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PRÓLOGO A REVOLUÇÃO SILENCIOSA 19802010 quase sem que percebêssemos aconteceu uma revolução em nossa concepção da maternidade Nenhum debate nenhum estradilhão acompanhou essa revolução ou melhor essa involução Contudo seu objetivo é considerável já que se trata nem mais nem menos de recolocar a maternidade no cerne do destino feminino No final dos anos 1970 providos dos meios de controlar a reprodução as mulheres aspiram a conquista de seus direitos essenciais a liberdade e a igualdade em relação aos homens que elas pensam poder conciliar com a maternidade Esta última não é mais o alfa e o ômega da vida feminina Abrese para elas uma diversidade de modos de vida que suas ambições mas não conhecem Podese dar prioridade às amizades pessoais gozar do celibato e de uma vida de casal sem filhos ou satisfazer o desejo de maternidade com ou sem atividade profissional De resto essa nova liberdade se revoltou fonte de uma espécie de contradição Por um lado modificou sensível mente a condição da maternidade implicando o acréscimo de deveres em relação à criança que se decidiu pôr no mundo Por outro dando às amizades noções de destino e de necessidade que antes eram reservadas só às relações sexuais e à maternidade apenas Um Luz para o primeiro plano a ideia de realização pessoal Uma mulher dois ou mais se elas enriquecem nossa vida afetiva e correspondem Opostas à todo o individualismo e hedonismo não é preferível absortas em si O individualismo e hedonismo próprios à nossa cultura tornaramse os principais motivos para a reprodução mas às vezes também para a sua recusa Para a maioria das mulheres com espaço entre os deveres maternos que não param de aumentar e o próprio desenvolvimento pessoal continuara problemática Há trinta anos esperase ainda resolver o problema da desigualdade do círculo por meio da divisão justa com os homens do mundo exterior e do universo familiar Acredita mens do mesmo estar no caminho certo até que nos anos 1980 1990 os sinos dobraram por nossas esperanças De fato o período marca o início de uma tripla crise fundamental que põs fim momentaneamente às ambições do decênio ante rompiu brutalmente a marcha rumo à igualdade como comprova a estagnação dos salários desde aquela época Assim no início dos anos 1990 a crise econômica recai sobre as mulheres e as famílias que oferecemlhes um saláriomaternidade para que picassem em casa e cuidassem de seus filhos pequenos durante três anos Afinal dizem a maternidade é um trabalho como outro qualquer e frequentemente com mais valor que qualquer outro exceto pelo fato de ser estimado em apenas meio saláriomínimo O desemprego maciço que ating mais duramente as mulheres do que os homens teve como conseqüência trazer a maternidade para o primeiro plano um valor mais seguro e reconfortante do que um trabalho mal pago que se pode perder da noite para o dia Isso porque sempre se considera o desemprego do pai mais destruidor do que o das mães e porque os psicopedagogos descobriram conteúdos novos e responsabilidades em relação à criança que parecem novas porque a crise econômica teve conseqüências legais culturais e sociais intergeracionais Sim existe a diferença da visão na esperada evolução dos homens Assim é que a crise econômica teve consequências legais culturais e sociais conhecidas e observável em todos os países mais perfunções ou japonesas se fazem as mes mastambém germânicas têmse medido romperam aí A crise igualitária que se apresenta repartição das tarefas familiares e domínios Analamente bem como há vinte anos são sempre as mulheres que assumem 34 delas Por isso a crise econômica é a única causa da estagnação da desigualdade Outra mais difícil ainda de ser resolvida chegou para reforçála uma crise identitária provoca ementes recentemente os universos masculino e feminino têmse nela de forma estritamente diferenciados A complementaridade dos papéis e das funções alimentava o sentimento de identidade específica de cada sexo Na medida em que homens e mulhe CAPÍTULO VI A greve dos ventres Onde os deveres maternos são os mais pesados 164 A emergência de um novo estilo de vida 173 A procura de uma nova definição da feminilidade 186 CAPÍTULO VII O caso das francesas 191 Mães meliores porém más 193 Una tradição ancestral a mulher antes da mãe 198 Bibliografia 209 CAPÍTULO I AS AMBIVALÊNCIAS DA MATERNIDADE Antes dos anos 1970 a criança era a consequência natural do casamento Toda mulher apta a procriár o fazia um instinto um dever religioso e uma divida a mais para com a sobrevivência da espécie Era evidência que toda mulher normal desejava filhos Evidência tão pouco discutida que ainda recentemente podiase ler em uma revista O desejo de ter filhos é universal Ele nasce das profundezas de nosso cérebro reptiliano do motivo por que somos fe ios prolongar a espécie Contudo desde que a grande maioria das mulheres passou a utilizar contraceptivos a ambivalência materna aparece mais claramente e a força vital oriuinda desse cérebro reptiliano parece um tanto enfraque qcida O desejo de ter filhos não é mer constante nem mim versal Algumas os querem outras não os querem mais outras enfim nunca os quiseram já que existe escolha Psychologie Magazine maio de 2009 Dossiê Vouloir un enfant flexível para não ligar para todas essas pressões e até mesmo para certa estigmatização O dilema hedonista ou a maternidade contra a liberdade De resto o individualismo e a busca da plenitude pessoal predispoem as culturas mas a sévem perguntas queelas não se fazem no passado Uma vez que a maternidade não é mais o único modo de afirmação da mulher o desejo de filhos pode entrar em conflito com outros imperativos As que têm uma profissão interessante e sonham em fazer carreira uma minoria não podem evitar as seguintes perguntas até que ponto a criança vai pesar sobre seu percurso profissional Poderão lidar simultaneamente com uma carreira exigente e a criação de uma criança Quais serão as consequências disso para a relação matrimonial Como reorganizar a vida doméstica Poderão alas conser var as vantagens de sua vida atual e em especial que aspectos da liberdade elas deverão abandonar A última pergunta diz respeito a um número bem maior de mulheres não apenas às de carreira Em uma civilização em que primeiro o meu se exige como um princípio a maternidade é um desafio ou mesmo existe diversidade de opiniões e não é mais possível falar de instinto ou de desejo universal OS TORMENTOS DA LIBERDADE A gyrão de ser mãe Toda escolha pressupõe uma reflexão sobre motivos e consequências Por um filho no mundo é um compromisso de longo prazo que implica dar prioridade a ele É a decisão mais perturbadora que um ser humano é levado a tomar na vida A sabedoria exigiria pois que ele pensasse duas vezes e se interrogasse seriamente sobre sua capacidade altruística e sobre o prazer que ele pode obter disso É sempre assim Recentemente a Philosophie Magazine publicou uma pesquisa bastante instrutiva A pergunta Por que fazemos filhos os franceses homens e mulheres responderam nos seguintes termos Um filho torna a vida cotidiana mais bonita e alegre 60 Permite fazer a família perdurar transmitir seus valores sua história 47 Publicada no 27 de março de 2009 Pesquisa realizada por INSOefs de 2 a 5 de janeiro de 2009 a partir de uma amostra nacional representativa de mil pessoas 2 As pessoas consultadas poderiam dar várias respostas que gera uma criança e que suas motivações são infinitas Mente mais obscuras e confusas do que as referidas na sondagem Donde a tentação de apelidar um instinto que se sobrepõe a tudo De fato a decisão tem mais amplitude mental do afetivo e do normativo do que de emoção e razão racional das vantagens e dos inconvenientes Se forquente das não influência da afetividade e lembrada pouco se fala gos e da sociedade que pesam sobre cada um de nós Uma mulher e em menor grau um homem ou um casal sem filhos parecem hoje uma anomalia que provoca questões mentor