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Ciências Econômicas ·

Economia Internacional

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ECONOMIA INTERNACIONAL I Professora Dra Luciane Cristina Carvalho GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação a Distância CARVALHO Luciane Cristina Economia Internacional I Luciane Cristina Carvalho MaringáPr UniCesumar 2018 208 p Graduação EaD 1 Economia 2 Internacional EaD I Título ISBN 9788545912446 CDD 22 ed 337 CIP NBR 12899 AACR2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza CRB8 6828 Impresso por Reitor Wilson de Matos Silva ViceReitor Wilson de Matos Silva Filho PróReitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva PróReitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Mincof James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pósgraduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Giovana Costa Alfredo Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard Coordenador de Conteúdo Silvio Castro Designer Educacional Agnaldo Ventura Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Ilustração Capa Bruno Pardinho Editoração José Jhonny Coelho Qualidade Textual Silvia Caroline Gonçalves Ilustração Marcelo Goto Bruno Pinhata Em um mundo global e dinâmico nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo não so mente para oferecer uma educação de qualidade mas acima de tudo para gerar uma conversão in tegral das pessoas ao conhecimento Baseamonos em 4 pilares intelectual profissional emocional e espiritual Iniciamos a Unicesumar em 1990 com dois cursos de graduação e 180 alunos Hoje temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil nos quatro campi presenciais Maringá Curitiba Ponta Grossa e Londrina e em mais de 300 polos EAD no país com dezenas de cursos de graduação e pósgraduação Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência com IGC 4 em 7 anos consecutivos Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil A rapidez do mundo moderno exige dos educa dores soluções inteligentes para as necessidades de todos Para continuar relevante a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes inovação coragem e compromisso com a quali dade Por isso desenvolvemos para os cursos de Engenharia metodologias ativas as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária Vamos juntos Seja bemvindoa caroa acadêmicoa Você está iniciando um processo de transformação pois quando investimos em nossa formação seja ela pessoal ou profissional nos transformamos e consequentemente transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos De que forma o fazemos Criando oportu nidades eou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância oa acompanhará durante todo este processo pois conforme Freire 1996 Os homens se educam juntos na transformação do mundo Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontramse integrados à proposta pedagógica con tribuindo no processo educacional complementando sua formação profissional desenvolvendo competên cias e habilidades e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade de maneira a inserilo no mercado de trabalho Ou seja estes materiais têm como principal objetivo provocar uma aproximação entre você e o conteúdo desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá rios para a sua formação pessoal e profissional Portanto nossa distância nesse processo de cresci mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita Ou seja acesse regularmente o Studeo que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem interaja nos fóruns e enquetes assista às aulas ao vivo e participe das dis cussões Além disso lembrese que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliáloa em seu processo de aprendizagem possibilitandolhe trilhar com tranqui lidade e segurança sua trajetória acadêmica CURRÍCULO Professora Dra Luciane Cristina Carvalho Pósdoutora em Teoria Econômica pela Universidade Estadual de Maringá UEM Doutora em Teoria Econômica 2014 pela Universidade Estadual de Maringá UEM com estágio de doutoramento Sanduíche na Université du Québec à TroisRivières CA Mestra em Integração LatinoAmericana pela Universidade Federal de Santa Maria 2007 graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Santa Maria 2004 Com experiência na área de teoria econômica e finanças Atualmente é professora da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul UFMS httpbuscatextualcnpqbrbuscatextualvisualizacvdoidK4753253Y8 SEJA BEMVINDOA Caroa alunoa Seja bemvindoa à nossa disciplina de Economia Internacional I Esperamos ampliar seus conhecimentos e lhes proporcionar a integração teórica e prática a partir dos exemplos reais destacados ao longo do nosso livro Nosso estudo inicia com a importância dos principais agentes econômicos sendo a socie dade como um todo o governo por suas funções as empresas entre outros Logo no início vamos perceber que o comércio internacional é muito importante para todos nós visto que é por meio dele que nossas necessidades de diversos produtos e serviços são sanadas Dessa forma vamos conhecer na primeira unidade que a economia internacional estu da a importância do comércio e como a economia mundial se organiza atualmente Nes sa mesma unidade destacaremos o balanço de pagamentos como instrumento em que os países podem mensurar suas atividades com relação às transações de mercadorias bens e movimento de capitais com o resto do mundo Além disso vamos estudar como funciona o preço da moeda estrangeira com relação à moeda local Para isso conhece remos um pouco como as taxas de câmbio são determinadas No entanto salientamos que essas atividades de países devem ser coordenadas pois ao adotar certas medidas estas podem causar crises entre os países Por isso cada política deve procurar amenizar as distorções que podem surgir ao adotar determinadas políti cas E por fim discutiremos acerca do mercado internacional de capitais Na Unidade 2 iremos analisar os agentes que negociam no mercado internacional con siderando que o comércio internacional proporciona às nações aproveitamento em termos de tecnologia trabalho favorece as trocas e com isso beneficia o país com a diversificação de bens e claro proporciona o alcance dos serviços Vamos perceber que com o tempo o comércio internacional sofreu diversas modifica ções Tais mudanças também resultaram em alterações de conduta dos países Observare mos que houve acordos comerciais resultantes da proximidade territorial entre os países e assim a formação de blocos econômicos como NAFTA e Mercosul Além da integração regional analisaremos a globalização como um fenômeno de mudanças internacionais Apesar de haver discussões quanto ao tema podese definir que a globalização é proces so econômico e social que estabelece a integração entre os países e as pessoas Ainda nesta unidade investigaremos o padrão de mutante do comércio ou seja a mudan ça do comércio internacional com maior participação dos produtos manufaturados origi nários de países em desenvolvimento Essa mudança é visível já que esses países possuí am como maior pauta de produtos a serem transacionados os produtos de commodities Na terceira unidade vamos estudar as teorias do comércio internacional iniciando com o Mercantilismo que apesar de não ser uma teoria do comércio internacional trouxe contribuições importantes para essa dinâmica Veremos as teorias clássicas do comér cio que têm como principais formuladores Adam Smith com a formulação da teoria das vantagens absolutas e David Ricardo com as teorias das vantagens comparativas APRESENTAÇÃO ECONOMIA INTERNACIONAL I Posteriormente à teoria clássica estudaremos a teoria neoclássica do comércio in ternacional que se aproxima de uma teoria moderna com ênfase em quatro teore mas O primeiro a ser estudado é o HechscherOhlin sob a teoria das proporções dos fatores de produção o segundo é o Teorema de Equalização dos Preços indicando que há uma convergência de preços no comércio internacional terceiro teorema é de StolperSamuelson em que procuraram estudar os efeitos de uma tarifa que altera o preço sem afetar os preços mundiais e o quarto e último é o Teorema de Rybycnski que discute as variações das quantidades dos fatores de produção sobre as mercadorias produzidas E por último e ainda na terceira unidade veremos a economia moderna a qual tratase de uma extensão ao modelo das vantagens comparativas Esta se baseia na economia de escala e estuda a estrutura de mercado sendo mais realista o mercado de concorrência monopolística A quarta unidade abordará as políticas comerciais ou seja as ações que os gover nos decidem frente ao comércio mundial O comércio pode ser considerado livre no entanto há argumentos tanto a favor quanto contra o comércio Assim teceremos comentários a essas duas vertentes O que se pode dizer que se uma nação optar por livre comércio pode depender do tamanho de sua economia Apesar de atual mente pensarmos em livre comércio há medidas protecionistas por toda parte Tais medidas são a imposição de tarifas a determinados produtos subsídios cotas ou quotas restrições voluntárias às exportações entre outras A nossa última unidade tratará de comércio internacional e desenvolvimento Ao avançarmos nosso estudo você perceberá que o comércio tem a importante função de proporcionar o desenvolvimento Nesta unidade vamos conhecer dois modelos de desenvolvimento um desenvolvido por R Prebisch e adotada por países periféri cos e outro por Nurske tendo o comércio como motor do desenvolvimento Vamos estudar também o papel do comércio e da industrialização Nesse ponto selecionamos dois modelos para o estudo um baseado no ciclo do produto e outro com ênfase no modelo dos Gansos Voadores Tais modelos são considerados como propulsores de tecnologia nas economias Esta unidade foca nas relações entre os países com vistas a acordos comerciais Es ses acordos podem ser via integração econômica acordos em razão da regionaliza ção ou multilaterais Assim também iremos discutir um pouco sobre o processo da globalização financeira e produtiva Desejamos um ótimo estudo a você APRESENTAÇÃO SUMÁRIO 09 UNIDADE I INTRODUÇÃO À ECONOMIA INTERNACIONAL 15 Introdução 16 Do que trata e qual a importância do Comércio Internacional 21 O Balanço de Pagamentos 26 Determinantes da Taxa de Câmbio 30 A Coordenação Internacional de Políticas 34 O Mercado Internacional de Capitais 37 Considerações Finais UNIDADE II COMÉRCIO MUNDIAL UMA VISÃO GERAL 49 Introdução 50 Quem Negocia com Quem 52 As Fronteiras e os acordos comerciais 62 Globalização Passado e Presente 65 O padrão mutante do Comércio 69 O Brasil e o Comércio Internacional 75 Considerações Finais SUMÁRIO 10 UNIDADE III TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL 87 Introdução 88 Teoria Clássica do Comércio Internacional Vantagens Absolutas 94 Teoria Clássica do Comércio Internacional Vantagens Comparativas 101 Teoria Moderna Os quatro Teoremas Fundamentais 111 O Modelo de HeckscherOhlin 115 Extensões da teoria da vantagem Comparativa Economias de Escala Competição Imperfeita e Comércio Internacional 119 Considerações Finais UNIDADE IV POLÍTICAS COMERCIAIS 129 Introdução 130 Instrumentos de Política Comercial 142 Política de Estratégia Comercial 147 Política Comercial para países em Desenvolvimento 154 Argumentos para restringir o Comércio 159 Argumentos a Favor do Comércio 163 Considerações Finais SUMÁRIO 11 UNIDADE V COMÉRCIO INTERNACIONAL E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO 175 Introdução 176 Teoria do desenvolvimento Econômico 180 Comércio e a Industrialização 186 Processo de Substituições de Importações PSI 190 Integração Econômica Regionalismo e Multilateralismo 197 Globalização Financeira e Produtiva 201 Considerações Finais 208 Conclusão UNIDADE I Profa Dra Luciane Cristina Carvalho INTRODUÇÃO À ECONOMIA INTERNACIONAL Objetivos de Aprendizagem Apresentar qual a abrangência do comércio internacional bem como sua importância para o crescimento e desenvolvimento das nações Conceituar o balanço de pagamentos de forma introdutória Expor os determinantes tipos de taxa de câmbio e os principais regimes adotados pelos países Destacar a importância da coordenação internacional de políticas e efeitos possíveis dessa coordenação Mostrar a importância do mercado de capitais para financiar atividades econômicas e financeiras Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Do que trata e qual a importância do comércio Internacional O Balanço de pagamentos Determinantes da taxa de câmbio A coordenação internacional de políticas O mercado internacional de capitais Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 15 INTRODUÇÃO Caroa alunoa seja bemvindo a esta unidade de estudo Convidamos você para um estudo sobre a economia internacional tratase de uma área da ciência econômica que estuda as relações de comércio de bens serviços e capitais de um país com outros países Essa é uma área do conheci mento que é atual e sempre está em pauta nas discussões pois os governos estão sempre procurando dinamizar suas transações como também adotar medidas de forma a proteger a economia local Assim vamos destacar a importância do comércio internacional para os governos sociedade empresas entre outros agentes Notamos que a economia internacional nos trouxe um novo desenho de economia global no qual há integração entre economias acordos preferen ciais de comércio formação de blocos econômicos entre outros Sendo assim vamos conhecer um pouco sobre a importância do comér cio internacional O comércio internacional é benéfico gerador de ganhos No entanto há problemas resultantes da interação econômica entre as nações ou Estados Soberanos e a economia internacional propõe a coordenação de polí ticas para amenizar os efeitos Vamos conhecer também o balanço de pagamentos que consiste em um registro contábil de todas as transações de um país com outros países ou seja as transações de agentes domésticos e estrangeiros das empresas não financei ras governo e também as instituições monetárias e financeiras Estudaremos os determinantes da taxa de câmbio e como ela atua no comér cio mundial Por definição a taxa de câmbio é o preço de uma moeda estrangeira medido em unidade da moeda nacional Veremos também como a taxa de câm bio é determinada no mercado Abordaremos sobre a coordenação de políticas internacionais que trata de arranjos que minimizem os efeitos da decisão de uma política em outro país E por fim será desenvolvido sobre o mercado internacional de capitais que é semelhante e tão importante quanto o mercado de bens e serviços Desejamos um ótimo estudo a todos INTRODUÇÃO À ECONOMIA INTERNACIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 16 DO QUE TRATA E QUAL A IMPORTÂNCIA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL Vamos estudar sobre o comércio internacional e qual a sua importância para os países participarem desse mercado considerado mundial Primeiramente sabe mos que nenhum país é isolado e ao mesmo tempo dizemos que nenhum país é totalmente autossuficiente e que não necessita comercializar com outras nações Assim assumimos que toda sociedade realiza transações e toda nação vende ou compra em maior ou menor medida para outras nações O comércio internacional é uma subárea da economia e estuda os motivos e o comportamento dos indivíduos que os levam a transacionar no comércio inter nacional ou mesmo comercializar domesticamente Conforme Wessels 2003 devemos nos lembrar que aquilo que é verdadeiro no comércio também é verda deiro para o comércio internacional Podemos elencar alguns pontos sendo estes O comércio é mutuamente benéfico essa é uma situação em que duas pessoas lucram lembrando que quando uma pessoa ganha não neces sariamente a outra perde Do que trata e qual a importância do Comércio Internacional Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 17 Exportaçãovenda e importaçãocompra destacamos que as transa ções relacionadas à venda de bens e serviços referemse à exportação e quando ocorre a compra de bens e serviços referimos à importação Frequentemente ouvimos falar que a exportação é boa pois esse argu mento mostra que é melhor vender do que comprar indicando que o país eficiente tenta obter o máximo possível em troca do que vende Quanto mais baratas as importações melhor para o país isso indica que quanto menos a importação custa para um país um certo montante de suas importações comparam mais importações As entradas tendem a igualar as saídas de moeda Os países vendem para obter a moeda local com a qual compram outros bens e serviços Já definimos os principais conceitos introdutórios sobre o comércio internacional e destacamos que o assunto de economia internacional é importante pois consiste nos problemas levantados pela interação econômica entre as nações ou Estados Soberanos Assim vamos estudar os principais temas que justificam o comércio internacional OS GANHOS COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL Em um dos pontos destacados anteriormente afirmamos que o comércio é mutuamente benéfico ou seja é uma percepção de que o comércio internacio nal promove ganhos baseados na troca de bens e serviços Então podemos pensar será que o comércio internacional é benéfico quando os países envolvidos apresentam disparidades econômicas A resposta é sim há ganhos mesmo quando as nações possuem diferenças em produtividade ou mesmo salário Krugman 2005 exemplifica duas situações Uma em que o país envolvido possui tecnologia menos desenvolvida e geralmente preocupase caso sua economia promova a abertura econô mica preocupação justa visto que suas empresas não serão capazes de competir com as empresas estrangeiras Um segundo caso é justamente o contrário quando a sociedade de uma nação tecnologicamente mais avançada em que os trabalhadores ganham altos salários preocupase com o comércio com países menos avançados com salários mais baixos que derrubem seu padrão de vida INTRODUÇÃO À ECONOMIA INTERNACIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 18 Podemos dizer que mesmo que um país seja mais eficiente que o outro ambos podem ganhar com o comércio o mais eficiente ganha em produtividade e os produtores do país menos eficiente competem pagando salários mais baixos Destacamos que o comércio internacional permite aos países exportarem bens que foram produzidos com uso intensivo de recursos localmente abundantes exemplo de mão de obra fato este semelhante aos países em desenvolvimento Enquanto esses mesmos países importam bens com uso de recursos localmente escassos tecnologia geralmente esses bens são produzidos por países desenvolvi dos Dessa forma o comércio internacional permite que os países se especializem nos bens que os proporcionam melhor eficiência pois irá produzir com o fator produtivo que cada país possui abundantemente Devemos levar em conta que além do que comentamos sobre as disparida des o preço relativo do bem também influencia na hora da transação De acordo com Wessels 2003 dois países devem negociar sempre que os preços relati vos dos bens antes de uma abertura comercial forem diferentes Calculamos o preço relativo da seguinte forma preço relativo de A Pª Pb em que Pª é o preço do bem A e Pb o preço B do bem Vejamos um exem plo Se o bem A custa 12 e o bem B custa 6 o preço relativo do bem A é 2 Dessa forma é preciso abandonar duas unidades de B para se adquirir uma unidade de A Devemos observar que não importa o quanto os preços relativos são diferentes mas sim que sejam diferentes Essa digamos hipótese de preços relativos ocorre numa situação em que não houve abertura comercial pois quando se efetivar essa abertura os preços tendem a se igualar Podemos perguntar por que os preços relativos são diferentes entre as nações São três os motivos dessa diferença O primeiro é que há diferenças nos custos relativos da produção dos bens o segundo podese afirmar que é devido às diferenças nas preferências e o terceiro referese às diferenças de clima e recursos naturais Do que trata e qual a importância do Comércio Internacional Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 19 Devemos observar também que os ganhos do comércio internacional não são apenas oriundos das trocas de bens podemos considerar outros tipos de tran sações Exemplo disso é a migração assim como os empréstimos os quais são considerados como forma de comércio que resulta em benefício Nesse caso tro case trabalho por bens e serviços e trocamse bens atuais por promessa de futuro Além disso temse as trocas no mercado de capitais estes referemse a ati vos de risco tais como ações e títulos os quais podem beneficiar a medida que proporcionam a diversificação de riqueza e redução de variabilidade de rendas Destacamos a existência de um grupo de teóricos do comércio internacio nal o qual enfatiza que apesar dos benefícios oriundos dessa atividade há outro grupo que pode ser prejudicado considerando que o comércio internacional pode ter fortes efeitos sobre a distribuição de renda Eles apontam dois fatores preocupantes conforme Krugman 2005 O comércio internacional pode afetar negativamente os proprietários de recursos específicos para as indústrias que concorrem com importações O comércio também pode alterar a distribuição de renda entre grupos como de trabalhadores e o de proprietários de capital Portanto apesar dos ganhos obtidos do comércio internacional ainda há dis cussão sobre seus efeitos No entanto com o objetivo de suprir a necessidade da sociedade as transações comerciais são realizadas apostando que seus ganhos sejam maiores que seus efeitos negativos PADRÃO DE COMÉRCIO A discussão em torno do comércio internacional está mais focada nos efeitos cau sados por essa atividade No entanto há um viés que procura estudar o padrão do comércio ou seja quem vende o quê e para quem Essas são preocupações dos teóricos da área Por esse entendimento Krugman 2005 destaca que é simples de entender quando o clima e os recursos explicam as transações por exemplo o Brasil exporta café no entanto não é tão simples explicar o padrão de comércio no Japão INTRODUÇÃO À ECONOMIA INTERNACIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 20 o qual exporta automóveis e nos Estados Unidos que exporta aviões Veremos algumas respostas ao longo de nosso estudo porém podemos antecipar que o pensador David Ricardo procurou explicar o padrão do comércio em termo de diferenças internacionais na produtividade do trabalho E uma explicação mais alternativa num período mais recente relaciona o padrão do comércio a uma interação entre as ofertas relativas dos recursos nacionais ou seja capital tra balho e terra com o uso relativo desses fatores na produção de diferentes bens QUANTO COMÉRCIO PERMITIR Partindo do pressuposto de que os ganhos do comércio são mais importantes na economia internacional então resta saber quanto comércio permitir Vamos pen sar que desde o surgimento das naçõesEstado os governos têm se preocupado com os efeitos da concorrência internacional sobre a prosperidade das indús trias nacionais Por essa razão procuram uma forma de proteger tais indústrias da concorrência externa impondo limites à importação de bens ou subsidiando as exportações por exemplo Do âmbito político desde o período da Segunda Guerra Mundial os países avançados liderados pelos Estados Unidos procuraram uma ampla remoção de barreiras ao comércio internacional De acordo com Krugman 2005 p 4 essa política refletia a opinião de que o livre comércio era uma força não somente para a prosperidade mas também para promover a paz mundial E com isso novos acordos de livre comércio foram negociados a partir da década de 90 por exemplo o Acordo de Livre Comércio da América do Norte NAFTA entre o Canadá Estados Unidos e México E o importante acordo da Rodada do Uruguai que acabou por fundar a Organização Mundial do Comércio OMC Esse movimento de livre comércio trouxe novos adeptos para um grupo con trário a essa forma de acordo e ideias de globalização Esse grupo se preocupava com as ideias tradicionais do protecionismo Bem então quanto comércio permitir Um dos argumentos de quanto comércio permitir é fundamentado na ideia de preço relativo como argumenta Wessels 2003 p 463 Um país deve vender O Balanço de Pagamentos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 21 os bens que os outros valorizam com um maior preço relativo Um país deve comprar os bens que os outros países estão dispostos a vender a um menor preço relativo Compre barato venda caro Um outro argumento está em Krugman 2005 no qual dado os efeitos das políticas governamentais que afetam o comércio internacional devese analisar o custobenefício e definir critérios de intervenção do governo para o bom fun cionamento da economia No entanto destacamos que na vida real não é tão simples assim mesmo por que o fator determinante do comércio internacional são as políticas governamentais O BALANÇO DE PAGAMENTOS O balanço de pagamentos consiste em um registro contábil de todas as transações de um país com outros países Podemos ainda conceituar como sendo o registro dos pagamentos efetuados entre os residentes e os não residentes em determinado país Vamos detalhar um pouco mais o balanço registra toda movimentação que ocorreu num país com relação às atividades com outros países Essas ativida des podem ser de exportação importação seguro viagem frete movimentação financeira entre outras Agora definindo quem são os residentes de um país por exemplo no caso do Brasil são considerados residentes todas as pessoas que residam no país de forma permanente Além disso também são consideradas residentes aque las pessoas que exercem atividades assalariadas às autarquias e repartições do governo brasileiro no exterior aquelas que ingressaram no Brasil com visto per manente ou até mesmo temporário Definidos os conceitos iniciais vamos trabalhar um pouco mais sobre o balanço de pagamentos O referido balanço é um instrumento de contabilidade nacional e que registra a conta do agente no exterior das famílias das empresas não financeiras e governo e também das instituições monetárias e financeiras INTRODUÇÃO À ECONOMIA INTERNACIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 22 Um ponto importante de que devemos nos dar conta diz respeito à compra e venda de moeda estrangeira Essa transação também é registrada no balanço de paga mentos pois é por meio dela que se processam as trocas com o resto do mundo Bem no caso de compra de moeda estrangeira justificase para pagar a impor tação de mercadorias de outros países ou para pagamento de serviços prestados por estrangeiros a brasileiros ou ainda para que empresas estrangeiras instaladas no país enviem seus lucros aos países de origem Pode justificarse também para paga mentos de juros estrangeiros ou pagamentos de royalties e patentes a outras nações Em contrapartida a venda de moedas estrangeiras ocorre pelos exportadores que recebem como pagamento pelas firmas estrangeiras que estão se instalando no país ou mesmo filiais e precisam de moedas domésticas no caso reais ou pelas entidades que receberam empréstimos de outros países e precisam reali zar pagamentos em reais O balanço de pagamentos das contas nacionais é semelhante ao de um balanço empresarial ou seja segue o mesmo princípio das partidas dobradas Isso indica que para cada transação entre dois agentes são envolvidos dois fluxos em sen tido contrário sendo um de débito e outro de crédito Assim as compras de moeda estrangeira são registradas no lado esquerdo do balanço de pagamentos O Balanço de Pagamentos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 23 pois tratase de lançamentos a débito E as vendas de moedas estrangeira são registrados no lado direito do balanço de pagamentos indicando lançamento a crédito como mostra o esquema abaixo Do lado esquerdo Débito Compra de moeda estrangeira Do lado direito Crédito Venda de moeda estrangeira Lembrando que o balanço de pagamentos precisa estar em equilíbrio e para isso o montante de débito deve ser igual ao montante de crédito O balanço de pagamentos segue o padrão sugerido pelo Fundo Monetário Internacional FMI e é composto de duas categorias as transações correntes e movimento de capital e o grupo de contas que as compõem como se apresenta abaixo Transações correntes 1 Balança comercial representa o saldo líquido das exportações menos as importações de bens e serviços 2 Balança de serviços representa o saldo líquido das receitas e despesas em divisas externas com viagens ao exterior frete seguros serviços gover namentais entre outras 3 Transações unilaterais representam transações que não envolvem con trapartida por exemplo donativos privados e oficiais Movimentos de capitais 1 Investimentos estrangeiros líquidos 2 Empréstimos a médio e longo prazo 3 Empréstimos a curto prazo 4 Amortizações O balanço de pagamentos segue o mesmo padrão do balanço patrimonial empre sarial no entanto o primeiro referese às transações de um país com relação ao exterior As condições de equilíbrio ou desequilíbrio sendo o déficit ou superá vit são resultados ou saldo líquido de cada categoria mencionada acima Para melhor visualização do balanço de pagamentos segue a síntese de sua estrutura INTRODUÇÃO À ECONOMIA INTERNACIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 24 Quadro 1 Estrutura do balanço de pagamentos BALANÇO DE PAGAMENTOS 1 Balança comercial 11 Exportações 12 Importações 2 Balança de serviços 21 Transportes fretes seguros etc 22 Turismo e viagens internacionais 23 Rendas de capital remessa de lucros lucros reinvestidos e juros 24 Serviços governamentais 25 Diversos 3 Transferências unilaterais 4 Saldo do balanço de pagamentos em transações correntes 1 2 3 5 Movimento de capitais 51 Investimentos diretos 52 Reinvestimentos 53 Empréstimos e financiamentos 54 Amortizações de empréstimos 55 Capitais de curto prazo 56 Empréstimos de regularização 57 Outros capitais 6 Erros e omissões 7 Saldo total do balanço de pagamentos 4 5 6 8 Variação das reservas Fonte Paulani e Braga 2007 Grupo 1 Balança Comercial a balança comercial registra a movimentação de mercadorias ou seja de bens tangíveis Seu saldo é dado pela diferença entre vendas de mercadorias efetuadas pelo país ao exterior pode ser deficitá rio quando as importações forem maiores que as exportações e superavitário em casos contrários Grupo 2 Balança de serviços agrega as transações com intangíveis ou seja incluem as receitas e despesas com transportes as receitas e despe sas decorrentes de viagens internacionais as rendas de capital ou seja as O Balanço de Pagamentos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 25 remessas ou recebimentos de juros e lucros os gastos com representações diplomáticas e outros tipos de receitas e gastos como os relacionados com patentes e royalties Grupo 3 Transferências Unilaterais representam pagamentos ou recebimen tos sem contrapartida tais como doações de um país para outro a título de ajuda humanitária ou reparação de guerra Grupo 4 Saldo em transações correntes que é o somatório dos resultados dos três grupos anteriores Grupo 5 Movimento de capitais ou balanço de capitais registra as transações envolvendo investimentos empréstimos e financiamentos entre países Grupo 6 Erros e omissões é calculado para tornar nulo o resultado do balanço de pagamentos Grupo 7 Saldo no total no balanço de pagamentos mostra o resultado que o país obteve no período portanto é a apuração do resultado a partir de suas ope rações correntes Se o saldo é positivo o país ao longo de suas operações de compra e venda de bens e serviços acumulou divisas ou seja produziu mais desses recursos do que deles necessitam Assim ou o país utilizou esse superávit para realizar investimentos na economia ou concedeu empréstimos Grupo 8 A conta de variação das reservas demonstra o resultado Conforme Paulani 2007 é por meio do balanço de pagamentos que pode se dizer se em face de um déficit em seu balanço de pagamentos em conta corrente um país pode tentar obter os recursos que faltam por meio de ope rações de investimento empréstimos ou financiamentos ou mesmo a partir dos capitais de curto prazo O resultado desse esforço que vai determinar se o país vai ganhar ou perder reservas no período ou ainda se terá ou não de pedir auxílio a instituições como o FMI ou simplesmente não honrar os compromissos INTRODUÇÃO À ECONOMIA INTERNACIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 26 DETERMINANTES DA TAXA DE CÂMBIO Conheceremos as taxas de câmbio e como elas atuam no comércio mundial Então temos por definição que taxa de câmbio é o preço de uma moeda estran geira medido em unidade da moeda nacional Aprimorando o conceito a taxa de câmbio é o preço de uma moeda por outra A moeda considerada hegemô nica ou seja moeda dominante é o dólar Sendo assim se o Brasil deseja vender soja para os Estados Unidos é neces sário converter o preço da soja em dólares Essa medida é a taxa de câmbio em que se cada dólar custar R 100 o preço do quilo de soja em reais é de R 400 e em dólar será de US 400 A taxa de câmbio reflete o custo de uma moeda em relação à outra Normalmente as cotações apresentam taxas diferenciadas para a compra e para a venda A taxa de câmbio é influenciada pela oferta e pela demanda de divisas isto é pela oferta e demanda da moeda estrangeira em um determinado país Nesse caso temos de um lado os ofertantes de divisas que são os exportadores ou seja Determinantes da Taxa de Câmbio Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 27 os que recebem em troca de suas vendas moedas estrangeiras que não podem ser utilizadas no país e que necessitam ser trocadas por moeda nacional por tanto precisam convertêlas Por outro lado temos a demanda de divisas ou seja os importadores que necessitam de moeda estrangeiras para efetuar suas compras em outros países No entanto devese levar em consideração os efeitos psicológicos da oferta e demanda Por exemplo se a taxa de câmbio for muito alta muitos produto res desejam exportar mais e a oferta de dólares será muito grande Vejamos um exemplo para melhor ilustração Taxa de câmbio R por dólar Preço da Soja em dólares Preço da Soja em reais Resultado 200 400 800 Exportar mais 100 400 400 Exportar menos Tabela 1 Demonstração de conversão da taxa de câmbio Fonte adaptado de Montoro Filho 1998 Conforme a Tabela 1 podemos perceber que quanto maior a taxa de câm bio maior será o volume que as firmas desejam exportar e no caso contrário quanto menor a taxa de câmbio menor o volume que as firmas desejam expor tar Lembrando que a oferta de divisas depende das exportações sendo assim quanto maior a taxa de câmbio maior a oferta de divisas e quanto menor a taxa de câmbio menor será a oferta de divisas Vale lembrar que estudamos até aqui os determinantes da taxa de câmbio no mercado no entanto há ambientes que são conhecidos como regimes cam biais que diferem em seus modelos e em cada país No caso que apontamos as taxas de câmbio são determinadas pelo mercado mas nem sempre é tão simples assim e há vários motivos pelos quais é necessário a intervenção do governo na fixação das taxas de câmbio Um primeiro motivo referese à elasticidade da demanda e da oferta ou seja se as variabilidades das divisas forem muito pequenas podem provocar gran des alterações na taxa de câmbio O segundo motivo a favor da intervenção do governo na taxa de câmbio é a especulação INTRODUÇÃO À ECONOMIA INTERNACIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 28 Conceituando a especulação podemos dizer que referese à tomada de deci sões baseandose em perspectivas sobre a evolução do mercado Sendo assim caso se acredite que amanhã a taxa de câmbio será maior que a taxa de câmbio de hoje é conveniente comprar dólares hoje e vender amanhã Esse é um fenômeno de mercado e pode provocar variações nos preços ou ainda às vezes estabilizá los ou seja consegue fazer com que os preços não variem muito Outro ponto a considerar sobre a taxa de câmbio diz respeito à valorização apreciação e desvalorizaçãodepreciação Já ouvimos principalmente na década de 90 sobre esses conceitos a respeito do câmbio brasileiro Então o que isso significa Bem dizemos que um câmbio foi desvalorizado quando precisamos de um número maior de reais por unidade de moeda estrangeira Nesse caso ocorreu um aumento na taxa de câmbio causando a desvalorização Em contrapartida uma valorização cambial indica que a moeda doméstica está mais forte e preci samos de menos reais para pagar por unidade de moeda estrangeira Nesse caso ocorreu uma queda na taxa de câmbio Cabe salientar que os termos valorização apreciação e desvalorizaçãodepreciação são utilizados para as mesmas situações A taxa de câmbio está relacionada com os preços dos produtos exportados ou importados Então ela pode estimular ou desestimular as exportações con forme o patamar da referida taxa Taxa de câmbio R US Unidades Vendidas Preço da Soja em US Faturamento em US Faturamento em R 200 1000 5000 50000 100000 Com câmbio desvalorizado em 10 250 1000 5000 50000 125000 Tabela 2 Desvalorização da taxa de câmbio Fonte Vasconcellos 2004 Conforme o exemplo podemos verificar o efeito de uma desvalorização da moeda doméstica isto é precisamos