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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI ZILDA MATOS A INFLUÊNCIA DA GUERRA FRIA NA AMÉRICA LATINA HUMBERTO DE CAMPOS 2022 CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI ZILDA MATOS A INFLUÊNCIA DA GUERRA FRIA NA AM ÉRICA LATINA Trabalho de conclusão de curso em formato de artigo apresentado como requisito parcial à obtenção do título de PÓSGRADUAÇÃO EM HISTÓRIA HUMBERTO DE CAMPOS 2022 RESUMO Este estudo propõe uma análise aprofundada da notável influência exercida pela Guerra Fria sobre a América Latina Em particular visa a destacar as estratégias adotadas pelos Estados Unidos para conter o avanço do comunismo na região e simultaneamente examinar minuciosamente as consequências resultantes dessas políticas para os países latinoamericanos Por meio de uma abordagem histórica e política robusta a intenção é ampliar a compreensão do impacto abrangente desse conflito global na América Latina Pretendese explorar os meandros das relações internacionais in vestigar a influência geopolítica nesse contexto específico e igualmente analisar as complexas transformações sociais ocorridas nessa região resultantes diretas desse período conturbado da história mundial A analise aprofundada desses aspectos contribuirá significativamente para uma compreensão mais completa do legado deixado pela Guerra Fria na América Latina Palavraschave Guerra Fria América Latina Golpe militar ABSTRACT This study proposes an in depth analysis of the remarkalbe influence exerted by the Cold War on Latin America Specifically it aims to highlight the strategies adopted by the United States to contain the spread of communism in the region and simultaneously meticulously examine the resulting consequences os these policies for Latin America coutries Trough a robust historical and political approach the conflict on Latin America It aims to delve into the intricacies os international relations investigat e the geopolitical influence in this specific context and equally analyze the complex social transformations that ocorred in this region directly resulting from this tumultuous period in world history A thorough analysis of these aspects will significantly contribute to a more comprehensive understanding os the legacy left by the Cold War in Latin America Keywords Cold War Latin America Military coup SUMÁRIO RESUMO 3 ABSTRACT 3 INTRODUÇÃO 5 DESENVOLVIMENTO 5 CONTEXTO DA GUERRA FRIA 5 AMÉRICA LATINA DOS ANOS 30 ANTES DA GUERRA FRIA 7 IMPACTOS E FORÇAS DA GUERRA NA AMÉRICA LATINA 9 O RESULTADO ATUAL CUIDADO COM AMEAÇAS CONTRA A SEGURANÇA DO ESTADO 12 METODOLOGIA 15 CONSIDERAÇÕES FINAIS 15 REFERÊNCIAS 16 INTRODUÇÃO A Guerra Fria esse longo período de quase cinco décadas representou uma intensa disputa entre as potências mundiais os Estados Unidos e a União Soviética do qual no contexto desse embate global a América Latina tornouse um palco fervilhante de conflitos e tensões políticas econômicas e sociais refletindo profundamente a influência dessas duas superpotências na região Diante desse cenário multifacetado este estudo visa uma análise aprofundada sobre a influência direta da Guerra Fria na América Lati na lançando luz sobre as estratégias primordiais adotadas pelos Estados Unidos para conter a expansão comunista nessa área geográfica Adicionalmente esse trabalho busca explorar as repercussões políticas econômicas e sociais dessas políticas para os países latinoamericanos considerando seu impacto duradouro na configuração histórica e no desenvolvimento político da região Para alcançar esse intento será feita uma revisão bibliográfica amparada por uma gama de estudos e análises sobre o tema E assim através dessa abordagem multifacetada pretendo compreender mais profundamente o contexto histórico e político que moldou e marcou a trajetória da América Latina ao longo do período da Guerra Fria DESENVOLVIMENTO CONTEXTO HISTÓRICO DA GUERRA FRIA A guerra fria teve sua origem no período pósguerra emergindo das cinzas desse contexto histórico do qual dois protagonistas se destacam nesse cenário os Estados Unidos da América e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas Segundo o historiador inglês em Era dos Extremo logo após a Segunda Guerra Mundial a humanidade mergulhou em um conflito que poderia ser considerado de certa forma uma Terceira Guerra Mundial embora muito peculiar como expressou o filósofo Thomas Hobbes a guerra não s e limita apenas à batalha em si mas engloba um período em que a disposição para o confronto é amplamente reconhecida Hobbes capítulo 13 Com isso a Guerra Fria entre EUA e URSS que marcou fortemente o cenário internacional na segunda metade do Século XX foi sem dúvida um desses momentos citados por Thomas Hobbes foi quando gerações inteiras foram moldadas sob a sombra da ameaça de conflitos nucleares globais que acreditavase poderiam eclodir a qualquer momento e causar devastação à humanidade HOBSBAWN p 224 Afinal o período da Guerra Fria se destaca pela peculiaridade não tanto do perigo iminente de guerra e confronto armado mas sim pela inédita possibilidade desse tipo de conflito pois enquanto os EUA e a URSS competiam em uma corrida tecnológica e de armamentos sinalizando um potencial conflito havia também um reconhecimento mútuo do desejo pela paz evidenciado por um acordo tácito acerca do domínio global O aspecto singular da Guerra Fria residia no fato de que objetivamente não havia uma ameaça imediata de uma guerra mundial Mais do que isso apesar da retórica apocalíptica de ambos os lados principalmente por parte dos EUA os governos das duas superpotências aceitaram a distribuição global de poderes ao término da Segunda Guerra Mundial que representava um equilíbrio de forças desigual porém não contestado em sua essência Segundo Hobsbawn A URSS exercia controle ou influência predominante sobre uma parcela significativa do globo enquanto os EUA detinham domínio e predominância sobre o restante do mundo capitalista além do hemisfério norte e dos oceanos assumindo o papel remanescente da antiga hegemonia imperial das potências coloniais Em troca desse arranjo os EUA não interferiam na zona reconhecida como área de hegemonia soviética HOBSBAWN 1996 p 224 Contudo ao término da Segunda Guerra as nações se dividiam em dois blocos o Eixo composto por Alemanha Itália e Japão e os Aliados que agrupavam todos os países engajados na luta contra o nazifacismo liderados pelas mesmas nações da Tríplice Entente uma vez formados durante a Primeira Guerra Mundial Reino Unido EUA e URSS Com o desfecho da Segunda Guerra direcionandose para o colapso do Eixo os EUA emergiram como a nação primordial surgida dos conflitos Os EUA se beneficiaram grandemente do conflito revitalizaram e expandiram sua indústria absorveram a considerável massa de desempregados dos anos 30 e experimentaram poucas perdas humanas quase nenhuma destruição material em seu território Sua economia assumiu o domínio global