Que ideia não engravidar e escapar da norma Eles são sempre obrigados a se explicar embora não passe pela cabeça de ninguém perguntar a uma mãe por que ela é mãe e exigir dela razões válidas Em compensação aquela que permanece voluntariamente infecundada tem poucas chances de escapar dos suspiros dos pais os quais ela impediu de serem avós da incompreensão das amigas que gostam que se faça o que elas fazem e da hostilidade da sociedade e do Estado por definição natalistas que possuem múltiplos pequenos meios de punir você por não ter feito seu dever É preciso pois uma vontade à toda prova e um caráter inf Raças são mulheres que reconhecem isso Por tanto esta é a oportunidade de cumprimentar as que o dizem el como a quebequense Pascale Pontoneau em Desirer et anter 2003 ou a filosófa Elécric Albecrasti no romance Un heureux evénement 2005 uma reportagem na télévision francesa em fazemos filhos por Amor por To do e por Medo da morte p15 Uma contradição O que é legítimo para uma mulher que não é mãe deixa de ser quando se tem uma criança A preocupação consigo mesma deu lugar ao esquecimento de si e ao eu que todo sucederá a um leque evocado A partir do seu rompimento houve menos de dom do que de dívida Do dom da vida e da qualidade dos deveres Em outras palavras a criança que lê apresenta uma fonte incontestável de realização para algumas mulheres pode revelarse um obstáculo para outras Tudo depende do investimento na maternidade e da capacidade altruísta delas Contudo antes de tomar uma decisão raras são as mulheres e os casais que se entregam à avaliação dos prazeres e sofrimentos dos benefícios e sacrifícios Ao contrário parece que uma espécie de halo ilusório veda a realidade materna A futura mãe apenas o amor e a felicidade Ela ignora a outra face da maternidade feita de esgotamento de frustração sólida e até mesmo de alienação com seu cortejo de culpa Quando lemos os recentes testemunhos de mães avaliamos o quanto elas estão pouco preparadas para essa conturbção Não me previ ram dizem elas das dificuldades da aventura Fazer um filho está ao alcance de todos no entanto poucos futur os pais conhecem a verdade e o fim da vida que se deve entender como a liberdade e a felicidade dos prazeres que ela oferece Os primeiros meses do bebê são especial mente precisos impossíveis de ser aceitos sem uma depressão uma lutos parente ou uma agressividade Ou ainda Ele le que nem Deus nem a natureza nos impõem mais e que um dia será capaz de nos lembrar que não pôde para nasce Eu acordava voltava a dormir anestesia ninguém me avisara que seria tão entediante eu não teria acreditado Se para Marie Danriussecq a alegria sobrepõese ao tédio para outras é a impressão do vazio que domina e elas não aspiram senão a reencontrar o mundo exterior Percebo é constatar que a maternidade continua sendo a grande desconectada A mudança de vida que condia a uma mutação radical das prioridades pertence à esfera do risco Umas encontram nela uma felicidade um benefício identi fário insubstituív3is Outras conseguem de alguma forma concluir exigências contraditórias Outras finalmente já mais contessano que não conseguem e que a experiência materna delas é um fracasso De fato nada é mais inconfessável que a chegada da criança dificuldade normalmente as horas domésticas A maternidade aumenta a desigualdade do casal Desde Durkheim sabese que o casamento prejudica as mu lheres e beneficia os homens Um século depois a afirmação deve ser entendida em suas nuances mas a injustiça permanece a vida conjugal sempre tem um custo social e cultural para as mulheres como no que diz respeito às tarefas domésticas e a educação dos filhos quando não à carreira profissional e à remuneração Hoje não foi propri a mente o casamento que perdeu o caráter de necessidade mas a vida matrimonial sobretudo o nascimento do filho que pesa sobre as mulheres O concubinato largamente dissec cionado pós fim da desigualdade doméstica ainda que as pesquisas mostrem que ela favorece as mulheres mais do que o casamento Pelo menos no início da vida do casal pois a chegada da criança dificulta normalmente as horas domésticas e a educação Vel em nossa sociedade do que essa declaração Reconhecer que se enganou que não era feita para ser mãe e que obteve com isso poucas satisfações feria de você uma espécie de monstro irresponsável Conduta há mais crianças criadas mal criadas e abandonadas em todas essas mal soidades que comprovam essa realidade Donde o interesse de uma experiência freqüentemente citada pela literatura americana sobre o assunto a de uma cronista de Chicago SunTimes Ann Lenders que nos anos 1960 perguntou aos seus leitores se eles novamente escolheiam ser país sabendo o que sabiam Para surpresa geral ela recebeu uma dezena de milhares de respostas dentre as quais 70 respondiam pela negativa Aos olhos dessas pessoas os sacrifícios eram por demais importantes comparados às satisfações que obtive ram É certo que essa experiência não tem valor de enquete científica Somente os pais decepcionados tiveram vontade de responder Mas ela teve o mérito de tirar do silêncio aquilo que ignoramos A maternidade e as virtudes que ela pressupõe não são evidentes Nem atualmente nem no passado quando ela era um destino obrigatório Optar por ser mãe não garante como inicialmente se acreditou uma melhor maternidade Não apenas porque a liberdade de escolha talvez seja um embuste mas também porque ela aumenta consideravelmente o peso das responsabilidades em um tempo em que o individualismo e a paixão de si nunca foram tão poderosos A verdade que as mulheres quanto mais diplomadas são menos realizam trabalho doméstico e sua justifica ção decontam menos das demandas dos homens do que das exigências reais ou supostas dos filhos A perda dos filhos demonstra eguas que experimentainterina que o custo da vida conjugal deve variar ag mente do custo da criança Singly serve antes de tudo para recorrer a serviços externos a familia O que não podem se permitir as mães menos dotadas que têm uma atividade profissional Donde esta observação do sociólogo que não deixa de ter consequência sobre a materni Viver pesquisas americana de Shelton e John 1993 publicadas por Fde Singly no posicic 1 2004 de Frontmt et ifigiturme op cit p 218 Ver também recente artigo de Arnaud RégnerLoilier Larrivée dun enfant modifietelle la réparti tion des taches domestiques Socio n speciale 2007 p 4046 no ano de 2009 Ele constatou que à chegada da criança acumula desequilíbrio da divisão das tarefas em detrimento da mãe o que colabora sua substituti na adoção de serviços externos Na mesma publicação Janet Gornick e Marcia Meyers assumem as tarefas domésticas essenciais que são cada vez mais pesadas ao longo do dos nascimentos O autor sublinha que a insatisfação das mulheres aumenta de modo significativo o grau da divisão do trabalho de acordo com o gênero e o diploma INSEE ED 1 1998 1999 é dedicado ao trabalho profissional Segundo F de Singly amplicade do trabalho doméstico e sua justificativamenta mais ao trabalho profissional Segundo F de Singly número de filhos em média por mulher em 1970 e 2009 A título de exemplo na Europa Alemanha 1970 203 1980 156 1990 145 2006 134 20092 Áustria 229 165 146 141 Dinamarca 199 155 167 185 Espanha 288 220 136 136 França metropolitana 247 195 178 200 Grécia 240 233 139 138 Irlanda 385 324 211 193 Itália 243 164 133 135 Noruega 250 172 193 135 Países Baixos 257 160 162 190 Polônia 226 226 205 171 Portugal 301 225 157 127 Reino Unido 243 189 183 136 Suécia 192 168 213 185 Suíça 210 155 158 144 15 Este quadro e o seguinte têm como fonte o Eurostat os institutos nacionais de estatística e a ONU Reunidos pelo Institut National dEtudes Démographiques INED podem ser consultados na ferramenta httpwwwinedfrfrpopcli Gillis Psy Tous les pays du monde 2009 Population Sociétés no 458 julhoagosto de 2009 28 29 Mesmo observando diferenças importantes entre o norte e o sul da Europa a tendência à queda é geral como também nos Estados