada nesta figura De Richard E Mayer The Search for Insight GrappUng with Gestalt Psychologys Unansvjered Quês tionsin TheNature ofInsight organizado por RJ Stemberg ej E Davidson 1995 MIT Press Reproduzido mediante autorização da MIT Press problemas grande parte da dificuldade reside em elaborar um plano a fim de seguir seqüen cialmente uma série de passos que avancem cada vez mais próximos dasolução Em uma pes quisa oconhecimento dodomínio e as habilidades de justificação provaram ser importantes para aresolução de problemas mal ebem estruturados Shin Jonassen McGee 2003 No en tanto fatores cognitivos e emotivos adicionais incluindo atitudes em relação à ciência e à regulação do conhecimento também são importantes para a resolução de problemas mal es truturados Shin Jonassen McGee 2003 Esses três problemas mal estruturados específicos são denominados problemas de insight Para solucionar cada problema você precisa conside rálo por uma nova perspectiva Em particular precisa considerálo diferentemente do modo como provavelmente o encararia inicialmente e de uma maneira diferente daquela que pro vavelmente soluciona problemas em geral isto é precisa reestruturar sua representação do problema para solucionálo Insight é um entendimento notável e algumas vezes aparentemente súbito de um pro blema ou de umaestratégia queajuda a solucionálo O insight envolve muitas vezes conceitu alizar um problema ou uma estratégia para sua solução de um modo totalmente novo O insight envolve freqüentemente detectar e combinar informações relevantes antigas e novas para ob ter uma visão inédita do problema oudesuasolução Embora insights possam transmitir a im pressão de serem súbitos muitas vezes são oresultado de muito raciocínio e trabalho esforçado anteriores O insight pode tomar parte na resolução de problemas bem estruturados porém é associado com mais freqüência aocaminho árduo e tortuoso para asolução que caracteriza os problemas mal estruturados Durante muitos anos os psicólogos interessados na resolução de problemas têm se empenhado em descobrir a verdadeira natureza do insight Foram empreendidas iniciativas recentes para mapear a atividade neural associada ao insight Os pesquisadores mediante o uso de ressonância magnética funcional descobriram que o hipocampo direito é fundamental na formação de uma solução baseada em insight Luo Niki 2003 Conforme você se recorda dos Capítulos 2e 5 o hipocampo participa da 398 Psicologia Cognitiva formação de novas lembranças Portanto faz sentido o hipocampo se envolver na formação de uma solução baseada no insight pois esse processo envolve a combinação de informações relevantes armazenadas na memória Outroestudo demonstrou umpico deatividade na área temporal anteriordireita imediatamente antes de um insight serformado JungBeeman etai 2004 Esta área fica ativada durante todos os tipos desolução de problemas pois envolve re alizar conexões entreitens relacionados de ummodo distante JungBeeman etai 2004 Esse pico de atividade indica entretanto um entendimento súbito das relações no âmbito de um problema que conduz a uma solução Correlatos neurais medidos mesmo antes de uma pessoa depararse com umproblema po dem prever se ocorrerá o insight Emum estudo durante a preparação antes de conhecerem um problema os participantes que gerariam posteriormente uma solução baseada em insight apresentavam ativação substancial nos lobos frontais ao passo queos participantes que não gerariam uma solução baseada em insight possuíam ativação comparável nos lobos occipitais Kounios et ai 2006 Essas descobertas indicam emprimeiro lugar que certas pessoas dis postas a resolver umproblema têmmais probabilidade de usar insigfit doqueoutras Segundo indicam que o insight envolve algum planejamento antecipado que ocorre antes de um pro blema sequer ser apresentado Para compreender algumas das visões alternativas sobre solução de problemas baseada em insight você poderá considerar útil conhecer assoluções dos problemas de insight prece dentes Examine primeiro o problema da armação para capacetes Harry foi incapaz desolu cionálo antesdeSally ter feito rápida e agilmente uma armação paracapacetes como aquela apresentada na Figura 119 Parasolucionar o problema Sally tevede redefinir sua visãodos materiais disponíveis de um modo que lhe permitiu conceber uma braçadeira como apoio para um capacete A mulher envolvida emdiversos casamentos é uma religiosa queoficia casamentos O ele mento crítico parasolucionar esse problema consiste emreconhecer quea palavra casou pode ser usada para descrever a realização da cerimônia decasamento Portanto a religiosa casou os 20 homens porém ela mesma não se casou com qualquer um deles Para solucionar esse problema vocêdeveria redefinir sua interpretaçãodo termocasou Outros indicaram a exis tência de possibilidades adicionais Por exemplo talvez a mulher fosse uma atriz e somente tenha se casadocom os homens desempenhandopapéis Ou talvez os diversos casamentos da mulher foram anulados eportanto tecnicamente elanunca sedivorciou dequalquer um dos homens Quanto às meias você precisa tirar apenas três meias para assegurarse de ter um par da mesma cor A informação sobre a proporção é irrelevante Asduas primeiras meias que você retira podem ter a mesma cor ou não mas a terceira certamente combinará com uma das primeiras Visões Iniciais da Psicologia da Gestalt Os psicólogos daGestalt enfatizaram a importância do todo como mais do que um conjunto das partes No que diz respeito à solução de problemas eles afirmaram que problemas envol vendo o insight requerem que as pessoas dispostas a solucionálas percebam o problema como um todo O gestaltista Max Wertheimer 19451959 escreveu sobre o pensamento produtivo o qualenvolve msights quevãoalém dos limites dasassociações existentes Ele o diferenciou dopensamento reprodutivo firmado emassociações existentes envolvendo o que jáé conhe cido De acordo com Wertheimer o pensamento com base em insight produtivo difere fundamentalmente do pensamento reprodutivo Aosolucionar os problemas de insight propos tos neste capítulo você teve de afastarse de suas associações existentes e examinar cada problema sob uma luz inteiramente nova O pensamento produtivo também pode ser aplicado aos problemas bem estruturados Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 399 FIGURA 119 Você foi capaz de modificar sua definição dos materiais disponíveis cie um modo que oajudou asolucionar oprobíema De Intelligence Applied Understanding and Increasing Your Intellectual Skills por Robert J Sternberg 1986Harcourt Brace Company Reproduzido mediante autorização da editora Wolfgang Kõhler 1927 umcolega de Wertheimer estudou o insight emprimatas par ticularmente umchimpanzé chamado Sultão que vivia emuma jaula Segundo a visão de Kõhler ocomportamento dosímio ilustrava o insight Para Kõhler e outros seguidores da Psi cologia da Gestalt o insight constitui um processo especial Envolve pensamento que difere do processamento de informações normal e linear Os gestaltistas descreveram exemplos de insight Examinaram algumas maneiras pelas quais oprocesso especial de insight poderia ocorrer Poderia resultar de 1 saltos inconsisten tes e prolongados do pensamento 2 processamento mental altamente acelerado ou 3 al gum tipo de impedimento dos processos normais de raciocínio Perkins 1981 Infelizmente os primeiros psicólogos da Gestaltnão ofereceram provas convincentes paraqualquer desses mecanismos Tampouco especificaram exatamente o queé insight Portanto precisamos tam bém considerar as visões alternativas A Visão do Nadaemespecial De acordocom a visão do nadaemespecial o insight é meramente uma extensãode per cepção reconhecimento aprendizado e elaboração normais Langley et ai 1987 Perkins 1981 Weisberg 1986 1995 Eles propuseram que os gestaltistas falharam ao definir com clareza o insight por não existir qualquer processo de pensamento especial denominado insighf Além disso as pessoas parecem algumas vezes tersolucionado problemas caracte rizados como de insight sem passar pela experiência de uma reestruturação mental súbita do problema Em outras ocasiões as pessoas parecem apresentar uma reestruturação mental repentina dos problemas considerados rotineiros Weisberg 1995 Insights são meramente produtos significativos dos processos de pensamento usuais A Visão NeoGestaltística Alguns pesquisadores descobriram que a resolução de problemas com base em insights pode ser diferenciada daquela que não emprega insights sob dois aspectos Metcalfe 1986 Metcalfe 400 Psicologia Cognitiva Wiebe 1987 A título de exemplo quando sesolicita a determinadas pessoas quesolucionem problemas elas demonstram notável precisão em sua capacidade para prever seu próprio su cesso na solução de um problema antes de qualquer tentativa para resolvêlo Em contraste quando lhes são apresentados problemas de insight demonstram capacidade reduzida parapre verseu próprio sucesso antesde tentar solucionar osproblemas As pessoas quesepropuseram a solucionar problemas manifestaram pessimismo quanto à sua capacidade para resolver pro blemas de insight enquanto as que não conseguiram solucionálos muitas vezes eramotimis tas quanto à sua capacidade para resolvêlos Os pesquisadores usaram adicionalmente uma metodologia perspicaz para observar o processo de resolução de problemas enquanto osparticipantes resolviam problemas rotineiros e de insights Osparticipantes paravam brevemente em intervalos de 15 segundos para ava liar o quanto julgavam estar próximos quente oudistantes frio de obter uma solução Considere inicialmente o que aconteceu para problemas rotineiros como de Álgebra Torre de Hanói e problemas de raciocínio dedutivo Os participantes demonstraram acréscimos in crementais em seus julgamentos de quente à medida que se aproximavam da solução cor reta Para os problemas de insight entretanto os participantes não demonstraram tais aumentos incrementais A Figura 1110 mostra umacomparação entre osjulgamentos expres sos da situação quente da solução de problemas de Álgebra eproblemas de insight Os parti cipantes ao resolverem problemas de insight não demonstraram a sensação de quente até alguns instantes antes de perceberem repentinamente a solução e solucionarem de modo correto o problema Asdescobertas deMetcalfe certamente parecem apoiar a visão gestaltista de que existe algo especial a respeito da resolução de problemas com base no insight emcon traposição à resolução de problemas rotineiros e não baseados em insight No entanto a natu reza específica e os mecanismos subjacentes dasolução deproblemas com base noinsight ainda precisam ser analisados por essaspesquisas A Visão dos Três Processos Outravisão do insight focalizou especificamente os mecanismos possíveis para a resolução de problemas combase no insight Davidson 1995 2003 Davidson Sternberg 1984 Deacordo com essa visão os insights sãode três tipos correspondendo a três processos diferentes codi ficação seletiva comparação seletiva e combinação seletiva Estes processos podem serusados com insight ou com pouco insight Os insights de codificação seletiva envolvem a distinção entre informações relevantes e irrelevantes Recordese de capítulos anteriores que a codificação envolve representar infor mações na memória Todos nóspossuímos disponível umvolume muito maior de informações doque possivelmente conseguimos processar Portanto cada um de nós precisa selecionar as informações que são importantes para nossas finalidades Precisamos filtrar aomesmo tempo as informações sem importância ou irrelevantes Codificação seletiva é o processo pelo qual esta filtragem é realizada Porexemplo quando você está tomando notas durante uma aula deve codificar seletivamente que pontos são importantes Precisa identificar que pontos justi ficam e explicame quais não são necessários Os insights de comparação seletiva envolvem percepções novas de como as novas in formações relacionamse às antigas O uso criativo de analogias é uma forma de comparação seletiva Quando solucionamos problemas importantes quase sempre precisamos nos valer de nosso conhecimento existente Precisamos comparar em seguida essas informações com nosso novo conhecimento do problema atual Os insights decomparação seletiva constituem a base para esse relacionamento Suponha porexemplo que você precise dominar todauma lista de termos novos para seu estudo de Psicologia Cognitiva Você pode ser capaz de com parar paraalguns dos termos osnovos termos compalavras sinônimas quejá conhece Para outros pode sercapaz de ampliar o sentido e elaborar palavras que já conhecea fim de de finir os novos termos FIGURA 1110 Insight 12 3 4 5 6 Avaliação de quente Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 401 15 segundos 30 segundos 45 segundos 60 segundos Álgebra 1 2 3 4 5 6 7 Avaliação de quente Quando Janet Metcalfe propôs aos participantes problemas rotineiros eproblemas de insight eíes demonstraram diferen ças nítidas em seus julgamentos de quente àmedida que se aproximavam da resolução de problemas Estes histogramas de freqüência gráficos de barra nos quais a área de cada barra indica afreqüência para o intervalo de tempo indicado mostram sensações comparativas de quente durante os quatro intervalos de 15 segundos antes da solução dos problemas Os participantes quando solucionavam problemas de insights não demonstraram aumentos incrementais nos julgamen tos de quente ao passo que quando solucionavam problemas rotineiros não demonstraram aumentos incrementais distintos nas avaliações de quente Os problemas rotineiros incluíam problemas de Álgebra como por exemplo Ox1 2x I03x Os problemas de insight incluíram problemas do tipo Um prisioneiro estava tentando escapar de uma torre Encontrou emsua cela uma corda que possuía metade do comprimento necessário para atingir o solo com segurança Ele dividiu acorda em duas partes iguais as juntou eescapou Como conseguiu fazer isso Metcalfe Wiebe 1987 p 242 245 402 Psicologia Cognitiva Os insights de combinação seletiva envolvem usar partesdiminutas de informações re levantes codificadas e comparadas seletivamente e combinálas de um modo novo e produ tivo Muitas vezes não é suficiente apenas identificarmos analiticamente as informações importantes para a soluçãode um problema Também precisamos descobrir como sintetizar as informações Por exemplo parasolucionar o problema de armaçãoparacapaceteou o pro blema dos dois fios você precisava encontraruma maneira dejuntarosmateriais disponíveis de um modonovo Paraescrever umadissertação de conclusão de semestre vocêprecisa sin tetizar suasnotas de pesquisa de uma maneira que focalize o tópico central de seu trabalho Insights Adicionais Sobre o Insight Existe outra visão da solução de problemas rotineiros versus com base no insight Smith 1995a Umapessoa consegue distinguir entrea experiência de insight e o insight Umaexpe riênciade insight é um processo especial envolvendo uma reestruturação mental súbita Um insight é umacompreensão que pode envolvera experiênciaespecialde insight ou processos cognitivos normais que ocorrem de modo incrementai ao invés de subitamente Portanto os problemas rotineiros podem exigir insight mas não requerem a experiência de insight Os problemas com base no insight exigem no entanto a experiência de insight Portanto de acordo com Smith os insights não precisam ser experiências súbitas do tipo ahha Eles podem ocorrer e muitas vezes efetivamente ocorrem de modo gradual e incrementaiao longo do tempo Quando uma solução com base no insight é necessária porém não está prestes a acon tecer o sono pode ajudar a produzir uma solução Na solução de problemas matemáticos e na de uma tarefa que requer entendimento de regras próprias foi provado que o sono au menta a probabilidade de que o insight será produzido Stickgold Walker 2004 Wagneret ai 2004 Infelizmente os insights como muitos outros aspectos do pensamento humano podem ser surpreendentemente brilhantes ou totalmente falhos Como nos tornamos vítimas de armadilhas mentais que podem nos conduzir para caminhos falsos quando tentamos ob ter soluções Obstáculos e Auxílios à Resolução de Problemas Diversos fatores podem prejudicar a solução de problemas Configurações Mentais Entrincheiramento e Fixação Um fator quepode prejudicar a solução de problemas é a configuração mental uma dispo siçãoda mente envolvendo um modelo existente para representar um problema o contexto de um problema ou um procedimento para a solução do problema Entrincheiramento é outra designação para configuração mental Quando as pessoas que solucionam problemas pos suemumaconfiguração mentalentrincheiradaelassefixam em umaestratégia que normal mente dá resultado na solução de muitos problemas mas não opera bemna resolução deste problema específico Porexemplo no problema dos dois fios você pode sefixar emestratégias queenvolvem seu deslocamento na direção do fio em vez de aproximar o fio emsuadireção No problema da religiosa que oficiou muitos matrimônios você pode sefixar na noção de que casar alguém consisteem contrair matrimôniocom a pessoa Configurações mentaistambémpodeminfluenciar a resolução de problemas um tanto o quanto rotineiros Por exemplo considere os problemas de jarra de água Luchins 1942 Nos problemas de jarra de água solicitase aos participantes que meçam certo volume de Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 403 QUADRO 112 Problemas dasJarras de Água Propostos por Luchins Como você mede o volume correro de água usando as Jarras A BeC Você precisa usar até três jarras para obter os volumesde água requeridos medidosem número de xícaras na última coluna As colunas A B e C indicam a capacidade de cada jarra O primeiro problemapor exemplo exige que você obtenha 20 xícaras de águade apenas duasjarras umade 29 xícarasJarraA e uma de três xícarasJarraB Efácil simplesmentepreencha a Jarra A e em seguida retire 9 xícaras desta jarra retirando 3 xícaras 3 vezes usando a Jarra B O Problema 2 também não é muito difícil Preencha a Jarra B com 127 xícaras e em seguida retire 21 xícarasusando a Jarra A e logoapós retire 6 xícaras usando a Jarra C duas vezes Tente resolver agora o restante dos problemas Jarras Disponíveis para Uso Volume Problema A B C Requerido Número Xícaras 1 29 3 0 20 2 21 127 3 100 3 14 163 25 99 4 18 43 10 5 5 9 42 6 21 6 20 59 4 31 7 23 49 3 20 8 15 39 3 18 9 28 76 3 25 10 18 48 4 22 11 14 36 8 6 Abraham S Luchins 1942 Mechanization in Problem Solving The Effect of Einstellung Psychological Monograpis v 54 n 6 1942DrAbraham S Luchins Reproduzido mediante autorização água usando trêsjarras diferentes Cada jarracontém umvolume diferente de água O Qua dro 112 apresenta os problemas usadospor Luchins Se você for parecido com muitas pessoas que solucionam esses problemas terá encon trado uma fórmula que se aplica a todosos demais problemas Você preenchea Jarra B Em seguida retira dela o volume de água que pode colocar na Jarra A Logo após você retira dela duas vezes o volume de água que pode colocar na Jarra O Portanto a fórmula é B A 2C No entanto os Problemas 7 a 11 podem sersolucionados por A O O Problema 8 pode ser solucionado A C e assimpor diante As pessoas a quem são apresentadosos Problemas 1 a 6 para resolução geralmente continuam a usara fórmula B A 2C parasolucionar os Problemas 7 a 11 Considere na experiência original de Luchins aqueles participantes que solucionaram o primeiro conjunto de problemas Entre 64 e 83 deles prosseguiram vi sando solucionaro último conjunto de problemas usando a estratégia menos simples O que aconteceuaosparticipantes de controlea quemnão foram apresentados o primeiro conjunto de problemas Somente 1 a 5 deles deixaram deaplicar a solução mais simples aoúltimo conjunto deproblemas Eles não haviam criado uma configuração mental queinterferisse em suas visões do contexto de um modo novo e mais simples Outro tipo de configuração mental envolve a fixação em determinado uso função de um objeto A fixação funcional especificamente é a incapacidade para entender que algo conhecido por possuir um usoespecífico também podeser usado paradesempenhar outras 404 Psicologia Cognitiva funções German Barrett 2005 A fixação funcional nos impede de solucionar novos pro blemas usando instrumentos antigos de novas maneiras Tornarse livre da fixação funcional é o que permitiu inicialmente que as pessoas usassem um cabide para casacos remodelado a fimde entrar em um carro trancado Também é aquilo que permitiu inicialmente aos ladrões destravar fechaduras de portas com um cartão de crédito Outro tipo de configuração mental é considerada um aspecto da cognição social Estereótipos são crenças de que membros de um grupo social venham a exibir determinados grupos de características de modo mais ou menos uniforme Parece que aprendemos muitos estereótipos durante a infância Por exem plo estudos de crianças em várias culturas mostram o conhecimento crescente que possuem sobre o uso de estereótipos de gênero ao longo da infância Neto Williams Widner 1991 Seguino 2007 A percepção de estereótipos para uma variedade de grupos desenvolvese na maioriadas crianças entre as idades de 6 a 10anos McKown Weinstein 2003 Estereótipos muitas vezes surgemdo mesmo modo que se desenvolvemoutros tipos de configurações men tais Observamosum caso particular ou um conjunto de situações que seguem algum padrão Em seguida podemos fazer uma generalização excessivacom base nessas observações limita das Podemos supor que todos os casos futuros demonstrarão esse padrão de modo similar Evi dentemente quando os estereótipos são usados a fimde apontar bodes expiatórios específicos para receberam tratamento nocivo da sociedade resultam graves conseqüências sociais para quem é considerado um estereótipo No entanto as pessoas almejadas não são as únicas a so frer com os estereótipos De modo análogo a outros tiposde posturasmentais os estereótipos prejudicam a capacidade de solução de problemas dos indivíduos que os utilizaram Essas pes soas limitam seu pensamento usando estereótipos existentes Transferência negativa e positiva Muitas vezes as pessoas possuem determinadas configurações mentais que as predispõem a fixarse em um aspecto de um problema ou em uma estratégia para a resoluçãode um pro blema excluindo todas as demais relevantes e possíveisElas estão transferindo conhecimento e estratégias para a solução de um problema a um tipo diferente de problema Transferência é qualquer aproveitamento de conhecimento ou habilidades da situação de um problema para outra Detterman Sternberg 1993 Gentile 2000 A transferência pode ser negativa ou positiva A transferência negativa ocorre quando a solução de um problema anterior torna mais difícil solucionar um problema posterior Algumas vezes um primeiro problema fazcom que uma pessoa opte pelo caminho errado Por exemplo a polícia pode ter dificuldade para solucionar um crime político por diferir substancialmente dos tipos de crime com os quais normalmente lida Ou quando é apresentada a uma pessoa um novo instrumento ela pode operálode um modo similar àquelepelo qual operava um instrumento com o qual já estava familiarizado Besnard Cacitti 2005 A transferência positiva ocorre quando a solução de um problema anterior torna mais fácil a resolução de um problema novo ou seja algumas vezes a transferênciade uma postura mental pode ajudar na soluçãode problemas Porexem plo uma pessoa pode transferiras primeirasaptidõesmatemáticas como a somaa problemas avançados de Matemática do tipo encontrado na Álgebra ou na Física Bassok Holyoak 1989 Chen Daehler 1989 Sob uma perspectiva ampla a transferência positiva pode ser considerada envolvendo a transferência de conhecimento factual ou habilidade de um contexto para outro Por exem plo você pode aplicar seu conhecimentogeral sobre Psicologia e suas aptidões para estudar adquiridas durante toda uma vida de estudos para testes ao problema de estudar para um exame de Psicologia Cognitiva No entanto de modo mais limitado durante a transferência positiva você aplicaeficazmente uma estratégiaou um tipo de solução que deu resultadopara Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 405 NO LABORATÓRIO DE K ANDERS ERICSSON Desde que consigo me lem brar sempre fiquei fascinado pelas diferenças individuais 1 depensamento e resolução de s problemas Imagineiem par ti ticular se seria possível para I3 pessoas normais como eu aprender com especialistas e pensadores excepcionais como cientistas e mes tres do xadrez Seria possível descobrir como atingiamseu desempenhopara que eu pudesse aperfeiçoar minha capacidade adotando os mé todos de estudo e de prática dessas pessoas A maioria das descrições do desenvolvi mento do pensamento dos peritos e de outros tipo ide indivíduosexcepcionais originamsede entrevistas informais e contêm descrições sub jetivas de eventos que aconteceram há muitos anos Os cientistas no entanto precisam ser cé tícos quanto a essestipos de descrição introspec tiva que não podem ser verificadas ou mesmo reproduzidas por métodos científicos Em meu laboratório de pesquisas convida mospessoas de grandedesempenho nasáreas de música jogo de xadrez e atletismo parareprodu ziremsuaatuação superior sobcondiçõescontro ladas paraquepossamos compararaperformance que apresentam àquela de indivíduos menos ha bilidosos nas mesmas tarefas Ericsson Ward 2007 Ericsson Williams 2007 Instruímos os peritos a darem expressão verbal a seus pensa mentos à medida que atuam isto é pensem em vo alta ou indiquem seus pensamentos ime diatamente após o término da execução da ta refa Veja Ericsson 2003b 2006a para uma descrição das diferenças fundamentais entre pensar em voz alta e introspecção Usando esses tipos de expressão verbal juntamente com experiências especialmente criadas nós e outros colegas temos sido capazes de revelar ashabilida dese os processos de pensamentocomplexos que permitem o desempenho superior de pessoas com memória excepcional Ericsson 2003a Te mos nos interessado particularmente pelo modo comoperitos especializados mestres de xadrez atletas e calculadores mentais adquiriram apti dões de memória e avaliam seqüências com plexasde ações Ericsson 2006a Em meu laboratório entrevistamos os peritos a respeitode seus métodos de prática atuais e como se desenvolveu seu desempe nho no campo muitas vezesas informações que transmitempodemserverificadas porseus paise professores ou por registrospúblicosde competições Talvez a descoberta mais geral e surpreendente é que o desempenho supe rior dos peritos encontrase relacionado de perto às suasatividadespráticasmaisamplas e particularmente direcionadas a metas As pessoasque no futuro serão peritas diferem de seus pares principalmente por sua partici pação em atividades práticas especiais que as auxiliam a suplantar seu arual desempenho por meio de repetição e refinamento gradual ao longo da resolução do problema prática deliberada Ericsson 2006b Nos domínios da música dos esportes e do xadrez as pes soas com melhor desempenho começaram cedo e dedicaram até 4 horas diariamente durante muitos anos de prática deliberada isto resulta em muitos milhares de horas a maisdo que seusparesmenosbemsucedidos A análise detalhada da prática deliberada daqueles que se destacam em esportes e mú sica também revelou tipos de atividades de treinamento intenso capazes de modificar as características físicas do corpo como aumen tar o grau de ação da mielina nos circuitos neurais do cérebro aumentando o número de capilaresque irrigamsangue em músculos importantes e ampliando as câmaras do co ração Ericsson 2006b Pesquisas sobre o desempenho de peritos resultaram em novos insights sobre estruturas cognitivas e adapta ções fisiológicas que podem ser obtidas após milhares de horas de esforço deliberadopara melhorar O estudo científico das vidas e dos métodosde prática das pessoas comdesempe nho elevadoparece seruma área muitopromis sora paraa ampliação de nosso conhecimento a respeito do que é humanamente possível quando as pessoas são motivadas para atingir seusníveismais elevados de realização continua 406 Psicologia Cognitiva NO LABORATÓRIO DE K ANDERS ERICSSON continuação Referências Ericsson CA Excepttonal memorizers Made not bom Trenós inCognitive Scien ces 7 p 233235 2003a Ericsson K A Valid and nonreactive verba lization of thoughts during performance of tasks Toward a soíution to the central problems of introspection as a source of scientific data Journal of Consciousness 10 910 p 118 2003b Ericsson K A Protocol analysis and expert thought Concurrent verbalizations of thinking during experts performance a representative task In K A Ericsson N Charness P Feltovich R R Hoffman org Cambridge handbook of expertise and expert performance Cambridge Cambridge University Press 2006a p 223242 Ericsson K A The influence of experience and deliberate practice on the develop ment of superior expert performance In K A Ericsson N Charness P Feltovich R R Hoffman org Cam bridge handbook of expertise and expert performace Cambridge CambridgeUni versiry Press 2006bp 685706 Ericsson K A Ward P Capturing the na turally occurring superior performance of experts in the laboratory Toward a science of expert and exceptional per formanceCurrent Directions inPsycholo gicalScience 16 6 p 346350 2007 Ericsson K A Williams A M Capturing naturally occurring superior perfor mance in the laboratory Translation research on expert performance Journal of Experimentai Psychology Applied 133 p 115123 2007 determinado problema ou conjunto de problemas quando está tentando solucionar um pro blema análogo Como as pessoas percebem que problemas específicos são análogos e podem ser solucionados por meio de transferência positiva ou mesmo de soluções Transferência de analogias Os pesquisadores criaram alguns estudos refinados de transferência positiva envolvendo analogias Gick Holyoak 1980 1983 Para examinar os resultados você precisa tor narse familiarizado com um problema usado pela primeira vez por Karl Duncker 1945 denominado muitas vezes problemada radiação descrito no box Investigando a Psi cologia Cognitiva Duncker teve em mente uma determinada soluçãocom base no insight como a mais ade quada para esse problema A Figura 1111 mostra a solução visualmente INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Imagine que você é um médico tratando um paciente com um tumor ma ligno no estômago Você não pode operar o paciente por causa da gravi dade do câncer Porém a não ser que você de algum modo elimine o tumor o paciente morrerá Você poderia usar raios X de alta intensidade paradestruir o tumor Infelizmente a intensidade dosraios Xnecessária pa ra destruiro tumor tambémdestruirá os tecidos sadios pelosquaisos raios devem passar Os raios X de menor intensidade não afetarão os tecidos saudáveis porém não são suficientemente poderosospara destruir o tumor Seu problema consiste em criar um procedimentoque destruirá o tumor sem também destruir os tecidos saudáveis em torno do tumor Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 407 Um general deseja capturar uma fortaleza localizada na região central de um país Existem muitas estradas cujo percurso tem início na fortaleza Todasforamminadas Emboragrupospequenosde homens possamatraves sarasestradas comsegurança qualquer força maior detonará asminas Um ataque direto emescala total portanto é impossível O que o general de veria fazer FIGURA 1111 INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA A solução do problema do raio Xenvolve dispersão A idéia consiste em direcionar radiação Xfraca para o tumor a partir de alguns diferentes pontos exteriores ao organismo Nenhum conjunto individual de raios seria suficientemente intenso para destruir os tecidos saudáveis ou o tumor No entanto os raios seriam direcionados de modoque todos convergissem para um ponto no interior do corpo oponto onde se localiza otumor Esta solução éusada efetivamente na época atual em alguns tratamentos por raio X exceto quando uma fonte rotativa de raios Xéusada para dispersar osraios De InSearch oftheHuman Mind por RobertJ Stemberg J995 Harcourt Brace Company Reproduzido mediante autorização da editora Antesde ser apresentado aos participantes o problema da radiação foi proposto umpro blema mais fácil Este problema específico foi denominado problema militar Holyoak 1984 p 205 Ele seencontra descrito no box Investigando a Psicologia Cognitiva O Quadro 113 apresenta a correspondência entre o problema da radiação e o militar Parece ser muito próxima embora não perfeita A questão é saber se produzir uma solução de convergência de grupos para o problema militar ajudou os participantes asolucionar o problema da radiação Considere os participantes para os quais foi apresentado oproblema militar com a solução de convergência e em seguida receberam a sugestão de aplicálo de alguma forma ao problema da radiação Cerca de 75 dos participantes obtiveram asolução correta deste problema Este percentual se compara a menos de 10 dos participantes aos quais não foi apresentada inicialmente ahistória militar mas não tomatam conhecimento de uma história prévia ou lhes foi relatada somente uma história irrelevante 408 Psicologia Cognitiva QUADRO 113 Correspondência entre o Problema Militar e o da Radiação Quais são os pontos comuns entre os dois problemas e qual é uma estratégia fundamental que pode serinferida comparando osdois problemas Baseado emGick Holyoak 1983 Problema Militar Metado Estado Inicial Usar umexércitoparacapturarumafortaleza RecursosUm exército suficientemente grande Limitação Impossibilidade de enviar todo o exército por uma única estrada Plano de Solução Enviar grupos pequenospor diversas estradassimultaneamente Resultado Fortaleza capturada pelo exército Problema da Radiação Meta do Estado Inicial Usar raios para destruir tumor Recursos Raios suficientemente poderosos Limitação Impossibilidade deaplicação de raios de alta intensidade somente a partirde uma direção Plano de Solução Aplicar raios depouca intensidade a partir dediversas direções simultaneamente Esquemas de Convergência Meta do Estado InicialUsar força para derrotar um alvo central Recursos Força suficientemente intensa Limitação Impossibilidade de aplicara força integral somenteem umadireção Plano de Solução Aplicar forças fracas emdiversas direções simultaneamente Resultado Alvo central vencido pela força M L Gick K J Holyoak Schema Induction and Analogical Transfer Cognitive Psychology v 15 p i38 1983 Reproduzido mediante autorização deElsevier Em outra experiência os participantes nãoconheceram a solução deconvergência para o problema militar Tiveram de descobrila sozinhos Cerca de 50 dos participantes propu seram a solução de convergência para o problema militar Desses 41 prosseguiram e gera ram uma solução paralela para o problema militar ou seja a transferência positiva foi mais fraca quando os participantes produziram sozinhos a solução original do quequando a solu çãodo primeiro problema lhes foi comunicada 41 em comparação a 75 Os pesquisadores constataram que a utilidade do problema militar enquanto análogo ao problema daradiação dependeu daconfiguração mental induzida com a qual a pessoa que re solveria o problema abordava os problemas Considere o que aconteceu quando sesolicitou aos participantes paramemorizarem a história militar sob o disfarce de queseria uma experi ência de rememoração deuma história eem seguida lhes fosse proposta a resolução dopro blema de radiação Somente 30 dos participantes produziram a solução de convergência para o problema daradiação Ospesquisadores também constataram que a transferência po sitiva melhorava se dois problemas análogos ao invés deapenas um fossem apresentados an tes do problema da radiação Ospesquisadores ampliaram essas descobertas para a inclusão de problemas diferentes daquele daradiação Eles descobriram que quando os domínios oucon textos para os dois problemas eram mais similares os participantes apresentavam maior pro babilidade de perceber e aplicar a analogia veja Holyoak 1990 Padrões similares dedados foram identificados emvários tipos deproblemas envolvendo eletricidade Gentner Gentner 1983 Também surgiram resultados relacionados emestudos deinsight matemático Davidson Sternberg 1984 Novick Holyoak 1991 Talvez oaspecto mais importante desses estudos é que as pessoas enfrentam dificuldade para perceber a ana logia a não serque sejam avisadas explicitamente paraobservála Considere osestudos en volvendo problemas de Física A transferência positiva de problemas resolvidos para outros nãosolucionados foi mais provável entre osalunos que tentaram compreender especifica Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 409 Essassugestões podem ser empregadas diretamente para ajudálo a resolver problemas do diaadia Se você precisa entregar um trabalho escolar em alguma data futura reserve tempo imediatamente após ser notificado de sua obrigação a fim de planejar os passos a serem seguidos Por exemplo ao preparar um artigo examine os esboços das leituras futuras para o artigo Identifique o tópico geralque lhe inreressa Emseguida procure ter alguma idéia de quanta informação sobre o seu tópico encontrase disponível Não se envolva muito com detalhes Este procedimento pode ajudálo a con centrar o foco Escolher um tópico com o qual você se encontra relativa mente não familiarizado geralmente é uma boa opção para dissertações mais breves Desse modo você aprenderá algo novo Além do mais você terá maior possibilidade de ter idéias já conhecidas ou fixações a respeito dos tópicos de maior familiaridade No entanto tente transferir positiva mente os principais temas para tópicos diferentes Por exemplo o tema naturezacriação muitas vezes representa um papel em diversos tópicosda Psicologia Finalmente deixe um pouco de lado o tópico Permita que a matéria do curso integrese com seu conhecimento existente e com as idéiassobre o tópico sendo desenvolvido Em seguida cerca de duas a três semanas antes da data de entrega do artigo comece a fazer um rascunho que você pode colocar novamente de lado durante alguns dias antes de uma revisão final No gerala quantidade de tempo total distribuído que se encontra envolvido dessa maneira no término de um trabalho será apenas ligeiramente superior ao tempo gasto se você acelerar a redação do artigo durante poucos dias antes da data de entrega porém a qualidade do tra balho quase certamente será melhor APLICAÇÕES PRÁTICAS DA PSICOLOGIA COGNITIVA mente porque exemplos específicos foram resolvidos de determinada maneira em compa ração com os alunos que buscavam somente compreender como certos problemas foram resolvidos de determinada forma Chi etai 1989Com base nessas descobertas geralmente precisamos procurar analogias para encontrálas Freqüentemente não as encontraremos a não ser que as procuremos explicitamente As pessoas algumas vezes não reconhecem as similaridades superficiais dos problemas Bassok 2003 Outras vezes se enganam com similaridades superficiais acreditando que dois tipos de problemas diferentes são idênticos Bassok Wu Olseth 1995 Gentner 2000 Gentner Markman 1997 Algumas vezes mesmo pessoas experientes na solução de proble mas são induzidas ao erro Elas acreditam que estruturas superficialmente similares indicam estruturas profundas Por exemplo as pessoas que solucionam problemas podem usar o con teúdo verbal ao invés das operações matemáticas exigidas em um problema de Matemática para classificálo dê determinada espécie Blessing Ross 1996 Portanto de certo modo pode fazer sentido errar a fim de ter cautela Muitas vezes é melhor não assumir imediata mente que dois problemasque parecem ser essencialmente idênticos necessariamente o são BenZeev 1996 Transferência Intencional A Busca por Analogias Ao procurarmos analogias precisamos ter cautela para não sermos enganados por associa çõesentre dois aspectos quesão irrelevantes analogicamente Porexemplo um estudoinves tigou as soluções de crianças para analogias verbaisde forma A está para B assimcomo C está para X Sternberg Nigro 1980 Oferecemse às crianças opções de múltipla escolha para X Muitas vezes as crianças escolherão uma resposta que é próxima associativamente 410 PsicologiaCognitiva porém incorreta analogicamente Na representação de analogias dois pontos indicam a expressão está para e quatro pontos são usados para indicar a expressão assim como Por exemplo na analogia ADVOGADO CLIENTE MÉDICO a ENFERMEIRA b PACIENTE c REMÉDIO d DOUTOR ascrianças poderiam escolher aopção aporque ENFERMEIRA está associada mais de perto com MEDICO do que a resposta correta PACIENTE A medidaque as crianças crescem melhora sua capacidade para formar e empregarana logias Em um estudo foiapresentado a elas um quadro que ilustrava a resolução de um pro blema Chen 2003 Conforme você poderia esperar as crianças mais novas tiveram mais dificuldadecom essa tarefa do que as mais velhas Chen 2003 No entanto as crianças com maisidadeque foram relativamentebemsucedidas na resolução desses problemas análogos ti nham apenas 5 anos Chen 2003 Essas descobertas ilustram que a capacidade para formar e usar analogias pelo menos em um nível rudimentar desenvolvese muito cedo Analogias entre problemasenvolvem mapeamentos de relaçõesentre problemas Gen tner 1983 2000 Os atributos reais do conteúdo dos problemas são irrelevantes Em ou tras palavras o importante nas analogias não é a similaridade do conteúdo mas com que proximidade se igualam a seus sistemas estruturais de relações Em virtude de estarmos acostumados a considerar a importância do conteúdo encontramos dificuldade para des locálo em direção ao pano de fundo Também é difícil dar forma relações estruturais ao primeiro plano Por exemplo o conteúdo diferente torna a analogia entre o problema mi litar e o da radiação difícil de reconhecer e dificulta a transferência positiva de um pro blema para outro O fenômenooposto é a transparência na qual as pessoas percebemanalogias onde não existem por causa da similaridade do conteúdo Ao fazermos analogias precisamos ter cer teza de estar focalizando as relações entre os dois conceitos sendo comparados e não apenas os atributos superficiaisdo conteúdo Por exemplo ao estudar para as provas finais de duas matérias de Psicologia você pode precisar de estratégias diferentes quando estuda para um exame que requer um ensaio cujo tema é desconhecido comparativamente a um exame com testes de múltipla escolha sobre um tema conhecido A transparência de conteúdo pode re sultar em transparência negativa entre problemas não isomórficos se não for observada cau tela para evitar tal transferência Incubação Para a resoluçãode muitos problemaso principal obstáculo não é a necessidade de identificar uma estratégia adequada para a transferência positivaConsiste preferencialmente em evitar obstáculos resultantes da transferência negativa A incubação colocar o problema de lado durante um intervalo de tempo sem pensar conscientemente a respeito dele oferece uma maneira pela qual se minimiza a transferência negativa Envolve fazer uma pausa entre os estágios de resolução do problema Suponha porexemplo que vocêsejaincapazde solucionar um problema Nenhuma das estratégias que você pode conceber parece dar certo Tente co locar o problema de lado por um período para deixálo incubar Durante a incubação você não deve pensar conscientemente sobre o problema No entanto deve prever a possibilidade de que o problema será processado subconscientemente Alguns pesquisadores da resolução de problemas chegaram ao ponto de afirmar que a incubação é um estágio essencial do pro cessode solução de problemas por exemploCattell 1971 von Helmholtz 1896 Outros não conseguiram obter justificativaexperimental para o fenômeno da incubação por exemplo Baron 1988 Não obstante existe um grande número de relatos apoiando a incubação por exemplo Poincaré 1913 Ainda outros pesquisadores propõem que a incubação pode ser Capitulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 411 particularmente útil na solução de problemas de insight por exemplo Smith 1995a Con forme discutido previamente quando um participantedorme após tornarse empacado em umproblema de insight ele apresenta maior probabilidade de obter uma solução combase no insight do quealguém quenão dorme Stickgold Walker 2004 Wagner et aí 2004 Foram propostos diversos mecanismos possíveis para os efeitos benéficos da incubação como os seguintes 1 Quando deixamos de manter algo na memória ativa abrimos mãode alguns deta lhessem importância Mantemos na memória somente osaspectos mais significati vos Com base nestes aspectos temos então liberdade para reconstruilos nova mente Permaneceum númeromenorde limitações da configuração mental anterior Anderson 1975 2 Lembranças mais recentes tornamse integradas com lembranças existentes à me dida que o tempo passa Anderson 1985 Algumas associações da configuração mental podem enfraquecer durante essa reintegração 3 Novosestímulos internos e externos podem ativar novas perspectivas do problema à medida que o tempo passa Esses estímulos podem enfraquecer os efeitos da confi guração mental Bastik 1982 Em umaexperiência solicitouse aos participantes a solução de um problema difícil enquanto o problema ainda não estava solucionado pediuse aos participantes que completassem uma tarefa não relacionada Christen sen Schunn 2005 Os participantes tiveram oportunidade posteriormente de solucionar o problema original Christensen Schunn 2005 Os participantes mesmo semestareminformados dessa relação foram capazes de usaresta informação para responder mais eficientemente aoproblema Christensen Schunn 2005 4 Um estímulo interno ou externo podefazer com que a pessoa que sedispõe a solucio nar um problema perceba uma analogia entre o problema atual e outro problema Como resultado a pessoa que soluciona o problema pode encontrar prontamente uma solução comparável ou talvez atésimplesmente aplicar uma solução conhecida Langley Jones 1988 Seifertetai 1995 5 Considere o que acontece quando aspessoas que se propõem a resolver problemas apresentam um estado reduzido de ativação cortical como quando estão tomando banho na cama ou fazendo um passeio Aumentos da faixa de atenção e talvez da capacidade da memória de trabalho podem permitir indicações cada vez mais remotas a serem percebidas e mantidas na memória ativa simultaneamente A pes soa enquantorelaxada pode fazer tentativas com indicações que de outro modo seriam percebidas como irrelevantes ou as distrairiam quando estivessem em um estado de ativação cortical elevada Por exemplo as indicações poderiam ser des prezadas enquanto a pessoa tenta solucionar ativamente o problema Luria 1973 1984 Alguns dosmecanismos precedentes também podeminteragir Tal interação pode ocorrer por meio daativação difusa oupor algum tipo deefeito de indução Osbenefícios da incubação podem ser ressaltados de duas maneiras Kaplan Davidson 1989 Primeiro dedique inicialmente tempo suficiente aoproblema Explore todos os aspec tos do problema Investigue diversas possíveis maneiras para solucionálo e forme um plano para abordar oproblema Segundo reserve tempo suficiente para a incubação afim de permi tirque suas associações antigas resultantes de transferência negativa tenham algum enfraque cimento Uma desvantagem da incubação é que leva tempo Se você possui uma datalimite para a solução do problema precisa começar a resolvêlo suficientemente cedo para cumprir essa data Isto inclui o tempoque você precisa paraa incubação 412 Psicologia Cognitiva Neuropsicologia do Planejamento na Solução de Problemas Uma maneira para dedicar tempo inicial suficiente a um problema é por meio da formação de um plano de ação para o problema Conforme discutido anteriormente o planejamento economiza tempo e melhorao desempenho Em um estudoque emprega variantesda Torre de Hanói à medida que os participantes obtinham facilidade com esse tipo de problema revelavam duração maior do período de planejamento Gunzelmann Anderson 2003 Esta observação foi feita no contexto de um estudodo comportamento maiseficiente na resolu çãode problemas conforme provado por uma diminuição do número total de etapas Gun zelmann Anderson 2003 Esses resultados ressaltam a importância do planejamento para a solução eficiente de problemas Recordese doCapítulo 2queoslobos frontais estão envolvidos nos processos cognitivos de nível superior Portanto não causa surpresa que os lobos frontais e em particular o cór tex préfrontal sejam essenciais parao planejamento de tarefas de solução de problemas com plexos Unterrainer Owen 2006 Alguns esrudos usando diversos métodos neuropsicológicos incluindo a ressonância magnética funcional RMf e a tomografia poremissão de pósitrons PET ressaltaram a ativação nessa região do cérebro durante a solução de problemas Un terrainer Owen2006 Adicionalmente asáreas préfrontais direitae esquerda permanecem ativas duranteo estágio de planejamento da solução de problemas complexos Newmanetai 2003 Durante a solução de um problema quando um participante dá uma resposta incor reta ele revela maior ativação préfrontal bilateral do que está associado a uma resposta cor reta Unterrainer et ai 2004 Esta descoberta indicaria que se o plano inicial falhar as pessoas que solucionam problemas precisam criar um plano novo ativando dessa forma o córtex préfrontal Provas adicionais da importância das regiões préfrontais na solução de problemas po dem ser observadas em casos de lesão cerebral traumática A capacidade paraa solução e o planejamento de problemas diminui após uma lesão cerebral provocada por traumatismo Catroppa Anderson 2006 De fato quando se analisa a capacidade para solucionar problemas dos pacientes com lesão cerebral traumática ospacientes que tiveram o melhor desempenho foram aqueles com dano limitado nas regiões préfrontais esquerdas Caza lis et ai 2006 No teste da Torre de Londres que é essencialmente o teste da Torre de Hanói outras áreas incluindo o córtex prémotote as regiões parietais também foram ativadas Newman et aí 2003 Unterrainer Owen 2006 Esta ativação adicional provavelmente é o resultado da necessidade deatenção e de planejamento parao movimento Outros pesquisadores obser varam que além das regiões préfrontais as mesmas áreas ativas durante o uso da memória de trabalho visual e espacial também ficam ativadas durante a solução da Torre de Londres Baker et ai 1996 Perícia Conhecimento e Resolução de Problemas Mesmo pessoas que não são especializadas em Psicologia Cognitiva reconhecem que o co nhecimentoparticularmente o conhecimentoespecializado aumentade modoconsiderável a capacidade para solucionar problemas Perícia significa habilidades ourealizações superio res que refletem uma base de conhecimentos bem desenvolvida e bem organizada O que interessa aos psicólogos cognitivos é a razão pela quala perícia tornaeficiente a resolução de problemas Por que os peritos podem resolver problemas em seu campo de atuação de modo mais bemsucedido que os principiantes Os peritos conhecem mais algoritmos heurísticas eoutras estratégias para a resolução deproblemas Osperitos conhecem melhores estratégias ousimplesmente as utilizam mais freqüentemente O que os peritos conhecem que tornao Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 413 processo de resolução de problemas mais eficaz para elesdo que para os principiantesem um campo deatividade Tudo encontrase relacionado ao talentooua uma habilidade adquirida naquele momento Organização do Conhecimento Uma equipe de pesquisadores propôsse a descobrir o que os peritos conhecem e fazem Chase Simon 1973 Eles procuraram determinaro que distingue jogadores de xadrez espe cializados dos principiantes Em um dosestudos da equipe foi apresentado brevemente a jo gadores peritos e novatos umdisplay de umtabuleiro de xadrez com as peças e osjogadores precisavam selembrar emseguida das posições das peças no tabuleiro Em geral osperitos desempenharam bem melhor que os principiantes Porém eles desempenharam melhor so mente seasposições das peças do jogo no tabuleiro fizessem sentido em termos deumjogo de xadrez real veja também De Groot 1965 Vicente De Groot 1990 Se as peças estivessem distribuídas aleatoriamente no tabuleiro os peritos lembravamse das posições das peças do mesmo modo que os novatos Figura 1112 Em um estudo relacionado peritos e novatos no consumo de cervejaexperimentaram o saborde uma sériede cervejas Valentinetai 2007 Ambos os grupos conseguiam identi ficar as cervejas igualmente bem No entanto os peritos em cerveja tiveram desempenho melhornas tarefas de reconhecimentosubsequentes Valentinetai 2007 Essas descober tas indicam que não houve diferença de capacidade perceptiva entre peritos e novatos mas existe umadiferença de memória entre esses dois grupos Valentinet ai 2007 Os pesqui sadores concluíram queosperitos emcerveja possuíam uma estrutura superior paracodificar e recuperar as novas informações sobre cerveja Valentin etai 2007 O conhecimento pode interagir com a compreensão na resolução de problemas Whit ter Graesser 2003 Considere um estudo que investigou como o conhecimento interage com a coerênciade um texto Pesquisadores apresentaram textos de Biologia a crianças Mc Namara etai 1996 Metade do número de crianças no estudo possuía níveiselevados de co nhecimento sobre Biologia e outra metade níveis reduzidos Além disso metade dos textos possuía alto graude coerência significando que tornavamclarocomoos vários conceitos no texto relacionavamse entre si A outta metade dos textos possuía pouca coerência signifi cando que eram mais difíceis de ler porque as idéias não fluíam bem Os leitores precisavam executar emseguida diversas tarefas de solução de problemas combase naquilo que haviam lido Conforme os autores previram os participantes com pouco conhecimento da área de sempenhavam melhor quando os textos possuíam grande coerência Esta descoberta indica que em geral quem aprende consegue melhores resultados quando lhes é apresentada maté ria nova de modocoerente No entanto surpreendentemente o grupo de conhecimento ele vado desempenhou melhor quando ostextos possuíam pouca ao invés de muita coerência Os autores do estudoindicaram que osleitores de conhecimentoelevado podem ter operado es sencialmente com o piloto automático quando liam os textos de muita coerência sem pres tar atenção porque pensavam queconheciam aquilo que estava nos textos Os textos pouco coerentes osforçaram a prestar atenção Estes resultados destacam a importância dos proces sõTde atenção quando as pessoas solucionam problemas Isto éparticularmente relevante nos domínios emqueelas são especializadas e nos quais podem não considerar portanto que pre cisam prestar atenção Elaboração do Conhecimento O trabalho com a disposição das peças do jogo de xadrez indicou que a diferença entre pe ritos e novatos existia em termos de quantidade organização e uso do conhecimento No estudo do jogo de xadrez existiam duas tarefas Uma envolvia uma disposição aleatória de 414 Psicologia Cognitiva FIGURA 1112 Preto Posições reais no tabuleiro I â â â â s Branco a Preto Posições aleatórias no tabuleiro âlft áá â i iâ âlâ s ftá A i f A ft S Branco c M Mestre t Iniciante b d Quando foisolicitado aperitos e novatos que selembrassem de configurações reais das peças de xadrez como noquadro a os peritos apresentaram desempenho muito meíhor conforme apresentado nográfico b No entanto quando peritos e principiantes foram solicitados a lembraremse dearranjos aleatórios de peças de xadrez conforme apresentado no quadro c os peritos não desempenharam melhor do que os novatos conforme apresentado no quadro d De William G Chase Herbert A Simon The minds eyeinchess in Visual Information Processing organizado por William G Chase 1973 Reproduzido mediante autorização daElsevier Capitulo 11 Resolução de Problemas eCriatividade 415 peças eoutra um arranjo criterioso de peças Ambas as tarefas de xa drez exigiam que os peritos usassem heurística para armazenar e re cuperar informações sobre as posições das peças no tabuleiro de xadrez A diferença fundamental era que os especialistas em xadrez haviamarmazenado e organizado na memória dezenas de milhares de posições específicas no tabuleiro Quando viram posições sensatas no tabuleiro podiam usaro conhecimento que possuíam na memóriapara ajudálos Foram capazes de lembrarse das várias posições no tabu leiro como partes integradas eorganizadas deinformações Conforme você pode se lembrar do Capítulo 5 a capacidade para dividir uma informação em unidades com sentido permite memória e capacidade superiores No entanto quando as peças encontravamse dispostas aleatoriamente no tabuleiro o conhecimento dos especialistas não tinha utilidade Osperitos não tinham vantagem sobre os novatos De modo análogo aos novatos eles tinhamde memorizar as interrelações distintas entre muitas peças e posições diferentes Isto requer a arma zenagem de um número muito maior de itens dificultando deste modo a capacidade de memóriade uma pessoa Outro trabalhodemonstrou queosprocessos de recuperação envol vendo o reconhecimento de disposições no tabuleiro são instrumen tais para o sucesso de jogadores de xadrez do nível de grandes mestres quando comparado ao jogo de iniciantes Gobet Simon 1996a 1996b 1996c Mesmo quando os grandes mestres estão limitados pelo tempo de modo que os processos de pensar adiante são restringidos seu desem penho limitado não difere substancialmente de seu jogo sem limitações Desse modo um sistema de organização do conhecimento é relativa mente mais importante para odesempenho dos peritos noxadrez doque mesmo os processos envolvidos na previsão de lances futuros Outros estudos examinaram peritos em diversos campos Exem plos de tais campos são ojogo de Go Reitman 1976 Radiologia Lesgold et ai 1988 e Fí sica Larkin etai 1980 Estes estudos resultaram na mesma conclusão repetidamente O que diferenciou os peritos dos novatos eram seus esquemas para aresolução de problemas no âmbito de seu próprio domínio de especialização Glaser Chi 1988 Os esquemas dos peri tos envolvem grandes unidades de conhecimento interconectadas São organizadas de acordo com similaridades estruturaissubjacentes entre as unidades de conhecimento Os esquemas dos principiantes em contraste envolvem unidades de conhecimento relativamente peque nas e desconectadas São organizadas de acordo com similaridades superficiais Bryson et ai 1991 Esta mesma observação se aplica a várias atividades dos peritos comparativamente às dos principiantes Uma observação referese ao modo como classificam vários problemas Chi Glaser Rees 1982 Outra é como descrevem a natureza essencial de diferentes desa fios Larkin et ai 1980 E uma terceira é o modo como determinam e descrevem uma so lução para vários problemas Chi Glaser Rees 1982 Um estudo que analisa as estratégias de solução de problemas adotadas por matemáticos experientes e iniciantes constatou uma diferença no uso das representações visuais Stylianou Silver 2004 Os pesquisadores obser varam que os novatos na solução de problemas usam arepresentação visual para resolver pro blemas que possuem um componente espacial óbvio como os problemas de Geometria Stylianou Silver 2004 No entanto os peritos na solução de problemas usaram a repre sentação visual para resolver uma ampla gama de problemas matemáticos Stylianou Silver 2004 possuíssem ou não um componente espacial Acapacidade para aplicar a representa ção visual auma variedade de problemas permite maior flexibilidade emaior possibilidade de queuma solução será encontrada Michelene Chi ê professora dePsicologia na Universidade de Píttsburg Ela é maisconhecida por mostrar que a organização do conhecimento dos peritos em seudomínio deespecialização lhes permite representar esre conhecimento mais profundamente que os principiantes Ela também revelou que a organização inicial de conhecimento de um alunopodeser fundamentalmente falha e comoresultado o impede de compreender o verdadeiro significado de um conceito Foto Cortesia de Micfielene Chi 416 Psicologia Cognitiva Um estudo interessante examinou o papel do conhecimento nacompreensão e interpre tação de uma transmissão de notícias a respeito de um jogo de beisebol Hambrick Engle 2002 Um total de 181 adultos possuindo ampla gama de conhecimentos sobre beisebol ou viu transmissões radiofônicas gravadas por um locutor profissional A locução era parecida com a de um jogo real Após cada transmissão foi avaliada a memória das mudanças noan damento do jogo Por exemplo formularamse perguntas aos participantes sobre que bases fo ram ocupadas após cada jogador atuar esobre onúmero de vezes que um jogador sai de campo e os pontos marcados durante cada tempo do jogo O conhecimento de beisebol representou mais da metade da variação confiável do desempenho dos participantes A capacidade dame mória de trabalho também foi importante porém não em grau tão elevado quanto o conhe cimento Desse modo as pessoas conseguem terlembranças melhores e solucionar problemas com aquiloque se lembram melhor caso possuam uma basede conhecimentosólido com a qual operar Organização do Problema Outra diferença entre especialistas e novatos pode ser observada solicitando às pessoas que devem solucionar problemas para que exponham oralmente aquilo em que estão pensando enquanto tentam resolver vários problemas Bryson et ai 1991 De Groot 1965 Lesgold 1988 Os observadores podem comparar diversos aspectos dasolução de problemas Um in clui as afirmações feitas por quem se dispõe a solucionar problemas os denominados protoco los verbais Um efeito interessante dos protocolos verbais é que podem resultar em maior capacidade para a solução de problemas Em um estudo quando os participantes expressa ramse oralmente ou escreveram sobre sua estratégia para asolução de problemas de um modo que focalizava as finalidades do problema foi observada amelhoria da qualidade das soluções Steifet ai 2006 Em outro estudo acapacidade para resolver problemas aumentou quando os participantes redigiram uma descrição de sua estratégia para a solução de problemas em comparação aquando falaram sobre sua estratégia Pugalee 2004 Portanto parece que para iniciantes nasolução de problemas acomunicação de sua estratégia para asolução de proble mas melhora seu desempenho Outra diferença entre pessoas peritas eprincipiantes na resolução de problemas éotempo empregado nos vários aspectos dos problemas e a relação entre aestratégia para a resolução de problemas e as soluções encontradas Os peritos parecem dedicar proporcionalmente mais tempo que os novatos determinando como representar um problema Lesgold 1988 Lesgold etai 1988 porém dedicam muito menos tempo que os principiantes implementando efeti vamente a estratégia para a solução As diferenças entre peritos e novatos quanto ao tempo empregado podem ser vistas em termos do foco e da direção de sua resolução dos problemas Os peritos parecem empregar relativamente mais tempo queosprincipiantes tentandodescobrir como combinar as infor mações dadas nos problemas com seus esquemas existentes Em outras palavras eles tentam comparar aquilo que conhecem sobre oproblema com base em seu conhecimento especiali zado Após os peritos descobrirem uma combinação correta conseguem criar e implemen tar rapidamente uma estratégia para o problema Portanto os especialistas parecem ser capazes de raciocinar para afrente a partir das informações dadas O que eu sei a fim de descobrir a informação desconhecida O que preciso descobrir Eles implementam a seqüência correta depassos com base nas estratégias que obtiveram de seus esquemas na me mória de longo prazo Chi et ai 1982 Considere por exemplo o modo como uma médica experiente e um estudante de Me dicina novato poderiam tratar de um paciente com um conjunto de sintomas O novato não tem certeza a respeito do que concluir dos sintomas Ele solicita de algum modo causai uma Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 417 série extensa e onerosa de exames clínicos Ele espera que com um conjunto de informações sintomáticas quase totalmente completas possa ser capaz de realizar um diagnóstico correto A médica mais experiente entretanto apresenta maior probabilidade de reconhecer imedia tamente os sintomas por ajustaremse a um padrão de diagnóstico ou a um pequeno número de padrões Esta médica solicita somente um pequeno número de exames altamente especia lizados E capaz de optar pelo diagnóstico correto entre um número limitado de possibilida des Ela passa a tratar em seguida a doença diagnosticada Os principiantes em contraste dedicam tempo relativamente reduzido tentando repre sentar o problema Em vez disso optam por raciocinar em sentido inverso partindo das in formaçõesdesconhecidas em direção às informações dadas isto é iniciam perguntando o que precisam descobrir indagando em seguida que informações são oferecidas e que estratégias de seu conhecimento pode ajudálos a descobrir as informações faltantes Muitas vezes os principiantes usam a análise de meiosfins veja Hunt 1994 Portanto os iniciantes muitas vezes consideram mais estratégias possíveis em comparação ao julgamento dos especialistas veja Holyoak 1990 Para os especialistas a análise de meiosfins atua somente como uma estratégia de apoio Eles a utilizam se não puderem criar uma estratégia apropriada com base em seus esquemas existentes Portanto os peritos possuem não somente mais conhecimentos mas também conheci mento mais bem organizado Eles usam seu conhecimento mais eficazmente Além disso os esquemas dos peritos envolvem maior conhecimento declarativo sobre o domínio de um pro blema Também envolvem maior conhecimento de procedimentos sobre estratégias relevan tes para essedomínio Talvez por causa de seu melhor entendimento das estratégias exigidas os peritos prevêem mais precisamente que os novatos a dificuldade para solucionar proble mas Lesgold Lajoie 1991 Os peritos também monitoram suas estratégiasde soluçãode pro blemas mais cuidadosamente que os iniciantes Schoenfeld 1981 Processos Automáticos dos Peritos Os peritos por meio da prática na aplicação de estratégias podem automatizar várias opera ções Podem recuperar e executar essasoperações facilmente enquanto pensam adiante veja VanLehn 1989 Eles usam dois processos importantes Um é a esquematização que envolve o desenvolvimento de esquemas amplos e altamente organizados O outro é a automatização que envolve a consolidação das seqüências de passos em rotinas unificadas que requerem pouco ou nenhum controle consciente Os peritos por meio desses dois processos conseguem transferir o encargo da resolução de problemas da memória de trabalho com capacidade li mitada para a memória de longo prazo com capacidade infinita Dessa maneira eles se tor nam cada vezmais eficientese precisos na resoluçãode problemasA liberação da capacidade de sua memória de trabalho pode permitir o melhor controle de seu progresso e de sua preci são durante a solução de problemas Os principiantes em contraste precisam usar sua memó ria de trabalho para tentar manipular características diferentes de um problema e várias estratégias alternativas possíveis Este esforço pode fazer com que os novatos tenham menos memória de trabalho disponível para monitorar sua precisão e seu progresso para a resolução do problema Um bom exemplode como a automatização aumenta o desempenho pode ser visto nos estudos sobrecapacidadede leitura Considere o tema de proficiência em leitura Por que al gumaspessoas particularmente crianças aprendendo a ler deveriamser melhoresque outras na leitura Alguns pesquisadores acreditam que a leitura envolve dois processos distintos Wagner Stanovich 1996 O primeiro é um processo de conversão do código ortográfico re lacionado à aparência visual das letras para um códigofonológico relacionadoaos sons da língua O segundo é um processo de reconhecimento de palavrascom base na Fonologia A 418 Psicologia Cognitiva QUADRO 114 O que Caracteriza a Perícia Embora muitos aspectos da perícia permaneçam para ser explorados foram descobertas diversas características da resolução de problemas por peritos Peritos Principiantes Possuemesquemas grandes e amplos contendo grande quantidade de conhecimento declarativo sobre o campo Possuem esquemas relativamente limitados contendo relativamente menos conhecimento declarativo sobre o campo Possuemunidades de conhecimento bem organizadas e grandemente interconectadas em esquemas Possuem unidades de conhecimento mal organizadas e pouco conectadas em esquemas Dedicam proporcionalmente mais tempo determinando como representar um problema do que pesquisando e executando uma estratégia para o problema Dedicam proporcionalmente mais tempo pesquisando e executando uma estratégia para o problema do que determinando como representar um problema Desenvolvem representação sofisticadados problemas baseandose em similaridades estruturais entre os problemas Desenvolvem representação relativamente inferior e ingênua dos problemas baseandose em similaridades superficiais entre os problemas Operam de trás para frente a partir de informações dadas a fim de implementar estratégias para descobrir a incógnita Operam de frente para trás focalizando uma incógnita para descobrir estratégias do problema que fazem uso das informações dadas Geralmente escolhem uma estratégia baseada em um esquema elaborado de estratégias do problema usam a análise de meiosfins somente como estratégia de apoio para lidar com problemas incomuns e atípicos Usam freqüentemente a análise de meiosfins como estratégias para lidar com a maior parte dos problemas escolhem algumas vezes uma estratégia baseada no conhecimento das estratégias dos problemas Os esquemas contêm grande quantidade de conhecimento sobre estratégias de problemas relevantes para o campo Os esquemas contêm relativamente pouco conhecimento de procedimentos sobre estratégias de problemas relevantes para o campo Possuem muitas seqüências automatizadas de passos no âmbito das estratégias dos problemas Apresentam pouca ou nenhuma automatização de quaisquer seqüências de passos no âmbito das estratégias dos problemas Demonstram resolução de problemas grandemente eficiente quando são impostas limitações de tempo solucionam os problemas mais rapidamente que os novatos Demonstram uma resolução de problemas relativamente ineficiente solucionam os problemas mais lentamente que os peritos Prevêem de modo preciso a dificuldade para solucionar determinados problemas Não prevêem de modo preciso a dificuldade para solucionar determinados problemas Monitoram cuidadosamente os próprios processos e estratégias de resolução de problemas Realizam pouco monitoramento dos próprios processose estratégias de resolução de problemas Demonstram grande precisão para alcançar soluções apropriadas Demonstram precisão muito menor que a dos peritos para alcançar soluções apropriadas Quando se confrontam com problemas altamente incomuns com características estruturais atípicas dedicam relativamente mais tempo do que os novatos para representar o problema e recuperar estratégias apropriadas para o problema Quando se confrontam com problemas muito incomuns com características estruturais atípicas os novatos dedicam relativamente menos tempo que os peritos para representar o problema e recuperar estratégias apropriadas para o problema Quando lhes é fornecida uma nova informação que contradiz a representação inicial do problema demonstram flexibilidade para adaptarse a uma estratégia mais apropriada Demonstram menor capacidade para adaptarse a uma nova informação que contradiz a representação inicial do problema e a estratégia Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 419 exposição extensivaao texto pode melhoraro processo de conversão ortográficofonológico aumentando a automaticidade nesse nível de processamento Portanto uma parte das dife renças na capacidadede leitura parece ser o resultadode maior automaticidade na conversão de palavras da codificação ortográfica para a fonológica por meio de maispráticade leitura vejaSamuels 1999 p 176179 Sternberg Wagner 1982 A automaticidade também pode ser observada na Matemática em que aptidões de nível inferior como contar e somar tor namse automáticas Tronsky 2005 Essas aptidões reduzem a cargada memória de trabalho e permitem quesejam finalizados procedimentos matemáticos de nível mais avançado No entanto a automaticidade dosperitospodedificultar na realidade a resolução de pro blemas Istopodeocorrerquandoosespecialistas estãoabordandoproblemas quediferem es truturalmente daqueles que normalmente encontram FrenschSternberg 1989 Os novatos podem terumdesempenho inicialmente melhor queosperitos quando osproblemas aparen tam ser diferentes estruturalmente da norma No final contudo o desempenho dos peritos geralmente se recupera e suplanta o dos novatos Frensch Sternberg 1989 Lesgold 1988 Talvez esta diferença resulte dos esquemas amplamente desenvolvidos dos peritos e de suas maiores aptidões parao autocontrole O Quadro 114 resume asvárias características da reso lução de problemas por peritos Talento Inato e Habilidade Adquirida Embora uma base de conhecimento amplamente elaborada seja fundamental para a perícia em um campo permanecem diferenças de desempenho que não sãoexplicáveis apenas em termos do nível de conhecimento Há um grande debate com relação às diferenças entre principiantes e peritos e entre os próprios peritos serem devidas ao talento inato ou à quanti dade e qualidade da prática emum campoMuitos adotam o ponto devista aprática resulta emperfeição veja Ericsson 1996 1999 2003 Ericsson Krampe TeschRõmer 1993 Erics sonLehmann 1996 Sloboda 1996 Slobodaetai 1996 Sternberg 1998 A ptática deveser deliberada ou focalizada Deve enfatizar a aquisição de novas aptidões e aplicações ao invés da repetição sem sentido daquilo queo especialista emdesenvolvimento sabe como fazer No entanto alguns usamum método alternativo Este método reconhece a importância da prá tica na formação de uma basede conhecimentos e de aptidões Também ressalta a importân cia de algo similar ao talento Realmente a interação entre capacidades inatas modificadas pelaexperiência é amplamente aceita no domínio de aquisição da linguagem conforme dis cutido no Capítulo 9 bemcomo emoutros campos Certamente alguns tipos de habilidades dependem consideravelmente da experiência Por exemplo sabedoria baseiase em parte no conhecimento O conhecimento que uma pessoa usa para fazer julgamentos inteligentes é necessariamente o resultado da experiência BaltesSmith 1990 Peritos em alguns campos possuem desempenhos de níveis superiores em funçãodasha bilidades de previsão Porexemplo digitadores peritos movem seus dedos nas teclas corres pondentes às letras que precisarão paradigitar mais rápido do que os novatos Norman Rumelhart 1983 Realmente o melhor previsor da velocidade de digitação é o quanto à frente no texto umdigitador olhaquando digita Ericsson 2003 Quanto mais à frente ele olhar maior sua capacidade para teros dedos posicionados conforme a necessidade Quando nãosepermite aos digitadores que olhem à frente emsua digitação a vantagem dos digita dores especializados éemgrande parteeliminada Salthouse 1984 Usuários peritos no uso da linguagem de sinais apresentam variações na produção de signos na preparação para o próximo sinal Yang Sarkar 2006 veja também o Capítulo 9 Em vez de produzir um sinal isoladamente essas pessoas estão olhando à frente Olhar à frente permite que osperitos pro duzam sinais mais rapidamente que os principiantes Os músicos peritos também são mais 420 Psicologia Cognitiva capazes de efetuar a leitura visual em virtude de olharem muito à frente na partitura de modo a poderem prever que notas aparecerão Sloboda 1984 Mesmo em esportes como no tênis os peritos são superiores aos principiantes graças em parte a serem capazes de prever a trajetória de uma bola que se aproxima de modo mais rápido e preciso do que os novatos Abernethy 1991 Outra característica dos peritos é a tendência que apresentam para usar um método mais sistemático a fimde solucionar problemas difíceis no âmbito de seu domínio de perícia em comparação aos novatos Por exemplo um estudo comparou estratégias usadas por pessoas que se propõem a solucionar problemas em um laboratório de Biologia simulado Vollmeyer Burns Holyoak 1996 Os pesquisadores descobriram que as pessoas que melhor soluciona vam os problemas eram mais sistemáticas na maneira como consideravam o laboratório do que aquelas menos eficientes Por exemplo ao buscarem uma explicação para um fenômeno biológico apresentavam uma tendência maior para manter uma variável constante en quanto diversificavam as demais variáveis Muitoscientistas em seu campo de especialização preferem minimizar as contribuições do talento para a especialização confinando o talento no compartimento da Psicologia po pular Sternberg 1996a Esta tendência não causa surpresa em função de dois fatores O primeiro é o uso disseminadodo termo talento fora da comunidade científica O segundo é a falta de uma definição adequada e verificável do talento A herança genéticaparece fazer algumadiferençana aquisição de pelo menosalguns ti pos de especialização Estudos sobre a transmissão hereditária de dificuldades na leitura por exemplo parecem indicar um papel preponderante dos fatores genéticos nas pessoas com di ficuldade na leitura veja DeFries Gillis 1993 Olson 1999 Além disso diferenças na per cepção fonológica necessária para a capacidadede leitura poderiaser um fator na leitura para o qual as diferenças individuais são ao menos parcialmente genéticas Wagner Stanovich 1996 Emgeral mesmo se for determinado que o papel da práticaexplique grande parte da especialização demonstrada em certo domínio as contribuições dos fatores genéticos para a parcela remanescente da especialização poderia fazer alguma diferença em um mundo de grande competição Shiffrin 1996 A aplicação da perícia à resolução de problemas envolve geralmente a convergência para a soluçãocorreta de uma ampla gama de possibilidades Um ativo complementar à pe rícia na resolução de problemas envolve a criatividade Neste caso uma pessoa estende a gama de possibilidades para considerar opções nunca antes exploradas De fato muitos pro blemaspodem ser solucionados somente inventando ou descobrindoestratégiaspara respon der a uma pergunta complexa Criatividade Dequemodo podemos definir possivelmente a criatividade como umúnicoconstructo que unifique o trabalho de Leonardo da Vinci e Marie Curie de Vincent van Gogh e Isaac Newton e de Toni Morrison e Albert Einstein Pode haver tantas definições específicas de criatividade quanto o número de pessoas que pensam sobre criatividade Figura 1113 No entanto a maioria dospesquisadores definiu criatividade em termos globais comoo processo de produzir algo que sejaoriginale válido ao mesmo tempo Csikszentmihalyi 1999 2000 Lubart Mouchiround 2003 Runco 1997 2000 Sternberg Lubart 1996 Algo podeassumir muitas formas Pode ser uma teoria umadança um composto químico um processo ou um procedimento uma histótia umasinfoniaou quase tudo o mais Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 421 O que é preciso para criar algo original e válido Como são as pessoas criativas Quase todos concordariam que os indivíduoscriativos demonstram possuirprodutividade criativa Produzem inventos fazem descobertas com base no insight criam obras de arte paradigmas revolucionários ou outrosprodutos que sãooriginais e válidos O pensamentoconvencional indica que as pessoas com grande criatividade também possuem estilosde vida criativos Es tes estilos de vidasãocaracterizados por flexibilidade comportamentos não estereotipados e atitudes nãoconformistas Que características os psicólogos cognitivos observam nas pessoas criativas A resposta a estaperguntadepende do pontode vistado psicólogo a quem você per gunta Esta seção deste capítulo descreve algumas abordagens diferentes da criatividade Incluem métodos psicométricos e cognitivos métodos de personalidade e motivacionais e métodos sociais ancorados na sociedade e históricos para a compreensão da criatividade Este capítulo seencerracom alguns pontos de vista integradores Estes pontos de vista ten tam incorporar as principais características das outrasabordagens da criatividade É o Quanto Você Produz As pessoas criativas simplesmente produzem mais Ainda não desenvolvemos um método para detectar indivíduos altamente criativos em um piscar de olhos porém estas pessoas parecem ter várias características comuns Os psicólogos que adotam uma abordagem psico FIGURA 1113 CMMlVIDADE l tSCAVAR ÍM MAIOR PROFUNDIDADE CUlKTlVlDKDE É XyVír OLHAR DUAS Vt25 CAIKTIVIDKDE ESCUTAR AS S 5 CONCHAS P UUKTlVlDfcDE É COfWtflSAÍ ESCUTAR fj UM6AT0 UM1NAR iSOS Eis algumas maneirai originais e valiosas para definir criatividade Como você define criatividade De The nature of creativity as manifests in its testing porE P Torrance inThenature ofcreativity organizado por RobertJ Stem berg 1988 Cambridge University Press Reproduzido mediante autorização de Cambridge University Press e E P Torrance 422 Psicologia Cognitiva métrica métrica correspondea medida enfatizamo desempenho em tarefasenvolvendo aspectos específicos da criatividade Guilford 1950 Estas tarefas envolvem produção diver gente a geração de um conjunto diversificado de respostas apropriadas Portanto a criativi dade reflete simplesmente a capacidade para criar mais Os indivíduos criativos porexemplomuitas vezes conseguem pontuaçãoelevada nostes tes de criatividade Exemplos de tais testes são os Testes de Pensamento Criativo de Torrance Torrance 1974 1984 Eles medem a diversidade o número eaadequação das respostas a per guntas que admitem várias possibilidades de resposta Um exemplo de uma dessas perguntas é pensar em todas as maneiras possíveis pelas quais se pode usar um clipe de papel ou uma canetaesferográfica O Teste deTorrance também avalia asrespostas criativas àsfiguras Por exemplo pode sedara uma pessoa uma folha de papel mostrando alguns círculos traços des conexos ou linhas O teste avaliaria de quantas maneiras diferentes a pessoa havia usadoas formas dadaspara fazer um desenho A avaliação feita peloTestede Torrance consideraria particularmente o quanto a pessoa tinha usado detalhes incomuns ou altamente elaborados para completar uma figura ÉAquilo que Você Sabe Outros pesquisadores em Psicologia focalizaram a criatividade como um processo cognitivo ao estudarem a resolução de problemas e o insight Finke 1995 Langley Jones 1998 Smith 1995a 1995b Weisberg 1988 1995 1999 Os indivíduos criativos são mais inteligentes que o restante das pessoas Alguns pesquisadores acreditam que indivíduos extraordinariamente criativos sedistinguem de pessoas menos notáveispor seuconhecimento especializado e seu empenho com a iniciativa voltada à criatividade Weisberg 1988 1995 1999 Indivíduos altamente criativos trabalham com muito afinco e dedicação Eles estudam o trabalho de seus predecessores e deseus contemporâneos Tornamse portanto integralmente peritos em seus campos de atuação Em seguida aproveitam aquilo que conhecem e divergem do conhecimento pata criar métodos e produtos inovadores Weisberg 1988 1995 1999 Para esses pesquisadores a criatividade emsinada possui deespecial Os processos envolvidos na criatividade são usados diariamente portodos nós paraa resolução de problemas O quedife rencia o notável do comum é o conteúdo extraordinárioem que operam esses processos or dinários Esta noção apresenta uma relação comaquelas discutidas previamente no tópico da perícia A criatividade realmente é tratada muitas vezes como relacionada à perícia Um estudo examinou acriatividade dos projetos realizados poralunos dedesign Ospesquisadores descobriram que quanto maioro conhecimentoadquirido por um aluno maior em média a criatividade do projeto Christiaans Venselaar 2007 Nem todo psicólogo cognitivo concorda com a visão nada especial do insight criativo Por exemplo para um pesquisador insight é o que distingue o que inspira doque denigre o mágico do medíocre Finke 1995 p 255 De acordo com essa visão existem dois tipos de pensamento criativo Primeiro no insight convergente a pessoa converge em um padrão ouestrutura unificadores no âmbito de uma variedade dedados disseminados Segundo no insight divergente o indivíduo diverge de uma forma ou estrutura particular para explorar que tipos de usos podem ser encontrados para ela O insight divergente pode ser usado para compreender várias tentativas criativas Finke 1995 Elas incluem projeto arquitetônico modelos físicos ou biológicos desenvolvimento de produtos ou invenção científica Outros pesquisadores focalizam a criatividade pelo modo que ela se manifesta no insight científico Langley Jones 1988 Estes pesquisadores propõem que processos mnésicos como a ativaçãodifusa veja o Capítulo 8 e processos de pensamento como o raciocínio analó gico veja oCapítulo 12 são responsáveis por grande parte do insight científico Outro pes Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 423 quisador distingue entre insight científico eaexperiência de insight Smith 1995a 1995b Ele indicou que ocaráter abrupto da experiência de insight pode resultar de uma liberação súbita de uma rotinafixa mental uma configuração mental como a fixação funcional Essa libera ção súbita pode apresentar maior probabilidade de surgir após um período de incubação em umcontexto diferente daquele em quea pessoa sefixou no problema Alguns programas de computador que podem realizar trabalhos como compor música JohnsonLaird 1988 ou redescobrir princípios científicos Langley et ai 1987 podem ser vis tos como criativos A pergunta que sempre se deve formular em relação a esses problemas é se seus resultados são verdadeiramente comparáveis àqueles dos seres humanos criativos e se os processos que usam para ser criativos são iguais aos usados pelos seres humanos Boden 1999 Por exemplo os programas de Langley e de seus colegas 1987 redescobrem idéias científicas ao invés de descobrilas pela primeira vez Mesmo oDeep Blue oprograma de computador que derrotou o campeão mundial de xadrez Gary Kasparov alcançou este resultado não por jo gar xadrez mais criativamente que Kasparov Foi vencedor preferencialmente por causa de sua grande capacidade de computação rápida É Quem Você E Outros psicólogos afastaram seu foco da cognição a fim de considerar o papel da personali dade e da motivação na criatividade Existe uma personalidade criativa ou você a possui ou nãoa possui Considere a importância doestilo pessoal abertura para novas maneiras de enxergar intuição estar alerta às oportunidades uma preferência pela complexidade como um desafio para encontrar simplicidade inde pendência de julgamento que questiona premissas disposição para assumir riscos pen samento não convencional permitindo que sejam feitas conexões diferenciadas atenção entusiasmada e um impulso para identificar um padrão e um significado estes junta mente com omotivo ea coragem para criar Barron 1988 p 95 O papel da filosofia pessoal também é importante na criatividade Barron 1988 Isto in clui crenças flexíveis e atitudes de ampla aceitação em relação aoutras culturas outras etnias e outros credos religiosos Alguns pesquisadores concentraramse na importância da motiva ção naprodutividade criativa por exemplo Amabile 1996 Collins Amabile 1999 Hennes sey Amabile 1988 Podese diferenciar amotivação intrínseca que éinterna ao indivíduo da motivação extrínseca externa à pessoa Por exemplo motivadores intrínsecos podem in cluir apura satisfação do processo criativo ou odesejo pessoal de solucionar um problema Os motivadores extrínsecos poderiam incluir o desejo dealcançar fama oufortuna A motivação intrínseca é essencial para a criatividade Os motivadores extrínsecos podem na realidade bloquear a criatividade sob muitas porém não todas circunstâncias Amabile 1996 Ruscio Whitney Amabile 1998 Curiosamente em uma experiência o reconhecimento extrínseco por uma nova atuação conduziu aum aumento da criatividade eda motivação intrínseca Ei senberger Shariock 2003 Inversamente o reconhecimento extrínseco por desempenho normal resultou em uma diminuição da criatividade eda motivação intrínseca Eisenberger Shanock 2003 Aoseanalisar a literatura certos traços parecem estar associados constantemente aos in divíduos criativos Feist 19981999 Osindivíduos criativos em particular tendem aser mais abertos anovas experiências ademonstrar autoconfiança aaceitar asi mesmos aser impul sivos ambiciosos impulsionados dominantes ehostis do que os menos criativos Também são menos convencionais 424 Psicologia Cognitiva ÉOnde Você Está Alguns pesquisadores focalizam a importância dos fatores externos que contribuem para a criatividade Você precisa estar no lugar certona hora certa Nãopodemos estudar criativi dade isolando pessoas e seu trabalho do meio histórico e social no qual suas ações são execu tadas aquilo que denominamos criatividade nunca é o resultado apenas daação individual Csikszentmihalyi 1988 p 325 Em relação aocontexto paraa criatividade devemos obser var dois contextos Csikszentmihalyi 1996 a área e o campo A área engloba o conheci mento existente em uma determinado domínio de empenho criativo como física das partículas ou pintura O campo inclui o contexto social em torno da criatividade e das insti tuições públicas da sociedade Podese tentar entender a criatividade indo além do contexto social intelectual e cultural para abarcar todo a extensão da História Simonton 1988 1994 1997 1999 Contribuições criativas quase pordefinição são imprevisíveis porque violam asnormas estabelecidas pelos pre cursores e contemporâneos do criador Entre os vários atributos dos indivíduos criativos existe a capacidade para fazer descobertas relativas àquilo que gostaríamos que acontecesse e aempe nharnosativamentepara realizarmos tais descobertas Simonton 1994 O pensamento evolutivo também pode ser usado para o estudo da criatividade Cziko 1998 Simonton 1998 Na base desses modelos encontrase a noção dequeasidéias criativas evoluem do modo análogo aosorganismos A idéia é quea criatividade ocorrecomoresultado de um processo de variação oculta e retenção seletiva Campbell 1960 Na variação oculta os criadores geram inicialmente uma idéia Não possuem uma percepção real da possibili dadede a idéia vir a ser bemsucedida selecionada no mundo das idéias Como resultado a melhor aposta que fazem para a produçãode idéias duradouras consiste em tentar obter uma grande quantidade de idéias Algumas dessas idéias serão avaliadas em seguida por seu campo isto é serão retidas seletivamente em virtude de serem consideradas criativas Todas as Opções Anteriores Considere uma visão integrada daquiloque caracteriza as pessoas criativas Gardner 1993a Policastro Gardner 1999 De modo análogo aos pesquisadores de alguns casos para análise porexemplo Gruber 19741981 Gruber Davis 1988 Gardner 1993a usou um estudoem profundidade de sete indivíduos criativos Ele tentou como Simonton relacionar essas pes soas criativas aocontexto histórico no qual sedesenvolveram e trabalharam Observou que os grandes criadores pareciam estarno lugar certo na ocasião certa para realizar uma mu dança revolucionária em seu campo escolhido De modo idêntico a Csikszentmihalyi Gard nerestudou como ambos os campos por exemplo física política música e o campo por exemplo colaboradores mentores rivais influenciam o modo pelo qual o indivíduo criativo demonstra criatividade Além disso ele estudou ambas as modalidades das primeiras expe riências que conduzem àrealização criativa eao desenvolvimento da criatividade ao longo da existência Os indivíduos criativos tenderam a possuir vida familiar nos primeiros anos da infância com apoio moderado porém um tanto rigorosa e relativamente fria isto é a criação e a afei ção não foram marcantes A maioria demonstrou interesse precoce por seu campo preferido porém a maior parte não foi particularmente notável Geralmente tenderam a externar in teresse desde cedo naexploração de áreas desconhecidas porém somente depois de domina rem seu campo escolhido após cerca de uma década praticando sua disciplina realmente conseguiram realizar uma descoberta revolucionária A maioria dos criadores parecia terob tido pelo menos algum apoio emocional e intelectual porocasião desua descoberta No en tanto após esta descoberta e algumas vezes antes as pessoas altamente criativas geralmente Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 425 aplicavam todas as suas energias a seu trabalho Algumas vezes abandonaram negligencia ram ou exploraram relacionamentos próximos durante a idade adulta Cerca de uma década após sua primeira realização criativa a maioria dos criadores que Gardner estudou fez uma segundadescoberta A possibilidade de um criador continuar a fazer contribuições significa tivas dependeu do campo de atuação específico Poetas e cientistas eram menos propensos a atuar desse modo que os músicos e pintores Uma teoria da criatividade alternativa e integradora indica que diversos fatores indivi duais e ambientais precisam convergir para que ocorra criatividade Sternberg Lubart 1991 1993 1995 1996 O que distingue o indivíduomuito criativodaqueleapenas pouco criativo é a confluência de múltiplos fatores ao invésde níveis extremamente elevados de qualquerfa tor específico ou mesmoa posse de um traço distintivoEssa teoria é denominada teoria do in vestimento da criatividade O tema que unifica esses vários fatores relacionase ao fato de a pessoa criativa considerar as idéias em sua simplicidade e agregarlhes muito valor Ao acei tálas focalizando seus elementos mais simples o criador percebe inicialmente o potencial oculto das idéiasque outras pessoassupõem ter pouco valor A pessoa criativa concentra em seguida sua atenção nessa idéia que por ocasião do interesse do criador não é reconhecida ou é subvalorizada peloscontemporâneospossuindo porémgrande potencial para desenvol vimento criativo Em seguida o criador desenvolve a idéia fazendo uma contribuição signi ficativa e importante até que ao final outrosconseguem reconhecer os méritos desta Após a idéia ter sido desenvolvida e seu valor ser reconhecido o criador aspira mais alto Ele passa a ter outros interesses e procura o potencial oculto em outras idéias subvalorizadas Desse modo a pessoacriativa influenciao campo permanecendo na maior parte das vezes um passo à frente das demais pessoas Apesar da diversidade das visões a maioria dos pesquisadores concordaria que a maior parte das características individuais e das condições ambientais precedentes são necessárias Nenhuma isoladamente seria suficienteNa realidade a produtividade criativa extraordiná ria pode ser tão rara como se apresenta porque um número tão grande de variáveis precisa confluir nas quantidades certas em uma única pessoa Uma complicação adicional é que muitas dessasvariáveis não possuem uma relação linear com a criatividade Se a relação fosse linear um aumento de uma característica ou condição específicaseria sempre associadoa um aumento de criatividade O contrário parece ser verdadeiro Muitosparecem apresentar efei tos paradoxais e outras relações não lineares Neurociência da Criatividade O exame do pensamento e da produção criativos levou os pesquisadores a identificarem re giões do cérebroque ficam ativadasdurante a criatividade As regiões préfrontais ficam espe cialmente ativadas durante o processocriativo independentemente de o pensamento criativo ser direcionado ou espontâneo Dietrich 2004 Em um estudo os participantes receberam uma lista de palavras que eram relacionadas semanticamente ou não possuíam essa relação Bechtereva et ai 2004 Solicitouse em se guida aos participantes que criassem umahistóriausando todasessas palavras Inventar uma históriacom baseem uma listade palavras não relacionadas deveria exigir mais criatividade do que usaruma listade palavras relacionadas semanticamente Esses pesquisadores observa ram que a área39 de Brodmannpermanecia ativadurante a produção da história coma lista não relacionada porém não durante a produçãode histórias com a lista de palavras relacio nadas Pesquisas anterioresindicaram que essa e outrasáreasde Brodmann estãoenvolvidas na memória de trabalho verbal na mudança de tarefas e na imaginação Blackwood et ai 2000 Collette et ai 2001 Sohn et ai 2000 Zurowski et ai 2002 Estas descobertas consi deradas em conjunto indicam que a criatividade envolve muitos processos conscientes 426 PsicologiaCognitiva Tipos de Contribuições Criativas De acordo com alguns pesquisadores as contribuições criativas podem ser de oito tipos Ster nberg 1999 Sternberg Kaufman Pretz 2001 2002 Os oito tipos de contribuição criativa são os seguintes 1 Reprodução A contribuiçãocriativarepresenta umesforço para mostrarque umdado campo se encontra posicionado corretamente 2 Redefinição A contribuição criativa representa um esforço para redefinir onde o campo se encontra atualmente 3 Movimento à frente A contribuição criativa representa uma tentativa para deslocar o campo mais à frente na direção em que já está se movendo e a contribuição leva o campo a um ponto em que outros estão prontos para que ele avance 4 Movimento à frente antecipado A contribuição criativa representa uma tentativa para mover a campo à frente na direção em que já está se deslocando Porém a contribuição vai mais além de onde outros estão prontos para o campo avançar 5 Redireção A contribuição criativa representa uma tentativa para mover o campo de onde se encontra para uma direção nova e diferente 6 Redireção de umpontono passado A contribuição criativa representa uma tentativa para mover o campo à posição anterior em que se encontrava uma reconstrução do passado para que o campo possa se deslocar para frente a partir desse ponto 7 Recomeço A contribuição criativa representa uma tentativa para mover o campo a um ponto de partida diferente e ainda não atingido O recomeço desloca em se guida o campo para uma direção diferente a partir desse ponto 8 Integração A contribuição criativa representa uma tentativa para mover o campo juntando aspectos de dois ou mais tipos passados de contribuições criarivas que eram consideradas anteriormente como distintas ou mesmo opostas Agora são con sideradas como parte de uma síntese Sternberg 1999 Os oito tipos de contribuição criativa descritos são vistos como qualitativamente distin tos No entanto no âmbito de cada tipo podem existir diferenças quantitativas Por exem plo um incremento à frente pode representar um passo adiante razoavelmente pequeno ou um salto substancial em um dado campo Um recomeço pode reiniciar todo um campo ou apenas uma pequena área dele Além disso uma determinada contribuição pode sobre por categorias Os oito tipos de contribuição criativa podem diferir em termos de sua contribuição Po rém não existe um modo a priori para avaliar o volume de criatividade com base no tipo de contribuição criativa Certos tipos de contribuição criativa provavelmentetendem na mé dia a ser maiores que outros em termos de inovação Por exemplo repetições tendem em média a não ser muito inventivas Porém a criatividade também envolve a qualidade do tra balho e o tipo de contribuição criativa que um trabalho faz não prevê necessariamente a qualidade do trabalho Quando as pessoas têm novas idéias elas precisam de suas aptidões de raciocínio para analisar estas idéiase ao final decidir se as idéias são realmente criativas De que modo rea lizam tal raciocínio e tomam decisões Estes temas são discutidos no próximo capítulo Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 427 Alinhe seis palitos Peça a um amigo que forme quatro triângulos equilá teros com esses seis palitos sem partir os palitos A maioria das pessoas não serácapazde completar esta tarefa porque tentarão formar os quatros triângulos em um único plano Quando elas desistirem forme um único triângulo sobre a mesa usando três palitos e em seguida com os outros três faça uma pirâmide juntando os três palitos no alto e tendo os lados conectados com as intersecções dos três palitos sobre a mesa Seu amigo fixouse no plano de alinhamento dos três palitos Veja se qualquer de seus amigos consegue solucionar esse problema caso você lhes der os palitos de pé em um paliteiro INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Temas Fundamentais Estecapítuloressalta diversos temasapresentados inicialmente no Capítulo 1 O primeiro tema é a generalidade em oposição à especificidade do campo Os primeiros trabalhos sobre resolução de problemas como aqueles realizados porAllenNewell e Herbert Simone seus colegas enfatizaram a generalidade do campo de resolução de problemas Esses pesquisadores se propuseram a escrever rotinas de computador como o Solucionador Geral de Problemas que resolveriam uma ampla gamade problemas Teóricos posteriores deram maisênfase à especificidade do campona resolução de problemas Eles chamaramatençãoes pecialmente para a necessidade deuma ampla base deconhecimentos a fim desolucionar pro blemas de modo bemsucedido Umsegundo tema é a validade de inferência causai versus a validade ecológica A maior parte dos estudos de criatividade ocorreu em ambiente de laboratório Por exemplo Paul Torrance aplicou testes de pensamento criativo usando papel e lápis em alunos na sala de aula Howard Gruber em contraste interessouse somente pela criatividade conforme ocor ria em contextos naturais como quando Darwin gerou suas várias idéias que originaram a Teoria da Evolução Um terceiro tema diz respeito à pesquisa básica versus a aplicada O campo da criati vidade gerou muitos insights relativos aos processos fundamentais usados no pensamento criativo Porém o campo também originou um grande setor de aumento da criatividade programas criados para tornar as pessoas mais criativas Alguns destes programas utilizam insights de pesquisa básica É importante que o treinamento seja fundamentado onde for possível na teoria psicológica e nas pesquisas ao invésde estimativas Leituras Sugeridas Comentadas Davidson J E Sternberg R J org The psycfioíogy ofproblem solving Nova York Cambridge University Press 2003 Uma análise completa da literatura contempo rânea sobre solução de problemas Stickgold R Walker M Tosleep perchance to gain creative insight Trends in Cogni tive Science 85 p 191192 2004 Este é um estudo que enfatiza a importância do sono na solução de problemas e na criatividade CAPITULO Tomada de Decisões e Raciocínio 12 EXPLORANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA 1 Quais são algumasdas estratégias que orientam a tomada de decisões pelos seres humanos 2 Quais são algumasdas formas de raciocínio dedutivo que as pessoas podem usar e que fatores auxiliam ou impedem o raciocínio dedutivo 3 Como as pessoas utilizam o raciocínio indutivo para fazer inferências causais e che gar a outros tipos de conclusões 4 Existem outras visões alternativas do raciocínio Linda tem 31 anos é solteira franca e muito inteligente Ela escolheu Filosofia como área de concentração em seu cursouniversitário Quando estudava preocupavase consideravelmente com temas relacionados à discriminação e à justiça social e também participavade demonstrações antinucleares Com base na descrição precedente indique a possibilidade de que as afirmativasa seguir sobre Linda sejam verdadeiras a Linda é uma professora de ensino fundamental b Linda trabalha em uma livraria e assiste a aulas de ioga c Linda participa ativamente do movimento feminista d Linda é uma assistente social na área psiquiátrica e Linda é membro da Liga das Mulheres Eleitoras f Linda é caixa de banco g Linda é corretora de seguros h Linda é caixa de banco e participa ativamente do movimento feminista Tversky Kahneman 1983 p 297 INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA 429 430 Psicologia Cognitiva Se você for como 85 das pessoas que Tversky e Kahneman estudaram considerou a possibilidade do item h ser superior à do item f Entretanto pare por um minuto Ima gine um grande salão de convenções onde se encontra toda a população de caixa de bancos Pense agora a respeito de quantas mulheres estariamem um guichê hipotético para caixas de banco feministas um subconjunto de toda a população de caixas de banco Se Linda estiver no guichê de caixas de banco feministas ela deve por definição estar no salão de convenção de caixas de banco Portanto a possibilidade de que esteja no guichê isto é ela é umacaixa de banco feminista logicamente não pode ser maiordo que a possibilidade de estar no salão de convenções isto é ela é caixa de banco Não obstante dada a descri ção de Linda nos sentimos mais inclinados intuitivamente a localizála no guichê ao invés de no salão de convenções Esta sensação intuitiva constitui um exemplo de uma falácia raciocínio errado de julgamento e raciocínio Neste capítulo examinamos as diversas maneiras pelas quais fazemos julgamentos to mamos decisões e usamos o raciocínio para chegar a conclusões A primeira seção lida com o modo pelo qual fazemos escolhas e julgamentos Julgamento e tomada de decisões são usa dos para selecionarentre diversas escolhas ou para avaliar oportunidades Um exemplo se ria escolher o carro que mais lhe agradaria pela quantia de dinheiro que você possui A segunda seção analisa várias formas de raciocínio A meta do raciocínio consiste em chegar a conclusões dedutivamente com base em princípios ou indutivamente com base em pro vas Um exemplo de raciocínio dedutivo seria aplicar as leis gerais da Física para chegar a conclusõesa respeitoda mecânica de um motor de um carro específico Um exemplode ra ciocínio indutivo seria ler estatísticas orientadas ao consumidor para conhecer a confiabili dade a economia e a segurança de diversos carros Julgamento e Tomada de Decisões No desenrolar de nossas vidas diárias fazemos constantemente julgamentos e tomamos de cisões Uma das decisões mais importantes que você pode ter tomado é a de cursar uma fa culdade qual delas escolher e por qual curso optar Posteriormente pode ter a necessidade de optar por uma área de concentração Você toma decisões envolvendo amigos e datas a respeito de como relacionarse com seus pais e de como gastar dinheiro De que modo você chega a tomar estas decisões Teoria Clássica da Decisão Os primeiros modelos de como as pessoas tomam decisões são denominadas teoria clássica da decisão A maioriadesses modelos foi criada por economistas estatísticos e filósofos não por psicólogos Refletem portanto os pontos fortes de uma perspectiva econômicaUm destes pontos fortes é a facilidade para desenvolver e utilizar modelos matemáticos aplicáveis ao comportamento humano Entre os primeiros modelosde tomada de decisõescriados no século XX está o homem ea mulher econômicos Este modelo se baseou em trêssuposições Primeiro osdecisores possuem informações completas sobre todasas possíveis opções parasuas decisões e de todos os possíveis resultados de suas opções Segundo são infinitamente sensíveis às di ferenças sutis entre as opções de decisão Terceiro são totalmente racionais em relação à es colha de opções Edwards 1954 veja também Slovic 1990 A suposição de sensibilidade infinita significa que as pessoas conseguem avaliar a diferença entre dois resultados não im portando quão sutis possam ser as diferenças entre as opções A suposição de racionalidade significa que as pessoas fazem suas escolhas para maximizar algode valor não importando o que isto seja Capítulo 12 Tomada de Decisões e Raciocínio 431 Considere umexemplo decomo esse modelo funciona Suponha que um decisor está exa minando qual de duas ofertas de emprego aceitar Assuma que ambas oferecem o mesmo sa lário inicial Suponha também que as pessoas da Companhia A possuem uma probabilidade de 50 de obterumaumento salarial de 20 no primeiro ano As pessoas daCompanhia B têm uma probabilidade de 10 de conseguir um aumento de 10 no primeiro ano O deci sor calculará o valor esperado em cada opção que é igual à probabilidade vezes o valor a uti lidade correspondente que nesse caso é o aumento salarial 050 x 020 010 090 x 010 009 A pessoa faria cálculos similares para todos os benefícios cálculos aditivos e custos cálculos subtrativos potenciais decada cargo Eescolheria emseguida o cargo com o maior valor esperado Em outras palavras ela escolheria aquele que oferecesse o maior benefício calculado pelo menor custo calculado Supondo todos os demais aspectos inalterados deve ríamos escolher a Companhia A Umgrande número de pesquisas econômicas sebaseou nesse modelo Um modelo alternativo atribui umpeso maior à estrutura psicológica decada decisor in dividual De acordo coma teoria subjetiva da utilidade esperada a metada ação humanacon siste em buscar prazereevitar dor De acordo com esta teoria as pessoas ao tomarem decisões buscarão maximizar o prazer indicado como utilidade positiva e minimizar a dor indicada como utilidade negativa No entanto ao agirem desse modo cada um de nós faz dois tipos de cálculos Um é o da utilidade subjetiva queconsiste em umcálculo firmado no peso que uma pessoa atribui àutilidade valor ao invés de critérios objetivos Osegundo éoda proba bilidade subjetiva um cálculo com base nas estimativas que a pessoa faz da possibilidade ao invés de cálculos estatísticos objetivos Considere um exemplo de como esse modelo funciona Ao decidirem qual das duas ofertas de emprego aceitar pessoas distintas atribuíram utilidade subjetiva positiva ou negativa acadaca racterística da oferta de emprego Considere alguém com um marido equatro filhos Ela poderia atribuir uma utilidade positiva maior abenefícios do tipo segurosaúde plano de assistência odon tológica duração das férias férias pagas eassim por diante do que uma pessoa solteira com forte orientação para acarreira De modo similar amulher com família poderia atribuir uma utilidade negativa maior àcaracterística de que um emprego envolve muitas viagens exigindo que a pes soa esteja ausente doestado vários dias a cada mês Duas pessoas que procuram emprego também poderiam atribuir probabilidades subjetivas diferentes avárias utilidades potencialmente positivas ounegativas Um pessimista provavel mente esperaria maior possibilidade de utilidades negativas e menor possibilidade de utilida des positivas do que um otimista Portanto de acordo com a teoria da utilidade subjetiva esperada cada pessoa estará sujeita auma série de passos Primeiro apessoa multiplicará cada probabilidade subjetiva pela utilidade positiva para cada oferta de emprego Em seguida sub trairá do cálculo da probabilidade subjetiva cada utilidade subjetiva negativa Finalmente chegará a uma decisão com base nos valores relativos esperados obtidos por esses cálculos A alternativa que possuir omaior valor esperado éescolhida A teoria da utilidade subjetiva leva em consideração as diversas variáveis subjetivas que surgem quando pessoas estão envolvidas Porém os teóricos logo perceberam que a tomada de decisões pelos seres humanos é mais complexa doque mesmo as implicações dessa teoria modificada Não existe para a maioria das decisões uma opção perfeita que será selecionada por to das as pessoas Como podemos prever então a melhor decisão para uma determinada pessoa De acordo com a teoria da utilidade subjetivaesperadaprecisamos conhecer somente as uti lidades subjetivas esperadas da pessoa Estas se baseiam nas estimativas subjetivas de proba bilidade e nos pesos subjetivos dos custos e benefícios Podemos prever em seguida a melhor decisão para essa pessoa Esta previsão se baseia nacrença de que as pessoas procuram che gar aconclusões bem fundamentadas com base em cinco fatores O primeiro é a análise de todas as alternativas possíveis conhecidas visto que as alternativas imprevisíveis podem 432 Psicologia Cognitiva estar disponíveis O segundo é o uso da maior quantidade de informações disponíveis pois algumas informações relevantes podem não ser conhecidas O terceiro é atribuir um peso cauteloso mesmo que seja subjetivo aos custos riscos e benefícios potenciais de cada al ternativa O quarto é um cálculocuidadoso embora subjetivo da probabilidade de vários resultados já que a certeza dos resultados não pode ser conhecida E o quinto é um grau máximo de raciocínio fundamentado com base no exame de todos os fatores mencionados anteriormente Responda agora à pergunta a seguir Qual foi a última vez que você imple mentou os cinco aspectos precedentes de uma boa tomada de decisões mesmo conside randoos limites deseuconhecimento e oselementos imprevisíveis Provavelmente nãoem época recente Satisfatoriedade Satisficing Já na década de 1950 alguns pesquisadores começaram a contestar a noção de racionali dade ilimitada Estes pesquisadores não somente reconheceram que nós humanos nem sempre tomamos decisões ideais e que usualmente incluímos considerações subjetivas em nossas decisões Eles também sugeriram que nós humanos nãosomos integral e ilimi tadamente racionais na tomada de decisões Em particular nós humanos não somos ne cessariamente irracionais Demonstramos melhor dizendo racionalidade limitada somos racionais porém dentro de alguns limites Simon 1957 Talvez usemos tipicamente uma estratégia de tomada de decisões queeledenominou sa tisfatoriedade satisficing Simon 1957 na qual consideramos as opções individualmente e então selecionamos umaopção logo queencontramos aquela queé satisfatória ou suficien temente boa para atender ao nosso nível mínimo de aceitabilidade Não levamos em conside ração todas as possíveis opções eentão julgamos cuidadosamente quais entretodo o universo deopções maximizará nossos ganhos e minimizará nossas perdas Desse modo examinaremos o menor número possível de opções necessário para chegar a uma decisão que acreditamos satisfará nossas exigências mínimas Algumas provas indicam que quando existem disponí veis recursos limitados da memória de trabalho pode haver aumento do uso da satisfatorie dade para tomar decisões Chen Sun 2003 Evidentemente asatisfatoriedade é apenas uma entre diversas estratégias não tão boasque as pessoas podem usar A adequação dessa estratégia variará emfunção das circunstâncias em que a pessoa seen contra Por exemplo a satisfatoriedade satisficing pode ser uma estratégia inadequada para o diagnóstico de uma doença No entanto esta estratégia é útil em algumas outras situações Suponha por exemplo que você esteja interessado em um carro usado Existe provavel mente um número impressionantede lotes de carros usados perto de onde você vive Você provavelmente nãotem tempo ou disposição para conhecêlos todos Tais visitas numerosas lhe permitiriam escolher o carro que parece melhor em todos os vários aspectos pelos quais você poderia julgar um carro Portanto você visita um lote para ver oque se encontra dispo nível Se você vir um carro que julgar satisfatório em termos de seus principais critérios para realizar a aquisição você o compra Sevocê nãoencontrar lá um carro que seja suficiente mente bom visita o próximo lote econtinua buscando somente até identificar um carro que atenda às suas necessidades e então o adquire Por um lado você provavelmente nãoesco lheu o melhor carro entre todos aqueles disponíveis Por outro não gastou quatro meses exa minando todos os lotes na cidade Você também pode usar asatisfatoriedade satisficing quando considera a pesquisa de tó picos para um projeto ou para a escrita da monografia Existem inumeráveis tópicos possíveis Você provavelmente pode considerar um bom número porém precisa se decidir por um tó pico satisfatório ou mesmo muito bom sem continuar sua busca indefinidamente Um decisor Capítulo 12 Tomada de Decisões e Raciocínio 433 pode constatar que um número de opções inadequadamente elevado deixou de atingir o ní vel de aceitabilidade inicial mínimo A pessoa pode decidir então por ajustar o nível mínimo considerado adequado para a satisfatoriedade Suponha por exemplo que eu decida que de sejo comprar um carro novo de luxo com excelente reputação entre os consumidores e con sumo reduzido de combustível por menos de US 3 mil Posso no final ter de ajustar meu nível de aceitabilidade mínimo consideravelmente para baixo Eliminação por Aspectos Usamos algumas vezes uma estratégia diferente quando nos defrontamos com um número muito maior de alternativas que julgamos poder considerar razoavelmente durante o tempo que temos disponível Tversky 1972a 1972b Em tais situações não tentamos manipular mentalmente todos os atributos ponderados de todas as opções disponíveis Usamos preferen cialmente um processo de eliminação por aspectos pelo qual eliminamos alternativas foca lizando os aspectos de cada alternativa uma por vez Focalizamos em particular um aspecto atributo das várias opções Formamos um critério mínimo para esse aspecto Elimi namos em seguida todas as opções que não atenderam a esse critério A seguir seleciona mos para as opções remanescentes um segundo aspecto para o qual fixamos um critério mínimo para a eliminação de opções adicionais Continuamos usando um processode elimi nação seqüencial de opções ao examinarmos uma série de aspectos até que reste uma única opção Dawes 2000 Por exemplo ao escolhermos um carro para comprar podemos nos concentrar no preço total como um aspecto Podemosoptar por desconsiderarfatores como custo de manutenção prêmio de seguroou outros fatoresque poderiam afetar realisticamente a quantia que teremos de gastar no carro além do preço de venda Após termos eliminado as alternativas que não atendem a nosso critério escolhemos outro aspecto Fixamos um critério de valor e elimina mos alternativas adicionais Continuamos desse modo Eliminamos mais alternativas um as pecto por vez até nos restar uma única opção Na prática parece que podemos usar alguns elementos de eliminação por aspectos ou satisfatoriedade satisficing a fim de reduzir a gama de opções para apenas algumas Usamos em seguida estratégias mais completase cuidadosas Exemplos seriamaqueles indicados pela teoria da utilidadesubjetiva esperada Eles podemser úteispara selecionar entre as poucas opçõesremanescentes Payne 1976 Usamos freqüentemente atalhos mentais e mesmo vieses que limitam e algumas vezes distorcem nossa capacidade para tomar decisões racionais Uma das principais maneiras pelas quais usamos atalhos mentais baseiase em nossas estimativas de probabilidades Considere por exemplo algumas das estratégias usadas pelos estatísticos que calculam a probabilidade que se encontram indicadas no Quadro 121 Você pode calcular facilmente a probabilidade simplesde que ocorrerá um dado custo ou benefício indicadona primeiraparte do quadro Tambémpode calculara probabilidade sim ples de que um dado custo ou benefício não ocorrerá indicada na segunda linha do quadro No entanto oscálculosda probabilidade conjunta da ocorrência ou nãoocorrênciade vários custose benefícios podem ser bem complicados indicados à direita no quadro Outro tipo de probabilidade é denominado probabilidade condicional E a possibilidade de ocorrerum eventodadooutro Porexemplo você poderiadesejar calculara possibilidade de obter um conceito A em um curso de Psicologia Cognitiva por ter obtido um A no exame final A fórmula para o cálculo da probabilidade condicional existindo um dado an terior é obtida pela aplicação do teorema de Bayes Este teorema é muito complexo e por tanto a maioria das pessoasnão o utiliza em situações envolvendo raciocínio no diaadia No entanto tais cálculos são essenciais para a avaliação de hipóteses científicas obtenção 434 Psicologia Cognitiva QUADRO 121 Regras de Probabilidade Exemplo Hipotético Cálculo da Probabilidade Lee é um dos de candidatos altamente qualificados para obter uma bolsa de estudos Qual é a possibilidadede Lee conseguila Se Lee for um dos de alunos altamente qualificados para pleitear uma bolsa de estudos qual é a possibilidade de Lee não conseguila Lee e seu colega de quarto estão entre os dez alunos altamente qualificados pleiteando uma bolsa de estudos Qual é a possibilidade de um dos dois conseguila Lee possui quatro pares de calçados azul branco preto e marrom Ele alterna aleatoriamente os pares que usa Qual a possibilidadede que um dos colegasde quarto obterá a bolsa de estudos e estará usando calçados pretos nesta ocasião Lee tem uma possibilidade de 01 de obter a bolsa de estudos 1 01 09 Lee tem uma possibilidade de 09 de não obter a bolsa de estudos 01 01 02 Existe uma possibilidade de 02 de que um dos dois colegas de quarto obterão a bolsa 025 x 02 005 Existe uma possibilidade de 005 de que um dos colegas de quarto obterá a bolsa de estudos e estará usando calçados pretos quando a bolsa for comunicada de diagnósticos médicos precisos análise de dados demográficos e o desempenho de muitas outras tarefas no mundo real Para uma excelente apresentação do teorema de Bayes veja Eysenck Keane 1990 p 456458 Para uma descrição detalhada do teorema de Bayes de uma perspectiva da Psicologia Cognitiva veja Osherson 1990 Tomada Naturalística de Decisões Muitos pesquisadores argumentam que a tomada de decisões é um processo complexo que não pode ser reproduzido adequadamente no laboratório Isto ocorre porque as decisões reais são tomadas freqüentemente em situações nas quais há grandes riscos Por exemplo o estado mental e a pressão cognitiva a que um médico da sala de emergência de um hospital é submetido ao atender um paciente são difíceis de reproduzir fora de um ambiente clínico Esta crítica conduziu ao desenvolvimento de um campo de estudo firmado na tomada de decisões em ambientes naturais Grande parte das pesquisas finalizadasnessa área originase de ambientes reais como hospitais ou usinas nucleares Carroll Hatakenaka Rudolph 2006 Galanter Patel 2005 Roswarski Murray 2006 Essassituações possuem em comum algumas características incluindo a existência de problemas mal estruturados situações variáveis risco elevado pressão do tempo e um ambiente envolvendo uma equipe Orasanu Connolly 1993 Alguns modelos são usados para explicar o desempenho nessas situações de riscos elevados Esses modelos incluem a consideração de fatores cognitivos emocionais e situacionais de decisores capacitados também proporcionam uma estrutura para apoiar decisores futuros Klein 1997 Lipshitz et ai 2001 Por exemplo Orasanu 2005 propôs recomendações orientadas ao treinamento de astronautas visando tornálos decisores bemsucedidos ao avaliar o que torna os atuais astronautas bemsucedidos A tomada natu Capítulo 12 Tomada de Decisões e Raciocínio 435 ralística de decisões pode ser aplicada a uma ampla gama de comportamentos e ambientes Essas aplicações podem incluir pessoas tão diferentescomo jogadores de badminton contro ladoresde tráfego ferroviário e astronautas da NASA FarringtonDarby etai 2006 Mac quet Fleurance 2007 Orasanu 2005 Patel Kaufman Arocha 2002 Tomada de Decisão em Grupo Trabalhar em grupo pode aumentar a eficácia da tomada de decisões do mesmo modo que pode aumentara eficácia da resolução de problemas Muitas empresas reúnem indivíduos em grupos para melhorara tomadade decisões CahnonBowers Salas 1998 Ao formar equi pesparaa tomadade decisão o gruposebeneficia do conhecimentoespecializado de cadaum dos membros Ocorre também um aumento de recursos e idéias Salas Burke CannonBo wers 2000 Outro benefício da tomada de decisão em grupo é a melhor memória do grupo em comparação à memória individual Hinsz 1990 Grupos bemsucedidos na to mada de decisão possuem algumas características similares incluindo as seguintes o grupo é pequeno possui comunicação aberta e os membros partilham uma configuração mental co mum identificamse com ò grupo e exibem concordância quanto ao comportamento aceitá vel do grupo Shelton 2006 Nos júris os membros partilham mais informações durante a tomadade decisão quando o grupo é formado por membros diversificados Sommers 2006 Os júris encontramse desse modoem posiçãopara tomar decisõesmelhores Além disso ao se examinar a tomada de decisões em grupos de políticas públicas foi observado que a influência interpessoal é im portante Jenson 2007 Os membros do grupo empregaram freqüentemente táticas para afetar as decisões dos demais membros Jenson 2007 As táticas usadas com mais freqüên cia e influênciaforam os apelos inspiradores e racionais Existem no entanto algumas des vantagens associadas com a tomada de decisão em grupo Dessas desvantagens uma das maisestudadas é o pensamentode grupo Pensamento de grupo é um fenômeno caracterizado por uma tomada de decisão prematura que geralmente é o resultado de os membros do grupo tentarem evitar conflito Janis 1971 O pensamento de grupo resulta freqüente mente em uma tomada de decisão não tão boa que evita idéias não tradicionais Esser 1998 A ansiedade é uma causa importante do pensamento de grupo Chapman 2006 Quando os membros do grupo demonstram ansiedade encontramse menos propensos a ex plorar novas opções e possivelmente tentarão evitar conflitos adicionais Que condições resultam em pensamento de grupo Janis citou três tipos 1 um grupo isolado coeso e homogêneo possui autoridade para tomar decisões 2 não existe uma lide rança objetiva e imparcial dentro do grupo ou fora delee 3 níveis elevados de estresse im põemse ao processo de tomada de decisão do grupo Os grupos responsáveis por tomar decisões de política externa são excelentescandidatos ao pensamento de grupoUsualmente pensam da mesma maneira Além disso freqüentemente mantêmse à parte do que está ocorrendo fora de seu próprio grupo Geralmente tentam cumprir objetivos específicos e acreditam que não podem ser imparciais Evidentemente também estão submetidos a um es tresse elevado porque os riscosenvolvidos em suas decisões podem ser enormes Seis Sintomas do Pensamento de Grupo Janisdelineou adicionalmente seis sintomas dopensamento de grupo 1 Na atitude de mente fechada o grupo não está aberto a idéias alternativas 2 Na racionalização o grupo faz de tudo parajustificar o processo e o resultado de sua tomada de decisão distorcendo a realidade quando necessário a fim de ser persuasivo 3 Na supressão dadissensão aqueles que discor dam sãodesprezados criticadosou mesmoostracizados 4 Na formação deum guardacostas 436 Psicologia Cognitiva mental para o grupo uma pessoa se nomeia o responsável pela norma do grupo e assegura que as pessoasse mantenham em harmonia 5 No sentirse invulnerável o grupo acredita que deve estar certo tendo em vista a inteligência de seus membrose as informações que possuem disponíveis 6 No considerarse unânime os grupos acreditam que todos partilham unanime mente as opiniões expressas pelo grupo A tomada de decisões imperfeita resulta do pensa mento de grupo o qual é em conseqüência por sua vez do exame insuficiente das alternativas analisando riscos inadequadamente e buscando informações de modo incom pleto sobre alternativas Considere como o pensamento de grupo poderia surgir em uma decisão quando alunos de uma faculdade decidem danificar uma estátua no campus de um time de futebol rival para dar uma lição aos alunos e ao corpo docente na universidade rival Os alunos racionalizam que o dano em uma estátua realmente não é algo muito importante De qualquer maneira quem se importa com uma estátua antiga e feia Quando um membro do grupo discorda os outros membrosprontamente o fazem sentirsedesleal e covarde Sua dissensão é desconside rada Os membros do grupo sentemse invulneráveis Eles irão danificar a estátua protegidos pela escuridão e a estátua nunca é vigiada Estão segurosde que não serão apanhados Final mente todos os membros concordam com os passosa tomar Esta sensação evidente de una nimidade convence os membros do grupo de que longe de serem destoantes estão fazendo aquilo que precisa ser feito Antídotos para o Pensamento de Grupo Janis prescreveu diversos antídotos para o pensamento de grupo Por exemplo o líder de um grupo deve incentivar a crítica construtiva ser imparcial e assegurar que os membros bus quem informações com pessoas fora do grupo O grupo também deve formar subgrupos que se reúnam separadamente para examinar soluções alternativas a um problema específico É importante que o líder assuma responsabilidade por impedir conformidade falsa a uma norma do grupo Em 1997 membros do culto Portal do Céu na Califórnia cometeram suicídio coletivo na esperança de se encontrarem com extraterrestres em uma nave espacial seguindo o ras tro do cometa HaleBopp Embora esse suicídio em grupo seja um exemplo marcante de conformidade a uma norma negativista do grupo eventos similares ocorreram ao longo de toda a história da humanidade como o suicídio de mais de 900 membros do culto reli gioso em Jonestown na Guiana em 1978 Pior foi o assassinato no ano 2000 de centenas de pessoas em Uganda por líderes de um culto a que estas pessoas aderiram E mesmo no século XXI os homensbomba suicidas estão se matando e a outras pessoas em ataques cui dadosamente planejados Heurísticas e Vieses As pessoas tomam muitas decisões com base em vieses e nas heurísticas atalhos em seu pensamento Kahneman Tversky 1972 1990 Stanovich Sái West 2004 Tversky Kahneman 1971 1993 Esses atalhos mentais aliviam a carga cognitiva da tomada de decisão porém também levam a uma probabilidade muito maior de erro Representatividade Antes de você ler a respeito da representatividade tente resolver o problema a seguir pro posto por Kahneman Tversky 1972 Capítulo 12 Tomadade Decisões e Raciocínio 437 Forampesquisadastodas as famílias tendo exatamente seisfilhosem uma determinada cidade Em 72 das famílias a ordem exata do nascimento de meninos e meninas era mMmMMm m menina M menino Qual é sua estimativa do número de famílias pesquisadas nas quais a ordem exata dos nascimentos era MmMMMM INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA A maioria das pessoas que considera o número de famílias de acordo com o padrão MmMMMM estima que o número é inferior a 72Na realidade a melhor estimativa do nú mero de famílias com essa ordem de nascimentos é 72 o mesmo que para a ordem de nasci mentos mMMMMm O número esperado para o segundo padrão seria o mesmo porque o gênero em cada nascimento é independente pelo menos teoricamente do gênero de qual quer outro nascimento Para qualquer nascimento a probabilidade de serum menino ou uma menina é lA Portanto qualquerpadrão de nascimento específico é igualmente provável Vi6 mesmo MMMMMM ou mmmmmm Por que muitos de nós acreditam que algumas ordens de nascimento são mais prováveis que outras A razão em parte é por usarmos a heurística da representatividade Na repre sentatividade julgamos a probabilidade de um evento incerto de acordo com 1 a obviedade com que é similar ou representativoda populaçãoda qual se origina e 2 o grau em que re flete as características notáveis do processo pelo qual é gerado como a aleatoriedade veja também Fischhoff 1999JohnsonLaird 2000 2004 Por exemplo as pessoas acreditam que a primeira ordem de nascimentos é mais provável porque 1 é mais representativa do número de mulheres e homens na população e 2 parece mais provável que a segunda or dem de nascimentos Na realidade evidentemente qualquer ordem de nascimento é igual mente provável de ocorrer em função do acaso Suponha de modo similar que as pessoas sejam solicitadas a julgar a probabilidade de os lançamentos de uma moeda resultarem na seqüência CKCCKC C cara e K coroa A maioria das pessoas a julgará como mais provável do que estimariam caso solicitadas a jul gar a seqüênciaCCCCKC Se você espera que uma seqüência seja aleatória tende a consi derar como mais provável uma seqüência que parece aleatória Realmente as pessoas muitas vezes comentam que os númerosem uma tabela de números aleatóriosnão parecem aleatórios A razão é que as pessoas subestimam o número de vezes de um mesmo número aparecer totalmente ao acaso Raciocinamos freqüentemente em termos da possibilidade de algo parecer representar um conjunto de ocorrências acidentais ao invésde considerarmos efetivamente a possibilidade real da ocorrência de um determinado evento Esta tendência nos torna mais vulneráveis às artimanhas de mágicos charlatães e artistas desonestos Qual quer um delespode exageraro fato de ter previsto a probabilidade realista de um evento que parece ser nãoaleatório Por exemplo a probabilidade é de 1 para 9 de que duas pessoas em um grupo de 40 pessoas por exemplo em uma sala de aula ou uma pequena boate façam aniversáriojuntas no mesmodia e mêsnão necessariamente no mesmoano Emum grupo de 14 pessoas existemaiorprobabilidade de que duasfarão aniversário com um dia de dife rença Krantz 1992 Outro exemplo da heurística de representatividade é a falácia do jogador Falácia do joga dor é a crença errada de que a probabilidade de um determinado evento aleatório como ga nhar ou perder em um jogo de azar é influenciada por outros eventos aleatórios anteriores Porexemplo um jogador que perde cinco apostas sucessivas podeacreditarser mais provável que ganhará na sexta vez Ele julga estar marcado para ganhar Na verdade evidente mente cadaaposta ou lançamento de moeda constitui um evento independente Possui uma 438 Psicologia Cognitiva probabilidade igual de sucessoou fracasso O jogador não tem maior probabilidade de ganhar na sexta aposta do que na primeira ou na milésima primeira Uma falácia relacionada é a crença errônea na mão santa ou no cestinha no basquete Obviamente jogadores profissionais e amadores de basquete bem como seus fãs acreditam que a probabilidade de um jogador fazer uma cesta é maior após ter acertado anteriormente ao invés da situação contrária No entanto as possibilidades estatísticas e os registros reais sobre os jogadores não indicam tal tendência Gilovich Vallone Tversky 1985 Jogadores argutos se aproveitarão dessa crença e marcarão de perto os adversários imediatamente após terem feito cestas A razão é que os jogadoresadversários terão maior probabilidade de tentar passar a bola para essescestinhas observados O fato de nos apoiarmos freqüentemente na heurística de representatividade pode não ser tão surpreendente É fácil de empregar e muitas vezes dá certo Por exemplo suponha que não ouvimos uma previsão do tempo antes de sair de casa julgamos informalmente existir a probabilidade de que choverá Baseamosnosso julgamento no grau de certeza em que as ca racterísticas desse dia por exemplo o mês do ano as áreas em que vivemos e a presença ou a ausênciade nuvens no céu representamas característicasdos dias em que chove Outra ra zãopela qual muitas vezes usamos a heurística de representatividade é o fato de acreditarmos erroneamente que pequenas amostras por exemplo de eventos de pessoas de características assemelhamseem todos os aspectos a toda a população da qual a amostra é obtida Tversky Kahneman 1971 Tendemos particularmente a subestimara possibilidade de que as caracte rísticas de uma pequena amostra por exemplo as pessoas que conhecemos bem de uma po pulaçãorepresentam inadequadamente as característicasde toda a população Tambémtendemosa usar maisfreqüentementea heurísticade representatividade quando estamos muito conscientes de provas casuais baseadas em uma amostra muito pequena da po pulação Essa dependência de provas casuais foi denominada argumento um homem que Nisbett Ross 1980 Quando nos apresentam estatísticas podemos refutar os dados com nossas próprias observações como Conheço um homem que Por exemplo ao se apresen tarem a uma pessoa estatísticas sobre doença coronária e níveis elevados de colesterol ela pode argumentar que Conheci um homem que comia creme chantilly no cafédamanhã no almoço e no jantar e viveu 110 anos Ele teria continuado a viver porém foi atingido por um tiro disparado por uma amante ciumenta em seu coração perfeitamente saudável Uma razão pela qual as pessoas empregam de forma equivocada a heurística de repre sentatividade é por não conseguirem entender o conceito de taxas básicas A taxa básica referese à prevalência de um evento ou de uma característica no contexto de sua popula ção de eventos ou de características As pessoas ao tomarem decisões diariamente despre zam muitas vezes as informações de taxas básicas porém elas são importantes para julgamento e tomada de decisões eficazes O uso das informações de taxas básicas é essen cial ao desempenho adequado no cargo para muitas ocupações Por exemplo suponha que se dissesse a um médico que um menino de 10anos estava sentindo dores no peito O mé dico apresentaria probabilidade muito menor de preocuparse com um ataque cardíaco imi nente do que se fosse informado de que um homem de 50 anos apresentasse um sintoma idêntico Por quê Porque a taxa básicade ataques cardíacos é muito maior para homens de 50 anos do que para meninos de 10 anos Evidentemente as pessoas também usam outras heurísticas As pessoas podem ser ensinadas a usar as taxas básicas para melhorar sua to mada de decisões Gigerenzer 1996 Koehler 1996 Disponibilidade A maioria de nós emprega pelo menos ocasionalmente a heurística de disponibilidade pela qual fazemos julgamentos com base no grau de facilidade com que podemos trazer à lembrança aquilo que percebemos como situações relevantes de um fenômeno Tversky Capítulo 12 Tomada de Decisões e Raciocínio 439 Kahneman 1973 veja também Fischhoff 1999 Sternberg 2000 Considere por exemplo a letra R Existem mais palavras na língua inglesa que começam com a letra R ou que pos suem R como terceira letra Tversky Kahneman 1973 Por quê Porque produzir palavras iniciando com a letra R é mais fácil que criar palavras tendo a letra R como terceira letra Na realidade existe na língua inglesa maior número de palavras em que R aparece como terceiraletra O mesmo também parece ser verdadeiro para algumas outras letras comoK LNeV A heurística da disponibilidade também foi observada no contexto de situações diárias Em um estudo participantes casados indicaram individualmente quem do casal executava uma proporção maior de cada uma de 20 tarefas domésticas Ross Sicoly 1979 Essas tare fas incluíam afazeres comuns como abastecer a casa com alimentos ou preparar o caféda manhã Cada participante informou o queele ou elaexecutava mais freqüentemente entre 16 de 20 tarefas Suponha que cada membro do casal estivesse certo Então para realizar 100 do trabalho em um lar cada um deles teria de realizar 80 do trabalho Ocorreram resultados similares aose questionar jogadores de times universitários de basquete e partici pantes que atuavam juntos em laboratórios Para todos os participantes a maior disponibili dade de suas próprias ações parecia indicar que cada um havia executado uma proporção maior do trabalho em atuações conjuntas Embora obviamente 80 80 não seja igual a 100 podemos compreender por que as pessoas podem optar por usar aheurística dadisponibilidade quando esta confirma as cren ças que possuem a seu próprio respeito As pessoas também usam entretanto a heurística da disponibilidade quando seu uso conduz a uma falácia lógica que nada tem a ver com as cren çasque possuem desimesmas Solicitouse a dois grupos departicipantes paraque estimassem o número depalavras dedeterminada forma que seesperaria aparecesse em um trecho com 2 mil palavras Para umgrupo a forma foi ndo isto é sete letras terminando em ndo Para outro grupo a forma foi n isto ésete letras com nna penúltima posição Obviamente não podem existir mais palavras com letras terminando em ndo do que palavras com sete letras tendo n como penúltima letra Porém a maior disponibilidade do pri meiro conduziu a estimativas de probabilidade que eram mais de duas vezes maiores para o primeiro em comparação com o segundo Tversky Kahneman 1983 Este exemplo ilustra como a disponibilidade heurística poderia conduzir à falácia daconjunção Nafalácia da con junção uma pessoa propõe uma estimativa maior para um subconjunto de estudos por exem plo os casos de ndo do que o conjunto de eventos maior contendo o subconjunto dado por exemplo os casos de n como penúltima letra Esta falácia também é ilustrada pela descrição sucinta no iníciodo capítulo a respeito de Linda A heurística darepresentatividade também pode induzir aspessoas a participarem dafa láciade conjunçãodurante o raciocínio probabilístico Tversky Kahneman 1983 veja tam bém Dawes 2000 Tversky eKahneman indagaram alunos universitários Queira dar sua estimativa dos seguintes valores que porcentagem dos homens pesqui sados em uma pesquisa sobre saúde sofreram um ou mais ataques cardíacos Que porcentagem dos homens pesquisados têm mais de 55 anos e tiveram umou mais ataques cardíacos p 308 Asestimativas médias foram de 18 paraa primeira pergunta e de30 para a segunda Defato 65 dos respondentes deram estimativas maiores para a segunda pergunta que lo gicamente é umsubconjunto da primeira Noentanto as pessoas nem sempre optam pela falácia deconjunção Somente 25 dos res pondentes propuseram estimativas maiores para asegunda pergunta em comparação à primeira quando as perguntas foram reformuladas para incluir freqüências ao invés de porcentagens 440 Psicologia Cognitiva Em outras palavras as perguntas diziam respeito ao número de pessoas em uma determinada amostra da população Os pesquisadores também descobriram que a falácia de conjunção era menos provável quando asconjunções sãodefinidas pelaintersecção de classes concretas doque por uma combinação de propriedades Por exemplo elas eram menos prováveis para tipos de objetos ou animais comocães ou bigles beagles do queporcaracterísticas de objetos ou indi víduos como conservadorismo ou feminismo Tversky Kahneman 1983 Embora classes e propriedades sejam equivalentes de um pontode vista lógico geram representações mentais di ferentes Stenning Monaghan 2004 Regras e relações diferentes são usadas em cada um dos doiscasos Desse modo a equivalência formal entre propriedades e classes não é óbvia intuiti vamente para a maioria das pessoas Tversky Kahneman 1983 A falácia de inclusão é uma variante da falácia de conjunção Na falácia de inclusão o indivíduo atribui maior possibilidade de que todo membro de um subconjuntoda categoria incíusiva possui aquela característica isto é cães inclusive e bigles subconjunto Shafir Osherson Smith 1990 Por exemplo os participantes julgaram existir probabilidade muito maior de que todo advogadoindividualmente isto é todo advogado seja conservador do que todo advogado de sindicato sejaconservador De acordo com os pesquisadores tende mosa julgarque os membros de uma classe específica por exemplo advogados ou de uma subclasse por exemplo advogados de sindicatos de pessoasexibirão uma determinada ca racterística por exemplo conservadorismo com basena tipicidade percebida istoé repre sentatividade da característica dada para a categoria dada Por exemplo firmados nas características dos televisores Sony os participantes foram solicitados a julgarcaracterísti cas de filmadoras Sony ou de bicicletas Joiner Loken 1998 Os participantes incorreram na falácia de inclusão mais para as filmadoras do que para as bicicletas Joiner Loken 1998 Isto é provável porque neste caso as filmadoras são mais representativas do tipo de produtofabricado pela Sony No entanto devemos julgara possibilidade com base na pro babilidade estatística Heurísticascomo as da representatividadee da disponibilidadenem sempre conduzema julgamentos errados ou a decisões inadequadas Usamos efetivamente essesatalhos mentais porque muitas vezes estão certos Por exemplo um dos fatores que conduzem à maior dis ponibilidade de um evento é na realidade a maior freqüência do evento No entanto a dis ponibilidade também podeserinfluenciada pelo caráterrecenteda apresentação como na indicação da memória implícita mencionada no Capítulo 5 pela característica de ser inco mum ou por um aspecto notável distinto de um determinado evento ou categoriade evento para a pessoa No entanto quando a informação disponível não se encontra distorcida por alguma razão os casos que se encontram mais disponíveis geralmente são os mais comuns Exemplos de coberturadistorcida poderiam sera coberturasensacionalista da imprensa pro pagandaextensiva o caráter recentede umaocorrência incomum ou preconceitos pessoais Geralmente tomamos decisõesnas quais os casos mais comuns são os mais relevantes e va liosos Emtaiscasos a heurísticadá disponibilidade representa muitas vezes um atalho con veniente com poucos encargos No entanto quando casos particulares são mais bem lembrados porcausa dedistorções por exemplo suavisão deseu próprio comportamento em comparação com aquela das outras pessoas a heurística da disponibilidade pode conduzir a decisões que deixam a desejar Outros Fenômenos de Julgamento A heurística de ancoragem eajuste é umaheurística relacionada à disponibilidade pela qualas pessoas ajustam suas avaliações por meio de certos pontos de referência denominados ân coras de finalidades Antes de você continuar a leitura calcule de modo rápido em sua mente em menos de 5 segundos a resposta ao seguinteproblema Capítulo 12 Tomada de Decisões e Raciocínio 441 8x7x6x5x4x3x2x1 Calcule em seguida rapidamente a respostaao seguinte problema 1x2x3x4x5x6x7x8 Dois grupos de participantes estimaram o produtode um ou outro dos dois conjuntosde oito números precedentes Tversky Kahneman 1974 A estimativa medianafeita pelos par ticipantes para a primeira seqüência foi 2250 Para os participantes que calcularam o se gundoconjuntoa estimativamedianafoi 512 O produtorealé 40320 para ambas Os dois produtos são iguais como realmente devemser porque os números são exatamente os mes mos aplicando a propriedade comutativa da multiplicação Apesar disso aspessoas indicam uma estimativa maior para a primeira seqüência A razão é que seu cálculoda âncora os primeiros algarismos multiplicados entresi resulta em umaestimativa maior combase na qual fazem um ajuste para obter uma estimativa final Outra consideração na teoria da decisão é a influência dosefeitos de enquadramento em que o modo como as opções sãoapresentadas influencia a seleção de uma opção Tversky Kahneman 1981 Por exemplo tendemos a escolher opções que demonstram aversão ao risco e nos defrontamos com uma opção envolvendo ganhos potenciais isto é tendemos a escolher opçõesque proporcionam ganho pequeno mascerto ao invés de maior porém in certo a não ser que o ganho incerto sejaconsideravelmentemaior ou somente pouco menor que o certo O exemplo no box Investigando a Psicologia Cognitiva é somente uma pe quena alteração daquele utilizado por Tversky Kahneman 1981 Suponha que você fosse informado de que 600 pessoas estavam sujeitas ao risco de morte por causa de uma determinada doença A vacina A poderia salvar as vidas de 200 pessoas submetidas ao risco Para a vacina B existe uma possibilidade de 033 de que todas as 600 pessoas seriam salvas porém existe uma possibilidade de que todas as 600 pessoasmor rerão Que opção você escolheria INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Tendemos a escolher as opções que demonstram a opção por risco quando nos defron tamos comopções queenvolvem perdas consideráveis Tendemos a escolher opções queofe recem grande mas incerta perda a não ser que a perda incerta seja extraordinariamente maiorou somente um pouco menor que o certo O próximo box Investigando a Psicologia Cognitiva oferece um exemplo interessante Suponha que se for usada a vacina C em 600 pessoas com riscode morte provocado por determinada doença 400 morrerão No entanto se for usada a vacina D existe uma possibilidadede 033 de que ninguém mor rerá e uma possibilidade de 066 de que todas as 600 pessoas morrerão Que opção você escolheria INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Nas situações precedentes a maioria das pessoas escolheria as vacinas A e D Compare agora o número de pessoas cujas vidas serão perdidas ou salvas usando as vacinas A ou C Compare de modo análogo o número de pessoas cujas vidas serão perdidas ousalvas usando as vacinas Bou D O valor esperado é idêntico em ambos os casos Nossa preferência pela 442 Psicologia Cognitiva Baruch Fischhoff é profes sor de Ciências Sociais e de Decisão e de Engenha ria e Políticas Públicas na Universidade Camegie Meiíon Eie estudou processos psicológicos do tipo viés retrospectivo per cepção derisco e criação de valor Também realizou trabalhos relacionados a políticas públicas emáreas como gerenciamentoam biental e do risco Foto Cortesia do Dr BarucfiFischhoff aversão ao risco em comparação à aceitação do risco nos conduz a esco lhas muito diferentes quanto ao modo pelo qual uma decisão é enqua drada mesmo quando os resultados reais das escolhas forem idênticos A correlação ilusória é outro fenômeno de julgamento pelo qual tendemos a considerar eventos específicos ou atributos e categorias particulares atuando conjuntamente porque estamos predispostos a pensar deste modo Hamilton Lickel 2000 No caso dos eventos po demos detectar relações falsas de causa e efeito No caso dos atributos podemos empregar preconceitos pessoais para usar e formar estereóti pos talvezcomo resultado do uso da heurística de representatividade Por exemplo suponha termos a expectativa de que pessoas de um de terminado partido político demonstrem possuir determinadas caracte rísticas intelectuais ou morais Os casos em que as pessoas possuem essas características apresentam maior possibilidade de estar disponí veis na memória e ser lembrados mais facilmente do que os casos que contradizem nossas expectativas distorcidas Em outras palavras percebemosuma correlação entre o partido político e as característi cas específicas A correlação ilusória pode até mesmo influenciar os diagnósticos psiquiátricos firmados em testes projetivos como o Rorschach e o HTP Chapman Chapman 1967 1969 1975 Os pesquisadores indicaram uma correlação falsa na qual determinadas respostas seriam associadas a diagnósticos específicos Por exemplo indicaram que pessoas com diagnóstico de paranóia tendem a desenhar pessoas com olhos gran des mais do que as pessoas com outros diagnósticos Na realidade os diagnósticos de para nóia não apresentavam maior possibilidade de serem relacionados aos desenhos de olhos grandes comparativamente a quaisquer outros diagnósticos No entanto o que aconteceu quando as pessoas esperavam observar uma correlação entre as respostas específicas e os diagnósticos associados Eles tendiam a perceber a correlação ilusória embora não existisse uma correlação efetiva Outro erro comum é o excesso de confiança a superavaliação que uma pessoa faz de suas próprias aptidões conhecimentos ou julgamentos Por exemplo as pessoas responderam a 200 afirmações com duas alternativas como Absinto é a um licor ou b uma pedra pre ciosa Absinto é um licor com sabor de alcaçuz Solicitouse às pessoas que escolhessem a resposta correta e indicassem a probabilidade de sua resposta estar correta Fischhoff Slo vic Lichtenstein 1977 As pessoas exibiram excesso deconfiança Por exemplo quando apresentavam 100 de confiança em suas respostas estavam certas somente 80 das vezes Em geral as pessoas tendem a superestimar a precisão de seus julgamentos Kahneman Tversky 1996 Por que as pessoas demonstram excesso de confiança Uma razão é que as pessoaspodem não perceber o quão pouco conhecem Uma segunda razãoé que podem en tender o que estão supondo quando se valem do conhecimento que possuem Uma ter ceira razão pode ser não saberem que suas informações originamse de fontes não confiáveis Carlson 1995 Griffin Tversky 1992 Em virtude do excessode confiança as pessoastomam muitas vezes decisõeserradas Es tas decisões se baseiamem informações inadequadase em estratégias de tomada de decisões inadequadasO motivopelo qual tendemos a manifestar excesso de confiança em nossosjul gamentos não está claro Uma explicação simples é que preferimos não pensar na possibili dade de estarmos errados Fischhoff 1988 Um erro de julgamento que é muito comum no pensamento das pessoasé a falácia do custo perdido Dupuy 1998 1999 Nozick 1990 Esta é a decisão de continuar investindo em Capítulo 12 Tomada de Decisões e Raciocínio 443 algo simplesmente porque a pessoa investiu neste algo antes e espera recuperar seu investi mento Porexemplo suponhaque você comprou um carroque sódá despesas Você já inves tiu milhares de dólares para colocálo em condição de uso Agora se confronta com um conserto de grande vulto e oneroso Você não tem um motivo paraacreditar que esse con serto adicional será realmente o último na série de consertos Pensa em quanto dinheiro já gastou com consertos Raciocina que precisa fazer oconserto adicional para justificar a quan tia que já gastou em consertos Portanto efetua o conserto ao invés de comprar um carro novo Você acaba de acreditar na falácia do custo perdido O problema é que já perdeu di nheiro com esses consertos Desperdiçar mais dinheiro com os consertos não fará com que você recupere omontante gasto Sua melhor aposta pode muito bem ser considerar odinheiro já gasto comconsertos como um custo perdido Em seguida você adquire um carro novo De modo similar suponha que viaje de férias Você pretende permanecer duas semanas em férias Está tendo muitos transtornos e tentando decidir se volta para casa uma semana antes Você deveria antecipar suavolta em uma semana Decide que não deveria Você tenta justi ficar desse modo o investimento que já fez nas férias Você incorreu novamente na falácia do custo perdido Em vez deconsiderar o dinheiro simplesmente como perdido em uma de cisão infeliz decidiu desperdiçar mais dinheiro Porém procede desse modo sem qualquer ex pectativa de que as férias terão qualquer melhora Éimportante levar em consideração os custos de oportunidade quando julgamentos forem feitos Estes são os preços pagos porvocê aproveitar certas oportunidades Por exemplo su ponha que você perceba uma excelente oferta de emprego em São Francisco Você sempre quis viver lá e está disposto a aproveitála Antes de prosseguir precisa formular uma per gunta a si mesmo De que outros aspectos você teráde abrir mão paraaproveitar essa opor tunidade Um exemplo poderia ser a possibilidade em seu orçamento de ter mais de 45 m2 deespaço para residir Outropoderia ser viver em umlocal emque provavelmente não pre cisasse sepreocupar com terremotos Existem custos de oportunidade sempre que você seva lerde uma oportunidade Eles podem emalguns casos fazer comqueaquilo queparecia ser uma boa oportunidade simplesmente passe a deixar de parecer uma grande oportunidade Idealmente você deveria tentarexaminar esses custos deoportunidade de ummodo quenão incluísse um viés Finalmente um viés que muitas vezes afeta todos nós é o viés retrospectivo quando analisamos uma situação retrospectivamente acreditamos que podemos ver facilmente os si nais e os eventos que conduzem a um determinado resultado Fischhoff 1982 Wasserman Lempert Hastie 1991 Porexemplo suponha que se solicite às pessoas para preverem os resultados de experiências psicológicas antes da realização dos experimentos No entanto quando as pessoas são informadas dos resultados das experiências psicológicas comentam fre qüentemente que estes resultados eram óbvios Afirmam que os resultados teriam sido facil mente previstos de modo antecipado Analogamente quando relações pessoais íntimas apresentam problemas as pessoas muitas vezes deixam de observar sinais das dificuldades até que os problemas alcancem proporção de crise Quando isso ocorre pode ser muito tarde para salvar o relacionamento Em termos retrospectivos entretanto as pessoas podem bater em suas testas Elas se perguntam Por que não percebi o que estava ocorrendo Era tão óbvio Deveria ter observado os sinais Grande parte dos trabalhos sobre julgamentos e tomada de decisão concentrouse nos erros que cometemos A racionalidade humana é limitada Ainda assim a irracionalidade humana também é limitada Cohen 1981 Agimos de fato racionalmente em muitos ca sos Cada umde nós também pode aperfeiçoar nossa tomada de decisões por meio da prá tica Temos a probabilidade de agir dessa maneira seobtivermos um feedback específico a 444 Psicologia Cognitiva respeito decomo melhorar nossas estratégias de tomada de decisões Outra maneira impor tante paramelhorar a tomada de decisão consiste emobter informações precisas parao cál culo de probabilidades Em seguida precisamos usar apropriadamente as probabilidades na tomada de decisão Além disso embora a teoria da utilidade esperada subjetiva possa ofere ceruma descrição limitada da tomada dedecisão efetiva pelos seres humanos está longe de ser inútil Ela oferece uma boa prescrição para aumentar a eficácia da tomada de decisão quando uma pessoa sedefronta com uma decisão suficientemente importante para justificar o tempo e o esforço mental exigidos Slovic 1990 Adicionalmente podemos tentar evitar excesso de confiança em nossas percepções intuitivas em relação a ótimas escolhas Outra maneira para ressaltar nossa tomada dedecisão consiste emusar o raciocínio cuidadoso para realizar inferências sobre as várias opções que seencontram disponíveis paranós O trabalho sobre heurísticas e vieses mostra a importância de sedistinguir entre com petência intelectual e desempenho intelectual como ele se manifesta na vida diária Mesmo especialistas no uso de probabilidade e estatística podem sedeparar com uma situação de padrões de julgamento e tomada de decisão equivocados emseu cotidiano As pessoas po dem ser inteligentes em um sentido convencional e calcado em testes No entanto podem demonstrar exatamente osmesmos vieses e raciocínios falhos comparativamente a alguém com pontuação menor em um teste de inteligência As pessoas muitas vezes deixam de uti lizar sua competência intelectual emsuas vidas diárias Pode atéexistir umgrande hiatoen treosdois Desse modo sedesejamos serinteligentes emnossa vida diária e nãoapenas nos testes precisamos demonstrar agilidade Precisamos estaratentos para em particular apli car nossa inteligência aos problemascom os quais nos defrontamos continuamente As heurísticas nem sempre nos induzem ao erro Algumas vezes são meios extraordina riamente simples para chegar a conclusões fundamentadas Por exemplo uma simples heu rística da melhor escolha podeserconsideravelmente eficaz emsituações envolvendo decisões Gigerenzer Goldstein 1996 Gigerenzer Todd o Grupo de Pesquisas ABC 1999 Marsh Todd Gigerenzer 2004 A regra é simples ao tomar uma decisão identifique o critério es pecífico mais importante para você quando tomar esta decisão Por exemplo quando esco lhe um automóvel novo o fator mais importante poderia ser consumo reduzido de combustível segurança ou aparência Esta heurística poderia parecer aparentemente inade quada Defato diversas vezes conduz a decisões muito boas Em muitos casos chega a pro duzir melhores decisões do queheurísticas bem mais complicadas Desse modo asheurísticas podem ser usadas tanto para uma boa como para uma má tomada de decisões Realmente quando levamos em consideração as metasdas pessoas as heurísticas muitas vezes são ex traordinariamente eficazes Evans Over 1996 A heurística da melhor escolha pertence a uma classe de heurísticas denominada heu rística rápida e econômica HRE Conforme a própriadesignação indica esta classe de heurísticas sebaseia emuma pequena fração das informações e asdecisões usando a heurís ticasão tomadas rapidamente Essas heurísticas estabelecem umpadrão deracionalidade que considera limitações que incluem tempo informação e capacidade cognitiva Bennis Pa chur 2006 Além disso esses modelos consideram a falta deótimas soluções e os ambientes nos quais a decisão estáocorrendo Como resultado essas heurísticas proporcionam uma boa descrição da tomada dedecisão durante a prática deesportes Bennis Pachur 2006 Outros pesquisadores observaram queasHREs podem formar umadescrição abrangente decomo as pessoas se comportam em uma variedade de contextos Estescomportamentos variam da es colha de almoços ao modo como os médicos decidem prescrever medicamentos para depres são Scheilbehenne Miesler Todd 2007 Smith Gilhooly 2006 Capítulo 12 Tomada de Decisões e Raciocínio 445 NO LABORATÓRIO DE GERD GIGERENZER Que cidade tem uma po pulação maior San Diego ou San Antônio Dois ter ços dosalunosde cursos de graduaçãode Universidade de Chicago responderam corretamente San Diego Perguntamos em seguida a alunos alemães que conheciam muito pouco sobre San Diego e muitos dos quais jamais ti nham ouvido falar de San Antônio Goldstein Gigerenzer 2002 Que proporção dos alunos alemães você considera que responderam corre tamente 100 Como é possível que pessoas com menor conhecimento sobre um assunto dêem respostas mais corretas A resposta é que os alunos alemães usaram a heurística de reco nhecimento Para o caso presente esta heurís tica afirma Se um de dois elementos é reconhecido e outro não então infira que o elemento reconhe cido possui o maior valor com relaçãoao critério Observe que os alunos norteamericanos não podiamusara heurísticade reconhecimento eles tinham conhecimento de ambas as cida des Tinham de valerse do conhecimento de recordação isto é fatos ao invés de reconhe cimento A heurística de reconhecimento so mente pode ser usada por pessoas que possuem um grausuficiente de desconhecimento isto é que reconhecem somente algunselementos po rém nem todos Em tais casos pode resultar que o efeito menos é mais ou seja menos conheci mento pode conduzir a julgamentos mais preci sos Resultados similares surpreendentes foram observados na previsão de resultados de jogosde futebol na GrãBretanha por exemplo Man chester United x Shrewsbury Town por pessoas na Inglaterra em oposição à Turquia A heurís tica de reconhecimento também é usada no su permercadoquandoosclientesprecisam escolher entre diversos produtos similares preferindo aquele sobre cuja marca já tenham algum co nhecimento Esta heurística é aplicada na pro pagandacomo a da Bennetton que não fornece informaçõessobre o produto mas simplesmen te tenta aumentar o reconhecimento da marca Finalmente a heurística de reconhecimento tam bém obteve sucesso no mercado de ações no qual conseguiu obter maior desempenho que os principais fundos mútuos e a média Dow jones na escolha de investimentos em ações Borges etai 1999 No entanto a heurística de reconheci mento nem sempre se aplica e não consegue sempre realizar inferências corretas A eficá cia da heurística visivelmente simplista de pende de sua racionalidade ecológica sua capacidadepara analisara estruturadas infor mações em ambientes naturais A heurística obtém sucesso quando o desconhecido es pecificamente uma falta de reconhecimento possui uma distribuição sistemática e não aleatória isto é quando possui grande corre lação com o critério Estudos experimentais indicam que 90 ou mais dos participantes apoiamse na heurística de reconhecimento na qual é racional ecologicamente No Centro de Comportamento Adaptá vel e Cognição ABC na sigla em inglês do Instituto Max Planck para o Desenvolvi mento Humano estudamos não apenas essa heurística mas todo um conjunto adaptável de heurísticas Parte da satisfação no labora tório originase da natureza interdisciplinar do grupo ABC Psicólogos colaboram com economistas matemáticos cientistas de com putação e biólogos evolutivos entre outros Usando diversos métodos tentamos desven dar o conjunto adaptável Esse conjunto é sob dois aspectos uma metáfora darwiniana para a tomada de deci são Primeiro a evolução não segue um plano de grande alcance mas resulta em um con junto improvisado de soluções para problemas específicos O mesmo se aplica ao conjunto sua heurística é de domínio específicoe não de domínio geral Segundo as heurísticas do conjunto não são boas ou más racionais ou irracionais per se sendo somente relativas a um ambiente do mesmo modo que as adap tações estão vinculadas ao contexto Nestas duas restrições reside seu potencial as heu rísticas podem desempenhar extraordinaria mente bem quando usadas em um ambiente adequado A racionalidadedo conjunto adap tável não é lógica mas preferencialmente ecológica continua 446 Psicologia Cognitiva NO LABORATÓRIO DE GERD GIGERENZER continuação O programa ABC tem por meta proporcio nar os elementos fundamentais ou se você preferir os ABCs da heurística cognitiva para escolha categorização inferência estimativa preferência e outras tarefas Essas heurísticas são rápidas porque envolvem poucos cálculos econômicas porque buscam apenas poucas in formações e vigorosas porque sua simplicidade parece permitir que possam ser generalizadas eficazmente para novos ambientes Herbert Si mon introduziu em uma ocasião a metáfora de uma tesoura para exemplificar aquilo que denominamos racionalidade ecológica Uma lâmina é a mente a outra o ambiente Para compreender a cognição estudamos a com binação entre a estrutura da heurística cog nitiva e o ambiente Estudar somente uma lâmina como grande parte da ciência cogni tiva faz atualmente não revelará por que e como a cognição opera Neurociência da Tomada de Decisão Conforme ocorre na solução de problemas o córtex préfrontal e particularmente o córtex cingular anterior ativamse durante o processo de tomada de decisão Barraclough Conroy Lee 2004 Kennerley et ai 2006 Rogers et ai 2004 Estudos de tomada de decisão em macacos detectaram ativação nas regiões parietais do cérebro Platt Glimcher 1999 A quantidade de ganho associado a uma decisão também afeta a quantidade de ativação obser vada na região parietal Platt Glimcher 1999 A análise da tomada de decisão por viciados em drogas identificou algumas áreas envol vidas em decisões arriscadas Os pesquisadores descobriram menor ativação no córtex cin gular anterior pregenual esquerdo Fishbein et ai 2005 Essas descobertas indicam que durante a tomada de decisões o córtex cingular anterior está envolvido no exame dos bene fícios potenciais Outro efeito interessante visto nessa área é observado em participantes que possuem dificuldade para tomar uma decisão Em um estudo os participantes tomaram de cisões a respeito de um item ser antigo ou novo e qual dos dois itens era maior Fleck et ai 2006 As decisões que tiveram a menor pontuação em tetmos de confiança e levaram mais tempo para responder estavam associadas à maior ativação do córtex cingular anterior Es sas descobertas indicam que essa área do cérebro se encontra envolvida na comparação e na análise das soluções possíveis Raciocínio Julgamento e tomada de decisão envolvem avaliar oportunidades e selecionar uma opção ao invés de outra Raciocínio é o processo de chegar a conclusões com base em princípios e provas Leighton 2004a 2004b Leighton Sternberg 2004 Sternberg 2004Wason John sonLaird 1972 No raciocínio passamos daquilo que já é conhecido para inferir uma nova conclusão ou para avaliar uma conclusão proposta O raciocínio muitas vezes é classificado em dois tipos raciocínio dedutivo e indutivo Raciocínio dedutivo é o processo de raciocinar com base em uma ou mais afirmações gerais relativas ao que se conhece para obter uma conclusão logicamente correta JohnsonLaird 2000 Rips 1999 Williams 2000 Envolve muitas vezes raciocinar a partir de uma ou mais informações gerais relativas ao que é conhecido visando a uma aplicação específica da afir mação geral Raciocínio indutivo em contraste é o processo de raciocinar com base em fa tos e observações específicos para chegar a uma conclusão provável que pode explicar os fatos A pessoa que aplica o raciocínio indutivo pode usar aquela conclusão provável para tentar prever casos específicosfuturos JohnsonLaird 2000 A principal característica que distingue o raciocínio indutivo do dedutivo é que na indução nunca conseguimos chegar a Capítulo 12 Tomada deDecisões e Raciocínio 447 uma conclusão logicamente correta Somente podemos chegar a uma conclusão particular mente bem fundamentada ou provável Raciocínio Dedutivo O raciocínio dedutivo baseiase em proposições lógicas Uma proposição é basicamente uma assertiva que pode ser verdadeira oufalsa Exemplos são Os alunos de Psicologia Cognitiva sãobrilhantes e Os alunos de Psicologia Cognitiva calçam sapatos ou Os alunos de Psi cologia Cognitiva apreciam creme deamendoim Em um argumento lógico premissas são proposições a respeito das quais são apresentados argumentos Ospsicólogos cognitivos estão interessados particularmente em proposições que podem ser conectadas de um modo que requer das pessoas chegar a conclusões racionais isto é o raciocínio dedutivo é útil porque ajuda as pessoas a unir várias proposições para tirar conclusões Os psicólogos cognitivos querem conhecer como as pessoas unem proposições para chegar a conclusões Algumas destas conclusões são bem raciocinadas Outras não Grande parte da dificuldade do racio cínio consiste em até mesmo compreender a linguagem dos problemas Girotto 2004 Alguns dos processos mentais usados na compreensão da linguagem e o funcionamento cerebral em sua base também são usados no raciocínio Lawson 2004 Raciocínio Condicional Um dos principais tipos de raciocínio dedutivo é o raciocínio condicional no qual a pessoa que raciocina ptecisa chegar a uma conclusão baseada em uma proposição do tipo seentão A proposição condicional seentão afirma que se uma condição antecedente pfor atendida então resulta em um evento conseqüente q Por exemplo Se os alunos se dedicarem aos estudos então conseguirão notas altas nos exames Em algumas circunstâncias se você estabeleceu uma proposição condicional então pode tirar uma conclusão bem fundamen tada O conjunto usual de proposições condicionais do qual você pode tiraruma conclusão bem fundamentada é Se pentãoq p Portanto q Esta inferência ilustra a validade dedu tiva isto é decorre logicamente das proposições nas quais se baseia A proposição a seguir também é lógica Se os alunos comem pizza então obtêm notas altas nos exames Eles co mem pizza Portanto obtêm notas altas nos exames Conforme você pode ter percebido validade dedutiva não é igual a verdade Você pode chegar a conclusões dedutivamente válidas que são totalmente inválidas em relação ao mundo Se a conclusão é verda deira depende da veracidade das premissas De fato as pessoas demonstram maior propensão a aceitar um argumento ilógico como lógico se a conclusão for verdadeira em termos factuais Por enquanto no entanto deixamos de ladoo temada verdade e noscon centramos somente na validade dedutiva ou na solidez lógica do raciocínio Umconjunto de proposições e suaconclusão é o argumento Sep então q p Portanto q queé denominado umargumento modus ponens Neste argumento a pessoa queraciocina afirma o antecedente Por exemplo considere o argumento Se você é um marido então é casado Harrison é um marido Portanto ele é casado O conjunto de proposições para o argumento modus ponens encontrase indicado no Quadro 122 Além do argumento modus ponens você pode chegar a outra conclusão bem fundamentada baseandose em uma propo sição condicional dada uma segunda proposição diferente Se p então q Não ocorre q Por 1 tanto não existe p Esta inferência também é válida dedutivamente Esse conjunto de proposições específico e sua conclusão é denominado um argumento modus toüens no qual apessoa nega o conseqüente Por exemplo modificamos asegunda proposição do argumento para negar o conseqüente Se você é um marido então é casado Harrison não é casado 448 Psicologia Cognitiva 1 QUADRO 122 Raciocínio Condicional Inferências Válidas Dedutivamenfe e Falácias Dedutivas Dois tipos de proposições condicionais conduzem a deduções válidas e doisoutros resultam em falácias dedutivas Tipo de Argumento Proposição Condicional Condição Existente Inferência Modusponens p q Se você é uma mãe P Você é uma mãe q Portanto você tem uma interferências válidas então tem uma criança criança dedutivamente Modus tolíens p q Se você é uma mãe então tem uma criança q Você não tem uma criança i p Portanto você não é uma mãe Negação do antecedente p q Se você é uma mãe então tem uma criança Você não é uma mãe q Portanto você nãotem uma criança Falácias dedutivas Afirmação do p q Se você é uma mãe q Você tem uma criança P Portanto você é uma conseqüente então tem uma criança mãe Portanto ele não é ummarido O Quadro 122 indica duas condições nas quais uma conclu são bem fundamentada pode serobtida Também especifica duas condições nas quais tal conclusão não pode serobtida Conforme osexemplos ilustram algumas inferências baseadas no raciocínio condicional sãofalácias Elas conduzem a conclusões que não são válidas dedu tivamente Quando usamos proposições condicionais não chegamos a uma conclusão válida dedutivamente baseada na negação dacondição antecedente ounaafirmação daconseqüente Vamos reexaminar a proposição Se você é um marido então é casado Não seríamos capa zes deconfirmar ou de refutar a proposição baseada na negação doantecedente Joana nãoé ummarido Portanto elanãoé casada Mesmo sedeterminarmos que Joana nãoé ummarido não podemos concluir queela nãoé casada Demodo similar não podemos deduzir uma con clusão válida afirmando o conseqüente Joanaé casada Portanto ela é um marido Mesmo seJoana for casada seu esposo pode não considerála um marido O raciocínio condicional pode ser estudado em laboratório usando uma tarefa de sele ção Wason 1968 1969 1983 Wason JohnsonLaird 1970 1972 Os participantes re cebem umconjunto dequatro cartas impressas nos dois lados Cada cartapossui umnúmero em um lado e uma letra no outro Em um lado existem duas letras e dois números As letras são uma consoante e uma vogai Os números são um número par e um número ímpar Por exemplo osparticipantes podem terà suafrente asseguintes séries decartas S 3 A 2Fazse emseguida uma afirmação condicional para cada participante Um exemplo seria Se uma carta possui umaconsoante em um lado então possui um númeropar no outro lado A ta refa consiste em determinar se a afirmação condicional é verdadeira oufalsa A pessoa consegue isso virando o número exato de cartas necessário para testar a afirmação con dicional isto éo participante nãodeve virar qualquer cartaque nãoseja umteste válido da Capítulo 12 Tomada de Decisões e Raciocínio 449 afirmação Porém o participante deve virar todas as cartas que são testes válidos da propo sição condicional O Quadro 123 ilustraosquatro testes possíveis que os participantespoderiam efetuarcom as cartas Doisdos testes afirmação do antecedente e negação do conseqüente sãoambosne cessários e suficientes para testar a afirmação condicional isto é para avaliara dedução o par ticipante precisa virar a cartamostrando uma consoante paraver sepossui umnúmero pardo outro lado O participante afirma desse modo o antecedente o argumento modus ponens Além disso o participante precisa virara carta que mostra um número ímparisto é não um número par para versepossui umavogai isto é não umaconsoante no outro lado Ele nega portanto o conseqüente oargumento modus tollens Os outros dois testes possíveis negar o antecedente e afirmar o conseqüente são irrelevantes isto é o participante não precisa virar a carta mostrando uma vogai isto é não umaconsoante Proceder deste modo seria negar o antecedente Ele não precisa virara carta mostrando um número par isto é não um número ímpar Proceder deste modo seria afirmar o conseqüente A maioria dos participantes sabia como testar o argumento modus ponens No entanto muitos participantes deixaram de testar o argumento modus tollens Comoalternativa alguns desses participantes tentaramnegar o an tecedente como um meio para testar a proposiçãocondicional QUADRO 123 Raciocínio Condicional Tarefa de Seleção de Wason Na tarefa de seleção de Wason Peter Wason apresentou aos participantes um conjunto de quatro cartascom as quais deveriam testar a validade de umadeterminada proposição Estequadro ilustra como a pessoa que raciocina poderia testar a proposição condicional p q Se umacarta possui umaconsoante em um lado p então possui um número par no outro lado q Proposição Baseada no que Aparece na Face da Carta Teste Tipo de Raciocínio P Uma determinada carta possui q A carta possui um número par do Baseado no uma consoante em um lado por outro lado modus ponens exemplo S F V ou P Inferências válidas q p dedutivamente Uma determinada carta não possui A carta não possui uma consoante Baseado no um número par em um lado isto no outro lado Ou seja a carta modus tollens é uma carta possui um número possui uma vogai no outro lado ímpar em um lado por exemplo 3 5 7 ou 9 ip q Uma determinada carta não possui A catta não possui um número par Baseado na uma consoante em um lado Ou no outro ladoOu seja a carta negação do seja uma carta possui uma vogai possui um número ímpar no outro antecedente em um lado por exemplo A lado E I ou O Falácias dedutivas q Uma determinada carta possui um P A carta possui uma consoante no Baseado na número par em um lado por outro lado afirmação do exemplo 2 4 6 ou 8 conseqüente 450 Psicologia Cognitiva A maioria das pessoas de todas as idades pelo menos a partir do ensino fundamental parece ter pouca dificuldade para reconhecer e aplicar o argumento modusponens No en tanto poucas pessoas reconhecem espontaneamente a necessidade de raciocinar por meio de argumentomodus tollens Muitaspessoas não reconhecemas falácias lógicas da negação do antecedente ou da afirmaçãodo conseqüente pelo menos quando essasfalácias são apli cáveis a problemas de raciocínioabstrato Braine 0Brien 1991 0Brien 2004 Rips 1988 1994 Rumain Connell Braine 1983 Algumas provas indicam de fato que mesmo pes soas que freqüentaram um curso de lógica não conseguem exibir raciocínio dedutivo em vá rias situações Cheng et ai 1986 Mesmo o treinamento orientado diretamente ao aperfeiçoamento do raciocínio conduz a resultados diferentes Após o treinamento direcio nado ao aumento do raciocínio existe um acréscimo significativo do uso de modelos e re gras mentais Leighton 2006 No entanto após esse treinamento pode ocorrer somente um aumento moderado do uso do raciocínio dedutivo Leighton 2006 A maior parte das pessoas demonstra efetivamente o raciocínio condicional em dois tipos de circunstâncias O primeiro são as condições que minimizam possíveis ambigüidades lingüísticas O segundo são as condições que ativam esquemas que proporcionam um contexto com significação para o raciocínio Por que as crianças e adultos afirmam falaciosamente o conseqüente ou negam o ante cedenteTalvez ajam assimpor causadas inferênciasinduzidas que surgemda compreensão do discurso normal envolvendo a frase condicional Rumain Connell Braine 1983 Supo nha por exemplo que meu editor anuncie Se você comprar este livro então lhe faremos uma devolução de 5 reais Considere situações da vidadiária Você provavelmente inferiu de modo correto que se não adquirir este livrotexto o editor não lhe fará uma devolução no valor de 5 reais No entanto o raciocínio dedutivo formal consideraria falaciosa essa ne gativado antecedente A afirmação nada diz sobre o que acontecese vocênãocompraro li vrotexto Vocêpode inferir de modosimilar que deve ter compradoeste livrotexto afirmar o conseqüente serecebeu uma devolução de 5 reaisdo editor Porém a afirmaçãonão escla rece a respeito do conjunto de circunstâncias que o levam a receber a devolução de 5 reais Podem existir outras maneiras para recebêlo Ambas as inferências são falaciosas de acordo com o raciocínio dedutivo formal porém ambas são inferências induzidas bem razoáveisem situaçõesda vida diária Auxilia quando as palavras que expressam os problemas de raciocí nio condicional não induzem explícita ou implicitamente inferências Adultos e crianças apresentam então possibilidade muito menor de incidir nessas falácias lógicas A demonstração do raciocínio condicional também é influenciadapela presença de in formações contextuais que convertem o problema da categoria de raciocínio dedutivo abs trato em outra que se aplica a uma situação da vida diária Por exemplo os participantes receberam a tarefade seleção de Wasone uma versão modificada desta tarefa Griggs Cox 1982 Na versão modificada solicitouse aosparticipantes para quesupusessem ser policiais Como policiais estavam tentando aplicar a lei que prescreve a idade legal para consumo de bebidas alcoólicas A regra específica a ser imposta era Se uma pessoa está bebendo cer veja então deve ter mais de 18 anos Foi apresentado a cada participante um conjunto dè quatro cartas 1 beber uma cerveja 2beber uma Coca 316anos de idadee 422 anos de idade O participante foi instruído em seguida a selecionar a carta ou as cartas que realmente precisam virar a fimde determinar se as pessoas estão violando ou não a lei p 414 Por um lado nenhum dos participantes da experiência de Griggs e Cox havia res pondido corretamente à versão abstrata de tarefa de seleção de Wason Por outro uma sur preendente proporção de 72 dos participantes responderam corretamente à versão modificada da tarefa Capítulo 12 Tomada deDecisões e Raciocínio 451 Uma modificação mais recente dessa tarefa mostrou que as crenças a respeito da plausi bilidade influenciam seaspessoas optampelo argumento modus toííens Isto significa alguém negar oconseqüente para constatar se uma pessoa que não tem mais de 18 anos não está be bendo cerveja Especificamente as pessoas apresentam probabilidade muito maior de tentar negar o conseqüente quando o testeenvolve conferir paraverse uma pessoa de 17 anos está bebendo cerveja do que verificar para ver sealguém com 4 anos está bebendo cerveja Não obstante o argumento lógico é o mesmo emambos oscasos Kirby 1994 Como aspessoas empregam o raciocínio dedutivo emsituações realistas Dois pesquisadores propuseram que ao invés de usar regras de inferência formais as pessoas muitas vezes adotam esquemas de raciocínio pragmático Cheng Holyoak 1985 Esquemas de raciocínio pragmático sãoprin cípios ou regras de organização geral relacionados a tipos específicos de metas como per missões obrigações ou causações Esses esquemas são denominados algumas vezes regras pragmáticas Estas regras pragmáticas nãosão tão abstratas quanto as regras lógicas formais No entantosãosuficientemente gerais e amplas parapoderem ser aplicadas a uma ampla va riedade de situações específicas Em outras palavras crenças anteriores são importantes no raciocínio Evans Feeney 2004 O desempenho de uma pessoa pode ser afetado alternativamente porefeitos de perspec tiva isto é se uma pessoa aceita o ponto de vista dos policiais ou o das pessoas que conso mem bebidasalcoólicas Almor Sloman 1996 Staller Sloman BenZeev 2000 Portanto podem não ser as permissões per se que importam O que pode importar preferencialmente sãoasperspectivas que umapessoa adotaquando resolve tais problemas Considere desse modo situações nasquais nossas experiências prévias ou nosso conhe cimento existente não conseguem nostransmitir tudoquedesejamos saber Esquemas de ra ciocínio pragmático nos ajudam adeduzir oque poderia ser razoavelmente verdade Situações ou contextos específicos ativam determinados esquemas Suponha por exemplo que você esteja andando nocompus Você vê alguém que parece extremamente jovem Em seguida vê uma pessoa caminhando em direção a um carro Ele destrava a porta entra e sai dirigindo o veículo Esta observação ativaria seu esquema de permissão para dirigir Se você for obter a permissão para dirigir sozinho então precisa ternomínimo 18 anos de idade Pode dedu zir em seguida que a pessoa que viu tem ao menos 18 anos Em uma experiência 62 dos participantes escolheram corretamente osargumentos modus tollens e modus ponens porém nãoas duas falácias lógicas quando a tarefa deraciocínio condicional foi apresentada nocon texto de declarações de permissão Somente 11 desempenharam desse modo quando a ta refa foi apresentada no contexto de afirmações arbitrárias sem relação a esquemas de raciocínio pragmático Cheng Holyoak 1985 Ospesquisadores conduziram uma análise detalhada comparando a tarefa de seleção Wa soncom uma forma abstrata doproblema de permissão Griggs Cox 1993 A forma abstrata padrão poderia ser Se uma carta possui um A em um lado entãodeve ter um4no outro lado A permissão abstrata poderia ser Se uma pessoa for realizar a ação A então precisa satisfazer inicialmente a precondição P O desempenho na tarefa de permissão abstrata ainda era superior 49 correto nogeral ao desempenho na tarefa abstrata padrão somente 9 correto no geral Isto ocorreu mesmo quando os autores agregavam à tarefa abstrata pa drão uma afirmação que enquadrava a tarefa em um contexto de verificação Um exemplo se ria Suponha quevocê fosseuma autoridade verificando sedeterminadas regras estavam ou não sendo seguidas A forma de permissão tornavase ainda melhor se fosse adicionada uma explicação sobre aregra Um exemplo disso seria Em outras palavras para ter 1 em um lado uma carta precisa ter primeiro um 4 do outro lado Ea forma de permissão foi até melhor para negações explícitas Por exemplo SEM A e SEM 4 seriam usados ao invés de nega ções explícitas para A e 4 isto é B e 7 Desse modo embora tanto a tarefa de seleção 452 Psicologia Cognitiva padrão como a tarefa relacionada à permissão envolvam raciocínio dedutivo as duas tarefas aparentam propor efetivamente problemas diferentes Griggs Cox 1993 Manktellow Over 1990 1992 Portanto osesquemas de raciocínio pragmático não explicam integralmente to dos os aspectos do raciocínio condicional Braine 0Brien 1991 Braine Reiser Rumain 1984 Rips 1983 1988 1994 As pessoas realmente nemsempre usam as regras do raciocínio GarciaMadruga et ai 2000 JohnsonLaird Savary 1999 Smith Langston Nisbett 1992 Uma abordagemtotalmente diferente do raciocínio condicional adota uma visão evolutiva dacognição Cummins 2004 De acordo com essa visão deveríamos levar em conta que ti pos de habilidades de pensamento proporcionariam uma vantagem naturalmente seletiva para osseres humanos aose adaptarem ao nosso ambiente no decorrer do tempo evolutivo Cosmi des 1989 Cosmides Tooby 1996 Para conhecer acognição humana deveríamos atentarpara os tiposde adaptações que teriamsidoas maisúteisno passado distante Portanto fazemos hi póteses a respeito de como caçadores e coletores humanos teriam pensadodurante os milhões deanos de tempo evolutivo que predataram o desenvolvimento relativamente recente daagri cultura e o desenvolvimento muito recente das sociedades industrializadas Comoa evolução influenciou a cognição humana Osseres humanos podem possuir algo como um dispositivo de aquisição de esquemas Cosmides 1989 De acordo com Cosmides este esquema facilita nossa capacidade para obter rapidamente informações importantes de nossas experiências Também nosajudaa organizar essas informações em estruturascom sig nificado Na visão dessa autora esses esquemas são altamente flexíveis Porém também são especializados na seleção e organização das informações que nos ajudarão mais eficazmente a nos adaptar àssituações que defrontamos De acordo com Cosmides uma das adaptações distintas exibidaspeloscaçadorese coletoreshumanos ocorreu na área de trocas sociais Por tanto o desenvolvimento evolutivo da cognição humanadeveria facilitar a aquisição de es quemas relacionados às trocas sociais De acordo comCosmides existem dois tipos de inferências em particular que osesque mas de trocas sociais facilitam Um tiposão as inferências vinculadas às relações custobe nefício O outro tipo são as inferências que auxiliam as pessoas a perceberem quando alguém está trapaceando em uma determinada trocasocial Em nove experiências os participantes demonstraram raciocínio dedutivo que confirmou as previsões da teoria das trocas sociais em vez das previsões baseadas em esquemas relacionados a permissões ou em princípios de raciocínio dedutivo Cosmides 1989 Raciocínio Silogístico Adicionalmente ao raciocínio condicional outro tipo importante de raciocínio dedutivo é o raciocínio silogístico que se baseia no uso de silogismos Silogismos sãoargumentos deduti vos que envolvem chegar a conclusões partindo de duas premissas Maxwell 2005 Ripps 1994 1999 Todos ossilogismos englobam uma premissa principal uma premissa secundária e uma conclusão Infelizmente algumas vezes a conclusão pode serque nenhuma conclusão lógica pode ser obtida com base nas duas premissas Silogismos Lineares Em um silogismo cada uma das duas premissas descreve uma relação particular entre dois itens e pelo menos um dos itens é comum a ambas as premissas Os itens podem serobjetos categorias atributos ou quase tudo o mais que pode estar relacionado a algo Os lógicos de signam comoantecedenteo primeiro termoda premissa principal O termocomum é o termo médio que pode serusado umavez emcadapremissa O conseqüente é o segundo termo da premissasecundária Capítulo 12 Tomada de Decisões e Raciocínio 453 Emum silogismo linear a relaçãoentre os termos é linear envolvendouma comparação qualitativaou quantitativa Cada termo indica mais ou menos de um determinadoatributo ou quantidade Suponha por exemplo que lhe foi proposto o problema descrito no boxIn vestigando a Psicologia Cognitiva Você é mais esperto que seu melhor amigo Seu melhor amigoé mais espertodo que seu companheiro de quarto Qual de vocês é mais esperto INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Cada umadasduaspremissas descreve umarelação linearentre dois itens o Quadro 124 apresenta os termos de cada premissa e a relação dos termos em cada premissa A tarefa de raciocínio dedutivo para o silogismo linear consiste em determinar uma relação entre dois itens que não aparecem na mesma premissa No silogismo linear precedente a pessoa que soluciona o problema precisa inferirque vocêé mais espertoqueseucompanheiro de quarto para chegarà conclusão de que vocêé o mais espertodos três Quando o silogismo linear for válido dedutivamente suaconclusão decorre logicamente das premissas Podemos deduzir de modo correto e com certeza total que você é o mais es perto dos três Seucompanheiro de quarto ou seu melhoramigo podem entretanto apontar parauma áreadefraqueza emsua conclusão Mesmo uma conclusão quefor válida dedutiva mente pode não ser verdadeira objetivamente Está claro que isto é verdade nesse exemplo Como as pessoas solucionam silogismos Diversas teorias foram propostas Alguns pes quisadores sugeriram que os silogismos lineares são resolvidos especialmente por meio de representações mentais de continuuns lineares DeSoto London Handel 1965 Huttenlo cher 1968 A idéia neste caso é que as pessoas imaginem uma representação visual dis pondo os termos em um continuum linear Por exemplo a premissa Você é mais esperto queseucompanheiro dequartopoderia serrepresentada mentalmente como uma imagem de um continuum vertical Seu nome está acima do de seu companheiro de quarto O con tinuum linear em geral é visualizado verticalmente emborapossa sêlo horizontalmente As pessoas quando respondem à pergunta consultam esse continuum e escolhem o item no lu gar correto ao longo do continuum Outros pesquisadores propuseram que as pessoas solucionam silogismos lineares usando um modelo semântico que envolve representações propositivas Clark 1969 Porexemplo a premissa Você é mais esperto queseu companheiro dequarto poderia ser representada com QUADRO 124 Silogismos Lineares e silogismo linear A que dedução Ió Validade dedutiva ica você pode chegar com base nas premissas dest é o mesmo que verdade Primeiro Termo Item Relação Linear Segundo Termo Item Premissa A Premissa B Conclusão Quem é mais Você Seu melhor amigo é mais esperto que é mais espetto que ésão o os mais espertos dos três seu melhor amigo seu companheiro de quarto esperto 454 Psicologia Cognitiva mais esperto você seu companheiro de quarto De acordo com esta visão as pessoas sim plesmente não usam imagens mas combinam de preferência proposições semânticas Uma terceiravisão é que as pessoas usam uma combinaçãoentre representações espa ciais e propositivas para resolver os silogismos Sternberg 1980 De acordo com essa visão as pessoas usam inicialmente proposições para representar cada uma das premissas Elasfor mam em seguida imagens mentais baseadas nos conteúdos dessas proposições O teste do modelo tendeua confirmar o modelo de combinaçãoou mescla como superior a represen tações exclusivamente propositivas ou espaciais Sternberg 1980 No entanto nenhum dostrês modelos parece estar muitocorreto Todos representam um desempenho médio de vários indivíduos Parecem existir preferencialmente diferenças indi viduais em termos de estratégias nasquais as pessoas tendema usarumaesttatégia maisima gética e outras umaestratégia propositiva Sternberg Weil 1980 Este resultado aponta para uma limitação importante de muitas descobertas psicológicas a não ser que consideremos cada pessoa separadamente nos arriscamos a obter conclusões apressadas com base em uma média para o grupo que não se aplica necessariamente a cada pessoa individualmente veja Siegler 1988 Embora a maioria das pessoas possa usar uma estratégia de combinação nem todos agem dessa forma A única maneira paraconhecero quecada pessoa usaé examinando cada indivíduo Silogismos Categóricos Provavelmente o tipo de silogismo mais bem conhecidoé o silogismo categórico De modo análogo a outros tipos de silogismos ossilogismos categóricos englobam duaspremissas e uma conclusão No caso do silogismo categórico aspremissas afirmam algo sobre a quecategorias se referem os termos Defato cada termo representa todos nenhumou alguns dos membros de umadeterminada classe ou categoria De modo análogo a outrossilogismos cada premissa contém dois termos Um deles precisa ser o termo médio comum a ambas as premissas O primeiro e o segundo termo em cada premissa estão unidos por meio da inclusão categórica dos termos isto é um termo pertence à classe indicada pelo outro termo As premissas no entanto são expressas por palavras afirmam que alguns ou todos ou nenhum dos membros da categoria do primeiro termo são ou não são membros da categoria do segundo termo Paradeterminar se a conclusãodecorre logicamentedas premissas a pessoaque raciocina precisadeterminar a que categorias pertencem os termos Um exemplo de um silogismo cate górico seria o seguinte Todos os psicólogos cognitivos são pianistas Todos os pianistas são atletas Portanto todos os psicólogoscognitivos são atletas Os lógicos usam muitas vezes diagramas contendo círculos para ilustrar a classedos membros Estesdiagramas tornam mais fácil concluir se uma determinada conclusão é funda mentada logicamente A conclusão para esse silogismo decorre efetivamente das premissas Isso é apresentado nodiagrama decírculos da Figura 121 Noentanto a conclusão é falsa por que as premissas sãofalsas Para o silogismo categórico precedente o antecedente são os psi cólogos cognitivos o termomédio sãoos pianistas e o conseqüente sãoosatletas Afirmamos1 em ambas as premissas que todos os membros da categoria do primeiro termoeram membros da categoria do segundo termo Afirmações dotipoTodos AsSãoBs algumas vezes sãoindicadas como afirmativas uni versais porque fazem uma declaração positiva afirmativa a respeito dos membros de uma classe universal Existem além disso três outros tipos de afirmações possíveis em um silo gismocategórico Um tipo englobaasdeclarações negativas universais porexemplo Não exis tempsicólogos cognitivos flautistas Umsegundo tiposão asdeclarações afirmativas específicas Capítulo 12 Tomada deDecisões e Raciocínio 455 FIGURA 121 Os diagramas de círculos podem ser usados para representar silogismos categóricos como oapresentado aqui Todos os pianistas são atletas Todos os psicólogos cognitivos são pianistas Portanto todos os psicólogos cognitivos são atle tas De In Searchof the Human Mind RobertJ Sternberg 1995 Harcourt Brace Company Reproduzido mediante autorização do editor por exemplo Alguns psicólogos cognitivos são canhotos O último tipo são as declarações negativas específicas por exemplo Alguns psicólogos cognitivos não são físicos Essas decla rações seencontram resumidas no Quadro 125 Em todos os tipos desilogismo algumas combinações depremissas conduzem a uma con clusão sem validade lógica Nos silogismos categóricos em particular não podemos chegar a conclusões válidas logicamente combase emsilogismos categóricos comduas premissas espe cíficas ou com duas premissas negativas Por exemplo Alguns psicólogos cognitivos são canho tos Algumas pessoas canhotas são espertas Você sequer pode concluir com base nessas premissas que alguns psicólogos cognitivos são espertos As pessoas canhotas que são espertas poderiam não ser as mesmas pessoas canhotas que são psicólogos cognitivos Simplesmente não sabemos Considere umexemplo negativo Osalunos nãosãoestúpidos Pessoas estúpi das não comem pizza Não podemos chegar aqualquer conclusão com base nessas duas pre missas negativas Conforme você pode ter percebido as pessoas aparentam ter mais dificuldade trabalharem mais vagarosamente ou cometerem mais erros quando tentam chegar a conclu sões combaseem umaou mais premissas específicas ou premissas negativas Várias teotias foram propostas a respeito de como as pessoas solucionam silogismos cate góricos Uma das primeiras teorias foi ado viés da atmosfera Begg Denny 1969 Woodworth Sells 1935 Esta teoria possui duas idéias básicas A primeira é que seexiste pelo menos uma negativa nas premissas as pessoas preferirão uma solução negativa Asegunda é que se existe 456 Psicologia Cognitiva QUADRO 125 Siiojijismos Categóricos Tipos de Premissas As premissasdos silogismos categóricos podem ser afirmativas universais negativas uni versais afirmativas partículares ou negativas particulares Forma de Tipo de Declaração da Premissa Premissa Descrição Exemplos Reversíbiudade Afirmativa Todos As são Bs A premissa declara Todos os homens Todas as pessoas do sexo universal positivamente são do sexo masculino são homens afirmativamente que masculino Nãoreversível todos os membros da Todos As são Bs ptimeira classe Todos Bs são As universal são membros da segunda classe Negativa Nenhum A é B A premissa declara que Nenhum homem é Nenhum homem é do universal Alternativa nenhum dos membros da do sexo feminino sexo feminino Todos As não são primeira classe é membro ou Ninguém do sexo Bs da segunda classe Todos os homens não são do sexo feminino feminino é homem Reversível Nenhum AéB Nenhum B é A Afirmativa Alguns As são Bs A premissa afirma que Algumas pessoas Algumas pessoasdo sexo particular somente alguns dos do sexo feminino feminino são mulheres membros da primeira são mulheres Algumas mulheres são classe pertencem à do sexo feminino segunda classe Nãoreversível Alguns As são Bs Alguns Bssão As Negativa Alguns As não são A premissa declara que Algumas mulheres Algumas pessoasdo sexo particular Bs alguns membros da não são do sexo feminino não são primeira classe não feminino mulheres pertencem à segunda Nãoreversível classe Alguns As não são Bs Alguns Bs não são As Nalógica formal a palavra algunsalgumas significa algunsalgumas e possivelmente todosas Nalinguagem comum e conforme empregado emPsicologia Cognitiva algunsalgumas significa algunsalgumas porém não todosas Portanto na lógicaformal a afirmativaparticular tambémseria reversível Para nossasfinalidades não o é pelo menos uma particularidade nas premissas as pessoas preferirão uma solução particular Por exemplo se uma das premissas é Não existem pilotos crianças as pessoas preferirão uma solução que contenha a palavra não No entanto não explica muito bem para grande nú mero de respostas Outros pesquisadores focalizaram aconversão depremissas Chapman Chapman 1959 Neste caso os termos de uma determinada premissa são invertidos Aspessoas acreditam al gumas vezes quea forma invertida da premissa é tão válida quantoa original A idéia neste caso é que as pessoas tendem a converterafirmações do tipo Se A então B em Se Ben tão A Elas não compreendem que as afirmações não sãoequivalentes Estes errossãofeitos por crianças e adultos Markovits 2004 Umateoria mais amplamente aceita baseiase na noção de queas pessoas solucionam si logismos usando umprocesso semântico baseado nosignificado a partirdemodelos mentais Espino etai 2005 JohnsonLaird 1997 JohnsonLaird etai 1999 JohnsonLaid Burne Capítulo 12 Tomada deDecisões e Raciocínio 457 Schaeken 1992 JohnsonLaird Savary 1999 JohnsonLaird Stee dman 1978 Essavisão do raciocínio envolvendo processossemân ticos baseados em modelos mentais pode ser contrastada com processos baseados em regras sintáticos como aqueles caracte rizados pela lógicaformal Um modelo mental é uma representação interna de informações que correspondem analogicamente ao que estiver sendo representado veja JohnsonLaird 1983 Alguns mo delos mentais apresentam maior possibilidade doqueoutros decon duzira uma conclusãoválida dedutivamente Em particular alguns modelos mentais podem não ser eficazes para não confirmar uma conclusão inválida Por exemplo noestudo deJohnsonLaird osparticipantes foram solicitados a descrever suas conclusões e seus modelos mentais para o silogismo Todos os artistas são apicultores Alguns apicultores são espertos Umparticipante disse Pensei em todos os pequenos artistas na sala e imaginei que todos tinham a cabeça protegida como umapicultor JohnsonLaird Steedman 1978 p 77 A Fi gura 122 apresenta dois modelos diferentes para esse silogismo Con forme a figura mostra a escolha de um modelo mental pode afetar a capacidade dequem raciocina para chegar a uma conclusão dedutiva válida Em virtudede alguns modelos serem melhores do queoutros uma pessoa tem maior possibilidade dechegar a uma conclusão vá lida dedutivamente usando mais de um modelo mental Nafigura o modelo mental apresentado em a pode levar à conclusão dedutivamente inválida deque alguns artistas são espertos Aoobservar o modelo alternativo em b po demos constatar uma visão alternativa do silogismo mostrando como a conclusão de que alguns artistas são espertos pode não ser deduzida com base somente nesta informação Tal vez os apicultores que sejam especificamente espertos não sejam os mesmos apicultores que são artistas Dois tipos de representação de silogismo são usados freqüentemente pelos lógicos Con forme mencionado anteriormenteosdiagramas de círculosãousados muitasvezes para repre sentar silogismos categóricos Nos diagramas de círculo você pode usar círculos sobrepostos concêntricos ounãosobrepostos para representar osmembros decategorias diferentes veja as Figuras 121 e 122 Uma representação alternativa usada freqüentemente pelos lógicos é um quadro da verdade Pode ser usado para representar ovalor real que possuem as várias combi nações de proposições com base no valor real decada proposição componente As pessoas po dem aprender a melhorar seu raciocínio sendo ensinadas a lidar com diagramas de círculo ou quadros de verdade Nickerson 2004 De acordocom essa visão a dificuldade de muitos problemas de raciocínio dedutivo re lacionase ao número de modelos mentais necessários para representar adequadamente as premissas do argumento dedutivo JohnsonLaird Byrne Schaeken 1992 Argumentos que resultam emsomente ummodelo mental podem ser solucionados de modo rápido e preciso No entantoé muito mais difícil inferir conclusões precisas baseadas emargumentos quepo dem ser representados por diversos modelos alternativos Tais inferências exigem muito da memória de trabalho Gilhooly 2004 Em tais casos a pessoa precisa manter na memória de trabalho cada um dos vários modelos Somente desse modo a pessoa pode chegar a uma conclusão ouavaliála Portanto as limitações dacapacidade damemória de trabalho podem terem sua base pelo menos alguns dos erros observados no raciocínio dedutivo humano JohnsonLaird Byrne Schaeken 1992 Philip JohnsonLaird é professor dePsicologia na Universidade de Princeton Ele é mais co nhecido por seus trabalhos sobre modelosmentais raciocínio dedutivo e criativi dadeJohnsonLaird mostrou em particularcomoo conceito demodelos mentaispode ser aplicado paraa compreensão de umagrande variedade de processos psicológicos Foto Dr Philip JohnsonLaird 458 Psicologia Cognitiva FIGURA 122 Philip JohnsonLaird eMark Steedman lançaram a hipótese de que aspessoas usam anabgicamente diversos modelos mentais para representar os itens de um silogismo Alguns modelos mentais são mais eficazes do que outros e para que se obtenha uma conclusão dedutiva válida pode ser necessário mais de um modelo conforme apresentado aqui veja o texto para uma explicação Foi estudado emduas experiências o papel da memória detrabalho noraciocínio silogís tico Gilhoody et ai 1993 Naprimeira experiência os silogismos simplesmente eram apre sentados oral ouvisualmente A apresentação oral representou uma carga consideravelmente maior paraa memória de trabalho porque os participantes tinham de lembrarse das premis sas Na condição de apresentação visual os participantes podiam olhar as premissas Con forme previsto odesempenho foi menor nacondição de apresentação oral Em uma segunda experiência os participantes precisavam resolver silogismos realizando ao mesmo tempo outra tarefa A tarefa podia sevaler ounãode recursos da memória de trabalho Ospesqui sadores descobriram que a tarefa apoiada em recursos da memóriade trabalho interferia no raciocínio silogístico A tarefa que não se valia desses recursos não interferia A medida queascrianças crescem aumenta seu uso eficaz da memória de trabalhoPor tanto também aumenta a capacidade que possuem para usar modelos mentais que utilizam recursos da memória de trabalho Pesquisadores pediram a crianças de idades diferentes que olhassem cartas com imagens deobjetos como camisas ecalças decores diferentes Barroui Uet Lecas 1998 Em seguida foramlhes indicadas premissas como Sevocê veste umaca misa branca veste calça verde Elas foram solicitadas para indicar que combinações de Capítulo 12 Tomada de Decisões e Raciocínio 459 cartas eram coerentes com as premissas Porexemplo cartas com camisas brancase calças verdes seriam coerentes com essa premissa porém o mesmo se aplicaria a camisas e cal ças de outras cores porque a afirmação também implica que se você não veste calças ver desnão veste uma camisabranca Crianças com mais idadeque foram capazes de manter mais combinações na memória detrabalho escolheram combinações decartas mais diferen tes para representar as premissas Outrosfatores também podem contribuir para a facilidade de formar modelos mentais apropriados As pessoas parecem solucionar problemas lógicos mais precisamente e com maior facilidade quando os termos possuem valor imagético elevado Clement Falmagne 1986 Esta situação provavelmente facilita arepresentação mental que possuem De modo similat quando proposições demonstravam possuir grande relação em termos de imagens mentais os participantes podiam solucionar de modo mais fácil e preciso os problemas e julgar a precisão das conclusões Um exemplo seria uma premissa sobre cães e outra sobre gatos ao invés de uma sobre cães e outra relativa a mesas Por exemplo seria relativamente fácil resolver umsilogismo de imagens marcantes e altamente relacionadas como Alguns artistas são pintores Alguns pintores usam tinta preta Seria relativamente difícil solucio nar um silogismo de imagens pouco marcantes e sem grande relação como Alguns textos são em prosa Alguma prosa é bem escrita Um valor imagético elevado e uma grande re lação pode tornar mais fácil às pessoas que raciocinam apresentarem exemplos contrários que revelam um argumento dedutivamente inválido Clement Falmagne 1986 Alguns problemas de raciocínio dedutivo englobam mais de duas premissas Por exem plo problemas de inferência transitiva em que as pessoas que se propõem a resolvêlos pre cisam ordenar termos múltiplos podem terqualquer número depremissas unindo umgrande número de termos Demonstrações matemáticas e lógicas possuem caráter dedutivo e tam bém podem ter muitos passos Auxílios Adicionais e Obstáculos ao Raciocínio Dedutivo No raciocínio dedutivo como emmuitos outros processos cognitivos nos valemos de muitos atalhos heurísticos Estes atalhos conduzem algumas vezes aconclusões imprecisas Além desses atalhos somos influenciados freqüentemente por vieses quedistorcem asconclusões de nosso raciocínio As heurísticas no raciocínio silogístico incluem os erros de superextensão Nestes erros aplicamos exageradamente o uso de estratégias que agem de alguns silogismos para outros nos quais as estratégias fracassam Por exemplo embora o inverso opere bem como negati vas universais não operam com outros tipos de premissas Também estamos sujeitos a efeitos de exclusão quando deixamos de considetar todas as possibilidades antes de chegar a uma conclusão Por exemplo podemos deixar de pensar nos exemplos contrários quando inferi mos conclusões de premissas particulares ounegativas Além disso os efeitos relacionados ao modo como apremissa é expressa podem influenciar nosso raciocínio dedutivo Exemplos se riam a seqüência ou o uso de ressalvas particulares ou de frases negativas Efeitos do modo de expressão de frases podem nos conduzir a uma conclusão apressada sem refletirmos ade quadamente sobre a validade dedutiva do silogismo Vieses que afetam o raciocínio dedutivo relacionamse geralmente ao conteúdo das pre missase à credibilidade da conclusãoTambém refletema tendência em direção ao viés decon firmação Neste viés buscamos confirmação ao invés da nãoconfirmação daquilo em que já acreditamos Suponha que o conteúdo das premissas e uma conclusão pareçam ser verdadei ros Em tais casos as pessoas que raciocinam tendem a acreditar na validade de conclusão mesmo quando a lógica estiver errada Evans Barston Pollard 1983 460 Psicologia Cognitiva O viés de confirmação pode ser prejudicial e mesmo perigoso em certascircunstâncias Por exemplo em uma sala de atendimento de emergência se um médico supõe que umpa ciente possui um estadoclínico X o médico pode interpretar o conjunto de sintomas como uma confirmação do diagnóstico sem considerar integralmente todas as interpretações al ternativas Pines 2005 Este atalho pode tercomo resultado umdiagnóstico e tratamento inapropriados o que pode ser extremamente perigoso Outras circunstâncias nas quais os efeitos do viés de confirmação podem ser observados relacionamse a investigações policiais crençasparanormais e comportamento tendente a estereótipos Ask Granhag 2005 Bier nat Ma 2005 Lawrence Peters 2004 As pessoas também exibem emescala menor a ten dência oposta para nãoconfirmar a validade da conclusão quando esta ouo conteúdo das premissas contradiz as crenças mantidas pelapessoa que raciocina Evans Barston Pollard 1983 Janis Frick 1943 Isto nãosignifica dizer que as pessoas deixam de considerar os prin cípios lógicos quando raciocinam dedutivamente Em geral a atenção explícita às premissas parece mais provável de conduzir a inferências válidas A atenção explícita às informações irrelevantes resulta muitas vezes em inferências baseadas em crenças anteriores relativas à credibilidade da conclusão Evans Barston Pollard 1983 Para melhorar nosso raciocínio dedutivo podemos tentar evitar heurísticas e vieses que distorcem nosso raciocínio Também podemos tentarpráticas que facilitam o raciocínio Por exemplo podemos levar mais tempo para chegar aconclusões ou para avaliálas Pessoas que raciocinam eficazmente também consideram mais conclusões alternativas doque as que não possuem bomraciocínio Galotti Baron Sabini 1986 Adicionalmente o treinamento e a prática parecem aumentar o desempenho nas tarefas de raciocínio Os benefícios do treina mento tendem aser mais palpáveis quando se relacionam a esquemas de raciocínio pragmá tico Cheng etai 1986 ou a tais campos como Direito e Medicina Lehman Lempert Nisbett 1987 Os benefícios são mais reduzidos para problemas lógicos abstratos desvin culados de nossa vida diária veja Holland et ai 1986 Holyoak Nisbett 1988 O estado de ânimo constitui um fator que afeta o raciocínio silogístico Quando as pes soas estãotristes tendem a prestar mais atenção a detalhes Schwarz Skurnik 2003 Desse modo talvez surpreendentemente tendem a obter melhores resultados em tarefas de racio cínio silogístico quando estão tristes emcomparação a quando estão alegres Fiedler 1988 Melton 1995 As pessoas com estado de ânimo neutro tendem ademonstrar um desempe nho entre os dois extremos APLICAÇÕES PRÁTICAS DA PSICOLOGIA COGNITIVA Mesmo sem treinamento você pode melhorar seu próprio raciocínio dedutivo pormeio da criação deestratégias que evitem a incidência em erros Assegurese de usarasestratégias adequadas na solução de silo gismos Lembrese de que reversões somente operam com negativas universais Algumas vezes converter termos abstratos em termos con cretos porexemplo a letraC paracoelhos pode ajudar Reserve tam bém tempo para examinar exemplos contrários e criar modelos mais sólidos Quanto maior onúmero de modelos mentais que você usar para um dado conjunto depremissas pode termais confiança deque se sua conclusão não for válida será negada Portantoo uso de diversos mo delos mentais aumenta a possibilidade de se evitar erros A adoção de vários modelos mentais o auxilia a evitar a tendência para incidir em viés de confirmação Osdiagramas de círculo também podem auxiliar na resolução de problemas de raciocínio dedutivo Capítulo 12 Tomada de Decisões e Raciocínio 461 Raciocínio Indutivo Chegar a conclusões logicamente certas dedutivamente válidas por meio de raciocínio dedutivo é pelo menos teoricamente possível No raciocínio indutivo que se baseia em nos sas observações não é possível chegar a qualquer conclusão logicamente certa O máximo que podemos nos empenhar para alcançar é uma conclusão firme ou altamente provável JohnsonLaird 2000Thagard 1999 Suponha por exemplo que vocêobserva que todasas pessoas matriculadas em seucurso de Psicologia Cognitiva estejam na listado diretor ou lista de honra Com base nestas ob servações você poderia raciocinar indutivamente que todos osalunos que se matriculam no curso de Psicologia Cognitiva são excelentes estudantes ou pelo menos obtêm as notas que transmitem esta impressão No entanto a não serque você possa observar asmédias dasno tas de todas as pessoas que já estudaram no passado essa disciplina ou irão estudála no fu turo será incapaz de provar sua conclusão Além disso um único aluno fraco que estivesse matriculado em um curso de Psicologia Cognitiva negaria sua conclusão Ainda assim após umgrande número deobservações você poderia concluir quefez observações suficientes para raciocinar indutivamente O enigma fundamental da indução é o modo como realmente podemos fazer induções Já que o futuro não aconteceu como podemos prever o que virá Existe também um impor tante novo enigma da indução Goodman 1983 Existindo alternativas futuras possíveis comosabemos qual delas prever Porexemplo no problema da série de números 2 4 6 a maioria das pessoas substituiria o pontode interrogação porum 8 Porém não podemos sa ber com certezaque o número correto é 8 Poderiaserproposta uma fórmula matemática que resultaria emqualquer número como o próximo Então porque escolher a configuração de números pares crescentes 2x onde x é um inteiro crescente Optamos em parte por essa solução pornos parecer simples Euma fórmula menos complexa doque outras que podería mos escolher Eem parte a escolhemos por estatmosfamiliarizados com ela Porém não es tamos acostumados com outras séries complexas nas quais se pode inserir 2 4 6 como 2 4 6 10 12 14 18 20 22 e assim por diante Nessa situação e em muitas outras queexigem raciocínio não lhe foram informadas pre missas expressas claramente ou relações precisas e óbvias entre os elementos Tais informa çõespoderiam leválo a deduzir umaconclusão segura Na ausência dessas informações você não consegue deduzir qualquer conclusão logicamente válida Tornase necessário nessas ocasiões um tipo alternativo de raciocínio O raciocínio indutivo envolve raciocinar onde não existe uma conclusão logicamente certa Envolve muitas vezes raciocinar a partirdeob servações e fatos específicos paraobteruma conclusão geral quepossa explicar os fatos O raciocínio indutivo forma a base do método empírico Neste método não podemos saltar logicamente de Todos os casos de X observados até hoje são Y para afirmar Por tanto todo Xé Y Sempre é possível queo próximo Xobservado não seja umY Além disso independentemente do número deobservações ouda fundamentação do raciocínio nãohá conclusões de base indutiva que possam ser provadas Tais conclusões somente podem ser confirmadas em grau maiorou menor pelas provas existentes Portanto retornamos à ne cessidade de considerar as probabilidades A pessoa que raciocina indutivamente precisa ex pressar em termos depossibilidade qualquer conclusão a respeito deuma hipótese Exemplos são Existe uma possibilidade de 99 de que choverá amanhã ou A probabilidade é so mente 005 deque a hipótese nulaestá correta aoafirmar que essas descobertas são o resul tado de variação aleatória Ospsicólogos cognitivos provavelmente concordam compelo menos duas das razões por que as pessoas usam raciocínio indutivo Primeira razão o raciocínio indutivo as auxiliam a 462 Psicologia Cognitiva tornaremse cada vezmais aptas a fazersentido fora da grande variabilidade em seu ambiente Segunda razão também as ajuda a prever eventos em seu ambiente reduzindo desse modo sua incerteza Portanto os psicólogos cognitivos buscam compreender o como ao invés do por que do raciocínio indutivo Podemos ou não podemos possuir algum dispositivo inato de aquisição de esquemas Porém certamente não nascemos com todas as inferências que con seguimos induzir Já demos a entender que o raciocínio indutivoenvolve muitas vezes o pro cesso de geração e teste de hipóteses Podemos constatar adicionalmente que obtemos inferências generalizando algumas compreensões amplasa partir de um conjunto de casoses pecíficos Podemos ampliar mais ainda nossa compreensão à medida que observamos casos adicionais Ou podemos inferirexceções especiais das compreensões gerais Porexemplo após observarmos um bom número de aves podemos inferir que os pássarosconseguem voar Po rém após observarmos pingüins e avestruzes podemos acrescentar ao nosso conhecimento generalizado determinadas exceções para aves que não voam Observamos durante a generalização que certas propriedades variam em função das di versas configurações de um conceito ou podemosobservarque procedimentosespecíficos va riam conjuntamente com eventos diferentes Podemos induzir em seguida alguns princípios gerais para essas variações conjuntas O grande enigma do raciocínio indutivo é a maneira como inferimos princípios gerais úteis firmados no grande número de observações de varia ções conjuntas a que estamos expostos constantemente Os seres humanos não abordam a indução com capacidades computacionais que fazem a mente hesitar no cálculo de cada va riação conjunta possível Também não podemosobter inferênciascom baseapenas nas mais freqüentes ou maisplausíveis dessas variações conjuntas Preferencialmente parecemos abor dar essa tarefa do mesmo modo que encaramos outras tarefas cognitivas Procuramos ata lhos Pessoas que empregam o raciocínio indutivo de modo análogo a outras pessoas que usam probabilidades empregam a heurística Exemplos são representatividade disponibili dade a leidos grandesnúmerose a heurística inusualQuando empregamos a heurística inu sual prestamos muita atenção a eventos inusuais Quando dois eventos inusuais ocorrem simultaneamente e próximos entre si tendemos a supor que estão relacionados de algum modo Porexemplo poderíamos inferirque um primeiroevento não usualcausou um evento posterior Holyoak Nisbett 1988 Obtenção de Inferências Causais Um método de estudo do raciocínio indutivo consiste em examinar inferências causais o modo como as pessoas fazem julgamentos sobrealgo causar qualquercoisadiferente Cheng 1997 1999 Cheng Holyoak 1995 Koslowski 1996 Spellman 1997 John Stuart Mill 1887 foi um dos primeiros pesquisadores a propor uma teoria sobre como as pessoas fazem julga mentos causais Ele propôs um conjunto de cânones princípios heurísticos amplamente aceitosnos quaisas pessoas podem basearseusjulgamentos Por exemplo um dos cânones de Mill é o método da concordância que envolve fazer listas separadas das possíveis causas pre sentes e daquelas que estão ausentes quando ocorre um dado resultado Se de todas as causas possíveis somente uma estiverpresenteem todas as situações do resultado específico o obser vadorpodeconcluir indutivamente que aquela causapresente em todasassituações é a causa verdadeira ou seja apesarde todasasdiferenças entre ascausaspossíveis existeconcordância em termos de uma causa e de um efeito Suponha por exemplo que algumas pessoas em uma dada comunidade contraíram he patite As autoridades municipais da área de saúdetentariam descobrir todas as várias ma neiras possíveis pela qual cada pessoa afetada contraiu a doença Suponha agora terem descoberto que todos viviam em bairros diferentes compravam em supermercados diferen tes possuíam médicos e dentistas diferentes e sob outros aspectos viviam de modo muito Capítulo 12 Tomada de Decisões e Raciocínio 463 diferentemas que todos comeram no mesmorestaurante em uma determinada noite As au toridades da área de saúde provavelmente concluiriam indutivamente que as pessoascontraí ram hepatite comendo naquele restaurante Outro cânone de Mill é o método da diferença Neste método você observa que todas as circunstâncias nas quais ocorre um dado fenômeno são precisamente aquelas em que não ocorre excetopor uma maneirapelaqual diferem Suponha por exemplo que um grupoes pecífico de alunos viva no mesmo dormitório na universidade coma a mesma comida nos mesmos refeitórios durma no mesmo horário e assista às mesmas aulas Entretanto alguns dos alunos pertencem a um grupo de discussão e outros freqüentam um grupodistinto Os alunosdo grupo de discussão A obtêm conceito A porém os alunosdo grupode discussão B obtêm conceito C Poderíamos concluir indutivamente que está ocorrendo algo nos gru pos de discussão que resultam nessa diferença Este método parece conhecido Se o obser vador manipulou os vários aspectos desse método este poderia ser denominado uma experiência empírica seriam mantidas constantes todas asvariáveis comexceção de uma A variável seria manipulada paraobservar seencontrase associada distintamente como resul tado previsto De fato o raciocínio indutivo pode ser encarado como um teste de hipótese Bruner Goodnow Austin 1956 Um estudoanalisoua inferência causaiapresentando às pessoas cenários comoos indi cadosno Quadro 126 Schustack Sternberg 1981 Os participantes deveriam usara infor mação descrevendo as conseqüências para cada companhia Precisavam determinar se o valor da ação de uma empresa cairia seo principal produto da companhia estivesse sob sus peitade sercarcinogênico As pessoas usaram quatro informações para realizar julgamentos causais conforme apresentado no Quadro 127 Tenderam a confirmar especificamente que um evento era causai em uma de duas circunstâncias A primeira era baseada na presença conjuntado evento possivelmente causai e do resultado A segunda na ausência simultânea do evento possivelmente causai e do resultado Elas tendiam a negata causalidade de umde terminado evento antecedente também de duas maneiras Uma era baseada na presença do eventopossivelmente causai porém na ausência do resultado O outro era firmado na au sência do evento possivelmente causai mas com a presença do resultado Nessedoiscasos as pessoas podem ser muito racionais ao fazer julgamentos causais No entanto acabamos efetivamente sendo vítimas de vários erros comuns de indução Um erro comum de indu ção relacionase à lei dos grandes números Reconhecemos sob certas circunstâncias que QUADRO 126 Observações de um Analista de Mercado sobre Indústrias de Cosméticos A partir das informações abaixo comovocêdeterminaria a causalidade Companhia 1 O pessoal do escritório da empresa organizou Houve uma queda considerável do valor da ação da companhia e filiouse a um sindicato O principal produto da companhia estava sob suspeitade ser carcinogênico Companhia2 O pessoal do escritório da empresa não organizou nem filiouse a um sindicato O principal produtoda companhia estavasob suspeita de sei carcinogênico Companhia3 Foram identificados gerentes da companhia que autorizaram doações ilegais para campanhas políticas Houve uma queda considerável do valor da ação da companhia Não houve uma queda considerável do valor da ação da companhia 464 Psicologia Cognitiva QUADRO 127 Quatro Bases para Inferência da Causalidade Mesmo quemnão exercea função de lógico usa muitas vezes eficazmente as informações disponíveis ao avaliar a causalidade Inferência Causal Base para Inferência Expucação Exemplo Confirmação A presença conjunta Se um evento e um do evento resultado tendem a possivelmente causal e ocorrer do resultado simultaneamente é mais provável que as pessoas acteditem que o evento cause o resultado Se alguma outra companhia tivesse um produto importante suspeito de ser carcinogênico esta junção dos fatos aumentaria a crença das pessoas de que possuir um produto impottante considerado carcinogênico deprime o valor da ação Confirmação A presença conjunta Se o resultado não do evento ocorrer na ausência do possivelmente causal e evento possivelmente do resultado causal então aspessoas são mais propensas a acreditar que o evento causa o resultado Se as ações de outras emptesas não diminuíram de valor quando não possuíam produtos considerados carcinogênicos então a ausência destes produtos entre os principais produtos e a queda no preço das ações pelo menos é coerente com a noção de que ter um produto considerado carcinogênico poderia causar queda no valor da ação Nãoconfirmação Presença do evento Se o evento possivelmente causal possivelmente causal mas ausência do estiver ptesente mas o resultado resultado não ocorrer o evento é visto como menos provável de conduzir ao resultado Se outras empresas tiveram produtos importantes considerados carcinogênicos mas suas ações não sofreram queda no preço as pessoas estariam mais propensas a concluir que possuir um produto importante considerado carcinogênico não conduz à queda do valor da ação Nãoconfirmação Ausência do evento Se o resultado ocorrer possivelmente causal na ausência do evento mas presença de possivelmente causal resultado então o evento é visto com menor possibilidade de conduzir ao resultado Esta regra é um dos cânones de Mill Se outras empresas tiveram queda no preço de suas ações sem possuir produtos considerados carcinogênicos as pessoas seriam menos propensas a inferir que ter um produto considerado carcinogênico resulta em queda no preço das ações um número maior de observações reforça a possibilidade de nossas conclusões Em outras ocasiões entretanto deixamos de considerar o tamanho da amostra que observamos quando avaliamos a solidez ou a possibilidade de umadeterminada inferência Além disso a maioria de nós tende a desprezar a informação sobre a taxa básica Como alternativa foca lizamos as variações inusuais ou as que dizem respeito a relatos importantes O conheci mento desseserros pode melhorar nossa tomada de decisões Talvez nossa maior falha seja uma quese aplica a psicólogos outros cientistas e pessoas que não são cientistas demonstramos o viés de confirmação que pode nos conduzir a erros Capítulo 12 Tomada de Decisões e Raciocínio 465 como as correlações ilusórias Chapman Chapman 1967 1969 1975 Além disso come temos erros freqüentemente quando tentamos determinar a causalidade com base somente na prova correlacionai Conforme foi afirmado muitas vezes a prova correlacionai não pode indicar a direção da causa Suponha que observemos uma correlaçãoentre o Fator A e o Fa tor B Podemos constatar uma entre três possibilidades Primeiro pode ser que o Fator A cause o Fator B Segundo pode ser que o Fator B cause o Fator A Terceiro algum Fator C de or dem superior podeestar causando a ocorrência conjunta dos Fatores A e B Ocorre um erro relacionadoquando deixamosde reconhecer que muitosfenômenos pos suem múltiplas causas Porexemplo um acidente automobilístico envolve muitas vezes di versascausas Pode ter se originado por exemplo pela negligência de diversos motoristas ao invésde somente um Após termos identificado uma das causassuspeitas de um fenômeno podemos cometeraquiloque é conhecidocomoerro de redução Interrompemos nossa busca por alternativas adicionais ou causas contribuintes O viés de confirmação pode exercer efeito considerável em nossas vidas diárias Por exemplo podemos conhecer alguém com a expectativa de não apreciálo Como resultado podemostratálo de um modo que é diferente daquele pelo qual o trataríamos caso esperás semos apreciálo Ele pode então reagir em relação a nós de modo menos favorável Por tanto confirma nossa crençaoriginalde que não se podeapreciálo O viés de confirmação pode desempenhar desse modo um papel importante na instrução Professores muitas ve zes esperam pouco dos alunosquando os julgam fracos Os alunos então oferecem pouco ao professor As crenças originais dos professores são portanto confirmadas Sternberg 1997 Esteefeitoé conhecido como profecia deautogratificação HarberJussim 2005 As pesquisas investigaram a relação entre as informações sobre variação conjunta corre lação a inferências causais Ahn et ai 1995 Ahn Bailenson 1996 Para que alguma infor mação contribua para as inferências causais a informação precisa estar correlacionada necessariamente com o evento Porém essa informação sobre variação conjunta não é sufi ciente paraimplicar causalidade Ospesquisadores propuseram quea informação sobre varia ção conjunta também deve proporcionar informação a respeito de um possível mecanismo causal a fim de que a informaçãocontribua para as inferências causais Considere um exem plo Uma pessoa ao tentardeterminar a causa do acidente deJanena noite passada poderia usarinformação estritamentede variação conjuntaUm exemplo seriaJane apresenta maior propensão do que a maioria das pessoas a ter um acidente automobilístico e acidentes de carro tiveram maior probabilidade de ter ocorrido na noite passada As pessoas preferem no entanto informações específicas sobre mecanismos causais Ahn etai 1995 Um exemplo seria Janenão estava usando seusóculosna noite passada e a estrada estava plenade gelo ao fazerem atribuições causais sobre informações que variam conjuntamente apenas com o evento do acidentede carro Essas duasúltimas informações sobreo acidentede carro deJane podem serconsideradas informações de variação conjuntaporémasdescrições oferecem in formações adicionais sobre os mecanismos causais Discutimos no Capítulo 8 o modelo de conceitos firmados na teoria As teorias das pes soas afetam não somente os conceitos que possuem mas também as inferências causais que realizam com essesconceitos Considere um conjunto de estudos que investiga como os psi cólogos clínicos fazem inferências sobre pacientes que os procuram com diversos tipos de transtornos Normalmente usam o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders Fourth Edition Manual de Diagnósticos e Estatísticas sobre Transtornos Mentais 4 Edição American Psychiatric Association 1994 conhecido pela sigla em inglês DSMJV paraefe tuar tais diagnósticos O DSMJV não contém teoria Em outras palavras não se baseia em algumateoriaOs clínicosforamsolicitados a diagnosticar em cinco experimentos pacientes 466 Psicologia Cognitiva com transtornos que eram de modo causalcentral ou periféricoàs próprias teorias dos clíni cos sobre transtornos Os participantes apresentavam maior probabilidade para diagnosticar um paciente hipotético como portador de um distúrbio caso este distúrbio fosse mais cen tral de modo causal para o próprio sistema de crenças dos clínicos Em outras palavras as próprias teorias implícitasdos clínicos sobrepunhamse ao DSMJV em seu diagnóstico O modelo de categorização baseadona teoria postula que os conceitos são representados como categorias e não listas de características Desse modo é interessante que o DSMÍV estabeleceu diretrizes sem vinculação teórica para o diagnóstico de transtornos mentais Cinco experimentos investigaram como os clínicos lidavam com uma nosologia desvin culada da teoria Kim Ahn 2002 Os pesquisadores usaram diversos métodos para confir mar as teorias sobre transtornos pessoais implícitas adotadas pelos clínicos Desse modo foi possível descobrir as teorias causais dos transtornos adotadas pelosclínicos Em seguida fo ram avaliadas as respostas dos clínicos sobre as tarefas de diagnóstico e memória E de inte resse particular neste caso o modo como os clínicos decidiram se um paciente era portador de um determinado transtorno Eles usaram principalmente o DSMJV o manual de refe rência padrão no campo Ou adotaram suasprópriasteorias causais dos transtornosOs par ticipantes apresentavam maior possibilidadede diagnosticar um paciente hipotético portador de um transtorno caso este paciente possuísse sintomas causais centrais ao invésde perifé ricos de acordo com a sua teoria de transtorno Em outras palavras quanto mais central de modocausal fosse um diagnóstico para suasprópriasteorias implícitas maiora probabilidade de que fariam esse diagnóstico em resposta a um conjunto de sintomas As lembranças que possuíam para sintomas centrais de modo causal também eram melhores que suas próprias lembranças de sintomas que consideravam periféricos sob o aspecto causal Os clínicos são portanto motivados a usar suas próprias teorias causais implícitas mesmo se acumularam décadas de prática com o DSM desprovido de teoria Este conjunto de estudos proporciona um grande apoio à noção de conceitos baseada em teoria discutida no Capítulo 8 Porém também mostra que essas teorias não ficam somente inertes na mente São usadas ativa mente quando empregamos o raciocíniocausal Mesmoos especialistas preferemsuas teorias causais em relação a um trabalho de referência padrão em seu campo DSMJV Uma visão alternativa é que as pessoasagemcomo cientistas inexperientes ao postularem entidades de poder causal inobserváveis teoricamente para explicar variações conjuntas ob serváveis Cheng 1997 Portanto as pessoas são um tanto racionais ao fazerem atribuições causais com base nos tipos cotretos de informações que variam conjuntamente Inferências Categóricas Em que base as pessoas fazem inferências As pessoas geralmente usam ambasestratégias ascendentes bottomup e descendentes topdown para fazer inferências Holyoak Nisbett 1988 ou seja usam informações baseadas em suas experiências sensoriais e informações baseadas naquilo que já conhecem ou haviam inferido anteriormente As estratégias ascen dentes baseiamse na observação de vários casos e consideram o grau de variabilidade entre eles A partir dessas observações abstraímos um protótipo veja os Capítulos 6 e 9 Após um protótipo ou uma categoria haver sido induzido a pessoa pode usar amostragem focali zadapara agregarnovoscasosà categoriaElase concentra principalmente nas propriedades que proporcionaram distinções úteis no passado As estratégias descendentes incluem a busca seletiva de elementos constantes entre as diversas variações e a combinaçãoseletiva dos conceitos e categorias existentes Capítulo 12 Tomada de Decisões e Raciocínio 467 Raciocínio por Analogia O raciocínio indutivo pode ser aplicadoa um conjunto maisamplode situações do que aque las que exigem inferências causais ou categóricas Considere o problema de analogia como exemplo O fogo estáparao amianto assim comoa águaestápara a vinil b arc algodão d torneira A pessoa ao raciocinar por analogia precisa observar o primeiro par de itens fogo e amianto neste exemplo e deve induzir com base neste dois itens uma ou mais relações neste caso resistência da superfície porque superfícies revestidas com amianto po dem resistir ao fogo A pessoa que raciocina precisa aplicar em seguida a relação dada na segunda parte da analogia Na analogia de exemplo escolhe a solução vinil porqueas su perfícies revestidas com vinil são resistentes à água Alguns pesquisadores usaram a metodologia do tempo de reação para descobrir como as pessoas resolvem problemas de indução Por exemplo usando modelagem matemática fui ca paz de individualizar as durações de tempo que os participantes empregaram em vários pro cessos de raciocínio analógico Constatei que a maior parte do tempo gasto na solução de analogias verbais simples é direcionada à codificação dos termos e à resposta Sternberg 1977 Somente uma pequenaparte é gasta efetivamente para realizar operações de raciocí nio relativas a essascodificações A dificuldade de codificação podesetornar até maior em várias analogias envolvendo de cifração Por exemplo na analogia RAT TAR BAT a CONCRETO b MAMÍFERO c ABAdRABOa dificuldade concentrase na codificação da analogiacomoumaqueenvolve inversãode letras ao invés de conteúdo semântico para sua solução Em uma analogia proble mática como AUDACIOSO TIMORATO MITIGAR a PREVER b EXACERBAR c OBJETAR d EVISCERAR a dificuldade reside no reconhecimento dos significados daspa lavras Se as pessoas que raciocinam conhecem os significados daspalavras provavelmente considerarão relativamente fácil descobrirque a relaçãoé de antônimos Esse exemplo exa cerbou audaciosamente sua dificuldade para resolver problemas envolvendo analogias Uma aplicação das analogias ao raciocínio podeser vista na política Foi observado que as analogias podem ajudar entidades governamentais a chegarem a conclusões Breuning 2003 Também foi argumentado que essas analogias podemsei usadas eficazmente a fim de transmitir a justificativa da decisãopara o público Breuning 2003 O uso de analogias no entanto nem sempre é bemsucedido Por exemplo o fracasso em chegar a uma soluçãodi plomática no Kosovo em 1999 pode ter sido por causa da seleçãoe do uso de uma analogia inapropriada Hehir 2006 Estas descobertas ressaltam a utilidade e as possíveis armadilhas do uso de analogias em deliberações políticas Em 2007os oponentes do expresidente Bush usaram uma analogia com o Vietnã como argumentação paraa retirada das tropas no Iraque Eles afirmaram queo fracasso das políti cas dos EUA para conduzira uma vitória definitivaeram análogasentre o Vietnã e o Iraque Bush então inverteu a posição usando uma analogia com o Vietnã para argumentar que sairdo Itaquepoderiaresultarem um grandemassacre conforme ele afirmou ter acontecido no Vietnã após a saída dos norteamericanos Portanto as analogias podem acabar sendo em grande parte de acordo com a visãode quem contempla preferivelmente a perspectiva que se apoia nos elementos reais sendo comparados Desenvolvimento do Raciocínio Indutivo Crianças muito jovens não possuem asmesmas habilidades de raciocínio indutivo que asmais velhas Por exemplo criançascom 4 anos parecem não induzir princípios biológicos genera lizados sobre animais quando recebem informações específicas relacionadas a determinados 468 Psicologia Cognitiva animais Carey 1987 No entanto ao completarem 10 anos as crianças são muito mais pro pensas a atuar dessa forma Por exemplo caso se diga a crianças de 4 anos que cães e abelhas possuem um determinado órgão no corpo elas ainda supõem que somente animais grande mente similares a cães ou abelhas possuemesse órgão e que os outros animais não o possuem Em contraste crianças de 10 anos induziriam que se animais tão díspares como cães e abe lhas possuem esse órgão muitos outros animais provavelmente também o possuem Igual mente crianças de 10 anos são muito mais propensas que as de 4 anos a induzir princípios biológicos que relacionam os seres humanos a outros animais Dessa maneira quando crianças de 5 anos conhecem novas informações sobre um tipo específico de animal parecem agregar as informações aos seus esquemas existentes para o tipo específico de animal mas não parecem alterar seusesquemas gerais para animais ou para a biologia como um todo veja Keil 1989 1999 No entanto alunos da 1 e da 2a séries de monstraram possuir capacidade para escolher e mesmo para gerar espontaneamente testes apropriados a fim de agrupar provas indiretas para confirmar ou não confirmar hipóteses al ternativas Sodian Zaitchik Carey 1991 Mesmocrianças de apenas 3 anos parecem induziralguns princípios gerais baseadas em observações específicas particularmente aqueles princípios que dizem respeito a categorias ta xonômicas para animais Gelman 19841985 Gelman Markman 1987 Porexemplo crian ças da préescola foram capazes de induzir princípios que atribuem corretamente a causa de fenômenos como o crescimento a processos naturais ao invés de à intervenção humana Gelman Kremer 1991 Hickling Gelman 1995 Em um trabalho relacionado crianças em idade préescolar foram capazes de raciocinar corretamente que um melro apresentava mais possibilidade de comportarse como um flamingo do que como um morcego porque melros e flamingos são ambos aves Gelman Markman 1987 Observe que neste exemplo as crian ças da préescola estão contrariando sua percepção de que os melros se parecem mais com morcegos do que com flamingos baseando seu julgamento ao invés disso no fato de que são ambos aves embora o efeito seja reconhecidamente mais intenso quando o termo ave tam bém forusadoem relaçãoao flamingo e ao melro Sobel e Kirkham 2006 estenderam essas descobertas para crianças de 2 anos Além disso esses experimentadores demonstraram a existência de raciocínio em crianças de apenas 8 meses As crianças nesse estudo foram ca pazesde prever a localizaçãoespacialde um evento futuro com base na observação de even tos anteriores Embora a finalidade das palavras seja em grande parte a expressão de significado por exemplo para indicar um cão pela palavra cãoou um flamingopelo uso da palavra fla mingo existem algumas provas de que o processo não é integralmente unidirecional As crianças usam algumas vezes palavras cujo significado não compreendem e adquirem ape nas gradualmente o significado correto após terem iniciado a usar as palavras Kessler Shaw 1999 Nelson 1999 denomina esse fenômeno uso sem significado Outros trabalhos confirmam a visão de que as crianças na préescolapodem tomar de cisõesbaseadasem princípios geraisinduzidos ao invésde aparências perceptivas Porexem plopodeminduzir categorias taxonômicas baseadas emfunções como o meiode respiração ao invés de nas aparências perceptivas como o peso real Gelman Markman 1986 Quandoreceberam informações sobre partes internas deobjetos emumacategoria ascrian ças em idade préescolar também induziram que outros objetos da mesma categoria te riam possivelmente as mesmas partes internas Gelman 0Reilly 1988 veja também Gelman Wellman 1991 No entanto quando induziram princípios com baseem informação descontínua crian çasem idade préescolar eram mais propensas do que as de mais idade a enfatizar caracterís Capítulo 12 Tomada deDecisões e Raciocínio 469 ticas externas e superficiais de animais do que atribuir peso a características estruturais ou funcionais internas De modo análogo dada a mesma informação específica crianças com mais idade parecem induzir inferências mais abrangentes a respeito de propriedades biológi cas em comparação com criançasde menos idade Gelman 1989 Éimportante manter ambas as formas deconhecimento baseadas em princípios e naapa rência para uso flexível em diversas situações edomínios Wellman Gelman 1998 Oconhe cimento sobre relações funcionais internas profundas é importante para a indução de propriedades de objetos Porém a aparência similar também é importante sob outras circuns tâncias A aquisição deconhecimento desenvolvese pormeio do uso de teorias estruturantes ou modelos para obtenção de inferências sobre o ambiente emvários domínios como física psicologia e biologia Wellman Gelman 1998 Numerosos estudos demonstraram a aquisi ção precoce erápida de especialização para oentendimento de objetos físicos ede relações cau sais entre eventos entidades psicológicas e raciocínio causalexplicativo e entidades e forças biológicas Asmodificações no raciocínio relativas a fatores nesses domínios parecem mostrar maior compreensão da relação entre aparências e princípios funcionais mais profundos Desse modo crianças usam o conhecimento baseado em fundamentos noâmbito de domínios dife rentes a fim de elaborar umacompreensão estrutural do mundo Uma Visão Alternativa do Raciocínio A esta altura você já inferiu razoavelmente que os psicólogos cognitivos discordam freqüen temente algumas vezes de um modo bastante intenso a respeito de como e por que as pessoas raciocinam de determinado modo Foi proposta uma visão alternativa de raciocínio Éque dois sistemas complementares de raciocínio podem ser diferenciados O primeiro é um sistema associativo que envolve operações mentais baseadas em similaridades observadas e contiguidades temporais isto étendências para aocorrência de eventos próximos notempo Osegundo éum sistema baseado em regras que envolvem manipulações baseadas nas relações entre símbolos Sloman 1996 O sistema associativo pode conduzir a respostas aceleradas altamente sensíveis a padrões e tendências gerais Por meio deste sistema detectamos similaridades entre padrões observa dos e padrões armazenados na memória Podemos prestar mais atenção a características mais notáveis por exemplo as grandemente típicas ou atípicas do que definir características de um padrão Este sistema impõe limitações um tanto vagas que podem inibir a seleção de pa drões que não se enquadram bem ao padrão observado O sistema favorece os padrões reme morados que combinam melhor com o padrão observado Um exemplo de raciocínio associativo é o uso da heurística de representatividade Outro exemplo são os efeitos do viés de crença no raciocínio silogístico Este efeito ocorre quando demonstramos maior concor dância com os silogismos que confirmam nossas crenças sendo estes silogismos logicamente válidos ounão Um exemplo daoperacionalidade do sistema associativo pode ser o efeito do consenso falso Neste caso as pessoas acreditam que seu próprio comportamento e seus julga mentos são mais comuns e mais apropriados do queaqueles deoutras pessoas Ross Greene House 1977 Suponha que as pessoas possuam uma opinião sobre um tema Elas tendem a acreditar que por ser sua opinião tem possibilidade de ser partilhada e considerada correta por outras pessoas Existe evidentemente algum valor de diagnóstico nas opiniões de uma pessoa É bem possível que outros realmente acreditem naquilo que uma pessoa acredita Dawes Mulford 1996 Krueger 1998 No geral entretanto associar as visões deoutras pes soas às nossas próprias simplesmente por serem nossas constitui uma prática questionável 470 Psicologia Cognitiva O sistemabaseado em regras usualmente requer procedimentos mais deliberados e al gumas vezes laborioso para se chegar a conclusões Por meio deste sistema analisamos cui dadosamente características relevantes por exemplo características definidoras dos dados disponíveis com base em regras armazenadas na memória Esse sistema impõe limitações rí gidas que eliminam possibilidades que transgridem as regras Existem diversas provas do ra ciocínio baseado em regras Primeiro conseguimos reconhecer argumentos lógicos quando nos são explicados Segundo podemos reconhecer a necessidade defazer categorizações base adas nas características definidoras apesar das similaridades nas características típicas Pode mos reconhecer por exemplo que uma moeda com 75 centímetros de diâmetro que se parece exatamente com uma moeda de 25 centavos de dólar deve ser falsa Terceiro pode mos eliminar impossibilidades como gatas concebendo edandoà luz filhotes de cães Quarto podemos reconhecer muitos eventos improváveis Por exemplo é improvável que o Congresso dosEUAaprovará uma leique proporcione salários anuaispara todos osalunos universitários queestudam em período integral Deacotdocom Sloman precisamos de ambos ossistemas complementares Precisamos reagir rápida e facilmente às situações diárias com base em si milaridades observadas e contiguidades temporais No entanto também precisamos de um meio para avaliar nossas respostas mais deliberadamente Os dois sistemas podem ser conceitualizados no âmbito de uma estrutura conexionista Sloman 1996 O sistema associativo é representado facilmente em termos deativação e ini biçãode padrões o que se enquadra prontamente no modelo conexionista O sistema baseado em regras pode ser representado como um sistema de regras deprodução veja Capítulo 11 Uma visão conexionista alternativa indica que o raciocínio dedutivo pode ocorrer quando umdeterminado padrão deativação emum conjunto de nós por exemplo aqueles associados a uma determinada premissa oua umconjunto de premissas acarreta ou produz umpadrão específico de ativação em umsegundo conjunto de nós Rips 1994 Demodo si milar um modelo conexionista de raciocínio indutivo pode envolver a ativação repetida de uma série de padrões similares em várias situações Esta ativação repetida pode reforçar em seguida os elos entre os nós ativados conduzindo desse modo à generalização ouà abstra ção do padrão para diversos casos Os modelos conexionistas de raciocínio e os diversos outros métodos descritos neste ca pítulooferecem muitas visões dosdados disponíveis relativos à maneira comoraciocinamos e fazemos julgamentos Atualmente nenhum modelo teórico explica bemtodos osdados Po rém cada modelo explica satisfatoriamente pelo menos alguns deles As teorias nos ajudam emconjunto a compreender a inteligência humana o tópico do próximo e último capítulo Neurociência do Raciocínio Conforme ocorre na resolução deproblemas e na tomada dedecisão o processo doraciocínio envolve o córtex préfrontal Bunge et ai 2004 Além disso o raciocínio envolve áreas do cérebro associadas à memória de trabalho como os gânglios basais Melrose Poulin Stern 2007 Osgânglios basais participam de diversas funções incluindo cognição e aprendizagem Esta área também está associada ao córtex préfrontal por meio de diversas conexões Mel rose Poulin Stern 2007 Adicionalmente esperase acontribuição dos sistemas dememória de trabalho pois o raciocínio envolve a integração das informações A exploração do racio cínio condicional por meio dos métodos de potencial relacionado a eventos ERP revelou maior negatividade nocórtex cingular anterior deaproximadamente 600 milissegundos e 200 milissegundos após a apresentação datarefa Qui et ai 2007 Esta negatividade indica maior controle cognitivo conforme seriaesperadoem uma tarefa de raciocínio Capítulo 12 Tomada deDecisões e Raciocínio 471 Considere a seguinte passagem de Macbeth de Shakespeare Primeira Aparição Macbeth Macbeth Cuidado com Macduff Cuidado com o barão de Fipe Não precisas mais escutarme foi osuficiente Segunda Aparição Seja sanguinário corajoso e resoluto riajte paraes carnecer do poder do homem pois nenhum sernascido de mulher ferirá Macbeth Macbeth Então viva Macduff por quepreciso temerte Entretanto tomarei duas vezes mais cuidado e aceitarei umpacto com o destino tu não viverás que eu possa dizer que o medo não me domina e dormir apesar dos trovões e da tempestade Nessa passagem Macbeth entendeu erroneamente o que a visão da Segunda Aparição significava nenhum homem podia assassinálo e portanto decidiu enfrentarcorajosamente Macduff No entanto como todos sabemos Macduff nasceu por cesariana e portanto não seclassifi cava na categoria de homens que não podiam ferir Macbeth Macduff finalmente matou Macbeth porque chegou a uma conclusão errada ba seada na premonição da Segunda Aparição O alerta da Primeira Apa rição sobre Macduff deveria ter sido levado emconta Suponha que você esteja tentando decidir entre comprar um SUV veí culo utilitário esportivo do inglês SportUtility Vehicle ou umcarrocom pacto Você apreciaria tero espaço do SUVmas a eficiência doconsumo de combustível do carrocompacto Sejaqualescolher você fez a escolha certa Esta é uma pergunta difícil deresponder porque a maioria denossas decisões é tomada sob condição de incerteza Desse modo digamos que você adquiriu o SUV Você pode transportar algumas pessoas consegue puxar facilmente um traiíer até oalto de uma ladeira sentase em um nível mais elevado de modo que sua visão da estrada é muito melhor No en tanto toda vez que completa o tanque de gasolina é lembrado de quanto combustível esse veículo consome Por outro lado digamos que você com prou o carro compacto Ao apanhar amigos no aeroporto você enfrenta dificuldade para abrigar todos eles e a bagagem você não consegue levar traiíers até o alto de ladeiras pelo menos não muitofacilmente e sentase tão baixo que quando há um SUV à suafrente mal consegue vero que ocorre na estrada No entanto toda vez que você completa seu tanque de gasolina ououve o proprietário de umSUVqueixarse sobre quanto custa completar seu tanque constata quão pouco precisa pagar pela gasolina Novamente você fez a escolha certa Não existem respostas certas ou erra das para a maioriadas decisões que tomamos Usamos nosso melhor julga mento por ocasião de nossas decisões ejulgamos que são mais certas do que erradas emoposição a serem definitivamente certas ouerradas INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Em um estudo que analisou o raciocínio moral em pessoas que exibem comportamentos antissociais indicativos de raciocínio moral inadequado as disfunções foram observadas em diversas áreas do córtex préfrontal incluindo as regiões dorsal e ventral Raine Yang 2006 Adicionalmente também foram observados danos na amígdala no hipocampo na circunvo lução angular no cíngulo anterior e no córtex temporal Recordese que o cíngulo anterior estáenvolvido na tomada de decisões e o hipocampo na memória de trabalho Esperariase portanto que disfunções nessas áreas acarretariam problemas para o raciocínio 472 Psicologia Cognitiva Temas Fundamentais Diversos temas discutidos no Capítulo 1 sãorelevantes paraeste capítulo Um primeiro tema é Racionalismo versus Empirismo Considere por exemplo erros no raciocínio silogístico Uma maneira para entender tais erros é emtermos doerro lógico espe cífico cometido independentemente dos processos mentais que a pessoa usou ao raciocinar Não há necessidade de realizar qualquer pesquisa empírica para compreender ao nívelda ló gica simbólica os erros que foram feitos Além disso o raciocínio dedutivo é ele próprio baseado no Racionalismo Um silogismo como Todos os brinquedos são cadeiras Todas as cadeiras são hot dogs Portanto todos os brinquedos são hot dogs é válido logicamente porém incorreto factualmente Portanto a lógica dedutiva pode sercompreendida em um nível ra cional independentemente de seu conteúdo empírico Porém sedesejarmos conhecer sob o aspecto psicológico porqueaspessoas cometem erros ouo queé factualmente verdadeiro en tão precisamos combinar observações empíricas com lógica racional Um segundo tema é a generalidade versus aespecificidade docampo Asregras da lógica dedutiva aplicamse igualmente em todos osdomínios Podese aplicálas por exemplo ao conteúdo abstrato ou concreto Porém as pesquisas indicaram que psicologicamente o ra ciocínio dedutivo com conteúdo é mais fácil que o raciocínio com conteúdo abstrato Por tanto embora as regras seapliquem exatamente da mesma maneira demodo geral emtodos oscampos a facilidade deaplicação nãoé equivalente pelo prisma psicológico emtodos es ses domínios Um terceiro tema é o inato versus adquirido As pessoas são préprogramadas para pen sarem logicamente Piaget ofamoso psicólogo cognitivoevolutivo suíço acreditava nessa pré programação Ele acreditava que o desenvolvimento do pensamento lógico segue uma seqüência inatade estágios que ocorrem ao longo do tempo De acordo com Piaget não há muito que uma pessoa possa fazer para alterar a seqüência ou a ocorrência no tempo desses estágios Entretanto as pesquisas indicaram que a seqüência proposta por Piaget não acon tece conforme ele pensava Por exemplo muitas pessoas nunca atingem esse estágio superior e algumas crianças são capazes de raciocinar de ummodo que ele não teria previsto ser pos sível até quetivessem mais idade Portanto mais uma vez inatoe adquirido interagem Leituras Sugeridas Comentadas Leighton J P Sternberg RJ org The na Sobel DM Kirkham N Z Blickets and ba ture ofreasoning Nova York Cambridge bies thedevelopment ofcausai reasoning University Press 2004 Uma análise com in toddlers and infants Developmental pleta das teorias e pesquisas contemporâ Psychology 426 p 11031115 2006 neas sobre o raciocínio Umestudo acessível que analisa o racio cínio em crianças com pouca idade CAPITULO Inteligência Humana e Artificial 13 EXPLORANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA 1 Quais sãoos principais temas relacionados à mensuração da inteligência De que modo diferentes pesquisadores e teóricos abordam esses tópicos 2 Quais são algumas abordagens sobre inteligência baseadas no processamento de informação 3 Quais são algumas visões alternativas da inteligência 4 Como os pesquisadores tentaram simular a inteligência usando máquinas como computadores 5 A inteligência pode seraperfeiçoada Em caso afirmativo de que modo 6 Como a inteligência se desenvolve nos adultos Antesdevocê lerarespeito decomo ospsicólogos cognitivos consideram a inteligência tente completar alguns testes que exigem o uso de sua própria inteligência 1 Vela estápara parafina assim como pneu estápara a automóvel b redondo c borracha d vazio 2 Complete a série 100 075 Vi a umb umoitavo c umquarto 3 Os primeiros três itens formam uma série Complete a segunda série análoga que inicia com o quarto item D O A A o A A A c d 4 Você está em um grupocom pessoas sinceras e mentirosas As pessoas sinceras sempre dizem a verdade e as mentirosas sempre mentem Você encontra alguém pelaprimeira vez Elediz que acabou de ouvir uma conversa na qual a moça disseque era uma mentirosa A pessoa que vocêconheceu é mentirosaou sincera INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA 473 474 Psicologia Cognitiva Acreditase que cada um dos testes anteriores pelo menos alguns psicólogos cognitivos acreditam requer algum grau de inteligência As respostas encontramse no fimdesta seção Inteligência é um conceito que pode ser considerado um amálgama de toda Psicologia Cognitiva Mas afinal o que é inteligência Emum artigorecente pesquisadores identificaramaproximadamente 70definições de inteligência Legg Hutter 2007 Em 1921 quando os editores do Journal ofEducational Psychology formularam essa pergunta a 14 psi cólogos famosos as respostasvariaram mas geralmente incluíam dois temas Primeiro inte ligência envolve a capacidade de aprendercom a experiência Segundo envolve a capacidade para adaptarse ao ambiente que nos circunda Sessenta e cinco anos mais tarde formulouse a mesma pergunta a 24 psicólogos cognitivos com experiência em pesquisas sobre inteligên cia Sternberg Detterman 1986 Eles também enfatizaram a importânciade aprendercom a experiência e adaptarse ao ambiente Ampliaram igualmente a definiçãopara enfatizar a importância da metacognição a compreensão e o controle que as pessoas possuem de seus próprios processos de pensamento Os especialistas atuais também atribuíram maior ênfase ao papel da cultura Eles frisaramque aquiloque é considerado inteligênciaem uma cultura pode não ser considerado em outra Serpell 2000 Resumindo inteligência é a capacidade para aprender com a experiência usando processos metacognitivos para incrementar a aprendizagem e a capacidade para adaptarse ao meio ambiente que nos cerca Pode exigir adaptações diferentes no âmbito de contextos sociais e culturais diferentes De acordo com o Oxford English Dictionary a palavra inteligência entrou paráá língua inglesa aproximadamente no século XII Hoje podemos consultar o termo inteligência em numerosos dicionários porém a maioria de nósaindapossui nossas próprias idéias implícitas nãodeclaradas sobre o quesignifica ser inteligente istoé temos nossas próprias teoriasim plícitas usualmenteconceitos não exteriorizados da inteligência Usamosnossas teorias im plícitas em diversas situações sociais Por exemplo as empregamos quando conhecemos pessoas e avaliamos a inteligência que demonstram Também as adotamos quando descreve mos pessoas que consideramos muito sagazes ou nem tanto No âmbito de nossas teorias implícitas da inteligênciatambém reconhecemos que a inte ligência possui significados um tanto diversos em contextos diferentes Um vendedor esperto pode ter um tipo de inteligência diferente daquela de um neurocirurgião hábil ou de um con tador sagaz Cada um deles pode demonstrar um tipo de inteligência diferenteda de um coreó grafo umcompositor umatletaouumescultor capazes Usamos muitas vezes nossas definições dainteligência implícitas e relevantes aocontexto parafazer uma avaliação deinteligência Seu mecânico é suficientementehábil para descobrire consertar o defeitode seucarroSeu médico é suficientemente apto para identificar e tratar seu problema de saúde Esta pessoa interes sante é suficientemente cativante para manter seu interesse em uma conversa As teorias implícitas da inteligência podem diferirde uma cultura para outra Porexem plo há evidências de que os chineses em Taiwan incluem as aptidões inter e intrapessoais autocompreensão como parte de seu conceito de inteligência Yang Sternberg 1997 O conceito de inteligência dos quenianos das áreas rurais englobam aptidões morais bem como cognitivas Grigorenko et ai 2001 Portanto o queseria considerada uma avaliação abran gente da inteligência poderia diferir de umacultura paraoutra Sternberg Kaufman 1998 Mesmo no âmbito dos EUA muitas pessoas atualmente começaram aencarar como impor tante não apenasos aspectos cognitivos mas também os aspectos emocionais da inteligên cia Inteligência Emocional é acapacidade paraperceber e expressar a emoção assimilála ao pensamento compreender e raciocinarcom emoção e regulara emoçãoem si e nos ou tros Mayer Salovey Caruso 2000 p 396 Existem provas concretas da existência de al gum tipo de inteligência emocional Cherniss et aí 2006 Ciarrochi Forgas Mayer 2001 Mayer Salovey 1997 Salovey Sluyter 1997 embora as evidências sejam de natureza va riada Davies Stankov Roberts 1998 Waterhouse 2006 O conceito de inteligência emo Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificial 475 cional também tornouse muito popular nos últimos anos Goleman 1995 1998 Algumas evidências indicam que a inteligência emocional é um previsor confiável daadaptação bem sucedida a novos ambientes por exemplo faculdade ou país estrangeiro e de sucesso no campo de atuação escolhido pela pessoa Gabei Dolan Cerdin 2005 Parker et ai 2006 Stein Book 2006 Um conceito relacionado é o da inteligência social Inteligência social é a capacidade para compreender e interagir com outras pessoas Goleman 2007 Kihlstrom Cantor 2000 Além disso conforme discutido existem algumas diferenças culturais na definição dein teligência Estas diferenças conduziram a um campo de estudo no âmbito das pesquisas so bre inteligência que examina a compreensão das diferenças culturais na definição de inteligência Este campo analisa o que édenominado inteligência cultural ouQCSternberg Grigorenko 2006 Esta expressão é usada a fim de descrever a capacidade de uma pessoa para adaptarse adiversos desafios em culturas diferentes Ang Dyne Koh 2006 Sternberg Grigorenko 2006 Triandis 2006 As pesquisas também mostraram que variáveis de perso nalidade estão relacionadas à inteligência Ackerman 1996 Essas evidências consideradas em conjunto indicam que uma definição abrangente da inteligência incorpora muitas face tas do intelecto Definições explícitas de inteligência também adotam freqüentemente um foco orien tado à avaliação De fato alguns psicólogos têm se contentado em definir inteligência como tudo aquilo que os testes medem Boring 1923 Esta definição infelizmente é circular De acordo comela a natureza da inteligência é aquilo quepode sertestado Porém o queé tes tado precisa ser determinado necessariamente pela natureza da inteligência Além disso o que testes de inteligência distintos medem nem sempre é a mesma coisa Testes diferentes medem constructos um tanto distintos Daniel 1997 2000 Kaufman 2000 Kaufman Li chtenberger 1998 Portanto não é factível definir inteligência por aquilo que ostestes me dem como se todos avaliassem o mesmo parâmetro A propósito as respostas às questões formuladas no início do capítulo são as seguintes 1 Borracha Velas freqüentemente são produzidas com parafina do mesmo modo que pneus são feitos de c borracha 2 100 075 e lÁ são quantidades que decrescem por sucessivamente para completar a série a resposta é c um quarto que representa um decréscimo adi cional de lA 3 A primeira série tinha um círculo e um quadrado seguidos por dois quadrados e um círculo seguidos por três círculos e umquadrado a segunda série possuía três triângulos e um quadrado que seriam seguidos por b quatro quadrados e um triângulo 4 A pessoa que você conheceu é sem dúvida uma mentirosa Se a moça a respeito de quem essa pessoa estava falando fosse uma pessoa sincera ela teria dito que era sincera Se fosse uma mentirosa teria mentido e falado que também era uma pessoa sin cera Portanto independentemente de a moça ser sincera ou mentirosa ela teria afirmado que era sincera Em virtude de ohomem que você conheceu ter dito que ela eraumamentirosa eledeve estarmentindo e portanto deve serummentiroso Medidas e Estruturas da Inteligência As atuais medidas da inteligência remontam usualmente a uma de duas tradições his tóricas muito diferentes Uma tradição concentrouse nas capacidades de nível elementar e 476 Psicologia Cognitiva psicofísicas Estas incluem acuidade sensorial força física e coordenação motora A outra concentrouse nas capacidades de nível superiore de julgamento Descrevemos tradicional mente essas capacidades como relacionadas ao pensamento Neçka Orzechowski 2005 Pare por um momento para pensar sobre si mesmo e seus colegas mais próximos Como você se avaliaria e seus colegas em termos de inteligência Quando você faz estes julgamentos as capacidades psicofísicas parecem ser mais importantes Ou a capacidade de julgamento lhe parece ser mais importante Francis Gaíton 18221911 acreditava que inteligência éuma função de capacidades psico físicas Galton manteve durante diversos anos um laboratório bem equipado onde os visi tantes poderiam eles próprios ser submetidos a diversos testes psicofísicos Estes testes mediam uma ampla gama de habilidades e sensibilidades psicofísicas Um exemplo era aper cepção do peso a capacidade para notar pequenas diferenças de peso nos objetos Outro exemplo era asensibilidade ao tom acapacidade para perceber pequenas diferenças entre as notas musicais Um terceiro exemplo era a força física Galton 1883 Um dos muitos segui dores entusiásticos deGalton tentou detectar elos entre os diversos testes Wissler 1901 Ele esperava que tais elos unificariam as várias dimensões debase psicofísica da inteligência Po rém não identificou associações unificadoras Além disso os testes psicofísicos não previam as notas nafaculdade Portanto o método psicofísico para avaliação da inteligência logo caiu quase no esquecimento Reapareceria noentanto muitos anos mais tarde em uma configu ração um tanto diferente Alfred Binet 18571911 desenvolveu uma alternativa ao método psicofísico Ele e seu colaborador Theodore Simon também tentaram avaliar a inteligência porém ameta que al mejavam era muito mais prática do que puramente científica Binet havia sido solicitado a criarum procedimento para diferenciar alunos normais dos mentalmente atrasados Binet Simon 1916 Desse modo Binet e seu colaborador passaram a medir a inteligência como função dacapacidade de aprender noâmbito de um contexto acadêmico Na visão de Binet o julgamento é primordial para a inteligência o fundamental de acordo com ele não é a acuidade a força ou a habilidade psicofísicas Para Binet Binet Simon 1916 o pensamento inteligente julgamento mental engloba três elementos distintos direção adaptação e crítica Pense a respeito de como você mesmo está usando demodo inteligente esses elementos neste momento direção envolve conhecer o que precisa ser feito e como fazêlo adaptação referese a explicitar uma estratégia para reali zar uma tarefa eemseguida monitorar estaestratégia enquanto a implementa e crítica é sua capacidade para criticar seus próprios pensamentos e ações A importância da direção e da adaptação certamente seajusta às visões contemporâneas da inteligência e a noção de crítica de Binet parece presciente considerando a atual valorização dos processos metacognitivos como um aspecto básico da inteligência Inicialmente quando Binet e Simon desenvolveram seu teste de inteligência estavam interessados em algum meio para comparar a inteligência de uma criança com a de outras crianças da mesma idade cronológica física Para a finalidade que possuíam empenha ramse em determinar a idade mental de cada criança o nível médio de inteligência de uma pessoa de determinada idade Desse modo uma idade mental de 7referese ao nível de pen samento atingido por uma criança média de 7 anos As idades mentais possuíam utilidade para comparar uma determinada criança de 7anos com outras crianças da mesma idade po rém o uso de idades mentais tornava difícil comparar a inteligência relativa em crianças de idades cronológicas diferentes William Stern 1912 sugeriu como alternativa que avaliássemos a inteligência das pes soas usando um quociente de inteligência QI uma proporção entre idade mental IM e idade cronológica IC multiplicada por 100 Figura 131 Esta relação pode ser expressa ma FIGURA 131 Porcentagem aproximada de pessoas nas faixas da curva normal Desviospadrão Pontuação do OI Percentil Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificial 477 5 9 16 S4 919593 Esta figura apresenta uma distribuição normal conforme se aplica ao QIincluindo os valores que são usados algumas vees para caracterizar níveis diferentes deQl Éimportante não kvar muito asério estes valores porque representam somente caracterizações vagas e não descrições científicas de desempenho De Intelligence Applied Understanding and Increasing Your Intellectual Skills por Robert J Sternberg 1986 Harcourt Brace Compony Reproduzido mediante autorização daeditora tematicamente conforme segue QI 5 IMIC 100 Portanto se a idade mental 5 de Joan for igual à sua idade cronológica de 5 anos então sua inteligência é média e seu QI é 100 porque 55 100 100 Quando a idade mental excede a idade cronológica a proporção conduz a uma pontuação de QI inferior a 100 Os valores de inteligência que são expressos em termos de um quocienteentre idade mental e idade cronológica são denominadas pon tuaçõesdo QI Por várias razões aspontuações doQI também provaram serinadequadas Por exemplo os acréscimos à idade mental diminuem com a idade aproximada de 16 anos Uma criança de 8 anos com idade mental de 12 anos é bem inteligente No entanto vocêtem certeza de que um adulto de40anos com idade mental de60é igualmente inteligente embora a pon tuação do QI seja a mesma para a criança de 8 anos e o adulto de 40 anos O que a idade mental de 60 significa Atualmente os psicólogos raramente usam QIs baseados em ida des mentais Como alternativa os pesquisadores voltaramse para a mensuração de compa rações baseadas emsupostas distribuições normais deresultados detestes aplicados a grandes populações Os resultados baseados nos desvios da pontuação média de uma distribuição normal de resultados em um teste de inteligênciasão denominados desvios deQl Muitoste óricos cognitivos acreditam que os QIs proporcionam somente uma medida incompleta da inteligência conforme será discutido posteriormente Lewis Terman da Stanford Universitybaseouse nos trabalhos de Binet e Simon na Eu ropa eelaborou a primeira versão daquilo que passou a ser denominado Escala de Inteligên cia StanfordBinet Terman Merrill 1937 1973 Thorndike Hagen Sattler 1986 Quadro 131 O teste StanfordBinet foi durante muitos anoso padrãopara testes de inteligência e ainda é utilizado amplamente Noentanto as escalas Wechsler concorrentes assim denomi nadas em homenagem a seu criador provavelmente são até mais empregadas Existem três níveis nas escalas Wechsler de inteligência incluindo a terceira edição da Escala Wechsler de Inteligência de Adultos cuja sigla em inglês é WAISIII a quarta edição da Escala Wechsler de Inteligência deCrianças WISCIV dasigla eminglês e a Escala We chsler de Inteligência emNível PréEscolar e Primário WPPSI dasigla em inglês Os testes 478 Psicologia Cognitiva QUADRO 131 A Escala StanfordBinet de Inteligência As perguntas formuladas ao longo deste capítulo não são questões reaisde qualquer das escalas sua única finalidade consiste em ilustrar os tipos de perguntasque poderiam surgir em cada uma das principais áreas de conteúdo dos testes Como você responderia a essas perguntas O que suas respostas indicam sobre sua inteligência Área de Conteúdo Explicação das TarefasPerguntas Raciocínio verbal Compreensão do vocabulário Absurdos Relações verbais Definiro significadode uma palavra Demonstrar um entendimento do motivo pelo qual a palavra opera de determinada maneira Identificar a característica estranha ou absurda de uma imagem Dizer como três ou quatro itens são similares a outro porém diferentes de um quarto item Raciocínio Quantitativo Série de números Quantitativo Completar uma série de números Solucionar problemas simples de aritmética expressos por palavras Raciocínio FigurativofAbstrato Análise de configuração Resolver um quebracabeça em que a pessoa que se submete ao teste precisa combinar peças representando partes de formas geométricas juntandoas para obter uma determinada fotma geométrica Memória de Curto Prazo Memória para sentenças Memória para algarismos Memória para objetos Ouvir uma sentença e em seguida repetila exatamente como foi expressa pelo examinador Ouvir uma série de algarismos números e repetilos na ordem apresentada ou na ordem inversa ou em ambas Observar o examinador apontar para uma série de objetos em uma ilustração e apontar em seguida os mesmos objetos exatamente na mesma seqüência apresentada pelo examinador Exemplo de uma Possível TarefaPergunta O que a palavra diligente significa Por que as pessoas algumas vezes tomam dinheiro emprestado Reconhecer que os jogadores de hóquei no gelo não patinam sobre o gelo nos lagos em que pessoas em traje de banho estão mergulhando Observar que uma maçã uma banana e uma laranja podem ser comidos porém não uma caneca Dados os números 1 3 5 7 9 que número deveria vir em seguida Se Maria possuiseis maçãs e deseja dividilas igualmente entre ela e suas duas melhores amigasquantas maçãs ela dará a cada amiga Junte estas peças para obter uma forma geométrica Repita esta sentença para mim Harrison foi dormir tarde e acordou cedo na manhã seguinte Repita estes números em ordem inversa 9 136 Aponte para a cenoura em seguida para a enxada depois para o espantalho e finalmente para a bola de beisebol Capítulo 13 Inteligência Humanae Artificial 479 QUADRO 132 A Escala Wechsler de Inteligência deAdultos Com base na área de conteúdo e nos tipos de perguntas apresentados aqui como a Escala Wechsler difere da Escala StanfordBinet Área de Conteúdo Escala verbal Compreensão Vocabulário Informação Similaridade Aritmética Série de algarismos Performance Scaie Junção de objetos Criação de blocos Complemento de uma imagem Disposição de imagens Símbolos dos algarismos Explicação das TarefasPerguntas Responder a perguntas de conhecimento social Definir o significadode uma palavra Fornecer uma informação geralmente co nhecida Explicar como duas coisas ou dois concei tos são similares Solucionar problemas simplesde aritmé tica expressos por palavras Ouvir uma série de algarismos números e repetilos em seguida na ordem apresen tada ou na ordem inversa ou em ambas Solucionar um quebracabeça combinando peçaspara formarum determinado objeto idêntico Usar blocos configurados para formar um desenho idêntico ao apresentado pelo examinador Dizero que está faltando em cada imagem Dispor um conjunto de imagens parecidas com cartuns em ordem cronológica de modo a narrarem uma história coerente Quando for apresentado um padrão combinando símbolos específicos a determinados numerais usar a seqüência de símbolos para fazera transcrição de símbolos para numeraisusandoo padrão Exemplo de uma Possível TarefaPergunta O que significaquando as pessoas dizem Um cuidado tomado a tempo evita mui tos contratempos Por que os crimino sos condenados vão para a cadeia O que significapersistente O que significaarqueologia1 Quem é Laura Bush Quais são os seis es tados da Nova Inglaterra O que existe de parecido em uma avestruz e um pingüimO que existe de similar em um abajur e um aquecedor Se Paul possui R 1443 e compra dois sanduíches que custam R 523 cada quanto ele receberá de troco Quantas horas serão necessárias para percorrer 1800 quilômetros se você está viajando a 90 quilômetros por hora Repita estes números em ordem inversa 9 1 8 3 6 Repita estes números na seguinte ordem6 9 3 2 8 Junte estas peças para obter algo m Junte os blocos à esquerda para que cor respondam ao desenho à direita aaaa O que está faltando nesta ilustração Coloque estas imagens em uma ordem que narre uma história e diga em seguidao que está acontecendo na história Observe cuidadosamente o padrão apre sentado quais símbolos correspondem a quais numerais Indique nos espaços em branco o numerai correto para o símbolo acima de cada espaço O D 0 e D O e D o o e 1 2 3 480 Psicologia Cognitiva Wechslerproporcionam três pontuaçõespontuação verbal pontuação de desempenhoe pon tuação geral A pontuação verbal baseiase em testes como similaridades verbais e de vocabu lário Nas similaridades verbais a pessoa que se submete ao teste precisa dizer como duas coisas são similares A pontuação de desempenho baseiase em diversos testes Um deles é completar uma imagem que requer a identificação de uma parte faltante em uma ilustração de umobjeto O outroé umaconfiguração de imagens que requero rearranjo de um conjunto misturado de imagens parecidas com a de cartuns em umaordem que indique uma história coerente A pontuação geralé uma combinaçãoentre a pontuação verbale a de desempenho O Quadro 132 apresenta os tipos de itens de cada um dos subtestes da escala Wechsler de adultos que você pode desejarcomparar com aqueles do StanfordBinet Wechsler de modo análogo a Binetadotavaum conceitode inteligência que ia alémdo que seu próprio teste media Wechsler acreditava claramente na validade das tentativas de medição da inteligência Porém não limitouseu conceito de inteligência aos resultados dos testes Wechsler acreditava que a inteligência é fundamental para o nosso cotidiano Inteli gência não é representada apenaspela pontuaçãoem um teste ou mesmo por aquiloque rea lizamos na escola Usamosnossa inteligência não somente para submeternos a testes e fazer a liçãode casaTambém a usamos para nos relacionarmos com as pessoas desempenhar nos sas funções eficazmente e cuidar de nossas vidas Um teste de inteligência relacionado é a Escala Wechsler de Inteligência de Adultos Re vistacomoum Instrumento Neurológico WAISR NI da sigla em inglês Kaplanetai 1991 Estaferramentaé usadapara avaliara capacidade intelectual das pessoas com lesões cerebrais No conjuntode diferenças entre estaescala e a WAIS a principal é o grupo normativo ao qual a pessoa que estásendo testadaé comparada Na WAISR NI o gruponormativo inclui pes soas com lesões no cérebro Portanto essa ferramenta podeser usada para avaliar comoa ca pacidade intelectual de umapessoa com lesão comparase a outraspessoas com o mesmo tipo de problema Isto permite que se avalie a severidade do dano Um foco na medição da inteligência é apenas uma das diversas abordagens da teoria e das pesquisas de inteligência Pelomenosdois dos principais temasda metodologia para o estudo da inteligência surgiram em capítulos anteriores deste livro com relação a outros tópicos da Psicologia Cognitiva Um diz respeito aos psicólogos cognitivos que devem se concentrar na mensuração da inteligência ou nos processos da inteligência Um segundo é aquele relacio nado ao que se encontra na base da inteligência a herança genética de uma pessoa os atri butos adquiridos por alguém ou algum tipo de interação entre os dois Os psicólogos interessados na estrutura da inteligência têm se apoiado na análise fato rial como a ferramenta indisponível para suas pesquisas Análise fatorial é um método es tatístico para separar um constructo inteligência neste caso em alguns fatores ou capacidades hipotéticos que os pesquisadores acreditamformar a base das diferenças indivi duais no desempenho em testes Os fatores específicos obtidos ainda dependem evidente mente das perguntas específicas sendo formuladas e das tarefas sendo avaliadas A análise fatorial baseiase