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Engenharia de Transporte e Logística ·
Pesquisa Operacional 2
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SALVADOR 2022 MESTRADO EM ENGENHARIA INDUSTRIAL UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO EM ENGENHARIA INDUSTRIAL PEI PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO EM ENGENHARIA INDUSTRIAL PEI MÁRIO ARTHUR BORGES DE ASSIS MOURA COMPETITIVIDADE NA INDÚSTRIA DE CONSTRUÇÃO OFFSHORE BRASILEIRA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO EM ENGENHARIA INDUSTRIAL MÁRIO ARTHUR BORGES DE ASSIS MOURA COMPETITIVIDADE NA INDÚSTRIA DE CONSTRUÇÃO OFFSHORE BRASILEIRA Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Engenharia Industrial da Universidade Federal da Bahia UFBA como requisito parcial para a obtenção do título de mestre em Engenharia Industrial Orientadores Prof Dr Cristiano Hora de Oliveira Fontes Prof Dr Ademar Nogueira do Nascimento Salvador 2022 M929 Moura Mário Arthur Borges de Assis Competitividade na indústria de construção offshore brasileira Mário Arthur Borges de Assis Moura Salvador 2022 134 f il Orientadores Prof Dr Ademar Nogueira do Nascimento Prof Dr Cristiano Hora de Oliveira Fontes Dissertação mestrado Universidade Federal da Bahia Escola Politécnica 2022 1 Plataforma petróleo 2 Indústria de construção offshore 3 Competitividade 4 Estaleiro 5 Indústria offshore de petróleo I Nascimento Ademar Nogueira do II Fontes Cristiano Hora de Oliveira III Universidade Federal da Bahia IV Título CDD 338476 262 COMPETITIVIDADE NA INDUSTRIA DE CONSTRUÇÃO OFFSHORE BRASILEIRA MARIO ARTHUR BORGES DE ASSIS MOURA Dissertação submetida ao corpo docente do programa de pósgraduação em Engenharia Industrial da Universidade Federal da Bahia como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de mestre em Engenharia Industrial Examinada por Prof Dr ANDRÉ LUÍS CONDINO FUJARRA Doutor em Engenharia Naval e Oceânica pela Universidade de São PauloUSP Brasil 2002 Prof Dr DANIEL DE OLIVEIRA MOTA Doutor em Engenharia Naval e Oceânica Brasil pela Universidade São PauloUSP 2016 Prof Dr ADEMAR NOGUEIRA DO NASCIMENTO Doutor em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Campinas UNICAMP BRASIL 2006 Prof Dr Cristiano Hora de Oliveira Fontes Doutor em Engenharia Química pela Universidade Estadual CampinasUNICAMP BRASIL 2001 Salvador Ba BRASIL 082022 CONFERE COM ORIGINAL cópia extraída de documento original de acordo com o Art 5º do Decreto nº 8393679 AGRADECIMENTOS Primeiramente gostaria de agradecer aos meus pais e aos meus avós por terem me proporcionado a oportunidade de iniciar meus estudos ainda pequeno e terem me formado engenheiro Sem o acesso à educação não seria possível estar hoje atuando no segmento de construção offshore Gostaria de agradecer também todo o aprendizado adquirido através da educação pelo trabalho nas organizações em que tive oportunidade de trabalhar nos meus últimos 19 anos de formado Em especial agradeço ao grupo Novonor antiga Odebrecht SA pelos 17 anos trabalho tempo em que pude conviver com excelentes profissionais participando de grandes construções e desafios a maioria delas no território baiano que me proporcionaram o convívio e troca de experiência com diversas tecnologias nacionais e internacionais Agradeço também aos meus professores orientadores Cristiano Hora de Oliveira Fontes e Ademar Nogueira do Nascimento Em especial ao professor Ademar que tive o prazer de conhecer em 2006 no canteiro de São Roque do Paraguaçu a pessoa responsável por abrir as portas da respeitada Universidade Federal da Bahia UFBA o que acabou por me motivar no desafio do mestrado do Programa de PósGraduação em Engenharia Industrial PEI Não é fácil conciliar o trabalho e os estudos Após dois anos e meio de estudos sintome hoje um profissional muito mais qualificado e preparado para o mercado de trabalho graças ao aprendizado adquirido junto a todos os professores do PEI Espero com todo esse conhecimento adquirido auxiliar na manutenção da indústria de construção offshore brasileira em especial na Bahia mantendoa ativa e respeitada contribuindo na geração de empregos riqueza e desenvolvimento para toda a sociedade baiana e brasileira Por fim agradeço à minha esposa e filhas companheiras da minha vida e incentivadoras dos meus estudos e capacitação Foi difícil deixar de lado alguns momentos juntos com a família frente à necessidade dos estudos mas nada vem de graça Sem sacrifícios não há recompensa Sonhe grande pois ter sonhos grandes dão o mesmo trabalho dos sonhos pequenos Jorge Paulo Lemann RESUMO As atividades de exploração de petróleo no présal brasileiro encontramse em franca expansão e vêm requerendo expressivos investimentos em construção de novas plataformas de produção offshore FPSO estimados em US90 bilhões Essas estruturas oceânicas são extremamente complexas de alto valor agregado e sua construção em grande parte vem sendo contratada em estaleiros asiáticos A opção das construções no exterior revela indagações sobre a competitividade da indústria nacional e suas relações com as exigências de Conteúdo Local CL mínimo 25 previsto em leis Esta pesquisa baseouse em consistente avaliação crítica do estado atual deste segmento no Brasil aferindo sua competitividade frente aos concorrentes internacionais Desenvolveuse para tanto modelagem matemática de previsão de demanda por FPSO para o período de 10 anos 2021 a 2030 cujo resultado foi empregado na conversão da previsão de demanda das partes componentes da estrutura seguido pela análise da indústria de construção offshore e definição de parâmetros de competitividade para atendimento das encomendas previstas o que resultou em possível construção de 30 plataformas esperadas por esta metodologia no período indicado de acordo com o atual estado da arte tecnológica Foram também avaliados os impactos econômicos e a necessidade de recursos profissionais nos possíveis cenários de atividades offshore nos próximos 10 anos Constatase que a metodologia empregada nesta pesquisa permitiu gerar resultados impactantes contribuindo para romper o paradigma da impossibilidade da capacidade de construção offshore no Brasil em escala para atendimento às demandas nacionais atuais como também avaliar os benefícios de continuidade competitiva dessa indústria para mercados futuros de energia alternativas e renováveis offshore Palavraschaves estaleiros construção offshore plataformas competitividade ABSTRACT Oil exploration activities in the Brazilian presalt are in full expansion and have required significant investments in the construction of new offshore production platforms FPSO estimated at US90 billion These ocean structures are extremely complex with high added value and their construction in large part has been contracted in Asian shipyards The option of constructions abroad reveals questions about the competitiveness of the national industry and its relationship with the requirements of minimum local content 25 established by law This research was based on a consistent critical assessment of the current state of this segment in Brazil assessing its competitiveness against international competitors For this purpose a mathematical modelling of demand forecast for FPSO was developed for the period of 10 years 2021 to 2030 whose result was used in the conversion of the demand forecast of the component parts of the structure followed by the analysis of the construction industry offshore and definition of competitiveness parameters to meet the expected orders which resulted in the possible construction of 30 platforms expected by this methodology in the indicated period according to the current state of the technological art The economic impacts and need for resources of workers in the possible scenarios of offshore activities in the next 10 years were also evaluated It appears that the methodology used in this research allowed to generate impressive results contributing to break the paradigm of the impossibility of offshore construction capacity in Brazil on a scale to meet current national demands as well as to evaluate the benefits of competitive continuity of this industry for future markets of alternative and renewable energy offshore Key Words shipyards offshore construction platforms competitiveness LISTA DE FIGURAS Figura 1 Layout de uma plataforma de produção com sistema de captura de CO2 47 Figura 2 Árvore do produto construção de FPSO 49 Figura 3 Árvore do produto da construção do casco 50 Figura 4 Árvore do produto da construção do módulo 51 Figura 5 Método construtivo dos FPSOs 52 Figura 6 Estaleiro offshore da Cosco em DalianChina com dois diques secos 56 Figura 7 Estaleiro offshore da Hyundai em JeonhaCoreia do Sul com três diques secos 57 Figura 8 Estaleiro offshore da Keppel em Cingapura 57 Figura 9 Estaleiro Feels em Cingapura líder no setor de conversão de cascos 60 Figura 10 Casco tipo new building Fast4Ward da SBM 61 Figura 11 Comparação dos ciclos de construção de FPSOs conversões e casco novo 62 Figura 12 Cronograma de construção de FPSOs em estaleiros asiáticos 64 Figura 13 Fluxo de produção de um FPSO em estaleiros asiáticos 68 Figura 14 Principais processos produtivos de construção de um FPSO na Ásia 71 Figura 15 Fluxograma dos processos de engenharia 73 Figura 16 Arranjo simplificado do sistema de financiamento e garantias do mercado asiático 75 Figura 17 Layout estaleiro Atlântico Sul 78 Figura 18 Layout estaleiro EcovixFonte apresentação Petrobras 2015 78 Figura 19 Layout do estaleiro Enseada Indústria Naval 79 Figura 20 Layouts do estaleiro Jurong 80 Figura 21 Layout do estaleiro BrasFels 81 Figura 22 Layout do estaleiro EBR 82 Figura 23 Principais processos produtivos de construção de um FPSO no Brasil 85 Figura 24 Cronograma de construção e montagem de cinco unidades FPSO seriadas 85 Figura 25 Fluxograma tradicional para execução das atividades de engenharia nos estaleiros brasileiros 88 Figura 26 Arranjo de financiamento dos projetos offshore no Brasil 93 Figura 27 Fluxograma do processo de descomissionamento de plataformas offshore 115 LISTA DE GRÁFICO Gráfico 1 Demanda por FPSO em função da produção de petróleo na camada présal 43 Gráfico 2 Curva de aprendizagem por unidade 86 Gráfico 3 Comparação do custo unitário de produção X Custo salarial 98 Gráfico 4 Comparação de custo Ásia x Brasil por classe de custo 99 Gráfico 5 Comparação de custo Ásia x Brasil por categoria de custo 99 Gráfico 6 Comparação de faturamento e impacto fiscal para cenários de conteúdo local 110 Gráfico 7 Número de profissionais na construção de FPSOs para os próximos anos 111 Gráfico 8 Faturamento de descomissionamento de FPSOs X Construções novas 117 Gráfico 9 Meses requeridos X Meses disponíveis de dique próxima década 119 LISTA DE QUADROS Quadro 1 Quadro resumo do procedimento metodológico 33 Quadro 2 Produção de petróleo e correspondente demanda por plataformas 41 Quadro 3 Eventos causais e impactos sobre as demandas previstas 45 Quadro 4 Líderes do segmento de construção offshore tipo FPSO retilíneo 54 Quadro 5 Infraestrutura de importantes estaleiros asiáticos de construção offshore 55 Quadro 6 Comparação entre metodologia de cascos novos X cascos convertidos 61 Quadro 7 Estimativa de estrutura de custo nos estaleiros asiáticos 66 Quadro 8 Tempos de processo X Ritmo tmês X Automatização X HH¹t 70 Quadro 9 Infraestrutura de estaleiros brasileiros de construção offshore 76 Quadro 10 Proposta de construção de FPSOs em estaleiros brasileiros 83 Quadro 11 Tempos de processo X Ritmo tmês X Automatização X HHt 84 Quadro 12 Distância dos estaleiros brasileiros até às siderúrgicas 89 Quadro 13 Custo de construção de um FPSO no Brasil 90 Quadro 14 Cronograma resumo estaleiros asiáticos X estaleiros brasileiros 95 Quadro 15 Comparação entre tempos de processo nível e automatização estaleiros 95 Quadro 16 Comparação de indicadores econômicos de competitividade entre construtores brasileiros e asiáticos 96 Quadro 17 Resumo da competitividade da indústria brasileira 101 Quadro 18 Cronograma de construção e montagem de FPSOs completos casco módulos e integração com dique seco 104 Quadro 19 Cronograma de construção e montagem apenas módulos e integração sem dique seco 105 Quadro 20 Demanda X Capacidade instalada estaleiros brasileiros X Conteúdo local atual 25 106 Quadro 21 Demanda X Capacidade instalada estaleiros brasileiros X Conteúdo local intermediário 40 107 Quadro 22 Estimativas de faturamento em função do conteúdo local e do impacto fiscal 108 Quadro 23 Receita estimada para sucateamento de um FPSO 116 Quadro 24 Estimativa de receita para os próximos dez anos do mercado de descomissionamento 116 Quadro 25 Estaleiros brasileiros com infraestruturas para descomissionamento 118 Quadro 26 Utilização de diques para descomissionamento 120 LISTA DE EQUAÇÕES Equação 1 Proposta de equação linear de estimativa de demanda 36 Equação 2 Proposta de equação de curva de aprendizado para construção de plataformas offshore 39 Equação 3 Equação linear de estimativa de demanda 42 Equação 4 Equação de curva de aprendizado 86 LISTA DE SIGLAS ABENAV Associação Brasileira das Empresas de Construção Naval e Offshore ABIMAQ Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos ACV Análise de Ciclo de Vida Afretadores Donos dos ativosplataformas ANP Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CL Conteúdo Local CNPE Conselho Nacional de Política Energética EAS Estaleiro Atlântico Sul de Pernambuco EFVM Estrada de Ferro Vitoria a Minas EPE Empresa de Pesquisa Energética FCA Ferrovia CentroAtlântica FLNG Floating Liquefied Natural Gas FMM Fundo de Marinha Mercante FPSO Floating Production Storage and Offloading GWEC Global Wind Energy Coucil IBP Instituto Brasileiro de Petróleo Gás IMO International Maritime Organization IOC International Oil Company IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IRENA International Renewable Energy Agency MME Ministério de Minas e Energia MRP Material Requiriments Planning OMS Organização Mundial de Saúde OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo PCP Programação e Controle de Produção PDE Plano Decenal de Energia PDI Programa de Descomissionamento de Instalações PIB Produto Interno Bruto SINAVAL Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore TLP Tension Leg Platform VLCC Very Large Crude oil Carrier SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 18 11 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA 18 12 JUSTIFICATIVA 21 13 OBJETIVOS 22 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 23 21 DEMANDAS DE CONSTRUÇÃO DE FPSOS PARA OS PRÓXIMOS ANOS 23 22 CONSTRUÇÕES OFFSHORE NOS ESTALEIROS 26 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 33 31 DEMANDA POR PLATAFORMAS DE PRODUÇÃO TIPO FPSO 35 32 ESTADO DA ARTE DE CONSTRUÇÃO OFFSHORE E AVALIAÇÃO DA COMPETITIVIDADE INDÚSTRIA LOCAL 37 33 PLANEJAMENTO DE PRODUÇÃO PARA ATENDIMENTO À DEMANDA DE NOVOS FPSOS PELOS ESTALEIROS BRASILEIROS 38 34 PESQUISA DE MERCADOS ALTERNATIVOS PARA ESTALEIROS BRASILEIROS CASO DE DESCOMISSIONAMENTO DE PLATAFORMAS OFFSHORE 40 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 41 41 DEMANDA DE PLATAFORMAS DE PRODUÇÃO 41 411 Estimativa de demanda de FPSOs para próxima década 41 412 Estimativa de insumos e árvore do produto dos FPSOs 48 42 COMPETITIVIDADE NA CONSTRUÇÃO DE PLATAFORMAS OFFSHORE 52 421 Estado da arte da construção offshore asiática 55 4211 Infraestruturas dos estaleiros asiáticos 55 4212 Detalhamento da produção dos estaleiros asiáticos 58 422 Análise crítica da indústria de construção offshore brasileira 75 4221 Infraestruturas dos estaleiros brasileiros 75 4222 Detalhamento da produção dos estaleiros brasileiros 82 423 Indústria de construção offshore asiática X brasileira 94 424 Resumo da competitividade da industrial brasileira 100 43 CAPACIDADE DE ATENDIMENTO DOS ESTALEIROS BRASILEIROS X DEMANDA ATUAL DE FPSOS 103 44 MERCADOS DE DESCOMISSIOAMENTO DE PLATAFORMAS OFFSHORE 112 5 CONCLUSÕES 121 REFERÊNCIAS 125 GLOSSÁRIO DE TERMOS NA LÍNGUA INGLESA 129 APÊNDICE A Cronograma detalhado de construção de FPSOs na Ásia 131 APÊNDICE B Cronograma detalhado de construção de FPSOs no Brasil 132 APÊNDICE C Processo de construção e montagem de um FPSO de estaleiros asiáticos 133 APÊNDICE D Processo de construção e montagem de um FPSO de estaleiros brasileiros 134 18 1 INTRODUÇÃO De acordo com o Anuário Estatístico da Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS 2019 o Brasil encontrase atualmente na 15ª posição do ranking mundial das reservas de petróleo Dos 17 trilhão de barris de reservas comprovadas no contexto mundial em 2018 o total de 134 bilhões de barris estão no território brasileiro aproximadamente 08 Ao contrário de países produtores membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo OPEP que se mantiveram praticamente estáveis o Brasil registrou aumento de suas reservas em torno de 5 saindo de 127 bilhões de barris no ano 2017 para 134 bilhões de barris de reserva no ano 2018 AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS 2019 Com relação à produção por sua vez a taxa média situase em torno de 26 milhões de barrisdia com base no ano de 2018 Entretanto a meta estabelecida pelo Ministério de Minas e Energia MME para o ano de 2030 conforme informa a Empresa de Pesquisa Energética EPE é de 56 milhões de barrisdia Ainda segundo a EPE 2019 para que seja possível alcançar essa produção investimentos de R 165 trilhão serão necessários no setor de exploração e produção Destes a maioria está relacionada às infraestruturas e novas construções de bases físicas de produção offshore plataformas Estimase a necessidade de 60 unidades de plataformas para atendimento às demandas da produção brasileira até o ano de 2030 AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS 2018 Devido às características oceânicas de ocorrência do petróleo nos depósitos marinhos nas reservas do présal brasileiro as plataformas de produção deverão ser projetadas para operação em águas profundas sendo classificadas como Floating Production Storage and Offloading FPSO Devese observar que além do esperado crescimento das oportunidades de construção offshore no Brasil o mercado de construção naval atendido pelos estaleiros é também relevante e estratégico visto que o modal aquaviário de transporte movimenta cerca de 90 de toda carga mundial KUBOTA 2013 Ainda de acordo com Kubota 2013 a entrada e permanência de possíveis novos empreendimentos é dificultada pela presença consolidada de competitivos players 19 internacionais principalmente aqueles localizados na Ásia a exemplo de países como Coreia do Sul Japão e China Os resultados deste trabalho indicam que a demanda esperada para os próximos dez anos são de 42 unidades de FPSOs inferior às estimativas iniciais da ANP de 60 unidades A construção dessas 42 unidades irá demandar aproximadamente 34 milhões de toneladas de insumos o que poderiam gerar a geração de mais de 40 mil empregos diretos com uma arrecadação de até 757 bilhões de dólares Entretanto o Brasil dispõe apenas de seis estaleiros com infraestrutura equivalentes às referências asiáticas sendo capaz de nos próximos dez anos atender à demanda por 14 plataformas FPSOs completas casco módulos e integração e mais 16 projetos de forma parcial com a construção de módulos estruturas industriais compactas para o processamento de óleo e gás e integração operações para fixar os módulos aos cascos navais ainda que atendendose às exigências de Conteúdo Local CL mínimo de 25 estabelecido pela ANP em alguns projetos offshore CONTEÚDO 2021 Revelase ainda que a infraestrutura dos principais estaleiros brasileiros diferentemente dos asiáticos dispõe de apenas um diqueseco por encomenda de plataforma Outro resultado impactante diz respeito aos maiores custos com remuneração de pessoal dos estaleiros brasileiros quando comparados aos equivalentes estaleiros da Ásia a exemplo de China e Cingapura Este trabalho revela ainda que em relação à estrutura societária e financeira dos estaleiros o modelo brasileiro é integralmente privado portanto diferente dos seus competidores asiáticos que em sua maioria são compostos por grupos privados e empresas estatais a exemplo de bancos de fomento o que provavelmente deve assegurar maior solidez financeira 11 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA De acordo com Branquinho Salomão e Duarte 2012 a indústria offshore brasileira começou a ser revitalizada a partir do ano de 2008 Fomentados pelas políticas de alto CL de 2005 uma série de estaleiros foram modernizados a exemplo do estaleiro BrasFeels em Angra dos Reis RJ e novas plantas foram construídas como os estaleiros Atlântico Sul em Pernambuco PE Ecovix em Rio Grande RS Jurong em Aracruz ES e Enseada do Paraguaçu em Maragogipe BA O aporte financeiro disponibilizado pelo Fundo de Marinha Mercante FMM teve participação 20 essencial nesse processo de modernização e financiou aproximadamente US 622 bilhões em infraestruturas industriais entre os anos de 2005 e 2012 A partir do ano de 2015 entretanto após a crise econômica instalada na Petrobras ocorreram uma serie de discussões a respeito das mudanças das políticas industriais do setor de óleo e gás Como consequência e sob o argumento de aumentar a competividade do setor o CL da indústria de construção offshore foi reduzido de 70 para atuais 25 AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS 2018 Segundo o Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore Sinaval SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL E OFFSHORE 2018 as consequências das reduções do CL termo utilizado para definição dos serviços e produtos que precisam obrigatoriamente serem alocados no país foram o esvaziamento das encomendas pelos estaleiros nacionais sendo que a maioria das construções passaram a ser realizadas em alguns países da Ásia mercado líder Na China por exemplo encontramse sete unidades de FPSO sendo construídas enquanto no Brasil existem apenas poucas unidades em construção módulos em atendimento ao CL mínimo o que faz com que muitos estaleiros brasileiros se encontrem estejam inferiores à sua capacidade operacional implicando impactantes consequências negativas para a economia nacional colocando em dúvidas a capacidade produtiva e competitividade desse segmento no Brasil O presente trabalho portanto ao estabelecer sustentável metodologia gera satisfatórios resultados que desmitificam a pretensa não competitividade da indústria offshore nacional particularmente para a construção offshore de FPSOs pelo menos nos próximos dez anos Nesse sentido o trabalho desenvolve uma avaliação técnica quanto ao estado atual de competitividade da indústria local e sua capacidade de atendimento às demandas por plataformas offshore do Brasil gerando cronograma construtivo para o tempo estabelecido dez anos Mais especificamente foram avaliadas a tecnologia e a capacidade instalada dos estaleiros nacionais comparandose o estado da arte tecnológica dessa indústria em relação aos construtores líderes internacionais localizados no continente asiático considerandose as exigências de atendimento ao CL mínimo Fora analisado também os impactos econômicos e a necessidade de profissionais para o atendimento desse CL 21 12 JUSTIFICATIVA As discussões referentes às demandas do setor de óleo e gás e a obrigatoriedade de construção das plataformas offshore no Brasil estão relacionadas ao CL mínimo obrigatório que é arbitrado pelo MME Do ponto de vista da indústria dos estaleiros as suas infraestruturas foram modernizadas e estão prontas para entendimento de parte da demanda Do ponto de vista das International Oil Companies IOC a indústria brasileira não se encontra apta AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS 2018 Segundo Pinhão e demais autores 2019 dos seis grandes estaleiros de construção offshore instalados no Brasil três unidades EAS Enseada e Ecovix estão sem grandes encomendas e os outros três Jurong BrasFels e EBR estão com baixo índice de ocupação de suas instalações Ainda segundo os mesmos autores a indústria asiática é muito relevante para o setor de construção naval e offshore concentrando aproximadamente 67 das construções de FPSOs já executadas 2019 WORLDWIDE 2019 De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Construção Naval e Offshore ABENAV 2014 a expansão da produção de petróleo no présal dobrará para 20 a participação da indústria de petróleo e gás no Produto Interno Bruto PIB e poderia levar a indústria naval e offshore brasileira a faturar em torno de US 17 bilhões por ano no período caso um CL adequado de 40 fosse adotado Considerando a situação atual da alta taxa de desemprego no Brasil fazse necessário uma discussão mais apurada das razões de baixa ocupação dos estaleiros brasileiros contraditoriamente no pico do desenvolvimento e exploração das atividades de petróleo na camada de présal brasileira indústria que já empregou mais de 79 mil pessoas de forma direta no início da década anterior ALONSO 2015 Especificamente na Bahia tal setor já empregou mais de 7 mil pessoas SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL E OFFSHORE 2018 Analisandose os resultados contidos nas publicações científicas pesquisadas constatouse relevante incerteza quanto ao atendimento à estimativa de demanda por FPSO para os próximos dez anos versus a correspondente capacidade produtiva brasileira para essas plataformas Nesse sentido a presente pesquisa resultante 22 nesta dissertação contribui com metodologia que avalia por estimativa de parâmetros lineares modelagem matemática novos quantitativos de previsão de demanda a partir dos quais foi possível estabelecer cronograma executivo de construção de plataformas e suas positivas consequências para a economia brasileira 13 OBJETIVOS O objetivo desta pesquisa é realizar avaliação técnica do segmento de construção offshore brasileiro especialmente de plataformas tipo FPSO retilíneas especificamente I Desenvolver modelo matemático para estimar as demandas de plataformas FPSOs e seus respectivos insumos materiais e equipamentos para os próximos dez anos II Analisar e avaliar o estado da arte da construção offshore asiático líder do setor como benchmarking para os estaleiros brasileiros no intuito de aferir o status atual da competitividade nacional III Avaliar a capacidade de atendimento da indústria nacional com base na previsão de demanda para os próximos dez anos condicionado às exigências legais de atendimento ao CL mínimo IV Estabelecer cronograma de construção e montagem de FPSOs completos casco módulos e integração com e sem o uso das infraestruturas de diques secos de acordo com a previsão de demanda modelada V Avaliar os impactos fiscais e recursos de profissionais necessários na construção offshore frente aos possíveis cenários futuros de CL VI Analisar competitividade da indústria local para atendimento de mercado alternativo de descomissionamento offshore 23 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA As fundamentações teóricas utilizadas durante a pesquisa foram separadas em duas subseções Demandas de construção de FPSOs para os próximos anos e Construções offshore em estaleiros abordadas a seguir 21 DEMANDAS DE CONSTRUÇÃO DE FPSOS PARA OS PRÓXIMOS ANOS As estimativas de demandas para construções de FPSOs no Brasil estão diretamente relacionadas ao plano de produção e exploração de petróleo brasileiro A EPE que é uma empresa estatal vinculada ao MME divulga anualmente através do Plano Decenal de Energia PDE as metas decenais previstas de produção para o setor de energia do Brasil que inclui as atividades do setor de óleo e gás As estimativas geradas pelo PDE para o setor de óleo e gás têm como base as previsões de crescimento do PIB definidas pelo Ministério da Economia e o comportamento da matriz energética brasileira para os próximos anos Na última edição do PDE em 2021 foi estabelecido a estimativa de produção de 55 milhões de barrisdia para o ano de 2030 frente aos atuais 33 milhões de barrisdia que correspondem às necessidades de um crescimento do PIB em 29 ao ano no período BRASIL 2021 Ainda segundo o PDE de 2021 os derivados de petróleo possuem forte incidência na matriz enérgica para os próximos dez anos As projeções indicam que os atuais 389 da cadeia terão apenas uma leve queda em 2030 para um percentual de 359 ocasionados pela introdução de novas fontes alternativas de energia como eólica e gás natural mas não impactando as fortes demandas projetadas para o setor Atualmente a nomenclatura de plataformas do tipo FPSO que possui referência às letras F para Floating Flutuação P para Production Produção S para Storage Estocagem e O para Offloading Descarregamento vem sendo associada a plataformas de casco retilíneo similares a formas tradicionais navais Entretanto essa mesma nomenclatura também poderia ser aplicável a outras formas de plataformas que possam vir atender às mesmas finalidades operacionais como são os casos de algumas unidades conhecidas como monocoluna Spars Tension Leg Platforms TLPs e semissubmersíveis que possuam capacidades de produção e 24 estocagem de petróleo Estas últimas plataformas com bases submarinas de produção do tipo TLP e semissubmersíveis vêm sendo bastante utilizadas pelas empresas petroleiras na região do Golfo do México devido às suas vantagens de forma constante não demandando o reposicionamento da unidade para as incidências de ondas durante sua operação No Brasil especificamente destacamse as construções das plataformas semissubmersíveis P51 P52 P55 e P56 no estaleiro BrasFeels no Rio de Janeiro e em Rio Grande no Rio Grande do Sul entre 2005 e 2014 ALONSO 2015 realizadas nas décadas passadas Estudos recentes indicam que as necessidades de plataformas offshore para os próximos dez anos no mercado brasileiro variam de 60 unidades de FPSO AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS 2018 a 45 unidades BRASIL 2016 As variações das previsões do número de unidades estão atreladas principalmente à imprecisão do fator de produtividade dos poços que podem variar bastante Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPEA 2014 as construções offshore e navais tradicionais possuem ciclos de demandas mercadológicas diferentes As demandas de construção de navios além do limitado mercado interno estão significativamente relacionadas ao aumento das atividades econômicas em escala mundial mais especificamente ao aumento das atividades de comércio internacional Quando a economia mundial está em fase crescente o número de movimentações marítimas aumenta a demanda por novos navios aumenta e consequentemente o preço do frete também aumenta Particularmente a indústria offshore está relacionada ao preço do barril do petróleo e suas demandas futuras preços futuros Sempre que há tendência de aumento do preço do petróleo a indústria offshore e sua construção são mais demandadas A indústria de construção offshore é muito estratégica para os países asiáticos como Cingapura China e Coreia do Sul pois emprega milhões de pessoas e tem valor agregado altíssimo conforme destaca KehSik 2005 quando apenas o estaleiro coreano Hyundai faturou em único ano mais de US 145 bilhões Atualmente as unidades do tipo FPSO são construídas a um valor médio de US 10 bilhões MCCAUL 2021 O plano de investimento do governo brasileiro para a próxima década tem chamado muito atenção dos grandes conglomerados asiáticos que além de serem líderes do setor possuem forte estrutura financeira com a participação de bancos nacionais de fomento em suas estruturas societárias 25 Identificouse durante a pesquisa de engenharia offshore forte desenvolvimento tecnológico de construção de plataformas de produção de gás natural Floating Liquefied Natural Gas FLNG pelos estaleiros coreanos como mercado emergente nos próximos anos visto que a demanda por comercialização desse tipo de combustível está crescendo entre os países que estão à procura de fontes de energia menos poluentes gás natural gera menos emissão de CO2 se comparado ao petróleo e também devido à necessidade geopolítica de menos dependência do fornecimento de gás russo pelos países europeus KHAKZAD RENIERS 2018 Os registros indicam que dois projetos de FLNGs já foram executados e mais três estão em execução todos pelos estaleiros coreanos no valor aproximado de 5 bilhões de dólares cada unidade O plano de negócios da Petrobras para a próxima década prevê a execução de uma unidade em águas brasileiras Identificouse também uma atuação muito forte dos estaleiros europeus que estavam ociosos THOLEN 2015 na construção e montagem de parques eólicos offshore que vem crescendo fortemente na Europa e Áas INTERNATIONAL RENEWABLE ENERGY AGENCY 2018 As tecnologias de águas rasas e profundas foram estudadas por Tjiu e demais autores 2015 com a avaliação de seus benefícios e custos de instalação Alguns mercados offshore alternativos estão sendo avaliados como atividades que possam vir a integrar o portfólio dos estaleiros brasileiros As atividades de descomissionamento de plataformas como nicho de mercado compensatório para a ociosidade dos estaleiros brasileiros vêm sendo amplamente discutidas VIANNA SENNA 2020 Questões sobre o real benefício desse tipo de atividade os impactos ambientais e infraestruturas dos estaleiros necessários para essas atividades foram identificados por Ocampo e Pereira 2019 Alguns pesquisadores defendem a manutenção das plataformas atuais como menos impactante do que sua remoção como é o caso das plataformas na costa americana MEYERGUTBROD et al 2020 Segundo o Programa de Descomissionamento de Instalações PDI divulgado pela ANP AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS 2020 existem hoje aproximadamente 77 plataformas offshore com tempo acima de 25 anos de operação com seu ciclo de vida em fase terminal Dessas 77 unidades 18 encontramse com suas operações finalizadas e precisam ser descomissionadas no território brasileiro nos próximos quatro anos sendo 12 unidades do tipo flutuante águas profundas e seis unidades fixas água rasas Ainda 26 segundo a ANP AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS 2020 para essas atividades será necessário um investimento inicial de 6 bilhões de dólares em atividades de serviços com perspectivas de aumento significativo para os demais anos Apesar de bem usual em outros países como Estados Unidos campos do Golfo do México e Reino Unido campos do Mar do Norte as atividades de descomissionamento no Brasil ainda não possuem uma regulamentação adequada e bem definida o que traz um impasse jurídico ambiental para o setor INSTITUTO BRASILEIRO DE PETRÓLEO E GÁS 2017 Ainda de acordo com o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás IBP as atividades em águas rasas já possuem regimes internacionais de regulação e deverão servir de base para a regulamentação do setor no Brasil Por outro lado as atividades em águas profundas que são bem intensas no Brasil não possuem tais referências Os impactos socioambientais ainda não foram estudados e mapeados tornando o debate mais complexo INSTITUTO BRASILEIRO DE PETRÓLEO E GÁS 2017 22 CONSTRUÇÕES OFFSHORE NOS ESTALEIROS A revista especializada Offshore Magazine 2019 WORLDWIDE 2019 anualmente disponibiliza uma base de dados atrelados a um mapa das construções offshore correntes ao redor do mundo com a indicação das informações principais do setor sendo campo da plataforma a ser explorado proprietário do ativo plataforma no caso as IOC operador também denominado como afretador local e responsável da construção do casco módulos e integração bem como os tempos previstos e realizados das atividades Com base nos dados disponibilizados de 2019 ficou fortemente evidenciado a liderança dos estaleiros asiáticos no setor de construção offshore com aproximadamente 67 do market share frente as 225 unidades de FPSO presentes no mundo Adicionalmente evidenciouse o mercado brasileiro do présal como grande demandante de plataformas do tipo FPSO com 59 unidades em operação e mais de sete unidades em construção no ano de 2020 Nesse referido mapa de projetos estão destacadas apenas as construções de FPSOs retilíneos As plataformas do tipo monocoluna e semissubmersíveis não estão contabilizadas Identificouse ainda ausência de encomendas desses tipos de plataformas para os próximos anos em águas brasileiras 27 Segundo o IPEA 2014 os grandes players mundiais asiáticos possuem em sua composição acionária bancos de fomento que garantem sua higidez financeira principalmente para emissão de garantias e robustez para manutenção dos estaleiros em ciclo de baixa demandas de mercado Os estaleiros asiáticos são atualmente os líderes no setor de construção offshore Sua liderança foi conquistada através de uma forte política de investimento no setor Entre os países asiáticos líderes do setor destacamse China Coreia do Sul e Cingapura Segundo Parsiak Zhukova e Parsiak 2019 a competição entre eles vem gerando uma corrida tecnológica no desenvolvimento das ferramentas e técnicas construtivas A construção offshore de Cingapura um dos principais líderes do mundo é especializada nas atividades de conversões de cascos construção de módulos e integração Estimase que aproximadamente 96 projetos de construção de FPSOs tenham sido executados nesse país e na vizinha Malásia RAHMAN MOHD ZAKI ABU HUSAIN 2019 que serve de suporte aos grandes estaleiros Keppel Feels e Jurong Estes por sua vez possuem expressiva representatividade no setor impulsionados pelas suas empresas holding como SemBcorp Marine que revelam destacada política de investimento de capital na indústria offshore verticalização do processo Nesse sentido a própria holding participa no equity do ativo final de FPSOs desde que a construção seja feita em seus estaleiros IPEA 2014 Como destaca Rahman Mohd Zaki e Abu Husain 2019 as atividades desenvolvidas em Cingapura estão fortemente concentradas nas otimizações de recursos e planejamento da produção com a utilização de ferramentas de controle de produtividade e constante busca de processos que garantam o mínimo possível de consumo de homem hora por tonelada de construção produzida HHt Segundo o mesmo autor as construções offshore possuem um valor médio de 205 HHt produzida no país para as atividades de outfittings A China provavelmente devido à sua significativa disponibilidade de trabalhadores e forte incentivo do governo tem focado mais nas atividades de construção de cascos tanto de conversão quanto new building Estimase que em torno de 27 unidades de cascos convertidos e 25 cascos do tipo new building tenham sido construídos nos estaleiros chineses entre os anos 2000 e 2019 A forte similaridade das atividades de conversão com reparos navais e as atividades de new buildings com construção de cascos convencionais proporcionam uma dinâmica de 28 construção em grande escala para a indústria navaloffshore chinesa Grandes corporações boa parte delas tendo o governo como próprio acionista como Cosco Dalian CNOOC e Zhonghua destacamse como financiadores dos grandes projetos dos seus próprios estaleiros IPEA 2014 A Coreia do Sul devido às suas instalações fabris de última geração e extremamente robustas atreladas ao alto nível de instrução de seus operários é um forte player na construção de FPSOs KEHSIK 2005 Na ordem de 22 unidades de cascos convertidos e 16 cascos do tipo new building foram feitos nos estaleiros coreanos nas últimas décadas A forte similaridade das atividades offshore com outros tipos de construção de alto valor agregado revela diferenciada dinâmica da indústria coreana indicando especialização em construções de relevante complexidade Grandes corporações como Samsung Daewoo e Hyundai destacamse entre as patrocinadoras dos projetos em seus estaleiros que igualmente aos construtores da China possuem o próprio governo como patrocinador Dado o alto valor agregado e empregabilidade das construções offshore o segmento é visto como estratégico por esses países pois além de grande geração econômica garante aos países posição tecnológica bem relevante na industrial em geral como destaca Kubota 2013 estimando o faturamento da indústria coreana em torno de US 323 bilhões anuais Uma série de discussões têm sido realizadas sobre as questões atreladas as conversões dos cascos de FPSOs no que diz respeito à sua vantagem e desvantagem frente às construções de casco novos new buldings O artigo publicado pela White e Case 2021 ilustra algumas vantagens custo mais baixo em torno de 20 e tempo mais curto para finalização do projeto em torno de 22 semanas se comparado ao casco novo 2019 WORLDWIDE 2019 Entre as desvantagens maior impacto ambiental geração de sucatas e resíduos mais exposição dos trabalhadores ao risco trabalho em ambiente confinado limitação para plantas dos top sides com no máximo 30 mil toneladas e possibilidades maiores de variações do preço da conversão Este último é bem impactante e usual nas atividades de conversão pois a real situação do casco só é conhecida após as atividades finais de inspeções que ocorrem quando o projeto já está em andamento Segundo a revista especializada Offshore Energy KEPPEL 2020 o valor atual de mercado para a conversão de um casco é na ordem de US 100 milhões Esse valor não inclui a compra do casco tipo Very Large Crude oil Carrier VLCC que 29 pode variar entre US 30 a 50 milhões segundo o site da Clarkson Shipping para cascos de dez anos de idade dependendo das suas condições Além das questões atreladas aos processos construtivos custo ambiental os líderes do setor de construção offshore têm investido fortemente no desenvolvimento de produtos inovadores que possam trazer maior valor agregado ao produto final sendo na redução do preço do produto como no tempo de sua construção como é o caso do NoahFPSO Hull TANAKA TAKANO 2017 considerado o estado da arte de projeto de cascos de FPSO Esse tipo de produto possui custo bem competitivo na ordem de US 250 milhões e possui um tempo de produção de 12 a 20 meses nos maiores estaleiros mundiais Outros aspectos bem peculiares desse tipo de casco são i dimensionados para terem poucas formas curvas maior facilidade de construção ii menor relação entre comprimento e largura para permitir maior estabilidade do conjunto iii atender a diversos tipos de plantas de processo do tipo top sides possibilitando sua construção de forma seriada e até mesmo ser estocado para utilização futura De acordo com a Offshore Magazine 2019 WORLDWIDE 2019 os últimos projetos de construção offshore envolvendo caso novo estão sendo construídos considerando 48 meses de tempo total de construção que inclui desde a assinatura do contrato até a exploração do primeiro óleo Esse parece ser um benchmarkting para o setor a partir de agora Outros projetos no pipeline possuem a mesma duração prevista Destacase também que os custos de construção de FPSOs possuem estruturas bem similares sendo basicamente divididos em materiais básicos de 10 a 15 equipamentos entre 45 e 55 e construção variando de 30 a 40 IPEA 2014 OFFSHORE 2012 Os processos de fabricação das estruturas de cascos novos offshore seguem uma metodologia bem similar aos cascos de navios O investimento em linhas de produção de painéis navais automatizados segundo Kolich Storch e Fafandjel 2017 proporciona uma redução em até 60 do consumo de Homem Hora HH nos estaleiros de construção offshore e naval Essa tecnologia tem sido observada nos estaleiros asiáticos de ponta consolidando como padrão para o setor de competitividade Investimentos significativos têm sido realizados no desenvolvimento de ferramentas virtuais de simulação da construção de produtos offshore No intuito de 30 evitar problemas na produção Lee Ju e Woo 2020 desenvolveram um sistema de algoritmos que proporciona 10 na redução de HH com a antecipação de problemas na produção Ferramentas de realidade aumentada também foram desenvolvidas por BlancoNovoa e demais autores 2018 com ênfase na identificação das dificuldades de montagem de outfittings em campo processo menos automatizado até o momento Apesar dos altíssimos investimentos em processos automatizados dos estaleiros asiáticos na área de fabricação e montagem de estruturas com a introdução de sistemas robotizados alguns setores dos estaleiros ainda necessitam de maiores investimentos para sua completa automação como é o setor de préedificação edificação e montagem de outfittings Estes últimos correspondem à área com maior gasto de HH na produção Os processos de instalação e montagem de outffitngs nos estaleiros offshore são uma das atividades que mais requerem atenção Segundo Semini e demais autores 2017 atualmente esse processo é difícil de ser automatizado e requer uma estratégia de instalação muito aferida para evitar que se torne o gargalo de produção Nomeado como acabamento avançado esse processo se baseia em instalar os outfttings em paralelo ao processo de montagem de estrutura Os ganhos segundo Semini e demais autores 2017 são extremamente significantes em termos de tempo de entrega qualidade e custo do produto final Ainda segundo Semini e demais autores 2017 os processos de construção offshore que precisam ser analisados para possibilitar uma maior fluência na construção são fabricação submontagem montagem préoutfitting pintura préedificação edificação e montagem final de outfftings Os grandes ciclos de construção e demandas possuem forte influência no fomento da competitividade que por sua vez acabam gerando um avanço tecnológico na indústria corrente Estudos realizados por Parsiak Zhukova e Parsiak 2019 identificaram significante melhoria no desenvolvimento de novos produtos offshore com redução de emissão de CO2 em torno de 15 e redução do número de HH de trabalhadores em torno de 12 se comparado as construções de anos anteriores De acordo com dados levantados pelas infraestruturas dos estaleiros coreanos