Unidos Canadá Austrália Nova Zelândia ou Japão embora se note aqui e ali um ligeiro aumento da maternidade nos últimos anos Diploma que serve de dote intelectual Diploma obtido com a intenção de trabalhar Pessoal investimento universitário de formação para um emprego ou outras atividades Recepção às políticas sociais Muito receptivas a qualquer política Recepção às políticas de emprego Recepção às políticas familiares Contra a impressão frequentemente dada por das ciências sociais de que as mulheres formam um grupo homogêneo que procura combinar emprego e vida familiar Catherine Hakim faz questão de sublinhar a diversidade de seus comportamentos no trabalho Lembrando uma completa heterogeneidade dos modelos de emprego feminino ela se detém sobre os oito grupos sociais heterogêneos das mulheres Ao contrário dos conflitos entre os grupos de preferência das prioridades e criação conflitos entre os grupos de mulheres que mostram extremamente vantajosos para os homens cujos interesses são comparativamente homogêneos A seu ver essa é a principal causa do fracasso do modelo igualitário Comparados às mulheres os homens exibem unidade notadamente durante o períodochave dos 25 aos 50 anos Eles procuram o dinheiro o poder e uma situação com grande determinação e perseverança Embora certa heterogeneidade e 13 dade tenha aparecido nos últimos decênios ela permanece menor em relação às mulheres Os homens que escolhem investir no trabalho doméstico representam apenas uma pequena minoria Como observa Catherine Hakim se sempre existiram mulheres para disputar o poder com os homens que lhes dão publicidade privada confundemse pouco homens que lhes deram à boca da cena Há certamente as generosas licenças para filhos Ela observa ainda que até mesmo as generosas licenças parentidade dos países escandinavos têm dificuldade em convencer os pais a se dedicar ao trabalho familiar embora eles recebam o equivalente ao salário Recentemente nos Estados Unidos Neil Gilbert propôs uma tipologia que distingue quatro categorias de homens em função do número de filhos Em 2002 29 dos americanos com idade entre 40 e 44 anos não tinham três ou mais filhos 35 tinham dois 175 tinham apenas um e 18 não tinham nenhum A respeito dessas porcentagens Neil Gilbert descreve quatro tipos ideais de estilo de vida femininos que estabelecem um contínuo de acordo com a importância dada pelo trabalho e à família Em uma das extremidades estão as mães de família numerosa com três ou mais filhos chamadas tradicionais Elas encontram idea 14 idade e realização na educação dos filhos e na gestão da casa Dentre elas muitas têm experiência do universo do trabalho mas optam por afastarse dele prontas a retomar mais tarde para sentarse em casa em tempo integral os cuidados da educação diária dos filhos e a tarefa que mais importante de suas vidas Ao fazêlo elas conquitam um profundo sentimento de realização Opar pela divisão tradicional das tarefas com o companheiro não significa uma volta ao modelo patriarcal Muitas dessas mulheres se consideram sondas de mulheres sendo pleno do termo De resto essa categoria d mulheres que aparenta desaparecido há muito anos Neil Gilbert observa que a proporção delas passou em 1976 para 29 em 2002 Na extremidade desse contínuo estão as que Gilbert qualifica de pósmodernas São mulheres sem filhos cujo número aumentou quase 15 durante o mesmo período Elas têm um perfil altamente individualista e dedicam a vida à carreira Geralmente encontram realização no sucesso profissional que se trata dos negócios da política ou de professores livres Segundo uma pesquisa inglesa feita em 2004 com quinze 28 diziamse independentes contentes com a sorte apropriadas e confiantes na capacidade de controlar os principais aspectos de suas vidas Ião felizes sozinhas ou em companhia de amigos quanto com um parceiro essas mulheres têm ambições que não combinam com os objetivos do casamento e 35 da vida de família Muitos da metade das mulheres interrogadas reconheceram que ter filhos marcaram uma casa acolhedora das modernas sociedades mas também ao direito à realização Poderiam ter sido evitados e realizadas quantas mais de dois filhos Essã mulheres que mais de dois filhos Modernas Essas mulheres que tem ganhar a vida mas não estão presas à carreira à ponto renunciar à maternidade Essas duas categorias que constituem a maioria são frequentemente vistas como revers de tudo que se queria Casais que se dividem entre presentes e portáteis a mulheres que equilibram as exigências do trabalho e da família a s modelos enquanto se recorda da família e ao trabalho a s modernas enquanto se recorda inclinasse para o lado da carreira enquanto se recorda diferenciam apenas gradualmente das tradicionalistas e das pósmodernas As mães de dois filhos trabalham o mais das vezes em tempo parcial e investem mais física e psicologi maes de dois filhos que passaram dos 40 Desde 1976 as mees de dois filhos que passaram dos 40 anos aumentaram em 75 Em 2002 elas representavam 35 da mulherada desse grupo de idade Em compensação a mãe moderna que tem uma atividade profissional e um filho emprega mais tempo e energia no trabalho do que a neoradicional A proporção delas subiu para 90 desde 1976 e compreen de 17 de seu grupo de idade REFLEXÃO ACERCA DO TEXTO TÍTULO A SEU CRITÉRIO A REFLEXÃO SEGUE DIGITADA CONSOANTE TODAS AS NORMAS ABNT O texto faz reflexões acerca de como o controle de reprodução acarretou no poder das mulheres de poder conciliar a maternidade ou não com sua vida profissional Ademais também disserta das consequências sociais acerca da mudança de concepção de ser mãe e aponta transformações no cenário do patriarcado Diante disso vejo a necessidade de fazer uma análise crítica do papel da mulher em nossa sociedade O patriarcado é um sistema de poder de privilégios que garante superioridade e soberania ao homem nas relações sociais e a mulher é destinado um lugar de submissão e inferioridade Esse lugar desigual da mulher em nossa sociedade não se dá por causas naturais ou por designação divina e sim por um contexto históricosocial de opressão Segundo pesquisas realizadas pela antropóloga D Eaubonne a origem do patriarcado aconteceu devido a grandes duas descobertas humanas importantes o conhecimento de que o homem faz parte do processo de fecundação e gera novos indivíduos e a aprendizagem de técnicas agrícolas Antes havia uma igualdade de gênero em nossa sociedade e a mulher tinha uma grande importância nas relações sociais As mulheres participavam ativamente da caça e pesca e baseado em análises de ossadas encontradas do período paleolítico não eram grandes as diferenças de estatura e força física entre os dois sexos A divisão do trabalho a partir de critérios sexuais é um fenômeno novo que se deu pela ascensão do patriarcado Ademais o mistério da procriação elevava os status da mulher e elas eram consideradas seres mágicos e associadas a divindades Antecedente às famílias burguesas patriarcais e monogâmicas as comunidades viviam unidas em grupos onde predominava a linhagem materna onde os filhos pertenciam exclusivamente às mães A matrilinearidade evidencia a importância da mulher na história inclusive para o estabelecimento dos primeiros grupamentos humanos sedentários com a descoberta da agricultura pelas mulheres Com a evolução do sistema patriarcal o homem apoderase da agricultura e desenvolve técnicas agrícolas para aumentar a produtividadeNisso a terra deixa de ser coletiva e tornase privada surgindo assim os excedentes e a noção de propriedade privada Com a domesticação dos animais os homens descobriram que tinham papel primordial na criação de novos indivíduos A partir disso as mulheres começam a perder seu poder e status mágico na sociedade O avanço do patriarcado não se deu de forma homogênea e cronológica em todos grupamentos humanos foi uma luta travada durante milênios As mulheres resistiram e demoraram para perder seus poderes e importância nas sociedades Com o surgimento de