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Orientações para o Conteúdo 1 Introdução Contextualização sobre Paul Ricoeur e a importância do tema Apresentação do objetivo do trabalho 2 Desenvolvimento A narrativa escrita e a interpretação da memória auxiliando no processo de ressignificação do corpo e o cuidado de si segundo o referencial teórico Paul Ricoeur 3 Conclusão Síntese dos principais pontos abordados 4 Referências Bibliográficas Deve conter as fontes consultadas O tema central será Paul Ricoeur Corpo Memória e Escrita A construção da identidade A proposta é que vocês absorvam o entendimento sobre como a narrativa escrita e a interpretação da memória ajudam a ressignificar o corpo e cuidar de si segundo o filósofo Paul Ricoeur Na internet vcs encontram artigos podcasts vídeos no YouTube que abordam a temática Instruções Gerais O trabalho deve ter entre 3 e 5 páginas no máximo estruturado com introdução desenvolvimento e conclusão Pode conter citações diretas e indiretas de Paul Ricoeur para fundamentar a argumentação Narrativa Corpo e Memória A Construção da Identidade e o Cuidado de Si em Paul Ricoeur Seu nome 1 INTRODUÇÃO Paul Ricoeur 19132005 filósofo francês de ampla influência no campo das ciências humanas construiu uma obra marcada pela interseção entre hermenêutica fenomenologia ética e teoria da linguagem Sua filosofia propõe uma compreensão da identidade humana que vai além da essência fixa e imutável concebendoa como algo construído interpretado e reconfigurado ao longo do tempo Nesse sentido a identidade é inseparável da memória da narrativa e da linguagem sendo permanentemente construída a partir do entrelaçamento entre o vivido e o contado Ricoeur nos convida a compreender o ser humano como um ser narrativo cuja existência é estruturada em torno da capacidade de contar a própria história e atribuir sentido a ela Dentro dessa perspectiva o corpo não é um simples objeto físico ou biológico mas sim um lugar de inscrição da experiência da memória e da subjetividade O corpo sofre sente se transforma e carrega marcas que por vezes escapam à linguagem direta mas podem ser acolhidas e ressignificadas por meio da narrativa A memória ao retornar sobre o vivido cria novas possibilidades de compreender o corpo e a si mesmo reabrindo o passado à interpretação e permitindo que o sujeito se reconcilie com suas próprias histórias Já a escrita como expressão elaborada dessa memória oferece um campo de distanciamento e reflexão permitindo que o sujeito reelabore sua trajetória e cuide de si simbolicamente O presente trabalho tem como objetivo analisar à luz do pensamento de Paul Ricoeur como a narrativa a escrita e a memória contribuem para a construção da identidade e para a ressignificação do corpo Por meio da abordagem hermenêutica desenvolvida pelo autor buscase compreender de que forma esses elementos operam como dispositivos éticos e simbólicos de cuidado de si permitindo ao sujeito integrar experiências reelaborar traumas e afirmar sua existência em sua complexidade 2 DESENVOLVIMENTO 21 O corpo como lugar de sentido Em sua obra O simesmo como um outro Paul Ricoeur propõe uma distinção fundamental entre identidadeidem mesmidade e identidadeipse mesmidade narrativa que admite mudança promessa ruptura e reconstrução Essa distinção permite repensar o corpo para além de sua dimensão biológica O corpo na filosofia ricoeuriana é simultaneamente um meu corpo vivido experienciado e um o corpo objetificado É por meio dele que nos situamos no mundo interagimos com o outro e marcamos presença no tempo e no espaço Não se trata apenas de um corpo físico mas de um corpo habitado atravessado por sentidos afetos e memórias O corpo é portanto uma instância simbólica da identidade pois nele se inscrevem as marcas do tempo vivido os traumas e as experiências significativas que compõem a trajetória do sujeito Ricoeur nos convida a enxergar o corpo não como um dado bruto da natureza mas como um lugar de sentido onde a vida se manifesta em sua pluralidade de formas Nesse contexto a dor corporal por exemplo não é apenas um evento fisiológico mas um acontecimento que exige ser narrado interpretado e acolhido na linguagem Ao tematizar o sofrimento Ricoeur mostra que ele carrega em si uma interpelação ética como dar sentido ao que fere e rompe a continuidade da existência Nas palavras de Ricoeur o corpo vivido é a primeira mediação entre o si mesmo e o mundo RICOEUR 1990 p 338 Isso significa que o corpo não apenas sente o mundo mas também o