em estudos de correlação A idéia é que quanto maiora cor relação entredois testes maior a probabilidade de que meçam a mesma variável Na pesquisa da inteligência umaanálisefatorial podeenvolver os passos descritos a seguir Primeiro sub meta um grandenúmero de pessoas a diversos testes distintos de capacidade Segundo deter mineascorrelações entre todos estes testes Terceiro analiseestatisticamente essas correlações parasimplificálas em um número relativamente pequeno de fatores que resumam o desempe nho das pessoas nos testes Os pesquisadores nessa área geralmente concordaram com este procedimento e o adotaram No entanto as estruturas fatoriais da inteligência resultantes di feriram entre os vários teóricos Entre asdiversas teorias fatoriais concorrentes asprincipais provavelmente foram as de Spearman Thurstone Guilford Cattell Vernon e Carroll A Fi gura 132 contrasta quatro dessas teorias FIGURA 132 Capacidades gerais Compreensão verbal Operações Cogniçâo Memória Produção divergente Produção convergente Avaliação Produtos Unidades Classes Relações Sistemas Fluência verbal Número Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificial 481 7i a Espaço Memória b Capacidades Específicas m Raciocínio indutivo Rapidez perceptiva Principais fatores do grupo Fatores secundários do grupo Fatores específicos d EmboraSpearman Thurstone Guilford e Vemon usassem a analise fatorial para determinar osfatores subjacentes à inteligência todos chegaram a conclusões diferentes a respeito daestrutura dainteligência Quemodelo descreve de modo mais simples embora abrangente a estrutura dainteligência conforme você a entende Como modelos espe cíficos deinteligência formam nossa compreensão dainteligência De In Search of the Human Mindpor Robert Sternberg 1995 por Harcourt Brace Company Reproduzido mediante autorização da editora Spearman O Fator g Charles Spearman 18631945 é consideradoo inventor da análise fatorial Spearman 1927 Usando estudos fatoriaisanalíticos Spearman concluiu que a inteligência pode ser compre endida em termos de dois tipos de fatores Um único fator geral permeia o desempenho em todos os testes de aptidões mentais Um conjunto de fatores específicos está envolvido no desempenho não apenasde um único tipo de teste de aptidão mental por exemplo cálculos aritméticos Na visãode Spearman osfatores específicos sãosomente de interesse casual em virtudeda aplicabilidade restritadeles ParaSpearmano fator geral queeledesignou porg fornece a chave para a compreensão da inteligência Spearman acreditava que g seria o 482 Psicologia Cognitiva resultado de energia mental Muitos psicólogos ainda acreditam que a teoria de Spearman é essencialmente correta por exemplo Jensen 1998 2005 Lykken 2005 veja ensaios em Ster nberg Grigorenko 2002b Thurstone Capacidades Mentais Primárias Louis Thurstone 18871955 em contraste a Spearman concluiu que o núcleo da inteligên cia não reside em um único fator mas em sete destes fatores Thurstone 1938 Ele os deno minou capacidades mentais básicas De acordo com Thurstone são as seguintes 1 Compreensão verbal medida por testes de vocabulário 2 Fluência verbal medida por testes com limitação de rempo exigindo que a pessoa submetida aos testes pense no maior número possível de palavras que começam com uma dada letra 3 Raciocínio indutivo medido por teste do tipo de analogias e de tarefas que envolvem completar séries de números 4 Visualização espacial medida por testes que requerem rotação mental de imagens de objetos 5 Número medido por cálculos e testes envolvendo solução de problemas matemáti cos simples 6 Memória medida por testes de recordação de imagens e palavras 7 Rapidez perceptita medida por testes que exigem da pessoa testada o reconheci mento de pequenas diferenças em imagens ou eliminação de como em séries de diversas letras Esses componentes proporcionam uma maneira direta para a medida da inteligência conforme definida por Thurstone 1938 A medida da inteligência ainda é usada por al guns experimentadores para avaliação da capacidade intelectual VigilColet MoralesVi ves 2005 Guilford A Estrutura do Intelecto O modelo de estrutura do intelecto SOI da sigla em inglês Guilford 1967 1982 1988 encontrase no extremo oposto ao modelo do fator g único de Spearman Inclui até 150 fatores da mente em uma versão da teoria De acordo com Guilford a inteligência pode ser compreendida em termos de um cubo que representa a intersecção de três dimensões veja a Figura 132 As dimensões são operações conteúdos e produtos Guilford afirmou que operações são simplesmente processos mentais como memória e avaliação A avaliação en volve fazer julgamentos como determinar se uma declaração em particular corresponde a um fato ou a uma opinião Conteúdos são os tipos de termos que aparecem em um problema Exemplossão conteúdo semântico palavras e o conteúdo visual imagens Produtos são os tipos de respostas requeridas Incluem unidades palavras números ou imagens isolada mente classes hierarquias e implicações veja a Figura 132 Diversos psicólogos julgaram que Guilford postulou mais fatores do que conseguiu pro var por exemplo Eysenck 1967 Horn Knapp 1973 Talveza contribuição mais valiosa de Guilford foi propor que consideramos diversos tipos de operações conteúdos e produtos mentais emnossas visões e avaliações da inteligência Capítulo 13 Inteligência Humanae Artificial 483 Cattell Vernon e Carroll Modelos Hierárquicos Um modelo hierárquico da inteligência constitui uma maneira mais parcimoniosa para lidar com alguns fatores da mente Um destes modelos propôsque a inteligência geral inclui dois subfatores principais a capacidade fluida e a capacidade cristalizada Capacidade fluida é a rapidez e precisão do raciocínio abstrato especialmente para problemas novos Capacidade cristalizada é o conhecimento e o vocabulário acumulados Cattel 1971 Ou tros subfatores mais específicos encontramse incluídos nesses dois subfatores principais Uma visão similar é uma divisão entre capacidades de natureza práticomecânica e verbal educacional Vernon 1971 Um modelo mais recente é uma hierarquia englobando três estratos Carroll 1993 O estrato I inclui muitas capacidades limitadase específicas por exemplo capacidade para ver balizar rapidez de raciocínio O estrato II abarcadiversas capacidades amplas porexemplo inteligênciafluida inteligência cristalizada E o estrato III é apenas uma única inteligência geral muito parecida com o gde Spearman Dessesestratos o mais interessante é o estrato médio o qual não é muito limitado nem totalizante Além das inteligências fluida e cristalizada Carroll inclui no estrato médio diversas ou tras capacidades processos de aprendizado e de memória percepção visual percepção audi tiva produção fácil de idéias similar à fluência verbal e rapidez que inclui a simples rapidez de resposta e a rapidez para responder de modo preciso O modelo de Carroll é provavel mente o modelo psicométrico mais amplamente aceito Enquanto a abordagem fatorialana lítica que exemplifica tendeu a enfatizar as estruturas da inteligência o método de processamento da informação tendeu a ressaltar as operaçõesda inteligência Processamento de Informação e Inteligência Os teóricos do processamento de informação estão interessados em estudar como as pessoas manipulam mentalmente aquilo que aprendem e conhecem a respeito do mundo Hunt 2005 O modo pelo qual diversos pesquisadores de processamento de informaçãoestudam a inteligência difere principalmente em termos da complexidade dos processos que estão sendo estudados Stankov 2005 Os pesquisadores consideraram a rapidez e a precisãodo processamento de informação como fatores importantes para a inteligência Teorias do Tempo de Processamento Tempo de inspeção é a duração de tempo que se leva para inspecionar itens e tomar uma decisão a respeito deles Nettelbeck 1987 Nettel beck Lally 1976 Nettelbeck Rabbitt 1992 veja também Deary 2000 Deary Stough 1996 Neubauer Fink 2005 Eis aqui um uso típico do paradigmaPara cada uma de diversas tentativas uma tela de computadormostra um indicadorde fixação umponto na área onde aparecerá uma figura durante 500 milissegundos Ocorre então uma pausa de 360 milissegundos Após este período o computador apre senta o estímuloalvo durante certo intervalo de tempo Finalmente apresenta um disfarce visual um estímulo que apaga o traço na me mória icônica O estímuloalvo normalmente inclui duas linhas verticais de comprimento diferente Por exemplo uma poderia ter 25 milímetrose EarlHunt é professor emérito na Universidade de Washington Elereali zoutrabalhos importantes sobre modelos computacio nais do raciocínio indutivo natureza dainteligência e alterações damemória e de raciocínioinduzidas pormedicamentos Foto Cortesiado Dr EarlHunt 484 Psicologia Cognitiva a outra 35 milímetros de comprimento As duas linhas são alinhadas no alto por uma barra horizontal A linha de comprimento menor pode aparecer do lado direito ou do lado es querdo do estímulo O disfarce visual é um par de linhas mais espessase mais compridas que as duas linhas do estímuloalvo e indica em seguida o lado em que apareceu a linha menor A pessoa indica o estímulo à esquerda pressionando um botão à esquerda em um console co nectado a um computador que registra as respostas O estímulo à direita é indicado pressio nando o botão à direita A principal variávelé a duração de tempo para a apresentação do estímuloalvoe não a velocidade de responderpressionandoo botão Nettelbeck definiuo tempo de inspeção ope racionalmente é a duração de tempo para apresentação do estímuloalvo após a qual o par ticipante ainda responde com pelo menos 90 de precisão ao indicar o lado em que apareceu a linha menor Ele descobriu que tempos de inspeção menores correlacionamse mais proxi mamente com as pontuações em testes de inteligência por exemplo várias subescalas de WAIS entre populações diferentes de participantes Nettelbeck 1987 Outros pesquisado res confirmaram esta descoberta por exemplo Deary Stough 1996 Tempo de Reação para a Escolha Alguns pesquisadores propuseram que a inteligência pode ser compreendida em termos da velocidade de condução neuronal por exemplo Jensen 1979 1998 Em outras palavras a pessoa arguta é alguém cujos circuitos neurais conduzem informações rapidamente Quando Arthur Jensen propôs esta noção ainda não se encontravam prontamente disponíveis me didas diretas da velocidade de condução nervosa Então Jensen estudou inicialmente uma proposta para a substituição da medição da velocidade do processamento neural A substi tuição foi feita pelo tempo dereação para a escolha o tempo que decorre para selecionar uma resposta entre diversas possibilidades Considere um paradigma típico do tempo de reação para a escolha O participante está sentado de frente a um conjunto de luzes em um painel Figura 133 Quando uma das lu zes pisca ele a apaga pressionando o mais rapidamente possível um botão abaixo da luz cor reta O pesquisador mediria então a rapidezdo participante na execução desta tarefa FIGURA 133 Botão central Botão de escolha Luz Para medir o tempo de reação para a escolha jensen usou um dispositivo como o apresentado nailustração The ree Press uma divisão da Simon Schuster Adult Publishing Group deBiasin Mental Testingpor Arthur RJensen 1980 Arthur R fensen Capítulo 13 inteligência Humana e Artificial 485 Participantes com QIs maiores são mais rápidos que aqueles com QIs menores em termos de tempo de reação TR Jensen 1982 Nessa versão específica da tarefa TR é definido como a duração de tempo entreo aparecimento de uma luz e o instante emqueo dedo se afasta do botãocentral Em alguns estudos os participantes com QIs superiores também demonstraram tempo de movimento TM mais rápido TM é definido como a duração de tempo entre o des locamento do dedodo botão central e a pressão do botão soba luz Estas descobertas podemser devidasà maior velocidade de condução do nervo central emborapresentementeesta proposta permaneça no terreno daespeculação Reed Jensen 1991 1993 Várias descobertas relacionadas ao tempo de reação para a escolha podem ser influencia das porfatores exteriores incluindo o número derespostas alternativas e osrequisitos deexame visual do dispositivo de Jensen Neste caso o TR conforme medido não seria um resultado somente da rapidez do tempo de reação Bors MacLeod Forrin 1993 Em particular a ma nipulação do número de botões e o tamanho do ângulo visual da telaoquanto docampo vi sual abarca podem reduzir a correlação entreQI e tempo de reação Bors MacLeod Forrin 1993 Portanto a relação entre tempo de reação e inteligência não é clara Rapidez de Acesso Léxico e Rapidez de Processamento Simultâneo Alguns pesquisadores focalizaram a rapidez de acesso léxico a velocidade coma qualpode mos recuperar informações sobre palavras por exemplo designação de letras armazenadas em nossa memória de longo prazo Hunt 1978 Essa velocidade pode ser medida por meio de uma tarefa de tempo de reação para a combinação de letras proposta inicialmente por Posner e Mitchell em 1967 Hunt 1978 Mostramse aos participantes pares de letras como A A A a ou A b Eles indicam para cada par seas letras constituem uma combinação com a mesma designação por exem plo A a representa a mesma letra doalfabeto oque nãoocorre com A b Também são sub metidos a uma tarefa mais simples para a qual são solicitados a indicar se as letras são fisicamente iguais por exemplo A A são fisicamente idênticas aopasso que Aa nãoo são A variável de interesse é a diferença entre a velocidade que exibem para o primeiro conjunto de tarefas envolvendo igualar asdesignações e a velocidade parao segundo conjunto envol vendo igualar características físicas Considerase quea diferença do tempo de reação entreos dois tipos detarefas proporciona uma medida da rapidez deacesso léxico Este resultado seba seia emuma subtração o tempo de reação dacombinação de letras menos o tempo de reação dacombinação física A subtração controla meramente o tempo deprocessamento perceptivo Alunos commenorcapacidade verbal levam mais tempo paraobteracesso a informações léxi casdo queos alunos com maior capacidade verbal Hunt 1978 A inteligência também possui relação com a capacidade das pessoas para dividir sua atenção Hunt Lansman 1982 Por exemplo suponha que se solicite aos participantes re solverem problemas matemáticos e pressionarem simultaneamente um botão logo que es cutemum tomPodemos esperar quesolucionariam osproblemas de Matemática eficazmente e reagiriam rapidamente ao tom ao mesmo tempo De acordo com Hunt e Lansman pes soas mais inteligentes são mais capazes de dividir o tempo entre asduas tarefas a fim de exe cutar ambas eficazmente Em resumo asteorias do tempo de processamento tentam explicar asdiferenças de inte ligência valendose das diferenças darapidez das várias formas de processamento das informa ções Constatouse que o tempo de inspeção o tempo de reação para a escolha e o tempo de acesso léxico possuem todos correlação com medidas de inteligência Estas descobertas indi cam que em média maior inteligência pode estar relacionada à velocidade de várias capaci dades de processamento de informações Pessoas mais inteligentes codificam informações mais rapidamente na memória de trabalho acessam informações com mais rapidez na memó ria de longo prazo e respondem de modo mais rápido Por que a codificação a recuperação 486 Psicologia Cognitiva e a resposta estariam associadas com melhores resultados nos testes de inteligência Aqueles que processam informações rapidamente aprendem mais Existe um elo entre processamento de informação mais lento em virtude da idade e 1 a codificação inicial e a rememoração das informações e 2 a retenção de longo prazo Net telbeck et ai 1996 veja também Bors Forrin 1995 Parece que a relação entre tempo de inspeção e inteligência pode não estar relacionada ao aprendizado Existe em particular umadiferença entrea recordação inicial e o aprendizado de longo prazo real Nettelbeck et ai 1996 O desempenho em termos darecordação inicial é mediado pela velocidade de pro cessamento Participantes mais idosos e mais lentos apresentaram deficits A retenção a longo prazo de novas informações preservada emparticipantes mais idosos é mediada porproces sos cognitivos distintos da rapidez de processamento Estes processos incluem estratégias de ensaio Portanto a velocidade do processamento de informação pode influenciar o desempe nho inicial emtarefas envolvendo recordação e tempo de inspeção porém a rapidez nãose encontra relacionada à aprendizagem a longo prazo Talvez um processamento mais rápido da informação ajude os participantes nos aspectos de desempenho nas tarefas dos testes de inteligência ao invés decontribuir para o aprendizado real e para a inteligência Não há dú vida deque essa área requer mais pesquisas paradeterminar como a velocidade do processa mento de informações relacionase à inteligência Memória de Trabalho Trabalhos recentes indicam que a memória de trabalho pode ser um componente crítico da inteligência Realmente alguns pesquisadores argumentaram que inteligência pode ser pouco mais do que memória de trabalho Kyllonen Christal 1990 Em um estudo os participantes leram conjuntos de trechos e após têlos lido tentaram se lembrar da última palavra de cada trecho Daneman Carpenter 1983 A recordação possuía grande correlação com a capaci dade verbal Em outro estudo os participantes executaram diversas tarefas de memória de trabalho Em uma tarefa por exemplo os participantes viram um conjunto de problemas arit méticos simples cada um dos quais era seguido por uma palavra ouum algarismo Um exemplo seria 3 x5 6é igual a 7 MESA Turner Engle 1989 veja também Hambrick Kane Engle 2005 Osparticipantes viram conjuntos variando dedois a seis desses problemas e soluciona ram cada um deles Após resolverem os problemas do conjunto tentaram se lembrar das pala vras indicadas após os problemas O número de palavras recordadas possuía grande correlação com a inteligência mensurada Existem indicações deque uma medida da memória de trabalho consegue oferecer uma previsão quase perfeita dos resultados de testes decapacidade geral Colom et ai 2004 veja também Kane Hambrick Conway 2005 Outros pesquisadores demonstraram uma relação significativa porém menor entre memória de trabalho e inteligência geral por exemplo Ackerman Beier Boyle 2005 Portanto parece que a capacidade para armazenar e mani pular informações na memória de trabalho pode ser um aspecto importante dainteligência No entanto provavelmente não é tudo que compõe a inteligência Teoria dos Componentes e Resolução de Problemas Complexos As abordagens cognitivas do estudo do processamento de informações podem ser aplicadas a tarefas mais complexas como analogias e problemas envolvendo séries por exemplo comple tar uma série numérica e figurativa e silogismos Sternberg 1977 1983 1984 veja o Capítulo 12 A idéia consiste em aproveitar os tipos de tarefas usadas em testes de inteligência conven cionais e isolar componentes da inteligência Componentes são osprocessos mentais usados na realização dessas tarefas como traduzir uma impressão sensorial em uma representação mental Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificial 487 transformando uma representação conceituai em uma ação motora Sternberg 1982 Muitos pesquisadores analisaram mais afundo eampliaram este método básico Lohman 2000 2005 Wenke Frensch Funke 2005 A análise dos componentes divide os tempos de reação e as porcentagens deerros das pes soas na execução dessas tarefas em termos dos processos que formam as tarefas Este tipo de análise revelou que as pessoas conseguem solucionar analogias e tarefas similares usando di versos processos componentes Entre eles há vários processos Um primeiro processo consiste nacodificação dos termos do problema Um segundo éa inferência de relações entre pelo me nos alguns dos termos Um terceiro éo mapeamento das relações inferidas tomando por base outros termos o que se presumiria que mostrasse relações similares E umquarto é a aplica ção às novas situações das relações inferidas previamente tConsidere aanalogia ADVOGADO CLIENTE MÉDICO a PACIENTE b RE MÉDIO Para solucionar esta analogia você precisa codificar cada termo do problema Isto inclui entender um termo e recuperar da memória informações a seu respeito Você infere emseguida a relação entre advogado e cliente Particularmente o primeiro prove serviços profissionais para o segundo Você então mapeia a relação na primeira parte da analogia para asegunda parte Neste caso você observa que envolverá a mesma relação Finalmente você aplica essa relação inferida para gerar o termo final daanalogia Isto conduz à resposta apropriada PACIENTE AFigura 134 apresenta como aanálise de componentes seria apli cada a um problema de analogia A está para Bassim como C está para D em que Dé a so lução O estudo desses componentes do processamento das informações revela mais do que apenas rapidez mental Existem correlações significativas entre a rapidez de execução desses processos e o de sempenho em testes de inteligência diferentes e tradicionais No entanto uma descoberta mais surpreendente é que os participantes que conseguem pontuação mais elevada em testes de inteligência tradicionais levam mais tempo para codificar os termos do problema em com paração aos participantes menos inteligentes Porém compensam o tempo adicional gasto levando menos tempo para executar oscomponentes remanescentes da tarefa Em geral os FIGURA 134 Resposta Mapeamento Apessoa que se propõe aresolver um problema de analogia precisa codificar inicialmente oproblema Aestá para B assim como C está para D A pessoa precisa inferir em seguida a relação entre Ae B O próximo passo consiste em mapear a relação entre AeB para àrelação entre Cecada uma das soluções possíveis para a analogia Finalmente deve aplicar arelação para escolher qual das soluções possfveis éasolução correta do problema 488 Psicologia Cognitiva NO LABORATÓRIO DE RANDALL ENGLE Desde os primórdios da existência da área os psi cólogos têm pesquisado medidas que refletem as pectos fundamentais de nossas capacidades e as li mitações cognitivas e a naturezadasdiferenças in dividuais nessascapacidades e limitações Uma das medidas que se considera me lhor refletircapacidadescognitivas fundamen tais foi a tarefa de amplitude da memória o número de algarismosou palavras que poderia ser lembradona ordem correta apósuma única apresentação A versão numérica dessa tarefa foi proposta inicialmente como uma medida de importância básica para a cognição em meados do século XIX e os visitantes da Feira Mundial em Chicago pagaram para ter sua amplitude de memória medida por um grupo de psicólogos pioneirosNo entanto para uma tarefa que se supõe refletir uma capacidade cognitiva básica o conjunto de algarismos não se correlaciona adequadamente com a maior parte das tarefascognitivas de ordem superior pelo menos entre uma população adulta nor mal e saudável Apesar disso uma alteração ligeira nessas tarefasresultaem umamudança um tanto drástica no valor de previsão das medidasda amplitude da memóriaou da capa cidade da memória de trabalho Em meu laboratório meus alunos e eu fi camos surpresos pelas perguntas sobre as ca pacidades cognitivas fundamentais Estamos interessados especificamente na natureza psi cológica dessascapacidades em como medilas e em como criar melhores medidas para elas em quando essas capacidadesfundamentaissão importantes e quando não o são no mundo real ou na cognição bruta os mecanismos do cére bro e osfatoresexperimentais que afetam essas capacidades Começamos a entender recente mente que embora essas medidas reflitam um aspectode longaduração e importante da inte ligência fluida e possuam uma qualidade de traço psicológico também refletem um es tado um tanto efêmero da pessoa que se en contra afetada por condições como privação do sono depressão e ameaça social Vamos justificar essas afirmações por meio de alguns detalhes Nós e outrospesquisadores constatamos que ao contrário das tarefas sim ples envolvendo conjuntosde algarismos tarefas complexasenvolvendoamplitude da memória proporcionam medidas que satisfazem os dois principaiscritériospara qualqueravaliaçãopsi cológica São confiáveis poistendem a ser coe rentes ao longo do tempo e da aplicação dos testes e são válidos pois conseguem prever uma ampla gama de medidas cognitivas de ordem superior Essas amplitudes complexas normalmente englobam tarefas inseridas Por exemplo na tarefa de conjunto de operações a pessoa que está sendo testada resolveria uma série aritmética simples do tipo 3x31 7 Apósdar uma resposta a estaquestãoa pessoa veriaentão uma letra como F Após uma sé rie de três a sete de tais itens a pessoa vê um conjunto de pontos de interrogação indicando que ela deve se lembrar de todas as letras na quela série de itens O número de letras reme morado representa a pontuação principal embora as pessoas recebam um grande incen tivo para ser o mais precisas possível nos cálculos aritméticos Resulta não ser muito importante se o teste inclui o componente aritmético ou exigeque a pessoaleiae verifique uma sentença ou faça a rotação mental de uma configuração visual O simples ato de inserir alguma tarefa queexige atençãocomos itensa serem lembrados resulta em uma medida que reflete algo importante relativo às nossas capa cidades cognitivas Em diversos estudos de grandeabrangência que empregaram uma téc nica estatística denominada modelagem estru tural de equações meu laboratório mostrou que uma variedade dessas tarefas tende a refle tir um constructo comum denominado variá vellatente independentementede essastarefas serem verbais ou espaciais Além disso essa variávellatente tende a preveradequadamente as medidas de inteligência fluida que foram previstas para serem relativamente razoáveis em termos culturais Argumentamos que essas medidas complexas da memória de trabalho refletem uma capacidade para controlar nossa atenção particularmente quando esta tende a Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificial 489 NO LABORATÓRIO DE RANDALL ENGLE continuação ser direcionada a pensamentos irrelevantes originados no ambiente ou recuperados da memória Em um de nossos estudos solicita mos aos participantes que se concentrassem em uma cruz no centro de uma tela de com putador Em algum momento uma caixa tre mularia em um dos lados da tela Quando isto acontecia o participante deveria direcionar seu olhar imediatamente para uma caixa no outro lado da tela Medimos o movimento dos olhos para que pudéssemos detectar erros de movimento mesmo ligeiros e rápidos em di reção à caixa tremulante Esta tarefa é de grandesimplicidade porémexigente Milhões de anos de evolução predispuseram todos os animais a atentarem a sinais de tremulação indicando movimento porque podem nos co mer ou poderíamos comêlos Resistir a essa respostaa que estamos fortemente predispos tos requer um controle rigoroso de nosso sis tema de atenção Constatamos que as pessoas com boa pontuação nas medidasde conjuntos complexos cometiam um número muito me nor de erros ao observar a caixa tremulante O laboratório e nossos associados em outras universidades provaram que essas medidas de conjuntos complexos tendem a ser confiáveis durante muitos meses além disso prevêem o desempenho em uma ampla gama de tarefas cognitivas de ordem superior incluindo mui tas tarefas relevantes do ponto de vista edu cacional como compreensão da leitura mas também muitas tarefas de ordem inferior como a tarefa Stroop Antigamente as pessoas con sideravam as capacidades cognitivas como um traço ou algo que era fixo nos indivíduos É interessante observar que provamos recente mente que medidas de conjuntos complexos são altamente sensíveis aos efeitos da privação de sono A tarefa envolvendo diversas opera ções previu de modo excelente o número de erros que pilotos com muita experiência come teram em um simulador de voo sofisticado após 20 a 30 horas de privação do sono Diría mosque a privação do sono conduz a uma di minuição temporária da eficáciados sistemas cerebrais responsáveis pela atenção ou pelo controle cognitivo que acarretarão erros em todas as tarefas que exigem tal controle cog nitivo e emocional Outro exemplo de mundo realdo impactode fatores externossobrecapa cidades cognitivas é a demonstração recente do impacto no fenômeno de Psicologia Social denominado ameaça do estereótipo o de sempenho inferiorde um grupo com baseem sua crença de que o grupo não desempenha tão bem uma tarefa quanto outro grupo Por exemplo as mulheres não possuem desempe nho tão bom quanto os homens em Matemá tica Uma redução do controle cognitivo conforme avaliada por medidas de amplitude complexas é responsável por esse efeitodebi litante em avaliaçõescomo testes de Matemá tica para mulheres ou testes de inteligência para minorias Essas descobertas indicam que as medidas de amplitude complexas como as relacionadasà amplitude de operação e ampli tude de leitura poderiam refletiruma variável de traço fixo do indivíduo mas também re fletir uma variável do estado atual moderado O aspectoda inteligência fluida que denomi namoscapacidade da memória de trabalho ou controle da atenção reflete variáveisde traço e de estado o que torna a compreensão do desempenho de qualquer pessoa em um dado momento uma tarefa realmente complexa A meta de meu laboratório é continuar a com preender e a medir melhor esses conceitosbem como entender como exercem impacto sobre indivíduos e grupos em suas vidas diárias participantes mais inteligentes demoram mais durante o planejamento global codificando oproblema eformulando uma estratégia geral para atacar o problema ou oconjunto de pro blemas Porém precisam de menos tempo para o planejamento local criando e implemen tando estratégias paraosdetalhes da tarefa Sternberg 1981 A vantagem de dedicar mais tempo ao planejamento global consiste na maior possi bilidade de que a estratégia geralserácorreta Portanto quando levarmais tempoé uma 490 Psicologia Cognitiva vantagem as pessoas mais brilhantes podem levar mais tempo para fazer algo do que as pes soas menos brilhantes Por exemplo a pessoa mais inteligente poderia empregar mais tempo na pesquisa e no planejamento para preparar uma dissertaçãode conclusãodo semestre po rém menos tempo na redação do trabalho Esta mesma diferença na alocação do tempo foi demonstrada igualmente em outras tarefas Um exemploseria a soluçãode problemas de Fí sica Larkin et ai 1980 veja Sternberg 1979 1985a ou sejapessoas mais inteligentes pa recem empregar mais tempo planejando e codificando os problemas propostos Porém dedicam menos tempo equacionando os outros componentes do desempenho da tarefa Isto pode se relacionar ao atributo metacognitivo mencionado anteriormente que muitos in cluem em sua noção de inteligência Os pesquisadores também estudaram o processamento de informaçãodas pessoas que se encontram em situações de resolução de problemas complexos Exemplos são jogar xadrez e chegara conclusões lógicas Newell Simon 1972 Simon 1976 Porexemplo uma tarefasim plese de curta duração poderia requerer que os participantes visualizassem inicialmente uma progressãoaritmética ou geométrica Em seguida precisariam conhecer a regra em que se ba seia a progressão E finalmente precisariamdeterminar que termo aritmético ou geométrico poderia vir a seguir Tarefas mais complexas poderiam incluir algumas das tarefas menciona das no Capítulo 11 por exemplo os problemas com os jarros de água veja Estes 1982 O de sempenho nestas e em outras tarefas pode ser analisado em um nível biológico Uma Abordagem Integradora Uma abordagem integradora combinaria modelos de vários tipos de funcionamento cogni tivo com basespara a inteligência Em tal abordagem podem ser detectadas quatro fontesde diferenças individuais da inteligência Ackerman 1988 2005 1 extensão do conheci mento declarativo 2 extensão das aptidões deprocedimento 3 capacidade de memória de trabalho e 4rapidez de processamento A vantagem desta abordagemé que ela não tenta localizar asdiferenças individuais de inteligência comooriginárias de uma única fonte pois em vez disso muitas fontes encontramse envolvidas Bases Biológicas da Inteligência O cérebro humano é claramente o órgão que age como base biológica para a inteligência humana Os primeiros estudoscomo aqueles de Karl Lashley analisaram o cérebro para de terminar índicesbiológicos de inteligência e outrosaspectosdosprocessos mentais Foramum enorme fracasso apesardo grande empenho Noentanto em virtude de os instrumentos para o estudo do cérebro terem se tornado mais sofisticados estamos começando a vislumbrara possibilidade de detectar indicadores fisiológicos da inteligência por exemplo Matarazzo 1992 Entretanto índices de aplicação generalizada demorarão muito mais tempo para ser identificados Nesse ínterim os estudos biológicos que existem presentemente sãoem grande partecorrelácionais Eles indicamassociações estatísticas entre medidas biológicas e psicomé tricas ou outras medidas de inteligência Não estabelecem relações causais Uma linha de pesquisa analisa a relação entre tamanho ou volume do cérebro e inteli gência veja Jerison 2000 Vernonet a 2000 Witelson Beresh Kiga 2006 As evidências obtidas indicam que para os sereshumanos existe uma relação estatística pequena porém importante entre tamanho do cérebroe inteligência No entanto é difícil sabero que con cluirdessa relação Um tamanho maiordo cérebro podecausarmaiorinteligência maiorin teligência pode causar maior tamanho do cérebro ou ambos podem depender de algum terceiro fator Além disso provavelmente é pelo menos tão importante o grau de eficiência comqueocérebro é usadoquanto o seutamanho Porexemplo os homenspossuem em mé Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificiai 491 dia melhores conexões na extensão do corpo caloso nos dois hemisférios do cérebro Por tanto não está claro que sexo teria em média uma vantagem Provavelmente nenhum dos sexos E importante observar que a relação entre tamanho do cérebro e inteligência não é válida para todas as espécies Jerison 2000 O que é válido preferencialmente parece ser um relacionamento entre inteligência e tamanho do cérebro em relação ao tamanho geral aproximado do organismo Até agora algunsdos estudos sendo realizados oferecem algumas possibilidades interes santes Por exemplo configurações complexas de atividade elétrica no cérebro que se origi nam por meio de estímulos específicos parecem apresentar correlação com resultados de testes de QI Barrett Eysenck 1992 Diversos estudos indicaram inicialmente que a velo cidade de condução dosimpulsos neurais podesecorrelacionar com a inteligência conforme medida portestes deQI McGarryRoberts Stelmack Campbell 1992 Vernon Mori 1992 Um estudo de acompanhamento entretanto não conseguiu identificar uma relação consi derável entre velocidade de condução neural e inteligência Wickett Vernon 1994 Neste estudo a velocidade de condução foi medida pelas velocidades de condução neural em um nervo central do braço A inteligência foi medida por uma Bateriade Aptidão Multidimen sional A velocidade de condução neural surpreendentemente parece ser um previsormais confiável de pontuações do QI para homens do que para mulheres Portanto as diferenças de sexo podemjustificar algumas das diferenças nosdados Wickett Vernon 1994 São ne cessários estudos adicionais envolvendo ambos os sexos Uma pesquisa mais recente indicaque o fundamental podesera flexibilidade do circuito neurale não a velocidade de condução Newman Just 2005 Portanto desejaríamos estudar não apenas a velocidade mas também o circuito neural Uma abordagem alternativa do es tudo do cérebro sugere quea eficiência neural pode estar relacionada à inteligência Tal mé todo é baseado em estudos do modo como o cérebro metaboliza a glicose o açúcar necessário para a atividade cerebral durante as atividades mentais Veja o Capítulo 2 para conhecer mais detalhes sobre tomografia por emissão de pósitrons PET e outras técnicas para obten çãode imagens do cérebro Uma inteligência maior correlacionase com níveis reduzidos do metabolismo da glicose durante tarefas de solução de problemas Haier et ai 1992 Haier Jung 2007 isto é cérebros mais sagazes consomem menos açúcar e portanto despendem menos esforço do que cérebros menos sagazes realizando a mesma tarefa Adicionalmente a eficiência cerebralaumenta comoresultadodo aprendizado em uma tarefarelativamentecom plexa envolvendo manipulações visuoespaciais e o jogo de computador Tetris Haier et ai 1992 Como resultadoda prática participantes mais inteligentes não possuem somente me tabolismo menor da glicose cerebral em termos globais mas também apresentam metabo lismo daglicose mais especificamente localizado Osparticipantes mais hábeis namaioria das áreas de seus cérebros apresentam menor metabolismo da glicose Entretanto em áreas sele cionadas de seus cérebros consideradas importantes para a solução da tarefa presente pos suem níveis maiores do metabolismo da glicose Portanto participantes mais inteligentes podem teraprendido como usar seus cérebros mais eficientemente Eles focalizaram cuidado samente seus processos de pensamento em umadada tarefa Outras pesquisas sugerem no entanto que a relação entre metabolismo da glicose e in teligência pode ser mais complexa Haier et ai 1995 Larson etaí 1995 Por um lado um estudo confirmou as primeiras descobertas de maior metabolismo da glicose em participan tes menos inteligentes neste caso participantes com retardamento moderado Haier et ai 1995 Por outro lado outro estudodescobriu ao contráriodas primeiras descobertas que os participantes mais inteligentes possuíam maior metabolismo da glicose em relação a seu grupode comparação médio Larson etai 1995 492 Psicologia Cognitiva Houve um problema com os primeirosestudos Ocorreu que os participantes das tarefas atribuídas não apresentavam correspondência emtermos de nível de dificuldade nos grupos de indivíduos inteligentes e médios O estudo realizado porLarson e seus colegas usou tare fas que tinham correspondência com os níveis de capacidade dos participantes mais inteli gentes e médios Eles descobriram que os participantes mais inteligentes usaram mais glicose Além disso o metabolismo da glicose foi maior no hemisfério direito dos participantes mais inteligentes que executaram a tarefa mais difícil Estes resultados sugerem novamente a se letividade nas áreas do cérebro O que poderiaestar motivandoosaumentos no metabolismo da glicose Atualmente o principal fator parece sera dificuldade da tarefa subjetiva A cor respondência entre dificuldade da tarefa e capacidade dos participantes parece indicar que osparticipantes mais inteligentes apresentam aumento no metabolismo da glicose quando a tarefa assim o exigir As primeiras descobertas nessa área terão de ser investigadas mais a fundo antes que se obtenham quaisquer respostas conclusivas Algumas pesquisas neuropsicológicas indicam que o desempenho emtestes de inteligên cia pode nãoindicar umaspecto fundamental da inteligência ouseja a capacidade para fixar metas planejar como atingilas e executar os planos Dempster 1991 Especificamente pes soas com lesões no lobo frontal do cérebro muitas vezes possuem bom desempenho nos tes tes de QI padronizados Estes testes requerem respostas a perguntas no contexto de uma situação altamente estruturada Porém não exigem muito em termos de fixação de metas ou planejamento Danos nas regiões posteriores do cérebro parecem exercer efeitos negativos nas medidas de inteligência cristalizada Gray Thompson 2004 Kolb Whishaw 1996 Piercy 1964 Observase diminuição da inteligência fluida nos pacientes com dano no lobofrontal Duncan Burgess Emslie 1995 Gray Chabris Braver 2003 Gray Thompson 2004 Este resultado nãodeve surpreender tendo emvista queoslobos frontais participam do raciocínio da tomada de decisões e dasolução de problemas veja os Capítulos 10 e 11 Outras pesqui sas ressaltam a importância das regiões parietais para o desempenho de tarefas que requerem inteligência geral e fluida Lee et ai 2006 A inteligência envolve a capacidade para apren der com a experiência e adaptarse ao ambiente circundante Portanto a capacidade para fi xar metas e criar e implementar planos não pode ser desprezada Um aspecto essencial da fixação de metas e do planejamento é a capacidade paraatentar apropriadamente aosestímu los relevantes Outra capacidade relacionada é a de desprezar ou atribuir menor importância a estímulos irrelevantes A importância constatada das regiões frontal e parietal nas tarefas de inteligência levou aodesenvolvimento de uma teoria integrada da inteligência que ressalta a importância des tas áreas Essa teoria denominada teoria de integração parietalfrontal PFIT da sigla em inglês enfatiza a importância das regiões interconectadas do cérebro na determinação das diferenças de inteligência As regiões que essa teoria focaliza são as áreas de Brodmann o córtex préfrontal o lóbulo parietal inferior e superior o cíngulo anterior e parte dos lobos temporal e occipital Jung Haier 2007 A teoria PFIT descreve configurações daatividade cerebral com níveis diferentes de inteligência no entanto não consegue explicar oque torna uma pessoa inteligente ou o que é inteligência Não podemos estudar de modo realista um cérebro ou seus conteúdos e processos isola damente sem considerar também o ser humano como um todo Precisamosconsiderar as in terações doser humano com todo ocontexto ambiental em que apessoa age inteligentemente Daí decorre que muitospesquisadores e teóricosnos exortam a ter uma visãomaiscontextual da inteligência Além disso algumas visões alternativas da inteligência tentam ampliar a de finição de inteligência para que inclua em maior grau as diversas capacidades das pessoas Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificial 493 Abordagens Alternativas da Inteligência Contexto Cultural e Inteligência De acordo com o contextualismo a inteligênciadeve ser compreendida em seu contexto no mundo real O contexto da inteligência pode ser considerado em qualquer nível de análise Pode ser focalizado em termos limitados como no ambiente residencial e familiar ou pode ser grandemente ampliado para culturas inteiras Por exemplo mesmo diferenças entre co munidades foram correlacionadas com diferenças de desempenho em testes de inteligência Tais diferenças relacionadas ao contexto incluem aquelas entre comunidades rurais e urba nas proporções reduzidas e elevadas entre adolescentes e adultos no âmbito de comunidades e status socioeconômico baixo e alto de comunidades veja Coon Carey Fulker 1992 Os adeptos do contextualismo ficaram particularmente curiosos pelos efeitos de contexto cultu ral na inteligência Oscontextualistas consideram a inteligência algo queuma cultura criaparadefinir a na tureza do desempenho adaptado a esta cultura Explica também por que algumas pessoas de sempenham melhor do que outras nas tarefas que a cultura opta por valorizar Sternberg 1985a Os teóricos que endossam esse modelo estudam o modo pelo qual a inteligência re lacionase como mundo exterior no qual o modelo está sendo aplicado e avaliado Em ge ral as definições e teorias de inteligência incluirão mais eficazmente a diversidade cultural ampliando o escopo Antes de analisarmos algumas teorias contextuais dainteligência exa minaremos o que motivou os psicólogos a acreditarem que a cultura poderia desempenhar umpapel no modo como definimos e avaliamos a inteligência Foram propostas muitas definições de cultura por exemplo Brislin Lonner Thomdike 1973 Kroeber Kluckhohn 1952 Cultura é definida aqui como o conjunto deatitudes valo res crenças ecomportamentos partilhados por um grupo de pessoas comunicados de uma ge ração para apróxima por meio da língua ou de outros meios de comunicação Barnouw 1985 Matsumoto 1994 p 4 O termo cultura pode ser empregado de diversas maneiras e possui uma longa história Benedict 1946 Boas 1911 Mead 19282001 veja Matsumoto 1996 Ster nberg 2004 Berry e seus colegas 1992 descreveram seis usos do termo descritivamente para caracterizar uma culturahistoricamente para descrever as tradições de um grupo normativa mente para expressar regras e normas de um grupo psicologicamente para enfatizar como um grupo aprende e soluciona problemas estruturalmente para enfatizar os elementos organiza cionais de uma cultura e geneticamente paradescrever asorigens culturais Uma razão para estudar cultura e inteligência reside em estarem tão inextricavelmente interligadas Realmente Tomasello 2001 argumentou que cultura éoque em grande parte diferencia a inteligência humana da animal Segundo ele os seres humanos evoluíram de acordo com a configuração que apresentam em parte por causa de suas adaptações culturais as quais por sua vez desenvolvemse de sua capacidade mesmo em tenra idade a partir de 9 meses para compreender as outras pessoas como agentes intencionais Muitos programas de pesquisa demonstraram os riscos potenciais da pesquisa de uma única cultura Por exemplo Greenfield 1997 constatou que possui significado diferente crianças maias submeteremse a um teste do que entre a maioria das crianças nos EUA Os maias possuem a expectativa de que a colaboração é permitida e que é um tanto estranho não colaborar Tal constatação possui coerência com o trabalho de Markus e Kitayama 1991 oqual sugere construções culturais diferentes do ser em culturas individualistas ver sus coletivistas Nisbett 2003 descobriu efetivamente quealgumas culturas especialmente asiáticas tendem a ser mais dialéticas em seu pensamento ao passo que outras culturas como as européias e norteamericanas tendem aser mais lineares De modo similar as pes soas deculturaasiática tendem a assumir um pontode vista diferente daquele dos ocidentais 494 Psicologia Cognitiva quando abordam um novo objeto Nisbett Masuda 2003 Em geral as pessoas de culturas ocidentais tendem a entender os objetos de modo independente do contexto ao passo que pessoas de muitas culturas orientais processam osobjetos conjuntamentecom o contexto cir cundante Nisbett Miyamoto 2005 De fato alguns indícios sugerem que a cultura influen cia muitos processos cognitivos incluindo a inteligência Lehman Chiu Schaller 2004 Como conseqüência pessoas em culturas diferentes podem elaborar conceitos de maneiras muito diferentes tornando suspeitos os resultados de estudos de formação ou identificação de conceitos de umadeterminadacultura Atran 1999 Coley etaí 1999 MedinAtran 1999 Portanto grupos podem pensar de modo diferente a respeito do que aparenta ser superficial mente o mesmo fenômeno seja um conceito ousubmeterse a umteste Aquilo que aparenta ser diferenças de inteligência em geral pode ser na realidade diferenças de configurações cultu rais HelmsLorenz Van de Vijver Poortinga 2003 HelmsLorenz e seus colegas 2003 argu mentaram que as diferenças medidas de desempenho intelectual podem resultar de diferenças de complexidade cultural porém a complexidade de umacultura é extremamentedifícil de definir e o que parece ser simples oucomplexo doponto de vista de uma cultura pode pare cer diferente do ponto de vista de outra Pessoas deculturas diferentes podem ter idéias bem diferentes do que significa ser inteli gente Por exemplo umdos estudos interculturais da inteligência mais interessantes foi reali zado por Michael Cole e seus colegas Cole et ai 1971 Esses pesquisadores pediram a membros adultos da tribo Kpelle na África que escolhessem termos representando concei tos Considere o que acontece na cultura ocidental quando é proposta a adultos uma tarefa de escolha em um teste de inteligência Pessoas mais inteligentes normalmente escolherão segundo um padrão hierárquico Por exemplo podem escolher nomes dediferentes espécies de peixes apresentados simultaneamente Em seguida atribuem a palavra peixe às espécies es colhidas Atribuem a palavra animal a peixe e aves e assim por diante Pessoas menos inteli gentes em geral escolherão funcionalmente Elas podem escolher peixe com comer por exemplo Por quê Porque comemos peixe Ou podem escolher roupas e vestir porque vestimos roupas Os Kpelles separaram funcionalmente Eles procederam dessa forma mesmo após os pesquisadores terem tentado sem sucesso fazer com que escolhessem espontaneamente de forma hierárquica Finalmente como última tentativa um dos pesquisadores Glick solicitou a um kpelle que escolhesse do mesmo modo que uma pessoa tola Em resposta o kpelle escolheu fácil e rapidamente de modo hierárquico Simplesmente não haviam procedido dessa forma por considerála uma tolice E provavelmente consideraram os pesquisadores um tantodespro vidos de inteligência porformularem perguntas tão estúpidas O povo Kpelle não é o único quepoderia questionar a compreensão ocidental da inteli gência Na cultura Puíuwat na região do Oceano Pacífico por exemplo navegantes percor rem distâncias incrivelmente longas Não usam qualquer dos instrumentos de navegação que navegantes de países avançados tecnologicamente precisariam para ir de um local a outro Gladwin 1970 Suponha que os navegantes Puluwat fossem criar testes de inteligência para nós e os habitantes dos EUA Nós e os norteamericanos poderíamos não parecer muito inte ligentes De modo similar os navegadores Puluwat de grande aptidão poderiam não desempe nhar bem em testes de inteligência criados por norteamericanos Estas e outras observações fizeram com que alguns teóricos reconhecessem a importância de seconsiderar o contexto cultural quando a inteligência é avaliada Um estudo oferece um exemplo um pouco mais próximo da realidade norteamericana em relação aos efeitos das diferenças culturais nos testes de inteligência Sarason Doris 1979 O estudo acompanhou osQIs de uma população imigrante de ítaloamericanos Há menos de um século a primeira geração decrianças ítaloamericanas possuía QI mediano de 87 média baixa faixa de 76 a 100 Seus QIs foram relativamente baixos mesmo quando me Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificial 495 didas não verbaisforam usadase atitudes que se classificavam como usuais pelosnorteame ricanos foram consideradas Alguns analistas sociais e pesquisadores da inteligência daquela época apontaram para a hereditariedade e outros fatores não ambientais como a base para os QIs baixos Presentemente alguns analistas expressam julgamentos idênticos emrelação a outrosgrupos minoritários Herrnstein Murray 1994 Por exemplo um pesquisador influente daépoca Henry Goddard declarou que 79 dos imigrantes italianos eram imbecis Ele também afirmou que cerca de 80 dos imigrantes ju deus húngaros e russos eram pessoas similarmente sem talento Eysenck Kamin 1981 Goddard 1917 também declarou que a decadência moral estava associada a esse déficit de inteligência Ele recomendou que os testes de inteligência que usava fossem aplicados para to dos os imigrantes e que todos aqueles que ele julgasse abaixo do padrão fossem proibidos se letivamente de entrar nosEUA Entretantogerações subsequentes dealunos ítaloamericanos que sesubmetem atualmente a testes deQIapresentam pontuações deQI ligeiramente acima da média Ceei 1991 Outros grupos imigrantes que Goddard havia denegrido demonstra ramaumentos similares surpreendentes Mesmo osadeptos mais fervorosos da hereditarie dade provavelmente não atribuiriam a fatores hereditários tais acréscimos notáveis em tão poucas gerações A assimilação cultural incluindo a educação integrada parece ser uma ex plicação muito mais plausível Osargumentos precedentes podem tornar claro o motivo pelo qual é tão difícil criar um teste que todos considerariam culturalmente equilibrado igualmente apropriado e justo para membros de todasas culturas Se membros de culturasdiferentes possuem idéias diferentes so bre o que é ser inteligente então os próprios comportamentos que podem ser tidos como inte ligentes em uma cultura podem ser considerados desprovidos de inteligência em outra Considere por exemplo o conceito de rapidez mental Nacultura tradicional nos EUA rapi dez usualmente está associada à inteligência Dizer que alguém é rápido significa afirmar que a pessoa é inteligente Mesmo em testes de inteligência individuais a pessoa que os aplica cro nometra algumas respostas dequem é submetido aos testes Por exemplo um conjunto depes quisadores observou uma relação positiva entre medidas de rapidez e pontuações em exames apresentados em cursos universitários de graduação GREs da sigla em inglês Powers Kauf man 2004 Muitos teóricos do processamento de informação e mesmo teóricos da psicofisio logia focalizam o estudo da inteligência como uma função da rapidez mental Entretanto em muitas culturas do mundo a rapidez não é avaliada emgrau considerável Nestas culturas as pessoas podem acreditar que os mais inteligentes não se apressam para emitir julgamentos Mesmo nacultura norteamericana ninguém considerará uma pessoa bri lhante caso ela seapresse emafirmar algo que deveria ser mais ponderado Por exemplo ge ralmente não é muito inteligente decidir sobre um cônjuge um emprego ou um lugar para morar nos 20 a30segundos que a pessoa normalmente teria para solucionar um problema em um teste de inteligência Portanto nãoexistem testes deinteligência culturalmente satisfató rios pelo menos presentemente Como deveríamos então considerar o contexto ao avaliar mos e compreendermos a inteligência Diversos pesquisadores propuseram que é possível criar testes culturalmente relevantes por exemplo Baltes DittmannKohli Dixon 1984 Jenkins 1979 Keating 1984 Testes cultural mente relevantes medem aptidões e conhecimentos que serelacionam às experiências cultu rais dos indivíduos testados Baltes e seus colegas por exemplo elaboraram testes que medem as aptidões para lidar com os aspectos pragmáticos da vida diária Criar testes culturalmente relevantes requer criatividade e empenho porém isto provavelmente não é impossível Por exemplo um estudo pesquisou acapacidade de memória um aspecto da inteligência do modo como nossa cultura a define em nossacultura comparativamente com a cultura marroquina Wagner 1978 O estudo constatou que o nível de recordação dependia do conteúdo que 496 Psicologia Cognitiva estava sendo lembrado Um conteúdo culturalmente relevante era lembrado de modo mais efi caz doqueumconteúdo sem essa relevância Por exemplo quando comparados aos ocidentais vendedores de tapetes foram mais capazes de se lembrar de padronagens visuais complexas em fotografias pretoebranco de tapetes orientais Algumas vezes os testes simplesmente não são elaborados para minimizar os efeitos das diferenças culturais Em tais casos achave para as di ferenças específicas da cultura na memória pode ser oconhecimento e o uso de estratégias de metamemória ao invés dediferenças estruturais reais na memória por exemplo amplitude da memória e índices de esquecimento Wagner 1978 Pesquisas mostraram que crianças de escolas rurais no Quênia possuem conhecimento substancial sobre ervas medicinais naturais que acreditam servir para curar doenças Crian ças ocidentais evidentemente não seriam capazes de identificar qualquer desses remédios Sternberg et ai 2001 Sternberg Grigorenko 1997 Em resumo elaborar um teste cultu ralmente relevante parece envolver muito mais do que apenas remover barreiras lingüísticas específicas para a compreensão Efeitos similares decontexto aparecem nodesempenho decrianças e adultos emdiversas tarefas Três tipos decontexto afetam o desempenho Ceei Roazzi 1994 O primeiro éocon texto social Um exemplo seria uma tarefa ser considerada masculina ou feminina O segundo é o contexto mental Um exemplo seria tarefa visuoespacial envolver comprar uma casaou arrombála O terceiro é o contexto físico neste caso um exemplo seria uma tarefa ser apre sentada na praia ou em um laboratório Por exemplo garotos de 14 anos tiveram desempenho ruim em uma tarefa quando foi expressa como uma tarefa de assar um bolo porém desempe nharam bem uma tarefa de carregar uma bateria Ceei Bronfenbrenner 1985 Empregadas domésticas brasileiras não tiveram dificuldade com o raciocínio proporcional quando adqui riam hipoteticamente alimentos mas demonstraram tergrande dificuldade para adquirir er vas medicinais Shliemann Magaíhües 1990 Crianças brasileiras cuja pobreza as havia forçado a venderem objetos na rua nãotiveram dificuldade nodesempenho decálculos arit méticos complexos ao venderem mercadorias porém demonstraram grande dificuldade para executarcálculos similares em umasalade aulaCarraher CarraherSchliemann 1985 Por tanto o desempenho nos testes pode ser afetado pelo contexto no qual os termos do teste são apresentados A extensão em que o con textododesempenho assemelhase aocontexto doaprendizado de uma ação inteligente pode determinar parcialmente a extensão emqueo comportamento demonstra transferência da primeira situação para a segunda Barnett Ceei 2005 Nesses estudos os pesquisadores examinarama interação entre cognição e contexto Diversospesquisadores propuseram teorias que procuram examinar explicitamente essainteração no âmbito de um mo delo integrado dosdiversos aspectos da inteligência Taisteorias consi deram a inteligência como um sistema complexo e são discutidas nas próximas duas seções Howard Gardner ê professor deEducação e professor auxiliarde Psi cologia na Universidade de Harvard Ele é mais conhecido porsua teoria deinteligências múltiplas e pormostrar comoela pode seraplicada emambientes educacionais Gardner tambémrealizou trabalhos importantes emNeuropsi cologia e na Psicologia da Criatividade Foto Cortesia do Dr HowardGardner Gardner Inteligências Múltiplas Howard Gardner 1983 1993b 1999 2006 propôs uma teoria de inteligências múltiplas na qual a inteligência engloba muitos cons truetos independentes e não apenas um determinado construeto unitário No entanto ao invés de referirse a capacidades múltiplas que juntas constituem a inteligência por exemplo Thurstone 1938 essa teoria distingue oito inteligências diferentes que são relativa mente independentes entre si Quadro 133 Cada uma é um sistema Capítulo 13 Inteligência Humanae Artificial 497 QUADRO 133 As Oito Inteligências de Gardner Em quais das oito inteligências de Gardner você apresenta maior capacidadeEm que con textos você poderia usarsuasinteligências mais eficazmente Baseado em Gardner 1999 Tipo de Inteligência Inteligência lingüística Inteligência lógicomatemática Inteligência espacial Inteligência musical Inteligência corporalcinestésica Inteligência interpessoal Inteligência intrapessoal Inteligência naturalística Tarefas que Refletem Este tipo de Inteligência Usada na leitura de um livro no preparo de uma dissertação na criação de um romance ou de um poema e na compreensão de pala vras faladas Usada na resolução de problemas de Matemática em cálculos relati vos ao saldo bancário na solução de uma prova de Matemática e no raciocínio lógico Usada no deslocamento de um lugar para outro na leitura de um mapa e na colocação de bagagemno portamalas para que todos os itens caibam em um espaço limitado Usada para cantar uma canção compor uma sonata tocar um trom pete ou mesmoapreciara estrutura de uma peça musical Usada na dança no jogo de basquete na corrida ou no lançamento de um dardo Usada no relacionamento com outras pessoas conforme ocorre quando tentamos compreender o comportamento os motivos ou as emoções de outra pessoa Usada na compreensão de nós mesmos a base para compreender quem somos o que nos anima e como podemos mudar levandose em conta as limitações existentes de nossas capacidades e interesses Usada na compreensão de configuraçõesna natureza De Multiple ntelligences por Howard Gardner subsidiária de Perseus Bouks LLC 1993 Howard Gardner Reproduzido mediante autorização de BasicBooks separado de funcionamento embora estes sistemas possam interagir para produzir o que consideramos desempenho inteligente Ao examinar a lista de inteligências de Gardner você poderia desejar avaliar suas próprias inteligências talvezordenando seus pontos fortes em cada uma delas A teoria de Gardner em alguns aspectos parece uma teoria fatorial Ela especifica di versas capacidadesque são analisadas para refletiralguma modalidade de inteligência No entanto Gardner considera cada capacidade uma inteligência distinta e não apenas como parte de um único todo Além disso uma diferença fundamental entre a teoria de Gardner e as fatoriais reside nas fontes de provas que ele usou para identificar as oito inteligências Gardner utilizou operações convergentes juntando provasde diversas fontes e muitos tipos de dados A teoria usaem particular oito sinais como critérios para detectar a existênciade um tipo distinto de inteligência Gardner 1983 p 6367 1 Isolamento potencial por dano no cérebro A destruição ou a conservaçãode uma área distinta do cérebro por exemplo áreas relacionadas à afasia verbal pode des truir ou preservar um tipo específicode comportamento inteligente 498 Psicologia Cognitiva 2 A existência de indivíduos excepcionais por exemplo prodígios musicaisou mate máticos Eles demonstraram capacidade ou déficit extraordinário em um determi nado tipo de comportamento inteligente 3 Uma operação ou um conjunto de operações central identificável por exemplo percepção de relações entre tons musicais E essencial para o desempenho de um tipo específico de comportamento inteligente 4 Um histórico de desenvolvimento marcante que conduz da condição de principiante para a de mestre Eacompanhada por níveisdiferentes de desempenho especializado isto é graus variáveis de expressão desse tipo de inteligência 5 Um histórico evolutivo marcante Aumentos da inteligência podem ser associados plausivelmente a maior adaptação ao ambiente 6 Provas obtidas em pesquisas cognitivoexperimentais Um exemplo seria diferenças de desempenho específicas de tarefas entre diversos tipos de inteligência distintos porexemplo tarefasvisuoespaciais versus tarefasverbais Precisariam ser acompa nhadas por similaridade de desempenho entre as tarefas no âmbito de tipos de in teligência distintos por exemplo rotação mental de imagens visuoespaciais e memória de lembrança de imagens visuoespaciais 7 Provas obtidas por testes psicométricos indicando inteligências distintas por exem plo desempenho diferente em testes de capacidade visuoespacial versus testes de capacidade lingüística 8 Suscetibilidade à codificação em um sistemade símbolos por exemplo língua ma temática notação musical ou em uma área criada culturalmente por exemplo dança atletismo teatro engenharia ou cirurgia como expressões criadas cultural mente da inteligência corpóreocinestésica Gardner não dispensa integralmente o uso de testes psicométricos Entretanto a base das provas usadaspor Gardner não depende da análise dos fatores de diversos testes psico métricos isoladamente Ao pensar sobresuas inteligências que grau de integração total você acredita que elas possuemQuanto você percebe que cada tipo de inteligência depende de qualquer uma das demais A visão da mente proposta por Gardner é modular Teóricos da modularidade acreditam que capacidades diferentes comoas inteligências de Gardner podemser isoladas comopro cedentesde partes ou módulos distintos do cérebro Portanto uma tarefa importante das pes quisas sobre inteligência existentes e futuras consiste emisolar aspartes do cérebro responsáveis pelas inteligências Gardner fez especulações em relação a pelo menos alguns desses pontos porémdadosconcretosque justifiquem a existênciadessas inteligências distintas ainda não fo ram obtidos Além disso alguns cientistas questionam a modularidade da teoria de Gardner Netelbeck Young 1996 Considere o fenômeno do funcionamento cognitivo específico pre servadoem gênios autistas Gênios autistassão pessoas com deficits sociais e cognitivosgraves porém com uma capacidade correspondentemente elevada em um domínio restrito Elessu gerem que tal preservação não possui valorcomoprovadas inteligências modulares A memó ria de longo prazo limitada e as atitudes específicas dos gênios autistas podem nãò ser realmente inteligentes Nettelbeck Young 1996 Portanto pode haver motivo para questio nar a inteligência de módulos inflexíveis Sternberg A Teoria Triárquica Enquanto Gardner enfatiza a natureza distinta dos vários aspectos da inteligência eu tendo a enfatizar a extensão em que operam juntos por meio de minha teoria triárquica da inteli Capítulo 13 Inteligência Humanae Attificíal 499 gênciahumana Sternberg 1985a 1988 1996b 1999 De acordo com a teoria triárquica da inteligência humana a inteligência engloba três aspectos lidando com a relação da inteli gência 1 com o mundo interno da pessoa 2 com a experiência e 3 com mundo externo A Figura 135 ilustra as partes da teoria e suas interrelações Como a Inteligência se Relaciona com o Mundo Interno A parte interna da teoria enfatiza o processamento de informação O processamento de in formação pode ser visto em termos de três tipos diferentes de componentes Primeiramente existem os metacomponentes processosexecutivosde ordem superior isto é metacognição usadospara planejar monitorar e avaliar a soluçãode problemasEm segundo lugar ocorrem os componentes de desempenho processos de ordem inferior usados para implementaros comandos dos metacomponentes E em terceiro os componentes de aquisição do conheci mento os processos usados para aprender como resolver inicialmente os problemas Os componentes são altamente interdependentes Suponha que você fosse solicitado a preparar um trabalho final de semestre Você usa ria metacomponentes para decisões de ordem superior Portanto os usaria para decidir so bre um tópico planejar a dissertação monitorar a redação e avaliar o grau de perfeição de seu produto final em cumprir suas metas Utilizaria componentes de aquisição de conhe cimento para pesquisa sobre o que conhecer em relação ao tópico Empregaria componen tes de desempenho para a redação definitiva Na prática os três tipos de componentes não operam isolados Antes da redação do trabalho você precisaria se decidir inicialmente sobre um tópico Em seguida teria de fazer algumas pesquisas De modo análogo seus pla nos para a redação do trabalho poderiam se alterar à medida que colhesse novas informa ções Pode ser que não existam informações suficientes sobre aspectos específicos do tópico escolhido Esta escassez de informações pode forçálo a alterar sua ênfase Seus planos também podem mudar se aspectos específicos da redação se desenvolverem com mais na turalidade do que outros FIGURA 135 Analisar jÈmh 9 Criar Comparar Bm 4SãflL inventar i Avaliar MlfwhâÉMurMVmLConcebe ANALmCApCRIATIVA De acordo comRobert Sternberg a inteligência engloba capacidades anaUãcas criativas e práticas No pensamento analítico tentamos solucionar problemas conhecidos usando estratégias que manipulam oselementos deum problema ouasrelações entre oselementos por exemplo comparar analisar nopensamento criativo tentamos solucionar no vos úpos deproblemas os quais exigem quepensemos sobre o problema e seuselementos deuma maneiranova por exemplo inventar conceber e nopensamento prático tentamos solucionar problemas que aplicam aquilo que conhe cemos a contextos diários por exemplo aplicar usar 500 Psicologia Cognitiva Como a Inteligência se Relaciona com a Experiência A teoria também considera como a experiência anterior interage com todos os três tipos de componentes do processamento de informação isto é cada um de nós se defronta com tare fas e situações em relação às quais possuímos níveis variados de experiência Elas variam de uma tarefa completamente nova da qual não possuímos experiência prévia a uma tarefa in tegralmente conhecida da qual temos grande experiência A medida que uma tarefa se torna cada vezmais conhecida muitos de seusaspectos podem se tornar automáticos pois requerem pouco esforço consciente para determinar qual passo tomar em seguida e como implementar o próximo passo Uma tarefa nova impõe demandas sobre a inteligência diferentes daquelas de uma tarefa para a qual foram desenvolvidos procedimentos automáticos De acordo com a teoria triárquica tarefas relativamente novas como visitar um país estrangeiro dominar uma nova disciplina ou adquirir fluência em uma língua estrangeira requerem mais da inteligência de uma pessoa Uma tarefa completamente desconhecida pode exigir tanto da pessoa a ponto de exercer dominação Suponha por exemplo que você estivesse visitando um país estrangeiro Provavelmente não lhe seria proveitoso matricu larseem um curso sobre um tema abstrato ensinado em um idioma que você não entende As tarefas mais estimulantes intelectualmente são aquelas que desafiam e exigem porém não são dominantes Como a Inteligência se Relaciona com o Mundo Externo A teoria triárquica também propõe que os vários componentes da inteligência sejam aplicados à experiência para exercerem três funções no contexto do mundo real O primeiro é adap tarnos a nossos ambientes existentes O segundo é moldar nossos ambientes existentes para criar novos ambientes E o terceiro é selecionar novos ambientes Você usa adaptação quando adquire o conhecimento necessário em um novo ambiente e tenta descobrir como ter sucesso nele Por exemplo quando você inicia a faculdade provavelmente tenta conhecer as regras explícitas e implícitas da vida universitária Em seguida tenta usar estas regras para alcançar sucessono novo ambiente Você também molda seu ambiente Por exemplo pode decidir que disciplinas cursare que atividades realizar Você pode até moldar o comportamento daqueles que o cercam talvez iniciando um novo grupo no campus ou candidatandose a uma posição na área que administra os alunos Finalmente se for incapaz de adaptarse ou de moldar seu ambiente de um modo que lhe seja conveniente poderia pensar em selecionar um outro am biente Por exemplo poderia transferirse para outra faculdade De acordo com a teoria triárquicaas pessoas podem aplicarsua inteligência a diversos ti posdiferentes de problemas Porexemplo algumas pessoas podemser maisinteligentesdiante de problemas acadêmicos abstratos Outras podem ser mais inteligentes em face de problemas práticos concretos Uma pessoa inteligente não se destaca necessariamente em todos os as pectos da inteligência As pessoas inteligentes conhecem preferencialmente seuspontos for tes e seusfracos Elas descobrem maneiras pelasquaisconseguemvantagens com seuspontos fortes e compensam ou corrigem seus pontos fracos Por exemplo uma pessoaque conhece bem Psicologia porém é fraca em Física poderia escolher como um projeto de Física a cria ção de um teste de aptidão para Física o que eu fiz quando cursei esta disciplina O impor tante é aproveitar ao máximo seus pontos fortes e identificar maneiras para melhorar ou pelo menos conviver confortavelmente com seus pontos fracos Realizamos um estudo abrangente para testar a validade da teoria triárquica e sua utili dadepara melhorar o desempenho Previmos que combinara instruçãoe a avaliação dosalu nos com suas capacidades resultaria em melhor desempenho Sternberg etai 1996 1999 Os alunos foram selecionadoscom base em um de cinco padrões de capacidade elevada so mente em capacidade analítica elevada somente em capacidade criativa elevada somente com capacidade prática elevada nas três capacidades ou não elevada em qualquer das três Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificial 501 capacidades Em seguida os alunos foram designados aleatoriamente a umde quatro grupos de instrução Eles se concentraram no aprendizado baseado na memória analítico criativo ou prático Foi avaliado em seguida o desempenho com base na memória analítico cria tivo e prático Descobrimos queosalunos aos quais foi atribuída umacondição de instrução que seajustava a seus pontos fortes emtermos de padrão decapacidade tiveram melhor de sempenho do que os alunos para os quais não houve ajuste Portanto a previsão da expe riência foi confirmada Por exemplo um aluno com recursos analíticos elevados a quem foi atribuída uma condição deinstrução que enfatizava o pensamento analítico teve melhor de sempenho que um aluno de capacidade analítica elevada a quem foi atribuída uma condição de instrução que enfatizava o pensamento prático Ensinar os alunos a usaremtodas as suascapacidades analíticas criativase práticasresul tou em melhor desempenho acadêmico paratodos independentemente das capacidades que possuíam Grigorenko Jarvin Sternberg 2002 Sternberg Grigorenko 2004 Sternberg Torff Grigorenko 1998 Uma consideração importante à luz de tais descobertas é a necessi dade para mudanças na avaliação da inteligência Sternberg Kaufman 1996 As atuais me didas de inteligência são um tanto unilaterais pois medem principalmente as capacidades analíticas Envolvem pouca ou nenhuma avaliação dos aspectos criativos ou práticos da inte ligência Sternberg et ai 2000 Wagner 2000 Uma avaliação e um sistema de instrução mais abrangentes poderiam conduzir a maiores benefícios daeducação para a variedade mais ampla de alunos uma meta teóricada educação Uma tentativa para alcançar essa meta pode ser observada por meio do Projeto Arcoíris Neste projeto osalunos foram submetidos a testes padronizados paraadmissão a cursos uni versitários designados pela sigla SAT em inglês e a avaliações adicionais Estas avaliações incluíram medidas da capacidade criativa e prática bem como da analítica Sternberg Cola boradores do Projeto Arcoíris 2006 O acréscimo dessas avaliações suplementares resultou em melhor previsão da média de notas de avaliação escolar conhecida pela sigla GPA em inglês em comparação com os resultados no SAT e na GPA para o nível médio de ensino Na realidade os novos testes dobraram a previsão da GPA relativa ao primeiro ano da facul Robert L Williams desenvolveu um teste que denominou Teste BITCH Teste de Inteligência de Homogeneidade Cultural para Negros Muitos testes de inteligência padronizados apoiamse consideravelmente no vocabulário por exemplo o Teste Shipley uma parte importante dos Testes Wechsler de Inteligência Williams obteve pontuação muito baixa em um teste de inteligência quando estava no curso médio e por tanto foi aconselhado a não cursar uma faculdade mas a desenvolver aptidão emalguma ocupação prática Em virtude de Williams saber que podia se sair bem em ambientes hostis ignorou esse conselho cursou faculdade e finalmente obteve seu diploma de doutorado Para demons trar que o conhecimento de vocabulário não capta tudo aquilo que faz parte da inteligência o Teste BITCH de Williams solicitava às pessoas que definissem vários termos Negros da época como massa do beco gíria paratijolo dois e umquarto se refere aocarroBuick Electra 225 e maisrecentemente a tudo que tenha o número 225 e Dia das Mães Não causou surpresa o fato de a maioria dos negros ter obtido melhor resultado nesse teste que seus equivalentes brancos Os itens no teste eram relevantes culturalmente para a maioria dos negros naquela época muitos dos termos estão datados agora e eram irrelevantes cultural mente para a maioria dos brancos APLICAÇÕES PRÁTICAS DA PSICOLOGIA COGNITIVA 502 Psicologia Cognitiva dadeobtida somente pelo SAT Além disso asnovas avaliações reduziram substancialmente as diferenças nos resultados entre membros de grupos étnicosdistintos Descrevemos até agora vários modelos de inteligência humana Estes modelos não in dicam per se se a inteligência pode ser ensinada ouaperfeiçoada por meio de instrução No entanto alguns pesquisadores analisaram o tema A inteligência realmente pode ser modifi cada mediante instrução e em caso positivo de que maneira Que estratégias são eficazes e quais são menos eficazes Examine as respostas Aperfeiçoando a Inteligência Estratégias Eficazes Ineficazes e Questionáveis A inteligência humana é altamente maleável Pode ser moldada e mesmo incrementada por meio de vários tipos de intervenções Detterman Sternberg 1982 Grotzer Perkins 2000 Perkins Grotzer 1997 Sternberg etai 1996 1997 Além disso a maleabilidade da inteligência não tem relação com a extensão em que a inteligência possui uma base gené tica Sternberg 1997 Um atributo como a cultura pode serparcialmente ou mesmo em grande parte firmado na herança genética e aindasermaleável sob o aspecto ambiental O programa HeadStart InícioCerto tradução livre teve iníciona décadade 1960 Foi a maneira para proporcionar a crianças da préescola uma vantagem em termos de capaci dades e realizações intelectuais quando iniciassem o ciclo escolar Acompanhamentos reali zados a longo prazo indicaram que na adolescência média crianças que participaram do programa estavam pelo menos uma série à frente daquelas emcondição equivalente queatu aram como parte dogrupo decontrole e que nãoparticiparam do programa Lazar Darling ton 1982 Zigler Berman 1983 As crianças no programa também alcançaram uma maior pontuação em diversos testes de bons resultados na escola Eram igualmente menos propen sas a precisar de aulas de recuperação E apresentavam menor possibilidade de demonstrar problemas de comportamento Embora tais medidas não sejam verdadeiramente medidas de inteligência mostram grande correlação positiva comtestes de inteligência Uma alternativa ao aperfeiçoamento intelectual fora do lar pode ser o oferecimento de umambiente mais favorável emcasa O Projeto Abecedário tem sido particularmente bem sucedido Provou que as habilidades e realizações cognitivas de crianças comstatus socioe conômico inferior poderiam ser melhoradas por meio de intervenções cuidadosamente planejadas e executadas Ramey Ramey 2000 Por exemplo crianças que participaram do Projeto Abecedário cursaram mais séries de educação póssecundária que seus equivalentes que não participaram do programa Campbell et ai 2002 Em outro estudo utilizando par tes do Projeto Abecedário com crianças que nasceram com peso inferior ao normal a inter venção em tenra idade também resultou namelhora de algumas aptidões incluindo aquelas avaliadas em testes de Matemática e leitura McCormick etal 2006 Diversos fatores que ocorrem cedo préescola no ambiente familiar parecem estarcor relacionados com pontuações elevadas de QI Bradley Caldwell 1984 Eles são a receptivi dade emocional e verbal da principal pessoa que cuida da criança e o envolvimento dessa pessoa com a criança a organização do ambiente físico e a programação das atividades a existência de brinquedos apropriados e oportunidades para variedade na estimulação diária Além disso Bradley e Caldwell constataram que esses fatores previam mais eficazmente os resultados do QI do que as variáveis status socioeconômico ou estrutura familiar Deve ser observado entretanto que oestudo BradleyCaldwell écorrelacionai Portanto não pode ser interpretado como indicador de causalidade Adicionalmente o estudo desses pesquisa Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificial 503 Alguns programas de treinamento também alcançaram algum sucesso Um de tais programas foi o Programa de Aperfeiçoamento Instrumental de Reuven Feuerstein 1980 envolvendo o treinamento em diversas aptidões de raciocínio abstrato O programa parece ser particularmente eficaz para melhorar as aptidões de pessoas que possuemdeficiência men talOutro projeto o Programa Odisséia vejaAdams 1986 demonstrou sereficaz paraaumentaro desempenho intelectual de crianças venezuela nasqueiniciavam o curso secundário O Programa Filosofia paraCrianças Lipman Sharp Oscanyan 1980 também obteve bons resultados no ensino de aptidõesde pensamento lógico para criançasem todas as séries da escola primária e secundária Aspectos do Programa Inteligência Apli cada Sternberg 1986 Sternberg Grigorenko 2002a Sternberg Kauf man Grigorenko 2008 voltado ao ensino de aptidões intelectuais provaram ser eficazes pois conseguem melhorar aptidões de percepção Davidson Sternberg 1984 e a capacidade paraaprender significados de palavras com base no contexto um meio importante para adquirir novo vocabulário Sternberg 1987a A inteligência práticatambém podeser ensinada Gardner etai 1994 SternbergOkagakiJackson 1990 INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA dores foi feito com crianças da préescola A pontuação do QI das crianças não começa a prever os resultados doQI para a fase adulta atéa idade de 4 anos Além disso antes de 7 anos as pontuações nãosão muito estáveis Bloom 1964 Outro trabalho indicou que fato res como apoio social maternal e comportamento interativo podem desempenhar papel fun damental na instabilidade dos resultadosde testes de capacidade intelectual entre as idades de 2 a 8 anos Pianta Egeland 1994 Os dados de Bradley e Caldwell não devem ser considerados indicativos dequevariáveis demográficas exercem efeito reduzido sobre as pontuações do QI Pelo contrário ao longo da história e nas diversas culturas muitos grupos de pessoas tiveram o status de pária foram considerados membros inferiores da ordem social Nas várias culturas esses grupos em des vantagem por exemplo Maoris nativos versus neozelandeses europeus exibiram diferenças em testes de inteligência e aptidão Steele 1990 Zeidner 1990 Tal foi o caso dos curtido res Burakumin que significa populações dasvilas no Japão Foram emancipados em 1871 porém não tiveram aceitação plena na sociedade japonesa Por um lado possuem desempe nho inadequado e status desprovido de privilégios no Japão Por outro aqueles que emigram para a América e são tratados como os outros imigrantes japoneses possuem bom desem penho nos testes deQI e alcançam resultados na escola emumnível comparável àquele de outros norteamericanos de origem japonesa Ogbu 1986 Efeitos positivos similares de integração ocorreram no outro lado do mundo Em Israel os filhos de judeus europeus alcançam pontuação muito mais elevada em testes de QI do que os filhos de judeus árabes A exceção ocorre quando os filhos são criados em kibbutzim plural de kibbutz propriedades rurais onde as pessoas moram e dividem as atividades em comum Neste ambiente crianças de todas asorigens nacionais são criadas porpessoas es pecialmente treinadas em uma casa separada daquela de seus pais Quando essas crianças compartilharam os mesmos ambientes de criação durante ainfância não ocorreram diferen ças deQI relacionadas a origens ancestrais Smilansky 1974 Existem presentemente em conjunto provas abundantes deque diversos fatores podem afetar as aptidões intelectuais Um fator são os ambientes das pessoas Ceei Nightingale Baker 1992 Reed 1993 Sternberg Wagner 1994 Outro é a motivação que apresentam 504 Psicologia Cognitiva Collier 1994 Sternberg Ruzgis 1994 Um terceiro é o treinamento que recebem Feuers tein 1980 Sternberg 1987b Portanto não possuem fundamento as alegações controvertidas feitas por Herrnstein e Murray 1994 em seu livro A Curva doSino a respeito da futilidade dos programas de intervenção E preciso levar em consideração todas as provas em favor da possibilidade do aperfeiçoamento das aptidões cognitivas De modo análogo a dependência de Herrnstein e Murray de um fator genético nas diferenças cognitivas de origem étnica Herrnstein Murray 1994 p 270 parece ser arriscada à luz das provasdiretas em oposiçãoa tais diferenças genéticas veja Sternberg 1996b Parece resultar em parte de uma compre ensão equivocada da possibilidade de se herdar traços em geral A hereditariedade certamente é importante nas diferenças individuais da inteligência Loehlin Horn Willerman 1997 Plomin 1997 assim como o ambiente Sternberg Grigo renko 1999 Wahlsten Gottlieb 1997 A herança genética pode fixar algum tipo de limite superior no nível de inteligência que uma pessoa pode vir a ter No entanto conhecemos agora que para qualqueratributo parcialmente genético existe umafaixa dereação a faixa de limitesde possibilidades amplos nos quais um atributo pode ser expresso de várias manei ras Portanto a inteligência de cada pessoa pode ser desenvolvida adicionalmente no âmbito dessa faixa ampla de inteligência potencial Grigorenko 2000 Não possuímos razão para acreditar que as pessoas atingem presentemente seus limites superiores no desenvolvimento de suasaptidões intelectuais As provas indicam de modo contrário que podemos fazermuito para ajudar as pessoasa se tornarem mais inteligentes para uma discussãoadicional sobre es ses temas veja Mayer 2000a Sternberg 1995 veja também Neisser et ai 1996 Outro estudo que analisou a maleabilidade da inteligência examinou um aspecto dife rente isto é as crenças dos alunos a respeito dessa maleabilidade Blackwell Trzesniewski e Dweck 2007 estudaram alunos das primeiras séries do Ensino Médio e as crençasque pos suíam sobrea natureza da inteligência A crença de que a inteligência é maleável previu uma melhoria nas notas de matemática durante os dois anos seguintes Blackwell Trzesniewski Dweck 2007 No entanto os alunos que acreditavamque a inteligência é fixa não demons traram mudança significativa ao longo deste mesmo período de tempo Blackwell Trzes niewski Dweck 2007 Emum segundoestudoosalunoscujasnotas em Matemáticaestavam diminuindo foram informados a respeito da maleabilidade da inteligência Blackwell Trzes niewki Dweck 2007 As notas dos alunos que receberam esse treinamento pararam de di minuir Adicionalmente os alunos se tornaram mais motivados em sala de aula No entanto os que não receberam esse treinamento continuaram a ter notas cada vez menores Blackwell Trzesniewski Dweck 2007 Estasdescobertas indicam não apenas que a inteligência é male ável mas também que é altamente afetada por nossas expectativas Basicamente podemos ajudar as pessoas a se tornarem mais inteligentes Para atingir esta meta as auxiliamosa melhor perceberem aprenderemlembraremse representarem in formações decidirem e resolverem problemas Emoutras palavras aquiloque fazemos é aju dálas a melhorar as funções cognitivas que têm sido o foco deste livro O elo entre melhorar a inteligência e aperfeiçoar a cognição não é de natureza causai Pelo contrário as formas de cognição humana formam o núcleo da inteligência humana Portanto a inteligência é um constructo que nosauxiliaa unificar os vários aspectos da cognição Fatores culturaise con textuaispodeminfluenciar a expressão de nossa inteligência Porexemplo o comportamento que é considerado inteligente em uma cultura pode não sêlo em outra Entretanto os pro cessos cognitivos subjacentes ao comportamento são em grande parte os mesmos Desse modo quando estudamos a Psicologia Cognitiva estamos conhecendo o núcleo fundamen tal da inteligência humana que auxilia as pessoas em todo o mundo a se adaptarem às cir cunstâncias de seu ambiente E esses processos se aplicam não importando a extensão das diferenças entre essas circunstâncias Não causa surpresa portanto que o estudo da cogni Capitulo 13 Inteligência Humana e Artificial 505 ção seja tãofundamental para a Psicologia em particular e para a compreensão do compor tamento humano em geral Desenvolvimento da Inteligência em Adultos A inteligência evidentemente desenvolvese com a idade Anderson 2005 Os resultados dos testes de capacidade cognitiva continuam a melhorar indefinidamente Osdados dispo níveis indicam que isto pode não ocorrer Berg 2000 Embora a inteligência cristalizada seja maior em média para adultos com mais idade do que para adultos jovens a inteligência fluida é maior em média para adultos com menos idade doque para aqueles com mais idade Horn Cattell 1966 Portanto no nível universitário as capacidades fluida e cristalizada estão au mentando Entretanto mais tarde na vida o quadro muitas vezes se altera Por exemplo o desempenho de adultos com mais idade em muitas tarefas de processa mento de informação parece ser mais lento particularmente para tarefas complexas Bashore Osman Hefley 1989 Cerella 1990 1991 Poon 1987 Schaie 1989 Em geral as capacida des cognitivas cristalizadas parecem aumentar ao longo da duração da vida ao passo que as capacidades cognitivas fluidas parecem aumentar até a faixa dos 20 ou 30 anos e possivel mente até a faixa de 40 anos decrescendo lentamente a partirde então A preservação das capacidades cognitivas cristalizadas sugere quea memória de longo prazo a estrutura e a or ganização da representação do conhecimento permanecem preservadas ao longo da duração da vida Salthouse 1992 1996 2005 Além disso muitos adultosencontram maneiraspara compensar deficits posteriores das aptidões de tal modo que seu desempenho real não seja afe tado Por exemplo digitadoras com mais idade podem digitar menos rapidamente mas olhar mais à frente no texto para compensar a diminuição da velocidade de processamento Sal thouse 1996 Ou se tendem a ter esquecimento podem escrever lembretes com mais fre qüênciasdo que faziam quando eram mais jovens Embora os psicometristas discordem quanto à idade emque a inteligência fluida começa a diminuir muitos pesquisadores concordam que nofinal em média algum declínio realmente ocorreO ritmo e a extensão do declíniovaria amplamenteentre as pessoas Algumas capaci dades cognitivas também parecem declinar em média sob certas circunstâncias porém não em outras Por exemplo a eficácia do desempenho em algumas tarefas envolvendo asolução de problemas parece apresentar uma diminuição relacionada à idade Denny 1980 embora mesmo umtreinamento breve pareça melhorar os resultados em tarefas de solução de proble mas nos adultoscom mais idade Rosenzweig Bennett 1996 Willis 1985 Outras pesquisas apontam para os declínios nofuncionamento executivo como uma razão para o menor desem penhoem testes de inteligência Taconnat et ai 2007 No entantonem todas ascapacidades cognitivas diminuem Por exemplo um livro Ce rella et ai 1993 dedica 20capítulos paradescrever estudos mostrando pouco ounenhum de clínio intelectual emdiversas áreas da cognição incluindo a percepção deobjetos e palavras compreensão da língua e solução de problemas Alguns pesquisadores por exemplo Schaie Willis 1986 constataram quealguns tipos de capacidade de aprendizado parecem aumentar e outros pesquisadores Graf 1990 LabouvieVief Schell 1982 Perlmutter 1983b descobri ram que a capacidade para aprender e lembrar aptidões e informações significativas apresenta declínio reduzido Igualmente mesmo em uma única área como a memória decréscimos em um tipo de desempenho podem não implicar decréscimos em outro Por exemplo embora a memória de curto prazo pareça declinar Hultsch Dixon 1990 West 1986 a memória de longo prazo Bahrick Bahrick Wittlinger 1975 e a memória de reconhecimento Schonfield Robertson 1966 permanecem em muito boas condições 506 Psicologia Cognitiva Alguns pesquisadores por exemplo Schaie 1974 1996 chegam a questionar as provas do declínio intelectual Para citar um exemplo as visões que possuímosda memória e do en velhecimento podem ser afetadas negativamente por relatos de alterações patológicas que ocorrem em alguns adultoscom mais idadeTaisalteraçõesnão resultamdo declínio intelec tual geral mas de transtornos neurofisiológicos específicos Estes transtornos como o mal de Alzheimer são razoavelmente incomuns mesmoentre idosos com idade avançada Técnicas de detecção preventiva parao malde Alzheimer quese valem dasdiferenças nas capacidades usuais de adultos na fase de envelhecimento estãosendoinvestigadas atualmente proporcio nando resultados distintos Mirmiran von Someren Swaab 1996 As capacidades cogniti vas parecem apresentar maior declínio nos últimos dez anos antes da morte A intensidade do declínio que ocorre nesses últimos anos é previstaem parte por resultados de testes de inte ligência nos primeiros anos de vida Bourne et ai 2007 Outra ressalva relativa às descobertas de declínio em idade avançadaé o usofreqüente de modelos de pesquisa cruzada que envolvem testar grupos gerações diferentes de indiví duosao mesmo tempo Tais modelos tendem a superestimar a extensão do declínioda capa cidade cognitiva Por razões desconhecidas gerações mais jovens de pessoas apresentam capacidades cognitivas maiores pelomenosconformeavaliadas peloQI Flynn 1984 1987 do que as gerações anteriores Consequentemente os QIs menores dos indivíduos mais ve lhos pode ser um efeito relacionado à geração ao invés de ser relacionado ao envelhecimento Realmente os modelos de pesquisa longitudinal que testam as mesmas pessoas repetida mente ao longo de um período prolongado indicam menor declínio da capacidade mental com o avanço da idade Esses estudos no entanto podem subestimara extensão do declínio resultante da desistência seletiva Os participantes menos capazes desistem de participar do estudo no decorrer dosanos talvez por considerarem quese submeter a testes cognitivos seja desmotivador ou até mesmo humilhante Embora continue o debate sobre declínio intelectual em função da idade as posições atingiramcerta convergência Porexemplo existe um consenso Cerella 1990 1991 Kliegl Mayer Krampe 1994 Salthouse 1994 1996 de que ocorrealguma diminuiçãodo ritmode processamento cognitivo durante a vida adulta e a prova da diminuição permanece mesmo quando a metodologia e as análises experimentais eliminam a representação desproporcio nal de adultos com demência entre os idosos Salthouse Kausler Saults 1990 Entre os fa tores gerais que foram indicados como contribuintes para retardamento do processamento cognitivo relacionado à idade destacamse um declínio generalizado no funcionamento do sistema nervoso central Cerella 1991 um declínio da capacidade da memória de trabalho Salthouse 1993 um declínio dos recursos relacionados à atenção veja Horn Hofer 1992 e uma diminuição do funcionamento dos lobos frontais Bugg etai 2006 O processamento mais lento pode resultar em deficits cognitivos por meio de dois temas relacionados à velocidade no funcionamento cognitivo tempo limitado e simultaneidade Salthouse 1996 O processamento mais lento pode impedir que certas operações sejam realizadas Tais operações podem necessitar ocorrer em um intervalo limitado de tempo e po dem precisar sesobrepor porcausa de limitações de armazenamento Por exemplo a memó ria auditiva exibe uma decadência rápida conduzindo à necessidade de uma classificação rápida dos sinais auditivos A lentidão do processamento em nível superior pode resultar no processamento impreciso dos sinais auditivos Dada a natureza semiparalela de grande parte do processamento cognitivo juntamente com a natureza da transmissão sináptica não deve causar surpresa que a velocidade seria um aspecto importante pois tal processamento de pende muito do tempo Além desses fatores gerais muitos psicólogos cognitivos e evolucionistas indicaram que fatores específicos também afetam as alterações relacionadas à idade no processamento cog Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificial 507 nitivo Os fatores específicos podem afetar diferencialmente várias tarefas cognitivas Por exemplo fatores específicos incluem maiorlentidãodos processos cognitivos de ordem supe rioremcomparação aosprocessos sensoriomotores Cerella 1985 Também incluem o retar damento diferencial das tarefas de complexidade elevada versus de complexidade reduzida Kliegl Mayr Krampe 1994 Um fator cognitivo adicional é a maiorlentidãoparaas tarefas que requerem complexidade de coordenação exigindo o processamento simultâneo de estí mulos múltiplos do que para a complexidade seqüencial exigindo o processamento seqüen cialdeestímulos múltiplos Mayr Kliegl 1993 Um últimofator é o maior declínio relacionado à idade nosprocessos derecuperação deinformações doquenos processos decodificação veja Salthouse 1992 Adicionalmente efeitos da indução e tarefasque requerem memória implí cita parecem mostrar pouca ou nenhuma prova de declínio Mitchell Bruss 2003 No en tanto tarefas envolvendo memória explícita exibem efetivamente declínio relacionado à idade vejaSalthouse 1992 Com basenas pesquisas existentes foram propostos três princípios básicos de desenvolvi mento cognitivo na idade adulta Dixon Baltes 1986 Primeiro capacidades fluidas e outros aspectos doprocessamento de informações podem declinar emidade avançada Este declínio entretanto é compensado pelaestabilização ou mesmo peloavançode aspectos muito conhe cidos e pragmáticos de funcionamento mental capacidades cristalizadas Segundo apesar do declínio relacionado à idade no processamento de informações uma capacidade de reserva suficiente permite ao menos aumentos temporários do desempenho especialmente se o adulto com mais idade estiver motivado para desempenhar bem Terceiro quando adultos perdem uma parteda velocidade e daeficiência no processamento das informações relaciona dasà fisiologia muitas vezes compensam em umadada tarefacom outrasaptidões de proces samentode informações baseadas em conhecimento e especialização Salthouse 1991 1996 veja também Salthouse Somberg 1982 Emoutras palavras adultos com mais idade desen volvem estratégias práticas para conservar níveis relativamente elevados de funcionamento Berg et ai 1998 Berg Meegan Deviney 1998 Sternberg Grigorenko Oh 2001 Eles tam bém podem se valer do conhecimento prático que pessoas mais jovens não possuem Berg 2000 ColoniaWillner 1998 Torff Sternberg 2001 Embora as evidências relativas às diferenças relacionadas à idadena seleção de estratégias cognitivas sejam de natureza variada parece não existirem diferenças relacionadas à idade no automonitoramento dos processos cognitivos veja Salthouse 1992 Portanto pareceria que adultos emfaixa etária mais avançada poderiam sercapazes de utilizar mais eficazmente infor mações a respeito decomo melhorar seu desempenho cognitivo De modo análogo quando o desempenho em tarefas baseiase mais na precisão do que na velocidade adultos com mais idade podem compensar pelo menos parcialmente a diminuição da velocidade por meio de maior cuidado e persistência veja Horn Hofer 1992 Além disso em todas as ocasiões ao longo daduração da vida existe considerável plasticidade flexibilidade para alteração das ca pacidades Baltes 1997 Baltes Willis 1979 Garlick 2002 Mirmiran von Someren Swaab 1996 Rosenzweig Bennett 1996 Ninguém de nós permanece fixo emumdeterminado nível de desempenho Cada um de nós pode melhorar Em anos recentes alguns psicólogos se tornaram particularmente interessados no desen volvimento da sabedoria na idade adulta veja Sternberg 1990 A maioriados teóricos argu mentou que a sabedoria aumenta com a idade embora existam exceções Meacham 1990 Foram muitas as definições dos psicólogos para sabedoria Alguns Baltes et ai 1995 Baltes Smith 1990 Baltes Staudinger 2000 definem sabedoria como insight excepcional no desen volvimento humano e em temas da vida incluindo julgamento aconselhamentoe comentá rios excepcionalmente bons sobre problemas difíceis davida Além disso a sabedoria pode ser 508 Psicologia Cognitiva vista como reflexo de um ganho positivo na pragmática cognitiva baseada na cultura usos significativos das aptidões cognitivas diante das perdas de mecânica cognitiva mais contro ladas fisiologicamente Baltes 1993 Outraspesquisas detectaram seis fatores noconceito que as pessoas possuem da sabedoria capacidade de raciocínio sagacidade esperteza aprendi zado a partir de idéias e do ambiente julgamento uso rápido das informações e perspicácia conscientização intensamente aguçada percepção e insight Sternberg 1985b Saber aquilo que você não conhece também é importante Meacham 1983 1990 Sejaqual for a defini ção Moshman 1998 o estudo da sabedoria representa uma nova iniciativa instigante para descobrir que capacidades podem ser desenvolvidas durante a idade adulta mais avançada ao mesmotempo que as capacidades fluidas ou os aspectosmecânicosdo processamento das in formações podem estar declinando Os adultos são solicitados algumas vezes a realizar tarefas quedesafiam suainteligência de um modo queé bemespecífico Porexemplo pilotos usam sua inteligência a fim de tomar decisões que tanto para seus passageiros como parasi mesmos podem ser uma questão de vidaou morteA Psicologia podeser usada para ajudara projetarcabinesde comando e oti mizar as condições para que tomemessas decisões As pesquisas indicamque cabinesde co mando nas quais existe um grau elevado de similaridade entre as cores de vários elementos ou nas quais os elementos no fundo encontramse em movimento interferem na capacidade dos pilotos para leros instrumentos Nikolic Orr Sarter 2004 O ramo da Psicologia que ajuda no projetointeligente de instrumentos comoos instrumentosna cabinede comando é denominada Psicologia dos fatores humanos Os erros queospilotos cometem podem ser de vários tipos Por exemplo podem incorrer em um lapso caso emquedeixam de levar em conta um sinal que exige atenção Sarter Alexander 2000 Os psicólogos de fatores huma nos estudam não somente a instrumentação mas também o modo como os trabalhadores re agem aos instrumentos Adotam a meta de utilizar a interação homemmáquina como um todo Inteligência Artificial Simulações por Computador Um Programa de Computador pode ser Inteligente Grande parte das primeiras pesquisas sobre o processamento de informação concentrouse em trabalhos baseados em simulações da inteligência humana por computador bem como emsistemas informatizados queusam métodos deotimização pararealizar tarefas Programas de ambos os tipos podem ser classificados como exemplos de inteligência artificial IA ou inteligência em sistemas de processamento de símbolos como computadores veja Schank Towle 2000 Na realidade oscomputadores não conseguem pensar Precisam serprograma dos para comportarse como seestivessem pensando isto é precisam ser programados para simular processos cognitivos Deste modo nos proporcionam insights a respeito de detalhes relativos a como as pessoas processam informações cognitivamente Os computadores es sencialmente são apenas peças de hardware componentes físicos do equipamento que seguem instruções Outros tipos de máquinas outros equipamentos também obedecem às instruções Por exemplo sevocê puder conhecercomo darasinstruções umDVR gravador de vídeos digital as acatará e fará aquiloque você lhe determinar O que torna os computadores tão interessantes paraos pesquisadores é a possibilidade de processarem instruções altamente complexas conhecidas como programas de computador softwares Osprogramas indicam aocomputador como responder àsnovas informações Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificial 509 Antes de analisarmos quaisquer programas inteligentes precisamos examinar seria mente o tema relativo àquilo que de modo mais preciso nos levaria a considerar um pro gramade computador comointeligente O Teste de Turing Provavelmente a primeira tentativa séria para lidar com o tema da possibilidade de um pro grama de computador poder ser inteligente foi feita por Alan Turing 1963 baseado nas idéias que ele apresentou inicialmente em 1950 Turing desenvolveu especificamente um teste pelo qual um ser humano poderia avaliar a inteligência de um respondente veja o Capítulo 1 A idéia básica doTeste deTuring éseum observador pode distinguir o desempenho de um com putador daquele de um ser humano Para que o teste produzisse resultado todos precisam concordar que o ser humano é inteligente pelo menos em algum grau Na forma específica proposta por Turing o teste é conduzido com um computador um respondente humano e um interrogador O interrogador estabelece duas conversações diferentes com um programa de computador interativo A meta do interrogador consiste em descobrir qual das duas partes é uma pessoa se comunicando por intermédio do computador equal éopróprio computador O interrogador pode formular quaisquer perguntas às duas partes O computador no entanto tentará enganar o interrogador fazendoo acreditar que oequipamento éum ser humano Este em contraste tentará provar ao interrogador que eleela realmente é humanoa O computa dor é aprovado noTeste de Turing caso um interrogador seja incapaz de distinguir o compu tador do ser humano O teste de indistinguibilidade entre computador e ser humano é usado comumente na avaliação da inteligência de um programa de computador O teste usualmente não é apli cado exatamente do modo descrito porTuring Por exemplo alguns tipos de informações ge radas por um computador poderiamser examinados eavaliados em termos de comparabilidade com odesempenho humano Em alguns casos os dados humanos de uma tarefa de solução de um problema são comparados com os dados gerados por um computador O grau de rela ção entre eles éavaliado em seguida Por exemplo suponha que um computador resolva pro blemas de séries numéricas como 1 4 9 16 em que cada elemento é o próprio número inteiro elevado ao quadrado Ostempos de resposta e os padrões de erro do computador po dem ser comparados com aqueles dos participantes humanos que solucionaram os mesmos problemas Kotovsky Simon 1973 Simon Kotovsky 1963 Evidentemente os tempos de resposta do computador são usualmente muito mais rápidos do que aqueles dos seres huma nos porém os pesquisadores estão menos interessados nos tempos de reação gerais do que nos padrões dos tempos de reação Em outras palavras o que importa nãoé seoscom putadores levam mais ou menos tempo para solucionar cada problema em comparação aos seres humanos Preferívelmente é se os problemas que o computador leva relativamente mais tempo para solucionar também requerem que os seres humanos empreguem mais tempo para solucionálos Algumas vezes a meta de um modelo computadorizado não é igualar seu desempenho ao desempenho humano mas suplantálo Neste caso a maximização da IA ao invés da simula ção da inteligência humana é a meta do programa O critério baseado no desempenho do computador ser igual ao dos seres humanos deixou de ser relevante Como alternativa ocri tério de interesse éo que determina o grau de perfeição com que ocomputador pode realizar a tarefa que lhe foi atribuída Por exemplo os programas de computador que jogam xadrez atuam normalmente de um modo que enfatiza a força bruta Osprogramas avaliam núme ros extremamente elevados de movimentações possíveis Muitas delas sãomovimentações que os seres humanos jamais sequer considerariam avaliar Berliner 1969 Bernstein 1958 Usando força bruta oprograma Deep Blue da IBM derrotou ocampeão mundial Gary Kas parov em um jogo de xadrez realizado em 1997 Omesmo método de força bruta éusado em 510 Psicologia Cognitiva programas que jogam damas Samuel 1963 Estes programas geralmente são avaliados em termos dograu de excelência com que podem se derrotar entre si e ainda mais importante adversários humanos jogando contra eles Após examinarmos alguns temas relativos ao que constitui um programa de computa dor inteligente voltamos agora nossa atenção para alguns dos programas reais A discussão destes programas lhedará uma idéia decomo aspesquisas deIA têm evoluído Também lhe mostrará como os modelos de IA influenciaram o trabalho dos psicólogos cognitivos Con forme osexemplos precedentes mostraram muitos dos primeiros programas deIAseconcen traram na solução de problemas Primeiros Programas Um dos mais antigos programas inteligentes foi o Teórico Lógico TL Newell Shaw Si mon 1957b Ele foi concebido a fim de descobrir provas para teoremas de lógica simbólica elementar Um sucessor do TL foi denominado Solucionador Geral de Problemas SGP Newell Shaw Simon 1957a Este programa usou um método de resolução de problemas intitulado análise de meiosfins Ele envolve solucionar problemas reduzindo sucessivamente diferenças entre o status atual no qual a pessoa está presentemente e o status almejado no qual a pes soa deseja estar veja o Capítulo 11 A Figura 136 apresenta umfluxograma ummodelo de percurso para atingir uma meta ousolucionar um problema O fluxograma mostra como o SGP pode transformar uma meta ouo estado de um problema em outra usando a aná lise de meiosfins A análise de meiosfins pode ser aplicada a uma ampla gama de problemas Umexem plo seria os problemas de MOVIMENTO descritos no Capítulo 11 em que hobbits e ores precisavam atravessar um rio usandosomente um bote para duas pessoas O SGP do modo como foi formulado nas décadas de 1950 e 1960 podia aplicar a heurística a problemas como demonstração de teoremas lógicos ou alguns outros problemas descritos no Capítulo 11 O programa SGPe o programa TL foram casos típicos do trabalhopioneiro realizado na Car negieMellon University Porém ogrupo NewellSimon na Carnegie nãofoi o únicoemati vidade tentando criar programas inteligentes No Massachusetts Institute ofTechnology MIT um grupo liderado principalmente por Marvin Minsky também estava interessado em criar programas de IA Os programas do MIT diferiam daqueles da Carnegie por sua maior ênfase na recuperação de informações semânticas isto é no uso de informações ver bais providas de significado Minsky 1968 Por exemplo noinício da década de 1970 o pes quisador do MIT Terry Winograd 1972 havia desenvolvido o SHRDLU Este programa FIGURA 136 Meta Transformar a meta A na meta B Comparar A e BI para encontrar I D a diferença D I Nenhuma diferença Submeta Imodificado Reduzir Dmodificado Submeta I pi Transformar Amodificado em Bi Fracasso Fracasso Sucesso Fracasso Fracasso Sucesso Sucesso Aüen Neweü CUfford Shaw e Herbert Simon ao desenvolverem oSolucionador Geral de Problemas SGP propu seram um fluxograma para implementar uma análise de meiosfins afim de alcançar uma meta Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificial 511 comandava manualmente o braço de um robô a fim de manipular diversos blocos em um mundo deblocos A Figura 137 apresenta exemplos dos tipos deelementos quefazem parte do mundo de blocos do SHRDLU Enquanto o SHRDLU processa informações em termos de ummundo de blocos outros programas operam em mundos muito diferentes Um dos mais interessantes é aquele dopsi coterapeuta de um lado e o paciente de outro Dois programas queoperam no mundo da psicoterapia são o ELIZA e o PARRY O pri meiro assume o papel dopsicoterapeuta deapoio O segundo o deumpaciente paranóico de um psicoterapeuta A meta do terapeuta de apoio consiste em conhecer os sentimentos de um paciente O terapeuta explica em seguida estes sentimentos ao próprio paciente e o auxilia a compreender e a descobrir como lidar com eles Considere por exemplo um segmento de uma interação entre ELIZA e um paciente interagindo com esse programa conforme apre sentado no Quadro 134 Neste segmento ELIZA parece demonstrar insight clínico em rela ção a seu paciente No entanto ELIZA não é tão brilhante conforme aparece aqui O programa usa palavras e frases importantes das observações feitas pelo interlocutor paciente para escolher suas próprias observações O programa não compreende em qualquer sentido mais amplo aquilo que o paciente está dizendo O criador do programa ELIZA realmente es colheu o domínio da psicoterapia deapoio poracreditar quea simulação das respostas de um psicoterapeuta seria relativamente fácil Weizenbaum 1966 Ele evitou a simulação de pes soas emoutras ocupações queexibem de modo mais direcionado seu conhecimento e sua es pecializaçãoem suas interações com outras pessoas Se terapeutas podem sersimulados porquenão ospacientes Kenneth Colby 1963 um psiquiatra treinado criou uma simulação de um paciente paranóico muito preocupado com a possibilidade dea máfia o estar perseguindo A dinâmica doprograma está demonstrada no FIGURA 137 Verde Vermelho O robô de Terry Winograd foi programado para operar no âmbito de um mundo de blocos tridimensionais contendo elementos como osblocos apresentado nafigura DeUnderstanding Natural Languages Terry Winograd 1972 Terry Winograd Reproduzido mediante autorização da Elsevier 512 Psicologia Cognitiva segmento do diálogo reproduzido no Quadro 134 A simulação de um paranóico feita por Colbynão é somente um conjunto de respostas que parecem paranóicas Emvez disso a si mulação é gerada com base em uma teoria doprocesso neurótico de um paranóico A princi pal intenção de um paranóico consiste em determinar as intenções de outra pessoa As mensagens desta outrapessoa são examinadas paraajudar nessa determinação Asmensagens são classificadas como maléficas benéficas ou neutras A pessoa paranóica é particularmente suscetível a uma interpretação da malevolência Esta interpretação pode surgir deuma crença de que o outro pretende inílingir dano físico ou psicológico à pessoa paranóica Colby realizou uma avaliação umtanto mais formal desse programa doquenormalmente ocorre Ele solicitou a um grupode 33 psiquiatras que lessem transcrições de entrevistas com PARRY e com pacientes realmente paranóicos Nenhum dos psiquiatras foi informado deque um modelo informatizado estava envolvido Aproximadamente metade deles considerou o modelo como maisparanóico que os próprios pacientes O programa de Colby difere fundamentalmente de muitos outros pois simula não so mente os processos cognitivos abstratos mas também um sistema de crenças Outro pro grama de Colby usa terapia cognitivapara tratamento de depressão moderada Envolve um texto e um padrão de diálogo para interaçãocom a pessoa Colby 1995 Programas que Simulam Especialização Ao contrário das pesquisas na Costa Leste do EUA realizados no MIT e na Carnegie Mellon a pesquisa sobre a IA na Costa Oeste especialmenteem Stanford tende a enfatizar sistemas especializados programas de computador que podem desempenhar de modo idên tico a um especialista em um domínio razoavelmente específico Nenhuma tentativa foifeita para modelar a inteligência humanamais globalmente ou mesmo expandir ossistemas espe cializados específicos mesmo emteoria Ospesquisadores tentaram preferivelmente simular o desempenho em apenas um domínio muitas vezes limitado Eles seempenharam por um nível deespecialização que sobrepujasse aquilo que seria possível para um programa que fosse razoavelmente de domínio geral Porexemplo foram desenvolvidos diversos programas para diagnosticar vários tipos de transtornos clínicos Tais programas obviamente possuem enorme potencial de importân cia tendo em vista os custos muito elevados financeiros e pessoais de diagnósticos incor retos Provavelmente o mais conhecido e certamente o mais antigo desses programas é o MYCIN Buchanan Shortliffe 1984 Shortliffe 1976 O MYCIN pode ser usado parade tectar e potencialmente vir a tratar certas infecções bacterianas O Quadro 135 apresenta umfragmento de umsistema de afirmações usado pelo MYCIN traduzido a fim de ser legí vel paraos seres humanos Observe que o programa oferece uma indicação de seu grau de certeza 06 relativo à identificação do microorganismo agressor ser bacteriano O valor de 06 não é em termos estritos uma probabilidade Porém enquadrase em uma escala na qual 0 indica ausência total de certeza a respeito da verdade e 1 certeza total O MYCIN contém aproximadamente 500 regras afirmações do tipo seentão podendolidarcomcerca de 100tipos diferentes de infecçõesbacterianas O MYCIN foi testado por sua eficácia em realizar diagnósticos e fazer sugestões de trata mentos O desempenho do MYCIN comparouse favoravelmente com os membros docorpo docente daStanford School ofMedicine O MYCIN apresentou desempenho superior aodos alunos de Medicina e de residentes na mesma faculdade Yu etai 1984 Anteriormente ha viasido provado que eramuito eficaz na prescrição de medicamentos paracombate da menin gite Portanto no âmbito de seu domínio de especialização relativamente restrito o MYCIN é indiscutivelmente umsistema especializado quecausa impressão Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificial 513 QUADRO 134 Programas que Simulam Sistemas de Crenças ELIZA e PARRY O programa ELIZA deJoseph Weizenbaum foi desenvolvido parasimular umpsicoterapeuta de apoio e o programa PERRY de Kenneth Colby parasimular um paciente paranóico O quepoderia acontecer se PARRY fosse solicitar orientação psicoterapêutica de ELIZA Adaptado de Weizenbaum 1966e de Colby 1963 ELIZA Os homens são todos iguais De que modo Estão sempre nos importunando a respeito de algo Você consegue pensar em um exemplo especifico Bem meu namorado me convenceu a vir aqui Seu namorado a convenceu a vir aqui Ele dii que ficodeprimida a maior parte do tempo Lamento saber que você está deprimida É verdade Sintome infeliz Você considera que vir aqui a ajudará a não ser INFELIZ Preciso de alguma ajuda pelo menos isto parece certo O QUE SIGNIFICARIA PARA VOCÊ CASOCONSEGUISSE ALGUMA AJUDA Talvezeu pudesseaprender a ter um bom relacionamento com minha mãe CONTEME MAIS A RESPEITO DE SUA FAMÍLIA Minha mãe cuida de mim Quem mais em sua família cuida de você Meu pai Seu pai Você é parecido com meu pai em certos aspectos Que semelhança você vê Você não é muito agressivo porém penso que não deseja que eu note isso O QUE O FAZ PENSAR QUE NÃO SOU MUITO AGRESSIVO Você não discute comigo Por que você considera que eu não discuto com você Você tem medo de mim Você fica contente em saber que tenho medo de você Meu pai tem medo de todos O QUE MAIS LHE VEM À MENTE QUANDO VOCÊ PENSA EM SEU PAI Pessoas inconvenientes Isso tem algo a ver com o fato de que seu namorado a fez vir aqui PARRYf Por que você está no hospital Eu NÃO deveria estar aqui Quem o trouxe para cá A polícia Qual foi seu problema com a polícia Os TIRAS NÃO FAZEM SEU TRABALHO O que fazementão OS TIRAS PRENDEM AS PESSOAS ERRADAS Prendem as pessoascertas algumas vezes A LEI DEVERIA PUNIR AQUELES ITALIANOS DESONESTOS Você é italiano Minha origem é britânica porém não nasci neste país Você conhece italianos desonestos Tento evitar o submundo Você tem medo do submundo A MÁF1A tem os piores gângsters Você possui ligações com a máfia Sabe eles me conhecem De que modo eles o conhecem Eles me espionam Por que agem assim Eles querem obter provas falsas para compremeterme O que eles têm contra você Estão em meu encalço Por que motivo Possuo provas que incriminam a máfia Você está certo disso tudo Você não acredita em mim Estou me empenhando ao máximo Silêncio da parte do paciente Silêncio da parte do psiquiatra Você não consegue pensar em uma pergunta decente para formular Você parece hostil à minha pessoa Alguns de seus comentários me irritam Desculpe Esqueça as desculpas pessoas como você são todas parecidas J Weizenbaum 1966 Eliza A compurer program for study ofnacural language communication between man ma chineCommunications othe Association for Computing Machinery v 9 p 3645 1966Association of Computing Ma chinery Reproduzido mediante autorização t Computer simulation ofa ncurotic process porPerry Colby InTomkinsMessick Computer Simulation and Pcrsonality 1963 John Wiley Sons Inc 514 Psicologia Cognitiva QUADRO 135 MYCIN Um Programa que Incentiva a Especialização Em Stanford o desenvolvimento de sistemas especializados como o exemplificado a seguir tem sido foco de pesquisas em IA Se A coloração do organismo é gram negativa isto é não é um tipo específico de micro organismo A morfologiado organismo é em forma de bastonete e Em termos de necessidade de oxigênio o organismo é classificado como anaeróbico Então Existe indício 06 de que o organismo possui identidade bacteriana DeComputer Based Medicai Consuluitions porE H Shortliffe 1974 Elsevier Science Publishing Outros sistemas especializados também foram criados para fins de diagnóstico médico Por exemplo o INTERNIST Miller Pople Myers 1982 faz o diagnóstico de um espectro mais amplo dedoenças emcomparação ao MYCIN No âmbito de seu domínio mais amplo suacapacidade de diagnóstico não chegaa serigual à de um médico experienteem medicina interna O programa ilustra aquilo que algumas vezes é denominado problema defidelidade da largura de banda Quanto maior a largura da bandade umrádio ou deoutroreceptor me nor tende a sersuafidelidade exatidão confiabilidade De modo similar quanto maioro es pectro dos problemas que um programade IA tenta equacionar menos confiável ele tende a ser na soluçãode qualquer um desses tipos de problemas Outros sistemas especializados solucionam outros tipos deproblemas incluindo alguns dos problemas identificados pelos cientistas Por exemplo DENDRAL outro sistema especializado desenvolvido pioneiramente na Stanford ajudaos cientistasa identificarem a estrutura mole cular de compostos orgânicos descobertos recentemente Buchanan etai 1976 Alguns projetos recentes que estudam a inteligência especializada possuem interesse para os psicólogos cognitivos Entre esses projetos o Cyc envolveu o desenvolvimentode um sistema capaz de aprender Matuszek etai 2005 Os três componentes deste projeto são a base de conhecimento o mecanismo de inferência e o sistema de linguagem natural Ma tuszek et ai 2005 O Cyc ao ampliar continuamente sua base de conhecimento por meio do mecanismo de inferência é capaz de imitar pelo menos algunsaspectos do bom senso Questões sobre a Inteligência dos Programas Inteligentes Programas artificialmente inteligentes como os descritos neste capítulo possuem evidente mente seus críticos Considere algumas das principais objeções que foram levantadas com relação a alguns dos programas mencionados anteriormente Osespecialistas diferem quanto ao graude credibilidade que atribuem a essas várias objeções Fundamentalmente cada um de nós precisa avaliaras objeções segundo nosso próprio julgamento Processamento Seriado Algumas das objeções à IA relacionamse às limitações dos equipamentos existentes e dos softwares criados Paracitar um exemplo oscérebros humanospodemprocessar simultanea mente muitas fontes de informações No entanto por causa da estrutura arquitetônica dos equipamentos de computação virtualmente todos oscomputadores e mesmo os mais avança dos eles podem processar somente uma instrução por vez Portanto modelos baseados em simulações porcomputador tenderam a depender deprocessamento seriado passo a passo um por vez das informações No entanto com várioscomputadores conectadosem redesneurais Capítulo 13 Inteligência Humanae Artificial 515 de computadores atualmenteos equipamentos podemsimularo processamento paralelo pas sos múltiplos executados simultaneamente Desse modo a limitação do processamento serial deixoude aplicarse a todosos modelos de IA baseados em computadores Ausência de Intuição Outra das limitações da IA relacionase a uma característica diferente da inteligência hu mana a intuição Algumas pessoas argumentaram que embora os computadores possam ser processadores de símbolos bons e competentes de acordo com algoritmos preestabelecidos não possuem intuição Dreyfus Dreyfus 1990 Para esses pesquisadores a intuição encon trasenos tiposde premoniçãoque distinguemosespecialistas genuínosdaqueles com conhe cimento apenas teórico Intuição não envolve necessariamente a especializaçãoque permitirá às pessoas explorarseu conhecimento em uma situaçãodifícil Basicamente os Dreyfus estão argumentando que os computadores se destacam no aspecto matemático e dedutivodo pen samento porém não no intuitivo Por exemplo há alguns anos um avião DC10 da UnitedAirlines chocouse contrao solo Todosseus três sistemas hidráulicos foramdestruídos pelosrestos de uma turbina que se des prendeu em pleno arA turbina atingiu a cauda do avião onde os trêssistemas hidráulicos es tavam interligados O piloto do DC10 comunicouse por rádio com a central técnica para receberorientação sobreo que fazer quando os três sistemas hidráulicos deixamde funcionar Os especialistas técnicos foram incapazes de ajudar a tripulação Nunca haviam se deparado com essa situação anteriormente e não possuíam diretrizes a serem seguidas A tripulação en tretanto valendoseda intuição conseguiufazer com que o avião navegasse precariamente va riando o empuxo da turbina A mídia de notícias e outras fontes elogiaram o piloto e sua tripulação pela intuição que demonstraram diante de um problema muito penoso Neste caso não havia diretrizes e nenhum programa de computadorhavia sidocriadopara resolver o pro blema Como resultado dessa intuiçãocerca de doisterçosdospassageiros do aviãosobrevive ram quando o avião chocouse com o solo em Sioux City Iowa O argumento de que computadoresnão possuem inteligência intuitiva não está livre de contestação Diversos pesquisadores interessados na soluçãode problemas por seres humanos veja o Capítulo 11 estudaramas simulações por computador da solução de problemas Es sas pesquisas nos levaram a concluir que pelo menos algumascaracterísticasda intuição po dem ser modeladas em computadores Porexemploum conjunto de programas osprogramas Bacon simula os processos envolvidos em várias descobertas científicas importantes do passadoLangley etai 1987 Os pesquisadores dos programasargumentaram que seuspro gramas realmente demonstraram intuição Argumentaram adicionalmente que não existe algo enigmático a respeito da intuição Preferivelmente de acordo com esses pesquisadores a intuição pode ser compreendida em termos dos mesmos mecanismosde processamento de informações aplicados àsformas convencionais desolução de problemas A intuiçãopodeser caracterizada em parte por meio da IA quando for conceituaiizada em termos do envolvi mento do reconhecimento subconsciente de configurações Frantz 2003 Outros pesquisadores adotando uma linha similar simularam uma grande parte de uma teoriaqueexplica comoraciocinamos indutivamente Holland etai 1986 Seus programas fo ram indutivos indo além das informações dadasem um problema para obter umasolução que não é determinada dedutivamente pelos elementos do problema Podese argumentar facil mentequetaisprogramas sãointuitivos pelo menos emalgum sentido Vão além dasinforma ções dadas Outros programas também fazem inferências quevãomuito além dos simples fatos armazenados em seus bancos de dados 516 Psicologia Cognitiva Aplicações da Inteligência Artificial Uma aplicação recente da IA pode ser observada em uma competição patrocinada pela Agên cia de Projetos de Pesquisa Avançada em Defesa DARPA da sigla em inglês O programa denominado originalmente Grande Desafio DARPA requer que grupos desenvolvam um veículo automatizado DARPA 2007 As primeiras versões desse projeto tiveram algum su cesso e resultaram em versões mais desafiadoras a cada ano em que foi realizada A versão mais recente desse desafio é o Desafio Urbano DARPA exigindo que o veículo desempenhe de modo independente em um ambiente urbano incluindo o tráfego DARPA 2007 Esse desafio não permite condutores ou a utilização de controle remoto Como resultado esses veículos precisam integrar IA capaz de avaliar e reagir a novos ambientes Outra aplicação dá IA pode ser vista nos veículos que se movem no solo de Marte Os projetistas integram IA a estes veículos capacitandoos a tomar algumas decisões durante a missão e a serem autossuficientes Bluck 2004 A aplicação de IA a esses projetos resul tou em máquinas independentes capazes de realizar operações complexas em ambientes va riáveis Indubitavelmente essasaplicações são avanços importantes em relação às tentativas originais de aplicação da IA Inteligência versus Aparência de Inteligência Um filósofo levantou uma objeção à idéia básicade que computadores podem ser considerados verdadeiramente inteligentes Searle 1980 Para fazer essa objeção ele adota o que é conhe cido como o Problema do Quarto Chinês Imagine que Searle o filósofo esteja trancado em uma sala Ele recebe um grande número de materiais escritos em chinês para traduzir porém não possui qualquer conhecimento do idiomachinês Suponha no entanto que além dos materiais escritos em chinês Searle receba um segundo lote de materiais escritos em chinês Também recebe um conjunto de regras para traduzir do chinês para o inglês Em se guida Searle recebe um terceiro lote que lhe fornece um conjunto de regras para dar respos tas às perguntas que foram formuladas no primeiro lote de escritos chineses Searle responde em seguidaem chinês perfeito Presumivelmenteao longo do tempo Searle poderia se tornar extremamente hábil na aplicação das regras Suas respostas seriam tão boas nos mínimos detalhes quanto aquelas de um chinês nativo que compreendesse exatamente o que estava sendo perguntado Entretanto na realidade Searle não tem qualquer conhecimento do chi nês Ele simplesmente está seguindo um conjunto de regras De acordo com Searle programasque parecem compreender diversos tipos de dados e res ponderde uma maneiraaparentementeinteligentecomoo SHRDLUde Winograd sãocomo Searle no quarto chinês Os computadores não compreendem o dado que lhe está sendo for necido melhor do que Searle entende o idiomachinês Simplesmenteestão operando de acordo com um conjunto de regras préprogramadas A concepção de Searle é que o computador realmente não percebe e compreende as conexões entre entrada e saída Utiliza como alter nativa conexões preestabelecidas que parecem tornálo inteligentena superfície Para Searle esses programas não demonstram a IA Somente parecem mostrar inteligência Os pesquisadores de IA previsivelmente não competiram entre si para ser o primeiro a aceitar o argumentode Searle De modogeral elesnão demonstraram muitoentusiasmopara reconhecer qualquer insensatez em suas tentativas para moldar a IA Alguns pesquisadores propuseram respostas à acusação de Searle de que o computador não é parecido com o teor doselogios que recebe Um cientistapor exemplo argumentouque a utilização por Searledos sistemas de regras no segundo e no terceiro lotes de dados é de fato inteligente Abelson 1980 Ele argumentou adicionalmente que as crianças que aprendem um idioma também aplicam no início as regras de um modo um tanto desconhecido Apenas posteriormente compreenderão asregras e comoestãosendousadas Outrosargumentam que o sistema como um todo incluindo Searle assim como o conjunto de instruções realmente possui com preensão Além disso alguns programas de computador chegaram a ponto de mostrar pos Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificial 517 suir capacidade para simular aomenos um grau reduzido de desenvolvimento de aptidões ede aquisição de conhecimentos Entretanto os programas de computador existentes ainda não seaproximam de nossa capacidade humana para aperfeiçoar nossa própria inteligência Temas Fundamentais Este capítulo examina diversos temas descritos no Capítulo 1 Primeiro e talvez mais importante é o tema inatoadquirido Este tema desempenhou papel importante nas pesquisas sobre inteligência desde oséculo XIX Os pesquisadores con cordam em geral que a natureza desempenha um papel A inteligência é parcialmente sus cetível de ser herdada As estimativas desta possibilidade aumentam efetivamente com a idade Quanto mais idade tiver a pessoa maior o papel desempenhado pela natureza e me noro papel dacriação Isto pode ocorrer por causa de efeitos diferenciais dos primeiros am bientes deformação que começam a desaparecer Porém o tipo de ambiente que o indivíduo possui afeta aextensão em que as pessoas podem utilizar e obter o máximo de seu potencial genético Além disso as pesquisas indicam que o ambiente pode afetar a Biologia O cére bro se altera como resultado das experiênciasde aprendizagem Um segundo tema é a validade da inferência causai versus a validade ecológica Alguns estudos deinteligência foram realizados em laboratório Outros especialmente estudos de in teligência foram realizados mais freqüentemente em campo Por exemplo estudos de inteli gência prática naárea rural do Quênia simplesmente não podem ser feitos em um ambiente altamente controlado Ambos os tipos de estudo aumentam nosso conhecimento da inteli gência completandose entre si Um terceiro tema é o da pesquisa básica versus pesquisa aplicada Noséculo XX grande parte das pesquisas iniciais sobre inteligência foi do tipo aplicado As pesquisas foram con cebidas para criar padronizar e validar testes de inteligência Porém posteriormente no sé culo XX os pesquisadores começaram a compreender que possuíam pouquíssima idéia dos processos cognitivos que contribuem para o desempenho nos testes Portanto seguiramse mais pesquisas básicas nas quais osexperimentadores tentaram compreender esses proces sos cognitivos As pesquisas indicaram que os testes também proporcionavam informações úteis No entanto também surgiram outros tiposde testes que foram úteis para compreen dera inteligência humana e asdiferenças de inteligência reveladas pelas pessoas Leituras Sugeridas Comentadas Gray J R Thompson R M Neurology of rece uma análise dos efeitos culturais nos intelligence Science and ethics Na processos psicológicos ture Neuroscience Reviews 5 p 471482 Sternberg RJ Pretz J E org Cognition 2004 Proporciona uma análise dos es and intelligence Nova York Cambridge tudos de Neurociência que examinam University Press 2005 Uma análise a inteligência abrangente da relação entrecognição e Lehman D R Chiu CY Schaller M inteligência cobrindo virtualmente to Psychology and culture Annual Review dos os aspectos da cognição estudados of Psychology 55 p 689714 2004 Ofe neste livro Glossário Abordagem gestaltista de configuração perceptiva Tem como base a idéia de que o inteiro é diferente da soma de suas partes individuais Acessibilidade Grau de acesso à informação dispo nível Acesso léxico Identificação de uma palavra que per mite obter acesso ao significadoda palavra a partir da própria memória AdaptaçãosensorialDiminuiçãoda atenção a estímulos que não estãosujeitos ao controle consciente Afasia Perda da linguagem funcional causada por le são no cérebro Agnosia Deficiênciagrave da capacidade de reconhe cer informações sensoriais Algoritmos Seqüências de operações que podem ser repetidas indefinidamente o que teoricamente as segura a soluçãode um problema Amígdala Desempenha importante papel nas emo ções especialmente na raiva e na depressão Amnésia Grave perda da memória explícita Amnésia anterógrada Incapacidade para se lembrar de fatos ocorridos após um evento traumático Amnésia infantil Incapacidadepara se lembrarde fa tos ocorridos na infância Amnésia retrógrada Perda da capacidade de recordar fatos anteriores a qualquer trauma que induzà per da da memória Análise Decomposição da totalidade de um problema complexo em elementos gerenciáveis Análise fatorial Método estatístico para separar um constructo a inteligência neste caso em uma série de fatores ou capacidades hipotéticas que os pesquisadores acreditam formara basedas diferen ças individuais no desempenho em testes Anteparo episódico Sistema de capacidade limitada que liga as informações dos sistemas subsidiáriose da memória de longo prazo a uma representação episódica unitária Apresentação binaural Apresentação de duas mensa gens idênticas ou de apenas uma mensagem aos dois ouvidos simultaneamente Apresentação dicótica Apresentação diferente para cada ouvido Armazenagem memória Referese à maneira como o indivíduo retém a informação codificada na memória Armazenagem de curto prazo Capaz de armazenar in formações por períodos relativamente longos po rém com capacidade limitada Armazenagem de longo prazo Enorme capacidade pa ra armazenar informações por longos períodos tal vez até indefinidamente Armazenagem sensorial Capaz de armazenar quanti dades relativamente pequenas de informações por curtos períodos Arrulho Expressãooral infantil com base na produção de sons vocálicos Associacionismo Examina de que modo eventos ou idéias podem ser associadosuns aosoutros na men te para se chegar a uma forma de aprendizado Ataxia ótica Controle visual deficiente quando o indi víduo tenta alcançarcom o braço umalvo visual Atenção Processamento cognitivo ativo de quantidade limitada de informação a partir de imenso volume de informação disponível por meiodossentidos na memóriae por meiode processos cognitivos focaliza seum pequenosubconjuntode estímulos disponíveis Atenção dividida Partilhamento moderadode recursos da atenção disponíveis de forma a coordenar o de sempenho de maisde uma tarefa ao mesmotempo Atenção seletiva Escolherentre prestar atenção a al guns estímulos e ignorar outros Ativação difusa Excitação que se dissemina ao longo de um conjunto de nós em uma rede específica Atos da fala Tratam daquilo que se consegueobter por meio da fala Automatização procedimentalização Processo pelo qual um procedimento se altera passando de alta mente consciente para relativamente automático também chamado de procedimentação Axônio Parte do neurônio por meio da qual ocorre a condução intraneuronal via ação potencial e ao término da qual ficam localizados os botões termi nais que liberam os neurotransmissores Balbucio Produção oral da criança que ocorre ampla mente em dois fonemas distintos vogais ou con soantes característicos da linguagem própria das crianças com pouca idade Behaviorismo Visão teórica de que a Psicologiadeve ria contemplar apenas a relação entre comporta mento observável de um lado e os eventos ou estímulos ambientais de outro Bilíngües Indivíduos que falam duas línguas Busca Referese ao escaneamento do ambiente em busca de determinadas características procurar ativamente por algo quando não se tem certeza de que isso irá aparecer Busca conjunta Procurar uma combinação especialde características conjunção juntar partes Busca de características Escaneamento simples do ambiente para localizaçãode um ou mais traços es pecíficos CAP Controle adaptável do pensamento Controle adaptável do pensamento Neste modelode CAP John Anderson sintetizou algumasdas característi cas dos modelos de processamento de informações 519 520 Psicologia Cognitiva em série No CAP o conhecimento procedimental está representado na forma de sistemas de produ ção O conhecimento declarativo vem representa do na forma de redes propôsicionais CAPR Modelo de processamento de informação que integra uma rede de representações para o conheci mento declarativo e uma representação do sistema de produção para o conhecimento procedimental Característica definitória Atributo necessário Características peculiares Qualidades que descrevem caracterizam ou tipificam o protótipo porém não necessariamente para este Categoria Conceito que opera para organizar ou apon tar aspectos de equivalência entre outros conceitos baseados em características comuns ou de similari dade com um protótipo Categorias de artefatos Agrupamentos projetados ou inventados pelo serhumano para atender a funções ou a propósitos específicos Categorias naturais Agrupamentos que ocorrem na turalmente no mundo Cegueira à mudança Incapacidade para detectar mudanças em objetos ou cenas que estão sendo vistas Células amácrinas Juntamente com as células hori zontais formam conexões laterais únicas junto às áreas adjacentes da ferina na camada mediana das células Células bipolares Responsáveis por duas ligações para frente e para fora dos gânglios tanto quan to para traz e para dentro até a terceira camada das células retinais Células ganglionares Tipo de neurônio normalmente localizado perto da superfície interna da retina do olho recebe informação visual dos fotorreceptores por meio das células bipolares e das células amá crinas envia informação visual a partir da retina para várias partes do cérebro como o tálamo e o hipotálamo Células horizontais Juntamente com as células amá crinas compõem ligações laterais únicas dentre as áreas adjacentes da retina na camada central das células Cerebelo Controla a coordenação corporal o equilí brio e o tônus muscular bem como alguns aspectos da memória que contêm movimentos relativos a procedimentos Do Latim pequeno cérebro Cérebro Órgão do corpo humano que controla mais diretamente os pensamentos as emoçõese as moti vações Ciclo da resolução de problemas Inclui a identifica ção definição formulação estratégica organização da informação alocação de recursos monitora mento e avaliação da solução de um problema Ciência Cognitiva Campo multidisciplinar que se uti lizade idéias e métodos da Psicologia Cognitiva da Psicobiologia da Inteligência Artificial da Filoso fia da Lingüística e da Antropologia Circuito fonológico Sustenta brevemente o discurso interno para a compreensão verbal e para a repeti ção acústica Coarticulação Ocorre quando fonemas ou quaisquer outras unidades sonoras são produzidos de forma a se sobreporem umas às outras Codificação Referese à maneira pela qual se transfor ma um dado físico ou sensorial em um tipo de re presentação que pode ser colocada na memória Códigos analógicos Forma de representação do conhe cimento que preserva as principais características perceptivas daquilo que estiver sendo representado pelos estímulos físicosobservados no ambiente Cognitívismo Afirmação de que grande parte do com portamento humano pode ser compreendido pela maneira como os indivíduos pensam Compreensão verbal Capacidade receptiva de com preender insumos lingüísticos falados ou escritos como palavras sentenças e parágrafos Comunicação Troca de pensamentos e sentimentos Conceito Idéia sobre aquilo que oferece um meio de compreender o mundo Cones Uma das duas espécies de fotorreceptores do olho menos numerosas menores mais grossas e mais altamente concentradas na região fóvea da re tina do que na periferia da retina do que as hastes outro tipo de fotorreceptor virtualmente não funcional com pouca luz altamente eficazcom luz clara e essencial para a visão colorida Conhecimento declarativo Conhecimento de fatos que podem ser declarados Conhecimento de procedimentos Conhecimento de procedimentos que poderãovir a ser implementados Conotação Sobretom emocional de uma palavra pres suposições e outros significados nãoexplícitos Consciência Abrange tanto a noção de percepção co mo o conteúdo da percepção Consolidação Processo de integração de novas infor mações àquelas já armazenadas Constância perceptiva Ocorre quando a percepção de um objeto permanece igual mesmo que mude a sensação mais próxima do objeto periférico Constructos hipotéticos Conceitos que não são em sidi retamente mensuráveis ou observáveis mas que ser vem como parâmetros mentais para compreender o modo como funcionam osfenômenos psicológicos Construtiva Experiência anterior que afeta a maneira como o indivíduo recorda as coisas e aquilo que realmente consegue recuperar da memória Contextualismo Crença de que a inteligência precisa ser compreendida em seu contexto de mundo real Contralateral De um lado para outro Conversa de coquetel Processo de identificação de uma conversa a título de distração de outras con versações Corpo caloso Agregadodenso dasfibrasneurais que li gam os dois hemisférios cerebrais Correlação ilusória Ocorre quando o indivíduo está propenso a ver conjuntamente determinados even tos ou atributos e categorias porque está predispos to a fazêlo Córtex cerebral Forma uma camada de 1 mm a 3 mm que envolve a superfície do cérebro tal como a cas ca de uma árvore ao redor do tronco Córtex motor primário Região do córtex cerebral principalresponsável pelo envio dos movimentos a todos os músculos Córtex somatossensorial primário Recebe informa ção dossentidos a respeitode pressãotextura tem peratura e dor Criatividade Processo de produção de algo que tanto podeseroriginalcomo útil Culturalmente equilibrado Igualmente justo e apro priado paraos representantes de todasasculturas Declínio Ocorre quando simplesmente a passagem do tempo provoca o esquecimento Dendritos Ramificações dos neurônios que se prolon gam em sinapses com outros neurônios e que rece bemmensagens neuroquímicas enviadasemsinapses por outros neurônios Denotação Definição exata de uma palavra no di cionário Desabituação Alteraçãode estímulos conhecidos que possibilita ao indivíduo começar a notálos nova mente Detecção de sinais Detecção do aparecimento de um determinado estímulo Dialeto Variedade regional deum idioma diferenciada por características como vocabulário sintaxe e pronúncia Discurso Compreende o uso da linguagem além da sentença como em conversas parágrafos histó rias capítulos e obras literárias inteiras Discurso infantil Construções gramaticais mais sim plesutilizadas quandosefalacombebês oucrianças com pouca idade Discurso telegráfico Pode ser utilizado para descrever duas ou três elocuções ou talvez um pouco mais longas seomitirem alguns morfemas funcionais Dislexia Dificuldade para decifrar ler e compreender textos Disponibilidade Presença de informação armazenada na memória de longo prazo Dispositivo de aquisição de linguagem DAL Meca nismo biológico inato que facilita a aquisição da linguagem Dispositivos mnemônicos Técnicas específicas para auxiliar o indivíduo a memorizar listas de vocabu lário Doença de Alzheimer Doença que acomete adultos mais velhos causando demência bem como perda progressiva da memória Efeito de primazia Referese à recordação superior de palavras no início ou próximo ao começode uma lista Efeito de primingA ativação conseqüente de umnó Efeito de recenticidade Referese à recordação supe riorde palavras que estejam no fim ou próximas do fim da lisra Efeito de superioridade da palavra As letrassãolidas com mais facilidade quando estão embutidas em palavras do que quando são apresentadas isolada mente ou quando não formam palavraalguma Efeito StroopMostraadificuldade psicológica depres tar atenção seletivamente à cor da tinta e tentar ignorar a palavra impressa comessa corde tinta Glossário 521 Efeitos de contexto Influências do ambiente sobre a percepção Eletroencefalograma EEG Registro das freqüências e intensidades elétricas do cérebro vivo normal mente realizado em períodos bastante longos Eletroencefalograma magnético EEGM Técnica de imagem que mensura os campos magnéticos gera dospelaatividade elétricado cérebro por meio de dispositivos de medição altamente sensíveis Eliminação por aspectos Ocorre quandoo indivíduo elimina alternativas ao dar enfoque aosaspectosde cada alternativa um de cada vez EmpiristaTodoaqueleque crêque o conhecimento se adquire por meio da evidência empírica Errode superextensão Ampliarde forma equivocada o significado das palavras do léxico existente para compreender coisas e idéias para as quais não exis tem palavras Esboço visuoespacial Mantém imagens visuais por pouco tempo Espaço do problemaO universode todasasaçõespos síveis que possam ser aplicadas para a solução de um problema dadas todasasrestrições queseapli cam à solução deste Especificidade da codificação Aquiloque é lembrado depende do que foi codificado Esquemas Estruturas mentais para representar o co nhecimento compreende uma variedade de con ceitos interrelacionados de maneira organizada Esquemas de raciocínio pragmático Princípios gerais organizadores deregras relativas a certos tipos deob jetivoscomo permissões obrigações ou causações Estereótipos Crenças de que membros de um grupo social venham a exibir determinados tipos de ca racterísticas de modo mais ou menos uniforme Estimulação Magnética Transcraniana EMT Téc nica que interrompe temporariamente a atividade normal do cérebro em uma determinada área Esta técnica requera colocaçãode umaespiralmetálica na cabeça do pacienteparapermitira passagem de uma corrente elétrica Esra corrente gera um cam pomagnético queporsuavez paralisa umapeque na área abaixo dele normalmente não ultrapassa 1 cm3 O pesquisador pode então analisar a fun çãocognitiva quandoestaáreaestiver paralisada Estrutura dos níveis de processamento Postula que a memória não é formada por três compartimentos específicos ou quantos mais forem ao contrário postulaque ela variaconformeumadimensãocon tínua em termos de profundidade de codificação Estrutura profunda Referese àestrutura sintáticasub jacenteque liga várias estruturas frásicas por meio da aplicação de diversas regras de transformação Estrutura superficial Nível da análise sintática que envolvea seqüênciasintática específica de palavras dentro de uma sentença bem como quaisquer es truturais frasais que dela possam resultar Estruturalismo Busca entender a estrutura da men te configuração dos elementos e suas percep ções pela análise destas nos componentes que o constituem 522 Psicologia Cognitiva Excesso de confiança A superestimação a respeito do próprio conhecimento julgamento ou habilidades Excitação Grau de excitação fisiológica responsiví dade prontidão para agir com relação a uma li nha de base Executiva central Coordena tanto atividades da aten ção como coordena reações Exemplares Representações típicas de uma categoria Falácia Raciocínio errôneo Fator g Habilidade geral Fatores de distração Estímulosque não são alvose que desviam a atenção dos estímulosalvos Feixes terminais Terminações arredondadas ao final das hastes do axônio onde cada uma libera um neurotransmissor como resultado de uma ação em potencial Fenômeno napontadalíngua Quando tenta se lembrar de algo que se sabe estar armazenado na memória mas não se consegue recuperálo naque le momento Figurafundo Aquilo quesedestaca emoposição àqui lo que está em segundoplano Fixação funcional Incapacidadepara perceberque al go conhecido com determinada utilidade possa tambémser utilizado para o desempenhode outras funções FluênciaverbalCapacidadeexpressiva de produzir in sumos lingüísticos Fluxograma Modelo de rota a ser seguido para se al cançar um objetivo ou resolver um problema Fonema A menor unidade de somda falausado para distinguir uma expressão vocal em uma determi nada língua de outra Fotopigmentos Substâncias químicas que absorvem a luz e assim dão início ao complexo processo de transdução que transforma a energia eletromag nética física em impulso eletroquímico neural as hastes e os cones contêm tipos diferentes de foto pigmentos que por sua vez absorvem quantidades diferentes de luz e conseguem detectar tonalida des diferentes Fotorreceptores A terceira camada da retina contém osfotorreceptores que fazem a transduçãoda ener gia da luzem energia eletromagnética Fóvea Região do olho localizada no centro da retina principal responsável pela acuidade visual utiliza da em atividades como ler assistir à televisão ou a filmes Frase nominal Estrutura sintática contendo pelo menos um substantivo geralmente o sujeito da frase incluindo importantes descritores deste substantivo Frase verbal Estrutura sintática que contém ao menos umverboe qualquer complemento quandohouver Funcionalismo Tenta compreenderaquilo que as pes soas fazeme por que o fazem Gabaritos Modelos altamente detalhados para pa drões que o indivíduo potencialmente possa re conhecer Gramática Estudo dospadrões regulares de umalíngua Gramática de estrutura frasal Análise sintática da es trutura das frases do modo como são usadas Gramática transformacional Trata do estudo das re gras de transformação que orientam as maneiras pelas quais as proposições subjacentes podem ser reorganizadas para compor várias estruturas frasais Habituação Trata da capacidade de acostumarse a es tímulos de maneira a prestar cada vez menos aten ção a eles Haste do cérebro Liga a parte anterior do cérebro à medula espinhal Hastes Fotorreceptores sensíveis à luz localizados na retina responsáveispela visão periférica e pela ha bilidade de ver objetos à noite ou com pouca luz As hastes não são sensíveis a cor Hemisférios cerebrais As duas metades do cérebro HeurísticaEstratégia informal intuitiva e especulati va que às vezes conduz a uma solução eficaz de um problema e outras não Heurística de disponibilidade Atalho cognitivo que ocorrequando o indivíduofaz um julgamento com base na facilidade que tempararecordar aquilo que julgaserem instâncias relevantes de um fenômeno Hipermnésia Processo da recuperação de lembranças que pareciam perdidas Hipocampo Desempenha papel fundamental na for mação da memória Hipotálamo Regula o comportamento relacionado à sobrevivênciadas espécies lutar alimentarse fu gir e acasalarse ativo também na regulação das emoções e das reações ao estresse Hipótese de equivalência funcional Crença de que embora as imagens visuais não sejam idênticas às percepções visuais elas são funcionalmente equi valentes Hipótese do sistema duploSugere queduas linguagens podem de alguma forma ser representadas em sis temas separados da mente Hipótese do sistema único Sugere que duas línguas podem ser representadas em um único sistema Hipóteses Proposiçõesexperimentais relativas às con seqüências empíricas esperadas de uma teoria Imagens mentais Representação mental de coisas que não estão sendo captadas pelos órgãosdos sentidos Incubação Colocar o problema de ladoporalgum tem po sem pensar nele conscientemente Inferências causais A maneira como o indivíduo faz julgamentos sobrese algumacoisacausaalgo mais Insight Entendimento notável ou aparentemente sú bitode umaquestão ouestratégia quecontribuipa ra a solução de um problema Insight de codificação seletivaEa distinção entre in formação relevante e nãorelevante Insightdecombinação seletiva Quandosetomam frag mentos de informação relevante seletivamente co dificadosecomparadoscombinandoessa informação de forma nova e produtiva Insight de comparação seletivaSão novas percepções de como uma informação nova tem relação com uma antiga Inteligência Capacidade para aprender a partir da ex periência utilizando processosmetacognitivos pa ra melhorar o aprendizado bem como a habilidade para adaptarse ao ambiente Inteligência Artificial IA Tentativa do ser humano de construir sistemas que demonstrem inteligência e especialmenteo processamentointeligente da in formação inteligência em sistemasde processamen to de símbolos como computadores Inteligência emocional Capacidade de perceber e ex pressar a emoçãode assimilála no pensamentode compreender e raciocinar com emoção bem como de regular a própria emoção e a dos outros Interferência Ocorre quando informações concorren tes fazem com que o indivíduo se esqueça de algo Interferência proativa Ocorre quando o material que interfere acontece antes do aprendizado do con teúdo a ser recordado ao invés de depois Interferência retroativa Causada pela atividade que ocorre após o aprendizado de algo mas antes que o indivíduo seja solicitado a lembrar daquilo tam bém conhecida como inibição retroativa IntrospecçaoOlhar interior para fragmentos de infor mações que passampela consciência Isomórfico A estrutura formal é a mesma porém os conteúdos diferem Jargão Vocabulário especializado geralmente utilizado em um grupo uma profissão um ofício Julgamentoe tomadade decisões Utilizadoparasele cionar opções ou avaliar oportunidades LapsosverbaisErros lingüísticos cometidosinadverti damente pelo indivíduo ao falar Lei de Pragnanz Propensão para perceber qualquer configuraçãovisual oferecida da maneira mais sim ples possível para organizarelementos díspares de modo coerente e estável Léxico Acervo inteiro dos morfemas de determi nado idioma ou do repertório lingüístico de um indivíduo Língua Uso de um método organizado de combinaras palavras para a comunicação Lingüísticas universais Padrões característicos pre sentes em todas as línguas em várias culturas Lobo frontal Associado ao processamento motor e aos processos maiselevadosdo pensamento tal como o raciocínio abstrato Lobo occipital Ligadoao processamento visual o cór tex motor primário especializado no planejamento controle e execução dos movimentos especialmen te daquelescom respostaatrasada Lobo parietal Ligado ao processamento somatos sensorial Lobo temporal Ligadoao processamento auditivo Lobos Dividem os hemisférios do cérebro e o córtex em quatro partes Localização da função Referese às áreas específicas do cérebro que controlam determinadas habilida des ou comportamentos Mapas cognitivos Representações internas do am biente físico especialmente centrado em relacio namentos espaciais Medula oblongada Estrutura cerebral que controla a atividadedo coraçãoassim comoa respiração a de glutição e a digestão Glossário 523 Memória Meio pelo qual o indivíduo retém e recupe ra as experiências passadas para utilizar esta infor mação no presente Memória autobiográfica Referese à memória da his tória de um indivíduo Memória de trabalho Guarda apenas a porção ativada mais recentemente da memória de longo prazo e movimenta esses elementos ativados para dentro e para fora da armazenagem temporária e curta da memória Memória episódica Armazena eventos ou episódios vividos pessoalmente Memória explícita Ocorre quando os participantes se engajam em recordação consciente Memória fiash Memória de um evento tão forte que o indivíduo consegue se lembrardo ocorrido tão vivi damente como se estivessepreservadoem um filme Memória icônica Discreto registro visuosensorial que armazena informações por curtos períodos Memória implícita Quando o indivíduo se lembra de algo mas não tem consciência de que o faz Memória semântica Armazena conhecimento geral sobre o mundo Metacognição Conhecimento e controle da cognição capacidade para pensar a respeito e controlar os próprios processos do pensamento e das maneiras de melhorar o pensamento Metáfora A justaposição de dois substantivos apon tando para suas similaridades e ao mesmo tempo não refutando suas discrepâncias Metamemória Estratégia sobre a reflexão dos próprios processos de memória como objetivode melhorála Mielina Substância graxa que envolve os axônios de alguns neurônios facilitando a velocidade e a pre cisão da comunicação neuronab Mnemonista Indivíduo que demonstra extraordinária capacidade de memória normalmenteutilizandose de técnicas especiaispara o aprimoramento desta Modelo de Estrutura do Intelecto SOI da sigla em inglês Modelo de Guilford para uma estrutura da inteligência tridimensional que engloba vários conteúdos operações e produtos da inteligência Modelos conexionistas De acordo com os modelos co nexionistas todos os indivíduos conduzem grandes quantidades de operações cognitivas ao mesmo tempo por meio de uma rede distribuída por meio de incalculáveis localizações no cérebro Modelos de conexões do processamento paralelodis tribuído PPD ou modelos conexionistas O manuseio de grandes quantidades de operações cognitivasao mesmo tempo por meiode uma rede distribuída nas infinitas localizações do cérebro Modelos mentais Estruturas do conhecimento cons truídasparaentender e explicarasprópriasexperiên cias representações internas de informaçõesque correspondem analogamente a tudo que for repre sentado Modular Dividido em dois discretos módulos que ope ram mais ou menos independentemente Monolíngues Indivíduos que falam uma única língua 524 Psicologia Cognitiva Morfema Menor unidade que denota significado em uma determinada língua Morfemas de conteúdo Palavras que transmitem a parte principal do significado de uma língua Morfemas de função Morfema que acrescenta detalhe e nuance ao significado dos morfemas de conteúdo ou servem para auxiliálos a se ajustarem ao con texto gramatical Nervo ótico Nervo que transmite a informação da re tina para o cérebro Neurônios Células nervosas individuais Neurotransmissores Mensageiros químicos usados para a comunicação intemeuronal Nível básico Grau de especificidade de um conceito que parece ser um nível dentro de uma hierarquia que tem preferênciasobreoutros níveispor vezes é chamado também de nível natural Nódulos de Ranvier Intervalos entre a camada de mielina e os axônios mielinados Nós Os elementos de uma rede Núcleo por exemplo da inteligência humana Refe rese às características que definem algo que preci samos ter para ser considerado exemplo de uma categoria Operações convergentes Utilização de várias aborda gens e técnicas para tratar de um problema Pacientes com cérebro dividido Indivíduos submeti dos a cirurgias paraseccionar o corpo caloso Papéis temáticos Formas pelas quais os itens podem ser utilizadosno contexto da comunicação Pensamento convergente Tentativa para diminuir as múltiplas possibilidades convergindoas para uma única e melhor resposta Pensamento divergente Quando se tenta gerar um conjunto de soluções alternativas possíveis para um mesmo problema Pensamento produtivo Compreende os insigJits que extrapolam os limites das associaçõesexistentes Percepção Conjunto de processos por meio dos quais o indivíduo reconhece organiza e entende as sen sações recebidas dos estímulos ambientais Percepção categorizada Categorias descontinuadas dos sons do discurso Percepção construtiva Aquele que percebe constrói uma compreensão cognitiva percepção de um es tímulo este indivíduo utiliza a informação senso rial como base para a estrutura mas usa também outras fontes de informação para construir a per cepção Pistas de profundidade binoculares Tem como base a recepção de informação sensorial em três dimen sões por ambos os olhos Pistas de profundidade monoculares Podem ser re presentadas em apenas duas dimensões e observa das por apenas um dos olhos Ponte Servecomoestação retransmissora porquecon tém fibras neuraisque passam sinais de uma parte do cérebro para outra Postura mental Estrutura da mente que compreende um modelo existente para a representação de um problema e seu contexto ou de um procedimento para sua solução Potencial relacionado a eventos ERP Reação ele trofisiológtca a um estímulo seja este interno ou externo Pragmática Estudo de como o indivíduo utiliza a lin guagem Pragmatistas Aqueles que acreditam que o conheci mento é validado por sua utilidade Prática concentrada Aprendizado no qual as sessões são concentradas em períodos muito curtos Prática distribuída Aprendizado dividido em várias sessõesao longo do tempo Premissas Proposições sobre as quais se apresentam argumentos Prime Nó que ativa outro nó a ele conectado esta ati vação tambémé conhecida como efeito primário Priming Facilitação da habilidade de se utilizar uma informação faltante ocorre quando o reconheci mento de determinados estímulos é comprometido pela apresentação anterior de estímulos iguais ou anteriores Princípio cooperativo Princípio da conversação que sustenta aquilo que se busca comunicar de forma a facilitar a compreensão por parte do ouvinte Probabilidade subjetiva Cálculo baseado na estimati va de probabilidades de um indivíduo no lugar de computações estatísticas objetivas Problemas bem estruturados Problemas que apresen tam caminhos bem definidos para as suas soluções Problemas mal estruturados Problemas que carecem de caminhos bem definidos para suas soluções Processamento paralelo e distribuído PPD Ocorre quando múltiplasoperações são ao mesmo tempo Processamento serial Maneira como a informação é processada por meio de uma seqüência linear de operações uma de cada vez Processoparalelo Ocorre quando múltiplasoperações são executadas simultaneamente Processos automáticos Não envolve qualquer contro le consciente Processos controlados Acessíveis ao controle cons ciente e que até mesmo o exigem Processos de compreensão Utilizadospara dar sentido ao texto como um todo Processos léxicos Usados para identificar as letras e as palavras Produção Geração e resultado de um procedimento Profundidade Distância a partir da superfície normal mente utilizandose o próprio corpo como referên cia em termos de percepção de profundidade Proposição Basicamente asserção de algo que pode ser verdadeiro ou falso Protótipo Um tipo de média de objetos ou padrões re lacionados que integra todos os traços mais típicos mais comumente observados da classe Psicolinguística Psicologia da linguagem à medida que interage com a mente humana Psicologia Cognitiva Estudo sobre a maneira de per ceberaprender lembrar e pensar a respeitoda in formação Psicologia Gestalt Afirmaque o indivíduocompreen de melhor os fenômenos psicológicosquando os vê como todos estruturados e organizados Raciocínio Processo de chegara conclusõesa partirde princípios e evidências Raciocínio condicional Ocorre quando quem racioci na precisa chegar a uma conclusão com base em uma proposição condicional sequando Raciocínio dedutivo Processo de raciocínio a partir de umaou mais declarações comrelação àquiloquese conhece para se chegar a uma conclusão logica mente correta Raciocínio indutivo Processode raciocínio a partir de fatos específicos ou observações para se chegar a umaconclusãoque expliquetaisfatos Racionalidade limitada Crença de que somos racio naisporémdentro de limites Racionalista Indivíduo que acredita que o caminho para o conhecimento se dá por meio da análise lógica Reconhecimento tarefas de Selecionar ou identifi car de alguma forma qualquer itemquese tenha aprendido anteriormente Reconhecimento tarefas de Produzir fato palavra ou qualqueroutro item da memória Reconstrutiva memória Envolve a utilização de vá rias estratégias como buscar pistas ou fazer infe rências para recuperar traços da memória original de experiências próprias para então reconstruir essas experiênciasoriginaiscomo basepara a recu peração Recuperação memória Referese à maneira como o indivíduo tem acesso à informação armazenada na memória Rede semântica Rede de elementos interligados do significado Redes Redes de relacionamentos ou seja categoria de associaçãoatribuição entre os nós Relatividade lingüística Afirmação de que indivíduos que falam línguas diferentespossuem sistemas cog nitivos diferenciados que por sua vez influenciam as maneiras desses indivíduos de pensar sobre o mundo Repetição A recitação repetida de um item Representação centrada no objeto Armazenagem de umarepresentação do objeto independentemente de sua aparência ao observador Representação centrada no observador O indivíduo armazena a maneira como o objeto lhe parece Representação doconhecimentoA forma pelaqualse conhece na mente a respeito das coisas idéias eventos e tudo mais que nela existe Representação simbólica Indicaque o relacionamen to entre a palavra e o que ela representa é simples mente arbitrário Representatividade Ocorre quando o indivíduo julga a probabilidade de um evento incerto de acordo com 1 suaóbvia similaridade ou representação da população da qualseorigina e 2 o grauemque re flete os traços mais fortes do processo pelo qual é gerado tal comoa aleatoriedade Ressonância magnética RM Técnica utilizadapara revelar imagens de alta definição da estrutura do cérebro vivo computando e analisando as altera ções deenergia nas órbitas das partículas nucleares nas moléculas do corpo humano Glossário 525 Ressonância magnética funcional RMf Técnica de neuroimagem que utiliza campos magnéticos para construir uma representação detalhada em três di mensões dos níveis de atividades em várias partes do cérebro em um determinado momento Retina Rede de neurônios que se estende por grande parteda superfície posterior do interiordo olhoA retina é o local onde é feita a transdução da energia de luzeletromagnética ou seja convertida em im pulsos neuroeletroquímicos Rotação mental Compreende a transformação rota cional da imagem mental de um objeto Roteiro Estruturaque descreveseqüências adequadas de eventos em um determinado contexto Satisfatoriedade Ocorre quando o indivíduo conside racadahipótese individualmente edepois selecio nauma após julgála satisfatória ousuficientemente boa paraatender a um nível mínimode aceitação Semântica Estudo do significadona linguagem Septo Tem ligação coma raiva e o medo Significância estatística Indica quea probabilidade de umconjunto de resultados sejaobtidaapenas pelo fator sorte Silogismo categorizado Argumento dedutivo no qual o relacionamento entre três termos em duas pre missasenvolve filiaçãocategorizada Silogismos Argumentos dedutivos que levam a con clusões a partir de duaspremissas diferentes Símile Introduz aspalavras igual ou como paraestabe lecer comparações entre as coisas Sinal Estímulo de objetivo Sinapse Pequeno intervalo entre neurônios que fun ciona como ponto de contato entre os botões ter minais de um ou mais neurônios e os dendritos de um ou mais neurônios Síndrome de Korsakoff Ocasiona a perda da função da memória Sintaxe Referese à maneira como os usuários de uma determinada língua juntam as palavras para formar sentenças Síntese Juntar várioselementose arranjálosem al go útil Sistema de ativação reticular SAR Rede de neu rônios essenciais à regulação da consciência so no vigília excitaçãoe até mesmo algumaatenção em certas funções vitais como batimento cardía co e respiração Tambémconhecido como for mação reticular Sistemade produçãoConjunto ordenadode produções nasquais a execução começa no topo dalista depro dução continua até que umacondição sejaatendi da e por fim retorna ao topo da listapara começar novamente Sistema límbico Importante para a emoção a motiva ção a memóriae o aprendizado Sistema nervoso A estrutura organizada das células neurônios por meioda qual o indivíduo recebe informações do ambiente processa essas informa ções e a seguir interage com o ambiente Sistemas especializados Programas de computador que apresentam desempenho semelhante aode um especialista emum campo bastante específico 526 Psicologia Cognitiva Solicitações indiretas Fazer uma solicitaçãosem fazê lo de forma explícita e direta Solução de problemas Esforço parasuperar obstáculos que obstruemo caminho da solução Soma Corpo celulardo neurônio que faz parte do neu rônio essencial à vidae à reproduçãoda célula Superregularização Ocorre sempre que o indivíduo aplica asregras gerais da línguaaoscasos excepcio nais que diferem da norma Tálamo Transmite a informação sensorial que chega por meio de grupos de neurônios que se projetam em uma região apropriada do córtex Taxa básica Referese à prevalência de um evento ou característica dentro de seu próprio contexto de eventos ou características Teoria Corpo organizado de princípios explanatórios gerais com relação a um fenômeno Teoria da detecção de sinais TDS Teoria sobre a maneira que o indivíduo detecta os estímulos com quatro resultados possíveis da presençaou ausência de um estímulo e da capacidade do indivíduo de detectar ou não um estímulo Teoria da integraçãode características Explicaa re lativa facilidade na conduçãode buscas de traços e a relativa dificuldade na condução de buscas conjuntas Teoria da interferência Referese à visãode que o es quecimento ocorre porque a lembrança de algumas palavrasinterferena recordaçãode outras Teoria da percepção direta Crença de que a configu raçãoda informação nos receptores sensoriais in clusive contexto sensorial seja tudo aquilo de que se precisa para perceber qualquer coisa Teoria de inteligências múltiplas Idéiade que a inte ligência abrange inúmeros constructos indepen dentes e não apenas um Teoria do Código Duplo Crença de que o conheci mento é representadotanto por imagens como por símbolos Teoria do declínio Afirma que a informação é esque cida por causa do desaparecimento gradual e não pelo deslocamento do traço de memória Teoria do protótipo Sugere que as categorias são for madas com base em um modelo protótipo da categoria Teoria do reconhecimento por componentes TRC Crença de que o indivíduo consegue reconhecer objetosrapidamente pela observação de seus con tornose em seguida decompondoos em geons Teoria Proposítiva Crença que sugereque o conheci mento é representadoapenas por proposições sub jacentes e não par imagens ou palavras e outros símbolos Teoria multímodal Propõeque a atenção é flexível a seleçãode uma mensagem em detrimento de outra pode serrealizada emqualquer umdos vários pon tos ao longodo processamento da informação Teoria triárquica dainteligência humanaIdéiade que a inteligência é composta portrêsaspectos que tra tam de sua relação com 1 o mundo interior do in divíduo 2 a experiência e3 o mundo externo Teorias ascendentes bottomup Teorias conduzidas por dadosou sejaconduzidas por estímulos Teorias descendentes topdvwn São aquelas basea das em processoscognitivos de alto nível o conhe cimento preexistente e expectativas anteriores Teste de hipóteseVisão daaquisição da linguagem que afirma queascrianças adquirem a linguagem aofor mar mentalmente hipóteses experimentais com baseemsua facilidade inerente para aquisiçãoda linguagem parasó então testar tais hipótesesno ambiente Testes culturalmente relevantes Medem habilidades e conhecimentos relacionados às experiênciascul turais dos indivíduos testados Tipo nominal A designação arbitrária de um rótulo a uma entidade que atende a determinado conjunto de condiçõespréespecificadas Tomografia por emissão de pósitrons PET Mede o aumento do consumo de glicose em áreas ativas do cérebro durante certos tipos de processamento de informações Transferência Qualquer transmissão de conhecimen tosou habilidades de umasituação paraoutra Transferência negativa Ocorre quandoasolução de um problema anteriordificulta a solução do próximo Transferência positiva Ocorre quando asolução deum problema anterior facilita a solução do próximo Transmissão ipsilateral Transmissãodo mesmo lado Transparência Ocorre quando seenxergam analogias ondeelas nãoexistem porcausa da semelhança do contexto Utilidade subjetiva Cálculo baseado na avaliação da utilidade valor ao invés de em critérios objetivos Validade dedutiva Solidez lógica Validade ecológicaGrau em que conclusões específi cas em um determinado contexto podem ser con sideradas importantes fora daquele contexto Variável dependenteReaçãomedidae presumida como o efeitode umaou mais variáveis independentes Variável independente Variável diferente ou proposi tadamente manipulada que afeta uma ou mais va riáveis dependentes Viés retrospectivo Quando se contempla uma situa ção retrospectivamente e acreditase poder facil mente enxergar todos os sinais e eventos que conduzem a um determinado resultado Vigilância Referese àcapacidade doindivíduo depres tar atençãoem umcampodeestimulaçãopor perío do prolongado durante o qual este indivíduotenta identificaro aparecimento de um determinado estí mulo de interesse Visão de significado combase na teoria Sustentaque os indivíduos entendem e categorizam conceitos em termos de teorias implícitas ou idéias gerais que têm em relação a esses conceitos Visãocega Resíduos de habilidade visualperceptiva em áreas cegas Referências Abetson R P1980 Searesargument is just a set of Chi nese symbols Behavioral and Brain Sciences 3 424425 Abemethy B 1991 Visualsearch strategiesand decision makingin sport íniemaBonalJowmíií ofSport Psychology 22 189210 Abrams D M Srrogatz S H 2003 Modeling the dyna mics of language death Nature424 900 Ackertnan P 1988 Decerminants of individual differences duringskill acquisitionCognitive abilities and informa tion processing JoumoloExperimentai Psychology Gene ral IJ7 288318 Ackerman P 2005 Ability determinants of individual differences in skilledperformanceIn R J SternbergJ E Pretz Eds Cognitionand inteüigence p 142159 Nova York Cambridge University Press Ackerman PL 1996 A theory of adult intellectuat deve lopment Process personaliry interests and knowledge 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CambridgeMA MIT Press Zurowski B Gostomzyk J Gron G Weller R Schirr meister H Neumeier B et aí 2002 Dissociating a commonworking memory network from different neural substrates of phonologica and spatialstimulus ptoces singNeuroimage 154557 Zwaan R A Magliano J R Graesser A C 1995 Di mensions of situation model construction in nanative comprehension Journaí ofExperimental Psychobgy Lear ning Memory andCognition 21 386397 Zwaan RA Radvansky G A 1998Situationmodels in language comprehension and memory Psychobgicai Buí íetin 12362185 índice remissivo Os números das páginas seguidos da letra Findicam FigurasT tabelas Abordagem da Gestalt abordagem gestaltista 8 7982 80F 398399 Vet também Visão neo Gestalt de configuração perceptiva 79 princípios de percepção visual da 81T 82F Acessibilidade 204 Acesso léxico 342345 343F Acesso léxico rapidez de 48586 Acetilcolina 37 33T Ácido gamaaminobutírico GABA 32 33T Acromatopsia 104 Acrônimos 196T 198 Acróstico 197T 198 Adaptação 120122 121T sensorial 121 Afasia 374375 Agência de Projetos de Pes quisa Avançada em De fesa DARPA De fense Advanced Research Projecrs Agency 516 Agnosia 100103 aperceptiva 102 associativa 102 auditiva 102 de cores 102 Agrupamento por categoria 196T 197 Algoritmos 391 Amígdala 4445 46F memória e 187 Amnésia anterograda 181 distinção entre memória explícito e implícita e 182 infantil 181 memória 180182 Neuropsicologia e 183 retrógrada 180 Análise 386 fatorial 480 Analogias 409410 raciocínio indutivo 461462 transferência de 406 409 Angiograma 37F Animais estudo com 35 linguagem dos334336 Ânimo 460 Antecedentes psicológicos 48 Anteparo episódico 168 169 Apraxia 53 Apresentação binaural 134 dicótica 134 134F Aquinetopsia 104 Aquisição da linguagem 325336 alteraçõesem funçãodo desenvolvimento as sociadas à 328T condicionamento 333 estágios da 325333 imitação 331 inato e adquirido 329 331 modelagem 331333 Área de Broca35 52 52F Área de Wemicke 52F Áreas de Brodmann 59 Argumento modus tollens 449450451 Armazenamento 190192 de curto prazo 158 162164 de longo prazo 158 164165191192 icônico 159 sensorial 159162 Arrulhamento 326 As oito inteligências de Gardnet 497T Associacionismo 6 Ataxias 100103 Atenção 107108 108F Ver também Consciên cia Atenção seletiva abordagem psicofarma cológica 150 Abordagens da Neuro ciência Cognitiva 148150 detecção de sinais 123 dividida 141144 145F funçõesprincipaisda 124T habituaçào e adaptação 120122 121T modelo de Mareei 151 natureza da 107122 negligência espacial 148149 processamento pré consciente 109112 processos automáticos versus processos controlados 112 120115T seletiva 136141 Usando ERPs para men surar a 149150 Vigilância 125127 Atenção seletiva efeito Stroop 141 paradigmas básicos para o estudo da 133 135 teorias de baseadas em recursos de atenção 139140 139F teorias de do filtro e do gargalo 135139 variáveis de tarefa situação e pessoa 140141 Ativação difusa 288 Atos da fala 362T direto 361363 indireto 363364 363T Atribuição enônea distor ções da memória e 210 Autismo 45 86 Neuropsicologia da lin guagem e 375376 Autoavaliações 16T 2022 Automatização 116 117F AVC acidente vascular ce rebral 5960 isquémico 59 Axônio 30 Balbucio 327 Behaviorismo 6 proponentes de 7 Bilinguismo 351356 Bloqueio distorções da me mória e 210 Busca 127129 conjunta 129 guiada teoria da 132 teoria da integração de características 129130 teoria da semelhança 130132 131F Busca de características 128 fatorg 481482 teoria da integração 129130 CAP ver Controle Adaptá vel do Pensamento CAPR ver Controle Adaptável do Pensa mentoRacional Capacidade gerativa 306 Características peculiares 271 Categorias de artefatos 269 Categorias naturais 269 Cegueira à mudança 146 Células amácrinas 69 bipolares 69 ganglionares 6970 horizontais 69 Cerebelo 45F 50 Cérebro 46E Ver também Prosencéfalo Romben céfalo Mesencéfalo anatomia geral do 4451 cogniçào no 4461 córtex cerebral e locali zação da função 5159 estruturas e funções do 34 38T39T função lingüística e 379380 imagens do 169170 métodos para estudo 49T modelos baseados no 290292 modelos de redes neu rais 298 no útero 45 F pacientes com cérebro dividido 53 resolução espacial do 42F transtornos do 5961 tumores do 60 Ciência Cognitiva 22 Circuito fonológico 168 Codificação e transferência de informação armazenamento de curto prazo 162 164 armazenamento de longo prazo 164 165 efeitos de contexto 216220 transferência da memó ria de curto para a 586 Psicologia Cognitiva memória de longo prazo 192200 Códigos analógicos 230 Códigos múltiplos 253 lateralização das fun ções 253254 Cognição espacial 257265 atalhos mentais 259 262 260F desenvolvimento de ap tidões visoespaciais 264265 mapas de texto 262 264 Cognitivismo 8 Colaboradores do Projeto Arcoíris Rainbow Pro ject Collaborators 501 Compreensão verbal 307 Computação 911 Comunicação 303 nãoverbal 360 Conceito 269 conhecimento declara tivo 268269 da percepção 7072 figurafundo 81T Condicionamento lingua gem infantil e 333 Conhecimento de procedi mentos 225226 285 286 modelos do cérebro hu mano 290292 modelos para represen tação 286300 processamento em para lelo 293297 Conhecimento declarativo 226 268285 ver tam bém conhecimento não declarativo categorias baseadas em características 270 271273274 conceitos e categorias 269 modelos de redes se mânticas 277281 277F 278F 279F representações esque máticas 281285 tarefas 154T teoria do protótipo 271273 Conhecimento nãodeclara tivo 290291 Conotação 316 Consciência 108 abordagens da Neuroci ência Cognitiva à 148150 cegueira à mudança 146 dos processos mentais complexos144146 Modelo de Mareei 151 Consolidação 192 Constância de tamanho 72 perceptiva 7274 73F 75F Construção do Parthenon 67 68F Constnictos hipotéticos 158 Contexto conhecimento do significado das pala vras com base 370372 Contextualismo 493 Continuidade 81T 82F Continuo perceptivo 71T Contralateral 51 Controle Adaptável do Pensamento CAP 286290 Controle Adaptável do Pensamento Racional CAPR 287290 Convergência binocular 76T Corpo caloso 46F 51 Correlação ilusória 442 Córtex 52F associativo 52F auditivo 52F motor 52F motor primário 56 56F 57F primário somatossenso rial 57 sensorial 52F visual 52F Córtex cerebral 38T 46F 5159 localização de função e 5159 memória e 171F 185 186 Crianças aquisição da linguagem 329 condicionamento e lin guagem 333 desenvolvimento da lin guagem das 333 334 diferenças no desenvol vimento em 350 351 discurso das 331 memória das 220223 Criatividade características da 424 425 fatores externos que contribuem para a 424 neurociência da 425 personalidade e motiva ção na 423 processos cognitivos da 422423 produtividade e 421 422 resolução de problemas na 420425 tipos de contribuições 426427 Culturalmente equilibrado 495 DAL Ver Dispositivo de aquisição da linguagem languageacquisition devide LAD DARPA Ver Agência de Projetos de Pesquisa Avançada em Defesa Defense Advanced Re search Projects Agency Dendritos 30 Denotação 316 Descoberta de Sperling 159162160F 161F Desenvolvimento de apti dões visuoespaciais 264265 Deuteranopia 103 Dialética 2 primeiras 46 Dialetos 351356 Discurso 310 compreensão da leitura e do 368374 Discurso Ver também Atos da fala infantil 331 percepção do 311315 telegráfico 327 Dislexia 340 do desenvolvimento 340341 Disparidade binocular 75 77F Disponibilidade 204 438 440 Dispositivo de aquisição de linguagem DAL 329 Dispositivos mnemônicos 196198 196T 197T 199T eficácia comparativa 199T Distinção entre memória explícita e memória im plícita 182 Distorções da memória 210216 atribuição errônea e 210 bloqueio e 210 falta de atenção e 210 paradigma do testemu nho ocular 211215 persistência e 21 sugestionabilidade e 210 transiência 210 viés e 211 Distrações Ver Atenção di vidida Doença de Alzheimer 184 187 185F Dopamina 32 33T EEG Ver Eletroencefalo grama EEGM Ver Eletroencefalo grafia magnética Efeito de autoneferência 166 de precedência global 9393F de precedência local 9393F de primazia 206 de recenticidade 206 de Superioridade da pa lavra 344 de superioridade de configuração 98 Stroop 141 Efeitos de contexto 98 recuperação 216220 Efeitos de exclusão 459 Eletroencefalograma EEG 35 49T Eletroencefalograria magné tica EEGM 4243 49T Eliminação por aspectos 433434 ELIZA 511513T Empirismo 34 Racionalismo versus 34 EMT Ver Estimulação mag nética transcraníana Engenharia 910 Ensaio 193195 Epinefrina 33T ERPs Ver Potenciais rela cionados a eventos Eno de redução 465 Erros de redução 465 de superextensão 327 459 Esboço visuoespacial 168 Escala de Inteligência Stan fordBinet 477 478T Espaço do problema 389 390 Especializaçãohemisférica 5154 Especificidade da codifica ção 219 Esquecimento 204208 interferência verus teo ria do declínio 204 208 204F teoria do declínio 204 208 Esquemas 281282 de raciocínio pragmá tico 451 Estereótipos 404 Estética 8485 Estimulação magnética transcraniana EMT 42 43F 49T Estrutura profunda 322 superficial322 Estruturalismo 45 Estruturas versus processos 23 Estudos de caso 17X2022 de lesões 376379 postmortem 3435 Excesso de confiança 442 Excitação 122 Executiva central 168 Exemplares 272 Experimentos controlados 16T Fala telegráfica 327 Falácia 430 da conjunção 439440 de inclusão 440 do custo perdido 442 443 Falta de atenção 210 Fatores de distração 127 128F Fechamento 81T 82F Feixes terminais 31 31F Fenômeno napontada língua 111 FixaçãoFuncional403 Fluência verbal 307 Fluxograma510 Fonema 307 Fonêmica 309 Fotopigmentos 69 Fotorreceptores 69 Frase nominal 310 Frase verbal 310 Funcionalismo 5 GABA Ver Ácido gama aminobutírico Generalidade versus especi ficidade do domínio 23 Gênero língua e 366367 379 Giro fusiforme 86 Glândula pituitária 46F Glutamato 33T Gramática 317 de estrutura frasal 320 321F323F transformacional 322 Gramática transformacio nal 322 Gramáticas de estrutura fra sal 320 321F 323F Grupo de PesquisasPPD 293 Habituação 120122 121T Haste do cérebro 50 Hastes 50 Hemisférios cerebrais 51 55F 58F lobos do 5459 Heurística 391 392T 393F de alinhamento 260 de ancoragem e ajuste 440441 de disponibilidade 438 439 de posição relativa 261 de reconhecimento 445 de rotação 260 de simetria 260 erros de superextensão 459 na tomada de decisão 436446 rápida e econômica 444 Hipermnésia 180 Hipnose 113114 Hipocampo 38T 46 47 46F185187 Hipotálamo 39T 46F48 Hipótese 11 do sistema duplo 354 355355F SapirWhorf 346349 teste de 330 Hipótese do sistema único versus hipó tese do sistema duplo345F 354355 Hipótese SapirWhorf 346349 HRE Ver Heurística rá pida e econômica IA VerInteligência Artifi cial Ilusão 6567 Ver também percepção Imagemns 248256 Ver também Imagemvisual analógica 230231 códigos múltiplos 253 254 e proposições 248256 epifenômenos e caracte rísticas de demanda 248250 escaneamento de 245 247 246F 247F espacial 252 254256 gradaçãode 244245 interativa 196 196T manipulações mentais de239248 mental 229230 232 233 metabólica 4043 modelos mentais de JohnsonLaird 251 253 índice Remissivo 587 Imagens visuais 239248 240T 241F 249T constatações neuropsi cológicas 242244 espaciais versus 254 256 255F 256T Imitação 331 Implementaçãode procedi mentos 289 Inato versus adquirido 23 Incubação 419411 Inferências categóricas 466 Inferências causais 462 466 463T 464T validade versus Validade ecológica 24 Insight 395102 Codificação seletiva 400 Combinação seletiva 402 Comparação seletiva 400 visão do nadaemespe cial 399 visão dos três processos 400402 visão neoGestalt 399 400 visões Gestalt 398399 Integração 426 de características teoria da 129130 Inteligências 474 481F Ver também Inteligên cia Artificial IA abordagem integradora 490 abordagens alternativas da 493502 aparência de 516517 as oito de Gardner 497T ausência de intuição 515 bases biológicas da 490492 capacidades mentais primárias 482 como se relaciona com a experiência 500 como se relaciona com o mundo externo 500502 como se relacionam com o mundo in terno 499 contexto cultural e 493496 cultural 475 dos programas inteli gentes 514517 em adultos 505508 emocional 474 estrutura do intelecto 482 fator g 481 482 lingüística 497T medidas e estruturas da 475183 memória de trabalho 486 memória e 486 modelos hierárquicos 483 múltiplas 496498 processamento da infor mação e483492 processamento seriado 514515 rapidez de acesso léxico 48586 rapidezde processa mento simultâneo 485186 resolução de problemas complexos 486 490 487F tempo de reação para a escolha 484485 484F teoria dos componentes 486490 teoria triárquica 498 502 499F teorias do tempo de processamento 483486 Teste BITCH 501 Inteligência Artificial IA 9 17T 22 aplicações da 516 Simulações por compu tador 22 508517 Interferência esquecimento e 204 204F proativa 205 retroativa 205 INTERN1ST 514 Introspecção 5 Intuição 515 Ipsilateral 51 Jargão 284 Julgamento 430447 heurística de ancoragem e ajuste 440 Lapsos 118 119T de linguagem 357358 Lei do efeito 6 Leitura 340345 compreensão do dis curso e da 368374 fonológica 340 processo léxico na 341 345 questões da percepção na 341 velocidade da 341342 Lenda de Bartlett 207T 588 Psicologia Cognitiva Lesões de cabeça fechada 60 Linguagem dos sinais 335 Linguagem mental 233 Linguagem língua 303304 aquisição do vocabulá rio 370372 aspectos fundamentais da 307310 atos da fala 361364 362T autismo e 375380 bilinguismo e dialetos 351356 compreensão do dis curso e da leitura 368374 contexto e ponto de vista 374 crianças e 333334 diferenças entre 345 349 dos animais 334336 e pensamento 345360 em um contexto social 360374 estudos de lesões 376 379 gênero e 366367 lapsos verbais 357358 leitura 340345 metafórica 358360 natureza e aquisição 303337 percepção da fala 311 315 pesquisas dos ERPs Po tenciais Relaciona dos a Eventos 376379 postulados da conversa ção 364366365T processos de compreen são 341345 propriedades da 304 311 representação do texto em modelos men tais 373374 representações proposi tivas 372 semântica e sintaxe 315324 sinal 335336 universais lingüísticos 349351 Linguagem neuropsicologia da 374380 afasia 374375 autismo 375376 Lobo frontal 5459 55F occipital 55 55F parietal 55 55F temporal 55 55F Lobos 55F dos hemisférios cere brais 5459 Localizaçãoda função 29 Make a Million in a Month Honigan 391 Mapas cognitivos 257 Mapas de texto 262264 Medula 46F espinal 45F 46F oblongada 50 Memória 174 Ver também Distorções da memória processos da memória amígdalae 186187 amnésia 180182 armazenamento de curto prazo 158 162164 armazenamento de longo prazo 158 164165 armazenamento senso rial 158159162 autobiográfica 209210 avaliação 154158 155T construtiva 209 córtex cerebral e 171F 185187 das crianças 220223 de trabalho 168173 172F 486 déficit de 180185 descobertade Sperling 159162 160F 16IF desenvolvimento da 220223 desenvolvimento e apti dões metacognitivas 220223 Doença de Alzheimer 184185 I85F episódica 173 explícita tarefas 155T 156158 explícitaimplícita dis tinção 182 extraordinária 178180 falsa 212213 flash 217 hipocampo e 185187 implícita tarefas 155T 156158 inteligência e 486 longo prazo 203204 modelo de níveis de processamento 165167 modelo tradicional de 158165 natureza construtiva da 209220 Neuropsicologia e dife renciada 178187 perspectiva conexio nista 176177 prospectiva 200 reconhecimento 154 156 155T reconstruiiva 209 recuperação do signifi cado das palavras si tuadas na 369370 recuperação 200204 reprimida 215216 retrospectiva 200 semântica 173 sistemas de múltipla 173176 tarefa de conjunto 488489 tarefas e trabalho 172F tradicional versus não tradicional visões de 169T uso diário da 177178 Metamemória MerriamWebsters Colle giate Dictionary 9 Mesencéfalo 38T 39T 45F 4850 Metacognição 193 329 desenvolvimento da memória e 220223 Metáforas 359 Metamemória 193 Método da diferença463 Método da localização 196 196T Métodos biológicos versus métodos comporta mentais 24 Métodos de pesquisa pes quisa aplicada versus básica 24 característicos 1223 16T17 com o comportamento humano 1519 objetivos da 1112 Mielina 30 Mnemonista 178180 Modelagem 331333 Modelo conexionista da memória 176177 de redesem comparação a 297 297F do processamentopara lelo 293297 Modelode atenuação de Tteisman 136137 Modelo de Broadbent 135 136F Modelo de dissociação do processo 158 Modelo de estrutura do in telecto Structureoin tellect modelSOI 482 Modelo de Mareei 151 Modelo de níveis de proces samento NP da memória 165167 166T Modelo do filtro posterior 137 Modelo do filtro seletivo de Moray 135136 Modelo integral serial 202 203 Modelos de processamento de conexões do proces samento em paralelo e distribuído PPD 293 297 Modelosmentais de John sonLaird 251253 Modelos mentais 251253 457 Monoaminos neurotrans missores 32 Monocromacia 103 Monolíngues 351352 Morfema 309 Morfemas de conteúdo 309 Morfemas de função 309 Movimento à frente anteci pado 426 Movimento à frente 426 Movimento rápido dos olhos 193 MYCIN 512 514T Narrativas 371 National Research Council 340 Negligência da representação 247 248 espacial 148149 Neoplasmas 60 Nervo óptico 70 Neurônio 31F Neuropeptídios 32 33T Neurotransmissores amino ácidos 32 Neurotransmissores 32 33T Nível básico 279 Norepinefrina 33T Nósnódutos 313 de Ranvier 30 NP Ver Modelo de níveis de processamento Observaçãonaturalísticas 17T 2022 Pacientes com cérebro divi dido 53 Padrões 9091 Papéis temáticos 324 Papel do insight395399 Paradigma do testemunho ocular 211215 PARRY 511512 513T PDP Ver Modelos de cone xões do processamento paralelo distribuído Pedaços 13 Pensamento convergente 387 de grupo 435436 divergente 387 produtivo 398 Percepção6568 66F 67F 68F Ver também Percepção de profundidade abordagens para objetos e formas 7887 abordagens teóricas da 87100 categórica 313 conceitos básicos da 7072 constância perceptiva 727473F74F construtiva 9697 cor anomalias 103104 da fala 311312 de profundidade 7478 76T défieits perceptivos 100104 direta 8788 87F 90F fonológica 340 pistasde profundidades monoculares e bino culares 75T76T princípios de visual 7982 81T82F Perícia características da 418T conhecimento e resolu ção de problemas 412120 elaboração do conheci mento 413416 organização do conheci mento 413419 414F organização do pro blema 416417 processos automáticos 417419 talento inato e habili dade adquirida 419120 Persistência distorções da memória e 211 Perspectiva conectiva 176177 efeitos de 451 PET Ver Tomografiapor emissão de pósitrons Pistas binoculares para per cepçãoda profundidade 76T Pistas de profundidade bi noculares 75 Pistas de profundidade mo noculares 74 76T Ponte 46F 50 Postulados da conversação 364366 365T Postulados da conversação 364366 Potenciais relacionados a eventos PREs 3536 149150376377 Pragmática 6 360 Prâgnanz Lei de 79 Prática contínua 193 Prática distribuída 193 Premissas 447 45 6T Prime 114 Priming 109110 Efeito indutor 176 Princípio cooperativo 364 de convenção 306 do contraste 306 Princípios da Psicologia 6 Probabilidade 43334 434T condicional 433 subjetiva 431 Problemas bem estruturados 388 392 da representaçãodos problemas 393395 isomórficos 392393 mal estruturados 388 395402 tipos de 388402 Problema da Torre de Ha nói 394 Problema do coquetel 134 Problemas das jarras de água propostos por Lu chin 403T Processamento de informa ção inteligência e 483492 Processamento integral ver sus autoconclusivos 202 Processamento serial 201 201F 293 Processamentos autoconclu sivos 202 Processas automáticos 112 120115X417419 dos especialistas 417 419 Processos controlados 112 120 115T Processos da memória codificando e transfe rindo informação 190200 ensaio 193195 esquecimento e distor ções da memória 204208 índice Remissivo 589 organização da informa ção 195200 recuperação 200204 transferência de infor mações 192200 Processos paralelos 112 processamento serial versus 201202 Produtividade 306 criatividade e 421422 Projeto Abecedário 502 Propensãoviés ângulo reto 260 de confirmação 459 465 distorções da memória e210 retrospectivo 443 tomada de decisões 436446 Proposição 447 imagens e 248256 Prosencéfalo 38T 4448 45F Protanopia 103 Proxemics 360361 Proximidade 81T 82F Psicobiologia 89 pesquisa 16T 19 Psicolinguística 304 Psicologia Cognitiva aplicações práticas 78 aplicada 910 definição de 13 Estruturalismo 45 métodos de pesquisa em 1123 primeiras dialéticas em 46 principais idéias 2427 questões fundamentais e campos da 2324 surgimento da 811 Psicologia Cognitiva Neis ser 10 QI Ver Quociente de inte ligência Quociente de inteligência QI 476477 477F 485491494495 Raciocínio 446 condicional 447452 448T 449T esquemas de pragmá tico 451 neurociência do 470 471 silogístico 452 uma visão alternativa do 469471 Raciocínio dedutivo 446 447460 auxílios adicionais e obs táculos ao 459460 silogismos 452 Raciocínio indutivo 446 461469 desenvolvimento do 467469 inferências categóricas 466 inferências causais 462466 por analogias 467 Racionalidade 443444 limitada 432 Racionalidade limitada 432 Racionalismo 34 versus Empirismo 34 23 Reconhecimento de fisiono mia 8283 83F Reconhecimento por com ponentes teoria do RFC 95 Reconsolidação 194 Recuperação 200204 da memória de curto prazo 200203 da memória de longo prazo203204 efeitos de contexto 216220 Rede neural 298299 Redefinição 426 Redes 269 comparação entre repre sentações conexio nistas e de 297 297F neurais 298300 semânticas modelos de 277281 277F 278F 279F Redireção 426 Registro de célula única 49T Registros elétricos ERPs 3540 Relatividade Lingüística 346349 Representação centrada em um marco 79 Representação centrada no objeto 7879 Representação centrada no observador 79 Representação do conheci mento 225239 cognição espacial e ma pas cognitivos 257 265 exame de imagem 245 247 externa 226228 gradação da imagem 244245 imagem mental 229 230 232233 manipulaçõesmentais de imagens 239248 590 Psicologia Cognitiva negligência da 247248 sintetizando imagens e proposições 248 256 teoria do código dual 230233 teoria propositiva 233 239 Representação simbólica 227227F Representações esquemáti cas 281285 Representatividade 436 438 Reprodução 426 Resolução de problemas 383 409410 ciclo da 383388 385F configurações mentais entrincheiramento e fixação 402404 criatividade e 420425 da radiação e militar 408T incubação 410411 inteligência e resolução de complexos 486 490 487F neuropsicologia do pla nejamento na 412 obstáculos e auxílios à 402412 perícia conhecimento e 412420 transferência de analo gias 406409 transferência intencio nal 409410 ttansferência negativa e positiva 404406 Ressonância magnética RM 38 37F Ressonância magnética fun cional RMf 41 49T 300 Retina 69 RM Ver Ressonância Mag nética Teoria multímodal 137138 RMfVerRessonânciamag nética funcional Rombencéfelo 39T 5051 RotaçãoçÕes heurística de 260 mentais 239244 Roteiro 282285 RPC Ver Teoria do reco nhecimento por compo nentes RPC SAR Ver Sistema de ativa ção reticular Sarisfatoriedade 432433 SCP Ver Substância cin zenta periaquedutal Segmentos de linha 94F Semântica 310 315316 codificação 369370 memória 173 modelos de redes 277 281277F278F 279F Semelhança 81T 82F teoria da 130132 131F Septo 44 46F Serotonina 32 33T SGP Ver Solucionador Ge ral de Problemas Significância estatística 12 Silogismos categóricos 454459 455F 456T 458F lineares 452454 453T raciocínio dedutivo 446 Símbolos fonéticos 308T 309 Simetria 81T82F heurísticas de 260 Simulação por computador 17T 22 Simulação por computador Inteligência Artificial 22508517 primeiros programas de 510512 sistemas de crenças 513T sistemas especializados 512 Teste de Turing 509 510 Simultagnosia 101 101F Sinapse 31 Síndrome de Korsakoff 46 Sintaxe sintáticas 310 relações entre estrutu ras e lexicais 322 324 semântica e 315324 Síntese 3 Neisser 138139 Sistema Atencional 149 de ativação reticular SAR Reticular activing systeml50 de palavras relaciona das 196X 198 199T de palavraschave 197T 198 de produção 286 de reconhecimento de padrões 8287 Sistema límbico 38 44 Sistema nervoso estrutura e função neu ronais 3034 estudos com animais 35 estudospostmortem34 organização do 3043 receptores e drogas que influenciam o 34 registros elétricos 3536 técnicas de imagem es tática 3640 Sistemas atencionais 149 Sistemas especializados 512514 SOI Ver Modelo de estru tura do intelecto Solucionadot Geral de Pro blemas SGP 510 5I0F Soma 30 Substância cinzenta peria quedutal SCP Peria queductal Gray PAG 50 Sugestionabilidade distor ções da memória e 210 Tálamo 38T 46F 48 importantes núcleos do 4ST Talento inato 419420 Tarefas de memória explícita 154T 156158 de memória implícita 154158155T de recordaçãoavaliação da memória 154 156154T de rememoração livre 154X 155 de rememoração serial 154X 155 Taxa básica 438 TC Ver Tomografia com putadorizada TDAH Ver Transtorno do Déficit da AtençãoHi perarividade Técnicas de imagem está tica 3640 Teoria s 11 ascendentes bot tomup 88 99100 da buscaguiada 132 da descriçãoestrutural 9596 da Detecção de Sinais TDS 123125 124X126 126F das características 9095 92F 96F de atenção seletiva ba seadas em recursos de atenção 139140 139F de atenção seletiva do filtroe do gargalo 135139 136F de Código Dual 230 233 248 descendentes top down 9699 do declínio 206208 do padrão 8889 90F do protótipo 271273 do tempo de processa mento 483486 interferência versus 204204F limitaçõesanalógicas 235237 235F 236F limites 237239 238F multímodal 137138 propositiva 233239 248 uso de 233235 234T triárquica da inteligên cia humana 499 499F Teorias ascendentes bot tomup 88 sintetizando 99100 Teorias baseadas em recur sos de atenção 139 140 139F Teorias de atenção seletiva do filtro e do gargalo 135139 da atenção seletiva 133135 modelo de atenuação de Treisman 136137 modelo de Broadhent 135136F modelo do filtro poste rior 137 modelo do filtro seletivo deMoray 135136 síntese de Neisser 138 139 teoria multímodal 137 138 Teorias descendentes top down 9699 sintetizando 99100 Teorias do padrão 8889 90F Teórico Lógico TL Logic TheoristLT 510 Teste de B1TCH ver Teste de Inteligência de Ho mogeneidade Cultural para Negros 501 Teste de Inteligência de Homogeneidade Cultu ral para Negros Teste BITCH 501 Teste de Turing 509510 Testes culturalmente rele vantes 495 Tipicidade de aves 27IT Tipo nominal 277 TL Ver Teórico Lógico Tomada de decisões 430447 disponibilidade 438 440 eliminação por aspectos 43334 em grupo 435436 heurística 436446 naturalista 434435 Neurociência da 446 raciocínio 446 representatividade 437138 satisfatoriedade 432 433 teoria clássica da 430 432 Tomada naturalística de de cisões 434435 Tomografia computadori zada TC 36 37F Tomografia por emissãode pósitronsPET Posi tron emission tomogra phy PET 42F 40 Transferência 404 de analogias 406409 negativa 404 positiva 404 Transiênciadistorçõesda memória e 210 Transparência 410 Transtorno do Déficit de Atenção Hiperativi dade TDAH 146147 Transtorno vascular 59 índice Remissívo 591 Traumatismos cranianos 6061 Universais lingüísticos 349351 Uso excessivo da forma re gular 332 Utilidade subjetiva 431 Validade dedutiva 447 453T Variáveis dependentes 1518 Variáveis independentes 15 Velocidade da leitura 341342 Viés de confirmação 460 464465 do ângulo reto 260 retrospectivo 443 Vigilância 125127 Visão dos três processos 400402 Visão nada especial 422 Visão neoGestalt 399400 Visão princípios da 6970 Visualização espacial264 Vocabulário 370372 de Escala Wechsler de Inteligênciade Adultos 477 479T
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Robert J Sternberg Tufts University com a contribuição dos quadros Investigando a Psicologia Cognitiva por JeffMio Universidade Estadual da Califórnia Pomona EUA Revisão Técnica José Mauro Nunes ProfessorAdjunto do Departamento de Estudos em Educaçãoà Distância DEAD da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro UERI Professor Convidado da Fundação Getulio Vargas Management IDEFGVRJ DoutoremPsicologia Clínicapela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro PUCRio CENGAGE QCJ Learning TRADUÇÃO DA a Psicologia Cognitiva EDIÇÃO NORTEAMERICANA Austrália Brasil Japão Coréia México Cingapura Espanha Reino Unido Estados Unidos CENGAGE ae Learning Psicologia Cognitiva Tradução da 5Edição NorteAmericana RobertJ Sternberg Gerente Editorial Patrícia La Rosa Editora de Desenvolvimento Noelma Brocanelli Supervisora de Produção Editorial Fabiana Alencar Albuquerque Produtora Editorial Gisele Gonçalves Bueno Quirino de Souza TitulooriginalCognitivePsychology 5th edition ISBN 9780495506324 Tradução Anna Maria Dalle Luche e Roberto Galman Revisão Técnica José Mauro Nunes Copidesque Viviane Akemi Uemura Revisão Maria Dofores Delfina Sierra Mata Adriane Peçanha 20092006 Wadsworth parte da CengageLearning 2010 Cengage Learning Edições Ltda Todos os direitos reservados Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida sejam quais forem os meios empregados sem a permissão por escrito da Editora Aos infratores aplicamseas sanções previstas nos arti gos 102104 toó 107 da Lei ns 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Esta Editoraempenhouse em contatar os responsáveis pelos direitos autorais de todas as imagens e de outros materiais utilizados neste livroSe porventura for constatada a omissão involuntária na identificaçãode algum deles dispomonos a efetuar futuramente os possíveis acertos Para informações sobre nossos produtos entre em contato pelo telefone 08001119 39 Para permissão de uso de material desta obra envie seu pedido para direitosautoraiscengagecom Diagramação Megaart Design Capa Eduardo Bertolini 2010Cengage Learning Todosos direitos reservados ISBN13 9788522106783 ISBN 10 8522106789 Cengage Learning Condomínio EBusiness Park RuaWerner Siemens m Prédio 20 Espaço 04 Lapa de Baixo CEP 05069900 São Paulo SP Tel11 36659900 Fax 36659901 SAC 0800 1119 39 Para suas soluções de curso e aprendizado visite wwwcengagecombr Impresso no Brasil Printed in Brazil 1 23456 12 II 10 Sumário Capítulo Introdução à Psicologia Cognitiva 1 1 Capítulo Á Neurociência Cognitiva 29 Capítulo J Percepção 65 4 Capítulo í Atenção e Consciência 107 Capítulo J Memória Modelos e Métodos de Pesquisa 153 Capítulo J Processos Mnésicos 189 Capítulo 7 Representação e Manipulação do Conhecimento na Memória Imagens e Proposições 225 vi Psicologia Cognitiva Capítulo O Representação e Organização do Conhecimento na Memória Conceitos Categorias Redes e Esquemas 267 O Capítulo Linguagem Natureza e Aquisição 303 Capítulo 1U A Linguagem no Contexto 339 Capítulo L J Resolução de Problemas e Criatividade 383 Capítulo Tomada de Decisões e Raciocínio 429 Capítulo 12 13 Inteligência Humana e Artificial 473 Glossário 519 Referências 527 índice remissivo 585 Ao professor Os Objetivos Originais Deste Livro Na primeira vez em que mepropus a escrever este livro tanto eu como os meus alunos sa bíamos o que era necessário haver em um livro didático ou pelo menos era assim que eu pensavaTodos queríamos um livroque cumprisse osobjetivosque seguem 1 Combinar legibilidade com integridade Já aconteceu de eu escolher livros tão difíceis de digerir quesomenteosestômagos maispreparados seriamcapazes de digerir aque lesconteúdos Já escolhi outrosque por falta de substância sedesmanchavam feito algodãodoce Eu tinha de escrever um livroque desse aos estudantes algo que pu desse ser mastigado e digerido com facilidade 2 Equilibrar uma representação clara das questões da Psicologia Cognitiva respeitando os detalhes importantes do campo Talvez nãohajadisciplina emquetantoa árvore como a floresta sejamtão importantescomoacontece na Psicologia Cognitiva Os melhorese mais duradouros trabalhos neste campo são movidos por questões também duradouras e fundamentais Entretanto este trabalho igualmente trata de detalhesdos métodos e da análise de dados necessários para produzir resultados significativos 3 Equilibrar a aprendizagem dos conteúdos com a reflexão a seu respeito Um psicólogo cognitivo especializado não só conhece a disciplina como sabe usar o conheci mento O conhecimento sem reflexão é inútil e a reflexão sem o conhecimento é vazia Tentei equilibrar o respeito pelo conteúdo com igual respeito pelo seu uso Cada capítulo finaliza com diferentes perguntas que enfatizam a compreensão do con teúdo bem como a reflexão analítica criativa e prática acerca dele Os estudantes que utilizarem este livro aprenderão não apenas as idéias e os fatos básicos da Psi cologia Cognitiva como também pensar a partir deles 4 Reconhecer as tendências tradicionais e as tendências emergentes no campo Este livro possui todos ostópicos tradicionais que constam da grande maioria dos livros didá ticos incluindo a natureza da Psicologia Cognitiva e como as pessoaspensam sobre as grandes questões do campo Introdução à Psicologia Cognitiva percepção Percepção atenção e consciência Atenção e consciência memória Me mória modelos e métodos de pesquisa e Processos mnésicos representação do conhecimento Representação e manipulação do conhecimento na memória ima gens e proposições e Representação e organização do conhecimento na memória conceitos categorias redes e esquemas linguagem A linguagem natureza e aquisição e A linguagem no contexto resolução de problemas e criatividade Resolução de problemas e criatividade e tomada de decisão e raciocínio Ra ciocínio e tomada de decisão Também incluí dois assuntos que normalmente não costumamser incluídos como capítulos em outras obras ANeurociência Cognitiva Neurociência Cognitiva está vii viii PsicologiaCognitiva presente porque a linha divisória entre a Psicologia Cognitiva e a Psicobiologia está cada vez mais difícil de ser delimitada Atualmente uma grande quantidade de traba lhos interessantes está situada na interface entreos dois campos e assim sea Psicolo gia Cognitiva de 20 anos atrás foi capaz de dar conta de seu trabalho sem uma compreensão das bases biológicas acredito que atualmente esse tipo de psicólogo cognitivo estaria mal atendido Inteligência artificial e humana Inteligência humana e artificial está se tor nandoumcampo cadavez mais importante parao Psicologia Cognitiva Há 20anos o campo da inteligência humana era dominado pelas abordagens psicométricas baseadas em testes O campo eradominado porprogramas que em termos funcio naisestavam bastantedistantesdosprocessos do pensamento humano Hojeem dia ambos os campos da inteligência são muito mais influenciados pormodelos cogniti vosoriundos de comoaspessoas processam a informação Incluíosmodelos baseados em seres humanos e computadores no mesmo capítulo porque acredito que seuob jetivo em última análise é o mesmo ou seja entender a cognição humana Embora o livro termine com o capítulo sobre inteligência esta também cumpre papel impor tante no início e no meio do livro porque é a estruturaorganizadora na qual a Psi cologia Cognitiva se apresenta Essa estrutura não se dá em termos de um modelo psicométrico tradicional de inteligência e sim em termos de inteligênciacomo es trutura organizadora para toda a cognição humana Tentei equilibrar não apenas os tópicos tradicionais com os novos mas também as citações antigas com algumas mais novas Alguns livros parecem sugerir que quase nada de novo ocorreu na última década enquanto outros parecemsugerir que a Psicologia Cognitiva foi inventada nesse mesmo período O objetivo deste livro é equilibrar a citação e a descrição de estudos clássicos com igual atenção às contribuições recentes ao campo 5 Mostrar a unidade básica da Psicologia Cognitiva Por um lado os psicólogos cogniti vos discordam com relação ao grau emque os mecanismos cognitivos são mais ge rais ou específicos Poroutro acredito que quase todosos psicólogos cognitivos são da opinião de que há uma unidade funcional básicana cognição humana Essa uni dade acredito se expressa por meio do conceito da inteligência humana O con ceito de inteligência pode ser visto como um guardachuva por meio do qual se pode entender a natureza adaptativa da cognição humana Por meio desse conceito simples a sociedade bem como a ciência psicológica reconhecem que por mais diversificada que possa ser a cognição se articula para nos proporcionar uma ma neira funcionalmente unificada de entendermose de nos adaptarmos ao ambiente Sendo assim a unidade da cognição humana expressa pelo conceitode inteligên cia serve como mensagem integradora deste livro 6 Equilibrar várias formas de aprendizagem e instrução Os estudantes aprendem melhor diante deconteúdos apresentados de diversas formas e a partirde diferentes pontos de vista Com esse objetivo procurei obter um equilíbrio entre uma apresentação tradicional de texto uma série de tipos de perguntas sobre o conteúdo factuais analíticas criativas práticas uma demonstração de idéias fundamentais da Psico logia Cognitiva e Leituras sugeridas comentadas queosestudantes podem consul tar se quiserem ter maisinformações sobre o tema Uma descrição doscapítulos no início decada umdeles também serve como um organizador avançado doque virá As perguntas de abertura e asrespostas de fechamento ajudam osestudantes a apre ciar as principais questões bem como os progressosque já foram feitos no sentido de respondêlas O texto em si enfatiza a forma como as idéias atuais evoluíram das Ao professor ix passadas e como essas idéias tratam de perguntas que os psicólogos cognitivos ten taram responder em suas pesquisas Agradecimentos Sou grato a todos os revisores que contribuírampara o desenvolvimento deste livro Susan E Dutch Westfield State College Jeremy Gottlieb Carthage College Andrew Herbert RochesterInstitute ofTechnology Christopher B Mayhorn North Carolina State Univer sity Padraig G 0Seaghdha Lehigh University Thad Polk University ofMichigan David Somers Boston University Também agradeço a Jessica Chamberland PhD Tufts University por sua inestimável ajuda na produção desta revisão Também quero agradecer a Dan Moneypenny meu editor de desenvolvimento e a Leah Bross minhaeditora de produção Sobre o Autor ROBERT J STERNBERG Robert J Sternberg é decano da Escola de Artes e Ciências pro fessor de Psicologia e professor adjunto de Educação na Tufts University E também professor honorário de Psicologia no De partamento de Psicologia na UniversityofHeidelbergem Hei delberg Alemanha Antes de aceitar sua posição na Tufts foi professor IBM de Psicologia e Educação do Departamento de Psicologia professor de Gerenciamento na Escola de Gerenciamento e diretor do Centro para Psicologia de Habi lidades Competências e Especialidades na Yale University Esse Centro agora situado na Tufts University é dedicado ao avanço da teoria pesquisa prática e avanço nas políti cas do conceito de inteligência como uma perícia em desenvolvimento como um cons tructo que é modificável e capaz até certo ponto de desenvolverse ao longo da vida O Centro busca obter impactos na ciência na educação e na sociedade Em 2003 Sternberg foi presidente da As sociação Americana de Psicologia American Psychological Association APA e em 20062007 foi presidente da Associação de Psicologia do Leste Eastern Psychological Association É presidente eleito da Associa ção para Educação e Psicologia Cognitiva Association for Cognitive Education and Psychology Fez parte da diretoria e do con selho gestor da APA 20022004 Fez parte da diretoria da Associação de Psicologia do Leste 20052008 e da Asso ciação Americana de Faculdadese Universi dades American Association ofColleges and Universities 20072009 Tam bém é presidente do Comitê de Publicações da Associação Ame ricana de Pesquisa Educacional American Educational Research Association AERA Stern berg foi presidente das divisões de Psicologia Geral Psicologia Educacional Psicologia e Ar tes Psicologia Filosófica e Teó rica da APA Sternberg atua como presidente interino e diretor de estudos de graduação no Departamento de Psicologia da Universidade de Yale Sternberg obteve PhD pela Universidade de Stanford em 1975 e bacharelado summa cum laude Phi Beta Kappa com louvor e dis tinção excepcional em Psicologia pela Uni versidade de Yale em 1972 Também possui doutorado honorário pela UniversidadeCom plutense de Madri Espanha Universidade de Leuven Bélgica Universidade do Chipre Universidade de Paris V França Universi dade Constantino O Filósofo Eslováquia Universidade de Durham Inglaterra Uni versidade do Estadode São Petersburgo Rús sia Universidade de Tilburg Holanda e Universidade Ricardo Palma Peru E autor de aproximadamente 1200 arti gos publicados de capítulos de livros e de li vros recebeu mais de 20 milhões de dólares entre verbas governamentais bolsas de estu dos e contratos para sua pesquisa O foco central de sua pesquisa é a inteligência a criatividade e a sabedoria e também estudou o amor e o ódio em relacionamentos afeti vos Suas pesquisas têm sido desenvolvidas nos cinco continentes XI XÜ Psicologia Cognitiva Sternberg também é membro da Acade mia Americana de Artes para o Avanço da Ciência American Academy of Arts for Ad vancement of Science da APA em 15 divi sões da Sociedade Americana de Psicologia American Psychological Society APS da Associaçãode Psicologia de Connecticut Connecticut Psychological Association da Real Sociedade Norueguesa para Ciên cias e Letras da Associação Internacional para Estética Empírica do laureado capí tulo da Kappa Delta Pi e da Sociedade de Psicólogos Experimentais Recebeu vários prêmios dessas e de outras organizações en tre eles o Arthur W Staats Award da Fundação Americana de Psicologia Ame rican Psychological Foundation e da So ciedade para a Psicologia Geral Society for General Psychology Foiagraciadocom o Prêmio ELThorn dike pelo Conjunto da Obra em Psicologia da Educação prêmio da Sociedade de Psico logia da Educação da APA os prêmios Ar nheim e Farnsworth da Sociedade para a Psicologia da Criatividade Estética e Artes Society for the Psychology of Creativity Aesthetics and the Arts da APA o prêmio Boyd R McCandless da Sociedade para Desenvolvimento da Psicologia da Associa ção APA o Prêmio por Distinção pela Con tribuição no Início de Carreira da APA o Prêmio Acadêmico de Distinção Científica de Rede de Psicologia Positiva Positive Psychology Network Distinguished Scientist and Scholar Award o Palmer O Johnson da Research Review Outstanding Book o prêmioSylviaScribnerda AERA o prêmio JamesMcKeen Cattei da APS o Prêmio por Distinção pela Contribuição Vitalícia à Psi cologia da Associação de Psicologia de Con necticut o prêmio Anton Jurovsky da Sociedade de Psicologia da Eslováquia o Prêmio Internacional da Associação Portu guesa de Psicologia Distinção por Contri buição e prêmio E Paul Torrance da Associação Nacional para as Crianças Su perdotadas National Association for Gifted Children prêmio Cattell da Sociedade de Psicologia Multidisciplinar e Experimen tal Society for Multivariate Experimental Psychology o Prêmio por Excelência da Fundação Mensa para Educação e Pesquisa Mensa Education and Research Foundation Distinção por Honra SEKdo Instituto SEK de Madri o prêmio Memorial Sydney Sie gel da Universidade de Stanford e o prêmio Wohlenberg da Universidade de Yale Sternberg ainda faz parte da Sociedade Fullbrightde Especialistas Sêniores para Eslo váquia Fulbright Sênior Specialist Fellowship to Slovakia é membro da IREX Rússia membro da Fundação Guggenheim da Uni versidade Sênior e Faculdade Júnior em Yale além de ser membro graduado da Fundação Nacional de Ciência Também é membro ho norário do Conselho Nacional de Ciência de Taiwan e membro do Professorado Visitante do Memorial Sir Edward Youde da Universi dade da Cidade de Hong Kong Na APA Monitor em Psicologia Stern berg é um dos 100 maiores psicólogos do sé culo XX e foi relacionado pelo 1SI como um dos autores maiscitados top á em Psicolo gia e Psiquiatria Também estava na lista dos Homens e Mulheres Notáveis com menos de 40 anos da revista Esquire e na lista dos 100 maiores jovens cientistas na Science Digest Atualmente faz partedo Quem é Quem v7ios Who inAmerica nos EstadosUnidos Quem é Quem no Mundo Whos Who in the World Quem é Quem no Ocidente Whos Who inthe East Quem é Quem em Medicina e Saúde Whos Who in Medicine and Healthcare Quem é Quem em Ciências e Engenharia Whos Who in Science and Engineering Atuou como editor do Boletim Psicológico Psychological Buüetin e da Resenha de Livros da Psicologia Contemporânea da APA Re view of Books Contemporary Psychology e como editor associado da publicação De senvolvimento Infantil e Inteligência Child Development and InteÜigence Sternberg é mais conhecido por teorias como a Teoria da Inte ligência BemSucedida a Teoria de Investi mento em Criatividade desenvolvida em conjunto com Todd Lubart a TeoriadosEsti los de Pensamento Autodirigidos pela Mente a Teoria do Equilíbrio da Sabedoria a Teoria WICS de Liderança e a Teoria Dupla do Amor e do Ódio Introdução à Psicologia Cognitiva CAPITULO i EXPLORANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA 1 O que é Psicologia Cognitiva 2 De que modo a Psicologia evoluiu como ciência 3 De que modo a Psicologia Cognitiva evoluiu a partir da Psicologia 4 De que modo as outras disciplinas contribuíram para o desenvolvimento da teoria e da pesquisa na Psicologia Cognitiva 5 De quais métodos a Psicologia Cognitiva se utiliza para estudar a maneira como as pessoas pensam 6 Quais são as questões atuais e os vários campos de estudo dentro da Psicologia Cognitiva Definindo Psicologia Cognitiva O que você vai estudar em um livro sobre Psicologia Cognitiva 1 Cognição as pessoas pensam 2 Psicologia Cognitiva os cientistas pensam sobre como as pessoas pensam 3 Estudantes de Psicologia Cognitiva as pessoas pensam sobre o que os cientistas pen sam sobre como as pessoas pensam 4 Professores que lecionam Psicologia Cognitiva releia os itens anteriores Para sermosmaisespecíficos a Psicologia Cognitiva é o estudo de como as pessoas perce bem aprendem lembramse e pensam sobrea informação Um psicólogo cognitivopoderá estudarcomoas pessoas percebem várias formas porquese lembram de alguns fatos e se es quecemde outros ou mesmo porque aprendem uma língua Vejamos alguns exemplos Por que os objetos parecem estar mais distantes do que realmente estão em dias ne bulosos Essa discrepância pode ser perigosa inclusive enganando motoristas e cau sando acidentes Por que muitas pessoas conseguem se lembrar de uma experiência em especial por exemplo de um momento muito feliz ou algumconstrangimento na infância mas es quecem os nomes de pessoas que conhecem há muitos anos 2 Psicologia Cognitiva Porque muitas pessoas têm mais medo de viajar de avião do que de carro Afinal as chances de acidente e morte são muito maiores no carro do que no avião Porque sempre me lembro mais de alguém da minha infância do que de alguém que conheci na semana passada Porqueos políticos gastam tanto dinheiro comsuas campanhas na televisão Consideremos apenas a última dessas perguntas Por que os políticos gastam tanto di nheiro com suas campanhasna televisão Afinal quantas pessoas conseguem se lembrar dos detalhes das propostas políticas dos candidatos oudequemaneira essas propostas diferem das dos outros candidatos Uma das razões pelasquais os políticos gastam tanto é a disponibili dade heurística que vamos estudar no Capítulo 12 em Raciocínio e tomada de decisão Com a utilização da heurística podemos fazer julgamentos baseados em quão facilmente recordamos algo percebidocomo instâncias relevantesde um fenômeno Tversky Kahne man 1973 Tais julgamentos constituema questão em quem se deve votar em umaelei ção A tendência é votarem nomes familiares Tom Vilsack governador doestado de Iowa Estados Unidos na ocasião da campanha pelas primárias em 2008 iniciou mas rapida mente desistiu da competição para ser indicado como candidato à presidência dosEstados Unidos Sua desistência não ocorreu porque suas idéias diferiamdas do partido Ao contrá rio o PartidoDemocratagostava muitode suaplataforma Na verdade Vilsack desistiu por que a falta de reconhecimento de seu nome inviabilizou o levantamento de recursos para sua campanha Ao final os possíveis doadores sentiram que o nome de Vilsack não tinha disponibilidade suficiente paraque os eleitores votassem nele Mitt Romney outro candi dato republicano não tão conhecido entrou na disputadas primárias com John McCain e Rudy Giuliani Investiu muito dinheiro apenas para fazer com que seu nome pudesse ficar psicologicamente disponível ao grande público A verdade é que com a compreensão da Psicologia Cognitiva as pessoas conseguem entender muito daquilo que acontece no dia adia de suas vidas Este capítulo introduz o campo da Psicologia Cognitiva Descreve um pouco da histó ria intelectual do estudo do pensamento humano Dá ênfase especial a algumas questões que surgem sempre que pensamos em como as pessoas pensam A seguir um breve resumo dos métodos mais importantes das questões e das áreas temáticas da Psicologia Cognitiva Por que estudamos a história deste campo ou de qualquer outro então De um lado quando sesabe deonde se vem podese compreender melhor o percurso da jornada Porou tro o ser humano aprende com oserrospassados Dessa forma quando se comete algumerro este é novo ou seja já não é mais igualao anterior Mudouse muito a maneira de lidar com as questões fundamentais da vida Contudo algumas permanecem iguais Em última análise podese aprender alguma coisa sobre como aspessoas pensam estudando como pensam sobre o pensar O avanço das idéias muitas vezes implica uma dialética Dialética é umprocesso de in cremento emqueasidéias evoluem como passar do tempo pormeio de umpadrão de trans formação Qual é este padrão Em uma dialética Propõese uma tese Uma tese é o enunciado de uma opinião Por exemplo muita gente acredita que a natureza humana governa muitos aspectos do comportamento humano como a inteligência ou a personalidade Sternberg 1999 Entretanto de poisde algum tempo alguns indivíduos observam falhas nessatese Cedo ou tarde ou talvez logo em seguida surge uma antítese Uma antítese é um enunciado que contraria a primeira opinião Por exemplo uma visão alternativa é Capítulo 1 Introdução à PsicologiaCognitiva 3 que nossa criação o contexto ambiental em que somos criados determina quase inteiramente muitos aspectos do comportamento humano Impreterivelmente o debate entre a tese e a antítese conduz a uma síntese Uma síntese integra os aspectos mais confiáveis de cada uma das duas ou mais visões Por exemplo no debate sobre a relação entre inato e adquirido a interação entre a nossa natureza inata e o contexto ambiental pode reger a natureza humana E importante compreender a dialética porque às vezes podemos pensar que se uma opinião está certa outra aparentemente contrastante então deverá estar errada Por exemplo no meu próprio campo de conhecimento ocorreu muitas vezes uma tendência a se acreditar que a inteligência tanto pode ser inteira ou quase totalmente determinada pela genética ou então que é completa ou quase inteiramente determinada pelo am biente Um debate similar também surgiu no campo de aquisição da linguagem Embora quase sempre para nós é melhor acreditar que tais assuntos não são questões excludentes por si só mas que são apenas exames de como as forças diferentes variam e interagem umas com as outras Na verdade a mais recente controvérsia é que as opiniões sobre natureza e criação são incompletas Em nosso desenvolvimento natureza e criação operam de ma neira conjunta Se uma síntese fizeravançar o conhecimento sobre um determinado assunto então ser virá como uma tese nova Emseguidasurgiráuma nova antítese e assim por diante Georg Hegel 17701831 observou essaprogressão dialética de idéias Hegel foi um filósofo ale mão que chegou àspróprias idéiaspor intermédio da dialética sintetizando algumas das opi niões de seus antecessores e contemporâneos Antecedentes Filosóficos da Psicologia Racionalismo versus Empirismo Onde e como começou o estudo da Psicologia Cognitiva Normalmente os historiadores da Psicologia identificam suas primeiras raízes em duas abordagens diferentes para a com preensão da mente humana A Filosofia busca entender a natureza geral de muitos aspectos do mundo parte por meio da introspecção ou seja o exame das idéias e experiências internas íntro para dentro spectione olhar inspecionar A Fisiologia busca um estudo científico das funções vitais dos organismos vivos basi camente por meio de métodos empíricos baseados na observação O Racionalismo e o Empirismo são duas abordagens para o estudo da mente O racio nalista acredita que o caminho para o conhecimento se dá por meio da análise lógica Em contrapartida Aristóteles naturalista e biólogo além de filósofo foi um empirista O em pirista acredita que se adquire conhecimento por meio da evidência empírica ou seja esta evidência é obtida por intermédio da experiência e da observação Figura 11 O Empirismo orienta diretamente à investigaçãoempírica da Psicologia Ao contrário o Racionalismo é muito importante no desenvolvimento da fundamentação teórica As teo rias racionalistas semqualquerligação com a observação não podem ser portanto válidas Entretanto grandesquantidadesde dadosempíricos semuma estrutura teóricaorganizadora também podem não fazer sentido Podemos considerar a visão racionalista do mundo como uma tese enquanto a visão empirista seria a antítese A maioria dos psicólogos atualmente Psicologia Cognitiva FIGURA 11 a aSegundo oracionalista oúnico caminho para a verdade éareflexão contemplativa bSegundo oempirista oúnico caminho para a verdade é a observação meticulosa A Psicologia Cognitiva assim como outras ciências depende do trabalho tanto dosracionaiistas comodos empiristas buscam a síntese dessasduas teses Fundamentam suas observações empíricas na teoria Por outro lado usam essas observações para revisar suas próprias teorias As idéias contrastantes do Racionalismo e do Empirismo tomaramse notórias a partir do racionalista francês René Descartes 15961650 e do empirista inglês John Locke 16321704 Descartes considerava o método introspectivo e reflexivo superior aos méto dos empíricos paraseencontrara verdade Locke porsuavez eramuitoentusiasmado com o método da observaçãoempírica Leahey 2003 Locke acreditava que os seres humanos nascem sem qualquer conhecimento e por tanto precisam buscálo por meioda observação empírica O conceito de Locke para isso é o termo tabula rasa que em latim significa folha de papel em branco Sua idéia é de que a vida e a experiênciaescrevem o conhecimento no indivíduo Sendo assim para Locke o estudo da aprendizagem era fundamental para a compreensão da mente humana Ele acre ditava que não existiamde forma alguma idéias inatas No século XVIII o filósofo alemão Immanuel Kant 17241804 sintetizou dialeticamente as idéias de Descartes e Locke argu mentando que tanto o Racionalismo como o Empirismo têm seu lugar e que ambos devem trabalhar juntos na buscapela verdade Atualmente a maioriados psicólogos aceita a sín tese de Kant Antecedentes Psicológicos da Psicologia Cognitiva As Primeiras Dialéticas na Psicologia da Cognição Estruturalismo Uma das primeiras dialéticas na história da Psicologia ocorreu entre o Estruturalismo e o Funcionalismo Leahey 2003 Morawski 2000 O Estruturalismo foi a primeira grande es coladepensamento na Psicologia quebusca entendera estrutura configuração dos elemen tos da mente e suas percepções pela análise dessas percepções em seus componentes constitutivos Consideremos por exemplo a percepção de uma flor Os estruturalistas analisam essapercepção em termosde cor forma geométrica relações de tamanho e assim por diante Capítulo 1 Introdução à Psicologia Cognitiva 5 Um psicólogo alemão cujas ídeias mais tarde contribuiriam para o desenvolvimento do Estruturalismo foi Wilhelm Wundt 18321920 Wundt nem sempre foi considerado o fun dador da Psicologia Experimental e usava uma grande variedade de métodos em suas pesqui sas Um deles era a introspecção Introspecção é um olhar interior para as informações que passam pela consciência Um exemplo são as sensações experimentadas quando se olha para uma flor Com efeito analisamos nossas própriaspercepçõesWundt defendia o estudo das ex periências sensoriais por meio da introspecção Wundt teve muitos seguidores sendo um deles o norteamericano Edward Titche ner 18671927 Titchener 1910 ajudou a trazer o Estruturalismo para os Estados Uni dos Outros psicólogos pioneiros criticaram tanto o método introspecção como o foco estruturas elementares da sensação do Estruturalismo Funcionalismo Uma Alternativa para o Estruturalismo Uma alternativa para o Estruturalismo sugeriaque os psicólogos deveriam concentrarse mais nos processos do pensamento do que nos conteúdos O Funcionalismo busca entender o que as pessoas fazem e por que o fazem Esta pergunta principal estava em desacordo com os estru turalistas que queriam saber quais eram os conteúdos elementares estruturas da mente humana Os funcionalistas sustentavam que a chave para o entendimento da mente humana e dos comportamentos era o estudo dos processos de como e por que a mente funciona como funciona em vez de estudar os conteúdos e os elementos estruturais da mente Os funcionalistas estavam unidos pelos tipos de perguntas que faziam mas não necessa riamente pelas respostas que encontravam ou pelos métodos que utilizavam para chegar a es sas respostas Como os funcionalistas acreditavam no uso de qualquer método que melhor respondesse àsperguntas de um determinado pesquisador parece natural que o Funcionalismo tenha levado ao Pragmatismo Os pragmatistas acreditam que o conhecimento só pode ser va lidado por sua utilidade o que se pode fazer com istoEstão interessados não apenas em sa ber o que as pessoasfazem mas também querem descobrir o que podemos fazer com o nosso conhecimento sobre o que as pessoas fazem Por exemplo eles acreditam na importância da Psicologiado Aprendizado e da Memória Por quê Porque pode nos ajudar a melhorar o de sempenho das crianças na escola O Pragmatismo também pode nos auxiliar a lembrar o nome de pessoas que conhecemos mas do qual nos esquecemos rapidamente Agora imaginese colocando a idéia do Pragmatismo em prática Pense so bre as maneiras de tornar a infonnação que você está aprendendo neste livro de modo que sejam mais úteis a você Parte dessetrabalho já foi feito veja que o capítulo começa com questões que tornam as informações mais coerentes e úteis e o resumo retorna a essas perguntas O texto responde de modo satisfatório às questões apresentadas no início do capítulo Ela bore suasperguntas e suasanotações sob a formade respostas Além disso tente estabelecer uma relação deste material com o de outros cursos ou atividades das quais participa Por exemplo você pode ser chamado a ex plicar a um amigocomo funciona um programade computador Uma boa formade começar seria perguntar a essapessoa se ela tem algumapergunta a respeito Assim as informações que você oferecer serão mais úteis ao seu amigo em vezde obrigálo a buscar a informação de que necessita em uma exposição longa e unilateral APLICAÇÕES PRÁTICAS DA PSICOLOGIA COGNITIVA 6 Psicologia Cognitiva Um líder na condução do Funcionalismo em direção ao Pragmatismo foi William James 18421910 Sua principal contribuição ao campo da Psicologia foi um único livro Prin cípios da Psicologia 18901970 Ainda hoje os psicólogos cognitivos apontam com fre qüência os escritos de James nas discussões de questões centrais em seu campo de conhecimento como atenção consciência e percepção John Dewey 18591952 foi mais um dos primeiros pragmatistas que influenciaram de maneira profunda o pensamento con temporâneo na Psicologia Cognitiva Dewey é lembrado basicamente por sua abordagem pragmática acerca do pensamento e da educação Associacionismo Uma Síntese Integradora O Associacionismo assim como o Funcionalismo foi menos uma escola sistemática de Psicologia e mais uma forma de pensar influente O Associacionismo investiga como os even tos e as idéias podem se associar na mente propiciando a aprendizagem Por exemplo as associações podem resultar da contiguidade associar informações que tendem a ocorrer jun tas ou quaseao mesmotempo da similaridade associarassuntoscom traços ou propriedades semelhantes ou do contraste associar assuntos que parecem apresentar polaridades como quentefrio claroescuro dianoite No fim dos anos 1800 o associacionista Hermann Ebbinghaus 18501909 foi o pri meiro pesquisador a aplicar os princípios associacionistas de maneira sistemática Ebbin ghaus estudou e observou especificamente seus próprios processos mentais Contou os próprios erros e registrou seus tempos de resposta Por meio de autoobservações estudou como as pessoasaprendem e se lembram dos conteúdos por meio da repetição consciente do material a ser aprendido Entre outras conclusões descobriu que a repetição possibilita fi xar as associações mentais de maneira mais consistente na memória Dessa forma a repeti ção auxilia o aprendizado ver o Capítulo 6 Outro associacionista influente Edward Lee Thorndike 18741949 sustentava que o papel da satisfação é a chave para a formação de associações Thorndike chamou esse princípio de Lei do Efeito 1905 um estímulo tenderá a produzir uma determinada resposta ao longo do tempo se o organismo for recompensado com essa resposta Ele acreditava que um organismo aprendia a responder de uma determinada maneira o efeito em uma dada situação se fosse constantemente recompensado por isso a satisfação que serve como estí mulo para ações futuras Assim uma criança que recebe uma recompensa por resolver cor retamente problemas de aritmética irá aprender a fazêlo sempre assim porque estabelece uma associação entre a solução válida e a recompensa Do Associacionismo ao Behaviorismo Outros pesquisadores contemporâneos de Thorndike conduziram experimentos com ani mais para investigar as relações de estímulo e resposta com métodos diferentes dos utilizados por Thorndike e seus colegas associacionistas Esses cientistas transpuseram a linha entre o Associacionismoe o campo emergente do Behaviorismo O Behaviorismo é uma perspectiva teórica segundo a qual a Psicologia deveria se concentrar apenas na relação entre o com portamento observável de um lado e os eventos ou estímulos ambientais de outro A idéia era materializar o que quer que tenha sido denominado de mental Lycan 2003 Alguns desses pesquisadores como Thorndike e outros associacionistas estudaram respostas volun tárias embora talvez carecessem de algum pensamento consciente como no trabalho de Thorndike Outros estudaram respostas desencadeadas involuntariamente em resposta ao que parecem ter sido eventos externos não relacionados Capítulo 1 Introdução à Psicologia Cognitiva 7 Na Rússiao fisiologista ganhador do Prêmio Nobel Ivan Pavlov 18491936 pesquisou esse tipo de comportamento de aprendizado involuntário começando com a observação de cachorros salivando ao simplesmente verem o técnico do laboratório que os alimentava Essa respostaocorria antes mesmoque oscachorros vissem se o técnico lhes trazia comida ou não Para Pavlov essa resposta indicava uma forma de aprendizado o aprendizado clássico condicionado sobre o qual os cachorros não tinham qualquer controle conscienteNa mente deles algum tipo de aprendizado involuntário relacionava o técnico à comida Pavlov 1955 O extraordinário trabalho de Pavlov abriu caminho para o desenvolvimento do Behaviorismo O condicionamento clássico compreende mais do que uma simples associa ção com basena contiguidade temporal por exemplo a comidae o estímulo condicionado que ocorriam quase ao mesmo tempo Rescorla 1967 O condicionamento eficaz requer contingência por exemplo a apresentação de comida sendo contingente com a apresenta ção do estímulo condicionado Rescorlae Wagner 1972Wagner e Rescorla 1972 O Behaviorismo pode ser interpretado como uma versão extrema do Associacionismo que seconcentra inteiramente na associação entre o ambiente e um comportamento obser vável Segundo alguns behavioristas radicais quaisquer hipóteses a respeito de pensamen tos e formas de pensar internas são mera especulação Os Proponentes do Behaviorismo O pai do Behaviorismo radical foi John Watson 18781958 Watson não via qualquer utilidade para os conteúdos ou mecanismos mentais internos e acreditava que os psicólogos deveriam se concentrar apenas no estudo do comportamento observável Doyle 2000 Eledescartouo pensamento como falasubvocalizado O Behaviorismo era também diferente dos movimentos anteriores da Psicologia por redirecionar a ênfase da pesquisa experimental em animais ao invés de humanos Historicamente grande parte do trabalho behaviorista tem sido até hoje realizada com animais de laboratório como ratos por possibilitarem um controle muito maior sobre os relacionamentos entre o ambiente e o comportamento em relação a ele Contudo um problema com relação à utilização de animais é determinar se a pesquisa podesergeneralizada em seres humanos ouseja aplicada de forma mais geral a seres humanos ao invés de apenas aos tipos de animais estudados B F Skinner 19041990 behaviorista radical acreditava que quase todas as formas do comportamento humano e não apenas o aprendizado podiam ser explicadas por compor tamentos emitidos em resposta ao ambiente Skinner desenvolveu pesquisas basicamente com animais nãohumanos e rejeitou os mecanismos mentais acreditando por outro lado que o condicionamento operante que envolvia o fortalecimento ou o enfraquecimento do comportamento dependente da presença ou ausência de reforço recompensa ou punição pudessem explicar todas as formas do comportamento humano Skinner aplicou sua aná liseexperimental do comportamento a muitos fenômenos psicológicos tais como a aprendi zagem a aquisição da linguagem e a resolução de problemas Principalmente por causa da presença intensa de Skinner o Behaviorismo dominou o campo de estudosda Psicologia por muitas décadas Os Behavioristas se Atrevem a Espiar Dentro da Caixa Preta Alguns psicólogos rejeitaram o Behaviorismo radical Tinham muita curiosidade em saber o que havia nessa caixa misteriosa Por exemplo Edward Tolman 18861959 acreditava que para entender o comportamento era necessáriose levar em conta o propósitoe o plano para o comportamento Tolman 1932 acreditava que todo comportamento era dirigido a algum objetivo Por exemplo o objetivo de um rato em um labirinto de laboratório seria o de encontrar comida dentro desse labirinto Tolman é tido por vezes como um precursor da moderna Psicologia Cognitiva 8 PsicologiaCognitiva Outra crítica ao Behaviorismo Bandura 1977b é que nele o aprendizado surge não apenas em função de recompensas diretas pelo comportamento Também pode ser social resultando de observações das recompensas ou punições dadas aos outros A capacidade para aprender por meio da observação está bem documentada e pode ser comprovada em seres humanos macacos cães pássaros e até mesmo em peixes Brown Laland 2001 La land 2004 Nagell Olguin Tomasello 1993 No ser humano essa habilidade está pre sente em todas as idades sendo observada tanto em crianças como em adultos MejiaArauz Rogoff Paradise 2005 Essateoria dá ênfase à maneira como se observa se modela o pró prio comportamento a partir do comportamento dos outros Aprendemos pelo exemplo Esta consideração de aprendizado social abre caminho para se examinar o que está aconte cendo na mente do indivíduo Psicologia da Gestalt Dentre os inúmeros críticos do Behaviorismo os psicólogos da Gestalt certamente estão entre os mais ávidos A Psicologia da Gestalt afirma que se compreende melhor os fenôme nos psicológicos quando se olha para eles como todos organizados e estruturados Se gundo essa visão não se pode compreender totalmente o comportamento quando se desmembram os fenômenos em partes menores Por exemplo os behavioristas têm a ten dência de estudar a resolução de problemas buscando o processamento subvocal eles buscam o comportamento observável por meio do qual a resolução do problema pode ser compreendida Os gestaltistas ao contrário estudam o insight buscando entender o evento mental não observável por meio do qual alguém vai do ponto em que não tem idéia de como resolver um problema até o ponto em que entende completamente em um simples instante de tempo A máxima o todo é diferente da soma de suas partes resume muito bem a perspectiva gestaltista Para entender a percepção de uma flor por exemplo teríamos de levar em conta o todo da experiência Não se poderia entender essa percepção em termos de uma descri ção de formas cores tamanhos e assim por diante Da mesma forma como mencionado no parágrafo anterior não poderíamos entender a resolução de problemas simplesmente exa minando os elementos isolados do comportamento observável Kõhler 1927 1940 Wer theimer 19451959 O Surgimento da Psicologia Cognitiva Uma abordagem mais recente é o Cognitifismo ou seja a crença de que grande parte do comportamento humano pode ser compreendida a partir de como as pessoas pensam O Cognitivismo é em parte uma síntese das formas anteriores de análise como o Behavio rismo e o Gestaltismo Da mesma forma que o Gestaltismo a Psicologia Cognitiva utiliza uma análise quantitativa precisa para estudar como as pessoas aprendem e pensam O Papel Inicial da Psicobiologia Ironicamente um dos exalunos de Watson Karl Spencer Lashley 18901958 questionou de forma contundente a teoria behaviorista de que o cérebro é um órgão passivo que simples mente reage às contingências comportamentais fora do indivíduo Gardner 1985 Ao con trário Lashleyconsidera o cérebro como um organizadorativo e dinâmico do comportamento Capítulo 1 Introdução à Psicologia Cognitiva 9 Lashley buscavaentender de que maneira a macroorganização do cérebro humano tomava possível a execução de atividades planejadas tão complexas como apresentações musicais jogos e o uso da linguagem Nenhuma delas em sua opinião poderia ser prontamente explicável em termos de condicionamento simples Na mesma linha mas em um nível de análise diferente Donald Hebb 1949 propôs o conceito de conjuntosde células como base parao aprendizado no cérebro Esses conjuntos são estruturas neurais coordenadas que se desenvolvem por meio da estimulação freqüente Eles sedesenvolvem ao passar do tempocom a capacidade de um neurônio célulanervosa ao ser estimulado disparar outro neurônio conectado Os behavioristas não aproveitaram esta rara oportunidade para concordar com Lashley e Hebb Na verdade o behaviorista B F Skinner 1957 escreveu um livro inteiro descrevendo como a aquisição e o uso da lingua gem poderiam serexplicados unicamente em termos de contingências ambientais Esse tra balho levoua estrutura teóricade Skinner longedemais deixandoo livreparasercontestado E tal contestaçãoestavaa caminho O lingüista Noam Chomsky 1959 fez duras críticas às idéias deSkinnerEmseuartigo Chomsky ressaltou tanto a basebiológica comoo potencial criativoda linguagem apontando paraa infinitaquantidade de sentençasque podemos pro duzir com facilidade Sendo assim desafiou as teorias behavioristas de que a linguagem é aprendidapor intermédio do reforçamento até mesmo crianças bemjovensproduzem novas sentençasa todo o momentoasquais não poderiam ter sidoreforçadas no passado Chomsky afirmou que o entendimento da linguagem não está condicionado tanto pelo que já se ou viu mas aocontrário pelo Dispositivo Inatode Aquisição de Linguagem DAL que todos os seres humanos possuem Esse dispositivo possibilita ao bebê utilizar o que escuta para inferir a gramática de seu ambiente lingüístico Em especial o DAL limita ativamente o númerode construções gramaticais possíveis Assim sendo é a estruturada mente e não a estrutura das contingências ambientais que orienta a nossa aquisiçãoda linguagem Acrescentando uma Pitada de Tecnologia Engenharia Computação e Psicologia Cognitiva Aplicada No fim da décadade 1950 alguns psicólogos estavam intrigados pela incômoda idéiade que as máquinas poderiam serprogramadas parademonstrar o processamento inteligente da in formação Rychlak Struckman 2000 Turing 1950 sugeriu que em pouco tempo seria difícil distinguir a comunicação das máquinas da dos seres humanos Ele sugeriu um teste atualmente chamado de Teste de Turingpelo qual um programade computador poderia ser consideradobemsucedido à medidaque o seu resultadofosse indistinguível peloserhumano do resultado de testes realizados com seres humanos Cummins Cummins 2000 Em outras palavras suponhaque vocêsecomunicasse com um computador e não soubesse que este era umcomputador O computador então teria passado noTeste deTuring Schonbein Betchel 2003 Por volta de 1956um novo termo entrou para o nosso vocabulário Inteligência Arti ficial IA queé a tentativado ser humano de construir sistemas quedemonstrem inteligên cia em especial o processamento inteligente da informação MerriamWebsters Colkgiate Dictionary 1993 Exemplos de IA sãoosprogramas de jogo de xadrez queconseguem vencer os seres humanos na grande maioriadas vezes Muitos dos psicólogos cognitivos interessaramse pela Psicologia Cognitiva pormeiode problemas aplicados Porexemplo segundo Berry 2000 Donald Broadbent 19261993 dizia ter desenvolvido o interesse pela Psicologia Cognitiva por causa de um problema re lacionado a aeronave AT6 Estes aviões possuíam duas alavancas quase idênticas sob o 10 Psicologia Cognitiva assento Uma servia para erguer as rodas e a outra para levantar os aerofólios Aparente mente quase todos os pilotos confundiam as duas e consequentemente acabaram cau sando enormes prejuízos com acidentes na decolagem de seus aviões Durante a Segunda Guerra Mundial muitos psicólogos cognitivos inclusive um de meus mentores Wendell Garner reuniuse com os militares para resolver problemas práticos da aviação e de ou tras áreas especialmente por causa da guerra contra forças inimigas A teoria da informa ção que buscavaentender o comportamento das pessoas sobre como elas elaboram os tipos de elementos de informação processada pelos computadores Shannon Weaver 1963 cresceu também em decorrência dos problemas de engenharia e da informática A Psicologia Cognitiva Aplicada também foi de grande utilidade para a publicidade John Watson apósdeixar o cargo de professor na Johns Hopkins University tornouse um executivo extremamente bemsucedido em uma agência de propaganda tendo utilizado os seus conhecimentos de Psicologia para alcançar o sucesso Na realidade na propaganda utilizase muito diretamente os princípios da Psicologia Cognitiva para atrair clientes para os produtos às vezes suspeitos outros não Benjamin Baker 2004 No início da década de 1960os avanços na Psicologia na Lingüística na Antropologia e na IA bem como as reações ao Behaviorismo por parte de muitos profissionais renomados da área de Psicologia convergiram para criar uma atmosfera madura para a revolução Os primeiros cognitivistas como Miller Galanter Pribram 1960 Newell Shaw Si mon 1957b afirmavam que as teorias behavioristas tradicionais sobre o comportamento eram inadequadas principalmente porque não falam sobre como as pessoas pensam Um dos primeiros e mais famosos artigos sobre Psicologia Cognitiva foi sobre o mágico nú mero sete George Miller 1956 pontuou que o número sete aparecia em diferentes mo mentos da Psicologia Cognitiva como na literatura sobre a percepção e a memória e assim imaginou se havia algum significado oculto nessas freqüentes ocorrências Por exem plo descobriu que a maioria das pessoas é capaz de se lembrar de cerca de sete itens de informação Nesse trabalho Miller introduziu também o conceito da capacidade de canal ou seja o limite superior no qual um observador consegue combinar a resposta para a informa ção que lhe for oferecida Por exemplo caso você consiga se lembrar de sete dígitos que lhe sejam apresentados em seqüência nesse caso sua capacidade de canal para memorizar números será o sete O li vro de Ulric Neisser Cognitive Psychology Neisser 1967 foi bas tante importante ao divulgar a importância do Cognitivismo que estava em desenvolvimento aos alunos de graduação pósgradua ção e ao ambiente acadêmico em geral Neisserdefiniu a Psicologia Cognitiva como o estudo de como as pessoas aprendem organi zam armazenam e utilizam o conhecimento Posteriormente Allen Newell e Herbert Simon 1972 acabaram por propor modelos deta lhados do pensamento humano bem como da resolução de proble mas desde os maissimplesaté os maiscomplexos Por volta de 1970 a Psicologia Cognitiva já era reconhecida como importante campo de estudos da Psicologia dispondo de um conjunto específico de mé todos de pesquisa Na década de 1970 Jerry Fodor 1973 popularizou o conceito da modularidade de mente Argumentava que a mente possui módu losdistintos ou sistemas de escopos diversos para tratar da linguagem Ulric Neisseré profes sor emérito da Cometi University Seu livro Cognitive Psychology foifundamental para o lançamento darevolução cognitivista na Psicologia Neisser foi também umdos grandes defensores de uma abordagem ecológica da cognição tendodemons trado a importância do estudo doprocessamento cognitiuo em contextos ecologicamente válidos Foto Cortesia de Dr Ulric Neisser Capítulo 1 Introdução à Psicologia Cognitiva 11 e possivelmente de outros tiposde informação A modularidade implicaque os processos que sãousados em umdomínio de processamento como o da linguagem Fodor 1973 ou da percepção Marr 1982operam independentemente dosprocessos em outrosdomínios Uma opiniãocontráriaseria a do processamento de domínio geral segundo a qual ospro cessos que se aplicam a um domínio como a percepção ou a linguagem aplicamse a muitos outros domínios também As abordagens modulares são úteis no estudo de alguns fenômenos cognitivos como a linguagem mas não sãocomprovadamente úteis no estudo de outrosfenômenos como a inteligência que parece estar ligada às inúmeras e diferen tes áreas do cérebro em intrincados interrelacionamentos Métodos de Pesquisa em Psicologia Cognitiva Objetivos da Pesquisa Para melhor entender os métodos específicos usados pelospsicólogos cognitivosdeveseem primeiro lugar compreender os objetivos da pesquisa em Psicologia Cognitiva alguns dos quais destacamos aqui De modo resumido esses objetivos compreendem a coleta e a aná lise de dados o desenvolvimento de teorias a formulação e a testagem de hipóteses e até mesmo a aplicação em ambientesfora do contexto da pesquisa Com freqüência os pesqui sadores buscam apenas coletara maior quantidade possível de informações a respeito de um determinado fenômeno podendo ter ou não noções preconcebidas em relação àquilo que poderão encontrar durante a coleta dos dados Tal pesquisa concen trase na descrição de determinados fenômenos cognitivos como por exemplo a maneira como as pessoas reconhecem fisionomias ou de senvolvem habilidades A coleta de dados e a análise estatística auxiliam os pesquisado res na descrição dos fenômenos cognitivos Nenhuma empreitada científica iria muito longe sem essas descrições Todavia a maioria dos psicólogos cognitivos deseja entender mais do que o que da cog nição A maioria deles também procura entender o como e o porquê do pensamento Ou seja os pesquisadores buscam formas de expli car e de descrever a cognição Para ir além das descrições os psicó logos cognitivos precisam dar um salto passando daquilo que se observa diretamente para aquilo que pode ser inferido com relação às observações Suponha que se queira estudar um determinado aspecto da cog nição Um exemplo seria o modo como as pessoas compreendem a informação contida em um livro didático Geralmente iniciase com uma teoria Uma teoria é um corpo organizado de princípios expla natórios relativos a um fenômeno com base na observação Buscase testar uma teoria e por meio desta verificar se tem o poderde pre ver determinados aspectos do fenômeno em questão Em outras pa lavras nosso processo de pensamento é se nossa teoria for correta então sempre que x ocorrer o resultado deverá ser y Esse pro cesso resulta na geração de hipóteses proposições experimentais em relação às conseqüências empíricas esperadas dessa teoria como os resultados da pesquisa Herbert A Simonfoi professor deCiênciada Computação e Psicolo giana CamcgiebÁetion University Efamoso por seu trabalho pioneirocom Ailen Newell e outros na construção e na testagemde modelos decomputador que simulavam o pensamento humanobemcomo pelos testes experimentais desses modelos Foi também importante defensor dos protocolos de pensar em vozalta parao estudo do processamento cognitivo Símonfaleceu em 2001 Foto Cortesia deCamegie Melíon University Arckives 12 Psicologia Cognitiva A seguir testamse as hipóteses por meio da experimentação Mesmo que determi nadas conclusões pareçam confirmar uma hipótese dada elas deverão ser submetidas à análise para determinar sua significância estatística A significância estatística indica a probabilidade de que umdeterminado conjuntode resultados venha a serobtidoapenas se houver fatores aleatórios em ação Por exemplo um nível 05 de significância estatís tica significaria que a probabilidade de um determinado conjunto de dados seria de ape nas 5 se somente fatores aleatórios estivessem operando Assim sendo os resultados não parecem ser apenas em virtude do acaso Por meio desse método podese decidir aceitar ou rejeitar hipóteses Uma vez que as previsões hipotéticas tenham sido testadas experimentalmente e ana lisadas estatisticamente as conclusões desses experimentos poderão conduzir a outros tra balhos Por exemplo um psicólogo pode se engajar em mais coletas e análises de dados desenvolvimento de teorias formulação de hipóteses e testagem de hipóteses Com base nas hipóteses que tenham sido aceitas eou rejeitadas a teoria deverá ser revista Além disso muitos psicólogos cognitivos têm esperança de usar os conhecimentos obtidos por meioda pesquisa para auxiliar as pessoas a utilizarem a cognição em situações reais Algumas pesquisas em Psicologia Cognitiva são aplicadas desdeo seu início na tentativa deajudar as pessoas a melhorarem as próprias vidas assim como as condições emque vivem Assimsendo a pesquisa básica pode conduzir às aplicações cotidianas Para cada um desses propósitos existem diferentes métodos de pesquisa que oferecem vantagens e desvanta gens diferenciadas Métodos de Pesquisa Característicos Os psicólogos cognitivos usam vários métodos para explorar como os seres humanos pen sam Esses métodos são a experimentos de laboratórioou outros experimentos controla dos b pesquisa psicobiológica c autoavaliações d estudos de caso e observação NO LABORATÓRIO DE GORDON BOWER ESPECIALISTAS EM DIVIDIR PARA CONQUISTAR Cresci numa pequena ci dade do estado de Ohio onde passei centenas de horas jogando beisebol Meu treinador mais ve lho Dean Harrah con seguia lembrar com admirável precisão de todos osjogos de beisebol de todos os tempos Dean conseguia se lembrar até mesmo de jo gadas insignificantes de uma partida como o turno o número de eliminações contagem de arremessos de lances e até da localização dos interceptadores enquanto vislumbrava todas as sinalizações de bateecorre hitandrun de uma partida jogada há três semanas Sua capacidade para recordar detalhes dos jogos era simplesmente assombrosa Entretanto era conhecido por esquecerse da maioria das outras coisas como seus compromissos pes soais as compras de supermercado e tudo o mais que a sua esposa lhe pedia Dean tinha um amigo Claude enxadrista fanático que como ele possuía uma memória espantosa Claude jogava xadrez muitíssimo bem e tam bém conseguia se lembrar de todas as jogadas de todos as partidas que havia jogado em me ses Todavia Claude não conseguia se lembrar de coisassimples como a tabela periódica de elementos das aulas de química durante o colegial Deane Claudenão sabiam me expli car como faziam o que faziam apenas que ambos enxergavam eventossignificativos em sua totalidade durante o desenrolar de uma partida Tais lembranças prodigiosas convi vendo na mesma cabeça ao lado de péssimas Capítulo 1 Introdução à Psicologia Cognitiva 13 NO LABORATÓRIO DE GORDON BOWER continuação recordações sempre me fascinaram Foi este um dos inúmerosquebracabeças da vida coti diana que me motivaram para o estudo da Psi cologia da memória humana Meu espanto aumentou ainda mais quan do pesquisadores me informaram o quão ge ralmente é limitada a memória das pessoas Especificamente o ser humano é seriamente limitado com relação à quantidade de coisas que pode absorver e reter na memória mesmo que por pouco tempo e consequentemente de como consegue rapidamente absorver uma nova informação na memória permanente Mas o que são essas coisas que se absorve O psicólogo George Miller 1956 batizouas de pedaçoschunks de informação e propôs que a memória imediata das pessoas está limi tada pelo número de pedaçosque conseguem absorver e recordar Sempre me perguntei se as prodigiosas memórias de Dean e Claude estavam associadas com um conhecimento interno de como fracionar a informação que tivesse significado especial para eles A afirmação de Miller me levou a ques tionar O que é um pedaço de informação Qual o tamanho desses pedaços O que de termina o seu tamanho e suas propriedades Os seus pedaços são iguais aos meus Como mensurar os pedaços A noção intuitiva é de que um pedaço é um padrão de elementos básicos que o indi víduo aprendeu anteriormente Essespadrões podem ser identificados em vários níveis de complexidade de pequenos a grandes Por exemplo a frase feliz anonovo happy new year é para a maioria das pessoas que falam inglês nada mais do que um pedaço composto de três subpedaços familiares palavras que por sua vez são compostos de 12 subpedaços familiares letras e dois espaços 14 símbolos ao todo Suponhamos todavia que os 14 sím bolos sejam dispostos em uma página como Feliianonovo happyynewyear Esta sé rie de letras agora parece não ter sentido e seria muito difícil de ser aprendida Contudo qualquer indivíduo que fale outra língua e que não tenha qualquer conhecimento do alfa beto inglês diria que ambas as séries não têm sentido e são difíceis de memorizar O que um pedaço é só depende do aprendizado an terior de um indivíduo Assim sendo a dificuldade de se recordar de algumacoisadepende de como ela é perce bida como é dividida em pedaços Porém que princípios o cérebro humano utiliza para divi dir elementos em grupos perceptivos Umimportante princípio de agrupamento é o quanto esses pedaços estão próximos em termos de tempo e de espaço Assimos espa ços vazios traços em ICBMICIAFBI fazem com que as pessoas vejam a série de pedaços de 2 4 3 e 2 letras respectivamente Esses agrupamentos apreendem a percepção e são copiados na memória imediata do indivíduo Além disso se um estudante precisasse es tudar e tentar reproduzir um número de tais seqüências repetidamente elea iria ao final recordar a série em pedaços tudoounada Ou seja a maioria dos erros de recordação iria surgir enquanto se tentasse mover a re cordação entre os pedaços nas transições C para B C para I e F para B Um segundo princípio do agrupamento é que os elementos assemelhados ou com sono ridade parecida serão agrupados juntos Por exemplo letras em tamanho forma fonte e cor semelhante serão agrupadas juntas e lem bradas enquanto unidades Assim como a proximidade no espaço e a aparência influenciam o agrupamento visual a proximidade no tempo e a qualidade dos sons influenciam o agrupamento de palavras faladas e das notas musicais Dessa maneira ouvir a série de letras acima serem ditas com pausas entre os grupos fará com que as pessoas adotem o fracionamento e se recordem desses grupos Agrupamentos semelhantes viriam à tona caso os pedaços fossem semelhantes ao serem falados por vozes distintas ou vindos de locais diferentes Esses agrupamentos auditivos expressam o hábito das pessoasde falar núme ros de telefones em uma cadência 334 por exemplo em 5551234567 e são trazidas a uma complexidade magnífica nos sofisticados tempos e ritmos da música Então o que esse fracionamento tem a ver com a aprendizagem e a memória Tudo Elaborei uma hipótese de que a maneira mais rápida para se aprender alguma coisa é estu dála e reproduzila repetidamente usando a mesma estrutura de fracionamento de um momento para o outro Desse modo para continua 14 Psicologia Cognitiva NO LABORATÓRIO DE GORDON BOWER continuação aprender a reproduzir a seqüência ICBMCI AFBI o melhor é estudar exatamente esses pedaços na mesma ordem a cada vez Nossas experiências com estudantes universitários mostraram que eles acumulam muito pouco ou nenhum ensinamento de uma série de seqüên cias diferentes caso mudássemos os agrupa mentos toda vez que eles fossem estudálos Assim sendo para a nossa série de exemplos anteriores os estudantes iriam provavelmente perceber um agrupamento diferente das letras como por exemplo ICBMCIAFB1 ou ICB MCIAFBI enquanto uma nova seqüência de letras fazendo com que se lembrassem ime diatamente dela quase tão sofrível quanto no momento em que a seqüência foi apresentada pela primeira vez Essa falha seria devida ao fato de estarem confusos sobre onde colocar os espaços ou pausas no momento em que repro duziamasséries Claro que não porquesabiam que precisavam se lembrar apenas das letras e não dosespaços Além do mais o déficit foimais ou menos igual quando simplesmente conta mos as letras corretas independentemente da ordem em que os estudantes as lembravam Em suma o estudo repetitivo só auxilia prin cipalmente quandoo material é fracionado da mesma maneira de uma ocasião para a outra Uma das implicações do resultado deste fracionamento constante é que as pessoas irão rapidamente reconhecer e reproduzir qualquer seqüênciade símbolos que seajusteaospedaços que elas já sabem ou que lhes sejam familia res Por exemplo se nosso modelo de seqüên cia de letras foragrupado como ICBMCIAFBI os alunos reconhecerão com facilidade as abre viações familiares e prontamente relembrarão de toda a série Alguns leitores poderão já ter reconhecido esses acrônimos Esta obser vaçãoilustra um princípiosimples e muito po deroso a memória humana opera com muito mais eficiência quando usa o aprendizado ante rior para reconhecer pedaçossemelhantescon tidos nos materiais a serem aprendidos Ao reconhecer e explorar pedaços familiares um indivíduo experiente reduz enormemente o volume do novo aprendizado requerido para dominar o novo material Grande parte da pe rícia em muitos domínios de habilidades da leitura de palavras à compreensão de fórmulas químicas equações matemáticas fragmentos musicais subrotinasde programação de com putadores e sim até mesmoaos fatos ocorri dos nas partidas de beisebol de Dean ou das posições das peças de xadrezde Claude tudo isso dependeda capacidadedo cérebrode reco nhecer e explorar os pedaços previamente aprendidos e rapidamente acessara nova situa ção que se apresenta Essa técnica se desen volve lentamente durante centenas de horas de estudo concentrado dos padrões recorrentes em determinados domínios O benefício dessa prática muito específica explicade que modo a memória hábil em um domínio tal como o beisebol para Dean ou o xadrez para Claude podem facilmentecoexistirao ladode recorda ções débeis domínios não relacionados como compromissosdiários ou aulas de química O valor do fracionamento consistente aplicase ao aprendizado reprodutivo quan do se tenta reproduziruma série de itens arbi trários Esse aprendizado nos é geralmente solicitado Por outro lado para o aprendizado superior de domínios conceitualmente mais ricos há as vantagens em se interrelacionar os agrupamentos em classificações por cortes transversais Por exemplo embora os agrupa mentos constantes de fatos sobre categorias como política economia e o exército possam auxiliar um aluno a lembrar de fatos sobre a Guerra Civil Americana uma melhoria no entendimento e na memória poderia advir pelo interrelacionamento e pela interassocia ção de fatos por meio dos domínios por exem plo observar os objetivos políticos utilizados por uma campanha militar como a famosa Marcha para o Marque o General Sherman conduziu pelos estados do sul O benefício dessas interrelações conceituais será um tó pico abordado mais adiante Capítulo 1 Introdução à Psicologia Cognitiva 15 naturalística e 0 simulações por computador e IA ver Quadro 11 para descrições e exem plos da cada método Como mostra o Quadro 11 cada método oferece vantagens e desvantagens Experimentos com o Comportamento Humano Nos projetos experimentais controlados o pesquisador conduz a pesquisa geralmente em um ambiente laboratorial Ele controla o maior número possível de aspectos da situação experimental Basicamente existem dois tipos de variáveis em um determinado experi mento As variáveis independentes são aspectos de uma investigação manipulados de modo individual ou cuidadosamente regulados pelo experimentador ao mesmo tempo em que outros aspectos da investigação são mantidos constantes ou seja não sujeitos a variação As variáveis dependentes são respostas de resultados os valoresdos quaisdependem da forma que uma ou mais variáveis independentes venham a influenciar ou afetar os participantes do experimento Sempre que se diz a alunos participantes da pesquisa que se sairão muito bem em uma tarefa mas não se diz algo aos outros participantes a variável independente é o volume de informaçãodada aos alunos a respeito de seu esperadodesempenho A variável dependente é a maneira como quão bem ambos os grupos se saem em suas tarefas ou seja suas notas na prova de matemática Sempre que o pesquisador manipula as variáveis independentes ele controla os efeitos das variáveis irrelevantes e observa os efeitos das variáveis dependentes resultados Tais variáveis irrelevantes mantidas constantes são chamadas de variáveis decontrole Outro tipo de variável é a variável expúria um tipo de variável irrelevante que não tenha sido contro lada durante um experimento Por exemplo imagine que se queira examinar a eficáciade duas técnicas de resolução de problemas Treinase e testase um grupo sob a primeira estra tégia às 6 horas e um segundo grupo sob a segunda estratégia às 18 horas Nesse experi mento o horário do dia seria uma variável expúria Em outras palavrasa hora do dia pode causar diferenças no desempenho que não têm nada a ver com a estratégia de resolução do problema Obviamente quando se conduz uma pesquisa todo cuidado é necessário para se evitar a influência das variáveis expúrias Ao implementar um método experimental o pesquisador precisa utilizar uma amostra aleatória e representativa da população de interesse Deve exercer controle rigoroso sobre as condições do experimento bem como designar também de maneira aleatória os partici pantes para o tratamento e as condições de controle Se esses requisitos para o método ex perimental forem preenchidos o pesquisador poderá inferir causalidade provável Esta é a inferência dos efeitos da variável ou variáveis independentes tratamento sobre as variá veis dependentes resultado para uma determinada população Muitas e diferentes variáveis dependentes são utilizadas em pesquisa cognitivopsicoló gica Duasdas mais comuns são o percentual de correlação ou seu elemento inverso a taxa de erro e o tempo de reação E importante selecionar com muito cuidado os dois tipos de variáveis porque independente de qual processo se esteja observando o que se apreende de um experimento dependerá quase que exclusivamente das variáveisescolhidas para iso lar o comportamento que está sendo observado Os psicólogos que estudam os processos cognitivos como o tempo de reação geral mente utilizamse do método da subtração que compreende estimar o tempo que um pro cesso cognitivo leva pela subtração da quantidade de tempo que o processamento da informação leva com o processo a partir do tempo que ele leva sem o processo Donders 18681869 Por exemplo quando seé solicitado a examinar as palavrascachorro gato rato hamster esquilo e informar se a palavra esquilo aparece no exame para depois examinar as 16 Psicologia Cognitiva QUADRO 11 Métodos de pesquisa Os psicólogos cognitivos usamexperimentos controlados pesquisapsicobiológica autoavaliações observaçãonaturalista e simulações por computador e IA para estudar os fenômenos cognitivos MÉTODO Descrição do método Experimentos Controlados em Laboratório Pesquisa Psicobiológica Obter amostras do desempenho em tempo e local determinados Estudar os cérebros humanos e animais usando estudos postmortem e várias medidas psicobiológicasou técnicas de imagem ver Neurociência Cognitiva autoavauações como Protocolos Verbais autqclassificaçòes dlários Obter relatórios dos participantes sobre a própria cognição em andamento ou a partir de lembranças Validade de inferências causais atribuição aleatória de sujeitos Geralmente Geralmente não Não se aplica Validade de inferências causais controle experimenta de variáveis independentes Geralmente Varia muito dependendo da técnica específica Provavelmente não Amostras tamanho Podem ser de qualquer tamanho Geralmente pequenas Provavelmente pequenas Amostras representaiividade Podem ser representativas Geralmente não são representativas Podem ser representativas Validade ecológica Não é improvável depende da tarefa e do contexto a que está sendo aplicada Improvável sob certas circunstâncias Talvez ver pontos fortes e fracos Informação acerca de diferenças individuais Geralmente pouco enfatizadas Sim Sim Pontos fortes Pontos fracos Exemplos Facilidade de administração de contagem e de análise estatística torna relativamente fácil aplicar as amostras representativas de uma população probabilidade relativamente alta de fazer inferências causais válidas Proporciona evidências contundentes das funções cognitivas ao relacionálas à atividade fisiológica oferece uma visão alternativa do processo que não está disponível por outros meios pode levar a possibilidades para o tratamento de pessoas com deficits cognitivossérios Acesso aos ínsgfits introspectivos a partir do ponto de vista dos participantes não podendo ser acessada por outros meios Nem sempre é possível generalizar resultados além de um local específico tempo e contexto da tarefa discrepâncias entre comportamento na vida real e no laboratório David Meyer e Roger Schvaneveldt1971 desenvolveram uma tarefa de laboratório na qual apresentavam resumidamente duas seqüências de letras palavras ou pseudopalavras aos sujeitos e em seguida pediamlhes que tomassem uma decisão sobre cada seqüência de letras tal como decidir se as letras formavam uma palavra legítima ou se uma palavra pertencia a uma categoria prédesignada Acessibilidade limitada para a maioria dos pesquisadores requer acesso tanto para os sujeitos apropriados como para o equipamento que pode ser caro demais e difícil de obter amostras pequenas muitos estudos têm como base estudos de cérebros anormais ou de cérebros de animais a generalização das conclusões para as populações humanas normais pode será problemática Elizabeth Warrington e Tim Shallice1972Shallice Warrington 1970 observaram que as lesões áreas de ferimento no lobo parietal esquerdo do cérebro estão associadas a deficits de memória de curto prazo breve ativa mas não há qualquer dano à memória de longo prazo Contudo pessoas com lesões nas regiões temporais mediais do cérebro apresentam memória de curto prazo relativamente normal mas têm graves deficits na memória de longo prazo Shallice 1979 Warrington 1982 Incapacidade para reportar processos que ocorrem fora da consciência Protocolos verbais e autocIassificações a coleta de dados pode influenciar os processos cognitivos que estão sendo relatados Recordações possíveis discrepâncias entre cognição real e processos e produtos cognitivos recordados Durante um estudo de imagens mentais Stephen Kosslyne seus colegas Kosslyn Seger Pani Hillger 1990 pediram a seus alunos que registrassem em um diário durante uma semana todas as suas imagens mentais em cada modalidade sensorial Estudos de Caso Desenvolver estudos intensivos de indivíduos tirando conclusões gerais sobre comportamento Altamente improvável Altamente improvável Quase certamente pequeno Capítulo 1 Introdução à Psicologia Cognitiva 17 Observações Naturalísticas Simulações por Computador IA Observar situações da vida real como Simulações tentar fazero por exemplo em salas de aula ambientes de trabalho ou em casa computador simular o desempenho cognitivo em várias tarefas IA tentativa de fazer o computador demonstrar o desempenho cognitivo inteligente independente do processo ser semelhante ao processo cognitivo humano Não se aplica Não Provavelmente pequeno Não se aplica Controle total de variáveis de interesse Não se aplica Não é provável que seja representativo Pode ser representativo Não se aplica Alta validade ecológica para casos Sim individuais baixa generalização para outros Não se aplica Sim informações ricas em detalhes com relação a indivíduos Acesso a informações ricas em detalhes sobre indivíduos inclusive contextos históricos e atuais que podem não estar disponíveis por outros meios pode levar a aplicações especializadas para grupos de indivíduos excepcionais ex prodígios pessoas com lesões cerebrais Aplicável em outras pessoas o tamanho reduzido e a nãorepresentatividade da amostra normalmente limita a generalização para a população Howard Gruber 19741981 conduziu um estudo de caso sobre Charles Darwin explorando a fundo o contexto psicológico da criatividade intelectual Épossível masa ênfase reside nas distinções ambientais e não nas diferençasindividuais Acesso a informações contextuais abundantes que podem não estar disponíveis por outros meios Não se aplica Permite explorar ampla gama de possibilidades para modelar processos cognitivos permite testar claramente para verificar se as hipóteses previram com precisão os resultados pode levar a grande variedade de aplicações práticas ex robótica para o desempenho de tarefas perigosas ou em ambientes de risco Falta de controle experimental possível influência no comportamento naturalista em decorrência da presença do observador Limitações impostas por limites de hardware ex circuito do computador e de software ex programas criados pelos pesquisadores distinções entre inteligência humana e inteligência da máquina mesmo em simulações com técnicas sofisticadas de modelagem as simulações podem modelar imperfeitamente a forma como o cérebro humano pensa Michael Cole Cole Clay Glick Sharp 1971 pesquisou membros da triboKpelle na África observando de que maneira as definições de inteligência dos Kpelle se comparavam com as definições tradicionais da inteligência ocidental bem como de que modo as definições culturais de inteligência podem governar o comportamento inteligente Simulações por meio de computações minuciosas David Marr 1982 tentou simular a percepção visual humana e propôs uma teoria de percepção visual baseada em seus modelos computacionais IA váriosprogramas de IA foram criados para demonstrar perícias ex jogar xadrez mas esses programas resolvem problemas provavelmente ao utilizar processos diferentes daqueles utilizados por peritos humanos 18 PsicologiaCognitiva palavras cachorro gato rato hamster esquilo leão e informar se a palavra leão aparece a di ferença na reação dos tempos pode indicar grosso modo a quantidade de tempo que se gasta para processar cada um dos estímulos Supõese que os resultados nas condições experimentais mostrem uma diferença esta tisticamente significante dos resultados na condição de controle O pesquisador poderá en tão inferir a probabilidade de uma ligação causai entre as variáveis independentes e as dependentes Uma vezque o pesquisadot puder estabelecer uma provável ligação causai en tre as variáveis independentes e dependentes oferecidas os experimentos controlados em laboratório oferecem um excelente método para se testar hipóteses Por exemplo supondo que se quisesse verificar se ruídos altos e perturbadores exercem influência na capacidade de se desempenhar bem uma determinada tarefa cognitiva ex ler um capítulo de um livro didático e responder aos exercícios de fixação Em termos ide ais se deveria selecionar uma amostra aleatótia de participantes do total da população de interesse A seguir se designaria aleatoriamente a cada participante às condições de trata mento ou de controle Depois se introduziriam alguns ruídos altos aos participantes na con dição de ttatamento Em seguida se apresentaria uma tarefa cognitiva aos participantes das duas condições experimental e de controle Seria possível então medir seus desempenhos por meio de alguns meios ex velocidade e precisão das respostas às perguntas de compre ensão Finalmente os resultados seriam analisados estatisticamente A partir disso seria possível examinar se a diferença entre os dois grupos atingiu significância estatística Su pondo que os participantes na condição experimental tenham mostrado desempenho infe rior àquele dos participantes na condição de controle em termos de significância estatística dessa maneira seria possível inferir que ruídos altos e distrativos certamente influenciaram a capacidade de um bom desempenho nessa tarefa cognitiva específica Na pesquisa cognitivopsicológica as variáveis dependentes podem ser muito diversifica das mas geralmente compreendem várias medidas de resultados de precisão ex freqüên cia de erros de tempos de resposta ou de ambos Dentte as inúmeras possibilidades para as variáveis dependentes estão as características da situação da tarefa ou dos participantes Por exemplo as características da situação podem compreender a presença versus a ausên cia de determinados estímulos ou certas pistas no decorrer de uma tarefa de resolução de problemas As características da tarefa podem envolver leitura versus escuta de uma sé rie de palavras e em seguida responder às perguntas de compreensão As características dos participantes podem incluir diferenças etárias diferenças na situação de escolaridade ou até baseadas em classificação em testes De um lado as características da situação ou tarefa podem ser manipuladas por meio de atribuição aleatória dos participantes tanto do grupo de tratamento como do grupo de con trole e de outro as características do participante não são facilmente manipuláveis em ter mos experimentais Por exemplo supondo que o pesquisador queira estudar os efeitos do envelhecimento sobre a velocidade e a precisão na resolução de problemas O pesquisador não poderá atribuir de modo aleatório a váriosgruposetários porque a idade das pessoas não pode ser manipulada embora participantes de vários grupos etários possam ser distribuídos aleatoriamente nas várias condições experimentais Nesses casos o pesquisador sempre pode usar outros tipos de estudos como aqueles que compreendem correlação relação esta tística entre dois ou mais atributos por exemplo as características