grandes civilizações o sistema patriarcal solidificouse com a instituição do núcleo familiar e noções de herança Nesse cenário com a posse privada da terra e com excedentes agrícolas e pecuários o homem desejava perpetuar sua própria linhagem e transmitir sua herança ou seja o fruto do seu trabalho Nisso pela transmissão de bens aos herdeiros ser estabelecida pelos homens surge a incerteza da paternidade Para solucionar este problema o homem tomou a liberdade da mulher para que pudesse ter segurança quanto aos seus descendentes Nesse contexto observamos que o matrimônio tornase um contrato onde os homens dispunham do corpo da mulher As esposas passam a ser vistas como posse de seus maridos assim como suas propriedades privadas Logo com o tempo houve a naturalização da dominação onde atribuiuse a questões genéticas eou determinação divina a submissão da mulher ao homem ignorando assim todo contexto histórico e social da ascensão do sistema patriarcal Para Suffiati as bases do patriarcado não foram destruídas em nossa sociedade atual Com a ascensão do capitalismo esse sistema de dominação foi reforçado pelo advento da concentração de riqueza e detenção dos meios de produção Esse sistema econômico incorporou o patriarcado na sociedade moderna promovendo uma divisão sexual no trabalho baseada na exclusão das mulheres do mundo produtivo No mundo contemporâneo capitalista o corpo feminino foi apropriado pelo homem e pelo modo de produção vigente As estratégias e violências utilizadas para disciplinar e controlar o corpo e mente das mulheres faznos perceber que elas permanecem sendo vistas como posses privadas do homem sendo ele seu marido pai irmão mais velho e até mesmo chefe Nesse contexto o feminicídio é o crime de ódio causado pela influência da enraização do patriarcado em nossa sociedade sendo esse o extremo da misoginia O homicídio praticado contra a mulher em decorrência do fato dela ser mulher é um fatídico exemplo de que as mulheres são consideradas propriedades privadas dos homens e quando tentam sair dessa forma de controle social muitas são agredidas e mortas pelos seus supostos donos Após essa breve exposição do contexto histórico do sistema patriarcal vamos discorrer sobre a mudança desse cenário em meados dos anos 70 onde houve a popularização do uso de preservativos e as mulheres passaram a ter maior poder do controle de natalidade Com isso ambições pessoais celibato vida de casal sem filhos vida profissional passaram a fazer parte dos pensamentos femininos Nesse cenário começou a haver o fim de um determinismo biológico onde por questões naturais até mesmo religiosas as mulheres tinham que ser mães e cuidar dos seus filhos Com a crise econômica nos anos 90 o desemprego atingiu mais as mulheres que o homens daí a maternidade surge como primeiro plano pois seria mais reconfortante do que a ideia de um trabalho mal pago e que possa ser perdido a qualquer momento Ainda no cenário de ruina econômica os homens que perderam seus empregos ainda resistiam as divisões de tarefa Isso aconteceu pois mais mulheres estavam realizando as mesmas funções que os homens logo houve uma crise de identidade onde era necessário um fator para que acontecesse a diferenciação dos sexos Nisso a solução encontrada para distinguilos foram as tarefas domésticas e a maternidade Como relatado anteriormente ates dos anos 70 a criança era uma consequência natural do casamento e apenas com a chegada dos contraceptivos esse cenário modificouse e a maternidade deixou de ser um desejo universal entre as mulheres Mesmo com a evolução dos direitos das mulheres e uma maior presença delas no mercado de trabalho nas esferas de poder e no espaço público um comportamento da sociedade ainda persiste e causalhes um grande incômodo a pressão para ser mãe Não é raro ouvir relatos de mulheres que se queixam das constantes perguntas pedidos recados críticas e até piadas de amigos colegas de trabalho e até da própria família pelo fato de não poder ou simplesmente não querer ter filhos Seja momentaneamente ou em definitivo E surge a pergunta Por que essa ânsia Podese dizer que ela vem de um comportamento social que reproduz uma lógica comum ao longo da história o predomínio da vontade do homem sobre a autonomia da mulher A reprodução do patriarcado e da lógica heterossexista exerce um controle sobre a subjetividade o corpo e a sexualidade da mulher impondo um modo de ser feminino e masculino Deste modo a constante cobrança às mulheres para que elas sejam mães nasce da das relações patriarcais de gênero socialmente determinadas com base nas relações concreta A explicação mais comum para esse impasse está na falta de sintonia entre os fatores corporais e emocionais Biologicamente a faixa etária considerada mais propícia para a gravidez vai dos 20 aos 40 anos quando as funções hormonais das mulheres favorecem a procriação No entanto muitas nesta faixa não se consideram preparadas emocionalmente ou financeiramente para ter um filho simplesmente não querem ou optam por se dedicar mais à carreira e aos estudos Afinal é uma decisão que muda a vida da pessoa para sempre No entanto as raízes das cobranças por filhos estão nas estruturas sociais moldadas conforme o patriarcado As relações sociais de gênero com base na estruturação patriarcal determinam a constituição da família heteropatriarcal monogâmica associada ao controle sobre a subjetividade e o corpo como o controle da procriação associando ao feminino em toda sua heterogeneidade Ainda de acordo com a assistente social questionar as cobranças à mulher ter filhos não se trata de qualificar esse comportamento com o bom ou ruim mas apenas de respeitar o tornarse mulher de cada uma No meu ponto de vista nem a maternidade nem a paternidade podem ser mediações para o pleno desenvolvimento dos indivíduos Deste modo as cobranças da maternidade não podem criar obstáculos ao desenvolvimento das mulheres sendo assim para que as mulheres sejam plenamente livres é preciso respeitar as suas escolhas e vontades Um exemplo de como as mulheres escolhem não ter filhos são vistas e excluídas pelas sociedade e como as bruxas de filmes livros e séries são retratadas São em sua maioria mulheres que não casaram e não tiveram filhos Mesmo diante desse cenário de imposição da maternidade segundo pesquisas a escolha pela maternidade não são decisões pensadas nas esfera racional e sim na esfera emocional As mulheres criam uma fantasia quanto a maternidade e a romantizam Quando uma mulher descobre que está grávida ela pode passar os 9 meses da gestação e grande parte de sua experiência como mãe apenas reproduzindo o que ouviu do senso comum da mãe da avó da vizinha da amiga da sogra dos jornais da televisão ou de qualquer outra fonte de informação ou pode buscar ativamente conhecimentos sobre como viver sua gravidez como trazer seu filho ao mundo como cuidar de uma nova vida como ser mãe como ser uma mulher mãe e dessa nova perspectiva inserir os elementos do senso comum que se mostrem proveitosos para seus próprios anseios e valores Mães avós amigas sogras vizinhas e outras presenças constantes em nossas vidas têm dicas ótimas e preciosas que podem nos ajudar muito como mães mas são orientações geradas de experiências individuais e portanto não podem ser generalizadas ou tomadas como universais uma vez que isso pode gerar uma grande frustração e desilusão quanto à maternidade Sabemos que no processo gestacional assim como muitas fases da vida diversos são os obstáculos e dificuldades que a futura mãe enfrenta e enfrentará A maternidade é algo precioso e gratificante contudo não podemos romantizar o seu processo Isso se dá sobretudo pela excessiva romantização da maternidade que observamos na contemporaneidade E é sobre esta temática tão complexa que este breve texto se propõe a tecer algumas tímidas pontuações Romantizar é criar descrições fantasiosas pouco conectadas com a realidade no que se refere à maternidade romantizála é acreditar que esta será como um conto de fadas em que a mãe acaba por não ter espaço para sentirse cansada frustrada com medos e dificuldades Aqui na maternidade romantizada não é natural e aceitável estar feliz e radiante sendo mãe A maternidade é cansativa e exige grande responsabilidade que vai muito além do cuidar alimentar colocar para dormir mas envolve uma preparação por inteiro uma reorganização afinal a criança ocupa muito espaço na vida dos pais e algumas necessidades pessoais acabam sendo deixadas de lado