de mais reais para pagar a mesma quantidade de dólar No quadro anterior verificamos uma desvalorização de 10 e a taxa de câmbio subiu para 250 reaisUS e vendendo a mesma quantidade que agora passa a valer 125000 reais o que proporciona ao exportador vender mais e con sequentemente aumenta a oferta de divisas Determinantes da Taxa de Câmbio Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 29 Do lado do importador a situação não é a mesma pois os preços dos produ tos importados aumentaram em moeda nacional Isso provoca um desestímulo à importação e consequentemente uma queda na procura por divisa Além dos estímulos ou desestímulos à atividade de exportaçãoimportação podemos elencar outros efeitos relacionados à valorização ou desvalorização No caso de uma valorização da moeda doméstica frente ao dólar considerando o Brasil os brasileiros passam a importar mais e com isso aumenta a compe titividade do produto nacional e importado Nesse caso a valorização permite ancorar os preços internos e reduzir a taxa de inflação Isso acontece porque os empresários são desestimulados a aumentar os preços Devemos considerar as desvantagens de uma valorização Nessa condição os setores que não estiverem preparados para competição externa sofrerão com a queda de suas vendas Outro ponto é que os exportadores também são preju dicados pois os preços dos produtos nacionais no mercado internacional ficam mais caros Além disso pode ocorrer um déficit na balança comercial em razão da diminuição das exportações e aumento das importações Em contrapartida em uma desvalorização os produtos importados ficam mais caros A importação de alguns produtos considerados supérfluos será reduzida no entanto há produtos necessários para o Brasil que ficam mais caros Essa situação pode ocasionar aumento dos custos de produção gerando a chamada inflação de custo Em suma conhecer a taxa de câmbio e sua importância para a economia internacional é de extrema relevância pois é um instrumento necessário nas transações comerciais e financeiras Para conhecer as conversões de uma moeda para outra acesse o link indica do Assim você poderá simular diversas situações de trocas de moedas ou seja irá conhecer as diferentes cotações httpwwwbcbgovbrTXCAMBIO Fonte a autora INTRODUÇÃO À ECONOMIA INTERNACIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 30 A COORDENAÇÃO INTERNACIONAL DE POLÍTICAS Então podemos pensar o que é coordenar A resposta é possuir capacidade de clas sificar elementos diferentes com a finalidade de alcançar um determinado objetivo No nosso caso o objetivo é coordenar as políticas dada sua importância internacional A economia internacional é ampla e compreende nações soberanas isto é exerce seu poder e autoridade suprema Sendo assim todas as nações são livres para escolher suas políticas Entretanto nem sempre a decisão de políticas de um país é boa para outro Assim conforme o exemplo destacado por Krugman 2005 o Banco Central da Alemanha elevou as taxas de juros em 1990 com o intuito de controlar o impacto inflacionário essa medida contribuiu para ante cipar uma recessão no restante da Europa Ocidental Como isso pode ser explicado Podemos justificar com as diferenças nos obje tivos entre países que levam a conflitos de interesse Destacamos que um problema fundamental na economia internacional é como produzir um grau aceitável de harmonia entre o comércio internacional e as políticas fiscalmonetáriacambial de países diferentes sem um governo único que possa orientar sobre o que fazer A Coordenação Internacional de Políticas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 31 Para amenizar as diferenças e promover uma melhor coordenação entre os países foram criados os organismos internacionais que contribuem para o melhor funcionamento das decisões Os organismos internacionais surgiram por volta da metade do século XX tendo seu papel ampliado em virtude da integra ção global A finalidade desses organismos internacionais é promover a ordem das relações internacionais e influência política Possuem também o papel de elaboração e regulação de normas que resultam em acordos entre os países Os principais organismos internacionais são A Organização das Nações Unidas ONU é considerada o mais impor tante organismo internacional pois reúne praticamente todas as nações do mundo Ela surgiu ao final da Segunda Guerra Mundial 19391945 em substituição à antiga Liga das Nações e objetiva promover a paz e a segurança mundial A principal função decisória da ONU é o Conselho de Segurança A Organização Mundial do Comércio OMC é o organismo internacional responsável por legislar e acompanhar as transações econômicas e comer ciais realizadas entre diferentes países Objetiva promover a liberalização mundial do comércio visando combater as práticas ilegais de comércio O Fundo Monetário Internacional FMI é uma organização financeira responsável por garantir a estabilidade econômica internacional Ele é composto por 187 países e foi criado em 1944 na Conferência de Bretton Woods Seu funcionamento basicamente ocorre por meio do gerencia mento e concessão de empréstimo para aqueles países que o solicitam Banco Mundial BM criado em 1945 na Conferência de Bretton Woods juntamente ao FMI É uma organização financeira vinculada à ONU mas que possui a sua própria autonomia Atualmente seu objetivo passou a ser o de conceder empréstimos a países da Ásia África e Américas A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico OCDE é uma instituição atualmente composta por 34 países Seu objetivo é fomentar e incentivar ações de desenvolvimento econômico de seus paí sesmembros além de medidas que visem à ampliação de metas para o equilíbrio econômico mundial e melhorem as condições de vida e os índi ces de renda e emprego O Brasil não é um membro dessa organização INTRODUÇÃO À ECONOMIA INTERNACIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 32 Os organismos internacionais desempenham um papel importantíssimo na economia mundial Suas políticas estão muitas vezes em defesa de uma política comercial Países se utilizam do protecionismo para proteger sua economia de concorrência externa Essas medidas protecionistas podem ocorrer por meio de tarifas ou barreiras ao comércio O momento em que surgiu a maior parte desses organismos internacionais foi com a liberalização do comércio pósguerra Nessa época a negociação inter nacional alcançada foi que os governos concordaram em promover redução de suas tarifas Esses acordos resultaram em menor proteção às indústrias nacio nais Esse vínculo contribuiu para compensar algumas dificuldades políticas que países insistiam a relutar com relação à política comercial Conforme Krugman 2005 há dois motivos considerados como vantagem de negociação O primeiro é que o acordo mútuo ajuda a atrair apoio para um comércio mais livre O segundo é que tais acordos sobre o comércio ajudam o governo a não entrar em guerras comerciais destrutivas Para melhor ilustrar vamos utilizar o exemplo mostrado em Krugman 2005 supondo que haja somente dois países sendo eles Estados Unidos e Japão E esses países contam com apenas duas opções de política econômica livre comércio ou proteção Imaginemos que os governos de ambos os países são objetivos e capazes de atribuir valores numéricos para a satisfação de cada política Sendo assim o quadro abaixo mostra os valores atribuídos a cada opção de política Estados Unidos Japão Livre comércio Proteção Livre comércio 10 10 10 20 Proteção 20 10 5 5 Tabela 3 O problema de guerra comercial Fonte Krugman 2005 Podemos observar que conforme a tabela os valores dos ganhos estão funda mentados em dois pressupostos A Coordenação Internacional de Políticas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 33 1 Supondo que cada país escolhera a proteção se soubesse não influenciaria na escolha do outro país De forma mais clara qualquer que seja a polí tica escolhida pelo Japão o governo dos Estados Unidos sairá ganhando se proteger suas indústrias 2 Mesmo que cada governo agindo individualmente saísse ganhando com a proteção ambos se beneficiariam se tivessem escolhido o livre comércio Alguns pontos a considerar no exemplo os governos devem agir não apenas no interesse político mas também em seu próprio interesse político Os Estados Unidos têm mais a ganhar com a abertura dos mercados japoneses do que têm a perder com a abertura dos seus próprios mercados e viceversa Então se cada país optar pela decisão que for melhor para si cada governo escolherá a proteção Esse resultado é mostrado no quadrante inferior direito da tabela Em contrapartida se nenhum escolher a proteção ambos sairão ganhando Esses resultados estão no quadrante superior esquerdo Concluímos com esses resultados que os governos agindo unilateralmente deixam de obter ganhos E se cada país decidir proteger seus mercados promo verá uma guerra comercial que prejudicará a todos Esse foi um exemplo de que muitos países estão dispostos a proteger seus mercados Também observamos que a ilustração sugere uma coordenação de polí ticas comerciais internacionais o que acontece por meio de acordos comerciais Enfim os organismos internacionais são atores fundamentais para estabe lecer a ordem e a coordenação internacional de políticas em papel importante nas negociações comerciais Para conhecer a organização mundial do comércio OMC seu surgimento seus objetivos concessões acordos e outros funcionamentos acesse o link httpwwwmdicgovbrindexphpcomercioexteriornegociacoesinter nacionais805omcorganizacaomundialdocomercio Fonte a autora INTRODUÇÃO À ECONOMIA INTERNACIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 34 O MERCADO INTERNACIONAL DE CAPITAIS Vamos estudar sobre o mercado internacional de capitais Semelhante e tão importante quanto o mercado de bens e serviços o referido mercado apresenta problemas que demandam atenção O mercado internacional de capitais deve cumprir regulamentações espe ciais que diversos países impõem ao investimento estrangeiro As normas para essa atividade existem com a finalidade de exercer certo controle no capital estrangeiro que entra no país e além disso devese considerar os riscos nos quais estão inseridos Um dos riscos a ser considerado no mercado internacional de capitais refe rese à flutuação da moeda que pode resultar em perda de capital por exemplo se o euro cai em relação ao dólar os investidores norteamericanos que compra ram títulos em euro sofrem uma perda do capital Outro risco a ser considerado é a inadimplência da nação Nesse caso uma nação pode recusarse a pagar suas dívidas e pode ainda não haver nenhuma maneira eficaz para que seus credores levem a referida nação aos tribunais O Mercado Internacional de Capitais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 35 Então podemos dizer que em qualquer economia existe o mercado de capi tais e que neste exigese um conjunto de arranjos ou alguma coordenação para que os indivíduos e as firmas troquem dinheiro por promessas de pagamento no futuro a partir de dois momentos 1 O crescimento do comércio internacional foi acompanhado pelo mer cado internacional de capitais na década de 60 2 As nações do Oriente Médio ricas em petróleo investiram renda oriunda desse produto nos principais bancos banco de Londres ou de Nova York E esses bancos emprestaram dinheiro a governos e empresas na Ásia e na América Latina Cabe salientar que o mercado internacional de capitais não é único mas é um grupo de mercado que está interligado com a finalidade de trocas envolvendo produtos serviços e ativos Para que essas negociações sejam transacionadas são necessárias as transações no mercado de câmbio para as trocas das moedas Os principais parti cipantes do mercado de capitais são bancos comerciais grandes firmas instituições financeiras não bancárias bancos centrais agentes do governo entre outros Conforme Krugman 2005 a maior parte das negociações no mercado internacional de capitais resultam em trocas entre residentes de vários países baseadas em três categorias troca de produtos ou serviços por produtos ou ser viços trocas de produtos ou serviços por ativos e trocas de ativos por ativos A Figura 1 mostra as categorias de transações considerando dois países e os gan hos diferentes possíveis de comércio BENS E SERVIÇOS ATIVOS ATIVOS BENS E SERVIÇOS Figura 1 Os três tipos de transações internacionais Fonte Krugman 2005 INTRODUÇÃO À ECONOMIA INTERNACIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 36 Na primeira situação mencionada percebemos que o ganho do país está con centrado nas atividades de produto e parte do que é produzido utiliza para pagamento das importações A segunda situação mostra um ganho referente ao ganho intertemporal isto é a troca de produtos e serviços por produtos e servi ços futuros ou seja ativo A última situação envolve a troca de ativos por ativos por exemplo a troca de um imóvel localizado em um país por títulos do tesouro de um outro país Dessa forma podemos concluir que as categorias de trocas são benéficas aos países envolvidos pois movimentam grande volume de comércio Enfim o mercado de capitais internacionais é tão importante quanto o mer cado de bens e serviços Salientando que em ambos os mercados há exigências as quais os países devem respeitar para que haja o bom funcionamento do mer cado internacional De acordo com a Figura 1 a seta horizontal superior mostra a troca de bens e ser viços entre o país local e estrangeiro As setas diagonais indicam a troca de bens e serviços por ativos A seta horizontal inferior indica troca de ativos por ativos Como seria a vida das pessoas se não houvesse a possibilidade de troca de produtos capitais A transnacionalização do capital é um artigo que mostra como as firmas evoluíram do seu espaço econômico para a internacionalização produtiva Trata das trocas internacionais à transnacionalização do capital Para saber mais acesse o artigo indicado httpwwwscielobrpdfraev20n1v20n1a06pdf Fonte a autora Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 37 Chegamos ao final de nossa unidade com conhecimentos adquiridos sobre a importância do comércio internacional bem como os principais elementos que contribuem para dinamizar esse comércio como a taxa de câmbio o balanço de pagamentos que serve de controle das transações para um país as decisões que devem ser tomadas de forma coordenada para evitar efeitos negativos ao comércio Assim esperamos que tenham aproveitado o aprendizado e desejamos ótimo estudo a todos CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao final da unidade e com o conhecimento básico sobre a economia internacional Estudamos os elementos do comércio que compõe a economia global sendo o produto serviço e mercado Vimos que o comércio é benéfico resultante de ganhos mesmo quando se negocia com países de disparidade eco nômica Nesse caso observamos que o país desenvolvido pode trocar o que de melhor dispõe sendo este a tecnologia enquanto o menos desenvolvido troca sua mão de obra que há em abundância Estudamos que com o comércio internacional é necessário que o país uti lize um instrumento chamado de balanço de pagamentos para controlar suas transações com o exterior Vimos que no comércio internacional é necessário realizar os pagamentos em moeda aceitável que no caso corresponde ao dólar que é a moeda de transação Para isso o exportador ou importador em algum momento para comprar e vender terá de converter a moeda doméstica em dólar Essa conversão é chamada de taxa de câmbio que nada mais é do que o preço da moeda estrangeira pela doméstica O comércio internacional é um mercado global no qual países de diferen tes economias se negociam entre si No entanto estudamos que uma decisão de política doméstica pode afetar o outro país E nesse caso conhecemos a coorde nação de políticas econômicas internacionais a coordenação procura minimizar os efeitos dessa política em outros países e também harmonizar as negociações INTRODUÇÃO À ECONOMIA INTERNACIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 38 Por fim conhecemos um mercado semelhante ao de bens e serviços que é o mercado de capitais Esse mercado mostra a importância dos fluxos internacio nais de capitais tanto para o setor produtivo quanto para o mercado financeiro Vimos também que esse mercado apresenta vários riscos a seus participantes que vão desde a perda do capital em decorrência de uma alteração na moeda estrangeira nesse caso quando há investimentos atrelados a uma outra moeda até o risco de inadimplência de uma nação nesse caso o país pode decretar moratória e recusarse de pagar suas obrigações E assim chegamos ao final desta unidade e desejo um ótimo estudo 39 1 O comércio internacional é uma subárea da economia e estuda os motivos e o comportamento dos indivíduos que os levam a transacionar no comércio internacional ou mesmo comercializar domesticamente Sobre os argumentos para o comércio internacional assinale a alternativa correta a O Comércio é benéfico de forma unilateral b Quanto mais baratas as importações melhor para o país c As entradas não se igualam às saídas de moedas d As exportações indicam um país ineficiente e As importações são melhores quando superam as exportações 2 A percepção de que o comércio internacional promove ganhos baseados na troca de serviços orienta as transações no comércio internacional Sobre o co mercio internacional analise as afirmativas a seguir I O comércio internacional permite que os países se especializam nos bens II Há ganhos mesmo que as nações tenham diferenças em produtividade ou mesmo salário III Dois países devem negociar sempre que os preços relativos dos bens forem iguais IV O comércio internacional permite que os países exportem bens com uso in tensivo de recursos localmente abundantes enquanto importam bens com uso de recursos localmente escassos É correto o que se afirma em a I e II apenas b II e III apenas c I apenas d II e IV apenas e I II III e IV 3 O balanço de pagamentos tratase de um instrumento obrigatório que toda nação deve ter para controlar suas transações financeiras e comerciais Sobre o balanço de pagamentos assinale a alternativa correta a A compra e venda de moeda estrangeira não precisa ser registrada no ba lanço de pagamentos b O balanço de pagamentos segue o padrão diferente ao sugerido pelo Fun do Monetário Internacional FMI 40 c As transações de caráter humanitário não devem ser registradas no balanço de pagamentos d O balanço de pagamentos das contas nacionais é semelhante ao de um ba lanço empresarial ou seja segue o mesmo princípio das partidas dobradas e As compras de moeda estrangeira são registradas no lado direito do balan ço de pagamentos 4 A taxa de câmbio é o preço de uma moeda estrangeira medido em unidade da moeda nacional Sobre taxa de câmbio assinale a alternativa correta a A taxa de câmbio é influenciada pela oferta e pela demanda de divisas b Se a taxa de câmbio for muito alta muitos produtores desejarão exportar menos c Uma desvalorização da taxa de câmbio implica em aumento das importações d O governo faz intervenções diárias na taxa de câmbio e Variações pequenas de divisas não provocam alterações de câmbio 5 O mercado internacional de capitais é semelhante e tão importante quanto o mercado de bens e serviços Sobre o mercado internacional de capitais assina le a alternativa correta a Não há normas para a atividade de capitais internacionais ao ingressarem no país b Os riscos na atividade de capitais internacionais são mínimos quase inexisten tes c Para que essas negociações sejam transacionadas são necessárias as transa ções no mercado de câmbio para as trocas das moedas d A maior parte das negociações no mercado internacional de capitais resulta em trocas entre residentes de um mesmo país e O mercado internacional de capitais deve cumprir regulamentações espe ciais que diversos países impõem ao investimento estrangeiro 41 O SISTEMA MONETÁRIO E FINANCEIRO INTERNACIONAL CONTEMPORÂNEO O Sistema Monetário Internacional SMI que emergiu após o colapso do acordo de Bretton Woods também se baseou no com promisso de manutenção de uma moeda chave ou seja no dólar Outros traços importantes desse SMI contemporâneo são o regime de câmbio flutuante e a livre mobilidade de capitais A posição do dólar como principal moeda internacional nas transações econômicas aconteceu basicamente pelo grande poder financeiro dos Estados Unidos em âmbito mundial A atual hegemonia financeira dos EUA foi reforçada inicialmente pelo choque das taxas de juros de 1979 que consoli dou a política norteamericana conhecida como dólar forte bem como a desre gulamentaçãoliberalização financeira implementada no final dos anos de 1970 com o novo regime de nãosistema Logo todo o antigo questionamento em relação à confiabilidade do dólar observado durante a falência de Bretton Woods se tornou subjacente às novas exigências mundiais nesse novo período e o dólar passou a cumprir o papel de moeda financeira de origem pública sendo assim o denomi nador comum da riqueza financeira global TAVARES 1997 p 59 96 Essa atual situação da moeda nortea mericana é um tanto quanto singular e diferente da antiga posição que esta ocu pava durante o sistema de Bretton Woods Atualmente o dólar americano deixou de estar vinculado diretamente ao ouro Logo o Estado norteamericano possui uma maior autonomia de política como emis sor da moedachave sofrendo esta apenas com as variações das taxas de juros básicas que influenciam decisivamente a direção dos fluxos internacionais de capital Ou seja ao se liberar as amarras da conversibili dade direta da moeda ao ouro os Estados Unidos passaram a cometer déficits comer ciais sucessivos gerando uma incerteza constante em relação às taxas de juros e de câmbio norteamericanas que dada a sua posição central no sistema financeiro inter nacional acaba projetandose aos demais países centrais e periféricos Dessa conjun tura resultase uma cadeia sistêmica de incertezas e crises internacionais cíclicas GONÇALVES 1997 p 298312 Além das inseguranças geradas em rela ção à moedachave internacional dólar encontramos no SMI contemporâneo uma das principais características que compõe a conjuntura econômica internacional o regime de câmbio flutuante Essa tendên cia de um aumento na flexibilidade cambial constitui uma consequência inevitável da crescente mobilidade de capitais Nesse contexto de câmbio flutuante e regime de livre mobilidade de capitais não há uma estabilidade das taxas de câmbio em nível mundial com a consequente eli minação dos desequilíbrios das balanças de pagamentos como propagavam os defensores desse nãosistema financeiro após Bretton Woods Muito pelo contrá rio esse novo contexto implicou em uma extrema volatilidade das taxas de câmbio e de juros BELLUZZO 1995 p 151193 42 Toda essa imprevisão na determinação das taxas cambiais acaba por gerar especula ções nos mercados de câmbio e nos fluxos de capitais em curto prazo o que acentua ainda mais a fragilidade e a instabilidade do sistema financeiro contemporâneo BELLU ZZO 1995 p 151193 A globalização financeira que se consoli dou ao longo dos anos de 1980 com os respectivos processos de liberalização e ou desregulamentação financeira aumen tou a importância dos mercados de capitais visàvis o mercado de crédito bancário aprofundando assim a nova lógica de investimento dos agentes econômicos que passaram cada vez mais a adquirir um cará ter especulativo A partir desse raciocínio os investimentos passaram a não ser mais reali zados mediante a capacidade de se produzir em um fluxo de rendimento capitalizados à taxa de juros correntes mas sim em função do ganho de capital a partir da expectativa de variação do valor de mercado do ativo de curto prazo Assim os agentes econômicos empresas famílias e até mesmo os bancos nas suas decisões de alocação de riquezas passaram a ser guiados predominantemente pela lógica especulativa procurando prever a psicologia do mercado Desse modo o sis tema financeiro contemporâneo tornouse débil e imprevisível PRATES 2008 Os investimentos de portfólio compras e vendas de ações e títulos transfronteiriços também caracterizam o atual SMI globa lizado estando também intrinsecamente ligados à lógica especulativa dos merca dos cambiais e a deterioração do controle de capitais os investimentos de por tfólio procuram otimizar globalmente seus rendimentos financeiros líquidos mediante operações que visam antecipar as variações dos preços dos ativos nos diferentes mer cados CINTRA 1997 No entanto esses luxos de portfólio men cionados por Cintra 1997 não dizem respeito somente à atuação de agentes institucionais mas os Bancos e as empre sas transnacionais são agentes igualmente protagonistas nesse mercado internacional de capitais As instituições bancárias tive ram um papel fundamental na expansão desse tipo de mercado sendo as principais responsáveis pela transferência de recursos entre agentes deficitários e superavitários No mercado internacional de capitais os bancos atuam diretamente comprando e vendendo securities administrando cartei ras de grandes investidores internacionais e estruturando operações financeiras GUTT MANN 1996 p 5996 De uma forma geral o atual sistema finan ceiro internacional apesar de permitir maior margem de manobra para a adoção de políticas econômicas menos restritas e proporcionar uma maior rapidez dos luxos de capitais o que favorece a ampliação do comércio internacional bem como todos os benefícios também gerados pela glo balização ele ainda está inserido em uma lógica de constante deterioração aumen tando assim as assimetrias dos mercados financeiros contemporâneos Toda a lógica especulativa comentada anteriormente tem implicado na formação de bolhas espe culativas e posteriores colapsos de preços Gerase desse modo uma extrema vola tilidade dos luxos recentes de capitais o que afeta de modo significativo todos os países em desenvolvimento KRUGMAN 2005 p 423425 Fonte Ferreira 2012 Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Economia internacional Paul R Krugman e Maurice Obstfeld Editora Pearson Sinopse o livro objetiva explicar a economia mundial a partir dos avanços e importantes contribuições da economia internacional Para isso o livro aproxima a teoria da prática sem omitir as percepções teóricas e históricas Sistema Financeiro Internacional uma perspectiva histórica econômica Antonio Portugal Duarte Editora Actual Sinopse o livro faz uma análise do sistema fi nanceiro internacional desde o padrão ouro até a criação da moeda única com a criação da União Europeia Command ing Heights The battle for the world economy Ano 2012 Sinopse o documentário mostra de forma muito interessante a batalha entre os ideais de Keynes Hayek e Marx e como os políticos do século XX e XXI incorporaram suas doutrinas O objetivo central é elucidar com a globalização o comércio mundial o desenvolvimento econômico os valores e as teorias coevoluíram nas últimas décadas para determinar o estado atual da economia global Não deixe de conferir REFERÊNCIAS KRUGMAN P R OBSTFELD M Economia Internacional teoria e política 5 ed São Paulo Makron Books 2005 PAULANI L M BRAGA M B A nova contabilidade social uma introdução à ma croeconomia 3 ed São Paulo Saraiva 2007 FERREIRA V C Sistema financeiro internacional fracassos e necessidades de rees truturação macroeconômica Revista Aurora Marília v 5 n 1 p 157168 janjun 2012 MONTORO FILHO A Teoria monetária In VASCONCELOS M A PINHO D B Orgs Manual de Economia 6 ed São Paulo Saraiva 1998 WESSELS W Economia 2 ed São Paulo Saraiva 2003 GABARITO 45 1 B 2 D 3 D 4 A 5 E UNIDADE II Professora Dra Luciane Cristina Carvalho COMÉRCIO MUNDIAL UMA VISÃO GERAL Objetivos de Aprendizagem Compreender o modelo gravitacional e o papel fundamental do comércio internacional Entender melhor sobre as organizações internacionais e os acordos que existem bem como a sua importância Saber o conceito de globalização e suas diferenças do passado para os dias de hoje Apreender o funcionamento das transações internacionais e o que geralmente é negociado no mercado mundial e suas transformações Visualizar a evolução do Brasil no mercado internacional bem como saber quais são os seus principais parceiros comerciais Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Quem negocia com quem As fronteiras e os acordos comerciais Globalização Passado e Presente O padrão mutante do comércio O Brasil e o comércio internacional Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 49 INTRODUÇÃO Caroa alunoa seja bemvindo à Unidade II de estudo Estamos avançando nosso estudo sobre a Economia Internacional Essa é uma área do conhecimento que é atual e sempre está em pauta de discussões e em modificação além do comércio internacional ser muito importante para os países A existência do comércio internacional propicia às nações o aproveitamento de suas aptidões empregando os recursos na produção daqueles bens com custos relativamente mais baixos e as trocas por bens com custos relativamente maio res Dessa forma os países produzem e trocam entre si uma maior variedade e quantidade de bens que seriam menores de custos elevados caso cada país ten tasse ser autossuficiente Nesta unidade iremos analisar os motivos que levam os países a comer cializarem uns com os outros verificar os benefícios e os custos do comércio internacional além de verificar algumas políticas que incentivam ou restringem o comércio entre os países Estudaremos também como ocorrem as transações comerciais e a estru tura do comércio internacional que está em constante modificação pois como enfatizam alguns estudiosos as últimas décadas foram marcadas pelo aumento da produção mundial e das trocas internacionais e também por alterações nos tipos de bens que compõem o comércio entre os países Além disso vamos destacar proximidade territorial como forma de ampliar o comércio por meio de algum acordo de comércio Como acontece com o Acordo de Livre Comércio NorteAmericano NAFTA de que os Estados Unidos da América Canadá e México fazem parte acordo este que garante que a maioria dos bens comercializados entre esses três países não esteja sujeita a tarifas ou outras barreiras ao comércio internacional além de outros espalha dos pelo mundo Desejo um ótimo estudo a você COMÉRCIO MUNDIAL UMA VISÃO GERAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 50 QUEM NEGOCIA COM QUEM Conforme Appleyard Field e Cobb 2010 o mundo encontrase menor a cada dia e isso não está relacionado somente a melhorias no transporte e comuni cações mas também ao aumento do comércio internacional para a compra de bens serviços e de ativos financeiros Ainda nas ideias desses autores esse fenô meno não é recente desde os tempos antigos o comércio era importante para os egípcios gregos romanos e fenícios e mais tarde para a Espanha Portugal Holanda e Inglaterra De maneira geral todas as grandes nações que eram influen tes no passado também eram grandes comerciantes A importância do comércio e das finanças internacionais para a saúde econômica e para o padrão de vida dos países está cada vez mais visível É possível perceber esses sinais ao nosso redor pois sempre que compramos algum produto é possível perceber que foram feitos em diversos lugares do mundo isto é alguns componentes que são utilizados na fabricação de outro produto podem ter sido fabricados em outro país e montados em um terceiro país por exemplo Quem Negocia com Quem Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 51 Vale destacar que na prática alguns fatores determinam quem negocia com quem Um seria o tamanho da economia conhecido como o modelo de gra vidade ou modelo gravitacional ou seja há uma forte relação empírica entre o tamanho da economia de um determinado país e o volume da sua corrente de comércio soma das exportações e importações KRUGMAN OBSTFELD MELITZ 2015 Economistas ao estudarem o comércio internacional descobri ram uma equação que prevê com certa precisão o volume do comércio entre dois países conforme segue Tij A x Yi x Yj Dij Em que A é um termo constante Tij é o valor do comércio entre o país i e o país j Yi é o PIB do país i Yj é o PIB do país j Dij é a distância entre os dois países Dito de outro modo o valor do comércio entre esses dois países será propor cional ceteris paribus do latim significa tudo o mais mantido constante ao produto do PIB dos dois países e diminui com a distância entre eles A apresentada é conhecida como modelo de gravidade do comércio inter nacional Conforme Krugman Obstfeld e Melitz 2015 p 10 a razão para esse nome é uma analogia à Lei de Newton da gravidade assim como a atração gra vitacional entre dois objetos é proporcional ao produto das suas massas e diminui com a distância o comércio entre dois países é sendo as outras variáveis iguais proporcional ao produto de seu PIB e diminui com a distância De maneira geral os economistas realizam uma estimação do modelo gra vitacional da seguinte forma Tij A x Yi a x Yj b Dij Essa equação nos diz que os três parâmetros que determinam o volume do comér cio entre dois países são o tamanho do PIB desses dois países e a distância entre eles sem assumir especificamente que o comércio seja proporcional aos produ tos desses dois PIBs e inversamente proporcional à distância a b e c foram escolhidas para se encaixar o mais próximo dos dados reais Se os valores de a b e c forem todos iguais a um a segunda equação ficaria igual a primeira COMÉRCIO MUNDIAL UMA VISÃO GERAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 52 A modelagem gravitacional funciona porque as grandes economias tendem a importar mais devido ao seu nível de renda ser maior além de atrair gastos de outros países pois produzem uma grande quantidade e variedade de produ tos Então como as demais variáveis do comércio são iguais ceteris paribus o comércio entre quaisquer duas economias será maior quanto maior forem essas economias Vale destacar conforme bem colocado por Krugman Obstfeld e Melitz 2015 que um dos principais usos da modelagem gravitacional é que ela nos ajuda a identificar anomalias no comércio normalmente quando o comércio entre dois países é muito diferente do que o modelo estimou os economistas procuram uma explicação Geralmente as respostas estão na afinidade cultural custos de transporte e a geografia O comércio internacional tem um papel fundamental ele torna possível para cada país produzir uma variedade restrita de mercadorias e tirar proveito de eco nomias de escala sem realizar um sacrifício de variedade no consumo Então economias de escala geram um comércio internacional mutuamente benéfico pois cada país irá se especializar em produzir produtos em que sejam mais efi cientes na sua produção do que se tentassem produzir tudo sozinhos Portanto as economias especializadas irão negociar entre si para que sejam capazes de con sumir toda a gama de mercadorias KRUGMAN OBSTFELD MELITZ 2015 AS FRONTEIRAS E OS ACORDOS COMERCIAIS Tornase natural pensar que países que são vizinhos comercializam mais quando comparados a países que estão longe Testes empíricos dos modelos gravitacio nais evidenciaram um forte efeito negativo da distância no comércio mundial Conforme Krugman Obstfeld e Melitz 2015 estimativas encontraram que um aumento na distância de 1 entre dois países está associado com uma diminuição de 07 a 1 no comércio entre os países em análise Essa queda pode refletir em As Fronteiras e os acordos comerciais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 53 parte no aumento dos custos de transporte de mercadorias e serviços Diversos economistas também acreditam que fatores menos tangíveis também tenham um papel crucial são eles o comércio tende a aumentar quando os países mantêm um contato pessoal e esse contato tende a cair quando as distâncias aumentam Além da proximidade territorial os países próximos geralmente são parte de algum acordo de comércio Por exemplo temos o acordo comercial denomi nado Acordo de Livre Comércio NorteAmericano NAFTA de que os Estados Unidos da América Canadá e México fazem parte acordo este que garante que a maioria dos bens comercializados entre esses três países não esteja sujeita a tari fas ou outras barreiras ao comércio internacional Outros exemplos de acordos são o Mercado Comum do Sul MERCOSUL e a União Europeia Argentina Brasil Paraguai e Uruguai assinaram em 1991 o Tratado de Assunção com vistas a criar o Mercado Comum do Sul e seu principal obje tivo é a integração dos Estados Partes por meio da livre circulação de bens serviços e fatores produtivos do estabelecimento de uma Tarifa Externa Comum TEC da adoção de uma política comercial comum da coordenação de polí ticas macroeconômicas e setoriais e da harmonização de legislações nas áreas pertinentes ou seja tem por objetivo consolidar a integração política econômica e social entre os países que o integram fortalecer os vínculos entre os cidadãos do bloco e contribuir para melhorar sua qualidade de vida É importante dizer que todos os países da América do Sul participam do MERCOSUL seja como Estado Parte seja como Estado Associado A União Europeia é uma união econômica e política de características úni cas com 28 países europeus membros que em conjunto abarcam grande parte do continente