contribuindo com cerca de 60 da produção industrial em 1945 uma posição fortalecida pela semidestruição de seus adversários Alemanha Itália e Japão e enfraquecimento dos aliados capitalistas França e GrãBretanha VICENTINI 2006 p 42 Essa posição entre as nações foi crucial para definir o nome Guerra Fria pois com a posse de arsenais nucleares ambas mergulharam em uma política de ameaças e competição Mesmo negando e afastando a ideia de uma guerra nuclear essa possibilidade sempre pairava criando a sensação de iminência As relações internacionais naquela época se baseavam no medo guiadas por uma doutrina militar conhecida como destruição mútua inevitável representada pelas iniciais em inglês MAD que encapsulavam a sensaçã o desse período de cerca de quarenta anos Conforme o tempo passava aumentava a possibilidade de falhas tanto políticas quanto tecnológicas em meio a um confronto nuclear contínuo no temor da destruição mútua inevitável MAD na tradução para o inglês HOBSBAWN 1996 p 224 AMÉRICA LATINA DOS ANOS 30 ANTES DA GUERRA FRIA A crise de 1929 afetou a América Latina de modo semelhante a outros mercados reduzindo sua capacidade de importação em 1932 para um quarto do usual Os impostos de exportação viraram impostos de importação já que a industrialização acontecia vagarosamente sem consistência enquanto nos países capitalistas avançados isso significou mercados fechados e protecionismo na América Latina foi um impulso em direção à modernização econômica Grupos dirigentes buscavam essa modernização inserindo conflitos de interesse na diplomacia internacional Até então os Estados latinoamericanos atendiam apenas aos interesses das elites dominantes agricultores e exportadores ou produtores de minerais Importavam manufaturados satisfazendo países que exportavam produtos industriais O acordo entre as elites latinoamericanas e os países capitalistas avançados não era uma conspiração para manter a dominação mas uma imposição das estruturas hegemônicas internacionais As elites latinoamericanas sempre criticaram sua dependência confrontadas pelo colonialismo europeu e pelo protecionismo dos países centrais Alguns líderes da região aspiravam ao desenvolvimento moderno mirando o exemplo dos Estados Unidos Segundo Moniz Bandeira 1998 Na década de 1930 na América Latina surgiam novas demandas sociais impulsionadas pelo aumento da população urbana pela busca de oportunidades comerciais pela burguesia local e pelas preocupações das forças armadas com a fragilidade da segurança e defesa A crise do capitalismo e a diminuição das exportações primárias na região não foram o fator principal mas ajudaram a reconfigurar as estruturas de poder Através das eleições revoluções ou golpes de Estado as antigas figuras do poder conservador abriram caminho para líderes mais alinhados com as necessidades sociais e o crescimento econômico Com isso o antigo regime de portas abertas e política de laissezfaire do século XIX deram lugar a novos projetos nacionais Essas mudanças não só alteraram as posturas defensivas nas políticas exteriores mas também testaram abordagens ousadas e de autocompensação priorizando o aspecto econômico em detrimento do p olítico Isso evidenciou que finalmente os latinoamericanos começavam a adotar parte do individualismo característico dos grandes Em maio de 1930 durante uma entrevista concedida a um jornalista do La Prensa de Buenos Aires o estadista francês Eduard Herriot reconheceu a significância da América Latina nas relações econômicas da Europa Devido ao seu crescimento econômico e à recente industrialização a região era vista como um campo para investimentos industriais europeus e uma fonte de recursos básicos no entanto Herriot destacou que isso só seria possível se os controles cambiais fossem reduzidos permitindo uma competição aberta entre as potências europeias e entre a Europa e os Estados Unidos Essas mudanças seriam cruciais para sustentar o notá vel desenvolvimento industrial e comercial da América Latina Assim os países capitalistas esperavam uma transformação do modelo de mercado interno de portas abertas que historicamente atrasara a região para um sistema de produção aberto impulsionado por empreendimentos capital e tecnologia estrangeiros Restava saber se as elites latinoamericanas recémchegadas ao poder aceitariam essa transição de um esquema de dependência para outro Por fim durante a Grande Depressão dos anos 30 e a Segunda Guerra Mundial as ações diplomáticas das nações latinoamericanas sugerem que os governos da região estabeleciam metas para suas relações exteriores refletindo novas percepções dos interesses locais Além dos interesses tradicionais na economia agrícola e mineradora surgiram novos segmentos sociais com demandas que pressionavam os governos expressando necessidades e aspirações distintas IMPACTO E FORÇAS DA GUERRA NA AMÉRICA LATINA A Guerra Fria trouxe para a América Latina a abertura para governos autoritários a liberdade do populismo trazido por militares e esse fenômeno foi abrangente pelos países porém irei focar no cenário brasileiro e como foi o golpe militar resultado do impacto da Guerra Fria na Nação latina Com isso após o termino da Segunda Guerra Mundial e o início efetivo da Guerra Fria a década de 1950 trouxe questões complexas para a política externa brasileira Apesar da tradição e da localização geográfica alinhada ao bloco capitalista liderado pelos Estados Unidos o povo brasileiro elegeu Juscelino Kubitschek para governar o país gerando questionamentos Durante dua campanha JK foi acusado de ser aliado ao bloco comunista alegações que incluíam supostos apoios vindos desses países para sua candidatura no entanto essa acusação não resultou em um veto legal por parte dos militares apesar das tentativas de grupos ligados à União Democrática Nacional UDN de impugnar a eleição JK contava com o apoio de certos setores milites liderados pelo general legalista Henrique Teixeira Lott que garantiram sua posse mesmo diante das tentativas de contestação Essa situação já evidenciava a existência das oligarquias nacionais especialmente ligadas às forças armadas em impor governantes alinhados com o status quo econômico capitalista e contrários a quaisquer políticas socialistas Antes mesmo de assumir o mandato JK realizou viagens à Europa e aos Estados Unidos buscando legitimar seu futuro governo e tranquilizar líderes do bloco capitalista e representantes do capital financeiro internacional Ele apresentou sua política de desenvolvimento econômico buscando acalmar os ânimos dos setores golpistas e seguindo as diretrizes do capital internacional embora também trabalhasse em políticas voltadas para as massas No final de 1956 o cenário global da Guerra Fria se intensificou levando os EUA a buscar ampliar suas defesas contra a URSS Ellis Briggs embaixador dos EUA no Brasil solicitou ao governo permissão para instalar uma estação de rastreamento de foguetes em Pernambuco Kubitschek consultou os ministros militars