chineses e cingapurianos nos seus websites a metodologia construtiva dos FPSO consiste basicamente em segmentar as operações de produção em três etapas quais sejam i construção e montagem de casco novo ou conversão ii construção e 31 montagem dos módulos iii integração do casco módulos que incluem comissionamento e testes finais da unidade e requer equipamento de elevação de carga tipo Goliath Crane ou Floating Crane com capacidade mínima de 1600 t juntamente com cais de integração Esta última etapa portanto revela características diferenciadas das antecessoras que correspondem à fabricação e à montagem O ponto mais crítico dessa atividade é o içamento dos módulos sobre os cascos para sua posterior integração eletromecânica exigindo consistente plano de rigging guindastes de grande porte e cais de acabamento Os estaleiros brasileiros por sua vez foram revitalizados para que pudessem atender às demandas offshore sendo investidos aproximadamente US 622 bilhões oriundos do FMM BRANQUINHO SALOMÃO DUARTE 2012 Estudos a respeito dos fatores de competitividade e possibilidade de atendimento de demanda por parte dos estaleiros brasileiros foram realizados por Pinhão e demais autores 2019 que identificaram custos elevados unitários da produção brasileira Segundo Pinhão e demais autores 2019 o Brasil possui atualmente seis estaleiros de grande porte sendo Estaleiro Atlântico em Pernambuco Enseada do Paraguaçu na Bahia Jurong em Espírito Santo BrasFeels no Rio de Janeiro Ecovix e EBR no Rio Grande de Sul Esses estaleiros compõem a indústria de estaleiro de grande porte brasileiro Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos Abimaq 2018 a alta participação tributária escassez de infraestrutura e serviços do Estado que são repassados às indústrias privadas brasileiras como por exemplo a obrigatoriedade de transporte e benefícios de seguro saúde aos operários somados à dificuldade de oferta de matériaprima básica em valores competitivos principalmente de aço fazem com que os custos unitários de produção dos estaleiros brasileiros sejam muito maiores que os seus concorrentes asiáticos Segundo o Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore 2018 a construção offshore e naval no Brasil demanda um número expressivo de trabalhadores diretos 7736 operários e três vez mais de indiretos 23208 operários por unidade de FPSO relativo ao ano de 2014 Naturalmente que o impacto cambial é expressivo de modo que à medida que o dólar se eleva tal efeito resulte em maior atratividade para a construção offshore no Brasil Ainda segundo o Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore 2018 as consequências das reduções do CL foram o esvaziamento 32 das encomendas dos estaleiros nacionais sendo que a maioria das construções estão sendo realizadas na Ásia mercado líder Na China encontramse sete unidades de FPSO sendo construídas enquanto no Brasil existem apenas poucas unidades em construção módulos em atendimento ao CL mínimo termo utilizado para definição dos serviços e produtos que precisam obrigatoriamente ser alocados no país o que faz com que muitos estaleiros se encontrem sem alta taxa de utilização 33 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A presente pesquisa pode ser considerada como de natureza exploratória visto que se propõe rever indicações que colocam em dúvida a competitividade da indústria offshore brasileira com implícita base lógica indutiva por indicar a indústria asiática como referência internacional inclusive para o Brasil Assim sendo o procedimento metodológico da presente pesquisa consiste em quatro etapas i estimar parâmetros compondo modelo de previsão de demanda para plataformas de produção tipo FPSO e seus insumos empregandose técnica de Material Requeriments Planning MRP ii descrever tecnicamente e avaliar o estado da arte da construção offshore em países asiáticos tomados como referência aos processos construtivos brasileiros para apreciar o nível de competitividade da indústria brasileira iii análise da capacidade de atendimento da demanda pelos estaleiros brasileiros impactos fiscais e recursos de pessoas iv mercados alternativos para construção offshore brasileira O resumo contido no Quadro 1 apresenta detalhes do procedimento metodológico adotado na pesquisa para esta dissertação Quadro 3 Quadro resumo do procedimento metodológico Etapa 1 Estimativa de demanda de FPSO e seus insumos Avaliar as principais variáveis independentes fortemente relacionadas com demandas de FPSO Para tanto serão realizadas pesquisas em artigos científicos e websites de instituições do setor de óleo e gás Elaboração de modelo matemático de previsão de demanda com estimação de parâmetros por mínimos quadrados Análise de eventos que possa impactar na previsão de demanda 34 Utilização da técnica de MRP para criação da árvore do produto plataformas FPSO Estimativa de insumos para construção de FPSOs Etapa 2 Avaliação do estado da arte da construção offshore Pesquisas em artigos científicos revistas especializadas e websites que detenham conteúdos sobre a construção offshore asiática com o objetivo de compor indicadores de infraestruturas automação engenharia tempos e custo de construção modelo de financeiro do projeto Análise crítica da situação atual dos estaleiros brasileiros de acordo com os indicadores préestabelecidos Avaliação da competitividade da industrial nacional frente aos principais competidores asiáticos utilizandose indicadores de infraestrutura e de processos construtivos Etapa 3 Análise da capacidade de atendimento da demanda pelos estaleiros brasileiros Com base nos resultados da análise crítica dos estaleiros brasileiros serão definidos slots de produção compatíveis com o estado atual da indústria Elaboração de cronograma de construção de FPSOs nos estaleiros 35 brasileiros com aplicação de curva de aprendizagem Análise dos impactos de demanda requerida X capacidade dos estaleiros X requerimentos legais de CL da indústria Análise dos impactos fiscais e de profissionais nos possíveis cenários de construção Etapa 4 Mercado alternativo para estaleiros brasileiros Pesquisa em artigos revistas especializadas e websites do estado da arte de construção offshore Análise do mercado alternativo de descomissionamento de plataformas sendo regulamentação das operações critérios técnicos para desmontagens e potencialidades de reciclagem Fonte elaborado pelo autor 31 DEMANDA POR PLATAFORMAS DE PRODUÇÃO TIPO FPSO Com base nos estudos disponibilizados pela EPE BRASIL 2016 que contempla as plataformas construídas entre os anos 2016 e 2020 verificouse que as premissas utilizadas para a estimativa de novas unidades versus o aumento de produção de petróleo neste período mostraramse fortemente relacionados Com base portanto nessa constatação foi realizada a projeção de novas unidades offshore para o período de 2021 a 2030 Nesse sentido e de acordo com a curva nacional de produção de petróleo informada no Plano Decenal de Expansão Energia 2030 PDE 2021 foi possível calcular a taxa de demanda plataformas FPSOmilhão 36 de barris adicionais para os próximos dez anos 2021 a 2030 O procedimento para tanto consistiu em dispor os dados anuais de produção petrolífera entre os anos de 2016 e 2020 os quais foram associados em forma de quadro às correspondentes construções de plataformas FPSO Esses dados permitiram formular modelagem matemática linear como uma possível representação preliminar desta correlação empregandose o critério de mínimos quadrados para estimar os parâmetros deste modelo linear tendose a quantidade de plataformas e o acréscimo de produção de petróleo na camada présal milhão de barrisdia como variáveis dependente Y e independente X respectivamente A inclinação da curva coeficiente b representa a taxa de demanda plataformasmilhão de barrisdia enquanto o coeficiente linear a indica o número de plataformas existentes no início da série histórica de acordo com a Equação 1 ou seja Equação 1 Proposta de equação linear de estimativa de demanda 𝑌X bX a Considerandose que os dados estatísticos da série histórica e sua projeção linear podem não capturar perturbações à margem da correspondente série a exemplo de fenômenos estocásticos tais como problemáticas ambientais ciclos econômicos pandemias ou mesmo conflitos internacionais dentre outros foram analisados alguns eventos que porventura possam vir a impactar a estimativa de demanda proposta Como consequência desse modelo matemático de previsão bem como com base no estabelecimento da árvore do produto plataforma FPSO e suas partes componentes foram estimadas as quantidades de insumos tais como aço estrutural tubulações e cabos elétricos dessas plataformas tanto para o casco quanto para os módulos a serem industrializados pelos estaleiros baseado em técnica de MRP O referido modelo foi também a base para a construção do cronograma de construção de FPSO bem como para estimar a curva de aprendizagem de montagem delas 37 32 ESTADO DA ARTE DE CONSTRUÇÃO OFFSHORE E AVALIAÇÃO DA COMPETITIVIDADE INDÚSTRIA LOCAL A pesquisa relativa ao estado da arte industrial para construção de plataformas foi realizada com base em dados disponíveis em artigos de revistas especializadas e através de informações disponíveis em websites dos principais construtores e afretadores internacionais de plataformas offshore tomandose como benchmarking aqueles localizados no continente asiático Realizouse levantamento detalhado das infraestruturas dos estaleiros asiáticos e brasileiros com ênfase no processo de fabricação e montagem atualmente em prática bem como nos seus correspondentes arranjos físicos Para efeito de comparação dos recursos e das tecnologias empregada foram avaliadas as infraestruturas e disponibilidades com base nos seguintes indicadores I Área útil de oficinas para fabricação e montagem de casco e módulos II Dimensões de diques secos para construção dos cascos estrutura naval III Modo de integração tipos de equipamentos e técnicas de içamento de carga para construção do casco com módulos IV Comprimento de cais para atividades de comissionamento e testes finais Para avaliar a adequabilidade dos métodos construtivos padrões internacionais como um benchmarking para os estaleiros brasileiros foram analisados os processos e as infraestruturas conforme os indicadores acima estabelecidos bem como foram estimados os tempos necessários de conclusão dos contratos de FPSO pelos estaleiros de acordo com as informações de últimos projetos executados considerandose os insumos essenciais identificados através da árvore do produto através do método MRP que avalia as partes componentes de um produto Os cronogramas de construção e tempos de processos para os estaleiros asiáticos e brasileiros foram elaborados com bases nas informações técnicas disponíveis nas literaturas pesquisadas e descritas na fundamentação teórica Com base nos critérios definidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDES PINHÃO et al 2012 para avaliação do estado atual tecnológico do estaleiro foram avaliados os níveis de automação dos processos fabris 38 sendo 1 sem automação 2 baixa automação 3 média automação 4 alta automação e 5 100 automatizado Tais avaliações possibilitaram classificar o nível tecnológico dos estaleiros em geral Foram pesquisadas e analisadas as tecnologias atualmente utilizadas para as atividades de engenharia plataforma FPSO desde a fase de projeto básico até a sua execução Ainda como índices de comparação foram também identificados custos de construção das plataformas os quais foram empregados para avaliar a competitividade dassa indústria no Brasil quando confrontada à construção offshore asiática A análise deste índice seguiu os padrões correntes da indústria offshore de estruturação de custo IPEA 2014 e informações atuais de mercado OFFSHORE 2012 A estrutura utilizada consistiu em três grandes classes de custos em relação aos custos totais construção 35 materiais básicos 15 e equipamentos 50 Por fim além de indicadores referentes à infraestrutura e tecnologia empregada no processo fabril avaliouse também os modos funcionais dos sistemas de financiamentos e garantias dos estaleiros asiáticos e brasileiros bem como a percepção de risco no ambiente de do negócio de construção 33 PLANEJAMENTO DE PRODUÇÃO PARA ATENDIMENTO À DEMANDA DE NOVOS FPSOS PELOS ESTALEIROS BRASILEIROS Uma vez confirmada a competitividade da indústria offshore brasileira para a construção dos FPSOs em padrões internacionais foram estabelecidos lotes de produção slots disponíveis em cada estaleiro capacidade industrial para a construção do casco módulos e integração Os tempos médios de construção pesquisados bem como estimados com base na curva de aprendizagem foram utilizados como inputs para calcular a capacidade de produção de estaleiros selecionados Os lotes produtivos dos estaleiros selecionados foram unificados em dois slots cenários básicos de produção da indústria nacional para os próximos dez anos 2021 a 2030 no que se refere à disponibilidade de infraestrutura de espaço de construção navaloffshore diqueseco quais sejam i estaleiros com dique seco ii estaleiros sem dique seco Esses slots correspondem à capacidade de construção de plataformas FPSO da indústria offshore nacional sendo confrontada com o CL 39 mínimo atual de 25 regulamentado pela ANP a partir da 14ª sessão de licitações de exploração de campos de petróleo Atualmente a regulamentação de CL está estabelecida na Resolução nº 7 de 11 de abril de 2017 do Conselho Nacional de Política Energética CNPE CONTEÚDO 2021 Foi analisando também o tempo estimado de construção de cada FPSO calculado com base em curva de aprendizado KNECHT 1974 em razão de constituíremse em atividades repetitivas durante a montagem dessas complexas estruturas A exponencial de Knecht 1974 adotada como referência da curva de aprendizado é dada pela Equação 2 Equação 2 Proposta de equação de curva de aprendizado para construção de plataformas offshore 𝑡𝑛 𝑡1 𝑛 𝑙𝑛𝑃 𝑙𝑛2 Onde 𝑡𝑛 é o tempo necessário para se concluir a nésima unidade plataforma 𝑡1 é o tempo necessário para se concluir a primeira unidade plataforma e 𝑃 é o coeficiente de aprendizado Tomandose por base a construção de plataformas para a Petrobras realizada no canteiro de São Roque do Paraguaçu município de Maragogipe estado da Bahia o coeficiente de aprendizagem intermediário foi de 96 AGÊNCIA PETROBRAS 2012 Adicionalmente visandose a avaliar preliminarmente os retornos financeiros e empregabilidade das construções dos FPSOs foram estudados os seguintes cenários nível de CL variando entre 25 mínimo 40 intermediário e capacidade máxima As seguintes premissas foram consideradas i Valor de um projeto de Construção e Montagem de Módulos Offshore USS 1000 milhão sendo construção de cascos tipo39ook39inglding estimado em US 250 milhões módulos em US 700 milhões e Integração de US 50 milhões MCCAUL 2021 ii Nível de geração de impostos para construção de plataformas no Brasil 1480 sobre o faturamento IPEA 2014 iii Número de profissionais para construção de uma unidade de FPSO 7736 integrantes diretos SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL E OFFSHORE 2018 40 iv Custo adicional de construção no Brasil segundo valores dos últimos FPSOs construídos no Brasil 34 PESQUISA DE MERCADOS ALTERNATIVOS PARA ESTALEIROS BRASILEIROS CASO DE DESCOMISSIONAMENTO DE PLATAFORMAS OFFSHORE Por fim foi realizado uma avaliação do atendimento da demanda do mercado de descomissionamento de plataformas offshore como alternativa para os estaleiros brasileiros Através das pesquisas realizadas sobre as infraestruturas disponíveis nos estaleiros brasileiros analisouse a capacidade de atendimento desse mercado emergente de descomissionamento com ênfase nos diques secos disponíveis O dique seco é infraestrutura essencial para as atividades de descomissionamento segundo Convenção de Hong Kong de 2009 Adicionalmente foi pesquisado casos similares de indústrias internacionais que praticam as atividades de descomissionamento como México Estados Unidos China e Índia com o intuído de verificar as questões regulatórias principalmente ambientais dos respectivos países e comparar com o estado atual da indústria brasileira Além das questões regulatórias uma avaliação do modelo e da tecnologia de descomissionamento dos mercados internacionais foi realizada com o intuito de criar parâmetros de competitividade Por fim fora avaliado também provisões econômicas das atividades de descomissionamento e comparadas as gerações econômicas das construções offshore de FPSO 41 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Os resultados do trabalho foram organizados nos seguintes tópicos Demanda de plataformas de produção Competitividade na construção de plataformas Capacidade de atendimento dos estaleiros brasileiros e Mercados de descomissionamento de plataformas offshore 41 DEMANDA DE PLATAFORMAS DE PRODUÇÃO As demandas de FPSOs foram estimadas considerando o período de entre 2021 e 2030 cuja linearidade está relacionada diretamente à necessidade de produção de petróleo Os insumos necessários para a construção das plataformas por sua vez seguem a seguinte classificação aço estrutural equipamentos elétrica tubulações outfittings e acomodação 411 Estimativa de demanda de FPSOs para próxima década Com base em informações do PDE BRASIL 2016 o Quadro 2 apresenta a quantidade anual de plataformas de FPSO construídas em função da produção de petróleo na camada présal entre os anos de 2016 e 2020 Quadro 4 Produção de petróleo e correspondente demanda por plataformas Ano 2016 2017 2018 2019 2020 Produção Milhões de Barrisdia 259 275 289 303 314 Acréscimo de Produção x 001 016 014 014 011 Novas Plataformas Y 1 3 4 4 2 Acumulado Novas Plataformas 1 4 8 12 14 Informação referente ao ano anterior 2015 Fonte Brasil 2016 42 Tratandose os dados do Quadro 2 e aplicandose o método de mínimos quadrados formulase o modelo de estimação linear conforme Equação 3 Equação 3 Equação linear de estimativa de demanda 𝑦𝑥 1835 𝑥 075 A partir desse modelo podese estimar a demanda anual por FPSO entre os anos de 2021 e 2030 cujos resultados encontramse na Tabela 1 O modelo de mínimos quadrados teve como resultado o coeficiente r² 071 sendo r 084 Esses resultados indicam que o número de plataformas possui uma forte correlação visto que 71 do acréscimo de plataformas está diretamente relacionado ao aumento da produção de barris de petróleo As questões relativas à introdução de tecnologias que proporcionam o aumento da vida útil das plataformas existentes aumentando o fator de utilização dos tradicionais 75 para até 85 é um dos fatores que pode vir a influenciar essa correlação linear 43 Tabela 1 Produção de petróleo e correspondente demanda por novas plataformas FPSOs Fonte elaborada pelo autor Com base nos resultados obtidos e disponibilizados na Tabela 1 constatase que ao final de 10 anos 2021 a 2030 visandose a atender às expectativas de produção de petróleo na camada présal fazemse necessárias a construção de 42 unidades de FPSO Transportandose os dados de novas plataformas em função do acréscimo de produção de petróleo milhões de barrisdia para um formato gráfico a fim de melhor compreender a dinâmica dessa relação temse o resultado apresentado no Gráfico 1 Gráfico 2 Demanda por FPSO em função da produção de petróleo na camada présal Fonte elaborado pelo autor Ano 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 Produção Milhoes de Barrisdia 326 338 35 371 391 417 455 503 524 526 Acrescimo de Produção x 003 012 012 021 020 026 038 048 021 002 Novas Plataformas Y 1 3 3 4 4 5 8 9 4 1 Acumulado Novas Plataformas 1 4 7 11 15 20 28 37 41 42 44 Conforme pode ser observado no Gráfico 1 constatase uma crescente demanda por plataformas até o ano de 2028 muito embora o espaço amostral possa ser avaliado em períodos menores Entre 2021 e 2023 prevêse a necessidade de mais sete unidades em operação demandas estas que possivelmente devem ser originadas dos leilões públicos realizados antes de 2016 De acordo com a ANP 2018 isso devese ao tempo necessário para implantação de projetos offshore que necessitam de cerca de oito anos desde a assinatura de contrato A demanda por plataformas entre 2024 e 2025 mantémse constante em quatro unidadesano mas poderá chegar a nove unidadesano em 2028 Esse expressivo aumento certamente será efeito dos resultados dos leilões de petróleo realizados a partir de 2016 nos quais os volumes dos leilões foram maiores Esperase contudo uma redução no tempo das emissões das licenças para seis anos o que pode gerar uma antecipação no número de plataformas a entrar em operação Para a indústria offshore essa variação de demanda anual representa um complexo desafio ao seu planejamento visto que a não linearidade de encomendas prejudica a produção seriada Uma alternativa para o atendimento a essa variação de demandas anuais pode vir a ser a utilização de mercados externos reduzindo a competitividade da indústria nacional Os resultados indicam também que as demandas de 42 unidades para os próximos dez anos estão abaixo dos números informados pela ANP 2018 que estimam 60 unidades Essa diferença de quantidade de encomendas devese ao fato de que segundo a EPE BRASIL 2019 esperase um significativo aumento de rendimento das plataformas na operação do présal além de um fator de recuperação da produção das plataformas com maior vida útil O modelo desenvolvido não considerou eventos causais prospecções que porventura possam afetar a previsão das demandas das plataformas entre 2021 e 2030 Para Kotler 1996 e Mendonça 2011 podese identificar diversos métodos de prospecção do futuro são eles extrapolação de tendências correlação de tendência modelagem econométrica análise de impacto cruzado previsão de demandarisco método delphie e cenários múltiplos Identificase que o presente trabalho possui semelhança ao processo de extrapolação de tendências sendo a referência os dados do PDE de 2016 a 2020 como tendência principal O Quadro 3 indica eventos que podem vir a ocorrer e seus possíveis impactos na previsão de demanda 45 Quadro 3 Eventos causais e impactos sobre as demandas previstas Causas Consequência sobre a demanda Impacto sobre a previsão Probabilidade de ocorrer Pandemias Redução Médio Baixa Expressivas reduções nos preços do barril de petróleo Redução Alto Média Expressivos aumentos no preço do barril de petróleo Aumento Alto Média Baixa eficiência dos poços Aumento Alto Média Alta eficiência dos poços Redução Alto Média Introdução de novas tecnologias de energia Redução Médio Baixa Regulação das atividades de emissão de CO2 Redução Baixo Alta Conflitos bélicos em regiões produtoras ou de amplitude mundial Aumento Médio Média Fonte elaborado pelo autor De modo geral a recente ocorrência de pandemia mundial provocada pelo SARSCoV2 declarada pela Organização Mundial de Saúde OMS influenciou 46 significativamente nas previsões dos cenários futuros da oferta e demanda mercado de produtos e serviços em âmbito internacional Especificamente a indústria offshore parece não ser muito afetada por esse tipo de evento como ocorrido entre 2020 e 2022 uma vez que as demandas permaneceram constantes conforme divulgado pela Petrobras e ANP BRASIL2021 A indústria offshore de construção de FPSOs é muito sensível ao evento de precificação do preço do barril do petróleo sendo esse binário em termos de impacto nas demandas preço de barril alto significa maiores investimentos e no sentido contrário redução dos preços significam menores investimentos Equivalente relação de causaefeito acontece na eficiência das atividades de produção dos poços de petróleo quanto maior a eficiência menor número de demandas de FPSOs e vice versa para poços de pequena eficiência Segundo a Petrobras o preço mínimo de viabilização do présal é de US 30barril portanto muito inferior aos preços médios do petróleo BrentWTI comercializados no mercado internacional em torno de US 120barril março2022 PLANO 2020 A introdução de novas tecnologias de energia pode impactar também na demanda futura de FPSOs Países da região do Mar do Norte estão utilizando o know how offshore para instalação de parques eólicos offshore A introdução desse tipo de tecnologia não significa uma redução direta para os estaleiros mas sim uma necessidade de substituição e adaptação dos seus produtos Segundo a International Renewable Energy Agency 2016 é esperado entre 2020 e 2030 um crescimento de 100 GW Por sua vez entre 2030 e 2050 esse crescimento tende a ser ainda maior na ordem de 400 GW muito relacionado à substituição da matriz energética mundial com a redução do consumo de combustíveis fósseis Outros eventos como regulações na emissão de CO2 podem impactar significativamente nos investimentos em novas plataformas do tipo FPSOs Com a assinatura do acordo de Paris em 2016 por exemplo criouse uma forte corrente de enfrentamento ao aquecimento global entre os mais de 200 países que produzem mais dos 55 dos gases que geram o efeito estufa De acordo com as regulações atuais da ANP as plataformas necessitam possuir em sua planta módulos de capturação de CO2 no intuito de reduzir as emissões dos próximos dez anos A Figura 1 mostra um exemplo das adaptações requeridas nas unidades de produção Adicionalmente o sistema de geração das plataformas originariamente abastecido por 47 diesel está sendo substituído por sistemas a gás A introdução de tais tecnologias permite baixos impactos no setor para próxima década Figura 1 Layout de uma plataforma de produção com sistema de captura de CO2 Fonte Fast4ward 2019 Os conflitos bélicos têm forte impacto no preço do barril do petróleo quando envolvem produtores e consumidores que têm expressão no cenário mundial Em 1980 no início da guerra entre Irã e Iraque dois grandes produtores mundiais que durou 8 anos o preço do barril do petróleo subiu de US 40barril para US 80barril Atualmente o mesmo fenômeno observase na guerra entre Rússia e Ucrânia com o barril de petróleo variando de US 80barril para US 120barril Outro aspecto importante é o cenário pós2030 o qual sequer foi considerado no plano nacional de política energética Alternativamente os estaleiros brasileiros poderão seguir as tendências dos estaleiros internacionais e atender a partir de então a outros mercados similares como construção de plataformas de produção de gás do tipo FLNG e estações de eólicas offshore dois mercados nacionais muito promissores que ainda estão em fase exploratória Por fim destacase que o presente modelo proposto se mostrou coerente para estimativa de demanda podendose considerar como uma análise inicial que deverá ser aprimorado com a utilização de modelos estatísticos mais detalhados como o Erlang Normal e Exponenc 48 412 Estimativa de insumos e árvore do produto dos FPSOs As quantidades de insumos a serem industrializadas por FPSO foram calculadas com base na estrutura destas unidades e suas partes componentes desagregandose a correspondente árvore do produto plataforma considerando uma unidade de 180 mil de barrisdia de produção Tendo em vista a quantidade esperada de 42 unidades para os próximos dez anos as demandas toneladas por aço tubulação equipamentos cabos elétricos e outfittings foram igualmente majoradas 42 vezes conforme detalhado na Tabela 2 e na proporção das partes componentes observadas na árvore do produto apresentada na Figura 2 Tabela 2 Demanda prevista de insumos e FPSO1 em toneladas Quantidade para 1 unidade FPSO Quantidades para 42 unidades de FPSOs Categoria Casco Top Sides Módulos Total Casco Módulos Total Casco Módulos Estrutura aço 38000 9673 47673 2002250 Equipamentos 5380 5832 11212 470915 Elétrica 3710 5878 9588 402693 Tubulação 1950 4004 5954 250077 Outfftings 3170 545 3715 156046 Acomodação 2200 2200 92400 Total 54410 25933 80342 3374381 1Previsão para o ano de 2030 compreende o peso por unidade de casco e módulos bem como para as 42 FPSO Fonte elaborada pelo autor 49 Figura 2 Árvore do produto construção de FPSO Fonte elaborada pelo autor Esses resultados indicam que aproximadamente 68 em peso de cada FPSO referese à estrutura do casco 54410 t e o complemento módulos em torno de 32 25993 t No subproduto casco o insumo aço possui extrema relevância representando 70 do peso total 38000 t seguido por equipamentos 10 enquanto as instalações de acomodação demandam a menor proporção com apenas 40 Por outro lado no componente módulos o aço não possui a mesma relevância representando 37 do peso total 9673 t seguido de equipamentos com 22 Casco 54410 t Estrutura 069 un 38000 t Tubulação 004 un 1950 t Equip 010 un 1950 t Elétrica 007 un 3710 t Outfittings 006 un 3170 t Acomod 004 un 2200 t Módulos 25933 t FPSO 1 un 80342 t Estrutura 037un 9673 t Tubulação 015 un 4004 t Equip 023 un 5832 t Elétrica 023 un 5878 t Outfittings 002 un 545 t Casco 068 un 54410 t Módulos 032 un 25933 t 50 tubulações com 15 4004t enquanto a operação de outfitting demanda a menor quantidade 20 Essa composição diferenciada de insumos entre casco e módulo faz com que suas construções tenham características diferentes tanto em termos de facilidades industriais quanto tempo e produtividade A industrialização das tubulações denominados spools requerem muito mais tempo do que a industrialização do aço estrutural demandando entre três e quatro vezes mais tempo por tonelada de produto industrializado A maior presença de equipamentos nos módulos também traz a particularidade das montagens desse tipo de insumo dependerem muito do lead time dos fabricantes As Figuras 3 e 4 mostram a arvore do produto com ênfase no processo de industrialização do casco e módulos Figura 3 Árvore do produto da construção do casco Fonte elaborada pelo autor ESTRUTURA CASCO FABRICAÇÃO SUBMONTAGEM MONTAGEM PR EDIFICAÇÃO SUPRIMENTOS PR MONTAGEM MONTAGEM EDIFICAÇÃO INSTALAÇÃO COMPLETAÇÃO PR PR EDIFICAÇÃO INSTALAÇÃO 51 Figura 4 Árvore do produto da construção do módulo Fonte elaborada pelo autor A árvore do produto do casco indica que o casco é subdivido em subprodutos denominados blocos Cada bloco possui em sua composição os insumos básicos de aço estrutural outfttings como tubulações e pequenos equipamentos O abastecimento de aços e outiffitngs deve ser priorizado de acordo com a sequência de construção dos blocos A integração final do conjunto com os equipamentos de grande porte como turbinas transformadores e grandes bombas conjuntamente com os cabos elétricos acontecem nas etapas finais denominadas de préedificação e edificação do casco Dessa forma os tempos de montagem dos grandes equipamentos podem acontecer mais tardiamente que são geralmente os itens críticos de lead times da cadeia de suprimentos A árvore do produto dos módulos indica que a construção dos módulos é diferente dos cascos não somente devido às quantidades de insumos mas também na sequência construtiva A necessidade de instalação dos grandes equipamentos acontece de forma mais cedo no processo construtivo dos módulos o que traz uma certa criticidade para o processo ESTRUTURA DULO FABRICAÇÃO SUBMONTAGEM MONTAGEM PR EDIFICAÇÃO SUPRIMENTOS PR MONTAGEM MONTAGEM EDIFICAÇÃO INSTALAÇÃO COMPLETAÇÃO PR PR EDIFICAÇÃO INSTALAÇÃO 52 Uma vez que a construção do casco não demanda a instalação de equipamentos nos estágios iniciais o seu processo de fabricação e montagem tende a não sofrer atrasos no seu início e nos prazos de entregas finais Por outro lado o início de construção dos módulos precisa aguardar a chegada dos equipamentos que demandam em média 12 a 18 meses de fabricação após realizado o pedido de sua ordem de compra Adicionalmente esse possível intervalo de início das atividades possibilita também a divisão dos escopos de trabalhos dos estaleiros em construção de casco módulos e integração A Figura 5 ilustra a configuração final da arvore de produto da construção offshore Figura 5 Método construtivo dos FPSOs Fonte elaborada pelo autor 42 COMPETITIVIDADE NA CONSTRUÇÃO DE PLATAFORMAS OFFSHORE Utilizando os dados disponibilizados pelas revistas Offshore Magazine 2019 WORLDWIDE 2019 e Offshore Engineering FLOATING 2019 mapeouse os principais construtores do segmento que serão detalhados a seguir Em todo o mundo já foram construídas até ano de 2019 um total de 225 unidades de FPSOs O mercado brasileiro de exploração de petróleo é líder com 59 plataformas em operação seguido por países do Mar do Norte 31 unidades China 53 16 unidades Angola 16 unidades Nigéria 15 unidades Indonésia 12 unidades e Vietnã 10 unidades Não estão contabilizados dentro desses projetos já executados as unidades do tipo monocoluna Spars TLPs e semissubmersíveis Na região do Golfo do México as plataformas do tipo TLPs e semissubmersíveis que possuem estrutura submarinas semelhantes diferenciandose apenas no sistema de ancoragem são predominantes tendo em vista que as condições oceanográficas de ondas do local favorecem a construção desse tipo de unidade que possui forma constante podendo absorver impactos em qualquer direção sem necessidade de reposicionamento Dessa forma destaquese a ausência de estaleiros e canteiros na região da América Central e Norte que foram utilizados para apoio na construção desses tipos de plataformas de produção de águas profundas predominantes na região do Golfo do México Identificouse também que estaleiros da Cingapura possuem significante acervo técnico nas construções desses tipos de plataformas offshore Percebese atualmente a baixa demanda por esses tipos de plataformas TLPs e submersíveis nos mercados de FPSOs emergentes como o brasileiro e africado Em termos de praticidade para os estaleiros as construções de plataformas do tipo semissubmersíveis são mais complexas que as construções de cascos retilíneos A altura desse tipo de plataformas com os decks sendo instalados a 70 metros faz com que a dificuldade de construção seja maior com o incremento de atividades em altas elevações resultando em um consumo maior de tempo de dique e consequentemente aumento de HH e custo Adicionalmente as formas dos submarinos com até 85 metros de comprimento exigem que os diques possuam no mínimo 90 metros de largura limitando as possibilidades de estaleiros que possam vir a atender esse tipo de demanda As plataformas do tipo monocoluna por sua vez possuem grande incidência de blocos curvos o que também acaba aumentando os custos de produção das unidades Os blocos curvos são as estruturas que consomem mais tempo de construção dentro das oficinas dos estaleiros Percebese claramente na pesquisa realizada que os cascos de forma retilínea de FPSOs serão predominantes na próxima década Ainda com base nas referidas fontes de dados da revista Offshore Magazine 2019 foram identificados os países onde estão localizadas as plataformas offshore construídas conforme consta no Quadro 4 que apresenta o cenário desse mercado até o ano de 2019 54 Quadro 4 Líderes do segmento de construção offshore tipo FPSO retilíneo Países Fabricação de top sides Cascos Novos Conversão Integração Total de Projetos Cingapura 24 2 70 96 China 10 25 27 62 Coreia 13 22 16 51 Europa 23 4 5 32 Brasil 14 2 13 29 Japão 1 11 9 21 Malásia 7 1 5 13 DubaiEmirados 0 0 5 5 Total 309 Fonte elaborado pelo autor A diferença entre o número de projetos executados e unidades construídas 309 e 225 decorre do fato da construção de uma unidade de FPSO poder ser executada em mais de um lugar como por exemplo a segregação da montagem dos top sides módulos do casco Logo uma unidade de FPSO pode implicar dois projetos associados para sua construção final Percebese que a construção offshore dessas unidades está concentrada no continente asiático em países líderes como Cingapura China e Coreia que absorvem 67 do total dos projetos executados 209 A Europa absorve 10 do mercado com 32 projetos tendo grande destaque nesse tipo de construção entre os anos 1985 e 1995 devido às atividades de exploração do Mar do Norte Já o Brasil com 9 do mercado mundial 29 projetos registrou significativa participação nos projetos offshore do tipo flutuante principalmente no período entre 2000 e 2010 quando os conteúdos de indústria local eram altos superior a 50 muito embora encontrese atualmente na quinta posição dentre os construtores mundiais A indústria offshore 55 japonesa igualmente importante no cenário mundial tem atuado mais na construção de cascos novos em razão de sua sólida expertise com a construção naval tradicional A construção offshore da Malásia por sua vez atua marcadamente como apoio aos correspondentes projetos de Cingapura enquanto essa indústria em DubaiEmirados está mais direcionada às atividades de conversão de cascos 421 Estado da arte da construção offshore asiática Os resultados referentes ao estado da arte da construção offshore da Ásia foram divididos nas seções Infraestruturas dos estaleiros asiáticos e Detalhamento da produção 4211 Infraestruturas dos estaleiros asiáticos No que diz respeito às infraestruturas presentes nos principais estaleiros asiáticos características estas que os credenciam como os principais líderes mundiais nesse segmento registramse os resultados contidos no Quadro 5 que evidencia comparativamente os dois maiores estaleiros offshore de cada um dos seguintes países China Cingapura e Coreia do Sul Quadro 5 Infraestrutura de importantes estaleiros asiáticos de construção offshore Unidade Local Oficina de Fabricação e Montagem m2 Dique Seco Comprimento x Largura m Modo de Integração Cais Comissm Cosco Dalian China 222765 560 x 80 1 700 x 80 2 Goliath Crane Guindaste Flutuante 1800 Cosco Nantong China 118764 540 x 130 Goliath Crane 1200 Jurong Cingapura 72864 383 x 86 1 330 x 66 2 Guindaste Flutuante 795 56 Keppel Shipyard Cingapura 38800 380 x 95 1 360 x 83 2 300 x 77 3 Guindaste Flutuante 1790 Hyundai Coreia do Sul 452415 900 x 80 1 500 x 100 2 481 x 67 3 465 x 85 4 Goliath Crane Guindaste Flutuante 2356 Samsung Coreia do Sul 384600 400 x60 1 700 x 120 2 Goliath Crane Guindaste Flutuante 5300 Fonte elaborado pelo autor Nas figuras abaixo podese observar o layout geral dos estaleiros da Cosco em DalianChina Figura 6 Hyundai Heavy Industry em JeonhaCoreia do Sul Figura 7 e Keppel em Cingapura Figura 8 Figura 6 Estaleiro offshore da Cosco em DalianChina com dois diques secos Fonte Google Maps 2022 1 1 Ver em httpswwwgooglecombrmaps388150123121130758448mdata3m11e3 57 Figura 7 Estaleiro offshore da Hyundai em JeonhaCoreia do Sul com três diques secos Fonte Google Maps 20222 Figura 8 Estaleiro offshore da Keppel em Cingapura Fonte Google Maps 20223 2 Ver em httpswwwgooglecombrmaps3552049951294399064412mdata3m11e3 3 Ver emhttpswwwgooglecombrmapssearch estaleiropertodeBukitCherminRoadKeppelClubSingapura133158103353941279515 mdata3m11e3 58 Esses resultados evidenciados no Quadro 5 e ilustrados nas Figura 6 a 8 indicam que os estaleiros chineses e coreanos possuem áreas bem extensas com grandes oficinas de fabricação de estruturas com dimensões acima de 200000 m² Em todos esses estaleiros asiáticos constatamse a presença de mais de um dique seco possibilitando a construção de mais de um casco simultaneamente Os equipamentos de instalação são tanto do tipo Goliath Crane grandes pórticos terrestres quanto guindastes flutuantes com capacidades mínimas de içamento de 1500 ton Os cais de acabamento são muito extensos acima de 795 metros de comprimento que possibilita também o comissionamento de mais de uma unidade de FPSO por vez Destacase contudo que a indústria offshore de Cingapura provavelmente tenha chegado ao seu limite de expansão devido à limitação de espaço físico os estaleiros não possuem capacidade para expansão de suas oficinas por exemplo limitando a construção de novos estaleiros Tais evidências podem ser constatadas pelos números apresentados no Quadro 5 e na Figura 8 que indicam menores dimensões das infraestruturas internas dos estaleiros desse país como oficinas de estrutura com no máximo 72000 m2 Esse fator tem colocado à frente China e Coreia em termos de possibilidades de expansões futuras e investimentos marginais em seus respectivos estaleiros A utilização de países vizinhos como Malásia tem sido umas das alternativas usadas pelos estaleiros de Cingapura para manter sua capacidade produtiva embora traga desafios logísticos Destacase o sofisticado layout do estaleiro Heavy Industry que possui quatro diquesecos com saídas em duas extremidades e oficinas nas duas pontas identificadas na Figura 7 A robustez do estaleiro reflete na sua liderança mundial dos estaleiros Notase significativa diferença frente aos estaleiros brasileiros que possuem em suas infraestruturas apenas um dique seco quantidades de pórticos tipo Goliath Crane de no máximo duas unidades e oficinas de estruturas com no máximo 75000 m2 4212 Detalhamento da produção dos estaleiros asiáticos Com base nos dados levantados em literatura e com base na arvore do produtos do FPSO e seus componentes casco e módulos a metodologia construtiva dos FPSO consiste basicamente em segmentar as operações de produção em três 59 etapas quais sejam i construção e montagem de casco novo ou conversão peso final em torno de 54000 t que demandam infraestrutura de dique seco e oficinas automatizadas no caso de construção de caso novo ii construção e montagem dos módulos em torno de 26000 t que demandam oficinas automatizadas e operários qualificados iii integração do casco módulos que incluem comissionamento e testes finais da unidade e requer equipamento de elevação de carga tipo Goliath Crane ou Floating Crane com capacidade mínima de 1600 t juntamente com cais de integração Esta última etapa portanto revela características diferenciadas das antecessoras que correspondem à fabricação e à montagem Existem atualmente dois tipos de metodologias de construção de cascos de FPSOs i método de conversão que consiste na utilização de cascos já existentes tipo Vessel Large Crude Carrier VLCC de 350000 DWT ii e o método de construção de caso new building Das 225 unidades já construídas de FPSOs aproximadamente 150 unidades tiveram seus cascos executados através do método de conversão 2019 WORLDWIDE 2019 Esse método é baseado na aquisição de um caso já existente VLCC que é reengenheirado para o recebimento dos módulos offshore As atividades de adaptação do casco consistem basicamente nos seguintes subprocessos a Definição do projeto básico incluindo tipo e tamanho do FPSO b Escolha do casco de VLCC c Descontaminação dos tanques do VLCC d Inspeção do casco para verificação da real espessura e situação da estrutura e Alimentação do modulo de engenharia com as reais situações do casco f Projeto final de reforço g Fabricação e montagem dos reforços estruturais h Substituição do sistema de propulsão e geração Na Figura 9 é identificado o momento da realização de uma docagem de um casco para conversão no estaleiro Feels em Cingapura 60 Figura 9 Estaleiro Feels em Cingapura líder no setor de conversão de cascos Fonte Lepic 2020 A metodologia dos cascos novos offshore representa hoje aproximadamente 75 unidades já construídas Essa nova concepção de cascos novos vem ganhando força na indústria offshore pois os grandes operadores como SBM e Modec vêm investindo muito nesse tipo de metodologia FLOATING 2019 Nomeados como Fast4 Ward nos cascos da SBM e M350 nos cascos da Modec a padronização do produto e a necessidade de cascos cada vez maiores PLANO 2020 são fatores decisivos para esse novo método construtivo Segundo a SBM 2020 a alternativa da padronização possibilita a execução dos cascos independente dos pedidos de construção dos FPSOs terem sido pelos seus clientes Dessa forma existe um ganho de tempo no projeto em torno de 12 meses o que significa na prática um ganho de até US500 milhões para o cliente no valor presente do projeto Em termos de engenharia os cascos novos são mais largos com mais de 60 metros de largura dando mais estabilidade para o conjunto mesmo com a opção do balcão de risers em sua lateral Além disso podem acomodar melhor os módulos dos top sides que também podem ser padronizados porém em uma menor escala dada a variedade das plantas de processo de cada tipo de FPSO Sua forma possui poucas partes curvas que facilitam a construção e montagem das unidades e possibilitam o suporte de top sides com até 50000 ton A Figura 10 apresenta o primeiro casco da SBM no modelo casco novo sendo atracado em estaleiro de Cingapura 61 Figura 10 Casco tipo new building Fast4Ward da SBM Fonte Fast4ward 2019 O Quadro 6 indica as dimensões médias dos últimos cascos de FPSOs construídos com casco novos e convertidos A tecnologia de adoção do casco novo ainda é nova e os resultados referentes a ganhos de manutenção e performance ainda serão avaliados nos próximos anos Quadro 6 Comparação entre metodologia de cascos novos X cascos convertidos Casco Novo Casco Convertido Largura m 70 54 Comprimento m 270 330 Pontal m 30 27 Peso t 54000 42000 Custo Milhões USS 250 120 Fonte elaborado pelo autor 62 A Figura 11 analisa o tempo médio de construção da indústria de FPSOs asiática comparandose os modelos de conversão e de cascos novos Os números indicam que os projetos na metodologia de conversão possuem uma duração média de 345 meses contra 567 meses para construções de cascos novos A Figura 11 também indica que as construções de FPSOs contratadas por afretadores como SBM Modec e BW são mais eficientes que construções contratadas pelas IOCs como Petrobras Shell e BP Figura 11 Comparação dos ciclos de construção de FPSOs conversões e casco novo Fonte Offshore Magazine 2019 Do início da construção do casco até o seu lançamento os estaleiros asiáticos demandam no máximo 20 meses processando 2720 tmês de produto acabado 54410 t 20 meses o que corresponde à ocupação máxima da oficina de aproximadamente 60000 m2 que estão de acordo com recentes estudos de produtividade como Kolich Storch e Fafandjel 2017 Já para os módulos a taxa média de 1296 tmês de produto acabado 25933 t 20 meses