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maternidade implicando o acréscimo de deveres em relação à criança que se decidiu pôr no mundo Por outro dando às amizades noções de destino e de necessidade que antes eram reservadas só às relações sexuais e à maternidade apenas Um Luz para o primeiro plano a ideia de realização pessoal Uma mulher dois ou mais se elas enriquecem nossa vida afetiva e correspondem Opostas à todo o individualismo e hedonismo não é preferível absortas em si O individualismo e hedonismo próprios à nossa cultura tornaramse os principais motivos para a reprodução mas às vezes também para a sua recusa Para a maioria das mulheres com espaço entre os deveres maternos que não param de aumentar e o próprio desenvolvimento pessoal continuara problemática Há trinta anos esperase ainda resolver o problema da desigualdade do círculo por meio da divisão justa com os homens do mundo exterior e do universo familiar Acredita mens do mesmo estar no caminho certo até que nos anos 1980 1990 os sinos dobraram por nossas esperanças De fato o período marca o início de uma tripla crise fundamental que põs fim momentaneamente às ambições do decênio ante rompiu brutalmente a marcha rumo à igualdade como comprova a estagnação dos salários desde aquela época Assim no início dos anos 1990 a crise econômica recai sobre as mulheres e as famílias que oferecemlhes um saláriomaternidade para que picassem em casa e cuidassem de seus filhos pequenos durante três anos Afinal dizem a maternidade é um trabalho como outro qualquer e frequentemente com mais valor que qualquer outro exceto pelo fato de ser estimado em apenas meio saláriomínimo O desemprego maciço que ating mais duramente as mulheres do que os homens teve como conseqüência trazer a maternidade para o primeiro plano um valor mais seguro e reconfortante do que um trabalho mal pago que se pode perder da noite para o dia Isso porque sempre se considera o desemprego do pai mais destruidor do que o das mães e porque os psicopedagogos descobriram conteúdos novos e responsabilidades em relação à criança que parecem novas porque a crise econômica teve conseqüências legais culturais e sociais intergeracionais Sim existe a diferença da visão na esperada evolução dos homens Assim é que a crise econômica teve consequências legais culturais e sociais conhecidas e observável em todos os países mais perfunções ou japonesas se fazem as mes mastambém germânicas têmse medido romperam aí A crise igualitária que se apresenta repartição das tarefas familiares e domínios Analamente bem como há vinte anos são sempre as mulheres que assumem 34 delas Por isso a crise econômica é a única causa da estagnação da desigualdade Outra mais difícil ainda de ser resolvida chegou para reforçála uma crise identitária provoca ementes recentemente os universos masculino e feminino têmse nela de forma estritamente diferenciados A complementaridade dos papéis e das funções alimentava o sentimento de identidade específica de cada sexo Na medida em que homens e mulhe CAPÍTULO VI A greve dos ventres Onde os deveres maternos são os mais pesados 164 A emergência de um novo estilo de vida 173 A procura de uma nova definição da feminilidade 186 CAPÍTULO VII O caso das francesas 191 Mães meliores porém más 193 Una tradição ancestral a mulher antes da mãe 198 Bibliografia 209 CAPÍTULO I AS AMBIVALÊNCIAS DA MATERNIDADE Antes dos anos 1970 a criança era a consequência natural do casamento Toda mulher apta a procriár o fazia um instinto um dever religioso e uma divida a mais para com a sobrevivência da espécie Era evidência que toda mulher normal desejava filhos Evidência tão pouco discutida que ainda recentemente podiase ler em uma revista O desejo de ter filhos é universal Ele nasce das profundezas de nosso cérebro reptiliano do motivo por que somos fe ios prolongar a espécie Contudo desde que a grande maioria das mulheres passou a utilizar contraceptivos a ambivalência materna aparece mais claramente e a força vital oriuinda desse cérebro reptiliano parece um tanto enfraque qcida O desejo de ter filhos não é mer constante nem mim versal Algumas os querem outras não os querem mais outras enfim nunca os quiseram já que existe escolha Psychologie Magazine maio de 2009 Dossiê Vouloir un enfant flexível para não ligar para todas essas pressões e até mesmo para certa estigmatização O dilema hedonista ou a maternidade contra a liberdade De resto o individualismo e a busca da plenitude pessoal predispoem as culturas mas a sévem perguntas queelas não se fazem no passado Uma vez que a maternidade não é mais o único modo de afirmação da mulher o desejo de filhos pode entrar em conflito com outros imperativos As que têm uma profissão interessante e sonham em fazer carreira uma minoria não podem evitar as seguintes perguntas até que ponto a criança vai pesar sobre seu percurso profissional Poderão lidar simultaneamente com uma carreira exigente e a criação de uma criança Quais serão as consequências disso para a relação matrimonial Como reorganizar a vida doméstica Poderão alas conser var as vantagens de sua vida atual e em especial que aspectos da liberdade elas deverão abandonar A última pergunta diz respeito a um número bem maior de mulheres não apenas às de carreira Em uma civilização em que primeiro o meu se exige como um princípio a maternidade é um desafio ou mesmo existe diversidade de opiniões e não é mais possível falar de instinto ou de desejo universal OS TORMENTOS DA LIBERDADE A gyrão de ser mãe Toda escolha pressupõe uma reflexão sobre motivos e consequências Por um filho no mundo é um compromisso de longo prazo que implica dar prioridade a ele É a decisão mais perturbadora que um ser humano é levado a tomar na vida A sabedoria exigiria pois que ele pensasse duas vezes e se interrogasse seriamente sobre sua capacidade altruística e sobre o prazer que ele pode obter disso É sempre assim Recentemente a Philosophie Magazine publicou uma pesquisa bastante instrutiva A pergunta Por que fazemos filhos os franceses homens e mulheres responderam nos seguintes termos Um filho torna a vida cotidiana mais bonita e alegre 60 Permite fazer a família perdurar transmitir seus valores sua história 47 Publicada no 27 de março de 2009 Pesquisa realizada por INSOefs de 2 a 5 de janeiro de 2009 a partir de uma amostra nacional representativa de mil pessoas 2 As pessoas consultadas poderiam dar várias respostas que gera uma criança e que suas motivações são infinitas Mente mais obscuras e confusas do que as referidas na sondagem Donde a tentação de apelidar um instinto que se sobrepõe a tudo De fato a decisão tem mais amplitude mental do afetivo e do normativo do que de emoção e razão racional das vantagens e dos inconvenientes Se forquente das não influência da afetividade e lembrada pouco se fala gos e da sociedade que pesam sobre cada um de nós Uma mulher e em menor grau um homem ou um casal sem filhos parecem hoje uma anomalia que provoca questões mentor Que ideia não engravidar e escapar da norma Eles são sempre obrigados a se explicar embora não passe pela cabeça de ninguém perguntar a uma mãe por que ela é mãe e exigir dela razões válidas Em compensação aquela que permanece voluntariamente infecundada tem poucas chances de escapar dos suspiros dos pais os quais ela impediu de serem avós da incompreensão das amigas que gostam que se faça o que elas fazem e da hostilidade da sociedade e do Estado por definição natalistas que possuem múltiplos