que vetaram o local sugerido propondo Fernando de Noronha Em 17 de dezembro foi assinado um acordo baseado no Tratado Interamericano de Assistência Recíproca de 1947 e no Acordo de Assistência Militar de 1952 Em 1957 considerarse retomar as rel ações comerciais com a URSS especialmente para vender café Porém o ministro da Guerra general Lott se opôs firmemente alegando questões de segurança naciona l ABREU 2001 Após o mandato de JK o general Teixeira Lott exministro da Guerra e candidato do expresidente foi derrotado nas eleições por Jânio Quadros ligado à UDN enquanto João Goulart vice de JK foi reeleito vicepresidente O governo de Jânio surpreendeu ao tomar medidas que desagradaram os EUA e especialmente os setores conservadores das Forças Armadas brasileiras como conceder a GrãCruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul a Ernesto Che Guevara líder da Revolução Cubana além disso suas ações na política externa foram usadas por opositores para acusálo de inclinar o Brasil para o bloco comunista Porém Jânio também combatia movimentos de esquerda alguns ligados a João Goulart seu vice e adotava instabilidade política com ministros militares tentando impedir a posse de João Goulart acusandoo de vínculos com partidos comunistas Goulart aguardando a resolução da crise no Uruguai após uma viagem à China esperou uma semana para assumir a presidência viabilizada pela campanha da legalidade liderada por Leonel Brizola e aceitando um arrajo parlamentarista que transferia parte de seu poder para um primeiroministro Em 8 de setembro de 1961 João Goulart assumiu a presidência com Tancredo Neves do PSD como seu primeiroministro Governar para Goulart significava um desafiante malabarismo político enfrentando um crédito limitado de confiança das forças moderadas que avaliavam suas iniciativas a cada passo do governo HELENO 2007 p 58 Contudo a fragilidade no poder do presidente naquele momento abriu oportunidades para os futuros golpistas Durante mais de um ano João Goulart exerceu o papel de chefe de estado mas não o de chefe de governo o que desacelerou as motivações golpistas Com isso em janeiro de 1963 um plebiscito rejeitou amplamente a manutenção do parlamentarismo com 11531030 votos a favor da volta ao sistema presidencialista contra 2073582 O Estado de São Paulo 2013 Sendo assim Goulart retomou o papel de Chefe de Governo buscando implementar parte de suas propostas políticas As medidas do Plano Trienal e das reformas de base em 1963 tinham um caráter racionalista defendendo maior intervenção estatal na economia e regulamentação das remessas de lucros ao exterior O governo de Goulart propunha o direito de voto para analfabetos e militares de baixa patente gerando atrito com as elites e o alto escalão militar Participando de eventos como o Comício da Central em março de 1964 Goulart anunciou medidas ligadas às reformas de base elevando a tensão política A revolta dos marinheiros em março e a recusa do presidente em punilos intensificaram a tensão com os oficiais das Forças Armadas À medida que Goulart beneficiava as classes menos favorecidas ganhava inimigos na elite nas Forças Armadas e entre o capital financeiro internacional que via o governo dos EUA como seu defensor nos países sob sua influência Portanto o recorte brasileiro é um exemplo dentre inúmeros dentro dos países latinoamericanos mostrando o passo a passo que aconteceu para que o governo mudasse sua face diante de seu povo saindo do que era antes líderes revolucionários que lutavam contra a monarquia para líderes militares com governos autoritários e tudo por influência dos acontecimentos da Guerra Fria O RESULTADO ATUAL CUIDADO COM AMEAÇAS CONTRA A SEGURANÇA DO ESTADO A definição das ameaças à segurança dos EUA no final dos anos 90 abrangia vários pontos incluindo agressão a Estados que buscam armas de destruição em massa ameaças transnacionais como terrorismo e crimes a disseminação de tecnologias perigosas Estados em conflito religioso cultural ou tribal espionagem de outros países e questões ambientais e de saúde Por diversos motivos a América Latina não se destacava como uma prioridade de alta relevância nesse contexto Havia uma necessidade de priorizar regiões afetadas pela queda do império soviético controlar áreas petrolíferas no Oriente Médio e próximas ao Mar Cáspio resolver o conflito árabeisraelense lidar com a proliferação de armas de destruição em massa em diversos países reestruturar a aliança atlântica e combater o terrorismo transnacional deixando pouco espaço para foco na região latinoamericana Apesar das tensões em alguns países como a Venezuela sob Hugo Chávez o acesso ao petróleo não foi considerado uma ameaça durante essa década A transição para a democracia em todos os países exceto Cuba também acalmou as lideranças em Washington Entretanto mesmo com essa definição de ameaças houve uma expansão da agenda de segurança dos EUA no hemisfério incluindo apoio à democracia políticas de imigração segurança de fronteiras terrorismo tráfico de drogas desastres naturais e meio ambiente além de questões tradicionais como controle de armamentos disputas de fronteira e insurreições armadas Essas ameaças identificadas alteraram a relevância das subregiões A região andina ganhou mais importância no planejamento estratégico dos EUA substituindo a ênfase na América Central dos anos 80 A produção de drogas preocupações com Estados fluidos e a necessidade de diversificar a presença dos EUA após o fechamento da base militar no Panamá explicam essa mudança Isso resultou em uma ampliação da zona de influência com a distribuição de bases acordos militares e assistência aos países andinos par a fortalecer essa nova dinâmica A guerra na Colômbia ganha destaque na política de segurança dos EUA no hemisfério cuja questão engloba elementos considerados ameaças como o tráfico transnacional de drogas e armas a falta de controle estatal em certas áreas e a presença de grupos insurgentes A Colômbia não só fornece grande parte da cocaína e heroína consumidas nos EUA mas também é importante em termos comerciais de migração e para a estabilidade na região andina A Administração Clinton buscava separar o apoio contra o tráfico de drogas e a contra insurgência evitando um viés militar excessivo por causa das experiências anteriores como a Guerra do Vietnã assim com o Governo Bush após o 11 de setembro e o fim das negociações de paz em 2002 há um aumento no suporte militar dos EUA à Colômbia focando na contra insurgência e na ajuda ao controle estatal sem enviar tropas No contexto pósGuerra Fria as Instituições da Guerra Fria são reavaliadas frente às novas ameaças do qual o papel dessas instituições antes voltadas para conter o comunismo é discutido O Governo Bush pai adota uma postura menos coercitiva na política externa priorizando a cooperação multilateral Isso se reflete em novas formas de associação regional e em mudanças na OEA e em outros fóruns como a Cúpula das Américas e a Junta