europeu O que começou por ser uma união econômica evoluiu para uma organização com uma vasta gama de domínios de intervenção desde o clima o ambiente e a saúde até às relações externas e a segurança passando pela justiça e a migração Em 1993 a Comunidade Econômica Europeia CEE passou a chamarse União Europeia UE Considerando os modelos de gravidade como uma maneira de avaliar o impacto dos acordos comerciais sobre o comércio internacional real caso o acordo comercial seja eficaz o mesmo deve estimular significativamente o comércio entre seus parceiros do que iriam prever por seus PIBs e as distâncias um do outro COMÉRCIO MUNDIAL UMA VISÃO GERAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 54 Conforme observam Krugman Obstfeld e Melitz 2015 apesar de os acordos comerciais muitas vezes acabarem com as barreiras formais ao comércio entre os países eles raramente tornam irrelevan tes as fronteiras nacionais Mesmo quando grande parte dos bens e serviços transacionados através de uma fronteira nacional não paga tarifas aduaneiras e enfrenta pou cas restrições legais existe muito mais comércio entre regiões com características semelhantes dentro do mesmo país quando compara das com diferentes países O Ato de SmootHawley tratouse de uma lei de tarifa aduaneira irresponsável a qual foi aprovada pelos Estados Unidos da América em 1930 Essa lei previa um grande aumento das taxas de tarifas e o comércio internacional desse país diminuiu bastante Alguns estudiosos da área dizem que esse ato contribuiu para aprofundar a Grande Depressão de 1929 Alguns anos depois da aprovação do referido ato concluiuse que as tarifas precisariam ser reduzidas e isso acabou causando sérios problemas políticos pois qualquer redução tarifária seria oposta pelos membros do Congresso cujos dis tritos possuíam empresas produzindo mercadorias competitivas enquanto que os benefícios seriam difundidos fazendo com que poucos congressistas pudes sem ser mobilizados no outro lado Portanto para que a tarifa fosse reduzida ela precisaria estar acoplada a alguns benefícios concretos para os exportadores Inicialmente a solução para esse problema foram as negociações bilaterais da tarifa ou seja os Estados Unidos da América iriam chamar um país que fosse grande exportador de mercadoria e ofereceriam tarifas menores sobre aquele produto se o país reduzisse suas tari fas para alguma exportação norteamericana As Fronteiras e os acordos comerciais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 55 Esse acordo foi atrativo para os exportadores dos Estados Unidos e contri buiu para reduzir o problema político Para o país estrangeiro que fazia parte do acordo tal ato também foi atrativo beneficiando os exportadores daquele país que tiveram as tarifas reduzidas Essas negociações bilaterais contribuíram para reduzir a média tributável nas importações estadunidenses de 59 em 1932 para 25 logo após a Segunda Guerra Mundial Apesar disso os benefícios das negociações bilaterais poderiam transbordar para outros países ou seja um terceiro país poderia ser beneficiado pelo acordo Por exemplo uma redução da tarifa dos Estados Unidos sobre o café brasi leiro derivado de um acordo bilateral com o Brasil a Colômbia ganharia com um maior preço internacional do café Logo o próximo passo na liberalização do comércio mundial foi prosseguir para negociações multilaterais ou seja envol vendo vários países KRUGMAN OBSTFELD MELITZ 2015 As negociações multilaterais começaram logo após a Segunda Guerra Mundial Os países vitoriosos da guerra acreditavam que as negociações iriam acontecer sob condições favoráveis mediante um órgão chamado Organização de Comércio Internacional OCI que seria paralelo ao Fundo Monetário Internacional FMI e ao Banco Mundial Entretanto um grupo composto por 23 países não quis esperar que a OCI estivesse completamente montada e iniciou negociações comer ciais pautadas sob um conjunto de regras provisórias denominado de Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio GATT Como se viu a OCI não se estabeleceu devido às oposições políticas especialmente dos Estados Unidos da América Então o GATT que seria um acordo provisório acabou por gerir o comércio mundial por quase meio século 48 anos O GATT era um acordo e não uma organização e os países signatários eram conhecidos como parte contratante e não membros ele ainda contava com uma secretaria permanente em Genebra Suiça No ano de 1995 a Organização Mundial do Comércio OMC foi estabelecida sendo uma organização formal que tinha sido pensada havia uns cinquenta anos Vale ressaltar que as regras do GATT ainda permanecem vigentes e a lógica do sistema permanece a mesma A GATTOMC é uma espécie de um dispositivo criado para empurrar um objeto pesado que seria a economia mundial para o livre comércio Para se chegar ao tão sonhado livre comércio é preciso tanto de alavancas para COMÉRCIO MUNDIAL UMA VISÃO GERAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 56 empurrar o objeto na direção quanto roquetes que iriam impedir o retro cesso KRUGMAN OBSTFELD MELITZ 2015 O principal roquete seria a vinculação ou seja quando alguma tarifa fosse vinculada o país que a impôs concorda em não aumentar a taxa no futuro Nos dias atuais a maioria das tari fas dos países desenvolvidos encontramse vinculadas e pelo menos 75 das taxas dos países em desenvolvimento também estão vinculadas Embora exista o comprometimento em não se aumentar as taxas no futuro existe alguma mar gem de manobra nas tarifas vinculadas ou seja um país pode aumentar alguma tarifa se ele conseguir o consentimento dos outros países o que em contrapartida significa fornecer alguma compensação na redução de outras tarifas Na prática essa vinculação tem sido efetiva com pouco retrocesso nas tarifas ao longo de 50 anos O GATTOMC também tenta impedir intervenções não tarifárias no comércio os subsídios à exportação não são permitidos com uma exceção na criação do GATT os Estados Unidos da América insistiram em uma brecha para as exportações agrícolas que tem sido muito explorada pela União Europeia Tomando o caso dos Estados Unidos a maioria do custo atual da proteção desse país advém de quotas de importação O atual sistema GATTOMC permite quotas de importações embora exista um esforço contínuo para remover quo tas ou transformálas em tarifas Novas quotas de importações normalmente são proibidas exceto quando são medidas temporárias com o objetivo de lidar com alguma ruptura de mercado termo este indefinido e interpretado como surtos de importações que ameaçam expulsar algum setor nacional de forma repentina As rodadas de negociações são a alavanca na qual um grupo de países se junta para negociar um conjunto de reduções de tarifas e outras medidas para liberar o comércio Ao todo tivemos nove rodadas de negociações sendo que a última conhecida como Rodada de Doha ainda está em andamento a última rodada concluída foi a Rodada Uruguai terminou em 1994 que estabeleceu a OMC e a mesma começou a operar em 1995 A nona rodada parece ter fracas sado em 2014 por não se ter chegado a um acordo As cinco primeiras rodadas de negociações sob o GATT 19471961 foram sobre negociações bilaterais paralelas em que cada país negociava em pares com uma quantidade de países de uma só vez Com isso tornouse possível fazer maio res acordos devido à recuperação econômica mundial da guerra e ajudou a reduzir As Fronteiras e os acordos comerciais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 57 substancialmente as tarifas aduaneiras As cinco primeiras rodadas ficaram conhe cidas como Rodada de Genebra 1947 Rodada Annecy 1949 Rodada Torquay 19501951 Rodada de Genebra 19551956 Rodada Dillon 19601961 A Rodada de Kennedy sexta rodada 19641967 envolveu uma redução geral de 50 nas tarifas dos principais países industriais exceto para indús trias específicas cujas tarifas permaneceram as mesmas A preocupação estava em quais indústrias isentar em vez do tamanho do corte para as indústrias que não receberiam essa redução De maneira geral essa rodada reduziu as tarifas médias em torno de 35 A sétima rodada Rodada de Tóquio 19731979 trouxe uma redução das tarifas por uma fórmula mais complexa que a sexta rodada Foram estabeleci dos também esforços com o objetivo de controlar a proliferação de barreiras não tarifárias como restrições voluntárias das exportações e acordos ordena dos pelo mercado De 1986 até 1994 a rodada vigente foi a Rodada Uruguai oitava rodada Seus resultados foram agrupados e resumidos em liberalização do comércio e reformas administrativas Ela também cortou tarifas a tarifa média para países desenvolvidos foi reduzida em quase 40 embora já estivessem baixas foi de 63 para 39 o suficiente para produzir um pequeno aumento no comércio interna cional Em relação aos produtos agrícolas o acordo exigiu que os exportadores agrícolas reduzissem o valor dos subsídios em 36 e o volume de exportações subsidiadas em 21 no período de seis anos Países que protegem seus agricul tores com quotas de importações como o Japão por exemplo foram solicitados a trocar as quotas por tarifas que não poderiam ser aumentadas no futuro Os produtos têxteis e vestuários tiveram seu Acordo Multifibras distorcido e iriam acabar com ele em dez anos eliminando todas as restrições quantitativas nesse tipo de comércio ou seja esse tipo de comércio foi amplamente liberali zado Essa rodada também criou um novo conjunto de regras que dizem respeito às aquisições governamentais Essas aquisições forneceram mais mercados pro tegidos para várias mercadorias No campo das reformas administrativas cabe destacar que foi criada a OMC que diferentemente do GATT que era um acordo provisório é uma organização internacional estabelecida Incorporouse uma versão atualizada do GATT às regras da OMC Vale destacar que o GATT era COMÉRCIO MUNDIAL UMA VISÃO GERAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 58 aplicado somente para o comércio de mercadorias já o comércio dos servi ços teve regras incluídas pela OMC Na prática essas regras ainda não tiveram impacto significativo no comércio de serviços e seu principal objetivo é de servir como base para negociações em rodadas futuras O OMC também tem tratado sobre propriedade intelectual que é protegida por patentes e direitos autorais Foi criado também o processo de resolução de disputas ou seja quando ocorre algum problema em que um país acusa o outro de violar as regras de comércio Por exemplo suponha que o Brasil acuse a Argentina de limitar de forma desleal as importações de trigo e a Argentina negue a acusação O que iria acontecer Antes da criação da OMC existiam tribunais internacionais nos quais o Brasil poderia apresentar seu caso Feito isso o processo poderia se arrastar por anos Com a publicação da decisão não existia garantia de fazêla valer A OMC possui um procedimento mais efetivo Painéis de experts são selecionados para ouvir os casos e sua finalização não poderá levar mais que 15 meses Com a con clusão do processo e caso constatado que país acusado violou as regras e este se recusar a mudar sua política a OMC não tem como obrigar que o país cum pra porém ela pode conceder ao país que prestou queixa o direito de retaliar Continuando nosso exemplo do Brasil e Argentina o governo brasileiro pode receber o direito de impor restrições nas exportações argentinas sem que isso seja considerado violação das regras da OMC A nona rodada Rodada de Doha de negociações que ainda encontrase aberta teve início em 2001 Essa rodada também como as anteriores foi marcada por negociações difíceis A partir do verão de 2010 parecia que essa rodada iria ter minar sem nenhum acordo em vista Vale destacar que embora não se tenha chegado em nenhum acordo ela não desfaz o progresso alcançado nas negocia ções anteriores O comércio mundial está muito mais livre do que em qualquer outro ponto da história moderna KRUGMAN OBSTFELD MELITZ 2015 O aparente fracasso rodada se deve muito ao sucesso das negociações ante riores pois como reduziram as barreiras comerciais aquelas remanescentes são baixas de modo que os ganhos com novas liberalizações são modestos Ocorreram algumas tentativas de se reavivar as negociações porém elas ruíram por causa das discordâncias sobre o comércio As Fronteiras e os acordos comerciais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 59 Os acordos do comércio internacional descritos até agora envolvem uma redução não discriminatória nas taxas de tarifa Todavia existem alguns casos nos quais as nações estabelecem acordos de comércio preferencial sendo as tarifas que elas aplicam entre seus produtos menores que as taxas dos mes mos produtos que vêm de outros países Em geral dois ou mais países podem concordar em estabelecer o livre comércio de duas formas A primeira seria estabelecer uma zona de livre comércio na qual as mercadorias podem ser transacionadas sem tarifas aduaneiras mas eles definem tarifas aduaneiras contra o resto do mundo de forma independente Ou ainda podem estabele cer uma união aduaneira na qual eles devem concordar com as taxas da tarifa Por exemplo o Acordo de Livre Comércio da América do Norte que estabe lece livre comércio entre Canadá México e Estados Unidos da América criou uma zona de livre comércio A União Europeia já é uma união aduaneira com pleta ou seja todos os países concordam em cobrar a mesma taxa de tarifa em cada mercadoria importada existem ainda diversos acordos no mundo outro exemplo é o Mercado Comum do Sul MERCOSUL que será discu tido mais adiante Poucos países adotaram o livre comércio por completo Hong Kong que legalmente pertence à China tem uma política econômica separada e deve ser uma das únicas economias modernas sem tarifas aduaneiras ou quotas de impor tações Desde Adam Smith conforme bem colocado por Krugman Obstfeld e Melitz 2015 alguns economistas vêm defendendo o livre comércio As razões para essa defesa não são simples como a própria ideia em si Em nível teórico os modelos sugerem que o livre comércio irá evitar perdas de eficiência asso ciadas à proteção Possivelmente economistas acreditam que o livre comércio produza ganhos adicionais além de eliminar as distorções de produção e con sumo e alguns ainda acreditam que ele é a melhor política que o governo deve seguir Uma tarifa aduaneira irá fazer com que ocorra uma perda líquida para a economia pois causa uma distorção nos incentivos econômicos tanto para pro dutores quanto para consumidores Contrariamente uma mudança para o livre comércio iria eliminar essas distorções e consequentemente aumentaria o bem estar nacional Atualmente taxas de tarifa aduaneira são em geral baixas e as quotas de importações são raras COMÉRCIO MUNDIAL UMA VISÃO GERAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 60 Tabela 1 Benefícios de uma mudança para o livre comércio ao redor do mundo porcentagem do PIB Estados Unidos da América 057 União Europeia 061 Japão 085 Países em Desenvolvimento 14 Mundo 093 Fonte William Cline Trade Policy and Global Poverty Washington DC Institute for International Economics 2004 p 180 apud KRUGMAN OBSTFELD MELITZ 2015 Portanto estimativas dos custos totais das distorções que decorreram das tari fas aduaneiras e das quotas de importações tendem a ser modestas em tamanho A Tabela 1 apresenta uma estimativa dos ganhos de uma mudança para o livre comércio ao redor do globo medido como uma porcentagem do PIB A partir dela é possível perceber que os ganhos são menores para países desenvolvidos quando comparados com países em desenvolvimento Ao dar incentivos para empreendedores buscarem novas formas de expor tar ou competir com as importações o livre comércio é capaz de oferecer mais oportunidades para aprender e inovar do que são fornecidos por um sistema comercial em que o governo dita os padrões de exportações e importações Há uma tendência no mercado internacional em que as empresas mais eficientes mais produtivas de um país envolvemse com exportações enquanto que as menos produtivas ficam com o mercado doméstico A partir dessa constata ção uma mudança para o livre comércio faz de maneira geral que a economia tornese mais eficiente ao mudar a mistura industrial em direção às empre sas mais eficientes Argumentos contra o livre comércio também merecem seu espaço Diversos economistas argumentam que desvios do livre comércio diminuem o bemes tar entretanto há alguns fundamentos teóricos que acreditam que políticas de comércio podem em alguns casos aumentar o bemestar nacional KRUGMAN OBSTFELD MELITZ 2015 Um país grande é capaz de afetar os preços dos exportadores estrangeiros a tarifa aduaneira irá diminuir o preço das impor tações e portanto gerará benefícios em termos de comércio Esse benefício As Fronteiras e os acordos comerciais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 61 precisa ser definido contra os custos da tarifa aduaneira que surgem porque essa tarifa distorceu os incentivos de produção e consumo pode ocorrer em alguns casos que os benefícios dos termos de comércio de uma tarifa adua neira prevaleçam sobre seus custos Outro argumento que merece destaque é o de que o excedente do produtor não mede de forma correta os custos e bene fícios isso porque a mão de obra utilizada em algum setor estaria de algum modo sendo desemprego ou subempregada temos também diversas falhas de mercado tais como a possibilidade de transbordamentos tecnológicos um possível problema que impeça os recursos de serem transferidos rapida mente para os setores que possuem retornos elevados Outros motivos bem destacados por Passos e Nogami 2005 são argumento da indústria nas cente ela pode não estar em condições de sobrevivência com a concorrência externa segurança nacional proteção das indústrias estratégicas proteção ao emprego promover a substituição das importações por bens fabricados no próprio país e desta forma estimulase a criação de novas indústrias e cria se novos empregos combate aos déficits comerciais procurar combater os déficits entre importações e exportações Ainda de acordo com Krugman Obstfeld e Melitz 2015 há duas linhas em defesa do livre comércio ou seja menores barreiras comerciais no sentido de tentar diminuir ou acabar com fronteiras comerciais a primeira diz que as falhas de mercado interno deveriam ser corrigidas por políticas nacionais volta das diretamente para o problema e a segunda defende que os economistas não podem diagnosticar falhas de mercado da maneira mais eficiente possível com o objetivo de prescrever alguma política Destarte as falhas de mercado interno clamam por mudanças de política nacional e não de políticas de comércio inter nacional que pode ser feito pela análise de custobenefício modificado levando em conta quaisquer benefícios sociais marginais não medidos Portanto é prefe rível lidar com as falhas de mercado da forma mais direta possível pois respostas de políticas indiretas nos levam a distorções de incentivos não intencionais em algum outro setor da economia Então as políticas de comércio justificadas por falhas de mercado interno nunca são as melhores respostas elas são as segun das melhores COMÉRCIO MUNDIAL UMA VISÃO GERAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 62 GLOBALIZAÇÃO PASSADO E PRESENTE A globalização nada mais é que um processo econômico e social o qual estabe lece uma integração ligação entre os países e as pessoas do mundo todo Desse modo os indivíduos os governos e as empresas trocam ideias realizam transa ções financeiras e comerciais além de espalhar os aspectos culturais pelo mundo Alguns historiadores afirmam que o processo de globalização teve início nos séculos XV e XVI com as Grandes Navegações Nesse sentido o homem europeu entrou em contato com os povos de outros continentes e acabou estabelecendo relações comerciais e culturais Entretanto a globalização foi efetivada no final do século XX logo após a queda da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas URSS O neoliberalismo que ganhou força nos anos de 1970 acabou por impul sionar ainda mais o processo de globalização econômica Conforme Passos e Nogami 2005 o comércio doméstico de um país influencia de forma significativa na geração de recursos aos governos por meio dos impostos e taxas De maneira análoga isso também se aplica ao comércio internacional ape nas se altera o fato gerador do imposto Nas operações de comércio internacional é comum eliminaremse os impostos domésticos do país ou seja não se exportam impostos Entretanto criase o imposto alfandegário o que significa que para deter minada mercadoria entrar no país ela será taxada de acordo com a política econômica do país que está realizando a importação Governos por meio de alguma política alfandegária poderão distorcer o livre comércio interferindo no comércio mundial Para saber mais sobre a OMC Banco Mundial FMI União Europeia e outras organizações acesse o site do Ministério das Relações Exteriores Brasileiro Nele você encontrará o sistema eletrônico de barreiras comerciais a agenda de comércio internacional e também a agenda das organizações econômi cas internacionais Segue o link httpwwwitamaratygovbrptBRdiplomaciaeconomicaecomercial Fonte a autora Globalização Passado e Presente Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 63 Dito isso e com os mercados domésticos saturados muitas empresas conheci das como multinacionais buscaram conquistar novos mercados consumidores A concorrência fez com que as empresas utilizassem cada vez mais recursos tec nológicos com o objetivo de diminuir os custos e consequentemente barateando os preços Portanto uma característica importante da globalização é a busca pelo barateamento do processo produtivo Muitas empresas produzem suas mercado rias em diversos países com o objetivo de diminuir os custos Preferem países com a mão de obra a matériaprima e a energia baratos Uma camiseta por exem plo pode ser projetada nos Estados Unidos da América produzida no Vietnã com matéria prima indiana e comercializada em diversos países do mundo Com o objetivo de facilitar as relações econômicas as instituições financei ras criaram um sistema rápido e eficiente que favorece a transferência de capital e comercialização de ações em nível mundial Os investimentos pagamentos e trans ferências bancárias podem ser feitos em questões de segundos por meio da internet ou do telefone celular Alguns países conhecidos como tigres asiáticos Hong Kong Taiwan Cingapura e Coreia do Sul souberam aproveitar os benefícios da globali zação e investiram muito em tecnologia e educação nos anos de 1980 e 1990 Como resultado baratearam os custos de produção e agregaram tecnologias aos produtos COMÉRCIO MUNDIAL UMA VISÃO GERAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 64 Muitos países se juntaram e formaram blocos econômicos com o objetivo principal de aumentarem as relações comerciais entre os membros Nesse con texto surgiram a União Europeia o MERCOSUL a COMECOM o NAFTA o Pacto Andino e a Apec Esses blocos se fortalecem e também relacionamse entre si Dessa forma cada país ao fazer parte de um bloco econômico conse gue mais força nas relações comerciais internacionais Portanto a globalização extrapolou as relações comerciais e financeiras Os indivíduos estão cada vez mais descobrindo na internet uma maneira rápida e eficiente de entrar em contato com pessoas de outros países de conhecer aspectos culturais e sociais de várias partes do planeta Em conjunto com a TV a internet quebrou barreiras e vai cada vez mais ligando as pessoas e difundindo as ideias O comércio internacional encontrase em constante modificação A sua dire ção e composição é muito diferente hoje do que era na geração anterior e ainda é mais diferente quando comparado há mais de um século Diversas vezes ouvimos que o mundo ficou menor De fato o transporte moderno e as comunicações aboliram a distância ou seja a internet possibili tou uma comunicação instantânea e quase livre entre pessoas que se encontram a milhares de quilômetros de distância enquanto o transporte por aviões a jato permite um rápido acesso físico para todas as partes do globo terrestre Por outro lado os modelos gravitacionais continuam evidenciando uma forte relação nega tiva entre a distância e o comércio mundial Krugman Obstfeld e Melitz 2015 trazem que a história também apresenta que forças políticas compensam os efeitos tecnológicos O mundo tornouse menor entre 1840 e 1914 mas ficou novamente maior em grande parte do século XX Pesquisadores da história econômica afirmam que uma economia global com fortes ligações econômicas entre países mesmo distantes não é recente Ocorreram duas grandes ondas de globalização sendo que a primeira se baseou em ferrovias navios a vapor e telégrafo e a segunda na tecnologia Ainda nas ideias de Krugman Obstfeld e Melitz 2015 grande parte do aumento do valor do comércio internacional reflete a desintegração vertical da produção que significa que antes do produto chegar aos consumidores passa por vários estágios de produção em diversos países Por exemplo diversos produtos eletrônicos de consumo muitas vezes são montados em nações com baixos salários O padrão mutante do Comércio Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 65 como a China a partir de componentes produzidos em países que possuem uma remuneração maior como os Estados Unidos da América Devido a essa grande movimentação dos componentes um produto de R 200 reais pode dar origem a um valor de R 500 reais ou R 600 reais nos fluxos de comércio mundial O PADRÃO MUTANTE DO COMÉRCIO Quando os países realizam comércio o que eles geralmente comercializam A primeira resposta que pode ocorrer de maneira geral são produtos manufa turados como automóveis computadores e roupas Entretanto o comércio de commodities minérios grãos e petróleo por exemplo são uma importante parte das trocas internacionais Temse também os serviços que desempenham um papel importante e esperase que no futuro aumentem sua participação Conforme Krugman Obstfeld e Melitz 2015 produtos manufaturados compõem a maior parte do comércio internacional pois possuem um alto valor agregado A grande maioria do valor dos bens de mineração inclui diversos produtos desde o minério de cobre até o carvão embora o maior componente seja o petróleo vem do petróleo e outros combustíveis O comércio de pro dutos agrícolas por exemplo o trigo o soja e algodão embora seja crucial na alimentação de diversos países representa uma pequena porção do valor do comércio moderno sendo um dos motivos o baixo valor agregado As exportações de serviços incluem em sua maioria as taxas de transporte tradicio nais cobradas por companhias aéreas e empresas que realizam transporte marítimo taxas de seguros e gas tos de turistas Novos tipos de COMÉRCIO MUNDIAL UMA VISÃO GERAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 66 comércio de serviços têm ganhado destaque nos últimos anos promovidos pelas telecomunicações e que têm atraído grande atenção da mídia É possível desta car os centros de atendimento telefônico e de assistência remota no exterior ou seja caso você telefone para algum número 0800 com o intuito de obter infor mações ou alguma ajuda técnica a pessoa que atender pode muito bem estar em um país distante esses serviços ainda correspondem a uma pequena parte do comércio mas isso pode se alterar nos próximos anos Krugman Obstfeld e Melitz 2015 destacam que a dominância dos produ tos manufaturados no comércio internacional é relativamente nova No passado produtos primários bens agrícolas e minérios tinham um papel mais relevante no quadro geral de comércio A Tabela 2 evidencia as trocas de bens manufatu rados nas exportações e importações do Reino Unido formado pelos seguintes países Inglaterra País de Gales Escócia e Irlanda do Norte e dos Estados Unidos da América em 1910 e 2011 Reino Unido Estados Unidos da América Exportação Importação Exportação Importação 1910 754 245 475 407 2011 721 691 653 672 Tabela 2 Manufaturados como porcentagem do comércio de mercadorias Fonte Dados de 1910 extraído de Kuznets 1966 Dados de 2011 extraído da Organização Mundial do Comércio OMC apud KRUGMAN OBSTFELD MELITZ 2015 A Tabela 2 nos mostra que no início do período o Reino Unido embora expor tasse muitos bens manufaturados importava bastante os produtos primários No final do período analisado os produtos manufaturados dominam ambos os lados do seu comércio Em contrapartida os Estados Unidos da América alte raram seu padrão de comércio de produtos primários em ambos os lados para um padrão em que os manufaturados dominam Krugman Obstfeld e Melitz 2015 também trazem a recente discussão da ascensão do terceiro mundo nas exportações de manufaturados Vale destacar que os termos países em desenvolvimento e terceiro mundo são aplicados aos países mais pobres muitos dos quais eram colônias europeias Na década de 70 a pauta de exportação desses países era praticamente de produtos primários O padrão mutante do Comércio Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 67 No entanto eles alteraram e estão alterando para a exportação de manufatu ras pelo fato de possuírem maior valor agregado Atualmente uma das questões mais discutidas na economia internacional é se a tecnologia que tornou possível realizar diversas funções econômicas a longa distância irá aumentar drasticamente nas novas formas de comércio Diversos serviços podem ser realizados em um lugar remoto Quando algum serviço que antes era feito em um país é deslocado para outro essa alteração é conhecida como offshoring de serviço chamado também de terceirização de serviço Os produtores também precisam escolher se devem configurar uma subsidiária estrangeira para fornecer os serviços operando como uma empresa multina cional ou terceirizar os serviços de outra companhia Alan Blinder economista da Universidade de Princeton publicou um artigo em 2006 na revista Foreign Affairs dizendo que em um futuro próximo a principal distinção para o comércio global não será entre coisas que podem ser colocadas ou não em uma caixa mas em vez disso será entre os serviços que podem ser entregues eletronicamente em longas distâncias com pouca ou nenhuma queda de qualidade e aqueles que não podem A partir do artigo de Alan Blinder 2006 Krugman Obstfeld e Melitz 2015 listaram alguns exemplos são eles o trabalhador que reestoca as prateleiras na sua mercearia precisa ir até o local enquanto que o contador que realiza a conta bilidade do mercado pode estar em outro país fazendo contato pela internet A enfermeira que mede seu pulso precisa estar próxima de você embora o radiolo gista que irá analisar a radiografia pode receber essas imagens de forma eletrônica em qualquer lugar que exista uma conexão de alta velocidade A terceirização de serviços que pode ser realizada em países estrangeiros ou seja utilizando mão de obra externa pode se tornar tão grande que determinados trabalhadores do país doméstico interno que hoje não possuem concorrência poderão têla no futuro devido ao aumento da terceirização ocorrida em países estrangeiros A comercialização dos serviços pode acabar dominando as tran sações internacionais em detrimento das manufaturas tornandose o principal componente do comércio internacional Se pararmos para pensar sobre o início da modelagem do comércio interna cional por exemplo o modelo de David Ricardo de 1819 e pensarmos em todas COMÉRCIO MUNDIAL UMA VISÃO GERAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 68 as mudanças ocorridas no comércio mundial as velhas ideias ainda são rele vantes Ainda que muita coisa tenha mudado no comércio mundial os princípios fundamentais ainda se aplicam O comércio internacional não é classificado em termos simples e cerca de um século atrás as exportações dos países estavam ligadas em grande parte por seu clima e seus recursos naturais Países tropicais tinham em sua pauta de exportação café e algodão que são produtos tropicais enquanto os países com terras férteis como a Austrália e os Estados Unidos da América exportavam alimentos para os países europeus As disputas em rela ção ao comércio eram simples de explicar batalhas sobre o livre comércio versus protecionismo ocorriam entre os proprietários ingleses que queriam proteção contra as importações de alimentos baratos e os fabricantes ingleses que expor tavam grande parte da sua produção KRUGMAN OBSTFELD MELITZ 2015 O comércio moderno é mais sutil pois os recursos humanos e as máqui nas além de outros capitais são considerados mais importantes que os recursos naturais pois possuem maior valor agregado As batalhas políticas em relação ao comércio envolvem funcionários cujas habilidades acabam sendo menos valio sas pelas importações por exemplo trabalhadores da indústria de vestuário que enfrentam concorrência dos vestuários importados KRUGMAN OBSTFELD MELITZ 2015 A lógica do comércio internacional permanece a mesma ou seja conforme bem colocado por Krugman Obstfeld e Melitz 2015 os modelos econômicos desenvolvidos muito antes da invenção de aviões a jato ou da própria internet continuam sendo relevantes para entendermos os fundamentos do comércio mundial do século XXI O Brasil e o Comércio Internacional Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 69 O BRASIL E O COMÉRCIO INTERNACIONAL Nas últimas décadas o Brasil conseguiu modificar a sua pauta de comércio internacional pois até 1960 o país produzia e exportava praticamente produ tos primários tais como café o qual no início do século era responsável pela maioria da exportação do país e posteriormente outros produtos se destaca ram como cacau algodão fumo açúcar madeiras carnes e minérios Atualmente nossa economia está mais diversificada sendo referência mundial em alguns setores exportando produtos industrializados e processados semima nufaturados calçados suco de laranja tecidos combustíveis bebidas alimentos industrializados automóveis e aviões Sendo assim o país se destaca em alguns seg mentos como o agronegócio mineração setor alimentício e mercado de aviação Conforme destacado é possível perceber que os principais produtos da pauta exportadora brasileira são commodities que possuem baixo valor agregado O primeiro produto industrializado são os aviões os quais estimulam a cadeia pro dutiva têm um alto valor agregado e geram empregos qualificados O Brasil possui diversos parceiros comerciais com destaque para a União Européia principalmente Alemanha Itália França Espanha e Holanda além do Estados Unidos da América Argentina Japão Paraguai Uruguai México Chile China Taiwan Coréia do Sul e Arábia Saudita Os principais clientes dos produtos brasileiros no exterior são a China Estados Unidos da América Países Baixos Alemanha e Rússia sendo que eles impor tam mais de 50 de todo volume negociado pelo Brasil embora concentrem suas compras em produtos bási cos As exportações brasileiras estão sofrendo o impacto de uma menor demanda chinesa por matériasprimas que por sua vez não são exportadas no mesmo ritmo para outros mer cados alguns em recessão como alguns países membros da União Europeia COMÉRCIO MUNDIAL UMA VISÃO GERAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 70 Em relação ao valor a posição brasileira como exportador de commodities também declinou Os preços das commodities de maneira geral se reduziram em 2012 derrubando os ganhos brasileiros Em um estudo realizado em 2015 pela Thomson Reuters em parceria com a KPMG foi encontrado que 70 das empresas se tornariam mais competitivas em seus processos de exportação se otimizassem a gestão de suas operações Os maiores desafios dos gestores estão relacionados aos processos manuais reali zados em sistemas distintos e à complexidade das alterações normativas que no Brasil são em média três alterações por dia útil conforme a Associação de Comércio Exterior do Brasil Outros desafios são as interpretações de regras em países diferentes a alte ração das exigências junto a instituições públicas locais e a necessidade de lidar com processos ultrapassados sendo assim a burocracia emperra o comércio internacional Os processos mais demorados e que consomem mais recursos são documentação e licenciamento de importação a gestão de despachantes adua neiros e a classificação de importação de produtos Esses processos também são vistos como atividades que criam os maiores riscos de multas ou elevados cus tos operacionais O Gráfico 1 apresenta uma evolução histórica do comércio internacional bra sileiro no período de 19892017 sendo que os dados de 2017 correspondem a outubro Analisando o gráfico é possível perceber que a partir do século XXI o Brasil aumentou em valores seus negócios no comércio mundial Um dos moti vos foi a entrada da China na OMC quando o Brasil passou a negociar e muito com ela sendo atualmente seu principal parceiro comercial os altos preços das commodities no mercado internacional fazendo com que tivéssemos um aumento das transações comerciais internacionais O referido gráfico também mostra o efeito da crise internacional de 2008 iniciada nos Estados Unidos em que tanto as importações como as exportações diminuíram Nos anos posterio res percebeuse que as importações cresciam em um ritmo mais acelerado que as exportações tanto que por volta de 2013 e 2014 elas