significa aproximadamente a ocupação de uma oficina de 20000 m² Ambas as necessidades de oficina estão muito aquém da capacidade máxima instalada dos estaleiros asiáticos como discutido no Quadro 6 FPSO comparação entre ciclos de construção 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 FPSO convertido Início do projeto até o primeiro óleo 8 meses 345 meses 819 meses 64 projetos min média máx FPSO com caso novo Início do projeto até primeiro óleo 254 meses 567 meses 1092 meses 35 projetos min média máx FPSO OICs Início do projeto até primeiro óleo 22 meses 65 meses 1092 meses 19 projetos min média máx FPSO afretados Início do projeto até primeiro óleo 254 meses 479 meses 23 projetos min máx Meses 63 A partir das informações levantadas durante a pesquisa podese se estimar o tempo médio para construção de um FPSO nos estaleiros asiáticos no modelo de casco novo de 48 meses e detalhado na Figura 12 As fases principais da construção foram detalhadas utilizado a ferramenta do MS Project e estão indicadas no Apêndice A do trabalho Os contratos atuais de FPSO com casco novo seguem basicamente os seguintes atividades e marcos detalhados na Figura 12 execução da engenharia em 12 meses construção de casco e módulos no máximo em 20 meses 12 meses para integração e mais 4 meses transporte e instalação totalizando 48 meses de projeto Destacase o fato de que as grandes afretadoras como SBM e Modec que possuem suas tecnologias próprias de projeto e padrões de FPSOs geralmente desenvolvem a engenharia antes da efetivação dos contratos juntos às IOCs proporcionando uma redução no tempo total do projeto de até 12 meses Para que seja possível a construção de cascos e módulos em no máximo 20 meses podese concluir que os processos principais dos estaleiros como fabricação submontagem montagem préoutfitting pintura préedificação e edificação devem demandar no máximo 13 meses cada um 64 Figura 12 Cronograma de construção de FPSOs em estaleiros asiáticos Fonte elaborada pelo autor As unidades de FPSO possuem custo médio atual estimado em US 10 bilhão MCCAUL 2021 A partir dessa informação foi possível propor custos de construção para cascos módulos e integração A construção de novos casos offshore segue os mesmos métodos de produção dos cascos tradicionais navais que também possuem quantidade significativa de aço TANAKA TAKANO 2017 o que representa uma vantagem a mais desse tipo de metodologia Tal constatação revelase como grande vantagem dos estaleiros asiáticos particularmente da China e Coreia do Sul que conseguem otimizar seus recursos materiais para ambas as construções offshore e naval tradicional proporcionando maior ganho em escala de produto A elevada quantidade de aço que possui custo médio de matériaprima na ordem de US100kg faz com que o valor agregado de um casco se situe em torno de 250 milhões para uma unidade de 180 mil barris de armazenagem com peso aproximado de 54 mil toneladas e entre US 370Kg e US 462Kg de produto final industrializado MCCAUL 2021 As atividades de construção dos módulos devido às suas características de possuírem elevadas porcentagem de equipamentos e tubulações seguem o plano mais industrial de processo para sua fabricação Para uma unidade padrão de FPSO são necessárias aproximadamente 24 unidades de módulos de processo 1500 tmodulo Cada módulo possui aproximadamente 25 metros de largura com 30 metros de comprimento altura média de 30 metros Dessa forma a construção de módulos é mais cadenciada exigindo um detalhado método construtivo que permita a interação simultânea de estrutura equipamentos fator crítico de lead time fornecimento e tubulação de modo que é possível e muito usual dividir a construção dos módulos em diversos estaleiros O aço das estruturas dos módulos possui características mais Duração Meses Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Engenharia 12 Construção Casco 20 Construção Modulos 20 Integração 12 Transporte Instalação 4 65 próximas de aço mecânico Essa diferença na caracterização do produto permite distinguir os estaleiros navais que constroem somente navios dos estaleiros offshore que possuem maiores infraestruturas mais recursos tecnológicos e acervo técnico para também construírem os módulos além dos cascos flutuantes Os módulos possuem valor agregado bem maior que os cascos devido à presença de equipamentos tubulações e cabos com valores unitários na ordem de US 35 milhões o que representa aproximadamente US 2884Kg frente ao seu peso médio de 25 mil toneladas aproximadamente Os custos estimados de construção de um FPSO em estaleiros asiáticos podem ser resumindos de acordo com o Quadro 7 66 Quadro 7 Estimativa de estrutura de custo nos estaleiros asiáticos Nível 1 Nível 2 Atividade Nível 1 Nível 2 Valor em milhões US 1 Engenharia 2 20 2 Casco 25 250 21 Materiais básicos 5 50 22 Equipamentos 5 50 23 Construção 15 150 3 Módulos 65 650 31 Materiais básicos 7 70 32 Equipamentos 45 450 33 Construção 13 130 4 Integração 5 50 41 Materiais básicos 1 10 42 Equipamentos 1 10 43 Construção 3 30 5 Instalação 3 30 Total 100 1000 Fonte elaborado pelo autor 67 Os níveis 1 de custo de obras offshore tipo FPSO correspondem aos grupos de engenharia projetos básicos e detalhados construção de casco e módulos integração e instalação O nível 2 compreende os custos de materiais básicos suprimentos de equipamentos e construção dos estaleiros Analisando a estrutura de custo percebese que os custos com equipamentos correspondem a 51 dos custos totais de uma unidade e materiais básicos com 13 Os custos de construção são responsáveis por 31 de uma unidade enquanto a engenharia possui 2 de representatividade nos custos O casco por possuir poucos equipamentos em sua composição conforme detalhado na arvore do produto tópico 421 possui menor valor agregado 25 do que os módulos 65 que possuem alta predominância de equipamentos As características de infraestrutura contidas no Quadro 5 proporcionam típico modus operandi de construção dos FPSOs dos estaleiros asiáticos revelando uma moderna dinâmica do estado da arte atual dessas unidades conforme pode ser observado na Figura 13 Garant ias 68 Figura 13 Fluxo de produção de um FPSO em estaleiros asiáticos Fonte elaborada pelo autor Ainda de acordo com a Figura 13 podese detalhar as principais macro operações dos estaleiros asiáticos em evidência quais sejam Cais de recebimento área de recebimento de chapas perfis e equipamentos que funciona como um porto privativo para os estaleiros Oficina de estruturas executa os processos de corte de aço submontagem de peças com as primeiras soldas geralmente limitadas a 30 toneladas de peso e montagem final de decks e blocos com pesos que podem chegar a Dique Seco Montagem do Casco Área de Montagem de Módulos Área de Montagem de Megablocos Montagem de Equipamentos Tubulações e Outfittings Montagem de Equipamentos Tubulações e Outfittings Cabines de Jato e Pintura Oficina de Estruturas Fabricação e Montagem Blocos e Decks Recebimento de chapas perfis e Equipamentos Oficina de Fabricação de Tubulações e Outfittings para o Casco Oficina de Fabricação de Tubulações e Outfittings para os Módulos Cais de Acabamento Instalação Módulos Montagem Hookup Comissionamento 69 350 toneladas na fabricação dos blocos Um casco de FPSO é composto por aproximadamente 142 blocos Já os decks pesam aproximadamente 150 tons sendo que um top side completo possui aproximadamente 125 decks A oficina de estruturas representa atualmente junto com a área de fabricação de tubulações a área mais automatizada dos estaleiros com forte aplicação da tecnologia industrial Representa ainda a área mais produtiva do estaleiro com índices baixíssimos de HHt fabricada Oficinas de fabricação de tubulações pipeshop oficina especializada em fabricação de tubulações Processo bem significativo para os módulos conforme árvore de produto acima Da mesma forma a oficina de estruturas representa atualmente a área mais automatizada dos estaleiros com forte aplicação da tecnologia industrial Representa a área mais produtiva do estaleiro com índices baixíssimos de HHt fabricada Oficinas de fabricação de outfttings oficina especializada em fabricação de outffings Área de alto nível de automatização porém sem muita relevância de HH dado o processo simples de fabricação desse tipo de estrutura Acabamento avançado e instalação de outfftings após os blocos e decks serem fabricados e antes de entrar na cabine de jato e pintura são instalados os outfittigs que requerem soldas denominados hot outfttings Cabine de jato e pintura após a construção dos blocos e decks estes são deslocados para dentro das cabines de jato e pintura onde recebem a pintura até a demanda final Área com investimento significativo em maquinário e controle de temperatura e umidade uma vez que as estruturas offshore demandam longo tempo de garantia da pintura mais que 20 anos Área de montagem de megablocos também chamada de área de pré edificação área geralmente coberta com galpões móveis Nesse estágio os blocos são unidos em peças que podem chegar a 1500 toneladas Um casco de FPSO tem aproximadamente 33 unidades de megablocos Nessas áreas são instalados também os outfittings que não queimam tubulações e equipamentos dentro da estrutura dos megablocos Área de montagem de módulos também chamada de área de edificação área geralmente aberta Atualmente os maiores módulos estão com peso 70 entre 1500 e 3 mil toneladas Nessas áreas são instaladas também todos os outfittings tubulações e equipamentos Dique seco também chamado de área de edificação no dique seco os megablocos são unidos até que o casco atinja o seu formato final São instalados os outfttings tubulações equipamentos e cabos elétricos finais do casco Cais de acabamento local onde os módulos são instalados sobre os cascos e o FPSO é comissionado até finalização da construção Nesse estágio são instalados todos os outfittings e tubulações de conexão denominados hookup bem como os cabos elétricos de conexão entre casco e módulos Através das infraestruturas pesquisadas e com base no cronograma padrão de construção dos estaleiros asiáticos podese propor o seguinte Quadro 8 de tempos de produção para construção de cascos e módulos com recursos de automatização Quadro 8 Tempos de processo X Ritmo tmês X Automatização X HH¹t Tempo total Processo meses Ritmo tmês Automatização Nível tecnológico HHt Fabricação 13 6180 5 381 Submontagem 13 4 2331 Montagem 13 4 2440 PréOutfitting 13 2 14416 Pintura 13 4 202 PréEdificação 13 3 1874 71 Edificação 13 3 1345 Outfitting Final 13 2 13732 Fonte elaborado pelo autor 1 HH Homemhora Considerando que o peso total de um FPSO na concepção de construção de um caso novo está na ordem de 80342 toneladas e os processos principais de fabricação a edificação irão demandar um tempo de 13 meses podese definir como ritmo médio da produção o valor de 6180 tmês de unidade pronta O nível de automatização foi definido como 1 para pouco automatizado e 5 para muito automatizado Os valore de HHt foram estabelecidos com base nos dados disponíveis nas pesquisas realizadas sobre a produção dos estaleiros asiáticos Adicionalmente às informações de produtividade e características da produção dos estaleiros asiáticos foi estimado os principais processos produtivos de construção de um FPSO na Ásia mostrados na Figura 14 e detalhados no Apêndice C Para definição do fluxograma de processo foi definido uma capacidade de entrega semanal de aço de 2000 t fluxo processo puxado pela montagem de blocos semiacabado fundamental da produção e edificação final área mais cara e crítica do estaleiro As entregas dos outfttings na linha de produção acontecem através de pallets na sequência produtiva definida sem acúmulo de estoques Figura 14 Principais processos produtivos de construção de um FPSO na Ásia Fonte elaborada pelo autor 72 Outro aspecto relevante identificado na pesquisa desses estaleiros diz respeito à significativa evolução das técnicas de engenharia offshore praticada nesses referidos países à intensa incorporação de recursos de automatização dos processos principalmente na interface homemmáquina bem como a redução ao máximo dos downtimes termo utilizado para paradas não esperadas de produção fez com que os estaleiros recorressem a criação de mais um estágio de engenharia chamado de engenharia de produção Esse departamento utiliza as informações geradas pela equipe de engenharia de detalhamento e realiza a tradução dessas informações para a equipe da produção As responsabilidades da engenharia de produção em um estaleiro são o Divisão dos cascos em blocos em megablocos o Geração dos arquivos de controle numérico CNCs para corte o Geração de arquivos de controle numérico para soldagem o Divisão das peças em submontagens o Detalhamento das informações de calibres e chanfros de solda o Planos de transporte de megablocos o Planos de rigging dos megablocos o Plano de docagem o Planos de rigging dos módulos o Plano de mooring dos FPSOs A Figura 15 sumariza o fluxograma do processo dos modernos estaleiros asiáticos 73 Figura 15 Fluxograma dos processos de engenharia Fonte elaborada pelo autor Como as atividades de engenharia de produção do estaleiro estão diretamente relacionadas com as infraestruturas de cada unidade esses profissionais são integrados ao corpo técnico de cada empresa Grandes corporações como a Cosco Heavy Industry possuem mais de 3 mil profissionais qualificados para essa função SHIPPING 2021 Básica Detalhamento Construção Básica Detalhamento Engenharia de Produção Fluxograma Tradicional Fluxograma Estaleiros modernosÁsia Construção Arquivos CNC Corte Planos de Rigging Planos Montagem Planos de Mooring Arquivos CNC Solda 74 Entre os sistemas mais utilizados pelos profissionais de engenharia podese destacar o Aveva do grupo Scheneider Eletric liderança no setor naval e offshore Teve seu início nos estaleiros coreanos Seus módulos são divididos em estrutura tubulação outfittings controle de materiais e gerenciamento da produção o Intergraph do grupo Hexagon recentemente modernizou suas ferramentas de engenharia oriundas da área de refino e petroquímica para entrar no mercado de offshore As funções são similares ao do Aveva O sistema é amigável e consegue ler o banco de dados da Aveva Os recentes avanços da Coreia do Sul na instalação da rede 5G realizada em 2019 e os investimentos da China para ter a mesma capacidade nos próximos anos trazem a expectativa de um novo forte ciclo de crescimento da indústria offshore asiática Destacase atualmente na indústria coreana utilização constante de gêmeos digitais e simuladores do ambiente de produção com o intuído do ganho de produtividade LEE JU WOO 2020 Outro aspecto relevante do mercado asiático offshore é a estrutura de financiamento dos projetos que são executados em seus países Conforme consta em IPEA 2014 os grandes conglomerados desses países possuem em sua estrutura societária a participação do governo através de bancos de fomento de acordo com o ilustrado na Figura 16 Dessa forma os estaleiros oferecem para seus clientes afretadores e empresas de petróleo IOCs menor exposição e risco para a performance da atividade de construção além de permitir maior alavancagem para os mesmos clientes Ambos os fatores são relevantes pois as empresas IOCs do setor offshore precisam realizar os investimentos em Capex não somente nas infraestruturas flutuantes FPSOs mas em outras facilidades de alto valor como portos subseas infraestruturas marítimas e plataformas de perfuração dentre outras Este fator de financiamento atrelado ao estaleiro construtor foi um recurso bastante utilizado pela Petrobras a partir de 2015 para redução da sua alavancagem alcançando até seis vezes as suas EBITDAS sigla que representas os lucros antes de juros impostos depreciação e amortização operacionais muito utilizada pelo mercado financeiro para aferir a saúde financeira de uma organização 75 Figura 16 Arranjo simplificado do sistema de financiamento e garantias do mercado asiático Fonte elaborada pelo autor 422 Análise crítica da indústria de construção offshore brasileira Os resultados da análise crítica da indústria de construção offshore brasileira foram organizados em duas seções Infraestruturas dos estaleiros brasileiros e Detalhamento da produção 4221 Infraestruturas dos estaleiros brasileiros O segmento industrial dos estaleiros brasileiros por sua vez foi recém revitalizado Significativos investimentos em novas oficinas diques secos pórticos e cais foram realizados em muitas dessas indústrias com objetivo de atender às demandas das construções offshore De forma resumida conforme consta no Quadro 9 foram identificados os seguintes estaleiros capazes de atuarem na construção dos FPSOs Afretadores IOCs Estaleiros Asiáticos Contrato Construção EPC Contrato Construção EPC Financiamento Construção Bancos Fomento Asiáticos Pagto financiamento após término de construção SeguradorasGarantias Asiáticas 76 Quadro 9 Infraestrutura de estaleiros brasileiros de construção offshore Unidade Oficina de Fabricação e Montagem m2 Dique Seco Comprimento x Largura m Modo de Integração Cais Comiss m EASPE 84000 400 x 80 Goliath Crane 2x 1500 t 700 EnseadaBA 72000 300 x 85 Goliath Crane 1 x1800 t 700 JurongES 67500 Não possui Guindaste Flutuante 1 x 3600 t 930 BrasFelsRJ 29278 133 x 100 Goliath Crane 1 x 2200 t 590 EcovixRS 68145 350 x 130 Goliath Crane 1 x 2200 t 361 EBRRS 21275 Não possui Guindaste de Terra 1 x 3600 t 521 Em fase final de construção Equipamento móvel mobilizado conforme demanda Não faz parte das infraestruturas do estaleiro Fonte elaborado pelo autor 77 Dos estaleiros brasileiros identificados no Quadro 9 o Estaleiro Atlântico Sul EAS e Ecovix possuem infraestruturas muito similares sobretudo no que diz respeito às integrações as quais precisam ser realizadas dentro do dique seco para utilização do Goliath Crane Dessa forma não é possível realizar operações de construção de casco em paralelo com as atividades de integração conforme evidenciado no layout apresentado nas Figuras 17 e 18 78 Figura 17 Layout estaleiro Atlântico Sul Fonte Agência Nacional de Transportes Aquaviários 2019 Figura 18 Layout estaleiro EcovixFonte apresentação Petrobras 2015 Fonte Alonso 2015 79 O estaleiro Enseada além de dispor de uma infraestrutura igualmente moderna e similar ao EAS e ao ECOVIX apresenta um arranjo mais compatível na área de integração com o Goliath Crane percorrendo toda área terrestre de construção de módulos casco e molhada Os seus trilhos conforme ilustrado na Figura 19 possuem mais de 1km de extensão permitindo a movimentação do guindaste em todo esse percurso Esse inovador conceito possibilita ao Enseada ter além do dique seco ainda em construção área denominada de dique molhado Esse layout possibilita maior dinamismo nas atividades de construção offshore favorecendo a integração dos módulos em paralelo às atividades de construção do casco Figura 19 Layout do estaleiro Enseada Indústria Naval Fonte Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore 2018 O estaleiro Jurong por sua vez possui uma infraestrutura diferente tendo foco nas atividades de construção de módulos e integração Os içamentos dos módulos são realizados através de um guindaste flutuante equipamento do próprio estaleiro que possui capacidade de içamento de até 3600 t despontando como o equipamento de movimentação de carga de maior capacidade operando no Brasil Devido à inexistência do dique seco o estaleiro certamente não apresenta as condições para receber potenciais encomendas de construção de cascos novos As oficinas de 80 estrutura e tubulação complementam seu layout conforme pode ser observado na Figura 20 Figura 20 Layouts do estaleiro Jurong Fonte Furong 20204 O estaleiro BrasFeels em Angra dos Reis é o mais antigo dos estaleiros offshore do Brasil tendo iniciado suas operações no ano 2000 Dos estaleiros brasileiros é o que possui maior acervo técnico em construções offshore com 12 projetos concluídos Assim como o estaleiro Jurong o estaleiro não é capaz de construir um casco de FPSO visto que o dique existente é de pequeno porte 133 x 100 m sendo dimensionado para construção de cascos de plataformas semissubmersíveis Sua área de integração é similar ao estaleiro Enseada contudo equipado com um pórtico Goliath Crane de expressiva capacidade 2200 t sendo utilizado como função principal o içamento dos módulos com o casco flutuando conforme ilustrado na Figura 21 4 Ver em httpwwwjurongcombrejaprojectmockup 81 Figura 21 Layout do estaleiro BrasFels Fonte ClickPetroleo 20215 Por sua vez o estaleiro EBR localizado no Rio Grande do Sul com a menor área de oficinas dentre os demais estaleiros 21275 m2 também possui os layouts mais simples dentre estes com uma área de oficinas muito reduzida possuem os layouts mais simples dos estaleiros offshore Além do mais o EBR não dispõe de dique seco e nem Goliath Crane o que não o qualifica para a construção de cascos de FPSO A Figura 22 revela uma vista geral desse estaleiro em que as integrações são realizadas através da instalação de um guindaste móvel de terra com capacidade de içamento de até 3600 t Esse equipamento não faz parte das infraestruturas do estaleiro é mobilizado conforme demanda 5 Ver em httpsclickpetroleoegascombr 82 Figura 22 Layout do estaleiro EBR Fonte Quem somos 20 4222 Detalhamento da produção dos estaleiros brasileiros Segundo o Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore 2018 o tempo estimado para construção offshore no Brasil situase em torno de 24 meses para construção de módulos e 12 meses entre o início da integração com o casco até o final do comissionamento contudo não considera os efeitos da redução desse tempo com base na curva de aprendizado o qual poderá diminuir gradualmente ao longo dos 10 anos de construção sequenciada Os contratos atuais de FPSO com casco novo tendem a seguir basicamente atividades e marcos mostrados no Quadro 10 quais sejam execução da engenharia em 12 meses construção de casco e módulos em 24 meses no mínimo outros 12 meses para integração e mais quatro meses para transporte e instalação totalizando 48 meses de projeto Para que seja possível a construção de cascos e módulos em 24 meses fazse necessário que os processos principais dos estaleiros como fabricação submontagem montagem préoutfitting pintura préedificação e edificação demandem no máximo 17 meses cada um O detalhamento de cada um nos processos no tempo encontrase no Apêndice B do trabalho 83 Quadro 10 Proposta de construção de FPSOs em estaleiros brasileiros Fonte elaborado pelo autor Através das infraestruturas pesquisadas e com base no cronograma padrão de construção dos estaleiros brasileiros do Quadro 10 e do Apêndice B podese propor o seguinte quadro de tempos de produção para construção de cascos e módulos com recursos de automatização Duração Meses Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Engenharia 12 Construção Casco 24 Construção Modulos 24 Integração 12 Transporte Instalação 4 84 Quadro 11 Tempos de processo X Ritmo tmês X Automatização X HHt Tempo total Processo meses Ritmo tmês Automatização HHt Fabricação 17 4726 3 526 Submontagem 17 2 3347 Montagem 17 2 3599 PréOutfitting 17 1 18933 Pintura 17 3 330 PréEdificação 17 2 2842 Edificação 17 2 1905 Outfitting Final 17 1 14788 Fonte elaborado pelo autor Considerando que o peso total de um FPSO na concepção de construção de um caso novo situase em torno de 80 mil toneladas e que os processos de fabricação e edificação demandam um tempo aproximado de 17 meses podese estimar um ritmo médio da produção em torno de 4726 tmês de unidade pronta Os valores de HHtonelada foram estimados com base nos dados disponíveis nas pesquisas realizadas sobre as produções dos estaleiros asiáticos Adicionalmente às informações de produtividade e características da produção dos estaleiros asiáticos foi estimado o fluxo produtivo final do estaleiro asiático para construção dos cascos e módulos conforme mostrados na Figura 23 e detalhado no Apêndice D Para estabelecer o fluxograma de processo foi estimado uma capacidade de entrega trimestral de 12000 t de aço através de lotes de recebimento via importação do exterior e fluxo do processo empurrado pela fabricação de peças 85 devido à ociosidade atual dos estaleiros até a área edificação final A sequência produtiva foi definida com acúmulo de estoques intermediários dado à falta de experiência avançada com o tipo de construção Figura 23 Principais processos produtivos de construção de um FPSO no Brasil Fonte elaborada pelo autor As construções de casco e módulos podem ser iniciadas simultaneamente e até mesmo em estaleiros independentes conforme pode ser observado no cronograma proposto na Figura 24 até o ano de 2030 considerandose a infraestrutura nacional disponível e considerando também uma construção seriada para efeitos de ganho de curva de aprendizagem Figura 24 Cronograma de construção e montagem de cinco unidades FPSO seriadas Fonte elaborada pelo autor O modelo de construção seriada proposto na Figura 24 se implementado poderá ser melhorado considerando os efeitos da curva de aprendizagem admitindo se gradual redução do tempo de montagem das sucessivas construções com base no primeiro contrato Estimase um coeficiente de aprendizado médio entre 3 e 5 Anos Unidades Casco Modulos Integração Estaleiro 1 INTEG 5 FPSO 3 FPSO 4 FPSO 5 INTEG 3 CASCO 4 MODULOS 4 INTEG 4 CASCO 5 MODULOS 5 INTE 1 CASCO 2 MODULOS 2 INTE 2 CASCO 3 MODULOS 3 FPSO 1 FPSO 2 CASCO 1 MODULOS 1 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2020 2021 2022 2023 2024 86 intercalado entre as conclusões de dois projetos sucessivos tomandose como referência as plataformas P59 e P60 no estado da Bahia construídas por consórcio de empresas brasileiras no município de Maragogipe entre os anos 2008 e 2013 AGÊNCIA PETROBRAS 2012 De acordo com a Equação 4 admitindose um coeficiente de aprendizagem intermediário 40 e considerandose como sendo 24 meses SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL E OFFSHORE 2018 o tempo de construção da primeira dentre as 42 plataformas possíveis de serem construídas até o ano de 2030 podese calcular a estimativa de tempo médio necessário para concluir integralmente cada uma dessas unidades Os resultados da Equação 4 foram descritos no Gráfico 2 Equação 4 Equação de curva de aprendizado 𝑡14 24 𝑥14 𝑙𝑛096 𝐿𝑛2 205 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠 Gráfico 2 Curva de aprendizagem por unidade Fonte elaborado pelo autor Baseado nos dados históricos encontrados estimase que após a construção da 14ª unidade a ser construída no período de 10 anos será possível reduzir o tempo de construção de 24 meses para aproximadamente 20 meses o que colocaria a indústria brasileira offshore dentro de valores competitivos frente ao praticado hoje 87 pelos estaleiros asiáticos estimados em no máximo 20 meses para a atividade Pode se concluir que os estaleiros brasileiros precisariam de 10 anos de encomendas sequenciadas para que eles alcancem a produção dos estaleiros asiáticos Em termos de riscos dos projetos de construção offshore estes tendem a ser muito diferentes quanto ao escopo realizado Nos projetos em que os estaleiros executam as atividades de construção dos cascos módulos e integração os riscos associados tendem a ser muito altos se comparados apenas com os riscos associados às atividades de construção de módulos e integração Quanto às atividades de engenharia a maioria dos projetos básicos e de detalhamento são executados fora do Brasil em empresas especializadas A engenharia de produção dos estaleiros brasileiros está em processo de aprendizado e desenvolvimento pela indústria local Algumas empresas estrangeiras como Doris Genova e Toyo Setal apresentamse no mercado brasileiro como alternativas para execução das atividades de engenharia de produção dos estaleiros no modelo de subcontratação enquanto as nacionais aperfeiçoamse suas tecnologias As grandes integrações dos sistemas estão direcionadas à criação dos arquivos CNCs originados diretamente dos modelos 3D base do design dos cascos e módulos offshore Não há nenhuma evidência por enquanto do desenvolvimento de comandos robotizados para construção nos estaleiros brasileiros A Figura 25 resume o fluxograma do arranjo atual dos procedimentos de engenharia geralmente estabelecidos nos estaleiros nacionais 88 Figura 25 Fluxograma tradicional para execução das atividades de engenharia nos estaleiros brasileiros Fonte elaborada pelo autor Conforme definido na arvore do produto tópico 412 o aço estrutural principal componente dos FPSOs em torno de 47 mil toneladas por unidade é produzido no Brasil em duas siderúrgicas localizadas no estado de Minas Gerais Usiminas município de Ipatinga e Gerdau município de Ouro Branco Destacase que essas siderúrgicas se encontram muito distantes dos estaleiros brasileiros e no interior do estado de Minas Gerais dificultando o acesso logístico e escoamento de produção De modo geral nos países asiáticos as siderúrgicas encontramse nas áreas de influência portuárias As linhas férreas da Ferrovia CentroAtlântica FCA e Estrada de Ferro Vitoria a Minas EFVM contudo ligam ambas as siderúrgicas sendo o porto mais próximo de Tubarão no estado do Espírito Santo com uma distância de 420 km aproximadamente Alguns estaleiros como Jurong AracruzES e BrasFels Angra dos ReisRJ possuem relativa proximidade com as siderúrgicas da Gerdau e Usiminas Básica Detalhamento Construção Engenharia de Produção Arquivos CNC Corte Planos de Rigging Planos Montagem Planos de Mooring Arquivos CNC Solda Executado fora do Brasil IOCs ou Afretadores Subcontratado 89 identificadas no Quadro 12 podendo ser um relevante fator para potencial competitivo frente aos outros estaleiros Quadro 12 Distância dos Estaleiros Brasileiros até às siderúrgicas Unidade Localização Distância em km EAS IpojucaPE 1802 Enseada MaragogipeBA 1032 Jurong AracruzES 422 BrasFels Angra dos ReisRJ 670 Ecovix Rio GrandeRS 2145 EBR Rio GrandeRS 2144 Fonte elaborado pelo autor Para abastecimento dos estaleiros as operações de cabotagem são uma opção complementado pelo modal rodoviário Destacase que o porto de Tubarão é muito demandado pelas operações de exportação de minério de ferro e da própria Gerdau e Usiminas que tem preferência para o mercado externo 70 da sua produção é para atendimento desses mercados que possuem volume maior dificultando as operações de cabotagem que possuem volume e embarcações menores Os estaleiros brasileiros diante de problemas de fornecimento de aço nacional preço e regularidade no suprimento por muitas vezes optam como estratégia principal a importação desse material da Europa e da Ásia sendo um dos fatores que podem trazer risco significativo para as construções diante da possibilidade de descontinuidade dessas operações Combinado a essas constatações existe ainda a necessidade de realizar compras por lotes no exterior de acordo com a taxa de produção visto que exigem grandes áreas para estocagem e movimentação 90 A maioria dos equipamentos mecânicos e elétricos dos FPSOs são montados e importados diretamente dos fornecedores fora do Brasil principalmente em países da Europa e da China Isso se deve ao fato de que os operadores de compras internacionais visando a minimizar custos possuem seus fornecedores cativos que fornecem insumos de equipamentos para construções em todo o mundo concentrando suas gestões de suprimentos no inconterms classificado como ex works Na parte das tubulações industriais aproximadamente 240 mil toneladas previstas para os próximos dez anos o Brasil não possui fabricação de aço das especificações inox e aço liga padrão super duplex os quais são demandados pelos estaleiros No mercado nacional encontramse apenas materiais tradicionais do tipo aço carbono Essa indisponibilidade de material é crítica para os estaleiros visto que além dos custos de importação compromete o cronograma de produção Os demais itens a exemplo de materiais elétricos como cabos acomodação com exceção do aço e aqueles demandados na operação de outfittings são normalmente encontrados no mercado brasileiro de modo que seu fornecimento não é crítico Avaliase portanto que mesmo que os estaleiros pudessem absorver todas as demandas a quantidade de insumos necessária para a construção das 42 unidades plataformas não é possível de ser integralmente adquirida no mercado brasileiro Em termos de custo do projeto de construção de FPSOs no Brasil estimase que os custos logísticos de mobilização de equipamentos e materiais possam representar em torno de 10 de custo adicional aos estaleiros brasileiros devido ao adicional de frete IPEA 2014 Adicionalmente pode estimar uma ineficiência do custo da produção brasileira frente à asiática em aproximadamente 50 Por outro lado a depreciação da moeda brasileira Real frente ao dólar compensa parte dessa improdutividade O Quadro 13 indica os custos previstos para construção do FPSO nos estaleiros brasileiros estimados na ordem de 1219 bilhões de dólares Quadro 13 Custo de construção de um FPSO no Brasil Nível 1 Nível 2 Atividade Nível 1 Nível 2 1 Engenharia 2 91 2 Casco 27 21 Materiais básicos 5 22 Equipamentos 5 23 Construção 18 3 Módulos 63 31 Materiais básicos 6 32 Equipamentos 41 33 Construção 16 4 Integração 5 41 Materiais básicos 1 42 Equipamentos 1 43 Construção 4 5 Instalação 2 Total 100 Fonte elaborado pelo autor Os níveis 1 de custo de obras offshore tipo FPSO correspondem aos grupos de engenharia projetos básicos e detalhados construção de casco e módulos integração e instalação O nível 2 compreende os custos de materiais básicos suprimentos de equipamentos e construção dos estaleiros Analisando a estrutura de 92 custo percebese que os custos com equipamentos correspondem a 47 dos custos totais de uma unidade e materiais básicos com 12 Os custos de construção são responsáveis por 38 de uma unidade enquanto a engenharia possui 2 de representatividade nos custos O casco por possuir poucos equipamentos em sua composição conforme detalhado na arvore do produto tópico 421 tem menor valor agregado 27 do que os módulos 63 que possuem alta predominância de equipamentos A maioria dos projetos realizados no Brasil segue o padrão tradicional de contratação e garantias entre a contratada e o prestador de serviço e seus vínculos com os bancos de fomento Os afretadores e OICs são os grandes tomadores de risco do projeto para a construção nos estaleiros brasileiros conforme ilustra a Figura 26 exigindo dos estaleiros as devidas garantias de construção Garant ias 93 Figura 26 Arranjo de financiamento dos projetos offshore no Brasil Fonte elaborada pelo autor 423 Indústria de construção offshore asiática X brasileira Analisandose os dados de infraestrutura dos estaleiros asiáticos Quadro 5 e brasileiros Quadro 9 bem como os layouts apresentados nas Figuras 6 7 8 e 9 dos estaleiros asiáticos em comparação aos layouts dos estaleiros brasileiros contidos nas Figuras 17 18 19 20 21 e 22 dos estaleiro brasileiros podese afirmar que a indústria offshore brasileira possui a infraestrutura mínima necessária para a construção de FPSOs nos mesmos processos construtivos realizados na Ásia visto que as dimensões e recursos de suas bases físicas são equivalentes aos asiáticos a exemplo de oficinas dique seco módulo de integração e cais de comissionamento Entretanto constatase que os maiores estaleiros nacionais possuem suas facilidades dimensionadas para o atendimento de apenas uma única encomenda de FPSO por contrato a exemplo do EAS Enseada e Ecovix os quais dispõem de apenas um dique seco em cada uma dessas indústrias assim como os cais de acabamento e comissionamento o que limita a capacidade construtiva Por sua vez os estaleiros asiáticos possuem em suas unidades mais de um dique seco o que permite mais de uma construção ao mesmo tempo Esse fator também é relevante quanto ao risco de construção pois o atraso de uma unidade pode não comprometer a construção da unidade subsequente em razão da existência de infraestrutura disponível operações em paralelo Adicionalmente é notório que os maiores estaleiros asiáticos possuem estrutura muito maior que os estaleiros brasileiros Um estaleiro asiático como o Hyundai na Coreia do Sul possui 452415 m2 de oficina o que seria maior que a capacidade de todos os estaleiros juntos que possuem na ordem de 342198 m2 O Afretadores IOCs Bancos Fomento Contrato Construção EPC Financiamento Garantias Estaleiros Brasileiros Garantias 94 mesmo estaleiro Hyundai possui quatro diques secos de grande porte para construção de cascos de FPSOs uma unidade a mais que todos os estaleiros brasileiros juntos atualmente apenas três diques de grande porte No que diz respeito aos tempos de construção os estaleiros asiáticos demandam no máximo 20 meses para construção de um casco processando em média 2720 tmês o que corresponde à ocupação máxima da oficina de aproximadamente 60000 m2 Ou seja os estaleiros que possuem infraestruturas maiores que essas seriam capazes de construir várias unidades de FPSOs em paralelo Da mesma forma para a questão dos módulos os estaleiros asiáticos também constroem cada uma dessas unidades em tempo máximo de 20 meses entretanto com uma taxa média de 1296 tmês para o aço estrutural e demais componentes o que significa aproximadamente a ocupação de uma oficina de 20000 m² Os processos principais como fabricação e montagem possuem ritmo de produção de 13 meses de duração Os estaleiros brasileiros têm como proposta base a construção de casco e módulos em 24 meses de tralhado SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL E OFFSHORE 2018 com ritmos de produção dos processos principais maiores na ordem de 17 meses ou seja 20 de tempo a mais que os asiáticos Tal diferença é bem significativa em termos de fluxo financeiro do projeto o que acaba encarecendo o custo de produção no Brasil visto que os meses a mais significam meses a mais de juros para financiamento e início de geração de receita de produção para os FPSOs O Quadro 14 resume as diferenças dos cronogramas de construção na Ásia e Brasil As principais atividades de engenharia construção integração e transporte estão identificadas nos cronogramas a seguir 95 Quadro 14 Cronograma resumo estaleiros asiáticos X estaleiros brasileiros Fonte elaborado pelo autor Essa diferença de tempo de construção 20 poderá ser recuperada após dez anos de produção continuada visto que a utilização da curva de aprendizagem no tempo indica essa tendência na indústria offshore brasileira Além das questões relativas às infraestruturas fabris dos estaleiros os níveis de automação entre as unidades asiáticas e brasileiras são diferentes o que impactam diretamente na produtividade e tempo de construção dos FPSOs De acordo com Branquinho Salomão e Duarte 2012 podese concluir que apesar dos recentes investimentos em infraestruturas o nível de automação dos estaleiros brasileiros está em um nível abaixo dos asiáticos Os tempos de produção e produtividades por HH por produto produzido por tonelada HHt variam entre 31 e 26 respectivamente quando comparado Ásia e Brasil O Quadro 15 demonstra as diferenças entre asiáticos e brasileiros Quadro 15 Comparação entre tempos de processo nível e automatização estaleiros Tempo Processo meses Automatização média HHt Estaleiros Asiáticos 13 3 4590 96 Estaleiros Brasileiros 17 2 5784 Diferença 4 1 1194 Diferença 31 41 26 Fonte elaborado pelo autor Quanto às atividades de engenharia as principais diferenças estão na capacidade dos estaleiros asiáticos em verticalizar todo o processo podendo executar todas as atividades internamente in house sendo que nos estaleiros brasileiros existe a tendência de subcontratação das atividades enquanto não há uma maturação de suas atividades No que diz respeito a variáveis econômicas particularmente salários pagos aos operários e os consequentes custos de produção incluindo material base esses indicadores para o Brasil e concorrentes asiáticos estão apresentados no Quadro 16 Quadro 16 Comparação de indicadores econômicos de competitividade entre construtores brasileiros e asiáticos Classe Unidade Brasil China Coreia Cingapura Salário médio US 1200 800 2944 1710 Custo médio de Produção USt 7281 4543 5305 4924 Custo médio de produçãoSalário Médio 607 568 180 288 Fonte Pinhão e demais autores 2019 e IPEA 2014 Os resultados contidos no Quadro 16 indicam que as operações de construção em Cingapura apresentam o maior equilíbrio entre custo médio de produção e 97 produtividade sendo o valor final próximo a três vezes o custo com salário Como essas indústrias estão instaladas dentro de uma cidade com os maiores salários médios entre os trabalhadores mundiais em torno de US 5500 segundo IPEA possui para o setor naval salários mais competitivos em torno de US 1710 Ainda com base no Quadro 16 constatamse os elevados salários médios dos operários das empresas coreanas dentre as construtoras asiáticas aproximadamente quatro vezes em relação às chinesas e 72 superior às empresas de Cingapura Observase nesse sentido que segundo Lee Ju e Woo 2020 os estaleiros coreanos aportaram expressivos investimentos em infraestruturas e modernas tecnologias de produção informatizadas exigindo ainda mais qualificação técnica dos operários elevando significativamente a produtividade de suas operações A China por sua vez é notoriamente o país que possui os salários mais baixos US800 devido à sua política de governo de fomento a indústria e empregabilidade de grande escala Os salários dos operários no Brasil por sua vez situamse dentro dos limites dos demais países entretanto revela o maior custo de produção dentre todos pesquisados equivalentes a quase seis vezes o valor gasto com salário muito embora a participação de salários sobre estes custos 35 seja superior apenas ao das empresas chinesas aproximadamente 50 Com esses resultados constatase também que a relação saláriocustos de produção mais impactante referese aos estaleiros da Coreia 55 e Cingapura 34 O Gráfico 3 apresenta a relação salárioscustos de produção nos países pesquisados evidenciando os elevados custos dos estaleiros brasileiros 98 Gráfico 3 Comparação do custo unitário de produção X Custo salarial Fonte Pinhão e demais autores 2019 e IPEA 2014 Tais diferenças de custo de produção somadas às questões de disponibilidade de matérias e equipamentos na indústria local acabam constatando que o custo de construção de um FPSO no Brasil U7281 é muito superior 55 maior que na Ásia tomandose por base o valor médio da China Coreia e Cingapura U4713 A distribuição dos custos de produção engenharia casco módulos integração e instalação pode ser observada no Gráfico 4 No Gráfico 5 por sua vez outros custos são comparados tais como matérias equipamentos construção engenharia e instalação 99 Gráfico 4 Comparação de custo Ásia x Brasil por classe de custo Fonte elaborado pelo autor Gráfico 5 Comparação de custo Ásia x Brasil por categoria de custo Fonte elaborado pelo autor No que diz respeito ao suporte do sistema financeiro constatase IPEA 2014 que a atuação dos bancos de fomento asiáticos tem forte impacto na assunção de 100 riscos das IOCs ou afretadores que são os compradores dos FPSOs junto aos estaleiros No modelo tradicional do mercado brasileiro os compradores das unidades assumem todo o risco durante a construção das plataformas offshore enquanto no modelo do mercado asiático esse risco é compartilhado ou até mesmo assumido na integralidade pelos bancos de fomento Essa estrutura asiática permite aos compradores uma menor precificação dos riscos e além disso possibilita uma maior alavancagem de suas companhias podendo estas construir e investir em mais projetos Uma alternativa utilizada no mercado nacional para resolver essa questão é a contratação de seguros para transferência e compartilhamento desse risco com seguradoras e bancos entretanto essa alternativa é custosa e requer que os estaleiros possuam higidez financeira igualmente rígida para que as seguradoras possam prover tal benefício 424 Resumo da competitividade da industrial brasileira O Quadro 17 resume os principais indicadores de competitividade da indústria brasileira diante dos líderes de mercado de construção offshore Para análise dos parâmetros foram definidos três níveis I Compatível corresponde a nível similar aos competidores II Em desenvolvimento corresponde a nível inferior aos competidores porém apresenta estado atual em desenvolvimento que poderá ser melhorado com tempo III Não compatível corresponde a nível de competição bem inferior aos competidores e que necessita de intervenção de algum meio externo à indústria para melhora do seu nível de competitividade Quanto aos quesitos a serem avaliados foram sumarizados os principais tópicos estudados na presente pesquisa sendo infraestruturas tecnologias industriais automatização engenharia suprimentos de materiais e equipamentos econômicos e financeiros 101 Quadro 5 Resumo da competitividade da indústria brasileira Item Estado Atual Comentários Infraestruturas Compatível As infraestruturas dos estaleiros brasileiros são novas e recémrevitalizadas Considerando um atendimento de CL máximo de 40 o estado atual é tido como compatível para execução dos projetos A pesquisa comprova que as oficinas diques e cais de acabamento e integração são aderentes com os processos construtivos atuais realizados nos estaleiros asiáticos Especial atenção devese aos diques secos com apenas duas unidades ativas disponíveis para construção de casco novos e uma unidade em fase final de construção A carência desse tipo de infraestrutura é um fator de risco significante para construção de cascos de FPSOs no Brasil Tecnologia industrial automação Em desenvolvimento Apesar do recéminvestimento nos estaleiros brasileiros as tecnologias de automação e informatização dos processos ainda se