de Defesa InterAmericana Essas ações buscam dar um novo rumo ao sistema de segurança do hemisfério fortalecendo o multilateralismo regional Dominguez 1999 Em 1994 começou a Reunião de Cúpula das Américas seguida em 1995 pela 1 Conferência de Ministros da Defesa do Hemisfério organizada pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos em Williamsburg Virgínia Nesse mesmo ano os EUA incentivaram a revisão do papel da OEA na segurança resultando na criação do comitê de segurança e da Comissão InterAmericana para o Controle do Abuso de Drogas Cicad A invasão do Haiti em 1994 marcou a busca do governo dos EUA pela aprovação multilateral para o uso de força militar no continente algo inédito até então contudo houve também debates sobre o papel da Junta InterAmericana de Defesa visando uma posição mais clara na administração da segurança regional As conferências dos ministros de Defesa refletiram a nova visão de cooperação hemisférica em segurança discutindo medidas de confiança mútua cooperação na defesa e o papel dos militares Contudo a ênfase na cooperação multilateral foi notável nos esforços para envolver a OEA na crise do Haiti e nos diálogos de paz entre Peru e Equador medidos pelos quatro países garantes do tratado do Rio de Janeiro O paradigma da segurança cooperativa se tornou fundamental na política de segurança dos EUA para a região do qual a incorporação de medidas de confiança mútua às doutrinas de segurança dos países latinoamericanos refletiu essa mudança Ademais a ampliação da agenda de segurança e a adoção de estratégias diversas nesse campo derivam da noção de que o mundo pósGuerra Fria é uma espécie de guardachuva para todas as ameaças METODOLOGIA O presente estudo adota o método dedutivo como sua metodologia central fundamentado na abordagem de começar com premissas gerais para então derivar conclusões específicas Para alcançar esse propósito uma análise minuciosa de documentos e literatura referente ao contexto histórico da Guerra Fria na América Latina foi conduzida A exploração desses recursos permitiu a identificação das principais estratégias empregadas pelos Estados Unidos para conter a influência comunista na região ao mesmo tempo em que delineou as implicações políticas econômicas e sociais desse período crucial Ademais este estudo se dedicou a estabelecer comparações entre diferentes países latinoamericanos a fim de entender de que maneira específica a Guerra Fria impactou cada nação Essa análise comparativa permitiu uma compreensão mais abrangente das nuances e particularidades dos efeitos desse contexto histórico em diferentes contextos nacionais na América Latina CONSIDERAÇÕES FINAIS É possível observar que a Guerra Fria teve um impacto profundo e duradouro na América Latina influenciando não apenas as relações internacionais e a geopolítica da região mas também as dinâmicas sociais econômicas e políticas dos países latinoamericanos As estratégias adotadas pelos Estados Unidos para conter a influência comunista como intervenções militares e apoio a regimes autoritários tiveram repercussões significativas contribuindo para a instabilidade política e social em diversos países Além disso a Guerra Fria também moldou as relações de poder na região influenciando a forma como os países latinoamericanos se posicionavam no cenário internacional e como buscavam garantir sua segurança e soberania A compreensão desses eventos históricos é fundamental para contextualizar os desafios e as oportunidades que a América Latina enfrenta atualmente bem como para promover uma reflexão crítica sobre as relações de poder e as dinâmicas de influências na região Desse forma é essencial analisar de forma aprofundada o legado da Guerra Fira na América Latina tal como foi feito no trabalho a fim de compreender as raízes de muitos dos desafios contemporâneos enfrentados pela região e buscar caminhos para promover a estabilidade o desenvolvimento e a cooperação regional REFERÊNCIAS QUEVEDO Jean de Oliveira Watchmen e o contexto histórico da Guerra Fria 2015 VIZENTINI P G Da Guerra Fria à crise 19451989 as relações internacionais do século 20 Porto Alegre Editora da UFRGS 2006 HOBSBAWN E Era dos Extremos o breve século XX 19141991 M Santarrita Trad São Paulo Companhia das Letras 1996 Moniz Bandeira Luís Alberto De Martí a Fidel A Revolução Cubana e a América Latina Rio de Janeiro Civilização Brasileira 1988 p 8195 Paradiso José Debates y trajectoria de la política exteriore argentina orden progreso y organización nacional Buenos Aires Planeta 1997 p 8195 CERVO Amado Luiz Relações internacionais da América Latina velhos e novos paradigmas Ibri 2001 GESTEIRA Luiz André Maia Guimarães A Guerra Fria e as ditaduras militares na América do Sul Scientia Plena v 10 n 12 2014 Abreu A et al Coord Dicionário históricobiográfico brasileiro pós19302 ed rev e atual Rio de Janeiro FGV 2001 Heleno A Revisando as memórias de Clodesmidt Riani Trajetória de um líder trabalhista nas grandes lutas sociais que antecederam o golpe civil e militar de 1964 Juiz de Fora Tese Doutorado em História Instituto de Ciências Humanas UFJF 2007 O Estado de São Paulo Plebiscitos definiram o sistema político do País São Paulo 2013 HERZ Monica Política de segurança dos EUA para a América Latina após o final da Guerra Fria Estudos Avançados v 16 p 85104 2002 The White House A national security strategy for a new century dez 1999 Jorge Dominguez The Future of InterAmerican Relations Working Paper InterAmerican Dialogue 1999 p3 InterAmerican Defense Board Toward a New Hemispheric Security System 6 set 2001 Monica Herz e João Pontes Nogueira Ecuador vs Peru peacemaking amid rivalry Bolder Lynne Rienner 2002 1 1 HOBSBAWN E Era dos Extremos o breve século XX 19141991 M Santarrita Trad São Paulo Companhia das Letras 1996 VIZENTINI P G Da Guerra Fria à crise 19451989 as relações internacionais do século 20 Porto Alegre Editora da UFRGS 2006 Moniz Bandeira Luís Alberto De Martí a Fidel A Revolução Cubana e a América Latina Rio de Janeiro Civilização Brasileira 1988 p 8195 Paradiso José Debates y trajectoria de la política exteriore argentina orden progreso y organización nacional Buenos Aires Planeta 1997 p 8195 Abreu A et al Coord Dicionário históricobiográfico brasileiro pós19302 ed rev e atual Rio de Janeiro FGV 2001 Heleno A Revisando as memórias de Clodesmidt Riani Trajetória de um líder trabalhista nas grandes lutas sociais que antecederam o golpe civil e militar de 1964 Juiz de Fora Tese Doutorado em História Instituto de Ciências Humanas UFJF 2007 O Estado de São Paulo Plebiscitos definiram o sistema político do País São Paulo 2013 The White House A national security strategy for a new century dez 1999 Jorge Dominguez The Future of InterAmerican Relations Working Paper InterAmerican Dialogue 1999 p3 InterAmerican Defense Board Toward a New Hemispheric Security System 6 set 2001 Monica Herz e João Pontes Nogueira Ecuador vs Peru peacemaking amid rivalry Bolder Lynne Rienner 2002
