·

Marketing e Comunicação ·

Introdução à Economia

Send your question to AI and receive an answer instantly

Ask Question

Preview text

FGVIDT FGVIDT FGVIDT Sumário UNIDADE 01 IMPORTÂNCIA DAS INSTITUIÇÕES 9 11 ATO DA COMPRA 9 12 ANTIGO REGIME 9 13 CAPITALISMO COMERCIAL 10 14 ESTADO 10 15 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 10 16 ESTADO 11 161 MERCADO 11 17 DEMOCRACIA 11 18 ESTADO DEMOCRÁTICO 12 19 ELEIÇÕES 12 110 DECISÕES POLÍTICAS 12 111 PLURARISMO 12 112 MODELO NORTEAMERICANO 13 113 ENGRENAGEMMÃE 13 UNIDADE 02 CIÊNCIAS ECONÔMICAS 14 21 QUESTÕES DE ORDEM ECONÔMICA 14 22 DEFINIÇÕES 14 23 INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA 15 24 COMPORTAMENTO HUMANO 15 25 PREVISÕES 15 26 TEORIA ECONÔMICA 16 27 ARGUMENTOS 16 271 ARGUMENTOS POSITIVOS E NORMATIVOS 16 28 OBJETO DE ESTUDO 17 281 LEI DA ESCASSEZ 17 29 NECESSIDADES HUMANAS 17 292 ECONOMIA COMO CIÊNCIA SOCIAL 18 UNIDADE 03 DEMANDA E OFERTA 19 FGVIDT 31 ESCOLHAS RACIONAIS 19 32 DEMANDA 19 321 DEMANDA INDIVIDUAL 20 322 INCLINAÇÃO NEGATIVA 20 323 CURVA DE DEMANDA 20 324 CÁLCULO DA DEMANDA 21 33 DESLOCAMENTOS NA CURVA 21 331 DESLOCADORES DA DEMANDA 22 332 EXEMPLO 22 333 DESLOCAMENTO DA E AO LONGO DA CURVA 22 34 OFERTA DE UM BEM 23 35 CURVA DE OFERTA 23 36 OFERTA DO MERCADO 24 37 DESLOCADORES DA CURVA DE OFERTA 24 371 SUBSTITUTOS OU COMPLEMENTARES 25 372 DESLOCAMENTOS DA E AO LONGO DA CURVA DE OFERTA 26 38 PREÇO COMO MEIO DE COMUNICAÇÃO 26 39 PREÇO DE EQUILÍBRIO 26 310 LEI DA OFERTA E DA DEMANDA 27 UNIDADE 04 PROBLEMAS ECONÔMICOS BÁSICOS 28 41 PROBLEMAS ECONÔMICOS 28 42 POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO 28 421 TIPOS DE DECISÃO 28 43 EXEMPLO 29 44 CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO 29 45 COMPOSIÇÕES 30 46 CUSTO DE OPORTUNIDADE 31 47 DIFÍCIL SUBSTITUIÇÃO 31 48 RECURSOS LIMITADOS 31 UNIDADE 05 VIDA ECONÔMICA 33 51 MERCADOS COMPETITIVOS 33 511 COMPETIÇÃO PERFEITA 33 52 MODELO COMPETITIVO BÁSICO 33 53 RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA 34 54 EFEITO SUBSTITUIÇÃO 34 55 REDUÇÃO NO CONSUMO 35 56 POUPANÇA 35 57 EXPECTATIVAS DO CONSUMIDOR 36 58 AVALIAÇÃO DO ATIVO 36 59 EXEMPLO 37 510 SALÁRIO 37 UNIDADE 06 FIRMAS 38 61 PAPEL DAS FIRMAS 38 FGVIDT 62 PRODUÇÃO DA FIRMA 38 63 CURVA DE OFERTA 38 64 DEMANDA POR CAPITAL 39 65 DEMANDA POR TRABALHO 39 66 EQUILÍBRIO DE MERCADO 40 661 MERCADO DE TRABALHO 40 662 NÍVEL DOS PREÇOS DE EQUILÍBRIO 41 UNIDADE 07 MEDIDAS DE ATIVIDADE ECONÔMICA 42 71 EQUILÍBRIO GERAL 42 711 FLUXO CIRCULAR DE RENDA 42 712 CONDIÇÃO DE EQUILÍBRIO 43 713 INCLUSÃO DO SETOR PÚBLICO 44 714 CRIAÇÃO DE MOEDA 44 715 INCLUSÃO DO SETOR EXTERNO 44 72 VALOR AGREGADO 45 73 FLUXO CIRCULAR 45 74 FLUXOS REAIS 46 UNIDADE 08 DESPESA E RENDA 47 81 PRODUTO INTERNO BRUTO 47 82 COMPOSIÇÃO DO PIB 47 83 MENSURAÇÃO DO PIB 48 84 VALOR ADICIONADO 48 85 RENDA 48 86 VALOR DE BENS E SERVIÇOS 49 87 COMPOSIÇÃO DO PIB 49 88 EQUAÇÃO 50 89 CATEGORIAS 50 810 PIB E PNB 51 811 DEPRECIAÇÃO DO CAPITAL 51 8111 PNL 51 8112 RENDA PESSOAL 52 8113 RENDA PESSOAL DISPONÍVEL 52 812 PIB REAL E PIB NOMINAL 53 813 DEFLATOR DO PIB 53 814 VARIÁVEIS MACROECONÔMICAS 54 UNIDADE 09 CRESCIMENTO ECONÔMICO 56 91 CAPITALISMO 56 92 CRESCIMENTO ECONÔMICO 56 93 TEORIAS DO CRESCIMENTO ECONÔMICO 57 94 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO 57 95 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO 58 96 CRESCIMENTO VERSUS DESENVOLVIMENTO 58 FGVIDT UNIDADE 10 PREÇOS E INFLAÇÃO 60 101 INFLAÇÃO 60 102 INFLAÇÃO 60 2011 EFEITOS 60 103 PROCESSO INFLACIONÁRIO 61 104 INFLAÇÃO DE DEMANDA 61 105 INFLAÇÃO DE CUSTOS 62 106 VARIÁVEIS NOMINAIS E VARIÁVEIS REAIS 62 107 NEUTRALIDADE MONETÁRIA 63 108 EQUAÇÃO DE TROCA 63 109 TAXA DE INFLAÇÃO 64 1010 ÍNDICE DE PREÇOS AO CONSUMIDOR 64 1011 CÁLCULO DO IPC 64 1012 OUTROS ÍNDICES DE PREÇOS 65 UNIDADE 11 FUNÇÕES DA MOEDA 66 111 RIQUEZA E RENDA 66 112 FUNÇÕES DA MOEDA 66 1121 MEIO DE PAGAMENTO 67 1122 CUSTO DE TRANSAÇÃO 67 1123 UNIDADE DE CONTA 67 1124 RESERVA DE VALOR 68 1125 ATIVO LÍQUIDO 68 113 MOEDA VERSUS QUASEMOEDA 68 114 TOTAL DE MOEDA 69 UNIDADE 12 SISTEMA FINANCEIRO 70 121 INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS 70 122 INTERMEDIÁRIOS BANCÁRIOS 70 123 INTERMEDIÁRIOS NÃO BANCÁRIOS 71 124 BANCO CENTRAL 71 1241 ATRIBUIÇÕES DO BANCO CENTRAL 72 1242 FUNÇÕES PRINCIPAIS 72 UNIDADE 13 OFERTA E DEMANDA DE MOEDA 73 131 AGREGADOS MONETÁRIOS 73 1311 CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE MOEDA 73 1312 BANCOS COMERCIAIS 73 1313 CRIAÇÃO DE MOEDA 74 13131 PROCESSO DE CRIAÇÃO DE MOEDA 74 13132 PROGRESSÃO GEOMÉTRICA INFINITA 75 1314 MULTIPLICADOR BANCÁRIO 75 1315 CONTROLE DA BASE MONETÁRIA 76 132 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA MONETÁRIA 76 FGVIDT 133 DEMANDA POR MOEDA 76 1331 MOTIVOS DA DEMANDA 76 1332 RETENÇÃO DE MOEDA 77 134 TEORIA QUANTITATIVA DA MOEDA 77 135 VELOCIDADERENDA DA MOEDA 77 136 EQUAÇÃO DE TROCA 78 137 MOTIVOS TRANSACIONAL E PRECAUCIONAL 79 UNIDADE 14 ESTADO DA VIDA ECONÔMICA 80 141 INTERVENÇÃO DO GOVERNO 80 142 BENS PÚBLICOS 80 143 FUNÇÃO ALOCATIVA 81 144 PRINCÍPIO DA EXCLUSÃO 81 145 BEM NÃO RIVAL 81 146 EXCLUDENTES 82 147 BENS DE CONSUMO COLETIVO 82 148 DISTRIBUIÇÃO DE RENDAS 83 149 FUNÇÃO DISTRIBUTIVA 83 1410 FUNÇÃO REGULADORA 83 UNIDADE 15 ESTRUTURA TRIBUTÁRIA 84 151 TRIBUTOS 84 152 PRINCÍPIO DA NEUTRALIDADE 84 153 PRINCÍPIO DA EQUIDADE 85 1531 PRINCÍPIO DO BENEFÍCIO 85 15311 PREFERÊNCIA 85 1532 TAXAS ESPECÍFICAS 86 1533 PRINCÍPIO DA CAPACIDADE DE PAGAMENTO 86 154 TIPOS DE TRIBUTOS 86 1541 SUBSÍDIOS 86 155 CLASSIFICAÇÃO DOS IMPOSTOS 87 156 OUTROS CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO 88 1561 OUTRA CLASSIFICAÇÃO 88 157 EFEITOS DOS TRIBUTOS 88 158 TIPOS DE DEFICIT PÚBLICO 89 159 FINANCIAMENTO DO DEFICIT 89 1591 CONSEQUÊNCIAS 90 1510 ORÇAMENTO PÚBLICO 90 15101 ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO 91 15102 LEI ORÇAMENTÁRIA 91 15103 ORÇAMENTO GERAL 91 UNIDADE 16 ESCOLA CLÁSSICA 92 161 ILUMINISMO 92 162 JOHN LOCKE 92 163 CORRENTES NO ILUMINISMO 93 FGVIDT 164 FISIOCRATAS 93 165 LIBERALISTAS 93 166 CRESCIMENTO 94 1661 ADAM SMITH 94 1662 ENRIQUECIMENTO 95 1663 DIVISÃO DO TRABALHO 95 1664 ATRIBUIÇÕES DO ESTADO 95 1665 DISTRIBUIÇÃO DE CAPITAL EXCEDENTE 96 1666 PREÇO DAS MERCADORIAS 96 1667 PRODUTO E TRABALHO 96 1668 MALTHUS 97 1669 SUPERPRODUÇÃO E PROTECIONISMO 97 UNIDADE 17 KARL MARX 99 171 SISTEMA ECONÔMICO 99 172 SURGIMENTO DA TEORIA DO CAPITAL 99 173 LUXO 100 174 CONTRAPONTO 101 175 PROPRIEDADE 101 176 FLUXO DE CAPITAL 101 UNIDADE 18 ESCOLA NEOCLÁSSICA 103 181 REVOLUÇÃO MARGINALISTA 103 182 IDEAS 103 183 ESCASSEZ 104 184 EQUILÍBRIO DA INFLAÇÃO 104 UNIDADE 19 MODELO CONTEMPORÂNEO 105 191 CRISE DE 1929 105 1911 CARACTERÍSTICAS 105 192 INSUFICIÊNCIA DE DEMANDA 105 193 GLOBALIZAÇÃO 106 194 GRUPOS PRIVADOS 107 195 EMPREGOS 107 196 CONSUMIDORES 107 BIBLIOGRAFIA 109 FGVIDT Apresentação Em Fundamentos de Economia determinaremos a princípio o objeto de estudo da Economia Abordaremos também como é feita a mensuração do nível de atividade de uma economia Trataremos do papel do Estado do papel dos mercados e do papel da moeda na economia Trataremos ainda da maneira de se determinar a inflação Por fim estudaremos a questão da globalização e como ela interfere no nível de atividade de uma economia observando os fatores determinantes dos níveis de emprego e do crescimento econômico OBJETIVO E CONTEÚDO O objetivo da disciplina Fundamentos de Economia é estudar o objeto e o método da Ciência Econômica o que permitirá analisar a estrutura de produção distribuição e consumo da sociedade capitalista em que os insumos são utilizados para gerar produtos os produtos são distribuidos e na distribuição é gerado o consumo Na disciplina também temos por objetivo entender como as correntes de pensamento econômico perceberam esses processos de produção distribuição e consumo nas economias Da mesma forma é fundamental entendermos os conceitos econômicos a partir das grandes Escolas de Economia além de aplicarmos esses conceitos à estrutura da economia brasileira visando à compreensão de nossos fenômenos econômicos e entendermos a partir dessas teorias econômicas qual é o papel da globalização em uma economia como a brasileira e como se processa o desenvolvimento econômico FGVIDT Unidade 01 IMPORTÂNCIA DAS INSTITUIÇÕES Neste módulo estudaremos o que são instituições seu papel no dia a dia da Economia e como as relações economicas se desenvolvem a partir da transição do modo de produção feudal para o modo de produção capitalista 11 ATO DA COMPRA O ato da compra implica um ato de venda é mais do que um movimento de mão única caracterizase por um fluxo em que bens moeda títulos ou serviços prestados são trocados A rede de fluxos trocas incontáveis a cada segundo constitui o mercado que é o principal pilar de sustentação da economia pois envolve o consumo Logo as fontes de demanda são fundamentais para a formação do mercado 12 ANTIGO REGIME O Antigo Regime dominante na Europa durante a Idade Moderna era composto de elementos do sistema feudal combinados à expansão comercial As tradições políticas sociais econômicas e religiosas tiveram de se adequar a uma burguesia cada vez mais sedenta por praticar o comércio provocando profundas mudanças na sociedade Preocupados em preservar o status político os reis procuravam atender aos interesses comerciais da burguesia que estava envolvida em negócios que eram cada vez mais dependentes do Estado A aproximação histórica entre o Estado e a burguesia para preservar os mercados e atender ao interesse de ambas as esferas mantémse até hoje A expansão marítima de certa forma iniciou o processo de descentralização do poder FGVIDT em relação do Estado 13 CAPITALISMO COMERCIAL O Estado moderno surgiu no momento histórico classificado por muitos economistas como o início do capitalismo comercial O Estado nasceu da aproximação das relações entre burguesia e monarquia que procuravam estocar o máximo de capital dentro de suas fronteiras O Estado a partir de então passou a intervir no sistema mercantilista com políticas de protecionismo A parceria entre esfera privada se mantém agora em dimensões incomensuráveis O estímulo às grandes navegações e à criação de colônias comerciais representou o fortalecimento do Estado pois à medida que se ampliava a arrecadação dos comerciantes os impostos arrecadados cresciam 14 ESTADO Estado é uma comunidade política organizada que ocupa um território definido com um governo organizado e soberania interna e externa O Estado também pode ser definido especialmente em termos de condições domésticas como a monopolização do uso legítimo de força dentro de um país Para a formação de um Estado e obtenção de sua independência é preciso haver reconhecimento por parte de outros Estados permitindo a entrada em acordos internacionais Esse fator é de extrema importância para o estabelecimento de sua soberania embora algumas teorias não façam uso dessa exigência 15 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Embora não seja reconhecido como teoria econômica o conjunto de procedimentos adotados pela monarquia para o fortalecimento do Estado define o mercado tal como ele é entendido em sua mais simples concepção FGVIDT Para trazer o mercado à luz da contemporaneidade é preciso considerar a Revolução Industrial A mudança mais profunda no conceito de mercado ocorreu com a Revolução Industrial que se deu no século XVIII e foi marcada fundamentalmente pela alienação do trabalhador O trabalhador passou a acompanhar apenas uma etapa do ciclo produtivo Por alienar o fruto de seu trabalho mecanizado ao capitalista o trabalhador passou a ser reconhecido como mercadoria ficando sujeito ao mercado de trabalho O mercado de trabalho ganhou dessa forma a denotação do homem das noções de tempo e espaço e das relações sociais O trabalhador perdeu a noção do processo produtivo 16 ESTADO Quando a prática de acumulação de capital passou a ter como foco a indústria ao invés do comércio como consequência da Revolução Industrial a produção se ampliou em uma escala surpreendente Para atender a esse volume de produção foi preciso criar demandas foi necessário formar uma sociedade de consumidores 161 MERCADO Quando a acumulação de capital passou a ter como foco a indústria o mercado passou a ser entendido como tudo o que pode ser convertido em lucro ou consumo 17 DEMOCRACIA Democracia é um sistema de governo definido e legitimado por meio de eleições Democracia é o sistema de liberdade e preservação da propriedade privada ainda que por meio do controle da informação e da manutenção das esferas públicas de poder O Estado perde força diante da dimensão alçada pelas corporações privadas e pelo capital obtido ao longo do desenvolvimento desse sistema Democracia é um sistema de governo voltado para a maioria FGVIDT 18 ESTADO DEMOCRÁTICO Entre as características de um Estado democrático podemos encontrar uma Constituição que limita a autoridade do governo e protege os direitos civis o voto universal concedendo a todos os cidadãos o direito de votarindependentemente de raça gênero ou propriedade a liberdade de expressão inclusive de discursar em assembleia ou promover protesto a liberdade de imprensa e o acesso a fontes alternativas de informação a liberdade de associação a igualdade perante a lei e o direito a recursos jurídicos dentro do sistema legistativo vigente o direito à propriedade privada e à privacidade cidadãos educados em boas condições físicas e mentais exercendo sua cidadania um Poder Executivo um sistema de controle e equilíbrio fiscal entre esferas do governo 19 ELEIÇÕES O conceito de democracia é polêmico As características de um Estado democrático são subjetivas No caso das eleições Nos países em que o voto é facultativo a participação dos cidadãos não é coletiva e sim voluntária Nos países onde o voto é obrigatório a participação dos cidadãos não é um direito e sim um dever Em resumo democracia é a regra dos interesses da maioria 110 DECISÕES POLÍTICAS As questões políticas e sociais geram uma multiplicidade de manifestações divergentes 111 PLURARISMO O ideal de poder voltado para o indivíduo capaz de intervir nas decisões políticas por meio de representantes eleitos para atender ao interesse de parte da população possui caráter universalista No pluralismo assentamse inúmeras instituições e grupos de aspirações diversas Contudo o caráter universalista depende do pluralismo FGVIDT O histórico da formação da democracia nos moldes que conhecemos é passível de críticas caso do contexto histórico americano conhecido notoriamente como a maior democracia do mundo 112 MODELO NORTEAMERICANO Ao se livrarem do domínio inglês os fundadores do governo federal dos Estados Unidos da América tinham como desafio criar um Estado com capacidade de se autogovernar sob o lema da liberdade O modelo permitiu a criação de inúmeras correntes sociais livres até pairar novamente o temor de uma possível intervenção da Coroa britânica Após um século e meio de colonização as classes sociais se organizaram e se tornaram proprietárias característicachave da formação de uma ideologia conservadora No entanto essa ameaça resulta do próprio modelo democrático Por hostilidade ao poder central surgiram focos de novos governos defensores da classe emergente Para conter a formação de um quadro quase anárquico a Constituição de 1787 foi criada em íntima associação com os interesses da aristocracia americana da época 113 ENGRENAGEMMÃE A sustentação da economia dáse por meio da proteção do Estado regido por um sistema que reduz seu papel diante das transações econômicas a democracia O mercado é a engrenagemmãe desse sistema O mercado controla os meios de comunicação a ponto de formar as sociedades de consumo As pessoas influenciadas pela mídia controlada por empresários estão sujeitas à necessidade de consumir que é forjada pelas empresas de publicidade Foi dessa forma que nasceu o modelo de democracia de nosso tempo que dá à propriedade privada e ao capital acumulado o caráter imaculado FGVIDT Unidade 02 CIÊNCIAS ECONÔMICAS A Economia se baseia na interação entre agentes economicos e da maneira pela qual estes agentes visam atender suas necessidades com os recursos disponíveis Esta unidade introduz algumas dessas relações básicas para a existência da Economia 21 QUESTÕES DE ORDEM