dos participantes ou as da situação As correlações normalmente se expressam por meio de coeficientes de correlação conhecidos como r de Pearson que é um número que pode ir de 100 correlação negativa passando por 0 sem correlação até 100 correlação positiva Capítulo 1 Introdução à Psicologia Cognitiva 19 A correlação é a descrição de uma relação O coeficiente de correlação descreve a força dessa relação Quanto mais próximo do 1 estiver o coeficiente tanto positivo quanto ne gativo mais forte será a relação entre as variáveis O sinal positivo ou negativo do coe ficiente descreve a direção dessa relação Uma relação positiva indica que enquanto uma variável aumenta ex tamanho do vocabulário outra variável também aumenta ex compreensão de leitura Uma relação negativa indica que à medida que uma variável au menta ex fadiga a medida da outra diminui ex vigilância Quando não há correla ção ou seja quando o coeficiente é 0 indica que não existe padrão ou relação na alteração das duas variáveis ex inteligência e o comprimento do lobo da orelha Nesse caso am bas as variáveis podem mudar mas não variam juntas dentro de um padrão consistente Conclusões sobre relações estatísticas são altamente informativas Seu valor não deve ser subestimado Além disso uma vez que os estudos correlacionais não exigem atribuição aleatória de participantes nas condições experimental ou de controle esses métodos podem ser aplicados com flexibilidade Entretanto tais estudos geralmente não permitem inferên cias inequívocas com relação à causalidade Como conseqüência muitos psicólogos cogni tivos na maioria das vezes preferem utilizar dados experimentais a dados correlacionais Pesquisa Psicobiológica Por meio da pesquisa psicobiológica os cientistas estudam a relação entre desempenho cog nitivo eventos e estruturas cerebrais O Capítulo 2 descreve várias técnicas específicas utilizadas na pesquisa psicobiológica que em geral são classificadas em três categorias A primeira é a das técnicas de estudo do cérebro de um indivíduo postmortem estabelecendo relações da função cognitiva deste indivíduo antes da morte para a observação das caracte rísticas do cérebro A segunda categoria compreende as técnicas de estudo das imagens que mostram estruturas ou atividades no cérebro de um indivíduo sabidamente com déficit cog nitivo A terceira categoria compreende as técnicas para obtenção de informação à respeito dos processos cerebrais durante o desempenho normal de uma atividade cognitiva Os estudos postmortem ofereceram os primeiros insights a respeito de como lesões espe cíficas podem estar associadas a determinados deficits cognitivos Esses estudos continuam a oferecer insights de grande utilidade de como o cérebro influencia a função cognitiva Re centes avanços tecnológicos também estão possibilitando cada vez mais o estudo de indi víduos com reconhecidos deficits cognitivos invivo enquanto o indivíduo ainda está vivo O estudo de indivíduos com funções cognitivas disfuncionais vinculadas a lesões cerebrais geralmente possibilita a compreensão das funções cognitivas normais Além disso os psicobiologistas estão estudando alguns aspectos do funcionamento cog nitivo normal por meio do estudo da atividade cerebral em sujeitos animais Emgeral a pes quisa é feita com sujeitos animais para experimentos que compreendem procedimentos neurocirúrgicos que não poderiam ser realizadoscom seres humanos por serem difíceis an tiéticos ou até mesmo impraticáveis Por exemplo estudos mapeando a atividade neural no córtex são realizados em gatos e macacos ex à pesquisa psicobiológica sobre como o cére bro responde a estímulos visuais ver Capítulo 3 O funcionamento cognitivo e cerebral dos animais e de humanos com deficits pode ser generalizado e aplicado ao funcionamento cognitivo e cerebral de humanos normais Os psicólogos responderam a essas questões de várias maneiras A maioria vai além do escopo deste capítulo ver Capítulo 2 Apenas como exemplo para alguns tipos de atividade cog nitiva a tecnologia disponível permite aos pesquisadores estudar a atividade cerebral dinâ mica dos participantes humanos normais durante o processamento cognitivo ver técnicas de imagem do cérebro descritas no Capítulo 2 20 Psicologia Cognitiva Autoavaliações Estudos de Caso e Observação Naturalística Geralmente os experimentos individuais e estudos psicológicos concentramse na especifi cação dos aspectos discretos da cognição nos indivíduos Para se obter informações ricas em detalhes sobre a maneira como determinados indivíduos pensam dentro de uma ampla gama de contextos os pesquisadorespoderão usar outros métodos que incluem as autoava liações relato dos processoscognitivos feito pelo próprio indivíduo os estudos decaso estu dos individuais profundos e a observação naturalística estudos detalhados do desempenho cognitivo em situações cotidianas e contextos fora do laboratório De um lado a pesquisa experimental é extremamente útil para testar hipóteses Por outro a pesquisa com base nas autoavaliações estudos decaso e observação naturalística são geralmente úteis na formulação das hipóteses Esses métodos também são muito úteis na geração de descrições sobre eventos raros ou de processos em que não se disponha de outra forma de mensuração Em situações muito específicas esses métodos são a única forma de se coletar informa ção Um exemplo é o caso de Genie uma menina que ficou trancada em um quarto até os 13 anos apresentando graves e limitadas experiências sociaise sensoriais Como conseqüên cia do aprisionamento ela apresentava graves deficits físicos e nenhuma habilidade lingüís tica Por meio de métodos de estudos de caso coletouse informação a respeito de como ela conseguiu aprender a linguagem mais tarde Fromkin et ai 1974 Jones 1995 La Pointe 2005 Não seria ético do ponto de vista experimental privar uma pessoa de estimulações lingüísticas em seus primeiros 13 anos de vida Assim sendo os métodos de estudos de caso são a única maneira razoável de se avaliar os resultados de alguém a quemfoi negada a ex posição ao ambiente social e à linguagem Da mesma maneira uma lesão cerebral traumática não pode ser manipulada em huma nos no contexto laboratorial Assim sendo sempre que uma lesão cerebral traumática ocorre os estudos de caso são a única forma de se coletar informação Por exemplo o caso de Phi neas Gage um operário de ferrovia que em 1848 foi atingido durante um acidente no lobo frontal por uma enorme ponta de metal Damasio et ai 1994 Surpreendentemente Gage sobreviveu mas seu comportamento bem como seus processos mentais foram drasticamente alterados Certamente não é possível inserirse uma ponta de metal no cérebro dos partici pantes em um experimento Portanto no caso de uma lesão cerebral traumática podese confiar unicamente nos métodos de estudos de caso para a coleta de informações A confiabilidade dos dados com base nos vários tipos de autoavaliações depende da franqueza dos participantes aooferecer osrelatos É possível queumparticipante não relate corretamente a informação sobre seus processos cognitivos por vários motivos Esses moti vos podem ser tanto intencionais como não intencionais Os relatos incorretos do tipo intencionais podem incluir a tentativa de editar informações desagradáveis Os relatos in corretos do tipo não intencionais podem ocorrer pelo nãoentendímento das perguntas ou mesmo da impossibilidade de se lembrar corretamente da informação Por exemplo sempre que o participante é solicitado a dizer quais estratégias para resolução de problemas utili zavaquando estava no ensino médio é possívelque ele ou ela não lembre O participante pode tentar ser completamente honesto em seusrelatos Entretanto telatos que contêm in formação rememorada ex diários relatos retrospectivos questionários e surveys são no tadamente menos confiáveis do que os relatos provenientes durante o processamento cognitivo que está sob investigação A razão é que os participantes por vezes se esquecem do que fizeram Quando estudam processos cognitivos complexos tais como a resoluçãode problemas ou a tomada de decisão os pesquisadores geralmente usam um protocolo verbal No protocolo verbal os participantes desctevem seus pensamentos e idéias em voz alta du rante o desempenho de uma determinada tarefa cognitiva ex Gosto mais do aparta mento com piscina mas não posso pagar por ele e portanto eu talvez escolha outro Capitulo 1 Introdução à PsicologiaCognitiva 21 Uma alternativa para o protocolo verbal é que os participantes relatem informações es pecíficas com relação a um determinado aspecto de seu funcionamento cognitivo Por exemplo o estudo de uma criteriosa resolução de problemas ver o Capítulo 11 Resolu ção de problemas e criatividade Os sujeitos foram solicitados a relatar em intervalos de 15 segundos em ordem numérica o quão sentiamse próximos de alcançar uma solução para um determinado problema Infelizmente até mesmo esses métodos de autorrelatos têm suas limitações Por exemplo o funcionamento cognitivo pode ser alterado pelo ato de en trega do relatório ex processos envolvendo formas sucintas de memória ver o Capítulo 5 Outro exemplo são processos cognitivos que ocorrem fora da conscientização ex pro cessosque não exigem atenção consciente ou que ocorrem tão rapidamente que passamdes percebidos ver Capítulo 4 Para se ter uma idéia de algumas das dificuldades com os autorrelatos exercite as tarefas apresentadas no quadro Investigando a Psicologia Cogni tiva Reflita a respeito de suas próprias experiências com autorrelatos Tarefas INVESTIGANDO 1 Sem olhar para os sapatos tente relatar em voz alta as várias A PSICOLOGIA etapas envolvidas no ato de amarrálos COGNITIVA 2 Lembrese em voz alta do que você fez em seu último aniversário 3 Agora amarre os sapatos ou qualquer outra coisa como um barbante em volta do pé da mesa relatando em voz alta todas as etapas que isso demanda Você percebe as diferenças entre a tarefa 1 e a tarefa 3 4 Relate em voz alta como você trouxe à consciência todas as etapas necessárias para amarrar o sapato ou as lembranças do seu último aniversário Você consegue relatar exatamente de que forma trouxe as informações até o nível consciente Consegue relatar que parte do seu cérebro estava mais ativa durante a execução da cada tarefa Faça com a metade de um grupo de amigos um por um uma das séries de pergun tas abaixo e com a outra metade a outra série Peçalhes que respondam o mais rápido possível Grupo l O que o bichodaseda tece Qual o tecido famoso que vem do bichodaseda O que as vacas bebem Grupo 2 O que as abelhas fazem O que cresce no campo e depois se transforma em tecido O que as vacas bebem Muitos dos seus amigos ao chegarem à pergunta 3 do grupo 1 dirão leite quando todo mundo sabe que as vacas bebem água A maioria das pessoas que responde às questões do grupo 2 dirá água e não leite Você conduziu um experimento O método experi mental divide as pessoas em grupos iguais altera um aspecto entre os dois grupos no seu caso você fez uma série de perguntas antes de fazer a pergunta crítica e em seguida mede as diferenças entre os dois grupos O que você estará medindo é a quantidade de erros e 22 Psicologia Cognitiva é possível que os seus amigos do grupo 1 apresentem mais erros do que os do grupo 2 pois estabeleceram o conjunto errado de suposições para responderem às perguntas Os estudos de caso poderão ser utilizados como conclusões complementares de experi mentos laboratoriais por exemplo o estudo de indivíduos excepcionalmente dotados e as observações naturalísticas ou seja a observação de indivíduos que trabalham em usinas nu cleares Esses dois métodos de pesquisa cognitiva oferecem alta validade ecológica o grau no qual as conclusões específicas em um contexto ambiental podem ser consideradas relevan tes fora daquele contexto Como se sabe a ecologia é o estudo da interação entre um ou mais organismos e o seu ambiente Muitos psicólogos cognitivos buscam entender a interação entre o funcionamento do pensamento humano e os ambientes nos quais os seres humanos estão pensando Às vezes processos cognitivos que comumente são observados em outro contexto ex no laboratório não são idênticos àqueles observados em outro ex uma torre de controle de tráfego aéreo ou uma sala de aula Simulações por Computador e IA Os computadores digitais desempenharam importante papel no surgimento do estudo da Psicologia Cognitiva Um tipo de influência é a indireta por meio de modelos da cognição humana que tomam por base a maneira como os computadores processam informações Outro tipo é a influência direta por meio de simulações por computador e IA Nas simulações por computador os pesquisadores programam computadores para imi tarem uma determinada função ou um determinado processo humano Entre os exemplos estão o desempenho em tarefas cognitivas específicas ex manipulação de objetos no es paço tridimensional e o desempenho de determinados processos cognitivos ex reconhe cimento de padrões Alguns pesquisadores inclusive já tentaram criar modelos de computador envolvendo toda a arquitetura cognitiva da mente humana Esses modelos pro piciaram acaloradas discussões sobre o funcionameto da mente humana como um todo ver o Capítulo8 Àsvezes a difetença entre a simulação e a IA é difícil deserdelimitada Por exemplo certos programas que são projetados simultaneamente para simular o desempe nho humano e maximizar o seu funcionamento Consideremos por exemplo um programa que jogue xadrez Existem duas maneiras to talmente diferentes para conceituar a escrita desse programa Uma delas é chamada de força bruta ou seja constróise um algoritmo que considere jogadas muito importantes em pe quenos períodos potencialmente vencendo jogadores humanos simplesmente por conta do número de jogadas que o programa possui e as probabilidades das futuras conseqüências des sas jogadas O programa seria considerado um sucesso à medida que vencesse os melhores jogadores humanos Esse tipo de IA não busca representar como os seres humanos funcio nam mas se bem feito ele poderá produzir um programa que joga xadrez em altíssimo ní vel Uma abordagem alternativa a da simulação leva em conta a maneira como os grandes mestres solucionam seus problemas de xadrez e em seguida busca funcionar à maneira da queles O programa seria considerado um sucesso se conseguisse escolher numa seqüência de jogadasem uma partida as mesmas jogadasque um grande mestre escolheria Também é possível a combinação de duas abordagens para produzir um programa que de modo geral simula o desempenho humano mas também usa da força bruta para se ne cessário vencer o jogo Juntando Tudo Os psicólogos cognitivos geralmente ampliam e aprofundam o conhecimento por meio de pesquisas em Ciência Cognitiva A Ciência Cognitiva é um campo multidisciplinar que se utiliza de idéias e métodos da Psicologia Cognitiva da Psicobiologia da IA da Filosofia da Lingüística e da Antropologia Nickerson 2005 Von Eckardt 2005 Os cientistas cognitivos usam essas idéias e métodos para enfatizar o estudo de como os seres humanos Capítulo 1 Introdução à Psicologia Cognitiva 23 adquirem e utilizam o conhecimento Os psicólogos cognitivos também se beneficiam de colaborações com outros tipos de psicólogos Um exemplo disso são os psicólogos sociais ex no campo multidisciplinar da cognição social os psicólogos que estudam a motiva ção e a emoção além de ergonomistas ex psicólogos que estudam as interações entre o homem e as máquinas Questões Fundamentais e Campos da Psicologia Cognitiva Ao longo deste capítulo foram feitas alusões sobre alguns dos temas fundamentais que emergem no estudo da Psicologia Cognitiva Como surgem várias vezesao longo dos capí tulos deste livro seguese um resumo desses temas Algumas dessas perguntas vão direto ao âmago da natureza da mente humana Temas Subjacentes ao Estudo da Psicologia Cognitiva Revisando as importantes idéias deste capítulo veemse alguns dos temas centrais que são subjacentes a toda PsicologiaCognitiva Quais sãoEis sete deles vistos sob uma perspec tiva dialética 1 Inato versus adquirido a Tesejantítese Qual é o fator mais influente na cognição humana inato ou adqui rido Se acreditarmos que as características inatas da cognição humana são mais importantes podemos concentrar nossa pesquisa no estudo das características inatas da cognição Se acreditarmos que o ambiente desempenha papel impor tante na cognição então conduziremos nossa pesquisa explorando de que ma neira as diferentes características do ambiente parecem influenciar a cognição b Síntese Como é possível aprender a respeito das covariações e interações do am biente tais como de que modo um ambiente pobre afeta adversamente alguém cujos genes deveriam leválo a ser bemsucedido em uma variedade de tarefas 2 Racionalismo versus Empirismo a Teseantítese Como descobrir a verdade a respeito de si mesmo e do mundo à sua volta Devese fazer issopor meio do raciocínio lógico com base no que já se sabe Ou devese fazêlo testando as próprias observações do que se percebe pelas sensações b Síntese Como combinar a teoria com métodos empíricos para se aprender o má ximo possível a respeito dos fenômenos cognitivos 3 Estruturas versus processos a Teseantítese Devemse estudar as estruturas conteúdos atributos e produtos da mente humana Ou concentrarse no processo do pensamento humano b Síntese Como os processos mentais operam nas estruturas mentais 4 Generalidade versus especificidade do domínio a Tesejantítese Os processos observados são limitados a domínios únicos de conhe cimento ou são gerais para uma série de domínios As observações em um domí nio se aplicam também a todos os domínios ou apenas aos domínios específicos observados b Síntese Quais processos podem ser de domínio geral e quais de domínio es pecífico 24 Psicologia Cognitiva 5 Validade das inferências causais versus validade ecológica a Teseantítese Devese estudar a cognição pelo uso de experimentos altamente controlados que aumentam a probabilidade de inferências válidas com relação à causalidade Ou se deveriam usar técnicas mais naturalísticas que aumentam a probabilidade de se obter conclusões ecologicamente válidas porém à custa do controle experimental b Síntese Como combinar os métodos inclusive os laboratoriais e os mais natura lísticos de modo a se chegar a conclusões sustentáveis independentemente do método de estudo 6 Pesquisa aplicada versus pesquisa básica a Teseantítese Devese conduzir a pesquisa nos processos cognitivos fundamentais Ou devese estudar maneiras para auxiliar as pessoas a utilizarem a cognição de modo eficaz em situações práticas b Síntese Os dois tipos de pesquisa podem ser combinados dialeticamente de ma neira que a pesquisabásica conduza à pesquisaaplicada o que por sua vez leva ria a mais pesquisa e assim por diante 7 Métodos biológicos versus métodos comportamentais a Tesefantítese Devese estudar o cérebro e seu funcionamento diretamente com técnicas de imagem enquanto as pessoasrealizam tarefas cognitivas Ou se deve ria estudar o comportamento das pessoas durante o desempenho de tarefascogni tivas observandose medidas como percentual de correlação e tempo de reação b Síntese De que modo se poderia sintetizar os métodos biológicos e comporta mentais para a compreensão dos fenômenos cognitivos em múltiplos níveis de análise Embora muitas dessas perguntas sejam apresentadas de forma excludente do tipo ou ou é bom lembrar que muitas vezes uma síntese das idéias ou métodos se mostra mais útil do que posições extremadas Por exemplo a característica inata do ser humano pode propor cionar uma estrutura herdada para as características e padrões diferentes do pensamento e da açãoenquanto que o queseadquire podeengendrar asformas específicas nasquais sedesen volvem essas estruturas Podemse usar métodos empíricos para a interpretação de dados construir teorias e formular hipóteses com base nas teorias O nosso entendimento da cogni ção se aprofunda à medida que se considera tanto a pesquisa básica como a aplicada sobre os processos cognitivos fundamentais com relação às utilizações efetivas da cognição em con textos de mundo real As sínteses estão evoluindo permanentemente Aquilo que hoje é uma síntese amanhã poderá ser considerada como posição extrema e viceversa Principais Idéias da Psicologia Cognitiva Certas idéias fundamentais parecem surgir com freqüência na Psicologia Cognitiva inde pendente dos fenômenos específicos que são estudadosA seguir eis o que se pode conside rar como as cinco idéias fundamentais í Os dados napsicologia cognitiva sópodem ser completamente compreendidos no contexto de uma teoria explanatória porém denada valem as teorias sem dados empíricos A ciência não é apenas um conjunto de fatos coletados de forma empírica Ao invés disso ela comporta fatos que são explicados e organizados por teorias cientí ficas Por exemplo supondo que se saiba que a capacidade das pessoaspara reconhe cer informações que já viram antes é melhor que sua capacidade de recordar tais Capítulo 1 Introdução à Psicologia Cognitiva 25 informações Como exemplo elassesaem melhor reconhecendose já ouviram uma palavra dita constante de uma lista do que em se lembrar da palavra sem que ela tenha sidoapresentada Estaé umageneralização empíricabem interessante entre tanto a ciência requerque não apenasas pessoas sejam capazes de fazer generaliza ções como também entender por que a memória funciona assim Por um lado a explicação é um importante objetivo da ciência ao passo que a generalização em pírica não oferece na ausência de uma teoria subjacente qualquer explicação Por outro lado a teoria faz com que se compreendam as limitações das generalizações empíricas e porque ocorrem Por exemplo uma teoria proposta por Tulving e Thomson 1973 sugeria que na verdade o reconhecimento nem sempre deveria ser melhor que a recordação Outro objetivo igualmente importante da ciência é a predição A teoria de Tulving e Thomson levouos a predizer as circunstâncias sob as quais a recordação deveria ser melhor que o reconhecimento Uma coleta de dados logo após provou que estavam certos Em determinadas circunstâncias a re cordação é certamente melhor que o reconhecimento A teoria portanto sugeriu em quais circunstâncias dentre as inúmeras que se examinaram deveriam ocorrer aslimitações das generalizações Assim sendo a teoria tanto serve deauxílio paraa explicação como para a predição Ao mesmo tempo a teoria sem dados é vazia Praticamente qualquer indiví duo pode se sentar em uma poltrona e propor uma teoria até mesmo uma que pareçaplausível porém a ciência requer testes empíricos dessas teorias sem o que continuam sendo meramente especulativas Logo teotias e dados dependem uns dosoutrosAs teoriasgeramascoletasde dados que por sua vez ajudam a corrigi das que levam a mais coletas de dados e assim por diante E por meio dessa repetição e da interação entrea teoria e os dados que sepode aumentar o conheci mento científico 2 A cognição é geralmente adaptativa mas não em todas as instâncias específicas Quando se consideram asformas pelas quais se cometem erros é impressionante como os sistemas cognitivos humanos funcionam bem A evolução fez muito bem em engendrar o desenvolvimento de um aparato cognitivo capaz de decodificar com precisão os estímulos ambientais além de entender os estímulos internos da maioria das informações disponíveis Podese perceber aprender recordar racioci nar e solucionar problemas com enorme precisão Isso ocorre mesmo com uma grande quantidade de estímulos Qualquer estímulo pode desviar o indivíduo do processamento adequado da informação Todavia os mesmos processos que nos le vam a perceber recordare raciocinar com precisão na maioria das situações tam bém podem nos levar ao erro Nossas recordações e raciocínios por exemplo são suscetíveis a certos erros sistemáticos bem identificados Por exemplo à medida que sepercebe o quanto aprendeu a respeito dadisponibilidade heurística a tendência é supervalorizar a informação que já está disponível e isso ocorre mesmo quando a informação nãoé totalmente relevante aoproblema emquestão Em geral todos os sistemas naturais ou artificiais estão baseados em compensações As mesmas ca racterísticas que os tornam altamente eficientes dentro da enorme gama de cir cunstâncias podem tornálos ineficientes em outras circunstâncias específicas Um sistema que poderia serextremamente eficiente emcadacircunstância especí fica poderia ser ineficiente em uma ampla variedade de circunstâncias simples mente porque se tornaria demasiadamente incômodo e complexo Portanto os seres humanos representam uma adaptação altamente eficiente porém imperfeita dos ambientes que enfrentam 26 Psicologia Cognitiva Considere como exemplo de disponibilidade o ingresso na universidade A maioria dos responsáveis pela admissão nas universidades deseja obter toda a infor mação possível dosalunos suas habilidades de liderança suacriatividade sua ética bem como outras características igualmente relevantes Entretanto essa informação pode não estardisponível imediatamente e nessecasogeralmente sóestá disponível por meio de alguns alunos Em contrapartida as notas das provas e as médias das notas estão sempre disponíveis para todos os usos Dessaforma os encarregados pela admissão nas faculdades poderão confiar mais nas notas do que o fariam caso as in formações sobre a personalidade dos alunos como criatividade e ética estivessem mais prontamente disponíveis 3 Os processos cognitivos interagem uns com os outros e também com processos não cognitivos Embora tentem estudar e muitas vezes isolar o funcionamento de processos cognitivos específicos os psicólogos cognitivos sabem como esses processos andam juntos Por exemplo a memória depende em parte da percepção Igualmente o pensamento depende em parte da memória ou seja não é possível refletir sobre aquilo que não é lembrado Contudo os processos nãocognitivos também intera gem com os cognitivos Por exemplo aprendese melhor quando se está motivado a aprender Porém o aprendizado será provavelmente afetado se o indivíduo se chatear com algo e não conseguir se concentrar na tarefa em questão Portanto os psicólogos cognitivos buscam estudar os processos cognitivos não apenas de modo isolado como também em suas interações uns com os outros e com os processos nãocognitivos Uma das áreas mais interessantes da Psicologia Cognitiva hoje em dia é a inter face entre os níveis cognitivo e biológico Nos últimos anos pot exemplo tornouse possível localizara atividade cerebral associada a vários tipos de processos cogniti vos Entretanto é preciso muito cuidado ao assumir que a atividade biológica é a causa da atividade cognitiva A pesquisa mostta que a aprendizagem geradora de alterações no cérebro ou em outras palavras nos processos cognitivos pode afetar as estruturas biológicas tanto quanto as estruturas biológicas podem afetar os pro cessos cognitivos Assim sendo as interações entre os processos cognitivos e os outros processos podem ocorrer em vários níveis O sistema cognitivo não opera isoladamente mas funciona em interação com os outros sistemas 4 A cognição deve ser estudada por meio de uma variedade de métodos científicos Não há uma forma correta de estudar a cognição Estudiosos ingênuos buscam o melhor método para o estudo da cognição Essabusca será inevitavelmente em vão pois todo o funcionamento cognitivo precisa ser estudado por meio de um le que variado de operações convergentes ou seja utilizando diferentes métodos que visem a um entendimento comum Quanto mais diferentes forem as técnicas que levem à mesma conclusão maior será a confiança nestas Por exemplo suponhase que os estudos de tempos de reação percentual de correlação e padrõesdas diferen ças individuais todos levem a uma única conclusão Dessa forma podeseter muito mais confiança do que se esta conclusão fosse conseguida por apenas um método Os psicólogos cognitivos precisam aprender uma série de diferentes tipos de técnicas para executar bem seu trabalho Contudo esses métodos devem ser científi cos Os métodos científicos diferem dos outros métodos uma vez que oferecem a base para a natureza autocorretiva da ciência Com o tempo corrigemse os erros A razão para isso é que os métodos científicospermitem refutar as expectativas quando Capítulo 1 Introdução à Psicologia Cognitiva 27 estas estiverem erradas Os métodos não científicos não apresentam tal caracterís tica Por exemplo os métodos de investigação que dependem apenas da fé ou da autoridade para determinar uma verdade podem ter algum valor na vida das pessoas mas não são científicos e portanto não são autocorretivos Na verdade as palavras de uma autoridade hoje podem ser substituídas pela de outra amanhã sem que se saibaqualquercoisa nova a respeito dofenômeno a que aspalavras seaplicam Como o mundo aprendeu há muito tempo o fato de que importantes dignitários tenham dito que a Terraestá no centro do Universo não faz com que isso sejaverdade 5 Toda a pesquisa básica em Psicologia Cognitiva poderá levar a aplicações e toda pesquisa aplicada poderá levar a conhecimentos básicos Os políticos e às vezes até mesmo cientistas gostam de estabelecer claras dife renças entre a pesquisa básica e a aplicada A verdade no entanto é que essa dis tinção geralmente não é clara Uma pesquisa que poderia ser básica quasesempre leva a aplicações imediatas Da mesma forma pesquisas que aparentemente deve riam ser aplicadas às vezes levam rapidamente a conhecimentos básicos com aplicações imediatas ou não Por exemplo uma conclusão básica de uma pesquisa sobre a aprendizagem e a memória é que a aprendizagem é superior quando distri buída ao longo do tempo do que quando é concentrada em curtos intervalos de tempo Essa conclusão básica tem uma aplicação imediata na formulação de estra tégias Ao mesmo tempo a pesquisa sobre testemunhos oculares que à primeira vista parece ser muito aplicada melhorou o conhecimento básico do funciona mento da memória bem como sobre até que ponto o ser humano constrói as pró prias recordações Não é uma mera reprodução do que ocorre no ambiente Antes de encerrar este capítulo pense em alguns campos da Psicologia Cogni tiva descritos noscapítulosseguintes aosquais esses temase questões fundamentais estão diretamente relacionados Leituras Sugeridas Comentadas Nadei L Encyclopedia ofcognitive science v Wilson R A Keil F C The MIT ency 4 Londres Nature Publishing Group clopedia ofcognitive sciences Cambridge 2003 Uma análise detalhada de tópicos MIT Press 1999 Verbetessobre toda a em toda a gama das Ciências Cogniti gamade tópicosqueconstituem o campo vas Os verbetes estão classificados por de estudos da Ciência Cognitiva grau de dificuldade CAPITULO Neurociência Cognitiva 2 EXPLORANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA 1 Quais são as estruturas fundamentais e os processos celulares do cérebro 2 Como os pesquisadores estudam as grandes estruturas e os processos cerebrais 3 O que os pesquisadores já descobriram como resultados do estudo do cérebro Uma antiga lenda da índia Rosenzweig Leiman 1989 fala de Sita Ela se casa com um homem mas se sente atraída por outro Esses dois homens frustrados decapitam um ao outro Sita que ficou sem os dois reza desesperadamente à deusa Kali para que traga os dois homens de volta à vida Sita tem seu desejo atendido A ela foi permitido recolocar as cabeças nos corpos Na sua pressa de trazer os dois de volta à vida Sita por engano troca as cabeças E agora com quem ela está casada Quem e quem A questão mentecorpo há muito interessa a filósofos e cientistas Onde a mente está localizada no corpo se é que está De que forma mente e corpo interagem Como somos ca pazesde pensar falar planejar raciocinar aprender e recordar Quais são as bases físicas de nossas capacidades cognitivas Todas essas perguntas investigam a relação entre Psicologia Cognitiva e Neurobiologia Alguns psicólogos cognitivos buscam responder a essas questões estudando as bases biológicas da cognição Os psicólogos cognitivos estão particularmente preocupados em como a anatomia as estruturas físicas do corpo e a fisiologia funções e processos do corpo do sistema nervoso afetam e são afetadas pela cognição humana A Neurociência Cognitiva é o campo de estudos que vincula o cérebro e outros aspec tos do sistema nervoso ao processamento cognitivo e em última análise ao comporta mento O cérebro é o órgão do corpo que controla mais diretamente os pensamentos as emoções e as motivações Gloor 1997 Rockland 2000 Shepherd 1998 Em geral pen sase no cérebro como algo que está no topo da hierarquia do corpo como o chefe com vários outros órgãos respondendo a ele Contudo como qualquer bom chefe escuta seussu bordinados e é influenciado por eles que são os outros órgãos do corpo Dessa forma o cé rebro é tanto diretivo como reativo Um objetivo importante do atual trabalho sobre o cérebro é estudar a localização das funções A localização da função referese às áreas específicasdo cérebro que controlam os comportamentos e as habilidades específicas Entretanto antes de tratarmos do cérebro va mos examinar como ele se situa na organização geral do sistema nervoso 29 30 Psicologia Cognitiva Do Neurônio ao Cérebro A Organização do Sistema Nervoso O sistema nervoso é a base de nossa capacidade de percebermos de nos adaptar e de inte ragirmos com o mundo ao nosso redor Gazzaniga 1995 2000 Gazzaniga Ivry Mangun 1998 Por meio desse sistema recebese processasee depois se respondem às informações provenientes do meio ambiente Pinker 1997 Rugg 1997 Nessa seção vamos considerar inicialmente o bloco estrutural básico do sistema nervoso o neurônio Examinaremos em detalhes como a informação se movimenta por meio do sistema nervoso no nível celular e depois disso analisaremos os vários níveis de organização no sistema nervoso Nas seções posteriores vamos nos concentrar no principal órgãodo sistemanervoso o cérebro pres tando especialatenção ao córtex cerebralque controla muitosdosprocessos de pensamento Por ora vejamos como o processamentoda informaçãoocorre no nível celular Estrutura e Função Neuronais Para compreendercomo o sistemanervosoprocessa a informação é preciso examinar a estru tura e a função das células que constituem esse sistema As células neurais individuais cha madas neurônios transmitem sinais elétricos de um local para outro no sistema nervoso Carlson 2006 Shepherd 2004 A maior concentração de neurônios ocorre no neocórtex do cérebro O neocórtexé a parte do cérebroassociada à cogniçãocomplexaEsse tecido pode conter até 100000 neurônios por milímetro cúbico Churchland Sejnowski 2004 Os neu rônios tendem a se organizar na forma de redes que se interligam trocando informações e promovendovários tipos de processamento de informação Vogels Rajan Abbott 2005 Os neurônios variam em sua estrutura mas quase sempre possuem quatro partes bási cas como ilustrado na Figura21 Que são soma corpo da célula dendritos um axônio e feixes terminais O soma que contém o núcleo celular a porção central que possui funções metabólicas e reprodutivas da célula é responsável pela vida do neurônio e liga os dendritos ao axô nio Os inúmeros dendritos são estruturas ramificadas que recebem informações de outros neurônios e a soma integra essas informações O aprendizado está associado com a forma ção de novas conexões neurais Issoocorre em combinação com o aumento de sua comple xidade ou ramificação na estrutura dos dendritos no cérebro O axônio simples é um longo e fino tubo que se estende e por vezesse divide do soma que reage à informação quando apropriado transmitindo um sinal eletroquímico que viaja até o final de onde o sinal pode ser transmitido para outros neurônios Os axônios apresentamse apresentam em dois tipos com ou sem revestimento de mie lina Mielina é uma substância branca gordurosaque envolve algunsdos axônios no sistema nervoso e é responsável por parte do aspecto branco do cérebro Alguns axônios são mie linizados quando revestidos pela mielina Esse revestimento que isola e protege os axô nios mais longos da interferência elétrica de outros neurônios na área também acelera a condução de informaçãoNa verdade a transmissãopelosaxônios mielinizados pode alcan çar até 100 metros por segundo o equivalente a 224 milhas por hora Além disso a mie lina não é distribuída de maneira uniforme aolongo do axônio Édistribuída emsegmentos interrompidos pelos Nódulos de Ranvier que são pequenos intervalos no revestimento de mielina ao longodo axônio que atuam no aumento da velocidadeda condução do sinal ele troquímico O segundo tipo de axônio não possuia cobertura de mielina Normalmente es ses axônios desmielinizados são menores e mais curtos assim como mais lentos do que os axônios mielinizados Como resultado dessa condição estes não precisam de aumento na FIGURA 21 Feixes terminais Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 31 i Soma Dendritos Axônio O formato do neurônio é determinado por suafunção Cadaneurônio entretanto lem a mesma estrutura soma dendritos um axônio e feixes terminais Imagem OmikronScience Source Photo Researciers Inc Utilizada comautorização velocidade de condução do sinal eletroquímico que a mielina proporciona aos axônios mais longos A esclerose múltipla uma doença autoimune está associada com a degeneração do revestimento de mielina em axônios de certos nervos Isso resulta na deterioração da coor denação e do equilíbrio Em casos graves essa doença é fatal Os feixes terminais são pequenas formações arredondadas encontradas ao final das ra mificações de um axônio e que não tocam diretamente os dendritos do neurônio próximo a ele Na verdade existe um espaço muito pequeno a sinapse A sinapse funciona como um ponto de contato entre os feixes terminais de um ou mais neurônios e os dendritos ou às vezes o soma de um ou mais neurônios vizinhos Carlson 2006 ver Figura 21 As si napses são importantes na cognição Os ratos apresentam um incremento tanto no tama nho como no número de sinapses no cérebro como resultado do aprendizado Turner Greenough 1985 A diminuição da função cognitiva como no Mal de Alzheimer é asso ciada com a redução da eficiência das sinapses na transmissão de impulsosnervosos Selkoe 2002 A transmissão de sinal entre neurônios ocorre quando os feixes terminais liberam um ou mais transmissores na sinapse Esses neurotransmissores funcionam como mensagei ros químicos para transmissãode informação pelo intervalo da sinapse aos dendritos recep tores do próximo neurônio von Bohlen und Halbach Dermietzel 2006 32 PsicologiaCognitiva Os cientistas já catalogaram mais de 50 substâncias neurotransmissoras embora ainda haja muito mais a ser descoberto Fisiologistase psicólogos estão trabalhando na descoberta e no entendimento de neurotransmissores Em especial eles querem entender como os neu rotransmissores interagem com as drogas com o humor com as habilidades e com as per cepções Sabemos muita coisa a respeito do mecanismo da transmissão do impulso neural mas relativamente sabemos ainda muito pouco a respeito de como a atividade química do sistema nervoso se relaciona com os estados psicológicos A despeito dos limites do conhe cimento atual aprendemos muito a respeito de como essas substâncias afetam o funciona mento psicológico dos indivíduos Atualmente existem três tipos de substâncias envolvidas no processo de neurotrans missão 1 Os monoaminos neurotransmissores cada um deles é sintetizado pelo sistema nervoso pelas ações enzimáticas em um dos aminoácidos constituídos de proteínas como colina tirosina e triptofano em nossa alimentação diária ex acetilcolina dopa mina e serotonina 2 Os neurotransmissores aminoácidos obtidos diretamente dos aminoácidos da nossa ali mentação sem qualquer síntese ex ácido gamaaminobutírico ou GABA e 3 Os neuropeptídios que são cadeias de peptídeos moléculas constituídas por partes de dois ou mais aminoácidos O Quadro 21 relaciona alguns exemplos de neurotransmissores e suas funções no sis tema nervoso e suas relações com o funcionamento cognitivo A acetilcolina está ligada à memória e a sua perda tem sido relacionada à perda de me mória em pacientes com Mal de Alzheimer Hasselmo 2006 A acetilcolina também exerce importante papel no sono e no estado de alerta No despertar há um aumento da atividade dos também chamados neurônios colinérgicos na base anterior e na haste do cé rebro Rockland 2000 A dopamina está ligada à atenção e à aprendizagem Também está relacionada com a motivação tais como o reforço e a recompensa Portadores de esquizofrenia possuem um ní vel muito elevado de dopamina Este fato já orientou alguns pesquisadores no sentido de que altos níveis de dopamina podem ser parcialmente responsáveis pela condição esquizo frênica As drogas utilizadas no combate à esquizofrenia geralmente inibem a ação da dopa mina von Bohlen und Halbach Dermietzel 2006 Em contrapartida pacientes com Mal de Parkinson apresentam níveis muito baixos de dopamina Com tratamento à base de dopamina esses pacientes de Parkinson por vezes apresentam um aumento da compulsão patológica de jogar Quando o tratamento com dopamina é interrompido os pacientesdei xam de apresentar esse comportamento Drapier etai 2006 Voon et aí 2007 Essas des cobertas confirmam o papel da dopamina no processo motivacional A serotonina desempenha papel muito importante no comportamento relacionado à alimentação e ao controle de peso Também tem ligação com o comportamento agressivoe a impulsividade Rockland 2000 Drogas que bloqueiam a serotonina tendem a aumentar o comportamento agressivo Altos níveis de serotonina têm papel em alguns tipos de ano rexia Especificamente a serotonina parece ter papel em alguns tipos de anorexias decor rentes de doença ou de tratamento de doença Por exemplo pacientes com câncer ou que se submetem à diálise experimentam grave falta de apetite Agulera et ai 2000 Davis et ai 2004 A perda de apetite nos dois casos é relacionada aos altos níveis de serotonina Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 33 QUADRO 21 Neurotransmissores Os neurotransmissores são responsáveis pela comunicação intercelular no sistema nervoso Esta tabela lista uma parte dos neurotransmissores conhecidos Neurotransmissores Descrição Função Geral Exemplos Específicos Acetilcolina Ach Neurotransmissor monoamino sintetizado a partir da colina Excitatório no cérebro e na musculatura esquelé tica ou inibitório na mus culatura cardíaca e outras partes do corpo Acreditase que esteja re lacionado com a memó ria por sua alta concen tração encontrada no hipocampo Squire 1987 Dopamina DA Monoamino neurotrans missor sintetizado a partir da tirosina Influencia o movimento a atenção e a aprendiza gem Na maioria das ve zes é inibitório Mas em alguns casos pode apre sentar efeitos excitató rios O Mal de Parkinson ca racterizado por tremores e rigidezlímbica resulta da escassez de DA alguns sintomas de esquizofrenia estão associados com o excesso de DA Epinefrina e norepinefrina Monoamino neurotrans missor sintetizado a partir da tirosina Hormônios também co nhecidos como adrena lina e noradrenalina relacionados com a regulação do estado de alerta ou vigilância Relacionado a diversos efeitos no corpo relativos às reações bater ou cor rer fightorflight raiva e medo Serotonina Monoamino neurotrans missor sintetizado a partir do triptofano Relacionado ao estado de alerta sono e sonhos e humor Normalmente inibitório mas em alguns casos excitatório Normalmente inibe os sonhos falhas no sistema de serotonina estão rela cionadas com a depressão grave GABA ácido gamaminobutírico Aminoácido neurotrans missor Efeito neuromodulatório geral resultante das influências inibitórias dos axônios présinápticos Acreditase que influen cia certos mecanismos de aprendizagem e de me mória Izquierdo Me dina 1997 Glutamato Aminoácido neurotrans missor Efeito neuromodulatório geral resultantes das in fluências excitatórias dos axônios présinápticos Acreditase que influen cia certos mecanismos de aprendizagem e de me mória Izquierdo Me dina 1997 Neuropeptídeos Cadeias de peptídeos que atuam como neurotrans missores Efeito neuromodulatório geral resultantes das in fluências excitatórias dos axônios présinápticos A endorfina atua no alí vio da dor Neuromodu ladores neuropeptídios por vezes são liberados para aumentar os efeitos da Ach As descrições precedentes simplificam drasticamente a complexidade das comunicações neuronais Taiscomplexidades tornam difícil a compreensão do que acontece no cérebronor malquando pensamos sentimos e interagimos como ambiente ao nosso redor Muitos pesqui sadores procuram entender o processo normal de comunicaçãodo cérebro Esperam determinaro que está errado no cérebro de pessoas afetadas por distúrbios neurológicos e psicológicos Talvez quandosepuder entendero queestáerrado quais substâncias estãoemdesequilíbrio seja pos sível conseguir colocar ascoisas em equilíbrio novamente Uma maneira desefazer isso é colocar neurotransmissores onde é preciso ou inibir os efeitos dos neurotransmissores em excesso 34 Psicologia Cognitiva Receptores e Drogas Os receptores no cérebro que normalmente são empregados por neurotransmissores co muns podem ser desviados por drogas psicofarmacologicamente ativas legais ou ilegais Nesses casos as moléculas das drogas entram nos receptores que normalmente seriam para substâncias neurotransmissoras endógenas originadas dentro do corpo Quando o indivíduo interrompe o uso da droga surgem os sintomas da abstinência Uma vezque o usuário se torna dependente por exemplo a forma de tratamento difere por causa da toxicidade aguda dano causado pelo longo tempo de vício A toxicidade aguda é quase sempre tratada com naloxone ou drogas correlatas O naloxone bem como sua simi lar naltrexone ocupa os receptores opiáceos no cérebro melhor do que os opiáceos propria mente ditos e dessa forma bloqueia todos os efeitos dos narcóticos Na verdade o naloxone tem uma forte afinidade com os receptores de endorfina no cérebro que ele de fato coloca moléculas de narcóticos nesses receptores e depois ele mesmo os carrega para os receptores O naloxone não vicia embora esteja ligado aos receptores ele não os ativa Muito embora o naloxone possaser entendido como uma droga salvadora para alguém que tenha sofrido uma superdosagem de opiáceos seus efeitos têm vida curta Assim não é re comendado para o tratamento em longo prazo de viciados em drogas No processode desintoxicação de narcóticos a droga normalmente a heroína é geral mente substituída pela metadona que se liga aos locais receptores de endorfina de maneira similar ao naloxone reduzindo a ânsia por heroína bem como os sintomas de abstinência de indivíduos viciados Após a substituição são administradas aos pacientes dosesgradualmente decrescentes até a completa eliminação da droga em seus organismos Infelizmente a utili dade da metadona é limitada pelo fato de ser ela própria substânciaque causadependência Observando as Estruturas e Funções do Cérebro Os cientistas fazem uso de inúmeros métodos para estudar o cérebro humano entre eles os estudos postmortem do latim após a morte e as técnicas in vivo do latim vivo tanto em seres humanos como em animais Cada técnica oferece informações importantes a respeito da estrutura e do funcionamento do cérebro humano Até mesmo alguns dos primeiros estudos postmortem ainda influenciam a maneira de se pensar sobre como o cére bro realiza determinadas funções Entretanto a tendência atual é a de se concentrar em técnicas que ofereçam informações a respeito do funcionamento mental humano à medida que ocorre Essa tendência é contrária à anterior ou seja esperar encontrar indivíduos com distúrbios para só depois de sua morte então estudar seus cérebros Uma vezque os estudos postmortem formam a base para os trabalhos posteriores vamos discutilos antes de avançar para as técnicas ín vivo mais modernas Estudos PostMortem Há séculos os investigadores conseguiram dissecar o cérebro após a morte de um indivíduo Até hoje a dissecação é usada com freqüência para estudar a relação entre cérebro e com portamento Os cientistas observam atentamente o comportamento de pessoasque apresen tam sinais de lesões cerebrais enquanto estão vivas Wilson 2003 documentando o comportamento nesses estudos de casos de pacientes o mais minuciosamente possível Fawcett Rosser Dunnett 2001 Mais tarde após a morte dos pacientes examinam seus cérebros em busca das lesões áreas em que os tecidos tenham sido danificados por exem plo como conseqüência de ferimentos ou de doenças A seguir inferem que os locais lesio nados podem ter relação com o comportamento afetado O Caso de Phineas Cage discutido no Capítulo 1 foi explorado com esses métodos Capítulo2 Neurociência Cognitiva 35 Dessa maneira os cientistas podem estabelecer o vínculo entre um tipo de comporta mento observado e as anomalias localizadas em um determinado local do cérebro Um dos primeiros exemplos é o de Tan assim chamado porque essa era a única sílaba que conse guia pronunciar famoso paciente de Paul Broca 18241880 Tan apresentava graves pro blemas na fala que tinham ligação com lesões na área do lobo frontal que agora é chamada de área deBroca Essa área está ligada a determinadas funções na produção da fala Recen temente exames postmortem em vítimas da doença de Alzheimer doença que causa per das devastadoras da memória ver no Capítulo 5 levaram os pesquisadores a identificar algumas estruturas do cérebro ligadas à memória como o hipocampo descrito em uma se ção posterior deste capítulo Esses exames identificaram também algumas aberrações mi croscópicas associadas com o processo da doença ex fibras diferentes entrelaçadas no tecido do cérebro Embora sirvam para alicerçar o entendimento da relação entre o cére bro e o comportamento as técnicas de lesionamento são limitadas na medida em que não podem ser realizadas no cérebro vivo Consequentemente não oferecemconhecimentos so bre processos fisiológicos mais específicos do cérebro vivo A fim de se obter essa informa ção há a necessidade de se usar técnicas in vivo como as descritas a seguir entre outras Estudos com Animais Os pesquisadores também querem compreender os processos e as funções do cérebro vivo e para estudar sua atividade variável é preciso usar a pesquisa in vivo Muitas das primeiras técnicas in vivo foram realizadas exclusivamente em animais por exemplo as pesquisas ganhadoras do Prêmio Nobel sobre a percepção visual surgiram a partir de estudos in vivo que investigavam a atividade elétrica de células em determinadas regiões do cérebro de animais Hubel Wiesel 1963 1968 1979 ver o Capítulo 3 Nessesestudos inseremse microeletrodos no cérebro de um animal geralmente um ma caco ou um gato que obtém registros decélulas isoladas acerca da atividade de um único neu rônio no cérebro Nesses registros os cientistas inserem um finíssimo eletrodo próximo a um neurônio isolado e dessa forma conseguem captar as alterações na atividade elétrica que ocorre na célula Essa técnica só pode ser usada em laboratório e com animais porque ainda não foi encontrada uma forma segura para realizar esses registros em seres humanos Dessa maneira os cientistas podem medir os efeitos de determinados estímulos como li nhas apresentadas visualmente sobre a atividade dos neurônios individuais Outros estudos com animais incluem o lesionamento seletivo remoção cirúrgica ou lesionando parte do cérebro visando observar os conseqüentes deficits funcionais APbertin Mulder Wiener 2003 Mohammed Jonsson Archer 1986 Evidentemente essas técnicas não podem ser utilizadas em seres humanos Além disso não é possível registrar simultaneamente a ativi dade de cada neurônio As generalizações com base nesse tipo de estudo são um pouco li mitadas e assim sendo desenvolveramse várias técnicas de imagem menos invasivas para serem usadas em seres humanos descritas na próxima seção Registros Elétricos Potenciais Relacionados a Eventos Pesquisadores e profissionais como psicólogose médicos geralmente registram a atividade elétrica do cérebroque aparecesob a formade ondas de váriaslarguras freqüência e alturas intensidades Os eletroencefalogramas EEGs são registros das freqüências e das intensi dades elétricas do cérebro vivo normalmente gravadas durante períodos relativamente longos Picton Mazaheri 2003 Por meio dos EEGs é possível estudar as atividades das ondas cerebrais que indicam as alterações dos estados mentais como o sono profundo ou o sonho Para a realização de um eletroencefalograma colocamse eletrodos em vários pontos 36 Psicologia Cognitiva do couro cabeludo de modo a registrar a atividade elétrica das áreas do cérebro Assim a informação não é bem localizada em termos de células específicas mas é em contrapartida extremamente sensível às alterações ao longo do tempo Por exemplo registros de EEGs feitos durante o sono revelam mudanças nos padrões da atividade elétrica de todo o cérebro Durante o sonho surgempadrõesdiferentes daquelesque surgemno sono profundo De modo a estabelecer uma relação da atividade elétrica com um determinado evento ou tarefa ex ver um clarão de luz ou ouvir frases podemse medir as ondas do EEG em um grande número dè testes ex 100 para revelar potenciais relacionados com os eventos ERPs Um potencial relacionado com um evento é o registro de uma pequena alteração na atividade elétrica do cérebro em resposta a um evento estimulador A oscilação geral mente dura uma fração de segundo mínima Os ERPs proporcionam boas informações a res peito do transcurso de tempo da atividade cerebral relacionada a tarefas pela média eliminatória da atividade não relacionada à tarefa Os ERPs identificamse pela colocação de uma série de eletrodos na cabeça do paciente para em seguida registrar a atividade elé trica do cérebro por meio dos eletrodos As formas de ondas resultantes mostram picos ca racterísticos relacionados ao tempo da atividade elétrica mas apenas revelam informações muito gerais sobre a localização dessa atividade em função da baixa resolução espacial li mitada pela colocação dos eletrodos no couro cabeludo A técnica de ERP é usada em uma ampla gama de estudos Por exemplo alguns estudos da inteligência tentatam relacionar característicasespecíficas de ERPs aos resultadosde tes tes de inteligência ex Caryl 1994 O exame do processamento da linguagem também se beneficiou do uso dos métodos de ERP Nos estudos envolvendo a leitura a capacidade dos pesquisadores de mensurar as alterações do cérebro durante intervalos específicos de tempo também possibilitou entender a capacidade de compreensão das frases Kuperber et ai 2006 As mudanças no desenvolvimento das habilidades cognitivas também foram exami nadas pelos métodos ERP Esses experimentos possibilitaram um entendimento quase com pleto da relação entre o cérebro e o desenvolvimento cognitivo Taylor Baldeweg 2002 Além disso o alto grau de resolução temporal proporcionado pelos ERPs pode ser utilizado para complementar outras técnicas como por exemplo a tomografia por emissão de pósitrons PET discutida a seguir para identificar áreas envolvidas na associação de palavras Posner Raichle 1994 Usando os ERPs os investigadores descobri ram que os participantes mostravam maior atividade em certas partes do cérebro córtex frontal lateral esquerdo córtex posterior esquerdo e córtex insular direito sempre que faziam associações rápidas das pa lavras dadas Outro estudo mostrou que as diminuições nos potenciais elétricos são duas vezes maiores para os tons que são atendidos do que para aqueles que são ignorados ver Phelps 1999 Assim como ocorre com qualquer técnica os EEGs e os ERPs oferecem apenas uma visão da atividade cerebral e são mais úteis quando usadosem conjunto com outras técnicas visando examinar as áreas cerebrais específicas ligadas à cognição Michael Posneré professor emérito de Psicologia na University ofOregon Suapesquisa pioneira propiciou fortes evidências dasligações entre as opera ções cognitivas e a atividade localizada do cérebro Seu trabalho auxiliou a estabelecer abordagens cog nitivas e biológicas experi mentaisconjuntasparaa melhor função docérebro Foto Cortesia Dr Mi chael Posner Técnicas de Imagem Estática Os psicólogos utilizamse também de várias técnicas de imagem está tica para revelar as estruturas do cérebro Buckner 2000a Posner Raichle 1994 Rosen Buckner Dale 1998 Figura 22 e Quadro 22 Dentre essas técnicas estão os angiogramas a tomografia computado rizada TC e a ressonância magnética RM As técnicas baseadas em raios X angiograma e TC permitem a observação de grandes anor malidades do cérebro como danos resultantes de acidentes vasculares Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 37 FIGURA 22 a Angíograma ralos X magnéticos Várias técnicas jáforam desenvolvidas para fazer imagens das estruturas e as vezes dos processos do cérebro a Um angiograma do cérebro destaca seus vasos sangüíneos b Uma imagem TC deumcérebro usa uma série de tomografias rotativas uma das quais aqui apresentada para produzir uma imagem tridimensional das estruturas do cérebro c Umasérie rotativa de RMs umadas quais é aqui apresentada comuma imagem tridimensional das estruturas docérebro com mais precisão doque as daTC d Essas fotografias estáticas dePETs deum cérebro mostram diferentes processos metabólicos duranteatividades distintas As PETs permitem o estudo da fisiologia docérebro imagens CNR11SPL Ohio Nuclear I Photo Resarchers IncSpenccr Gram Stock Boston LLC Utilizada com autorização 38 Psicologia Cognitiva QUADRO 22 Principais Estruturas e Funções do Cérebro O prosencéfalo o mesencéfalo e o rombencéfalo contêm estruturas que realizam funções para a sobrevivência bem como para processosde alto nível como o pensar e o sentir Região do Cérebro Prosencéfalo Principais Estruturas Dentro das Regiões Córtex cerebral camada exterior dos hemisférios Gânglios basais conjuntos de núcleos e fibras neurais Sistema límbico hipocampo amíg dala e sepco Talar Funções das Estruturas Responsável pelo recebimento e proces samento de informações sensoriais pensamento outros processamentos cognitivos e no planejamento e envio de informações motoras Cruciais ao funcionamento do sistema motor Responsáveis pela aprendizagem emo ções e motivações em particular o hi pocampo influencia a aprendizagem e a memória a amígdala influencia a raiva e a agressividade c o septo a raiva e o medo Estação básica de retransmissão de infor mações sensoriais que chegam ao cére bro transmite informações para as regiões certas do córtex cerebral por fi bras de projeção que vão do tãlamo até regiõesespecíficas do córtex é composto por vários núcleos grupos de neurônios que recebem tipos específicos de infor mação sensorial projetandoos em regiões específicas do córtex cerebral in cluindo quatro núcleos fundamentais para a informação sensorial 1 dos re ceptores visuais via nervos ópticos ao córtex visual possibilitando a visão 2 dos receptores auditivos via nervos auditivos ao córtex auditivo possibi litando a audição 3 dos teceptores sensoriais no sistema nervoso somático ao córtex somatossensorial primário possibilitando a sensação de pressão e dor e 4 do cerebelo no rombencé falo ao córtex motor primário possibili tando a estabilidade e o equilíbrio físico cerebrais AVCs ou tumores Todavia essas técnicas têm resolução limitada e não forne cem muita informação a respeito de lesõese anormalidades menores Provavelmente a técnica de imagem estáticade maior interesse paraos psicólogos cog nitivos seja a ressonância magnética RM que serve para revelar imagens de alta resolu ção da estruturado cérebro vivo pela computaçãoe pela análise das alterações magnéticas na energia das órbitas das partículas nucleares nas moléculasdo corpo Issofacilita a detec çãode lesões in vivo como aquelas associadas a transtornos específicos do uso da linguagem Na RM um forte campo magnético é passado através do cérebro do paciente O scanner detecta vários padrões de alterações eletromagnéticas nos átomos do cérebro Malonek Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 39 QUADRO 22 Principais Estruturas e Funções do Cérebro continuação Região do Cérebro Principais Estruturas Dentro das Regiões Funções das Estruturas Hipotálamo Controla o sistema endócríno controla o sistema nervoso autônomo como a regulação da temperatura interna do apetite e da sede além de outras funções importantes responsável pela regulação do comportamento relativo à sobrevi vência da espécie em especial lutar alimentarse fugit e acasalar é impor tante no controle da consciência ver o sistema reticular ativador responsável pelas emoções pelo prazerpela dor e pelas reações de estresse Mesencéfalo Coiícuiossuperiores acima Envolvidos na visão especialmente nos reflexos visuais Colículos inferiores abaixo Envolvidos na audição Sistema reticular ativador RAS estendese para o interior do rom bencéfalo Importante no controle da consciência despertar do sono atenção função cardiorrespiratória e movimentos Substância cinzenta núcleo rubro subs tância negra região ventraí Importante no controle dos movimentos Rombencéfalo Cerebelo Fundamental para o equilíbrio a coorde nação e o tõnus muscular Pontetambém contém parte do RAS Envolvido na consciência sono e des pertar liga as transmissões neutais de uma parte do cérebro à outra respon sável pelos nervos faciais Medulaoblonga Atua como junção na qual os nervos se cruzam de um lado do corpo ao lado oposto do cérebro responsável pelas funções cardiorrcspiratórias a digestão e a deglutição Grinvald 1996Ugurbil 1999 Essas alterações molecularessão analisadas por um compu tador que gerauma imagem tridimensional do cérebro produzindo informações detalhadas das estruturas cerebrais Por exemplo a RM é usada para demonstrar que músicos que to cam instrumentos de cordas como violino e violoncelo tendem a tet uma expansão do cé rebro em uma área do hemisfériodireito que controla o movimento da mão esquerda uma vez que o controle das mãos é contralateral o lado direito do cérebro controla a mão es querda eviceversa Münte Altenmüller Jáncke 2002 Às vezes as pessoas pensam que o cérebro controla tudo o que fazem Este estudo é um bom exemplo de como aquilo que se faz ou sejaa experiência pode afetar o desenvolvimento do cérebro Contudo a técnica 40 PsicologiaCognitiva de RM é relativamente cara e além disso não oferece muita informação a respeito dos processos fisiológicos As duas últimas técnicas discutidas na seguinte seção irão oferecer essa informação imagens Metabólicas As técnicas de imagem metabólica baseiamse nas mudanças que ocorrem no cérebro como resultado do aumento do consumo de glicose e de oxigênio nas áreas ativas deste órgão A idéia básica é que as áreas ativas do cérebro consomem mais glicose e oxigênio do que as áreas inativas durante a execução de algumas tarefas Uma área exigida especificamente por uma tarefa deveria estar mais ativa durante essa tarefa do que durante um processamento maisgeralOs cientistas tentam identificaráreasespecializadas para uma determinada tarefa usando o método de subtração que compreende subtrair a atividade durante uma tarefa mais geral da atividade mensurada durante uma tarefa específica Em seguida a atividade resul tante é analisada estatisticamente Essaanálise determina quais as áreas responsáveis pelo desempenho de qualquer tarefa específica bem como as de âmbito mais genérico Por exemplo supondo que o pesquisador deseje determinar que área do cérebro é mais importante para alguma função como a re cuperação do significado das palavras Ele deveria então subtrair atividade durante uma ta refacomo a leitura de palavrasda atividade durante uma tarefa envolvendo o reconhecimento físicodas letras das palavras A diferença na atividade seria presumida para refletir a recupe ração do significado Porém há um fator importante a ser lembrado com relação a essas téc nicas os cientistas não dispõem de meios para determinar se o efeito em rede dessa atividade é excitatório ou inibitório porque alguns neurônios são inibidos pelos neurotransmis sores de outros neurônios Assim a técnica de subtração revela a atividade cerebral em rede de algumas áreas não podendo mostrar se o efeito da área é positivo ou negativo Além disso o método pressupõe que a ativação é puramente aditiva que não pode ser des coberta por meio do método de subtração o que representa uma grande simplificação desse método mas de um modo geral mostra como os cientistas conseguem determinar o fun cionamento fisiológico de certas áreas usando as técnicas de imagem descritas a seguir Tomografia por emissão de pósitrons PET As PETsmedem a elevação no consumo de oxigênio em áreas ativas do cérebro durante determinados tipos de processamento de in formações Buckner et ai 1996 0Leary et ai 2007 Raichle 1998 1999 Para acompa nhar o uso do oxigênio os participantes recebem uma forma levemente radioativa de oxigênio que emite pósitrons enquanto está sendo metabolizado Os pósitrons são partículas que têm mais ou menos o mesmo tamanho e massa dos elétrons mas têm carga positiva e não negativa A seguir é feita a tomografia do cérebro para detectar os pósitrons Um com putador analisa os dados para produzir as imagens do funcionamento fisiológico do cérebro em ação Por exemplo as PETsforam utilizadas para mostrar o aumento do fluxo sangüíneo para o lobo occipital do cérebro durante o processamento visual Posner et ai 1988 As PETs também são usadas para o estudo comparativo de cérebros de pessoasque tiram notas altas e baixas em testes de inteligência Quando as pessoas com notas altas estão engajadas em tarefas desafiadoras do ponto de vista cognitivo seus cérebros parecem utilizar a glicose de modo mais eficiente nas áreas cerebrais altamente especializadas para essas tarefas Os cé rebros das pessoas com notas baixas aparentemente utilizam a glicose de maneira mais difusa em regiões mais vastas do cérebro Haier et ai 1992 ver o Capítulo 13 Vamos considerar o trabalho com base nas PETs que ilustram a integração de informa ções a partir de várias áreas do córtex Petersen et ai 1988 1989 Posner etai 1988 Es pecificamente esse trabalho se utilizou das tomografias PET para estudar o fluxo sangüíneo cerebral localizado durante várias tarefas tais como a leitura de palavras isoladas Quando os participantes olhavam para uma palavra na tela as áreas de seus córtices visuais mostravam Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 41 níveis elevados de atividade Quando falavam uma palavra seus córtices motores ficavam muito ativos Quando ouviam uma palavra falada o córtex auditivo era ativado Quando produziam palavras relacionadas àquelas que viram exigindo alto nível de integração da in formação visualauditiva e motora asáreas relevantes do córtex mostravam maior volume de atividade As PETs não são altamente precisas porque requerem o tempo mínimo de meio minuto para produzir informação relativa ao consumo de glicose Se uma área do cérebro mostra quantidades diferentes de atividade durante o tempo de mensuração temse a médiados ní veis de atividade o que potencialmente leva a conclusões não tão precisas Outra técnica é a ressonância magnética funcional RMf técnica de imagem que usa campos magnéticos para construir uma representação detalhada em três dimensões dos ní veis de atividade nas várias partes do cérebro em determinado momento Esta técnica parte da RM discutida anteriormente mas ela se baseia no aumento do consumo de oxigênio para produzir imagens da atividade cerebral A idéia básica é a mesma das PETs A técnica de RMf não exige o uso de partículas radioativas Em lugar disso o participante executa uma tarefa enquanto é colocado dentro da máquina de RM Essamáquina normalmente se pa rece com um túnel e sempre que alguém é colocado parcial ou inteiramente no túnel é en volvido por um ímã em forma de aro que cria um campo magnético que induz mudanças nas partículasdos átomos de oxigênio As áreasmaisativas do cérebro demandam maissan gue oxigenado do que as áreas menos ativas e as diferenças nas quantidades de oxigênio consumido formam a base para as medições da RMf Em seguida essas medições são anali sadasem computador para se obter a informação maisprecisa possível a respeito do funcio namento fisiológico da atividade do cérebro durante o desempenho de tarefas Essatécnica é menos invasiva que a PET além de possibilitar uma resolução temporal maiselevada as medições podem ser feitas para atividades que durem frações de segundo ao invés de apenas atividades que durem minutos ou horas Um grande problema todavia é o custo e a novidade da RMf e somente um número relativamente pequeno de pesquisa dores tem acesso ao maquinário necessário Além disso os testes com participantes conso mem muito tempo A técnica da RMf está sendo usada para identificar regiões ativas do cérebro em muitas áreas como a visão Engel et ai 1994 a atenção Cohen et ai 1994 a linguagem Gaillard et ai 2003 e a memória Gabrieli et ai 1996 Por exemplo a RMf também é usada para mostrar que o córtex préfrontal lateral é essencial para a memória de trabalho Esta é a parte da memória usada para processar informaçõesque estão sendo usadas ativa mente em um determinado momento McCarthy et ai 1994 Além disso os métodos de RMf são aplicados para o exame de alterações cerebraisem populaçõesde pacientes inclu sive indivíduos com esquizofrenia e epilepsia Detre 2004 Weinberger etai 1996 Um procedimento correlato é a ressonância magnética farmacológica RMph A RMph combina os métodos de RMf com o estudo dos agentes psicofarmacológicos Esses estudos examinam a influência e o papel de determinados agentes psicofarmacológicos so bre o cérebro permitindo o exame do papel dos agonistas que potencializam as reações e dosantagonistas que diminuemas reações nas mesmas células receptoras Além disso es ses estudos também permitem o exame das drogas usadas para o tratamento que por sua vez possibilitam aos investigadores prever as reações dos pacientes aos tratamentos neuro químicos por meio da constituição do cérebro De modo geral esses métodos auxiliam o entendimento das áreas do cérebro e os efeitos dos agentes psicofarmacológicos no funcio namento do cérebro Baliki et ai 2005 Easton et ai 2007 Honey Bullmore 2004 Ka lischetai2004 42 Psicologia Cognitiva FIGURA 23 çgREBROl Tamanho logaritmo de milímetros ICÉREBRQI Tamanho logaritmo de milímetros 9 Tempo de vida Podese observar o cérebro emvários níveis deresolução espacial desde uma molécula atéo próprio cérebro como um todo enquanto sepercebe a mente como uma sucessão deeventos por períodos tão breves como alguns poucos milísse gundos o tempo que levapara um neurôniose comunicar comoutro ou longos como umavida inteira Nas últimas décadas oscientistas desenvolveram uma variedade considerável detécnicas capazes detratar darelação entre o cérebro e a mente Aqui resumimos graicíimente a contribuição potencial dessas várias técnicas para umentendimento desse relacionamento marcando logaritmicamente o céreÍTro no eixo horizontal e a mente noeixo vertical As técnicas estão posicionadas segundo suaprecisão temporal e espacial No gráfico daesquerda estão todas as técnicas disponíveis como raios X TC RM PET EEG ERP eletrocorticografia ECo EEGsregistrados a partir da superfície docérebro em cirurgia além damicroscopia eletrônica ME No gráfico ã direita eliminamos todas as técnicas que nãopodem ser apUcadas emseres humanos Embora o estudodorelacionamento entre mente e cérebro emhumanosdependaclaramente das técnicas deimagem cerebral RM PETe TC emconjunto com outras técnicas elétricas nosso conhecimento sobre essa relação emúitima análise exigirá a integração detodos os níveis deinvestigação Ilustração docérebro em vários níveis deresolução espacial de ÍMAGES OF MND por Michael l Posner e Marcus E Raichle 1994 1997 Scientific American Library Imagem Henryhioltand Company LLC Outro procedimento relacionado à RMph é a ressonância magnética com tensor de difu são DTI que permite o exame da dispersão limitada de água no tecido cerebral Essatécnica tem sido útil no mapeamento da substância branca do cérebro e no exame dos circuitos neu rais Algumas aplicações dessa técnica incluem o exame de lesões cerebrais traumáticas da es quizofrenia da maturação do cérebro e da esclerose múltipla Ardekani et ai 2003 Beyer Ranga Krishnan 2002 Ramachandra etai 2003 Sotak 2002 Sundgren etai 2004 Uma técnica recente para o estudo da atividade cerebral supera os problemas com outras técnicas Walsh Pascual Leone 2005 Essa nova técnica é a estimulação magnética trans craniana EMT que interrompe temporariamente a atividade do cérebro em uma área limi tada A EMT requer a colocação de uma bobina na cabeça do paciente para permitir a entrada de uma corrente elétrica Figura 24 A corrente gera um campo magnético que interrompe uma pequena área normalmente não superior a 1cm3 sob a bobina O pesquisadorpode en tão ver o funcionamento cognitivo quando uma área específica é interrompida Outra técnica recente é a eletroencefalografia magnéticaEEGM que medea atividade do cérebro de fora da cabeça pela captação dos campos magnéticos emitidos pelas alterações da atividade cetebral Essa técnica petmíte a localização de sinais do cérebro de forma a pos sibilitar saber o que diferentes partes do cérebro estão fazendo em momentos diferentes Esse Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 43 FIGURA 24 Estimulação magnética transcraniana EMT Foto im Chase Havard University Gazette é um dos métodos de mensuração mais precisos A EEGM pode ser utilizada para auxiliar ci rurgiõesa localizarestruturas patológicasdo cérebro Baumgartner 2000 Uma recente apli cação da EEGM contou com pacientes que relatavam dor de membrofantasma No caso de dor de membrofantasma como por exemplo um paciente relata dor no pé amputado Foi ob servado que quando certas áreas do cérebro são estimuladas a dor no membrofantasma é me nor A EEGM também é utilizada para examinar as alterações nas atividades do cérebro antes durante e depois da estimulação elétrica Essas alterações na atividade cerebral correspondem às alterações com a experiência de dor no membrofantasma Kringelbach et ai 2007 As técnicas atuais ainda não proporcionam mapeamentos claros de funções específi cas relacionadas a determinadas estruturas regiões ou processos cerebrais Em vez disso concluiuse que algumas estruturas discretas regiões ou processos cerebrais parecem estar ligados a determinadas funções cognitivas O conhecimento atual sobre de que modo de terminadas funções cognitivas estão ligadasa determinadas estruturas ou processoscerebrais possibilita apenas a inferência de indicações sugestivas de algum tipo de relacionamento Por meio de análises sofisticadas podese inferir cada vez com mais precisão esse relaciona mento masainda não se chegou a um ponto em que é possíveldeterminar o relacionamento específico entre causa e efeito entre uma determinada estrutura ou processo cerebral e a fun ção cognitiva específica Algumas funções podem ser influenciadas pela quantidade de es truturas regiões ou processos do cérebro Finalmente essas técnicas propiciam a melhor informação somente em conjunto com outras técnicas experimentais para a compreensão das complexidades do funcionamento cognitivo Todavia alguns pesquisadoresconduziram estudos ín vivo conjuntos em animais com técnica de imagem do cérebro Dedeogle et ai 2004 Kornblum et ai 2000 Logothetis 2004 44 PsicologiaCognitiva A Cognição no Cérebro Córtex Cerebral e Outras Estruturas Até o momento discutiuse de que modo os cientistas determinam a estrutura e a função do cérebro por meio de várias técnicas postmortem e in vivo Agora vamos discutir o que já foi descoberto acercado órgão supremo do sistema nervosoo cérebro humano Podesevisualizar o cérebro dividido em três regiões principais o prosencéfalo o mesencéfalo e o rombencéfalo verQuadro 22 Esses nomes contudo não correspondem exatamente aos locaisdas regiões na cabeça de um adulto ou mesmo de uma criança Na verdade os termos provêm da organi zação física dessas partes no sistema nervoso de um embrião em desenvolvimento Inicial mente o prosencéfalo costuma ficar mais à frente em direção ao que é o rosto O mesencéfalo vem logo em seguidae o rombencéfalo fica mais afastado próximo da parte de trás do pescoço Figura 25 a Durante o desenvolvimento essas orientações se alteram de modo que o pro sencéfalo seja quase uma tampa em cima do mesencéfalo e do rombencéfalo Mesmo assim os termos ainda são utilizadospara designar as áreas do cérebro totalmente desenvolvido A Fi gura 25 be c mostra as mudanças de locais e relacionamentos do prosencéfalo do mesencéfalo e do rombencéfalo durante o desenvolvimento do cérebro Podese ver como se desenvolvem de um embrião de poucas semanas após a concepção até um feto de sete meses Anatomia Geral do Cérebro Prosencéfalo Mesencéfalo e Rombencéfalo Prosencéfalo O prosencéfalo é a região do cérebro localizada próxima ao topo e à frente do cérebro Fi gura 26 e compreende o córtex cerebral os gânglios basais o sistema límbico o tálamo e o hipotálamo O córtex cerebral é a camada externa dos hemisférios cerebrais e desempe nha papel fundamental no pensamento e em outros processos mentais merecendo por isso uma seção especial Esta seção segue a discussão atual sobre as principais estruturas e funções do cérebro Os gânglios basais são conjuntos de neurônios cruciais à função motora e sua disfunção pode resultar em sérios defcits nessa área como tremores movimentos in voluntários alterações na postura e no tônus muscular bem como lentidão dos movimentos Esses deficits ocorrem no Mal de Parkinson e na doença de Huntington ambas causam sintomas motores graves Rockland 2000 Shepherd 1998 O sistema límbico é importante para a emoção a motivação a memória e a aprendiza gem Animais como peixes e répteis cujos sistemas límbicos são relativamente pouco de senvolvidos reagem ao ambiente quase que exclusivamente por instinto Os mamíferos e especialmente os humanos possuem sistemas límbicos relativamente mais desenvolvidos que aparentemente permitem a supressão de reações instintivas ex o impulso de agredir alguém que acidentalmente nos tenha causado dor Os sistemas límbicos fazem com que o ser humano seja capaz de adaptar com mais flexibilidade seu comportamento em resposta às mudanças no ambiente O sistema límbico compreende três estruturas cerebrais centrais interligadas que são a amígdala o septo e o hipocampo A amígdala cumpre um papel importante na emoção especialmente na raiva e agressi vidade Adolphs 2003 O septo está ligado à raiva e ao medo A estimulação da amígdala geralmente resulta em medo e pode ser comprovada de várias maneiras como por palpita ções alucinações assustadoras ou recordações de cenas horríveis Frackowiak et ai 1997 Gloor 1997 Rockland 2000 Lesões na amígdala ou mesmo sua retirada podem resultar na falta de medo desadaptativa No caso de lesões no cérebro de um animal este pode se FIGURA 25 Mesencéfalo Prosencéfalo a 5 semanas no útero c 7 meses no útero Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 45 Mesencéfalo Rombencéfalo Tubo neural Hemisférios cerebrais Mesencéfalo Cerebelo Bulbo Medula espinhal b 8 semanas no útero Cerebelo e ponte Bulbo Medula espinhal Braço Durante o desenvolvimento embrionário e fetal o cérebro tornase mais especializado e os locais e as posições relativas dorombencéfalo do mesencéfalo e doprosencéfalo sealteram daconcepção aonascimento Extraído do livro In Search of the Human Mind de RobertJ Stemberg 1995 Harcourt Brace Company Reproduzido com a per missão do editor aproximar de objetos potencialmente perigosos sem hesitação ou medo Adolphs et ai 1994Frackowiak etai 1997 A amígdala também acentua a percepção de estímulosemo cionais No ser humano lesões na amígdala anulam essa acentuação Anderson Phelps 2001 Além disso pessoas com autismo apresentam limitada ativação na amígdala Uma teoria resultante do autismo sugere que o transtorno está ligado à disfunção da amígdala BaronCohen et ai 2000 Howard etai 2000 Adolphs Sears Piven 2001 Dois outros efeitos de lesões na amígdala podem ser a agnosiavisual incapacidade de reconhecer obje tos e a hipersexualidade Steffanaci 1999 46 Psicologia Cognitiva FIGURA 26 Córtex cerebral controla as funções do pensamento das sensações e dos movimentos voluntários Corpo caloso transmite informações entre os dois hemisférios cerebrais Amígdala ligada à raiva e à agressividade Glândula pítuitária glândulamestre do sistema endócrino Septo Hipocampo influencia influencia a a raiva e aprendizagem o medo e a memória Tálamo transmite informações sensoriais ao córtex cerebral Hipotálamo regula a temperatura a alimentação o sono e o sistema endócrino Mesencéfalo sistema de ativação reticular transmite mensagens sobre o sono e o despertar Ponte retransmite informações entre o córtex cerebral e o cerebelo Cerebelo coordena os movimentos finos dos músculos e o equilíbrio Bulbo regula os batimentos cardíacos e a respiração Medula espinhal retransmite os impulsos nervosos entre o cérebro e o corpo controla os reflexos simples O prosencéfalo o mesencéfalo e o rombencéfalo contêm estruturas querealizam funções essenciais à sobrevivência e para o pensamento dealtonivele o sentimento Extraído do livro In Search of the Human Mind de RobertJ Ster nberg 1995 de Harcourt Brace Company Reproduzido coma permissãodo editor O hipocampo cumpre papel fundamental na formação da memória Eichenbaum 1999 2002 Gluck 1996 Manns Eichenbaum 2006 0Keefe 2003 Esse nome vem do grego cavalomarinho e de sua forma aproximada Pessoas que sofrem lesões ou re moção do hipocampo ainda conseguem se lembrar de recordações existentes Por exem plo conseguem reconhecer velhos amigos e lugares mas não conseguem formar novas lembranças em relação ao momento da lesão cerebral Novas informações novas situa ções pessoas e lugares novos ficam como novas para sempre A Síndrome de Korsakoff produz perda da função da memória que se acredita esteja ligada à deterioração do hipo campo A síndrome pode ser conseqüência de uso excessivo de álcool No caso de H M a ser discutido no Capítulo 5 há outra ilustração dos problemas decorrentes com a forma ção das lembranças por causa de danos no hipocampo O hipocampo parece manter um re gistro de onde as coisas estão e de que modo essas coisas estão ligadas umas às outras em Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 47 NO LABORATÓRIO DE JOHN GABRIELI Tudo que se sabe está nos genes ou foi aprendido por meio da experiência En tretanto apenas algumasex periências são lembradas As pessoas esquecemse com rapidez de grande parte de suas vidas e dessa maneira a seleção daquilo que se lembram e do que se esquecem é por tanto muito importante para o que se torna para o que se acreditae para as coisas que fa zemos bem As lembranças do passado mol dam o futuro De que modo o cérebro nos permite lem brar seletivamente das próprias experiências Fiquei fascinado com essa questão quando como estudante de pósgraduação tive a oportunidade de fazer uma pesquisa com aquele que talvez seja o paciente neuropsi cológico mais famoso do século XX H M Como conseqüência de uma cirurgia reali zada em 1953 com objetivo de tratar sua epi lepsia H Mtornouse umpacientede amnésia globalou seja ele não conseguia se lembrar de qualquer fato novo ou evento Depois de alguns segundos ele esqueciade todas as no vas experiências inclusiveos materiais usados em experimentos de laboratório ou eventos públicosfamosos e até mesmo os eventos pes soais mais importantes de sua vida como a morte de seuspais A cirurgia de H M compreendeu a remoção de várias estruturas localizadas nos aspectos mediais ou internos dos lobos tem porais A partir do seu caso ficou difícil sa ber que papéis essas estruturas diferentes desempenhavam na memória normal e se cumpriam alguma função crítica no regis tro inicial codificação das lembranças di ferente da retenção ou do acesso posterior a essas lembranças Com imagens não inva sivasda atividade cerebral por meio de RM foi possível examinar essas questões no cé rebro humano normal Durante a sessãode imagem de cérebros humanos normais as pessoas viam imagens de cenas internas e externas enquanto se registrava a resposta de seus cérebros para cada cena A seguir foram submetidos a um testesurpresa de memória com cenas da seção de tomografia bem como cenas novas Em algumas ocasiões os pacientes reconhe ciam corretamente a cena apresentada ante riormente uma experiência lembrada mas em outras eles não conseguiam reconhecer a cena anteriormente apresentada uma ex periência esquecida O nível de atividade cerebral no córtex parahipocampal que é uma área específica do lobo temporal me diano à medida que o paciente via cada cena indicava se ele iria lembrarse dessa cena mais tarde ou iria esquecêla Dessa forma podiase visualizar a atividade cerebral em uma estrutura específica do cérebro que determinava se a experiência presente es tava destinada a ser bem lembrada no fu turo ou fadada ao esquecimento em poucos minutos De certa forma podiase ver o nas cimento de uma lembrança e o registro se letivo das experiências destinadas a serem lembradas e que influenciariam o compor tamento futuro termos espaciais Em outras palavras o hipocampo monitora onde estão esses eventos Cain Boon Corcoran 2006 MacClelland McNaughton CVReilley 1995 Tulving Schacter 1994 Uma interrupção no hipocampo parece resultar em déficit da memória de clatativa ou seja memória para trechos de informação mas não resulta em déficit na me mória processual ou seja memória para cursos de ação Rockland 2000 O papel exato do hipocampo na memória e em sua formação ainda não foi determi nado Uma hipótese é que o hipocampo oferece um mapa cognitivo de classes que repre senta o espaço que um organismo necessita para navegar 0Keefe Nadei 1978 Outra idéia é de que o hipocampo é fundamental para o aprendizado flexível e para a percepção das relações entre os itens aprendidos Eichenbaum 1997 Squire 1992 Voltaremos ao papel do hipocampo no Capítulo 5 48 Psicologia Cognitiva O tálamo transmite informação sensorial que chega por meio de neurônios que se pro jetam até a região apropriada do córtex A maior parte dos dados sensoriais recebidos no cé rebro passa pelo tálamo que está localizado aproximadamente no centro do cérebro mais ou menos ao nível dos olhos Para acomodar todos os tipos de diferentes informações a se rem classificadas o tálamo é dividido em vários núcleos grupos de neurônios com funções similares Cada núcleo recebe informações dos sentidos específicos Em seguida as infor mações são retransmitidas às áreas específicas correspondentes no córtex cerebral o Qua dro 23 contém os nomes e as funções dos diversos núcleos O tálamo também ajuda no controle do sono e do despertar e quando não funciona direito a conseqüência pode ser dor tremor amnésia dificuldades com a fala e perturbações no sono e no despertar Ro ckland 2000 Steriade Jones McCormick 1997 Em casos de esquizofrenia imagens e es tudos in vivo revelam disfunções no tálamo Clinton MeadorWoodruff 2004 O hipotálamo regula o comportamento relacionado à sobrevivência das espécies lutar alimentarse fugir e acasalar O hipotálamo também é ativo na regulação das emoções e reações ao estresse Malsbury 2003 e interage com o sistema límbico O tamanho reduzido do hipotálamo do gregohipo sub localizadona basedo prosencéfalo embaixo do tálamo dá uma falsa idéia de sua importância no controle de muitas funções corporais Ver o Qua dro 24 para mais informações O hipotálamo também desempenha importante papel no sono A disfunção e a perda neural dentro do hipotálamo podem ser identificadas em casos de narcolepsia que ocorre quando uma pessoa adormece freqüentemente e em momentos imprevisíveis Lodi et ai 2004 Mignot Taheri Nishino 2002 Mesencéfalo O mesencéfalo auxilia no controle e na coordenação dos movimentos dos olhos e seu fun cionamento é mais importante nos animais nãomamíferos do que nos mamíferos Nos ani mais nãomamíferos é a principal fonte de controle da informação visual e auditiva Nos mamíferos essas funções são dominadas pelo prosencéfalo O Quadro 22 relaciona as QUADRO 23 Quatro Importantes Núcleos do Tálamo Quatro núcleos talâmicos fundamentais transmitem informações visuais auditivas somatossensoriais e relacionadas ao equilíbrio Nome do Núcleo f Recebe Informações de Projeta Transmíte Informações Basicamente para Benefício Funcional Núcleo geniculado lateral Receptores visuais via nervos ópticos Córtex cerebral Possibilita a visão Núcleo geniculado mediai Receptores auditivos via nervos auditivos Córtex auditivo Possibilita a audição Núcleo ventroposterior Sistema netvoso somático Córtex somatossensorial primário Possibilita sentir pressão e dor Núcleo ventrolateral Cerebelo no rombencéfalo Córtex motor primário Possibilita sentir estabilidade e equilíbrio físico Outros núcleos talâmicostambém desempenhampapéis importantes t Os nomes referemse à localização relativa dos núcleosdentro do tálamorlateral em direção ao lado direito ou esquerdodo núcleo mediaiventral mais próximoda barrigado que do copoda cabeçaposterior em direção à parte de trás ventroposterior na direçãoda barrigae da parte de trás ventrolateral em direção à barrigae ao lado A palavrageniculado significa em forma de joelho Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 49 QUADRO 24 Métodos Neurofisiológicos Cognitivos para o Estudo do Funcionamento do Cérebro Método Procedimento Apropriado para Humanos Vantagens Desvantagens Registro de célula única Eletrodo muito fino inserido próximo a um único neurônio simples A seguir são registra das as alterações na atividade elétrica que ocorrem na célula Não Registro bastante pre ciso da atividade elé ttica Não pode set usado em seres humanos EEG Alterações nos potenciais elé tricos são registradasvia ele trodos colocados no couro ca beludo Sim Relativamente não invasivo Bastante impre ciso ERP Alterações nos potenciais elé tricos são registradasvia ele trodos colocados no couro ca beludo Sim Relativamente não invasivo Não mostra ima gens reais do cérebro PET Participantes ingerem uma forma de oxigênio levemente radioativo que emite pósitrons enquanto é metabolizado A seguit são mensuradas as alte rações na concentração de pó sitrons em áreas marcadas do cérebro Sim Mostta imagens do cérebro em ação Menos úteis para processos rápidos RMf Ctia campo magnético que in duz alterações nas partículas dos átomos do oxigênioÁreas mais ativas do cérebro retiram mais sangue oxigenado do que áreas menos ativas As dife renças nas quantidades de oxi gênio consumido formam a base para as mensurações da RMf Sim Mostra imagens do cérebro em ação mais precisa que a PET Requer que o in divíduo seja co locado em um escâner descon fortável por al gum tempo EMT Requer a colocação de uma bobina na cabeça do paciente para permitir a entrada de uma corrente eléttica A cor rente gera um campo magné tico que interrompe uma pequena área normalmente não superior a um centímetro cúbico sob a bobina 0 pes quisador pode então tastrear o funcionamento cognitivo quando uma átea específicaé interrompida Sim Permite ao pesquisa dor apontar de que modo a interrupção de uma determinada área do cérebro afeta o funcionamento cognitivo Potencialmente perigoso se mal utilizado EEGM Mede a atividade do cétebro pela detecção de campos mag néticos por meio da colocação de um dispositivo na cabeça do paciente Sim Resolução espacial e tempotal extrema mente precisa Requer equipa mento muito caro ainda não disponível para os pesquisadores 50 Psicologia Cognitiva diversas estruturas e funções correspondentes do mesencéfalo e de longe a mais indis pensáveis dessas estruturas é o sistema de ativação reticular SAR também chamado de formação reticular uma rede de neurônios essenciais à regulação da consciência sono vigília excitação e em algum nível atenção bem como funções vitais a exemplo dos bati mentos cardíacos e respiração Sarter Bruno Bernston 2003 Na realidade o SAR também se estende para o rombencéfalo Tanto ele como o tálamo são essenciais para que se tenha consciência e controle sobre a própria existência A haste do cérebro liga o prosencéfalo à medula espinal e compreende o hipotálamo o tálamo o mesencéfalo e o rombencéfalo Uma estrutura chamada substância cinzenta periaquedutaí SCP fica na haste do cérebro Aparentemente essa região é a chave para certos tipos de comportamentos adaptativos Injeções de pequenas quantidades de aminoácidos excitató rios ou estimulação elétrica nessa área resultam em várias reações Por exemplo uma rea ção agressiva e de confronto outra seria evitar o confronto ou fugirOutra ainda reatividade defensiva aumentada ou reduzida como a experimentada após uma derrota quando o indi víduo se sente desanimado Bandler Shipley 1994 Rockland 2000 Os médicos determinam a morte cerebral com base na função da haste do cérebro Es pecificamente o médico deve determinar se a haste do cérebro foi danificada tão gravemente que os vários reflexos da cabeça como por exemplo o reflexo pupilar estão ausentes por mais de 12 horas ou o cérebro deve apresentar ausência de atividade elétrica ou circulação de sangue no cérebro Berkow 1992 Rombencéfalo O rombencéfalo compreende o bulbo ou medula oblongada a ponte e o cerebelo A medula oblongada controla a atividade cardíaca e grande parte da respiração deglutição e digestão A medula oblongada é também o lugar onde se cruzam os nervos do lado direito do corpo indo para o lado esquerdo do cérebro e os nervos do lado esquerdo do corpo indo para o lado direito do cérebro A medula oblongada é uma estrutura interna alongada situada no ponto em que a medula espinhal entra no crânio e se junta ao cérebro A medula oblon gada que contém parte do SAR é o que mantém o ser humano vivo A ponte serve como um tipo de estação retransmissora uma vez que contém fibras neurais que transmitem sinais de uma parte do cérebro para outra A ponte também con tém uma porção do SAR e de nervos que servem parte da cabeça e do rosto O cerebelo do latim pequeno cérebro controla a coordenação corporal o equilíbrio e o tônus mus cular bem como alguns aspectos da memória relacionados aos movimentos ver os Capí tulos 7 e 8 Middleton Helms Tillery 2003 O desenvolvimento prénatal do cérebro humano em cada indivíduo corresponde aproximadamente ao desenvolvimento evolu tivo do cérebro humano dentro da espécie como um todo Especificamente o rombencé falo é em termos evolutivos a parte mais antiga e mais primitiva do cérebro sendo também a primeira parte do cérebro a se desenvolver no período prénatal O mesencéfalo é uma aquisição relativamente nova em termos de evolução do cérebro e é a segunda parte do cérebro também a se desenvolver no período prénatal Finalmente o prosencéfalo é a aquisição evolutiva mais recente do cérebro e é a última das três porções a se desenvolver no período prénatal Além disso durante o desenvolvimento evolutivo da espécie humana o homem demons tra uma proporção cada vezmaior de massacerebral em relação à massacorporal Todavia no decorrer do desenvolvimento após o nascimento a proporção entre massa cerebral e massa corporal diminui A massa cerebral de um recémnascido é proporcionalmente muito maior em relação à sua massacorporal do que a de um adulto Desde a infância até a idade adulta o desenvolvimento do cérebro concentrase principalmente na complexidade organizacional das conexões dentro do cérebro Os aumentos no desenvolvimento do indivíduo em termos de complexidade neural são paralelosao desenvolvimento evolutivo da espécie humana mas a alteração na proporção de massacerebral em relação à massacorporal não é Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 51 Para os psicólogos cognitivos a mais importante dessas tendências é a crescente com plexidade neural do cérebro A evolução do cérebro humano propicia uma capacidade cada vez maior de exercer controle voluntário sobre o comportamento bem como aumentou a capacidade do homem de planejar e contemplar alternativas de cursos de ação Essas idéias serão discutidas na próxima seção relacionada ao córtex cerebral Córtex Cerebral e Localização da Função O córtex cerebral forma uma camada de 1 a 3 milímetros que envolve a superfície do cérebro semelhante à forma que a casca de uma árvore envolve o tronco No ser humano as inúmeras circunvoluções ou vincos do córtex compreendem três elementos diferentes os sulcos que são pequenas rugas asfissuras que são rugasgrandes e os giros que são as elevações entre os sulcose as fissuras adjacentes Essas dobras aumentam bastante a superfíciedo córtex Caso o córtex enrugado dos seres humanos fosse alisado ocuparia uma área de dois pés quadrados aproximadamente 018 m2 O córtex compreende 80 do cérebro humano Kolb Whisaw 1990 A complexidade do funcionamento do cérebro aumenta conforme a área cortical e é o córtex cerebral que possibilita ao homem pensar planejar coordenar pensamentos e ações perceber padrões visuaise sonoros e utilizar a linguagem Sem ele as pessoas não seriam hu manas A superfície do córtex cerebral é acinzentada e pode ser chamada de substância cin zenta basicamente porque é formada por corpos de células neurais que processam toda a informação que o cérebro recebe e envia Em contrapartida a substância branca no interior do cérebro é composta quase que inteiramente de axônios mielinizados brancos O córtex cerebral forma a camada mais externa dos dois hemisférios do cérebro di reito e esquerdo Davidson Hugdahl 1995 Galaburda Rosen 2003 Gazzaniga Hutsler 1999 Hellige 1993 1995 Levy 2000 Mangun etai 1994 Embora pareçam bastante se melhantes os dois hemisférios funcionam de maneiras bem diferentes O hemisfério es querdo é especializado em algumas atividades enquanto o direito em outras Por exemplo os receptores do lado direito do corpo geralmente enviam informação por meio da medula para as áreas do hemisfério esquerdo do cérebro enquanto que os do hemisfério esquerdo do cérebro direcionam as respostas motoras no lado direito do corpo O hemisfério direito direciona as respostas no lado esquerdo do corpo Entretanto nem toda transmissão de in formação é contralateral de um lado para outro Também ocorre a transmissão ipsilateral no mesmo lado Por exemplo as informações relacionadas ao odor da narina direita vão principalmente para o lado direito do cérebro Cerca de metade das informações do olho direito vai para o lado direito do cérebro Além dessa tendência geral para a especialização contralateral os hemisférios também se comunicam diretamente entre si O corpo caloso é um agregado denso de fibras neurais que liga os dois hemisférios ver Witelson Kigar Walter 2003 que permite a transmissão de informação em ambos os sentidos Uma vez que a informação chega a um hemisfério o corpo caloso a transfere para o outro Se o corpo caloso for cortado os dois hemisférios cerebrais as duas metades do cérebro não pode rão se comunicar entre si Embora algumas funções como a linguagem sejam altamente la teralizadas a maioria delas inclusive a linguagem dependem grandemente da integração dos dois hemisférios do cérebro Especialização Hemisférica De que modo os psicólogosdescobriram que os dois hemisférios têm responsabilidades dife rentes O estudo da especialização hemisférica no cérebro humano teve início com Marc Dax médico do interior da França Por volta de 1836 Dax já havia tratado mais de 40 pacientes que sofriam de afasia perda da fala como conseqüência de lesão cerebral Ob servou uma relação entre a perda da fala e o lado do cérebro onde a lesão ocorrera Dax também viu ao estudar o cérebro dos pacientes após sua morte que em todos os casos 52 Psicologia Cognitiva houve lesão do hemisfério esquerdo do cérebro e não encontrou qualquer caso de perda da fala causada apenas por lesão no hemisfério direito Em 1861 o cientista francês Paul Broca relatou que uma autópsia revelara que um pa ciente com acidente vascular cerebral afásico tinha uma lesão no hemisfério esquerdo do cérebro Por volta de 1864 Broca já estava convencido de que o hemisfério esquerdo do cé rebro é crucial para a fala teoria que se mantém ao longo do tempo A parte específica do cérebro que Broca identificou atualmente chamada de área de Broca contribui para a fala Figura 27 essa área também desempenha papel crucial para a imitação Heiser et dl 2003 Outro importante pesquisador alemão o neurologista Carl Wernicke estudou pa cientes com deficiência da fala que conseguiam falar mas cujo discurso não fazia sentido Assim como Broca Wernicke localizou a capacidade para a linguagem no hemisfério es querdo pesquisando uma localização precisa diferente atualmente conhecida como área de Wernicke que contribui para a compreensão da fala ver Figura 27 FIGURA 27 Córtex motor Córtex associativo Área de Broca fala Córtex sensorial Córtex associativo Córtex auditivo Córtex visual Área de Wernicke compreensão da linguagem Estranhamente embora pessoas comlesão na áreade Broca não consigam falar fluentemente conseguem cantar e gri tar Extraído do livro Introduction to Psychology 11 ed deRichard Atkinson Rita Atkinson Daryl Bem Ed Smith e Susan NolenHoeksema 1995 de Harcourt Brace Company Reproduzido com permissão doeditor Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 53 Karl Spencer Lashley quase sempre descrito como o pai da Neuropsicologia começou a estudar a localização em 1915 e descobriu que a implantação de eletrodos toscamente construídos em locais aparentemente idênticos no cérebro produziam resultados distintos Localizações diferentes por vezes e paradoxalmente produziram resultados semelhantes como exemplo ver Lashley 1950 Pesquisadores posteriores utilizandose de eletrodos e procedimentos de mensuração mais sofisticadosdescobriram que as localizaçõesespecíficas se correlacionam com respostas motoras específicas durante muitas sessões de testes Apa rentemente a pesquisa de Lashley ficou limitada à tecnologia disponível na época A despeito das valiosas contribuições iniciais de Broca Lashley e outros o maior respon sável pela teoria e pela pesquisa moderna em especialização hemisférica foi o psicólogo ga nhador do Prêmio Nobel Roger Sperry 1964 o qual afirmou que cada hemisfério do cérebro se comporta em muitos aspectos como um cérebro separado Em um experimento clássicoque sustenta essa afirmação Sperry e seuscolegasseccionaram o corpo caloso que li gava os dois hemisférios do cérebro de um gato e dessa maneira conseguiram provar que a informação apresentada visualmente a um hemisfério cerebral do gato não era reconhecível ao outro Trabalho semelhante com macacos indicou o mesmo desempenho distinto para cada hemisfério Sperry 1964 Algumas das informações mais interessantes a respeito de como funciona o cérebro hu mano especialmente com relação ao papel dos hemisférios surgiu a partir de estudos de se res humanos com epilepsia nos quais o corpo caloso havia sido seccionado A secção cirúrgica dessa ponte interhemisférica impede que os ataques epiléticos se espalhem de um hemisfério para outro Esse procedimento assim reduz drasticamente a gravidade dos ata ques contudo acarreta uma perda de comunicação entre os dois hemisférios E como se a pessoa tivesse dois cérebros separados e especializados em processar informações diferentes e executar funções separadas Pacientes com cérebro dividido são pessoasque foram submetidas à cirurgia para secção do corpo caloso A pesquisa com cérebro dividido revela possibilidades fascinantes com re lação às formas humanas de pensar Nesse campo muitos acham que a fala está localizada no hemisfério esquerdo A capacidade de visualizaçãoespacial parece estar localizadaem grande parte do hemisfério direito Farah 1988a 1988b Gazzaniga 1985 Zaidel 1983 As tarefas de orientação espacial também parecem estar localizadas no hemisfério direito Vogel Bowers Vogel 2003 Parece que aproximadamente 90 da população adulta tem as fun ções da fala localizadas predominantemente dentro do hemisfério esquerdo Mais de 95 das pessoas destras e mais de 70 das canhotas apresentam domínio do hemisfério esquerdo para a fala Nas pessoas em que não há processamento do hemisfério esquerdo o desenvolvimento da linguagem no hemisfério direito retém as funções fonéticas e semânticas porém apresenta deficiência na competência sintática Gazzaniga Hutsler 1999 Jerre Levy um dos pupi los de Sperry e seus colaboradores Levy Trevarthen Sperry 1972 investigaram o vínculo entre os hemisférios do cérebro e as tarefas visuaise espaciais dirigidas à fala usando partici pantes que passaram por cirurgia de divisão do cérebro O hemisfério esquerdo é importante não apenas para a fala mas também para o movi mento As pessoas com apraxia transtornos de movimentos coordenados muitas vezes sofreram lesões no hemisfério esquerdo perdendo a capacidade para executar movimentos intencionais familiares Gazzaniga Hutsler 1999 Outro papel do hemisfério esquerdo é o exame de experiências passadas e o descobrimento de padrões Descobrir padrões é um passo importante para a geração de hipóteses Assim o hemisfério esquerdo também de sempenha papel fundamental nessa função Wolford Milter Gazzaniga 2000 O hemisfériodireito é em grande parte mudo Levy 2000 apresentando poucacom preensão gramatical ou fonética porém possui um bom conhecimento semântico e está li gadotambém ao usoprático da língua Pessoas com lesões no hemisfério direito tendem a ter dificuldade para acompanhar conversas ou histórias além de exibirem dificuldade para fazer 54 PsicologiaCognitiva inferências a partir do contexto bem como de entender o discurso metafórico ou com hu mor Levy 2000 O hemisfério direito também tem um papel muito importante no autor reconhecimento Nesse sentido o hemisfério direito parece ser responsável pela identificação do próprio rosto Platek et ai 2004 Estudos mostram que pacientes com cérebro dividido geralmente não estão cientes de que viram alguma informação conflitante em duas metades da mesma figura Quando soli citados para dar respostas verbais sobre o que viram eles relataram ter visto a imagem na metade direita da figura Isto é uma referência à associação contralateral entre hemisfério e lado do corpo Assim sendo parece que o hemisfério esquerdo está controlando seu proces samento verbal fala da informação visual Considerese em contrapartida o que acontece quando esses indivíduos são solicitados a usar os dedos da mão esquerda aqual contrala teralmente envia e recebe informação do hemisfério direito para apontar o que viram A seguiros participantes escolhem a imagem da metade esquerda da figura Esseresultado in dica que o hemisfério direito parece controlar o processamento espacial apontar da infor mação visual Desse modo a tarefa que devem realizar é crucial para determinar qual imagem eles acreditam que lhes foi mostrada Michael Gazzaniga outro discípulo de Sperry afastouse da tese de seu exprofessor e colegas como Levy Gazzaniga discorda da afirmação de que os dois hemisférios funcionam completamente independentes Não obstante ainda sustenta que cada hemisfério cumpre papel complementar Por exemplo de acordo com Gazzaniga não há processamento da fala no hemisfério direito exceto em raros casos de lesão cerebral precoce ao hemisfério es querdo Em vezdisso somente o processamento visuoespacial ocorre no hemisfério direito Como exemplo Gazzaniga descobriu que antes da cirurgia de secção cerebral as pessoas podem fazer representações tridimensionais de cubos com cada uma das mãos Gazzaniga LeDoux 1978 Após a cirurgia entretanto esses indivíduos só conseguem desenhar um cubo de aparência razoável com a mão esquerda Em cada um dos pacientes os desenhos feitos com a mão direita ficam irreconhecíveis sejam cubos ou quaisquer objetos tridimen sionais Essadescoberta é importante em razão da associação contralateral entre cada lado do corpo e o hemisfério oposto do cérebro por exemplo o hemisfério direito controla a mão esquerda A mão esquerda é a única que um paciente com cérebro dividido consegue usar para desenhar figuras reconhecíveis Assim esse experimento sustenta a afirmação de que o hemisfério direito é dominante na compreensão e na exploração das relações espaciais Gazzaniga 1985 afirma que o cérebro e especialmente o hemisfério direito do cére bro está organizado em unidades de funcionamento relativamente independentes que tra balham em paralelo Segundo Gazzaniga cada uma das várias e distintas unidades da mente opera de ma neira relativamente independente das outras Essas operações acontecem geralmente fora da consciência Enquanto essas várias operações independentes e quase sempre subcons cientes estão acontecendo o hemisfério esquerdo tenta lhes atribuir interpretações Por vezes o hemisfério esquerdo percebe que o indivíduo está se comportando de uma maneira que não faz qualquer sentido intrinsecamente mas mesmo assim encontra uma forma de atribuir algum sentido àquele comportamento Além de estudar as diferenças hemisféricas na fala e nas relações espaciais os pesquisa dores tentaram determinar se os dois hemisférios pensam de formas diferentes entre si Levy 1974 descobriu algumas evidências de que o hemisfério esquerdo tende a processar a in formação analiticamente uma a uma normalmente em seqüência e afirma que o hemis fério direito tende a processála de maneira holística como um todo Lobos dos Hemisférios Cerebrais Por questões práticas quatro lobos dividem os hemisférios e o córtex do cérebro em quatro partes Esses lobos não são unidades distintas mas regiões anatômicas bastante arbitrárias Funções específicasforam identificadas em cada lobo mas que também interagem entre si Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 55 Os quatro lobos cujos nomes estão relacionados aos ossos do crânio estão localizadosdire tamente sobre eles Figura 28 São eles o frontal o parietal o temporal e o occipital Seus nomes referemse às funções dos ossos do crânio que os abrigam de modo que sua nomen clatura e até mesmo sua divisão específica são razoavelmente arbitrárias Os lobos realizam várias funções e esta discussão descreve apenas parte daquilo que fazem O lobo frontal no sentido da frente do cérebro está associado com o processamento motor e com o processamento superior do pensamento tal como o raciocínio a resolução de problemas o planejamento e o julgamento Stuss Floden 2003 e parece estar envol vido sempre que seqüências de pensamentos ou de ações são solicitadas E também funda mental para a produção do discurso O córtex préfrontal região próxima à frente do lobo frontal é responsável pela realização de complexas tarefas motoras e de controle que exi gem integração de informação ao longo do tempo Gazzaniga Ivry Mangun 2002 O lobo parietal na porção superiore posteriordo cérebro está associado com o proces samento somatossensorial recebendo dos neurônios dados relativos ao toque à dor à sensa ção de temperatura e à posiçãodos membros quando se está percebendo o espaçoe o próprio relacionamento comele como seestá situadocom relaçãoao espaçoque seocupa Culham 2003Gazzaniga Ivrey Mangun 2002 O lobo parietal também está ligadoà consciência e à atenção Se o indivíduo estiver prestando atenção àquilo que está lendo o lobo parietal está sendo ativado O lobo temporal diretamente sob as têmporas está associado ao processamentoaudi tivo Murray 2003 e à compreensãoda linguagem Também está ligadoà retenção das me mórias visuais Por exemplo se o indivíduo estiver tentando manter na memória a Figura 28então o lobo temporal está sendo ativado O lobo temporal também combina coisasno vas que se vê com aquilo que já está retido na memória visual O lobo occipital está associadoao processamento visual De Weerd 2003b e contém diversas áreas visuais cada uma especializada em analisar os aspectos específicos de uma cena inclusive cor movimento localização e forma Gazzaniga Ivrey Mangun 2002 Ao ler esse texto o lobo occipital está operando na percepção das palavras que estão diante do leitor FIGURA 28 Fissura central Lobo frontal Lobo parietal aÁreas anatômicas vista lateral esquerda Fissura longitudinal b Áreas anatômicas vistas de cima O córtex está dividido em quatro lobos frontal parietal temporal e occipital osquais têm funções específicas mas também interagem para realizar processos complexos Extraído do livro In Searchof the HumanMinei de RobertJ Sternberg 1995 deHarcourt Brace Company Reproduzido com a permissão doeditor 56 Psicologia Cognitiva As áreas deprojeção são aquelas onde ocorre o processamento sensorial nos lobos Esse nome traduz o fato de que os nervos contêm informações sensoriais que vão para o tálamo e é desse ponto que a informação sensorial é projetada para a área adequada no lobo corres pondente Do mesmo modo as áreas de projeção enviam a informação motora para baixo pela espinha dorsal até os músculos certos via sistema nervoso periférico SNP Agora uma consideração dos lobos especialmente o frontal de maneira mais detalhada O lobo frontal localizado próximo à parte da frente da cabeça o rosto é importante para o julgamento a resolução de problemas a personalidade e para o movimento inten cional Ele contém o córtex motor primário especializado no planejamento no controle e na execução dos movimentos especialmente aqueles que envolvem qualquer tipo de res posta retardada Caso o córtex motor fosse estimulado eletricamente o indivíduo reagiria movimentando uma parte correspondente do corpo A natureza do movimento dependeria de onde no córtex motor o cérebro fosse estimulado O controle dos vários tipos de movi mentos corporais está localizado contralateralmente no córtex motor primário Um mapea mento similar inverso ocorre de cima para baixo As extremidades inferiores do corpo estão representadas no lado superior em direção à parte de cima da cabeça do córtex motor e a parte superior do corpo está representada no lado inferior do córtex motor As informações que seguem para as partes próximas do corpo também vêm de partes próximas do córtex motor Desse modo o córtex motor pode ser mapeado para demonstrar FIGURA 29 Córtex sensorial Córtex motor Este mapa do córtex motor primário chamase normalmente homúnculo do latim pessoa pequena porque foi desenhado como sefosse umaseção transversal docórtex cercada pela figura deuma pessoa pequena cujas partes do corpo estabelecem uma correspondência proporcional às partes docórtex Extraído do Uvro In Search of the Human Mind Robert Stemberg 1995 Harcourt Brace Company Reproduzido com permissão Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 57 onde e em que proporções as diferentes partes do corpo estão representadas no cérebro Figura 29 Os outros três lobos estão localizados mais longe da parte frontal da cabeça e são espe cializadosem vários tipos de atividade sensorial e perceptual Por exemplo no lobo parietal o córtex primário somatossensorial recebe informações dos sentidos a respeito de pressão textura temperatura e dor e está localizado bem atrás do córtex motor primário do lobo frontal Caso o córtex somatossensorial de um indivíduo fosse estimulado eletricamente ele provavelmente teria uma sensação semelhante a estar sendo tocado Figura 210 Ao olhar os homúnculos ver Figuras 29 e 210 podese ver que o relacionamento da função e da forma aplicase ao desenvolvimento das regiões do córtex motor e somatossen sorial Quanto maior a necessidade de uso de sensibilidade e controle fino de uma determi nada parte do corpo maior será a área do córtex geralmente dedicada a ela Por exemplo o ser humano depende muito das mãose do rosto em suas interações com o mundo e apre senta proporções extremamente grandes do córtex cerebral dedicadas à sensação e à res posta motora das mãos e do rosto Em contrapartida o homem confia relativamente pouco nos dedosdospés tanto para o movimento como para a coleta de informações e consequen temente os dedos do pé representam uma área relativamente pequena tanto no córtex mo tor primário como no somatossensorial A região do córtex cerebral ligada à audição está localizada no lobotemporal abaixo do lobo parietal que realiza uma complexa análise auditiva Este tipo de análise é necessária FIGURA 210 Córtex sensorial Córtex motor Assim como acontece com o córtex motor primário no lobo frontal um homúnculo do córtex somatossensorial de forma invertida mapeia aspartes do corpo de onde recebe informações Extraído do livro In Searchof the Human Mind Robert Stemberg 1995deHarcourt Brace andCompany Reproduzido com permissão 58 Psicologia Cognitiva por exemplo para se entender a fala humana ou para se ouvir uma sinfonia O lobo é tam bém especializado pois algumas partes são mais sensíveis aos sons mais agudos Outras aos mais graves A região auditiva é basicamente contralateral embora ambos os lados da área aditiva tenham pelo menos alguma representação de cada ouvido Se o córtex auditivo fosse estimulado eletricamente o indivíduo iria relatar ter ouvido algum tipo de som A região visual do córtex cerebral fica em grande parte no lobo occipital Algumas fi bras neurais que carregam informações visuais deslocamse ipsilateralmente do olho es querdo para o hemisfério esquerdo do cérebro e do lado direito do olho para o hemisfério direito do cérebro Outras fibras cruzam o quiasma óptico do grego X visual ou cruza mento visual e vão contralateralmente até o hemisfério oposto Figura 211 Em espe AFIGURA 2i 11 Visual Quiasma óptico Nervo óptico Algumas fibras nervosas transporiam informação ipsilateralmente decada olho para cada hemisfério cerebral Outrascruzam oquiasma óptico e rransOitam a mformação visual contralateralmente aohemisfério oposui Extraído dolivro fn Search of the HumanMind RobertJ Stemberg 1995 deHarcourtBraceandCompany Reproduzido com permissão Capítulo 2 Neutociência Cognitiva 59 ciai as fibras neurais vão do lado esquerdo do campo visual para cada olho para o lado direito do córtex visual De maneira complementar os nervos do lado direito do campo vi sual da cada olho enviam informações para o lado esquerdo do córtex visual O cérebro normalmente eqüivale a apenas 140 do peso do corpo de um adulto Entre tanto ele usa cerca de 15 do sangue que circula 15 da glicose disponível e 15do oxigênio disponível no corpo de um adulto e é portanto o órgãosupremoda cognição A compreen são tanto de sua estrutura como de sua função desde os níveis neurais até os cerebraisde organização é vital para o entendimento da psicologia cognitiva O recente avanço no campoda neurociência cognitiva com enfoque na localização da função reconceitualiza a questão mentecorpo discutida no início deste capítulo A questão mudou de onde está localizada a mente no corpo para onde especificamente estão localizadas as operações cognitivas no sistema nervoso Ao longo do restante do texto retornaremos para essas questões em relação a determinadas operações cognitivas uma vez que elasserãodiscutidas com mais detalhes nos capítulos seguintes Áreas de Brodmann O córtex cerebral pode ser dividido em diferentes módulos conhecidos como Áreas de Brodmann Essas áreas aplicadas a outras espécies além da humana podem oferecer manei ras parase localizar asfunções corticais No homem existem 52 dessas áreas Porexemplo a área 4 compreendeo córtex motor primárioe área 17o córtex visual primário Transtornos Cerebrais Há uma série de transtornos cerebrais que podem prejudicar o funcionamento cognitivo Este resumoé baseado em parte no trabalho de Gazzaniga Ivrey Mangun 2002 Acidente Vascular Cerebral AVC O transtorno vascular é um transtorno cerebralcausadopor acidente vascular cerebral AVC Os AVCs ocorrem quando o fluxo de sangue no cérebro sofre uma súbita interrupção As pessoas que passam porumAVC geralmente apresentam perdas significativas de suas funções cognitivas A natureza da perda depende da área do cérebro afetada pelo AVC Pode haver paralisia dor dormência perdada fala da compreensão da linguagem prejuízos aos processos de pensamento perdaparcial de movimentos em partes do corpoou outros sintomas Há dois tiposdiferentesde AVCs segundo informação publicada no website do Natio nal Institute for Neurological Distorders and Stroke em 2004 O primeiro tipo é o AVC isquêmico Geralmente esse tipode AVC ocorre quando há umaumentodegordura nosva sos sangüíneos durante alguns anos e um pedaço desse tecido se desprende e alojase nas artériasdo cérebro Os AVCs isquêmicos podemser tratadoscom medicamentos desobstru toresO segundo tipo é o AVC hemorrágico que ocorrequando um vasosangüíneo serompe repentinamente no cérebro e o sangue transborda pelo tecido ao seu redor e nesse mo mento as células cerebrais nas áreas afetadas começam a morrer Esta morte ocorre tanto porfalta de oxigênio e de nutrientes como pela ruptura dos vasos e pelo transbordamento súbito de sangue Os sintomas desse tipo de AVC se manifestam imediatamente após sua ocorrência Entre os sintomas típicos estão Dormência e fraqueza no rosto nos braços ou nas pernas especialmente emumlado do corpo Confusão dificuldade para falar ou para entender o que se fala Transtornos da visão em um ou em ambos os olhos 60 Psicologia Cognitiva Tontura problemas para andar perda de equilíbrio ou concentração Dor de cabeça intensa sem causa aparente Informação sobre AVC página da NINDS 2004 Os prognósticos para vítimasde AVC dependemdo tipo ou da gravidade das lesões Tumores Cerebrais Os tumores cerebrais também conhecidos como neoplasmas podem afetar o funciona mento cognitivo de várias formas muito sérias Os tumores podem ocorrer tanto na subs tância cinzenta do cérebro como na substância branca sendo que estessão os maiscomuns Gazzaniga Ivrey Mangun 2002 Considerese alguns fatores básicos a respeitode tumo res cerebrais What you needto knowabout brain tumors 2004 Há dois tiposde tumorescerebrais Os tumores primários começamno cérebro e a maio ria dos tumores que ocorrem na infância é desse tipo Os tumores secundários começam em outrolugar do corpo porexemplo nos pulmões Ostumores cerebrais podem serbenignos ou malignos Os benignosnão contêm célulascancerosas e em geralpodemserremovidos e não voltam a crescer As célulasdos tumores benignosnão invadem os tecidosao seu redor Con tudo sepressionados contraáreas sensíveis do cérebro podem ocasionar sérios prejuízos cog nitivos Eles também podem representar ameaça à vida diferentemente de tumores benignos em outraspartes do corpo Os tumores cerebrais malignos ao contráriodosbenignos contêm células cancerosas sãomuitomais sérios e geralmente representam ameaça à vidada vítima Em geral crescem muito rapidamente e tendem a invadir o tecido cerebral sadio ao seu redor Somente em raros casosas células malignas podem se desprender e causar câncer em outras partes do corpo A seguir os sintomas mais comuns de tumor cerebral Dores de cabeça geralmente piores pela manhã Náusea e vômitos Alterações na fala visão ou audição Problemas com equilíbrio ou marcha Alterações no humor na personalidade e na capacidade de concentração Problemas de memória Contrações ou puxões nos músculos crises ou convulsões Dormência ou formigamento nos braços e pernas What youneed to knoiv about brain tumors 2004 O diagnóstico dos tumores cerebrais é feito em geral por meio de exames neurológi cos TCs ou RMs A forma mais comum de tratamento é uma combinaçãode cirurgia ra diação e quimioterapia Traumatismos Cranianos Os traumatismos cranianos podem ter várias causas como acidentes de carro contato com objetos rígidos e ferimentos causados por projétil Os traumatismos são de dois tipos Gazzaniga Ivrey Mangun2002Nas lesões de cabeçafechada o crânio permanece intacto mas há lesão no cérebro geralmente decorrente da força mecânica de umgolpe na cabeça Bater a cabeça contra o párabrisa em um acidente de automóvel pode resultar nesse tipo delesão Em lesões de cabeça aberta ocrânio nãofica intacto sendo penetrado porexemplo por um projétil de revólver Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 61 Os traumatismos cranianos são surpreendentemente comuns Cerca de 700000 ameri canos sofrem esse tipo de traumatismo todos os anos e entre 70 e 90000 pessoas ficam per manentemente deficientes The anatomy of a head injury 2004 A perda da consciência é um sinal de que houve algum tipo de dano ao cérebro como resultado de um trauma Os da nos resultantes de traumatismos cranianos incluem movimentos espasmódicos dificuldade paraengolir e fala arrastada entre inúmeros outros problemas cognitivos Os sintomas ime diatos de um traumatismo craniano são Perda da consciência Respiração anormal Lesão ou fratura grave visível Sangramento ou fluído claro do nariz ouvido ou boca Perturbação da fala ou da visão Pupilas de tamanhos desiguais Fraqueza ou paralisia Tontura Dor ou enrijecimento do pescoço Convulsões Vômito mais de duas ou três vezes Perda de controle da bexiga ou dos intestinos Head injuries 2004 Em resumo as lesões cerebrais podem resultar de várias causas das quais apenas algu mas estão aqui relacionadas outras serão apresentadas no decorrer do livro Quando a le são cerebral ocorre deve ser tratada o mais rapidamente possível por um médico especialista Podese chamar um neuropsicólogo para auxiliar no diagnóstico e os psicólogos especialis tas em reabilitação podem ser úteis para trazer o paciente até um grau mais favorável de fun cionamento nessas circunstâncias Temas Fundamentais No Capítulo 1 tratamos de sete temas fundamentais que podem permear a Psicologia Cog nitiva e vários deles são relevantes aqui Um deles diz respeito à ênfase nos mecanismos biológicose comportamentais Os meca nismos descritos neste capítulo são sobretudo biológicos mas um objetivo importante dos pesquisadores é descobrir de que forma o comportamento está relacionado a essesmecanismos biológicos Por exemplo eles estudam como o hipocampo possibilita a aprendizagem Por tanto biologia e comportamento trabalham juntos e não são de forma alguma excludentes O segundo tema relevante é a distinção entre o inato e o adquiridoChegase ao mundo com muitas estruturas e muitos mecanismos instalados mas o ambiente funciona para de senvolvêlos e para possibilitar que atinjam seu potencial A existência do córtex cerebral é fruto da natureza porém as recordações nele armazenadas derivam do ambiente Como foi apresentado no Capítulo 1 a natureza não opera sozinha e suas maravilhas se revelam por meio das intervenções do ambiente O terceiro tema importante é a pesquisa básica versus a pesquisa aplicada Grande parte da pesquisa sobre as abordagens biológicas à cognição é básica mas essa pesquisa básica irá mais tarde possibilitar aos psicólogos cognitivos fazer descobertas aplicadas Por exemplo i J 62 Psicologia Cognitiva para entender como tratar e possivelmente poder ajudar indivíduos com lesãocerebral os neuropsicólogos cognitivos precisam em primeiro lugar entender a natureza das lesões e sua abrangência Muitos antidepressivos modernos por exemplo afetam a recaptação da se rotonina no sistema nervoso Ao inibir essa recaptação os antidepressivos aumentam as concentrações de serotonina que por sua vez aumentam a sensação de bemestar Curiosa mente a pesquisa aplicada pode ajudar a pesquisa básica da mesma maneira que esta pode ajudar aquela No caso de antidepressivos por exemplo os cientistas já sabiam que as dro gas funcionavam antes mesmo de saber exatamente de que maneira A pesquisa aplicada na criação de medicamentos ajudou os cientistas a entender os mecanismos biológicos por trás do sucesso dessas drogas para o alívio dos sintomas da depressão Pessoas que sofrem AVCs do lado esquerdo do cérebro apresentam alguma dificuldade para falar enquanto que aquelas que sofrem derrames do lado direito apresentam quase sem pre poucas interferências na linguagemOs leitores que conhecem pessoas que tiveram AVCs já podem ter notado isso Essefato ocorre porque o centro da linguagem do homem está nor malmente localizado no lado esquerdo do cérebro Resumo 1 Quais são as estruturas e os processos fundamentais do cérebro humano O sis tema nervoso comandado pelo cérebro dividese em duas partes principais o sis tema nervoso central que consiste no cé rebro e na medula espinhal e o sistema nervoso periférico que consiste no res tante do sistema nervoso como por exem plo os nervos do rosto das pernas dos braços e das vísceras 2 De que maneira os pesquisadores estu dam as principais estruturas e processos do cérebro Durante séculos os cientistas só conseguiam visualizar o cérebro por meio de dissecações As técnicas modernas de dissecação incluem o uso de microscó pios eletrônicos além de sofisticadas aná lises químicas para investigar os mistérios das células individuais do cérebro Além disso as técnicas cirúrgicas em animais ex uso de lesões seletivas e registro de células isoladas são usadas com freqüên cia Em seres humanos os estudos incluí ram análises elétricas como EEGs e potenciais relativos a eventos estudos baseados em técnicas de raios X como angiogramas e TC estudos de análises computadorizadas de campos magnéticos dentro do cérebro RM e estudos de aná lises computadorizadas do fluxo sangüí neo e do metabolismo dentro do cérebro PET e RMf 3 O que os pesquisadores descobriram co mo conseqüência dos estudos sobre o cé rebro As principais estruturas do cérebro podem ser classificadas como aquelas que ficam no prosencéfalo ex córtex cerebral muito importante o tálamo o hipo tálamo o sistema límbico incluindo hi pocampo o mesencéfalo incluindo uma porção da haste do cérebro e o rombencé falo incluindo a medula oblongada a ponte e o cerebelo O córtex cerebral al tamente circunvoluto cerca o interior do cérebro e é a base para grande parte da cognição humana O córtex recobre os he misférios direito e esquerdo do cérebro li gadospelo corpo caloso Geralmente cada hemisfério controla contralateralmente o lado oposto do corpo Tendo como base amplas pesquisas com cérebro dividido muitos pesquisadores acreditam que na maioria das pessoas os dois hemisférios sejamespecializados o hemisférioesquerdo parece controlar principalmente a lingua gem O hemisfério direito parece controlar principalmente o processamento visuales pacial Os dois hemisférios também pro cessam dados de maneiras diferentes Outra maneira de ver o córtex é identificar as diferenças entre os quatro lobos Aproxi madamente podese dizer que o pensa mento superior e o processamento motor ocorrem no lobo frontal O processamento somatossensorial ocorre no lobo parietal e o processamento auditivo no lobo tempo ral e o processamento visual no occipital No lobo frontal o córtex motor primário Capítulo 2 Neurociência Cognitiva 63 controla o planejamento o controle e a execução dos movimentos No parietal o córtex somatossensorial é responsável pe las sensações nos músculos e na pele As regiões específicas desses dois córtices po dem ser mapeadas a determinadas regiões do corpo Leituras Sugeridas Comentadas Anderson A K Phelps E A Lesions of the human amygdala impair enhanced per ception of emotionally salient events Na ture 411 305309 Matéria interessante sobre os efeitos das lesões na amígdala sobre a percepção Gazzaniga M The new cogniúve neuroscience Cambridge MÍT Press 2000 Provavel mente a resenha mais abrangente sobre Neurociência Cognitiva disponível atual mente Texto de alto nível Taylor M J Baldeweg T Application of EEG ERP and intracranial recordings to the investigation of cognitive functions in children Devehpmental 5 Science 3 318334 2002 Cobertura da combinação das alterações neurológicas e de compor tamento na infância V i CAPITULO Percepção 3 EXPLORANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA 1 Como são percebidos objetos estáveis no ambiente dada uma estimulação variável 2 Quais são duas abordagens fundamentais para explicar a percepção 3 O que acontece quando pessoas que recebem sensações visuais normais não conse guem perceber estímulos visuais Alguma vez já lhe disseram que você não consegue enxergar um palmo além do na riz Ou então que vocêé aquele quevêa árvoree não enxerga a floresta Já ouviu sua música favorita seguidamente para tentar decifrar a letraEm todas essas situa ções utilizase o complexo constructo da percepção A percepção é oconjunto deprocessos pelos quais é possível reconhecer organizar e entender as sensações provenientes dos estí mulos ambientais Epstein Rogers 1995 Goodale 2000a 2000b Kosslyn Osherson 1995 Marr 1982 Pomerantz 2003 A percepção compreende muitos fenômenos psicoló gicos Este capítulo tratada percepção visual que é a modalidade sistema de um determi nado sentido por exemplo o tato ou o olfato mais amplamente reconhecida e a mais estudada da percepção Para conhecer alguns fenômenos da percepção os psicólogos geral mente estudam situações que levantam problemas para compreender as nossas sensações Considere porexemplo a imagem mostrada na Figura 31 Para a maioria das pessoas inicialmente a figura parece umborrão de sombras sem significado No entanto a figura mostra uma criatura queolhadiretamente parao leitor quepodenão identificála Quando finalmente percebem o que é as pessoas sentemse acuadas Na Figura 31 a imagem de uma vaca está oculta em constantes graduações de sombreado que constituem a imagem Antes de conseguir identificar a figura da vaca o leitor já terá percebidocorretamente to dos osaspectos da figura mas aindanão terá conseguido organizar assensações paraformar um percepto ou seja uma representação mental de um estímulo percebido Sem esse per cepto da vaca não seria possível captarde maneira significativa aquilo quehaviasido per cebido anteriormente Na Figura 32 também sevêm sombreados que no entantosãobem mais discretos Emmuitos casos não passam de pontos e novamente aqui há outro objeto oculto Comalgum esforço podese identificar umcachorro farejando algo no chão Esses exemplos mostram que às vezes não se consegue percebero que existe Emou tras todavia percebemse coisas que não existem Por exemplo o triângulonegro no cen tro do painel esquerdo da Figura 33 e o triângulo branco no centro do painel direito Parecem quesaltamaos olhos mas quandose olha cuidadosamente paracada um dos pai néis podese verque os triângulos na verdade nãoestão ali O preto que forma o triângulo central no painel esquerdo parece mais escuro ou mais preto do que o preto ao seu redor 65 66 Psicologia Cognitiva FIGURA 31 O que seaprende a respeito daprópria percepção ao tentar identificar oobjeto que olha diretamente para você nessa foto Daüenbach K M 1951 A puzzlepicture with a new principie ofconcealment AmericanJournalof Psychology 54431433 1951 FIGURA 32 Quais mudanças perceptuais facilitariam a identificação da figura aqui apresentada mas não é Nem o triângulo central branco no painel direito é mais claro ou mais branco do queo branco queo cerca Osdois triângulos centrais são ilusões deóticaquecompreen dem a percepção da informação visual fisicamente não presente no estímulo visual senso rial Além disso em outras ocasiões percebese o que não pode estar lá Considere por exemplo a escada na Figura34 e tente chegar ao topo Difícilnão éEstaé a ilusãoda es cada perpétua que parece estar sempre indo para cima mas isso é impossível FIGURA 33 Capítulo3 Percepção 67 eA Z A Nestafigura os triângulos podem ser facilmente vistos ouserão apenas uma ilusão In Search of the Human Mind RobertJ Stemberg 1995 HarcourtBrace Company Reproduzido com permissão doeditor FIGURA 34 De quemodo se pode chegar ao topo daescada aqui apresentada A existência de ilusões perceptivas indica que aquilo que se sente por meio dos ór gãosdo sentido não é necessariamente o que é percebido na mente A mente pode es tar se utilizando da informação sensorial disponível e manipulandoa de alguma forma para criar representações mentais de objetos propriedades e relacionamentos espaciais do próprio ambiente Peterson 1999 Além disso a maneira como esses objetos são re presentados dependeem parte do ponto de vistado indivíduo ao percebêlos Edelman Weinshall 1991 Poggio Edelman 1990Tarr 1995Tarr Bülthoff 1998 Ao longo de milênios as pessoas reconhecem que o que se percebe geralmente é diferente dos estímu los sensoriais retilíneos que chegam aos receptores dos sentidos Um exemplo é o uso de ilusões de ótica na construção do Parthenon Figura 35 Se tivesse sido construído do modo como é percebido por quem o vê com uma forma estritamente retilínea o Par thenon pareceria estranho Embora o ser humano tenha uma visão limitada e esteja sujeito a ilusões ainda é muito mais capacitado que os robôs paracodificar representações visuais e darsentidoa elas Dadaa sofisticação dos robôs de hojeemdia qual é a razão da superioridade humana Possivelmente 68 Psicologia Cognitiva FIGURA 35 No início do primeiro séculodC o arquiteto romano Marcos Vitrúvio Folião escreveu a obra De Architectura na qual documenta o gênio dos arquitetos gregos íctino e Calícrates que projetaram o Parthenon consagrado em 438 aC As colunas do Parthenon naverdade são salientes no meio b para compensar a tendência visual de perce berque as Unhas paralelas a parecem securvar para dentro Da mesma forma as linhas horizontais das vigas que cruzam o topo das colunas e o degrau superior do vestíbuío inclinamse ligeiramente para cima para compensar a ten dência visual de perceber que elas securvam para baixo Além disso ascolunas sempre seinclinam ligeiramente para dentro no topo para compensar a tendência de percebêlas como seestivessem seabrindo quando vistas debaixo Vitrúvio também descreveu muitasilusões deótica nesse tratado sobre arquitetura e atéhoje os arquitetos levam em contaessasdistorções da percepção visual em seusprojetos várias mas o conhecimento é certamente uma delas O ser humano simplesmente conhece muito mais acerca do ambiente e das fontes de regularidade no ambiente do que os robôs O conhecimento humano é uma grande vantagem que os robôs ao menos os atuais não são capazes de suplantar Os arquitetos não são os únicos a terem reconhecido alguns princípios fundamentais de percepçãoHá séculos artistas sabemcomo induziro serhumano a perceber os perceptos tri dimensionais 3D quando se olha para imagens bidimensionais 2D Quaissão alguns dos princípios que orientam as percepções de perceptos tanto reais como ilusórios Emprimeiro lugar considerese a informação perceptual que leva à percepção do espaço em 3D a partir da informaçãoem 2D A seguir discutiremos algumas das maneiraspelasquaisse percebe um conjunto estável de perceptos Essapercepção estável ocorre a despeito das constantes mu dançasno tamanho e na forma daquiloque se observa Depois seguimos para asabordagens teóricas da percepção e por fim consideraremos algumas falhas raras na percepção visual normal em pessoas com lesões cerebrais Capítulo3 Percepção 69 Da Sensação à Representação Princípios da Visão A visão tem início quando a luz passa através da camada protetora do olho Essa camada a córnea é um domo claro que protege o olho Em seguida a luz passa através da pupila a abertura no centro da íris Depois a luz passa através do cristalino e do humor vítreo O cris talino é uma membrana transparente localizada atrás da íris Essa membrana se flexiona ou relaxa para permitir a visão de objetos próximos ou distantes O humor vítreo é uma subs tância gelatinosa que compreende a maior parte do olho O papel fundamental do humor vítreo é dar suporte ao olho Esseprocesso resulta na refração que é uma mudança na dire ção e na velocidade da luz que entra no olho A luz refratada é focalizada na retina uma rede de neurônios que se estende por quase toda a superfície superior do interior do olho A retina é onde ocorre a transdução da energia da luzeletromagnética ou seja onde ocorre a conversão dessa energia em impulsos neurais eletroquímicos Blake 2000 Embora a retina seja pouco espessa talvez como a página deste livro ela é composta por três ca madas importantes de tecido neural Na primeira camada de tecido neuronal mais próxima à frente ou seja na direção da parte externa do olho fica a camada das células ganglionares cujos axônios constituem o nervo óptico A segunda camada consiste de três tipos de células interneuronais As cé lulas amácrinas e as células horizontais formam ligações laterais simples por entre as áreas adjacentes da retina na camada central das células As células bipolares realizam conexões duplas para frente e para fora das células ganglionares bem como para trás e para dentro da terceira camada de células retinais A terceira camada da retina contém os fotorreceptores que convertem a energia da luz em energia eletroquímica Essaenergia pode então ser transmitida pelos neurônios para o cérebro A transmissão permite ao olho detectar o estímulo visual Ironicamente as células fotorreceptoras ficam nas células retinais mais distantes da fonte de luz A luz precisa passar primeiro por outras duas camadas As mensagens são então passadas para trás na direção da frente do olho antes de viajar para o cérebro Há dois tipos de fotorreceptores os bas tonetes fotorreceptores finos e longos que ficam mais concentrados na periferia do que na região fóvea da retina onde a visão é mais aguda Os cones fotorreceptores grossos e curtos que ficam mais concentrados na região fóvea do que na periferia da retina A fó vea é uma região pequena e fina da retina do tamanho da cabeça de um alfinete que fica mais diretamente na linha da visão Na verdade quando se olha diretamente para um ob jeto os olhos giram para que a imagem caia diretamente na fóvea O campo visual recep tivo da fóvea tem o tamanho aproximado de uma uva Cada cone da fóvea geralmente tem sua própria célula ganglionar mas os bastonetes na periferia área externa limitante da retina compartilham as células ganglionares com os ou tros bastonetes Dessa maneira cada célula ganglionar ao captar informação que vem da periferia coleta informações dos inúmeros bastonetes Porém cada célula ganglionar da fó vea capta informação de um único cone talvez por causa da função maiscomplexa dos co nes com relação ao processamento da cor Cada olho contém aproximadamente 120 milhões de bastonetes e 8 milhões de cones Bastonetes e cones se diferenciam não apenas em forma mas também em suas composições localizações e reações à luz Dentro dos bastonetes e dos cones ficam os fotopigmentos substâncias químicas que reagem à luz e que dão início ao complexo processo de transduc Ção que transforma a energia física eletromagnética em impulsoneural eletroquímico que então pode ser compreendido pelo cérebro Os bastonetes os cones e os fotopigmentos não poderiam cumprir suas tarefasse não fos sem de alguma forma ligados ao cérebro Sandell 2000 As mensagens neuroquímicas 70 Psicologia Cognitiva processadas pelos bastonetes e cones da retina viajam através das células bipolares até as células ganglionares ver Goodale 2000a 2000b Como foi observado antes os axônios das células ganglionares no olho formam coletivamente o nervo óptico deste Os nervos ópticos dos dois olhos se unem na base do cérebro e formam o quiasma óptico Nesse ponto as células ganglionares da parte interna ou nasal próxima ao nariz da retina se cruzam através do quiasma óptico e vão até o hemisfério oposto do cérebro As células ganglionares da parte externa ou temporal próxima à têmpora da retina vão para o hemisfério do mesmo lado do corpo As lentes de cada olho invertem naturalmente a ima gem do mundo enquanto projetam a imagem para a retina Dessa maneira a mensagem enviada ao cérebro está literalmente invertida e para dentro Depois de serem levadas pelo quiasma óptico as células ganglionares se dirigem para o tálamo Dali os neurônios carregam toda a informação para o córtex visual primário no lobo occipitaí do cérebro O córtex visual contém várias áreas de processamento cada qual com diferentes tipos de informação visual relativas à intensidade e à qualidade inclusive cor localização profundidade padrão e forma Vamos considerar mais detalhadamente de que modo o córtex processa as informações de cor por meio do funcionamento dos basto netes e dos cones O ser humano possuidois sistemas visuais distintos Um responsável pela visão em luz fraca que depende dos bastonetes O outro responsável pela visão em luz clara que de pende dos cones Durgin 2000 Alguns Conceitos Básicos da Percepção Se uma árvore cai na floresta e não há alguém por perto para ouvir ou ver o fato ela faz algum som A resposta para esta antiga charada pode ser encontrada colocandoa no con texto da percepção Em seu trabalho influente e polêmico james Gibson 1966 1979 oferece uma estrutura muito útil para o estudo da percepção Ele introduziu os conceitos do objeto distai externo meio informacional estímuloproximal e objeto perceptual O objeto distai distante é aquele do mundo externo Nessecaso a árvore que cai Esse evento impõe um padrão no meio informacional que é a luz refletida ondas de som aqui o som da árvore caindo moléculas químicas ou informações táteis relativas ao toque ori ginadas do ambiente Assim os prérequisitos para a percepção de objetos no mundo externo começam cedo e têm início mesmo antes da informação sensorial atingiros receptores dos sentidos células neurais que são especializadasem receber determinados tipos de infor mação sensorial Quando a informação entra em contato com os receptores sensoriais apropriados dos olhos ouvidos nariz da pele ou da boca ocorre a estímulação proximal próxima Por fim a percepção ocorre quando um objeto perceptual interno reflete de al guma forma as propriedades do mundo externo O Quadro 31 resume essa estrutura para a ocorrência da percepção listando as várias propriedades dos objetos distais dos meios de informação dos estímulos proximais e dos ob jetos perceptuais compreendidos na percepção do ambiente Para retornar à questão origi nal caso uma árvore da floresta caia e não haja alguém por perto para ouvir ela não faz qualquer som percebido porém faz um som Então a respostaserá sim ou não dependendo da forma como se encara a questão A questão de onde se deve estabelecer o limite entre a percepção e a cognição ou mesmo entre a sensação e a percepção é motivo de intensos debates Na verdade para maior produtividade tais processos deveriam ser vistos como parte de um contínuo onde a informação flui por meio do sistema Processos diferentes abordam questões diferentes As questões da sensação se concentram nas qualidades da estimulação Aquela tonalidade de vermelho é maisclara do que o vermelho da maçã Ou o somda árvore que caiu é maisalto que o som de um trovão A informação sobre a mesma cor ou o mesmo som responde a di ferentes questões para a percepção que são normalmente questões de identidade forma Capítulo 3 Percepção 71 QUADRO 31 Contínuo Perceptivo A percepção ocorre íi medida que os objetos ambientais oferecem a estrutura do meio informacional que finalmente atinge os receptores sensoriais levan do à identificação interna do objeto Objeto Distal Meio Informacional Estímulo proximal Objeto perceptual Visão vista ex Luz refletida no rosto da Absorção de fótons O rosto da avó o rosto da avó avó ondas nos bastonetes e cones eletromagnéticas da retina a superfície visíveis receptora na parte posterior do olho Audição som ex Ondas sonoras geradas Condução de ondas Arvore que cai uma árvore que cai pela queda da árvore sonoras à membrana basilar superfície receptora dentro da cóclea do ouvido interno Olfato cheiro ex Moléculas liberadas pela Absorção molecular nas Toucinho toucinho fritando fritura do toucinho células do epitélio olfativo a superfície receptora na cavidade nasal Paladar gosto ex Moléculas do sorvete Contato molecular com Sorvete uma porção de sorvete liberadas no ar e as papilas gustativas as dissolvidas em água células receptoras na língua e no palato mole combinadas com estimulação olfativa ver item anterior Tato ex teclado de Pressão mecânica e Estimulação de várias Teclado do computador computador vibração no ponto de células receptoras na contato entre a derme a camada mais superfície da pele profunda da pele epiderme e o teclado padrão e movimento Aquela coisa vermelha é uma maçãSerá que acabei de ouvir uma ár vore caindoFinalmente a cogniçãoocorre à medidaque essa informação é utilizada paraser vir a outros objetivos Será que aquela maçã é comestívelSerá que preciso sair da floresta Jamais será possível conhecer pela experiência da visão da audição do paladar ou do tato exatamente o mesmo conjunto de propriedades de estímulos que já se experimentou antes Assim uma questão fundamental para a percepção é de que modo se adquire a es tabilidade perceptual diante dessa completa instabilidade em nível de receptores senso riais Na verdade em virtude da natureza dos receptores sensoriais humanos a variação parece ser necessária à percepção 72 Psicologia Cognitiva No fenômeno da adaptação sensorial as células receptoras se adaptam à estimulação constante ao deixar de disparar até que haja uma mudança na estimulação Por meio da adaptação sensorial podese parar de detectar a presença de um estímulo Este mecanismo garante que a informaçãosensorial mude constantemente Em razão da adaptação sensorial da retina a superfície receptora do olho os olhos estão constantemente realizando minús culos e rápidos movimentos que por sua vez criam constantes alterações na localização da imagem projetada no interior do olho Para estudar a percepção visual os cientistas inven taram um modo de criar imagens estabilizadas Estas imagens não se movimentam na retina porque na realidade elas seguem os movimentos dos olhos A utilização dessa técnica con firmou a hipótese de que a estimulaçãoconstante das célulasda retina dá a impressão de que a imagem desaparece Ditchburn 1980 MartinezConde Macknik Hybel 2004 Riggs etai 1953 Desse modo a variação do estímulo é um atributo fundamental para a percep ção que paradoxalmente torna mais difícil a tarefa de explicar a percepção Constância Perceptiva O sistema perceptivo lida com a variabilidade desempenhando uma análise muito impor tante com relação aos objetos no campo perceptivo Por exemplo pense em leitor que está no compus da universidade dirigindose à sua aula de Psicologia Cognitiva Suponha que dois alunos estejam conversando do lado de fora da sala de aula quando você chega A medida que você se aproxima da porta a quantidade de espaço em sua retina destinada às imagens dessas duas pessoas tornase cada vez maior Por um lado essa evidência sensorial proximal sugere que os dois alunos estão ficando maiores Por outro você percebe que as pessoas continuam do mesmo tamanho Por quê A constância percebida do tamanho de seus colegas é um exemplo de constância per ceptiva A constância perceptiva ocorre quando a percepção de um objeto permanece igual mesmo quando a sensação proximal do objeto distai se altera Gillam 2000 As caracterís ticas físicas do objeto distai externo provavelmente não estão mudando mas porque ao ser humano é possívellidar efetivamente com o mundo externo o sistema perceptivo possuime canismos que ajustam a percepção do estímulo proximal Dessa maneira a percepção se mantém constante embora a sensação proximal mude Dentre os diversos tipos de constân cias perceptivas consideramse dois principais constância de tamanho e de forma A constância de tamanho é a percepção de que um objeto mantém o mesmo tamanho apesar das mudanças no tamanho do estímulo proximal O tamanho de uma imagem na re tina depende diretamente da distância do objeto em relação ao olho O mesmo objeto co locado em duas distâncias diferentes projeta imagens de tamanhos diferentes na retina Algumas ilusõessurpreendentes são obtidas quando os sistemas sensoriais e perceptivos são enganados pela mesma informação que normalmente auxilia o indivíduo a adquirir a cons tância de tamanho Por exemplo a Figura 36 apresenta a ilusão de Ponzo na qual dois ob jetos que parecem ser de tamanhos diferentes são na verdade do mesmo tamanho A ilusão de Ponzo resulta da impressão de profundidade criada pelas linhas convergentes Imagens de tamanhos equivalentes em profundidades diversas normalmente indicam objetos de ta manhos diferentes Outro exemplo é a ilusão de MüllerLyer ilustrada na Figura 37 Nesse caso dois segmentos de reta com o mesmo comprimento parecem ter comprimentos dife rentes Finalmente compare os dois círculos centrais nos dois padrões circulares da Figura 38 Ambos são do mesmo tamanho mas o tamanho do círculo central relativo aos círcu los ao seu redor afeta a percepção de tamanho do círculo central Assim como a constância de tamanho a constância de forma está relacionada à per cepção das distâncias mas de um modo diferente A constância de forma é a percepção de que um objeto mantém a mesma forma apesar das mudanças na forma do estímulo proxi mal Por exemplo a Figura39 é uma ilusão da constância de forma em que a forma perce Capítulo 3 Percepção 73 FIGURA 36 a b Percebese a linha acima a e o tronco acima b como mais compridos quea linha e o tronco na linha debaixo em bora ambos sejam do mesmo comprimento Isso acontece porque nomundo real em três dimensões a linha e o tronco da linha superior seriam maiores FIGURA 37 N y N a b c F LjSf Também nessa ilusão a tendência é enxergar dois segmentos de reta igualmente íongos como sefossem de comprimentos diferentes Em especial os segmentos verticais nos painéis a e c parecem mais curtos que os dos painéis b e d embora todos sejam do mesmo amanho Curiosamente não se sabe por que uma ilusão tão simples ocorre Às vezes a ilusão vista nos segmentos dos painéis a e b pode ser expUcada em termos das Unhas diagonais aofinal dos segmentos verticais Essas íinAas diagonais podem ser pistas deprofundidade semelhantes às que o indivíduo veria em suas percepções do exterior edo interior de uma construção Coren Girgus 1978 Nopainel c visto do exterior de um edifício parece que os lados se afastam na distância com as Unhas diagonais angulando em direção aos segmentos da Unha vertical como no painel a enquanto que no painel d visto do interior de um edifíáo parece que os lados se aproximam do espectador com as linhas diagonais angulando ese afastando do segmento da unha vertical como no painel b bida de um objeto permanece igual apesar das alterações em sua orientação e assim na forma de sua imagem retinal A medida que a forma real da imagem da porta sealtera al gumas partes da porta parecem mudar de modo diferente em relação à distância do espec tador E possível usar neuroimagens para localizar as partes do cérebro utilizadas nesta 74 Psicologia Cognitiva FIGURA 38 O o a b Qual dosdois círculos centrais é maior a ou b A seguir meçao diâmetro decada umdeles análise da forma Elasestão no córtex extraestriado Kanwisheretai 1996 1997 Os pon tos próximos à borda superior externa da porta parecem se mover mais rapidamente na di reção do espectador do que os pontos próximos à borda superior interna Mesmo assim é possível perceber que a porta continua com o mesmo formato Percepção de Profundidade À medida que se movimenta em seu ambiente o indivíduo está sempre olhando em volta e se orienta visualmente no espaço em três dimensões Ao olhar para frente à distância olhase para a terceira dimensão da profundidade A profundidade é a distância de uma superfície em geral usandose o própriocorpo como superfície de referência em termosde percepçãode profundidade Vamos ver o que acontece quando se transporta o próprio corpo ou se movi menta para alcançar objetos ou mesmo quando se posiciona no mundo tridimensional E precisoutilizartodasessas informações com relaçãoà profundidade O usodessas informações vai alémdo alcance do própriocorpo do indivíduo Ao dirigirum automóvel o indivíduousa a profundidade para avaliar a distância do veículo que se aproxima Quando decide chamar alguémconhecido na rua a pessoa determina o volume da voz com base na distância em que percebeestar o amigo Essa decisão é baseadaem como o indivíduopercebea distância entre ele e o amigo Como se percebe o espaço em três dimensões quando os estímulos proximais nas retinas não passam de projeções em duas dimensões daquiloque se vê Sugerimos voltar à escada impossível Figura 34 e observar também as configurações impossíveis da Figura 310 Elas são confusas porque há uma informação de profundidade contraditória em partes distintas da imagem Os pequenossegmentos dessas figuras impos síveis parecem razoáveis porque não há inconsistência em suas pistas individuais de pro fundidade Hochberg 1978 Contudo é difícil entender a figura como um todo A razão para isso é que as pistas que fornecem informações de profundidade em vários segmentos da imagem são conflitantes Geralmente as pistas de profundidade são monoculares mono um ocular relativo aosolhos ou binoculares bi ambos dois As pistasde profundidade monoculares podem ser representadas em apenas duas dimensões e observadas apenas com um olho Capítulo3 Percepção 75 FIGURA 39 Aqui vêse uma portacom batente emformato retangular Estaportaaparece fechada semiaberta bem aberta e completamente aberta Certamente a porta não parece ter um formato diferente em cada painel Na verdade seria estranho seo espectador percebesse a porta mudando deformato enquanto elaseabre E noentanto oformato da imagem daporta captado pela retina muda quando a porta seabre Olhando para a figura vêse que a imagem dese nhada na porta é diferente em cada painel O Quadro 32 também descreve a paralaxe de movimento a única pista de profundi dade monocular que não está na figura A paralaxe de movimento requer movimento e portanto não pode ser utilizada para avaliar a profundidade em uma imagem estática como por exemplo uma fotografia Outro método de avaliar a profundidade compreende as pistas de profundidade binoculares baseadas na recepção da informação sensorial em três dimensões para ambos os olhos Parker Cumming Dodd 2000 O Quadro 32 tam bém resume algumas das pistas binoculares usadas paraa percepção da profundidade As pistas de profundidade binoculares usam o posicionamento relativoaos olhosdo in divíduo Os dois olhos estão posicionados com distânciasuficiente para levardois tipos de informaçãoao cérebroa disparidade binocular e a convergência binocularNa disparidade 76 Psicologia Cognitiva FIGURA 310 Quais pistas podem fazer com que você perceba essas figuras impossíveis como totalmente plausíveis QUADRO 32 Pistas Monoculares e Binoculares para Percepção da Profundidade Várias pistas perceptuais contribuem para a percepção do mundo tridimensional Algumas podem ser observadas por apenas um olho enquanto outras requerem o uso dos dois olhos Pistas para Percepção da Profundidade Parece Mais Próximo Pistas de profundidade monoculares Gradientes de textura Tamanho relativo lnterposição Perspectiva linear Perspectiva aérea Localização no plano da figura Paralaxe de movimento Grãos maiores e mais afastados Maior Obscurece parcialmente outros objetos Linhas aparentemente paralelas parecem divergir ao se afastar do horizonte Imagens parecem mais nítidas mais claramente delineadas Acima do horizonte os objetos estão mais altos no plano da imagem abaixo do horizonte os objetos estão mais baixos no plano da imagem Os objetos que se aproximam parecem maiores e em velocidade cada vez maior isto é grandes e se aproximando rapidamente Pistas de profundidade binoculares Convergência binocular Disparidade binocular Olhos parecemser trazidos para dentro na direção do nariz Enorme discrepância entre a imagem vista pelo olho esquerdo e a imagem vista pelo olho direito Parece Mais Distante Grãos menores e mais próximos Menor Éparcialmente obscurecida por outros objetos Linhas aparentemente paralelas parecem convergir ao se aproximar do horizonte Imagens parecem nebulosas menos claramente delineadas Acima do horizonte os objetos estão mais baixos no plano da imagem abaixo do horizonte os objetos estão mais altos no plano da imagem Os objetos que se afastam parecem menores e em velocidade menor isto é pequenos e se afastando lentamente Olhos relaxam em direção aos ouvidos Pequena discrepância entre a imagem vista pelo olho esquerdo e a imagem vista pelo olho direito Capitulo 3 Percepção 77 binocular ambos os olhos enviam imagens cada vez maisdiferentes ao cérebro à medida que os objetos se aproximam O cérebro interpreta o grau de disparidade com indicação da dis tância até o espectador Além disso para os objetos vistos em lugares relativamente próxi mos o espectador usa as pistas de profundidade baseadas na convergência binocular Na convergência binocular os dois olhos viram cada vez mais para dentro à medida que os obje tos se aproximam O cérebro interpreta esses movimentos musculares como indicações da distância A Figura 311 ilustra como esses dois processos funcionam O cérebro contém neurônios especializadosna percepção da profundidade conhecidos obviamente como neu rônios binoculares que integram a informação que chega dos dois olhos para formar a FIGURA 311 Visão do olho esquerdo Visão do olho esquerdo nn Objeto distante Visão do olho direito a Disparidade binocular Comandos musculares fortes Sinais neurais fortes Comandos musculares fracos Sinais neurais II fracos II longe b Convergência binocular a Disparidade binocular quanto mais próximo umobjeto estiver do espectador maior a disparidade das visões dele percebidas pelos olhos um de cada vez Éfácil testar as perspectivas colocandose o dedo cerca de um centímetro e meio daponta do próprio nariz Olhe primeiro com um olho coberto depois com o outro Parece que o dedo pula para frente e para trãs Agora façaa mesma coisa com umobjeto que esteja a 3 metros dedistância e depois a 30 me tros O pulo aparente que indica a quantidade dedisparidade binocular irá diminuir com a distância O cérebro in terpreta a informação com relação à disparidade como uma pista indicando disparidade b Convergência binocular como os olhos estão situados empontos diferentes dacabeça quando segira o olho deforma que uma imagem caia diretamente na parte central do olho na qual se tem maior acuidade visual cada olho deve virar umpouco para den tro para registrar essa mesma imagem Quanto mais próximo o objeto quese está tentando ver mais osolhos devem se voltar para dentro Os músculos enviam mensagens aocérebro com relação aograu em que osolhos estão se vol tando para dentro e essas mensagens sãointerpretadas como pistas indicando profundidade 78 Psicologia Cognitiva informação sobre profundidade Os neurônios binoculares são encontrados no córtex visual Parker 2007 A percepção de profundidade depende maisdo que apenas a distância ou a profundidade na qual o objeto está localizado em relação ao indivíduo Proffitt et ai 2003 2006 relata ram que a distância percebida para um alvo é influenciada pelo esforçonecessário para cami nhar até o local do alvo e que a distância percebida da localização de um alvo é maior para pessoas carregando uma mochila pesada do que para aquelas que não carregam essepeso Em outras palavras pode haver uma interação entre o resultado perceptual e o esforço percebido exigido para chegar até o objeto percebido ver também Wilt Proffitt Epstein 2004 Quanto maior o esforço de uma pessoapara alcançar algo mais distante ele parece estar O papel do esforço não é limitado ao caminhar na direção de algo Quando jogam bem os tenistas relatam que a bola de tênis parece relativamente grande Da mesma forma para os jogadores de golfe o suporte da bola sempre parece maior do que é Wilt Proffitt 2005 Em ambos as percepções são em parte uma função da qualidade do desempenho Essefe nômeno foi confirmado por investigadores Wilt Proffitt 2005 que constataram que os bons rebatedores de beisebol que acertam suas tacadas percebem a bola maior do que aqueles que rebatem não tão bem A percepção da profundidade é um bom exemplo de como as pistas facilitam a percep ção Não há algo intrínseco a respeito do tamanho relativo para indicar que um objeto que parece menor esteja mais distante Ao contrário o cérebro utiliza essa informação contex tual para concluir que o objeto menor está mais distante Abordagens para Percepção de Objetos e Formas Abordagens centradas no Observador versus Abordagens Centradas no Objeto Nesse momento estou olhando para o computador no qual digito este texto Eu descrevo o que vejo como uma representação mental Que forma assume essa representação mental Há duas posições comuns para responder a essa pergunta Atores e modelos costumam utilizarse dessas pistas de percepção de pro fundidade em seu benefício enquanto são fotografados Por exemplo algu mas pessoas só se deixam ser fotografadas em determinados ângulos ou posições Um nariz longo pode parecer mais curto se fotografado de uma posição um pouco abaixo da linha central do rosto algumas fotos de Barbara Streisand de ângulos diferentes por exemplo porque a ponta do nariz recua um pouco à distância Além disso inclinarse um pouco para frente pode fazer com que a parte superior do corpo pareça um pouco maior do que a inferior e viceversa ao inclinarse um pouco para trás Em fotos de grupo ficar um pouco atrás de outra pessoa faz com que o indi víduo pareça menor e ficar um pouco à frente faz com que ele pareça maior Os estilistas de moda que fazem trajes de banho femininos criam peças com ilusões de ótica para ressaltar partes do corpo fazendo com que as pernas pareçam mais longas a cintura menor aumentando ou diminuindo a linha do busto Alguns desses processos para alteração da percepção são tão básicos que muitos animais possuem adaptações espe ciais para fazer com que pareçam maiores por exemplo o rabo do pavão aberto em leque ou para disfarçar suas identidades dos predadores Pense um pouco em como aplicar os processos perceptuais em seu benefício APLICAÇÕES PRÁTICAS DA PSICOLOGIA COGNITIVA Capítulo 3 Percepção 79 Uma delas a da representação centrada no observador diz que o indivíduo armazena a forma como o objeto lhe parece Sendo assim o que importa é a aparência do objeto ao observador e não sua estrutura real A segunda posição a representação centrada no ob jeto diz que o indivíduo armazena uma representação do objeto independentemente de sua aparência ao observador A semelhança fundamental entre essas duas posições é que ambas podem explicar como o indivíduo representa um detetminado objeto e suas partes A dife rença fundamental está em representar um objeto e suas partes em relação ao próprio indi víduo centrado no observador ou em relação à totalidade do objeto propriamente dito independentemente da própria posição do indivíduo centrado no objeto Consideremos por exemplo o meu computador Ele tem diferentes partes um monitor um teclado um mouse e assim por diante Suponha que eu represente o computador em ter mos da representação centrada no observador de maneira que suas partes sejam armazena das em termos de sua relação à minha pessoa Vejo a tela diante de mim em um ângulo de digamos 20 graus Vejo o teclado de frente para mim na horizontal Vejo o mouse diante de mim à direita Supondo que em vez disso use uma representação centrada no objeto assim veria a tela do monitor em um ângulo de 70 graus em relação ao teclado e o mouse estaria diretamente do lado direito do teclado nem na frente nem atrás dele Uma possibilidade de conciliação dessas duas abordagens de representação mental sugere que as pessoaspodem usar os dois tipos de representações De acordo com esta abor dagem o reconhecimento de objetos ocorre em um contínuo Burgund Marsolek 2000 Tarr 2000 Tarr Bülthoff 1995 Em um extremo desse contínuo estão os mecanismos cog nitivos que são mais centrados no observador No outro estão os mecanismos cognitivos mais centrados no objeto Por exemplo suponha que você veja a imagem de um carro de forma invertida Como saber que é um carro Os mecanismos centrados no objeto iriam re conhecer o objeto como um carro porém os mecanismos centrados no observador reconhe ceriam o carro estando invertido Geralmente a decomposição de objetos em partes é útil para reconhecer as diferenças entre um Mercedes e um Hyundai mas podem não ser tão úteis para reconhecer que as duas visões diferentes de um Mercedes são visões do mesmo carro Nesse caso a percepção centrada no observador pode ser mais importante Uma terceira orientação é a representação centrada em um marco Na representação centrada em um marco a informação é caracterizada por sua relação com um item proemi nente bem conhecido Imaginese visitando uma cidade nova Todos os dias você sai do hotel e faz pequenos passeios E fácil imaginar que você iria representar a área a ser explo rada em relação ao seu hotel De volta ao exemplo do computadot na representação cen trada em um marco a escrivaninha pode ser descrita em termos de um monitor de computador Por exemplo o teclado está na frente do monitor e o mouse situado do lado direito do monitor As evidências indicam que em laboratório os participantes podem alterar entre as três estratégias Todavia há diferença na ativação cerebral nessas três estratégias Committeri et aí 2004 A Abordagem Gestaltista A percepçãofaz muito maispara o ser humano do que manter a constância na profundidade do tamanho e da forma Ela organiza objetos em uma disposição visual em gruposcoerentes Kurt Koffka 18861941 Wolfgang Kõhler 18871968 e Max Wertheimer 18801943 instituíram a abordagem gestaltista de configuração perceptiva com base na idéia de que o todo é diferente da soma de suas partes individuais ver o Capítulo 1 A abordagem gestaltista provou ser especialmente útil para o entendimento de como se percebemgrupos de objetos ou mesmo partes deles para formar todos integrais Palmer 1999a 1999b 2000 Palmer Rock 1994 Prinzmetal 1995 De acordo com a Lei de Prágnanz pregnância perceptiva da Psicologia da Gestalt a tendência é perceber qualquer disposição visual de forma a organizar do modo mais simples possível os elementos díspares em uma forma 80 Psicologia Cognitiva coerente e estável Dessa maneira não se experimenta simplesmente uma mistura de sensa ções ininteligíveis e desorganizadas Por exemplo tendese a perceber a figura focai e outras sensações à medida que formam o fundo para a imagem sobre a qual se vai focalizar Pense no que acontece quando se entra em um recinto conhecido Percebese que al gumas coisas se sobressaem ex os rostos nas fotografias ou quadros Outras coisas somem ao fundo ex paredes e pisos sem decoração A figura é qualquer objeto que se percebe como importante e é quase sempre percebida em contraste com algum tipo de fundo recuado ou não ressaltado A Figura 312 a ilustra o conceito de figurafundo que se so bressai versus aquilo que recua no fundo Provavelmente o leitor irá perceber a maneira em que a palavra figure está escrita percebese essa palavra como a figura contra o fundo mais escuro que envolve as letras da palavra ground fundo Da mesma forma a Figura 312 b mostra um vaso branco contra um fundo preto ou as silhuetas de dois rostos olhando uma paraoutracontraumfundo branco Épraticamente impossível veros dois conjuntos deob jetos simultaneamente Embora se possa alternar rapidamente entre os rostos e o vaso eles não podem ser vistos ao mesmo tempo Uma das razões sugeridaspara que a figura faça algum sentido é que ambas estão de acordo com o princípio da simetria da Psicologia da Gestalt A simetria requer que as figuras tenham FIGURA 312 a b Nessas duas imagens daGestalt aeb descubra o que éfigura e o que éfundo Fotob Cortesia deKaiser Porcelain Ltd Capítulo 3 Percepção 81 proporções equilibradas em torno de umeixoou ponto central O Quadro33 e a Figura 313 resumem alguns dosprincípios gestaltistas da percepção da forma Sãoeles a percepção de fi gurafundo a proximidade a semelhança a continuidade o fechamento e a simetria Cada um desses princípios sustentaa abrangente Lei de Prãgnanz pregnância perceptiva e dessa maneira cada um deles ilustra a tendência a perceber configuraçõesvisuaisde modo a orga nizar de modo mais simples possível oselementos díspares em umaforma estável e coerente Por um momento paree olhe parao ambiente à suavolta Você perceberá umaconfiguração coerente completa e contínua de figuras e fundo mas não perceberá furos nosobjetos onde o livro os tapa isto é bloqueia sua visão Se o livro obscurece parte docantoda mesa ainda assim você iráperceber a mesa como uma entidade contínua e não interrompida Ao olhar para o ambiente a tendência é perceber agrupamentos Veemse agrupamentos de objetos próximos proximidade ou de objetos parecidos semelhança Veemse também grupos de objetos completos em vez de parciais fechamento linhascontínuasao invés de interrompi das continuidade bem como padrões simétricos em lugarde assimétricos As pessoas tendem a usarosprincípios gestaltistas mesmo quandoconfrontadas comno vos estímulos Palmer 1977 mostrou a participantes formas geométricas novas que serviam como alvos Em seguida mostroulhes fragmentos das formas Os participantes precisavam QUADRO 33 1 Princípios de Percepção Visual da Psicologia da Gestalt Os princípios gestaltistas de proximidade semelhança continuidade fechamento e simetria ajudam na percepção das formas Princípios da Gestalt Princípio Figura Ilustrando o Princípio Figurafundo Quando se percebe um campo visual alguns objetos figuras parecem desta carse e outros aspectos do campo re cuam no fundo A Figura 312 apresenta um vasode fi gurafundo na qual um modode perce ber destaca a perspectiva ou um objeto enquanto o outro modo destaca outro objeto relegando o primeiro plano an terior ao fundo Proximidade Quando se percebe uma variedade de objetos tendese a ver os que estão pró ximos como um grupo Na Figura313 a a tendência é en xergar os quatro círculos no centro como dois pares de círculos Semelhança A tendência é agrupar objetos com base em sua semelhança Na Figura313 b tendese a ver quatro colunas de x e o e não quatro linhas de letras alternadas Continuidade A tendência é perceber formas que fluem de modo regular ou contínuo ao invés de formas interrompidas ou não contínuas A Figura313 c apresenta duas curvas fragmentadas que se cruzam que são percebidas como duas curvas regulares ao invés de curvas interrompidas Fechamento Tendese a fechar ou completar objetos que na realidade não são completos A Figura 313 d apresenta apenas segmentos de linha desarticulados misturados que o observador fecha para enxergar um triângulo e um círculo Simetria Tendese a perceber objetos como se formassem imagens de espelho ao redor do próprio centro Por exemplo quando se vê a Figura 313 íe uma configuraçãode parênte ses colchetes e chaves a variedade se enxergaformandoquatro conjuntos de sinais ao invés de oito itens individuais porque se integram os elementos simé tricos em objetos coerentes 82 Psicologia Cognitiva FIGURA 313 HSGCtEEESiffi a3n s s s a ss s ss Osprincípios de percepção da forma da Psicologia da Gestalt incluem a percepção da figurafundo a proximidade b semefnança c continuidade dfechamento e e simetria Todos esses princípios demonstram a íeiunaamen tal da Lei de Prügnanz pregnância perceptiva a qual sugere que por meio da percepção unificamSe estímulos vi suais díspares em um todo coerente e estável reconhecer os fragmentos como partes do alvo original caso não estivessem em conformi dade com os princípios gestaltistas Por exemplo um triângulo apresenta fechamento e foi reconhecido com mais rapidez como parteda nova figura original do quecomo três segmen tos comparáveis ao triângulo porém não estavam fechados e portanto em desacordo com os princípios gestaltistas Em suma parece quese usam os princípios da Psicologia da Gestalt na percepção cotidiana sejam ou não conhecidas as figuras às quais são aplicados Os princípios gestaltistas de percepção da forma são muito simples e no entanto ca racterizam grande parte da organização perceptual humana Palmer 1992 Os princípios da Gestalt oferecem valiosos insights sobrea percepção da forma e de padrões porémpouca ou quasenenhuma explicação sobre esses fenômenos Paramelhorentender comoe por que se percebem formas e padrões é preciso examinar as teorias explanatórias da percepção Sistemas de Reconhecimento de Padrões Como reconhecer padrões Porexemplo como reconhecer fisionomias Uma daspropostas é que os seres humanos têm dois sistemas de reconhecimento de padrões Farah 1992 1995 Farah et ai 1998 O primeiro sistema é especializado no reconhecimento de partes de objetos e na montagem dessas partes em todos distintos Por exemplo quando durante uma aula de biologia um aluno observa os elementos de uma tulipa a haste o pistilo e assim por diante ele está olhando a flor por meio desse primeiro sistema O segundo sis tema é especializado no reconhecimento de configurações maiores e não está equipado adequadamente para analisar as partes dos objetos ou sua construção mas é bemequipado o bastante para reconhecer configurações Por exemplo ao olhar para uma tulipa no jardim e admirarsua beleza e forma específicas o indivíduo estaráolhando para a flor por meio do segundo sistema O segundo sistema muitas vezes é o mais importante para o reconhecimento de fisio nomias Assim ao olhar para um amigo que você vê todos os dias irá reconhecêlo usando o sistema configuracional O serhumano é tão dependente nesse sistema do diaadia que Capítulo 3 Percepção 83 pode sequer perceber quando ocorre alguma mudança na aparência dessa pessoa como o comprimento do cabelo ou os óculos novos Todavia o primeiro sistema também pode ser usado para o reconhecimento de fisionomias Suponha que você vê alguém cujo rosto lhe é vagamente familiar mas não tem certeza de quem possaser Você começa analisando as ca racterísticas e depois se dá conta de que é um amigo que você não vê há dez anos Nesse caso você conseguiu fazer o reconhecimento facial apenas após ter analisado o rosto por meio de seus traços fisionômicos No fim das contas tanto a análise configuracional como a de traços serve para auxiliar a fazer difíceis reconhecimentos e discriminações O reconhecimento de fisionomia ocorre ao menos em parte no giro fusiforme do lobo temporal Gauthier et ai 2003 Kanwisher McDermott Chun 1997 Tarr Cheng 2003 Existem boas evidências de que há algo especial a respeito do reconhecimento fisionômico até mesmo na mais tenra idade Por exemplo os bebês conseguem identificar os movimentos de uma foto com um rosto humano mais rapidamente do que identificam os movimentos de estímulos de complexidade semelhante que não sejam fisionomias Farah 2000a Em um es tudo foram exibidos aos participantes desenhos de dois tipos de objetos fisionomias e casas Farah etai 1998 Em todos os casos o rosto fazia par com o nome da pessoa cuja fisiono mia estava sendo representada e a casa fazia par com o nome do dono da casa e para cada bateria de teste havia seis pares Depois de estudarem os seis pares os participantes tinham que reconhecer partes de cada uma das fisionomias ou das casas ou ainda reconhecer as fi sionomias ou casascomo um todo Por exemplo eles podiam ver apenas um narizou uma ore lha ou apenas uma janela ou porta de entrada Ou então veriam um rosto inteiro ou uma casa inteira Se o reconhecimento de fisionomia é de alguma forma especial e principal mente dependente do segundo o sistema configuracionalentão aspessoas deveriam ter mais dificuldadeem reconhecer partes dos rostosdo que partes das casas As pessoasnormalmente têm mais facilidade em reconhecer casas sejam estas apresen tadas em partes ou inteiras porém mais importante ainda as pessoas têm relativamente mais dificuldade em reconhecer partes dos rostos do que em reconhecer rostos inteiros Por outro lado seu desempenho foi quase igual para reconhecer partes de casas ou casas intei ras Assim sendo o reconhecimento de fisionomias parece ser especial e provavelmente depende em especial do sistema configuracional Um exemplo interessante de efeito configuracional em reconhecimento de fisionomias ocorre quando as pessoas fixam o olhar em rostos distotcidos Ao olhar fixamente por algum tempo para um rosto distorcido Figura 314 e em seguida fixar o olhar em um rosto nor malo rostonormal vai parecerdistorcidona direçãoopostaPor exemplo ao olhar fixamente para um rosto em que osolhos estão muito próximos um do outro ao olhar para um rosto nor mal os olhos parecerão muito distantes um do outro Leopold et ai 2001 Webster et ai 2004 Zhao Chubb 2001 O conhecimento de fisionomias normalmente informa o que é FIGURA 314 Rosto normai centro e rostos distorcidos 84 Psicologia Cognitiva NO LABORATÓRIO DE STEPHEN PALMER Um assunto importante masmuito ignoradono es tudo da Psicologia Cogni s tiva é a estética a dimensão o psicológica ancorada na 5 extremidade positiva pe 3 Ia experiência da beleza e do sublime e na extremi dade negativa pela feiúra Podese supor que a estética só é de interesse para as pessoas que apreciamasartes pintura músicadança etc mas ela permeia a vida de todas as pessoas Escolher roupas filmes que irão assistir ou móveis novos ou o lugar para as próximas fé rias e até mesmo escolher outras pessoas tudo isso é fortemente influenciado pelas reações estéticas a essas escolhas Recentemente em meu laboratório iniciei um estudo científico da estética visual Ao examinar a estética da composição espacial por exemplo mostramos aos participantes duas figuras que se diferenciam apenas na lo calização de um único objeto dentro de uma moldura retangular e em seguida pedimos que nos dissessemqual figuraeles preferem em termos de estética A Figura a mostra esses três pares de figuras descrevendo um lobo sobre um fundo liso Antes de continuar a leitura a veja qual dos pares lhe parece mais agradável esteticamente Registramos as opções das pessoas para todos os pares de posições e para qual direção o lobo está olhando Em seguida computámos a quantidade de vezes que cada posição e cada direção foram escolhidas em comparação com todas as outras O padrão de resultados que encontramos está na figura b marcando curvas separadas para os objetos voltados para a esquerda e para a direita Ela mostra três efeitos impor tantes uma forte predisposição para o centro uma forte predisposição para dentro e uma pre disposição para a direita mais fraca A predispo sição para o centro referese à preferência pelo objeto que fique no centro ou perto do centro do quadro e se reflete no gráfico pelo fato de que as duas curvas são geralmente mais altas perto da posição central do que perto das la terais do quadro Esta é a razão pela qual o leitor provavelmente preferiu a figura da es querda do par superior da Figura a A predis posição para dentro referese ao fato de que as pessoas normalmente preferem um objeto direcionado com o rosto na direção de den tro do quadro ao invés de fora dele e issose reflete no gráfico pela assimetria das cutvas indo para a direita e para a esquerda Caso o objeto não esteja centralizado para o lado es querdo do quadro as pessoas vão preferir o objeto do lado direito do quadro Contudo se estiver descentralizado do lado direito do qua dro as pessoas vão preferir o objeto voltado para a esquerda Por esse motivo o leitor pro vavelmente escolheu a figura direita do par central da figura a como a mais agradável uma vez que ambas estão descentralizadas mas os lobos olham para dentro do lado di reito do quadro e para fora do lado es querdo A predisposição para a direita referese ao fato de que as pessoas geralmente prefe rem um objeto direcionado olhando para a direita do que para a esquerda e está refletido no gráfico pelo fato de que a curva para os objetos olhando para a direita é ligeiramente mais alta do que a curva para os objetos olhando para a esquerda Essa diferença é mais acentuada na posição central Provavel mente esse é o motivo pelo qual o leitor es colheu a figura esquerda no par inferior da Capítulo 3 Percepção 85 NO LABORATÓRIO DE STEPHEN PALMER continuação Esquerda b Centro Posição no quadro Direita Figura a ambas estão localizadas no mesmo ponto do quadro porém o lobo olha para o lado direito do quadro As propensões do centro de dentro e de fora também ficaram evidentes quando demos aos participantes uma câmera fotográfica e um conjunto de objetos e pedimos que tirassem a foto mais esteticamente agradável possível na opinião deles Caso decidissem colocar um objeto olhando para a direita fora do centro do quadro por exemplo eles quase sempre posicionavam o objeto do lado esquerdo do quadro maisdo que do lado direito Vimos que as mesmas propensões estavam presentes quando demos aos participantes uma tela de computador na qual eles poderiam controlar a posição do objeto e pedimos que o colocassem na posição esteticamente mais agradável Estamos agoraexaminando asopçõesde emol duramento de fotógrafos e pintores pela medi ção da posição e direção das figuras com um único objeto focai cm fotos e pinturas reais obtidas nos bancos de dados da internet Também estamos estudando as preferências para a posição vertical e para o tamanho dos objetos em quadros com um único objeto fo cai Tão logo esse estudo termine daremos início a um estudo sobre questões muito mais complexas em termos de composição ques tões essasque surgem quando dois objetos ou mais são descritos na mesma ilustração O ponto mais importante de nossos resultados até o momento é que as preferências estéticas podem ser estudadas cientificamente A be leza sem dúvida está nos olhos de quem a vê conforme o antigo ditado mas enquanto cientistas cognitivos podemos entender a percepção de beleza do mesmo modo que qualquer outro fenômeno perceptivo ou seja ao isolar as variáveis importantes e de terminar de que modo elas se combinam na mente do espectador 86 Psicologia Cognitiva um rosto normal e o que é um rosto distorcido mas nesse caso o conhecimento é anulado pelo fato de o espectador ter se acostumado ao tosto distorcido O processamento cognitivo de fisionomias e a emoção do rosto podem interagir Na rea lidade existem evidências do efeito de positividade fisionômica relacionado à idade Nesse estudo adultos mais velhos demonstraram preferência em olhar para rostos alegres e distantes do que pata tostos tristes ou zangados Isaacowitz et ai 2006a 2006b Além disso tostos alegres são considetados mais familiares do que rostos neutros ou negativos Lander Metcalfe 2007 Há provas também de que a emoção aumenta a ativação dentro do giro fusiforme quando as pessoasestão processando fisionomias Durante um estudo os participantes tive ram que olhar para um rosto e dat um nome a essa pessoa ou dat um nome à expressão desse rosto Ao serem solicitados a dar nome à expressão os participantes apresentaram um au mento na ativação do giro fusiforme em comparação a dar nome à pessoa Ganel et ai 2005 Exames em pacientes com autismo também oferecem mais evidências para o proces samento da emoção dentto do giro fusiforme Estes pacientes apresentam deficiência no re conhecimento emocional O escaneamento de cérebro de pessoas com autismo revela que o giro fusiforme é menos ativo do que em pessoas que não apresentam essa síndrome Pacientes com autismo conseguem aprender a identificar as emoções por meio de um processo muito penoso Contudo esse tteino não petmite que a identificação da emoção tornese um processo automático nessa população nem aumenta a ativação no giro fusi forme Bolte et ai 2006 Hall Szechtman Nahmias 2003 Em outro estudo os participantes olharam tanto para casas como para rostos O giro fu siforme era ativado quando as pessoas olhavam para os rostos mas não quando olhavam para as casas Assim no que se refere a rostos parece haver uma localização de percepção genuína nessa área ao contrário do que para outros objetos que talvez fossem percebidos Yovel Kanwisher 2004 Nem todos os pesquisadores concordam que o giro fusiforme seja especializado para a percepção de fisionomia em oposição às outras formas de percepção Outro ponto de vista é que esta é uma área de maior ativação na petcepção de rostos mas com ativação de outras áreas também embora em níveis inferiores Da mesma forma estas ou quaisquet ou tras áreas do cérebro que reagem maximamente às fisionomias ou qualquer outra coisa ainda podem apresentar alguma ativação enquanto percebem outros objetos De acordo com essa visão as áreas do cérebro não são tudoounada naquilo que percebem mas ao contrário podem ser ativadas difetencialmente em níveis maiores ou menores de pendendo do que é percebido Haxby et ai 2001 Haxby Gobbini Montgomery 2004 OTooleetaI2005 Outra teotia telativa à função do giro fusiforme tem o nome de hipótese da individua ção especializada a qual diz que o giro fusiforme é ativado quando alguém examina itens com os quais tenha uma habilidade visual Por exemplo um especialista em pássatos que passa muito tempo estudando as aves Esperase que ele seja capaz de diferenciálas em meio às se melhantes e que tenha bastante prática nessa tarefa de diferenciação Como conseqüência se cinco rouxinóis tordos lhe forem apresentados ele seria capaz de facilmente diferenciá los Contudo um indivíduo sem essa habilidade provavelmente não conseguiria diferenciar os mesmos pássaros Caso o cérebro dessa pessoaseja escaneado durante essa atividade a ati vação do giro fusiforme especificamente o direito seria vista Essaativação é vista em pes soas especialistas em carros e pássaros Até mesmo quando se ensinam pessoas a diferenciar as várias figurasabstratas semelhantes a ativação do giro fusiforme é notada Gauthier et ai 1999 2000 Rhodes et ai 2004 Xu 2005 Essa é a teotia que sustenta a ativação do giro fusiforme quando as pessoas visualizam faces por que na realidade o ser humano é um ex pert no exame de fisionomias A prosopagnosia a incapacidade de reconhecer rostos implicatia em algum tipo de dano no sistema configuracional Contudo outras disfunções como a dificuldade precoce Capítulo3 Percepção 87 de leitura na qual o leitor iniciante tem dificuldade pata teconhecer os traços que com preendem palavras únicas podem advir de danos ao primeiro sistema baseado em elemen tos Além disso o processamento pode passai de um sistema pata outro Um leitor típico pode aprender a aparência das palavras por meio do primeiro sistema elemento por ele mento e depois vir a reconhecer as palavras como todos integrados Na vetdade algu mas deficiências de leitura podem surgir da incapacidade do segundo sistema de assumira tarefa do primeiro Abordagens Teóricas da Percepção Existem diversas abordagens teóricas da percepção Percepção Direta Como o indivíduo reconhece a letra A quando a vêFácil de perguntat difícil de responder Claro a letra é um A porque se parece com um A mas o que faz com que ela se pareça com um A e não com um H A dificuldade em responder a essa pergunta fica clara quando se olha para a Figura315 E provável que o leitor veja a imagem da Figura 315 como as pa lavrasem inglêsTHE CAT porém o H da palavra THE é idêntico ao A da palavra CAT Aquilo que subjetivamente parece ser um processo simples de reconhecimento de padrões é quase certamente muito complexo Como se faz a ligação daquiloque se per cebe com aquilo que está atmazenado na mente Os psicólogos da Gestalt se referema esse problema como a Função Hoffding Kóhler 1940 uma referência ao psicólogo dinamarquês do século XIX Harald Hoffding que questionou se a percepção pode ser reduzida a uma simples associação do que é visto ao que é lembtado James J Gibson 19041980 in fluente e polêmico teórico também questionou o associacionismo De acordo com a teoria da percepção direta de Gibson o conjunto de informações nos receptoressensoriais inclusive o contexto sensorialé tudo de que o homem necessita para perceber qualquer coisa ou seja o ser humano não necessita de processos cognitivos supe riores ou qualquer outra coisa para mediar as experiências sensoriais e as percepções As crençasexistentesou osprocessos de pensamentos de inferências de níveiselevados não são necessários à percepção Gibson acreditava que no mundo real as informaçõescontextuais suficientes com o pas sar do tempo geralmente existem para que julgamentos perceptuais sejam feitos Ele afirma FIGURA 315 Ao ler essas palavras o leitor provavelmente nao terá dificuldade para diferenciar o A do H Olhando mais de perto cada uma das letras quais características as diferenciam 88 Psicologia Cognitiva que o ser humano não precisa apelar para os processos intelectuais de alto nível para explicar a percepção Gibson 1979 acreditou que as pessoasusam essa informação contextual dire tamente Emessência o homem é biologicamenteregulado para reagir a ela e ainda segundo sua teoria muitas vezes se observam pistas de profundidade como gradientes de textura Tais pistas ajudam a perceber diretamente a proximidaderelativa ou a distância de objetos e par tes de objetos Com base nas análises de telações estáveis entre caractetísticas de objetos e ambientes de mundo real se percebe diretamente o ambiente Gibson 1950 19541994 Mace 1986 Não há necessidade de ajuda dos processos complexos de pensamento Essas informações contextuais podem não ser prontamente controladas em um experi mento de laboratório porém é provável que estejam disponíveis no mundo real O modelo de Gibson é chamado às vezes de modelo ecológico Turvey 2003 em razão de sua preo cupação com a percepção em como acontece no diaadia o ambiente ecológico ao invés das situações de laboratório onde a disponibilidade de informação contextual é menor As limitações ecológicas aplicamse não apenas às percepções iniciais como também às repre sentações internas finais como conceitos que são formados a partir dessas percepções Hubbard 1995 Shepard 1984 Outra pesquisadora que deu continuidade à teoria gibso niana foi Eleanor Gibson 1991 1992 que conduziu pesquisas de referência sobre a per cepção em bebês Elaobservouque os bebês que certamente carecem de muita informação e experiência prévios desenvolvem rapidamente muitos aspectos da consciência percep tiva inclusive a percepção de profundidade Teorias Ascendentes Bottomup e Descendentes Topdovn As teorias que começam com o processamento de características de nível elementat são chamadas de teorias ascendentes bottomup ou seja são acionadas por dados isto é por estímulos Entretanto nem todos os teóricos se detêm nos dados sensoriais do estímulo perceptual e muitos preferem as teorias descendentes topdourn que são conduzidas por processos cognitivos de nível elevado pelo conhecimento existente e pelas expectativas anteriores que influenciam a percepção Clark 2003 Essas teorias então operam consi derando os dados sensoriais como o estímulo perceptivo As expectativas são importantes Sempre que as pessoas esperam para ver algo elas o verão mesmo que isso não esteja ali no momento ou já não exista Pot exemplo supondo que alguém espere ver uma determinada pessoa em um determinado lugar Esse indivíduo pode pensar que vê aquela pessoa mesmo que esteja vendo na realidade outra pessoa que apenas vagamente lembra aquela outra Simons 1996 As abordagens descendente topdown e ascendente bottomup são aplicadas em praticamente todos os aspectos da cognição Com telação à percepção existem duas teorias importantes que expressam as abordagens ascendente bottomup e descendente topdown mas que de algum modo podem lidar com diferentes aspectos do mesmo fenômeno Em última análise uma teoria completa da percepção precisa compreen det tanto os processos ascendentes bottomup como os descendentes topdown Teorias Ascendentes bottomup As quatro teorias bottomup mais importantes da petcepção da fotma e do padrão são as teorias do gabarito as teorias do protótipo as teotias das características e as teorias da des crição estrutural Teorias do Padrão Uma teoria afirma que todas as pessoaspossuem armazenada na mente uma enorme quanti dade de padrões que são modelos altamente elaborados para os moldes que as pessoaspode rão reconhecer Reconhecese um molde pela comparação deste com o conjunto de padrões A seguir escolhese o padrão certo que combina perfeitamente com aquilo que se está Capítulo 3 Percepção 89 observando Selfridge Neisser 1960 Vêmse exemplos de combinações de padrões na vida diária As impressões digitais correspondemse dessa maneira As máquinas processam rapidamente os números impressos nos cheques comparandoos aos padrões gabaritos Cada vez mais produtos de todos os tipos são identificados por meio dos códigos universais de produtos CUPs ou códigos de barra que podem ser lidos e identificados por compu tadoresno ato da compraJogadoresde xadrez que conhecem muitas jogadas utilizamse da estratégia de combinação de acotdo com a teoria do padrão para poderem se lembrardos jogos anteriores Gobet Jackson 2002 Em cada um dos exemplos citados o objetivo de se encontrai uma cottespondência per feita e desconsiderar as correspondências imperfeitas orienta a tarefa Seria alarmante pot exemplo descobrir que o sistema bancário de reconhecimento de números deixou de regis trar um depósito em sua conta corrente Isso pode acontecer porque o sistema do banco es tava programado para aceitar um caractere ambíguo segundo o que parecesse a melhor possibilidade Para a correspondência de padrões apenas uma correspondência exata será suficiente E é exatamente isso o que se espera do computador do banco Enttetanto con sideremos o sistema perceptivo agindo em situações cotidianas Ele raramente funcionaria caso se exigissem correspondências exatas para todos os estímulos a serem reconhecidos Imaginese por exemplo precisar de padrões mentais para cada percepto possível do rosto de alguémque se ama ou um para cada expressãofacial ou cada ângulo de visão cada pen teado ou cada vez que se aplica ou temove maquiagem As letras do alfabeto são mais simples que as fisionomias e outros estímulos complexos De qualquer modo as teoriasde correspondênciade padrões ou gabaritos também não ex plicamalguns aspectos da percepçãodas letrasPor exemplo essas teoriasnão explicama per cepção humana das letras e das palavras na Figura 315 É possível identificar duas letras diferentes Ae H a partir de somente uma formafísica Hoffding 1891 observououtros pro blemas E possível se reconhecer um A como A independentemente das variações no tama nho na otientação e na forma nas quais a letra está escrita Devese então acteditar que o ser humano possui padrõesmentais possíveis paracada tamanho orientação e formade uma letraArmazenar organizare recuperar tantos padrõesna memóriaseria muito complicado Além disso como se anteciparia ou se criaria tantos padtões para cada objeto de percepção concebível Figura 316 Teorias dos Protótipos A complicação e a rigidez das teorias dos padrões rapidamente deram origem a uma expli cação alternativa para a percepção de padrões a teoria da correspondência de protótipos O protótipo é uma espécie de média de uma classe de objetos ou padrões relacionados que integra todos os ttaços mais característicos e mais freqüentemente observados daquela classe Ou seja o protótipo é altamente representativo de um padrão mas não pretende oferecer uma correspondência exata ou idêntica de qualquer padrão ou de outros padrões que representa Há uma grande quantidade de pesquisas que sustenta a abordagem de cor respondência de protótipos por exemplo Franks Bransford 1971 O modelo de protótipo parece explicar a percepção das configurações Entre os exemplos estão um conjunto de pontos um triângulo um diamante uma letra F um M ou até mesmo uma configuração aleatória Posner Goldsmith Welton 1967 Posner Keele 1968 ou desenhos extrema mente simplificados de fisionomias Reed 1972 Os protótipos incluem até mesmo feições muito bem definidascriadas pela polícia chamados de identikits que são normalmente uti lizados para a identificação de testemunhas Solso McCarthy 1981Figura317 Surpreendentemente parece que o ser humano é capaz de formar protótipos até mesmo quando nunca tenha visto um exemplar que corresponda exatamente ao protótipo ou seja os protótipos que o indivíduo forma parecem integrar todos os traços maiscaracterísticos de um padrão Isso ocorre mesmoquando nunca se tenha visto um único caso em que todas as características típicas sejam integradas ao mesmo tempo Neumann 1977 Considere uma 90 PsicologiaCognitiva FIGURA 316 A 61 1 46 9 228 92 7 6 11146 922892 7 61 1 46 I 922892 a 7 6 1 146 I 922892 A correspondência depadrões irá distinguir entre diferentes códigos de barra mas nãoentre diferentes versões da letra A escritascomfontes diferentes ilustração dessaquestão Alguns pesquisadores geraram diversassériesde padrões como os da Figura317 aec baseados em um protótipo Em seguida mostraram aos participantes a série de padrõesgerados contudo não apresentaram o protótipo no qual se baseavam os padrões Mais tarde mostraram novamente a série de padrões gerados aos participantes e também ou tros padrões incluindo tanto os distratores como o padrão do protótipo Nessascondições os participantes não apenas identificaram o padtão do protótipo como aquele que haviam visto antes por exemplo Posner Keele 1968 Eles também ofeteceram avaliações particular mente altas da própria segurança em ter visto o protótipo antes Solso McCarthy 1981 Teorias das Características Outra explicação alternativa da percepção de formas e padrões são as teorias de correspon dência detraços oucaracterísticas De acordo com essas teorias o indivíduo tenta estabelecet correspondência entre as caractetísticas de um padrão e aquelas armazenadas na memória ao invés de associar um padtão inteiro a um gabarito ou protótipo Stankiewicz 2003 Um FIGURA 317 a Padrão protótipo Triângulo a M F a Aleatório Distorções do triângulo Capítulo 3 Percepção 91 100 75 50 25 75 50 5 0 Itens anugos Itens novos Semelhança com o protótipo a Essas configurações de pontos são semelhantes àquelas usadas cm experimentos por Michael l Posner eseus cola boradores Michael L Posner Ralph Goldsmith e Kennelh E velton Jr 1967 Perceived Distance and the Cias sification ofDistorted Patterns do Journal of Experimental Psychology 731 2838 1967 American Psychological Association Reimpresso com permissão b Esses desenhos altamente simpíiicados de rostos humanos são semelhantes aos usados por Stephen Reed StephenK Reedl972 Pattem Recognition and Categorization Cognitive Psychology julho de 1972 33 382407 Reimpresso com permissão de Elsevier c Esses rostos são semelhantes aos criados nos experimentos de Robert Solso eJohn McCarthy 1981 Robert Solso efudith McCarthy 1981 Prototype Formation ofFaces A Case ofPseudomemory British joumal ofPsychology novembro de 1981 v 72 n 4 p 499503 Reimpresso com permissão da The British Psychobgical Society d Esse gráfico ilus tra asconclusões de Solso e McCarthy indicando afreqüência do reconhecimento percebido decada rosto inclusive o reconhecimento deum rosto prototípico jamais visto pelos participantes do estudo desses modelos de correspondência de características é chamado de pandemônio no qual demônios metafóricos com funções específicas recebem e analisam as características de um estímulo Selfridge 1959 A Figura 318 demonstra esse modelo O modelo de pandemônio deOliverSelfridge descreve demônios da imagem osquais passam uma imagem retinal dedemônios de características Cada demônio decaracterís tica manifestase quando há correspondência entre o estímulo e a característica oferecida Essas combinações são gritadas aos demônios no ptóximo nível dahierarquia os demônios pensamentos cognitivos quegritam possíveis padrões armazenados na memória associa dos a uma ou mais características obsetvadas pelos demônios das características Um de mônio da decisão ouve o pandemônio de demônios cognitivos e decide qual foi visto a pattit de qual demônio cognitivo esteja gritando com mais freqüência ou seja qual deles tem mais características cotrespondentes Embora o modelo deSelfridge seja umdos mais conhecidos existem outras propostas demo delos e a maioria dos modelos de características não apenas distingue diferentes características 92 Psicologia Cognitiva FIGURA 318 Demônio da imagem recebe dados sensoriais Demônios das características decodificam características específicas H Linhas 1 2 3 4 verticais O i O f o Linhas horizontais 1 O 2 O 3 O 4 O Linhas oblíquas 1 o 3 O 4 O Demônios cognitivos gritam quando recebem certas combinações de características Demônio da decisão escuta em busca do grito mais alto no pandemônio para identificar os dados recebidos Processament de sinal iU Ângulos retos 1 n r A x O B 3 o E w G J i K V L v o T U JJ v w X z H M r 4 O Àng jIos agudos 1 0 N 2 O V 3 0 4 O Curvas descontínuas 1 2 O 3 O J 4 O Curvas contínuas 1 O 2 O 3 O 4 O Segundo o modelo de correspondência de características deOliver Selfridge o reconhecimento de padrões ocorre asso ciandose as características observadas àquelas jáarmazenadas na memória Reconhecemse padrões para os quais se encontram o maior númerodecorrespondências como também difetentes tipos de catactetísticas como por exemplo globais versus locais As características locais constituem os aspectos pequenos ou detalhados de um determinado pa drão Não há consenso em relação a exatamente o que constitui uma característica local Mesmo assim de um modo geral é possível fazer a distinção dessas características das globais características essas que dão forma ao seu formato geral Consideremse por exemplo osestí mulos descritos na Figura 319 a e b Esses estímulos sãodo tipo usado em algumas pesquisas sobre percepção de padrões Navon 1977 Em tetmos gerais os estímulos nos painéis a e b Capítulo 3 Percepção 93 formam a letra H No painel a as características locais Hs pequenos correspondem às glo bais No painel b que compreende muitas letras Ss locais isso não acontece Em um estudo os participantes identificaram o estímulo tanto em nível global como em nível local Navon 1977 Vejam o que aconteceu quando as letras locais eram peque nas e estavam perto umas das outras Os participantes conseguitam identificar os estímulos em nível global mais rapidamente do que em nível local Além disso quando solicitados a identificar estímulos em nível global não fez diferença se as características locais combina vam com as globais pois os participantes responderam mais rapidamente se as característi cas globais concordavam com as locais Em outras palavras eles ficavam mais lentos se tivessem que identificar os Ss locais combinados para formar um H global em vez de iden tificar os Hs combinados para formar um H global Este padtão de resultados é conhecido como efeito deprecedência global Em comparação quando as letras estavam mais espaçadas como nos painéis a e bda Fi gura 320 o efeito era invertido Nesse caso surgia o efeito de precedência local ou seja FIGURA 319 H H S S H H S s H H S s H H S s HH H HH H S S s s s s H H S s H H S s H H S s H H S s a b Compare opainel a Hs globais feito deHs locais com o painel b Hs globais feitos deSslocais Todas as letras locais ficam bem juntas D Navon Forest Before Trees ThePrecedence toGlobal Features inVisual Perception Cognitive Psychology v 9 n 3 p 353382 julho de 1977 Reimpresso com permissão da Elsevier FIGURA 320 H H S S H H S S H H H s s s H H s s H 0 H s b s Compare ospainéis a e b nosquais as letras locais sãobem espaçadas Em qual figura 321 ou322 observase o efeito deprecedência global Emque figura se observa o efeito deprecedência local D Navon Forest Before Trees ThePrecedence toGlobal Features inVisual Perception Cognitive Psychology v 9 n 3 p 353382 julho de 1977 Reimpresso compermissão da Elsevier 94 Psicologia Cognitivn ZL hving Biederman é pro fessorda William M Keck dadisciplina de Neurociência Cognitiva na Uràversity of Southern Califórnia Efamoso por seu trabalho sobre visão dealtonível e especifi camente sobrereconhe cimento deformas Sua teoria dosgeonsmostra um modopossível paraque várias imagens de objetos sejamdecompostas em um conjunto deunidades fun damentais Cortesiado írving Biederman FIGURA 321 os participantes identificaram mais rapidamente as características lo cais das letras individuais do que as globais e as características locais interferiram no reconhecimento global nos casos de estímulos contra ditórios Martin 1979 Outras limitações por exemplo o tamanho dos estímulos e outros tipos de características também influenciam a percepção Um tipo de apoio às teorias das catactetísticas vem da pesquisa neurológica e fisiológica Os pesquisadores usam técnicas de registro de atividade de célula isolada com animais Hubel Wiesel 1963 1968 1979 Eles mediram cuidadosamente as tespostas de neurônios individuais no córtex visual e depois mapearam esses neurônios para combinar com estímulos visuais para determinados locais no campo visual ver Capítulo 2 Essa pesquisa mostrou que os neurônios es pecíficos do córtex visual no cérebro respondem a diferentes estí mulos aptesentados em regiões específicas da retina que correspondem a esses neurônios Cada neurônio cortical individual pode pottanto ser mapeado em relação a um determinado campo receptivo na re tina Uma quantidade desproporcionalmente grande do córtex visual é dedicada a neurônios mapeados para os campos receptivos da tegião fóvea da retina A maioria das células no córtex não reage somente a pontos de luz mas a segmentos de luz especificamente otientados Hubel Wiesel 1979 p 9 Além disso essas células parecem mostrar uma estrutura hierárquica no grau de complexidade dos estímulos aos quais reagem de forma mais ou menos semelhante às idéias do mo delo de pandemônio Veja o que acontece à medida que o estímulo avança pelo sistema visual em níveis mais elevados no cóttex Em geral o tamanho do campo receptivo aumenta assim como aumenta a complexidade do estímulo exigido para desencadear uma reação imediata Como prova dessa hierarquia há dois tipos de neurônios no córtex visual Figura 321 células simples e células complexas Hubel Wiesel 1979 que se acredita sejam diferentes na complexidade da informação a respeito dos estímulos que processam e esta é uma teoria comprovadamente supersimplificada off on Davíd Hubele Torsten Wiesel descobriram queas células do córtex visual são ativadas apenas quando detectam a sen sação desegmentos delinha dedirecionamentos específicos In Search of the Human Minei RobertJ Stemberg 1995 Harcourt Brace and Company Reproduzido com permissão doeditor Capitulo3 Percepção 95 Com base no trabalho de Hubel e Wiesel outros pesquisadores enconttaram detectores de caractetísticas que respondem a cantos e ângulos De Valois De Valois 1980 Shapley Lennie 1985 Em algumas áreas do córtex células complexas altamente sofisticadas so mente disparam maximamente em resposta a formas muito específicas independentemente do tamanho do estímulo ideal oferecido como uma mão ou um rosto A medida que o es tímulo deixa de se assemelhar à forma ideal essas células têm cada vez menos probabilida des de disparar Sabeseagora que isso é bem maiscomplicado do que Hubel e Wiesel imaginaram Inú meros tiposde células se ptestam a inúmeras funções e estas células operam parcialmente em paralelo embora não se tenha consciênciadessa operação Por exemplo notouse que a informação espacial a respeito da localização de objetos percebidos foi processada simul taneamente com a informação a respeito de que modo os contornos dos objetos são inte grados Em tesumo julgamentos muito complexos a respeito do que é percebido são realizados em um estágio bem adiantado do processamento da informação e também em paralelo Dakin Hess 1999 Outro trabalho sobre percepção visual identificou vias neurais separadas no córtex ce rebral para processar diferentes aspectos dos mesmos estímulos De Yoe Van Essen 1988 Kõhler etai 1995 São chamadas vias o quê e onde A via o quê desce do córtex vi sual ptimátio no lobo occipital ver o Capítulo 2 em direção aos lobos temporais sendo responsável sobretudo pelo processamento da cor da forma e da identidade dos estímulos visuais A via onde sobe desdeo lobo occipital até o parietal sendo responsável pelo pro cessamento de informações sobrelocalização e movimento Assim asinformações sobreca racterísticas alimentam pelo menos dois sistemas diferentes pata a identificação de objetos e eventos no ambiente Uma vezqtie as características distintas tenham sido analisadas conforme suas posições como são integradas de forma que se possareconhecer como objetos específicos Teoria da Descrição Estrutural Considerese uma forma pela qual se possam formar representações mentais estáveis de objetosem 3D com basena manipulação de algumas formas geométricas simples Bieder man 1987 Esse meio é um conjunto de geons em 3D para íons geométricosque inclui objetos como tijolos cilindros cunhas cones e seus equivalentes em eixos curvos Bieder man 19901993b p 314 De acordo com a teoria do reconhecimento por componentes de Biederman RPC é possível reconhecer rapidamente objetos obsetvandose suas cunhas para depois decompor os objetos em geons Os geons também podem se recompor em configurações alternativas Sabese que um pequeno grupo de letras pode ser manipu lado para compor inúmeras palavras e frases Igualmente um pequeno número de geons pode ser usado para construir muitas formas básicas e depois em uma infinidadede objetos básicos Figura 322 Os geons sãosimples e não variamconforme o ponto de vista ou seja osobjetoscons ttuídos a partir de geons são facilmente reconhecidos de muitas perspectivas independen temente do ruído visual Segundo Biederman 1993a sua teoria RPC explica de forma simplescomo se consegue reconhecer a classificação geral de tantos objetos de maneira rá pida automática e precisa Esse reconhecimento ocorre apesar das mudanças no ponto de vista e até mesmoem muitas situações nas quais o objeto que estimula está deteriorado de algum modo A teoria RPC de Biederman explicacomo se reconhecemcadeiras lâmpadas e rostosde modo geral masnão explica como reconhecer cadeirasou rostos específicos Um exemplo seria o próprio rosto ou o de um grande amigo 96 Psicologia Cognitiva FIGURA 322 tr5 a Irving Biederman ampliou a teoria da associação de características ao propor um conjunto de componentes elementares de padrões a que baseou emformas tridimensionais derivada de umcone b O próprio Biederman reconheceu que alguns pontos de sua teoria requerem mais pesquisa como a maneira pela qual as relações entre as partes de um objeto podem ser descritas Biederman 19901993b p 16 Outro problema com a abordagem de Bieder man e também da abordagem ascendente bottomup em geral é como explicar os efei tos das expectativas antetiotes e do contexto ambiental sobre alguns fenômenos da percepção de padrões Abordagens Descendentes Topdown Em contraste com a abordagem ascendente bottomup está a abordagem descendente topaWi Btuner 1957 Gregory 1980 Rock 1983 von Helmholtz 19091962 Na per cepção construtiva quem percebe constrói uma representação cognitiva petcepção do Capítulo3 Percepção 97 estímulo usando informações sensoriais como base para a estru tura além de usar outras fontes de informação para construir a percepção Esse ponto de vista também é conhecido como percep ção inteligente porque diz que o pensamento de ordem superior cumpre um papel importante na petcepção Além disso dá ênfase ao papel do aprendizado na percepção Fahle 2003 Alguns pes quisadores apontam para o fato de que o mundo não apenas afeta a percepçãodo indivíduo como também o mundo experimentado é na realidade formado pela própria percepção Goldstone 2003 Essas idéias retornam à filosofia de Immanuel Kant Em outtas pa lavras a percepção é recíproca com o mundo que se experimenta afetando e sendo afetada por essa experiência Por exemplo imaginese dirigindo por uma estrada pela qual nunca passou Ao se aproximar de uma intersecção sem visibili dade vê um sinal octogonal vermelho escrito em branco com as letras PAE Um galho de árvore grande demais encobre parte do A e do E E possível que a partir da sua percepção você cons trua a sensação de uma placa de PARE Dessa forma sua reação será certa É assim que os consttutivistas sugerem que as percep ções de constância de forma e tamanho indicam que os processos construtivos de alto nível estão operantes dutante a percepção Outro tipo de constância perceptiva pode ser visto como uma ilus tração da construção descendente topdown da percepção Na constância da cor percebese que a cor de um objeto permanece a mesma apesar dasmudanças na iluminação que alteram a tonalidade Imagine que a ilumi naçãofique tão fraca que assensações de corsãoquase ausentes Ainda assim percebemse a banana como amarela a ameixa como arroxeada e assim por diante De acordo com os consttutivistas durante a percepção formamse rapidamente várias hipóteses com relação aos perceptos que são baseadosem três fatores O primeiro é o que se percebe pelossentidos dados sensoriais O segundo é o que se conhece conhecimento armazenado na memória e o terceiro é o que se pode inferir usandose os processos cog nitivos de alto nível Na percepção consideramse as expectativas anteriores Um exem plo seria esperar ver a aproximação de um amigo com o qual se tenha marcado um encontro Usase também o que se sabe sobre o contexto Nesse caso um exemplo seria que os trens sempre correm nos trilhos enquanto aviões e carros não Além disso podese usar aquiloqueseconsegue inferirrazoavelmente com base nos dados e no quesesabe a tespeito deles Segundo osconstrutivistas getalmente são feitas atribuições corretas comrelação às sensações visuais O motivo é porque se infere inconscientemente o processo pelo qual também inconscientemente se assimilam informações a partir de uma variedade de fon tesparacriaruma percepção Snow Mattingley 2003 Em outras palavras usando mais de uma fonte de infotmação são feitos julgamentos dos quais sequet se tem ciência No exemploda placa de PARE as informações sensoriais informam que a placa é um grupode consoantessemsignificado e organizadas de forma estranha Entretanto o apren dizado antetiot passa uma mensagem importante que uma placa dessa cor e dessa forma colocada em um cruzamento contendo essas três letras e nessa seqüência provavelmente significa que o indivíduo deve pararparapensar nessas letras estranhas Na verdade é bom começar a pisar no freio A percepção construtiva bemsucedida requer inteligência e pen samento paracombinar a informação sensorial com o conhecimento obtido a partirda ex periência anteriot Um argumento de defesa da abordagem construtivista é que as teorias ascendentes de baixo paracima da percepção a partirde dados não explicam totalmente os efeitos de hvin Rockfoi professor adjunto de Psicologia na University of Califórnia emBerkeley E conhecido pelapromoçãodo papeldasolução deproblemas napercepção e suaafirmação dequea percepção é indireta Criou também o estudo da aprendizagem deensinoúnico e fez importantescontribuições ao estudo da lua e outras ilusões perceptuais Foto Cortesiado Dr Irvm Rock 98 Psicologia Cognitiva contexto Os efeitos de contexto são as influências do ambiente sobre a percepção exem plo a percepção das palavras THE CAT na Figura 315 Efeitos de contexto muito inten sos podem ser demonstrados de modo experimental Biederman 1972 Biederman et ai 1974 Biederman Glass Stacy 1973 De Graef Christiaens DYdewalle 1990 Durante um estudo pediuse que os participantes identificassem objetos após têlos visto em um contexto apropriado ou inadequado a eles Palmer 1975 Por exemplo os participantes podem ver uma cena de uma cozinha seguida de estímulos como um pão uma caixa de correio ou um tambor O objeto adequado ao contexto estabelecido nesse caso o pão foi reconhecido mais rapidamente do que aqueles que não pertenciam ao contexto A força do contexto tam bém desempenha papel impottante no reconhecimento de objetos Bar 2004 Talvez ainda mais impressionante seja um efeito de contexto conhecido como efeito de superioridade deconfiguração Bat 2004 Pomerantz 1981 por meio do qual os objetos apre sentados em uma determinada configuração são mais fáceis de serem reconhecidos do que os objetos apresentados isoladamente mesmo que os primeiros sejam mais complexos que os segundos Suponha que se mostre a um participante quatro estímulos todos eles sendo linhas diagonais Três linhas estão inclinadas para um lado enquanto a restante para o outro A tarefa do participante é identificar qual estímulo é diferente dos outros Figura 323 a Suponha também que se mostrem aos participantes quatro estímulos todos in cluindo três linhas Figura 323 c Três dos estímulos têm forma de triângulo e o outro não Em cada caso o estímulo é uma linha diagonal ver Figura 323 a mais outras linhas Fi gura 323 b Dessaforma os estímulos nessa segunda condição são variações mais comple xas do que os estímulos na primeira condição Os participantes conseguem identificat mais rapidamente qual das figuras de três lados é diferente das outras do que qual das linhas é di ferente das outras Na mesma linha há um efeito de superioridade de objetos no qual uma linhaalvo que fotma uma patte do desenho de um objeto em 3D é identificada com mais precisão do que um alvo que forma parte de um padrão em 2D desconectado Lanze Weisstein Harris 1982 Weisstein Harris 1974 Essas conclusões são paralelas àquelas sobre o re conhecimento de letras e palavras O ponto de vista da percepção construtiva e inteligente mostra a relação central entre percepção e inteligência e de acordo com ele a inteligência é patte integrante do proces FIGURA 323 a b c Os sujeitos percebem mais rapidamente as diferenças entre configurações integradas com muitas linhas c doqueas com linhas solitárias a Nestafigura as linhas em b sãoadicionadas às linhas em a para criar formas em c tomando assim o painel c mais complexo do que o painel a Capítulo 3 Percepção 99 samento perceptual do ser humano Simplesmente não se petcebe em termos do que está lá no mundo mas percebese em termos de expectativas e de outras cognições trazidas para a interação do indivíduo com o mundo Conforme essateoria a inteligência e os pro cessos de percepção interagem na formação de crenças sobre o que se encontra nos conta tos do diaadia com o mundo em geral Umaposição radical descendente topdoum setiaa desesubestimar a importância dos dados sensoriais Se isso fosse corretoas pessoas seriamsuscetíveis a grandes imprecisões de percepção e geralmente formariam hipóteses e expectativas que julgariam de modo impró prio os dados sensoriais disponíveis Por exemplo quando se espera ver um amigo e outra pessoa aparece é possível que se considere de modo inadequado as diferenças perceptíveis entre o amigo e a outrapessoa Dessa forma uma abordagem construtivista extrema da per cepção estaria altamente suscetível a erroe portanto ineficiente Entretanto uma aborda gem ascendente bottomup radical não permitirá qualquer influência da experiência anterior ou conhecimento sobre a percepção Por que armazenarconhecimento que não tem utilidade para quem percebe Nenhum dos extremos é ideal para explicar a percepção E mais útil considerar formas por meio das quais os processos ascendentes bottomup e des cendentes topdoum interagem para formar perceptos com significado Sintetizando as Abordagens Ascendentes Bottomup e Descendentes Topdown Ambas as abordagens teóticas têm obtido sustentação empírica cí Cutting Kozlowski 1997vs Palmer 1975 Então qual delasescolher De um lado a teoria da percepçãocons trutiva que é ascendente topdoum parece contradizer a teoria da percepção direta que é descendente bottomup Os construtivistas enfatizam a importância do conhecimento an terior combinado com informações relativamentesimples e ambíguas dos receptores senso riais Por outro lado os teóricos da percepção direta enfatizama completude da informação nos próprios receptores sugerindo que a percepção ocorra de modo simples e direto e por tanto não há grandenecessidade de um processamento complexo da informação Em vez de considerar essas teorias como incompatíveis podese aprender mais sobre a percepção considerandoas complementates A informação sensorial pode ser mais infor mativa e menos ambígua na intetpretação de experiências do que imaginam os construti vistas mas pode sermenos informativa do que afitmam osteóricos da percepção direta Da mesmaforma os processos perceptivos podem ser maiscomplexos do que os teóricos da hi pótese gibsoniana Isso se aplicaria especialmente em condições reais em que os estímulos sensoriais aparecem apenas brevemente ou estão degradados Estímulos degradados são me nos informativos por vários motivos por exemplo os estímulos podem estar parcialmente obscurecidos ou enfraquecidos por causa da iluminação fraca Ou então podem estar in completos ou distorcidos por pistas ilusórias ou quaisquer outros ruídos visuais distração visualsemelhante a ruídos audíveis O maisprovável é que se use uma combinação de in formações de receptores sensoriais e o conhecimento anteriorparaentender aquilo que se percebe Evidências experimentaisapoiamessa abordagem integrada Treue 2003 van Zoest Donk 2004 Wolfe et aí 2003 Alguns trabalhos mais recentes sugerem que enquanto etapas iniciais da via visual re presentam apenas o que está na imagem retiniana de objeto logo depois também serão representadas a cor a direção o movimento a profundidade a freqüência espacial e a fre qüência tempotal As representações tardias nãosão independentes do foco deatenção do indivíduo Ao contrário são afetadasditetamente por este Maunsell 1995 Além disso a visão de coisas diferentes pode assumir formas diferentes O controle visual da ação é me diado por vias corticais diferentes das envolvidas no controle visual da percepção Ganel 100 Psicologia Cognitiva Goodale 2003 Em outras palavras quando se vê apenas um objeto como um telefone celular isso se processa de modo diferente de quando se tem a intenção de pegálo Em ge ral segundo Ganel e Goodale 2003 os objetos são percebidosde forma holística porém caso se pretenda fazer algo com eles serão notados mais analiticamente pata que se possa agir de modo eficaz Em resumo as teorias atuais com relação às maneiras como se percebem os padrões ex plicam alguns mas não todos os fenômenos que se encontram no estudo da petcepção da forma e do padrão Dada a complexidade do processo é impressionante que se consiga compreender tanta coisa Ao mesmo tempo uma teoria abrangente certamente ainda não está confirmada pois necessitaria da comprovação de todos os tipos de efeitos de contex tos aqui descritos Deficits Perceptivos Agnosias e Ataxias De modo geral quais são os caminhos visuais no cérebro Uma hipótese é que há dois ca minhos visuais distintos um para a identificação de objetos e o outro para apontar onde esses objetos se localizam no espaço Ungerleider Haxby 1994 Ungerleider Mishkin 1982 Os pesquisadores se referema isso como a hipótese do quefonde Estadivisão tem como base uma pesquisa conduzida com macacos Em especial um grupo de macacos com lesões no lobo temporal conseguiamindicar onde as coisas estavam masnão conseguiam reconhe cer o que eram Em contrapartida macacos com lesões no lobo parietal foram capazes de reconhecer o que as coisas eram mas não onde estavam Uma interpretação alternativa dos caminhos visuais sugere que os dois caminhos refe remse não ao que as coisas são ou onde estão mas àquilo que são e como funcionam Esta é a hipótese do quelcomo Goodale Milner 2004 Goodale Westwood 2004Estahipótese sustenta que a informação espacial a respeito de alguma coisa está localizada no espaço e está sempre presente no processamento da informação visual O que diferencia os dois ca minhos é se a ênfase reside em identificar o que um objeto é ou ao contrário de como situarse de forma a alcançar os objetos Assim a questão aqui é determinar se é mais im portante sabet o que o objeto é ou como alcançálo Dois tipos de deficits de processamento sustentam a hipótese do quecomo Vamos con siderarprimeiro o que Obviamente os psicólogos cognitivos sabem muita coisa a tespeito dos processos perceptivos notmaisquando estudam a percepção em participantes normais Além disso entretanto tambémobtêm compteensão da percepção ao estudarpessoas cujos processos perceptuais são diferentes da norma Farah 1990 Weiskrantz 1994 Um exem plo seriao daspessoas que sofrem de agnosia um grave déficit na capacidade de perceberin formações sensoriais Moscovitch Winocur Behrmann 1997 São diversas as formas de agnosias e nem todas são visuais Aqui o enfoqueé nas incapacidades específicas de enxer garformas e padrões no espaço Pessoas com agnosia visual possuem sensações normais do que está diante delas mas não conseguem reconhecer o que são As agnosias geralmente ocorrem em conseqüência de lesões cerebrais Farah 1990 1999 Outra causa importante de agnosia decorre da falta de oxigênio em certas áreas do cérebro A falta de oxigênio é com freqüência decorrente de traumatismo cerebralZoltan 1996As agnosias estão asso ciadas a danos nas áreas limítrofes do lobo occipital e do temporal Pessoas com esses defi cits têm problemas com o caminho do que Capítulo 3 Percepção 101 Sigmund Freud 1953 que se especializou em neurologia clínica antes de desenvolver sua teoria psicodinâmica da personalidade observou que alguns de seus pacientes não con seguiam identificar objetos conhecidos Não obstante não apresentavam qualquer perturba ção psicológica específicaou dano aparente em suas habilidades visuais Na vetdade pessoas que sofrem de agnosia visual de objeto conseguem captar todas as partes do campo porém os objetos que vêem não têm significadopara elas Kolb Whishaw 1985 Por exemplo um paciente agnósico ao olhar para um par de óculos primeiro notou um círculo depois outro depois que havia uma haste e finalmente imaginou que estivesse olhando para uma bici cleta Na verdade uma bicicleta é feita de dois cítculos e uma haste Luria 1973 Lesões em certas áreas visuais do córtex são responsáveis pela agnosia visual de objeto Transtornos na região temporal do córtex podem conduzir à simultagnosia na qual um indivíduo não consegue prestar atenção a mais de um objeto ao mesmo tempo Por exem plo se você fosse simultanósico e estivesse olhando para a Figura324 você não consegui ria ver cada um dos objetos ali apresentados Ao contrário você diria que está vendo o martelo mas não os outros objetos Williams 1970 Na agnosia espacial o indivíduo tem grande dificuldade em se orientar no ambiente cotidiano Por exemplo um agnósico espa cial pode se perder de casa virar em lugares errados no trajeto diátio e até mesmo não con seguir reconhecer as referências mais familiares Tais indivíduos também aparentam grande dificuldade em desenhar traços simétricos de objetos simétticos Heaton 1968 Esse pro blema aparentemente é tesultado de lesões no lobo parietal do cérebro A prosopagnosia mencionada antetiotmente resulta em uma deficiência grave na capacidade de reconheci mento de fisionomias Farah et ai 1995 Feinberg et ai 1994 McNeil Warrington 1993 Young 2003 Um indivíduo com prosopagnosia por exemplo poderá nem mesmo reco nhecer a si próprio no espelho Além disso existem casos muito mais raros de prosopagnó sicos que não conseguemreconhecer fisionomias humanas masque conseguem reconhecer a dos animais de sua fazenda de modo que o problema parece ser extremamente específico ao reconhecimento de fisionomias humanas McNeil Warrington 1993 Este transtorno fascinante deu origem a muitas pesquisas sobre identificação de fisionomias e tomouse o mais recente assunto do momento na percepção visual Damasio 1985 Farah etaí 1995 FIGURA 324 Quandoseolhapara essa figura veemse vários objetos sobrepostos Indivíduos com simuitagnosia nãoconseguem ver mais que um objeto de cada vez Sensation and Perception de Stanley Coren e Lawrence M vard J989 de Harcourt Brace Company Reproduzido com permissão doeditor 102 Psicologia Cognitiva Farah Levinson Kelin 1995 Haxby et ai 1996 O funcionamento do giro fusiforme do hemisfério direito está fortemente associado à prosopagnosia e em particular esse trans torno está ligadoa danos ao lobo temporal direito do cérebro Para complicar ainda maisas coisas a prosopagnosia pode surgir de várias formas Algumas vezes outros domínios da ca pacidade são afetados como nomes de animais conhecidos ao invés de fisionomias huma nas Portanto o transtorno pode não ser exclusivamente a falha em reconhecer fisionomias como se pensava no início A prosopagnosia em particulat e a agnosia em geral são obs táculos que persistem ao longo do tempo Em um determinado caso uma mulher após into xicação por monóxido de carbono começou a sofrer de agnosia inclusive a prosopagnosia Depois de 40 anos essa mesma paciente foi reavaliada e ainda apresentava essesdeficits Es sas conclusões revelam a longevidade da agnosia Sparr et aí 1991 Há ainda outros tiposde agnosias Um delesé a agnosia auditiva que é a incapacidadede reconhecer determinados sons O paciente C N não conseguia distinguir diferentes tipos de música Ela não conseguia reconhecet melodias de sua própria coleção de discos além de não conseguir dizer se duas melodias eram iguaisou diferentes Peretz et ai 1994 A pesquisa recente sugere que a agnosia auditiva pode ser neurologicamente diferente da agnosia musical Ayotte et ai 2000 Peretz et ai 1996 Em termos comportamentais a agnosiaauditiva e a musical podem ser separadas Vignolo 2003 Em alguns pacientes a capacidade de reconhecer músicas conhecidas fica prejudicada Em outros a capacidade de reconhecer sons não musicais específicosé comprometida Dois outros tipos de agnosias estão ligados ao reconhecimento de objetos Gazzaniga Ivry Mangun 2002 A agnosia aperceptiva é a incapacidade de reconhecer objetos e está li gada a uma falha no processamento perceptual A agnosia associativa é a capacidade de re presentar objetos visualmente mas não set capaz de usar essa informação para reconhecer coisas Assim na agnosia associativa o problema não está no processamento perceptual mas nos processos cognitivos associativos que operam sobte as representações percep tuais Anaki etai 2007 Um tipo final de agnosia a ser descrito é a agnosia decores A ag nosia de cores é a incapacidade para nomear as cores sem uma perda correspondente na capacidade de percebêlas Nijboer et aí 2007 Nijboer van Zandvoort de Haan 2007 Woodwardetaí 1999 Outro tipo de déficit de percepção está associado ao dano no caminho do como Este déficit é a ataxia óptica redondo que é um defeito na capacidade de usar o sistema visual pata orientar os movimentos Himmelbach Karnath 2005 As pessoascom essedéficit têm dificuldade para alcançar coisas Por exemplo ter medo de deixar as luzes da casa apagadas por não ser capaz de na volta enxergar a fechadura e ficar tateando até acertat a chave no buraco da fechadura o que é muito desagradável e toma muito tempo Alguém com ataxia óptica apresenta esse problema mesmo tendo visão perfeita Nesse caso o caminho do como está danificado Esse tipo de especificidade extrema dos deficits leva a questões sobte a especialização Especificamente existem centros de processamentos distintos ou módulos para determi nadas tarefas perceptuais Essa questão vai alémda separação dos processos perceptivos e das modalidades sensoriais diferentes ex as diferenças entre percepção visual e audi tiva Os processos modulares são aqueles especializados em tarefas específicas e podem ser apenas processosvisuais como na percepção da cor ou uma integração dos processos visuais e auditivos como em determinados aspectos da petcepção do discurso discutidos no Capítulo 10 Jerry Fodor filósofo moderno e influente escteveu um livro inteiramente dedicado à delineação dascaracterísticas necessárias dos processos modulares Para que alguns proces sos sejam realmente modulares as seguintes propriedades devem existir Em primeiro lu gar os módulos precisam funcionarcom rapidez e essa operaçãoé compulsória Emsegundo Capítulo 3 Percepção 103 lugar os módulos apresentam resultados caracterizadamente superficiais ou seja reve lando categorizações básicas O acesso central às computações é limitado e não está su jeito às influências conscientes da atenção Em terceiro lugar os módulos são específicos de domínio e em sintonia com relação aos tipos de informações utilizadas A informação não flui necessariamente livre entre os diversos módulos e por vezes fica encapsulada Finalmente os módulos são sustentados por arquiteturas neurais fixas e portanto softem padrões característicos de relações Sendo assim para que a percepção de fisionomias seja considerada um processo verdadeiramente modular é necessário que se obtenha mais evi dência da especificidade de domínio e encapsulação informacional Ou seja os outros processos perceptuais não deveriam contribuir interferir ou compartilhar informações para a percepção de fisionomias Além disso as bases neurológicas da prosopagnosia não são bem compreendidas Embora os psicólogos cognitivos fiquem intrigados pelo fato de que algumas pessoas apresentam a prosopagnosia eles ficam ainda mais fascinados com o porquê de a maioria das pessoas não o ser Como é que se reconhece a mãe ou o melhor amigo E como se re conhecem formas muito mais simplese menos dinâmicas das letras das palavras nesta frase Este capítulo examinou apenas alguns dos inúmeros aspectos da percepção que interessam aos psicólogos cognitivos São dignos de nota os processos cognitivos pelos quais se for mam as representações mentais daquilo que é percebido pelos sentidos Essas representa ções usam conhecimento anterior inferências e operações cognitivas especializadas pata entendet as sensações humanas Anomalias na Percepção da Cor Outro tipo de déficit perceptivo é o da cor que é muito mais comum em homens do que em mulheres e está ligadoà hereditariedade Este déficit é diferente da agnosiada cor discutida anteriormente na qual a pessoa ainda que perceba a cor não consegue dizer que cor é Sempreque o déficit na percepção da cor ocorre o indivíduonão consegue perceber as di ferenças nas cores O déficit na percepção da cor geralmente dura a vida inteira e ao con trário da agnosia da cor se desenvolve a partir de uma lesão Há vátios tipos de deficiência de cor também chamada de daltonismo Enttetanto ape nas um tipo representa o verdadeiro daltonismo que ocorre quando as pessoas não conse guem ver cor alguma Pessoas apresentando essagrave dificuldade possuem o que se chama de monocromacia Indivíduos com déficit de percepção de cor em um grau inferior à mono cromacia sofrem de dicromacia que ocorre por causa do mau funcionamento de um dos me canismos da percepção da cor O resultado desse erro é um dos deficits de percepção de cor que se seguemO mais comum é o relacionado ao vermelho e ao verde As pessoas que so frem deste déficit têm dificuldade para distinguir vermelho de verde embora consigamdis tinguir digamos vermelho escuro do verde claro Essas pessoas apresentam uma das duas síndtomes descritas a seguir Visual disabilities Colorblindness 2004 Um tipo é a protanopia que é umaforma extremade daltonismopara vermelhoe verde As pessoas com estasíndrome têm dificuldade para ver comprimentos de onda muito lon gos ou seja os vermelhos Esses vermelhos lhes parecem mais como beges porémmais es curosdo que de fato são Os vetdesse parecem com os vermelhos A protanomalia é a forma menos extrema de daltonismo para vermelho e verde O segundo tipo de daltonismo para vermelho e verde é a deuteranopiay em que as pessoas têm dificuldade pata ver comprimen tos de onda médios ou seja os verdes A deuteranomalia é uma forma menos grave dessa condição Embora aspessoas comdeuteranomalia não consigam enxergar osvermelhos e os verdes como as pessoas normais em geral ainda conseguem distinguilos 104 Psicologia Cognitiva Muito menos comum do que o daltonismo para vermelho e verde é o daltonismo para azul e amarelo As pessoas com esse tipo de daltonismo têm dificuldade para distinguir azul de verde A tritanopia é a falta de sensibilidade aos comptimentos de onda curtos ou seja os azuis Os azuis e os verdes podem ser confusos mas os amarelos também parecem desa parecer ou parecem tons claros de vermelhos A menos comum das anomalias de cor é o monocromatismo de bastonetes também cha mado de acromatismo As pessoas com essa condição não conseguem ver qualquer cor ou seja esta é a forma verdadeira de daltonismo puro Os portadotes dessa anomalia têm co nes que não funcionam e só enxergam tons de cinza como resultado de sua visão através dos bastonetes do olho Aquinetopsia e Acromatopsia A aquinetopsia é uma perda seletiva da percepção do movimento Gazzaniga Ivry Man gun 2002 Nesse transtorno o indivíduo não consegue perceber o movimento Ao con trário o movimento lhe parece apenas uma série de instantâneos Este é um déficit apatentemente muito raro Zihl von Cramon Mai 1983 e parece ocorrer apenas em casos de lesão bilateral grave nos córtices tempoparietais como conseqüência de lesão no córtex ptestriado A acromatopsia é uma disfunção hereditária que provoca a ausência de cones na retina As pessoas com esta síndrome precisam confiar nos bastonetes para poder enxergar Falta lhes a visão em cotes e têm dificuldade para enxergar detalhes A incidência dessa anoma lia é de aproximadamente uma em 33000 pessoas What is achromatopsia 2007 Temas Fundamentais Vários temas fundamentais como os descritos no Capítulo 1 surgem no estudo da percep ção O primeiro é o do racionalismo iersus empirismo Quanto daquilo que se petcebe pode ser compreendido como resultado de alguma ordem no ambiente que seja relativamente independente dos mecanismos perceptuais Segundo a visão gibsoniana muito do que se percebe deriva da estrutura do estímulo independentemente da experiência do indivíduo com ele Em contrapartida na visão da percepçãoconstrutivista constróise o que se per cebe Constroemse mecanismos para a percepção com base na experiência com o ambiente Como tesultado disso a percepção é influenciada pelo menos na mesma proporção pela inteligência e pela estrutura dos estímulos percebidos O segundo tema importante é o da pesquisa básica versus a pesquisa aplicada A pes quisa sobre percepção tem muitas aplicações por exemplo no entendimento de como são construídas as máquinas que percebem O United States Postal Service empresa de correios dos Estados Unidos por exemplo faz muito uso de máquinas que lêem os códigos postais em correspondências e pacotes enviados Se essas máquinas não forem precisas as cartas e encomendas correm o risco de se perder Essas máquinas não podem depender apenas de uma rigorosa correspondência de padrões porque as pessoas escrevem números de manei ras diferentes Assim as máquinas devem fazer pelo menos alguma análise das caractetísti cas Outro exemplo de aplicação da pesquisa da percepção está nos fatores humanos Os pesquisadores dos fatores humanos projetam máquinas e interfaces do usuário para que se jam fáceis de usar Um motorista de automóvel ou um piloto de avião precisa tomar deci sões em frações de segundos de forma que as cabines devem ter painéis de instrumentos bem iluminados fáceis de serem lidos e acessíveis para ação imediata Capítulo3 Percepção 105 O terceiro tema é o da generalidade versus especificidade de domínio Talvez em ne nhum outro lugar este tema seja tão bem ilusttado do que na pesquisa sobre o reconheci mento de fisionomias Há algo de especial no reconhecimento de fisionomias Parece que sim No entanto muitos dos mecanismos utilizados para o reconhecimento de rostos tam bém são utilizados para outros tipos de percepção Dessa forma parece que os mecanismos conceituais podem ser mistos alguns gerais entre domínios outros específicos de domí nios como o reconhecimento de fisionomias Fique de péem um dos lados de uma sala e levante opolegar naaltura doolho deforma que fique do mesmo tamanho da potta do lado oposto E possível acreditat que seu polegar seja maior que a porta Não Você sabe que seu polegar está petto de você que só parece ser do tamanho da potta Há inúmeras indicações nesse aposento indicando que a potta está mais longe que seu dedo Em sua mente você torna a porta muito maior para compensar a distância entre você e ela Em consistência com um tema mencionado no início do capítulo o conhecimento é a chave para a percepção Você sabe que seu polegare a porta não são do mesmotamanho e pottanto tem condiçõesde usaresse conhecimento para aquiloque você sabe que não é Leituras Sugeridas Comentadas Gauthier I Skudlarski P Gore J C An Sparr S A Jay M Drislane F W Venna derson A W Expertise fot cats and bitds N A histotical case of visual agnosia te recruitsbrain áreasinvolved in face recog visitedafter 40 years Bran 1142 789 nition Nature Neuroscience 3 191197 7901991 Um exame da agnosiadurante 2000 Um exame do papel da técnica no a vida de um paciente giro fusiforme Xu Y Revisiting the role of the fusiform face Palmer S EVision Science Cambridge Bra área in visual expertise Cerebral Córtex dford Books 1999 Uma análise com 158 12341242 2005 Um exame da pleta e muito penetrante de todos os técnica visual aspectosdo estudo cognitivo e científico da visão CAPITULO Atenção e Consciência 4 EXPLORANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA 1 E possível processar ativamente a informação mesmo que não se esteja ciente disso Em caso afirmativo o que se faz e como se faz isso 2 Quais são algumas das funções da atenção 3 Quais são algumas teorias que os psicólogos cognitivos desenvolveram para explicar aquilo que observaram a respeito dos processos da atenção 4 O que os psicólogos cognitivos aprenderam a respeito da atenção pelo estudo do cé rebro humano Atenção é a tomada de posse pela mente de modo claro e vivido de um entre o que parecem ser vários objetos ou linhas de pensamentos simultaneamente pos síveis Implica em se afastar de algumas coisaspara lidar efetivamente com outras William James Princípios daPsicologia A Natureza da Atenção e da Consciência Atenção é o meio pelo qual se processa ativamente uma quantidade limitada de infor maçãoa partir da enorme quantidade de informaçãodisponível por meio dossentidos da memória armazenada e de outros processos cognitivos De Weerd 2003a Duncan 1999 Motter 1999 Posner FernandezDuque 1999 Rao 2003 Ela inclui processos cons cientese inconscientes Os processos conscientes são relativamente fáceis de ser estudados em muitos casos Os processos inconscientes são mais difíceis de estudar porque simples mente não se tem consciênciadeles Jacoby Lindsay Toth 1992 Merikle 2000 Porexem plo o indivíduo sempre tem disponível em sua memóriao lugar onde dormia quando tinha 10anos mas talvez não consiga processar essa informaçãoativamente com muitafreqüência Da mesma forma sempre terá disponível uma infinidadede informações sensoriais porexem plo no próprio corpo e em sua visão periférica neste exato momento Mas dá atenção a apenas uma quantidade limitada de informação sensorial disponível em determinado 107 108 Psicologia Cognitiva instante Figura 41 Além disso têmse pouca informação confiável sobre o que acontece quando se dorme e mais ainda os conteúdos da atenção podem residir dentro ou fora da consciência Davies 1999 Davies Humphreys 1993 Metzinger 1995 Há muitas vantagens em se ter processosde atenção de algum tipo Parece que há pelo menos alguns limites para os nossos recursos mentais Também há limites quanto ao volume de informação na qual se podem concentrar aqueles recursos mentais em um determinado momento Os fenômenos psicológicos da atenção possibilitam o uso dos recursos mentais li mitados de maneira sensata Ao diminuir a atenção sobre muitos estímulosexternos sensa ções e internos pensamentos e lembranças podemos focar os estímulos que mais nos interessam Este foco acentuado aumenta a probabilidade de respostarápida e precisaaoses tímulosque interessam A atenção acentuada também abre caminho para os processos de re cordação E mais provável que o indivíduo se recorde de informações às quais prestou atenção do que aquelas que ignorou A consciência inclui tanto o sentimento de percepção consciente como o conteúdo da consciência parte da qual pode estar sob o foco da atenção Block Flanagan Güzeldere 1997 Bourguignon 2000 Chalmers 1995 1996 Cohen Schooler 1997 Farthing 1992 2000 Mareei Bisiach 1988 Nelkin 1996 Peacocke 1998 Taylor 2002 Velmans 1996 Assim sendo a atenção e a consciência formam dois conjuntos parcialmente sobrepostos DiGirolamo Griffin 2003 Em um dado momento os psicólogos acreditavam que a aten ção fosse a mesma coisaque a consciência Atualmente contudo eles reconhecem que parte do processamento ativo da informaçãosensoriale da informaçãolembrada ocorre sem cons ciência Shear 1997 Tye 1995 Por exemplo nessaaltura da sua vida escrever o próprio nome não requer consciência E possível escrevêtosem que você o faça enquanto realiza conscientemente outras atividadesporém não o faráseestivercompletamente inconsciente Em contrapartida escrever um nome que nunca se viu antes requer atenção para a seqüên cia das letras Os benefícios da atenção são especialmente visíveis quando se referem aos processos conscientes da atenção Além do valor geral da atenção a atenção consciente serve a três propósitos ao desempenhar um papel causai na cognição Em primeiro lugar ajuda a mo nitorar as interações do indivíduo com o ambiente Por meio desse monitoramento man témse a consciência de quão bem o indivíduo está se adaptando à situação em que se encontra Em segundo lugar ela ajuda as pessoas a estabelecerem uma relação com o pas sado lembranças e com o presente sensações para dar um sentido de continuidade da experiência Essa continuidade pode até mesmo servir como base para a identidade pessoal Em terceiro lugar a atenção ajuda no controle e no planejamento das ações futuras que se FIGURA 41 Sensações Processos controlados Lembranças Atenção inclusive consciência Ações Processos de pensamento Processos automáticos A atenção funciona como meio dedirecionar osrecursos mentais para a informação e osprocessos cognitivos que es tão mais em evidênciaem um determinado momento Capítulo4 Atençãoe Consciência 109 faz com base nas informações do monitoramento e das ligações entre as lembranças do pas sado e as sensações do presente Processamento préconsciente Algumas informações que atualmente ficam fora da consciência ainda podem estar disponí veis na consciência ou pelo menos nos processos cognitivos As informações disponíveis para o processamento cognitivo mas que atualmente estão fora da consciência existem no nível préconsciente da consciência A informação préconsciente inclui recordações arma zenadas que não estão sendo usadas em um determinado momento mas que podem ser acessadas quando necessário Por exemplo sempre que estimulado o indivíduo pode se lem brar de como é o próprio quarto no entanto não fica pensando conscientemente a respeito do quarto a menos talvez se estiver se sentindo extremamente cansado Da mesma forma assensações também podem ser trazidas da préconsciênciapara a consciência Porexemplo antes de ler esta sentença o leitor pode dizerse estava bastante consciente das sensaçõesem seu pé direito Provavelmente não Entretanto essas sensações estavam disponíveis Como é possível estudar coisas que atualmente estão fora da consciência Os psicólo gos resolveramesseproblema estudando um fenômeno conhecido como priming ativação O primingocorre quando o reconhecimento de determinados estímulos é afetado pela apre sentação anterior dos mesmos estímulos Neely 2003 Suponha por exemplo que alguém esteja lhe dizendo o quanto gosta de ver televisão desde que comprou uma antena parabó lica Ele faz um discurso sobre as vantagens desse tipo de antena Mais tarde você ouve a palavra antena e é provável que pense que se trata de uma parabólica e não de uma an tena comum de televisão Isto é completamente diferente para outra pessoa que não tenha ouvido a conversa sobre as antenas parabólicas A maioria dos primings é positiva uma vez que a apresentação prévia dos estímulos facilita o reconhecimento Entretanto o priming às vezes pode ser negativo e pode impedir o reconhecimento tardio As vezes temse cons ciência dos estímulos de priming por exemplo agora você já tem priming para ler descrições de estudos sobre priming Entretanto o priming ocorre mesmo quando os estímulos de priming são apresentados de maneira que não permitam sua entrada na consciência Nesse caso é apresentado em uma intensidade tão baixa em um ambiente com excesso de ruído por exemplo quando muitos outros estímulosdesviam a atenção consciente sobre eles ou en tão de forma rápida demais para serem registrados na consciência Por exemplo em uma série de estudos Mareei observou o processamento de estímulos que haviam sido apresentados em um período curto demais para serem detectados pela consciência Mareei 1983a 1983b Nesses estudos as palavras eram apresentadas aos par ticipantes muito brevemente em milissegundos ou milésimos de segundos Depois de apresentadas cada palavra era substituída por uma máscara visual que bloqueia a perma nência da imagem da palavra na retina a superfície posterior do olho que contém os recep tores sensoriais da visão Mareei cronometrou as apresentações para que fossem muito breves de 20 a 110 milissegundos assegurandose de que os participantes não seriam ca pazes de detectálas de forma consciente Quando solicitados a adivinhar a palavra que ha viam visto os participantes ofereceram palpites ao acaso Em outro estudo Mareei apresentou aos participantes uma série de palavras a serem classificadas em diversas categorias Alguns exemplos seriam pernaparte do corpo e pinhei roplanta Nesse estudo os estímulos de priming foram palavras com mais de um significado Por exemplo palma tanto pode ser uma parte da mão como uma planta Em uma instância os participantes estavam conscientes de ver uma palavra de priming que tinha dois signifi cados Para esses participantes o caminho mental para um dos dois significados parecia 110 Psicologia Cognitiva estar ativado Em outras palavras um dos dois significados das palavras apresentava o efeito de priming facilitando acelerando a classificação da palavra relacionada subsequente Contudo o outro sentido apresentava um tipo de priming negativo inibindo tornando mais lenta a classificaçãoda palavra não relacionada subsequente Por exemplo se a pala vra palma fosse apresentada por um período longo o bastante para que o participante tivesse consciência de têla visto a palavra tanto inibiria como facilitaria a classificação da pala vra punho dependendo da associação que o participante fizesse da palavra paimacom mão ou com planta Aparentemente se o participante estivesse consciente de ter visto a palavra palma o caminho mental para um significado era ativado O caminho mental para o outro significado foi inibido Em contrapartida se a palavra palma for apresentada por pouco tempo de modo que a pessoa não tenha ciência de vêla os dois significadosda palavra pa recem ter sido ativados Esse procedimento facilitou a classificação seguinte de palavras no vas como por exemplo punho Os resultados de Mareei foram polêmicos e precisavam ser replicados por investigações independentes que utilizassem formas rígidas de controle o que de fato aconteceu Chees man Merikle 1984 Essas investigações utilizaram uma tarefa de identificação de cores e a conclusão a que chegaram é que a ocorrência da percepção subliminar dependeria da de finição do limiar da consciência Se o limiar abaixo do qual a percepção é subliminar fosse definido em termos do nível em que os participantes relatam a ocorrência de uma palavra na metade do tempo então a percepção subliminar ocorreria Se no entanto a definição da percepção subliminar for em termos de um limiar objetivo que se aplica a todos então ela não terá ocorrido Esse estudo aponta para a importância da definição em qualquer in vestigação cognitivapsicológica Se um fenômeno ocorre ou não às vezes depende da forma exata como ele é definido Outro exemplo de possíveisefeitos de priming e processamento préconsciente pode ser en contrado em um estudo definido como teste de intuição Esse estudo usou uma tarefa envol vendo dtades de tríades Bowers et ai 1990 Apresentaramse aos participantes pares díades de grupos de três palavras tríades Uma das tríades em cada díade era um agrupa mento potencialmente coerente a outra continha palavras aleatórias e não relacionadas Por exemplo as palavras no Grupo A uma tríade coerente podem ter sido brincando crédito e relatório As palavras no Grupo B uma tríade incoerente podem ter sido ainda páginas e música Após a apresentação da díade de tríades foram mostradas aos participantes possí veis opções para uma quarta palavra relacionada a uma das duas tríades Em seguida os parti cipantes foram solicitados a identificar duas coisas A primeira era qual das duas tríades era coerente e relacionada a uma quarta palavra A segunda qual quarta palavra era ligada à trí ade coerente No exemplo anterior as palavras do Grupo A podem ser associadas de modo significativo a uma quarta palavra carta carta de baralho carta de amor carta de moto rista As palavrasdo Grupo B não apresentavam essarelação Alguns participantes não conseguitam descobrir qual era a quarta palavra unificadora de um determinado par de tríades mas mesmo assim foram solicitados a indicar quais das duas tríades era coerente Mesmo quando não conseguiam afirmar qual era a palavra unificadora os participantes conseguiram identificar a tríade coerente em um nível superior ao do acaso Pareciam ter alguma informação préconsciente disponível que os levava a escolher uma tríade em detrimento de outra e o faziam mesmo que não soubessem conscientemente qual palavra unificava a tríade Os exemplos descritos acima se referem ao priming que no entanto não precisa ser ne cessariamente visual Os efeitos do priming também podem ser demonstrados pelo uso de ma terial de áudio Os experimentos explorando o priming auditivo revelam os mesmos efeitos comportamentais dos primings visuais Ao usar métodos de neuroimagem os pesquisadores Capítulo 4 Atenção e Consciência 111 descobriram que áreas similares do cérebro estão envolvidas em ambos os tipos de priming Badgaiyan Schacter Alpert 1999 Bergerbest Ghahremani Gabrieli 2004 Schacter Church 1992 Uma aplicação interessante de priming auditivo foi utilizada com pacientes sob efeito de anestesia Enquanto anestesiados listas de palavras foram apresentadas a esses pacientes que depois de acordados deveriam responder sim ou não e completar as palavrasdos radi cais que ouviram Os pacientes tesponderam às perguntas de sim ou não ao acaso e não re lataram conhecimento consciente das palavras Entretanto na tarefa de completar palavras a partir de radicais os pacientes demonstraram evidência de priming pois completavam fre qüentemente as palavras cujos radicais lhes foram apresentados enquanto estiveram sob o efeito da anestesia Esses resultados demonstram que mesmo quando o paciente não tem qualquer lembrança de um evento auditivo isso pode afetar seu desempenho Deeprose et aí 2005 Infelizmente às vezes trazer informações préconscientes para a consciência não é fá cil Por exemplo a maioria das pessoas já experimentou o fenômeno napontadalíngua no qual se tenta lembrar de algo que se sabe está armazenado na memória mas que não se consegue acessar Os psicólogos tentaram criar experimentos para mensurar esse fenômeno Por exemplo tentaram descobrir o quanto as pessoaspodem recobrar informações que apa rentemente estão situadas no nível préconsciente Em um estudo Brown McNeill 1966 foram lidas aos participantes inúmeras definições de dicionário Em seguida foram solicitados a identificar as palavras que correspondiam a esses significados Esse procedi mento constituiu um jogo semelhante aos programas de TV em que os participantes res pondem a perguntas sobre temas diversos Por exemplo eles poderiam receber a dica instrumento usado por navegadores para medir o ângulo entre um corpo celeste e o hori zonte No estudo alguns participantes não conseguiram apresentar a palavra mas acha vam que a conheciam Em seguida várias perguntas a respeito da palavra foram feitas pot exemplo eles poderiam identificar a primeira letra ou indicar o número de sílabas ou uma aproximação dos sons da palavra De modo geral os participantes responderam a todas as perguntas corretamente Eles foram capazes de indicar algumas propriedades da palavra certa para o instrumento mencionado anteriormente Por exemplo começa com s tem duas sílabas e soa como sexteto Por fim alguns participantes descobriram que a palavra procurada era sextante Esses resultados indicam que informações prévias préconscientes embora não estejam totalmente acessíveis ao pensamento consciente estão disponíveis para os processos de atenção O fenômeno napontadalíngua é aparentemente universal e é encontrado nas mais diversas línguas Também é visto em pessoas com limitações de leitura ou analfabetas Brennen Vikan Dybdahl 2007 Esse fenômeno varia conforme a idade da pessoa e a di ficuldade da pergunta Adultos mais velhos apresentam mais experiências napontadalín gua do que adultos jovens Gollan Brown 2006 O córtice anterior e os córtices préfrontais cingulados antetiores são acionados quando alguém vivência a experiência na pontadalíngua que sedeve ao alto nível de mecanismos cognitivos que sãoativados para resolver a falha na recuperação da informação Maril Wagner Schacter 2001 A percepção préconsciente também é observadaem pessoas com lesões em algumasáreas do córtex visual Ro Rafai 2006 geralmente pacientes cegos em áreas do campo visual que correspondem às áreas lesionadas do córtex Entretanto alguns desses pacientes parecem apresentar visão cega traços de capacidade perceptiva visual em áreas cegas Kentridge 2003 Sempre que forçados a dar um palpite sobre um estímulo na região cega eles acer tam localizações e posições de objetos em níveis superiores ao acaso Weiskrantz 1994 Da mesma forma quando forçados a tentar pegar objetos na área cega os participantes 112 PsicologiaCognitiva corticalmente cegos mesmo assim préajustam as mãos adequadamente ao tamanho à forma à posição e à localização em 3D do objeto que está no campo cego Mareei 1986 p 41 Contudo não conseguem demonstrar comportamento voluntário como tentar pe gar um copo de água que esteja na região cega mesmo quando estão com sede Parece ocor rer algum processamento visual mesmo quando os participantes não têm consciência das sensações visuais Um exemplo interessante de visão cega é o estudo de caso de um paciente chamado D B Weiskrantz 1986 O paciente ficou cego no lado esquerdo do campo visual em conse qüência de uma operação mal sucedida ou seja cada um dos olhos tinha um ponto cego no lado esquerdo do campo visual Coerente com esse dano D B relatou não ter consciência de qualquer objeto colocado no seu lado esquerdo ou de quaisquer eventos que ocorressem daquele lado Contudo apesar da falta de consciência de visão desse lado havia evidên cias de visão O investigador mostrava objetos do lado esquerdo do campo visual e a seguir apresentava a D B um teste de escolha focada em que o paciente tinha de indicar qual de dois objetos havia sido apresentado desse lado D B teve um desempenho em níveis sig nificativamente melhores do que o acaso Em outras palavras ele viu apesar de não ter consciência de ter visto Outro estudo foi concluído com um paciente com danos no córtex visual em conse qüência de um derrame Os experimentadores repetidamente emparelharam um estímulo visual com choque elétrico Após inúmeros pares de estímulos o paciente começou a de monstrar medo sempre que o estímulo visual era apresentado embora não pudesse explicar porque estava com medo Deste modo o paciente foi processando a informação visual em bora não pudesse enxergar Hamm et ai 2003 Os exemplos anteriores mostram que pelo menos algumas funções cognitivas podem ocorrer fora da consciência Parece que o ser humano pode sentir perceber e até mesmo reagir a muitos estímulos que nunca adentram a consciência Mareei 1983a Então quais processos requerem ou não a consciência INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Escreva seu nome várias vezes em um pedaço de papel enquanto visualiza tudo o que puder lembrar sobre o quarto em que você dormia quando tinha 10 anos Enquanto continua escrevendo seu nome e visualizando seu antigo quarto faça uma viagem mental de consciência para observar suas sensações corporais começando pelo dedão do pé seguindo pela perna cruzando o torso até o ombro oposto e descendo pelo braço Que sensações você está sentindo pressão do chão dos sapatos ou das roupas ou talvez uma pressão em algum outro lugarVocê ainda está conseguindo escrever seu nome enquanto acessa imagens na memória e continua pres tando atenção às sensações desse momento Processos Controlados versus Processos Automáticos Muitos processos cognitivos também podem ser diferenciados em termos de exigência ou não de controle consciente Schneider Shiffrin 1977 Shiffrin Schneider 1977 Os pro cessos automáticos não requerem controle consciente ver Palmeri 2003 Em sua maior parte são realizados sem consciência mas podese estar consciente de estarem sendo feitos Eles demandam pouco ou nenhum esforço ou mesmo intenção Os processos automáticos múltiplos podem ocotrer simultaneamente ou pelo menos muito rapidamente e sem uma seqüência específica e são chamados de processos paralelos Em comparação os processos controlados são acessíveis ao controle consciente e até mesmo o requerem sendo realizados Capítulo4 Atençãoe Consciência 113 NO LABORATÓRIO DE JOHN F KIHLSTROM John Kihlstrom éprofessor do Departamento de Psicologia da University of Califórnia em Berkeley e é membro do Institute for Cognitive and Brain Sciences e do Institute for PersonaUty and Social Re search Atualmente dirige umprograma interdisciplinar degraduação em Ciên cias Cognitivas Em seu artigo The Cognitive Unconscious O Inconsciente Cognitivo publi cado na revista Science foi amplamente reconhe cido e suscitou renovado interesse cientifico na vida mental inconsciente depois de quase um século do freuãsmo Kihlstrom 1987 O objetivo maior da minha pesquisa é uti lizar os métodos da Psicologia Cognitiva para compreender o fenômeno da hipnose um es tado especialde consciência no qual ossujeitos podem enxergar coisas que não existem não conseguem ver coisas que existem e reagem a sugestões póshipnóticas sem saber o que estão fazendo ou por que o estão fazendo Depois de sair da hipnose eles não conseguem se lembrar daquilo que fizeram enquanto hipnotizados Esse fenômeno conhecido como amnésia pós hipnótica tem sido o foco mais importante da minha pesquisa Kihlstrom 2007 Em primeiro lugar no entanto precisa mos encontrar os indivíduos certos pois exis tem enormes diferenças individuais em termos de hipnotizabilidade ou a propensão a ser hip notizado Embora indivíduos hipnotizáveis te nham propensão para outras experiências de imaginação ou de absorção não há um questio nário de personalidade que possa afirmar com segurança quem pode ou não ser hipnotizado A única maneira de descobrir quem é hipnotizá vel é tentar hipnotizálo e ver se funciona Com esse propósito dispomos de um conjunto de escalas padronizadas de suscetibilidade hip nótica que são testes firmados em desempenho semelhantes aos testes de inteligência Cada escala começa com uma indução à hipnose na qual o indivíduo é solicitado a relaxarfocalizar os olhos e prestar atenção à voz do hipnotiza dos Em seguida o indivíduo recebe uma série de sugestões para várias experiências Sua rea ção a cada uma dessas sugestões é avaliada de acordo com um critério padronizado de comportamento que leva a uma nota total representando a capacidade deste indiví duo de ser hipnotizado A partir deste ponto no entanto nossos experimentos em cognição se parecem com quaisquer outros exceto pelo fato de que os nossos participantes estão hipnotizados Em um estudo que usou um paradigma de apren dizado verbal conhecido Kihlstrom 1980 os sujeitos memorizaram uma lista de 15 pa lavras conhecidas como menina ou cadeira e depois recebiam uma sugestão para amnésia póshipnótica Vocênão conseguirá se lem brar que aprendeu essas palavras enquanto esteve hipnotizado Você não se lembrará que eu falei essas palavras ou o que são essas palavras Como parte dessa sugestão esta belecemos uma pista de reversibilidade Agora você se lembra de tudo para can celar a sugestão de amnésia Após sair da hipnose os sujeitos altamente hipnotizáveis não se lembravam de quase nada da lista ao passo que os não suscetíveis que ha viam passado pelos mesmos procedimentos se lembravam da lista quase que perfeita mente Isto demonstra que a ocorrência de amnésia póshipnótica está altamente corre lacionada com a hipnotizabilidade Depois os participantes receberam um teste de associaçãode palavras no qual eram apresentadas pistas e lhes era solicitado que relatassem a primeira palavra que lhes viesse à mente Algumas dessas pistas eram pala vras como menino e mesa que sabidamente produziam alvoscríticos na listado estudo Outras eram pistas de controle como lâm padae cachorros com probabilidade igual mente alta de produzir alvos neutros como Iu e gatos que não haviam sido estudados Apesar da incapacidade de se lembraremdas palavras que haviam acabado de estudar os sujeitos hipnotizáveis e os amnésicos não produziram menos alvos críticos do que os sujeitos não suscetíveis e os não amnésicos Isto demonstra que a amnésia póshipnótica é uma interrupção da memória episódica mas não da semântica De fato Endel Tul ving 1983 citou esse experimento como contínua 114 Psicologia Cognitiva NO LABORATÓRIO DE JOHN F KIHLSTROM continuação um dos primeiros estudos convincentes sobre a diferença entre esses dois tipos de memória Mais importante ainda no teste de livre associação os sujeitos tiveram mais probabilida des de gerar alvos críticos em lugar de neutros Este é um fenômeno de priming semântico no qual uma experiência prévia como a de estudar uma lista de palavras facilita o desempenho em uma tarefa posterior como a de gerar pala vrasdurante um teste de associaçãolivre Meyer Schvaneveldt 1971 A magnitude do efeito de priming foi a mesma nos sujeitos hipnotizáveis e amnésicos e nos não suscetíveis e não amnési cos Em outras palavrasa amnésia póshipnótica acarreta uma dissociação entre a memória explí cita e a implícita Schacter 1987 Enquanto a memória explícita e implícita está dissociada de outras formas de amnésia a dissociação observada na amnésia póshipnó tica possui algumas características que a tornam especial A maioria dos estudos da memória implícita em sujeitos neurologicamente intac tos emprega condições de codificação altamente degradadastais como processamento sem pro fundidade de forma a prejudicar a memória ex plícita Contudo na amnésia póshipnótica a codificação não é degradada de forma alguma Os sujeitos deliberadamente memorizaram a lista conforme critério rígido de aprendizado antes que a sugestão de amnésia fosse dada e se lembraram perfeitamente de toda a lista bem depois da sugestão para amnésia ser revertida Dessa forma o fenômeno comprova que a me mória implícita pode ser dissociada da memória explícita até mesmo sob condições de processa mento profundo Mais importante a grande maioria dos estudos de memória implícita na amnésia e memória normal também dizem respeito ao priming de repetição conforme exemplificado pelos testes de complementação de radicais e complementação de fragmen tos O primingde repetição pode ser mediado por meio de uma representação com base na percepção do prime estímulo ativador e de acordo com as teorias mais populares do foco de memória implícita nos sistemas de representação perceptiva no cérebro Porém nesse estudo a natureza do priming é semân tica e precisa ser mediada por uma represen tação com base na representação do prime Dessa maneira os estudos sobre a hipnose nos lembram que uma teoria abrangente da memória implícita terá de ir muito além do priming de repetição e dos sistemas de re presentação perceptiva Referências Kihlstrom j F Posthypnotic amnésia for re cently learned material Interactions with episodic and semanticmemory Cog nitive Psychobgy 12 227251 1980 Kihlstrom J F The cognitive uncons cious Science 2374821 14451452 1987 Kihlstrom J F Consciousness in hypnosis In P D Zelazo M Moscovitch E Thompson ed Camfrídge handbook of consciousness p 445479 Cambridge Cambridge University Press 2007 Meyer D E Schvaneveldt R W 1971 Facilitation in recognizing pairs of words Evidence of a dependence between re trieval operations Journal of Experimental Psychology 90 227234 1971 Schacter D L Implicit memory History and current status Journal of Experimen tal Psychology Leaming Memory and Cognition 13 501518 1987 Tulving E Elements of episodic memory Oxford Oxford University Press 1983 em seqüência isto é um passo de cada vez Levam mais tempo para serem executados pelo menos em comparação com os processos automáticos Trêsatributoscaracterizamos processos automáticosPosner Snyder 1975 Primeiro são ocultosda consciência Segundo não são intencionaise terceiro consomempoucos recursos da atenção Uma visão alternativa sugete um continuum entre os processos inteiramente au tomáticos e os inteiramente controlados De um lado a extensão dos processos controlados Capítulo4 Atenção e Consciência 115 é tão grande e diversificada que seria muito difícil caracterizartodos os processos controlados da mesma maneira Logan 1988 Dificuldades semelhantes surgem ao se caracterizarem os processos automáticos Alguns deles não podem ser recuperados na consciência apesar dos inúmeros esforços feitos para tanto Entre esses exemplos estão o processamento précons ciente e o priming Outros processos automáticos como amarrar os sapatos podem set con trolados intencionalmente mas raramente são conduzidos dessa maneira Por exemplo dificilmente se pensa a respeito de todas as etapas envolvidas na execução dos muitos com portamentos automáticos independentemente de serem trazidos até a consciência esses pro cessos não requerem decisões conscientes com relação a quais músculos mexer e que ações tomar Porexemplo quando se faz uma ligação telefônica pata alguém conhecido ou quando se está ao volante indo para um lugar conhecido não se questiona quantos músculosserão necessários para desempenhar essa tarefa Contudo suas identidades podem ser trazidas até a consciência e controladas de modo relativamente fácil O Quadro 41 resume as caracte rísticas dos processos controlados versus os processos automáticos QUADRO 41 1 Processos Controlados versus Processos Automáticos Épossível que haja um continuum de processos cognitivos desde os totalmente controla dos até os completamente automáticos esses traços caracterizam os extremos polares de cada grupo Características Processos Controlados Processos Automáticos Quantidade de esforço intencional Requerem esforço intencional Requerem pouco ou nenhum esforço e o esforço intencional pode até ser necessário para evitar comportamentos automáticos Grau de consciência Requerem consciência total Geralmente ocorrem fora da consciência embora alguns processos automáticos possam estar disponíveis à consciência Uso de recursos da atenção Consomem muitos recursosda atenção Consomem recursos de atenção desprezíveis Tipo de processamento Realizado em série um passo por vez Realizado por meio de processamento paralelo por exemplo muitas operações ao mesmo tempo ou pelo menos sem seqüência definida Velocidade de processamento Execução relativamente demorada se comparada com processos automáticos Relativamente rápidos Novidade relativa das tarefas Tarefas novas e imprevistas ou com muitas características variáveis Tarefas conhecidas e muito executadas com catactetísticas bastante estáveis Nível de processamento Níveis relativamente altos de processamento cognitivo exigindo análise ou síntese Níveis telativamente baixos de processamento cognitivo análise ou síntese mínimas Dificuldade das tarefas Tarefasgeralmente difíceis Tarefas quase sempre relativamente fáceis mas mesmo as quase complexas podem ser automatizadas com prática suficiente Processo de aquisição Com prática suficiente muitos procedimentos de rotina e até mesmo estáveis po dem se tomar automatizados de maneira que os ptocessos altamente controlados podem se tornar parcial ou totalmente automáticos assimo total de prática neces sária para a automatização aumenta muito para as tarefas altamente complexas 116 Psicologia Cognitiva Na verdade muitas tarefas que começam como processos controlados acabam se tor nando automáticas Por exemplo dirigir um carro é inicialmente um processo contro lado Uma vez que se aprende a fazêlo tornase automático em condições normais de direção Essas condições compreendem trajetos conhecidos tempo bom e pouco ou ne nhum tráfego Da mesma forma quando se aprende a falar uma língua esttangeira é pre ciso traduzir palavra por palavra a partir da sua língua nativa Com o tempo o indivíduo começa a pensar na segunda língua Essepensamento possibilita que se pule a etapa da tra dução intermediária fazendo com que o processo de falar se torne automático A atenção consciente pode ser revertida ao conteúdo em lugar do processo da fala Mudança seme lhante do controle ao processamento automático ocotre quando se adquire a capacidade de ler Entretanto quando as condições mudam a mesma atividade poderá exigir nova mente controle consciente Ao dirigir por exemplo se a rua estiver molhada o indivíduo provavelmente irá prestar mais atenção para frear e acelerar As duas tarefas são normal mente automáticas ao dirigir Podese observar que os procedimentos que se aprendem no início da vida muitas ve zes tornamse automáticos e menos acessíveis à consciência do que aqueles adquiridos mais tardiamente Alguns exemplos são amarrar os sapatos andar de bicicleta ou até mesmo ler Geralmente os processos e os procedimentos de rotina adquiridos mais recentemente são menos automáticos Ao mesmo tempo estão mais acessíveis ao controle consciente A au tomatização também chamada de procedimentalizaçâo é o processo pelo qual um procedi mento passa de altamente consciente a relativamente automático Como o leitor pode ter imaginado com baseem sua própria experiência a automatização acontece como conseqüên cia da prática Atividades muito praticadas podem ser automatizadas tornandose assim automáticas LaBerge 1975 1976 1990 LaBerge Samuels 1974 Como ocorre a automatização Uma visão bastante aceita é a de que durante a prática a implementação dos vários passos acaba por se tornar mais eficiente O indivíduo combina gradualmente os passos individuais trabalhosos com componentes integrados Estes com ponentes então são ainda mais integrados Por fim todo o processo é um único procedi mento altamente integrado ao invés de uma junção de passosindividuais Anderson 1983 LaBerge Samuels 1974 Conforme essa teoria as pessoasconsolidam vários passosdistin tos em uma única operação que requer pouco ou nenhum recurso cognitivo como a aten ção Essa abordagem da automatização está aparentemente sustentada por um dos primeiros estudos da automatização Bryan Harter 1899 Esse estudo investigou de que forma os operadores de telégrafo automatizavam gradualmente a tarefa de enviar e receber mensagens No início os novos operadores automatizavam a transmissão de letras indivi duais Entretanto uma vez automatizada a transmissão de letras eles automatizavam a transmissão de palavras de frases e depois de outros grupos de palavras Outra explicação alternativa chamada teoria do exemplo foi proposta Logan 1988 sugeriu que a automatização ocorre porque se acumula conhecimento de modo gra dual sobre determinadas reações e estímulos Por exemplo quando uma criança aprende a somar e a subtrair ela aplica um procedimento geral contar para lidar com cada par de números Após a prática repetida a criança armazena pouco a pouco o conhecimento so bre pares específicos de números específicos Ainda assim pode recorrer ao procedimento geral contar quando for necessário Do mesmo modo quando aprende a dirigir uma pes soa pode se utilizar de uma riqueza acumulada de experiências específicas Essas experiên cias formam uma base de conhecimento a partir da qual a pessoa pode rapidamente lançar mão de procedimentos específicos a fim de responder a estímulos específicos como carros que se aproximam ou faróis de trânsito Conclusões pteliminares sugerem que a teoria do exemplo de Logan explica melhor as respostas específicas a estímulos específicos como o cálculo de combinações aritméticas A visão predominante pode explicar melhor respos tas mais gerais no que diz respeito à automatização Logan 1988 Capítulo 4 Atenção e Consciência 117 Os efeitosda prática sobre a automatização mosttam uma curva de aceleração negativa Nessa curva os efeitos da prática inicial são grandes Um gráfico de melhoria de desempe