encontram em desenvolvimento nos estaleiros brasileiros A ociosidade da indústria atual tem afetado o desenvolvimento de novas tecnologias presentes nos estaleiros asiáticos A diferença no grau de automação afeta a produtividade e produção mensal dos estaleiros brasileiros Ausência de redes potentes de TI como 5G dificulta muito a introdução de novas tecnologias 102 Engenharia Em desenvolvimento Atualmente na indústria brasileira existem poucas empresas de engenharia disponíveis Adicionalmente os estaleiros por falta de encomendas ainda não conseguiram desenvolver as próprias engenharias de produção in house como comumente praticado nos estaleiros asiáticos Suprimentos de materiais Não compatível A indústria de fornecimento de matériaprima como aço estrutural e mecânico está muito defasada sem capacidade de atendimento da indústria local Além dos custos de transporte e frete a ausência de siderúrgicas e fabricantes obriga os estaleiros a trabalharem sob o regime de estoque acarretando maiores custos de produção e riscos de falta de abastecimento de matérias no decorrer da produção Suprimentos de equipamentos Não compatível Igualmente ao anterior A indústria de peças e equipamentos é muito carente e não atende às necessidades dos projetos Tempo de produção Em desenvolvimento Os tempos atuais de construção nos estaleiros brasileiros são estimados em média 20 maiores que os competidores estrangeiros o que de certa forma apresenta se adequado para o atendimento da indústria Esse tempo de produção poderá ser melhorado com o tempo na introdução de curva de aprendizagem e na inclusão de novas tecnologias de automação 103 Custo produção Em desenvolvimento Os custos de produção dos estaleiros brasileiros estão estimados em aproximadamente 50 acima dos estaleiros asiáticos Esperase que o custo de produção possa ser mais competitivo frente à desvalorização do dólar e com os ganhos oriundos da curva de aprendizagem Financiamento Não compatível As estruturas atuais de financiamento do projeto no Brasil estão totalmente defasadas Não há nenhuma estrutura de garantia para o setor nacional o que afugenta e aumenta muito o risco das IOCs e afretadores Este talvez seja o principal item a ser resolvido com brevidade necessitando da introdução de uma nova política para o setor Fonte elaborado pelo autor 43 CAPACIDADE DE ATENDIMENTO DOS ESTALEIROS BRASILEIROS X DEMANDA ATUAL DE FPSOS Uma vez avaliadas as dificuldades de capacidade e oferta de suprimentos para atender à demanda por 42 FPSO projetada de acordo com a metodologia proposta item 31 bem como com a infraestrutura e experiência operacional dos estaleiros brasileiros igualmente estimada na metodologia item 32 apresentase no Quadro 3 o cronograma 2020 a 2030 para a construção completa de 14 plataformas cascos e módulos utilizandose o dique seco EAS Ecovix e Enseada No Quadro 18 por sua vez é apresentado o cronograma para construção de FPSOs sem dique seco EBR Jurong e Brasfels ou seja apenas a construção de módulos e integração em número de 16 admitindose os tempos necessários para tanto com base no benchmarking das construtoras asiáticas 104 Quadro 18 Cronograma de construção e montagem de FPSOs completos casco módulos e integração com dique seco Fonte elaborado pelo autor Como o estaleiro Enseada não está com seu dique pronto para utilização na construção de cascos considerouse para os dois primeiros FPSOs completos FPSO 1 e FPSO 2 a utilização dos diques dos estaleiros Ecovix e EAS A partir do FPSO 3 considerouse que o dique do Enseada já estará pronto proporcionando a construção de três unidades de FPSO simultaneamente Dessa forma a capacidade total de FPSOs completos que poderiam ser construídos nos estaleiros brasileiros de 2020 a 2030 seria de 14 unidades Os resultados indicam que as condições de infraestruturas dos estaleiros brasileiros podem ser equivalentes aos referencias asiáticos cujo tempo de construção de cada FPSO conforme já destacado situase em torno de 20 meses para os cascos Entretanto dadas as restrições dos estaleiros objetos desta pesquisa no Brasil no que se refere às limitações para construções simultâneas quantidade de dique seco e comprimento do cais de acabamento o atraso na execução de um determinado projeto pode gerar atraso na construção do projeto subsequente comprometendo toda a sequência de produção Anos Unidades Casco Modulos Integração INT 345 INT 678 INT 91011 EAS Ecovix Enseada 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 INT 12 2028 2029 2030 FPSO 12 FPSO 678 FPSO 121314 FPSO 345 FPSO 91011 INT 121314 CASCO 12 CASCO 345 CASCO 678 CASCO 91011 CASCO 121314 MODULOS 12 MODULOS 345 MODULOS 678 MODULOS 91011 MODULOS 121314 105 Quadro 19 Cronograma de construção e montagem apenas módulos e integração sem dique seco Fonte elaborado pelo autor Conforme pode ser observado neste cronograma Quadro 19 a possibilidade da execução de 16 unidades de FPSOs de forma parcial considerando a construção de módulos e integração é bem factível dentro das infraestruturas oferecidas pelos estaleiros brasileiros Através dos cronogramas propostos e ainda na já evidenciada satisfatória infraestrutura das construtoras offshore brasileiras avaliase que pelo menos os estaleiros Atlântico Sul Pernambuco e Ecovix Rio Grande do Sul podem de modo independente construir cinco unidades de FPSOs completos em até 10 anos O estaleiro Enseada Bahia contudo ainda em finalização do seu dique seco aproximadamente mais 1 ano de preparativos finais é necessário para sua operacionalização poderia construir quatro unidades completas a partir do momento em que a infraestrutura do dique estiver pronta Os demais estaleiros Jurong BrasFels e EBR por não possuírem dique seco ou apresentarem dimensões insuficientes certamente não têm condições de executar o escopo completo ficando limitado à realização de apenas parte deste a exemplo da construção de módulos e o processo de integração Considerandose portanto as grandes limitações desses últimos estaleiros propõese incorporálos nos cronogramas propostos de acordo com os seguintes planos i Enseada o primeiro FPSO teria apenas a construção de módulos e integração A partir do segundo contrato possivelmente a construção poderá ser completa ii Jurong BrasFels e EBR apenas as atividades de construção de módulos e integração foram consideradas nesses estaleiros de modo que os cascos precisarão ser construídos fora do Brasil Anos Unidades Modulos Integração INT 1234 EBR Jurong BrasFels 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 FPSO 1234 FPSO 8910 FPSO 141516 FPSO 567 FPSO 111213 INT 141516 MODULOS 1234 MODULOS 567 MODULOS 8910 MODULOS 111213 MODULOS 141516 INT 567 INT 8910 INT 111213 106 Constatase portanto ser possível que a indústria brasileira possa atender a uma demanda de seis unidades de FPSOs por vez o que corresponde ao máximo de 30 projetos simultaneamente em dez anos Desses 30 projetos 14 unidades poderiam ser integralmente construídas com a capacidade atualmente instalada casco módulos integração enquanto 16 projetos seriam executados parcialmente módulos integração Uma vez aferida a demanda e capacidades atuais instaladas chegase ao atendimento da demanda por FPSO conforme consta no Quadro 20 Destacase entretanto que as quantidades a serem produzidas na indústria brasileira estão de acordo com a regra de CL atual ou seja de 25 para esse tipo de instalação estacionária FPSO A coluna indicada como Capacidade CL referese à quantidade atual de unidades de FPSOs a serem construídos para o índice de CL de 25 Esse índice está em consonância com a Resolução nº 072017 do Conselho Nacional de Política Energética CNPE CONTEÚDO 2021 Quadro 20 Demanda X Capacidade instalada estaleiros brasileiros X Conteúdo local atual 25 Demanda atual Un Capacidade atual Un Atendimento Demanda Capacidade CL de 25 Un Ociosidade Un Cascos 42 14 33 11 4 Módulos 42 30 71 11 20 Integração 42 30 71 11 20 CL Conteúdo Local Fonte elaborado pelo autor Observase com esses resultados que os estaleiros brasileiros possuem capacidade três vezes maior 30 unidades tanto para módulos quanto para integração quando comparado ao cenário estabelecido pelas limitações das regras atuais de CL 25 Já para os cascos a capacidade calculada indica ser 40 superior às limitadas pelo CL atual Constatase portanto que caso os valores de CL 107 não sejam aumentados ainda conforme o Quadro 20 a ociosidade dos estaleiros brasileiros para construção offshore poderá ser ainda maior caso a demanda internacional por essas unidades seja incrementada Considerandose que cada estaleiro pode executar até seis projetos de módulos e integração esta ociosidade seria equivalente a aproximadamente três estaleiros completamente vazios Como proposta de valor intermediário de CL o Quadro 21 considera um valor de conteúdo l de 40 valor vigente até 2017 AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS 2018 Quadro 21 Demanda X Capacidade instalada estaleiros brasileiros X Conteúdo local intermediário 40 Demanda atual Un Capacidade Atual Un Atendimento Demanda Capacidade CL Un Ociosidade Un 42 14 33 17 3 42 30 71 17 13 42 30 71 17 13 CL Conteúdo Local Fonte elaborado pelo autor Dadas as limitações das infraestruturas dos estaleiros brasileiros um coeficiente de CL de 40 linear o atendimento da construção dos cascos não seria possível devido à limitação de diques secos no Brasil Já as construções de módulos e integração com o aumento do CL as ociosidades dos estaleiros reduzirão significativamente Adicionalmente visandose avaliar preliminarmente os retornos financeiros das construções dos FPSOs foram avaliados os seguintes cenários i Valor de um projeto de Construção e Montagem de Módulos Offshore USS 1000 milhões MCCAUL 2021 compreendendo construção de cascos tipo new building estimado em US 250 milhões módulos em US 700 e Integração de US 50 108 ii Capacidade total de geração de impostos dos 42 FPSOs nos próximos dez anos iii Nível de CL variando entre 25 mínimo 40 intermediário e capacidade máxima iv Nível de geração de impostos para construção de plataformas no Brasil 1480 sobre o faturamento IPEA 2014 v Custo Brasil estimado em US 219 milhões por unidade de FPSO totalizando US 1219 milhões por unidade de FPSO Considerandose essas condicionantes foram obtidos os seguintes resultados financeiros demostrados no Quadro 22 a seguir e no Gráfico 6 Quadro 22 Estimativas de faturamento em função do CL e do impacto fiscal Demanda atual Un Valor Projeto US MM Valor Total dez anos US MM Impacto Fiscal dez anos US MM Cascos 42 345 14490 2145 Módulos 42 777 32634 4830 IntegraçãoInstalação 42 97 4074 603 Total 1219 51198 7577 Capacidade Max Un Valor Projeto US MM Valor Total dez anos US MM Impacto Fiscal dez anos US MM Cascos 14 345 4830 715 Módulos 30 777 23310 3450 109 IntegraçãoInstalação 30 97 2910 431 Total 1219 31050 4595 Capacidade 40 CL Un Valor Projeto US MM Valor Total 10 anos US MM Impacto Fiscal 10 anos US MM Cascos 17 345 5796 858 Módulos 17 777 13054 1932 IntegraçãoInstalação 17 97 1630 241 Total 1219 20479 3031 Capacidade 25 CL Un Valor Projeto US MM Valor Total dez anos US MM Impacto Fiscal dez anos US MM Cascos 11 345 3623 536 Módulos 11 777 8159 1207 IntegraçãoInstalação 11 97 1019 151 Total 1219 12800 1894 CL Conteúdo Local Fonte elaborado pelo autor 110 Gráfico 6 Comparação de faturamento e impacto fiscal para cenários de conteúdo local Fonte elaborado pelo autor De acordo com o Quadro 22 e o Gráfico 7 a seguir podese concluir que os projetos de construção offshore possuem forte geração de impacto fiscal para a indústria brasileira Ao longo de dez anos caso a capacidade máxima dos estaleiros fosse utilizada estimase um valor de geração de impostos em torno de US 4595 bilhões o que representa em torno de 74 dos investimentos realizados nos estaleiros brasileiros sendo US 622 bilhões oriundos do FMM No cenário de aumento de CL para 40 o impacto fiscal seria na ordem de US 3031 bilhões equivalente a 48 dos investimentos realizados Para os atuais 25 de CL o impacto fiscal estaria na ordem de US 1894 bilhões o que equivale a 30 dos investimentos feitos Tais evidências confirmam o alto retorno fiscal que a indústria offshore proporciona para os países asiáticos que possuem em seus estaleiros destacada presença do estado conforme evidenciado no item 421 Em termos de recursos de profissionais para atendimento das demandas de construção foram geradas estimativas de número de profissionais para o setor para os próximos anos Nesse sentido considerandose apenas as construções de FPSOs segundo o Sinaval SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL E OFFSHORE 2018 para cada unidade se faz necessária a 111 mobilização de 7736 trabalhadores Esses valores foram adotados associandose a capacidade máxima atual da indústria de acordo com os seguintes pressupostos I Mobilização de profissionais por FPSO 7736 integrantes diretos II Variações de CL 40 e 25 e a com capacidade máxima III Quantidades máximos de FPSOs a serem construídos no tempo conforme Quadro 18 e 19 Considerandose essas condicionantes foram obtidos os seguintes resultados de recursos de pessoas para as atividades de construção de FPSOs demonstrados na Gráfico 7 Gráfico 7 Número de profissionais na construção de FPSOs para os próximos anos Fonte elaborado pelo autor Segundo a Petrobras PLANO 2015 o número de profissionais trabalhando em estaleiros no pico de suas atividades de produção não somente construção de FPSOs foram de 79003 empregos diretos no ano de 2012 De acordo com os números estimados considerando a capacidade máxima de atendimento dos estaleiros offshore e a curva de produção estimada para os próximos anos no ano de 2028 as construções de FPSOs poderiam superar 41 mil pessoas trabalhando nos estaleiros brasileiros o que representa em torno de 52 da capacidade máxima do setor Por fim importante observar também que as demandas para o setor de construção offshore para os próximos dez anos são bem superiores do que a capacidade industrial atual instalada dos esteiros brasileiros Independentemente dos requerimentos de CL parte das encomendas atuais precisam ser obrigatoriamente 112 executadas fora do Brasil Caso a indústria de construção offshore mantenhase demandando alta escala de produção é razoável a elaboração de um plano de ampliação nos estaleiros brasileiros para averiguar as necessidades de instalações de mais oficinas de construção de blocos novos diques secos maiores cais de acabamento e montagem de mais Goliath Cranes ou guindastes flutuantes 44 MERCADOS DE DESCOMISSIOAMENTO DE PLATAFORMAS OFFSHORE As atividades de descomissionamento de plataformas offshore no Brasil vêm sendo amplamente discutidas nos últimos anos dentro da indústria de petróleo e gás tendo os principais aspectos em pauta i impactos das atividades de desmontagem e sucateamento ii fomento das atividades de reciclagem através da demanda atual de descomissionamento iii regulamentação das operações Para as plataformas de águas rasas tipo fixas as atividades compreendem desde a intervenção no poço remoção de estruturas submarinas como jaquetas e dutos desmontagem de equipamentos e estruturas dos módulos fora dágua transporte para estaleiros e canteiros de descomissionamento sucateamento e reciclagem Nas plataformas fixas as atividades de desmontagem das peças fora dágua iniciamse em alto mar com a utilização de guindastes flutuantes especiais capazes de içar peças de grande porte na ordem de 5000 t Essa etapa é uma das mais complexas e custosas da operação BROUGHTON DAVIES GREEN 2004 As maiores plataformas fixas do Mar do Norte já descomissionadas pesam até 110 mil toneladas como foi o caso da plataforma Maureen BROUGHTON DAVIES GREEN 2004 No Brasil as unidades fixas são mais leves e possuem pesos em torno de 7 a 15 mil toneladas ZACARON 20 Em algumas localidades como Estados Unidos e China vem sendo permitida a manutenção das estruturas subseas como ação mitigatória de redução dos impactos ambientais JIANG et al 2011 MEYERGUTBROD et al 2020 Apesar de proibidos em alguns locais do mundo estudos mais aprofundados sobre as plataformas descomissionadas que podem vir a servir de arrecifes e local para estímulo ao turismo da pesca controlada vêm sendo observados e avaliados pelas autoridades ambientais e órgãos mundiais como uma alternativa para o setor FORTUNE PATERSON 2020 As plataformas de águas profundas possuem um processo diferente no que tange ao início da desmontagem das plataformas Como a maioria das unidades é 113 flutuante móvel e rebocáveis com peso elevadíssimo de 50 mil a 80 mil toneladas não se faz necessário o início da desmontagem em alto mar As plataformas são rebocadas em sua integralidade para estaleiros e canteiros para as atividades de desmontagem e corte Essa fase final é muito similar às atividades de sucateamento e desmontagem de navios Se por um lado as atividades em alto mar são reduzidas se comparadas ao descomissionamento de unidades de águas rasas as atividades nos estaleiros de sucateamentos se tornam mais intensas e seus impactos necessitam ser averiguados para plataformas flutuantes Os países líderes em desmontagem e reciclagem de navios e plataformas flutuantes são Índia Paquistão Bangladesh Turquia e China que concentram aproximadamente 96 dos navios reciclados no mundo com média de 800 a 1400 unidades anuais OCAMPO PEREIRA 2019 O Brasil enviou 58 navios para serem desmontados nesses países nos últimos seis anos devido à ausência de indústria e regulamentação no Brasil para esse tipo de atividade BENJAMIN FIGUEIREDO 2020 Apesar de líderes no mercado esses países não ofereciam condições sustentáveis ambientais e laborais para a execução da reciclagem dos navios e plataformas visto que a maioria dessas atividades era executada a céu aberto em praias e costas sem qualquer regulação do trabalho ali executado Supervisionado pela International Maritime Organization IMO em 2009 foi assinado o tratado de Hong Kong IMO 2009 no qual uma série de países se comprometeram a não enviar os navios a serem reciclados para países nos quais não houvesse condições sustentáveis Na sequência em 2013 o parlamento europeu aprovou a Regulação de Reciclagem de Navios nº 1257 2013 quando foi definido que apenas estaleiros certificados em boas práticas de reciclagem poderiam realizar atividades de desmontagem de navios para armadores europeus Uma das grandes imposições foi a necessidade de utilização de dique secos para execução dos cortes não permitindo às embarcações desses países as atividades de desmontagem em praias na costa Sul Asiática As novas imposições aos estaleiros sulasiáticos as atividades de corte e reciclagem de navios somadas à ociosidade da indústria nacional de construção naval brasileira para novas construções aparecem como uma oportunidade para a indústria local brasileira Destacase também o fato de estudos recentes de Análise de Ciclo de Vida ACV em países como Blangadesh ter identificado que as 114 atividades de reciclagem dos navios são menos impactantes que as atividades de confecção de aço a partir da sua matériaprima básica minério de ferro RAHMAN HANDLER MAYER 2016 Estaleiros especializados apenas em descomissionamento e sucateamento representam o cenário atual da indústria internacional Os países líderes de sucateamento de navios localizados em sua maioria no Sul Asiático têm sido o destino da maioria das plataformas descomissionadas no Brasil dado a ausência de regulação nacional nesse setor As atividades de descomissionamento podem ser resumidas nas etapas e processos descritos na Figura 27 115 Figura 27 Fluxograma do processo de descomissionamento de plataformas offshore Fonte elaborada pelo autor O fluxo de saída dos estaleiros especializados em sucateamento é na ordem de 97 do peso bruto do FPSO de entrada Os 3 são eventuais perdas e outros produtos não comercializáveis As classes de sucatas são basicamente aço 78 equipamentos 15 e cabos elétricoscobre 4 Segundo Pulsipher 2010 os valores de preço de sucata estão relacionados aos mercados de shipping e ao preço do valor do aço O preço médio da sucata comercializada praticado nos Estados Unidos na última década foi na ordem de US 250ton Já no Brasil dado que existe uma menor demanda de aço e dado ao fato que as indústrias siderúrgicas estão longes dos estaleiros estimase um preço da sucata comercializável na ordem R 500t US 100t De uma forma resumida podese estimar no Quadro 23 o valor da sucata comercializável de um FPSO no Brasil e no mercado internacional 116 Quadro 23 Receita estimada para sucateamento de um FPSO Local Quantidade toneladas Valor sucata em toneladas US t Receita para 1 FPSO US Brasil 8034200 100 803420000 USA 8034200 250 2008550000 Fonte elaborado pelo autor No caso do descomissionamento de um FPSO a receita estimada para estaleiros no Brasil seria de 076 do valor da construção de uma unidade nova aproximadamente O mercado de descomissionamento offshore é extremamente menos interessante em termos de receitas do que as construções de novas unidades Conforme destacado na seção 422 as infraestruturas dos estaleiros brasileiros foram dimensionadas para o mercado de construção com investimentos já aportados de US 62 bilhões No caso das atividades de sucateamento no exterior a receita é 25 vezes maior para os estaleiros Nesse sentido os países asiáticos desenvolveram estaleiros específicos para essa unidade mais simples que os estaleiros de construção e aderentes aos novos protocolos definidos nas convenções de Hong Kong Considerando o cenário informado pela ANP 2019 para os próximos dez anos são esperados o descomissionamento de 77 unidade sendo 33 plataformas do tipo FPSOs ou flutuantes com peso estimado de 80 mil toneladas cada e 44 plataformas fixas com peso estimado de 15 mil toneladas com o valor de sucateamento de US 100t podese estimar no Quadro 24 as seguintes receitas Quadro 24 Estimativa de receita para os próximos dez anos do mercado de descomissionamento Tipo Plataformas Quantidade unitária toneladas Quantidade total toneladas Valor sucata em toneladas US t Receita próximos dez anos US MM Fixas 15000 44 100 6600 Flutuantes 80342 33 100 26513 Total 33113 Fonte elaborado pelo autor 117 De acordo com Quadro 24 estimase que para os próximos dez anos uma receita de aproximadamente US 33113 milhões será atrelada às atividades de sucateamento de plataformas offshore valores estes que parecem ser baixos frente aos investimentos já realizados nos estaleiros O Gráfico 8 indica a diferença de faturamento entre os mercados de construção de FPSOs e descomissionamento de unidades em função do CL estudados nesse trabalho Gráfico 8 Faturamento de descomissionamento de FPSOs X Construções novas Fonte elaborado pelo autor Apesar dos indícios de que as atividades de sucateamento no Brasil tenderem a ser menos rentáveis que em outros países os custos logísticos de levar as plataformas para fora do Brasil em torno de 60 dias de viagem e a alta valorização do dólar podem tornar o negócio mais econômico Além de economicamente haver um equilíbrio que possibilite a competitividade no Brasil as novas imposições e controles impostos pela Convenção de Hong Kong IMO 2009 trazem aos estaleiros brasileiros uma oportunidade de negócio enquanto não são resolvidas as questões de CL mínimo principal razão da ociosidade da indústria atual SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL E OFFSHORE 2018 118 Do ponto de vista de infraestrutura necessária a imposição do atendimento da Convenção de Hong Kong traz algumas reflexões de quais estaleiros estariam preparados para o recebimento de um FPSO Esse tipo de unidade de offshore possui dimensões extremamente grandes formadas basicamente por um casco naval que pode chegar a 360 metros de comprimento 56 metros de largura e 30 metros de pontal altura Evidenciase ainda que sobre esse casco existe uma planta industrial formada por um conjunto de módulos e processamento industrial A exigência atual de que as atividades de corte do casco tenham que ser realizadas dentro de um dique seco restringe muito o número de estaleiros que podem realizar esse tipo de atividade Dadas as características de infraestrutura identificam se para essas atividades no Brasil apenas os estaleiros listados na Quadro 25 teriam capacidade para executar a atividade Quadro 25 Estaleiros brasileiros com infraestruturas para descomissionamento Unidade Dique Seco Comprimento x Largura m Cais m EASPE 400 x 80 700 EnseadaBA 300 x 85 700 EcovixRS 350 x 130 361 InhaúmaRJ 350 x 60 400 Fonte elaborado pelo autor Os estaleiros brasileiros só podem realizar uma docagem por cada contrato de descomissionamento dessa forma só seria possível a realização de quatro desmontagens de FPSOs simultaneamente O tempo médio de corte pode variar muito Segundo pesquisa realizada a estimativa é de que uma desmontagem de 119 plataforma leve em torno de oito meses BROUGHTON DAVIES GREEN 2004 O Gráfico 9 confronta o tempo necessário para desmontagem com a disponibilidade do dique Considerando uma previsão de dez anos de atividades de descomissionamento os diques dos estaleiros foram considerados como disponíveis 12 meses por anos nos próximos dez anos com exceção do estaleiro Enseada que está com seu dique em fase final de construção e teve a sua disponibilidade estimada para oito anos Gráfico 9 Meses requeridos X Meses disponíveis de dique próxima década Fonte elaborado pelo autor Como podese observar o Gráfico 9 indica que para as 33 plataformas flutuantes a serem descomissionadas na próxima década seriam necessários 264 meses de trabalho em dique secos enquanto na próxima década segundo as infraestruturas atualmente disponíveis no Brasil existem 456 meses Os resultados evidenciam que as atividades de descomissionamento se executadas integralmente no Brasil não irão consumir toda a disponibilidade de diques no país Por outro lado as atividades de descomissionamento executadas em sua integralidade irão impossibilitar a construção de cascos para FPSOs Com exceção do estaleiro Inhaúma os outros diques disponíveis poderiam servir para construção de FPSOs O Quadro 26 indica quantos cascos de FPSOs deixariam ser executados em um cenário de simultaneidade com as atividades de descomissionamento 120 Quadro 26 Utilização de diques para descomissionamento Dique disponíveis meses Necessidade dique descomiss meses Disponibilidade de dique meses Dique Inhaúma meses Construção casco meses Quant cascos 456 264 192 120 24 6 Fonte elaborado pelo autor Considerando os tempos de construção de cascos informados nos cronogramas do Quadro 18 os resultados do Quadro 26 indicam que se o escopo de descomissionamento de plataformas flutuantes for executado em sua totalidade seria necessário que seis cascos de FPSOs deixassem de ser construídos nos estaleiros brasileiros o que de certa forma não faria sentido pois a construção de novas unidades agrega muito valor à indústria 121 5 CONCLUSÕES As atividades industriais dos estaleiros offshore brasileiro encontramse atualmente com baixa ocupação se comparados com os principais concorrentes asiáticos que se mantêm em plena produção Controversamente as demandas dos produtores de petróleo por novas unidades offshore estão em franca ascensão no mercado brasileiro A justificativa principal para que as demandas do mercado nacional não sejam produzidas no próprio território brasileiros estão relacionadas à competitividade da indústria offshore brasileira Os resultados obtidos nesta pesquisa indicam que as indústrias de óleo e gás brasileiras irão demandar a construção de 42 unidades de plataformas offshore do tipo FPSO para os próximos dez anos o que deve fomentar bastante a economia nacional A forma predominante deverá ser do tipo retilínea com tendência de construção de casos novos Mesmo com as estimativas conservativas de altas taxas de produtividade dos poços as unidades a serem construídas e instaladas devem passar de 40 unidades Essas quantidades podem vir a variar de acordo com as demandas mundiais de petróleo para a próxima década e com o preço do barril de petróleo Em uma visão de mercado de alta demanda e valorização do petróleo a quantidade de unidades a ser construída pode vir a aumentar Inversamente em um cenário mais pessimista de desvalorização e queda da demanda do petróleo as quantidades e novas unidades de FPSOs podem reduzir no tempo Entendese também que a disponibilidade de novas tecnologias de geração de energia como gás natural e fontes renováveis ainda que em médio prazo próximos dez anos não deve afetar a demanda contratada de FPSO no Brasil diante do consolidado mercado mundial de petróleo e dos contratos de longo prazo existentes no plano internacional Quanto ao modelo matemático desenvolvido na presente pesquisa este se mostrou compatível com as previsões atuais do setor de óleo e gás Destacase que o presente modelo pode ser mais desenvolvido com a adoção de métodos estatísticos complementares mais detalhados como Normal Exponencial e Erlang como também a introdução de eventos causais de alteração de demanda descritos no presente trabalho As construções dessas plataformas offshore revelamse de altíssimo valor agregado incorporando modernas tecnologias e infraestruturas para os processos de fabricação e montagens além de demandar alta quantidade de aço equipamentos 122 instalações elétricas e tubulações cuja montagem exige consistentes planos de Programação e Controle de Produção PCP a exemplo de MRP que devem suportar eficientes cronogramas de processos de transformação Esse segmento industrial fomenta significativamente a economia de um país ou região com alta mobilização de recursos humanos e expressiva arrecadação de impostos Conforme os resultados obtidos nesta pesquisa os estaleiros brasileiros foram recentemente reestruturados e apesar de não terem tido a oportunidade de operarem explorando todo o seu potencial produtivo em razão da recente problemática jurídico política e econômica estabelecida no Brasil e particularmente sobre o segmento navaloffshore possuem capacidade instalada para atender à significativa parte da demanda de novas unidades de FPSOs para exploração e produção do petróleo em campos présal brasileiro Os resultados obtidos indicam que a indústria local é capaz de construir plataformas de exploração e produção de petróleo e gás com processos semelhantes aos asiáticos e tempo de conclusão inferior a 20 em relação a estes asiáticos protagonizando um papel de extrema relevância para a indústria nacional Constata se ainda ser possível ampliar a capacidade instalada nacional para as atividades de construção e integração de módulos evidenciandoas como as que apresentam maior valor agregado dentro da árvore do produto dos FPSOs Contudo ao contrário destes principais países de referência a exemplo de China e Singapura onde se observa a existência de expressivo número de importantes estruturas de diqueseco encontram se disponíveis no Brasil apenas dois diques em estado operacional Atlântico Sul e Ecovix e um outro em fase final de construção Enseada muito embora todos apresentem dimensões e capacidades adequadas para construção de cascos de FPSO construção de módulos e integrações de FPSOs Esse recurso de infraestrutura dique certamente é um gargalo que necessita ser resolvido em médio prazo para que se possa atender à demanda reprimida de construções offshore conforme analisado e demonstrado no modelo de previsão Do ponto de vista contábil parece evidente que os custos de produção offshore no Brasil são elevados se comparados aos seus competidores externos principalmente os construtores asiáticos Constatase que os custos adicionais da produção dos estaleiros brasileiros têm diferentes razões podendose destacar a insuficiente oferta de matériaprima exigindo elevados custos de importações e as incertezas quanto a continuidade da construção de plataformas Isso dificulta a 123 incorporação de ganhos de produtividade por economia de escala e efeitos da curva de aprendizado os quais poderiam contribuir para a redução dos custos de construção No que se refere ao câmbio financeiro internacional eventualmente esse segmento brasileiro se beneficia com a desvalorização da moeda nacional real frente ao dólar por exemplo implicando ainda que artificialmente maior competitividade aos estaleiros nacionais Por outro lado a já muito divulgada alta carga tributária e trabalhistas que incide em toda a indústria brasileira implica dificuldades para competir com a indústria estrangeira de referência Propõese ainda conforme também revelam os resultados desta pesquisa que para a consolidação da retomada da construção offshore no Brasil sejam estabelecidas consistentes regras regulatórias para esse segmento industrial para que haja uma equidade com os principais países competidores Os resultados gerados nesta dissertação indicam que o índice de CL mínimo considerando a capacidade produtiva instalada deveria situarse entre 30 construções de novos cascos e 70 construção de módulos e integração Outro aspecto que deve ser evidenciado referese às expressivas diferenças entre a estrutura da indústria asiática quando comparada à brasileira Além da considerável e vantajosa infraestrutura física de oficinas diques secos e cais ao contrário da indústria construtora brasileira os estaleiros asiáticos possuem estrutura societária ainda mais sólida com intensiva participação de bancos de fomentos estatais em sua formação acionária possivelmente implicando reconhecida segurança financeira pelos produtores de petróleo seus principais clientes Essa solidez financeira somada à expertise da indústria e à capacidade instalada posiciona os estaleiros asiáticos entre os mais competitivos do mundo a exemplo de China e Cingapura trazendo para a correspondente indústria um baixo grau de risco associado De certa forma possivelmente esas pode ser uma referência de destaque para que a indústria offshore brasileira possa ter mais paridade com seus concorrentes faltandolhe assim a introdução de uma nova e sustentável política de financiamento de longo prazo e garantias para seus investidores estaleiros visto que a base tecnológica deste benchmarking internacional não é muito diferente do que se prática na indústria nacional Sem a introdução dessa política o grau de percepção de risco das construções no Brasil continuará sendo alto o que reflete no seu preço final junto aos clientes internacionais afretadores e IOCs e consequentemente reduzida competitividade Constatase portanto que a metodologia empregada nesta pesquisa permitiu 124 gerar resultados impactantes e contribuiu para esclarecer possíveis dúvidas quanto à necessidade de flexibilização do CL estabelecido por normativos do CNPE assegurandose contudo a necessidade de se estimular o desenvolvimento desta indústria com recursos nacionais haja vista o potencial resultante gerado por esta pesquisa o qual demonstra a possibilidade de construção de 14 novas plataformas cascos módulos e integração e 16 de forma parcial módulos e integração no período de dez anos 2021 a 2030 Esse importante segmento portanto certamente deverá continuar impactando positivamente a economia nacional e internacional por um longo e imprevisível tempo de duração Tratase de uma área industrial que viabiliza a obtenção e transformação do petróleo para usufruto da sociedade gerando eou permitindo desenvolvimento social ampla empregabilidade e capacitação de recursos humanos qualificados inovações tecnológicas sustentável exploração oceânica e extensa cadeia de suprimentos que inclusive envolve inúmeras microempresas dentre muitos outros benefícios A presença de alguns mercados alternativos para os estaleiros que estão com poucas atividades como descomissionamento offshore necessita de uma avaliação mais adequada para entrada dos estaleiros nacionais dado ao alto risco ambiental falta de regulação do setor e baixíssimo valor agregado da atividade visto o grande investimento já realizado que almeja a construção de ativos de alto valor agregado Salientase também que conforme evidenciado no referencial teórico essa indústria está preparando significativos avanços tecnológicos para o futuro inovando suas operações na direção da incorporação de novas tecnologias de engenharias offshore a exemplo do aproveitamento em larga escala da energia eólica bem como da exploração do gás natural na plataforma continental brasileira sobretudo em águas profundas Ambas as tecnologias estão em ampla ascendência no mercado mundial e dadas as características oceanográficas brasileiras extremamente favoráveis coloca o Brasil em destaque para exploração dessas novas tecnologias ampliando o mercado offshore A migração da engenharia offshore também para essas novas tecnologias indica um promissor futuro para esse segmento industrial 125 REFERÊNCIAS 2019 WORLDWIDE survey of floating production storage and offloading FPSO units Offshore magazine s l 2019 AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS Anuário estatístico brasileiro Rio de Janeiro ANP 2019 AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS Setor de óleo e gás no Brasil impactos na economia Brasília DF ANP 2018 AGÊNCIA PETROBRAS P59 e P60 Agência Petrobras Rio de Janeiro 2012 ALONSO P S R Audiência da indústria naval Rio de Janeiro Petrobras 2015 AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS Anuário Estatístico Brasília DF ANTAQ 2020 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS Impacto do custo Brasil na competitividade da indústria de máquinas e equipamentos São Paulo ABIMAQ 2018 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO NAVAL E OFFSHORE Marintec South America Rio de Janeiro ABENAV 2014 BENJAMIN C FIGUEIREDO N The ship recycling market in Brazil The Amazon potential Journal of Environmental Management New York v 253 2020 Não paginado BLANCONOVOA O et al A practical evaluation of commercial industrial augmented reality systems in an industry 40 shipyard IEEE Access Piscataway v 6 p 82018218 2018 BRANQUINHO P SALOMÃO E DUARTE L A retomada da indústria naval brasileira Brasília DF Ministério da Indústria Comércio Exterior e Serviços 2012 BRASIL Ministério de Minas e Energia Oportunidades na logística de distribuição de GNL Energética EPE Brasília DF Empresa de Pesquisa Energética 2019 BRASIL Ministério de Minas e Energia Plano decenal de expansão de energia 2030 Empresa de Pesquisa Energética Brasília DF Ministério de Minas e Energia 2021 BRASIL Ministério de Minas e Energia Produção de petróleo e gás natural Brasília DF Empresa de Pesquisa Energética 2016 BROUGHTON P DAVIES R GREEN M Dismantling the Maureen platform an overview Proceedings of the Institution of Civil Engineers Civil Engineering London v 157 n 2 p 7985 2004 126 CONNELLAN C ROBERTSON D CONNELLAN C FPSOs overcoming challenges to unlock potential FPSOs overcoming challenges to unlock potential White Case New York 16 aug 2021 CONTEÚDO local Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis Brasília DF 2021 COSCO SHIPPING Sobre nós Cosco Shipping s l n 118 p 8252 2021 FAST4WARD Offshore s l 2019 FLOATING production the market heats up Offshore Engineer s l 2019 FORTUNE I S PATERSON D M Ecological best practice in decommissioning a review of scientific research ICES Journal of Marine Science Oxford v 77 n 3 p 10791091 2020 INSTITUTO BRASILEIRO DE PETRÓLEO E GÁS Regulação do descomissionamento e seus impactos para a competitividade do upstream no Brasil Cooperação e Pesquisa IBP UFRJ Rio de Janeiro 2017 INTERNATIONAL RENEWABLE ENERGY AGENCY Renewable energy benefits Masdar IRENA 2016 IPEA Ressurgimento da indústria naval no Brasil 20002013 Brasília DF IPEA 2014 JIANG L et al The disposition and management strategy of decommissioning offshore oil platform in Chengdao China Energy Procedia Amsterdam v 5 p 525528 2011 KAISER M J PULSIPHER A G Scrap and storage markets in the Gulf of Mexico III process workflows and industry structure Energy Sources Part B Economics Planning and Policy London v 5 n 3 p 250260 2010 KENSIK M Offshore technology a heavy industry overview In INTERNATIONAL OFFSHORE AND POLAR ENGINEERING CONFERENCE 15 2005 Seoul Annals Seoul International Society of Offshore and Polar Engineers 2005 KEPPEL ganha contrato de conversão Offshore Energy s l 2020 KHAKZAD N RENIERS G Chapter six safety of offshore topside processing facilities the era of FPSOs and FLNGs In KHAN F ABBASSI R ed Offshore process safety Cambridge Elsevier 2018 v 2 p 269287 KNECHT G R Costing technological growth and generalized learning curves Operational Research Quarterly 19701977 Basingstoke v 25 n 3 p 487491 1974 127 KOLICH D STORCH R L FAFANDJEL N Lean builtup panel assembly in a Newbuilding Shipyard Journal of Ship Production and Design Jersey City p 19 2017 KOTLER P ARMSTRONG G Marketing São Paulo Atlas 1996 KUBOTA L C Indústria naval um cenário dos principais players mundiais Brasília DF IPEA 2013 Nota técnica LEE Y G JU S H WOO J H Simulationbased planning system for shipbuilding International Journal of Computer Integrated Manufacturing London v 33 n 6 p 626641 2020 LEPIC B Keppel wins 747 million FPSO conversion deal OffShore Energy s l 2020 MARINE ENVIRONMENT PROTECTION COMMITTEE Resolution MEPC19662 adopted on 15july 2011 2011 Guidelines for the development of the ship recycling plan S l MEPEC 2011 MCCAUL J What s new in floating production FPSO Network Singapore 2021 MENDONÇA M Técnicas de prospecção e análise de cenários futuros nos governos e administração pública do Brasil revisão da produção científica brasileira de 2001 a 2010 In ENCONTRO DE ESTUDOS DE ESTRATÉGIA 5 2011 Porto Alegre Anais Porto Alegre Anpad 2011 MEYERGUTBROD E L et al Forecasting the legacy of offshore oil and gas platforms on fish community structure and productivity Ecological Applications Blackwell p 116 2020 OCAMPO E S PEREIRA N N Can ship recycling be a sustainable activity practiced in Brazil Journal of Cleaner Production Palm Bay v 224 p 981993 2019 OFFSHORE cost Offshore magazine s l 2012 PARSIAK V ZHUKOVA O PARSIAK К World shipbuilding driving forces and relevant development vectors Baltic Journal of Economic Studies Frankfurt v 4 n 5 p 244 2019 PINHÃO C M A M et al Estaleiro de reparo e manutenção naval BNDES Setorial Rio de Janeiro v 25 n 50 p 67107 2019 PLANO estratégico Br 21212025 Rio de Janeiro Petrobras 2020 QUEM somos Estaleiros do Brasil São João do Norte 20 RAHMAN S M M HANDLER R M MAYER A L Life cycle assessment of steel in the ship recycling industry in Bangladesh Journal of Cleaner Production 128 Oxford v 135 p 963971 2016 RAHMAN W A Z W A MOHD ZAKI N I ABU HUSAIN M K Work breakdown structure application for manhours calculation in hull construction shipbuilding in Malaysia Cogent Engineering London v 6 n 1 p 125 2019 REGULATION EU n 12572013 of the parliament and of the council Official Journal of the European Union Oxford p 120 2013 SEMINI M et al Offshoring strategies in Norwegian ship production Eurostat Estrasburgo 2017 SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL E OFFSHORE Agenda do SINAVAL para as eleições de 2018 Rio de Janeiro SINAVAL 2018 TANAKA S TAKANO K Next generation hullplatform NoahFPSO Hull based on modular design and construction concept Trondheim ASME 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entrega do produto em certo local Inputs entrada de dados Layout arranjo geral dos estaleiros Lead time tempo de fabricação e entrega para linha de produção Market share participação de uma empresa em mercado ou negócios específicos Modus operandi padrão de operação Mooring atracação New building construções novas relacionadas a casco Offshore ativos construídos para operarem sobre águas In the beaching termo para especificar trabalhos na praia fora do dique Outfittings acessórios auxiliares das plataformas como escadas suportes pequenas plataformas calhas escotilhas etc Pallets suportes de madeira ou aço utilizados para armazenar itens Performance capacidade de atendimento Pipeline projetos ainda não contratados em fase de negociação final Pipeshop oficina de fabricação de tubulação Players competidores 130 Pontoons base de plataformas semissubmersíveis Rigging içamento Spar tipo de plataforma flutuante de forma circular com ancoragem fixa Shipping navegação Scraping sucatateamento Slots termo utilizado para reserva de capacidade de infraestrutura industrial Spools semiacabado de uma tubulação industrial Subsea estruturas submersas Risers dutos submarinos condutores de petróleo Tension Leg Platform plataforma semissubmersível com ancoragem fixa Top sides planta industrial que fica acima do casco formada por módulos 131 APÊNDICE A Cronograma detalhado de construção de FPSOs na Ásia 132 APÊNDICE B Cronograma detalhado de construção de FPSOs no Brasil 133 APÊNDICE C Processo de construção e montagem de um FPSO de estaleiros asiáticos E Prod EmpurradaEntrega Prod Puxada Estoque Supermercado Informação Eletrônica Informação Manual Ritmo Índice Automatização Tabela de Dados LEGENDA 134 APÊNDICE D Processo de construção e montagem de um FPSO de estaleiros brasileiros E Prod EmpurradaEntrega Prod Puxada Estoque Supermercado Informação Eletrônica Informação Manual Ritmo Índice Automatização Tabela de Dados LEGENDA UFBA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO EM ENGENHARIA INDUSTRIAL PEI Rua Aristides Novis 02 6º andar Federação Salvador BA CEP 40210630 Telefone 71 32839800 Email peiufbabr Home page httpwwwpeiufbabr
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Texto de pré-visualização