ECONÔMICA Desde as mais rotineiras até as mais complexas as questões de ordem econômica se apresentam em todos os momentos de nossas vidas Por que as expansões da moeda e do crédito podem gerar inflação Por que uma desvalorização cambial pode conduzir a uma melhoria na balança comercial Por que os preços dos produtos agrícolas aumentam quando há uma quebra de safra Até que ponto elevadas taxas de juros reduzem o consumo e estimulam a poupança 22 DEFINIÇÕES Antes de nos aprofundarmos na natureza da investigação da ciência econômica vamos a algumas definições Teoria Conjunto de ideias sobre a realidade sempre analisadas de forma interdependente Definições Significado dos termos ideias da teoria FGVIDT Argumento Referese às condições nas quais a teoria se sustenta Hipótese Conjectura acerca da realidade que se admite de modo provisório e que deverá ser testada Modelo Representação simplificada dos principais componentes de uma teoria Método indutivo Parte de fatos específicos para chegar a conclusões gerais Método dedutivo Parte das conclusões gerais para explicar fatos particulares 23 INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA A investigação científica consiste em verificar a validade das hipóteses formuladas A validade das hipóteses é verificada a partir das evidências empíricas Se a evidência empírica for muito pequena ou nula não é possível validar a hipótese Portanto a hipótese deverá ser reformulada 24 COMPORTAMENTO HUMANO No campo da economia a partir de hipóteses a investigação científica testa a estabilidade do comportamento humano 25 PREVISÕES Predizer em particular o comportamento de um indivíduo não é tarefa fácil Contudo as evidências empíricas nos permitem inferir tendências de comportamento de um grupo FGVIDT O comportamento humano apresenta algum grau de estabilidade pela simples determinação da maior probabilidade associada à tendência das ações da maioria das pessoas do grupo estudado Por exemplo se a renda da população brasileira aumentar seu consumo também aumentará Todavia pode ser que o consumo de um indivíduo não se altere ou até mesmo diminua 26 TEORIA ECONÔMICA Validadas pelas evidências as leis que regem o comportamento humano passam a fazer parte do conjunto de ideias que integram a teoria econômica A teoria deve ser utilizada para testar as hipóteses sobre como uma realidade econômica se comporta Podemos então deduzir as implicações e os resultados dessas hipóteses confrontandoos com a evidência empírica A partir desse confronto podemos constatar se a teoria é capaz ou não de explicar os fenômenos econômicos 27 ARGUMENTOS Os argumentos que compõem a teoria econômica são classificados como positivos ou normativos 271 ARGUMENTOS POSITIVOS E NORMATIVOS Os argumentos positivos descrevem como o mundo é Sua validade depende do exame das evidências Por exemplo o salário mínimo causa desemprego Por outro lado os argumentos normativos sugerem como a economia deveria funcionar ou seja envolvem juízo de valor Um argumento normativo não é julgado apenas pela utilização de dados FGVIDT Ainda são incorporadas a ele visões do analista sobre ética religião e filosofia política Por exemplo uma sugestão uma elevação do salário mínimo ao governo 28 OBJETO DE ESTUDO A Economia é o estudo de como as pessoas ganham a vida adquirem alimentos compram suas casas próprias suas roupas ou seja bens necessários ou de luxo A Economia analisa sobretudo os problemas enfrentados pelas pessoas e as maneiras pelas quais esses problemas podem ser contornados A partir dessa definição a Economia procura responder a uma série de perguntas específicas 281 LEI DA ESCASSEZ A ciência econômica procura resolver uma restrição quase física a lei da escassez Produzir o máximo de bens e serviços a partir da quantidade limitada de recursos disponíveis para cada sociedade Se a lei da escassez não existisse Se uma quantidade infinita de cada bem pudesse ser produzida Se os desejos pudessem ser saciados quantidades excessivas de cada bem poderiam ser produzidas recursos poderiam ser utilizados irracionalmente para a produção de bens A escassez acaba evitando desperdícios 29 NECESSIDADES HUMANAS Atualmente todos desejam e julgam necessitar de carros celulares aparelhos de MP3 laptops As necessidades humanas não se resumem à esfera da sobrevivência As necessidades humanas se renovam a cada dia e exigem um suprimento contínuo de bens para atendêlas FGVIDT A saturação das necessidades e sobretudo dos desejos humanos mesmo nas economias mais ricas e desenvolvidas dificilmente será alcançada Logo a escassez persistirá 292 ECONOMIA COMO CIÊNCIA SOCIAL Levando em consideração que a escassez é o objeto da ciência econômica Paul Samuelson definiu Economia da seguinte forma Economia é uma ciência social que estuda a administração dos recursos escassos entre usos alternativos e fins competitivos FGVIDT Unidade 03 DEMANDA E OFERTA Nesta unidade começaremos os estudos sobre as relações microeconomicas ou seja a forma pela qual os agentes economicos individuais pessoas e firmas interagem no mercado por meio da oferta e demanda de bens e serviços 31 ESCOLHAS RACIONAIS A escassez dos recursos implica que consumidores e firmas têm de fazer escolhas A análise econômica é na maior parte das vezes feita sob a hipótese de escolhas racionais os indivíduos avaliam os custos e benefícios de cada oportunidade Indivíduos diferentes têm objetivos e desejos diferentes Essa hipótese é baseada na expectativa de que consumidores e firmas se comportem de maneira condizente com seus gostos e objetivos No caso do consumidor a hipótese de racionalidade é traduzida pelo fato de os indivíduos realizarem suas escolhas com base em seus próprios interesses No caso das firmas a hipótese de racionalidade é utilizada para sinalizar que as firmas tomam decisões com o intuito de maximizar seus lucros 32 DEMANDA As diferenças de preços entre os produtos e as flutuações no preço de um mesmo produto suscitam questões interessantes Os economistas utilizam o conceito de demanda para descrever a quantidade de um bem ou serviço que uma família ou firma deseja adquirir a um determinado preço Os economistas não estão apenas interessados nos desejos dos indivíduos Além de estarem interessados nos desejos dos indivíduos os economistas também estão interessados nas escolhas que os indivíduos terão de fazer em função de suas restrições orçamentárias e do nível de preços FGVIDT 321 DEMANDA INDIVIDUAL Imagine o que acontece quando mudamos o preço das maçãs Ao preço de R 1000 um indivíduo nunca compraria uma maçã Ao preço de R 500 em um momento de muita fome chegaria a considerar a compra de uma maçã Ao preço de R 200 o indivíduo poderia comprar mais de uma maçã e se o preço declinasse para R 050 seria possível comprar várias maçãs É fácil perceber que à medida que o preço das maçãs diminui a demanda de um indivíduo por esse bem aumenta 322 INCLINAÇÃO NEGATIVA A curva de demanda por um bem revela a quantidade demandada de um determinado bem a cada preço Como vimos à medida que o preço de um bem aumenta a demanda por esse bem diminui Esse fato é captado pela inclinação negativa da curva de demanda No entanto os bens inferiores são uma exceção Os bens inferiores são os bens para os quais a demanda diminui sempre que a renda aumenta Por exemplo a margarina tem sua demanda substituída por manteiga sempre que a renda do consumidor aumenta 323 CURVA DE DEMANDA Se uma economia for composta por apenas duas pessoas Milton e Lucas para calcular a demanda dessa economia por maçãs devemos em primeiro lugar questionar quantas maçãs cada uma dessas pessoas quer comprar e a qual preço Em seguida devemos somar as quantidades demandadas por cada indivíduo a cada preço Imaginemos que ao preço de R 200 Lucas deseje comprar 2 maçãs e Milton 3 FGVIDT Nesse caso ao preço de R 200 a demanda da economia como um todo seria de 5 maçãs 324 CÁLCULO DA DEMANDA Adicionandose a demanda de cada indivíduo por um determinado bem a cada preço construímos a curva de demanda do mercado para um determinado bem De maneira análoga à demanda individual a demanda do mercado por um determinado bem diminui à medida que seu preço aumenta À proporção que o preço de um bem aumenta cada um dos consumidores reduz seu consumo pessoal Portanto a curva de demanda do mercado também é negativamente inclinada 33 DESLOCAMENTOS NA CURVA Quando o preço de um bem aumenta a quantidade demandada desse bem diminui Outros fatores além de seu preço afetam a demanda da economia por um bem FGVIDT Não somos capazes de manter todos os outros fatores constantes 331 DESLOCADORES DA DEMANDA Um deslocamento na curva de demanda ou seja uma mudança na demanda pode ser ocasionado por uma mudança de um conjunto de fatores Dentre eles os mais importantes são Renda Quando a renda aumenta as pessoas são capazes de consumir mais Para um bem típico ou normal a demanda aumenta em resposta a um aumento na renda do consumidor Preços de bens relacionados Um aumento no preço de um bem pode causar um deslocamento da demanda por um outro bem Gostos Os gostos mudam à medida que o tempo passa 332 EXEMPLO O deslocamento de demanda pode ser representado por D0 D1 que mostra o deslocamento para a direita da curva de demanda devido a uma elevação da renda por exemplo 333 DESLOCAMENTO DA E AO LONGO DA CURVA A distinção entre deslocamentos da curva de demanda e deslocamentos ao longo da curva de demanda é crucial FGVIDT Um deslocamento ao longo da curva de demanda corresponde a uma redução na quantidade demandada em função de um aumento de preço do bem por exemplo Um deslocamento da curva de demanda indica que a cada preço mais bens são consumidos 34 OFERTA DE UM BEM Assim como para a demanda por um determinado bem a primeira pergunta a ser feita é Como a quantidade ofertada de um bem se altera em resposta a uma mudança de preços mantendo tudo mais constante 35 CURVA DE OFERTA À medida que o preço da maçã aumenta a quantidade ofertada de maçã também aumenta Se o preço da maçã for R 050 não será lucrativo produzir maçãs Se o preço da maçã for R 200 uma mesma fazenda poderá ofertar 100000 maçãs Se o preço da maçã for R 500 uma mesma fazenda poderá ofertar 200000 maçãs Ao contrário da curva de demanda por um bem a curva de oferta de um bem é positivamente inclinada Portanto o aumento no preço do bem provoca o aumento da oferta desse bem Tal situação ocorre porque preços mais altos correspondem a lucros maiores incentivando as firmas a produzirem mais FGVIDT 36 OFERTA DO MERCADO A oferta do mercado de um bem é a quantidade total do bem que todas as firmas desejam ofertar a cada preço A oferta de trabalho do mercado por exemplo é a quantidade total de horas de trabalho que as famílias desejam ofertar a cada preço A curva de oferta do mercado indica a quantidade total de um bem que as firmas estão dispostas a produzir a cada preço A curva de oferta do mercado é obtida por meio da adição da quantidade ofertada por cada firma a cada preço À medida que o preço do bem aumenta a quantidade ofertada pelo mercado também aumenta Esse fato pode ser observado na inclinação positiva da curva de oferta como na curva de oferta do mercado de maçãs por semana 37 DESLOCADORES DA CURVA DE OFERTA Como no caso da demanda a oferta pode ser afetada por outros fatores que mudam com o tempo produzindo deslocamentos na curva de oferta FGVIDT Dentre os fatores que provocam deslocamentos da oferta podemos destacar Custo dos insumos Se o preço dos agrotóxicos subir os agricultores estarão menos dispostos a produzir tomates ao mesmo preço Nesse caso a oferta vaise reduzir e o preço do tomate subirá Tecnologia Com o advento de uma nova tecnologia o custo de produção diminuirá Com custo menor de produção por unidade os produtores estarão dispostos a produzir mais do que antes a qualquer preço A oferta aumentará Condições climáticas Este fator é especialmente importante para a produção agrícola Uma seca provoca por exemplo uma queda na produção de tomates a cada preço Preços de bens relacionados Da mesma maneira que os bens podem ser substitutos ou complementares no consumo podem ser substitutos ou complementares na produção 371 SUBSTITUTOS OU COMPLEMENTARES O feijão e a lentilha por exemplo são substitutos na produção Com um aumento no custo da produção de feijão os agricultores serão incentivados a reduzir o plantio de feijão e aumentar o de lentilha A quantidade de feijão que os produtores estão dispostos a oferecer por um determinado preço diminuirá A carne e o couro são complementares ou produtos conjuntos Quando o abate do gado aumenta em resposta a uma demanda maior por carne a produção de couro cresce simultaneamente Um aumento na produção de carne acarretará um acréscimo na produção de couro cru Um deslocamento para a direita e para baixo da curva de oferta O0 O1 pode ser representado da seguinte forma FGVIDT 372 DESLOCAMENTOS DA E AO LONGO DA CURVA DE OFERTA É necessário compreendermos a diferença entre deslocamento da curva de oferta e deslocamentos ao longo da curva de oferta O deslocamento ao longo da curva de oferta corresponde por exemplo a uma redução na quantidade ofertada em razão de uma queda do preço de um bem O deslocamento da curva de oferta indica que a cada preço mais bens são produzidos 38 PREÇO COMO MEIO DE COMUNICAÇÃO Em uma economia os preços funcionam como meios de comunicação entre os agentes Se uma grande seca atingir o país a oferta de tomate será drasticamente reduzida As famílias terão de reduzir o consumo de tomates O aumento do preço do tomate será responsável por informar às famílias sobre a redução da oferta de tomates O aumento do preço do tomate também incentivará as famílias a consumirem menos tomates 39 PREÇO DE EQUILÍBRIO Em mercados competitivos a demanda e a oferta por um bem determinam juntas seu preço FGVIDT O preço pago por um bem será determinado pela interseção entre as curvas de oferta e de demanda por esse bem Esse preço será chamado de preço de equilíbrio 310 LEI DA OFERTA E DA DEMANDA Em equilíbrio os consumidores consomem exatamente a quantidade demandada ao preço de equilíbrio Os produtores por sua vez vendem precisamente a quantidade ofertada ao preço de equilíbrio Esta é a chamada lei da oferta e da demanda O termo equilíbrio é utilizado para descrever a situação na qual não há forças razões para que o status quo mude A lei da oferta e da demanda não implica que a todo o momento o preço de um bem seja exatamente igual a seu preço de equilíbrio A lei da oferta e da demanda determina que em economias de mercado competitivas os preços tendem a convergir para os preços de equilíbrio em que demanda e oferta se igualam FGVIDT Unidade 04 PROBLEMAS ECONÔMICOS BÁSICOS Nesta unidade estudaremos alguns problemas microeconomicos básicos que fazem com que os agentes economicos quebrem a cabeça para tomarem suas suas decisões 41 PROBLEMAS ECONÔMICOS Qualquer comunidade se depara com quatro problemas econômicos básicos o que produzir Quanto produzir Como produzir Para quem produzir Tais questões não seriam problemas se os recursos à disposição das comunidades fossem ilimitados Infelizmente na realidade a sociedade se depara com ilimitadas necessidades limitados recursos disponíveis e limitadas técnicas de fabricação 42 POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO O problema da escassez de recursos e a necessidade de se fazerem escolhas podem ser traduzidos na curva de possibilidades de produção Embora os recursos à disposição e a capacidade de produção sejam limitados a sociedade tem opções em relação aos tipos de bens e serviços a serem produzidos A curva ou fronteira de possibilidade de produção é o conjunto das combinações de produto que uma economia pode produzir desde que essas combinações sejam encontradas na fronteira ou dentro dela Pontos além da curva não possuem viabilidade de acordo com a dotação inicial de recursos da economia 421 TIPOS DE DECISÃO FGVIDT Uma sociedade é composta por um determinado número de indivíduos que dominam certa técnica de produção dispõem de certo número de fábricas dispõem de instrumentos de produção e de recursos naturais Ao decidir o que será produzido e como será produzido a economia terá decidido como alocar os recursos disponíveis entre os diversos fins alternativos 43 EXEMPLO