pequenos meios de punir você por não ter feito seu dever É preciso pois uma vontade à toda prova e um caráter inf Raças são mulheres que reconhecem isso Por tanto esta é a oportunidade de cumprimentar as que o dizem el como a quebequense Pascale Pontoneau em Desirer et anter 2003 ou a filosófa Elécric Albecrasti no romance Un heureux evénement 2005 uma reportagem na télévision francesa em fazemos filhos por Amor por To do e por Medo da morte p15 Uma contradição O que é legítimo para uma mulher que não é mãe deixa de ser quando se tem uma criança A preocupação consigo mesma deu lugar ao esquecimento de si e ao eu que todo sucederá a um leque evocado A partir do seu rompimento houve menos de dom do que de dívida Do dom da vida e da qualidade dos deveres Em outras palavras a criança que lê apresenta uma fonte incontestável de realização para algumas mulheres pode revelarse um obstáculo para outras Tudo depende do investimento na maternidade e da capacidade altruísta delas Contudo antes de tomar uma decisão raras são as mulheres e os casais que se entregam à avaliação dos prazeres e sofrimentos dos benefícios e sacrifícios Ao contrário parece que uma espécie de halo ilusório veda a realidade materna A futura mãe apenas o amor e a felicidade Ela ignora a outra face da maternidade feita de esgotamento de frustração sólida e até mesmo de alienação com seu cortejo de culpa Quando lemos os recentes testemunhos de mães avaliamos o quanto elas estão pouco preparadas para essa conturbção Não me previ ram dizem elas das dificuldades da aventura Fazer um filho está ao alcance de todos no entanto poucos futur os pais conhecem a verdade e o fim da vida que se deve entender como a liberdade e a felicidade dos prazeres que ela oferece Os primeiros meses do bebê são especial mente precisos impossíveis de ser aceitos sem uma depressão uma lutos parente ou uma agressividade Ou ainda Ele le que nem Deus nem a natureza nos impõem mais e que um dia será capaz de nos lembrar que não pôde para nasce Eu acordava voltava a dormir anestesia ninguém me avisara que seria tão entediante eu não teria acreditado Se para Marie Danriussecq a alegria sobrepõese ao tédio para outras é a impressão do vazio que domina e elas não aspiram senão a reencontrar o mundo exterior Percebo é constatar que a maternidade continua sendo a grande desconectada A mudança de vida que condia a uma mutação radical das prioridades pertence à esfera do risco Umas encontram nela uma felicidade um benefício identi fário insubstituív3is Outras conseguem de alguma forma concluir exigências contraditórias Outras finalmente já mais contessano que não conseguem e que a experiência materna delas é um fracasso De fato nada é mais inconfessável que a chegada da criança dificuldade normalmente as horas domésticas A maternidade aumenta a desigualdade do casal Desde Durkheim sabese que o casamento prejudica as mu lheres e beneficia os homens Um século depois a afirmação deve ser entendida em suas nuances mas a injustiça permanece a vida conjugal sempre tem um custo social e cultural para as mulheres como no que diz respeito às tarefas domésticas e a educação dos filhos quando não à carreira profissional e à remuneração Hoje não foi propri a mente o casamento que perdeu o caráter de necessidade mas a vida matrimonial sobretudo o nascimento do filho que pesa sobre as mulheres O concubinato largamente dissec cionado pós fim da desigualdade doméstica ainda que as pesquisas mostrem que ela favorece as mulheres mais do que o casamento Pelo menos no início da vida do casal pois a chegada da criança dificulta normalmente as horas domésticas e a educação Vel em nossa sociedade do que essa declaração Reconhecer que se enganou que não era feita para ser mãe e que obteve com isso poucas satisfações feria de você uma espécie de monstro irresponsável Conduta há mais crianças criadas mal criadas e abandonadas em todas essas mal soidades que comprovam essa realidade Donde o interesse de uma experiência freqüentemente citada pela literatura americana sobre o assunto a de uma cronista de Chicago SunTimes Ann Lenders que nos anos 1960 perguntou aos seus leitores se eles novamente escolheiam ser país sabendo o que sabiam Para surpresa geral ela recebeu uma dezena de milhares de respostas dentre as quais 70 respondiam pela negativa Aos olhos dessas pessoas os sacrifícios eram por demais importantes comparados às satisfações que obtive ram É certo que essa experiência não tem valor de enquete científica Somente os pais decepcionados tiveram vontade de responder Mas ela teve o mérito de tirar do silêncio aquilo que ignoramos A maternidade e as virtudes que ela pressupõe não são evidentes Nem atualmente nem no passado quando ela era um destino obrigatório Optar por ser mãe não garante como inicialmente se acreditou uma melhor maternidade Não apenas porque a liberdade de escolha talvez seja um embuste mas também porque ela aumenta consideravelmente o peso das responsabilidades em um tempo em que o individualismo e a paixão de si nunca foram tão poderosos A verdade que as mulheres quanto mais diplomadas são menos realizam trabalho doméstico e sua justifica ção decontam menos das demandas dos homens do que das exigências reais ou supostas dos filhos A perda dos filhos demonstra eguas que experimentainterina que o custo da vida conjugal deve variar ag mente do custo da criança Singly serve antes de tudo para recorrer a serviços externos a familia O que não podem se permitir as mães menos dotadas que têm uma atividade profissional Donde esta observação do sociólogo que não deixa de ter consequência sobre a materni Viver pesquisas americana de Shelton e John 1993 publicadas por Fde Singly no posicic 1 2004 de Frontmt et ifigiturme op cit p 218 Ver também recente artigo de Arnaud RégnerLoilier Larrivée dun enfant modifietelle la réparti tion des taches domestiques Socio n speciale 2007 p 4046 no ano de 2009 Ele constatou que à chegada da criança acumula desequilíbrio da divisão das tarefas em detrimento da mãe o que colabora sua substituti na adoção de serviços externos Na mesma publicação Janet Gornick e Marcia Meyers assumem as tarefas domésticas essenciais que são cada vez mais pesadas ao longo do dos nascimentos O autor sublinha que a insatisfação das mulheres aumenta de modo significativo o grau da divisão do trabalho de acordo com o gênero e o diploma INSEE ED 1 1998 1999 é dedicado ao trabalho profissional Segundo F de Singly amplicade do trabalho doméstico e sua justificativamenta mais ao trabalho profissional Segundo F de Singly número de filhos em média por mulher em 1970 e 2009 A título de exemplo na Europa Alemanha 1970 203 1980 156 1990 145 2006 134 20092 Áustria 229 165 146 141 Dinamarca 199 155 167 185 Espanha 288 220 136 136 França metropolitana 247 195 178 200 Grécia 240 233 139 138 Irlanda 385 324 211 193 Itália 243 164 133 135 Noruega 250 172 193 135 Países Baixos 257 160 162 190 Polônia 226 226 205 171 Portugal 301 225 157 127 Reino Unido 243 189 183 136 Suécia 192 168 213 185 Suíça 210 155 158 144 15 Este quadro e o seguinte têm como fonte o Eurostat os institutos nacionais de estatística e a ONU Reunidos pelo Institut National dEtudes Démographiques INED podem ser consultados na ferramenta httpwwwinedfrfrpopcli Gillis Psy Tous les pays du monde 2009 Population Sociétés no 458 julhoagosto de 2009 28 29 Mesmo observando diferenças importantes entre o norte e o sul da Europa a tendência à queda é geral como também nos Estados Unidos Canadá Austrália Nova Zelândia ou Japão embora se note aqui e ali um ligeiro aumento da maternidade nos últimos anos Diploma que serve de dote intelectual Diploma obtido com a intenção de trabalhar Pessoal investimento universitário de formação para um emprego ou outras atividades Recepção às políticas sociais Muito receptivas a qualquer política Recepção às políticas de emprego Recepção às políticas familiares Contra a impressão frequentemente dada por das ciências sociais de que as