chegaram muito próxi mas o que acabou por pressionar ainda mais as nossas transações correntes Nos anos da crise econômica e política interna iniciada em 2015 e posteriormente brasileira tivemos uma alteração cambial mais precisamente uma depreciação O Brasil e o Comércio Internacional Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 71 cambial em que os produtos brasileiros tornaramse mais competitivos no mer cado internacional enquanto as importações tornaramse mais caras Sendo assim é possível perceber o aumento do saldo da balança comercial e também uma queda da corrente de comércio sendo esta última causada principal mente pela crise interna O aumento do saldo da balança comercial é positivo para o Brasil pois ele é um dos componentes do saldo das transações corren tes que historicamente tem apresentado resultados negativos no Brasil e com isso a poupança externa utilizada para financiar esse saldo negativo fica menor Gráfico 1 Evolução histórica do comércio internacional brasileiro 19892017 US FOB EXP 60000000 50000000 40000000 30000000 20000000 10000000 000 10000000 US FOB IMP SALDO US FOB CORRENTE US FOB 2017 2016 2015 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 1995 1994 1993 1992 1991 1990 1989 Fonte adaptado de Ministério da Indústria Comércio Exterior e Serviços 2018 online1 Observações Os dados de 2017 contêm os valores de até outubro daquele ano os dados encontramse em valores correntes de US FOB Free On Board Livre a Bordo do Navio EXP significa exportações IMP são as importações SALDO seria o saldo da balança comercial ou seja é a diferença das exporta ções e das importações EXPIMP CORRENTE por sua vez significa corrente de comércio que é a soma das exportações com importações EXPIMP O Gráfico 2 apresenta alguns parceiros comerciais brasileiros e seu comér cio com o Brasil tendo como base a corrente de comércio de 1989 a 2017 sendo que os dados de 2017 vão até outubro Analisando o gráfico é possível perceber um aumento do comércio com os chineses visto que a China encontrase em grande crescimento econômico mesmo com as crises internacionais ela vem apresentando crescimento econômico superior a 7 ao ano Ela também desde 2013 é o maior parceiro comercial brasileiro seguido pela União Europeia e COMÉRCIO MUNDIAL UMA VISÃO GERAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 72 os Estados Unidos da América Em relação ao MERCOSUL Estados Unidos e União Europeia é possível constatar no gráfico os efeitos da crise internacional iniciada em 2008 em que a corrente de comércio com esses países foi afetada Podemos também ver a crise europeia em que muito países especialmente os que compõem a Zona do Euro sofreram muito com a crise da dívida pública e consequentemente diminuíram suas transações comerciais Gráfico 2 Alguns parceiros comerciais brasileiros 19892017 2016 2015 2014 2013 2012 2011 2017 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 2010 CHINA UNIÃO EUROPEIA MERCOSUL ESTADOS UNIDOS 000 6000000 5000000 4000000 3000000 2000000 1000000 Fonte adaptado de Ministério da Indústria Comércio Exterior e Serviços 2018 online1 Observação Os dados de 2017 contém os valores até outubro daquele ano Atualmente com o objetivo de projetar o Brasil no mercado internacional a política externa brasileira precisa firmar um acordo com a Aliança do Pacífico repensar o MERCOSUL em conjunto com os membros pois alguns acordos parecem não funcionar bem para as partes envolvidas firmar o acordo entre o MERCOSUL e a União Europeia o que se encontra em discussão 2017 e ao que tudo indica terá sucesso Precisa retornar também a negociação para faci litar o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos Conforme já destacado o Brasil nos últimos anos tornouse um país exportador de produtos básicos Existe espaço para não só promover a indústria brasileira entre os nossos parceiros comerciais mas também priorizar as relações com os países que mais adquirem produtos industriais feitos no Brasil A WIOD World InputOuput Database mostrou que entre 19952011 o valor adicionado importado nas expor tações de produtos manufaturados brasileiros praticamente não se alterou passando O Brasil e o Comércio Internacional Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 73 de 9 para 11 Por outro lado na China esse número saltou de 10 para 35 considerando o mesmo período enquanto a Índia foi de 9 para 24 Portanto é possível concluir que a indústria exportadora nacional permaneceu nacionalista e o Brasil precisa correr atrás do prejuízo causado por anos de isolacionismo ou seja o fato de sermos uma das economias mais fechadas do planeta sendo que há muito tempo o Brasil não possui uma estratégia clara para a política externa O ano de 2017 foi um período com boas notícias sobre o comércio exte rior brasileiro De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria Comércio Exterior e Serviços SECEX 2018 online2 o Brasil está registrando um crescimento das exportações e das importações o que pode ser um indicativo da retomada da atividade econômica no país que vem sofrendo com a crise interna A ampliação das exportações brasileiras merecem algumas ressalvas são elas encontra dificuldade para aumentar de maneira sustentável a sua base expor tadora tem de maneira geral reconfigurado a composição de sua pauta de exportação em detrimento dos manufaturados tem dificuldade de diversificar mercados de forma mais intensiva não tem conseguido aumentar a participação das exportações na atividade econômica do país Além disso a infraestrutura do país encontrase sucateada fazendo com que os custos aumentem e com isso os nossos produtos ficam menos competitivos no mercado mundial Para superar esses problemas é importante dizer que o comércio exterior não se trata apenas de uma dimensão macroeconômica com destaque para o câmbio É importante atentarse para o fato de que na verdade os países não exportam e nem realizam comércio utilizamos este termo para facilitar uma espécie de figura de linguagem As economias nacionais são os ambientes quem exporta importa são os agentes econômicos principalmente as empresas Quais medidas na sua opinião o governo brasileiro deveria tomar para ten tar melhorar o desempenho brasileiro no mercado internacional COMÉRCIO MUNDIAL UMA VISÃO GERAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 74 Desse modo ações de capacitação apoio informacional e de inteligência estraté gica de mercado seriam exemplos do que deve ser feito Caso contrário o Brasil estará fadado a pequenos incrementos comerciais muito aquém de seu potencial empresarial instalado Portanto não é possível idealizar qualquer mudança no padrão e no nível comercial de um país sem considerar as dimensões microeconômicas muitas vezes esqueci das as quais não são apenas do ambiente negócios como infraestrutura e ambiente institucional por exemplo mas pertinentes ao nível das empresas com destaque ao perfil do empreendedortomador de decisão e aos modelos organizacionais de gestão e de operações adotados pelos empreendimentos Isso no Brasil nem sem pre ocorre provavelmente devido a uma ideia empresarial voltada ao mercado interno que também pode restringir a possibilidade de se inserir no mercado inter nacional somadas às lacunas de competências organizacionais e que resultam em baixa propensão à inovação além dos diversos problemas de gestão e operações que prejudicam a competitividade da empresa para se lançar no mercado mundial Portanto tornase imprescindível que o Brasil incorpore simultaneamente as dimensões micro e macroeconômicas no desafio das exportações com políticas que não apenas busquem resolver problemas do ambiente econômico e de negócios mas também adentrem as empresas e impactem a mentalidade dos empresários e os modelos de gestão e de operações Conforme disponibilizado pelo Banco do Brasil as Incoterms são as regras internacionais de comércio que irão definir as obrigações e os deveres tanto do exportador quanto do importador Portanto o principal objetivo dos Inco terms utilizados é o de determinar o momento exato em que a responsabili dade pelos custos e pelos riscos é transferida do exportador para o importa dor não somente no que se refere às despesas das transações mas também à responsabilidade por perdas e danos que podem ocorrer com as merca dorias que são transacionadas Para saber mais sobre Incoterms acesse httpwwwbbcombrdocspubdicexdwnIncotermsRevisedpdf Fonte a autora Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 75 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caroa alunoa chegamos ao final desta unidade e ampliamos o conhecimento sobre a economia internacional Estudamos o modelo gravitacional e a partir dele vimos que o valor do comércio entre esses dois países será proporcional ceteris paribus ao produto do PIB dos dois países e diminui com a distância entre eles Vimos também que países que são vizinhos comercializam mais quando comparados a países que estão longe Além da proximidade territorial geral mente países próximos são parte de algum acordo de comércio Demos como exemplo o Acordo de Livre Comércio NorteAmericano NAFTA o Mercado Comum do Sul MERCOSUL e a União Européia Falamos do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio GATT e da Organização Mundial do Comércio OMC Vimos que o GATT era um acordo e não uma organização diferentemente da OMC que como uma orga nização absorveu o GATT e tem por objetivo estimular o comércio mundial Descrevemos resumidamente as rodadas de negociações da OMC bem como o que eles tratavam e os acordos a que chegaram Discutimos sobre a globaliza ção que nada mais é que um processo econômico e social que estabelece uma integração ligação entre os países e as pessoas do mundo todo Desse modo os indivíduos os governos e as empresas trocam ideias realizam transações finan ceiras e comerciais além de espalhar os aspectos culturais pelo mundo que remonta à época das Grandes Navegações Em relação ao comércio internacional e as suas mudanças vimos que inicialmente se comercializavam produtos primários depois manufaturas ou seja produtos que possuem um maior valor agregado Vimos também que a tecnologia está em constante modificação E por fim conhecemos um pouco sobre o Brasil inserido no mercado inter nacional bem como os seus principais parceiros comerciais e quais os produtos o país mais comercializa Comentamos sobre os principais problemas que emper ram uma maior participação brasileira no mercado mundial Assim chegamos ao final da unidade 76 1 A importância do comércio e das finanças internacionais para a saúde econô mica e para o padrão de vida dos países está cada vez mais visível É possível perceber esses sinais ao nosso redor pois sempre que compramos algum pro duto é possível perceber que foi feito em diversos lugares do mundo assim como alguns componentes que são utilizados na fabricação de outro produto podem ter sido fabricados em outro país e montados em um terceiro país por exemplo Sobre o modelo gravitacional assinale a alternativa correta a No modelo gravitacional não há uma forte relação empírica entre o tama nho da economia de um determinado país e o volume da sua corrente de comércio b Levando em consideração a equação do modelo gravitacional o valor do comércio entre dois países será proporcional ceteris paribus ao produto do PIB dos dois países e diminui com a distância entre eles c Considerando a equação do modelo gravitacional os três parâmetros que determinam o volume do comércio entre dois países são o tamanho do PIB desses dois países e a distância entre eles sendo necessário assumir que o comércio seja proporcional ao produtos desses três PIBs e inversamente proporcional à distância d A modelagem gravitacional não identifica anomalias no comércio e geral mente as respostas estão na afinidade cultural custos de transporte e a ge ografia Entretanto esse modelo prediz que as economias se especificam na produção de um único bem para ser transacionado além de que quando há algum acordo comercial este modelo não pode ser aplicado e A modelagem gravitacional funciona porque as grandes economias tendem a ser autossuficientes na produção dos produtos que necessitam devido ao seu nível de renda ser maior além de atrair empresas de outros países pois produzem uma grande quantidade e variedade de produtos Então como as demais variáveis do comércio são iguais ceteris paribus o comércio entre quaisquer duas economias será maior quanto maior forem essas economias 2 Além da proximidade territorial geralmente países próximos são parte de algum acordo de comércio ou ainda são signatários de acordos internacio nais eou fazem parte de Institucionais sendo que as negociações multilate rais começaram logo após a Segunda Guerra Mundial Sendo assim marque a alternativa correta sobre o Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio GATT e sobre a Organização Mundial do Comércio OMC a A organização Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio GATT foi criada juntamente com a Organização de Comércio Internacional OCI que seria paralela ao Fundo Monetário Internacional FMI e ao Banco Mundial Os países signatários eram conhecidos como membros e ainda contava com uma secretaria permanente em Genebra Suíça 77 b Um grupo composto por 23 países logo após a criação da Organização de Comércio Internacional OCI iniciou as negociações comerciais pautadas sob um conjunto de regras definitivas conhecido como Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio GATT e Organização Mundial do Comércio OMC c Como a nona rodada denominada de Rodada de Doha não se chegou a acordo algum o que significa dizer que a Organização Mundial do Comér cio OMC tende ao fracasso e todo os acordos internacionais firmados nas rodadas passadas não terão mais efeitos d O atual sistema GATTOMC permite quotas de importações embora exis ta um esforço contínuo para remover quotas ou transformálas em tarifas Novas quotas de importações normalmente são proibidas exceto quando são medidas temporárias com o objetivo de lidar com alguma ruptura de mercado termo este indefinido e interpretado como surtos de importações que ameaçam expulsar algum setor nacional de forma repentina e No ano de 1995 a Organização Mundial do Comércio OMC foi estabele cida sendo uma organização formal que tinha sido idealizada havia uns cinquenta anos Vale ressaltar que as regras do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio GATT foram extintas e também não foram incor poradas pela OMC 3 A globalização nada mais é que um processo econômico e social que estabele ce uma integração ligação entre os países e as pessoas do mundo todo Desse modo os indivíduos os governos e as empresas trocam ideias realizam tran sações financeiras e comerciais além de espalhar os aspectos culturais pelo mundo Sendo assim marque a alternativa correta sobre a globalização a Grande parte do aumento do valor do comércio internacional reflete a in tegração vertical e horizontal da produção que significa que antes do pro duto chegar aos consumidores passa por vários estágios de produção em diversos países Por exemplo diversos produtos eletrônicos de consumo muitas vezes são montados em nações com baixos salários como a China a partir de componentes produzidos em países que possuem uma remune ração maior como os Estados Unidos da América b O comércio internacional encontrase em constante modificação A sua di reção e composição é a mesma hoje na geração anterior e muito semelhan te quando comparamos com há mais de um século c Muitos países se juntaram e formaram blocos econômicos com o objetivo principal de aumentar as relações comerciais entre os membros não comer cializando com países que não fossem membros do referido bloco econômi co Nesse contexto surgiram a União Europeia o Mercosul a Comecom Con selho para Assistência Econômica Mútua o NAFTA o Pacto Andino e a Apec Cooperação Econômica ÁsiaPacífico Estes blocos se fortalecem e também 78 se relacionam entre si Dessa forma cada país ao fazer parte de um bloco eco nômico consegue mais força nas relações comerciais internacionais d Alguns historiadores afirmam que o processo de globalização teve início nos séculos no final do século XX logo após a queda da União das Repú blicas Socialistas Soviéticas URSS O neoliberalismo que ganhou força na década de 90 acabou por impulsionar ainda mais o processo de globaliza ção econômica e Uma característica importante da globalização é a busca pelo barateamen to do processo produtivo Dessa forma muitos países produzem suas mer cadorias em outros países com o objetivo de reduzir o custo do processo produtivo 4 Quando os países realizam comércio o que eles geralmente comercializam A primeira resposta que pode ocorrer de maneira geral são produtos manufa turados como automóveis computadores e roupas Entretanto o comércio de commodities minérios grãos e petróleo por exemplo são uma importante parte das trocas internacionais Temse também os serviços que desempe nham um papel importante e esperase que no futuro aumentem sua parti cipação Sobre os produtosmercadorias que são transacionados no comércio internacional entre os países e também sobre o comércio global assinale a al ternativa correta a Produtos manufaturados compõem a maior parte do comércio internacio nal pois possuem um baixo valor agregado A grande maioria do valor dos bens de mineração inclui diversos produtos desde o minério de cobre até o carvão embora o maior componente seja o petróleo vem do petróleo e outros combustíveis Já o comércio de produtos agrícolas por exemplo o trigo o soja e algodão embora seja crucial na alimentação de diversos paí ses representa uma pequena porção do valor do comércio moderno sendo um dos motivos o alto valor agregado b A dominância dos produtos manufaturados no comércio internacional não é relativamente nova No passado produtos primários bens agrícolas e minérios tinham um papel mais irrelevante no quadro geral de comércio c Atualmente uma das questões mais discutidas na economia internacional é se a tecnologia que tornou possível realizar diversas funções econômicas a longa distância irá aumentar drasticamente nas novas formas de comércio d Em um futuro distante a principal distinção para o comércio global não será entre coisas que podem ser colocadas ou não em uma caixa mas em vez disso será entre os produtos que podem ser entregues eletronicamente em longas distâncias com pouca ou nenhuma queda de qualidade e aqueles que não podem 79 e O comércio moderno é mais sutil pois os recursos humanos e as máquinas além de outros capitais são considerados mais importantes que os recursos naturais pois possuem menor valor agregado 5 O estudo da economia internacional nunca foi tão importante quanto agora No começo do século XXI as nações estão mais próximas do que nunca por causa da comercialização de mercadorias e serviços dos fluxos de dinheiro e dos inves timentos nas economias estrangeiras Sobre a pauta de comércio internacional brasileiro e sua inserção no mercado mundial assinale a alternativa correta a Nas últimas décadas o Brasil conseguiu modificar a sua pauta de comércio internacional pois até os anos 1960 o país produzia e exportava praticamen te produtos primários Atualmente nossa economia está mais diversificada e completa sendo referência mundial em alguns setores exportando pro dutos industrializados e processados semimanufaturados Sendo assim o país se destaca em alguns segmentos como o agronegócio mineração setor alimentício e mercado de aviação b É possível perceber que os principais produtos da pauta exportadora brasi leira são commodities que possuem alto valor agregado O primeiro produ to industrializado é o avião que estimula a cadeia produtiva tem um alto valor agregado gera empregos qualificados e passa uma imagem positiva do país para o exterior c O efeito da crise internacional de 2008 foi de que tanto as importações como as exportações aumentaram pois a China e a União Europeia não passaram por essa crise já que a mesma se iniciou nos Estados Unidos da América e foi contida rapidamente pelo governo norteamericano d Nos anos da crise econômica e política interna iniciada em 2015 brasileira tivemos uma alteração cambial mais precisamente uma depreciação cam bial em que os produtos brasileiros tornaramse menos competitivos no mercado internacional enquanto as importações tornaramse mais baratas Sendo assim é possível perceber uma queda do saldo da balança comercial e também uma queda da corrente de comércio sendo esta última causada principalmente pela crise interna e pela diminuição das exportações e O Brasil possui diversos parceiros comerciais comercializando somente com os países do ocidente devido a sua proximidade territorial e saída para o oceano atlântico com destaque para a União Europeia além do Estados Unidos da América Argentina Japão Paraguai Uruguai México Chile Chi na Taiwan Coréia do Sul e Arábia Saudita Os principais clientes dos produ tos brasileiros no exterior são a China Estados Unidos da América Países Baixos Alemanha e Rússia sendo que eles importam mais de 50 de todo volume negociado pelo Brasil embora concentrem suas compras em pro dutos básicos 80 Caroa alunoa Convido a todosas para uma leitura enriquecedora que discorre sobre como o mundo encontrase cada vez mais globalizado Tratase do resumo de artigo de Cunha 2011 que nos apresenta a ascensão chinesa a nível global e alguns impactos no Brasil Para uma melhor com preensão é indicado que seja realizada uma leitura completa do artigo intitulado A China e o Brasil na Nova Ordem Internacio nal sendo que a sua referência encontrase logo após o resumo A CHINA E O BRASIL NA NOVA ORDEM INTERNACIONAL A ascensão chinesa à condição de potência econômica e política em nível global tem estado no centro dos debates acadêmi cos e políticos Neste trabalho analisamos alguns impactos desse evento marcante sobre o Brasil Devese notar que os possíveis efeitos sobre o sistema internacional da ascensão chinesa em suas dimensões econômica e política têm concentrado a atenção de especialistas das mais diversas áreas No Brasil é possível identificar pelo menos duas perspectivas sobre esse tipo de for mulação Aceitando os riscos derivados do excesso de simplificação sugerese deno minálas de visões otimista e pessimista A primeira percebe na ascensão chinesa a possibilidade de consolidação de uma nova ordem internacional menos centrada no poder americano e com maior abertura de espaços para que o Brasil consolidese como uma potência líder entre os países em desenvolvimento particularmente na América do Sul e também com capaci dade de influenciar nações africanas que compartilham a herança comum da colo nização portuguesa A demanda chinesa por recursos naturais criaria um vetor de dinamismo para a economia brasileira ao longo dos próximos anos o que permitiria a ruptura do quadro de semiestagnação derivado da crise da dívida externa dos anos 1980 Evidentemente a demanda chi nesa per se não teria esse poder indutor sendo percebida como uma alavanca para a internacionalização de setores produtivos especializados na produção e industrialização de bens intensivos em recursos naturais Por outro lado a visão pessimista olha para essa mesma possibilidade como sendo um risco de involução com o Brasil retor nando a uma posição semelhante àquela dos anos anteriores a 1930 de uma econo mia primárioexportadora Temese aqui a perda de densidade da estrutura industrial diante das pressões competitivas origina das na China com efeitos negativos sobre a capacidade de gerar emprego e renda em setores produtivos mais complexos Ava liase também que a crescente presença econômica da China na América do Sul e na África poderia reduzir o potencial de internacionalização da economia brasileira Investigamos o comércio bilateral e os padrões de convergência cíclica entre as duas economias considerando uma aná lise mais ampla da competitividade externa da economia brasileira A partir desse pano de fundo objetivase mapear alguns dos possíveis impactos para o Brasil da ascen são da China à condição de potência global A ênfase recai sobre a dimensão econômica especialmente o comércio internacional Par tese da perspectiva de que o processo de crescimento e internacionalização da econo mia chinesa está gerando estímulos capazes 81 de condicionar as possibilidades de desen volvimento do Brasil ao longo das próximas décadas Os argumentos estão estrutura dos em três seções i procurase apresentar uma visão panorâmica da ascensão chinesa tomandose como pano de fundo a dinâ mica da grande divergência ii fazse um apanhado da situação contemporânea da economia chinesa iii a análise dos efeitos de sua crescente internacionalização sobre a economia mundial com ênfase para os casos da América do Sul e Brasil Concluímos explo rando algumas implicações normativas dos nossos resultados Fonte Cunha 2018 Leia o artigo completo acessando o link httpwwwscielobrscielo phpscriptsciarttextpidS010444782011000400003lngptnrmiso MATERIAL COMPLEMENTAR Economia internacional Dennis R Appleyard Alfred J Field Jr e Steven L Cobb Editora McGrawHill Sinopse livrotexto que oferece análise e tratamento consistentes das duas principais subdivisões da economia internacional a teoria internacional do comércio e a política monetária internacional Trabalha uma ampla variedade de fenômenos econômicos e assuntos emergentes como mudanças na política comercial norteamericana progresso na transição de economias de planejamento central para economia de mercado e aspectos especiais relacionados a nações em desenvolvimento REFERÊNCIAS 83 APPLEYARD D R FIELD A J COBB S L Economia internacional 6 ed Porto Alegre AMGH 2010 BLINDER A S Offshorring The Next Industrial Revolution Foreign Affairs mar abr 2006 CUNHA A M A China e o Brasil na Nova Ordem Internacional Revista de Sociologia e Política Curitiba v19 n suplementar p 929 nov 2011 Disponível em httpwwwscielobrscielophpscriptsciarttextpi dS010444782011000400003lngptnrmiso Acesso em 20 jun 2018 KRUGMAN P R OBSTFELD M MELITZ M J Economia Internacional São Paulo Pearson Education do Brasil 2015 KUZNETS S Modern Economic Growth Rate Structure and Speed New Haven Yale Univ Press 1966 PASSOS C R M NOGAMI O Princípios de economia 5ed São Paulo Pioneira Thomson Learning 2005 REFERÊNCIAS ONLINE 1 Em httpwwwmdicgovbrindexphpcomercioexterior Acesso em 20 jun 2018 2 Emhttpwwwmdicgovbrindexphpcomercioexteriorestatisticasdeco mercioexteriorbalancacomercialbrasileiraacumuladodoanolayoutedi tid3056 Acesso em 20 jun 2018 GABARITO 1 B 2 D 3 E 4 C 5 A UNIDADE III Professora Dra Luciane Cristina Carvalho TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL Objetivos de Aprendizagem Explicitar os fundamentos da teoria clássica do comércio internacional baseados nas vantagens absolutas Compreender as diferenças do modelo de vantagens absolutas para as vantagens comparativas Demonstrar os teoremas básicos da teoria neoclássica sobre o comércio internacional Apresentar o modelo de HeckscherOlhin com ênfase em diferenças com relação aos modelos básicos de comércio internacional Mostrar as teorias da nova economia internacional voltadas a economias de escala e a competição imperfeita Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Teoria clássica do comércio internacional vantagens absolutas Teoria clássica do comércio internacional vantagens comparativas Teoria moderna os quatro teoremas fundamentais O modelo de HeckscherOhlin Extensões da teoria da vantagem comparativa economias de escala competição imperfeita e comércio internacional INTRODUÇÃO Caroa alunoa seja bemvindoa à unidade de estudo Nesta unidade vamos conhecer um pouco sobre as teorias do comércio internacional Sabemos que apesar de hoje estudarmos essas teorias elas nem sempre existiram mas sempre foi possível o comércio Nesse sentido vamos ini ciar nosso estudo num período anterior às ideias o período conhecido como Mercantilismo O Mercantilismo foi a formulação de políticas nacionais que possuía um con junto de doutrinas com a finalidade de obter progresso econômico que é criado pela ação do Estado como forma de poder nacional Posteriormente às ideias mercantilistas iniciase a fase das ideias clássicas em que Adam Smith conhe cido por ser pai do liberalismo econômico desenvolve uma teoria chamada de vantagens absolutas a qual consiste na ideia de que cada país deve produzir o bem que custe mais barato e importar o bem que produziria de modo mais caro Sua ideia é ampliada por David Ricardo que buscou aprimorar as vantagens absolutas e agora formula a vantagem comparativa Tal vantagem consiste na especialização do país no bem no qual se utiliza o fator em abundância no local indicando a vantagem comparativa Vamos conhecer as teorias neoclássicas do comércio internacional as cha madas teorias modernas conhecidas também como quatro teoremas São eles Teorema de HechscherOhlin Teorema de equalização dos preços o qual cor responde à situação em que há convergência dos preços internacionais Teorema de StolperSamuelson em que se buscou estudar o efeito de uma tarifa que alte rasse o preço de um produto importado sem afetar os preços mundiais e por fim o Teorema de Rybcynski que procurou mostrar que mantendo os preços inalterados quais seriam as mudanças na dotação dos fatores e o que poderiam ocasionar no nível de produção das mercadorias Por último estudaremos os ganhos do comércio mediante a economia de escala numa economia de concorrência monopolística Desejamos um ótimo estudo a todos Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 87 TEORIA CLÁSSICA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL VANTAGENS ABSOLUTAS Neste tópico vamos estudar a teoria clássica do comércio internacional voltada às vantagens absolutas Tal teoria foi desenvolvida por Adam Smith conhecido como o pai da economia moderna e considerado o mais importante teórico do liberalismo econômico Ele foi filósofo e economista britânico nascido na Escócia As principais obras de Smith são a Teoria dos sentimentos morais e sua grande obra econômica Uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações Como ponto de partida ao estudo sobre a teoria das vantagens abso lutas Smith teve o importante trabalho de questionar as ideias mercantilistas e o sistema feudal por isso o tema do comércio internacional é um dos aspectos centrais de seu pensamento Para melhor entendimento sobre a teoria desenvolvida por Smith vamos rever a ideia principal das teorias do comércio anterior que serviram de base para os questionamentos de Smith Partindo do pressuposto que as relações TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 88 econômicas entre diferentes povos sempre existiram mesmo antes das relações políticas e culturais entre os mesmos vamos conhecer sucintamente o que foi o Mercantilismo O Mercantilismo conforme Gonçalves et al 1998 foi uma economia polí tica do Estado Absolutista Surgiu na Europa Ocidental no século XVIII criando a visão moderna do mundo A vida econômica era baseada na economia natural ou seja na regulação e sistemas de pesos e medidas locais O poder era exercido pelo nobre local ou por um governo municipal em cidades livres Assim surge o Mercantilismo como sistema econômico sendo uma reação à ordem estabelecida e opondose ao poder local ou da cidade ao poder uni versal ou supranacional da igreja No entanto a política comercial mercantilista reforça o poder do monarca defende a unificação econômica jurídica e admi nistrativa nacional Além disso sustenta a necessidade de se reforçar contra as ameaças externas Assim podese dizer que o nacionalismo e o absolutismo são as ideias principais do Mercantilismo Então o Mercantilismo foi a formulação de políticas nacionais que possuía um conjunto de doutrinas com a finalidade de obter progresso econômico que é criado pela ação do Estado como forma de poder nacional Para melhor com preender o conjunto de doutrinas assumidas pelos mercantilistas destacamos conforme Brue 2006 Ouro e Prata como riqueza associavam a riqueza de uma nação com o montante de ouro e prata que possuíam Nacionalismo cada um deveria exportar e acumular riqueza à custa dos vizinhos Consideravam que somente uma nação poderosa poderia con quistar e manter colônias Política protecionista importação isenta de taxas de matériasprimas que não podiam ser produzidas internamente proteção para bens manufatu rados e matériaprima que poderia ser produzida internamente Colonização e monopolização do comércio eram a favor da coloniza ção pois quaisquer benefícios que chegassem às colônias em virtude do crescimento e poder militar colonizador eram um subproduto acidental da política de exploração Teoria Clássica do Comércio Internacional Vantagens Absolutas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 89 Oposição aos pedágios impostos e outras restrições internas sobre o trans porte de bens reconheciam que os pedágios e impostos poderiam estrangular as empresas e aumentar o preço das exportações de um país Cabe lembrar que os mercantilistas não eram a favor do livre comércio interno preferiam as concessões de monopólios e privilégios comerciais exclusivos Importância de uma população numerosa e trabalhadora uma popula ção numerosa e trabalhadora era necessária como soldados e marinheiros para lutar pela nação mas também contribuía para manter a oferta de mão de obra elevada e os salários baixos De forma resumida a Figura 1 apresenta as principais ideias de uma política mercantilista A Política Mercantilista Protecionismo e nacionalismo econômico Companhias de comércio Concessão de monopólios ao comércio Abundância de matéria prima e Restrições tarifárias sobre as importações Atos de navegação e exclusividade comercial Nacionalização do comércio Fomento manufatureiro Figura 1 Políticas Mercantilistas Fonte adaptado de Brue 2006 Apesar das leis pragmáticas dos mercantilistas podemos observar que fazia algum sentido para o período em questão Os mercantilistas sabiam que a entrada de metais preciosos facilitava a cobrança de impostos Também sabiam que o TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 90 aumento do montante de ouro e prata em circulação reduzia as taxas de juros e promovia o comércio Já conhecida a política econômica mercantilista podemos entender melhor sobre os questionamentos de Smith sobre a referida política Conforme Brue 2006 a questão central dos mercantilistas que Smith abordou foi respondida por ele e deu origem a seu livro A riqueza das nações uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações Conforme a resposta de Smith a riqueza das nações é o resultado do aumento de produtividade do trabalho Para Smith essa oposição entre a riqueza das nações e o Mercantilismo afirmou que os metais preciosos são um produto como qualquer outro portanto um país grande produtor de metais preciosos seria naturalmente um exportador desse produto Acrescenta que o preço dos outros produtos que são cotados em ouro e prata no país com minas seria mais alto do que no país sem minas Como a riqueza das nações é a produtividade do trabalho criase assim uma divisão do trabalho a qual é o resultado da propensão da natureza humana de trocar negociar e vender um produto em troca de outro No entanto Gonçalves et al 1998 argumentam que a divisão de trabalho é limitada pela extensão do mercado Sendo assim o comércio internacional aumenta o mercado para produtos produzidos internamente situação que permite o aprofundamento da divisão do trabalho contribuindo para o aumento da riqueza da nação Smith defende que por intermédio do comércio internacional um país exporta as mercadorias que consegue produzir de modo mais barato que os demais e importa aquelas que produz de maneira mais cara Dessa forma pro duz mais dos produtos que faz com maior eficiência e consumindo mais produtos do que seria capaz na ausência do comércio internacional Essa ideia de Smith é conhecida como vantagens absolutas Para ele o comércio internacional conforme Gonçalves et al 1998 seria possível somente quando o tempo de trabalho necessário para produzir pelo menos um produto fosse inferior ao tempo de trabalho necessário para pro duzir o mesmo produto no exterior ou seja a capacidade de produzir um bem com menos insumos Teoria Clássica do Comércio Internacional Vantagens Absolutas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 91 Podemos observar em Gonçalves et al 1998 que o pensamento de Smith é complexo e destaca que quando houver um produto de qualquer setor da indústria que exceda a demanda interna de um país o excedente deve ser tro cado no exterior por algum produto que não tenha produção doméstica Então reforçamos a contribuição de Smith sobre o comércio internacional baseado nas vantagens absolutas podemos entender que um país possui uma vanta gem absoluta quando consegue produzir um bem com menor custo que o país estrangeiro Lembrando que isso ocorre por meio da divisão de trabalho ou seja especialização Assim o país consegue produzir com eficiência Entendendo melhor as vantagens absolutas elas indicam que o país deve se especializar no que faz melhor ou seja o produto que produz melhor pois dessa forma obtém vantagem