SALVADOR 2022 MESTRADO EM ENGENHARIA INDUSTRIAL UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO EM ENGENHARIA INDUSTRIAL PEI PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO EM ENGENHARIA INDUSTRIAL PEI MÁRIO ARTHUR BORGES DE ASSIS MOURA COMPETITIVIDADE NA INDÚSTRIA DE CONSTRUÇÃO OFFSHORE BRASILEIRA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO EM ENGENHARIA INDUSTRIAL MÁRIO ARTHUR BORGES DE ASSIS MOURA COMPETITIVIDADE NA INDÚSTRIA DE CONSTRUÇÃO OFFSHORE BRASILEIRA Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Engenharia Industrial da Universidade Federal da Bahia UFBA como requisito parcial para a obtenção do título de mestre em Engenharia Industrial Orientadores Prof Dr Cristiano Hora de Oliveira Fontes Prof Dr Ademar Nogueira do Nascimento Salvador 2022 M929 Moura Mário Arthur Borges de Assis Competitividade na indústria de construção offshore brasileira Mário Arthur Borges de Assis Moura Salvador 2022 134 f il Orientadores Prof Dr Ademar Nogueira do Nascimento Prof Dr Cristiano Hora de Oliveira Fontes Dissertação mestrado Universidade Federal da Bahia Escola Politécnica 2022 1 Plataforma petróleo 2 Indústria de construção offshore 3 Competitividade 4 Estaleiro 5 Indústria offshore de petróleo I Nascimento Ademar Nogueira do II Fontes Cristiano Hora de Oliveira III Universidade Federal da Bahia IV Título CDD 338476 262 COMPETITIVIDADE NA INDUSTRIA DE CONSTRUÇÃO OFFSHORE BRASILEIRA MARIO ARTHUR BORGES DE ASSIS MOURA Dissertação submetida ao corpo docente do programa de pósgraduação em Engenharia Industrial da Universidade Federal da Bahia como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de mestre em Engenharia Industrial Examinada por Prof Dr ANDRÉ LUÍS CONDINO FUJARRA Doutor em Engenharia Naval e Oceânica pela Universidade de São PauloUSP Brasil 2002 Prof Dr DANIEL DE OLIVEIRA MOTA Doutor em Engenharia Naval e Oceânica Brasil pela Universidade São PauloUSP 2016 Prof Dr ADEMAR NOGUEIRA DO NASCIMENTO Doutor em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Campinas UNICAMP BRASIL 2006 Prof Dr Cristiano Hora de Oliveira Fontes Doutor em Engenharia Química pela Universidade Estadual CampinasUNICAMP BRASIL 2001 Salvador Ba BRASIL 082022 CONFERE COM ORIGINAL cópia extraída de documento original de acordo com o Art 5º do Decreto nº 8393679 AGRADECIMENTOS Primeiramente gostaria de agradecer aos meus pais e aos meus avós por terem me proporcionado a oportunidade de iniciar meus estudos ainda pequeno e terem me formado engenheiro Sem o acesso à educação não seria possível estar hoje atuando no segmento de construção offshore Gostaria de agradecer também todo o aprendizado adquirido através da educação pelo trabalho nas organizações em que tive oportunidade de trabalhar nos meus últimos 19 anos de formado Em especial agradeço ao grupo Novonor antiga Odebrecht SA pelos 17 anos trabalho tempo em que pude conviver com excelentes profissionais participando de grandes construções e desafios a maioria delas no território baiano que me proporcionaram o convívio e troca de experiência com diversas tecnologias nacionais e internacionais Agradeço também aos meus professores orientadores Cristiano Hora de Oliveira Fontes e Ademar Nogueira do Nascimento Em especial ao professor Ademar que tive o prazer de conhecer em 2006 no canteiro de São Roque do Paraguaçu a pessoa responsável por abrir as portas da respeitada Universidade Federal da Bahia UFBA o que acabou por me motivar no desafio do mestrado do Programa de PósGraduação em Engenharia Industrial PEI Não é fácil conciliar o trabalho e os estudos Após dois anos e meio de estudos sintome hoje um profissional muito mais qualificado e preparado para o mercado de trabalho graças ao aprendizado adquirido junto a todos os professores do PEI Espero com todo esse conhecimento adquirido auxiliar na manutenção da indústria de construção offshore brasileira em especial na Bahia mantendoa ativa e respeitada contribuindo na geração de empregos riqueza e desenvolvimento para toda a sociedade baiana e brasileira Por fim agradeço à minha esposa e filhas companheiras da minha vida e incentivadoras dos meus estudos e capacitação Foi difícil deixar de lado alguns momentos juntos com a família frente à necessidade dos estudos mas nada vem de graça Sem sacrifícios não há recompensa Sonhe grande pois ter sonhos grandes dão o mesmo trabalho dos sonhos pequenos Jorge Paulo Lemann RESUMO As atividades de exploração de petróleo no présal brasileiro encontramse em franca expansão e vêm requerendo expressivos investimentos em construção de novas plataformas de produção offshore FPSO estimados em US90 bilhões Essas estruturas oceânicas são extremamente complexas de alto valor agregado e sua construção em grande parte vem sendo contratada em estaleiros asiáticos A opção das construções no exterior revela indagações sobre a competitividade da indústria nacional e suas relações com as exigências de Conteúdo Local CL mínimo 25 previsto em leis Esta pesquisa baseouse em consistente avaliação crítica do estado atual deste segmento no Brasil aferindo sua competitividade frente aos concorrentes internacionais Desenvolveuse para tanto modelagem matemática de previsão de demanda por FPSO para o período de 10 anos 2021 a 2030 cujo resultado foi empregado na conversão da previsão de demanda das partes componentes da estrutura seguido pela análise da indústria de construção offshore e definição de parâmetros de competitividade para atendimento das encomendas previstas o que resultou em possível construção de 30 plataformas esperadas por esta metodologia no período indicado de acordo com o atual estado da arte tecnológica Foram também avaliados os impactos econômicos e a necessidade de recursos profissionais nos possíveis cenários de atividades offshore nos próximos 10 anos Constatase que a metodologia empregada nesta pesquisa permitiu gerar resultados impactantes contribuindo para romper o paradigma da impossibilidade da capacidade de construção offshore no Brasil em escala para atendimento às demandas nacionais atuais como também avaliar os benefícios de continuidade competitiva dessa indústria para mercados futuros de energia alternativas e renováveis offshore Palavraschaves estaleiros construção offshore plataformas competitividade ABSTRACT Oil exploration activities in the Brazilian presalt are in full expansion and have required significant investments in the construction of new offshore production platforms FPSO estimated at US90 billion These ocean structures are extremely complex with high added value and their construction in large part has been contracted in Asian shipyards The option of constructions abroad reveals questions about the competitiveness of the national industry and its relationship with the requirements of minimum local content 25 established by law This research was based on a consistent critical assessment of the current state of this segment in Brazil assessing its competitiveness against international competitors For this purpose a mathematical modelling of demand forecast for FPSO was developed for the period of 10 years 2021 to 2030 whose result was used in the conversion of the demand forecast of the component parts of the structure followed by the analysis of the construction industry offshore and definition of competitiveness parameters to meet the expected orders which resulted in the possible construction of 30 platforms expected by this methodology in the indicated period according to the current state of the technological art The economic impacts and need for resources of workers in the possible scenarios of offshore activities in the next 10 years were also evaluated It appears that the methodology used in this research allowed to generate impressive results contributing to break the paradigm of the impossibility of offshore construction capacity in Brazil on a scale to meet current national demands as well as to evaluate the benefits of competitive continuity of this industry for future markets of alternative and renewable energy offshore Key Words shipyards offshore construction platforms competitiveness LISTA DE FIGURAS Figura 1 Layout de uma plataforma de produção com sistema de captura de CO2 47 Figura 2 Árvore do produto construção de FPSO 49 Figura 3 Árvore do produto da construção do casco 50 Figura 4 Árvore do produto da construção do módulo 51 Figura 5 Método construtivo dos FPSOs 52 Figura 6 Estaleiro offshore da Cosco em DalianChina com dois diques secos 56 Figura 7 Estaleiro offshore da Hyundai em JeonhaCoreia do Sul com três diques secos 57 Figura 8 Estaleiro offshore da Keppel em Cingapura 57 Figura 9 Estaleiro Feels em Cingapura líder no setor de conversão de cascos 60 Figura 10 Casco tipo new building Fast4Ward da SBM 61 Figura 11 Comparação dos ciclos de construção de FPSOs conversões e casco novo 62 Figura 12 Cronograma de construção de FPSOs em estaleiros asiáticos 64 Figura 13 Fluxo de produção de um FPSO em estaleiros asiáticos 68 Figura 14 Principais processos produtivos de construção de um FPSO na Ásia 71 Figura 15 Fluxograma dos processos de engenharia 73 Figura 16 Arranjo simplificado do sistema de financiamento e garantias do mercado asiático 75 Figura 17 Layout estaleiro Atlântico Sul 78 Figura 18 Layout estaleiro EcovixFonte apresentação Petrobras 2015 78 Figura 19 Layout do estaleiro Enseada Indústria Naval 79 Figura 20 Layouts do estaleiro Jurong 80 Figura 21 Layout do estaleiro BrasFels 81 Figura 22 Layout do estaleiro EBR 82 Figura 23 Principais processos produtivos de construção de um FPSO no Brasil 85 Figura 24 Cronograma de construção e montagem de cinco unidades FPSO seriadas 85 Figura 25 Fluxograma tradicional para execução das atividades de engenharia nos estaleiros brasileiros 88 Figura 26 Arranjo de financiamento dos projetos offshore no Brasil 93 Figura 27 Fluxograma do processo de descomissionamento de plataformas offshore 115 LISTA DE GRÁFICO Gráfico 1 Demanda por FPSO em função da produção de petróleo na camada présal 43 Gráfico 2 Curva de aprendizagem por unidade 86 Gráfico 3 Comparação do custo unitário de produção X Custo salarial 98 Gráfico 4 Comparação de custo Ásia x Brasil por classe de custo 99 Gráfico 5 Comparação de custo Ásia x Brasil por categoria de custo 99 Gráfico 6 Comparação de faturamento e impacto fiscal para cenários de conteúdo local 110 Gráfico 7 Número de profissionais na construção de FPSOs para os próximos anos 111 Gráfico 8 Faturamento de descomissionamento de FPSOs X Construções novas 117 Gráfico 9 Meses requeridos X Meses disponíveis de dique próxima década 119 LISTA DE QUADROS Quadro 1 Quadro resumo do procedimento metodológico 33 Quadro 2 Produção de petróleo e correspondente demanda por plataformas 41 Quadro 3 Eventos causais e impactos sobre as demandas previstas 45 Quadro 4 Líderes do segmento de construção offshore tipo FPSO retilíneo 54 Quadro 5 Infraestrutura de importantes estaleiros asiáticos de construção offshore 55 Quadro 6 Comparação entre metodologia de cascos novos X cascos convertidos 61 Quadro 7 Estimativa de estrutura de custo nos estaleiros asiáticos 66 Quadro 8 Tempos de processo X Ritmo tmês X Automatização X HH¹t 70 Quadro 9 Infraestrutura de estaleiros brasileiros de construção offshore 76 Quadro 10 Proposta de construção de FPSOs em estaleiros brasileiros 83 Quadro 11 Tempos de processo X Ritmo tmês X Automatização X HHt 84 Quadro 12 Distância dos estaleiros brasileiros até às siderúrgicas 89 Quadro 13 Custo de construção de um FPSO no Brasil 90 Quadro 14 Cronograma resumo estaleiros asiáticos X estaleiros brasileiros 95 Quadro 15 Comparação entre tempos de processo nível e automatização estaleiros 95 Quadro 16 Comparação de indicadores econômicos de competitividade entre construtores brasileiros e asiáticos 96 Quadro 17 Resumo da competitividade da indústria brasileira 101 Quadro 18 Cronograma de construção e montagem de FPSOs completos casco módulos e integração com dique seco 104 Quadro 19 Cronograma de construção e montagem apenas módulos e integração sem dique seco 105 Quadro 20 Demanda X Capacidade instalada estaleiros brasileiros X Conteúdo local atual 25 106 Quadro 21 Demanda X Capacidade instalada estaleiros brasileiros X Conteúdo local intermediário 40 107 Quadro 22 Estimativas de faturamento em função do conteúdo local e do impacto fiscal 108 Quadro 23 Receita estimada para sucateamento de um FPSO 116 Quadro 24 Estimativa de receita para os próximos dez anos do mercado de descomissionamento 116 Quadro 25 Estaleiros brasileiros com infraestruturas para descomissionamento 118 Quadro 26 Utilização de diques para descomissionamento 120 LISTA DE EQUAÇÕES Equação 1 Proposta de equação linear de estimativa de demanda 36 Equação 2 Proposta de equação de curva de aprendizado para construção de plataformas offshore 39 Equação 3 Equação linear de estimativa de demanda 42 Equação 4 Equação de curva de aprendizado 86 LISTA DE SIGLAS ABENAV Associação Brasileira das Empresas de Construção Naval e Offshore ABIMAQ Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos ACV Análise de Ciclo de Vida Afretadores Donos dos ativosplataformas ANP Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CL Conteúdo Local CNPE Conselho Nacional de Política Energética EAS Estaleiro Atlântico Sul de Pernambuco EFVM Estrada de Ferro Vitoria a Minas EPE Empresa de Pesquisa Energética FCA Ferrovia CentroAtlântica FLNG Floating Liquefied Natural Gas FMM Fundo de Marinha Mercante FPSO Floating Production Storage and Offloading GWEC Global Wind Energy Coucil IBP Instituto Brasileiro de Petróleo Gás IMO International Maritime Organization IOC International Oil Company IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IRENA International Renewable Energy Agency MME Ministério de Minas e Energia MRP Material Requiriments Planning OMS Organização Mundial de Saúde OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo PCP Programação e Controle de Produção PDE Plano Decenal de Energia PDI Programa de Descomissionamento de Instalações PIB Produto Interno Bruto SINAVAL Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore TLP Tension Leg Platform VLCC Very Large Crude oil Carrier SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 18 11 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA 18 12 JUSTIFICATIVA 21 13 OBJETIVOS 22 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 23 21 DEMANDAS DE CONSTRUÇÃO DE FPSOS PARA OS PRÓXIMOS ANOS 23 22 CONSTRUÇÕES OFFSHORE NOS ESTALEIROS 26 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 33 31 DEMANDA POR PLATAFORMAS DE PRODUÇÃO TIPO FPSO 35 32 ESTADO DA ARTE DE CONSTRUÇÃO OFFSHORE E AVALIAÇÃO DA COMPETITIVIDADE INDÚSTRIA LOCAL 37 33 PLANEJAMENTO DE PRODUÇÃO PARA ATENDIMENTO À DEMANDA DE NOVOS FPSOS PELOS ESTALEIROS BRASILEIROS 38 34 PESQUISA DE MERCADOS ALTERNATIVOS PARA ESTALEIROS BRASILEIROS CASO DE DESCOMISSIONAMENTO DE PLATAFORMAS OFFSHORE 40 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 41 41 DEMANDA DE PLATAFORMAS DE PRODUÇÃO 41 411 Estimativa de demanda de FPSOs para próxima década 41 412 Estimativa de insumos e árvore do produto dos FPSOs 48 42 COMPETITIVIDADE NA CONSTRUÇÃO DE PLATAFORMAS OFFSHORE 52 421 Estado da arte da construção offshore asiática 55 4211 Infraestruturas dos estaleiros asiáticos 55 4212 Detalhamento da produção dos estaleiros asiáticos 58 422 Análise crítica da indústria de construção offshore brasileira 75 4221 Infraestruturas dos estaleiros brasileiros 75 4222 Detalhamento da produção dos estaleiros brasileiros 82 423 Indústria de construção offshore asiática X brasileira 94 424 Resumo da competitividade da industrial brasileira 100 43 CAPACIDADE DE ATENDIMENTO DOS ESTALEIROS BRASILEIROS X DEMANDA ATUAL DE FPSOS 103 44 MERCADOS DE DESCOMISSIOAMENTO DE PLATAFORMAS OFFSHORE 112 5 CONCLUSÕES 121 REFERÊNCIAS 125 GLOSSÁRIO DE TERMOS NA LÍNGUA INGLESA 129 APÊNDICE A Cronograma detalhado de construção de FPSOs na Ásia 131 APÊNDICE B Cronograma detalhado de construção de FPSOs no Brasil 132 APÊNDICE C Processo de construção e montagem de um FPSO de estaleiros asiáticos 133 APÊNDICE D Processo de construção e montagem de um FPSO de estaleiros brasileiros 134 18 1 INTRODUÇÃO De acordo com o Anuário Estatístico da Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS 2019 o Brasil encontrase atualmente na 15ª posição do ranking mundial das reservas de petróleo Dos 17 trilhão de barris de reservas comprovadas no contexto mundial em 2018 o total de 134 bilhões de barris estão no território brasileiro aproximadamente 08 Ao contrário de países produtores membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo OPEP que se mantiveram praticamente estáveis o Brasil registrou aumento de suas reservas em torno de 5 saindo de 127 bilhões de barris no ano 2017 para 134 bilhões de barris de reserva no ano 2018 AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS 2019 Com relação à produção por sua vez a taxa média situase em torno de 26 milhões de barrisdia com base no ano de 2018 Entretanto a meta estabelecida pelo Ministério de Minas e Energia MME para o ano de 2030 conforme informa a Empresa de Pesquisa Energética EPE é de 56 milhões de barrisdia Ainda segundo a EPE 2019 para que seja possível alcançar essa produção investimentos de R 165 trilhão serão necessários no setor de exploração e produção Destes a maioria está relacionada às infraestruturas e novas construções de bases físicas de produção offshore plataformas Estimase a necessidade de 60 unidades de plataformas para atendimento às demandas da produção brasileira até o ano de 2030 AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS 2018 Devido às características oceânicas de ocorrência do petróleo nos depósitos marinhos nas reservas do présal brasileiro as plataformas de produção deverão ser projetadas para operação em águas profundas sendo classificadas como Floating Production Storage and Offloading FPSO Devese observar que além do esperado crescimento das oportunidades de construção offshore no Brasil o mercado de construção naval atendido pelos estaleiros é também relevante e estratégico visto que o modal aquaviário de transporte movimenta cerca de 90 de toda carga mundial KUBOTA 2013 Ainda de acordo com Kubota 2013 a entrada e permanência de possíveis novos empreendimentos é dificultada pela presença consolidada de competitivos players 19 internacionais principalmente aqueles localizados na Ásia a exemplo de países como Coreia do Sul Japão e China Os resultados deste trabalho indicam que a demanda esperada para os próximos dez anos são de 42 unidades de FPSOs inferior às estimativas iniciais da ANP de 60 unidades A construção dessas 42 unidades irá demandar aproximadamente 34 milhões de toneladas de insumos o que poderiam gerar a geração de mais de 40 mil empregos diretos com uma arrecadação de até 757 bilhões de dólares Entretanto o Brasil dispõe apenas de seis estaleiros com infraestrutura equivalentes às referências asiáticas sendo capaz de nos próximos dez anos atender à demanda por 14 plataformas FPSOs completas casco módulos e integração e mais 16 projetos de forma parcial com a construção de módulos estruturas industriais compactas para o processamento de óleo e gás e integração operações para fixar os módulos aos cascos navais ainda que atendendose às exigências de Conteúdo Local CL mínimo de 25 estabelecido pela ANP em alguns projetos offshore CONTEÚDO 2021 Revelase ainda que a infraestrutura dos principais estaleiros brasileiros diferentemente dos asiáticos dispõe de apenas um diqueseco por encomenda de plataforma Outro resultado impactante diz respeito aos maiores custos com remuneração de pessoal dos estaleiros brasileiros quando comparados aos equivalentes estaleiros da Ásia a exemplo de China e Cingapura Este trabalho revela ainda que em relação à estrutura societária e financeira dos estaleiros o modelo brasileiro é integralmente privado portanto diferente dos seus competidores asiáticos que em sua maioria são compostos por grupos privados e empresas estatais a exemplo de bancos de fomento o que provavelmente deve assegurar maior solidez financeira 11 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA De acordo com Branquinho Salomão e Duarte 2012 a indústria offshore brasileira começou a ser revitalizada a partir do ano de 2008 Fomentados pelas políticas de alto CL de 2005 uma série de estaleiros foram modernizados a exemplo do estaleiro BrasFeels em Angra dos Reis RJ e novas plantas foram construídas como os estaleiros Atlântico Sul em Pernambuco PE Ecovix em Rio Grande RS Jurong em Aracruz ES e Enseada do Paraguaçu em Maragogipe BA O aporte financeiro disponibilizado pelo Fundo de Marinha Mercante FMM teve participação 20 essencial nesse processo de modernização e financiou aproximadamente US 622 bilhões em infraestruturas industriais entre os anos de 2005 e 2012 A partir do ano de 2015 entretanto após a crise econômica instalada na Petrobras ocorreram uma serie de discussões a respeito das mudanças das políticas industriais do setor de óleo e gás Como consequência e sob o argumento de aumentar a competividade do setor o CL da indústria de construção offshore foi reduzido de 70 para atuais 25 AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS 2018 Segundo o Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore Sinaval SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL E OFFSHORE 2018 as consequências das reduções do CL termo utilizado para definição dos serviços e produtos que precisam obrigatoriamente serem alocados no país foram o esvaziamento das encomendas pelos estaleiros nacionais sendo que a maioria das construções passaram a ser realizadas em alguns países da Ásia mercado líder Na China por exemplo encontramse sete unidades de FPSO sendo construídas enquanto no Brasil existem apenas poucas unidades em construção módulos em atendimento ao CL mínimo o que faz com que muitos estaleiros brasileiros se encontrem estejam inferiores à sua capacidade operacional implicando impactantes consequências negativas para a economia nacional colocando em dúvidas a capacidade produtiva e competitividade desse segmento no Brasil O presente trabalho portanto ao estabelecer sustentável metodologia gera satisfatórios resultados que desmitificam a pretensa não competitividade da indústria offshore nacional particularmente para a construção offshore de FPSOs pelo menos nos próximos dez anos Nesse sentido o trabalho desenvolve uma avaliação técnica quanto ao estado atual de competitividade da indústria local e sua capacidade de atendimento às demandas por plataformas offshore do Brasil gerando cronograma construtivo para o tempo estabelecido dez anos Mais especificamente foram avaliadas a tecnologia e a capacidade instalada dos estaleiros nacionais comparandose o estado da arte tecnológica dessa indústria em relação aos construtores líderes internacionais localizados no continente asiático considerandose as exigências de atendimento ao CL mínimo Fora analisado também os impactos econômicos e a necessidade de profissionais para o atendimento desse CL 21 12 JUSTIFICATIVA As discussões referentes às demandas do setor de óleo e gás e a obrigatoriedade de construção das plataformas offshore no Brasil estão relacionadas ao CL mínimo obrigatório que é arbitrado pelo MME Do ponto de vista da indústria dos estaleiros as suas infraestruturas foram modernizadas e estão prontas para entendimento de parte da demanda Do ponto de vista das International Oil Companies IOC a indústria brasileira não se encontra apta AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS 2018 Segundo Pinhão e demais autores 2019 dos seis grandes estaleiros de construção offshore instalados no Brasil três unidades EAS Enseada e Ecovix estão sem grandes encomendas e os outros três Jurong BrasFels e EBR estão com baixo índice de ocupação de suas instalações Ainda segundo os mesmos autores a indústria asiática é muito relevante para o setor de construção naval e offshore concentrando aproximadamente 67 das construções de FPSOs já executadas 2019 WORLDWIDE 2019 De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Construção Naval e Offshore ABENAV 2014 a expansão da produção de petróleo no présal dobrará para 20 a participação da indústria de petróleo e gás no Produto Interno Bruto PIB e poderia levar a indústria naval e offshore brasileira a faturar em torno de US 17 bilhões por ano no período caso um CL adequado de 40 fosse adotado Considerando a situação atual da alta taxa de desemprego no Brasil fazse necessário uma discussão mais apurada das razões de baixa ocupação dos estaleiros brasileiros contraditoriamente no pico do desenvolvimento e exploração das atividades de petróleo na camada de présal brasileira indústria que já empregou mais de 79 mil pessoas de forma direta no início da década anterior ALONSO 2015 Especificamente na Bahia tal setor já empregou mais de 7 mil pessoas SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL E OFFSHORE 2018 Analisandose os resultados contidos nas publicações científicas pesquisadas constatouse relevante incerteza quanto ao atendimento à estimativa de demanda por FPSO para os próximos dez anos versus a correspondente capacidade produtiva brasileira para essas plataformas Nesse sentido a presente pesquisa resultante 22 nesta dissertação contribui com metodologia que avalia por estimativa de parâmetros lineares modelagem matemática novos quantitativos de previsão de demanda a partir dos quais foi possível estabelecer cronograma executivo de construção de plataformas e suas positivas consequências para a economia brasileira 13 OBJETIVOS O objetivo desta pesquisa é realizar avaliação técnica do segmento de construção offshore brasileiro especialmente de plataformas tipo FPSO retilíneas especificamente I Desenvolver modelo matemático para estimar as demandas de plataformas FPSOs e seus respectivos insumos materiais e equipamentos para os próximos dez anos II Analisar e avaliar o estado da arte da construção offshore asiático líder do setor como benchmarking para os estaleiros brasileiros no intuito de aferir o status atual da competitividade nacional III Avaliar a capacidade de atendimento da indústria nacional com base na previsão de demanda para os próximos dez anos condicionado às exigências legais de atendimento ao CL mínimo IV Estabelecer cronograma de construção e montagem de FPSOs completos casco módulos e integração com e sem o uso das infraestruturas de diques secos de acordo com a previsão de demanda modelada V Avaliar os impactos fiscais e recursos de profissionais necessários na construção offshore frente aos possíveis cenários futuros de CL VI Analisar competitividade da indústria local para atendimento de mercado alternativo de descomissionamento offshore 23 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA As fundamentações teóricas utilizadas durante a pesquisa foram separadas em duas subseções Demandas de construção de FPSOs para os próximos anos e Construções offshore em estaleiros abordadas a seguir 21 DEMANDAS DE CONSTRUÇÃO DE FPSOS PARA OS PRÓXIMOS ANOS As estimativas de demandas para construções de FPSOs no Brasil estão diretamente relacionadas ao plano de produção e exploração de petróleo brasileiro A EPE que é uma empresa estatal vinculada ao MME divulga anualmente através do Plano Decenal de Energia PDE as metas decenais previstas de produção para o setor de energia do Brasil que inclui as atividades do setor de óleo e gás As estimativas geradas pelo PDE para o setor de óleo e gás têm como base as previsões de crescimento do PIB definidas pelo Ministério da Economia e o comportamento da matriz energética brasileira para os próximos anos Na última edição do PDE em 2021 foi estabelecido a estimativa de produção de 55 milhões de barrisdia para o ano de 2030 frente aos atuais 33 milhões de barrisdia que correspondem às necessidades de um crescimento do PIB em 29 ao ano no período BRASIL 2021 Ainda segundo o PDE de 2021 os derivados de petróleo possuem forte incidência na matriz enérgica para os próximos dez anos As projeções indicam que os atuais 389 da cadeia terão apenas uma leve queda em 2030 para um percentual de 359 ocasionados pela introdução de novas fontes alternativas de energia como eólica e gás natural mas não impactando as fortes demandas projetadas para o setor Atualmente a nomenclatura de plataformas do tipo FPSO que possui referência às letras F para Floating Flutuação P para Production Produção S para Storage Estocagem e O para Offloading Descarregamento vem sendo associada a plataformas de casco retilíneo similares a formas tradicionais navais Entretanto essa mesma nomenclatura também poderia ser aplicável a outras formas de plataformas que possam vir atender às mesmas finalidades operacionais como são os casos de algumas unidades conhecidas como monocoluna Spars Tension Leg Platforms TLPs e semissubmersíveis que possuam capacidades de produção e 24 estocagem de petróleo Estas últimas plataformas com bases submarinas de produção do tipo TLP e semissubmersíveis vêm sendo bastante utilizadas pelas empresas petroleiras na região do Golfo do México devido às suas vantagens de forma constante não demandando o reposicionamento da unidade para as incidências de ondas durante sua operação No Brasil especificamente destacamse as construções das plataformas semissubmersíveis P51 P52 P55 e P56 no estaleiro BrasFeels no Rio de Janeiro e em Rio Grande no Rio Grande do Sul entre 2005 e 2014 ALONSO 2015 realizadas nas décadas passadas Estudos recentes indicam que as necessidades de plataformas offshore para os próximos dez anos no mercado brasileiro variam de 60 unidades de FPSO AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS 2018 a 45 unidades BRASIL 2016 As variações das previsões do número de unidades estão atreladas principalmente à imprecisão do fator de produtividade dos poços que podem variar bastante Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPEA 2014 as construções offshore e navais tradicionais possuem ciclos de demandas mercadológicas diferentes As demandas de construção de navios além do limitado mercado interno estão significativamente relacionadas ao aumento das atividades econômicas em escala mundial mais especificamente ao aumento das atividades de comércio internacional Quando a economia mundial está em fase crescente o número de movimentações marítimas aumenta a demanda por novos navios aumenta e consequentemente o preço do frete também aumenta Particularmente a indústria offshore está relacionada ao preço do barril do petróleo e suas demandas futuras preços futuros Sempre que há tendência de aumento do preço do petróleo a indústria offshore e sua construção são mais demandadas A indústria de construção offshore é muito estratégica para os países asiáticos como Cingapura China e Coreia do Sul pois emprega milhões de pessoas e tem valor agregado altíssimo conforme destaca KehSik 2005 quando apenas o estaleiro coreano Hyundai faturou em único ano mais de US 145 bilhões Atualmente as unidades do tipo FPSO são construídas a um valor médio de US 10 bilhões MCCAUL 2021 O plano de investimento do governo brasileiro para a próxima década tem chamado muito atenção dos grandes conglomerados asiáticos que além de serem líderes do setor possuem forte estrutura financeira com a participação de bancos nacionais de fomento em suas estruturas societárias 25 Identificouse durante a pesquisa de engenharia offshore forte desenvolvimento tecnológico de construção de plataformas de produção de gás natural Floating Liquefied Natural Gas FLNG pelos estaleiros coreanos como mercado emergente nos próximos anos visto que a demanda por comercialização desse tipo de combustível está crescendo entre os países que estão à procura de fontes de energia menos poluentes gás natural gera menos emissão de CO2 se comparado ao petróleo e também devido à necessidade geopolítica de menos dependência do fornecimento de gás russo pelos países europeus KHAKZAD RENIERS 2018 Os registros indicam que dois projetos de FLNGs já foram executados e mais três estão em execução todos pelos estaleiros coreanos no valor aproximado de 5 bilhões de dólares cada unidade O plano de negócios da Petrobras para a próxima década prevê a execução de uma unidade em águas brasileiras Identificouse também uma atuação muito forte dos estaleiros europeus que estavam ociosos THOLEN 2015 na construção e montagem de parques eólicos offshore que vem crescendo fortemente na Europa e Áas INTERNATIONAL RENEWABLE ENERGY AGENCY 2018 As tecnologias de águas rasas e profundas foram estudadas por Tjiu e demais autores 2015 com a avaliação de seus benefícios e custos de instalação Alguns mercados offshore alternativos estão sendo avaliados como atividades que possam vir a integrar o portfólio dos estaleiros brasileiros As atividades de descomissionamento de plataformas como nicho de mercado compensatório para a ociosidade dos estaleiros brasileiros vêm sendo amplamente discutidas VIANNA SENNA 2020 Questões sobre o real benefício desse tipo de atividade os impactos ambientais e infraestruturas dos estaleiros necessários para essas atividades foram identificados por Ocampo e Pereira 2019 Alguns pesquisadores defendem a manutenção das plataformas atuais como menos impactante do que sua remoção como é o caso das plataformas na costa americana MEYERGUTBROD et al 2020 Segundo o Programa de Descomissionamento de Instalações PDI divulgado pela ANP AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS 2020 existem hoje aproximadamente 77 plataformas offshore com tempo acima de 25 anos de operação com seu ciclo de vida em fase terminal Dessas 77 unidades 18 encontramse com suas operações finalizadas e precisam ser descomissionadas no território brasileiro nos próximos quatro anos sendo 12 unidades do tipo flutuante águas profundas e seis unidades fixas água rasas Ainda 26 segundo a ANP AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS 2020 para essas atividades será necessário um investimento inicial de 6 bilhões de dólares em atividades de serviços com perspectivas de aumento significativo para os demais anos Apesar de bem usual em outros países como Estados Unidos campos do Golfo do México e Reino Unido campos do Mar do Norte as atividades de descomissionamento no Brasil ainda não possuem uma regulamentação adequada e bem definida o que traz um impasse jurídico ambiental para o setor INSTITUTO BRASILEIRO DE PETRÓLEO E GÁS 2017 Ainda de acordo com o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás IBP as atividades em águas rasas já possuem regimes internacionais de regulação e deverão servir de base para a regulamentação do setor no Brasil Por outro lado as atividades em águas profundas que são bem intensas no Brasil não possuem tais referências Os impactos socioambientais ainda não foram estudados e mapeados tornando o debate mais complexo INSTITUTO BRASILEIRO DE PETRÓLEO E GÁS 2017 22 CONSTRUÇÕES OFFSHORE NOS ESTALEIROS A revista especializada Offshore Magazine 2019 WORLDWIDE 2019 anualmente disponibiliza uma base de dados atrelados a um mapa das construções offshore correntes ao redor do mundo com a indicação das informações principais do setor sendo campo da plataforma a ser explorado proprietário do ativo plataforma no caso as IOC operador também denominado como afretador local e responsável da construção do casco módulos e integração bem como os tempos previstos e realizados das atividades Com base nos dados disponibilizados de 2019 ficou fortemente evidenciado a liderança dos estaleiros asiáticos no setor de construção offshore com aproximadamente 67 do market share frente as 225 unidades de FPSO presentes no mundo Adicionalmente evidenciouse o mercado brasileiro do présal como grande demandante de plataformas do tipo FPSO com 59 unidades em operação e mais de sete unidades em construção no ano de 2020 Nesse referido mapa de projetos estão destacadas apenas as construções de FPSOs retilíneos As plataformas do tipo monocoluna e semissubmersíveis não estão contabilizadas Identificouse ainda ausência de encomendas desses tipos de plataformas para os próximos anos em águas brasileiras 27 Segundo o IPEA 2014 os grandes players mundiais asiáticos possuem em sua composição acionária bancos de fomento que garantem sua higidez financeira principalmente para emissão de garantias e robustez para manutenção dos estaleiros em ciclo de baixa demandas de mercado Os estaleiros asiáticos são atualmente os líderes no setor de construção offshore Sua liderança foi conquistada através de uma forte política de investimento no setor Entre os países asiáticos líderes do setor destacamse China Coreia do Sul e Cingapura Segundo Parsiak Zhukova e Parsiak 2019 a competição entre eles vem gerando uma corrida tecnológica no desenvolvimento das ferramentas e técnicas construtivas A construção offshore de Cingapura um dos principais líderes do mundo é especializada nas atividades de conversões de cascos construção de módulos e integração Estimase que aproximadamente 96 projetos de construção de FPSOs tenham sido executados nesse país e na vizinha Malásia RAHMAN MOHD ZAKI ABU HUSAIN 2019 que serve de suporte aos grandes estaleiros Keppel Feels e Jurong Estes por sua vez possuem expressiva representatividade no setor impulsionados pelas suas empresas holding como SemBcorp Marine que revelam destacada política de investimento de capital na indústria offshore verticalização do processo Nesse sentido a própria holding participa no equity do ativo final de FPSOs desde que a construção seja feita em seus estaleiros IPEA 2014 Como destaca Rahman Mohd Zaki e Abu Husain 2019 as atividades desenvolvidas em Cingapura estão fortemente concentradas nas otimizações de recursos e planejamento da produção com a utilização de ferramentas de controle de produtividade e constante busca de processos que garantam o mínimo possível de consumo de homem hora por tonelada de construção produzida HHt Segundo o mesmo autor as construções offshore possuem um valor médio de 205 HHt produzida no país para as atividades de outfittings A China provavelmente devido à sua significativa disponibilidade de trabalhadores e forte incentivo do governo tem focado mais nas atividades de construção de cascos tanto de conversão quanto new building Estimase que em torno de 27 unidades de cascos convertidos e 25 cascos do tipo new building tenham sido construídos nos estaleiros chineses entre os anos 2000 e 2019 A forte similaridade das atividades de conversão com reparos navais e as atividades de new buildings com construção de cascos convencionais proporcionam uma dinâmica de 28 construção em grande escala para a indústria navaloffshore chinesa Grandes corporações boa parte delas tendo o governo como próprio acionista como Cosco Dalian CNOOC e Zhonghua destacamse como financiadores dos grandes projetos dos seus próprios estaleiros IPEA 2014 A Coreia do Sul devido às suas instalações fabris de última geração e extremamente robustas atreladas ao alto nível de instrução de seus operários é um forte player na construção de FPSOs KEHSIK 2005 Na ordem de 22 unidades de cascos convertidos e 16 cascos do tipo new building foram feitos nos estaleiros coreanos nas últimas décadas A forte similaridade das atividades offshore com outros tipos de construção de alto valor agregado revela diferenciada dinâmica da indústria coreana indicando especialização em construções de relevante complexidade Grandes corporações como Samsung Daewoo e Hyundai destacamse entre as patrocinadoras dos projetos em seus estaleiros que igualmente aos construtores da China possuem o próprio governo como patrocinador Dado o alto valor agregado e empregabilidade das construções offshore o segmento é visto como estratégico por esses países pois além de grande geração econômica garante aos países posição tecnológica bem relevante na industrial em geral como destaca Kubota 2013 estimando o faturamento da indústria coreana em torno de US 323 bilhões anuais Uma série de discussões têm sido realizadas sobre as questões atreladas as conversões dos cascos de FPSOs no que diz respeito à sua vantagem e desvantagem frente às construções de casco novos new buldings O artigo publicado pela White e Case 2021 ilustra algumas vantagens custo mais baixo em torno de 20 e tempo mais curto para finalização do projeto em torno de 22 semanas se comparado ao casco novo 2019 WORLDWIDE 2019 Entre as desvantagens maior impacto ambiental geração de sucatas e resíduos mais exposição dos trabalhadores ao risco trabalho em ambiente confinado limitação para plantas dos top sides com no máximo 30 mil toneladas e possibilidades maiores de variações do preço da conversão Este último é bem impactante e usual nas atividades de conversão pois a real situação do casco só é conhecida após as atividades finais de inspeções que ocorrem quando o projeto já está em andamento Segundo a revista especializada Offshore Energy KEPPEL 2020 o valor atual de mercado para a conversão de um casco é na ordem de US 100 milhões Esse valor não inclui a compra do casco tipo Very Large Crude oil Carrier VLCC que 29 pode variar entre US 30 a 50 milhões segundo o site da Clarkson Shipping para cascos de dez anos de idade dependendo das suas condições Além das questões atreladas aos processos construtivos custo ambiental os líderes do setor de construção offshore têm investido fortemente no desenvolvimento de produtos inovadores que possam trazer maior valor agregado ao produto final sendo na redução do preço do produto como no tempo de sua construção como é o caso do NoahFPSO Hull TANAKA TAKANO 2017 considerado o estado da arte de projeto de cascos de FPSO Esse tipo de produto possui custo bem competitivo na ordem de US 250 milhões e possui um tempo de produção de 12 a 20 meses nos maiores estaleiros mundiais Outros aspectos bem peculiares desse tipo de casco são i dimensionados para terem poucas formas curvas maior facilidade de construção ii menor relação entre comprimento e largura para permitir maior estabilidade do conjunto iii atender a diversos tipos de plantas de processo do tipo top sides possibilitando sua construção de forma seriada e até mesmo ser estocado para utilização futura De acordo com a Offshore Magazine 2019 WORLDWIDE 2019 os últimos projetos de construção offshore envolvendo caso novo estão sendo construídos considerando 48 meses de tempo total de construção que inclui desde a assinatura do contrato até a exploração do primeiro óleo Esse parece ser um benchmarkting para o setor a partir de agora Outros projetos no pipeline possuem a mesma duração prevista Destacase também que os custos de construção de FPSOs possuem estruturas bem similares sendo basicamente divididos em materiais básicos de 10 a 15 equipamentos entre 45 e 55 e construção variando de 30 a 40 IPEA 2014 OFFSHORE 2012 Os processos de fabricação das estruturas de cascos novos offshore seguem uma metodologia bem similar aos cascos de navios O investimento em linhas de produção de painéis navais automatizados segundo Kolich Storch e Fafandjel 2017 proporciona uma redução em até 60 do consumo de Homem Hora HH nos estaleiros de construção offshore e naval Essa tecnologia tem sido observada nos estaleiros asiáticos de ponta consolidando como padrão para o setor de competitividade Investimentos significativos têm sido realizados no desenvolvimento de ferramentas virtuais de simulação da construção de produtos offshore No intuito de 30 evitar problemas na produção Lee Ju e Woo 2020 desenvolveram um sistema de algoritmos que proporciona 10 na redução de HH com a antecipação de problemas na produção Ferramentas de realidade aumentada também foram desenvolvidas por BlancoNovoa e demais autores 2018 com ênfase na identificação das dificuldades de montagem de outfittings em campo processo menos automatizado até o momento Apesar dos altíssimos investimentos em processos automatizados dos estaleiros asiáticos na área de fabricação e montagem de estruturas com a introdução de sistemas robotizados alguns setores dos estaleiros ainda necessitam de maiores investimentos para sua completa automação como é o setor de préedificação edificação e montagem de outfittings Estes últimos correspondem à área com maior gasto de HH na produção Os processos de instalação e montagem de outffitngs nos estaleiros offshore são uma das atividades que mais requerem atenção Segundo Semini e demais autores 2017 atualmente esse processo é difícil de ser automatizado e requer uma estratégia de instalação muito aferida para evitar que se torne o gargalo de produção Nomeado como acabamento avançado esse processo se baseia em instalar os outfttings em paralelo ao processo de montagem de estrutura Os ganhos segundo Semini e demais autores 2017 são extremamente significantes em termos de tempo de entrega qualidade e custo do produto final Ainda segundo Semini e demais autores 2017 os processos de construção offshore que precisam ser analisados para possibilitar uma maior fluência na construção são fabricação submontagem montagem préoutfitting pintura préedificação edificação e montagem final de outfftings Os grandes ciclos de construção e demandas possuem forte influência no fomento da competitividade que por sua vez acabam gerando um avanço tecnológico na indústria corrente Estudos realizados por Parsiak Zhukova e Parsiak 2019 identificaram significante melhoria no desenvolvimento de novos produtos offshore com redução de emissão de CO2 em torno de 15 e redução do número de HH de trabalhadores em torno de 12 se comparado as construções de anos anteriores De acordo com dados levantados pelas infraestruturas dos estaleiros coreanos chineses e cingapurianos nos seus websites a metodologia construtiva dos FPSO consiste basicamente em segmentar as operações de produção em três etapas quais sejam i construção e montagem de casco novo ou conversão ii construção e 31 montagem dos módulos iii integração do casco módulos que incluem comissionamento e testes finais da unidade e requer equipamento de elevação de carga tipo Goliath Crane ou Floating Crane com capacidade mínima de 1600 t juntamente com cais de integração Esta última etapa portanto