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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI ZILDA MATOS A INFLUÊNCIA DA GUERRA FRIA NA AMÉRICA LATINA HUMBERTO DE CAMPOS 2022 CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI ZILDA MATOS A INFLUÊNCIA DA GUERRA FRIA NA AM ÉRICA LATINA Trabalho de conclusão de curso em formato de artigo apresentado como requisito parcial à obtenção do título de PÓSGRADUAÇÃO EM HISTÓRIA HUMBERTO DE CAMPOS 2022 RESUMO Este estudo propõe uma análise aprofundada da notável influência exercida pela Guerra Fria sobre a América Latina Em particular visa a destacar as estratégias adotadas pelos Estados Unidos para conter o avanço do comunismo na região e simultaneamente examinar minuciosamente as consequências resultantes dessas políticas para os países latinoamericanos Por meio de uma abordagem histórica e política robusta a intenção é ampliar a compreensão do impacto abrangente desse conflito global na América Latina Pretendese explorar os meandros das relações internacionais in vestigar a influência geopolítica nesse contexto específico e igualmente analisar as complexas transformações sociais ocorridas nessa região resultantes diretas desse período conturbado da história mundial A analise aprofundada desses aspectos contribuirá significativamente para uma compreensão mais completa do legado deixado pela Guerra Fria na América Latina Palavraschave Guerra Fria América Latina Golpe militar ABSTRACT This study proposes an in depth analysis of the remarkalbe influence exerted by the Cold War on Latin America Specifically it aims to highlight the strategies adopted by the United States to contain the spread of communism in the region and simultaneously meticulously examine the resulting consequences os these policies for Latin America coutries Trough a robust historical and political approach the conflict on Latin America It aims to delve into the intricacies os international relations investigat e the geopolitical influence in this specific context and equally analyze the complex social transformations that ocorred in this region directly resulting from this tumultuous period in world history A thorough analysis of these aspects will significantly contribute to a more comprehensive understanding os the legacy left by the Cold War in Latin America Keywords Cold War Latin America Military coup SUMÁRIO RESUMO 3 ABSTRACT 3 INTRODUÇÃO 5 DESENVOLVIMENTO 5 CONTEXTO DA GUERRA FRIA 5 AMÉRICA LATINA DOS ANOS 30 ANTES DA GUERRA FRIA 7 IMPACTOS E FORÇAS DA GUERRA NA AMÉRICA LATINA 9 O RESULTADO ATUAL CUIDADO COM AMEAÇAS CONTRA A SEGURANÇA DO ESTADO 12 METODOLOGIA 15 CONSIDERAÇÕES FINAIS 15 REFERÊNCIAS 16 INTRODUÇÃO A Guerra Fria esse longo período de quase cinco décadas representou uma intensa disputa entre as potências mundiais os Estados Unidos e a União Soviética do qual no contexto desse embate global a América Latina tornouse um palco fervilhante de conflitos e tensões políticas econômicas e sociais refletindo profundamente a influência dessas duas superpotências na região Diante desse cenário multifacetado este estudo visa uma análise aprofundada sobre a influência direta da Guerra Fria na América Lati na lançando luz sobre as estratégias primordiais adotadas pelos Estados Unidos para conter a expansão comunista nessa área geográfica Adicionalmente esse trabalho busca explorar as repercussões políticas econômicas e sociais dessas políticas para os países latinoamericanos considerando seu impacto duradouro na configuração histórica e no desenvolvimento político da região Para alcançar esse intento será feita uma revisão bibliográfica amparada por uma gama de estudos e análises sobre o tema E assim através dessa abordagem multifacetada pretendo compreender mais profundamente o contexto histórico e político que moldou e marcou a trajetória da América Latina ao longo do período da Guerra Fria DESENVOLVIMENTO CONTEXTO HISTÓRICO DA GUERRA FRIA A guerra fria teve sua origem no período pósguerra emergindo das cinzas desse contexto histórico do qual dois protagonistas se destacam nesse cenário os Estados Unidos da América e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas Segundo o historiador inglês em Era dos Extremo logo após a Segunda Guerra Mundial a humanidade mergulhou em um conflito que poderia ser considerado de certa forma uma Terceira Guerra Mundial embora muito peculiar como expressou o filósofo Thomas Hobbes a guerra não s e limita apenas à batalha em si mas engloba um período em que a disposição para o confronto é amplamente reconhecida Hobbes capítulo 13 Com isso a Guerra Fria entre EUA e URSS que marcou fortemente o cenário internacional na segunda metade do Século XX foi sem dúvida um desses momentos citados por Thomas Hobbes foi quando gerações inteiras foram moldadas sob a sombra da ameaça de conflitos nucleares globais que acreditavase poderiam eclodir a qualquer momento e causar devastação à humanidade HOBSBAWN p 224 Afinal o período da Guerra Fria se destaca pela peculiaridade não tanto do perigo iminente de guerra e confronto armado mas sim pela inédita possibilidade desse tipo de conflito pois enquanto os EUA e a URSS competiam em uma corrida tecnológica e de armamentos sinalizando um potencial conflito havia também um reconhecimento mútuo do desejo pela paz evidenciado por um acordo tácito acerca do domínio global O aspecto singular da Guerra Fria residia no fato de que objetivamente não havia uma ameaça imediata de uma guerra mundial Mais do que isso apesar da retórica apocalíptica de ambos os lados principalmente por parte dos EUA os governos das duas superpotências aceitaram a distribuição global de poderes ao término da Segunda Guerra Mundial que representava um equilíbrio de forças desigual porém não contestado em sua essência Segundo Hobsbawn A URSS exercia controle ou influência predominante sobre uma parcela significativa do globo enquanto os EUA detinham domínio e predominância sobre o restante do mundo capitalista além do hemisfério norte e dos oceanos assumindo o papel remanescente da antiga hegemonia imperial das potências coloniais Em troca desse arranjo os EUA não interferiam na zona reconhecida como área de hegemonia soviética HOBSBAWN 1996 p 224 Contudo ao término da Segunda Guerra as nações se dividiam em dois blocos o Eixo composto por Alemanha Itália e Japão e os Aliados que agrupavam todos os países engajados na luta contra o nazifacismo liderados pelas mesmas nações da Tríplice Entente uma vez formados durante a Primeira Guerra Mundial Reino Unido EUA e URSS Com o desfecho da Segunda Guerra direcionandose para o colapso do Eixo os EUA emergiram como a nação primordial surgida dos conflitos Os EUA se beneficiaram grandemente do conflito revitalizaram e expandiram sua indústria absorveram a considerável massa de desempregados dos anos 30 e experimentaram poucas perdas humanas quase nenhuma destruição material em seu território Sua economia assumiu o domínio global