nho mostraria uma curva de ascendência brusca no início Os efeitos da prática posterior fazem cada vez menos diferença no grau de automatização Em um gráfico que mostra essa melhoria Figura 42 a curva acabaria por se estabilizar Claramente os processosautomá ticos geralmente regem tarefas conhecidas e bastante praticadas Os processos controlados comandam tarefas relativamente fáceis A maioria das tarefas difíceis requer processa mento controlado contudo com prática suficienteaté as maiscomplexas tarefas como ler podem se tornar automatizadas Como os comportamentos extremanente automatizados exigempouco esforçoou controle consciente podese ter múltiplos comportamentos auto máticos potém dificilmente podese ter mais de umcomportamentocontroladoautomático que demande muito esforço Embora não exijam controle consciente os processos automá ticos raramente estão sujeitos a este tipo de controle Por exemplo a correta articulação fala e exímia digitação podem ser intetrompidas quase que imediatamente a um sinal ou reação à detecção de erro Entretanto o exímio desempenhode comportamentosautomá ticos muitas vezes é prejudicado pelo controle inconsciente Tente ler andando de bici cleta enquanto monitora conscientemente todos os seus movimentos Vai ser muito difícil executar essas duas tarefas A automatização de tarefascomo a leitura não é garantida mesmocom prática Inúme ras pesquisas apontam que em casos de dislexia a automatização fica prejudicada Maises pecificamente indivíduos com dislexia em geral apresentam dificuldades em finalizar tarefas normalmente automáticas além da leitura Brambati et ai 2006 Ramus et ai 2003 van der Leij de Jong RijswijkPrins 2001 Yap van der Leij 1994 Não necessaria mente todas as tarefasrelacionadas à automatização estão prejudicadasem pessoas com dis lexia Em alguns estudos algum nível de automatização foi registrado em indivíduos com dislexia Kelly Griffths Frith 2002 FIGURA 42 100 1 23456789 10 Blocos de testes A taxade melhoria provocada pelos efeitos daprática mostra umpadrão deaceleração negativa A curva deaceleração negativa atriimiaíi a efeitos da prática ésemelhante àcurva apresentada indicando que a taxa do aprendizado fica mais lenta à medida que o volume do aprendizado aumenta até atingir um pico de aprendizado em nível estável 118 Psicologia Cognitiva E importante automatizar várias rotinas de segurança Norman 1976 Isto se aplica principalmente às pessoas com ocupações de alto risco como pilotos mergulhadores e bombeiros Porexemplo mergulhadores novatos reclamam dafreqüente repetição de vários procedimentos de segurança dentro dos limites de uma piscina Um exemplo de procedi mento seria ter que se soltar de um cinturão estorvador com pesos Entretanto essa é uma prática muito importante como eles verão mais tarde Os mergulhadores experientes reco nhecem o valor desses procedimentos quando precisam contar com eles diante de eventual pânico ao confrontar uma situaçãode emergência no fundo do mar que coloquesuas vidas em risco Em algumas situações os processos automatizados podemsalvarvidas ao passo que em outras podem colocálas em risco Langer 1997 Consideremos um exemplo daquilo que Langer 1989 chama de descuido Em 1982 piloto e copiloto repassavam uma lista de itens antes da decolagem Observaram sem cuidado que o anticongelante estava des ligado como era para acontecer em circunstâncias normais porém não nas gélidas condi ções em que se preparavam para voar O voo acabou em um acidente com a morte de 74 passageiros Muitas vezes a implementação descuidada de processos automáticos resulta em conseqüências bem menos trágicas Por exemplo ao dirigir é possível que a pessoa acabe indo direto paracasa ao invés de pararem uma loja como havia planejado Ou após ser virsede um copo de leite o indivíduo acabe guardando a caixa de leite no armário da co zinha e não no refrigerador Uma análise abrangente dos erros humanos aponta que podem ser classificados como equívocos ou como lapsos Reason 1990 Os equívocos são erros na escolha de um obje tivo ou na especificação de um meio para atingilo já os lapsos são erros na realização de um meio para se atingir um objetivo Suponha por exemplo que você tenha resolvidoque não precisa estudar para um exame Assim propositadamente deixa o livro em casa ao sair para um fim de semana prolongado mas no momento do exame descobre que deveria ter estudado Segundo Reason você cometeu um equívoco Contudo suponha que tivesse a intenção de levaro livro pois planejouestudar muitodurante o fim de semanaprolongado mas com pressa sem querer esqueceu o livro em casa Isso seria um lapso Resumindo os equívocos compreendem erros em processos controlados intencionais e os lapsos ge ralmente compreendem erros em processos automáticos Reason 1990 Existemvários tipos de lapsos Norman 1988 Reason 1990 ver Quadro 42 Em ge ral os lapsos têm maior probabilidade de ocorrer em duas circunstâncias Na primeira cir cunstância desviase de uma rotina e osprocessos automáticos inadequadamente dominam os processos intencionais e controlados Na segunda os processos automáticos são inter rompidos Essas interrupções em geral resultam de eventos externos ou informações de fora mas algumas vezes podem ser resultado de eventos internos como os pensamentos que causammuita distração Imagineque você está digitando um documento logoapóster discutido comumamigo Você iráfazer pausas emsuadigitação à medida queospensamen tos sobre como deveria ter reagido à discussão irão interromper a sua digitação normal mente automática Os processos automáticos são muito úteis em várias ocasiões Eles liberam aspessoas de prestar excessiva atençãoem tarefas rotineiras como amarrar ossapa tos ou ligar para um número conhecido Assim é provável que se abra mão dos processos automáticos apenas pata evitar lapsos ocasionais Ao contrário devese tentar minimizar os custos desses lapsos Como minimizar o potencial paraas conseqüências negativas dos lapsos Em situações cotidianas é menos provável que se cometam lapsos quando se recebem respostas adequa das do ambiente Por exemplo a caixa de leite pode ser maior que a prateleira do armário da cozinhaou seu passageiro poderá lhe dizer Achei que iríamos passar na loja antes de ir para casa Capítulo 4 Atenção e Consciência 119 QUADRO 42 Lapsos Associados a Processos Automáticos Ocasionalmente quando nos distraímos ou somos interrompidos durante a implementa ção de um processo automático ocorrem lapsos Todavia em comparação com o número de vezes em que o indivíduo se envolve em processosautomáticos a cada dia os lapsos são eventos relativamente raros Reason 1990 Tipo de Erro Descrição de Erro Exemplo de Erro Erros de captura A intenção é desviarsede uma atividade rotineira que se está implementando em um contexto conhecido mas no ponto de onde deveria distanciatse da rotina se para de prestar atenção e obtet controle novamente do processo Então o processo automático captura o comportamento e o indivíduo não consegue se desviar da rotina 0 psicólogoWilliam James 18901970 citado em Langer 1989 deu um exemplo no qual ele seguiu automaticamente sua rotina usual tirando as roupas de trabalho vestindo o pijama e indo para a cama para só então se dat conta de que pretendia tirar a roupa de trabalho e vestirse para ir a um jantat Omissões A interrupção de uma atividade de rotina pode causar um lapso de um passo ou dois na implementação da parte remanescente da rotina Quando se vai a outro cômodo da casa para pegar algo se uma distração por exemplo o telefone o interromper o indivíduo poderá voltar ao cômodo onde estava sem pegar o objeto Perseverações Após um procedimento automático ter sido concluído um ou mais de seus passos podem ser repetidos Se ao ligar o carro o indivíduo se distrair poderá girar a chave outra vez Erros de descrição Uma descrição interna de um comportamento pretendido leva a realizar a ação correta sobre o objeto errado Ao guardar as compras o indivíduo pode colocar o sorvete no armário e um pacote de farinha no congelador Erros causados por dados Informações sensoriais que se recebe podem acabar por dominar as variáveis pretendidas em uma seqüência de ação automática Na intenção de digitar um número conhecido ao ouvir alguém dizer outra série de números o indivíduo pode acabar digitando alguns desses números em lugar daqueles que pretendia Erros de ativação associativa Associações fortes podem desencadear a rotina automática errada Quando se espera que alguém chegue à potta se o telefone tocar o indivíduo pode atender dizendo Entre Erros de perda de ativação A ativação de uma rotina pode ser insuficiente pata levála até o final Freqüentemente todas as pessoas passam pela sensação de ir a outro cômodo da casa para fazer algo e ao chegar lá se perguntam O que é que vim fazer aquií Talvezpior ainda seja a sensação desagradávelSei que eu deveria estat fazendo alguma coisa mas não lembro o que é Até que algo no ambiente motive a lembrança as pessoas podem se sentir extremamente frustradas As omissões e perseverações podem ser consideradasexemplosde erros na seqüênciade processos automáticos Entre os errosdesse tipo estão a sequência incorreta de passos como tentar tirar as meiasantes dos sapatos 120 PsicologiaCognitiva Se fosse possível encontrar maneirasde se conseguirum retorno útil talvezse pudessem reduzir as probabilidadesde conseqüências desastrosas dos lapsos Um tipo de retorno bas tante útil envolve uma função forçada Essas são limitações típicas que dificultam ou impos sibilitam a tealização de um comportamento automático que possa levar a um lapso Norman 1988 Como exemplo de função forçada alguns carros modernos dificultam ou impedem que se dirija sem o cinto de segurança Podese elaborar as próprias funções for çadas como colocar um aviso na direção como lembrete de que precisa fazer algo antes de ir para casa ou colocar objetos na frente da casa de forma a bloquear a saída para forçar a lembrança de que se deseja levar algo consigo Durante a vida automatizamse inúmeras tarefas cotidianas mas um dos pares mais úteis de processos automáticos aparece pela primeira vez horas após o nascimento a habi tuação e seu oposto complementar a desabituação Habituação e Adaptação A habituação está relacionada ao ato de se acostumar com um estímulo de tal modo que aos poucos se passe a prestar cada vez menos atenção a ele A conttapartida da habituação é a desabituação na qual uma mudança em um estímulo conhecido leva o indivíduo a começar a notálo outra vez Os dois processos ocorrem automaticamente sem nenhum esforço consciente A estabilidade e a familiaridade relativas do estímulo comandam esses processos Quaisquer aspectos que pareçam diferentes ou novos desconhecidos conduzem à desabituação e fazem com que a habituação seja menos provável Por exemplo suponha APLICAÇÕES PRÁTICAS DA PSICOLOGIA COGNITIVA A habituação também tem falhas Entediarse durante uma palestra ou durante a leitura de um livro didático é sinal de habituação Sua atenção pode começar a se desviar para os ruídos de fundo ou você pode descobrir que leu um ou dois parágrafos sem qualquer lembrança do conteúdo Fe lizmente você pode se desabituar com muito pouco esforço Aqui estão alguns passos que sugeremcomo superar os efeitos negativos do tédio 1 Faça pausas ou alterne tarefas diferentes se possível Se você não consegue se lembrar dos últimos parágrafos do texto é hora de parar por alguns minutos Volte e marque a última página de que se lembra e largue o livro Se uma pausa lhe parece desperdício de tempo va lioso faça outro trabalho por certo tempo 2 Faça anotações enquanto lê ou escuta A maioria das pessoas faz isso As anotações concentram a atenção no conteúdo mais do que apenas escutar ou ler Se necessário tente alternar entre o texto impresso e suas anotações a fim de tornar a tarefa mais interessante 3 Ajuste seu foco de atenção para aumentar a variedade dos estímulos A voz do instrutor está se arrastando interminavelmente de modo que você não consegue fazer uma pausa durante a exposição Tente observar outros aspectos dessa pessoa como gestos das mãos ou mo vimentos corporais e ao mesmo tempo preste atenção ao conteúdo Crie um intervalo no fluxo fazendo uma pergunta levantar a mão já pode fazer uma mudança no padrão de fala do palestrante Mude seu nível de excitação Se nada mais adiantar você precisará se forçar para se interessar pelo conteúdo Pense sobre como ele poderá ser usado em sua vida diária Além disso às vezes apenas respirar fundo de vezem quando ou fechar osolhos por alguns segundospode mudar seus níveis internos de excitação Capítulo 4 Atençãoe Consciência 121 QUADRO 43 Diferenças entre Ada Dtação Sensorial e Habituação As reações relacionadas à adaptação fisiológica ocorrem principalmente nos órgãos sen soriais ao passoque aquelasrelacionadas à habituação cognitiva ocorrem principal mente no cérebro e se relacionam à aprendizagem Adaptação Habituação Não acessível ao controle consciente Exemplo você não consegue determinar o quão rapidamente irá se adaptar a determinado cheiro ou a uma mu dança específicana intensidade da luz Acessível ao controle consciente Exemplo você pode decidir ficat ciente de conversas de fundo às quais havia se habituado Muito vinculado à intensidade dos estímulos Exem plo quanto maisaumenta a intensidadede uma luz mais fortemente seus sentidos irão se adaptar a ela Não muito vinculado à intensidade do estímulo Exemploseu nível de habituação não vai ser muito diferente em sua reação ao som de um ventiladot barulhento e de um condicionador de ar silencioso Não relacionadoà quantidade à duração e ao período de exposições anteriores Exemplo os receptotessen soriaisde sua pele responderãoàs mudanças de tem peratura basicamenteda mesmaformanão impor tando quantas vezes você tenha sido exposto a essas mudançase o quão tecentemente as experimentou Muito vinculado à quantidade à duração e ao cará tet recente de exposições anteriores Exemplo você se habituará com rapidezao som de um carrilhão se tiver sido exposto ao som com mais freqüência por períodos maislongose em ocasiões maisrecentes queumrádio estejatocando música instrumental enquantovocê lêo seu livro de Psicologia Cognitiva A princípio o som poderá distraílo mas após algum tempo você sehabitua a ele e malo percebe Porém seo volume da música mudasse muito de uma hora para outra você iria imediatamente desabituarse a ele O som que antes era familiar e ao qual você estava habituado deixaria de ser familiar entrando dessa maneira em sua consciência A habituaçãonão é limitada aosseres humanossendoencontrada em organismos tão simples como o molusco Aplysia Castellucci Kandel 1976 Em geral não realizamos qualquer esforço paranos habituaràs sensações dos estímulos do ambiente Não obstante embora geralmente não se tenha controle consciente sobre a própriahabituação é possível fazêlo Assim a habituação é um fenômeno da atenção que difere do fenômeno fisiológico da adaptação sensorial A adaptação sensorial é uma dimi nuição daatençãoa umestímulo quenão seja objetodecontroleconsciente Ela ocorre di retamentenosórgãos sensoriais e não no cérebro Podese exerceralgum controleconsciente sobre a observação de algo com o qual se tenha habituado masnão tem qualquercontrole consciente sobre a adaptação sensorial Por exemplo não podemos nos forçar consciente mente a sentir um aroma ao qual os nossossentidos se adaptaram nem podemosconscien temente forçar as pupilas a se adaptarem ou não se adaptarem aos diferentes níveis de claridade ou escuridão Por outro lado se alguém nos perguntar Quem é o guitarrista da quelamúsica podemos novamente observar a música defundo O Quadro 43 oferece ou tras distinções entre adaptação sensorial e habituação Dois fatores que influenciam a habituação são a variação dosestímulos internos e a ex citação subjetiva Alguns estímulos estão mais ligados à variação interna que outros Por exemplo a música de fundo contém mais variação interna do que o ruído estável de um aparelho de arcondicionado A complexidade relativa do estímulo um tapete oriental complexo versus um tapete cinza nãoparece importante para a habituação Ao invés disso o que impotta é o volume de mudança que ocotre no estímulo com o passar do tempo Por exemplo ummobile envolve mais mudanças do que uma escultura rígida e mais complexa 122 PsicologiaCognitiva Dessa maneira é relativamente difícil estar sempre habituado aos ruídos de uma televisão que mudam o tempo todo mas é relativamente fácil ficar habituado ao ruído constante de um ventilador A razão é que as vozes muitas vezes falam animadamente e com inflexão acentuada ou seja mudam constantemente enquanto o som do ventilador permanece constante com pouca variação Os psicólogos conseguem observar a habituação ocorrendo no nível fisiológico ao me dir o nível de excitação das pessoas A excitação é o nível de agitação fisiológica da reação e da prontidão pata a ação em relação a uma condição básica Medese a excitação geral mente pelos batimentos cardíacos pela pressão sangüínea pelos padrões de eletroencefa lograma EEG e também por outros sinais fisiológicos Vamos considerar o que acontece por exemplo quando um estímulo visual fixo permanece no campo de visão do indivíduo por muito tempo A atividade neural conforme demonstrado pelo EEG em resposta a esse estímulo diminui ver o Capítulo 2 Tanto a atividade neural como outras reações fisioló gicaspor exemplo batimentos cardíacos podem ser mensuradas Essas mensuraçõesdetec tam alta excitação em resposta à novidade percebida ou diminuída em resposta à familiaridade Na verdade os psicólogos de diversos campos de atividade fazem uso das in dicações fisiológicas da habituação para estudar uma ampla gama de fenômenos psicológi cos em pessoas que não conseguem relatar verbalmente suas reações Dentre essas pessoas incluemse os bebês e pacientes em coma Os indicadores fisiológicos da habituação infor mam ao pesquisador se a pessoa observa mudanças nos estímulos Essas mudanças podem ocorrer em termos de cor padrão tamanho ou formato do estímulo Esses indicadores sina lizam se a pessoa percebe as mudanças sob qualquer condição bem como quais mudanças específicas a pessoa observa no estímulo Entre outros fenômenos os pesquisadores usaram a habituação para estudar a discrimi nação visual detecção de diferenças entre os estímulos nos bebês Primeiramente eles ha bituam o bebê a um determinado padrão visual apresentandoo até que o bebê não preste mais atenção nele Em seguida apresentam um padrão visual ligeiramente diferente da quele ao qual o bebê está habituado Se ele conseguir discriminar a diferença não se habi tuará ou seja irá notar o novo padrão Se todavia o bebê não conseguir perceber a diferença parecerá habituado também ao novo padrão A habituação definitivamente oferece ao sistema de atenção das pessoas muito mais do que recebe ou seja a própria habituação não demanda qualquer esforço consciente e re quer poucos recursos de atenção Apesar de usar pouquíssimos recursos a habituação ofe rece enorme apoio aos processos da atenção permitindo que as pessoas facilmente desviem a atenção dos estímulos conhecidos e relativamente estáveis direcionandoos a estímulos novos e instáveis Podese conjecturar a respeito do valor evolutivo da habituação sem ela o sistema de atenção sofreria uma demanda muito maior Com que facilidade o ser humano funcionaria em ambientes altamente estimulantes se não pudesse se habituar a estímulos conhecidos Imaginese tentando ouvir uma aula se não pudesse se habituar aos sons da sua respiração ao ruído dos papéis e livros e ao zumbido abafado das lâmpadas fluorescentes Percebese um exemplo de falha de habituação em pessoasque sofrem de tinnitus zum bido no ouvido Pessoascom tinnitus apresentam problemas de habituação a estímulos au ditivos Muitas pessoascom zumbido no ouvido quando colocadas em um espaço silencioso irão relatar o zumbido ou outros sons Entretanto pessoas que sofrem de tinnitus crônico têm grande dificuldade de se adaptarem ao ruído Walpurger et ai 2003 Há também evi dências que indicam que pessoas com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade TDAH que será discutido mais adiante neste capítulo têm dificuldade em se habituar a vários tipos de estímulos Essadificuldade ajuda a explicai porque estímulos comuns como o zumbido das lâmpadas fluorescentes podem distrair uma pessoa com TDAH Jansiewicz et ai 2004 Capítulo 4 Atenção e Consciência 123 Atenção Detecção de Sinais A habituação sustenta o sistema humano de atenção que realiza muitas funções além de apenas sairda sintonia dos estímulosconhecidos e entrar em sintonia com estímulosnovos A atenção consciente possui quatro funções básicas Em primeiro lugar pela detecção de sinais detectase o surgimento de determinados estímulos O indivíduo tenta detectar um sinal por meio da vigilância até mesmo quando se começa a sentir cansaço em conseqüência de uma longa ausência de sinal Em segundo lugar pela atenção seletiva escolheseprestar atenção em alguns estímulos e ignorar outros Cohen 2003 Duncan 1999 Em tetceiro lugar pelaatenção dividida alocase prudentemente os recursos de atenção disponíveis para coordenar o desempenho em mais de uma tarefa por vez Em quarto lugat pela busca ten tase encontrar um sinal dentre as inúmeras distrações Essasquatro funções estão resumidas no Quadro 44 Primeiramente consideremos a detecção de sinais Quais os fatores que contribuem para a capacidadedo ser humano de detectar os eventos importantes no mundo De que maneira as pessoas procuramdetectar no ambiente estímulos importantesCompreender essafunção da atenção tem importância prática imediataO salvavidas em uma praia lotada precisaes tar sempre altamente vigilante Da mesma maneira que um controlador de tráfego aéreo Muitas outras ocupações também exigem vigilância como as que envolvem sistemas de co municação e de alerta e controle de qualidade em quase todos os ambientes Até mesmoo trabalho de investigadores de políciade médicos de psicólogos e pesquisadores requer vigi lância Também é preciso buscar dentre um conjunto de itens variados quaisos mais im portantes Em cada ambiente as pessoas precisam ficar alertas para detectar o aparecimento de um estímulo mas cada um envolve a presença de fatores de distração bem como de lon gos períodos em que o estímulo está ausente A Natureza da Detecção de Sinais A Teoria da Detecção de Sinais TDS compteende quatro resultados possíveis da pre sença ou ausência de um estímulo e da detecção ou nãodetecção de um estímulo Elaca racteriza a tentativa das pessoas de detectar um sinal um estímuloalvo Quadro 45 Em primeiro lugar nos acertos também chamados de positivos verdadeiros se identifica corretamente a presença de um alvo Em segundo lugar nos aarmes falsos também chama dos de positivos falsos identificase de maneira errada a presença de um alvo que na realidade está ausente Em terceiro lugar nas falhas também chamadas negativos fal sos errase ao deixar de identificar a presença de um alvo Em quarto lugar nas rejeições corretas também chamadas de negativos verdadeiros identificase corretamente a au sência de um alvo Normalmente a presença de um alvo é difícil de ser identificada Dessa forma detectamse julgamentos baseados em informações inconclusivas com alguns crité rios pata a detecção de alvos A quantidade de acertosé influenciada por onde se colocam os critétios para considerar algo como tal Em outras palavras até onde a pessoa está dis posta a dat alarmes falsos Por exemplo às vezes as conseqüências de uma falha são tão graves que se reduzem os critérios para considerar algo como acerto Desse modo aumen tase o númeto de alarmes falsos realizados a fim de aumentar a detecção de acertos Essa compensação aparece muitas vezes nos diagnósticos médicos Por exemplo pode ocorrer com testes de seleção em que os resultados positivos levam a outros testes Desse modo a sensibilidade geral a alvos deverá refletir a colocação de um critério flexível que é medido 124 Psicologia Cognitiva QUADRO 44 As Quatro Funções Principais da Atenção Os psicólogos cognitivos demonstram especial interesse no estudoda atenção dividida da vigilânciae da detecção de sinaisda buscae da atenção seletiva Função Descrição Exemplo Vigilância e detecção de sinais Geralmente as pessoas tentam vigilantemente detectar algum sinal ou determinado estímulo de intetesse Por meio da atenção vigilante à detecção de sinais os indivíduos são submetidos ao priming para agir com rapidez sempre que detectam estímulos de sinais Em um submarino de pesquisa podese procurar sinais de sonar incomuns em uma rua escura podese tentar identificar sinais ou sons indesejados ou após um terremoto podese ficar atento a cheiros de vazamento de gás ou de fumaça Atenção seletiva Constantemente as pessoas fazem escolhas com relação aos estímulos aos quais prestam atenção ou ignoram Ao ignorar ou pelo menos não dar ênfase a alguns estímulos destacamse particularmente os estímulos salientes O foco concentrado de atenção em determinados estímulos de informação melhora a capacidade de manipular esses estímulos para outros processos cognitivos como a compreensão verbal ou a solução de problemas Podese ptestar atenção à leituta de um livro didático ou ouvir uma aula enquanto se ignoram estímulos como rádio e televisão próximos ou pessoas que chegam mais tarde à aula Atenção dividida Freqüentemente as pessoasconseguem realizar mais de uma tarefa ao mesmo tempo e teditecionam os recursos da atenção disttibuindoos prudentemente segundo as necessidades Motoristas experientes podem facilmente falar enquanto ditigem na maior parte das vezes mas se outro veículo patecet desviar em direção ao carro imediatamente eles redirecionam toda a atenção da convetsa para a condução do veículo Busca Muitas vezes os indivíduos realizam buscas ativas por determinados estímulos Ao detectar fumaça como resultadoda vigilância podese realizar uma busca ativa pela fonte da fumaça Além disso algumas pessoasestão sempre procurando chaves óculos e outros objetos perdidos Muitas vezes os adolescentes procuram objetos perdidos na geladeira com pouco sucesso até que alguém os mostre a eles QUADRO 45 Matriz Utilizada na Teoria da Detecção de Sinais TDS A teoriada detecçãode sinais foi uma das primeiras a sugerir uma interaçãoentre a sen sação física de um estímulo e os processos cognitivos como a tomada de decisões Sinal Detectar um Sinal Não Detectar um Sinal Presente Acerto Falha Ausente Alarme falso Rejeição correta Capítulo4 Atenção e Consciência 125 em termos de acertos menos alarmes falsos A TDS é geralmente usada para mensurar a sensibilidade à presença de um alvo A mensuração pode ocorrer sob condições tanto de vigilância como de busca de alvos Elatambém é usada na pesquisa da memória paracon trolar os efeitos da adivinhação A TDS também abrange o contexto da atenção da percepção e da memória E impor tante no contexto da atenção se o indivíduoestá prestando atenção suficiente para perce ber objetosque ali estãoTambém é relevante no contexto da percepção sea pessoa é capaz de perceber sinais fracos quepodem ou não estaralém de seualcance perceptual tal como um som muito agudo A TDS é importante também no contexto da memória para indicar se o indivíduo foi ou não exposto ao estímulo anteriormente como porexemplo uma pa lavra que pode ou não ter aparecido em uma lista a ser decorada Considere umexemplo práticoda TDS importante à atenção detectar a presença de umestilete na bagagem de mão Deummodo geral osfiscais dos aeroportos têmcondições de perceber a presença desses objetos A questão é seeles sãorealmente cuidadosos e aten tos o suficiente paradetectálos Um acertoseria reconhecer a presença de um estilete na bagagem de mão de um passageiro Uma falha seria não perceber a presença do estilete na bagagem Um alarme falso seria imaginar que se vê umestilete na bagagem quando ele não existe e uma rejeição corretaseria reconhecer que não há qualquer estilete na ba gagem do passageiro Umadescoberta preocupante foi a de queosseqüestradores de 11 de setembro de 2001 foram revistados e vários deles foram separados dosdemais passageiros por teremdisparado o alarme de detecção de metais Após serem revistados novamente foram liberados para entrar nos aviões embora estivessempottando estiletes O resultado do que constituiu uma falha para os fiscais da revista foi desastroso Como resultado desse fracasso as regras de revista foram limitadasde modo considerável contudo essarestrição acarretou muitos alar mes falsos Bebês avós e outros passageiros normalmente considerados de baixo risco co meçaram a ser revistados duas e até três vezes antes de embarcar Então as regras foram modificadas paraselecionar passageiros de acordo comperfis computadorizados Porexem plo pessoas com passagem sóde ida e que mudam seus planos de última horaestão mais su jeitas à revista extta Tal procedimento por sua vez tem causado muitos inconvenientes para viajantesque mudam seus planosde viagem freqüentemente comoosque viajama ne gócios O sistema para revistade passageiros tem evoluídoconstantemente para minimizar falhas e alarmes falsos Figura 43 Vigilância Vigilância é acapacidade doindivíduo deprestar atenção emum campo deestimulação por um período prolongado durante o qual busca detectar o surgimento de um detetminado estímuloalvo de interesse Quando está vigilante o indivíduo espera atentamente para detectar um sinal de estímulo que possa aparecer em um momento desconhecido Nor malmente a vigilância é necessária em ambientes em que um dado estímulo ocorre ra ramente mas requer atenção imediata assim que ocorre Oficiais militares em vigilância paraum ataquesurpresa realizam uma tarefa de vigilância de alto risco Em umestudo os participantes vigiavam um mosttador que separecia com um relógio Mackworth 1948Um dos ponteiros moviase em passos contínuos De tempos em tem pos o ponteiro dava um passo duplo A tarefa dos participantes era apertar um botão tão logo observassem o passo duplo O desempenho dos participantes começou a sedeteriorar substancialmente após apenas uma hota de observação Na realidade depois de meia hora eles já estavam falhando em um quartodos passos duplos Parece que as reduções na vigi lância não são basicamente o resultado da diminuição da sensibilidade dos patticipantes 126 Psicologia Cognitiva FIGURA 43 A revista da bagagem de mão é um exemplo da TDS em funcionamento navida cotidiana Os profissionais aprendem técnicas que lhes permitem maximizar acenos e rejeições corretas além de minimizar alarmes falsos e falhas Ao contrário essa redução sedeveà incerteza cada vez maiorem relação àsobservações per cebidas Broadbent Gregory 1965 Para relacionar essas descobertas à TDS ao longo do tempo parece que os participantes ficam menos dispostos a apontar alarmes falsos Ao invés disso cometem errospor não relatarem a presençade sinaisde estímuloquando não têm cer teza de que os detectaram portanto apresentam índices maiores de falhas O treinamento pode ajudar a aumentar a vigilância Fisk Schneider 1981 porém em tarefas que deman dam vigilância sustentada pois a fatiga prejudica o desempenho Assim pode não haver substitutopara períodos freqüentes de descanso a fim de melhorara detecção de sinais Os processos de atenção que comandam a TDS também parecem ser altamente locali zados e fortemente influenciados pelaexpectativa Motter 1999 Posner Snyder Davidson 1980 Estudos neurológicos mostram que a detecção de sinais de um estímulo visual é maior no ponto em que se espera que o sinal apareça A precisão da detecção de sinais di minui bruscamente quando o estímulo aparece mais longe do lócus de atenção LaBetge Brown 1989LaBerge Carter Brown 1992Mangun Hillyard 1990 1991 Assim sendo umsalvavidas ou um controlador de voo muito ocupados podem responder com agilidade a um sinal dentro de um raio estreito em relação ao local onde se espera que apareça mas os sinais que surgemfora da faixa concentrada de atenção vigilante podem não ser detecta dos tão rapidamente ou com tanta precisão Capítulo4 Atençãoe Consciência 127 Em tarefas de vigilância as expectativas com relação à localização afetam intensamente a eficiência da resposta Nesse caso a eficiência compreende a velocidade e a precisão em detectar um estímuloalvo mas isso não se aplica à forma do estímulo Posner Snyder Da vidson 1980 Aqui a forma referese a qual formato ou letra poderá aparecer no campo visual Vamos supor por exemplo que um participante receba uma dica para procurar por um estímuloalvo em duas localizações distantes Isso não melhora o desempenho da vigi lância para ambas as localizações Vários estudos sugerem que a atenção visual pode ser comparada grosso modo a um focode luz ou de um holofote Os estímulos dentro do foco de atenção sãodetectados rapidamente porémos estímulos fora do focode luz não sãode tectados tão bem Eckstein Shumozaki Abbey 2000 Norman 1968 Palmer 1990 Pos ner Snyder Davidson 1980 Além disso como um holofote o feixe de atenção concen trada podeserestreitadoaté uma pequenaárea e ampliado paracobrir umaárea mais ampla e mais difusa Palmer 1990 Entretanto o desencadeamento abtupto de um estímulo por exemplo o surgimento inesperado de umestímulo capta a atenção do indivíduo Este efeito ocorre mesmoquando fatores como grau de luminosidade brilho são controlados Yantis 1993 Assim parece que as pessoas estão predispostas a observaro aparecimento súbito de estímulos em seu campo visual E possível especular sobre a vantagem adaptativa que esse traço da atenção pode ter representado para nossos ancestrais caçadores quesupostamente precisavam evitar vários predadores e caçar várias presas A vigilância aumentadaé vista em alguns casos onde são usados estímulos emocionais A amígdala desempenhapapelmuito importante no reconhecimentode estímulos emocio nais Desse modo a amígdala pareceser umaestrutura cerebral importantena regulação da vigilância Phelps 2004 2006 Whalen 1998 A vigilância é muito importante para prevenir ataques terroristasde vários tipos Por exemplo a repetição de avisos nosaeroportos quepede aos passageiros quefiquem vigilan tes com relaçãoa bagagem abandonada que pode conter explosivos Como bagagem é algo comum nos aeroportos fica difícil enxergar malasque estejam abandonadas e que pareçam não pertencer a alguém Do mesmo modo em muitos países pedese que os pedestrespres tem muita atenção em carrosou veículos que pareçamestar abandonados ou estacionados em lugares estranhos pois podem conter explosivos que podem ser detonados à distância Os custos do fracasso da vigilância no mundo atual representam grande perda de vidas e de patrimônio Busca Enquanto a vigilância compreende esperar passivamente para que um sinal apareça a busca compreende procurar um alvo de modo hábil e ativo Pashler 1998 Posner DiGirolamo 1998 Posner DiGirolamo FernandezDuque 1997 Wolfe 1994 Especificamente a busca se refere a uma varredura no ambiente para encontrar características definidas pro curar ativamente algo quando não se tem certeza de quando ele surgirá Tentar localizar uma marca específica de cera em um corredor cheio de supermercado ou um termo espe cífico em um livro didático são exemplos de busca Tal qual ocorre com a vigilância quando se busca algo se pode responder com alarmes falsos Os funcionários que fazem a revistanosaeroportos observam as radiografias das bagagens de mão para tentar determinar se há objetos pontiagudos ou cottantes que possam representar algum perigodurante o voo A busca fica ainda mais difícil em razão dos fatores de distração estímulos que não são alvos e que desviam a atenção dos estímulosalvos No caso da busca os alarmes falsos geralmente surgem quando se encontram osfatores de distração enquanto se buscam os estímulosalvos Por exemplo vamos pensar na busca de algum produto em um supermer cado Muitas vezes veemse inúmeros itens que disttaem já que se parecem muito com 128 PsicologiaCognitiva aquilo que se espera encontrar Os designers de embalagem se aproveitam da eficácia das distrações ao criar as embalagens para os produtos Por exemplo se uma embalagem se pa rece com uma caixa de um cereal conhecido o indivíduo pode pegálasem se dar conta de que na verdade se trata de outro produto menos conhecido Como você pode ter previsto a quantidade de alvos e de fatores de distração afeta a di ficuldadeda tarefa Por exemplo tente encontrar a letra T na Figura 44A Depois tente en contra a letra T na Figura44B O tamanho da imagem tem relação com o número de itens em uma determinada configuração visual e não com o tamanho dos itens ou mesmo com o tamanho do campo no qual a configuração é apresentada O efeitodo tamanho da imagem é o grau em que o número de itens em uma imagem prejudica reduza velocidade o processo de busca Ao estudar os fenômenos de busca visual os pesquisadores muitas vezes mani pulam o tamanho da imagem para a seguir observar como os vários fatores importantes aumentam ou diminuem esse efeito Os fatores de distração causam mais problemas em algumas condições do que em ou trás Suponha que se esteja buscando característicasdistintas como cor tamanho proximi dade a itens semelhantes distância de itens diferentes ou posição como vertical horizontal ou oblíqua Podese conduzir uma busca de características na qual simplesmente se varre o ambiente em busca daquela ou daquelas características Treisman 1986 1992 1993 Os fatores de distração têm pouca importância na redução da velocidade da busca neste caso Por exemplo tente encontrar o O na Figura 44B Essa letra tem características distintas se comparadas com os fatores de distração L na imagem A letra O parece saltar para fora da figura Características avulsas que são itens com traços peculiares se sobressaem na figura Yantis 1993 Quando essascaractetísticas avulsas são alvos parecem captar a atenção do espectador tornando praticamente impossível evitar a busca Infelizmente nenhuma dessas características avulsas capta a atenção do indivíduo inclusive aquelas características que são fatores de distração Quando o indivíduo busca um estímuloalvo dessas características avulsas um estímulo de distração dessas mesmas características avulsas parece distrair o in divíduo da tarefa de encontrar o alvo Theeuwes 1992 Por exemplo encontre o T na Fi gura 44B O T é um desses itens mas a presença de um círculo preto preenchido provavelmente reduz a velocidade da busca FIGURA 44A Compare a dificuldade relativa para encontrar o T em a e em b O tamanho dafigura afeta afacilidade dereali zara tarefa Capítulo4 Atençãoe Consciência 129 Entretanto o problema surge quando o estímuloalvo não tem ca racterísticas únicas ou distintas Um exemplo pode ser um determinado item no supermercado que venha em uma caixa ou em uma lata Nes sassituações a única formapara encontrálo é realizar uma busca con junta Treisman 1991 na qual se busca uma combinação específica conjunção de características Por exemplo a única diferença entre um T e um Léa integração específica conjunção dos segmentos de linha A diferença não é a propriedade de uma única e distinta carac terística de qualquer uma das letras Ambas contêm uma linha horizon tal e uma linha vertical de forma que uma busca que procurasse qualquer uma dessas características não resultaria em informações de distinção Na Figura 44A o indivíduo tinha que conduzir uma busca conjunta para encontrar o T portanto é provável que tenha demorado mais para encontrálo do que para encontrar o O na Figura44B A medida que se envelhece diminui a capacidade de se conduzi rem buscas visuais eficientes A pesquisa demonstta que este declínio está associado às áreas responsáveis pelo processamento da informa ção visual Madden et ai 2007 Essas descobertas enfatizam a im portância do sistema visual no processo de busca Anne Treisman é professora de Psicologia na Princeion University e é conhecida porseu trabalho em várias áreas daatenção e dapercepção especialmente sua teoria de queos sinais recebidos são atenuados e nãofiltrados quando atravessam o sistema deprocessamento cognitivo Foto Cortesia de Anne Treisman Teoria da Integração de Características Segundo Anne Treisman a teoria da integração de características explica a facilidade relativa de se conduzirem buscas por característi cas e a relativa dificuldade de se realizarem buscas conjuntas Consideremos o modelo de Treisman 1986 de como a mente humana conduz buscas visuais Para cada característica possível de um estímulo cada indivíduo tem um mapa mental para representar determi nada característica por meio do campo visual Por exemplo há um mapa paracada cor ta manho forma posição e orientação por exemplo p q b d de cada estímulo no campo visual do indivíduo Para cada estímulo as características são imediatamente representadas nos mapas Não é necessário maistempo para o processamentocognitivo adicional e assim FIGURA 44B No painel c encontre o O e no d encontreo T O 0 0 0 o o 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 o o o o o o 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 o o o o 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 o 0 0 0 0 O 0 0 0 0 0 0 0 0 o o o o o O 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 o o T o o O 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 o 0 0 0 0 O 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 o o o o 0 0 0 0 0 0 0 0 0 o 0 0 0 o 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 o o o o 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 o o o o o 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 o 0 0 0 0 0 0 00 d 130 Psicologia Cognitiva durante as buscas de características o indivíduo monitora o mapa de características relevan tes procurando a presença de qualquer ativação no campo visual Esse processo pode ser rea lizado em paralelo todo de uma vez e não apresenta efeitos de tamanho da imagem Contudo durante as buscasconjuntas será necessária uma etapa adicional de processamento ou seja durante esse estágio devemse usar os recursosda atenção como uma espécie de cola mental que une duas ou mais características em uma representação de objeto em um dado local Esse processo de atenção só consegue unir as características de um objeto de cada vez Essa etapa deve ser conduzida seqüencialmente unindo cada objeto um por um e dessa forma deverão aparecer os efeitos no tamanho da imagem ou seja um número maior de objetos com características a serem unidas Às vezes as pessoas buscam informações de modo bastante eficaz embora sua atenção esteja dividida E como conseguem isso Uma maneira é por meio de um mecanismo de ini bição Treisman Sato 1990 Neste caso ocorre a inibição ou supressão de características irrelevantes que poderiam distrair o indivíduo de sua capacidade de realizar a busca de um alvo Há alguma sustentação neuropsicológica para o modelo de Treisman Por exemplo os ganhadores do Prêmio Nobel David Hubel e Torsten Wiesel 1979 identificaram detecto res de características neurais específicas que são neurônios corticais que reagem de modo diferenciado a estímulos visuais de posições específicas Exemplos dessas posições seriam vertical horizontal ou diagonal Mais recentemente pesquisadores identificaram mais pro cessos corticais nas várias etapas distintas da integração de características de uma série de tarefas Bachevalier Mishkin 1986 Mishkin Appenzeller 1987 Mishkin Ungerleider Macko 1983 Essas tarefas incluem o reconhecimento e a discriminação visual de objetos Esses pesquisadores observaram que durante a busca visual parece haver atividade neural distinta compreendida na identificação de características de nível relativamente baixo Isto está em contraste com a atividade neural durante a integração e a síntese de características de nível relativamente alto Atualmente sabese que o processamento é mais complexo do que a princípio pensavam Hubel e Wiesel Há processamento paralelo de cor posição mo vimento profundidade e outras catacterísticas Maunsell 1995 Teoria da Semelhança Todavia nem todos concordam com o modelo de Treisman Segundo a teoria da semelhança seus dados podem ser reinterpretados De acordo com esse ponto de vista os dados resultam do fato de que à medida que a semelhança entre o estímuloalvo e o fator de distração aumenta também aumenta a dificuldade de detectar o primeiro Duncan Humphreys 1989 1992 Desse modo os alvos muito semelhantes aos fatores de distração são difíceis de serem detectados Os que são muito diferentes são mais fáceis Por exemplo tente en contrar o círculo preto cheio na Figura 44C O alvo é muito parecido com os fatores de distração quadrados pretos ou círculos brancos sendo muito difícil de ser encontrado De acordo com essa teoria outro fator que facilita a busca de estímulosalvo é a seme lhança uniformidade entre os fatores de distração Duncan Humphreys 1989 Buscar estímulosalvo em um fundo de fatores de distração relativamente uniforme bastante se melhantes é bem fácil mas buscálos em um fundo de fatores de distração altamente di versificados é muito difícil Além disso a dificuldade das tarefas de busca depende do grau de semelhança entre os alvos e os fatores de distração e do grau de disparidade entre es ses fatores mas não do número de características a serem integradas Por exemplo uma das razões pelas quais é mais fácil ler textos longos em letras minúsculas do que em letras maiús culas é que estas tendem a ser mais semelhantes entre si Por sua vez as minúsculas têm mais características de diferenciação Entretanto assim como na letra inicial de uma frase ou de uma palavra em um título as maiúsculassão bem diferentes das minúsculas Para se ter uma idéia de quanto os fatores de distração altamente diferenciados impedem a busca vi sual tente encontrar a letra R maiúscula nos painéis e g na Figura 44D FIGURA 44C Capítulo 4 Atenção e Consciência 131 o o o o o o o 0 o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o 0 o a o o o o o o o o o o o o o o o o o D 0 0 D 0 0 o o o o o 0 o o 0 o o o o o o o o o o 0 0 o o o o o o o 0 o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o 0 o 0 o o o o 0 0 0 0 o o 0 o o o o o o o o o o e No painel e encontre o círculo preto FIGURA 44D Q W E T Y U 1 0 P 1 A S D F G H J K L z X V B N M C l s D Q W E T u 1 0 A S P 1 CFG H J K z N M X V B 1 1 A Q W O P 1 A S D Q w E T Y U 1 Z X V B N M c c F G H J K L s U 1 0 A S P 1 D 0 W E T Z N M X V B c F G H J K l o W í 1 D Q W R E G O P 1 A S D F G H J K L Z X V B N M c 1 s f Nos painéis f e g encomre o R w r k r t a 0 a i d s P t e r h i 0 z X d r u P a s 1 9 q w k 1 t y V b n m c í 1 S A w e y u i z X h V n m c b 1 c f e h J u q z n m X V b í i s A q w 0 P 1 a s d r q f R 1 k g i P q W A S 1 z X w r 1 a d r i k b n s u i 0 a s d r e r i z n m X V b c f 9 h 1 q w k 1 m c f d q s e 9 r 0 P i g V 1 s S h A 9 Além disso algumas conclusões não se adaptam muito bem à teoria de Treisman Por exemplo algumas características como tamanho e cor podem ser unidas com facilidade mesmo sem os processos da atenção A busca dessas características integradas parece ocor rer mais ou menos com a mesma velocidade da busca de características discretas He Nakayama 1992 Nakayama 1990 Por exemplo seria tão fácil fazer uma busca de obje tos com características conjuntas de tamanho e cor quanto uma busca de objetos de apenas uma cor específica Ou então seria fácil tentar encontrar círculos vermelhos grandes estí mulosalvo em contraste com círculos vermelhos pequenos círculos grandes azuis e cír culos pequenos azuis fatores de distração tanto quanto fazerbuscas de círculos vermelhos 132 PsicologiaCognitiva estímulosalvo em contraste com círculos azuis pequenos fatores de distração Dessa forma a dificuldade de busca visual não depende apenas de que as características discretas sejam integradas como também de quais características visuais devem ser integradas em uma determinada busca Teoria da Busca Guiada Em resposta a essas e outras conclusões pesquisadores ofereceram uma alternativa para o modelo de Treisman a que chamaram de busca guiada Cave Wolfe 1990 Segundo esses pesquisadores o modelo de busca guiada sugere que todas as buscas sejam por carac terísticas ou buscas conjuntas e compreendem duas etapas consecutivas A primeira é uma etapa paralela na qual o indivíduo ao mesmo tempo ativa uma representação men tal de todos os alvos potenciais A representação se baseia na ativação simultânea de cada uma das características do alvo Em uma etapa serial posterior o indivíduo avalia seqüen cialmente cada um dos elementos ativos conforme o grau de ativação Em seguida esco lhe os verdadeiros alvos a partir dos elementos ativados De acotdo com este modelo o processo de ativação da etapa inicial paralela ajuda a guiar o processo de avaliação e se leção da segunda etapa serial da busca Vejamos então como a busca guiada pode funcionar Tente encontrar os círculosbran cos no painel h da Figura 44E Neste caso os alvos são todos círculos brancos e os fatores de distração são todos quadrados pretos Deste modo temos uma busca de características Assim sendo a etapa paralela irá ativar todos os círculos mas não ativará quadrado algum Portanto a etapa serial rapidamente terá condições de selecionar todos os alvos Entretanto observe o painel i da Figura 44E Tente encontrar o círculo preto Os fatores de distração incluem quadrados brancos círculos brancos e quadrados pretos Dessa forma o estágio pa ralelo irá ativar um mapa mental para o alvo do círculo preto Essa é a prioridade máxima de ativação por causa da conjunção de características Para o fator de distração ele irá ati var os quadrados pretos e os círculos brancos que não foram tão ativados Então irá descar tálos como fatotes de distração O modelo de busca guiada de Cave e Wolfe prevê que algumas buscas conjuntas são mais fáceis que outras Particularmente as que compreendem mais itens com características seme lhantes àquelas do alvo são mais fáceis do que as que compreendem menos itens com carac terísticas semelhantes às do alvo Esses pesquisadores encontraram sustentação para seu modelo criando para ele simulações em computador A seguir compararam o desempenho das simulações com o desempenho real dos participantes que realizam buscas Na maioria das circunstâncias as simulações de seu modelo produziram resultados muito semelhantes aos dos participantes reais Considerações Finais Supondo que se conheça de antemão a área geral na qual se espera que um estímulo seja localizado Neste caso podese encontrar o estímulo com muito mais facilidade Posner Snyder Davidson 1980 Por exemplo considere o painel j da Figura 44F Uma vez que se detecta o padrão espacial com relação a onde esperar o estímuloalvo a busca se torna mais fácil O conhecimento anterior também influencia a capacidade para usar várias estratégias de buscas conjuntas Por exemplo para a maioria das pessoas com mais de 7 anos será relativamente fácil encontrar as ocorrências das letras a e p no painel kda Figura 44F Da mesma forma qualquer um que tenha experiência em datilografar sem olhar as teclas consegue encontrar facilmente as ocorrências dessas letras no painel 1da Figura 44F Em ambos os casos o conhecimento anterior pode facilitar a busca visual FIGURA 44E h Capítulo4 Atenção e Consciência 133 aoaaoBOBOBOBaaoB ODOBOOOBODOBOOOB OBOOBOBDBOBOBDBO BOBBDBOBOBBBOBOB QBOOBDBOBOBOBOBB BOBBdOOBOBOBOBaO OBDBBBOBODBOBOBD OOBBDBOBOBDBOBOB BÜBOBOBDBOBOBDBO BBOBDBOBOBDBOBOB BOBOBOBDBODOBDBO OaBBOBOBDBOBOBDB BOBOBDBOBOBDBOBO OOBBOBDBOBOBDBOB BOBDBOBOBaBOBOBD aBODBOBOBDBOBOBD I Nopainel h encontre oscírculos Í7rancos vazios e nopainel f encontre o círculo preto FIGURA 44F X X X X X X X X X X 0 X X X X X F F F F F F F F F F E F F F F F t t t t t l l t t t t t t E E E E E E E E E E F E E E E E 8 B B B B B B B B B R B B B B B 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 i 1 1 1 1 1 G G G G G G G G G G C G G G G G O OO 0OO O a b c d a f g h i j k 1 m n 0 P q r 3 t u V w X y z a b c d e f o h i i k 1 m n 0 p q r 1 u V w X 7 a b c d e f q h i 1 k 1 m n 0 P q r s t u V w X y z a o k 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 q w e r t y u 1 0 p a s d f g h i k 1 z X c V b n m 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 q w e r 1 y U i 0 P a s d 1 9 h i k 1 z X c V b n m I No painel j encontre oestímulo desviante de cada subconjunto Nos painéis k e l encontre todos os casos das letras p e a Atenção Seletiva e Atenção Dividida Paradigmas Básicos para o Estudo da Atenção Seletiva Suponha que você esteja em um jantar e por falta de sorte está sentado ao lado de um vendedor que trabalha com mais de 110 marcas de aspiradores de pó cujos méritos ele descreve em um grau torturante de detalhes Enquanto escuta esse tagarela à sua direita 134 Psicologia Cognitiva você nota a conversa que ocorre entre duas pessoasà sua esquerda muito mais interessante com informações quentíssimãsa respeito de um conhecido seu que você não tinha conhe cimento Você se vê tentando manter a aparência de uma conversa com o tagarela à sua direita mas também está sintonizado com o diálogo emandamento à sua esquerda O caso anterior descreve umexperimento naturalista com atençãoseletiva inspirado nas pesquisas de Colin Cherry 1953 Cherry se referiu a esse fenômeno como o pro blema do coquetel o processo deacompanhar uma conversa com adistração deoutras Ele observou que oscoquetéis são lugares nos quais a atençãoseletiva sedestaca O fato ante rior é um bom exemplo disso Cherry na verdade não freqüentava coquetéis para estudar conversas mas estudou a atenção seletiva em um ambiente experimental mais cuidadosamente controlado e criou uma tarefa conhecida como sombreamento Nosombreamento escutamse duas passagens di ferentes e devese repetir apenas uma delas o mais rápido possível logo após ouvila Em ou tras palavras devese seguir a mensagem como odetetive que é asombra deum suspeito mas devese ignorar a outra Para alguns participantes ele usou a apresentação binaural mostrando as mesmas duas passagens ou às vezes uma só passagem aos dois ouvidos simul taneamente Para outros usou a apresentação dicótica com uma mensagem diferente em cada ouvido A Figuta 45 ilustra como essas tarefas deescuta podem ser apresentadas Os participantes de Cherry acharam quase impossível acompanhar apenas uma das mensagens durante a apresentação binaural de duas mensagens distintas É como se ao ptestar atenção a uma coisa a atenção fosse desviada da outra Desimone Duncan 1995 Duncan 1996 Seus participantes conduziram o sombreamento com muito mais eficácia em mensagens distintas de tarefas de escuta dicótica Em taistarefas eles geralmente con duziram o sombreamento com tazoável precisão Durante a escuta dicótica etam capazes de observar mudanças físicas e sensoriais na mensagem a que nãoestavam prestando atenção porexemplo quando a mensagem eraalterada paraum tomdiferente ouquando a voz mu davade masculina parafeminina Contudo não notavam mudanças semânticas nas men sagens em que não prestavam atenção e deixavam de notar mesmo quando ela mudava o idioma por exemplo do inglês parao alemão ou era tocada de trás parafrente Inversa mente cerca de um terço das pessoas sempre que seu nome se apresenta nessas situações irão direcionar a atenção para o próprio nome Alguns pesquisadores perceberam que FIGURA 45 Na cesta de piquenique havia creme de amendoim livro folha telhado amostra sempre Ouvido com sombreamento Na cesta de piquenique havia creme de amendoim sanduíches e bolinhos de chocolate Gato grande dia maçã amigo tudo seleção Sanduíches e bolinhos de chocolate Ouvido sem atenção Colin Cherry descobriu que aatenção seletiva era muito mais fácil durante aapresentação dicótica do que durante a apresentação binaural demensagens diferentes Capítulo4 Atenção e Consciência 135 aquelas pessoas que ouviramo nomedurante a apresentação de uma mensagem na qual não estavamprestando atenção tendem a apresentarcapacidade limitadade memória de traba lho Consequentemente se distraem facilmente Conway Cowan Bunting 2001 As crianças também desviama atenção para uma das duas mensagens quando seu nome é fa lado Newman 2005 Imagine que você esteja em uma festa ou em um restaurante barulhento Trêsfatores o auxiliam a prestar atenção seletivamente em apenas uma mensagem da pessoa que você desejaouvir O primeirofator referese às características sensoriais específicas da fala dessa pessoa como o tom agudo ou grave da voz a velocidade e o ritmodo discurso O segundo é a intensidade do som volume o terceiro é a localização da fonte do som Brungard Simpson 2007 Prestar atençãoa propriedades físicas da voz da pessoaalvo tem suas van tagens ou seja conseguese evitar a distração peloconteúdo semântico das mensagens das pessoas próximas quenãosãoalvos Evidentemente a intensidade dosom da primeira tam bém ajuda Além disso você provavelmente poderá usar de maneira intuitiva uma estra tégia para localizar sons o que transforma uma tarefa binaural em dicótica Você vira um ouvido paraa pessoaalvo e o outro para o outro lado Observe que esse método não ofe rece intensidade de som total maior pois com um ouvido próximo a quem está falando o outro fica mais distante A grande vantagemaqui é a diferençano volume que permite lo calizar a fonte do somalvo Teorias de Atenção Seletiva do Filtro e do Gargalo Os modelos de atenção seletiva podem ser de vários e diferentes tipos Bundesen 1996 2000 Logan 1996 e diferenciamse em dois aspectos Em primeiro lugar têm um filtro distinto para informações recebidas Em segundo lugar se têm onde no processamento da informação ocorre esse filtro Pashler 1998 O modelo de Broadbent Segundo uma das primeiras teorias da atenção filtrase a informação imediatamente após registrála em nível sensorial Broadbent 1958 Figura 46 Na opinião de Broadbent múltiplos canais de entrada de dados sensoriais chegam até o filtro da atenção que só permite que um deles passe para chegar aos processos da percepção Desse modo seconfere sentido às sensações Além dos estímulosalvo estímulos com características sensoriais distintas poderão passar pelo sistema de atenção como a diferença na tonalidade ou no volume do som e dessa forma atingem níveis mais elevados de processamento como a percepção Entretanto outros estímulos serão eliminados por filtragem no nível sensorial e poderão nunca passar pelo filtro de atenção para chegar ao nível da percepção A teoria de Broadbent foi sustentada pelas descobertasde Colin Cherry de que a informaçãosenso rial pode ser percebida por um ouvido que não está prestando atenção Entreos exemplos desse tipo de material estariam vozes masculinas versus femininas ou sinais sonoros versus palavras Por outro lado informações que demandam processos de percepção superiores não são observadas por esse ouvido Por exemplo palavras em inglês versus alemão ou mesmo palavras apresentadas de trás para frente Modelo do Filtro Seletivo de Moray Não muito tempo depois da teoria de Broadbent evidências surgiram indicando que seu modelo deveria estar errado por exemplo Gray Wedderburn 1960 Em primeiro lugar um pesquisador concluiu que mesmo quando os participantes ignoravam a maioria dos outros aspectos de alto nível por exemplo semânticos de uma mensagem à qual não pres tavam atenção eles ainda reconheciam seus próprios nomes com o ouvido negligenciado 136 Psicologia Cognitiva FIGURA 46 Broadbent Treisman CTJ O Q CD LU Ü UJ CL W O O Registro sensorial Registro sensorial Filtro seletivo Controle de atenuação Controle de processos Memória de curto prazo R E S P O s T A Vários mecanismos jáforam propostos sugerindo o meio pelo qual a informação sensorial passa pelo sistema deaten çãopara chegar aosprocessos depercepção dealto nível Moray 1959 Moray sugeriu que o motivo para esse efeito é que mensagens poderosas e altamente destacadaspodem rompero filtro de atenção seletiva masoutras podem não pas sar por ele Para modificar a metáfora de Broadbent podese dizer que conforme Moray o filtro seletivo bloqueia a informação no nível sensorial mas algumas mensagens muito des tacadas são tão poderosas que também passam pelo mecanismo de filtragem Modelo de Atenuação de Treisman Enquanto um participante está sombreando uma mensagem coerente em um ouvido e igno rando uma mensagem no outro ouvido algo interessante ocorre Se a mensagem no ouvido que está atento é trocada para o outro os participantes captarão as primeiras poucas palavras da mensagem antiga no novo ouvido Treisman 1960 Esta descoberta sugere que o con texto irá levar os participantes a sombrearemuma mensagem que deveria ser ignorada Além disso se a mensagem era idêntica àquela a que prestavam atenção todos os parti cipantes a notaram mesmo quando uma das mensagens estava ligeiramente fora de sincronia temporal com a outra Treisman 1964a 1964b Geralmente os participantes reconheceram que as duas mensagens eram iguais mesmoquando a mensagem sombreadaestavaaté 45se gundos na frente da outraTambém a reconheceram quandoumaestavaaté 15 segundo atrás da outra à qual não prestavam atenção Treisman observou também participantes bilíngües em nível fluente Algunsperceberam a identidade dasmensagens sempre que a segunda era a tradução da primeira A alteração de Moray no mecanismo de filtragem de Broadbent foi claramente insufi ciente para explicar as conclusõesde Treisman 1960 1964a 1964b Suas descobertas indica rama Treisman que pelomenos alguma informação sobre ossinais aosquais não se prestava Capítulo 4 Atenção e Consciência 137 atenção estava sendo analisada Treisman também interpretou as descobertas de Moray como uma indicação de que deveria estar ocorrendo algum processamento de alto nível da informa ção que chega ao ouvido que não estava prestando atenção caso contrário os participantes não reconheceriam ossons conhecidos para se conscientizarem de que elesestavam sendo des tacados Ou seja a informação recebida não pode ser eliminada no nível da sensação Caso o fosse nunca se perceberia a mensagem para reconhecer seu destaque Com base nessas descobertas Treismanpropôsuma teoria da atenção seletivaque com preende um tipo diferente de filtragem É bom lembrar que a teoria do filtro de Broadbent funciona para bloquear os estímulos que não sejam alvos Entretanto na teoria de Treisman o mecanismo simplesmente atenua diminui a força esses estímulos Para estímulos mais for tes os efeitos da atenuação não são suficientemente fortes para impedir que penetrem no me canismo de enfraquecimento de sinais A Figura 46 ilustra o mecanismo de atenuação de sinais de Treisman Segundo Treisman a atenção seletiva compreende três etapas Na primeira analisamse antes da atenção as propriedades físicas de um estímulo como volume intensidade de som e tom relacionado à freqüência das ondas sonoras Este processo préatencional se faz em paralelo simultaneamente em todos os estímulos sensoriais recebidos Para estímu los que apresentam propriedadesalvo passase o sinal adiante para a próxima etapa Para os que não apresentam essas propriedades passase apenas uma versão mais fraca do estí mulo Na segunda etapa analisase se um determinado estímulo tem um padrão como fala ou música Para estímulos que apresentam o padrãoalvo passase o sinal adiante para a próximaetapa Para os que não apresentam padrãoalvo passase apenas uma versão enfra quecida Na terceira etapa concentrase a atenção nos estímulos que chegam lá Ava liamse seqüencialmente as mensagens recebidas e atribuemse sentido às mensagens de estímulos selecionadas Modelo do Filtro Posterior de Deutsch e Deutsch Considere uma alternativa para a teoria de atenuação de Treisman Ela simplesmente muda a localizaçãodo filtro bloqueador de sinais que sucedem ao invés de precederem pelo menos algum processamento da percepção necessário ao reconhecimento do sentido nos estímulos Nessa visão o filtro bloqueadorde sinais ocorre em momento posterior ao processo produ zindo seus efeitos após a análise sensorial Desse modo ele ocorre após alguma análise per ceptiva e conceituai dos dados recebidos Deutsch Deutsch 1963 Notman 1968 Figura 47 Essa filtragem posterior permitiu que as pessoas reconhecessem informações que che gam ao ouvido que não está prestando atenção Por exemplo é possível reconhecer os pró prios nomes ou uma tradução de dados recebidos à qual estejam prestando atenção no caso de pessoas bilíngües Se a informação não gerar percepção as pessoas irão descartála no mecanismo de filtragem apresentado na Figura 47 Caso contrário como acontece com o som de um nome importante as pessoas prestarão atenção a ele Observe que os propo nentes dos mecanismos de filtragem anterior e posterior propõem que existe um gargalode atenção no qual apenas uma fonte de informação conseguepassar Os dois modelos diferem apenas sobre suas hipóteses quanto à localização do gargalo A Teoria Multimodal A teoria multimodal Johnston Heinz 1978 propõe que a atenção é flexível A seleçãode uma mensagem em detrimento de outra pode ser feita em qualquer um dos vários pontos diferentes no decorrer do processamentodas informações Segundo essa teoria o processa mento ocorre em três etapas Na primeira etapa o indivíduo constrói representações senso riais dos estímulosNa segunda constrói representações semânticas Nenhuma dessasetapas é completamente consciente Na terceira etapa as representações das etapas 2 e 3 se tornam 138 Psicologia Cognitiva FIGURA 47 Registro sensorial Processos 3erceptuaís Filtro seletivo Memória de curto prazo R E E N S P Deutsch T Deutsch R Norman O s Lí A T A De acordo com alguns psicólogos os mecanismos defiltragem deatenção sucedem emvezdeprecederem osprocessos perceptuaispreliminares conscientes A seleção anterior Broadbent estaria associada à primeira etapa ao passo que a seleção posterior estaria ligada à terceira etapa A dificuldade de uma tarefa que exija sele ção depende em parte de onde ocorre a seleção A etapa postetior requer mais esforço do que a anterior A Sintese de Neisser Em 1967 Ulric Neisser sintetizou os modelos de filtro anterior e posterior de um modo diferente de Johnston e Heinz 1978 propondo que há dois tipos de processos que co mandam a atenção os processos préatencionais e os processos atencionais Os processos automáticos préatencionais são rápidos e ocorrem em paralelo podem ser usados para observar apenas características sensoriais físicasda mensagem à qual não se presta atenção porém não discernem sentido ou relacionamentos Os processos atencionais controlados ocorrem mais tarde Eles são executados em série e consomem recursos de tempo e atenção como a memória de trabalho Também podem ser usados para observar relações entre ca racterísticas servindo para sintetizar fragmentos em uma representação mental de um objeto Trabalhos mais recentes sobre atenção partem da distinção de Neisser entre pro cessos préatencionais e atencionais concentrandose apenas nos aspectos da atenção controlados conscientemente Cowan 1995 Considere uma visão diferente dos dois processos McCann Johnston 1992 Segundo esses pesquisadores a análise física dos dados sensoriais ocorre continuamente mas a aná lise semântica dos estímulos acontece apenas quando a capacidade cognitiva na forma de memória de trabalho não está sobrecarregada a capacidade também deve ser suficiente para permitir essa análise As evidências que sustentam essa posição são o fato de que as pessoas apresentam temposde reação muito menoresquando respondem a estímulos fisicamente dis crimináveis do que aos semanticamente discrimináveis Um modelo em dois passosde algum tipo poderia explicar os dados de Cherry Moray e Treisman As evidências de processos totalmente automáticos versus os totalmente contro lados também parecem sustentar esse modelo Os processos automáticos podem ser coman dados apenas pelo primeiro passo do processamento da atenção Os processos controlados também podem ser comandados pelo segundo dos dois passos O modelo também incorpora aspectos da teoria da atenção de sinais de Treisman e da sua teoria subsequente da integração de características Segundo essa teoria os processosdistintos de detecção de características e Capítulo 4 Atenção e Consciência 139 de integração de características ocorrem durante as buscas Novamente o processo de detec ção de características de Treisman pode ser relacionado ao primeiro dos dois processos isto é processamento mais lento e controlado Infelizmente porém o modelo de dois passos não ex plica bem o contínuo de processos que vai desde os totalmente automáticos até os totalmente controlados E bom lembrar por exemplo que os processos totalmente controlados parecem ser ao menos em parte automatizados Spelke Hirst Neisser 1976 Como o modelo de dois processos explica a automatização de processos em fenômenos de atenção dividida Por exem plo como se pode ler em busca de compreensão ao mesmo tempo em que se escrevem pala vras ditadas e categorizadas Teorias de Atenção Seletiva Baseadas em Recursos de Atenção Teorias mais recentes distanciamse distanciam da noção de bloqueio de sinais ou dos filtros atenuadores de sinais aproximandose da idéia de alocação de recursos limitados de atenção As teorias dos recursos de atenção ajudam a explicar como é possível realizar mais de uma tarefa que demande atenção ao mesmo tempo Ela propõe que as pessoas têm uma quanti dade fixa de atenção que podem escolher alocar segundo o que a tarefa exige A Figura 48 mostra dois exemplos dessas teorias No painel a o sistema tem um conjunto único de recursos que pode ser dividido digamos em múltiplas tarefas Kahneman 1973 Contudo agora parece que esse modelo representa uma supersimplificação As pessoas são muito melhores na divisão de sua atenção quando as tarefas concorrentes pertencem a diferentes tipos sensoriais Pelo menos alguns recursos de atenção podem ser específicos da modalidade na qual a tarefa é apresentada Por exemplo a maioria das pessoas pode facil mente ouvir música e redigir mas é mais difícil escutar um programa de notícias no rádio e concentrarse em escrever ao mesmo tempo Isso ocorre porque ambas são tarefas verbais As palavras do noticiário interferem nas palavras sobre as quais o indivíduo está pensando Da mesma forma duas tarefas visuais têm mais probabilidade de interferir uma na outra do que uma tarefa visual ligada a uma auditiva O painel b da Figura 48 apresenta um FIGURA 48 Recursos mentais disponíveis Estímulos recebidos Alocados à tarefa os L Possíveis atividades selecionadas Respostas reais a Recursos mentais disponíveis Estímulos recebidos Modalidadeí Respostas reais b Os recursos deatenção podem compreender umúnico conjunto ou múltiplos conjuntos específicos para cada modali dade Embora já tenha sido criticada por suaimprecisão a teoria dos recursos deatenção parece complementar as teo rias dos filtros naexplicação dealguns aspectos daatenção 140 Psicologia Cognitiva modelo que permite que os recursos de atenção sejam específicosde uma modalidade Na von Gopher 1979 Para alguém que tenta escrever enquanto ouve música o uso de dois re cursos atencionais diferentes e específicos provavelmente não representaria dificuldades sérias de atenção Um exemplo seria auditivo para a música e escrito para o visual A teoria dos recursos de atenção já foi seriamente criticada por ser ampla e vaga demais por exemplo S Yantis comunicação pessoal dezembro de 1994 Na verdade ela pode não dar conta sozinha de explicar os aspectos da atenção mas complementa as teorias dos filtros muito bem As teorias dos filtros e gargalos da atenção parecem ser metáforas mais adequa das para tarefas concorrentes que possam ser incompatíveis em termos de atenção como as de atenção seletiva ou de atenção simples dividida compreendendo o efeito chamado Período Refratário Psicológico PRP Pashler 1994 Para esses tipos de tarefas parece que alguns processos préatencionais podem ocorrer de forma simultânea mas os processos que reque rem atenção devem ser tratados seqüencialmente comove passassem um a um pelo gargalo de atenção Contudo a teoria dos recursos parece ser uma metáfora melhor para explicar os fenôme nos de atenção dividida em tarefas complexas Nessas podemse observar os efeitos da ptá tica Segundo essametáfora à medida que as tarefas complexas tornamse mais automatizadas o desempenho em cada uma delas exige menos dos recursoslimitados da atenção Além disso para explicar fenômenos relacionados à busca as teorias específicas sobre o tema como os modelos que propõem a busca guiada Cave Wolfe 1990 ou similaridade Duncan Hum phreys 1989 parecem ter maior poder explicativo do que as teorias dos filtros ou recursos Entretanto esses dois tipos de teorias não são totalmente incompatíveis Embora as descober tas da pesquisa sobre a busca visual não entrem em conflito com as teorias dos filtros ou com as dos recursos as teorias específicas das tarefas descrevem mais especificamente os processos em andamento durante a busca visual Considerações Adicionais sobre a Atenção Seletiva O Papel das Variáveis de Tarefa Situação e Pessoa Os modelos teóricos existentes podem ser simples ou mecânicos demais para explicar as complexidades da atenção Por exemplo já foi demonsttado que tanto a ansiedade baseada em traços uma característica de personalidade quanto a ansiedade relacionada à situação afetam a atenção Eysenck Byrne 1992 Eysenck Calvo 1992 Eysenck Graydon 1989 Os dois tipos de ansiedade tendem a restringir a atenção Outras considerações também entram em jogo Uma delas é a excitação geral O indivíduo pode estar cansado tonto ou drogado o que pode limitar a atenção Estando excitado por vezes pode aumentála Uma segunda consideração é o interesse específico em uma tarefaalvo e em um estímulo com a falta de interesse nos fatores de distração Uma terceira é a natureza da tarefa que por exemplo pode ser muito difícil complexa ou nova Essas tarefas exigem mais recursos de atenção do que as fáceis simples e bastante conhecidas A dificuldade da tarefa influencia particular mente o desempenho durante a atenção dividida Uma quarta consideração é a quantidade de prática no desempenho de uma determinada tarefa ou de um conjunto delas o que está relacionado à habilidade no uso de recursos de atenção para essas tarefas Mais prática e habilidade aumentam a atenção Spelke Hirst Neisser 1976 Uma quinta consideração é a etapa de processamento na qual a atenção é necessária Essa etapa pode ocorrer antes du rante e após algum grau de processamento petceptual Em suma alguns processos de atenção ocorrem fora da consciência do indivíduo Ou tros estão sujeitos ao controle consciente O estudo psicológico da atenção tem incluído di versos fenômenos entte eles vigilância busca atenção seletiva e atenção dividida durante o desempenho de múltiplas tarefas Para explicar essa diversidade de fenômenos de atenção Capítulo 4 Atenção e Consciência 141 as teorias atuais enfatizam que um mecanismo de filtragem parece comandar alguns aspec tos da atenção Os recursos de atenção limitados de modalidades específicas parecem in fluenciar outros aspectos da atenção Na realidade as descobertas da pesquisa cognitiva proporcionaram muitos conhecimentos sobre a atenção mas também se obtiveram outros conhecimentos por meio do estudodos processos de atenção no cérebro O Efeito Stroop Grande parte da pesquisa sobre atenção seletiva concentrase no processamento auditivo mas ela também podeser estudadapor meiodo processamento visual Uma dastarefas mais utilizadas com esse propósitofoi formulada porJohn Ridley Stroop 1935 O efeitoStroop leva seu nome O efeito Stroopdemonstra a dificuldade psicológica de prestar atenção à corda tinta e tentar ignorar a palavra queestá impressa coma tinta daquela cor Umaexplicação parao fato de o teste de Stroop ser particularmente difícil é que para você e para a maioria dos adultos ler já é um processo automático não estandoprontamente sujeito ao seu controle consciente MacLeod 1991 1996 Por este motivo você achará difícil deixar de ler inten cionalmente e ao invés disso concentrarse na identificação da cor da tinta desconside randoa palavra impressa na cordaquela tinta Umaexplicação alternativa é quea saída de uma resposta ocorrequando os caminhos mentais para a produção da resposta são suficien temente ativados MacLeod 1991 No teste de Stroop a palavra colorida ativa uma via cortical pata dizêla Porsua vez o nome da cor ativa uma via para dar nome à cor mas o primeiro interfere no segundo Nessa situação leva mais tempo para se juntarforça de ati vação suficiente para produzir a resposta dedar nome à core não a resposta de ler o nome da cor Existem variações do efeito Stroop como o Stroop numerai o Stroop direcional o Stroop animal e o Stroop emocional Essas tarefas sãobastante semelhantes aoefeito Stroop padrão Por exemplo noStroop numerai são usadas palavras numerais Dessa forma a pala vradois pode serescrita três vezes dois dois dois e o participante sersolicitado a contaro nú mero de palavras Assim como na tarefa Stroop padrão ler às vezes interfere com a tarefa de contar Girelli etal 2001Kaufmann Nuerk 2006 Uma das variações maisutilizadas é o Stroop emocional Nessa tarefa a tarefa básica é modificada para que as palavras coloridas sejam substituídas oupor palavras emocionais ou neutras Os participantes devem dar nome às cores das palavras Os pesquisadores acham quehá um atraso maior na tarefa de nomear as com palavras emocionais emcomparação com palavras neutras Esses resultados sugerem que a leitura automática de palavras emocionais causa mais interferência doque a leitura de palavras neutras Borkenau Mauer 2006 Larsen Mercer Balota 2006 Phaf Kan 2007 Thomas Johnstone Gonsalvez 2007 Atenção Dividida Nadetecção desinais e naatenção seletiva osistema deatenção deve coordenar uma busca pela presença simultânea demuitas características Esta éuma tarefa relativamente simples talvez atéfácil No entanto algumas vezes o sistema de atençãodeve desempenhar duas ou maistarefas diferentes ao mesmo tempo Os primeiros trabalhos nessa área foram realizados por UlricNeisser e Robert Becklen 1975que fizeram com que osparticipantes assistissem a um vídeo no quala apresentação de uma atividade erasuperposta à de outra A primeira atividade era um jogo de basquete para três pessoas a segunda duas pessoas brincando de bater palmas No início a tarefa era simplesmente observar uma atividade e ignorar a outra O participante apertava um botão sempre que ocorressem eventos importantes naatividade à qual prestava atenção Defato a primeira tarefa exigia apenas atençãoseletiva 142 Psicologia Cognitiva Entretanto depois disso os dois pesquisadores pediram que os participantes prestassem atenção a ambas as atividades ao mesmo tempo sinalizando os eventos importantes em cada uma delas Mesmo quando os pesquisadores apresentaram as duas atividades dicoticamente isto é não em um único campo visual mas com uma atividade sendo observada em uma meta do campo visual e outra em outro hemicampo os participantes tiveramgrande dificul dade pararealizar asduas tarefas ao mesmo tempo A hipótese deNeisser e Becklen é deque as melhorias no desempenho iriam ocorrer como conseqüência da prática e que além disso o desempenho de múltiplas tarefas baseavase em habilidades conseqüentes da prática Eles acreditavam que o desempenho não se fundamentava em mecanismos cognitivos especiais No ano seguinte pesquisadores usaramum paradigma de tarefadupla para estudara aten ção dividida durante a realização simultâneade duas atividades Spelke Hirst Neisser 1976 O paradigma de tarefa dupla compreende duas tarefas A e B e três condições somente Ta refa A somente Tarefa B Tarefas A e B A idéia era de que os pesquisadores comparariam a latência tempo de resposta e a precisão do desempenho em cada uma das trêscondições E claro que latências mais altas significam respostas mais lentas Pesquisas anteriores haviam mostrado que a velocidade e a precisão do desempenho simultâneo de duas tarefas eram bas tante baixaspara o desempenhosimultâneode doisprocessos controlados Há casosrarosnos quaisaspessoas demonstramaltosníveis de velocidade e precisão para o desempenhosimultâ neode duas tarefas Nesses casos pelo menos umadelas em geral compreende processamento automático e normalmente ambas compreendem esse processamento Como era esperado o desempenho inicial foi de fato bastante baixo para as duas tare fas controladas que eles escolheram as quais eram ler em busca de compreensão detalhada e escreverpalavrasditadas Entretanto Spelke e seuscolaboradores fizeram com que os par ticipantes de seu estudo continuassem a realizaressas tarefas cinco dias por semana durante várias semanas 85 sessões ao todo Para surpresa geral com prática suficiente o desempe nho dos participantes melhorou em ambas as tarefas Eles apresentaram melhoria na veloci dade de leitura e precisão na compreensão da leitura medidas por testes de compreensão Também demonstraram aumento na memória de reconhecimento para palavras que haviam escrito durante o ditado Com o tempo o desempenho dos participantes em ambas as tare fas atingiu os mesmos níveis que os participantes haviam demonstrado anteriormente para cada tarefa isolada Emseguida osautoresintroduziramsublistas de palavrasrelacionadas dentro das listascom pletas do ditado Entreosexemplos estariamsublistas queformavam umasentençaou rimavam Pediram aos participantes que relatassem quaisquer palavras que houvessem sido ditadas ou qualquer propriedade geral da lista específica de quese recordassem A princípio os participan tes se lembravam de muito poucas palavras e de nenhum relacionamento entte qualquer uma delas Contudo após a prática repetida notavam que as palavrasse relacionavamde várias ma neiras Uma delas foi por categorias hierárquicas outra foi pelarimadossons Uma terceira foi por meio de seqüências de palavras que formavam sentenças e uma quarta foi pelas partes do discurso que incluíam classes gramaticais taiscomoverbos e substantivos plurais Além disso o desempenho simultâneo de umditadomais complexo inicialmente levou a umaqueda node sempenho da tarefa de compreensão da leitura Com a continuidade da prática o desempenho naquela tarefa retornou de imediato aos níveis elevados anteriores A seguir osautores modificaram a tarefado ditado de palavras Agora os participantes às vezes escreviam as palavras ditadase outras vezes a categoria correta à qual as palavras ditadas pertenciam por exemplo animais versus mobília Ao mesmo tempo ainda realiza vam a tarefa de compreensão da leitura Assim como em alterações anteriores o desempe nho inicial nas duas tarefas caiu mas voltou aos níveis mais altos após a prática Spelke e seus colaboradores sugeriram que essas conclusões demonstravam que as tarefas controladas Capítulo4 Atençãoe Consciência 143 podem serautomatizadas de forma a consumir menos recursos de atenção Além disso duas tarefas controladas diferentes podem ser automatizadas para funcionar em conjunto como uma unidade Esses autoresadmitiram que as tarefas por um lado não se tornavam comple tamente automáticas Por exemplo elas continuavam a ser intencionais e conscientes além de compreenderem níveis relativamente altos de processamento cognitivo Uma abordagem completamente diferente para o estudo da atençãodividida se concen tra em tarefasextremamente simples que demandam respostas rápidas Sempreque aspessoas tentam realizar duas tarefas rápidas sobrepostas as respostas para uma delas ou para ambas quase sempre são mais lentas Pashler 1994 Quandouma segunda tarefa começa emseguida ao iníciode outta a velocidade do desempenho muitasvezes diminui como resultado do en gajamento simultâneo em tarefas aceleradas chamado de efeito PRP conforme mencionado anteriormente neste capítulo As conclusões dosestudoscom PRP indicamque aspessoas po dem acomodarcom bastante facilidade o processamento perceptualde propriedades físicas de estímulos sensoriais enquanto realizam uma segunda tarefa acelerada Pashler 1994 Entre tanto não conseguem acomodar de imediato mais de uma tarefacognitiva que lhes exija es colher uma resposta acessar informações na memória ou realizar várias outras operações cognitivas Quando as duas tarefas requerem a realização de qualquer uma dessas opera ções cognitivas umaou ambas as tarefas apresentarão o efeito PRP Considere dirigirum carro Epreciso por exemplo estar constantementealertacom re lação a ameaças à segurança do indivíduo Suponhaquevocê deixe de identificar uma des sas ameaças como um carro que passa o sinalvermelho e vem diretamente na suadireção enquanto você entta em um cruzamento O resultado é que vocêpode tornarse umavítima inocente de um terrível acidente Mais do que isso se não conseguir dividir sua atenção você pode causar um acidente A maioria dos acidentes de carro é causada por falhas na atenção dividida Um estudo a respeito de 2700 acidentes automobilísticos ocotridos no es tado da Virgínia nos EUA entre junho e novembro de 2002 investigou as causas dos aci dentes Warner 2004 Segundo esse estudo curiosidade olhar para destroços de acidentes ocorridos foi a causa de 16 dos acidentes seguida de cansaço do motorista 12 olhar a paisagem oulugares importantes 10 distrações causadas porpassageiros oucrianças 9 mexer no rádio tocafitas ou tocacd 7 e uso do telefone celular 5 Em média as dis trações ocorridas dentrodo veículo foram responsáveis por62 do total de ocotrências As distrações ocorridas fora do veículo chegaram a 35 e os outros 3 foram porcausas inde terminadas As causas dos acidentes diferem um pouco entre áreas urbanas e rurais e os aci dentes nas áreas rurais tinham maior probabilidade de ocorrer por causa da fadiga do motorista ou insetos entrando ou batendo no veículo ou ainda distrações causadas por ani mais de estimação Nas áreas urbanas os acidentes foram devidos a distrações com outros acidentes tráfegocarregado ou pelo uso do telefonecelular Em tetmos gerais um estudo su geriu que o telefone celularé de certa forma menos responsável por acidentes doque aspes soas esperavam Cohen Graham 2003 Uma média de 21 dos acidentes ou de quaseacidentes está relacionada ao motorista que fala ao celulat embora a conversa possa ou não ter causado o acidente Seo Torabi 2004 Outra pesquisa apontou que sempre que o tempo da tarefa e ascondições paradiri girsãocontroladas os efeitos de se falarao celular são tão prejudiciais ao motorista quanto situações em que sedirige embriagado Strayer Drews Crouch 2006 Outra pesquisa de monstrou que comparadas às pessoas que não estão ao telefone celular pessoas falando ao celulardemonstram mais raiva por meio de suas expressões faciais e buzinam mais quando se deparam com uma situação de frustração McGarva Ramsey Shear 2006 Um acrés cimo na agressividade está associado ao aumento no númerode acidentes Deffenbacher et ai 2003 Assim sendo é provável que as pessoas que falam ao telefone enquanto dirigem 144 PsicologiaCognitiva têm tendência à raiva e consequentemente podem causar mais acidentes Esses resultados juntamente com aqueles sobre os efeitos da atenção dividida contribuem para explicar o aumento de acidentes quando o telefone celular está envolvido Há muitas maneiras de estudar a atenção dividida Egeth 2000 Luck et ai 1996 Moore Egeth 1997Pashler 1998 PashlerJohnston 1998Van der Heijden 1992 Uma das mais simplescomeça com o conjunto de expetiências cotidianas do próprio indivíduo Um paradigmabastante utilizadorecorre à simulaçãoda situação de dirigir StrayerJohns ton 2001 Os pesquisadores fizeram com que os participantes realizassem uma tarefa em que tinham controle de umjoystick que movimentava um cursorem uma tela de computa dor Eles deveriam mantet o cursor em posição sobre um alvo em movimento Em vários momentos o alvo piscaria verde ou vermelho Se a cor fosse verde os participantes deve tiam ignoraro sinal masse fosse vermelhodeveriampuxar um freio simulado que era um botão no joystick Em uma condição os participantes realizaram a tateia sozinhos Em outra estavam en gajados em uma segunda tarefa Este procedimento criou uma situação de tarefa dupla Os participantes ouviam uma transmissão de rádio enquanto realizavam a tarefa ou falavam ao telefone celular com um companheiro de experimento Eles falavam cerca de metade do tempo e também escutavam aproximadamente metade do tempo Dois tópicos diferentes foram usados para garantir que os resultados não se devessem ao tópico da conversa Os re sultados do estudo são aptesentados na Figura 49 Como mostra a Figura 49 a probabilidade de uma falha em razão de um sinal vermelho aumenta substancialmente na condição de tarefa dupla com o telefone celularem relação à condição de tarefa única Os tempos de reação também foram muitomenores Em compara ção não houve diferença importante entre as probabilidades de falha na tarefa única ou na tarefa dupla com rádio nem no tempo de teação nessas condições Assim o uso de telefones celulares parece sermuitomais arriscado do que ouvir rádio enquanto sedirige Consciência dos Processos Mentais Complexos Nenhum pesquisador sério da cognição acredita que as pessoastenham acesso consciente a processos mentaismuito simples Porexemplo ninguém tem uma boa idéiados meios pelos quais se reconhece que uma letra impressa como A está em maiúscula ou em minúscula Contudo agoravamos considerarum processamento mais complexo Até que ponto setem consciência dos próprios processos mentais mais complexos Os psicólogos cognitivos pos suem visões diferentes de como responder a essa pergunta Uma perspectiva Ericsson Simon 1984 é a de que as pessoas têm acesso relativamente bom a seus processos mentais complexos Simon e seus colaboradores por exemplo usam a análise de protocolo para examinar a maneira pela qual as pessoas solucionam problemas como questões de xadrez e os chamados problemas criptaritméticos cryptarithmetic pro blems nos quais o indivíduo precisa descobrir quais números substituem aslettas emumpro blema matemático computacional Essas investigações sugeriram a Simone seus colaboradores que as pessoas têm acesso bastante bom a seus complexos processos de informação Uma segunda perspectivaé a de que o acessodas pessoas a seusprocessos mentais com plexos não é muitobom por exemplo Nisbett Wilson 1977 Conformeessa teoriaas pes soas podempensarque sabem comoresolver osproblemas complexos mas muitas vezes seus pensamentos sãoequivocados Segundo Nisbett e Wilson em geralestamosconscientesdos produtos de nosso pensamento masapenasvagamente seé que o estamos de nossos proces sos de pensamento Porexemplo suponha que você tenha decidido comprar um modelo de bicicleta ao invés de outro Você certamente conheceráo produto da decisão qual mo delo comprou mas poderá ter apenas uma vaga idéiade como chegoua essadecisão Na FIGURA 49 o o ca o o e o Q E 010 009 008 007 006 005 004 003 002 001 000 625 600 575 550 525 500 475 450 É Telefone celular J Telefone celular Capítulo 4 Atenção e Consciência Tarefa única Tarefa dupla Controle do rádio ITODBS Tarefa única Tarefa dupla 1 Controle do rádio 145 No painel superior a realização da tarefa dupla aumentou significativamente a probabilidade deuma falha nacondi ção com telefone celular mas não nacondição de controle do rádio No painel inferior o tempo de reação aumentou significativamente para uma tarefa dupla nacondição com o telefone celular mas não nacondição com o controle do rádio Strayer D L Johnston W A Driven todistraction Dualtask studies of simulated driving and conversing on a cellular tclephone Psychological Science 12 463 2001 realidade de acordo com essa visão você pode acreditar que sabe por que tomou essa deci são mas talvez essa crença esteja errada Os anunciantes de produtos dependem dessa se gundavisão Eles tentam manipularseus pensamentos esentimentos emdireção a umproduto de forma quesejamquais forem osseuspensamentosconscientes os inconscientes farãocom que você compre o produto deles e não o do concorrente A essência da segunda perspectiva é que o acesso consciente das pessoas a seus processos de pensamento e até mesmo o controle que elas têm sobre eles é muito reduzido Wegner 2002 Wilson 2002 Pense no problema que é esquecer alguém que terminou um relaciona mento íntimo com você Uma técnica utilizada para isso é a supressão dos pensamentos As sim que pensa na pessoa você tenta tirála de sua mente Essa técnica tem um grande problema muitas vezes não dá certo Na verdade quanto mais você tenta não pensar 146 Psicologia Cognitiva na pessoa mais poderá acabar pensando nela e ter dificuldades para tirála da cabeça As pesquisas mostram na verdade que tentar não pensar sobre algo acaba não funcionando Wegner 1997a 1997b Ironicamente quanto mais se tenta não pensar em alguém ou algo mais obcecado se fica com essa pessoa ou esse objeto Cegueira á Mudança O comportamento adaptativo exige que se preste atenção às mudanças no ambiente pois elas oferecem pistas para oportunidades e perigos Em termos evolutivos a capacidade de identificat ptedadotes que surjam subitamente no campo visual é uma grande vantagem para a sobrevivência de organismos e em última instância de seus genes Portanto pode ser uma surpresa descobrir que as pessoasapresentam níveis impressionantes de cegueira à mudança que é a incapacidade para detectar mudanças em objetos ou cenas que estejam sendo vistas 0Regan 2003 Simons 2000 Em um estudo um estranho pede informações a uma pessoa que está parada A medida que a interação ocorre dois trabalhadores carregando uma porta de madeira passam cami nhando entre as duas pessoas Quando os operários tetminam de passar o estranho ori ginal foi substituído por outra pessoa um dos trabalhadores e a interação continua como antes Em sua opinião qual a probabilidade de que a pessoa note que aquela com quem es tava falando não é mais a mesma Por mais estranho que pareça apenas cerca de metade das pessoas percebe que a troca foi feita Muitas não notam mesmo quando são informadas explicitamente de que a pessoa com quem estão falando não é mesma com a qual iniciaram a conversa Simons Levin 1997 1998 Em outta situação os participantes vêem pates de imagens separadas por intervalos cur tos nos quais ocorrem alterações Na maior parte as pessoastêm dificuldade em reconhecer as mudanças sendo mais provável que o façam quando essasforem importantes para a cena do que quando não o são Mesmo quando lhes é dito explicitamente que procurem diferen ças as pessoastêm dificuldades para enconttálas Levin Simons 1997 Rensink 0Regan Clark 1997 Shore Klein 2000 Simons 2000 Simons Ambinder 2005 Parece haver diferenças culturais nas áreas que se observam as mudanças Com partici pantes norteamericanos os itens centrais são reconhecidos mais prontamente do que as mudanças periféricas Entretanto com participantes orientais as alterações na informação periférica foram mais rapidamente identificadas em comparação com as alterações centrais Masuda Nisbett 2006 O córtex parietal direito desempenha um importante papel na ce gueira à mudança A estimulação elétrica nessa área aumenta o tempo gasto para identifi car uma alteração em uma cena Beck et ai 2006 A cegueira à mudança não se limita à informação visual A incapacidade para identifi car uma mudança pode set observada em estímulos auditivos e táteis Gallace et ai 2006 Vitevitch 2003 Entretanto tal qual no estímulo visual um pequeno atraso se faz presente entre o estímulo otiginal e o alterado Esses resultados sugerem que as pessoassão muito menos astutas para reconhecer altera ções em seu ambiente do que poderíamos esperar Até mesmo alterações marcantes como por exemplo a mudança da identidade da pessoacom a qual se fala podem passardesperce bidas Quando se admira Sherlock Holmes por sua perspicácia provavelmente não lhe faze mos justiça Nas histórias de detetives em que aparece ele observa coisas que não são óbvias e que a maioria das pessoas tende a não notar Transtorno do Déficit de AtençãoHiperatividade A maioria das pessoasconsidera natural a capacidade de prestar atenção e dividila de formas adaptativas mas nem todos conseguem fazêlo As pessoas que sofrem do Transtorno do Capítulo 4 Atenção e Consciência 147 Déficit de AtençãoHiperatividade TDAH têm dificuldade em prestar atenção de modo que lhes petmita se adaptar da melhor maneira possível a seu ambiente Attention déficit hyperactivity disorder 2004 no qual esta seção se baseia em grande parte ver também Swan son et ai 2003 Essa condição muitas vezes começa a surgir na préescola e nos primeiros anos do Ensino Fundamental Estimase que de 3 a 5 das crianças manifestam esse trans torno o que significa que nos EUAcerca de 2 milhões de crianças apresentam os sintomas Alguns estudos sugerem que esse número é muito mais elevado afetando cerca de 12 das crianças em todo o mundo Biederman Faraone 2005 Em geral o transtorno não se en cerra na idade adulta embora possa variar em sua gravidade para mais ou para menos A condição foi descrita pela primeira vez pelo Dr Heinrich Hoffman em 1845 e atualmente está sendo amplamente investigada Ninguém sabe ao certo a causa do TDAH Pode ser uma condição talvez parcialmente herdada Algumas evidências indicam uma li gação com o hábito de fumar e beber durante a gravidez Hausknecht et ai 2005 Rodri guez Bohlin 2005 Exposição ao chumbo por parte das crianças também pode estar associada ao TDAH Lesões cerebrais também são outra causa possível assim como aditivos de alimentos em especial açúcar e certos pigmentos Cruz Bahna 2006 Há notada mente diferenças nos circuitos cerebelares frontaissubcorticais catecolaminérgicos e na re gulação de dopamina em pessoas com TDAH Biederman Faraone 2005 Existe evidência de que a incidência de TDAH tenha aumentado nos últimos anos Durante o período de 2000 a 2005 a incidência de tratamento médico aumentou mais de 11 por ano Castle et ai 2007 As razõespara esse aumento ainda não estão claras e vá rias hipóteses podem concorrer para isso inclusive maior tempo assistindo à televisão a uti lização de videogames de ritmo acelerado aditivos alimentates assim como o aumento de toxinas desconhecidas no ambiente As três características básicas do TDAH são a falta de atenção a hiperatividade isto é níveis de atividade que excedam o que normalmente apresenta uma criança de determinada idade e a impulsividade São três os tipos principais um primeiro predominantemente hipe rativoimpulsivo um segundo predominantemente desatento e um terceiro que combina a falta de atenção com hiperatividade e impulsividade Descrevo aqui o tipo desatento porque é mais relevante ao assunto deste capítulo As crianças com TDAH do tipo desatento apresentam vários sintomas específicos Em primeiro lugar são facilmente disttaídas por coisas irrelevantes que vêem ou escutam Em se gundo costumam não prestar atenção aos detalhes Em terceiro são suscetíveis a cometer erros no trabalho por falta de cuidado Quarto muitas vezes deixam de ler instruções por completo ou cuidadosamente Quinto são suscetíveis a esquecer ou perder coisas de que ne cessitam para tarefas como lápis ou livros Por fim tendem a pular de uma tarefa incompleta para outra O TDAH é tratado mais freqüentemente com uma combinação de psicoterapia e medi cação Alguns dos medicamentos usados atualmente são Ritalina medilfenidato Metadate metilfenidato e Strattera atomoxetina Este último difere dos outros medicamentos usa dos porque não é um estimulante em vezdisso afeta o neurotransmissor norepinefrina Os estimulantes por sua vez afetam o neurotransmissor dopamina E interessante notar que em crianças o número de meninos que recebem medicação para tratamento de TDAH é duas vezes maior que o de meninas Entretanto em adultos o uso de medicação para trata mento do TDAH é aproximadamente igual para os dois sexos Castle et ai 2007 Muitos estudos apontam que embora a medicação seja um instrumento útil para o tratamento do TDAH a melhor abordagem é a combinação do remédio com intervenções comportamen tais Corcoran Dattalo 2006 Rostain Tamsay 2006 148 PsicologiaCognitiva Abordagens da Neurociência Cognitiva à Atenção e à Consciência A Neurociência da atenção possui uma vasta literatura que está em constante crescimento Considere uma tentativa de sintetizar diversos estudos que investigam os processos de aten ção no cérebro Posner 1992 Posner Dehaene 1994 Posner Raichle 1994 A atenção é umafunçãodo cérebro como um todo ou uma funçãode módulos distintosque a comanda Segundo Posner o sistemade atenção não é propriedadede uma única área do cérebro nem do cérebro todo Posner Dehaene 1994 p 75 Posner e Rothbart 2007 completaram uma revisão dos estudos em neuroimagem na área da atenção O que a ptincípio parecia um padrão difuso de ativação pode ser efetiva mente organizado em áreas associadas com as três subfunções da atenção Os pesquisadores definem essas funções em estado de alerta orientação e atenção executiva e organizaram essasconclusões para descrever cada uma dessasfunções em termos de áreas cerebrais envol vidas os neurotransmissores que modulam as mudanças e os resultados da disfunção dentro do sistema A seção seguinte é em grande parte baseada na revisão abrangente de Posner e Rothbart 2007 O estado de alerta se define como a preparação para atender a um evento que se apro xima e inclui também o processo de se chegar a esse estado de pteparação As áreas do cé rebro utilizadas para essafunção são a junção parietal temporal a superiorparietal o campo frontal do olho e o colículo supetior O neurotransmissor que modula o estado de alerta é o acetilcolina ACH A disfunção do sistema de alerta está ligada às mudanças atencionais à medida que se envelhece e também ao TDAH A segunda função da atenção é a orientação que é definida pela seleção dos estímulos a serem atendidos As áreas do cérebro ligadas a essafunção são o locuscoeruleusdireito frontal o córtex direito frontal e o córtex parietal O neurotransmissor que modula a orientação é a norepinefrina A disfunção no sistema está relacionada ao autismo A função final definida dentto da atenção é a atenção executiva que compreende processos de monitoramento e de resolução de conflitos que surgem nos proces sos internos Esses processos incluem pensamentos sentimentos e reações As áreas do cére bro envolvidas nesta final e mais elevada ordem do processo atencional são a cingulada antetior a ventral lateral a préfrontal e os gânglios basais O neurotransmissor mais ligado à atenção executiva é a dopamina A disfunção no sistema está associada ao mal de Alzhei mer ao distúrbio de personalidade limítrofe e à esquizofrenia Negligência Espacial Negligência espacial ou simplesmente negligência é uma disfunção da atenção na qual os participantes ignoram metade de seu campo visual contralateral do lado oposto do hemis fério do cérebro que tenha uma lesão Essa disfunção se deve principalmente a lesões uni laterais nos lobos parietais A pesquisa revela que o problema pode ser conseqüência de uma interação de sistemas que se inibem mutuamente Quando um dos pares envolvidos no sis tema é danificado como é o caso de pacientes com negligência esses pacientes ficam trava dos para um lado do campo visual A razão é que a inibição normalmente fornecida pela outra metade do sistema não funciona mais A negligência espacial vem sendo estudada por um grande número de pesquisadores Luaute et ai 2006 Schindler et ai 2006 Uma forma de testar essa condição é oferecer aos pacientes que supostamente sofrem de negligência espacial uma folha de papel com uma série de linhas horizontais Em se guida os pacientes devem dividir cada linha exatamente ao meio Pessoas com lesões no he misfériodireito tendem a repartir as linhas mais à direita da linha central e indivíduos com Capítulo4 Atençãoe Consciência 149 lesões no hemisfério esquerdo tendem a repartir as linhas mais à esquerdada Unhacentral Isto se deve porque pacientes com esse tipo de lesão não vêem todas as linhas à esquerda enquanto que o outro gtupo não enxergaas linhas à direita Porvezes as pessoas deixam de ver todas as linhas pacientes que negligenciam todo o campo visual Sistemas Atencionais Posner 1995 identificou o sistema atencional anterior rede atencional dentro do lobo fron tal e um sistemaatencional no lobo parietal O sistema atencional anterior tornase cada vez mais ativado durante as tarefas que exigem estado de alerta e atenção Um exemplo seriam tarefas nas quais os participantes precisam prestar atenção ao significado das palavras Este sistemacompreende também a atenção para ação Aqui o participante está planejando ou selecionando uma açãodentre as alternativas de ação Em comparação o sistema atencional postetiot compreende o lobo parietal do córtex uma porção do tálamo e algumas áteas do mesencéfalo relacionadas aos movimentos dos olhos Este sistema fica muito ativado durante as tarefas que compreendem a atenção visualespacial nas quais o participante precisa se desligar e mudar o foco de atenção por exemplo a busca visual ou tarefas de vigilância Posner Raichle 1994 A atenção compreende também atividade neural nas áreas visuais auditivas e motoras bem como áreas de associação do córtex envolvido em determinadas ta refasvisuais auditivas motoras ou tarefas de ordem superior Posneretai 1988 Os sistemas atencionais anterior e posterior parecem acentuar a atenção por meio de várias tarefas Isto sugere queelaspodem estar ligadas à regulação da ativação de áreas corticais relevantes para tarefasespecíficas Posner Dehaene 1994 Outra questão surgiu com relação à atividade do sistema atencional Esta atividade ocotre como conseqüência de maior ativação de itens aos quais se presta atenção inibi ção ou ativação suprimida de itens aos quais não se presta atenção ou os dois processos Aparentemente os efeitosatencionais dependem da tarefa específica e da área do cérebro que está sendo investigada Posner Dehaene 1994 A tarefa em mãos é determinar quais processos ocorrem em quais áreasdo cérebrodurante o desempenho de quais tarefas Para mapear as áreas do cérebro envolvidas em várias tarefas os neuropsicólogos cognitivos geralmente usam a tomografia por emissão de pósitrons PET Esta técnica mapeia o fluxo de sangue cerebral regional ver o Capítulo 2 para discussão mais ampla dessa téc nica Em um desses estudos PET Corbetta et ai 1993 os pesquisadores encontraram ativação aumentada nas áreas responsáveis por cada um dos atributos distintos das várias tarefas de busca inclusive características como movimento cot formato e condições de atenção selecionada versus atenção dividida Usando Potenciais Relacionados a Eventos para Mensurar a Atenção Um modo alternativo de estudar a atenção no cérebro é tratat dos potenciais relacionados a eventos ERPs ver o Capítulo 2 que indicam mudanças mínimas da atividade elétricaem resposta a vários estímulos Tanto as técnicas de PET como de ERP oferecem informações sobre a geografia localização da atividade cerebral e sobre a cronologia doseventos no cé rebro Entretanto a PET oferece maior resolução para localizações espaciais das funções cerebrais O ERPs oferecem indicações muitomais sensíveis da cronologia dasrespostas em milissegundos Nããtànen 1988a 1988b 1990 1992 Dessa forma por meio de estudos com ERP até mesmo respostas extremamente breves aos estímulos conseguem ser observadas A sensibilidade dos ERPs às respostasmuito breves possibilitou que Nããtànen e seusco laboradores porexemplo Cowanet ai 1993 Nããtànen 1988a 1988b Paavilainen et aí 150 Psicologia Cognitiva 1993 examinassemas condições específicas nas quais os estímulosalvo versus os estímulos de distração provocam ou não respostas da atenção Porexemplo Naàtãnen concluiu que pelomenos algumas respostas a estímulos auditivos desviantes não freqüentes taiscomode terminadas mudanças na tonalidade parecem ser automáticas ocorrendo mesmo quando o participante concentra a atenção em uma tarefa básica e não está consciente do estímulo desviante Essas respostas préconscientes automáticas a estímulosdesviantes ocotrem inde pendentemente dosestímulos serem alvos ou distratores e de serem muitoou poucodiferen tes dos estímulospadrão Cowan et ai 1993 Paavilainen et aí 1993 Não há diminuição de desempenho nas tatefas controladas como resultado de uma resposta automática a estí mulos desviantes Náátãnen 1990 de maneiraque pareceque alguma análise e seleção su perficial de estímulos podem ocorrer sem sobrecarregaros recursos atencionais Muitos dos estudos anteriores utilizaram participantes normais mas os neuropsicólogos cognitivos também aprenderam muito sobre os processos de atenção no cérebro estudando pessoas que apresentam disfunções comoascom deficits de atenção específicos e tambémas que apresentavam lesões ou fluxo inconstante de sangue em áreas importantes do cérebro Os deficits gerais estão ligados a lesões no lobo frontal e nos gânglios basais Lou Henrik sen Bruhn 1984 os deficits de atenção visuais estão ligados ao córtex parietal posterior e ao tálamo bem como algumas áreas do mesencéfalo associadas aos movimentos dos olhos Posner Petersen 1990 Posner etai 1988 O trabalho com pacientes com cérebro dividido por exemplo Ladavaset ai 1994 Luck et ai 1989 também levou a conclusões interessan tes comrelação à atenção e ao funcionamento cerebral como a observação de queo hemis fério direito parece serdominante parase mantet o estado de alerta e a de que os sistemas envolvidos na busca visual patecetn serdiferentes de outros aspectos da atenção visual O uso da vatiedade dos métodos aqui descritos nos possibilita estudar a atenção de uma ma neira que qualquer método isolado não permitiria Stuss et ai 1995 Outra técnica de neuroimagem usada para examinar a atenção é a ressonância magné tica funcional RMf ver o Capítulo 2 para mais informações Tal comocom outrosméto dos as populações pacientes e nãopacientes foram examinadas por meio desses métodos Madden et ai 2007 Weaver Stevens 2007 Uma Abordagem Psicofarmacológica Outra abotdagem ao entendimento dos processos da atenção é a pesquisa psicofarmacoló gica que avalia as mudanças na atenção e na consciência associadas a várias substâncias químicas porexemplo neurotransmissores como a acetilcolina ou GABA ver o Capítulo 2 hormônios e até mesmo estimulantes do sistema nervoso central estimulantes ou depressores sedativos Wolkowitz Tinklenberg Weingartner 1985 Além disso os pes quisadores estudam aspectos fisiológicos dos processos de atenção em nível global de aná lise Por exemplo aexcitação geral pode serobservada pormeio dereações como adilatação das pupilas mudanças no sistema nervoso autonômico autorregulado ver o Capítulo 2 e padrões diferenciados de EEG Umaáreahá muito reconhecida como crucial para a excita çãogeral é o sistema reticular ativador RAS ver o Capítulo 2 Alterações no RAS e em medidas específicas de excitação foram relacionadas à habituação e à desabituação bem como ao reflexo de orientação no qual um indivíduo responde reflexivamente a mudanças súbitas ao reorientara posição do corpo em direçãoà suafonte pot exemplo ruídos súbitos ou clarões de luz Capítulo4 Atençãoe Consciência 151 Temas Fundamentais Vamos considerar a opinião de um psicólogo de como a consciência e a percepção interagem Anthony Mareei 1983a propôs um modelo para descrever como as sensações e os processos cognitivosque ocorrem na consciênciado indivíduopodem influenciaras percepções e cog nições conscientes das pessoas De acordo com Mareei as representações conscientes da quilo que se percebe diferem qualitativamente das representações não conscientes dos estímulos sensoriais Fora da consciência tentase continuamente se obter sentido de um fluxo constante de informação sensorial Também fora da consciência estão as hipóteses perceptivas relativas ao modo como a informação sensorial atual combina com as várias propriedades e objetos encontrados anteriormente no ambiente Essas hipótesessão inferên cias baseadas no conhecimento armazenado na memória de longo prazo Durante o processo de combinação integramse as informações das diversas modalidades sensoriais De acordo com o modelo de Mareei uma vez obtida uma associação aceitável entre os dados sensotiais e as hipóteses perceptivascom relaçãoàs diversas propriedades e objetos a associação é reportada à consciência como determinadas propriedades e determinados obje tos específicos Conscientemente temse consciência apenasdosobjetos ou daspropriedades informadose não dos dados sensoriais das hipóteses perceptivas que não conduzemà asso ciação ou mesmo dos processos que regulam tal associação Desse modo antes que um de terminado objeto ou propriedade seja detectado conscientemente ou seja informado à consciênciapor meiode processos não conscientes o indivíduo terá escolhidouma hipótese perceptiva satisfatória e excluído as várias possibilidades menos satisfatórias aos dados sen soriais recebidos que já se conhecem ou que se pressupõem De acordo com o modelo de Mareei os dados sensoriais e as hipóteses perceptivas estão disponíveis e sãoutilizados por vários processos cognitivos não conscientes alémdo processo de associação Mesmo os dados sensoriais e os processos cognitivos que não chegam à cons ciência ainda exercem influência sobre a maneira como se pensa e como se desempenham ou tras tarefas cognitivas Acreditase amplamente que as pessoas tenham capacidade de atenção limitada por exemplo ver Norman 1976 Na teoria de Mareei acomodamse essas limitações fazendo o máximo uso possível de informações e de processos não conscien tes enquanto se limita a informaçãoe o processamento que entra na consciência Dessa ma neira a capacidadede atenção limitada não é sobrecarregada de formapermanente portanto os processos de atenção são constantemente entrelaçados com os processos de percepção Neste capítulodescrevemos muitas funções de processos de atenção e no capítuloseguinte trataremos de vários aspectos da percepção O estudo da atenção e da consciência destaca vários temas fundamentais da Psicologia Cognitiva conforme descrição no Capítulo 1 O primeiro temasãoos respectivos papéis dasesttututas e dosprocessos O cérebro con tém várias estruturas e sistemas de estruturas como o RAS que gera os processos que contri buempara a atenção As vezes o relacionamento entre estrutura e processo não é totalmente claro e é função dos psicólogos cognitivos entendêlos melhor Por exemplo a visão cega é um fenômeno no qual ocorre um processo a visão na ausência das estruturas do cérebro que seriam necessárias para que ele ocorresse Um segundo tema é a relação entre Biologiae comportamento A visão cega é um caso de vínculo cutioso mas mesmo assim pouco compreendido A Biologia parece não estar presentepara geraro comportamento Outro exemplo intetessante é o Transtornodo Défi cit de AtençãoHiperatividade TDAHOs médicos têm agora disponíveis vários medica mentos que tratam o TDAH que possibilitam que as crianças tanto quanto os adultos concentremse melhor em tarefas que precisam desempenhar mas os mecanismos pelos quais os medicamentos funcionam ainda são pouco entendidos Na verdade um tanto 152 Psicologia Cognitiva paradoxalmente a maioria dos medicamentos usados para tratar o TDAH é composta de estimulantes que quando dados às crianças com esse transtorno parecem acalmálas Um terceiro tema é a validade da inferência causai versus a validade ecológica Onde se deveria estudar por exemplo a vigilância Podeseestudála em laboratório evidentemente para adquirir controle experimental cuidadoso mas se estamos estudando situações de vigi lância onde há muito em jogo como aquelas em que militares examinam telas de radar em busca de possíveis ataques contra o país devese insistir em ter um alto grau de validade ecológica para garantir que os resultados se apliquem à situação real em que se encontram os militares Os riscos são muito altos pata permitir que alguma falha venha a ocorrer Ainda assim quando se estuda vigilância em situações da vida real não se pode ou não seria in teressante fazer com que ocorram ataques contra o país de modo que é necessário que as simulações sejam as mais realistas possíveis Dessa maneita tentase garantir a validade eco lógica das conclusões obtidas Peça a dois amigos para o ajudarem com essa demonstração Peça que um deles leia algo bem suavemente no ouvido do outro pode ser qualquer texto uma piada um cartão de fe licitações ou um trecho do livro de Psicologia Cognitiva e peça ao outro amigo que tente sombrear o que o primeiro está dizendo Sombrear é repetir todas as palavras que a outra pessoa está dizendo No outro ouvido do seu amigo diga animal de forma bem suave Mais tarde pergunte a ele o que você disse É mais provável que ele não consiga reproduzir isso Tente novamente mas agora diga o nome de seu amigo E mais provávelque seu amigo con siga dizer que você disse o nome dele Isso demonstra o modelo de atenuação de Triesman Leituras Sugeridas Comentadas Pashler H ThePsychobgy ofAttention Cam Posner M I Rothbart M K Resarch on at bridge MIT Press 1998 Excelente rese tention networks as a model for the inte nha da literatuta sobre atenção gtation of psychological science Annuaí Review of Psychobgy 58 123 2007 Re senha abrangente sobre os sistemas neu rológicos e a atenção CAPITULO Memória Modelos e Métodos de Pesquisa 5 EXPLORANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA 1 Quais são algumas das tarefas usadas para o estudo da memória e o que essas várias tarefas indicam sobre a estrutura da memória 2 Qual tem sido o modelo tradicional predominante de estrutura da memória 3 Quais são algunsdos principais modelos alternativosda estrutura da memória 4 O que os psicólogos conheceram sobre a estrutura da memória estudando a memó ria e a fisiologia do cérebro Quem é o presidentedos Estados Unidos Que dia é hojeQual é a aparência de seumelhor amigo e comoé o timbre da vo de seuamigo Quais foram algumasde suasexperiências quando começou a cursar a faculdade De que modo você dá um laço no cadarçode seu sapato INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Como você sabe as respostas das perguntas precedentes ou de quaisquer perguntas com relação a isso Como você se lembra de qualquer informação que usa todas as horas em que está desperto todos os dias Memória é o meio pelo qual retemose nos valemos de nossas experiências passadas para usaressas informações no presente Tulving 2000b Tulving Craik 2000 A memória como um processo referese aos mecanismos dinâmicos associados ao armazenamento retenção e recuperação de informações sobre experiências passadas Bjorklund Schneider Hernández Blasi 2003 Crowder 1976 Os psicólogos cognitivos identificaram especificamente três operações usuais de memória co dificação armazenamento e recuperação Baddeley 1998 1999 e 2000b Brown Craik 2000 Cadaoperação representa umestágio do processamento da memória Na codificação você transforma dados sensoriais em uma forma de representação mental Na armazena mento você mantém as informações codificadas na memória Na recuperação você acessa ou usa as informações armazenadas na memória Estes processos de memória são discutidos detalhadamente no Capítulo 6 Este capítulo introduz algumas das tarefas usadas para oestudo da memória Em seguida discute o modelo de memória tradicional Este modelo inclui os sistemas sensorial de arma zenamento de curto prazo e de longo prazo Embora esse modelo ainda influencie o pensa mento atual sobre memória consideramos algumas perspectivas alternativas e modelos de memória interessantesantes de passara discutir a memóriadiferenciada e os conhecimentos proporcionados pela Neuropsicologia 153 154 Psicologia Cognitiva Tarefas usadas para avaliação da memória Os pesquisadores criaram ao estudar a memória diversastarefasque exigem dos participan tes lembraremse de informações arbitrárias por exemplo conjuntos de números ou de letras de maneiras distintas Em virtude de este capítulo incluir muitas referências a essas tarefas iniciamos esta seção com um organizador antecipado uma base para organizar as informações a serem fornecidas Você conhecerá deste modo como a memória é estudada As tarefasdescritasnas seçõesa seguirenvolvem memóriade recordação versus de reconhe cimento e memória implícita versus explícita Tarefas de Recordação versus Tarefas de Reconhecimento Na recordação você apresenta um fato uma palavra ou um outro item de memória Os tes tes de preenchimento de espaços em branco e a maioria dos demais testes exigemque você QUADRO 51 Tipos de Tarefas Usadas para Avaliação da Memória Algumas tarefas de memória envolvem recordação ou reconhecimento de memória explícita para conhecimento declatativo Outras tarefas envolvem memória implícita e memória de conhecimento de procedimentos Tarefas que Exigem Memória Expücita para o Conhecimento Declarativo Tarefas de memória explícita Tarefas de conhecimento declarativo Tarefas de recordação Tarefa de recordação serial Teste de recordação livre Tarefa de recordação Descrição do que as Tarefas Exigem Você deve rememorar consciente mente informações específicas Você deve recordar fatos Você deve apresentar um fato uma palavra ou outro item de memória Você deve repetir os itens de uma lista na ordem exata em que os ouviu ou leu Você deve repetir os itens de uma relação na ordem em que conse guir relembrálos Você deve memorizar uma relaçãode pares de itens em seguida lhe é apresentado um item do par c você precisa se lembrar do item faltante que forma o par Exemplo Quem escreveu HamleO Qual é seu primeiro nome Testes de preenchimento de espaços em branco requerem que você se lem bre de itens da memória Por exemplo O termo para pessoas que sofrem de déficit de memória se Se lhe fossem mostrados os algarismos 287164 haveria a expectativa de que você os repetisse exatamente nesta ordem Se lhe fosse apresentada a relação de palavras cão lápis tempo cabelo macaco restaurante seria plenamente aceitável se você repetisse macaco restaurante cão lápis tempo cabelo Suponha que lhe fosse apresentada a seguinte relação de pares tem pocidade névoalar chavepapel créditodia punhonuvem número galho Posteriormente quando lhe fosse dado o estímulo chave você deveria diier papel e assim por diante Capítulo5 Memória Modelos e Métodos de Pesquisa 155 se recorde de itens da memória No reconhecimento você seleciona ou identifica um item como um dos que aprendeu anteriormente Veja o Quadro 51 para exemplos e explicações de cada tipo de tarefa Testesde múltiplaescolha e com a opção verdadeirofalso envolvem algum grau de reconhecimento Três tipos principais de tarefas de rememoração são usados em experiências Lockhart 2000 O primeiro tipo é recordação serial no qual você se re corda de itens na ordem exata em que foram apresentados Crowder Green 2000 O se gundo é recordação livre em que inicialmente lhe mostram itens em pares porém durante a rememoração você recebe informaçãode somente um componente de cada par e é solici tado a lembrarse do outro componente A recordação também é denominada recordação em pares associados Lockhart2000 Os psicólogos tambémpodemmediro reaprendizado que é o número de tentativas necessárias para aprender novamente itens que foram aprendi dos em alguma ocasiãono passado A reaprendizagem também tem sidodenominada reapro veitamento e pode ser observada em adultos crianças e animais Bauer 2005 Lynne Yukako McKinney 2002 Monk et ai 1996 O efeito de reaprendizagem também foi QUADRO 51 Tipos de Tarefas Usadas para Avaliação da Memória continuação Tarefas que Exigem Memória Explícita Para o Conhecimento Declarativo Descrição do que as tarefas exigem Exemplo Tarefas de reconhecimento Você deve selecionar ou identificar um item como tendo sido aprendido anteriormente Testes de múltipla escolha e do tipo verdadeirofalso Por exemplo O termo para pessoascom capacidade de memória excepcional é 1 amné sico 2 semanticista 3 mnemo nista ou 4 retrógrados Tarefas de memória implícita Você precisa se valer de informações na memória sem perceber consciente mente que está agindo dessa forma Tarefas de preenchimento da palavra faltante usam a memória implícita Seria apresentado a você um frag mento de palavra você seria solici tado em seguida a completar o frag mento com a primeira palavra que lhe viesse à mente Por exemplo su ponha que lhe fosse solicitado para indicar as quatro letras faltantes para o preenchimento nestes espaços em branco e formar uma palavra e ór Em virtude de ter visto recentemente a palavra memória você provavelmente indicaria as qua tro letras m m i a para preen cher os espaços em contraste a alguém que não houvesse sido exposto recentemente à palavra Tarefas envolvendo conhecimento Você deve se lembrar de aptidões adquiridas e de comportamentos automáticos ao invés de fatos Se você fosse solicitado a demonstrar uma aptidão de sabercomo fazer po deria serlheoferecidaexperiência para resolução de quebracabeças ou para leitura de palavras escritas em ordem inversa e em seguida lhe seria solici tado demonstrar do que você se lembra sobre o modo de usar essas aptidões Ou você poderia ser solicitadopara do minar ou demonstrar aquilo que você já se recorda a respeitode aptidões mo toras específicas porexemplo andar de bicicletaou patinar no gelo 156 Psicologia Cognitiva observado em fetos de ratos que demonstraram intervalos de aprendizagem mais reduzidos para movimentos motores que haviam aprendido anteriormente Robinson 2005 Este efeito é nitidamente generalizável de modo extensivo a muitas situações e participantes A memória de reconhecimento usualmente é muito melhor do que a recordação em bora existam algumas exceções que são discutidas no Capítulo 6 Porexemplo em um es tudo participantes puderam reconhecer perto de 2000 fotografias em uma tarefa de memória de reconhecimento Standing Conezio Haber 1970 E difícil imaginaruma pes soalembrandose de 2000itensde qualquertipo que lhe foi solicitado para memorizar Con forme você verá posteriormente na seção sobre memória diferenciada mesmo com treina mento extensivo o melhor desempenho de rememoração foi de aproximadamente 80 itens Informar aos participantes o tipo de testefuturo pode influenciar o volume de aprendiza gem que ocorre Os testes de recordação em geral trazemà tona especificamente níveis mais profundos de processamento de informações do que os testes de reconhecimento Imagine es tudar para um exame Quando se preparar para umaprova escrita provavelmente tentará re lacionar conceitos entre si No entanto ao se preparar para um teste de múltipla escolha possivelmente tentaráse lembrar de fatos E possível que após estudar paraa prova escrita você se lembrede maisdetalhes a respeito das informações Conforme mencionado anterior mente a provaescritaé parecidacom a tarefade recordação e o teste de múltiplaescolha re lembra a tarefa de reconhecimento embora evidentemente não sejam idênticos Alguns psicólogos referemse às tarefas de memória de reconhecimento comode obtençãode conhe cimentoreceptivo Tarefas de memória de reconhecimento para as quais você deve dar uma resposta requerem diferentemente conhecimento expressivo Diferenças entre conhecimento receptivo e expressivo também são observadas em áreas distintas daquelas das tarefas de me mória simples porexemplo linguagem inteligência e desenvolvimento cognitivo Tarefas de Memória Implícita versus Tarefas de Memória Explícita Os teóricos da memória distinguem entre memória explícita e memória implícita Mulli gan 2003 Cada uma das tarefas discutidas anteriormente envolve a memória explícita em que os participantes apresentam lembrança consciente Por exemplo podem lembrar ou reconhecer palavras fatos ou imagens de um determinado conjunto prévio de itens Um fenômeno relacionado é a memória implícita na qual usamos informações porém não te mos conhecimento consciente de que estamos agindo dessa forma McBride 2007 Roedi ger McDermott 1993 Schacter 1995a e 2000 Schacter Chiu Ochsner 1993 Schacter Graf 1986a e 1986b Todos os dias você participa de muitas tarefas que envolvem sua lembrança inconsciente de informações Mesmo enquanto você lê este livro está se lem brando inconscientemente de muitas coisas que incluem o significado de determinadas palavras alguns dosconceitospsicológicocognitivos a respeito dosquaisvocê leu em capí tulos anteriores e mesmo como ler Existem diferenças na memória explícita ao longo da vida a memória implícita entretantonãoapresenta asmesmas alterações Crianças peque nas e adultos mais idosos muitas vezes tendem especificamente a ter memória explícita relativamente fraca porém memória implícita comparável à de adultos jovens Carver Bauer 2001 Murphy McKone Slee 2003 Em certos grupos de pacientes também se observam diferenças de memória explícita e memória implícita preservada esses grupos serão discutidos posteriormente neste capítulo No laboratório a memória implícita algumas vezes é estudadafazendo com que as pes soas realizem tarefas de complementação de palavras Em uma tarefa deste tipo os partici pantes recebem uma palavraincompleta como as três primeiras letras de uma palavra Eles em seguida a completam com a primeira palavra que vem à mente Porexemplo suponha que você seja solicitadoa preencher os espaços com as seis letras faltantes para formar uma palavra imp Em virtude de vocêter visto recentemente a palavra implí Capítulo 5 Memória Modelos e Métodos de Pesquisa 157 cita provavelmente indicaria as seis letras 1ícita para os espaços em branco em compara ção a uma pessoa que não tivesse sido exposta recentemente à palavra Você foi induzido Indução é a facilitação de sua capacidade para utilizar informações faltantes Em geral os par ticipantes possuem melhor desempenho quando tiverem visto a palavra em uma relação apresentada recentemente embora não tivessem sido instruídos explicitamente a se lembrar de palavras dessa relação Tulving 2000a A indução ocorre mesmo nas situações em que você não tem consciênciade ter visto a palavra antes istoé se a palavra foi apresentadadu rante uma fração de segundo ou de outra forma degradada Memória de procedimentos ou memória de processos constitui em subtipo da memória não declarativa Tulving 1985 Exemplos de memória de procedimentos incluem os procedi mentos envolvidos para andar de bicicleta ou para dirigir um carro Considere quando você está dirigindo para ir ao shopping center provavelmente engata a marcha usa seu piscapisca e permanece em sua pista sem pensar ativamente sobrea tarefa Vocênem precisa lembrarse conscientemente do que deve fazer quando o semáforo fica vermelho Muitas das atividades que realizamos todos os dias enquadramse no âmbito da memória de procedimentos estas po dem variar de escovar os dentes a escrever uma monografia O cerebelo parece ter uma participação importante na memória de procedimentos As descobertasneuropsicológicas e cognitivasque apoiam uma memóriade procedimentosdes contínua têm sido muito bem documentadas Cohen et ai 1985 Cohen Squire 1980 RempelClower etai 1996 Squire 1987 Squire Knowlton Musen 1993 No laboratório a memória de procedimentos freqüentemente é estudada por meioda tarefa de acompanha mento rotatório Esta tarefa exige que os participantes mantenham contato entre uma agu lha com formato de L e um pequeno disco rotativo Costello 1967 O disco geralmente é do tamanho de uma moeda com diâmetro inferior a 25 cm O disco é colocado em uma plataforma que gira rapidamente O participante precisa tocar o disco pequeno com o esti lete à medidaque gira rapidamente em torno de uma plataforma Após treinarem com disco e velocidade de rotação específicos os participantes são solicitados a completar a tarefa no vamente com o mesmo disco e a mesma velocidade ou com um novo disco ou outra veloci dade VerdoliniMarston e Balota 1994 observaram que quando um novo disco ou outra velocidade são usados os participantes exibem um desempenho relativamente fraco Porém com disco e velocidade idênticos os participantes desempenham a tarefa tão bem quanto após teremaprendido a tarefa mesmo quando não se lembram de havercompletado previa mente a tarefa Outra tarefausadapara estudara memória é a reconstituição com o espelho Na tarefade reconstituição com o espelho uma placa com o contorno de uma forma desenhada sobre ela é colocada atrás de um obstáculo onde não possa ser vista Para além do obstáculo na linha visual do participante encontrase um espelho Quando o participante aproximase do obstá culo sua mão e a placa com a forma delineada podem ser vistas Os participantes pegam em seguida uma caneta e traçam o contorno da forma desenhada na placa Quando aprendem essatarefa pela primeira vez os participantes têm dificuldade para manter o contorno da forma Normalmente existem muitos pontos nos quaiso estiletesaido contorno Além disso é neces sário um tempo relativamente longo para reconstituir toda a forma Entretanto com a prática os participantes tornamse bem eficientes e precisos na execução da tarefa A retenção dessa aptidão pelos participantesproporciona uma maneira para estudara memória de procedimen tos Gabrieli etai 1997 Rodrigue Kennedy Raz 2005 Os métodospara avaliar a memóriaexplícitae a implícitadescritos aqui e no Quadro 51 supõem que a memória implícita e a explícita são distintas e podem ser medidas por tarefas diferentes Alguns pesquisadores questionaram essa suposição Eles supõem como alterna tiva que ambos os tipos de memóriadesempenham um papel em toda resposta mesmo se a tarefa a ser realizada tiver como finalidade medir somente um tipo de memória Portanto os 158 Psicologia Cognitiva psicólogos cognitivos desenvolveram modelos que assumem a influência da memória implí cita e da explícita em quase todas as respostas Um dos primeirose mais amplamente reconhecidos modelosnessa área é o modelo dedis sociação do processo Jacoby 1991 O modelo supõe que a memória implícita e a explícita exercem ambas um papel em praticamente toda resposta Portanto somente uma tarefa é ne cessária para medir ambos processos No entanto duas tarefas diferentes podem ser usadas no âmbito da estrutura de dissociação do processo Em uma dessastarefas os participantes aprendem uma relação de palavras e em seguida lhes são apresentadas palavras incompletas Neste ponto recebem instruções para inclusão pelas quais devem fazer uso das informações que obtiveram anteriormente para completar as palavras ou as instruções referemse à exclusão isto é o participante é avisado a não usar os itens da relação anterior para preencher as letras faltantes Ao subtrair o número de vezes que uma palavra da relação for usada na condição de exclusão do mesmo evento na condi ção de inclusãojacoby foi capaz de estimar o efeito da memória explícita Alguns passosadi cionais permitiram a Jacoby estimar na mesma tarefa a memória implícita A tarefa de dissociação do processo foi usada extensivamente Memon Holliday Hill 2006 Yonelinas 2001 No entanto esse procedimento não está isento de críticas Estas críticas confirmam que a dissociação do processo produz estimativas distorcidas quando ocorre adivinhação e quando os participantes usam uma estratégia que envolve avaliar e corrigir suas respostas McBride Dosher 2002 McKenzie Tiberghien 2004 Yu Bellezza 2000 Modelo Tradicional de Memória Existem diversos modelos de memória Murdock 2003 Roediger 1980b Em meados da década de 1960 com base nos dados disponíveis à época os pesquisadores propuseram um modelo de memória diferenciando duas estruturas de memória propostas inicialmente por William James 18901970 memória primária que armazena informações temporárias usa das corretamente e memória secundária que inclui informações em caráter permanente ou ao menos durante um longo período Waugh Norman 1965 Três anos depois Richard Atkinson e Richard Shiffrin 1968 propuseram um modelo alternativo que conceitualizou a memória em termos de três sistemas de armazenamento 1 um armazenamento sensorial capaz de estocar quantidades de informação relativamente limitadas durante períodos muito breves 2 um armazenamento de curto prazo capaz de estocar informações por períodos um tanto mais longos mas também com capacidade relativamente limitada e 3 um arma zenamento de longo prazo de grande capacidade capazde estocar informações por períodos muito longos talvez mesmo indefinidamente Richardson Klavehn Bjork 2003 O modelo diferencia entre estruturas para retenção de informaçõessão receptáculos e in formações armazenadas nas estruturas que são denominados memória Hoje entretanto os psicólogos cognitivos comumente descrevem os três receptáculos como memória sensorial memória de curto prazo e memória de longo prazo Atkinson e Shiffrin também não esta vam sugerindo que os três receptáculos são estruturas fisiológicas distintas Os receptáculos são preferivelmenteconstructos hipotéticos conceitos que não são por si só diretamente mensuráveis ou observáveis mas que atuam como modelos mentais para a compreensão de como opera um fenômeno psicológico A Figura 51 apresenta um modelo de processamento de informações simples dessestrês receptáculos Atkinson Shiffrin 1971 Conforme a figura o modelo AtkinsonShiffrin enfatiza os receptáculos passivos nos quais as memórias são ar mazenadas Porém também se refere a alguns processosde controle que regem a transferên cia de informações de um receptáculo para outro Capítulo5 Memória Modelos e Métodos de Pesquisa 159 FIGURA 51 Richard Atkinson e Richard Shiffrin propuseram um modelo teórico para o fluxo de informações por meio doprocessa dor deinformações humano ilustrado por Aüen Beechel e adaptado de The Contrai ofShortTerm Memory de Richard C Atkinson e RichardM Shiffrin 1971 Scientific American Inc Todos os direitos reservados O modelo de três receptáculos não é no entanto a única maneira para conceitualizar a memória As seçõesa seguirapresentam inicialmente aquiloque conhecemos sobrea memó ria em termos do modelo de três receptáculos São descritas em seguida algumas maneiras alternativas para conceitualizar a memória Vamos iniciar com o receptáculo sensorial no modelo de três receptáculos Armazenamento Sensorial A armazenamento sensorial constitui o repositório inicial de muitas informações que no final passam a fazer parte da armazenagem de curto prazo e de longo prazo Provas convincentes emboranão semquestionamento veja Haber 1983argumentam em favorda existênciade uma armazenagem icônica O armazenamento icônico é um registro sensorial de natureza visual e descontínua que retém informações por períodos muito breves Sua designação ori ginase do fato de as informações serem armazenadas sob a forma de ícones Estes por sua vez são imagens visuais que representam algo Ícones são parecidos usualmente com o que estiver sendo representado Se você alguma vezescreveuseu nome com uma caneta cintilante ou com um bastão de incenso em um fundo de cor preta percebeu a persistênciade uma memóriavisualVocêvê brevemente seu nome embora a caneta não deixe um traço físico Essa persistência visual constitui um exemplo do tipo de informação mantida no armazenamento icônico A Descoberta de Sperling A descoberta inicial relativa à existência do armazenamento icônico originouse de uma tese de doutorado apresentada por um aluno do curso de pósgraduação chamado George Sperling 1960 Ele estudou o tema relativo à quantidade de informações que podemos codificar em um único e breve olhar de relance a um conjunto de estímulos Sperling pro jetou intermitentemente em uma tela uma sériede letras e númerosdurante apenas 50 milis segundos milésimos de umsegundoOs participantesforamsolicitados a indicara identidade e a localização do maior número possível de símbolos que conseguissem relembrar 160 Psicologia Cognitiva Sperling poderia estar seguro de que os participantes somente olharam rapidamente uma única vez porque pesquisas anteriores haviam mostrado que 0050 segundo é o tempo sufi ciente para apenas olhar de relance o estímulo apresentado Sperlingconstatou que quando os participantes eram solicitados a indicar o que tinham visto se lembravam somente de quatro símbolos A descoberta confirmou uma anterior feita por Brigden em 1933 O número de símbolos lembrado era praticamente o mesmo sem levar em consideração quantos haviam sido apresentados visualmente Alguns dos participantes de Sperling mencionaram que tinham visto todos os estímulos nitidamente Entretanto ao in dicar aquiloque viram esqueceramse dos demaisestímulos Sperling concebeu em seguida uma idéiagenial que permitia avaliar o que os participantes viram O procedimento usado por Brigden e no primeiro conjunto de estudos por Sperling é um procedimento derelato integrai Nesse procedimento os participantes indicam todo símbolo que viram Sperling introduziu a seguir um procedimento de relato parcial Neste caso os participantes precisavam comunicar somente parte daquilo que vêem Sperlingdescobriu uma maneira para obter uma amostra de conhecimento de seusparti cipantes Ele então extrapolou essaamostra para estimar o conhecimento total Sua lógica foi similar àquela das provas escolares que também são usadas como exemplos de conheci mento total que uma pessoa tem da matéria do curso Sperling apresentou símbolos em três linhas com quatro símbolos cada A Figura 52apresentaum quadro similaràqueleque os par ticipantes de Sperling podem ter visto Sperling comunicou aos participantes que teriam de lembrarapenas de uma única linha do quadro A linha a ser lembrada estava assinalada por um tom de intensidade elevada média ou reduzida Os tons correspondiam à necessidade de lembrarse da linha superior média ou inferior respectivamente Sperling para estimar a duração da memória icônica variou o intervalo entre a exibi ção e o tom A amplitude do intervalo varioude 010 segundos antes do inícioda exibição a 10segundo após o início da exibição do quadro O procedimento de relato parcial alterou drasticamente quanto os participantes conseguiam lembrar Em seguida Sperling multipli cou por três o número de símbolos lembrados com esse procedimento A razão era que os participantes precisam se lembrar somente de um terço das informações apresentadas porém não tinham conhecimento prévio de qual das três linhas seriam solicitadas a indicar FIGURA 52 H B S T A H M G E L W C Este quadro simbólico é similar àquele usado para a tarefa de rememoração visual de George Sperling Margaret W Matiin Psychology 2 ed 1995 por Hok Rinehart and Winston Reproduzido mediante autorização do editor Capítulo 5 Memória Modelos e Métodos de Pesquisa 161 Usando esse procedimento de relato parcial Sperling constatou que os participantes pos suíam disponíveis aproximadamente nove dos 12 símbolos caso fossem induzidos imediata mente antes ou imediatamente após o aparecimento do quadro No entanto quando eram induzidos 1segundo mais tarde suarememoração diminuía paraquatroou cincodos 12 itens Esse nível de rememoração era aproximadamente igual àquele obtido por meio do procedi mentode relato integral Estes dados apontamque a armazenagem icônica pode contercerca de noveitens Eles também indicamque as informações nesse receptáculodesaparecem muito rapidamente Figura 53 Realmente a vantagem do procedimento de relato parcial reduzse de modo drástico ao atingir 03 segundos de demora Essencialmente é obliterado por 1 se gundo de demora no início do tom Os resultados de Sperling indicam que as informações desaparecem rapidamente do ar mazenamento icônico Porque permanecemossubjetivamente inconscientes de tal fenômeno de desaparecimento Primeiro raramente estamossujeitos a estímulos comoosdessa experiên ciaAs letras apareceram somente durante 50milissegundos e desapareceram emseguida an tes que os participantes precisassem rememorálas Segundo e mais importante somos incapazes entretanto de distinguir o que vemos na memória icônica daquiloque efetiva mente vemos no ambiente O que vemos na memória icônicaé aquiloque supomos existir no ambiente Os participantes da experiência de Sperling geralmente comunicavam que ainda conseguiam ver o quadro até 150milissegundos após ter sidoapagado Pormais refinado que fosse o uso por Sperlingdo procedimento de relato parcial era im perfeito Ainda estava sujeito pelo menos em graureduzido ao problema inerente ao proce dimento derelato integral osparticipantes precisavam informar diversos símbolos Eles podem FIGURA 53 10 0 15 30 10 Atraso do tom segundos 100 75 O B 50 I o o Q 25 O gráfico mostra noeixo vertical esquerdo o número médio de letras lembradas e noeixo vertical direito valores per centuais equivalentes por um participante com base na aplicação do procedimento de relato parcial como função do atraso entre a apresentação das letras e do tom que sinaliza quando demonstrar a rememoração A barra nocanto in feriar direito indica o número medio de letras lembradas quando osparticipantes adotam o procedimento de relato inte gral Sperling 1960 162 Psicologia Cognitiva ter constatado uma perda gradual de memória durante o processo de comunicação Existe realmente uma possibilidade distinta de interferência no resultado Neste caso a produção de informações interfere com o fenômeno sendo estudado isto é comunicar verbalmente diver sos símbolos pode interferir com relatos da memória icônica Refinamento Subsequente Em um trabalho subsequente foram mostrados aos participantes quadros com duas linhas de oito letras escolhidas aleatoriamente durante 50 milissegundos Averbach Coriell 1961 Nesta experiência apareciaum pequenosinal logo acimadasposições em que uma letra havia aparecido ou estava paraaparecer Seuaparecimento ocorria a intervalos de tempovariáveis antes ou após a apresentação das letras Portanto nesta pesquisa os participantes precisavam informarsomente uma única letra por vez Dessa forma o procedimento minimizava a inter ferência no resultado Esses pesquisadores descobriram que quando a barra aparecia imedia tamente antes ou após a apresentação do estímulo os participantes conseguiam informar corretamente cerca de 75 das tentativas Portanto pareciam estar retendo cerca de 12 itens 75 de 16 na memória sensorial Consequentemente a estimativa feita por Sperling da capacidade da memória icônica pode ter sido conservadora As provas nesseestudo indicam que quando a interferência no resultado for reduzida consideravelmente as estimativas da capacidade de memória icônica podem aumentar sensivelmente A memória icônica pode abranger até 12 itens A segunda experiência Averbach Coriell 1961 revelou uma importante característica adicional da memória icônica ela pode ser apagada Esta possibilidade inerente à memória icônica definitivamente torna nossas sensações visuais mais perceptíveis Enfrentaríamossé rias dificuldades se tudo que enxergássemos em nosso ambiente visual persistisse por muito tempo Por exemplo seestivermos observando o ambiente apressadamente precisamos queas informações visuaisdesapareçam rapidamente Os pesquisadores descobriramque quando um estímuloera apresentado após uma letra alvo na mesma posição que a letraalvo havia ocupado poderiaapagar o íconevisual Aver bach Coriell 1961 Esta interferência é denominada ocultação visual traseira Ocultação visual traseira é a eliminação mental de um estímulo causado pelo posicionamento de um es tímulo em que outro havia aparecidoanteriormente Se o estímulooculto forapresentado no mesmo lugarde uma letra e no intervalo de 100milissegundos da apresentação da letra ele é superposto à letra Por exemplo F seguido de L seria E Nos intervalos maiores entre o alvo e o item oculto este apaga o estímulooriginal Por exemplo somente o L permaneceria se o F e em seguida o L tivessem sido apresentados Em intervalos ainda maiores entre o alvo e o item oculto este cessaa interferência Esta nãointerferênciaocorre presumivelmente por que a informação almejada já foi transferida para uma armazenagem mais permanente da memória Resumindo a informação visual parece entrar em nosso sistema de memória por meio de um armazenamento icônico que a preserva por períodos muito breves Na seqüência usual dos eventos essa informação pode ser transferida para outro receptáculo ou pode ser apagada Isso ocorreseoutra informação for superposta à primeira antes de existirtemposu ficiente paraa transferência de informação a outro receptáculo da memória A eliminação ou a movimentação para outro receptáculo também ocorre com a informação auditiva que esteja no receptáculo da memória mais durável Armazenamento de Curto Prazo A maioria de nós possui pouco ou nenhum acesso introspectivo a nossos receptáculos de me móriasensorial Entretanto todos possuímos acesso a nossoreceptáculode memóriade curto Capítulo5 Memória Modelos e Métodos de Pesquisa 163 prazo que mantém a memória por algunssegundose ocasionalmente por até algunsminutos Por exemplo você consegue se lembrar do nome do pesquisadorque descobriu o armazena mento icônicoEdos nomes dos pesquisadores que refinaramsubseqüentemente essetrabalho Se você consegue relembrar esses nomes utilizou alguns processos de controle mnésicospara tal finalidade De acordo com o modelo AtkinsonShiffrin o receptáculo de curto prazo não armazena apenas poucos itens Também possuidisponíveis alguns processos de controle que regulamo fluxode informaçõesdirigidoe originado do receptáculo de longo prazo Neste caso podemospreservar informações por períodos mais longos Normalmente osdados permanecem no receptáculo de curto prazo por cerca de 30 segundos a não ser que esteja treinado para retêlos As informaçõessão armazenadasauditivamente pelo modo como soam ao invés de visualmente pelo modo como aparentam ser Quantos itens de informação podemos manter em nossa memória Em geral nossa ca pacidadede memória imediata de curto prazo para uma ampla gama de itens parece ser de aproximadamente sete itens mais ou menos dois Miller 1956 Um item pode ser algosim ples como um algarismo ou algo mais complexo como uma palavra Se juntarmos um con junto de por exemplo 20 palavras ou números em sete itens significativos conseguimos relembrálos Não conseguiríamos entretanto relembrar 20 itens e repetilosimediatamente Por exemplo a maioriade nós não consegue manter na memóriade curto prazoesta série de 21 algarismos 101001000100001000100 Suponha no entanto que façamos a divisãodesse número em unidades menores como 10 100 1000 10000 1000 e 100 Provavelmente sere mos capazes de reproduzir com facilidade os 21 algarismos com seis itens Miller 1956 Outros fatores também influenciam a capacidade de armazenamento temporário na me mória Por exemplo o número de sílabas que pronunciamos com cada item afeta o número de itens que conseguimos nos lembrar Quando cada item possui um número grande de síla bas conseguimos rememorar menos itens Baddeley Thomson Buchanan 1975 Naveh Benjamin Ayres 1986 Schweickert Boruff 1986 Adicionalmente qualquer atraso ou interferência podefazer com que nossa capacidade parasete itensdiminuaparacercade três itens Realmente em geral o limite da capacidade pode estar mais próximo de três a cinco do que está de sete Cowan 2001 Algumas estimativas são até menores por exemplo Waugh Norman 1965 A maioria dos estudos empregou estímulos verbais para testar a capacidade da memória de curto prazo porém as pessoas também conseguem reter informações visuais na memó ria de curto prazo Porexemplo podem manter informações sobreformas bem comosuasco res e orientações Qual é a capacidade da armazenagem de curto prazo reter informações visuais Émenor igual ou talvez maior Uma equipe de pesquisadores propôsse a descobrir a capacidade do armazenamento de curto prazo para informações visuais Luck Vogel 1997 Vogel Woodman Luck 2001 Eles apresentaram aos participantes da experiência dois quadros visuais Os quadros foram apresentados em seqüência um após o outro Os estímulos foram de três tipos quadrados coloridos linhas pretas com diversas orientações e linhas coloridas com orientações dife rentes Desse modo o terceiro tipo de estímulo combinava as características dos dois pri meiros O tipo de estímulo foi o mesmo em cada um dos dois quadrados Por exemplo se o primeiro quadro continha quadrados coloridos o mesmo ocorria no segundo Os dois qua dros poderiam ser iguaisou diferentes entre si Caso fossem diferentes então a diferençase limitava a somente uma característica Os participantes precisavam indicar se os dois qua dros eram iguais ou distintos entre si Os pesquisadores descobriam que os participantes po deriam manter na memória cerca de quatro itens no âmbito das estimativas indicadas por Cowan 2001 Os resultados foram os mesmos caso somente características individuais fossem variadas isto é quadrados coloridos linhas pretas com diversas orientações ou 164 Psicologia Cognitiva pares de características fossem variadas isto é linhas coloridas com orientações diferen tes Portanto a retenção parece depender do número de objetos ao invés de número de características Esse trabalho continha um possível complicador isto é outro fator responsável que não pode ser facilmente isolado do fator causai suposto Nos estímulos de linhas coloridas com orientações diferentes a característica agregada ocupava a mesma localização espacial que a original ou seja a cor e a orientação estavam em relação ao mesmo item no mesmo lugar no quadro Portanto foi feito um estudo posterior para distinguir os efeitos da localiza ção espacialdo número de itens LeeChun 2001 Nessa pesquisaos estímulos que incluíam espaços demarcados e linhas poderiam estar em localizações distintas ou sobrepostas As lo calizações sobrepostas separavam portanto os itens das localizações fixas A pesquisa capa citaria alguém a determinar se as pessoasconseguem se lembrar de quatro itens conforme in dicado no trabalho anterior ou de quatro localizações espaciais Os resultados foram os mesmos alcançados na pesquisa anterior Os participantes ainda conseguiam se lembrar de quatro itens independentemente das localizações espaciais Portanto a memória era de itens e não de localizações espaciais Adicionalmente usando a Linguagem Americana de Sinais LAS os pesquisadores descobriram que a memória de curto prazo pode reter aproximada mente quatro itens para letras sinalizadas Essa descoberta é coetente com trabalhos anterio res sobre memória visuoespacial de curto prazo A descoberta faz sentido dada a natureza visual desses itens Bavelieretai 2006 Wilson Emmorey 2006 Armazenamento de Longo Prazo Harry Bahrick é professor pesquisador de Psico logiana Ohio Wesleyan University Ele é mais conhecido porseusestudos deretenção permanentede informações na memória semântica Demonstrou que o conhecimento não repetido pode permanecer na memória durante 25 ou mais anos como por exemplo no casodo re conhecimento de colegas de escola conhecidos durante os anos de ensino médio e não vistos ou lembrados desde aquela época Foto cortesia Harry Bahrick Usamos constantemente a memória de curto prazo ao longo de nossas atividades diárias Entretanto quando a maioria de nós se refere à me mória usualmente está se referindo à memória de longo prazo Nesta condição retemos memórias que permanecem conosco ao longo de períodosextensos talvez indefinidamente Todosdependemos conside ravelmente de nossa memória de longo prazo Mantemos nela informa ções que precisamos para agir em nossas vidas diárias Constituem exemplos quais são os nomes das pessoas onde guardamos objetos como nos programamos nos vários dias e assim por diante Também nos preocupamos quando temos receio de que nossa memória de longo prazo não seja de primeira qualidade Quanta informação podemos reter em nossa memória de longo prazoQuanto tempo a informação dura A pergunta sobre capacidade de armazenagem pode ser posta de lado rapidamente porque a resposta é simples Não sabemos Também não sabemos como poderíamos des cobrir Podemoscriar experimentos para pôr à prova os limites da me mória de curto prazo Porém não sabemos como testar os limites da memória de longo prazo e portanto identificar sua capacidade Al guns teóricos sugeriram que a capacidade da memória de longo prazo é infinita pelomenosem termospráticos Bahrick 1984a 1984b e 2000 Bahrick Hall 1991 Hintzman 1978 A pergunta relativa à duração das informações na memória de longo prazo não pode ser respondida de modo fácil Presentemente não temosprovasequerda existênciade um limite exterior absoluto relativo ao tempo que as informações po dem ser armazenadas O que é retido no cérebroWilder Penfieldpesquisou este tema ao realizar operações cirúrgicas nos cérebros de pacientes conscientes que Capítulo5 Memória Modelos e Métodos de Pesquisa 165 sofriam de epilepsia Ele aplicou estímulos elétricos em várias partes do córtex cerebral para localizar as origens do problema de cada paciente Na realidade seu trabalho foi instrumen tal para identificar as áreas motoras e sensoriaisdo córtex descritas no Capítulo 2 No decorrer de tal estimulaçãoPenfield 1955 1969 descobriuque os pacientesalgumas vezespareciam se lembrar de memórias dos primórdios de suas infâncias Essas memórias po dem não ter sido rememoradas durante um grande número de anos Observe que os pacien tes podiam ser estimuladospara lembrarde episódios como eventos de sua infância e não de fatos como o nome dos presidentes dos EUA Estes dados indicaram a Penfield que as me mórias de longo prazo poderiam ser permanentes Alguns pesquisadorescontestaram as interpretações de Penfield como Loftus Loftus 1980 Observaram por exemplo o número reduzido de tais casos em relaçãoàs centenas de pacientes operados por Penfield Além isso não podemos ter certeza de que os pacientesre almente estavam se lembrando desses eventos Poderiam têlos inventado Outros pesquisa dores usando técnicas empíricas em participantes mais idosos depararamse com provas contraditórias Alguns pesquisadores testaram a memória que os participantes tinham de nomes e foto grafias de seuscolegas do ensino médio Bahrick Bahrick Wittlinger 1975 Mesmo após 25 anos houve pouco esquecimento de alguns aspectos da memória Os participantes tendiam a reconhecer nomes que se relacionavam a colegasde classepreferencialmente a outras pessoas A memória de reconhecimento para atribuir nomes às fotografias da formatura foi bem acen tuada Conforme vocêpoderiaesperar a recordação de nomesresultou em nívelelevado de es quecimento A expressão armazenamento permanente referese à retenção durante um longo tempo de informações como o conhecimento de uma língua estrangeira Bahrick 1984a 1984b Bahrick etai 1993 e de matemática Bahrick Hall 1991 Schmidt etai 2000 estudaram o efeito do armazenamento permanente para nomes de ruas perto das casas em que uma criança morou Realmente visitei há pouco tempo a casa onde morei na infância há maisde 40 anos e lembreime perfeitamentedos nomes das ruas vizinhas Essas constatações indicam que o armazenamento permanente pode ocorrer mesmo para informações que vocêaprendeu passivamente Alguns pesquisadores indicaram que a armazenagem permanente constitui um sistema de memória distinto Outros como Neisser 1999 argumentaram que um sistema de memória de longo prazo pode explicar am bos os casos O tema permanece sem resolução até hoje O modelo de níveis de processamento Um afastamento radical de modelo de memória dos três receptáculos é representado pela estrutura dos níveis de processamento a qual postula que a memória não possui três ou mesmo qualquer nível específico de receptáculos distintos mas varia segundo uma dimen são contínua em termos de profundidade de codificação Craik Lockhart 1972 Emoutras palavras existe teoricamente um número infinito de níveis de processamento NP nos quais os itens podem ser codificados Não existem fronteiras nítidas entre um nível e o próximo A ênfase nesse modelo recai no processamento como chave para a armazenagem O nível em que a informação é armazenada dependerá em grandeparte de comoé codifi cada Além disso quanto mais profundo o nível de processamento maior em geral a pro babilidade de que um item possaser recuperado Craik Brown 2000 Um conjunto de expetimentos parecia apoiar a visãoNP CraikTulving 1975 Os par ticipantes receberam uma relação de palavras uma pergunta precedia cada palavra As per guntas foram variadas para incentivar três níveis de processamento diferentes Em ordem progressiva de profundidade eramde natureza física fonológica e semântica Algumas palavras 166 Psicologia Cognitiva QUADRO 52 Estrutura dos Níveis de Processamento Entre os níveisde processamentopropostospor Fergus Craik e Endel Tulvingencon tramse os níveisfísico fonológicoe semântico conforme apresentado neste quadro NÍVEL DE PROCESSAMENTO Base para o processamento Exemplo Físico Características visualmente claras das letras Palavra MESA Pergunta A palavra está escrita em letras maiúsculas Fonológico Combinações de sons associados com as letras por exemplo rimas Palavra GATO Pergunta A palavra rima com MATO Semântico Significado da palavra Palavra NARCISO Pergunta A palavra significa um tipo de planta e perguntas estão indicadas no Quadro 52 Os resultados da pesquisa foram claros Quanto mais profundo o nível de processamento incentivado pela pergunta maior o nível de reme moraçãoalcançado Resultados similares surgiramindependentemente na Rússia Zinchenko 1962 1981 Palavras que possuíam relação lógica por exemplo taxonômica como cachorro e animai foram lembradas mais facilmente do que aquelas com relação concreta por exem plo cachorro e pata Palavras com relação concreta foram lembradas mais facilmente ao mesmo tempo que as palavras sem conexão A estrutura dos níveis de processamento também pode ser aplicada a estímulos não ver bais Melinda Burgess e George Weaver 2003 observaram querostos processados emprofun didade foram mais reconhecidos emumteste subsequente doqueaqueles queforam estudados em um nível inferior de processamento Um benefício de nível de processamento ou de pro fundidade de processamento pode ser observado para uma variedade de populações in cluindo pacientes internados com esquizofrenia Ragland et ai 2003 Uma induçãoaté maisintensa para a recordação foi denominada efeitode autorreferência Rogers Kuiper Kirker 1977 No efeito de autorreferência os participantes demonstram níveis muito elevados de rememoração quando solicitados a relacionar palavras significativas para si mesmos determinando se as palavras os descrevem Mesmo as palavras que os participantes consideram que não os descrevem são rememoradas em níveis elevados Esta recordação ele vada é o resultado de julgar se as palavras descrevem ou não os participantes Entretanto os níveis mais elevados de recordação ocorrem com palavras que as pessoas consideramautodes critivas Efeitos deautorreferência similares foram constatados pormuitos outros pesquisadores por exemplo Bower Gilligan 1979 Brown Keenan Potts 1986 Ganellen Carver 1985 Halpin et ai 1984 Katz 1987 Reeder McCormick Esselman 1987 Surpreendentemente o tipo de informação que está sendo aprendidopode influenciar o efeito deautorreferência Os investigadores aocomparar traços positivos e negativos des cobriram o efeito de autorreferência para os traços positivos porém não para os negativos DArgembeau Comblain Van der Linden 2005 Portanto estamos mais bemcapacitados para associar a nós mesmos as descrições positivas ao invés das negativas Alguns pesquisadores sugerem que o efeito de autorreferência é distinto porém outros propõem que é facilmente explicado em termos da estrutura dos NP ou de outros processos de memória usuais porexemplo Mills 1983 Cada umde nós possui especificamente um Capítulo 5 Memória Modelos e Métodos dePesquisa 167 modelo próprio muitoelabotado Estemodelo é umsistema organizado de induções internas relacionadas aos nossos atributos às nossas experiências pessoais e a nós mesmos Portanto podemos de modo diversificado e elaborado codificar informações relacionadas à nossa pes soa em número muito maior do que informações sobre outros tópicos Bellezza 1984 1992 Tambémpodemosorganizarfacilmentenovas informações que dizemrespeitoa nós mesmos Quandooutras informações também são prontamente organizadas podemos rememorar de modo igualmente fácil informações quenãosãoautorreferentes Klein Kihlstrom 1986 Por último quando geramos nossas próprias induções demonstramos níveis de recordação muito mais elevados do quequando outra pessoa gera induções paraqueasutilizemos Greenwald Banaji 1989 Apesar das muitas provas disponíveis a estrutura NP como um todo tem seus críticos Para citarumexemplo alguns pesquisadores propõem queos níveis específicos podem envol ver uma definição circular Nessa visão os níveis são definidos como mais profundos porque a informação é mais bemretida Entretanto a informação é vista como mais bem retida por queos níveis são mais profundos Além disso alguns pesquisadores observaram alguns para doxos na retenção Por exemplo em algumas circunstâncias estratégias que usam rimas resultaram em melhor retenção do que aquelas baseadas apenas em ensaio semântico Por exemplo concentrarse em sons superficiais e não nos significados subjacentes pode resultar emmelhor retenção doqueconcentrarse na repetição designificados subjacentes Considere especificamente o que ocorrequandoo contexto pararecuperação envolve atenção a proprie dades fonológicas acústicas das palavras por exemplo rimas Neste caso ocorre maior de sempenho quando o contexto para codificação envolve ensaio com base em propriedades fonológicas ao invés das propriedades semânticas das palavras Fisher Craik 1977 1980 Considere entretanto o que aconteceu quando a recuperação semântica baseada na codifi cação semântica foi comparada com a recuperação acústica rima firmada na recuperação da rima O desempenho foi maiorpara a recuperação acústica Fisher Craik 1977 Em virtude dessas críticas e de algumas descobertas contrárias o modelo NP foi revi sado A seqüência dos níveis de codificação pode não ser tão importante quantoa combina çãoentre o tipo de elaboração da codificação e o tipo de tarefa exigido para a recuperação Morris Bransford Franks 1977 Além disso parece existir dois tipos de estratégias para a elaboração dacodificação O primeiro é a elaboração dopróprio item Essa estratégia elabora a codificação do item específico porexemplo uma palavra ououtrofato emtermos de suas características incluindo os vários níveis de processamento O segundo tipo de estratégia é a elaboração entre itens A estratégia elabora a codificação relacionando as características de cada item novamente em vários níveis às características dos itens já na memória Por tanto suponha que vocêdesejasse ter certeza de lembrarse de algo em particular Você po deria elaborálo em vários níveis para cada uma das duas estratégias As estratégias de elaboração possuem aplicações práticas ao estudar você pode desejar relacionar o modo como codificar a matéria àmaneira pela qual seespera quevocêa recupere no futuro Alémdisso quanto mais elaborada e diversificadamente você codificar a matéria é provável que estará mais preparado para relembrála no futuro em uma variedade de contextos en volvendo tarefas Apenas ler a matéria diversas vezes da mesma maneira apresenta menor probabilidade de serprodutivo para o aprendizado da ma tériadoque identificar mais de umamaneira paraaprendêla Seo contexto para recuperação exigirá de sua pessoa uma compreensão profunda das in formações vocêdeveencontrarmaneiras paracodificar a matéria em níveis profundos de processamento como porexemplo formular a si mesmo per guntas com conteúdo significativo sobre ela APLICAÇÕES PRÁTICAS DA PSICOLOGIA COGNITIVA 168 Psicologia Cognitiva Um modelo de Integração A Memória de Trabalho O modelo da memória de trabalho é provavelmente o mais amplamente usado e aceito atualmente Os psicólogos que o adotam encaram a memória de curto prazo e a de longo prazo de uma perspectiva diferente por exemplo Baddeley 1990a 1995 Cantor Engle 1993 Daneman Carpenter 1980 Daneman Tardif 1987 Engle 1994 Engle Cantor Carullo 1992 O Quadro 53 apresenta o contraste entre o modelo AtkinsonShiffrin e uma perspec tiva alternativa Observe as distinções semânticas as diferenças na representação metafórica e as diferenças de ênfase de cada visão A principal característica da visão alternativa é o papel da memória de trabalho A memória de trabalho retém somente a porção da memória de longo prazo mais recentemente ativada ou consciente e transfere esseselementos ativados para dentro ou para fora da armazenagem da memória temporária Dosher 2003 Alan Baddeleysugeriu um modelo de memória integrador Baddeley 1990b 1992 1993 1997 Baddeley Hitch 1974 que sintetiza o modelo de memória de trabalho e a estrutura NP Ele visualiza a estrutura NP essencialmente como uma extensão e não uma substitui ção do modelo de memória de trabalho Baddeleysugeriu inicialmente que a memória de trabalho inclui quatro elementos O primeiro é um esboço visuoespacial que retém brevemente algumas imagens visuais O se gundo é um circuito fonológico que retém por pouco tempo a fala interior para compreen são verbal e para ensaio acústico Usamos o circuito fonológico para algumas tarefas diárias incluindo sondar palavras novas e difíceis e resolver problemas envolvendo palavras Exis tem doiscomponentes importantes nesses circuitos Um é o armazenamento fonológico que retém informações na memória O outro é o ensaio subvocal usado para colocar as informa ções na memória em primeiro lugar O papel do ensaio subvocal pode ser visto no exemplo a seguir Considere tentar aprender uma relação de palavras repetindo a de número cinco Nesse caso o ensaio subvocal é inibido e você seria incapaz de ensaiar as novas palavras Quando o ensaio subvocal é inibido a nova informação não é armazenada Isso é denomi nado supressão articulatória que se torna mais pronunciada quando a informação é apresen tada visualmente e não oralmente A quantidade de informações que pode ser manipulada no interior do circuito fonoló gico é limitada Portanto podemos nos lembrar de um número menor de palavras longas comparativamente a palavras curtas Baddeley 2000b Sem esse circuito a informação acústica desaparece após dois segundos O terceiro elemento é uma executiva central que coordena as atividades de atenção e controla as respostas A executiva central é crítica para a memória de trabalho por ser o mecanismo de acesso que decide a informação a ser processada adicionalmente e como processála Decide que recursos atribuir à memória e às tarefas relacionadas e como distribuílas Também está envolvido no raciocínio e na compreensão de ordem superior sendo fundamental para a inteligência humana O quarto elemento é constituído por alguns sistemas dependentes subsidiários que desempenham outras tarefas cognitivas ou perceptivas Baddeley 1989 p 36 Recentemente outro componente o anteparo episódico foi agregado à memória de trabalho Baddeley 2000a 2001 O anteparo episódico é um sistema de capacidade limitada capaz de fundir informa ções dos sistemas subsidiários e da memória de longo prazo em uma representação episó dica unitária Este componente integra informações de partes diferentes da memória de trabalho isto é visuoespacial e fonológica a fim de que façam sentido para nós Essa in clusão nos permite resolver problemas e reavaliar experiências anteriores por meio de co nhecimento mais recente Capítulo 5 Memória Modelos e Métodos dePesquisa 169 QUADRO 53 Visão Tradicional versus Nãotradicional da Memória Diversos modelos alternativos de memória foram propostos desde que Richard Atkinson e Richard Shiffrin propuseram inicialmente seu modelo de memória em três receptá culosque pode ser considerado uma visão tradicional da memória Visão Tradicional Visão Alternativa da Memória Terminologia definição dos receptáculos de memória Memória de trabalho é outra designação para memóriade curto prazo que é distinta da memória de longo prazo Memória de trabalho memória ativa é aquela parte da memóriade longo prazo que inclui todo o conhecimento de fatos e pro cedimentos que foram ativados na memória recentemente incluindo a memória de curto prazo breve e efêmera e seu conteúdo Metáfora para visualizar os re lacionamentos A memória de curto prazopode ser visuali zada como distinta da memória de longo prazo talveza seu lado ou hierarquicamente ligada a ela Memória de curto prazo memória de traba lho e memória de longo prazo podem ser vi sualizadascomo esferasconcêntricas abriga dasem que a memóriade trabalho contém somente a parte ativada mais recentemente da memória de longo prazo e a memória de curto prazo contém somente uma parte muito pequena e efêmera da memória de trabalho Metáfora para o movimento de informação A informação movese diretamente da me mória de longo prazo para a memória de curto prazo e em seguida retorna nunca se encontra em ambas simultaneamente A informação permanece na memória de longo prazoquando ativada a informação movese para a memóriade trabalho espe cializada da memória de longo prazo que moverá a informação ativamente para fora do receptáculo de memória de curto prazo contido em seu interior Ênfase Distinção entre memóriade longo prazoe de curto prazo Papel da ativação ao mover informação para a memóriade trabalho e o papel da memória de trabalho nos processos de memória Exemplos de pesquisadores que possuem essavisão Cantor EngSe 1993 Engle 1994 Engle CantorCarullo1992 Os métodos neuropsicológicos e especialmente as imagens do cérebro podem ser de grande ajuda para o entendimento danatureza damemória Buckner 2000a 2000b Cabeza Nyberg 1997 Markowitsch 2000 Nyberg Cabeza 2000 Rosenzweig 2003 Rugg AUan 2000 Ungerleider 1995 As pesquisas neuropsicológicas mostraram provas abundantes de umanteparo de memória breve O anteparo é usado para a lembrança temporária de infor mações Édistinto damemória de longo prazo que éusada para alembrança de informações durante períodos longos Rudner et ai 2007 Schacter 1989a Smith Jonides 1995 Squire 1986 Squire Knowlton 2000 Além disso por meio de algumas novas pesquisas promisso ras que usam técnicas de tomografia poremissão depósitrons PET na sigla em inglês pes quisadores descobriram provas de que existem áreas do cérebro distintas envolvidas nos diferentes aspectos da memória de trabalho O circuito fonológico mantendo informações relacionadas à fala parece envolver a ativação bilateral dos lobos frontal e parietal Cabeza Nyberg 1997 É interessante que o esboço visuoespacial parece ativar áreas ligeiramente diferentes Dependendo da duração do intervalo de retenção ele ativa determinadas áreas 170 Psicologia Cognitiva Alan Baddeley foi diretor da MRC Applied Psychology Unit de Cambridge Inglaterra e é professor de Psicologia Cognitiva na York University na Inglaterra Baddeley é mais conhecido porseu trabalho sobre o conceito de memóriade trabalho o qual demonstrou que esta memória podeser considerada umainterface entre muitos dos vários aspectos dacognição Foto Cortesia do Dr Ahn Baddeley Intervalos mais breves ativam áreas do lobo parietal e dos lobos fron tais esquerdos Haxby et ai 1995 As funções da executiva central parecem envolver ativação principalmente nos lobos frontais Ro berts Robbins Weiskrantz 1996Finalmente as operações do ante paro episódico envolvem a ativação bilateral dos lobos frontais e de partes dos lobos temporais incluindo o hipocampo esquerdo Rudner et ai 2007 Enquanto a visão de três áreas de armazenamento enfa tiza os receptáculos estruturais para as informações armazenadas o modelo de memória de trabalho ressalta as funções desta memória no controle dos processos de memória Estes processos incluem informa ções de codificação e integração Exemplos são a integração de infor mações acústicas e visuais por meio de interação cruzada organizando as informações em conjuntos significativos e unindo novas informa ções a formas existentes de representação do conhecimento na me mória de longo prazo Podemosconceitualizar as ênfasesdiferentes por meio de metáforas contrastantes Porexemplo podemoscomparar a visãode três receptá culosa um armazémem que a informaçãoé retida passivamente O ar mazenamento sensorial atua como a plataforma de carregamento O armazenamento de curto prazo inclui a área em torno da plataforma de carregamento Nessa área a informação é armazenada temporaria mente até ser transferida ou a partir dela para a localização correta no armazém Uma metáfora para o modelo de memória de trabalho poderia ser a de um estúdio de produção multimídia A memória de trabalho gera e manipula continuamente imagens e sons Também co ordena a integração entre imagens e sons para formar arranjos com significado Após imagens sons e outras informações serem armazena das ainda se encontram disponíveis para reformatação e reintegração de maneiras distintas à medida que novas demandas e novas informaçõesse tornam disponíveis Aspectos distin tos da memória de trabalho encontramse representados diferentemente no cérebro A Fi gura 54 mostra algumas dessas diferenças A memória de trabalho pode ser avaliada por intermédio de tarefas distintas As mais comumente usadas estão indicadas na Figura 55 A Tarefa A é de adiamento da retenção Constitui a tarefa mais simples apresentada na figura Um item é mostrado neste caso uma forma geométrica O sinal no início é me ramente um ponto focai para indicar que a série de itens está se iniciando Ocorre em se guida um intervalo de retenção que pode ser preenchido com outras tarefas ou não caso em que o tempo decorre sem qualquer atividade intermediária especificamente planejada Apresentase então ao participante um estímulo e ele deve dizer se é anterior ou novo Na figura o estímulo sendo testado é novo Portanto novoseria a respostacorreta A Tarefa B é uma tarefa de carregamento da memória de trabalho ordenada tempora riamente Uma série de itens é apresentada e após um intervalo a série de asteriscos indica que um item do teste será apresentado Após esta apresentação o participante precisa dizer se o item é antigo ou novo Em virtude de 4 o número na figura não ter sidoapresentado antes a resposta correta é novo A Tarefa C é uma tarefa de ordem temporal Uma série de itens é apresentada Em se guida ps asteriscos indicam que um item do teste será indicado O item do teste mostra dois itens apresentados anteriormente 3 e 7 O participante precisaindicar qual dos doisnúmeros apareceu mais recentemente A resposta correta é 7 porque este número apareceu após o número 3 na relação FIGURA 54 Capítulo 5 Memória Modelos e Métodos de Pesquisa 171 Áreas envolvidas na memória de trabalho verbal na armazenagem fonológica e no ensaio subvocal Hemisfério esquerdo Área motora suplementar irietal e prémotora Hemisfério direito Área de Broca posterior Área motora suplementar e prémotora Áreas envolvidas na armazenagem fonológica Hemisfério esquerdo Hemisfério direito Área motora suplementar Area Parietal posterior Área motorasuplementar e prémotora e prémotora Área de Broca Área envolvida no ensaio subvocal Hemisfério esquerdo Áreas distintas docórtex cerebral encontramse envolvidas emdiferentes aspectos damemória de trabalho A figura mostra os aspectos envolvidos principalmente no circuito de articulação incluindo oarmazenamento fonológico e o ensaio subvocal De E Awh etai 1996 Dissociação daarmazenagem e ensaio namemória de trabalho ver bal indícios obtidos por meio de tomografia por emissão depósitrons Psychological Science 7 p 2531 1996 Blackuieü Inc A TarefaD ocorre em sentido inverson vezes Estímulossão apresentadose em pontos es pecíficos solicitase a um participante para repetir o estímulo queocorreu n apresentações an teriores Por exemplo umapessoa podesersolicitada a tepetiro algarismo queocorreu emuma posição anterior ou imediatamente antes como é o caso do 6 Ou podese solicitar ao parti cipante que repita o algarismo que ocorreu duas posições anteriores como é o caso do 7 172 Psicologia Cognitiva FIGURA 55 Item da tarefa 1 Item do teste Adiamento da retenção preenchido ou não Item da tarefa antigo ou novo a Tarefa de adiamento da retenção Tarefa de ordem relacionai c Tarefa de ordem temporal Tarefas de transposição Teste Tarefa qual é mais recente 53 7 2 Tarefa reproduzir na ordem correta e Carga da memória de trabalho ordenada temporalmente tem da tarefa A Item do teste r 7 Item da tarefa 2 5 b Carga da memória de trabalho ordenada temporalmente Tarefa de ordem relacionai Tarefa encontrar a repetição n itens anteriores d tarefa n itens anteriores Tarefa de transposição contínua 53 72 Sim ou não Tarefa reproduzir os itens finais na ordem correta f Carga da memória de trabalho ordenada temporalmente Tarefas e memória de trabalho DeEncyclopedia ofCognitive Science v 4 p 571 2003 Reproduzido me diante autorização de B Doster A Tarefa Eé uma tarefade carregamento da memória de trabalho ordenada temporaria mente Também pode serdenominada simplesmente uma tarefa de intervalo de algarismos quando algarismos são usados Apresentase à pessoa uma série de estímulos Após serem apresentados são repetidosna ordem em que foramapresentados Em uma variante dessata refa o participante os repete na ordem inversa daquela da que foram apresentados do fim para o início Capítulo 5 Memória Modelose Métodosde Pesquisa 173 Finalmente a Tarefa F é uma tarefa de carregamento da memória de trabalho ordenada temporariamente Apresentase ao participante uma série de problemas aritméticos simples A pessoa indica para cada problema se a soma ou a diferença está correta No final ela re pete os resultados dos problemas aritméticos em sua ordem correta Cada uma das tarefas descritas aqui e na Figura 55 permite o exame de quantas informa ções podemos manipular na memória Freqüentemente cada uma dessas tarefas é apresentada com uma segunda tarefa denominada apropriadamente tarefa secundária formando um par para que os pesquisadores possam ter mais conhecimento a respeito da executiva central A executiva central é responsável por alocar recursos de atenção e de outra natureza a tarefas em andamento Ao fazercom que os participantes realizem mais uma tarefa ao mesmo tempo podemos examinar como os recursos mentais são atribuídos Baudoin et ai 2006 DAmico Guarnera 2005 Uma tarefa que freqüentemente forma um par com aquelas relacionadas na Figura 55 constitui uma tarefa de geração de números aleatórios Nessa tarefa o participante deve tentar gerar uma série aleatória de números completando simultaneamente uma tarefa de memória de trabalho Rudkin Pearson Logie 2007 Sistemas de Memória Múltipla O modelo de memória de trabalho é coerente com a noção de que sistemas múltiplos podem estar envolvidos na armazenagem e na recuperação de informações Recordese de que quando Wilder Penfield estimulou eletricamente os cérebros de seus pacientes eles muitas vezes assegutaram que se lembravam vividamente de episódios e de eventos específicos No entanto não se recordavam de fatos semânticos que não tivessem relação com qualquer evento particular Estas descobertas indicam que podem existir pelo menos dois sistemas distintos de memória explícita Um seria para organizar e armazenar informações com um referente de tempo diferenciado Formularia perguntas como O que você comeu no al moço ontem ou Quem foi a primeira pessoa que você viu esta manhã O segundo sis tema seria para informações que não possuem um referente de tempo específicoFormularia perguntas como Quem foram os dois psicólogos que primeiro propuseram o modelo de memória de três receptáculos e O que é mnemônica Endel Tulving 1972 firmado em tais descobertas propôs uma distinção entre dois ti pos de memóriaexplícita A memória semântica armazena conhecimento geral do mundo É nossa memória para fatos que não são diferenciados para nós e que não são lembrados em qualquer contexto temporal específico A memória episódica armazena eventos ou episódios que a pessoa vivenciou De acordo com Tulving usamos a memória episódica quando apren demos relações de palavras ou quando precisamos nos lembrar de algo que nos ocorreu em uma ocasião ou em um contexto específico Por exemplo suponha que eu precisasseme lem brar que vi Harrison Hardimanowitz no consultório do dentista ontem Eu estaria me va lendo de uma memória episódica Porém se precisasse lembrarme do nome da pessoa que vejo agora na sala de espera Harrison Hardimanowitz estaria me apoiando em uma me mória semântica Não existe uma relação de tempo específicoassociado ao nome daquele in divíduoser Harrison Porém existe uma relaçãode tempo associada ao fato de têlovisto no consultório do dentista ontem Tulving 1983 1989 e outros por exemplo Shoben 1984 apoiam a distinção entre me mória semântica e episódica com base em pesquisas cognitivas e investigações neurológicas As investigações neurológicas envolveram estudos de estimulação elétrica estudos de pa cientes com transtornos de memória e estudos de fluxo de sangue no cérebro Por exemplo lesões no lobo frontal parecem afetar a lembrança a respeito de quando um estímulo foi apre sentado Porém não afetam a rememoração ou a memória de reconhecimento que um estí mulo específico foi apresentado Schacter 1989a 174 Psicologia Cognitiva NO LABORATÓRIO DE M K JOHNSON Uma lembrança é uma ex periência mental que é considerada uma repre sentação autêntica verí dica de um evento no passado de uma pessoa As lembranças podem ser falsas de um modo relati vamente secundário por exemplo uma pessoa acreditar que viu pela última vez as chaves do carro na cozinha quando na realidade esta vam na sala de estar e de maneira importante que possui implicações profundas para a pessoa e os demais por exemplo uma pessoaacreditar erroneamente ser a fonte ou o inventor de uma idéia ou acreditar que sofreu abuso sexual na infância e isso não tenha ocorrido Tais distor ções de memória refletem erros que surgem de processos de monitoramentoimperfeito da fonte os processospelosquais fazemos atribuições a respeito da origem das informações ativadasna experiência mental Errosde monitoramento da fonte incluem confusões entre fontes de infor mação internas e externas e entre váriasfontes externas por exemplo atribuir algo que foi imaginado à percepção uma intenção a uma ação algo que uma pessoa ouviu a algo que testemunhou algo lido em um tabloide a um programa de televisão um incidente que ocor reu no local A ou na ocasião A ao lado B ou à ocasião B A integração das informações com base nas experiências individuais de fontes dis tintas é necessária para todo pensamento com plexo e de ordem superior Porém esta própria criatividade nos torna vulneráveis a ter memó rias falsas porque algumas vezes atribuímos er roneamente as fontes das informações que vêm à mente Diversos tipos de constatações indi cam que o córtex préfrontal CPF desempe nha um papel predominante na identificação das fontesdas experiências mentais Uma lesão no CPF produzdeficits na memória da fonte Os deficits da memóriada fonte são maisfreqüentes nas crianças cujos lobosfrontais apresentaram desenvolvimento lento e em adultos mais ido sos que têm propensão para apresentar neuro patologias no CPF com o avançar da idade A disfunçãodo CPF podedesempenhar um papel na esquizofrenia que inclui algumas vezes deficits de monitoramento da fonte na forma de delírios Meu laboratório está utilizando atual mente imagens por ressonância magnética funcional RMf para ajudar a conhecer as regiões do cérebro envolvidas no monitora mento da fonte Em uma modalidade de es tudo os participantes viram uma série de itens de dois tipos fotografias e palavras Posterior mente aplicouse neles um teste de memória no qual lhes foi mostrado algumas palavras que correspondiam aos itens vistos previa mente itens antigos misturados com alguns que não correspondiam a qualquer dos irens vistos anteriormente itens novos Compara mos a atividade do cérebro quando os partici pantes foram solicitados a fazer julgamentos sobre a fonte por exemplo dizer sim a itens vistos previamente como imagenscom a ativi dade de cérebro quando simplesmente foram solicitados a decidir se um item do teste era familiar dizer sim a qualquer item apresen tado anteriormente Detectamos maior ati vidade no CPF na fonte de identificação comparada com a condição de teste antiga nova e algumas vezes no CPF direito tam bém uma maior atividade Além disso diver sos outros laboratórios divulgaram descobertas relacionadas oferecendo provas convergentes de que o CPF é acionado para o monitora mento da origem das memórias Outros estu dos indicam que o CPF direito participa quando julgamentos podem ser feitoscom base em informações mais globais e menos específi cas como familiaridade ou existência recente Parece que os processos ativados secundaria mente pelo CPF direito e esquerdo contribuem para avaliar a origem das experiências men tais possivelmente de diferentes maneiras e as interações entre o hemisfério direito e o es querdo são provavelmente importantes Por tanto uma meta para pesquisasfuturas consiste em relacionar mais especificamente processos de memória que agem como componentes com padrões de atividade em várias regiõesdo CPF e especificar como as regiões do CPF intera gemcom outras regiões do cérebropara produ ziras experiências subjetivasque consideramos ser memórias Leituras sugeridas Johnson M K Memory and reality Ameri can Psychologist 61 p 760771 2006 Capítulo 5 Memória Modelos c Métodosde Pesquisa 175 NO LABORATÓRIO DE M K JOHNSON continuação Johnson M K Raye O L False memories and confabulation Trends m Cognitive Sciences 2 p 137145 1998 Johnson M R Mitchell K J Raye C L DEsposito M Johnson M K A brief thought can module activity in extrastrie ate visual áreas Topdown effects of re freshing justseen visual stimuli Neuroí mage 37p 290299 2007 Lyle K BJohnson M K Importing percei ved features into false memories Me mory 14 p 197213 2006 Mitchell K J Johnson M K Raye C L Greene E J 2004 Prefrontal córtex activity associated with source monito ring in a working memory taskJournal of Cognitive Neuroscience 16 p 921934 Ranganath O Johnson M K DEsposÍto M Left anterior prefrontal activation increases with demands to recall specific perceptual information Journal of Neu roscience 20 RC 108p 15 2000 Não está claro se a memória semântica e a episódica constituem dois sistemasdistintos Não obstante parecem funcionar algumas vezes de modo diferente Muitos psicólogos cogni tivos questionam essa distinção por exemplo Baddeley 1984 Eysenck Keane 1990 Hum phreys Bain Pike 1989 Johnson Hasher 1987 Ratcliff McKoon 1986 RichardKlavehn Bjork 1988Eles apontam para áreas indistintas na fronteira entre esses dois tipos de memó ria Também observam problemas metodológicos com algumas das evidências Talvez a me mória episódica seja meramente uma forma especializada de memória semântica Tulving 1984 1986 No entanto algumas constatações neurológicas indicam que esses dois tipos de memória são distintos Os pesquisadores descobriram por meio de métodos neuropsicológi cos dissociações em áreas de cérebro para recuperação de memória semântica versus de me mória episódica Prince TsukiuraCabeza 2007 Pesquisas adicionais realizadas em pacientes com tipos específicos de perda de memória contataram pacientes com perda de memória se mântica mas sem atingir a memória episódica Temple Richardson 2004 sugerindo nova mente sistemas separados para a memória episódica e a semântica Outros pesquisadores que estudaram um tipo diferente de perda de memória notaram debilitação da memória episódica porém memória semântica intacta VarghaKhadem et ai 1997 Essas descobertas apoiam a conclusão de que existem sistemas de memória episódica e semântica distintos Um modelo neurocientífico tenta explicar as diferenças na ativação hemisférica por me mórias semânticas versus episódicas De acordo com esse modelo HERA assimetria hemis férica da codificaçãorecuperação existe maior ativação no hemisfério préfrontal esquerdo do que no direito para tarefas que exigem recuperação da memória semântica Nyberg Ca beza Tulving 1996 Tulving et ai 1994 Em contraste ocorre mais ativação no hemisfério préfrontal direito do que no esquerdo para tarefas de recuperação episódica Estemodelopro põe portanto que a memória semântica e a episódica devem ser distintas porque se valemde áreas diferentes do cérebro Por exemplo se uma pessoa é solicitada a indicar verbos relacio nados a substantivos como dirigir com carro essa tarefa requer memória semântica Re sulta em maior ativação do hemisfério esquerdo Nyberg Cabeza Tulving 1996 Em contraste se as pessoassão solicitadas a rememorar livremente de uma lista de palavras uma tarefa de memória episódica elas apresentam mais ativação no hemisfériodireito Uma classificação dos sistemas de memória em termos das dissociações desetitas nas se ções anteriores está indicada na Figura56 Squire 1986 1993 A classificação distingue me mória declarativa explícita de vários tipos de memória não declarativa implícita 176 Psicologia Cognitiva FIGURA 56 Semântica feios Episódica eventos Memória Aptidões para Indução Condicionamento Não associativa procedimentos perceptiva e habituação e por exemplo motoras semântica sensibilização perceptivas cognitivas Baseado empesquisas neurológicas extensivas Larry Squire sugeriu que a memória inclui dois tipos fundamentais memória declarativa explícita e várias formas de memória não declarativa implícita cada umapodendo serasso ciadacomestruturas e processos cerebrais descontínuos A memória não declarativa abarca a memória de procedimentos os efeitos de indução o condicionamento clássico simplesa habituação a sensibilizaçãoe os pósefeitosperceptivos Ainda segundo outra visão existem ao todo cinco sistemas de memória episódica semân tica perceptiva istoé o reconhecimento de objetoscom base em sua forma e estrutura de procedimentos e de trabalho Schacter 2000 Uma Perspectiva Conexionista O modelo de rede oferece a base estrutural para o modelo de processamento distribuído em paralelo PDP conexionista Frean 2003 Sun 2003 De acordo com o modelo PDPa chave da representação do conhecimento encontrase nas conexões entre os vários nodos e não em cada nodo individual Feldman Shastri 2003 A ativação de qualquer nodo pode provocar a ativação de um nodo conectado Este processo de irradiação de ativação pode resultar na ativação de nodos adicionais O modelo PDP enquadrase perfeitamente na noção de memó ria de trabalho com repositório da porção ativada da memória de longo prazo Nesse modelo a ativação se distribui pelos nodos que fazem parte da rede Essa irradiação continua en quanto a ativação não exceder os limites da memória de trabalho Um ativador é um nodo que aciona um nodo conectado Um efeito indutor é a ativação resultante do nodo O efeito indutor tem sido apoiado por numerosas provas Exemplossão os estudos acima menciona dos da indução como um aspecto de memória implícita Adicionalmente algumas provas justificam a noção de que a indução é devida à ativação distribuída McClelland Rumelhart 1985 1988 Porém nem todos concordam quanto ao mecanismo pata o efeito indutor veja McKoon Ratcliff 1992b Os modelos conexionistas também possuem algum apelo intuitivo em sua capacidade para integrar diversas noções contemporâneas sobte a memória memória de trabalho abarca a porção ativada da memória de longo prazo e opera por meio de ao menos algum processa mento paralelo Ativação distribuída envolve a ativação paralela simultânea indução de di versoselos entre os nodos no interior da rede Muitos psicólogos cognitivos que possuem essa visão integrada sugerem que parte da razão pela qual nós humanos demonstramos eficiên cia no processamento de informações é por podermos realizar muitas operações ao mesmo Capítulo 5 Memória Modelos e Métodos de Pesquisa 177 tempo Desse modo osconceitos psicológicos contemporâneos da memória de trabalho dos modelos de memória em rede da ativação distribuída da induçãoe dos processos paralelos intensificamse e apoiamse mutuamente Algumas das pesquisas que justificam esse modelo de memória conexionistaoriginaramse diretamente de estudosexperimentais com pessoas desempenhando tarefas cognitivas em am biente de laboratório Modelos conexionistas explicam eficazmente os efeitos indutores o aprendizado de aptidões memória de procedimentos e diversos outros fenômenos da memó ria Até o presente contudo osmodelos conexionistas têmfalhado emproporcionar previsões e explicações claras da memória de rememoração e de reconhecimento que ocorrem em se guida a um únicoepisódio ou a uma únicaexposição a informações semânticas Os psicólogos cognitivos além de realizar experiências de laboratório em participantes humanos têm usado modelos computadorizados para simular diversos aspectos do processa mento das informações O modelo de três receptáculos baseiase no processamento emserial seqüencial das informações O processamento setial pode ser simulado em computadores in dividuais que processam somente uma operação porvez Em contraste o modelo de proces samento paralelo simultâneo de diversas operações não pode ser simulado em um único computador O processamento paralelo requer redes neurais Nestas redes diversos computa dores estão conectados e operam de modo seqüencial Alternativamente um único compu tador especial pode operar com redes paralelas Muitos psicólogos cognitivos preferem atualmente um modelo de processamento paralelo paradescrever muitos fenômenos da me mória O modelo de processamento paralelo foi inspirado na realidade pela observação de como o cérebro parece processar informações Neste caso diversos processos ocorrem simul taneamente Além de inspirar modelos teóricos das funções da memória as pesquisas neuro psicológicas têm oferecido idéias específicas sobre processos da memória Também ofereceram provas relativas a várias hipóteses de como a memória humanaopera Nem todos os pesquisadores cognitivos aceitam o modelo conexionista Alguns acredi tam que o pensamento humano é mais sistemático do que os modelos conexionistas conside rariam Fodor Pylyshyn 1988 Matthews 2003 Eles julgam que ocomportamento complexo exibeumgraude ordenamento e finalidade queos modelos conectivos não conseguem incor porar Os adeptos dos modelos conectivos questionam essa alegação O tema será equacionado à medida que os psicólogos cognitivos pesquisem a extensão em que os modelos conectivos conseguem reproduzir e mesmo explicar o comportamento complexo A Memória no Mundo Real Como a memória é usada nas situações diárias e paraque serve a memória Alguns pesquisa dores consideram que devemos estudar a memória em ambientes próximos do mundo real além dos ambientes de laboratório Cohen 1989Neisser 1978 1982 A idéia básicaé que a pesquisa damemória deve tervalidade ecológica e aplicarse aos fenômenos damemória natu ral em ambientes naturais As técnicas utilizadas examinam portanto ambientes naturais usando relatos pessoais e questionários Embora este método tenha sido criticado por sua falta decontrole e capacidade degeneralização Banaji Crowder 1989 gerou algumas novas con ceitualizações interessantes a respeito das pesquisas damemória em geral Por exemplo um grupo de pesquisadores solicitou uma mudança na metáfora usada na conceituaiização damemória ao invés de uma mudança noambiente de pesquisa Ametáfota de repositório tradicional da memória na qual ela é concebida como um repositório de infor mações e eventos conduz inevitavelmente a questões dequantidade A pergunta portanto se torna Quantos itens podem set lembrados de uma ocorrência específica ou usados neste evento Koriat Goldsmith 1996a 1996b O ambiente de laboratório é muito apropriado 178 Psicologia Cognitiva para essa abordagem permitindo o controle das variáveis quantitativas Em contraste o mo delo diário ou do mundo real exige em maior grau uma metáfora de correspondência Neste caso a memória é concebida como um veículo para interação com o mundo real Portanto as perguntas passam a ser sobre a precisão na representação de eventos passados Com que proximidade a memória corresponde a eventos específicos Neste caso a memória seria vista como uma estrutura atendendo a uma finalidade particular em nossas interações com o mundo Podemos observar essa nova tendência ampliandose à medida que mais pesquisadores tornamse cada vez mais interessados nas propriedades funcionaisda memória Já existemal gumas novas idéias promissoras a respeito de qual é a funçãoda memória para oferecer algu mas propostas concretas sobre a estrutura da memória Por exemplo uma visão requer um sistema de memóriacentrado em torno de interações orgânicas corporais com o ambiente Glenberg 1997 Portanto a correspondência com o mundo real é alcançada por meio de representações que refletem o relacionamento estrutural entre o corpo e o mundo externo ao invés da codificação de representações simbólicas abstratas Ainda não sabemos se este método assumirá o papel principal nas pesquisas sobre me mória ou se será suplantado pelodinamismoda metáfora laboratóriorepositório Seja qual for o caso novasmetáforas e controvérsias são essenciais para a sobrevivência do campo de estudo Sem um fluxo constante de novas idéias ou de reavaliação das antigas a ciência es tagnaria e desapareceria Outra abordagem que já está começando a dominar grande parte das pesquisas sobre memória é o estudo neuropsicológico da memória que desenvolveuse em parte com base no estudo de pessoas com memória diferenciada A Memória Diferenciada e a Neuropsicologia A discussão da memória concentrouse até este ponto nas tarefas e nas estruturas envol vendo a memória de funcionamento normal No entanto existem casos raros de pessoas com memória diferenciada seja acentuada ou deficiente que esclarecem alguns aspectos interessantes sobre a natureza da memória em geral O estudo da memória diferenciada conduz diretamente a investigações dos mecanismosfisiológicos subjacentes à memória A Memória Extraordinária Os Mnemonistas Imaginecomo seriasua vidase possuísse uma capacidadeexcepcional de memóriaSuponha por exemplo que você fosse capaz de lembrarse de todas as palavras impressas neste livro Neste caso você seria considerado um mnemonista alguém que demonstra capacidade de memória extraordinariamente acurada baseada usualmente na adoçãode técnicas especiais para aumentar a memória Talvez o mais famoso dos mnemonistas tenha sido um homem chamado S O psicólogo russo Alexander Luria 1968 divulgou que um dia S apareceu em seu la boratório e solicitou quesuamemória fosse testada Luria testou Se descobriu quea memó ria deste homem aparentava não possuir virtualmente limites S conseguia reproduzir conjuntos extremamente longos de palavras independentemente de quanto tempo houvesse decorrido desde que as palavras lhe tivessem sido apresentadas Luria estudou S durante 30 anos Ele descobriu quemesmo quando a retençãode S era avaliada 15 ou 16 anosapós uma sessão em que S havia aprendido palavrasS ainda conseguiareproduzilas S tornouse no final um animadorprofissional Ele deslumbrava públicos comsuacapacidade paralembrase de tudo que lhe era perguntado Capitulo5 Memória Modelos e Métodos de Pesquisa 179 Qual era o truque de S Como se lembrava de tantas coisas Evidentemente ele se apoiava de modo considerável na mnemônica das imagens visuais Convertia a matéria que precisava para lembrarsepor meio dessas imagens Por exemplo ele informou que ao ser so licitado a lembrarseda palavra verde visualizavaum pote verde de flores Para a palavra ver melho visualizava um homem com uma camisa vermelha caminhando em sua direção Mesmonúmeros eram associados a imagens Por exemplo l era um homem orgulhoso e de boa aparência física O número 3 era uma pessoa triste O número 6 era um homem com um pé inchado e assim por diante Para S grande parte de seu uso de imagens visuais para a recordação não era intencio nal Era preferencialmente o resultado de um fenômeno psicológico raro Esse fenômeno denominado sinestesia é a experiência de sensações em uma modalidade sensorial distinta do sentido que foi estimulado fisicamente Por exemplo S converteria de modo automático um som em uma impressão visual Ele até comentou sentir o sabor e o peso de uma palavra Cada palavra de que se lembrava evocava toda uma faixa de sensações que lhe ocorriam au tomaticamente quando necessitava se lembrar daquela palavra Outros mnemonistas usaram estratégias diferentes V P um imigrante russo conseguia memorizar um grande número de informações como linhas e colunas de números Hunt Love 1972 Enquanto S se apoiava principalmente em imagens visuais V P obviamente utilizava em maior grau as traduções verbais Ele declarou que memorizava números trans formandoos em datas Em seguida pensaria a respeito do que havia feito naquele dia Outro mnemonista S R lembravase de conjuntos contendo muitos números segmen tandoos em grupos de três ou quatro algarismos cada Em seguida os codificava em tempos de percurso para corridas distintas EricssonChase Faloon 1980 S E um experiente fun dista era familiarizado com as durações de tempo que seriam plausíveis para corridas dife rentes S F não freqüentou o laboratório como um mnemonista Havia sido selecionado preferivelmente para representar o aluno universitário médio em termos de inteligência e capacidade de memória A memória original de S F para um conjunto de números era de cerca de sete algaris mos a média para um aluno universitário No entanto após 200 sessões de prática distribuí das ao longo de um período de dois anos S F havia aumentado mais de dez vezes sua memória para algarismos Conseguia se lembrar até cerca de 80 algarismos Entretanto sua memória ficava afetada seriamente quando os experimentadores lhe apresentavam intencio nalmente seqüências de algarismos que não podiam ser traduzidas em tempo de duração de corridas O trabalho com S F indica que uma pessoa com um nível de memória razoavel mente típico pode pelo menos em princípio ser transformada em uma pessoa com memória um tanto extraordinária Pelo menos isso é possível em alguns domínios após um grande número de sessões envolvendo prática planejada Muitos de nós anseiam ter capacidade de memória como aquela de S ou de V P Pode mos acreditar desse modo que conseguiríamos ser aprovados em nossos exames pratica mente sem esforço No entanto devemos considerar que S não estava particularmente feliz com sua vida e parte da razão era sua memória excepcional Ele declarou que sua sineste sia que era em grande parte involuntária interferia em sua capacidade para escutar as pes soas Vozes confusas originavam sensações as quais por sua vez interferiam em sua capacidade para acompanhar uma conversa Além do mais a grande dependência de S em imagens crioulhe dificuldade quando tentou compreender conceitos abstratos Por exem plo teve dificuldade para entender conceitos como infinito ou nada Estes conceitos não se prestam bem para imagens visuais Ele também ficava confuso algumas vezes quando lia Lembranças anteriores também interferiam algumas vezes em lembranças mais recentes Evidentemente não podemos dizer quantos problemas na vida de S foram causados por sua memória excepcional Porém S acreditava sem margem de dúvida que sua memória 180 Psicologia Cognitiva excepcional possuía um aspecto negativo bem como um positivo Parecia muitas vezes como se fosse um estorvo ou um auxílio Esses mnemonistas excepcionais oferecem alguma elucidação a respeito dos processosde memória Cada uma das três pessoas descritas acima adotou mais ou menos o mesmo proce dimento consciente ou quase automaticamente Cada um traduziu informações arbitrárias abstratas e sem significado em informações mais significativas ou mais concretas sensorial mente Se as informações traduzidas eram tempo de duração de corridas datas e eventos ou imagens visuais a chave era seu significado para o mnemonista De modo análogo aos mnemonistas codificamos mais facilmente informações em nossa memória a longo prazo que são similares àquelas informações que já se encontram armazena das nela Em virtude de possuirmos informações na memória a longo prazoque se relacionam a nossos interesses é mais fácil aprender novas informações que tenham correspondência com nossos intetesses e que podemos relacionar às informações antigas De Beni et ai 2007 Portanto você pode ser capaz de lembrarse das letras de suas músicasfavoritas de anos ante riores porém pode não ser capaz de lembrarse das definições de novos termos e expressões que acaba de aprender Você pode melhorar sua memória para novas informações caso possa relacionar as novas informações às antigas já armazenadas na memória de longo prazo Se você não é capaz de recuperar uma memória que precisa significa que a esqueceu Não necessariamente Psicólogos cognitivos estudaram um fenômeno denominado hiper mnésia que é um processo de recuperação de memórias que pareceriam estar esquecidas Erdelyi Goldberg 1979 Holmes 1991 Turtle Yuille 1994 A hipetmnésia algumas vezes é indicada vagamente como nãoesquecimento embora a terminologia possa não estar cor reta porque em termos esttitos as memórias recuperadas nunca estiveram indisponíveis isto é esquecidas mas preferencialmente inacessíveis isto é difíceis de recuperar A hipermné sia usualmente acontece tentando numerosas induçõesdiversificadas de recuperaçãopara aces sar uma memória A terapia psicodinâmica por exemplo algumas vezes é adotada para tentar chegar à hipermnésia Essaterapia também ressalta o risco de tentar alcançar a hiper mnésia A pessoa pode criar uma nova memória acreditando que é uma antiga ao invés de recuperar uma memória antiga genuína Usualmente consideramos natural a capacidade para lembrarse de modo muito pare cido com o ar que respiramos No entanto da mesma maneira que nos tornamos mais cons cientes da importância do ar quando não temos o suficiente para respirar apresentamos menos propensão para considerar a memória como um fato natural quando observamos pes soas com deficits de memória sérios Déficit de Memória Diversas síndromes diferentes estão associadas à perda de memória A mais conhecida é a amnésia Amnésia Amnésia é uma perda severa de memória explícita Mayes Hunkin 2003 Um tipo é a amnésia retrógrada na qual as pessoasperdem sua memória específicade eventos anterio res a qualquer trauma indutor de perda de memória Squire 1999 Formas moderadas de amnésia retrógrada podem ocorrer de modo razoavelmente comum quando alguém é vítima de uma agressão violenta Usualmente os eventos imediatamente anteriores ao episódio de agressão não são bem lembrados W Ritchie Russel e P W Nathan 1946 relataram um caso mais severo de amnésia re trógrada Um jardineiro de 22 anos foi arremessado de sua motocicleta em agosto de 1933 Uma semana após o acidente o jovem era capaz de conversar normalmente Ele parecia ter Capítulo 5 Memória Modelos e Métodos de Pesquisa 181 se recuperado no entanto tornouse rapidamente visível que haviasofrido umaperda de me mória severa para eventos que tinham ocorrido antes do trauma Ao responder perguntas afirmava que a data era fevereiro de 1922 Acreditava ser um aluno com pouca idade Não tinha lembrança dos anos intermediários Ao longo das próximas semanas sua memória de eventos passadosretornou gradualmente O retorno teve início com os eventos menos recen tes e prosseguiu para os mais recentes Dez semanas após o acidente havia recuperado sua memóriapara a maioriados eventos dos anos anterioresNo final foi capazde lembrarse de tudo que havia acontecido até alguns minutos antes do acidente Na amnésia retrógrada as memórias que retornam usualmente ocorrem a partir do passado mais distante Em seguida retornamprogressivamente até a ocasião do traumaMuitas vezes eventos ocorridos imedia tamente antes do trauma nunca são lembrados Outro tipo de amnésia é aquela a que a maioriade nós está exposta E a amnésia infan til a incapacidade para lembrarnos de eventos que ocorreram quando éramos crianças Spear 1979 Geralmente conseguimos nos lembrar de poucoou de nada daquilo que nos aconteceu com a idade aproximada de 5 anos E extremamente raro alguém lembrarse de muitasmemórias antes da idadede 3 anos Os poucosrelatosde memórias da infânciaque estão gravadas usualmenteenvolvem memórias de eventossignificativos Exemplos sãoo nas cimento de um irmão uma irmã ou a morte de um dos pais Fivush Hamond 1991 Por exemplo alguns adultos lembraramse de sua própriahospitalização ou do nascimentode um irmão quando tinham a idade de 2 anos A morte de um dos pais ou a mudança da família pode ser rememorada lembrandoo que ocorreu com a idadede 3 anos Usher Neisser 1993 A probabilidade de que um evento em tenra idade será lembrado é afetada pela inteligência pelaformação educacional e pelacapacidade lingüística Pillemer White 1989 Alémdisso solicitar a adultos para que se lembrem de eventos de seus anos préescolares resulta em um número maior de eventos lembrados do que quando adultos são solicitados a relatar sua pri meira memória Nelson Fivush 2004 No entanto a precisão dos relatosdas recordações de infância tem sidoquestionada Na realidade muitospsicólogos sugerem que a precisão das lembrançasde eventos que as crian ças possuem pode ser questionável mesmo pouco tempo depois desses eventos terem ocor rido por exemplo Ceei Bruck 1993 As lembranças são particulatmente suspeitas se as criançassãoexpostas a sugestões dissimuladas ou manifestas a respeito dos itens lembrados A falta de confiabilidade de nossas recordações para eventos é discutida mais detalhada mente no próximo capítulo Um dos casos mais famosos de amnésia é o de H M Scoville Milner 1957 H M foi submetido a uma cirurgiano cérebropara poupálo de convulsões contínuas por causade uma epilepsia incontrolável A operação foi realizada em l9 de setembro de 1953 e foi em grande parte experimental Os resultados eram grandemente imprevisíveis H M tinha 29 anos quando foi feita a operação Ele possuía inteligência acima da média Após a cirurgia sua re cuperação não acusou um fato notável com uma exceção Ele teve amnésia anterógrada a incapacidade para lembrarse de eventos que ocorrem após um evento traumático No en tanto ele tinha uma boa lembrança emboranão fosse perfeita doseventosque haviamocor ridoantesda operação A perda de memória de H M afetou severamente sua vida H Mfoi estudado extensivamente por métodos comportamentais e neurológicos Ele observou em uma ocasião Tododia é solitário em si sejaqual for a alegria que tive e sejaqual for a tris tezaque senti Milner Corkin Teuber 1968 p 217 Muitos anos após a cirurgia H M ainda dizia que o ano era 1953 Também conseguia se lembrar do nome de toda pessoa nova que conheceuapós a operação independentemente do número de vezes que interagiam Apa rentemente H M perdeu sua capacidade com a intenção proposital de relembrarse de todas as novas memórias do período após sua operação Como resultado vive suspenso em um eterno presente 182 PsicologiaCognitiva Os exames da memória de H M têm continuidade com trabalhos recentes analisando as alteraçõesque manifesta na memóriae no cérebro à medida que envelhece Esses estudos recentes constataram declínios cognitivos e de memória adicionais H M exibiu em parti cular novos problemas de compreensão e geração de novas sentenças MacKay 2006 MacKay et ai 2006 Salat et ai 2006 Skotko et ai 2004 Amnésia e a Distinção entre Memória Explicita e Implícita Os psicólogos que se dedicam à pesquisa estudam pacientes com amnésia em parte para obter dados da memória funcional em geral Uma das constatações obtidas ao se estudar vítimasde amnésia ressalta a distinção entre memóriaexplícita e memória implícita A me mória explícita normalmente fica afetada pela amnésia A memória implícita como os efeitos indutores nas tarefas de completarpalavras e na memória de procedimentos para ta refas baseadas em aptidões normalmentenão fica prejudicada Evidentemente doistipos de capacidade precisam ser diferenciados O primeiro é a capacidade para refletir consciente mente a respeito da experiência anterior o que é exigido para tarefas envolvendo memória explícita ouconhecimento declarativo O segundo é a capacidade parademonstrar o apren dizado lembrado de ummodo visivelmente automático sem lembrança consciente do apren dizadoBaddeley 1989 As vítimasde amnésia apresentam um desempenho extremamente fracona maior parte das tarefasde memóriaexplícita porémexibem desempenho normal ou quase normal nas tarefas envolvendo memória implícita como tarefas de rememoração in duzidas Warrington Weiskrantz 1970 e tarefas de completar palavras Baddeley 1989 Considere o que acontece após as tarefas de completar palavras Quando se perguntou a amnésicos se haviam visto anteriormente a palavra que acabaram de completar demonstra ram dificuldade para lembrarse da experiência específica de ter visto a palavra Graf Man dler Haden 1982 Tulving Schacter Stark 1982 Além do mais esses amnésicos não reconhecem palavras que tinham visto em níveis melhores que os ocasionais Embora a dis tinção entre memória implícita e memótia explícita tenha sido observadaprontamente nos amnésicos amnésicos e participantes normais acusam a presença da memória implícita De modo análogo as vítimas de amnésia exibem desempenho paradoxal sob outro as pecto Considere dois tipos de tatefas Conforme descrito anteriormente as tarefas de conhe cimento deprocessamentos envolvem sabercomo envolvem aptidões como saber andar de bicicleta ao passo que as tarefas de conhecimento declarativo envolvem saber isso acessam informações factuais comoos termos e as expressões em um livro de Psicologia Porum lado as vítimas de amnésia podem ter desempenho consideravelmente ruim nas tarefas tradicio nais de memória que requerem rememoração ou memória de reconhecimento do conheci mento declarativo Por outro podem demonstrar melhoria no desempenho resultante do aprendizado práticalembrada quando participam de tarefas que requerem conhecimento de procedimentos Taistarefas incluiriam quebracabeças aprendera ler a escritacom letras invertidas ou dominar aptidões motoras Baddeley 1989 Considere umexemplo desse conhecimento de processamentos preservado Pacientes com amnésia quando solicitados a dirigir em uma situação normal foram capazes deoperar e con trolar o carro de modo idênticoa um condutor normal Andersonetai 2007 No entanto os pesquisadores também expuseram ospacientes a uma simulação na qual uma seqüência de um acidente complexo foi vivenciada Nessa situação os pacientes comamnésia tiveram grandes dificuldades Não conseguiam lembrarse da resposta apropriada a essa situação Essa desco berta tem relação direta com o fato de que nos pacientes com amnésia o conhecimento im plícito e de procedimentos é preservado ao passo que o conhecimento explícito fica afetado A maioria doscondutores não possui grandeexperiência comcenários emque deve evitaraci dentes complexos e portanto precisa depender mais de uma memória declarativa paratomar decisões a respeito de comoreagir Capítulo 5 Memória Modelos e Métodos de Pesquisa 183 Amnésia e Neuropsicologia Estudos de vítimas de amnésia revelaram muito a respeito do modo pelo qual a memória depende do funcionamento eficaz de estruturas específicas do cérebro Ao se investigar relacionamentos diretos entre lesões específicas no cérebroe deficits defunção particulares os pesquisadores conseguem compreender como a memória normal funciona Desse modo aoestudar tipos diferentes de processos cognitivos nocérebro os neuropsicólogos buscam freqüentemente dissociações de funções Nas dissociações os indivíduos normais acusam a existência de uma determinada função por exemplo memória explícita Porém as pes soas com lesões específicas no cérebro acusam a ausênala dessa determinada função Essa ausência ocorre apesar da presença de funções normais em outras áreas por exemplo memória implícita Ao observar pessoas com alterações de memória sabemos que ela é volátil Uma pan cada nacabeça um distúrbio de consciência ouquaisquer outros ferimentos ou doenças no cérebro podem afetálo Não podemos determinar entretanto o relacionamento específico de causae efeito entre uma dada lesão estrutural e um déficit de memória específico O fato de uma esttutura ou região particulat estarassociada com uma interrupção de funções não significa que a região é unicamente responsável por controlar essa função Realmente fun ções podem ser partilhadas por diversas estruturas ouregiõeíj Uma analogia fisiológica am pla pode ajudar a explicar a dificuldade para determinar alocalização com base em um déficit observado Ofuncionamento normal de uma parte do cérebro osistema de ativação reticular SAR é essencial paraa vida Porém a vida depende de mais doque um cérebro em funcionamento Se você duvida da importância de outras estruturas pergunte a um pa ciente com doença cardíaca ou pulmonar Portanto embora o SAR seja essencial para a vida a morte de uma pessoa pode ser o resultado do mau funcionamento deoutras estrutu ras do organismo Relacionar uma disfunção do cérebro a uma estrutura ouregião específica apresenta um problema similar Para a observação dedissociações simples muitas hipóteses alternativas podem explicar umeloentre uma lesão específica e umdéficit de função particular Justificativas muito nais convincentes para hipóteses relativas afunções cognitivas originamse da observação deas sociações duplas Nas dissociações duplas as pessoas com diferentes tipos de transtornos neu ropatológicos exibem padrões opostos de deficits Para algumas funções e áreas docérebro os neuropsicólogos conseguiram observar apresença de uma dissociação dupla Por exemplo al gumas provas dadistinção entre memória breve e memória de longo prazo surgem precisa mente dessa dissociação dupla Schacrer 1989b Pessoas com lesões no lobo parietal esquerdo do cérebro demonstram grande incapacidade para reter informações na memória de curto prazo porém sua memória de longo prazo não é afetada Blas continuam a codifi car armazenar e recuperar informações na memória de longo praiio aparentemente com pouca dificuldade Shallice Warrington 1970 Warrington Shallice 1972 Em contraste pessoas com lesões nas regiões temporais médias de cérebro possuem memória de curto prazo de informações verbais relativamente normais como de letras e de palavras porém exibem séria incapacidade para reter novas informações verbais namemória de longo prazo Milner Corkin Teuber 1968 Shallice 1979 Warrington 1982 Dissociações duplas oferecem provas insofismáveis da noção deque estruturas espe cíficas de cérebro desempenham papéis vitais determinados na memória Squire 1987 Distúrbios ou lesões nessas áreas causam deficits severos na formação da memória Porém não podemos afirmar que a memória ou mesmo parte dela reside nessas estruturas Apesar disso estudos conduzidos em pacientes com lesão cerebral são informativos e in dicam pelo menos como a memória trabalha Presentemente os neuropsicólogos cogniti vos descobriram que as dissociações duplas justificam diversas distinções Estas distinções são aquelas entre memória breve e de longo prazo e entre memória declarativa explícita 184 fPsicologia Cognitiva enãodéclãrativaimplícita Também existem algumas indicações preliminares de ou 1trás distinções MaldeíÀlzheimer fcEmbõfááámriésiaísejaasíndrorhe nais associada à perda de memória muitas vezes é menos ddéWrútivacioqueúmadoençaque inclui a perda de memória como umde vários sintomas iOaldeÁlzheiméréLúmaLerifffmidade que atinge adultos com mais idade e que causa dèTrimciabémcomopendafJemenória progressiva Kensinger Corkin 2003 Demência é aapèfda dafuriçãointelectualsuficientemente severa para afetar a vida diária de uma pessoa Apêrdacla1 memória7no málrJe Xlzheimer pode ser vista em imagens comparativas do cére bfòdé indivíduoscomousemadoença de Aízheimer Observe na Figura 57 que à medida Mqüéadõêriçaãvariçaexiste urra atividade cognitiva decrescente nas áreas docérebro asso biadas1função damerríória AdòériçafõiKderitificada hicialmente por Alois Aízheimer em 1907 Normalmente é rrècÕnhecidacómbãsenaperã de função intelectual na vida diária Um diagnóstico defi nitivo1sóépóssiveltformalmeite após a morte Os cérebros das pessoas com a doença exi nbemplácaséèmãrãrihados decélulasque não são encontrados nos cérebrosnormais Placas sãodèpósitõsdensos que óccrrem externamente às células nervosas docérebro São estru turasesféricascòmúm núcleo denso de betaproteína amilóide Kensinger Corkin 2003 EEmáránhadosMexèlülassãopares de filamentos que se tornam deformados em torno de si Sãdéncõhtradosriocorpos células e osdendritos de neurônios muitas vezes apresentam fórrnâtodáiümachámaííensinger Corkin 2003 O mal de Aízheimer é diagnosticado Mqüãndomèmóriaâfetacà e existe pelo menos outra área de disfunção nos domínios da Mirigüágemdamòtricidád da atenção da função executiva da personalidade ou do re cõnhécTmêntodeõbjètosOs sintomas têm início gradualmente e a progressão é contínua céirreversível Ernbõraaprõgréssãoaa doença seja irreversível pode ser um poucodesacelerada O Pprincipal1medicàméntoíisado atualmente com essa finalidade é o Aricept donepezil As Pprovas1ôbtidãsèmpesqüias são de várias naturezas Fischman 2004 Indicam que na me ílhõrdás1hipõtèsèspoAAriept consegue diminuir ligeiramente a progressão dadoença porém nnãotõnséguerevêítê1ls Um medicamento mais recente memantina vendido como Na mêndaouEbixaJpddesuplementar o Aricept e diminuir um pouco mais a progressão da dóenaCsdciisrmêdicínentos possuem mecanismos diferentes O Aricept retarda a destrui Ççãodóheürbtrarismiss acetileolina no cérebro A memantina inibeumcomposto químico MÇüé1provocauiiüitaréxitação nas células cerebrais e resulta em dano àscélulas e em morte OÍFischmànÕOH AVintidênSaidóipal de Aízheimer aumenta exponencialmente com a idade Kensinger GorkinÕÕÍAUricdência na faixa etária de 70a 75 anos é de aproximadamente 1 por ã arioPPòrémrèhtréHsidades de 80 a 85 anos a incidência suplanta 6 por ano Com idade de7O1ancisí3a0 dos adultos possuem sintomas da doença de Aízheimer e após 80 51 ànòs1 áporcêfítagér suplanta 50 UiMtipdespécu de mal de Aízheimer é hereditárioe denominadomal de Aízheimer de Mníciõprematürohi associado a uma mutação genética Aspessoas nessa condição sempre desenvolvem1 adcJÁça Resulta na doença se manifestando cedo muitas vezes antesdos 50 aariòsealgumãsezes aos 20 anos Kensinger Corkin 2003 Em contraste o mal de AÀÍzhèimèríqüéafirece tardiamente parece ser determinado de modo complexo e relacio nhádo ãümãvariéade de possíveis influências genéticas e ambientais nenhuma dasquaisfoi ldèntificàdaMèTrodo conclusivo priméiròsinais do mal de Aízheimer normalmente incluem a deterioração dame mbfiáíèpisódic As pessoas apresentam dificuldade para lembrarse de coisas que apren Capitulo 5 Memória Modelos eMétodos dePesquisaj 185j FIGURA 57 a Imagens do cérebro de a uma pessoa normal b uma pessoa com mal de Aízheimer noestâgipMicialecumaA pessoa com doença de Aízheimer em estágio avançado Àmedida que adoença progride diminui aaayidaâecognitiva do cérebro associada àfunção da memória Imagens a e c CNRUPhototake bjZephyrlPhotoesearchers Inc Utilizadas compermissão deram em um contexto temporal ou espacial A medidaque a doença progrideasmemória semântica também começa a desaparecer Enquanto as pessoas sem a doença tendem a lembrarse de informações de cunho emocional melhor do que lembravamrsedeoutrasin formações sem carga emocional pessoas com a doença nãodemonstram diferençanos dois tipos de memória Kensinger etai 2002 A maioria dasformas da memórianãodeclara tiva é preservada no mal de Aízheimer até o fim de sua evolução O fim é a morte inevi tável a não ser que a pessoa morra primeiro de outras causas O Papel do Hipocampo e de Outras Estruturas Em que lugar do cérebro as memórias são armazenadas e que estruturas e áreas do cérebro encontramse envolvidas no processo de memória como codificação e recuperaçãoMuitas primeiras tentativas de localização da memória foram infrutíferas Por exemplo após lite ralmente centenasde experiências o renomado neuropsicólogo Karl Lashley afirmou relu tantementequenão conseguia identificar localizações específicas no cérebro paramemórias específicas Nas décadas que passaram desde a constatação de Lashley os psicólogos foram capazes de localizar muitas estruturas cerebrais envolvidas na memória Por exemplo elesconhecem a importância do hipocampo e de outras estruturas próximas No entanto a estrutura fisiológica pode nãoser de natureza a nos permitir identificar as localizações inde finidas de Lashley relacionadas a idéias pensamentos ou eventos específicos Mesmo as descobertas de Penfield relativas a elos entre estimulação elétrica e memória episódica de eventos têm sido sujeitas a questionamento 186 Psicologia Cognitiva Alguns estudos revelam descobertas encorajadoras embora preliminares a respeito das estruturas que parecem envolvidasem diversos aspectosda memória Primeiro propriedades sensoriais específicas de uma determinada experiência aparentam estar organizadas em vá rias áreas do córtex cerebral Squire 1986 Por exemplo as características visuais espaciais e olfativas de uma experiência podem estar armazenadas de modo descontínuo em cada uma das áreas do córtex responsáveis pelo processamento de cada tipo de sensação Portanto o córtex cerebral parece desempenhar um papel importante na memóriaem termos da arma zenagem de longo prazo das informações Zola Squire 2000 ZolaMorgan Squire 1990 Além disso o hipocampo e algumas estruturas cerebrais próximas relacionadas parecem ser importantes para a memória explícita de experiências e outras informações declarativas O hipocampo também parece desempenharam papel importante na codificação de infor mações declarativas Squire ZolaMorgan 1991 Thompson 2000Thompson Krupa 1994 ZolaMoTgan Squire 1990Sua principal função parece existir na integração e na consoli dação de informações sensoriais distintas Mbscovitch 2003 De maior importância está envolvido na transferência de novas informações sintetizadas para estruturas de longo prazo que apoiam o conhecimento declarativoTalvez essatransferênciaproporcione um meiopara fazera referência cruzada das informações armazenadas em partes diferentes do cétebro Re ber Knowlton Squire 1996Squire 1986 Squire Cohen Nadei 1984 Adicionalmente o hipocampo parece representar um papel crucial no aprendizado complexo McCormick Thompson 1984 A amígdala também parece exercer função importante na consolidação da memória especialmente onde a experiência emocional estiver envolvida Cahill et ai 1995 Cahill McGaugh 1996 Ledoux 1996 McGaugh 1999 McGaugh Cahill Roozen daal 1996 Packard Cahill McGaugh 1994 Finalmente o hipocampo também exerce pa pel significativo na rememoração de informações Gilboaetai 2006 Em termos evolutivos as estruturas cerebrais mencionadas anteriormente principal mente o córtex e o hipocampo são aquisições relativamente recentes A memória declara tiva também pode ser considerada um fenômeno relativamente recente Outras estruturas de memória podem ser responsáveis ao mesmo tempo por formas não declarativas de me mória Por exemplo os gânglios basais parecem ser as principais estruturas que controlam o conhecimento de procedimentos Mishkin Petri 1984 Porém não estão envolvidos no controle do efeito indutor Heindel Butters Salmon 1988 que pode ser influenciado por vários outros tipos de memória Schacter 1989b Além disso o cerebelo também parece desempenhar papel importante na memória para respostas de condicionamento clássico e contribui para muitas tarefas cognitivas em geral Cabeza Nyberg 1997 Thompson 1987 Portanto várias formas de memória não declarativa parecem se apoiar em estruturas cere brais distintas Além dessesconhecimentos preliminares a respeito das estruturas em nível macro esta mos começandoa compreender a estrutura da memória em nível micro Porexemplo sabe mos que aestimulação repetidade circuitos neuraisespecíficos tendea reforçar a possibilidade de ativação Emparticular em umadeterminada sinapse parecem ocorreralterações fisioló gicas nos dendritosdo neurônio receptor Essas alterações tornam o neurôniomais propenso a alcançar o limiar para uma nova ativação Também conhecemos que alguns neurotransmissores destróem a armazenagem da memó ria Outros aumentam a armazenagem da memória A serotonina e a acetilcolina aparentam aumentar a transmissão neural associada à memória A norpinefrina também pode agir nesse sentidoConcentrações elevadas de acetilcolina foram encontradas no hipocampo de pessoas normais Squire 1987 porém concentrações pequenas são constatadas em pessoas com doençade Aízheimer Na realidade os pacientes com Aízheimer apresentam perda severa do tecido do cérebro que secreta a acetilcolina Capítulo5 Memória Modelos e Métodos de Pesquisa 187 Testes de memória podemseraplicados para avaliar se uma pessoa sofre do malde Aízhei mer No entanto um diagnóstico definitivo é possível somentepor meio da análisedo tecidodo cérebro o qual conforme mencionado anteriormente apresenta placas e emaranhados de célu lasnos casos da doença Em um teste as pessoas vêem uma folhade papelcontendoquatro pa lavras Buschke et ai 1999 Cada palavra pertence a uma categoria diferente O examinador diz qualé a categoria para uma das palavras A pessoa precisa indicar a palavra apropriada Se a categoria for animal a pessoa pode apontar para a fotografia de uma vaca Alguns minutos após aspalavras terem sido apresentadas as pessoas fazem umatentativa para rememorar todas as palavras que viram Caso não consigam lembrarse de uma palavra é informada a categoria a que a palavra pertence Alguns indivíduos não conseguem se lembrar das palavras mesmo quando lhes sãolembradas as categorias Os pacientes comAízheimer obtêm resultados muito pioresnesse teste do que as demais pessoas Os pesquisadotes foram mais capazes de identificar a causade outra forma de disfunção da memória porém não criaram uma maneira para eliminar essedéficit que pode ser preve nido Provouse que o consumo de álcool impede a atividade da serotonina e portanto prejudica a formaçãode memórias Weingartner etai 1983 De fato o abuso severoe pro longado de álcool pode resultar na Síndrome de Korsakoff uma forma devastadora de am nésia anterógrada Esta síndrome muitas vezes é acompanhada por ao menos alguma amnésiaretrógrada Clarketai 2007 Parkin 1991 Shimamura Squire 1986 A síndrome de Korsakoff foi relacionada a uma lesão no diencéfalo a região formada pelo tálamo e o hipotálamo do cérebro Jernigan et ai 1991 Langlais Mandei Mair 1992 Também foi relacionada à disfunção ou ao dano em outras áreas Jacobson Lishman 1990 comooslo bos frontais do córtex Parsons Nixon 1993 Squire 1982 e os lobos temporais Blansjaar et ai 1992 Outros fatores fisiológicos também afetam a função de memória Alguns dos hormônios que ocorrem naturalmente estimulam a maior disponibilidade de glicose no cérebro o que melhoraa funçãode memória Esses hormônios freqüentemente sãoassociados a eventos de grande excitação por exemplo o primeiro beijo apaixonado crises e outros momentos cul minantes porexemplo chegara umadecisão importante Eles podemdesempenhar um pa pel na rememoração desses eventos A amígdala muitas vezes é associada a eventos emocionais portantouma pergunta fun damental a ser formulada é se em tarefas de memória há envolvimento da amígdala na me móriade eventoscom cargaemocional Emumestudoparticipantesviramduasapresentações em dias distintos Cahill et aí 1996 Cada apresentação envolvia 12clipes metade dos quais havia sido julgada comopossuidora de conteúdo relativamente emocional e a outra metade envolvendo conteúdo relativamente não emocional A medida que os participantes assis tiam aosclipes a atividade cerebral era avaliado por meio de PET veja o Capítulo 2 Após um intervalo de três semanas os participantes retornavam ao laboratório e eram solicitados a rememorar os clipes Paraos clipes relativamente emocionais a quantidade de ativação na amígdalaestavaassociada à rememoração para os clipesnão emocionais não ocorria associa ção Este padtão de resultados indica que quando aslembranças possuem carga emocional o nívelde ativação da amígdala está associado à recordação Em outraspalavras quanto maior a carga emocional da lembrança maior a probabilidade desta memória ser recordada no fu turo Pode também existirumadiferença de sexo em relação à recordação de memórias emo cionais Existem algumas provas deque asmulheres selembram melhor do que os homens de fotografias com cargaemocional Canli etai 2002 Alguns dos trabalhos mais fascinantes se concentraram maisnas estratégias usadas em relação à memória As estratégias de memória e os processos de memória constituem tema do próximo capítulo 188 Psicologia Cognitiva Temas Fundamentais Este capítulo ilustraalguns dos principaistemas estudados no Capítulo 1 Inicialmente aborda como a pesquisa básica e a pesquisa aplicada podem interagir Um exemplo são aspesquisas sobre o mal de Aízheimer Na época presente a doença nãoé curá vel porém podesertratada commedicamentos e otientaçãoprovida emum ambiente de con vivência estruturado A pesquisa básica sobre aestruturabiológica por exemplo emaranhados de células e placas e as funções cognitivas por exemplo memória afetada associadas à doença podem nos ajudar um dia a compreender e a tratar melhor a doença Segundo o capítulo apresenta a interação entrebiologia e comportamento O hipocampo tornouse umadaspartesdo cérebro mais cuidadosamente estudadas As pesquisas atuaiscom imagens obtidas por ressonância magnética funcional RMf revelam de que modo o hipo campoe outras partes do cérebro comoa amígdala no casode memória de procedimentos funcionam para permitirnos lembrar daquilo que precisamos saber Terceiro o capítulo mostra como estrutura e função são ambas importantes para com preendera memória humana O modelo AtkinsonShiffrin propôs processos de controleque operam em três estruturas uma de muito curto prazo um receptáculo de curto prazo e um receptáculo de longo prazo O modelo de memória de trabalho mais recente controla e ativa partes da memória de longo prazo a fim de prover as informações necessárias para a resolu ção de tarefas do momento Após você usar umcaixa eletrônico comumamigo peçalhe quepreencha o espaço fal tante eletrônico Seuamigo dirácomtoda probabilidade caixa eletrônico Se você fizesse isso sem ira um caixa eletrônico a maioria das pessoas provavelmente diria apa relho eletrônico A primeira resposta constitui umexemplo de memória implícita Peça a alguns amigos ou a membros da família para ajudálo em um experimento de me mória Dê para metade deles a orientação de contar o número de letras nas palavras que você está para pronunciar Dê para a outra metade a orientação de pensar em ttês palavrasrelacio nadas àspalavras quevocê estáparapronunciar Pronuncie as palavras a seguir comcerca de 5 segundos de intervalo beleza oceano concorrente mau decente feliz corajoso bebida artís tico desalento Cerca de 5 ou 10 minutos mais tarde peça a seus amigos para escreverem o maiornúmero possível das 10 palavras que conseguem se lembrar Em geral aqueles que fo ram solicitados a pensar em três palavras relacionadas às palavras que você leuse lembrarão mais do que aqueles a quem solicitou que contassem os números de letras das palavras Essa é uma demonstração de níveis de processamento Os amigos quepensaram em três palavras re lacionadas processaram as palavras mais profundamente do que aqueles que meramente con taram o númerode letras das palavras Palavras que são processadas maisprofundamentesão mais bem lembradas Leitura sugerida comentada Tulving E Craik F I M ed 2000 The Oxford handbook ofmemory Nova York Oxford University Press Este manual talvez ofereça as descrições mais abran gentesdos fenômenos da memóriaque se encontram atualmente disponíveis CAPITULO Processos Mnésicos 6 EXPLORANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA 1 O que os psicólogos cognitivos descobriram a respeito do modo como codificamos informações para armazenálas na memória 2 O que afeta nossa capacidade para recuperar informações da memória 3 De que modo aquilo que conhecemos ou aprendemos afeta o que lembramos 4 Como a memória se desenvolve com a idade O procedimento é narealidade muito simples Primeiro você dispõe itens em grupos diferentes Evidentemente um grupo pode ser suficiente dependendo dequanto há para fazer Se você precisar ir a outro local por causa dafalta de instalações isto con stitui o passo seguinte caso contrário você jáestá bem preparado E importante não exagerar ascoisas ouseja é melhor fazer poucas coisas aomesmo tempo do que mui tas Isto pode não parecer importante no curto prazo porém podem surgir facilmente complicações Um erro também pode ser oneroso Em primeiro lugar todo o procedi mento parecerá complicado Logo noentanto se tornará apenas outra faceta da vida Édifícil prever qualquer fim da necessidade para essa tarefa no futuro imediato porém nuncasepode afirmar Após o procedimento ser concluído dispõese osmateri ais emgrupos diferentes novamente Então podem sercolocados emseus lugares apro priados Finalmente serão usados umavez mais e todo o ciclo terá então deser repetido Entretanto isso faz parte da vida John Bransford e Mareia Johnson 1972 p722 solicitaram a seusparticipantes que les sem a passagem precedente e se lembrassem dos passos envolvidos Para ter idéia de como foi fácil para seus participantesprocederem desse modo tente recordar esses pas sos Os participantes de Bransford e Johnson e provavelmente você também tiveram muita dificuldade para compreender essa passagem e lembrarse dos passos envolvidos O que torna essa tarefa tão difícil Quais sãoos processos mentais envolvidos nessa tarefa Conforme mencionado no capítulo anterior os psicólogos cognitivos geralmente refe remse aos principais processos de memória abrangendo três operações comuns codificação armazenamento e recuperação Cada uma representa um estágio de processamento da memó ria Codificação referese a como você transforma umdado físico e sensorial em um tipode representação que podeser localizado na memória Armazenamento referese ao modo como você retém as informações codificadas Recuperação referese à maneira como você ganha 189 190 Psicologia Cognitiva acesso às informações armazenadas na memória Nossaênfase ao discutir esses processos será na rememoração de material pictórico e verbal Lembrese no entanto de que possuímos igualmentememórias de outros tipos de estímulos como odores Herz Engen 1996 Codificação armazenamento e recuperação são vistas muitas vezes como estágios se qüenciais Primeiro você recebe a informação Em seguida a retém durante um intervalo Posteriormente você a acessa No entanto os processos interagem entre si e são interdepen dentes Por exemplo você pode ter considerado o texto no parágrafo inicial do capítulo difí cil de codificar tornandoo portanto também difícil de armazenar e de recuperar as informações No entanto uma designação verbal pode facilitara codificação e consequente mente o armazenamento e a recuperação A maioria das pessoastem desempenho muito me lhor com o texto caso seu título seja dado Lavando Roupa Tente agora lembrarse dos passos descritos na passagem A designação verbal nos ajuda a codificare portanto a recor dar uma passagem que de outro modo parece incompreensível Codificando e Transferindo Informação Formas de Codificação Armazenamento de Curto Prazo Quando você codifica informações para armazenamento temporário e uso que tipo de có digo você usa Os participantes tiveram uma apresentação visual de diversas séries de seis letras com intervalo de 075 segundos por letra Conrad 1964 As letras usadas nas várias listas foram B C F M N P STVe X Imediatamente após a apresentaçãodas letras os participantes tinham de escrever cada lista de seis letras na ordem dada Que tipos de erros os participantes cometeram Apesar do fato de as letras terem sido apresentadas visual mente os erros tendiam a se basear em confusão auditiva Ou seja ao invés de lembrarse das letras que deveriam rememorar os participantes substituíam letras que soavam corretas Portanto tinham probabilidade de confundir F por S B por V P por B e assim por diante Outro grupo de participantes simplesmente escutava as letras individuais em um contexto que tinha ruído ao fundo Eles relatavam então imediatamente cada letra como a ouviam Os participantes mostraram o mesmo padrão de confusão na tarefa de escutar e na tarefa de memória visual Conrad 1964 Portanto parecemos codificar visualmente as letras apre sentadas pelo modo como soam e não pela maneira como aparentam ser O experimento Conrad apresenta a importância na memória de curto prazo de um có digo auditivo ao invés de um visual Porém os resultados não eliminam a possibilidade de existirem outros códigos Um deles seriao código semântico um código baseado no signifi cado da palavra Um pesquisador argumentou que a memóriaa curto prazose apoia princi palmente em um código auditivo preferencialmente a um semântico Baddeley 1966 Ele comparou o desempenho na rememoração envolvendo listasde palavrasconfundíveisauditi vamente comomapa capa lapa placa e casta com aquele para listas de palavras acustica mentedistintas comovaca poço dia fraude e bisnaga Baddeley constatou queo desempenho era muito pior para a apresentação de palavras similares auditivamente Ele também comparou o desempenho para listas de palavras similares semanticamente comogrande longo extenso amplo e largo com o desempenho para listas de palavras di ferentes semanticamente comovelho podre atrasado quente eforte Houve poucadiferença de rememoração entre as duas listas Suponha que o desempenho para as palavras similares semanticamente tenha sido muito pior Isto teria indicado que os participantes ficaram con fusos pelassimilaridades semânticas e desse modo estavam processando aspalavras seman ticamente No entanto o desempenho para as palavras com similaridade semântica foi apenas ligeiramente pior do que para as palavras distintas semanticamente Capítulo 6 Processos Mnésicos 191 Trabalhos subsequentes de investigação sobre o modo comoas informações sãocodifica das na memória de curto prazo mostraram provascristalinas de pelo menos alguma codifi caçãosemântica na memória de curto prazo Shulman 1970 Wickens Dalezman Eggemeier 1976 Portanto a codificação na memória de curto prazoparece ser principalmenteauditiva porém pode também ocorrer alguma codificação semântica secundária Adicionalmente al gumas vezes codificamos temporariamente também asinformações visuais Posner 1969 Pos ner etaí 1969 Posner Keele 1967 Entretanto a codificação visualparece ser até maisfugaz cerca de 15 segundo Também é mais vulnerável aodeclínio doquea codificação auditiva Portanto a codificação inicial é principalmente de natureza acústica porém outras formas de codificação podem ser usadasem algumas circunstâncias Armazenamento de Longo Prazo Conforme mencionado as informações armazenadas temporariamentena memória de tra balho permanecem codificadas principalmente em forma auditiva Portanto quando co metemos erros ao recuperar palavras de memória de curto prazo os erros tendem a refletir confusões entre sonsComo as informaçõessão codificadas de maneira que podemser trans feridas para armazenagem e ficarem disponíveis para recuperação subsequente A maior parte das informaçõesarmazenadasna memória de longo prazo parece ser co dificada principalmente de modo semântico Em outras palavras encontrase codificada pelo significado das palavras Considere algumas provas relevantes Participantes tomaram conhecimento de uma lista com 41 palavras diferentes Gross man Eagle 1970 Cincominutos após terem memorizado aspalavras foram submetidos a um teste de reconhecimento no qual estavamincluídos itensde distração Estes são itensque pa recem serescolhas legítimas masquenão representam alternativas corretas istoé nãoforam apresentadas previamente Nove dos itens de distração possuíam relação semântica com as palavras na lista Nove nãopossuíam Osdados de interesse eramalarmes falsos paraositens de distração Estas são respostas nas quais os participantes indicam que haviam visto os itens de distração embora não os tivessem visto Os participantes reconheceram erronea mente uma médiade 183 dossinônimos porémsomente uma médiade 105 das palavras não relacionadasEste resultado indicou maior probabilidade de confusão semântica Outra maneira paramostrar a codificação semântica consiste em usar conjuntos de pala vras para teste relacionadas semanticamente ao invés de itensde distração Os participantes são apresentados a uma listade 60 palavras que incluem 15 animais 15 profissões 15 vege tais e 15 nomes de pessoas Bousfield 1953 As palavrassão apresentadas em ordem aleató ria Portanto os componentes das várias categorias estavam totalmente misturados Após os participantes ouvirem as palavras foram solicitados a usar a recordação simples parareprodu zira listana ordemque desejassem O pesquisador analisava em seguida a ordemde apresen taçãodaspalavras lembradas Os participantes selembraram de palavras sucessivas da mesma categoria maisfreqüentemente do que seria esperadopelo acaso Realmente recordações su cessivas da mesmacategoriaocorreram efetivamente com freqüência muito maiordo que se ria esperado pela ocorrência eventual Os participantes estavam se lembrando de palavras agrupandoas em categorias Os níveis de processamento discutidos no Capítulo 5 também influenciam a codifica ção na memória de longo prazo Os participantes quando aprendem listas de palavras transferem mais informações à memória de longoprazo quando adotam uma estratégia de codificação semântica do que quando usam umaestratégia não semântica Demodo inte ressante nas pessoas com autismo essa vantagem não é observada Estadescoberta indica queparaessas pessoas as informações podemnão estar codificadas semanticamente ou no mínimo não na mesma extensão verificada nas pessoas que não possuem autismo Toichi Kamio 2002 192 Psicologia Cognitiva A codificação das informaçõesna memóriade longo prazonão é exclusivamente semân tica Também existemprovasde codificação visualOs participantes receberam 16 desenhos de objetos incluindo quatro itens de vestuário quatro animais quatro veículos e quatro itensde mobiliário Frost 1972 O pesquisador manipulou não somentea categoria semân tica mas também a visual Os desenhos diferiam em orientação visual Quatro eram incli nadosà esquerda quatro à direita quatroeram horizontais e quatroverticais Os itensforam apresentados em ordem aleatória Os participantes foram solicitados a rememorálos livre mente A ordem das respostas dos participantes mostrou efeitos das categorias semântica e visual Esses resultados indicaram que os participantes estavam codificando informações vi suais e semânticas Além das informações semânticas e visuais as informações auditivas podem ser codifi cadas na memória de longo prazo Nelson Rothbart 1972 Portanto existe grande flexibi lidade no modo pelo qual armazenamos informações que retemos durante períodos longos Aqueles que buscam conhecer a única maneira correta pela qual codificamos informações estão à procura de uma resposta à pergunta errada Não existe uma única maneira correta Uma pergunta mais produtiva seria De que maneiras codificamos informações na memória de longo prazo No entanto sob uma perspectiva mais psicológica a pergunta mais útil a ser feita é Quando codificamos e de quantas maneiras Em outras palavras sob que cir cunstâncias usamos uma forma de codificação e sob quaiscircunstâncias empregamos outra Essas perguntas residem no foco das pesquisas atuais e futuras Transferência de Informações da Memória de Curto Prazo Para a Memória de Longo Prazo Tendoem vistaos problemas de declínio e interferência descritos posteriormente neste ca pítulo como transferimos informações da memória de curto prazo para a memória de longo prazo As maneiras para transferir informações dependem do fato de envolverem memória declarativa ou não declarativa Algumas formas de memória não declarativa são grande mente voláteis e desaparecem rapidamente Exemplos sãoa induçãoe a habituação Outras formas não declarativas são mantidas mais disponíveis particularmente como resultado da prática de procedimentos repetida ou de condicionamentos das respostas repetidos Exemplos sãoa memória de procedimentos comoamarrar ospróprios sapatos e condiciona mento clássico simples como as fobias A entrada na memória declarativa de longo prazo pode ocorrer por meio de uma série de processos Um método para atingir essa meta é prestar atenção deliberadamente à infor mação para compreendêla Outro é fazendo conexões ou associações entre as novas in formações e aquilo que já conhecemos e compreendemos Fazemos conexões integrandoos novos dados emnossos padrões existentes de informações armazenadas Consolidação é esse processo de integração de novas informações nas informações armazenadas Nos seres hu manos o processo de consolidação das informações declarativas na memória podecontinuar por muitos anos após a experiência inicial Squire 1986 O estresse em geral prejudica o funcionamento da memória No entanto estresse também pode ajudar a aumentar a conso lidação da memória por meio da liberação de hormônios Roozendaal 2002 2003 A rup tura da consolidação tem sido estudada eficazmente nos amnésicos Estudos analisaram em particularpessoas que sofreram formas breves de amnésiaem conseqüência da eletroconvul soterapia TEC Squire 1986 Para essesamnésicos é clara a fonte do trauma A confusão entre as variáveis pode ser minimizada Podeser obtido um histórico clínico do paciente an tes do trauma e testes de acompanhamento e supervisão póstrauma são mais prováveis es tarem disponíveis Uma série de estudos indica que durante o processo de consolidação nossa memória é suscetível à ruptura e à distorção Capítulo 6 Processos Mnésicos 193 Para manter ou intensificar a integridade das memóriasdurante a consolidação podemos usar várias estratégias de metamemória Koriat Goldsmith 1996a 1996b Metcalfe 2000 Nelson Narens 1994 Schwartz Metcalfe 1994 As estratégias de metamemória envolvem a reflexão em nossos próprios processosde memória tendo em vista melhorálaTais estraté gias são especialmente importantes quando estamos transferindo novas informações para a memória de longo prazo ensaiandoa As estratégias de metamemória são apenas um compo nente da metacognição nossa capacidade de pensar a respeito e de controlar nossos próprios processos de pensamento e maneiras para realçar nosso pensamento Ensaio Uma técnica que as pessoas usam para manter as informações ativas é o ensaio a recitação repetida de um item Os efeitosde tal ensaio são denominados efeitos daprática O ensaio pode ser aberto caso em que usualmente é verbalizado e óbvio para qualquer pessoa que observe Ou pode ser dissimulado caso em que é silencioso e oculto Simplesmente repetir palavras continuamente para si mesmonão é suficientepara alcançar um ensaio eficaz Tulving 1962 Uma pessoa também precisa pensar sobre as palavras e possivelmente seu interrelaciona mento Quer seja o ensaio aberto ou dissimulado qual é a melhor maneira para organizar seu tempo visando ensaiar novas informações Hermann Ebbinghaus 1885 citado em Schacter 1989a observou há mais de um século que a distribuição de sessões de estudo ensaio de memória ao longo do tempo afeta a con solidação das informações na memória de longo prazo Bem mais recentemente pesquisado res ofereceram apoio à observação de Ebbinghaus como resultado dos estudos de recordação de longo prazo que as pessoas tinham de palavras de vocabulário espanhol as quais haviam aprendido oito anos antes Bahrick Phelps 1987 Eles observaram que a memória das pes soas por informações depende de como as adquirem Suas memórias tendem a ser boas quando usam a prática distribuída um aprendizado em que várias sessões são espaçadas ao longo do tempo Suas memóriasde informações não são tão boas quando estas são adquiridas por meio de prática contínua aprendizado em que as sessões são concentradas em um inter valo de tempo muito breve Quanto maior a distribuição dos ensaios de aprendizagem ao longo do tempo mais os participantes se lembraram ao longo de períodosextensos Esteefeito é denominado efeito de espaçamento As pesquisas relacionaram o efeito de espaçamento ao processo pelo qual as lembranças são consolidadas na memória de longo prazo Glenberg 1977 1979 Leicht Overton 1987 isto é o efeito de espaçamento pode ocorrer porque em cada sessãode aprendizagem o con texto para codificação pode variar As pessoas podem usar estratégias e indutores alternativos para a codificação Elas portanto enriquecem e elaboram padrões para as informações O princípio do efeito de espaçamento é importante de se lembrar nos estudos Você se lem brará em média das informações durante mais tempo se distribuir seu aprendizado das dis ciplinas e variar o contexto para codificação Não tente acumular todas as informações em um período curto Imagine estudar para um exame em diversas sessões breves ao longo de um período de duas semanas Você se lembrará de grande parte da matéria No entanto se você tentar estudar toda a matéria em apenas uma noite se lembrará de muito pouco e a memória para essas informações declinará de modo relativamente rápido Por que a distribuição de tentativas de aprendizagem ao longo de dias faria diferença Uma possibilidade é que as informações são aprendidas em conteúdos variáveis Estescontex tos distintos ajudam a reforçaras informações e a consolidálas Outra possível resposta origi nase de estudos das influências do sono sobre a memória De importância fundamental é a quantidade de sono de movimento rápido dos olhos REM um estágio específico do sono ca racterizado por sonhos e maior atividade das ondas cerebrais Karni et ai 1994 Especifica mente interrupções no padrão de sono REM durante a noite após o aprendizado reduziram 194 Psicologia Cognitiva a melhoria quantitativa de uma tarefa de discriminação visual que ocorreu em relação ao sono normal Adicionalmente essa falta de melhoria não foi observada nas interrupções du rante os padrões correspondentes aos estágios três e quatro do sono Kami et ai 1994 Ou tras pesquisas também indicam melhor aprendizado com aumentos na proporção do estágio REM do sono após exposição a situações de aprendizagem Ellenbogen Payne Stickgold 2006 Smith 1996 A influência positiva do sono na consolidação da memória é observada em grupos etários Hornung et ai 2007 Pessoas que sofrem de insônia um transtorno que priva o indivíduo de um sono muito necessário possuem dificuldade na consolidação da me mória Backhaus et ai 2006 Estas descobertas ressaltam a importância dos fatores biológi cos na consolidação da memória Portanto uma noite de sono tranqüilo que inclui muitas horas de estágio REM ajuda na consolidação da memória Existe algo especial ocorrendo no cérebro que poderia explicar por que o sono REM é tão importante para a consolidação da memória Pesquisas neuropsicológicas sobre a apren dizagem animal podem oferecer uma primeira resposta a essa pergunta Lembrese de que o hipocampo foi reconhecido como uma estrutura importante da memória Ao registrar estu dos de células do hipocampo de ratos os pesquisadores descobriram que as células do hipo campo que foram ativadas durante a aprendizagem são reativadas durante períodos de sono subsequentes Écomo seestivessem reencenando oepisódio deaprendizagem inicial paraob ter a consolidação na armazenagem de longo prazo Scaggs McNaughton 1996 Wilson McNaughton 1994 Esseefeito também foi observado em seres humanos Após aprender ca minhos em uma cidade virtual os participantes dormiram Foi observada maior atividade de hipocampo durante o sono após a pessoa haver aprendido as informações espaciais Nas pes soas com maior ativação do hipocampo também ocorria a melhora do desempenho quando precisavam se lembrar dos caminhos Peigneux et ai 2004 Durante essa maior atividade o hipocampo também apresenta níveis extremamente baixos do neurotransmissor acetilco lina Quando se ministrou acetilcolina aos pacientes durante o sono demonstraram menor consolidação da memória porém somente para informações declarativas A consolidação da memória de procedimentos não foi afetada pelos níveis de acetilcolina Gais Born 2004 Em um artigo recente pesquisadores propuseram que o hipocampo age como um sistema de aprendizado rápido McClelland McNaughton 0Reilly 1995 O hipocampo mantém temporariamente novas experiências até que possam ser assimiladas de modo apropriado no sistema de representação neocortical mais gradual do cérebro Tal sistema complementar é necessário para permitir que a memória represente mais precisamente a estrutura do am biente McClelland e seuscolegas usaram modelos de aprendizagem conexionistas para mos trar que a integração muito rápida de novas experiências conduz à ruptura nos sistemas de memória de longo prazo Portanto os benefícios da prática distribuída parecem ocorrer por possuirmos um sistema de aprendizado relativamente rápido no hipocampo Esse sistema tor nase ativado durante o sono A exposição repetida em dias subsequentes e a reativação re petida durante períodos subsequentes de sono ajudam a aprendizagem Essas memórias aprendidas rapidamente tornamse integradas em nosso sistema de memória de longo prazo mais permanente Um tópico relacionado à consolidação é a reconsolidação O processo de consolidação torna menos prováveis que as memóriasestejam sujeitasà interferência ou ao declínio No en tanto após uma memória ser transferida para a consciência ela pode retornar a um estado mais instável Neste estado a memória que foi consolidadapode ser novamente vítima de in terferência ou de declínio Para evitar esta perda ocorre o processo de reconsolidação A re consolidação possuio mesmo efeito que a consolidação porém é completada por informações codificadasanteriormente A reconsolidação não ocorre necessariamente com cada memória de que nos lembramos mas parece ocorrer na realidade com informações consolidadas há relativamente pouco tempo Walker et ai 2003 Capítulo6 Processos Mnésicos 195 O espaçamento das sessõesde prática afeta a consolidação da memóriaNo entanto a dis tribuição dos ensaios de aprendizagem no decorrer de uma determinada sessão parece não afe tar a memória De acordo com a hipótese do tempo total a quantidade de aprendizado depende da duração de tempo empregada ensaiando atentamente a matéria Esta relação ocorre prati camente sem levar em conta o modo como o tempo está dividido em ensaios durante qual quer sessão Entretanto a hipótese do tempo total nem sempre se verifica Além do mais a hipótese do tempo total de ensaio possui pelo menos duas limitações visíveis Cooper Pan tle 1967 Primeiroo tempo total dedicado ao ensaio precisaser usadona realidade para essa finalidade Segundo para obter efeitos benéficos o ensaio deve incluir diversos tipos de ela boração de dispositivos mnemônicos que podem aumentar a rememoração Uma pessoa precisa empregar o ensaio elaborativo a fim de transferir informações para a memória de longo prazo No ensaio elaborativo o indivíduo elabora de algum modo os itens a serem lembradosTal ensaio torna os itens mais significativamente integrados naquilo que a pessoa já conhece ou mais significativamente relacionados entre si e portanto mais destacados Considere em contraste o ensaio de manutenção No ensaio de manutenção a pessoa simplesmente ensaia continuamente os itens a serem repetidos Tal ensaio mantém temporariamente as informações na memória de curto prazo sem transferilas para a memó ria de longo prazo Sem qualquer tipo de elaboração as informações não podem ser organi zadas e transferidas Organização da Informação Memórias armazenadas são organizadas Uma maneira para mostrar essa organização é por meio da avaliação da organização subjetiva na rememoração livre Isto se refere ao nosso modo individual de organização de nossas memórias Os pesquisadores para avaliar a orga nização subjetiva podem apresentar aos participantes uma tarefa de tentativas múltiplas de rememoração livre Os participantes são sujeitos a muitas tentativas durante as quais apren dem a se lembrar em qualquer ordem que escolhem de uma lista de palavras não relaciona das Lembrese de que se conjuntos de palavras de teste podem ser divididos em categorias por exemplo nomes de frutas ou de mobília os participantes agruparão espontaneamente sua rememoração nessas categorias Eles procedem assim mesmo se a ordem de apresentação for aleatória Bousfield 1953 Os participantes tenderão de modo similar a mostrar padrões coerentes de ordem das palavras em seus protocolos de rememoração mesmo se não houver relações visíveis entre as palavras na lista Tulving 1962 Em outras palavras os participan tes criam sua própria organização coerente Eles podem agrupar em seguida sua rememora ção com base nas unidades subjetivas que criam Embora a maioria dos adultos tenda espontaneamente a agrupar itens em categorias o agrupamento em categorias também pode ser usado intencionalmente como auxílio para a memorização Vocêpode usar estas estratégias de memória a fimde ajudálo a estudar para os exames 1 Estude durante todo o curso ao invés de varar a noite estudando antes de uma prova Isso distribui as sessões de aprendizagem per mitindo consolidação em sistemasde memória mais permanentes 2 Relacione novas informações àquilo que você já conhece ensaiandoas de uma maneira significativa Organize as novas informações para relacionálas a outras matérias do curso ou a áreas de sua vida 3 Use os vários dispositivos mnemônicos apresentados no Quadro 61 APLICAÇÕES PRÁTICAS DA PSICOLOGIA COGNITIVA 196 Psicologia Cognitiva Dispositivos mnemônicos são técnicas específicas para auxiliálo a memorizar listas de palavras Best 2003 Esses dispositivos agregam essencialmente significadoa listas de itens que de outro modo seriam sem significadoou arbitrários Conforme o Quadro 61 apresenta uma variedade de métodos agrupamento por categoria acrônimos acrósticos imagens in terativas entre itens palavras relacionadas e o método da localização pode ajudálo a me morizar listas de palavras e itens de vocabulário Embora as técnicas descritas no Quadro 61 não sejam as únicas disponíveis correspondem às mais freqüentemente usadas QUADRO 61 Dispositivos Mnemônicos Técnicas Selecionadas Denrre os vários dispositivos mnemônicos disponíveis os dispositivos descritos a seguir apoiamse na organização das informações em partes significativascomo agrupamento por categoria acrônimos e acrósticos ou em imagens visuais como imagens interativas um sistema de relação entre palavras e o método da localização Técnica ExpucaçãoDescrição Exemplo Agrupamento por categoria Organizar uma lista de itens em um conjunto de categorias Se você precisasse se lembrar de comprar maçãs leite rosquinhas uvas iogurte pães doces queijo suíço grapefruit e alface estaria mais capacitado para fazêlo caso tentasse memorizar os itens por categorias frutas maçãs uvas grapefruit laticínios leite iogurte queijo suíço pães rosquinhas pães doces vegetais alface Imagens interativas Criar imagens interativas que unam as palavras isoladas em uma lista Suponha por exemplo que você precise se lembrar de uma lista de palavras não relacionadas mamífero mesa lápis livro rádio Kansas chuva eletricidade pedra espelho Por exemplo você poderia imaginar um mamíferosenrado em uma mesa segurando um lápis em suas patas e escrevendo em um livro com chuva caindo sobre o fCansas conforme apresentado em um mapa que aringe um rádio que está sobre uma pedra gera eletricidade refletida em um espelho Sistema de palavras relacionadas Associar a cada nova palavra uma palavra de uma lista memorizada previamente e de uma imagem interativa entre as duas palavras Uma lista deste tipo originase de uma poesia rimada para crianças Um dois feijão com arroz três quatro feijão no prato cinco seis feijão inglês sete oito comer biscoito nove dez comer pastéis Para lembrarse da lista de palavras que usar o sistema de imagens interativas você poderia visualizar um mamífero comendo um sanduíche de atum Você poderia imaginar caracóis sobre uma mesa alta Você poderia visualizarum português que segura um lápis Em seguida você continua formando imagens interativas para cada uma das palavras da lista Quando precisar se lembrar das palavras você se lembra primeiro das imagens numeradas e em seguida das palavras à medida que as visualizanas imagens interativas Capítulo 6 Processos Mnésicos 197 Noagrupamento por categoria a pessoa organiza uma lista de itens emum conjunto de categorias Por exemplo a pessoa pode organizar sua lista de compras pelos tipos de alimentos a serem comprados por exemplo frutas vegetais carne Nas imagens interativas a pessoa imagina tão vividamente quanto possível os objetos representados porpalavras das quais precisa se lembrar interagindo entre si de algum modo ativo Por exemplo suponha quevocê precise selembrar de comprar meias maçãs QUADRO 61 Dispositivos Mnemônicos Técnicas Selecionadas continuação Técnica ExpucaçãoDescrição Exemplo Método de localização Visualize caminhar em torno de uma área com marcos distintos que vocêconhece bem e relacione em seguida os vários marcos a itens específicos a serem lembrados Quando você precisamemorizar uma listade palavras percorra mentalmente cada um dos marcos distintos fixando cada palavra a ser memorizada em um dos marcos Visualize uma imagem interativa entre a nova palavra e o marco Por exemplo se desejasse se lembrar da lista de itens mencionada previamente poderiaformara visãode uma anta buscando alimento para os seusfilhotes uma mesa na calçada em frente a um terreno vazio uma estátua em forma de lápis no centro de uma fonte e assim por diante Quando desejassese lembrar da lista faria um percursomental e escolheriaas palavras que havia associado a cada um dos marcos ao longo do percurso Acrônimo Crie uma palavra ou expressão em que cada uma de suas letras representeoutro vocábuloou conceito específicopor exemplo EUA Qle ONU Suponha que você desejasse se lembrardos nomes dos dispositivos mnemônicosdescritos neste capítulo 0 acrônimoIMPACPpoderia induzilo a lembrarse de imagens interativas Método de localização Palavras relacionadas Acrósticos Categorias e Palavraschave Evidentemente esta técnica é mais útil se as primeiras letras das palavras a serem memorizadas puderemna realidade fazer parte de uma frase ou algo semelhante a uma frase mesmo se a palavra ou a frase não fizer sentido como neste exemplo Acróstico Forme uma sentença ao invés de uma única palavra para ajudálo a lembrarse das novas palavras Estudantes de música que tentam memorizar os nomes das notas existentes nas linhas da clave de sol as notas mais altas especificamente mi sol si ré e fá acima de dó médio aprendem que Meu Senhor Sabe Redimir as Falhas Sistema de palavraschave Forme uma imagem interativa que una o som e o significado de uma palavra estrangeira com o som e o significadode uma palavra conhecida Suponhaque necessitasse aprender que a palavra francesa para manteiga é beurre Primeiro você observariaque beurre tem um som um poucoparecido com urso bear Em seguida você associariaa palavrachaveurso bear com manteiga em uma imagem ou frase Porexemplo poderia visualizar um urso bear comendo um tablete de manteiga Posteriormente urso bear proporcionaria um indutor para recuperar beurre 198 Psicologia Cognitiva e uma tesoura Você pode imaginar cortar com uma tesoura uma meia que possui em seu interior uma maçã No sistema de palavras relacionadas a pessoa associa cadapalavra a outrade uma lista memorizada previamente e forma uma imagem interativa entre as duas palavras Por exemplo poderia memorizar uma listacomo Umé umsanduíche de atum Dois são caracóis Três é um português e assim por diante Para lembrarse de que precisa comprar meias maçãse uma tesoura você poderia imaginar um sanduíche de atum e uma maçã uma meia contendo caracóis e uma tesoura nas mãos de umportuguês No método de localização a pessoa visualiza estar em torno de uma área com marcos distintos os quais ela conhece bem Relaciona em seguida os vários marcos a itens específicos a serem lembrados Por exemplo suponha que você tenha três marcos em seu percurso para a escola uma casa deaparência estranha uma árvore e umcampo de beisebol Você poderia imaginar uma meia grande no altoda casaao invés da cha miné a tesoura cortando a árvore e as maçãs substituindo as bases no campo de bei sebol Ao usar acrônimos a pessoa cria uma palavra ou expressão em que cadaumade suas letras representa um determinado vocábulo ou conceito distinto Um exemplo é SP para São Paulo Ao usar acrósticos a pessoa forma uma sentença ao invés de uma única palavra para ajudála a formar palavras novas Por exemplo a pessoa poderia se lembrar de Meu Senhor SabeRedimiras Falhas para lembrarse dos nomesdas notas musicais existen tes nas linhas da clave de sol da música Aousar o sistema de palavraschave a pessoa forma uma imagem interativa que une o som e osignificado de uma palavra estrangeira com o som e osignificado de uma pa lavra conhecida Para lembrarse dapalavra libro por exemplo que significa livro em espanhol a pessoa poderiaassociar libro com liberdade Pense então na Estátuada Li berdade segurando um livrogrande ao invés de uma tocha Qual é a eficácia comparativa das várias estratégias mnemônicas incluindo o ensaio ela borativo verbal imagens mentais de itens isolados imagens interativas unindo uma seqüên ciade itens o método da localização e o sistema de palavras relacionadas Quadro 62 A eficácia relativa dos métodos de codificação é influenciada pelo tipo de tarefa recordação li vre versus recordação serial exigido na ocasião da recuperação Roediger 1980a Desse modo ao escolher um método de codificação das informações para recordação subsequente a pessoa deve considerar a finalidade da recordação das informações O indivíduo deve esco lher não apenas as estratégias que permitem acodificação eficaz das informações transferilas para a memória de longo prazo Ele ou ela deve escolher também estratégias que ofereçam indutores apropriados para facilitar a recuperação subsequente quando necessário Por exem plo antes de submeterse a um exame de Psicologia Cognitiva usar uma estratégia para re cuperar uma lista alfabética depsicólogos cognitivos importantes teria a probabilidade deser relativamente ineficaz Usando uma estratégia para relacionar determinados teóricos comas principais idéias de suas teorias provavelmente será maiseficaz O uso de dispositivos mnemônicos e de outras técnicas para ajudar a memória envolve a metamemória A maioria dos adultos usa espontaneamente o agrupamento porcategorias Portanto sua inclusão nessa lista de dispositivos mnemônicos é de fato simplesmente um lembrete parao uso dessa estratégia de memória comum Na realidade cada umde nós usa freqüentemente vários tipos de lembretes auxílios externos de memória para aumentar a probabilidade de que nos lembraremos de informações importantes Por exemplo agora você seguramente já conhece os benefícios dos diversos auxílios externos de memória Estes QUADRO 62 Dispositivos Mnemônicos Eficácia Comparativa Henry Roedigerconduziu um estudo da memória no qual a recordação inicial de uma sériede itens foi comparadacom a recordaçãoapósum treinamento breve em cada uma das diversasestratégias de memória Para a recordação livre e a recordação serial o treinamento com imagens interativas o método da localização e o sistema de palavras relacionadas foram mais eficazes do que o ensaioelaborativo verbal ou a imagem de itens isolados No entanto os aspectos benéficos do treinamento foram mais pronunciados para a condição de rememoração serial Na condição de recordação livre as imagens de itens isolados foram ligeiramente maiseficazes do que o ensaio elaborativo verbal porém para a recordação serial o ensaio elaborativo verbal foi ligeiramente maiseficaz do que para as imagens de itens isolados Condição tipo de treinamento mnemônico Ensaio elaborativo verbal Imagensisoladas de itens individuais Imagens interati vas cóm elos entre um item e o próximo Método de locali zação Sistema de pala vras relacionadas Desempenho me diano dascondições Número de parti cipantes 32 25 31 29 33 Critério de recordação livre Número médio de itens lembrados corretamente após o treinamento Número de itens corretos lembrados da lista prática antes do treina mento 132 124 130 126 131 129 Recordação imediata 114 131 156 153 142 139 Recordação após um inter valo de 24 horas 63 68 112 106 82 86 H L Roediger 1980 A Eficácia de Quatro Métodos Mnemônicos na Rememoração Journal of Experimental Psychology Adaptado mediante autorização Critério de recordação serial Número médio de itens lembrados corretamente após o treinamento Número de itens corretos lembrados da lista prática antes do treinamento 70 68 76 68 77 72 Recordação imediata 58 48 96 136 125 94 Recordação após um inter valo de 24 horas 13 10 50 58 49 36 HLM 6 5 p 558567 1980 American Psychoiogical Association O 5 o I 8 200 Psicologia Cognitiva incluem tomar notas durante as preleções preparar listas de compras dos itens a serem ad quiridos usar marcadores de tempo e até mesmo solicitar a outras pessoas para ajudálo a lembrarse de informações Além disso podemos moldar nosso ambiente para ajudarnos a lembrar de informações importantes por meio do uso de funções impositivas Norman 1988 Estas são limitações físicas que nos impedem de atuar sem ao menos considerar as principais informações a serem lembradas Por exemplo para assegurar que você se lembre de levar seu caderno para a aula poderia encostar o caderno na porta pela qual você precisa passar para ir à aula A maior parte do tempo tentamos melhorar nossa memória retrospectiva nossa memó ria do passado Às vezes também tentamos melhorar nossa memória prospectiva a memória de coisas que precisamos fazerou nos lembrar no futuro Por exemplo podemos precisar nos lembrar de telefonar para alguém comprar cereal no supermercado ou completar um traba lho escolar a ser entregue no dia seguinte Usamos algumas estratégias para melhorar a me mória prospectiva Exemplos como manter uma lista de tarefas a realizar solicitar a alguém para lembrarnosde fazer algo ou fazer um pequeno laço com uma fita em nosso dedo a fim de lembrarnosde que precisamosfazeralgo As pesquisas indicam que ter de fazeralgo regu larmente em um certo dia não melhoraria necessariamente a memória prospectiva para rea lizar tal tarefa No entanto ser incentivado monetariamente para executar a tarefa tende efetivamente a melhorar a memória prospectiva Meacham 1982 Meacham Singer 1977 A memória prospectiva assim como a memória retrospectiva está sujeita ao declínio à medida que envelhecemos Ao longo dos anos retemos mais de nossa memória prospectiva do que de nossa memória retrospectiva Esta retenção provavelmente é o resultado do uso de indutores e estratégias externas que podem ser usados para ampliar a memória prospec tiva No laboratório adultos com mais idade apresentam declínio da memória prospectiva entretanto fora do laboratório apresentam melhor desempenho do que adultos jovens Esta diferença pode ser devida à maior dependência de estratégias para nos ajudar a nos lembrar mos à medida que envelhecemos Henry et ai 2004 Recuperação Após termos armazenado informações como as recuperamos quando assim desejarmos Se enfrentamos problemas para recuperar informações como sabemos se armazenamos inicial mente as informações INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Memorize a seguinte relação de números 6 3 8 2 e 7 Oito fazia parte da relação Como as pessoas tomam decisões como essa Recuperação da Memória de Curto Prazo Após as informações serem codificadas e armazenadas na memória a curto prazo como as pessoas as recuperam Em um estudo os participantes receberam uma lista sucinta incluindo de um a seis al garismos Sternberg 1966 Esperavase que fossemcapazesde mantêla na memória de curto prazo Após uma breve pausa um algarismo de teste foi projetado na tela Os participantes tinham de dizer se esse algarismo apareceu no conjunto que foram solicitados a memorizar Portanto se alista incluía os algarismos 4 1 9 e 3 e o algarismo 9 foi projetado na tela a Capítulo 6 Processos Mnésicos 201 resposta corretaseria sim Secomo alternativa o algarismo de teste fosse 7 a resposta cor reta seria não Os algarismos que foram apresentados fazem parte do conjunto positivo Aqueles que nãoforam apresentados incluemse noconjunto negativo Osresultados são apre sentados na Figura 61 Os itens são recuperados todos ao mesmo tempo processamento paralelo ouseqüencial mente processamento serial Se recuperados em série surge então a pergunta Todos os itens são recuperados independentemente da tarefa recuperação integral ou a recuperação se interrompe logo que um item parece executar a tarefa recuperação