Em uma economia que produz apenas dois bens maçãs e computadores a curva de possibilidades de produção representa as infinitas possibilidades de combinações entre maçãs e computadores Essas possibilidades de combinações podem ser produzidas em função dos recursos e do nível tecnológico disponíveis 44 CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO No gráfico abaixo unindo cada um dos pontos obtemos a curva de possibilidades de produção FGVIDT Ao longo da curva de possibilidades de produção os recursos utilizados na produção de um bem são transferidos para a produção de outro bem 45 COMPOSIÇÕES Se empregássemos todos os recursos disponíveis na produção de computadores provavelmente morreríamos de fome FGVIDT A curva de possibilidades de produção é traçada levandose em consideração as composições factíveis Nem todos os pontos da curva são necessariamente desejáveis 46 CUSTO DE OPORTUNIDADE O formato da curva de possibilidades de produção ilustra um outro conceito largamente utilizado pelos economistas custo de oportunidade O custo de oportunidade de um produto é a alternativa que tem de ser sacrificada a fim de se obter tal produto A curva de possibilidades de produção revela o que uma economia é capaz de produzir O custo de oportunidade de uma unidade adicional de computador é a quantidade de maçãs que deixou de ser produzida A curva de possibilidades de produção reflete a produção máxima possível de dois bens Os pontos sobre a curva são obtidos por meio da plena utilização dos recursos disponíveis Os pontos sob a curva representam combinações de produção que não exigem pleno emprego dos recursos disponíveis 47 DIFÍCIL SUBSTITUIÇÃO O formato decrescente da curva de possibilidades de produção sinaliza que os recursos disponíveis são limitados indicando que a substituição entre quantidades de dois bens se torna cada vez mais difícil À medida que estamos produzindo pouco um bem o sacrifício necessário para produzir ainda menos é muito grande Por exemplo passando do ponto C para B ganhamos 20 milhões de maçãs entretanto sacrificamos 10 mil computadores 48 RECURSOS LIMITADOS Embora alguns países possuam mais recursos a sua disposição do que outros esses FGVIDT recursos serão sempre limitados Cada país é capaz de produzir com os recursos que possui apenas uma parte dos bens de que necessita Cada economia possui algum grau de especialização Cada sociedade procura organizar sua economia a fim de solucionar os problemas fundamentais criados pela especialização e pela necessidade de fazer escolhas Dessa forma convém reformularmos a definição de Economia Economia é o estudo da organização social pela qual os homens satisfazem suas necessidades de bens e serviços escassos FGVIDT Unidade 05 VIDA ECONÔMICA Nesta unidade estudaremos como os diferentes mercados podem se estruturar e se alterar de maneiras distintas impactando as decisões individuais de formas diferentes 51 MERCADOS COMPETITIVOS Os economistas formulam hipóteses sobre a estrutura em que os indivíduos e as firmas interagem isto é o mercado O ponto de partida para essas hipóteses é um cenário no qual existem muitos vendedores e compradores todos negociando o mesmo bem Os produtores querem sempre aumentar seus preços Se apesar do aumento de preços eles conseguirem vender seus produtos eles terão lucros maiores Entretanto se muitos produtores fabricarem o mesmo bem cada um deles terá de cobrar o mesmo preço praticado pelos outros caso contrário perderão seus clientes 511 COMPETIÇÃO PERFEITA Em uma competição perfeita cada firma é tomadora de preços isto é cada firma em particular não é capaz de afetar o preço de seu bem 52 MODELO COMPETITIVO BÁSICO O consumidor busca pagar preços menores pelos bens que adquire O consumidor toma o preço do mercado como dado e sua decisão sobre a aquisição do bem não é capaz de afetar o preço corrente Essa estrutura é conhecida como modelo competitivo básico FGVIDT Se a economia funcionar de acordo com esse modelo será considerada eficiente O termo eficiente é utilizado para indicar que não há desperdício de recursos não é possível produzir mais de um bem sem reduzir a produção de outro não há como melhorar a situação de um indivíduo sem piorar a de outro Potencialmente todos os economistas reconhecem que o modelo competitivo básico não se ajusta perfeitamente ao funcionamento real da economia Logo a função desse modelo é atuar como paradigma para futuras comparações 53 RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA As famílias a cada mês recebem uma renda proveniente de salários ou do pagamento de lucros As famílias a cada mês precisam decidir como vão gastar a renda disponível respeitando suas restrições orçamentárias A restrição orçamentária ou o volume de recursos que o agente econômico pode gastar imposta às famílias implica que o consumo de uma quantidade maior de um bem será realizado às custas de redução equivalente do consumo de outro bem Esse tradeoff uma situação de escolha conflitante é determinado pelos preços relativos ou seja abrese mão de alguma coisa Se o preço das maçãs for o dobro do preço das laranjas para consumir uma maçã a mais o indivíduo deve consumir duas laranjas a menos 54 EFEITO SUBSTITUIÇÃO A curva de demanda de um indivíduo costuma ser negativamente inclinada à medida que o preço de um determinado produto sobe ele realiza seu consumo em quantidades menores À proporção que o preço das maçãs sobe elas se tornam menos atraentes em relação FGVIDT a laranjas e a outros bens Para consumir uma unidade a mais de maçã o consumidor terá de reduzir cada vez mais seu consumo de laranjas O consumidor acabará por substituir laranjas por maçãs Mudanças no padrão de consumo de um indivíduo resultantes de alterações nos preços relativos são chamadas de efeito substituição 55 REDUÇÃO NO CONSUMO O bemestar de um consumidor que costuma gastar parte de sua renda com maçãs decrescerá caso haja um aumento nos preços A redução no consumo de um bem em função do aumento de seu preço é conhecida como efeito renda O aumento do preço das maçãs reduzirá seu consumo devido a sua renda Vários fatores podem afetar a curva de demanda por um bem gostos moda questões demográficas Contudo o mais importante é que a demanda por um bem é afetada pelos outros bens da economia ou seja a demanda por laranjas é afetada pelo preço das maçãs 56 POUPANÇA Se o indivíduo consumir apenas parte de sua renda no período corrente a parcela restante terá sido poupada FGVIDT O indivíduo poderá investir a quantia restante e receber por isso uma taxa de juros r Se r for igual a 10 cada R 100 poupado renderá R 010 no futuro Logo principal mais juros é igual a R 110 é o preço relativo do consumo presente em relação ao consumo futuro Se um consumidor gasta toda a sua renda no mesmo período em que a recebe nada poupa o aumento de r não surtirá efeito sobre ele Se um consumidor poupa parte de sua renda um aumento de r implicará maior consumo futuro Esse é o efeito renda relativo a um aumento da taxa de juros Um aumento de r cria dessa forma um incentivo para que o indivíduo reduza seu consumo corrente e poupe mais criando uma oportunidade de maior consumo futuro Esse é o efeito substituição associado a um aumento em r A decisão de poupar é uma decisão entre consumir hoje ou consumir no futuro 57 EXPECTATIVAS DO CONSUMIDOR A decisão entre consumo presente e futuro pode ser vista sob o prisma de uma decisão de consumo entre dois bens quaisquer laranjas e maçãs por exemplo O consumidor avalia suas preferências seu conjunto de oportunidades e o tradeoff imposto pelo sistema de preços No caso o preço do consumo futuro é a taxa de juros r Ao contrário da decisão de consumo entre dois bens o consumidor passa a considerar suas expectativas em relação ao futuro A parcela que o indivíduo decide poupar depende de suas expectativas para o futuro em relação a seu salário a preços e até mesmo em relação a seus gostos 58 AVALIAÇÃO DO ATIVO Uma vez tomada a decisão de poupar o consumidor tem de decidir o que fazer com sua poupança A parcela que o indíviduo decide poupar isto é o que ele deixa de consumir no presente depende de suas expectativas FGVIDT 59 EXEMPLO Um mecânico recebeu duas ofertas de trabalho Na oficina A sua carga horária diária de trabalho seria de 8 horas Na oficina B sua carga horária diária de trabalho seria de 6 horas Cabe então ao mecânico escolher sua carga horária diária de trabalho Que fatores podem determinar essa escolha 510 SALÁRIO O mecânico deve considerar que caso opte por trabalhar menos horas ganhará menos por isso Consequentemente seu consumo também será menor O mecânico encontrase então em face de um tradeoff entre o benefício de horas extras de lazer e o custo associado à diminuição de seu consumo Este tradeoff é imposto pelo salário recebido ou seja o salário é o preço do trabalho O salário real corresponde ao salário nominal dividido pelo nível de preços da economia O salário real nos indica o consumo extra que o trabalhador poderá extrair de uma hora a mais de trabalho As mesmas considerações feitas em relação ao aumento do preço da maçã e à elevação da taxa de juros r podem ser aplicadas aos efeitos do aumento do salário real sobre a decisão entre trabalho e lazer FGVIDT Unidade 06 FIRMAS Firmas são organizações que produzem e vendem bens e serviços que contratam e utilizam fatores de produção Nesta unidade estudaremos como essas relações se comportam no nível microeconomico 61 PAPEL DAS FIRMAS Firmas competitivas fazem suas escolhas com o intuito de maximizar seus lucros 62 PRODUÇÃO DA FIRMA Quando o preço excede o custo de produção a firma está lucrando com a produção de mais esta unidade do produto Ao contrário quando o custo de produção de uma unidade extra é maior do que seu preço a firma está perdendo dinheiro Podemos concluir que a firma produzirá exatamente no ponto em que o preço é igual ao custo de produção de uma unidade extra 63 CURVA DE OFERTA O grupo de firmas que produz o mesmo produto é chamado de indústria A curva de oferta da indústria é produto da soma vertical das curvas de oferta de cada firma no mercado Graficamente a curva é positivamente inclinada indicando que maiores preços induzirão as firmas a produzirem mais A quantidade de produtos que uma indústria deseja ofertar depende não só do preço de seu produto como também de seus custos com o trabalho e outros insumos Um aumento no preço dos insumos impactará negativamente na quantidade de produtos ofertada pela indústria FGVIDT Um aumento nos salário dos trabalhadores implicará um aumento dos custos incorridos pela firma Se a firma não puder elevar os preços dos produtos ofertados uma elevação em seus custos implicará redução de receita e consequentemente redução de oferta O formato da curva de oferta portanto assume que a firma recebe do mercado preços mais elevados e por isso eleva a quantidade ofertada de bens para aumentar sua receita 64 DEMANDA POR CAPITAL A decisão da quantidade de produtos a ser produzida por uma firma está relacionada a sua demanda por trabalho ou por mão de obra A cada nível de salários e preços somos capazes de calcular o quanto as firmas estão dispostas a ofertar e qual será sua demanda por trabalho À medida que o salário aumenta a um dado nível de preços a demanda da firma por trabalho diminui 65 DEMANDA POR TRABALHO FGVIDT O aumento nos custos marginais em função do aumento nos salários fará com que as firmas ofertem menos Ofertando menos as firmas necessitam de menos trabalho Essa lógica pode ser estendida tanto para a indústria quanto para a economia como um todo À medida que os salários aumentam a um determinado nível de preços a demanda por trabalho na economia diminui Logo a curva de demanda por trabalho é negativamente inclinada Se os salários aumentarem o trabalho se tornará mais caro em relação ao preço de outros insumos Portanto as firmas tentarão substituir o trabalho por outros insumos 66 EQUILÍBRIO DE MERCADO Depois de analisarmos o comportamento das firmas e das famílias é necessário unirmos os resultados encontrados e analisarmos o equilíbrio em cada um dos três maiores mercados da economia os mercados de bens de trabalho e de serviços 661 MERCADO DE TRABALHO Em um mercado competitivo não há desemprego involuntário não existe capacidade ociosa do fator mão de obra e o salário é estabelecido no nível em que a demanda por trabalho se iguala à oferta de trabalho O equilíbrio no mercado de trabalho é alcançado pela interseção entre a curva de demanda por trabalho das firmas e a curva de oferta de trabalho das famílias A curva de demanda é derivada das decisões de consumo por parte das famílias A curva de oferta é derivada das decisões de produção da firmas Essa visão agregada do mercado de bens abrange as curvas de oferta e de demanda de cada um dos produtos na economia A interseção entre as curvas de oferta e de demanda de cada produto nos fornece seus preços relativos FGVIDT 662 NÍVEL DOS PREÇOS DE EQUILÍBRIO No mercado de bens como um todo a interseção entre as curvas de oferta e demanda nos fornece o nível de preços e a quantidade tansacionada de equilíbrio A interseção entre as curvas de oferta e demanda pode ser representada da seguinte forma FGVIDT Unidade 07 MEDIDAS DE ATIVIDADE ECONÔMICA Nesta unidade estudaremos os fluxos economicos para compreender como as relações entre os agentes economicos pode ser analisada de maneira agregada para compreendermos a totalidade dos mercados existentes na Economia 71 EQUILÍBRIO GERAL O equilíbrio geral da economia é o cenário no qual todos os mercados estão em equilíbrio A economia está em equilíbrio quando a oferta de cada bem satisfaz sua demanda não há desemprego involuntário e a oferta de capitais é igual à demanda por capitais 711 FLUXO CIRCULAR DE RENDA A relação entre os vários setores da economia corresponde ao diagrama de fluxo circular de renda Enquanto as famílias compram bens e serviços das firmas as famílias também ofertam trabalho e capital para as firmas A renda recebida pelas famílias salários pagos pelas firmas é gasta para comprar bens e serviços ofertados pelas firmas FGVIDT Esse diagrama representa uma simplificação da economia na qual não há poupança todos os recursos não utilizados capital governo presença do setor externo As firmas contratam a força de trabalho ofertada pelas famílias e vendem os bens produzidos às famílias A renda obtida por meio da venda de seus produtos é utilizada para o pagamento de salários lucros e aluguéis 712 CONDIÇÃO DE EQUILÍBRIO A renda das famílias o fluxo de renda proveniente das firmas deve ser igual aos gastos das famílias o fluxo de renda para as firmas O fluxo circular de renda não é útil apenas para analisar o fluxo de renda na economia Ele também possibilita a compreensão de uma condição de equilíbrio que deve ser satisfeita Esse fluxo circular de renda representa uma economia bastante simplificada FGVIDT Para estendêlo a outros setores da economia temos de incluir a poupança das famílias e o capital Parte da renda paga pelas firmas às famílias é proveniente dos retornos sobre o capital juros pagos sobre empréstimos e dividendos Parte dos lucros é retida pelas firmas para financiar seus investimentos Parte da renda paga pelas famílias às empresas corresponde às poupanças das famílias que serão utilizadas na compra de máquinas e equipamentos 713 INCLUSÃO DO SETOR PÚBLICO Para estender o fluxo circular de renda a outros setores da economia temos de considerar a poupança das famílias e o capital Portanto é importante incluirmos o setor público o governo Algumas famílias recebem renda do governo previdência social Outras famílias vendem sua força de trabalho ao governo funcionários públicos Algumas famílias recebem pagamentos de juros de governo detentores de títulos da dívida pública Todas as famílias pagam parte de sua renda ao governo impostos De maneira análoga as firmas vendem seus bens e serviços ao governo recebem renda do governo na forma de subsídios pagam impostos Como o fluxo de renda entre famílias e firmas devese equilibrar o mesmo deve acontecer entre a renda recebida pelo governo e seus gastos Os gastos do governo incluem compras de bens e serviços ofertados pelas firmas e a contratação de trabalho ofertado pelas famílias Além disso o governo também gasta