interpreta e é interpretado por ele A forma como o sujeito se narra como enuncia sua dor sua história seu modo de estar no mundo transforma também sua maneira de habitar o corpo 22 A memória como mediação entre o passado e o presente A memória desempenha um papel central na filosofia de Paul Ricoeur sendo compreendida como um dos pilares da construção identitária Longe de ser um simples armazenamento de informações passadas a memória é para ele um processo ativo de reconstrução e interpretação Em A memória a história o esquecimento 2000 Ricoeur distingue diferentes formas de lembrar reconhecendo que toda memória passa por um filtro ela é seletiva parcial e frequentemente atravessada por esquecimentos lacunas e reinterpretações Nesse sentido a memória não restitui o passado como ele foi mas o reinscreve no presente atribuindolhe novos sentidos Essa abordagem rompe com a ideia de uma identidade fixa fundada na repetição de traços imutáveis e propõe a identidade narrativa como um processo que articula memória linguagem e tempo O sujeito ao lembrar reconfigura sua trajetória A memória então não apenas preserva o passado mas o reinterpreta atualiza e reintegra ao presente Ricoeur afirma que lembrar é reconstruir e toda reconstrução é em parte uma invenção RICOEUR 2007 p 87 Ao contar sua história ao lembrar de si mesmo com palavras o sujeito resgata fragmentos de seu passado reelabora sentidos e reconstroi sua imagem corporal Nesse movimento a memória se torna um ato ético e poético de reconciliação com a própria existência A memória individual está entrelaçada com narrativas culturais sociais e históricas que moldam o modo como os sujeitos percebem a si mesmos Isso é evidente por exemplo nos corpos marcados por opressões estruturais o corpo racializado o corpo feminino silenciado o corpo da pessoa com deficiência A lembrança de si se constrói também em diálogo com a história coletiva e a ressignificação do corpo passa muitas vezes pela reapropriação de narrativas que foram negadas ou invisibilizadas 23 A escrita como espaço de elaboração e cuidado A escrita para Paul Ricoeur é uma das mais potentes formas de mediação simbólica entre o sujeito e sua própria experiência Em Tempo e Narrativa 1983 o filósofo defende que ao escrever o ser humano reconfigura o tempo vivido transformandoo em tempo narrado Esse processo confere inteligibilidade à experiência e sobretudo oferece ao sujeito a oportunidade de refletir sobre si mesmo a partir de uma distância crítica A escrita não é um simples registro da memória ela é uma forma de reelaborar o vivido de organizar os acontecimentos em uma trama com sentido e assim de cuidar de si por meio da linguagem Escrever é nesse contexto uma prática ética Ao narrar suas experiências o sujeito estabelece uma relação de escuta consigo mesmo reconhece suas fragilidades revisita feridas e em alguns casos nomeia o que antes era indizível A escrita se torna então um espaço de elaboração simbólica do sofrimento do trauma da perda e do corpo marcado Ao escrever sobre si o sujeito narra essa mudança e ao mesmo tempo a realiza Como destaca Ricoeur A identidade pessoal se realiza no cruzamento entre a constância do mesmo e a capacidade de manter a palavra dada de manter se a si mesmo no tempo RICOEUR 1990 p 145 A escrita é portanto o espaço dessa travessia entre o que permanece e o que se transforma No que diz respeito ao corpo a escrita pode desempenhar um papel crucial na sua ressignificação O corpo que sofre o corpo doente o corpo marcado por violências estruturais ou pessoais pode encontrar na escrita um modo de ser escutado e reconhecido Quando o sujeito escreve sobre seu corpo ele não apenas relata o que sente ele interpreta dá forma institui um sentido O corpo que muitas vezes é silenciado na experiência cotidiana ou reduzido a um objeto médico torna se sujeito de linguagem portador de memória e de dignidade Essa revalorização simbólica do corpo contribui para um processo de cuidado de si que não passa apenas pela cura física mas por uma reconciliação ética e poética com a própria existência 3 CONCLUSÃO A reflexão proposta por Paul Ricoeur acerca da identidade humana revela a complexidade de um sujeito que se constitui narrativamente em constante diálogo com sua memória seu corpo e sua linguagem Ao romper com modelos essencialistas e fixos de identidade o filósofo oferece uma compreensão dinâmica e interpretativa do simesmo construída por meio de experiências vividas e reelaboradas no tempo Nesse processo o corpo não