revela características diferenciadas das antecessoras que correspondem à fabricação e à montagem O ponto mais crítico dessa atividade é o içamento dos módulos sobre os cascos para sua posterior integração eletromecânica exigindo consistente plano de rigging guindastes de grande porte e cais de acabamento Os estaleiros brasileiros por sua vez foram revitalizados para que pudessem atender às demandas offshore sendo investidos aproximadamente US 622 bilhões oriundos do FMM BRANQUINHO SALOMÃO DUARTE 2012 Estudos a respeito dos fatores de competitividade e possibilidade de atendimento de demanda por parte dos estaleiros brasileiros foram realizados por Pinhão e demais autores 2019 que identificaram custos elevados unitários da produção brasileira Segundo Pinhão e demais autores 2019 o Brasil possui atualmente seis estaleiros de grande porte sendo Estaleiro Atlântico em Pernambuco Enseada do Paraguaçu na Bahia Jurong em Espírito Santo BrasFeels no Rio de Janeiro Ecovix e EBR no Rio Grande de Sul Esses estaleiros compõem a indústria de estaleiro de grande porte brasileiro Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos Abimaq 2018 a alta participação tributária escassez de infraestrutura e serviços do Estado que são repassados às indústrias privadas brasileiras como por exemplo a obrigatoriedade de transporte e benefícios de seguro saúde aos operários somados à dificuldade de oferta de matériaprima básica em valores competitivos principalmente de aço fazem com que os custos unitários de produção dos estaleiros brasileiros sejam muito maiores que os seus concorrentes asiáticos Segundo o Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore 2018 a construção offshore e naval no Brasil demanda um número expressivo de trabalhadores diretos 7736 operários e três vez mais de indiretos 23208 operários por unidade de FPSO relativo ao ano de 2014 Naturalmente que o impacto cambial é expressivo de modo que à medida que o dólar se eleva tal efeito resulte em maior atratividade para a construção offshore no Brasil Ainda segundo o Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore 2018 as consequências das reduções do CL foram o esvaziamento 32 das encomendas dos estaleiros nacionais sendo que a maioria das construções estão sendo realizadas na Ásia mercado líder Na China encontramse sete unidades de FPSO sendo construídas enquanto no Brasil existem apenas poucas unidades em construção módulos em atendimento ao CL mínimo termo utilizado para definição dos serviços e produtos que precisam obrigatoriamente ser alocados no país o que faz com que muitos estaleiros se encontrem sem alta taxa de utilização 33 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A presente pesquisa pode ser considerada como de natureza exploratória visto que se propõe rever indicações que colocam em dúvida a competitividade da indústria offshore brasileira com implícita base lógica indutiva por indicar a indústria asiática como referência internacional inclusive para o Brasil Assim sendo o procedimento metodológico da presente pesquisa consiste em quatro etapas i estimar parâmetros compondo modelo de previsão de demanda para plataformas de produção tipo FPSO e seus insumos empregandose técnica de Material Requeriments Planning MRP ii descrever tecnicamente e avaliar o estado da arte da construção offshore em países asiáticos tomados como referência aos processos construtivos brasileiros para apreciar o nível de competitividade da indústria brasileira iii análise da capacidade de atendimento da demanda pelos estaleiros brasileiros impactos fiscais e recursos de pessoas iv mercados alternativos para construção offshore brasileira O resumo contido no Quadro 1 apresenta detalhes do procedimento metodológico adotado na pesquisa para esta dissertação Quadro 3 Quadro resumo do procedimento metodológico Etapa 1 Estimativa de demanda de FPSO e seus insumos Avaliar as principais variáveis independentes fortemente relacionadas com demandas de FPSO Para tanto serão realizadas pesquisas em artigos científicos e websites de instituições do setor de óleo e gás Elaboração de modelo matemático de previsão de demanda com estimação de parâmetros por mínimos quadrados Análise de eventos que possa impactar na previsão de demanda 34 Utilização da técnica de MRP para criação da árvore do produto plataformas FPSO Estimativa de insumos para construção de FPSOs Etapa 2 Avaliação do estado da arte da construção offshore Pesquisas em artigos científicos revistas especializadas e websites que detenham conteúdos sobre a construção offshore asiática com o objetivo de compor indicadores de infraestruturas automação engenharia tempos e custo de construção modelo de financeiro do projeto Análise crítica da situação atual dos estaleiros brasileiros de acordo com os indicadores préestabelecidos Avaliação da competitividade da industrial nacional frente aos principais competidores asiáticos utilizandose indicadores de infraestrutura e de processos construtivos Etapa 3 Análise da capacidade de atendimento da demanda pelos estaleiros brasileiros Com base nos resultados da análise crítica dos estaleiros brasileiros serão definidos slots de produção compatíveis com o estado atual da indústria Elaboração de cronograma de construção de FPSOs nos estaleiros 35 brasileiros com aplicação de curva de aprendizagem Análise dos impactos de demanda requerida X capacidade dos estaleiros X requerimentos legais de CL da indústria Análise dos impactos fiscais e de profissionais nos possíveis cenários de construção Etapa 4 Mercado alternativo para estaleiros brasileiros Pesquisa em artigos revistas especializadas e websites do estado da arte de construção offshore Análise do mercado alternativo de descomissionamento de plataformas sendo regulamentação das operações critérios técnicos para desmontagens e potencialidades de reciclagem Fonte elaborado pelo autor 31 DEMANDA POR PLATAFORMAS DE PRODUÇÃO TIPO FPSO Com base nos estudos disponibilizados pela EPE BRASIL 2016 que contempla as plataformas construídas entre os anos 2016 e 2020 verificouse que as premissas utilizadas para a estimativa de novas unidades versus o aumento de produção de petróleo neste período mostraramse fortemente relacionados Com base portanto nessa constatação foi realizada a projeção de novas unidades offshore para o período de 2021 a 2030 Nesse sentido e de acordo com a curva nacional de produção de petróleo informada no Plano Decenal de Expansão Energia 2030 PDE 2021 foi possível calcular a taxa de demanda plataformas FPSOmilhão 36 de barris adicionais para os próximos dez anos 2021 a 2030 O procedimento para tanto consistiu em dispor os dados anuais de produção petrolífera entre os anos de 2016 e 2020 os quais foram associados em forma de quadro às correspondentes construções de plataformas FPSO Esses dados permitiram formular modelagem matemática linear como uma possível representação preliminar desta correlação empregandose o critério de mínimos quadrados para estimar os parâmetros deste modelo linear tendose a quantidade de plataformas e o acréscimo de produção de petróleo na camada présal milhão de barrisdia como variáveis dependente Y e independente X respectivamente A inclinação da curva coeficiente b representa a taxa de demanda plataformasmilhão de barrisdia enquanto o coeficiente linear a indica o número de plataformas existentes no início da série histórica de acordo com a Equação 1 ou seja Equação 1 Proposta de equação linear de estimativa de demanda 𝑌X bX a Considerandose que os dados estatísticos da série histórica e sua projeção linear podem não capturar perturbações à margem da correspondente série a exemplo de fenômenos estocásticos tais como problemáticas ambientais ciclos econômicos pandemias ou mesmo conflitos internacionais dentre outros foram analisados alguns eventos que porventura possam vir a impactar a estimativa de demanda proposta Como consequência desse modelo matemático de previsão bem como com base no estabelecimento da árvore do produto plataforma FPSO e suas partes componentes foram estimadas as quantidades de insumos tais como aço estrutural tubulações e cabos elétricos dessas plataformas tanto para o casco quanto para os módulos a serem industrializados pelos estaleiros baseado em técnica de MRP O referido modelo foi também a base para a construção do cronograma de construção de FPSO bem como para estimar a curva de aprendizagem de montagem delas 37 32 ESTADO DA ARTE DE CONSTRUÇÃO OFFSHORE E AVALIAÇÃO DA COMPETITIVIDADE INDÚSTRIA LOCAL A pesquisa relativa ao estado da arte industrial para construção de plataformas foi realizada com base em dados disponíveis em artigos de revistas especializadas e através de informações disponíveis em websites dos principais construtores e afretadores internacionais de plataformas offshore tomandose como benchmarking aqueles localizados no continente asiático Realizouse levantamento detalhado das infraestruturas dos estaleiros asiáticos e brasileiros com ênfase no processo de fabricação e montagem atualmente em prática bem como nos seus correspondentes arranjos físicos Para efeito de comparação dos recursos e das tecnologias empregada foram avaliadas as infraestruturas e disponibilidades com base nos seguintes indicadores I Área útil de oficinas para fabricação e montagem de casco e módulos II Dimensões de diques secos para construção dos cascos estrutura naval III Modo de integração tipos de equipamentos e técnicas de içamento de carga para construção do casco com módulos IV Comprimento de cais para atividades de comissionamento e testes finais Para avaliar a adequabilidade dos métodos construtivos padrões internacionais como um benchmarking para os estaleiros brasileiros foram analisados os processos e as infraestruturas conforme os indicadores acima estabelecidos bem como foram estimados os tempos necessários de conclusão dos contratos de FPSO pelos estaleiros de acordo com as informações de últimos projetos executados considerandose os insumos essenciais identificados através da árvore do produto através do método MRP que avalia as partes componentes de um produto Os cronogramas de construção e tempos de processos para os estaleiros asiáticos e brasileiros foram elaborados com bases nas informações técnicas disponíveis nas literaturas pesquisadas e descritas na fundamentação teórica Com base nos critérios definidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDES PINHÃO et al 2012 para avaliação do estado atual tecnológico do estaleiro foram avaliados os níveis de automação dos processos fabris 38 sendo 1 sem automação 2 baixa automação 3 média automação 4 alta automação e 5 100 automatizado Tais avaliações possibilitaram classificar o nível tecnológico dos estaleiros em geral Foram pesquisadas e analisadas as tecnologias atualmente utilizadas para as atividades de engenharia plataforma FPSO desde a fase de projeto básico até a sua execução Ainda como índices de comparação foram também identificados custos de construção das plataformas os quais foram empregados para avaliar a competitividade dassa indústria no Brasil quando confrontada à construção offshore asiática A análise deste índice seguiu os padrões correntes da indústria offshore de estruturação de custo IPEA 2014 e informações atuais de mercado OFFSHORE 2012 A estrutura utilizada consistiu em três grandes classes de custos em relação aos custos totais construção 35 materiais básicos 15 e equipamentos 50 Por fim além de indicadores referentes à infraestrutura e tecnologia empregada no processo fabril avaliouse também os modos funcionais dos sistemas de financiamentos e garantias dos estaleiros asiáticos e brasileiros bem como a percepção de risco no ambiente de do negócio de construção 33 PLANEJAMENTO DE PRODUÇÃO PARA ATENDIMENTO À DEMANDA DE NOVOS FPSOS PELOS ESTALEIROS BRASILEIROS Uma vez confirmada a competitividade da indústria offshore brasileira para a construção dos FPSOs em padrões internacionais foram estabelecidos lotes de produção slots disponíveis em cada estaleiro capacidade industrial para a construção do casco módulos e integração Os tempos médios de construção pesquisados bem como estimados com base na curva de aprendizagem foram utilizados como inputs para calcular a capacidade de produção de estaleiros selecionados Os lotes produtivos dos estaleiros selecionados foram unificados em dois slots cenários básicos de produção da indústria nacional para os próximos dez anos 2021 a 2030 no que se refere à disponibilidade de infraestrutura de espaço de construção navaloffshore diqueseco quais sejam i estaleiros com dique seco ii estaleiros sem dique seco Esses slots correspondem à capacidade de construção de plataformas FPSO da indústria offshore nacional sendo confrontada com o CL 39 mínimo atual de 25 regulamentado pela ANP a partir da 14ª sessão de licitações de exploração de campos de petróleo Atualmente a regulamentação de CL está estabelecida na Resolução nº 7 de 11 de abril de 2017 do Conselho Nacional de Política Energética CNPE CONTEÚDO 2021 Foi analisando também o tempo estimado de construção de cada FPSO calculado com base em curva de aprendizado KNECHT 1974 em razão de constituíremse em atividades repetitivas durante a montagem dessas complexas estruturas A exponencial de Knecht 1974 adotada como referência da curva de aprendizado é dada pela Equação 2 Equação 2 Proposta de equação de curva de aprendizado para construção de plataformas offshore 𝑡𝑛 𝑡1 𝑛 𝑙𝑛𝑃 𝑙𝑛2 Onde 𝑡𝑛 é o tempo necessário para se concluir a nésima unidade plataforma 𝑡1 é o tempo necessário para se concluir a primeira unidade plataforma e 𝑃 é o coeficiente de aprendizado Tomandose por base a construção de plataformas para a Petrobras realizada no canteiro de São Roque do Paraguaçu município de Maragogipe estado da Bahia o coeficiente de aprendizagem intermediário foi de 96 AGÊNCIA PETROBRAS 2012 Adicionalmente visandose a avaliar preliminarmente os retornos financeiros e empregabilidade das construções dos FPSOs foram estudados os seguintes cenários nível de CL variando entre 25 mínimo 40 intermediário e capacidade máxima As seguintes premissas foram consideradas i Valor de um projeto de Construção e Montagem de Módulos Offshore USS 1000 milhão sendo construção de cascos tipo39ook39inglding estimado em US 250 milhões módulos em US 700 milhões e Integração de US 50 milhões MCCAUL 2021 ii Nível de geração de impostos para construção de plataformas no Brasil 1480 sobre o faturamento IPEA 2014 iii Número de profissionais para construção de uma unidade de FPSO 7736 integrantes diretos SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL E OFFSHORE 2018 40 iv Custo adicional de construção no Brasil segundo valores dos últimos FPSOs construídos no Brasil 34 PESQUISA DE MERCADOS ALTERNATIVOS PARA ESTALEIROS BRASILEIROS CASO DE DESCOMISSIONAMENTO DE PLATAFORMAS OFFSHORE Por fim foi realizado uma avaliação do atendimento da demanda do mercado de descomissionamento de plataformas offshore como alternativa para os estaleiros brasileiros Através das pesquisas realizadas sobre as infraestruturas disponíveis nos estaleiros brasileiros analisouse a capacidade de atendimento desse mercado emergente de descomissionamento com ênfase nos diques secos disponíveis O dique seco é infraestrutura essencial para as atividades de descomissionamento segundo Convenção de Hong Kong de 2009 Adicionalmente foi pesquisado casos similares de indústrias internacionais que praticam as atividades de descomissionamento como México Estados Unidos China e Índia com o intuído de verificar as questões regulatórias principalmente ambientais dos respectivos países e comparar com o estado atual da indústria brasileira Além das questões regulatórias uma avaliação do modelo e da tecnologia de descomissionamento dos mercados internacionais foi realizada com o intuito de criar parâmetros de competitividade Por fim fora avaliado também provisões econômicas das atividades de descomissionamento e comparadas as gerações econômicas das construções offshore de FPSO 41 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Os resultados do trabalho foram organizados nos seguintes tópicos Demanda de plataformas de produção Competitividade na construção de plataformas Capacidade de atendimento dos estaleiros brasileiros e Mercados de descomissionamento de plataformas offshore 41 DEMANDA DE PLATAFORMAS DE PRODUÇÃO As demandas de FPSOs foram estimadas considerando o período de entre 2021 e 2030 cuja linearidade está relacionada diretamente à necessidade de produção de petróleo Os insumos necessários para a construção das plataformas por sua vez seguem a seguinte classificação aço estrutural equipamentos elétrica tubulações outfittings e acomodação 411 Estimativa de demanda de FPSOs para próxima década Com base em informações do PDE BRASIL 2016 o Quadro 2 apresenta a quantidade anual de plataformas de FPSO construídas em função da produção de petróleo na camada présal entre os anos de 2016 e 2020 Quadro 4 Produção de petróleo e correspondente demanda por plataformas Ano 2016 2017 2018 2019 2020 Produção Milhões de Barrisdia 259 275 289 303 314 Acréscimo de Produção x 001 016 014 014 011 Novas Plataformas Y 1 3 4 4 2 Acumulado Novas Plataformas 1 4 8 12 14 Informação referente ao ano anterior 2015 Fonte Brasil 2016 42 Tratandose os dados do Quadro 2 e aplicandose o método de mínimos quadrados formulase o modelo de estimação linear conforme Equação 3 Equação 3 Equação linear de estimativa de demanda 𝑦𝑥 1835 𝑥 075 A partir desse modelo podese estimar a demanda anual por FPSO entre os anos de 2021 e 2030 cujos resultados encontramse na Tabela 1 O modelo de mínimos quadrados teve como resultado o coeficiente r² 071 sendo r 084 Esses resultados indicam que o número de plataformas possui uma forte correlação visto que 71 do acréscimo de plataformas está diretamente relacionado ao aumento da produção de barris de petróleo As questões relativas à introdução de tecnologias que proporcionam o aumento da vida útil das plataformas existentes aumentando o fator de utilização dos tradicionais 75 para até 85 é um dos fatores que pode vir a influenciar essa correlação linear 43 Tabela 1 Produção de petróleo e correspondente demanda por novas plataformas FPSOs Fonte elaborada pelo autor Com base nos resultados obtidos e disponibilizados na Tabela 1 constatase que ao final de 10 anos 2021 a 2030 visandose a atender às expectativas de produção de petróleo na camada présal fazemse necessárias a construção de 42 unidades de FPSO Transportandose os dados de novas plataformas em função do acréscimo de produção de petróleo milhões de barrisdia para um formato gráfico a fim de melhor compreender a dinâmica dessa relação temse o resultado apresentado no Gráfico 1 Gráfico 2 Demanda por FPSO em função da produção de petróleo na camada présal Fonte elaborado pelo autor Ano 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 Produção Milhoes de Barrisdia 326 338 35 371 391 417 455 503 524 526 Acrescimo de Produção x 003 012 012 021 020 026 038 048 021 002 Novas Plataformas Y 1 3 3 4 4 5 8 9 4 1 Acumulado Novas Plataformas 1 4 7 11 15 20 28 37 41 42 44 Conforme pode ser observado no Gráfico 1 constatase uma crescente demanda por plataformas até o ano de 2028 muito embora o espaço amostral possa ser avaliado em períodos menores Entre 2021 e 2023 prevêse a necessidade de mais sete unidades em operação demandas estas que possivelmente devem ser originadas dos leilões públicos realizados antes de 2016 De acordo com a ANP 2018 isso devese ao tempo necessário para implantação de projetos offshore que necessitam de cerca de oito anos desde a assinatura de contrato A demanda por plataformas entre 2024 e 2025 mantémse constante em quatro unidadesano mas poderá chegar a nove unidadesano em 2028 Esse expressivo aumento certamente será efeito dos resultados dos leilões de petróleo realizados a partir de 2016 nos quais os volumes dos leilões foram maiores Esperase contudo uma redução no tempo das emissões das licenças para seis anos o que pode gerar uma antecipação no número de plataformas a entrar em operação Para a indústria offshore essa variação de demanda anual representa um complexo desafio ao seu planejamento visto que a não linearidade de encomendas prejudica a produção seriada Uma alternativa para o atendimento a essa variação de demandas anuais pode vir a ser a utilização de mercados externos reduzindo a competitividade da indústria nacional Os resultados indicam também que as demandas de 42 unidades para os próximos dez anos estão abaixo dos números informados pela ANP 2018 que estimam 60 unidades Essa diferença de quantidade de encomendas devese ao fato de que segundo a EPE BRASIL 2019 esperase um significativo aumento de rendimento das plataformas na operação do présal além de um fator de recuperação da produção das plataformas com maior vida útil O modelo desenvolvido não considerou eventos causais prospecções que porventura possam afetar a previsão das demandas das plataformas entre 2021 e 2030 Para Kotler 1996 e Mendonça 2011 podese identificar diversos métodos de prospecção do futuro são eles extrapolação de tendências correlação de tendência modelagem econométrica análise de impacto cruzado previsão de demandarisco método delphie e cenários múltiplos Identificase que o presente trabalho possui semelhança ao processo de extrapolação de tendências sendo a referência os dados do PDE de 2016 a 2020 como tendência principal O Quadro 3 indica eventos que podem vir a ocorrer e seus possíveis impactos na previsão de demanda 45 Quadro 3 Eventos causais e impactos sobre as demandas previstas Causas Consequência sobre a demanda Impacto sobre a previsão Probabilidade de ocorrer Pandemias Redução Médio Baixa Expressivas reduções nos preços do barril de petróleo Redução Alto Média Expressivos aumentos no preço do barril de petróleo Aumento Alto Média Baixa eficiência dos poços Aumento Alto Média Alta eficiência dos poços Redução Alto Média Introdução de novas tecnologias de energia Redução Médio Baixa Regulação das atividades de emissão de CO2 Redução Baixo Alta Conflitos bélicos em regiões produtoras ou de amplitude mundial Aumento Médio Média Fonte elaborado pelo autor De modo geral a recente ocorrência de pandemia mundial provocada pelo SARSCoV2 declarada pela Organização Mundial de Saúde OMS influenciou 46 significativamente nas previsões dos cenários futuros da oferta e demanda mercado de produtos e serviços em âmbito internacional Especificamente a indústria offshore parece não ser muito afetada por esse tipo de evento como ocorrido entre 2020 e 2022 uma vez que as demandas permaneceram constantes conforme divulgado pela Petrobras e ANP BRASIL2021 A indústria offshore de construção de FPSOs é muito sensível ao evento de precificação do preço do barril do petróleo sendo esse binário em termos de impacto nas demandas preço de barril alto significa maiores investimentos e no sentido contrário redução dos preços significam menores investimentos Equivalente relação de causaefeito acontece na eficiência das atividades de produção dos poços de petróleo quanto maior a eficiência menor número de demandas de FPSOs e vice versa para poços de pequena eficiência Segundo a Petrobras o preço mínimo de viabilização do présal é de US 30barril portanto muito inferior aos preços médios do petróleo BrentWTI comercializados no mercado internacional em torno de US 120barril março2022 PLANO 2020 A introdução de novas tecnologias de energia pode impactar também na demanda futura de FPSOs Países da região do Mar do Norte estão utilizando o know how offshore para instalação de parques eólicos offshore A introdução desse tipo de tecnologia não significa uma redução direta para os estaleiros mas sim uma necessidade de substituição e adaptação dos seus produtos Segundo a International Renewable Energy Agency 2016 é esperado entre 2020 e 2030 um crescimento de 100 GW Por sua vez entre 2030 e 2050 esse crescimento tende a ser ainda maior na ordem de 400 GW muito relacionado à substituição da matriz energética mundial com a redução do consumo de combustíveis fósseis Outros eventos como regulações na emissão de CO2 podem impactar significativamente nos investimentos em novas plataformas do tipo FPSOs Com a assinatura do acordo de Paris em 2016 por exemplo criouse uma forte corrente de enfrentamento ao aquecimento global entre os mais de 200 países que produzem mais dos 55 dos gases que geram o efeito estufa De acordo com as regulações atuais da ANP as plataformas necessitam possuir em sua planta módulos de capturação de CO2 no intuito de reduzir as emissões dos próximos dez anos A Figura 1 mostra um exemplo das adaptações requeridas nas unidades de produção Adicionalmente o sistema de geração das plataformas originariamente abastecido por 47 diesel está sendo substituído por sistemas a gás A introdução de tais tecnologias permite baixos impactos no setor para próxima década Figura 1 Layout de uma plataforma de produção com sistema de captura de CO2 Fonte Fast4ward 2019 Os conflitos bélicos têm forte impacto no preço do barril do petróleo quando envolvem produtores e consumidores que têm expressão no cenário mundial Em 1980 no início da guerra entre Irã e Iraque dois grandes produtores mundiais que durou 8 anos o preço do barril do petróleo subiu de US 40barril para US 80barril Atualmente o mesmo fenômeno observase na guerra entre Rússia e Ucrânia com o barril de petróleo variando de US 80barril para US 120barril Outro aspecto importante é o cenário pós2030 o qual sequer foi considerado no plano nacional de política energética Alternativamente os estaleiros brasileiros poderão seguir as tendências dos estaleiros internacionais e atender a partir de então a outros mercados similares como construção de plataformas de produção de gás do tipo FLNG e estações de eólicas offshore dois mercados nacionais muito promissores que ainda estão em fase exploratória Por fim destacase que o presente modelo proposto se mostrou coerente para estimativa de demanda podendose considerar como uma análise inicial que deverá ser aprimorado com a utilização de modelos estatísticos mais detalhados como o Erlang Normal e Exponenc 48 412 Estimativa de insumos e árvore do produto dos FPSOs As quantidades de insumos a serem industrializadas por FPSO foram calculadas com base na estrutura destas unidades e suas partes componentes desagregandose a correspondente árvore do produto plataforma considerando uma unidade de 180 mil de barrisdia de produção Tendo em vista a quantidade esperada de 42 unidades para os próximos dez anos as demandas toneladas por aço tubulação equipamentos cabos elétricos e outfittings foram igualmente majoradas 42 vezes conforme detalhado na Tabela 2 e na proporção das partes componentes observadas na árvore do produto apresentada na Figura 2 Tabela 2 Demanda prevista de insumos e FPSO1 em toneladas Quantidade para 1 unidade FPSO Quantidades para 42 unidades de FPSOs Categoria Casco Top Sides Módulos Total Casco Módulos Total Casco Módulos Estrutura aço 38000 9673 47673 2002250 Equipamentos 5380 5832 11212 470915 Elétrica 3710 5878 9588 402693 Tubulação 1950 4004 5954 250077 Outfftings 3170 545 3715 156046 Acomodação 2200 2200 92400 Total 54410 25933 80342 3374381 1Previsão para o ano de 2030 compreende o peso por unidade de casco e módulos bem como para as 42 FPSO Fonte elaborada pelo autor 49 Figura 2 Árvore do produto construção de FPSO Fonte elaborada pelo autor Esses resultados indicam que aproximadamente 68 em peso de cada FPSO referese à estrutura do casco 54410 t e o complemento módulos em torno de 32 25993 t No subproduto casco o insumo aço possui extrema relevância representando 70 do peso total 38000 t seguido por equipamentos 10 enquanto as instalações de acomodação demandam a menor proporção com apenas 40 Por outro lado no componente módulos o aço não possui a mesma relevância representando 37 do peso total 9673 t seguido de equipamentos com 22 Casco 54410 t Estrutura 069 un 38000 t Tubulação 004 un 1950 t Equip 010 un 1950 t Elétrica 007 un 3710 t Outfittings 006 un 3170 t Acomod 004 un 2200 t Módulos 25933 t FPSO 1 un 80342 t Estrutura 037un 9673 t Tubulação 015 un 4004 t Equip 023 un 5832 t Elétrica 023 un 5878 t Outfittings 002 un 545 t Casco 068 un 54410 t Módulos 032 un 25933 t 50 tubulações com 15 4004t enquanto a operação de outfitting demanda a menor quantidade 20 Essa composição diferenciada de insumos entre casco e módulo faz com que suas construções tenham características diferentes tanto em termos de facilidades industriais quanto tempo e produtividade A industrialização das tubulações denominados spools requerem muito mais tempo do que a industrialização do aço estrutural demandando entre três e quatro vezes mais tempo por tonelada de produto industrializado A maior presença de equipamentos nos módulos também traz a particularidade das montagens desse tipo de insumo dependerem muito do lead time dos fabricantes As Figuras 3 e 4 mostram a arvore do produto com ênfase no processo de industrialização do casco e módulos Figura 3 Árvore do produto da construção do casco Fonte elaborada pelo autor ESTRUTURA CASCO FABRICAÇÃO SUBMONTAGEM MONTAGEM PR EDIFICAÇÃO SUPRIMENTOS PR MONTAGEM MONTAGEM EDIFICAÇÃO INSTALAÇÃO COMPLETAÇÃO PR PR EDIFICAÇÃO INSTALAÇÃO 51 Figura 4 Árvore do produto da construção do módulo Fonte elaborada pelo autor A árvore do produto do casco indica que o casco é subdivido em subprodutos denominados blocos Cada bloco possui em sua composição os insumos básicos de aço estrutural outfttings como tubulações e pequenos equipamentos O abastecimento de aços e outiffitngs deve ser priorizado de acordo com a sequência de construção dos blocos A integração final do conjunto com os equipamentos de grande porte como turbinas transformadores e grandes bombas conjuntamente com os cabos elétricos acontecem nas etapas finais denominadas de préedificação e edificação do casco Dessa forma os tempos de montagem dos grandes equipamentos podem acontecer mais tardiamente que são geralmente os itens críticos de lead times da cadeia de suprimentos A árvore do produto dos módulos indica que a construção dos módulos é diferente dos cascos não somente devido às quantidades de insumos mas também na sequência construtiva A necessidade de instalação dos grandes equipamentos acontece de forma mais cedo no processo construtivo dos módulos o que traz uma certa criticidade para o processo ESTRUTURA DULO FABRICAÇÃO SUBMONTAGEM MONTAGEM PR EDIFICAÇÃO SUPRIMENTOS PR MONTAGEM MONTAGEM EDIFICAÇÃO INSTALAÇÃO COMPLETAÇÃO PR PR EDIFICAÇÃO INSTALAÇÃO 52 Uma vez que a construção do casco não demanda a instalação de equipamentos nos estágios iniciais o seu processo de fabricação e montagem tende a não sofrer atrasos no seu início e nos prazos de entregas finais Por outro lado o início de construção dos módulos precisa aguardar a chegada dos equipamentos que demandam em média 12 a 18 meses de fabricação após realizado o pedido de sua ordem de compra Adicionalmente esse possível intervalo de início das atividades possibilita também a divisão dos escopos de trabalhos dos estaleiros em construção de casco módulos e integração A Figura 5 ilustra a configuração final da arvore de produto da construção offshore Figura 5 Método construtivo dos FPSOs Fonte elaborada pelo autor 42 COMPETITIVIDADE NA CONSTRUÇÃO DE PLATAFORMAS OFFSHORE Utilizando os dados disponibilizados pelas revistas Offshore Magazine 2019 WORLDWIDE 2019 e Offshore Engineering FLOATING 2019 mapeouse os principais construtores do segmento que serão detalhados a seguir Em todo o mundo já foram construídas até ano de 2019 um total de 225 unidades de FPSOs O mercado brasileiro de exploração de petróleo é líder com 59 plataformas em operação seguido por países do Mar do Norte 31 unidades China 53 16 unidades Angola 16 unidades Nigéria 15 unidades Indonésia 12 unidades e Vietnã 10 unidades Não estão contabilizados dentro desses projetos já executados as unidades do tipo monocoluna Spars TLPs e semissubmersíveis Na região do Golfo do México as plataformas do tipo TLPs e semissubmersíveis que possuem estrutura submarinas semelhantes diferenciandose apenas no sistema de ancoragem são predominantes tendo em vista que as condições oceanográficas de ondas do local favorecem a construção desse tipo de unidade que possui forma constante podendo absorver impactos em qualquer direção sem necessidade de reposicionamento Dessa forma destaquese a ausência de estaleiros e canteiros na região da América Central e Norte que foram utilizados para apoio na construção desses tipos de plataformas de produção de águas profundas predominantes na região do Golfo do México Identificouse também que estaleiros da Cingapura possuem significante acervo técnico nas construções desses tipos de plataformas offshore Percebese atualmente a baixa demanda por esses tipos de plataformas TLPs e submersíveis nos mercados de FPSOs emergentes como o brasileiro e africado Em termos de praticidade para os estaleiros as construções de plataformas do tipo semissubmersíveis são mais complexas que as construções de cascos retilíneos A altura desse tipo de plataformas com os decks sendo instalados a 70 metros faz com que a dificuldade de construção seja maior com o incremento de atividades em altas elevações resultando em um consumo maior de tempo de dique e consequentemente aumento de HH e custo Adicionalmente as formas dos submarinos com até 85 metros de comprimento exigem que os diques possuam no mínimo 90 metros de largura limitando as possibilidades de estaleiros que possam vir a atender esse tipo de demanda As plataformas do tipo monocoluna por sua vez possuem grande incidência de blocos curvos o que também acaba aumentando os custos de produção das unidades Os blocos curvos são as estruturas que consomem mais tempo de construção dentro das oficinas dos estaleiros Percebese claramente na pesquisa realizada que os cascos de forma retilínea de FPSOs serão predominantes na próxima década Ainda com base nas referidas fontes de dados da revista Offshore Magazine 2019 foram identificados os países onde estão localizadas as plataformas offshore construídas conforme consta no Quadro 4 que apresenta o cenário desse mercado até o ano de 2019 54 Quadro 4 Líderes do segmento de construção offshore tipo FPSO retilíneo Países Fabricação de top sides Cascos Novos Conversão Integração Total de Projetos Cingapura 24 2 70 96 China 10 25 27 62 Coreia 13 22 16 51 Europa 23 4 5 32 Brasil 14 2 13 29 Japão 1 11 9 21 Malásia 7 1 5 13 DubaiEmirados 0 0 5 5 Total 309 Fonte elaborado pelo autor A diferença entre o número de projetos executados e unidades construídas 309 e 225 decorre do fato da construção de uma unidade de FPSO poder ser executada em mais de um lugar como por exemplo a segregação da montagem dos top sides módulos do casco Logo uma unidade de FPSO pode implicar dois projetos associados para sua construção final Percebese que a construção offshore dessas unidades está concentrada no continente asiático em países líderes como Cingapura China e Coreia que absorvem 67 do total dos projetos executados 209 A Europa absorve 10 do mercado com 32 projetos tendo grande destaque nesse tipo de construção entre os anos 1985 e 1995 devido às atividades de exploração do Mar do Norte Já o Brasil com 9 do mercado mundial 29 projetos registrou significativa participação nos projetos offshore do tipo flutuante principalmente no período entre 2000 e 2010 quando os conteúdos de indústria local eram altos superior a 50 muito embora encontrese atualmente na quinta posição dentre os construtores mundiais A indústria offshore 55 japonesa igualmente importante no cenário mundial tem atuado mais na construção de cascos novos em razão de sua sólida expertise com a construção naval tradicional A construção offshore da Malásia por sua vez atua marcadamente como apoio aos correspondentes projetos de Cingapura enquanto essa indústria em DubaiEmirados está mais direcionada às atividades de conversão de cascos 421 Estado da arte da construção offshore asiática Os resultados referentes ao estado da arte da construção offshore da Ásia foram divididos nas seções Infraestruturas dos estaleiros asiáticos e Detalhamento da produção 4211 Infraestruturas dos estaleiros asiáticos No que diz respeito às infraestruturas presentes nos principais estaleiros asiáticos características estas que os credenciam como os principais líderes mundiais nesse segmento registramse os resultados contidos no Quadro 5 que evidencia comparativamente os dois maiores estaleiros offshore de cada um dos seguintes países China Cingapura e Coreia do Sul Quadro 5 Infraestrutura de importantes estaleiros asiáticos de construção offshore Unidade Local Oficina de Fabricação e Montagem m2 Dique Seco Comprimento x Largura m Modo de Integração Cais Comissm Cosco Dalian China 222765 560 x 80 1 700 x 80 2 Goliath Crane Guindaste Flutuante 1800 Cosco Nantong China 118764 540 x 130 Goliath Crane 1200 Jurong Cingapura 72864 383 x 86 1 330 x 66 2 Guindaste Flutuante 795 56 Keppel Shipyard Cingapura 38800 380 x 95 1 360 x 83 2 300 x 77 3 Guindaste Flutuante 1790 Hyundai Coreia do Sul 452415 900 x 80 1 500 x 100 2 481 x 67 3 465 x 85 4 Goliath Crane Guindaste Flutuante 2356 Samsung Coreia do Sul 384600 400 x60 1 700 x 120 2 Goliath Crane Guindaste Flutuante 5300 Fonte elaborado pelo autor Nas figuras abaixo podese observar o layout geral dos estaleiros da Cosco em DalianChina Figura 6 Hyundai Heavy Industry em JeonhaCoreia do Sul Figura 7 e Keppel em Cingapura Figura 8 Figura 6 Estaleiro offshore da Cosco em DalianChina com dois diques secos Fonte Google Maps 2022 1 1 Ver em httpswwwgooglecombrmaps388150123121130758448mdata3m11e3 57 Figura 7 Estaleiro offshore da Hyundai em JeonhaCoreia do Sul com três diques secos Fonte Google Maps 20222 Figura 8 Estaleiro offshore da Keppel em Cingapura Fonte Google Maps 20223 2 Ver em httpswwwgooglecombrmaps3552049951294399064412mdata3m11e3 3 Ver emhttpswwwgooglecombrmapssearch estaleiropertodeBukitCherminRoadKeppelClubSingapura133158103353941279515 mdata3m11e3 58 Esses resultados evidenciados no Quadro 5 e ilustrados nas Figura 6 a 8 indicam que os estaleiros chineses e coreanos possuem áreas bem extensas com grandes oficinas de fabricação de estruturas com dimensões acima de 200000 m² Em todos esses estaleiros asiáticos constatamse a presença de mais de um dique seco possibilitando a construção de mais de um casco simultaneamente Os equipamentos de instalação são tanto do tipo Goliath Crane grandes pórticos terrestres quanto guindastes flutuantes com capacidades mínimas de içamento de 1500 ton Os cais de acabamento são muito extensos acima de 795 metros de comprimento que possibilita também o comissionamento de mais de uma unidade de FPSO por vez Destacase contudo que a indústria offshore de Cingapura provavelmente tenha chegado ao seu limite de expansão devido à limitação de espaço físico os estaleiros não possuem capacidade para expansão de suas oficinas por exemplo limitando a construção de novos estaleiros Tais evidências podem ser constatadas pelos números apresentados no Quadro 5 e na Figura 8 que indicam menores dimensões das infraestruturas internas dos estaleiros desse país como oficinas de estrutura com no máximo 72000 m2 Esse fator tem colocado à frente China e Coreia em termos de possibilidades de expansões futuras e investimentos marginais em seus respectivos estaleiros A utilização de países vizinhos como Malásia tem sido umas das alternativas usadas pelos estaleiros de Cingapura para manter sua capacidade produtiva embora traga desafios logísticos Destacase o sofisticado layout do estaleiro Heavy Industry que possui quatro diquesecos com saídas em duas extremidades e oficinas nas duas pontas identificadas na Figura 7 A robustez do estaleiro reflete na sua liderança mundial dos estaleiros Notase significativa diferença frente aos estaleiros brasileiros que possuem em suas infraestruturas apenas um dique seco quantidades de pórticos tipo Goliath Crane de no máximo duas unidades e oficinas de estruturas com no máximo 75000 m2 4212 Detalhamento da produção dos estaleiros asiáticos Com base nos dados levantados em literatura e com base na arvore do produtos do FPSO e seus componentes casco e módulos a metodologia construtiva dos FPSO consiste basicamente em segmentar as operações de produção em três 59 etapas quais sejam i construção e montagem de casco novo ou conversão peso final em torno de 54000 t que demandam infraestrutura de dique seco e oficinas automatizadas no caso de construção de caso novo ii construção e montagem dos módulos em torno de 26000 t que demandam oficinas automatizadas e operários qualificados iii integração do casco módulos que incluem comissionamento e testes finais da unidade e requer equipamento de elevação de carga tipo Goliath Crane ou Floating Crane com capacidade mínima de 1600 t juntamente com cais de integração Esta última etapa portanto revela características diferenciadas das antecessoras que correspondem à fabricação e à montagem Existem atualmente dois tipos de metodologias de construção de cascos de FPSOs i método de conversão que consiste na utilização de cascos já existentes tipo Vessel Large Crude Carrier VLCC de 350000 DWT ii e o método de construção de caso new building Das 225 unidades já construídas de FPSOs aproximadamente 150 unidades tiveram seus cascos executados através do método de conversão 2019 WORLDWIDE 2019 Esse método é baseado na aquisição de um caso já existente VLCC que é reengenheirado para o recebimento dos módulos offshore As atividades de adaptação do casco consistem basicamente nos seguintes subprocessos a Definição do projeto básico incluindo tipo e tamanho do FPSO b Escolha do casco de VLCC c Descontaminação dos tanques do VLCC d Inspeção do casco para verificação da real espessura e situação da estrutura e Alimentação do modulo de engenharia com as reais situações do casco f Projeto final de reforço g Fabricação e montagem dos reforços estruturais h Substituição do sistema de propulsão e geração Na Figura 9 é identificado o momento da realização de uma docagem de um casco para conversão no estaleiro Feels em Cingapura 60 Figura 9 Estaleiro Feels em Cingapura líder no setor de conversão de cascos Fonte Lepic 2020 A metodologia dos cascos novos offshore representa hoje aproximadamente 75 unidades já construídas Essa nova concepção de cascos novos vem ganhando força na indústria offshore pois os grandes operadores como SBM e Modec vêm investindo muito nesse tipo de metodologia FLOATING 2019 Nomeados como Fast4 Ward nos cascos da SBM e M350 nos cascos da Modec a padronização do produto e a necessidade de cascos cada vez maiores PLANO 2020 são fatores decisivos para esse novo método construtivo Segundo a SBM 2020 a alternativa da padronização possibilita a execução dos cascos independente dos pedidos de construção dos FPSOs terem sido pelos seus clientes Dessa forma existe um ganho de tempo no projeto em torno de 12 meses o que significa na prática um ganho de até US500 milhões para o cliente no valor presente do projeto Em termos de engenharia os cascos novos são mais largos com mais de 60 metros de largura dando mais estabilidade para o conjunto mesmo com a opção do balcão de risers em sua lateral Além disso podem acomodar melhor os módulos dos top sides que também podem ser padronizados porém em uma menor escala dada a variedade das plantas de processo de cada tipo de FPSO Sua forma possui poucas partes curvas que facilitam a construção e montagem das unidades e possibilitam o suporte de top sides com até 50000 ton A Figura 10 apresenta o primeiro casco da SBM no modelo casco novo sendo atracado em estaleiro de Cingapura 61 Figura 10 Casco tipo new building Fast4Ward da SBM Fonte Fast4ward 2019 O Quadro 6 indica as dimensões médias dos últimos cascos de FPSOs construídos com casco novos e convertidos A tecnologia de adoção do casco novo ainda é nova e os resultados referentes a ganhos de manutenção e performance ainda serão avaliados nos próximos anos Quadro 6 Comparação entre metodologia de cascos novos X cascos convertidos Casco Novo Casco Convertido Largura m 70 54 Comprimento m 270 330 Pontal m 30 27 Peso t 54000 42000 Custo Milhões USS 250 120 Fonte elaborado pelo autor 62 A Figura 11 analisa o tempo médio de construção da indústria de FPSOs asiática comparandose os modelos de conversão e de cascos novos Os números indicam que os projetos na metodologia de conversão possuem uma duração média de 345 meses contra 567 meses para construções de cascos novos A Figura 11 também indica que as construções de FPSOs contratadas por afretadores como SBM Modec e BW são mais eficientes que construções contratadas pelas IOCs como Petrobras Shell e BP Figura 11 Comparação dos ciclos de construção de FPSOs conversões e casco novo Fonte Offshore Magazine 2019 Do início da construção do casco até o seu lançamento os estaleiros asiáticos demandam no máximo 20 meses processando 2720 tmês de produto acabado 54410 t 20 meses o que corresponde à ocupação máxima da oficina de aproximadamente 60000 m2 que estão de acordo com recentes estudos de produtividade como Kolich Storch e Fafandjel 2017 Já para os módulos a taxa média de 1296 tmês de produto acabado 25933 t 20 meses significa aproximadamente a ocupação de uma oficina de 20000 m² Ambas as necessidades de oficina estão muito aquém da capacidade máxima instalada dos estaleiros asiáticos como discutido no Quadro 6 FPSO comparação entre ciclos de construção 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 FPSO convertido Início do projeto até o primeiro óleo 8 meses 345 meses 819 meses 64 projetos min média máx FPSO com caso novo Início do projeto até primeiro óleo 254 meses 567 meses 1092 meses 35 projetos min média máx