com o pagamento de juros aos detentores de títulos da dívida pública e realiza transferências para firmas e famílias 714 CRIAÇÃO DE MOEDA Quando há um deficit ou seja quando a renda proveniente dos impostos não é suficiente para cobrir todos os gastos o governo pode financiálo por meio do aumento dos impostos ou através de expansão monetária criação de moeda 715 INCLUSÃO DO SETOR EXTERNO FGVIDT As firmas podem vender sua produção para consumidores estrangeiros exportações e financiar seus investimentos com fundos provenientes de famílias estrangeiras Podemos também incluir o setor externo em nossa análise As famílias por sua vez compram bens de firmas estrangeiras importação e investem parte de sua renda nessas firmas Portanto para que a condição de equilíbrio da renda seja considerada as exportações mais os investimentos estrangeiros no país devem ser iguais às importações mais os investimentos domésticos no estrangeiro 72 VALOR AGREGADO Em nosso exemplo inicial ignoramos os impostos indiretos Dos R 10000 de valor agregado pelo produtor de farinha de trigo R 8000 correspondem à renda do trabalho e os R 2000 restantes ao lucro Dos R 11000 de valor agregado pelo fabricante de pães R 7000 são renda do trabalho e R 4000 lucro Para a economia como um todo o valor adicionado é R 21000 dos quais R 15000 correspondem à renda do trabalho e R 6000 ao lucro 73 FLUXO CIRCULAR Se uma economia produzir um único bem pão a partir de um único fator trabalho As famílias vendem sua força de trabalho às empresas que fabricam o pão As empresas empregam essa força de trabalho na produção do pão que vendem às famílias O trabalho flui das famílias para as empresas O pão circula das empresas para as famílias As famílias utilizam seus salários para adquirir o pão produzido pelas empresas As empresas utilizam parte da renda proveniente das vendas para pagar os salários de seus trabalhadores O restante é o lucro dos donos das empresas os quais são também integrantes das famílias FGVIDT A despesa com pão flui das famílias para as empresas Já a renda na forma de salários e lucros circula das empresas para as famílias 74 FLUXOS REAIS A equivalência entre renda e despesa advém do fato de que todas as despesas efetuadas na compra de produtos são necessariamente renda do ponto de vista dos produtores desses bens No caso dos pães o PIB mede o fluxo de reais na economia Esse fluxo pode ser calculado de duas maneiras O fluxo de reais é equivalente à renda proveniente da produção de pães Por outro lado o PIB é equivalente ao total de gastos com as compras de pão Esses dois fluxos são iguais FGVIDT Unidade 08 DESPESA E RENDA Se agregarmos todas as movimentações e transações economicas realizadas pelos agentes em um território em determinado período de tempo teremos como aquela Economia se comportou de maneira geral Nesta unidade estudaremos a mensuração da atividade econômica partindo do famoso conceito central de Produto Interno Bruto PIB 81 PRODUTO INTERNO BRUTO O Produto Interno Bruto PIB mede o produto agregado de uma economia em um determinado período de tempo Há três maneiras de se conceber o PIB Vamos a elas 82 COMPOSIÇÃO DO PIB O PIB corresponde ao valor de serviços e bens finais produzidos em uma economia em um determinado período Note que a palavra finais é muito importante para o cálculo correto do PIB Imaginemos que a economia fosse constituída de apenas duas empresas A empresa 1 produz farinha de trigo emprega trabalhadores e utiliza máquinas A empresa 1 vende a farinha de trigo por R 10000 para a empresa 2 que produz pão A empresa 1 paga R 8000 a seus trabalhadores e fica com os R 2000 restantes a título de lucro A empresa 2 compra farinha de trigo e a utiliza juntamente com trabalhadores e máquinas para produzir pães A receita da empresa 2 com a venda dos pães é R 21000 FGVIDT Desse total a empresa 2 utiliza R 10000 para pagar a farinha de trigo e R 7000 para pagar o salário dos trabalhadores o que lhe deixa R 4000 de lucro 83 MENSURAÇÃO DO PIB O valor do PIB é a soma dos valores de toda a produção da economia No caso das duas empresas o valor do PIB será o valor da produção de bens finais ou seja R 21000 Como a farinha de trigo é um bem intermediário utilizado na produção do bem final no caso pães ela não deve ser incluída no cálculo do PIB que é o valor do produto final 84 VALOR ADICIONADO O PIB também é definido como a soma do valor adicionado na economia em um dado período Uma forma alternativa de computar o valor de todos os bens e serviços finais é somar o valor adicionado em cada etapa da produção O valor adicionado de uma empresa corresponde ao valor da produção da empresa menos o valor dos bens intermediários que ela adquire de outras empresas No caso da farinha de trigo o valor adicionado pelo produtor é R 10000 supondo se que o produtor não tenha comprado bens intermediários e o valor adicionado do produtor de pães é R 21000 menos R 10000 isto é R 11000 O valor adicionado total da transação é de R 10000 mais R 11000 ou seja R 21000 Para a economia como um todo a soma de todos os valores adicionados deve ser igual ao valor de mercado de todos os bens e serviços finais Por essa razão o PIB também pode ser definido como o total adicionado de todas as empresas na economia 85 RENDA FGVIDT O terceiro modo de examinar o PIB é pela ótica da renda O PIB também pode ser definido como a soma das rendas na economia em determinado período A diferença entre o valor da produção de uma empresa e o valor dos bens intermediários tem como destino final os trabalhadores sob a forma de salários as empresas sob a forma de lucro o governo sob a forma de impostos indiretos cobrados sobre as receitas das vendas finais como os impostos sobre as vendas 86 VALOR DE BENS E SERVIÇOS O PIB mede o valor em reais dos bens e serviços finais da economia em um determinado período de tempo Em uma economia que só produz bolas e chuteiras o PIB é a soma do valor de todas as bolas com o valor de todas as chuteiras 87 COMPOSIÇÃO DO PIB Os economistas não se interessam apenas pelo valor total da produção de bens e serviços em uma economia Os economistas se interessam também pela alocação da produção entre usos alternativos Os economistas costumam decompor o PIB em quatro grandes categorias consumo C FGVIDT investimento I despesas do governo G exportações líquidas NX 88 EQUAÇÃO Representando o PIB por Y temos Toda a renda ou despesa da economia está incluída em uma dessas categorias 89 CATEGORIAS As categorias que compõem o PIB são assim definidas Consumo Referese aos bens e serviços comprados pelos consumidores que variam de alimentos a carros novos O consumo representa normalmente a maior parcela do PIB Investimento Por vezes chamado de investimento fixo o investimento consiste em bens adquiridos para uso futuro O investimento constitui a soma de dois componentes O primeiro deles o investimento não residencial referese à compra por parte das empresas de instalações ou máquinas O segundo componente denominado investimento residencial compreende a compra pelas pessoas de casas ou apartamentos Despesas do governo São os bens adquiridos pelos governos federal estadual e municipal Esta categoria abrange equipamentos militares construção de hospitais e serviços prestados pelos funcionários do governo No entanto exclui as transferências para pessoas físicas como seguridade e bem estar porque esses pagamentos não se realizam em troca de bens e serviços nem os pagamentos de juros sobre a dívida Portanto eles não entegram o PIB Exportações líquidas Leva em consideração o comércio com outros países As FGVIDT exportações líquidas equivalem ao valor dos bens e serviços exportados menos o valor de bens e serviços importados de outros países 810 PIB E PNB O Produto Interno Bruto PIB corresponde ao total da renda obtida dentro das fronteiras de um país ou seja internamente Vejamos agora a diferença entre Produto Interno Bruto e Produto Nacional Bruto O PIB inclui a renda ganha por estrangeiros que moram no país mas exclui a parcela ganha por aqueles que residem fora do país O Produto Nacional Bruto PNB é a renda total recebida por todos os brasileiros tanto no Brasil como no exterior O PNB não inclui a parcela ganha pelos estrangeiros que residem no país 811 DEPRECIAÇÃO DO CAPITAL Existem outras medidas de renda que embora sutis diferem um pouco da definição de PIB e PNB A relação entre outras medidas de renda tornase clara se começarmos pelo PIB e dele subtrairmos algumas quantias A depreciação do capital é um dos custos associados à produção de bens e serviços A subtração desse valor do PIB revela o resultado líquido da atividade econômica 8111 PNL O Produto Nacional Líquido PNL é obtido por meio da subtração da depreciação do capital A depreciação do capital é a soma dos estoques em instalações fabris equipamentos e estruturas residenciais de uma economia que sofrem desgaste ao longo de um ano FGVIDT Subtraindo do PNL os impostos indiretos pagos pelas empresas obtemos a renda nacional Renda nacional PNL impostos indiretos sobre empresas A renda nacional é portanto uma medida de tudo que as pessoas ganham em uma economia 8112 RENDA PESSOAL Outros ajustes consideram a renda pessoal quantias recebidas por famílias e empresas individuais Os principais ajustes se referem à dedução de rendas auferidas e não distribuídas pelas empresas seja porque são retidas seja porque são destinadas ao pagamento de impostos ao governo Esses ajustes são calculados da seguinte forma rendas auferidas e não distribuídas pelas empresas renda nacional lucros distribuídos IRPJ lucors retidos previdenciária 8113 RENDA PESSOAL DISPONÍVEL Um terceiro ajuste inclui os juros percebidos pelas famílias em vez dos juros pagos pelas empresas O resultado obtido pela soma da renda de juros pessoais e a subtração dos juros líquidos é a renda pessoal A diferença entre juros pessoais e juros líquidos decorre em parte dos juros sobre a FGVIDT dívida do governo A renda pessoal é igual a Ou seja 812 PIB REAL E PIB NOMINAL Pode haver um acréscimo no PIB seja porque os preços subiram seja porque as quantidades aumentaram Para resolver esse problema os economistas diferenciam o PIB nominal do PIB real O PIB nominal é o valor de bens e serviços medidos em preços correntes O PIB real é o valor de bens e serviços medidos em preços constantes Para calcular o PIB real um anobase é escolhido e são somados os bens e os serviços usandose os preços desse anobase para calcular o valor das diferentes mercadorias Calculado dessa forma o PIB pode não ser uma medida satisfatória da atividade econômica 813 DEFLATOR DO PIB FGVIDT A partir do PIB real e do PIB nominal podemos calcular uma terceira estatística importante o deflator do PIB deflator implícito de preços do PIB Rearrumando a expressão temos Portanto o PIB nominal mede o valor em reais da produção da economia em um determinado período O PIB real mede a produção avaliada a preços constantes relativos ao anobase O deflator do PIB mede o preço da cesta de produtos produzida pela economia em comparação com seu preço no anobase 814 VARIÁVEIS MACROECONÔMICAS O PIB é a principal variável macroeconômica mas não é a única Outras variáveis do desemprego à inflação dos deficits comerciais ou orçamentários sinalizam aspectos importantes da economia A força de trabalho é constituída pela soma do número de trabalhadores empregados e desempregados A taxa de desemprego é por sua vez definida como a razão entre o número de desempregados e a força de trabalho FGVIDT FGVIDT Unidade 09 CRESCIMENTO ECONÔMICO O Capitalismo é um sistema economico e social baseado calcado na existência da propriedade privada de recursos economicos principalmente o capital por alguns agentes e na forma pela qual esse capital pode se reverter em lucro para eles A busca pelo lucro pode levar ao crescimento economico de uma nação por exemplo mas é suficiente para levar a seu desenvolvimento 91 CAPITALISMO Antes do surgimento do capitalismo as sociedades eram basicamente agrícolas e suas produções variavam pouco ao longo dos anos O capitalismo por trazer contínuas mudanças tecnológicas e por buscar a acumulação de capital alterou significativamente as estruturas dessas sociedades Ao longo do século XX por exemplo a produção industrial mundial cresceu cerca de 40 vezes e como a população mundial dobrou a produção per capita cresceu cerca de 20 vezes 92 CRESCIMENTO ECONÔMICO Os estudiosos apontam três fatores como responsáveis pela promoção do crescimento econômico Acumulação de capital Aumento do número de máquinas e equipamentos de investimentos em infraestrutura como estradas e energia recursos humanos entre outros Crescimento populacional Um aumento da população implica um aumento da força de trabalho e da demanda interna Progresso tecnológico É o advento de novas tecnologias que podem ser neutras poupadoras de capital ou poupadoras de trabalho FGVIDT 93 TEORIAS DO CRESCIMENTO ECONÔMICO Desde meados do século XX o crescimento tem sido visto como um importante objetivo da vida econômica O estudo do crescimento econômico é atualmente um dos campos mais férteis da teoria econômica Dentre as várias linhas de estudo existentes podemos destacar Teoria do crescimento ótimo Campo explorado inicialmente por P Ramsey e J von Neumann O problema central é definir os objetivos de longo prazo da economia e a partir disso determinar a trajetória ótima de crescimento que deverá percorrer a fim de concretizá los O método aplicado nessa análise é essencialmente matemático Análise do resíduo Campo iniciado pelos trabalhos de E F Deninson e R H Solow Demonstraram que as variações observadas no capital e na oferta de mão de obra da economia americana durante o século XX são responsáveis por apenas uma pequena parcela do crescimento americano nesse mesmo período A grande explicação para esse processo de crescimento seria o progresso tecnológico isto é o chamado fator residual Economias subdesenvolvidas Campo da análise que ganhou destaque perante os economistas a partir da década de 50 Nessa área as linhas de análise concentramse em cada país e dentro deles em problemas de natureza específica Convencionalmente o critério de desenvolvimento ou subdesenvolvimento econômico utilizado é o produto nacional per capital Os países em desenvolvimento são normalmente definidos como aqueles que apresentam menor nível ou taxa de crescimento de renda per capita Para tanto utilizase como referência uma renda per capita fixada arbitrariamente 94 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO Crescimento econômico É o aumento contínuo do Produto Interno Bruto em termos globais e per capita ao longo do tempo Para Kuznets a capacidade de crescimento econômico é baseada no avanço tecnológico e exige ajustes institucionais e ideológicos FGVIDT Desenvolvimento econômico Para Kindleberger e Herrick é um aumento na produção acompanhado de modificações nas disposições técnicas institucionais isto é mudanças nas estruturas produtivas e na alocação dos insumos pelos diferentes setores da produção Para Colman e Nixson é um processo de aperfeiçoamento em relação a um conjunto de valores desejáveis pela sociedade Para Seers é a criação de condições para a realização da personalidade humana Em outras palavras para que haja desenvolvimento é preciso haver crescimento Entretanto a avaliação do desenvolvimento deve levar em conta a pobreza o desemprego e as desigualdades 95 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO A definição de crescimento econômico implica melhor eficiência do sistema produtivo pois o desenvolvimento econômico consiste nas modificações que alteram a composição do produto e na alocação dos recursos pelos diferentes setores da economia O conceito de desenvolvimento econômico engloba as mudanças de caráter quantitativo dos níveis do produto nacional Entendemos por crescimento econômico o aumento contínuo do produto nacional em termos globais ou per capita ao longo do tempo Para caracterizar um processo de desenvolvimento econômico devemos observar ao longo do tempo a existência dos seguintes fatores Crescimento do bemestar econômico medido por indicadores de natureza econômica produto nacional total e o produto nacional per capita Diminuição dos níveis de pobreza desemprego e desigualdade