contribuindo com cerca de 60 da produção industrial em 1945 uma posição fortalecida pela semidestruição de seus adversários Alemanha Itália e Japão e enfraquecimento dos aliados capitalistas França e GrãBretanha VICENTINI 2006 p 42 Essa posição entre as nações foi crucial para definir o nome Guerra Fria pois com a posse de arsenais nucleares ambas mergulharam em uma política de ameaças e competição Mesmo negando e afastando a ideia de uma guerra nuclear essa possibilidade sempre pairava criando a sensação de iminência As relações internacionais naquela época se baseavam no medo guiadas por uma doutrina militar conhecida como destruição mútua inevitável representada pelas iniciais em inglês MAD que encapsulavam a sensaçã o desse período de cerca de quarenta anos Conforme o tempo passava aumentava a possibilidade de falhas tanto políticas quanto tecnológicas em meio a um confronto nuclear contínuo no temor da destruição mútua inevitável MAD na tradução para o inglês HOBSBAWN 1996 p 224 AMÉRICA LATINA DOS ANOS 30 ANTES DA GUERRA FRIA A crise de 1929 afetou a América Latina de modo semelhante a outros mercados reduzindo sua capacidade de importação em 1932 para um quarto do usual Os impostos de exportação viraram impostos de importação já que a industrialização acontecia vagarosamente sem consistência enquanto nos países capitalistas avançados isso significou mercados fechados e protecionismo na América Latina foi um impulso em direção à modernização econômica Grupos dirigentes buscavam essa modernização inserindo conflitos de interesse na diplomacia internacional Até então os Estados latinoamericanos atendiam apenas aos interesses das elites dominantes agricultores e exportadores ou produtores de minerais Importavam manufaturados satisfazendo países que exportavam produtos industriais O acordo entre as elites latinoamericanas e os países capitalistas avançados não era uma conspiração para manter a dominação mas uma imposição das estruturas hegemônicas internacionais As elites latinoamericanas sempre criticaram sua dependência confrontadas pelo colonialismo europeu e pelo protecionismo dos países centrais Alguns líderes da região aspiravam ao desenvolvimento moderno mirando o exemplo dos Estados Unidos Segundo Moniz Bandeira 1998 Na década de 1930 na América Latina surgiam novas demandas sociais impulsionadas pelo aumento da população urbana pela busca de oportunidades comerciais pela burguesia local e pelas preocupações das forças armadas com a fragilidade da segurança e defesa A crise do capitalismo e a diminuição das exportações primárias na região não foram o fator principal mas ajudaram a reconfigurar as estruturas de poder Através das eleições revoluções ou golpes de Estado as antigas figuras do poder conservador abriram caminho para líderes mais alinhados com as necessidades sociais e o crescimento econômico Com isso o antigo regime de portas abertas e política de laissezfaire do século XIX deram lugar a novos projetos nacionais Essas mudanças não só alteraram as posturas defensivas nas políticas exteriores mas também testaram abordagens ousadas e de autocompensação priorizando o aspecto econômico em detrimento do p olítico Isso evidenciou que finalmente os latinoamericanos começavam a adotar parte do individualismo característico dos grandes Em maio de 1930 durante uma entrevista concedida a um jornalista do La Prensa de Buenos Aires o estadista francês Eduard Herriot reconheceu a significância da América Latina nas relações econômicas da Europa Devido ao seu crescimento econômico e à recente industrialização a região era vista como um campo para investimentos industriais europeus e uma fonte de recursos básicos no entanto Herriot destacou que isso só seria possível se os controles cambiais fossem reduzidos permitindo uma competição aberta entre as potências europeias e entre a Europa e os Estados Unidos Essas mudanças seriam cruciais para sustentar o notá vel desenvolvimento industrial e comercial da América Latina Assim os países capitalistas esperavam uma transformação do modelo de mercado interno de portas abertas que historicamente atrasara a região para um sistema de produção aberto impulsionado por empreendimentos capital e tecnologia estrangeiros Restava saber se as elites latinoamericanas recémchegadas ao poder aceitariam essa transição de um esquema de dependência para outro Por fim durante a Grande Depressão dos anos 30 e a Segunda Guerra Mundial as ações diplomáticas das nações latinoamericanas sugerem que os governos da região estabeleciam metas para suas relações exteriores refletindo novas percepções dos interesses locais Além dos interesses tradicionais na economia agrícola e mineradora surgiram novos segmentos sociais com demandas que pressionavam os governos expressando necessidades e aspirações distintas IMPACTO E FORÇAS DA GUERRA NA AMÉRICA LATINA A Guerra Fria trouxe para a América Latina a abertura para governos autoritários a liberdade do populismo trazido por militares e esse fenômeno foi abrangente pelos países porém irei focar no cenário brasileiro e como foi o golpe militar resultado do impacto da Guerra Fria na Nação latina Com isso após o termino da Segunda Guerra Mundial e o início efetivo da Guerra Fria a década de 1950 trouxe questões complexas para a política externa brasileira Apesar da tradição e da localização geográfica alinhada ao bloco capitalista liderado pelos Estados Unidos o povo brasileiro elegeu Juscelino Kubitschek para governar o país gerando questionamentos Durante dua campanha JK foi acusado de ser aliado ao bloco comunista alegações que incluíam supostos apoios vindos desses países para sua candidatura no entanto essa acusação não resultou em um veto legal por parte dos militares apesar das tentativas de grupos ligados à União Democrática Nacional UDN de impugnar a eleição JK contava com o apoio de certos setores milites liderados pelo general legalista Henrique Teixeira Lott que garantiram sua posse mesmo diante das tentativas de contestação Essa situação já evidenciava a existência das oligarquias nacionais especialmente ligadas às forças armadas em impor governantes alinhados com o status quo econômico capitalista e contrários a quaisquer políticas socialistas Antes mesmo de assumir o mandato JK realizou viagens à Europa e aos Estados Unidos buscando legitimar seu futuro governo e tranquilizar líderes do bloco capitalista e representantes do capital financeiro internacional Ele apresentou sua política de desenvolvimento econômico buscando acalmar os ânimos dos setores golpistas e seguindo as diretrizes do capital internacional embora também trabalhasse em políticas voltadas para as massas No final de 1956 o cenário global da Guerra Fria se intensificou levando os EUA a buscar ampliar suas defesas contra a URSS Ellis Briggs embaixador dos EUA no Brasil solicitou ao governo permissão para instalar uma estação de rastreamento de foguetes em Pernambuco Kubitschek consultou os ministros militars