é apenas um suporte biológico mas um lugar de sentido onde se inscrevem as marcas da história pessoal e coletiva e onde a dor o desejo e a transformação encontram sua expressão A memória por sua vez opera como mediadora entre o passado e o presente permitindo ao sujeito revisitálo ressignificálo e incorporálo à narrativa de si Mais do que recordar fatos lembrarse para Ricoeur é reinterpretar o vivido um gesto que exige linguagem contexto e abertura ao outro É nesse gesto que a memória se torna também espaço de cura simbólica de reconciliação com o corpo e com a própria história A escrita por fim é o lugar onde esse movimento hermenêutico ganha forma Ao escrever sobre si o sujeito cria um distanciamento reflexivo que lhe permite escutar suas próprias experiências atribuirlhes sentido e reorganizar sua trajetória A escrita tornase assim um ato ético e poético de cuidado de si um modo de resistir ao esquecimento de afirmar a dignidade do corpo e de tecer novos significados para a existência Quando o corpo é narrado ele se transforma quando a dor é escrita ela se reinscreve quando a memória se torna palavra ela se torna também possibilidade de futuro Dessa maneira Paul Ricoeur nos oferece uma poderosa chave de leitura para compreender como o sujeito se constrói ao longo do tempo como cuida de si através da linguagem e como o corpo longe de ser apenas matéria é também narrativa memória e identidade REFERÊNCIAS BONFIM Flávia Gaze Org Leituras psicanalíticas sobre os desafios da atualidade livro eletrônico Curitiba Bagai 2022 RICOEUR Paul O simesmo como um outro Tradução Daniela Kern e João Cezar de Castro Rocha São Paulo WMF Martins Fontes 2014 RICOEUR Paul Tempo e narrativa Tomo I Tradução Kathleen H D M Ferreira e Maria I C Rampazzo Campinas Papirus 1994 RICOEUR Paul A memória a história o esquecimento Tradução Alain François Campinas Editora da Unicamp 2007

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transforma e carrega marcas que por vezes escapam à linguagem direta mas podem ser acolhidas e ressignificadas por meio da narrativa A memória ao retornar sobre o vivido cria novas possibilidades de compreender o corpo e a si mesmo reabrindo o passado à interpretação e permitindo que o sujeito se reconcilie com suas próprias histórias Já a escrita como expressão elaborada dessa memória oferece um campo de distanciamento e reflexão permitindo que o sujeito reelabore sua trajetória e cuide de si simbolicamente O presente trabalho tem como objetivo analisar à luz do pensamento de Paul Ricoeur como a narrativa a escrita e a memória contribuem para a construção da identidade e para a ressignificação do corpo Por meio da abordagem hermenêutica desenvolvida pelo autor buscase compreender de que forma esses elementos operam como dispositivos éticos e simbólicos de cuidado de si permitindo ao sujeito integrar experiências reelaborar traumas e afirmar sua existência em sua complexidade 2 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contexto a dor corporal por exemplo não é apenas um evento fisiológico mas um acontecimento que exige ser narrado interpretado e acolhido na linguagem Ao tematizar o sofrimento Ricoeur mostra que ele carrega em si uma interpelação ética como dar sentido ao que fere e rompe a continuidade da existência Nas palavras de Ricoeur o corpo vivido é a primeira mediação entre o si mesmo e o mundo RICOEUR 1990 p 338 Isso significa que o corpo não apenas sente o mundo mas também o interpreta e é interpretado por ele A forma como o sujeito se narra como enuncia sua dor sua história seu modo de estar no mundo transforma também sua maneira de habitar o corpo 22 A memória como mediação entre o passado e o presente A memória desempenha um papel central na filosofia de Paul Ricoeur sendo compreendida como um dos pilares da construção identitária Longe de ser um simples armazenamento de informações passadas a memória é para ele um processo ativo de reconstrução e interpretação Em A memória a história o esquecimento 2000 Ricoeur distingue diferentes formas de lembrar reconhecendo que toda memória passa por um filtro ela é seletiva parcial e frequentemente atravessada por esquecimentos lacunas e reinterpretações Nesse sentido a memória não restitui o passado como ele foi mas o reinscreve no presente atribuindolhe novos sentidos Essa abordagem rompe com a ideia de uma identidade fixa fundada na repetição de traços imutáveis e propõe a identidade narrativa como um processo que articula memória linguagem e tempo O sujeito ao lembrar