Devemos observar também a melhoria das condições de saúde nutrição educação moradia e transporte 96 CRESCIMENTO VERSUS DESENVOLVIMENTO A diferença conceitual entre crescimento e desenvolvimento econômico é muito importante uma vez que é possível um país crescer sem se desenvolver O desenvolvimento econômico não pode ser analisado somente por meio de FGVIDT indicadores que medem o crescimento do produto ou do produto per capita A análise do desenvolvimento deve ser complementada por índices que indiquem ainda que de forma incompleta a qualidade de vida dos indivíduos Devemos ter um conjunto de medidas que reflitam alterações econômicas sociais políticas e institucionais tais como renda per capita expectativa de vida mortalidade infantil fertilidade educação analfabetismo distribuição de renda entre diferentes classes e setores centralização da atividade econômica e do poder político FGVIDT Unidade 10 PREÇOS E INFLAÇÃO O preço é a expressão monetária que viabiliza as transações economicas na sociedade Nesta unidade estudaremos como essa relação acontece e como ela dá origem à famigerada inflação 101 INFLAÇÃO Atualmente R 100 não compra as mesmas coisas que comprava há 10 anos O preço de todos os bens e serviços aumentou Esse aumento geral do nível de preços é chamado de inflação 102 INFLAÇÃO O conceito de inflação é utilizado para descrever um aumento contínuo e generalizado do nível de preços da economia A inflação representa um aumento da quantidade de moeda utilizada para se comprar um bem O processo inflacionário faz com que o valor real da moeda seja depreciado O processo inflacionário especialmente aquele caracterizado por taxas elevadas de grande variabilidade promove distorções na estrutura produtiva da economia Sem dúvida a inflação afeta a economia 2011 EFEITOS A distorção mais grave provocada pela inflação é a redução do poder aquisitivo dos trabalhadores assalariados que dependem de rendimentos fixos com prazos legais de reajuste Com o passar do tempo esses trabalhadores têm sua renda real reduzida até a chegada de um novo reajuste FGVIDT Os trabalhadores de baixa renda são particularmente afetados Muitos não têm condições de se proteger com aplicações financeiras Elevadas taxas de inflação em níveis superiores ao aumento de preços internacionais encarecem o produto nacional em relação ao que é produzido externamente Elevadas taxas de inflação tendem a provocar um estímulo às importações e um desestímulo às exportações diminuindo o saldo da balança comercial 103 PROCESSO INFLACIONÁRIO Em um processo inflacionário ocorre um desestímulo à aplicação de recursos no mercado de capitais financeiros As aplicações em poupança e títulos por exemplo costumam sofrer retração enquanto as aplicações em moeda estrangeira aumentam Durante um processo inflacionário intenso o valor da moeda deteriorase rapidamente No Brasil essa distorção foi minimizada pela instituição do mecanismo de correção monetária Por meio da correção monetária alguns ativos passaram a ser reajustados por índices que refletiam o crescimento da inflação Em épocas de aceleração da inflação esse fato contribuiu para o desvio de grande parte dos recursos destinados a investimentos no setor produtivo da economia para aplicações no mercado financeiro Taxas de inflação altas e muito oscilantes prejudicam a formação de expectativas com respeito ao futuro O setor empresarial é particularmente bastante sensível a esse tipo de situação dada a relativa instabilidade e imprevisibilidade de seus lucros Por isso a própria capacidade de produção futura e consequentemente o nível de emprego pode ser afetada pelo processo inflacionário 104 INFLAÇÃO DE DEMANDA Tradicionalmente a literatura econômica consagrou duas correntes básicas a inflação provocada por excesso de demanda agregada inflação de demanda FGVIDT a inflação causada por elevações de custos inflação de custos A inflação de demanda é o excesso de demanda agregada em relação à produção disponível de bens e serviços A probabilidade de inflação de demanda aumenta quanto mais próxima a economia estiver do ponto de pleno emprego dos recursos da economia Se houvesse desemprego em larga escala na economia seria de se esperar que um aumento da demanda agregada correspondesse a um aumento na produção agregada de bens e serviços Tal situação seria causada pela maior utilização de recursos antes não utilizados sem que necessariamente ocorresse um aumento generalizado de preços À medida que a economia se aproxima do pleno emprego reduzse a possibilidade de uma expansão rápida da produção e há maior repercussão sobre os preços 105 INFLAÇÃO DE CUSTOS A inflação de custos pode ser associada a uma inflação de oferta A demanda permanece inalterada mas os custos de certos insumos aumentam e são repassados aos preços dos produtos O preço de um bem está intimamente relacionado a seus custos de produção A inflação de custos também está associada ao fato de algumas firmas com elevado poder de mercado terem condições de elevar seus lucros acima do aumento dos custos de produção Alguns economistas referemse a esse tipo de inflação como inflação de lucro Se os custos subirem o preço do bem provavelmente aumentará 106 VARIÁVEIS NOMINAIS E VARIÁVEIS REAIS As variáveis econômicas podem ser divididas em nominais e reais As variáveis nominais são mensuradas em unidades monetárias o PIB nominal o preço do milho e o preço do trigo os salários nominais e a taxa de juro nominal FGVIDT As variáveis reais são mensuradas em unidades físicas o PIB real o preço relativo entre trigo e milho e os salários reais A produção de um país variável real depende da quantidade de fatores de produção e de produtividade por exemplo A taxa de juro real se ajusta para igualar oferta e demanda de fundos emprestáveis É fácil perceber que nenhum desses dois casos está relacionado com a quantidade oferecida de moeda 107 NEUTRALIDADE MONETÁRIA A neutralidade monetária é um pressuposto segundo o qual alterações na oferta de moeda não afetam as variáveis reais da economia apenas as variáveis nominais Atualmente os economistas aceitam que a neutralidade monetária seja válida apenas no longo prazo No curto prazo a moeda teria efeitos sobre as variáveis reais 108 EQUAÇÃO DE TROCA A velocidade da moeda é definida como o número médio de vezes por ano que R 100 é gasto na compra da quantidade total de bens e serviços produzidos na economia A velocidade V é mais precisamente definida como o total das despesas P x Y dividido pela quantidade de moeda M ou seja V P x YM Rearrumando essa equação temos MVPY Esta é a chamada equação de trocas Portanto o aumento na quantidade de moeda M terá reflexos sobre V P e Y Vale lembrar que V tende a ser estável pois depende de fatores institucionais como frequência regularidade e correspondência entre recebimentos e gastos FGVIDT 109 TAXA DE INFLAÇÃO Vejamos os elementos necessários para explicar a taxa de inflação ou seja a essência da teoria quantitativa da moeda V é relativamente estável ao longo do tempo e V é estável e M se altera há variações proporcionais no produto nominal P x Y a produção de bens e serviços é determinada pela oferta de fatores e tecnologia se Y é determinado pela oferta de fatores quando há uma alteração na oferta de moeda M ocorre consequentemente uma alteração no nível de preços P Portanto se M aumenta rapidamente o resultado é o aumento da inflação 1010 ÍNDICE DE PREÇOS AO CONSUMIDOR A medida mais usual do nível de preços é o Índice de Preços do Consumidor O IPC Índice de Preços ao Consumidor transforma os preços de muitos bens e serviços em um índice que mede o nível geral de preços Para calcular o IPC O primeiro passo é coletar os preços de vários bens e serviços O segundo passo é calcular o preço de uma cesta de bens que um consumidor típico adquire O IPC é o preço dessa cesta comparado com o preço da mesma cesta em um determinado anobase Pesos diferentes são atribuídos a cada produto de acordo com sua importância para o consumidor por exemplo ao feijão é atribuído um peso maior do que à gelatina 1011 CÁLCULO DO IPC Se o consumidor típico adquire 5 kg de feijão e 2 kg de arroz por mês sua cesta é composta de 5 kg de feijão e 2 kg de arroz FGVIDT O IPC é então 1012 OUTROS ÍNDICES DE PREÇOS O Índice de Preços ao Consumidor é a medida de preços mais observada na economia mas não é a única Existem diversos índices de preços calculados por entidades diferentes que enfocam diversos produtos ou setores Por esse motivo os índices podem apresentar resultados divergentes A taxa de desemprego é por sua vez definida como a razão entre o número de desempregados e a força de trabalho FGVIDT Unidade 11 FUNÇÕES DA MOEDA Nesta unidade teremos como foco o estudo da moeda o que a moeda significa nas economias capitalistas o que são os chamados meios de pagamento e como se dá sua mensuração 111 RIQUEZA E RENDA Se alguém possui um apartamento algumas ações uma conta corrente com saldo de R 1000000 um salário de R 500000 mensais A riqueza dessa pessoa é equivalente aos valores de seu apartamento de suas ações e de seu saldo em conta corrente A renda dessa pessoa a cada ano corresponderá ao salário recebido por ela ao longo do ano R 6000000 mais os dividendos pagos naquele ano pelas ações que possui A quantidade de moeda em seu poder será equivalente ao saldo em sua conta corrente A definição de moeda que utilizaremos aqui será tudo aquilo aceito em pagamento de bens e serviços 112 FUNÇÕES DA MOEDA Em uma economia a moeda funciona como meio de pagamento unidade de conta e reserva de valor O meio de pagamento distingue a moeda dos outros ativos FGVIDT 1121 MEIO DE PAGAMENTO Em quase todas as transações de mercado a moeda em forma de dinheiro ou cheque é utilizada como meio de pagamento por bens e serviços No entanto nem sempre foi assim Nas economias de escambo um produtor de milho que desejasse cortar os cabelos deveria encontrar um cabeleireiro que estivesse disposto a cortar seus cabelos em troca de algumas espigas de milho Essa busca além de não ser sempre bemsucedida consumia um tempo que poderia ser gasto na produção de mais milho 1122 CUSTO DE TRANSAÇÃO O tempo gasto na busca pela troca de bens ou serviços é um custo de transação ou seja custos em que as partes incorrem no processo de efetivação de uma negociação A moeda também promove eficiência permitindo que as pessoas se especializem naquilo que fazem melhor Para que uma mercadoria funcione como meio de pagamento de maneira adequada ela deve possuir algumas características deve ser amplamente aceita deve ser divisível deve ser de fácil manuseio deve ser facilmente padronizada para simplificar a determinação de seu valor não deve deteriorarse rapidamente 1123 UNIDADE DE CONTA A moeda é utilizada como unidade de conta e também para medir valor de bens e serviços na economia Se em uma economia de escambo existissem 9 bens espigas de milho cortes de cabelo e revistas os agentes deveriam conhecer 36 preços o preço de espigas de milho FGVIDT em relação a cortes de cabelo o preço de espigas de milho em relação a revistas o preço de cortes de cabelo em relação a revistas Se em uma economia de escambo existissem 9 bens os agentes teriam de conhecer 31 preços O tempo gasto pelos agentes para conhecer o preço de seu bem em relação a todos os outros bens na economia seria muito grande A moeda utilizada como unidade de conta reduz os custos de transação na medida em que reduz o número de preços a serem considerados pelos agentes 1124 RESERVA DE VALOR Uma outra função da moeda é a de reserva de valor A reserva de valor é utilizada para poupar o poder de compra da hora em que a renda é recebida até o momento em que é gasta A moeda não é o único ativo que funciona como reserva de valor Alguns ativos oferecem ainda algumas vantagens sobre a moeda pagam juros experimentam valorização de preço e oferecem serviços como no caso de uma casa moradia Casas obras de arte ações e joias também podem ser usadas como reserva de valor 1125 ATIVO LÍQUIDO Se outros ativos funcionam como reserva de valor e ainda oferecem algumas vantagens sobre a moeda por que as pessoas mantêm moeda A moeda é o ativo mais líquido de uma economia Definir se uma reserva de valor é boa depende do nível de preços uma vez que o valor é fixado em termos do nível de preços 113 MOEDA VERSUS QUASEMOEDA Definimos moeda como tudo que é geralmente aceito como forma de pagamento para bens e serviços FGVIDT Três itens moedas metálicas notas e depósitos à vista funcionam como meio de troca Portanto constituem fundamentalmente o que chamamos de moeda Todavia existem outros ativos depósitos a prazo caderneta de poupança bônus do Banco Central que apesar de não serem considerados moeda apresentam algumas características de moeda Tais instrumentos são conhecidos como quasemoeda pois são passíveis de serem transformados sem grandes dificuldades em moeda Em outras palavras os quasemoeda são ativos de grande liquidez No entanto o ativo que possui maior liquidez ou total liquidez é a moeda Abaixo da moeda estão as quasemoedas que possuem um nível menor de liquidez 114 TOTAL DE MOEDA Para classificarmos o total de moedas de um país fazemos uso do conceito de agregado monetário ou meio de pagamento que pode ou não incluir as quasemoedas No Brasil existem cinco agregados monetários FGVIDT Unidade 12 SISTEMA FINANCEIRO Esta unidade apresenta os componentes do nosso Sistema Financeiro destacando o importante papel que os bancos exercem na Economia e o papel do Banco Central como ator primordial na política monetária nacional 121 INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS Se alguém quisesse conceder um empréstimo a uma grande empresa não telefonaria para o presidente oferecendo seus recursos O empréstimo seria feito indiretamente por meio de intermediários financeiros Os intermediários financeiros são instituições encarregadas de transferir recursos de pessoas que os dispõem em excesso para outras que deles necessitam Todas as operações de empréstimo são realizadas por meio de uma grande variedade de instrumentos financeiros Os instrumentos financeiros bancários e não bancários apresentam características diversificadas em relação a risco liquidez rentabilidade e emitente A grande variedade de instrumentos financeiros permite uma transferência de recursos e riscos mais eficiente em toda a sociedade 122 INTERMEDIÁRIOS BANCÁRIOS As principais funções do banco são Intermediação financeira É a função exercida por instituições financeiras especializadas Consiste em transferir recursos entre poupadores e tomadores A compra e venda de ativos mobiliários e de divisas são exemplos desta função Transmutação de ativos É a função referente à tarefa de transformar ativos FGVIDT com determinado perfil vencimento volume risco de crédito risco de preço e liquidez em outros tipos de ativos com perfis diferentes Câmara de compensação É a função de intermediar trocas de moeda ou de liquidez na economia Os bancos também realizam outras operações serviços de custódia administração de carteiras corretagem e assessoria 123 INTERMEDIÁRIOS NÃO BANCÁRIOS Diferentemente dos bancos os intermediários financeiros não bancários captam seus recursos por meio de depósitos a prazo certificados recibos de depósitos bancários letras de câmbio No Brasil os intermediários não bancários são todas as instituições financeiras com exceção dos bancos Os principais intermediários não bancários são bancos de investimento sociedades de crédito financiamento e investimento financeiras sociedades de crédito imobiliário sociedades de arrendamento mercantil firmas de leasing sociedades corretoras e distribuidoras 124 BANCO CENTRAL O Banco Central do Brasil BACEN é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda e o principal executor das orientações do Conselho Monetário Nacional O BACEN é responsável por garantir o poder de compra da moeda nacional tendo por objetivos zelar pela adequada liquidez da economia manter as reservas internacionais em nível adequado FGVIDT estimular a formação de poupança zelar pela estabilidade promover o permanente aperfeiçoamento do sistema financeiro 1241 ATRIBUIÇÕES DO BANCO CENTRAL Entre as atribuições do Banco Central estão emitir papelmoeda e moeda metálica além de executar os serviços do meio