que vetaram o local sugerido propondo Fernando de Noronha Em 17 de dezembro foi assinado um acordo baseado no Tratado Interamericano de Assistência Recíproca de 1947 e no Acordo de Assistência Militar de 1952 Em 1957 considerarse retomar as rel ações comerciais com a URSS especialmente para vender café Porém o ministro da Guerra general Lott se opôs firmemente alegando questões de segurança naciona l ABREU 2001 Após o mandato de JK o general Teixeira Lott exministro da Guerra e candidato do expresidente foi derrotado nas eleições por Jânio Quadros ligado à UDN enquanto João Goulart vice de JK foi reeleito vicepresidente O governo de Jânio surpreendeu ao tomar medidas que desagradaram os EUA e especialmente os setores conservadores das Forças Armadas brasileiras como conceder a GrãCruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul a Ernesto Che Guevara líder da Revolução Cubana além disso suas ações na política externa foram usadas por opositores para acusálo de inclinar o Brasil para o bloco comunista Porém Jânio também combatia movimentos de esquerda alguns ligados a João Goulart seu vice e adotava instabilidade política com ministros militares tentando impedir a posse de João Goulart acusandoo de vínculos com partidos comunistas Goulart aguardando a resolução da crise no Uruguai após uma viagem à China esperou uma semana para assumir a presidência viabilizada pela campanha da legalidade liderada por Leonel Brizola e aceitando um arrajo parlamentarista que transferia parte de seu poder para um primeiroministro Em 8 de setembro de 1961 João Goulart assumiu a presidência com Tancredo Neves do PSD como seu primeiroministro Governar para Goulart significava um desafiante malabarismo político enfrentando um crédito limitado de confiança das forças moderadas que avaliavam suas iniciativas a cada passo do governo HELENO 2007 p 58 Contudo a fragilidade no poder do presidente naquele momento abriu oportunidades para os futuros golpistas Durante mais de um ano João Goulart exerceu o papel de chefe de estado mas não o de chefe de governo o que desacelerou as motivações golpistas Com isso em janeiro de 1963 um plebiscito rejeitou amplamente a manutenção do parlamentarismo com 11531030 votos a favor da volta ao sistema presidencialista contra 2073582 O Estado de São Paulo 2013 Sendo assim Goulart retomou o papel de Chefe de Governo buscando implementar parte de suas propostas políticas As medidas do Plano Trienal e das reformas de base em 1963 tinham um caráter racionalista defendendo maior intervenção estatal na economia e regulamentação das remessas de lucros ao exterior O governo de Goulart propunha o direito de voto para analfabetos e militares de baixa patente gerando atrito com as elites e o alto escalão militar Participando de eventos como o Comício da Central em março de 1964 Goulart anunciou medidas ligadas às reformas de base elevando a tensão política A revolta dos marinheiros em março e a recusa do presidente em punilos intensificaram a tensão com os oficiais das Forças Armadas À medida que Goulart beneficiava as classes menos favorecidas ganhava inimigos na elite nas Forças Armadas e entre o capital financeiro internacional que via o governo dos EUA como seu defensor nos países sob sua influência Portanto o recorte brasileiro é um exemplo dentre inúmeros dentro dos países latinoamericanos mostrando o passo a passo que aconteceu para que o governo mudasse sua face diante de seu povo saindo do que era antes líderes revolucionários que lutavam contra a monarquia para líderes militares com governos autoritários e tudo por influência dos acontecimentos da Guerra Fria O RESULTADO ATUAL CUIDADO COM AMEAÇAS CONTRA A SEGURANÇA DO ESTADO A definição das ameaças à segurança dos EUA no final dos anos 90 abrangia vários pontos incluindo agressão a Estados que buscam armas de destruição em massa ameaças transnacionais como terrorismo e crimes a disseminação de tecnologias perigosas Estados em conflito religioso cultural ou tribal espionagem de outros países e questões ambientais e de saúde Por diversos motivos a América Latina não se destacava como uma prioridade de alta relevância nesse contexto Havia uma necessidade de priorizar regiões afetadas pela queda do império soviético controlar áreas petrolíferas no Oriente Médio e próximas ao Mar Cáspio resolver o conflito árabeisraelense lidar com a proliferação de armas de destruição em massa em diversos países reestruturar a aliança atlântica e combater o terrorismo transnacional deixando pouco espaço para foco na região latinoamericana Apesar das tensões em alguns países como a Venezuela sob Hugo Chávez o acesso ao petróleo não foi considerado uma ameaça durante essa década A transição para a democracia em todos os países exceto Cuba também acalmou as lideranças em Washington Entretanto mesmo com essa definição de ameaças houve uma expansão da agenda de segurança dos EUA no hemisfério incluindo apoio à democracia políticas de imigração segurança de fronteiras terrorismo tráfico de drogas desastres naturais e meio ambiente além de questões tradicionais como controle de armamentos disputas de fronteira e insurreições armadas Essas ameaças identificadas alteraram a relevância das subregiões A região andina ganhou mais importância no planejamento estratégico dos EUA substituindo a ênfase na América Central dos anos 80 A produção de drogas preocupações com Estados fluidos e a necessidade de diversificar a presença dos EUA após o fechamento da base militar no Panamá explicam essa mudança Isso resultou em uma ampliação da zona de influência com a distribuição de bases acordos militares e assistência aos países andinos par a fortalecer essa nova dinâmica A guerra na Colômbia ganha destaque na política de segurança dos EUA no hemisfério cuja questão engloba elementos considerados ameaças como o tráfico transnacional de drogas e armas a falta de controle estatal em certas áreas e a presença de grupos insurgentes A Colômbia não só fornece grande parte da cocaína e heroína consumidas nos EUA mas também é importante em termos comerciais de migração e para a estabilidade na região andina A Administração Clinton buscava separar o apoio contra o tráfico de drogas e a contra insurgência evitando um viés militar excessivo por causa das experiências anteriores como a Guerra do Vietnã assim com o Governo Bush após o 11 de setembro e o fim das negociações de paz em 2002 há um aumento no suporte militar dos EUA à Colômbia focando na contra insurgência e na ajuda ao controle estatal sem enviar tropas No contexto pósGuerra Fria as Instituições da Guerra Fria são reavaliadas frente às novas ameaças do qual o papel dessas instituições antes voltadas para conter o comunismo é discutido O Governo Bush pai adota uma postura menos coercitiva na política externa priorizando a cooperação multilateral Isso se reflete em novas formas de associação regional e em mudanças na OEA e em outros fóruns como a Cúpula das Américas e a Junta