autoconclusiva Processamento Paralelo versus Serial Conforme mencionado anteriormente o processamento paralelo referese à realização si multânea de diversas operações Se aplicadoà memóriade curto prazo os itens armazena dos nesta memória seriam todos recuperados simultaneamente e não um por vez A previsão na Figura 61 a mostra o que aconteceria se o processamento paralelo fosse o caso na tarefa de busca na memória Os tempos de resposta devem ser os mesmos inde pendentemente do tamanho do conjunto positivo Isso ocorre porque todas as compara ções seriam feitas ao mesmo tempo O processamento serial referese àsoperações sendo realizadas uma após a outra Em ou tras palavras na tarefa de recordação dos algarismos estes seriam recuperados em sucessão ao invés de ao mesmo tempo como no modelo paralelo De acordo como modelo serial FIGURA 61 ra ca to O o O V Q Q r CO M jT a D D S O o Q Q E E Número de símbolos na lista Número de símbolos na lista a b u5 S o o y Q CL f If CO OJ CO s 0 a D o o o Q Q s E E Posição dos símbolos na lista c Posição dos símbolos na lista d O gráfico a ilustra descobertas sugestivas de processamento paralelo ográfico bilustra oprocessamento serial O gráfico c mostra oprocessamento seriai integrai eográfico d moscra oprocessamento serial autoconclusivo Base ado em S Stemfcerg 1966 Velocidade Elevada na Tarefa de Busca de Memória a Curto Prazo de S Sternberg Science v J53 p 652654 1996 1966 American Association for the Advancement ofScience 202 Psicologia Cognitiva devese levarmais tempo para recuperar quatro algarismos do que para recuperar dois con forme mostrado na Figura 61 b Processamento Integral versus Autoconclusivo Suponha que o processamentodas informaçõesfosse em série Haveria então duas manei ras pelas quais se obtém acesso aos estímulos processamento integral ou autoconclusivo Processamento serial integral implica que o participante sempre compararia o algarismo de teste com todos os algarismos do conjunto positivo mesmo se uma igualdade fosse encon trada em algum ponto da lista O processamento integral preveriao padrão dos dados indicadosna Figura 61 c Observe que todas as respostas positivas levariam o mesmo intervalode tempo independentemente da posição em série ou de uma sondagem positiva Em outras palavras em uma busca inte gral você levaria a mesma duraçãode tempo para encontrar qualquer algarismo Considere a Figura61 d Apresenta que o tempo de respostaagoraaumentaria linearmente como fun ção de onde o algarismo de teste estivesse localizado no conjunto positivo Quanto mais tar dia a posiçãoem série mais longo o tempo de resposta O Vencedor Um Modelo Integral Serial com Algumas Ressalvas O padrão real dos dados era claro Os dados pareciam ser idênticos aos das Figuras 61 b e c Os tempos de resposta aumentaram linearmente como tamanhodoconjuntoporém eram iguais independentemente da posição em série Posteriormente este padrão foi re petido Sternberg 1969 Alémdisso os tempo de resposta medianos para respostas posi tivase negativas foram essencialmente iguais Estefatodeu maiorapoioao modelo integral serial As comparações levaram aproximadamente 38 milissegundos 0038 segundo por item Sternberg 1966 1969 Embora muitos pesquisadores considerassem a questão do processamento paralelo ver sus serial ter sido respondida definitivamente na realidade ummodelo paralelo poderia jus tificar os dados Corcoran 1971 Imagine uma corrida de cavalos que envolva o processamento paraleloA corrida não termina até que o último cavalo passepela linha de chegada Suponha agora que aumentemos o número de cavalos quecorrem A duração da corrida da partida até que o último dos cavalos cruze a linha de chegada tem probabili dade de aumentar Por exemplo se os cavalos forem selecionados aleatoriamente o animal mais lento em uma corrida com oito cavalos provavelmente seria mais lento que o mais lento dos cavalos em umacorridacomquatroanimais istoé commais cavalos é mais pro vável uma faixa maisampla de velocidades Portanto a duração total da corrida terá maior duração porquea corrida não finaliza até que o cavalo maislento cruzea linha de chegada De modo similar ao seaplicar ummodelo paralelo a umatarefa de recuperação envolvendo mais itens uma faixa mais ampla de velocidades de recuperação dos vários itens também é mais provável O processo de recuperação não finaliza até que o último item tenha sido recuperado Matematicamente é impossível distinguir sem margem de dúvida os modelos paralelo e serial Townsend 1971 Sempre existe algum modelo paralelo que imitará qual quer modelo serial em suas previsões e viceversa Os dois modelos podem não ser igual mente plausíveis porém assim mesmo existem Além do mais parece que os processos usados pelas pessoas dependem em parte dos estímulos quesãoprocessados porexemplo Naus 1974 Naus Glucksberg Ornstein 1972 Alguns psicólogos cognitivos sugeriram que devemos nos empenhar nãoapenas para com preender o como dos processos de memória mas também o porquê desses processos por exem plo Bruce 1991 isto équefunções a memória exerce para aspessoas e paraosseres humanos comouma espécie Paracompreender as funções da memória precisamos estudála paraobter Capítulo 6 ProcessosMnésicos 203 informações relativamente complexas Também precisamos compre ender os relacionamentos entre as informações apresentadas e outras informações disponíveis para a pessoa ambas no contexto informa cional e como resultado da experiência prévia Recuperação da Memória de Longo Prazo E difícilfazer uma separação entre osfenômenos de armazenamento e recuperação Os participantes de um estudo foram testados em sua memória de listas com palavras pertencentes a categorias Tulving Pearlstone 1966 Eles ouviram palavras pertencentes a uma mesma categoria da lista Conheceriam até mesmo o nome da categoria antes de seus itens componentes serem apresentados Por exemplo os participantes poderiam ouvir a categoria artigo de vestuário seguida pelas palavras camisa meias calças cinto Os participan tes eram então testados para determinar sua rememoração O teste de recordação era feito de uma entre duas maneiras Na condição de recordação livre os participantes simplesmente se lembraram do maior número de palavras que conseguiam na or dem em que escolhessem Em uma condição de recordação indu zidaentretanto eram testados em cada categoria Eram informados do nome de cada categoria como um indutor Em seguida eram so licitados a lembrarse do maior número de palavras dessa categoria que pudessem O resultado crítico foi que a recordação induzida foi em média muito melhor que a rememoração livre Se os pes quisadores houvessem testado somente a recordação livre poderiam ter concluído que os participantes não tinham armazenado um número tão grande de palavras No entanto a comparação com a condição de recordação induzida demonstrou que falhas de memória evidentes eram em grande parte um resultado de falhas de recuperação ao invés de falhas de armazenamento A categoria pode afetar drasticamente a recuperação Os pesquisadores solicitaram aos participantes que memorizassem listas de palavras distribuídas em categorias Bower ei ai 1969 As palavras eram apresentadas em ordem aleatória ou na forma de uma árvore hierár quica que mostravaa organização das palavras Por exemplo a categoriaminerais poderia estar no topo seguida pelas categorias de metais e pedras e assim por diante Os partici pantes que receberam apresentação hierárquica lembraramse de 65 das palavras Em con traste a recordação foi de apenas 19para os participantes que conheceram as palavras em ordem aleatória Alguns estudos usaram modelos de probabilidade para tentar separar armazenamento e recuperação Esses modelos calculam as probabilidades de um item ter sido armazenado ou recuperado com base nas respostas dos participantes a algumas perguntas Chechile 2004 Chechile Soraci 1999 Os modelos tendem a ser bem complexos e requerem cente nas de tentativas para serem precisos Portanto esses modelos tendem a ter a aplicaçãolimi tada para uso da memória fora do laboratório Em um estudo descrito por Chechile os participantes aprendiam três palavrase em seguida eram testados sobreelasO pesquisador foi capazde mostrar diferenças na recuperação alterando o tempo que o participante tinha para lembrarse do item Quando havia muito pouco tempo por item um número menor de itens era lembrado Quando o participante possuía mais tempo mais itens eram rememo rados Chechile 2004 Os participantes não conseguiram recuperar itens com rapidez sufi ciente na condição pouco tempo Gordon H Boiveré profes soremérito dePsicologia na Universidade de Stanford Suas contribuições iniciais foram para a teoria doaprendizado da matemática Posteriormente com John Aiiderson desen volveu uma estrutura teórica para vincular estudos em laboratório da memória verbal às teorias psicolinguísticas da memória Tambémpesquisou a maneira como os estados emo cionais daspessoas influenciam a armazenagem e a recupera çãodamemória Foto Corte sia de Gordon H Bower 204 Psicologia Cognitiva Outro problema que surge quando se estuda a memória é conhecer por que algumas vezes possuímosdificuldadepara recuperar informações Os psicólogos cognitivos freqüente mente enfrentam dificuldade para distinguir entre disponibilidade e acessibilidade de itens Disponibilidadeé a presençade informações armazenadas na memória de longoprazo Aces sibilidadeé o grauem que podemos ter acesso às informações disponíveis O desempenhoda memória depende da acessibilidade das informações a serem lembradas Idealmente os pes quisadores da memória gostariamde avaliara disponibilidade de informações na memória In felizmente precisam se contentar com a avaliação da acessibilidade de tais informações Processos de Esquecimento e de Distorções de Memória Por que esquecemos tão fácil e rapidamente de números de telefone que acabamos de ver ou de nomes de pessoas que acabamos de conhecer Diversas teorias foram propostas para explicar por que esquecemos informações armazenadas na memória de trabalho As duas mais conhecidas são a teoria da interferência e a teoria do declínio A interferência ocorre quando informações concorrentes nos fazem esquecer de algo o declínio ocorre quando simplesmente a passagem do tempo nos faz esquecer Interferência versus Teoria do Declínio A teoria da interferência referese à visãode que o esquecimentoocorreporquea recordação de certas palavras interfere com a de outras As provas da interferência surgiram há muitos anos Brown 1958 Peterson Peterson 1959 Em um estudoos participantes precisavam se lembrar de trigramas conjuntos de três letras em intervalosde 3 6 9 12 15 e 18 segundos após a apresentaçãoda última letra Peterson Peterson 1959 O pesquisador usousomente consoantes para que os trigramas não fossem facilmente pronunciáveis por exemplo KBF A Figura 62 apresenta porcentagens de rememorações corretas após os vários intervalos FIGURA 62 3 6 9 12 15 li Intervalo de retenção segundos A porcentagem de recordação de três consoantes um trigrama diminui rapidamentese os participantes nãosão auto rizados a ensaiar os trigramas Keppel G Underwood B Proactive iniibition inshortterm retention ofsingle items Journal of Verbal Learning and Verbal Behavior v 1 p 153161 1962 Reproduzido mediante permis são de Eisevier Capítulo 6 Processos Mnésicos 205 de tempo Por que a rememoração diminui tão rapidamente Porque após a apresentação oral decada trigrama os participantes contaram em ordem inversa subtraindo três a partir de um número com três algarismos falado imediatamente após o trigrama A finalidade de fazer com que os participantes contassem emordem inversa erapara impedilos de ensaiar durante o intervalo de retenção Este é o período de tempo entre a apresentação da última letrae o início da fase de rememoração da tentativaexperimental De modo nítido o trigrama é quase completamente esquecido após somente 18 segun dos caso os participantes não sejam autorizados a ensaiálos Além disso tal esquecimento também ocorre quando palavras ao invés de letras são usadas com os estímulos a serem lem brados Murdoék 1961 Portanto a contagem em ordem inversa interferiu com a recor dação da memória de curto prazo apoiando a responsabilidade pela interferência no esquecimento dela Naquela ocasião pareceu surpreendente que a contagem em ordem in versa de números interferiria com a lembrança das tetras A visão anterior haviasido a de que as informações verbais interfeririam somente com amemória verbal palavras De modo similar julgouse que informações quantitativas numéricas interfeririam apenas com a me mória quantitativa Embora a discussão precedente tenha considerado a interferência como se fosse um único constructo pelo menos dois tipos de interferência aparecem destacadamente em teo ria e napesquisa psicológica interferência retroativa e interferência proativa A interferên cia retroativa ou inibição retroativa é causada por uma atividade que ocorre após aprendermos algo mas antes de sermos solicitados anos lembrar daquela coisa A interferên cia na tarefa BrownPeterson parece ser retroativa porque contar em ordem inversa dimi nuindo três ocorre após o aprendizado do trigrama Interfere em nossa capacidade de nos lembrarmos de informaçõesque aprendemos previamente Um segundo tipo de interferência é a interferência proativa ou inibição proativa A interferência proativa ocorre quando o material interferenteatua antes e não após o apren dizado da matéria a ser lembrada A interferência proativa bemcomo a retroativa pode de sempenhar um papel na memória de curto prazo Keppel Underwood 1962 Portanto a interferência retroativa parece ser importante Reitman 1971 Shiffrin 1973 Waugh Nor man 1965 mas não é o único fator Alguns psicólogos pioneiros reconheceram a necessidade de estudar a recuperação da memória para textos relacionados e não somente para conjuntos sem conexão de algarismos palavras ou sílabas que não fazem sentido Em um estudo os participantes aprenderam um texto e em seguida o rememoraram Bartlett 1932 Participantes na GrãBretanha apren deram o que foi para eles uma lenda indígena da América do Norte estranha e difícil de compreender denominada A guerra dos espíritos O texto encontrase reproduzido inte gralmente no Quadro 63 Os participantes distorceram sua lembrança a fim de tornara história mais compreen sível para eles Em outras palavras seu conhecimento anterior e suas expectativas exerce ram efeito substancial em sua recordação Evidentemente as pessoas transferem para uma tarefa de memória seus esquemas já existentes ou para asestruturas deconhecimento rele vante organizadas o que afeta o modo pelo qual se lembtam do que aprenderam Trabalhos posteriores utilizando o paradigma BrownPeterson confirmam que o conhecimento prévio exerce um efeito considerávelsobre a memória conduzindo algumas vezes à interferência ou à distorção Ainda há outro método usado freqüentemente para determinar as causas do esqueci mento que se apoia em interferências de uma curva de posições em série a curva de posições em série representa a probabilidade de recordaçãode uma determinada palavra dada sua po sição na série ordem de apresentação em uma lista Suponha que lhe seja apresentada uma listade palavras e você deva rècordálas Você pode até mesmo experimentar em si mesmo usando o box Investigando a Psicologia Cognitiva 206 Psicologia Cognitiva INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Leia uma vez a seguinte listade palavras e imediatamente emseguida tente se lembrar de todas as palavras em qualquer ordem sem olhálas novamente mesa nuvem livro árvore camisa gato luz banco giz flor relógio morcego tapete sabonete travesseiro Sevocê for como a maioria das pessoas perceberá que sua lembrança de palavras é me lhor para os itens próximos do final e nofinal dalista Sua recordação dos itens perto do iní cio e no fim da lista virá em seguida e será a mais sofrível para os itens no meio da lista Uma curva típica de posições emsérie é apresenta na Figura 63 O efeito de recenticidade referese a uma maior recordação de palavras próximas do fi nal e nofinal de uma lista O efeito de primazia referese a uma maior lembrança de pala vras próximas do início e no começo de uma lista Conforme a Figura 63 mostra o efeito de recenticidade e o efeito de primazia parecem influenciar a recordação A curva de posi ções em série faz sentido em termos de teoria da interferência As palavras no final da lista estão sujeitas à interferência proativa porém não à interferência retroativa As palavras no início da lista estão sujeitas à interferência retroativa porém não à interferência proativa E aspalavras no meio da listaestão sujeitas a ambos os tipos de interferência Desse modo se esperaria quea rememoração fosse pior no meio da lista Realmente é o que acontece A quantidade de interferência proativa geralmenteelevase e aumenta no intervalo de tempo quando as informações são apresentadas e codificadas e quando são recuperadas Underwood 1957 Igualmente conforme você poderia esperar a interferência proativa au mentaà medida que o aprendizado anterior e potencialmente capaz de interferir seeleva Greenberg Underwood 1950 A interferência proativa parece estar associada com a ativação no córtex frontal Ela ativa emparticular a áreaBrodmann 45 no hemisfério esquerdo Postle Brush Nick 2004 Em pacientes alcoólatras a interferência proativa éconstatada em grau menor do que em pa cientes nãoalcoólatras Essa descoberta indica que os pacientes alcoólatras possuem dificul dade para integrar informações do passado com as do presente Portanto os pacientes alcoólatras podemapresentardificuldade para juntar itensnão relacionados de umalista De Rosa Sullivan 2003 Essas descobertas avaliadas em conjunto indicam que a área 45 de Brodmann encontrase igualmente envolvida na junção de itens em grupos com significa ção Quando mais informações são agrupadas uma tentativa para relacionálas entre sipode ocupar muitos dos recursos disponíveis deixando uma capacidade de processamento limi tada para novos itens Toda informação não contribui igualmente para a interferência proativa Por exemplo se você estiver memorizando uma listade números seu desempenho no aprendizado dimi nuirá gradualmente à medida que alista tem continuidade Se entretanto alista mudar para palavras seu desempenho será ressaltado Esta elevação dodesempenho é conhecida como liberação da interferência proativa Bunting 2006 Os efeitos da interferência proativa pa recem dominar sob condições em que a rememoração é retardada Entretanto a interferên cia proativa e a retroativa são agora consideradas fenômenos complementares Outra teoria para explicar como esquecemos das informações é a teoria do declínio A teoria do declínio afirma que as informações são esquecidas em razão do desaparecimento gradual e ao invés do deslocamento do traço de memória Desse modo a teoria de declínio considera a informação original sujeita ao desaparecimento gradual a não ser que algo seja feito para mantêla intacta Esta visão contrasta com a teoria da interferência que acabamos de discutir naqual um oumais itens de informação bloqueiam a rememoração de outro A teoria do declínio acaba sendo excessivamente difícil de testar Por quê Primeiro sob circunstâncias normais é difícil impedir os participantes de ensaiar Por meio do ensaio os Capítulo6 Processos Mnésicos 207 QUADRO 63 A Lenda de Bartlett Leiaa lenda descrita neste quadro em seguida vire a página e tente relembrálaem sua totalidade Mito Indígena Original A guerra dosespíritos Em uma noite dois jovens de Egulac foram aré o rio para caçar focas e enquanro estavam lá o tempo tornouse enevoado e calmo Escutaram em seguida gritos de guerra e pensaram Talvez seja um grupo de guerreiros Escaparam para a margem e esconderamse atrás de um tronco Agora canoas chegavam e eles ouviram o som de remos e viram uma canoa aproximandose de les Havia cinco homens na canoa e eles disseram O que vocês acham Desejamos leválos co nosco Estamossubindo o rio para guerrear com o povo Um dos jovens disse Não tenho flechas Há flechas na canoa disseram Não irei Poderia ser morto Meus parentes não saberão para onde fui Porém você disse vol tandose para o outro jovem pode ir com eles Desse modo um dos jovens foi enquanto o outro voltou para casa Os guerreiros continuaram subindo o rio até uma cidade do outro lado de Kalama As pessoas aproximaramse da água começaram a lutar e mui tos foram mortos Porém presentemente o jovem ouviu um dos guerreiros dizer Rápido vamos em bora aquele índio foi atingido Agora ele pensou Oh eles são espíritos Não se sentiu ferido mas disseram que ele havia sido ferido Logo as canoas retomaram para Egulac e o jo vem alcançou a terra firme dirigiuse para sua casa e acendeu uma fogueira E contou para todos e disse Vejam acompanhei os espíritos e fomos lu tar Muitos de nossos companheiros foram mortos e muitos daqueles que nos atacaram também foram Disseram que fui atingido e não sentime ferido Ele contou todos os detalhes e em seguida ficou em silêncio Quando o sol raiou ele caiu Algo prero saiu de sua boca Seu rosto contorceuse As pessoas pu laram e gritaram Ele estava morto B Recordação Típica por um Estudante Inglês A guerra dosespíritos Dois homens de Edulac foram pescar En quanto pescavam na margem do rio ouviram um ruído distante Parece um grito disse um deles Apareceram alguns guerreiros em canoas que os convidaram a tomar parte na aventura Um dos jovens recusouse a se juntar sob a alegação de laços familiares po rém o outro ofereceuse para ir Mas não há flechas disse As flechas estão no barco foi a resposta Ele logo após ocupou seu lugar enquanto seu amigo retomava para casa O grupo remou rio acima até Kaloma e começou a desembarcar nas margens do rio Os inimigos apressaramse na dire ção deles e em seguida ocorreu uma batalha feroz Naquela hora alguém foi ferido e elevouse um cla mor de que os inimigos eram espíritos O grupo retornou rio abaixo e o jovem chegou em casa sem sentirse mal por causa da experiência Na manhã seguinte na aurora ele se dispôsa con tar suasaventuras Enquanto estava falando algo preto saiu de sua boca Repentinamente soltou um grito e caiu Seus amigosjuntaramse em torno dele Porém ele estava morto The war ofghosts deRemembering A Study in Experimentaland Social Psychology porFC Bartlett 1932 Cambridge University Press Reproduzido mediante autorização daCambridge lniversiry Press 208 Psicologia Cognitiva FIGURA 63 100 c0 O o o ICO ç o Q O AliiViâ 3 4 5 6 7 Posição em série 9 10 11 Quando somos solicitados a nos lembrar deumalista depalavras possuímos maior lembrança das palavras próximas dofinal deuma lista o efeito derecenticidade muito boarecordação das palavras próximas do inicio da lista efeito de primazia e lembrança relativamente ruim daspalavras no meio da lista participantes mantêm na memória as informações a serem lembradas Usualmente os parti cipantes sabem que suas memórias estão sendo testadas Eles podem tentar ensaiar as infor mações para ter bom desempenho durante o teste No entanto caso se impeça que eles ensaiem surge a possibilidade de interferência A tarefa usada para evitar o ensaio pode in terferir retroativamente na memória original Por exemplo tente não pensar em elefantes brancos à medida que você ler as duas pró ximas páginas Quando instruído a não pensar neles você na realidade considera muito di fícilnão fazêlo A dificuldadepersiste mesmosevocê tentar seguiras instruções Infelizmente como teste da teoria do declínio este experimento é em si um elefante branco por ser muito difícil impedir que as pessoas ensaiem Apesar dessas dificuldades é possível testar a teoria do declínio Tal teste envolve usar uma tarefa que atue entre o aprendizado e o teste que 1 impeça o ensaio e 2 não apre sente aprendizado interferente Em um desses estudos a tarefa interferente envolvendo detecção do tom exigiu muito esforço e atenção porém nenhum novo aprendizado Reit man 1971 1974 Os participantes ouviram um tom muito fraco apresentado por meio de fones de ouvido Deveriam pressionar um botão cada vez que ouvissem o tom Evidente mente não havia garantia de que os participantes simplesmente não ensaiassem Nem ha via qualquer garantia de que todas as informações seriam impedidas de entrar na memória de curto prazo No entanto o teste era tão próximo do ideal quanto se poderia realistica mente produzir Os participantes viram cinco palavras Reitman 1974 A exibição durou 2 segundos Tão logo a imagem desapareceu os participantes ocuparamse com a tarefa durante 15 se gundos apósosquais tentaram se lembrar do maiornúmero das cinco palavras que conse guissem A rememoração diminuiu cerca de 24 ao longo dos 15 segundos Reitman interpretou esta diminuição como prova do declínio Paraconcluir existemprovas de interferência e declíniopelo menosna memóriade curto prazo A prova de declínio não é perfeita mas certamente é indicativa A prova de inter ferência é relativamente sólida No entanto a extensão em que a interferência é retroativa proativa ou ambas não está clara Além disso a interferência também afeta informações na memória de longo prazo resultando em distorção da memória Capítulo 6 Processos Mnésicos 209 A Natureza Construtiva da Memória Uma lição importante sobre a memória é que a recuperação da memória não é apenas re construtiva envolvendo o uso de várias estratégias por exemplobuscar indutores fazer interferências para recuperar os traços da memória original de nossas experiências e recons truir em seguida as experiências originais como uma base para recuperação veja Kolodner 1983 para um modelo de inteligência artificial de memória reconstrutiva Preferencial mente em situações da vida real a memória também é construtiva pois a experiência an terior afeta como nos lembramos de informações e o que realmente rememoramos Grant Ceei 2000 Sutton 2003 Pense novamente no estudo realizado por Bransford e Johnson 1972 citado no início deste capítulo Neste estudo os participantes conseguiam se lembrar muito bemde um trecho a respeitode lavagemde roupassomente casoentendessem que era relativo à lavagem de roupas Emumademonstraçãoadicionalda naturezaconstrutiva da memória os participantesle ram uma passagem ambíguaque poderia ser interpretada significativamente de duas manei ras Bransford Johnson 1973 Poderia ser considerada como relativa à observação de uma marchapara a paz do quadragésimo andar de um prédio ou relativa a uma viagem espacial a um planeta desabitado Os participantes omitiram detalhes diferentes dependendo do que julgavam ser o conteúdoda passagem Considere por exemplo uma sentençamencionando que a atmosfera não exigia vestir roupas especiais Os participantes tinham maior probabili dade de lembrála quando consideravam que a passagem fosse longínquado que quando pen sassem tratarse de uma marcha para a paz Considere uma demonstração comparável em um domínio diferente Bower Karlin Dueck 1975 Os pesquisadores mostraram aos participantes 28 ilustrações dúbias diferentes imagens sem sentidoque podem ser interpretadas de várias maneiras veja também o Capí tulo 10 Metade do número de participantes da experiência recebeu uma interpretação pela qual podiam designaro que viam A outra metade não recebeu uma interpretação que suge risse uma designação Os participantes do grupo que atribuiu uma designação reproduziram quase 20 mais dessas imagens do que os participantesdo grupo de controle Memória Autobiográfica A memória autobiográfica referese à memória da história de uma pessoa A memória au tobiográfica é construtiva Uma pessoanão se lembra exatamente do que aconteceu reme morando preferencialmente a construção ou a reconstrução que ela elabora daquilo que aconteceu As memórias autobiográficas das pessoas geralmente são muito boas No en tanto estão sujeitasa distorções conforme serádiscutido posteriormente Elas são boasem graus diferentes durante períodos distintos da vida Adultos na faixa etária média muitas vezes lembramse de eventos dos períodos de juventude e do início da idade adulta melhor do que se recordam de eventos de seu passado mais recente Rubin 1982 1996 Uma maneira para estudara memória autobiográfica é por meio do estudo de diários Em tais estudos as pessoas muitas vezes pesquisadores mantêm autobiografias detalhadas por exemplo Ünton 1982 Wagenaar 1986 Uma pesquisadora por exemplo manteve um diá riodurante um período de seis anos Linton 1982 Elaregistrou pelo menos duas experiên cias por dia em fichas Então todo mês escolhia duas fichas aleatoriamente e tentava se lembrar dos eventos que havia registrado nas fichas bem como asdatas dos eventos Avaliou adicionalmente cada memória em função de sua importância e de seu conteúdo emocional Surpreendentemente sua proporção de esquecimento dos eventos foi linear e não curvilí nea conforme ocorre usualmente Emoutras palavras uma curva de memória típica indica 210 Psicologia Cognitiva esquecimento substancial ao longo de intervalos de curta duração e em seguida uma dimi nuição na proporção do esquecimento em intervalos de tempo mais longos A curva de es quecimento de Linton no entanto não apresentou esse padrão Sua proporção de esquecimento foi aproximadamente a mesma ao longo de todo o período de seis anos Ela também constatou pouca relação entre sua proporção de importância e emocionalidade da memória por um lado e sua memorabilidade por outro Portanto surpreendeuse com o que rememorava e com o que não lembrava Em outro estado de memória autobiográfica um pesquisador tentou se lembrar de infor mações a respeito de espetáculos assistidos no MetropolitanOpera ao longode um períodode 25 anos Sehulster 1989 Um total de 284 espetáculosforneceu osdados para o estudo Os re sultados estiveram maisem linha com as expectativastradicionais Operas vistasperto do iní cio e do fim do período de 25 anos foram bem lembradas efeito da posição em série Espetáculos importantes também foram mais lembradosdo que os menos importantes Um trabalho recente demonstrou a importância da autoestima na formação e na reme moraçãoda memóriaautobiográfica Pessoas com autoestima positiva lembramse de eventos mais positivos ao passo que pessoas com autoestima negativa lembramse mais de eventos ne gativos Christensen Wood Barrett 2003 Distorções da Memória As pessoas tendem a distorcersuaslembrançasAyers Reder1998Balotaetoí 1999Garry etai 1996 Goff Roediger 1998HeapsNash 1999Johnson Raye 1998Norman Schac ter 1995bSchacter 1997 Roediger McDermott 2000 Schacter Curran 2000 Por exem plo apenas dizerque algoocorreu para vocêo torna maispredisposto a pensar que realmente aconteceu Isto é válido se o evento aconteceu ou não Ackil Zaragoza 1998 Essas distor ções tendem a ocorrer de sete maneiras específicas que Schacter 2001 denominou os sete pecados da memória Eis os sete pecados de Schacter 1 Transiência A memóriadesaparecerapidamente Porexemplo embora a maioria das pessoas saiba que O J Simpson foi absolvido da acusação de assassinato de sua es posaelas não se lembramcomo tomaram conhecimento de sua absolvição Em uma ocasião poderiam afirmálo mas não conseguem mais 2 Falta deatenção Algumas vezes as pessoas escovam seus dentes após já têlos escovado ou entram em uma sala procurando algo e acabam percebendo que esqueceram o que estavam buscando 3 Bloqueio Aspessoas algumas vezes têm algo que sabem que deveriam se lembrar mas não conseguem E como se a informação estivesse na ponta da língua porém não conseguem recuperála Porexemplo aspessoas podem veralguém queconhecem mas o nome dapes soalhesescapa Ou podemtentar pensarem um sinônimo para uma palavra sabendoque existe um sinônimo óbvio mas são incapazes de lembrálo 4 Atribuição errônea As pessoas freqüentemente não conseguemse lembrar onde ouvi ram algoou leram uma informação Algumas vezes as pessoas pensam que viram coisas que não viram ou ouviram coisas que não ouviram Por exemplo o testemunho ocular algumas vezes obscurecido por aquilo que julgamos ter vistoao invés daquilo que real mente vimos 5 Sugestionabilidade As pessoas são suscetíveis à sugestão portanto caso lhes sejasugerido que viram algo podem pensar que se lembramde têlo visto Porexemplo na Holanda quando perguntadas se tinham visto um filme na televisão mostrando um avião se chocandocontra um prédiode apartamentos muitas pessoas disseram que o tinham visto Esse filme nunca existiu Capítulo 6 ProcessosMnésicos 211 6 Viés As pessoas apresentamfreqüentemente viésem sua recordação Porexemplo pes soasque atualmente estão sentindo dor crônica em suas vidassão mais predispostas a se lembrar de dor no passado tenham ou não sentidoa Pessoas que não estãosentindo tal dor apresentam menos probabilidade de lembrarse de dor no passado novamente com pouca relação à sua experiência passada real 7 Persistência As pessoas algumas vezes se lembram de fatos considerandoos impor tantes mas que em contexto amplo não o são Por exemplo alguém com muitos suces sos mas um fracasso importante pode se lembrar melhordeste único fracasso do que dos diversos sucessos Quais sãoalgumas das maneiras específicas pelas quaisas distorções da memória sãoes tudadas O Paradigma do Testemunho Ocular Uma pesquisa realizada entre promotores públicos nos EUA estimou que cerca de 77000 suspeitos são presos a cada ano após serem identificados por testemunhas oculares Dolan 1995 Estudos de mais de milcondenações errôneas conhecidas apontaramparaoserrosde identificação de testemunhas oculares comoo fator único mais importanteque resulta nes sas condenações erradas Wells 1993 p 554Que proporção de identificação dastestemu nhasoculares sãofalsas A resposta a esta pergunta varia amplamente desde alguns poucos pontos percentuais a maisde 90 Wells 1993p 554 porém mesmoas estimativas mais conservadoras dessa proporção indicam possibilidadesassustadoras Considere a história de um homem chamado Timothy Em 1986 Timothy foi conde nado por assassinar brutalmente uma mãee suasduasfilhas pequenas Dolan 1995 Ele re cebeu a pena de morte e durante dois anos e quatro meses viveu no corredor da morte Embora as provas físicas não apontassem para Timothy uma teste munha ocular o localizou perto da cena do crime por ocasião dos assassinatos Descobriuse subseqüentemente que um homem pa recido com Timothy visitava freqüentemente os arredores da resi dência das vítimas do assassinato e Timothy foi submetido a um segundo julgamento e absolvido Algumas das provas mais consistentes da natureza construtiva da memória foram obtidas por aquelesque estudaram a validade da testemunha ocular Em um estudo que se tornou clássico os parti cipantes viram uma série de 30 slides em que um Datsun vermelho percorria uma rua parava quando via uma placa PARE virava à di reita e em seguida parecia atropelar uma pessoa cruzando uma pas sagem de pedestres Loftus Miller Burns 1978 Logo que os participantes terminaram de ver os slides tiveram de responder a uma série de 20perguntassobreo acidenteUma das perguntascon tinha uma informação que era coerente ou incoerente com aquilo que lhes foi apresentado Porexemplo perguntouse a metade dos participantes Outro carro passou pelo Datsun vermelhoenquanto estava parado Foi formulada a mesma pergunta para a outra me tade dos participantes exceto com as palavras dê passagem substi tuindoa palavra pare Isto querdizer quea informação transmitida na pergunta formulada a esse segundo grupo era incoerente com aquilo que os participantes haviam visto Posteriormente após tomar parte de uma atividade não relacio nada todos os participantes viram dois slides e foram perguntados Elizabeth loftus é professora de Psicologia na Universdade daCalifómia Irvine Elafez contribuições importantes para o estudo da memória humana particularmente nasáreas de testemunho ocular e nas de nominadas memórias reprimi dasqueargumentou poderem ser incluídas na mente de indi víduos inconscientes para que acreditem estar se lembrando deeventos dosquais na reali dade nuncaparticiparam Foto Cortesia de Elizabeth Loftus 212 PsicologiaCognitiva qual tinham visto Um tinha uma placa PARE e o outro uma placa DE PASSAGEM A precisão nessa tarefa foi 34melhor para os participantes que haviam recebido a pergunta coerente pergunta da placa PARE doque para os participantes a quem foi formulada a per gunta incoerente pergunta da placa DÊ PASSAGEM Este e outros experimentos por exemplo Loftus 1975 1977 mostraram a grande suscetibilidade das pessoas para distorção em relatosde testemunha ocular Essa distorção pode ser devidaemparte a fenômenos que não sejam apenas de memória construtiva Porém indica efetivamente que podemos ser le vados facilmente a gerar uma memória que é diferente daquilo que realmente aconteceu Comoexemplo você poderia ter um desentendimento com um companheiro de quartoou umamigo a respeito de uma experiência emqueambos estavam no mesmo local ao mesmo tempo Porém aquilo quecada umde vocês selembra sobre a experiência podediferir acen tuadamente E ambos podem julgar que estão rememorando de modo verídico e preciso aquilo que aconteceu Existem problemas potenciais sérios decondenação errônea quando seusa o testemunho ocular comoúnico ou mesmo principal fundamento para condenar pessoas acusadas de cri mes Loftus Ketcham 1991 Loftus Miller Burns 1987 Wells Loftus 1984 Além disso o NO LABORATÓRIO DE ELIZABETH LOFTUS Você se recorda de quando era uma criança e sua família foi para a Disneylândia O ponto alto de sua viagem foi encontrar Mickey Mouse que lhe deu a mão Lembrase disso Os profis sionais de marketing usampropaganda autobio gráfica comoessa para incutir nostalgia em seus produtos Algunsanos atrás pensávamos se tal referência poderia fazercom que as pessoasacre ditassem que passaram quando criança por ex periências que são mencionadas nos anúncios Braun EUis Loftus 2002 Em nosso pri meiro estudo os participantes viram um anún cio da Disneylândia sugerindo que quando crianças haviam cumprimentado o Mickey pessoalmente Evidentemente entendemos que a maior confiança poderia ser devida a 1 uma lem brança de uma memória verdadeira ou 2 à criação de uma nova e falsa memória Em vir tude de algumas pessoas poderemter realmente conhecido Mickey na Disney ambas são possi bilidades Portanto conduzimos um segundo estudo no qual nossos participantes viram um anúncio falso da Disneylândia indicando que cumprimentaramum personagem impossível o Pernalonga Pernalonga é sem sombra de dú vida um personagem da Warner Brothers e não seria encontrado em um parque temático da Disney Novamente em relação aos contro les o anúncio aumentava a confiança de que as pessoas haviam cumprimenrado pessoalmente a personagem impossível quando crianças na Disneylândia Emboraissopossivelmente não pudesse ter acontecido porque Perna longa é um personagemda Warner Brothers e seria impossível estar em um empreendi mento da Disney cerca de 16 dos partici pantes disseram posteriormente que se lembravam ou sabiam que realmente partici param do evento Em outro estudo mostra mos que ter uma imagem do Pernalonga fazia diferença Um número até maior de pessoas alegou rer conhecido o Pernalonga quando uma imagemdeste personagemfazia parte do anúncio do que quando ele era descrito apenas verbalmente As memórias falsas do Pernalonga chegaram a atingir 48 BraunLaTour et ai 2004 Discutimos se era o anúncio em si que estava produzindo a memória falsa ou se qualquer exposição recente ao Pernalonga produziria um efeito similar Por exemplo se as pessoas o tivessem visto recentemente em um desenho animadotambém alegariam posteriormente que o haviamconhecido du rante uma viagem à Disneylândia quando eram crianças Em uma série de estudos as pessoas não afirmaram ter conhecido o Per nalonga caso já houvessem visto recente mente um grande cartaz do personagem elas apenas alegaram ter feito isso caso expostas ao anúncio Pickrell 2005 Capítulo 6 Processos Mnésicos 213 testemunha ocular muitas vezes é um determinante poderoso para um júri vir a condenar uma pessoa acusada O efeito é pronunciado particularmente se testemunhas oculares pa recem altamente confiantes de seu testemunho Isto é verdadeiro mesmo se as testemunhas oculares conseguem indicar poucos detalhes perceptivos ou oferecem respostas claramente conflitantes As pessoas algumas vezes até pensam que se lembram das coisas simplesmente porque imaginaram ou pensaram sobre elas Garry Loftus 1994 Foi estimado que até 10 mil pessoas por ano podem ser condenadas erroneamente com base em um testemunho ocu lar equivocado Cutler Penrod 1995 Loftus Ketcham 1991 Portanto em geral as pessoas são consideravelmente suscetíveis a erros nos testemunhos oculares Em geral são propen sas a imaginar que viram coisasque não viram Loftus 1998 A disposição em fileira de suspeitos pode levara conclusões errôneas Wells 1993 Teste munhas oculares supõemque o responsável pelo crime estejapresente na fileira No entanto essenem sempreé o caso Quando o responsável por um crime não estava na fileira os parti cipantes eram suscetíveis a indicar alguém quenão fosse o criminosoresponsável Destemodo elespodemreconheceralguém na fileira comoaquele que cometeuo crimeAs identidades dos nãoresponsáveis na fileira também podem afetar os julgamentos Wells Luus Windschitl NO LABORATÓRIO DE ELIZABETH LOFTUS continuação Uma coisa é incutir uma memória falsa de ter se encontrado com o Pernalonga porém ou tra bem diferente é incutir a memória falsa de uma experiência desagradável com outro perso nagem Portanto com ShariBerkowitz e outros colegas tentamos incutir uma crença falsa de que aspessoastiveram uma experiência desagra dável com o personagem Pluto durante uma vi sita à Disneylândia durante a infância Berkowitz et ai 2008 Tivemos sucesso com cerca de 30 dos participantes Além do mais aqueles que foram seduzidos pela sugestão não quiseram pa gar o valor de uma lembrança do Pluto Essa descoberta mostra que crenças falsas podem ter conseqüências conseguem afetar pensamentos e comportamentos posteriores Esses estudos fazem parte de um programa mais amplo de pesquisas sobre a maleabilidade da memória humana Loftus 2005 Porém mais especificamente essas constatações indicam que os anúncios que contêm referenciamento auto biográfico podem interferir em nossas memórias pessoais da infância Embora os anunciantes provavelmente não estejammencionandodeta lhes falsos eles mencionam efetivamente por menores que poderiamser verídicos Você pode ter visto uma imagemde Mickey Mouse quando esteve na Disneylândia porém você nunca re almente o conheceu ou o cumprimentou Um anúncio pode fazêlo pensar que isso ocorreu Em virtude de vermos milhares de anún cios no decorrer de ummês típico podería mos todos ser participantes involuntários de um experimento massificado sobre distor ção da memória Referências Berkowitz S R Laney O Morris E K Garry M Loftus E R 2008 Pluto behaving badly Falsebeliefs and their consequences American Journal of Psychology sendo impresso Braun K A Ellis R Loftus E F 2002 Make my memory How advertising can change our memories of the past Psychology and Marketing 19 p 123 BraunLaTour K A La Tour M S Pick rell Loftus E F 2004 How and when adertising can influence memo ry for consumer experience Journal of Advertising 33 p 725 Loftus E F 2005 A 30year investiga tion of the malleability of memory Learning andMemory 2 p 361366 PickrellJ E 2005 Whats up doeFactors involved in the acceptance of false in formation Tese de doutorado não pub licada University of Washington 214 Psicologia Cognitiva 1994 Em outras palavras o fato de uma determinada pessoa ser identificada como responsá vel por um crime pode ser influenciado simplesmente por quem são as outras pessoas na fileira de suspeitos Portanto a escolha de indivíduos semrelação como delito é importante A polí cia pode afetar inadvertidamente a possibilidade de uma identificação ocorrer ou não e tam bém se uma identificaçãofalsaé provávelde acontecer O reconhecimento por testemunho ocular é particularmente ineficaz ao se identificar pessoas de uma raçadistinta daquela da testemunha por exemplo Bothwell Brigham Mal pass 1989 Brigham Malpass 1985 Pezdek BlandonGitlin Moore 2003 Shapiro Penrod 1986 As provas sugerem que isso não é um resultado de problemas de rememoração de faces de pessoas de outras raças mas preferencialmente da codificação dessas faces Walker Ta naka 2003 Mesmo crianças pequenasparecemser influenciadas por informaçõespósevento em experimentos conforme demonstradopor seu comportamento em experiênciasde condi cionamento operante RoveeCollier et ai 1993 A identificação e a recordação de testemunhas oculares também sãoafetadas pelo nível de estresse das testemunhas A medida que o estresse aumenta a precisão da recordação e da identificação diminui Deffenbacher et ai 2004 Payneet ai 2002 Essas constatações colocam mais em dúvida a precisãodo testemunho ocular porque a maior parte dos crimes ocorre em situações altamente estressantes No entanto nem todos consideramo testemunho ocular com tal cetismo por exemplo vejaZaragoza McCloskey Jamis 1987 Ainda não está clarose as informações sobreo evento original realmente são deslocadas ou se simplesmente concorrem pela informação enganosa subsequente Alguns pesquisadores argumentaram queospsicólogos precisam conhecer muito mais sobre as circunstâncias queprejudicam o testemunho ocularantesde impugnálo pe rante um júri McKenna Treadway McCloskey 1992 Presentemente o veredito sobre testemunhoocularainda não é definitivo O mesmo podeser afirmado sobre memórias repri midas analisadas na próximaseção Seja qual fora validade do testemunho ocularde adultos claramente é suspeita no caso de crianças Ceei Bruck 19931995 As lembranças dascriançassão particularmente susce tíveis à distorção Taldistorção é especialmente provável quando seformulam àscrianças per guntasdirigidas como no contexto de salade audiências em um tribunal Considere alguns fatos relevantes Ceei Bruck 1995 Primeiro quanto menos idadetiver a criança podese es perar que o testemunho sejamenosconfiável As crianças de idadepréescolar em particular são muito mais suscetíveis ao questionamento sugestivo que tenta direcionálas a uma deter minada resposta que as criançasem idade escolar ou os adultos Segundo quando um ques tionadorfor coercitivo ou mesmo parecedesejar apenasumadeterminada resposta ascrianças podemser muitosuscetíveis a responderao adulto aquiloque ele desejaouvirTendo em vista as pressões envolvidas em processos nos tribunais tais formas de questionamento infeliz mente podemserprevalentes Porexemplo quandosolicitado a responder a uma perguntado tipo sim ou não mesmo se não conhecem a resposta a maioria das crianças dará uma res posta Se a perguntapossui umaopção explícita Nãosei a maioria dascrianças quandonão conhecem uma resposta admitirão que não sabem em vez de especular Waterman Blades Spencer2001 Terceiro as crianças podem acreditar que se lembramde ter observadocoisas que outros disseram haver observado Em outras palavras ouvem umahistória a respeito de algo que ocorreu e então acreditam que observaram aquilo que alegadamente aconteceu Se a criançapossui algum transtorno intelectual a memória do eventoé até mais provável deser distorcida pelo menosquando um intervalo significante ocorreu entre a ocasião do evento e quando foi lembrado Henry Gudjonsson 2003 Talvez até mais que o testemunho ocular de adultos o testemunho ocular de crianças precisa ser interpretado commuita cautela Podese tomar medidas paraaprimorar a identificação portestemunho ocular por exem plo usando métodos para reduzir viéses potenciais diminuir a pressão de escolher um sus peito de um conjunto limitado de opções e assegurar que cada membro de uma fila de Capítulo 6 Processos Mnésicos 215 suspeitos seenquadre na descrição dada pela testemunha ocular porém ofereça diversidade soboutrosaspectos descrito em Wells 1993 As pesquisas também indicamqueentrevistas sugestivas podem causar viéses na memória Melnyck Bruck 2004 Isso é especialmente provável quando essas entrevistas ocorrem próximas da ocasião do evento real Após um crime as testemunhas geralmente são entrevistadas tão logo seja possível Portanto de vemse tomar medidas paraassegurar queas perguntas feitas às testemunhas não sejam per guntas dirigidas especialmente quando a testemunha é uma criança Esse cuidado pode diminuir a possibilidade de distorção da memória Além disso alguns psicólogos por exem plo Loftus 1993a 1993b e muitos advogados de defesa acreditam que os jurados devem ser avisados de que o grau emque a testemunha ocular sentese confiante de suaidentificação não corresponde necessariamente ao grau em que a testemunha ocular é realmente precisa em sua identificação do acusado como culpado Ao mesmo tempo alguns psicólogos por exemplo Egeth 1993 Yuille 1993 e muitos promotores acreditam queas provas existentes baseadas em grande parte em estudos de testemunho ocular simulado em vez de relatos reais feitos por testemunhas oculares não sãosuficientemente sólidas para arriscar ir contra a credibilidade do testemunho ocular quando tal testemunho poderia resultar na prisão de um criminoso verdadeiro impedindo a pessoa de cometer mais crimes Memórias Reprimidas Você poderia ter sido exposto a um evento traumático quando criança mas ter ficado tão traumatizado por esse evento a ponto de não conseguir lembrálo Alguns psicoterapeutas principiaram a usar a hipnose e técnicas relacionadas para obter das pessoas aquilo que se alega ser memórias reprimidas Memórias reprimidas são aquelas que se supõe terem sido im pelidas para a inconsciência por causa do sofrimento que causam Tais memórias deacordo com a visão de psicólogos que acreditam em sua existência são muito inacessíveis porém podem ser recuperadas Briere Conte 1993 As memórias reprimidas realmente existem Muitos psicólogos duvidam seriamente de suaexistência Ceei Loftus 1994 Lindsey Read 1994 Loftus Ketcham 1994 Pennebaker Memon 1996 Roediger McDermott 1995 2000 Outros permanecem muito céticos Bo wers Farvolden 1996 Brenneis 2000 Existem muitas razões para esse ceticismo que são descritas na próxima seção Primeiro alguns terapeutas podem incutir inadvertidamente idéias na mente de seus clientes Desse modo podem criar memórias falsas de eventos que nunca aconteceram Realmente criar memórias falsas é relativamente fácil mesmo em pes soas sem problemas psicológicos específicos Tais memórias podem ser incutidas usando estí mulos comuns e desprovidos de emocionalidade Roediger McDermott 1995 Segundo mostrar que memórias incutidas são falsas muitas vezes é extremamente difícil de realizar Incidentes relatados muitas vezes terminam como no caso de abuso sexual na infância me ramente opondo a palavra de uma pessoa contra a de outra Schooler 1994 Atualmente nenhuma prova forçada aponta para a existência detais memórias Entretanto os psicólogos também nãoatingiram o pontoemquetaismemórias podem serdesconsideradas definitiva mente Portanto nenhuma conclusãodefinitiva pode ser apresentada presentemente O paradigma RoedigerMcDermott 1995 adaptado do trabalho de Deese 1959 é ca paz de mostrar os efeitos da distorção da memória no laboratório Os participantes recebem uma lista de 15 palavras associadas com uma palavra crítica porém não apresentada Por exemplo os participantes podem tomar conhecimento de 15 palavras relacionadas à palavra sono mas nuncachegam a conhecêla O índice de reconhecimento da palavra nãoapresen tada sono nestecaso foi comparável ao das palavras apresentadas Esteresultado repetiuse inúmeras vezes McDermott 1996 Schacter Verfaellie Pradere 1996 Sugrue Hayne 2006 Mesmo quando listas com menos palavras foram usadas houve maior nível de itens 216 Psicologia Cognitiva não apresentados Em uma experiência listas contendo apenas três itens revelaram esse efeitoembora em grau menor Coane et ai 2007 Incorporar a lista em uma histótia pode aumentar esse efeito em criançascom menos idade Estaestratégia reforça o contexto parti lhado e aumenta a probabilidade de um participante reconhecer falsamente a palavra não apresentada Dewhurst Pursglove Lewis 2007 Porque as pessoas são tão inseguras para distinguiro que ouviram daquiloque não ou viram Uma possibilidade é um errode monitoramento da fonte que ocorre quando uma pes soaatribuiuma memória originadade umafontea outra Pesquisas de Mareia Johnson e seus colegas Johnson 1996 Johnson Hashtroudi Lindsay 1993 Lindsay Johnson 1991 indi cam que as pessoas apresentam freqüentemente dificuldade no monitoramento da fonte ou paraidentificar asorigens de uma memória Elas podem ter acreditado que leram um artigo em um jornal de prestígiocomo o New York Times quando na realidade o viram em um ta bloide na prateleirade um supermercado enquanto aguardavam na fila do caixa Quando as pessoasouvem uma lista de palavtas que não contém uma palavra de significado muito pró ximo ao das outras palavras podem acreditar que sua rememoração da palavra principal é da lista e não de suas memórias Outra explicação possível desse maiorreconhecimento falso é a ativação distribuída Na ativaçãodistribuída toda vez que um item é estudado vocêpensa nos itens relacionados a ele Imagine uma teiade aranha metafórica com uma palavra no meio Ramificandose dessa pa lavra encontramse todas as palavras relacionadas a ela Evidentemente existirão diferenças individuais na elaboração dessas teias mas haverá também muita sobreposição Por exemplo quando vocêlê a palavra soneca palavras comosono cama e gato podem ser ativadas em sua mente Desse modoa ativaçãoramificase da palavraoriginal soneca Se vocêvir 15 palavras todas ativando a palavrasono e possível que por meiode um errode monitoramentoda fonte possa pensarque lhe foi apresentada a palavra sono Algunstrabalhos recentes apoiam a teo riade ativação distribuída de erros nesse paradigma Dqdd MacLeod 2004 Hancock etai 2003 Roediger Balota Watson 2001 Essa teoria não é entretanto universalmente aceita Meadeetal 2007 Efeitos Contextuais na Codificação e Recuperação Conformemostram osestudos sobrememóriaconstrutiva nossos contextos cognitivospara a memória influenciam nitidamente nossos processos de memória relacionados à codifica ção ao armazenamento e à recuperação de informações Os especialistas em geral possuem padrões mais elaborados queosprincipiantes em relação àssuas áreas deespecialização por exemplo Chase Simon 1973 Frensch Sternberg 1989 Esses esquemas proporcionam um contexto cognitivo no qual os especialistas podem operar O uso de esquemas torna a integração e a organizaçãorelativamente fáceis Preenchem lacunas quando lhes são forne cidas informações parciais oü mesmo distorcidas e visualizam aspectos concretos das infor mações verbais Também conseguem implementar estratégias metacognitivas apropriadas para organizare ensaiar novas informações O conhecimento especializado aumenta nitida mente nossa confiança em nossas memórias relembradas Outro fator que aumenta nossa confiança na recordação é a clareza percebida a niti deze a riqueza de detalhes da experiência e de seu contexto Quando estamos recordando uma determinada experiência muitas vezes associamos o grau dedetalhee intensidade per ceptivas com o grau em que estamos nos lembrando da experiência com precisão Johnson etai 1988 Johnson Hashtroudi Lindsay 1993 JohnsonNolde De Leonardis 1996 John son Raye 1981 Sentimos maiorconfiança de que nossas lembrançassão precisasquando as percebemos corri maior riqueza de detalhes Embora esta heurística para monitoramento da realidade geralmente sejaeficaz existem algumas situações emque fatores distintosda Capítulo 6 Processos Mnésicos 217 precisão de rememoração podem conduzir à maiorclareza e detalhe de nossas rememorações Neisser 1982 Quando vocêconsegue relembrar o contexto da experiência de aprendizado existe maior ativação do hipocampo Eldridge et ai 2000 Eventos queenvolvem estímulos emocionais também produzem maior ativação na amígdala Esta ativação conduz a um au mento da memória explícita Milner Squire Kandel 1998 RobersonNay et ai 2006 De modo interessante a estimulação elétrica dohipocampo oudaamígdala pôde resultar emre memoração ou até mesmo alucinaçõés de memórias autobiográficas Vignal etai 2007 Em particular uma forma freqüentemente estudada de memória vivida é a memória flash uma memória de um evento tão marcante que a pessoa o relembra muito vividamente como sepreservado de forma indelével emfilme Brown Kulik 1977 Pessoas comidade su ficiente para lembrarse doassassinato dopresidente JohnKennedy podem termemórias flash desse evento Algumas pessoas também possuem memórias flash da explosão da nave espa cialChallenger da destruição do World Trade Center em 11 de setembro ou de eventos muito importantes em suas vidas pessoais A intensidade emocional dè uma experiência pode au mentar a possibilidade denos lembrarmos daexperiência particular em detrimento deoutras experiências fervorosa e talvez precisamente Bohannon 1988 Uma visão relacionada é que uma memória possui muita probabilidade de tornarse uma memória flash sob três cir cunstâncias Estas se referemao fato de o traço de memória ser importante para a pessoaser surpreendente e provocar umefeito emocional no indivíduo Conway 1995 Alguns pesquisadores sugerem que asmemórias flash podem ser rememoradas mais vivi damentepor causade sua intensidade emocional Outros pesquisadores sugerem entretanto quea nitidez da rememoração pode sero resultado dos efeitos do ensaio A idéia neste caso é quefreqüentemente recontamos oupelo menos contemplamos silenciosamente nossas ex periências desses eventos importantes Talvez o ato de recontartambém aumente a intensi dade perceptiva de nossa rememoração Bohannon 1988 Outras descobertas sugerem que as memórias flash podem serdetalhadas de um ponto de vista perceptivo Neisser Harsch 1993 De acordocom essa visão as memórias podem ser relembradas com confiança relati vamente maior na precisão das memórias doque qualquer outra memória relembrada Neis ser Harsch 1993 Weaver 1993 Suponha que as memórias flash sejam realmente mais prováveis de ser o assunto de conversação ou mesmo de reflexão silenciosa Então talvez sempre que aexperiência for recontada reorganizamos econstruímos nossas memórias detal modo que a precisão de nossa lembrança na realidade diminui aopasso que a nitidez per cebida da rememoração aumentaao longodo tempo Presentemente travase umadiscussão acaloradaentre os pesquisadores a respeitode osestudosde tais memórias como um processo especial serem um instantâneo no contexto panorâmico por exemplo Cohen McCloskey Wible 1990 ou um insight instantâneo nos processos de memória porexemplo Schmidt Bohannon 1988 Alguns efeitos interessantes da memória flash envolvem o papel daemoção Quantomaior o envolvimento emocional de umapessoa em umevento melhor amemóriaqueelatemdesse evento Igualmente ao longo do tempo a memória doevento sedegrada Smith Bibí She ard 2004 Em um estudo mais de 70 das pessoas questionadas relataram ter visto em 11 de setembro de 2001 o dia dos ataques ao World Trade Center o primeiro avião atingir a pri meira torre No entanto estafilmagem somente tornouse disponível nodiaseguinte Pezdek 2003 2006 Portanto nãopoderiam tervisto em 11 desetembro a imagem doavião atingindo a torre Essas distorções ilustram a natureza construtiva das memórias flash Essas desco bertas indicam adicionalmente que as memórias flash não são imunes à distorção como se julgava no passado A intensidadeemocionalde um evento não é a única maneira pela qual emoções dispo sições de ânimo e estados deconsciência afetam a memória Nossas disposições deânimo e 218 Psicologia Cognitiva estados de consciência também proporcionam um contexto para codificação que afeta a re cuperação posterior de memórias semânticas Portanto quando codificamos informações se mânticas durante um estado de ânimo ou um estado de consciência específicos podemos recuperar mais prontamente essas informações quando no mesmo estado novamente Badde ley 1989 Bower 1983 No que concerne ao estado de consciência algo que é codificado quando somosinfluenciados pelo álcool ou por drogas pode ser recuperado maisrapidamente do que sobessas mesmasinfluências novamente Eich 1980 1995 Emtermosglobais no en tanto o efeito principaldo álcoole de muitas drogas é maiorque a interação Emoutras pa lavras o efeito depressor do álcool e de muitas drogas na memória é maior que o efeito facilitador de rememorar algo no mesmo estado drogado de quando a pessoa a codificou No que concerne ao estado de ânimo alguns pesquisadores sugeriram um fator que pode manter a depressão A pessoadeprimidaem particular pode recuperar maisprontamente as memóriasde experiências tristes anteriores o que pode alimentar a continuidade da deptes são Baddeley 1989 Se psicólogos ou outras pessoas podem intervir para impedir a conti nuação deste círculo vicioso a pessoa pode começar a se sentir mais feliz Como resultado outras lembranças felizes podem ser recuperadas mais facilmente aliviando desse modo ainda maisa depressão e assim por diante Talvez o conselho baseado na sabedoriapopular tenha pensamentos felizes não seja inteiramente sem fundamento De fato em ambiente de laboratório osparticipantes parecemrememorar mais precisamente itensque possuem as sociações agradáveis do que itens que possuem associações desagradáveis Matlin Underhill 1979 De modo interessante as pessoas que sofrem de depressão tendem a apresentardefi cits na formação e na lembrança de memórias Bearden et ai 2006 Emoções estados de ânimo estados de consciência esquemas e outras características de nosso contexto interno afetam nitidamente a recuperação da memória Além disso mesmo nossos contextos externos podem afetar claramente nossa capacidade de rememoração de informações Pareceque somosmaiscapazesde nos lembrarde informaçõesquando estamos em um contexto físicoigual àqueleno qual conhecemos as informaçõesGodden Baddeley 1975 Em um experimento 16 mergulhadores submarinos foram solicitados a memorizar uma listade 40 palavras não relacionadas O aprendizado ocorreuquando os mergulhadores estavam em terra firme ou enquanto estavam a 6 metros abaixo do nível do mar Posterior mente foram solicitados a se lembrar das palavras no mesmo ambiente em que as memori zaram ou no outro ambiente A rememoração foi melhor quando ocorreu no mesmo local da memorização Mesmo crianças apresentam efeitos do contexto na memória Considere uma experiên cia de condicionamento operante em que bebês poderiam fazer com que um berço móvel se deslocasse de modo interessante chutandoo Bebês com 3 meses de idade Butler Ro veeCollier 1989 e com 6 meses de idade Borovsky RoveeCollier 1990 tiveramoportu nidade para chutar um berçodiferenteno mesmo contexto istoé cercado por um protetor revestindo o perímetro do berço no qual aprenderam inicialmente a chutálo ou em um contexto diferente Eles chutaram mais forte no mesmo contexto Os bebês davam menos chutes quando estavam em um contexto diferente ou quando lhes era apresentado um berço diferente Concluise desses resultados que tal aprendizado parece grandemente dependente do contexto No entanto em uma série de estudos bebês de 3 meses RoveeCollier DuFault 1991 e de 6 meses Amabile RoveeCollier 1991 participaram de experiências de condi cionamento operante em contextos múltiplos chutando um berço móveldiferente Logoem seguida foram colocados em um novo contexto de condicionamento Os bebês retiveram a lembrança Eles chutaram o berço muitas vezes no novocontexto Portantoquando a infor mação é codificada em vários contextos também parece ser recuperada mais prontamente Capítulo 6 Processos Mnésicos 219 em várioscontextos Esteefeitoocorre pelo menosquando existe um intervalo de tempo mí nimo entre os contextos de condicionamento e o novo contexto No entanto considere o que aconteceu quando o novo contexto ocorreu após um longo intervalo de tempo Os be bêsnão passaram a chutar mais Não obstante ainda exibiam memória dependente do con texto para dar chutes nos contextos familiares Amabile RoveeCollier 1991 Todos os efeitos de contexto precedentes podem ser considerados uma interação entre o contexto paracodificação e o contexto para recuperação das informações codificadas Os re sultadosde vários experimentos de recuperação indicam que o modo como os itens são co dificados exerce um efeito forte no modo e com que precisãoos itens são recuperados Esta relação é denominada especificidade da codificação o que é lembrado depende do quefor codificado Tulving Thomson 1973 Considere um exemplo um tanto marcanteda especi ficidade de codificação Sabemos que a memória de reconhecimento virtualmente sempre é melhorque a recordação Porexemplo reconheceruma palavraque você aprendeu é mais fácil do que relembrála Afinal de contas no reconhecimento você tem de afirmar apenas se viu a palavra Na rememoração você precisa gerar a palavra e confirmar mentalmente em seguida se ela apareceu na lista Em um experimento Watkins e Tulving 1975 fizeram com que participantes memori zassem umalistade 24 pares associados comomoído afrio e crosta do bolo Os participantes foram instruídos a aprender a associar cada resposta como frio com sua palavraestímulo como moído Após os participantes haverem estudado os pares de palavras lhes foi atribuída uma tarefa irrelevante Em seguida foilhes aplicado um teste de reconhecimento com elementos de distração Solicitouse aos participantes quesimplesmente fizessem um cír culoem torno daspalavras que haviam vistoanteriormente Os participantes reconheceram uma média de 60 das palavras da lista Em seguida foram apresentadas aosparticipantes 24palavras como estímulo Eles foram solicitados a selembrar das respostas Suarecordação induzida foi de 73 Portanto a rememoração foi melhor que o reconhecimento Por quê De acordo com a hipótese de especificidade da codificação o estímulo foi um indutor me lhor para a palavra do que a própria palavra A razão era que as palavras haviam sido me morizadas como pares associados Conforme mencionado anteriormente veja o Capítulo 5 o elo entre codificação e re cuperação também pode explicar o efeito de autorreferência Greenwald Banaji 1989 A principal causa de efeito de autorreferência não é devida especificamente às propriedades exclusivas dos indutores autorreferentes Édevida preferencialmente a um princípio mais geral de codificação e recuperação quando as pessoas geram seus próprios indutores para recuperação sãomuitomaispotentesdo que quando outros indivíduos o fazem Outros pes quisadores confirmaram a importância de fazer induções significativas para a pessoa a fim de melhorar a memória Considere por exemplo o que aconteceu quando os participantes criaram seus próprios indutores de recuperação Foram capazes dese lembrar quase sem er ros de listas de 500 e 600 palavras Mantyla 1986 Os participantes foram solicitados a gerar outrapalavra oindutor paracada palavra em uma listaqueseria paraeles umades crição ou propriedade apropriada de palavraalvo Foilhes apresentada posteriormente uma listade suas palavras induzidas Solicitouse para que se lembrassem da palavraalvo Indutores foram de maior ajuda quando eram ambos compatíveis com a palavraalvo e dis tintos no sentido de não tenderem a gerar umgrande número de palavras relacionadas Por exemplo selhefor apresentada a palavra casaco entãojaqueta poderia ser compatível edis tinta como indutora No entanto suponhaque você mencione a palavra lãcomo indutor Este indutor poderia fazêlo pensar emalgumas palavras como tecido e ovelha que nãosão a palavraalvo Para resumir a recuperação interage intensamente coma codificação Suponha quevocê esteja estudando para um teste e deseja ter boa rememoração na hora do teste Organize as 220 Psicologia Cognitiva informações que você está estudando de uma maneira que combine apropriadamente o modo pelo qual se espera que você rememore De modo similar você se lembrará melhor das informações se o nível de processamento para codificação for igual ao nível de processa mento para recuperação Moscovitch Craick 1976 Desenvolvimento da Memória Com o desenvolvimento ocorrem muitas alterações na memória Bauer Van Abbema 2003 Quais são algumasdessas alterações Aptidões Metacognitivas e Desenvolvimento da Memória Algunspesquisadores também propuseram que crianças mais velhas podem ter maiores recur sos de processamento Kail Bisanz 1992 como recursos de atençãoe memória de trabalho Esses recursos podem estar na base da maior velocidade geral do processamento cognitivo dessas crianças De acordo com esta visão a razão pela qual essas crianças parecem capazes de processar essas informações mais rapidamente do que crianças com menos idade pode ser pelo fato de que crianças mais velhas conseguem manter mais informações para processa mento ativo Desse modo além de ser capaz de organizar informações em blocos cada vez maiores e complexos essas crianças podem sercapazes demantermais blocos de informações na memória de trabalho As pessoas parecem desenvolver e usarcada vez mais aptidões de metamemória e vários outros tipos deaptidões metacognitivas Exemplos são o monitoramento e a alteração de pro cessos cognitivos de uma pessoa enquanto se ocupa em executar tarefas cognitivas Brown 1978 Flavell Wellman 1977 Muitos pesquisadores de processamento de informações têmse interessado nas aptidões metacognitivas específicas das crianças commais idade Umexemplo é o trabalho sobre acompreensão deaparência e realidade Por exemplo mostrouse paracrian çascom4 e 5 anosobjetos de imitação com umaesponja que parecia exatamente igual a uma pedra Flavell Flavell Green 1983 Ospesquisadores incentivaram as crianças a brincar com as imitações para que pudessem se tornar totalmente familiarizados com os objetos Desse modo as crianças veriam claramente que as imitações não eram o que aparentavam ser As crianças tinham de responder em seguida perguntas sobre a identidade dos objetos Posterior mente solicitouse àscrianças para quevissem os objetos poruma folha plástica azul e parafa zerem julgamentos sobre a cor dos objetos A folha plástica distorcia o matiz percebido dos objetos A crianças também foram solicitadas a fazer julgamentos sobre tamanho enquanto viam os objetos por uma lente de aumento Elas tinham plena consciência de estar vendo os objetos por meio desses objetos intermediários Os erros das crianças formaram um padrão interessante Havia dois tipos fundamentais de erro Quando solicitadas a descrever a realidade o modo comoo objetorealmente era as crianças relataram algumas vezes a aparência o modo como o objeto parecia quando visto pelo plástico azul ou pela lente deaumento Quando solicitadas a relatar a aparência descre veram algumas vezes a realidade Em outras palavras crianças com 4e 5 anos ainda nãoper cebiam claramente a distinção entre aparência e realidade Realmente muitos pesquisadores concordariam com a observação de que crianças mais novas freqüentemente não conseguem distinguir entreaparência e realidade Sua incapaci dade paradeterminar a quantidade também pode seratribuída à sua atenção à alteração da aparência preferencialmente ao valor constante da quantidade As crianças também se aproveitam cada vez maise finalmente buscam umfeedback a respeito dosresultados de seus Capítulo6 Processos Mnésicos 221 empenhos cognitivos Essas mudanças na codificação na organização e na armazenagem da memória na metacognição e no uso do feedback parecem afetar o desenvolvimento cogni tivo das crianças em muitos domínios específicos Adicionalmente entretanto algumas al teraçõesrelacionadas ao desenvolvimentocognitivo parecem ser um domínio específico O uso de auxílios mnésicos externos ensaio e diversas outras estratégias parece vir na turalmentea quase todos nósquando adultos a tal ponto quepodemos considerar comoum fato aceitoque sempre o fizemos embora não tenhamos feito Lynne Appel e suascolegas 1972 criaram um experimento para descobrira extensão em que crianças com pouca idade ensaiam espontaneamente Elas mostraram fotografias coloridas de objetos comuns a crian çasem trêsníveis de escolarização alunosas da préescolar da Iasérie e da5 série As crian ças foram instruídas a olhar os nomes de 15 fotografias ou a se lembrar dos nomes para um teste posterior Quando ascriançasforam instruídas a apenas olhar as fotografias quase nenhuma delas apresentou ensaio Na condição de memória algumas das crianças mais novas exibiram al gum porém não muito ensaio Poucos alunos da préescola pareciam saberque o ensaio seria uma boa idéia quando seriam solicitados posteriormente a rememorar as informações Além do mais o desempenho dos préescolares não foi melhor na condição de memória do que na condição de olhar Crianças mais velhas tiveram melhor desempenho Uma diferença importante entre a memória dascriançascom menos e com mais idade assim comoadultos não reside nos me canismos básicos mas nas estratégias aprendidas como o ensaio Flavett Wellman 1977 Criançasmais jovens exageram consideravelmente suacapacidade parase lembrar de infor mações Raras vezes usam espontaneamente estratégias quando solicitadas a se lembrar de itens istoé criançascom menosidadeparecemnão conhecer muitasestratégias para aumen tar a memória Além disso mesmo quando crianças com menos idade realmente conhecem tais estraté gias nem sempre as utilizam Por exemplo mesmo quando treinadas para usarestratégias de ensaio em uma tarefa a maioria não transfere o uso de tal estratégia Elasnão passamadiante seu aprendizado de uma tarefapara outras tarefas Flavell Wellman 1977 Jarrold Baddeley Hewes 2000 Portanto as crianças maisnovas parecemnão possuir apenas o conhecimento de estratégias mas também a disposição para usálas quando realmente asconhecem Crian çascom maisidade compreendem que para reterpalavras na memória de curto prazo preci samensaiar Criançascom menos idade não possuem esse entendimento Empoucas palavras crianças com menos idade carecem de aptidõesde metamemória A possibilidade de as crianças ensaiarem não é apenas uma função da idade Crian ças com necessidades especiais muito menospropensasa ensaiar espontaneamente do que as de inteligência normal Brown et aí 1973 Realmente se tais crianças são treinadas para ensaiar seu desempenho pode ser melhorado consideravelmente Belmont Butter field 1971 Butterfield Wambold Belmont 1973 No entanto as crianças especiais nem sempre transferirão espontaneamente seu aprendizado para outras tarefas Por exemplo caso se ensine que ensaiem com listas de números mas em seguida lhes é apresentada uma listade animais podem ter de ser ensinadas novamente desdeo começo a fim de en saiar para os novos tipos de itens bem como para os antigos Em crianças com transtorno de hiperatividade e déficit de atenção em que problemas de memória são observados fre qüentemente também parece existir apoio reduzido no ensaio Kilingberg Forssberg Westerberg 2002 Cultura experiência e demandas ambientais também afetam o uso de estratégias que melhoram a memória Por exemplo criançasocidentais geralmente possuem mais educação formal do que as de outras regiões do planeta Como resultado adquirem uma prática muito maiorusandoestratégias de ensaioparase lembrarem de conjuntos isolados de informações 222 Psicologia Cognitiva Em contraste crianças guatemaltecas e crianças aborígenes australianas geralmente pos suem muito mais oportunidades de se tornar adeptas do uso de estratégias para melhorar a memóriaque se apoiam em localização espaciale arranjos de objetos Kearins 1981 Rogoff 1986 Outro aspectoda aptidão de metamemóriaenvolveo monitoramento cognitivo No mo nitoramento a pessoa acompanha e quando necessário reajusta um fluxo de pensamento em curso O monitoramento cognitivo pode incluir diversas aptidões relacionadas Brown 1978 veja também Brown DeLoache 1978 Por exemplo você está pensando naquilo que conhece e naquilo que não conhece Brown 1978 p 82 Você aprende a ter consciência de sua mente e o grau de sua compreensão Holt 1964 Outro trabalho sobre o desenvolvi mento do monitoramento cognitivo propõe uma distinção entre estratégias de automonito ramento e autorregulação Nelson Narens 1994 Automonitoramento é um processo de baixo para o alto de acompanhamento da compreensãoatual envolvendoa capacidadeaper feiçoada de prevercom precisãoo desempenho da memória Autorregulação é um processo de alto para baixo de controle executivocentral sobre planejamento e avaliação As crian ças beneficiamse do treinamento no uso de tais processos de monitoramento cognitivo para aprimorar seu uso de estratégias apropriadas veja Schneider Bjorklund 1998 Recordese também que a maturidade fisiológica do cérebro e o maior conteúdo de co nhecimento podem explicar parcialmente por que adultos e crianças com mais idade ge ralmente possuem melhor desempenho em testes de memória do que crianças com menos idade Essas mudanças fisiológicas e baseadas na experiência aumentam as alterações nos processos de memória Exemplos são maior conhecimento e disposição para usar estratégias de metamemória A meta de tais estratégiasconsiste em ser capaz no final de recuperar as informações armazenadas quando a pessoa quiser Um desenvolvimento metacognitivo importante é a aquisição de uma teoria da mente isto é uma compreensão de como a mente opera Keil 1999 Perner 1998 1999 A me dida que as crianças crescem sua teoria da mente tornase mais sofisticada Considere um exemplo Perner 1999 p 207 Max coloca seu chocolate no armário Sai para brincar Enquanto está do lado de fora não consegue ver que sua mãe vem e leva o chocolate do ar mário para a gaveta da mesa Ela sai em seguida para visitar uma amiga Quando Max re torna à casa para pegar seu chocolate onde ele o procurará Crianças com menos de 3 anos normalmente dão a resposta errada acreditando que Max procurará o chocolate na gaveta onde realmente se encontra Com a idade de 3 anos algumas crianças principiam a resolver o problema corretamente Com a idade de 4 anos a maioria delas soluciona o pro blema corretamente embora algumas com idade entre 5 e 6 anos ainda cometam erros Ru ffman et ai 1998 Crianças com autismo parecem não possuir ou ter uma teoria da mente seriamente falha BaronCohen Leslie Frith 1985 Perner 1999 O desenvolvimento precoce da teoriada mente relacionase à inteligência verbal à capa cidadede comunicaçãoe ao número de irmãosque uma criança possui McAlister Peterson 2007 Resches Perez Pereira 2007 Estadescoberta não causa surpresa tendo em vistaque a maior capacidade verbal e de comunicação e o maior número de irmãos provavelmente au mentem a quantidade de experiências interpessoais que as crianças possuem Portanto maior capacidade verbal e maior número de irmãos têm possibilidade de ajudar a criança a ter mais capacidade para colocarse na posição de outra pessoa Durante toda a fase final da infância e grande parte da idade adulta a capacidade para recordar permanece relativamente constante No entanto em muitos adultos mais velhos a capacidade de memorização começaa declinar Muitos estudos observaram umadiminuição do número de novas informaçõese de aptidões que podem ser aprendidas à medida que en velhecemos Collie et ai 2001 Tunney et ai 2002 E evidente que o declínio da memória Capítulo6 Processos Mnésicos 223 em adultos mais idosos ocorre como resultado de alterações no sistema estriado frontal Es sasalteraçõesincluem mudanças na substânciabranca e no desaparecimentode neurotrans missores Buckner 2004 Igualmenteum decréscimo de atividade no hipocampoé associado com o declínio da memória Cabeza et ai 2004 Essas mudanças são diferentes das altera çõesno cérebro observadas em pacientes com mal de Alzheimer veja o Capítulo5 Estecapítulo e o anterior indicaram muitas situações nas quais conhecimento e memó ria interagem como no caso em que o conhecimento anterior influencia a codificação e a recuperação Os doiscapítulos a seguir descrevem comorepresentamos o conhecimento Eles enfatizam os papéisdas imagens mentais e do conhecimento semântico Temas Fundamentais Estecapítulo ilustradiversos dos principais temasapresentados inicialmente no Capítulo 1 Ressalta emprimeiro lugar a validade da inferência causai versus a validade ecológica Al gunspesquisadores comoMahzarin Banaji e Robert Crowder argumentaram que as pesquisas em laboratório proporcionam descobertas que maximizam não apenas o controle experimen tal mas também a validade ecológica Ulric Neisserdiscordou indicando que se uma pessoa deseja estudar a memória diária é preciso que a examine emambientes do diaadia No final os dois tipos de pesquisa juntostêm probabilidade de maximizar nossa compreensão dos fenô menos mnésicos Normalmente não existe uma maneira correta para a realização de pesqui sas Adquirimos maior conhecimento preferencialmente quandoempregamos uma variedade de métodos que convergem para um conjunto de descobertas comuns Em segundo lugar o capítulo traz à baila o tema da especificidade do domínio versus generalidade do domínio Os mnemonistas discutidos neste capítulo operam melhor em certos domínios do que em outros Por exemplo você pode ser capazde elaborar uma mne mônica melhor se estiver muito familiarizado com um domínio como é o caso do fundista estudado por Chase Ericssone Faloon discutidono Capítulo 5 Em geralquanto maisco nhecimento você possuir sobre um domínio mais fácil será formar blocos de informações nesse domínio Em terceiro lugar o capítulo aborda um tema interessante sobre racionalismo versus empirismo Este tema é a extensão em que os tribunais devem aceitar provas empíricas de pesquisas psicológicas para orientar o que decidem Até que extensão a credibilidade das testemunhas deve ser determinada por consideraçõesracionais por exemplo elas estavam presentes na cena de um crime ou são conhecidas por ser confiáveis e em extensão por considerações empíricas reveladas por pesquisa psicológica por exemplo estar na cena de um crime não garante credibilidade do testemunho e o julgamento das pessoas quanto à confiabilidade muitas vezes são incorretos Os sistemas judiciais muitas vezes operam com base em considerações racionais daquilo que deveria ser A pesquisa psicológica re vela aquilo que é Reúna alguns amigos ou membros da família para ajudálo novamente Digalhes que você lera uma lista de palavras e logo que você terminar devem escrevero maior número de palavras que conseguirem se lembrar na ordem em que desejarem Leia para eles aspala vras a seguir com intervalode um segundo entre elas livro paz janela correr caixa harmo nia voz árvore começar âncora vazio andar área tomate conceito braço regra leão esperança Após darlhes tempo suficiente paraque tentem se lembrar das palavras totalize o númerode palavras lembradas nos seguintes grupos de quatro 1 livro paz janela correr 2caixa harmonia chapéu voz 3árvore começar âncora vazio 4 chão área tomate con ceito 4 braço regra leão esperança Existe grandeprobabilidade de queseus amigos e mem bros da família se lembrem mais dos grupos 1 e 5 do que dos grupos 2 3 e 4 sendo o grupo 224 Psicologia Cognitiva 3 o menos lembrado Este exercício demonstra a curva da posição em série Guarde as lem branças para uma demonstração no Capítulo 7 Leituras Sugeridas Comentadas Dewhurst S A Pursglove R C Lewis O Story contexts increase susceptibility to the DRM illusion in 5yearsolds Develop mental Science 103 p 374378 2007 O uso do DRM em crianças é explorado neste estudo Muitos estudos explora ram maneiras para diminuir o efeito da memória falsa Esse estudo exemplifica uma maneira para aumentar o efeito da memória falsa Pezdek K Event memory and autobiogra phical memory for the events of Sep tember 11 2001 Applied Cognitive Psychology 179 p 10331045 2003 Um estudo que examina a memória flash para 11 de setembro de 2001 São anali sadas as diferenças entre a memória pes soal e global Schacter D L The seven sins of memory Nova York Mariner 2002 Um relato in teressante do motivo pelo qual as pessoas se esquecem de informações que de ou tro modo poderiam se lembrar O livro pode ser lido por pessoasque possuamso mente uma formação mínima em Psico logia Cognitiva CAPITULO Representação e Manipulação 7 do Conhecimento na Memória Imagens e Proposições EXPLORANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA 1 Quais são algumas das principais hipóteses relativas ao modo como o conhecimento é representado na mente 2 Quais são algumas das características das imagens mentais 3 De que modo a representação do conhecimento se beneficia das imagens analógicas e das proposições simbólicas 4 Como o conhecimento e as expectativas conceituais influenciam a maneira como usamos as imagens 5 De que modo se desenvolvem as aptidões espaciais Olhe cuidadosamente fotografias de algumas pessoas famosas Descreva para si mesmo o que duas pessoasaparentam ser Sem sombra de dúvida nenhuma delas pode exis tir verdadeiramente em um formato físico no interior de sua mente Como você é capaz de imaginálas e descrevêlas Você precisa ter algum tipo de representação mental algo que o signifique ou o que você conhece sobre ele Thagard 1995 Von Eckardt 1913 1999 Geralmente você usa a representação do conhecimento a forma que assume aquilo que você conhece em sua mente sobre objetos idéias eventos e assim por diante que existem fora de sua mente Representação Mental do Conhecimento Idealmente os psicólogos cognitivos adorariam ser capazesde observar de modo direto como cada um de nós representa o conhecimento Seria como se pudéssemos gravar um videoteipe ou fotografar uma série de instantâneos de representações do conhecimento existentes na mente humana Infelizmente os métodos empíricos diretos para observação da representação do conhecimento não se encontram disponíveis atualmente Além do mais tais métodos dificilmente estarão disponíveis em um futuro imediato Quando métodos empíricos dire tos não se encontram disponíveis restam diversos métodos alternativos Para citar um exem plo podemos solicitar às pessoas para que descrevam suas próprias representações do conhecimento e seus processosde representação do conhecimento Infelizmente nenhum de nós possui acesso consciente a nossos próprios processos de representação do conhecimento 225 226 Psicologia Cognitiva e as informações que a pessoa relata sobre esses processos são extremamente duvidosas Pinker 1985 Outra possibilidade é o método racionalista Nesta abordagem tentamos deduzir logica mente o relato mais razoável de como as pessoasrepresentam o conhecimento Os filósofos fi zeram exatamente issodurante séculosNa epistemologiaclássica o estudo da natureza das origens e dos limites do conhecimento humano os filósofos distinguiram dois tipos de es truturas do conhecimento A primeira é o conhecimento declarativo conhecimento dos fa tos que podem ser enunciados Exemplos são a data de seu nascimento o nome de seu melhor amigo ou o modo como um coelho aparenta ser O segundo tipo é o conhecimento de pro cedimentos que podem ser implementados Exemplos são os passos envolvidos para dar um laço nos cadarços de seus sapatos somar uma coluna de números ou dirigir um carro A dis tinção é entre saber que e saber como Ryle 1949 Os psicólogos cognitivos fizeram uso extensivo de insights racionalistas como ponto de partida para compreender a cognição Porém eles raramente se contentam somente com as descrições racionalistas Como alternativa buscam algum tipo de apoio empírico para os insights propostos nos relatos racionalistas da cognição Existem duas fontes principais de da dos empíricos sobre representação do conhecimento Essassão as experiências de laboratório usuais e os estudos neuropsicológicos Nos trabalhos experimentais os pesquisadores estudam indiretamente a representação do conhecimento Eles agem desse modo observando como as pessoas lidam com as várias tarefas cognitivas que exigem a manipulação do conhecimento representado mentalmente Nos estudos neuropsicológicos os pesquisadores normalmente utilizam um entre dois mé todos Um consiste em observar como o cérebro normal responde a várias tarefas cognitivas envolvendo representação do conhecimento O outro consiste em observar os elos entre vá rios deficits de representação do conhecimento e as patologias associadas no cérebro Representações Externas Imagens versus Palavras Neste capítulo focalizamos a distinção entre conhecimento representado nas imagens mentais e conhecimento representado em formas mais simbólicas como palavras ou proposições abs tratas Evidentemente os psicólogos cognitivos estão interessados principalmente em nossas representações mentais internas daquilo que conhecemos Entretanto para ajudar nossa com preensão consideramos inicialmente como nossas representações externas diferem de tais re presentações em imagens Algumas idéias são melhores e mais facilmente representadas em imagens e outras em palavras Por exemplo suponha que alguém lhe pergunte Qual é a forma de um ovo de ga linha Você pode considerar que desenhar é mais fácil que descrever um ovo Para muitas formas geométricas e objetos concretos as imagens realmente parecem expressar muitas pa lavras a respeito do objeto de uma forma econômica No entanto e se alguém lhe pergun tar O que é justiça Descrever em palavras esse conceito abstrato seria muito difícil Fazêlo por meio de imagens seria mais difícil ainda Conforme as Figuras 71 a e b apresentam imagens e palavras podem ser usadas para representar objetos e idéias Porémnenhuma das duas formas de representação realmente re tém todas as características daquiloque está sendo representado Por exemplo nem a palavra gato nem a imagem do gato na realidade se alimenta de peixe emite miados ou ronrona quando acariciado A palavra gato e a imagemdesse gato são representações distintas da na tureza de um gato Cada tipo de representação possui características distintas Conforme você acaba de observar a imagemé relativamente análoga ao objeto do mundo real que representa A imagem mostra atributos concretos como forma e tamanho relativo Esses atributos são similares às características e às propriedades do objeto do mundo real que Capítulo 7 Representação e Manipulação doConhecimentona Memória Imagens e Proposições 227 FIGURA 71 I inii iiwmiiiamfiiiiwT iiiii fi iii i Mii a b O gato está debaixo da mesa c DEBAIXOGATO MESA Podemos representar objetos e idéias por imagens oupor palavras Nemimagens nempalavras captam todas as caracterís ticas daquilo que representam e cadaumcapta mais prontamente alguns tipos deinformações ao invés deoutros Alguns psicólogos cognitivos indicaram quepossuímos a algumas representações mentais que separecem com imagens pictóYicas e analógicas b outras representações mentais que sãoaltamente simbólicas como aspalavras e talvez mesmo c re presentações propositivas mais fundamentais que estão emuma linguagem mentaíabstraía quenãoé verbal nempic tórica e que ospsicólogos cognitivos muitas vezes refwesentam nessataquigrafia consideravelmente simplificada Observe a Figura 71 Qual é a forma da palavra gato1 Qual é a forma da imagemdo gatoCubra parte da palavra Explique agora de que modo o que restou relacionase às características de um gato Cubra parte do desenho Agora explique como aquilo que restou relacionase às carac terísticas de um gato INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA a imagem representa Mesmo se você cobrir uma parte da figurado gato aquilo que perma nece ainda é análogo a uma parte do gato Porém você pode examinar a imagem fazer um Zoom para obter uma visão mais próxima ou ver o quadro como um todo Entretanto mesmo quando examinando ou fazendo um zoom você não precisa seguirquaisquer regrasarbitrárias para ver as características da imagem da parte superior para a inferior da esquerda para a di reita e assim por diante Ao contrário da imagem de um gato a palavra gato é uma representação simbólica sig nificando que a relação entre a palavra e aquilo que representa é simplesmentearbitrária Não existe algo inerentemente parecido com um gato na palavra Suponha que você cubra parte da palavraA parte visível remanescente deixoude possuir até mesmo uma relação simbólica com qualquer parte do objeto que representa Adicionalmente porque os símbolossão arbi trários seu uso requer a aplicação de regras Por exemplo para formar palavras os sons das letras precisam ter seqüência de acordo com as regras porexemplo gato e não toga Para formar sentenças as palavras também precisam obedecer a uma seqüência de acordo com as regras Por exemplo podese dizer o gato está debaixo da mesae não mesadebaixo gato o está 228 Psicologia Cognitiva Stephen M Kosslyn é professor de Psicologia na Universidade de Harvard Ele é mais conhecido pelas pesquisas mostrando que as imagens não são umafaculdade única e indiferenciada mas en volvem aié certo ponto um número deprocessos distintos Elelambémfez contribuições importantes paraa Neuropsicolo gia ao identificaráreas descontínuas no cérebro associadas a processos ima géticos específicos Foto Cortesia de Stephen Kossiyn Representações simbólicascomo a palavra gato captam alguns ti pos de informações porém deixam de captar outros O dicionário de fine gato como um mamífero carnívoro Felis catus há muito domesticado como animal de estimação e para caçar ratos e camun dongos dicionário de língua inglesa MerriamWebsters Collegiate Dictionary 1993Suponha que nossa representação mental para os significados das palavras sejam parecidas com aquelas do dicionário Então a palavra gato tem a conotação de um animal que come carne carnívoro cuida de suas crias mamífero e assim por diante Es sas informações são abstratas e gerais Podem ser aplicadas a qualquer número de gatos específicos possuindo qualquer cor ou padrão de pe lagem Para a representação de características adicionais precisamos usar mais palavras Exemploseriam preto persa ou mosqueado A imagemdo gato não transmite qualquer informação abstrata pela palavra a respeito do que o gato come se cuida de suas crias e assim por diante No entanto a imagem transmite muitas informações concretas a respeito dessegato específico Por exemplocomunica a posição exata das patas do gato o ângulo no qual o vemos o comprimento da cauda do animal se ambos seus olhos estão abertos etc Imagens e palavras também representam relacionamentos de dife rentes maneiras A Figura 71 a mostra a relação espacial entre o gato e a mesa Para qualquer imagem mostrando um gato e uma mesa o re lacionamento espacial posicionai por exemplo ao lado em cima de baixoatrásserárepresentado concretamente na imagemEmcontraste ao se usar palavras os relacionamentos espaciais entre os objetos preci sam ser indicados explicitamente por um símbolo distinto como uma preposição Um exem plo seria O gato está debaixo da mesa No entanto relações mais abstratas como fazerparte de uma classe muitas vezes estão implícitas no significado das palavras Exemplos seriam que gatos são mamíferos ou que mesas são itens de mobília Porém as relações abstratas raramente encontramse implícitas nas imagens Para resumir as imagens captam adequadamente in formações concretas e espaciais de uma maneira análoga a tudo que representam Palavras captam convenientemente informações abstratas e relativas a categorias de uma maneira que é simbólica de tudo que representam Representações pictóricas transmitem todas as características simultaneamente Quaisquer regras para criar ou compreender imagens per tencem em geral ao relacionamento analógico entre a imagem e aquilo que ela representa Ajudam a assegurar a maior similaridade possível entre os dois Representações em pala vras usualmente transmitem informações demodo seqüencial Realizam isso de acordo com regras arbitrárias que têm pouco á ver com o que as palavras representam Porém as palavras têm muito a ver com a estrutura do sistema de símbolos para o uso de palavras Cada tipo de representação é bem adaptado para algumas finalidades porém não para ou tras Por exemplo plantas de engenharia e fotografias de identificação atendem a propósi tos diferentes dos de ensaios e memorandos Possuímos agora algumas idéias preliminares sobre representações externas do conheci mento Vamos considerar em seguida as representações internas do conhecimento Especifi camente como representamos em nossas mentes aquilo que conhecemos Possuímos cenários mentais imagens e narrativas mentais palavras Nos capítulos subsequentes sobre proces samento de informações e linguagem discutimos vários tipos de representações mentais sim bólicas Neste capítulo focalizamos as imagens mentais Capítulo7 Representação e Manipulação do Conhecimentona Memória Imagens e Proposições 229 Imagens Mentais Imagens constituem a representação mental de objetos e seres que não são percebidos pelo órgãos sensoriais Befírmann Kosslyn Jeannerod 1996 Thomas 2003 Freqüentemente possuímos imagens de objetos eventos ou ambientes Por exemplo recordése de uma de suas primeiras experiências em um campus universitário Quais foram algumas das visões sons e mesmo aromas que você sentiu naquela época Poderiam ter incluído grama cortada edifícios altos ou caminhos alinhados por árvores Essas sensações não se encontram disponíveis ime diatamente para você Porém assim mesmo você pode imaginálas Na realidade as imagens mentais podem representar objetos ou seresque nunca foram observadospor seussentidos em qualquer ocasião Por exemplo imagine como seria viajar pelo rio Amazonas Imagens men tais podem até representar coisasque simplesmentenão existem fora da mente da pessoaque cria a imagem Por exemplo imagine como você seria se tivesse um terceiro olho nó centro de sua testa Imagens podem envolverrepresentações mentais em qualquer das modalidadessensoriais como audição olfato ou paladar Imagine o som de um alarme de incêndio de sua canção fa vorita do hino nacional de seu país Imagine agora o odor de uma rosa de bacon frito ou de uma cebola Imagine finalmente o gosto de um limão de uma conserva ou de seu doce fa vorito Pelo menos hipoteticamente cada forma de representação mental está sujeita a inves tigação Os pesquisadores estudaram cada uma das representações sensoriais por exemplo IntonsPeterson 1992 IntonsPeterson Russell Dressel 1992 Reisberget ai 1989 Reisberg Wilson Smith 1991 Smith Reisberg Wilson 1992 Não obstante a maioria das pesquisas sobre imagens na Psicologia Cognitiva focalizou as imagens visuais Tais imagens incluem a representação mental do conhecimento visual como de objetos ou ambientes que não se encontram visíveis para os olhos presentemente Evidentemente pesquisadores são pessoas como todas as demais A maioria de nós possui maior consciência de imagens visuais do que de outras formas de imagens Quando alunos mantiveram um diário de suas imagens mentais relataram um número maior de imagens vi suais do que auditivas olfativas táteis ou do paladar Kosslyn et ai 1990 Usamos imagens visuais para resolver problemas e para responder a perguntas envolvendo objetos Kosslyn 1990Kosslyn Rabin 1999 Que fruta tem a cor vermelha maisescura uma cereja ou uma maçãQuantas janelas existem em sua casa ou apartamento Como você se locomove de sua residência para estar presente na primeira aula do dia Como você junta as peças de um quebracabeça ou as peças que compõem um motor um edifício ou um modelo De acordo com Kosslyn para resolver problemas ou responder a perguntas como essas visua lizamos os objetos em questão Ao procedermos desse modo representamos mentalmente as imagens Muitos psicólogos que estão fora do campo da PsicologiaCognitiva estão interessados nas aplicações das imagens mentais a outros campos da Psicologia Tais aplicações incluem o uso de técnicas orientadas por imagens para controlar a dor e tornar mais intensas as respostas imunológicàs e desse modo preservar a saúde Tais técnicas também ajudam a suplantar pro blemas psicológicos como fobias e outros transtornos de ansiedade Engenheiros projetistas bioquímicos físicos e muitos outros cientistas empregam imagens para pensar a respeito de várias estruturas e processos e para resolver problemas em seus campos de atuação Entre tanto nèm todos apresentam a mesma facilidade para criar e manipular imagens mentais As pesquisas em ambientes específicos e em laboratórios indicam que alguns de nós são mais ca pazesde criar imagens mentais do que outros Reisberg etai 1986 As pesquisas também in dicam que o uso de imagens mentais pode ajudar a melhorar a memória No caso de pessoas com síndrome de Down o uso de imagens mentais juntamente com uma história melhorou a memória dos fatos em comparação a simplesmente ouvir a história de Ia Iglesia Buceta Campos 2005 Kihara Yoshikawa 2001 230 Psicologia Cognitiva De que forma representamos precisamente as imagens em nossa mente De acordo com uma visão radical das imagens todas as imagens relativas a tudo que chegamos a perceber po dem estar armazenadas como cópias exatas de imagens físicas Em termos realistas armaze nar no cérebro toda imagem física observada parece impossível A capacidade do cérebro e as estruturas e processos usados pelo cérebro seriam inadequados para tal tarefa Kosslyn 1981 Kosslyn Pomerantz 1977 Observe o exemplo simples no primeiro box Investigando a Psi cologia Cognitiva Teoria do Código Dual Imagens Analógicas versus Símbolos De acordo com a Teoria do Código Dual usamos códigos imaginados e verbais para represen tar informações Paivio 1969 1971 Esses doiscódigos organizam as informações em conhe cimento sobre o qual podese agir armazenar de alguma forma e mesmo recuperar posteriormente para uso subsequente De acordo com Paivio as imagens mentais são códigos analógicos Códigos analógicos são uma forma de representação do conhecimento que pre serva as principais características perceptivas de tudo que estiver sendo representado para os estímulosfísicos que observamosem nosso ambiente Porexemploárvores e rios poderiam ser representados por códigos analógicos Do mesmo modo que o movimento dos ponteiros em um relógio analógico são analógicos à passagem do tempo as imagens mentais que formamos em nossas mentes são analógicas aos estímulos físicos que observamos INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Olhe para o seu rosto em um espelho Gire gradualmente sua cabeça do ponto mais à direita para verse fora do alcance da visão periférica es querda para o ponto mais à esquerda Agora incline sua cabeça para a frente o mais que puder e em seguida inclinea para trás o mais que puder Certifiquese de ainda estar vendo seu reflexo enquanto procede dessa maneira Agora faça algumas expressões diferentes talvez até con versando consigo mesmo para exagerar seus movimentos faciais De que modo você poderia possivelmente armazenar uma imagem móvel ou mesmo uma série de imagens distintas de sua face ou de outros objetos em rotação Em contraste de acordo com Paivio nossas representações mentais para palavras são re presentadas principalmente em um código simbólico Um código simbólico é uma forma de representação do conhecimento que foi escolhida arbitrariamente para significar algo e que não se parece perceptivamente com tudo que estiver sendo representado Da mesma maneira que um relógio digital usa símbolos arbitrários normalmente numerais para representar a passagem do tempo nossas mentes usam símbolos arbitrários para representar muitas idéias Um símbolo pode ser qualquer coisa designada arbitrariamente para significar algo diferente de si mesmo Por exemplo reconhecemos que o numerai 9 constitui um símbolo para o conceito da condição de 9 representando uma quantidade de nove de algo Porém nada a respeito do símbolo sugere de algum modo seu significado Conceitos como justiça e pazse riam representados simbolicamente Designamos arbitrariamente esse símbolo para repre sentar o conceito Porém9 possuisignificadosomente porque o utilizamospara representar um conceito mais profundo Paivio também obteve algumas provas empíricas para sua Teoria do Código Dual Eleob servou que as informações verbais parecem ser processadas diferentemente do que as basea das em imagens Por exemploem um estudo foi apresentado aos participantes uma seqüência Capítulo 7 Representação e Manipulação doConhecimento na Memória Imagens e Proposições 231 Para ter uma percepção intuitiva de como você pode usar cada um dos dois tipos de representação pense a respeito de como representa mental mente todos os fatos que você conhece sobre gatos Use sua definição mental da palavra gatoe todas as inferências que pode obter de sua ima gem mental de um gato Que tipo de representação é de mais auxílio para responder às seguintes perguntas A cauda de um gato é suficiente mente comprida para alcançar a ponta do nariz do gato caso ele a esteja estendendo em todo seu comprimento Gatos apreciam comer peixesAs patas traseiras e as dianteiras de um gato possuem exatamente o mesmo tamanho e formato Os gatos são mamíferosO que é maior o nariz ou o olho de um gato Que tipos de representação mental foram mais valio sos para responder a cada uma dessas perguntas INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA rápida de fotografias e umaseqüência de palavras Paivio 1969 Eles foram solicitados em se guida a recordarse das palavras ou das fotografias de uma entre duas maneiras Uma maneira era aleatóriae de tal modo que lembravamse do maior número possível independentemente da ordemem que os itenseram apresentados A outra era na seqüência corretaOs participan tes se lembravam mais facilmente das fotografias quando isso lhes era permitido em qualquer ordem Porém lembravamse mais prontamente da seqüência na qual as palavrasforamapre sentadas do que da seqüência das fotografias Outros pesquisadores também apoiaram a noção de que nossas mentes usam um sistema para representar informaçõesverbaise um sistemadiferente para representar informações de imagens Por exemplo assumiuse a hipótese de que a percepção visual real poderia interfe rir com imagens visuais simultâneas De modo similar a necessidade de produzir uma res posta verbal poderia interferir com a manipulação mental simultânea de palavras Uma investigação clássica testou essa noção Brooks 1968 Os participantes realizaram uma ta refa visual ou uma tarefa verbal A tarefa visual envolvia responder a perguntas que exigiam julgamentos sobre uma fotografia que era apresentada em um breve intervalo A tarefa ver bal envolvia responder a perguntas que exigiam julgamentos sobre uma sentença que era transmitida brevemente Os participantes davam suas respostasverbalmente dizendo sim ou não em voz alta visualmente apontando para uma resposta ou manualmente ba tendo de leve com uma mão para concordar e com a outra para discordar As duas condi ções de interferência eram uma tarefa visual exigindo uma resposta visual apontar e uma tarefa verbal requerendo uma resposta verbal A interferência era avaliada pela diminuição dos tempos de resposta Brooksconfirmou sua hipótese Os participantes realmente possuem tempos de resposta mais lentos ao realizara tarefa de imagens quando solicitados a respon der usando um display visual concorrente em comparação com quando estavam empre gando um meio de resposta que não interferia isto é verbal ou manual Seus participantes de modo similar demonstraram maior interferência no desempenho da tarefa verbal quando solicitados a responder usando unia forma de expressão verbal concorrente em comparação com o modo como desempenhavam quando respondiam manualmente ou usando um dis playvisualDessemodo uma respostaenvolvendopercepçãovisual pode interferircom uma tarefa envolvendo manipulação de uma imagem visual De modo análogouma respostaen volvendo expressão verbal pode interferir com uma tarefa envolvendo manipulações men tais de uma declaração verbal Estas constatações sugerem o uso de dois códigos distintos para a representação mental do conhecimento Os dois códigos são um imagético analó gico e um verbal simbólico 232 Psicologia Cognitiva NO LABORATÓRIO DE STEPHEN KOSSLYN Se perguntados a respeito do formato das ore lhas de Mickey Mouse a maioria das pessoas afirma que visualiza as orelhas do personagem do desenho animado e vê que elassão redondas As imagens mentais visuais baseiamse em ver com o olho da mente e são usadas nãoapenas para recordar informações sobre as quais uma pessoa não havia pensado previamente tal como o formato das orelhas daquele roedor mas também em várias formas de raciocínio Por exemplo ao considerar qual a melhor ma neira para colocar algumas mochilas malas e sacolas no portamalas de um carro você pode ria visualizar cada uma delas e ver a melhor maneira de acondicionálas no espaço e posicio nálas eficientemente tudo antes demover um dedo para colocar uma única bagagem no porta malas Meu laboratório tem estudado a natureza das imagens mentais visuaisdurante mais de três décadas e aprendemos muito Primeiro e princi palmente as imagens mentais visuais são muito similares à percepção visual que ocorre quando uma pessoa registra informações visuais isto é enquanto um conjunto de imagens e lembra um pouco ligar um aparelho de DVD e ver os resul tados na tela a percepção é mais como ver as informações de uma câmefa mostradasem uma tela porém isto é apenas uma metáfora não existe um homenzinho em sua cabeça olhando uma tela são apenas sinais sendo processados De fato quando solicitamos aos participantes para que classifiquem parte dos objetos visíveis porém esmaecidos e em outra parte do teste para que classifiquem partes dos objetos visuali zados mais de 90 das mesmas áreas cerebrais foram ativadas em comum Ganis Thompson Kosslyn 2004 No entanto tem permanecido uma con trovérsia a respeitode qual o nível mínimo em que a imagem entra no cérebro Especifica mente é a Área VI a primeira parte do córtex a registrar informações dos olhos também usa dosdurante asimagens visuais mentais Alguns estudos de neuroimagens constataram que essa área é ativada durante a visualização das ima gens porém outros estudos não fazem essa constatação Emuma metanálise considerando os resultados de mais de 50 desses estudos Kosslyn e Thompson 2003 descobriram que as variações dos resultados refletiam três fatores 1 se a tarefa exigia ver partes com resolução relativamente elevada por exemplo conforme é necessário no uso de imagens para classificar a forma das orelhas de um animal a partir da memória então a primeira área é ativada 2 se a tarefa é es pacial por exemplo conforme exigido para decidir em que braço a Esrárua da Liberdade segura a tocha a Área VI não é ativada mas partes do lobo parietal são e 3 se uma técnica por imagens mais precisa por exem plo usando um componente magnético mais poderoso no aparelho de ressonância mag nética então é mais provável que a ativação na Área VI sejadetectada No entanto os resultados de uma metanálise ocorrem ne cessariamente após o fato Portanto estamos testando agora diretamente as inferências obtidas dessa análise Além disso a fim de usar as imagens no raciocínio tais como colocar objetos no portamalas de um carro a pessoa precisa ser capaz de transformar a imagem girando os objetos que se encontram nela deslocan doos dobrandoos etc Descobrimos que existem diversas maneiras distintas pelas quais estes processos ocorrem Por exemplo você pode imaginar mover fisicamente os objetos nas imagens como no caso de torcê losmanualmente ou podeimaginar alguma força externa movendoos por exemplo ob servando um moror girálos No primeiro caso partes do cérebro usadas para controlar os movimentos reais são ativadas durante a existência das imagens mentais porém não quando o mesmo movimento é imaginado como resultado da atuação de uma força ex terna Kosslyn et ai 2001 Em resumo muitas questões sobre ima gens mentais que pertenciam anteriormente ao domínio da especulação podem ser estu dadas agora empiricamente e cada nova descoberta nos aproxima um pouco mais do conhecimento de como podemos ver coi sas que não estão lá Capítulo 7 Representação e Manipulação do Conhecimento naMemória Imagens e Proposições 233 NO LABORATÓRIO DE STEPHEN KOSSLYN continuação Referências Ganis G Thompson W L Kosslyn S M Brain áreas underlying visual mental imagery and visual perception an fMRI study Cognitive Brain Research 20 p 2262412004 Kosslyn S M Thompson W L When is earlyvisualcortex activated during visual mental imagery Psychológical Bulletiri Í29P72374612003 Kosslyn S MThompson W LWragaM Alpert N M 2001 Imagining rota tion by endogenous and èxogenous forces Distinct neural mechanisms for different strategies Neuroreport 12 p 25192525 Teoria Propositiva Nem todos concordam com a Teoria do Código Dual Uma teoria da representação do co nhecimento alternativa é denominada algumas vezes Teoria ConceitualPropositivaou simplesmente Teoria Propositiva Anderson Bower 1973 Pylyshyn 1973 1978 1981 1984 De acordo comessa visão não armazenamos representações mentais soba forma de imagens Nossas representações mentais denominadas algumas vezes linguagem mental parecem preferencialmente ser mais parecidas com a forma abstrata de uma proposição Uma propo sição é o significado subjacente a um relacionamento específico entre conceitos De acordo com essa visão as imagens são epienômenosfenômenos secundários que ocorrem comore sultado de outros processos cognitivos Anderson e Bower foram além desuaconceitualização original Nenhumdeles acredita atualmente na idéia dequeasproposições seencontram na base de todas as representações mentais No entanto outros como Pylyshyn ainda mantêm essa posição De que modo opera uma representação propositiva Considere um exemplo Para descre ver a Figura 71 avocê poderia dizer A mesa está acima do gato Você também poderia di zer O gato está debaixo da mesa Ambas afirmativas indicam a mesma relação que acima do gato encontrase a mesa Com um pouco de trabalho extra você provavelmente pode ria indicar 12 ou mais maneiras de representar verbalmente esse relacionamento Veja essa noção na Figura 71 a Evidentemente os teóricos dasimagens minimizariam essas explica ções Explicariam os fenômenos visuais principalmente em termos de imagens visuais e dos mecanismos neuropsicológicos que estão em sua base Farah 2000a 2000b Farah Ratcliff 1994 Hampson Marks Richardson 1990 Kosslyn 1994a 1994b Kosslyn Thompson 2000 Logie Denis 1991 Os lógicos criaram uma espécie de ferramenta denominada cálculo dos predicados para expressar o significado subjacente a um relacionamento Ele tenta eliminar as várias diferenças superficiais nas maneiras como descrevemos o significado mais profundo de uma proposição Relacionamento entre elementos Elemento subjetivo Elemento objetivo A expressão lógica paraa proposição na base da relação entreo gato e a mesa é apresen tado naFigura 71 c Evidentemente esta expressão lógica teria de ser traduzida pelo cérebro em um formato adequado à sua representação mental interna Usando Proposições Éfácil de ver por que o constructo hipotético de proposições é tão amplamente aceito entre psicológicos cognitivos As proposições podem ser usadas para descrever qualquer tipo de 234 Psicologia Cognitiva relacionamentoExemplos de relacionamentos incluem açõesde um tipo sobreoutro atribu tos de um objeto posições de um objetoclassificação de um objetoe assim por diante con forme mostrado no Quadro 71 Além disso qualquer número de proposições pode ser combinado pararepresentar relacionamentos imagens ou séries de palavras mais complexos Um exemploseria O camundongo peludo mordeuo gato que agoraestá se escondendo de baixo da mesa A idéia básica é que a forma proposicional de representação mental não existe em palavras ou em imagens E preferencialmente umaforma abstrata representando ossignificados subjacentes do conhecimento Portanto uma proposição para uma sentença não reteria as propriedades auditivas ou visuais das palavras Analogamente uma proposi ção para uma ilustração não reteria sua forma perceptiva exata Clark Chase 1972 De acordo com a visão propositiva Clark Chase 1972 ambas as imagens isto é do gatoe da mesa na Figura 71 a e asdeclarações verbais porexemplo na Figura 71 b são representadas mentalmenteem termos de seus significados profundos istoé são representa QUADRO 71 Representações Propositivas de Significados Subjacentes Podemosusarproposições para representar qualquer tipo de relacionamento incluindo ações atributos posições espaciais fazer parte de uma classe ou qualquer outro relacio namento concebível A possibilidade de combinação de proposições em relacionamentos representacionaispropositivos torna o uso de tais represenrações altamente flexível e amplamente aplicável Tipo de Relaciona mento Ações Atributos Posições espaciais Inclusão em uma classe Representação em Palavras Um camundongo mordeu um gato Camundongos são peludos Um gato está debaixo da mesa Um gato é um animal Representação Propositiva Morder ação camundongo agente da ação gato objeto característica da superfície externa peludo atributo camundongo objeto posição mais elevada verticalmente mesa gato classificação por categoria animal categoria gato membro Representação Imagética ft Neste quadro asproposições sàoexpressas deumaforma taquigráfica conhecida como cálculo dospredicados comu mente usada paraexpressar o significado subjacente Essa taquigrafia temporfinalidade únicadaralguma idéia de como o significado subjacente do conhecimento poderia ser representado Não seconsidera que essa forma é literalmente aquela emque osignificado érepresentado namente Em geral a forma taquigráfica derepresentação deproposições é a seguinte Relacionamento entreoselementos elemento sujeito elemento objeto Capítulo 7 Representação e Manipulação do Conhecimento na Memória Imagens e Proposições 235 das como proposições e nãocomo imagens oudeclarações específicas De acordo com a Teo ria Propositiva informações imagéticas e verbais são codificadas e armazenadas como proposições Em seguida quando desejamos recuperar as informações armazenadas a repre sentação propositiva é recuperada A partir dela nossas mentes recriam o código verbal ou imagético de modo relativamente preciso Algumas provas sugerem que essas representações não precisam ser exclusivas As pessoas parecem ser capazes de empregar ambos os tipos de representação para aumentar seu desem penhoem testes cognitivos Talasli 1990 Limitações Analógicas Algumas constatações indicam limites para a representação analógica de imagens Por exem plo olhe rapidamente a Figura 72 Em seguida afaste seu olhar A Figura 72 contém um paralelograma uma figura com quatro lados que possui dois pares de linhas paralelas de com primento igual Os participantes de um estudo olharam figuras como essa Tinham de deter minar se formas específicas por exemplo um paralelograma pertenciam ou não a uma dada figura completa conforme apresentado na Figura 72 Reed 1974 O desempenho geral foi um pouco melhor do que oacaso Os participantes pareciam incapazes de trazer à lembrança uma imagem mental analógica precisa Eles não conseguiam usar uma imagem mental para traçar as linhas a fim de determinar que formas componentes faziam ou não parte de uma figura completa Para Reed essas descobertas indicavam o uso de um código propositivo ao invés de um analógico Exemplos de um código propositivo seriam uma estrela de Davi ou dois triângulos sobrepostos um dos quais está invertido Outra explicação possível éque as pessoas possuem imagens mentais analógicas que são de algum modo imprecisas Existem limites adicionais à representação analógica Chambers Reisberg 1985 1992 Olhe agora aFigura 73 a Imagine ocoelho mostrado na figura Na realidade afigura repre sentada aqui é uma figura ambígua significando que pode ser interpretada de mais de uma maneira Figuras ambíguas muitas vezes são usadas em estudos de percepção Porém esses pesquisadores decidiram usar tais figuras para determinar se as representações mentais das FIGURA 72 Olhe rapidamente esta figura e em seguida cubraa com sua mão Imagine afigura que você acabou de ver Ela con tém um paralelograma De Cognition 3 ed de autoria de Margaret W Motim 1994 by Holt Rinehartand Winston Reproduzido mediante autorização da editora 236 Psicologia Cognitiva FIGURA 73 a Olhe atentamente ocoelho e em seguida cubrao com sua mão eorecrie em sua mente Você consegue ver um animal diferente nesta imagem apenas alterando mentalmente sua perspectiva b Que animal você observa nesta fi gura Crie uma imagem mental dessa figura e tente imaginar aparte frontal desse animal eaparte traseira de outro animal eaponta da cauda desse animal como aparte frontal de outro animal c Observe oanimal nesta figura e crie uma imagem mental do animal cubra afigura etente reinterpretar sua imagem mental como ade um ripo dife rente de animai ambos animais provavelmente estão voltados para amesma direção De D Çhambers eD Reisberg 1985 Can Mental Images be Ambiguous Journal ofExperimental Psychology Human Perception and Per formance 11 p 317328 J985 American Psychological Association Reproduzido mediante autorização b c Peterson M A Kihlstrom E Rose P M Glisky M L 1992 Mental images can be ambiguousRecons truais and referenceframe reversals Memory Cognition Memory Cognition 20 p 107123 Reproduzido mediante autorização da Psicionomic Society Inc imagens são verdadeiramente analógicas para as percepções deobjetos físicos Sem olharno vamente a figura você consegue determinar a interpretação alternativa da Figura 73 ai Quando os participantes do estudo de Çhambers e Reisberg enfrentaram dificuldades os pesquisadores deram indicações Entretanto mesmo os participantes com grandes aptidões de visualização muitas vezes foram incapazes de evocar a interpretação alternativa Finalmente os pesquisadores sugeriram aos participantes que se apoiassem na memó ria para traçar suas representações mentais das figuras Sem olhar novamente a figura es boce concisamente aFigura 73 acom base na representação mental que você possui dela Após você ter completado seu esboço tente ver mais uma vez se você pode encontrar uma interpretação alternativa da figura Se você for parecido com a maioria dos participantes no estudo da Çhambers e Reisberg somente após ter àsua frente um percepto objeto da percepção real da figura você consegue imaginar uma interpretação alternativa da figura Esses estudos indicam que as representações mentais das figuras não são as mesmas que os perceptos dessas figuras Caso você ainda não a tenha identificado a interpretação al ternativa do coelho é um pato Nesta interpretação as orelhas do coelho formam obico do pato Capítulo 7 Representação e Manipulação doConhecimento na Memória Imagens e Proposições 237 Uma interpretação das descobertas de Çhambers e Reisberg uma implausíyel é que não existe um código imagináriodescontínuo Uma explicação alternativa e maisplausível é que um código propositivo pode prevalecer sobre o código de imagens em algumas circuns tâncias isto é a interpretaçãOinicial da figura por um códigopropositivo pode prevalecer so bre o códigode imagens para a figura Um trabalho realizado muito anteriormente indicou que a informação semântica verbal porexemplo designação de figuras tende a distorcer a rememoração de imagens visuais na direção do significado das imagens Carmichael Hogan Walter 1932 Porexemplo para cada umadas figuras na coluna central da Figura 74 observe as interpretações alternativas para as figuras relembradas Baseie sua rememoração nas dife rentes designações atribuídas às figuras Limites Proposicionais Emcontraste com o trabalho que acabamos de discutir existemalgumas constataçõesde que as imagens mentais podem ser manipuladasdiretamente ao invésde por meio de um código propositivo Finke Pinker Farah 1989 Os participantesdesse estudo manipularam imagens mentais combinando duas imagens distintas para formar outra imagem mental totalmente diferente Essamanipulação de imagens mentais pode ser vista como uma experiência gestalt de imagens Na imagem combinadao conjuntodasduas imagens combinadasdiferia da soma de suas partes distintas O estudo mostrou que em algumas situações as imagens mentais podem ser combinadas eficazmente por exemplo a letra H e a letra X para criarimagens mentais Elas podem ser de forma geométrica por exemplo triângulos retângulos ou letras por exemplo M ou objetos por exemplo uma gravata borboleta Parece que os códigos proposicionais apresentam menorprobabilidade de influenciar os imagéticos quando os par ticipantes criam suas próprias imagens mentais ao invésde quando lhes é apresentada uma ilustração para ser representada No entanto os códigos propositivos podem influenciar os imagéticos Isto é especialmente possível quando a ilustração usada para criar uma imagem for ambígua comona Figura 73 a c ou um tanto abstrata comona Figura 72 Outros pesquisadores ampliaramo trabalho de Finke sobreconstrução de imagens men taisFinke Pinker Farah 1989 Eles apresentaramuma visãoalternativa para as descobertas deChambérs e Reisberg a respeito da manipulação dasfiguras ambíguas veja a Figura 73 a Peterson et ai 1992 Eles acreditam que a reinterpretação mental das figuras ambíguas en volve duas manipulações A primeira é um reaíinhamento mental da estrutura de referência Isto seria uma mudança na orientação das posições das figuras na página ou na tela men tal na qual a imagem é mostrada Na Figura 73 a o deslocamento seriada parte posterior do patoparaa parte frontal do coelhoe da partefrontal do patoparaa parte posterior do coelho A segunda manipulaçãoé uma reconstrução reinterpretação de partes da figura Istoseria o bicodo pato e as orelhasdo coelho Podeser improvável que os participantes manipulem ima gens mentais espontaneamente a fim de reinterpretar figuras ambíguas Porém taismanipula ções ocorrem quando os participantes são enquadrados no contexto correto Sob que condiçõesos participantes reinterpretam mentalmente sua imagem da figura pa tocoelhoveja a Figura 73 a e algumas figuras ambíguas Peterson etaí 1992 Algunsex perimentos diferiam em termos dos tiposdeindicações fornecidas Em termos da totalidade das experiências de 20 a 83 dos participantes foram capa zes de reinterpretar figuras ambíguas usando umaou mais das seguintes indicações 1 Indicação do eixo de referência implícito em que se apresentou aos participantes outra figura ambígua envolvendo o reaíinhamento doeixo de referência por exemplo vejaa Figura 73 ba cabeçade uma águiaa caudade um ganso è a caudade uma águiaa cabeça de um ganso 238 Psicologia Cognitiva FIGURA 74 Figura reproduzida T Designação verbal Cortinas em uma janela Sete Leme de navio Ampulheta Feijão Pinheiro W Arma J Dois Figuras de estímulo 8 Designação Figura verbal reproduzida Diamante em um retângulo Quatro Sol Mesa Canoa Pá Vassoura Oito 0 X O Designações semânticas influenciam semmargemde dúvida as imagens mentais conforme mostradas aquinos dife rentes desenhos deobjetos aosquais se atribuiu designações verbais semânticas Baseado emCarmichael Hogan Walter 1932 2 Indicação do eixo de referência explícito em que os participantes foram solicitados a modificar o eixo de referência considerando a parte de trás da cabeça do animal que já haviam visto como a parte frontal da cabeça de algum outro animal Peter son et aí 1992 p 111 considerado uma indicação conceituai ou a parte frontal do objeto que era vista como a parte posterior de algo diferente p 115 conside rado uma indicação abstrata 3 Indicação direcionada emqueos participantes eramorientados a prestaratenção em regiões da figura em que realinhamentos ou reconstruções deveriam ocorrer 4 Construções a partir de partes boas em que os participantes eram solicitados a elaborar uma imagem de partes consideradas como boas de acordo com critérios objetivos geométricos e empíricos concordância para interavaliaçãoj ao invés de partes consideradas como más de acordo com critérios similares Pode ocorrer além disso alguma reinterpretação espontânea de imagens mentais de fi gurasambíguas Istoé particularmentepossível para imagens de figuras que possam ser rein terpretadas sem reaíinhamento do eixo de referência Veja por exemplo a Figura73 c que Capítulo 7 Representação e Manipulação do Conhecimentona Memória Imagens e Proposições 239 pode ser um caramujo completo ou a cabeça de um elefante ou possivelmente um pássaro um capacete uma folha ou uma concha Os investigadores sugeriram em seguida que os processos envolvidos na construção e na manipulação de imagens mentais são similares àqueles envolvidos em processospercepti vos Peterson et aí 1992Um exemplo seria o reconhecimento de formas discutido no Ca pítulo 3 Nem todos concordam com essa visão Porém alguma aceitação de suas idéias ocorreu por parte de psicólogoscognitivos que afirmam que as imagens mentais e a percep ção visualsão equivalentes funcionalmente Neste caso equivalênciafuncional referese a in divíduos que usam aproximadamente as mesmas operações a fim de atender às mesmas finalidades para seus respectivos domínios Em termos geraiso peso das constatações parece indicar que existem códigos múltiplos ao invés de apenas um único código Entretanto a controvérsia continua Barsalou 1994 Manipulações Mentais de Imagens De acordo com a hipótese da equivalência funcional embora a imagem visual não seja idên tica à percepção visual é funcionalmente equivalente a ela isto é conforme Paivio indicou há muitas décadas embora não construamos imagens que sejam exatamente idênticas aos perceptos construímos efetivamente imagens com equivalência funcional aos perceptos Es tas imagens funcionalmente equivalentes são análogasaos perceptosfísicos que representam Esta visão possui muitos adeptos por exemplo Farah 1988b Finke 1989 JolicoeurKosslyn 1985a 1985b Rumelhart Norman 1988 Shepard Metzler 1971 Um pesquisador sugeriu alguns princípios relativos a como as imagens visuais podem ser funcionalmente equivalentes à percepção visual Finke 1989 Esses princípios podem ser usa dos como orientação para criar e avaliar pesquisas sobre imagens O Quadro 72 proporciona uma idéiade algumasdas perguntas que podem surgircom base nos princípios de Finke As provas de equivalência funcional podem ser vistas em estudos de neuroimagens Em um estudo os participantes viam ou imaginavam uma imagem Foi observada a ativação de áreas cerebrais similares em particular nas regiõesfrontal e parietal No entanto havia uma sobreposição nas áreas associadas com processossensoriais como visão Ganis Thompson Kosslyn 2004 A esquizofreniaoferece um exemplo interessante de similaridadesentre percepção e ima gem Muitas pessoas esquizofrênicas experimentam alucinações auditivas Estas alucinações são a experiência de ouvir que ocorre na ausência de estímulos auditivos reais Esseouvir é o resultado de material gerado internamente Observase que estes pacientes possuem difi culdade para discriminar entre diversos tipos de estímulos autoproduzidos e originados exter namente Blakemore et ai 2000 Provas obtidas por outros pesquisadores revelam que durante as alucinações auditivas ocorre uma ativação anormal do córtex auditivo Lennox et ai 2000 Adicionalmente a ativação de áreas do cérebro envolvidas com linguagem recep tiva é observada durante alucinações auditivas Ishü etai 2000 Em suma acreditaseque as alucinações auditivas ocorrem pelo menos em parte por causa de disfunções do sistema de imagens auditivas e de processos de percepção problemáticos Seal Aleman McGuire 2004 Estes desafios tornam difícil para as pessoas afetadas diferenciar entre imagens inter nas e a percepção de estímulos externos Rotações Mentais Fenômenos Básicos A rotação mental envolve transformar rotativamente a imagem mental visual de um objeto Takano Okubo 2003 Em uma experiência clássica os participantes foram solicitados a 240 Psicologia Cognitiva QUADRO 72 Princípios de Imagens Visuais Perguntas De acordo com a hipótese da equivalência funcional representamos e usamos imagens visuais de um modo funcionalmente equivalente àquele dos perceptos físicos Ronald Finke propôs diversos princípios de imagens visuais que podem ser usados para orientar as pesquisas e a teoria do desenvolvimento Princípio Perguntas Possíveis Geradas pelos Princípios 1 Nossas transformações mentais de imagens e nossos movimentos mentais pelas imagens correspondem a transformações e movimentos similares de objetos e perceptos físicos Nossas imagens mentais seguem as mesmas regras de movimento e espaço que são observadas em perceptos físicos Por exemplo leva mais tempo para manipular uma imagem mental em um ângulo de rotação maior do que em um menor Leva mais tempo para observar uma grande distância em uma imagem mental do que uma pequena distância 2 As relações espaciais entre elementos de uma imagem visual são análogas àquelas relações no espaço físico real As características das imagens visuais são análogas às características dos petceptos Por exemplo é mais fácil ver os detalhes de imagens visuaisgrandes do que de pequenas 3 Imagens mentais podem ser usadas para gerar informações que não foram armazenadas explicitamente durante a codificação Após os patticipantes terem sido solicitados a formar uma imagem mental eles conseguem responder a perguntas que requerem a inferência de informações baseadas em imagens que não foram codificadasespecificamente na ocasião em que criaram a imagem Por exemplo suponha que os participantes sejam solicitados a imaginar um tênis Eles conseguem responder postetiotmente a perguntas do tipo Quantos ilhoses existem no tênis 4 A construção de imagens mentais é análoga à construção de figuras perceptíveis visualmente Leva mais tempo mentalmente para construir uma imagem mental complexa do que uma mais simples Leva mais tempo para construir uma imagem mental de uma imagem maior do que de uma menor 5 A imagem visual é funcionalmente equivalente à percepção visual em termos de processos do sistema visual usado para cada uma delas As mesmas regiões do cérebro envolvidas na manipulação de imagens mentais encontramse envolvidas na manipulação de perceptos visuais Por exemplo áreas similares do cérebro são ativadas na manipulação mental de uma imagem em comparação com aquelas envolvidas quando ocorre a manipulação física de um objeto observar pares de ilustrações bidimensionais 2D mostrando formas geométricas tridimensio nais 3D Figura 75 Shepard Metzler 1971 Conforme a figura mostra as formas foram giradas de O9 a 1802 A rotação foi no plano da ilustração isto é no espaço 2D como na Fi gura 75 a ou em profundidade isto é no espaço 3D como na Figura 75 b Essas não eram rotações dos estímulos originais como na Figura 75 c Os participantes foram solicitados a seguir a dizer se uma dada imagem era ou não uma rotação do estímulo original Para cada aumento do grau de rotação das figuras houve um aumento correspondente dos tempos de resposta Além disso não ocorreu uma diferença significativa entre rotações no plano da ilustração e nas rotações em profundidade Estas descobertas são funcional mente equivalentes àquilo que poderíamos esperar se os participantes girassem objetos físi cos no espaço Girar maiores objetos emângulos de rotação leva mais tempo Faz pouca Capítulo 7 Representação e Manipulação doConhecimento na Memória Imagens e Proposições 241 FIGURA 75 a CD b c Paraqual desses pares de figuras afigura à direita mostra uma rotação adequada da figura à esquerda Reproduzido mediante autorização deMental Rotation por R Shepard e Metzler Science 171 3972 p 701703 1971 American Association for the Advancement of Science diferença se os objetos sãogirados em sentidohorário antihorárioou na rerceira dimensão da profundidade A descoberta de uma relação entre o grau derotação angular e o tempo de reação foi reproduzida algumas vezes com uma variedade deestímulos por exemplo Jordan Huntsman 1990 Van Selst Jolicoeur 1994 veja também Tarr 1999 Parafazer uma tentativa com rotações mentaisfaçasozinho a demonstraçãodo box In vestigando a Psicologia Cognitiva baseada em Hinton 1979 Outrospesquisadores provaram essas descobertas originais em outros estudos de rotação mental Por exemplo constataram resultados similares em rotações de figuras em 2D como letras do alfabeto Jordan Huntsman 1990 cubos Just Carpenter 1985 e partesdo corpo humano particularmente as mãos Fiorio Tinazzi Aglioti 2006 Fiorio etai 2007 Funk Brugger Wilkening 2005 Além disso os tempos de resposta são maiores para estímulos de gradados estímulos que são indistintos incompletos ou sob outros aspectos menos infor mativos Duncan Bourg 1983 do que estímulos preservados Os tempos de resposta também são maiores para itens complexos em comparação a itens simples BethellFox Sheppard 1988 e parafiguras desconhecidas comparadas comconhecidas Jolicoeur Snow 242 Psicologia Cognitiva INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Imagine um cubo flutuando no espaço em frente a você Agora apanhe mentalmente a aresta inferior frontal do cubo com sua mão esquerda Apanhe também a aresta superior posterior com sua mão direita Enquanto segura mentalmente essas arestas gire o cubo para que a aresta em sua mão esquerda fique diretamente abaixo da aresta em sua mão direita como se fosse formar um eixo vertical em torno do qual o cubo giraria Quantas arestas do cubo imaginário encontramse no meio isto é não sendo seguradas por suas mãos Descreva as posições das arestas Murray 1987 Adultos com mais idade apresentam maiordificuldade com essa tarefado que os adultos jovens Band Kok 2000 Os benefícios da maiorfamiliaridade também podemconduziraosefeitos daprática me lhorias de desempenho associadas à maiorprática Quando os participantes possuem prática na rotação mental de figuras específicas aumentando sua familiaridade seu desempenho melhora BethellFox Shepard 1988 Esta melhora entretanto parece não se transferir para tarefas de rotação envolvendo figuras novas Jolicoeur 1985 Wiedenbauer Schmid JansenOsmann 2007 Porexemplo poucaspessoas possuem muita experiênciacom rotação de cubosgeométricos reais Portanto na demonstraçãocom o cubo mental a maioriadas pes soas imagina que existem quatro arestas remanescentes de cubo sendo seguradas pelas duas arestas em suas mãos Elas imaginam também que todas as quatro arestas se encontram ali nhadas em um plano horizontal paraleloao solo Na realidadepermanecem seisarestasSo mente duas arestas encontramse alinhadas em um determinado plano horizontal paralelo ao solo em qualquer ocasião Tente vocêmesmo usandoqualquercubo não imaginário que você possa localizar O trabalho de Shepard e de outros sobre rotação mental propor ciona um elo direto entre pesquisaem Psicologia Cognitiva e pesquisa sobre inteligência Os tipos de problemas estudados por Shepard e seus colegas são muito similares aos problemas que podem ser encontrados em testes psicométricos convencionais de capacidade espacial Por exemplo o teste de Capacidades Mentais Básicas criado por Louis Thurstone e Thelma Thurstone 1962 requer a rotação mental de dois objetos apresentados em duas dimensões no plano contendo as ilustrações Problemas similares aparecem em outros testes O traba lho de Shepard aponta para uma contribuição importante da pesquisa cognitiva direcionada ao nosso conhecimento da inteligência Esta contribuição é a identificação das representações mentais e dos pro cessoscognitivos na base das adaptações ao ambiente e no final a in teligência humana Roger N Shepardé profes soremérito dacátedra Ly man Wilbur na Universi dadede Stanford Shepard é maisconhecido porseu trabalho seminal relativo ao estudo de imagens mentais bemcomoporseusestudos sobre graduação multidi mensional pelo estabe lecimento dasleis gerais da cognição e pelopensamento visualem geral Foto Cortesia de Roger N Shepard Constatações Neuropsicológicos Existe alguma prova fisiológica da rotação mental Os pesquisadores muitas vezes são incapazes de estudar diretamente a atividade cerebral associadaa diversos processos cognitivos no cérebro vivo de um ser hu mano Algumas vezes podemos conhecer esses processos estudando os cérebros de primatas animaiscujos processos cerebrais parecemsermais análogos aos nossos Os pesquisadores usando registros de uma única célula no córtex motor de macacos descobriram algumas evidências Capítulo 7 Representação e Manipulação doConhecimento na Memória Imagens e Proposições 243 fisiológicas das rotações mentaisfeitas pelos macacos Georgopoulos etai 1989 Cada ma cacohaviasidotreinadoparamover fisicamente umaalavancaemumadireção perpendicular e em sentido antihorário a uma luz Esta luzfoi usada como um ponto de referência Onde a luzaparecesse os macacosdeveriam usar esse ponto como referência para a perpendicularà alavanca e à sua rotação física em sentido antihorário Durante essas rotações físicas foi gravada a atividade cortical do macaco Posteriormente na ausência da alavanca a luz foi apresentada novamente em várias localizações A atividade cortical foi gravada novamente Duranteessas apresentações a atividade no córtexmotorindicouumpadrãointeressante As mesmas células corticais individuais tendiam a responder como se os macacos previssem os movimentos das rotações específicas associadas a determinadas localizações da luz Outro estudo que examinou a rotação mental indica que o córtex motor é ativado durante essa tarefa As áreas associadas ao movimento da mão foram particularmente ativas durante a tarefa derotação mental Eisenegger HerwigJancke 2007 Descobertas preliminaresbaseadas em pesquisas com primatas indicam que áreasdo cór tex cerebral possuem mapeamentos que parecem com configurações espaciais de receptores visuais em 2D na retina do olho vejaKosslyn 1994b Esses mapeamentos podem ser consi derados como relativamente descritivos Cohen et ai 1996 Kosslyn et ai 1995 Talvez se essas mesmas regiões de córtex forem ativadasem sereshumanos durante tarefas envolvendo imagens mentais estas possam ser similarmentedescritas na representação O maior número atual de técnicas para obtenção de imagens do cérebrotêm permitido aos pesquisadores con seguir imagens da atividade cerebral humana de modo nãoinvasivo para estudar tais espe culações Porexemplo emumestudode imagens obtidasporressonância magnética funcional RMfos pesquisadores descobriram que as mesmas áreas do cérebro envolvidas na percep ção também se encontram envolvidas nas tarefasde rotação mental Cohen etai 1996 veja também Kosslyn Sussman 1995 Desse modo imagens e percepção não são apenas funcio nalmente equivalentesnos estudospsicológicos mas técnicas neuropsicológicas confirmama equivalência demonstrando atividade cerebral sobreposta No entanto imagens mentais en volvem os mesmos mecanismos dos processos de memória Em caso afirmativo a hipóteseda equivalência funcional de percepçãoperderiaalgum terreno Se as imagens sãoequivalentes funcionalmente a tudo então na realidade são equivalentes a nada Uma análise cuidadosa cita muitosestudos psicológicos que identificam diferenças entre imagens humanas e tarefas de memória Georgopoulos Pellizzer 1995 Adicionalmente essaanálise cobreestudosde re gistro de uma única célula envolvendo primatas realizando tarefas analógicas para constatar a distinção entre imagens e memória Em resumo existem provas convergentes de estudos tradicionais e neuropsicológicos que apoiam a hipótese da equivalência funcional entre per cepção e imagens mentais Trabalhosneuropsicológicos adicionais serãodiscutidos posterior mente no capítulo A rotação mental tem sidoestudada extensivamente alémde sua aplicação às teorias da imagem Alguns estudos ressaltaram uma vantagem do sexo masculino em relação ao femi nino nas tarefas de rotação mental De Lisi Cammarano 1996 Richardson 1994 Roberts Bell 2000a2000b 2003 Alguns pesquisadores especularam que essavantagem tem dimi nuído desdeque foiobservadapela primeiravez Algumasoutras características interessantes desse efeito foram identificadas Primeiro em crianças com pouca idade não existediferença de gênero em termos de desempenho ou de ativação neurológica Roberts Bell 2000a 2000b Segundo pareceexistirdiferenças entre homense mulheres na ativação das regiões parietais nas mulheres que completam uma tarefade rotaçãomental em comparação comos homens quecompletam a mesma tarefa Thomsen etai 2000 Roberts Bell 2000a 2000b Considerase que esta descobertasignifica que nas mulheresas tarefasespaciais envolvem am bos os lados do cérebro ao passo que nos homenso lado direito domina essa função Blake 244 Psicologia Cognitiva McKenzie Hamm 2002 Considerase que as diferenças na ativação do cérebro também sig nificam que homens e mulheres usam estratégias diferentes para resolver problemas de rota ção mental Jordan etai 2002 Finalmente o treinamentofaz comqúéa diferençadegênero diminuaou mesmo desapareça Bosco Longoni Vecchi 2004 Kass Ahlers Dugger 1998 Roberts Bell 2000a 2000b Gradação de Imagens A idéia básica subjacente às pesquisas sobre tamanho e gradação da imagem é que represen tamos e usamos imagens mentais de um modo que seja equivalente funcionalmente às nossas representações e usos de perceptosPor exemplo na percepção visual existem limitações quanto à resolução nossa capacidade para distinguir elementos individuais como partes de um objeto ou objetos adjacentes fisicamenteTambém podem existirlimites em relação à clareza com que percebemos detalhes naquiloque observamos Em geral ver detalhes carac terísticos de objetosgrandes émais fácil do que ver tais detalhes de objetos pequenos Res pondemos mais rapidamente às perguntas sobre objetos grandes que observamos do que às perguntas sobre objetos pequenos Portanto se a representação por imagens é equivalente funcionalmente à percepção os participantes também devem responder mais rapidamente às perguntas sobre características de objetos grandes imagináveis do que às perguntas sobre ob jetos pequenos imagináveis Entretanto o que acontece quando focalizamos os objetos mais de perto para perceber detalhes característicos Mais cedo ou mais tarde alcançamos um pontono qual não conse guimos ver o objeto inteiro Precisamosdeixar de focalizálo em detalhe para ver o objeto in teiro uma vez maisVeja Investigando a Psicologia Cognitiva para observar a focalização percéptiva INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Localize uma estante grande do chão ao teto se possívelcaso contrário observe o conteúdo de um refrigerador grande com a porta aberta Permaneça o mais próximo possível da estante aomesmo tempo em que consegue uma visão integral dela Leia agora as palavras com as menores letras no menor livro da estante Sem desviar seu olhar você ainda consegue ver toda a estante Você consegue ler o título do livro mais distante daquele rio qual você está focalizandosua percepção Pesquisadores conseguem controlar com facilidade as dimensões dos perceptos na pes quisa percéptiva No entanto para pesquisa do tamanho da imagem é mais difícil controlar as dimensões das imagens mentais das pessoas Como sei que a imagemdo elefante èm mi nha cabeçapossui o mesmo tamanho que a imagem do elefanteem süacabeça Existem al gumas maneiraspara resolver esse problema Kosslyn 1975 Uma dasmaneiras consiste em usarò tamanho relativo comoum meio para manipular o tamanho da imagem Kosslyn 1975 Os participantes imaginam especificamente quatro pa res diferentes de animais ura elefante e um coelho um coelho e uma mosca um coelho e um elefante com o tamanho de uma mosca e finalmente um coelho e uma mosca com o ta manho de um elefante Os participantes respondem a perguntas específicas sobre as caracte rísticas do coelho e o tempo de suasrespostas é cronometrado Em tal situação leva mais tempo para descrever os detalhes dos objetos maiores isto é demora mais para responder a coelhosformando par com elefantes ou com elefantes de tamanho de moscas do que para Capítulo 7 Representação e Manipulação do Conhecimento naMemória Imagens e Proposições 245 responder a coelhos formando par com moscas ou elefantes do tamanhode moscas Consi dereuma metáfora para explicar estefenômeno Kosslyn 1983 Imagine quecadaum de nós possui uma telamental paraimagens visuais A resolução de nossa telaé mais altae mais de talhada para objetos que ocupam uma área maior da tela mental do que para objetos ocu pando uma área menor Kosslyn Koenig 1992 Em outro estudo perguntouse a crianças da Ia e da 4ã séries e a alunos adultos de fa culdade sedeterminados animaispodiamsercaracterizados como possuidores de vários atri butos físicos Kosslyn 1976 Exemplos seriam Um gato possui patas e Um gato possui uma cabeça Em uma condição osparticipantes foram solicitados a visualizar cada animal Deveriam usar esta imagem mental pararesponder àsperguntas Na outracondição não fo ram solicitados a usar imagens mentais Presumiuse que usaram conhecimento verbalpro positivo para responder às perguntas verbais Na condição de imagens todos os participantes responderam mais rapidamente às per guntas sobre atributos físicos maiores doque àsperguntas sobre os menores Por exemplo se ria possível perguntar a respeito dacabeça deumgato maior e as patas deumgato menores Foram obtidos resultados diferentes na condição sem imagens Nesta condiçãoos alunos do 4eano e osadultos responderam maisrapidamente àsperguntas sobre asdiferenças da carac terística do animal Porexemplo responderam mais rapidamente às perguntas sobre a possi bilidade de gatos terem patas que são distintas do que às perguntas a respeito dos gatos possuírem cabeças que nãosão particularmente distintas somente para os gatos A dimen são física das características não exerceu qualquer efeito no desempenho da condição sem imagens para alunos da 4 série ou paraos adultos Emcontraste osalunosdo l9 ano responderam constantemente e com maisrapidez a res peito dos atributos maiores Eles procederam desse modo nas condições com e sem imagens Muitas dessas crianças com menos idade indicaram que usavam imagens mesmo quando não eram instruídas a fazêlo Além disso em ambas as condições os adultos responderam mais rapidamente do queascrianças Entretanto a diferença foi muito maior paraa condição sem imagens do que para a condição com imagens Essas descobertas confirmam a hipótese de equivalência funcional A razão é que a dimensão física influencia a capacidade de resolução percéptiva As descobertas também confirmam a visão do código dual emdois aspectos Pri meiro para adultos commais idade asrespostas baseadas no uso de imagens um código ima gético diferiram das respostas baseadas em proposições um código simbólico Segundo o desenvolvimento do conhecimento e da capacidade propositivos não ocorre no mesmo ritmo queo desenvolvimento do conhecimento e da capacidade imagéticos A distinção no ritmode desenvolvimento de cada forma de representação também parece confirmar a noção de dois códigos distintos proposta por Paivio Escaneamento de Imagens Kosslyn obteve apoio adicional para o uso da representação imagética em seus estudos envol vendo exame por imagens A idéia fundamental na base da pesquisa de escaneamento de imagens é que estas podem ser observadas de modo muito parecido como os perceptos físicos podem ser observados Além disso esperase que nossas estratégias e respostas para o exame porimagens sejam equivalentes funcionalmente àquelas que usamos para observação percép tiva Uma maneira para testara equivalência funcional da observação por imagens consiste emobservar alguns aspectos do desempenho durante a observação percéptiva Comparase em seguida este desempenho com aquele durante o exame por imagens Por exemplo na percepção examinar distâncias maiores requer mais tempo doque exa minar distâncias menores Denis Kosslyn 1999 Emumadas experiências de Kosslyn mos trouse aos participantes uma ilha imaginária que você pode ver naFigura 77 Kosslyn Bali Reiser 1978 O mapa mostra vários objetos na ilha como uma cabana uma árvore e um 246 Psicologia Cognitiva INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA FIGURA 76 Olhe o coelho e a mosca na Figura 76 Feche seusolhos e imagineos em sua mente Olhe agora a imagem somente da mosca e determine a forma exata que sua cabeça possuiVocê observa que tem de dedicar um tempo para olhar detidamente a fim de ver as características específicas da mosca Se você é como a maior parte das pessoas tem capacidade paraconcentraro foco emsuas imagens mentaisparadar às características ou aos objetos uma área maior de sua tela mental muito parecidocom o modo como você poderia moverse fisicamente em direção a um objeto que desejasse observar mais de perto Olhe agora o coelho e o elefante e imagine ambos em sua mente Feche seusolhos em seguida e olhe o elefante Imagine caminhar em direção ao animal observandoo à medidaque fica mais próximode você Você constata que surge um ponto em que você não consegue mais ver o coelho ou mesmo todo o elefante Se você for como a maioriadas pessoas descobrirá que a imagem do elefante parecerá ficar além da dimensãodo espaçode sua imagem Paraver todo o elefante você provavelmente terá de ajustar o foco mentalmente mais uma vez Wfl íJwVit Stephen Kosslyn 1983 solicitou aos participantes que imaginassem um coelho e uma mosca para observar o direcio namento do foco afim de ver detalhes ou um coelho e um elefante para observar se o direcionamento do foco pode resultar em um transbordamento visível doespaço daimagem lago Os participantes estudaramo mapa até poderem reproduzilo precisamente com auxí lio da memória Neste ponto eles indicaram a localização de cada um dos seis objetos no mapaem uma distância máximade 0625 centímetro de sua localização correta A fase crí tica iniciou apósa fase de memorização da experiência ser completada Os participantes foram instruídos para que ao ouvirem o nome de um objeto que lhes fosse lido deveriam imaginar o mapa Precisariam em seguida examinardiretamenteem sua mente o objeto mencionado Deveriam finalmente pressionar uma tecla logo que chegassem Capítulo 7 Representação e Manipulação doConhecimento na Memória Imagens e Proposições 247 FIGURA 77 Stephen Kosslyn e seus colegas usaram o mapa deuma ilha imaginária com vários marcos afim de determinar seo exame mental da imagem deum mapa era equivalente funcionalmente aoexame perceptivo deum mapa percebido na localização do objeto indicado Um experimentador leria aos participantes em seguida o nomede um primeiro objeto Cinco segundos depois o experimentador leriaparaos partici pantes o nome de umsegundo objeto Os participantes deveriam entãoexaminar mental mente de novo paraatingir a localização adequada Pressionavam então uni botão quando encontrassem o objeto Este procedimento era repetido algumas vezes Os participantes em cada caso deslocavamse mentalmente entre vários pares de objetos em tentativas sucessivas O experimentador acompanhava os tempos de resposta dos participantes em cada tentativa Esses temposde resposta indicavamo tempo decorridopara os participantesexaminarem um objetoe depois outro A descoberta importantefoi uma relação linearquase perfeita entre as distâncias queseparavam pares deobjetos sucessivos no mapa mental e a duração do tempo decorrido até que os participantes pressionassem o botão Em outraspalavras os participantes parecem ter codificado o mapana forma de umáimagem Eles na realidade examinavam esta imagemconforme tornavase necessário para uma resposta Descobertas confirmando um código imagético foram feitas em diversos outros domí nios Por exemplo o mesmo padrão de resultados foi obtido parao exame deobjetos emtrês dimensões Pinker 1980 Especificamente os participantes observaram e em seguida re presentaram mentalmente umconjuntode objetos em 3D brinquedos suspensos em uma caixa aberta Passaram a examinar em seguida cada um dos objetos Negligência da Representação Provas adicionais da similaridade entre percepção e imagens mentais podem ser observadas em casos denegligência darepresentação Muitos pacientes que sofrem denegligência espacial 248 PsicologiaCognitiva vejao Capítulo 4 também sofremde um transtorno relacionadoNa negligênciada represen tação a pessoaé solicitadaa imaginar uma cena e descrevêla em seguida Neste caso a infor mação que estaria no campo visual direito é descrita integralmente porém a informação que estaria no esquerdoé desprezada Embora esses dois tipos de negligênciamuitas vezes ocorram juntos também podem existir de forma independente Peru e Zapparoli 1999 descrevem o caso de uma mulher que não apresentava indicação de negligênciaespacialenquanto se esfor çava com tarefasque exigiam a criação de uma imagem mental Em outro conjunto de estudos uma formação era descrita a pacientes que sofriam de negligência da representação Quando os pacientes deveriam se lembrar da formação não conseguiam descrever a porção esquerda Logie et ai 2005 De modo similar quando se apresenta uma imagem aos participantes com negligência da representação eles conse guem descrever toda a imagem No entanto quando a imagem é removida e são solicita dos a descrever de memória a imagem não conseguem descrever a porção esquerda Denis et ai 2002 A negligência de representação nas cenas somente encontrase presente quando existe um ponto de vantagem Rode etai 2004 Por exemplo se uma pessoacom negligênciada representação fosse solicitada a descrever sua cozinha ela o faria de modo preciso No en tanto caso se solicitasse à mesma pessoa para descrevera cozinha a partir do refrigerador elademonstraria negligência Éprovável que exista conhecimento completo dacena porém algumas vezes não é acessível quando o paciente gera uma imagem mental Sintetizando Imagens e Proposições Discutimos neste capítulo duas visões opostas da representação do conhecimento Uma é a Teoria do Código Dual a qual indica que o conhecimento é representadoem imagens e em símbolos A segunda é uma Teoria Propositiva indicandoque o conhecimentoé represen tado somente por proposições subjacentes e não em forma de imagens ou de palavras e de outros símbolos Antes de considerarmos algumas síntesespropostas para as duas hipóteses vamos analisar as descobertas descritas até agora Fazemos isto à luzdos princípios de imagens visuais da Finke Quadro 73 Na discussão até este ponto examinamos os três primeiros critérios da Finke para representações imagéticas As imagens mentais parecem ser sob mui tos aspectos equivalentes funcionalmente à percepção Esta conclusão se baseia em estudos de rotações mentais gradação da imagem dimensão e escaneamento da imagem No en tanto estudos envolvendo figuras ambíguas e manipulações mentais desconhecidas indicam que existem limites para a analogia entre percepção e imagens Epifenômenos e Características de Demanda Embora pareça serumaboaprova paraa existência de imagens propositivas e mentais Kosslyn 1994a 1994b o debate não está encerrado Talvez alguns dos resultados constatados em pesquisas de imagens poderiam ser o resultado de características de demanda IntonsPeter son 1983 Nesta visão as expectativas dos pesquisadores relativas ao desempenho dos parti cipantes em uma determinada tarefa criam uma expectativa implícita para os participantes terem desempenho conforme o esperado IntonsPeterson 1983 manipulou as expectativas dosexperimentadores ao sugerir a um grupode pesquisadores que o desempenho de uma tarefaseriamelhorparaas tarefas percep tivas do que para as imagéticas Ela indicou o resultado oposto a um segundogrupo de ex perimentadores e descobriu que as expectativas dos pesquisadores realmente influenciaram as respostasdos participantes em três tarefas escaneamento de imagens rotações mentais e Capítulo 7 Representação e Manipulação do Conhecimento naMemória Imagens e Proposições 249 QUADRO 73 Princípios de Imagens Visuais Descobertas Comqueprecisão osestudos relatados nestecapítulo satisfazem aos critérios sugeridos pelos princípios de imagens visuais propostos por RonaldFinke Princípio 1 Nossas transformações mentais de imagens e nossos movimentos mentais pelas imagens correspondem a transformações e movimentos similares de objetos e perceptos físicos 2 As relações espaciais entre os elementos de uma imagem visual são análogas àquelasrelações no espaçofísico real 3 Imagens mentais podemser usadas para gerar informações que não se encontravam armazenadas explicitamente durante a codificação Perguntas Possíveis Geradas pelos Princípios As rotações mentais geralmente obedecemàs mesmas leis de movimento e espaço observadas em perceptos físicos por exemplo Shepard Metler 1971 chegando a demonstrar diminuição de desempenho associada a estímulos degradados Duncan Bourg 1983veja também o Capítulo 3 para comparações com estímulosperceptivos No entanto parece que para algumas imagens mentais as rotaçõesmentais de objetos imaginados não representam integrale precisamentea rotação física dos objetos percebidos por exemplo Hinton 1979portanto algumas representações de conhecimento não associado a imagens ou estratégias cognitivasparecemexercer influênciaem algumassituações No exame por imagens decorre mais tempo para observar uma grande distancia em uma imagem mental do que uma distância menor Kosslyn BaliReiser 1978 Pareceque as manipulações cognitivasde imagens mentais são análogasàs manipulações dos perceptosnos estudos envolvendo a dimensão da imagemConforme ocorre na percepção visual existem limites paraa resolução dos detalhes que caracterizam uma imagem bem como limites quanto à dimensãodo espaçoda imagem análogoao campo visual que podemser observados a qualquertempo Para observardetalhes de objetos individuais ou de partesde objetos um tamanho ou um número menor de objetos ou partesde objetos podeserobservado e viceversa Kosslyn 1975 Em um trabalho relacionado Kosslyn 1976 parece ser mais fácil ver os detalhes de imagens mentais maiores por exemploa cabeça de um gato do que menores por exemplo as patas de um gato Parece também que do mesmo modo que percebemos a proximidade física de objetos que se encontram mais próximos no espaço físico também imaginamos a proximidade de imagens mentais em nosso espaço imagéticomental Kosslyn Bali Reiser 1978 Após ter sidosolicitado aosparticipantes para formaruma imagem mentalelesconseguem responder a alguns tiposde perguntasque exigeminferènciade informações o que não se encontrava codificado especificamente na ocasião em que criarama imagem Os estudosde Reed 1974 e de Çhambers e Reisberg 1985 sugerem que as representações propositivas podem desempenhar um papel osestudos de Finke 1989 e de Peterson et ai 1992 indicam que as representações imagéticas algumas vezes sãosuficientes para fazer inferências continua 250 Psicologia Cognitiva QUADRO 73 Princípios de Imagens Visuais Descobertas continuação Princípio Perguntas Possíveis Geradas pelos Princípios 4 A construção de imagens mentais é análoga à construção de figutas perceptíveis visualmente Estudosde pessoasque sempre foram cegas indicam que as imagens mentais na forma de arranjos espaciais podem ser construídas a partir de informações táteis ao invés de visuais Com base nas descobertas relacionadas a mapas cognitivos por exemplo Hirtle Mascolo 1986 Saarinen 1987b Stevens Coupe 1978Tversky 1981 parece que as representações propositiva e imagética do conhecimento influenciam a construção de arranjos espaciais 5 Imagens visuais são equivalentes funcionalmente à percepção visual em termos dos processos do sistema visual usado para cada uma Parece que algumas das mesmas regiõesdo cérebro que estão envolvidas na manipulação dos perceptos visuais podem estar envolvidas na manipulação de imagens mentais veja por exemplo Farah et ai 1988a 1988b mas também parece que as imagens espaciais e mentais podem ser representadas diferentemente no cérebro outra tarefacomparandoo desempenho perceptivo com o imagético Quando osexperimen tadores esperavam que o desempenho imagético fosse melhor que o perceptivo os partici pantes respondiam de modo correspondente e viceversa O resultado ocorreu quando os pesquisadores não se encontravam presentesenquanto os participantes respondiame quando as indicações eram apresentadas por meio de um computador Desse modo os participantes experimentais que executam tarefas de visualização podem estar respondendo em parte às características das exigências da tarefa Estas características resultam das expectativas dos experimentadores referentes aos resultados Outros investigadores responderam Jolicouer Kosslyn 1985a 1985b Em um conjunto de experiências os pesquisadores modificaram o procedimento para a tarefa Eles omitiram integralmente todas as instruções para escaneamento da imagem mental Adicionalmente perguntas que envolviam respostas exigindo exame de imagens foram intercaladas com per guntas que não exigiam qualquer exame de imagens Mesmoquando o escaneamento de ima gensnão era umaexigênciada tarefaimplícita as respostas dosparticipantesainda indicavam que as imagens mentais eram examinadas de maneira análoga ao exame perceptivo Em outro conjunto de experiências Jolicouere Kosslyn levaram os experimentadores a esperarum padrão de respostas que diferia daquele análogo parao exame perceptivo Os pes quisadores foram levados a esperar especificamente que o padrão de respostas mostraria uma curva emforma de U ao invés de uma função linear Também neste estudo asrespostas ainda indicavam uma relação linear entredistância e tempo Não indicavam o padrão de resposta em forma de U esperado pelos experimentadores A hipótese relativa à equivalência funcio nal de imagens e percepção parece ter portanto uma grandejustificativa empírica O debate entre a hipótese propositiva e a de equivalência funcional analógica foi con siderado como de difícil conciliação com base no conhecimento existente Keane 1994 Para cadadescoberta empírica queapoia a visão de que o conjunto de imagens é análogo à percepção pode ser proposta uma reinterpretação racionalista da descoberta A reinterpre tação oferece uma explicação racionalista da descoberta Embora a alternativa racionalista possa seruma explicação menos limitadado que a empírica a alternativanão podesercom pletamente refutada Desse modo o debate entrea visão de equivalência funcional e a pro positiva pode resultar em um debate entre empirismo e racionalismo Capítulo 7 Representação e Manipulação doConhecimento na Memória Imagens e Proposições 251 Os modelos mentais de JohnsonLaird Uma síntese alternativa da literatura indica que as representações mentais podem assumir qualquer uma das três formas JohnsonLaird 1983 1989 1995 1999 JohnsonLaird Gold varg 1997 Essas formas são proposições modelos mentais ou imagens Neste caso as pro posições são representações de significados totalmente abstratos que podem ser expressos verbalmenteModelos mentais são estruturas do conhecimento que os indivíduos elaboram para compreender e explicarsuas experiências Brewer 2003 Halford 1993 JohnsonLaird 2001 Schaeken JohnsonLaird DTdewalle 1996 Tversky 2000 Os modelos sãolimitados pelas teorias implícitas das pessoas a respeito dessas experiências Estas concepções podem ser maisou menosprecisas Porexemplo você pode possuirum modelomental para explicar como os aviões voam no ar No entanto o modelo depende não de leis físicas ou de outra natureza maspreferencialmente de suascrenças a respeito delas O mesmo se aplicaria à criaçãode modelos mentais com baseem problemas envolvendo raciocíniobaseadoem um texto ou em símbolos do mesmomodoque para relatosde aviõesvoando no ar Byrne 1996 Ehrlich 1996 Garnham 1987Garnham Oakhill 1996 Rogers Rutherford Bibby 1992 Schwartz 1996Stevenson 1993 Zwaan Magliano Graesser 1995 Imagens são representações muito mais específicas Elas retêm muitas das características perceptivas de objetos específicos vistos sobdeterminado ângulo com osdetalhes particula res de uma dada representação concreta Katz 2000 Kunzendorf 1991 Schwartz Black 1996 Porexemplo o gato está debaixo da mesa pode ser representado de diversas manei ras como uma proposição porque pode ser expresso verbalmente como um modelo men tal de qualquer gato e de toda mesa talvez parecendo protótipos de ambos veja o Capítulo 4 ou como uma imagem de umdeterminado gatoem uma posição específica de baixo de uma certa mesa Considere umexperimento Mani JohnsonLaird 1982 Algunsparticipantes receberam determinadas descrições de umaconfiguração espacial que indicavam umalocalização precisa paracada objeto na formação espacial Outros participantes receberam descrições indetermi nadas de uma configuração espacial Foramlhes indicadas localizações ambíguas de objetos na formação Como analogia pense em uma descrição relativamente determinada da locali zação deWashington DC A cidade localizase entreAlexandria Virginia e Baltimore Ma ryland Uma descrição indeterminada da localização é que está entre o oceano Pacífico e o oceanoAtlânticoQuando os participantes receberam descrições determinadas de configura ção espacial dos objetos inferiram informações espaciais adicionais não incluídas nas descri ções porém não se lembraram bem literalmente dos detalhes O fato de terem inferido informações espaciais adicionais indica queos participantes formaram ummodelo mental das informações O fato de não terem selembrado muito bem das descrições literais indica quese valeram dos modelos mentais Não dependeram das descrições verbais para suas representa ções mentais Considere em contrasteo que aconteceu quando os participantes receberam descrições indeterminadas da configuração espacial dos objetos Eles raramente inferiram informações espaciais que nãoconstavam das descrições porém lembravamse melhor das descrições lite rais em comparação comosdemais participantes Os autores indicaram queos participantes não inferiram um modelo mental para as descrições indeterminadas por causa do grande número de possibilidades de modelos mentais das informações fornecidas Em vez disso os participantes parecem haver representado mentalmente as descrições como proposições que podem ser expressas verbalmente A noção de modelos mentais como uma forma de re presentação doconhecimento tem sido aplicada a uma ampla gama defenômenos cognitivos Estes fenômenos incluem percepção visual memória compreensão de textos e raciocínio JohnsonLaird 1983 1989 252 Psicologia Cognitiva Talvez a adoção de modelos mentais possa oferecer umaexplicação possível paraalgumas descobertas que não podem ser explicadas integralmente em termos de imagens visuais Uma série de experimentos estudou pessoas que nasceram cegas Kerr 1983 Em virtude de estes participantes nunca terem sentido a percepção visual podemos assumir que nunca formaram imagens visuais Pelo menos isso não ocorreu no sentido usualda expressão Algumasdas ta refas de Kosslyn foram adaptadas a fim de operar de modo comparável participantes com vi sãoe cegos Kerr 1983 Porexemplo paraa tarefade examede ummapa a experimentadora usou um quadro com características e indicações topográficas que poderiam ser detectadas usando o tato Elasolicitou em seguida aos participantes que formassem uma imagem men tal do quadro Para uma tarefa similar às tarefas de dimensão da imagem de Kosslyn Kerr pediu aos participantes que imaginassem váriosobjetos comuns de diversos tamanhos Os participan tes cegos responderam mais lentamente a todas as tarefas em comparação aos participantes que possuíam visão Exibiram tempos de resposta mais rápidos ao examinar distâncias me nores do que ao examinar distâncias maiores Também foram mais rápidos ao responder per guntas relativas a imagens de objetos maiores do que a respeito das imagens de objetos menores As imagens espaciais parecem não envolver pelo menos em alguns aspectos repre sentações efetivamente análogas aos perceptos visuais O uso de um conjunto de imagens táteisindicamodalidades alternativas de imagens mentais As imagens foram estudadas mais detalhadamente por alguns pesquisadores que descobriram que as imagens táteis partilham algumas características com as imagens visuais Por exemplo áreas similares do cérebro fi cam ativadas durante a existência de ambos os tipos de imagens James etai 2002 Zhang et ai 2004 A representação imagética também pode ocorrer em uma modalidade auditiva baseada na audição Comoexemplo os pesquisadores descobriram que os participantesparecemter imagens mentais auditivas do mesmo modo que possuem imagens mentais visuais Intons Peterson Russell Dressel 1992 Especificamente os participantes levavam mais tempo mentalmente para aumentar a altura de um som do que para diminuíla Foram mais len tos em particular para passardo ronronar do tom baixo de um gato para o tom elevado de um telefone tocando do que em passar do ronronar de um gato para o tiquetaque de um relógio Os tempos de resposta relativos foram idênticos ao tempo necessário fisicamente para aumentar ou diminuir os sons Considere o que ocorreu em contraste quando pessoas foram solicitadas a fazer julgamentos psicofísicos envolvendo diferenças entre estímulos Os participantes levaram mais tempo para determinar se o ronronar possuíaum tom menor do que o tiquetaque doisestímulos relativamente próximos do que para determinar se o ron ronar possuía um tom menor do que o som do telefone tocando dois estímulos relativa mente distantes Os testes psicofísicos de sensação e percepção auditiva revelam constatações análogas a essas Em outro estudo os participantes escutaram canções conhecidas ou desconhecidas com trechos da canção substituídas pelo silêncio O exame do cérebro desses participantes revelou que havia mais ativação docórtex auditivo durante o silêncio quando a canção era conhecida do que quando era desconhecida Kraemer etai 2005 Estas descobertas são in terpretadasda seguintemaneira quando uma pessoa gerauma imagem auditiva as mesmas áreas do cérebro envolvidas na audição participam Modelos mentais falhos são responsáveis por muitos errosde pensamento Considere di versos exemplos Brewer 2003 Um deles relacionase ao fato de crianças em idade escolar tenderem a pensar quecalore frio percorrem o interior dos objetos de modo muito parecido comofazem osfluidos Essas crianças também acreditamque asplantas obtêm seualimento dosolo e que barcos feitos de ferro devem afundar Mesmo adultos possuem dificuldade para compreender a trajetória de um objeto lançado de um avião em movimento Capítulo 7 Representação e Manipulação doConhecimento na Memória Imagens e Proposições 253 A experiência é uma ferramenta útil para ajustar modelos mentaisfalhos Greene Aze vedo 2007 Em um estudo foram analisados modelos mentais falhos relativosao processode respiração Um grupode alunos universitários que fez previsões falsas em relação ao processo de respiração participou desse estudo Essas previsões se basearam em modelos mentais im precisos Os pesquisadores criaramumaexperiência de laboratório paraos alunos demonstra rem e explorarem o processo de respiração Um grupo indicou suas previsões antes da experiência e outro grupo não indicou A participação na atividade melhorou em termos ge rais a precisão das respostas dos participantes às perguntas relativas à respiração em compa ração ao desempenho antesda atividade Entretantoquandose solicitou aosalunos paraque indicassem suas previsões antesda experiência a melhoria foi até maiorModell etai 2000 Desse modo a experiência pode ajudara corrigirmodelos mentaisfalhos No entanto é de grande ajuda quando os modelos falhos tornamse explícitos Provas Neuropsicológicos para Códigos Múltiplos Podese argumentar que as expectativas do pesquisador e as características da demandacon seguem influenciar o desempenho em tarefas cognitivas Porém não parece plausível que tais fatores influenciariam os resultados das pesquisas psicobiológicas Suponha por exemplo que você se lembrasse de cada palavra do Capítulo 2 a respeito de que partes específicas de seu cérebro controlamas respectivas funções perceptivas e cognitivas Isto representa evidente mente uma suposição improvável para você ou para a maioriados participantesem pesquisas psicobiológicas Como você daria início à obtenção da conformidade com as expectativas dos pesquisadores Você teria de controlardiretamenteas atividades e as funções de seucé rebro para que simulasse aquilo que os pesquisadores esperariam em relação a funções per ceptivas ou cognitivas específicas De modo análogo pacientes com lesão cerebral não sabem que determinadas lesões devem resultar em deficits específicos Realmente os pacientes pou cas vezes sabem onde uma lesão se encontra até que os deficits sejam descobertos Portanto asdescobertas neuropsicológicas podem não levarem consideração os temasde característi cas da demanda na resolução da controvérsia de código dual Essa pesquisa entretanto não eliminaos viéses dos pesquisadores a respeito de onde detectar lesões ou seus deficits corres pondentes Lateralização dos Funções Alguns pesquisadores seguiram a tradiçãode longadata de estudar padrõesde lesões cerebrais e relacionálas a deficits cognitivos Eles observaram que lesões em áreasespecíficas do cérebro parecem afetar as funções de manipulação de símbolos como no casoda linguagem Luria 1976 Milner 1968 Em contraste lesões em outras áreas do cérebro parecem afetar as fun ções de manipulaçãode imagens com capacidade para reconhecer rostos Em termos especí ficos lesões no hemisfério direito estão associadas mais de perto com memória visual e percepção visual afetadas Lesões no hemisfério esquerdo encontramse associadas mais de perto com memória verbale entendimento verbalafetados As primeiras pesquisas psicobiológicas sobre imagens resultaram do estudo de pacientes com lesões identificadas e de pacientes com cérebrodividido veja Capítulo 2 Recordese neste capítulo osestudos de pacientes queforam submetidos a uma cirurgia que separou o he misfério direito do esquerdo Os pesquisadores descobriram que o hemisfério direito parece mais eficiente na representação e manipulação do conhecimentode natureza visuoespacial de um modo que pode seranálogo à percepção Gazzaniga Sperry 1967 O hemisfério es querdo em contraste parece ser mais eficiente na representação e manipulação de conheci mento verbal e de outras modalidades baseadas em símbolos 254 Psicologia Cognitiva Manha Farah é professora de Psicologia na Univer sidade daPennsylvania Elaé muito conhecida por seu trabalho seminal sobre imagensmeníms e sua rela çãocomo cérebro Farah demonstrou porexemplo que as imagens usam mui tas aos mesmaspartes do cérebro conforme ocorre coma percepção visual Foto Cortesiade Martha Farah Um pesquisador chegou ao ponto de sugerir que a assimetria cere bral possui origens evolutivas Corballis 1989 Conforme ocorre com o cérebro de outros animais o hemisfério direito do cérebro humano representa conhecimento de uma maneira que é análoga ao nosso am biente físico No entanto ao contrário do cérebro de outros animais o hemisférioesquerdo do cérebro humano possui unicamente capacidade para manipular componentes imagéticos e símbolos e gerar informa ções totalmente novas Exemplos de tais componentes imagéticos se riam os sons de consoantes e vogais e formas geométricas De acordo com Corballis somente os seres humanos podem conceber aquilo que nunca perceberam No entanto um estudo recente das descobertas so bre lateralização resultou em uma visão modificada Corballis 1997 Especificamente estudos neuropsicológicos recentes de rotação em ani mais e seres humanos mostram que ambos os hemisférios podem ser parcialmente responsáveis pelo desempenho de tarefas O domínio evi dente do hemisfériodireito observado nos sereshumanos pode ser o re sultado do domínio das funções do hemisférioesquerdopela capacidade lingüística Desse modo seria bom possuir uma prova clara de uma dis sociação hemisférica cerebral entre funções imagéticas analógicas e funções propositivassimbólicasPorémos cientistas terão de examinar mais detalhadamente o funcionamento do cérebro antes desse tema ser resolvido integralmente Imagens Visuais versus Imagens Espaciais Alguns pesquisadores ao tentarem compreender a natureza das imagens visuais encontra ram provas de que as imagens visuais e espaciais podem ser representadas diferentemente Farah 1988 a 1988b Farah et ai 1988a Neste caso imagens visuais referemseao uso de imagens que representam características visuais como cores e formas Imagens espaciais refe remse às que representam características espaciais como dimensões de profundidade dis tâncias e orientações Considere o caso de L H uma pessoa de 36 anos que sofreu um ferimento na cabeça quando tinha 18 anos O ferimento resultou em lesões nas regiões temporaisoccipitais direita e esquerda no lobo temporal direito e no lado frontal inferior direito Os ferimentos de L H resultaram na possível debilitação de sua capacidade para representar e manipular imagens visuais A Figura 78 indica as áreas do cérebro de L H onde ocorreu o dano Apesar dos ferimentos sofridos por L H sua capacidade para ver ficou preservada Ele foi capaz de copiar satisfatoriamente várias ilustrações Figura 79 a e b Entretanto não conseguiu reconhecer qualquer das ilustrações que copiou Em outras palavras não conse guia relacionar uma designação verbal ao objeto copiado Seu desempenho foi muito fraco quando foi solicitado a responder verbalmente a perguntas que exigiam imagens visuais como aquelas referentes à cor ou à forma No entanto surpreendentemente L H demons trou capacidade relativamente normal em diversos tipos de tarefas Estas envolveram 1 ro tações letras em 2D e objetos em 3D 2 escaneamento mental gradação do tamanho memória matricial e ângulos de letras Figura 79 c e d Os pesquisadores também se valeram de estudos do potencial relacionado a eventos ERP veja o Capítulo 2 Quadro 23Compararam desse modo os processosdo cérebro as sociados à percepção visual aos processosdo cérebro associados às imagens visuais Farah et ai 1988b Conforme você deve se lembrar o córtex visual primário está localizado na re gião occipital do cérebro Durante a percepção visual os ERPs geralmente são elevados na Capítulo7 Representação e Manipulação do Conhecimentona Memória Imagens e Proposições 255 FIGURA 78 Esquerda Direita Regiões nas quais o cérebro deL H apresentou lesões o lobo temporal direito e o lobo frontal inferior direito con forme apresentado na figura no alto e a região temporaloccipital conforme apresentado na parte inferior dafigura De Robert Sobo Cognitive Psychology 6 ed p 306 2000 Elsevier Reproduzido mediante autorização região occipital Suponha que as imagens visuais fossem análogas à percepção visual Pode ríamos esperar que durante tarefas envolvendo imagens visuais haveria elevações análogas dos ERPs na região occipital Nesse capítulo os ERPs foram medidos durante uma tarefa de leitura Em uma condi ção os participantes foram solicitados a ler uma lista de palavras concretas por exemplo gato Na outra condição os participantes foram solicitados a ler uma lista comparável de pa lavras concretas Também tiveram de imaginar os objetos enquanto liam as palavras Cada palavra foi apresentada durante 200 milissegundos Os ERPs foram registrados a partir de pontos diferentes nas regiões do lobo occipital e do lobo temporal Os pesquisadores desco briram que os ERPs eram similares durante os primeiros 450 milissegundos Entretanto de corrido este tempo os participantes na condição imagética exibiram maior atividade neural no lobo occipital do que os participantes na condição não imagética somente a leitura De acordo com os pesquisadores as provas nèuropsicológicas indicam que nossa arqui tetura cognitiva inclui representações da aparência visual dos objetos em termos de sua forma cor e perspectiva e da estrutura espacial dos objetos em termos de sua distribuição tridimensional no espaço Farah et ai 1988a p 459 O conhecimento das designações dos objetos reconhecer os objetos pelo nome e atributos responder perguntas sobre as ca racterísticas dos objetos valese de conhecimento propositivo e simbólico sobre os objetos focalizados Em contraste a capacidade para manipular a orientação rotação ou o tama nho das imagens valesedo conhecimento imagético e analógico dos objetos Dessemodo ambas as formas de representação parecem responder a tipos específicosde perguntas para uso do conhecimento 256 Psicologia Cognitiva FIGURA 79 100r ÍLH O Controle normal L H foi capaz dedesenhar com precisão vários objetos As ilustrações a mostramo quelhefoi apresentado e as ilustrações b o que ele desenhou hioentanto ele não conseguiu reconhecer osobjetos que copiou Apesar dos defi cits severos de L H exibidos nas tarefas de imagens visuais gráfico c relativo a cores tamanhos formas etc L H demonstrou possuir capacidade normaínas tarefas de imagens espaciais gráfico d relativo a rotações escanea mento gradação etc Reproduzido doartigo deM Farah K M Hammond D N Levine R Caívanio Visual andspatial mental imagery Dissociable sstems orepresentation Cognitive Psychology 20 p 439462 J988 Autorização concedida porElsevier Capítulo 7 Representação e Manipulação doConhecimento na Memória Imagens e Proposições 257 Cognição Espacial e Mapas Cognitivos Ratos Abelhas Pombos e Humanos A maior parte dos estudos descritos até agora envolveram o modo pelo qual representamos o conhecimento de imagens Os estudos são baseados naquilo que percebemos olhando e em seguida imaginando estímulos visuais Outras pesquisas indicam que podemos formar mapasque contenham imagenscom base unicamente em nossas interações físicas e relacio namentos com nosso ambiente físico Isto é válido mesmo quando nunca temos uma opor tunidade de ver todo o quadro como é possível com uma fotografia aérea ou um mapa Mapas cognitivos são representações internas de nosso ambiente físico centrados parti cularmente em relações espaciais Mapas cognitivos parecem oferecer representações inter nasqueestimulamcaracterísticasespaciais específicas denossoambienteexterno Rumelhart Norman 1988 Alguns dos trabalhos iniciais sobre mapas cognitivos foram feitos por Edward Tolman durante a década de 1930 Nesta época era considerado quase impróprio os psicólogos ten tarem compreender os processoscognitivos que não pudessem ser observados ou medidos di retamente Emum estudo ospesquisadores estavam interessados na capacidade de ratos para saberem se movimentar em um labirinto como o mostrado na Figura 710 Tolman Honzik 1930 Os ratos foram divididos em três grupos 1 No primeiro grupo os ratos tinham de saber se movimentar em um labirinto O prêmio por ir do box de partida ao box de chegada era alimento No final esses ratos aprenderam a percorrer o labirinto sem cometer erros Em outras palavras não optaram por caminhos erradosou escolheram percursos sem saída Que benefício você obtém possuindo um código dual para a representação do conhecimento Embora um código dual possa parecer redundante e ine ficiente possuirum códigopara características físicas e espaciais analógicas distinto de um códigopara o conhecimento propositivo simbólico pode ser realmente muito eficiente Considere a maneira como você aprende a maté ria no curso de Psicologia Cognitiva A maioria dos alunos freqüenta as aulasLá elesobtêm informações de um instrutor Também lêem a matéria contida em um livrotexto do modo como você está fazendoagora Se você tivesse apenas um código de representação do conhecimento analógico teria uma dificuldademuito maior para integrar as informações verbais que recebeu de seu instrutor nas aulas com as informações impressas em seu livrotextoTodas as suas informações seriam sob a forma de imagens audio visuais obtidasao escutare prestaratenção ao seu instrutor durante a aula e imagens visuais das palavras em seu livrotexto Desse modo um código simbólico que é distinto dascaracterísticas analógicas da codificação é útil paraa integração pormodalidades diferentes de aquisição de conhecimento Além dissoos códigos analógicosconservam aspectos importantes da ex periência sem interferir com as informações propositivas subjacentes Para fins de um bom desempenho em um teste é irrelevante se as informações foramobtidas na aula ou do texto No entanto posteriormentevocê pode ter de verificar a fonte das informações para provar que sua resposta é cor reta Neste casoas informações analógicaspodem ajudar APLICAÇÕES PRÁTICAS DA PSICOLOGIA COGNITIVA 258 Psicologia Cognitiva FIGURA 710 Sl PPnrta queabresomente em um sentido tSJj5 Cortina gyya1 fiii Edward Tolman descobriu queos ratos pareciam haver formado um mapa mental de um labirinto durante as experiên cias comportamentais 2 Um segundo grupo de ratos também foi colocado no labirinto porém não recebeu reforço para alcançar com sucesso o box de chegada Embora seu desempenho melhorasseao longo do tempo os ratos continuaram a cometer mais erros que os do grupo que teve reforço Estesresultados dificilmente surpreendem pois nossa expec tativa é de que o grupo premiado tivesse mais incentivo para aprender 3 Considere finalmente o terceiro grupo Esses ratos não receberam premiação du rante os 10 dias de tentativa de aprendizado Entretanto no décimoprimeiro dia foi colocado alimento pela primeira vez no box de chegada A aprendizagem desses ratos melhorou consideravelmente com apenas um reforço Esses ratos percorreram o labirinto tão bem quanto os ratos do primeiro grupo em um menor número de tentativas O que exatamente os ratos na experiência de Tolman e Honzik estavam aprendendo Parece improvável que estavam aprendendo simplesmentea virar à direita aqui virar à es querda ali e assim por diante De acordo com Tolman os ratos estavam aprendendo prefe rencialmente um mapa cognitivo uma representação interna do labirinto Tolman usando esseargumento tornouse um dos primeirosteóricos cognitivos Eledefendeua importância das representações mentais que dão origem ao comportamento Décadasmais tarde demonstrouse que mesmocriaturas muito simples pareciam capazes de formar alguns mapas cognitivos Elas podem ter capacidade para traduzir representações de imagens em uma forma primitiva préestruturada analógica e talvez até mesmo simbó lica Por exemplo um cientista alemão laureado com o Prêmio Nobel estudou o comporta mento das abelhasquando retornam à suacolmeiaapós terem localizado uma fonte de néctar von Frisch 1962 1967 As abelhas conseguemformar visivelmente não somente mapasde imagenspara chegar às fontes de alimentos Também conseguem usar alguma forma simbó lica para comunicar estas informaçõespara outras abelhas Especificamente tipos diferentes Capítulo 7 Representaçãoe Manipulaçãodo Conhecimento na Memória Imagens e Proposições 259 de danças podem ser utilizados para a representação de significadosdiferentes Por exemplo uma dança em círculo indica uma fonte a uma distância maior Os detalhes da dança por exemplo em relaçãoa padrõesde movimentosinuoso diferemde uma espécie para outra po rém as danças básicas parecem ser idênticaspara todas as espécies de abelhas Se uma mera abelha parece ser capaz de imaginar o percurso até o néctar que tipos de mapas cognitivos podem ser concebidos na mente dos sereshumanos Os pombosconstituem um grupo de animais conhecidos por seusexcelentes mapascog nitivos Estas aves são conhecidas por sua capacidade para retornar de localidades distantes a seu lugar de origem Esta qualidade tornou as aves úteis para comunicação em tempos an tigos Foram concluídas pesquisas detalhadas sobre o modo como os pombos formam esses mapas Foi observado que o hipocampo atua no processo Seigel Nitz Bingman 2005 O hipocampo esquerdoespecificamente desempenha papel fundamental na formação de ma pas Quando ocorre uma lesão no hipocampo esquerdo a capacidade dos pombos para vol tarem a seus lugaresde origem fica prejudicada No entanto uma lesãoem qualquer parte do hipocampo inibe o desempenho associadoao retorno Gagliardo etai 2001 Outra pesquisa indica que o hipocampo direito está envolvido na sensibilidade às característicasgerais do ambiente por exemplo geometria do espaço O hipocampo esquerdo é importante para a percepção de marcos no ambiente Bingman et ai 2003 O hipocampo também se encon tra envolvido na formação de mapas cognitivos em seres humanos Maguire Frackowiak Frith 1996 Parece que os seres humanos usam três tipos de conhecimento quando formam e usam mapas cognitivos O primeiro é o conhecimento de marcos que são informações a respeito de características particulares de uma localização e que podem ser firmados em representações imagéticas e propositivas Thorndyke 1981 O segundo é o conhecimento de percursos e es tradas que envolve caminhos específicos para a movimentação de uma localidade para outra Thorndyke HayesRoth 1982 Pode ser baseado no conhecimento de procedimentos e no conhecimento declarativo O terceiro é o conhecimento de avaliação que envolve distâncias estimadas entre marcos de modo muito similar como apareceriam em mapas topográficos Thorndyke HayesRoth 1982 Pode ser representado de modo imagético ou propositivo por exemploem distâncias especificadas numericamente Portanto as pessoasusam um có digo analógico e um código propositivo para representações imagéticas como as imagens de um mapa McNamara Hardy Hirtle 1989 Russell Ward 1982 Atalhos Mentais Quando usamos esses três tipos de conhecimento marcos percursos e estradas conheci mento topográfico algumas vezes parecemos usar atalhos mentais que influenciam nossas estimativas da distância Esses atalhos mentais constituem estratégias cognitivas denomi nadas heurísticas muitas vezes indicadas como regras práticas Por exemplo em relação ao conhecimento de marcos a densidade de marcos parece afetar algumas vezes nossa imagem mental de uma área Especificamente à medida que aumenta a densidade dos marcos inter venientes as estimativas de distância aumentam de modo correspondente Em outras pala vras as pessoas tendem a distorcer suas imagens mentais de tal modo que suas estimativas mentais de distâncias aumentem em relação ao número de marcos intervenientes Thorn dyke 1981 Nas estimativas de distâncias entre localidadesfísicas específicas porexemplo cidades o conhecimento de percursos e estradas parece muitas vezes ter peso maior que o conhe cimento topográfico Isto é válido mesmo quando os participantes formam uma imagem mental baseada na observação do mapa McNamara Ratcliff McKoon 1984 Considere o 260 Psicologia Cognitiva que aconteceu quando os participantesforam solicitados a indicar se determinadas cidades haviam aparecidoem um mapa Eles exibiram tempos de resposta mais rápidosentre os no mesdas cidades quando as duas cidades estavammais próximas em termos de distância de percursose estradas do que quando as duas cidades estavam fisicamente mais próximasem linha reta Figura 711 O usoda heurística na manipulação de mapas cognitivos indicaqueo conhecimento pro positivo afeta o conhecimento imagético Tversky 1981 Isto acontece ao menos quando as pessoas encontramse resolvendo problemas e respondendo a perguntas sobre imagens Emal gumas situações as informações conceituais parecem conduzir a distorções das imagens men tais Nestas situações as estratégias propositivasao invés de as imagéticas podem explicar melhor asrespostas daspessoas Essas distorções emgeral parecem refletir uma tendência para regularizar características dosmapas mentais Desse modo ângulos linhase formas sãorepre sentados mais como formas geométricas abstratas do que realmente são 1 Viés do ângulo reto As pessoas tendem a representarintersecções por exemplo cruzamento de ruas formando ângulos de 909 com mais freqüência do que as intersecções realmente formam este ângulo Moar Bower 1983 2 Heurística de simetria As pessoas tendem a representarformas por exemploEstados ou países como maissimétricas do que realmente são Tversky Schiano 1989 3 Heurística de rotação As pessoas ao representarem figuras e limites que são ligeira1 mente inclinados isto é oblíquos tendem a distorcer as imagens tornandoas mais verticais ou mais horizontais do que realmente são Tversky 1981 4 Heurística de alinhamento As pessoas tendem a representar marcos e limites que se encontram ligeiramente desalinhados distorcendo suas imagens mentais para que fiquem mais alinhadas do que realmente estão isto é distorcemos o modo como enfileiramos uma série de figuras ou objetos Tversky 1981 FIGURA 711 Sturnburg Califordiego Schmooville Schmeevüle Que cidade ê mais próxima de Sturnburg Schmeeville ouSchmooville Parece quenosso usodemapascognitivos en fatiza freqüentemente o usodoconhecimento depercursos e estradas mesmo quandocontradiz o conhecimento topo gráfico Baseado emTimothy R McNamara Roger Ratcliffe GaifMcKoon 1984 The MentalRepresentation of Knowledge Acquired fromMaps Journal of Experimental Psychology LMC 104 f 723732 1984 Ame rican Psychological Association Capítulo 7 Representação e Manipulação do Conhecimentona Memória Imagens e Ptoposições 261 5 Heurística de posição relativa As pessoas tendem a representar a posição relativa de determinados marcos e limites distorcendo suas imagens mentais de um modo que reflita mais precisamente seu conhecimento conceituai sobre os contextos nos quais os marcos e limites estão localizados em vez de refletir as configurações espaciais reais SeizovaCajic 2003 Para ver como a heurística de posição relativa pode operar feche seus olhos e imagine um mapa dos Estados Unidos Reno em Nevada está a oeste ou a leste de San Diegona Ca lifórnia Os pesquisadores em uma série de experiências formularam aos participantes per guntas deste tipo Stevens Coupe 1978 Descobriram que a grande maioria das pessoas acredita que San Diego encontrase a oeste de Reno isto é para a maioria de nós nosso mapa mental parece algo similar ao mapa a da Figura 712 Na realidade entretanto Reno localizase a oeste de San Diego Veja o mapa correto na Figura 712 b Algumas dessas heurísticas também afetam nossa percepção de espaço e de formas veja Capítulo 3 Porexemplo a heurística de simetria parece ser igualmente marcante na memó ria e na percepção Tversky 1991 Não obstante existem diferenças entre processos percep tivos e de representação imagéticos ou propositivos Por exemplo a heurística de posição relativa parece influenciar a representação mental muito mais intensamente do que influen cia a percepção Tversky 1991 Existem provas de influências marcantes ou de crenças do conhecimento semântico ou propositivo nas representações imagéticas dos mapas do mundo Saarinen 1987b Estudan tes de 71 locais em 49 países foram solicitados especificamente a esboçar um mapamúndi A maioria mesmo os asiáticos desenhou mapas mostrando uma visão eurocêntrica do mundo Muitos americanos exibiram uma visão centrada nos Estados Unidos Alguns outros fizeram esboços centrados e com ênfase em seus próprios países a Figura 713 apresenta uma visão do mundo centrada na Austrália Além disso a maioria dos estudantes registrou pou cas distorções que aumentassemos paísesmais importantes e bem conhecidos Eles também diminuíram o tamanho de países menos conhecidos por exemplo países africanos Finalmente trabalhos adicionais indicam que o conhecimento propositivo sobre catego rias semânticas pode afetar as representações imagéticas dos mapas Em um estudo os pes quisadores estudaram a influência da junção semântica nas estimativasde distância Hirtle Mascolo 1986 Os participantes da experiência de Hirtle observaram um mapa com mui tos edifícios e foram solicitados em seguida a estimar as distâncias entre vários pares de edi fícios Eles tenderam a distorcer as distâncias exibindo o viés de atribuir distâncias menores para marcos mais similares e distâncias maiores para marcos com menor similaridade Os pesquisadores descobriramdistorçõesanálogas nos mapas mentais dos estudantes para as ci dades em que viviam Ann Arbor Michigan Hirtle Jonides 1985 O trabalho sobre mapas cognitivos mostra uma vez mais como o estudo de imagens mentais pode ajudar a elucidar nosso entendimento da adaptação dos sereshumanos ao am biente isto é da inteligênciahumana Precisamos para sobreviver saber como atuar no am biente em que vivemos Precisamos locomovernos de um lugara outro Algumasvezes para deslocarmonos entre dois pontos precisamos imaginar o percurso que teremos de seguir As imagens mentais proporcionam uma base fundamental para essaadaptação Emalgumas so ciedades Gladwin 1970 a capacidade para navegar com auxílio de pouquíssimas indica ções é uma questão de vida ou morte Se os navegadores não conseguem atuar nessas condições no final ficam perdidos e corremo riscode morrerde desidratação ou de inani ção Portanto nossas capacidades imagéticas são instrumentos potenciais para nossa sobre vivência e para aquilo que nos faz ser inteligentesem nossas vidasdiárias 262 Psicologia Cognitiva FIGURA 712 a NEVADA Reno São Francisco s CALIFÓRNIA San Diego 1 r NEVADA Reno FranciscoN califórniaX l V I San 1Diego i Qual destes doismapas a ou b representa mais precisamente as posições relativas de Renoem Nevadae San Diego na Califórnia Existem também diferenças de gênero nas aptidões espaciaise a elas relacionadas As mu lheresconsideram maisfácil lembrarse onde viram coisas memória espacial e de localização Os homens consideram mais fácil realizar a rotação mental de imagens espaciais Silverman Eals 1992 No entanto a maiorparte dos testesde capacidade espacial envolverotação men tal e portanto os homens tendem a ter melhor desempenho que as mulheres em testes co muns de aptidões espaciais Mapas de texto Até agora discutimos a elaboração de mapas cognitivos baseados no conhecimento de procedimentos por exemplo seguir um determinado percurso como faz um rato em um Capítulo 7 Representação e Manipulação doConhecimento na Memória Imagens e Proposições 263 FIGURA 713 Lembrese a Austrália e não os uA encontrase no topo jo mundon e especialmente não a Ríssia Antártida ilhas ma minas 23z S tÇwjABofí oCÇANo ATLÂNTICO Baseandose neste mapa deum estudante australiano você consegue inferir que este aluno representa mentalmente o mundodemodo idêntico a você De SohoRobert L Cognitive psychology 8 ed Publicado por Aüyn and Bacon Boston MA 2008 Pearson Education Reproduzido mediante autorização da editora labirinto nas informaçõespropositivas por exemplo usando heurística mental e na obser vação de um mapa impresso Além disso podemos ser capazes de criar mapas cognitivos a partir de uma descriçãoverbal Franklin Tversky 1990 Taylor Tversky 1992a 1992b Esses mapas cognitivos podem ser tão precisos como aqueles criados observando um mapa im presso Outros chegaram a resultados similares nos estudos de compreensão de texto Glen berg Meyer Lindem 1987 Tversky observou que sua pesquisaenvolveu fazer com que os leitores visualizassem a si mesmos em um ambiente imagéticocomo participantes e não como observadores na cena Ela indagouse as pessoas poderiam criar e manipular imagens diferentementequando se vi sualizassem em ambientes diferentes Tversky indagou especificamente se as informações propositivas poderiam desempenhar um papel mais marcante nas operações mentais quando pensamos em situações nas quaissomos participantes em comparação àquelas em que atua mos como observadores Conforme indica o item 4 no Quadro 73 as descobertas relativas a mapas cognitivos indicam que a elaboração de imagens mentaispode envolver processos análogos à percepção e processos que se apoiam em representações propositivas Permanece sem clareza se o debate a respeitode proposições versus imagens pode ser so lucionado nos termos em que tem sido apresentado tradicionalmente As várias formas de representação mental são consideradas algumas vezes mutuamente exclusivas Em outras palavraspensamosem termosda pergunta Que representaçãodas informações é correta Entretanto criamos muitas vezes dicotomias falsas Indicamos que as alternativas são 264 Psicologia Cognitiva mutuamente exclusivas quando na realidade podem ser complementares Por exemplo mo delos que postulam imagens mentais e aqueles que estabelecem proposições podem ser considerados opostos entre si No entanto esta oposição não fica inerente à natureza das coi sas Tratase preferencialmente de nossa construção de uma relação As pessoas poderiam usar possivelmente ambas as representações Os teóricos propositivos poderiam gostar de acreditar que todas as representações são fundamentalmente propositivas Porémmuito pos sivelmente imagens e proposições são etapas intermediárias em direção a alguma forma mais básica e primitiva de representação na mente a respeito da qual ainda não possuímos qual quer conhecimento Podeseargumentar com uma boa base a favor de ambas as representa ções do conhecimento a propositiva e a imagética Nenhuma delas é necessariamente mais básica do que a outra A pergunta que precisamos responder atualmente relacionase a usar uma ou outra Desenvolvimento de Aptidões Visuoespaciais Crianças mais novas desenvolvem a compreensão espacial básica que forma a base da geo metria Tal compreensão básica é a visualização espacial Isto é nossa capacidade para nos orientar em nosso entorno e manipular mentalmente imagens de objetos Embora muitos estudos tenham examinado a visualizaçãoespacial em crianças por exemplo Huttenlocher Hedges Duncan 1991 Huttenlocher Presson 1973 1979 Kail 1991 1997 Marmor 1975 1977 Van Garderen 2006 considere apenas um exemplo típico dessa pesquisa Kail Pelle grino Carter 1980 Participantes cursando a 3a 43e 63séries e alunos universitários analisaram se pares de es tímulos eram idênticosou imagens inversas de cada um como se fossem refletidas em espelho Um estímulo em cada par foi apresentado em uma posição vertical O outro foi girado 0Q 30Q 60s 90e 120eou 150ea partir da posição vertical Os pares formando cada estímulo eram sím bolos alfanuméricos alfabéticos eou numéricos como 4 5 F e G ou formas geométricas abstratasdesconhecidas A velocidade da rotação mental aumenta com a idadee o graude fa miliaridade dosobjetos Kail Pelíegrino Carter 1980 Portantoparticipantes com maisidade podem executar a rotação mental mais rapidamente Todos os participantes conseguem girar objetos conhecidos de modo mais rápido do que os desconhecidos As descobertas originaram diversas perguntas duas das quais despertaram particular mente o interesse dos pesquisadores Primeiro por que a velocidade de rotação mental po deria melhorar com a idade Os pesquisadores propuseram que crianças com menos idade precisam girar todo o estímulo Crianças mais velhas conseguem girar os estímulos mais ana liticamente de modo a poder girar separadamente cada componente e precisar girar apenas uma parte do estímulo Portanto a alteração do desenvolvimento cognitivo pode envolver mais do que uma simples alteração da velocidade de processamento Uma segunda pergunta indaga por que os participantes codificaram e giraram as formas geométricas incomuns de modo mais lento do que as alfanuméricas conhecidas A diferença poderia ser por causa da ativação de uma configuração já existente na memória e facilmente acessível para os carac teres conhecidos Isto contrasta com a exigênciade que os participantes formem uma nova representação para os estímulos desconhecidos Os pesquisadores também descobriram que crianças e adultosjovensexibiam temposde resposta maisrápidos em tarefasde rotação mental quando lhesfosse permitidopraticar Kail Park 1990 O desempenho de crianças em idade escolar e de adultos jovens em tarefas de ro tação mental não é prejudicado em função de sua participaçãoem tarefassimultâneasenvol vendo rememoração Kail 1991 Essas descobertas indicam que a rotação mental pode ser um processo automático em crianças e adultos jovens Tendo em vista que a familiaridade com os itens e a prática com rotação mental parecem melhorar os tempos de resposta o es tudo desse pesquisador sugere que a rotação mental pode ser um processo automático Pode Capítulo 7 Representação e Manipulação doConhecimento na Memória Imagens e Proposições 265 permitirnos inferir que os tempos de resposta menores podem ser o resultado da automatiza ção crescente da tarefa ao longoda infância e da adolescência Além disso tais processos au tomáticos podem ser um sinal de aptidões visuoespaciais mais eficazes porque a maior velocidade está associada à maior precisão da memória espacial Kail 1997 Do outro extremo da duração da vida dois pesquisadores estudaram se a velocidade de processamento ou outrosfatores podem influenciar mudanças relacionadas à idade na rotação mental feita por adultos Dror Kosslyn 1994 Eles descobriram que participantes mais idosos 55 a 71 anos média de 65 anos responderam de modo mais lento e menos precisodo que os maisjovens 18 a 23 anos média de 20 anos em tarefasde rotação mental uma constatação quefoi repetida freqüentemente Band Kok 2000 Inagaki et ai 2002 No entanto também descobriram que os participantesmais idosos e maisjovens exibiamtemposde resposta e uma proporção de erros comparáveis em tarefas envolvendo exame de imagens Com basenessa e em outras descobertas esses autores concluíram que o envelhecimento afeta alguns aspectos das imagens visuais mais do que outros Os autores também analisaram seusdados de rotação mental de exame de imagense de outras tarefas envolvendo imagens Por exemplosolicitouse aos participantes para que geras sem ou mantivessem uma imagem mental no âmbito de uma região visual e indicassem em seguida sea imagem obscureceria um estímulo exploratório no interiordessa região Os efei tos gerais do envelhecimento podem conduzir a uma redução dos tempos de resposta das ta refas No entanto as proporções de erro relacionadas às diferenças de idadepodemsurgirpor causade efeitos específicos do envelhecimento que podem influenciar seletivamente aspectos específicos dasimagens mentais Os autores também especularam que seosparticipantes ha viam sido instados a minimizar sua proporção de erros talvez as pessoas mais idosas teriam exibido tempos de resposta até menores paraassegurar umaproporção deerrosmenor No en tanto outros trabalhos que testaram diretamente essa especulação não confirmaram a hipó tese dos autores Hertzog Vernon Rypma 1993 Outros pesquisadores indicaram que um fator que contribui para diferenças em tarefas específicas relativas a imagens mentais e rela cionadas ao declínio em funçãoda idade é o fatode a tarefaexigir ou não transformações si multâneas múltiplas Mayr Kliegl 1993 Temas Fundamentais Estecapítulo analisa alguns dos principais temas mencionados no Capítulo 1 Um primeirotema é o de estruturas e processos O debate a respeito de as imagens serem fenômenosou epifenômenos possuicomo eixo de discussãoos tipos de estruturas mentais usa dos para processar estímulos Porexemplo quando as pessoas giram objetos mentalmente a representação estrutural é imagética ou propositiva Qualquerdesses tipos de representação mental poderia gerar processos que capacitariam as pessoas a ver objetos sobpontos de vista angulares diferentes No entanto os tipos de processos seriam diferentes manipulação men tal de imagens ou manipulaçãomental de proposições Para conhecer a cognição precisamos compreendercomo interagemas estruturas e os processos Umsegundo temaé o davalidade das inferências causais versus a validade ecológica Su ponha que você deseje contratar controladores de tráfego aéreo Você consegue avaliar as aptidões de imagens mentais e de visualização espacial quepossuem usando testes de mani pulação de formas geométricas usando papel e lápis Ou você precisa testálos em um con textoqueseja mais similar aodaquele decontrole de tráfego aéreo como uma simulação das funções reais O teste com papel e lápis provavelmente produzirá avaliações mais precisas porém serão elas válidas Não existe uma resposta definitiva à pergunta Os pesquisadores 266 Psicologia Cognitiva estão estudando preferencialmente esse tipo de pergunta a fim de compreender qual a me lhor maneira para avaliar as aptidões que as pessoas demonstram ter na vida real Um terceiro tema é aquele dos estudos biológicos e comportamentais Como exemplo os trabalhos pioneiros realizados por Stephen Kosslyn e seuscolaboradores foi integralmente comportamental Os pesquisadores investigaram como as pessoas manipulam mentalmente diversos tipos de imagens A medidaque o tempo decorria a equipe principiou a usar técni cas biológicas como a ressonância magnética funcional RMf para suplementar seus estu dos comportamentais Porém nunca consideraram os dois tipos de pesquisa como opostos entre si Foram julgados de preferência como totalmente complementares e ainda hoje mantêm essa posição Veja a relação de palavras que seus amigos e membros da família lembraramse na de monstração constante do Capítulo 6 Some o número total de rememorações para toda pa lavra complementar isto é livro janela caixa chapéu etc as palavras nas posições de numeração ímpar na relação Some agora o número total de rememorações para as demais palavras istoé paz correrharmonia voz etc as palavrascom numeração par na relação A maioria daspessoas selembrará de mais palavras do primeiro conjuntodo que do segundo Isto ocorre porque o primeiro conjunto é formadopor substantivos concretos ou aquelas pa lavras que são facilmente visualizáveis O segundo conjunto é formado por substantivos abs tratos ou não facilmente visualizáveis Esta é uma demonstração da hipótese de código dual ou sua versão mais contemporânea a hipótese de equivalência funcional Que país possui maior área territorial índia ouAlemanha Caso você esteja acostumado a ver o mundo em termos do conhecido mapa Mercator em que o mapa é planoe o equador está posicionado na parte inferiordo mapa vocêpoderiapensarquea índia e a Alemanha pos suem áreas aproximadamente iguais Na realidade você poderia pensar que a Alemanha pode ser um pouco maior que a índia Observe agora um globo do mundo Você notará que a índia é efetivamente cercade cinco vezes maiorque a Alemanha Este é um exemplo de comonos sos mapas cognitivos podemnão estar baseados na realidade mas preferencialmente em nossa exposiçãoao tópico e às nossaselaboraçõese heurísticas Leituras Sugeridas Comentadas Denis M Mellet E Kosslyn S M Neu Logie R H Delia Sala S Beschin N roimaging of mental imagery Filadél Denis M Dissociating mental trans fia Taylor Francis 2004 Uma análise formations and visuospatial storage in atualizada dos estudos que buscam com working memory Evidence from repre preender as aptidões para formar ima sentational neglet Memory 1334 p gensmentaispormeiodousode técnicas 430434 2005 Uma descrição da negli de neuroimagens gência representacional e do relaciona mento destetranstorno com os processos cognitivos CAPITULO Representação e Organização O do Conhecimento na Memória Conceitos Categorias Redes e Esquemas E X PLORAND O A RSICOLOGI A COG N I TI VA 1 Como as representaçõesde palavras e de símbolos são organizadas na mente 2 Como representamos na mente outras formas de conhecimento 3 Como o conhecimento declarativo interage com o conhecimento de procedimentos Após termos representado o conhecimento dequemodo o organizamos paraquepos samos recuperálo e em seguida o utilizar O capítulo anterior descreveu como o conhecimentopode ser representado sob a forma de proposições e imagens Neste capítulo continuamos a discussão da representação do conhecimento Ampliamos essa discussão a fim de incluir várias maneiras para organizar o conhecimento declarativo que pode ser expresso por palavras e outros símbolos isto ésaber que Considere porexem plo seu conhecimento de fatos sobre Psicologia Cognitiva História Mundial sua história pessoal e Matemática Esse conhecimento se apoia em suaorganização mental do conheci mento declarativo Além disso esse capítulo descreve alguns dos vários modelos para a re presentação doconhecimento deprocedimentos Isto éo conhecimento a respeito decomo seguir vários passos procedimentos para realizar ações isto é saber como Por exemplo seu conhecimento de como andar de bicicletacomografar sua assinatura como dirigir um carro a umlugar conhecido e como apanhar uma bola depende desua representação mental do conhecimento de procedimentos Alguns teóricos chegaram a sugerir modelos de inte gração para representar simultaneamente o conhecimento declarativo e o conhecimento de procedimentos Para ter uma idéia de como o conhecimento declarativo e o de procedimentos podem interagir pegue uma folha de papel de rascunho e uma caneta ouum lápis Tente ademons traçãodescritano box Investigando a Psicologia Cognitiva Além de procurar compreender qual é aforma ou a estrutura a representação do co nhecimento os psicólogos cognitivos também tentam entender o como os processos dare presentação e damanipulação do conhecimento Isto équais são alguns dos processos gerais pormeio dos quais selecionamos e controlamos a gama desorganizada de dados iniciais que seencontram disponíveis para nós pormeio denossos órgãos sensoriais Como relacionamos estas informações sensoriais às informações que possuímos disponíveis nas fontes internas 267 268 Psicologia Cognitiva INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Escrevasua assinatura usual da maneira mais rápida e legível possível da primeira letrade seuprenome à últimaletra de seusobrenome Não pare para pensar a respeito de que letras vêm em seguida Simplesmente es creva o mais rapidamente possível Vire a folha de papel Escreva sua assinatura em sentido inverso da maneira mais rápida e legível possível Comece com a última letra de seu sobrenome e continue até chegar à primeira letrade seuprenome Compare em seguida as duas assinaturas Qual assinatura foi criada mais fácil e precisamente Você possuía paraambas as assinaturas conhecimento declarativo amplo deque letras precediam ouseguiam naordem desejada Porém para aprimeira tarefa você também poderia se valer do conhecimento de procedimentos fundamentado nosdiversos anos em que soube comoassinarseunome deinformação isto énossa memória e nosso processo depensamento Como organizamos e reorganizamos nossas representações mentais durante os vários processos cognitivos Por meio de que processos mentais operamos utilizando o conhecimento que temos em nossas mentes Em que grau esses processos pertencem ao domínio geral são comuns a diversos tipos de informações como as informações verbais e quantitativas Inversamente em que grau pertencem aodomínio específico usado somente paradeterminados tipos de informa ções a exemplo das verbais ou quantitativas A representação e o processamento do conhecimento foram investigados por pesquisa dores de diversas disciplinas Entre esses pesquisadores encontramse psicólogos cognitivos cientistas dacomputação que estudam inteligência artificial IA tentativas para programar máquinas que possam desempenhar de maneira inteligente e neuropsicólogos Seus méto dos distintos depesquisa darepresentação doconhecimento promovem a exploração deuma ampla gama defenômenos Também incentivam perspectivas múltiplas defenômenos simi lares Oferecem finalmente a vantagem deoperações convergentes o uso de diversos mé todos e técnicas para equacionar um problema Além de satisfazer sua própria curiosidade por que pesquisadores em áreas tão diferen tes querem compreender como o conhecimentoé representado O modo peloqual o conhe cimento é representado influencia profundamente como pode ser manipulado para desempenhar quaisquer tarefas cognitivas Para ilustrar a influência da representação doco nhecimento por uma analogia muito simplista tente a seguinte operação de multiplicação usando uma representação em algarismos romanos ou arábicos CMLIX 959 x LVIII x 58 Organização do Conhecimento Declarativo A unidade fundamental doconhecimento simbólico é o conceito uma idéia a respeito de algo queproporciona um meio paracompreender o mundo Bruner Goodnow Austin 1956 Fodor 1994 Hampton 1997b 1999 Kruschke 2003 Love 2003 Muitas vezes um único conceito pode ser captado em uma únicapalavra como maçã Cadaconceito relacionase a outros conceitos como vermelho redondo ou fruta Uma maneira para organizar conceitos pode ser entendida pela noção de categoria Categoria é conceito que opera para organizar ou ressaltar aspectos de equivalência entre Capítulo8 Representação e Organização do Conhecimento na Memória ConceitosCategorias 269 outros conceitos com base em características comuns ou similaridade com um protótipo veja o Capítulo 3 para mais informações sobre protótipos Coley Atran Medin 1997 Hampton 1995 Mayer 2000b Medin 1998 Medin Aguilar 1999 Wattenmaker 1995 Wisniewski Medin 1994 Por exemplo a palavra maçã pode atuar como uma categoria conforme ocorre em um conjunto de tipos diferentes de maçãs Porém também pode atuar como um conceito no âmbito da categoria fruta Discutiremos posteriormente algu mas maneiras diferentes para organizar conceitos em categorias Essas maneiras incluem o uso de características definidoras protótipos e modelos e redes semânticas organizadas hie rarquicamente Posteriormente também discutiremos neste capítulo como conceitos também podem ser organizados em esquemas que são estruturas mentais para representar o conhe cimento e que englobam um conjunto de conceitos interrelacionados em uma organização com sentido Bartlétt 1932 Brewer 1999 Por exemplo podemos ter um esquema para uma cozinha o qual nos informa os tipos de objetos que poderiam existir em uma cozinha e onde estão localizados Um problema com os esquemas é que podem dar origem a estereótipos Podemoster por exemplo um esquema para o tipo certo de pessoa que acreditamosser responsável pela des truição do World Trade Center de 11 de setembro de 2001 Este esquema pode gerar facil mente um estereótipo de certos grupos de pessoas como prováveis terroristas Conceitos e Categorias Em geral os conceitos e categorias podem ser classificados de várias maneiras Uma dis tinção comumente usada é aquela entre categorias naturais e categorias de artefatos Me din Heit 1999 Medin Lynch Solomon 2000 Categorias naturais são grupos que ocorrem naturalmente no mundo Por exemplo pássaros ou árvores formam categorias naturais Categorias de artefatos são grupos criados ou inventados pelos seres humanos para atender a finalidades ou a funções específicas Exemplos de categorias de artefatos são os automóveis e os utensílios de cozinha A velocidade necessária para atribuir objetos a categorias parece ser aproximadamente igual para as categorias natural e de artefatos VanRullen Thorpe 2001 As categorias natural e de artefatos são relativamente estáveis Além do mais as pessoas tendem a concordar quanto aos critérios de inclusão Porexemplo um tigre é sempre um ma mífero Uma faca é sempre um implemento usado para cortar Porém os conceitos nem sem pre são estáveis Eles podem mudar Dunbar 2003 Thagard 2003 Algumas categorias são indicadas como categorias ad hoc pois são formadas tendo em vista uma finalidade especí fica Barsalou 1983 Little Lewandowsky Heit 2006 As categorias natural e de artefatos possivelmente aparecem em um dicionário o que não ocorre com as categorias ad hoc Um exemplo seria o que você precisa para redigir um estudo Se você for escrever um estudo para um curso necessita de certos itens Porém quais são elesBem variam em função das pessoas dos temas e do tempo De modo similar aquilo que você necessita para conquistar uma namoradoa pode variar consideravelmente de uma pessoapara outra Uma forma adicional de entidade é um tipo nominal que é a atribuição arbitrária de uma designação a uma entidade que atende a um determinado conjunto de condições ou regras préespecificadas Kloos Sloutsky 2004 Em alguns casos as características dos tipos nomi nais são claras Por exemplo uma viúva é uma mulher cujo marido faleceu Um quadrilátero é qualquer figura com quatro lados Em outros casos as características não são tão claras como para amante ou aborrecimento Nestes casos tornase particularmente difícil afir mar como o significado é construído Diversas teorias têm sido propostas para tentar oferecer uma explicação 270 PsicologiaCognitiva Categorias Baseadas em Características Uma Visão Definidora A visão clássicade categorias conceituais envolve desmembrar um conceito em um conjunto de componentes característicos Estes componentes são necessários de maneira individual e suficientes conjuntamente para definira categoria Katz 1972 Katz Fodor 1963 Em outras palavras cada característica constitui um elemento essencial da categoria As propriedades definemde modo específico a categoria Estes componentes podem ser vistos como caracte rísticasdefinidoras porque constituem a definiçãode uma categoriade acordo com o ponto de vista firmado em características e componentes Uma característica definidora é um atributo necessário para que algo seja um X precisa ter esta característica caso contrário não é um X Considere por exemplo o termo solteiro Além de sua classificação como ser humano um solteiropode ser visto como possuidorde três características homem sem vínculo ma trimonial e adulto Cada uma das características é necessária Mesmo a ausência de uma característica torna a categoria inaplicável Portanto uma pessoado sexo masculino e sem vínculo matrimonial que não é um adulto não seria um solteiro Não nos referiríamos a um menino de 12 anos como solteiro pois não é um adulto Nem nos referiríamos a qual quer homem adulto como solteiro Caso seja casado não se enquadra na categoria Uma mulher adulta sem vínculo matrimonial também não pertence à categoria solteiro Adicio nalmente as três características são suficientes em termos conjuntos Se uma pessoa pos sui todas as três características então ela é automaticamente um solteiro De acordo com esta visão não é possível ser do sexo masculino não possuir vínculo matrimonial ser adulto e ao mesmo tempo não ser solteiro A visão baseada em características aplicase evidentemente a mais do que a condição de solteiro Por exemplo o termo esposa inclui as características casada mulher e adulta Esposo compreende as características casado ho mem e adulto A visão calcada em características é especialmente comum entre os lingüistas aqueles que estudam a linguagem Clark Clark 1977 Esta visão é atraente porque faz com que as categorias de significado pareçam estar tão ordenadas Infelizmente essavisãonão opera tão bem como parece à primeira vista Algumas categorias não se prestam prontamente para a análise das características O jogo é uma de tais categorias Identificar qualquer aspecto que sejauma característicacomum de todosos jogos é realmente muitodifícil Wittgenstein 1953 Alguns são divertidos outros não Alguns envolvem diversos jogadores outros como paciência não requerem mais de uma pessoa Alguns são competitivos outros como os jo gos de roda infantis por exemplo passaanel não sãoQuanto maisvocê consideraro con ceito de um jogo mais você começa a pensar se existe algo que mantenha a integridade da categoria Todos sabemos no entanto aquilo que desejamos expressarou pensamos que sa bemos pela palavra jogo Muitas coisas podem parecer possuir característicasdefinidoras claras Entretanto uma inobservância dessas características definidoras não parece alterar a categoria que usamos para definilas Considere uma zebra veja Keil 1989 Todos sabemos queumazebra é um animalcom listras brancase pretas e parecido com um cavalo Suponha no entanto que alguém fosse pin tar umazebra paraqueficasse preta Umazebra pintada depretonão possui o atributo crítico das listras porémaindapoderíamos denominála uma zebra Temos o mesmo problema comasaves Podemos considerar que a capacidade para voar é fundamental para ser uma ave Porém certa mente concordaríamos que um sabiá norteamericano cujas asas tivessem sido cortadasainda é um sabiá e ainda permaneceuma ave Uma avestruz tambémé uma ave porémnão voa Os exemplos do sabiá norteamericano e da avestruz ressaltam outro problema da teoriaba seada em características Um sabiáe uma avestruz partilham as mesmas características definido ras das aves Portanto são aves No entanto falando em termos informaisum sabiá parece de algum modo serum melhorexemplo de umaavedo que umaavestruz Realmente suponhaque Capítulo 8 Representação e Organização doConhecimento na Memória Conceitos Categorias 271 QUADRO 81 Pontuação da Tipicidade de Aves rard Smith 1984 encontraram enormes diferenças nas pontuações de ti 5espéciesde aves ou animais assemelhados De Malt Smith 1984 Barbara Malt e Edv picidade para vária Ave Pontuação Ave Pontuação Sabiá norteamericano 689 Urubu 484 Azulão 642 Maçarico 447 Gaivota 626 Galinha 395 Andorinha 616 Flamingo 337 Falcão 574 Albatroz 332 Sabiádosremédios 547 Pingüim 263 Estorninho 516 Morcego 153 Coruja 500 A pontuação foifeita em um escalade 7 pontos com 7 correspondendoã tipicidade maiselevada as pessoas sejamsolicitadas a avaliara tipicidade como avede um sabiá versus a de uma avestruz O primeiro praticamente sempre obterá uma pontuação maior que a segunda Malt Smith 1984 Mervis Catlin Rosch 1976 Rosch 1975 Além disso as crianças aprendemcasostípicos de uma categoria antes de aprenderos atípicos Rosch 1978 O Quadro 81 indica algumas pon tuações de tipicidade para vários exemplos de aves Malt Smith 1984 Existem certamente di ferenças substanciais Em uma escala de 7 pontos usadapor Malt e Smith para pontuações da tipicidade de aves morcego recebeu umapontuação igual a 153 Esta pontuação ocorre apesar do fato de um morcegoem termos estritos sequer ser uma ave Concluindo a teoria baseada em características possui alguns aspectos atraentes mas não parece explicar totalmente as categorias Alguns exemplos específicos de uma categoria como ave parecem ser melhores exemplos do que outros Ainda todos possuem as mesmas características definidoras Entretanto os vários exemplos podem ser típicos diferencialmente da categoria de aves Assim precisamos de uma teoria de representa ção do conhecimento que caracterize melhor como as pessoas representam verdadei ramente o conhecimento Teoria do Protótipo uma Visão Característica A Teoria do Protótipo indica que as categorias são formadas com base em um modelo pro tótipo ou médio da categoria As características peculiares são fundamentais nessa teoria que descreve caracteriza ou tipifica o protótipo porém não são necessárias para ela Carac terísticas peculiares comumente encontramse presentes em modelos de conceitos Porém não estão sempre presentes Considere por exemplo o protótipo de um jogo Poderia incluir que usualmente é divertido possuidois ou mais jogadores e apresenta algumgrau de desa fio Entretanto um jogo não precisaser divertido Não é obrigatórioque tenha dois ou mais jogadores E não precisaser desafiante De modo similar uma ave possui usualmente asa e voa Essa teoria introduz um novo obstáculo em nossa tentativa de entender a organização do conhecimento apoiando a categorização em um protótipo Um protótipo usualmente é o item original a partir do qual se baseiam os modelos subsequentes No entanto nessa teoria o protótipo pode ser qualquer modelo que melhor represente a classe em que se firma a categoria Essa teoria pode explicar os fatos de que 1 os jogos parecem não possuir quaisquer características definidoras e 2 um sabiá norteamericano parece ser um exemplo melhor de uma ave do que uma avestruz 272 Psicologia Cognitiva Você precisa entender o conceito de característica peculiar para compreender como es ses problemas são equacionados Enquanto uma característica definidora aplicase a todo item pertencente a uma categoria o mesmo não precisa ocorrer em uma característica pe culiar Desse modo a capacidade de voar é típica das aves porém não é uma característica definidora de uma aveUma avestruz não pode voar Tambémnão possuialgumasoutras ca racterísticas peculiares das aves Sendo assim de acordo com a teoria do protótipo parece menos uma ave do que um sabiá que pode voar De modo similar um jogo típico pode ser divertido porém não necessariamente Realmente considere o que acontece quando as pes soas são solicitadas a indicar as características de uma categoria como fruta ou mobília A maioria das características que as pessoas listam são preferencialmenre peculiares do que de finidoras Rosch Mervis 1975 Suponha que uma pessoa relacione as propriedades típicas de uma categoria como fruta e indique em seguida quantas dessas propriedades um deter minado caso possuiNa realidade é possívelcalcular um conjunto de similaridades do grupo que indica o quanto um caso é típicoem termos maisamplosda categoriamaisgeral Rosch Mervis 1975 Os psicólogos ao refletiremsobre como as pessoas parecem pensar sobre conceitos e ca tegorias concordaram em diferenciar dois tipos de categorias denominadas conceitos clássicos e conceitos vagos Conceitos clássicos são categorias que podem ser definidasprontamente por meio das características definidoras como solteiro Conceitos vagos são categorias que não podem ser definidas tão facilmente como os jogos Seus limitessão vagos conforme sua de signaçãoindica Conceitos clássicos tendem a ser invenções que os especialistas criaram para designar arbitrariamente uma classeque possui características definidorasassociadas Concei tos vagos tendem a evoluir naturalmente Smith 19881995a Desse modo o conceito de sol teiro é um conceito arbitrário que inventamos Alguns especialistas podem sugerir que empreguemos a palavrafruta para descreverqualquer parte de uma planta que possuisemente polpa e casca Entretanto nosso conceito natural e vagode uma fruta usualmente não se es tende com facilidade a tomates abóboras e pepinos Verifique no dicionárioa definição de to mate abóbora e pepino se você duvida da condição de fruta que possuem Esses exemplos são no entanto itens secundários de nível mais inferior no âmbito dessa categoria Conceitos e categorias clássicos e as palavras que os designam podem ser baseadas nas característicasdefinidoras Conceitos e categorias vagos possuem como base protótipos De acordo com a visão de protótipos um objeto será classificado como pertencente a uma categoria caso seja suficientemente similar ao protótipo O significadoexato de similaridade aplicado a um protótipo pode ser um tema complexo Existem atualmente teorias distintas para determinar como essa similaridade deve ser avaliada Smith Medin 1981 Para nossos fins encarnamos similaridade em termos do número de características partilhadas entre um objeto e um protótipo Talvez algumas característicasdevam até possuirum peso maior por serem mais relacionadas ao protótipo do que às demais características por exemplo Ko matsu 1992 Na realidade alguns psicólogos propõem que ao invés de usar um único protótipo para categorizar um conceito usemos diversos exemplares Exemplares são representações típicas de uma categoria Murphy 1993 Ross 2000 Ross Spalding 1994 Por exemplo ao consi derar asaves podemospensar não apenas no pássarocanoro prototípicoque é pequeno voa constrói ninhos canta e assim por diante Podemos também pensar em exemplares de aves de rapina aves de grande porte que não voam aves aquáticasde tamanho médioe assim por diante Alguns pesquisadores usam este método para explicar como as categorias são forma dase usadas emsituações de classificação rápida Nosofsky Palmeri 1997 Nosofsky Palmeri McKinley 1994 veja também Estes 1994 Em particular as categorias são estabelecidas criando uma regra e então agrupando exceções como exemplares Posteriormente durante Capítulo 8 Representação e Organização do Conhecimento naMemória Conceitos Categorias 273 o reconhecimento os exemplares entram na memória A velocidade de cada item é determi nada pela similaridade como item almejado Candidatos prováveis passam a fazer partede um processo de seleção Portanto a teoria é lógicae estável Exceções à armazenagem per mitem que as categorias permaneçam flexíveis Suponha realmente que possuímos exem plares múltiplos Vemos em seguida o caso de uma ave que pode combinar de modo mais flexível este caso a um exemplar apropriado do que a um único protótipo Ross Spalding 1994 As teorias dos exemplares da categorização também têm sidoalvo de críticasUm crí tica conhecida questiona o númeroe o tipo de exemplares que são armazenados para cada categoria Smith 2005 Porexemplo todaexceção à regra é armazenada ou somente asmais importantes são preservadas Alguns teóricos afirmam que não existem recursos suficientes na mente para uma representação de toda regra e cada exceção à regra de cada categoria Collier 2005 Alguns trabalhos propõem nem uma teoria de exemplares exclusiva nem uma teoria baseadaem regras exclusivas Rouder Ratcliff 2004 2006 Alguma combinação das duas é considerada preferencialmente mais apropriada Uma Síntese Combinação entre a Teoria das Características e a Teoria do Protótipo E interessante que mesmo as categorias clássicas parecem ter protótipos Considere dois conceitosclássicos Armstrong Gleitman Gleitman 1983 número ímpar e figura geométrica plana Por exemplo umnúmero ímpar é qualquer inteiro que não seja sequer divisível pordois As pessoas descobriram que casosdiferentes dessas categorias são maisou menos prototípicos de suas respectivas categorias Porexemplo 7 e 13 sãoexemplos típicos de números ímpares quesãoconsiderados muitopróximos do protótipo para um número ímpar Emcontraste 15 e 21 não são considerados tão prototipicamente ímpares Em outras palavras as pessoas con sideram 7 e 13 como exemplares melhores dos números ímpares do que 15 e 21 No entanto todos os quatro números são realmente ímpares Um triângulo é considerado de modo simi lar como uma figura geométrica típica Umaelipse emcontraste não é considerada Ambas as figuras no entanto pertencem por definição a um plano Uma teoria completa da categorização poderia precisar combinarcaracterísticas defini doras e peculiares veja também Hampton 1997a Smith etai 1988 Smith Shoben Rips 1974 Wisniewski 1997 2000 De acordo com essa visão cada categoria possui um protó tipo e um núcleo Um núcleo referese àscaracterísticas definidoras que algo precisa ter para ser considerado um exemplo de uma categoria O protótipo em contraste engloba as carac terísticas peculiares que tendem a ser típicas de um exemplo porém não são necessárias para ser consideradas um exemplo Considere por exemplo o conceito de um ladrão O núcleo requer que alguém desig nado como ladrão seja uma pessoaque subtrai bens de outros sem autorização O protótipo no entanto tende a identificarpessoas específicas com maior probabilidade de serem ladrões Seuscrimes podem incluira apropriação indébitade milhões de dólares de seus empregado res Esses criminosos são no entanto difíceis de apanhar A razão pela qual são difíceis de apanhar em parte é que não se parecem com os protótipos de ladrões não importando o quanto possam roubar de outras pessoas Em contraste habitantes desleixados das regiões centrais de nossas cidades são presos algumas vezes por crimes que não cometeram A ra zão emparte é queeles se parecem mais de pertocomo protótipo comumente aceito de um ladrão independentemente de roubarem ou não Dois pesquisadores testarama noçãode que compreendemos a importância das caracte rísticas definidoras somente à medida que avançamos em idade Keil Batterman 1984 Criançascom menos idade segundo a hipótese destes investigadores consideram as catego rias principalmente em termos de características peculiares Os pesquisadores apresentaram 274 Psicologia Cognitiva descrições a crianças na faixa etária de 5 a 10anos Havia entre elasduas pessoas incomuns A primeira era um velho malcheiroso e de péssimo aspecto com um revólver em seu bolso que entrou em sua casa e levou seu aparelho de televisão porque seuspais não o desejavam mais e lhe disseram que podia leválo A segunda era uma mulher muito simpática e ale gre que lhe deu um abraço porém em seguida retirou seu vaso sanitário e o levou embora sem permissão e intenção de retornálo Crianças com menos idade caracterizaram muitas vezes a primeira descriçãocomo uma representação melhor de um ladrão do que a segunda descrição Foi somenteperto da idade de 10 anos que as criançascomeçaram a mudar a ca racterização da segunda pessoa como mais parecida com um ladrão Em outras palavras as crianças com menos idade encaravam alguém como ladrão mesmo se a pessoa não tivesse roubado nada O que importava era que a pessoapossuía as característicaspeculiares de um ladrão A transição no entanto nunca é integralmente completa Poderíamos suspeitar que o primeiro indivíduo teria pelo menos a mesma probabilidade que o segundo de ser preso Desse modo o próprio tema da categorização permanece um tanto vago masparece incluir algunsaspectos de características definidoras e algunsoutrosde natureza prototípica Visão com Base na Teoria Um distanciamento dasvisões do significado baseadas em características protótipos e exem plares é a visãodo significado com base na teoria Uma visão de significado com base na teoria afirma que as pessoas compreendem e categorizam conceitos em termos de teorias implícitas ou idéias geraisque possuem em relação a estes conceitos Markman 2003 Por exemplo o que torna alguém uma pessoa razoável Na visão firmada emcomponentes se tentaria isolar as características peculiares de uma pessoa razoável Na visão baseada em exemplares a pessoa tentaria identificar alguns bons exemplos que testemunhouna própria vida Na visão com base na teoria a pessoa usaria a experiência para elaborarumaexplica ção daquiloque torna alguém uma pessoa razoável Tal teoria poderiaproporalgo parecido com o seguinte uma pessoa razoável é aquela que quando vence é benevolente na vitória e não ridiculariza os perdedores ou faz com que se sintam constrangidos pela derrotaTam bém é alguém que quando perde perde graciosamente e não culpa o vencedor ou o árbitro ou procura desculpas Ele ou ela aceita a derrota preferencialmente de modo tranqüilo pa rabeniza o vencedor e então segue em frente Observe que na visão com base na teoriaé difícil captar a essência da teoria em uma ou duas palavras A visãode um conceito é até certo ponto mais complexa A visão a partir da teoria indica que as pessoas conseguem distinguir entre característi cas de conceitos essenciais e casuais ou acidentes por possuir representações mentais com plexas destes conceitos Um estudo mostrou que tais teorias poderiam manifestarse nos julgamentos sobre conceitos aprendidos recentemente Rips 1989 Os participantes ou viram histórias sobre uma criatura hipotética Os estímulos foram apresentados sob duas condições experimentais Nesse estudo Rips 1989 uma condiçãoenvolveu uma criatura fictícia com aspecto de avedenominada PI que por um acidente ficou parecidacom um inseto Nunca foiafirmado que o PI se parecia com uma ave ou um inseto As circunstâncias da transformação foram descritas até certoponto emdetalhes O PI foi descrito comotendo umadieta composta por sementes e amoras possuindoduas asas e duas patas e criando seu ninho nos galhoselevados de umaárvore O ninho comoo de umpássaro estava cobertoporpenascinzaazuladas con forme ocorre com muitas aves Porém um determinado PI foi atingido por uma fatalidade Seu ninho encontravase próximo do lugar de um depósito de produtos químicos tóxicos Em virtude de esses produtos terem contaminado a vegetação de que PI se alimentava sua Capítulo 8 Representação e Organização doConhecimento na Memória Conceitos Categorias 275 aparência começou a mudar gradualmente O PI perdeu suas penas e no lugar delas cresceu um novo par de asas quepossuía uma membrana transparente O PI deixou seuninho e criou uma cascaexterna que era frágil e iridescente Criou mais dois pares de patas de modo que possuía agora seis patasno total Acabou sendocapaz de firmarse em superfícies lisas e come çou por alimentarse somente com o néctar de flores Após algum tempo o PI acasalouse com outro PI umafêmea normal A fêmea pôsosovos fertilizados que resultaram do acasa lamentoem seu ninho e os incubou Emseguida após três semanas filhotes normais de PI saíram de suas cascas Observe que nesta descrição o fato de o PI ser capaz de acasalarse com um PI normal paragerarPI normais mostra que o PI desvalido nunca realmente mu dou sua estrutura biológica básica Permaneceu em essência um PI A segunda condição envolveu uma transformação essencial na natureza de um ser Em outras palavras a transformação foi de essência e não acidental A transformação envolveu um animal também fictício conhecido como Al Durante uma fase inicial da vida do Al ele tinha característicasde um PI conformedescrito previamente Porém após alguns meses o Al perde suas penas e desenvolve em seguida as mesmas características que resultaram do acidente infeliz com o PI Observe que nessa segunda condição ocorreuma transforma ção idênticaàquela do PI descrita na primeira condição poréma transformação é represen tada como biológica e natural ao invés de acidental causada pela proximidade de produtos químicos tóxicos Um grupode controleleusomente a descrição dosPI porémosparticipantes experimen taisno estudo foram solicitados a indicarduasavaliações após lerem a respeito do PI e do Al A primeira avaliação foi do grau em que o PI na condição de PI ou o Al na condição de Al seenquadra na categoria de ave A segunda avaliação foi a dasimilaridade do PI ou do Al com a ave Portanto uma avaliação dizia respeito à inclusão em uma categoria e a outra à similaridade Os participantes do grupo de controleforam solicitados a simplesmente ava liar a similaridade dos PI a aves Deacordo comasteorias do protótipo e doexemplar nãoexiste umarazão específica para esperarque os dois conjuntos de avaliações dos participantes experimentais mostrassem pa drões diferentes De acordo com essas categorias as pessoas categorizam os objetos com base em suasimilaridade a um protótipo ou a um exemplar e portanto os resultados deveriam ser os mesmos para ambos os conjuntos de avaliação A Figura 81 mostra os dados reais Osresultados das avaliações decategorização e desimilaridade são consideravelmente di ferentes Observe que na condição de mudança casualas avaliações das inclusões na catego ria são maiores do que na condição de mudança essencial Em outras palavras as pessoas apresentavam menor propensão para ver a mudança casual do que a mudança essencial em termos de afetar a inclusão na categoriafundamental Em contraste as avaliações de simila ridade foram menores na condição de mudança casual do que na condição de mudança es sencial Os participantes do grupo de controle não tiveram dificuldade para reconhecer a similaridade entre um PI e uma aveA diferençade padrão entre as avaliações de inclusão na categoria e similaridade são coerentes com a visãode significado com base em teoria Trabalhos realizados com crianças proporcionam provas adicionais paraa visão combase em teoria Alguns pesquisadores estudaram uma visão do significado denominada essência lismo Esta visão afirma que certas categorias como as de leão ou fêmea possuem uma realidade subjacente que não pode ser observada diretamente Gelman 2003 2004 Por exemplo alguém poderiaser digamos uma mulhermesmo se outro indivíduo fosse incapaz ao observála na calçada de poder detectar sua condição feminina Um caso é ter cabelo curtoTercabelo curto poderia ser mais típico de homensdo que de mulheres e no entanto mulheres podem ter cabelo curto Gelman 2004 mostrou que mesmo crianças com pouca idade vão além em sua observação das característicasóbvias para compreender a natureza 276 Psicologia Cognitiva FIGURA 81 GB Controle D Avaliação da categoria D Avaliação da similaridade 79 66 38 Mudança essencial Mudança acidental Efeitos das mudanças nas avaliações de categorização e similaridade DeL Rips Similãrity Typicality and Categorization em S Vosniadou A Ortony org Similarity and Analogical Reasoning p 2159 1989 Cambridge University Press essencial dascoisas Estavisão contradiz a teoriado desenvolvimento cognitivo de Piaget De acordo com esta teoria crianças na faixa etária aproximada de 8 a 11 anos pensam concre tamente Elas não conseguem abstrair características que possuem natureza formal No en tanto o trabalho dos psicólogos que estudam o essencialismo indica que as crianças com menos idade podem observar e buscam efetivamente características ocultas que não são ób vias sob hipótese alguma Por exemploem um estudo 165 crianças com idadesentre 4 e 5 anos foram solicitadasa realizar inferências a respeito de coisas como um tigre ou ouro Gelman Markman 1986 Elas poderiam usar inclusão em uma categoria o que é abstrato ou similaridade perceptiva o que é concreto para fazersuas inferências As inferências que fariam utilizando esses dois meios eram diferentes Os pesquisadores descobriram que mesmo com a idade de 4 anos as crianças conseguiamrealizar inferências usando as caregorias abstratas mesmoquando estas categorias fossem conflitantes com as aparências O modo comoas pessoas aprendem conceitos e categorias depende em parte da tarefa quefarão comestes conceitos e categorias Por exemplo aspessoas aprendem sobre categorias dedeterminado modo caso precisem fazer classificações por exemplo este animalespecífico é um gato ou um cachorro e caso necessitem fazer inferências por exemplo seeste ani mal é um cachorro quantosdentesterá Yamauchi Markman 1998 O aprendizado por tanto é estrategicamente flexível dependendo da tarefa que o indivíduo terá de fazer a aprendizagem não ocorre com uma rigidez do tipo tamanho único Markman Ross 2003 Ross 1997 Tudo isso expressa que o significado não é apenas uma questão de um conjunto de ca racterísticas ou de exemplares As crianças principiam a formar teorias sobre a natureza dos objetos desde tenra idade Estas teoriassedesenvolvem com a idade Porexemplo vocêpro vavelmente possui uma teoria a respeito do quefaz umcarroserumcarro Você poderia ver Capítulo 8 Representação e Organização do Conhecimento naMemória Conceitos Categorias 277 carroscomtodosos tiposde aparência Desde que estivessem de acordocom suateoriavocê assim mesmo os designaria carros As teorias nos capacitam a considerar o significado de modo profundo ao invésde somente atribuir significado com base nas característicassuper ficiais dos objetos Modelos de Redes Semânticas Um modelo mais antigo ainda usado atualmente é representado em termos de uma rede semântica hierárquica relacionada ao significado conforme expresso na linguagem isto é emsímbolos lingüísticos Umarede semântica é uma teiade elementos de significado inter conectados Nós são os elementos de uma rede Em uma rede semântica os nós normal mente representam conceitos As conexões entre nós são as relações especificadas Podem envolver inclusão em uma categoria por exemplo um é um é uma relação incluindo porco a mamífero atributos por exemplo unindo peludo a mamífero ou alguma outra relaçãosemântica Dessemodo uma rede proporcionaum meiopara organizarconcei tos A forma exata de uma rede semântica difere de uma teoria para outra Porém a maior parte das redes tem alguma semelhança com a rede grandemente simplificada apresentada na Figura 82 As relações especificadas formam elos que capacitam a pessoa a unir os vários nós de uma maneira significativa Emum estudofundamental os participantes tomaramconhecimentode afirmativas re lacionando conceitos como um sabiá é um pássaro e um sabiá é um animal Collins Quillian 1969 Eles foram solicitados a verificar a veracidade das afirmativas Os participan tes conheceram somente afirmativas de inclusão em classe nas quais o sujeito era uma única palavra O predicado descrevendo o sujeito assumiu a forma éum substantivo de umaca tegoria Algumas das afirmativas eram verdadeiras outras não A medida que a categoria conceituai do predicado tornavase mais afastada hierarquicamente da categoria do sujeito da afirmativa as pessoas geralmente levavam mais tempo paraverificar umaafirmativa ver dadeira Portanto poderíamos esperar queaspessoas levassem mais tempo paraverificar um sabiá é um animal do que um sabiá é um pássaro A razãoé que pássaro é uma categoria de nível superior imediato para sabiá Animal entretanto é uma categoria de nível superior mais distante Collins e Quillian concluíram que uma representação de rede hierárquica como a queé apresentada na Figura 83 explicava adequadamente os tempos de resposta em seu estudo De acordo com esse modelo a representação do conhecimento organizado as sume a forma de um diagrama em forma de árvore hierárquica FIGURA 82 R I a a b agente objeto b Mary jogou a bola Em uma rede semântica simples os nós servem como junções representando conceitos unidos por relações especifica das a uma estrutura de rede básica mostrando que a relação Rune osnós a e b bdiagrama de uma rede simples dasentençaMary jogou a bola 278 Psicologia Cognitiva FIGURA 83 Canário É amarelo Possui pele 4Pode se locomover Alimentase Respira Possui asas Pode voar Tem penas Possui pernas j longas e finas Avestruz Éalta Não pode voar Peixe Tubarão Possui nadadeiras Pode nadar Possui guelras Pode morder Érosa Salmão Íh É comestível Éperigoso Nada contra a corrente para pôr ovos De In Searchof the HumanMindpor Robert Sternberg 1995 Harcourt Brace Company Reproduzido me diante autorização doeditor Um modelo hierárquico parecia ideal para os pesquisadores No âmbito de uma hierar quia podemos armazenar informações eficientemente queseaplicam a todos oscomponen tes de uma hierarquia em seu maior nível possível Simplesmente não temos de repetir as informações dosníveis inferiores na hierarquia Portanto um modelo hierárquico contémum grau elevado de economia cognitiva O sistema permite uma utilização máxima de uso efi ciente da capacidade com um mínimo de redundância Dessemodo se você sabe que cães e gatos são mamíferos você armazena no nível de mamíferos tudo aquilo que conhece sobre mamíferos Por exemplo você poderia armazenar que mamíferos possuem pelos e dão cria a filhotes que amamentam Você não precisarepetir esta informaçãonovamente no nível hie rarquicamente inferior para cães e gatos Tudo que era conhecido a respeito de itens nos ní veis superiores de uma hierarquia foi aplicado a todos os itens nos níveis inferiores da hierarquia Este conceito de herança implica queositens no nível inferior herdam asproprie dades dositensde nívelsuperior Este conceito por suavez é primordial paraa economiados modelos hierárquicos Modelos computadorizados da rede demonstraram claramente o valor da economia cognitiva O estudo deCollins e Quillianinstigou todaumalinhade pesquisas sobre a estrutura das redes semânticas No entanto muitos dos psicólogos que estudaramos dados de Collins e Quilliandiscordam das interpretações destes pesquisadores Para citarumexemplo numero sas anomalias dos dados não conseguiam serexplicadas pelo modelo Por exemplo ospartici pantes levammaistempo para verificar um leãoé um mamífero do que para verificar um leão é umanimal No entanto em uma visão estritamente hierárquica a verificação deveria ser maisrápida para a afirmativa referente ao mamífero do que para a do animal Afinal de contas a categoria mamífero é maispróximahierarquicamenteda categorialeão do que é a categoria animal Uma teoria alternativaé que o conhecimentose encontra organizado com baseem uma comparação de características semânticas preferencialmente a uma hierarquia de conceitos Capítulo 8 Representação eOrganização do Conhecimento naMemória Conceitos Categorias 279 FIGURA 84 Elefante Uma alternativa aosmodelos derede hierárquica da memória semântica envolve representações queressaltam a com paração de características semânticas O modelo de características também não consegue explicar todos osdados rela tivos à memória semântica estrita Smith Shoben Rips 1974 Esta teoria difere em um aspecto importante da teoria da categorização baseado em características Características de conceitos diferentes sãocom paradas diretamente ao invésde servir de base para formar uma categoria Considere por exemplo componentes do conjuntode substantivos que designam mamí feros Os substantivos que nomeiam mamíferos podem serrepresentados em termos de um es paço psicológico organizado portrês categorias tamanho ferocidade econdição deser humano Henley 1969 Um leão porexemplo teriaposicionamento elevado emtodas astrês Umele fante teria uma posição particularmente elevada em tamanho porém não tão elevada em fe rocidade Um rato seria elevadoem ferocidade A Figura 84 apresenta como as informações poderiam ser organizadas no âmbito de uma teoria baseada em características não hierárqui cas Observe queestarepresentação também deixaalgumas perguntas sem resposta Por exem plo como a própria palavra mamífero se enquadra Não parece enquadrarse no espaço dos substantivos que designam mamíferos Onde outros tipos de objetos se enquadrariam Nenhuma das duas teorias de representação precedentes especifica completamente como todas as informações poderiam ser organizadas em uma rede semântica Talvez seja usado algum tipodecombinação de representações por exemplo Collins Loftus 1975 Ou tros modelos de rede tendem a enfatizar os relacionamentos mentais sobre os quais pensa mos mais freqüentemente ao invés de apenas quaisquer relacionamentos hierárquicos Por exemplo poderiam enfatizar o elo entre pássaros e sabiás ou pardais ou o elo entre pássaros e voo Não enfatizariam o elo entre aves e apoiarse em duas patas Osconceitos parecem terumnível básico denominado algumas vezes umnível natural deespecificidade um nível no âmbito de uma hierarquia que é preferido a outros níveis Me din Proffitt Schwartz 2000 Rosch 1978 Suponha que eu lhe mostre um objeto comestí velvermelho e arredondado quepossui umtalo e queseoriginou de umaárvore Você poderia caracterizálo como uma fruta uma maçã do tipo Delicious uma maçã Red Delicious 280 Psicologia Cognitiva e assimpor diante O nível básicoe preferidoé maçã O nível básicoem geralnão é o mais absrrato nem o mais específico Evidentemente este nível básico pode ser manipulado por contexto de especialização TanakaTaylor 1991 Suponha que o objetoestivesse expostoem uma banca de frutas que vendesse somentemaçãs Você poderia descrevêlo comouma maçã Red Delicious para distinguilo das outras maçãs em volta De modo similar um fruticultor que cultivasse maçãs conversandocom um estudante de horticultura poderiaser mais espe cífico do que seria um comprador apressado Como podemos afirmar qual é o nível básico Por que maçã é o nível básico ao invés de maçã Red Delicious ou fruta Ou por que é vaca ao invésde mamífero ou Ilha Guernsey Tal vez o nível básico seja aqueleque possui o maior número de característicasdistintivas que o colocam à parte de outros conceitos no mesmo nível Rosch etai 1976 Portanto a maioria de nós encontraria mais características distintivas entre uma maçã e uma vaca por exemplo do que entre uma maçã Red Delicious e uma maçã Pippin De modosimilar encontraríamos poucas características distintivas entre uma vaca Guernsey e uma vaca Holstein Mais uma vez nem todos teriam necessariamente o mesmo nível básico como no caso dos horticulto res No entanto a maioria das pessoas teria O nível básico para nossas finalidades é aquele que a maior parte das pessoasconsidera ter distinção máxima Quando as pessoasvêem ilustrações de objetos elas os identificam mais rapidamente em um nível básico do que identificam objetos em nível superior ou inferior Rosch et ai 1976 Os objetos parecem ser reconhecidos inicialmente em termos de seu nível básico Somente mais tarde são classificados em termos de categorias de nível superior ou inferior Portanto a ilustração do objeto comestível arredondado de uma árvore provavelmente seria identifi cado no início como uma maçã Somente então se necessário seria identificado como uma fruta ou uma maçã Red Delicious Um método usual para examinar redes semânticas envolve completar as raízes de pala vras Nesta tarefaapresentase aosparticipantes um indutor durante um intervalo de tempo muito reduzido O participante toma conhecimento em seguida das primeiras letras de uma palavra e é solicitadoa completar a raizcom a primeira palavra que venha à sua mente As raízes poderiamsercompletadascom uma palavra relacionadasemanticamente ou com qual quer número de palavras não relacionadas Normalmente os participantes completam essas raízes com um item relacionado semanticamente Considerase que estas descobertas signi fiquem que a ativação de um nó da rede aumenta a ativação de nós relacionados Um estudo observouque com a progressão do mal de Alzheimer a ativação de nós relacionados fica pre judicada Como resultado as raízes de palavras para pacientes com o mal de Alzheimer são completadas mais freqüentemente com palavras que não possuem relação com o indutor Passafiume Di Giacomo Carolei 2006 Um conceito interessante relacionado às redes semânticas são as deficiências semânticas específicas de umacategoria Estas podemser causadas por algumas síndromes incluindoen tre outras a demênciasemântica e a encefalitecausadapelo vírus do herpes simples HSVE na sigla em inglês Capitanietaí 2003 Essas deficiências específicas de categorias incluem maiscomumentedificuldades com categorias animadas ou inanimadasNos casosde demên ciasemântica e HSVEsimultâneas ocorre dano nos lobos temporais anteriores RalphLowe Rogers 2007 O dano nessas áreas parece causar deficits de acesso a categorias semânticas As redes semânticas também foram analisadas como paciente H M veja o Capítulo 5 para informações gerais sobre H M Conforme você deve se lembrar o hipocampo de H M foi objeto de uma intervenção cirúrgicacomo forma de tratamento da epilepsia Um efeitocola teral deste tratamento foi uma grande perda da capacidade para formar novas memórias No entanto provas recentes indicam que H M é capaz de aprenderao menos algumas informa ções semânticas novas Embora o desempenho em tarefas semânticas tenha ficado prejudi cado em H M houve sem margem de dúvida algum aprendizado semântico 0Kane Capítulo 8 Representação e Organização doConhecimento naMemória Conceitos Categorias 281 Kensinger Corkin 2004 Estas descobertas indicam que embora o aprendizado semântico possa ocorrer sem a participação do hipocampo tal aprendizagem melhora consideravel mente pelo seu uso Podemos ampliar um passo adiante nossa compreensão dos conceitos se considerar mos não somente os níveis hierárquico e básico de um conceito Komatsu 1992 Também deveríamos levar em conta outras informações relacionais que o conceito encerra Com preenderemos melhor o modo como especificamente derivamos significados de conceitos considerandosuasrelações com outrosconceitos bemcomo as relações entre os atributos con tidos em um conceito Representações Esquemáticas Esquemas Uma abordagem importanteparacompreender comoosconceitos sãorelacionados na mente ocorre por meio de esquemas Eles possuem muitasimilaridade com as redes semânticas ex ceto que os esquemas freqüentemente são mais orientados às tarefas Recordese de que um esquema é umaestrutura mental para organizar o conhecimento Ele cria uma estruturasig nificativa de conceitos relacionados Evidentemente conceitos e esquemas podem ser consi derados em vários níveis de análise Tudo depende da mente do indivíduo e do contexto Barsalou 2000 Por exemplo a maioria de nós provavelmente encara vaca como um con ceito fundamental talvezno âmbito de um esquema mais elaborado de animais que vivem em fazendas No entanto para um criador de gado ou o fazendeiro que opera um laticínio vaca pode simplesmente não ser fundamental O criador e o fazendeiro conseguem reconhecer muitas espécies diferentes de vacas Cadauma pode possuir diversas categorias distintivas De modo similar a maioria das pessoas não possui um esquema elaborado de Psicologia Cognitiva No entanto paraa maior parte dospsicólogos cognitivos o esquema de Psicologia Cognitiva é consideravelmente elaborado Ele engloba muitos subesquemas como os subesquemas de atenção memória e percepção Esquemas possuem diversas características queasseguram ampla flexibilidade emseu uso Rumelhart Ortony 1997 Thorndyke 1984 1 Esquemas podem incluir outros esquemas Por exemplo um esquema para ani mais incluium esquema para vacas um esquema parasímios e assim pordiante 2 Esquemas englobam fatos típicos e gerais que podem variarligeiramente de um caso específico paraoutro Porexemplo embora o esquema paramamíferos inclua umfato geral de queos mamíferos normalmente possuem pelos inclui oshumanos quepos suem menos pelugem do que a maioria dos outros mamíferos Também inclui os porcosespinhos que parecem mais espinhemos do que peludos e mamíferos mari nhos como as baleiasque possuemapenas algumas cerdas 3 Esquemas podem variar em seu grau de abstração Por exemplo um esquema para justiça é muito mais abstrato do que umesquema para maçã ou mesmo para fruta Esquemas também podem incluir informações sobre relações Komatsu 1992 Uma parte destas informações inclui as seguintes relações Conceitos por exemplo o elo entre caminhões e carros Atributosno âmbitode conceitos por exemplo a altura e o pesode um elefante Atributos em conceitos relacionados por exemplo a cor vermelha de uma cereja e a cor vermelha de uma maçã 282 Psicologia Cognitiva Conceitos e contextos específicos por exemplo peixe e oceano Conceitos específicos e conhecimento básico geral por exemplo conceitos sobre de terminados presidentes dos EUA e conhecimento geral sobre o governo e a história dos EUA As relações causais seentão ocorrem no âmbito de esquemas que interessam parti cularmente aos psicólogos cognitivos Considere por exemplo nosso esquema para vidro Provavelmente especifica que se um objeto feitode vidro cair sobre uma superfície sólida o objeto pode quebrar Esquemas também incluem informações que podemos usar como base para fazer inferências em situações novas Por exemplo suponha que uma mulher com idade de 75 anos um homem de 45 anos uma freira de 30 anos e uma mulher de 25anos estejam sentados em bancos de um parque público em torno de um playground Uma criança com pouca idade cai de algum brinquedo do playground Elegrita Mamãe A quem a criança se dirigeExiste a possibilidade de que para determinar sua resposta você seria capaz de fa zeruma inferênciavalendosede váriosesquemas Estes incluiriamesquemas para mães para homens e mulheres para pessoas de várias idadese mesmopara pessoas que fazem parte de ordens religiosas As primeiras idéiassobre esquemas tinham como foco o modo como representamos as informações na memória por exemplo Bartlett 1932 Também se concentraram no modo como as crianças desenvolvem a compreensão cognitiva de como o mundo opera Piaget 19281952 1955 Pesquisadores interessados em IA adaptaram a noção de esquemas para que se enquadrassem em diversos modelos computadorizados de inteligência humana Estes pes quisadores como parte de seu interesse geral no desenvolvimento de modelos computadori zados de inteligência criaram modelos informatizados da maneira como o conhecimento é representado e usado Roteiros Uma noção sobre representações esquemáticas é denominada roteiro Schank Abelson 1977 Um roteiro é uma estrutura que descreve seqüências apropriadas de eventos em um determinado contexto Umroteiro éformado porespaços e exigências a respeito doquepode preencher esses espaços A estrutura é umtodo interconectado eaquilo que está emumespaço afeta o que pode estar em outro Roteiros tratam de situações diárias estilizadas Não estão sujeitos a muita alteração nem proporcionam a base para lidar com situações totalmente novas Schank Adeíson Í997p 41 Portanto os roteiros são muito menos flexíveis do que os esquemas em geral Roteiros entretanto incluem valores faltantes paraosatores osobjetos de cenao cenário e a seqüên cia de eventos que se espera ocorrer Estes valores considerados em conjunto formam uma visão de conjunto de um evento Considere o roteirodo restaurante O roteiro pode ser aplicado a um tipo específico de restaurante por exemplo uma cafeteria Um roteiropossui diversas características Uma de las são os objetos que incluemmesas um cardápio alimentos uma conta e dinheiro Um se gundo são os papéis a ser desempenhados Estes incluem um cliente um garçom um cozinheiro um caixa e um proprietário Uma terceira característica sãoas condições iniciais para o roteiro Porexemplo oa cliente sente fome e possui dinheiro Uma quarta caracterís tica são as cenas que incluem entrar fazer o pedido comer e sair E uma quinta caracte rística é um conjunto de resultados O cliente possui menos dinheiro O proprietário possui mais dinheiro O cliente não sente mais fome E algumas vezes o cliente e o proprietário estão satisfeitos Capítulo 8 Representação e Organização do Conhecimento na Memória Conceitos Categorias 283 O MÉDICO John não esrava se senrindo bem hoje e portanto decidiu visitar o médico da família Ele se apresenrou à atendente do médico e folheou diversas revistas médicas que estavam em uma mesa ao lado de sua poltrona Fi nalmente a enfermeira o chamou e pediulhe para tirar a roupa O doutor foi muito gentil com ele e ao término da consulta prescreveu alguns comprimidos para John que em seguida deixou o consultório e seguiu para casa John tirou sua roupa Esta descrição roteirizada de uma visita a um consultório médico é razoavelmente comum Observe que nessa descrição como provavelmente ocorreria em toda descrição verbal de um roteiro estão faltando alguns detalhes O relator ou roteirista neste caso pode ter omitido a menção desses detalhes Desse modo não sabemos com certeza se John realmente tirou sua roupa Além disso a enfermeira provavelmenre acenou para John em algum ponto Ela o conduziu em seguida à sala de exames A enfermeira provavelmente mediu em seguida a temperatura e a pressão de John e o pesou O médico provavelmente solicitou a John para que descrevesse seus sintomas e assim por diante Porém não temos certeza a respeito de cada um destes passos INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Foram conduzidos diversos estudos empíricos para testar a validade da noção de roteiro Em um deles os pesquisadores relataram aos participantes 18histórias curtas Bower Black Turner 1979 Considere uma destas representando o roteiro do consultório médico no box Investigando a Psicologia Cognitiva Solicitouse aos participantes da pesquisa que lessem 18 histórias Elesforam solicitados posteriormente a realizar umade duas tarefas Emuma tarefade recordação pediuse aospar ticipantes que se lembrassem o máximo possível a respeito de cada uma das histórias Nesta ocasião os participantesdemonstraram uma tendência significativa de recordação como par tes das histórias de elementos que na realidade não faziam parte delas mas que eram partes dos roteiros que as histórias representavam Na tarefa de reconhecimento apresentaramse sentençasaosparticipantes Eles foram solicitados a avaliarem uma escalade 7 pontos a con fiança que possuíam de terem visto cada uma das sentenças Algumas das sentenças origina ramse das histórias outras não Das sentenças que não provieram das histórias algumas originaramse dos roteiros relacionados Outras não provieram destes roteiros Os participan tes apresentavam uma maior tendênciapara caracterizarsentenças quenão seoriginaramdas histórias específicas como provenientes das histórias se as sentenças que não se originaram das histórias fossem pertinentes aos roteiros do que se as sentenças que não se originaram das histórias não tivessem relaçãocom os roteiros A pesquisa de Bower Blacke Turner indicou que os roteiros parecem orientar aquilo que as pessoas relembram e reconhecem no final aquilo que as pessoas conhecem Estudos por imagens revelam que os lobos frontais e parietaisparticipamda geração de roteiros Godbout etai 2004 A geraçãode roteiros requer participação elevada da me mória de trabalho A geração de roteirosadicionaisenvolveo uso de informações tempo rais e espaciais Algunsgrupos de pacientes têm seu usode roteiros afetado negativamente Por exemplo pessoas com esquizofrenia apresentam freqüentemente dificuldade para relembrar e sequen ciar roteiros Estaspessoas também incluemeventosa um roteiroque não deveriam ser incluí dos As pesquisas indicam uma relação entre dificuldades com o processamento de roteiros e os sintomas positivos da esquizofrenia por um lado e disfunção dos lobos frontais por outro 284 Psicologia Cognitiva Matsui etai 2006Outro caso de roteiros disfuncionais pode ser observado nas pessoascom transtorno de hiperatividade e déficitde atenção Um sequenciamento de roteiros afetado ne gativamente é observado nesta população Braun etai 2004 Uma diminuição da capacidade para sequenciar eventos que fazem parte de um roteiro também ocorre à medida que os anos passam Aílain et ai 2007 presumivelmente como resultado de processos associados a do enças na população que envelhece O papel dos lobos frontais na geração e no uso de rotei ros parece ser fundamental Um efeito interessante notado na aprendizagem de roteiros é o efeito de tipicidade Em geral quando uma pessoa está aprendendo um roteiro caso ocorram ações típicas e atípicas a informação atípica será rememorada mais prontamente Isto se dá devido provavelmente ao processamento que requer mais esforço para a informação atípica em comparação à infor mação típica Quando alguém sofre ferimento na cabeça o efeito de tipicidade desaparece Vakil et ai 2002 Em outras palavras as pessoas passam então a ter uma rememoração aproximadamente igual da informação típica e da atípica Em um contexto relacionado os roteiros também podem atuar em relação ao modo pelo qual os especialistas dialogam e trocam correspondência entre si Os especialistas cer tamente partilham um jargão um vocabulário especializado comumente usado no âm bito de um grupo profissional Adicionalmente entretanto os especialistas partilham de um entendimento comum dos roteiros que são conhecidos pelas pessoas que atuam na área de especialização Por exemplo após ler o Capítulo 2 você possui uma compreensão bá sica dos métodos de tomografia por emissão de pósitrons PET Portanto quando alguém menciona que uma imagem obtida por PET foi usada para examinar o cérebro você tem uma idéia do que aconteceu As pessoasque não atuam na área de especialização não par tilham desse entendimento No exemplo da PET uma pessoa que nunca leu ou aprendeu a respeito de PETs poderia saber que o resultado é uma imagemdo cérebro porém não co nheceria que o procedimento envolvia a injeção de uma forma de oxigênio ligeiramente radioativa Você pode ter dificuldade com o vocabulário e não possuir certas informações quando tentar entender manuais técnicos e diálogos vazados em termos técnicos fora de sua área de especialização Você não dispõe do repertório apropriado para interpretar a língua que está sendo falada Apesar das falhas do modelo de roteiro ele auxiliou os psicólogos cognitivos a obter insights sobre organização do conhecimento Roteiros podem nos ajudar a usar um arca bouço mental para agir em certas situações quando precisamoseliminar defasagensem deter minado contexto Sem acesso aos roteiros mentais provavelmente não saberíamos o que APLICAÇÕES PRÁTICAS DA PSICOLOGIA COGNITIVA Observe mais atentamente os roteiros que você usa em sua vida diária O seu roteiro de ida às aulas é diferente de seuroteiro de ir almoçar ou de outras atividadesrealizadas segundo roteiros De que maneira seusroteiros diferem em estrutura ou em detalhesTente fazer alterações em seu ro teiro seja em detalhes ou em estrutura Veja como tudo se desenrola Por exemplo você pode constatar que se apressa de manhã para ir à escolaou ao trabalho e esquece coisas ou chega atrasado Além do ajuste óbvio de acordarmaiscedoanalisea estruturadeseuroteiro Veja sevocêconsegue combinar ou eliminar etapas Vocêpoderia tentar deixar sua roupa pronta para vestir e preparar sua mochila na noite anterior para simplificar sua rotina na manhã A conclusãoA melhor maneira para fazercom que seus roteiros dêem mais resultado para você consiste em analisar primeiro quais são eles e tentar corrigilos Capítulo 8 Representação eOrganização do Conhecimento naMemória Conceitos Categorias 285 fazer na primeira vez queentrássemos em umrestaurante novo ouemumconsultório de um novo médico imagine o que seriase a enfermeira no consultório médico tivesse de explicar lhe cada passo Quando todos em uma dada situação seguem um determinado roteiro o dia passa muito mais tranqüilamente Quer adotemosa noção de categoriasde redessemânticasou de esquemas o importante é que o conhecimento seja organizado Estas formas de organização podem servir a propósi tosdiferentes O usomais adaptável e flexível do conhecimento nos permitiria usarqualquer forma de conhecimento dependendo da situação Precisamos de alguns meios paradefinir as pectos da situação relacionar esses conceitos a outros conceitos e categorias e selecionar o modo apropriado de agirtendoem vistaa situação Passamos a discutir a seguir asteorias so bre como a mente representao conhecimento de procedimentos Representações do Conhecimento de Procedimentos Algunsdos modelos mais antigos para representar o conhecimentode procedimentos origi namse de pesquisas sobre IA e simulação porcomputador veja o Capítulo 1 Os pesquisa dores tentam com estes modelos fazer com que os computadores realizem tarefasde modo inteligente particularmente de uma maneira quesimule o desempenho inteligente dos seres humanos Na realidade os psicólogos cognitivos aprenderam muitosobre representação e o uso do conhecimento de procedimentos Tiveram de seguir esta orientação em razão dos problemas propostos visando fazer comquecomputadores implementassem procedimentos baseados em uma série de instruções compiladas em programas Por meio de tentativas e erros para fazer com que os computadoressimulem processos cognitivos inteligentes os psi cólogos cognitivos conseguiram compreender algumas das complexidades do processamento de informações pelos seres humanos Como resultado de seu empenho desenvolveram uma variedade de modelos a respeito de comoa informação é representada e processada Cada um destes modelos envolveo processamento serial da informação no qual a informação é pro cessada por meio de umaseqüência linearde operações umaoperação por vez Umamaneira pela qual oscomputadores podem representar e organizar o conhecimento de procedimentos é sob a forma de um conjunto de regrasque orientam uma produção uma geração e realiza çãode um procedimento Jones Ritter 2003 As simulações porcomputador de produções seguem especificamente regras de produção do tipo seentão englobando uma cláusula se e uma cláusula então Newell Simon 1972 As pessoas podem usaresta mesmaforma paraorganizar o conhecimento ou algo quelhes seja muito parecido Suponha porexemplo que seu carro esteja passando parao lado esquerdo da pista de uma estrada Você precisa então dirigirse para o lado direito se deseja evitar atingir a grade de segurança A cláusula se inclui um conjunto de condiçõesque precisam ser levadas em conta para implementara cláusula então A cláusula então é uma ação ou uma série de ações que são uma resposta à cláusula se Para cada cláusula uma condição pode conter uma ou mais variáveis Para cada uma des tascondições podem existir uma ou mais possibilidades Por exemplo se você quer ira algum lugar se você sabe dirigir um carro se você possui carteira de habilitação e seguro se você possuir um carro disponível e se não tiver outras limitações por exemplo não tera chave o tanque estiver vazio o motor estiver avariado a bateria ter descarregado então você pode executar as açõespara dirigir um carro até cetto local Quando as regras são descritas precisamente e todas as condições e ações relevantes são observadas é necessário um número considerável de regras para executar até mesmo uma 286 Psicologia Cognitiva tarefa simples Estas regras são organizadas em uma estrutura de rotinas instruções a respeito de procedimentos para a implementação de uma tarefa e subrotinas instruções para a imple mentação de uma subtarefa no âmbito de uma tarefa maior controlada por uma rotina Mui tas dessas rotinase subrotinassãoiterativas significando quesãorepetidas muitasvezes durante a realização de uma tarefa As várias rotinas e subrotinas executam tarefas e subtarefascom ponentes necessárias para implementar a produção principal Para a realizaçãode uma deter minada tarefa ou o uso de uma aptidão específica a representação do conhecimento envolve um sistema de produção Anderson 1983Simon 1999a 1999b Considere um exemplode um sistema de produção simples para um pedestre atravessar a rua em um cruzamento com sinal Newell Simon 1972 Essesistema é apresentado a se guir com as cláusulas se indicadas à esquerda da seta e as cláusulas então indicadas à di reita das setas sinal vermelho parar sinal verde andar andar e pé esquerdo sobre a calçada pisar com o pé direito andar e pé direito sobre a calçada pisar com o pé esquerdo Neste sistema de produção a pessoa procura ver em primeiro lugar se o sinal está ver melho Caso esteja vermelho a pessoa para e procura ver novamente se o sinal está verme lho Esta seqüência é repetida até que o sinal fique verde Neste