circulante receber recolhimentos compulsórios e voluntários das instituições financeiras e bancárias realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis e efetuar operações de compra e venda de títulos públicos federais exercer o controle de crédito e a fiscalização das instituições financeiras além de autorizar o funcionamento dessas instituições estabelecer as condições para o exercício de quaisquer cargos de direção nas instituições financeiras vigiar a interferência de outras empresas nos mercados financeiros e de capitais e controlar o fluxo de capitais estrangeiros no país 1242 FUNÇÕES PRINCIPAIS Os Bancos Centrais em todo o mundo desempenham três funções principais banco dos bancos banco do governo executor da política monetária FGVIDT Unidade 13 OFERTA E DEMANDA DE MOEDA A moeda é um tipo especial de produto dentro da economia Essa unidade abordará como se dá a demanda e a oferta desse tipo especial de produto Nessa relação serão apresentados também elementos como taxa de juros e seus determinantes bem como oferta e demanda de moeda 131 AGREGADOS MONETÁRIOS Definimos moeda como tudo que é geralmente aceito como forma de pagamento para bens e serviços Três itens moedas metálicas notas e depósitos à vista atuam como meio de troca As moedas metálicas as notas e os depósitos à vista constituem fundamentalmente o que chamamos de M1 O M1 representa os agregados monetários de liquidez imediata que não rendem juros Eles constituem fundamentalmente o que chamamos de moeda 1311 CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE MOEDA Há criação de moeda quando o volume de moeda manual e de moeda escritural aumenta Quando falamos em criação e destruição de moedas devemos pensar em dois casos A criação ou a destruição de moeda manual corresponde a um aumento ou a uma redução do volume de moeda em poder do público A criação ou a destruição de moeda escritural ocorre quando há um acréscimo ou um decréscimo dos depósitos à vista a curto prazo nos bancos comerciais Por outro lado haverá destruição de moeda quando o volume de meios de pagamento diminuir 1312 BANCOS COMERCIAIS FGVIDT Um depósito à vista em um banco comercial representa ao mesmo tempo um ativo para o depositante e um passivo para o banco Todavia durante um dia a todo instante são feitos depósitos e saques de forma que somente uma pequena parcela do total dos depósitos é necessária para atender o movimento Por isso o banco comercial pode aceitar depósitos e conceder empréstimos contra esses depósitos Geralmente essa solicitação é feita pelo depositante por meio da emissão de cheques 1313 CRIAÇÃO DE MOEDA Vamos supor que os bancos comerciais mantenham uma parcela de r de seus depósitos como reservas e emprestem 1r ao público Essa parcela mantida como reserva pelos bancos é conhecida como taxa de reservas encaixes bancários relação reservasdepósitos Se os clientes por sua vez decidirem reter uma parcela c dos seus ativos monetários na forma de moeda manual essa parcela c será chamada de taxa de retenção do público em relação aos meios de pagamento 13131 PROCESSO DE CRIAÇÃO DE MOEDA Ao receber um depósito à vista o banco comercial A retém r do total do depósito e empresta a quantia restante 1r ao público Nesse momento ocorre um aumento da oferta de moeda escritural correspondente à parcela 1r do depósito inicial FGVIDT O público após receber o empréstimo manterá c como moeda manual e depositará o restante 1c de 1r no banco B O banco B por sua vez reterá uma parcela equivalente a r 1c1r como reserva Ademais emprestará 1r de 1r1c ou seja 1r21c Esse processo continuará até que a expansão monetária cesse na enésima etapa 13132 PROGRESSÃO GEOMÉTRICA INFINITA O processo de criação de moeda pode ser descrito como uma progressão geométrica infinita de razão 1c1r Chamando multiplicador bancário de m temos 1314 MULTIPLICADOR BANCÁRIO O aumento múltiplo de depósitos gerado por aumento e reservas do sistema bancário é chamado de multiplicador bancário O multiplicador bancário varia inversamente em relação à taxa de reservas ou à taxa de retenção do público Quanto maior a taxa de reservas r menos os bancos poderão emprestar ao público e menor será a expansão monetária Esse movimento também é válido para a taxa de retenção do público c As reservas obrigatórias ou exigências de reserva são determinados pelo Banco Central A taxa de reservas r pode ser decomposta em r1 reservas e encaixes voluntários e r2 total de reservas obrigatórias As reservas e encaixes voluntários são determinados pelo próprio banco Representam a parcela dos depósitos que deve ser guardada em moeda para atender ao movimento normal do banco FGVIDT 1315 CONTROLE DA BASE MONETÁRIA Além de c e r o multiplicador bancário depende das variações da base monetária A base monetária corresponde à moeda emitida mais as reservas bancárias O Banco Central é o responsável pelo controle da base monetária e por conseguinte dos demais agregados monetários O controle da base monetária é feito por meio dos instrumentos de política monetária 132 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA MONETÁRIA São três os instrumentos de política monetária mais utilizados pela autoridade monetária Reservas obrigatórias Correspondem à parcela dos depósitos à vista determinada pelo Banco Central que deve ser mantida como reserva pelos bancos comerciais Operações de mercado aberto open market Consistem na compra e venda de títulos do governo por parte do Banco Central no mercado de capitais Política de redesconto O Banco Central no exercício de sua função de banco dos bancos empresta fundos líquidos a outros estabelecimentos bancários por meio de empréstimos diretos ou do redesconto de títulos 133 DEMANDA POR MOEDA A demanda por moeda de firmas e famílias corresponde ao volume de moeda retido em média pelo setor privado não bancário Esse volume de moeda pode ficar retido com o público no cofre das firmas ou ainda em depósitos à vista nos bancos comerciais 1331 MOTIVOS DA DEMANDA São três os motivos que levam o público a demandar moeda FGVIDT Motivo transacional O dinheiro representa um meio de troca que pode ser usado na realização de transações cotidianas Motivo precaucional Além de ser útil em transações comuns o dinheiro serve para casos de necessidades inesperadas Motivo especulativo A moeda é uma reserva de valor que apesar de não render juros possui como vantagem a liquidez imediata 1332 RETENÇÃO DE MOEDA O motivo transacional e o motivo precaucional para reter moeda dependem do nível de renda nominal do indivíduo Quanto maior o nível de renda maior a necessidade de se reter moeda motivos transacional e precaucional Já a demanda por moeda motivo especulativo é inversamente proporcional ao nível das taxas de juros da economia A demanda por moeda pela coletividade também é afetada por outras variáveis expectativas acerca das taxas futuras de inflação da estrutura do mercado financeiro e de capitais 134 TEORIA QUANTITATIVA DA MOEDA A Teoria Quantitativa da Moeda desenvolvida no século XIX início do século XX discorre sobre a forma como é determinado o valor nominal da renda agregada Por indicar a quantidade de moeda que deve ser mantida para uma dada quantia de renda agregada essa teoria também representa a teoria da demanda por moeda A característica mais importante dessa teoria é pressupor que as taxas de juros não têm nenhum efeito sobre a demanda por moeda Para compreendermos melhor é necessário definirmos o conceito de velocidaderenda da moeda 135 VELOCIDADERENDA DA MOEDA Velocidaderenda da moeda ou velocidade de circulação da moeda corresponde FGVIDT ao número médio de vezes por ano que R 100 é gasto na compra da quantidade total de bens e serviços produzidos na economia A velocidade de circulação da moeda é mais precisamente definida como Se o PIB nominal for igual a R 400 bilhões e a quantidade de moeda na economia for igual a R 100 bilhões a velocidade da moeda será igual a 4 Cada nota de real foi gasta 4 vezes na compra de bens e serviços finais na economia 136 EQUAÇÃO DE TROCA Tomemos por base a fórmula da velocidaderenda da moeda V P x YM Onde V velocidade de circulação da moeda P despesa Y produto M quantidade de moeda Multiplicando ambos os lados por M obteremos a equação de troca que relaciona a renda nominal à quantidade de moeda e à velocidade FGVIDT M x V P x Y Ou seja a quantidade de moeda multiplicada pelo número de vezes que essa moeda é gasta em um determinado período deve ser igual à renda nominal Dividindo ambos os lados da equação de troca por V temos M PYV Onde a renda nominal P x Y é escrita como PY Em equilíbrio a quantidade de moeda M que as pessoas possuem equivale à quantidade de moeda demandada Md Por isso podemos substituir M na equação por Md Como V é uma constante 1V também é uma constante Portanto podemos substituí la por k Md k x PY 137 MOTIVOS TRANSACIONAL E PRECAUCIONAL A quantidade de moeda demandada será diretamente proporcional ao nível de renda nominal PY A Teoria Quantitativa da Moeda contempla apenas os motivos transacional e precaucional para a demanda por moeda A Teoria Quantitativa da Moeda ignora qualquer relação entre a demanda por moeda e as taxas de juros da economia Os conceitos de demanda por moeda da Teoria Quantitativa da Moeda e da velocidade da moeda são importantes para compreendermos o impacto das políticas monetárias sobre os agregados macroeconômicos FGVIDT Unidade 14 ESTADO DA VIDA ECONÔMICA Nesta unidade analisaremos o papel do Estado na vida econômica das pessoas das organizações e dos mercados como um todo demonstrando como suas ações podem afetar a tomada de decisão dos demais agentes 141 INTERVENÇÃO DO GOVERNO O governo é capaz de afetar a economia por meio de quatro fatores básicos despesas tributos controles empresas estatais As decisões do governo de gastar taxar regular ou estabelecer uma empresa estatal influenciam as decisões do setor privado 142 BENS PÚBLICOS Existem alguns bens que o mercado não é capaz de prover adequadamente Esses bens possuem algumas características específicas são os bens públicos Em relação aos bens públicos o Estado exerce as seguintes funções Função alocativa O Estado provê adequadamente os bens públicos Função distributiva O Estado distribui a renda de maneira justa FGVIDT Função reguladora O Estado funciona como agente regulador da economia 143 FUNÇÃO ALOCATIVA O Estado pode desempenhar função alocativa Quando o mercado não é capaz de fornecer determinados bens e serviços para a população de maneira satisfatória surge a necessidade de o Estado desempenhar sua função alocativa A principal característica desses bens e serviços é que uma vez oferecidos tornase impossível excluir determinados indivíduos de seu consumo 144 PRINCÍPIO DA EXCLUSÃO Segundo o princípio da exclusão se o indivíduo A consome um bem é porque pagou pelo mesmo Se o indivíduo B não pagou este bem deverá ser excluído do consumo deste bem O consumo de um bem é rival ou de consumo excludente quando o consumo realizado por um agente exclui automaticamente o consumo por outros indivíduos Para consumir um lanche o indivíduo A precisa pagar por ele Uma vez que o indivíduo A pagou por seu lanche o indivíduo B não terá oportunidade de se beneficiar do mesmo lanche Um lanche rápido é um exemplo de bem rival 145 BEM NÃO RIVAL O indivíduo A pagou por um poste de luz e poderá dele se beneficiar No entanto é impossível impedir que seu vizinho de porta se beneficie também do poste de luz mesmo sem pagar por ele FGVIDT Neste caso o poste de luz é um bem não rival O consumo de um bem é não rival ou não satisfaz o princípio da exclusão quando o consumo por um indivíduo não diminui a quantidade a ser consumida por outro indivíduo O mesmo não acontecerá caso o indivíduo A decida instalar um poste de luz em frente a sua casa 146 EXCLUDENTES No caso de bens rivais cabe ao sistema de preços selecionar os indivíduos que poderão ou não consumir o bem Se 100 mil livros de economia são produzidos e existem 150 mil alunos que desejam um desses livros o sistema de preços se encarregará de excluir 50 mil alunos do consumo desse bem Vejamos as diferenças No caso de bens públicos o fato de um agente utilizar o serviço ou consumir um bem não significa a redução física de oferta deste mesmo bem para os demais agentes O fato de cada um de nós nos beneficiarmos de um sistema público de iluminação ou de segurança não afeta o benefício que outros indivíduos poderão extrair dos mesmos serviços 147 BENS DE CONSUMO COLETIVO No caso de bens de consumo coletivo o fato de um bem ou serviço ser de consumo não excludente só é válido quando a utilização desse bem não está saturada Um bem de consumo coletivo pode ser uma área de lazer em um domingo de sol O consumo de um bem coletivo por um indivíduo não afeta o benefício extraído por outros Contudo se todos resolverem desfrutar o domingo no parque as quadras de futebol estarão lotadas as bicicletas não conseguirão atravessar a multidão de pedestres as pessoas esbarrarão umas nas outras Por outro lado existem bens que satisfazem o princípio da exclusão mas são providos pelo Estado por outros motivos bem semipúblico ou meritório como os serviços de saúde FGVIDT e saneamento básico 148 DISTRIBUIÇÃO DE RENDAS Para a maior parte das famílias a parcela de renda mais significativa é a proveniente do trabalho A distribuição das rendas do trabalho depende da produtividade da mão de obra e da utilização dos demais fatores de produção do mercado 149 FUNÇÃO DISTRIBUTIVA Se deixarmos o mercado funcionar livremente teremos uma distribuição de renda que dependerá da produtividade de cada indivíduo mas que sofrerá influência das dotações iniciais de patrimônio O governo por meio do sistema tributário das políticas de gastos públicos ou dos subsídios é capaz de transferir recursos dos segmentos mais ricos da sociedade pessoas setores ou regiões para os segmentos mais necessitados Dessa forma o governo estaria desempenhando sua função distributiva 1410 FUNÇÃO REGULADORA A função reguladora do governo referese à intervenção do Estado na economia Essa intervenção é feita com o intuito de alterar o comportamento dos preços e dos empregos uma vez que a estabilidade de preços e empregos não se estabelece naturalmente FGVIDT Unidade 15 ESTRUTURA TRIBUTÁRIA Uma das formas mais expressivas de intervenção do Estado na economia é por meio da tributação Nesta unidade estudaremos a gênese dos tributos a maneira como afetam os diferentes agentes economicos e como contribuem para as finanças públicas 151 TRIBUTOS O Estado obtém recursos para cumprir suas funções perante a sociedade por meio da arrecadação de impostos A arrecadação de impostos compõe a receita fiscal do Estado Contudo há alguns princípios que a teoria da tributação deve observar Dentre esses princípios dois são fundamentais o princípio da neutralidade e o princípio da equidade 152 PRINCÍPIO DA NEUTRALIDADE Na economia de mercado o sistema de preços relativos funciona como guia para as decisões de alocação de recursos pelos indivíduos Os impostos podem gerar distorções sobre o sistema de preços relativos alterando as decisões do setor privado Suponha que sobre o preço de todas as canetas azuis incida uma taxa de R 050 e as canetas pretas estejam isentas do mesmo imposto Nesse caso o imposto não é neutro no que diz respeito às canetas Há incentivo para que as pessoas comprem canetas pretas e as canetas azuis vão acabarse acumulando nos estoques das papelarias A neutralidade dos tributos é obtida quando o sistema de preços relativos não é alterado o que minimiza a interferência do Estado sobre as decisões econômicas dos agentes FGVIDT Contudo a aplicação adequada dos tributos pode ser utilizada na correção das ineficiências do setor privado 153 PRINCÍPIO DA EQUIDADE De acordo com o princípio da equidade o peso dos tributos deve ser distribuído de maneira justa entre os indivíduos Há dois princípios alternativos para se determinar o que é justo princípio do benefício princípio da capacidade de pagamento 1531 PRINCÍPIO DO BENEFÍCIO Os impostos são arrecadados com o objetivo de custear bens e serviços oferecidos pelo governo Aparentemente uma forma justa de tributar seria aquela em que cada contribuinte pagasse ao Estado um montante diretamente relacionado aos benefícios