absoluta em termos de custos isto é em número de horas de trabalho necessárias para a produção de um bem que deve ser menor do que o estrangeiro Vamos observar na Tabela 1 Tabela 1 Teoria das vantagens absolutas Bens X e Y Custo horas de trabalho necessárias para produzir 1 Produtividade produção por hora de trabalho Países A e B X Y X Y A 1 2 1 ½ 05 B 2 1 ½ 05 1 Fonte Africano Afonso e Alves 2007 online1 Neste exemplo consideramos os custos unitários de produtos de dois países sendo A e B que produzem dois produtos sendo X e Y Percebemos que embora exista custos de produção constantes para cada bem em cada nação os custos diferem nos dois países e o fator determinante na diferenciação dos custos é a tecnologia No referido exemplo o país A é mais eficiente em produzir o produto X isto é o país A consegue produzir X com menor custo e sua produtividade é maior Por isso dizemos que o país A tem vantagem absoluta em X e deve se especia lizar em sua produção Enquanto o país B é mais eficiente em produzir Y isto é possui vantagem absoluta em produzir Y e deve se especializar em sua produção TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 92 Assim conforme a teoria de Smith podemos dizer que o comércio é bené fico Vamos conversar sobre a resposta partindo do pressuposto das vantagens absolutas e considerando duas situações uma situação em economia fechada e outra em uma situação de livre comércio Tabela 2 Ganho de uma hora de trabalho em cada país Gastos em horas de trabalho em Economia fechada Gastos em horas de trabalho em livre comércio Bens Bens País X Y Total País X Y Total A 1 2 3 A 2 2 B 2 1 3 B 2 2 Total 3 3 6 Total 2 2 4 Fonte Africano Afonso e Alves 2007 online1 Na primeira situação de economia fechada cada economia produz uma unidade de cada bem para satisfazer suas necessidades internas Na segunda situação livre comércio o país A vai produzir duas unidades uma para consumo domés tico e outra para o consumo externo e B vai produzir duas unidades de Y com a mesma finalidade Conforme o exemplo os ganhos de horas de trabalho em livre comércio beneficiam os países que possuem eficiência ou seja aqueles com capacidade para produzir um produto com menor custo Isso mostra claramente a ideia cen tral de Smith sobre os ganhos baseados na exportação ou seja o livre comércio Destacamos que de acordo com a teoria das vantagens absolutas o comér cio só seria possível se um país fosse eficiente em pelo menos um bem Portanto não haveria comércio se o país possuísse ineficiência em ambos os bens Esse ponto de troca com países ineficientes apresenta uma falha na teoria das vantagens absolutas Logo com o intuito de avançar os conhecimentos sobre a especialização do comércio e responder a essa falha vamos conhecer a teoria das vantagens comparativas em nossa próximo tópico Teoria Clássica do Comércio Internacional Vantagens Absolutas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 93 TEORIA CLÁSSICA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL VANTAGENS COMPARATIVAS A teoria clássica do comércio internacional de acordo com Gonçalves et al 1998 apresenta David Ricardo como um dos mais importantes pensadores de sua época com a contribuição das vantagens comparativas A preposição de seu estudo era que as vantagens comparativas são as causas dos ganhos do comércio Assim a teoria Ricardiana de vantagens comparativas assume alguns pres supostos sendo eles I O comércio entre duas economias cujas estruturas de produção sejam diferentes II As duas economias produzindo cada uma dois produtos III Existe um único fator de produção o trabalho IV O trabalho é perfeitamente móvel no interior de um país mas imóvel internacionalmente V Há diferença de tecnologia entre os dois países VI Balança comercial equilibrada VII Custo de transporte igual a zero VIII Há rendimentos constantes de escala Entendendo melhor esses pressupostos do modelo Ricardiano conforme Gonçalves et al 1998 no primeiro pressuposto Ricardo argumenta que o comércio bilateral é sempre mais vantajoso do que em uma economia fechada conhe cida como autarquia Para as duas economias envolvidas no comércio bilateral a estrutura de produção deve ser diferenciada isto é a produtividade do trabalho nos vários países é diferente TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 94 A tecnologia é destacada como motivadora das diferenças internacionais de produção O segundo pressuposto aponta que as duas economias envolvidas produ zem cada uma dois produtos indicados na maioria dos livros em economia internacional como sendo vinho e tecido Assim as economias empregam uma quantidade de trabalho para a produção de ambos sendo este o único fator de produção como terceiro pressuposto O quarto pressuposto trata do salário note que para Ricardo o salário no interior de uma economia seria sempre igual Assim levando em conta o custo de se produzir uma unidade de vinho em um país A e uma unidade de tecido no país B os preços relativos no interior dessa economia dependem apenas da quan tidade de trabalho necessária para produzir um bem e não do nível de salário O quinto pressuposto diz respeito à tecnologia Como já mencionamos a tecnologia é destacada como motivadora das diferenças internacionais de pro dução no entanto Ricardo a considera como uma possível explicação para as diferentes estruturas de preços relativos em diferentes países O sexto pressuposto referese à balança comercial equilibrada mostrando sua preocupação com a continuidade da relação comercial entre as duas economias O sétimo pressuposto referese ao custo de transporte zero Isso indica que numa situação de livre troca não há impedimentos ao comércio portanto pres supõe a ausência de tarifas e custo de transporte zero E por último diz respeito ao rendimento constante de escala isto é o número de horas de trabalho por unidade e produto não se altera com a quantidade pro duzida com o tempo Estes foram os pressupostos do modelo Ricardiano de vantagens compara tivas Mas afinal o que é exatamente uma vantagem comparativa Podese definir vantagens comparativas como vantagens de custos de pro dução conforme o modelo de Ricardo de comércio internacional implica na especialização de cada país na exportação do produto do qual tem vantagens comparativas Assim todos os países irão lucrar com o comércio exceto na situ ação em que a estrutura de custos relativos desses dois países for idêntica De acordo com Salvatore 2013 sob o pressuposto da lei da vantagem com parativa mesmo que uma não seja menos eficiente do que a outra nação na Teoria Clássica do Comércio Internacional Vantagens Comparativas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 95 produção de dois produtos ainda existe uma base para o comércio mutuamente benéfico Nessa situação a primeira nação deve se especializar na produção e exportação do bem em que tem desvantagem absoluta menor nessa situação esse produto é o que apresenta a vantagem comparativa e importar o produto em que tenha maior desvantagem absoluta nesse caso sua desvantagem comparativa Vejamos um exemplo prático das vantagens comparativas conforme Gonçalves et al 1998 considerando como dois países Inglaterra e Portugal os dois produtos como sendo vinho e tecido Bens Tecido e Vinho Custo horas de trabalho necessárias para produzir 1 Produtividade produção por hora de trabalho Países Tecido Vinho X Y Inglaterra 100 120 1100 1120 Portugal 90 80 190 180 Quadro 1 Formulação da Teoria das Vantagens Comparativas Fonte adaptado de Gonçalves et al 1998 p 15 Para David Ricardo é a tecnologia que determina os custos unitários de pro dução No exemplo acima procurou mostrar que é irracional um país menos desenvolvido no caso Portugal ser absolutamente mais eficiente na produção dos dois bens Nesse sentido a motivação de David Ricardo era conduzir até o limite das consequências a vantagem da troca referindose à Inglaterra Então como seria o comércio entre as duas nações Vejamos sob a ótica das vantagens absolutas o comércio desses dois países seria nulo visto que Portugal era mais eficiente na produção de ambos os bens dessa forma não haveria de sua parte interesse na troca e também considerando as vantagens absolutas não há fatores suficientes para determinar a especialização Vejamos agora sob a ótica das vantagens comparativas em que se permite determinar padrões de especialização e consequentemente a troca Vamos considerar uma economia fechada que possui equivalência nos valores globais de produção em ambos os bens e já pode determinar as Razões de Troca RT TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 96 Vejamos o exemplo a seguir considerando Q representa quantidades C repre senta os custos unitários e a RT TIV Portugal ou seja a razão de troca de tecido por um de vinho em Portugal 1 1 80 0888 90 Portugal Portugal Portugal Portugal Portugal Portugal Portugal Tecido Vinho Tecido Tecido Vinho Vinho T V Portugal Portugal Vinho Tecido Portugal Portugal Vinho Tec V T Portugal Tecido Q C Q C Q C RTA Q C Q C RTA Q 90 1125 80 Portugal ido Portugal CVinho 1 1 120 12 100 Inglaterra Inglaterra Inglaterra Inglaterra Inglaterra Inglaterra Inglaterra Tecido Vinho Tecido Tecido Vinho Vinho T V Inglaterra Inglaterra Vinho Tecido Inglaterra Inglaterra Vinho V T Q C Q C Q C RTA Q C Q RTA 100 0833 120 Inglaterra Tecido Inglaterra Inglaterra Tecido Vinho C Q C Figura 2 Razão de Troca de Portugal Fonte Africano Afonso e Alves 2007 online1 A RT mostra o custo oportunidade da troca em relação aos dois bens Sendo assim verificase o custo do vinho em relação ao tecido em Portugal para então posterior mente tomar a decisão de troca Colocando os resultados da RT em matriz temos Custos relativos Países Tecido Vinho Inglaterra 0833 12 Portugal 1125 0888 a Tabela 3 Custos relativos a partir da razão de troca Fonte Africano Afonso e Alves 2007 online1 Nota a é a RT TIV Portugal ou dito de outro modo o custo do Vinho relativamente ao Tecido em Portugal ou ainda o custo de oportunidade do Vinho em Portugal De acordo com os resultados dos custos relativos de cada bem frente ao outro de cada país podemos concluir que Portugal possui vantagem comparativa na pro dução de vinho e Inglaterra na produção de tecido Baseados em que chegamos a essa conclusão Bem são os custos relativos que nos mostram que a produ ção do vinho é inferior em Portugal sendo 088 8 12 da Inglaterra e com relação ao tecido é inferior na Inglaterra sendo 083 3 1125 de Portugal Teoria Clássica do Comércio Internacional Vantagens Comparativas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 97 Com a demonstração da RT podemos dizer que Portugal é relativamente mais eficiente na produção de vinho e a Inglaterra na produção de tecidos Então devido a essas diferenças de custos relativos ambos os países são incentivados à troca E conforme Gonçalves et al 1998 sobre a teoria de David Ricardo Portugal deve especializarse na produção de vinho e Inglaterra na produção de tecido Enfim a especialização deve ser verificada sob a ótica das vantagens com parativas e cada nação deve especializarse na produção do bem que possui relativamente maior vantagem ou menor desvantagem relativa Lembrando que apesar da determinação do padrão e comércio a troca internacional só se realizará se houver incentivos isto é Portugal irá se espe cializar em vinhos se obtiver no mercado internacional mais do que 088 8 unidade de tecido em metros por cada unidade de barril de vinho E os ingle ses da mesma forma só sentirão incentivados a especializarse na produção de tecido se conseguirem comprar no mercado internacional o vinho mais barato isto é se pagarem por uma unidade de vinho menos de 12 unidade de tecido que é quanto pagam domesticamente Por outro lado os Ingleses só irão se especializar em tecido se obtiverem por cada unidade no mercado internacional mais de 083 3 unidades de vinho ou seja mais do que recebem internamente E os Portugueses só estarão dispostos a especializarse na produção de vinho se conseguirem comprar mais barato o tecido ou seja se pagarem por uma unidade de tecido menos de 1125 unidade de vinho O argumento sobre as trocas internacionais ainda não está completo pois David Ricardo de acordo com Krugman e Obstfeld 2005 argumenta que para que dois países tenham interesse na troca e esta de fato se realize devese com preender a Razão de Troca Internacional RTI Sendo assim David Ricardo define os limites para essa Razão ou seja demonstrou o objetivo fundamen tal desse acontecimento que é baseado na eficácia da troca isso quer dizer que ambos os países ganham Lembramos que o referido autor não avançou para uma melhor definição de RTI em razão de falta de informações que pudessem contribuir para a for mulação mais exata Para essa informação ser completa deveria ser levado em conta tanto a oferta quanto a demanda no entanto no modelo desenvolvido por David Ricardo considerase apenas a oferta TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 98 No exemplo anterior a RTI T1V obedeceu aos limites estabelecidos por David Ricardo e nesse caso os Portugueses ganham porque vendem mais caro que no mercado doméstico e os Ingleses também ganham porque compram mais barato A ideia fundamental da troca é que após sua realização haverá um preço do vinho em termos de tecido que será comum nos dois países Sendo assim podemos dizer que a Inglaterra importa o vinho e exporta o tecido pelo preço do tecido relativamente ao vinho deverá que aumentar Em Portugal não é diferente o preço relativo do vinho também irá aumentar Então com novos preços os produtores aumentam a produção do bem em que têm vantagem comparativa Outro fato a destacar é que David Ricardo não se preocupou com a divi são dos ganhos por cada país No entanto podemos considerar que o país mais beneficiado é aquele para o qual a RTI mais se afasta da interna Assim exem plificamos a seguir os ganhos de cada país Salientamos que ambos os países ganham no entanto não equitativamente Para melhor entendimento sobre o exemplo a seguir vamos supor que RTI T1V 1 e que cada país necessita de uma unidade de cada um dos bens para satisfazer as necessidades internas Gastos em horas de trabalho em Economia fechada Gastos em horas de trabalho em livre troca Bens Bens País Tecido Vinho Total País Tecido Vinho Total Inglaterra 100 120 220 Inglaterra 200 200 Portugal 90 80 170 Portugal 160 160 Total 190 200 390 Total 200 160 360 Tabela 4 A ideia fundamental da troca e os ganhos em escala mundial Fonte Africano Afonso e Alves 2007 online1 Com relação a esse exemplo podemos concluir que o ganho em escala mundial é uma economia de 30 horas de trabalho para as mesmas unidades dos bens Esclarecendo Portugal poupa 10 horas e a Inglaterra 20 horas No entanto como já destacado os ganhos não são equitativos Vamos considerar um outro exem plo em que a produção total foi realizada em Portugal Teoria Clássica do Comércio Internacional Vantagens Comparativas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 99 Gastos em horas de trabalho em Economia fechada Gastos de horas de trabalho concentran do a produção no país mais eficiente Bens Bens País Tecido Vinho Total País Tecido Vinho Total Inglaterra 100 120 220 Inglaterra Portugal 90 80 170 Portugal 180 160 340 Total 190 200 390 Total 180 160 340 Tabela 5 Ótimo absoluto em escala mundial Fonte Africano Afonso e Alves 2007 online1 Nesse caso o ganho seria maior considerando que toda a produção seria reali zada em 340 horas sendo um ótimo relativo Essa situação causaria problemas em relação à circulação de capitais e de fatores Lembrando que conforme Gonçalves et al 1998 nas hipóteses iniciais David Ricardo considerou imobilidade de fatores resultando numa situação de ótimo relativo No entanto o comércio inter nacional pode permitir uma situação de second best ou seja segundo melhor Enfim vamos fechar o modelo de David Ricardo considerando alguns pontos Modelo um tanto irreal salientamos que apesar de ser um tanto irreal ele atende à estrutura de custos defende a especialização industrial para a Inglaterra a qual a longo prazo leva a ganhos maiores A especialização não é dissociável dos fatores do crescimento econômico da distribuição da renda e da acumulação do capital Pensamento incorreto com relação às vantagens de um país grande sobre um país pequeno O pensamento aqui é que apesar do país grande devido a sua dimensão e poder obter ganhos do comércio estando o mesmo com vantagem relativa comparado a uma nação de dimensão pequena e sem poder isso não se verifica nas teorias clássicas É entendido que quando os dois países com dimensão muito diferente trocam entre si todos os ganhos podem reverter para a nação menor enquanto o país grande não obtém ganhos TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 100 TEORIA MODERNA OS QUATRO TEOREMAS FUNDAMENTAIS Neste tópico vamos conhecer a teoria moderna do comércio internacional a qual é conhecida como teoria neoclássica do comércio internacional Salientamos que as alterações na teoria das trocas desde as ideias de David Ricardo defensor das ideias clássicas centraramse no desenvolvimento do lado da procura e do lado da oferta não levando em conta a teoria do valor trabalho Então essa cha mada teoria moderna de comércio internacional surge como reação às ideias de David Ricardo A partir daí temse a origem de duas vertentes que dão forma a essa nova ideia as quais de acordo com Gonçalves et al 1998 são Desenvolvida por Stuart Mill e Alfred Marshall essa vertente referente ao lado da procura analisa a especialização ao nível dos produtos Na verdade a formulação desenvolvida por David Ricardo fica incompleta pois analisa apenas o lado da oferta e ainda não procurou esclarecer de fato a razão de troca internacional Posteriormente Stuart Mill introduz a análise pelo lado da procura para completar o modelo de D Ricardo Teoria Moderna Os quatro Teoremas Fundamentais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 101 Desenvolvida pelos suecos Eli Hechscher e Bertil Ohlin exaluno de Hechscher analisa a especialização ao nível dos fatores produtivos ou seja o lado da oferta Assim originase a chamada teoria pura do comér cio internacional centrada na dotação dos fatores de produção Esses dois formuladores procuraram analisar com base na identidade de funções de produção que diferentemente de David Ricardo a base fundamen tal desigualdades de tecnologia E para Heckscher e Ohlin é justamente essa diferença de dotação de fatores produtivos que explica a razão da troca internacional De acordo com Gonçalves et al 1998 o ponto de partida para a formulação dessa nova teoria foi o modelo de Cassel sobre o modelo de equilíbrio geral desenvol vido por Walras Tratase de um modelo em que a determinação das quantidades e preços relativos dependiam primeiramente da dotação dos fatores num segundo momento da tecnologia e por fim das preferências dos consumidores Nesse sentido Ohlin modificou esse modelo para aplicálo aos estudos inter nacionais e intrarregional o qual ficou conhecido como HechscherOhlin E ainda Esse modelo permitia mostrar que no caso simples de dois fatores dois produtos e duas regiões o comércio que surgiria uma vez que cada re gião saísse do isolamento seria baseado na troca de produtos produzidos relativamente mais baratos em cada região Esses produtos eram aqueles cuja produção requeria relativamente maior quantidade do fator abun dante em termos domésticos GONÇALVES et al 1998 p 18 Além da contribuição de HechscherOhlin outro pensador que contribuiu para melhorar o modelo da teoria neoclássica foi Paul Samuelson Sua contribuição foi desenvolver a teoria sobre os ganhos do comércio apresentando um novo problema que é a equalização dos preços dos fatores produtivos Sendo assim a teoria neoclássica tornouse uma teoria de 4 teoremas conhecida também como HechscherOhlinSamuelson Para melhor compreensão da teoria do comércio internacional vejamos as bases fundamentais que são os quatro teoremas Teorema de HechscherOhlin Teorema de equalização do preço dos fatores Teorema de StolperSamuelson e Teorema de Rybczynski TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 102 TEOREMA DE HECKSCHEROHLIN Vamos conhecer aqui o modelo de teoria internacional desenvolvido por HeckscherOhlin lembrando que se trata de um teorema ou seja o modelo recebeu contribuições posteriores que melhoram sua análise Iniciamos partindo dos pressupostos indicados por Gonçalves et al 1998 1 Dois países podemos denominar de N e S que produzem os mesmos produtos numa situação de mercado competitivo internamente Os pro dutos são elaborados separadamente e para sua elaboração são utilizados apenas dois fatores de produção capital K e trabalho L para o país S e K e L para o país N Levando em consideração que a oferta no inte rior de cada país é perfeitamente inelástica 2 A tecnologia utilizada nos dois países é idêntica e possui retorno de escala 3 Cada país possui diferentes fatores de produção sendo assim vamos con siderar que o país S tem maior dotação relativa do fator trabalho Vamos colocar no modelo o preço do trabalho L em S como sendo w e w o preço do L em N o qual possui sua maior dotação de L que pode ser determinado pelo fato de que numa economia autárquica ww 4 Cada país compartilha de padrões de preferências idênticos e homotéti cos ou seja é um aumento ou redução a partir de um ponto fixo Esse último pressuposto carece de uma explicação melhor pois a partir dele Gonçalves et al 1998 acrescenta uma nova premissa De acordo com o referido autor a Figura 3 apresenta um equilíbrio no con sumo isto é internamente a um país considerando que o gráfico possui um conjunto de curvas de indiferença para um indivíduo no país Nele podemos observar que todos os pontos na curva de indiferença U indicam o mesmo nível de bemestar para o consumidor Outro ponto importante é que o consumidor maximiza sua utilidade conforme suas restrições orçamentárias Teoria Moderna Os quatroTeoremas Fundamentais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 103 Consumo de tecido Consumo de vinho Ct Cv E U2 U1 U0 Figura 3 Modelo de HeckscherOhlin Equilíbrio no consumo Fonte adaptado Gonçalves et al 1998 Dessa forma os resultados no modelo dependem das preferências do consumi dor ou da comunidade como um todo necessitando de uma curva de indiferença comunitária Então originase o quinto pressuposto do modelo 5 Não só os países mas todos os consumidores em cada país pos suem preferências idênticas ou homotéticas ou seja assumese que a sociedade pode maximizar seu bemestar para a sociedade como se fosse um indivíduo e que um maior nível de bemestar para a socie dade implica um maior nível de bemestar para cada indivíduo nessa comunidade Agora vamos olhar pelo lado da oferta pois o lado dos consumidores já conhe cemos Nosso estudo começa pela análise de uma economia autárquica que tem curva de possibilidade de produção PP conforme Figura 4 que mostra o produto máximo possível com os fatores disponíveis em uma economia com produção de dois produtos sendo vinho v e tecido t TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 104 Produção de tecido Produção de vinho V P P E Figura 4 Modelo de HeckscherOhlin Equilíbrio na produção Fonte adaptado Gonçalves et al 1998 Conforme podemos observar na Figura 4 a inclinação da curva PP representa o preço relativo de v com relação a t Assim a produção ocorrerá numa situ ação de livre concorrência no ponto E ponto este em que a curva de preço tangencia a curva de possibilidade de produção Nesse ponto o produto é otimizado ou seja a esses preços relativos qualquer mudança nos níveis de produção de qualquer produto levará a uma redução do valor da produção nacional Agora vejamos pelo lado do mercado o equilíbrio se dá no ponto em que se iguala o lado da demanda e oferta de cada bem a um determinado nível de pre ços relativos O nível de preço de equilíbrio é dado pela inclinação da curva PP no ponto que tangencia Ea com a curva de indiferença comunitária Ua e com a curva PP qq como podemos observar na Figura 5 Teoria Moderna Os quatroTeoremas Fundamentais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 105 Produção e consumo de tecido Produção e consumo de vinho V P P Ea qt Ua Figura 5 Modelo de HeckscherOhlin Equilíbrio em autarquia Fonte adaptado Gonçalves et al 1998 Bem vimos até aqui a economia autárquica Neste ponto vamos expandir a aná lise para a situação de abertura econômica Podemos perguntar o que muda com a abertura do comércio A resposta é muda o preço de equilíbrio que na econo mia autárquica era determinado pela demanda e oferta Agora com a abertura do comércio os preços relativos de cada produto são ajustados para equalizar a demanda e oferta na economia mundial De acordo com o gráfico a sehuir podemos observar que o equilíbrio do país autárquico é o ponto Ea e o equilíbrio do livre comércio é o ponto Elc A linha P mostra os preços de equilíbrio em escala mundial Lembrando que os preços relativos em P diferem dos preços de uma economia autárquica P como apresentado na Figura 6 TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 106 Produção e consumo de tecido Produção e consumo de vinho Qv Cv Elc Ulc Ua Ea P P Q Qt Cta Ct Figura 6 Modelo de HeckscherOhlin Equilíbrio em livre mercado Fonte Gonçalves et al 1998 p 22 Vamos entender um pouco mais a Figura 6 que demonstra o equilíbrio de mer cado Podemos perguntar e como fica a produção A resposta é que a produção doméstica ou economia autárquica é mostrada pelo ponto P que tangencia a curva de possibilidade de produção doméstica O consumo doméstico é verifi cado na tangência dos pontos Elc e Ulc da curva de indiferença De acordo com o gráfico o modelo de economia produz quantidade de Vinho Qv e quantidade de tecido Qt e o consumo de ambos os produ tos sendo Cv e Ct Nesse caso a economia exporta vinho e importa tecido A exportação é dada por QvCv O consumo de tecido nessa economia é igual a Ct Podemos ver que o consumo de vinho não alterou a economia autárquica para o livre comércio no entanto o consumo de tecido aumenta de Cta para Ct Nessa situação o ganho com a abertura do comércio exterior foi apenas a região onde estão os pontos Ct Elc Cta e Ea representando um ganho de bemestar dos consumidores desse país da curva de indiferença Ua para curva de indiferença comunitária Ulc Teoria Moderna Os quatroTeoremas Fundamentais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 107 A validação do modelo sob o teorema de HeckscherOhlin depende de mais dois pressupostos sendo 6 A balança comercial de ambos os países deve estar em equilíbrio 7 Não existe reversão na intensidade de uso dos fatores para o mesmo pro duto internacionalmente Entretanto Gonçalves et al 1998 salienta que as hipóteses acimas mencionadas levam a um padrão de comércio de forma indeterminada em razão da hipótese 6 ser pouco realista pois um balanço de pagamentos não equilibrado levaria a alterações da riqueza alternando o ponto de equilíbrio do comércio Quanto à hipótese 7 o argumento é de que não haver reversão na intensidade dos fatores leva a uma limitação do modelo TEOREMA DE EQUALIZAÇÃO DE PREÇOS Estudaremos esse teorema dando continuidade à economia hipotética de dois produtos vinho e tecido conforme foi visto no teorema anterior Iniciando nosso estudo de equalização de preços vamos levar em consideração a combinação de salário real e o custo do capital que leva a um retorno real igual a zero Lembrando que o salário real e o custo de capital não podem ser diferentes em dois setores da economia pois se assim o fossem moveriam os fatores para o setor de remuneração mais alta Dessa forma Gonçalves et al 1998 argumentam que o equilíbrio deve ser e consiste na dotação de fatores da economia e o preço desses fatores deve ser determinado pela tecnologia e pelo custo das mercadorias Considerando que no livre mercado os preços dos fatores de produção são iguais no mundo está de acordo com os postulados do teorema da equalização dos preços O teorema de equalização dos preços leva a uma completa equalização dos preços levando em conta que os fatores de ambos os setores da economia vinho e tecido estão plenamente empregados Assim o comércio internacional con tribui para a redução das diferenças internacionais entre os fatores de produção TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 108 TEOREMA DE STOLPERSAMUELSON Esse teorema foi desenvolvido por W Stolper e Paul Samuelson os quais buscaram tratar da relação do preço dos fatores com o preço das mercadorias comerciali zadas Assim o teorema mostra que os preços dos fatores são dependentes dos preços das mercadorias Esclarecendo o referido teorema indica que uma mudança no preço de uma das mercadorias comercializadas internacionalmente leva a uma alteração mais do que proporcional em ambos os fatores Melhorando a ideia um aumento no preço de tecido com relação ao preço do vinho leva a um aumento mais do que proporcional ao preço do fator usado intensivamente na produção desse produto O Teorema buscou discutir o efeito de uma tarifa que alterasse o preço de um produto importado sem afetar os preços mundiais De acordo com essa situ ação haveria uma transferência de renda para o fator usado abundantemente na produção de uma mercadoria protegida Por exemplo se um determinado país decidisse proteger sua indústria de tecido estaria também aumentando mais que relativamente a taxa de retorno do capital sobre os salários reais O teorema de StolperSamuelson foi argumentado por outro estudioso Pomflet que procurou mostrar o efeito ampliação de tal teoria A argumenta ção é a seguinte se a taxa de retorno do capital e dos salários reais crescem mais que 10 então o preço do tecido teria que crescer mais que 10 Em contra partida se a taxa de retorno do capital e dos salários reais crescem menos que 10 isso também seria verdadeiro para o preço dos tecidos Logo para que os preços dos tecidos cresçam exatamente 10 é necessário que o preço do capi tal cresça mais que 10 e do trabalho menos que 10 Assim esse teorema estabelece uma ordem nas mudanças proporcionais no preço dos fatores e dos produtos sendo o aumento iniciase pelo capital que por sua vez aumenta o preço dos tecidos o qual irá aumentar o preço do vinho e por fim o preço dos salários reais Teoria Moderna Os quatroTeoremas Fundamentais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 109 TEOREMA DE RYBCYNSKI Esse é o último teorema da escola neoclássica O referido teorema procurou mostrar que dado o preço dos fatores ou seja estes se mantêm constantes as mudanças ocorrem nas alterações na dotação dos fatores de produção que por sua vez ocasionam o nível total de produção das mercadorias A discussão desse teorema é o efeito da variação das quantidades dos fatores sobre as mercado rias produzidas Conforme Gonçalves et al 1998 esse teorema mostra que com o cresci mento da oferta de um fator de produção é possível observar o efeito ampliação ou seja com o crescimento mais que proporcional do produto da mercadoria que usa de maneira intensiva o fator que aumentou O efeito ampliação destacado nesse teorema é semelhante ao do Stolper Samuelson considerado de forma intuitiva Exemplo vamos considerar que a oferta de trabalho aumente em 10 e que os preços permaneçam inalterados Logo considerando os mesmos dois produtos nessa situação os produtos de ambos os setores não poderiam crescer mais que 10 pois seria necessário o uso de mais capital Em contrapartida também não poderiam crescer menos que 10 pois indicaria mão de obra desempregada Assim de forma conclusiva a esse exemplo o produto que faria uso intensi vamente do trabalho deveria crescer mais que 10 já que aumentou sua oferta de trabalho em 10 Todavia o aumento do produto desse setor causaria um deslocamento de capital do setor intensivo nesse setor Como a oferta de capi tal não se alterou é necessário que haja uma queda na produção da mercadoria que usa intensivamente o fator capital Enfim finalizamos o estudo sobre os quatro teoremas TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 110 O MODELO DE HECKSCHEROHLIN Vamos conhecer o modelo de recursos e comércio conhecido como modelo de HeckscherOhlin Esse modelo enfatiza a interrelação entre os fatores de pro dução diferentes disponíveis em diferentes países e as proporções em que eles são utilizados na produção de diferentes bens sendo assim chamado de teoria das proporções dos fatores O modelo mostra que a vantagem comparativa é influenciada pela abundância relativa de fatores referese a países e pela inten sidade relativa de fatores referese a bens Vimos que o comércio internacional traz benefícios ou ganhos às nações parti cipantes Entretanto devemos refletir nas diferenças produtivas entre eles que em teorias anteriores são justamente o motivo para trocar mercadorias Então se as estruturas produtivas de cada país são diferentes será que de fato há ga nhos por exemplo como a equalização de preços no comércio internacional O Modelo de HeckscherOhlin Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 111 Como hipótese do modelo vamos destacar primeiramente uma situação em que não há comércio ou seja vamos analisar as proporções dos fatores sem considerar o resto do mundo apenas o país local As hipóteses destacadas em Krugman e Obstfeld 2005 são Uma economia pode produzir dois bens roupas e alimentos A produção desses bens requer dois insumos que têm oferta limitada trabalho L e terra S Nos dois países a produção de alimentos é terraintensiva enquanto a produção de tecidos é trabalhointensiva A concorrência perfeita prevalece em todos os mercados Nesse modelo a quantidade utilizada de insumos seja terra ou trabalho vai depender da disponibilidade do produtor já que em uma economia com fato res é possível o produtor fazer escolhas e produzir mais de um produto com certa quantidade de insumos e menos do outro como mostrado na Figura 7 Insumo terra por unidade aSA em alqueires por caloria Insumo trabalho por unidade aLA em horas por caloria Combinações de insumos que produzem uma caloria de alimento Figura 7 Possibilidades de insumos na produção de alimentos Fonte Krugman e Obstfeld 2005 Conforme a Figura 7 o produtor ou agricultor pode produzir mais alimento com menos terra se utiliza mais trabalho e viceversa Enfim a figura apresenta as diversas com binações entre os insumos que irão ao encontro da escolha do produtor ao produzir TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 112 Então a pergunta básica para esse produtor é qual a escolha do insumo A resposta não é tão simples pois depende do custo relativo entre os fatores Isso quer dizer que depende da razão terratrabalho Consideremos o caso em que a renda produzida pela terra é alta e os salários baixos os agricultores escolherão produzir utilizando pouca terra e muito trabalho E no caso contrário se as rendas forem baixas e os salários altos eles pouparão o trabalho e utilizarão mais terra Essa situação podemos observar na Figura 8 que mostra as razões entre o fator terra e trabalho que são utilizados na produção conforme o custo do tra balho em relação a terra A curva AA indica as escolhas da razão terratrabalho A curva TT indica as escolhas correspondentes a produção de tecido Razão saláriorenda da terra w r Razão terratrabalho S L TT AA Figura 8 Preço de fatores e escolhas de insumos Fonte Krugman e Obstfeld 2005 Conforme a Figura 8 podemos entender que a qualquer preço dos fatores de pro dução o produtor sempre irá escolher um tipo de insumo ao produzir Assim a intensidade vai depender da razão entre os insumos Dessa maneira um bem não pode ser ao mesmo tempo terraintensivo e trabalhointensivo Vimos até agora que o modelo funciona para uma economia local ou seja na ausência do comércio Agora vejamos como funciona para o comércio internacio nal Para isso vamos assumir novas hipóteses para o modelo de HeckscherOhlin que conforme Krugman e Obstfeld 2005 são O Modelo de HeckscherOhlin Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 113 Há dois países local e estrangeiro que têm os mesmos gostos a mesma tecnologia recursos diferentes O local possui uma razão entre trabalho e terra mais alta que a do estrangeiro Cada país tem a mesma estrutura de produção de uma economia com dois fatores Conforme essas hipóteses os preços relativos e o padrão de comércio são postos considerando que o local possui razão trabalho e terra mais alta que o estran geiro ou seja o estrangeiro é abundante em terra e o local abundante em trabalho Como o comércio leva à convergência dos preços relativos isso indica que os preços dos dois produtos serão iguais Então podemos dizer que os países pos suem diferenças em abundância de fatores para qualquer preço relativo entre os dois bens Assim quando local e estrangeiro fazem comércio entre si os preços terão convergência e os países tendem a exportar os bens nos quais a produção é intensiva em fatores dos quais são dotados abundantemente Resumindo o modelo HeckscherOhlin foi entendido primeiramente para uma economia local e expandido para uma economia no comércio internacional Em ambos os casos observamos que se aplica o modelo Para conhecer uma aplicação do modelo de proporções dos fatores