mulheres formam um grupo homogêneo que procura combinar emprego e vida familiar Catherine Hakim faz questão de sublinhar a diversidade de seus comportamentos no trabalho Lembrando uma completa heterogeneidade dos modelos de emprego feminino ela se detém sobre os oito grupos sociais heterogêneos das mulheres Ao contrário dos conflitos entre os grupos de preferência das prioridades e criação conflitos entre os grupos de mulheres que mostram extremamente vantajosos para os homens cujos interesses são comparativamente homogêneos A seu ver essa é a principal causa do fracasso do modelo igualitário Comparados às mulheres os homens exibem unidade notadamente durante o períodochave dos 25 aos 50 anos Eles procuram o dinheiro o poder e uma situação com grande determinação e perseverança Embora certa heterogeneidade e 13 dade tenha aparecido nos últimos decênios ela permanece menor em relação às mulheres Os homens que escolhem investir no trabalho doméstico representam apenas uma pequena minoria Como observa Catherine Hakim se sempre existiram mulheres para disputar o poder com os homens que lhes dão publicidade privada confundemse pouco homens que lhes deram à boca da cena Há certamente as generosas licenças para filhos Ela observa ainda que até mesmo as generosas licenças parentidade dos países escandinavos têm dificuldade em convencer os pais a se dedicar ao trabalho familiar embora eles recebam o equivalente ao salário Recentemente nos Estados Unidos Neil Gilbert propôs uma tipologia que distingue quatro categorias de homens em função do número de filhos Em 2002 29 dos americanos com idade entre 40 e 44 anos não tinham três ou mais filhos 35 tinham dois 175 tinham apenas um e 18 não tinham nenhum A respeito dessas porcentagens Neil Gilbert descreve quatro tipos ideais de estilo de vida femininos que estabelecem um contínuo de acordo com a importância dada pelo trabalho e à família Em uma das extremidades estão as mães de família numerosa com três ou mais filhos chamadas tradicionais Elas encontram idea 14 idade e realização na educação dos filhos e na gestão da casa Dentre elas muitas têm experiência do universo do trabalho mas optam por afastarse dele prontas a retomar mais tarde para sentarse em casa em tempo integral os cuidados da educação diária dos filhos e a tarefa que mais importante de suas vidas Ao fazêlo elas conquitam um profundo sentimento de realização Opar pela divisão tradicional das tarefas com o companheiro não significa uma volta ao modelo patriarcal Muitas dessas mulheres se consideram sondas de mulheres sendo pleno do termo De resto essa categoria d mulheres que aparenta desaparecido há muito anos Neil Gilbert observa que a proporção delas passou em 1976 para 29 em 2002 Na extremidade desse contínuo estão as que Gilbert qualifica de pósmodernas São mulheres sem filhos cujo número aumentou quase 15 durante o mesmo período Elas têm um perfil altamente individualista e dedicam a vida à carreira Geralmente encontram realização no sucesso profissional que se trata dos negócios da política ou de professores livres Segundo uma pesquisa inglesa feita em 2004 com quinze 28 diziamse independentes contentes com a sorte apropriadas e confiantes na capacidade de controlar os principais aspectos de suas vidas Ião felizes sozinhas ou em companhia de amigos quanto com um parceiro essas mulheres têm ambições que não combinam com os objetivos do casamento e 35 da vida de família Muitos da metade das mulheres interrogadas reconheceram que ter filhos marcaram uma casa acolhedora das modernas sociedades mas também ao direito à realização Poderiam ter sido evitados e realizadas quantas mais de dois filhos Essã mulheres que mais de dois filhos Modernas Essas mulheres que tem ganhar a vida mas não estão presas à carreira à ponto renunciar à maternidade Essas duas categorias que constituem a maioria são frequentemente vistas como revers de tudo que se queria Casais que se dividem entre presentes e portáteis a mulheres que equilibram as exigências do trabalho e da família a s modelos enquanto se recorda da família e ao trabalho a s modernas enquanto se recorda inclinasse para o lado da carreira enquanto se recorda diferenciam apenas gradualmente das tradicionalistas e das pósmodernas As mães de dois filhos trabalham o mais das vezes em tempo parcial e investem mais física e psicologi maes de dois filhos que passaram dos 40 Desde 1976 as mees de dois filhos que passaram dos 40 anos aumentaram em 75 Em 2002 elas representavam 35 da mulherada desse grupo de idade Em compensação a mãe moderna que tem uma atividade profissional e um filho emprega mais tempo e energia no trabalho do que a neoradicional A proporção delas subiu para 90 desde 1976 e compreen de 17 de seu grupo de idade REFLEXÃO ACERCA DO TEXTO TÍTULO A SEU CRITÉRIO A REFLEXÃO SEGUE DIGITADA CONSOANTE TODAS AS NORMAS ABNT O texto faz reflexões acerca de como o controle de reprodução acarretou no poder das mulheres de poder conciliar a maternidade ou não com sua vida profissional Ademais também disserta das consequências sociais acerca da mudança de concepção de ser mãe e aponta transformações no cenário do patriarcado Diante disso vejo a necessidade de fazer uma análise crítica do papel da mulher em nossa sociedade O patriarcado é um sistema de poder de privilégios que garante superioridade e soberania ao homem nas relações sociais e a mulher é destinado um lugar de submissão e inferioridade Esse lugar desigual da mulher em nossa sociedade não se dá por causas naturais ou por designação divina e sim por um contexto históricosocial de opressão Segundo pesquisas realizadas pela antropóloga D Eaubonne a origem do patriarcado aconteceu devido a grandes duas descobertas humanas importantes o conhecimento de que o homem faz parte do processo de fecundação e gera novos indivíduos e a aprendizagem de técnicas agrícolas Antes havia uma igualdade de gênero em nossa sociedade e a mulher tinha uma grande importância nas relações sociais As mulheres participavam ativamente da caça e pesca e baseado em análises de ossadas encontradas do período paleolítico não eram grandes as diferenças de estatura e força física entre os dois sexos A divisão do trabalho a partir de critérios sexuais é um fenômeno novo que se deu pela ascensão do patriarcado Ademais o mistério da procriação elevava os status da mulher e elas eram consideradas seres mágicos e associadas a divindades Antecedente às famílias burguesas patriarcais e monogâmicas as comunidades viviam unidas em grupos onde predominava a linhagem materna onde os filhos pertenciam exclusivamente às mães A matrilinearidade evidencia a importância da mulher na história inclusive para o estabelecimento dos primeiros grupamentos humanos sedentários com a descoberta da agricultura pelas mulheres Com a evolução do sistema patriarcal o homem apoderase da agricultura e desenvolve técnicas agrícolas para aumentar a produtividadeNisso a terra deixa de ser coletiva e tornase privada surgindo assim os excedentes e a noção de propriedade privada Com a domesticação dos animais os homens descobriram que tinham papel primordial na criação de novos indivíduos A partir disso as mulheres começam a perder seu poder e status mágico na sociedade O avanço do patriarcado não se deu de forma homogênea e cronológica em todos grupamentos humanos foi uma luta travada durante milênios As mulheres resistiram e demoraram para perder seus poderes e importância nas sociedades Com o surgimento de grandes civilizações o sistema patriarcal solidificouse com a instituição do núcleo familiar e noções de herança Nesse cenário com a posse privada da terra e com excedentes agrícolas e pecuários o homem desejava perpetuar sua própria linhagem e transmitir sua herança ou seja o fruto do seu trabalho Nisso pela transmissão de bens aos herdeiros ser estabelecida pelos homens surge a incerteza da paternidade Para solucionar este problema o homem tomou a liberdade da mulher para que pudesse ter segurança