que recebesse Portanto segundo o princípio do benefício os contribuintes que mais se beneficiassem dos bens e serviços oferecidos pelo governo seriam aqueles que pagariam impostos mais altos O principal problema da implementação do princípio do benefício é identificar exatamente o quanto cada indivíduo é beneficiado por cada bem ou serviço público Entretanto o princípio do benefício apresenta alguns problemas de implementação Como o consumo do bem público é coletivo é possível também que as pessoas não revelem suas preferências temendo aumento em sua contribuição 15311 PREFERÊNCIA Preferência é um conceito usado em Economia que significa uma escolha real ou imaginária entre certas alternativas e a possibilidade de ordenálas FGVIDT Mais genericamente pode ser vista como uma fonte de motivação As preferências individuais determinam a escolha dos objetivos 1532 TAXAS ESPECÍFICAS Outro problema relacionado ao princípio do benefício é que muitas vezes as pessoas mais beneficiadas pelos bens públicos são aquelas pertencentes às classes mais necessitadas da população Com a aplicação do princípio do benefício temos os serviços públicos que utilizam taxas específicas para seu financiamento transportes e energia Dessa forma não seria adequado elevar o valor dos impostos sobre essas pessoas 1533 PRINCÍPIO DA CAPACIDADE DE PAGAMENTO Segundo o princípio da capacidade de pagamento os agentes famílias firmas entre outros deveriam contribuir com impostos de acordo com sua capacidade de pagamento como é o caso do imposto de renda As medidas utilizadas para mensurar a capacidade de pagamento de um indivíduo são geralmente renda consumo e patrimônio 154 TIPOS DE TRIBUTOS Os tributos englobam os impostos as taxas e as contribuições de melhoria As taxas são cobradas pela utilização efetiva ou potencial de serviços públicos específicos e divisíveis prestados ao contribuinte A contribuição de melhoria é cobrada quando uma determinada obra pública aumenta o valor patrimonial dos bens imóveis localizados em sua vizinhança Os impostos têm várias formas de classificação 1541 SUBSÍDIOS Subsídios são aplicados para estimular artificialmente o consumo ou a produção de um bem ou serviço FGVIDT Nesse sentido atuam de modo diverso dos impostos Geralmente os subsídios visam ao alcance de metas sociais favorecendo determinado grupo de pessoas atividades ou regiões de um país Um subsídio é a diferença entre o preço real de um bem ou serviço e o preço cobrado ao consumidor desse bem ou serviço Há dois tipos de subsídios subsídios à oferta subsídios à demanda Os subsídios à oferta são outorgados a produtores de bens ou serviços Os subsídios à demanda podem ser diretos o governo paga diretamente uma parte do serviço a alguns consumidores cruzados alguns consumidores pagam mais para permitir que outros paguem menos Nesse caso como a renda total da empresa se mantém constante o setor em sua totalidade não está sendo subsidiado mas sim alguns usuários estão subsidiando o consumo de outros usuários 155 CLASSIFICAÇÃO DOS IMPOSTOS Uma primeira forma de classificação considera que os impostos podem ser divididos em duas categorias Imposto direto Incide sobre a renda e a riqueza ou patrimônio Neste caso o próprio contribuinte arca com o ônus Imposto indireto Incide sobre as transações de mercadorias e serviços A firma recolhedora do imposto não arca necessariamente com seu ônus pois o recolhimento é feito de maneira que se possa transferilo para terceiros FGVIDT 156 OUTROS CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO Um outro critério categoriza os impostos em regressivos proporcionais ou neutros e progressivos Imposto regressivo A relação entre carga tributária e renda decresce com o aumento do nível de renda Com isso as pessoas de menos renda são relativamente mais oneradas Imposto proporcional ou neutro A relação entre carga tributária e renda permanece constante em relação a aumentos do nível de renda onerando igualmente todos os segmentos sociais Impostos progressivos A relação entre carga tributária e renda aumenta conforme o aumento da renda Este tipo de tributo onera mais proporcionalmente os indivíduos com maior poder aquisitivo 1561 OUTRA CLASSIFICAÇÃO Há ainda uma terceira forma de classificação na qual os impostos são divididos em impostos sobre uso quando tributam destinos específicos impostos sobre fontes quando tributam diretamente a fonte de renda 157 EFEITOS DOS TRIBUTOS A literatura econômica considera que os tributos representam um peso sobre os contribuintes Por outro lado incentivos fiscais redução das alíquotas ou subsídios podem ser utilizados para que se atinjam objetivos específicos No Brasil incentivos fiscais para empresas têm sido utilizados largamente para transferir renda para as regiões menos desenvolvidas do país fortalecer setores prioritários FGVIDT promover as exportações Entretanto um dos fatores que determinam o impacto dos tributos sobre o sistema de preços e o nível de atividade econômica é a estrutura de alíquotas Os impostos reduzem a renda disponível dos agentes e podem gerar distorções sobre o sistema de preços relativos o comportamento do preço de um bem em relação a outro bem 158 TIPOS DE DEFICIT PÚBLICO O deficit público pode ser de quatro tipos Deficit nominal ou total Corresponde ao deficit total do governo e inclui juros e correções monetária e cambial da dívida passada Deficit primário ou fiscal Corresponde ao deficit nominal e exclui as correções monetária e cambial bem como o pagamento de juros reais sobre a dívida contraída anteriormente Referese portanto à diferença entre os gastos públicos e a arrecadação tributária no exercício independentemente dos juros e das correções da dívida passada Deficit operacional Corresponde ao deficit primário acrescido do pagamento de juros reais sobre a dívida passada Constituise desse modo no deficit total ou nominal excluindo as correções monetária e cambial É considerado a medida mais adequada para refletir as necessidades reais de financiamento do setor público Deficit de caixa Corresponde à parcela do deficit público financiada pela autoridade monetária Esta definição omite as parcelas do financiamento do setor público externo e do resto do sistema bancário bem como dos fornecedores e empreiteiros 159 FINANCIAMENTO DO DEFICIT Ao confrontarse com uma situação de deficit o governo além das medidas tradicionais de política fiscal aumento de impostos ou corte de gastos tem de definir uma estratégia de financiamento FGVIDT O governo poderá financiar esse deficit por meio de recursos extrafiscais Neste caso são duas as principais fontes de recursos Emissão de moeda O Tesouro Nacional pede emprestado ao Banco Central Emissão de títulos São emitidos títulos da dívida pública ao setor privado interno e externo 1591 CONSEQUÊNCIAS A emissão de títulos não deveria inicialmente gerar pressões inflacionárias No entanto a necessidade de pagamento de juros sobre o montante extra de endividamento implica um aumento futuro da carga tributária A emissão de moeda é conhecida como monetização da dívida ou seja o Banco Central cria moeda para financiar a dívida do Tesouro Nacional A monetização da dívida não aumenta o montante do endividamento público junto ao setor privado mas gera inflação e por conseguinte imposto inflacionário sobre os saldos monetários detidos pelos agentes 1510 ORÇAMENTO PÚBLICO O orçamento público contempla vários aspectos político jurídico contábil econômico financeiro e administrativo Simplificadamente o orçamento público pode ser visto de duas formas orçamento tradicional e orçamento moderno Orçamento tradicional A principal função do orçamento tradicional quando este foi elaborado pela primeira vez na Inglaterra por volta de 1822 era disciplinar as finanças públicas e possibilitar aos órgãos de representação um controle político sobre o Poder Executivo Nesse tipo de orçamento o aspecto econômico não estava em primeiro plano Orçamento moderno No início do século XX o governo passou a desempenhar um papel preponderante na manutenção da atividade econômica Em função disso as alterações orçamentais ganharam grande destaque FGVIDT A principal função do orçamento moderno é de auxiliar o Poder Executivo na programação na execução e no controle do processo administrativo 15101 ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO No Brasil a elaboração do orçamento segue as determinações do Artigo 165 da Constituição Federal de 1988 O Poder Executivo por meio de lei estabelece o plano plurianual as diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais 15102 LEI ORÇAMENTÁRIA 5 A Lei orçamentária anual compreenderá I o orçamento fiscal referente aos poderes da União seus fundos órgãos e entidades da administração direta e indireta inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público II o orçamento de investimentos das firmas em que a União direta ou indiretamente detenha a maioria do capital social com direito a voto III o orçamento da seguridade social abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados da administração direta e indireta bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo poder público 6 O projeto da lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito sobre as receitas e despesas decorrente de isenções anistias remissões subsídios e benefícios de natureza financeira tributária e creditícia as chamadas renúncias fiscais 15103 ORÇAMENTO GERAL Vejamos como é constituído o orçamento geral da União O orçamento geral da União é formado pela soma de orçamento fiscal orçamento das estatais orçamento da seguridade social e renúncias fiscais FGVIDT Unidade 16 ESCOLA CLÁSSICA Nessa unidade veremos o início dos estudos da Economia na ótica de Adam Smith o pai da Economia e Thomas Malthus dois pensadores que ainda que antigos trazem grandes contribuições até mesmo para entender os dias atuais 161 ILUMINISMO A corrente clássica emerge no apogeu da Era das Luzes no século XVIII o Iluminismo com origem em René Descartes O Absolutismo tornarase insustentável diante de tantas contradições A Inglaterra adquiria uma nova configuração social com a industrialização e o êxodo rural Não existiam legislações trabalhistas as jornadas de trabalho nas fábricas chegavam a superar 14 horas Surgia o Iluminismo que considerava o racionalismo como única fonte de conhecimento As tensões envolvendo monarcas nobreza e burguesia culminaram em um clima de tensão na Europa A burguesia equipouse com armas teóricas de argumentação a fim de justificar uma revolução e criar uma nova ordem política 162 JOHN LOCKE O inglês John Locke foi quem mais influenciou a Escola Clássica da Economia Locke acreditava que embora a terra e todas as criaturas inferiores sejam comuns a todos os homens cada homem tem uma propriedade em sua própria pessoa a esta ninguém tem direito senão ele mesmo O trabalho de seu corpo e a obra de suas mãos pode dizerse são propriamente dele Seja o que for que ele retire do estado que a natureza lhe forneceu e no qual deixou FGVIDT ficalhe misturado ao próprio trabalho juntandoselhe algo que lhe pertence e por isso mesmo tornandose propriedade dele Nesse princípio fundase grande parte da teoria clássica e do liberalismo atual 163 CORRENTES NO ILUMINISMO No Iluminismo estabelecemse duas correntes de interpretação econômica a fisiocracia e a liberal As ideias dos fisiocratas e dos burgueses Adam Smith Ricardo Malthus e John Stuart Mill convergiam em relação a duas necessidades maior liberdade comercial e força de trabalho dotada de flexibilidade 164 FISIOCRATAS Os fisiocratas criticavam as ideias mercantilistas dominantes por acreditarem ser a terra a única fonte de riqueza e não os metais preciosos Considerando um mundo essencialmente agrícola e ameaçado pela falta de alimentos é compreensível a priorização da agricultura Os fisiocratas acreditavam que só a terra poderia causar o milagre da criação e que a indústria só transformaria matériaprima em produtos Os fisiocratas desconsideravam o potencial das máquinas como ferramentas para o aumento da produtividade 165 LIBERALISTAS Os liberalistas eram voltados para a macroeconomia e para a política econômica Entretanto a análise econômica dos liberalistas reduziase aos saldos favoráveis da balança comercial Como a força do Estado se concentrava no acúmulo de material precioso ele deveria restringir as importações e incitar as exportações Se considerarmos que um Estado exporta somente se o outro estiver disposto a aceitar FGVIDT a negociação como haveria economia se todos agissem por esse método Tal princípio resultou em um nacionalismo exacerbado em protestos e guerras pois a política econômica mercantilista aumentou ainda mais a ação do Estado nas negociações Diante desse quadro os pensadores da Escola Clássica criticaram esse princípio buscando um novo modelo para o mundo 166 CRESCIMENTO A Escola Clássica se preocupava com o crescimento de longo prazo e com as implicações da distribuição de renda entre as classes como forma de promover esse crescimento Portanto o crescimento se dava com a acumulação do capital 1661 ADAM SMITH Adam Smith 17231790 é considerado o pai da Economia enquanto ciência pois sistematizou a análise econômica no livro A riqueza das nações A riqueza das nações apresenta a divisão do trabalho como método fundamental para o crescimento da produção e do mercado Adam Smith por se incomodar com o sistema fisiocrático buscou uma forma mais adequada para a economia política Em A riqueza das nações Adam Smith concebe a riqueza como a aplicação de um sistema metódico ao trabalho humano O volume de produção seria capaz de trazer uma série de consequências positivas o aproveitamento do tempo o aperfeiçoamento do homem o enriquecimento A grande questão de A riqueza das nações pode ser sintetizada dessa forma Que fatores causam o enriquecimento das nações FGVIDT 1662 ENRIQUECIMENTO Segundo Adam Smith a livre concorrência poderia forçar o empresário a ampliar a produção buscando novas técnicas aumentando a qualidade do produto e baixando ao máximo os custos de produção Isso resultaria ainda em desenvolvimento 1663 DIVISÃO DO TRABALHO Em A riqueza das nações a divisão do trabalho instituise em pleno processo de industrialização Por exemplo uma manufatura muito pequena mas na qual a divisão do trabalho é importante a fabricação de alfinetes Um operário não treinado para essa atividade nem familiarizado com as máquinas dificilmente poderia fabricar um único alfinete Entretanto essa atividade está dividida por uma série de setores Um operário desenrola o arame outro o endireita um terceiro operário corta o arame enquanto um quarto faz as pontas e um quinto afia as pontas para colocar a cabeça do alfinete Dessa forma a atividade de fabricar o alfinete está dividida em aproximadamente 18 operações distintas Em algumas manufaturas essas tarefas são executadas por pessoas diferentes Em outras um mesmo operário executa duas ou três operações consecutivas Divididos por tarefa mesmo se não muito hábeis esses funcionários fabricavam 12 libras de alfinetes por dia Ora uma libra contém mais de 4 mil alfinetes de tamanho médio Portanto essas pessoas conseguiam produzir mais do que 48 mil alfinetes por dia Ou seja cada um produzia 4880 diariamente Contudo se cada um desses funcionários trabalhasse independentemente e não tivesse sido preparado para esse tipo de atividade certamente cada um deles não conseguiria fabricar 20 alfinetes por dia 1664 ATRIBUIÇÕES DO ESTADO É em Smith que todos os estudiosos da Economia clássica vão focar seus FGVIDT estudos Segundo Adam Smith caberia ainda ao Estado A emissão do papelmoeda O controle da taxa de juros A proteção sob quaisquer circunstâncias da propriedade privada Adam Smith representou a revolta contra a política mercantilista política de restrição regulamentação e contenção por parte do Estado 1665 DISTRIBUIÇÃO DE CAPITAL EXCEDENTE Uma das questões que afligia Adam Smith era a distribuição do capital excedente entre as classes sociais Essa questão foi respondida com propriedade por David Ricardo como veremos a seguir 1666 PREÇO DAS MERCADORIAS David Ricardo tentou interpretar a natureza da inflação em Londres até se envolver na discussão sobre o preço das mercadorias Ao tentar pesquisar esse tema Ricardo