especí ficos que é o modelo de HechscherOhlin o artigo Liberalização comercial salários reais e emprego uma aplicação do modelo de fatores específicos para o Brasil de Frederico Hartmann de Souza apresenta o impacto da libe ralização comercial no Brasil utilizando o referido modelo O artigo está disponível por meio do seguinte link httpwwwanpecorg brnovositebrencontro2010 Fonte a autora TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 114 EXTENSÕES DA TEORIA DA VANTAGEM COMPARATIVA ECONOMIAS DE ESCALA COMPETIÇÃO IMPERFEITA E COMÉRCIO INTERNACIONAL Neste tópico trataremos sobre a economia de escala e a concorrência imperfeita no mercado internacional Vamos lembrar que o modelo de vantagens compa rativas apresenta e está fundamentado na hipótese de retornos constantes de escala isso indica que se os insumos de uma indústria duplicassem o produto dessa indústria também duplicaria Entretanto na realidade as firmas apresen tam economias de escala ou seja ao dobrar os insumos em uma indústria sua produção mais que dobra Por outro lado os custos médios por unidade produ zida reduzem o tamanho do mercado Assim pressupõem que uma indústria é mais eficiente quanto maior for a escala que ela opera De acordo com Krugman e Obstfeld 2005 as economias de escala podem ser externas e internas como segue Externas indica que o custo por unidade depende do tamanho da indús tria uma indústria consiste na formação de muitas firmas pequenas com estrutura de mercado de concorrência perfeita Extensões da teoria da vantagem Comparativa Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 115 Internas indica que o custo por unidade depende do tamanho da firma individual e a estrutura de mercado será de concorrência imperfeita com firmas grandes com vantagens de custo sobre as pequenas Então vejamos na seção seguinte como a economia de escala funciona em uma economia de concorrência imperfeita TEORIA DA CONCORRÊNCIA IMPERFEITA Primeiramente é preciso esclarecer o que é um mercado de concorrência imper feita assim podemos definir que se trata de um mercado em que há muitos compradores e vendedores e nenhum deles representa uma grande parcela do mercado Então para melhor compreensão do modelo assumese algumas hipó teses tais como As firmas estão conscientes de que podem influenciar os preços de seus produtos As firmas sabem que somente podem vender mais ao reduzir seu preço Cada firma considerase uma formadora de preço ao escolher o preço de seu produto em vez de ser uma tomadora de preço Alertando que conforme a microeconomia a estrutura de mercado de concor rência imperfeita mais simples é a de monopólio puro em que uma firma não tem concorrência Então vamos conhecer a estrutura de monopólio A Monopólio Essa estrutura mostra a posição de apenas uma única firma monopolista Nessa situação de monopólio a firma pode vender mais unidades de um pro duto se o preço baixar E caso a firma queira vender uma unidade adicional de sua produção ela deve diminuir o preço de todas as unidades vendidas E os custos como são no monopólio Considerando uma economia de escala quanto maior a produção da firma menores serão seus custos por unidade isto é a produção da firma é seu custo total dividido por produto TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 116 E o lucro do empresário como ocorre O lucro do monopolista é aquele em que a receita marginal se iguala ao custo marginal sendo RmgCmg ou seja a receita de vender uma uni dade adicional igualando ao custo em produzir uma unidade adicional B Concorrência monopolística Na estrutura de mercado conhecida como concorrência monopolística as firmas que são caracterizadas por economias de escala internas são as de oligopólio Assim podemos definir que um mercado oligopolizado é aquele em que há diversas firmas cada uma é grande o suficiente para afetar os preços mas nenhuma com um monopólio incontestável Dessa forma cada firma ao determinar seu preço considera como essa deci são pode afetar as reações dos concorrentes Krugman e Obstfeld 2005 argumentam que em modelos de concorrên cia monopolista devese considerar duas hipóteses para um caso especial de oligopólio em que os preços das firmas são interdependentes sendo Supõese que cada firma é capaz de diferenciar seu produto em rela ção ao produto de seus rivais Supõese que cada firma tome os preços cobrados por seus concor rentes como dados Como resultado mostrase que cada firma enfrenta a concorrência de outras então ela se comporta como se fosse monopolista Bem então podemos perguntar quando a firma está em equilíbrio A resposta é que partindo do pressuposto de que todas as empresas nesse setor são simétricas elas apresentam função de demanda e custos idên tica às outras firmas Então fica a pergunta quantas ficam consistentes nesse mercado Para isso devese determinar o número de firmas e o preço médio que elas cobram o que envolve três passos Extensões da teoria davantagem Comparativa Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 117 1 Estabelecese uma relação entre o número de firmas e o custo médio de uma firma típica quanto mais firmas houver na indústria maior será o custo médio 2 Mostrase a relação entre o número de firmas e o preço que cada uma cobra o preço cobrado por uma firma típica depende do número de firmas na indústria Quanto mais firmas mais intensa a concorrên cia e portanto menor o preço Mostrase o número de firmas no equilíbrio e o preço médio cobrado por elas quanto mais firmas houver mais concorrência cada uma enfren tará Se o número de firmas aumentar cada firma venderá menos de modo que elas não poderão se mover muito para baixo sobre sua curva de custo médio Conforme Gonçalves et al 1998 a concorrência monopolística é a dis cussão mais importante para o comércio internacional pois a maior parte do comércio ocorre entre os países que comercializam os mesmos produtos Isso quer dizer que não há forte fluxo comercial entre os paí ses centroperiferia Isso é explicado no fato de os produtos similares serem vistos pelos consu midores como diferentes em função de características reais ou imaginárias de marca preferências individuais entre outras No entanto em um mercado de concorrência imperfeita em que a con corrência se faz por meio da diferenciação de produtos os ganhos do comércio podem ser observados pelo aumento de variedades de produtos Enfim chegamos ao final de mais uma unidade Esperamos que tenha ampliado seus conhecimentos Até a próxima TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 118 CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao final da unidade e com o conhecimento sobre as teorias do comér cio internacional Vimos as teorias clássicas partindo do pressuposto de que as relações econômicas entre diferentes povos sempre existiram mesmo antes das relações políticas e culturais entre os mesmos serem formadas Então passamos pela escola anterior à escola clássica o Mercantilismo que priva essa relação eco nômica entre os povos Na escola clássica conhecemos as principais teorias desenvolvidas pelo pai do liberalismo econômico Adam Smith baseadas nas vantagens absolutas indi cando que cada país deve produzir e vender o produto que consegue produzir mais barato e importar o produto que produz mais caro Posteriormente a isso outro pensador David Ricardo ampliou o conceito das vantagens absolutas passando a chamálas de vantagens comparativas que correspondem às vanta gens de custos de produção ou seja implica na especialização de cada país na exportação do produto sobre o qual tem vantagens comparativas Assim todos os países irão lucrar com o comércio exceto na situação em que a estrutura de custos relativos desses dois países for idêntica Posteriormente às teorias clássicas de comércio internacional vimos as teo rias neoclássicas do comércio internacional as chamadas teorias modernas Essas teorias são conhecidas como quatro teoremas que ampliam as ideias de comer cializáveis para as proporções dos fatores produtivos Nessa escola vimos os teoremas de HechscherOhlin o teorema de equalização dos preços situação em que há convergência dos preços internacionais o teorema de StolperSamuelson em que se buscou estudar o efeito de uma tarifa que alterasse o preço de um pro duto importado sem afetar os preços mundiais E por fim o teorema de Rybcynski procurou mostrar mantendo os preços inalterados quais seriam as mudanças na dotação dos fatores e o que pode riam ocasionar no nível de produção das mercadorias além de ver os ganhos do comércio mediante a economia de escala numa economia de concorrência monopolística Esperamos que tenham gostado dos novos conhecimentos Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 119 120 1 O Mercantilismo conforme Gonçalves et al 1998 foi uma economia política do Estado Absolutista Surgiu na Europa Ocidental no século XVIII criando a vi são moderna do mundo Sobre o Mercantilismo assinale a alternativa correta a Surgiu como sistema econômico sendo uma reação à ordem estabelecida e opondose ao poder local ou da cidade ao poder universal ou supranacio nal da igreja b A política comercial mercantilista reforça o poder do trabalhador que de fendia a unificação econômica jurídica e administrativa nacional c O mercantilismo foi a formulação de políticas internacionais que possuía um conjunto de doutrinas com a finalidade de obter progresso econômico d Os mercantilistas sabiam que a entrada de metais preciosos era isenta de cobrança de impostos e Os mercantilistas sabiam que o aumento do montante de ouro e prata em circulação aumentava as taxas de juros e reduzia o comércio 2 Conforme o pensamento de Smith a riqueza das nações é o resultado do au mento de produtividade do trabalho Sobre a teoria desenvolvida por Smith assinale a alternativa correta a A divisão de trabalho é o resultado da propensão da natureza humana em produzir b O país produz mais dos produtos que faz com maior eficiência e consumindo menos produtos do que seria capaz na ausência do comércio internacional c Para Smith a riqueza das nações é a produtividade do trabalho assim criase uma divisão do trabalho d O comércio internacional seria possível somente quando se tem a capacida de de produzir um bem com mais insumos e Quando houver um produto de qualquer setor da indústria que exceda a demanda interna de um país o excedente deve ser estocado 3 A preposição do estudo sobre o comércio internacional desenvolvido por David Ricardo é de que as vantagens comparativas são as causas dos ganhos do co mércio Sobre a teoria das vantagens comparativas assinale a alternativa correta a O comércio bilateral é sempre mais vantajoso do que em uma economia fechada conhecida como autarquia b Para as duas economias envolvidas no comércio bilateral a estrutura de pro dução deve ser idêntica c A tecnologia não exerce influência nas diferenças internacionais de produção 121 d As economias empregam uma quantidade de trabalho para a produção de seus produtos sendo este um dos dois fatores de produção utilizados e Balança comercial não precisa estar em equilíbrio 4 HeckscherOhlin são dois teóricos que centraram seu estudo na dotação dos fatores de produção Sobre o teorema de HechscherOhlin assinale a alterna tiva correta a Há diferença de tecnologia utilizada nos dois países b Os retornos nos dois países são decrescentes de escala c Os resultados do modelo são indiferentes às preferências do consumidor ou da comunidade como um todo d O consumidor maximiza sua utilidade sem levar em conta suas restrições orçamentárias e Assumese que a sociedade pode maximizar seu bemestar para a socieda de como se fosse um indivíduo 5 A economia de escala é uma extensão à teoria das vantagens comparativas Sobre a economia de escala assinale a alternativa correta a Uma indústria é mais eficiente quanto menor for a escala que ela opera b O modelo de vantagens comparativas pressupõe retornos constantes de es cala ao passo que a economia de escala pressupõe um crescimento maior da produção do que a utilização dos insumos c Os custos médios por unidade produzida aumentam o tamanho do mercado d As economias de escala interna indicam que o custo por unidade depende do tamanho da indústria e As economias de escala externa indicam que o custo por unidade depende do tamanho da firma individual 122 MUDANÇAS NA ESTRUTURA DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO UMA ANÁLISE SOB A ÓTICA DA TEORIA DE HECKSCHEROHLIN Esse artigo escrito pelos autores Hidalgo e Feistel 2013 foi escolhido por mostrar uma análise baseada na teoria das proporções de insumos conhecida como Teoria de Hecks cherOhlin Um caso aplicado às mudanças na estrutura do comércio brasileiro O objetivo desse trabalho é analisar as mudanças ocorridas na estrutura do comér cio exterior brasileiro após a abertura comercial em termos de uso dos recursos produtivos disponíveis Na última década as exportações brasileiras apresentaram um crescimento significativo e uma mudança na sua estrutura Esse crescimento e essa mudança verificada na estrutura estão relacionados ao processo de crescimento econômico à expansão do comércio mun dial e às estratégias comerciais que foram seguidas pela economia brasileira no pas sado A partir do fim da década de 80 os formuladores da política econômica bra sileira começaram a introduzir algumas medidas de livre comércio a fim de tornar a economia brasileira mais competitiva e moderna Como dito anteriormente o objetivo desse trabalho consiste em analisar as mudanças acontecidas na estrutura do comércio exte rior brasileiro após a abertura comercial em termos de uso dos recursos produtivos na economia brasileira e de aproveitamento ou não de vantagens comparativas nos moldes da teoria das proporções de fato res de HeckscherOhlin A análise nesse artigo é realizada com base na teoria das proporções de fatores na versão de modelo de três fatores traba lho recursos naturais e capital Utilizando a técnica de insumoproduto o conteúdo dos fatores produtivos no comércio é men surado enquanto é analisada a tendência de longo prazo de especialização da eco nomia brasileira em termos das vantagens comparativas segundo a teoria de Hecks cherOhlin Os resultados obtidos mostram uma ten dência de longo prazo de aumento de participação dos produtos intensivos em recursos naturais além de queda de par ticipação dos produtos intensivos em capital e trabalho na pauta de exporta ções brasileiras Por outro lado no que se refere às importações estas mostram uma inequívoca tendência de crescente partici pação de produtos intensivos em capital e uma queda de participação de produtos intensivos em recursos naturais portanto condizentes com os preceitos das vanta gens comparativas de HeckscherOhlin Para ter acesso ao material na íntegra acesse httpswwwrevistasuspbree articleviewFile4674456182 Fonte adaptado de Hidalgo e Feistel 2011 p 79 A Riqueza das Nações uma Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações Adam Smith Editora Madras Sinopse o clássico A Riqueza das Nações abreviação de Uma Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações foi escrito por Adam Smith muitas vezes citado como o pai da economia moderna A obra publicada pela primeira vez em 1776 infl uenciou além de muitos escritores e economistas governos e organizações Teorias do comércio internacional um debate sobre a relação entre crescimento econômico e inserção externa Tratase de um artigo acadêmico que tem como objetivo analisar a importância conferida aos ramos industriais de alta tecnologia no processo de crescimento econômico em sua relação com o comércio internacional Web httpwwwscielobrscielophpscriptsciarttextpidS010131572012000200004 Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR REFERÊNCIAS BRUE S L História do Pensamento Econômico São Paulo Thomson 2006 GONÇALVES R et al A nova economia internacional uma perspectiva brasileira Rio de Janeiro Campus 1998 HIDALGO A B FEISTEL P R Mudanças na Estrutura do Comércio Exterior Brasileiro Uma Análise sob a Ótica da Teoria de HeckscherOhlin Revista Estudos Econômi cos São Paulo v 43 n1 p79108 janmar 2013 httpswwwrevistasuspbree articleviewFile4674456182 KRUGMAN P R OBSTFELD M Economia Internacional teoria e política 5 ed São Paulo Makron Books 2005 SALVATORE D Economia Internacional 6 ed Rio de Janeiro LTC 2013 SMITH A A riqueza das nações uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações São Paulo ed Madras 2009 REFERÊNCIA ONLINE 1 Em httpswwwfepupptdisciplinaslec207ApoioEIClassicospdf Acesso em 21 jun 2018 1 A 2 C 3 A 4 E 5 B GABARITO 125 UNIDADE IV Professora Dra Luciane Cristina Carvalho POLÍTICAS COMERCIAIS Objetivos de Aprendizagem Compreender os diversos instrumentos de política comercial que os governos podem fazer em direção ao comércio internacional Apreender os argumentos mais sofisticados para a política comercial mais intervencionista com respeito às externalidades e produção em escala mundial Saber sobre as políticas comerciais que os países em desenvolvimento adotaram para tentar se industrializar e também para buscar o crescimento econômico Entender os argumentos contra o livre comércio ou seja os argumentos que restringem as transações internacionais Apreender os argumentos a favor do livre comércio ou seja entender os motivos para que não ocorra intervenção do governo com políticas comerciais Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Instrumentos de política comercial Política de estratégia comercial Política comercial para países em desenvolvimento Argumentos para restringir o comércio Argumentos a favor do comércio INTRODUÇÃO Caroa alunoa seja bemvindoa à Unidade 4 de estudo Continuamos avançando nosso estudo sobre a economia internacional Essa é uma área do conhecimento que é atual e sempre está em pauta de discussões e em modificação além do comércio internacional ser muito importante para os países pois de maneira geral todos se beneficiam Nesta unidade vamos aprender sobre os instrumentos de política comercial que são as ações que os governos dos países realizam em direção ao comércio internacional Essas ações são de diversos tipos destacamos as tarifas adua neiras que correspondem ao imposto que é cobrado quando se importa uma mercadoria além de ser a mais simples das políticas de comércio Discutiremos também o excedente do consumidor e o excedente do produtor com a adoção das tarifas aduaneiras Além disso vamos falar dos subsídios à exportação que se traduzem em um pagamento a um indivíduo ou empresa que exporta algo A quota de importação seria uma espécie de restrição direta na quantidade importada de alguma mercadoria Veremos a restrição voluntária da exporta ção RVE que é uma variante da quota de importação além do requisito de conteúdo legal que se trata de uma regulamentação a qual obriga que alguma fração específica do produto seja produzida em território nacional Vamos ver também outros instrumentos de política comercial como os subsídios de cré dito à exportação a procura nacional e as barreiras burocráticas Estudaremos a política comercial para países em desenvolvimento princi palmente a ideia de substituição de importação que nada mais é do que trocar a importação por produção doméstica ou seja os países em desenvolvimento faziam isso na tentativa de se industrializar e também para obter crescimento econômico Por fim analisaremos os argumentos contrários e favoráveis ao livre comércio aqueles que são contra o livre comércio falam das intervenções que os governos fazem enquanto os que são a favor do livre comércio dizem que não deve haver intervenções do governo com políticas comerciais Desejamos um ótimo estudo a todos Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 129 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA COMERCIAL Esta unidade irá apresentar as políticas comerciais ou seja as ações que os gover nos adotam em direção ao comércio mundial Essas ações podem ser de diversos tipos a saber impostos sobre transações subsídios limites legais sobre o valor ou volume de importações entre outras medidas Além disso ao final da uni dade será possível verificar os efeitos dos instrumentos da política de comércio a partir de uma tabela resumo Vamos iniciar os estudos falando sobre a tarifa aduaneira que é conside rada como a mais simples das políticas de comércio Ela é um imposto que é cobrado quando se importa uma mercadoria Quando falamos em uma tarifa aduaneira específica significa dizer que é cobrada uma taxa fixa para cada uni dade de mercadoria importada por exemplo pagase R 1000 reais por cada celular importado no Brasil Os impostos denominados de tarifas aduaneiras ad valorem são cobrados como uma porcentagem do valor da mercadoria impor tada por exemplo cobrase 10 dez por cento para importar um celular no Brasil Nesses dois casos apresentados sobre tarifa aduaneira o efeito foi o de aumentar o custo de envios de mercadorias para o país POLÍTICAS COMERCIAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 130 Conforme bem colocado por Krugman Obstfeld e Melitz 2015 a polí tica de comércio considerada mais antiga é a tarifa aduaneira e foi usada como uma forma de arrecadação pelo governo O verdadeiro propósito dessa política é o de proteger alguns setores nacionais e ser fonte de receita para o governo No início do século XIX o Reino Unido fez uso das tarifas aduaneiras deno minadas de Leis de Grãos para proteger a sua agricultura da concorrência com as importações Já no final do século XIX os Estados Unidos da América e a Alemanha protegeram seus novos setores industriais adotando tarifas aduanei ras nas importações de manufaturas Atualmente a importância das tarifas aduaneiras tem caído pois os gover nos preferem proteger as suas indústrias domésticas adotando uma variedade de barreiras não tarifárias por exemplo as quotas de importações que nada mais são do que limites à quantidade das importações as restrições de exportação que são entendidas como uma limitação na quantidade de exportação que foi imposta pelo país exportador a pedido do país que está importando Agora vamos ilustrar um exemplo gráfico da adoção de uma tarifa aduaneira Para facilitar a nossa análise vamos admitir que existam dois países o país D que seria o país doméstico e o país E que seria o país estrangeiro Ambos pro duzem e consomem o produto arroz que pode ser transacionado entre eles sem custo Individualmente a estrutura de mercado do arroz em cada país é perfeita mente competitiva na qual as curvas de demanda e oferta são funções do preço do mercado Vale ressaltar que tanto a oferta quanto a demanda de cada país vai depender do preço em termos da moeda de cada país Vamos admitir também que a taxa de câmbio entre as duas moedas do país doméstico e do país estrangeiro não são afetadas por qualquer tipo de política comercial adotada no mercado É importante ressaltar que o comércio internacional somente irá ocorrer se os preços do arroz forem diferentes na ausência do comércio Sendo assim vamos supor que na ausência do comércio mundial o preço do arroz é maior no país D do que no país E Dessa forma é possível que haja comércio entre os dois países Como o preço do arroz é maior em D começa a ocorrer comércio em que se exporta arroz de E para D fazendo com que o preço do arroz suba em E e caia em D esse movimento de preços termina quando não houver dife rença de preços entre os dois países Instrumentos de Política Comercial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 131 Para determinar a quantidade transacionada e o preço internacional preci samos definir duas novas curvas a curva de demanda de importação do país D e a curva de oferta de exportação do país E que serão derivadas das curvas de oferta e demanda nacionais de cada país A importação de D que seria a sua demanda se traduz no excesso de demanda dos consumidores de D sobre a pro dução doméstica ou seja a sua demanda é maior que a própria produção por isso a necessidade de importar A obtenção da curva de demanda por importa ção de D se dá a seguir conforme o preço do arroz aumenta os consumidores do país D demandam menos enquanto os seus produtores fornecem mais fazendo com que a demanda por importações diminua Já a exportação de E que seria a sua oferta são os produtos produzidos por E que não foram consumidos no próprio país e por isso são exportados Aqui a curva de oferta de exportação de E é obtida da seguinte forma conforme o preço do arroz aumenta os consumidores de E demandam menos enquanto os pro dutores de E ofertam mais de modo que a oferta total para exportar aumenta O preço internacional de equilíbrio ocorre quando a oferta de exportação de E se iguala com a demanda de importação de D ou seja quando a oferta mundial for igual a demanda mundial Agora ainda nesse mesmo exemplo do arroz vamos incluir a tarifa adua neira e verificar seu efeito Krugman Obstfeld e Melitz 2015 explicam que para o exportador a tarifa aduaneira é como se fosse uma espécie de custo de trans porte Supondo que o país D colocou uma taxa de R 5 reais para cada tonelada de arroz importada o exportador ficará relutante em exportar a não ser que a diferença de preços entre os dois países seja de ao menos R 5 reais Com a adoção dessa tarifa caso o arroz não fosse transacionado no mercado mundial devido ao seu preço com tarifa iria existir um excesso de demanda por arroz em D e um excesso de oferta em E Desse modo o preço em D iria aumentar enquanto que em E iria cair até que essa diferença compensasse o valor da tarifa É importante ressaltar que na ausência de tarifas os preços de D e de E iriam se igualar devido ao equilíbrio no mercado internacional É possível dizer que a adoção de uma tarifa aduaneira abriu uma lacuna entre os preços dos dois países Essa tarifa aumentou os preços em D e diminuiu em E No país doméstico D os produtores iriam ofertar mais arroz no preço maior POLÍTICAS COMERCIAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 132 ao mesmo tempo em que os consumidores demandariam menos fazendo com que ocorressem poucas importações No país estrangeiro E como os preços estão mais baixos há pouca oferta de arroz e aumento de sua demanda fazendo com que a oferta para exportação caia Destarte o volume de arroz comercia lizado diminui Esse aumento no preço em D é menor do que o valor da tarifa aduaneira pois parte dela se reflete em uma queda no preço de exportação de E e por conse quência não é repassada aos consumidores de D Portanto esse seria o resultado normal de uma tarifa aduaneira de qualquer política comercial que limite as importações No entanto na prática o tamanho do efeito no preço dos expor tadores é pequeno Quando um país pequeno impuser uma tarifa aduaneira a parcela do mercado internacional para as mercadorias que este país importa é menor de forma que a redução na importação teria pouco efeito no preço mun dial exportações estrangeiras De maneira geral o principal objetivo da tarifa aduaneira é o de prote ger os produtores domésticos ou seja do próprio país de preços baixos que resultariam em concorrência da importação pois uma tarifa aplicada em uma mercadoria importada iria aumentar o preço recebido pelos produtores domés ticos dessa mercadoria A tarifa aduaneira irá aumentar o preço de uma mercadoria no país que importou e diminuir no país que exportou O resultado dessa mudança de preço foi uma perda por parte dos consumidores no país que está importando e um ganho no país que exporta Os ofertantes que são os produtores ganham no país considerado importador e perdem no exportador O governo também se beneficia com a receita da tarifa A fim de comparar os custos e benefícios preci samos quantificálos e para isso vamos utilizar a ideia de excedente do produtor e do consumidor O excedente do consumidor mensura a quantidade que um consumidor ganha em uma compra ao computar a diferença entre o preço que ele estaria dis posto a pagar e o preço que ele realmente pagou Para exemplificar imagine que um determinado consumidor quer comprar uma caneta e está disposto a pagar R 300 reais porém o preço é R 200 reais Então o excedente do consumidor com a compra foi de R 100 real R 300 R 200 R 100 Instrumentos de Política Comercial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 133 O conceito do excedente do produtor é análogo ao do excedente do con sumidor Por exemplo um produtor está disposto a vender uma calculadora por R 1000 reais mas recebe o preço de R 1800 reais sendo o seu excedente de R 800 reais R 1800 R 1000 R 800 Ou seja esse excedente é o valor que ele recebe da sua venda menos o valor pelo qual ele estaria disposto a ven der o produto Tanto o excedente do consumidor quanto o excedente do produtor podem ser derivados das curvas de oferta e demanda O primeiro é igual à área abaixo da curva de demanda e acima do preço enquanto o segundo é igual à área acima da curva de oferta e abaixo do preço Graficamente temos Preço P p2 D2 D Quantidade Q a b p1 D1 Preço P p2 S2 S Quantidade Q d c p1 S1 Excedente do Consumidor Excedente do Produtor POLÍTICAS COMERCIAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 134 Figura 1 Excedente do Consumidor e Produtor Fonte Krugman Obstfeld e Melitz 2015 Em relação aos eixos das Figuras 1a e 1b a abscissa horizontal referese à quan tidade demandada e a ordenada vertical é o preço Portanto para se calcular o excedente do consumidor 1a basta subtrair P vezes Q da área sob a curva da demanda até Q Caso o preço seja P1 e a quantidade demandada D1 o excedente do consumidor seria a soma das áreas a e b Suponhamos que o preço aumente para P2 a quantidade demandada irá cair para D2 o excedente do consumidor passa a ser somente a área de a O excedente do produtor 1b será P vezes Q subtraído da área sob a curva de oferta até Q Por exemplo se o preço for P1 a quantidade ofertada será S1 e o excedente será a área de c Se o preço aumen tar para P2 a quantidade ofertada aumenta para S2 e o excedente do produtor aumenta sendo a soma das áreas de c e d Agora vamos verificar os benefícios sociais ou seja os custos e os benefícios medidos pelos excedentes A Figura 2 apresenta esses custos e benefícios da tarifa aduaneira para o país que está importando Sendo assim a tarifa irá aumentar o preço nacional de PW para PT porém esse preço irá diminuir o preço do país estrangeiro ou seja o que está exportando de PW para PT a notação com o asterisco em cima faz referência ao preço estrangeiro ou seja ao preço do país que exporta KRUGMAN OBSTFELD MELITZ 2015 A produção doméstica irá aumentar de S1 para S2 enquanto que o consumo cairá de D1 para D2 Os benefícios e os custos são expressos como a soma das áreas de a b c d e S¹ Qr Quantidade Q Preço P S² D² D¹ D b a w t P P tP c e S perda do consumidor a b c d ganho do produtoa ganho de receita do governoc e c e d e c Figura 2 Benefícios e Custos Sociais de uma tarifa aduaneira para o país aduaneira Fonte Krugman Obstfeld e Melitz 2015 Instrumentos de Política Comercial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 135 A partir da análise da Figura 2 vamos verificar o ganho dos produtores de D Eles recebem um preço maior e consequentemente possuem um excedente maior antes da adoção da tarifa o excedente era a área abaixo de PW mas acima da curva de oferta Como o preço do produto foi para PT o excedente aumentou em a Este portanto é o ganho do produtor com a adoção da tarifa aduaneira Ao mesmo tempo os consumidores estão comprando esse produto por um preço maior o que os deixa em uma situação pior Retomando o conceito o excedente do consumidor é igual à área acima do preço mas sob a curva da demanda Já que os preços estão maiores de PW para PT o excedente cai para a área indi cada por abcd sendo os consumidores prejudicados pela adoção da tarifa Precisamos também nos lembrar do governo que é quem irá receber o valor da tarifa aduaneira ou seja ela se traduz em receita para o governo Ela é igual à taxa da tarifa aduaneira t vezes o volume de importação QT D2 S2 e t PT PT portanto a receita do governo será a soma das áreas de c e KRUGMAN OBSTFELD MELITZ 2015 Conforme percebemos tivemos ganhadores e perdedores com a adoção da tarifa aduaneira e a estimativa do custobenefício global dessa tarifa irá depen der do quanto se valoriza o benefício para cada grupo existente com o objetivo de facilitar a análise do efeito líquido da tarifa os analistas de políticas comer ciais dão o mesmo valor social para os grupos Portanto o efeito líquido da tarifa aduaneira no bemestar social é Custo líquido perda do consumidor ganho do produtor receita do governo Ou ainda substituindo os conceitos pela área da Figura 2 temos abcd a c d b d e Portanto a visualização gráfica nos permite verificar que temos dois triângulos em que essas áreas medem a perda da nação e o retângulo evidencia um ganho de compensação Podemos ainda interpretar os triângulos como a perda de eficiência derivada da tarifa aduaneira que distorceu os incentivos de produção e consumo e o retângulo seria os termos de ganho do comércio surgidos da tarifa aduaneira que fez com que os preços dos produtos exportados de E caís sem KRUGMAN OBSTFELD MELITZ 2015 POLÍTICAS COMERCIAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 136 Se voltarmos ao caso de um país pequeno que não possui qualquer influên cia no mercado internacional ele não irá conseguir afetar o preço internacional e consequentemente a região e da Figura 2 irá desaparecer essa região eviden cia os ganhos com o comércio o que acaba se traduzindo em uma redução do bemestar A adoção da tarifa aduaneira distorceu os incentivos de se produzir e de se consumir fazendo com que esses agentes pensassem que as importações fossem mais caras do que realmente são Quantidade Q Importações Preço P D Pw d b e S perda de efciência b d ganho dos termos de comércio e t P tP Figura 3 Efeito líquido do bemestar de uma tarifa aduaneira Fonte Krugman Obstfeld e Melitz 2015 Portanto os efeitos líquidos de bemestar da adoção da tarifa aduaneira são apre sentados na Figura 3 Os efeitos negativos são as somas das áreas dos triângulos b d O primeiro triângulo mostra a perda por distorção de produção que faz com que os produtores produzam mais dessa mercadoria enquanto o segundo triângulo mostra a perda de distorção de consumo doméstico que resultou da queda do consumo dessa mercadoria O retângulo e representa os ganhos do Instrumentos de Política Comercial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 137 comércio que resultou da queda no preço da exportação de E quando o país for pequeno não teremos esse retângulo KRUGMAN OBSTFELD MELITZ 2015 Conforme mencionamos as tarifas aduaneiras são as políticas comerciais mais simples Entretanto as ações que os governos tomam são outras tais como subsídios à exportação quotas de importação restrições voluntárias da expor tações e requisitos de conteúdo local O subsídio à exportação se traduz em um pagamento a um indivíduo ou empresa que exporta algo Esse subsídio pode ser tanto específico montante fixo por unidade ou ad valorem proporção do valor exportado Quando o governo subsidiar à exportação os produtores irão exportar a mercadoria até o ponto em que o preço doméstico ultrapasse o preço internacional pelo valor do subsí dio os efeitos do subsídio à exportação são o inverso dos da tarifa aduaneira A quota de importação seria uma espécie de restrição direta na quan tidade importada de alguma mercadoria Essas restrições normalmente são aplicadas através da emissão de licenças para alguns grupos de empresas Por exemplo o Brasil possui uma quota de importação de celulares e as empresas que são autorizadas a importarem celulares possuem uma quantidade máxima de importação anual O tamanho dessa quota se baseia na quantidade de celu lares que ela importou no passado As quotas de importações sempre irão aumentar o preço doméstico da mer cadoria importada pois como as importações são limitadas no preço inicial a demanda por determinada mercadoria é maior que a oferta doméstica somada às importações fazendo com que o preço suba até equilibrar o mercado No fim a quota de importação irá aumentar o preço doméstico no mesmo valor que a tarifa aduaneira exceto no caso de monopólio nacional em que a quota aumenta os preços em uma proporção maior A diferença entre a quota e a tarifa aduaneira é que a quota não cria receita para o governo enquanto a tarifa cria Na adoção da quota como instrumento de restrição à importação em vez da tarifa aduaneira o montante de dinheiro que seria arrecadado pelo governo sendo uma fonte de receita para o mesmo é reco lhido por quem recebe as licenças para importar Portanto os lucros recebidos pelos detentores das licenças são conhecidos como rendas de contingencia mento Na avaliação dos custos e benefícios da adoção de quotas para importar POLÍTICAS COMERCIAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 138 é necessário determinar quem irá receber as rendas Quando o direito de se ven der no mercado doméstico é atribuído ao governo de países exportadores como frequentemente acontece a transferência de rendas para o exterior faz o custo da quota ser maior do que uma tarifa aduaneira equivalente A restrição voluntária da exportação RVE também conhecida como acordo