ponto a pessoa começa a andar Se a pessoa estiver andando e o pé direito estiver sobre a calçada a pessoa pisará com o pé esquerdo Algumas vezes os sistemas de produção como os programas de computador contêm er rosde programação Erros deprogramação sãofalhas nas instruções paraascondições ou para a execução de ações Por exemplo no programa de atravessar a rua se a última linha indi casseandar e pé direito sobre a calçada pisar com o pé direito o indivíduo que executa o modelode produção não sairia do lugar De acordo com o modelodo sistemade produção as representações humanas do conhecimento de procedimentos podem ter alguns erros de programação ocasionais VanLehn 1990 Até aproximadamente meados da década de 1970 os pesquisadores interessados na re presentação do conhecimento seguiam uma das duas vertentes básicas de pesquisa Pesqui sadores da IA e do processamento de informações estavam refinando vários modelos para representar o conhecimento de procedimentos Psicólogos cognitivos e outros pesquisadores estavam examinando diversos modelos alternativos para a representação do conhecimento declarativo No fim dos anos 1970 começaram a surgir alguns modelos de integração para representação do conhecimento Modelos de Integração para Representação do Conhecimento Declarativo e Não declarativo Combinando Representações CAPR Um excelente exemplo de uma teoria que combina formasde representação mental é o mo delo de representação do conhecimento e processamento de informação CAP controle adaptável do pensamento Anderson 1976 1993 Anderson Budiu Reder 2001 John Anderson sintetizou em seumodelo CAP algumas dascaracterísticas dosmodelos de proces samento serial das informações e algumas das características dos modelos de redes semânti Capftulo 8 Representação e Organização doConhecimento na Memória Conceitos Categorias 287 cas No CAP o conhecimenro de procedimentos é representado na forma de sistemas de produção O conhecimento declarativo é repre sentado na forma de redes propositivas Anderson 1985 definiu uma proposição como a menor unidade de conhecimento que pode cons tituir uma asserção distinta Recordese do Capítulo 7 que as propo sições são significados subjacentes abstraídos de relações entre os elementos O CAP é uma forma evoluída de modelos anteriores An derson 1972 Anderson Bower 1973 Anderson pretendia que seu modelo tivesse uma amplitude que lhe permitisseoferecer uma teoria abrangente a respeito de toda a ar quitetura da cognição Na visãode Anderson os processos cognitivos das pessoas como memória compreensão da linguagem resolução de problemas e raciocíniosão merasvariaçõesde um tema central Todos refletem um sistema cognitivo subjacente A versão mais recente do CAP o CAPR em que R representa racional é um modelo de pro cessamento de informações que integra uma rede de representação para o conhecimento declarativo e a representaçãode um sistemade produção para o conhecimento de procedimentos Anderson 1983 Figura 85 No CAPR as redes incluem imagens de objetos e configurações e relações espaciais correspondentes Também incluem informações temporais envolvendo o sequenciamento de ações eventos ou mesmo FIGURA 85 Memória declarativa Recuperação Aplicação Memória de produção Memória de trabalho Execução Codificação Desempenhos Mundo externo John R Anderson é professor de Psicolo giana Universidade CamegieMellon Eeé maisconhecido porseu modeh CAPR de cog nição humana Anderson também fez contribuições imjNjríantes em seu tra balhosobre a aplicação da Psicologia à aprendizagem no mundo real como a aprendizagem na lingua gemde computação LÍSP Foto Cortesia dejohn R Anderson A versão mais recente feita por John Anderson do CAPRengloba contecimento declarativo memória declara tiva conhecimento deprocedimentos memória deprocedimentos e memória de trabalho o conhecimento ativado disponível para o processamento cognitivo o qual possui uma capacidade limitada DeThe Legacy of Solomon Asch Essays in Cognitionand SocialPsychology porInuin Rock 1990 Lawrence ErVoaum Associates 288 Psicologia Cognitiva a ordem em que os itens aparecem Anderson referiuse às informações temporais como sé ries temporais Ele observou que elas contêm informações sobre a seqüência de tempo rela tiva Exemplos seriam antesapós primeirosegundoterceiro e ontemhoje Estas seqüências de tempo relativas podem ser comparadas com referentes temporais absolutos como 14ho ras e 4 de setembro de 2004 O modelo encontrase sob constante revisão e inclui atual mente informações sobre regularidades estatísticas no ambiente Anderson 1991 1996 Anderson Fincham 1996 O modelo de rede declarativa de Anderson como muitos outros modelos de redes por exemplo Collins Loftus 1975 contém um mecanismo pelo qual as informaçõespodem ser recuperadas e uma estrutura para armazenar informações Recordese de que no âmbito de uma rede semântica os conceitos são armazenados nos diversos nós pertencentes à rede De acordo com o modelo de Anderson e vários outros modelosde rede os nós podem ser inati vos ou ativos em uma determinada ocasião Um nó ativo é aquele que em certo sentido está ligado Um nó pode ser ligado ativado diretamente por estímulos externos como sensa çõesou podeserativadoporestímulos internoscomomemórias ou processos de pensamento Também pode ser ativado indiretamente pela atividade de um ou mais nós vizinhos Em virtude da receptividade de cada nó à estimulaçãode nós vizinhos a ativação pode se disseminar facilmente de um nó para outro Porém existem limites para a quantidade de informação númerode nós que pode ser ativada a qualquer tempo No âmbito da capa cidade limitada do sistema cognitivo geralessaativação difusa é a excitação que se dissemina ao longo de um conjunto de nós em uma determinada rede Shastri 2003 Evidentemente à medidaque maisnóssãoativados e a disseminação da ativaçãoalcança distâncias maiores em relação à fonte inicial da ativação a ativação perde a sua força Portanto os nós relacionados proximamente ao nó original possuem um grau elevado de ativação No entanto os nós que estão relacionados maisremotamente são ativados em grau menor Porexemplo quando o nó para camundongo é ativado o nó para gato também é fortemente ativado O nó para veado é ativado ao mesmo tempo porém em grau muito menor O CAPR também indica meios pe losquais a redese altera como resultadoda ativação Para citar um exemplo quanto maisfre qüentemente forem usados determinados elos entre os nós mais fortes os elos se tornam A ativação de um modo complementar tem probabilidade de difundirse ao longo dos percur sosdas conexões que se deslocam freqüentemente Possuiprobabilidade menor para difun dirse ao longo de conexões entre os nós utilizados com pouca freqüência Considere uma analogia Imagine um conjunto complexo de tubulaçõesde água interli gando diversos locais Quando a águaé ligada em um local começaa fluir pordiversos tubos Está apresentando um tipo de ativação difusa Uma válvula é aberta ou fechada em várias in terconexões permitindo deste modo que o fluxo continue ou desvie o fluxo a ativação para outras conexões Levando a analogia um pouco adiante processos como o de atenção podem influenciar o grau de ativação em todo o sistema Considere novamente o sistema hidráulico Quanro maior a pressãoda água no sistema maior a distância que a água se deslocará no sistemade tubulações Pararelacionar esta metáfora à ativação difusa considere o que acontecequando estamos pensando sobre um tema e várias associações vêm à mente com relação a ele Está ocorrendo a disseminação da ativação ao longo dos nós que representam nosso conheci mento dos diversos aspectos do problema e possivelmente de sua solução Para ajudar a explicar alguns aspectos da ativação difusa imagine os tubos como se fos sem mais flexíveis do que os tubos usuais Estes tubos podem se expandirou se contrair gra dualmente Tudo depende da freqüência com que são usados Os tubos ao longo dos trajetos que são percorridos freqüentemente podem se expandir para aumentar a facilidade e a velo cidade de percurso ao longo desses trajetos As tubulações ao longo de trajetos percorridos Capítulo 8 Representação e Organização doConhecimento na Memória Conceitos Categorias 289 poucas vezes podem se contrair gradualmente De modo similar na ativação difusa as cone xões usadas freqüentemente sãoreforçadas Conexões utilizadas poucas vezes tornamse debi litadas Desse modo no âmbito das redes semânticas o conhecimento declarativo pode ser aprendidoe mantido por meio do reforço das conexõescomo resultado do usofreqüente A teoria da ativação difusa foi aplicada a alguns outros concertos cognitivos Estesconceitos in cluema cognição sociale o bilinguismo Dixon Maddox 2005 Green 1998 Deque modoAndersonexplica a aquisição do conhecimentode procedimentos Talco nhecimentoé representado nos sistemas de produção preferencialmente às redes semânticas A representação do conhecimento de procedimentos ocorre em três estágios cognitivo asso ciativo e autônomo Anderson 1980 Durante o estágio cognitivo pensamos sobre regrasex plícitas para a implementação do procedimento Durante o estágio associativo praticamos extensivamente o uso de regrasexplícitas usualmente de uma maneira constante Final mente durante o estágio autônomo usamos essas regras de modoautomático e implícito De monstramos um grau elevado de integraçãoe coordenação bem como de rapidez e precisão Enquanto estivermos no estágiocognitivoda aprendizagem de comodirigirum carro com transmissão usual devemos pensar explicitamentea respeito de cada regrapara acionar o pe dal da embreagem o pedaldo acelerador e o pedal do freio Também tentamos pensarsimul taneamente a respeito de quando e como mudar as marchas Durante o estágio associativo praticamos cuidadosa e repetidamente seguindo as regras de maneira constante Gradual mente nos tornamos mais familiarizados com as regras Aprendemosquando seguir determi nadas regras e quando implementarcertos procedimentos Atingimos finalmente o estágio autônomo Nesta ocasião já integramos todas as diversas regras em uma única série de ações coordenadas Não precisamos mais pensara respeito de quepassos tomarpara mudar de mar cha Em vez disso podemos nos concentrar em ouvir nossa estação de rádio favorita Pode mos pensarsimultaneamente sobre chegara nosso destino evitaracidentes dar passagem aos pedestres e assim por diante Nossa evolução ao longo desses estágios é a implementação de procedimentos Anderson et ai 2004 ImfÍementação de procedimentos é o processo geral peloqual transformamos in formações lentas e explícitas a respeito de procedimentos saber que em implementação rápida e implícita de procedimentos saber como Recordese da discussão sobre automati zação noCapítulo 4Este é umtermo usado poroutros psicólogos cognitivos para descrever es sencialmente o mesmo processo como implementação de procedimentos Uma maneira pela qual fazemos essatransformação é pela composição Durante este estágio elaboramos uma única regra de produção que englobe eficazmente duas ou mais regras de produção direcio nando deste modo o númerode regras exigido para executaro procedimento Considere por exemplo o que acontecequandoaprendemos a dirigir um carrocomtransmissão comum Po demos compor um único procedimento para aquilo que eram dois procedimentos separados Um era para pressionar a embreagem o outro para acionar o freio quando chegamos a um si nal PARE Estes processos múltiplos são combinados no procedimento único de dirigir Outro aspecto de implementação de procedimentos é a sintonia da produção envol vendo os dois processos complementares de generalização e discriminação Aprendemos a ge neralizar as regras existentes para aplicálas às novas condições Por exemplo podemos generalizar nosso uso deembreagem defreio edoacelerador parauma variedade decarros com transmissão comum Finalmente aprendemos a discriminar novos critérios para atender às condições que enfrentamos Por exemplo o que acontece após termos dominado a direção de umcarro com umtipoespecífico decâmbio Sedirigirmos umcarro com umnúmero diferente de marchas ou composições diferentes paraa marcha a ré precisamos discriminar asinforma ções relevantes sobre as novas posições das marchas tendo por base informações irrelevantes sobreasposições de câmbioanterior Taatgene Lee 2003 demonstraramque mesmo o apren dizado de tarefas extremamente complexas porexemplo controle do tráfego aéreo podeser descrito por meio desses três processos 290 Psicologia Cognitiva Até este ponto os modelos de representação do conhecimento apresentados neste capí tulo têm sido baseados na sua maior parte em modeloscomputadorizadosde inteligência hu mana Conforme a discussão precedente mostra as teorias de processamento da informação baseadas em simulações por computador dos processos cognitivos humanos contribuíram grandementeparaa nossacompreensão da representação do conhecimento humano e do pro cessamento das informações Uma abordagem alternativa para compreendera representação do conhecimento nos seres humanos tem sidoo estudo do própriocérebrohumano Grande parte das pesquisas em Psicobiologia ofereceu provas de que muitas operações do cérebro humano não parecem processar informações passo a passo unidade por unidade O cére bro humano ao invés disso parece realizar diversos processos simultaneamente Ele age sobre um grande número de unidades de conhecimento de uma só vez Tais modelos não contradizem necessariamente os modelos passo a passo Primeiro as pessoas parecem dis postas a usar o processamento serial e paralelo Segundo tipos diferentes de processospo dem estar ocorrendo emníveisdiferentesPortanto nossoscérebrospodemestar processando simultaneamente diversos itens de informação Os processos combinamse em cada um dos passos que conhecemos quando processamos informações passo a passo Modelos Baseados no Cérebro Humano Conforme mencionado anteriormente o conhecimento tem sido descrito tradicionalmente como declarativo ou de procedimentos O conhecimento de procedimentos envolve usual mente algum graude aptidão Exemplos seriam a aptidão para resolver problemas relaciona dosa operações numéricas lingüísticas ou musicais Estas aptidões aumentam como resultado da prática O desempenho exige finalmente pouca atenção consciente pelo menos na maioria das circunstâncias veja o Capítulo 4 Porexemplo o conhecimento de um número de telefone é um conhecimento declarativo Saber como memorizar um número de telefone envolve conhecimento de procedimentos A esta altura você já se tornou muito capaz de saber como memorizar informações Como resultado não tem mais consciência de muitos dos procedimentosque você adota para memorizálas Quando você era criança entreranto ainda estava aprendendo a como representar mentalmente o conhecimento de procedimen tos para a memorização de fatos simples Você provavelmente esteve muito consciente do aprendizado para agir desse modoPorexemplo quando uma criança está tentando aprender seu próprio número de telefone solicitase frequenremente para dizêlo e discálo Esta repe tição ajuda a formar uma memória permanente do número Bem quando alguém lhe fornece seu número provavelmente a pessoa não lhe pede para recitálo de volta No entanto se existir a possibilidade de você recitálo silenciosamente para si mesmo talvez até imagine os números no teclado numéricodo aparelhotelefônico Provavelmente vocênão precisa pen sar a respeito desse processo pois ele se tornou automático Uma pessoa podeampliar a distinção tradicional entreconhecimento declarativo e de pro cedimentos para indicarque o conhecimentonão declarativo consegue abarcarum conjunto maisamplode representações mentais ao invés de apenas o conhecimento de procedimentos Squire 1986 Squire et ai 1990 Especificamente além doconhecimento declarativo repre sentamos mentalmente as seguintes formas de conhecimento não declarativo Aptidões perceptivas motoras e cognitivas conhecimento de procedimentos Conhecimento associativo simples condicionamento clássico e operante Conhecimento não associativo simples habituação e sensibilização Capítulo 8 Representação e Organização doConhecimento na Memória Conceitos Categorias 291 Indução elos fundamentais com uma rede de conhecimentos na qual a ativação das informações ao longo de um percurso mental específico facilita a recuperação subse quente das informações ao longo de um percurso relacionado ou mesmo um percurso mental idêntico veja o Capítulo 4 De acordo com Squire todas essasformas de conhecimento não declarativo usualmente são implícitas não declaradas Elas não se tornam explícitas facilmente A idéia principalde Squire para seu modelo originouse de três fontes A primeirafoi seu próprio trabalho A segundafoi um grande número de pesquisas neuropsicológicas realizadas por outros por exemplo Baddeley Warrington 1970 Milner 1972 Essas pesquisas incluí ram estudos de pacientes amnésicos de animais e da microanatomia do cérebro usando microscópios para o estudo das células do cérebro A terceira fonte foram experimentos cognitivos em sereshumanos Considere um exemplo o trabalho com pacientes amnésicos revela uma distinção clara entre os sistemas neurais para representação do conhecimento de clarativo versus o sistema neural para algumas das formas de conhecimento não declarativo Por exemplo pacientes amnésicos muitas vezes continuam a demonstrar possuir conheci mento dos procedimentos mesmo quando não conseguem se lembrar de que possuem tal co nhecimento Freqüentemente apresentam melhora no desempenho de tarefas que exigem aptidões Estas melhoras indicam alguma forma de representação de conhecimento novo apesar da incapacidade para lembrarse de ter adquirido alguma vez experiência com as tare fas Por exemplo um paciente amnésico que é submetido a ler repetidamente a escrita em or dem inversa melhorará com resultado da prática porém não se lembrará de ter participado alguma vezdessa prática Baddeley 1989 A representação do conhecimento não declarativo ocorre como resultado da experiên cia na implementação de um procedimento Não é meramente o resultado de ler ouvir ou então adquirir informações a partir de instruções explícitas Após uma representação men tal do conhecimento nãodeclarativo ser elaborada este conhecimento se torna implícito não sendo transformado facilmente em explícito Na realidade o processo de melhoria da re presentação mental do conhecimento não declarativo tende na verdade a diminuir o acesso explícito a esse conhecimento Suponha por exemplo que você tenha aprendido recente mente a dirigir um carro com transmissão comum Você pode considerar mais fácil descre ver como dirigir do que alguém que aprendeu essa aptidão há muito tempo No entanto à medida que diminui seu acesso explícito ao conhecimento não declarativo aumenta sua ra pidez e facilidade para obrer acesso implícito a esse conhecimento No final a maior parte do conhecimento não declarativo pode ser recuperada Outro paradoxo da representação do conhecimento humano também é demonstrado pe los amnésicos Embora amnésicos não apresentem capacidade de memória normal na maio ria das circunstâncias eles possuem o efeito da indução Recordese do Capítulo 4 que na in dução indicações e estímulos específicos parecem ativar os percursos mentais Estes percursos por sua vez aumentam a recuperação ou o processamento cognitivo das informações relacio nadas Por exemplo se alguém pedirlhe para soletrar a palavra vista você provavelmente a compreenderá de formadiferentedependendode diversos fatores Estes fatores incluem a pos sibilidade de você ter sido induzido a pensar em modalidades sensoriais visão em uma pai sagem vista ou na visão de um panorama Considere o que ocorre quando os participantes amnésicos não se recordam de terem sido induzidos e não conseguem se lembrar explicita mente da experiência durante a qual ocorreu a indução Apesar disso a indução ainda afeta seu desempenho Se você conseguir reunir pelo menos dois voluntários e de preferência mais tente a ex periência de indução descrita no box Investigando a Psicologia Cognitiva Ela requer que você utilize seu repositório de conhecimento declarativo 292 Psicologia Cognitiva INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Reúna seus voluntários em dois grupos Peça a um grupo que coloque as letras na posição certa nos seguintes anagramas quebracabeças nos quais você precisa descobrir a ordem correta das letras para obter uma palavra inteligível ZAZIP GASPETHIT POCH YUSEOWCH MINE ILCHI ACOT Peça aos membrosdo outro grupo que resolvamos seguintes anagra mas TEQUAJA TELOCE ASTEREW TAMNO ZELBAR TCOA As respostas corretas para o primeiro grupo são pizza spaghetti chop suey chow mein chili e um sexto itemAs respostas corretas para o segundo grupo são jaqueta colete suieater manto blazer e urrisexto item O sexto item em cada grupo pode ser taco ou cota Seus voluntários demonstraram uma tendência de optar por uma ou outra resposta dependendo da lista precedente que lhes serviu de indurora Os exemplos anteriores ilustram situações em que um item pode dar origem a outro que possui alguma relação em termos de significado Podemosdiferenciarde fato dois tipos de in dução indução semântica e indução por repetição Posner et ai 1988 Na indução semân tica somos induzidos por um contexto significativo ou pot uma informação significativa Normalmente tal informação é uma palavra ou uma indicação que possui relação significa tiva com o alvo que é usadoExemplos são frutas ou objetos verdes que podem induzir a lima Na indução por repetição uma exposição prévia a uma palavra ou a outro estímulo conduz a uma recuperação subsequente desta informação Por exemplo ouvir a palavra lima induz a uma estimulação subsequente da palavra Uma Ambos os tipos de indução geraram um grande número de pesquisas porém a indução semântica muitas vezes possui interesse par ticular para os psicólogos cognitivos Por exemplo existem provas de indução obtidas em pesquisas realizadas com participan tes que conheceram dois parágrafos curtos McKoon Ratcliff 1980 Após leremos parágra fos os participantes iniciaram um teste de memória de reconhecimento Os participantes disseram em seguida se tinham visto uma determinada palavra em uma das histórias e suas respostas foram cronometradas Algumas dás palavras que conheceram de uma das histórias eles haviam acabado de ler Outras palavras não pertenciam a qualquer das histórias O as pecto crítico do experimento era se uma dada palavra do teste era procedida por uma palavra da mesma história ou por uma palavra dè outra história O primeiro tipo de tentativa é uma tentativa induzida O segundo tipo é uma tentativa de controle não induzida Suponha que a indução realmente ocorra Então os participantes deveriam responder mais rapidamente a um item de teste caso tenha sido precedido pouco antes por um item de teste da outra história Os pesquisadores verificaram essaprevisão em uma série de experiências De acordo com a teoria de difusão da ativação a quantidade de ativação entre um indu tor e um determinado nó almejado é função de duas variáveis A primeira é o número de elos unindo o indutor e o alvo A segunda é a força relativa de cada conexão Esta visão afirmaque o aumento do número de elos intervenientes tende a diminuir a possibilidade do efeitode indução Porém aumentar a forçade cada elo entre o indutor e seu alvo tende a au mentar a probabilidade de ocorrer o efeito da indução Este modelo obteve boa comprova ção por exemplo McNamara 1992 Além disso a ocorrência de indução por meio de ativação difusa é considerada pela maioria dos psicólogos como prova de um modelo de re presentação do conhecimento de rede nos processos de memória Em particular as noções dos efeitos de indução por meio da ativação difusa no âmbito de um modelo de rede condu ziram ao aparecimento de um modelo mais novo denominado modelo conexionista da re presentação do conhecimento Capítulo 8 Representação e Organização doConhecimento naMemória Conceitos Categorias 293 Processamento em Paralelo O Modelo Conexionista As teorias do processamento de informação baseadas em computação supõem que os seres humanos assim como os computadores processam as informações serialmente isto é estas sãoprocessadas emetapassucessivas Algunsaspectos da cognição humana realmente podem ser explicados em termosde processamento serial porémdescobertas psicobiológicas e outras pesquisas cognitivas parecem indicar outros aspectos da cognição humana Estes aspectos envolvem o processamento em paralelo no qual diversas operações ocorrem simultanea mente Vimos como o processamento de informações por um computadorserviucomo metá fora paramuitos modelos cognitivos De modo similar nosso entendimentocadavez maiorde como o cérebrohumano processa a informaçãotambém serve como uma metáfora para mui tos dos modelos atuais de representação do conhecimento em seres humanos O cérebro humano parece lidar com muitas operações e processar informações de muitas fontes si multaneamente em paralelo Portanto muitos modelos atuaisde representação do conheci mento enfatizam a importância do processamento paralelo na cognição humana Como resultadoadicionaldo interesse no processamento em paralelo foram produzidos algunscom putadores para simular o processamento em paralelo comopor intermédio dasdenominadas redesneuraisde processadores informatizados interligados Atualmente muitos psicólogos cognitivos estão investigando os limites dos modelos de processamento em paralelo De acordo com os modelos de processamento de conexões do processamento em paralelo e distribuído PPD ou modelos conexionistas lidamos simul taneamente com um grande número de operações cognitivaspor meio de uma rededistribu ída por um número incalculável de localizações no cérebro McClelland Rogers 2003 McClelland Rumelhart Grupo de Pesquisas PPD 1986 McLeod Plunkett Rolls 1998 Plaut 2000 Rumelhart McClelland Grupo de Pesquisas PPD 1986 Seidenberg McClelland 1989 Um computador podeiniciara resposta a umdadoemnanossegundos milionésimos de segundos porém um neurônio individual pode levar até três milisse gundos para reagir em resposta a um estímulo Consequentemente o processamento serial no cérebro humano seria excessivamente lento para lidar com a quantidade de informações que processa Por exem plo a maioria de nós pode reconhecer um estímulo visual complexo no intervalode 300 milissegundos Caso processássemos o estímulose rialmente somente algumas centenas de neurônios reriam tido tempo de responder Preferivelmente de acordo com os modelos PPD a distri buição dos processos em paralelo explica melhora rapidez e a precisão do processamento das informações humanas A rede é a estrutura mental no interior da qual se acredita que ocorrao processamento em paralelo Nas redes conexionistas todasas formas de conhecimento são representadasno âmbito da estrutura da rede Recordese de que o nó é o elemento fundamental da rede Cada nó está conectado a divetsos outros nós Estas configurações interco nectadas de nóspermitem que a pessoa organize de modo significativo o conhecimento contido nas conexões entre os vários nós Em muitos modelos em rede cada nó representa um conceito A rede de modelo PPD é diferente emaspectos importantes da rede se mântica descrita anteriormente No modelo PPD a redeenglobaunidades semelhantes a neurônios McClelland Rumelhart 1981 1985 Rume lhart McClelland 1982 Elasnão representamrealmente por simesmas conceitos proposições ou quaisquer outros tipos de informações Portanto a configuração das conexões representa o conhecimento James L McClelland ê professor dePsicologia na Universidade de Stanford e diretor do Centro de Estu dos da Mente do Cérebro e da Computação Mc Cleiland é mais conhecido porseu trabalho seminal realizadocom David Rumelhart que resultou na introdução de modelos PPD conexionistas no pensamento psicológico corrente e pela revelação dequetais modelos podem serformulados implemen tados e testados emalguns diferentes domínios dofun cionamento cognitivo Foto Cortesiade James L McClelland 294 Psicologia Cognitiva e não as unidadesespecíficas A mesma idéiacontrola nosso usoda linguagem Letras ou sons individuais de uma palavra são relativamente não informativas poréma configuração das letras ou sons é grandemente informativa De modo similar nenhuma unidade isolada mente é muito informativa porém a configuração das interconexões entre as unidades é muitoinformativa A Figura 86 ilustra comoapenasseis unidades pontos podem serusadas para gerar um número muito maiordo que seis configurações de conexõesentre os pontos O modelo PPDdemonstra outra maneira pela qual um modelo com base no cérebro di fere de umbaseado emcomputador Processos cognitivos diferentes são processados porconfi gurações de ativação distintas ao invés de serem o resultado de um conjunto de instruções diferentes originadas na unidade central de processamento de umcomputador No cérebro a qualquertempo um determinado neurônio pode ser inativoexcitável ou inibitório Neurônios inativos não sãoestimulados além de seu limiar de excitação Não liberam neurotransmissores na sinapse o espaço interneural Neurônios excitáveis liberam neurotransmissores queestimulam osneurônios recepto res na sinapse Eles aumentam a possibilidade de os neurônios receptoresvirem a atin gir seu limiar de excitação FIGURA 86 Configuração A Configuração B Configuração C Configuração D E F BAD A B A B D C Configuração E Configuração F Configuração G Configuração H ConfiguraçãoI C D A B E F CAB U C u E F ACE Cada unidade individual ponto érelativamente não informativa porém quando asunidades são conectadas em vá rias configurações cada uma delas pode ser grandemente informativa Usando apenas combinações de trás letras po demos gerar muitas configurações distintas como DAB FED e outras mostradas na parte inferior desta figura Capítulo 8 Representação e Organização doConhecimento na Memória Conceitos Categorias 295 Neurônios inibitórios liberam neurotransmissores que podem inibir os neurônios recep tores Elesdiminuem a possibilidadede os neurônios receptores virem a atingir seu li miar de excitação Adicionalmente embora o potencial de ação de um neurônio seja total ou nulo a quan tidade liberadade neurotransmissores e neuromoduladores pode variar Neuromoduladores são substânciasquímicas que podem aumentar ou inibir a ativação neural A freqüência da ativação também pode variar Esta variação afeta o grau de excitação ou inibição de outros neurônios na sinapse No modelo PPD de modo similar as unidades individuais podem ser inativas ou podem enviar sinaisde excitaçãoou inibitórios a outras unidades Isso não significa dizerque o mo delo indica na realidade percursosneurais específicos para a representação do conhecimento Ainda nos encontramos distantes de possuir mais do que um vislumbre pálido do conheci mento de como mapear informações neurais específicas O modelo PPDusa os processos fi siológicos do cérebro como uma metáfora para compreender a cognição De acordo com o modelo PPD as conexõesentre unidadespodem possuir váriosgraus de excitaçãoou inibição potencial Estasdiferenças podem ocorrer mesmoquando as conexõesforem inativas presen temente Quanto mais freqüentemente uma conexão específica for ativada maior a forçada conexão sendo esta de excitação ou inibitória De acordo com o modelo PPD sempre que usamos conhecimento alteramos a represen tação que possuímosdele Portanto a representação do conhecimento não é realmente um produto final sendo preferencialmente um processo ou mesmo um processo potencial Aquilo que está armazenado não é uma configuração específica de conexões E uma confi guraçãoda força potencial de excitaçãoou inibição O cérebrousaesta configuração para re criar outras configurações quando estimulado a fazêlo Quando recebemos uma informação nova a ativação dessa informação fortalece ou en fraquece as conexões entre unidades A nova informação pode se originar de estímulos am bientais da memória ou de processos cognitivos A capacidade para criar uma informação nova por meio de inferênciase fazendo generalizações permite uma quase infinita versatili dade em termos de representação e manipulação do conhecimento A versatilidade é o que torna os seres humanos ao contrário dos computadores ca pazes de lidarcom informaçõesincompletase distorcidas Informaçõesdistorcidas ou incom pletas são consideradas degradadas De acordo com o modelo PPD as mentes humanas são flexíveis Elas não exigem que todos os aspectos de uma configuração combinemse precisa mente para ativar uma configuração Considere portanto o que acontece quando aspectos diferenciadores suficientes porém nem todos de uma configuração específicaforam ativados por outros atributos na descrição As informações degradadas não nos impedem de recriar a configuração correta Esta flexibilidadecognitiva também aumenta consideravelmente nossa capacidade para aprender novas informações Os psicólogos cognitivos ao usarem o modelo PPD tentam explicar várias características gerais da cognição humana Estas características incluem nossa capacidade para responder de modo flexível dinâmico rápidoe com relativa precisão mesmoquando recebemos somente informaçõesparciaisóu degradadas Além disso os psicólogos cognitivostentam usar o mo delo para explicar processos cognitivos específicos Exemplos de tais processos são a percep çãoo raciocínio a compreensão da linguagem a indução e o efeito Stroop bemcomooutros processos mnésicos Elman et ai 1996 Hinton 1991 Hinton Shallice 1991 Kaplan etai 2007 0Reilly 1996 Piaut etai 1996 Plaut Shallice 1994 Smolensky 1999 Um exemplodas iniciativas de aplicação do modelo PPD a processos cognitivos especí ficos podeservisto por meio do estudoda dislexia ou incapacidade para ler Foi desenvolvido 296 Psicologia Cognitiva um modelo PPD específico para a descrição do modo como lemos envolvendo percursos para represenrações fonológicas e semânricas Plaut et ai 1996 Simulações em computador ado tando este modelo foram capazes de imitar a leitura normal Quando um desses percursos for danificado essassimulações são capazesde imitar as manifestações comportamentais da dts lexia Welbourne Ralph 2007 Essassimulações ajudam os pesquisadores a compreender que processos não estão operando bem nas pessoas com incapacidade para leitura Embora os modelos conexionistas da representação do conhecimento expliquem muitos fenômenos da representação e do processamento do conhecimento esses modelos não estão isentos de falhas Eles explicam muitos processos cognitivos Incluem por exemplo aqueles que envolvem percepção e memória Podem ser aprendidos gradualmente por meio de nossa armazenagem de conhecimento valendose do reforço das configurações de conexões no in terior da rede No entanto muitos aspectos do modelo não estão bem definidos Por exem plo o modelo é menos eficaz para explicar como as pessoaspodem se lembrar de determinado evento Schacter 1989a Por exemplo de que modo elaboramos repentinamente uma con figuração interconectada totalmente nova para representar aquilo que conhecemos sobre um evento importante como o dia da formatura Os modelosconexionistas de modo similar não explicam satisfatoriamente como muitas vezes podemos desaprender rapidamente configurações de conexões estabelecidas quando to mamos conhecimento de informações contraditórias Ratcliff 1990Treadway et ai 1992 Suponha por exemploque você seja informado de que os critérios para classificação de par tes de plantas como os frutos são sementes polpa e casca Você também é informado que não tem importância se forem mais adocicadosdo que outras partes da planta Suponha agora que lhe seja atribuída a tarefa de separar várias fotografias de partes de plantas que são ou não frutos Você agrupará tomates e abóboras com maçãs e outras fruras mesmo se não as tivesse considerado anteriormente como frutas Essas deficiências dos sistemas conexionistas podem ser evitadas Pode ser que existam dois sistemas de aprendizagem no cérebro McClelland McNaughton 0Reilly 1995 Um sistema corresponde ao modelo conexionista ao resistir à mudança e ser relativamente per manente O sistema complementar processa a aquisição rápida de novas informações Man tém a informação por um tempo reduzido e integra em seguida a nova informação às informações que existem no sistema conexionista Provas obtidas pela Neuropsicologia e por modelagem de redes conexionistas parecem corroborar essa explicação McClelland Mc Naughton 0Reilly 1995 Porranto o sistema conexionista é poupado Porém ainda pre cisamos de uma explicação satisfatória para o outro sistema de aprendizagem Os modelos precedentes de representação do conhecimento e do processamento de in formações se valeram nitidamente dos avanços tecnológicos da ciência da computação da obtenção de imagens do cérebro e do estudo psicobiológicodo cérebro humano em ação Es tas são técnicas que poucos teriam previsto ser tão promissoras 40 anos atrás Portanto se ria insensato prever que linhas específicas de pesquisas nos conduzirão em determinadas direções No entanto certas linhas de pesquisa são efetivamente promissoras Por exemplo usando computadorespotentes os pesquisadores estão tentando criar modelos de processa mento paralelo via redes neurais Técnicas cada vez mais sofisticadaspara o estudo do cére bro oferecem possibilidades interessantes de pesquisa Estudos de casos estudos naturalistas e experimentos tradicionais em laboratório no campo da Psicologia Cognitiva também ofe recem inúmeras oportunidades para outras análises Alguns pesquisadores estão tentando explorar processos cognitivos muito específicos como o processamento auditivo de sons da fala Outros estão tentando investigar os processos fundamentais subjacentes a todos os as pectos da cognição Que tipo de pesquisa é mais valioso Capítulo 8 Representação e Organização doConhecimento na Memória Conceitos Categorias 297 Comparação entre Representações Conexionistas e de Rede Como os modelos conexionistas comparamse aos modelos de rede A Figura 87 mostra o conceito de um sabiá norteamericano representado por um modelo de rede e por um mo delo conexionista Na representação em rede uma pessoa acumula unia base de conhecimentos a respeito de um sabiá ao longo do tempo à medida que um volume cada vez maiorde informações é adquirido a respeito de sabiás Observe queas informações sobre sabiás fazem partede uma representação de rede geral que vai além de apenas sabiás A compreensãoque uma pessoa tem dos sabiásdepende parcialmente do relacionamento do sabiá com outras aves e mesmo com outros gêneros de seres vivos Realmente talvez a característica mais fundamental do sabiá é o fato de ser um organismo vivo Portanto esta informação é representada no alto para mostrar que pode ser uma característica extremamente geral de um sabiá Seres vivos existem e podemcrescer portanto esta informação tambémseencontra representada em um nível muito geral A medida que nos deslocamos para baixo na rede a informação tornase cadavez mais específica Por exemplo aprendemos queumsabiá é umpássaro decorparcial mente vermelha A redeconexionista em contraste representaconfigurações de ativação Tambémneste caso a rede indica conhecimento que se expande além de apenas aves O conhecimento en contrase nas conexões preferivelmente aos nós O conhecimento a respeito de um sabiá é acumulado por meio da ativação de certasconexões Umaconexão forte é aquela ativada mui tas vezes ao passo que uma fraca é ativada somente em ocasiões raras O Quanto a Cognição é Geral ou Específica Os psicólogos cognitivos deveriam tentar descobrir um conjunto de processos mentais que sejacomum a todos os campos da representação e processamento do conhecimento Ou de veriam estudar processos mentais específicos de um determinado campo Nas pesquisas ini ciaissobre IA os pesquisadores acreditaramque o idealseria criar programas que fossem o FIGURA 87 piama é o mesmo que possui casca è verde nesmb que que rosa lordq pinheiro carvalho margaridaí organismo vivo crescer está vivendo é o mesmo que flor ave peixe pinheiro carvalho pode se rosa locomover üa possui canáno raie peixelua salmão ê o mesmo que ialto b e é pode e é e vermelha amarela vermelho voar amarelo amarelo vermelho Representações em rede e conexionista de conceitos relacionados a aves DeJ L McClelland Modelo Conexionista de Memória em E Tulving F I M Craick org The Oxford Handbook of Memory p 583596 2000 Oxford University Press Reproduzido mediante autorização 298 Psicologia Cognitiva NO LABORATÓRIO DE JAMES L MCCLELLAND Em meu laboratório tentamos compreender as implicações da idéia de que os processoscogniti voshumanos surgemde interações dos neurônios no cérebro Desenvolvemos modelos computa cionais que executam diretamente alguma tarefa cognitiva humana usando unidades de proces samento simplese parecidas com neurônios Alguns psicólogos e neurocientistas cogni tivos supuseram ser um equívoco preocuparse a respeito da natureza do instrumento opera cional subjacente De acordo com o método que adotam os processos cognitivos humanos devem ser enten didos em um nível de análise mais abstrato Eu e meus colaboradores acreditamos entretanto que as propriedades do instrumento operacional subjacente possuem implicações importantes para a natureza e a organização dos processos cognitivos no cérebro Um caso importante é o processo de atri buir o passado simples past tense a uma pala vra em inglês Considere a formação do passado simples de like take e gleat Gleat não é uma palavra da língua inglesa porém poderia ser Por exemplo poderíamos criar a palavra gleat para referirse ao ato de saudar de determinada maneira Seja como for a maioria das pessoas concorda que o passado simples de like é liked e de take é took e o de gleat é gleated Antes do advenro dos modelos de redes neurais todos na área de atuação supuseramque para formar o passadosimplesde um verbo novo como gleat seria necessário empregar uma regra por exemplo para formar o passado simples de uma palavra em inglês adicionase ed Os psicólogos especializados em desenvol vimento também observaram que crianças mais jovens cometem ocasionalmente erros como takedao invésde tooke interpretamestefato como indicação de que elas estavam aplicando em excesso a regrado passadosimples Também supuseram que para gerar o passado simplescor retamente de uma exceção como take por exem plo para gerar took uma criança necessitaria memorizar este item específico Para palavras fa miliares porém regulares como like poderia ser usada a regra ou o mecanismo de busca Dave Rumelhart e eu 1986 analisamos este tema e observamos que os modelos de redes neurais possuem uma tendência a ser sensí veis a casos regularesgerais e a exceções es pecíficas Pensamos que com base nessa idéia poderia ser usado um único mecanismo no cérebro para produzir o passado simples de itens regularese excepcionaisCriamos para explorar esta possibilidade um modelo de rede neural simples conforme ilustrado pela figura a seguir O modelo considera como ponto de partida um padrão de atividade representando a forma do presente do indi cativo de uma palavra gerando outro padrão de atividade representando a forma do passado simples da palavra A rede opera propagando a ativação das unidades de ori gem para as unidades geradas O que deter mina se uma unidade seráativa é o padrão de ativação da conexão de entrada para cada unidade Estas conexões de entrada são mo duladas por pesos como sinapses entre neu rônios que modulam o efeito de um item inicial sobre um resultado Se o efeito geral do item inicial for positivo a unidade apa rece se for negativo desaparece Rumelhart e eu fizemos tentativas nessa rede com pares de itens representando os temposverbais presentee passadode palavras conhecidas Após tentarmos essa abordagem com as 10 palavras mais freqüentes a maio ria das quais constitui exceções a rede soube como gerar o passado simplesdessas palavras porém não soube como lidar com outras pa lavras Quando fizemos tentativas com as 10 palavras mais freqüentes e mais 400 ou tras palavras a maioria das quais era regular descobrimos que no início das tentativas a rede tendia a considerar de modo exagerado a maior parte das exceções por exemplo dissetaked ao invésde tookmesmopara aquelas palavras que havia gerado anterior mente de forma correta Exerciramos durante um longo tempo e no final das tentativas a rede recuperou sua capacidade para gerar exceções corretamente enquanto ainda ge rava o passado simples de verbos regulares como like e para muitos itens novos como gleat Portanto em uma primeira aproxima ção o modelo justificava o padrão de desen volvimento pelo qual as crianças lidam inicialmente com exceçõese aprendem em Capítulo 8 Representação e Organizaçãodo Conhecimento na MemóriaConceitos Categorias 299 NO LABORATÓRIO DE JAMES L MCCLELLAND continuação Rede de codificação fixa Conexões alteráveis da associação de configurações Rede de decodificação vinculação Representação fonológica da forma da raiz Representação de Wickel da forma da raiz Representação de Wickel do passado simples Representação fonológica do passado simples O modelo derede neural usado por Rumelhart e McClelland para modelar aformação dopassado simples dos verbos em inglês A rede decodificação fixa e a rede dedecodificação fixa foram usadas para codificar e decodifi caras configurações daativação correspondentes aos tempos presente e passado das palavras As conexões nas associações deconfigurações foram tentadas apresentando o tempo verbal presente deuma palavra com aforma codificada deseutempo passado e ajustando em seguida as conexões detal modo que a rede tenderia a produzir demodo independente o tempo passado correto usando o tempo presente De D E Rumelhart J L Mc Clelland 1986 Aprendizado do tempo passado dos verbos em inglês L McCíeiland etai org Paralleldis tribution processing Explorationsin the microstructure of cognition v 2 Psychological and biological models p 222 Reproduzido mediante autorização da MIT Press seguida como lidar com palavras regulares palavras novas e considerar de modo exagerado as exceções como regulares e quando tiverem mais idade lidar corretamente com palavras regulares palavras novas e exceções Nosso modelo ilustra em seguida que em uma rede neural não é necessário existir me canismos distintos para lidar com regras e exceções Além disso isso ilustra o aspecto geral de que a natureza da máquina de processamento subjacente pode ter implicações para caracteri zações dos processos cognitivos No entanto devodeixar claroque nossotrabalho inicial de maneira alguma esclareceu definitivamente o tema Diversos críticos apressaramse em defen der a abordagem de dois processos criticando diversas características de nossos modelos Lachter Bever 1988 Pinker Prince 1988 Outros reagiram a essas críticas propondo mo delos de redes neurais MacWhinney Lein bach 1991 Plunkett Marchman 1991 O debare sobre esses temas ainda continua McClelland Patterson 2002 Pinker Ull man 2002 Portanto nosso trabalho de modelagem não esclareceu definitivamente esse tema Simplesmente apresentou uma alternativa a conceitualizações anteriores e sugeriu que não podemos desprezar a natu reza dos mecanismos de processamento sub jacentes cuja atividade origina a cognição Referências Lachter J Bever T G 1988 The relaúon between linguistic structure and assoáative theories of language leamingconscructive critique of some connectionist learning mo dels Cognition 28 p 195247 MacWhinney B Leinbach J Implementa tions are not conceptualizaúons Revising continua 300 Psicologia Cognitiva NO LABORATÓRIO DE JAMES L MCCLELLAND continuação the verb leaming model Cognition 39 p 121157 1991 McClelland J L Patterson K Rules orconnec tions in pasttense infkctions What does the evidence tuleout Trends ín Cognitife Scien ces 6 p 465472 2002 PinkerS Prince A On language and connec tionism Analysis of a parallel distributed processing model of language acquisition Cognition 28 p 73193 1998 Pinker S Ullman M T The past and fu ture of the past tense Trends in Cogni tiveSciences 6 p 456463 2002 Plunkett K Marchman V Ushaped leam ing and frequency effects in a multilayered perception ImpUcations for child language acquisition Cognition 38 p 43102 1991 Rumelhart D E McClelland org Parallel distributed processing v 2 Psychological and biological models Cambridge MIT Press 1986 mais próximo possível do tipo domíniogeral Embora nenhum dosprogramas realmente ope rasse em todos os campos eram um bom início De modo similar no campo mais amplo da Psicologia Cognitiva a tendência na década de 1960 até meados dos anos 1970 era empe nharse por uma compreensão de domínio geral dos processos cognitivos Miller Galanter Pribram 1960 Simon 1976 Durante o fim dosanos 1970 e na décadade 1980 houve um deslocamento em direção ao campoespecífico Isto foi graças em parte às demonstrações marcantesa respeito do pa pel do conhecimento específicopara o jogo de xadrez Chase Simon 1973 De Groot 1965 veja o Capítulo 11 Um livro básico The Modularity of Mind apresentou um argumento para a extrema especificidade do domínio Fodor 1983 De acordo com esta visão a mente é modular dividida em módulos descontínuos que operam mais ou menos independente mente entre si De acordo com Fodor cada módulo funcionando de modo independente pode processar somente um tipo de dado como linguagem por exemplo palavras percep tos visuais por exemplo faces e assim por diante Provas adicionais da especificidade do domínio de reconhecimento de faces podem ser observadasnos estudos que empregam métodos de ressonância magnética funcional RMf Foiobservado em um estudo que quando os participantes viam faces e casas áreas distin tas do cérebro estavam ativadas Portanto pareceque existem processos cerebrais e cogniti vos especializados para o processamento de faces Yovel Kanwisher 2004 Fodor 1983 definiu a modularidade dos processos em nível inferior como os processos perceptivos básicos envolvidos no acesso léxico veja o Capítulo 3 No entanto a aplicação da modularidade tem sido estendida igualmente a processos intelectuais mais elevados Gardner 1983 O livro também enfatizou a modularidade de funções cognitivas específicas como distintados significados das palavras derivadas do contexto Essas funções foram ob servadas principalmente em experimentos cognitivos No entanto temas de modularidade também têmsido importantes naspesquisas psicobiológicas Por exemplo existem condições patológicas distintas associadas a deficits cognitivos descontínuos Recentemente ocorreramalgumas tentativas para integraras perspectivas de campo gerale específico em nosso pensamentosobre representação e processamento Nos capí tulos que seguem você refletirá sobre a possibilidade dos processos e formas de represen tação do conhecimento sendo descritos e podendo ser vistos como de campo geral ou específico Capítulo 8 Representação e Organização do Conhecimento na Memória Conceitos Categorias 301 Temas Fundamentais Este capítulo revela diversos temas básicos descritos no Capítulo 1 Um tema é o de racionalismo versus empirismo Como atribuímos significado aos con ceitos A visão baseada em característicasé em grande parte racionalista Conceitos pos suem conjuntos decaracterísticas que são na maior parte dos casos apriori e idênticos para todas as pessoas A noção subjacente é dequeuma pessoa poderia compreender umconceito valendose de uma definição detalhada contidaem umdicionário em grande parte sem re ferência à experiência geral O exemplar protótipo e asvisões baseadas emteorias são susten tados em maior grau nos dados empíricos Eles atribuem um papel predominante à experiência Por exemplo as teorias podem se alterar com aexperiência A teoria de um con ceitocomo cão queuma criança de3 anos possui pode sermuito diferente daquela de uma criança de 10 anos Um segundo tema éodavalidade dainferência causai versus a validade ecológica Aspri meiras pesquisas sobre conceitos como as de Bruner Goodnow e Austin usaram conceitos abstratos como formas geométricas quepoderiam serdecores formas e tamanhos diferentes Entretanto Eleanor Rosch em seu trabalho questionouessaabordagem Rosch argumentou que os conceitos naturais possuem poucas das características dos artificiais Portanto oestudo dos conceitos artificiais pode proporcionar informações que se aplicaram a esses conceitos porém não necessariamente àqueles domundo real Ospesquisadores modernos tendem a es tudar os conceitosdo mundo real maisdo que os conceitos artificiais Um terceiro tema é o da pesquisa básica versus aplicada Por exemplo os profissionais da área de pesquisa de mercado estão muito interessados na conceitualização que as pessoas fa zem dos produtos comerciais Eles adotam técnicas empíricas e estatísticas para entender como os produtos são concebidos Como resultado freqüentemente a propaganda atua para reposicionar os produtos na mente dos consumidores Por exemplo um carro que é conside rado na categoria de carro econômico pode ser transferido por meio da propaganda para uma categoriaque seja maisde carro de luxo Pergunte a um amigo seele gostaria deganhar 20 dólares Os 20dólares podem ser ga nhos seo seu amigo puder indicar os meses doanoem30 segundos emordem alfabética Tente Nos anos em que oferecemos esse valor aos alunos de nossos cursos nenhum deles conseguiu o feito portanto seus 20 dólares não correm risco Esta demonstração mostra como algo tão comum e usado freqüentemente como osmeses doano encontrase agrupado em determinada ordem É muito difícil reagrupar os meses doano em uma ordem diferente daquela comumente usada ou mais conhecida Leituras Sugeridas Comentadas Capitani E Laiacona M Mahon B Ca McLeod R Plunkett K Rolls E T In ramazza A What are the facts ofsemanúc troduction to connectionist modeling of categoryspecific deficits A criticai review of cognitive processes Nova York Oxford the clinicai evidence Cognitive Neurop University Press 1998 Não existe uma sychology 20 p 213261 2003 Uma introdução simples à teoria conexio análise decasos de deficits no uso de ca nista porém estaexposição é aquela dis tegorias semânticas específicas Este ar ponível quemais seaproxima emclareza tigo oferece uma visão de conjunto sobreo usoda modelagem conexionista abrangente dessa deficiência para caracterizar uma ampla gama de processos cognitivos Linguagem Natureza e Aquisição CAPITULO 9 EXPLORANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA 1 Que propriedades caracterizam a linguagem 2 Quais são alguns dos processos envolvidos na língua 3 Como adquirimos a capacidade para usar a linguagem Permaneci imóvel toda minhaatenção concentrada no movimento demeus dedos Senti repentinamente uma consciência vaga como sefosse dealgo esquecido um frêmito de um pensamento que retorna e dealguma maneira foime revelado o mis tério da linguagem Soube então que água significava algo frio e maravilhoso que estava fluindo sobre minha mão A palavra viva despertou minha alma deulhe luz alegria tornoua livre Tudo tinha um nome e cada nome dava origem a umnovopensamento Quando voltamos para casa todo objeto que eu tocava parecia palpitar com vida Aprendi naquele dia um grande número de palavras novas palavras que fariam o mundo desabrochar para mim Helen Keller StorofMy Life elen Keller tornouse cega e surda com 1 ano e 7 meses de idade após uma doença grave na infância Ela foi desperta inicialmente para um mundo consciente pleno de pensamento e inteligível por intermédio de sua professora Anne Sullivan A cria dora de milagres segurouuma das mãosde Helen debaixo de uma torneira da qual fluía um jato de água na mão de Helen Enquanto isso ela soletrava por meiode um alfabetomanual na outra mão de Helen a palavra águapara despertar a mente Linguagem é o uso de um meio organizado de combinaçãode palavras a fim de criar co municação Ela torna possível nos comunicarmos com as pessoas ao nosso redor Também torna possível pensar a respeito de coisas e processos que presentemente não conseguimos ver ouvir sentir ou cheirarEssas coisas indicam idéias que podemnão possuir qualquerforma tangível Conforme Helen Keller demonstrou as palavras que usamos podem serescritas fa ladas ou de outro modosinalizadas por exemplo por meio da LínguaAmericana de Sinais ASL na sigla em inglês Mesmo assim nem toda comunicação troca de pensamentos e sensações ocorre por meio da língua Comunicação englobaoutros aspectos Gestos ou ex pressões faciais representam um de taismeios nãoverbais quepodem serusados porexemplo para adornar ou para indicar Um segundo aspecto inclui olhares Olhares podem ter muitas finalidades Por exemplo algumas vezes são mortíferosoutras vezes sedutores Um terceiro 303 304 Psicologia Cognitiva aspecto inclui o controle físico como aperto de mãos acenos e abraços Estas são apenas al gumas das maneiras pelas quais podemos nos comunicar Psicolinguística é a psicologia da nossa linguagem vista a partir da interação com a mente humana Ela leva em consideração a produção e o entendimento da linguagem Gernsbacher Kaschak 2003a 2003b Indefrey Levelt 2000 Wheeldon Meyer Smith 2003 Quatro áreas de estudo contribuíram substancialmente para um entendimento da psicolinguística Uma é a lingüística o estudo da estrutura e da variação da linguagem Uma segunda área de estudo é a neurolinguística o estudo do relacionamento entre o cé rebro a cognição e a linguagem Uma terceira é a sociolinguística o estudo do relaciona mento entre o comportamento social e a linguagem Carroll 1986 E a quarta área é a lingüística computacional e a psicolinguística que englobam o estudo da linguagempor in termédio de métodos computadorizados Coleman 2003 Gasser 2003 Lewis 2003O ca pítulo descreve inicialmente de modo sucinto algumas propriedades gerais da linguagem As próximas seções discutem os processos da língua Estes processos incluem a maneira como compreendemos o significado de determinadas palavras e como estruturamos as pa lavras em sentenças com significado Em seguida a seção final elabora de modo mais abran gente a abordagem lingüística da língua Conforme você esperaria esta discussão coloca em tela o debate natureza criação que surge com tanta freqüência em relação aos temas psi cológicos concentrandose entretanto no modo como as capacidades adquiridas intera gem com a experiência O Capítulo 10descreveo contexto mais amplo no âmbito do qual usamos a língua Este contexto inclui os contextos psicológico e social da linguagem Propriedades da Linguagem Descrição Geral Que propriedades caracterizam a linguagem A resposta a esta pergunta depende a quem você pergunta Os lingüistas podem propor respostas um tanto diferentes do que proporiam os psicólogos cognitivos Parece existir no entanto consenso a respeitodas seispropriedadesque distinguem a linguagem Brown 1965 Clark Clark 1977 Glucksberg Danks 1975 A lin guagem é especificamente 1 Comunicativa A linguagem permite que nos comuniquemos com uma ou mais pessoas que a compartilham 2 Arbitrariamente simbólica A linguagem cria uma relação arbitrária entre um símbolo e seu referente uma idéia um objeto um processoou uma descrição 3 Estruturada regularmente A linguagem possui uma estrutura somente arranjos de símbolos configurados especificamente possuem significado e arranjos diferentes resultam em significados distintos 4 Estruturada em níveis múltiplos A estrutura da linguagem pode ser analisada em mais de um nível por exemplo em sons em unidades de significado em pala vras em frases 5 Gerativa e produtiva A linguagem dentro dos limites da estrutura lingüística pode gerar novas formas de expressão As possibilidades para a criação destas novas for mas é virtualmente ilimitada 6 Dinâmica As línguas evoluem constantemente Símbolos que separecem dealgum modo comseusreferentes são denominados ícones Estes elementos psicográficos sãoícones que foram usados nos hieróglifos do Egito antigo Emcontraste grande parte da linguagem envolve a manipulação de símbolos que possuem somente uma relação arbitrária com seus referentes Foto Cortesia deHemera Technologiesl PhotoscomJupiterimages Capítulo 9 Linguagem Natureza e Aquisição 305 JpKL 07 y ráí VSl V A propriedade comunicativa da linguagem aparece em primeiro lugar na lista Ape sar de ser a sua característica mais óbvia também é a mais notável Como exemplo posso escrever o que estou pensando e sentindo para que você possa ler e compreender meus pensamentos e sentimentos Isto não significa afirmar que não existam falhas ocasionais na propriedade comunicativa da linguagem Inúmerospsicólogos cognitivose outras pes soas dedicam suas vidas ao estudo de como falhamos em nossa comunicação por intermé dio da linguagem No entanto apesar das frustrações originadas pela má comunicação causa impressão o fato de uma pessoa ser capaz de usar a linguagem para comunicarse com outra A segunda propriedade da linguagem é a que podesurpreender mais Nos comunicamos pormeio denosso sistema compartilhado de referência simbólica arbitrária paraobjetos idéias processos relações edescrições Steedman 2003 Anatureza arbitrária dosistema alude àfalta de qualquer razão para a escolha de determinado símbolo Realmente todas as palavras são símbolos Um símbolo neste contexto é algo que representa indicaòu propõe alguma outra coisa Referese aponta para ou alude a um processo uma coisa ou uma descrição específicos como professor divertir ou brilhante A combinação dos sons é arbitrária Esta arbitrariedade pode ser vista a partir do fato de que línguas diferentes usam sons muito diferentes para refe rirse à mesma coisa porexemplo baum árbol árvore Uma característica conveniente dos símbolos é que podemos usálos para nos referir a ob jetos idéias relações e descrições que não seencontram atualmentepresentes comopor exem plo o rio Amazonas Podemos até mesmo usar símbolos para nos referir a coisas que nunca 306 Psicologia Cognitiva existiram comodragões ou elfos E podemos usarsímbolos para nos referir a coisas que exis tem de uma forma que não são fisicamente tangíveis tais como o cálculo integral a verdade ou a justiça Semreferência simbólica arbitrária estaríamos limitados a símbolos que de algum modo fossem parecidos com ascoisas que deveriam simbolizar Por exemplo precisaríamos de umsímbolo parecido comuma árvore pararepresentar uma árvore O princípio de convenção e oprincípio do contraste sãodois princípios queseencontramna basedosignificado daspalavras Clark 1993 1995 Diesendruck 2005 O primeiro princípio afirma simplesmente queossig nificados daspalavras sãodeterminados por convenções ou seja as palavras significam aquilo que as convenções as fazem significar De acordocom o segundoprincípio palavras diferentes possuem significados diferentes A finalidade da existência de palavras diferentes é precisa mente fazêlas simbolizar coisasque são pelo menos ligeiramente diferentes A terceira propriedade é a estruturaregular da linguagem Posteriormente nestecapítulo descrevemos de modo mais específico esta estrutura Por enquanto entretanto é suficiente que você já conheça duas coisas A primeira é que determinadas configurações de sons e le tras formam palavras com significado No entanto sons e letras aleatórios usualmente não as formam A segunda é que certas configurações de palavras formam sentençasparágrafos e discurso com significado A maioria dasdemais configurações não faz sentido A quarta propriedade é a multiplicidade da estrutura Todaexpressão verbal com signifi cado podeser analisada em mais de um nível Seções subsequentes descrevem diversos níveis emquepodemos analisar a estrutura da linguagem Estes vários níveis transmitem graus va riados de conteúdo significativo Por exemplo ospsicolinguistas estudam a línguaaoníveldos sons como p e t Eles também examinam o nível das palavras como pata tapa tempo tampa tacho Também analisam o nível das sentenças como O gato colocou a pata na tampa do tacho e em seguida levou algum tempo para afastála e provar o doce no tacho Finalmente analisam coisas ao nível de unidades maiores da língua como este parágrafo ou mesmo este livro A produtividade denominada algumas vezes capacidade gerativa é a quinta proprie dadeda linguagem Produtividade referese aqui à nossa grande capacidade para produzir a língua criativamente No entanto nosso uso da linguagem realmente possui limitações Te mos de nos adaptar a uma determinada estrutura e usar um determinado sistema compar tilhado de símbolos arbitrários Podemos usar a línguapara produzir um número infinito de sentenças individualizadas e de outras combinações de palavras que possuam significado Embora o númerode sons por exemplo s em assobio usados em uma língua possa ser fi nito os vários sons podem ser combinados interminavelmente para formar novas palavras e novassentenças Existem entre elasmuitasexpressões verbais novas Estas são expressões lingüísticas totalmente novas e que nunca haviam sido faladas antes por qualquer pessoa Portanto a linguagemé inerentemente criativa Ninguém de nós possivelmente poderia ter ouvido em ocasiões anteriores todas as sentenças que somos capazes de gerar e que real mente geramos no fluir de nossas vidasdiárias Toda língua parece ter o potencial para ex pressar qualquer idéia que pode ser expressa em qualquer outra línguaNo entanto a facilidade a clareza e a expressão sucinta de uma determinada idéia podem variargrande mentede umalíngua paraoutra Portanto o potencial criativo de línguas diferentes parece ser aproximadamente o mesmo Finalmente o aspecto produtivo da linguagemconduz de maneira bem natural à natu reza dinâmica e evolutiva da linguagem O grupo mais amplo de usuários da língua aceita ou rejeita as modificações A cada ano são agregados ao dicionário palavras criadas recente mente atestandoa aceitaçãoem ampla escaladestas palavras novas De modosimilar pala vrasque não são mais utilizadas sãoeliminadas do dicionário contribuindo ainda mais para a evolução da língua Imaginar que a língua nunca mudaria é quase tão incompreensível quanto imaginar que as pessoas e os ambientes não mudam Por exemplo o inglêsmoderno Capítulo9 Linguagem Natureza e Aquisição 307 que falamos hoje evoluiu a partir da língua falada na Idade Média Esta língua por sua vez evoluiu do inglês arcaico Embora possamos delinear várias propriedades da linguagem é fundamental sempre ter em mente a sua principal finalidade A linguagem nos facilita ter capacidade para elaborar uma representação mental de uma situação que nos permite compreendêla e realizarcomu nicações a respeito dela Budwig 1995 Zwaan Radvansky 1998 Em outras palavras no final a linguagem referese principalmente ao uso e não somente a um conjunto de propriedades ou a outro conjunto Por exemplo fornece a base para a co dificação lingüística na memória Você é capaz de lembrar melhor das coisas porque pode usar a linguagem para ajudálo a lembrálasou a reconhecêlas Para concluir existem muitas diferenças entre as línguas Apesar disso há muitas pro priedades comuns Entre elas existem comunicação referência simbólica arbitrária regulari dade da estrutura multiplicidade da estrutura produtividade e mudança Examinamos em seguida mais detalhadamente como a linguagem é usada Observamos a seguir alguns as pectos universais de como nós humanos adquirimosnossa principal língua Aspectos Fundamentais da Linguagem Existemessencialmente dois aspectos fundamentais da linguagem O primeiro é a compreen são receptiva e a decodificaçãodos elementos da língua O segundo é a codificaçãoexpressiva e a elaboração dos produtos da língua Decodificação referese à obtenção do significado com base em qualquersistemade referência simbólico sendo usado por exemplo enquanto a pes soa escuta ou lê Nos Capítulos 5 e 6 usamos o termo codificação para nos referir à codifica ção semântica e não semântica da informação em uma forma que possaser armazenada na memória de trabalho e na memória de longo prazo Waters Caplan 2003 A codificação quando aplicada à linguagem envolve transformar nossos pensamentos em uma forma que pode ser expressa como produção lingüística por exemplo fala sinalização ou escrita Usa mos neste capítulo os termos codificação e decodificação para descreversomente a codificação e a decodificação semânticas Compreensão verbal e fluência verbalsão termos relacionados Compreensão verbal é a capacidade receptiva para o entendimento de elementos lingüísticos escritos e verbais como palavras sentenças e parágrafos Starr Rayner 2003 Fluência verbal é a capacidade expres siva para a produção lingüística Quando lidamos especificamente coma comunicação ver bal podemos nos referir à compreensão ou à fluência verbal Compreensão verbal e fluência verbal parecem ser capacidades relativamente distintas Thurstone 1938 As pessoas podem ser capazes de compreender bem uma língua porém de não produzila bem e viceversa A dissociação tornase particularmente visível no caso de uma segunda língua Por exemplo muitas pessoasao redor do globo conseguem compreender grande parte da língua inglesasem ser capazesde escrever ou ler adequadamente o idioma A linguagem pode ser desmembrada em muitas unidades menores Isto é muito parecido com a análise de moléculas feita pelos químicos para obtenção dos elementos básicos A me nor unidade do somda falaé o fone que correspondesimplesmente a um som vocal Um de terminado fone pode ou não fazer parte do sistema oral de uma língua específica Jusczyk 2003 Meyer Wheeldon 2003 Munhatl 2003 Roca 2003b Um estalido de sua língua um estalo de sua bochecha ou um som de gorgolejosão todos fones Esses sons no entanto não são usados para formar palavras distintas no inglês norteamericano Um fonema é a menor unidade de som oral que pode ser usada para distinguir uma expressão oral de outra em uma determinada língua Em inglês osfonemassãoformados por sonsde vogais e consoantesPor exemplo distinguimos entre sit sat fat e fit portanto o som s o som f o som e o som são todos fonemas em inglês como também ocorre com o som t Estessons são 308 Psicologia Cognitiva QUADRO 91 Sim a língua jolos Fonéticos do InglêsNorteamericano constituem o conjunto das menores unidades de som que po Os fonemas de um dem ser usadas para distin uir uma expressãc oral com significadode outra em determi nada língua Clark Clark 1977 Consoantes Vogais DrroNGOS P pill e tfiigh i beet Ay fíite pílula coxa beterraba morder B 611 thy bit Ew about conta teu pedaço cerca M mitl á shallow e baít Oy boy moinho raso isca menino T nll até z measure medida bet apostar D dill dil c cfiip apara E bar morcego N nil zero gyp furtar U boot bota K Jcill matar L ip lábio u put colocar G giü guelra R rip fender but mas u sing cantar Y et ainda o boat barco F ill w uet bought preencher úmido comprou V vat cuba uiet estimular A pot vaso S sip sorver h hat chapéu 3 sofá sofá z tip silvo marry casar produzidos alternando seqüências de abertura e fechamento do trato vocal Línguas diferen tes usam números e combinações diferentes de fonemas A língua havaiana possui cerca de 13 fonemas Alguns dialetos africanoschegam a possuir60 O inglêsnorteamericano possui cerca de 40 fonemas conforme apresentado no Quadro 91 O conjunto de exemplos a seguir ressalta a diferença entre sons è fonemas Em inglês a diferença entre os sons p e b constitui uma distinção importante Estes sons atuam como fonemas em inglês porque englobam a diferença entre palavras diferen tes Por exemplo as pessoas que falam inglês distinguem entre they bit the buns frbm the bin eles experimentaram os brioches do pote e they pit the puns from the pin eles colocaram os trocadilhos no alfinete uma sentença bem estruturada porém sem signifi cado Existem ao mesmo tempo alguns fones que os usuários do inglês podem produzir mas que não funcionam para distinguir palavras Portanto não agem como fonemas em in glês Estes muitas vezes são denominados alofones que representam variações sonoras do mesmo fonema Para ilustrar a diferença entre os alofones do fonema p tente colocar sua mão aberta a cerca de 25 centímetros de seus lábios A seguir diga em voz alta Pütthe papêr cup to your lip Ponha o copo de papel em seu lábio Se você for parecido com a maioria das pessoasque falam inglês sentiu um pequeno sopro de ar quando pronunciou o ph em put Capítulo 9 Linguagem Naturezae Aquisição 309 e paper Porém não sentiu sopros de ar quando pronunciou o p em cup ou lipSe você conseguiu de alguma forma impedir o sopro de ar quando disse put ou paper ou acres centar um sopro de ar quando disse cup ou lip você produziu alofones Porém não esta ria fazendo uma distinção significativa dos fonemas na língua inglesa Não existe uma diferença significativa entre phut e put em inglês Em contraste a diferença entre kut e gut é potencialmente significativa No entanto em algumas línguas como o tailandês uma distinção considerada irrelevante em inglês é significativa Nessas línguas a diferença entre p e ph é fonêmica ao invés de ser somente alofônica Fromkin Rodman 1988 Fonêmica é estudo de fonemas específicos de uma língua Fonética é o estudodo modode produção ou de combinação de sons da fala ou de sua representação por símbolos escritos Roca 2003a Lingüistas podem viajar a vilarejos remotos para observar gravar e analisar línguas diferentes O estudo do patrimônio fonético de diversas línguas é uma das maneiras pelas quais os lingüistas obtêm conhecimento sobre a natureza da língua Ladefoged Maddieson 1996 A extinção da língua ou morte da língua constitui um obstáculo para seu estudo por esses meios A morte da língua ocorre por diversas razões incluindo os mem bros de áreas tribais que as trocam por áreas mais urbanas genocídio globalização e a intro duçãode uma nova língua em uma área Mufwene 2004 A morte de línguasestá ocorrendo em um ritmo alarmante algumas estimativas indicam que 90 das línguas do mundo esta rão extintas durante a próxima geração Abrams Strogatz 2003 Esta tendência representa claramente um problema para aquelas pessoas que desejam estudar línguas No próximo nível da hierarquia existe o morfema a menor unidade que denota signi ficado no âmbito de uma determinada língua Os cursos de inglês podem têlo apresentado a duas formas de fonemas Uma é a raizda palavra Raiz é a porção da palavra que contém a maior parte do significado As raízesnão podem ser desmembradas em unidades menores de significado São os itens que possuem inclusões no dicionário Motter etai 2002 Agrega mos uma segunda forma de morfema o afixo a essa raiz Afixos incluem sufixos que seguem a raiz prefixos que precedem a raiz e infixos que aparecem no interior das palavras A própria palavra afixos contém a raiz fixo um prefixo e um sufixo O prefixo é a uma va riante do prefixo ad significando na direção de para ou perto O sufixo é s que indica a forma plural de um substantivo A palavra recarga contém três morfemas re car e ga Os lingüistas analisam a estrutura dos morfemas e das palavras de um modo que vai além da análise de raízes e afixos Morfemas de conteúdo são palavras que transmitem a maior parte do significado de uma língua Morfemas de função agregam detalhes e nuances ao significado dos morfemas de conteúdo ou auxiliam estes morfemas a se enquadrarem no contexto gramatical Exemplossão o sufixoito o prefixode a conjunção eou o artigo o As inflexões constituem um subconjunto dos morfemas sendo os sufixos usuais que acrescentamos às palavras para se enquadrarem no contexto gramatical Por exemplo a maioria das crianças americanas que freqüentam jardinsdeinfância sabem como agregar su fixos especiais para indicar o seguinte Tempo do verbo Você estuda com freqüência Você estudou ontem Você está estu dando agora Número do verbo e dosubstantivo O professorpassa trabalho escolar Os assistentes do professorpassam trabalho escolar Caso possessivo O livro do estudante é maravilhoso Comparação entre adjetivos O mais preparado entre os dois professores ensinou aos alunos mais inteligentes 310 Psicologia Cognitiva O léxico é o conjunto completo de morfemas em uma determinada língua ou do reper tório lingüístico de uma pessoa O adulto médio que fala o inglês possui um léxico de apro ximadamente 80 mil morfemas Miller Gildea 1987 As crianças na primeira série nos Estados Unidos possuem mais de 10 mil palavras em seu vocabulário Ao cursarem a 3a sé rie possuem cerca de 20 mil Na 5série atingiram o marco de aproximadamente 40 mil ou metade de seu nível final quando adultos Anglin 1993 A maior parte das pessoas adultas que falam inglês ao combinar morfemas possui um vocabulário de centenas de milhares de palavras Por exemplo ao acrescentarem apenas alguns poucos morfemas ao morfema de con teúdo da raiz estudo obtemos estudante estudiosoestudou estudando e estudos O vocabulário é formado lentamente Desenvolvese por meio de diversasexposiçõesa palavras e indicações quanto a seus significados Akhtar Montague 1999 Hoff Naigles 1999Woodward Mark man 1998 Uma das maneiras pela qual o inglêsampliousepara abarcar um vocabulário em expansão é pela combinação dos morfemas existentes de modo diferente Alguns propõem que uma parte da genialidade de William Shakespeare reside em uma habilidade para criar palavras novas combinando os morfemas existentes Atribuise a ele a criação de mais de 1700 palavras 85 de seu vocabulário escrito e inúmeras expressões incluindo a pró pria palavra incontável Lederer 1991 O próximo nível de análise é denominado sintaxe A sintaxe referese ao modo como os usuários de uma determinada língua arranjam as palavras para formar sentenças A sintaxe desempenha um papel importante em nossa compreensão da língua Uma sentença inclui pelo menos duas partes A primeira é uma frase nominal que contém ao menos um substan tivo muitas vezes o sujeito da sentença e inclui todos os termos relevantes que descrevem o sujeito A segunda é uma frase verbal que contém pelo menos um verbo e os termos sobre os quais o verbo age mais precisamente A frase verbal também possui a designação predi cadoporque afirma ou declara algo sobre o sujeito Tratase normalmente de uma ação ou uma propriedade do sujeito Os lingüistas consideram o estudo da sintaxe fundamental para a compreensãoda estrutura da língua A estrutura sintática da língua especificamente é es tudada mais adiante neste capítulo INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Identifique quais dos termos a seguir formam frases nominais FN 1 a bola redonda vermelha no canto 2 e o 3 redonda e vermelha 4 a bola 5 água 6 corre rapidamente Sugestão Sujeitos podem incluir o sujeito ou o objeto de uma sentença por exemplo FN joga FN identifique quais dos termos a seguir são frases verbais FV 1 o menino joga a bola 2 e a bola em movimento 3 rolou 4 correu pela sala 5 deulhe a bola 6 corre rapidamente Sugestão frases verbais contêm verbos bem como todos os termos sobre o qual o verbo age porém não o sujeito da ação Por exemplo O estudante de Psicologia FV Semântica o estudo do significado em uma língua é complementar à sintaxe Um se manticista se preocuparia com a maneira como as palavras e sentenças expressam significado O último nível da análise é o do discurso que engloba o uso da língua além da sentença como na conversação nos parágrafos nas histórias nos capítulos e em obras completas de li teratura O Quadro 92 resume os vários aspectos da língua A próxima seção discute como compreendemos a linguagem por meio da percepção da falae da análise ulterior Faremos a discussãodo discurso e do contexto social da língua no Capítulo 10 Capítulo 9 Linguagem Natureza e Aquisição 311 QUADRO 92 Resumo da Descrição da Língua Todas as línguas humanas podem ser analisadas em muitos níveis Elementos da Língua Fonemas subconjunto distinto de todos os possíveisfones Morfemas originamse do léxico distinto dos morfemas Palavras originamse do vocabulário distinto das palavras Frases Frase nominal FN um substantivo e os termos que o descrevem Frase verbal FV um verbo e todo termo sobre o qual age Sentenças baseadas na sintaxe da língua estrutura sintática Discurso Compreensão da Língua Produtos da Língua t ã k s precisa morfema de conteúdo s morfema da função Uma pessoa precisa de muito bom senso para escrever bem coisas sem sentido FN Uma pessoa FV precisa de muito bom senso para escrever coisas sem sentido Uma pessoa precisa de muito bom senso para escrever bem coisas sem sentido Uma pessoa precisa de muito bom senso para escrever bem coisas sem sentido foi escrito pela primeira vezpor Mark Twain Lederer 1991 p 131 t c o d Í f i c a Ç ã o t Produção da Língua Processos da Compreensão Lingüística De que modo compreendemos a linguagem tendo em vista sua codificação multifacetada Uma abordagem a esta pergunta tem como foco os processos psicológicos envolvidos na percepção da fala Hickok Poeppel 2000 O método também considera a maneira como os ouvintes lidam com as peculiaridades resultantes da transmissão acústica relacionada ao som da língua Uma segunda abordagem mais orientada linguisticamente tem como foco as descrições da estrutura gramatical das línguas Finalmente um terceiro método examina os processos psicolinguísticos envolvidos na compreensão da linguagem no plano da análise macro do discurso Todas as três abordagens sobrepõemse em certo grau e propiciam infor mações interessantes sobre a natureza da linguagem e seu uso Percepção da fala Você já esteve em uma situação em que precisava se comunicar com alguém pelo telefone porém as palavras que ouvia estavam truncadas em razãode problemas na transmissão tele fônica Em caso afirmativo você concordará que a percepção da fala é fundamental para o uso da língua em nossas vidas diárias Compreender a fala é fundamental para a comunica ção humana Para compreender a percepção da fala examinamos alguns fenômenos interes santesTambém refletimos sobre a questãoda falaser algoespecialentre todososváriostipos de sons que podemos perceber 312 PsicologiaCognitiva Somos capazes de percebera fala com rapidez surpreendente Por um lado podemosper ceber até 50 fonemaspor segundo de uma língua na qual somosfluentes FoulkeSticht 1969 Por outro conseguimos percebersomente cerca de dois terçosde um único fone por segundo de sons não relacionados à fala Warren eta 1969 Considere por que as línguas estrangei ras são difíceis de compreenderquando as ouvimos Mesmose conseguimos lêlas os sons de suas letras e combinaçõesde letras podem ser diferentes dos sons correspondentesàs mesmas letras e às combinações de letras em nossa língua nativa Por exemplo meu espanhol soa americano porque tendoa reinterpretar sonsem espanholem termos do sistema fonético do inglês americano ao invés do sistema espanhol Como somos capazes de perceber 50 fonemas por segundo se paradoxalmente somente podemos percebermenos de um fone por segundo de sons não relacionados à fala Uma res postaa esta pergunta reside no fato de que ossonsda fala apresentam coarticulação A coar ticulação ocorre quando fonemas ou outras unidades são produzidas de um modo que as sobrepõem no tempo Um ou mais fonemas iniciam enquanto outros fonemas ainda estão sendo produzidos As articulações coincidem Nãosãoapenas osfonemas quesesobrepõem em uma palavra Os limites entre palavras na falacontínua também tendema sesobrepor Essa so breposição de sons do discurso pode parecer criar problemas adicionais para a percepção da fala poréma coarticulaçãoé vistacomo necessária para a transmissão eficaz das informações tendo em vista as deficiências mencionadas previamente na percepçãode outros sons Liber man etai 1967 Portanto a percepção da fala é encarada diferentemente das outras capaci dades perceptivas por causa da natureza lingüística da informação e do modo particular pelo qual a informação precisa ser codificada para a transmissão eficaz A coarticulação também pode ser observada na linguagem não verbal Foram realizados algunsestudosque examinam a produçãoda falaem pessoas que usamsinaishabilmente Es sas pessoas conseguem transmitirmuitos parágrafos com informações valiosas em menos de 1 minuto Lupton 1998 Ocorre um grau elevado de coarticulação no uso preciso da ASL Jerde Soechting Flanders 2003 Estacoarticulaçãoafeta algunsaspectos do sinal ao ter iní cio e ao conduzir a outro sinal Os aspectosafetados incluema forma o movimento e a posi ção da mão Yang Sarkar 2006 A coarticulação ocorre mais freqüentemente nas formas mais informais da ASL Emmorey 1994 Pessoas que estão aprendendo apenas a linguagem dos sinais apresentam maior probabilidade de usar a maneira mais formal Posteriormente à medida que as pessoasadquirem mais aptidão normalmente começam a usar as maneiras mais informais Portanto à medida que aumentam a aptidão e a fluência o mesmo ocorre à inci dência da coarticulação A coarticulação é o resultado da previsão do próximo sinal pratica mente do mesmo modo que a coarticulação verbal se baseia na previsão da próxima palavra No entanto esta coarticulação usualmente não prejudica a compreensão Essas observações apoiam a natureza diferenciada da percepção da linguagem independentemente de seu for mato ser oral ou por sinais Portanto como percebemos a fala tão facilmente Existemmuitas teorias alternativas da percepçãoda falapara explicar nossafacilidade Estasteorias diferemprincipalmente quanto à possibilidade de a percepção da falaser vista como especialou comum em relaçãoa outros tipos de percepção auditiva A Visão Comum da Percepção da Fala Uma abordagem importante iguala os processos de percepção da fala dos processos de per cepçãoauditiva de outrossons Estes tiposde teoriasenfatizam processos de combinaçãode modelos ou de detecção de características Tais teorias postulam que existem estágios distin tos de processamento neural Em um estágio os sons da fala são analisados em seus compo nentes Em outro esses componentes são analisados para a identificação de configurações e incluídosem um protótipo ou modelo Kuhl 1991 Massaro 1987 Stevens Blumstein 1981 Capítulo 9 Linguagem Natureza e Aquisição 313 Uma teoria desse tipo é a teoria do refinamento fonético Pisoni et ai 1985 Ela afirma que iniciamos com uma análise das sensações auditivas e passamos para um processamento de nível mais elevado Identificamos palavras com base na eliminação sucessiva das possibilida des de combinação entre cada um dos fonemas e das palavras que já temos na memória Nessa teoriao som inicialque estabelece o conjunto de palavras possíveis que ouvimos não precisa ser o primeiro fonema sozinho Você mesmo pode ter observado este fenômeno em um nível consciente Você alguma vez estava assistindo a um filme ouescutando uma prele ção quando ouviu somente um som truncado Você precisa de alguns momentos para enten der oque o conferencista deve ter falado Para decidir sobre aquilo que ouviu você pode ter passado por um processo de refinamento fonético consciente Uma teoria similar é adotada pelo modelo TRACE McClelland Elman 1986 De acordo com este modelo a percepção da fala começa com três níveis de detecção de características o nível das características acústicas o nível dos fonemas e o nível das palavras Ainda de acordo com essa teoria a percepção dafala é altamente interativa Os níveis inferiores afetam osníveis superiores e viceversa Um atributo que essas teorias possuem em comum é que todas requerem processos de cisórios que vão além da detecção de características e da combinação em modelos Desse modo a fala que percebemos pode diferir da fala que alcançam efetivamente nossos ouvi dos A razão é que fatores cognitivos e contextuais influenciam nossa percepção do sinal recebido Por exemplo oefeito de restauração fonêmica envolve integrar o que conhecemos com aquilo que ouvimos quando percebemos afala Samuel 1981 Warren 1970 Warren Warren 1970 Suponha que você estivesse participando de uma experiência Você está escutando uma sentença que possui a seguinte configuração Descobriuse que a roca estava nona A palavra final corresponde a uma das seguintes palavras a ser inse rida eixo campo mesa oularanja Além disso o interlocutor tosse ao invés deemitir o som inicial onde aparece oasterisco em roca Praticamente todos os participantes desconhecem que uma consoante foi eliminada Osom que se lembram de ter ouvido difere de acordo com o contexto Osparticipantes selembram deouvir a aroda estava no eixo a roça estava no campo a broca estava na mesa ou o braço estava no alto Em essência elas restauram ofo nemafaltante quemelhor se enquadra no contexto da sentença A restauração fonêmica ésimilar ao fenômeno visual do encerramento que se baseia na informação visual incompleta Evidentemente uma abordagem fundamental da percepção auditiva tenta se estender a várioseventos acústicos incluindo o discurso os princípios Ges talt de percepção visual Bregman 1990 Estes princípios incluem por exemplo simetria proximidade e similaridade Portanto as teorias que consideram a percepção da fala como comum usam princípios perceptivos gerais da detecção de características eda Psicologia Ges talt Tentam desse modo explicar como os ouvintes compreendem a fala Outros teóricos no entanto encaram a percepção da fala como especial A Visão Especial da Percepção da Fala Um fenômeno da percepção da fala que conduziu ànoção da especialização foi adescoberta da percepção categórica categorias descontínuas de sons da fala Isto significa que em bora os sons da fala que efetivamente ouvimos abarquem um continuum de variação das ondas sonoras percebemos os sons de modo categórico Este fenômeno pode ser observado na percepção das combinações consoantevogal ba da e ga A diferença acústica entre estas sílabas centralizase em configurações distintas de variação do sinal do discurso Al gumas configurações resultam na percepção de ba Outras na de da Eainda outras na de ga Além disso no âmbito de cada categoria de sílaba existem diferenças nas configura ções de som para casos diferentes que não influenciam apercepção do som Oba que você 314 Psicologia Cognitiva disseontem difere do ba que vocêdiz hoje Porém não é percebido de mododiferente Esta forma categórica de percepção não se aplicaa um som que não sejada fala como um tom Neste caso diferenças contínuas de altura o quanto o som é alto ou baixo são ouvidas como contínuas e distintas Em um estudo clássico os pesquisadores usaram umsintetizador de voz para imitaressa variação naturaldas configurações acústicas dassílabas Também foram capazes usando esse meio de controlar a diferença acústica entre as sílabas Liberman etai 1957 Eles criaram uma série desons formados porconsoantes e vogais que variavam emincrementos iguais de ba para da para ga No entanto as pessoas que escutavam as sílabas sintetizadas notaram uma mudançarepentina Foi da categoria de somde ba para a categoria de somde daeana logamente dacategoria deda para a dega Além disso essa diferença na designação das sí labas resultou em diferenciação inferior no âmbito de uma categoria de fonemas Também ressaltou na diferenciaçãodos limitesde fonemas Dessemodo embora os sinais fossem fisi camente iguais em distância acústica entre eles as pessoas somente ouviram ossinais que também diferiam em termos dedesignação fonética A diferença entredois bas deixava a de sejar ao passo que a diferença de ba em relação a seu vizinhodafoi preservada No entanto o processamento perceptivo normal deveria diferenciar igualmente entre todos ospares com igual espaço dos diferentes sinais ao longo do continuum Ospesquisadores concluíram por tanto que a falaé percebida por meio de processos especializados Alguns estudos examinaram em maior detalhe apercepção das categorias nas pessoas com deficiência de leitura Em adultos analfabetos não existem diferenças napercepção de catego rias entre pessoas com e sem tais deficiências Serniclaes et ai 2005 Noentanto emcrianças com deficiência de leitura a capacidade perceptiva entre categorias fica prejudicada Inversa mente a capacidade perceptiva para diferenciação no interior das categorias é ressaltada nessas mesmas crianças Breier et ai 2005 isto éascrianças comrisco dedeficiência deleitura com paradas às crianças que não possuem este risco utilizam menos informações fonológicas muito embora percebam diferenças acústicas sonoras mais sutis quando realizam uma tarefa de per cepção de categoria Breier etai 2004 Essas eoutras descobertas levaram os pesquisadores a investigar anoção de que apercep çãoda fala depende de processos especiais Também propuseram a teoria pioneira mas ainda influente da percepção motora da fala Galantucci Fowler Turvey 2006 Liberman et ai 1967 Liberman Mattingly 1985 A teoria foi desenvolvida para explicar como os ouvintes suplantam asensibilidade do contexto dos segmentos fonéticos que surge da coarticulação re sultando em fenômenos de percepção de categorias Retomando um exemplo anterior o p falado na palavra lip difere acusticamente do ph falado na palavra put Isto resulta em grande parte dasdiferenças no contexto de coarticulação de dois casos do fonema A sobre posição de p com li ou ut faz com que p soe diferente Por que as pessoas que falam inglês tratam opeo ph como o mesmo fonema De acordo com ateoria motora apercepção do discurso depende daquilo que ouvimos uma pessoa articular neste caso p eph Também depende daquilo que inferimos como as articulações pretendidas pela pessoa que fala neste caso somente p Portanto o ouvinte usa processos especializados envolvidos na produção da fala para perceber afala Apessoa suplanta portanto os efeitos da coarticulação oque re sulta na percepção decategorias Desde osprimeiros trabalhos deLiberman et ai o fenômeno da percepção de categorias foi estendido à percepção de outros tipos de estímulos como cor eemoção facial Esta extensão enfraquece aafirmação de que apercepção do discurso éespe cial Jusczyk 1997 No entanto aqueles que defendem a posição do discurso ser especial ainda mantêm que as outras formas de provas obtidas indicam que odiscurso épercebido por meio de processos especializados Um desses aspectos diferenciadores da percepção da fala humana pode ser visto naquilo quesedenominou efeito McGurk McGurk MacDonald 1976 Este efeito envolve a sincro Capítulo 9 Linguagem Natureza e Aquisição 315 nia das percepções visuais e auditivas Imaginese assistindo a um filme Enquanto a dubla gem corresponder aos movimentos dos lábios dos atores quefalam você não temproblemas Suponha no entanto quea trilhasonora indique algo como da Ao mesmo tempo oslábios do ator claramente fazem movimentos que indicam outro som como ba Vocêprovavelmente ouvirá um som conciliatório algo como tha Não corresponde ao que foi falado nem ao que foi visto Você sintetiza de alguma forma as informações auditivas e visuais e desse modo obtém um resultado que também é diferente Poresta razão os filmes de origem estrangeira cuja dublagem deixa a desejar podem causar confusão Você fica vagamente ciente dequeos lábios estão expressando uma coisae você está ouvindo algo diferente Nicholls Searle e Bradshaw 2004 analisaram em um conjunto de estudos o efeito McGurk comrelação à leitura dos lábios Os experimentadores cobriram metade da boca da pessoa que falava enquanto combinavam oudeixavam decombinar informações auditivas ou visuais Os pesquisadores descobriram que quando o lado esquerdo da boca era coberto ha via pouca alteração na ocorrência do efeito McGurk No entanto quando o lado direito da boca era coberto a ocorrência do efeito McGurk diminuía drasticamente Os pesquisadores usaram emseguida um vídeo invertido do lado esquerdo da boca e viram o efeito McGurk ressurgir Nicholls Searle Bradshaw 2004 Essas descobertas sugerem que o lado direito ou o que é percebido como o lado direito daboca recebe mais atenção na leitura dos lábios Daí decorre que a falta de correspondência entre o queo lado direito da boca diz e aquilo queé ouvido apresenta maior probabilidade de resultar no efeito McGurk Na conversação normal usamos a leitura dos lábios paraampliar nossa percepção da fala Isto é particularmente importante emsituações nasquais o ruído aofundo pode tornara per cepção da fala mais difícil A teoria motora explica essa integração bemfacilmente porque as informações articulatórias incluem informações visuais e auditivas No entantoaqueles que adotam outras teorias interpretam essas descobertas como uma justificativa para processos mais gerais depercepção Eles acreditam que estes processos integram naturalmente as infor mações pelas modalidades sensoriais Massaro 1987 Massaro Cohen 1990 Umasíntese dessas visões opostas é possível Talvez uma razão paraa complexidade deste tema resida na natureza da própria percepção da fala pois ela envolve atributos lingüísticos e perceptivos De um ponto de vista puramente perceptivo a fala é apenas um sinal relativa mente complexo que nãoé tratada deforma qualitativa diferentemente deoutros sinais Sob umaperspectiva psicolinguística a fala é especial por residir no domínio da linguagem uma capacidade humana especial Os textosde Psicologia Cognitivarealmente diferem em termos de ondea percepção da fala é discutida Algumas vezes é discutida no contexto da lingua gem outras no contexto da percepção Portanto a diversidade de pontos de vista sobre a na tureza dapercepção dafala pode serentendida como umreflexo das diferenças nomodo como os pesquisadores a tratam Eles o consideram como sinais acústicos regulares ou como men sagens fonéticas maisespeciais Remez 1994 Semântica e Sintaxe A língua é muito difícil para ser expressa em palavras Voltaire Semântica No início deste capítulo há umadescrição feita por Helen Keller de sua primeira percep çãodeque aspalavras tinhamsignificado Você provavelmente nãoselembra do momento em que as palavras adquiriram vida para você Porém seus pais certamente se lembram 316 Psicologia Cognitiva Na realidade uma das maiores alegrias de ser um pai ou uma mãe consiste em observar a descoberta surpreendente de seus filhos de que as palavras possuem significado Na semân tica denotação é a definição estrita de uma palavra conforme consta no dicionário Cono tação são as implicações emocionais as pressuposições e outros significados não explícitos Denotação e conotação consideradas juntas formam o significado de uma palavra Em vir tudede as conotações poderem variar entre as pessoas pode existir variação no significado formado Imagine a palavra cobra Para muitas pessoas a conotação de cobra é negativa ou perigosa Outras afirma um biólogo especializado em cobras denominado um herpetolo gista teriam uma conotação muito diferente e provavelmente muito mais positiva para a palavra cobra Comoentendemos inicialmente o significado das palavras Recordese de capítulos ante riores que codificamos significados na memória por meiode conceitos Estes incluem idéias às quais podemos atribuir várias características e com as quais podemos conectar várias ou tras idéias como por meio de proposições Rey 2003 Também incluem imagens e talvez configurações motoras para a implementação de procedimentos específicos Neste capítulo estamos preocupados somente com conceitos particularmente em termos de palavras como símbolos arbitrários para os conceitos Na realidade quando pensamos empalavras como representação de conceitos as pala vras constituem uma maneira econômica para manipular as informações relacionadas Por exemplo quando você pensa na palavra mesaisoladamentevocê também evoca todosos se guintes aspectos Todos os casos de existência de mesas em qualquerlugar Casos de mesas que existem somenteem sua imaginação Todas as características das mesas Todos os demais conceitos que você pode relacionar a mesas por exemplo objetos que vocêcoloca sobre as mesas ou em mesas ou locais onde você podeencontrar mesas Possuir uma palavra para algo nos ajuda a agregarnovas informações às nossas informa çõesexistentes sobreaquele conceitoPorexemplo vocêtem acesso à palavramesa Quando vocêpassa por novasexperiências relacionadas a mesas ou aprendefatos novos a respeito de mesas você possui uma palavra em torno da qual pode organizar todas essas informações relacionadas Recordese também da natureza construtiva da memória Terqualificações paraa palavra por exemplo lavando roupa marcha para a paz possui diversos efeitos Primeiro torna fácil o entendimento e a lembrança de uma passagem do texto Segundo aumenta a lem brança que a pessoa tem sob a forma de umesboço Terceiro afeta a precisão do testemunho ocular Possuir palavras como conceitos para coisas nos ajuda emnossa interação nãoverbal diária Por exemplo nossos conceitos degambá e de cachorro nos permitem reconhecer mais facilmente a diferença entre os dois mesmo se vermos o animal somente por um momento Ross Spalding 1994 Esse reconhecimento rápido nos permite responder apropriadamente dependendo daquilo que vimos Não há dúvida de que é importante ser capaz de compreen deros significados conceituais Noentanto deque modo as palavras secombinam para trans mitir significado Sintaxe A análise da estrutura lingüística constitui uma parte igualmente importante da Psicologia dalíngua Sintaxe é a maneira sistemática pela qual as palavras podem ser combinadas para Capítulo 9 Linguagem Natureza e Aquisição 317 formar frases e sentençascom significado Carroll 1986 Enquanto a percepção da fala es tuda principalmente a estrutura fonética da língua a sintaxe focaliza o estudo da gramática de frases e sentenças Em outras palavras considere a regularidade da estrutura Embora você tenha indubitavelmente ouvido a palavra gramática em ocasiões anterio rescom relaçãoao modo como as pessoas devem estruturar suas sentenças os psicolinguistas empregam a palavra gramática de uma maneira ligeiramente diferente Gramática especifica mente é o estudoda línguaem termos de percepção de configurações regulares Estas confi gurações relacionamse àsfunções e relações daspalavras em umasentença Elas seestendem amplamente até atingiro nível do discurso e limitadamente até afetara pronúncia e o signi ficado das palavras individuais Você podeter sido introduzido à gramática normativa emseus cursos de inglês Este tipo de gramática indicao modo correto peloqual se estruturao uso da língua escrita e falada A gramática descritiva possui maior interesse paraos psicolinguis tas nesta gramática é feita uma tentativa paradescrever as estruturas as funções e as rela ções das palavras na língua Considere o exemplo de uma sentença que ilustrao contraste entre as abordagens nor mativa e descritiva da gramática Quando Júnior observa seu pai levando para o andar de cima um livrosematrativo para leituraantes de dormir Júnior responde Papai o que você trouxeeste livro que não desejo para mimsejalido Pinker 1994 p 97 A elocução deJú nior poderia provocar arrepios em todo gramático normativo Porém a capacidade deJúnior para produzir uma sentença tão complexa comtais interdependências internas intrincadas agradaria aos gramáticos descritivos Por que a sintaxe permite tal satisfação Primeiro o estudo da sintaxe permite a análise da língua em unidades administráveis e portanto podem serestudadas comrelativa facili dade Segundo oferece infindáveis possibilidades de exploração Praticamente não existem limites para as combinações possíveis de palavras que podem ser usadas para formar senten çasNósnos referimos anteriormentea essa propriedade comoa produtividade da língua Em inglês como em qualquer língua podemos considerar um conjunto específico de palavras oumorfemas para sermaispreciso e um determinadoconjunto de regras paracombinaros itens e produzir uma vasta gama empolgante deexpressões verbais comsignificado Suponha que você fosse à Biblioteca do Congresso dos EUA e selecionasse aleatoriamente qualquer sentença de um livro Você procuraria emseguida umasentença idêntica na vasta gama de sentenças nos livros que se encontram lá Com exceçãode citações propositais seria impro vávelque você encontrasse uma sentença idêntica Pinker 1994 Coloque um asterisco ao lado das sentenças erradas gramaticalmente INVESTIGANDO independentemente destas terem significado ou serem precisas A PSICOLOGIA 1 O aluno o livro COGNITIVA 2 Comprou o livro 3 Comprou o aluno o livro 4 O livro foi comprado pelo aluno 5 Por quem o livro foi comprado 6 Pelo aluno o livro comprado 7 O aluno foi comprado pelo livro 8 Quem comprou o livro 9 O livro comprou o aluno 10 O livro comprou 318 Psicologia Cognitiva A tendência da sintaxe As pessoas demonstram possuir um talento notável para compreender a estrutura sintática Conforme a demonstração precedente você eu e outras pessoas fluentes em uma língua podem reconhecer imediatamente a estrutura sintática Podemos reconhecêla se determi nadas sentenças e ordens específicas de palavras estiverem ou não gramaticalmente corretas Bock 1990 Pinker 1994 Também podemos agirdessa forma mesmo quando as sentenças não tiveremsignificado Porexemplo podemos avaliar a sentença de Chomsky Idéias ima turas e obtusas repousam furiosamente Ou podemos avaliar uma sentença composta por palavras sem significado como no poema Jabberwocky de Lewis Carroll Twas brilling and the slithy toves did gyre and gimble in the wabe verso intraduzível Além disso da mesma maneira que demonstramos indução semântica do significado de palavras na memória possuímos indução sintática das estruturas de sentenças Tendemos a usar espontaneamente estruturas sintáticas que se posicionam paralelamente às estruturas das sentençasque acabamos de ouvir Bock 1990 Bock Loebell Morey 1992 Porexemplo uma pessoa apresenta maiorpossibilidade de usar uma construção na voz passiva porexemplo O aluno foi elogiado pelo professor apósouvir uma construção na voz passiva A pessoa proce derá desse modo mesmo quando os tópicos dassentençasdiferirem Mesmo crianças com ape nas 4 anos descreveram uma sériede novos itens com a mesmaestrutura da sentença que um pesquisador usou Huttenlocher Vasilyera Shimpi 2004 Outro exemplode indução sintática pode ser observado pelo uso da indução de senten ças Neste tipo de experiência os participantes tomam conhecimento de uma sentença Os participantes conhecem a seguir novas sentenças e são solicitados a avaliar o grau em que estão gramaticalmente corretas Se uma sentença possui a mesma estrutura que a apresen tada anteriormente é avaliada como quase gramaticalmente correta Luka Barsalou 2005 independentemente de seu grau real de correção gramatical Outra prova de nossa aptidão para a sintaxe aparece nos erros que produzimos na fala Bock 1990 Mesmo quando trocamosacidentalmente a colocaçãode duaspalavrasem uma sentença ainda formamos sentençasde acordo com a gramáticamesmo que não tenham sig nificado ou sejam desprovidas de sentido Trocamos quase invariavelmente substantivos por outrossubstantivos verbos por outros verbos preposições por outras preposições e assim por diante Podemosdizer por exemploColoco o forno no bolo Porémprovavelmente não di ríamos Coloco o bolo forno no Usualmente chegamos a acrescentar e retirar morfemas com função apropriada para fazer com que as palavras trocadas se enquadrem em sua nova posição Por exemploao querer expressarAsfacasde manteiga estão na gaveta podemos di zerAs gavetas de manteiga estão na faca Neste caso alteramos gavetapara o plural e fa cas para o singular a fim de preservar a correção gramatical da sentença Considere aqueles que são identificados como afásicos agramaticais os quais possuem grandesdificuldades para compreender e produzir a língua Seus erros de substituição na fala parecem preservar as ca tegorias sintáticas Butterworth Howard 1987 Garrett 1992 Os exemplos precedentes parecem indicar que nós humanos possuímos algum meca nismo mental para a classificaçãodas palavras de acordo com categorias sintáticas Este me canismo de classificação é distinto dos significados das palavras Bock 1990 Quando compomos sentenças parece que as formamos por grupos sintáticos Atribuímos categorias sintáticas apropriadas denominadas muitas vezes partes da sentença por exemplo subs tantivo verboartigoa cada componente da sentença Usamos em seguida as regrasda sin taxe aplicáveis à língua para construir seqüênciasgramaticais dos grupossintáticos No início do século XX os lingüistas que estudaram a sintaxe focalizaram primordial mente o modo como as sentenças podiam ser analisadas no que se refere à seqüência de fra sescomo sujeitoe predicado que foram mencionadas previamente Também seconcentraram Capítulo 9 Linguagem Naturezae Aquisição 319 NO LABORATÓRIO DE STEVEN PINKER Minhas pesquisastentam es 11 clarecer a linguagem exami nando um único fenômeno J com toda técnica imaginá a vel Verbos regúlares como s S vjalklwalked formam seu pas sadosimples de um modopre visível adicionando ed e as pessoas criam livremente novos verbos Quando verbos novos como Wspam e to diss entraram para a língua ninguém apressouse em consultar o dicionário para ver suas formas do passado simples todos conheciam que eram spammed e dissed Em con traste verbos irregulares como singlsang e bringj brought são peculiares e precisam ser aprendi dos individualmente Uma teoria simples é que as pessoas produzem formas regúlares aplicando inconscientemente uma regra mas produzem formas irregulares recuperandoas da memória Em virtude de as formas regular é irregular se rem iguais emtermos de significado passado e dimensão uma palavra comparálas nos per mite separar as funções dos papéis de compu tação e consulta à memória no processamento da linguagem Existem alternativas a essa teoria simples Alguns psicólogos conexionistas acreditam que as formas regular e irregular encontramse ar mazenadas em umamemória associativa que opera por analogia e alguns lingüistas acredi tam que ambas são formadas por regras Porém uma combinação de metodologias indica que a teoria de regra mais memória está correta Lingüística estatística Verbos irregulares também são os verbos usados com mais freqüên cia como be have do say e makejust ser ter fa zerdizer criarapenas conforme se esperaria se os irregulares tiveremde sermemorizados porque itensfreqüentes são mais fáceis de lembrar Psicologia experimental Verbos irregula res usuais como tookdo verbo taketomar soam mais naturais e são mais rápidosde produzir do que verbos irregularesincomuhs como strode do verbo stride andar a passos largos indi cando que dependem de traços de memóriaque podem ser mais fortes ou mais fracos Porém isso nãoacontece quando comparamos verbos regúlares usuais como walked do verbo walk andar com incomuns do tipo balked do verbo balk impedir Presumivelmente balked é gerado rapidamente por uma regra por tanto o fato de possuir um traço de memória fraco não o afeta Psicologia do desenvolvimentoAs crian ças cometem freqüentemente erroscomo brea ked e holded dos verbos break quebrar e hold abraçar respectivamente Analisamos20mil formas do passadosimples em transcriçõesda fala de crianças e encontramos justificativa para uma explicação simples A memória das crianças para formasirregularescomo held não é confiável porém após aprenderem a regra de formação do passado simples conseguem aplicálas sempre que a memória falha e por tanto produzem holded Teoria lingüística Por que verbos irre gulares algumas vezes aparecem em formas regúlares como fliedout no beisebol tringed the cky with artillery7 A resposta é que esses verbos são construídos a partir de substanti vos to hit a fly acertar uma mosca to form a ring around formar um círculo em volta de Substantivos não podem ter formas do passado simples armazenadas portanto a memória é evitada as formas similares flew e rang são desprezadas e ao invés disso a re gra é aplicada Neurociência cognitiva Se as formas regúlares forem computadas e as formas irre gulares forem memorizadas então devem ser processadas em partes diferentes do cérebro Pacientes com lesão nas partes do cére bro responsáveis pela memória de palavras originada de derrame cerebral ou do mal de Alzheimer apresentam maior dificuldade para a produção de formas irregulares pa cientes com lesão nas partes que comandam a gramática possuem maior dificuldade com asformas regúlares Estudos que medem os potenciais elétricos do couro cabeludo rela cionados a eventos mostram que as formas irregulares utilizam as partes do cérebro que respondem a palavras ao passo que as for mas regúlaresdependem das partes respon sáveis pelas combinações gramaticais 320 Psicologia Cognitiva INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Usando as 10 palavras a seguir crie cinco séries de palavras que formam sentenças gramaticais Crie também cinco seqüências de palavras que violam as regras de sintaxe da gramática inglesa bali bola basket cesto bounced pulou into em put pôr red vermelho rolled rolou tall alto the a woman mulher Para executar esta tarefa você classificou mentalmente as palavras em categorias sintáticas mesmo desconhecendo as designações corretas das categorias Em seguida você colocou as palavras em seqüências gramaticais de acordo com as categorias sintáticas das palavrase de seu conhecimento implícito das regras sintáticas do inglês Nesta obra mencionamos que a maioria das crianças com 4 anos pode exibir a mesma capacidade para agrupar palavras em categorias e arranjálas em sentenças gramaticais Evidentemente a maioria dessas crianças provavelmente não consegue designar as categorias sintáticas de qualquer palavra na maneira como as frases podiam ser divididas em várias categorias sintáticas como subs tantivos verbos e adjetivos Tais análises pertencem à gramática de estrutura frasal que analisa a estrutura das frases do modo como são empregadas As regras que orientam as se qüências de palavras são regras de estrutura frasal Para observar a interrelação de frases em uma sentença os lingüistas usam freqüentemente diagramas em forma de árvore como os apresentados na Figura 91 Diversos outros modelos também foram propostos por exemplo gramática relacionai Perlmutter 1983a gramática léxicofuncional Bresnan 1982 Os diagramas ajudam a revelar as interrelações das classes sintáticas no interior das es truturas frasais Bock 1990 Clegg Shepherd 2007 Wasow 1989Tais diagramas indicam em particular que as sentenças não são meramente cadeias de palavras organizadas agrupa das seqüencialmente São organizadas preferencialmente em estruturas hierárquicas de fra ses existentes O uso de diagramas em forma de árvore ajuda a ressaltar muitos aspectos do modo como usamos a língua incluindo nossa satisfação lingüística e nossas dificuldades no uso da língua Observe novamente a Figura 91 Focalize os dois possíveis diagramas em forma de árvore para uma sentença mostrando seus dois significados possíveis Os psicolin guistas ao observarem diagramas em forma de árvore de sentenças ambíguas conseguem apontar com maior precisão a fonte da confusão Em 1957 Noam Chomsky revolucionou o estudo da sintática Elesugeriu que para com preender a sintaxe precisamos observar não somente as interrelações entre sentenças mas também as relaçõessintáticas entre sentenças Chomsky observouespecificamente que determi nadassentençase seusdiagramas em forma de árvoreapresentamrelacionamentos peculiares Considere por exemplo as seguintes sentenças Sentençai Si Susie comeu gulosamente o crocodilo Sentença S2 O crocodilo foi comido gulosamente por Susie Muito estranhamente uma gramática de estruturas frasais não incluiria qualquer relação específicaentre as sentenças Si e S2 Figura 92 As análises das estruturas frasais de Si e S2 poderiam parecer quase totalmente diferentes No entanto as duas sentenças diferem ape nas pela voz A primeira está expressa na voz ativa e a segunda na vozpassiva Recordese do Capítulo 7de um fato importante sobre proposições Elaspodem ser usadaspara ilustrar que os mesmos significados subjacentes podem ser obtidos por meios de representação alter nativos As duas sentenças precedentes representam a mesma proposição comeu gulosa mente Susie crocodilo FIGURA 91 Capítulo 9 Linguagem Natureza e Aquisição 321 a S A menina olhou o menino com a camisa vermelha AD A menina FV olhou o menino com a camisa vermelha Det N V PP A menina olhou o menino com a camisa vermelha Det N V P Det NP A menina olhou o menino com a camisa vermelha i I I I I l Det N V P Det N PP A menina olhou o menino com a camisa vermelha Det N V P Det N P Det Adj N A menina olhou o menino com a camisa vermelha c P Det NP A N P Det Adj N A menina olhou o menino com a camisa vermelha S NP VP Det N V ÇP P Det NP nTp DetN Á meninaolhou o menino pelo telescópio d S NP VP Det N V PE PÉL Det N P Det N Ml A menina olhou o menino pelo telescópio As gramáticas de estrutura frasal ilustram as hierarquias no âmbito das sentenças a Asentença A menina olhou o menino com acamisa vermelha pode ser diagramada conforme mostrado na Figura b Os lingüistas usuaimente abreviam os diagramas em forma de árvore conforme apresentados no diagrama lingüístico em forma de árvore da sentença apresentada em a Os diagramas em forma de árvore em c e d indicam as maneiras possíveis para ana lisar a sentença A menina olhou o menino pelo telescópio 322 Psicologia Cognitiva Considere outro par de sentenças parafraseadas S3O crocodilo comeu Susie gulosamente S4 Susie foi comida gulosamente pelo crocodilo Demodo similar a gramática de estruturas frasais nãomostraria uma relação entreS3 e S4 Adicionalmente essa gramática indicaria algumas similaridades de estrutura superficial entre as sentenças correspondentes noprimeiro e nosegundo parSi e S3 S2 e S4 Elas pos suem nitidamente significados bem diferentes particularmente para Susie e o crocodilo Uma gramática adequada abordaria claramente o fato de que sentenças com estruturas su perficiais similares podem ter significados muito diferentes Essa observação e outras observações das interrelações entre asvárias estruturas frasais levou os lingüistas a avançarem além da mera descrição das diversas estruturas frasais indivi duais Eles começaram a focalizar suaatenção nas relações entre diferentes estruturas de fra ses Os lingüistas conseguem obter uma compreensão mais profunda dasintaxe estudando os relacionamentos entre estruturas frasais que envolvem transformações dos elementos nointe rior das sentenças Chomsky 1957 Chomsky sugeriu especificamente um modo para ampliar o estudo das estruturas frasais Ele propôs o estudo da gramática transformacional que en volve o estudo de regras transformacionais que determinam o modo pelo qual as proposições subjacentes podem ser dispostas para formar as diversas estruturas frasais Uma maneira simples de abordar a gramática transformacional de Chomsky consiste em dizer Transformações sãoregras que mapeiam estruturas em forma de árvore em outrases truturas emforma deárvore Wasow 1989 p 170 Por exemplo agramática transformacio nalconsidera como osdiagramas com estrutura deárvore naFigura 92 estão interrelacionados Com a aplicação das regras transformacionais a estrutura em forma de árvore de Si pode ser mapeada para se obtera estrutura em forma de árvore de S2 De modo similar a estruturade S3 pode ser mapeada para seobter a estrutura em forma deárvore de S4 Estrutura profunda referese na gramática transformacional a uma estrutura sintática subjacente que une várias estruturas frasais por meio da aplicação de várias regras de trans formação Estrutura superficial referese em contraste aqualquer das estruturas frasais que podem resultar de tais transformações Muitos leitores ocasionais de Chomsky conceberam erroneamente osseus termos Eles inferiram incorretamente que estruturas profundas apre sentam significados profundos subjacentes para as sentenças ao passo que estruturas superfi ciais referemse somente às interpretações superficiais de sentenças Chomsky quis demonstrar somente queestruturas frasais diferenciadas podem ter uma relação quenãosetorna imedia tamente clara usando apenas a gramática de estruturas frasais Esta noção se aplicaria ao exemplo Susie comeu gulosamente o crocodilo e Ocrocodilo foi comido gulosamente por Susie As regras transformacionais precisam ser aplicadas para se detectar o relacionamento subjacente entre duas estruturas frasais Relações entre Estruturas Sintáticas e Lexicais Chomsky 1965 citado em Wasow 1989 também estudou como as estruturas sintáticas podem interagir com as estruturas lexicais Chomsky sugeriu em particular que nosso lé xico mental contém mais do que significados semânticos vinculados a cada palavra ou morfema De acordo com Chomsky cada item léxico também contém informação sintá tica A informação sintática para cada item léxico indica três aspectos O primeiro aspecto é a categoria sintática do item como substantivo ou verbo O segundo são os contextos sintáticos apropriados nos quais o morfema específico pode ser usado como pronomes com função de sujeito versus de objeto direto O terceiroé qualquer informação de caráter espe cífico sobre os usos sintáticos do morfema como o tratamento dos verbos irregulares Por exemplo haveria verbetes léxicos distintos para apalavra spread difusão oumargem delucro em economia nacategoria desubstantivo epara spread espalhar como verbo Cada verbete léxico indicaria que regras sintáticas seriam usadas para a colocação dapalavra As Capítulo9 Linguagem Natureza e Aquisição 323 FIGURA 92 A FN FV A r AD s v adv AD s Susie comeu gulosamente o crocodilo O crocodilo foi comido gulosamente por Susie A FN FV AD s v adv N O crocodilo comeu Susie gulosamente pr s II Susie foi comida gulosamente pelo crocodilo FN írase nominal FV frase verbal s substantivo S sentença v verbo AD artigo definido adv advérbio Asgramáticas de estrutura frasal indicam diferenças surpreendentes entre Sf e S3 ou entre S2 eS4 Noam Chomsky sugeriu que para compreender a sintaxe também precisamos considerar uma maneira para abordar asmterreíações entre as diversas estruturas frasais regras que foram aplicáveis dependem deque categoria foi aplicável nocontexto indicado Por exemplo spread como verbo não viria após o artigo the No entanto como substantivo isso seria permitido Mesmo aspeculiaridades da sintaxe paraumdeterminado verbete léxico in dicariam queesse verbo seafasta da regra sintática normal paraformar tempos passados Esta regra normal consiste em agregar ed à raiz usada parao tempo presente Você poderia pensar porque acumularíamos desordenadamente em nosso léxico mental tantas informações sintáticas Existe uma vantagem em acrescentar informações sintáticas relacionadas aó contextoe específicas dós itens de nosso léxico mental Se aumentarmos a complexidade de nosso léxico mental podemos simplificar drasticamente o número e a complexidade das regras que precisamos em nossa sintaxe mental Por exemplo ao incluir 324 Psicologia Cognitiva o tratamento diferenciado de verbos irregulares por exemplospread ou fali cair em nosso léxico mental não precisamos dispor de regras sintáticas diferentes para cada verbo Ao tor nar nossoléxicomaiscomplexo permitimos que nossasintaxe sejamaissimples Desse modo as transformações apropriadas podem ser simples e relativamente sem contexto Ao conhe cermos a sintaxe básica da língua podemos aplicar facilmente as regras a todos os itens de nosso léxico Conseguimos então ampliargradualmente nosso léxico para que ofereça com plexidade e sofisticação crescentes Nem todos os psicólogos cognitivos concordam com todos os aspectos das teorias de Chomsky porexemplo Bock Loebell Morey 1992 Garrett 1992 Jackendoff 1991 Muitos discordam particularmente com essa ênfase na sintaxe forma em detrimento da semântica significado Apesar disso diversos psicólogos cognitivos propuseram modelos de compreen são e produçãoda língua que incluem idéias importantes da sintaxe Como relacionamos os elementos em nosso léxico mental aos elementos de nossas estruturas sintáticas Foram pro postos vários modelos paraesses elos Bock Loebell Morey 1992 Deacordo comalgunsdes tes modelos quando dividimos as sentenças em categorias sintáticas criamos espaços para cada item na sentença Considere por exemplo a sentença Joãodeu a Maria o livro da es tante Existe um espaçopara um substantivousadocomo 1 um sujeitoJoão 2um objeto direto o livro 3 um objetoindireto Maria e 4 comoobjetos de preposições daestante Também existem espaços parao verbo a preposição e os artigos Os itenslexicais por suavez contêm informações a respeito dos tiposde espaços em que os itens podem ser colocados As informações são baseadas nos tipos de papéis temáticos queos itenspodem exercer Papéis temáticos sãomaneiras pelas quais os itenspodem serusa dos no contextoda comunicação Foram identificados vários papéis Um primeiro papel é o do agente oquepratica qualquer ação Umsegundo éo dopaciente oreceptor direto daação Um terceiro é o do beneficiário o receptor indireto da ação Um quarto é o do instrumento o meio pelo quala ação é implementada Umquinto papel é o do local ondeocorre a ação Um sextoé o da fonte onde a açãose originou E um sétimopapel é a meta onde a ação se desenrola Bock 1990 Fromkin Rodman 1988 De acordo com essa visão de como a sin taxe e a semântica encontramse unidas os vários espaços sintáticos podem ser preenchidos por verbetes léxicos com papéis temáticos correspondentes Porexemplo o espaçode umsu jeito pode ser preenchido pelo papel temático do agente Como exemplo adicional os subs tantivos podem corresponder a espaços para objetos diretos Os papéis de beneficiários correspondem a objetos indiretos e assim por diante Substantivos que sãoobjetos de prepo sições podem ser preenchidos por vários papéis temáticos Estes incluem localização como a praia fonte comoa origem na cozinha e meta como a salade aula Até agora nos concen tramos na descrição da estrutura e dos processosda língua em seu estado mais desenvolvido Como adquirimos essa capacidade notável INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Levando em consideração aquilo que vocêconhece sobre percepção da fala semântica e sintaxe pense a respeito de maneiras para tornar sua produção da fala mais fácil para as pessoas entenderem Se você estiver falando com alguém cuja língua principal difere da sua tente diminuir o ritmo de suafala aumentando o intervalode tempoentre palavras Asse gurese de pronunciar cuidadosamente as consoantes sem fa2er com que as vogais soem muito longas Empregue construções mais simples para as sentenças Desmembre sentenças longas e complexas em unidadesmeno res Insira pausas mais longas entre assentenças a fim de dar tempo à pes soa para alterara sentença para a forma propositiva A comunicaçãopode parecer mais trabalhosa porém provavelmente será mais eficaz Capítulo 9 Linguagem Naturezae Aquisição 325 Aquisição da Linguagem No passado os debates sobre a aquisição da linguagem concentravamse no mesmo tema dos debatesrelativos à aquisição de qualqueraptidão o tema inato versus adquirido No entanto o pensamento atual sobrea aquisição da linguagem incorporouo entendimento de que adqui rir uma língua realmente envolve um dom natural modificado pelo ambiente Bates Good man 1999 DehaeneLambertz HertzPannier Dubois 2006 Lightfoot 2003 MacWhinney 1999 Maratsos 2003 Wexler 1996 Porexemplo o ambientesocialno qual as criançasusam suas habilidades sociaispara interagir com outras pessoas proporciona uma fonte de informa ção para aquisiçãoda linguagem Carpenter NagellTomasello 1998 Snow 1999 Tomasello 1999 Portantoo método de estudoda aquisição da linguagem gira atualmente em torno da descoberta de que aptidões são inatas e de comoo ambienteda criança moderaessas aptidões Este processo é denominado apropriadamente aprendizado orientado de modo inato veja Elman et ai 1996 Jusczyk 1997 Antes de analisar o debate inatoadquirido vamos exa minar uma série de estágios que parecemser universais na aquisição da linguagem Estágios do Aquisição da Linguagem Parece que ao redor do mundo as pessoas adquirem sua primeira língua em uma seqüência praticamente idêntica e quase do mesmo modo Pesquisas sobre a percepção da fala realiza das em anos recentes identificaramo mesmo padrão geralde progresso Estepadrão se baseia na capacidade mais geral evoluindo para a mais específica isto é quando somos mais jovens temos capacidade de distinguir inicialmente entre todos os contrastes fonéticos possíveis Porém ao longo do tempo perdemos a capacidade de distinguir contrastes não nativos em favor daqueles usados no ambiente de nossa língua nativa veja Jusczyk 1997 Portanto alguns aspectos da percepção e da capacidade de produção da fala pelas crianças atuam como imagens especulares entre si As crianças desenvolvem capacidades específicas mais geraise posteriormente as mais específicas As crianças parecem estar programadas a partir do primeiro dia a sintonizar seu ambiente lingüístico como a meta específica de adquirir a língua Um debate atual gira em torno de essacapacidadeser usada especialmente nos con ceitos de aprendizagem e seus significados nas conexões entre conceitos e seus significados ou em ambos Fodor 1997 Marcus 1998 Pinker 1999 Plunkett 1998 Seja qual foro caso as crianças possuem obviamente capacidade consideravelmente aguçada para aprendizagem da linguagem Elasdemonstram essa capacidade mesmo em tenra idade Marcus etai 1999 Pinker 1997a 1999 Porexemplorecémnascidosparecem responder preferencialmente às vozes de suas mães Barker Newman 2004 DeCasper Fifer 1980 Também parecem responder por via motora em sincronia com o discurso de quem lhes está dispensando cuidados e que interage direta mente com eles Field 1978Martin 1981Schaffer 1977Snow 1977 Stern 1977As crian ças também preferem ouvir alguém falando naquela que se tornará sua língua nativa a uma língua não nativa futura Talvez estejam se concentrando na estrutura rítmica da língua Ber toncini 1993 Mehler et ai 1996 Suponha que você fosse realizar um videoteipe das respos tas motoras das crianças enquanto prestavam atenção a alguém que estivesse falando com elas Seus movimentos pareceriam estar variando no tempo acompanhando o ritmo do dis curso A expressão emocional das crianças também parece ser igual à de quem lhes dedica atenção Fogel 1991 Elas têm muita capacidade para interpretar e responder a informações emocionais mesmo quando foram expressas por um estranho Repacholi Meltzoff 2007 Além disso parecem ser capazes de obter informações emocionais não somente das expres sõesfaciais mas também do tom de voz Em um estudo os experimentadores examinaram a compreensão emocional de crianças com 7 mesesde idade Grossmann Striano Friederici 326 Psicologia Cognitiva 2006 As crianças viram rostos felizes ou bravos combinados com uma vozfeliz ou brava Al gumas vezes a facee a vozcombinavam e outras vezes não Quando a expressãoe o tom não combinavam as crianças demonstravam confusão olhando durante mais tempo nas faces Grossmann Striano Friederici 2006 Estas descobertas indicam que elas são capazes de compreenderexpressões faciais emocionais o tom de voz emocional e se apresentam ou não correspondência Nos primeiros anos de vida nós humanos parecemos progredir pelos seguintes estágios de produção da língua 1 Arrulhamento que inclui principalmente sons vocálicos 2 Balbucioque inclui sons de consoantes bem como de vogais para a maior parte das pessoas o balbuciar de crianças crescendo entre pessoasque falam uma língua dife rente parece muito similar OUer Eilers 1998 3 Elocuções de uma única palavra estas expressões são limitadas tanto nas vogais quanto nas consoantes que utilizam Ingram 1999 4 Elocuções contendo duas palavras e fala telegráfica 5 Estrutura básica de sentenças de um adulto presente com a idade aproximada de 4 anos com aquisição contínua de vocabulário veja Bloom 2000 para uma dis cussão dos mecanismos desta aquisição Examinemos esses estágios com maior detalhe Sabeseque crianças mais novas produ zemseusprópriossons Do modo maisóbvio o aspecto comunicativo do choro seja ele in tencional ou não funciona muito bem No entanto em termos de aquisição da linguagem é o arrulhar das crianças mais jovens que mais desperta o interesse dos lingüistas Arrulha mento é a expressão oral dos bebês que explora a produção dos sons vocálicos O arrulhar das crianças ao redordo mundo incluindo crianças surdas é indiferenciável nos bebêse nas línguas Os bebês são realmente melhores que os adultos no que diz respeito à capacidade para diferenciar sons que não apresentam significado para eles Werker 1989 Conseguem fazer distinções fonéticas que os adultos perderam Portanto existem funções que crianças em idade muito tenra fazem melhor que os adultos Durante o estágiode arrulhamento as criançasque ouvem também conseguemdiscrimi nar entre todos os fones e não apenas os fonemas característicos de sua própria língua Por exemplo durante esse estágio crianças pequenas japonesas e americanas conseguem dife renciar os fonemas l e r No entanto à medida que as crianças japonesas passam para o próximo estágio perdem gradualmente essa capacidade Ao completarem 1 ano as crianças japonesas para as quais a distinção não faz uma diferença fonêmica deixam de fazer essa diferenciação Eimas 1985 Tsushima et ai 1994 A perda da capacidade de diferenciação não se limita às crianças japonesas Considere uma aptidão das crianças mais novas que crescem em lares onde é falado o inglês Elassão capazes de distinguir nos primeiros anos de vida entre fonemas que são diferentesna língua hindi falada na índia mas que não são diferentes em inglês Werker 1994 Werker Tees 1984 Em inglês os fonemas são alofônicos do som t As crianças que falam inglês em par ticular são capazes de fazer a distinção com cerca de 95 de precisão na idade entre 6 e 8 meses Entre 8 e 10 meses a precisão das crianças diminui para 70 Entre 10 a 12 meses decresce para meros 20 As crianças à medida que crescem perdem nitidamente a capa cidade para fazer distinções que não sejam relevantes para sua língua O arrulhamento re presenta um estágio importante no desenvolvimento da língua Os pesquisadores quando examinaram crianças com paralisia cerebral descobriram que se o arrulhar era postergado no início havia aumento das dificuldades futuras com a língua Otapowicz et ai 2005 Capítulo9 Linguagem Natuteza e Aquisição 327 No estágiode balbucio as crianças surdasdeixam de emitir sons vocálicos Os sons pro duzidos por crianças que ouvem se alteram Balbucio é a produção preferencial da criança principalmente daqueles fonemas distintos vogais e consoantes que são característicos da próprialinguagem da criança maisnova Locke 1994 Petitto Marentette 1991 Portanto o arrulhar de crianças ao redor do mundo é essencialmente o mesmo Entretanto o balbucio de crianças com poucaidade é mais diferenciado Conforme indicado anteriormente a capa cidade da criança para perceber bem como produzir fones não fonêmicos retrocede durante esse estágio Um caso interessanteda especialização do balbuciopode ser observado nas raras crianças mais jovens que conseguem ouvir mas que no entanto são expostasà ASL como sua primeira língua Essas crianças exibem efetivamente o balbucio porém o fazem de ma neira não verbal Formam especificamente não apenas movimentos não lingüísticos com a mão mas também lingüísticos muito parecidos com o que as crianças que se expressam ver balmente fazem com os fonemas falados Petitto et ai 2004 A criança finalmente pronuncia a sua primeira palavra E seguida logo após por uma ou duas adicionais Poucotempo em seguida surgemmais algumas A criança usaestas elo cuções de uma palavra denominadas holofrases para transmitir intenções desejos e exi gências As palavrassão usualmente substantivos que descrevem objetosconhecidosque a criança observa por exemplo carro livro bola bebê nariz ou desejos porexemplo mamãe papai suco biscoito Aos 18 meses as crianças normalmente possuem um vocabulário de 3 a 100 palavras Siegler 1986 O vocabulário da criança com pouca idadeainda não consegueenglobartudo aquilo queeladeseja descrever Como resultado a criançacometeerrosdesuperextensão Um erro de superextensão consiste em estender erroneamente o significado das palavras no lé xico existente para cobrir objetos e idéias para os quais falta uma palavra Por exemplo o termo geral para um homem pode ser dada o que pode ser muito angustiante para um pai recente em um ambiente público O termo geralpara qualquertipo de animal com quatro pa tas podesercãozinho Criançasmais novasprecisam superestender ossignificados daspala vrasqueconhecem Elas possuem um número muitoreduzido de palavras emseu vocabulário para poderprocederde outra forma Como decidemque palavras usarquando superestendem o significadodas palavras que conhecem Uma hipótese característica indica que as crianças formam definições que incluem muito poucas características Clark 1973 Portanto uma criança pode se referir a um gato como se fosse um cachorro por causade uma regramental que estabelece o seguinte se um animal pos sui como característica quatro patas então é um cãozinho Uma hipótesefuncional alternativa Nelson 1973 indica que as crianças aprendem primeiro a usar palavras que descrevem fun çõesou finalidades importantes Porexemplo lâmpadas emitem luz Cobertoresnos aquecem De acordocom essavisão os errosde superextensão resultamde confusõesfuncionais Um cão e um gatofazem coisas similares e possuem a mesmautilidadecomoanimaisde estimação Por tanto umacriançapossivelmente osconfundiráA hipótesefuncionaltemsidoencaradausu almente como uma alternativa à hipótese característicaporém ambosos mecanismospoderiam ocorrer possivelmente nas superextensões das crianças Entre 1 ano e meioe 2 anos e meio as crianças começam a combinargradualmente pa lavras individuais para expressarse verbalmente com duaspalavras Portanto iniciase deste modo uma compreensão da sintaxe Estas comunicações sintáticas iniciais parecem mais te legramas do que conversação Artigos preposições e outros morfemas que exercem funções usualmente sãoexcluídos Portantoo lingüistareferese a essas expressões verbais iniciais com sintaxe rudimentar como a fala telegráfica A fala telegráficapode ser usada para descrever expressões verbais formadas por duas ou três palavras e mesmo palavras ligeiramente mais longas caso sejam pronunciadas excluindo alguns morfemas funcionais Exemplos de fala 328 Psicologia Cognitiva telegráfica incluem quero suco e senta mamãe Estas combinações simples de palavras transmitem muitas informações sobre as intenções e as necessidades de uma criança O vocabulário se amplia rapidamente Ele mais do que triplica variando de aproximada mente 300 palavras aos 2 anos de idade para cerca de 1000palavras aos 3 anos Quase incri velmente com a idade de 4 anos as crianças adquirem os fundamentos da sintaxe e da estrutura da língua de um adulto Quadro 93 A maioria das crianças aos 5 anos de idade também consegue aprendere produzir construções de sentenças bem complexas e incomuns Aos 10 anos a linguagem das crianças é fundamentalmente a mesma dos adultos QUADRO 93 Alterações em Função do Desenvolvimento Associadas à Aquisição da Linguagem Independentemente da língua que elas adquirem crianças ao redor do mundo parecem seguir o mesmo padrão de desenvolvimento quando têm aproximadamente a mesma idade Idade Aproximada Características da Idade Interação com o Processo de Informação Prénatai Reação a vozes humanas A medida que os sons adquirem mais Ptimeitos meses Arrulhamento que inclui significado a percepção dos sons pela ptincipalmente sons de vogais criança totnase mais seletiva e aumenta Aproximadamente no Balbucio que inclui fonemas distintos sua capacidade para lembrarse de sons segundo período de 6 vogais e consoantes que catactetizam meses após o a primeira linguagem da ctiança nascimento Aproximadamente Elocução de uma palavra A medida que a fluência e a entre 1 e 3 anos Elocução de duas palavras compreensão aumentam elevase Fala telegráfica a capacidade mental para manipular símbolos lingüísticos como ocorre com o desenvolvimento conceituai ocorrem erros de superextensão quando as crianças tentam aplicar seu vocabulário limitado a uma variedade de situações potém à medida que o vocabulário das crianças se torna mais especializado esses erros ocorrem com menos freqüência Aproximadamente Sentenças simples que refletem uma Vocabulário e conceitos continuam a entre 3 e 4 anos enotme ampliação do vocabulário bem ampliarse em termos de compreensão e como uma compreensão da sintaxe fluência e a criança internaliza regrasde notavelmente versada apesar dos erros sintaxe erros causadospelo uso excessivo causados pelo uso excessivo da forma da forma regularoferecem insigfits sobre o regular modo como as crianças formam regras relativas à estrutura da língua Aproximadamente Estrutura básicade sentenças igualà de Os padrõesda linguagem e as estratégias aos 4 anos um adulto alguns acréscimos de para aquisição da língua pelas crianças complexidade da estrutura continuam são estudados de maneira muito similat durante a adolescência o vocabulário àquela para os adultos no entanto suas continua a aumentar embora em um estratégias metacognitivas para aquisição ritmo declinante de vocabulário tornamse cada vez mais sofisticadas no decorrer da infância Capítulo 9 Linguagem Natuteza e Aquisição 329 Inato e adquirido Nemo inato porsi mesmo nemo adquirido perseexplicam adequadamente todos osaspectos da aquisição da linguagem Comoo inatopoderia então facilitar a criação no processo Tal vez os seres humanos possuamum dispositivo de aquisição de linguagem DAL um meca nismo biologicamente inato que facilita a aquisição da linguagem Chomsky 1965 1972 Em outras palavras nós humanos parecemos ser préconfigurados biologicamente para estar prontos a aquisição da a linguagem Diversas observações de seres humanos apoiam a noção de que possuímos predisposição paraadquirir a linguagem Para citarumexemplo a percepção da fala humanaé bastante ex traordinária tendo em vista a natureza da capacidade de processamento auditivo para outros sons Alémdisso todasascrianças em umaampla faixade habilidades e ambientes parecem adquirir a linguagem a um ritmo incrivelmente rápido Na realidade crianças surdas adqui rem a linguagem de sinais de modo muitoparecido e aproximadamente no mesmo ritmoem que as crianças com audição adquirem a língua falada Se você já seesforçou para adquirir uma segunda língua pode perceber a relativa facilidade e rapidez com que as crianças com pouca idade parecem adquirir a primeira língua Esta realização é muito notável Considere que é oferecida àscrianças uma quantidade e variedade relativamente modesta de dados lin güísticos seja discurso ousinais emrelação à estrutura dalíngua internalizada e sofisticada que as crianças criam Crianças parecem ter um talento especial para adquirir umacompre ensão implícita das diversas regras daestrutura da língua Também possuem umtalento espe cial para aplicaressas regras a um novo vocabulárioe a novoscontextos No entanto muitos adultos ainda conseguem aprender novas línguas bem satisfatoriamente se posicionados no contexto certo como umprograma de imersão Seuaprendizado pode ser bom embora ten dam a conservar um sotaque que reflete osfonemas de suaprimeira língua quando falam a nova língua Porexemplo um espanhol aprendendo inglês pode falar inglês com sotaque espanhol De modo idêntico umamericano tenderia a falar espanhol com umcertograu de sotaque americano Provas adicionais da capacidade lingüísticainata podem serconstatadas em nossacapaci dadeparasegmentar sentenças faladas empalavras Estacapacidade seencontrapresente não apenas na língua que falamos mas também nocaso de línguas estrangeiras e dalíngua artifi cial Em um experimento osparticipantes ouviram umalínguaartificial Os participantes não receberamqualquerinformaçãosobrea naturezadas palavras No entanto apósouviremuma fala contínua na língua artificial foram capazes em muitas situações de detectar quando as palavras iniciavam e terminavam Os participantes também conseguiam reconhecer poste riormente as palavras que foram apresentadas muito embora fossem palavras artificiais Saffran Newport Aslin 1996 A capacidade parasegmentar palavras também é observada em crianças com apenas 6 meses Bortfeld et ai 2005 Johnson Jusczyk 2001 Saffran 2001 Essas capacidades têm possibilidade deenvolver familiaridade com as palavras e proba bilidades estatísticas Esse segundofator é o resultadoda freqüência com que fonemas especí ficos aparecem emseqüência na fala normal Essas probabilidades resultam emconfigurações semelhantes de palavrasem uma nova série de fonemas Metacognição é a compreensão e controle de nossa cognição Scheck Nelson 2003 Ela nosproporciona umde nossos melhores auxílios para o aprendizado de uma língua Como adultos possuímos uma grande vantagem em aprender línguas Temos maior familiaridade com a estrutura da língua do que quando éramos jovens No entanto a extensão em que a metacognição ajuda depende dequanto a nova língua é similar à língua ou às línguas que já conhecemos Por exemplo a maioria dos adultos que falam inglês considera o espanhol mais fácil de aprender que o russo A razão é que a estrutura doespanhol é muito mais parecida coma doinglês doquea estrutura do russo O chinês é aindamais difícil deaprender emter mos médios por ser ainda mais diferente do inglês do que o russo 330 Psicologia Cognitiva Talvez seja até mais surpreendente que quase todas as crianças pareçam adquirir esses aspectos da linguagem na mesma progressão e mais ou menos na mesma época Parece que existemperíodos críticos intervalos de desenvolvimentorápidodurante os quais uma deter minada capacidade precisa ser desenvolvida caso venha a evoluiradequadamente no futuro para adquirir essa compreensão dá língua Newport 2003 Scovel 2000 Stromswold 2000Ninguém conhece exatamente por que ocorrem os períodoscríticosTalvez as crian ças mais novas possuam uma vantagem no aprendizado da língua porque as limitações de suascapacidades perceptivas e de memória as tornam mais propensas a processar partes me noresde informação do discurso Newport 1991 Estas partes menores podem tornar mais fácilpara elas a percepçãoda estrutura da língua Esta visão entretanto não foide maneira alguma aceita de modo unânime Rohde Plaut 1999 Qualquer outra explicação para a existência de períodos críticostambémnão foi aceita universalmente O ambiente desempe nha papelimportantedurante taisperíodos Porexemplo osestágios de arrulhamento e bal bucio parecem ser um período crítico para a aquisição da diferenciação e da produção de fonemas distintos por um usuário nativo de uma determinada língua Durante esse período crítico o contexto lingüístico da criança precisa disponibilizar aqueles fonemasdistintos Tambémparece existir um período crítico para a aquisição da compreensão da sintaxe de uma língua Talvez o maior apoio a essa visão originase dos estudos envolvendo adultos usuá rios da ASL Considere osadultos queutilizaram a ASL durante 30anos ou mais Os pesqui sadores conseguiramdiferenciarde modo discernível entre aqueles que adquiriram a ASL antes dos 4 anos entre 4 e 6 anos e apósos 12anos Apesar de utilizarema ASL durante 30 anos aqueles que adquiriram esta linguagem posteriormente na infância tiveram uma com preensão menos profunda da sintaxediferenciada da ASL Meier 1991 Newport 1990 Os estudos de crianças isoladas linguisticamente parecem oferecer apoio adicional para a noção da interação entre a maturidade fisiológica e o apoio ambiental Considere as ra ras crianças que estiveram isoladas linguisticamente Aquelas que são resgatadas em tenra idade parecem adquirir mais estruturas de linguagem sofisticadas do que as criançasresga tadasquando têmmais idade Por exemplo a criança Genie descrita no Capítulo 1 não teve uma interação verbalsignificativa durante os primeiros 13 anos de vidaOutro exemplo é Vic tor o menino selvagem de Aveyron que foi encontrado após viver mais de 3 anos na selva Victor nunca foi capaz de aprender a língua apesar de muitas iniciativas de instrução Newton 2004 Aspesquisas sobre períodos críticos paraa aquisição dalinguagem sãomuito maisambíguas paraa aquisição de línguas adicionais após a aquisição de umprimeiro idioma Bahrick etai 1994 veja também Capítulo 10 Duasobservações adicionais queseaplicam a todososseres humanosde qualquer idade também apoiam a noção de que o inato contribui para a aquisição da linguagem Em pri meiro lugar osseres humanos possuem diversas estruturas fisiológicas cuja únicafinalidade é produzir a fala G S Dell comunicação pessoal em novembro de 1994 Em segundo um grande número decaracterísticas universais foi documentado para a ampla gama de línguas humanas Em 1963 um lingüista solitário documentou 45 características universais de 30 línguas por exemplo finlandês hindi suaíli quíchua e sérvio Desde aquela época cente nas de configurações universais foram documentadas para línguas ao redor do globo veja Pinker 1994 O inato ouo adquirido nãoparecem determinar isoladamente a aquisição da linguagem Deacordo com a visão doteste de hipótese ascrianças adquirem a língua formando mental mente hipóteses provisórias relativas àlíngua com base em sua facilidade herdada para aaqui sição dalíngua eem seguida testam essas hipóteses noambiente Portanto inato e adquirido operam juntos A implementação deste processo caracterizase porseguir diversos princípios Capítulo 9 Linguagem Natureza e Aquisição 331 operacionais Slobin 1971 1985 As crianças mais novas ao formarem hipóteses buscam e dedicamse aos seguintes aspectos 1 Configuração das alterações na forma das palavras 2 Inflexões dos morfemas que sinalizam mudança de significado especialmente su fixos 3 Seqüências de morfemas incluindoasseqüências de afixos e raízes e asseqüências de palavras na sentença Além disso ascrianças aprendem a evitar exceções Elas também elaboram várias outras configurações características de sua língua nativa Embora nem todos os lingüistas apoiem a visão do teste dehipótese dois fenômenos o justificam O primeiro éo uso excessivo daforma regular ou o uso e algumas vezes a aplicação excessiva de regras O segundo é a produtivi dade da língua criando novas expressões verbais baseadas em algum tipo de compreensão a respeito de como fazer Uma variante da visão do testede hipótese relacionase ao fatode quequando ascrian ças estão adquirindo a língua não prestam atenção em todos os seus aspectos Em vez disso as crianças concentramse nos aspectos da linguagem mais perceptivelmente destacados Es tes aspectos são os mais significativos na maioria dos casos Newport 1990 Embora os es tudos deNewport tenham focalizado a aquisição da ASL porcrianças surdas esse fenômeno pode aplicarse também à língua falada Realmente um estudo constata que as crianças com audição atentam efetivamente paraas indicações acústicas nas sentenças que marcam gra maticalmente atributos importantes das sentenças HitshPasek etai 1987 Embora poucos psicólogos ou nenhum tenham afirmado que a linguagem seja um pro duto integral inato muitos pesquisadores enfatizaram ocomponente genético por exemplo Gilger 1996 Pinker 1994 Stromswold 2000 Alguns seconcentram nos mecanismos am bientais que as crianças usam para adquirir a linguagem Três destes mecanismos são a imi tação a modelagem e o condicionamento Imitação Na imitação as crianças fazem exatamente o que vêem os outros fazerem Algumas vezes as crianças realmente imitam os padrões de linguagem deoutras pessoas especialmente de seus pais A ocorrência da imitação nascrianças estárelacionada ao comportamento per ceptivo do vocabulário e do meio social McEwen et ai 2007 Está claro que a imitação desempenha umpapel importante no aprendizado da linguagem A imitação entretanto não seria suficiente per se para aquisição da língua As crianças precisam fazer algo mais Elas mais freqüentemente seguem vagamente aquilo que ouvem Este fenômeno é denomi nado modeíagem Modelagem Mesmo observadores amadores de crianças percebem que as configurações da fala e do vo cabulário infantil seguem o modelo das configurações e do vocabulário das pessoas em seu ambiente Desde a infância ascrianças escutam e tentam imitar os sons da fala que ouvem Kuhl Meltzoff 1997 De fato pais de crianças muito jovens parecem fazer de tudo para facilitar que as crianças prestem atenção e compreendam o que estão dizendo Pais e outros adultos tendem a usar quase sem pensar um tom de voz mais alto que o usual Deste modo eles exageram a inflexão vocal de seu discurso Por exemplo eles aumentam e diminuem o tom e o volume mais exageradamente que o normal Também adotam a fala infantil 332 Psicologia Cognitiva construções de sentenças mais simples quando falam com crianças pequenas Rice 1989 Esta forma diferenciada da fala adulta também foi denominada maternês ou maternalês Por exemplo uma mãe poderia dizer aseu bebê Bebê vem para mamãe Deste modo ela tenta falar com a criança de uma maneira que ela entenderá Os adultos por meio da fala infantil parecem fazer de tudo para tornar a língua interes sante e compreensível para crianças mais novas e mais velhas A fala infantil auxilia na tarefa de segmentação das palavras fundamental para o aprendizado de novas palavras Thiessen Hill Saffran 2005 Este benefício é graças em parte ao uso de diminutivos como cachor rinho e passarinho na linguagem infantil Kemple Brooks Gills 2005 A metados adul tos é comunicarse de modo bemsucedido com suas crianças Acredolo Goodwyn 1998 Deste modo eles também tornam possível às crianças modelar aspectos do comportamento dos adultos Na verdade as crianças realmente parecem preferir escutar afala infantil mais do que outras formas de fala adulta Fernald 1985 Estes exageros atendem pelo menos a duas fina lidades Primeiro parecem captar e manter a atenção das crianças Segundo sinalizam às crianças quando revezaremse naemissão de sons e comunicar predileção informação relacio nada à emoção Os pais parecem usar essa forma especializada de fala em todas asculturas Eles fazem uma adaptação adicional dessa fala para circunstâncias específicas Empregam en tonações crescentes para tranqüilizar as crianças eentonações breves descontínuas e abruptas da fala para alertar contra o comportamento proibido Fernald et ai 1989 Os pais parecem até mesmo modelar a forma correta para interações verbais As primei ras interações entrequem cuida dacriança e a própria criança são caracterizadas poralter nância Esta pessoa diz algo e em seguida usa inflexão verbal para incitar a criança a responder Acriança balbucia espirra arrota ou então produz alguma resposta audível Apes soa que cuida dela aceita então quaisquer ruídos que acriança faça como expressões comu nicativas e respostas válidas A seguir a criança responde adicionalmente à indução O processo tem continuidade enquanto ambas exibirem interesse em continuar Eles também parecem se empenhar para compreender as primeiras elocuções das crianças Nessas expressões uma ou duas palavras podem ser usadas para transmitir toda uma gama de conceitos A medida que a criança passa a termais idade fica mais sofisticada eadquire mais linguagem os pais proporcionam gradualmente menos apoio lingüístico Eles exigem dos filhos expressões verbais cada vez mais complexas Parecem oferecer inicialmente um andaime para auxiliála a construir um edifício da língua e removem gradualmente o andaime à medida que a linguagemda criança se desenvolve Os modelos de uso da língua adotados pelos pais proporcionam o meio principal pelo qual ascrianças adquirem a linguagem O mecanismo de imitação é muito atraente em termos de simplicidade Infelizmente não explica muitos aspectos da aquisição da linguagem Suponha por exemplo que a imitação seja o principal mecanismo Por que neste caso todas as crian ças começam produzindo elocuções contendo uma palavra em seguida duas palavras e ou tras expressões telegráficas e posteriormente sentenças completas Por que nãoiniciar com sentenças completas Além disso talvez o argumento mais forte contra a imitação isolada mente relacionese àprodutividade lingüística Shakespeare pode ter sido mais produtivo que a maioria de nós Porém cada um de nós é muito inovador nafala que produzimos A maior parte das elocuções queproduzimos sãoaquelas que nuncaouvimos ou lemos antes O uso excessivo da forma regular ocorre quando as pessoas aplicam as regras gerais da língua aos casos excepcionais que diferem da norma Por exemplo ao invés de imitar a con figuração da sentença de seus pais em The mice fell down the hole and they ran home Os camundongos caíram no buraco e eles correram para casa acriança com pouca idade po deria atribuir um uso excessivo da forma às formas irregulares Ela então diria The mouses Capitulo 9 Linguagem Naturezae Aquisição 333 falled down the hole and they runned home O fato de que as crianças dizem palavras como mouses e runned mostra que o próximo mecanismo a ser analisado condiciona mento poderia não contar toda a história da aquisição da linguagem Condicionamento O mecanismo do condicionamento também é perceptivelmente simplesAs crianças ouvem elocuções e as associam a determinados objetos e eventos em seu ambiente Produzem em seguidatais expressõese sãoelogiadaspor seuspais e outras pessoaspor terem falado Imagine a primeira vez que uma criança diz mamãe A mãe da criança provavelmente a apanhará no colo e lhe dará muitoselogios e abraços Estecomportamento atua como um reforço para a criança por dizermamãeO reforçoaumenta a probabilidade de que o comportamento será repetido em geral conversando e em particular dizendo mamãeAs elocuçõesdas crian ças não são claras inicialmente mas por meio de aproximações sucessivas elas virão a falar tão bem quanto adultos que falam sua língua nativa A progressão do balbucio para elocuções contendo uma palavra e para expressões mais complexas pareceria apoiar a noção de que as crianças principiam com associações simples Suas elocuções aumentam de complexidade gradualmente e em grau que se aproxima da fala adulta Analogamente à imitaçãoa simplicidade do mecanismode condicionamento propostonão é suficientepara explicar integralmente a aquisiçãoefetivada linguagem Para citar um exem plo os pais estão muito mais propensos a responderse a afirmativa da criança é verdadeira ou falsa do que à correção relativa da gramática e da pronúncia da criança Brown Cazden Bellugi 1969 Evidentemente os pais respondem algumas vezes de modo efetivo à corre ção gramatical da fala infantil Porém suas respostas somente explicam por que as crianças acabam interrompendo a prática do uso excessivo da forma de sua fala As respostas não ex plicam por que as crianças começam em alguma ocasião a proceder desse modo Além dissodo mesmo modo que a produtividade lingüística depõe contra a imitação isoladamente ela contradiz o condicionamento As crianças usam constantemente expressõesverbaisnovas pelas quais nunca foram elogiadas anteriormente Elas aplicam constantemente as palavras e as estruturas da língua que já conhecem a situações e contextos novos para osquais nunca receberam reforço anteriormente Desse modo por meio dos efeitos combinados da capaci dade lingüística inata e da exposição a um ambiente lingüístico as crianças adquirem uma língua automaticamente e aparentemente sem despender esforço Além dos Primeiros Anos As teorias precedentes oferecem explicações de como as crianças adquirem os fundamentos das estruturas da língua dos adultos com a idade aproximada de 4 anos O progresso que as crianças com 4 anos exibem em relação à linguagem é realmente notável Porém poucos de nós teriam dificuldade para reconhecer que o vocabulário e a sofisticação lingüística das crianças de 4 anos diferem daqueles das crianças com mais idade e dos adultos Que mu danças ocorrem no uso da linguagem pelas crianças após a idade de 4 anos E o que tais mudanças implicam em relação às mudanças na cognição durante o desenvolvimento Para compreender tais mudanças examinamos a compreensão verbal e a fluência verbal Em geral a capacidade das crianças para compreender a língua e para processar informações eficientemente aumenta com a idade Hunt Lunneborg Lewis 1975 Keating Bobbitt 1978 Crianças com mais idade também demonstram maior fluência verbal que crianças com menos idade Sincoff Sternberg 1988 Não queremosobservar somente os acréscimos de compreensão verbal e a capacidade para ter fluência que se desenvolvemcom a idade Também desejamos entender o desenvolvimento observando as estratégias específicas que uma criança com certa idade usa para compreender ou gerar expressõesverbais Grande parte 334 Psicologia Cognitiva do que se desenvolve não é somente capacidade verbal Também é a capacidade para gerar estratégias úteis para a compreensão e fluência verbais Estas estratégias existem na inter secção entre aquisiçãoda língua e metacognição São aspectos importantes da inteligência humana Sternberg 1985a Um aspecto interessante das pesquisas sobreestratégiasde compreensãoverbal tem sido a pesquisarelacionadaao monitoramento da compreensão Markman 1977 1979 Esta pes quisase baseiana hipótese de que uma das maneiras pela qual aumentamosnossacompreen são da informaçãoverbal é pelo monitoramento daquilo que ouvimose lemos Desse modo a verificamos para ter precisão lógicae coesão Para estudar a fluência do monitoramento da compreensão os pesquisadores observaramcrianças e adultose tentaram correlacionaras ap tidões de monitoramento da compreensão com avaliações da compreensão geral Considere um experimento típico Crianças com idade entre 8 e 11 anos ouviram tre chos contendo informações contraditóriasA descriçãode comopreparara sobremesa Alasca ao Forno é um exemplo Markman 1979 p 656 Para preparála coloque o sorvete em um forno muito quente O sorvete noAlasca ao Forno derrete quando ficaquente com esta temperatura Em seguida tire o sorvete do forno e sirvao imediatamente Quando o Alasca ao Forno é preparado o sorvete per manece firme e não derrete Observeque o trecho contém uma contradição interna flagrante Afirma ao mesmotem po que o sorvetederrete e que não derrete Quase metade das crianças com menos idade qué viram essetrecho simplesmente não perceberama contradição Mesmoquando foramnotifi cadasantecipadamentesobreproblemas na história muitasdas crianças maisnovasainda as sim não detectaram a incoerência Portanto as crianças com menos idade não tiveram muito sucessono monitoramento da compreensão Deixam muito a desejar mesmo quando avisadas para permanecer alertas para as inconsistências no texto que leram Um aspecto importante do desenvolvimentode todas as aptidõescognitivas incluindo o monitoramento da compreen são é o progresso que as pessoas demonstram no uso dessas aptidões A Linguagem dos Animais Alguns psicólogos cognitivos especializamse no estudo dos animais Por que estudariam os animais apesar de os seres humanos estarem tão prontamente disponíveis Existem diversas razões Primeira supõese que os animais possuem muitas vezes sistemas cognitivos mais sim ples Estes modelos podem ser então aproveitados para o estudo de sereshumanos conforme ocorreu mais acentuadámente no estudo da aprendizagem Por exemplo um modelo de con dicionamento que foi propostooriginalmente para animais como ratosbrancos provouserex tremamente útil para a compreensão do aprendizado humano Rescorla Wagner 1972 O modelo ao ser apresentado inicialmente era único ao propor que a cognição dos animais é maiscomplexado que havia sidoconsideradapreviamenteRobert Rescorla e Allan Wagner demonstraramque o condicionamento clássico depende não somenteda simples contiguidade entre estímulo não condicionado e um condicionado mas talvez da contingência envolvida na situação Em outras palavras o condicionamento clássicoocorre quando os animais redu zema incerteza em uma situação de aprendizagem quando aprendem a relação entre a ocor rência de doistiposde estímulo Em suma as pesquisas com animais mais simples conduzem muitas vezes a insights importantes sobre o aprendizado humano Segunda os animais podem ser submetidos a procedimentos que não seriam possíveis para os sereshumanos Porexemplo um rato pode ser sacrificado no fimde um experimento Capítulo9 Linguagem Natureza e Aquisição 335 para estudar as alterações que ocorreram no seu cérebro como resultado da aprendizagem Também se pode injetar substâncias em um rato para estudar os efeitosde um composto quí mico no funcionamento Tais experiências obviamente não podem ser realizadas nos seres humanos Todos esses estudos evidentemente precisam estar sujeitos à aprovação institucio nal da ética das experiências antes de ser conduzidos Terceira animais que não vivemno meio selvagem podem atuar como participantes em todas as horas ou pelo menos estar disponíveis regularmente Encontramse normalmente presentes quando o experimentador precisa deles Em contraste alunos de faculdade e ou tras pessoas possuem muitas outras obrigações como aulas trabalhos escolares empregos e compromissos pessoais Além disso algumas vezes mesmo quando se inscrevem para parti cipar de pesquisas não comparecem Quarta umacompreensão da basecomparativae evolutiva bem comodas bases de desen volvimento docomportamentohumano exige estudos de animaisde várias espécies Rumbaugh Beran 2003 Se os psicólogos cognitivosdesejaremcompreenderas origensda cogniçãohu mana no passado distante precisam estudaroutros tiposde animais alémdos seres humanos Quinta e última razão o estudo de seres humanos permite aos psicólogos cognitivos analisarem que aptidões cognitivas são unicamente humanas e quais são partilhadas com animais O filósofo René Descartes propôs que a língua é o que distingue qualitativamente os seres humanos das espécies animais Estava certo Antes de analisarmos os detalhes da linguagem animal devemos enfatizar a distinçãoentre comunicação e língua Poucos duvi dariam que os animais se comunicam de alguma maneira O que se discute é se eleso fazem por meio daquilo que poderia ser denominado razoavelmente uma língua Como língua é um meio organizado de combinação de palavras para se comunicar comunicação engloba maisamplamente não apenas o intercâmbiode pensamentose sensações por meioda língua mas também a expressão não verbal Exemplos incluemgestos olhares de relancedistancia mentos e outras indicações contextuais Primatas especialmente chimpanzés permitemnos obter as percepções mais promis sorasda linguagemanimal Jane Goodall a famosa pesquisadora de chimpanzésna selva es tudou diversos aspectos do comportamento desses animais Um dos aspectos relacionase às vocalizações Goodall considera que muitas delas são claramente comunicativas embora não necessariamente indicativas de linguagem Por exemplo chimpanzés emitem um grito específico indicandoque estão para ser atacados Usam outro grito para reunir seus compa nheiros em grupo Apesar disso seu repertório de vocalizações comunicativas parece ser pe queno improdutivo não são produzidas novas expressões orais limitado em estrutura sem complexidade estrutural e relativamente não arbitrário Também não é adquirido de modo espontâneo As comunicações dos chimpanzés não satisfazem portanto nossocritério para uma língua R AUen e Beatrice Gardner usando a linguagem dos sinais foram capazes de ensinar a Washoe seu chimpanzé domesticado aptidões lingüísticas rudimentares Brown 1973 além dos estágios que um bebê humano poderia alcançar Subseqüentemente David Pre mack 1971 teve até mais sucesso com a chimpanzé Sarah Ela adquiriu um vocabuláriode maisde 100 palavras de várias partes do discurso e demonstrou possuir pelo menos aptidões lingüísticas rudimentares Sarah aplicou o modelo de suatreinadorae foi capaz de usara ins trução que recebeu para elaboraro que pareciaser uma língua rudimentar própria Washoe morreu em 2007 Herbert Terrace 1987 teve uma visão menos positiva da capacidade lingüística dos chimpanzés Ele acompanhouo crescimento de um chimpanzé denominado NimChimpsky um nome que é uma paródia de Noam Chomsky o lingüista eminente Nim ao longo de diversos anos emitiu mais de 19 mil expressões contendo muitos sinais em uma versão 336 Psicologia Cognitiva ligeiramente modificada da ASL A maiorparte de suasexpressões verbais era formada por combinações entre duas palavras A análise cuidadosa dessas expressões feita por Terrace revelou entretanto que a maio ria delaseram repetições daquiloque Nim havia visto Terraceconcluiu que apesardo que aparentavamser conquistas notáveis Nim não demonstrava possuir sequeros rudimentos de expressão sintáticaO chimpanzé conseguia produzir expressões com uma ou até maispala vras porém não de modo organizado sintaticamente Por exemplo Nim alteraria os sinais para Dá banana Nim Banana dá Nim e Banana Nim dá não mostrando preferência pela forma gramaticalmente correta Além disso Terrace também estudou filmes mostrando outros chimpanzés supostamente produzindo umalíngua Chegou à mesma conclusão paraes ses animais que havia chegado para Nim Sua posição portanto é que embora oschimpan zés possam compreender e produzir expressões verbais não possuem competência lingüística no mesmo sentidoque mesmo seres humanosmuitojovens possuem Suas comunicações não apresentam estrutura e particularmente multiplicidade de estrutura Susan SavageRumbaugh e seuscolegas SavageRumbaugh etai 1986 1993 identifica ram as melhores provas já encontradas que apoiam o uso da linguagem entre chimpanzés Seuschimpanzéspigmeus combinaram espontaneamente ossímbolos visuais como triângu losvermelhos e quadrados azuis de uma língua artificial que os pesquisadores lhes ensinaram Até parecem haver compreendido uma parte da língua que lhes foi falada Um chimpanzé pigmeu em particular Greenfield SavageRumbaugh 1990 aparentava possuir grande apti dão demonstrando possivelmente uma compreensão primitiva da estruturada língua A linguagem do chimpanzé pode não atender a todas as limitações impostas pelas propriedades da língua descritas no início do capítulo Por exemplo a linguagem usada pelos chimpanzés não é adquirida espontaneamente Ao invés disso eles aprendem a linguagem somenteapós programas de instruçãomuitoorientados e sistemáticos Neste pontosimplesmente não po demos tersegurança dequeos chimpanzés demonstram verdadeiramente a gama completa de capacidade lingüística Um estudofamoso da linguagem de um animal foi realizado observando o gorila Koko Koko consegue usar aproximadamente mil sinais e comunicarse de modo relativamente efi caz com seres humanos expressando desejos e pensamentos As provas também indicam que Koko é capaz de compreender e usar humor Gamble 2001 Koko também parece ser capaz de usar a linguagem de um modo novo combinando sinais de novas maneiras e for mando sinais totalmente novos Um dos exemplos mais famosos deste comportamento foi exibido quando Koko desenvolveu um novo sinal para anel combinando dedo e brace lete HiU 1978 Outro exemplo famoso de linguagem animal pode serobservado no casode um papa gaio africano chamado Alex Ele conseguia produzir mais de 200 palavras e expressar di versos conceitos complexos incluindo presente e ausente e um conceito similar ao zero Pepperberg 1999 Pepperberg Gordon 2005 Provas recentes também indicam que Alex foi capaz de produzir novas combinações de palavras para formar novas maneiras deexpres são de conceitos Pepperberg 2007 Alex morreu em 2007 No caso de espécies animais poderem usar linguagem parece quase certoquea facilidade lingüística dos seres humanos excede consideravelmente aquela das outras espécies animais que estudamos Noam Chomsky 1991 definiu o principalaspecto a respeito da linguagem dos animais de modo bem eloqüente Se um animal tivesse uma capacidade tão vantajosa biologicamente comoa de usarumalíngua porém de alguma maneira não a tivesse utilizado até agora seria um milagre da evolução de modo análogo a descobrir uma ilhapovoada por sereshumanos que pudessem ser ensinados a voar Capítulo 9 Linguagem Natureza e Aquisição 337 Temas Fundamentais Este capítulo examina alguns dos principais temas analisados no Capítulo 1 Em primeiro lugar existe o tema natureza versus criação Em que grau a língua é o resul tado de algumdispositivo inato de aquisição e em que extensão é o resultadoda experiência As primeiraspesquisas durante a época do Behaviorismo enfatizaram com grande relevân cia o papelda criação Muitaspesquisas modernasdesdeos trabalhos de Noam Chomsky na década de 1960 enfatizaram o papel de fatores inatos natureza Porém está claro que a na tureza interage com a criação Crianças que possuem experiências verbais mínimas em seus primeiros anos de vida terão desvantagem no desenvolvimento de aptidões lingüísticas Um segundo tema é o do Racionalismo versus Empirismo A maioria dos psicólogosen fatiza técnicas empíricas em suas pesquisas Porém lingüistas como Chomsky enfatizaram técnicas mais racionalistas Elesanalisaram a língua normalmente sem coletar de modo for mal qualquerdado empíricopelo menosno sentido que os psicólogos cognitivosconsideram a composição de tais dados Os insignts notáveis de Chomskymostramque osdois métodos se complementam Muitosinsights podem surgirdo Racionalismo Também podem ser testa dos por métodos empíricos Um terceiro tema é o da generalidade do domínio versus especificidade do domínio Em particular em que grau a língua é especial Tratasede um domínio à parte de outros domí nios ou simplesmentede mais um domínio cognitivo como qualquer outroMuitospsicólo gos acreditam nos dias atuais que realmente existe algo especial em relação à língua Os processoscognitivos operam simultaneamente sobre a língua para que as pessoas a utilizem em praticamente todos os demais domínios em que atuam Por exemplo muitos problemas de Matemática e de Físicasão apresentados por palavras Digaa qualquer número de pessoas Na lama as enguiasestão no barro nenhuma está Perguntelhes o que você acabou de dizer Nossaexperiência é que quase ninguém consegue compreender esta sentença A razão é que as pessoas não estão aplicando o esquema apro priado para compreender sua expressão verbal Se você fosse lhes solicitar que se conside rassem como peixes que não querem ser comidos por enguias e se fosse repetir em seguida essasentença muitas pessoas serão capazesde compreender aquilo que você diz Nossaex periência é que ainda existem pessoas que não serão capazes de compreender esta expressão verbal e portanto você terá de darlhes indicações mais precisas Leituras sugeridas comentadas Bloom P Hovj children learn the meanings of das indicações não verbais incluindo si words Cambridge MIT Press2000 Um nais signos e linguagem corporal estudo abrangente e com provas empíri Hillix W ARumbaugh D MAnimal bodies casda aquisição de vocabulário porcrian human minds Ape dolphin and parrot lan ças com pouca idade guage skills Nova York Kluwer Acade Givens D G Thenonverbaí dictionary ofges micPlenum 2004 Estelivroofereceuma tures stgns body language cues Spokane visãode conjunto da linguagem dos ani Center for Nonverbaí Studies Press mais Contém descrições detalhadas de 2002 Este livro proporciona uma expli pesquisas realizadas em muitas espécies cação abrangente dos comportamentos e diferentes de animais CAPITULO A Linguagem no Contexto 10 EXPLORANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA 1 Como os processos perceptivos interagem com os processos cognitivosda leitura 2 Como a linguagem influencia a nossa maneira de pensar 3 Como o contexto social influencia o nosso uso da linguagem 4 O que podemos conhecer da linguagem a partir do estudodo cérebro humano e o que este estudo revela Meu cirurgião era um açougueiro Minha casa é um ninho de ratos Os sermõesque ela profere são comprimidos para dormir Eleé um verdadeirosapo e sempresai com cães de verdade Crianças vítimas de abuso são bombasrelógio itinerantes Meuchefe é um tigre nas reuniões do Conselho de Administração e um verdadeiro gatinho comigo Outdoors são verrugas na paisagem Meu primo é um vegetal A última namorada de John o mastigou e o cuspiu fora Nenhuma das afirmativas anteriores é literalmente verdadeira No entanto leitores fluentes do inglês apresentam pouca dificuldade paracompreender estas metáforas e outrasformas não literais da língua Comoasentendemos Umadasrazões pelas quais podemos compreender usos não literais da língua é que conseguimos interpretar as palavras que ouvimos no âmbito de um contexto mais amplo nas áreas lingüística cultural social e cognitiva Focalizamos inicialmente neste capítulo o contexto cognitivo da linguagem Exa minamos o modo como aspessoas usam a linguagem emumcontexto paraaprendermos como lere sermos leitores proficientes Examinamos emseguida o modo de interação entrea lin guagem e o pensamento Discutimos a seguir alguns usos da linguagem em seu contexto social Examinamos finalmente algumas descobertas neuropsicológicas relativas à lingua gem Embora os tópicos neste capítulo sejam variados todos possuem um elemento em co mum eles abordam o tema de como a linguagem é utilizada em contextos do diaadia nos quais precisamos nos comunicar com outros e tornar nossa comunicação tãoplena de signifi cado quanto pudermos 339 340 Psicologia Cognitiva Leitura Processos Ascendentes bottomup e Processos Descendentes topdown Emvirtude de a leituraser tão complexa umadiscussão sobre o modo de participação neste processo poderia fazer parte de alguns capítulos deste livro A leitura envolve no mínimo linguagem memória pensamento inteligência e percepção Adams 1990 1999 Adams Treiman Pressley 1997 Garrod Daneman 2003 Just Carpenter 1987 Em um dia típico nos deparamos diversas vezes com a língua escrita Todosos dias vemos sinais outdoors eti quetas e avisos Estes itens contêm muitas informações que nos ajudam a tomar decisões e a compreender situações Como resultado a capacidade de leitura é fundamental para nossas vidas diárias Pessoas portadoras de dislexia dificuldade paradecifrar ler e compreender textos po dem ter muitos problemas em uma sociedade que atribui muitos valor à leitura fluente Be nasich Thomas 2003 Coltheart 2003 Gaíaburda 1999 National Research Council 1998 Shankweiler etaí 1995 SpearSwerling Sternberg 1996 Sternberg Grigorenko 1999 Stern berg SpearSwerling 1999 Torgesen 1997 Vellutino etai 1996 Problemas no processamento fonológico e portanto na identificação de palavrasrepresentamosprincipaisempecilhos para a aprendizagem da leitura Pollatsek Rayner 1989 p 403 veja também Grodzinsky 2003 Rayner Pollatsek 2000 A dislexia podeprejudicar diversos processos diferentes O primeiroé a percepçãofonológica que se refere à percepçãoda estrutura de sonsda lín gua falada Uma maneira típicade avaliação da percepção fonológica é por meio de uma ta refa de eliminação de fonemas Pedese às crianças que digam por exemplo bode semo e Outra tarefausada é a contagem de fonemas Podese perguntaràscriançasquantossons diferentes existem na palavrapeixe A resposta correta é três Um segundo processo é a leitura fonológica que envolve a leitura isolada de palavras Os professores denominam algumas vezes estaaptidão comodecodificação de palavras ouata quede palavras Para seavaliar a aptidão ascrianças podem ser solicitadas a lerpalavras iso ladasAlgumas das palavras podem serbem fáceis outras difíceis Pessoas com dislexiamuitas vezes possuem mais dificuldade para reconhecer as palavras isoladamente do que em umcon texto Quando existe o contexto eles o utilizam paradescobrir o significado da palavra Um terceiroprocesso é a codificação fonológica na memóriade trabalho Esteprocesso se encontra envolvido na recordação de séries de fonemas que algumas vezes causam confu são Podeser avaliadocomparando a memóriade trabalho para fonemas confundíveis versus inconfundíveis Por exemplo umacriançapoderia seravaliada emfunção da proficiência com que se lembrada sériet b zv g versus o xr y q A maioriadas pessoas terá maisdificuldade com a primeirasérie No entanto pessoas com dislexia que apresentam problemas de codifi cação fonológica na memória de trabalho enfrentarão muitas dificuldades Umquarto processo é o acesso léxico Este processo serefere à capacidade de uma pessoa para recuperar fonemas da memória de longo prazo A questão nesse caso é se uma pes soa conseguerecuperaruma palavrada memóriade longoprazoquando ela é vista Porexem plo sevocê vir a palavra lago reconhece imediatamente a palavra como lago ou demora um pouco para recuperála Existem diversos tipos de dislexia O tipo maisconhecido é a dislexia dodesenvolvimento a dificuldade para ler que principia na infância e continua normalmente durante a idade adulta As criançascom dislexia do desenvolvimento possuem maiscomumente dificuldade no aprendizado das regras que relacionam letras e sons Démonet Taylor Chaix 2004 Shaywitz Shaywitz 2005 Um segundo tipo é a dislexia adquirida causada tipicamente por Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 341 lesão traumática no cérebro Uma pessoa que lê com perfeição e que é vítima de uma lesão no cérebro pode adquirir dislexia Coslett 2003 Acreditase que a dislexia do desenvolvimento possui causas biológicase ambientais Uma discussão importante neste campo é o papel que cada uma desempenha Sternberg Spear Swerling 1999 Constatouse que as pessoas com dislexia do desenvolvimento possuem anor malidades em certos cromosomos mais notadamente nos de números 3 6 e 15 Paracchini Scerri Mônaco 2007 No entanto intervenções educativas podem ajudar a reduzir os pro blemas de leitura causados pela dislexia Bakker 2006 Questões Perceptivas na Leitura Se você observar seu próprio processamento do texto notará que a capacidade de leitura é verdadeiramente notável Você de algum modo consegue perceber a letra correta quando é apresentada em uma ampla gama de tipos de impressãoe tipos romanos Porexemplo pode percebêla corretamente em formas maiúsculas e minúsculas e mesmo em formas cursivas Tais processos envolvem a percepção dos aspectosdas palavras impressas relacionadasà forma visual Esses aspectos são denominados ortográficos Em seguida você precisa transfor mar a letra em um som criando um código fonológico relacionado ao som Essa transfor mação é particularmente difícil em inglês porque essa língua nem sempre assegura uma correspondência direta entre uma letra e um som George Bernard Shaw dramaturgo e ad mirador da língua inglesa observou a ilogicidade das pronúncias em inglês Ele propôs que em inglês seria perfeitamente razoávelpronunciar ghoti como fish O gh seria pronun ciado como em rough o o como em ivomen e o ti como em nation Isto acarreta outro anglicismo desconcertante como pronunciar ough Tente as palavras dough bough bou ght through cough e enough é o suficiente Após você transformar de alguma forma todos essessímbolos visuais em sons precisa dis pôlos em seqüência para formar uma palavra Pollatsek Miller 2003 Você precisa identifi car em seguida a palavra e descobrir o que ela significa Por fim você passa para a última palavra e repete o processo desde o início dando continuidade a este processo com as pala vras subsequentes para formular uma sentença específica Você continua esse processo du rante toda a leitura Evidentemente a capacidade normal de leitura não é simples assim Cerca de 36 milhões de adultos americanos ainda não aprenderam a ler em nível de 8a série Conn Silverman 1991 Por um lado as estatísticas de analfabetismo funcional e de analfa betismo deveriam nos alarmar e motivarnos a agir Por outro podemos ter de reconsiderar nossa avaliação possivelmente menos do que favorável daqueles que ainda não dominaram a tarefa de leitura Enfrentar tal desafio em qualquer idade é realmente difícil Os novos leitores ao aprenderem a ler precisamdominar dois tipos básicos de processos perceptivosprocessosléxicose processosde compreensão Processos léxicos são usadospara identificar letras e palavras Também ativam informações relevantes na memória a respeito dessas palavras Processos de compreensão são usados para entender o texto como um todo e são discutidos posteriormente neste capítulo A separação e a integração das abordagens da percepçãode baixo para cima e do alto para baixo podem ser vistas à medidaque consi deramos os processos léxicos da leitura Processos Léxicos na Leitura Fixações e Velocidade da Leitura Quando lemos nossos olhos não se movem suavemente ao longoda páginaou mesmo de uma linha do texto Nossos olhos movemse preferencialmente em movimentos seqüenciais 342 Psicologia Cognitiva rápidos à medida que fixam partes sucessivas do texto As fixações são como uma série de instantâneos Pollatsek Rayner 1989 Fixações são de comprimento variável Carpenter Just 1981 Os leitores fixam durante um tempo maior as palavras mais longas do que as pa lavras mais breves Também fixam durante mais tempo palavras menos conhecidas isto é palavras que aparecem menos freqüentemente na língua do que palavras mais conhecidas aquelas que aparecem com maior freqüência A última palavra de uma sentença também parece receber um tempo de fixação muito alongado Isto pode ser denominado tempo de finalização da sentença Carpenter Just 1981 Embora a maior das palavras seja fixada nem todas o são Leitores fixam cerca de 80 das palavras com conteúdo em um texto Estas palavras incluem substantivos verbos e ou tras palavras que possuem a maior parte do significado Palavras funcionais como o e de desempenham um papel de apoio às palavras com conteúdo Qual é precisamente a ampli tude visual de uma dessas fixações Parece que podemosobter informações úteis de uma ja nela de caracteresperceptíveis cerca de quatro caracteres à esquerdade um ponto de fixação aproximadamente 14 ou 15 caracteres à direita Estes caracteres incluem letras números si nais de pontuação e espaços Os movimentosseqüenciaisrápidos saltam uma média de apro ximadamente sete a nove caracteres entre fixações sucessivas Portanto uma parte das informações que obtemos podem ser preparatórias para fixação subsequente Pollatsek Ray ner 1989 Rayner etai 1995 Quando os alunos adotam a leitura dinâmica apresentam fi xaçõesem número menor e maisbreve JustCarpenter Masson 1982 Porémevidentemente sua maior rapidezocorre sacrificando a compreensão de algo mais que seja apenas a essência da passagem Homa 1983 Acesso léxico Um aspecto importante da leitura é o acesso léxico a identificação de uma palavra que nos permite acesso ao significado que possui a partir da memória A maioria dos psicólogos que estuda a leitura acredita que o acesso léxicoé um processo interativo Combina informações de níveis múltiplos de processamento como as características de letras as próprias letras e as palavras que englobam as letras Morton 1969 Considere alguns aspectos básicos de um modelo de ativação interativa Rumelhart McClelland 1981 1982 A hipótese deste mo delo é que a ativação de elementos léxicos específicos ocorre em níveis múltiplos Além do mais a atividade em cada um dos níveis é interativa O modelo distingue entre três níveis de processamento após a informação visual Estes são o nível da característica o nível da letra e o nível da palavra O modelo supõe que a in formação em cada nível é representada separadamente na memória A informação passa de um nível para outro bidirecionalmente Em outras palavras o processamento ocorre em cada uma de duas direçÕesOcorre inicialmente de modo ascendente principiando com dados sensoriais e progredindo para níveis mais elevados de processamento cognitivo Segundo ocorre de modo descendente iniciando com a cognição de nível elevado operando com base em conhecimento e experiências anteriores relacionados a um dado contexto Figura 101 A visão interativa que utilizamos implicanão somente características perceptíveis sen sorialmente das letras por exemplo para ajudarnos a identificar palavras Por esta razão o modelo é denominado interativo Adicionalmente o aspecto descendente do modelo per mite efeitos generalizados de contexto veja também Plaut et aí 1996 Outros teóricos sugeriram alternativas ao modelo de Rumelhart e McClelland por exemplo Meyer Schvaneveldt 1976 Paap et ai 1982 porém a distinção entre vários mo delos alternativos vai além da finalidade deste texto introdutório O apoio aos modelos de reconhecimento de palavras envolvendo níveis descontínuos de processamento cerebral Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 343 FIGURA 101 David Rumelhart e James McClelland usaram estafigura para ilustrar como a ativação no nível dacaracterística no nível da letra e no nível dapalavra podem interagir durante o reconhecimento dapalavra Nestafigura as linhas que terminam em setaresultam em ativação e as Unhas que terminam em pontoresultam em inibição Porexemplo a ca racterística de umtraço horizontal contínuo no topo de uma letra resulta naativação do caractere T masna inibição do caractere N De modo similarao nívelda letra a ativação de T comoprimeira letra conduz à ativação deTRAP e TRIPporém à inibição deABLE Indo decima para baixo a ativação dapalavra TRAP resulta na inibição deA N G e S como primeira letra porém naativação deT como primeira letra De Richard E Meer The Searchfor Insight Grappling with Gestalt Psychokgys Vnanswereà Questions in TheNature oflnsight organizado por RJ StembergeJ E Davidson 1995 MT Press Reproduzido mediante autorização da MÍT Press Petersonetaí 1988 Posneretaí 1988 1989 Estudosque mapeiam o metabolismodo cé rebro indicam que regiões diferentes do cérebro tornamse ativadas durante o processa mento visual passivodas formas de palavras em oposição à análise semântica das palavras ou mesmoà pronúncia verbal das palavras Estesestudos envolvemo uso de técnicas como tomografia por emissãode pósitrons PET e ressonânciamagnética funcional RMf discu tidas no Capítulo 2 Além da justificativa neuropsicológica pelo menos dois dos modelos de reconhecimento de palavras foram simulados emcomputadores omodelo de McClelland e Rumelhart e o mo deloproposto por Paapet aí 1982 Ambosos modelos previram corretamente um efeito de 344 PsicologiaCognitiva superioridade da palavra bem como um efeito de superioridade da pseudopalavra O efeito de superioridade da palavra é similar ao efeito de superioridade do objeto mencionados em relaçãoàs influências descendentes na percepção No efeito de superioridade da palavra as letras são lidas mais facilmente quando fazem parte de palavras do que quando são apresen tadas isoladamente ou com letras que não formam palavras As pessoaslevam um tempo subs tancialmente maior para ler letras não relacionadas do que para ler letras que formam uma palavra Cattell 1886 Demonstrações adicionaisdo efeitoforam apresentadaspor Gerald Reicher 1969 e Da niel Wheeler 1970 portanto é denominado algumas vezes de o efeito ReicherWheeler O efeito de superioridade da palavra é observado normalmente em um paradigma experimental conhecido como tarefa de decisão léxica Neste paradigma uma série de letras é apresentada muito brevemente Em seguida é retirada ou coberta por uma máscara visual uma configu ração que elimina da memória icônica o estímulo apresentado previamente vejao Capítulo 5 para outras informaçõessobre o receptáculo da memória icônica O participante é solici tado a seguir a tomar uma decisãoa respeito de a série de letras ser uma palavra No estudo do efeito de superioridade da palavra a tarefa de decisão léxica padrão é alte rada para examinar o processamento das letras Os experimentadores ao estudarem o efeito da superioridade da palavra apresentam aos participantes muito brevementeuma palavra ou uma única letra seguida por uma máscara visual Oa participante deve se decidir a seguir entre duas letras Os participantes precisam decidir a respeito do que ele ela acabou de ver Por exemplo suponha que o estímulo seja a palavra WORK O estímulo seria uma das le tras da palavra Suponha que o estímuloseja K as alternativas poderiam ser D e K As alternativas para teste poderiam ser apresentadas da seguinte forma D e K que correspondem à palavra almejada WORK e à palavra similar WORD respectivamente Os participantes são instruídos em seguida a escolher a letra que viram e são maisprecisosna escolha da letra correta quando ela for apresentada no con texto de uma palavra do que na escolha da letra correta quando for apresentada isoladamente Johnston McClelland 1973 Mesmo letras em pseudopaíavras pronunciáveis por exemplo MARD são identificadas mais precisamente do que letras isoladamente No entanto séries de letras que não podem ser pronunciadas como palavras por exemplo ORWK não auxi liam na identificação Grainger et ai 2003 PollatsekRayner 1989 Existe também um efeito de superioridade da sentença Cattell 1886 Perfetti 1985 Perfetti Roth 1981 Uma maneira pela qual é observado o efeito de superioridade da sen tença ocorre quando as pessoas levam aproximadamente o dobro do tempo para ler palavras não relacionadas do que para ler palavras em uma sentença Cattell 1886 O efeito de supe rioridade da sentença também pode ser observado em outros paradigmas Por exemplo supo nha que um leitor veja muito brevemente um estímulo em forma degradada Figura 102 Quando a palavra estiver sozinha nessa forma é mais difícilde reconhecer do que quando es tiver precedida pelo contexto de uma sentença Um exemplo de tal contexto seria Havia di versos serviços de reparo a ser feitos O primeiro era consertar o Perfetti 1985 Ter um contexto com significadopara um estímulo auxilia o leitor a percebêlo De modo análogo evidentementeos efeitos de contexto operam nos níveisconsciente e préconsciente Em nível consciente possuímos controle ativo sobre o uso do contexto para determinar o significado das palavras Em nível préconsciente o uso do contexto provavel mente é automático e fora do alcance de nosso controle ativo Stanovich 1981 veja também Posner Snyder 1975 Sereno Brewer 0Donnell 2003 Uma série de experiências envol vendo a tarefa de decisão léxica oferece prova dos efeitos de contexto ao se tomar decisões lé xicas Meyer Schvaneveldt 1971 Schvaneveldt Meyer Becker 1976 Os participantes Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 345 FIGURA 102 o pimenta janela 21 pimenta janela 42 pialervta areí6 Esta figura apresenta os casos da palavra janela eda palavra pimenta nos quais cada palavra éclaramente legível um pouco menos legível ouquase completamente ilegível Os percentuais indicam o nível de degradação parecem tomar decisões léxicas mais rapidamente quando lhes são apresentadas séries de le trasque comumente estão associadas a pares de palavras por exemplo médico e enfer meira oupão e manteiga Eles respondem mais lentamente quando lhes são apresentados pares de palavras sem relação pares que não são palavras oupares envolvendo uma palavra e letras que não formam uma palavra O grau de perfeição de nossa leitura é determinado emgrande parte pelo modo como refletimos e pensamos sobre aquilo que estamos lendo Qualé a relação entrea língua emque as informações sãoapresentadas seja visual ou verbalmente e o nosso pensamento Linguagem e Pensamento Uma das áreasmais interessantes no estudoda linguagem é a da relação entre a linguagem e a mente humana pensante Harris 2003 Muitas perguntas diferentes foram formuladas a respeito dessa relação Examinaremos somente algumas delas Os estudos que comparam e contrastam os usuários de línguas e dialetos diferentes formam a basedesta seção Diferenças entre Línguas Por que existem tantas línguas diferentes aoredor doglobo Edeque modo o uso dequalquer língua emgeral e o de uma língua específica influenciam o pensamento humano Conforme vocêsabe línguas diferentes abrangem léxicos distintos Também usamestruturassintáticas diferentes Estas diferenças refletem muitas vezes variações nos ambientes físicos e culturais nos quais as línguas surgiram e sedesenvolveram Por exemplo em termos léxicos o dialeto garo de Mianmar diferencia diversos tipos de arroz o que é compreensível por se tratar de uma cultura na qual ocorre o cultivo de arroz Árabes nômades possuem mais de 20 pala vras diferentes para camelo Essas pessoas conceitualizam nitidamente arroz e camelo mais especificamente e de modo mais complexo do queas pessoas quenão pertencem a seus gru pos culturais Como resultado dessas diferenças lingüísticas a etnia garo pensa a res peito do arroz de maneira diferente da nossa E os árabes pensam sobre camelos diferentemente de nós Considere o modo como discutimos computadores Diferenciamos 346 Psicologia Cognitiva muitos aspectos dos computadores agregamos se o computador é um desktop ou laptop um PC ou um Mac ou uma máquina Linux ou Windows Alguém de uma cultura que não pos sui acesso a computadores não precisaria de tantas palavras ou distinções para descrever essas máquinas Esperamos no entanto características e desempenho específicos para um dado computador com basenessas distinções Evidentemente pensamos sobre computadores de um modo que é diferente das pessoas que nunca viram um computador As estruturas sintáticas das línguas também diferem Quase todas as línguas proporcio nam alguma maneira para comunicar ações agentesde ações e objetosdas ações Gerrig Banaji 1994 O que difere as línguas é a ordem do sujeitodo verbo e dos complementosem uma sentença declarativa típica Também ocorre diferença na variedade de inflexões grama ticais e de outras características que os usuários são obrigados a incluir como elementos bási cos de uma sentença Por exemplo na descrição de ações passadas em inglês indicamos se uma ação ocorreu no passadoalterando flexionando a forma verbal Por exemplo walk muda para walked no tempo passado Em espanhol e em alemão o verbo também precisa indicar se o agente da ação está no singular ou no plural e se corresponde à primeira à segunda ou à terceira pessoa No idioma turco a forma verbal precisa indicaração passada singular ou plural e a pessoa Também precisa indicar se a ação foi testemunhada ou viven ciada diretamente por quem fala ou se foi percebida somente de modo indireto Estas diferen ças e outras em estruturas sintáticas obrigatórias influenciam ou talvez mesmo limitem os usuários dessas línguas a pensardiferentemente sobre objetos e idéias por causada línguaque usam enquanto pensam Relatividade Lingüística A Hipótese SapirWhorf O conceito relevante para essaquestão é o de relatividade lingüística a afirmação de que usuários de línguas diferentes possuem sistemas cognitivos distintos e que estes sistemas influenciam o modopeloqual as pessoas que falam asdiversas línguas pensam a respeito do mundo Desse modo de acordo com a visão de relatividade um garo pensaria sobre arroz diferentemente de nós Porexemplo um garodesenvolveria maiscategorias cognitivaspara arroz do que uma pessoa cujalíngua fosse o inglês O queaconteceria quando osgaros pen sassem em arrozEles teriam uma forma de expressão que resulta de uma visão diferente e talvez com maior complexidade de pensamento da dos usuários do inglês que possuem apenas poucas palavras para arroz Desse modo a língua moldaria o pensamento Existem algumas provas de que o aprendizado de palavras pode ocorrer em parte como resultado da diferenciação mental que as crianças com pouca idade fazem entre diversos tipos de conceitos Carey 1994 XuCarey 1995 1996 Portanto poderia fazer sentido que as crian ças mais novas que se deparam com tipos diferentes de objetos poderiam fazertipos distin tos de diferenciação mental Estas diferenciações seriam uma função da cultura na qual as crianças cresceram A hipótese derelatividade lingüística é denominada algumas vezes hipótese SapirWhorf osdois cientistas que foram mais empenhados emsuadivulgação Edward Sapir 19411964 afirmou que vemos e ouvimos edeoutro modo experimentamos com muita amplitude por queoshábitos dalíngua de nossa comunidade predispõem a certas escolhas de interpretação p 69 Benjamin Lee Whorf 1956 externou essa visão de modo ainda mais enfático Dissecamos a natureza segundo esquemas estabelecidos por nossas línguas nativas As categorias e os tipos que isolamos do mundo dos fenômenos não encontramos aliporque visualizam todo observador naface o mundo pelo contrário é representado emum fluxo de impressões caleidoscópicas que precisa ser organizado por nossas mentes e isto significa em grande escala pelos sistemas lingüísticos em nossas mentes p 213 Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 347 A hipótese SapirWhorf tem sido umadasidéias mais amplamente mencionadas nasciên ciassociais e do comportamento Lonner 1989 No entanto algumas de suas implicações pa recem ter alcançado proporções míticas Por exemplo muitos cientistas sociais aceitaram calorosamente e divulgaram com satisfação a noção de que os esquimós possuem um grande número de vocábulospara a palavra neve Ao contrário da crença popularosesquimós não pos suem diversas palavras para neve Martin 1986 Ninguém que conhece algo sobre o idioma dos esquimós ou mais precisamente sobre asfamílias de línguas inuite yupik faladas daSibé ria à Groenlândia disse alguma vez que possuem Pullum 1991 p 160 LauraMartin que contribuiumaisdo que qualquer outra pessoa paradesfazer o mitocompreende por queseus colegas poderiam considerar adorável o mito Porém ela ficou muitodesapontada com a rea çãodeseus colegas quando apontou a falácia a maioria elaafirma assumiu a posição de que sejaverdadeiro ou não aindaé um grandeexemplo Adler 1991 p 63 Precisamos obvia mente ter cautela em nossa interpretaçãodas descobertas sobre relatividade lingüística Considere uma forma mais atenuada de relativismo lingüístico Referese ao fato de que a linguagem pode não determinar o pensamento mas certamente pode influenciálo Nossos pensamentos e nossa linguagem interagem de inúmeras maneiras algumas das quais somente compreendemos nos dias quecorrem Obviamente a linguagem facilita o pensamento che gando mesmo a afetar a percepção e a memória Por alguma razão possuímos meios limitados paramanipular imagens não lingüísticas Hunt Banaji 1988 Tais limitações tornamdese jávelo usode língua para facilitara representaçãoe a manipulação mentais Mesmo imagens que não fazem sentido são rememoradas e recuperadas diferentemente dependendo da de signação verbal atribuída à imagem Bower Karlin Dueck 1975 Para ver como esse fenômeno poderia acontecer olhe agora a Figura 103 Suponha ao invés de ser denominada do modo indicado que tivessesido designada cortina com contas Você pode têla percebido diferentemente No entantoapós uma designação haver sido atri buída ver a mesma figura sob outra perspectiva é muito mais difícil Glucksberg 1988 Os psicólogos usaram outras figuras ambíguas veja o Capítulo 4 e obtiveram resultados simila res A Figura 104 ilustra três outras figuras às quais podese atribuir designações alternati vas Quando se informa aosparticipantes umadesignação específica eles tendema obtersua rememoração da figura de modo mais similar à designação atribuída Por exemplo após ver uma figura de dois círculos unidos por uma única linha desenharão uma figura de modo di ferente emfunção deser denominada óculos ou halteres A linha que une será especifi camente alongada ou diminuída dependendo da designação A linguagemtambém afeta de maneira diferentecomo codificamos armazenamose re cuperamos informações na memória Recordase dos exemplos do Capítulo 6 a respeito da designação lavando roupas A designação melhorou as respostas das pessoas às perguntas sobre memória e compreensão de passagens do texto Bransford Johnson 1972 1973 Sob umaperspectiva similar o testemunho ocular é influenciado consideravelmente pelo modo de construção fraseado das perguntas formuladas às testemunhas Loftus Palmer 1974 Em um estudo famoso os participantes viram um acidente Loftus Palmer 1974 Os par ticipantes foram solicitados a seguir a indicar as velocidades dos carros antes do acidente A palavra indicando impacto foi variada entreos participantes Estas palavras incluíram des pedaçou colidiu chocou e atingiu Quando foi usada a palavra despedaçou os participantes avaliaram a velocidade como consideravelmente maior do que quando quaisquer dos outros verbos foram usados Desse modo a conotação do verbo despedaçar parece influenciar os participantes a estimarem uma velocidade maior De modo similar quando os participantes foram indagados se viram vidro partido após uma semana de intervalo aqueles que foram questionados coma palavra despedaçou disseram sim muito mais freqüentemente do que os demais participantes Loftus Palmer 1974 Nenhuma outra condição variou entre os 348 Psicologia Cognitiva FIGURA 103 De que maneira adesignação que você atribui aesta imagem afeta sua percepção sua representação mental esua me mória daimagem De Psychology 5 ed por John Darley etai 1998Pearson Education FIGURA 104 reproduzida C oo ignação verbal Figura original Lista verbal Estribo Letra C Halteres Figura reproduzida Garrafa ü  Lua Crescente C c Óculos ao oo Quando as figuras originais no centro são redesenhadas de memória os novos desenhos tendem aser distorcidos para parecer mais com asfiguras designadas DePsychology 5 edporJohn Darley etai 1998 Pearson Education Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 349 participantes e portanto a diferença na descrição do acidente presumivelmente é o resul tado da escolha da palavra Mesmoquando os participantes geraram suas próprias descrições diminuiu a precisão subsequente de seu testemunho ocular Schooler EngstíerSchooler 1990 Em outras pala vras a recordação precisa na realidade diminuir após uma oportunidade para redigir uma descrição de um evento observado uma determinadacor ou uma certa face Os participan tes quando tiveram oportunidade para identificar afirmativas sobre um evento a cor verda deira ou uma face foram menos capazes de fazêlo de modo precisocaso o tivessem descrito previamente Paradoxalmentequando os participantes tiveram permissãopara pensar antes de responder seu desempenho foi até menosprecisodo que quando foramforçados a respon der rapidamente Em outras palavras tendo tempo para refletirsobre suas respostas os par ticipantes possuíam probabilidade maior para responder de acordo com o que haviam dito ou escrito do que com aquilo que tinham visto A hipótese SapirWhorfé relevante para a vida cotidiana Quase certamente sim Se a linguagem limitanosso pensamento então podemos não vislumbrar soluções paraos proble mas porque não possuímos as palavras certas para expressar essas soluções Considere os equívocos que sãocriados ao dialogarmos com pessoas que falam outras línguas comoo que acontececontinuamentenas Nações Unidas De acordo com essa visão osequívocos podem resultar do fatode que as línguas dasdemais pessoas diferem gramaticalmente da nossa De vese ficar agradecido que versões extremas da hipóteseSapirWhorf não aparentamser jus tificadas Tais versões sugeririam que somos figurativamente escravos das palavras disponíveis para nós Universais Lingüísticos Realizaramse algumas pesquisas que abordaram universais lingüísticos padrões caracte rísticos presentes em todas as línguas em várias culturas e relatividade Recordese do Capítulo 9 os lingüistas identificaram centenas de universais lingüísticos relacionadas à fo nologia o estudo dos fonemas à morfologia o estudo dos morfemas à semântica e à sin taxe Uma área que ilustra bem grande parte dessas pesquisas focaliza os substantivos que designamas cores Estaspalavras oferecemum modo especialmenteconveniente para testar os universais lingüísticos Por quê Porque as pessoas em todas as culturas denominam as cores de modo muito diferente Porém as línguas não classificam arbitrariamente o espectro de cores Um padrão sistemático parece orientar universalmente a designação das cores em todas as línguas Considere os resultados da análise das investigações dos termos que designam cores em um grande número de línguas Berlin Kay 1969 Kay 1975 Doisuniversais lingüísticos evi dentes relativos às designações das coressurgiram nas línguas Primeira todas as línguaspes quisadas baseavam seustermos básicos para coresem um conjunto de apenas 11 palavrasque indicamcores Estas sãopreto branco vermelho amarelo verde azul marrom púrpura rosa la ranja e cinza Havia uma variação nas línguasdo uso de todas as 11 palavras que indicam co res até apenas duas como no caso da tribo dani na Nova Guiné Ocidental Rosch Heider 1972 Segundo quando somente algumas daspalavras que designam cores seenquadram em uma hierarquia de cinco níveis Os níveis são 1 preto e branco 2 vermelho 3 amarelo verde e azul 4 marrom e 5 púrpura rosa laranja e cinza Desse modo se umalínguade signa apenas duascores elas serão preto e branco Se indicartrêscores serão preto brancoe vermelho Uma quarta cor será obtida do conjunto formado por amarelo verde e azul A quinta e a sextacor tambémse originam desse conjunto A seleção continuaráaté que todas as 11 cores tenham sidodesignadas A ordemde seleção no âmbitodas categorias pode variar entretanto em função da cultura Jameson 2005 350 Psicologia Cognitiva Diferenças estruturais sintáticas entre as línguas podem afetar o pensamento Por exem plo o espanhol possui duas formas do verbo to be ser e estar No entanto elas são usadas em contextos diferentes Um pesquisador estudou os usos de ser eestar em adultos e crian ças Será 1992 Quando to be indicava a identidade de algo porexemplo This isJosé em inglês ou a classea que pertencia um vocábulo por exemplo José is a carpenter adultos e crianças usavam a forma verbal ser Além disso adultos e crianças usavam formas verbais diferentes quando to be indicava atributos de objetos Ser era usado para indicar atributos perma nentes por exemplo Maria is tall Estar também era usado para indicar atributos tempo rários por exemplo Maria is busy Finalmente quando se usavam formas de to be para descrever a localização de objetos e também de pessoas animais e outras coisas adultos e crianças usavam estar por exemplo Maria is on the chair No entanto quando usavam formasde to be para descreveras localizações de eventos porexemplo reuniões ou festas os adultos usavam ser ao passo que as crianças continuavam a empregar estar Será 1992 interpreta essasdescobertas como indicativas de dois aspectos Primeiro ser parece ser usado para indicar principalmente condições permanentes como identidade in clusão em classes e atributos relativamente permanentes e estáveis de objetos Estar parece ser usado para indicar principalmente condições temporárias como atributos de curto prazo de objetos e sua localização Tal tratamento muitas vezes está sujeitoa mudança de um lu gar para outro Além do mais as crianças tratam a localização de eventos do mesmo modo que a de objetos Elasa consideram como temporária e portanto usam estar Os adultos em contraste consideram inalteráveis as localizações de eventos Em virtude de serem perma nentes exigem o uso de ser Outros pesquisadores também indicaram que crianças com pouca idade possuem dificul dade para distinguir entre objetos e eventos por exemplo Keil 1979 Crianças mais novas também encontram dificuldade para reconhecer o status permanente de muitos atributos Marcus Overton 1978 Portanto as diferenças no desenvolvimento a respeito do uso de ser para descrever a localização de eventos pode indicar diferenças no desenvolvimentoda cog nição O trabalho de Será indica que diferenças no uso da língua podem realmente indicar diferenças de pensamento No entanto seu trabalho deixa em aberto uma questão psicológica importante As pessoas que falam o espanhol como língua nativa possuem uma percepção mais diferenciada do temporário e do permanente do que as que têm o inglêscomo língua na tiva e que usam a mesma forma verbal para expressar os dois sentidos de to beAté o pre sente a resposta não é conhecida Também foram usadas outras línguas nas pesquisas sobre relatividade lingüística Por exemplo na língua navajo a escolha do verbodepende da formado objeto que recebe a ação do verbo Em inglês isto não ocorre CarroU Casagrande 1958 O uso de verbos diferentes para formasdiferentespoderia indicar que as crianças navajo aprenderiam a perceber e a or ganizar informações por formas antes do que as crianças que falam inglês As primeiraspesquisas indicaram que crianças com pouca idade usuáriasde inglêsagru pam os objetos por cor antes de agrupálos por forma Brian Goodenough 1929 Em con traste as crianças que falama língua navajoapresentam maior propensãodo que as crianças navajoque falam inglês de classificar os objetoscom base na forma Essasconstatações no entanto são problemáticas A razão é que as crianças de Boston que falam inglês agem de modo mais parecido com as crianças navajo que falam esta língua do que com as crianças navajo que falam inglês CarroU Casagrande 1958 Adicionalmente outras pesquisasque comparam generalizaçõesfeitas por adultos e crianças de substantivos novos para objetos no vos constatam que crianças mais novas que falam o inglês na realidade empregarão em ex cessoa formapara a classificação de objetos Smith JonesLandau 1996 O que aconteceria Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 351 às pessoas que falam ambas as línguas sendo estudadas Considere também outro fato Crianças que aprendem o mandarim tendem a usar mais verbos que substantivos Em con traste crianças aprendendo inglêsou italiano tendem a usar mais substantivos do que ver bos Tardif 1996TardifShatz Naigles 1997 Além dissocrianças que falam coreano usam verbos mais cedo que as crianças que falam inglês Em contraste estas crianças adquirem um vocabulário mais amplo de substantivos antes das crianças que falam coreano Gopnik Choi 1995 Gopnik Choi Baumberger 1996 Que diferenças no pensamento tais distinções de aquisição poderiam implicar Ninguém sabe com certeza Uma experiência curiosa avaliou os efeitos possíveis da relatividade lingüística ao estu dar pessoas que falam mais de uma língua Hoffman Lau Johnson 1986Em chinês um único termo shigE descreve especificamente uma pessoa que é prática experiente apta so cialmente dedicada à sua família e um tanto reservada p 1098 Evidentemente o inglês não possui um determinado termo comparável para englobar essas diversas características Hoffman e seus colegas compuseram textos em inglês e em chinês descrevendo várias per sonagens Eles incluíram o estereótipo shi gE sem evidentemente usar de modo específicoo termo shi gE nas descrições Os pesquisadoressolicitaram em seguida aos participantes que eram fluentes em inglês e em chinês para que lessemos textos em inglês ou em chinês Ava liaram a seguir várias opiniões sobre as personagens em termos da possibilidade de as afir mativas refletirem verdadeiramente as personagens Alguns desses relatos envolveram um estereótipo de uma pessoa shi gE Os resultados que obtiveram pareciam confirmar a noção de relatividade lingüística Os participantes apresentavam maior propensão para avaliar as várias afirmativas de acordo com o estereótipo shi gE quando haviam lido os textos em chinês do que quando os tinham lido em inglês De modo similar quando os participantes foram solicitados a colocar por es crito suas próprias impressões das personagens suas descrições concordavam mais proxima mente com o estereótipo shi gÈ caso houvessem lido previamente os textos em chinês Esses autores não prooõem que seria impossível para as pessoas que falam inglês compreender o estereótipo shigE Sugerem como alternativa que possuir o estereótipo prontamente acessí vel facilita sua manipulação mental As pesquisas sobre a relatividade lingüística representam um bom exemplo da dialética em ação Antes de Sapir e Whorf o tema de como a linguagemrestringe o pensamento não tinha preponderância na mente dos psicólogos Sapir e Whorf apresentaram então a tese de que a linguagem controla grande parte do pensamento Após apresentarem sua tese al guns psicólogos tentaram provar o contrário que essesdois pesquisadoresestavam errados e que a linguagem não controla o pensamento Atualmente muitos psicólogos acreditam em uma síntese ou seja que a linguagem exerce alguma influência sobre o pensamento porém nem de perto tão marcante como Sapir e Whorf acreditavam A questão de a relatividade lingüística realmente existir e em caso afirmativo em que extensão permanece em aberto Pode existir uma forma moderada de relatividade No en tanto uma forma determinista mais forte de relatividade é menos provável Com base nas provasdisponíveis a linguagemnão parece determinar diferençasde pensamento entre par ticipantes de várias culturas Por último tratase provavelmente do caso da linguagem e pensamento interagirem ao longo da duração da vida Vygotsky 1986 Bilinguismo e Dialetos Suponha que uma pessoa possa falar e pensar em dois idiomas A pessoa pensa de modo diferente em cada língua Além disso os bilíngües pessoas que sabem falar duas línguas pensam diferentemente dos monolíngues pessoas que sabem falar somente uma língua 352 Psicologia Cognitiva Michael Cole é professor dePsicologia e Comuni cação na Universdade da Califórnia em SanDiego Ele é muito conhecido porsuascontribuições à Psicologia Cognitiva cultural e intercuiturai tendo demonstrado que os testes válidos em uma cultura não podemser simplesmente traduzidos e transferidos diretamente a outra cultura e permanecer válidos Durante os últi mos 20 anos Cole tam bém tem sido criativo na renovação do interesse peia obra deLevVygotsky Foto Cortesia de Dr Michael Cole Os multilíngues falam pelo menos duas e possivelmente mais lín guas Que diferenças caso existam surgem da disponibilidade de duas línguas em comparação a apenas umaO bilinguismo poderia afetar a inteligência positiva ou negativamente O bilinguismo torna o pensamento em qualquer língua mais difí cil ou realça os processos de pensamento Os dados são um tanto con traditórios em si mesmos Hakuta 1986 Populações participantes diferentes metodologias distintas grupos lingüísticos diversos e viéses vários dos experimentadores podem ter contribuído para a inco erência na literatura Considere o que acontece quando bilíngües possuem um conhecimento equilibrado de ambos os idiomas demons tram aproximadamente a mesma fluência em ambas as línguas e provêm da mesma origem de classe média Nestes casos os efeitos po sitivos do bilinguismo tendem a ser constatados Andreou Karapetsas 2004 Bialystok 2001a Bialystok et aí 2004 Entretanto os efeitos negativos podem resultar sob outras circunstâncias Bialystok 2001b Cummins 1979 RicciardelU 1992 Quais poderiam ser as causas dessa diferença Vamos distinguir entre o que poderia ser denominado bilinguismo aditivo versus subtrativo Cummins 1976 No bilinguismo aditivo é adquirida uma segunda língua em complemento a uma primeira lín gua relativamente bem desenvolvida No bilinguismo subtrativo ele mentos de uma segunda língua substituem elementos da primeira Parece que a forma aditiva acarreta maior capacidade de pensamento A forma subtrativa em contraste acarreta menor capacidade de pen samento Cummins 1976 Pode existir em particular uma parte de um efeitolimiar Pessoas podem ter necessidade de possuir um deter minado nível de competência relativamente elevadoem ambasas línguaspara que sedetecte um efeito positivo do bilinguismo Os professores em sala de aula muitas vezes desincenti vam o bilinguismo nas crianças Sook Lee Oxelson 2006 Seja por meio de cartas solici tando que somente o inglês seja falado em casa ou por meio de atitudes e métodos sutis muitos professores incentivam efetivamente o bilinguismo subtrativo Sook Lee Oxelson 2006 Adicionalmente crianças de status socioeconômico inferior podem ser mais propen sas ao bilinguismo subtrativo do que as crianças de classe média Seu status socioeconômico pode ser um fator que as prejudique ao invés de ajudálas em função de seu bilinguismo Os pesquisadores também distinguem entre bilinguismo simultâneo que ocorre quando uma criança aprende duas línguas desde o nascimento e bilinguismo seqüencial quando uma pessoa aprende primeiro uma língua e em seguida outra Bhatia Ritchie 1999Ambas as formas de aprendizado da língua podem contribuir para a fluência dependendo das circuns tâncias específicas em que as línguas foram aprendidas Pearson et ai 1997 Sabese no en tanto que as crianças mais jovens começam a balbuciar aproximadamente na mesma idade Isto acontece independentemente de elas estarem expostas continuamente a uma ou duas línguas OUer et aí 1997 Nos Estados Unidos muitas pessoas atribuem importância exa gerada ao bilinguismo talvez porque relativamente poucos americanos nascidosnos Estados Unidos de pais que não sejam imigrantes aprendem um segundo idioma com grau elevado de fluência Em outras culturas entretanto o aprendizado de muitas línguas é um fato natu ral Por exemplo em partes da índia as pessoas aprendem rotineiramente até quatro lín guas Khubchandani 1997 Na parte flamenga da Bélgica as pessoasaprendem pelo menos francês inglêseou alemão Muitas vezes aprendem uma ou mais dessas outras línguas com alto grau de fluência Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 353 A idadeconstitui um fatorsignificativo que seacredita contribuir para a aquisição de uma língua Alguns pesquisadores propuseram que o domínio com a fluência de umnativo de al guns aspectos de uma segunda língua raramente é adquiridoapósa adolescência Outros pes quisadores discordam desta visão Bahrick et ai 1994 Eles descobriram quealguns aspectos de umsegundo idioma comocompreensão do vocabulário e fluência parecem seradquiridos tão bemapós a adolescência quanto antes Além disso esses pesquisadores descobriram que mesmo alguns aspectos da sintaxe parecem ser adquiridos prontamente após a adolescência Esses resultados são contrários a descobertas anteriores Johnson Newport 1989 1991 New port 1990 O domínioda pronúncianativa parece depender entretanto da aquisição com pouca idade Asher Garcia 1969 Oyama 1976 Pode parecer surpreendente que o aprendi zado de fonemas totalmente novos de umsegundo idioma possa sermais fácil do que o de fo nemas com grande similaridade aos da primeira língua Flege 1991 De qualquer maneira não parecem existir períodos críticos paraa aquisição de umasegunda língua Birdsong 1999 A possível exceção é a aquisição de umsotaque nativo Adultos podem parecer ter mais di ficuldade para aprender uma segunda língua porqueconseguemreter sua língua nativa como idioma dominante Crianças mais novas em contrasteque normalmenteprecisam freqüen tar a escola queadota a novalíngua podem terde mudara línguadominante Elas aprendem portanto o novo idioma com maior graude domínio Jia Aaronson 1999 Um estudo recente constatou que a idadede aquisiçãoe proficiência em uma língua pos suem correlação negativa Mechelli et ai 2004 Esta descoberta foi bem documentada Bir dsong 2006 Isto não significa que não podemos aprenderuma nova língua mais tarde na vida mas preferencialmente quanto mais cedoaprendêla maiora probabilidade de que nos tornaremos altamente proficientes em seu uso Os mesmos pesquisadores também descobri ram que o aprendizado de uma segunda língua aumentava a massacinzenta no córtex parie tal inferior esquerdo Mechelli et ai 2004 Esta densidade também foi correlacionada positivamente com a proficiência Desse modo quanto maior a proficiência de uma pessoa em um segundo idioma mais densa será essa área do cérebro Foi observada finalmente a existência de umacorrelação negativa entre a idade de aquisição e a densidade do córtexpa rietal inferior esquerdo Mechelli et ai 2004 Essas descobertas consideradas conjunta mente indicamque essa área do cérebro se beneficia do aprendizado de umasegunda língua e que além disso quantomais cedo estaaprendizagem ocorrer melhor será paraa densidade do cérebro e para a proficiência geral Que tipos de experiência de aprendizado facilitam a aquisiçãoda segunda língua Não existe uma única resposta correta a esta pergunta Bialystok Hakuta 1994 Uma razão é que cadaaprendiz de uma línguacontribuicom capacidades cognitivas e conhecimentodis tintos para a experiência de aprendizagem da língua Além disso os tipos de experiência de aprendizagem quefacilitam a aquisição de uma segunda língua devem seenquadrar no con texto e nos usos da segunda língua após esta ser adquirida Considere por exemplo quatro pessoas diferentes Caitlin uma criança bastante jovem pode não precisar ter o domínio de umvocabulário extenso e de uma sintaxe complexa para relacionarse bemcom outras crianças Caso consiga dominar a fonologia ela podeser con siderada fluente De modo similar José precisa somente sairse bemem algumas poucas situa ções diárias como iràscompras cuidar das transações rotineiras dafamília e locomoverse na cidade Pode ser considerado proficiente após dominar uma partesimples do vocabulário e da sintaxe bem como algum conhecimento programático relativo a maneiras de comunicação apropriadas aocontexto Kim Yee precisa ser capaz decomunicarse tendo porbase seu campo técnico especializado Pode serconsiderada proficiente caso domine o vocabulário técnico um vocabuláriobásicoelementar e os rudimentos da sintaxe Sumesh é um estudante que aprende uma segunda língua em um ambiente acadêmico Podese esperar que Sumesh domine a 354 Psicologia Cognitiva sintaxe e um vocabulário amplo embora superficial Cada um desses aprendizes da língua pode requerer tipos diferentes de experiências lingüísticas para alcançara proficiência que al mejam Podem sernecessários tipos diferentes de experiências paraaumentara proficiência que possuem em fonologia vocabulário sintaxe e nosaspectos pragmáticos da segunda língua Quando os usuários de uma línguaaprendem outras línguas eles as consideram diferen cialmentedifíceis Porexemplo é muitomais fácil em média para um usuário nativo de in glês adquirir o espanhol como segunda língua doqueadquirir o russo Ummotivo é queinglês e espanhol partilham um maior número de raízes queinglês e russo Além disso o russo pos sui muitomais inflexões que o inglês e o espanhol No entanto a dificuldade do aprendizado de um idioma comosegundalínguanão parece ter muita relação com suadificuldade como primeira língua As crianças russas provavelmente aprendem o russode um modo tão fácil como as crianças americanas aprendem o inglês Maratsos 1998 Hipótese do Sistema Único versus Hipótese do Sistema Duplo Uma maneira de estudaro bilinguismo consiste em aplicaraquiloque conhecemos das pes quisas de Psicologia Cognitiva a preocupações práticas relativas a comofacilitar a aquisição de uma segunda língua Outro método consiste em estudar pessoas bilíngües para observar como o bilinguismo pode oferecer informações sobre a mente humana Por exemplo al guns psicólogos cognitivos demonstraram interesse em descobrir como as duas línguas são representadas na mente do bilíngüe A hipótese do sistema único propõeque duas línguas são representadasem apenas um sistema ou região do cérebro veja Hernandez et ai 2001 para constatações que confirmam essa hipótese nos bilíngües desde crianças De modo alternativo a hipótese do sistema duplo propõe que duas línguas são representadas de al guma forma emsistemas separados da menteDe Houwer 1995 Paradis 1981 Por exemplo informações sobre idioma alemão poderiam estar armazenadas em uma parte fisicamente diferente do cérebro do que as informações sobre a língua inglesa A Figura 105 mostra es quematicamente a diferença dos dois pontos de vista Uma maneira para abordaressa questão é por meio do estudode bilíngües que sofreram lesão no cérebro Suponha que uma pessoa bilíngüe apresente uma lesão em uma parte espe cífica do cérebro Uma inferência coerente com a hipótese do sistema duplo seria que a pes soa revelaria graus diferentes de dificuldade nas duas línguas A visão do sistema único proporia umadificuldade aproximadamente igual para asduaslínguas A lógica destetipo de investigação é impositiva porém os resultados não o são Quando se estuda a recuperação da línguaapós um trauma algumas vezes a primeira línguaé recuperada antes da segunda e em outras a segunda língua é recuperada inicialmente E algumas vezes a recuperaçãoé aproxi madamente igualpara as duas línguas Albert Obler 1978 Marrero Golden Espe Pfeifer 2002 Paradis 1977 A recuperação de uma ou de ambasas línguasparece depender entre outros fatores da idade de aquisição da segunda língua e da proficiência na língua antes do incidente Marrero Golden Espe Pfeifer 2002 Emuma situaçãorelacionada um afásico bilíngüede pouca idadefoi treinado em sua lín gua nativa mas não recebeu treinamento em sua segunda língua Meinzer et ai 2006 Os pesquisadores detectaram uma recuperação significativa da primeira língua porémnenhuma alteração na capacidade da pessoa parao emprego da segunda língua Meinzer et ai 2006 As conclusões que podem ser tiradas de todas essas pesquisas são ambíguas Não obs tante os resultados parecem indicar pelo menos alguma dualidade de estrutura Um método diferente deestudo conduziu a uma visão alternativa dobilinguismo Dois pesquisadores ma pearam a região do córtex cerebral relevante para o usoda língua em doisde seus pacientes bilíngüessendo tratados de epilepsia Ojemann Whitaker 1978 Um estímulo elétrico mo deradofoi aplicado ao córtex de cada paciente O estímulo elétricotende a inibira atividade FIGURA 105 Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 355 Sistema único Inglês Alemão Tisch Table Bread Butter Sistema duplo Brol Butter O conceito desistema único estabelece a hipótese dequeambas as línguas sãorepresentadas emumsistema cognitivo unificado O conceito desistema duplo dobilinguismo propõe a hipótese deque cada língua é representada em um sis tema cognitivo distinto onde é aplicado Resulta em uma capacidade reduzida para designar objetos para os quais existe memóriaarmazenada no ponto que está sendo estimulado Os resultados para ambos os pacientes foram idênticos Eles podem ajudara explicaras contradições existentes na li teratura Algumas áreasdo cérebro apresentaram problemas idênticos para a designação de objetos em ambas as línguas Porém outras áreas do cérebro apresentaram problemas dife renciados em relação a uma ou a outra língua Os resultados também indicaram que a lín gua mais fracaestavarepresentada maisdifusamente na área do córtex do que a línguamais forte Em outras palavras formular a pergunta que indaga se as duas línguas são representa das individual ou separadamente pode ser formular a pergunta errada Os resultados desse estudo indicam que alguns aspectos das duas línguas podem ser representados individual mente ao passo que outros podem ser separadamente Resumindo duas línguas parecem compartilhar alguns aspectos porém não todos da representação mental Aprender uma segunda língua muitas vezes constitui uma vantagem porémprovavelmente é maisútil se a pessoaque a aprende estiverem um ambiente no qual a aprendizagem da segunda língua torna mais fácil em vez de dificultar o aprendizado da primeira língua Além disso paraque os efeitos benéficos apareçam a segunda língua precisa ser bem aprendida No método adotado usualmente nas escolas os alunos recebem apenas 2 ou 3 anosde instruçãoem umasegunda línguadistribuídos em algumas aulas por semana Esse métodoprovavelmente não serásuficiente para que ocorram os efeitos benéficos do bi linguismo Entretanto o aprendizado escolar parece gerar efetivamente efeitos benéficos na aquisição da sintaxe Isto é particularmenteválido quando uma segunda língua é adquirida após a adolescência Adicionalmente cada aluno deveria escolher modalidades específicas de técnicas de aquisiçãoda língua para adequarse a seus atributos pessoais Estes atributos incluem capacidades preferências e metas pessoais para o uso da segunda língua 356 Psicologia Cognitiva Mesclas e mudança da língua O bilinguismo não é um certo resultado do contato lingüístico entre grupos de línguas dife rentes Algumas vezes quando pessoasde dois grupos de línguas diferentes possuem contato prolongado entre si os usuários das línguas dos dois grupos começam a partilhar algum vo cabulário que é sobreposto à sintaxe de cada grupo Essa sobreposição resulta naquilo que é conhecido como pidgin Essamescla pode se desenvolver ao longo do tempo em uma forma lingüística distinta Possui sua própria gramática e portanto se torna um creole Um exem plo de um creole é a língua falada no Haiti O creole haitiano é uma combinação do francês com algumas línguas daÁfrica Ocidental e é umentrevários creoles Umlingüista estudou as similaridades entre diferentes creoles Bickerton 1990 Ele postulou que os creoles modernos podem ser parecidos com uma forma inicial evolutiva da língua denomi nada protolíngua A existência de pidgins e creoles e possivelmente de uma protolíngua confirma a noção de universalidadediscutida anteriormente ou seja que a capacidade lin güística é tão natural e universal que existindo oportunidade os seres humanos efetivamente inventam novas línguas com muita rapidez Creoles e pidgins surgem quando dois grupos lingüísticos distintos se encontram A contraparte um dialeto ocorre quando um único grupo lingüístico diverge gradualmente em direção a variações um tanto distintas Um dialeto é uma variedade regional de uma lín gua diferenciada por características como vocabulário sintaxe e pronúncia O estudo dos dialetos proporciona informaçõessobrefenômenos tão diferentesquanto percepção auditiva desenvolvimento de testes e discriminação social Muitas das palavras que escolhemos resul tam do dialeto que empregamosO exemplo mais conhecido é a escolha de uma palavra para um refrigerante Dependendo do dialeto que você adotar pode pedir um refrigerante um re fresco ou mesmo uma Coca Diferenças entre dialetos representam muitas vezes variaçõesregionaisque são inofen sivas Criam poucasdificuldades sériasde comunicação Porém podem criar alguma confu são Nos Estados Unidos por exemplo quando anunciantes nacionais indicam números de telefone para ligação gratuita algumas vezes direcionam as chamadas para o Meiooeste Procedem deste modo porque aprenderam que a forma do discurso nessa região parece ser a mais universalmente compreendida no país Outras formas como a sulista e a nordestina podem ser maisdifíceis de ser compreendidaspor pessoas de várias partes do país E quando as chamadas são transferidas para outros países como a índia podem ocorrer sérias dificul dades para se conseguir uma comunicação eficaz por causa de diferenças de dialeto bem como de sotaque Muitos locutores de rádio tentam aprender algo parecido com uma forma padrão do inglês denominada muitas vezesinglês corrente Desse modo conseguem ma ximizar a compreensão para o maior número possível de ouvintes Algumas vezes dialetos diferentes recebem status sociaisdistintos como é o caso das for mas padronizadas terem um status mais elevado que as não padronizadas A distinção entre formas padronizadas e não padronizadas de uma línguapodese tornar prejudicial quando as pessoas que falam um dialeto começam a considerarse usuários de um dialeto superior A vi são de que um dialeto é superiora outro pode induziruma pessoa a fazer julgamentosdistor cidos a respeito de quem fala Esta peculiaridade lingüística ou estereótipo baseado no dialeto pode estar bem disseminada e causar muitos problemas interpessoais Zuidema 2005 Por exemplo fazemos freqüentemente julgamentos sobre a inteligência a competência e a moral das pessoas com base no dialetoque empregam Wolfram Adger Christian 1999 Especifi camente uma pessoa que usa umaforma não padronizada podeser julgada menos preparada ou menos confiável do que uma pessoa que usa uma forma mais padronizada Usualmente o dialetopadronizado é aquele da classe na sociedade que possui maiorpoderpolítico ou eco nômico Praticamente todo pensamento pode ser expresso em qualquer dialeto Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 357 Lapsos de Linguagem Até agora grande parte da discussãosupôsque as pessoasusam ou pelo menos tentam usar a língua corretamente Uma área de particular interesse para os psicólogos cognitivos no entanto é o modo como as pessoas usam a língua incorretamente Uma maneira de uso in correto da língua é por meio de lapsos de linguagem erros lingüísticos inadvertidos naquilo quedizemos Eles podemocorreremqualquer nível da análiselingüística fonemas morfemas ou unidades maiores da língua Crystal 1987 McArthur 1992 Em tais casos aquilo que pensamose desejamos dizer não corresponde ao que realmente dizemos Os psicanalistas freudianos indicaram que os lapsosde linguagem refletemalgum processamento inconsciente que possui significado psicológico Supõese que os lapsos indicam muitas vezes emoções recalcadas Porexemplo um concorrente de umaempresa podedizer Eumprazer derrotálo quando o que pretendia dizerera evidentementeE um prazerconhecêlo A maioria dos psicólogos cognitivos assume um posicionamento diferente da visão psi canalítica Ficam interessados pelos lapsos de linguagem porque a falta de correspondência entre o que é pensado e aquilo que é dito pode esclarecernos a respeito de como a lingua gem é produzida Ao falarmos temos um plano mental para aquilo que iremos dizer Algu mas vezes no entanto esse plano é desfeito quando nosso mecanismo para a produção da fala não coopera com nosso mecanismo cognitivo Tais erros resultam freqüentemente de intrusões de outros pensamentos ou de estímulos ambientais Exemplosseriam um programa de entrevistas na rádio ou uma conversa a uma distância próxima Garrett 1980 Saito Ba ddeley 2004 Podese considerar que os lapsos de linguagem indicam que a linguagem do pensamento possui certa diferença em relação à linguagemcom o qual expressamos nossos pensamentos Fodor 1975 Muitas vezes nossa idéia está correta porém sua expressão é ex ternada erroneamente Algumas vezes sequerestamosconscientes do lapsoaté ser apontado para nós Sejaqual fora linguagem da mentea idéiaestá correta embora a expressão repre sentada pelo lapso esteja inadvertidamente errada Este fato pode ser observado nos lapsos verbaisocasionais mesmono discurso préplanejado e ensaiado Kawachi 2002 As pessoas tendem a demonstrar vários tipos de lapsos de linguagem em sua fala Fromkin 1973 Fromkin Rodman 1988 A pessoa que fala usaum elementoda línguaantes de ser apropriado na sentençapor que corresponde em termos de procedência a um elemento que será necessário pos teriormente na elocução verbal Por exemplo ao invés de dizer uma expressão inspiradora a pessoa poderia dizeruma expressão expiradora A pessoa que fala usaum elementoda língua que era apropriado anteriormente na sen tença porémpor ser usadode modo persistente não é apropriadoposteriormentePor exemplo uma pessoa poderia dizer Tivemos uma besta com abundância ao invés de festa com abundância A pessoa que falasubstituium elementoda língua por outro Porexemplo vocêpode ter alertado alguém a fazer algo apósser muito tarde mas queria dizerantes de ser muito tarde A pessoa que fala pratica uma inversão também denominada transposição alte rando as posições de dois elementos da língua Um exemplo é a inversão que supos tamente fez comqueflutterby setornassebutterfly borboletaem inglês Estainversão cativou os usuáriosda língua a tal ponto que hoje é a formapreferida Algumas vezes as inversões podem ser eventualmente oportunas As pessoas criam spoonerismos em que os sons iniciaisde duas palavrassão inverti dos e formam duas palavras totalmente diferentes O termo originase do nome do re verendo William Spooner que era famoso por essas inversões Alguns de seus lapsos 358 Psicologia Cognitiva preferidosincluemVocê cedeutodas as minhas aulas de Pretória ao invés de Você per deu todas as minhas aulas de História e Émais fácil umcamelo passar pelo casaco de uma agulha ao invésde E mais fácil um camelo passarpelo buracode uma agulha No malapropismo uma palavra é substituída por outra que possui um som similar mas cujo significado é diferente por exemplo lojas vendendo móveis de pinho nervoso ao invés de pinho nodoso Adicionalmente podem ocorrer lapsos por causa de inserções de sons por exemplo noceivo ao invés de nocivo ou aforgado ao invés de afogado ou outros elemen tos lingüísticos O tipo oposto de lapso envolve eliminações por exemplo eliminação de sons como procemento ao invés de processamento Tais eliminações envolvem muitas vezes mesclas de sons Cada tipo de lapso de linguagem pode ocorrer em níveis hierárquicos diferentes do pro cessamento lingüístico Dell 1986 isto é pode ocorrer ao nível acústico dos fonemas como em besta com abundância ao invés de festa com abundância Pode ocorrer ao nível se mântico de morfemas como em após ser muito tarde ao invés de antes de ser muito tarde Ou pode ocorrer em níveis até mais elevados como em comprou o balde ao invés de chu tou o balde ou comprou a fazenda Aconfiguração dos erros por exemplo inversões subs tituições em cada nível hierárquico tende a ser paralela Dell 1986 Por exemplo nos erros fonêmicos as consoantes iniciais tendem a interagir com outras consoantes iniciais como em lançando a greve ao invés de caçando a lebre Consoantes finais tendem a interagir com outras consoantes finais como em morguar sua línder ao invés de morder sua língua Prefixos interagem muitas vezes com outros prefixoscomo em expressão expiradora e as sim por diante Igualmente os erros em cada nível de análise lingüística indicam tipos específicos de in formações a respeito de como produzimos a fala Considere por exemplo os erros fonêmicos Uma palavra com pronúncia acentuada que é enfatizada pelo ritmo e pelo tom do discurso apresenta maior probabilidadede influenciar outras palavras do que uma palavra sem a ênfase da tonicidade Crystal 1987 Adicionalmente mesmo quando sons são trocados as configu rações rítmicas e tonais básicas permanecem usualmente preservadas Um exemplo é a ênfase em cedeu e na segunda sílaba de Pretória no primeiro spoonerismo citado Mesmo no nível de palavras as mesmas partes da fala tendem a ficar envolvidas nos er ros que cometemos por exemplo substantivos interferem com outrossubstantivos e verbos com outros verbos Bock 1990 Bock Loebell Morey 1992 No segundo spoonerismo citado Spooner conseguiu preservar as categorias sintáticasas palavras casaco e fagulha por buraco e agulha Ele também preservou o aspecto gramatical da sentença mantendo a concordância correta da preposição pelo e do artigo uma em pelo buraco e pelo casaso e em uma fagulha e uma agulha Mesmo no caso de substituição de palavras as categorias sintáticas são preservadas Um exemplo seria designar uma categoria quando a intenção seria indicar um membro da categoria como fruta por maçã Outro exemplo seria designar o membro errado da categoria como pêssego por maçã Um último exemplo seria indicar um mem bro de uma categoria quando a intenção era indicar a categoria como um todo como em pêssego por fruta Garrett 1992 Dados de estudos de erros de fala podem nos ajudar a compreendermelhoro processamento normal da linguagem Outro aspectoda linguagemque nos oferece uma visão distinta é o estudo da linguagem metafórica Linguagem Metafórica Discutimos até agora principalmente os usos literais da linguagem Pelo menos seus usos figurativos onipresentes são tão interessantes para os poetas como para muitas outras pes Capítulo 10 A Linguagem noContexto 359 soas Um exemplo importanteé o uso de metáforas como um meio de expressão de pensa mentosAs metáforas justapõemduaspalavrasde um modo que assevere positivamentesuas similaridades sem deixar de confirmar ao mesmo tempo suas diferenças por exemplo A casa estava umchiqueiro Ossímiles estão relacionados àsmetáforas Símiles introduzem as palavras como ouquanto qual emuma comparação entre itens por exemplo A criança era tão tranqüila como um camundongo As metáforas contêm quatro elementos básicos Dois sãoos itens sendo comparados um objeto eum veículo Objeto éotópico da metáfora por exemplo casa O veículo é aquilo pelo qual o objeto é descrito por exemplo chiqueiro Considere por exemplo a metáfora Out doors são verrugas na paisagem O objeto são outdoors O veículo é verrugas O funda mento da metáfora é o conjunto de similaridades entre o objeto e o veículo por exemplo ambos são inconvenientes A tensão da metáfora é o conjuntode diferenças entre osdois por exemplo as pessoas não vivem em chiqueiros mas efetivamente em casas Podemos conjetu rar que uma similaridade básica fundamento entre outdoors everrugas éque ambos são con siderados sem atração Sãomuitas asdiferenças tensão entreosdois incluindo queoutdoors aparecem emprédios rodovias e outras localizações públicas impessoais As verrugas no en tanto aparecem um diversas partesdo corpo de uma pessoa Das várias teorias queforam propostas paraexplicar como asmetáforas operam asprin cipais visões tradicionais ressaltaram o modo pelo qual óobjeto e o veículo são similares ouo modo pelo qual diferem Por exemplo a visão tradicional decomparação ressalta a importân ciadacomparação Frisa assimilaridades comparativas e asrelações analógicas entre o objeto eo veículo Malgady Johnson 1976 Miller 1979 Ortony 1979 confira também Sternberg Nigfo 1983 Conforme aplicado à metáfora Crianças vítimas de abuso são bombasrelógio itinerantes a visão decomparação sublinharia a similaridade entreoselementos seupoten cialde explosão Emcontraste a visão de anomalia da metáfora enfatiza a diferença entre o objeto e o veículo Beardsley 1962 Bickerton 1969 Clark Lucy 1975 Gerrig Healy 1983 Lyons 1977 Searle 1979 vanDijk 1975 A visão deanomalia ressaltaria as muitas diferen çasentrecrianças vítimas de abuso e bombasrelógio A visão de interação dodomínio integra aspectos de cadauma das visões precedentes Propõe que uma metáfora é mais doque uma comparação e mais doque uma anomalia De acordo com essa visão uma metáfora envolveuma interação de algum tipo entre o domínio área doconhecimento como animais máquinas plantas doobjeto e o domínio doveículo Black 1962 Hesse 1966 A forma exatadessa interaçãodifere um poucoentre asteorias A metáfora muitas vezes é mais eficaz quando ocorrem duas circunstâncias Primeira circuns tância o objeto e o veículo possuem muitas características similares porexemplo o poten cialexplosivo das crianças vítimas de abuso e das bombasrelógio Segunda os domínios do objeto e do veículo são muito diferentes por exemplo o domínio dos seres humanos e o domínio das armas Tourangeau Sternberg 1981 1982 Considere outra visão a de que as metáforas são essencialmente uma forma não literal de declarações de inclusão Glucksberg Keysar 1990 De acordo com essavisão o objeto de cada metáfora é um membro da classe caracterizado pelo veículo da metá fora citada isto é compreendemos as metáforas não como declarações de comparação mas como afirmações de inclusão em uma categoria na qual o veículo age como protó tipo da categoria Por exemplo suponha que eudiga A companheira de meu amigo é um iceberg Estou dizendo dessa forma que a companheira pertence à categoria de entes caracterizados pela faltatotal decalorhumano extrema rigidez e a capacidade paraproduzir umefeito acentua damente gélido em qualquer pessoa no ambiente circundante Para que uma metáfora opere bem o leitor deve perceber que asprincipais características doveículo iceberg sejam ines peradamente relevantes como características do objeto a companheira de meu colega ou 360 Psicologia Cognitiva seja o leitor deve ficar pelo menos medianamente surpreso de que as características proe minentes do veículo podem caracterizar o objeto Metáforas enriquecem nossa linguagem de uma maneira que as afirmaçõesliterais não conseguem igualar Nossa compreensão das metáforas parece exigir não somente algum tipo de comparação Também requerque os domínios do veículo e do objeto interajam de al gum modoLer uma metáfora pode alterar nossa percepçãode ambos osdomínios Portanto a metáfora pode nos educar de um modo que talvez seja mais difícilde transmitir por meio do discurso literal Metáforas podem enriquecer nosso discurso em contextos sociais Suponha por exem plo que digamos a alguémVocêé um príncipeE possível que não desejamos afirmar que a pessoa é literalmente um príncipe Queremos dizerde preferência que a pessoa possui ca racterísticas de um príncipe De que modo em geral usamos a língua para ter bom desem penho em contextos sociais A Linguagem em um Contexto Social O estudo do contexto social da linguagem constitui uma área relativamente nova da pes quisa lingüística Um aspecto do contexto é a da pragmática o estudo de como as pessoas usam a linguagem A pragmática inclui a sociolinguística e outros aspectos do contexto so cial da linguagem Na maioria das circunstâncias você altera seu uso da linguagem em resposta a indi cações contextuais sem dar muita importância a essas alterações De modo similar você usualmente altera de modo inconsciente seus padrões de linguagempara adaptarse a con textos diferentes INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Para ter uma idéiade como alteramosseu uso da linguagemem contextos diferentes suponha que você e um amigo irão se encontrar logoapós o trabalho Suponha também que aconteça algo Você precisa telefonar pa ra seu amigoe mudara hora ou o lugardo encontro Quando você ligapara seu amigo no trabalho o supervisor dele atende e se oferece para anotar um recadoO que dirá exatamente ao supervisor do seu amigopara asse gurar que seu colega ficará ciente da mudança de horário ou de local Suponha ao invés dissoque o filhode 4 anos do supervisordo seu amigo atenda O que você dirá exatamente nesta situaçãoSuponha por último que seu amigo atenda diretamente Como terá alterado sua linguagem para cada contexto mesmoquando seu propósito mensagemsubjacente em todos os três contextos foi o mesmo Por exemplo ao entabularuma conversa com um interlocutor você procura estabelecer umabase comum ouumabasecompartilhada paramanterumdiálogo Clark Brennan1991 Quando estamoscom pessoas que possuem a mesmaformação conhecimento motivos ou metas estabelecer umabasecomum tempossibilidade deserfácil e pouco notadaNo entanto quando pouco é compartilhado tal basecomum pode serdifícil de identificar Gestos e inflexões vocais que sãoformas de comunicação não verbal podem ajudara es tabelecer umabase comum Umaspecto dacomunicação nãoverbal é o espaço pessoal adis tância entre pessoas em uma conversaou outra interação que é consideradaaceitávelpara os participantes de uma dadacultura Proxemics na designação eminglês é o estudo dadistân cia interpessoal ou de seu oposto a proximidade Este campo de estudo se preocupa com a Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 361 distância relativa e sua posição e de seus interlocutores Nos Estados Unidos uma distância de 45 a 60 cm é considerada adequada Hall 1966 Os escandinavos esperam uma distância maior Os habitantes do Oriente Médio do sul da Europa e da América do Sul esperam uma distância menor Sommer 1969Watson 1970 Quando estamosem nossopróprioambientefamiliar aceitamos naturalmente nossavi sãocultural do espaço pessoal Somentequandoentramosem contato com pessoas de outras culturas observamos essas diferenças Porexemplo quandovisitei a Venezuela notei minhas expectativas culturais entrandoemconflito com asdaquelas pessoas aomeu redor Participei muitas vezes de umadança cômica Eumeafastava da pessoa com quem estavafalando En quanto isso essa pessoa estava tentandoseaproximar Em uma dadacultura maior proximi dade geralmente indica um ou mais de três aspectos Primeiro as pessoas se consideram partede umrelacionamento próximo Segundo as pessoas estãoparticipando de umasitua ção social que permite a violação de uma bolha de espaço pessoal comodançar com proxi midade Terceiro o violador da bolha encontrase dominando a interação Mesmo na cultura norteamericana existem diferençasna quantidade de espaço pessoal queé esperado Por exemplo quando dois colegas estão interagindo o espaço pessoal é muito menor doquequando umempregado e seu supervisor interagem Dean Willis Hewitt 1975 Hall 1966 Uma áreade pesquisa relacionada diz respeito à proxemics emambientes de realidade vir tual Foi observado que violações do espaço pessoal mesmo em ambientes virtuais causa malestarWilcoxetai 2006 Quando possuem opçãoas pessoas cujoespaçopessoal é vio lado em um ambiente virtual se afastarão Bailenson etai 2003 O espaço físico também é mantidoem videoconferências Grayson Coventry 1998 Essas descobertas consideradas emconjunto indicam a importância do espaço interpessoal emtodas asinterações Também indicam que a proxemics é importante mesmoquando uma ou mais pessoasnão se encon tram presentes fisicamente Atos de Fala Atos de Fala Diretos Outro aspecto importantedo modo como você usaa linguagem depende da finalidade que pretende alcançar com a linguagem No exemplo anterior você estava empregando uma linguagem para tentar assegurar que seu amigo o encontraria no novo horário e local Quando você fala que tipo de resultados consegue alcançar Os atos de fala abordam a questãodaquilo que vocêconsegue atingircom a linguagem Todos osatosde falaparecem seclassificar em cinco categorias básicas dependendo da fina lidadedos atos Searle 1975a veja também Harnish 2003 Em outras palavrasexistemes sencialmente cinco metas que você consegue realizarcom a fala nem mais nem menosO Quadro 101 identifica essas categorias e dá exemplos de cada uma 1 A primeira categoria da fala corresponde aos atos representativos Umatodefala re presentativo é aquele pelo qual uma pessoa transmite a crença de que uma dada pro posição é verdadeira O falanteusavárias fontes de informação paraapoiara crença adotada Porém a declaração é nada mais nada menos que umaafirmação de cren ça Podemos incluir várias limitações para demonstrar nosso grau de certeza Porém ainda estamos transmitindoumacrença que podeou não ser verificável 2 A segunda categoria da fala é a diretiva Uma diretiva representa uma tentativa de um falante para fazer comque um ouvinte realize algo Uma diretiva algumas vezes é muito indiretaPorexemplo quasetoda sentençaestruturadacomopergunta 362 PsicologiaCognitiva QUADRO 101 Atos da Fala As cinco categorias básicas de atos de fala englobam as várias tarefas que podem ser rea lizadas por meio da fala ou de outras maneiras de uso da linguagem Ato de Fala Descrição Exemplo Representativo Um ato de fala pelo qual uma pessoa transmite a crença de que uma dada proposição é verdadeira Se eu disser que O marquês de Sade é um sádico es tou transmitindo minha crença de que o marquês sentia prazer vendo outras pessoassentindo dor Posso usar vá rias fontes de informação para apoiar minha crença in cluindo o fato de a palavra sádico originarse do nome desse marquês Não obstante a afirmação é nem mais nem menos uma afirmativa de crença De modo similar posso fazer uma afirmação que seja verificável mais dire tamente por exemplo Conforme você pode ver aqui neste termômetro a temperatura lá fora é de 05e C Diretivo Uma tentativa de um falante pessoa que fala para fazer com que um ouvinte realize algo como dar a resposta a uma pergunta Posso pedir a meu filho que me ajude a remover a neve com a pá de várias maneiras algumasdas quais são mais diretas do que outras como Por favor ajudeme a re mover a neve ou Você me ajudaria a remover a neve As diferentes formas de expressão são todas ten tativas para fazêlo ajudarme Alguns atos diretivos são muito indiretos Se eu perguntar Já parou de chover ainda estou expressando uma diretiva neste caso bus cando informação ao invés de ajuda física Na realidade quase toda sentença estruturada como pergunta prova velmente possui função diretiva Compromisso Uma concordância do falante em participar de alguma ação futura Se meu filho responde Estou ocupado agora porém o ajudarei a remover a neve mais tarde ele está expres sando um compromisso pois está se comprometendo a ajudar no futuro Se minha filha disser em seguida Eu o ajudarei ela também está expressando um compro misso porque está prometendo sua ajuda agora Promes sas empenhos garantias certezas e semelhantes consti tuem todos atos de compromisso Expressivo Uma afirmação relacionada ao estado psicológico do fa lante Se eu disser a meu filho mais tarde Estou realmente aborrecido porque você não veio ajudarme a remover a neve este também seria um ato da fala expressivo Se minha filha disser Papai estou feliz por ter podido aju dar ela está realizando um ato de fala expressivo Declarativo tam bém denominado desempenho Um ato de fala pelo qual o próprio ato de fazer uma afir mação resulta em uma nova situação Suponha que você fosse chamado à sala do seu chefe e lhe fossedito que é responsável pela companhia ter perdido 50 mil e então seu chefe dizVocê está des pedido O ato da fala resulta em você estar em um novo estado isto é desempregado Você poderia dizer então a seu chefe Está certo porque lhe escrevi on tem uma carta dizendo que o dinheiro foi perdido por causa de sua incompetência gritante não a minha e eu me demito Você está emitindo novamente um ato de clarativo Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 363 provavelmente está desempenhando uma função diretiva Toda tentativa para obter qualquer tipode auxílio mesmo um tanto indireto classificase nessa categoria 3 Uma terceira categoria é um compromisso Ao externar um compromisso a pessoa quefala estásecomprometendo emrealizar alguma açãofutura Promessas empe nhos contratos garantias e certezas constituem compromissos 4 Um ato de fala expressivo constituiu a quarta categoria Um ato expressivo é uma afirmação relativa ao estado psicológico de quem fala 5 O quinto tipo é o atode fala declarativo pelo qual o próprio ato de fazer uma afir mação resulta em uma nova situação pretendida Quando umclérigo diz Eu agora vos declaro marido e mulher o ato da fala é declarativo Após o término do ato da fala o rito do casamentose encerra Esse ato tambémé denominadoato de desem penho Clark Clark 1977 O aspecto interessante da taxonomia de Searle é que consegue classificar quase toda afirmação que poderia ser feita A classificação mostra exaustivamente pelo menos em um nível os diferentes tipos decomunicação que a fala pode realizar Também mostra a relação próxima entre estrutura e a função da linguagem Atos de Fala Indiretos Os atos de fala algumas vezes são indiretos significando que cumprimos nossas metas ao falarmos de um modo oblíquo Uma maneira decomunicação oblíqua é pormeio de solici tações indiretas pelas quais fazemos um pedido sem solicitálo diretamente Gordon Lakoff 1971 Searle 1975b Um exemplo seria Você poderia retirar o lixo Existem quatro maneiras básicas para se fazer solicitações indiretas 1 fazer perguntas oudeclarações sobre capacidades 2 declarar um desejo 3 declarar uma ação futura e 4 citarrazões Exemplos dessas formas desolicitações indiretas encontramse noQuadro 102 Asolicitação indireta em cada caso édirecionada afazercom que uma garçonete diga a um falante onde localizar o banheiro em um restaurante Quando os atos de fala indiretos são interpretados literalmente e quando o significado indireto é entendido pelo ouvinte Quando um ato de fala indireto como Você precisa QUADRO 102 Atos de Fala Indiretos Uma maneira para usara falaconsisteem comunicarseobliquamente ao invés de diretamente Tipo de Ato de Fala Indireto Exemplo de uma Soucitacão Indireta por Informação Capacidades Se você disser Poderia me dizer onde fica o banheiro a uma garçonete em um res taurante e eladisser Simlógico que posso a probabilidade c que ela nãocaptou o significado A pergunta sobre a capacidade que elapossui para informarlhe a localiza ção do banheiro foi uma solicitação indireta para que ela lhe dissesse onde fica exata mente o banheiro Desejo Ficaria agradecido se você me informasse onde fica o banheiro Seu agradecimento antecipado énarealidade um modo de pedir a alguém que faça o que você deseja Ação futura Vocême diria onde fica o banheiro Sua indagaçãoa respeitodas açõesfuturasde uma pessoa é outra maneira defazer uma solicitação indireta Raões Você não precisa especificar as razões para dara entender que existem bons motivos para atenderà solicitação Porexemplo poderia insinuarque possui taisrazões paraa garçonete dizerlhe onde fica o banheiro dizendo Preciso saber onde fica obanheiro 364 Psicologia Cognitiva abrir a janela é apresentado isoladamente em geral é interpretado literalmente no iní cio por exemplo em Você tem necessidade de abrir a janela Gibbs 1979 Quando o mesmo ato de fala é apresentado no contexto de uma história que torna claroo significado indireto a sentença é interpretada inicialmente em termos do significado indireto Por exemplo suponha queumapersonagem emumahistória tivesse umresfriado e perguntasse Você precisa abrir a janela Ela seria interpretada como uma solicitação indireta Não abra a janela Trabalhos subsequentes mostraram que os atos de fala indiretos prevêem muitas vezes quaisobstáculos potenciais o respondente poderiaantepor Esses obstáculos sãoindicados es pecificamente pelo atode fala indireto Gibbs 1986 Por exemplo a pergunta Posso pegar aborda obstáculos potenciais de permissão Você se importaria relacionase a obstáculos potenciais a respeito de uma possível imposição ao respondente Você tem aborda obstá culos potenciais relativos à disponibilidade Solicitações indiretas quepedem autorização são consideradas as mais educadas Clark Schunk 1980 De modo similar solicitações indire tas que se referem a uma obrigação por exemplo Você não deveria são consideradas as mais descorteses Clark Schunk 1980 As respostas a essas solicitações normal mente igualam as solicitações em termos de cortesia Clark Schunk 1980 Postulados da Conversação Ao falarmos com outras pessoas estabelecemos implicitamente uma iniciativa emcoopera ção De fato se não cooperarmos mutuamente quando falamos muitas vezes acabamos fa lando sem que percebam em vez de falarmos diretamente com as pessoas Neste caso deixamos decomunicar aquilo quepretendíamos Asconversações sedesenvolvem combase em um princípio cooperativo pelo qual procuramos comunicar de maneira que facilitem a compreensão de nosso ouvinte para entender o que temos emmente Grice 1967 Mooney 2004 De acordo com Grice conversações bemsucedidas seguem quatro máximas a má xima de quantidade a dequalidade a de relação e a de maneira Exemplos destas quatro máximas encontramse no Quadro 103 Deacordo com a máxima de quantidade você deve contribuir para umaconversação do modo mais informativo requerido porém não mais do queo apropriado Por exemplo supo nha que alguém diga para você Olá como vai Você subseqüentemente inicia um soli lóquio de três horas a respeito decomo sua vida nãotem caminhado domodo que desejava Neste caso você está violando a máxima de quantidade A convenção social consiste em responder com uma resposta breve mesmo se você desejasse entrar em detalhes Algumas vezes violamos a máxima de quantidadecom umafinalidade específica Suponha que estive aguardando uma oportunidade para relatar ao professor titular de nosso departamento os problemas que identifico em nosso programa educacional O professor está assumindo um grande risco ao perguntarme Como as coisas estão indo embora esperasse somente uma resposta breve De acordo com a máxima de qualidade sua contribuição para uma conversação deve ser sincera Esperase que você faleaquilo que acredita ser o caso Se você alguma vez so licitou orientação quando estava em uma cidade que não conhecia sabe da extrema frus traçãoquepode resultar seas pessoas não falam a verdade aodizerlhe quenão sabem onde seencontradeterminado local Ironia sarcasmo e piadas poderiam parecer exceções à má xima de qualidade porém não o são Esperase que o ouvinte reconheça a ironiaou o sar casmoe infira a verdadeira disposição mental do falante a partir daquilo que é dito De modo similar uma piada muitas vezes possui a expectativa de atingir uma finalidade es pecífica contribuindo utilmente para uma conversaçãoquando essa finalidade está clara para todos Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 365 QUADRO 103 Postuladosda Conversação Os falantes geralmente adotam quatro máximas para maximizar a comunicação que ocorre durante a conversação Postulado Máxima de quantidade Máxima de qualidade Máxima de relação Máxima de maneira Máxima Tornar sua contribuição para uma conversação tão informativa quanto requerida porém não mais do que o apropriado Sua contribuição para uma conversação deve ser sincera esperase que você diga aquilo que acredita ser Você deve fazer com que sua contribuição para uma conversação seja relevante para as finalidades da conversação Você deve tentar evitar expressões ininteligíveis expressões vagas e obscurecimento proposital de seu ponto de vista Exemplo Se alguém lhe perguntar qual a temperatura lá fora e você responder Faz 31297868086298 graus lá fora você está violando a máxima de quantidade porque está dando mais informações do que provavelmente era desejado Na antiga série televisiva Jornada nas Estrelas o senhor Spock um Vulcano com uma mente parecida com um computador deparase com um encolher de ombros quando fornece mais informações em resposta a uma pergunta do que alguém esperaria ou desejaria como na resposta anterior à pergunta sobre temperatura Obviamente ocorrem circunstâncias embaraçosas em que cada um de nós não tem certeza a respeito de quanta honestidade está sendo exigida tal como a resposta para Meu bem como pareço No entanto na maioria das circunstâncias a comunicação depende da premissa de que ambas as partes envolvidas na comunicação estão sendo sinceras Em quase toda grande reunião a que compareço parece existir alguém que viola esta máxima Este alguém faz inevitavelmente longas digressões que não possuem relação com a finalidade da reunião e que dificultam sua continuidade Isso me lembra de uma história que um amigo me contou uma vez a respeito de uma reunião em que Richard Feynman o físico laureado pelo Prêmio Nobel em 1997 relatou como leu em uma ocasião um estudo feito por um sociólogo muito conhecido e descobriu que não conseguia compreendêlo Uma sentença foi redigida do seguinte modo O indivíduo membro da comunidade social recebe muitas vezes informações por meio de canais visuais e simbólicos p 281 Feynrriam concluiu em essência que o sociólogo estava violando a máxima da maneira quando compreendeu que a sentença significava As pessoas lêem De acordo com a máxima de relação sua contribuição para uma conversação deve ser aquiloquefor relevante para os propósitos da conversação Evidentemente algumas vezes as pessoas violam esta máxima de modo proposital Suponha que uma namorada lhe diga Creioque devemos conversarsobre nossarelação Você responde O tempo está muito bo nito hoje Você está violando a máxima para deixar claro que não deseja falar sobre a rela ção No entanto quando age desse modo não está demonstrando ser cooperativo A não ser que vocêsdois possam concordar em como definir a conversação não perceberãoo teor do diálogo e terão uma conversação muito frustrante 366 Psicologia Cognitiva De acordo com a máximada maneira você deve ter clareza e evitar expressões obscuras expressões vagase obscurecimentoproposital de seu ponto de vista Podemos agregara essas quatro máximas propostas por Grice umà máxima adicional somente uma pessoa fala em cada ocasião Sacks Schegloff Jefferson 1974 Existindo essa máxima o contexto situacio nal e as posições sociais relativas aosfalantes afetama vez de secomunicar Keller 1976 Sa cks Schegloff Jefferson 1974 Os sociolinguistas observaram muitas maneiras pelas quais os falantes sinalizam aos demais quando e como devem falar Algumas vezes as pessoas exi bem ostensivamente os postulados da conversação para definir um ponto de vistaSuponha por exemplo queuma pessoa diga Meus pais sãodiretores A pessoa não estáfornecendo informações completas oquesignifica exatamenteque ospaisde umapessoa sãodiretores A ambigüidade entretanto é intencional Ou algumas vezes quando uma conversação so bre um tópicoestá se tornando acalorada uma pessoa pode alterálo propositadamente e in troduzir um tema irrelevante A finalidadeda pessoa ao agirdessemodoconsiste em mudar a conversação para outro tópico mais seguro Quando não atentamos aos postulados esta mos enviandouma mensagem explícita ao procedermos destemodo os postulados retêmsua importânciaporque sua ausência é tão notada As pessoas que sofrem de autismo possuem dificuldade com a língua e a emoção Portanto não causa surpresa que as pessoas com au tismo possuem dificuldade específica para perceberviolações das máximas de Grice Eales 1993 Surian 1996 Uma discussão adicional das dificuldades com a linguagem no autismo será feita posteriormente neste capítulo Gênero e Língua Em nossa cultura homens e mulheres falam uma linguagem diferenteForam observadas di ferenças de gênero no conteúdodaquilo que dizemos Meninas mais novas apresentam maior probabilidade desolicitar ajuda queosmeninos compouca idade Thompson 1999 Adoles centes com mais idade e homens adultos jovens preferem conversar sobre opiniões políticas fontes de orgulho pessoal e aquiloque apreciam emoutra pessoa Emcontrasteas mulhetes desse grupo etário preferem conversarsobresentimentos em relaçãoaos pais amigas íntimas aulas e seus receios Rubin et ai 1980 Igualmente em geral as mulheres parecem revelar mais a respeito de si mesmas do que os homens Morton 1978 Conversações entre homens e mulheres são consideradas algumas vezes comunicação entre culturas Tannen 1986 1990 1994 De acordo com Tannen meninas e meninos com pouca idade aprendem a se comunicar por conversaçãoem ambientes culturais essencial mentedistintospor meio de suas amizades do mesmo sexo Na condição de homense mulhe respassamosa transferir os estilos de conversação que aprendemos na infância para nossas conversas com adultos Tannen indicou que as diferenças entre homens e mulheresno estilode conversação con centramsemajoritariamente em entendimento distinto das metas de conversação Estasdi ferenças culturais resultam em estilos de comunicação contrastantes Estes por sua vez podem conduzir à incompreensão e mesmo a rupturas à medida que cadaparceiro tentacom certo graude insucesso entender o outro Os homens encaram o mundo como uma ordem social hierárquica na qualo processo de comunicação consiste em obteruma posição de van tagem preservar a independência e evitar o fracasso Tannen 1990 1994 Cada homemse empenha para suplantar o outro e vencer a competição As mulheres em contraste pro curam estabeleceruma conexão entre os dois participantes danapoioe confirmação aos de mais e conseguir consenso por meio da comunicação As mulheres para atingirem suas metas de conversação adotam estratégiasde conversa çãoque minimizam asdiferenças estabelecem equidade e evitamqualquer aparência de supe rioridade por parte de qualquer pessoacom conhecimento As mulheres também afirmam a importância e o compromisso do relacionamento Elas lidam comasdiferenças de opinião em penhandose para chegar a umconsenso que promova a conexão e assegure queambas aspar Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 367 tes sintam pelo menos que suas vontades foram levadas em consideração Procedem deste modo mesmo se não estiverem inteiramente satisfeitas com a decisão consensual Os homens desfrutam de conexões e relacionamento Porém em virtude de os homens te rem sido criados em uma cultura na qual o gênero desempenha um papel importante outras metas assumem precedêncianas conversações Tannen propôsque os homens procuram afir mar sua independênciadosparceiros de conversação Indicamclaramente desse modo suaau sência de concordância com as demandas das demais pessoas o que indicaria falta de poder Os homens também preferem informar indicandodeste modo o status maiselevado confe rido pelaautoridade ao invésde consultarse indicandostatus subordinado com seusparcei ros de conversação O parceiro masculino em um relacionamento próximo pode desse modo vir a informarsuaparceirade seusplanosconjuntosA parceirafeminina em contrasteespera serconsultada a respeito de seus planos conjuntos Quando homens e mulheres participam de comunicação entre ossexos suas finalidades muitas vezes resultam em comunicação equivo cada porque cada parceiro interpreta erroneamente as intençõesdo outro Tannen indicou que homens e mulheres precisam se tornar mais conscientes de seuses tilose tradições interculturais Deste modo eles podem ao menos ter menorprobabilidade de interpretar erroneamente as interações mútuas por meio da conversaçãoTambém apre sentam maior possibilidade de concretizarsuas metas individuais as finalidades do relaciona mentoe ospropósitos dasdemais pessoas e instituições afetadas porseus relacionamentos Tal conscientização é importante não somente nas conversas entre homens e mulheres Também é importantenas conversas entre membros da família em geral Tannen 2001 Tannen pode estar certo mas presentemente são necessárias operações convergentes alémdo método fir madoem casos sociolinguísticos paraestabelecer com clareza a validade e o carátergenerali zado de suas descobertas interessantes Diferenças de gênero no usoda linguagem escritatambém foram observadas Porexem plo na redação formal escritoras tendem a usar mais pronomes e escritores mais adjetivos que especificam ossubstantivos Argamon etaí 2003 Alémdisso mulheres empregam mais características de envolvimento ao passo que os homens usam mais características infor macionais Argamon etai 2003 Essas constatações entretanto não sãoconclusivas Uma pesquisa sobre blogs constatou queo tipode blog mais queo gênero do autor ditava o estilo de redação Herring Paolilío 2006 Pense a respeito de como seu gênero influencia seu estilo de conversação Idealize algumasmaneiraspara comunicarse maiseficazmente com pessoas do sexo oposto Como seus atos de fala e seus postulados de conversação poderiam diferir Se vocêé um homem tende a empregar e preferir direti vasedeclarações a expressivos e compromissos Se vocêé umamulher usa e prefere expressivos e compromissos a diretivose declarações Neste caso falar com pessoas do sexoopostopodeacarretar interpretações errôneas do significado com base em diferenças de estilo Por exemplo quando você deseja convencer outra pessoa a fazer algo pode ser melhor empregar o estilo que reflita mais diretamente o estilo da outra pessoa Neste caso você poderia usar uma diretiva com homens Você iria à loja e uma expressiva commulheres Eu realmente aprecio fazer compras Lembrese também de que suasrespostas devem atenderàs expectativas dá outra pes soaa respeiro de quanta informação oferecer de honestidade de relevância e de ação direta A arte da comunicação eficaz realmente envolve escutar cuidadosamente a outra pessoa observara linguagem corporal e interpretar de modo preciso as metas da pessoa Isto pode ser realizado somente com tempodedicaçãoe sensibilidade APLICAÇÕES PRÁTICAS DA PSICOLOGIA COGNITIVA 368 Psicologia Cognitiva Compreensão do Discurso e da Leitura As seções precedentes discutiram alguns dos aspectos mais gerais dos usos sociais da lingua gem Esta seção discute mais especificamente os processos envolvidos na compreensão e no uso da linguagem no contexto social do discurso O discurso envolve unidades de linguagem comunicativas maiores do que sentenças individuais em conversações preleções histórias ensaios e mesmo em livrostexto Di Eugênio 2003 Do mesmo modo que as sentenças gramaticais são estruturadas de acordo com regras sintáticas sistemáticas os trechos do dis curso são estrututados sistematicamente INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA A sériede sentenças a seguirfoiexrraídade umconto escrito por O Henry William Sydney Porter 18991953 intirulado O resgate do Chefe Ver melho Na realidade a seqüência de sentenças a seguir é incorreta Serri conhecer quaisquer outros detalhes da história tente descobrir a seqüên cia correta de sentenças 1 O pai era respeitável e avarento um financiador de hipotecas e uma pessoa honrada e rigorosa ao fazer a coleta de doações na igreja e ao embargar imóveis que deixaram de ser pagos 2 Selecionamos para nossa vítima o único filho de um cidadão impor tante chamado Ebenezer Dorset 3 Estávamos no sul de Alabama Bill Driscoll e eu quando nos ocor reu essa idéia de seqüestro 4 Bill e eu julgamos que Ebenezer ficaria abalado por causa de um res gate de dois mil dólares discutindo até o último centavo Sugestão O Henry era um mestre de ironia e no fimda história aqueles que seriam osseqüestradores pagaram aò pai um resgate elevado para que recebesse de volta seu filho a fim de poderem escapar rapidamente do menino A seqüência usadapor O Henryexpresidiárioe contista experiente foi 3 2 1 e 4 Esta é a ordem que você escolheu Como soube a seqüên cia correta dessassentenças Ao atingir a idade adulta a maioria de nós possuium bom conhecimento de como as sen tenças obedecem a uma seqüência na estrutura do discurso Com base em nosso conheci mento da estrutura do discurso podemos obter o significadodos elementos da sentença que não são óbviosquando olhamos as sentenças isoladamente Para vercomo operam alguns des ses elementos dependentes do discurso leia as sentenças sobre Rita e Thomas no box Inves tigando a Psicologia Cognitiva Responda em seguida às perguntas após as sentenças INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Rita deu a Thomas um livrosobre resoluçãode problemasEle agradeceu lhe o livro Ela perguntou E este que você queria Ele respondeu en tusiastícamente Sim precisamente Rita perguntou Devo providen ciar para você o volume complementar sobre tomada de decisões Ele respondeu Sim por favor Na segunda e na terceira sentenças quem eram as pessoas e objetos sendo indicados com os pronomes ele lhe e elaPor que o substan tivo livro foi precedido pelo artigo um na primeira sentença e pelo artigo o na segundasentença Como você sabe o que significaa resposta de Thomas Sim precisamente Qual é a ação sendo solicitada na res posta Sim por favor Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 369 Os psicolinguistas cognitivos que analisam particularmente o discurso ficam perplexos pelo modo como somos capazes de responder às perguntas formuladas no exemplo prece dente Quando compreendemoso significado dos pronomes por exemplo ele ela lhe eles elas nós nos como sabemos quem ou o que os pronomes estão indicando Como conhe cemos o significado de expressões contendo elipses por exemplo Sim precisamenteO que o emprego do artigo definido o em oposição ao artigo indefinido um precedendo um substantivo significa para os ouvintes com relação ao fato de um substantivo ter sido men cionado previamente O significado de pronomes elipses artigos definidos referências e eventos e outros elementos locais no interior de sentenças depende usualmente da estru tura do discurso em que aparecem esses elementos Grosz Pollack Sidner 1989 Muitas vezes para compreender um discurso nos apoiamos não somente em nosso co nhecimento da estrutura do discurso Também nos valemos de nosso conhecimento de um amplocontexto físico social ou cultural no âmbitodo qual o discurso é apresentado Cook Gueraud 2005 van Dijk 2006 Por exemplo observe como nossa compreensão do signifi cado de um parágrafo é influenciada por seu conhecimento e expectativas existentes Por exemplo este livro de Psicologia Cognitivaserámaisfácil de ler em média casovocêtenha feito um curso introdutório de Psicologiado que caso você não o tenha feito Ao ler as sen tenças no box Investigandoa Psicologia Cognitiva que vem a seguir faça uma pausaentre as sentenças e pense a respeito daquilo que conhece e de quais são suas expectativas com base em seu conhecimento 1 Susan tornavase cada vez mais ansiosa à medida que se preparava para o próximo exame de ciências O que você conhece sobre Susan 2 Ela nunca havia elaborado um exame antes e não estava segura quanto ao modo de redigir um teste apropriado do conhecimento dos alunos Como suas impressões a respeito de Susan mudaram 3 Ela ficou particularmente aborrecida pelo fato de o diretor até ter lhe solicitado para preparar o exame 4 Mesmo durante uma greve de professores não se esperaria que uma enfermeira da escola assumisse a tarefa de redigir um exame Como suas expectativas se alteraram ao longo do texto das quatro sentenças No exemplo precedente sua compreensão de cada aspecto do dis curso foi influenciada por seu conhecimento e expectativas existentes cora baseem suasexperiências no âmbito de um contexto específico Portanto do mesmo modo que a experiência ê o conhecimento prévios podem nos auxiliar no processamento léxico do texto também podem nos ajudar na compreensão do própriotexto Quais sãoos principaisprocessos de com preensão da leitura O processo de compreensão da leituraé tão complexo a ponto de muitos cursoscompletos e um grande númerode livros serem dedicados exclusivamente ao tópico porém nos concentramos aqui apenas emalgunsprocessos Estes incluem codificação semântica aquisição de vocabulário compreensão das idéias no texto criaçãode modelos men tais do texto e compreensão do texto com base no contexto e no ponto de vista INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Codificação