quanto aos seus descendentes Nesse contexto observamos que o matrimônio tornase um contrato onde os homens dispunham do corpo da mulher As esposas passam a ser vistas como posse de seus maridos assim como suas propriedades privadas Logo com o tempo houve a naturalização da dominação onde atribuiuse a questões genéticas eou determinação divina a submissão da mulher ao homem ignorando assim todo contexto histórico e social da ascensão do sistema patriarcal Para Suffiati as bases do patriarcado não foram destruídas em nossa sociedade atual Com a ascensão do capitalismo esse sistema de dominação foi reforçado pelo advento da concentração de riqueza e detenção dos meios de produção Esse sistema econômico incorporou o patriarcado na sociedade moderna promovendo uma divisão sexual no trabalho baseada na exclusão das mulheres do mundo produtivo No mundo contemporâneo capitalista o corpo feminino foi apropriado pelo homem e pelo modo de produção vigente As estratégias e violências utilizadas para disciplinar e controlar o corpo e mente das mulheres faznos perceber que elas permanecem sendo vistas como posses privadas do homem sendo ele seu marido pai irmão mais velho e até mesmo chefe Nesse contexto o feminicídio é o crime de ódio causado pela influência da enraização do patriarcado em nossa sociedade sendo esse o extremo da misoginia O homicídio praticado contra a mulher em decorrência do fato dela ser mulher é um fatídico exemplo de que as mulheres são consideradas propriedades privadas dos homens e quando tentam sair dessa forma de controle social muitas são agredidas e mortas pelos seus supostos donos Após essa breve exposição do contexto histórico do sistema patriarcal vamos discorrer sobre a mudança desse cenário em meados dos anos 70 onde houve a popularização do uso de preservativos e as mulheres passaram a ter maior poder do controle de natalidade Com isso ambições pessoais celibato vida de casal sem filhos vida profissional passaram a fazer parte dos pensamentos femininos Nesse cenário começou a haver o fim de um determinismo biológico onde por questões naturais até mesmo religiosas as mulheres tinham que ser mães e cuidar dos seus filhos Com a crise econômica nos anos 90 o desemprego atingiu mais as mulheres que o homens daí a maternidade surge como primeiro plano pois seria mais reconfortante do que a ideia de um trabalho mal pago e que possa ser perdido a qualquer momento Ainda no cenário de ruina econômica os homens que perderam seus empregos ainda resistiam as divisões de tarefa Isso aconteceu pois mais mulheres estavam realizando as mesmas funções que os homens logo houve uma crise de identidade onde era necessário um fator para que acontecesse a diferenciação dos sexos Nisso a solução encontrada para distinguilos foram as tarefas domésticas e a maternidade Como relatado anteriormente ates dos anos 70 a criança era uma consequência natural do casamento e apenas com a chegada dos contraceptivos esse cenário modificouse e a maternidade deixou de ser um desejo universal entre as mulheres Mesmo com a evolução dos direitos das mulheres e uma maior presença delas no mercado de trabalho nas esferas de poder e no espaço público um comportamento da sociedade ainda persiste e causalhes um grande incômodo a pressão para ser mãe Não é raro ouvir relatos de mulheres que se queixam das constantes perguntas pedidos recados críticas e até piadas de amigos colegas de trabalho e até da própria família pelo fato de não poder ou simplesmente não querer ter filhos Seja momentaneamente ou em definitivo E surge a pergunta Por que essa ânsia Podese dizer que ela vem de um comportamento social que reproduz uma lógica comum ao longo da história o predomínio da vontade do homem sobre a autonomia da mulher A reprodução do patriarcado e da lógica heterossexista exerce um controle sobre a subjetividade o corpo e a sexualidade da mulher impondo um modo de ser feminino e masculino Deste modo a constante cobrança às mulheres para que elas sejam mães nasce da das relações patriarcais de gênero socialmente determinadas com base nas relações concreta A explicação mais comum para esse impasse está na falta de sintonia entre os fatores corporais e emocionais Biologicamente a faixa etária considerada mais propícia para a gravidez vai dos 20 aos 40 anos quando as funções hormonais das mulheres favorecem a procriação No entanto muitas nesta faixa não se consideram preparadas emocionalmente ou financeiramente para ter um filho simplesmente não querem ou optam por se dedicar mais à carreira e aos estudos Afinal é uma decisão que muda a vida da pessoa para sempre No entanto as raízes das cobranças por filhos estão nas estruturas sociais moldadas conforme o patriarcado As relações sociais de gênero com base na estruturação patriarcal determinam a constituição da família heteropatriarcal monogâmica associada ao controle sobre a subjetividade e o corpo como o controle da procriação associando ao feminino em toda sua heterogeneidade Ainda de acordo com a assistente social questionar as cobranças à mulher ter filhos não se trata de qualificar esse comportamento com o bom ou ruim mas apenas de respeitar o tornarse mulher de cada uma No meu ponto de vista nem a maternidade nem a paternidade podem ser mediações para o pleno desenvolvimento dos indivíduos Deste modo as cobranças da maternidade não podem criar obstáculos ao desenvolvimento das mulheres sendo assim para que as mulheres sejam plenamente livres é preciso respeitar as suas escolhas e vontades Um exemplo de como as mulheres escolhem não ter filhos são vistas e excluídas pelas sociedade e como as bruxas de filmes livros e séries são retratadas São em sua maioria mulheres que não casaram e não tiveram filhos Mesmo diante desse cenário de imposição da maternidade segundo pesquisas a escolha pela maternidade não são decisões pensadas nas esfera racional e sim na esfera emocional As mulheres criam uma fantasia quanto a maternidade e a romantizam Quando uma mulher descobre que está grávida ela pode passar os 9 meses da gestação e grande parte de sua experiência como mãe apenas reproduzindo o que ouviu do senso comum da mãe da avó da vizinha da amiga da sogra dos jornais da televisão ou de qualquer outra fonte de informação ou pode buscar ativamente conhecimentos sobre como viver sua gravidez como trazer seu filho ao mundo como cuidar de uma nova vida como ser mãe como ser uma mulher mãe e dessa nova perspectiva inserir os elementos do senso comum que se mostrem proveitosos para seus próprios anseios e valores Mães avós amigas sogras vizinhas e outras presenças constantes em nossas vidas têm dicas ótimas e preciosas que podem nos ajudar muito como mães mas são orientações geradas de experiências individuais e portanto não podem ser generalizadas ou tomadas como universais uma vez que isso pode gerar uma grande frustração e desilusão quanto à maternidade Sabemos que no processo gestacional assim como muitas fases da vida diversos são os obstáculos e dificuldades que a futura mãe enfrenta e enfrentará A maternidade é algo precioso e gratificante contudo não podemos romantizar o seu processo Isso se dá sobretudo pela excessiva romantização da maternidade que observamos na contemporaneidade E é sobre esta temática tão complexa que este breve texto se propõe a tecer algumas tímidas pontuações Romantizar é criar descrições fantasiosas pouco conectadas com a realidade no que se refere à maternidade romantizála é acreditar que esta será como um conto de fadas em que a mãe acaba por não ter espaço para sentirse cansada frustrada com medos e dificuldades Aqui na maternidade romantizada não é natural e aceitável estar feliz e radiante sendo mãe A maternidade é cansativa e exige grande responsabilidade que vai muito além do cuidar alimentar colocar para dormir mas envolve uma preparação por inteiro uma reorganização afinal a criança ocupa muito espaço na vida dos pais e algumas necessidades pessoais acabam sendo deixadas de lado