de restrição voluntária ARV é uma variante da quota de importa ção A RVE seria uma quota no comércio que foi imposta pelo país que exporta Normalmente elas são impostas a pedido do país importador e aceitas pelo exportador com o objetivo de prevenir outras restrições ao comércio Do ponto de vista econômico ela é exatamente como uma quota de importação em que as licenças são dadas aos governos estrangeiros sendo muito dispendiosa para o país que importa pois o que se traduziria em receita com uma tarifa aduaneira se transforma renda ganha pelos estrangeiros com a RVE O requisito de conteúdo legal tratase de uma regulamentação que obriga que alguma fração específica do produto seja produzida em território nacional Em alguns casos essa fração é especificada em unidades físicas como uma quota de importação já em outros essa exigência é especificada em termos de valores ao requerer que uma parcela mínima do preço da mercadoria represente valor nacional acrescentado KRUGMAN OBSTFELD MELITZ 2015 Esse tipo de estratégia tem sido muito utilizada por países em desenvolvimento com o objetivo de mudar sua base de produção de montagem para mercadorias intermediárias Uma regulamentação de conteúdo local fornece do ponto de vista dos pro dutores domésticos de partes proteção semelhante a uma quota de importação Por outro lado do ponto de vista das empresas que precisam comprar a produ ção local os efeitos são diferentes Vale ressaltar que o conteúdo local não impõe limite rigoroso nas importações Em vez disso ele permite que as empresas importem mais e em contrapartida que também comprem mais das empresas nacionais Portanto o preço dos insumos para a empresa é a média do preço dos produtos importados e dos produzidos domesticamente Esse tipo de política não gera receita nem para o governo nem rendas de contingenciamento A diferença entre os preços das mercadorias importadas e domésticas fica na média no preço final e é repassada para os consumidores KRUGMAN OBSTFELD MELITZ 2015 Instrumentos de Política Comercial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 139 Outros instrumentos de política comercial também merecem ser destacados Temos os subsídios de crédito à exportação que seriam uma espécie de subsí dio à exportação exceto que ele toma a forma de um empréstimo subsidiado ao comprado A procura nacional são compras feitas pelo governo ou empresas reguladas que podem ser direcionadas para produzir domesticamente mesmo quando sua produção é mais custosa quando comparadas a importação Por fim temos as barreiras burocráticas esporadicamente um governo decide restrin gir as importações de uma maneira não tradicional Ele pode distorcer a saúde normal a segurança e os procedimentos comuns POLÍTICA TARIFA ADUANEIRA SUBSÍDIO À EXPORTAÇÃO QUOTA DE IMPORTAÇÃO RESTRIÇÃO DE EXPORTAÇÃO VOLUNTÁRIA Excedente do produtor Aumenta Aumenta Aumenta Aumenta Excedente do consumidor Diminui Diminui Diminui Diminui Receita do governo Aumenta Diminui gastos do governo aumentam Nenhuma mudança aluga para proprietários de licença Nenhuma mudança aluga para estrangeiros Bemestar geral nacional Ambíguo diminui para país pequeno Diminui Ambíguo diminui para país pequeno Diminui Quadro 1 Os efeitos de políticas de comércio alternativas Fonte Krugman Obstfeld e Melitz 2015 De acordo com o apresentado no Quadro 1 podemos observar o resumo dos efeitos das políticas comerciais Percebemos que todos os tipos de política pre judicam os consumidores e beneficiam os produtores Em relação ao bemestar econômico os resultados são ambíguos Temos também que duas políticas prejudicam o país como um todo enquanto as tarifas aduaneiras e as quotas de importações geram benefícios aos países grandes que possuem poder de alterar os preços internacionais diminuílos POLÍTICAS COMERCIAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 140 Além dos conceitos e instrumentos comerciais apresentados aqui temos também os impostos preferenciais que são tarifas aplicadas a uma importa ção de acordo com a sua origem geográfica sendo que um país que recebe um tratamento preferencial terá uma tarifa menor Outro sistema é o sistema geral de preferências que ocorre em locais nos quais um grande número de países desenvolvidos permite a entrada de impostos reduzidos ou a isenção dos impostos para uma lista de itens selecionados caso esses produtos fos sem importados por determinados países em desenvolvimento Outro fator importante é o tratamento da nação mais favorecida ou relações comerciais normais sendo que aqui não temos um elemento não discrimi nante na política tarifária Por fim temos também as provisões de recepção offshore ou arranjos de divisão de produção sendo que a tarifa aplicada em um bem é mais baixa que as tarifas que estão listadas em tabelas tarifárias Fonte Appleyard Field e Cobb 2010 Instrumentos de Política Comercial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 141 POLÍTICA DE ESTRATÉGIA COMERCIAL Dois tipos de falhas de mercado são identificados por economistas que estudam os países industriais os quais são importantes nas políticas comerciais desses países O primeiro está relacionada com as indústrias de alta tecnologia que ao que tudo indica não conseguem se beneficiar da sua contribuição para os trans bordamentos para outras empresas o segundo por sua vez referese aos lucros de monopólio nas indústrias oligopolistas muito concentradas Então quando existir externalidade receber algo sem que se tenha parti cipado diretamente da ação é indício para subsidiar essa indústria Seguindo Krugman Obstfeld e Melitz 2015 esse argumento lembra aquele da indústria nascente Nos países desenvolvidos existem indústrias de alta tecnologia que alo cam recursos na produção de conhecimento e estão dispostas a aceitar prejuízos iniciais com novos processos e produtos para adquirir experiência POLÍTICAS COMERCIAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 142 A política comercial seria que algumas empresas apropriam parte dos bene fícios do seu investimento em conhecimento pois geralmente não podem se apropriar dele totalmente Alguns desses benefícios são usufruídos por outras empresas que podem copiar as técnicas e ideias por exemplo uma engenharia reversa Deste modo essas empresas de alta tecnologia não recebem incentivos para inovar tanto quanto deveriam Conforme bem colocado por Krugman Obstfeld e Melitz 2015 não há razões para dar subsídios no emprego de capital ou de trabalhadores que não são técnicos nessas indústrias de alta tecnologia De maneira geral a política industrial e comercial precisa focar seus esforços onde ocorre falha de mercado Então tal política precisa subsidiar as áreas de que essas empresas não podem se apropriar Na década de 80 os economistas Barbara Spencer e James Brander pro puseram um argumento que identifica falhas de mercado que possibilitam a intervenção governamental na ausência da concorrência perfeita pois como há poucas empresas os pressupostos da concorrência perfeita não se aplicam Portanto as empresas irão registrar grandes lucros e as internacionais vão bri gar para absorver os lucros Os mesmos economistas disseram que o governo poderia inicialmente transferir esses lucros das empresas internacionais para as nacionais mudando algumas regras Então caso o governo concedesse um sub sídio para as empresas nacionais as empresas internacionais poderiam perder o interesse em investir e produzir e com isso os lucros das empresas domésticas poderiam aumentar em valores maiores que os do subsídio essa análise também é conhecida como BranderSpencer KRUGMAN OBSTFELD MELITZ 2015 A análise BranderSpencer foi muito criticada pois para se utilizar essa ideia seria necessário ter acesso a informações que não se encontram disponíveis e isso ainda poderia desencadear diversas retaliações Então a utilização das polí ticas comerciais dependem da leitura da situação pois dependendo da situação o subsídio seria interessante enquanto em outros momentos seria terrível Além disso as indústrias não se encontram isoladas e portanto ao subsidiar um setor poderá aumentar os custos e causar desvantagens em outros setores Os países em desenvolvimento tiveram um aumento das suas exportações de produtos manufaturados Em contrapartida os trabalhadores tinham bai xos salários péssimas condições de trabalho e os movimentos antiglobalização Política de Estratégia Comercial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 143 evidenciaram que a globalização estava piorando a situação de alguns trabalha dores de países em desenvolvimento Krugman Obstfeld e Melitz 2015 ainda afirmam que com vantagem comparativa o comércio seria benéfico para os paí ses que participassem dele Portanto países que são abundantes em mão de obra iriam exportar produtos que fossem trabalhointensivos e as rendas nacionais iriam aumentar bem como a sua distribuição Por outro lado diversos econo mistas dizem que independentemente dos baixos salários dos trabalhadores nos países em desenvolvimento eles estão em melhor situação do que estariam caso a globalização não existisse Alguns economistas defendem a criação de um sistema para monitorar as condições de trabalho e os salários e então disponibilizar esses dados para os consumidores pois sugerem que alguns deles preferem comprar produtos que foram realizados por trabalhadores os quais foram pagos de maneira decente e tiveram boas condições de trabalho Desse modo os consumidores ficam em melhor situação sabendo da qualidade de vida do trabalhador enquanto estes conseguem melhor qualidade de vida ELLIOTT 2003 Outra ideia seria a criação de padrões trabalhistas formais que as indústrias que produzem para a exportação deveriam seguir e alguns países desenvolvi dos apoiam essa ideia Contudo como colocado por Krugman Obstfeld e Melitz 2015 muitos países em desenvolvimento são contrários a essa ideia afirmando que esses padrões seriam utilizados como uma ferramenta protecionista Existem também os críticos da globalização que entram nas ideias ambien tais ou seja dizem que ela é ruim para o meio ambiente pois os padrões ambientais nos países em desenvolvimento são menores que os dos países desenvolvidos por exemplo a destruição de florestas Também se discute a implementação de acordos comerciais que levariam em conta o meio ambiente Por um lado uns dizem que todos se beneficiariam outros afirmam em con trapartida que as indústrias exportadoras dos países em desenvolvimento poderiam desaparecer pois não seriam capazes de arcar com os padrões ocidentais Outro tema que também é discutido encontrase relacionado com a cultura Com a integração comercial de maneira geral tivemos uma homogeneização das culturas no mundo como um todo Você é capaz de perceber isso só reparar POLÍTICAS COMERCIAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 144 no McDonalds no sushi e nos filmes de Hollywood por exemplo Então alguns podem utilizar as falhas de mercado para implantar políticas para preservar as culturas nacionais KRUGMAN OBSTFELD MELITZ 2015 A produção e o consumo causam danos ao meio ambiente logo o cresci mento econômico também irá causar dano ambiental Entretanto conforme os países vão se tornando mais ricos sua produção e consumo se alteram até o ponto em que tentam reduzir o impacto ambiental Assim ao aumentar o PIB per capita as exigências para a política ambiental também iriam aumentar ou seja conforme os países vão se tornando mais ricos as suas regras ambientais seriam mais pesadas que as regras dos países pobres A Curva Ambiental de Kuznets que tem formato de U invertido fala dos efeitos compensatórios do crescimento econômico entre renda per capita e o dano ambiental Quando a renda per capita de um país aumenta por causa do crescimento econômico inicialmente se polui mais movimento do ponto A para o ponto B da Figura 4 Vai chegar um momento em que o país encon trase muito rico e passa a realizar ações para proteger o meio ambiente com isso o seu dano ambiental poderá diminuir movimentos do ponto C para o ponto D da Figura 4 Dano ambiental Renda per capita A B C D Figura 4 Curva Ambiental de Kuznets Fonte Krugman Obstfeld e Melitz 2015 p 236 Política de Estratégia Comercial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 145 Krugman Obstfeld e Melitz 2015 trazem que a curva ambiental de Kuznets não diz que a globalização é boa para o meio ambiente ela também já foi com provada empiricamente por diversos trabalhos científicos Surgiram os refúgios da poluição devido ao comércio internacional que são atividades realizadas em países os quais possuem regulamentações ambientais menos rigorosas Um exemplo de externalidade negativa é a poluição e por isso é um bom motivo para a intervenção governamental Temos diferentes formas de poluição e com alcances geográficos diversos ou seja algumas podem ultrapassar as fronteiras do país o que acaba se tornando uma preocupação internacional Na tentativa de amenizar a emissão dos gases do efeito estufa que são preju diciais ao planeta muito tem se tentado embora nem sempre obtivesse êxito Isso porque seria necessário uma força conjunta de muitos países embora não estejam todos de acordo com as propostas e também não seriam todos os países que adota riam políticas semelhantes Portanto existe a ideia da tarifa de carbono que seria cobrar dos importadores de países que não possuem políticas de mudança climá tica um valor que deveria ser proporcional à emissão de gases do efeito estufa para se produzir essa mercadoria Conforme Krugman Obstfeld e Melitz 2015 p 241 Isto daria aos produtores estrangeiros um incentivo para limitar suas emissões de carbono e retiraria o incentivo de mudar a produção para países com regulamentações mais frouxas Além disso possivelmente daria aos países com regulamentações mais permissivas um incentivo para adotar políticas próprias de mudanças climáticas Muitos críticos das tarifas de carbono dizem que esse tipo de política seria pro tecionista e portanto violaria as regras comerciais internacionais que seria a proibição em discriminar produtos nacionais e estrangeiros Em contrapartida os que delegam a favor das tarifas de carbono dizem que essa tarifa permiti ria colocar os produtores domésticos e internacionais em condições iguais no momento da venda para os consumidores nacionais pois os dois pagariam pelas emissões dos gases A ideia da tarifa de carbono ainda é discutida e por isso não foi aplicada Em relação à Organização Mundial do Comércio OMC ela não possui uma decisão formada sobre o tema e por isso não emitiu nenhum comunicado acerca disso KRUGMAN OBSTFELD MELITZ 2015 POLÍTICAS COMERCIAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 146 POLÍTICA COMERCIAL PARA PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO Olá Neste tópico vamos estudar a política comercial para os países em desenvol vimento Historicamente após o final da Segunda Guerra Mundial até por volta da década de 70 as políticas comerciais de muitos países em desenvolvimento estiveram pautadas na ideia de que para se ter um desenvolvimento econômico era necessário criar um forte setor industrial e a melhor forma de têlo era prote gendo os produtos nacionais dos produtos internacionais ou seja da competição internacional por meio da substituição de importação Entretanto a partir da década de 80 as ideias do livre comércio começaram a ganhar espaço em detri mento da substituição de importação KRUGMAN OBSTFELD MELITZ 2015 Diversos países em desenvolvimento na tentativa de impulsionar seu cresci mento do final da Segunda Guerra Mundial até a década de 70 restringiram suas importações de produtos manufaturados com o objetivo de sustentar um setor manufatureiro o qual em algumas vezes era nascente para que sustentasse o mer cado doméstico ou seja que suprisse as necessidades internas deixando de recorrer às exportações isto é deixava de importar na tentativa de industrializar o país Política Comercial para países em Desenvolvimento Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 147 O argumento da indústria nascente nos diz que os países em desenvolvi mento possuem vantagem comparativa potencial na manufatura porém novas indústrias manufatureiras nos países em desenvolvimento não conseguem com petir inicialmente com as indústrias já estabelecidas em países desenvolvidos Sendo assim os governos precisam apoiar essas novas indústrias temporaria mente para que elas fiquem fortes e possam competir com os concorrentes internacionais Portanto de acordo com esse argumento faz sentido fazer uso de tarifas aduaneiras e quotas de importações como medidas temporárias para dar início à industrialização ou seja adotar alguma proteção com o objetivo de estimular a industrialização Diversos economistas apontam armadilhas nesse argumento dizendo que ele precisa ser usado com cuidado Primeiro nem sempre é interessante tentar entrar hoje nas indústrias que terão vantagem comparativa no futuro Conforme bem exemplificado por Krugman Obstfeld e Melitz 2015 vamos supor que um país que tem muita mão de obra encontrase em processo de acumular capital Quando ele acumular capital o suficiente terá vantagem comparativa na indús tria de capital Portanto não significa que ele precisa desenvolver esse tipo de indústria imediatamente A segunda está relacionada com a indústria pseudonascente em que uma indústria que não é competitiva começa a ser protegida e se torna competitiva por motivos que não estão relacionados com a proteção Então nesse caso a proteção parece que foi um sucesso porém tornouse um custo líquido para a economia A ideia de que é custoso e demorado construir uma indústria não se con figura como argumento para o governo intervir a não ser que tenha alguma falha de mercado interno Caso uma indústria seja capaz de ter altos retornos que façam o desenvolvimento valer a pena por que os investidores privados não investem sem a ajuda governamental O argumento é que os investidores pri vados pensam somente nos retornos atuais sem pensar no futuro embora esse argumento não seja consistente com o comportamento do mercado Nos paí ses desenvolvidos diversas vezes os investidores privados apoiam projetos com retornos incertos pensando no futuro Outro argumento a favor da proteção da indústria nascente que merece destaque é o de falhas de mercado que tendem a impedir os mercados privados POLÍTICAS COMERCIAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 148 de desenvolverem a indústria na velocidade que eles gostariam Essa ideia das falhas de mercado se divide em mercados de capitais imperfeitos e o problema da apropriabilidade O primeiro nos diz que se um país em desenvolvimento não possuir instituições financeiras eficientes permitindo que as poupanças dos setores tradicionais fossem usadas no financiamento de novos setores e o cres cimento dessas novas indústrias estaria restringido pela sua capacidade atual de gerar lucros então lucro atual baixo seria um empecilho barreira para investir mesmo que os lucros futuros fossem altos A segunda ideia pode ter várias for mas muito embora todas elas acreditem que as novas indústrias geram benefícios não sendo recompensadas por isso podendo fazer com que diversos empresá rios não estejam dispostos a entrar em uma determinada indústria É importante ressaltar que os argumentos para os mercados de capitais imperfeitos e os da apropriabilidade são casos específicos da falha de mer cado para proteger a indústria nascente A diferença aqui é que esses argumentos se aplicam a novas indústrias em vez de qualquer indústria Na prática torna se complicado avaliar quais indústrias precisam dessa proteção além de existir o risco dessa política ser utilizada em interesses especiais ou ainda em algum benefício para alguma classe em específico Diversos países em desenvolvimento utilizam o argumento da indústria nas cente para dar proteção e desenvolver indústrias manufatureiras Esses apoios podem ser na forma de subsídios para a produção de manufatura em geral ou ainda focar nos subsídios para produtos de exportação que acreditam ter van tagens comparativas De maneira geral a principal estratégia da industrialização nos países em desenvolvimento é a de promover indústrias voltadas ao mercado doméstico uti lizando restrições ao comércio como as tarifas e quotas que são instrumentos de política comercial que encorajam a substituição das mercadorias importadas por produção nacional doméstica Portanto limitam as importações de manufatu ras sendo isso conhecido como industrialização de substituição de importação A substituição de importação é preferida ao crescimento das exportações como estratégia de industrialização devido a uma mistura política e de economia Até a década de 70 diversos países em desenvolvimento acreditavam que pode riam exportar manufaturas além de acreditar que a industrialização se baseava Política Comercial para países em Desenvolvimento Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 149 na substituição da indústria nacional por importações em vez de se aumentar as exportações de manufaturas Alguns defensores da política de substituição de importação à época acredita vam que a economia mundial encontravase protegida contra novos entrantes no mercado pois as vantagens das indústrias já estabelecidas eram grandes demais para serem superadas por economias industrializadas recentemente As décadas de 50 e 60 foram marcadas como os maiores períodos da industria lização de substituição de importação Os países em desenvolvimento inicialmente protegiam os estados finais da indústria Em países grandes e em desenvolvimento as mercadorias nacionais praticamente substituíram os produtos importados muito embora essas produções tivessem sido feitas por multinacionais A par tir do momento em que esse processo se esgota os países começaram a proteger seus produtos intermediários Conforme bem abordado por Krugman Obstfeld e Melitz 2015 a maioria dos países em desenvolvimento já esgotou a sua substituição de importação pois os produtos manufaturados sofisticados computadores por exemplo ainda são importados embora nos países grandes que já fizeram uso da industrialização de substituição de importação tenham registrado níveis de importações baixos A industrialização de substituição de importação obteve sucesso ao encorajar o crescimento da manufatura principalmente nos países da América Latina que produziram quase a mesma parcela de manufaturas que os países desenvolvidos Afinal a política de industrialização de substituição de importação contribuiu para o desenvolvimento econômico das nações Diversos economistas aprova ram a adoção dessas ideias na década de 50 e início da década de 60 porém na metade de 1960 essas ideias sofreram grandes críticas Isso ocorreu pois os policymakers indivíduos que fazem alguma política deixaram de encorajar a substituição de importação para tentar corrigir os efeitos colaterais de políticas mal implementadas da substituição de importação A industrialização de substituição de importação começou a perder a sua proteção quando se percebeu que os países que adotavam essas ideias não alcançaram os paí ses desenvolvidos Um fator interessante é que alguns dos países em desenvolvimento ficaram ainda mais atrás dos países desenvolvidos mesmo tendo implementado a política de substituição de importação e criando uma base manufatureira doméstica POLÍTICAS COMERCIAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 150 A industrialização por substituição de importação não funcionou da forma que foi desenhada pois ao que tudo indica o argumento da indústria nascente não foi totalmente válido Isso porque um período com proteção não iria criar um setor manufatureiro competitivo pois os países podem não ter vantagem comparativa na manufatura Diversas experiências evidenciaram que o fracasso é muito mais do que a falta de experiência com a manufatura desses países Os países pobres não possuem mão de obra qualificada e nem competência adminis trativa além de problemas com organização social É importante ressaltar que os problemas aqui citados podem não estar fora do alcance da política econômica mas também não podem ser resolvidos pela política de comércio ou seja uma quota de importação pode permitir que algum setor manufatureiro que é inefi ciente sobreviva O argumento da indústria nascente tendo a proteção temporária de tarifas aduaneiras e quotas é de que as indústrias de manufaturas de países menos desenvolvidos irão aprender a ser eficientes sendo que na prática essa afirmação nem sempre se concretiza KRUGMAN OBSTFELD MELITZ 2015 Como os benefícios prometidos da substituição de importação falharam toda a atenção se voltou para os custos das políticas adotadas com o intuito de promover a industrialização Desse modo diversas evidências indicaram que as políticas protecionistas de alguns países em desenvolvimento distorceram os incentivos de maneira negativa Parte dos problemas foi que muitos países faziam uso excessivo de métodos complexos para promover a indústria nascente Dito de outro modo faziam usos de quotas de importações controles cambiais e regras de conteúdo nacional em vez de tarifas aduaneiras simples Outro fator que também merece destaque é a tendência das restrições de importações com o objetivo de produzir em uma escala ineficiente e pequena Os mercados dos países em desenvolvimento mesmo quando os países são gran des são pequenos quando comparados aos da União Europeia ou dos Estados Unidos da América Portanto como esse mercado é pequeno tornase com plicado possuir uma indústria com uma escala de produção eficiente Mesmo quando esse mercado for protegido por uma quota de importação por exem plo se tivermos somente uma indústria nele essa indústria poderia obter ganhos semelhantes aos de monopólio A concorrência por esses lucros extraordinários faz com que diversas empresas entrem no mercado mercado este que quase não Política Comercial para países em Desenvolvimento Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 151 tem espaço para nenhuma delas fazendo com que a produção seja realizada em uma escala ineficiente Para tentar contornar o problema da escala de produção seria necessário que as indústrias se especializassem na produção e na exporta ção de determinados produtos e importar outras mercadorias Acontece que a industrialização de substituição de importação irá eliminar essa opção pois irá focar na produção industrial para o mercado doméstico Krugman Obstfeld e Melitz 2015 destacam ainda que a industrialização de substituição de impor tação também agravou problemas relacionados à desigualdade de renda e ao desemprego nos países Algumas evidências empíricas começaram a sugerir embora não haja um consenso sobre o fato que os países em desenvolvimento que adotaram políticas comerciais relativamente livres cresceram em média mais rápido do que aque les que seguiram políticas protecionistas Isso fez com que atualmente muitos países em desenvolvimento deixassem de adotar quotas de importações e tam bém diminuíssem as taxas de tarifas aduaneiras Na metade de 1980 muitos países em desenvolvimento adotaram menores taxas de tarifas eliminaram quotas de importação entre outras medidas tudo isso na direção de um comércio mais livre ou seja esses países abriram seus mercados para a concorrência da importação Com uma maior liberalização econômica os países em desenvolvimento aumentaram seu volume de transa ções internacionais ou seja sua corrente de comércio soma das exportações com as importações aumentou além de que a natureza do comércio foi alterada isto é antes da alteração da política comercial os países em desenvolvimento exportavam em sua grande maioria produtos agrícolas e de mineração e após essa mudança eles tiveram um aumento significativo da parcela de manufatu ras em suas exportações Conforme já relatado a substituição de importação começou a declinar quando ficou evidente que ela não trazia um rápido desenvolvimento econômico além de ser custosa Então será que essa mudança para um comércio mais livre iria trazer resultados mais positivos Krugman Obstfeld e Melitz 2015 afir mam que a resposta dessa questão é um mix de resultados pois muitos países da América Latina registraram taxas de crescimento mais lentas com a liberalização do comércio do que quando faziam a substituição de importações enquanto que POLÍTICAS COMERCIAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 152 a Índia apresentou grandes taxas de crescimento muito embora não seja pos sível dizer o quanto dessa taxa foi atribuído à liberalização do comércio Existem também preocupações sobre o aumento da desigualdade de renda em países em desenvolvimento Em países da América Latina por exemplo o gap diferença da industrialização de substituição de importação parece ter diminuído os salários reais dos trabalhadores enquanto que os ganhos dos tra balhadores qualificados aumentaram Portanto a ideia de que a substituição de importação era o único caminho para o desenvolvimento se mostrou equivocada pois diversos países em desen volvimento que fizeram uso do livre comércio ou seja que estavam mais abertos ao livre comércio alcançaram maiores taxas de crescimento Conforme bem colocado por Appleyard Field e Cobb 2010 a justificativa da utilização de tarifas melhora a balança comercial exportações menos as importações nos dá o saldo da balança comercial pois a tarifa irá dimi nuir as importações Destarte vamos assumir que as exportações não sejam afetadas então o resultado é que de fato a balança comercial tenha um re sultado melhor podendo se tornar menos negativa ou ainda em um saldo positivo Entretanto um economista pode responder a essa ideia afirmando que se deixou de conhecer as repercussões econômicas e políticas dessa ação sen do que o resultado final pode ser uma redução no bemestar do país e até mundial pois podemos ter retaliações dos parceiros comerciais diminui ção da renda nacional no exterior e das exportações do país doméstico e aumento das importações também do país doméstico devido a possíveis pressões inflacionárias entre outros Portanto a aplicação de uma tarifa não garante melhorias na balança comercial Fonte Krugman Obstfeld e Melitz 2015 Política Comercial para países em Desenvolvimento Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 153 ARGUMENTOS PARA RESTRINGIR O COMÉRCIO Apresentaremos a você sobre os argumentos que restringem o comércio em nível mundial Essas restrições são impedimentos ao livre comércio e muitas vezes são usadas como forma de proteger o país de nações mais desenvolvidas que possuem estrutura de produção e condições diferenciadas de nações menos desenvolvidas Conforme muito bem explanado por Krugman Obstfeld e Melitz 2015 muitas das tarifas aduaneiras quotas de importação entre outras medidas de política comercial são utilizadas para proteger a renda de um grupo em particu lar Entretanto os políticos dizem que essas políticas são feitas para o interesse de toda a nação Além disso diversos economistas dizem que os desvios do livre comércio reduzem o bemestar na nação enquanto outros acreditam que as polí ticas comerciais em alguns casos aumentem o bemestar da nação como um todo Portanto podemos perceber que não existe um consenso sobre o assunto O primeiro argumento que vai contra o livre comércio advém da análise custobenefício Países grandes são capazes de afetar os preços internacionais POLÍTICAS COMERCIAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 154 sendo que uma tarifa aduaneira irá diminuir o preço das importações e com isso irá gerar benefícios nos termos do comércio É importante ressaltar que esse benefício precisa ser definido contra os custos da tarifa aduaneira que surgiram pois a tarifa distorceu os incentivos de consumo e produção Em alguns casos os benefícios gerados de uma tarifa aduaneira se sobrepõem a seus custos exis tindo termos do argumento de comércio para uma tarifa aduaneira Temos que com a adoção de uma tarifa aduaneira pequena os benefícios do comércio precisam ser maiores que os custos Então com tarifas aduaneiras baixas o bemestar de países grandes é maior do que com o livre comércio Entretanto con forme a tarifa aduaneira vai aumentando os custos também aumentam de forma mais rápida que os benefícios A melhor tarifa é aquela que é justificada pelos termos do argumento de comércio sendo que ela a melhor tarifa será sempre positiva porém menor que a taxa proibitiva que no caso iria inviabilizar as importações É importante ressaltar que subsídios à exportação pioram os termos de comér cio que por sua vez reduzem o bemestar nacional sendo que a política ideal aqui seria uma espécie de subsídio negativo ou seja uma espécie de imposto de exportação que iria aumentar o preço da mercadoria exportada Aqui também o melhor imposto de exportação como a melhor tarifa será sempre positivo porém menor que o imposto proibitivo que acaba com as exportações Outro ponto importante é que os argumentos contra o livre comércio pos suem limitações Isso porque a maioria dos países não consegue alterar os preços internacionais por se tratar de países pequenos e portanto os termos do argu mento de comércio são na prática pouco importantes para eles Já para os países grandes o problema é que os termos do argumento de comércio são equivalen tes ao argumento de poder de monopólio Krugman Obstfeld e Melitz 2015 dizem que os Estados Unidos da América até poderiam fazer isso porém em algum momento eles seriam retaliados pelos outros países que também são grandes Sendo assim caso as retaliações entre os países grandes virassem um círculo vicioso as tentativas de coordenação internacional seriam minadas Ainda nas ideias dos referidos autores os argumentos contra o livre comércio são intelectualmente impecáveis entretanto na utilidade são duvidosos Na prá tica os economistas os enfatizam mais como uma proposição teórica do que de fato são utilizados pelos governos como justificativa para a política comercial Argumentos para restringir o Comércio Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 155 Os conceitos de excedente do consumidor e excedente do produtor são uti lizados para realizar a análise de custobenefício sendo o caso teórico básico para o livre comércio Sendo assim diversos países utilizam o argumento con tra o livre comércio de que essas ideias teóricas principalmente a de excedente do produtor não mede de forma correta os custos e os benefícios Isso porque a mão de obra que é utilizada em um setor pode ser desempregada ou subempre gada ainda poderia existir defeitos no capital ou ainda nos mercados de mão de obra que de alguma forma podem impedir a transferência dos recursos para os setores que possuem retornos elevados além da possibilidade de spillovers trans bordamento de tecnologias industriais Essas razões são denominadas de falhas de mercado interno Ou seja sempre haverá algum mercado no país que não vai estar realizando o seu trabalho de forma correta sendo portanto ineficiente Agora vamos supor que a produção de alguma mercadoria irá possibili tar alguma experiência para que a tecnologia e com isso o processo produtivo melhore Entretanto as empresas não podem se apropriar desse benefício além de não leválo em consideração quando decidem o quanto produzir pois esse benefício não pode ser quantificado pelo excedente do produtor sendo conhe cido como benefício social marginal sendo que este pode ser utilizado como justificativa para tarifas aduaneiras ou ainda como outras políticas comerciais Conforme escrito por Krugman Obstfeld e Melitz 2015 dizem que o argumento de falha de mercado interno contra o livre comércio seria um caso particular da teoria do segundo melhor second best Portanto temos que uma política sem intervenção seria o melhor em qualquer mercado somente se todos os demais mercados estivessem funcionando corretamente ou seja sem falhas Caso não estiverem alguma intervenção governamental que aparentemente distorce os incentivos no mercado pode vir a aumentar o bemestar compen sando as consequências das falhas de mercado Os autores ainda trazem um exemplo Vamos supor que o mercado de mão de obra não esteja funcionando corretamente ou seja não atinge o pleno emprego então a política de subsídios para as indústrias com mão de obra intensiva que não seria desejável no pleno emprego pode acabar se tornando uma boa ideia Desse modo deixar os salá rios mais flexíveis no mercado de trabalho seria uma forma de consertar esse mercado mas se por alguma razão isso não puder ser feito interferir em outros POLÍTICAS COMERCIAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 156 mercados pode ser a segunda melhor opção para minimizar os problemas Essa teoria se fundamenta nas imperfeições no funcionamento interno da economia justifica a interferência em suas relações econômicas externas Portanto esse argumento aceita que o comércio internacional não seja a fonte do problema entretanto sugere que a política comercial possa ajudar em uma solução parcial Os argumentos de falha de mercado derrubaram muitas ideias de defesa do livre comércio pois as economias não são livres de falhas de mercado ainda mais quando se trata de países pobres Portanto como