Semântica Recuperação do Significado das Palavras Situadas na Memória Codificação semântica é o processo pelo qual traduzimos informações sensoriais em uma representação significativa que percebemos Esta representação se baseia em nossa 370 PsicologiaCognitiva compreensão do significado das palavras No acesso léxico identificamos palavras com base na combinação de letras Por esse meio ativamos nossa memória em relação às pala vras Na codificação semântica seguimos o próximo passo e conseguimos acesso ao signifi cado da palavra armazenada na memória Algumas vezes não conseguimos codificar semanticamente a palavra porque seu significado ainda não existe na memória Precisamos então encontrar outra maneira pela qual obter o significado das palavras tal como observar o contexto no qual as lemos O leitor para efetuar a codificação semântica precisa conhecer o que uma determinada palavra significa O conhecimento do significado das palavras vocabulário relacionase muito de perto com a capacidade para compreender o texto As pessoasque possuem conhe cimento do significadodas palavras tendem a ser boas leitoras e viceversa Uma razão para esta relação parece ser que os leitores simplesmente não conseguem entender o texto a não ser que conheçam o significadodas palavras componentes Por exemploem um estudo a re cordação do conteúdo semântico de um trecho diferiu 8 entre dois grupos de participantes quando estes grupos diferiam 9 no conhecimento do vocabulário relevante para o trecho Beck Perfetti McKeown 1982 Nas crianças o tamanho do vocabulário possui correlação positivacom o desempenho em algumas tarefasde compreensão semântica incluindo repeti ção de uma passagem escrita e oral capacidade de decodificação e capacidade para realizar inferências da sentença Hagtvet 2003 Alguns estudos indicam que para assimilar o signi ficado de um texto com facilidade a pessoa deve conhecer aproximadamente 95 do voca bulário Nation 2001 Read 2000 Existem outros estudos indicando que para uma pessoa ter satisfação na leitura de um texto precisa compreender cerca de 98 do vocabulário Hu Nation 2000 Pessoas com vocabulários mais extensos são capazesde acessar informações léxicas mais rapidamente do que aquelas com vocabulários mais restritos Hunt 1978 A informação ver bal é apresentada muitas vezes rapidamente sejaouvindo ou lendo A pessoa que consegue ter acesso à informação léxica rapidamente é capaz de processar mais informações por uni dade de tempo do que uma que somente tem acesso a tal informação lentamente Aquisição do Vocabulário Conhecimento do Significado das Palavras com Base no Contexto A aprendizagem a partir do contexto constitui outro meio pelo qual um vocabulário maior contribui para a compreensão do texto Sempre que não conseguimos codificar se manticamente uma palavra por seu significado ainda não estar armazenado na memória precisamos nos valer de algum tipo de estratégiapara obter o significado a partir do texto Em geral precisamos buscar um significado usando fontes externas como dicionários ou professores ou formular um significado Formulamos o significado com base nas informações existentes armazenadas na memória usandoindicações do contexto com as quais realizamos a formulação As pessoas aprendem indiretamente a maior parte de seu vocabulário Elaso fazem não usando recursos externos mas deduzindo os significados das fernetas a partir das informa ções circundantes Werner Kaplan 1952 Por exemplo se você tentou olhar a palavra fernetas no dicionário você não a encontrou Com base na estrutura da sentença você provavelmente deduziu que fernetas é um substan tivo Você provavelmente deduziu do contexto circundante que se trata de um substantivo tendo alguma relação com palavras ou vocabulário Na realidade fernetas é uma palavra sem sentido que usei como substituta para o termo palavras para mostrar como você obteria uma idéia razoavelmente boa do significado de uma palavra com base em seu contexto Alguns pesquisadores estudaram a capacidade das crianças para aprender os significados de novas palavras por meio de instrução direta e pelo contexto Cain Oakhill Lemmon 2004 Os pesquisadores descobriram que em crianças com baixa compreensão de leitura a Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 371 NO LABORATÓRIO DE RICHARD GERRIG O filme tinha acabado À me dida que as luzes do cinema se acendem você precisa de alguns momentos para afas tarse do mundo que o filme criou e retornar a seu próprio mundo aqui e agora Esta ex periência de passar de um mundo para outro é o que tentamos captar em nosso laboratório Grande parte das pesquisasque realizamostem se orientado à compreensão dos processoscog nitivos que permitem às pessoas vivenciar expe riências tão marcantesnasquaissãotransportadas para mundos narrativos Um determinado tipo de pesquisa concen trouse nas respostas mentais das pessoas às narrativas com continuidade Suponha que o filme a que você acabou de assistir tivesse uma cena sugerindo que seria arriscado o herói en trar em certa sala Você poderia muito bem ter pensado Não ultrapasse aquelaporra Deno minamos esses tipos de pensamentos respostas participativas porque as pessoas estão reagindo como se em certos aspectos fossem participan tes verdadeiros do mundo narrativo As narrativas proporcionam às pessoas oportunidadespara codificar uma variedade de respostas participativas Polichak Gerrig2002 Durante os últimos anos Davis Rapp e eu Rapp Gerrig 2002 2006 documentamos o impacto de um tipo específico de resposta participativa circunstâncias nas quais os leitores expressam preferências mentaisem favor de um ou doisre sultadospotenciais Suponha por exemploque você esteja lendo uma história na qual um per sonagem Stu está girando a chave para dar partida em seu carro Em uma versão da histó ria Stu precisa chegar a um hospital para aju dar sua esposa grávida no trabalho de parto Em uma segunda versãoda história Stu está muito embriagado A informação adicionalexerce um impacto sobre a preferência que você codifica quando chegaao momento em que Stu aciona a partida Nossas experiências sãoum tanto mais ela boradas porque estamos particularmente inte ressados no modo como as preferências dos leitores inreragem com a informação adicional que trazem para uma situação No caso de Stu esta informaçãose centralizana possibi lidade prévia de que a partida será dada Em uma versão da história ele acaba de regular o motor na outra versãoo carro está quebrado A combinação destesfatores conduzos leito res a momentos narrativos em que por exem plopossuemrazãopara acreditar que o carro de Stu não dará a partida mas eles esperam que a partida sejaacionadaparaqueelepossa encontrar sua esposaExatamente nessascir cunstâncias os leitoresencontram dificuldade para assimilaro resultadoprovável o carro simplesmente não queria pegar Embora nossas experiências se preo cupem com as respostas participativas dos leitores aos textos também possuem implica ções mais amplas para a vida diária Muitas vezesvocê se depara com circunstâncias nas quaiso que prefere Queroganhar na lote riase choca com aquiloque vocêconhece sobre a situação Minha probabilidade de ganhar éde umaem 1milhão Quando você se encontra em tais circunstâncias é fácil contar a si mesmo uma história com seu final preferido Você podese imaginarverificando osnúmeros ganhadores descobrindo quéga nhou e iniciando sua comemoração Após ter se transportado a esse mundo narrativo extremamente agradável qual o grau de difi culdade para voltar à realidade Referências Polichak J W Gerrig R J Gec up and win Particípatory responses to narrati ves In TC Brock J J Strange M C Green org Narrative impact Social and cognitive foundations Mahwah Erlbaum 2002 p 7195 Rapp D N Gerrig R J Readers reality driven and plotdriven analyses in nar rative comprehension Memory Cogni tion 30 p 779788 2002 Rapp D N Gerrig R j Predilections for narrative outcomes The impact of story contexts and reader preferences Journal of Memor and Language 54 p 5467 2006 372 Psicologia Cognitiva capacidade para deduziro significadodas palavras a partir do contexto estava prejudicada No entanto por meiode instrução direta crianças com baixa compreensão da leitura porém com bom vocabulário conseguiam aprender o significado de novas palavras tão bem quanto as crianças com compreensão de textos mais desenvolvida Cain Oakhill Lemmon 2004 Os pesquisadores também trabalharam com participantesadultosque aprendiamo signi ficado das palavras a partir do contexto de sentenças van DaalenKapteijns ElshoutMohr 1981 veja também Sternberg Powell 1983 Eles constataram que participantes com muita ou pouca base verbal isto é pessoas com vocabulário amplo ou restrito respectivamente aprendem o significado das palavras diferentemente Os participantes com muita base verbal realizam uma análise mais profunda das possibilidades de significação de uma palavra nova em comparaçãoàqueles com pouca base verbal Os participantes com muita base verbal em particularusaramuma estratégiabemformulada para descobriro significado das palavras Os participantes com pouca base verbal pareciam não possuir qualquer estratégia clara Compreensão de Idéias no Texto Representações Propositivas Que fatores influenciam nossa compreensão daquilo que lemos Walter Kintsch desenvolveu um modelo de compreensão do texto baseadoem suas observações Kintsch 1990 Kintsch van Dijk 1978 De acordo com o modelo à medidaque lemos tentamos reter a maiorquan tidadepossível de informações na memória de trabalho ativa paracompreender o que lemos No entanto não tentamos armazenar as palavras exatas que lemos na memóriade trabalho ativa Tentamos extrair de preferência as idéias fundamentais de grupos de palavras Arma zenamos em seguida estas idéias fundamentais de uma forma representativa simplificada na memória de trabalho A forma representativa para essas idéias fundamentais é a proposição Proposições foram definidas mais detalhadamente no Capítulo 7 Por enquantoé suficiente dizer que umapropo siçãoé a unidade de linguagem mais breveque pode ser determinada de modo independente comoverdadeira ou falsa Por exemplo a sentença Pingüins são aves e pingüins podem voar contém duas proposições Você pode verificar independentemente se pingüins são aves e se pingüins podem voar Emgeral asproposições afirmam uma ação porexemplo voar ou uma relaçãopor exemplo os pingüins pertencem à categoria de pássaros De acordo com Kintsch a memória de trabalho armazena proposições ao invés de pala vras Seus limites são portanto postos à provapor um grande número de proposições ao in vés de um número específico de palavras Kintsch Keenan 1973 Quando uma série de palavras no texto exige que retenhamos um grande númerode proposições na memória de trabalho encontramosdificuldade para compreender o texto Quando a informação perma nece na memória de trabalho por um tempo mais longo é mais bemcompreendida e reme morada subseqüentemente No entanto em virtude dos limites da memória de trabalho algumas informações precisam ser transferidas da memória de trabalho a fim de deixar es paço para novas informações Deacordo comKintsch asproposições cujo tema é fundamental paraa compreensão do texto permanecerão na memória de trabalho durante mais tempo que as proposições irrele vantes para o tema do texto Kintsch denomina macroproposições as proposições cujo tema é fundamental Ele denomina adicionalmente macroestrutura a estrutura temática abran gente de uma passagem do texto Em uma experiência que testou seu modelo Kintsch e um associado solicitaram aos patticipantes que lessem um texto com 1300 palavras Kintsch van Dijk 1978 Os participantes tinhamde resumir em seguida as principais proposições no texto imediatamente um mês ou três meses após lerem o trecho O que aconteceu após três meses Os participantes lembraramse das macroproposições e da macroestrutura geral dotexto aproximadamente tãobem quanto o fizeram os participantes que resumiram o texto imediatamente após o ler No entanto as proposições que proporcionavam detalhes não te máticos sobre o textonão foram lembradas tão bemapós ummês e nemforam bemlembra das após três meses Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 373 Representação do Texto em Modelos Mentais Após as palavras serem codificadas semanticamente ou seusignificado ser inferido do uso do contexto o leitor ainda precisa criar um modelo mental do texto que estiver sendo lido Este modelo simula o mundo sendo descrito preferencialmente às palavras específicas sendo empregadas para descrevêlo Craik 1943 veja JohnsonLaird 1989 Um modelo mental pode ser concebido como um modelo de operação interna da situaçãodescrita no texto à medida que o leitoro compreende Em outraspalavras o leitorcria algum tipo de representação mental que contém em seu intetior os principais elementos do texto Eles são representados de um modo fácil de entender ou ao menos mais simples e mais con cretodo que o próprio texto Por exemplo suponhaque você leu a sentença O estrondo assustou Alice Você pode formar uma imagem de Alice ficando assustada ao ouvir um ruído elevado Ou você pode acessar proposições armazenadas na memória relativas aos efeitos dos estrondos Um determinado trecho do texto ou mesmo um dado conjunto de proposições para nos referirmos novamente ao modelo de Kintsch pode resultar em mais de um modelo mental JohnsonLaird 1983 Por exemplo você pode precisar modificar seu modelo mental Se você irá alterálo dependeda próxima sentençaserElatentou sairda rodovia sem perdero controle do carro ou Eladesviou para evitar ser baleada Na representação do estrondo que assustou Alice é possível mais de um modelo mental Se você iniciar com um modelo diferente daquele exigido em um determinado trecho sua capacidade para compreender o texto depende de suacapacidade paraformarum novo modelo mentalVocê consegue man ter somente um número limitado de modelos mentais em qualquer ocasião JohnsonLaird Byrne Scharken 1992 Portanto quando umdos modelos for incorreto precisa ser rejeitado a fim de abrir espaço para modelos novos Observe que paraformar modelos mentais você precisa fazer pelo menos inferências provisórias conclusões ou julgamentos preliminares a respeito doquesepretende expressar mas não é falado No primeiro caso você está propenso a suporque um pneu furou No se gundo caso você pode inferir que alguém está disparando umtirode revólver Observe que nenhuma destas situações é declarada explicitamente A construção de modelos mentais ilustra que além de compreender as próprias palavras também precisamos compreender como as palavras se combinam para formar representações integradas de narrativas ou ex posições Passagens do textoqueconduzem sem ambigüidade a umúnicomodelo mental são mais fáceis decompreender doqueaspassagens quepodem conduzir a modelos mentais múl tiplos JohnsonLaird 1989 As inferências podem serde várias modalidades Uma dasmaisimportantes é a inferên cia de ligação Haviland Clark 1974 Estaé uma inferência que um leitor ououvinte faz quando uma sentença parece não sera seqüência diretaque a precede Em essência aquilo que é novo na segunda sentença avança um passo muito à frente do que é informado nas sentençasanteriores Considere por exemplo dois pares de sentenças 1 John pegou a cesta do piquenique no portamalas A cerveja estava quente 2 John pegoua cerveja no portamalas A cerveja estava quente Osleitores levaram 180 milissegundos a mais paralero primeiro pardesentenças emcom paração aosegundo Haviland e Clark propuseram uma razão para este tempo de processa mento mais longo Ocorreu que no primeiro par a informação precisava ser inferida acesta depiquenique incluía cerveja enquanto estava afirmada diretamente nosegundo par Embora a maioria dos pesquisadores enfatize a importância deserealizar inferências na lei turae emformas decompreensão da linguagem por exemplo Graesser Kreuz 1993 nem to dos os pesquisadores concordam De acordo com a hipótese minimalista os leitores fazem 374 Psicologia Cognitiva inferências baseados somente em informações que estãofacilmente disponíveis Eles as fazem somente quando precisam realizar tais inferências paraque as sentenças contíguas façam sen tido McKoon Ratcliff 1992a Creio que a maior parte das provas relacionadas à posição mi nimalista indica queestas constatações também são minimalistas Os leitores parecem fazer mais inferências do que uma posição sugere Suh Trabasso 1993 Trabasso Suh 1993 Compreensão do Texto com Base no Contexto e no Ponto de Vista Aquilode que nos lembramos de umadeterminada passagem de um texto depende de nosso ponto de vista Por exemplo suponha que você estivesse lendo um trecho de um texto sobre a residência de uma família rica O trecho descreviamuitas característicasda casa como um teto com vazamento umalareira e umsubsolo mofado Também descrevia osobjetos da casa como moedas valiosas prataria e um aparelho de televisão De que modo suacodificação e compreensão do texto poderia ser diferente se você o estivesse lendo sob o ponto de vista deumcomprador potencial da residência emoposição aopontodevista deumprovável ladrão que entrasse na casa furtivamente Em um estudo usando precisamente essa passagem as pessoas que a leram do ponto de vistado ladrãotiveram maiorlembrança dosobjetos da resi dência Em contraste aquelas que a leram do ponto de vista de um comprador do imóvel lembraramse maisa respeito da condiçãode casa Anderson Pichert 1978 De fatovariando assituações ou indicações de recuperação da memória podefazer com que detalhesdiferentes sejam lembrados Os pesquisadores descobriram que instruções de recuperação distintasnão afetavam a precisão porém influenciavam efetivamente osdetalhes específicos rememorados Gilbert Fisher 2006 Resumindo nossa compreensão daquilo quelemos depende dediversas capacidades A pri meira é ter acesso aos significadosdas palavras com base na memória ou no contexto A se gunda é inferir o significado a partir das principais idéias contidas no texto que lemos A terceira é formar modelos mentais que simulam assituações sobre asquais lemos Eaquarta é extrair as principais informações do texto com base nos contextos em que lemos e no modo peloqual pretendemos usar aquiloque lemos Discutimos até o momento os contextos social e cognitivo da linguagem O uso da lin guagem interage com mas não determina completamente a natureza do pensamento As interações sociais influenciam a maneira pela qual a linguagem é utilizada e compreendida no discurso e na leituraRessaltamos a seguir algunsdosconhecimentosque obtivemos es tudando o contexto fisiológico da linguagem Em termos específicos como nossos cérebros processam a linguagem Neuropsicologia da Linguagem Recordese doCapítulo 2 que nossos primeiros conhecimentos sobre localização no cérebro relacionavamse a uma associação entre deficits de linguagem específicos e lesão orgânica específica no cérebro conforme foi inicialmente descoberto por MarcDaxPaulBroca e Carl Wernicke vejatambém Brown Hagoort 1999 Garrett 2003 A afasia de Broca e a afasia de Wernicke sãocasos particularmente bem documentadosnos quais as lesões no cérebro afetamasfunções lingüísticas veja o Capítulo 2 Vamos examinálas e tambémsíndromes relacionadas em maior detalhe Afasia Afasia é a perda dalinguagem funcional causada porlesão nocérebro Caramazza Shapiro 2001 Garrett 2003 Hillis Caramazza 2003 Existem diversos tiposde afasias Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 375 A afasia de Wernicke é causada por lesão na áreade Wernicke do cérebro veja o Capítulo 2 E caracterizada por grande dificuldade de compreensão de palavras e sentenças faladas Normalmente envolve a produção de sentenças que possuem a estrutura básica da língua falada masque não fazem sentido São sentenças que não possuem significado Dois exem plos são Sim essa era a abóbora mais distante de meus pensamentos e os escrialares comeram rapitempomente minhas panstecas associando escolares com crianças em rapi damente com em pouco tempo e panelas e panquecas Hillis Caramazza 2003 p 176 No primeiro caso as palavras fazem sentido porém não no contexto em que são apresenta das No segundo caso aspróprias palavras sãoneologismos ou palavras novas O tratamento de pacientescom essetipo de afasiaenvolve freqüentemente apoiar e incentivar a comuni cação que não seja lingüística Altschuleretai 2006 A afasia de Broca é causada por lesão na área de Broca do cérebro veja o Capítulo 2 E caracterizada pela produçãode discurso sem lógicagramatical ao mesmo tempo que a capaci dadede compreensão verbal é preservada em altograu Portanto difere da afasia de Wernicke em dois aspectos básicos Primeiro o discurso não obedece à gramática como na afasia de Wernicke Segundo a compreensão verbal encontrase em grande parte preservada Um exemplo de umaprodução por umpaciente com afasia de Broca é Pancadadomingo braço falando mal Hillis Caramazza 2003 p 176 A essência da sentença pretendida é mantida porém a expressão dasentença é consideravelmente distorcida A área de Broca é importante paraa produção da fala independentemente do formato dafala A área de Broca é ativada durante a produção imaginada ou real de sinais Campbell MacSweeney Waters 2007 Horwitz et ai 2003 A afasia global é a combinação entre compreensão gravemente afetada e produção da fala Écausada por lesões nas áreas de Broca e Wernicke A afasia após um acidente vascu lar cerebral envolve lesões nas áreas de Broca e de Wernicke Em um estudo os pesquisado res constataram que 32 das afasias imediatamente após um acidente vascular cerebral envolveram as áreas de Broca e de Wernicke Pedersen Vinter Olsen 2004 A afasia anômica envolve dificuldades paradesignar objetos ou recuperar palavras O pa ciente podeolhar um objeto e simplesmente ser incapaz de recuperar a palavracorrespon dente Algumas vezes categorias específicas de itens não conseguem serrememoradas como nomes de seres vivos Warrington Shallice 1984 Autismo Autismo é um transtorno do desenvolvimento caracterizado por anomalias do comporta mentosocial da linguagem e da cognição Jarrold Happé 2003 Pierce Courchesne 2003 Sua origem é biológica embora os genes responsáveis por essa anomalia ainda não foram identificados conclusivamente Lamb et ai 2000 Crianças com autismo apresentam anor malidade em muitas áreas do cérebro incluindo os lobos frontal e parietal bem como o cere belo o tronco cerebral o corpo caloso os gânglios basais a amígdala e o hipocampo A doença foi identificada inicialmente em meados do século XX Kanner 1943 Ecinco vezes mais comum emhomens doqueemmulheres A incidência doautismo diagnosticado aumen tou rapidamente ao longo dos últimos anos Entre os anos de 2000 e 2004 a freqüência do diagnóstico de autismo aumentou 14 Chenet ai 2007 Atualmente o autismo é diagnos ticado emcerca de 60 entre 10 mil crianças Fombonne 2003 Esta incidência corresponde aaproximadamente uma em cada 165 crianças diagnosticadas com um transtorno do espectro do autismo O aumento emépoca recente pode sero resultado de diversas causas incluindo alterações nos métodos dediagnóstico oupoluição ambiental Jick Kaye 2003 Windham etai 2006 Crianças comautismo usualmente são identificadas emtornodos 14 meses de idade quando não conseguem demonstrar os padrões normais de interação com outras 376 Psicologia Cognitiva pessoas Crianças com autismo exibem movimentos repetitivos e padrões estereotipados de interesses e atividades Pierce Courchesne 2003 Muitas vezes repetem o mesmo movimento continuamente sem que apresente uma finalidade óbvia Quando interagem com alguém têm maior possibilidade de olhar os lábios do que os olhos do interlocutor Cerca de metade do número de crianças com autismo tende a ser caracterizada por ecolalia significando que repe tem continuamente o discurso que ouviram Algumas vezesa repetição ocorre diversas horas após o empregodas palavras por outra pessoa PierceCourchesne 2003 Existem muitas teorias sobre o autismo Uma teoria recente propõe que o autismo pode ser compreendido em termos de diferenças de sexo nas conexões do cérebro hu mano De acordo com esta teoria BaronCohen 2003 os cérebros masculinos são em mé dia mais potentes que os femininos para compreender e criar sistemas Estes sistemas podem ser concretos como aqueles presentes na construção de máquinas ou abstratos como aqueles em política na escrita ou na música Os cérebros das mulheres em contraste são mais voltados à empatia e à comunicação De acordo com BaronCohen o autismo re sulta de um caso extremo de cérebro masculino Este cérebro é quase totalmente inepto em termos de empatia e comunicação porém muito forte em sistematização Como resultado as pessoas autistas algumas vezes podem realizar tarefas que exigem muita sistematização tais como descobrir o dia correspondente a uma data muito distante no futuro Conforme ocorre o autismo é também muito mais comum entre homens do que entre mulheres Embora essa teoria não tenha sido provada conclusivamente desperta curiosidade e está sendo estudada mais a fundo atualmente A disfunção executiva constitui outra teoria do autismo Ozonoff et ai 1994 Esta teo ria descreve bem osmovimentos repetitivos observados no autismo bem como as dificulda des de planejamento flexibilidade mental e automonitoramento Hill 2004 A teoria da disfunção executiva considera o autismo associado à disfunção nos lobos frontais Estudos cie Lesões e Pesquisas dos Potenciais Relacionados a Eventos Por meio de estudos de pacientes com lesões cerebrais os pesquisadores conheceram muito sobre as relações entre áreas específicas do cérebro as áreas das lesões observadas nos pacien tes e funções lingüísticas específicas os deficits observados nos pacientes com lesão cerebral Por exemplo podemos generalizar consideravelmente que muitas funções lingüísticas encon tramse localizadas principalmente nas áreas identificadas por Broca e Wernicke Acreditase atualmente que uma lesão na área de Wernicke na parte posterior do córtex acarrete mais conseqüências nocivas para a função lingüística do que uma lesão na área de Broca mais próxima da parte frontal do cérebro Kolb Whishaw 1990 Estudos de lesões também mos traram que a função lingüística é controlada por uma área muito maior do córtex posterior do que somente á área identificada por Wernicke Além dissooutras áreas do córtex também desempenham um papel Exemplos são as áreasno hemisfério esquerdo e uma parte do córtex temporal esquerdo Adicionalmente estudos recentes por meio de imagens da recuperação póstraumáticado funcionamento lingüístico indicam que o funcionamento neurológicoda linguagem parece se redistribuir para outras áreas do cérebro que incluem áreas analógicas no hemisfério direitoe algumas áreasfrontais Portanto a lesãonas principaisáreasdo hemis fério esquerdo responsáveis pelofuncionamento da linguagem podem resultar algumasvezes em maior envolvimento de outras áreas à medida que o funcionamento da linguagemse re cupera E como se áreas previamente inativas ou obscurecidas assumissem as obrigações que não foram cumpridas Cappa et ai 1997 Finalmente algumas estruturas subcorticais por exemplo os gânglios basaise o tálamo posterior também estão envolvidos na função lingüís tica Kolb Whishaw 1990 Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 377 Geschwind 1970 propôs um modelo conhecido algumas vezes como modelo Ges chwindWemicke para o modo como a linguagem é processada no cérebro De acordo com este modelo os sons da fala que sinalizam a linguagem movemse para o ouvido interno O nervo auditivo transporta emseguida esse sinais aocórtex auditivo primário do lado tempo ral Deste ponto o sinal movese para uma área de associação do cérebro em uma região em que os lobos temporal occipital e parietal se unem Neste ponto entendese osentido daquilo que foi dito Em outras palavras o significado é atribuído nesse ponto A partir daí a infor mação processada sedirige para a área de Wernicke seguindo depois para a área de Broca Embora o modelo conforme formulado originalmente tenha localizado a compreensão da lin guagem na área de Wernicke e a produção da linguagem na área de Broca essa visão é con siderada na época atual como excessivamente simplificada A área de Wernicke parece ter algum envolvimento naprodução da linguagem e aárea de Broca nacompreensão dalingua gem Zurif 1990 Os potenciais relacionados a eventos ou PREs veja o Capítulo 2 também podem ser usados para estudar o processamento da linguagem no cérebro Para citar um exemplo um certo PRE denominado N400 um potencial negativo de 400 milissegundos após o início do estímulo ocorre normalmente quando aspessoas ouvem uma sentença anômala Dambacher Kliegl 2007 Kutas Hillyard 1980 Desse modo caso se apresente às pessoas uma seqüência de sentenças normais mas também de sentenças anômalas como Oleopardo é um guarda napo muito bom as sentenças anômalas farão surgir o potencial N400 Além disso quanto mais anômala for asentença maior a resposta exibida emoutro PRE P600 um potencial po sitivo de600milissegundos após o início do estímulo Kutas Van Patten 1994 O efeito 600 parece estar mais relacionado com erros sintáticos ao passo que o efeito N400 está mais rela cionado com erros semânticos Friederici etai 2004 Outro método usado para determinaro funcionamento do cérebro é a ressonância mag nética funcional Por meio desses métodos o domínio do hemisfério esquerdo é observado na maioria dos usuários da linguagem Anderson etai 2006 Gaillard et ai 2004 Parece que homens e mulheres processam a linguagem diferentemente pelo menos em nível fono lógico Shaywitz 2005 Um estudo de homens e mulheres por ressonância magnética fun cional solicitou aos participantes que realizassem uma das quatro seguintes tarefas 1 Indicar se um par de letras era idêntico 2 Indicar se duas palavraspossuem o mesmosignificado 3 Indicar se existe rima em um par de palavras 4 Compararoscomprimentos de duaslinhas uma tarefa de controle Os pesquisadores constataram que quando participantes masculinos e femininos esta vam executando a tarefa de reconhecimento de letras e a de significação de palavras apre sentavam ativação no lobo temporal esquerdo do cérebro No entanto quando efetuavam a tarefa de rima áreas diferentes eramativadas emfunção de serem homens ou mulheres So mente a região frontal inferior do hemisfério era ativada nos homens A região frontal infe rior dos hemisférios esquerdo edireito era ativada nas mulheres Estes resultados indicam que os homens localizaram seuprocessamento fonológico mais do queas mulheres Algumas diferenças curiosas entre os sexos aparecem no modo como afunção lingüística aparenta estar localizada no cérebro Kimura 1987 Os homens parecem apresentar maior do mínio do hemisfério esquerdo paraa função lingüística emcomparação àsmulheres As mu lheres revelam possuir mais padrões bilaterais e simétricos dafunção lingüística Além disso 378 Psicologia Cognitiva as localizações no cérebro associadas com afasia parecem diferir para homens e mulheres A maioriadas mulheres afásicas apresentou lesões na região anterior embora algumas mulheres afásicas tivessem lesões na região temporal Os homensafásicos emcontraste tiveram umpa drão maisvariado de lesões Os afásicos tinham maior probabilidade de apresentar lesões nas regiões posteriores em comparação às anteriores Uma interpretação das descobertas de Ki mura é que o papelda região posteriorna função lingüísticapode serdiferentepara as mulhe res em relação ao dos homens Outra interpretação relacionase ao fato de que as mulheres demonstram menos lateralização da função lingüística As mulheres podem ser mais capazes de compensar alguma possível perda de função devida a lesões no hemisfério posterior es querdopor meiode compensaçõesfuncionais no hemisfério posteriordireito A possibilidade de que também possam existir diferenças subcorticais entre os sexos na função lingüística complica mais ainda a facilidade para interpretar as descobertas de Kimura Recordesetam bém da discussão anterior das diferenças de comunicaçãoentre homens e mulheres Kimura 1981 também estudou o processamento hemisférico da linguagem nas pessoas que usam linguagem de sinaisem vez da fala para se comunicarem Eladescobriu que as lo calizações das lesões que se esperaria impedir a fala também impedemo uso de sinais Além disso o padrãohemisférico das lesões associadas aosdeficits de sinais possui o mesmo padrão mostrado nos deficits da fala isto é todas as pessoas destras com déficit de sinais apresentam lesões no hemisfério esquerdo de modo idêntico aos canhotos Porém alguns canhotos com déficit de sinais apresentam lesões no hemisfério direito veja também Pickelí et ai 2005 Essaconstatação confirma a visão de que o cérebro processa os sinais e a fala de modo simi lar em termos de sua função lingüística Refutaa visão de que a produção de sinaisenvolve processamentoespacialou alguma forma não lingüística de processamentocognitivo Existem algumas provas de que os mecanismos do cérebro responsáveis peloaprendizado da linguagem são diferentes daqueles responsáveis pelo uso da língua por adultos Stiles et ai 1998 Emgeral o hemisfério esquerdo parece ser maisapto no processamento de rotinas bem conhecidas O hemisfério direito é mais apto para lidar com estímulosnovos Uma des coberta possivelmente relacionada é que as pessoas que aprenderam uma língua mais tarde na vida apresentam maior envolvimento do hemisfério direito Neville 1995 Talvez a ra zão sejaque a linguagem permanece um tanto maisnova para elasdo que para outras pes soas Estasdescobertas ressaltam que não é possível mapear precisamente nos hemisférios o funcionamento lingüístico ou de outros tiposde um modoque se aplique para todas as pes soas Os mapeamentos preferencialmente possuem alguma diferença de uma pessoa para outra Zurif 1995 Apesar das muitas descobertas que resultaram de estudos de pacientes com lesão cere bral ocorrem trêsdificuldades básicas para se chegara conclusões baseadas somente nos es tudos em pacientes com lesões 1 Lesões que ocorrem naturalmente muitas vezes não são facilmente localizadas em uma região descontínua do cérebro sem efeitos nocivos emoutras regiões Por exem plo quando uma hemorragia ou um fluxo de sangue insuficiente como o dano em conseqüência decoágulos causa lesões também podem afetar outras áreas docérebro Portanto muitos pacientes que apresentam lesão cortical também sofreram algum dano nas estruturas subcorticais Isro pode confundirasdescobertas de dano cortical 2 Os pesquisadores sãocapazes de estudara função lingüística dospacientes somente após às lesões teremcausado dano Normalmente são incapazes de documentar a função lingüísticade pacientes antes do dano Capítulo 10 A Linguagem no Contexto 379 3 Em virtude de ser desprovido de ética criar lesões meramente para observar seus efeitos nos pacientes os pesquisadores são capazes de estudar os efeitos das lesões somente naquelas áreas em que parecem ter ocorrido naturalmente Portanto ou tras áreas não são estudadas Outros Métodos Embota os estudos de lesões tenham validade os pesquisadores também investigam a loca lização no cérebro da função lingüística por meio de outros métodos Um exemplo é a ava liação dos efeitossobre a função lingüística após a estimulação elétrica do cérebro Ojemann 1982Ojemann Mateer 1979 Os pesquisadores descobriram por meio de estudos de simu lação que a estimulação de pontos específicos no cérebro parece acarretar efeitos descontí nuos em determinadas funções lingüísticas como a designação de objetos realizando tentativas repetidas e sucessivas Pot exemplo para uma dada pessoa a estimulação repetida de um ponto específicopode resultar em dificuldade para rememorar os nomes do objetos em cada tentativa Em contraste a estimulação de outro ponto pode resultar em uma designação incorreta de objetos Adicionalmente as informações relativas à localização no cétebro em um indivíduo específico podem não ser generalizadas a todas as pessoas Portanto para um dado indivíduo um ponto distinto de estimulação pode parecer afetar somente uma deter minada função lingüística Porém para as pessoas em geral essas localizações de função variam amplamente Os efeitos da estimulação elétrica são transitórios A função lingüística retorna ao normal após a estimulação haver cessadoEsses estudos de estimulação do cérebro também mostram que um número muito maior de áreas do córtex encontramse envolvidas na função lingüística do que se julgavaanteriormente Um estudo examinou a estimulação elétrica dos cérebrosde pessoas bilíngües Os pesquisadores descobriram que áreas distintas do cérebro eram ativadas quando a pessoa usava a língua principal ou a secundária para designar itens Ocorreu no entanto alguma sobreposição de áreas com as duas línguas Lu cas McKhann Ojemann 2004 Diferençasde gênero na função lingüística podem ser identificadas usando técnicas de estimulação elétrica Existe uma interação um tanto paradoxal entre a linguageme o cére bro Ojemann 1982 Embora as mulheres geralmente possuam aptidões verbais superiores às dos homens estes possuem uma1 área da linguagem proporcionalmente maior mais dis persa difusamente em seus cérebros do que as mulheres Portanto contraintuitivamente a dimensão da área da linguagem no cérebro pode apresentar uma relação inversa com a ca pacidade para uso da língua Esta interpretação parece obter apoio adicional nas descober tas de Ojemann mencionadas anteriormente feitas em pessoas bilíngües Essasconstatações levamem conta a distribuiçãodifusada língua não dominante versus a localização maiscon centrada da língua dominante Ainda outra linha de pesquisa envolveo estudo da atividade metabólica do cérebroe do fluxo de sangue no cérebro durante a realização de várias tarefas verbais Por exemplo estu dos preliminares do metabolismo e do fluxo de sangue indicaramque muitas áreas do cére broparecem estarenvolvidas simultaneamente durante oprocessamento lingüístico Petersen et ai1988 No entanto a maioria dos estudos confirma o viés do hemisfério esquerdo in dicado pelo estudo de lesões veja Cabeza Nyberg 1997 Os pesquisadores por meio des ses estudos conseguem examinar processos cerebrais múltiplos simultâneos envolvidos em várias tarefas lingüísticas Para todos os indivíduos destros e para a maior parte dos canhotos o hemisfério es querdo do cérebro parece estar claramente implicado nos aspectos sintáticos do processa mento lingüístico sendo essencial pata a fala e os sinais O hemisfério esquerdo também 380 Psicologia Cognitiva parece ser essencial para a capacidade de escrita O hemisfério direito entretanto parece ser capaz de efetuar muita compreensão auditiva Isto ocorre particularmente em termos de processamento semântico bem como de alguma compreensão da leitura e de recuperação lingüística póstraumática O hemisfério direito também parece ser importante em diversas das nuanças sutis da compreensão e da expressão lingüística Exemplos são compreensão e expressão da inflexão vocal e do gesto e do entendimento de metáforas e de outros as pectos não literais da língua por exemplo piadas e sarcasmo Kolb Whishaw 1990 Finalmente algumasestruturas subcorticaisem especialosgângliosbasaise o tálamo pos terior parecem estar envolvidas na função lingüística O tálamo parece ter participação na função lingüística particularmente na coordenação das áreas corticais envolvidasna fala Hu ghlingsJackson 18661932 Penfield Roberts 1959 Pesquisadores relacionaram as lesões no tálamo a dificuldades específicas da fala por exemplo preservação ou diminuição da veloci dade da fluênciaou da designação Ojemann 1975 O tálamo também pode desempenhar um papel na ativação do córtex para a compreensão e rememoração da língua Em virtude da dificuldadedo estudo das estruturas subcorticais o papel específico do tálamo e de outras es truturas subcorticais ainda não se encontra bem definido Kolb Whishaw 1990 Grande parte deste capítulo esclareceu as diversas maneiras pelas quais interagem a lín gua e o pensamento O próximo capítulo focaliza a resolução de problemas e a criatividade Porém esclareceadicionalmente a interconexão dos váriosmodospelosquais usamosa lin guagem e o modo como pensamos Temas Fundamentais Este capítulo lida com diversos temas ressaltados no Capítulo 1 Um primeiro tema é o da validade da inferência causai versus validade ecológica Alguns pesquisadores estudam a compreensão e a produção da linguagem em ambientes controlados de laboratório Por exemplo estudos da fonologia têm possibilidade de ocorrer em um labo ratório onde é possível obter controle experimental preciso dos estímulos Porém os estudos sobre a linguagem e o pensamento muitas vezes são realizados em partes remotas do mundo onde controles experimentais rígidos são apenas um sonho Estudosdo uso da linguagemem vilarejosafricanos remotospor exemplo não podem ser feitos com controles rígidos embora algum controle seja possível Conforme sempre ocorre uma combinação de metodologias oferece melhorescondições aos psicólogos cognitivospara compreenderem integralmente os fenômenos psicológicos Um segundo tema referese aos métodos biológicos versus comportamentais Estudos de lesões representam particularmenteum bomexemplo de umacombinaçãodas duasmetodo logias Exigem por um lado uma compreensão profundada natureza do cérebroe das par tes do cérebro afetadas por lesões específicas Poroutro lado os pesquisadores examinam o comportamento para compreender como lesões específicas e por inferência partes do cére bro estão relacionadas ao funcionamento do comportamento Um terceiro tema é o de estrutura versus processo Para compreenderquaisquerfenôme nos lingüísticos é preciso analisarintegralmente a estrutura da línguasendo investigada Podese então investigaros processos que são usadospara compreender e produziressa língua Sem um entendimento da estrutura e do processo seria impossível compreender ple namente a língua e o pensamento Suponha que você esteja em um camping e esteja sentado em volta da fogueira à noite admirando as numerosas estrelasno céu Suponha que você fizesse para alguém a seguinte pergunta metafórica Você gostaria de ver o sol pintar um quadro no céu da manhã O Capítulo 10 A Linguagem noContexto 381 que esta pergunta significa Algumas pessoas poderiam dizer que significa que você está per guntando se ela gostaria de despertar cedo para ver como será formoso o nascer do Sol na manhã seguinte Outras pessoas poderiam dizer que significa estar ficando tarde e você de veria dormir para acordar cedo e ver o magnífico nascer do Sol Bem suponha que você formule a mesma pergunta não em um camping masem um bar sujo Emsuaopiniãoo que a expressão verbal significará neste contexto Leia a seguinte passagem Deacdordo com uma psequisa em urna uiniverisdade igrdesa noa ipmorta em que oredm estão as Itreas em umaplaarva a úinca ciosaipmotrante é quea pirmiera e a útlima letrsa esteajm no Igugar creto O rsetnante pode ser uam cnofuasõ toatl evoêc anida cnosegeu lêal sme porbkam Itso oocerre poqreu não Imeos tdoa Itera isoaladm tee mas a plaavr cmoo umtdoo Embora a maioria das pessoas não consiga ler a passagem acima com a mesma rapidez que consegue com as letras naordem correta ainda pode entender o que a passagem diz Leitura Sugerida Comentada Tomasello M The cultural origins ofhuman cognition Cambridge HarvardUniversity Press 1999 Este livro discute o papel da culturana evolução da cogniçãohumana com ênfase especial na linguagem CAPITULO Resolução de Problemas e Criatividade n EXPLORANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA 1 Quais são algunsdos principais passos envolvidos na resolução de problemas 2 Quais são as diferenças entre problemasque apresentam um caminho claro para uma solução versus os que não o apresentam 3 Quais são alguns dos obstáculos e auxílios para a resolução de problemas 4 Como a perícia expertise afeta a resolução de problemas 5 O que é criatividade e como pode ser incentivada De que forma você soluciona os problemas que surgem em função de seus relaciona mentos com outras pessoas Como você soluciona o problema dos dois fios ilus trado na Figura 111 De que modo uma pessoa soluciona qualquer problema relacionado a isso Este capítulo examina o processo de solução de problemas bem como alguns dos empecilhos e auxílios para a resolução de problemas um esforço para superar obstáculos que obstruem o caminho para uma solução Reed 2000 Na conclusão do ca pítulo discutiremos a criatividade e o seu papel na resolução de problemas Abordaremos ao longo de todo o capítulo a maneiracomo as pessoas realizam os saltos mentais que as conduzem de um conjunto de dados conhecido para a resolução de um problema Holyoak Thagard 1995 Este capítulo tem como foco a resolução individual de problemas Eútil lembrarse no entantoquetrabalharemgrupo muitas vezes facilita a resolução de problemas Assoluções obtidas pelos grupos muitas vezes sãomelhores do que aquelas determinadas pelas pessoas Williams Sternberg 1988 Este benefício se torna mais visível quando os membros do grupo representam umavariedade de níveis de habilidade Hong Page 2004 Portanto po demos reduzir nossa dificuldade para a resolução de problemas não somenteaperfeiçoando nossas aptidõespara a resolução de problemas Também podemos facilitar nossoesforço na resolução deproblemas juntandonos com outras pessoas que contribuirão com suas aptidões para dividir conosco a resolução dos problemas Com maior variedade de habilidades tam bém se obtém maior benefício da colaboração O ciclo da resolução de problemas Empenhamonos na resolução de problemas quando precisamos suplantar obstáculos para responder a uma pergunta ou atingir uma metaSe pudermos obter rapidamente uma 383 384 Psicologia Cognitiva FIGURA 111 Imagine que você ê a pessoa posicionada nomeio desta sala naqual dois fios estão presos ao teto Suameta ê unir os dois fios porém nenhum fioésuficientemente longo para que você possa alcançar e segurar ooutro enquanto segura um deles Você tem à disposição alguns pincéis limpos uma lata de tinta e uma lona encerada Deque modo você unirá os dois fios DeRichardE Mayer The search for insight grappUng with Gestalt Psychohgys unanswered questions in The Nature of Insight organizado por R J Stemberg e E Davidson 1995 MITPress Reproduzido mediante autorização da MIT Press resposta da memória não temos um problema Caso não tenhamos uma resposta imediata então temos um problema para ser resolvido Esta seçãodescreve os passos do ciclo da reso lução de problemas que inclui a identificação do problema a definição do problema a for mulaçãodeestratégiaaorganizaçãodasinformações aalocaçãode recursos o monitoramento e a avaliação apresentados na Figura 112 veja Bransford Stein 1993 Hayes 1989 Pretz Naples Sternberg 2003 Sternberg 1986 Aoanalisar ospassos lembrese também daflexibilidade aoseguir osvários passos doci clo A resolução de problemas bemsucedida pode envolver ocasionalmente a tolerânciaa alguma ambigüidade relativa à melhor maneira paraprosseguir Raramente conseguimos re solver problemas seguindo qualquer boa seqüência de passos para a resolução de problemas Além disso podemos retroagirou avançar ao longodos passos Podemos mudar sua ordem emfunção da necessidade ou mesmo omitirou agregar passos quando parecer apropriado A maneira como as pessoassolucionam problemas depende parcialmente do modo como os compreendem Whitten Graesser 2003 Considere um exemplo de como a compreensão é importante As pessoas recebem as seguintes informaçõessobre um medicamento Stanovich 2003 Stanovich West 1999 150 pessoas tomaram o medicamento e não foram curadas FIGURA 112 Avaliação dá solução do problema Monitoramento da solução L do problema Capítulo 11 Resolução deProblemas e Criatividade 385 Identificação do problema 4 Organização das informações sobre um problema V Definição do problema Elaboração de uma estratégia para a solução do problema Alocação de recursos Os passos do ciclo da resolução de problemas incluem identificação do problema definição do problema formulação de estratégia organização das informações alocação de recursos monitoramento e avaliação 150 pessoas tomaram o medicamento e foram curadas 75 pessoas nãotomaram o medicamento e nãoforam curadas 300pessoas não tomaram o medicamento e foram curadas Elas compreenderão exatamente o que lhes foi informado Muitas pessoas acreditam que o medicamento nesse caso é benéfico Na realidade o medicamento descrito não propor ciona qualquer benefício Somente 50 das pessoas que tomaram o medicamento foram curadasistoé 150de 300Emcontraste 80das pessoas que não tomaram o medicamento ficaram curadas 300 de 375 Também precisamos nos lembrar de que nossas emoções podem influenciar o modo pelo qual implementamos o ciclo da resolução de problemas Schwarz Skurnik 2003 Nos gru pos com participantes que possuem inteligência emocional elevada isto é a capacidade para identificar emoções em outras pessoas e controlar as próprias emoções o processa mento emocional pode influenciar positivamente a resolução deproblemas Jordan Troth 2004 Nos matemáticos a capacidade para controlar o estado emocional entre outros fato res relacionase à maior capacidade para solucionar problemas Carlson Bloom 2005 A motivação também afeta consideravelmente o modo como solucionamos problemas e se chegamos a solucionálos Zimmerman Campillo 2003 1 Identificação do problema Por mais estranho que pareça identificar uma situação como problemática constitui algumas vezes umpasso difícil Podemos nãoconse guir perceber que temos uma meta Por exemplo precisaríamos estar fora do rumo de um carroque se aproxima e que deixamos de notar Ou poderíamos deixar de 386 Psicologia Cognitiva MMJKõty Tranquilizese meu bem A mudança faz bem Algumas vezes não reconhecemos um problema importante com oqual nos confrontamos The NewYorker Coliec tion 1993 RobertMankoff acessado emcartoonbankcom perceber que nosso percurso para alcançar uma meta encontrase obstruído Um exemplo seriaprecisarobter maisdinheiro porque não temoso suficiente para com prar algo que desejamos Ou poderíamos deixar de reconhecer que a solução que tínhamos em mente não está correta Porexemplo o cargo que esperaríamos con quistar poderia não estar disponível para nósSe o seu problemaé a necessidade de redigir um artigo você precisa identificar inicialmente uma pergunta que seu tra balho formulará 2 Definição e representação do problema Após identificarmos a existência de um pro blema ainda precisamos definilo e representálo emgrau suficiente para compreen dercomo solucionálo Considere porexemplo a preparação pararedigir seu artigo O passode definição do problema é fundamental Se você definire representar im precisamente o problema tem capacidade muito menor para solucionálo Funké 1991 Hegafty 1991 Defato paraa solução doproblema apresentado na Figura 111 esse passoé crucial para você determinar a resposta isto é na resolução do pro blema dos dois fios você estálimitando suaresposta à suacapacidade parasolucio nar o problema 3 Formulação de estratégia Após o problema haver sido definido corretamente o pró ximopasso consiste em planejar umaestratégia parasolucionálo A estratégia pode envolver análise desmembrar a totalidade de umproblema complexo emelementos mais simples Como alternativa ou talvez como contribuição adicional ela pode envolver o processo complementar de síntese agrupar vários elementos para dispô los emalgo útil Aoredigir o seu artigo você precisa analisar oscomponentes deseu tema pesquisar os vários componentes e então sintetizar os tópicos fazendo um rascunho deseu trabalho Conforme ocorre na maior partedasdicotomias precisase tomarcuidado para não apontar uma diferença excessiva Kotovsky 2003 As pes Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 387 soas usam a análise para ajudar na síntese das informações Também podem usar a síntese para ajudar na análise Outro par de estratégias complementares envolve o pensamento divergente e o convergente No pensamento divergente você tenta gerar um conjunto diversificado de soluções alternativas possíveis de um problema Entretanto após ter examinado diversaspossibilidades você precisa empregar o pensamento convergente para fazer comque asdiversas possibilidades setransformem na melhorsolução única Algumas vezes você simplesmente consideraaquilo que julgaser a solução mais provável que você tentará primeiro Quando você escolheu o tema do seu artigo usou em pri meiro lugar o pensamento divergente para gerar muitos tópicos possíveis Em se guida usouo pensamento convergente para selecionaro tópico maisadequado de seu interesse Ao solucionar problemas da vida real você pode precisar de análise e de síntese e do pensamento convergente e divergente Não existe uma única estratégia ideal para examinar cada problema Ao invés disso a boa estratégia depende ao mesmo tempo do problema e das preferênciaspessoaisquanto aos métodos de reso lução de problemas 4 Organização das informações Neste estágio você tenta integrar todasas informações que julga serem necessárias para realizar eficazmente a tarefa do momento Ela po deria envolver obter referênciasou mesmo juntar suas próprias idéiasEste estágio é fundamental para uma boa solução do problema Algumas vezes as pessoas não conseguem resolver um problema não por faltarlhes capacidade para solucionálo mas por não entenderem que informações possuem ou como se agrupam Após uma estratégia pelo menos uma estratégia provisória ter sido formulada você está pronto para organizar as informações disponíveis de um modo que lhe permita im plementála Evidentemente ao longo do ciclo da solução do problema você está organizando e reorganizando constantemente as informações disponíveis Nesse passo no entanto você organiza as informações estrategicamente identifi cando uma representação que o capacite da melhor forma para implementar sua es tratégia Por exemplose o seu problemaconsiste em organizar as informações para o artigo você pode usar um esboço para organizar suas idéias Se o seu problema é encontrar um endereço pode precisar organizare representaras informações dispo níveis na forma de um mapa Se o seu problema é ganhar certa quantia de dinheiro até uma determinada data você representa as informações disponíveis na forma de uma escala de tempo mostrando as datas relevantes nas quais precisará ter auferido uma parcela específica da quantia total 5 Alocação derecursos A maioria de nós além de nossosoutros problemasdefrontase com o problema de possuir recursos limitados Esses recursos incluem tempo di nheiro equipamento e espaço Alguns problemas exigem muito tempo e outros re cursos Outros requerem muito poucos recursos Estudos mostram que pessoas e os melhores alunos com muita capacidade para resolver problemas tendem a dedicar uma parte maior de seus recursos mentais ao planejamento global o quadro mais amplo do que as pessoas sem experiênciana solução de problemas As pessoas com pouca experiênciae os alunos maisfracos tendem a alocar mais tempo ao planejamento local orientadoa detalhes em comparaçãoàs pessoas com experiência Larkin etai 1980Sternberg 1981 Por exemplo os melhores alunos apresentam maior probabilidade do que os menos capazes para dedicar maistempo na fase inicial decidindo como solucionar um problemae menos tempo solucionan doo efetivamente Bloom Brpder 1950Ao dedicarem mais tempo decidindo ante cipadamente o que fazer alunos eficazes apresentam menor probabilidade de ser vítimasde inícioserrados percursos indiretose todos os tiposde erros 388 Psicologia Cognitiva Quando uma pessoaaloca mais recursosmentais ao planejamento em larga escala ela é capaz de poupar tempo e energia e evitar frustrações posteriormente Desse modo ao redigir sua dissertação de conclusão do semestre você provavelmente dedicará grande parte de seu tempo conduzindo sua pesquisa organizando suasnotas e planejando sua dissertação 6 Monitoramento O uso cuidadoso do tempo inclui o monitoramento do processo de resoluçãodo problema As pessoasque resolvemproblemascom sucessonão iniciam um percurso para uma solução e esperam em seguida até chegarem ao fim do per curso para verificaronde se encontram Schoenfeld 1981 Testam preferentemente sua própria atuação ao longo de todo o percurso para assegurarse de que estão se aproximando de sua meta Caso não estejam reavaliam o que estão fazendo Podem concluir que erraram inicialmente que saíram do trajeto em algum ponto do per curso ou mesmo que vislumbram um percurso mais promissor caso sigam uma nova direção Se você estiver preparando um artigo desejará monitorar se está progre dindo Se isto não estiver ocorrendo desejará saber por quê 7 Avaliação Da mesmaforma que precisa monitorar um problema enquanto se encon tra no processo de solucionálo você precisa avaliar sua solução após haver termi nado Uma parte da avaliação pode ocorrer imediatamente O restante pode ocorrer um pouco mais tarde ou mesmo muito mais tarde Por exemplo após esboçar o seu artigo você provavelmente avaliará seu rascunho Desejará revisálo e resumilo al gumas vezes antes de entregáloMuitas vezes ocorrem avanços importantes durante o processo de avaliação Novos problemas podem ser percebidos por meio da avalia ção Além disso o problema pode ser redefinido e podem surgir novas estratégias Novos recursos também podem se tornar disponíveisou os existentes conseguem ser usados mais eficientemente Desse modo o ciclo é concluído quando resulta em no vos imigit5 e recomeça desde o princípio Tipos de Problemas Os problemas podem ser classificados em termos de possuírem caminhos nítidos para uma solução Davidson Sternberg 2003 Os problemas bem estruturados possuem caminhos claros para uma solução Estes problemas também são denominados problemas bem definidos Um exemplo seria Como se calcula a área de um paralelogramo Os problemas mal estru turados não possuem caminhos claros para soluções Estes problemas também são denomina dos problemas maldefinidos Um exemplo seria Como você une dois fios suspensos quando nenhum deles é suficientemente longo para permitirlhe alcançar o outro fio enquanto segura um dos fios em uma mão Evidentemente no mundo real dos problemas essas duas catego rias podem representar um continuum de clareza na resolução de problemas ao invésde duas classes isoladascom um limite claro entre as duas Não obstante as categorias são úteis para compreender como as pessoas solucionam problemas Examinamos a seguir cada um desses tipos de problemas Problemas Bem Estruturados Nos testes aplicados na escola seus professores lhe solicitaram que analisasse um número infindável de problemas bem estruturados em áreas de conteúdo específico por exemplo Matemática História Geografia Estes problemas possuíam percursos claros talvez não necessariamente fáceis para as soluções em particular a aplicação de uma fórmula Na pesquisa psicológica os psicólogos cognitivos poderiam lhe solicitar que solucionasse tipos Capftulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 389 de problemas bem estruturados com menos conteúdo específico Por exemplo os psicólogos cognitivos estudaram muitas vezes um determinado tipo de problema bem estruturado a classe dos problemas de movimento assimdenominados porque exigem uma série de movi mentos para se atingir o estado de uma meta final Talvez o maisconhecido desses proble mas seja aquele que envolve duas partes antagônicas que denominamos hobbits e ores no box Investigando a Psicologia Cognitiva Três hobbits e três ores estão na margem de um rio Os hobbits e os ores precisampassarpara a outra margemdo rio Possuem para essafinalidade um pequeno barco a remo com lugar para somente duas pessoas Existe no entanto um problemaSe o número de ores em qualquer das margens excedero número de hobbits nessa margem os ores comerão os hobbits De que modo todas as seis criaturas conseguem ir para o outro ladodo rio de um modo que chegarão lá com a floresta intacta Tente solucionar o pro blema antes de prosseguir a leitura A solução do problema encontrase indicada na Figura 113 A solu ção contém diversas características que vale a pena observar Primeiro o problema pode ser resolvido com um mínimo de 11 passos incluindo o primeiro e o último Segundo a solução possui uma natureza essencial mente linear Existe apenas um movimento válido unir dois pontos para traçar um segmento na maioriados passos para a solução do problema Emtodosos passos com exceçãode doisao longo do percurso da solução somente um erro pode ser cometido sem violar as regras do problema do movimento prosseguir diretamente em sentido inverso para chegar à solução No segundo passoexistem duas respostaspossíveis que permitem avançar Porém ambas conduzem à resposta correta Desse modo nova mente o erro mais provávelconsiste em retornar a um estado anterior na solução do problema INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA De acordo com os pesquisadores que estudaramo problema as pessoas parecem come ter trêstipos principais de erros Greeno 1974 Simon Reed 1976 Thomas 1974 Elas 1 inadvertidamente se movem em sentido inverso 2 realizam movimentos proibidos e 3 não compreendem a natureza do próximo movimento permitido O primeiro tipo de erro consiste em reverter a um estado que vai além da meta final por exemplo mover todos os ores e hobbits de voltapara a primeira margem do rioO segundo tipo de erro consiste em fa zer um movimento proibido istoé um movimento que não é permitido segundo os parâme tros do problema Porexemplo um movimentoque resultasse em ter maisde dois indivíduos no barco seria proibido O terceiro tipo de erro envolve se tornar imobilizado não saber o que fazer em seguida tendo em vista o estágio atual do problema Um exemplo seriaen tenderque você precisa levar um ore ou um hobbit de volta pelo rio a seu ponto de partida antes de poder levar qualquer dos personagens restantes Um método paraestudarcomosolucionar problemas bemdefinidos é realizar simulações por computador Neste caso a tarefa do pesquisador consiste em criar um programa de computador que possa resolver esses problemas Ao desenvolver as instruções queum compu tador precisa executar parasolucionar problemas o pesquisador consegue entender melhor como os seres humanos solucionam tipos similares de problemas Deacordo com ummodelo de resolução de problemas Newell Simon 1972 a pessoa que pode estar usando a inteli gência humana ou artificial precisa perceber o estadoinicialdo problema e o estado da meta no âmbito do espaço do problema Wenke Frensch 2003 Um espaço do problema é o 390 Psicologia Cognitiva FIGURA 113 Margem 1 HHH 000 H Hobbits Margem 12 HHH 000 Leia obox investigando a Psicologia Cognitiva para uma explicação da solução Oque você pode aprender arespeito de seus próprios métodos de solução deproblemas observando como lidou com esse problema específico De In Search ofthe Human Mind por RobertJ Sternberg 1995 Harcourt Brace Company Reproduzido mediante autorização da editora Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 391 universo de todas as ações possíveis que podem ser aplicadas à solução de um problema da das todas aslimitações queseaplicam à solução do problema De acordo comesse modelo a estratégia fundamental parasolucionar problemas consiste emdividir o problema emuma sé rie de passos Estes passos conduzirão no final à solução do problema existente Cada passo envolve um conjunto de regras para os procedimentos as operações que podem ser imple mentados O conjunto de regras é organizado hierarquicamente em programas contendo di versos níveis internosde subprogramas denominados rotinas e subrotinas Muitos dos programas de subnível são algoritmos seqüências de operações que podem ser repetidas exaustivamente e que em teoria garantem a solução de um problema Hunt 1975 Sternberg 2000 Geralmente umalgoritmo continua até satisfazer uma condição de terminada porum programa Suponha que seproponha a umcomputador umproblema bem definido e umahierarquia apropriada programa deoperações organizada emalgoritmos de procedimento O computador consegue calcular prontamente todas as operações e combi nações deoperações possíveis no âmbito deespaço do problema Também pode determinar a melhorseqüência possível de passos a seguir para a resolução do problema A mente humana no entanto ao contrário dos computadores não consegue processar computações emalta velocidade das numerosas combinações possíveis Os limites de nossa memória de trabalho nos impedem de considerarmaisdo que apenas algumas poucas ope rações possíveis acadavez Hambrick Engle 2003 Kintsch et ai 1999 veja também o Ca pítulo 5 Newell e Simon reconheceram esses limites e observaram que os seres humanos precisam usar atalhos mentais para solucionar problemas Esses atalhos mentais sedenomi nam heurísticas estratégias informais intuitivas e especulativas queconduzem algumas vezes a umasolução eficaz e outras vezes não Fischhoff 1999 Holyoak 1990 Korf 1999 Stanovich 2003 Sternberg 2000 Suponha que armazenemos na memória de longoprazo diversas heurísticas simples que podemos aplicar a uma variedade de problemas Por esse meio podemos aliviar a carga emnossa memória de trabalho com capacidade limitada Newell e Simon observaram que na ocasião em que pessoas orientadas à resolução de problemas se defrontaram com um problema para o qual não conseguiam vislumbrar uma resposta imediata aqueles que conseguiam resolver os problemas usaram a heurística daaná lise de meiosfins Nesta estratégia a pessoa quese propõe a resolver um problema compara o estado atual e o estadoda meta e segue passos para minimizar asdiferenças entre osdoises tados Diversas outras heurísticasde resolução de problemas incluemavançar retroagir e gerar e testar O Quadro 111 ilustracomo uma pessoa que soluciona problemas podeaplicaressas heurísticas ao problema de movimento mencionado anteriormente Greeno Simon 1988 e a um problema mais comumda vidadiária Hunt 1994 A Figura 114 apresenta um espaço do problema rudimentar para o problema de movimento Ilustra que pode existir qualquer número de estratégias possível para solucionálo Você entra em uma livraria procurando certo livro Make a Million ina Month de Hor tense Hortigan Você não tem certeza onde na livraria ou em algum lugar pode encontraro livro Qualseria um algoritmo parasolucionar este problema Equanto a uma heurística O únicoalgoritmo que lhe garante descobrir se o livro está na livraria é verificar cada livro da loja No final você terá encontrado o livro de Hortigan ou procurado sem sucesso entre todos os títulos Existem no entanto muitas heurísticas possíveis que você poderia aplicar Uma delas consiste em pedir auxílio a um atendente Uma segunda é examinar a relação de livros naloja para constatar se um exemplar encontrase disponível Uma terceira é iniciar sua busca em seções mais plausíveis finanças ou autoajuda somente então pas sandoparaas seções menos plausíveis e assim pordiante Observe entretanto que se você usar as heurísticas e não encontrar o livro não consegue ter certeza de que o livro não se encontra lá Por exemplo pode estarno lugar errado ouaindanão constar da relação de li vros à venda 392 Psicologia Cognitiva QUADRO 111 Quatro Heurísticas Estas quatro heurísticas podem ser usadas para a solução do problema de movimento ilustrado nas Figuras 113 e 114 HEURÍSnCA Análise de meiosfins Avançar Retroagir Gerar e testar Definição da Heurística A pessoa que se propõe a so lucionar o problema o ana lisa vislumbrando a finali dade a meta sendo almejada e tenta em se guida diminuir a distância entre a posição atual no es paço do problema e a meta final neste espaço A pessoa que se propõe a so lucionar o problema princi pia do início e tenta resol vêlo do começo para o fim A pessoa que se propõe a so lucionar o problema inicia pelo fim e tenta avançar em sentido inverso a partir deste ponto A pessoa que se propõe a so lucionar o problema simples mente gera passos alternati vos não necessariamente de modo sistemático e observa por sua vez se cada passo dará certo Exemplo de Heurística Apucada ao Problema Greeno Simon 1988 Tente localizar o maior número de pessoaspossível na margem distante e o me nor número de pessoaspossí vel na margem próxima Avalie a situação cuidadosa mente com as seis pessoas em uma margem e tente em se guida transportálas passo a passo para a margem oposta Inicie com o estado final todos os hobbits e todos os ores na margem distante e tente deslocarse em sentido inverso Este método opera razoavel mente bem para o problema de movimento porque na maioria dos passos do pro cesso existe apenas um mo vimento de avanço permitido e nunca existem mais de duas possibilidadessendo que am bas conduzirão no final à solução Exemplo de Heurística Apucada a um Problema da Vida Diária Como Viajar de Avião de sua Cidade para Outro Local Usando o Percurso Mais Direto Possível Hunt 1994 Tente minimizar a distância entre a origem e o destino Identifique todas as possíveis rotas aéreas conduzindo da cidade de origem em direção ao destino e escolha as rotas que parecem conduzir mais diretamente ao destino Identifique as rotas aéreas possíveis que alcançam o destino e avance para identi ficar quais dessas rotas podem ser traçadas mais diretamente para conduzir ao destino Identifique as diversas rotas alternativas possíveis a partir da cidade de partida e deter mine em seguida quais des sas rotas poderiam ser usadas para chegar ao destino Esco lha a rota mais direta Infeliz mente dado o número de combinações possíveisdas rotas aéreas esta heurística pode não ser de muita ajuda Problemas Isomórficos Algumas vezes dois problemas são isomórficos isto é sua estrutura formal é a mesma e somente seu conteúdo formal difere Algumas vezes como no caso do problema dos hobbits e ores e de um problema similar envolvendo missionários e canibais em que os canibais FIGURA 114 minimizar Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 393 Espaço do problema Todas as estratégias possíveis Análise de melosfinsl Teste não dará resultado I I Teste não dará resultado Teste não dará resultado Teste dará resultado minimizar Um espaço do problema contém todas as possíveis estratégias que conduzem do estado inicial do problema para asolução oestado da meta Este espaço do problema por exemplo mostra quatro das heurísticas que poderiam ser usadas para a resolução do problema de movimento ilustrado na Figura 113 De In Search ofthe Human Mind por Robert J Sternberg 1995 Harcourt Brace Company Reproduzido mediante autorização do editor comem os missionários quando os suplantam em número o isomorfismo é óbvio De modo similar você pode detectar prontamente o isomorfismo de muitos jogos que envolvem a construção de palavras a partirde letras mescladas ou desordenadas A Figura 115 também apresenta um conjunto deproblemas isomórficos diferente Eles ilustram alguns dos enigmas associados aos problemas isomórficos Muitas vezes é extremamente difícil observar o isomorfismo estrutural básico dosproble mas Reed 1987 Reed Dempster Ettinger 1985 Também é difícil uma pessoa ser capaz de aplicar estratégias para a resolução de problemas de um problema para outro Por exemplo pode não estar claro como um exemplo de um livrotexto aplicase a outro problema por exemplo umproblema em umteste As pessoas que solucionam problemas não demonstram apossibilidade de detectar isomorfismos quando dois problemas são similares porém não idên ticos emestrutura Além disso quando o conteúdo ouascaracterísticas superficiais dos proble mas diferem acentuadamente é mais difícil perceber o isomorfismo daestrutura dosproblemas Por exemplo crianças em idade escolar podem considerar difícil ver similaridade estrutural en tre vários problemas envolvendo palavras que são apresentados de acordo com situações em histórias diferentes De modo similar os alunos de Física podem ter dificuldade para perceber as similaridades estruturais entre vários problemas dessa disciplina quando forem empregados tipos diferentes de dados O problema do reconhecimento do isomorfismo em vários contextos nos faz retornar às dificuldades recorrentesna representação dos problemas Problemas de Representação dos Problemas Qual é a principal razão por que alguns problemas são mais fáceis de solucionar doque seus isomorfismos Considereasdiversas versões de um problema conhecido comoTorrede Hanói Neste problema a pessoa que deve resolvêlo precisa usar uma série de movimentos para 394 Psicologia Cognitiva FIGURA 115 a 1 2 3 4 5 6 7 8 9 b x x C 6 1 8 7 5 3 2 9 4 X O o O o Compare osproblemas ilustrados nos jogos de a série denúmeros b jogo davelha e c quadro mágico A série de números baseiase em equações Que valores triplos dos números satisfazem a equação X Y Z 15 O jogo da velha requer que a pessoa coloque três X ou três O emuma linha coluna ou diagonal O quadrado mágico requer que a pessoa indique números no quadro dojogo davelha demodo que cada linha coluna e a diagonal principal some até 15 Sob que aspectos esses problemas sãoisomórficos De que modo suas diferenças deapresentação afetam a facilidade de representar e solucionaresses problemas transferir um conjunto de anéis usualmente três da primeira das três hastes para a terceira usando o menor número de movimentos possível Figura 116 Os pesquisadores apresenta ram essemesmoproblemabásicoem muitas formas isomórficas diferentes Kotovsky Hayes Simon 1985 Eles constataram que algumas formasdo problema levavamum tempo até 16 vezesmaior para resolver em comparação a outras formas Embora muitos fatores tenha in fluenciado essas descobertas um determinante fundamental da relativa facilidade da resolu ção do problema foi o modo como ocorreu a representação do problema Por exemplo na forma apresentada na Figura 116 os tamanhos físicos diferentes dos discos facilitavam a re presentação mental da restrição de colocar os discos maiores sobre os menores Outras formas do problema não a facilitaram Existem muitas variações dessa tarefa envolvendo regras e restrições diferentes Chen Tian Wang 2007 Problemas comoo da Torrede Hanói constituemum desafio às habilidades parasolucio nar problemas em parte por causa das exigências impostas à memória de trabalho Um es tudo constatou que existe uma relação entre a capacidade da memória de trabalho e a capacidade para resolver problemas analíticos Fleck 2007 Outrospesquisadores solicitaram aos participantes na experiência que realizassem a tarefa que denominaram Torre de Lon dres muito similar à da Torre de Hanói Welsh SatterleeCartmell Stine 1999 Nesta ta refa a meta consistia em mover um conjunto de bolas coloridas para hastes de tamanhos diferentes a fim de obter uma configuração preestabelecida Como no caso da Torre de Ha nóihavialimitações comrelação àsbolas quepoderiam sermovimentadas a cada tempo Eles também aplicaram nos participantes dois testes de capacidade da memória de trabalho Cons tataram que as avaliaçõesda capacidade da memória de trabalho representam entre 25 e 36da variância de como os participantes foram bemsucedidos na resolução do problema De modo interessante a velocidade de processamento mental alardeada algumas vezes comofundamental para a inteligência veja o Capítulo 13 não apresentou correlação com o sucesso na solução Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 395 FIGURA 116 Existem trls discos de tamanhos diferentes coiocadosna haste mais à esquerda de modo que o disco maior encontrase por baixo o de tamanho médio no meio e o menor notopo Sua tarefa consiste em transferir todos os três discos para a haste à direita usando a haste média como área deapoio conforme seja necessário Você pode deslocar somente um disco por vez enunca pode colocar um disco maior sobre um menor De Intelligence Applied Understanding andIncre asing Your Intellectual Skills por RobertJ Stemberg 1986 Harcourt Brace Company Reproduzido mediante autorização da editora Recordese doproblema dos dois fios proposto no início deste capítulo A solução dopro blemados dois fios estádemonstrada na Figura 117 Conforme estafigura mostra o problema dos dois fios pode ser solucionado Muitas pessoas consideram noentanto extremamente di fícil chegar à solução Muitas nunca conseguem por mais que se esforcem As pessoas que consideram oproblema insolúvel muitas vezes erram no Passo 2dociclo daresolução dopro blema após o qualnuncaserecuperam isto é aodefinirem o problema como umemquepre cisam ser capazes deaproximarse de umfio enquanto seguram o outro eles seimpõem uma limitação que tornao problema virtualmente insolúvel Infelizmente todos nós estamos su jeitos a definir problemas erroneamente de tempo em tempos conforme ocorre no caso do problema dos doisfios Problemas Mal Definidos e o Papel do Insight O problema dos dois fios constitui um exemplo de um problema mal estruturado Na reali dade embora possamos deturpar ocasionalmente problemas bemestruturados temos uma probabilidade muito maior de apresentar dificuldade para representar problemas mal estrutu rados Antes deexplicarmos a natureza dos problemas mal estruturados tenteresolver mais alguns destes problemas Osproblemas a seguir ilustram algumas das dificuldades criadas pela representação de problemas mal estruturados baseado em Sternberg 1986 Assegurese de tentar todos os três problemas antes de ler as soluções 1 Harry Cheio de Si e diversos outros carpinteiros estavam à procura de trabalho A supervisora daobra deu a cada candidato duas hastes demadeira uma medindo 25 cm x 5 cm x 150 cm e a outra 25 cm x 5 cm x 1075 cm e uma braçadeira de 2 polegadas 5 cm Esta situação se encontra representada na Figura 118 A abertura dabraçadeira é suficientemente larga para que ambas as hastes possam ser inseridas e mantidas juntas quando a braçadeira é parafusada A supervisora encaminhou os candidatos a emprego a uma sala medindo 3675 mx 1815 me com teto de 24 mde 396 Psicologia Cognitiva FIGURA 117 Muitas pessoas supõem que precisam encontrar uma maneira para moverse em direção acada fio e em seguida unibs Elas não conseguem considerar a possibilidade de identificar uma maneira de fazer com que um dos fios movase em di reção aelas como por exempio amarrando algo a um dos fios e então oscilando oobjeto como um pêndulo e final mente pegando o objeto quando oscila perto do outro fio Não existe algo no problema indicando que apessoa precise se mover aoinvés de ofio poder se movimentar Não obstante a maioria das pessoas pressupõe que a imitação existe Ao se imparem uma limitação desnecessária e injustificada as pessoas tomam oproblema insolúvel De Richard E Mayer The Search for Insight Grappíing with Gestalt Psychobgys lnanswered Quesrions in TheNature ofInsight orga nizado por R J StembergeJ E Davidson 1995 MIT Press Reproduzido mediante autorização altura Estavam instaladas no teto duas vigas de30 cm x 30 cm que o dividiam em trêspartesiguais no sentido do comprimento Ela disse aos candidatos quecontrata ria o primeiro que pudesse fazer uma armaçãopara capacetes que pudesse suportar seu capacete usando apenas as duas hastes e a braçadeira Ela podia contratar so mente umapessoa Portanto recomendouque os candidatosnão tentassemse ajudar mutuamente O que Harry deveria fazer 2 Uma mulherque morava em umacidade pequenacasou 20homensdiferentes nesta mesma cidade Todos eles ainda vivem e ela nunca se divorciou de nenhum deles Apesar disso ela não infringiu a lei Comopode agir dessa forma 3 Você temem uma gaveta meias pretas e marrons avulsas misturadas emuma pro porção de cinco pretasparacada marrom Quantas meias você precisa tirar dessa gaveta para ter certeza de conseguir um par da mesma cor O problema dos dois fios e cadaumdos três problemas precedentes sãoproblemas males truturados Não existem percursos claros e prontamente disponíveis para a solução Ospro blemas mal estruturados pordefinição não possuem os espaços deproblemas bem definidos As pessoas que se propõem a solucionar problemas apresentam dificuldade para elaborar re presentações mentais apropriadas para modelar esses problemas e suas resoluções Para tais Capitulo 11 Resolução deProblemas e Criatividade 397 FIGURA 118 Usando apenas os materiais aqui apresentados como você pode fazer uma armação para capacetes na sala apresentada nesta figura De Richard E Mayer The Search for Insight GrappUng with Gestalt Psychologys Unansvjered Quês tionsin TheNature ofInsight organizado por RJ Stemberg ej E Davidson 1995 MIT Press Reproduzido mediante autorização da MIT Press problemas grande parte da dificuldade reside em elaborar um plano a fim de seguir seqüen cialmente uma série de passos que avancem cada vez mais próximos dasolução Em uma pes quisa oconhecimento dodomínio e as habilidades de justificação provaram ser importantes para aresolução de problemas mal ebem estruturados Shin Jonassen McGee 2003 No en tanto fatores cognitivos e emotivos adicionais incluindo atitudes em relação à ciência e à regulação do conhecimento também são importantes para a resolução de problemas mal es truturados Shin Jonassen McGee 2003 Esses três problemas mal estruturados específicos são denominados problemas de insight Para solucionar cada problema você precisa conside rálo por uma nova perspectiva Em particular precisa considerálo diferentemente do modo como provavelmente o encararia inicialmente e de uma maneira diferente daquela que pro vavelmente soluciona problemas em geral isto é precisa reestruturar sua representação do problema para solucionálo Insight é um entendimento notável e algumas vezes aparentemente súbito de um pro blema ou de umaestratégia queajuda a solucionálo O insight envolve muitas vezes conceitu alizar um problema ou uma estratégia para sua solução de um modo totalmente novo O insight envolve freqüentemente detectar e combinar informações relevantes antigas e novas para ob ter uma visão inédita do problema oudesuasolução Embora insights possam transmitir a im pressão de serem súbitos muitas vezes são oresultado de muito raciocínio e trabalho esforçado anteriores O insight pode tomar parte na resolução de problemas bem estruturados porém é associado com mais freqüência aocaminho árduo e tortuoso para asolução que caracteriza os problemas mal estruturados Durante muitos anos os psicólogos interessados na resolução de problemas têm se empenhado em descobrir a verdadeira natureza do insight Foram empreendidas iniciativas recentes para mapear a atividade neural associada ao insight Os pesquisadores mediante o uso de ressonância magnética funcional descobriram que o hipocampo direito é fundamental na formação de uma solução baseada em insight Luo Niki 2003 Conforme você se recorda dos Capítulos 2e 5 o hipocampo participa da 398 Psicologia Cognitiva formação de novas lembranças Portanto faz sentido o hipocampo se envolver na formação de uma solução baseada no insight pois esse processo envolve a combinação de informações relevantes armazenadas na memória Outroestudo demonstrou umpico deatividade na área temporal anteriordireita imediatamente antes de um insight serformado JungBeeman etai 2004 Esta área fica ativada durante todos os tipos desolução de problemas pois envolve re alizar conexões entreitens relacionados de ummodo distante JungBeeman etai 2004 Esse pico de atividade indica entretanto um entendimento súbito das relações no âmbito de um problema que conduz a uma solução Correlatos neurais medidos mesmo antes de uma pessoa depararse com umproblema po dem prever se ocorrerá o insight Emum estudo durante a preparação antes de conhecerem um problema os participantes que gerariam posteriormente uma solução baseada em insight apresentavam ativação substancial nos lobos frontais ao passo queos participantes que não gerariam uma solução baseada em insight possuíam ativação comparável nos lobos occipitais Kounios et ai 2006 Essas descobertas indicam emprimeiro lugar que certas pessoas dis postas a resolver umproblema têmmais probabilidade de usar insigfit doqueoutras Segundo indicam que o insight envolve algum planejamento antecipado que ocorre antes de um pro blema sequer ser apresentado Para compreender algumas das visões alternativas sobre solução de problemas baseada em insight você poderá considerar útil conhecer assoluções dos problemas de insight prece dentes Examine primeiro o problema da armação para capacetes Harry foi incapaz desolu cionálo antesdeSally ter feito rápida e agilmente uma armação paracapacetes como aquela apresentada na Figura 119 Parasolucionar o problema Sally tevede redefinir sua visãodos materiais disponíveis de um modo que lhe permitiu conceber uma braçadeira como apoio para um capacete A mulher envolvida emdiversos casamentos é uma religiosa queoficia casamentos O ele mento crítico parasolucionar esse problema consiste emreconhecer quea palavra casou pode ser usada para descrever a realização da cerimônia decasamento Portanto a religiosa casou os 20 homens porém ela mesma não se casou com qualquer um deles Para solucionar esse problema vocêdeveria redefinir sua interpretaçãodo termocasou Outros indicaram a exis tência de possibilidades adicionais Por exemplo talvez a mulher fosse uma atriz e somente tenha se casadocom os homens desempenhandopapéis Ou talvez os diversos casamentos da mulher foram anulados eportanto tecnicamente elanunca sedivorciou dequalquer um dos homens Quanto às meias você precisa tirar apenas três meias para assegurarse de ter um par da mesma cor A informação sobre a proporção é irrelevante Asduas primeiras meias que você retira podem ter a mesma cor ou não mas a terceira certamente combinará com uma das primeiras Visões Iniciais da Psicologia da Gestalt Os psicólogos daGestalt enfatizaram a importância do todo como mais do que um conjunto das partes No que diz respeito à solução de problemas eles afirmaram que problemas envol vendo o insight requerem que as pessoas dispostas a solucionálas percebam o problema como um todo O gestaltista Max Wertheimer 19451959 escreveu sobre o pensamento produtivo o qualenvolve msights quevãoalém dos limites dasassociações existentes Ele o diferenciou dopensamento reprodutivo firmado emassociações existentes envolvendo o que jáé conhe cido De acordo com Wertheimer o pensamento com base em insight produtivo difere fundamentalmente do pensamento reprodutivo Aosolucionar os problemas de insight propos tos neste capítulo você teve de afastarse de suas associações existentes e examinar cada problema sob uma luz inteiramente nova O pensamento produtivo também pode ser aplicado aos problemas bem estruturados Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 399 FIGURA 119 Você foi capaz de modificar sua definição dos materiais disponíveis cie um modo que oajudou asolucionar oprobíema De Intelligence Applied Understanding and Increasing Your Intellectual Skills por Robert J Sternberg 1986Harcourt Brace Company Reproduzido mediante autorização da editora Wolfgang Kõhler 1927 umcolega de Wertheimer estudou o insight emprimatas par ticularmente umchimpanzé chamado Sultão que vivia emuma jaula Segundo a visão de Kõhler ocomportamento dosímio ilustrava o insight Para Kõhler e outros seguidores da Psi cologia da Gestalt o insight constitui um processo especial Envolve pensamento que difere do processamento de informações normal e linear Os gestaltistas descreveram exemplos de insight Examinaram algumas maneiras pelas quais oprocesso especial de insight poderia ocorrer Poderia resultar de 1 saltos inconsisten tes e prolongados do pensamento 2 processamento mental altamente acelerado ou 3 al gum tipo de impedimento dos processos normais de raciocínio Perkins 1981 Infelizmente os primeiros psicólogos da Gestaltnão ofereceram provas convincentes paraqualquer desses mecanismos Tampouco especificaram exatamente o queé insight Portanto precisamos tam bém considerar as visões alternativas A Visão do Nadaemespecial De acordocom a visão do nadaemespecial o insight é meramente uma extensãode per cepção reconhecimento aprendizado e elaboração normais Langley et ai 1987 Perkins 1981 Weisberg 1986 1995 Eles propuseram que os gestaltistas falharam ao definir com clareza o insight por não existir qualquer processo de pensamento especial denominado insighf Além disso as pessoas parecem algumas vezes tersolucionado problemas caracte rizados como de insight sem passar pela experiência de uma reestruturação mental súbita do problema Em outras ocasiões as pessoas parecem apresentar uma reestruturação mental repentina dos problemas considerados rotineiros Weisberg 1995 Insights são meramente produtos significativos dos processos de pensamento usuais A Visão NeoGestaltística Alguns pesquisadores descobriram que a resolução de problemas com base em insights pode ser diferenciada daquela que não emprega insights sob dois aspectos Metcalfe 1986 Metcalfe 400 Psicologia Cognitiva Wiebe 1987 A título de exemplo quando sesolicita a determinadas pessoas quesolucionem problemas elas demonstram notável precisão em sua capacidade para prever seu próprio su cesso na solução de um problema antes de qualquer tentativa para resolvêlo Em contraste quando lhes são apresentados problemas de insight demonstram capacidade reduzida parapre verseu próprio sucesso antesde tentar solucionar osproblemas As pessoas quesepropuseram a solucionar problemas manifestaram pessimismo quanto à sua capacidade para resolver pro blemas de insight enquanto as que não conseguiram solucionálos muitas vezes eramotimis tas quanto à sua capacidade para resolvêlos Os pesquisadores usaram adicionalmente uma metodologia perspicaz para observar o processo de resolução de problemas enquanto osparticipantes resolviam problemas rotineiros e de insights Osparticipantes paravam brevemente em intervalos de 15 segundos para ava liar o quanto julgavam estar próximos quente oudistantes frio de obter uma solução Considere inicialmente o que aconteceu para problemas rotineiros como de Álgebra Torre de Hanói e problemas de raciocínio dedutivo Os participantes demonstraram acréscimos in crementais em seus julgamentos de quente à medida que se aproximavam da solução cor reta Para os problemas de insight entretanto os participantes não demonstraram tais aumentos incrementais A Figura 1110 mostra umacomparação entre osjulgamentos expres sos da situação quente da solução de problemas de Álgebra eproblemas de insight Os parti cipantes ao resolverem problemas de insight não demonstraram a sensação de quente até alguns instantes antes de perceberem repentinamente a solução e solucionarem de modo correto o problema Asdescobertas deMetcalfe certamente parecem apoiar a visão gestaltista de que existe algo especial a respeito da resolução de problemas com base no insight emcon traposição à resolução de problemas rotineiros e não baseados em insight No entanto a natu reza específica e os mecanismos subjacentes dasolução deproblemas com base noinsight ainda precisam ser analisados por essaspesquisas A Visão dos Três Processos Outravisão do insight focalizou especificamente os mecanismos possíveis para a resolução de problemas combase no insight Davidson 1995 2003 Davidson Sternberg 1984 Deacordo com essa visão os insights sãode três tipos correspondendo a três processos diferentes codi ficação seletiva comparação seletiva e combinação seletiva Estes processos podem serusados com insight ou com pouco insight Os insights de codificação seletiva envolvem a distinção entre informações relevantes e irrelevantes Recordese de capítulos anteriores que a codificação envolve representar infor mações na memória Todos nóspossuímos disponível umvolume muito maior de informações doque possivelmente conseguimos processar Portanto cada um de nós precisa selecionar as informações que são importantes para nossas finalidades Precisamos filtrar aomesmo tempo as informações sem importância ou irrelevantes Codificação seletiva é o processo pelo qual esta filtragem é realizada Porexemplo quando você está tomando notas durante uma aula deve codificar seletivamente que pontos são importantes Precisa identificar que pontos justi ficam e explicame quais não são necessários Os insights de comparação seletiva envolvem percepções novas de como as novas in formações relacionamse às antigas O uso criativo de analogias é uma forma de comparação seletiva Quando solucionamos problemas importantes quase sempre precisamos nos valer de nosso conhecimento existente Precisamos comparar em seguida essas informações com nosso novo conhecimento do problema atual Os insights decomparação seletiva constituem a base para esse relacionamento Suponha porexemplo que você precise dominar todauma lista de termos novos para seu estudo de Psicologia Cognitiva Você pode ser capaz de com parar paraalguns dos termos osnovos termos compalavras sinônimas quejá conhece Para outros pode sercapaz de ampliar o sentido e elaborar palavras que já conhecea fim de de finir os novos termos FIGURA 1110 Insight 12 3 4 5 6 Avaliação de quente Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 401 15 segundos 30 segundos 45 segundos 60 segundos Álgebra 1 2 3 4 5 6 7 Avaliação de quente Quando Janet Metcalfe propôs aos participantes problemas rotineiros eproblemas de insight eíes demonstraram diferen ças nítidas em seus julgamentos de quente àmedida que se aproximavam da resolução de problemas Estes histogramas de freqüência gráficos de barra nos quais a área de cada barra indica afreqüência para o intervalo de tempo indicado mostram sensações comparativas de quente durante os quatro intervalos de 15 segundos antes da solução dos problemas Os participantes quando solucionavam problemas de insights não demonstraram aumentos incrementais nos julgamen tos de quente ao passo que quando solucionavam problemas rotineiros não demonstraram aumentos incrementais distintos nas avaliações de quente Os problemas rotineiros incluíam problemas de Álgebra como por exemplo Ox1 2x I03x Os problemas de insight incluíram problemas do tipo Um prisioneiro estava tentando escapar de uma torre Encontrou emsua cela uma corda que possuía metade do comprimento necessário para atingir o solo com segurança Ele dividiu acorda em duas partes iguais as juntou eescapou Como conseguiu fazer isso Metcalfe Wiebe 1987 p 242 245 402 Psicologia Cognitiva Os insights de combinação seletiva envolvem usar partesdiminutas de informações re levantes codificadas e comparadas seletivamente e combinálas de um modo novo e produ tivo Muitas vezes não é suficiente apenas identificarmos analiticamente as informações importantes para a soluçãode um problema Também precisamos descobrir como sintetizar as informações Por exemplo parasolucionar o problema de armaçãoparacapaceteou o pro blema dos dois fios você precisava encontraruma maneira dejuntarosmateriais disponíveis de um modonovo Paraescrever umadissertação de conclusão de semestre vocêprecisa sin tetizar suasnotas de pesquisa de uma maneira que focalize o tópico central de seu trabalho Insights Adicionais Sobre o Insight Existe outra visão da solução de problemas rotineiros versus com base no insight Smith 1995a Umapessoa consegue distinguir entrea experiência de insight e o insight Umaexpe riênciade insight é um processo especial envolvendo uma reestruturação mental súbita Um insight é umacompreensão que pode envolvera experiênciaespecialde insight ou processos cognitivos normais que ocorrem de modo incrementai ao invés de subitamente Portanto os problemas rotineiros podem exigir insight mas não requerem a experiência de insight Os problemas com base no insight exigem no entanto a experiência de insight Portanto de acordo com Smith os insights não precisam ser experiências súbitas do tipo ahha Eles podem ocorrer e muitas vezes efetivamente ocorrem de modo gradual e incrementaiao longo do tempo Quando uma solução com base no insight é necessária porém não está prestes a acon tecer o sono pode ajudar a produzir uma solução Na solução de problemas matemáticos e na de uma tarefa que requer entendimento de regras próprias foi provado que o sono au menta a probabilidade de que o insight será produzido Stickgold Walker 2004 Wagneret ai 2004 Infelizmente os insights como muitos outros aspectos do pensamento humano podem ser surpreendentemente brilhantes ou totalmente falhos Como nos tornamos vítimas de armadilhas mentais que podem nos conduzir para caminhos falsos quando tentamos ob ter soluções Obstáculos e Auxílios à Resolução de Problemas Diversos fatores podem prejudicar a solução de problemas Configurações Mentais Entrincheiramento e Fixação Um fator quepode prejudicar a solução de problemas é a configuração mental uma dispo siçãoda mente envolvendo um modelo existente para representar um problema o contexto de um problema ou um procedimento para a solução do problema Entrincheiramento é outra designação para configuração mental Quando as pessoas que solucionam problemas pos suemumaconfiguração mentalentrincheiradaelassefixam em umaestratégia que normal mente dá resultado na solução de muitos problemas mas não opera bemna resolução deste problema específico Porexemplo no problema dos dois fios você pode sefixar emestratégias queenvolvem seu deslocamento na direção do fio em vez de aproximar o fio emsuadireção No problema da religiosa que oficiou muitos matrimônios você pode sefixar na noção de que casar alguém consisteem contrair matrimôniocom a pessoa Configurações mentaistambémpodeminfluenciar a resolução de problemas um tanto o quanto rotineiros Por exemplo considere os problemas de jarra de água Luchins 1942 Nos problemas de jarra de água solicitase aos participantes que meçam certo volume de Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 403 QUADRO 112 Problemas dasJarras de Água Propostos por Luchins Como você mede o volume correro de água usando as Jarras A BeC Você precisa usar até três jarras para obter os volumesde água requeridos medidosem número de xícaras na última coluna As colunas A B e C indicam a capacidade de cada jarra O primeiro problemapor exemplo exige que você obtenha 20 xícaras de águade apenas duasjarras umade 29 xícarasJarraA e uma de três xícarasJarraB Efácil simplesmentepreencha a Jarra A e em seguida retire 9 xícaras desta jarra retirando 3 xícaras 3 vezes usando a Jarra B O Problema 2 também não é muito difícil Preencha a Jarra B com 127 xícaras e em seguida retire 21 xícarasusando a Jarra A e logoapós retire 6 xícaras usando a Jarra C duas vezes Tente resolver agora o restante dos problemas Jarras Disponíveis para Uso Volume Problema A B C Requerido Número Xícaras 1 29 3 0 20 2 21 127 3 100 3 14 163 25 99 4 18 43 10 5 5 9 42 6 21 6 20 59 4 31 7 23 49 3 20 8 15 39 3 18 9 28 76 3 25 10 18 48 4 22 11 14 36 8 6 Abraham S Luchins 1942 Mechanization in Problem Solving The Effect of Einstellung Psychological Monograpis v 54 n 6 1942DrAbraham S Luchins Reproduzido mediante autorização água usando trêsjarras diferentes Cada jarracontém umvolume diferente de água O Qua dro 112 apresenta os problemas usadospor Luchins Se você for parecido com muitas pessoas que solucionam esses problemas terá encon trado uma fórmula que se aplica a todosos demais problemas Você preenchea Jarra B Em seguida retira dela o volume de água que pode colocar na Jarra A Logo após você retira dela duas vezes o volume de água que pode colocar na Jarra O Portanto a fórmula é B A 2C No entanto os Problemas 7 a 11 podem sersolucionados por A O O Problema 8 pode ser solucionado A C e assimpor diante As pessoas a quem são apresentadosos Problemas 1 a 6 para resolução geralmente continuam a usara fórmula B A 2C parasolucionar os Problemas 7 a 11 Considere na experiência original de Luchins aqueles participantes que solucionaram o primeiro conjunto de problemas Entre 64 e 83 deles prosseguiram vi sando solucionaro último conjunto de problemas usando a estratégia menos simples O que aconteceuaosparticipantes de controlea quemnão foram apresentados o primeiro conjunto de problemas Somente 1 a 5 deles deixaram deaplicar a solução mais simples aoúltimo conjunto deproblemas Eles não haviam criado uma configuração mental queinterferisse em suas visões do contexto de um modo novo e mais simples Outro tipo de configuração mental envolve a fixação em determinado uso função de um objeto A fixação funcional especificamente é a incapacidade para entender que algo conhecido por possuir um usoespecífico também podeser usado paradesempenhar outras 404 Psicologia Cognitiva funções German Barrett 2005 A fixação funcional nos impede de solucionar novos pro blemas usando instrumentos antigos de novas maneiras Tornarse livre da fixação funcional é o que permitiu inicialmente que as pessoas usassem um cabide para casacos remodelado a fimde entrar em um carro trancado Também é aquilo que permitiu inicialmente aos ladrões destravar fechaduras de portas com um cartão de crédito Outro tipo de configuração mental é considerada um aspecto da cognição social Estereótipos são crenças de que membros de um grupo social venham a exibir determinados grupos de características de modo mais ou menos uniforme Parece que aprendemos muitos estereótipos durante a infância Por exem plo estudos de crianças em várias culturas mostram o conhecimento crescente que possuem sobre o uso de estereótipos de gênero ao longo da infância Neto Williams Widner 1991 Seguino 2007 A percepção de estereótipos para uma variedade de grupos desenvolvese na maioriadas crianças entre as idades de 6 a 10anos McKown Weinstein 2003 Estereótipos muitas vezes surgemdo mesmo modo que se desenvolvemoutros tipos de configurações men tais Observamosum caso particular ou um conjunto de situações que seguem algum padrão Em seguida podemos fazer uma generalização excessivacom base nessas observações limita das Podemos supor que todos os casos futuros demonstrarão esse padrão de modo similar Evi dentemente quando os estereótipos são usados a fimde apontar bodes expiatórios específicos para receberam tratamento nocivo da sociedade resultam graves conseqüências sociais para quem é considerado um estereótipo No entanto as pessoas almejadas não são as únicas a so frer com os estereótipos De modo análogo a outros tiposde posturasmentais os estereótipos prejudicam a capacidade de solução de problemas dos indivíduos que os utilizaram Essas pes soas limitam seu pensamento usando estereótipos existentes Transferência negativa e positiva Muitas vezes as pessoas possuem determinadas configurações mentais que as predispõem a fixarse em um aspecto de um problema ou em uma estratégia para a resoluçãode um pro blema excluindo todas as demais relevantes e possíveisElas estão transferindo conhecimento e estratégias para a solução de um problema a um tipo diferente de problema Transferência é qualquer aproveitamento de conhecimento ou habilidades da situação de um problema para outra Detterman Sternberg 1993 Gentile 2000 A transferência pode ser negativa ou positiva A transferência negativa ocorre quando a solução de um problema anterior torna mais difícil solucionar um problema posterior Algumas vezes um primeiro problema fazcom que uma pessoa opte pelo caminho errado Por exemplo a polícia pode ter dificuldade para solucionar um crime político por diferir substancialmente dos tipos de crime com os quais normalmente lida Ou quando é apresentada a uma pessoa um novo instrumento ela pode operálode um modo similar àquelepelo qual operava um instrumento com o qual já estava familiarizado Besnard Cacitti 2005 A transferência positiva ocorre quando a solução de um problema anterior torna mais fácil a resolução de um problema novo ou seja algumas vezes a transferênciade uma postura mental pode ajudar na soluçãode problemas Porexem plo uma pessoa pode transferiras primeirasaptidõesmatemáticas como a somaa problemas avançados de Matemática do tipo encontrado na Álgebra ou na Física Bassok Holyoak 1989 Chen Daehler 1989 Sob uma perspectiva ampla a transferência positiva pode ser considerada envolvendo a transferência de conhecimento factual ou habilidade de um contexto para outro Por exem plo você pode aplicar seu conhecimentogeral sobre Psicologia e suas aptidões para estudar adquiridas durante toda uma vida de estudos para testes ao problema de estudar para um exame de Psicologia Cognitiva No entanto de modo mais limitado durante a transferência positiva você aplicaeficazmente uma estratégiaou um tipo de solução que deu resultadopara Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 405 NO LABORATÓRIO DE K ANDERS ERICSSON Desde que consigo me lem brar sempre fiquei fascinado pelas diferenças individuais 1 depensamento e resolução de s problemas Imagineiem par ti ticular se seria possível para I3 pessoas normais como eu aprender com especialistas e pensadores excepcionais como cientistas e mes tres do xadrez Seria possível descobrir como atingiamseu desempenhopara que eu pudesse aperfeiçoar minha capacidade adotando os mé todos de estudo e de prática dessas pessoas A maioria das descrições do desenvolvi mento do pensamento dos peritos e de outros tipo ide indivíduosexcepcionais originamsede entrevistas informais e contêm descrições sub jetivas de eventos que aconteceram há muitos anos Os cientistas no entanto precisam ser cé tícos quanto a essestipos de descrição introspec tiva que não podem ser verificadas ou mesmo reproduzidas por métodos científicos Em meu laboratório de pesquisas convida mospessoas de grandedesempenho nasáreas de música jogo de xadrez e atletismo parareprodu ziremsuaatuação superior sobcondiçõescontro ladas paraquepossamos compararaperformance que apresentam àquela de indivíduos menos ha bilidosos nas mesmas tarefas Ericsson Ward 2007 Ericsson Williams 2007 Instruímos os peritos a darem expressão verbal a seus pensa mentos à medida que atuam isto é pensem em vo alta ou indiquem seus pensamentos ime diatamente após o término da execução da ta refa Veja Ericsson 2003b 2006a para uma descrição das diferenças fundamentais entre pensar em voz alta e introspecção Usando esses tipos de expressão verbal juntamente com experiências especialmente criadas nós e outros colegas temos sido capazes de revelar ashabilida dese os processos de pensamentocomplexos que permitem o desempenho superior de pessoas com memória excepcional Ericsson 2003a Te mos nos interessado particularmente pelo modo comoperitos especializados mestres de xadrez atletas e calculadores mentais adquiriram apti dões de memória e avaliam seqüências com plexasde ações Ericsson 2006a Em meu laboratório entrevistamos os peritos a respeitode seus métodos de prática atuais e como se desenvolveu seu desempe nho no campo muitas vezesas informações que transmitempodemserverificadas porseus paise professores ou por registrospúblicosde competições Talvez a descoberta mais geral e surpreendente é que o desempenho supe rior dos peritos encontrase relacionado de perto às suasatividadespráticasmaisamplas e particularmente direcionadas a metas As pessoasque no futuro serão peritas diferem de seus pares principalmente por sua partici pação em atividades práticas especiais que as auxiliam a suplantar seu arual desempenho por meio de repetição e refinamento gradual ao longo da resolução do problema prática deliberada Ericsson 2006b Nos domínios da música dos esportes e do xadrez as pes soas com melhor desempenho começaram cedo e dedicaram até 4 horas diariamente durante muitos anos de prática deliberada isto resulta em muitos milhares de horas a maisdo que seusparesmenosbemsucedidos A análise detalhada da prática deliberada daqueles que se destacam em esportes e mú sica também revelou tipos de atividades de treinamento intenso capazes de modificar as características físicas do corpo como aumen tar o grau de ação da mielina nos circuitos neurais do cérebro aumentando o número de capilaresque irrigamsangue em músculos importantes e ampliando as câmaras do co ração Ericsson 2006b Pesquisas sobre o desempenho de peritos resultaram em novos insights sobre estruturas cognitivas e adapta ções fisiológicas que podem ser obtidas após milhares de horas de esforço deliberadopara melhorar O estudo científico das vidas e dos métodosde prática das pessoas comdesempe nho elevadoparece seruma área muitopromis sora paraa ampliação de nosso conhecimento a respeito do que é humanamente possível quando as pessoas são motivadas para atingir seusníveismais elevados de realização continua 406 Psicologia Cognitiva NO LABORATÓRIO DE K ANDERS ERICSSON continuação Referências Ericsson CA Excepttonal memorizers Made not bom Trenós inCognitive Scien ces 7 p 233235 2003a Ericsson K A Valid and nonreactive verba lization of thoughts during performance of tasks Toward a soíution to the central problems of introspection as a source of scientific data Journal of Consciousness 10 910 p 118 2003b Ericsson K A Protocol analysis and expert thought Concurrent verbalizations of thinking during experts performance a representative task In K A Ericsson N Charness P Feltovich R R Hoffman org Cambridge handbook of expertise and expert performance Cambridge Cambridge University Press 2006a p 223242 Ericsson K A The influence of experience and deliberate practice on the develop ment of superior expert performance In K A Ericsson N Charness P Feltovich R R Hoffman org Cam bridge handbook of expertise and expert performace Cambridge CambridgeUni versiry Press 2006bp 685706 Ericsson K A Ward P Capturing the na turally occurring superior performance of experts in the laboratory Toward a science of expert and exceptional per formanceCurrent Directions inPsycholo gicalScience 16 6 p 346350 2007 Ericsson K A Williams A M Capturing naturally occurring superior perfor mance in the laboratory Translation research on expert performance Journal of Experimentai Psychology Applied 133 p 115123 2007 determinado problema ou conjunto de problemas quando está tentando solucionar um pro blema análogo Como as pessoas percebem que problemas específicos são análogos e podem ser solucionados por meio de transferência positiva ou mesmo de soluções Transferência de analogias Os pesquisadores criaram alguns estudos refinados de transferência positiva envolvendo analogias Gick Holyoak 1980 1983 Para examinar os resultados você precisa tor narse familiarizado com um problema usado pela primeira vez por Karl Duncker 1945 denominado muitas vezes problemada radiação descrito no box Investigando a Psi cologia Cognitiva Duncker teve em mente uma determinada soluçãocom base no insight como a mais ade quada para esse problema A Figura 1111 mostra a solução visualmente INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Imagine que você é um médico tratando um paciente com um tumor ma ligno no estômago Você não pode operar o paciente por causa da gravi dade do câncer Porém a não ser que você de algum modo elimine o tumor o paciente morrerá Você poderia usar raios X de alta intensidade paradestruir o tumor Infelizmente a intensidade dosraios Xnecessária pa ra destruiro tumor tambémdestruirá os tecidos sadios pelosquaisos raios devem passar Os raios X de menor intensidade não afetarão os tecidos saudáveis porém não são suficientemente poderosospara destruir o tumor Seu problema consiste em criar um procedimentoque destruirá o tumor sem também destruir os tecidos saudáveis em torno do tumor Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 407 Um general deseja capturar uma fortaleza localizada na região central de um país Existem muitas estradas cujo percurso tem início na fortaleza Todasforamminadas Emboragrupospequenosde homens possamatraves sarasestradas comsegurança qualquer força maior detonará asminas Um ataque direto emescala total portanto é impossível O que o general de veria fazer FIGURA 1111 INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA A solução do problema do raio Xenvolve dispersão A idéia consiste em direcionar radiação Xfraca para o tumor a partir de alguns diferentes pontos exteriores ao organismo Nenhum conjunto individual de raios seria suficientemente intenso para destruir os tecidos saudáveis ou o tumor No entanto os raios seriam direcionados de modoque todos convergissem para um ponto no interior do corpo oponto onde se localiza otumor Esta solução éusada efetivamente na época atual em alguns tratamentos por raio X exceto quando uma fonte rotativa de raios Xéusada para dispersar osraios De InSearch oftheHuman Mind por RobertJ Stemberg J995 Harcourt Brace Company Reproduzido mediante autorização da editora Antesde ser apresentado aos participantes o problema da radiação foi proposto umpro blema mais fácil Este problema específico foi denominado problema militar Holyoak 1984 p 205 Ele seencontra descrito no box Investigando a Psicologia Cognitiva O Quadro 113 apresenta a correspondência entre o problema da radiação e o militar Parece ser muito próxima embora não perfeita A questão é saber se produzir uma solução de convergência de grupos para o problema militar ajudou os participantes asolucionar o problema da radiação Considere os participantes para os quais foi apresentado oproblema militar com a solução de convergência e em seguida receberam a sugestão de aplicálo de alguma forma ao problema da radiação Cerca de 75 dos participantes obtiveram asolução correta deste problema Este percentual se compara a menos de 10 dos participantes aos quais não foi apresentada inicialmente ahistória militar mas não tomatam conhecimento de uma história prévia ou lhes foi relatada somente uma história irrelevante 408 Psicologia Cognitiva QUADRO 113 Correspondência entre o Problema Militar e o da Radiação Quais são os pontos comuns entre os dois problemas e qual é uma estratégia fundamental que pode serinferida comparando osdois problemas Baseado emGick Holyoak 1983 Problema Militar Metado Estado Inicial Usar umexércitoparacapturarumafortaleza RecursosUm exército suficientemente grande Limitação Impossibilidade de enviar todo o exército por uma única estrada Plano de Solução Enviar grupos pequenospor diversas estradassimultaneamente Resultado Fortaleza capturada pelo exército Problema da Radiação Meta do Estado Inicial Usar raios para destruir tumor Recursos Raios suficientemente poderosos Limitação Impossibilidade deaplicação de raios de alta intensidade somente a partirde uma direção Plano de Solução Aplicar raios depouca intensidade a partir dediversas direções simultaneamente Esquemas de Convergência Meta do Estado InicialUsar força para derrotar um alvo central Recursos Força suficientemente intensa Limitação Impossibilidade de aplicara força integral somenteem umadireção Plano de Solução Aplicar forças fracas emdiversas direções simultaneamente Resultado Alvo central vencido pela força M L Gick K J Holyoak Schema Induction and Analogical Transfer Cognitive Psychology v 15 p i38 1983 Reproduzido mediante autorização deElsevier Em outra experiência os participantes nãoconheceram a solução deconvergência para o problema militar Tiveram de descobrila sozinhos Cerca de 50 dos participantes propu seram a solução de convergência para o problema militar Desses 41 prosseguiram e gera ram uma solução paralela para o problema militar ou seja a transferência positiva foi mais fraca quando os participantes produziram sozinhos a solução original do quequando a solu çãodo primeiro problema lhes foi comunicada 41 em comparação a 75 Os pesquisadores constataram que a utilidade do problema militar enquanto análogo ao problema daradiação dependeu daconfiguração mental induzida com a qual a pessoa que re solveria o problema abordava os problemas Considere o que aconteceu quando sesolicitou aos participantes paramemorizarem a história militar sob o disfarce de queseria uma experi ência de rememoração deuma história eem seguida lhes fosse proposta a resolução dopro blema de radiação Somente 30 dos participantes produziram a solução de convergência para o problema daradiação Ospesquisadores também constataram que a transferência po sitiva melhorava se dois problemas análogos ao invés deapenas um fossem apresentados an tes do problema da radiação Ospesquisadores ampliaram essas descobertas para a inclusão de problemas diferentes daquele daradiação Eles descobriram que quando os domínios oucon textos para os dois problemas eram mais similares os participantes apresentavam maior pro babilidade de perceber e aplicar a analogia veja Holyoak 1990 Padrões similares dedados foram identificados emvários tipos deproblemas envolvendo eletricidade Gentner Gentner 1983 Também surgiram resultados relacionados emestudos deinsight matemático Davidson Sternberg 1984 Novick Holyoak 1991 Talvez oaspecto mais importante desses estudos é que as pessoas enfrentam dificuldade para perceber a ana logia a não serque sejam avisadas explicitamente paraobservála Considere osestudos en volvendo problemas de Física A transferência positiva de problemas resolvidos para outros nãosolucionados foi mais provável entre osalunos que tentaram compreender especifica Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 409 Essassugestões podem ser empregadas diretamente para ajudálo a resolver problemas do diaadia Se você precisa entregar um trabalho escolar em alguma data futura reserve tempo imediatamente após ser notificado de sua obrigação a fim de planejar os passos a serem seguidos Por exemplo ao preparar um artigo examine os esboços das leituras futuras para o artigo Identifique o tópico geralque lhe inreressa Emseguida procure ter alguma idéia de quanta informação sobre o seu tópico encontrase disponível Não se envolva muito com detalhes Este procedimento pode ajudálo a con centrar o foco Escolher um tópico com o qual você se encontra relativa mente não familiarizado geralmente é uma boa opção para dissertações mais breves Desse modo você aprenderá algo novo Além do mais você terá maior possibilidade de ter idéias já conhecidas ou fixações a respeito dos tópicos de maior familiaridade No entanto tente transferir positiva mente os principais temas para tópicos diferentes Por exemplo o tema naturezacriação muitas vezes representa um papel em diversos tópicosda Psicologia Finalmente deixe um pouco de lado o tópico Permita que a matéria do curso integrese com seu conhecimento existente e com as idéiassobre o tópico sendo desenvolvido Em seguida cerca de duas a três semanas antes da data de entrega do artigo comece a fazer um rascunho que você pode colocar novamente de lado durante alguns dias antes de uma revisão final No gerala quantidade de tempo total distribuído que se encontra envolvido dessa maneira no término de um trabalho será apenas ligeiramente superior ao tempo gasto se você acelerar a redação do artigo durante poucos dias antes da data de entrega porém a qualidade do tra balho quase certamente será melhor APLICAÇÕES PRÁTICAS DA PSICOLOGIA COGNITIVA mente porque exemplos específicos foram resolvidos de determinada maneira em compa ração com os alunos que buscavam somente compreender como certos problemas foram resolvidos de determinada forma Chi etai 1989Com base nessas descobertas geralmente precisamos procurar analogias para encontrálas Freqüentemente não as encontraremos a não ser que as procuremos explicitamente As pessoas algumas vezes não reconhecem as similaridades superficiais dos problemas Bassok 2003 Outras vezes se enganam com similaridades superficiais acreditando que dois tipos de problemas diferentes são idênticos Bassok Wu Olseth 1995 Gentner 2000 Gentner Markman 1997 Algumas vezes mesmo pessoas experientes na solução de proble mas são induzidas ao erro Elas acreditam que estruturas superficialmente similares indicam estruturas profundas Por exemplo as pessoas que solucionam problemas podem usar o con teúdo verbal ao invés das operações matemáticas exigidas em um problema de Matemática para classificálo dê determinada espécie Blessing Ross 1996 Portanto de certo modo pode fazer sentido errar a fim de ter cautela Muitas vezes é melhor não assumir imediata mente que dois problemasque parecem ser essencialmente idênticos necessariamente o são BenZeev 1996 Transferência Intencional A Busca por Analogias Ao procurarmos analogias precisamos ter cautela para não sermos enganados por associa çõesentre dois aspectos quesão irrelevantes analogicamente Porexemplo um estudoinves tigou as soluções de crianças para analogias verbaisde forma A está para B assimcomo C está para X Sternberg Nigro 1980 Oferecemse às crianças opções de múltipla escolha para X Muitas vezes as crianças escolherão uma resposta que é próxima associativamente 410 PsicologiaCognitiva porém incorreta analogicamente Na representação de analogias dois pontos indicam a expressão está para e quatro pontos são usados para indicar a expressão assim como Por exemplo na analogia ADVOGADO CLIENTE MÉDICO a ENFERMEIRA b PACIENTE c REMÉDIO d DOUTOR ascrianças poderiam escolher aopção aporque ENFERMEIRA está associada mais de perto com MEDICO do que a resposta correta PACIENTE A medidaque as crianças crescem melhora sua capacidade para formar e empregarana logias Em um estudo foiapresentado a elas um quadro que ilustrava a resolução de um pro blema Chen 2003 Conforme você poderia esperar as crianças mais novas tiveram mais dificuldadecom essa tarefa do que as mais velhas Chen 2003 No entanto as crianças com maisidadeque foram relativamentebemsucedidas na resolução desses problemas análogos ti nham apenas 5 anos Chen 2003 Essas descobertas ilustram que a capacidade para formar e usar analogias pelo menos em um nível rudimentar desenvolvese muito cedo Analogias entre problemasenvolvem mapeamentos de relaçõesentre problemas Gen tner 1983 2000 Os atributos reais do conteúdo dos problemas são irrelevantes Em ou tras palavras o importante nas analogias não é a similaridade do conteúdo mas com que proximidade se igualam a seus sistemas estruturais de relações Em virtude de estarmos acostumados a considerar a importância do conteúdo encontramos dificuldade para des locálo em direção ao pano de fundo Também é difícil dar forma relações estruturais ao primeiro plano Por exemplo o conteúdo diferente torna a analogia entre o problema mi litar e o da radiação difícil de reconhecer e dificulta a transferência positiva de um pro blema para outro O fenômenooposto é a transparência na qual as pessoas percebemanalogias onde não existem por causa da similaridade do conteúdo Ao fazermos analogias precisamos ter cer teza de estar focalizando as relações entre os dois conceitos sendo comparados e não apenas os atributos superficiaisdo conteúdo Por exemplo ao estudar para as provas finais de duas matérias de Psicologia você pode precisar de estratégias diferentes quando estuda para um exame que requer um ensaio cujo tema é desconhecido comparativamente a um exame com testes de múltipla escolha sobre um tema conhecido A transparência de conteúdo pode re sultar em transparência negativa entre problemas não isomórficos se não for observada cau tela para evitar tal transferência Incubação Para a resoluçãode muitos problemaso principal obstáculo não é a necessidade de identificar uma estratégia adequada para a transferência positivaConsiste preferencialmente em evitar obstáculos resultantes da transferência negativa A incubação colocar o problema de lado durante um intervalo de tempo sem pensar conscientemente a respeito dele oferece uma maneira pela qual se minimiza a transferência negativa Envolve fazer uma pausa entre os estágios de resolução do problema Suponha porexemplo que vocêsejaincapazde solucionar um problema Nenhuma das estratégias que você pode conceber parece dar certo Tente co locar o problema de lado por um período para deixálo incubar Durante a incubação você não deve pensar conscientemente sobre o problema No entanto deve prever a possibilidade de que o problema será processado subconscientemente Alguns pesquisadores da resolução de problemas chegaram ao ponto de afirmar que a incubação é um estágio essencial do pro cessode solução de problemas por exemploCattell 1971 von Helmholtz 1896 Outros não conseguiram obter justificativaexperimental para o fenômeno da incubação por exemplo Baron 1988 Não obstante existe um grande número de relatos apoiando a incubação por exemplo Poincaré 1913 Ainda outros pesquisadores propõem que a incubação pode ser Capitulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 411 particularmente útil na solução de problemas de insight por exemplo Smith 1995a Con forme discutido previamente quando um participantedorme após tornarse empacado em umproblema de insight ele apresenta maior probabilidade de obter uma solução combase no insight do quealguém quenão dorme Stickgold Walker 2004 Wagner et aí 2004 Foram propostos diversos mecanismos possíveis para os efeitos benéficos da incubação como os seguintes 1 Quando deixamos de manter algo na memória ativa abrimos mãode alguns deta lhessem importância Mantemos na memória somente osaspectos mais significati vos Com base nestes aspectos temos então liberdade para reconstruilos nova mente Permaneceum númeromenorde limitações da configuração mental anterior Anderson 1975 2 Lembranças mais recentes tornamse integradas com lembranças existentes à me dida que o tempo passa Anderson 1985 Algumas associações da configuração mental podem enfraquecer durante essa reintegração 3 Novosestímulos internos e externos podem ativar novas perspectivas do problema à medida que o tempo passa Esses estímulos podem enfraquecer os efeitos da confi guração mental Bastik 1982 Em umaexperiência solicitouse aos participantes a solução de um problema difícil enquanto o problema ainda não estava solucionado pediuse aos participantes que completassem uma tarefa não relacionada Christen sen Schunn 2005 Os participantes tiveram oportunidade posteriormente de solucionar o problema original Christensen Schunn 2005 Os participantes mesmo semestareminformados dessa relação foram capazes de usaresta informação para responder mais eficientemente aoproblema Christensen Schunn 2005 4 Um estímulo interno ou externo podefazer com que a pessoa que sedispõe a solucio nar um problema perceba uma analogia entre o problema atual e outro problema Como resultado a pessoa que soluciona o problema pode encontrar prontamente uma solução comparável ou talvez atésimplesmente aplicar uma solução conhecida Langley Jones 1988 Seifertetai 1995 5 Considere o que acontece quando aspessoas que se propõem a resolver problemas apresentam um estado reduzido de ativação cortical como quando estão tomando banho na cama ou fazendo um passeio Aumentos da faixa de atenção e talvez da capacidade da memória de trabalho podem permitir indicações cada vez mais remotas a serem percebidas e mantidas na memória ativa simultaneamente A pes soa enquantorelaxada pode fazer tentativas com indicações que de outro modo seriam percebidas como irrelevantes ou as distrairiam quando estivessem em um estado de ativação cortical elevada Por exemplo as indicações poderiam ser des prezadas enquanto a pessoa tenta solucionar ativamente o problema Luria 1973 1984 Alguns dosmecanismos precedentes também podeminteragir Tal interação pode ocorrer por meio daativação difusa oupor algum tipo deefeito de indução Osbenefícios da incubação podem ser ressaltados de duas maneiras Kaplan Davidson 1989 Primeiro dedique inicialmente tempo suficiente aoproblema Explore todos os aspec tos do problema Investigue diversas possíveis maneiras para solucionálo e forme um plano para abordar oproblema Segundo reserve tempo suficiente para a incubação afim de permi tirque suas associações antigas resultantes de transferência negativa tenham algum enfraque cimento Uma desvantagem da incubação é que leva tempo Se você possui uma datalimite para a solução do problema precisa começar a resolvêlo suficientemente cedo para cumprir essa data Isto inclui o tempoque você precisa paraa incubação 412 Psicologia Cognitiva Neuropsicologia do Planejamento na Solução de Problemas Uma maneira para dedicar tempo inicial suficiente a um problema é por meio da formação de um plano de ação para o problema Conforme discutido anteriormente o planejamento economiza tempo e melhorao desempenho Em um estudoque emprega variantesda Torre de Hanói à medida que os participantes obtinham facilidade com esse tipo de problema revelavam duração maior do período de planejamento Gunzelmann Anderson 2003 Esta observação foi feita no contexto de um estudodo comportamento maiseficiente na resolu çãode problemas conforme provado por uma diminuição do número total de etapas Gun zelmann Anderson 2003 Esses resultados ressaltam a importância do planejamento para a solução eficiente de problemas Recordese doCapítulo 2queoslobos frontais estão envolvidos nos processos cognitivos de nível superior Portanto não causa surpresa que os lobos frontais e em particular o cór tex préfrontal sejam essenciais parao planejamento de tarefas de solução de problemas com plexos Unterrainer Owen 2006 Alguns esrudos usando diversos métodos neuropsicológicos incluindo a ressonância magnética funcional RMf e a tomografia poremissão de pósitrons PET ressaltaram a ativação nessa região do cérebro durante a solução de problemas Un terrainer Owen2006 Adicionalmente asáreas préfrontais direitae esquerda permanecem ativas duranteo estágio de planejamento da solução de problemas complexos Newmanetai 2003 Durante a solução de um problema quando um participante dá uma resposta incor reta ele revela maior ativação préfrontal bilateral do que está associado a uma resposta cor reta Unterrainer et ai 2004 Esta descoberta indicaria que se o plano inicial falhar as pessoas que solucionam problemas precisam criar um plano novo ativando dessa forma o córtex préfrontal Provas adicionais da importância das regiões préfrontais na solução de problemas po dem ser observadas em casos de lesão cerebral traumática A capacidade paraa solução e o planejamento de problemas diminui após uma lesão cerebral provocada por traumatismo Catroppa Anderson 2006 De fato quando se analisa a capacidade para solucionar problemas dos pacientes com lesão cerebral traumática ospacientes que tiveram o melhor desempenho foram aqueles com dano limitado nas regiões préfrontais esquerdas Caza lis et ai 2006 No teste da Torre de Londres que é essencialmente o teste da Torre de Hanói outras áreas incluindo o córtex prémotote as regiões parietais também foram ativadas Newman et aí 2003 Unterrainer Owen 2006 Esta ativação adicional provavelmente é o resultado da necessidade deatenção e de planejamento parao movimento Outros pesquisadores obser varam que além das regiões préfrontais as mesmas áreas ativas durante o uso da memória de trabalho visual e espacial também ficam ativadas durante a solução da Torre de Londres Baker et ai 1996 Perícia Conhecimento e Resolução de Problemas Mesmo pessoas que não são especializadas em Psicologia Cognitiva reconhecem que o co nhecimentoparticularmente o conhecimentoespecializado aumentade modoconsiderável a capacidade para solucionar problemas Perícia significa habilidades ourealizações superio res que refletem uma base de conhecimentos bem desenvolvida e bem organizada O que interessa aos psicólogos cognitivos é a razão pela quala perícia tornaeficiente a resolução de problemas Por que os peritos podem resolver problemas em seu campo de atuação de modo mais bemsucedido que os principiantes Os peritos conhecem mais algoritmos heurísticas eoutras estratégias para a resolução deproblemas Osperitos conhecem melhores estratégias ousimplesmente as utilizam mais freqüentemente O que os peritos conhecem que tornao Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 413 processo de resolução de problemas mais eficaz para elesdo que para os principiantesem um campo deatividade Tudo encontrase relacionado ao talentooua uma habilidade adquirida naquele momento Organização do Conhecimento Uma equipe de pesquisadores propôsse a descobrir o que os peritos conhecem e fazem Chase Simon 1973 Eles procuraram determinaro que distingue jogadores de xadrez espe cializados dos principiantes Em um dosestudos da equipe foi apresentado brevemente a jo gadores peritos e novatos umdisplay de umtabuleiro de xadrez com as peças e osjogadores precisavam selembrar emseguida das posições das peças no tabuleiro Em geral osperitos desempenharam bem melhor que os principiantes Porém eles desempenharam melhor so mente seasposições das peças do jogo no tabuleiro fizessem sentido em termos deumjogo de xadrez real veja também De Groot 1965 Vicente De Groot 1990 Se as peças estivessem distribuídas aleatoriamente no tabuleiro os peritos lembravamse das posições das peças do mesmo modo que os novatos Figura 1112 Em um estudo relacionado peritos e novatos no consumo de cervejaexperimentaram o saborde uma sériede cervejas Valentinetai 2007 Ambos os grupos conseguiam identi ficar as cervejas igualmente bem No entanto os peritos em cerveja tiveram desempenho melhornas tarefas de reconhecimentosubsequentes Valentinetai 2007 Essas descober tas indicam que não houve diferença de capacidade perceptiva entre peritos e novatos mas existe umadiferença de memória entre esses dois grupos Valentinet ai 2007 Os pesqui sadores concluíram queosperitos emcerveja possuíam uma estrutura superior paracodificar e recuperar as novas informações sobre cerveja Valentin etai 2007 O conhecimento pode interagir com a compreensão na resolução de problemas Whit ter Graesser 2003 Considere um estudo que investigou como o conhecimento interage com a coerênciade um texto Pesquisadores apresentaram textos de Biologia a crianças Mc Namara etai 1996 Metade do número de crianças no estudo possuía níveiselevados de co nhecimento sobre Biologia e outra metade níveis reduzidos Além disso metade dos textos possuía alto graude coerência significando que tornavamclarocomoos vários conceitos no texto relacionavamse entre si A outta metade dos textos possuía pouca coerência signifi cando que eram mais difíceis de ler porque as idéias não fluíam bem Os leitores precisavam executar emseguida diversas tarefas de solução de problemas combase naquilo que haviam lido Conforme os autores previram os participantes com pouco conhecimento da área de sempenhavam melhor quando os textos possuíam grande coerência Esta descoberta indica que em geral quem aprende consegue melhores resultados quando lhes é apresentada maté ria nova de modocoerente No entanto surpreendentemente o grupo de conhecimento ele vado desempenhou melhor quando ostextos possuíam pouca ao invés de muita coerência Os autores do estudoindicaram que osleitores de conhecimentoelevado podem ter operado es sencialmente com o piloto automático quando liam os textos de muita coerência sem pres tar atenção porque pensavam queconheciam aquilo que estava nos textos Os textos pouco coerentes osforçaram a prestar atenção Estes resultados destacam a importância dos proces sõTde atenção quando as pessoas solucionam problemas Isto éparticularmente relevante nos domínios emqueelas são especializadas e nos quais podem não considerar portanto que pre cisam prestar atenção Elaboração do Conhecimento O trabalho com a disposição das peças do jogo de xadrez indicou que a diferença entre pe ritos e novatos existia em termos de quantidade organização e uso do conhecimento No estudo do jogo de xadrez existiam duas tarefas Uma envolvia uma disposição aleatória de 414 Psicologia Cognitiva FIGURA 1112 Preto Posições reais no tabuleiro I â â â â s Branco a Preto Posições aleatórias no tabuleiro âlft áá â i iâ âlâ s ftá A i f A ft S Branco c M Mestre t Iniciante b d Quando foisolicitado aperitos e novatos que selembrassem de configurações reais das peças de xadrez como noquadro a os peritos apresentaram desempenho muito meíhor conforme apresentado nográfico b No entanto quando peritos e principiantes foram solicitados a lembraremse dearranjos aleatórios de peças de xadrez conforme apresentado no quadro c os peritos não desempenharam melhor do que os novatos conforme apresentado no quadro d De William G Chase Herbert A Simon The minds eyeinchess in Visual Information Processing organizado por William G Chase 1973 Reproduzido mediante autorização daElsevier Capitulo 11 Resolução de Problemas eCriatividade 415 peças eoutra um arranjo criterioso de peças Ambas as tarefas de xa drez exigiam que os peritos usassem heurística para armazenar e re cuperar informações sobre as posições das peças no tabuleiro de xadrez A diferença fundamental era que os especialistas em xadrez haviamarmazenado e organizado na memória dezenas de milhares de posições específicas no tabuleiro Quando viram posições sensatas no tabuleiro podiam usaro conhecimento que possuíam na memóriapara ajudálos Foram capazes de lembrarse das várias posições no tabu leiro como partes integradas eorganizadas deinformações Conforme você pode se lembrar do Capítulo 5 a capacidade para dividir uma informação em unidades com sentido permite memória e capacidade superiores No entanto quando as peças encontravamse dispostas aleatoriamente no tabuleiro o conhecimento dos especialistas não tinha utilidade Osperitos não tinham vantagem sobre os novatos De modo análogo aos novatos eles tinhamde memorizar as interrelações distintas entre muitas peças e posições diferentes Isto requer a arma zenagem de um número muito maior de itens dificultando deste modo a capacidade de memóriade uma pessoa Outro trabalhodemonstrou queosprocessos de recuperação envol vendo o reconhecimento de disposições no tabuleiro são instrumen tais para o sucesso de jogadores de xadrez do nível de grandes mestres quando comparado ao jogo de iniciantes Gobet Simon 1996a 1996b 1996c Mesmo quando os grandes mestres estão limitados pelo tempo de modo que os processos de pensar adiante são restringidos seu desem penho limitado não difere substancialmente de seu jogo sem limitações Desse modo um sistema de organização do conhecimento é relativa mente mais importante para odesempenho dos peritos noxadrez doque mesmo os processos envolvidos na previsão de lances futuros Outros estudos examinaram peritos em diversos campos Exem plos de tais campos são ojogo de Go Reitman 1976 Radiologia Lesgold et ai 1988 e Fí sica Larkin etai 1980 Estes estudos resultaram na mesma conclusão repetidamente O que diferenciou os peritos dos novatos eram seus esquemas para aresolução de problemas no âmbito de seu próprio domínio de especialização Glaser Chi 1988 Os esquemas dos peri tos envolvem grandes unidades de conhecimento interconectadas São organizadas de acordo com similaridades estruturaissubjacentes entre as unidades de conhecimento Os esquemas dos principiantes em contraste envolvem unidades de conhecimento relativamente peque nas e desconectadas São organizadas de acordo com similaridades superficiais Bryson et ai 1991 Esta mesma observação se aplica a várias atividades dos peritos comparativamente às dos principiantes Uma observação referese ao modo como classificam vários problemas Chi Glaser Rees 1982 Outra é como descrevem a natureza essencial de diferentes desa fios Larkin et ai 1980 E uma terceira é o modo como determinam e descrevem uma so lução para vários problemas Chi Glaser Rees 1982 Um estudo que analisa as estratégias de solução de problemas adotadas por matemáticos experientes e iniciantes constatou uma diferença no uso das representações visuais Stylianou Silver 2004 Os pesquisadores obser varam que os novatos na solução de problemas usam arepresentação visual para resolver pro blemas que possuem um componente espacial óbvio como os problemas de Geometria Stylianou Silver 2004 No entanto os peritos na solução de problemas usaram a repre sentação visual para resolver uma ampla gama de problemas matemáticos Stylianou Silver 2004 possuíssem ou não um componente espacial Acapacidade para aplicar a representa ção visual auma variedade de problemas permite maior flexibilidade emaior possibilidade de queuma solução será encontrada Michelene Chi ê professora dePsicologia na Universidade de Píttsburg Ela é maisconhecida por mostrar que a organização do conhecimento dos peritos em seudomínio deespecialização lhes permite representar esre conhecimento mais profundamente que os principiantes Ela também revelou que a organização inicial de conhecimento de um alunopodeser fundamentalmente falha e comoresultado o impede de compreender o verdadeiro significado de um conceito Foto Cortesia de Micfielene Chi 416 Psicologia Cognitiva Um estudo interessante examinou o papel do conhecimento nacompreensão e interpre tação de uma transmissão de notícias a respeito de um jogo de beisebol Hambrick Engle 2002 Um total de 181 adultos possuindo ampla gama de conhecimentos sobre beisebol ou viu transmissões radiofônicas gravadas por um locutor profissional A locução era parecida com a de um jogo real Após cada transmissão foi avaliada a memória das mudanças noan damento do jogo Por exemplo formularamse perguntas aos participantes sobre que bases fo ram ocupadas após cada jogador atuar esobre onúmero de vezes que um jogador sai de campo e os pontos marcados durante cada tempo do jogo O conhecimento de beisebol representou mais da metade da variação confiável do desempenho dos participantes A capacidade dame mória de trabalho também foi importante porém não em grau tão elevado quanto o conhe cimento Desse modo as pessoas conseguem terlembranças melhores e solucionar problemas com aquiloque se lembram melhor caso possuam uma basede conhecimentosólido com a qual operar Organização do Problema Outra diferença entre especialistas e novatos pode ser observada solicitando às pessoas que devem solucionar problemas para que exponham oralmente aquilo em que estão pensando enquanto tentam resolver vários problemas Bryson et ai 1991 De Groot 1965 Lesgold 1988 Os observadores podem comparar diversos aspectos dasolução de problemas Um in clui as afirmações feitas por quem se dispõe a solucionar problemas os denominados protoco los verbais Um efeito interessante dos protocolos verbais é que podem resultar em maior capacidade para a solução de problemas Em um estudo quando os participantes expressa ramse oralmente ou escreveram sobre sua estratégia para asolução de problemas de um modo que focalizava as finalidades do problema foi observada amelhoria da qualidade das soluções Steifet ai 2006 Em outro estudo acapacidade para resolver problemas aumentou quando os participantes redigiram uma descrição de sua estratégia para a solução de problemas em comparação aquando falaram sobre sua estratégia Pugalee 2004 Portanto parece que para iniciantes nasolução de problemas acomunicação de sua estratégia para asolução de proble mas melhora seu desempenho Outra diferença entre pessoas peritas eprincipiantes na resolução de problemas éotempo empregado nos vários aspectos dos problemas e a relação entre aestratégia para a resolução de problemas e as soluções encontradas Os peritos parecem dedicar proporcionalmente mais tempo que os novatos determinando como representar um problema Lesgold 1988 Lesgold etai 1988 porém dedicam muito menos tempo que os principiantes implementando efeti vamente a estratégia para a solução As diferenças entre peritos e novatos quanto ao tempo empregado podem ser vistas em termos do foco e da direção de sua resolução dos problemas Os peritos parecem empregar relativamente mais tempo queosprincipiantes tentandodescobrir como combinar as infor mações dadas nos problemas com seus esquemas existentes Em outras palavras eles tentam comparar aquilo que conhecem sobre oproblema com base em seu conhecimento especiali zado Após os peritos descobrirem uma combinação correta conseguem criar e implemen tar rapidamente uma estratégia para o problema Portanto os especialistas parecem ser capazes de raciocinar para afrente a partir das informações dadas O que eu sei a fim de descobrir a informação desconhecida O que preciso descobrir Eles implementam a seqüência correta depassos com base nas estratégias que obtiveram de seus esquemas na me mória de longo prazo Chi et ai 1982 Considere por exemplo o modo como uma médica experiente e um estudante de Me dicina novato poderiam tratar de um paciente com um conjunto de sintomas O novato não tem certeza a respeito do que concluir dos sintomas Ele solicita de algum modo causai uma Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 417 série extensa e onerosa de exames clínicos Ele espera que com um conjunto de informações sintomáticas quase totalmente completas possa ser capaz de realizar um diagnóstico correto A médica mais experiente entretanto apresenta maior probabilidade de reconhecer imedia tamente os sintomas por ajustaremse a um padrão de diagnóstico ou a um pequeno número de padrões Esta médica solicita somente um pequeno número de exames altamente especia lizados E capaz de optar pelo diagnóstico correto entre um número limitado de possibilida des Ela passa a tratar em seguida a doença diagnosticada Os principiantes em contraste dedicam tempo relativamente reduzido tentando repre sentar o problema Em vez disso optam por raciocinar em sentido inverso partindo das in formaçõesdesconhecidas em direção às informações dadas isto é iniciam perguntando o que precisam descobrir indagando em seguida que informações são oferecidas e que estratégias de seu conhecimento pode ajudálos a descobrir as informações faltantes Muitas vezes os principiantes usam a análise de meiosfins veja Hunt 1994 Portanto os iniciantes muitas vezes consideram mais estratégias possíveis em comparação ao julgamento dos especialistas veja Holyoak 1990 Para os especialistas a análise de meiosfins atua somente como uma estratégia de apoio Eles a utilizam se não puderem criar uma estratégia apropriada com base em seus esquemas existentes Portanto os peritos possuem não somente mais conhecimentos mas também conheci mento mais bem organizado Eles usam seu conhecimento mais eficazmente Além disso os esquemas dos peritos envolvem maior conhecimento declarativo sobre o domínio de um pro blema Também envolvem maior conhecimento de procedimentos sobre estratégias relevan tes para essedomínio Talvez por causa de seu melhor entendimento das estratégias exigidas os peritos prevêem mais precisamente que os novatos a dificuldade para solucionar proble mas Lesgold Lajoie 1991 Os peritos também monitoram suas estratégiasde soluçãode pro blemas mais cuidadosamente que os iniciantes Schoenfeld 1981 Processos Automáticos dos Peritos Os peritos por meio da prática na aplicação de estratégias podem automatizar várias opera ções Podem recuperar e executar essasoperações facilmente enquanto pensam adiante veja VanLehn 1989 Eles usam dois processos importantes Um é a esquematização que envolve o desenvolvimento de esquemas amplos e altamente organizados O outro é a automatização que envolve a consolidação das seqüências de passos em rotinas unificadas que requerem pouco ou nenhum controle consciente Os peritos por meio desses dois processos conseguem transferir o encargo da resolução de problemas da memória de trabalho com capacidade li mitada para a memória de longo prazo com capacidade infinita Dessa maneira eles se tor nam cada vezmais eficientese precisos na resoluçãode problemasA liberação da capacidade de sua memória de trabalho pode permitir o melhor controle de seu progresso e de sua preci são durante a solução de problemas Os principiantes em contraste precisam usar sua memó ria de trabalho para tentar manipular características diferentes de um problema e várias estratégias alternativas possíveis Este esforço pode fazer com que os novatos tenham menos memória de trabalho disponível para monitorar sua precisão e seu progresso para a resolução do problema Um bom exemplode como a automatização aumenta o desempenho pode ser visto nos estudos sobrecapacidadede leitura Considere o tema de proficiência em leitura Por que al gumaspessoas particularmente crianças aprendendo a ler deveriamser melhoresque outras na leitura Alguns pesquisadores acreditam que a leitura envolve dois processos distintos Wagner Stanovich 1996 O primeiro é um processo de conversão do código ortográfico re lacionado à aparência visual das letras para um códigofonológico relacionadoaos sons da língua O segundo é um processo de reconhecimento de palavrascom base na Fonologia A 418 Psicologia Cognitiva QUADRO 114 O que Caracteriza a Perícia Embora muitos aspectos da perícia permaneçam para ser explorados foram descobertas diversas características da resolução de problemas por peritos Peritos Principiantes Possuemesquemas grandes e amplos contendo grande quantidade de conhecimento declarativo sobre o campo Possuem esquemas relativamente limitados contendo relativamente menos conhecimento declarativo sobre o campo Possuemunidades de conhecimento bem organizadas e grandemente interconectadas em esquemas Possuem unidades de conhecimento mal organizadas e pouco conectadas em esquemas Dedicam proporcionalmente mais tempo determinando como representar um problema do que pesquisando e executando uma estratégia para o problema Dedicam proporcionalmente mais tempo pesquisando e executando uma estratégia para o problema do que determinando como representar um problema Desenvolvem representação sofisticadados problemas baseandose em similaridades estruturais entre os problemas Desenvolvem representação relativamente inferior e ingênua dos problemas baseandose em similaridades superficiais entre os problemas Operam de trás para frente a partir de informações dadas a fim de implementar estratégias para descobrir a incógnita Operam de frente para trás focalizando uma incógnita para descobrir estratégias do problema que fazem uso das informações dadas Geralmente escolhem uma estratégia baseada em um esquema elaborado de estratégias do problema usam a análise de meiosfins somente como estratégia de apoio para lidar com problemas incomuns e atípicos Usam freqüentemente a análise de meiosfins como estratégias para lidar com a maior parte dos problemas escolhem algumas vezes uma estratégia baseada no conhecimento das estratégias dos problemas Os esquemas contêm grande quantidade de conhecimento sobre estratégias de problemas relevantes para o campo Os esquemas contêm relativamente pouco conhecimento de procedimentos sobre estratégias de problemas relevantes para o campo Possuem muitas seqüências automatizadas de passos no âmbito das estratégias dos problemas Apresentam pouca ou nenhuma automatização de quaisquer seqüências de passos no âmbito das estratégias dos problemas Demonstram resolução de problemas grandemente eficiente quando são impostas limitações de tempo solucionam os problemas mais rapidamente que os novatos Demonstram uma resolução de problemas relativamente ineficiente solucionam os problemas mais lentamente que os peritos Prevêem de modo preciso a dificuldade para solucionar determinados problemas Não prevêem de modo preciso a dificuldade para solucionar determinados problemas Monitoram cuidadosamente os próprios processos e estratégias de resolução de problemas Realizam pouco monitoramento dos próprios processose estratégias de resolução de problemas Demonstram grande precisão para alcançar soluções apropriadas Demonstram precisão muito menor que a dos peritos para alcançar soluções apropriadas Quando se confrontam com problemas altamente incomuns com características estruturais atípicas dedicam relativamente mais tempo do que os novatos para representar o problema e recuperar estratégias apropriadas para o problema Quando se confrontam com problemas muito incomuns com características estruturais atípicas os novatos dedicam relativamente menos tempo que os peritos para representar o problema e recuperar estratégias apropriadas para o problema Quando lhes é fornecida uma nova informação que contradiz a representação inicial do problema demonstram flexibilidade para adaptarse a uma estratégia mais apropriada Demonstram menor capacidade para adaptarse a uma nova informação que contradiz a representação inicial do problema e a estratégia Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 419 exposição extensivaao texto pode melhoraro processo de conversão ortográficofonológico aumentando a automaticidade nesse nível de processamento Portanto uma parte das dife renças na capacidadede leitura parece ser o resultadode maior automaticidade na conversão de palavras da codificação ortográfica para a fonológica por meio de maispráticade leitura vejaSamuels 1999 p 176179 Sternberg Wagner 1982 A automaticidade também pode ser observada na Matemática em que aptidões de nível inferior como contar e somar tor namse automáticas Tronsky 2005 Essas aptidões reduzem a cargada memória de trabalho e permitem quesejam finalizados procedimentos matemáticos de nível mais avançado No entanto a automaticidade dosperitospodedificultar na realidade a resolução de pro blemas Istopodeocorrerquandoosespecialistas estãoabordandoproblemas quediferem es truturalmente daqueles que normalmente encontram FrenschSternberg 1989 Os novatos podem terumdesempenho inicialmente melhor queosperitos quando osproblemas aparen tam ser diferentes estruturalmente da norma No final contudo o desempenho dos peritos geralmente se recupera e suplanta o dos novatos Frensch Sternberg 1989 Lesgold 1988 Talvez esta diferença resulte dos esquemas amplamente desenvolvidos dos peritos e de suas maiores aptidões parao autocontrole O Quadro 114 resume asvárias características da reso lução de problemas por peritos Talento Inato e Habilidade Adquirida Embora uma base de conhecimento amplamente elaborada seja fundamental para a perícia em um campo permanecem diferenças de desempenho que não sãoexplicáveis apenas em termos do nível de conhecimento Há um grande debate com relação às diferenças entre principiantes e peritos e entre os próprios peritos serem devidas ao talento inato ou à quanti dade e qualidade da prática emum campoMuitos adotam o ponto devista aprática resulta emperfeição veja Ericsson 1996 1999 2003 Ericsson Krampe TeschRõmer 1993 Erics sonLehmann 1996 Sloboda 1996 Slobodaetai 1996 Sternberg 1998 A ptática deveser deliberada ou focalizada Deve enfatizar a aquisição de novas aptidões e aplicações ao invés da repetição sem sentido daquilo queo especialista emdesenvolvimento sabe como fazer No entanto alguns usamum método alternativo Este método reconhece a importância da prá tica na formação de uma basede conhecimentos e de aptidões Também ressalta a importân cia de algo similar ao talento Realmente a interação entre capacidades inatas modificadas pelaexperiência é amplamente aceita no domínio de aquisição da linguagem conforme dis cutido no Capítulo 9 bemcomo emoutros campos Certamente alguns tipos de habilidades dependem consideravelmente da experiência Por exemplo sabedoria baseiase em parte no conhecimento O conhecimento que uma pessoa usa para fazer julgamentos inteligentes é necessariamente o resultado da experiência BaltesSmith 1990 Peritos em alguns campos possuem desempenhos de níveis superiores em funçãodasha bilidades de previsão Porexemplo digitadores peritos movem seus dedos nas teclas corres pondentes às letras que precisarão paradigitar mais rápido do que os novatos Norman Rumelhart 1983 Realmente o melhor previsor da velocidade de digitação é o quanto à frente no texto umdigitador olhaquando digita Ericsson 2003 Quanto mais à frente ele olhar maior sua capacidade para teros dedos posicionados conforme a necessidade Quando nãosepermite aos digitadores que olhem à frente emsua digitação a vantagem dos digita dores especializados éemgrande parteeliminada Salthouse 1984 Usuários peritos no uso da linguagem de sinais apresentam variações na produção de signos na preparação para o próximo sinal Yang Sarkar 2006 veja também o Capítulo 9 Em vez de produzir um sinal isoladamente essas pessoas estão olhando à frente Olhar à frente permite que osperitos pro duzam sinais mais rapidamente que os principiantes Os músicos peritos também são mais 420 Psicologia Cognitiva capazes de efetuar a leitura visual em virtude de olharem muito à frente na partitura de modo a poderem prever que notas aparecerão Sloboda 1984 Mesmo em esportes como no tênis os peritos são superiores aos principiantes graças em parte a serem capazes de prever a trajetória de uma bola que se aproxima de modo mais rápido e preciso do que os novatos Abernethy 1991 Outra característica dos peritos é a tendência que apresentam para usar um método mais sistemático a fimde solucionar problemas difíceis no âmbito de seu domínio de perícia em comparação aos novatos Por exemplo um estudo comparou estratégias usadas por pessoas que se propõem a solucionar problemas em um laboratório de Biologia simulado Vollmeyer Burns Holyoak 1996 Os pesquisadores descobriram que as pessoas que melhor soluciona vam os problemas eram mais sistemáticas na maneira como consideravam o laboratório do que aquelas menos eficientes Por exemplo ao buscarem uma explicação para um fenômeno biológico apresentavam uma tendência maior para manter uma variável constante en quanto diversificavam as demais variáveis Muitoscientistas em seu campo de especialização preferem minimizar as contribuições do talento para a especialização confinando o talento no compartimento da Psicologia po pular Sternberg 1996a Esta tendência não causa surpresa em função de dois fatores O primeiro é o uso disseminadodo termo talento fora da comunidade científica O segundo é a falta de uma definição adequada e verificável do talento A herança genéticaparece fazer algumadiferençana aquisição de pelo menosalguns ti pos de especialização Estudos sobre a transmissão hereditária de dificuldades na leitura por exemplo parecem indicar um papel preponderante dos fatores genéticos nas pessoas com di ficuldade na leitura veja DeFries Gillis 1993 Olson 1999 Além disso diferenças na per cepção fonológica necessária para a capacidadede leitura poderiaser um fator na leitura para o qual as diferenças individuais são ao menos parcialmente genéticas Wagner Stanovich 1996 Emgeral mesmo se for determinado que o papel da práticaexplique grande parte da especialização demonstrada em certo domínio as contribuições dos fatores genéticos para a parcela remanescente da especialização poderia fazer alguma diferença em um mundo de grande competição Shiffrin 1996 A aplicação da perícia à resolução de problemas envolve geralmente a convergência para a soluçãocorreta de uma ampla gama de possibilidades Um ativo complementar à pe rícia na resolução de problemas envolve a criatividade Neste caso uma pessoa estende a gama de possibilidades para considerar opções nunca antes exploradas De fato muitos pro blemaspodem ser solucionados somente inventando ou descobrindoestratégiaspara respon der a uma pergunta complexa Criatividade Dequemodo podemos definir possivelmente a criatividade como umúnicoconstructo que unifique o trabalho de Leonardo da Vinci e Marie Curie de Vincent van Gogh e Isaac Newton e de Toni Morrison e Albert Einstein Pode haver tantas definições específicas de criatividade quanto o número de pessoas que pensam sobre criatividade Figura 1113 No entanto a maioria dospesquisadores definiu criatividade em termos globais comoo processo de produzir algo que sejaoriginale válido ao mesmo tempo Csikszentmihalyi 1999 2000 Lubart Mouchiround 2003 Runco 1997 2000 Sternberg Lubart 1996 Algo podeassumir muitas formas Pode ser uma teoria umadança um composto químico um processo ou um procedimento uma histótia umasinfoniaou quase tudo o mais Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 421 O que é preciso para criar algo original e válido Como são as pessoas criativas Quase todos concordariam que os indivíduoscriativos demonstram possuirprodutividade criativa Produzem inventos fazem descobertas com base no insight criam obras de arte paradigmas revolucionários ou outrosprodutos que sãooriginais e válidos O pensamentoconvencional indica que as pessoas com grande criatividade também possuem estilosde vida criativos Es tes estilos de vidasãocaracterizados por flexibilidade comportamentos não estereotipados e atitudes nãoconformistas Que características os psicólogos cognitivos observam nas pessoas criativas A resposta a estaperguntadepende do pontode vistado psicólogo a quem você per gunta Esta seção deste capítulo descreve algumas abordagens diferentes da criatividade Incluem métodos psicométricos e cognitivos métodos de personalidade e motivacionais e métodos sociais ancorados na sociedade e históricos para a compreensão da criatividade Este capítulo seencerracom alguns pontos de vista integradores Estes pontos de vista ten tam incorporar as principais características das outrasabordagens da criatividade É o Quanto Você Produz As pessoas criativas simplesmente produzem mais Ainda não desenvolvemos um método para detectar indivíduos altamente criativos em um piscar de olhos porém estas pessoas parecem ter várias características comuns Os psicólogos que adotam uma abordagem psico FIGURA 1113 CMMlVIDADE l tSCAVAR ÍM MAIOR PROFUNDIDADE CUlKTlVlDKDE É XyVír OLHAR DUAS Vt25 CAIKTIVIDKDE ESCUTAR AS S 5 CONCHAS P UUKTlVlDfcDE É COfWtflSAÍ ESCUTAR fj UM6AT0 UM1NAR iSOS Eis algumas maneirai originais e valiosas para definir criatividade Como você define criatividade De The nature of creativity as manifests in its testing porE P Torrance inThenature ofcreativity organizado por RobertJ Stem berg 1988 Cambridge University Press Reproduzido mediante autorização de Cambridge University Press e E P Torrance 422 Psicologia Cognitiva métrica métrica correspondea medida enfatizamo desempenho em tarefasenvolvendo aspectos específicos da criatividade Guilford 1950 Estas tarefas envolvem produção diver gente a geração de um conjunto diversificado de respostas apropriadas Portanto a criativi dade reflete simplesmente a capacidade para criar mais Os indivíduos criativos porexemplomuitas vezes conseguem pontuaçãoelevada nostes tes de criatividade Exemplos de tais testes são os Testes de Pensamento Criativo de Torrance Torrance 1974 1984 Eles medem a diversidade o número eaadequação das respostas a per guntas que admitem várias possibilidades de resposta Um exemplo de uma dessas perguntas é pensar em todas as maneiras possíveis pelas quais se pode usar um clipe de papel ou uma canetaesferográfica O Teste deTorrance também avalia asrespostas criativas àsfiguras Por exemplo pode sedara uma pessoa uma folha de papel mostrando alguns círculos traços des conexos ou linhas O teste avaliaria de quantas maneiras diferentes a pessoa havia usadoas formas dadaspara fazer um desenho A avaliação feita peloTestede Torrance consideraria particularmente o quanto a pessoa tinha usado detalhes incomuns ou altamente elaborados para completar uma figura ÉAquilo que Você Sabe Outros pesquisadores em Psicologia focalizaram a criatividade como um processo cognitivo ao estudarem a resolução de problemas e o insight Finke 1995 Langley Jones 1998 Smith 1995a 1995b Weisberg 1988 1995 1999 Os indivíduos criativos são mais inteligentes que o restante das pessoas Alguns pesquisadores acreditam que indivíduos extraordinariamente criativos sedistinguem de pessoas menos notáveispor seuconhecimento especializado e seu empenho com a iniciativa voltada à criatividade Weisberg 1988 1995 1999 Indivíduos altamente criativos trabalham com muito afinco e dedicação Eles estudam o trabalho de seus predecessores e deseus contemporâneos Tornamse portanto integralmente peritos em seus campos de atuação Em seguida aproveitam aquilo que conhecem e divergem do conhecimento pata criar métodos e produtos inovadores Weisberg 1988 1995 1999 Para esses pesquisadores a criatividade emsinada possui deespecial Os processos envolvidos na criatividade são usados diariamente portodos nós paraa resolução de problemas O quedife rencia o notável do comum é o conteúdo extraordinárioem que operam esses processos or dinários Esta noção apresenta uma relação comaquelas discutidas previamente no tópico da perícia A criatividade realmente é tratada muitas vezes como relacionada à perícia Um estudo examinou acriatividade dos projetos realizados poralunos dedesign Ospesquisadores descobriram que quanto maioro conhecimentoadquirido por um aluno maior em média a criatividade do projeto Christiaans Venselaar 2007 Nem todo psicólogo cognitivo concorda com a visão nada especial do insight criativo Por exemplo para um pesquisador insight é o que distingue o que inspira doque denigre o mágico do medíocre Finke 1995 p 255 De acordo com essa visão existem dois tipos de pensamento criativo Primeiro no insight convergente a pessoa converge em um padrão ouestrutura unificadores no âmbito de uma variedade dedados disseminados Segundo no insight divergente o indivíduo diverge de uma forma ou estrutura particular para explorar que tipos de usos podem ser encontrados para ela O insight divergente pode ser usado para compreender várias tentativas criativas Finke 1995 Elas incluem projeto arquitetônico modelos físicos ou biológicos desenvolvimento de produtos ou invenção científica Outros pesquisadores focalizam a criatividade pelo modo que ela se manifesta no insight científico Langley Jones 1988 Estes pesquisadores propõem que processos mnésicos como a ativaçãodifusa veja o Capítulo 8 e processos de pensamento como o raciocínio analó gico veja oCapítulo 12 são responsáveis por grande parte do insight científico Outro pes Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 423 quisador distingue entre insight científico eaexperiência de insight Smith 1995a 1995b Ele indicou que ocaráter abrupto da experiência de insight pode resultar de uma liberação súbita de uma rotinafixa mental uma configuração mental como a fixação funcional Essa libera ção súbita pode apresentar maior probabilidade de surgir após um período de incubação em umcontexto diferente daquele em quea pessoa sefixou no problema Alguns programas de computador que podem realizar trabalhos como compor música JohnsonLaird 1988 ou redescobrir princípios científicos Langley et ai 1987 podem ser vis tos como criativos A pergunta que sempre se deve formular em relação a esses problemas é se seus resultados são verdadeiramente comparáveis àqueles dos seres humanos criativos e se os processos que usam para ser criativos são iguais aos usados pelos seres humanos Boden 1999 Por exemplo os programas de Langley e de seus colegas 1987 redescobrem idéias científicas ao invés de descobrilas pela primeira vez Mesmo oDeep Blue oprograma de computador que derrotou o campeão mundial de xadrez Gary Kasparov alcançou este resultado não por jo gar xadrez mais criativamente que Kasparov Foi vencedor preferencialmente por causa de sua grande capacidade de computação rápida É Quem Você E Outros psicólogos afastaram seu foco da cognição a fim de considerar o papel da personali dade e da motivação na criatividade Existe uma personalidade criativa ou você a possui ou nãoa possui Considere a importância doestilo pessoal abertura para novas maneiras de enxergar intuição estar alerta às oportunidades uma preferência pela complexidade como um desafio para encontrar simplicidade inde pendência de julgamento que questiona premissas disposição para assumir riscos pen samento não convencional permitindo que sejam feitas conexões diferenciadas atenção entusiasmada e um impulso para identificar um padrão e um significado estes junta mente com omotivo ea coragem para criar Barron 1988 p 95 O papel da filosofia pessoal também é importante na criatividade Barron 1988 Isto in clui crenças flexíveis e atitudes de ampla aceitação em relação aoutras culturas outras etnias e outros credos religiosos Alguns pesquisadores concentraramse na importância da motiva ção naprodutividade criativa por exemplo Amabile 1996 Collins Amabile 1999 Hennes sey Amabile 1988 Podese diferenciar amotivação intrínseca que éinterna ao indivíduo da motivação extrínseca externa à pessoa Por exemplo motivadores intrínsecos podem in cluir apura satisfação do processo criativo ou odesejo pessoal de solucionar um problema Os motivadores extrínsecos poderiam incluir o desejo dealcançar fama oufortuna A motivação intrínseca é essencial para a criatividade Os motivadores extrínsecos podem na realidade bloquear a criatividade sob muitas porém não todas circunstâncias Amabile 1996 Ruscio Whitney Amabile 1998 Curiosamente em uma experiência o reconhecimento extrínseco por uma nova atuação conduziu aum aumento da criatividade eda motivação intrínseca Ei senberger Shariock 2003 Inversamente o reconhecimento extrínseco por desempenho normal resultou em uma diminuição da criatividade eda motivação intrínseca Eisenberger Shanock 2003 Aoseanalisar a literatura certos traços parecem estar associados constantemente aos in divíduos criativos Feist 19981999 Osindivíduos criativos em particular tendem aser mais abertos anovas experiências ademonstrar autoconfiança aaceitar asi mesmos aser impul sivos ambiciosos impulsionados dominantes ehostis do que os menos criativos Também são menos convencionais 424 Psicologia Cognitiva ÉOnde Você Está Alguns pesquisadores focalizam a importância dos fatores externos que contribuem para a criatividade Você precisa estar no lugar certona hora certa Nãopodemos estudar criativi dade isolando pessoas e seu trabalho do meio histórico e social no qual suas ações são execu tadas aquilo que denominamos criatividade nunca é o resultado apenas daação individual Csikszentmihalyi 1988 p 325 Em relação aocontexto paraa criatividade devemos obser var dois contextos Csikszentmihalyi 1996 a área e o campo A área engloba o conheci mento existente em uma determinado domínio de empenho criativo como física das partículas ou pintura O campo inclui o contexto social em torno da criatividade e das insti tuições públicas da sociedade Podese tentar entender a criatividade indo além do contexto social intelectual e cultural para abarcar todo a extensão da História Simonton 1988 1994 1997 1999 Contribuições criativas quase pordefinição são imprevisíveis porque violam asnormas estabelecidas pelos pre cursores e contemporâneos do criador Entre os vários atributos dos indivíduos criativos existe a capacidade para fazer descobertas relativas àquilo que gostaríamos que acontecesse e aempe nharnosativamentepara realizarmos tais descobertas Simonton 1994 O pensamento evolutivo também pode ser usado para o estudo da criatividade Cziko 1998 Simonton 1998 Na base desses modelos encontrase a noção dequeasidéias criativas evoluem do modo análogo aosorganismos A idéia é quea criatividade ocorrecomoresultado de um processo de variação oculta e retenção seletiva Campbell 1960 Na variação oculta os criadores geram inicialmente uma idéia Não possuem uma percepção real da possibili dadede a idéia vir a ser bemsucedida selecionada no mundo das idéias Como resultado a melhor aposta que fazem para a produçãode idéias duradouras consiste em tentar obter uma grande quantidade de idéias Algumas dessas idéias serão avaliadas em seguida por seu campo isto é serão retidas seletivamente em virtude de serem consideradas criativas Todas as Opções Anteriores Considere uma visão integrada daquiloque caracteriza as pessoas criativas Gardner 1993a Policastro Gardner 1999 De modo análogo aos pesquisadores de alguns casos para análise porexemplo Gruber 19741981 Gruber Davis 1988 Gardner 1993a usou um estudoem profundidade de sete indivíduos criativos Ele tentou como Simonton relacionar essas pes soas criativas aocontexto histórico no qual sedesenvolveram e trabalharam Observou que os grandes criadores pareciam estarno lugar certo na ocasião certa para realizar uma mu dança revolucionária em seu campo escolhido De modo idêntico a Csikszentmihalyi Gard nerestudou como ambos os campos por exemplo física política música e o campo por exemplo colaboradores mentores rivais influenciam o modo pelo qual o indivíduo criativo demonstra criatividade Além disso ele estudou ambas as modalidades das primeiras expe riências que conduzem àrealização criativa eao desenvolvimento da criatividade ao longo da existência Os indivíduos criativos tenderam a possuir vida familiar nos primeiros anos da infância com apoio moderado porém um tanto rigorosa e relativamente fria isto é a criação e a afei ção não foram marcantes A maioria demonstrou interesse precoce por seu campo preferido porém a maior parte não foi particularmente notável Geralmente tenderam a externar in teresse desde cedo naexploração de áreas desconhecidas porém somente depois de domina rem seu campo escolhido após cerca de uma década praticando sua disciplina realmente conseguiram realizar uma descoberta revolucionária A maioria dos criadores parecia terob tido pelo menos algum apoio emocional e intelectual porocasião desua descoberta No en tanto após esta descoberta e algumas vezes antes as pessoas altamente criativas geralmente Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 425 aplicavam todas as suas energias a seu trabalho Algumas vezes abandonaram negligencia ram ou exploraram relacionamentos próximos durante a idade adulta Cerca de uma década após sua primeira realização criativa a maioria dos criadores que Gardner estudou fez uma segundadescoberta A possibilidade de um criador continuar a fazer contribuições significa tivas dependeu do campo de atuação específico Poetas e cientistas eram menos propensos a atuar desse modo que os músicos e pintores Uma teoria da criatividade alternativa e integradora indica que diversos fatores indivi duais e ambientais precisam convergir para que ocorra criatividade Sternberg Lubart 1991 1993 1995 1996 O que distingue o indivíduomuito criativodaqueleapenas pouco criativo é a confluência de múltiplos fatores ao invésde níveis extremamente elevados de qualquerfa tor específico ou mesmoa posse de um traço distintivoEssa teoria é denominada teoria do in vestimento da criatividade O tema que unifica esses vários fatores relacionase ao fato de a pessoa criativa considerar as idéias em sua simplicidade e agregarlhes muito valor Ao acei tálas focalizando seus elementos mais simples o criador percebe inicialmente o potencial oculto das idéiasque outras pessoassupõem ter pouco valor A pessoa criativa concentra em seguida sua atenção nessa idéia que por ocasião do interesse do criador não é reconhecida ou é subvalorizada peloscontemporâneospossuindo porémgrande potencial para desenvol vimento criativo Em seguida o criador desenvolve a idéia fazendo uma contribuição signi ficativa e importante até que ao final outrosconseguem reconhecer os méritos desta Após a idéia ter sido desenvolvida e seu valor ser reconhecido o criador aspira mais alto Ele passa a ter outros interesses e procura o potencial oculto em outras idéias subvalorizadas Desse modo a pessoacriativa influenciao campo permanecendo na maior parte das vezes um passo à frente das demais pessoas Apesar da diversidade das visões a maioria dos pesquisadores concordaria que a maior parte das características individuais e das condições ambientais precedentes são necessárias Nenhuma isoladamente seria suficienteNa realidade a produtividade criativa extraordiná ria pode ser tão rara como se apresenta porque um número tão grande de variáveis precisa confluir nas quantidades certas em uma única pessoa Uma complicação adicional é que muitas dessasvariáveis não possuem uma relação linear com a criatividade Se a relação fosse linear um aumento de uma característica ou condição específicaseria sempre associadoa um aumento de criatividade O contrário parece ser verdadeiro Muitosparecem apresentar efei tos paradoxais e outras relações não lineares Neurociência da Criatividade O exame do pensamento e da produção criativos levou os pesquisadores a identificarem re giões do cérebroque ficam ativadasdurante a criatividade As regiões préfrontais ficam espe cialmente ativadas durante o processocriativo independentemente de o pensamento criativo ser direcionado ou espontâneo Dietrich 2004 Em um estudo os participantes receberam uma lista de palavras que eram relacionadas semanticamente ou não possuíam essa relação Bechtereva et ai 2004 Solicitouse em se guida aos participantes que criassem umahistóriausando todasessas palavras Inventar uma históriacom baseem uma listade palavras não relacionadas deveria exigir mais criatividade do que usaruma listade palavras relacionadas semanticamente Esses pesquisadores observa ram que a área39 de Brodmannpermanecia ativadurante a produção da história coma lista não relacionada porém não durante a produçãode histórias com a lista de palavras relacio nadas Pesquisas anterioresindicaram que essa e outrasáreasde Brodmann estãoenvolvidas na memória de trabalho verbal na mudança de tarefas e na imaginação Blackwood et ai 2000 Collette et ai 2001 Sohn et ai 2000 Zurowski et ai 2002 Estas descobertas consi deradas em conjunto indicam que a criatividade envolve muitos processos conscientes 426 PsicologiaCognitiva Tipos de Contribuições Criativas De acordo com alguns pesquisadores as contribuições criativas podem ser de oito tipos Ster nberg 1999 Sternberg Kaufman Pretz 2001 2002 Os oito tipos de contribuição criativa são os seguintes 1 Reprodução A contribuiçãocriativarepresenta umesforço para mostrarque umdado campo se encontra posicionado corretamente 2 Redefinição A contribuição criativa representa um esforço para redefinir onde o campo se encontra atualmente 3 Movimento à frente A contribuição criativa representa uma tentativa para deslocar o campo mais à frente na direção em que já está se movendo e a contribuição leva o campo a um ponto em que outros estão prontos para que ele avance 4 Movimento à frente antecipado A contribuição criativa representa uma tentativa para mover a campo à frente na direção em que já está se deslocando Porém a contribuição vai mais além de onde outros estão prontos para o campo avançar 5 Redireção A contribuição criativa representa uma tentativa para mover o campo de onde se encontra para uma direção nova e diferente 6 Redireção de umpontono passado A contribuição criativa representa uma tentativa para mover o campo à posição anterior em que se encontrava uma reconstrução do passado para que o campo possa se deslocar para frente a partir desse ponto 7 Recomeço A contribuição criativa representa uma tentativa para mover o campo a um ponto de partida diferente e ainda não atingido O recomeço desloca em se guida o campo para uma direção diferente a partir desse ponto 8 Integração A contribuição criativa representa uma tentativa para mover o campo juntando aspectos de dois ou mais tipos passados de contribuições criarivas que eram consideradas anteriormente como distintas ou mesmo opostas Agora são con sideradas como parte de uma síntese Sternberg 1999 Os oito tipos de contribuição criativa descritos são vistos como qualitativamente distin tos No entanto no âmbito de cada tipo podem existir diferenças quantitativas Por exem plo um incremento à frente pode representar um passo adiante razoavelmente pequeno ou um salto substancial em um dado campo Um recomeço pode reiniciar todo um campo ou apenas uma pequena área dele Além disso uma determinada contribuição pode sobre por categorias Os oito tipos de contribuição criativa podem diferir em termos de sua contribuição Po rém não existe um modo a priori para avaliar o volume de criatividade com base no tipo de contribuição criativa Certos tipos de contribuição criativa provavelmentetendem na mé dia a ser maiores que outros em termos de inovação Por exemplo repetições tendem em média a não ser muito inventivas Porém a criatividade também envolve a qualidade do tra balho e o tipo de contribuição criativa que um trabalho faz não prevê necessariamente a qualidade do trabalho Quando as pessoas têm novas idéias elas precisam de suas aptidões de raciocínio para analisar estas idéiase ao final decidir se as idéias são realmente criativas De que modo rea lizam tal raciocínio e tomam decisões Estes temas são discutidos no próximo capítulo Capítulo 11 Resolução de Problemas e Criatividade 427 Alinhe seis palitos Peça a um amigo que forme quatro triângulos equilá teros com esses seis palitos sem partir os palitos A maioria das pessoas não serácapazde completar esta tarefa porque tentarão formar os quatros triângulos em um único plano Quando elas desistirem forme um único triângulo sobre a mesa usando três palitos e em seguida com os outros três faça uma pirâmide juntando os três palitos no alto e tendo os lados conectados com as intersecções dos três palitos sobre a mesa Seu amigo fixouse no plano de alinhamento dos três palitos Veja se qualquer de seus amigos consegue solucionar esse problema caso você lhes der os palitos de pé em um paliteiro INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Temas Fundamentais Estecapítuloressalta diversos temasapresentados inicialmente no Capítulo 1 O primeiro tema é a generalidade em oposição à especificidade do campo Os primeiros trabalhos sobre resolução de problemas como aqueles realizados porAllenNewell e Herbert Simone seus colegas enfatizaram a generalidade do campo de resolução de problemas Esses pesquisadores se propuseram a escrever rotinas de computador como o Solucionador Geral de Problemas que resolveriam uma ampla gamade problemas Teóricos posteriores deram maisênfase à especificidade do campona resolução de problemas Eles chamaramatençãoes pecialmente para a necessidade deuma ampla base deconhecimentos a fim desolucionar pro blemas de modo bemsucedido Umsegundo tema é a validade de inferência causai versus a validade ecológica A maior parte dos estudos de criatividade ocorreu em ambiente de laboratório Por exemplo Paul Torrance aplicou testes de pensamento criativo usando papel e lápis em alunos na sala de aula Howard Gruber em contraste interessouse somente pela criatividade conforme ocor ria em contextos naturais como quando Darwin gerou suas várias idéias que originaram a Teoria da Evolução Um terceiro tema diz respeito à pesquisa básica versus a aplicada O campo da criati vidade gerou muitos insights relativos aos processos fundamentais usados no pensamento criativo Porém o campo também originou um grande setor de aumento da criatividade programas criados para tornar as pessoas mais criativas Alguns destes programas utilizam insights de pesquisa básica É importante que o treinamento seja fundamentado onde for possível na teoria psicológica e nas pesquisas ao invésde estimativas Leituras Sugeridas Comentadas Davidson J E Sternberg R J org The psycfioíogy ofproblem solving Nova York Cambridge University Press 2003 Uma análise completa da literatura contempo rânea sobre solução de problemas Stickgold R Walker M Tosleep perchance to gain creative insight Trends in Cogni tive Science 85 p 191192 2004 Este é um estudo que enfatiza a importância do sono na solução de problemas e na criatividade CAPITULO Tomada de Decisões e Raciocínio 12 EXPLORANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA 1 Quais são algumasdas estratégias que orientam a tomada de decisões pelos seres humanos 2 Quais são algumasdas formas de raciocínio dedutivo que as pessoas podem usar e que fatores auxiliam ou impedem o raciocínio dedutivo 3 Como as pessoas utilizam o raciocínio indutivo para fazer inferências causais e che gar a outros tipos de conclusões 4 Existem outras visões alternativas do raciocínio Linda tem 31 anos é solteira franca e muito inteligente Ela escolheu Filosofia como área de concentração em seu cursouniversitário Quando estudava preocupavase consideravelmente com temas relacionados à discriminação e à justiça social e também participavade demonstrações antinucleares Com base na descrição precedente indique a possibilidade de que as afirmativasa seguir sobre Linda sejam verdadeiras a Linda é uma professora de ensino fundamental b Linda trabalha em uma livraria e assiste a aulas de ioga c Linda participa ativamente do movimento feminista d Linda é uma assistente social na área psiquiátrica e Linda é membro da Liga das Mulheres Eleitoras f Linda é caixa de banco g Linda é corretora de seguros h Linda é caixa de banco e participa ativamente do movimento feminista Tversky Kahneman 1983 p 297 INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA 429 430 Psicologia Cognitiva Se você for como 85 das pessoas que Tversky e Kahneman estudaram considerou a possibilidade do item h ser superior à do item f Entretanto pare por um minuto Ima gine um grande salão de convenções onde se encontra toda a população de caixa de bancos Pense agora a respeito de quantas mulheres estariamem um guichê hipotético para caixas de banco feministas um subconjunto de toda a população de caixas de banco Se Linda estiver no guichê de caixas de banco feministas ela deve por definição estar no salão de convenção de caixas de banco Portanto a possibilidade de que esteja no guichê isto é ela é umacaixa de banco feminista logicamente não pode ser maiordo que a possibilidade de estar no salão de convenções isto é ela é caixa de banco Não obstante dada a descri ção de Linda nos sentimos mais inclinados intuitivamente a localizála no guichê ao invés de no salão de convenções Esta sensação intuitiva constitui um exemplo de uma falácia raciocínio errado de julgamento e raciocínio Neste capítulo examinamos as diversas maneiras pelas quais fazemos julgamentos to mamos decisões e usamos o raciocínio para chegar a conclusões A primeira seção lida com o modo pelo qual fazemos escolhas e julgamentos Julgamento e tomada de decisões são usa dos para selecionarentre diversas escolhas ou para avaliar oportunidades Um exemplo se ria escolher o carro que mais lhe agradaria pela quantia de dinheiro que você possui A segunda seção analisa várias formas de raciocínio A meta do raciocínio consiste em chegar a conclusões dedutivamente com base em princípios ou indutivamente com base em pro vas Um exemplo de raciocínio dedutivo seria aplicar as leis gerais da Física para chegar a conclusõesa respeitoda mecânica de um motor de um carro específico Um exemplode ra ciocínio indutivo seria ler estatísticas orientadas ao consumidor para conhecer a confiabili dade a economia e a segurança de diversos carros Julgamento e Tomada de Decisões No desenrolar de nossas vidas diárias fazemos constantemente julgamentos e tomamos de cisões Uma das decisões mais importantes que você pode ter tomado é a de cursar uma fa culdade qual delas escolher e por qual curso optar Posteriormente pode ter a necessidade de optar por uma área de concentração Você toma decisões envolvendo amigos e datas a respeito de como relacionarse com seus pais e de como gastar dinheiro De que modo você chega a tomar estas decisões Teoria Clássica da Decisão Os primeiros modelos de como as pessoas tomam decisões são denominadas teoria clássica da decisão A maioriadesses modelos foi criada por economistas estatísticos e filósofos não por psicólogos Refletem portanto os pontos fortes de uma perspectiva econômicaUm destes pontos fortes é a facilidade para desenvolver e utilizar modelos matemáticos aplicáveis ao comportamento humano Entre os primeiros modelosde tomada de decisõescriados no século XX está o homem ea mulher econômicos Este modelo se baseou em trêssuposições Primeiro osdecisores possuem informações completas sobre todasas possíveis opções parasuas decisões e de todos os possíveis resultados de suas opções Segundo são infinitamente sensíveis às di ferenças sutis entre as opções de decisão Terceiro são totalmente racionais em relação à es colha de opções Edwards 1954 veja também Slovic 1990 A suposição de sensibilidade infinita significa que as pessoas conseguem avaliar a diferença entre dois resultados não im portando quão sutis possam ser as diferenças entre as opções A suposição de racionalidade significa que as pessoas fazem suas escolhas para maximizar algode valor não importando o que isto seja Capítulo 12 Tomada de Decisões e Raciocínio 431 Considere umexemplo decomo esse modelo funciona Suponha que um decisor está exa minando qual de duas ofertas de emprego aceitar Assuma que ambas oferecem o mesmo sa lário inicial Suponha também que as pessoas da Companhia A possuem uma probabilidade de 50 de obterumaumento salarial de 20 no primeiro ano As pessoas daCompanhia B têm uma probabilidade de 10 de conseguir um aumento de 10 no primeiro ano O deci sor calculará o valor esperado em cada opção que é igual à probabilidade vezes o valor a uti lidade correspondente que nesse caso é o aumento salarial 050 x 020 010 090 x 010 009 A pessoa faria cálculos similares para todos os benefícios cálculos aditivos e custos cálculos subtrativos potenciais decada cargo Eescolheria emseguida o cargo com o maior valor esperado Em outras palavras ela escolheria aquele que oferecesse o maior benefício calculado pelo menor custo calculado Supondo todos os demais aspectos inalterados deve ríamos escolher a Companhia A Umgrande número de pesquisas econômicas sebaseou nesse modelo Um modelo alternativo atribui umpeso maior à estrutura psicológica decada decisor in dividual De acordo coma teoria subjetiva da utilidade esperada a metada ação humanacon siste em buscar prazereevitar dor De acordo com esta teoria as pessoas ao tomarem decisões buscarão maximizar o prazer indicado como utilidade positiva e minimizar a dor indicada como utilidade negativa No entanto ao agirem desse modo cada um de nós faz dois tipos de cálculos Um é o da utilidade subjetiva queconsiste em umcálculo firmado no peso que uma pessoa atribui àutilidade valor ao invés de critérios objetivos Osegundo éoda proba bilidade subjetiva um cálculo com base nas estimativas que a pessoa faz da possibilidade ao invés de cálculos estatísticos objetivos Considere um exemplo de como esse modelo funciona Ao decidirem qual das duas ofertas de emprego aceitar pessoas distintas atribuíram utilidade subjetiva positiva ou negativa acadaca racterística da oferta de emprego Considere alguém com um marido equatro filhos Ela poderia atribuir uma utilidade positiva maior abenefícios do tipo segurosaúde plano de assistência odon tológica duração das férias férias pagas eassim por diante do que uma pessoa solteira com forte orientação para acarreira De modo similar amulher com família poderia atribuir uma utilidade negativa maior àcaracterística de que um emprego envolve muitas viagens exigindo que a pes soa esteja ausente doestado vários dias a cada mês Duas pessoas que procuram emprego também poderiam atribuir probabilidades subjetivas diferentes avárias utilidades potencialmente positivas ounegativas Um pessimista provavel mente esperaria maior possibilidade de utilidades negativas e menor possibilidade de utilida des positivas do que um otimista Portanto de acordo com a teoria da utilidade subjetiva esperada cada pessoa estará sujeita auma série de passos Primeiro apessoa multiplicará cada probabilidade subjetiva pela utilidade positiva para cada oferta de emprego Em seguida sub trairá do cálculo da probabilidade subjetiva cada utilidade subjetiva negativa Finalmente chegará a uma decisão com base nos valores relativos esperados obtidos por esses cálculos A alternativa que possuir omaior valor esperado éescolhida A teoria da utilidade subjetiva leva em consideração as diversas variáveis subjetivas que surgem quando pessoas estão envolvidas Porém os teóricos logo perceberam que a tomada de decisões pelos seres humanos é mais complexa doque mesmo as implicações dessa teoria modificada Não existe para a maioria das decisões uma opção perfeita que será selecionada por to das as pessoas Como podemos prever então a melhor decisão para uma determinada pessoa De acordo com a teoria da utilidade subjetivaesperadaprecisamos conhecer somente as uti lidades subjetivas esperadas da pessoa Estas se baseiam nas estimativas subjetivas de proba bilidade e nos pesos subjetivos dos custos e benefícios Podemos prever em seguida a melhor decisão para essa pessoa Esta previsão se baseia nacrença de que as pessoas procuram che gar aconclusões bem fundamentadas com base em cinco fatores O primeiro é a análise de todas as alternativas possíveis conhecidas visto que as alternativas imprevisíveis podem 432 Psicologia Cognitiva estar disponíveis O segundo é o uso da maior quantidade de informações disponíveis pois algumas informações relevantes podem não ser conhecidas O terceiro é atribuir um peso cauteloso mesmo que seja subjetivo aos custos riscos e benefícios potenciais de cada al ternativa O quarto é um cálculocuidadoso embora subjetivo da probabilidade de vários resultados já que a certeza dos resultados não pode ser conhecida E o quinto é um grau máximo de raciocínio fundamentado com base no exame de todos os fatores mencionados anteriormente Responda agora à pergunta a seguir Qual foi a última vez que você imple mentou os cinco aspectos precedentes de uma boa tomada de decisões mesmo conside randoos limites deseuconhecimento e oselementos imprevisíveis Provavelmente nãoem época recente Satisfatoriedade Satisficing Já na década de 1950 alguns pesquisadores começaram a contestar a noção de racionali dade ilimitada Estes pesquisadores não somente reconheceram que nós humanos nem sempre tomamos decisões ideais e que usualmente incluímos considerações subjetivas em nossas decisões Eles também sugeriram que nós humanos nãosomos integral e ilimi tadamente racionais na tomada de decisões Em particular nós humanos não somos ne cessariamente irracionais Demonstramos melhor dizendo racionalidade limitada somos racionais porém dentro de alguns limites Simon 1957 Talvez usemos tipicamente uma estratégia de tomada de decisões queeledenominou sa tisfatoriedade satisficing Simon 1957 na qual consideramos as opções individualmente e então selecionamos umaopção logo queencontramos aquela queé satisfatória ou suficien temente boa para atender ao nosso nível mínimo de aceitabilidade Não levamos em conside ração todas as possíveis opções eentão julgamos cuidadosamente quais entretodo o universo deopções maximizará nossos ganhos e minimizará nossas perdas Desse modo examinaremos o menor número possível de opções necessário para chegar a uma decisão que acreditamos satisfará nossas exigências mínimas Algumas provas indicam que quando existem disponí veis recursos limitados da memória de trabalho pode haver aumento do uso da satisfatorie dade para tomar decisões Chen Sun 2003 Evidentemente asatisfatoriedade é apenas uma entre diversas estratégias não tão boasque as pessoas podem usar A adequação dessa estratégia variará emfunção das circunstâncias em que a pessoa seen contra Por exemplo a satisfatoriedade satisficing pode ser uma estratégia inadequada para o diagnóstico de uma doença No entanto esta estratégia é útil em algumas outras situações Suponha por exemplo que você esteja interessado em um carro usado Existe provavel mente um número impressionantede lotes de carros usados perto de onde você vive Você provavelmente nãotem tempo ou disposição para conhecêlos todos Tais visitas numerosas lhe permitiriam escolher o carro que parece melhor em todos os vários aspectos pelos quais você poderia julgar um carro Portanto você visita um lote para ver oque se encontra dispo nível Se você vir um carro que julgar satisfatório em termos de seus principais critérios para realizar a aquisição você o compra Sevocê nãoencontrar lá um carro que seja suficiente mente bom visita o próximo lote econtinua buscando somente até identificar um carro que atenda às suas necessidades e então o adquire Por um lado você provavelmente nãoesco lheu o melhor carro entre todos aqueles disponíveis Por outro não gastou quatro meses exa minando todos os lotes na cidade Você também pode usar asatisfatoriedade satisficing quando considera a pesquisa de tó picos para um projeto ou para a escrita da monografia Existem inumeráveis tópicos possíveis Você provavelmente pode considerar um bom número porém precisa se decidir por um tó pico satisfatório ou mesmo muito bom sem continuar sua busca indefinidamente Um decisor Capítulo 12 Tomada de Decisões e Raciocínio 433 pode constatar que um número de opções inadequadamente elevado deixou de atingir o ní vel de aceitabilidade inicial mínimo A pessoa pode decidir então por ajustar o nível mínimo considerado adequado para a satisfatoriedade Suponha por exemplo que eu decida que de sejo comprar um carro novo de luxo com excelente reputação entre os consumidores e con sumo reduzido de combustível por menos de US 3 mil Posso no final ter de ajustar meu nível de aceitabilidade mínimo consideravelmente para baixo Eliminação por Aspectos Usamos algumas vezes uma estratégia diferente quando nos defrontamos com um número muito maior de alternativas que julgamos poder considerar razoavelmente durante o tempo que temos disponível Tversky 1972a 1972b Em tais situações não tentamos manipular mentalmente todos os atributos ponderados de todas as opções disponíveis Usamos preferen cialmente um processo de eliminação por aspectos pelo qual eliminamos alternativas foca lizando os aspectos de cada alternativa uma por vez Focalizamos em particular um aspecto atributo das várias opções Formamos um critério mínimo para esse aspecto Elimi namos em seguida todas as opções que não atenderam a esse critério A seguir seleciona mos para as opções remanescentes um segundo aspecto para o qual fixamos um critério mínimo para a eliminação de opções adicionais Continuamos usando um processode elimi nação seqüencial de opções ao examinarmos uma série de aspectos até que reste uma única opção Dawes 2000 Por exemplo ao escolhermos um carro para comprar podemos nos concentrar no preço total como um aspecto Podemosoptar por desconsiderarfatores como custo de manutenção prêmio de seguroou outros fatoresque poderiam afetar realisticamente a quantia que teremos de gastar no carro além do preço de venda Após termos eliminado as alternativas que não atendem a nosso critério escolhemos outro aspecto Fixamos um critério de valor e elimina mos alternativas adicionais Continuamos desse modo Eliminamos mais alternativas um as pecto por vez até nos restar uma única opção Na prática parece que podemos usar alguns elementos de eliminação por aspectos ou satisfatoriedade satisficing a fim de reduzir a gama de opções para apenas algumas Usamos em seguida estratégias mais completase cuidadosas Exemplos seriamaqueles indicados pela teoria da utilidadesubjetiva esperada Eles podemser úteispara selecionar entre as poucas opçõesremanescentes Payne 1976 Usamos freqüentemente atalhos mentais e mesmo vieses que limitam e algumas vezes distorcem nossa capacidade para tomar decisões racionais Uma das principais maneiras pelas quais usamos atalhos mentais baseiase em nossas estimativas de probabilidades Considere por exemplo algumas das estratégias usadas pelos estatísticos que calculam a probabilidade que se encontram indicadas no Quadro 121 Você pode calcular facilmente a probabilidade simplesde que ocorrerá um dado custo ou benefício indicadona primeiraparte do quadro Tambémpode calculara probabilidade sim ples de que um dado custo ou benefício não ocorrerá indicada na segunda linha do quadro No entanto oscálculosda probabilidade conjunta da ocorrência ou nãoocorrênciade vários custose benefícios podem ser bem complicados indicados à direita no quadro Outro tipo de probabilidade é denominado probabilidade condicional E a possibilidade de ocorrerum eventodadooutro Porexemplo você poderiadesejar calculara possibilidade de obter um conceito A em um curso de Psicologia Cognitiva por ter obtido um A no exame final A fórmula para o cálculo da probabilidade condicional existindo um dado an terior é obtida pela aplicação do teorema de Bayes Este teorema é muito complexo e por tanto a maioria das pessoasnão o utiliza em situações envolvendo raciocínio no diaadia No entanto tais cálculos são essenciais para a avaliação de hipóteses científicas obtenção 434 Psicologia Cognitiva QUADRO 121 Regras de Probabilidade Exemplo Hipotético Cálculo da Probabilidade Lee é um dos de candidatos altamente qualificados para obter uma bolsa de estudos Qual é a possibilidadede Lee conseguila Se Lee for um dos de alunos altamente qualificados para pleitear uma bolsa de estudos qual é a possibilidade de Lee não conseguila Lee e seu colega de quarto estão entre os dez alunos altamente qualificados pleiteando uma bolsa de estudos Qual é a possibilidade de um dos dois conseguila Lee possui quatro pares de calçados azul branco preto e marrom Ele alterna aleatoriamente os pares que usa Qual a possibilidadede que um dos colegasde quarto obterá a bolsa de estudos e estará usando calçados pretos nesta ocasião Lee tem uma possibilidade de 01 de obter a bolsa de estudos 1 01 09 Lee tem uma possibilidade de 09 de não obter a bolsa de estudos 01 01 02 Existe uma possibilidade de 02 de que um dos dois colegas de quarto obterão a bolsa 025 x 02 005 Existe uma possibilidade de 005 de que um dos colegas de quarto obterá a bolsa de estudos e estará usando calçados pretos quando a bolsa for comunicada de diagnósticos médicos precisos análise de dados demográficos e o desempenho de muitas outras tarefas no mundo real Para uma excelente apresentação do teorema de Bayes veja Eysenck Keane 1990 p 456458 Para uma descrição detalhada do teorema de Bayes de uma perspectiva da Psicologia Cognitiva veja Osherson 1990 Tomada Naturalística de Decisões Muitos pesquisadores argumentam que a tomada de decisões é um processo complexo que não pode ser reproduzido adequadamente no laboratório Isto ocorre porque as decisões reais são tomadas freqüentemente em situações nas quais há grandes riscos Por exemplo o estado mental e a pressão cognitiva a que um médico da sala de emergência de um hospital é submetido ao atender um paciente são difíceis de reproduzir fora de um ambiente clínico Esta crítica conduziu ao desenvolvimento de um campo de estudo firmado na tomada de decisões em ambientes naturais Grande parte das pesquisas finalizadasnessa área originase de ambientes reais como hospitais ou usinas nucleares Carroll Hatakenaka Rudolph 2006 Galanter Patel 2005 Roswarski Murray 2006 Essassituações possuem em comum algumas características incluindo a existência de problemas mal estruturados situações variáveis risco elevado pressão do tempo e um ambiente envolvendo uma equipe Orasanu Connolly 1993 Alguns modelos são usados para explicar o desempenho nessas situações de riscos elevados Esses modelos incluem a consideração de fatores cognitivos emocionais e situacionais de decisores capacitados também proporcionam uma estrutura para apoiar decisores futuros Klein 1997 Lipshitz et ai 2001 Por exemplo Orasanu 2005 propôs recomendações orientadas ao treinamento de astronautas visando tornálos decisores bemsucedidos ao avaliar o que torna os atuais astronautas bemsucedidos A tomada natu Capítulo 12 Tomada de Decisões e Raciocínio 435 ralística de decisões pode ser aplicada a uma ampla gama de comportamentos e ambientes Essas aplicações podem incluir pessoas tão diferentescomo jogadores de badminton contro ladoresde tráfego ferroviário e astronautas da NASA FarringtonDarby etai 2006 Mac quet Fleurance 2007 Orasanu 2005 Patel Kaufman Arocha 2002 Tomada de Decisão em Grupo Trabalhar em grupo pode aumentar a eficácia da tomada de decisões do mesmo modo que pode aumentara eficácia da resolução de problemas Muitas empresas reúnem indivíduos em grupos para melhorara tomadade decisões CahnonBowers Salas 1998 Ao formar equi pesparaa tomadade decisão o gruposebeneficia do conhecimentoespecializado de cadaum dos membros Ocorre também um aumento de recursos e idéias Salas Burke CannonBo wers 2000 Outro benefício da tomada de decisão em grupo é a melhor memória do grupo em comparação à memória individual Hinsz 1990 Grupos bemsucedidos na to mada de decisão possuem algumas características similares incluindo as seguintes o grupo é pequeno possui comunicação aberta e os membros partilham uma configuração mental co mum identificamse com ò grupo e exibem concordância quanto ao comportamento aceitá vel do grupo Shelton 2006 Nos júris os membros partilham mais informações durante a tomadade decisão quando o grupo é formado por membros diversificados Sommers 2006 Os júris encontramse desse modoem posiçãopara tomar decisõesmelhores Além disso ao se examinar a tomada de decisões em grupos de políticas públicas foi observado que a influência interpessoal é im portante Jenson 2007 Os membros do grupo empregaram freqüentemente táticas para afetar as decisões dos demais membros Jenson 2007 As táticas usadas com mais freqüên cia e influênciaforam os apelos inspiradores e racionais Existem no entanto algumas des vantagens associadas com a tomada de decisão em grupo Dessas desvantagens uma das maisestudadas é o pensamentode grupo Pensamento de grupo é um fenômeno caracterizado por uma tomada de decisão prematura que geralmente é o resultado de os membros do grupo tentarem evitar conflito Janis 1971 O pensamento de grupo resulta freqüente mente em uma tomada de decisão não tão boa que evita idéias não tradicionais Esser 1998 A ansiedade é uma causa importante do pensamento de grupo Chapman 2006 Quando os membros do grupo demonstram ansiedade encontramse menos propensos a ex plorar novas opções e possivelmente tentarão evitar conflitos adicionais Que condições resultam em pensamento de grupo Janis citou três tipos 1 um grupo isolado coeso e homogêneo possui autoridade para tomar decisões 2 não existe uma lide rança objetiva e imparcial dentro do grupo ou fora delee 3 níveis elevados de estresse im põemse ao processo de tomada de decisão do grupo Os grupos responsáveis por tomar decisões de política externa são excelentescandidatos ao pensamento de grupoUsualmente pensam da mesma maneira Além disso freqüentemente mantêmse à parte do que está ocorrendo fora de seu próprio grupo Geralmente tentam cumprir objetivos específicos e acreditam que não podem ser imparciais Evidentemente também estão submetidos a um es tresse elevado porque os riscosenvolvidos em suas decisões podem ser enormes Seis Sintomas do Pensamento de Grupo Janisdelineou adicionalmente seis sintomas dopensamento de grupo 1 Na atitude de mente fechada o grupo não está aberto a idéias alternativas 2 Na racionalização o grupo faz de tudo parajustificar o processo e o resultado de sua tomada de decisão distorcendo a realidade quando necessário a fim de ser persuasivo 3 Na supressão dadissensão aqueles que discor dam sãodesprezados criticadosou mesmoostracizados 4 Na formação deum guardacostas 436 Psicologia Cognitiva mental para o grupo uma pessoa se nomeia o responsável pela norma do grupo e assegura que as pessoasse mantenham em harmonia 5 No sentirse invulnerável o grupo acredita que deve estar certo tendo em vista a inteligência de seus membrose as informações que possuem disponíveis 6 No considerarse unânime os grupos acreditam que todos partilham unanime mente as opiniões expressas pelo grupo A tomada de decisões imperfeita resulta do pensa mento de grupo o qual é em conseqüência por sua vez do exame insuficiente das alternativas analisando riscos inadequadamente e buscando informações de modo incom pleto sobre alternativas Considere como o pensamento de grupo poderia surgir em uma decisão quando alunos de uma faculdade decidem danificar uma estátua no campus de um time de futebol rival para dar uma lição aos alunos e ao corpo docente na universidade rival Os alunos racionalizam que o dano em uma estátua realmente não é algo muito importante De qualquer maneira quem se importa com uma estátua antiga e feia Quando um membro do grupo discorda os outros membrosprontamente o fazem sentirsedesleal e covarde Sua dissensão é desconside rada Os membros do grupo sentemse invulneráveis Eles irão danificar a estátua protegidos pela escuridão e a estátua nunca é vigiada Estão segurosde que não serão apanhados Final mente todos os membros concordam com os passosa tomar Esta sensação evidente de una nimidade convence os membros do grupo de que longe de serem destoantes estão fazendo aquilo que precisa ser feito Antídotos para o Pensamento de Grupo Janis prescreveu diversos antídotos para o pensamento de grupo Por exemplo o líder de um grupo deve incentivar a crítica construtiva ser imparcial e assegurar que os membros bus quem informações com pessoas fora do grupo O grupo também deve formar subgrupos que se reúnam separadamente para examinar soluções alternativas a um problema específico É importante que o líder assuma responsabilidade por impedir conformidade falsa a uma norma do grupo Em 1997 membros do culto Portal do Céu na Califórnia cometeram suicídio coletivo na esperança de se encontrarem com extraterrestres em uma nave espacial seguindo o ras tro do cometa HaleBopp Embora esse suicídio em grupo seja um exemplo marcante de conformidade a uma norma negativista do grupo eventos similares ocorreram ao longo de toda a história da humanidade como o suicídio de mais de 900 membros do culto reli gioso em Jonestown na Guiana em 1978 Pior foi o assassinato no ano 2000 de centenas de pessoas em Uganda por líderes de um culto a que estas pessoas aderiram E mesmo no século XXI os homensbomba suicidas estão se matando e a outras pessoas em ataques cui dadosamente planejados Heurísticas e Vieses As pessoas tomam muitas decisões com base em vieses e nas heurísticas atalhos em seu pensamento Kahneman Tversky 1972 1990 Stanovich Sái West 2004 Tversky Kahneman 1971 1993 Esses atalhos mentais aliviam a carga cognitiva da tomada de decisão porém também levam a uma probabilidade muito maior de erro Representatividade Antes de você ler a respeito da representatividade tente resolver o problema a seguir pro posto por Kahneman Tversky 1972 Capítulo 12 Tomadade Decisões e Raciocínio 437 Forampesquisadastodas as famílias tendo exatamente seisfilhosem uma determinada cidade Em 72 das famílias a ordem exata do nascimento de meninos e meninas era mMmMMm m menina M menino Qual é sua estimativa do número de famílias pesquisadas nas quais a ordem exata dos nascimentos era MmMMMM INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA A maioria das pessoas que considera o número de famílias de acordo com o padrão MmMMMM estima que o número é inferior a 72Na realidade a melhor estimativa do nú mero de famílias com essa ordem de nascimentos é 72 o mesmo que para a ordem de nasci mentos mMMMMm O número esperado para o segundo padrão seria o mesmo porque o gênero em cada nascimento é independente pelo menos teoricamente do gênero de qual quer outro nascimento Para qualquer nascimento a probabilidade de serum menino ou uma menina é lA Portanto qualquerpadrão de nascimento específico é igualmente provável Vi6 mesmo MMMMMM ou mmmmmm Por que muitos de nós acreditam que algumas ordens de nascimento são mais prováveis que outras A razão em parte é por usarmos a heurística da representatividade Na repre sentatividade julgamos a probabilidade de um evento incerto de acordo com 1 a obviedade com que é similar ou representativoda populaçãoda qual se origina e 2 o grau em que re flete as características notáveis do processo pelo qual é gerado como a aleatoriedade veja também Fischhoff 1999JohnsonLaird 2000 2004 Por exemplo as pessoas acreditam que a primeira ordem de nascimentos é mais provável porque 1 é mais representativa do número de mulheres e homens na população e 2 parece mais provável que a segunda or dem de nascimentos Na realidade evidentemente qualquer ordem de nascimento é igual mente provável de ocorrer em função do acaso Suponha de modo similar que as pessoas sejam solicitadas a julgar a probabilidade de os lançamentos de uma moeda resultarem na seqüência CKCCKC C cara e K coroa A maioria das pessoas a julgará como mais provável do que estimariam caso solicitadas a jul gar a seqüênciaCCCCKC Se você espera que uma seqüência seja aleatória tende a consi derar como mais provável uma seqüência que parece aleatória Realmente as pessoas muitas vezes comentam que os númerosem uma tabela de números aleatóriosnão parecem aleatórios A razão é que as pessoas subestimam o número de vezes de um mesmo número aparecer totalmente ao acaso Raciocinamos freqüentemente em termos da possibilidade de algo parecer representar um conjunto de ocorrências acidentais ao invésde considerarmos efetivamente a possibilidade real da ocorrência de um determinado evento Esta tendência nos torna mais vulneráveis às artimanhas de mágicos charlatães e artistas desonestos Qual quer um delespode exageraro fato de ter previsto a probabilidade realista de um evento que parece ser nãoaleatório Por exemplo a probabilidade é de 1 para 9 de que duas pessoas em um grupo de 40 pessoas por exemplo em uma sala de aula ou uma pequena boate façam aniversáriojuntas no mesmodia e mêsnão necessariamente no mesmoano Emum grupo de 14 pessoas existemaiorprobabilidade de que duasfarão aniversário com um dia de dife rença Krantz 1992 Outro exemplo da heurística de representatividade é a falácia do jogador Falácia do joga dor é a crença errada de que a probabilidade de um determinado evento aleatório como ga nhar ou perder em um jogo de azar é influenciada por outros eventos aleatórios anteriores Porexemplo um jogador que perde cinco apostas sucessivas podeacreditarser mais provável que ganhará na sexta vez Ele julga estar marcado para ganhar Na verdade evidente mente cadaaposta ou lançamento de moeda constitui um evento independente Possui uma 438 Psicologia Cognitiva probabilidade igual de sucessoou fracasso O jogador não tem maior probabilidade de ganhar na sexta aposta do que na primeira ou na milésima primeira Uma falácia relacionada é a crença errônea na mão santa ou no cestinha no basquete Obviamente jogadores profissionais e amadores de basquete bem como seus fãs acreditam que a probabilidade de um jogador fazer uma cesta é maior após ter acertado anteriormente ao invés da situação contrária No entanto as possibilidades estatísticas e os registros reais sobre os jogadores não indicam tal tendência Gilovich Vallone Tversky 1985 Jogadores argutos se aproveitarão dessa crença e marcarão de perto os adversários imediatamente após terem feito cestas A razão é que os jogadoresadversários terão maior probabilidade de tentar passar a bola para essescestinhas observados O fato de nos apoiarmos freqüentemente na heurística de representatividade pode não ser tão surpreendente É fácil de empregar e muitas vezes dá certo Por exemplo suponha que não ouvimos uma previsão do tempo antes de sair de casa julgamos informalmente existir a probabilidade de que choverá Baseamosnosso julgamento no grau de certeza em que as ca racterísticas desse dia por exemplo o mês do ano as áreas em que vivemos e a presença ou a ausênciade nuvens no céu representamas característicasdos dias em que chove Outra ra zãopela qual muitas vezes usamos a heurística de representatividade é o fato de acreditarmos erroneamente que pequenas amostras por exemplo de eventos de pessoas de características assemelhamseem todos os aspectos a toda a população da qual a amostra é obtida Tversky Kahneman 1971 Tendemos particularmente a subestimara possibilidade de que as caracte rísticas de uma pequena amostra por exemplo as pessoas que conhecemos bem de uma po pulaçãorepresentam inadequadamente as característicasde toda a população Tambémtendemosa usar maisfreqüentementea heurísticade representatividade quando estamos muito conscientes de provas casuais baseadas em uma amostra muito pequena da po pulação Essa dependência de provas casuais foi denominada argumento um homem que Nisbett Ross 1980 Quando nos apresentam estatísticas podemos refutar os dados com nossas próprias observações como Conheço um homem que Por exemplo ao se apresen tarem a uma pessoa estatísticas sobre doença coronária e níveis elevados de colesterol ela pode argumentar que Conheci um homem que comia creme chantilly no cafédamanhã no almoço e no jantar e viveu 110 anos Ele teria continuado a viver porém foi atingido por um tiro disparado por uma amante ciumenta em seu coração perfeitamente saudável Uma razão pela qual as pessoas empregam de forma equivocada a heurística de repre sentatividade é por não conseguirem entender o conceito de taxas básicas A taxa básica referese à prevalência de um evento ou de uma característica no contexto de sua popula ção de eventos ou de características As pessoas ao tomarem decisões diariamente despre zam muitas vezes as informações de taxas básicas porém elas são importantes para julgamento e tomada de decisões eficazes O uso das informações de taxas básicas é essen cial ao desempenho adequado no cargo para muitas ocupações Por exemplo suponha que se dissesse a um médico que um menino de 10anos estava sentindo dores no peito O mé dico apresentaria probabilidade muito menor de preocuparse com um ataque cardíaco imi nente do que se fosse informado de que um homem de 50 anos apresentasse um sintoma idêntico Por quê Porque a taxa básicade ataques cardíacos é muito maior para homens de 50 anos do que para meninos de 10 anos Evidentemente as pessoas também usam outras heurísticas As pessoas podem ser ensinadas a usar as taxas básicas para melhorar sua to mada de decisões Gigerenzer 1996 Koehler 1996 Disponibilidade A maioria de nós emprega pelo menos ocasionalmente a heurística de disponibilidade pela qual fazemos julgamentos com base no grau de facilidade com que podemos trazer à lembrança aquilo que percebemos como situações relevantes de um fenômeno Tversky Capítulo 12 Tomada de Decisões e Raciocínio 439 Kahneman 1973 veja também Fischhoff 1999 Sternberg 2000 Considere por exemplo a letra R Existem mais palavras na língua inglesa que começam com a letra R ou que pos suem R como terceira letra Tversky Kahneman 1973 Por quê Porque produzir palavras iniciando com a letra R é mais fácil que criar palavras tendo a letra R como terceira letra Na realidade existe na língua inglesa maior número de palavras em que R aparece como terceiraletra O mesmo também parece ser verdadeiro para algumas outras letras comoK LNeV A heurística da disponibilidade também foi observada no contexto de situações diárias Em um estudo participantes casados indicaram individualmente quem do casal executava uma proporção maior de cada uma de 20 tarefas domésticas Ross Sicoly 1979 Essas tare fas incluíam afazeres comuns como abastecer a casa com alimentos ou preparar o caféda manhã Cada participante informou o queele ou elaexecutava mais freqüentemente entre 16 de 20 tarefas Suponha que cada membro do casal estivesse certo Então para realizar 100 do trabalho em um lar cada um deles teria de realizar 80 do trabalho Ocorreram resultados similares aose questionar jogadores de times universitários de basquete e partici pantes que atuavam juntos em laboratórios Para todos os participantes a maior disponibili dade de suas próprias ações parecia indicar que cada um havia executado uma proporção maior do trabalho em atuações conjuntas Embora obviamente 80 80 não seja igual a 100 podemos compreender por que as pessoas podem optar por usar aheurística dadisponibilidade quando esta confirma as cren ças que possuem a seu próprio respeito As pessoas também usam entretanto a heurística da disponibilidade quando seu uso conduz a uma falácia lógica que nada tem a ver com as cren çasque possuem desimesmas Solicitouse a dois grupos departicipantes paraque estimassem o número depalavras dedeterminada forma que seesperaria aparecesse em um trecho com 2 mil palavras Para umgrupo a forma foi ndo isto é sete letras terminando em ndo Para outro grupo a forma foi n isto ésete letras com nna penúltima posição Obviamente não podem existir mais palavras com letras terminando em ndo do que palavras com sete letras tendo n como penúltima letra Porém a maior disponibilidade do pri meiro conduziu a estimativas de probabilidade que eram mais de duas vezes maiores para o primeiro em comparação com o segundo Tversky Kahneman 1983 Este exemplo ilustra como a disponibilidade heurística poderia conduzir à falácia daconjunção Nafalácia da con junção uma pessoa propõe uma estimativa maior para um subconjunto de estudos por exem plo os casos de ndo do que o conjunto de eventos maior contendo o subconjunto dado por exemplo os casos de n como penúltima letra Esta falácia também é ilustrada pela descrição sucinta no iníciodo capítulo a respeito de Linda A heurística darepresentatividade também pode induzir aspessoas a participarem dafa láciade conjunçãodurante o raciocínio probabilístico Tversky Kahneman 1983 veja tam bém Dawes 2000 Tversky eKahneman indagaram alunos universitários Queira dar sua estimativa dos seguintes valores que porcentagem dos homens pesqui sados em uma pesquisa sobre saúde sofreram um ou mais ataques cardíacos Que porcentagem dos homens pesquisados têm mais de 55 anos e tiveram umou mais ataques cardíacos p 308 Asestimativas médias foram de 18 paraa primeira pergunta e de30 para a segunda Defato 65 dos respondentes deram estimativas maiores para a segunda pergunta que lo gicamente é umsubconjunto da primeira Noentanto as pessoas nem sempre optam pela falácia deconjunção Somente 25 dos res pondentes propuseram estimativas maiores para asegunda pergunta em comparação à primeira quando as perguntas foram reformuladas para incluir freqüências ao invés de porcentagens 440 Psicologia Cognitiva Em outras palavras as perguntas diziam respeito ao número de pessoas em uma determinada amostra da população Os pesquisadores também descobriram que a falácia de conjunção era menos provável quando asconjunções sãodefinidas pelaintersecção de classes concretas doque por uma combinação de propriedades Por exemplo elas eram menos prováveis para tipos de objetos ou animais comocães ou bigles beagles do queporcaracterísticas de objetos ou indi víduos como conservadorismo ou feminismo Tversky Kahneman 1983 Embora classes e propriedades sejam equivalentes de um pontode vista lógico geram representações mentais di ferentes Stenning Monaghan 2004 Regras e relações diferentes são usadas em cada um dos doiscasos Desse modo a equivalência formal entre propriedades e classes não é óbvia intuiti vamente para a maioria das pessoas Tversky Kahneman 1983 A falácia de inclusão é uma variante da falácia de conjunção Na falácia de inclusão o indivíduo atribui maior possibilidade de que todo membro de um subconjuntoda categoria incíusiva possui aquela característica isto é cães inclusive e bigles subconjunto Shafir Osherson Smith 1990 Por exemplo os participantes julgaram existir probabilidade muito maior de que todo advogadoindividualmente isto é todo advogado seja conservador do que todo advogado de sindicato sejaconservador De acordo com os pesquisadores tende mosa julgarque os membros de uma classe específica por exemplo advogados ou de uma subclasse por exemplo advogados de sindicatos de pessoasexibirão uma determinada ca racterística por exemplo conservadorismo com basena tipicidade percebida istoé repre sentatividade da característica dada para a categoria dada Por exemplo firmados nas características dos televisores Sony os participantes foram solicitados a julgarcaracterísti cas de filmadoras Sony ou de bicicletas Joiner Loken 1998 Os participantes incorreram na falácia de inclusão mais para as filmadoras do que para as bicicletas Joiner Loken 1998 Isto é provável porque neste caso as filmadoras são mais representativas do tipo de produtofabricado pela Sony No entanto devemos julgara possibilidade com base na pro babilidade estatística Heurísticascomo as da representatividadee da disponibilidadenem sempre conduzema julgamentos errados ou a decisões inadequadas Usamos efetivamente essesatalhos mentais porque muitas vezes estão certos Por exemplo um dos fatores que conduzem à maior dis ponibilidade de um evento é na realidade a maior freqüência do evento No entanto a dis ponibilidade também podeserinfluenciada pelo caráterrecenteda apresentação como na indicação da memória implícita mencionada no Capítulo 5 pela característica de ser inco mum ou por um aspecto notável distinto de um determinado evento ou categoriade evento para a pessoa No entanto quando a informação disponível não se encontra distorcida por alguma razão os casos que se encontram mais disponíveis geralmente são os mais comuns Exemplos de coberturadistorcida poderiam sera coberturasensacionalista da imprensa pro pagandaextensiva o caráter recentede umaocorrência incomum ou preconceitos pessoais Geralmente tomamos decisõesnas quais os casos mais comuns são os mais relevantes e va liosos Emtaiscasos a heurísticadá disponibilidade representa muitas vezes um atalho con veniente com poucos encargos No entanto quando casos particulares são mais bem lembrados porcausa dedistorções por exemplo suavisão deseu próprio comportamento em comparação com aquela das outras pessoas a heurística da disponibilidade pode conduzir a decisões que deixam a desejar Outros Fenômenos de Julgamento A heurística de ancoragem eajuste é umaheurística relacionada à disponibilidade pela qualas pessoas ajustam suas avaliações por meio de certos pontos de referência denominados ân coras de finalidades Antes de você continuar a leitura calcule de modo rápido em sua mente em menos de 5 segundos a resposta ao seguinteproblema Capítulo 12 Tomada de Decisões e Raciocínio 441 8x7x6x5x4x3x2x1 Calcule em seguida rapidamente a respostaao seguinte problema 1x2x3x4x5x6x7x8 Dois grupos de participantes estimaram o produtode um ou outro dos dois conjuntosde oito números precedentes Tversky Kahneman 1974 A estimativa medianafeita pelos par ticipantes para a primeira seqüência foi 2250 Para os participantes que calcularam o se gundoconjuntoa estimativamedianafoi 512 O produtorealé 40320 para ambas Os dois produtos são iguais como realmente devemser porque os números são exatamente os mes mos aplicando a propriedade comutativa da multiplicação Apesar disso aspessoas indicam uma estimativa maior para a primeira seqüência A razão é que seu cálculoda âncora os primeiros algarismos multiplicados entresi resulta em umaestimativa maior combase na qual fazem um ajuste para obter uma estimativa final Outra consideração na teoria da decisão é a influência dosefeitos de enquadramento em que o modo como as opções sãoapresentadas influencia a seleção de uma opção Tversky Kahneman 1981 Por exemplo tendemos a escolher opções que demonstram aversão ao risco e nos defrontamos com uma opção envolvendo ganhos potenciais isto é tendemos a escolher opçõesque proporcionam ganho pequeno mascerto ao invés de maior porém in certo a não ser que o ganho incerto sejaconsideravelmentemaior ou somente pouco menor que o certo O exemplo no box Investigando a Psicologia Cognitiva é somente uma pe quena alteração daquele utilizado por Tversky Kahneman 1981 Suponha que você fosse informado de que 600 pessoas estavam sujeitas ao risco de morte por causa de uma determinada doença A vacina A poderia salvar as vidas de 200 pessoas submetidas ao risco Para a vacina B existe uma possibilidade de 033 de que todas as 600 pessoas seriam salvas porém existe uma possibilidade de que todas as 600 pessoasmor rerão Que opção você escolheria INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Tendemos a escolher as opções que demonstram a opção por risco quando nos defron tamos comopções queenvolvem perdas consideráveis Tendemos a escolher opções queofe recem grande mas incerta perda a não ser que a perda incerta seja extraordinariamente maiorou somente um pouco menor que o certo O próximo box Investigando a Psicologia Cognitiva oferece um exemplo interessante Suponha que se for usada a vacina C em 600 pessoas com riscode morte provocado por determinada doença 400 morrerão No entanto se for usada a vacina D existe uma possibilidadede 033 de que ninguém mor rerá e uma possibilidade de 066 de que todas as 600 pessoas morrerão Que opção você escolheria INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Nas situações precedentes a maioria das pessoas escolheria as vacinas A e D Compare agora o número de pessoas cujas vidas serão perdidas ou salvas usando as vacinas A ou C Compare de modo análogo o número de pessoas cujas vidas serão perdidas ousalvas usando as vacinas Bou D O valor esperado é idêntico em ambos os casos Nossa preferência pela 442 Psicologia Cognitiva Baruch Fischhoff é profes sor de Ciências Sociais e de Decisão e de Engenha ria e Políticas Públicas na Universidade Camegie Meiíon Eie estudou processos psicológicos do tipo viés retrospectivo per cepção derisco e criação de valor Também realizou trabalhos relacionados a políticas públicas emáreas como gerenciamentoam biental e do risco Foto Cortesia do Dr BarucfiFischhoff aversão ao risco em comparação à aceitação do risco nos conduz a esco lhas muito diferentes quanto ao modo pelo qual uma decisão é enqua drada mesmo quando os resultados reais das escolhas forem idênticos A correlação ilusória é outro fenômeno de julgamento pelo qual tendemos a considerar eventos específicos ou atributos e categorias particulares atuando conjuntamente porque estamos predispostos a pensar deste modo Hamilton Lickel 2000 No caso dos eventos po demos detectar relações falsas de causa e efeito No caso dos atributos podemos empregar preconceitos pessoais para usar e formar estereóti pos talvezcomo resultado do uso da heurística de representatividade Por exemplo suponha termos a expectativa de que pessoas de um de terminado partido político demonstrem possuir determinadas caracte rísticas intelectuais ou morais Os casos em que as pessoas possuem essas características apresentam maior possibilidade de estar disponí veis na memória e ser lembrados mais facilmente do que os casos que contradizem nossas expectativas distorcidas Em outras palavras percebemosuma correlação entre o partido político e as característi cas específicas A correlação ilusória pode até mesmo influenciar os diagnósticos psiquiátricos firmados em testes projetivos como o Rorschach e o HTP Chapman Chapman 1967 1969 1975 Os pesquisadores indicaram uma correlação falsa na qual determinadas respostas seriam associadas a diagnósticos específicos Por exemplo indicaram que pessoas com diagnóstico de paranóia tendem a desenhar pessoas com olhos gran des mais do que as pessoas com outros diagnósticos Na realidade os diagnósticos de para nóia não apresentavam maior possibilidade de serem relacionados aos desenhos de olhos grandes comparativamente a quaisquer outros diagnósticos No entanto o que aconteceu quando as pessoas esperavam observar uma correlação entre as respostas específicas e os diagnósticos associados Eles tendiam a perceber a correlação ilusória embora não existisse uma correlação efetiva Outro erro comum é o excesso de confiança a superavaliação que uma pessoa faz de suas próprias aptidões conhecimentos ou julgamentos Por exemplo as pessoas responderam a 200 afirmações com duas alternativas como Absinto é a um licor ou b uma pedra pre ciosa Absinto é um licor com sabor de alcaçuz Solicitouse às pessoas que escolhessem a resposta correta e indicassem a probabilidade de sua resposta estar correta Fischhoff Slo vic Lichtenstein 1977 As pessoas exibiram excesso deconfiança Por exemplo quando apresentavam 100 de confiança em suas respostas estavam certas somente 80 das vezes Em geral as pessoas tendem a superestimar a precisão de seus julgamentos Kahneman Tversky 1996 Por que as pessoas demonstram excesso de confiança Uma razão é que as pessoaspodem não perceber o quão pouco conhecem Uma segunda razãoé que podem en tender o que estão supondo quando se valem do conhecimento que possuem Uma ter ceira razão pode ser não saberem que suas informações originamse de fontes não confiáveis Carlson 1995 Griffin Tversky 1992 Em virtude do excessode confiança as pessoastomam muitas vezes decisõeserradas Es tas decisões se baseiamem informações inadequadase em estratégias de tomada de decisões inadequadasO motivopelo qual tendemos a manifestar excesso de confiança em nossosjul gamentos não está claro Uma explicação simples é que preferimos não pensar na possibili dade de estarmos errados Fischhoff 1988 Um erro de julgamento que é muito comum no pensamento das pessoasé a falácia do custo perdido Dupuy 1998 1999 Nozick 1990 Esta é a decisão de continuar investindo em Capítulo 12 Tomada de Decisões e Raciocínio 443 algo simplesmente porque a pessoa investiu neste algo antes e espera recuperar seu investi mento Porexemplo suponhaque você comprou um carroque sódá despesas Você já inves tiu milhares de dólares para colocálo em condição de uso Agora se confronta com um conserto de grande vulto e oneroso Você não tem um motivo paraacreditar que esse con serto adicional será realmente o último na série de consertos Pensa em quanto dinheiro já gastou com consertos Raciocina que precisa fazer oconserto adicional para justificar a quan tia que já gastou em consertos Portanto efetua o conserto ao invés de comprar um carro novo Você acaba de acreditar na falácia do custo perdido O problema é que já perdeu di nheiro com esses consertos Desperdiçar mais dinheiro com os consertos não fará com que você recupere omontante gasto Sua melhor aposta pode muito bem ser considerar odinheiro já gasto comconsertos como um custo perdido Em seguida você adquire um carro novo De modo similar suponha que viaje de férias Você pretende permanecer duas semanas em férias Está tendo muitos transtornos e tentando decidir se volta para casa uma semana antes Você deveria antecipar suavolta em uma semana Decide que não deveria Você tenta justi ficar desse modo o investimento que já fez nas férias Você incorreu novamente na falácia do custo perdido Em vez deconsiderar o dinheiro simplesmente como perdido em uma de cisão infeliz decidiu desperdiçar mais dinheiro Porém procede desse modo sem qualquer ex pectativa de que as férias terão qualquer melhora Éimportante levar em consideração os custos de oportunidade quando julgamentos forem feitos Estes são os preços pagos porvocê aproveitar certas oportunidades Por exemplo su ponha que você perceba uma excelente oferta de emprego em São Francisco Você sempre quis viver lá e está disposto a aproveitála Antes de prosseguir precisa formular uma per gunta a si mesmo De que outros aspectos você teráde abrir mão paraaproveitar essa opor tunidade Um exemplo poderia ser a possibilidade em seu orçamento de ter mais de 45 m2 deespaço para residir Outropoderia ser viver em umlocal emque provavelmente não pre cisasse sepreocupar com terremotos Existem custos de oportunidade sempre que você seva lerde uma oportunidade Eles podem emalguns casos fazer comqueaquilo queparecia ser uma boa oportunidade simplesmente passe a deixar de parecer uma grande oportunidade Idealmente você deveria tentarexaminar esses custos deoportunidade de ummodo quenão incluísse um viés Finalmente um viés que muitas vezes afeta todos nós é o viés retrospectivo quando analisamos uma situação retrospectivamente acreditamos que podemos ver facilmente os si nais e os eventos que conduzem a um determinado resultado Fischhoff 1982 Wasserman Lempert Hastie 1991 Porexemplo suponha que se solicite às pessoas para preverem os resultados de experiências psicológicas antes da realização dos experimentos No entanto quando as pessoas são informadas dos resultados das experiências psicológicas comentam fre qüentemente que estes resultados eram óbvios Afirmam que os resultados teriam sido facil mente previstos de modo antecipado Analogamente quando relações pessoais íntimas apresentam problemas as pessoas muitas vezes deixam de observar sinais das dificuldades até que os problemas alcancem proporção de crise Quando isso ocorre pode ser muito tarde para salvar o relacionamento Em termos retrospectivos entretanto as pessoas podem bater em suas testas Elas se perguntam Por que não percebi o que estava ocorrendo Era tão óbvio Deveria ter observado os sinais Grande parte dos trabalhos sobre julgamentos e tomada de decisão concentrouse nos erros que cometemos A racionalidade humana é limitada Ainda assim a irracionalidade humana também é limitada Cohen 1981 Agimos de fato racionalmente em muitos ca sos Cada umde nós também pode aperfeiçoar nossa tomada de decisões por meio da prá tica Temos a probabilidade de agir dessa maneira seobtivermos um feedback específico a 444 Psicologia Cognitiva respeito decomo melhorar nossas estratégias de tomada de decisões Outra maneira impor tante paramelhorar a tomada de decisão consiste emobter informações precisas parao cál culo de probabilidades Em seguida precisamos usar apropriadamente as probabilidades na tomada de decisão Além disso embora a teoria da utilidade esperada subjetiva possa ofere ceruma descrição limitada da tomada dedecisão efetiva pelos seres humanos está longe de ser inútil Ela oferece uma boa prescrição para aumentar a eficácia da tomada de decisão quando uma pessoa sedefronta com uma decisão suficientemente importante para justificar o tempo e o esforço mental exigidos Slovic 1990 Adicionalmente podemos tentar evitar excesso de confiança em nossas percepções intuitivas em relação a ótimas escolhas Outra maneira para ressaltar nossa tomada dedecisão consiste emusar o raciocínio cuidadoso para realizar inferências sobre as várias opções que seencontram disponíveis paranós O trabalho sobre heurísticas e vieses mostra a importância de sedistinguir entre com petência intelectual e desempenho intelectual como ele se manifesta na vida diária Mesmo especialistas no uso de probabilidade e estatística podem sedeparar com uma situação de padrões de julgamento e tomada de decisão equivocados emseu cotidiano As pessoas po dem ser inteligentes em um sentido convencional e calcado em testes No entanto podem demonstrar exatamente osmesmos vieses e raciocínios falhos comparativamente a alguém com pontuação menor em um teste de inteligência As pessoas muitas vezes deixam de uti lizar sua competência intelectual emsuas vidas diárias Pode atéexistir umgrande hiatoen treosdois Desse modo sedesejamos serinteligentes emnossa vida diária e nãoapenas nos testes precisamos demonstrar agilidade Precisamos estaratentos para em particular apli car nossa inteligência aos problemascom os quais nos defrontamos continuamente As heurísticas nem sempre nos induzem ao erro Algumas vezes são meios extraordina riamente simples para chegar a conclusões fundamentadas Por exemplo uma simples heu rística da melhor escolha podeserconsideravelmente eficaz emsituações envolvendo decisões Gigerenzer Goldstein 1996 Gigerenzer Todd o Grupo de Pesquisas ABC 1999 Marsh Todd Gigerenzer 2004 A regra é simples ao tomar uma decisão identifique o critério es pecífico mais importante para você quando tomar esta decisão Por exemplo quando esco lhe um automóvel novo o fator mais importante poderia ser consumo reduzido de combustível segurança ou aparência Esta heurística poderia parecer aparentemente inade quada Defato diversas vezes conduz a decisões muito boas Em muitos casos chega a pro duzir melhores decisões do queheurísticas bem mais complicadas Desse modo asheurísticas podem ser usadas tanto para uma boa como para uma má tomada de decisões Realmente quando levamos em consideração as metasdas pessoas as heurísticas muitas vezes são ex traordinariamente eficazes Evans Over 1996 A heurística da melhor escolha pertence a uma classe de heurísticas denominada heu rística rápida e econômica HRE Conforme a própriadesignação indica esta classe de heurísticas sebaseia emuma pequena fração das informações e asdecisões usando a heurís ticasão tomadas rapidamente Essas heurísticas estabelecem umpadrão deracionalidade que considera limitações que incluem tempo informação e capacidade cognitiva Bennis Pa chur 2006 Além disso esses modelos consideram a falta deótimas soluções e os ambientes nos quais a decisão estáocorrendo Como resultado essas heurísticas proporcionam uma boa descrição da tomada dedecisão durante a prática deesportes Bennis Pachur 2006 Outros pesquisadores observaram queasHREs podem formar umadescrição abrangente decomo as pessoas se comportam em uma variedade de contextos Estescomportamentos variam da es colha de almoços ao modo como os médicos decidem prescrever medicamentos para depres são Scheilbehenne Miesler Todd 2007 Smith Gilhooly 2006 Capítulo 12 Tomada de Decisões e Raciocínio 445 NO LABORATÓRIO DE GERD GIGERENZER Que cidade tem uma po pulação maior San Diego ou San Antônio Dois ter ços dosalunosde cursos de graduaçãode Universidade de Chicago responderam corretamente San Diego Perguntamos em seguida a alunos alemães que conheciam muito pouco sobre San Diego e muitos dos quais jamais ti nham ouvido falar de San Antônio Goldstein Gigerenzer 2002 Que proporção dos alunos alemães você considera que responderam corre tamente 100 Como é possível que pessoas com menor conhecimento sobre um assunto dêem respostas mais corretas A resposta é que os alunos alemães usaram a heurística de reco nhecimento Para o caso presente esta heurís tica afirma Se um de dois elementos é reconhecido e outro não então infira que o elemento reconhe cido possui o maior valor com relaçãoao critério Observe que os alunos norteamericanos não podiamusara heurísticade reconhecimento eles tinham conhecimento de ambas as cida des Tinham de valerse do conhecimento de recordação isto é fatos ao invés de reconhe cimento A heurística de reconhecimento so mente pode ser usada por pessoas que possuem um grausuficiente de desconhecimento isto é que reconhecem somente algunselementos po rém nem todos Em tais casos pode resultar que o efeito menos é mais ou seja menos conheci mento pode conduzir a julgamentos mais preci sos Resultados similares surpreendentes foram observados na previsão de resultados de jogosde futebol na GrãBretanha por exemplo Man chester United x Shrewsbury Town por pessoas na Inglaterra em oposição à Turquia A heurís tica de reconhecimento também é usada no su permercadoquandoosclientesprecisam escolher entre diversos produtos similares preferindo aquele sobre cuja marca já tenham algum co nhecimento Esta heurística é aplicada na pro pagandacomo a da Bennetton que não fornece informaçõessobre o produto mas simplesmen te tenta aumentar o reconhecimento da marca Finalmente a heurística de reconhecimento tam bém obteve sucesso no mercado de ações no qual conseguiu obter maior desempenho que os principais fundos mútuos e a média Dow jones na escolha de investimentos em ações Borges etai 1999 No entanto a heurística de reconheci mento nem sempre se aplica e não consegue sempre realizar inferências corretas A eficá cia da heurística visivelmente simplista de pende de sua racionalidade ecológica sua capacidadepara analisara estruturadas infor mações em ambientes naturais A heurística obtém sucesso quando o desconhecido es pecificamente uma falta de reconhecimento possui uma distribuição sistemática e não aleatória isto é quando possui grande corre lação com o critério Estudos experimentais indicam que 90 ou mais dos participantes apoiamse na heurística de reconhecimento na qual é racional ecologicamente No Centro de Comportamento Adaptá vel e Cognição ABC na sigla em inglês do Instituto Max Planck para o Desenvolvi mento Humano estudamos não apenas essa heurística mas todo um conjunto adaptável de heurísticas Parte da satisfação no labora tório originase da natureza interdisciplinar do grupo ABC Psicólogos colaboram com economistas matemáticos cientistas de com putação e biólogos evolutivos entre outros Usando diversos métodos tentamos desven dar o conjunto adaptável Esse conjunto é sob dois aspectos uma metáfora darwiniana para a tomada de deci são Primeiro a evolução não segue um plano de grande alcance mas resulta em um con junto improvisado de soluções para problemas específicos O mesmo se aplica ao conjunto sua heurística é de domínio específicoe não de domínio geral Segundo as heurísticas do conjunto não são boas ou más racionais ou irracionais per se sendo somente relativas a um ambiente do mesmo modo que as adap tações estão vinculadas ao contexto Nestas duas restrições reside seu potencial as heu rísticas podem desempenhar extraordinaria mente bem quando usadas em um ambiente adequado A racionalidadedo conjunto adap tável não é lógica mas preferencialmente ecológica continua 446 Psicologia Cognitiva NO LABORATÓRIO DE GERD GIGERENZER continuação O programa ABC tem por meta proporcio nar os elementos fundamentais ou se você preferir os ABCs da heurística cognitiva para escolha categorização inferência estimativa preferência e outras tarefas Essas heurísticas são rápidas porque envolvem poucos cálculos econômicas porque buscam apenas poucas in formações e vigorosas porque sua simplicidade parece permitir que possam ser generalizadas eficazmente para novos ambientes Herbert Si mon introduziu em uma ocasião a metáfora de uma tesoura para exemplificar aquilo que denominamos racionalidade ecológica Uma lâmina é a mente a outra o ambiente Para compreender a cognição estudamos a com binação entre a estrutura da heurística cog nitiva e o ambiente Estudar somente uma lâmina como grande parte da ciência cogni tiva faz atualmente não revelará por que e como a cognição opera Neurociência da Tomada de Decisão Conforme ocorre na solução de problemas o córtex préfrontal e particularmente o córtex cingular anterior ativamse durante o processo de tomada de decisão Barraclough Conroy Lee 2004 Kennerley et ai 2006 Rogers et ai 2004 Estudos de tomada de decisão em macacos detectaram ativação nas regiões parietais do cérebro Platt Glimcher 1999 A quantidade de ganho associado a uma decisão também afeta a quantidade de ativação obser vada na região parietal Platt Glimcher 1999 A análise da tomada de decisão por viciados em drogas identificou algumas áreas envol vidas em decisões arriscadas Os pesquisadores descobriram menor ativação no córtex cin gular anterior pregenual esquerdo Fishbein et ai 2005 Essas descobertas indicam que durante a tomada de decisões o córtex cingular anterior está envolvido no exame dos bene fícios potenciais Outro efeito interessante visto nessa área é observado em participantes que possuem dificuldade para tomar uma decisão Em um estudo os participantes tomaram de cisões a respeito de um item ser antigo ou novo e qual dos dois itens era maior Fleck et ai 2006 As decisões que tiveram a menor pontuação em tetmos de confiança e levaram mais tempo para responder estavam associadas à maior ativação do córtex cingular anterior Es sas descobertas indicam que essa área do cérebro se encontra envolvida na comparação e na análise das soluções possíveis Raciocínio Julgamento e tomada de decisão envolvem avaliar oportunidades e selecionar uma opção ao invés de outra Raciocínio é o processo de chegar a conclusões com base em princípios e provas Leighton 2004a 2004b Leighton Sternberg 2004 Sternberg 2004Wason John sonLaird 1972 No raciocínio passamos daquilo que já é conhecido para inferir uma nova conclusão ou para avaliar uma conclusão proposta O raciocínio muitas vezes é classificado em dois tipos raciocínio dedutivo e indutivo Raciocínio dedutivo é o processo de raciocinar com base em uma ou mais afirmações gerais relativas ao que se conhece para obter uma conclusão logicamente correta JohnsonLaird 2000 Rips 1999 Williams 2000 Envolve muitas vezes raciocinar a partir de uma ou mais informações gerais relativas ao que é conhecido visando a uma aplicação específica da afir mação geral Raciocínio indutivo em contraste é o processo de raciocinar com base em fa tos e observações específicos para chegar a uma conclusão provável que pode explicar os fatos A pessoa que aplica o raciocínio indutivo pode usar aquela conclusão provável para tentar prever casos específicosfuturos JohnsonLaird 2000 A principal característica que distingue o raciocínio indutivo do dedutivo é que na indução nunca conseguimos chegar a Capítulo 12 Tomada deDecisões e Raciocínio 447 uma conclusão logicamente correta Somente podemos chegar a uma conclusão particular mente bem fundamentada ou provável Raciocínio Dedutivo O raciocínio dedutivo baseiase em proposições lógicas Uma proposição é basicamente uma assertiva que pode ser verdadeira oufalsa Exemplos são Os alunos de Psicologia Cognitiva sãobrilhantes e Os alunos de Psicologia Cognitiva calçam sapatos ou Os alunos de Psi cologia Cognitiva apreciam creme deamendoim Em um argumento lógico premissas são proposições a respeito das quais são apresentados argumentos Ospsicólogos cognitivos estão interessados particularmente em proposições que podem ser conectadas de um modo que requer das pessoas chegar a conclusões racionais isto é o raciocínio dedutivo é útil porque ajuda as pessoas a unir várias proposições para tirar conclusões Os psicólogos cognitivos querem conhecer como as pessoas unem proposições para chegar a conclusões Algumas destas conclusões são bem raciocinadas Outras não Grande parte da dificuldade do racio cínio consiste em até mesmo compreender a linguagem dos problemas Girotto 2004 Alguns dos processos mentais usados na compreensão da linguagem e o funcionamento cerebral em sua base também são usados no raciocínio Lawson 2004 Raciocínio Condicional Um dos principais tipos de raciocínio dedutivo é o raciocínio condicional no qual a pessoa que raciocina ptecisa chegar a uma conclusão baseada em uma proposição do tipo seentão A proposição condicional seentão afirma que se uma condição antecedente pfor atendida então resulta em um evento conseqüente q Por exemplo Se os alunos se dedicarem aos estudos então conseguirão notas altas nos exames Em algumas circunstâncias se você estabeleceu uma proposição condicional então pode tirar uma conclusão bem fundamen tada O conjunto usual de proposições condicionais do qual você pode tiraruma conclusão bem fundamentada é Se pentãoq p Portanto q Esta inferência ilustra a validade dedu tiva isto é decorre logicamente das proposições nas quais se baseia A proposição a seguir também é lógica Se os alunos comem pizza então obtêm notas altas nos exames Eles co mem pizza Portanto obtêm notas altas nos exames Conforme você pode ter percebido validade dedutiva não é igual a verdade Você pode chegar a conclusões dedutivamente válidas que são totalmente inválidas em relação ao mundo Se a conclusão é verda deira depende da veracidade das premissas De fato as pessoas demonstram maior propensão a aceitar um argumento ilógico como lógico se a conclusão for verdadeira em termos factuais Por enquanto no entanto deixamos de ladoo temada verdade e noscon centramos somente na validade dedutiva ou na solidez lógica do raciocínio Umconjunto de proposições e suaconclusão é o argumento Sep então q p Portanto q queé denominado umargumento modus ponens Neste argumento a pessoa queraciocina afirma o antecedente Por exemplo considere o argumento Se você é um marido então é casado Harrison é um marido Portanto ele é casado O conjunto de proposições para o argumento modus ponens encontrase indicado no Quadro 122 Além do argumento modus ponens você pode chegar a outra conclusão bem fundamentada baseandose em uma propo sição condicional dada uma segunda proposição diferente Se p então q Não ocorre q Por 1 tanto não existe p Esta inferência também é válida dedutivamente Esse conjunto de proposições específico e sua conclusão é denominado um argumento modus toüens no qual apessoa nega o conseqüente Por exemplo modificamos asegunda proposição do argumento para negar o conseqüente Se você é um marido então é casado Harrison não é casado 448 Psicologia Cognitiva 1 QUADRO 122 Raciocínio Condicional Inferências Válidas Dedutivamenfe e Falácias Dedutivas Dois tipos de proposições condicionais conduzem a deduções válidas e doisoutros resultam em falácias dedutivas Tipo de Argumento Proposição Condicional Condição Existente Inferência Modusponens p q Se você é uma mãe P Você é uma mãe q Portanto você tem uma interferências válidas então tem uma criança criança dedutivamente Modus tolíens p q Se você é uma mãe então tem uma criança q Você não tem uma criança i p Portanto você não é uma mãe Negação do antecedente p q Se você é uma mãe então tem uma criança Você não é uma mãe q Portanto você nãotem uma criança Falácias dedutivas Afirmação do p q Se você é uma mãe q Você tem uma criança P Portanto você é uma conseqüente então tem uma criança mãe Portanto ele não é ummarido O Quadro 122 indica duas condições nas quais uma conclu são bem fundamentada pode serobtida Também especifica duas condições nas quais tal conclusão não pode serobtida Conforme osexemplos ilustram algumas inferências baseadas no raciocínio condicional sãofalácias Elas conduzem a conclusões que não são válidas dedu tivamente Quando usamos proposições condicionais não chegamos a uma conclusão válida dedutivamente baseada na negação dacondição antecedente ounaafirmação daconseqüente Vamos reexaminar a proposição Se você é um marido então é casado Não seríamos capa zes deconfirmar ou de refutar a proposição baseada na negação doantecedente Joana nãoé ummarido Portanto elanãoé casada Mesmo sedeterminarmos que Joana nãoé ummarido não podemos concluir queela nãoé casada Demodo similar não podemos deduzir uma con clusão válida afirmando o conseqüente Joanaé casada Portanto ela é um marido Mesmo seJoana for casada seu esposo pode não considerála um marido O raciocínio condicional pode ser estudado em laboratório usando uma tarefa de sele ção Wason 1968 1969 1983 Wason JohnsonLaird 1970 1972 Os participantes re cebem umconjunto dequatro cartas impressas nos dois lados Cada cartapossui umnúmero em um lado e uma letra no outro Em um lado existem duas letras e dois números As letras são uma consoante e uma vogai Os números são um número par e um número ímpar Por exemplo osparticipantes podem terà suafrente asseguintes séries decartas S 3 A 2Fazse emseguida uma afirmação condicional para cada participante Um exemplo seria Se uma carta possui umaconsoante em um lado então possui um númeropar no outro lado A ta refa consiste em determinar se a afirmação condicional é verdadeira oufalsa A pessoa consegue isso virando o número exato de cartas necessário para testar a afirmação con dicional isto éo participante nãodeve virar qualquer cartaque nãoseja umteste válido da Capítulo 12 Tomada de Decisões e Raciocínio 449 afirmação Porém o participante deve virar todas as cartas que são testes válidos da propo sição condicional O Quadro 123 ilustraosquatro testes possíveis que os participantespoderiam efetuarcom as cartas Doisdos testes afirmação do antecedente e negação do conseqüente sãoambosne cessários e suficientes para testar a afirmação condicional isto é para avaliara dedução o par ticipante precisa virar a cartamostrando uma consoante paraver sepossui umnúmero pardo outro lado O participante afirma desse modo o antecedente o argumento modus ponens Além disso o participante precisa virara carta que mostra um número ímparisto é não um número par para versepossui umavogai isto é não umaconsoante no outro lado Ele nega portanto o conseqüente oargumento modus tollens Os outros dois testes possíveis negar o antecedente e afirmar o conseqüente são irrelevantes isto é o participante não precisa virar a carta mostrando uma vogai isto é não umaconsoante Proceder deste modo seria negar o antecedente Ele não precisa virara carta mostrando um número par isto é não um número ímpar Proceder deste modo seria afirmar o conseqüente A maioria dos participantes sabia como testar o argumento modus ponens No entanto muitos participantes deixaram de testar o argumento modus tollens Comoalternativa alguns desses participantes tentaramnegar o an tecedente como um meio para testar a proposiçãocondicional QUADRO 123 Raciocínio Condicional Tarefa de Seleção de Wason Na tarefa de seleção de Wason Peter Wason apresentou aos participantes um conjunto de quatro cartascom as quais deveriam testar a validade de umadeterminada proposição Estequadro ilustra como a pessoa que raciocina poderia testar a proposição condicional p q Se umacarta possui umaconsoante em um lado p então possui um número par no outro lado q Proposição Baseada no que Aparece na Face da Carta Teste Tipo de Raciocínio P Uma determinada carta possui q A carta possui um número par do Baseado no uma consoante em um lado por outro lado modus ponens exemplo S F V ou P Inferências válidas q p dedutivamente Uma determinada carta não possui A carta não possui uma consoante Baseado no um número par em um lado isto no outro lado Ou seja a carta modus tollens é uma carta possui um número possui uma vogai no outro lado ímpar em um lado por exemplo 3 5 7 ou 9 ip q Uma determinada carta não possui A catta não possui um número par Baseado na uma consoante em um lado Ou no outro ladoOu seja a carta negação do seja uma carta possui uma vogai possui um número ímpar no outro antecedente em um lado por exemplo A lado E I ou O Falácias dedutivas q Uma determinada carta possui um P A carta possui uma consoante no Baseado na número par em um lado por outro lado afirmação do exemplo 2 4 6 ou 8 conseqüente 450 Psicologia Cognitiva A maioria das pessoas de todas as idades pelo menos a partir do ensino fundamental parece ter pouca dificuldade para reconhecer e aplicar o argumento modusponens No en tanto poucas pessoas reconhecem espontaneamente a necessidade de raciocinar por meio de argumentomodus tollens Muitaspessoas não reconhecemas falácias lógicas da negação do antecedente ou da afirmaçãodo conseqüente pelo menos quando essasfalácias são apli cáveis a problemas de raciocínioabstrato Braine 0Brien 1991 0Brien 2004 Rips 1988 1994 Rumain Connell Braine 1983 Algumas provas indicam de fato que mesmo pes soas que freqüentaram um curso de lógica não conseguem exibir raciocínio dedutivo em vá rias situações Cheng et ai 1986 Mesmo o treinamento orientado diretamente ao aperfeiçoamento do raciocínio conduz a resultados diferentes Após o treinamento direcio nado ao aumento do raciocínio existe um acréscimo significativo do uso de modelos e re gras mentais Leighton 2006 No entanto após esse treinamento pode ocorrer somente um aumento moderado do uso do raciocínio dedutivo Leighton 2006 A maior parte das pessoas demonstra efetivamente o raciocínio condicional em dois tipos de circunstâncias O primeiro são as condições que minimizam possíveis ambigüidades lingüísticas O segundo são as condições que ativam esquemas que proporcionam um contexto com significação para o raciocínio Por que as crianças e adultos afirmam falaciosamente o conseqüente ou negam o ante cedenteTalvez ajam assimpor causadas inferênciasinduzidas que surgemda compreensão do discurso normal envolvendo a frase condicional Rumain Connell Braine 1983 Supo nha por exemplo que meu editor anuncie Se você comprar este livro então lhe faremos uma devolução de 5 reais Considere situações da vidadiária Você provavelmente inferiu de modo correto que se não adquirir este livrotexto o editor não lhe fará uma devolução no valor de 5 reais No entanto o raciocínio dedutivo formal consideraria falaciosa essa ne gativado antecedente A afirmação nada diz sobre o que acontecese vocênãocompraro li vrotexto Vocêpode inferir de modosimilar que deve ter compradoeste livrotexto afirmar o conseqüente serecebeu uma devolução de 5 reaisdo editor Porém a afirmaçãonão escla rece a respeito do conjunto de circunstâncias que o levam a receber a devolução de 5 reais Podem existir outras maneiras para recebêlo Ambas as inferências são falaciosas de acordo com o raciocínio dedutivo formal porém ambas são inferências induzidas bem razoáveisem situaçõesda vida diária Auxilia quando as palavras que expressam os problemas de raciocí nio condicional não induzem explícita ou implicitamente inferências Adultos e crianças apresentam então possibilidade muito menor de incidir nessas falácias lógicas A demonstração do raciocínio condicional também é influenciadapela presença de in formações contextuais que convertem o problema da categoria de raciocínio dedutivo abs trato em outra que se aplica a uma situação da vida diária Por exemplo os participantes receberam a tarefade seleção de Wasone uma versão modificada desta tarefa Griggs Cox 1982 Na versão modificada solicitouse aosparticipantes para quesupusessem ser policiais Como policiais estavam tentando aplicar a lei que prescreve a idade legal para consumo de bebidas alcoólicas A regra específica a ser imposta era Se uma pessoa está bebendo cer veja então deve ter mais de 18 anos Foi apresentado a cada participante um conjunto dè quatro cartas 1 beber uma cerveja 2beber uma Coca 316anos de idadee 422 anos de idade O participante foi instruído em seguida a selecionar a carta ou as cartas que realmente precisam virar a fimde determinar se as pessoas estão violando ou não a lei p 414 Por um lado nenhum dos participantes da experiência de Griggs e Cox havia res pondido corretamente à versão abstrata de tarefa de seleção de Wason Por outro uma sur preendente proporção de 72 dos participantes responderam corretamente à versão modificada da tarefa Capítulo 12 Tomada deDecisões e Raciocínio 451 Uma modificação mais recente dessa tarefa mostrou que as crenças a respeito da plausi bilidade influenciam seaspessoas optampelo argumento modus toííens Isto significa alguém negar oconseqüente para constatar se uma pessoa que não tem mais de 18 anos não está be bendo cerveja Especificamente as pessoas apresentam probabilidade muito maior de tentar negar o conseqüente quando o testeenvolve conferir paraverse uma pessoa de 17 anos está bebendo cerveja do que verificar para ver sealguém com 4 anos está bebendo cerveja Não obstante o argumento lógico é o mesmo emambos oscasos Kirby 1994 Como aspessoas empregam o raciocínio dedutivo emsituações realistas Dois pesquisadores propuseram que ao invés de usar regras de inferência formais as pessoas muitas vezes adotam esquemas de raciocínio pragmático Cheng Holyoak 1985 Esquemas de raciocínio pragmático sãoprin cípios ou regras de organização geral relacionados a tipos específicos de metas como per missões obrigações ou causações Esses esquemas são denominados algumas vezes regras pragmáticas Estas regras pragmáticas nãosão tão abstratas quanto as regras lógicas formais No entantosãosuficientemente gerais e amplas parapoderem ser aplicadas a uma ampla va riedade de situações específicas Em outras palavras crenças anteriores são importantes no raciocínio Evans Feeney 2004 O desempenho de uma pessoa pode ser afetado alternativamente porefeitos de perspec tiva isto é se uma pessoa aceita o ponto de vista dos policiais ou o das pessoas que conso mem bebidasalcoólicas Almor Sloman 1996 Staller Sloman BenZeev 2000 Portanto podem não ser as permissões per se que importam O que pode importar preferencialmente sãoasperspectivas que umapessoa adotaquando resolve tais problemas Considere desse modo situações nasquais nossas experiências prévias ou nosso conhe cimento existente não conseguem nostransmitir tudoquedesejamos saber Esquemas de ra ciocínio pragmático nos ajudam adeduzir oque poderia ser razoavelmente verdade Situações ou contextos específicos ativam determinados esquemas Suponha por exemplo que você esteja andando nocompus Você vê alguém que parece extremamente jovem Em seguida vê uma pessoa caminhando em direção a um carro Ele destrava a porta entra e sai dirigindo o veículo Esta observação ativaria seu esquema de permissão para dirigir Se você for obter a permissão para dirigir sozinho então precisa ternomínimo 18 anos de idade Pode dedu zir em seguida que a pessoa que viu tem ao menos 18 anos Em uma experiência 62 dos participantes escolheram corretamente osargumentos modus tollens e modus ponens porém nãoas duas falácias lógicas quando a tarefa deraciocínio condicional foi apresentada nocon texto de declarações de permissão Somente 11 desempenharam desse modo quando a ta refa foi apresentada no contexto de afirmações arbitrárias sem relação a esquemas de raciocínio pragmático Cheng Holyoak 1985 Ospesquisadores conduziram uma análise detalhada comparando a tarefa de seleção Wa soncom uma forma abstrata doproblema de permissão Griggs Cox 1993 A forma abstrata padrão poderia ser Se uma carta possui um A em um lado entãodeve ter um4no outro lado A permissão abstrata poderia ser Se uma pessoa for realizar a ação A então precisa satisfazer inicialmente a precondição P O desempenho na tarefa de permissão abstrata ainda era superior 49 correto nogeral ao desempenho na tarefa abstrata padrão somente 9 correto no geral Isto ocorreu mesmo quando os autores agregavam à tarefa abstrata pa drão uma afirmação que enquadrava a tarefa em um contexto de verificação Um exemplo se ria Suponha quevocê fosseuma autoridade verificando sedeterminadas regras estavam ou não sendo seguidas A forma de permissão tornavase ainda melhor se fosse adicionada uma explicação sobre aregra Um exemplo disso seria Em outras palavras para ter 1 em um lado uma carta precisa ter primeiro um 4 do outro lado Ea forma de permissão foi até melhor para negações explícitas Por exemplo SEM A e SEM 4 seriam usados ao invés de nega ções explícitas para A e 4 isto é B e 7 Desse modo embora tanto a tarefa de seleção 452 Psicologia Cognitiva padrão como a tarefa relacionada à permissão envolvam raciocínio dedutivo as duas tarefas aparentam propor efetivamente problemas diferentes Griggs Cox 1993 Manktellow Over 1990 1992 Portanto osesquemas de raciocínio pragmático não explicam integralmente to dos os aspectos do raciocínio condicional Braine 0Brien 1991 Braine Reiser Rumain 1984 Rips 1983 1988 1994 As pessoas realmente nemsempre usam as regras do raciocínio GarciaMadruga et ai 2000 JohnsonLaird Savary 1999 Smith Langston Nisbett 1992 Uma abordagemtotalmente diferente do raciocínio condicional adota uma visão evolutiva dacognição Cummins 2004 De acordo com essa visão deveríamos levar em conta que ti pos de habilidades de pensamento proporcionariam uma vantagem naturalmente seletiva para osseres humanos aose adaptarem ao nosso ambiente no decorrer do tempo evolutivo Cosmi des 1989 Cosmides Tooby 1996 Para conhecer acognição humana deveríamos atentarpara os tiposde adaptações que teriamsidoas maisúteisno passado distante Portanto fazemos hi póteses a respeito de como caçadores e coletores humanos teriam pensadodurante os milhões deanos de tempo evolutivo que predataram o desenvolvimento relativamente recente daagri cultura e o desenvolvimento muito recente das sociedades industrializadas Comoa evolução influenciou a cognição humana Osseres humanos podem possuir algo como um dispositivo de aquisição de esquemas Cosmides 1989 De acordo com Cosmides este esquema facilita nossa capacidade para obter rapidamente informações importantes de nossas experiências Também nosajudaa organizar essas informações em estruturascom sig nificado Na visão dessa autora esses esquemas são altamente flexíveis Porém também são especializados na seleção e organização das informações que nos ajudarão mais eficazmente a nos adaptar àssituações que defrontamos De acordo com Cosmides uma das adaptações distintas exibidaspeloscaçadorese coletoreshumanos ocorreu na área de trocas sociais Por tanto o desenvolvimento evolutivo da cognição humanadeveria facilitar a aquisição de es quemas relacionados às trocas sociais De acordo comCosmides existem dois tipos de inferências em particular que osesque mas de trocas sociais facilitam Um tiposão as inferências vinculadas às relações custobe nefício O outro tipo são as inferências que auxiliam as pessoas a perceberem quando alguém está trapaceando em uma determinada trocasocial Em nove experiências os participantes demonstraram raciocínio dedutivo que confirmou as previsões da teoria das trocas sociais em vez das previsões baseadas em esquemas relacionados a permissões ou em princípios de raciocínio dedutivo Cosmides 1989 Raciocínio Silogístico Adicionalmente ao raciocínio condicional outro tipo importante de raciocínio dedutivo é o raciocínio silogístico que se baseia no uso de silogismos Silogismos sãoargumentos deduti vos que envolvem chegar a conclusões partindo de duas premissas Maxwell 2005 Ripps 1994 1999 Todos ossilogismos englobam uma premissa principal uma premissa secundária e uma conclusão Infelizmente algumas vezes a conclusão pode serque nenhuma conclusão lógica pode ser obtida com base nas duas premissas Silogismos Lineares Em um silogismo cada uma das duas premissas descreve uma relação particular entre dois itens e pelo menos um dos itens é comum a ambas as premissas Os itens podem serobjetos categorias atributos ou quase tudo o mais que pode estar relacionado a algo Os lógicos de signam comoantecedenteo primeiro termoda premissa principal O termocomum é o termo médio que pode serusado umavez emcadapremissa O conseqüente é o segundo termo da premissasecundária Capítulo 12 Tomada de Decisões e Raciocínio 453 Emum silogismo linear a relaçãoentre os termos é linear envolvendouma comparação qualitativaou quantitativa Cada termo indica mais ou menos de um determinadoatributo ou quantidade Suponha por exemplo que lhe foi proposto o problema descrito no boxIn vestigando a Psicologia Cognitiva Você é mais esperto que seu melhor amigo Seu melhor amigoé mais espertodo que seu companheiro de quarto Qual de vocês é mais esperto INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Cada umadasduaspremissas descreve umarelação linearentre dois itens o Quadro 124 apresenta os termos de cada premissa e a relação dos termos em cada premissa A tarefa de raciocínio dedutivo para o silogismo linear consiste em determinar uma relação entre dois itens que não aparecem na mesma premissa No silogismo linear precedente a pessoa que soluciona o problema precisa inferirque vocêé mais espertoqueseucompanheiro de quarto para chegarà conclusão de que vocêé o mais espertodos três Quando o silogismo linear for válido dedutivamente suaconclusão decorre logicamente das premissas Podemos deduzir de modo correto e com certeza total que você é o mais es perto dos três Seucompanheiro de quarto ou seu melhoramigo podem entretanto apontar parauma áreadefraqueza emsua conclusão Mesmo uma conclusão quefor válida dedutiva mente pode não ser verdadeira objetivamente Está claro que isto é verdade nesse exemplo Como as pessoas solucionam silogismos Diversas teorias foram propostas Alguns pes quisadores sugeriram que os silogismos lineares são resolvidos especialmente por meio de representações mentais de continuuns lineares DeSoto London Handel 1965 Huttenlo cher 1968 A idéia neste caso é que as pessoas imaginem uma representação visual dis pondo os termos em um continuum linear Por exemplo a premissa Você é mais esperto queseucompanheiro dequartopoderia serrepresentada mentalmente como uma imagem de um continuum vertical Seu nome está acima do de seu companheiro de quarto O con tinuum linear em geral é visualizado verticalmente emborapossa sêlo horizontalmente As pessoas quando respondem à pergunta consultam esse continuum e escolhem o item no lu gar correto ao longo do continuum Outros pesquisadores propuseram que as pessoas solucionam silogismos lineares usando um modelo semântico que envolve representações propositivas Clark 1969 Porexemplo a premissa Você é mais esperto queseu companheiro dequarto poderia ser representada com QUADRO 124 Silogismos Lineares e silogismo linear A que dedução Ió Validade dedutiva ica você pode chegar com base nas premissas dest é o mesmo que verdade Primeiro Termo Item Relação Linear Segundo Termo Item Premissa A Premissa B Conclusão Quem é mais Você Seu melhor amigo é mais esperto que é mais espetto que ésão o os mais espertos dos três seu melhor amigo seu companheiro de quarto esperto 454 Psicologia Cognitiva mais esperto você seu companheiro de quarto De acordo com esta visão as pessoas sim plesmente não usam imagens mas combinam de preferência proposições semânticas Uma terceiravisão é que as pessoas usam uma combinaçãoentre representações espa ciais e propositivas para resolver os silogismos Sternberg 1980 De acordo com essa visão as pessoas usam inicialmente proposições para representar cada uma das premissas Elasfor mam em seguida imagens mentais baseadas nos conteúdos dessas proposições O teste do modelo tendeua confirmar o modelo de combinaçãoou mescla como superior a represen tações exclusivamente propositivas ou espaciais Sternberg 1980 No entanto nenhum dostrês modelos parece estar muitocorreto Todos representam um desempenho médio de vários indivíduos Parecem existir preferencialmente diferenças indi viduais em termos de estratégias nasquais as pessoas tendema usarumaesttatégia maisima gética e outras umaestratégia propositiva Sternberg Weil 1980 Este resultado aponta para uma limitação importante de muitas descobertas psicológicas a não ser que consideremos cada pessoa separadamente nos arriscamos a obter conclusões apressadas com base em uma média para o grupo que não se aplica necessariamente a cada pessoa individualmente veja Siegler 1988 Embora a maioria das pessoas possa usar uma estratégia de combinação nem todos agem dessa forma A única maneira paraconhecero quecada pessoa usaé examinando cada indivíduo Silogismos Categóricos Provavelmente o tipo de silogismo mais bem conhecidoé o silogismo categórico De modo análogo a outros tipos de silogismos ossilogismos categóricos englobam duaspremissas e uma conclusão No caso do silogismo categórico aspremissas afirmam algo sobre a quecategorias se referem os termos Defato cada termo representa todos nenhumou alguns dos membros de umadeterminada classe ou categoria De modo análogo a outrossilogismos cada premissa contém dois termos Um deles precisa ser o termo médio comum a ambas as premissas O primeiro e o segundo termo em cada premissa estão unidos por meio da inclusão categórica dos termos isto é um termo pertence à classe indicada pelo outro termo As premissas no entanto são expressas por palavras afirmam que alguns ou todos ou nenhum dos membros da categoria do primeiro termo são ou não são membros da categoria do segundo termo Paradeterminar se a conclusãodecorre logicamentedas premissas a pessoaque raciocina precisadeterminar a que categorias pertencem os termos Um exemplo de um silogismo cate górico seria o seguinte Todos os psicólogos cognitivos são pianistas Todos os pianistas são atletas Portanto todos os psicólogoscognitivos são atletas Os lógicos usam muitas vezes diagramas contendo círculos para ilustrar a classedos membros Estesdiagramas tornam mais fácil concluir se uma determinada conclusão é funda mentada logicamente A conclusão para esse silogismo decorre efetivamente das premissas Isso é apresentado nodiagrama decírculos da Figura 121 Noentanto a conclusão é falsa por que as premissas sãofalsas Para o silogismo categórico precedente o antecedente são os psi cólogos cognitivos o termomédio sãoos pianistas e o conseqüente sãoosatletas Afirmamos1 em ambas as premissas que todos os membros da categoria do primeiro termoeram membros da categoria do segundo termo Afirmações dotipoTodos AsSãoBs algumas vezes sãoindicadas como afirmativas uni versais porque fazem uma declaração positiva afirmativa a respeito dos membros de uma classe universal Existem além disso três outros tipos de afirmações possíveis em um silo gismocategórico Um tipo englobaasdeclarações negativas universais porexemplo Não exis tempsicólogos cognitivos flautistas Umsegundo tiposão asdeclarações afirmativas específicas Capítulo 12 Tomada deDecisões e Raciocínio 455 FIGURA 121 Os diagramas de círculos podem ser usados para representar silogismos categóricos como oapresentado aqui Todos os pianistas são atletas Todos os psicólogos cognitivos são pianistas Portanto todos os psicólogos cognitivos são atle tas De In Searchof the Human Mind RobertJ Sternberg 1995 Harcourt Brace Company Reproduzido mediante autorização do editor por exemplo Alguns psicólogos cognitivos são canhotos O último tipo são as declarações negativas específicas por exemplo Alguns psicólogos cognitivos não são físicos Essas decla rações seencontram resumidas no Quadro 125 Em todos os tipos desilogismo algumas combinações depremissas conduzem a uma con clusão sem validade lógica Nos silogismos categóricos em particular não podemos chegar a conclusões válidas logicamente combase emsilogismos categóricos comduas premissas espe cíficas ou com duas premissas negativas Por exemplo Alguns psicólogos cognitivos são canho tos Algumas pessoas canhotas são espertas Você sequer pode concluir com base nessas premissas que alguns psicólogos cognitivos são espertos As pessoas canhotas que são espertas poderiam não ser as mesmas pessoas canhotas que são psicólogos cognitivos Simplesmente não sabemos Considere umexemplo negativo Osalunos nãosãoestúpidos Pessoas estúpi das não comem pizza Não podemos chegar aqualquer conclusão com base nessas duas pre missas negativas Conforme você pode ter percebido as pessoas aparentam ter mais dificuldade trabalharem mais vagarosamente ou cometerem mais erros quando tentam chegar a conclu sões combaseem umaou mais premissas específicas ou premissas negativas Várias teotias foram propostas a respeito de como as pessoas solucionam silogismos cate góricos Uma das primeiras teorias foi ado viés da atmosfera Begg Denny 1969 Woodworth Sells 1935 Esta teoria possui duas idéias básicas A primeira é que seexiste pelo menos uma negativa nas premissas as pessoas preferirão uma solução negativa Asegunda é que se existe 456 Psicologia Cognitiva QUADRO 125 Siiojijismos Categóricos Tipos de Premissas As premissasdos silogismos categóricos podem ser afirmativas universais negativas uni versais afirmativas partículares ou negativas particulares Forma de Tipo de Declaração da Premissa Premissa Descrição Exemplos Reversíbiudade Afirmativa Todos As são Bs A premissa declara Todos os homens Todas as pessoas do sexo universal positivamente são do sexo masculino são homens afirmativamente que masculino Nãoreversível todos os membros da Todos As são Bs ptimeira classe Todos Bs são As universal são membros da segunda classe Negativa Nenhum A é B A premissa declara que Nenhum homem é Nenhum homem é do universal Alternativa nenhum dos membros da do sexo feminino sexo feminino Todos As não são primeira classe é membro ou Ninguém do sexo Bs da segunda classe Todos os homens não são do sexo feminino feminino é homem Reversível Nenhum AéB Nenhum B é A Afirmativa Alguns As são Bs A premissa afirma que Algumas pessoas Algumas pessoasdo sexo particular somente alguns dos do sexo feminino feminino são mulheres membros da primeira são mulheres Algumas mulheres são classe pertencem à do sexo feminino segunda classe Nãoreversível Alguns As são Bs Alguns Bssão As Negativa Alguns As não são A premissa declara que Algumas mulheres Algumas pessoasdo sexo particular Bs alguns membros da não são do sexo feminino não são primeira classe não feminino mulheres pertencem à segunda Nãoreversível classe Alguns As não são Bs Alguns Bs não são As Nalógica formal a palavra algunsalgumas significa algunsalgumas e possivelmente todosas Nalinguagem comum e conforme empregado emPsicologia Cognitiva algunsalgumas significa algunsalgumas porém não todosas Portanto na lógicaformal a afirmativaparticular tambémseria reversível Para nossasfinalidades não o é pelo menos uma particularidade nas premissas as pessoas preferirão uma solução particular Por exemplo se uma das premissas é Não existem pilotos crianças as pessoas preferirão uma solução que contenha a palavra não No entanto não explica muito bem para grande nú mero de respostas Outros pesquisadores focalizaram aconversão depremissas Chapman Chapman 1959 Neste caso os termos de uma determinada premissa são invertidos Aspessoas acreditam al gumas vezes quea forma invertida da premissa é tão válida quantoa original A idéia neste caso é que as pessoas tendem a converterafirmações do tipo Se A então B em Se Ben tão A Elas não compreendem que as afirmações não sãoequivalentes Estes errossãofeitos por crianças e adultos Markovits 2004 Umateoria mais amplamente aceita baseiase na noção de queas pessoas solucionam si logismos usando umprocesso semântico baseado nosignificado a partirdemodelos mentais Espino etai 2005 JohnsonLaird 1997 JohnsonLaird etai 1999 JohnsonLaid Burne Capítulo 12 Tomada deDecisões e Raciocínio 457 Schaeken 1992 JohnsonLaird Savary 1999 JohnsonLaird Stee dman 1978 Essavisão do raciocínio envolvendo processossemân ticos baseados em modelos mentais pode ser contrastada com processos baseados em regras sintáticos como aqueles caracte rizados pela lógicaformal Um modelo mental é uma representação interna de informações que correspondem analogicamente ao que estiver sendo representado veja JohnsonLaird 1983 