de Defesa InterAmericana Essas ações buscam dar um novo rumo ao sistema de segurança do hemisfério fortalecendo o multilateralismo regional Dominguez 1999 Em 1994 começou a Reunião de Cúpula das Américas seguida em 1995 pela 1 Conferência de Ministros da Defesa do Hemisfério organizada pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos em Williamsburg Virgínia Nesse mesmo ano os EUA incentivaram a revisão do papel da OEA na segurança resultando na criação do comitê de segurança e da Comissão InterAmericana para o Controle do Abuso de Drogas Cicad A invasão do Haiti em 1994 marcou a busca do governo dos EUA pela aprovação multilateral para o uso de força militar no continente algo inédito até então contudo houve também debates sobre o papel da Junta InterAmericana de Defesa visando uma posição mais clara na administração da segurança regional As conferências dos ministros de Defesa refletiram a nova visão de cooperação hemisférica em segurança discutindo medidas de confiança mútua cooperação na defesa e o papel dos militares Contudo a ênfase na cooperação multilateral foi notável nos esforços para envolver a OEA na crise do Haiti e nos diálogos de paz entre Peru e Equador medidos pelos quatro países garantes do tratado do Rio de Janeiro O paradigma da segurança cooperativa se tornou fundamental na política de segurança dos EUA para a região do qual a incorporação de medidas de confiança mútua às doutrinas de segurança dos países latinoamericanos refletiu essa mudança Ademais a ampliação da agenda de segurança e a adoção de estratégias diversas nesse campo derivam da noção de que o mundo pósGuerra Fria é uma espécie de guardachuva para todas as ameaças METODOLOGIA O presente estudo adota o método dedutivo como sua metodologia central fundamentado na abordagem de começar com premissas gerais para então derivar conclusões específicas Para alcançar esse propósito uma análise minuciosa de documentos e literatura referente ao contexto histórico da Guerra Fria na América Latina foi conduzida A exploração desses recursos permitiu a identificação das principais estratégias empregadas pelos Estados Unidos para conter a influência comunista na região ao mesmo tempo em que delineou as implicações políticas econômicas e sociais desse período crucial Ademais este estudo se dedicou a estabelecer comparações entre diferentes países latinoamericanos a fim de entender de que maneira específica a Guerra Fria impactou cada nação Essa análise comparativa permitiu uma compreensão mais abrangente das nuances e particularidades dos efeitos desse contexto histórico em diferentes contextos nacionais na América Latina CONSIDERAÇÕES FINAIS É possível observar que a Guerra Fria teve um impacto profundo e duradouro na América Latina influenciando não apenas as relações internacionais e a geopolítica da região mas também as dinâmicas sociais econômicas e políticas dos países latinoamericanos As estratégias adotadas pelos Estados Unidos para conter a influência comunista como intervenções militares e apoio a regimes autoritários tiveram repercussões significativas contribuindo para a instabilidade política e social em diversos países Além disso a Guerra Fria também moldou as relações de poder na região influenciando a forma como os países latinoamericanos se posicionavam no cenário internacional e como buscavam garantir sua segurança e soberania A compreensão desses eventos históricos é fundamental para contextualizar os desafios e as oportunidades que a América Latina enfrenta atualmente bem como para promover uma reflexão crítica sobre as relações de poder e as dinâmicas de influências na região Desse forma é essencial analisar de forma aprofundada o legado da Guerra Fira na América Latina tal como foi feito no trabalho a fim de compreender as raízes de muitos dos desafios contemporâneos enfrentados pela região e buscar caminhos para promover a estabilidade o desenvolvimento e a cooperação regional REFERÊNCIAS QUEVEDO Jean de Oliveira Watchmen e o contexto histórico da Guerra Fria 2015 VIZENTINI P G Da Guerra Fria à crise 19451989 as relações internacionais do século 20 Porto Alegre Editora da UFRGS 2006 HOBSBAWN E Era dos Extremos o breve século XX 19141991 M Santarrita Trad São Paulo Companhia das Letras 1996 Moniz Bandeira Luís Alberto De Martí a Fidel A Revolução Cubana e a América Latina Rio de Janeiro Civilização Brasileira 1988 p 8195 Paradiso José Debates y trajectoria de la política exteriore argentina orden progreso y organización nacional Buenos Aires Planeta 1997 p 8195 CERVO Amado Luiz Relações internacionais da América Latina velhos e novos paradigmas Ibri 2001 GESTEIRA Luiz André Maia Guimarães A Guerra Fria e as ditaduras militares na América do Sul Scientia Plena v 10 n 12 2014 Abreu A et al Coord Dicionário históricobiográfico brasileiro pós19302 ed rev e atual Rio de Janeiro FGV 2001 Heleno A Revisando as memórias de Clodesmidt Riani Trajetória de um líder trabalhista nas grandes lutas sociais que antecederam o golpe civil e militar de 1964 Juiz de Fora Tese Doutorado em História Instituto de Ciências Humanas UFJF 2007 O Estado de São Paulo Plebiscitos definiram o sistema político do País São Paulo 2013 HERZ Monica Política de segurança dos EUA para a América Latina após o final da Guerra Fria Estudos Avançados v 16 p 85104 2002 The White House A national security strategy for a new century dez 1999 Jorge Dominguez The Future of InterAmerican Relations Working Paper InterAmerican Dialogue 1999 p3 InterAmerican Defense Board Toward a New Hemispheric Security System 6 set 2001 Monica Herz e João Pontes Nogueira Ecuador vs Peru peacemaking amid rivalry Bolder Lynne Rienner 2002 1 1 HOBSBAWN E Era dos Extremos o breve século XX 19141991 M Santarrita Trad São Paulo Companhia das Letras 1996 VIZENTINI P G Da Guerra Fria à crise 19451989 as relações internacionais do século 20 Porto Alegre Editora da UFRGS 2006 Moniz Bandeira Luís Alberto De Martí a Fidel A Revolução Cubana e a América Latina Rio de Janeiro Civilização Brasileira 1988 p 8195 Paradiso José Debates y trajectoria de la política exteriore argentina orden progreso y organización nacional Buenos Aires Planeta 1997 p 8195 Abreu A et al Coord Dicionário históricobiográfico brasileiro pós19302 ed rev e atual Rio de Janeiro FGV 2001 Heleno A Revisando as memórias de Clodesmidt Riani Trajetória de um líder trabalhista nas grandes lutas sociais que antecederam o golpe civil e militar de 1964 Juiz de Fora Tese Doutorado em História Instituto de Ciências Humanas UFJF 2007 O Estado de São Paulo Plebiscitos definiram o sistema político do País São Paulo 2013 The White House A national security strategy for a new century dez 1999 Jorge Dominguez The Future of InterAmerican Relations Working Paper InterAmerican Dialogue 1999 p3 InterAmerican Defense Board Toward a New Hemispheric Security System 6 set 2001 Monica Herz e João Pontes Nogueira Ecuador vs Peru peacemaking amid rivalry Bolder Lynne Rienner 2002