FPSO OICs Início do projeto até primeiro óleo 22 meses 65 meses 1092 meses 19 projetos min média máx FPSO afretados Início do projeto até primeiro óleo 254 meses 479 meses 23 projetos min máx Meses 63 A partir das informações levantadas durante a pesquisa podese se estimar o tempo médio para construção de um FPSO nos estaleiros asiáticos no modelo de casco novo de 48 meses e detalhado na Figura 12 As fases principais da construção foram detalhadas utilizado a ferramenta do MS Project e estão indicadas no Apêndice A do trabalho Os contratos atuais de FPSO com casco novo seguem basicamente os seguintes atividades e marcos detalhados na Figura 12 execução da engenharia em 12 meses construção de casco e módulos no máximo em 20 meses 12 meses para integração e mais 4 meses transporte e instalação totalizando 48 meses de projeto Destacase o fato de que as grandes afretadoras como SBM e Modec que possuem suas tecnologias próprias de projeto e padrões de FPSOs geralmente desenvolvem a engenharia antes da efetivação dos contratos juntos às IOCs proporcionando uma redução no tempo total do projeto de até 12 meses Para que seja possível a construção de cascos e módulos em no máximo 20 meses podese concluir que os processos principais dos estaleiros como fabricação submontagem montagem préoutfitting pintura préedificação e edificação devem demandar no máximo 13 meses cada um 64 Figura 12 Cronograma de construção de FPSOs em estaleiros asiáticos Fonte elaborada pelo autor As unidades de FPSO possuem custo médio atual estimado em US 10 bilhão MCCAUL 2021 A partir dessa informação foi possível propor custos de construção para cascos módulos e integração A construção de novos casos offshore segue os mesmos métodos de produção dos cascos tradicionais navais que também possuem quantidade significativa de aço TANAKA TAKANO 2017 o que representa uma vantagem a mais desse tipo de metodologia Tal constatação revelase como grande vantagem dos estaleiros asiáticos particularmente da China e Coreia do Sul que conseguem otimizar seus recursos materiais para ambas as construções offshore e naval tradicional proporcionando maior ganho em escala de produto A elevada quantidade de aço que possui custo médio de matériaprima na ordem de US100kg faz com que o valor agregado de um casco se situe em torno de 250 milhões para uma unidade de 180 mil barris de armazenagem com peso aproximado de 54 mil toneladas e entre US 370Kg e US 462Kg de produto final industrializado MCCAUL 2021 As atividades de construção dos módulos devido às suas características de possuírem elevadas porcentagem de equipamentos e tubulações seguem o plano mais industrial de processo para sua fabricação Para uma unidade padrão de FPSO são necessárias aproximadamente 24 unidades de módulos de processo 1500 tmodulo Cada módulo possui aproximadamente 25 metros de largura com 30 metros de comprimento altura média de 30 metros Dessa forma a construção de módulos é mais cadenciada exigindo um detalhado método construtivo que permita a interação simultânea de estrutura equipamentos fator crítico de lead time fornecimento e tubulação de modo que é possível e muito usual dividir a construção dos módulos em diversos estaleiros O aço das estruturas dos módulos possui características mais Duração Meses Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Engenharia 12 Construção Casco 20 Construção Modulos 20 Integração 12 Transporte Instalação 4 65 próximas de aço mecânico Essa diferença na caracterização do produto permite distinguir os estaleiros navais que constroem somente navios dos estaleiros offshore que possuem maiores infraestruturas mais recursos tecnológicos e acervo técnico para também construírem os módulos além dos cascos flutuantes Os módulos possuem valor agregado bem maior que os cascos devido à presença de equipamentos tubulações e cabos com valores unitários na ordem de US 35 milhões o que representa aproximadamente US 2884Kg frente ao seu peso médio de 25 mil toneladas aproximadamente Os custos estimados de construção de um FPSO em estaleiros asiáticos podem ser resumindos de acordo com o Quadro 7 66 Quadro 7 Estimativa de estrutura de custo nos estaleiros asiáticos Nível 1 Nível 2 Atividade Nível 1 Nível 2 Valor em milhões US 1 Engenharia 2 20 2 Casco 25 250 21 Materiais básicos 5 50 22 Equipamentos 5 50 23 Construção 15 150 3 Módulos 65 650 31 Materiais básicos 7 70 32 Equipamentos 45 450 33 Construção 13 130 4 Integração 5 50 41 Materiais básicos 1 10 42 Equipamentos 1 10 43 Construção 3 30 5 Instalação 3 30 Total 100 1000 Fonte elaborado pelo autor 67 Os níveis 1 de custo de obras offshore tipo FPSO correspondem aos grupos de engenharia projetos básicos e detalhados construção de casco e módulos integração e instalação O nível 2 compreende os custos de materiais básicos suprimentos de equipamentos e construção dos estaleiros Analisando a estrutura de custo percebese que os custos com equipamentos correspondem a 51 dos custos totais de uma unidade e materiais básicos com 13 Os custos de construção são responsáveis por 31 de uma unidade enquanto a engenharia possui 2 de representatividade nos custos O casco por possuir poucos equipamentos em sua composição conforme detalhado na arvore do produto tópico 421 possui menor valor agregado 25 do que os módulos 65 que possuem alta predominância de equipamentos As características de infraestrutura contidas no Quadro 5 proporcionam típico modus operandi de construção dos FPSOs dos estaleiros asiáticos revelando uma moderna dinâmica do estado da arte atual dessas unidades conforme pode ser observado na Figura 13 Garant ias 68 Figura 13 Fluxo de produção de um FPSO em estaleiros asiáticos Fonte elaborada pelo autor Ainda de acordo com a Figura 13 podese detalhar as principais macro operações dos estaleiros asiáticos em evidência quais sejam Cais de recebimento área de recebimento de chapas perfis e equipamentos que funciona como um porto privativo para os estaleiros Oficina de estruturas executa os processos de corte de aço submontagem de peças com as primeiras soldas geralmente limitadas a 30 toneladas de peso e montagem final de decks e blocos com pesos que podem chegar a Dique Seco Montagem do Casco Área de Montagem de Módulos Área de Montagem de Megablocos Montagem de Equipamentos Tubulações e Outfittings Montagem de Equipamentos Tubulações e Outfittings Cabines de Jato e Pintura Oficina de Estruturas Fabricação e Montagem Blocos e Decks Recebimento de chapas perfis e Equipamentos Oficina de Fabricação de Tubulações e Outfittings para o Casco Oficina de Fabricação de Tubulações e Outfittings para os Módulos Cais de Acabamento Instalação Módulos Montagem Hookup Comissionamento 69 350 toneladas na fabricação dos blocos Um casco de FPSO é composto por aproximadamente 142 blocos Já os decks pesam aproximadamente 150 tons sendo que um top side completo possui aproximadamente 125 decks A oficina de estruturas representa atualmente junto com a área de fabricação de tubulações a área mais automatizada dos estaleiros com forte aplicação da tecnologia industrial Representa ainda a área mais produtiva do estaleiro com índices baixíssimos de HHt fabricada Oficinas de fabricação de tubulações pipeshop oficina especializada em fabricação de tubulações Processo bem significativo para os módulos conforme árvore de produto acima Da mesma forma a oficina de estruturas representa atualmente a área mais automatizada dos estaleiros com forte aplicação da tecnologia industrial Representa a área mais produtiva do estaleiro com índices baixíssimos de HHt fabricada Oficinas de fabricação de outfttings oficina especializada em fabricação de outffings Área de alto nível de automatização porém sem muita relevância de HH dado o processo simples de fabricação desse tipo de estrutura Acabamento avançado e instalação de outfftings após os blocos e decks serem fabricados e antes de entrar na cabine de jato e pintura são instalados os outfittigs que requerem soldas denominados hot outfttings Cabine de jato e pintura após a construção dos blocos e decks estes são deslocados para dentro das cabines de jato e pintura onde recebem a pintura até a demanda final Área com investimento significativo em maquinário e controle de temperatura e umidade uma vez que as estruturas offshore demandam longo tempo de garantia da pintura mais que 20 anos Área de montagem de megablocos também chamada de área de pré edificação área geralmente coberta com galpões móveis Nesse estágio os blocos são unidos em peças que podem chegar a 1500 toneladas Um casco de FPSO tem aproximadamente 33 unidades de megablocos Nessas áreas são instalados também os outfittings que não queimam tubulações e equipamentos dentro da estrutura dos megablocos Área de montagem de módulos também chamada de área de edificação área geralmente aberta Atualmente os maiores módulos estão com peso 70 entre 1500 e 3 mil toneladas Nessas áreas são instaladas também todos os outfittings tubulações e equipamentos Dique seco também chamado de área de edificação no dique seco os megablocos são unidos até que o casco atinja o seu formato final São instalados os outfttings tubulações equipamentos e cabos elétricos finais do casco Cais de acabamento local onde os módulos são instalados sobre os cascos e o FPSO é comissionado até finalização da construção Nesse estágio são instalados todos os outfittings e tubulações de conexão denominados hookup bem como os cabos elétricos de conexão entre casco e módulos Através das infraestruturas pesquisadas e com base no cronograma padrão de construção dos estaleiros asiáticos podese propor o seguinte Quadro 8 de tempos de produção para construção de cascos e módulos com recursos de automatização Quadro 8 Tempos de processo X Ritmo tmês X Automatização X HH¹t Tempo total Processo meses Ritmo tmês Automatização Nível tecnológico HHt Fabricação 13 6180 5 381 Submontagem 13 4 2331 Montagem 13 4 2440 PréOutfitting 13 2 14416 Pintura 13 4 202 PréEdificação 13 3 1874 71 Edificação 13 3 1345 Outfitting Final 13 2 13732 Fonte elaborado pelo autor 1 HH Homemhora Considerando que o peso total de um FPSO na concepção de construção de um caso novo está na ordem de 80342 toneladas e os processos principais de fabricação a edificação irão demandar um tempo de 13 meses podese definir como ritmo médio da produção o valor de 6180 tmês de unidade pronta O nível de automatização foi definido como 1 para pouco automatizado e 5 para muito automatizado Os valore de HHt foram estabelecidos com base nos dados disponíveis nas pesquisas realizadas sobre a produção dos estaleiros asiáticos Adicionalmente às informações de produtividade e características da produção dos estaleiros asiáticos foi estimado os principais processos produtivos de construção de um FPSO na Ásia mostrados na Figura 14 e detalhados no Apêndice C Para definição do fluxograma de processo foi definido uma capacidade de entrega semanal de aço de 2000 t fluxo processo puxado pela montagem de blocos semiacabado fundamental da produção e edificação final área mais cara e crítica do estaleiro As entregas dos outfttings na linha de produção acontecem através de pallets na sequência produtiva definida sem acúmulo de estoques Figura 14 Principais processos produtivos de construção de um FPSO na Ásia Fonte elaborada pelo autor 72 Outro aspecto relevante identificado na pesquisa desses estaleiros diz respeito à significativa evolução das técnicas de engenharia offshore praticada nesses referidos países à intensa incorporação de recursos de automatização dos processos principalmente na interface homemmáquina bem como a redução ao máximo dos downtimes termo utilizado para paradas não esperadas de produção fez com que os estaleiros recorressem a criação de mais um estágio de engenharia chamado de engenharia de produção Esse departamento utiliza as informações geradas pela equipe de engenharia de detalhamento e realiza a tradução dessas informações para a equipe da produção As responsabilidades da engenharia de produção em um estaleiro são o Divisão dos cascos em blocos em megablocos o Geração dos arquivos de controle numérico CNCs para corte o Geração de arquivos de controle numérico para soldagem o Divisão das peças em submontagens o Detalhamento das informações de calibres e chanfros de solda o Planos de transporte de megablocos o Planos de rigging dos megablocos o Plano de docagem o Planos de rigging dos módulos o Plano de mooring dos FPSOs A Figura 15 sumariza o fluxograma do processo dos modernos estaleiros asiáticos 73 Figura 15 Fluxograma dos processos de engenharia Fonte elaborada pelo autor Como as atividades de engenharia de produção do estaleiro estão diretamente relacionadas com as infraestruturas de cada unidade esses profissionais são integrados ao corpo técnico de cada empresa Grandes corporações como a Cosco Heavy Industry possuem mais de 3 mil profissionais qualificados para essa função SHIPPING 2021 Básica Detalhamento Construção Básica Detalhamento Engenharia de Produção Fluxograma Tradicional Fluxograma Estaleiros modernosÁsia Construção Arquivos CNC Corte Planos de Rigging Planos Montagem Planos de Mooring Arquivos CNC Solda 74 Entre os sistemas mais utilizados pelos profissionais de engenharia podese destacar o Aveva do grupo Scheneider Eletric liderança no setor naval e offshore Teve seu início nos estaleiros coreanos Seus módulos são divididos em estrutura tubulação outfittings controle de materiais e gerenciamento da produção o Intergraph do grupo Hexagon recentemente modernizou suas ferramentas de engenharia oriundas da área de refino e petroquímica para entrar no mercado de offshore As funções são similares ao do Aveva O sistema é amigável e consegue ler o banco de dados da Aveva Os recentes avanços da Coreia do Sul na instalação da rede 5G realizada em 2019 e os investimentos da China para ter a mesma capacidade nos próximos anos trazem a expectativa de um novo forte ciclo de crescimento da indústria offshore asiática Destacase atualmente na indústria coreana utilização constante de gêmeos digitais e simuladores do ambiente de produção com o intuído do ganho de produtividade LEE JU WOO 2020 Outro aspecto relevante do mercado asiático offshore é a estrutura de financiamento dos projetos que são executados em seus países Conforme consta em IPEA 2014 os grandes conglomerados desses países possuem em sua estrutura societária a participação do governo através de bancos de fomento de acordo com o ilustrado na Figura 16 Dessa forma os estaleiros oferecem para seus clientes afretadores e empresas de petróleo IOCs menor exposição e risco para a performance da atividade de construção além de permitir maior alavancagem para os mesmos clientes Ambos os fatores são relevantes pois as empresas IOCs do setor offshore precisam realizar os investimentos em Capex não somente nas infraestruturas flutuantes FPSOs mas em outras facilidades de alto valor como portos subseas infraestruturas marítimas e plataformas de perfuração dentre outras Este fator de financiamento atrelado ao estaleiro construtor foi um recurso bastante utilizado pela Petrobras a partir de 2015 para redução da sua alavancagem alcançando até seis vezes as suas EBITDAS sigla que representas os lucros antes de juros impostos depreciação e amortização operacionais muito utilizada pelo mercado financeiro para aferir a saúde financeira de uma organização 75 Figura 16 Arranjo simplificado do sistema de financiamento e garantias do mercado asiático Fonte elaborada pelo autor 422 Análise crítica da indústria de construção offshore brasileira Os resultados da análise crítica da indústria de construção offshore brasileira foram organizados em duas seções Infraestruturas dos estaleiros brasileiros e Detalhamento da produção 4221 Infraestruturas dos estaleiros brasileiros O segmento industrial dos estaleiros brasileiros por sua vez foi recém revitalizado Significativos investimentos em novas oficinas diques secos pórticos e cais foram realizados em muitas dessas indústrias com objetivo de atender às demandas das construções offshore De forma resumida conforme consta no Quadro 9 foram identificados os seguintes estaleiros capazes de atuarem na construção dos FPSOs Afretadores IOCs Estaleiros Asiáticos Contrato Construção EPC Contrato Construção EPC Financiamento Construção Bancos Fomento Asiáticos Pagto financiamento após término de construção SeguradorasGarantias Asiáticas 76 Quadro 9 Infraestrutura de estaleiros brasileiros de construção offshore Unidade Oficina de Fabricação e Montagem m2 Dique Seco Comprimento x Largura m Modo de Integração Cais Comiss m EASPE 84000 400 x 80 Goliath Crane 2x 1500 t 700 EnseadaBA 72000 300 x 85 Goliath Crane 1 x1800 t 700 JurongES 67500 Não possui Guindaste Flutuante 1 x 3600 t 930 BrasFelsRJ 29278 133 x 100 Goliath Crane 1 x 2200 t 590 EcovixRS 68145 350 x 130 Goliath Crane 1 x 2200 t 361 EBRRS 21275 Não possui Guindaste de Terra 1 x 3600 t 521 Em fase final de construção Equipamento móvel mobilizado conforme demanda Não faz parte das infraestruturas do estaleiro Fonte elaborado pelo autor 77 Dos estaleiros brasileiros identificados no Quadro 9 o Estaleiro Atlântico Sul EAS e Ecovix possuem infraestruturas muito similares sobretudo no que diz respeito às integrações as quais precisam ser realizadas dentro do dique seco para utilização do Goliath Crane Dessa forma não é possível realizar operações de construção de casco em paralelo com as atividades de integração conforme evidenciado no layout apresentado nas Figuras 17 e 18 78 Figura 17 Layout estaleiro Atlântico Sul Fonte Agência Nacional de Transportes Aquaviários 2019 Figura 18 Layout estaleiro EcovixFonte apresentação Petrobras 2015 Fonte Alonso 2015 79 O estaleiro Enseada além de dispor de uma infraestrutura igualmente moderna e similar ao EAS e ao ECOVIX apresenta um arranjo mais compatível na área de integração com o Goliath Crane percorrendo toda área terrestre de construção de módulos casco e molhada Os seus trilhos conforme ilustrado na Figura 19 possuem mais de 1km de extensão permitindo a movimentação do guindaste em todo esse percurso Esse inovador conceito possibilita ao Enseada ter além do dique seco ainda em construção área denominada de dique molhado Esse layout possibilita maior dinamismo nas atividades de construção offshore favorecendo a integração dos módulos em paralelo às atividades de construção do casco Figura 19 Layout do estaleiro Enseada Indústria Naval Fonte Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore 2018 O estaleiro Jurong por sua vez possui uma infraestrutura diferente tendo foco nas atividades de construção de módulos e integração Os içamentos dos módulos são realizados através de um guindaste flutuante equipamento do próprio estaleiro que possui capacidade de içamento de até 3600 t despontando como o equipamento de movimentação de carga de maior capacidade operando no Brasil Devido à inexistência do dique seco o estaleiro certamente não apresenta as condições para receber potenciais encomendas de construção de cascos novos As oficinas de 80 estrutura e tubulação complementam seu layout conforme pode ser observado na Figura 20 Figura 20 Layouts do estaleiro Jurong Fonte Furong 20204 O estaleiro BrasFeels em Angra dos Reis é o mais antigo dos estaleiros offshore do Brasil tendo iniciado suas operações no ano 2000 Dos estaleiros brasileiros é o que possui maior acervo técnico em construções offshore com 12 projetos concluídos Assim como o estaleiro Jurong o estaleiro não é capaz de construir um casco de FPSO visto que o dique existente é de pequeno porte 133 x 100 m sendo dimensionado para construção de cascos de plataformas semissubmersíveis Sua área de integração é similar ao estaleiro Enseada contudo equipado com um pórtico Goliath Crane de expressiva capacidade 2200 t sendo utilizado como função principal o içamento dos módulos com o casco flutuando conforme ilustrado na Figura 21 4 Ver em httpwwwjurongcombrejaprojectmockup 81 Figura 21 Layout do estaleiro BrasFels Fonte ClickPetroleo 20215 Por sua vez o estaleiro EBR localizado no Rio Grande do Sul com a menor área de oficinas dentre os demais estaleiros 21275 m2 também possui os layouts mais simples dentre estes com uma área de oficinas muito reduzida possuem os layouts mais simples dos estaleiros offshore Além do mais o EBR não dispõe de dique seco e nem Goliath Crane o que não o qualifica para a construção de cascos de FPSO A Figura 22 revela uma vista geral desse estaleiro em que as integrações são realizadas através da instalação de um guindaste móvel de terra com capacidade de içamento de até 3600 t Esse equipamento não faz parte das infraestruturas do estaleiro é mobilizado conforme demanda 5 Ver em httpsclickpetroleoegascombr 82 Figura 22 Layout do estaleiro EBR Fonte Quem somos 20 4222 Detalhamento da produção dos estaleiros brasileiros Segundo o Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore 2018 o tempo estimado para construção offshore no Brasil situase em torno de 24 meses para construção de módulos e 12 meses entre o início da integração com o casco até o final do comissionamento contudo não considera os efeitos da redução desse tempo com base na curva de aprendizado o qual poderá diminuir gradualmente ao longo dos 10 anos de construção sequenciada Os contratos atuais de FPSO com casco novo tendem a seguir basicamente atividades e marcos mostrados no Quadro 10 quais sejam execução da engenharia em 12 meses construção de casco e módulos em 24 meses no mínimo outros 12 meses para integração e mais quatro meses para transporte e instalação totalizando 48 meses de projeto Para que seja possível a construção de cascos e módulos em 24 meses fazse necessário que os processos principais dos estaleiros como fabricação submontagem montagem préoutfitting pintura préedificação e edificação demandem no máximo 17 meses cada um O detalhamento de cada um nos processos no tempo encontrase no Apêndice B do trabalho 83 Quadro 10 Proposta de construção de FPSOs em estaleiros brasileiros Fonte elaborado pelo autor Através das infraestruturas pesquisadas e com base no cronograma padrão de construção dos estaleiros brasileiros do Quadro 10 e do Apêndice B podese propor o seguinte quadro de tempos de produção para construção de cascos e módulos com recursos de automatização Duração Meses Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Engenharia 12 Construção Casco 24 Construção Modulos 24 Integração 12 Transporte Instalação 4 84 Quadro 11 Tempos de processo X Ritmo tmês X Automatização X HHt Tempo total Processo meses Ritmo tmês Automatização HHt Fabricação 17 4726 3 526 Submontagem 17 2 3347 Montagem 17 2 3599 PréOutfitting 17 1 18933 Pintura 17 3 330 PréEdificação 17 2 2842 Edificação 17 2 1905 Outfitting Final 17 1 14788 Fonte elaborado pelo autor Considerando que o peso total de um FPSO na concepção de construção de um caso novo situase em torno de 80 mil toneladas e que os processos de fabricação e edificação demandam um tempo aproximado de 17 meses podese estimar um ritmo médio da produção em torno de 4726 tmês de unidade pronta Os valores de HHtonelada foram estimados com base nos dados disponíveis nas pesquisas realizadas sobre as produções dos estaleiros asiáticos Adicionalmente às informações de produtividade e características da produção dos estaleiros asiáticos foi estimado o fluxo produtivo final do estaleiro asiático para construção dos cascos e módulos conforme mostrados na Figura 23 e detalhado no Apêndice D Para estabelecer o fluxograma de processo foi estimado uma capacidade de entrega trimestral de 12000 t de aço através de lotes de recebimento via importação do exterior e fluxo do processo empurrado pela fabricação de peças 85 devido à ociosidade atual dos estaleiros até a área edificação final A sequência produtiva foi definida com acúmulo de estoques intermediários dado à falta de experiência avançada com o tipo de construção Figura 23 Principais processos produtivos de construção de um FPSO no Brasil Fonte elaborada pelo autor As construções de casco e módulos podem ser iniciadas simultaneamente e até mesmo em estaleiros independentes conforme pode ser observado no cronograma proposto na Figura 24 até o ano de 2030 considerandose a infraestrutura nacional disponível e considerando também uma construção seriada para efeitos de ganho de curva de aprendizagem Figura 24 Cronograma de construção e montagem de cinco unidades FPSO seriadas Fonte elaborada pelo autor O modelo de construção seriada proposto na Figura 24 se implementado poderá ser melhorado considerando os efeitos da curva de aprendizagem admitindo se gradual redução do tempo de montagem das sucessivas construções com base no primeiro contrato Estimase um coeficiente de aprendizado médio entre 3 e 5 Anos Unidades Casco Modulos Integração Estaleiro 1 INTEG 5 FPSO 3 FPSO 4 FPSO 5 INTEG 3 CASCO 4 MODULOS 4 INTEG 4 CASCO 5 MODULOS 5 INTE 1 CASCO 2 MODULOS 2 INTE 2 CASCO 3 MODULOS 3 FPSO 1 FPSO 2 CASCO 1 MODULOS 1 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2020 2021 2022 2023 2024 86 intercalado entre as conclusões de dois projetos sucessivos tomandose como referência as plataformas P59 e P60 no estado da Bahia construídas por consórcio de empresas brasileiras no município de Maragogipe entre os anos 2008 e 2013 AGÊNCIA PETROBRAS 2012 De acordo com a Equação 4 admitindose um coeficiente de aprendizagem intermediário 40 e considerandose como sendo 24 meses SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL E OFFSHORE 2018 o tempo de construção da primeira dentre as 42 plataformas possíveis de serem construídas até o ano de 2030 podese calcular a estimativa de tempo médio necessário para concluir integralmente cada uma dessas unidades Os resultados da Equação 4 foram descritos no Gráfico 2 Equação 4 Equação de curva de aprendizado 𝑡14 24 𝑥14 𝑙𝑛096 𝐿𝑛2 205 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠 Gráfico 2 Curva de aprendizagem por unidade Fonte elaborado pelo autor Baseado nos dados históricos encontrados estimase que após a construção da 14ª unidade a ser construída no período de 10 anos será possível reduzir o tempo de construção de 24 meses para aproximadamente 20 meses o que colocaria a indústria brasileira offshore dentro de valores competitivos frente ao praticado hoje 87 pelos estaleiros asiáticos estimados em no máximo 20 meses para a atividade Pode se concluir que os estaleiros brasileiros precisariam de 10 anos de encomendas sequenciadas para que eles alcancem a produção dos estaleiros asiáticos Em termos de riscos dos projetos de construção offshore estes tendem a ser muito diferentes quanto ao escopo realizado Nos projetos em que os estaleiros executam as atividades de construção dos cascos módulos e integração os riscos associados tendem a ser muito altos se comparados apenas com os riscos associados às atividades de construção de módulos e integração Quanto às atividades de engenharia a maioria dos projetos básicos e de detalhamento são executados fora do Brasil em empresas especializadas A engenharia de produção dos estaleiros brasileiros está em processo de aprendizado e desenvolvimento pela indústria local Algumas empresas estrangeiras como Doris Genova e Toyo Setal apresentamse no mercado brasileiro como alternativas para execução das atividades de engenharia de produção dos estaleiros no modelo de subcontratação enquanto as nacionais aperfeiçoamse suas tecnologias As grandes integrações dos sistemas estão direcionadas à criação dos arquivos CNCs originados diretamente dos modelos 3D base do design dos cascos e módulos offshore Não há nenhuma evidência por enquanto do desenvolvimento de comandos robotizados para construção nos estaleiros brasileiros A Figura 25 resume o fluxograma do arranjo atual dos procedimentos de engenharia geralmente estabelecidos nos estaleiros nacionais 88 Figura 25 Fluxograma tradicional para execução das atividades de engenharia nos estaleiros brasileiros Fonte elaborada pelo autor Conforme definido na arvore do produto tópico 412 o aço estrutural principal componente dos FPSOs em torno de 47 mil toneladas por unidade é produzido no Brasil em duas siderúrgicas localizadas no estado de Minas Gerais Usiminas município de Ipatinga e Gerdau município de Ouro Branco Destacase que essas siderúrgicas se encontram muito distantes dos estaleiros brasileiros e no interior do estado de Minas Gerais dificultando o acesso logístico e escoamento de produção De modo geral nos países asiáticos as siderúrgicas encontramse nas áreas de influência portuárias As linhas férreas da Ferrovia CentroAtlântica FCA e Estrada de Ferro Vitoria a Minas EFVM contudo ligam ambas as siderúrgicas sendo o porto mais próximo de Tubarão no estado do Espírito Santo com uma distância de 420 km aproximadamente Alguns estaleiros como Jurong AracruzES e BrasFels Angra dos ReisRJ possuem relativa proximidade com as siderúrgicas da Gerdau e Usiminas Básica Detalhamento Construção Engenharia de Produção Arquivos CNC Corte Planos de Rigging Planos Montagem Planos de Mooring Arquivos CNC Solda Executado fora do Brasil IOCs ou Afretadores Subcontratado 89 identificadas no Quadro 12 podendo ser um relevante fator para potencial competitivo frente aos outros estaleiros Quadro 12 Distância dos Estaleiros Brasileiros até às siderúrgicas Unidade Localização Distância em km EAS IpojucaPE 1802 Enseada MaragogipeBA 1032 Jurong AracruzES 422 BrasFels Angra dos ReisRJ 670 Ecovix Rio GrandeRS 2145 EBR Rio GrandeRS 2144 Fonte elaborado pelo autor Para abastecimento dos estaleiros as operações de cabotagem são uma opção complementado pelo modal rodoviário Destacase que o porto de Tubarão é muito demandado pelas operações de exportação de minério de ferro e da própria Gerdau e Usiminas que tem preferência para o mercado externo 70 da sua produção é para atendimento desses mercados que possuem volume maior dificultando as operações de cabotagem que possuem volume e embarcações menores Os estaleiros brasileiros diante de problemas de fornecimento de aço nacional preço e regularidade no suprimento por muitas vezes optam como estratégia principal a importação desse material da Europa e da Ásia sendo um dos fatores que podem trazer risco significativo para as construções diante da possibilidade de descontinuidade dessas operações Combinado a essas constatações existe ainda a necessidade de realizar compras por lotes no exterior de acordo com a taxa de produção visto que exigem grandes áreas para estocagem e movimentação 90 A maioria dos equipamentos mecânicos e elétricos dos FPSOs são montados e importados diretamente dos fornecedores fora do Brasil principalmente em países da Europa e da China Isso se deve ao fato de que os operadores de compras internacionais visando a minimizar custos possuem seus fornecedores cativos que fornecem insumos de equipamentos para construções em todo o mundo concentrando suas gestões de suprimentos no inconterms classificado como ex works Na parte das tubulações industriais aproximadamente 240 mil toneladas previstas para os próximos dez anos o Brasil não possui fabricação de aço das especificações inox e aço liga padrão super duplex os quais são demandados pelos estaleiros No mercado nacional encontramse apenas materiais tradicionais do tipo aço carbono Essa indisponibilidade de material é crítica para os estaleiros visto que além dos custos de importação compromete o cronograma de produção Os demais itens a exemplo de materiais elétricos como cabos acomodação com exceção do aço e aqueles demandados na operação de outfittings são normalmente encontrados no mercado brasileiro de modo que seu fornecimento não é crítico Avaliase portanto que mesmo que os estaleiros pudessem absorver todas as demandas a quantidade de insumos necessária para a construção das 42 unidades plataformas não é possível de ser integralmente adquirida no mercado brasileiro Em termos de custo do projeto de construção de FPSOs no Brasil estimase que os custos logísticos de mobilização de equipamentos e materiais possam representar em torno de 10 de custo adicional aos estaleiros brasileiros devido ao adicional de frete IPEA 2014 Adicionalmente pode estimar uma ineficiência do custo da produção brasileira frente à asiática em aproximadamente 50 Por outro lado a depreciação da moeda brasileira Real frente ao dólar compensa parte dessa improdutividade O Quadro 13 indica os custos previstos para construção do FPSO nos estaleiros brasileiros estimados na ordem de 1219 bilhões de dólares Quadro 13 Custo de construção de um FPSO no Brasil Nível 1 Nível 2 Atividade Nível 1 Nível 2 1 Engenharia 2 91 2 Casco 27 21 Materiais básicos 5 22 Equipamentos 5 23 Construção 18 3 Módulos 63 31 Materiais básicos 6 32 Equipamentos 41 33 Construção 16 4 Integração 5 41 Materiais básicos 1 42 Equipamentos 1 43 Construção 4 5 Instalação 2 Total 100 Fonte elaborado pelo autor Os níveis 1 de custo de obras offshore tipo FPSO correspondem aos grupos de engenharia projetos básicos e detalhados construção de casco e módulos integração e instalação O nível 2 compreende os custos de materiais básicos suprimentos de equipamentos e construção dos estaleiros Analisando a estrutura de 92 custo percebese que os custos com equipamentos correspondem a 47 dos custos totais de uma unidade e materiais básicos com 12 Os custos de construção são responsáveis por 38 de uma unidade enquanto a engenharia possui 2 de representatividade nos custos O casco por possuir poucos equipamentos em sua composição conforme detalhado na arvore do produto tópico 421 tem menor valor agregado 27 do que os módulos 63 que possuem alta predominância de equipamentos A maioria dos projetos realizados no Brasil segue o padrão tradicional de contratação e garantias entre a contratada e o prestador de serviço e seus vínculos com os bancos de fomento Os afretadores e OICs são os grandes tomadores de risco do projeto para a construção nos estaleiros brasileiros conforme ilustra a Figura 26 exigindo dos estaleiros as devidas garantias de construção Garant ias 93 Figura 26 Arranjo de financiamento dos projetos offshore no Brasil Fonte elaborada pelo autor 423 Indústria de construção offshore asiática X brasileira Analisandose os dados de infraestrutura dos estaleiros asiáticos Quadro 5 e brasileiros Quadro 9 bem como os layouts apresentados nas Figuras 6 7 8 e 9 dos estaleiros asiáticos em comparação aos layouts dos estaleiros brasileiros contidos nas Figuras 17 18 19 20 21 e 22 dos estaleiro brasileiros podese afirmar que a indústria offshore brasileira possui a infraestrutura mínima necessária para a construção de FPSOs nos mesmos processos construtivos realizados na Ásia visto que as dimensões e recursos de suas bases físicas são equivalentes aos asiáticos a exemplo de oficinas dique seco módulo de integração e cais de comissionamento Entretanto constatase que os maiores estaleiros nacionais possuem suas facilidades dimensionadas para o atendimento de apenas uma única encomenda de FPSO por contrato a exemplo do EAS Enseada e Ecovix os quais dispõem de apenas um dique seco em cada uma dessas indústrias assim como os cais de acabamento e comissionamento o que limita a capacidade construtiva Por sua vez os estaleiros asiáticos possuem em suas unidades mais de um dique seco o que permite mais de uma construção ao mesmo tempo Esse fator também é relevante quanto ao risco de construção pois o atraso de uma unidade pode não comprometer a construção da unidade subsequente em razão da existência de infraestrutura disponível operações em paralelo Adicionalmente é notório que os maiores estaleiros asiáticos possuem estrutura muito maior que os estaleiros brasileiros Um estaleiro asiático como o Hyundai na Coreia do Sul possui 452415 m2 de oficina o que seria maior que a capacidade de todos os estaleiros juntos que possuem na ordem de 342198 m2 O Afretadores IOCs Bancos Fomento Contrato Construção EPC Financiamento Garantias Estaleiros Brasileiros Garantias 94 mesmo estaleiro Hyundai possui quatro diques secos de grande porte para construção de cascos de FPSOs uma unidade a mais que todos os estaleiros brasileiros juntos atualmente apenas três diques de grande porte No que diz respeito aos tempos de construção os estaleiros asiáticos demandam no máximo 20 meses para construção de um casco processando em média 2720 tmês o que corresponde à ocupação máxima da oficina de aproximadamente 60000 m2 Ou seja os estaleiros que possuem infraestruturas maiores que essas seriam capazes de construir várias unidades de FPSOs em paralelo Da mesma forma para a questão dos módulos os estaleiros asiáticos também constroem cada uma dessas unidades em tempo máximo de 20 meses entretanto com uma taxa média de 1296 tmês para o aço estrutural e demais componentes o que significa aproximadamente a ocupação de uma oficina de 20000 m² Os processos principais como fabricação e montagem possuem ritmo de produção de 13 meses de duração Os estaleiros brasileiros têm como proposta base a construção de casco e módulos em 24 meses de tralhado SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL E OFFSHORE 2018 com ritmos de produção dos processos principais maiores na ordem de 17 meses ou seja 20 de tempo a mais que os asiáticos Tal diferença é bem significativa em termos de fluxo financeiro do projeto o que acaba encarecendo o custo de produção no Brasil visto que os meses a mais significam meses a mais de juros para financiamento e início de geração de receita de produção para os FPSOs O Quadro 14 resume as diferenças dos cronogramas de construção na Ásia e Brasil As principais atividades de engenharia construção integração e transporte estão identificadas nos cronogramas a seguir 95 Quadro 14 Cronograma resumo estaleiros asiáticos X estaleiros brasileiros Fonte elaborado pelo autor Essa diferença de tempo de construção 20 poderá ser recuperada após dez anos de produção continuada visto que a utilização da curva de aprendizagem no tempo indica essa tendência na indústria offshore brasileira Além das questões relativas às infraestruturas fabris dos estaleiros os níveis de automação entre as unidades asiáticas e brasileiras são diferentes o que impactam diretamente na produtividade e tempo de construção dos FPSOs De acordo com Branquinho Salomão e Duarte 2012 podese concluir que apesar dos recentes investimentos em infraestruturas o nível de automação dos estaleiros brasileiros está em um nível abaixo dos asiáticos Os tempos de produção e produtividades por HH por produto produzido por tonelada HHt variam entre 31 e 26 respectivamente quando comparado Ásia e Brasil O Quadro 15 demonstra as diferenças entre asiáticos e brasileiros Quadro 15 Comparação entre tempos de processo nível e automatização estaleiros Tempo Processo meses Automatização média HHt Estaleiros Asiáticos 13 3 4590 96 Estaleiros Brasileiros 17 2 5784 Diferença 4 1 1194 Diferença 31 41 26 Fonte elaborado pelo autor Quanto às atividades de engenharia as principais diferenças estão na capacidade dos estaleiros asiáticos em verticalizar todo o processo podendo executar todas as atividades internamente in house sendo que nos estaleiros brasileiros existe a tendência de subcontratação das atividades enquanto não há uma maturação de suas atividades No que diz respeito a variáveis econômicas particularmente salários pagos aos operários e os consequentes custos de produção incluindo material base esses indicadores para o Brasil e concorrentes asiáticos estão apresentados no Quadro 16 Quadro 16 Comparação de indicadores econômicos de competitividade entre construtores brasileiros e asiáticos Classe Unidade Brasil China Coreia Cingapura Salário médio US 1200 800 2944 1710 Custo médio de Produção USt 7281 4543 5305 4924 Custo médio de produçãoSalário Médio 607 568 180 288 Fonte Pinhão e demais autores 2019 e IPEA 2014 Os resultados contidos no Quadro 16 indicam que as operações de construção em Cingapura apresentam o maior equilíbrio entre custo médio de produção e 97 produtividade sendo o valor final próximo a três vezes o custo com salário Como essas indústrias estão instaladas dentro de uma cidade com os maiores salários médios entre os trabalhadores mundiais em torno de US 5500 segundo IPEA possui para o setor naval salários mais competitivos em torno de US 1710 Ainda com base no Quadro 16 constatamse os elevados salários médios dos operários das empresas coreanas dentre as construtoras asiáticas aproximadamente quatro vezes em relação às chinesas e 72 superior às empresas de Cingapura Observase nesse sentido que segundo Lee Ju e Woo 2020 os estaleiros coreanos aportaram expressivos investimentos em infraestruturas e modernas tecnologias de produção informatizadas exigindo ainda mais qualificação técnica dos operários elevando significativamente a produtividade de suas operações A China por sua vez é notoriamente o país que possui os salários mais baixos US800 devido à sua política de governo de fomento a indústria e empregabilidade de grande escala Os salários dos operários no Brasil por sua vez situamse dentro dos limites dos demais países entretanto revela o maior custo de produção dentre todos pesquisados equivalentes a quase seis vezes o valor gasto com salário muito embora a participação de salários sobre estes custos 35 seja superior apenas ao das empresas chinesas aproximadamente 50 Com esses resultados constatase também que a relação saláriocustos de produção mais impactante referese aos estaleiros da Coreia 55 e Cingapura 34 O Gráfico 3 apresenta a relação salárioscustos de produção nos países pesquisados evidenciando os elevados custos dos estaleiros brasileiros 98 Gráfico 3 Comparação do custo unitário de produção X Custo salarial Fonte Pinhão e demais autores 2019 e IPEA 2014 Tais diferenças de custo de produção somadas às questões de disponibilidade de matérias e equipamentos na indústria local acabam constatando que o custo de construção de um FPSO no Brasil U7281 é muito superior 55 maior que na Ásia tomandose por base o valor médio da China Coreia e Cingapura U4713 A distribuição dos custos de produção engenharia casco módulos integração e instalação pode ser observada no Gráfico 4 No Gráfico 5 por sua vez outros custos são comparados tais como matérias equipamentos construção engenharia e instalação 99 Gráfico 4 Comparação de custo Ásia x Brasil por classe de custo Fonte elaborado pelo autor Gráfico 5 Comparação de custo Ásia x Brasil por categoria de custo Fonte elaborado pelo autor No que diz respeito ao suporte do sistema financeiro constatase IPEA 2014 que a atuação dos bancos de fomento asiáticos tem forte impacto na assunção de 100 riscos das IOCs ou afretadores que são os compradores dos FPSOs junto aos estaleiros No modelo tradicional do mercado brasileiro os compradores das unidades assumem todo o risco durante a construção das plataformas offshore enquanto no modelo do mercado asiático esse risco é compartilhado ou até mesmo assumido na integralidade pelos bancos de fomento Essa estrutura asiática permite aos compradores uma menor precificação dos riscos e além disso possibilita uma maior alavancagem de suas companhias podendo estas construir e investir em mais projetos Uma alternativa utilizada no mercado nacional para resolver essa questão é a contratação de seguros para transferência e compartilhamento desse risco com seguradoras e bancos entretanto essa alternativa é custosa e requer que os estaleiros possuam higidez financeira igualmente rígida para que as seguradoras possam prover tal benefício 424 Resumo da competitividade da industrial brasileira O Quadro 17 resume os principais indicadores de competitividade da indústria brasileira diante dos líderes de mercado de construção offshore Para análise dos parâmetros foram definidos três níveis I Compatível corresponde a nível similar aos competidores II Em desenvolvimento corresponde a nível inferior aos competidores porém apresenta estado atual em desenvolvimento que poderá ser melhorado com tempo III Não compatível corresponde a nível de competição bem inferior aos competidores e que necessita de intervenção de algum meio externo à indústria para melhora do seu nível de competitividade Quanto aos quesitos a serem avaliados foram sumarizados os principais tópicos estudados na presente pesquisa sendo infraestruturas tecnologias industriais automatização engenharia suprimentos de materiais e equipamentos econômicos e financeiros 101 Quadro 5 Resumo da competitividade da indústria brasileira Item Estado Atual Comentários Infraestruturas Compatível As infraestruturas dos estaleiros brasileiros são novas e recémrevitalizadas Considerando um atendimento de CL máximo de 40 o estado atual é tido como compatível para execução dos projetos A pesquisa comprova que as oficinas diques e cais de acabamento e integração são aderentes com os processos construtivos atuais realizados nos estaleiros asiáticos Especial atenção devese aos diques secos com apenas duas unidades ativas disponíveis para construção de casco novos e uma unidade em fase final de construção A carência desse tipo de infraestrutura é um fator de risco significante para construção de cascos de FPSOs no Brasil Tecnologia industrial automação Em desenvolvimento Apesar do recéminvestimento nos estaleiros brasileiros as tecnologias de automação e informatização dos processos ainda se encontram em desenvolvimento nos estaleiros brasileiros A ociosidade da indústria atual tem afetado o desenvolvimento de novas tecnologias presentes nos estaleiros asiáticos A diferença no grau de automação afeta a produtividade e produção mensal dos estaleiros brasileiros Ausência de redes potentes de TI como 5G dificulta muito a introdução de novas tecnologias 102 Engenharia Em desenvolvimento Atualmente na indústria brasileira existem poucas empresas de engenharia disponíveis Adicionalmente os estaleiros por falta