Alguns mo delos mentais apresentam maior possibilidade doqueoutros decon duzira uma conclusãoválida dedutivamente Em particular alguns modelos mentais podem não ser eficazes para não confirmar uma conclusão inválida Por exemplo noestudo deJohnsonLaird osparticipantes foram solicitados a descrever suas conclusões e seus modelos mentais para o silogismo Todos os artistas são apicultores Alguns apicultores são espertos Umparticipante disse Pensei em todos os pequenos artistas na sala e imaginei que todos tinham a cabeça protegida como umapicultor JohnsonLaird Steedman 1978 p 77 A Fi gura 122 apresenta dois modelos diferentes para esse silogismo Con forme a figura mostra a escolha de um modelo mental pode afetar a capacidade dequem raciocina para chegar a uma conclusão dedutiva válida Em virtudede alguns modelos serem melhores do queoutros uma pessoa tem maior possibilidade dechegar a uma conclusão vá lida dedutivamente usando mais de um modelo mental Nafigura o modelo mental apresentado em a pode levar à conclusão dedutivamente inválida deque alguns artistas são espertos Aoobservar o modelo alternativo em b po demos constatar uma visão alternativa do silogismo mostrando como a conclusão de que alguns artistas são espertos pode não ser deduzida com base somente nesta informação Tal vez os apicultores que sejam especificamente espertos não sejam os mesmos apicultores que são artistas Dois tipos de representação de silogismo são usados freqüentemente pelos lógicos Con forme mencionado anteriormenteosdiagramas de círculosãousados muitasvezes para repre sentar silogismos categóricos Nos diagramas de círculo você pode usar círculos sobrepostos concêntricos ounãosobrepostos para representar osmembros decategorias diferentes veja as Figuras 121 e 122 Uma representação alternativa usada freqüentemente pelos lógicos é um quadro da verdade Pode ser usado para representar ovalor real que possuem as várias combi nações de proposições com base no valor real decada proposição componente As pessoas po dem aprender a melhorar seu raciocínio sendo ensinadas a lidar com diagramas de círculo ou quadros de verdade Nickerson 2004 De acordocom essa visão a dificuldade de muitos problemas de raciocínio dedutivo re lacionase ao número de modelos mentais necessários para representar adequadamente as premissas do argumento dedutivo JohnsonLaird Byrne Schaeken 1992 Argumentos que resultam emsomente ummodelo mental podem ser solucionados de modo rápido e preciso No entantoé muito mais difícil inferir conclusões precisas baseadas emargumentos quepo dem ser representados por diversos modelos alternativos Tais inferências exigem muito da memória de trabalho Gilhooly 2004 Em tais casos a pessoa precisa manter na memória de trabalho cada um dos vários modelos Somente desse modo a pessoa pode chegar a uma conclusão ouavaliála Portanto as limitações dacapacidade damemória de trabalho podem terem sua base pelo menos alguns dos erros observados no raciocínio dedutivo humano JohnsonLaird Byrne Schaeken 1992 Philip JohnsonLaird é professor dePsicologia na Universidade de Princeton Ele é mais co nhecido por seus trabalhos sobre modelosmentais raciocínio dedutivo e criativi dadeJohnsonLaird mostrou em particularcomoo conceito demodelos mentaispode ser aplicado paraa compreensão de umagrande variedade de processos psicológicos Foto Dr Philip JohnsonLaird 458 Psicologia Cognitiva FIGURA 122 Philip JohnsonLaird eMark Steedman lançaram a hipótese de que aspessoas usam anabgicamente diversos modelos mentais para representar os itens de um silogismo Alguns modelos mentais são mais eficazes do que outros e para que se obtenha uma conclusão dedutiva válida pode ser necessário mais de um modelo conforme apresentado aqui veja o texto para uma explicação Foi estudado emduas experiências o papel da memória detrabalho noraciocínio silogís tico Gilhoody et ai 1993 Naprimeira experiência os silogismos simplesmente eram apre sentados oral ouvisualmente A apresentação oral representou uma carga consideravelmente maior paraa memória de trabalho porque os participantes tinham de lembrarse das premis sas Na condição de apresentação visual os participantes podiam olhar as premissas Con forme previsto odesempenho foi menor nacondição de apresentação oral Em uma segunda experiência os participantes precisavam resolver silogismos realizando ao mesmo tempo outra tarefa A tarefa podia sevaler ounãode recursos da memória de trabalho Ospesqui sadores descobriram que a tarefa apoiada em recursos da memóriade trabalho interferia no raciocínio silogístico A tarefa que não se valia desses recursos não interferia A medida queascrianças crescem aumenta seu uso eficaz da memória de trabalhoPor tanto também aumenta a capacidade que possuem para usar modelos mentais que utilizam recursos da memória de trabalho Pesquisadores pediram a crianças de idades diferentes que olhassem cartas com imagens deobjetos como camisas ecalças decores diferentes Barroui Uet Lecas 1998 Em seguida foramlhes indicadas premissas como Sevocê veste umaca misa branca veste calça verde Elas foram solicitadas para indicar que combinações de Capítulo 12 Tomada de Decisões e Raciocínio 459 cartas eram coerentes com as premissas Porexemplo cartas com camisas brancase calças verdes seriam coerentes com essa premissa porém o mesmo se aplicaria a camisas e cal ças de outras cores porque a afirmação também implica que se você não veste calças ver desnão veste uma camisabranca Crianças com mais idadeque foram capazes de manter mais combinações na memória detrabalho escolheram combinações decartas mais diferen tes para representar as premissas Outrosfatores também podem contribuir para a facilidade de formar modelos mentais apropriados As pessoas parecem solucionar problemas lógicos mais precisamente e com maior facilidade quando os termos possuem valor imagético elevado Clement Falmagne 1986 Esta situação provavelmente facilita arepresentação mental que possuem De modo similat quando proposições demonstravam possuir grande relação em termos de imagens mentais os participantes podiam solucionar de modo mais fácil e preciso os problemas e julgar a precisão das conclusões Um exemplo seria uma premissa sobre cães e outra sobre gatos ao invés de uma sobre cães e outra relativa a mesas Por exemplo seria relativamente fácil resolver umsilogismo de imagens marcantes e altamente relacionadas como Alguns artistas são pintores Alguns pintores usam tinta preta Seria relativamente difícil solucio nar um silogismo de imagens pouco marcantes e sem grande relação como Alguns textos são em prosa Alguma prosa é bem escrita Um valor imagético elevado e uma grande re lação pode tornar mais fácil às pessoas que raciocinam apresentarem exemplos contrários que revelam um argumento dedutivamente inválido Clement Falmagne 1986 Alguns problemas de raciocínio dedutivo englobam mais de duas premissas Por exem plo problemas de inferência transitiva em que as pessoas que se propõem a resolvêlos pre cisam ordenar termos múltiplos podem terqualquer número depremissas unindo umgrande número de termos Demonstrações matemáticas e lógicas possuem caráter dedutivo e tam bém podem ter muitos passos Auxílios Adicionais e Obstáculos ao Raciocínio Dedutivo No raciocínio dedutivo como emmuitos outros processos cognitivos nos valemos de muitos atalhos heurísticos Estes atalhos conduzem algumas vezes aconclusões imprecisas Além desses atalhos somos influenciados freqüentemente por vieses quedistorcem asconclusões de nosso raciocínio As heurísticas no raciocínio silogístico incluem os erros de superextensão Nestes erros aplicamos exageradamente o uso de estratégias que agem de alguns silogismos para outros nos quais as estratégias fracassam Por exemplo embora o inverso opere bem como negati vas universais não operam com outros tipos de premissas Também estamos sujeitos a efeitos de exclusão quando deixamos de considetar todas as possibilidades antes de chegar a uma conclusão Por exemplo podemos deixar de pensar nos exemplos contrários quando inferi mos conclusões de premissas particulares ounegativas Além disso os efeitos relacionados ao modo como apremissa é expressa podem influenciar nosso raciocínio dedutivo Exemplos se riam a seqüência ou o uso de ressalvas particulares ou de frases negativas Efeitos do modo de expressão de frases podem nos conduzir a uma conclusão apressada sem refletirmos ade quadamente sobre a validade dedutiva do silogismo Vieses que afetam o raciocínio dedutivo relacionamse geralmente ao conteúdo das pre missase à credibilidade da conclusãoTambém refletema tendência em direção ao viés decon firmação Neste viés buscamos confirmação ao invés da nãoconfirmação daquilo em que já acreditamos Suponha que o conteúdo das premissas e uma conclusão pareçam ser verdadei ros Em tais casos as pessoas que raciocinam tendem a acreditar na validade de conclusão mesmo quando a lógica estiver errada Evans Barston Pollard 1983 460 Psicologia Cognitiva O viés de confirmação pode ser prejudicial e mesmo perigoso em certascircunstâncias Por exemplo em uma sala de atendimento de emergência se um médico supõe que umpa ciente possui um estadoclínico X o médico pode interpretar o conjunto de sintomas como uma confirmação do diagnóstico sem considerar integralmente todas as interpretações al ternativas Pines 2005 Este atalho pode tercomo resultado umdiagnóstico e tratamento inapropriados o que pode ser extremamente perigoso Outras circunstâncias nas quais os efeitos do viés de confirmação podem ser observados relacionamse a investigações policiais crençasparanormais e comportamento tendente a estereótipos Ask Granhag 2005 Bier nat Ma 2005 Lawrence Peters 2004 As pessoas também exibem emescala menor a ten dência oposta para nãoconfirmar a validade da conclusão quando esta ouo conteúdo das premissas contradiz as crenças mantidas pelapessoa que raciocina Evans Barston Pollard 1983 Janis Frick 1943 Isto nãosignifica dizer que as pessoas deixam de considerar os prin cípios lógicos quando raciocinam dedutivamente Em geral a atenção explícita às premissas parece mais provável de conduzir a inferências válidas A atenção explícita às informações irrelevantes resulta muitas vezes em inferências baseadas em crenças anteriores relativas à credibilidade da conclusão Evans Barston Pollard 1983 Para melhorar nosso raciocínio dedutivo podemos tentar evitar heurísticas e vieses que distorcem nosso raciocínio Também podemos tentarpráticas que facilitam o raciocínio Por exemplo podemos levar mais tempo para chegar aconclusões ou para avaliálas Pessoas que raciocinam eficazmente também consideram mais conclusões alternativas doque as que não possuem bomraciocínio Galotti Baron Sabini 1986 Adicionalmente o treinamento e a prática parecem aumentar o desempenho nas tarefas de raciocínio Os benefícios do treina mento tendem aser mais palpáveis quando se relacionam a esquemas de raciocínio pragmá tico Cheng etai 1986 ou a tais campos como Direito e Medicina Lehman Lempert Nisbett 1987 Os benefícios são mais reduzidos para problemas lógicos abstratos desvin culados de nossa vida diária veja Holland et ai 1986 Holyoak Nisbett 1988 O estado de ânimo constitui um fator que afeta o raciocínio silogístico Quando as pes soas estãotristes tendem a prestar mais atenção a detalhes Schwarz Skurnik 2003 Desse modo talvez surpreendentemente tendem a obter melhores resultados em tarefas de racio cínio silogístico quando estão tristes emcomparação a quando estão alegres Fiedler 1988 Melton 1995 As pessoas com estado de ânimo neutro tendem ademonstrar um desempe nho entre os dois extremos APLICAÇÕES PRÁTICAS DA PSICOLOGIA COGNITIVA Mesmo sem treinamento você pode melhorar seu próprio raciocínio dedutivo pormeio da criação deestratégias que evitem a incidência em erros Assegurese de usarasestratégias adequadas na solução de silo gismos Lembrese de que reversões somente operam com negativas universais Algumas vezes converter termos abstratos em termos con cretos porexemplo a letraC paracoelhos pode ajudar Reserve tam bém tempo para examinar exemplos contrários e criar modelos mais sólidos Quanto maior onúmero de modelos mentais que você usar para um dado conjunto depremissas pode termais confiança deque se sua conclusão não for válida será negada Portantoo uso de diversos mo delos mentais aumenta a possibilidade de se evitar erros A adoção de vários modelos mentais o auxilia a evitar a tendência para incidir em viés de confirmação Osdiagramas de círculo também podem auxiliar na resolução de problemas de raciocínio dedutivo Capítulo 12 Tomada de Decisões e Raciocínio 461 Raciocínio Indutivo Chegar a conclusões logicamente certas dedutivamente válidas por meio de raciocínio dedutivo é pelo menos teoricamente possível No raciocínio indutivo que se baseia em nos sas observações não é possível chegar a qualquer conclusão logicamente certa O máximo que podemos nos empenhar para alcançar é uma conclusão firme ou altamente provável JohnsonLaird 2000Thagard 1999 Suponha por exemplo que vocêobserva que todasas pessoas matriculadas em seucurso de Psicologia Cognitiva estejam na listado diretor ou lista de honra Com base nestas ob servações você poderia raciocinar indutivamente que todos osalunos que se matriculam no curso de Psicologia Cognitiva são excelentes estudantes ou pelo menos obtêm as notas que transmitem esta impressão No entanto a não serque você possa observar asmédias dasno tas de todas as pessoas que já estudaram no passado essa disciplina ou irão estudála no fu turo será incapaz de provar sua conclusão Além disso um único aluno fraco que estivesse matriculado em um curso de Psicologia Cognitiva negaria sua conclusão Ainda assim após umgrande número deobservações você poderia concluir quefez observações suficientes para raciocinar indutivamente O enigma fundamental da indução é o modo como realmente podemos fazer induções Já que o futuro não aconteceu como podemos prever o que virá Existe também um impor tante novo enigma da indução Goodman 1983 Existindo alternativas futuras possíveis comosabemos qual delas prever Porexemplo no problema da série de números 2 4 6 a maioria das pessoas substituiria o pontode interrogação porum 8 Porém não podemos sa ber com certezaque o número correto é 8 Poderiaserproposta uma fórmula matemática que resultaria emqualquer número como o próximo Então porque escolher a configuração de números pares crescentes 2x onde x é um inteiro crescente Optamos em parte por essa solução pornos parecer simples Euma fórmula menos complexa doque outras que podería mos escolher Eem parte a escolhemos por estatmosfamiliarizados com ela Porém não es tamos acostumados com outras séries complexas nas quais se pode inserir 2 4 6 como 2 4 6 10 12 14 18 20 22 e assim por diante Nessa situação e em muitas outras queexigem raciocínio não lhe foram informadas pre missas expressas claramente ou relações precisas e óbvias entre os elementos Tais informa çõespoderiam leválo a deduzir umaconclusão segura Na ausência dessas informações você não consegue deduzir qualquer conclusão logicamente válida Tornase necessário nessas ocasiões um tipo alternativo de raciocínio O raciocínio indutivo envolve raciocinar onde não existe uma conclusão logicamente certa Envolve muitas vezes raciocinar a partirdeob servações e fatos específicos paraobteruma conclusão geral quepossa explicar os fatos O raciocínio indutivo forma a base do método empírico Neste método não podemos saltar logicamente de Todos os casos de X observados até hoje são Y para afirmar Por tanto todo Xé Y Sempre é possível queo próximo Xobservado não seja umY Além disso independentemente do número deobservações ouda fundamentação do raciocínio nãohá conclusões de base indutiva que possam ser provadas Tais conclusões somente podem ser confirmadas em grau maiorou menor pelas provas existentes Portanto retornamos à ne cessidade de considerar as probabilidades A pessoa que raciocina indutivamente precisa ex pressar em termos depossibilidade qualquer conclusão a respeito deuma hipótese Exemplos são Existe uma possibilidade de 99 de que choverá amanhã ou A probabilidade é so mente 005 deque a hipótese nulaestá correta aoafirmar que essas descobertas são o resul tado de variação aleatória Ospsicólogos cognitivos provavelmente concordam compelo menos duas das razões por que as pessoas usam raciocínio indutivo Primeira razão o raciocínio indutivo as auxiliam a 462 Psicologia Cognitiva tornaremse cada vezmais aptas a fazersentido fora da grande variabilidade em seu ambiente Segunda razão também as ajuda a prever eventos em seu ambiente reduzindo desse modo sua incerteza Portanto os psicólogos cognitivos buscam compreender o como ao invés do por que do raciocínio indutivo Podemos ou não podemos possuir algum dispositivo inato de aquisição de esquemas Porém certamente não nascemos com todas as inferências que con seguimos induzir Já demos a entender que o raciocínio indutivoenvolve muitas vezes o pro cesso de geração e teste de hipóteses Podemos constatar adicionalmente que obtemos inferências generalizando algumas compreensões amplasa partir de um conjunto de casoses pecíficos Podemos ampliar mais ainda nossa compreensão à medida que observamos casos adicionais Ou podemos inferirexceções especiais das compreensões gerais Porexemplo após observarmos um bom número de aves podemos inferir que os pássarosconseguem voar Po rém após observarmos pingüins e avestruzes podemos acrescentar ao nosso conhecimento generalizado determinadas exceções para aves que não voam Observamos durante a generalização que certas propriedades variam em função das di versas configurações de um conceito ou podemosobservarque procedimentosespecíficos va riam conjuntamente com eventos diferentes Podemos induzir em seguida alguns princípios gerais para essas variações conjuntas O grande enigma do raciocínio indutivo é a maneira como inferimos princípios gerais úteis firmados no grande número de observações de varia ções conjuntas a que estamos expostos constantemente Os seres humanos não abordam a indução com capacidades computacionais que fazem a mente hesitar no cálculo de cada va riação conjunta possível Também não podemosobter inferênciascom baseapenas nas mais freqüentes ou maisplausíveis dessas variações conjuntas Preferencialmente parecemos abor dar essa tarefa do mesmo modo que encaramos outras tarefas cognitivas Procuramos ata lhos Pessoas que empregam o raciocínio indutivo de modo análogo a outras pessoas que usam probabilidades empregam a heurística Exemplos são representatividade disponibili dade a leidos grandesnúmerose a heurística inusualQuando empregamos a heurística inu sual prestamos muita atenção a eventos inusuais Quando dois eventos inusuais ocorrem simultaneamente e próximos entre si tendemos a supor que estão relacionados de algum modo Porexemplo poderíamos inferirque um primeiroevento não usualcausou um evento posterior Holyoak Nisbett 1988 Obtenção de Inferências Causais Um método de estudo do raciocínio indutivo consiste em examinar inferências causais o modo como as pessoas fazem julgamentos sobrealgo causar qualquercoisadiferente Cheng 1997 1999 Cheng Holyoak 1995 Koslowski 1996 Spellman 1997 John Stuart Mill 1887 foi um dos primeiros pesquisadores a propor uma teoria sobre como as pessoas fazem julga mentos causais Ele propôs um conjunto de cânones princípios heurísticos amplamente aceitosnos quaisas pessoas podem basearseusjulgamentos Por exemplo um dos cânones de Mill é o método da concordância que envolve fazer listas separadas das possíveis causas pre sentes e daquelas que estão ausentes quando ocorre um dado resultado Se de todas as causas possíveis somente uma estiverpresenteem todas as situações do resultado específico o obser vadorpodeconcluir indutivamente que aquela causapresente em todasassituações é a causa verdadeira ou seja apesarde todasasdiferenças entre ascausaspossíveis existeconcordância em termos de uma causa e de um efeito Suponha por exemplo que algumas pessoas em uma dada comunidade contraíram he patite As autoridades municipais da área de saúdetentariam descobrir todas as várias ma neiras possíveis pela qual cada pessoa afetada contraiu a doença Suponha agora terem descoberto que todos viviam em bairros diferentes compravam em supermercados diferen tes possuíam médicos e dentistas diferentes e sob outros aspectos viviam de modo muito Capítulo 12 Tomada de Decisões e Raciocínio 463 diferentemas que todos comeram no mesmorestaurante em uma determinada noite As au toridades da área de saúde provavelmente concluiriam indutivamente que as pessoascontraí ram hepatite comendo naquele restaurante Outro cânone de Mill é o método da diferença Neste método você observa que todas as circunstâncias nas quais ocorre um dado fenômeno são precisamente aquelas em que não ocorre excetopor uma maneirapelaqual diferem Suponha por exemplo que um grupoes pecífico de alunos viva no mesmo dormitório na universidade coma a mesma comida nos mesmos refeitórios durma no mesmo horário e assista às mesmas aulas Entretanto alguns dos alunos pertencem a um grupo de discussão e outros freqüentam um grupodistinto Os alunosdo grupo de discussão A obtêm conceito A porém os alunosdo grupode discussão B obtêm conceito C Poderíamos concluir indutivamente que está ocorrendo algo nos gru pos de discussão que resultam nessa diferença Este método parece conhecido Se o obser vador manipulou os vários aspectos desse método este poderia ser denominado uma experiência empírica seriam mantidas constantes todas asvariáveis comexceção de uma A variável seria manipulada paraobservar seencontrase associada distintamente como resul tado previsto De fato o raciocínio indutivo pode ser encarado como um teste de hipótese Bruner Goodnow Austin 1956 Um estudoanalisoua inferência causaiapresentando às pessoas cenários comoos indi cadosno Quadro 126 Schustack Sternberg 1981 Os participantes deveriam usara infor mação descrevendo as conseqüências para cada companhia Precisavam determinar se o valor da ação de uma empresa cairia seo principal produto da companhia estivesse sob sus peitade sercarcinogênico As pessoas usaram quatro informações para realizar julgamentos causais conforme apresentado no Quadro 127 Tenderam a confirmar especificamente que um evento era causai em uma de duas circunstâncias A primeira era baseada na presença conjuntado evento possivelmente causai e do resultado A segunda na ausência simultânea do evento possivelmente causai e do resultado Elas tendiam a negata causalidade de umde terminado evento antecedente também de duas maneiras Uma era baseada na presença do eventopossivelmente causai porém na ausência do resultado O outro era firmado na au sência do evento possivelmente causai mas com a presença do resultado Nessedoiscasos as pessoas podem ser muito racionais ao fazer julgamentos causais No entanto acabamos efetivamente sendo vítimas de vários erros comuns de indução Um erro comum de indu ção relacionase à lei dos grandes números Reconhecemos sob certas circunstâncias que QUADRO 126 Observações de um Analista de Mercado sobre Indústrias de Cosméticos A partir das informações abaixo comovocêdeterminaria a causalidade Companhia 1 O pessoal do escritório da empresa organizou Houve uma queda considerável do valor da ação da companhia e filiouse a um sindicato O principal produto da companhia estava sob suspeitade ser carcinogênico Companhia2 O pessoal do escritório da empresa não organizou nem filiouse a um sindicato O principal produtoda companhia estavasob suspeita de sei carcinogênico Companhia3 Foram identificados gerentes da companhia que autorizaram doações ilegais para campanhas políticas Houve uma queda considerável do valor da ação da companhia Não houve uma queda considerável do valor da ação da companhia 464 Psicologia Cognitiva QUADRO 127 Quatro Bases para Inferência da Causalidade Mesmo quemnão exercea função de lógico usa muitas vezes eficazmente as informações disponíveis ao avaliar a causalidade Inferência Causal Base para Inferência Expucação Exemplo Confirmação A presença conjunta Se um evento e um do evento resultado tendem a possivelmente causal e ocorrer do resultado simultaneamente é mais provável que as pessoas acteditem que o evento cause o resultado Se alguma outra companhia tivesse um produto importante suspeito de ser carcinogênico esta junção dos fatos aumentaria a crença das pessoas de que possuir um produto impottante considerado carcinogênico deprime o valor da ação Confirmação A presença conjunta Se o resultado não do evento ocorrer na ausência do possivelmente causal e evento possivelmente do resultado causal então aspessoas são mais propensas a acreditar que o evento causa o resultado Se as ações de outras emptesas não diminuíram de valor quando não possuíam produtos considerados carcinogênicos então a ausência destes produtos entre os principais produtos e a queda no preço das ações pelo menos é coerente com a noção de que ter um produto considerado carcinogênico poderia causar queda no valor da ação Nãoconfirmação Presença do evento Se o evento possivelmente causal possivelmente causal mas ausência do estiver ptesente mas o resultado resultado não ocorrer o evento é visto como menos provável de conduzir ao resultado Se outras empresas tiveram produtos importantes considerados carcinogênicos mas suas ações não sofreram queda no preço as pessoas estariam mais propensas a concluir que possuir um produto importante considerado carcinogênico não conduz à queda do valor da ação Nãoconfirmação Ausência do evento Se o resultado ocorrer possivelmente causal na ausência do evento mas presença de possivelmente causal resultado então o evento é visto com menor possibilidade de conduzir ao resultado Esta regra é um dos cânones de Mill Se outras empresas tiveram queda no preço de suas ações sem possuir produtos considerados carcinogênicos as pessoas seriam menos propensas a inferir que ter um produto considerado carcinogênico resulta em queda no preço das ações um número maior de observações reforça a possibilidade de nossas conclusões Em outras ocasiões entretanto deixamos de considerar o tamanho da amostra que observamos quando avaliamos a solidez ou a possibilidade de umadeterminada inferência Além disso a maioria de nós tende a desprezar a informação sobre a taxa básica Como alternativa foca lizamos as variações inusuais ou as que dizem respeito a relatos importantes O conheci mento desseserros pode melhorar nossa tomada de decisões Talvez nossa maior falha seja uma quese aplica a psicólogos outros cientistas e pessoas que não são cientistas demonstramos o viés de confirmação que pode nos conduzir a erros Capítulo 12 Tomada de Decisões e Raciocínio 465 como as correlações ilusórias Chapman Chapman 1967 1969 1975 Além disso come temos erros freqüentemente quando tentamos determinar a causalidade com base somente na prova correlacionai Conforme foi afirmado muitas vezes a prova correlacionai não pode indicar a direção da causa Suponha que observemos uma correlaçãoentre o Fator A e o Fa tor B Podemos constatar uma entre três possibilidades Primeiro pode ser que o Fator A cause o Fator B Segundo pode ser que o Fator B cause o Fator A Terceiro algum Fator C de or dem superior podeestar causando a ocorrência conjunta dos Fatores A e B Ocorre um erro relacionadoquando deixamosde reconhecer que muitosfenômenos pos suem múltiplas causas Porexemplo um acidente automobilístico envolve muitas vezes di versascausas Pode ter se originado por exemplo pela negligência de diversos motoristas ao invésde somente um Após termos identificado uma das causassuspeitas de um fenômeno podemos cometeraquiloque é conhecidocomoerro de redução Interrompemos nossa busca por alternativas adicionais ou causas contribuintes O viés de confirmação pode exercer efeito considerável em nossas vidas diárias Por exemplo podemos conhecer alguém com a expectativa de não apreciálo Como resultado podemostratálo de um modo que é diferente daquele pelo qual o trataríamos caso esperás semos apreciálo Ele pode então reagir em relação a nós de modo menos favorável Por tanto confirma nossa crençaoriginalde que não se podeapreciálo O viés de confirmação pode desempenhar desse modo um papel importante na instrução Professores muitas ve zes esperam pouco dos alunosquando os julgam fracos Os alunos então oferecem pouco ao professor As crenças originais dos professores são portanto confirmadas Sternberg 1997 Esteefeitoé conhecido como profecia deautogratificação HarberJussim 2005 As pesquisas investigaram a relação entre as informações sobre variação conjunta corre lação a inferências causais Ahn et ai 1995 Ahn Bailenson 1996 Para que alguma infor mação contribua para as inferências causais a informação precisa estar correlacionada necessariamente com o evento Porém essa informação sobre variação conjunta não é sufi ciente paraimplicar causalidade Ospesquisadores propuseram quea informação sobre varia ção conjunta também deve proporcionar informação a respeito de um possível mecanismo causal a fim de que a informaçãocontribua para as inferências causais Considere um exem plo Uma pessoa ao tentardeterminar a causa do acidente deJanena noite passada poderia usarinformação estritamentede variação conjuntaUm exemplo seriaJane apresenta maior propensão do que a maioria das pessoas a ter um acidente automobilístico e acidentes de carro tiveram maior probabilidade de ter ocorrido na noite passada As pessoas preferem no entanto informações específicas sobre mecanismos causais Ahn etai 1995 Um exemplo seria Janenão estava usando seusóculosna noite passada e a estrada estava plenade gelo ao fazerem atribuições causais sobre informações que variam conjuntamente apenas com o evento do acidentede carro Essas duasúltimas informações sobreo acidentede carro deJane podem serconsideradas informações de variação conjuntaporémasdescrições oferecem in formações adicionais sobre os mecanismos causais Discutimos no Capítulo 8 o modelo de conceitos firmados na teoria As teorias das pes soas afetam não somente os conceitos que possuem mas também as inferências causais que realizam com essesconceitos Considere um conjunto de estudos que investiga como os psi cólogos clínicos fazem inferências sobre pacientes que os procuram com diversos tipos de transtornos Normalmente usam o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders Fourth Edition Manual de Diagnósticos e Estatísticas sobre Transtornos Mentais 4 Edição American Psychiatric Association 1994 conhecido pela sigla em inglês DSMJV paraefe tuar tais diagnósticos O DSMJV não contém teoria Em outras palavras não se baseia em algumateoriaOs clínicosforamsolicitados a diagnosticar em cinco experimentos pacientes 466 Psicologia Cognitiva com transtornos que eram de modo causalcentral ou periféricoàs próprias teorias dos clíni cos sobre transtornos Os participantes apresentavam maior probabilidade para diagnosticar um paciente hipotético como portador de um distúrbio caso este distúrbio fosse mais cen tral de modo causal para o próprio sistema de crenças dos clínicos Em outras palavras as próprias teorias implícitasdos clínicos sobrepunhamse ao DSMJV em seu diagnóstico O modelo de categorização baseadona teoria postula que os conceitos são representados como categorias e não listas de características Desse modo é interessante que o DSMÍV estabeleceu diretrizes sem vinculação teórica para o diagnóstico de transtornos mentais Cinco experimentos investigaram como os clínicos lidavam com uma nosologia desvin culada da teoria Kim Ahn 2002 Os pesquisadores usaram diversos métodos para confir mar as teorias sobre transtornos pessoais implícitas adotadas pelos clínicos Desse modo foi possível descobrir as teorias causais dos transtornos adotadas pelosclínicos Em seguida fo ram avaliadas as respostas dos clínicos sobre as tarefas de diagnóstico e memória E de inte resse particular neste caso o modo como os clínicos decidiram se um paciente era portador de um determinado transtorno Eles usaram principalmente o DSMJV o manual de refe rência padrão no campo Ou adotaram suasprópriasteorias causais dos transtornosOs par ticipantes apresentavam maior possibilidadede diagnosticar um paciente hipotético portador de um transtorno caso este paciente possuísse sintomas causais centrais ao invésde perifé ricos de acordo com a sua teoria de transtorno Em outras palavras quanto mais central de modocausal fosse um diagnóstico para suasprópriasteorias implícitas maiora probabilidade de que fariam esse diagnóstico em resposta a um conjunto de sintomas As lembranças que possuíam para sintomas centrais de modo causal também eram melhores que suas próprias lembranças de sintomas que consideravam periféricos sob o aspecto causal Os clínicos são portanto motivados a usar suas próprias teorias causais implícitas mesmo se acumularam décadas de prática com o DSM desprovido de teoria Este conjunto de estudos proporciona um grande apoio à noção de conceitos baseada em teoria discutida no Capítulo 8 Porém também mostra que essas teorias não ficam somente inertes na mente São usadas ativa mente quando empregamos o raciocíniocausal Mesmoos especialistas preferemsuas teorias causais em relação a um trabalho de referência padrão em seu campo DSMJV Uma visão alternativa é que as pessoasagemcomo cientistas inexperientes ao postularem entidades de poder causal inobserváveis teoricamente para explicar variações conjuntas ob serváveis Cheng 1997 Portanto as pessoas são um tanto racionais ao fazerem atribuições causais com base nos tipos cotretos de informações que variam conjuntamente Inferências Categóricas Em que base as pessoas fazem inferências As pessoas geralmente usam ambasestratégias ascendentes bottomup e descendentes topdown para fazer inferências Holyoak Nisbett 1988 ou seja usam informações baseadas em suas experiências sensoriais e informações baseadas naquilo que já conhecem ou haviam inferido anteriormente As estratégias ascen dentes baseiamse na observação de vários casos e consideram o grau de variabilidade entre eles A partir dessas observações abstraímos um protótipo veja os Capítulos 6 e 9 Após um protótipo ou uma categoria haver sido induzido a pessoa pode usar amostragem focali zadapara agregarnovoscasosà categoriaElase concentra principalmente nas propriedades que proporcionaram distinções úteis no passado As estratégias descendentes incluem a busca seletiva de elementos constantes entre as diversas variações e a combinaçãoseletiva dos conceitos e categorias existentes Capítulo 12 Tomada de Decisões e Raciocínio 467 Raciocínio por Analogia O raciocínio indutivo pode ser aplicadoa um conjunto maisamplode situações do que aque las que exigem inferências causais ou categóricas Considere o problema de analogia como exemplo O fogo estáparao amianto assim comoa águaestápara a vinil b arc algodão d torneira A pessoa ao raciocinar por analogia precisa observar o primeiro par de itens fogo e amianto neste exemplo e deve induzir com base neste dois itens uma ou mais relações neste caso resistência da superfície porque superfícies revestidas com amianto po dem resistir ao fogo A pessoa que raciocina precisa aplicar em seguida a relação dada na segunda parte da analogia Na analogia de exemplo escolhe a solução vinil porqueas su perfícies revestidas com vinil são resistentes à água Alguns pesquisadores usaram a metodologia do tempo de reação para descobrir como as pessoas resolvem problemas de indução Por exemplo usando modelagem matemática fui ca paz de individualizar as durações de tempo que os participantes empregaram em vários pro cessos de raciocínio analógico Constatei que a maior parte do tempo gasto na solução de analogias verbais simples é direcionada à codificação dos termos e à resposta Sternberg 1977 Somente uma pequenaparte é gasta efetivamente para realizar operações de raciocí nio relativas a essascodificações A dificuldade de codificação podesetornar até maior em várias analogias envolvendo de cifração Por exemplo na analogia RAT TAR BAT a CONCRETO b MAMÍFERO c ABAdRABOa dificuldade concentrase na codificação da analogiacomoumaqueenvolve inversãode letras ao invés de conteúdo semântico para sua solução Em uma analogia proble mática como AUDACIOSO TIMORATO MITIGAR a PREVER b EXACERBAR c OBJETAR d EVISCERAR a dificuldade reside no reconhecimento dos significados daspa lavras Se as pessoas que raciocinam conhecem os significados daspalavras provavelmente considerarão relativamente fácil descobrirque a relaçãoé de antônimos Esse exemplo exa cerbou audaciosamente sua dificuldade para resolver problemas envolvendo analogias Uma aplicação das analogias ao raciocínio podeser vista na política Foi observado que as analogias podem ajudar entidades governamentais a chegarem a conclusões Breuning 2003 Também foi argumentado que essas analogias podemsei usadas eficazmente a fim de transmitir a justificativa da decisãopara o público Breuning 2003 O uso de analogias no entanto nem sempre é bemsucedido Por exemplo o fracasso em chegar a uma soluçãodi plomática no Kosovo em 1999 pode ter sido por causa da seleçãoe do uso de uma analogia inapropriada Hehir 2006 Estas descobertas ressaltam a utilidade e as possíveis armadilhas do uso de analogias em deliberações políticas Em 2007os oponentes do expresidente Bush usaram uma analogia com o Vietnã como argumentação paraa retirada das tropas no Iraque Eles afirmaram queo fracasso das políti cas dos EUA para conduzira uma vitória definitivaeram análogasentre o Vietnã e o Iraque Bush então inverteu a posição usando uma analogia com o Vietnã para argumentar que sairdo Itaquepoderiaresultarem um grandemassacre conforme ele afirmou ter acontecido no Vietnã após a saída dos norteamericanos Portanto as analogias podem acabar sendo em grande parte de acordo com a visãode quem contempla preferivelmente a perspectiva que se apoia nos elementos reais sendo comparados Desenvolvimento do Raciocínio Indutivo Crianças muito jovens não possuem asmesmas habilidades de raciocínio indutivo que asmais velhas Por exemplo criançascom 4 anos parecem não induzir princípios biológicos genera lizados sobre animais quando recebem informações específicas relacionadas a determinados 468 Psicologia Cognitiva animais Carey 1987 No entanto ao completarem 10 anos as crianças são muito mais pro pensas a atuar dessa forma Por exemplo caso se diga a crianças de 4 anos que cães e abelhas possuem um determinado órgão no corpo elas ainda supõem que somente animais grande mente similares a cães ou abelhas possuemesse órgão e que os outros animais não o possuem Em contraste crianças de 10 anos induziriam que se animais tão díspares como cães e abe lhas possuem esse órgão muitos outros animais provavelmente também o possuem Igual mente crianças de 10 anos são muito mais propensas que as de 4 anos a induzir princípios biológicos que relacionam os seres humanos a outros animais Dessa maneira quando crianças de 5 anos conhecem novas informações sobre um tipo específico de animal parecem agregar as informações aos seus esquemas existentes para o tipo específico de animal mas não parecem alterar seusesquemas gerais para animais ou para a biologia como um todo veja Keil 1989 1999 No entanto alunos da 1 e da 2a séries de monstraram possuir capacidade para escolher e mesmo para gerar espontaneamente testes apropriados a fim de agrupar provas indiretas para confirmar ou não confirmar hipóteses al ternativas Sodian Zaitchik Carey 1991 Mesmocrianças de apenas 3 anos parecem induziralguns princípios gerais baseadas em observações específicas particularmente aqueles princípios que dizem respeito a categorias ta xonômicas para animais Gelman 19841985 Gelman Markman 1987 Porexemplo crian ças da préescola foram capazes de induzir princípios que atribuem corretamente a causa de fenômenos como o crescimento a processos naturais ao invés de à intervenção humana Gelman Kremer 1991 Hickling Gelman 1995 Em um trabalho relacionado crianças em idade préescolar foram capazes de raciocinar corretamente que um melro apresentava mais possibilidade de comportarse como um flamingo do que como um morcego porque melros e flamingos são ambos aves Gelman Markman 1987 Observe que neste exemplo as crian ças da préescola estão contrariando sua percepção de que os melros se parecem mais com morcegos do que com flamingos baseando seu julgamento ao invés disso no fato de que são ambos aves embora o efeito seja reconhecidamente mais intenso quando o termo ave tam bém forusadoem relaçãoao flamingo e ao melro Sobel e Kirkham 2006 estenderam essas descobertas para crianças de 2 anos Além disso esses experimentadores demonstraram a existência de raciocínio em crianças de apenas 8 meses As crianças nesse estudo foram ca pazesde prever a localizaçãoespacialde um evento futuro com base na observação de even tos anteriores Embora a finalidade das palavras seja em grande parte a expressão de significado por exemplo para indicar um cão pela palavra cãoou um flamingopelo uso da palavra fla mingo existem algumas provas de que o processo não é integralmente unidirecional As crianças usam algumas vezes palavras cujo significado não compreendem e adquirem ape nas gradualmente o significado correto após terem iniciado a usar as palavras Kessler Shaw 1999 Nelson 1999 denomina esse fenômeno uso sem significado Outros trabalhos confirmam a visão de que as crianças na préescolapodem tomar de cisõesbaseadasem princípios geraisinduzidos ao invésde aparências perceptivas Porexem plopodeminduzir categorias taxonômicas baseadas emfunções como o meiode respiração ao invés de nas aparências perceptivas como o peso real Gelman Markman 1986 Quandoreceberam informações sobre partes internas deobjetos emumacategoria ascrian ças em idade préescolar também induziram que outros objetos da mesma categoria te riam possivelmente as mesmas partes internas Gelman 0Reilly 1988 veja também Gelman Wellman 1991 No entanto quando induziram princípios com baseem informação descontínua crian çasem idade préescolar eram mais propensas do que as de mais idade a enfatizar caracterís Capítulo 12 Tomada deDecisões e Raciocínio 469 ticas externas e superficiais de animais do que atribuir peso a características estruturais ou funcionais internas De modo análogo dada a mesma informação específica crianças com mais idade parecem induzir inferências mais abrangentes a respeito de propriedades biológi cas em comparação com criançasde menos idade Gelman 1989 Éimportante manter ambas as formas deconhecimento baseadas em princípios e naapa rência para uso flexível em diversas situações edomínios Wellman Gelman 1998 Oconhe cimento sobre relações funcionais internas profundas é importante para a indução de propriedades de objetos Porém a aparência similar também é importante sob outras circuns tâncias A aquisição deconhecimento desenvolvese pormeio do uso de teorias estruturantes ou modelos para obtenção de inferências sobre o ambiente emvários domínios como física psicologia e biologia Wellman Gelman 1998 Numerosos estudos demonstraram a aquisi ção precoce erápida de especialização para oentendimento de objetos físicos ede relações cau sais entre eventos entidades psicológicas e raciocínio causalexplicativo e entidades e forças biológicas Asmodificações no raciocínio relativas a fatores nesses domínios parecem mostrar maior compreensão da relação entre aparências e princípios funcionais mais profundos Desse modo crianças usam o conhecimento baseado em fundamentos noâmbito de domínios dife rentes a fim de elaborar umacompreensão estrutural do mundo Uma Visão Alternativa do Raciocínio A esta altura você já inferiu razoavelmente que os psicólogos cognitivos discordam freqüen temente algumas vezes de um modo bastante intenso a respeito de como e por que as pessoas raciocinam de determinado modo Foi proposta uma visão alternativa de raciocínio Éque dois sistemas complementares de raciocínio podem ser diferenciados O primeiro é um sistema associativo que envolve operações mentais baseadas em similaridades observadas e contiguidades temporais isto étendências para aocorrência de eventos próximos notempo Osegundo éum sistema baseado em regras que envolvem manipulações baseadas nas relações entre símbolos Sloman 1996 O sistema associativo pode conduzir a respostas aceleradas altamente sensíveis a padrões e tendências gerais Por meio deste sistema detectamos similaridades entre padrões observa dos e padrões armazenados na memória Podemos prestar mais atenção a características mais notáveis por exemplo as grandemente típicas ou atípicas do que definir características de um padrão Este sistema impõe limitações um tanto vagas que podem inibir a seleção de pa drões que não se enquadram bem ao padrão observado O sistema favorece os padrões reme morados que combinam melhor com o padrão observado Um exemplo de raciocínio associativo é o uso da heurística de representatividade Outro exemplo são os efeitos do viés de crença no raciocínio silogístico Este efeito ocorre quando demonstramos maior concor dância com os silogismos que confirmam nossas crenças sendo estes silogismos logicamente válidos ounão Um exemplo daoperacionalidade do sistema associativo pode ser o efeito do consenso falso Neste caso as pessoas acreditam que seu próprio comportamento e seus julga mentos são mais comuns e mais apropriados do queaqueles deoutras pessoas Ross Greene House 1977 Suponha que as pessoas possuam uma opinião sobre um tema Elas tendem a acreditar que por ser sua opinião tem possibilidade de ser partilhada e considerada correta por outras pessoas Existe evidentemente algum valor de diagnóstico nas opiniões de uma pessoa É bem possível que outros realmente acreditem naquilo que uma pessoa acredita Dawes Mulford 1996 Krueger 1998 No geral entretanto associar as visões deoutras pes soas às nossas próprias simplesmente por serem nossas constitui uma prática questionável 470 Psicologia Cognitiva O sistemabaseado em regras usualmente requer procedimentos mais deliberados e al gumas vezes laborioso para se chegar a conclusões Por meio deste sistema analisamos cui dadosamente características relevantes por exemplo características definidoras dos dados disponíveis com base em regras armazenadas na memória Esse sistema impõe limitações rí gidas que eliminam possibilidades que transgridem as regras Existem diversas provas do ra ciocínio baseado em regras Primeiro conseguimos reconhecer argumentos lógicos quando nos são explicados Segundo podemos reconhecer a necessidade defazer categorizações base adas nas características definidoras apesar das similaridades nas características típicas Pode mos reconhecer por exemplo que uma moeda com 75 centímetros de diâmetro que se parece exatamente com uma moeda de 25 centavos de dólar deve ser falsa Terceiro pode mos eliminar impossibilidades como gatas concebendo edandoà luz filhotes de cães Quarto podemos reconhecer muitos eventos improváveis Por exemplo é improvável que o Congresso dosEUAaprovará uma leique proporcione salários anuaispara todos osalunos universitários queestudam em período integral Deacotdocom Sloman precisamos de ambos ossistemas complementares Precisamos reagir rápida e facilmente às situações diárias com base em si milaridades observadas e contiguidades temporais No entanto também precisamos de um meio para avaliar nossas respostas mais deliberadamente Os dois sistemas podem ser conceitualizados no âmbito de uma estrutura conexionista Sloman 1996 O sistema associativo é representado facilmente em termos deativação e ini biçãode padrões o que se enquadra prontamente no modelo conexionista O sistema baseado em regras pode ser representado como um sistema de regras deprodução veja Capítulo 11 Uma visão conexionista alternativa indica que o raciocínio dedutivo pode ocorrer quando umdeterminado padrão deativação emum conjunto de nós por exemplo aqueles associados a uma determinada premissa oua umconjunto de premissas acarreta ou produz umpadrão específico de ativação em umsegundo conjunto de nós Rips 1994 Demodo si milar um modelo conexionista de raciocínio indutivo pode envolver a ativação repetida de uma série de padrões similares em várias situações Esta ativação repetida pode reforçar em seguida os elos entre os nós ativados conduzindo desse modo à generalização ouà abstra ção do padrão para diversos casos Os modelos conexionistas de raciocínio e os diversos outros métodos descritos neste ca pítulooferecem muitas visões dosdados disponíveis relativos à maneira comoraciocinamos e fazemos julgamentos Atualmente nenhum modelo teórico explica bemtodos osdados Po rém cada modelo explica satisfatoriamente pelo menos alguns deles As teorias nos ajudam emconjunto a compreender a inteligência humana o tópico do próximo e último capítulo Neurociência do Raciocínio Conforme ocorre na resolução deproblemas e na tomada dedecisão o processo doraciocínio envolve o córtex préfrontal Bunge et ai 2004 Além disso o raciocínio envolve áreas do cérebro associadas à memória de trabalho como os gânglios basais Melrose Poulin Stern 2007 Osgânglios basais participam de diversas funções incluindo cognição e aprendizagem Esta área também está associada ao córtex préfrontal por meio de diversas conexões Mel rose Poulin Stern 2007 Adicionalmente esperase acontribuição dos sistemas dememória de trabalho pois o raciocínio envolve a integração das informações A exploração do racio cínio condicional por meio dos métodos de potencial relacionado a eventos ERP revelou maior negatividade nocórtex cingular anterior deaproximadamente 600 milissegundos e 200 milissegundos após a apresentação datarefa Qui et ai 2007 Esta negatividade indica maior controle cognitivo conforme seriaesperadoem uma tarefa de raciocínio Capítulo 12 Tomada deDecisões e Raciocínio 471 Considere a seguinte passagem de Macbeth de Shakespeare Primeira Aparição Macbeth Macbeth Cuidado com Macduff Cuidado com o barão de Fipe Não precisas mais escutarme foi osuficiente Segunda Aparição Seja sanguinário corajoso e resoluto riajte paraes carnecer do poder do homem pois nenhum sernascido de mulher ferirá Macbeth Macbeth Então viva Macduff por quepreciso temerte Entretanto tomarei duas vezes mais cuidado e aceitarei umpacto com o destino tu não viverás que eu possa dizer que o medo não me domina e dormir apesar dos trovões e da tempestade Nessa passagem Macbeth entendeu erroneamente o que a visão da Segunda Aparição significava nenhum homem podia assassinálo e portanto decidiu enfrentarcorajosamente Macduff No entanto como todos sabemos Macduff nasceu por cesariana e portanto não seclassifi cava na categoria de homens que não podiam ferir Macbeth Macduff finalmente matou Macbeth porque chegou a uma conclusão errada ba seada na premonição da Segunda Aparição O alerta da Primeira Apa rição sobre Macduff deveria ter sido levado emconta Suponha que você esteja tentando decidir entre comprar um SUV veí culo utilitário esportivo do inglês SportUtility Vehicle ou umcarrocom pacto Você apreciaria tero espaço do SUVmas a eficiência doconsumo de combustível do carrocompacto Sejaqualescolher você fez a escolha certa Esta é uma pergunta difícil deresponder porque a maioria denossas decisões é tomada sob condição de incerteza Desse modo digamos que você adquiriu o SUV Você pode transportar algumas pessoas consegue puxar facilmente um traiíer até oalto de uma ladeira sentase em um nível mais elevado de modo que sua visão da estrada é muito melhor No en tanto toda vez que completa o tanque de gasolina é lembrado de quanto combustível esse veículo consome Por outro lado digamos que você com prou o carro compacto Ao apanhar amigos no aeroporto você enfrenta dificuldade para abrigar todos eles e a bagagem você não consegue levar traiíers até o alto de ladeiras pelo menos não muitofacilmente e sentase tão baixo que quando há um SUV à suafrente mal consegue vero que ocorre na estrada No entanto toda vez que você completa seu tanque de gasolina ououve o proprietário de umSUVqueixarse sobre quanto custa completar seu tanque constata quão pouco precisa pagar pela gasolina Novamente você fez a escolha certa Não existem respostas certas ou erra das para a maioriadas decisões que tomamos Usamos nosso melhor julga mento por ocasião de nossas decisões ejulgamos que são mais certas do que erradas emoposição a serem definitivamente certas ouerradas INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA Em um estudo que analisou o raciocínio moral em pessoas que exibem comportamentos antissociais indicativos de raciocínio moral inadequado as disfunções foram observadas em diversas áreas do córtex préfrontal incluindo as regiões dorsal e ventral Raine Yang 2006 Adicionalmente também foram observados danos na amígdala no hipocampo na circunvo lução angular no cíngulo anterior e no córtex temporal Recordese que o cíngulo anterior estáenvolvido na tomada de decisões e o hipocampo na memória de trabalho Esperariase portanto que disfunções nessas áreas acarretariam problemas para o raciocínio 472 Psicologia Cognitiva Temas Fundamentais Diversos temas discutidos no Capítulo 1 sãorelevantes paraeste capítulo Um primeiro tema é Racionalismo versus Empirismo Considere por exemplo erros no raciocínio silogístico Uma maneira para entender tais erros é emtermos doerro lógico espe cífico cometido independentemente dos processos mentais que a pessoa usou ao raciocinar Não há necessidade de realizar qualquer pesquisa empírica para compreender ao nívelda ló gica simbólica os erros que foram feitos Além disso o raciocínio dedutivo é ele próprio baseado no Racionalismo Um silogismo como Todos os brinquedos são cadeiras Todas as cadeiras são hot dogs Portanto todos os brinquedos são hot dogs é válido logicamente porém incorreto factualmente Portanto a lógica dedutiva pode sercompreendida em um nível ra cional independentemente de seu conteúdo empírico Porém sedesejarmos conhecer sob o aspecto psicológico porqueaspessoas cometem erros ouo queé factualmente verdadeiro en tão precisamos combinar observações empíricas com lógica racional Um segundo tema é a generalidade versus aespecificidade docampo Asregras da lógica dedutiva aplicamse igualmente em todos osdomínios Podese aplicálas por exemplo ao conteúdo abstrato ou concreto Porém as pesquisas indicaram que psicologicamente o ra ciocínio dedutivo com conteúdo é mais fácil que o raciocínio com conteúdo abstrato Por tanto embora as regras seapliquem exatamente da mesma maneira demodo geral emtodos oscampos a facilidade deaplicação nãoé equivalente pelo prisma psicológico emtodos es ses domínios Um terceiro tema é o inato versus adquirido As pessoas são préprogramadas para pen sarem logicamente Piaget ofamoso psicólogo cognitivoevolutivo suíço acreditava nessa pré programação Ele acreditava que o desenvolvimento do pensamento lógico segue uma seqüência inatade estágios que ocorrem ao longo do tempo De acordo com Piaget não há muito que uma pessoa possa fazer para alterar a seqüência ou a ocorrência no tempo desses estágios Entretanto as pesquisas indicaram que a seqüência proposta por Piaget não acon tece conforme ele pensava Por exemplo muitas pessoas nunca atingem esse estágio superior e algumas crianças são capazes de raciocinar de ummodo que ele não teria previsto ser pos sível até quetivessem mais idade Portanto mais uma vez inatoe adquirido interagem Leituras Sugeridas Comentadas Leighton J P Sternberg RJ org The na Sobel DM Kirkham N Z Blickets and ba ture ofreasoning Nova York Cambridge bies thedevelopment ofcausai reasoning University Press 2004 Uma análise com in toddlers and infants Developmental pleta das teorias e pesquisas contemporâ Psychology 426 p 11031115 2006 neas sobre o raciocínio Umestudo acessível que analisa o racio cínio em crianças com pouca idade CAPITULO Inteligência Humana e Artificial 13 EXPLORANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA 1 Quais sãoos principais temas relacionados à mensuração da inteligência De que modo diferentes pesquisadores e teóricos abordam esses tópicos 2 Quais são algumas abordagens sobre inteligência baseadas no processamento de informação 3 Quais são algumas visões alternativas da inteligência 4 Como os pesquisadores tentaram simular a inteligência usando máquinas como computadores 5 A inteligência pode seraperfeiçoada Em caso afirmativo de que modo 6 Como a inteligência se desenvolve nos adultos Antesdevocê lerarespeito decomo ospsicólogos cognitivos consideram a inteligência tente completar alguns testes que exigem o uso de sua própria inteligência 1 Vela estápara parafina assim como pneu estápara a automóvel b redondo c borracha d vazio 2 Complete a série 100 075 Vi a umb umoitavo c umquarto 3 Os primeiros três itens formam uma série Complete a segunda série análoga que inicia com o quarto item D O A A o A A A c d 4 Você está em um grupocom pessoas sinceras e mentirosas As pessoas sinceras sempre dizem a verdade e as mentirosas sempre mentem Você encontra alguém pelaprimeira vez Elediz que acabou de ouvir uma conversa na qual a moça disseque era uma mentirosa A pessoa que vocêconheceu é mentirosaou sincera INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA 473 474 Psicologia Cognitiva Acreditase que cada um dos testes anteriores pelo menos alguns psicólogos cognitivos acreditam requer algum grau de inteligência As respostas encontramse no fimdesta seção Inteligência é um conceito que pode ser considerado um amálgama de toda Psicologia Cognitiva Mas afinal o que é inteligência Emum artigorecente pesquisadores identificaramaproximadamente 70definições de inteligência Legg Hutter 2007 Em 1921 quando os editores do Journal ofEducational Psychology formularam essa pergunta a 14 psi cólogos famosos as respostasvariaram mas geralmente incluíam dois temas Primeiro inte ligência envolve a capacidade de aprendercom a experiência Segundo envolve a capacidade para adaptarse ao ambiente que nos circunda Sessenta e cinco anos mais tarde formulouse a mesma pergunta a 24 psicólogos cognitivos com experiência em pesquisas sobre inteligên cia Sternberg Detterman 1986 Eles também enfatizaram a importânciade aprendercom a experiência e adaptarse ao ambiente Ampliaram igualmente a definiçãopara enfatizar a importância da metacognição a compreensão e o controle que as pessoas possuem de seus próprios processos de pensamento Os especialistas atuais também atribuíram maior ênfase ao papel da cultura Eles frisaramque aquiloque é considerado inteligênciaem uma cultura pode não ser considerado em outra Serpell 2000 Resumindo inteligência é a capacidade para aprender com a experiência usando processos metacognitivos para incrementar a aprendizagem e a capacidade para adaptarse ao meio ambiente que nos cerca Pode exigir adaptações diferentes no âmbito de contextos sociais e culturais diferentes De acordo com o Oxford English Dictionary a palavra inteligência entrou paráá língua inglesa aproximadamente no século XII Hoje podemos consultar o termo inteligência em numerosos dicionários porém a maioria de nósaindapossui nossas próprias idéias implícitas nãodeclaradas sobre o quesignifica ser inteligente istoé temos nossas próprias teoriasim plícitas usualmenteconceitos não exteriorizados da inteligência Usamosnossas teorias im plícitas em diversas situações sociais Por exemplo as empregamos quando conhecemos pessoas e avaliamos a inteligência que demonstram Também as adotamos quando descreve mos pessoas que consideramos muito sagazes ou nem tanto No âmbito de nossas teorias implícitas da inteligênciatambém reconhecemos que a inte ligência possui significados um tanto diversos em contextos diferentes Um vendedor esperto pode ter um tipo de inteligência diferente daquela de um neurocirurgião hábil ou de um con tador sagaz Cada um deles pode demonstrar um tipo de inteligência diferenteda de um coreó grafo umcompositor umatletaouumescultor capazes Usamos muitas vezes nossas definições dainteligência implícitas e relevantes aocontexto parafazer uma avaliação deinteligência Seu mecânico é suficientementehábil para descobrire consertar o defeitode seucarroSeu médico é suficientemente apto para identificar e tratar seu problema de saúde Esta pessoa interes sante é suficientemente cativante para manter seu interesse em uma conversa As teorias implícitas da inteligência podem diferirde uma cultura para outra Porexem plo há evidências de que os chineses em Taiwan incluem as aptidões inter e intrapessoais autocompreensão como parte de seu conceito de inteligência Yang Sternberg 1997 O conceito de inteligência dos quenianos das áreas rurais englobam aptidões morais bem como cognitivas Grigorenko et ai 2001 Portanto o queseria considerada uma avaliação abran gente da inteligência poderia diferir de umacultura paraoutra Sternberg Kaufman 1998 Mesmo no âmbito dos EUA muitas pessoas atualmente começaram aencarar como impor tante não apenasos aspectos cognitivos mas também os aspectos emocionais da inteligên cia Inteligência Emocional é acapacidade paraperceber e expressar a emoção assimilála ao pensamento compreender e raciocinarcom emoção e regulara emoçãoem si e nos ou tros Mayer Salovey Caruso 2000 p 396 Existem provas concretas da existência de al gum tipo de inteligência emocional Cherniss et aí 2006 Ciarrochi Forgas Mayer 2001 Mayer Salovey 1997 Salovey Sluyter 1997 embora as evidências sejam de natureza va riada Davies Stankov Roberts 1998 Waterhouse 2006 O conceito de inteligência emo Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificial 475 cional também tornouse muito popular nos últimos anos Goleman 1995 1998 Algumas evidências indicam que a inteligência emocional é um previsor confiável daadaptação bem sucedida a novos ambientes por exemplo faculdade ou país estrangeiro e de sucesso no campo de atuação escolhido pela pessoa Gabei Dolan Cerdin 2005 Parker et ai 2006 Stein Book 2006 Um conceito relacionado é o da inteligência social Inteligência social é a capacidade para compreender e interagir com outras pessoas Goleman 2007 Kihlstrom Cantor 2000 Além disso conforme discutido existem algumas diferenças culturais na definição dein teligência Estas diferenças conduziram a um campo de estudo no âmbito das pesquisas so bre inteligência que examina a compreensão das diferenças culturais na definição de inteligência Este campo analisa o que édenominado inteligência cultural ouQCSternberg Grigorenko 2006 Esta expressão é usada a fim de descrever a capacidade de uma pessoa para adaptarse adiversos desafios em culturas diferentes Ang Dyne Koh 2006 Sternberg Grigorenko 2006 Triandis 2006 As pesquisas também mostraram que variáveis de perso nalidade estão relacionadas à inteligência Ackerman 1996 Essas evidências consideradas em conjunto indicam que uma definição abrangente da inteligência incorpora muitas face tas do intelecto Definições explícitas de inteligência também adotam freqüentemente um foco orien tado à avaliação De fato alguns psicólogos têm se contentado em definir inteligência como tudo aquilo que os testes medem Boring 1923 Esta definição infelizmente é circular De acordo comela a natureza da inteligência é aquilo quepode sertestado Porém o queé tes tado precisa ser determinado necessariamente pela natureza da inteligência Além disso o que testes de inteligência distintos medem nem sempre é a mesma coisa Testes diferentes medem constructos um tanto distintos Daniel 1997 2000 Kaufman 2000 Kaufman Li chtenberger 1998 Portanto não é factível definir inteligência por aquilo que ostestes me dem como se todos avaliassem o mesmo parâmetro A propósito as respostas às questões formuladas no início do capítulo são as seguintes 1 Borracha Velas freqüentemente são produzidas com parafina do mesmo modo que pneus são feitos de c borracha 2 100 075 e lÁ são quantidades que decrescem por sucessivamente para completar a série a resposta é c um quarto que representa um decréscimo adi cional de lA 3 A primeira série tinha um círculo e um quadrado seguidos por dois quadrados e um círculo seguidos por três círculos e umquadrado a segunda série possuía três triângulos e um quadrado que seriam seguidos por b quatro quadrados e um triângulo 4 A pessoa que você conheceu é sem dúvida uma mentirosa Se a moça a respeito de quem essa pessoa estava falando fosse uma pessoa sincera ela teria dito que era sincera Se fosse uma mentirosa teria mentido e falado que também era uma pessoa sin cera Portanto independentemente de a moça ser sincera ou mentirosa ela teria afirmado que era sincera Em virtude de ohomem que você conheceu ter dito que ela eraumamentirosa eledeve estarmentindo e portanto deve serummentiroso Medidas e Estruturas da Inteligência As atuais medidas da inteligência remontam usualmente a uma de duas tradições his tóricas muito diferentes Uma tradição concentrouse nas capacidades de nível elementar e 476 Psicologia Cognitiva psicofísicas Estas incluem acuidade sensorial força física e coordenação motora A outra concentrouse nas capacidades de nível superiore de julgamento Descrevemos tradicional mente essas capacidades como relacionadas ao pensamento Neçka Orzechowski 2005 Pare por um momento para pensar sobre si mesmo e seus colegas mais próximos Como você se avaliaria e seus colegas em termos de inteligência Quando você faz estes julgamentos as capacidades psicofísicas parecem ser mais importantes Ou a capacidade de julgamento lhe parece ser mais importante Francis Gaíton 18221911 acreditava que inteligência éuma função de capacidades psico físicas Galton manteve durante diversos anos um laboratório bem equipado onde os visi tantes poderiam eles próprios ser submetidos a diversos testes psicofísicos Estes testes mediam uma ampla gama de habilidades e sensibilidades psicofísicas Um exemplo era aper cepção do peso a capacidade para notar pequenas diferenças de peso nos objetos Outro exemplo era asensibilidade ao tom acapacidade para perceber pequenas diferenças entre as notas musicais Um terceiro exemplo era a força física Galton 1883 Um dos muitos segui dores entusiásticos deGalton tentou detectar elos entre os diversos testes Wissler 1901 Ele esperava que tais elos unificariam as várias dimensões debase psicofísica da inteligência Po rém não identificou associações unificadoras Além disso os testes psicofísicos não previam as notas nafaculdade Portanto o método psicofísico para avaliação da inteligência logo caiu quase no esquecimento Reapareceria noentanto muitos anos mais tarde em uma configu ração um tanto diferente Alfred Binet 18571911 desenvolveu uma alternativa ao método psicofísico Ele e seu colaborador Theodore Simon também tentaram avaliar a inteligência porém ameta que al mejavam era muito mais prática do que puramente científica Binet havia sido solicitado a criarum procedimento para diferenciar alunos normais dos mentalmente atrasados Binet Simon 1916 Desse modo Binet e seu colaborador passaram a medir a inteligência como função dacapacidade de aprender noâmbito de um contexto acadêmico Na visão de Binet o julgamento é primordial para a inteligência o fundamental de acordo com ele não é a acuidade a força ou a habilidade psicofísicas Para Binet Binet Simon 1916 o pensamento inteligente julgamento mental engloba três elementos distintos direção adaptação e crítica Pense a respeito de como você mesmo está usando demodo inteligente esses elementos neste momento direção envolve conhecer o que precisa ser feito e como fazêlo adaptação referese a explicitar uma estratégia para reali zar uma tarefa eemseguida monitorar estaestratégia enquanto a implementa e crítica é sua capacidade para criticar seus próprios pensamentos e ações A importância da direção e da adaptação certamente seajusta às visões contemporâneas da inteligência e a noção de crítica de Binet parece presciente considerando a atual valorização dos processos metacognitivos como um aspecto básico da inteligência Inicialmente quando Binet e Simon desenvolveram seu teste de inteligência estavam interessados em algum meio para comparar a inteligência de uma criança com a de outras crianças da mesma idade cronológica física Para a finalidade que possuíam empenha ramse em determinar a idade mental de cada criança o nível médio de inteligência de uma pessoa de determinada idade Desse modo uma idade mental de 7referese ao nível de pen samento atingido por uma criança média de 7 anos As idades mentais possuíam utilidade para comparar uma determinada criança de 7anos com outras crianças da mesma idade po rém o uso de idades mentais tornava difícil comparar a inteligência relativa em crianças de idades cronológicas diferentes William Stern 1912 sugeriu como alternativa que avaliássemos a inteligência das pes soas usando um quociente de inteligência QI uma proporção entre idade mental IM e idade cronológica IC multiplicada por 100 Figura 131 Esta relação pode ser expressa ma FIGURA 131 Porcentagem aproximada de pessoas nas faixas da curva normal Desviospadrão Pontuação do OI Percentil Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificial 477 5 9 16 S4 919593 Esta figura apresenta uma distribuição normal conforme se aplica ao QIincluindo os valores que são usados algumas vees para caracterizar níveis diferentes deQl Éimportante não kvar muito asério estes valores porque representam somente caracterizações vagas e não descrições científicas de desempenho De Intelligence Applied Understanding and Increasing Your Intellectual Skills por Robert J Sternberg 1986 Harcourt Brace Compony Reproduzido mediante autorização daeditora tematicamente conforme segue QI 5 IMIC 100 Portanto se a idade mental 5 de Joan for igual à sua idade cronológica de 5 anos então sua inteligência é média e seu QI é 100 porque 55 100 100 Quando a idade mental excede a idade cronológica a proporção conduz a uma pontuação de QI inferior a 100 Os valores de inteligência que são expressos em termos de um quocienteentre idade mental e idade cronológica são denominadas pon tuaçõesdo QI Por várias razões aspontuações doQI também provaram serinadequadas Por exemplo os acréscimos à idade mental diminuem com a idade aproximada de 16 anos Uma criança de 8 anos com idade mental de 12 anos é bem inteligente No entanto vocêtem certeza de que um adulto de40anos com idade mental de60é igualmente inteligente embora a pon tuação do QI seja a mesma para a criança de 8 anos e o adulto de 40 anos O que a idade mental de 60 significa Atualmente os psicólogos raramente usam QIs baseados em ida des mentais Como alternativa os pesquisadores voltaramse para a mensuração de compa rações baseadas emsupostas distribuições normais deresultados detestes aplicados a grandes populações Os resultados baseados nos desvios da pontuação média de uma distribuição normal de resultados em um teste de inteligênciasão denominados desvios deQl Muitoste óricos cognitivos acreditam que os QIs proporcionam somente uma medida incompleta da inteligência conforme será discutido posteriormente Lewis Terman da Stanford Universitybaseouse nos trabalhos de Binet e Simon na Eu ropa eelaborou a primeira versão daquilo que passou a ser denominado Escala de Inteligên cia StanfordBinet Terman Merrill 1937 1973 Thorndike Hagen Sattler 1986 Quadro 131 O teste StanfordBinet foi durante muitos anoso padrãopara testes de inteligência e ainda é utilizado amplamente Noentanto as escalas Wechsler concorrentes assim denomi nadas em homenagem a seu criador provavelmente são até mais empregadas Existem três níveis nas escalas Wechsler de inteligência incluindo a terceira edição da Escala Wechsler de Inteligência de Adultos cuja sigla em inglês é WAISIII a quarta edição da Escala Wechsler de Inteligência deCrianças WISCIV dasigla eminglês e a Escala We chsler de Inteligência emNível PréEscolar e Primário WPPSI dasigla em inglês Os testes 478 Psicologia Cognitiva QUADRO 131 A Escala StanfordBinet de Inteligência As perguntas formuladas ao longo deste capítulo não são questões reaisde qualquer das escalas sua única finalidade consiste em ilustrar os tipos de perguntasque poderiam surgir em cada uma das principais áreas de conteúdo dos testes Como você responderia a essas perguntas O que suas respostas indicam sobre sua inteligência Área de Conteúdo Explicação das TarefasPerguntas Raciocínio verbal Compreensão do vocabulário Absurdos Relações verbais Definiro significadode uma palavra Demonstrar um entendimento do motivo pelo qual a palavra opera de determinada maneira Identificar a característica estranha ou absurda de uma imagem Dizer como três ou quatro itens são similares a outro porém diferentes de um quarto item Raciocínio Quantitativo Série de números Quantitativo Completar uma série de números Solucionar problemas simples de aritmética expressos por palavras Raciocínio FigurativofAbstrato Análise de configuração Resolver um quebracabeça em que a pessoa que se submete ao teste precisa combinar peças representando partes de formas geométricas juntandoas para obter uma determinada fotma geométrica Memória de Curto Prazo Memória para sentenças Memória para algarismos Memória para objetos Ouvir uma sentença e em seguida repetila exatamente como foi expressa pelo examinador Ouvir uma série de algarismos números e repetilos na ordem apresentada ou na ordem inversa ou em ambas Observar o examinador apontar para uma série de objetos em uma ilustração e apontar em seguida os mesmos objetos exatamente na mesma seqüência apresentada pelo examinador Exemplo de uma Possível TarefaPergunta O que a palavra diligente significa Por que as pessoas algumas vezes tomam dinheiro emprestado Reconhecer que os jogadores de hóquei no gelo não patinam sobre o gelo nos lagos em que pessoas em traje de banho estão mergulhando Observar que uma maçã uma banana e uma laranja podem ser comidos porém não uma caneca Dados os números 1 3 5 7 9 que número deveria vir em seguida Se Maria possuiseis maçãs e deseja dividilas igualmente entre ela e suas duas melhores amigasquantas maçãs ela dará a cada amiga Junte estas peças para obter uma forma geométrica Repita esta sentença para mim Harrison foi dormir tarde e acordou cedo na manhã seguinte Repita estes números em ordem inversa 9 136 Aponte para a cenoura em seguida para a enxada depois para o espantalho e finalmente para a bola de beisebol Capítulo 13 Inteligência Humanae Artificial 479 QUADRO 132 A Escala Wechsler de Inteligência deAdultos Com base na área de conteúdo e nos tipos de perguntas apresentados aqui como a Escala Wechsler difere da Escala StanfordBinet Área de Conteúdo Escala verbal Compreensão Vocabulário Informação Similaridade Aritmética Série de algarismos Performance Scaie Junção de objetos Criação de blocos Complemento de uma imagem Disposição de imagens Símbolos dos algarismos Explicação das TarefasPerguntas Responder a perguntas de conhecimento social Definir o significadode uma palavra Fornecer uma informação geralmente co nhecida Explicar como duas coisas ou dois concei tos são similares Solucionar problemas simplesde aritmé tica expressos por palavras Ouvir uma série de algarismos números e repetilos em seguida na ordem apresen tada ou na ordem inversa ou em ambas Solucionar um quebracabeça combinando peçaspara formarum determinado objeto idêntico Usar blocos configurados para formar um desenho idêntico ao apresentado pelo examinador Dizero que está faltando em cada imagem Dispor um conjunto de imagens parecidas com cartuns em ordem cronológica de modo a narrarem uma história coerente Quando for apresentado um padrão combinando símbolos específicos a determinados numerais usar a seqüência de símbolos para fazera transcrição de símbolos para numeraisusandoo padrão Exemplo de uma Possível TarefaPergunta O que significaquando as pessoas dizem Um cuidado tomado a tempo evita mui tos contratempos Por que os crimino sos condenados vão para a cadeia O que significapersistente O que significaarqueologia1 Quem é Laura Bush Quais são os seis es tados da Nova Inglaterra O que existe de parecido em uma avestruz e um pingüimO que existe de similar em um abajur e um aquecedor Se Paul possui R 1443 e compra dois sanduíches que custam R 523 cada quanto ele receberá de troco Quantas horas serão necessárias para percorrer 1800 quilômetros se você está viajando a 90 quilômetros por hora Repita estes números em ordem inversa 9 1 8 3 6 Repita estes números na seguinte ordem6 9 3 2 8 Junte estas peças para obter algo m Junte os blocos à esquerda para que cor respondam ao desenho à direita aaaa O que está faltando nesta ilustração Coloque estas imagens em uma ordem que narre uma história e diga em seguidao que está acontecendo na história Observe cuidadosamente o padrão apre sentado quais símbolos correspondem a quais numerais Indique nos espaços em branco o numerai correto para o símbolo acima de cada espaço O D 0 e D O e D o o e 1 2 3 480 Psicologia Cognitiva Wechslerproporcionam três pontuaçõespontuação verbal pontuação de desempenhoe pon tuação geral A pontuação verbal baseiase em testes como similaridades verbais e de vocabu lário Nas similaridades verbais a pessoa que se submete ao teste precisa dizer como duas coisas são similares A pontuação de desempenho baseiase em diversos testes Um deles é completar uma imagem que requer a identificação de uma parte faltante em uma ilustração de umobjeto O outroé umaconfiguração de imagens que requero rearranjo de um conjunto misturado de imagens parecidas com a de cartuns em umaordem que indique uma história coerente A pontuação geralé uma combinaçãoentre a pontuação verbale a de desempenho O Quadro 132 apresenta os tipos de itens de cada um dos subtestes da escala Wechsler de adultos que você pode desejarcomparar com aqueles do StanfordBinet Wechsler de modo análogo a Binetadotavaum conceitode inteligência que ia alémdo que seu próprio teste media Wechsler acreditava claramente na validade das tentativas de medição da inteligência Porém não limitouseu conceito de inteligência aos resultados dos testes Wechsler acreditava que a inteligência é fundamental para o nosso cotidiano Inteli gência não é representada apenaspela pontuaçãoem um teste ou mesmo por aquiloque rea lizamos na escola Usamosnossa inteligência não somente para submeternos a testes e fazer a liçãode casaTambém a usamos para nos relacionarmos com as pessoas desempenhar nos sas funções eficazmente e cuidar de nossas vidas Um teste de inteligência relacionado é a Escala Wechsler de Inteligência de Adultos Re vistacomoum Instrumento Neurológico WAISR NI da sigla em inglês Kaplanetai 1991 Estaferramentaé usadapara avaliara capacidade intelectual das pessoas com lesões cerebrais No conjuntode diferenças entre estaescala e a WAIS a principal é o grupo normativo ao qual a pessoa que estásendo testadaé comparada Na WAISR NI o gruponormativo inclui pes soas com lesões no cérebro Portanto essa ferramenta podeser usada para avaliar comoa ca pacidade intelectual de umapessoa com lesão comparase a outraspessoas com o mesmo tipo de problema Isto permite que se avalie a severidade do dano Um foco na medição da inteligência é apenas uma das diversas abordagens da teoria e das pesquisas de inteligência Pelomenosdois dos principais temasda metodologia para o estudo da inteligência surgiram em capítulos anteriores deste livro com relação a outros tópicos da Psicologia Cognitiva Um diz respeito aos psicólogos cognitivos que devem se concentrar na mensuração da inteligência ou nos processos da inteligência Um segundo é aquele relacio nado ao que se encontra na base da inteligência a herança genética de uma pessoa os atri butos adquiridos por alguém ou algum tipo de interação entre os dois Os psicólogos interessados na estrutura da inteligência têm se apoiado na análise fato rial como a ferramenta indisponível para suas pesquisas Análise fatorial é um método es tatístico para separar um constructo inteligência neste caso em alguns fatores ou capacidades hipotéticos que os pesquisadores acreditamformar a base das diferenças indivi duais no desempenho em testes Os fatores específicos obtidos ainda dependem evidente mente das perguntas específicas sendo formuladas e das tarefas sendo avaliadas A análise fatorial baseiase em estudos de correlação A idéia é que quanto maiora cor relação entredois testes maior a probabilidade de que meçam a mesma variável Na pesquisa da inteligência umaanálisefatorial podeenvolver os passos descritos a seguir Primeiro sub meta um grandenúmero de pessoas a diversos testes distintos de capacidade Segundo deter mineascorrelações entre todos estes testes Terceiro analiseestatisticamente essas correlações parasimplificálas em um número relativamente pequeno de fatores que resumam o desempe nho das pessoas nos testes Os pesquisadores nessa área geralmente concordaram com este procedimento e o adotaram No entanto as estruturas fatoriais da inteligência resultantes di feriram entre os vários teóricos Entre asdiversas teorias fatoriais concorrentes asprincipais provavelmente foram as de Spearman Thurstone Guilford Cattell Vernon e Carroll A Fi gura 132 contrasta quatro dessas teorias FIGURA 132 Capacidades gerais Compreensão verbal Operações Cogniçâo Memória Produção divergente Produção convergente Avaliação Produtos Unidades Classes Relações Sistemas Fluência verbal Número Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificial 481 7i a Espaço Memória b Capacidades Específicas m Raciocínio indutivo Rapidez perceptiva Principais fatores do grupo Fatores secundários do grupo Fatores específicos d EmboraSpearman Thurstone Guilford e Vemon usassem a analise fatorial para determinar osfatores subjacentes à inteligência todos chegaram a conclusões diferentes a respeito daestrutura dainteligência Quemodelo descreve de modo mais simples embora abrangente a estrutura dainteligência conforme você a entende Como modelos espe cíficos deinteligência formam nossa compreensão dainteligência De In Search of the Human Mindpor Robert Sternberg 1995 por Harcourt Brace Company Reproduzido mediante autorização da editora Spearman O Fator g Charles Spearman 18631945 é consideradoo inventor da análise fatorial Spearman 1927 Usando estudos fatoriaisanalíticos Spearman concluiu que a inteligência pode ser compre endida em termos de dois tipos de fatores Um único fator geral permeia o desempenho em todos os testes de aptidões mentais Um conjunto de fatores específicos está envolvido no desempenho não apenasde um único tipo de teste de aptidão mental por exemplo cálculos aritméticos Na visãode Spearman osfatores específicos sãosomente de interesse casual em virtudeda aplicabilidade restritadeles ParaSpearmano fator geral queeledesignou porg fornece a chave para a compreensão da inteligência Spearman acreditava que g seria o 482 Psicologia Cognitiva resultado de energia mental Muitos psicólogos ainda acreditam que a teoria de Spearman é essencialmente correta por exemplo Jensen 1998 2005 Lykken 2005 veja ensaios em Ster nberg Grigorenko 2002b Thurstone Capacidades Mentais Primárias Louis Thurstone 18871955 em contraste a Spearman concluiu que o núcleo da inteligên cia não reside em um único fator mas em sete destes fatores Thurstone 1938 Ele os deno minou capacidades mentais básicas De acordo com Thurstone são as seguintes 1 Compreensão verbal medida por testes de vocabulário 2 Fluência verbal medida por testes com limitação de rempo exigindo que a pessoa submetida aos testes pense no maior número possível de palavras que começam com uma dada letra 3 Raciocínio indutivo medido por teste do tipo de analogias e de tarefas que envolvem completar séries de números 4 Visualização espacial medida por testes que requerem rotação mental de imagens de objetos 5 Número medido por cálculos e testes envolvendo solução de problemas matemáti cos simples 6 Memória medida por testes de recordação de imagens e palavras 7 Rapidez perceptita medida por testes que exigem da pessoa testada o reconheci mento de pequenas diferenças em imagens ou eliminação de como em séries de diversas letras Esses componentes proporcionam uma maneira direta para a medida da inteligência conforme definida por Thurstone 1938 A medida da inteligência ainda é usada por al guns experimentadores para avaliação da capacidade intelectual VigilColet MoralesVi ves 2005 Guilford A Estrutura do Intelecto O modelo de estrutura do intelecto SOI da sigla em inglês Guilford 1967 1982 1988 encontrase no extremo oposto ao modelo do fator g único de Spearman Inclui até 150 fatores da mente em uma versão da teoria De acordo com Guilford a inteligência pode ser compreendida em termos de um cubo que representa a intersecção de três dimensões veja a Figura 132 As dimensões são operações conteúdos e produtos Guilford afirmou que operações são simplesmente processos mentais como memória e avaliação A avaliação en volve fazer julgamentos como determinar se uma declaração em particular corresponde a um fato ou a uma opinião Conteúdos são os tipos de termos que aparecem em um problema Exemplossão conteúdo semântico palavras e o conteúdo visual imagens Produtos são os tipos de respostas requeridas Incluem unidades palavras números ou imagens isolada mente classes hierarquias e implicações veja a Figura 132 Diversos psicólogos julgaram que Guilford postulou mais fatores do que conseguiu pro var por exemplo Eysenck 1967 Horn Knapp 1973 Talveza contribuição mais valiosa de Guilford foi propor que consideramos diversos tipos de operações conteúdos e produtos mentais emnossas visões e avaliações da inteligência Capítulo 13 Inteligência Humanae Artificial 483 Cattell Vernon e Carroll Modelos Hierárquicos Um modelo hierárquico da inteligência constitui uma maneira mais parcimoniosa para lidar com alguns fatores da mente Um destes modelos propôsque a inteligência geral inclui dois subfatores principais a capacidade fluida e a capacidade cristalizada Capacidade fluida é a rapidez e precisão do raciocínio abstrato especialmente para problemas novos Capacidade cristalizada é o conhecimento e o vocabulário acumulados Cattel 1971 Ou tros subfatores mais específicos encontramse incluídos nesses dois subfatores principais Uma visão similar é uma divisão entre capacidades de natureza práticomecânica e verbal educacional Vernon 1971 Um modelo mais recente é uma hierarquia englobando três estratos Carroll 1993 O estrato I inclui muitas capacidades limitadase específicas por exemplo capacidade para ver balizar rapidez de raciocínio O estrato II abarcadiversas capacidades amplas porexemplo inteligênciafluida inteligência cristalizada E o estrato III é apenas uma única inteligência geral muito parecida com o gde Spearman Dessesestratos o mais interessante é o estrato médio o qual não é muito limitado nem totalizante Além das inteligências fluida e cristalizada Carroll inclui no estrato médio diversas ou tras capacidades processos de aprendizado e de memória percepção visual percepção audi tiva produção fácil de idéias similar à fluência verbal e rapidez que inclui a simples rapidez de resposta e a rapidez para responder de modo preciso O modelo de Carroll é provavel mente o modelo psicométrico mais amplamente aceito Enquanto a abordagem fatorialana lítica que exemplifica tendeu a enfatizar as estruturas da inteligência o método de processamento da informação tendeu a ressaltar as operaçõesda inteligência Processamento de Informação e Inteligência Os teóricos do processamento de informação estão interessados em estudar como as pessoas manipulam mentalmente aquilo que aprendem e conhecem a respeito do mundo Hunt 2005 O modo pelo qual diversos pesquisadores de processamento de informaçãoestudam a inteligência difere principalmente em termos da complexidade dos processos que estão sendo estudados Stankov 2005 Os pesquisadores consideraram a rapidez e a precisãodo processamento de informação como fatores importantes para a inteligência Teorias do Tempo de Processamento Tempo de inspeção é a duração de tempo que se leva para inspecionar itens e tomar uma decisão a respeito deles Nettelbeck 1987 Nettel beck Lally 1976 Nettelbeck Rabbitt 1992 veja também Deary 2000 Deary Stough 1996 Neubauer Fink 2005 Eis aqui um uso típico do paradigmaPara cada uma de diversas tentativas uma tela de computadormostra um indicadorde fixação umponto na área onde aparecerá uma figura durante 500 milissegundos Ocorre então uma pausa de 360 milissegundos Após este período o computador apre senta o estímuloalvo durante certo intervalo de tempo Finalmente apresenta um disfarce visual um estímulo que apaga o traço na me mória icônica O estímuloalvo normalmente inclui duas linhas verticais de comprimento diferente Por exemplo uma poderia ter 25 milímetrose EarlHunt é professor emérito na Universidade de Washington Elereali zoutrabalhos importantes sobre modelos computacio nais do raciocínio indutivo natureza dainteligência e alterações damemória e de raciocínioinduzidas pormedicamentos Foto Cortesiado Dr EarlHunt 484 Psicologia Cognitiva a outra 35 milímetros de comprimento As duas linhas são alinhadas no alto por uma barra horizontal A linha de comprimento menor pode aparecer do lado direito ou do lado es querdo do estímulo O disfarce visual é um par de linhas mais espessase mais compridas que as duas linhas do estímuloalvo e indica em seguida o lado em que apareceu a linha menor A pessoa indica o estímulo à esquerda pressionando um botão à esquerda em um console co nectado a um computador que registra as respostas O estímulo à direita é indicado pressio nando o botão à direita A principal variávelé a duração de tempo para a apresentação do estímuloalvoe não a velocidade de responderpressionandoo botão Nettelbeck definiuo tempo de inspeção ope racionalmente é a duração de tempo para apresentação do estímuloalvo após a qual o par ticipante ainda responde com pelo menos 90 de precisão ao indicar o lado em que apareceu a linha menor Ele descobriu que tempos de inspeção menores correlacionamse mais proxi mamente com as pontuações em testes de inteligência por exemplo várias subescalas de WAIS entre populações diferentes de participantes Nettelbeck 1987 Outros pesquisado res confirmaram esta descoberta por exemplo Deary Stough 1996 Tempo de Reação para a Escolha Alguns pesquisadores propuseram que a inteligência pode ser compreendida em termos da velocidade de condução neuronal por exemplo Jensen 1979 1998 Em outras palavras a pessoa arguta é alguém cujos circuitos neurais conduzem informações rapidamente Quando Arthur Jensen propôs esta noção ainda não se encontravam prontamente disponíveis me didas diretas da velocidade de condução nervosa Então Jensen estudou inicialmente uma proposta para a substituição da medição da velocidade do processamento neural A substi tuição foi feita pelo tempo dereação para a escolha o tempo que decorre para selecionar uma resposta entre diversas possibilidades Considere um paradigma típico do tempo de reação para a escolha O participante está sentado de frente a um conjunto de luzes em um painel Figura 133 Quando uma das lu zes pisca ele a apaga pressionando o mais rapidamente possível um botão abaixo da luz cor reta O pesquisador mediria então a rapidezdo participante na execução desta tarefa FIGURA 133 Botão central Botão de escolha Luz Para medir o tempo de reação para a escolha jensen usou um dispositivo como o apresentado nailustração The ree Press uma divisão da Simon Schuster Adult Publishing Group deBiasin Mental Testingpor Arthur RJensen 1980 Arthur R fensen Capítulo 13 inteligência Humana e Artificial 485 Participantes com QIs maiores são mais rápidos que aqueles com QIs menores em termos de tempo de reação TR Jensen 1982 Nessa versão específica da tarefa TR é definido como a duração de tempo entreo aparecimento de uma luz e o instante emqueo dedo se afasta do botãocentral Em alguns estudos os participantes com QIs superiores também demonstraram tempo de movimento TM mais rápido TM é definido como a duração de tempo entre o des locamento do dedodo botão central e a pressão do botão soba luz Estas descobertas podemser devidasà maior velocidade de condução do nervo central emborapresentementeesta proposta permaneça no terreno daespeculação Reed Jensen 1991 1993 Várias descobertas relacionadas ao tempo de reação para a escolha podem ser influencia das porfatores exteriores incluindo o número derespostas alternativas e osrequisitos deexame visual do dispositivo de Jensen Neste caso o TR conforme medido não seria um resultado somente da rapidez do tempo de reação Bors MacLeod Forrin 1993 Em particular a ma nipulação do número de botões e o tamanho do ângulo visual da telaoquanto docampo vi sual abarca podem reduzir a correlação entreQI e tempo de reação Bors MacLeod Forrin 1993 Portanto a relação entre tempo de reação e inteligência não é clara Rapidez de Acesso Léxico e Rapidez de Processamento Simultâneo Alguns pesquisadores focalizaram a rapidez de acesso léxico a velocidade coma qualpode mos recuperar informações sobre palavras por exemplo designação de letras armazenadas em nossa memória de longo prazo Hunt 1978 Essa velocidade pode ser medida por meio de uma tarefa de tempo de reação para a combinação de letras proposta inicialmente por Posner e Mitchell em 1967 Hunt 1978 Mostramse aos participantes pares de letras como A A A a ou A b Eles indicam para cada par seas letras constituem uma combinação com a mesma designação por exem plo A a representa a mesma letra doalfabeto oque nãoocorre com A b Também são sub metidos a uma tarefa mais simples para a qual são solicitados a indicar se as letras são fisicamente iguais por exemplo A A são fisicamente idênticas aopasso que Aa nãoo são A variável de interesse é a diferença entre a velocidade que exibem para o primeiro conjunto de tarefas envolvendo igualar asdesignações e a velocidade parao segundo conjunto envol vendo igualar características físicas Considerase quea diferença do tempo de reação entreos dois tipos detarefas proporciona uma medida da rapidez deacesso léxico Este resultado seba seia emuma subtração o tempo de reação dacombinação de letras menos o tempo de reação dacombinação física A subtração controla meramente o tempo deprocessamento perceptivo Alunos commenorcapacidade verbal levam mais tempo paraobteracesso a informações léxi casdo queos alunos com maior capacidade verbal Hunt 1978 A inteligência também possui relação com a capacidade das pessoas para dividir sua atenção Hunt Lansman 1982 Por exemplo suponha que se solicite aos participantes re solverem problemas matemáticos e pressionarem simultaneamente um botão logo que es cutemum tomPodemos esperar quesolucionariam osproblemas de Matemática eficazmente e reagiriam rapidamente ao tom ao mesmo tempo De acordo com Hunt e Lansman pes soas mais inteligentes são mais capazes de dividir o tempo entre asduas tarefas a fim de exe cutar ambas eficazmente Em resumo asteorias do tempo de processamento tentam explicar asdiferenças de inte ligência valendose das diferenças darapidez das várias formas de processamento das informa ções Constatouse que o tempo de inspeção o tempo de reação para a escolha e o tempo de acesso léxico possuem todos correlação com medidas de inteligência Estas descobertas indi cam que em média maior inteligência pode estar relacionada à velocidade de várias capaci dades de processamento de informações Pessoas mais inteligentes codificam informações mais rapidamente na memória de trabalho acessam informações com mais rapidez na memó ria de longo prazo e respondem de modo mais rápido Por que a codificação a recuperação 486 Psicologia Cognitiva e a resposta estariam associadas com melhores resultados nos testes de inteligência Aqueles que processam informações rapidamente aprendem mais Existe um elo entre processamento de informação mais lento em virtude da idade e 1 a codificação inicial e a rememoração das informações e 2 a retenção de longo prazo Net telbeck et ai 1996 veja também Bors Forrin 1995 Parece que a relação entre tempo de inspeção e inteligência pode não estar relacionada ao aprendizado Existe em particular umadiferença entrea recordação inicial e o aprendizado de longo prazo real Nettelbeck et ai 1996 O desempenho em termos darecordação inicial é mediado pela velocidade de pro cessamento Participantes mais idosos e mais lentos apresentaram deficits A retenção a longo prazo de novas informações preservada emparticipantes mais idosos é mediada porproces sos cognitivos distintos da rapidez de processamento Estes processos incluem estratégias de ensaio Portanto a velocidade do processamento de informação pode influenciar o desempe nho inicial emtarefas envolvendo recordação e tempo de inspeção porém a rapidez nãose encontra relacionada à aprendizagem a longo prazo Talvez um processamento mais rápido da informação ajude os participantes nos aspectos de desempenho nas tarefas dos testes de inteligência ao invés decontribuir para o aprendizado real e para a inteligência Não há dú vida deque essa área requer mais pesquisas paradeterminar como a velocidade do processa mento de informações relacionase à inteligência Memória de Trabalho Trabalhos recentes indicam que a memória de trabalho pode ser um componente crítico da inteligência Realmente alguns pesquisadores argumentaram que inteligência pode ser pouco mais do que memória de trabalho Kyllonen Christal 1990 Em um estudo os participantes leram conjuntos de trechos e após têlos lido tentaram se lembrar da última palavra de cada trecho Daneman Carpenter 1983 A recordação possuía grande correlação com a capaci dade verbal Em outro estudo os participantes executaram diversas tarefas de memória de trabalho Em uma tarefa por exemplo os participantes viram um conjunto de problemas arit méticos simples cada um dos quais era seguido por uma palavra ouum algarismo Um exemplo seria 3 x5 6é igual a 7 MESA Turner Engle 1989 veja também Hambrick Kane Engle 2005 Osparticipantes viram conjuntos variando dedois a seis desses problemas e soluciona ram cada um deles Após resolverem os problemas do conjunto tentaram se lembrar das pala vras indicadas após os problemas O número de palavras recordadas possuía grande correlação com a inteligência mensurada Existem indicações deque uma medida da memória de trabalho consegue oferecer uma previsão quase perfeita dos resultados de testes decapacidade geral Colom et ai 2004 veja também Kane Hambrick Conway 2005 Outros pesquisadores demonstraram uma relação significativa porém menor entre memória de trabalho e inteligência geral por exemplo Ackerman Beier Boyle 2005 Portanto parece que a capacidade para armazenar e mani pular informações na memória de trabalho pode ser um aspecto importante dainteligência No entanto provavelmente não é tudo que compõe a inteligência Teoria dos Componentes e Resolução de Problemas Complexos As abordagens cognitivas do estudo do processamento de informações podem ser aplicadas a tarefas mais complexas como analogias e problemas envolvendo séries por exemplo comple tar uma série numérica e figurativa e silogismos Sternberg 1977 1983 1984 veja o Capítulo 12 A idéia consiste em aproveitar os tipos de tarefas usadas em testes de inteligência conven cionais e isolar componentes da inteligência Componentes são osprocessos mentais usados na realização dessas tarefas como traduzir uma impressão sensorial em uma representação mental Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificial 487 transformando uma representação conceituai em uma ação motora Sternberg 1982 Muitos pesquisadores analisaram mais afundo eampliaram este método básico Lohman 2000 2005 Wenke Frensch Funke 2005 A análise dos componentes divide os tempos de reação e as porcentagens deerros das pes soas na execução dessas tarefas em termos dos processos que formam as tarefas Este tipo de análise revelou que as pessoas conseguem solucionar analogias e tarefas similares usando di versos processos componentes Entre eles há vários processos Um primeiro processo consiste nacodificação dos termos do problema Um segundo éa inferência de relações entre pelo me nos alguns dos termos Um terceiro éo mapeamento das relações inferidas tomando por base outros termos o que se presumiria que mostrasse relações similares E umquarto é a aplica ção às novas situações das relações inferidas previamente tConsidere aanalogia ADVOGADO CLIENTE MÉDICO a PACIENTE b RE MÉDIO Para solucionar esta analogia você precisa codificar cada termo do problema Isto inclui entender um termo e recuperar da memória informações a seu respeito Você infere emseguida a relação entre advogado e cliente Particularmente o primeiro prove serviços profissionais para o segundo Você então mapeia a relação na primeira parte da analogia para asegunda parte Neste caso você observa que envolverá a mesma relação Finalmente você aplica essa relação inferida para gerar o termo final daanalogia Isto conduz à resposta apropriada PACIENTE AFigura 134 apresenta como aanálise de componentes seria apli cada a um problema de analogia A está para Bassim como C está para D em que Dé a so lução O estudo desses componentes do processamento das informações revela mais do que apenas rapidez mental Existem correlações significativas entre a rapidez de execução desses processos e o de sempenho em testes de inteligência diferentes e tradicionais No entanto uma descoberta mais surpreendente é que os participantes que conseguem pontuação mais elevada em testes de inteligência tradicionais levam mais tempo para codificar os termos do problema em com paração aos participantes menos inteligentes Porém compensam o tempo adicional gasto levando menos tempo para executar oscomponentes remanescentes da tarefa Em geral os FIGURA 134 Resposta Mapeamento Apessoa que se propõe aresolver um problema de analogia precisa codificar inicialmente oproblema Aestá para B assim como C está para D A pessoa precisa inferir em seguida a relação entre Ae B O próximo passo consiste em mapear a relação entre AeB para àrelação entre Cecada uma das soluções possíveis para a analogia Finalmente deve aplicar arelação para escolher qual das soluções possfveis éasolução correta do problema 488 Psicologia Cognitiva NO LABORATÓRIO DE RANDALL ENGLE Desde os primórdios da existência da área os psi cólogos têm pesquisado medidas que refletem as pectos fundamentais de nossas capacidades e as li mitações cognitivas e a naturezadasdiferenças in dividuais nessascapacidades e limitações Uma das medidas que se considera me lhor refletircapacidadescognitivas fundamen tais foi a tarefa de amplitude da memória o número de algarismosou palavras que poderia ser lembradona ordem correta apósuma única apresentação A versão numérica dessa tarefa foi proposta inicialmente como uma medida de importância básica para a cognição em meados do século XIX e os visitantes da Feira Mundial em Chicago pagaram para ter sua amplitude de memória medida por um grupo de psicólogos pioneirosNo entanto para uma tarefa que se supõe refletir uma capacidade cognitiva básica o conjunto de algarismos não se correlaciona adequadamente com a maior parte das tarefascognitivas de ordem superior pelo menos entre uma população adulta nor mal e saudável Apesar disso uma alteração ligeira nessas tarefasresultaem umamudança um tanto drástica no valor de previsão das medidasda amplitude da memóriaou da capa cidade da memória de trabalho Em meu laboratório meus alunos e eu fi camos surpresos pelas perguntas sobre as ca pacidades cognitivas fundamentais Estamos interessados especificamente na natureza psi cológica dessascapacidades em como medilas e em como criar melhores medidas para elas em quando essas capacidadesfundamentaissão importantes e quando não o são no mundo real ou na cognição bruta os mecanismos do cére bro e osfatoresexperimentais que afetam essas capacidades Começamos a entender recente mente que embora essas medidas reflitam um aspectode longaduração e importante da inte ligência fluida e possuam uma qualidade de traço psicológico também refletem um es tado um tanto efêmero da pessoa que se en contra afetada por condições como privação do sono depressão e ameaça social Vamos justificar essas afirmações por meio de alguns detalhes Nós e outrospesquisadores constatamos que ao contrário das tarefas sim ples envolvendo conjuntosde algarismos tarefas complexasenvolvendoamplitude da memória proporcionam medidas que satisfazem os dois principaiscritériospara qualqueravaliaçãopsi cológica São confiáveis poistendem a ser coe rentes ao longo do tempo e da aplicação dos testes e são válidos pois conseguem prever uma ampla gama de medidas cognitivas de ordem superior Essas amplitudes complexas normalmente englobam tarefas inseridas Por exemplo na tarefa de conjunto de operações a pessoa que está sendo testada resolveria uma série aritmética simples do tipo 3x31 7 Apósdar uma resposta a estaquestãoa pessoa veriaentão uma letra como F Após uma sé rie de três a sete de tais itens a pessoa vê um conjunto de pontos de interrogação indicando que ela deve se lembrar de todas as letras na quela série de itens O número de letras reme morado representa a pontuação principal embora as pessoas recebam um grande incen tivo para ser o mais precisas possível nos cálculos aritméticos Resulta não ser muito importante se o teste inclui o componente aritmético ou exigeque a pessoaleiae verifique uma sentença ou faça a rotação mental de uma configuração visual O simples ato de inserir alguma tarefa queexige atençãocomos itensa serem lembrados resulta em uma medida que reflete algo importante relativo às nossas capa cidades cognitivas Em diversos estudos de grandeabrangência que empregaram uma téc nica estatística denominada modelagem estru tural de equações meu laboratório mostrou que uma variedade dessas tarefas tende a refle tir um constructo comum denominado variá vellatente independentementede essastarefas serem verbais ou espaciais Além disso essa variávellatente tende a preveradequadamente as medidas de inteligência fluida que foram previstas para serem relativamente razoáveis em termos culturais Argumentamos que essas medidas complexas da memória de trabalho refletem uma capacidade para controlar nossa atenção particularmente quando esta tende a Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificial 489 NO LABORATÓRIO DE RANDALL ENGLE continuação ser direcionada a pensamentos irrelevantes originados no ambiente ou recuperados da memória Em um de nossos estudos solicita mos aos participantes que se concentrassem em uma cruz no centro de uma tela de com putador Em algum momento uma caixa tre mularia em um dos lados da tela Quando isto acontecia o participante deveria direcionar seu olhar imediatamente para uma caixa no outro lado da tela Medimos o movimento dos olhos para que pudéssemos detectar erros de movimento mesmo ligeiros e rápidos em di reção à caixa tremulante Esta tarefa é de grandesimplicidade porémexigente Milhões de anos de evolução predispuseram todos os animais a atentarem a sinais de tremulação indicando movimento porque podem nos co mer ou poderíamos comêlos Resistir a essa respostaa que estamos fortemente predispos tos requer um controle rigoroso de nosso sis tema de atenção Constatamos que as pessoas com boa pontuação nas medidasde conjuntos complexos cometiam um número muito me nor de erros ao observar a caixa tremulante O laboratório e nossos associados em outras universidades provaram que essas medidas de conjuntos complexos tendem a ser confiáveis durante muitos meses além disso prevêem o desempenho em uma ampla gama de tarefas cognitivas de ordem superior incluindo mui tas tarefas relevantes do ponto de vista edu cacional como compreensão da leitura mas também muitas tarefas de ordem inferior como a tarefa Stroop Antigamente as pessoas con sideravam as capacidades cognitivas como um traço ou algo que era fixo nos indivíduos É interessante observar que provamos recente mente que medidas de conjuntos complexos são altamente sensíveis aos efeitos da privação de sono A tarefa envolvendo diversas opera ções previu de modo excelente o número de erros que pilotos com muita experiência come teram em um simulador de voo sofisticado após 20 a 30 horas de privação do sono Diría mosque a privação do sono conduz a uma di minuição temporária da eficáciados sistemas cerebrais responsáveis pela atenção ou pelo controle cognitivo que acarretarão erros em todas as tarefas que exigem tal controle cog nitivo e emocional Outro exemplo de mundo realdo impactode fatores externossobrecapa cidades cognitivas é a demonstração recente do impacto no fenômeno de Psicologia Social denominado ameaça do estereótipo o de sempenho inferiorde um grupo com baseem sua crença de que o grupo não desempenha tão bem uma tarefa quanto outro grupo Por exemplo as mulheres não possuem desempe nho tão bom quanto os homens em Matemá tica Uma redução do controle cognitivo conforme avaliada por medidas de amplitude complexas é responsável por esse efeitodebi litante em avaliaçõescomo testes de Matemá tica para mulheres ou testes de inteligência para minorias Essas descobertas indicam que as medidas de amplitude complexas como as relacionadasà amplitude de operação e ampli tude de leitura poderiam refletiruma variável de traço fixo do indivíduo mas também re fletir uma variável do estado atual moderado O aspectoda inteligência fluida que denomi namoscapacidade da memória de trabalho ou controle da atenção reflete variáveisde traço e de estado o que torna a compreensão do desempenho de qualquer pessoa em um dado momento uma tarefa realmente complexa A meta de meu laboratório é continuar a com preender e a medir melhor esses conceitosbem como entender como exercem impacto sobre indivíduos e grupos em suas vidas diárias participantes mais inteligentes demoram mais durante o planejamento global codificando oproblema eformulando uma estratégia geral para atacar o problema ou oconjunto de pro blemas Porém precisam de menos tempo para o planejamento local criando e implemen tando estratégias paraosdetalhes da tarefa Sternberg 1981 A vantagem de dedicar mais tempo ao planejamento global consiste na maior possi bilidade de que a estratégia geralserácorreta Portanto quando levarmais tempoé uma 490 Psicologia Cognitiva vantagem as pessoas mais brilhantes podem levar mais tempo para fazer algo do que as pes soas menos brilhantes Por exemplo a pessoa mais inteligente poderia empregar mais tempo na pesquisa e no planejamento para preparar uma dissertaçãode conclusãodo semestre po rém menos tempo na redação do trabalho Esta mesma diferença na alocação do tempo foi demonstrada igualmente em outras tarefas Um exemploseria a soluçãode problemas de Fí sica Larkin et ai 1980 veja Sternberg 1979 1985a ou sejapessoas mais inteligentes pa recem empregar mais tempo planejando e codificando os problemas propostos Porém dedicam menos tempo equacionando os outros componentes do desempenho da tarefa Isto pode se relacionar ao atributo metacognitivo mencionado anteriormente que muitos in cluem em sua noção de inteligência Os pesquisadores também estudaram o processamento de informaçãodas pessoas que se encontram em situações de resolução de problemas complexos Exemplos são jogar xadrez e chegara conclusões lógicas Newell Simon 1972 Simon 1976 Porexemplo uma tarefasim plese de curta duração poderia requerer que os participantes visualizassem inicialmente uma progressãoaritmética ou geométrica Em seguida precisariam conhecer a regra em que se ba seia a progressão E finalmente precisariamdeterminar que termo aritmético ou geométrico poderia vir a seguir Tarefas mais complexas poderiam incluir algumas das tarefas menciona das no Capítulo 11 por exemplo os problemas com os jarros de água veja Estes 1982 O de sempenho nestas e em outras tarefas pode ser analisado em um nível biológico Uma Abordagem Integradora Uma abordagem integradora combinaria modelos de vários tipos de funcionamento cogni tivo com basespara a inteligência Em tal abordagem podem ser detectadas quatro fontesde diferenças individuais da inteligência Ackerman 1988 2005 1 extensão do conheci mento declarativo 2 extensão das aptidões deprocedimento 3 capacidade de memória de trabalho e 4rapidez de processamento A vantagem desta abordagemé que ela não tenta localizar asdiferenças individuais de inteligência comooriginárias de uma única fonte pois em vez disso muitas fontes encontramse envolvidas Bases Biológicas da Inteligência O cérebro humano é claramente o órgão que age como base biológica para a inteligência humana Os primeiros estudoscomo aqueles de Karl Lashley analisaram o cérebro para de terminar índicesbiológicos de inteligência e outrosaspectosdosprocessos mentais Foramum enorme fracasso apesardo grande empenho Noentanto em virtude de os instrumentos para o estudo do cérebro terem se tornado mais sofisticados estamos começando a vislumbrara possibilidade de detectar indicadores fisiológicos da inteligência por exemplo Matarazzo 1992 Entretanto índices de aplicação generalizada demorarão muito mais tempo para ser identificados Nesse ínterim os estudos biológicos que existem presentemente sãoem grande partecorrelácionais Eles indicamassociações estatísticas entre medidas biológicas e psicomé tricas ou outras medidas de inteligência Não estabelecem relações causais Uma linha de pesquisa analisa a relação entre tamanho ou volume do cérebro e inteli gência veja Jerison 2000 Vernonet a 2000 Witelson Beresh Kiga 2006 As evidências obtidas indicam que para os sereshumanos existe uma relação estatística pequena porém importante entre tamanho do cérebroe inteligência No entanto é difícil sabero que con cluirdessa relação Um tamanho maiordo cérebro podecausarmaiorinteligência maiorin teligência pode causar maior tamanho do cérebro ou ambos podem depender de algum terceiro fator Além disso provavelmente é pelo menos tão importante o grau de eficiência comqueocérebro é usadoquanto o seutamanho Porexemplo os homenspossuem em mé Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificiai 491 dia melhores conexões na extensão do corpo caloso nos dois hemisférios do cérebro Por tanto não está claro que sexo teria em média uma vantagem Provavelmente nenhum dos sexos E importante observar que a relação entre tamanho do cérebro e inteligência não é válida para todas as espécies Jerison 2000 O que é válido preferencialmente parece ser um relacionamento entre inteligência e tamanho do cérebro em relação ao tamanho geral aproximado do organismo Até agora algunsdos estudos sendo realizados oferecem algumas possibilidades interes santes Por exemplo configurações complexas de atividade elétrica no cérebro que se origi nam por meio de estímulos específicos parecem apresentar correlação com resultados de testes de QI Barrett Eysenck 1992 Diversos estudos indicaram inicialmente que a velo cidade de condução dosimpulsos neurais podesecorrelacionar com a inteligência conforme medida portestes deQI McGarryRoberts Stelmack Campbell 1992 Vernon Mori 1992 Um estudo de acompanhamento entretanto não conseguiu identificar uma relação consi derável entre velocidade de condução neural e inteligência Wickett Vernon 1994 Neste estudo a velocidade de condução foi medida pelas velocidades de condução neural em um nervo central do braço A inteligência foi medida por uma Bateriade Aptidão Multidimen sional A velocidade de condução neural surpreendentemente parece ser um previsormais confiável de pontuações do QI para homens do que para mulheres Portanto as diferenças de sexo podemjustificar algumas das diferenças nosdados Wickett Vernon 1994 São ne cessários estudos adicionais envolvendo ambos os sexos Uma pesquisa mais recente indicaque o fundamental podesera flexibilidade do circuito neurale não a velocidade de condução Newman Just 2005 Portanto desejaríamos estudar não apenas a velocidade mas também o circuito neural Uma abordagem alternativa do es tudo do cérebro sugere quea eficiência neural pode estar relacionada à inteligência Tal mé todo é baseado em estudos do modo como o cérebro metaboliza a glicose o açúcar necessário para a atividade cerebral durante as atividades mentais Veja o Capítulo 2 para conhecer mais detalhes sobre tomografia por emissão de pósitrons PET e outras técnicas para obten çãode imagens do cérebro Uma inteligência maior correlacionase com níveis reduzidos do metabolismo da glicose durante tarefas de solução de problemas Haier et ai 1992 Haier Jung 2007 isto é cérebros mais sagazes consomem menos açúcar e portanto despendem menos esforço do que cérebros menos sagazes realizando a mesma tarefa Adicionalmente a eficiência cerebralaumenta comoresultadodo aprendizado em uma tarefarelativamentecom plexa envolvendo manipulações visuoespaciais e o jogo de computador Tetris Haier et ai 1992 Como resultadoda prática participantes mais inteligentes não possuem somente me tabolismo menor da glicose cerebral em termos globais mas também apresentam metabo lismo daglicose mais especificamente localizado Osparticipantes mais hábeis namaioria das áreas de seus cérebros apresentam menor metabolismo da glicose Entretanto em áreas sele cionadas de seus cérebros consideradas importantes para a solução da tarefa presente pos suem níveis maiores do metabolismo da glicose Portanto participantes mais inteligentes podem teraprendido como usar seus cérebros mais eficientemente Eles focalizaram cuidado samente seus processos de pensamento em umadada tarefa Outras pesquisas sugerem no entanto que a relação entre metabolismo da glicose e in teligência pode ser mais complexa Haier et ai 1995 Larson etaí 1995 Por um lado um estudo confirmou as primeiras descobertas de maior metabolismo da glicose em participan tes menos inteligentes neste caso participantes com retardamento moderado Haier et ai 1995 Por outro lado outro estudodescobriu ao contráriodas primeiras descobertas que os participantes mais inteligentes possuíam maior metabolismo da glicose em relação a seu grupode comparação médio Larson etai 1995 492 Psicologia Cognitiva Houve um problema com os primeirosestudos Ocorreu que os participantes das tarefas atribuídas não apresentavam correspondência emtermos de nível de dificuldade nos grupos de indivíduos inteligentes e médios O estudo realizado porLarson e seus colegas usou tare fas que tinham correspondência com os níveis de capacidade dos participantes mais inteli gentes e médios Eles descobriram que os participantes mais inteligentes usaram mais glicose Além disso o metabolismo da glicose foi maior no hemisfério direito dos participantes mais inteligentes que executaram a tarefa mais difícil Estes resultados sugerem novamente a se letividade nas áreas do cérebro O que poderiaestar motivandoosaumentos no metabolismo da glicose Atualmente o principal fator parece sera dificuldade da tarefa subjetiva A cor respondência entre dificuldade da tarefa e capacidade dos participantes parece indicar que osparticipantes mais inteligentes apresentam aumento no metabolismo da glicose quando a tarefa assim o exigir As primeiras descobertas nessa área terão de ser investigadas mais a fundo antes que se obtenham quaisquer respostas conclusivas Algumas pesquisas neuropsicológicas indicam que o desempenho emtestes de inteligên cia pode nãoindicar umaspecto fundamental da inteligência ouseja a capacidade para fixar metas planejar como atingilas e executar os planos Dempster 1991 Especificamente pes soas com lesões no lobo frontal do cérebro muitas vezes possuem bom desempenho nos tes tes de QI padronizados Estes testes requerem respostas a perguntas no contexto de uma situação altamente estruturada Porém não exigem muito em termos de fixação de metas ou planejamento Danos nas regiões posteriores do cérebro parecem exercer efeitos negativos nas medidas de inteligência cristalizada Gray Thompson 2004 Kolb Whishaw 1996 Piercy 1964 Observase diminuição da inteligência fluida nos pacientes com dano no lobofrontal Duncan Burgess Emslie 1995 Gray Chabris Braver 2003 Gray Thompson 2004 Este resultado nãodeve surpreender tendo emvista queoslobos frontais participam do raciocínio da tomada de decisões e dasolução de problemas veja os Capítulos 10 e 11 Outras pesqui sas ressaltam a importância das regiões parietais para o desempenho de tarefas que requerem inteligência geral e fluida Lee et ai 2006 A inteligência envolve a capacidade para apren der com a experiência e adaptarse ao ambiente circundante Portanto a capacidade para fi xar metas e criar e implementar planos não pode ser desprezada Um aspecto essencial da fixação de metas e do planejamento é a capacidade paraatentar apropriadamente aosestímu los relevantes Outra capacidade relacionada é a de desprezar ou atribuir menor importância a estímulos irrelevantes A importância constatada das regiões frontal e parietal nas tarefas de inteligência levou aodesenvolvimento de uma teoria integrada da inteligência que ressalta a importância des tas áreas Essa teoria denominada teoria de integração parietalfrontal PFIT da sigla em inglês enfatiza a importância das regiões interconectadas do cérebro na determinação das diferenças de inteligência As regiões que essa teoria focaliza são as áreas de Brodmann o córtex préfrontal o lóbulo parietal inferior e superior o cíngulo anterior e parte dos lobos temporal e occipital Jung Haier 2007 A teoria PFIT descreve configurações daatividade cerebral com níveis diferentes de inteligência no entanto não consegue explicar oque torna uma pessoa inteligente ou o que é inteligência Não podemos estudar de modo realista um cérebro ou seus conteúdos e processos isola damente sem considerar também o ser humano como um todo Precisamosconsiderar as in terações doser humano com todo ocontexto ambiental em que apessoa age inteligentemente Daí decorre que muitospesquisadores e teóricosnos exortam a ter uma visãomaiscontextual da inteligência Além disso algumas visões alternativas da inteligência tentam ampliar a de finição de inteligência para que inclua em maior grau as diversas capacidades das pessoas Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificial 493 Abordagens Alternativas da Inteligência Contexto Cultural e Inteligência De acordo com o contextualismo a inteligênciadeve ser compreendida em seu contexto no mundo real O contexto da inteligência pode ser considerado em qualquer nível de análise Pode ser focalizado em termos limitados como no ambiente residencial e familiar ou pode ser grandemente ampliado para culturas inteiras Por exemplo mesmo diferenças entre co munidades foram correlacionadas com diferenças de desempenho em testes de inteligência Tais diferenças relacionadas ao contexto incluem aquelas entre comunidades rurais e urba nas proporções reduzidas e elevadas entre adolescentes e adultos no âmbito de comunidades e status socioeconômico baixo e alto de comunidades veja Coon Carey Fulker 1992 Os adeptos do contextualismo ficaram particularmente curiosos pelos efeitos de contexto cultu ral na inteligência Oscontextualistas consideram a inteligência algo queuma cultura criaparadefinir a na tureza do desempenho adaptado a esta cultura Explica também por que algumas pessoas de sempenham melhor do que outras nas tarefas que a cultura opta por valorizar Sternberg 1985a Os teóricos que endossam esse modelo estudam o modo pelo qual a inteligência re lacionase como mundo exterior no qual o modelo está sendo aplicado e avaliado Em ge ral as definições e teorias de inteligência incluirão mais eficazmente a diversidade cultural ampliando o escopo Antes de analisarmos algumas teorias contextuais dainteligência exa minaremos o que motivou os psicólogos a acreditarem que a cultura poderia desempenhar umpapel no modo como definimos e avaliamos a inteligência Foram propostas muitas definições de cultura por exemplo Brislin Lonner Thomdike 1973 Kroeber Kluckhohn 1952 Cultura é definida aqui como o conjunto deatitudes valo res crenças ecomportamentos partilhados por um grupo de pessoas comunicados de uma ge ração para apróxima por meio da língua ou de outros meios de comunicação Barnouw 1985 Matsumoto 1994 p 4 O termo cultura pode ser empregado de diversas maneiras e possui uma longa história Benedict 1946 Boas 1911 Mead 19282001 veja Matsumoto 1996 Ster nberg 2004 Berry e seus colegas 1992 descreveram seis usos do termo descritivamente para caracterizar uma culturahistoricamente para descrever as tradições de um grupo normativa mente para expressar regras e normas de um grupo psicologicamente para enfatizar como um grupo aprende e soluciona problemas estruturalmente para enfatizar os elementos organiza cionais de uma cultura e geneticamente paradescrever asorigens culturais Uma razão para estudar cultura e inteligência reside em estarem tão inextricavelmente interligadas Realmente Tomasello 2001 argumentou que cultura éoque em grande parte diferencia a inteligência humana da animal Segundo ele os seres humanos evoluíram de acordo com a configuração que apresentam em parte por causa de suas adaptações culturais as quais por sua vez desenvolvemse de sua capacidade mesmo em tenra idade a partir de 9 meses para compreender as outras pessoas como agentes intencionais Muitos programas de pesquisa demonstraram os riscos potenciais da pesquisa de uma única cultura Por exemplo Greenfield 1997 constatou que possui significado diferente crianças maias submeteremse a um teste do que entre a maioria das crianças nos EUA Os maias possuem a expectativa de que a colaboração é permitida e que é um tanto estranho não colaborar Tal constatação possui coerência com o trabalho de Markus e Kitayama 1991 oqual sugere construções culturais diferentes do ser em culturas individualistas ver sus coletivistas Nisbett 2003 descobriu efetivamente quealgumas culturas especialmente asiáticas tendem a ser mais dialéticas em seu pensamento ao passo que outras culturas como as européias e norteamericanas tendem aser mais lineares De modo similar as pes soas deculturaasiática tendem a assumir um pontode vista diferente daquele dos ocidentais 494 Psicologia Cognitiva quando abordam um novo objeto Nisbett Masuda 2003 Em geral as pessoas de culturas ocidentais tendem a entender os objetos de modo independente do contexto ao passo que pessoas de muitas culturas orientais processam osobjetos conjuntamentecom o contexto cir cundante Nisbett Miyamoto 2005 De fato alguns indícios sugerem que a cultura influen cia muitos processos cognitivos incluindo a inteligência Lehman Chiu Schaller 2004 Como conseqüência pessoas em culturas diferentes podem elaborar conceitos de maneiras muito diferentes tornando suspeitos os resultados de estudos de formação ou identificação de conceitos de umadeterminadacultura Atran 1999 Coley etaí 1999 MedinAtran 1999 Portanto grupos podem pensar de modo diferente a respeito do que aparenta ser superficial mente o mesmo fenômeno seja um conceito ousubmeterse a umteste Aquilo que aparenta ser diferenças de inteligência em geral pode ser na realidade diferenças de configurações cultu rais HelmsLorenz Van de Vijver Poortinga 2003 HelmsLorenz e seus colegas 2003 argu mentaram que as diferenças medidas de desempenho intelectual podem resultar de diferenças de complexidade cultural porém a complexidade de umacultura é extremamentedifícil de definir e o que parece ser simples oucomplexo doponto de vista de uma cultura pode pare cer diferente do ponto de vista de outra Pessoas deculturas diferentes podem ter idéias bem diferentes do que significa ser inteli gente Por exemplo umdos estudos interculturais da inteligência mais interessantes foi reali zado por Michael Cole e seus colegas Cole et ai 1971 Esses pesquisadores pediram a membros adultos da tribo Kpelle na África que escolhessem termos representando concei tos Considere o que acontece na cultura ocidental quando é proposta a adultos uma tarefa de escolha em um teste de inteligência Pessoas mais inteligentes normalmente escolherão segundo um padrão hierárquico Por exemplo podem escolher nomes dediferentes espécies de peixes apresentados simultaneamente Em seguida atribuem a palavra peixe às espécies es colhidas Atribuem a palavra animal a peixe e aves e assim por diante Pessoas menos inteli gentes em geral escolherão funcionalmente Elas podem escolher peixe com comer por exemplo Por quê Porque comemos peixe Ou podem escolher roupas e vestir porque vestimos roupas Os Kpelles separaram funcionalmente Eles procederam dessa forma mesmo após os pesquisadores terem tentado sem sucesso fazer com que escolhessem espontaneamente de forma hierárquica Finalmente como última tentativa um dos pesquisadores Glick solicitou a um kpelle que escolhesse do mesmo modo que uma pessoa tola Em resposta o kpelle escolheu fácil e rapidamente de modo hierárquico Simplesmente não haviam procedido dessa forma por considerála uma tolice E provavelmente consideraram os pesquisadores um tantodespro vidos de inteligência porformularem perguntas tão estúpidas O povo Kpelle não é o único quepoderia questionar a compreensão ocidental da inteli gência Na cultura Puíuwat na região do Oceano Pacífico por exemplo navegantes percor rem distâncias incrivelmente longas Não usam qualquer dos instrumentos de navegação que navegantes de países avançados tecnologicamente precisariam para ir de um local a outro Gladwin 1970 Suponha que os navegantes Puluwat fossem criar testes de inteligência para nós e os habitantes dos EUA Nós e os norteamericanos poderíamos não parecer muito inte ligentes De modo similar os navegadores Puluwat de grande aptidão poderiam não desempe nhar bem em testes de inteligência criados por norteamericanos Estas e outras observações fizeram com que alguns teóricos reconhecessem a importância de seconsiderar o contexto cultural quando a inteligência é avaliada Um estudo oferece um exemplo um pouco mais próximo da realidade norteamericana em relação aos efeitos das diferenças culturais nos testes de inteligência Sarason Doris 1979 O estudo acompanhou osQIs de uma população imigrante de ítaloamericanos Há menos de um século a primeira geração decrianças ítaloamericanas possuía QI mediano de 87 média baixa faixa de 76 a 100 Seus QIs foram relativamente baixos mesmo quando me Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificial 495 didas não verbaisforam usadase atitudes que se classificavam como usuais pelosnorteame ricanos foram consideradas Alguns analistas sociais e pesquisadores da inteligência daquela época apontaram para a hereditariedade e outros fatores não ambientais como a base para os QIs baixos Presentemente alguns analistas expressam julgamentos idênticos emrelação a outrosgrupos minoritários Herrnstein Murray 1994 Por exemplo um pesquisador influente daépoca Henry Goddard declarou que 79 dos imigrantes italianos eram imbecis Ele também afirmou que cerca de 80 dos imigrantes ju deus húngaros e russos eram pessoas similarmente sem talento Eysenck Kamin 1981 Goddard 1917 também declarou que a decadência moral estava associada a esse déficit de inteligência Ele recomendou que os testes de inteligência que usava fossem aplicados para to dos os imigrantes e que todos aqueles que ele julgasse abaixo do padrão fossem proibidos se letivamente de entrar nosEUA Entretantogerações subsequentes dealunos ítaloamericanos que sesubmetem atualmente a testes deQIapresentam pontuações deQI ligeiramente acima da média Ceei 1991 Outros grupos imigrantes que Goddard havia denegrido demonstra ramaumentos similares surpreendentes Mesmo osadeptos mais fervorosos da hereditarie dade provavelmente não atribuiriam a fatores hereditários tais acréscimos notáveis em tão poucas gerações A assimilação cultural incluindo a educação integrada parece ser uma ex plicação muito mais plausível Osargumentos precedentes podem tornar claro o motivo pelo qual é tão difícil criar um teste que todos considerariam culturalmente equilibrado igualmente apropriado e justo para membros de todasas culturas Se membros de culturasdiferentes possuem idéias diferentes so bre o que é ser inteligente então os próprios comportamentos que podem ser tidos como inte ligentes em uma cultura podem ser considerados desprovidos de inteligência em outra Considere por exemplo o conceito de rapidez mental Nacultura tradicional nos EUA rapi dez usualmente está associada à inteligência Dizer que alguém é rápido significa afirmar que a pessoa é inteligente Mesmo em testes de inteligência individuais a pessoa que os aplica cro nometra algumas respostas dequem é submetido aos testes Por exemplo um conjunto depes quisadores observou uma relação positiva entre medidas de rapidez e pontuações em exames apresentados em cursos universitários de graduação GREs da sigla em inglês Powers Kauf man 2004 Muitos teóricos do processamento de informação e mesmo teóricos da psicofisio logia focalizam o estudo da inteligência como uma função da rapidez mental Entretanto em muitas culturas do mundo a rapidez não é avaliada emgrau considerável Nestas culturas as pessoas podem acreditar que os mais inteligentes não se apressam para emitir julgamentos Mesmo nacultura norteamericana ninguém considerará uma pessoa bri lhante caso ela seapresse emafirmar algo que deveria ser mais ponderado Por exemplo ge ralmente não é muito inteligente decidir sobre um cônjuge um emprego ou um lugar para morar nos 20 a30segundos que a pessoa normalmente teria para solucionar um problema em um teste de inteligência Portanto nãoexistem testes deinteligência culturalmente satisfató rios pelo menos presentemente Como deveríamos então considerar o contexto ao avaliar mos e compreendermos a inteligência Diversos pesquisadores propuseram que é possível criar testes culturalmente relevantes por exemplo Baltes DittmannKohli Dixon 1984 Jenkins 1979 Keating 1984 Testes cultural mente relevantes medem aptidões e conhecimentos que serelacionam às experiências cultu rais dos indivíduos testados Baltes e seus colegas por exemplo elaboraram testes que medem as aptidões para lidar com os aspectos pragmáticos da vida diária Criar testes culturalmente relevantes requer criatividade e empenho porém isto provavelmente não é impossível Por exemplo um estudo pesquisou acapacidade de memória um aspecto da inteligência do modo como nossa cultura a define em nossacultura comparativamente com a cultura marroquina Wagner 1978 O estudo constatou que o nível de recordação dependia do conteúdo que 496 Psicologia Cognitiva estava sendo lembrado Um conteúdo culturalmente relevante era lembrado de modo mais efi caz doqueumconteúdo sem essa relevância Por exemplo quando comparados aos ocidentais vendedores de tapetes foram mais capazes de se lembrar de padronagens visuais complexas em fotografias pretoebranco de tapetes orientais Algumas vezes os testes simplesmente não são elaborados para minimizar os efeitos das diferenças culturais Em tais casos achave para as di ferenças específicas da cultura na memória pode ser oconhecimento e o uso de estratégias de metamemória ao invés dediferenças estruturais reais na memória por exemplo amplitude da memória e índices de esquecimento Wagner 1978 Pesquisas mostraram que crianças de escolas rurais no Quênia possuem conhecimento substancial sobre ervas medicinais naturais que acreditam servir para curar doenças Crian ças ocidentais evidentemente não seriam capazes de identificar qualquer desses remédios Sternberg et ai 2001 Sternberg Grigorenko 1997 Em resumo elaborar um teste cultu ralmente relevante parece envolver muito mais do que apenas remover barreiras lingüísticas específicas para a compreensão Efeitos similares decontexto aparecem nodesempenho decrianças e adultos emdiversas tarefas Três tipos decontexto afetam o desempenho Ceei Roazzi 1994 O primeiro éocon texto social Um exemplo seria uma tarefa ser considerada masculina ou feminina O segundo é o contexto mental Um exemplo seria tarefa visuoespacial envolver comprar uma casaou arrombála O terceiro é o contexto físico neste caso um exemplo seria uma tarefa ser apre sentada na praia ou em um laboratório Por exemplo garotos de 14 anos tiveram desempenho ruim em uma tarefa quando foi expressa como uma tarefa de assar um bolo porém desempe nharam bem uma tarefa de carregar uma bateria Ceei Bronfenbrenner 1985 Empregadas domésticas brasileiras não tiveram dificuldade com o raciocínio proporcional quando adqui riam hipoteticamente alimentos mas demonstraram tergrande dificuldade para adquirir er vas medicinais Shliemann Magaíhües 1990 Crianças brasileiras cuja pobreza as havia forçado a venderem objetos na rua nãotiveram dificuldade nodesempenho decálculos arit méticos complexos ao venderem mercadorias porém demonstraram grande dificuldade para executarcálculos similares em umasalade aulaCarraher CarraherSchliemann 1985 Por tanto o desempenho nos testes pode ser afetado pelo contexto no qual os termos do teste são apresentados A extensão em que o con textododesempenho assemelhase aocontexto doaprendizado de uma ação inteligente pode determinar parcialmente a extensão emqueo comportamento demonstra transferência da primeira situação para a segunda Barnett Ceei 2005 Nesses estudos os pesquisadores examinarama interação entre cognição e contexto Diversospesquisadores propuseram teorias que procuram examinar explicitamente essainteração no âmbito de um mo delo integrado dosdiversos aspectos da inteligência Taisteorias consi deram a inteligência como um sistema complexo e são discutidas nas próximas duas seções Howard Gardner ê professor deEducação e professor auxiliarde Psi cologia na Universidade de Harvard Ele é mais conhecido porsua teoria deinteligências múltiplas e pormostrar comoela pode seraplicada emambientes educacionais Gardner tambémrealizou trabalhos importantes emNeuropsi cologia e na Psicologia da Criatividade Foto Cortesia do Dr HowardGardner Gardner Inteligências Múltiplas Howard Gardner 1983 1993b 1999 2006 propôs uma teoria de inteligências múltiplas na qual a inteligência engloba muitos cons truetos independentes e não apenas um determinado construeto unitário No entanto ao invés de referirse a capacidades múltiplas que juntas constituem a inteligência por exemplo Thurstone 1938 essa teoria distingue oito inteligências diferentes que são relativa mente independentes entre si Quadro 133 Cada uma é um sistema Capítulo 13 Inteligência Humanae Artificial 497 QUADRO 133 As Oito Inteligências de Gardner Em quais das oito inteligências de Gardner você apresenta maior capacidadeEm que con textos você poderia usarsuasinteligências mais eficazmente Baseado em Gardner 1999 Tipo de Inteligência Inteligência lingüística Inteligência lógicomatemática Inteligência espacial Inteligência musical Inteligência corporalcinestésica Inteligência interpessoal Inteligência intrapessoal Inteligência naturalística Tarefas que Refletem Este tipo de Inteligência Usada na leitura de um livro no preparo de uma dissertação na criação de um romance ou de um poema e na compreensão de pala vras faladas Usada na resolução de problemas de Matemática em cálculos relati vos ao saldo bancário na solução de uma prova de Matemática e no raciocínio lógico Usada no deslocamento de um lugar para outro na leitura de um mapa e na colocação de bagagemno portamalas para que todos os itens caibam em um espaço limitado Usada para cantar uma canção compor uma sonata tocar um trom pete ou mesmoapreciara estrutura de uma peça musical Usada na dança no jogo de basquete na corrida ou no lançamento de um dardo Usada no relacionamento com outras pessoas conforme ocorre quando tentamos compreender o comportamento os motivos ou as emoções de outra pessoa Usada na compreensão de nós mesmos a base para compreender quem somos o que nos anima e como podemos mudar levandose em conta as limitações existentes de nossas capacidades e interesses Usada na compreensão de configuraçõesna natureza De Multiple ntelligences por Howard Gardner subsidiária de Perseus Bouks LLC 1993 Howard Gardner Reproduzido mediante autorização de BasicBooks separado de funcionamento embora estes sistemas possam interagir para produzir o que consideramos desempenho inteligente Ao examinar a lista de inteligências de Gardner você poderia desejar avaliar suas próprias inteligências talvezordenando seus pontos fortes em cada uma delas A teoria de Gardner em alguns aspectos parece uma teoria fatorial Ela especifica di versas capacidadesque são analisadas para refletiralguma modalidade de inteligência No entanto Gardner considera cada capacidade uma inteligência distinta e não apenas como parte de um único todo Além disso uma diferença fundamental entre a teoria de Gardner e as fatoriais reside nas fontes de provas que ele usou para identificar as oito inteligências Gardner utilizou operações convergentes juntando provasde diversas fontes e muitos tipos de dados A teoria usaem particular oito sinais como critérios para detectar a existênciade um tipo distinto de inteligência Gardner 1983 p 6367 1 Isolamento potencial por dano no cérebro A destruição ou a conservaçãode uma área distinta do cérebro por exemplo áreas relacionadas à afasia verbal pode des truir ou preservar um tipo específicode comportamento inteligente 498 Psicologia Cognitiva 2 A existência de indivíduos excepcionais por exemplo prodígios musicaisou mate máticos Eles demonstraram capacidade ou déficit extraordinário em um determi nado tipo de comportamento inteligente 3 Uma operação ou um conjunto de operações central identificável por exemplo percepção de relações entre tons musicais E essencial para o desempenho de um tipo específico de comportamento inteligente 4 Um histórico de desenvolvimento marcante que conduz da condição de principiante para a de mestre Eacompanhada por níveisdiferentes de desempenho especializado isto é graus variáveis de expressão desse tipo de inteligência 5 Um histórico evolutivo marcante Aumentos da inteligência podem ser associados plausivelmente a maior adaptação ao ambiente 6 Provas obtidas em pesquisas cognitivoexperimentais Um exemplo seria diferenças de desempenho específicas de tarefas entre diversos tipos de inteligência distintos porexemplo tarefasvisuoespaciais versus tarefasverbais Precisariam ser acompa nhadas por similaridade de desempenho entre as tarefas no âmbito de tipos de in teligência distintos por exemplo rotação mental de imagens visuoespaciais e memória de lembrança de imagens visuoespaciais 7 Provas obtidas por testes psicométricos indicando inteligências distintas por exem plo desempenho diferente em testes de capacidade visuoespacial versus testes de capacidade lingüística 8 Suscetibilidade à codificação em um sistemade símbolos por exemplo língua ma temática notação musical ou em uma área criada culturalmente por exemplo dança atletismo teatro engenharia ou cirurgia como expressões criadas cultural mente da inteligência corpóreocinestésica Gardner não dispensa integralmente o uso de testes psicométricos Entretanto a base das provas usadaspor Gardner não depende da análise dos fatores de diversos testes psico métricos isoladamente Ao pensar sobresuas inteligências que grau de integração total você acredita que elas possuemQuanto você percebe que cada tipo de inteligência depende de qualquer uma das demais A visão da mente proposta por Gardner é modular Teóricos da modularidade acreditam que capacidades diferentes comoas inteligências de Gardner podemser isoladas comopro cedentesde partes ou módulos distintos do cérebro Portanto uma tarefa importante das pes quisas sobre inteligência existentes e futuras consiste emisolar aspartes do cérebro responsáveis pelas inteligências Gardner fez especulações em relação a pelo menos alguns desses pontos porémdadosconcretosque justifiquem a existênciadessas inteligências distintas ainda não fo ram obtidos Além disso alguns cientistas questionam a modularidade da teoria de Gardner Netelbeck Young 1996 Considere o fenômeno do funcionamento cognitivo específico pre servadoem gênios autistas Gênios autistassão pessoas com deficits sociais e cognitivosgraves porém com uma capacidade correspondentemente elevada em um domínio restrito Elessu gerem que tal preservação não possui valorcomoprovadas inteligências modulares A memó ria de longo prazo limitada e as atitudes específicas dos gênios autistas podem nãò ser realmente inteligentes Nettelbeck Young 1996 Portanto pode haver motivo para questio nar a inteligência de módulos inflexíveis Sternberg A Teoria Triárquica Enquanto Gardner enfatiza a natureza distinta dos vários aspectos da inteligência eu tendo a enfatizar a extensão em que operam juntos por meio de minha teoria triárquica da inteli Capítulo 13 Inteligência Humanae Attificíal 499 gênciahumana Sternberg 1985a 1988 1996b 1999 De acordo com a teoria triárquica da inteligência humana a inteligência engloba três aspectos lidando com a relação da inteli gência 1 com o mundo interno da pessoa 2 com a experiência e 3 com mundo externo A Figura 135 ilustra as partes da teoria e suas interrelações Como a Inteligência se Relaciona com o Mundo Interno A parte interna da teoria enfatiza o processamento de informação O processamento de in formação pode ser visto em termos de três tipos diferentes de componentes Primeiramente existem os metacomponentes processosexecutivosde ordem superior isto é metacognição usadospara planejar monitorar e avaliar a soluçãode problemasEm segundo lugar ocorrem os componentes de desempenho processos de ordem inferior usados para implementaros comandos dos metacomponentes E em terceiro os componentes de aquisição do conheci mento os processos usados para aprender como resolver inicialmente os problemas Os componentes são altamente interdependentes Suponha que você fosse solicitado a preparar um trabalho final de semestre Você usa ria metacomponentes para decisões de ordem superior Portanto os usaria para decidir so bre um tópico planejar a dissertação monitorar a redação e avaliar o grau de perfeição de seu produto final em cumprir suas metas Utilizaria componentes de aquisição de conhe cimento para pesquisa sobre o que conhecer em relação ao tópico Empregaria componen tes de desempenho para a redação definitiva Na prática os três tipos de componentes não operam isolados Antes da redação do trabalho você precisaria se decidir inicialmente sobre um tópico Em seguida teria de fazer algumas pesquisas De modo análogo seus pla nos para a redação do trabalho poderiam se alterar à medida que colhesse novas informa ções Pode ser que não existam informações suficientes sobre aspectos específicos do tópico escolhido Esta escassez de informações pode forçálo a alterar sua ênfase Seus planos também podem mudar se aspectos específicos da redação se desenvolverem com mais na turalidade do que outros FIGURA 135 Analisar jÈmh 9 Criar Comparar Bm 4SãflL inventar i Avaliar MlfwhâÉMurMVmLConcebe ANALmCApCRIATIVA De acordo comRobert Sternberg a inteligência engloba capacidades anaUãcas criativas e práticas No pensamento analítico tentamos solucionar problemas conhecidos usando estratégias que manipulam oselementos deum problema ouasrelações entre oselementos por exemplo comparar analisar nopensamento criativo tentamos solucionar no vos úpos deproblemas os quais exigem quepensemos sobre o problema e seuselementos deuma maneiranova por exemplo inventar conceber e nopensamento prático tentamos solucionar problemas que aplicam aquilo que conhe cemos a contextos diários por exemplo aplicar usar 500 Psicologia Cognitiva Como a Inteligência se Relaciona com a Experiência A teoria também considera como a experiência anterior interage com todos os três tipos de componentes do processamento de informação isto é cada um de nós se defronta com tare fas e situações em relação às quais possuímos níveis variados de experiência Elas variam de uma tarefa completamente nova da qual não possuímos experiência prévia a uma tarefa in tegralmente conhecida da qual temos grande experiência A medida que uma tarefa se torna cada vezmais conhecida muitos de seusaspectos podem se tornar automáticos pois requerem pouco esforço consciente para determinar qual passo tomar em seguida e como implementar o próximo passo Uma tarefa nova impõe demandas sobre a inteligência diferentes daquelas de uma tarefa para a qual foram desenvolvidos procedimentos automáticos De acordo com a teoria triárquica tarefas relativamente novas como visitar um país estrangeiro dominar uma nova disciplina ou adquirir fluência em uma língua estrangeira requerem mais da inteligência de uma pessoa Uma tarefa completamente desconhecida pode exigir tanto da pessoa a ponto de exercer dominação Suponha por exemplo que você estivesse visitando um país estrangeiro Provavelmente não lhe seria proveitoso matricu larseem um curso sobre um tema abstrato ensinado em um idioma que você não entende As tarefas mais estimulantes intelectualmente são aquelas que desafiam e exigem porém não são dominantes Como a Inteligência se Relaciona com o Mundo Externo A teoria triárquica também propõe que os vários componentes da inteligência sejam aplicados à experiência para exercerem três funções no contexto do mundo real O primeiro é adap tarnos a nossos ambientes existentes O segundo é moldar nossos ambientes existentes para criar novos ambientes E o terceiro é selecionar novos ambientes Você usa adaptação quando adquire o conhecimento necessário em um novo ambiente e tenta descobrir como ter sucesso nele Por exemplo quando você inicia a faculdade provavelmente tenta conhecer as regras explícitas e implícitas da vida universitária Em seguida tenta usar estas regras para alcançar sucessono novo ambiente Você também molda seu ambiente Por exemplo pode decidir que disciplinas cursare que atividades realizar Você pode até moldar o comportamento daqueles que o cercam talvez iniciando um novo grupo no campus ou candidatandose a uma posição na área que administra os alunos Finalmente se for incapaz de adaptarse ou de moldar seu ambiente de um modo que lhe seja conveniente poderia pensar em selecionar um outro am biente Por exemplo poderia transferirse para outra faculdade De acordo com a teoria triárquicaas pessoas podem aplicarsua inteligência a diversos ti posdiferentes de problemas Porexemplo algumas pessoas podemser maisinteligentesdiante de problemas acadêmicos abstratos Outras podem ser mais inteligentes em face de problemas práticos concretos Uma pessoa inteligente não se destaca necessariamente em todos os as pectos da inteligência As pessoas inteligentes conhecem preferencialmente seuspontos for tes e seusfracos Elas descobrem maneiras pelasquaisconseguemvantagens com seuspontos fortes e compensam ou corrigem seus pontos fracos Por exemplo uma pessoaque conhece bem Psicologia porém é fraca em Física poderia escolher como um projeto de Física a cria ção de um teste de aptidão para Física o que eu fiz quando cursei esta disciplina O impor tante é aproveitar ao máximo seus pontos fortes e identificar maneiras para melhorar ou pelo menos conviver confortavelmente com seus pontos fracos Realizamos um estudo abrangente para testar a validade da teoria triárquica e sua utili dadepara melhorar o desempenho Previmos que combinara instruçãoe a avaliação dosalu nos com suas capacidades resultaria em melhor desempenho Sternberg etai 1996 1999 Os alunos foram selecionadoscom base em um de cinco padrões de capacidade elevada so mente em capacidade analítica elevada somente em capacidade criativa elevada somente com capacidade prática elevada nas três capacidades ou não elevada em qualquer das três Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificial 501 capacidades Em seguida os alunos foram designados aleatoriamente a umde quatro grupos de instrução Eles se concentraram no aprendizado baseado na memória analítico criativo ou prático Foi avaliado em seguida o desempenho com base na memória analítico cria tivo e prático Descobrimos queosalunos aos quais foi atribuída umacondição de instrução que seajustava a seus pontos fortes emtermos de padrão decapacidade tiveram melhor de sempenho do que os alunos para os quais não houve ajuste Portanto a previsão da expe riência foi confirmada Por exemplo um aluno com recursos analíticos elevados a quem foi atribuída uma condição deinstrução que enfatizava o pensamento analítico teve melhor de sempenho que um aluno de capacidade analítica elevada a quem foi atribuída uma condição de instrução que enfatizava o pensamento prático Ensinar os alunos a usaremtodas as suascapacidades analíticas criativase práticasresul tou em melhor desempenho acadêmico paratodos independentemente das capacidades que possuíam Grigorenko Jarvin Sternberg 2002 Sternberg Grigorenko 2004 Sternberg Torff Grigorenko 1998 Uma consideração importante à luz de tais descobertas é a necessi dade para mudanças na avaliação da inteligência Sternberg Kaufman 1996 As atuais me didas de inteligência são um tanto unilaterais pois medem principalmente as capacidades analíticas Envolvem pouca ou nenhuma avaliação dos aspectos criativos ou práticos da inte ligência Sternberg et ai 2000 Wagner 2000 Uma avaliação e um sistema de instrução mais abrangentes poderiam conduzir a maiores benefícios daeducação para a variedade mais ampla de alunos uma meta teóricada educação Uma tentativa para alcançar essa meta pode ser observada por meio do Projeto Arcoíris Neste projeto osalunos foram submetidos a testes padronizados paraadmissão a cursos uni versitários designados pela sigla SAT em inglês e a avaliações adicionais Estas avaliações incluíram medidas da capacidade criativa e prática bem como da analítica Sternberg Cola boradores do Projeto Arcoíris 2006 O acréscimo dessas avaliações suplementares resultou em melhor previsão da média de notas de avaliação escolar conhecida pela sigla GPA em inglês em comparação com os resultados no SAT e na GPA para o nível médio de ensino Na realidade os novos testes dobraram a previsão da GPA relativa ao primeiro ano da facul Robert L Williams desenvolveu um teste que denominou Teste BITCH Teste de Inteligência de Homogeneidade Cultural para Negros Muitos testes de inteligência padronizados apoiamse consideravelmente no vocabulário por exemplo o Teste Shipley uma parte importante dos Testes Wechsler de Inteligência Williams obteve pontuação muito baixa em um teste de inteligência quando estava no curso médio e por tanto foi aconselhado a não cursar uma faculdade mas a desenvolver aptidão emalguma ocupação prática Em virtude de Williams saber que podia se sair bem em ambientes hostis ignorou esse conselho cursou faculdade e finalmente obteve seu diploma de doutorado Para demons trar que o conhecimento de vocabulário não capta tudo aquilo que faz parte da inteligência o Teste BITCH de Williams solicitava às pessoas que definissem vários termos Negros da época como massa do beco gíria paratijolo dois e umquarto se refere aocarroBuick Electra 225 e maisrecentemente a tudo que tenha o número 225 e Dia das Mães Não causou surpresa o fato de a maioria dos negros ter obtido melhor resultado nesse teste que seus equivalentes brancos Os itens no teste eram relevantes culturalmente para a maioria dos negros naquela época muitos dos termos estão datados agora e eram irrelevantes cultural mente para a maioria dos brancos APLICAÇÕES PRÁTICAS DA PSICOLOGIA COGNITIVA 502 Psicologia Cognitiva dadeobtida somente pelo SAT Além disso asnovas avaliações reduziram substancialmente as diferenças nos resultados entre membros de grupos étnicosdistintos Descrevemos até agora vários modelos de inteligência humana Estes modelos não in dicam per se se a inteligência pode ser ensinada ouaperfeiçoada por meio de instrução No entanto alguns pesquisadores analisaram o tema A inteligência realmente pode ser modifi cada mediante instrução e em caso positivo de que maneira Que estratégias são eficazes e quais são menos eficazes Examine as respostas Aperfeiçoando a Inteligência Estratégias Eficazes Ineficazes e Questionáveis A inteligência humana é altamente maleável Pode ser moldada e mesmo incrementada por meio de vários tipos de intervenções Detterman Sternberg 1982 Grotzer Perkins 2000 Perkins Grotzer 1997 Sternberg etai 1996 1997 Além disso a maleabilidade da inteligência não tem relação com a extensão em que a inteligência possui uma base gené tica Sternberg 1997 Um atributo como a cultura pode serparcialmente ou mesmo em grande parte firmado na herança genética e aindasermaleável sob o aspecto ambiental O programa HeadStart InícioCerto tradução livre teve iníciona décadade 1960 Foi a maneira para proporcionar a crianças da préescola uma vantagem em termos de capaci dades e realizações intelectuais quando iniciassem o ciclo escolar Acompanhamentos reali zados a longo prazo indicaram que na adolescência média crianças que participaram do programa estavam pelo menos uma série à frente daquelas emcondição equivalente queatu aram como parte dogrupo decontrole e que nãoparticiparam do programa Lazar Darling ton 1982 Zigler Berman 1983 As crianças no programa também alcançaram uma maior pontuação em diversos testes de bons resultados na escola Eram igualmente menos propen sas a precisar de aulas de recuperação E apresentavam menor possibilidade de demonstrar problemas de comportamento Embora tais medidas não sejam verdadeiramente medidas de inteligência mostram grande correlação positiva comtestes de inteligência Uma alternativa ao aperfeiçoamento intelectual fora do lar pode ser o oferecimento de umambiente mais favorável emcasa O Projeto Abecedário tem sido particularmente bem sucedido Provou que as habilidades e realizações cognitivas de crianças comstatus socioe conômico inferior poderiam ser melhoradas por meio de intervenções cuidadosamente planejadas e executadas Ramey Ramey 2000 Por exemplo crianças que participaram do Projeto Abecedário cursaram mais séries de educação póssecundária que seus equivalentes que não participaram do programa Campbell et ai 2002 Em outro estudo utilizando par tes do Projeto Abecedário com crianças que nasceram com peso inferior ao normal a inter venção em tenra idade também resultou namelhora de algumas aptidões incluindo aquelas avaliadas em testes de Matemática e leitura McCormick etal 2006 Diversos fatores que ocorrem cedo préescola no ambiente familiar parecem estarcor relacionados com pontuações elevadas de QI Bradley Caldwell 1984 Eles são a receptivi dade emocional e verbal da principal pessoa que cuida da criança e o envolvimento dessa pessoa com a criança a organização do ambiente físico e a programação das atividades a existência de brinquedos apropriados e oportunidades para variedade na estimulação diária Além disso Bradley e Caldwell constataram que esses fatores previam mais eficazmente os resultados do QI do que as variáveis status socioeconômico ou estrutura familiar Deve ser observado entretanto que oestudo BradleyCaldwell écorrelacionai Portanto não pode ser interpretado como indicador de causalidade Adicionalmente o estudo desses pesquisa Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificial 503 Alguns programas de treinamento também alcançaram algum sucesso Um de tais programas foi o Programa de Aperfeiçoamento Instrumental de Reuven Feuerstein 1980 envolvendo o treinamento em diversas aptidões de raciocínio abstrato O programa parece ser particularmente eficaz para melhorar as aptidões de pessoas que possuemdeficiência men talOutro projeto o Programa Odisséia vejaAdams 1986 demonstrou sereficaz paraaumentaro desempenho intelectual de crianças venezuela nasqueiniciavam o curso secundário O Programa Filosofia paraCrianças Lipman Sharp Oscanyan 1980 também obteve bons resultados no ensino de aptidõesde pensamento lógico para criançasem todas as séries da escola primária e secundária Aspectos do Programa Inteligência Apli cada Sternberg 1986 Sternberg Grigorenko 2002a Sternberg Kauf man Grigorenko 2008 voltado ao ensino de aptidões intelectuais provaram ser eficazes pois conseguem melhorar aptidões de percepção Davidson Sternberg 1984 e a capacidade paraaprender significados de palavras com base no contexto um meio importante para adquirir novo vocabulário Sternberg 1987a A inteligência práticatambém podeser ensinada Gardner etai 1994 SternbergOkagakiJackson 1990 INVESTIGANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA dores foi feito com crianças da préescola A pontuação do QI das crianças não começa a prever os resultados doQI para a fase adulta atéa idade de 4 anos Além disso antes de 7 anos as pontuações nãosão muito estáveis Bloom 1964 Outro trabalho indicou que fato res como apoio social maternal e comportamento interativo podem desempenhar papel fun damental na instabilidade dos resultadosde testes de capacidade intelectual entre as idades de 2 a 8 anos Pianta Egeland 1994 Os dados de Bradley e Caldwell não devem ser considerados indicativos dequevariáveis demográficas exercem efeito reduzido sobre as pontuações do QI Pelo contrário ao longo da história e nas diversas culturas muitos grupos de pessoas tiveram o status de pária foram considerados membros inferiores da ordem social Nas várias culturas esses grupos em des vantagem por exemplo Maoris nativos versus neozelandeses europeus exibiram diferenças em testes de inteligência e aptidão Steele 1990 Zeidner 1990 Tal foi o caso dos curtido res Burakumin que significa populações dasvilas no Japão Foram emancipados em 1871 porém não tiveram aceitação plena na sociedade japonesa Por um lado possuem desempe nho inadequado e status desprovido de privilégios no Japão Por outro aqueles que emigram para a América e são tratados como os outros imigrantes japoneses possuem bom desem penho nos testes deQI e alcançam resultados na escola emumnível comparável àquele de outros norteamericanos de origem japonesa Ogbu 1986 Efeitos positivos similares de integração ocorreram no outro lado do mundo Em Israel os filhos de judeus europeus alcançam pontuação muito mais elevada em testes de QI do que os filhos de judeus árabes A exceção ocorre quando os filhos são criados em kibbutzim plural de kibbutz propriedades rurais onde as pessoas moram e dividem as atividades em comum Neste ambiente crianças de todas asorigens nacionais são criadas porpessoas es pecialmente treinadas em uma casa separada daquela de seus pais Quando essas crianças compartilharam os mesmos ambientes de criação durante ainfância não ocorreram diferen ças deQI relacionadas a origens ancestrais Smilansky 1974 Existem presentemente em conjunto provas abundantes deque diversos fatores podem afetar as aptidões intelectuais Um fator são os ambientes das pessoas Ceei Nightingale Baker 1992 Reed 1993 Sternberg Wagner 1994 Outro é a motivação que apresentam 504 Psicologia Cognitiva Collier 1994 Sternberg Ruzgis 1994 Um terceiro é o treinamento que recebem Feuers tein 1980 Sternberg 1987b Portanto não possuem fundamento as alegações controvertidas feitas por Herrnstein e Murray 1994 em seu livro A Curva doSino a respeito da futilidade dos programas de intervenção E preciso levar em consideração todas as provas em favor da possibilidade do aperfeiçoamento das aptidões cognitivas De modo análogo a dependência de Herrnstein e Murray de um fator genético nas diferenças cognitivas de origem étnica Herrnstein Murray 1994 p 270 parece ser arriscada à luz das provasdiretas em oposiçãoa tais diferenças genéticas veja Sternberg 1996b Parece resultar em parte de uma compre ensão equivocada da possibilidade de se herdar traços em geral A hereditariedade certamente é importante nas diferenças individuais da inteligência Loehlin Horn Willerman 1997 Plomin 1997 assim como o ambiente Sternberg Grigo renko 1999 Wahlsten Gottlieb 1997 A herança genética pode fixar algum tipo de limite superior no nível de inteligência que uma pessoa pode vir a ter No entanto conhecemos agora que para qualqueratributo parcialmente genético existe umafaixa dereação a faixa de limitesde possibilidades amplos nos quais um atributo pode ser expresso de várias manei ras Portanto a inteligência de cada pessoa pode ser desenvolvida adicionalmente no âmbito dessa faixa ampla de inteligência potencial Grigorenko 2000 Não possuímos razão para acreditar que as pessoas atingem presentemente seus limites superiores no desenvolvimento de suasaptidões intelectuais As provas indicam de modo contrário que podemos fazermuito para ajudar as pessoasa se tornarem mais inteligentes para uma discussãoadicional sobre es ses temas veja Mayer 2000a Sternberg 1995 veja também Neisser et ai 1996 Outro estudo que analisou a maleabilidade da inteligência examinou um aspecto dife rente isto é as crenças dos alunos a respeito dessa maleabilidade Blackwell Trzesniewski e Dweck 2007 estudaram alunos das primeiras séries do Ensino Médio e as crençasque pos suíam sobrea natureza da inteligência A crença de que a inteligência é maleável previu uma melhoria nas notas de matemática durante os dois anos seguintes Blackwell Trzesniewski Dweck 2007 No entanto os alunos que acreditavamque a inteligência é fixa não demons traram mudança significativa ao longo deste mesmo período de tempo Blackwell Trzes niewski Dweck 2007 Emum segundoestudoosalunoscujasnotas em Matemáticaestavam diminuindo foram informados a respeito da maleabilidade da inteligência Blackwell Trzes niewki Dweck 2007 As notas dos alunos que receberam esse treinamento pararam de di minuir Adicionalmente os alunos se tornaram mais motivados em sala de aula No entanto os que não receberam esse treinamento continuaram a ter notas cada vez menores Blackwell Trzesniewski Dweck 2007 Estasdescobertas indicam não apenas que a inteligência é male ável mas também que é altamente afetada por nossas expectativas Basicamente podemos ajudar as pessoas a se tornarem mais inteligentes Para atingir esta meta as auxiliamosa melhor perceberem aprenderemlembraremse representarem in formações decidirem e resolverem problemas Emoutras palavras aquiloque fazemos é aju dálas a melhorar as funções cognitivas que têm sido o foco deste livro O elo entre melhorar a inteligência e aperfeiçoar a cognição não é de natureza causai Pelo contrário as formas de cognição humana formam o núcleo da inteligência humana Portanto a inteligência é um constructo que nosauxiliaa unificar os vários aspectos da cognição Fatores culturaise con textuaispodeminfluenciar a expressão de nossa inteligência Porexemplo o comportamento que é considerado inteligente em uma cultura pode não sêlo em outra Entretanto os pro cessos cognitivos subjacentes ao comportamento são em grande parte os mesmos Desse modo quando estudamos a Psicologia Cognitiva estamos conhecendo o núcleo fundamen tal da inteligência humana que auxilia as pessoas em todo o mundo a se adaptarem às cir cunstâncias de seu ambiente E esses processos se aplicam não importando a extensão das diferenças entre essas circunstâncias Não causa surpresa portanto que o estudo da cogni Capitulo 13 Inteligência Humana e Artificial 505 ção seja tãofundamental para a Psicologia em particular e para a compreensão do compor tamento humano em geral Desenvolvimento da Inteligência em Adultos A inteligência evidentemente desenvolvese com a idade Anderson 2005 Os resultados dos testes de capacidade cognitiva continuam a melhorar indefinidamente Osdados dispo níveis indicam que isto pode não ocorrer Berg 2000 Embora a inteligência cristalizada seja maior em média para adultos com mais idade do que para adultos jovens a inteligência fluida é maior em média para adultos com menos idade doque para aqueles com mais idade Horn Cattell 1966 Portanto no nível universitário as capacidades fluida e cristalizada estão au mentando Entretanto mais tarde na vida o quadro muitas vezes se altera Por exemplo o desempenho de adultos com mais idade em muitas tarefas de processa mento de informação parece ser mais lento particularmente para tarefas complexas Bashore Osman Hefley 1989 Cerella 1990 1991 Poon 1987 Schaie 1989 Em geral as capacida des cognitivas cristalizadas parecem aumentar ao longo da duração da vida ao passo que as capacidades cognitivas fluidas parecem aumentar até a faixa dos 20 ou 30 anos e possivel mente até a faixa de 40 anos decrescendo lentamente a partirde então A preservação das capacidades cognitivas cristalizadas sugere quea memória de longo prazo a estrutura e a or ganização da representação do conhecimento permanecem preservadas ao longo da duração da vida Salthouse 1992 1996 2005 Além disso muitos adultosencontram maneiraspara compensar deficits posteriores das aptidões de tal modo que seu desempenho real não seja afe tado Por exemplo digitadoras com mais idade podem digitar menos rapidamente mas olhar mais à frente no texto para compensar a diminuição da velocidade de processamento Sal thouse 1996 Ou se tendem a ter esquecimento podem escrever lembretes com mais fre qüênciasdo que faziam quando eram mais jovens Embora os psicometristas discordem quanto à idade emque a inteligência fluida começa a diminuir muitos pesquisadores concordam que nofinal em média algum declínio realmente ocorreO ritmo e a extensão do declíniovaria amplamenteentre as pessoas Algumas capaci dades cognitivas também parecem declinar em média sob certas circunstâncias porém não em outras Por exemplo a eficácia do desempenho em algumas tarefas envolvendo asolução de problemas parece apresentar uma diminuição relacionada à idade Denny 1980 embora mesmo umtreinamento breve pareça melhorar os resultados em tarefas de solução de proble mas nos adultoscom mais idade Rosenzweig Bennett 1996 Willis 1985 Outras pesquisas apontam para os declínios nofuncionamento executivo como uma razão para o menor desem penhoem testes de inteligência Taconnat et ai 2007 No entantonem todas ascapacidades cognitivas diminuem Por exemplo um livro Ce rella et ai 1993 dedica 20capítulos paradescrever estudos mostrando pouco ounenhum de clínio intelectual emdiversas áreas da cognição incluindo a percepção deobjetos e palavras compreensão da língua e solução de problemas Alguns pesquisadores por exemplo Schaie Willis 1986 constataram quealguns tipos de capacidade de aprendizado parecem aumentar e outros pesquisadores Graf 1990 LabouvieVief Schell 1982 Perlmutter 1983b descobri ram que a capacidade para aprender e lembrar aptidões e informações significativas apresenta declínio reduzido Igualmente mesmo em uma única área como a memória decréscimos em um tipo de desempenho podem não implicar decréscimos em outro Por exemplo embora a memória de curto prazo pareça declinar Hultsch Dixon 1990 West 1986 a memória de longo prazo Bahrick Bahrick Wittlinger 1975 e a memória de reconhecimento Schonfield Robertson 1966 permanecem em muito boas condições 506 Psicologia Cognitiva Alguns pesquisadores por exemplo Schaie 1974 1996 chegam a questionar as provas do declínio intelectual Para citar um exemplo as visões que possuímosda memória e do en velhecimento podem ser afetadas negativamente por relatos de alterações patológicas que ocorrem em alguns adultoscom mais idadeTaisalteraçõesnão resultamdo declínio intelec tual geral mas de transtornos neurofisiológicos específicos Estes transtornos como o mal de Alzheimer são razoavelmente incomuns mesmoentre idosos com idade avançada Técnicas de detecção preventiva parao malde Alzheimer quese valem dasdiferenças nas capacidades usuais de adultos na fase de envelhecimento estãosendoinvestigadas atualmente proporcio nando resultados distintos Mirmiran von Someren Swaab 1996 As capacidades cogniti vas parecem apresentar maior declínio nos últimos dez anos antes da morte A intensidade do declínio que ocorre nesses últimos anos é previstaem parte por resultados de testes de inte ligência nos primeiros anos de vida Bourne et ai 2007 Outra ressalva relativa às descobertas de declínio em idade avançadaé o usofreqüente de modelos de pesquisa cruzada que envolvem testar grupos gerações diferentes de indiví duosao mesmo tempo Tais modelos tendem a superestimar a extensão do declínioda capa cidade cognitiva Por razões desconhecidas gerações mais jovens de pessoas apresentam capacidades cognitivas maiores pelomenosconformeavaliadas peloQI Flynn 1984 1987 do que as gerações anteriores Consequentemente os QIs menores dos indivíduos mais ve lhos pode ser um efeito relacionado à geração ao invés de ser relacionado ao envelhecimento Realmente os modelos de pesquisa longitudinal que testam as mesmas pessoas repetida mente ao longo de um período prolongado indicam menor declínio da capacidade mental com o avanço da idade Esses estudos no entanto podem subestimara extensão do declínio resultante da desistência seletiva Os participantes menos capazes desistem de participar do estudo no decorrer dosanos talvez por considerarem quese submeter a testes cognitivos seja desmotivador ou até mesmo humilhante Embora continue o debate sobre declínio intelectual em função da idade as posições atingiramcerta convergência Porexemplo existe um consenso Cerella 1990 1991 Kliegl Mayer Krampe 1994 Salthouse 1994 1996 de que ocorrealguma diminuiçãodo ritmode processamento cognitivo durante a vida adulta e a prova da diminuição permanece mesmo quando a metodologia e as análises experimentais eliminam a representação desproporcio nal de adultos com demência entre os idosos Salthouse Kausler Saults 1990 Entre os fa tores gerais que foram indicados como contribuintes para retardamento do processamento cognitivo relacionado à idade destacamse um declínio generalizado no funcionamento do sistema nervoso central Cerella 1991 um declínio da capacidade da memória de trabalho Salthouse 1993 um declínio dos recursos relacionados à atenção veja Horn Hofer 1992 e uma diminuição do funcionamento dos lobos frontais Bugg etai 2006 O processamento mais lento pode resultar em deficits cognitivos por meio de dois temas relacionados à velocidade no funcionamento cognitivo tempo limitado e simultaneidade Salthouse 1996 O processamento mais lento pode impedir que certas operações sejam realizadas Tais operações podem necessitar ocorrer em um intervalo limitado de tempo e po dem precisar sesobrepor porcausa de limitações de armazenamento Por exemplo a memó ria auditiva exibe uma decadência rápida conduzindo à necessidade de uma classificação rápida dos sinais auditivos A lentidão do processamento em nível superior pode resultar no processamento impreciso dos sinais auditivos Dada a natureza semiparalela de grande parte do processamento cognitivo juntamente com a natureza da transmissão sináptica não deve causar surpresa que a velocidade seria um aspecto importante pois tal processamento de pende muito do tempo Além desses fatores gerais muitos psicólogos cognitivos e evolucionistas indicaram que fatores específicos também afetam as alterações relacionadas à idade no processamento cog Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificial 507 nitivo Os fatores específicos podem afetar diferencialmente várias tarefas cognitivas Por exemplo fatores específicos incluem maiorlentidãodos processos cognitivos de ordem supe rioremcomparação aosprocessos sensoriomotores Cerella 1985 Também incluem o retar damento diferencial das tarefas de complexidade elevada versus de complexidade reduzida Kliegl Mayr Krampe 1994 Um fator cognitivo adicional é a maiorlentidãoparaas tarefas que requerem complexidade de coordenação exigindo o processamento simultâneo de estí mulos múltiplos do que para a complexidade seqüencial exigindo o processamento seqüen cialdeestímulos múltiplos Mayr Kliegl 1993 Um últimofator é o maior declínio relacionado à idade nosprocessos derecuperação deinformações doquenos processos decodificação veja Salthouse 1992 Adicionalmente efeitos da indução e tarefasque requerem memória implí cita parecem mostrar pouca ou nenhuma prova de declínio Mitchell Bruss 2003 No en tanto tarefas envolvendo memória explícita exibem efetivamente declínio relacionado à idade vejaSalthouse 1992 Com basenas pesquisas existentes foram propostos três princípios básicos de desenvolvi mento cognitivo na idade adulta Dixon Baltes 1986 Primeiro capacidades fluidas e outros aspectos doprocessamento de informações podem declinar emidade avançada Este declínio entretanto é compensado pelaestabilização ou mesmo peloavançode aspectos muito conhe cidos e pragmáticos de funcionamento mental capacidades cristalizadas Segundo apesar do declínio relacionado à idade no processamento de informações uma capacidade de reserva suficiente permite ao menos aumentos temporários do desempenho especialmente se o adulto com mais idade estiver motivado para desempenhar bem Terceiro quando adultos perdem uma parteda velocidade e daeficiência no processamento das informações relaciona dasà fisiologia muitas vezes compensam em umadada tarefacom outrasaptidões de proces samentode informações baseadas em conhecimento e especialização Salthouse 1991 1996 veja também Salthouse Somberg 1982 Emoutras palavras adultos com mais idade desen volvem estratégias práticas para conservar níveis relativamente elevados de funcionamento Berg et ai 1998 Berg Meegan Deviney 1998 Sternberg Grigorenko Oh 2001 Eles tam bém podem se valer do conhecimento prático que pessoas mais jovens não possuem Berg 2000 ColoniaWillner 1998 Torff Sternberg 2001 Embora as evidências relativas às diferenças relacionadas à idadena seleção de estratégias cognitivas sejam de natureza variada parece não existirem diferenças relacionadas à idade no automonitoramento dos processos cognitivos veja Salthouse 1992 Portanto pareceria que adultos emfaixa etária mais avançada poderiam sercapazes de utilizar mais eficazmente infor mações a respeito decomo melhorar seu desempenho cognitivo De modo análogo quando o desempenho em tarefas baseiase mais na precisão do que na velocidade adultos com mais idade podem compensar pelo menos parcialmente a diminuição da velocidade por meio de maior cuidado e persistência veja Horn Hofer 1992 Além disso em todas as ocasiões ao longo daduração da vida existe considerável plasticidade flexibilidade para alteração das ca pacidades Baltes 1997 Baltes Willis 1979 Garlick 2002 Mirmiran von Someren Swaab 1996 Rosenzweig Bennett 1996 Ninguém de nós permanece fixo emumdeterminado nível de desempenho Cada um de nós pode melhorar Em anos recentes alguns psicólogos se tornaram particularmente interessados no desen volvimento da sabedoria na idade adulta veja Sternberg 1990 A maioriados teóricos argu mentou que a sabedoria aumenta com a idade embora existam exceções Meacham 1990 Foram muitas as definições dos psicólogos para sabedoria Alguns Baltes et ai 1995 Baltes Smith 1990 Baltes Staudinger 2000 definem sabedoria como insight excepcional no desen volvimento humano e em temas da vida incluindo julgamento aconselhamentoe comentá rios excepcionalmente bons sobre problemas difíceis davida Além disso a sabedoria pode ser 508 Psicologia Cognitiva vista como reflexo de um ganho positivo na pragmática cognitiva baseada na cultura usos significativos das aptidões cognitivas diante das perdas de mecânica cognitiva mais contro ladas fisiologicamente Baltes 1993 Outraspesquisas detectaram seis fatores noconceito que as pessoas possuem da sabedoria capacidade de raciocínio sagacidade esperteza aprendi zado a partir de idéias e do ambiente julgamento uso rápido das informações e perspicácia conscientização intensamente aguçada percepção e insight Sternberg 1985b Saber aquilo que você não conhece também é importante Meacham 1983 1990 Sejaqual for a defini ção Moshman 1998 o estudo da sabedoria representa uma nova iniciativa instigante para descobrir que capacidades podem ser desenvolvidas durante a idade adulta mais avançada ao mesmotempo que as capacidades fluidas ou os aspectosmecânicosdo processamento das in formações podem estar declinando Os adultos são solicitados algumas vezes a realizar tarefas quedesafiam suainteligência de um modo queé bemespecífico Porexemplo pilotos usam sua inteligência a fim de tomar decisões que tanto para seus passageiros como parasi mesmos podem ser uma questão de vidaou morteA Psicologia podeser usada para ajudara projetarcabinesde comando e oti mizar as condições para que tomemessas decisões As pesquisas indicamque cabinesde co mando nas quais existe um grau elevado de similaridade entre as cores de vários elementos ou nas quais os elementos no fundo encontramse em movimento interferem na capacidade dos pilotos para leros instrumentos Nikolic Orr Sarter 2004 O ramo da Psicologia que ajuda no projetointeligente de instrumentos comoos instrumentosna cabinede comando é denominada Psicologia dos fatores humanos Os erros queospilotos cometem podem ser de vários tipos Por exemplo podem incorrer em um lapso caso emquedeixam de levar em conta um sinal que exige atenção Sarter Alexander 2000 Os psicólogos de fatores huma nos estudam não somente a instrumentação mas também o modo como os trabalhadores re agem aos instrumentos Adotam a meta de utilizar a interação homemmáquina como um todo Inteligência Artificial Simulações por Computador Um Programa de Computador pode ser Inteligente Grande parte das primeiras pesquisas sobre o processamento de informação concentrouse em trabalhos baseados em simulações da inteligência humana por computador bem como emsistemas informatizados queusam métodos deotimização pararealizar tarefas Programas de ambos os tipos podem ser classificados como exemplos de inteligência artificial IA ou inteligência em sistemas de processamento de símbolos como computadores veja Schank Towle 2000 Na realidade oscomputadores não conseguem pensar Precisam serprograma dos para comportarse como seestivessem pensando isto é precisam ser programados para simular processos cognitivos Deste modo nos proporcionam insights a respeito de detalhes relativos a como as pessoas processam informações cognitivamente Os computadores es sencialmente são apenas peças de hardware componentes físicos do equipamento que seguem instruções Outros tipos de máquinas outros equipamentos também obedecem às instruções Por exemplo sevocê puder conhecercomo darasinstruções umDVR gravador de vídeos digital as acatará e fará aquiloque você lhe determinar O que torna os computadores tão interessantes paraos pesquisadores é a possibilidade de processarem instruções altamente complexas conhecidas como programas de computador softwares Osprogramas indicam aocomputador como responder àsnovas informações Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificial 509 Antes de analisarmos quaisquer programas inteligentes precisamos examinar seria mente o tema relativo àquilo que de modo mais preciso nos levaria a considerar um pro gramade computador comointeligente O Teste de Turing Provavelmente a primeira tentativa séria para lidar com o tema da possibilidade de um pro grama de computador poder ser inteligente foi feita por Alan Turing 1963 baseado nas idéias que ele apresentou inicialmente em 1950 Turing desenvolveu especificamente um teste pelo qual um ser humano poderia avaliar a inteligência de um respondente veja o Capítulo 1 A idéia básica doTeste deTuring éseum observador pode distinguir o desempenho de um com putador daquele de um ser humano Para que o teste produzisse resultado todos precisam concordar que o ser humano é inteligente pelo menos em algum grau Na forma específica proposta por Turing o teste é conduzido com um computador um respondente humano e um interrogador O interrogador estabelece duas conversações diferentes com um programa de computador interativo A meta do interrogador consiste em descobrir qual das duas partes é uma pessoa se comunicando por intermédio do computador equal éopróprio computador O interrogador pode formular quaisquer perguntas às duas partes O computador no entanto tentará enganar o interrogador fazendoo acreditar que oequipamento éum ser humano Este em contraste tentará provar ao interrogador que eleela realmente é humanoa O computa dor é aprovado noTeste de Turing caso um interrogador seja incapaz de distinguir o compu tador do ser humano O teste de indistinguibilidade entre computador e ser humano é usado comumente na avaliação da inteligência de um programa de computador O teste usualmente não é apli cado exatamente do modo descrito porTuring Por exemplo alguns tipos de informações ge radas por um computador poderiamser examinados eavaliados em termos de comparabilidade com odesempenho humano Em alguns casos os dados humanos de uma tarefa de solução de um problema são comparados com os dados gerados por um computador O grau de rela ção entre eles éavaliado em seguida Por exemplo suponha que um computador resolva pro blemas de séries numéricas como 1 4 9 16 em que cada elemento é o próprio número inteiro elevado ao quadrado Ostempos de resposta e os padrões de erro do computador po dem ser comparados com aqueles dos participantes humanos que solucionaram os mesmos problemas Kotovsky Simon 1973 Simon Kotovsky 1963 Evidentemente os tempos de resposta do computador são usualmente muito mais rápidos do que aqueles dos seres huma nos porém os pesquisadores estão menos interessados nos tempos de reação gerais do que nos padrões dos tempos de reação Em outras palavras o que importa nãoé seoscom putadores levam mais ou menos tempo para solucionar cada problema em comparação aos seres humanos Preferívelmente é se os problemas que o computador leva relativamente mais tempo para solucionar também requerem que os seres humanos empreguem mais tempo para solucionálos Algumas vezes a meta de um modelo computadorizado não é igualar seu desempenho ao desempenho humano mas suplantálo Neste caso a maximização da IA ao invés da simula ção da inteligência humana é a meta do programa O critério baseado no desempenho do computador ser igual ao dos seres humanos deixou de ser relevante Como alternativa ocri tério de interesse éo que determina o grau de perfeição com que ocomputador pode realizar a tarefa que lhe foi atribuída Por exemplo os programas de computador que jogam xadrez atuam normalmente de um modo que enfatiza a força bruta Osprogramas avaliam núme ros extremamente elevados de movimentações possíveis Muitas delas sãomovimentações que os seres humanos jamais sequer considerariam avaliar Berliner 1969 Bernstein 1958 Usando força bruta oprograma Deep Blue da IBM derrotou ocampeão mundial Gary Kas parov em um jogo de xadrez realizado em 1997 Omesmo método de força bruta éusado em 510 Psicologia Cognitiva programas que jogam damas Samuel 1963 Estes programas geralmente são avaliados em termos dograu de excelência com que podem se derrotar entre si e ainda mais importante adversários humanos jogando contra eles Após examinarmos alguns temas relativos ao que constitui um programa de computa dor inteligente voltamos agora nossa atenção para alguns dos programas reais A discussão destes programas lhedará uma idéia decomo aspesquisas deIA têm evoluído Também lhe mostrará como os modelos de IA influenciaram o trabalho dos psicólogos cognitivos Con forme osexemplos precedentes mostraram muitos dos primeiros programas deIAseconcen traram na solução de problemas Primeiros Programas Um dos mais antigos programas inteligentes foi o Teórico Lógico TL Newell Shaw Si mon 1957b Ele foi concebido a fim de descobrir provas para teoremas de lógica simbólica elementar Um sucessor do TL foi denominado Solucionador Geral de Problemas SGP Newell Shaw Simon 1957a Este programa usou um método de resolução de problemas intitulado análise de meiosfins Ele envolve solucionar problemas reduzindo sucessivamente diferenças entre o status atual no qual a pessoa está presentemente e o status almejado no qual a pes soa deseja estar veja o Capítulo 11 A Figura 136 apresenta umfluxograma ummodelo de percurso para atingir uma meta ousolucionar um problema O fluxograma mostra como o SGP pode transformar uma meta ouo estado de um problema em outra usando a aná lise de meiosfins A análise de meiosfins pode ser aplicada a uma ampla gama de problemas Umexem plo seria os problemas de MOVIMENTO descritos no Capítulo 11 em que hobbits e ores precisavam atravessar um rio usandosomente um bote para duas pessoas O SGP do modo como foi formulado nas décadas de 1950 e 1960 podia aplicar a heurística a problemas como demonstração de teoremas lógicos ou alguns outros problemas descritos no Capítulo 11 O programa SGPe o programa TL foram casos típicos do trabalhopioneiro realizado na Car negieMellon University Porém ogrupo NewellSimon na Carnegie nãofoi o únicoemati vidade tentando criar programas inteligentes No Massachusetts Institute ofTechnology MIT um grupo liderado principalmente por Marvin Minsky também estava interessado em criar programas de IA Os programas do MIT diferiam daqueles da Carnegie por sua maior ênfase na recuperação de informações semânticas isto é no uso de informações ver bais providas de significado Minsky 1968 Por exemplo noinício da década de 1970 o pes quisador do MIT Terry Winograd 1972 havia desenvolvido o SHRDLU Este programa FIGURA 136 Meta Transformar a meta A na meta B Comparar A e BI para encontrar I D a diferença D I Nenhuma diferença Submeta Imodificado Reduzir Dmodificado Submeta I pi Transformar Amodificado em Bi Fracasso Fracasso Sucesso Fracasso Fracasso Sucesso Sucesso Aüen Neweü CUfford Shaw e Herbert Simon ao desenvolverem oSolucionador Geral de Problemas SGP propu seram um fluxograma para implementar uma análise de meiosfins afim de alcançar uma meta Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificial 511 comandava manualmente o braço de um robô a fim de manipular diversos blocos em um mundo deblocos A Figura 137 apresenta exemplos dos tipos deelementos quefazem parte do mundo de blocos do SHRDLU Enquanto o SHRDLU processa informações em termos de ummundo de blocos outros programas operam em mundos muito diferentes Um dos mais interessantes é aquele dopsi coterapeuta de um lado e o paciente de outro Dois programas queoperam no mundo da psicoterapia são o ELIZA e o PARRY O pri meiro assume o papel dopsicoterapeuta deapoio O segundo o deumpaciente paranóico de um psicoterapeuta A meta do terapeuta de apoio consiste em conhecer os sentimentos de um paciente O terapeuta explica em seguida estes sentimentos ao próprio paciente e o auxilia a compreender e a descobrir como lidar com eles Considere por exemplo um segmento de uma interação entre ELIZA e um paciente interagindo com esse programa conforme apre sentado no Quadro 134 Neste segmento ELIZA parece demonstrar insight clínico em rela ção a seu paciente No entanto ELIZA não é tão brilhante conforme aparece aqui O programa usa palavras e frases importantes das observações feitas pelo interlocutor paciente para escolher suas próprias observações O programa não compreende em qualquer sentido mais amplo aquilo que o paciente está dizendo O criador do programa ELIZA realmente es colheu o domínio da psicoterapia deapoio poracreditar quea simulação das respostas de um psicoterapeuta seria relativamente fácil Weizenbaum 1966 Ele evitou a simulação de pes soas emoutras ocupações queexibem de modo mais direcionado seu conhecimento e sua es pecializaçãoem suas interações com outras pessoas Se terapeutas podem sersimulados porquenão ospacientes Kenneth Colby 1963 um psiquiatra treinado criou uma simulação de um paciente paranóico muito preocupado com a possibilidade dea máfia o estar perseguindo A dinâmica doprograma está demonstrada no FIGURA 137 Verde Vermelho O robô de Terry Winograd foi programado para operar no âmbito de um mundo de blocos tridimensionais contendo elementos como osblocos apresentado nafigura DeUnderstanding Natural Languages Terry Winograd 1972 Terry Winograd Reproduzido mediante autorização da Elsevier 512 Psicologia Cognitiva segmento do diálogo reproduzido no Quadro 134 A simulação de um paranóico feita por Colbynão é somente um conjunto de respostas que parecem paranóicas Emvez disso a si mulação é gerada com base em uma teoria doprocesso neurótico de um paranóico A princi pal intenção de um paranóico consiste em determinar as intenções de outra pessoa As mensagens desta outrapessoa são examinadas paraajudar nessa determinação Asmensagens são classificadas como maléficas benéficas ou neutras A pessoa paranóica é particularmente suscetível a uma interpretação da malevolência Esta interpretação pode surgir deuma crença de que o outro pretende inílingir dano físico ou psicológico à pessoa paranóica Colby realizou uma avaliação umtanto mais formal desse programa doquenormalmente ocorre Ele solicitou a um grupode 33 psiquiatras que lessem transcrições de entrevistas com PARRY e com pacientes realmente paranóicos Nenhum dos psiquiatras foi informado deque um modelo informatizado estava envolvido Aproximadamente metade deles considerou o modelo como maisparanóico que os próprios pacientes O programa de Colby difere fundamentalmente de muitos outros pois simula não so mente os processos cognitivos abstratos mas também um sistema de crenças Outro pro grama de Colby usa terapia cognitivapara tratamento de depressão moderada Envolve um texto e um padrão de diálogo para interaçãocom a pessoa Colby 1995 Programas que Simulam Especialização Ao contrário das pesquisas na Costa Leste do EUA realizados no MIT e na Carnegie Mellon a pesquisa sobre a IA na Costa Oeste especialmenteem Stanford tende a enfatizar sistemas especializados programas de computador que podem desempenhar de modo idên tico a um especialista em um domínio razoavelmente específico Nenhuma tentativa foifeita para modelar a inteligência humanamais globalmente ou mesmo expandir ossistemas espe cializados específicos mesmo emteoria Ospesquisadores tentaram preferivelmente simular o desempenho em apenas um domínio muitas vezes limitado Eles seempenharam por um nível deespecialização que sobrepujasse aquilo que seria possível para um programa que fosse razoavelmente de domínio geral Porexemplo foram desenvolvidos diversos programas para diagnosticar vários tipos de transtornos clínicos Tais programas obviamente possuem enorme potencial de importân cia tendo em vista os custos muito elevados financeiros e pessoais de diagnósticos incor retos Provavelmente o mais conhecido e certamente o mais antigo desses programas é o MYCIN Buchanan Shortliffe 1984 Shortliffe 1976 O MYCIN pode ser usado parade tectar e potencialmente vir a tratar certas infecções bacterianas O Quadro 135 apresenta umfragmento de umsistema de afirmações usado pelo MYCIN traduzido a fim de ser legí vel paraos seres humanos Observe que o programa oferece uma indicação de seu grau de certeza 06 relativo à identificação do microorganismo agressor ser bacteriano O valor de 06 não é em termos estritos uma probabilidade Porém enquadrase em uma escala na qual 0 indica ausência total de certeza a respeito da verdade e 1 certeza total O MYCIN contém aproximadamente 500 regras afirmações do tipo seentão podendolidarcomcerca de 100tipos diferentes de infecçõesbacterianas O MYCIN foi testado por sua eficácia em realizar diagnósticos e fazer sugestões de trata mentos O desempenho do MYCIN comparouse favoravelmente com os membros docorpo docente daStanford School ofMedicine O MYCIN apresentou desempenho superior aodos alunos de Medicina e de residentes na mesma faculdade Yu etai 1984 Anteriormente ha viasido provado que eramuito eficaz na prescrição de medicamentos paracombate da menin gite Portanto no âmbito de seu domínio de especialização relativamente restrito o MYCIN é indiscutivelmente umsistema especializado quecausa impressão Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificial 513 QUADRO 134 Programas que Simulam Sistemas de Crenças ELIZA e PARRY O programa ELIZA deJoseph Weizenbaum foi desenvolvido parasimular umpsicoterapeuta de apoio e o programa PERRY de Kenneth Colby parasimular um paciente paranóico O quepoderia acontecer se PARRY fosse solicitar orientação psicoterapêutica de ELIZA Adaptado de Weizenbaum 1966e de Colby 1963 ELIZA Os homens são todos iguais De que modo Estão sempre nos importunando a respeito de algo Você consegue pensar em um exemplo especifico Bem meu namorado me convenceu a vir aqui Seu namorado a convenceu a vir aqui Ele dii que ficodeprimida a maior parte do tempo Lamento saber que você está deprimida É verdade Sintome infeliz Você considera que vir aqui a ajudará a não ser INFELIZ Preciso de alguma ajuda pelo menos isto parece certo O QUE SIGNIFICARIA PARA VOCÊ CASOCONSEGUISSE ALGUMA AJUDA Talvezeu pudesseaprender a ter um bom relacionamento com minha mãe CONTEME MAIS A RESPEITO DE SUA FAMÍLIA Minha mãe cuida de mim Quem mais em sua família cuida de você Meu pai Seu pai Você é parecido com meu pai em certos aspectos Que semelhança você vê Você não é muito agressivo porém penso que não deseja que eu note isso O QUE O FAZ PENSAR QUE NÃO SOU MUITO AGRESSIVO Você não discute comigo Por que você considera que eu não discuto com você Você tem medo de mim Você fica contente em saber que tenho medo de você Meu pai tem medo de todos O QUE MAIS LHE VEM À MENTE QUANDO VOCÊ PENSA EM SEU PAI Pessoas inconvenientes Isso tem algo a ver com o fato de que seu namorado a fez vir aqui PARRYf Por que você está no hospital Eu NÃO deveria estar aqui Quem o trouxe para cá A polícia Qual foi seu problema com a polícia Os TIRAS NÃO FAZEM SEU TRABALHO O que fazementão OS TIRAS PRENDEM AS PESSOAS ERRADAS Prendem as pessoascertas algumas vezes A LEI DEVERIA PUNIR AQUELES ITALIANOS DESONESTOS Você é italiano Minha origem é britânica porém não nasci neste país Você conhece italianos desonestos Tento evitar o submundo Você tem medo do submundo A MÁF1A tem os piores gângsters Você possui ligações com a máfia Sabe eles me conhecem De que modo eles o conhecem Eles me espionam Por que agem assim Eles querem obter provas falsas para compremeterme O que eles têm contra você Estão em meu encalço Por que motivo Possuo provas que incriminam a máfia Você está certo disso tudo Você não acredita em mim Estou me empenhando ao máximo Silêncio da parte do paciente Silêncio da parte do psiquiatra Você não consegue pensar em uma pergunta decente para formular Você parece hostil à minha pessoa Alguns de seus comentários me irritam Desculpe Esqueça as desculpas pessoas como você são todas parecidas J Weizenbaum 1966 Eliza A compurer program for study ofnacural language communication between man ma chineCommunications othe Association for Computing Machinery v 9 p 3645 1966Association of Computing Ma chinery Reproduzido mediante autorização t Computer simulation ofa ncurotic process porPerry Colby InTomkinsMessick Computer Simulation and Pcrsonality 1963 John Wiley Sons Inc 514 Psicologia Cognitiva QUADRO 135 MYCIN Um Programa que Incentiva a Especialização Em Stanford o desenvolvimento de sistemas especializados como o exemplificado a seguir tem sido foco de pesquisas em IA Se A coloração do organismo é gram negativa isto é não é um tipo específico de micro organismo A morfologiado organismo é em forma de bastonete e Em termos de necessidade de oxigênio o organismo é classificado como anaeróbico Então Existe indício 06 de que o organismo possui identidade bacteriana DeComputer Based Medicai Consuluitions porE H Shortliffe 1974 Elsevier Science Publishing Outros sistemas especializados também foram criados para fins de diagnóstico médico Por exemplo o INTERNIST Miller Pople Myers 1982 faz o diagnóstico de um espectro mais amplo dedoenças emcomparação ao MYCIN No âmbito de seu domínio mais amplo suacapacidade de diagnóstico não chegaa serigual à de um médico experienteem medicina interna O programa ilustra aquilo que algumas vezes é denominado problema defidelidade da largura de banda Quanto maior a largura da bandade umrádio ou deoutroreceptor me nor tende a sersuafidelidade exatidão confiabilidade De modo similar quanto maioro es pectro dos problemas que um programade IA tenta equacionar menos confiável ele tende a ser na soluçãode qualquer um desses tipos de problemas Outros sistemas especializados solucionam outros tipos deproblemas incluindo alguns dos problemas identificados pelos cientistas Por exemplo DENDRAL outro sistema especializado desenvolvido pioneiramente na Stanford ajudaos cientistasa identificarem a estrutura mole cular de compostos orgânicos descobertos recentemente Buchanan etai 1976 Alguns projetos recentes que estudam a inteligência especializada possuem interesse para os psicólogos cognitivos Entre esses projetos o Cyc envolveu o desenvolvimentode um sistema capaz de aprender Matuszek etai 2005 Os três componentes deste projeto são a base de conhecimento o mecanismo de inferência e o sistema de linguagem natural Ma tuszek et ai 2005 O Cyc ao ampliar continuamente sua base de conhecimento por meio do mecanismo de inferência é capaz de imitar pelo menos algunsaspectos do bom senso Questões sobre a Inteligência dos Programas Inteligentes Programas artificialmente inteligentes como os descritos neste capítulo possuem evidente mente seus críticos Considere algumas das principais objeções que foram levantadas com relação a alguns dos programas mencionados anteriormente Osespecialistas diferem quanto ao graude credibilidade que atribuem a essas várias objeções Fundamentalmente cada um de nós precisa avaliaras objeções segundo nosso próprio julgamento Processamento Seriado Algumas das objeções à IA relacionamse às limitações dos equipamentos existentes e dos softwares criados Paracitar um exemplo oscérebros humanospodemprocessar simultanea mente muitas fontes de informações No entanto por causa da estrutura arquitetônica dos equipamentos de computação virtualmente todos oscomputadores e mesmo os mais avança dos eles podem processar somente uma instrução por vez Portanto modelos baseados em simulações porcomputador tenderam a depender deprocessamento seriado passo a passo um por vez das informações No entanto com várioscomputadores conectadosem redesneurais Capítulo 13 Inteligência Humanae Artificial 515 de computadores atualmenteos equipamentos podemsimularo processamento paralelo pas sos múltiplos executados simultaneamente Desse modo a limitação do processamento serial deixoude aplicarse a todosos modelos de IA baseados em computadores Ausência de Intuição Outra das limitações da IA relacionase a uma característica diferente da inteligência hu mana a intuição Algumas pessoas argumentaram que embora os computadores possam ser processadores de símbolos bons e competentes de acordo com algoritmos preestabelecidos não possuem intuição Dreyfus Dreyfus 1990 Para esses pesquisadores a intuição encon trasenos tiposde premoniçãoque distinguemosespecialistas genuínosdaqueles com conhe cimento apenas teórico Intuição não envolve necessariamente a especializaçãoque permitirá às pessoas explorarseu conhecimento em uma situaçãodifícil Basicamente os Dreyfus estão argumentando que os computadores se destacam no aspecto matemático e dedutivodo pen samento porém não no intuitivo Por exemplo há alguns anos um avião DC10 da UnitedAirlines chocouse contrao solo Todosseus três sistemas hidráulicos foramdestruídos pelosrestos de uma turbina que se des prendeu em pleno arA turbina atingiu a cauda do avião onde os trêssistemas hidráulicos es tavam interligados O piloto do DC10 comunicouse por rádio com a central técnica para receberorientação sobreo que fazer quando os três sistemas hidráulicos deixamde funcionar Os especialistas técnicos foram incapazes de ajudar a tripulação Nunca haviam se deparado com essa situação anteriormente e não possuíam diretrizes a serem seguidas A tripulação en tretanto valendoseda intuição conseguiufazer com que o avião navegasse precariamente va riando o empuxo da turbina A mídia de notícias e outras fontes elogiaram o piloto e sua tripulação pela intuição que demonstraram diante de um problema muito penoso Neste caso não havia diretrizes e nenhum programa de computadorhavia sidocriadopara resolver o pro blema Como resultado dessa intuiçãocerca de doisterçosdospassageiros do aviãosobrevive ram quando o avião chocouse com o solo em Sioux City Iowa O argumento de que computadoresnão possuem inteligência intuitiva não está livre de contestação Diversos pesquisadores interessados na soluçãode problemas por seres humanos veja o Capítulo 11 estudaramas simulações por computador da solução de problemas Es sas pesquisas nos levaram a concluir que pelo menos algumascaracterísticasda intuição po dem ser modeladas em computadores Porexemploum conjunto de programas osprogramas Bacon simula os processos envolvidos em várias descobertas científicas importantes do passadoLangley etai 1987 Os pesquisadores dos programasargumentaram que seuspro gramas realmente demonstraram intuição Argumentaram adicionalmente que não existe algo enigmático a respeito da intuição Preferivelmente de acordo com esses pesquisadores a intuição pode ser compreendida em termos dos mesmos mecanismosde processamento de informações aplicados àsformas convencionais desolução de problemas A intuiçãopodeser caracterizada em parte por meio da IA quando for conceituaiizada em termos do envolvi mento do reconhecimento subconsciente de configurações Frantz 2003 Outros pesquisadores adotando uma linha similar simularam uma grande parte de uma teoriaqueexplica comoraciocinamos indutivamente Holland etai 1986 Seus programas fo ram indutivos indo além das informações dadasem um problema para obter umasolução que não é determinada dedutivamente pelos elementos do problema Podese argumentar facil mentequetaisprogramas sãointuitivos pelo menos emalgum sentido Vão além dasinforma ções dadas Outros programas também fazem inferências quevãomuito além dos simples fatos armazenados em seus bancos de dados 516 Psicologia Cognitiva Aplicações da Inteligência Artificial Uma aplicação recente da IA pode ser observada em uma competição patrocinada pela Agên cia de Projetos de Pesquisa Avançada em Defesa DARPA da sigla em inglês O programa denominado originalmente Grande Desafio DARPA requer que grupos desenvolvam um veículo automatizado DARPA 2007 As primeiras versões desse projeto tiveram algum su cesso e resultaram em versões mais desafiadoras a cada ano em que foi realizada A versão mais recente desse desafio é o Desafio Urbano DARPA exigindo que o veículo desempenhe de modo independente em um ambiente urbano incluindo o tráfego DARPA 2007 Esse desafio não permite condutores ou a utilização de controle remoto Como resultado esses veículos precisam integrar IA capaz de avaliar e reagir a novos ambientes Outra aplicação dá IA pode ser vista nos veículos que se movem no solo de Marte Os projetistas integram IA a estes veículos capacitandoos a tomar algumas decisões durante a missão e a serem autossuficientes Bluck 2004 A aplicação de IA a esses projetos resul tou em máquinas independentes capazes de realizar operações complexas em ambientes va riáveis Indubitavelmente essasaplicações são avanços importantes em relação às tentativas originais de aplicação da IA Inteligência versus Aparência de Inteligência Um filósofo levantou uma objeção à idéia básicade que computadores podem ser considerados verdadeiramente inteligentes Searle 1980 Para fazer essa objeção ele adota o que é conhe cido como o Problema do Quarto Chinês Imagine que Searle o filósofo esteja trancado em uma sala Ele recebe um grande número de materiais escritos em chinês para traduzir porém não possui qualquer conhecimento do idiomachinês Suponha no entanto que além dos materiais escritos em chinês Searle receba um segundo lote de materiais escritos em chinês Também recebe um conjunto de regras para traduzir do chinês para o inglês Em se guida Searle recebe um terceiro lote que lhe fornece um conjunto de regras para dar respos tas às perguntas que foram formuladas no primeiro lote de escritos chineses Searle responde em seguidaem chinês perfeito Presumivelmenteao longo do tempo Searle poderia se tornar extremamente hábil na aplicação das regras Suas respostas seriam tão boas nos mínimos detalhes quanto aquelas de um chinês nativo que compreendesse exatamente o que estava sendo perguntado Entretanto na realidade Searle não tem qualquer conhecimento do chi nês Ele simplesmente está seguindo um conjunto de regras De acordo com Searle programasque parecem compreender diversos tipos de dados e res ponderde uma maneiraaparentementeinteligentecomoo SHRDLUde Winograd sãocomo Searle no quarto chinês Os computadores não compreendem o dado que lhe está sendo for necido melhor do que Searle entende o idiomachinês Simplesmenteestão operando de acordo com um conjunto de regras préprogramadas A concepção de Searle é que o computador realmente não percebe e compreende as conexões entre entrada e saída Utiliza como alter nativa conexões preestabelecidas que parecem tornálo inteligentena superfície Para Searle esses programas não demonstram a IA Somente parecem mostrar inteligência Os pesquisadores de IA previsivelmente não competiram entre si para ser o primeiro a aceitar o argumentode Searle De modogeral elesnão demonstraram muitoentusiasmopara reconhecer qualquer insensatez em suas tentativas para moldar a IA Alguns pesquisadores propuseram respostas à acusação de Searle de que o computador não é parecido com o teor doselogios que recebe Um cientistapor exemplo argumentouque a utilização por Searledos sistemas de regras no segundo e no terceiro lotes de dados é de fato inteligente Abelson 1980 Ele argumentou adicionalmente que as crianças que aprendem um idioma também aplicam no início as regras de um modo um tanto desconhecido Apenas posteriormente compreenderão asregras e comoestãosendousadas Outrosargumentam que o sistema como um todo incluindo Searle assim como o conjunto de instruções realmente possui com preensão Além disso alguns programas de computador chegaram a ponto de mostrar pos Capítulo 13 Inteligência Humana e Artificial 517 suir capacidade para simular aomenos um grau reduzido de desenvolvimento de aptidões ede aquisição de conhecimentos Entretanto os programas de computador existentes ainda não seaproximam de nossa capacidade humana para aperfeiçoar nossa própria inteligência Temas Fundamentais Este capítulo examina diversos temas descritos no Capítulo 1 Primeiro e talvez mais importante é o tema inatoadquirido Este tema desempenhou papel importante nas pesquisas sobre inteligência desde oséculo XIX Os pesquisadores con cordam em geral que a natureza desempenha um papel A inteligência é parcialmente sus cetível de ser herdada As estimativas desta possibilidade aumentam efetivamente com a idade Quanto mais idade tiver a pessoa maior o papel desempenhado pela natureza e me noro papel dacriação Isto pode ocorrer por causa de efeitos diferenciais dos primeiros am bientes deformação que começam a desaparecer Porém o tipo de ambiente que o indivíduo possui afeta aextensão em que as pessoas podem utilizar e obter o máximo de seu potencial genético Além disso as pesquisas indicam que o ambiente pode afetar a Biologia O cére bro se altera como resultado das experiênciasde aprendizagem Um segundo tema é a validade da inferência causai versus a validade ecológica Alguns estudos deinteligência foram realizados em laboratório Outros especialmente estudos de in teligência foram realizados mais freqüentemente em campo Por exemplo estudos de inteli gência prática naárea rural do Quênia simplesmente não podem ser feitos em um ambiente altamente controlado Ambos os tipos de estudo aumentam nosso conhecimento da inteli gência completandose entre si Um terceiro tema é o da pesquisa básica versus pesquisa aplicada Noséculo XX grande parte das pesquisas iniciais sobre inteligência foi do tipo aplicado As pesquisas foram con cebidas para criar padronizar e validar testes de inteligência Porém posteriormente no sé culo XX os pesquisadores começaram a compreender que possuíam pouquíssima idéia dos processos cognitivos que contribuem para o desempenho nos testes Portanto seguiramse mais pesquisas básicas nas quais osexperimentadores tentaram compreender esses proces sos cognitivos As pesquisas indicaram que os testes também proporcionavam informações úteis No entanto também surgiram outros tiposde testes que foram úteis para compreen dera inteligência humana e asdiferenças de inteligência reveladas pelas pessoas Leituras Sugeridas Comentadas Gray J R Thompson R M Neurology of rece uma análise dos efeitos culturais nos intelligence Science and ethics Na processos psicológicos ture Neuroscience Reviews 5 p 471482 Sternberg RJ Pretz J E org Cognition 2004 Proporciona uma análise dos es and intelligence Nova York Cambridge tudos de Neurociência que examinam University Press 2005 Uma análise a inteligência abrangente da relação entrecognição e Lehman D R Chiu CY Schaller M inteligência cobrindo virtualmente to Psychology and culture Annual Review dos os aspectos da cognição estudados of Psychology 55 p 689714 2004 Ofe neste livro Glossário Abordagem gestaltista de configuração perceptiva Tem como base a idéia de que o inteiro é diferente da soma de suas partes individuais Acessibilidade Grau de acesso à informação dispo nível Acesso léxico Identificação de uma palavra que per mite obter acesso ao significadoda palavra a partir da própria memória AdaptaçãosensorialDiminuiçãoda atenção a estímulos que não estãosujeitos ao controle consciente Afasia Perda da linguagem funcional causada por le são no cérebro Agnosia Deficiênciagrave da capacidade de reconhe cer informações sensoriais Algoritmos Seqüências de operações que podem ser repetidas indefinidamente o que teoricamente as segura a soluçãode um problema Amígdala Desempenha importante papel nas emo ções especialmente na raiva e na depressão Amnésia Grave perda da memória explícita Amnésia anterógrada Incapacidade para se lembrar de fatos ocorridos após um evento traumático Amnésia infantil Incapacidadepara se lembrarde fa tos ocorridos na infância Amnésia retrógrada Perda da capacidade de recordar fatos anteriores a qualquer trauma que induzà per da da memória Análise Decomposição da totalidade de um problema complexo em elementos gerenciáveis Análise fatorial Método estatístico para separar um constructo a inteligência neste caso em uma série de fatores ou capacidades hipotéticas que os pesquisadores acreditam formara basedas diferen ças individuais no desempenho em testes Anteparo episódico Sistema de capacidade limitada que liga as informações dos sistemas subsidiáriose da memória de longo prazo a uma representação episódica unitária Apresentação binaural Apresentação de duas mensa gens idênticas ou de apenas uma mensagem aos dois ouvidos simultaneamente Apresentação dicótica Apresentação diferente para cada ouvido Armazenagem memória Referese à maneira como o indivíduo retém a informação codificada na memória Armazenagem de curto prazo Capaz de armazenar in formações por períodos relativamente longos po rém com capacidade limitada Armazenagem de longo prazo Enorme capacidade pa ra armazenar informações por longos períodos tal vez até indefinidamente Armazenagem sensorial Capaz de armazenar quanti dades relativamente pequenas de informações por curtos períodos Arrulho Expressãooral infantil com base na produção de sons vocálicos Associacionismo Examina de que modo eventos ou idéias podem ser associadosuns aosoutros na men te para se chegar a uma forma de aprendizado Ataxia ótica Controle visual deficiente quando o indi víduo tenta alcançarcom o braço umalvo visual Atenção Processamento cognitivo ativo de quantidade limitada de informação a partir de imenso volume de informação disponível por meiodossentidos na memóriae por meiode processos cognitivos focaliza seum pequenosubconjuntode estímulos disponíveis Atenção dividida Partilhamento moderadode recursos da atenção disponíveis de forma a coordenar o de sempenho de maisde uma tarefa ao mesmotempo Atenção seletiva Escolherentre prestar atenção a al guns estímulos e ignorar outros Ativação difusa Excitação que se dissemina ao longo de um conjunto de nós em uma rede específica Atos da fala Tratam daquilo que se consegueobter por meio da fala Automatização procedimentalização Processo pelo qual um procedimento se altera passando de alta mente consciente para relativamente automático também chamado de procedimentação Axônio Parte do neurônio por meio da qual ocorre a condução intraneuronal via ação potencial e ao término da qual ficam localizados os botões termi nais que liberam os neurotransmissores Balbucio Produção oral da criança que ocorre ampla mente em dois fonemas distintos vogais ou con soantes característicos da linguagem própria das crianças com pouca idade Behaviorismo Visão teórica de que a Psicologiadeve ria contemplar apenas a relação entre comporta mento observável de um lado e os eventos ou estímulos ambientais de outro Bilíngües Indivíduos que falam duas línguas Busca Referese ao escaneamento do ambiente em busca de determinadas características procurar ativamente por algo quando não se tem certeza de que isso irá aparecer Busca conjunta Procurar uma combinação especialde características conjunção juntar partes Busca de características Escaneamento simples do ambiente para localizaçãode um ou mais traços es pecíficos CAP Controle adaptável do pensamento Controle adaptável do pensamento Neste modelode CAP John Anderson sintetizou algumasdas característi cas dos modelos de processamento de informações 519 520 Psicologia Cognitiva em série No CAP o conhecimento procedimental está representado na forma de sistemas de produ ção O conhecimento declarativo vem representa do na forma de redes propôsicionais CAPR Modelo de processamento de informação que integra uma rede de representações para o conheci mento declarativo e uma representação do sistema de produção para o conhecimento procedimental Característica definitória Atributo necessário Características peculiares Qualidades que descrevem caracterizam ou tipificam o protótipo porém não necessariamente para este Categoria Conceito que opera para organizar ou apon tar aspectos de equivalência entre outros conceitos baseados em características comuns ou de similari dade com um protótipo Categorias de artefatos Agrupamentos projetados ou inventados pelo serhumano para atender a funções ou a propósitos específicos Categorias naturais Agrupamentos que ocorrem na turalmente no mundo Cegueira à mudança Incapacidade para detectar mudanças em objetos ou cenas que estão sendo vistas Células amácrinas Juntamente com as células hori zontais formam conexões laterais únicas junto às áreas adjacentes da ferina na camada mediana das células Células bipolares Responsáveis por duas ligações para frente e para fora dos gânglios tanto quan to para traz e para dentro até a terceira camada das células retinais Células ganglionares Tipo de neurônio normalmente localizado perto da superfície interna da retina do olho recebe informação visual dos fotorreceptores por meio das células bipolares e das células amá crinas envia informação visual a partir da retina para várias partes do cérebro como o tálamo e o hipotálamo Células horizontais Juntamente com as células amá crinas compõem ligações laterais únicas dentre as áreas adjacentes da retina na camada central das células Cerebelo Controla a coordenação corporal o equilí brio e o tônus muscular bem como alguns aspectos da memória que contêm movimentos relativos a procedimentos Do Latim pequeno cérebro Cérebro Órgão do corpo humano que controla mais diretamente os pensamentos as emoçõese as moti vações Ciclo da resolução de problemas Inclui a identifica ção definição formulação estratégica organização da informação alocação de recursos monitora mento e avaliação da solução de um problema Ciência Cognitiva Campo multidisciplinar que se uti lizade idéias e métodos da Psicologia Cognitiva da Psicobiologia da Inteligência Artificial da Filoso fia da Lingüística e da Antropologia Circuito fonológico Sustenta brevemente o discurso interno para a compreensão verbal e para a repeti ção acústica Coarticulação Ocorre quando fonemas ou quaisquer outras unidades sonoras são produzidos de forma a se sobreporem umas às outras Codificação Referese à maneira pela qual se transfor ma um dado físico ou sensorial em um tipo de re presentação que pode ser colocada na memória Códigos analógicos Forma de representação do conhe cimento que preserva as principais características perceptivas daquilo que estiver sendo representado pelos estímulos físicosobservados no ambiente Cognitívismo Afirmação de que grande parte do com portamento humano pode ser compreendido pela maneira como os indivíduos pensam Compreensão verbal Capacidade receptiva de com preender insumos lingüísticos falados ou escritos como palavras sentenças e parágrafos Comunicação Troca de pensamentos e sentimentos Conceito Idéia sobre aquilo que oferece um meio de compreender o mundo Cones Uma das duas espécies de fotorreceptores do olho menos numerosas menores mais grossas e mais altamente concentradas na região fóvea da re tina do que na periferia da retina do que as hastes outro tipo de fotorreceptor virtualmente não funcional com pouca luz altamente eficazcom luz clara e essencial para a visão colorida Conhecimento declarativo Conhecimento de fatos que podem ser declarados Conhecimento de procedimentos Conhecimento de procedimentos que poderãovir a ser implementados Conotação Sobretom emocional de uma palavra pres suposições e outros significados nãoexplícitos Consciência Abrange tanto a noção de percepção co mo o conteúdo da percepção Consolidação Processo de integração de novas infor mações àquelas já armazenadas Constância perceptiva Ocorre quando a percepção de um objeto permanece igual mesmo que mude a sensação mais próxima do objeto periférico Constructos hipotéticos Conceitos que não são em sidi retamente mensuráveis ou observáveis mas que ser vem como parâmetros mentais para compreender o modo como funcionam osfenômenos psicológicos Construtiva Experiência anterior que afeta a maneira como o indivíduo recorda as coisas e aquilo que realmente consegue recuperar da memória Contextualismo Crença de que a inteligência precisa ser compreendida em seu contexto de mundo real Contralateral De um lado para outro Conversa de coquetel Processo de identificação de uma conversa a título de distração de outras con versações Corpo caloso Agregadodenso dasfibrasneurais que li gam os dois hemisférios cerebrais Correlação ilusória Ocorre quando o indivíduo está propenso a ver conjuntamente determinados even tos ou atributos e categorias porque está predispos to a fazêlo Córtex cerebral Forma uma camada de 1 mm a 3 mm que envolve a superfície do cérebro tal como a cas ca de uma árvore ao redor do tronco Córtex motor primário Região do córtex cerebral principalresponsável pelo envio dos movimentos a todos os músculos Córtex somatossensorial primário Recebe informa ção dossentidos a respeitode pressãotextura tem peratura e dor Criatividade Processo de produção de algo que tanto podeseroriginalcomo útil Culturalmente equilibrado Igualmente justo e apro priado paraos representantes de todasasculturas Declínio Ocorre quando simplesmente a passagem do tempo provoca o esquecimento Dendritos Ramificações dos neurônios que se prolon gam em sinapses com outros neurônios e que rece bemmensagens neuroquímicas enviadasemsinapses por outros neurônios Denotação Definição exata de uma palavra no di cionário Desabituação Alteraçãode estímulos conhecidos que possibilita ao indivíduo começar a notálos nova mente Detecção de sinais Detecção do aparecimento de um determinado estímulo Dialeto Variedade regional deum idioma diferenciada por características como vocabulário sintaxe e pronúncia Discurso Compreende o uso da linguagem além da sentença como em conversas parágrafos histó rias capítulos e obras literárias inteiras Discurso infantil Construções gramaticais mais sim plesutilizadas quandosefalacombebês oucrianças com pouca idade Discurso telegráfico Pode ser utilizado para descrever duas ou três elocuções ou talvez um pouco mais longas seomitirem alguns morfemas funcionais Dislexia Dificuldade para decifrar ler e compreender textos Disponibilidade Presença de informação armazenada na memória de longo prazo Dispositivo de aquisição de linguagem DAL Meca nismo biológico inato que facilita a aquisição da linguagem Dispositivos mnemônicos Técnicas específicas para auxiliar o indivíduo a memorizar listas de vocabu lário Doença de Alzheimer Doença que acomete adultos mais velhos causando demência bem como perda progressiva da memória Efeito de primazia Referese à recordação superior de palavras no início ou próximo ao começode uma lista Efeito de primingA ativação conseqüente de umnó Efeito de recenticidade Referese à recordação supe riorde palavras que estejam no fim ou próximas do fim da lisra Efeito de superioridade da palavra As letrassãolidas com mais facilidade quando estão embutidas em palavras do que quando são apresentadas isolada mente ou quando não formam palavraalguma Efeito StroopMostraadificuldade psicológica depres tar atenção seletivamente à cor da tinta e tentar ignorar a palavra impressa comessa corde tinta Glossário 521 Efeitos de contexto Influências do ambiente sobre a percepção Eletroencefalograma EEG Registro das freqüências e intensidades elétricas do cérebro vivo normal mente realizado em períodos bastante longos Eletroencefalograma magnético EEGM Técnica de imagem que mensura os campos magnéticos gera dospelaatividade elétricado cérebro por meio de dispositivos de medição altamente sensíveis Eliminação por aspectos Ocorre quandoo indivíduo elimina alternativas ao dar enfoque aosaspectosde cada alternativa um de cada vez EmpiristaTodoaqueleque crêque o conhecimento se adquire por meio da evidência empírica Errode superextensão Ampliarde forma equivocada o significado das palavras do léxico existente para compreender coisas e idéias para as quais não exis tem palavras Esboço visuoespacial Mantém imagens visuais por pouco tempo Espaço do problemaO universode todasasaçõespos síveis que possam ser aplicadas para a solução de um problema dadas todasasrestrições queseapli cam à solução deste Especificidade da codificação Aquiloque é lembrado depende do que foi codificado Esquemas Estruturas mentais para representar o co nhecimento compreende uma variedade de con ceitos interrelacionados de maneira organizada Esquemas de raciocínio pragmático Princípios gerais organizadores deregras relativas a certos tipos deob jetivoscomo permissões obrigações ou causações Estereótipos Crenças de que membros de um grupo social venham a exibir determinados tipos de ca racterísticas de modo mais ou menos uniforme Estimulação Magnética Transcraniana EMT Téc nica que interrompe temporariamente a atividade normal do cérebro em uma determinada área Esta técnica requera colocaçãode umaespiralmetálica na cabeça do pacienteparapermitira passagem de uma corrente elétrica Esra corrente gera um cam pomagnético queporsuavez paralisa umapeque na área abaixo dele normalmente não ultrapassa 1 cm3 O pesquisador pode então analisar a fun çãocognitiva quandoestaáreaestiver paralisada Estrutura dos níveis de processamento Postula que a memória não é formada por três compartimentos específicos ou quantos mais forem ao contrário postulaque ela variaconformeumadimensãocon tínua em termos de profundidade de codificação Estrutura profunda Referese àestrutura sintáticasub jacenteque liga várias estruturas frásicas por meio da aplicação de diversas regras de transformação Estrutura superficial Nível da análise sintática que envolvea seqüênciasintática específica de palavras dentro de uma sentença bem como quaisquer es truturais frasais que dela possam resultar Estruturalismo Busca entender a estrutura da men te configuração dos elementos e suas percep ções pela análise destas nos componentes que o constituem 522 Psicologia Cognitiva Excesso de confiança A superestimação a respeito do próprio conhecimento julgamento ou habilidades Excitação Grau de excitação fisiológica responsiví dade prontidão para agir com relação a uma li nha de base Executiva central Coordena tanto atividades da aten ção como coordena reações Exemplares Representações típicas de uma categoria Falácia Raciocínio errôneo Fator g Habilidade geral Fatores de distração Estímulosque não são alvose que desviam a atenção dos estímulosalvos Feixes terminais Terminações arredondadas ao final das hastes do axônio onde cada uma libera um neurotransmissor como resultado de uma ação em potencial Fenômeno napontadalíngua Quando tenta se lembrar de algo que se sabe estar armazenado na memória mas não se consegue recuperálo naque le momento Figurafundo Aquilo quesedestaca emoposição àqui lo que está em segundoplano Fixação funcional Incapacidadepara perceberque al go conhecido com determinada utilidade possa tambémser utilizado para o desempenhode outras funções FluênciaverbalCapacidadeexpressiva de produzir in sumos lingüísticos Fluxograma Modelo de rota a ser seguido para se al cançar um objetivo ou resolver um problema Fonema A menor unidade de somda falausado para distinguir uma expressão vocal em uma determi nada língua de outra Fotopigmentos Substâncias químicas que absorvem a luz e assim dão início ao complexo processo de transdução que transforma a energia eletromag nética física em impulso eletroquímico neural as hastes e os cones contêm tipos diferentes de foto pigmentos que por sua vez absorvem quantidades diferentes de luz e conseguem detectar tonalida des diferentes Fotorreceptores A terceira camada da retina contém osfotorreceptores que fazem a transduçãoda ener gia da luzem energia eletromagnética Fóvea Região do olho localizada no centro da retina principal responsável pela acuidade visual utiliza da em atividades como ler assistir à televisão ou a filmes Frase nominal Estrutura sintática contendo pelo menos um substantivo geralmente o sujeito da frase incluindo importantes descritores deste substantivo Frase verbal Estrutura sintática que contém ao menos umverboe qualquer complemento quandohouver Funcionalismo Tenta compreenderaquilo que as pes soas fazeme por que o fazem Gabaritos Modelos altamente detalhados para pa drões que o indivíduo potencialmente possa re conhecer Gramática Estudo dospadrões regulares de umalíngua Gramática de estrutura frasal Análise sintática da es trutura das frases do modo como são usadas Gramática transformacional Trata do estudo das re gras de transformação que orientam as maneiras pelas quais as proposições subjacentes podem ser reorganizadas para compor várias estruturas frasais Habituação Trata da capacidade de acostumarse a es tímulos de maneira a prestar cada vez menos aten ção a eles Haste do cérebro Liga a parte anterior do cérebro à medula espinhal Hastes Fotorreceptores sensíveis à luz localizados na retina responsáveispela visão periférica e pela ha bilidade de ver objetos à noite ou com pouca luz As hastes não são sensíveis a cor Hemisférios cerebrais As duas metades do cérebro HeurísticaEstratégia informal intuitiva e especulati va que às vezes conduz a uma solução eficaz de um problema e outras não Heurística de disponibilidade Atalho cognitivo que ocorrequando o indivíduofaz um julgamento com base na facilidade que tempararecordar aquilo que julgaserem instâncias relevantes de um fenômeno Hipermnésia Processo da recuperação de lembranças que pareciam perdidas Hipocampo Desempenha papel fundamental na for mação da memória Hipotálamo Regula o comportamento relacionado à sobrevivênciadas espécies lutar alimentarse fu gir e acasalarse ativo também na regulação das emoções e das reações ao estresse Hipótese de equivalência funcional Crença de que embora as imagens visuais não sejam idênticas às percepções visuais elas são funcionalmente equi valentes Hipótese do sistema duploSugere queduas linguagens podem de alguma forma ser representadas em sis temas separados da mente Hipótese do sistema único Sugere que duas línguas podem ser representadas em um único sistema Hipóteses Proposiçõesexperimentais relativas às con seqüências empíricas esperadas de uma teoria Imagens mentais Representação mental de coisas que não estão sendo captadas pelos órgãosdos sentidos Incubação Colocar o problema de ladoporalgum tem po sem pensar nele conscientemente Inferências causais A maneira como o indivíduo faz julgamentos sobrese algumacoisacausaalgo mais Insight Entendimento notável ou aparentemente sú bitode umaquestão ouestratégia quecontribuipa ra a solução de um problema Insight de codificação seletivaEa distinção entre in formação relevante e nãorelevante Insightdecombinação seletiva Quandosetomam frag mentos de informação relevante seletivamente co dificadosecomparadoscombinandoessa informação de forma nova e produtiva Insight de comparação seletivaSão novas percepções de como uma informação nova tem relação com uma antiga Inteligência Capacidade para aprender a partir da ex periência utilizando processosmetacognitivos pa ra melhorar o aprendizado bem como a habilidade para adaptarse ao ambiente Inteligência Artificial IA Tentativa do ser humano de construir sistemas que demonstrem inteligência e especialmenteo processamentointeligente da in formação inteligência em sistemasde processamen to de símbolos como computadores Inteligência emocional Capacidade de perceber e ex pressar a emoçãode assimilála no pensamentode compreender e raciocinar com emoção bem como de regular a própria emoção e a dos outros Interferência Ocorre quando informações concorren tes fazem com que o indivíduo se esqueça de algo Interferência proativa Ocorre quando o material que interfere acontece antes do aprendizado do con teúdo a ser recordado ao invés de depois Interferência retroativa Causada pela atividade que ocorre após o aprendizado de algo mas antes que o indivíduo seja solicitado a lembrar daquilo tam bém conhecida como inibição retroativa IntrospecçaoOlhar interior para fragmentos de infor mações que passampela consciência Isomórfico A estrutura formal é a mesma porém os conteúdos diferem Jargão Vocabulário especializado geralmente utilizado em um grupo uma profissão um ofício Julgamentoe tomadade decisões Utilizadoparasele cionar opções ou avaliar oportunidades LapsosverbaisErros lingüísticos cometidosinadverti damente pelo indivíduo ao falar Lei de Pragnanz Propensão para perceber qualquer configuraçãovisual oferecida da maneira mais sim ples possível para organizarelementos díspares de modo coerente e estável Léxico Acervo inteiro dos morfemas de determi nado idioma ou do repertório lingüístico de um indivíduo Língua Uso de um método organizado de combinaras palavras para a comunicação Lingüísticas universais Padrões característicos pre sentes em todas as línguas em várias culturas Lobo frontal Associado ao processamento motor e aos processos maiselevadosdo pensamento tal como o raciocínio abstrato Lobo occipital Ligadoao processamento visual o cór tex motor primário especializado no planejamento controle e execução dos movimentos especialmen te daquelescom respostaatrasada Lobo parietal Ligado ao processamento somatos sensorial Lobo temporal Ligadoao processamento auditivo Lobos Dividem os hemisférios do cérebro e o córtex em quatro partes Localização da função Referese às áreas específicas do cérebro que controlam determinadas habilida des ou comportamentos Mapas cognitivos Representações internas do am biente físico especialmente centrado em relacio namentos espaciais Medula oblongada Estrutura cerebral que controla a atividadedo coraçãoassim comoa respiração a de glutição e a digestão Glossário 523 Memória Meio pelo qual o indivíduo retém e recupe ra as experiências passadas para utilizar esta infor mação no presente Memória autobiográfica Referese à memória da his tória de um indivíduo Memória de trabalho Guarda apenas a porção ativada mais recentemente da memória de longo prazo e movimenta esses elementos ativados para dentro e para fora da armazenagem temporária e curta da memória Memória episódica Armazena eventos ou episódios vividos pessoalmente Memória explícita Ocorre quando os participantes se engajam em recordação consciente Memória fiash Memória de um evento tão forte que o indivíduo consegue se lembrardo ocorrido tão vivi damente como se estivessepreservadoem um filme Memória icônica Discreto registro visuosensorial que armazena informações por curtos períodos Memória implícita Quando o indivíduo se lembra de algo mas não tem consciência de que o faz Memória semântica Armazena conhecimento geral sobre o mundo Metacognição Conhecimento e controle da cognição capacidade para pensar a respeito e controlar os próprios processos do pensamento e das maneiras de melhorar o pensamento Metáfora A justaposição de dois substantivos apon tando para suas similaridades e ao mesmo tempo não refutando suas discrepâncias Metamemória Estratégia sobre a reflexão dos próprios processos de memória como objetivode melhorála Mielina Substância graxa que envolve os axônios de alguns neurônios facilitando a velocidade e a pre cisão da comunicação neuronab Mnemonista Indivíduo que demonstra extraordinária capacidade de memória normalmenteutilizandose de técnicas especiaispara o aprimoramento desta Modelo de Estrutura do Intelecto SOI da sigla em inglês Modelo de Guilford para uma estrutura da inteligência tridimensional que engloba vários conteúdos operações e produtos da inteligência Modelos conexionistas De acordo com os modelos co nexionistas todos os indivíduos conduzem grandes quantidades de operações cognitivas ao mesmo tempo por meio de uma rede distribuída por meio de incalculáveis localizações no cérebro Modelos de conexões do processamento paralelodis tribuído PPD ou modelos conexionistas O manuseio de grandes quantidades de operações cognitivasao mesmo tempo por meiode uma rede distribuída nas infinitas localizações do cérebro Modelos mentais Estruturas do conhecimento cons truídasparaentender e explicarasprópriasexperiên cias representações internas de informaçõesque correspondem analogamente a tudo que for repre sentado Modular Dividido em dois discretos módulos que ope ram mais ou menos independentemente Monolíngues Indivíduos que falam uma única língua 524 Psicologia Cognitiva Morfema Menor unidade que denota significado em uma determinada língua Morfemas de conteúdo Palavras que transmitem a parte principal do significado de uma língua Morfemas de função Morfema que acrescenta detalhe e nuance ao significado dos morfemas de conteúdo ou servem para auxiliálos a se ajustarem ao con texto gramatical Nervo ótico Nervo que transmite a informação da re tina para o cérebro Neurônios Células nervosas individuais Neurotransmissores Mensageiros químicos usados para a comunicação intemeuronal Nível básico Grau de especificidade de um conceito que parece ser um nível dentro de uma hierarquia que tem preferênciasobreoutros níveispor vezes é chamado também de nível natural Nódulos de Ranvier Intervalos entre a camada de mielina e os axônios mielinados Nós Os elementos de uma rede Núcleo por exemplo da inteligência humana Refe rese às características que definem algo que preci samos ter para ser considerado exemplo de uma categoria Operações convergentes Utilização de várias aborda gens e técnicas para tratar de um problema Pacientes com cérebro dividido Indivíduos submeti dos a cirurgias paraseccionar o corpo caloso Papéis temáticos Formas pelas quais os itens podem ser utilizadosno contexto da comunicação Pensamento convergente Tentativa para diminuir as múltiplas possibilidades convergindoas para uma única e melhor resposta Pensamento divergente Quando se tenta gerar um conjunto de soluções alternativas possíveis para um mesmo problema Pensamento produtivo Compreende os insigJits que extrapolam os limites das associaçõesexistentes Percepção Conjunto de processos por meio dos quais o indivíduo reconhece organiza e entende as sen sações recebidas dos estímulos ambientais Percepção categorizada Categorias descontinuadas dos sons do discurso Percepção construtiva Aquele que percebe constrói uma compreensão cognitiva percepção de um es tímulo este indivíduo utiliza a informação senso rial como base para a estrutura mas usa também outras fontes de informação para construir a per cepção Pistas de profundidade binoculares Tem como base a recepção de informação sensorial em três dimen sões por ambos os olhos Pistas de profundidade monoculares Podem ser re presentadas em apenas duas dimensões e observa das por apenas um dos olhos Ponte Servecomoestação retransmissora porquecon tém fibras neuraisque passam sinais de uma parte do cérebro para outra Postura mental Estrutura da mente que compreende um modelo existente para a representação de um problema e seu contexto ou de um procedimento para sua solução Potencial relacionado a eventos ERP Reação ele trofisiológtca a um estímulo seja este interno ou externo Pragmática Estudo de como o indivíduo utiliza a lin guagem Pragmatistas Aqueles que acreditam que o conheci mento é validado por sua utilidade Prática concentrada Aprendizado no qual as sessões são concentradas em períodos muito curtos Prática distribuída Aprendizado dividido em várias sessõesao longo do tempo Premissas Proposições sobre as quais se apresentam argumentos Prime Nó que ativa outro nó a ele conectado esta ati vação tambémé conhecida como efeito primário Priming Facilitação da habilidade de se utilizar uma informação faltante ocorre quando o reconheci mento de determinados estímulos é comprometido pela apresentação anterior de estímulos iguais ou anteriores Princípio cooperativo Princípio da conversação que sustenta aquilo que se busca comunicar de forma a facilitar a compreensão por parte do ouvinte Probabilidade subjetiva Cálculo baseado na estimati va de probabilidades de um indivíduo no lugar de computações estatísticas objetivas Problemas bem estruturados Problemas que apresen tam caminhos bem definidos para as suas soluções Problemas mal estruturados Problemas que carecem de caminhos bem definidos para suas soluções Processamento paralelo e distribuído PPD Ocorre quando múltiplasoperações são ao mesmo tempo Processamento serial Maneira como a informação é processada por meio de uma seqüência linear de operações uma de cada vez Processoparalelo Ocorre quando múltiplasoperações são executadas simultaneamente Processos automáticos Não envolve qualquer contro le consciente Processos controlados Acessíveis ao controle cons ciente e que até mesmo o exigem Processos de compreensão Utilizadospara dar sentido ao texto como um todo Processos léxicos Usados para identificar as letras e as palavras Produção Geração e resultado de um procedimento Profundidade Distância a partir da superfície normal mente utilizandose o próprio corpo como referên cia em termos de percepção de profundidade Proposição Basicamente asserção de algo que pode ser verdadeiro ou falso Protótipo Um tipo de média de objetos ou padrões re lacionados que integra todos os traços mais típicos mais comumente observados da classe Psicolinguística Psicologia da linguagem à medida que interage com a mente humana Psicologia Cognitiva Estudo sobre a maneira de per ceberaprender lembrar e pensar a respeitoda in formação Psicologia Gestalt Afirmaque o indivíduocompreen de melhor os fenômenos psicológicosquando os vê como todos estruturados e organizados Raciocínio Processo de chegara conclusõesa partirde princípios e evidências Raciocínio condicional Ocorre quando quem racioci na precisa chegar a uma conclusão com base em uma proposição condicional sequando Raciocínio dedutivo Processo de raciocínio a partir de umaou mais declarações comrelação àquiloquese conhece para se chegar a uma conclusão logica mente correta Raciocínio indutivo Processode raciocínio a partir de fatos específicos ou observações para se chegar a umaconclusãoque expliquetaisfatos Racionalidade limitada Crença de que somos racio naisporémdentro de limites Racionalista Indivíduo que acredita que o caminho para o conhecimento se dá por meio da análise lógica Reconhecimento tarefas de Selecionar ou identifi car de alguma forma qualquer itemquese tenha aprendido anteriormente Reconhecimento tarefas de Produzir fato palavra ou qualqueroutro item da memória Reconstrutiva memória Envolve a utilização de vá rias estratégias como buscar pistas ou fazer infe rências para recuperar traços da memória original de experiências próprias para então reconstruir essas experiênciasoriginaiscomo basepara a recu peração Recuperação memória Referese à maneira como o indivíduo tem acesso à informação armazenada na memória Rede semântica Rede de elementos interligados do significado Redes Redes de relacionamentos ou seja categoria de associaçãoatribuição entre os nós Relatividade lingüística Afirmação de que indivíduos que falam línguas diferentespossuem sistemas cog nitivos diferenciados que por sua vez influenciam as maneiras desses indivíduos de pensar sobre o mundo Repetição A recitação repetida de um item Representação centrada no objeto Armazenagem de umarepresentação do objeto independentemente de sua aparência ao observador Representação centrada no observador O indivíduo armazena a maneira como o objeto lhe parece Representação doconhecimentoA forma pelaqualse conhece na mente a respeito das coisas idéias eventos e tudo mais que nela existe Representação simbólica Indicaque o relacionamen to entre a palavra e o que ela representa é simples mente arbitrário Representatividade Ocorre quando o indivíduo julga a probabilidade de um evento incerto de acordo com 1 suaóbvia similaridade ou representação da população da qualseorigina e 2 o grauemque re flete os traços mais fortes do processo pelo qual é gerado tal comoa aleatoriedade Ressonância magnética RM Técnica utilizadapara revelar imagens de alta definição da estrutura do cérebro vivo computando e analisando as altera ções deenergia nas órbitas das partículas nucleares nas moléculas do corpo humano Glossário 525 Ressonância magnética funcional RMf Técnica de neuroimagem que utiliza campos magnéticos para construir uma representação detalhada em três di mensões dos níveis de atividades em várias partes do cérebro em um determinado momento Retina Rede de neurônios que se estende por grande parteda superfície posterior do interiordo olhoA retina é o local onde é feita a transdução da energia de luzeletromagnética ou seja convertida em im pulsos neuroeletroquímicos Rotação mental Compreende a transformação rota cional da imagem mental de um objeto Roteiro Estruturaque descreveseqüências adequadas de eventos em um determinado contexto Satisfatoriedade Ocorre quando o indivíduo conside racadahipótese individualmente edepois selecio nauma após julgála satisfatória ousuficientemente boa paraatender a um nível mínimode aceitação Semântica Estudo do significadona linguagem Septo Tem ligação coma raiva e o medo Significância estatística Indica quea probabilidade de umconjunto de resultados sejaobtidaapenas pelo fator sorte Silogismo categorizado Argumento dedutivo no qual o relacionamento entre três termos em duas pre missasenvolve filiaçãocategorizada Silogismos Argumentos dedutivos que levam a con clusões a partir de duaspremissas diferentes Símile Introduz aspalavras igual ou como paraestabe lecer comparações entre as coisas Sinal Estímulo de objetivo Sinapse Pequeno intervalo entre neurônios que fun ciona como ponto de contato entre os botões ter minais de um ou mais neurônios e os dendritos de um ou mais neurônios Síndrome de Korsakoff Ocasiona a perda da função da memória Sintaxe Referese à maneira como os usuários de uma determinada língua juntam as palavras para formar sentenças Síntese Juntar várioselementose arranjálosem al go útil Sistema de ativação reticular SAR Rede de neu rônios essenciais à regulação da consciência so no vigília excitaçãoe até mesmo algumaatenção em certas funções vitais como batimento cardía co e respiração Tambémconhecido como for mação reticular Sistemade produçãoConjunto ordenadode produções nasquais a execução começa no topo dalista depro dução continua até que umacondição sejaatendi da e por fim retorna ao topo da listapara começar novamente Sistema límbico Importante para a emoção a motiva ção a memóriae o aprendizado Sistema nervoso A estrutura organizada das células neurônios por meioda qual o indivíduo recebe informações do ambiente processa essas informa ções e a seguir interage com o ambiente Sistemas especializados Programas de computador que apresentam desempenho semelhante aode um especialista emum campo bastante específico 526 Psicologia Cognitiva Solicitações indiretas Fazer uma solicitaçãosem fazê lo de forma explícita e direta Solução de problemas Esforço parasuperar obstáculos que obstruemo caminho da solução Soma Corpo celulardo neurônio que faz parte do neu rônio essencial à vidae à reproduçãoda célula Superregularização Ocorre sempre que o indivíduo aplica asregras gerais da línguaaoscasos excepcio nais que diferem da norma Tálamo Transmite a informação sensorial que chega por meio de grupos de neurônios que se projetam em uma região apropriada do córtex Taxa básica Referese à prevalência de um evento ou característica dentro de seu próprio contexto de eventos ou características Teoria Corpo organizado de princípios explanatórios gerais com relação a um fenômeno Teoria da detecção de sinais TDS Teoria sobre a maneira que o indivíduo detecta os estímulos com quatro resultados possíveis da presençaou ausência de um estímulo e da capacidade do indivíduo de detectar ou não um estímulo Teoria da integraçãode características Explicaa re lativa facilidade na conduçãode buscas de traços e a relativa dificuldade na condução de buscas conjuntas Teoria da interferência Referese à visãode que o es quecimento ocorre porque a lembrança de algumas palavrasinterferena recordaçãode outras Teoria da percepção direta Crença de que a configu raçãoda informação nos receptores sensoriais in clusive contexto sensorial seja tudo aquilo de que se precisa para perceber qualquer coisa Teoria de inteligências múltiplas Idéiade que a inte ligência abrange inúmeros constructos indepen dentes e não apenas um Teoria do Código Duplo Crença de que o conheci mento é representadotanto por imagens como por símbolos Teoria do declínio Afirma que a informação é esque cida por causa do desaparecimento gradual e não pelo deslocamento do traço de memória Teoria do protótipo Sugere que as categorias são for madas com base em um modelo protótipo da categoria Teoria do reconhecimento por componentes TRC Crença de que o indivíduo consegue reconhecer objetosrapidamente pela observação de seus con tornose em seguida decompondoos em geons Teoria Proposítiva Crença que sugereque o conheci mento é representadoapenas por proposições sub jacentes e não par imagens ou palavras e outros símbolos Teoria multímodal Propõeque a atenção é flexível a seleçãode uma mensagem em detrimento de outra pode serrealizada emqualquer umdos vários pon tos ao longodo processamento da informação Teoria triárquica dainteligência humanaIdéiade que a inteligência é composta portrêsaspectos que tra tam de sua relação com 1 o mundo interior do in divíduo 2 a experiência e3 o mundo externo Teorias ascendentes bottomup Teorias conduzidas por dadosou sejaconduzidas por estímulos Teorias descendentes topdvwn São aquelas basea das em processoscognitivos de alto nível o conhe cimento preexistente e expectativas anteriores Teste de hipóteseVisão daaquisição da linguagem que afirma queascrianças adquirem a linguagem aofor mar mentalmente hipóteses experimentais com baseemsua facilidade inerente para aquisiçãoda linguagem parasó então testar tais hipótesesno ambiente Testes culturalmente relevantes Medem habilidades e conhecimentos relacionados às experiênciascul turais dos indivíduos testados Tipo nominal A designação arbitrária de um rótulo a uma entidade que atende a determinado conjunto de condiçõespréespecificadas Tomografia por emissão de pósitrons PET Mede o aumento do consumo de glicose em áreas ativas do cérebro durante certos tipos de processamento de informações Transferência Qualquer transmissão de conhecimen tosou habilidades de umasituação paraoutra Transferência negativa Ocorre quandoasolução de um problema anteriordificulta a solução do próximo Transferência positiva Ocorre quando asolução deum problema anterior facilita a solução do próximo Transmissão ipsilateral Transmissãodo mesmo lado Transparência Ocorre quando seenxergam analogias ondeelas nãoexistem porcausa da semelhança do contexto Utilidade subjetiva Cálculo baseado na avaliação da utilidade valor ao invés de em critérios objetivos Validade dedutiva Solidez lógica Validade ecológicaGrau em que conclusões específi cas em um determinado contexto podem ser con sideradas importantes fora daquele contexto Variável dependenteReaçãomedidae presumida como o efeitode umaou mais variáveis independentes Variável independente Variável diferente ou proposi tadamente manipulada que afeta uma ou mais va riáveis dependentes Viés retrospectivo Quando se contempla uma situa ção retrospectivamente e acreditase poder facil mente enxergar todos os sinais e eventos que conduzem a um determinado resultado Vigilância Referese àcapacidade doindivíduo depres tar atençãoem umcampodeestimulaçãopor perío do prolongado durante o qual este indivíduotenta identificaro aparecimento de um determinado estí mulo de interesse Visão de significado combase na teoria Sustentaque os indivíduos entendem e categorizam conceitos em termos de teorias implícitas ou idéias gerais que têm em relação a esses conceitos Visãocega Resíduos de habilidade visualperceptiva em áreas cegas Referências Abetson R P1980 Searesargument is just a set of Chi nese symbols Behavioral and Brain Sciences 3 424425 Abemethy B 1991 Visualsearch strategiesand decision makingin sport íniemaBonalJowmíií ofSport Psychology 22 189210 Abrams D M Srrogatz S H 2003 Modeling the dyna mics of language death Nature424 900 Ackertnan P 1988 Decerminants of individual differences duringskill acquisitionCognitive abilities and informa tion processing JoumoloExperimentai Psychology Gene ral IJ7 288318 Ackerman P 2005 Ability determinants of individual differences in skilledperformanceIn R J SternbergJ E Pretz Eds Cognitionand inteüigence p 142159 Nova York Cambridge University Press Ackerman PL 1996 A theory of adult intellectuat deve lopment Process personaliry interests and knowledge 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sensorial 121 Afasia 374375 Agência de Projetos de Pes quisa Avançada em De fesa DARPA De fense Advanced Research Projecrs Agency 516 Agnosia 100103 aperceptiva 102 associativa 102 auditiva 102 de cores 102 Agrupamento por categoria 196T 197 Algoritmos 391 Amígdala 4445 46F memória e 187 Amnésia anterograda 181 distinção entre memória explícito e implícita e 182 infantil 181 memória 180182 Neuropsicologia e 183 retrógrada 180 Análise 386 fatorial 480 Analogias 409410 raciocínio indutivo 461462 transferência de 406 409 Angiograma 37F Animais estudo com 35 linguagem dos334336 Ânimo 460 Antecedentes psicológicos 48 Anteparo episódico 168 169 Apraxia 53 Apresentação binaural 134 dicótica 134 134F Aquinetopsia 104 Aquisição da linguagem 325336 alteraçõesem funçãodo desenvolvimento as sociadas à 328T condicionamento 333 estágios da 325333 imitação 331 inato e adquirido 329 331 modelagem 331333 Área de Broca35 52 52F Área de Wemicke 52F Áreas de Brodmann 59 Argumento modus tollens 449450451 Armazenamento 190192 de curto prazo 158 162164 de longo prazo 158 164165191192 icônico 159 sensorial 159162 Arrulhamento 326 As oito inteligências de Gardnet 497T Associacionismo 6 Ataxias 100103 Atenção 107108 108F Ver também Consciên cia Atenção seletiva abordagem psicofarma cológica 150 Abordagens da Neuro ciência Cognitiva 148150 detecção de sinais 123 dividida 141144 145F funçõesprincipaisda 124T habituaçào e adaptação 120122 121T modelo de Mareei 151 natureza da 107122 negligência espacial 148149 processamento pré consciente 109112 processos automáticos versus processos controlados 112 120115T seletiva 136141 Usando ERPs para men surar a 149150 Vigilância 125127 Atenção seletiva efeito Stroop 141 paradigmas básicos para o estudo da 133 135 teorias de baseadas em recursos de atenção 139140 139F teorias de do filtro e do gargalo 135139 variáveis de tarefa situação e pessoa 140141 Ativação difusa 288 Atos da fala 362T direto 361363 indireto 363364 363T Atribuição enônea distor ções da memória e 210 Autismo 45 86 Neuropsicologia da lin guagem e 375376 Autoavaliações 16T 2022 Automatização 116 117F AVC acidente vascular ce rebral 5960 isquémico 59 Axônio 30 Balbucio 327 Behaviorismo 6 proponentes de 7 Bilinguismo 351356 Bloqueio distorções da me mória e 210 Busca 127129 conjunta 129 guiada teoria da 132 teoria da integração de características 129130 teoria da semelhança 130132 131F Busca de características 128 fatorg 481482 teoria da integração 129130 CAP ver Controle Adaptá vel do Pensamento CAPR ver Controle Adaptável do Pensa mentoRacional Capacidade gerativa 306 Características peculiares 271 Categorias de artefatos 269 Categorias naturais 269 Cegueira à mudança 146 Células amácrinas 69 bipolares 69 ganglionares 6970 horizontais 69 Cerebelo 45F 50 Cérebro 46E Ver também Prosencéfalo Romben céfalo Mesencéfalo anatomia geral do 4451 cogniçào no 4461 córtex cerebral e locali zação da função 5159 estruturas e funções do 34 38T39T função lingüística e 379380 imagens do 169170 métodos para estudo 49T modelos baseados no 290292 modelos de redes neu rais 298 no útero 45 F pacientes com cérebro dividido 53 resolução espacial do 42F transtornos do 5961 tumores do 60 Ciência Cognitiva 22 Circuito fonológico 168 Codificação e transferência de informação armazenamento de curto prazo 162 164 armazenamento de longo prazo 164 165 efeitos de contexto 216220 transferência da memó ria de curto para a 586 Psicologia Cognitiva memória de longo prazo 192200 Códigos analógicos 230 Códigos múltiplos 253 lateralização das fun ções 253254 Cognição espacial 257265 atalhos mentais 259 262 260F desenvolvimento de ap tidões visoespaciais 264265 mapas de texto 262 264 Cognitivismo 8 Colaboradores do Projeto Arcoíris Rainbow Pro ject Collaborators 501 Compreensão verbal 307 Computação 911 Comunicação 303 nãoverbal 360 Conceito 269 conhecimento declara tivo 268269 da percepção 7072 figurafundo 81T Condicionamento lingua gem infantil e 333 Conhecimento de procedi mentos 225226 285 286 modelos do cérebro hu mano 290292 modelos para represen tação 286300 processamento em para lelo 293297 Conhecimento declarativo 226 268285 ver tam bém conhecimento não declarativo categorias baseadas em características 270 271273274 conceitos e categorias 269 modelos de redes se mânticas 277281 277F 278F 279F representações esque máticas 281285 tarefas 154T teoria do protótipo 271273 Conhecimento nãodeclara tivo 290291 Conotação 316 Consciência 108 abordagens da Neuroci ência Cognitiva à 148150 cegueira à mudança 146 dos processos mentais complexos144146 Modelo de Mareei 151 Consolidação 192 Constância de tamanho 72 perceptiva 7274 73F 75F Construção do Parthenon 67 68F Constnictos hipotéticos 158 Contexto conhecimento do significado das pala vras com base 370372 Contextualismo 493 Continuidade 81T 82F Continuo perceptivo 71T Contralateral 51 Controle Adaptável do Pensamento CAP 286290 Controle Adaptável do Pensamento Racional CAPR 287290 Convergência binocular 76T Corpo caloso 46F 51 Correlação ilusória 442 Córtex 52F associativo 52F auditivo 52F motor 52F motor primário 56 56F 57F primário somatossenso rial 57 sensorial 52F visual 52F Córtex cerebral 38T 46F 5159 localização de função e 5159 memória e 171F 185 186 Crianças aquisição da linguagem 329 condicionamento e lin guagem 333 desenvolvimento da lin guagem das 333 334 diferenças no desenvol vimento em 350 351 discurso das 331 memória das 220223 Criatividade características da 424 425 fatores externos que contribuem para a 424 neurociência da 425 personalidade e motiva ção na 423 processos cognitivos da 422423 produtividade e 421 422 resolução de problemas na 420425 tipos de contribuições 426427 Culturalmente equilibrado 495 DAL Ver Dispositivo de aquisição da linguagem languageacquisition devide LAD DARPA Ver Agência de Projetos de Pesquisa Avançada em Defesa Defense Advanced Re search Projects Agency Dendritos 30 Denotação 316 Descoberta de Sperling 159162160F 161F Desenvolvimento de apti dões visuoespaciais 264265 Deuteranopia 103 Dialética 2 primeiras 46 Dialetos 351356 Discurso 310 compreensão da leitura e do 368374 Discurso Ver também Atos da fala infantil 331 percepção do 311315 telegráfico 327 Dislexia 340 do desenvolvimento 340341 Disparidade binocular 75 77F Disponibilidade 204 438 440 Dispositivo de aquisição de linguagem DAL 329 Dispositivos mnemônicos 196198 196T 197T 199T eficácia comparativa 199T Distinção entre memória explícita e memória im plícita 182 Distorções da memória 210216 atribuição errônea e 210 bloqueio e 210 falta de atenção e 210 paradigma do testemu nho ocular 211215 persistência e 21 sugestionabilidade e 210 transiência 210 viés e 211 Distrações Ver Atenção di vidida Doença de Alzheimer 184 187 185F Dopamina 32 33T EEG Ver Eletroencefalo grama EEGM Ver Eletroencefalo grafia magnética Efeito de autoneferência 166 de precedência global 9393F de precedência local 9393F de primazia 206 de recenticidade 206 de Superioridade da pa lavra 344 de superioridade de configuração 98 Stroop 141 Efeitos de contexto 98 recuperação 216220 Efeitos de exclusão 459 Eletroencefalograma EEG 35 49T Eletroencefalograria magné tica EEGM 4243 49T Eliminação por aspectos 433434 ELIZA 511513T Empirismo 34 Racionalismo versus 34 EMT Ver Estimulação mag nética transcraníana Engenharia 910 Ensaio 193195 Epinefrina 33T ERPs Ver Potenciais rela cionados a eventos Eno de redução 465 Erros de redução 465 de superextensão 327 459 Esboço visuoespacial 168 Escala de Inteligência Stan fordBinet 477 478T Espaço do problema 389 390 Especializaçãohemisférica 5154 Especificidade da codifica ção 219 Esquecimento 204208 interferência verus teo ria do declínio 204 208 204F teoria do declínio 204 208 Esquemas 281282 de raciocínio pragmá tico 451 Estereótipos 404 Estética 8485 Estimulação magnética transcraniana EMT 42 43F 49T Estrutura profunda 322 superficial322 Estruturalismo 45 Estruturas versus processos 23 Estudos de caso 17X2022 de lesões 376379 postmortem 3435 Excesso de confiança 442 Excitação 122 Executiva central 168 Exemplares 272 Experimentos controlados 16T Fala telegráfica 327 Falácia 430 da conjunção 439440 de inclusão 440 do custo perdido 442 443 Falta de atenção 210 Fatores de distração 127 128F Fechamento 81T 82F Feixes terminais 31 31F Fenômeno napontada língua 111 FixaçãoFuncional403 Fluência verbal 307 Fluxograma510 Fonema 307 Fonêmica 309 Fotopigmentos 69 Fotorreceptores 69 Frase nominal 310 Frase verbal 310 Funcionalismo 5 GABA Ver Ácido gama aminobutírico Generalidade versus especi ficidade do domínio 23 Gênero língua e 366367 379 Giro fusiforme 86 Glândula pituitária 46F Glutamato 33T Gramática 317 de estrutura frasal 320 321F323F transformacional 322 Gramática transformacio nal 322 Gramáticas de estrutura fra sal 320 321F 323F Grupo de PesquisasPPD 293 Habituação 120122 121T Haste do cérebro 50 Hastes 50 Hemisférios cerebrais 51 55F 58F lobos do 5459 Heurística 391 392T 393F de alinhamento 260 de ancoragem e ajuste 440441 de disponibilidade 438 439 de posição relativa 261 de reconhecimento 445 de rotação 260 de simetria 260 erros de superextensão 459 na tomada de decisão 436446 rápida e econômica 444 Hipermnésia 180 Hipnose 113114 Hipocampo 38T 46 47 46F185187 Hipotálamo 39T 46F48 Hipótese 11 do sistema duplo 354 355355F SapirWhorf 346349 teste de 330 Hipótese do sistema único versus hipó tese do sistema duplo345F 354355 Hipótese SapirWhorf 346349 HRE Ver Heurística rá pida e econômica IA VerInteligência Artifi cial Ilusão 6567 Ver também percepção Imagemns 248256 Ver também Imagemvisual analógica 230231 códigos múltiplos 253 254 e proposições 248256 epifenômenos e caracte rísticas de demanda 248250 escaneamento de 245 247 246F 247F espacial 252 254256 gradaçãode 244245 interativa 196 196T manipulações mentais de239248 mental 229230 232 233 metabólica 4043 modelos mentais de JohnsonLaird 251 253 índice Remissivo 587 Imagens visuais 239248 240T 241F 249T constatações neuropsi cológicas 242244 espaciais versus 254 256 255F 256T Imitação 331 Implementaçãode procedi mentos 289 Inato versus adquirido 23 Incubação 419411 Inferências categóricas 466 Inferências causais 462 466 463T 464T validade versus Validade ecológica 24 Insight 395102 Codificação seletiva 400 Combinação seletiva 402 Comparação seletiva 400 visão do nadaemespe cial 399 visão dos três processos 400402 visão neoGestalt 399 400 visões Gestalt 398399 Integração 426 de características teoria da 129130 Inteligências 474 481F Ver também Inteligên cia Artificial IA abordagem integradora 490 abordagens alternativas da 493502 aparência de 516517 as oito de Gardner 497T ausência de intuição 515 bases biológicas da 490492 capacidades mentais primárias 482 como se relaciona com a experiência 500 como se relaciona com o mundo externo 500502 como se relacionam com o mundo in terno 499 contexto cultural e 493496 cultural 475 dos programas inteli gentes 514517 em adultos 505508 emocional 474 estrutura do intelecto 482 fator g 481 482 lingüística 497T medidas e estruturas da 475183 memória de trabalho 486 memória e 486 modelos hierárquicos 483 múltiplas 496498 processamento da infor mação e483492 processamento seriado 514515 rapidez de acesso léxico 48586 rapidezde processa mento simultâneo 485186 resolução de problemas complexos 486 490 487F tempo de reação para a escolha 484485 484F teoria dos componentes 486490 teoria triárquica 498 502 499F teorias do tempo de processamento 483486 Teste BITCH 501 Inteligência Artificial IA 9 17T 22 aplicações da 516 Simulações por compu tador 22 508517 Interferência esquecimento e 204 204F proativa 205 retroativa 205 INTERN1ST 514 Introspecção 5 Intuição 515 Ipsilateral 51 Jargão 284 Julgamento 430447 heurística de ancoragem e ajuste 440 Lapsos 118 119T de linguagem 357358 Lei do efeito 6 Leitura 340345 compreensão do dis curso e da 368374 fonológica 340 processo léxico na 341 345 questões da percepção na 341 velocidade da 341342 Lenda de Bartlett 207T 588 Psicologia Cognitiva Lesões de cabeça fechada 60 Linguagem dos sinais 335 Linguagem mental 233 Linguagem língua 303304 aquisição do vocabulá rio 370372 aspectos fundamentais da 307310 atos da fala 361364 362T autismo e 375380 bilinguismo e dialetos 351356 compreensão do dis curso e da leitura 368374 contexto e ponto de vista 374 crianças e 333334 diferenças entre 345 349 dos animais 334336 e pensamento 345360 em um contexto social 360374 estudos de lesões 376 379 gênero e 366367 lapsos verbais 357358 leitura 340345 metafórica 358360 natureza e aquisição 303337 percepção da fala 311 315 pesquisas dos ERPs Po tenciais Relaciona dos a Eventos 376379 postulados da conversa ção 364366365T processos de compreen são 341345 propriedades da 304 311 representação do texto em modelos men tais 373374 representações proposi tivas 372 semântica e sintaxe 315324 sinal 335336 universais lingüísticos 349351 Linguagem neuropsicologia da 374380 afasia 374375 autismo 375376 Lobo frontal 5459 55F occipital 55 55F parietal 55 55F temporal 55 55F Lobos 55F dos hemisférios cere brais 5459 Localizaçãoda função 29 Make a Million in a Month Honigan 391 Mapas cognitivos 257 Mapas de texto 262264 Medula 46F espinal 45F 46F oblongada 50 Memória 174 Ver também Distorções da memória processos da memória amígdalae 186187 amnésia 180182 armazenamento de curto prazo 158 162164 armazenamento de longo prazo 158 164165 armazenamento senso rial 158159162 autobiográfica 209210 avaliação 154158 155T construtiva 209 córtex cerebral e 171F 185187 das crianças 220223 de trabalho 168173 172F 486 déficit de 180185 descobertade Sperling 159162 160F 16IF desenvolvimento da 220223 desenvolvimento e apti dões metacognitivas 220223 Doença de Alzheimer 184185 I85F episódica 173 explícita tarefas 155T 156158 explícitaimplícita dis tinção 182 extraordinária 178180 falsa 212213 flash 217 hipocampo e 185187 implícita tarefas 155T 156158 inteligência e 486 longo prazo 203204 modelo de níveis de processamento 165167 modelo tradicional de 158165 natureza construtiva da 209220 Neuropsicologia e dife renciada 178187 perspectiva conexio nista 176177 prospectiva 200 reconhecimento 154 156 155T reconstruiiva 209 recuperação do signifi cado das palavras si tuadas na 369370 recuperação 200204 reprimida 215216 retrospectiva 200 semântica 173 sistemas de múltipla 173176 tarefa de conjunto 488489 tarefas e trabalho 172F tradicional versus não tradicional visões de 169T uso diário da 177178 Metamemória MerriamWebsters Colle giate Dictionary 9 Mesencéfalo 38T 39T 45F 4850 Metacognição 193 329 desenvolvimento da memória e 220223 Metáforas 359 Metamemória 193 Método da diferença463 Método da localização 196 196T Métodos biológicos versus métodos comporta mentais 24 Métodos de pesquisa pes quisa aplicada versus básica 24 característicos 1223 16T17 com o comportamento humano 1519 objetivos da 1112 Mielina 30 Mnemonista 178180 Modelagem 331333 Modelo conexionista da memória 176177 de redesem comparação a 297 297F do processamentopara lelo 293297 Modelode atenuação de Tteisman 136137 Modelo de Broadbent 135 136F Modelo de dissociação do processo 158 Modelo de estrutura do in telecto Structureoin tellect modelSOI 482 Modelo de Mareei 151 Modelo de níveis de proces samento NP da memória 165167 166T Modelo do filtro posterior 137 Modelo do filtro seletivo de Moray 135136 Modelo integral serial 202 203 Modelos de processamento de conexões do proces samento em paralelo e distribuído PPD 293 297 Modelosmentais de John sonLaird 251253 Modelos mentais 251253 457 Monoaminos neurotrans missores 32 Monocromacia 103 Monolíngues 351352 Morfema 309 Morfemas de conteúdo 309 Morfemas de função 309 Movimento à frente anteci pado 426 Movimento à frente 426 Movimento rápido dos olhos 193 MYCIN 512 514T Narrativas 371 National Research Council 340 Negligência da representação 247 248 espacial 148149 Neoplasmas 60 Nervo óptico 70 Neurônio 31F Neuropeptídios 32 33T Neurotransmissores amino ácidos 32 Neurotransmissores 32 33T Nível básico 279 Norepinefrina 33T Nósnódutos 313 de Ranvier 30 NP Ver Modelo de níveis de processamento Observaçãonaturalísticas 17T 2022 Pacientes com cérebro divi dido 53 Padrões 9091 Papéis temáticos 324 Papel do insight395399 Paradigma do testemunho ocular 211215 PARRY 511512 513T PDP Ver Modelos de cone xões do processamento paralelo distribuído Pedaços 13 Pensamento convergente 387 de grupo 435436 divergente 387 produtivo 398 Percepção6568 66F 67F 68F Ver também Percepção de profundidade abordagens para objetos e formas 7887 abordagens teóricas da 87100 categórica 313 conceitos básicos da 7072 constância perceptiva 727473F74F construtiva 9697 cor anomalias 103104 da fala 311312 de profundidade 7478 76T défieits perceptivos 100104 direta 8788 87F 90F fonológica 340 pistasde profundidades monoculares e bino culares 75T76T princípios de visual 7982 81T82F Perícia características da 418T conhecimento e resolu ção de problemas 412120 elaboração do conheci mento 413416 organização do conheci mento 413419 414F organização do pro blema 416417 processos automáticos 417419 talento inato e habili dade adquirida 419120 Persistência distorções da memória e 211 Perspectiva conectiva 176177 efeitos de 451 PET Ver Tomografiapor emissão de pósitrons Pistas binoculares para per cepçãoda profundidade 76T Pistas de profundidade bi noculares 75 Pistas de profundidade mo noculares 74 76T Ponte 46F 50 Postulados da conversação 364366 365T Postulados da conversação 364366 Potenciais relacionados a eventos PREs 3536 149150376377 Pragmática 6 360 Prâgnanz Lei de 79 Prática contínua 193 Prática distribuída 193 Premissas 447 45 6T Prime 114 Priming 109110 Efeito indutor 176 Princípio cooperativo 364 de convenção 306 do contraste 306 Princípios da Psicologia 6 Probabilidade 43334 434T condicional 433 subjetiva 431 Problemas bem estruturados 388 392 da representaçãodos problemas 393395 isomórficos 392393 mal estruturados 388 395402 tipos de 388402 Problema da Torre de Ha nói 394 Problema do coquetel 134 Problemas das jarras de água propostos por Lu chin 403T Processamento de informa ção inteligência e 483492 Processamento integral ver sus autoconclusivos 202 Processamento serial 201 201F 293 Processamentos autoconclu sivos 202 Processas automáticos 112 120115X417419 dos especialistas 417 419 Processos controlados 112 120 115T Processos da memória codificando e transfe rindo informação 190200 ensaio 193195 esquecimento e distor ções da memória 204208 índice Remissivo 589 organização da informa ção 195200 recuperação 200204 transferência de infor mações 192200 Processos paralelos 112 processamento serial versus 201202 Produtividade 306 criatividade e 421422 Projeto Abecedário 502 Propensãoviés ângulo reto 260 de confirmação 459 465 distorções da memória e210 retrospectivo 443 tomada de decisões 436446 Proposição 447 imagens e 248256 Prosencéfalo 38T 4448 45F Protanopia 103 Proxemics 360361 Proximidade 81T 82F Psicobiologia 89 pesquisa 16T 19 Psicolinguística 304 Psicologia Cognitiva aplicações práticas 78 aplicada 910 definição de 13 Estruturalismo 45 métodos de pesquisa em 1123 primeiras dialéticas em 46 principais idéias 2427 questões fundamentais e campos da 2324 surgimento da 811 Psicologia Cognitiva Neis ser 10 QI Ver Quociente de inte ligência Quociente de inteligência QI 476477 477F 485491494495 Raciocínio 446 condicional 447452 448T 449T esquemas de pragmá tico 451 neurociência do 470 471 silogístico 452 uma visão alternativa do 469471 Raciocínio dedutivo 446 447460 auxílios adicionais e obs táculos ao 459460 silogismos 452 Raciocínio indutivo 446 461469 desenvolvimento do 467469 inferências categóricas 466 inferências causais 462466 por analogias 467 Racionalidade 443444 limitada 432 Racionalidade limitada 432 Racionalismo 34 versus Empirismo 34 23 Reconhecimento de fisiono mia 8283 83F Reconhecimento por com ponentes teoria do RFC 95 Reconsolidação 194 Recuperação 200204 da memória de curto prazo 200203 da memória de longo prazo203204 efeitos de contexto 216220 Rede neural 298299 Redefinição 426 Redes 269 comparação entre repre sentações conexio nistas e de 297 297F neurais 298300 semânticas modelos de 277281 277F 278F 279F Redireção 426 Registro de célula única 49T Registros elétricos ERPs 3540 Relatividade Lingüística 346349 Representação centrada em um marco 79 Representação centrada no objeto 7879 Representação centrada no observador 79 Representação do conheci mento 225239 cognição espacial e ma pas cognitivos 257 265 exame de imagem 245 247 externa 226228 gradação da imagem 244245 imagem mental 229 230 232233 manipulaçõesmentais de imagens 239248 590 Psicologia Cognitiva negligência da 247248 sintetizando imagens e proposições 248 256 teoria do código dual 230233 teoria propositiva 233 239 Representação simbólica 227227F Representações esquemáti cas 281285 Representatividade 436 438 Reprodução 426 Resolução de problemas 383 409410 ciclo da 383388 385F configurações mentais entrincheiramento e fixação 402404 criatividade e 420425 da radiação e militar 408T incubação 410411 inteligência e resolução de complexos 486 490 487F neuropsicologia do pla nejamento na 412 obstáculos e auxílios à 402412 perícia conhecimento e 412420 transferência de analo gias 406409 transferência intencio nal 409410 ttansferência negativa e positiva 404406 Ressonância magnética RM 38 37F Ressonância magnética fun cional RMf 41 49T 300 Retina 69 RM Ver Ressonância Mag nética Teoria multímodal 137138 RMfVerRessonânciamag nética funcional Rombencéfelo 39T 5051 RotaçãoçÕes heurística de 260 mentais 239244 Roteiro 282285 RPC Ver Teoria do reco nhecimento por compo nentes RPC SAR Ver Sistema de ativa ção reticular Sarisfatoriedade 432433 SCP Ver Substância cin zenta periaquedutal Segmentos de linha 94F Semântica 310 315316 codificação 369370 memória 173 modelos de redes 277 281277F278F 279F Semelhança 81T 82F teoria da 130132 131F Septo 44 46F Serotonina 32 33T SGP Ver Solucionador Ge ral de Problemas Significância estatística 12 Silogismos categóricos 454459 455F 456T 458F lineares 452454 453T raciocínio dedutivo 446 Símbolos fonéticos 308T 309 Simetria 81T82F heurísticas de 260 Simulação por computador 17T 22 Simulação por computador Inteligência Artificial 22508517 primeiros programas de 510512 sistemas de crenças 513T sistemas especializados 512 Teste de Turing 509 510 Simultagnosia 101 101F Sinapse 31 Síndrome de Korsakoff 46 Sintaxe sintáticas 310 relações entre estrutu ras e lexicais 322 324 semântica e 315324 Síntese 3 Neisser 138139 Sistema Atencional 149 de ativação reticular SAR Reticular activing systeml50 de palavras relaciona das 196X 198 199T de palavraschave 197T 198 de produção 286 de reconhecimento de padrões 8287 Sistema límbico 38 44 Sistema nervoso estrutura e função neu ronais 3034 estudos com animais 35 estudospostmortem34 organização do 3043 receptores e drogas que influenciam o 34 registros elétricos 3536 técnicas de imagem es tática 3640 Sistemas atencionais 149 Sistemas especializados 512514 SOI Ver Modelo de estru tura do intelecto Solucionadot Geral de Pro blemas SGP 510 5I0F Soma 30 Substância cinzenta peria quedutal SCP Peria queductal Gray PAG 50 Sugestionabilidade distor ções da memória e 210 Tálamo 38T 46F 48 importantes núcleos do 4ST Talento inato 419420 Tarefas de memória explícita 154T 156158 de memória implícita 154158155T de recordaçãoavaliação da memória 154 156154T de rememoração livre 154X 155 de rememoração serial 154X 155 Taxa básica 438 TC Ver Tomografia com putadorizada TDAH Ver Transtorno do Déficit da AtençãoHi perarividade Técnicas de imagem está tica 3640 Teoria s 11 ascendentes bot tomup 88 99100 da buscaguiada 132 da descriçãoestrutural 9596 da Detecção de Sinais TDS 123125 124X126 126F das características 9095 92F 96F de atenção seletiva ba seadas em recursos de atenção 139140 139F de atenção seletiva do filtroe do gargalo 135139 136F de Código Dual 230 233 248 descendentes top down 9699 do declínio 206208 do padrão 8889 90F do protótipo 271273 do tempo de processa mento 483486 interferência versus 204204F limitaçõesanalógicas 235237 235F 236F limites 237239 238F multímodal 137138 propositiva 233239 248 uso de 233235 234T triárquica da inteligên cia humana 499 499F Teorias ascendentes bot tomup 88 sintetizando 99100 Teorias baseadas em recur sos de atenção 139 140 139F Teorias de atenção seletiva do filtro e do gargalo 135139 da atenção seletiva 133135 modelo de atenuação de Treisman 136137 modelo de Broadhent 135136F modelo do filtro poste rior 137 modelo do filtro seletivo deMoray 135136 síntese de Neisser 138 139 teoria multímodal 137 138 Teorias descendentes top down 9699 sintetizando 99100 Teorias do padrão 8889 90F Teórico Lógico TL Logic TheoristLT 510 Teste de B1TCH ver Teste de Inteligência de Ho mogeneidade Cultural para Negros 501 Teste de Inteligência de Homogeneidade Cultu ral para Negros Teste BITCH 501 Teste de Turing 509510 Testes culturalmente rele vantes 495 Tipicidade de aves 27IT Tipo nominal 277 TL Ver Teórico Lógico Tomada de decisões 430447 disponibilidade 438 440 eliminação por aspectos 43334 em grupo 435436 heurística 436446 naturalista 434435 Neurociência da 446 raciocínio 446 representatividade 437138 satisfatoriedade 432 433 teoria clássica da 430 432 Tomada naturalística de de cisões 434435 Tomografia computadori zada TC 36 37F Tomografia por emissãode pósitronsPET Posi tron emission tomogra phy PET 42F 40 Transferência 404 de analogias 406409 negativa 404 positiva 404 Transiênciadistorçõesda memória e 210 Transparência 410 Transtorno do Déficit de Atenção Hiperativi dade TDAH 146147 Transtorno vascular 59 índice Remissívo 591 Traumatismos cranianos 6061 Universais lingüísticos 349351 Uso excessivo da forma re gular 332 Utilidade subjetiva 431 Validade dedutiva 447 453T Variáveis dependentes 1518 Variáveis independentes 15 Velocidade da leitura 341342 Viés de confirmação 460 464465 do ângulo reto 260 retrospectivo 443 Vigilância 125127 Visão dos três processos 400402 Visão nada especial 422 Visão neoGestalt 399400 Visão princípios da 6970 Visualização espacial264 Vocabulário 370372 de Escala Wechsler de Inteligênciade Adultos 477 479T