reconfigura sua trajetória A memória então não apenas preserva o passado mas o reinterpreta atualiza e reintegra ao presente Ricoeur afirma que lembrar é reconstruir e toda reconstrução é em parte uma invenção RICOEUR 2007 p 87 Ao contar sua história ao lembrar de si mesmo com palavras o sujeito resgata fragmentos de seu passado reelabora sentidos e reconstroi sua imagem corporal Nesse movimento a memória se torna um ato ético e poético de reconciliação com a própria existência A memória individual está entrelaçada com narrativas culturais sociais e históricas que moldam o modo como os sujeitos percebem a si mesmos Isso é evidente por exemplo nos corpos marcados por opressões estruturais o corpo racializado o corpo feminino silenciado o corpo da pessoa com deficiência A lembrança de si se constrói também em diálogo com a história coletiva e a ressignificação do corpo passa muitas vezes pela reapropriação de narrativas que foram negadas ou invisibilizadas 23 A escrita como espaço de elaboração e cuidado A escrita para Paul Ricoeur é uma das mais potentes formas de mediação simbólica entre o sujeito e sua própria experiência Em Tempo e Narrativa 1983 o filósofo defende que ao escrever o ser humano reconfigura o tempo vivido transformandoo em tempo narrado Esse processo confere inteligibilidade à experiência e sobretudo oferece ao sujeito a oportunidade de refletir sobre si mesmo a partir de uma distância crítica A escrita não é um simples registro da memória ela é uma forma de reelaborar o vivido de organizar os acontecimentos em uma trama com sentido e assim de cuidar de si por meio da linguagem Escrever é nesse contexto uma prática ética Ao narrar suas experiências o sujeito estabelece uma relação de escuta consigo mesmo reconhece suas fragilidades revisita feridas e em alguns casos nomeia o que antes era indizível A escrita se torna então um espaço de elaboração simbólica do sofrimento do trauma da perda e do corpo marcado Ao escrever sobre si o sujeito narra essa mudança e ao mesmo tempo a realiza Como destaca Ricoeur A identidade pessoal se realiza no cruzamento entre a constância do mesmo e a capacidade de manter a palavra dada de manter se a si mesmo no tempo RICOEUR 1990 p 145 A escrita é portanto o espaço dessa travessia entre o que permanece e o que se transforma No que diz respeito ao corpo a escrita pode desempenhar um papel crucial na sua ressignificação O corpo que sofre o corpo doente o corpo marcado por violências estruturais ou pessoais pode encontrar na escrita um modo de ser escutado e reconhecido Quando o sujeito escreve sobre seu corpo ele não apenas relata o que sente ele interpreta dá forma institui um sentido O corpo que muitas vezes é silenciado na experiência cotidiana ou reduzido a um objeto médico torna se sujeito de linguagem portador de memória e de dignidade Essa revalorização simbólica do corpo contribui para um processo de cuidado de si que não passa apenas pela cura física mas por uma reconciliação ética e poética com a própria existência 3 CONCLUSÃO A reflexão proposta por Paul Ricoeur acerca da identidade humana revela a complexidade de um sujeito que se constitui narrativamente em constante diálogo com sua memória seu corpo e sua linguagem Ao romper com modelos essencialistas e fixos de identidade o filósofo oferece uma compreensão dinâmica e interpretativa do simesmo construída por meio de experiências vividas e reelaboradas no tempo Nesse processo o corpo não é apenas um suporte biológico mas um lugar de sentido onde se inscrevem as marcas da história pessoal e coletiva e onde a dor o desejo e a transformação encontram sua expressão A memória por sua vez opera como mediadora entre o passado e o presente permitindo ao sujeito revisitálo ressignificálo e incorporálo à narrativa de si Mais do que recordar fatos lembrarse para Ricoeur é reinterpretar o vivido um gesto que exige linguagem contexto e abertura ao outro É nesse gesto que a memória se torna também espaço de cura simbólica de reconciliação com o corpo e com a própria história A escrita por fim é o lugar onde esse movimento hermenêutico ganha forma Ao escrever sobre si o sujeito cria um distanciamento reflexivo que lhe permite escutar suas próprias experiências atribuirlhes sentido e reorganizar sua trajetória A escrita tornase assim um ato ético e poético de cuidado de si um modo de resistir ao esquecimento de afirmar a dignidade do corpo e de tecer novos significados para a existência 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