se deparou com o problema do valor Segundo David o valor de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho nela empregado não somente o trabalho incorporado ao homem como também o trabalho incorporado à máquina Nesses custos está incluído o trabalho do homem naquele produto No cerne de mercadoria encontramse seu valor e seus custos para produção A obra ricardiana opõese a de Malthus e exerce influência sobre Marx e sobre os socialistas da época principalmente na ideia de distribuição dos produtos entre as classes 1667 PRODUTO E TRABALHO David Ricardo aproximou a ideia de produto e de trabalho desenvolvendo uma teoria para calcular preços Na obra Princípios da economia política e tributação David Ricardo desenvolveu a teoria do valor do trabalho segundo a qual o preço da força é equiparável ao mínimo necessário à subsistência do trabalhador FGVIDT 1668 MALTHUS Uma outra importante corrente do pensamento econômico é a Teoria Malthusiana Filho de um advogado poderoso Malthus acreditava que a causa dos males que afligem a humanidade está nas instituições e na fertilidade humana Malthus dizia que a natureza impunha limites ao progresso material um desses limites é a população em crescente progressão geométrica e o crescimento dos alimentos em progressão aritmética Para ele a guerra é vista como um dos mecanismos naturais de controle do crescimento populacional Malthus pregava também que a pobreza e o sofrimento eram inerentes à sociedade Certamente sua obra foi fortemente influenciada por tendências ideológicas específicas voltadas para a defesa dos proprietários de terra e das classes não produtivas em geral Seu livro An essay on the principle of population 1798 provocou discussões polêmicas 1669 SUPERPRODUÇÃO E PROTECIONISMO Assim como David Ricardo Malthus trabalhou a partir da obra A riqueza das nações de Smith ocupandose com o problema da superprodução das empresas Segundo Malthus a superprodução poderia ser resolvida por meio do aumento dos bens de consumo Todavia para criar essa demanda seria preciso haver interessados uma vez que os capitalistas eram investidores e o trabalhador só recebia salário para sua subsistência Malthus vê nos rentistas a solução do problema Passou a defendêlos colocandose em contraposição a Ricardo e posteriormente a Marx Malthus era favorável ao protecionismo A lei dos pobres votada pelo parlamento inglês foi um reflexo de sua ideia Haveria uma assistência pública aos desempregados que seriam recolhidos às workhouses casas de trabalho onde ficavam confinados em condições precárias à FGVIDT espera de trabalho A população miserável poderia ser controlada desestimulando o crescimento populacional e mantendo uma mão de obra barata para o Estado FGVIDT Unidade 17 KARL MARX Karl Marx foi um pensador que trouxe uma visão diferente sobre a estrutura do Capitalismo sendo um crítico do sistema Nesta unidade teremos a oportunidade de explorar o pensamento do autor e suas contribuições para o estudo da Economia 171 SISTEMA ECONÔMICO Doutrinas econômicas como as de Adam Smith Malthus e David Ricardo convergiam no princípio de que o comerciante ao buscar o lucro estava ajudando o Estado Tais doutrinas consagram a Escola Clássica da Economia como responsável pela fundamentação do sistema que se sustenta até hoje O Estado se aproxima dos meios de produção para manter a paz proteger a propriedade e incitar a concorrência Os homens de negócios acreditavam que por meio da corrida pelo interesse individual e pelo bemestar centrado na figura do indivíduo e não na figura da sociedade as cidades se desenvolveriam a partir da dinâmica natural de tal sistema Os homens de negócios ansiosos por obter lucros cada vez maiores ganham legitimidade a partir de Adam Smith A produção deixou de ser reduzida e estável para atravessar cidades países e montar impérios No âmbito humano o impacto desse modelo alterou a ordem da vida social em todos os aspectos O comerciante visto como figura em evolução passa a ser exemplo de comportamento Os comerciantes mundiais passam a ser o parâmetro dos artesãos e dos pequenos negociantes 172 SURGIMENTO DA TEORIA DO CAPITAL A partir do respaldo dado por Adam Smith a Revolução Industrial institui a ordem do desenvolvimento individual e a dinâmica da concorrência como ferramenta de progresso FGVIDT Em 1818 nascia Karl Marx o responsável pelo primeiro e maior abalo no sistema econômico desenvolvido pela Escola Clássica Foi a partir das teorias de David Ricardo e da filosofia de Hegel que Marx desenvolveu sua Teoria do Capital A filosofia ou dialética hegeliana sugere que o conhecimento e o progresso histórico ocorrem por meio de um processo de conflitos de ideias isto é tese ideia conhecida versus antítese ideia contrária gera a síntese igual a nova tese Quem nunca ouviu falar em Marx Preocupado em melhorar as condições da classe trabalhadora e em fazer com que os meios de produção fossem propriedade de todo o povo Marx fez de suas premissas a primeira leitura de qualquer teórico que se proponha a delinear críticas econômicosociais até os dias de hoje 173 LUXO A respeito do aumento da produção e do acúmulo de capital Karl Marx detectou uma curiosa relação entre o homem e o valor de uso e traçou uma crítica à Escola Clássica Segundo Marx em Manuscritos Econõmicos Filósóficos há um grupo de economistas que recomendam o luxo e amaldiçoam a poupanças e que têm a romântica ilusão de que a avareza não deve apenas determinar o consumo dos ricos Esse grupo contradiz suas próprias leis ao apresentar o esbanjamento com um meio de enriquecimento E há um grupo de economistas que recomendam a poupança e amaldiçoam o luxo e que demonstram de modo sério e pormenorizado que por meio do esbanjamento o ter diminui e não aumenta O grupo que recomenda a poupança e amaldiçoa o luxo comete a hipocrisia de não confessar que o capricho e o humor determinam a produção e se esquece da necessidade refinada de que sem consumo não se produziria de que por meio da concorrência a produção só há de se tornar mais geral mais luxuriosa de que o uso determina o valor da coisa e de que a moda determina o uso de que deseja ver produzido apenas o útil de que a produção de demasiadas coisas úteis produz demasiada população inútil Ambos os grupos se esquecem de que o esbanjamento e a poupança o luxo e a abstinência a riqueza e a pobreza são iguais FGVIDT 174 CONTRAPONTO Marx é o contraponto em toda a teoria econômica Marx desenvolveu o materialismo histórico Sendo assim A história é um processo em que as relações estáticas de produção regras relações sociais e relações de propriedade a tese entram em conflito com as forças dinâmicas de produção tecnologia tipos de capital e habilidade da mão de obra a antítese O resultado é uma revolução no sistema em que novas relações de produção síntese e nova tese permitem um maior desenvolvimento das forças de produção Adaptadas a essas condições todas as políticas ideologias e culturas compõem o que Marx chamou de superestrutura Marx via a base socioeconômica alicerçada nas amplas relações de mercado e na produção manufatureira fruto da passagem do modo de produção feudal para o capitalista 175 PROPRIEDADE A propriedade de dinheiro de meios de subsistência de máquinas e de outros meios de produção não transforma um homem em capitalista se lhe falta o complemento o trabalhador assalariado outro homem que é forçado a venderse a si mesmo voluntariamente Karl Marx 176 FLUXO DE CAPITAL Marx estudou formas de desvendar o fluxo de capital na sociedade capitalista Para tanto redefiniu capital mercadoria força de trabalho e ainda criou conceitos valor de uso e maisvalia O capital é segundo Marx uma dinâmica proveniente das relações sociais Capital é uma relação que se apropria privadamente dos meios de produção e que se firma definitivamente após a dissolução do mundo feudal a burguesia FGVIDT O valor de uso para Marx é a essência de toda riqueza Ele não tentou medilo quantitativamente nem levou em consideração a diminuição da utilidade com o aumento da quantidade de uma mercadoria o que só seria possível se a demanda fosse inelástica Já a maisvalia corresponde ao ganho de produtividade dos trabalhadores que é apropriado pelo capitalista ou seja não é repassado para os trabalhadores A dimensão da obra de Marx seu livro O Capital teve sua primeira edição em 1867 transcende o âmbito econômico e irá nortear todo grupo de oposição política a partir de seu tempo Antes de economista Marx é considerado por muitos um humanista FGVIDT Unidade 18 ESCOLA NEOCLÁSSICA Nesta unidade iremos estudar os pensadores marginalistas contribuiram significativamente para uma mudança na forma pela qual se via o papel da Economia 181 REVOLUÇÃO MARGINALISTA Com a revolução marginalista a partir de 1870 o cerne das preocupações se altera A ideia central dessa revolução no pensamento econômico era baseada no princípio marginal ou seja o foco passa a ser a margem de lucro que é o ponto em que as decisões são tomadas Entre os nomes que se destacaram estão William Stanley Jevons 18351882 na Inglaterra Carl Menger 18401921 na Áustria Leon Walras 18341910 na Suíça Alfred Marshall 18421924 na Inglaterra Alfred Marshall publicou Princípios Econômicos quase 20 anos após o aparecimento dos livros de Jevons e Menger O rigor científico de Marshall adiou a publicação de sua obra em relação aos outros três autores Marshall não é considerado um dos fundadores do marginalismo embora tenha divulgado as principais ideias desse movimento em 1870 182 IDEAS Todos os componentes da era marginalista tinham ideias muito parecidas Walras Preocupouse com o equilíbrio geral e com a dependência interna de todo o FGVIDT sistema econômico Os marginalistas acreditavam que as forças econômicas movemse em direção ao equilíbrio A ideia de equilíbrio geral implica que se um mercado estiver em equilíbrio todos os mercados também estarão Jevons Recorreu à matemática para formular suas ideias Menger Apresenta os mesmos princípios marginalistas em forma de linguagem deixando a matemática de lado 183 ESCASSEZ Enquanto os clássicos estudavam as relações de produção que surgiam entre as pessoas e as formas sociais no processo produtivo os marginalistas estudavam a relação entre pessoas e produção material A preocupação da era neoclássica situavase na alocação de recursos como consequência da Teoria da Utilidade Marginal e da Teoria de Preços Adam Smith tinha uma incógnita em sua pesquisa que não conseguia decifrar o paradoxo águadiamante Consequentemente Smith percebeu que a água era extremamente útil entretanto não possuía poder de compra o diamante apesar de não ser essencial à vida tinha um preço elevado Surge então da escola neoclássica o conceito de escassez bens econômicos são bens escassos e o valor desses bens aumenta de acordo com sua escassez Carl Menger mostra que a utilidade diminui à medida que aumenta a quantidade de determinado bem 184 EQUILÍBRIO DA INFLAÇÃO A Escola Neoclássica abrange o estudo de outros pontos como a preocupação com o equilíbrio em relação à inflação a abordagem econômica com ênfase nos aspectos microeconômicos que associada à alocação de recursos desmistifica o problema do crescimento econômico FGVIDT Unidade 19 MODELO CONTEMPORÂNEO Nesta unidade discutiremos acontecimentos relevantes que marcaram a economia mundial na contemporaneidade e que tendem a influenciar o que se espera do futuro 191 CRISE DE 1929 O impacto da Crise de 1929 contou com dois elementos básicos A redução das importações norteamericanas afetando duramente os países que defendiam seu mercado O repatriamento de capitais norteamericanos investidos em outros países Em uma de suas primeiras medidas Roosevelt limitou o liberalismo econômico por meio do New Deal plano elaborado por um renomado grupo de economistas com base nas teorias de John Maynard Keynes Em função dessa crise econômica os democratas venceram e Roosevelt foi eleito 1911 CARACTERÍSTICAS A Grande Depressão também chamada de Crise de 1929 foi uma grande recessão econômica que teve início em 1929 e que terminou apenas com a Segunda Guerra Mundial A Grande Depressão é considerada o pior e o mais longo período de recessão econômica do século XX Esse período de recessão econômica causou em diversos países altas taxas de desemprego quedas drásticas do produto interno bruto de diversos países e quedas drásticas na produção industrial preços de ações e em praticamente todo medidor de atividade econômica 192 INSUFICIÊNCIA DE DEMANDA FGVIDT Keynes colocase frontalmente contra a linha neoclássica Para Keynes o salário já não obedece à lei da oferta e da procura Diante de uma recessão os neoclássicos apontavam como a causa do desemprego a rigidez dos monopólios como os sindicatos Keynes não atribui uma recessão à rigidez ou à imperfeição do mercado Para ele o capitalismo funciona mal por insuficiência de demanda uma das características mais comuns do sistema Como resultado um modelo mais intervencionista estavase desenhando As empresas transnacionais não contavam somente com a liberdade mas principalmente com o estímulo ao investimento externo A partir daí a estratégia econômica passa a se preocupar em atuar onde há demanda e se possível em criar demandas para a população Esse é o princípio da demanda efetiva 193 GLOBALIZAÇÃO Hoje existe um processo de aceleração capitalista sem precedentes Esse processo vem acentuando o entrelaçamento econômico das várias partes do planeta Esse processo vem fazendo com que as economias nacionais diminuam sua importância relativa Diversos fatores vêm sendo apontados pelos analistas como componentes determinantes do fenômeno de globalização progressiva na economia Um exemplo é o estoque de capital privado existente no mundo e a alta mobilidade desse capital entre as nações que é expressivamente superior ao dinheiro público aplicado pelos governos em seus países Alguns analistas econômicos relacionam esse processo aos compromissos financeiros assumidos pelos governos que foram acumulando responsabilidades nas áreas de saúde pública benefícios e assistência social armamentos aos encargos trabalhistas que foram sendo conquistados pela mão de obra nas últimas décadas FGVIDT Isso justificaria para os governos a onda de privatizações como alternativa para equilibrar os orçamentos 194 GRUPOS PRIVADOS Atualmente a atuação do poder público encontrase limitada diante de tanto capital em poder da esfera privada Em termos de bens e serviços os grupos privados decidem o quê como quando e onde produzir Capital e tecnologias sacudiram a produção A automatização e a robotização enquanto imprimem velocidade ocupam espaços e vagas de emprego que jamais serão recuperados pelos trabalhadores 195 EMPREGOS Tendências como a digitalização mecanização e informatização dos processos e como isso está moldando o futuro dos empregos em todo o mundo Não é incomum hoje a existência de processos seletivos globais visto que parte cada vez maior das ocupações podem ser exercidas de qualquer lugar do mundo não sendo necessária a presença física no local de trabalho Além disso notase a tendência de uma mudança no perfil das ocupações no mundo que se estrutura cada vez mais em demandas por serviços 196 CONSUMIDORES Os consumidores além de mais atentos e exigentes no que se refere à qualidade de produtos e serviços o que conduziu às normas ISO de qualidade e à elaboração de códigos de defesa do consumidor passaram a adquirir produtos sem pátria Em função dos efeitos da globalização raros são os produtos inteiramente nacionais Em muitos casos mão de obra diversos componentes e matériasprimas proveem de locais e origens diferentes É o que chamam de capitalismo tardio FGVIDT BIBLIOGRAFIA MANKIW N Introdução à Economia Rio de Janeiro Campus 2001 MENDES Judas Tadeu Grassi Economia fundamentos e aplicações 2 ed São Paulo PearsonPrentice Hall 2007 MENDES Judas Tadeu Grassi Economia fundamentos e aplicações 2 ed São Paulo PearsonPrentice Hall 2009 MICHELS Érico OLIVEIRA Ney WOLLENHAUPT Sandro Fundamentos de economia Curitiba InterSaberes 2013 ROSSETTI José Paschoal Introdução à Economia São Paulo Atlas 2003 VASCONCELLOS Marco Antonio Sandoval de Fundamentos de economia 6 ed São Paulo Saraiva 2018 WONNACOTT P WONNACOTT R Introdução à Economia São Paulo Makron Books 1994