de encomendas ainda não conseguiram desenvolver as próprias engenharias de produção in house como comumente praticado nos estaleiros asiáticos Suprimentos de materiais Não compatível A indústria de fornecimento de matériaprima como aço estrutural e mecânico está muito defasada sem capacidade de atendimento da indústria local Além dos custos de transporte e frete a ausência de siderúrgicas e fabricantes obriga os estaleiros a trabalharem sob o regime de estoque acarretando maiores custos de produção e riscos de falta de abastecimento de matérias no decorrer da produção Suprimentos de equipamentos Não compatível Igualmente ao anterior A indústria de peças e equipamentos é muito carente e não atende às necessidades dos projetos Tempo de produção Em desenvolvimento Os tempos atuais de construção nos estaleiros brasileiros são estimados em média 20 maiores que os competidores estrangeiros o que de certa forma apresenta se adequado para o atendimento da indústria Esse tempo de produção poderá ser melhorado com o tempo na introdução de curva de aprendizagem e na inclusão de novas tecnologias de automação 103 Custo produção Em desenvolvimento Os custos de produção dos estaleiros brasileiros estão estimados em aproximadamente 50 acima dos estaleiros asiáticos Esperase que o custo de produção possa ser mais competitivo frente à desvalorização do dólar e com os ganhos oriundos da curva de aprendizagem Financiamento Não compatível As estruturas atuais de financiamento do projeto no Brasil estão totalmente defasadas Não há nenhuma estrutura de garantia para o setor nacional o que afugenta e aumenta muito o risco das IOCs e afretadores Este talvez seja o principal item a ser resolvido com brevidade necessitando da introdução de uma nova política para o setor Fonte elaborado pelo autor 43 CAPACIDADE DE ATENDIMENTO DOS ESTALEIROS BRASILEIROS X DEMANDA ATUAL DE FPSOS Uma vez avaliadas as dificuldades de capacidade e oferta de suprimentos para atender à demanda por 42 FPSO projetada de acordo com a metodologia proposta item 31 bem como com a infraestrutura e experiência operacional dos estaleiros brasileiros igualmente estimada na metodologia item 32 apresentase no Quadro 3 o cronograma 2020 a 2030 para a construção completa de 14 plataformas cascos e módulos utilizandose o dique seco EAS Ecovix e Enseada No Quadro 18 por sua vez é apresentado o cronograma para construção de FPSOs sem dique seco EBR Jurong e Brasfels ou seja apenas a construção de módulos e integração em número de 16 admitindose os tempos necessários para tanto com base no benchmarking das construtoras asiáticas 104 Quadro 18 Cronograma de construção e montagem de FPSOs completos casco módulos e integração com dique seco Fonte elaborado pelo autor Como o estaleiro Enseada não está com seu dique pronto para utilização na construção de cascos considerouse para os dois primeiros FPSOs completos FPSO 1 e FPSO 2 a utilização dos diques dos estaleiros Ecovix e EAS A partir do FPSO 3 considerouse que o dique do Enseada já estará pronto proporcionando a construção de três unidades de FPSO simultaneamente Dessa forma a capacidade total de FPSOs completos que poderiam ser construídos nos estaleiros brasileiros de 2020 a 2030 seria de 14 unidades Os resultados indicam que as condições de infraestruturas dos estaleiros brasileiros podem ser equivalentes aos referencias asiáticos cujo tempo de construção de cada FPSO conforme já destacado situase em torno de 20 meses para os cascos Entretanto dadas as restrições dos estaleiros objetos desta pesquisa no Brasil no que se refere às limitações para construções simultâneas quantidade de dique seco e comprimento do cais de acabamento o atraso na execução de um determinado projeto pode gerar atraso na construção do projeto subsequente comprometendo toda a sequência de produção Anos Unidades Casco Modulos Integração INT 345 INT 678 INT 91011 EAS Ecovix Enseada 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 INT 12 2028 2029 2030 FPSO 12 FPSO 678 FPSO 121314 FPSO 345 FPSO 91011 INT 121314 CASCO 12 CASCO 345 CASCO 678 CASCO 91011 CASCO 121314 MODULOS 12 MODULOS 345 MODULOS 678 MODULOS 91011 MODULOS 121314 105 Quadro 19 Cronograma de construção e montagem apenas módulos e integração sem dique seco Fonte elaborado pelo autor Conforme pode ser observado neste cronograma Quadro 19 a possibilidade da execução de 16 unidades de FPSOs de forma parcial considerando a construção de módulos e integração é bem factível dentro das infraestruturas oferecidas pelos estaleiros brasileiros Através dos cronogramas propostos e ainda na já evidenciada satisfatória infraestrutura das construtoras offshore brasileiras avaliase que pelo menos os estaleiros Atlântico Sul Pernambuco e Ecovix Rio Grande do Sul podem de modo independente construir cinco unidades de FPSOs completos em até 10 anos O estaleiro Enseada Bahia contudo ainda em finalização do seu dique seco aproximadamente mais 1 ano de preparativos finais é necessário para sua operacionalização poderia construir quatro unidades completas a partir do momento em que a infraestrutura do dique estiver pronta Os demais estaleiros Jurong BrasFels e EBR por não possuírem dique seco ou apresentarem dimensões insuficientes certamente não têm condições de executar o escopo completo ficando limitado à realização de apenas parte deste a exemplo da construção de módulos e o processo de integração Considerandose portanto as grandes limitações desses últimos estaleiros propõese incorporálos nos cronogramas propostos de acordo com os seguintes planos i Enseada o primeiro FPSO teria apenas a construção de módulos e integração A partir do segundo contrato possivelmente a construção poderá ser completa ii Jurong BrasFels e EBR apenas as atividades de construção de módulos e integração foram consideradas nesses estaleiros de modo que os cascos precisarão ser construídos fora do Brasil Anos Unidades Modulos Integração INT 1234 EBR Jurong BrasFels 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 FPSO 1234 FPSO 8910 FPSO 141516 FPSO 567 FPSO 111213 INT 141516 MODULOS 1234 MODULOS 567 MODULOS 8910 MODULOS 111213 MODULOS 141516 INT 567 INT 8910 INT 111213 106 Constatase portanto ser possível que a indústria brasileira possa atender a uma demanda de seis unidades de FPSOs por vez o que corresponde ao máximo de 30 projetos simultaneamente em dez anos Desses 30 projetos 14 unidades poderiam ser integralmente construídas com a capacidade atualmente instalada casco módulos integração enquanto 16 projetos seriam executados parcialmente módulos integração Uma vez aferida a demanda e capacidades atuais instaladas chegase ao atendimento da demanda por FPSO conforme consta no Quadro 20 Destacase entretanto que as quantidades a serem produzidas na indústria brasileira estão de acordo com a regra de CL atual ou seja de 25 para esse tipo de instalação estacionária FPSO A coluna indicada como Capacidade CL referese à quantidade atual de unidades de FPSOs a serem construídos para o índice de CL de 25 Esse índice está em consonância com a Resolução nº 072017 do Conselho Nacional de Política Energética CNPE CONTEÚDO 2021 Quadro 20 Demanda X Capacidade instalada estaleiros brasileiros X Conteúdo local atual 25 Demanda atual Un Capacidade atual Un Atendimento Demanda Capacidade CL de 25 Un Ociosidade Un Cascos 42 14 33 11 4 Módulos 42 30 71 11 20 Integração 42 30 71 11 20 CL Conteúdo Local Fonte elaborado pelo autor Observase com esses resultados que os estaleiros brasileiros possuem capacidade três vezes maior 30 unidades tanto para módulos quanto para integração quando comparado ao cenário estabelecido pelas limitações das regras atuais de CL 25 Já para os cascos a capacidade calculada indica ser 40 superior às limitadas pelo CL atual Constatase portanto que caso os valores de CL 107 não sejam aumentados ainda conforme o Quadro 20 a ociosidade dos estaleiros brasileiros para construção offshore poderá ser ainda maior caso a demanda internacional por essas unidades seja incrementada Considerandose que cada estaleiro pode executar até seis projetos de módulos e integração esta ociosidade seria equivalente a aproximadamente três estaleiros completamente vazios Como proposta de valor intermediário de CL o Quadro 21 considera um valor de conteúdo l de 40 valor vigente até 2017 AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS 2018 Quadro 21 Demanda X Capacidade instalada estaleiros brasileiros X Conteúdo local intermediário 40 Demanda atual Un Capacidade Atual Un Atendimento Demanda Capacidade CL Un Ociosidade Un 42 14 33 17 3 42 30 71 17 13 42 30 71 17 13 CL Conteúdo Local Fonte elaborado pelo autor Dadas as limitações das infraestruturas dos estaleiros brasileiros um coeficiente de CL de 40 linear o atendimento da construção dos cascos não seria possível devido à limitação de diques secos no Brasil Já as construções de módulos e integração com o aumento do CL as ociosidades dos estaleiros reduzirão significativamente Adicionalmente visandose avaliar preliminarmente os retornos financeiros das construções dos FPSOs foram avaliados os seguintes cenários i Valor de um projeto de Construção e Montagem de Módulos Offshore USS 1000 milhões MCCAUL 2021 compreendendo construção de cascos tipo new building estimado em US 250 milhões módulos em US 700 e Integração de US 50 108 ii Capacidade total de geração de impostos dos 42 FPSOs nos próximos dez anos iii Nível de CL variando entre 25 mínimo 40 intermediário e capacidade máxima iv Nível de geração de impostos para construção de plataformas no Brasil 1480 sobre o faturamento IPEA 2014 v Custo Brasil estimado em US 219 milhões por unidade de FPSO totalizando US 1219 milhões por unidade de FPSO Considerandose essas condicionantes foram obtidos os seguintes resultados financeiros demostrados no Quadro 22 a seguir e no Gráfico 6 Quadro 22 Estimativas de faturamento em função do CL e do impacto fiscal Demanda atual Un Valor Projeto US MM Valor Total dez anos US MM Impacto Fiscal dez anos US MM Cascos 42 345 14490 2145 Módulos 42 777 32634 4830 IntegraçãoInstalação 42 97 4074 603 Total 1219 51198 7577 Capacidade Max Un Valor Projeto US MM Valor Total dez anos US MM Impacto Fiscal dez anos US MM Cascos 14 345 4830 715 Módulos 30 777 23310 3450 109 IntegraçãoInstalação 30 97 2910 431 Total 1219 31050 4595 Capacidade 40 CL Un Valor Projeto US MM Valor Total 10 anos US MM Impacto Fiscal 10 anos US MM Cascos 17 345 5796 858 Módulos 17 777 13054 1932 IntegraçãoInstalação 17 97 1630 241 Total 1219 20479 3031 Capacidade 25 CL Un Valor Projeto US MM Valor Total dez anos US MM Impacto Fiscal dez anos US MM Cascos 11 345 3623 536 Módulos 11 777 8159 1207 IntegraçãoInstalação 11 97 1019 151 Total 1219 12800 1894 CL Conteúdo Local Fonte elaborado pelo autor 110 Gráfico 6 Comparação de faturamento e impacto fiscal para cenários de conteúdo local Fonte elaborado pelo autor De acordo com o Quadro 22 e o Gráfico 7 a seguir podese concluir que os projetos de construção offshore possuem forte geração de impacto fiscal para a indústria brasileira Ao longo de dez anos caso a capacidade máxima dos estaleiros fosse utilizada estimase um valor de geração de impostos em torno de US 4595 bilhões o que representa em torno de 74 dos investimentos realizados nos estaleiros brasileiros sendo US 622 bilhões oriundos do FMM No cenário de aumento de CL para 40 o impacto fiscal seria na ordem de US 3031 bilhões equivalente a 48 dos investimentos realizados Para os atuais 25 de CL o impacto fiscal estaria na ordem de US 1894 bilhões o que equivale a 30 dos investimentos feitos Tais evidências confirmam o alto retorno fiscal que a indústria offshore proporciona para os países asiáticos que possuem em seus estaleiros destacada presença do estado conforme evidenciado no item 421 Em termos de recursos de profissionais para atendimento das demandas de construção foram geradas estimativas de número de profissionais para o setor para os próximos anos Nesse sentido considerandose apenas as construções de FPSOs segundo o Sinaval SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL E OFFSHORE 2018 para cada unidade se faz necessária a 111 mobilização de 7736 trabalhadores Esses valores foram adotados associandose a capacidade máxima atual da indústria de acordo com os seguintes pressupostos I Mobilização de profissionais por FPSO 7736 integrantes diretos II Variações de CL 40 e 25 e a com capacidade máxima III Quantidades máximos de FPSOs a serem construídos no tempo conforme Quadro 18 e 19 Considerandose essas condicionantes foram obtidos os seguintes resultados de recursos de pessoas para as atividades de construção de FPSOs demonstrados na Gráfico 7 Gráfico 7 Número de profissionais na construção de FPSOs para os próximos anos Fonte elaborado pelo autor Segundo a Petrobras PLANO 2015 o número de profissionais trabalhando em estaleiros no pico de suas atividades de produção não somente construção de FPSOs foram de 79003 empregos diretos no ano de 2012 De acordo com os números estimados considerando a capacidade máxima de atendimento dos estaleiros offshore e a curva de produção estimada para os próximos anos no ano de 2028 as construções de FPSOs poderiam superar 41 mil pessoas trabalhando nos estaleiros brasileiros o que representa em torno de 52 da capacidade máxima do setor Por fim importante observar também que as demandas para o setor de construção offshore para os próximos dez anos são bem superiores do que a capacidade industrial atual instalada dos esteiros brasileiros Independentemente dos requerimentos de CL parte das encomendas atuais precisam ser obrigatoriamente 112 executadas fora do Brasil Caso a indústria de construção offshore mantenhase demandando alta escala de produção é razoável a elaboração de um plano de ampliação nos estaleiros brasileiros para averiguar as necessidades de instalações de mais oficinas de construção de blocos novos diques secos maiores cais de acabamento e montagem de mais Goliath Cranes ou guindastes flutuantes 44 MERCADOS DE DESCOMISSIOAMENTO DE PLATAFORMAS OFFSHORE As atividades de descomissionamento de plataformas offshore no Brasil vêm sendo amplamente discutidas nos últimos anos dentro da indústria de petróleo e gás tendo os principais aspectos em pauta i impactos das atividades de desmontagem e sucateamento ii fomento das atividades de reciclagem através da demanda atual de descomissionamento iii regulamentação das operações Para as plataformas de águas rasas tipo fixas as atividades compreendem desde a intervenção no poço remoção de estruturas submarinas como jaquetas e dutos desmontagem de equipamentos e estruturas dos módulos fora dágua transporte para estaleiros e canteiros de descomissionamento sucateamento e reciclagem Nas plataformas fixas as atividades de desmontagem das peças fora dágua iniciamse em alto mar com a utilização de guindastes flutuantes especiais capazes de içar peças de grande porte na ordem de 5000 t Essa etapa é uma das mais complexas e custosas da operação BROUGHTON DAVIES GREEN 2004 As maiores plataformas fixas do Mar do Norte já descomissionadas pesam até 110 mil toneladas como foi o caso da plataforma Maureen BROUGHTON DAVIES GREEN 2004 No Brasil as unidades fixas são mais leves e possuem pesos em torno de 7 a 15 mil toneladas ZACARON 20 Em algumas localidades como Estados Unidos e China vem sendo permitida a manutenção das estruturas subseas como ação mitigatória de redução dos impactos ambientais JIANG et al 2011 MEYERGUTBROD et al 2020 Apesar de proibidos em alguns locais do mundo estudos mais aprofundados sobre as plataformas descomissionadas que podem vir a servir de arrecifes e local para estímulo ao turismo da pesca controlada vêm sendo observados e avaliados pelas autoridades ambientais e órgãos mundiais como uma alternativa para o setor FORTUNE PATERSON 2020 As plataformas de águas profundas possuem um processo diferente no que tange ao início da desmontagem das plataformas Como a maioria das unidades é 113 flutuante móvel e rebocáveis com peso elevadíssimo de 50 mil a 80 mil toneladas não se faz necessário o início da desmontagem em alto mar As plataformas são rebocadas em sua integralidade para estaleiros e canteiros para as atividades de desmontagem e corte Essa fase final é muito similar às atividades de sucateamento e desmontagem de navios Se por um lado as atividades em alto mar são reduzidas se comparadas ao descomissionamento de unidades de águas rasas as atividades nos estaleiros de sucateamentos se tornam mais intensas e seus impactos necessitam ser averiguados para plataformas flutuantes Os países líderes em desmontagem e reciclagem de navios e plataformas flutuantes são Índia Paquistão Bangladesh Turquia e China que concentram aproximadamente 96 dos navios reciclados no mundo com média de 800 a 1400 unidades anuais OCAMPO PEREIRA 2019 O Brasil enviou 58 navios para serem desmontados nesses países nos últimos seis anos devido à ausência de indústria e regulamentação no Brasil para esse tipo de atividade BENJAMIN FIGUEIREDO 2020 Apesar de líderes no mercado esses países não ofereciam condições sustentáveis ambientais e laborais para a execução da reciclagem dos navios e plataformas visto que a maioria dessas atividades era executada a céu aberto em praias e costas sem qualquer regulação do trabalho ali executado Supervisionado pela International Maritime Organization IMO em 2009 foi assinado o tratado de Hong Kong IMO 2009 no qual uma série de países se comprometeram a não enviar os navios a serem reciclados para países nos quais não houvesse condições sustentáveis Na sequência em 2013 o parlamento europeu aprovou a Regulação de Reciclagem de Navios nº 1257 2013 quando foi definido que apenas estaleiros certificados em boas práticas de reciclagem poderiam realizar atividades de desmontagem de navios para armadores europeus Uma das grandes imposições foi a necessidade de utilização de dique secos para execução dos cortes não permitindo às embarcações desses países as atividades de desmontagem em praias na costa Sul Asiática As novas imposições aos estaleiros sulasiáticos as atividades de corte e reciclagem de navios somadas à ociosidade da indústria nacional de construção naval brasileira para novas construções aparecem como uma oportunidade para a indústria local brasileira Destacase também o fato de estudos recentes de Análise de Ciclo de Vida ACV em países como Blangadesh ter identificado que as 114 atividades de reciclagem dos navios são menos impactantes que as atividades de confecção de aço a partir da sua matériaprima básica minério de ferro RAHMAN HANDLER MAYER 2016 Estaleiros especializados apenas em descomissionamento e sucateamento representam o cenário atual da indústria internacional Os países líderes de sucateamento de navios localizados em sua maioria no Sul Asiático têm sido o destino da maioria das plataformas descomissionadas no Brasil dado a ausência de regulação nacional nesse setor As atividades de descomissionamento podem ser resumidas nas etapas e processos descritos na Figura 27 115 Figura 27 Fluxograma do processo de descomissionamento de plataformas offshore Fonte elaborada pelo autor O fluxo de saída dos estaleiros especializados em sucateamento é na ordem de 97 do peso bruto do FPSO de entrada Os 3 são eventuais perdas e outros produtos não comercializáveis As classes de sucatas são basicamente aço 78 equipamentos 15 e cabos elétricoscobre 4 Segundo Pulsipher 2010 os valores de preço de sucata estão relacionados aos mercados de shipping e ao preço do valor do aço O preço médio da sucata comercializada praticado nos Estados Unidos na última década foi na ordem de US 250ton Já no Brasil dado que existe uma menor demanda de aço e dado ao fato que as indústrias siderúrgicas estão longes dos estaleiros estimase um preço da sucata comercializável na ordem R 500t US 100t De uma forma resumida podese estimar no Quadro 23 o valor da sucata comercializável de um FPSO no Brasil e no mercado internacional 116 Quadro 23 Receita estimada para sucateamento de um FPSO Local Quantidade toneladas Valor sucata em toneladas US t Receita para 1 FPSO US Brasil 8034200 100 803420000 USA 8034200 250 2008550000 Fonte elaborado pelo autor No caso do descomissionamento de um FPSO a receita estimada para estaleiros no Brasil seria de 076 do valor da construção de uma unidade nova aproximadamente O mercado de descomissionamento offshore é extremamente menos interessante em termos de receitas do que as construções de novas unidades Conforme destacado na seção 422 as infraestruturas dos estaleiros brasileiros foram dimensionadas para o mercado de construção com investimentos já aportados de US 62 bilhões No caso das atividades de sucateamento no exterior a receita é 25 vezes maior para os estaleiros Nesse sentido os países asiáticos desenvolveram estaleiros específicos para essa unidade mais simples que os estaleiros de construção e aderentes aos novos protocolos definidos nas convenções de Hong Kong Considerando o cenário informado pela ANP 2019 para os próximos dez anos são esperados o descomissionamento de 77 unidade sendo 33 plataformas do tipo FPSOs ou flutuantes com peso estimado de 80 mil toneladas cada e 44 plataformas fixas com peso estimado de 15 mil toneladas com o valor de sucateamento de US 100t podese estimar no Quadro 24 as seguintes receitas Quadro 24 Estimativa de receita para os próximos dez anos do mercado de descomissionamento Tipo Plataformas Quantidade unitária toneladas Quantidade total toneladas Valor sucata em toneladas US t Receita próximos dez anos US MM Fixas 15000 44 100 6600 Flutuantes 80342 33 100 26513 Total 33113 Fonte elaborado pelo autor 117 De acordo com Quadro 24 estimase que para os próximos dez anos uma receita de aproximadamente US 33113 milhões será atrelada às atividades de sucateamento de plataformas offshore valores estes que parecem ser baixos frente aos investimentos já realizados nos estaleiros O Gráfico 8 indica a diferença de faturamento entre os mercados de construção de FPSOs e descomissionamento de unidades em função do CL estudados nesse trabalho Gráfico 8 Faturamento de descomissionamento de FPSOs X Construções novas Fonte elaborado pelo autor Apesar dos indícios de que as atividades de sucateamento no Brasil tenderem a ser menos rentáveis que em outros países os custos logísticos de levar as plataformas para fora do Brasil em torno de 60 dias de viagem e a alta valorização do dólar podem tornar o negócio mais econômico Além de economicamente haver um equilíbrio que possibilite a competitividade no Brasil as novas imposições e controles impostos pela Convenção de Hong Kong IMO 2009 trazem aos estaleiros brasileiros uma oportunidade de negócio enquanto não são resolvidas as questões de CL mínimo principal razão da ociosidade da indústria atual SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL E OFFSHORE 2018 118 Do ponto de vista de infraestrutura necessária a imposição do atendimento da Convenção de Hong Kong traz algumas reflexões de quais estaleiros estariam preparados para o recebimento de um FPSO Esse tipo de unidade de offshore possui dimensões extremamente grandes formadas basicamente por um casco naval que pode chegar a 360 metros de comprimento 56 metros de largura e 30 metros de pontal altura Evidenciase ainda que sobre esse casco existe uma planta industrial formada por um conjunto de módulos e processamento industrial A exigência atual de que as atividades de corte do casco tenham que ser realizadas dentro de um dique seco restringe muito o número de estaleiros que podem realizar esse tipo de atividade Dadas as características de infraestrutura identificam se para essas atividades no Brasil apenas os estaleiros listados na Quadro 25 teriam capacidade para executar a atividade Quadro 25 Estaleiros brasileiros com infraestruturas para descomissionamento Unidade Dique Seco Comprimento x Largura m Cais m EASPE 400 x 80 700 EnseadaBA 300 x 85 700 EcovixRS 350 x 130 361 InhaúmaRJ 350 x 60 400 Fonte elaborado pelo autor Os estaleiros brasileiros só podem realizar uma docagem por cada contrato de descomissionamento dessa forma só seria possível a realização de quatro desmontagens de FPSOs simultaneamente O tempo médio de corte pode variar muito Segundo pesquisa realizada a estimativa é de que uma desmontagem de 119 plataforma leve em torno de oito meses BROUGHTON DAVIES GREEN 2004 O Gráfico 9 confronta o tempo necessário para desmontagem com a disponibilidade do dique Considerando uma previsão de dez anos de atividades de descomissionamento os diques dos estaleiros foram considerados como disponíveis 12 meses por anos nos próximos dez anos com exceção do estaleiro Enseada que está com seu dique em fase final de construção e teve a sua disponibilidade estimada para oito anos Gráfico 9 Meses requeridos X Meses disponíveis de dique próxima década Fonte elaborado pelo autor Como podese observar o Gráfico 9 indica que para as 33 plataformas flutuantes a serem descomissionadas na próxima década seriam necessários 264 meses de trabalho em dique secos enquanto na próxima década segundo as infraestruturas atualmente disponíveis no Brasil existem 456 meses Os resultados evidenciam que as atividades de descomissionamento se executadas integralmente no Brasil não irão consumir toda a disponibilidade de diques no país Por outro lado as atividades de descomissionamento executadas em sua integralidade irão impossibilitar a construção de cascos para FPSOs Com exceção do estaleiro Inhaúma os outros diques disponíveis poderiam servir para construção de FPSOs O Quadro 26 indica quantos cascos de FPSOs deixariam ser executados em um cenário de simultaneidade com as atividades de descomissionamento 120 Quadro 26 Utilização de diques para descomissionamento Dique disponíveis meses Necessidade dique descomiss meses Disponibilidade de dique meses Dique Inhaúma meses Construção casco meses Quant cascos 456 264 192 120 24 6 Fonte elaborado pelo autor Considerando os tempos de construção de cascos informados nos cronogramas do Quadro 18 os resultados do Quadro 26 indicam que se o escopo de descomissionamento de plataformas flutuantes for executado em sua totalidade seria necessário que seis cascos de FPSOs deixassem de ser construídos nos estaleiros brasileiros o que de certa forma não faria sentido pois a construção de novas unidades agrega muito valor à indústria 121 5 CONCLUSÕES As atividades industriais dos estaleiros offshore brasileiro encontramse atualmente com baixa ocupação se comparados com os principais concorrentes asiáticos que se mantêm em plena produção Controversamente as demandas dos produtores de petróleo por novas unidades offshore estão em franca ascensão no mercado brasileiro A justificativa principal para que as demandas do mercado nacional não sejam produzidas no próprio território brasileiros estão relacionadas à competitividade da indústria offshore brasileira Os resultados obtidos nesta pesquisa indicam que as indústrias de óleo e gás brasileiras irão demandar a construção de 42 unidades de plataformas offshore do tipo FPSO para os próximos dez anos o que deve fomentar bastante a economia nacional A forma predominante deverá ser do tipo retilínea com tendência de construção de casos novos Mesmo com as estimativas conservativas de altas taxas de produtividade dos poços as unidades a serem construídas e instaladas devem passar de 40 unidades Essas quantidades podem vir a variar de acordo com as demandas mundiais de petróleo para a próxima década e com o preço do barril de petróleo Em uma visão de mercado de alta demanda e valorização do petróleo a quantidade de unidades a ser construída pode vir a aumentar Inversamente em um cenário mais pessimista de desvalorização e queda da demanda do petróleo as quantidades e novas unidades de FPSOs podem reduzir no tempo Entendese também que a disponibilidade de novas tecnologias de geração de energia como gás natural e fontes renováveis ainda que em médio prazo próximos dez anos não deve afetar a demanda contratada de FPSO no Brasil diante do consolidado mercado mundial de petróleo e dos contratos de longo prazo existentes no plano internacional Quanto ao modelo matemático desenvolvido na presente pesquisa este se mostrou compatível com as previsões atuais do setor de óleo e gás Destacase que o presente modelo pode ser mais desenvolvido com a adoção de métodos estatísticos complementares mais detalhados como Normal Exponencial e Erlang como também a introdução de eventos causais de alteração de demanda descritos no presente trabalho As construções dessas plataformas offshore revelamse de altíssimo valor agregado incorporando modernas tecnologias e infraestruturas para os processos de fabricação e montagens além de demandar alta quantidade de aço equipamentos 122 instalações elétricas e tubulações cuja montagem exige consistentes planos de Programação e Controle de Produção PCP a exemplo de MRP que devem suportar eficientes cronogramas de processos de transformação Esse segmento industrial fomenta significativamente a economia de um país ou região com alta mobilização de recursos humanos e expressiva arrecadação de impostos Conforme os resultados obtidos nesta pesquisa os estaleiros brasileiros foram recentemente reestruturados e apesar de não terem tido a oportunidade de operarem explorando todo o seu potencial produtivo em razão da recente problemática jurídico política e econômica estabelecida no Brasil e particularmente sobre o segmento navaloffshore possuem capacidade instalada para atender à significativa parte da demanda de novas unidades de FPSOs para exploração e produção do petróleo em campos présal brasileiro Os resultados obtidos indicam que a indústria local é capaz de construir plataformas de exploração e produção de petróleo e gás com processos semelhantes aos asiáticos e tempo de conclusão inferior a 20 em relação a estes asiáticos protagonizando um papel de extrema relevância para a indústria nacional Constata se ainda ser possível ampliar a capacidade instalada nacional para as atividades de construção e integração de módulos evidenciandoas como as que apresentam maior valor agregado dentro da árvore do produto dos FPSOs Contudo ao contrário destes principais países de referência a exemplo de China e Singapura onde se observa a existência de expressivo número de importantes estruturas de diqueseco encontram se disponíveis no Brasil apenas dois diques em estado operacional Atlântico Sul e Ecovix e um outro em fase final de construção Enseada muito embora todos apresentem dimensões e capacidades adequadas para construção de cascos de FPSO construção de módulos e integrações de FPSOs Esse recurso de infraestrutura dique certamente é um gargalo que necessita ser resolvido em médio prazo para que se possa atender à demanda reprimida de construções offshore conforme analisado e demonstrado no modelo de previsão Do ponto de vista contábil parece evidente que os custos de produção offshore no Brasil são elevados se comparados aos seus competidores externos principalmente os construtores asiáticos Constatase que os custos adicionais da produção dos estaleiros brasileiros têm diferentes razões podendose destacar a insuficiente oferta de matériaprima exigindo elevados custos de importações e as incertezas quanto a continuidade da construção de plataformas Isso dificulta a 123 incorporação de ganhos de produtividade por economia de escala e efeitos da curva de aprendizado os quais poderiam contribuir para a redução dos custos de construção No que se refere ao câmbio financeiro internacional eventualmente esse segmento brasileiro se beneficia com a desvalorização da moeda nacional real frente ao dólar por exemplo implicando ainda que artificialmente maior competitividade aos estaleiros nacionais Por outro lado a já muito divulgada alta carga tributária e trabalhistas que incide em toda a indústria brasileira implica dificuldades para competir com a indústria estrangeira de referência Propõese ainda conforme também revelam os resultados desta pesquisa que para a consolidação da retomada da construção offshore no Brasil sejam estabelecidas consistentes regras regulatórias para esse segmento industrial para que haja uma equidade com os principais países competidores Os resultados gerados nesta dissertação indicam que o índice de CL mínimo considerando a capacidade produtiva instalada deveria situarse entre 30 construções de novos cascos e 70 construção de módulos e integração Outro aspecto que deve ser evidenciado referese às expressivas diferenças entre a estrutura da indústria asiática quando comparada à brasileira Além da considerável e vantajosa infraestrutura física de oficinas diques secos e cais ao contrário da indústria construtora brasileira os estaleiros asiáticos possuem estrutura societária ainda mais sólida com intensiva participação de bancos de fomentos estatais em sua formação acionária possivelmente implicando reconhecida segurança financeira pelos produtores de petróleo seus principais clientes Essa solidez financeira somada à expertise da indústria e à capacidade instalada posiciona os estaleiros asiáticos entre os mais competitivos do mundo a exemplo de China e Cingapura trazendo para a correspondente indústria um baixo grau de risco associado De certa forma possivelmente esas pode ser uma referência de destaque para que a indústria offshore brasileira possa ter mais paridade com seus concorrentes faltandolhe assim a introdução de uma nova e sustentável política de financiamento de longo prazo e garantias para seus investidores estaleiros visto que a base tecnológica deste benchmarking internacional não é muito diferente do que se prática na indústria nacional Sem a introdução dessa política o grau de percepção de risco das construções no Brasil continuará sendo alto o que reflete no seu preço final junto aos clientes internacionais afretadores e IOCs e consequentemente reduzida competitividade Constatase portanto que a metodologia empregada nesta pesquisa permitiu 124 gerar resultados impactantes e contribuiu para esclarecer possíveis dúvidas quanto à necessidade de flexibilização do CL estabelecido por normativos do CNPE assegurandose contudo a necessidade de se estimular o desenvolvimento desta indústria com recursos nacionais haja vista o potencial resultante gerado por esta pesquisa o qual demonstra a possibilidade de construção de 14 novas plataformas cascos módulos e integração e 16 de forma parcial módulos e integração no período de dez anos 2021 a 2030 Esse importante segmento portanto certamente deverá continuar impactando positivamente a economia nacional e internacional por um longo e imprevisível tempo de duração Tratase de uma área industrial que viabiliza a obtenção e transformação do petróleo para usufruto da sociedade gerando eou permitindo desenvolvimento social ampla empregabilidade e capacitação de recursos humanos qualificados inovações tecnológicas sustentável exploração oceânica e extensa cadeia de suprimentos que inclusive envolve inúmeras microempresas dentre muitos outros benefícios A presença de alguns mercados alternativos para os estaleiros que estão com poucas atividades como descomissionamento offshore necessita de uma avaliação mais adequada para entrada dos estaleiros nacionais dado ao alto risco ambiental falta de regulação do setor e baixíssimo valor agregado da atividade visto o grande investimento já realizado que almeja a construção de ativos de alto valor agregado Salientase também que conforme evidenciado no referencial teórico essa indústria está preparando significativos avanços tecnológicos para o futuro inovando suas operações na direção da incorporação de novas tecnologias de engenharias offshore a exemplo do aproveitamento em larga escala da energia eólica bem como da exploração do gás natural na plataforma continental brasileira sobretudo em águas profundas Ambas as tecnologias estão em ampla ascendência no mercado mundial e dadas as características oceanográficas brasileiras extremamente favoráveis coloca o Brasil em destaque para exploração dessas novas tecnologias ampliando o mercado offshore A migração da engenharia offshore também para essas novas tecnologias indica um promissor futuro para esse segmento industrial 125 REFERÊNCIAS 2019 WORLDWIDE survey of floating production storage and offloading FPSO units Offshore magazine s l 2019 AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS Anuário estatístico brasileiro Rio de Janeiro ANP 2019 AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS Setor de óleo e gás no Brasil impactos na economia Brasília DF ANP 2018 AGÊNCIA PETROBRAS P59 e P60 Agência Petrobras Rio de Janeiro 2012 ALONSO P S R Audiência da indústria naval Rio de Janeiro Petrobras 2015 AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS Anuário Estatístico Brasília DF ANTAQ 2020 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS Impacto do custo Brasil na competitividade da indústria de máquinas e equipamentos São Paulo ABIMAQ 2018 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO NAVAL E OFFSHORE Marintec South America Rio de Janeiro ABENAV 2014 BENJAMIN C FIGUEIREDO N The ship recycling market in Brazil The Amazon potential Journal of Environmental Management New York v 253 2020 Não paginado BLANCONOVOA O et al A practical evaluation of commercial industrial augmented reality systems in an industry 40 shipyard IEEE Access Piscataway v 6 p 82018218 2018 BRANQUINHO P SALOMÃO E DUARTE L A retomada da indústria naval brasileira Brasília DF Ministério da Indústria Comércio Exterior e Serviços 2012 BRASIL Ministério de Minas e Energia Oportunidades na logística de distribuição de GNL Energética EPE Brasília DF Empresa de Pesquisa Energética 2019 BRASIL Ministério de Minas e Energia Plano decenal de expansão de energia 2030 Empresa de Pesquisa Energética Brasília DF Ministério de Minas e Energia 2021 BRASIL Ministério de Minas e Energia Produção de petróleo e gás natural Brasília DF Empresa de Pesquisa Energética 2016 BROUGHTON P DAVIES R GREEN M Dismantling the Maureen platform an overview Proceedings of the Institution of Civil Engineers Civil Engineering London v 157 n 2 p 7985 2004 126 CONNELLAN C ROBERTSON D CONNELLAN C FPSOs overcoming challenges to unlock potential FPSOs overcoming challenges to unlock potential White Case New York 16 aug 2021 CONTEÚDO local Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis Brasília DF 2021 COSCO SHIPPING Sobre nós Cosco Shipping s l n 118 p 8252 2021 FAST4WARD Offshore s l 2019 FLOATING production the market heats up Offshore Engineer s l 2019 FORTUNE I S PATERSON D M Ecological best practice in decommissioning a review of scientific research ICES Journal of Marine Science Oxford v 77 n 3 p 10791091 2020 INSTITUTO BRASILEIRO DE PETRÓLEO E GÁS Regulação do descomissionamento e seus impactos para a competitividade do upstream no Brasil Cooperação e Pesquisa IBP UFRJ Rio de Janeiro 2017 INTERNATIONAL RENEWABLE ENERGY AGENCY Renewable energy benefits Masdar IRENA 2016 IPEA Ressurgimento da indústria naval no Brasil 20002013 Brasília DF IPEA 2014 JIANG L et al The disposition and management strategy of decommissioning offshore oil platform in Chengdao China Energy Procedia Amsterdam v 5 p 525528 2011 KAISER M J PULSIPHER A G Scrap and storage markets in the Gulf of Mexico III process workflows and industry structure Energy Sources Part B Economics Planning and Policy London v 5 n 3 p 250260 2010 KENSIK M Offshore technology a heavy industry overview In INTERNATIONAL OFFSHORE AND POLAR ENGINEERING CONFERENCE 15 2005 Seoul Annals Seoul International Society of Offshore and Polar Engineers 2005 KEPPEL ganha contrato de conversão Offshore Energy s l 2020 KHAKZAD N RENIERS G Chapter six safety of offshore topside processing facilities the era of FPSOs and FLNGs In KHAN F ABBASSI R ed Offshore process safety Cambridge Elsevier 2018 v 2 p 269287 KNECHT G R Costing technological growth and generalized learning curves Operational Research Quarterly 19701977 Basingstoke v 25 n 3 p 487491 1974 127 KOLICH D STORCH R L FAFANDJEL N Lean builtup panel assembly in a Newbuilding Shipyard Journal of Ship Production and Design Jersey City p 19 2017 KOTLER P ARMSTRONG G Marketing São Paulo Atlas 1996 KUBOTA L C Indústria naval um cenário dos principais players mundiais Brasília DF IPEA 2013 Nota técnica LEE Y G JU S H WOO J H Simulationbased planning system for shipbuilding International Journal of Computer Integrated Manufacturing London v 33 n 6 p 626641 2020 LEPIC B Keppel wins 747 million FPSO conversion deal OffShore Energy s l 2020 MARINE ENVIRONMENT PROTECTION COMMITTEE Resolution MEPC19662 adopted on 15july 2011 2011 Guidelines for the development of the ship recycling plan S l MEPEC 2011 MCCAUL J What s new in floating production FPSO Network Singapore 2021 MENDONÇA M Técnicas de prospecção e análise de cenários futuros nos governos e administração pública do Brasil revisão da produção científica brasileira de 2001 a 2010 In ENCONTRO DE ESTUDOS DE ESTRATÉGIA 5 2011 Porto Alegre Anais Porto Alegre Anpad 2011 MEYERGUTBROD E L et al Forecasting the legacy of offshore oil and gas platforms on fish community structure and productivity Ecological Applications Blackwell p 116 2020 OCAMPO E S PEREIRA N N Can ship recycling be a sustainable activity practiced in Brazil Journal of Cleaner Production Palm Bay v 224 p 981993 2019 OFFSHORE cost Offshore magazine s l 2012 PARSIAK V ZHUKOVA O PARSIAK К World shipbuilding driving forces and relevant development vectors Baltic Journal of Economic Studies Frankfurt v 4 n 5 p 244 2019 PINHÃO C M A M et al Estaleiro de reparo e manutenção naval BNDES Setorial Rio de Janeiro v 25 n 50 p 67107 2019 PLANO estratégico Br 21212025 Rio de Janeiro Petrobras 2020 QUEM somos Estaleiros do Brasil São João do Norte 20 RAHMAN S M M HANDLER R M MAYER A L Life cycle assessment of steel in the ship recycling industry in Bangladesh Journal of Cleaner Production 128 Oxford v 135 p 963971 2016 RAHMAN W A Z W A MOHD ZAKI N I ABU HUSAIN M K Work breakdown structure application for manhours calculation in hull construction shipbuilding in Malaysia Cogent Engineering London v 6 n 1 p 125 2019 REGULATION EU n 12572013 of the parliament and of the council Official Journal of the European Union Oxford p 120 2013 SEMINI M et al Offshoring strategies in Norwegian ship production Eurostat Estrasburgo 2017 SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL E OFFSHORE Agenda do SINAVAL para as eleições de 2018 Rio de Janeiro SINAVAL 2018 TANAKA S TAKANO K Next generation hullplatform NoahFPSO Hull based on modular design and construction concept Trondheim ASME 2017 THOLEN J Traditional and new fields for shipyards activities some selected ideas Bremen University of Bremen 2015 TJIU W et al Darrieus vertical axis wind turbine for power generation II challenges in HAWT and the opportunity of multimegawatt Darrieus VAWT development Renewable Energy New York v 75 p 560571 2015 VIANNA G M SENNA J P F Decommissioning in Brazil business opportunities and the new regulation Lexology s l 2020 ZACARON E Visão geral do descomissionamento na Petrobras Rio de Janeiro Petrobras 20 129 GLOSSÁRIO DE TERMOS NA LÍNGUA INGLESA Benchmarking processo de avaliação da empresa em relação à concorrência Capex despesas de capital em investimentos de infraestruturas e máquinas Downtimes parada de produção Drill Ships sondas de perfuração Equity participação societária Expertise acervo tecnológico Exworks condição de entrega de mercadoria ou produto no local de origem Goliath Crane guindaste tipo aporticado de grande capacidade Inconterms condições gerais de frete de entrega do produto em certo local Inputs entrada de dados Layout arranjo geral dos estaleiros Lead time tempo de fabricação e entrega para linha de produção Market share participação de uma empresa em mercado ou negócios específicos Modus operandi padrão de operação Mooring atracação New building construções novas relacionadas a casco Offshore ativos construídos para operarem sobre águas In the beaching termo para especificar trabalhos na praia fora do dique Outfittings acessórios auxiliares das plataformas como escadas suportes pequenas plataformas calhas escotilhas etc Pallets suportes de madeira ou aço utilizados para armazenar itens Performance capacidade de atendimento Pipeline projetos ainda não contratados em fase de negociação final Pipeshop oficina de fabricação de tubulação Players competidores 130 Pontoons base de plataformas semissubmersíveis Rigging içamento Spar tipo de plataforma flutuante de forma circular com ancoragem fixa Shipping navegação Scraping sucatateamento Slots termo utilizado para reserva de capacidade de infraestrutura industrial Spools semiacabado de uma tubulação industrial Subsea estruturas submersas Risers dutos submarinos condutores de petróleo Tension Leg Platform plataforma semissubmersível com ancoragem fixa Top sides planta industrial que fica acima do casco formada por módulos 131 APÊNDICE A Cronograma detalhado de construção de FPSOs na Ásia 132 APÊNDICE B Cronograma detalhado de construção de FPSOs no Brasil 133 APÊNDICE C Processo de construção e montagem de um FPSO de estaleiros asiáticos E Prod EmpurradaEntrega Prod Puxada Estoque Supermercado Informação Eletrônica Informação Manual Ritmo Índice Automatização Tabela de Dados LEGENDA 134 APÊNDICE D Processo de construção e montagem de um FPSO de estaleiros brasileiros E Prod EmpurradaEntrega Prod Puxada Estoque Supermercado Informação Eletrônica Informação Manual Ritmo Índice Automatização Tabela de Dados LEGENDA UFBA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO EM ENGENHARIA INDUSTRIAL PEI Rua Aristides Novis 02 6º andar Federação Salvador BA CEP 40210630 Telefone 71 32839800 Email peiufbabr Home page httpwwwpeiufbabr