defender o livre comércio sendo que as intervenções no mercado podem aumentar o bemestar nacio nal Aqui temos duas ideias que defendem o livre comércio sendo a primeira que as falhas de mercado interno precisam ser corrigidas na fonte do problema e a segunda diz que os economistas não conseguem realizar um diagnóstico das falhas de mercado e com isso não podem receitar políticas KRUGMAN OBSTFELD MELITZ 2015 É sempre preferível lidar com as falhas de mercado da forma mais direta possível pois as respostas de políticas indiretas distorcem os incentivos não intencionais em outro setor da economia Logo as políticas comerciais que são justificadas pelas falhas de mercado interno não são a resposta mais eficiente ou seja elas serão as segundas melhores políticas As implicações para os formuladores de políticas comerciais são que qualquer política que é proposta deve sempre ser comparada com uma política puramente nacional que seria aplicada na correção do problema Caso a política nacional seja cara ou tenha efeitos colaterais severos a política comercial será menos dese jável Diversos críticos da falha de mercado interno para proteção dizem que a maioria dos desvios do livre comércio são adotados não porque os benefícios superam os custos mas porque a população não entende os verdadeiros custos É importante também ressaltar que a defesa do livre comércio dáse porque as falhas de mercado são difíceis de se identificar e com isso seria complicado também pensar na melhor política que deve ser aplicada Portanto a dificuldade de se determinar a segunda melhor política comercial que deve ser seguida traz um reforço para o argumento do livre comércio Os defensores das políticas comerciais afirmam que elas irão beneficiar o país como um todo Todavia as práticas comerciais atuais nos mostram que não Argumentos para restringir o Comércio Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 157 há um bemestar nacional com a implementação da política em vez disso exis tem os desejos individuais que normalmente estão refletidos nos objetivos dos governos na tentativa de se obter um maior sucesso político Conforme comentado existem interesses individuais que às vezes são refle tidos nas políticas de comércio na tentativa de se obter um maior sucesso po lítico Sendo assim a economia de escolha pública faz uso de modelos eco nômicos na tentativa de se analisar o comportamento da tomada de decisão do governo que são maximizadores de utilidade Desse modo a implicação aqui é que a maior parte da população deverá ser atendida na tentativa do político em se manter no cargo o que é conhecido como modelo de eleitor mediano que tentará maximizar as possibilidades de reeleição Essa modelagem é muito utilizada nas políticas de comércio internacional pois a própria política comercial irá resultar em diferentes efeitos de bem estar nos diferentes grupos da economia Fonte Krugman Obstfeld e Melitz 2015 p 195 POLÍTICAS COMERCIAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 158 ARGUMENTOS A FAVOR DO COMÉRCIO Neste tópico vamos conhecer um pouco mais sobre os argumentos a favor do livre comércio Lembrando que tanto na teoria como na prática há diversos argu mentos questionamentos e posições políticas contra a prática do livre comércio Assim devemos nos lembrar que nenhum país é absolutamente suficiente viver apenas com o que se produz domesticamente Dessa forma fazse necessário adquirir bens eou serviços que são produzidos por outro país ou seja importar Apesar dos argumentos a favor do livre comércio é difícil encontrar algum país que se aproxime do livre comércio por completo Podemos citar o caso de Hong Kong na China que possui uma política econômica diferente do restante do país sendo considerada umas das únicas economias modernas que não pos suem tarifas aduaneiras ou quotas de importações Durante muito tempo diversos economistas vêm defendendo o livre comér cio como sendo ideal Alguns modelos teóricos sugerem que o livre comércio pode evitar perdas de eficiências que estão associados à proteção Como não existe um consenso sobre os benefícios do livre comércio alguns economistas Argumentos a Favor do Comércio Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 159 acreditam que o livre comércio traz ganhos adicionais além de eliminar distor ções do consumo e da produção e que ele seria a melhor política que um governo deveria seguir enquanto outros dizem que o livre comércio não é uma política perfeita KRUGMAN OBSTFELD MELITZ 2015 A eficiência para o livre comércio seria ao contrário da análise do custo bene fício da tarifa aduaneira que já foi abordado Conforme já comentado a tarifa aduaneira causa uma perda líquida na economia pois ela distorce os incentivos econômicos dos consumidores e dos produtores Portanto uma alteração para o livre comércio iria eliminar essas distorções e consequentemente o bemes tar iria aumentar Vale ressaltar que atualmente as quotas de importações são raras e as taxas de tarifa aduaneira são pequenas Estados Unidos da América 057 União Europeia 061 Japão 085 Países em Desenvolvimento 14 Mundo 093 Tabela 1 Benefícios de uma mudança para o livre comércio ao redor do mundo porcentagem do PIB Fonte William Cline Trade Policy and Global Poverty Washington DC Institute for International Economics 2004 p 180 apud Krugman Obstfeld e Melitz 2015 Podemos observar na Tabela 1 os resultados de uma estimativa empírica dos ganhos de uma mudança para o livre comércio De maneira geral os custos referentes à proteção são de 093 do PIB mundial Podemos perceber também que o ganho com o livre comércio é menor nos países desenvolvidos Estados Unidos da América União Européia e Japão enquanto nos países em desen volvimento os ganhos são muito maiores Mesmo com evidências empíricas diversos economistas acreditam que esses cálculos não mostram o resultado como um todo Isso porque nos países pequenos e nos países em desenvolvi mento há ganhos no livre comércio que não estão representados na análise do custo benefício tradicional POLÍTICAS COMERCIAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 160 Conforme bem colocado por Krugman Obstfeld e Melitz 2015 os mercados que são protegidos tendem a limitar os ganhos de economias de escala externas enquanto que nas economias de escala internas elas diminuem a competição aumentam os lucros dividem a produção pelo mundo e fazem com que muitas empresas entrem na indústria protegida Então com esse aumento no número de firmas no mercado a escala de produção das empresas tornase ineficiente Outro argumento que também merece destaque é o de incentivo aos empreendedores para exportar ou ainda competir com as importações pois o livre comércio permite que as empresas tenham oportunidades de aprender e de inovar quando comparado com um sistema de comércio em que o governo de alguma nação dita o padrão do comércio internacional naquele país Outra forma dos ganhos relacionados ao livre comércio são as empresas pro dutivas que começam a exportar enquanto que as menos produtivas ficam com o mercado doméstico Ou seja temos aqui uma alteração da tendência indus trial em direção às empresas mais eficientes ou produtivas fazendo com que a economia como um todo seja mais eficiente É importante ressaltar que não é trivial quantificar os ganhos com o livre comércio além de não haver um consenso sobre o tamanho desses ganhos pois podem se alterar muito dependendo da metodologia adotada Portanto se os benefícios adicionais com o livre comércio são tão grandes como alguns argumentam os custos relativos a alguma intervenção comercial como tarifas aduaneiras quotas subsídios à importação entre outros serão maiores do que a análise de custobenefício tradicional consegue medir Quando o governo emite licenças de importação pois as importações estão restringidas o custo de não estar no livre comércio aumenta sendo esse pro cesso conhecido como busca por renda pois as rendas são capturadas por quem tiver essas licenças Diversas vezes empresas e indivíduos aceitam custos altos para conseguir as licenças de importação Argumentos políticos a favor do livre comércio podem ser na prática uma boa ideia mesmo tendo políticas mais interessantes à priori Muitos economistas dizem que as políticas comerciais são na prática políticas de interesse especial em vez de levar em consideração custos e benefícios nacionais Algumas vezes é possível mostrar a nível teórico que tarifas aduaneiras e subsídios à exportação Argumentos a Favor do Comércio Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 161 podem aumentar o bemestar nacional muito embora a realidade é que as agên cias de governos que realizam programas de intervenção comercial podem ser capturadas por grupos de interesse sendo convertidas em um mecanismo de distribuição de renda para setores politicamente influentes KRUGMAN OBSTFELD MELITZ 2015 Caso esse argumento esteja correto seria mais interessante lutar pelo livre comércio apesar que em áreas que são puramente econômicas o livre comércio nem sempre é a melhor política Destarte temos três argumentos que representam a visão geral de muitos economistas O primeiro está relacionado com os custos calculados da forma tra dicional de se desviar do livre comércio que são altos O segundo diz respeito a outros benefícios do livre comércio que aumentam os custos das políticas prote cionistas E em terceiro temos que qualquer desvio sofisticado do livre comércio poderá ser corrompido pelo processo político Chegamos ao fim de mais uma unidade espero que tenha sido provei toso A seguir serão apresentadas as considerações finais da unidade ou seja os principais pontos abordados Faça uma boa leitura para relembrar o que foi aprendido até aqui E desejo um ótimo estudo a todos POLÍTICAS COMERCIAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 162 CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao final desta unidade e ampliamos o nosso conhecimento sobre a economia internacional Estudamos os instrumentos da política comercial e verificamos que a adoção de uma tarifa aduaneira cria um espaço entre o preço estrangeiro e doméstico fazendo com que o preço doméstico aumente Vale ressaltar que os benefícios e os custos de uma política comercial podem ser medidos por meio da ideia do excedente do produtor e do excedente do con sumidor Portanto os produtores do país doméstico ganham pois a tarifa por exemplo aumentou o preço que eles recebem enquanto que os consumidores desse mesmo país perdem pela mesma razão além de existir uma receita para o governo Somando as perdas e os ganhos de uma tarifa aduaneira encontramos o efeito líquido no bemestar nacional A partir da análise da tarifa aduaneira podemos adaptar e realizar análises para as outras políticas comerciais O subsí dio à exportação causa perdas de eficiência parecidas com as da tarifa aduaneira enquanto as quotas de importações e as restrições voluntárias são diferentes da tarifa aduaneira pois não dão receita para o governo Em relação às políticas comerciais nos países em desenvolvimento vimos que os principais objetivos são os de promover a industrialização e consequen temente aumentar o crescimento econômico Como vimos poucos países praticam o livre comércio muito embora os eco nomistas dizem que ele deve ser preferível Isso porque o livre comércio que é eficiente permite realizarmos análise do custobenefício além de que ele produz ganhos que vão além dos medidos pela análise formal e também pois escolher uma boa política comercial não é trivial Um argumento para desviar do livre comércio é a falha de mercado interno pois quando algum mercado não está funcionando de forma correta desviar do livre comércio pode ajudar a diminuir os efeitos do mau funcionamento Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 163 164 1 As políticas comerciais são ações que os governos adotam em direção ao co mércio mundial Essas ações podem ser de diversos tipos a saber impostos sobre transações subsídios limites legais sobre o valor ou volume de importa ções entre outras medidas Sobre os instrumentos de política comercial assi nale a alternativa correta a A tarifa aduaneira que não é considerada como a mais simples das polí ticas de comércio é um imposto que é cobrado quando se importa uma mercadoria b Tanto a tarifa aduaneira específica como as tarifas aduaneiras ad valorem aumentam o custo de envios de mercadorias para o país c As políticas de comércio consideradas mais antigas são as tarifas aduaneiras porém não podem ser usadas como uma forma de arrecadação pelo go verno O verdadeiro propósito dessa política é o de proteger alguns setores nacionais d O subsídio à exportação se traduz em um pagamento a um indivíduo ou empresa que exporta algo É importante ressaltar que esse subsídio é sem pre um montante fixo por unidade e não uma proporção do valor exportado e A quota de importação seria uma espécie de restrição direta na qualidade importada de alguma mercadoria Essas restrições normalmente são aplica das através da emissão de licenças para alguns grupos de empresas e indiví duos tanto para consumo próprio quanto para revenda 2 Dois tipos de falhas de mercado são identificados por economistas que estudam os países industriais São eles o primeiro está relacionada com as indústrias de alta tecnologia que ao que tudo indica não conseguem se beneficiar da sua contribuição para os transbordamentos para outras empresas já o segundo se refere aos lucros de monopólio nas indústrias oligopolistas muito concentra das Sobre a curva ambiental de Kuznets assinale a alternativa correta a Ela possui a forma de U e significa que quando a renda per capita de um país aumenta por causa do crescimento econômico inicialmente se polui mais e vai chegar um momento em que o país estará tão rico que irá realizar ações para proteger o meio ambiente e com isso o seu dano ambiental poderá diminuir b Ela possui a forma de U invertido e significa que quando a renda per capita de um país diminui por causa do crescimento econômico inicialmente se polui menos e vai chegar um momento em que o país estará tão rico que irá realizar ações para proteger o meio ambiente e com isso o seu dano ambiental poderá aumentar 165 c Ela está relacionada com a proteção ambiental de um país e dependendo da sua posição na curva ele poderá adotar diversas políticas comerciais na tentativa de diminuir a sua emissão de gases do efeito estufa Ela já foi com provada empiricamente por diversos trabalhos científicos d Ela possui a forma de U invertido e significa que quando a renda per capita de um país aumenta por causa do crescimento econômico inicialmente se polui mais Vai chegar um momento em que o país estará tão rico que irá realizar ações para proteger o meio ambiente e com isso o seu dano am biental poderá diminuir e Ela possui a forma de U e significa que quando a renda per capita de um país aumenta por causa do crescimento econômico inicialmente se polui menos Vai chegar um momento em que o país estará tão rico que irá reali zar ações para proteger o meio ambiente e com isso o seu dano ambiental poderá aumentar 3 Historicamente após o final da Segunda Guerra Mundial até por volta da déca da de 70 as políticas comerciais de muitos países em desenvolvimento acredi tavam na ideia de que para se ter um desenvolvimento econômico era neces sário criar um forte setor industrial e a melhor forma de têlo era protegendo os produtos nacionais dos produtos internacionais Sobre a política comercial para países em desenvolvimento assinale a alternativa correta a Diversos países em desenvolvimento na tentativa de impulsionar seu cres cimento do final da Segunda Guerra Mundial até a década de 70 aumen taram suas importações de produtos manufaturados com o objetivo de sustentar um setor manufatureiro que em algumas vezes era nascente para que sustentasse o mercado doméstico ou seja que suprisse as necessida des internas deixando de recorrer às exportações isto é deixava de impor tar na tentativa de industrializar o país b O argumento da indústria nascente nos diz que os países em desenvolvi mento possuem vantagem absoluta potencial na manufatura sendo que as novas indústrias manufatureiras nos países em desenvolvimento compe tem inicialmente com as indústrias já estabelecidas em países desenvolvi dos Sendo assim os governos precisam apoiar essas novas indústrias tem porariamente para que elas fiquem fortes e possam continuar a competir com os concorrentes internacionais c A ideia de que é custoso e demorado construir uma indústria se configura como argumento para o governo intervir mesmo que exista alguma falha de mercado interno 166 d De maneira geral a principal estratégia da industrialização nos países em desenvolvimento é a de promover indústrias voltadas ao mercado externo utilizando restrições ao comércio como as tarifas e quotas que são instru mentos de política comercial que encorajam a substituição das mercado rias exportadas por produção nacional doméstica Portanto limitam as exportações de manufaturas sendo isso conhecido como industrialização de substituição de importação e Diversos países em desenvolvimento utilizam o argumento da indústria nascente para dar proteção e desenvolver indústrias manufatureiras Esses apoios podem ser na forma de subsídios para a produção de manufatura em geral ou ainda focar nos subsídios para produtos de exportação que acreditam ter vantagens comparativas 4 Os argumentos que restringem o comércio em nível mundial são utilizados para impedir o livre comércio e muitas vezes são usados como forma de prote ger o país de nações mais desenvolvidas que possuem estruturas de produção e condições diferenciadas de nações menos desenvolvidas Sobre os argumen tos para restringir o comércio assinale a alternativa correta a Um argumento que vai contra o livre comércio advém da análise custo be nefício Países grandes não são capazes de afetar os preços internacionais sendo que uma tarifa aduaneira irá diminuir o preço das importações e com isso irá gerar benefícios nos termos do comércio b Subsídios à exportação pioram os termos de comércio que por sua vez au mentam o bemestar nacional sendo que a política ideal aqui seria uma es pécie de subsídio negativo ou seja uma espécie de imposto de exportação que iria aumentar o preço da mercadoria exportada c Diversos países utilizam o argumento contra o livre comércio de que o exceden te do produtor não mede de forma correta os custos e os benefícios gerados d Os argumentos de falha de mercado derrubaram muitas ideias de defesa do livre comércio pois as economias são livres de falhas de mercado ainda mais quando se trata de países pobres e As políticas comerciais que são justificadas pelas falhas de mercado interno são a resposta mais eficiente ou seja elas serão as primeiras melhores políticas 5 Durante muito tempo diversos economistas vêm defendendo o livre comércio como sendo ideal sendo que alguns modelos teóricos sugerem que o livre comércio pode evitar perdas de eficiências que estão associadas à proteção Sobre os argumentos a favor do comércio assinale a alternativa correta 167 a A eficiência para o livre comércio seria o contrário da análise do custobe nefício da tarifa aduaneira Além disso a tarifa aduaneira causa uma perda líquida na economia pois ela distorce os incentivos econômicos dos consu midores e dos produtores Portanto uma alteração para o livre comércio iria eliminar essas distorções e consequentemente o bemestar iria aumentar b As evidências empíricas apontam que os cálculos realizados mostram o re sultado como um todo isso porque nos países pequenos e nos países em desenvolvimento há ganhos no livre comércio que não estão representa dos na análise do custobenefício tradicional c O incentivo aos empreendedores para importar ou ainda competir com as exportações são permitidos no livre comércio pois as empresas possuem oportunidades de aprender e de inovar quando comparado com um sis tema de comércio em que o governo de alguma nação dita o padrão do comércio internacional e doméstico naquele país d Outra forma dos ganhos relacionados ao livre comércio são as empresas produtivas que começam a importar enquanto que as ainda mais produti vas ficam com o mercado doméstico Ou seja temos aqui uma alteração da tendência industrial em direção às empresas mais eficientes ou produtivas fazendo com que a economia como um todo seja mais eficiente e Pela facilidade em quantificar os ganhos com o livre comércio além do con senso sobre o tamanho dos ganhos esses valores quantificados não se alte raram muito com o tipo de metodologia adotada Portanto se os benefícios adicionais com o livre comércio são tão grandes como alguns argumentam os custos relativos a alguma intervenção comercial como tarifas aduaneiras quotas subsídios à importação entre outros serão maiores do que a análise de custo benefício tradicional consegue medir 168 Caroa alunoa Para complementar o aprendizado sobre as práticas de comér cio como vimos na teoria convido vocês para uma leitura mais próxima da prática ou vida real Este texto trata da proteção contra a conduta desleal dos estados no comércio internacional Nele vocês poderão observar os fundamentos que são orientados pela Organização Mundial do Comércio Sobre a proteção contra a conduta desleal dos Estados no comércio inter nacional as ambiguidades de sua disciplina jurídica e de seus fundamen tos no direito da OMC A competição pelo mercado internacio nal mobiliza não apenas empresas mas igualmente Estados Com efeito políticas públicas são adotadas com vistas a aumen tar a participação de empresas domésticas no mercado internacional Por esses moti vos surge o seguinte questionamento determinadas condutas estatais podem ser consideradas desleais pelas normas do sistema multilateral do comércio ao desequilibrarem o jogo da concorrên cia internacional em favor das empresas nacionais O direito da OMC responde afir mativamente a essa questão ao autorizar os seus membros a reagirem ao dumping e aos subsídios por meio de instrumentos de defesa comercial Tal autorização funda mentase na finalidade de assegurar uma certa isonomia entre os atores do comér cio internacional Isso porém não significa dizer que as medidas antidumping e con tra os subsídios sejam sempre benéficas e isentas de custos econômicos Convém assim aprofundar o debate sobre o uso desses instrumentos de defesa comercial Fonte Borges 2017 online Leia o artigo completo por meio do link httpwwwscielobrscielophpscripts ciarttextpidS180824322017000200428lngptnrmiso Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Economia internacional Paul Krugman Maurice Obstfeld e Marc J Merlitz Editora Pearson Sinopse em parceria com Maurice Obstfeld e Marc J Merlitz Paul Krugman traz na décima edição de Economia internacional os últimos acontecimentos da área com uma linguagem didática clara e analítica que permite ao leitor analisar os quadros passados e atuais do mercado econômico Com uma revisão rigorosamente atualizada dos capítulos a obra se divide em duas partes voltadas ao comércio e às questões monetárias e discorre sobre alguns desenvolvimentos signifi cativos dos lados teórico e prático além de responder às sugestões dos leitores Conta ainda com estudos de caso que reforçam os temas abordados ilustrando sua aplicabilidade no mundo real e fornecendo importantes informações históricas REFERÊNCIAS APPLEYARD D R FIELD A J COBB S L Economia internacional 6 ed Porto Ale gre AMGH 2010 BORGES D D Sobre a proteção contra a conduta desleal dos Estados no comér cio internacional as ambiguidades de sua disciplina jurídica e de seus fundamen tos no direito da OMC Revista Direito GV São Paulo v13 n2 maiago 2017 Disponível em httpwwwscielobrscielophpscriptsciarttextpidS1808 24322017000200428lngptnrmiso Acesso em 28 jun 2018 ELLIOTT K A FREEMAN R B Can Labor Standards Improve Under Globaliza tion Washington DC Institute Internacional Economics 2003 KRUGMAN P R OBSTFELD M MELITZ M J Economia Internacional São Paulo Pearson Education do Brasil 2015 1 B 2 D 3 E 4 C 5 A GABARITO 171 UNIDADE V Professora Dra Luciane Cristina Carvalho COMÉRCIO INTERNACIONAL E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Objetivos de Aprendizagem Conhecer de forma básica a teoria do desenvolvimento econômico baseado no comércio internacional Compreender como o comércio e a industrialização surgiram como forma alternativa de investimento ao comércio internacional Observar o processo de substituição de importações como um modelo de desenvolvimento econômico utilizado por economias latinoamericanas Entender a Teoria da Integração Econômica e suas diferenças com o regionalismo e multilateralismo Apreender o movimento da globalização em especial a globalização financeira e produtiva Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Teoria do desenvolvimento econômico Comércio e a industrialização Processo de substituições de importações PSI Integração econômica regionalismo e multilateralismo Globalização financeira e produtiva INTRODUÇÃO Caroa alunoa seja bemvindoa à unidade de estudo Nesta unidade vamos conhecer um pouco sobre o comércio internacional e o desenvolvimento econômico ou seja como o primeiro proporciona o segundo Levando em consideração que os países buscam estreitar suas relações com vis tas à troca de experiências tecnologias produtos serviços crédito investimento esta unidade destaca alguns modelos de desenvolvimento que ocorreram em razão do comércio internacional e da promoção do desenvolvimento Conheceremos duas teorias iniciais de desenvolvimento econômico baseado no comércio sendo o primeiro a evolução dos termos de troca e o segundo o comércio como motor de crescimento econômico Além disso vamos conhecer também o comércio e a industrialização ou progresso técnico como alternativa de investimento ao comércio internacional Destacaremos suas principais teses de fluxo do comércio sendo elas baseadas no ciclo do produto desenvolvido por R Vermon De acordo com essa teoria o comércio internacional de produtos manufaturados seria explicado pela dinâ mica da inovação nas corporações transnacionais E a segunda é baseada na teoria dos gansos voadores Tal teoria propõe um padrão de industrialização que ocorre em ondas e que implica uma divisão regio nal de trabalho baseada em hierarquia industrial e locacional Estudaremos também o modelo de substituição de importações que foi utilizado por diversos países de economia periférica como alternativa ao desen volvimento Como modelos mais recentes iremos ver a teoria da integração econômica o regionalismo e o multilateralismo Nessa fase vamos conhecer os blocos econômicos que foram formulados para ampliar as relações comerciais E por fim nosso estudo se voltará para o processo de globalização e suas principais fases sendo a globalização produtiva e financeira Desejamos um ótimo estudo a todos INTRODUÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 175 TEORIA DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Vamos estudar o comércio internacional e o desenvolvimento econômico O assunto é importante tanto para as nações desenvolvidas como às economias consideradas emergentes O que muda para ambas as nações são os problemas macroeconômicos existentes em cada uma por exemplo no primeiro caso nações desenvolvidas a questão fundamental das economias desenvolvidas é o pleno emprego Em contrapartida para a maioria das nações consideradas como perifé ricas ou não desenvolvidas o desenvolvimento é de extrema importância e pode ser visto por diversos ângulos como o alto índice de desemprego Então vamos procurar mostrar aqui os motivos para alcançar o desenvolvimento econômico Primeiramente definiremos o que é desenvolvimento econômico Bem podemos conceituar como um processo pelo qual as nações passam e ocorre aumento da capacidade produtiva acompanhado de melhoria na qualidade de vida dos indivíduos de uma sociedade Alertamos portanto que desenvolvimento econômico é diferente de cresci mento econômico Este último se preocupa apenas com variações quantitativas tais como Produto Interno Bruto PIB COMÉRCIO INTERNACIONAL E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 176 O debate acerca do desenvolvimento organizouse em oposição à economia neoclássica ou seja os países subdesenvolvidos tinham características particu lares portanto não poderiam ser estudados com a mesma formulação de estudo para nações desenvolvidas Outro ponto a destacar é que conforme Gonçalves et al 1998 o cres cimento econômico é a crítica à ideia difusionista ou seja os mecanismos de mercado seriam suficientes para fazer o desenvolvimento econômico fluir desde as regiões mais desenvolvidas até as menos desenvolvidas Lembrando que as teorias clássicas e neoclássicas de crescimento econômico consideram o comércio internacional como difusão de frutos desse processo ou seja via por meio do livre comércio os ganhos de produtividade que eram trans mitidos pela economia internacional Economistas clássicos como Adam Smith argumentavam que o comércio e o crescimento econômico estão associados como mostra sua abordagem sobre o canal de escoamento do excedente De acordo com essa abordagem temse a hipótese de que quando os países isolados entram no comércio internacional eles têm capacidade de alguns recursos domésticos E nesse caso o comércio não iria apenas realocar os recursos mas também permitir o emprego da par cela desses recursos que estariam ociosos na ausência do comércio Outro pensador clássico David Ricardo difere da ideia de Smith e pressu põe que os recursos de um país estão plenamente empregados antes mesmo dos países entrarem no comércio internacional Para Ricardo a função do comércio seria de realocar os recursos disponíveis de forma mais eficiente tendo como requisito um certo padrão tecnológico e pleno emprego Assim o debate sobre o comércio e o desenvolvimento não se limita à escola clássica e neoclássica Há pensadores considerados modernos que possuem argumentos sobre esse debate São eles PrebischSinger e o argumento sobre a deterioração dos termos de troca e o argumento de Ragnar Nurkse sobre o comér cio como motor do desenvolvimento Vejamos separadamente cada um deles A Tese de PrebischSinger Este argumento ou tese foi formulado de forma independente por Hans W Singer e Raul Prebisch na década de 50 e era fundamentado na ten dência estrutural de deterioração dos termos de troca entre os países Teoria do desenvolvimento Econômico Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 177 subdesenvolvidos sendo estes exportadores de produtos primários e os países desenvolvidos como exportadores de produtos manufaturados Prebisch juntamente com outras personalidades científicas políticas for mularam a abordagem que ficou conhecida como CEPALINA Vamos explicar melhor Prebisch e outros economistas sociólogos e cientis tas políticos se reuniam na Comissão Econômica para América Latina CEPAL disso derivouse o nome CEPALINA Tratase de uma aborda gem com foco em países considerados periféricos Para ele o comércio internacional não levaria a um fluxo contínuo de países desenvolvendose em função dos ganhos do comércio ou ainda pela difusão do progresso técnico dos países avançados para os menos desenvolvidos ou atrasados Segundo essa abordagem a integração das economias periféricas em escala mundial levou à modernização sob condições de heterogeneidade estru tural De forma mais clara ele queria dizer que o progresso técnico que concentravase nas atividades exportadoras modernizarase no entanto devido à oferta de mão de obra e pouca organização sindical os ganhos de produtividade não acarretavam aumentos salariais mas redução de preço Assim conforme Gonçalves et al 1998 a especialização na exportação de produtos primários levava à formação de uma economia dual isto é um setor moderno exportador e um setor tradicional Tais economias foram consideradas como especializadas e heterogêneas Por outro lado as economias avançadas difundiam o progresso técnico por toda a economia e geravam aumento dos salários lembrando que os movimentos dos sindicatos nessas regiões são mais organizados possi bilitando uma economia mais diversificada e homogênea B Tese de Ragnar Nurkse Essa tese apresentouse diferente da anterior pois sustentava o argumento de que no século XIX o comércio foi o motor do crescimento econômico Esse fato sucedeuse em razão da alta propensão marginal a importar gerando como subproduto da dinâmica industrial um mercado para matériaprima e alimen tos que vinham de economias consideradas periféricas da América Latina COMÉRCIO INTERNACIONAL E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 178 Conforme Gonçalves et al 1998 esse fato de motor do crescimento mudou no século XX pois nesse período houve redução de importân cia relativa da demanda por matériasprimas e alimentos da periferia ou seja houve redução no comércio Esse fato ocorreu por dois motivos O primeiro foi que o crescimento da renda dos países desenvolvidos à propensão marginal a importar alimentos mostrou uma tendência de queda Aliada a isso ocorreu a descoberta das tecnologias de pro dutos sintéticos que reduziu a demanda por matériaprima Em segundo os Estados Unidos substituindo a GrãBretanha na liderança da economia mundial era autossuficiente em alimentos e ainda mantinha sua economia fechada e protecionista Dessa forma o comércio como motor de desenvolvimento foi usado como base para explicar o sucesso das economias de colonização recente pela escola canadense de desenvolvimento econômico que por sua vez for mulou a chamada teoria do produto dinâmico de exportação Enfim de forma sucinta a ideia do comércio como motor de desenvolvi mento formulado por Nurkse foi contestada por Irving Kravis Este último argumentou que o comércio não foi o motor do crescimento mas sim que foi o resultado de um desenvolvimento econômico endógeno bem sucedido Em suma essas foram as principais teorias de desenvolvimento econômico fundamentadas no comércio internacional Teoria do desenvolvimento Econômico Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 179 COMÉRCIO E A INDUSTRIALIZAÇÃO Esse tema é muito oportuno visto que é por meio dessas suas dinâmicas que se alcança o crescimento Para um melhor entendimento vamos utilizar o pro gresso técnico como forma de industrialização Bem tanto o comércio quanto o progresso técnico estão associados à eco nomia internacional como formas alternativas pois demandam investimentos internacionais Partindo dessa abordagem Gonçalves et al 1998 destaca que são jus tamente as diferenças entre os níveis de desenvolvimento e as tecnologias que explicam os fluxos comerciais Para compreender melhor o comércio e a industrialização vamos estudar sobre dois argumentos que promovem o internacional sendo eles o primeiro argumento é conhecido como teoria do ciclo do produto e o segundo como teoria dos gansos voadores Vamos estu dálos de forma separada COMÉRCIO INTERNACIONAL E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 180 TEORIA DO CICLO DO PRODUTO A teoria do ciclo do produto foi desenvolvida por Raymond Vernom na década de 60 sob o argumento de que o comércio internacional de produtos manufatu rados seria explicado pela dinâmica da inovação nas corporações internacionais O argumento de Vernom conforme Gonçalves et al 1998 era de que inicial mente em seu país de origem as firmas introduziriam inovações e desenvolveriam novos produtos Logo com o aumento da produção a firma inovadora começaria a exportar beneficiandose da economia de escala Posteriormente a isso a firma decide investir no exterior beneficiandose da tecnologia e percebe nesse momento que não é possível manter a quaserenda da inovação apenas com a exportação Dessa maneira o produto entra em declínio e a firma mantém a produção somente fora do seu país enquanto introduz no mercado doméstico um novo produto Entendendo melhor o produto tem um tempo na economia Quando ele entra em declínio a firma inovadora irá buscar o lançamento de um novo pro duto no país doméstico até que este produto faça todo o ciclo Com esse argumento Vernom procurou explicar os fluxos de comércio de produtos que operam em mercados de concorrência perfeita Para isso utilizou os Estados Unidos da América EUA como exemplo já que o país estaria em liderança da inovação tecnológica no momento em que realizou o estudo Dessa forma o autor descreve o ciclo do produto em fases como apresenta o Quadro 1 Comércio e a Industrialização Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 181 1ª FASE Estágio inicial Os novos produtos tendem a não ser padronizados Fase de efetuar experiências com o processo de pro dução com diferentes tipos de insumos e desenho de produto Fornecedores não podem prover as necessidades sem que não haja desperdícios A diferenciação de produtos e dos fornecedores é alta 2ª FASE Fase da maturação A demanda se expande e começa um certo grau de padronização Com novas instalações no exterior as exportações nor teamericanas começam a crescer de forma mais lenta As novas regiões produtoras podem começar ativida des de exportação para outros países de sua área de influência reduzindo as exportações norteamerica nas 3ª FASE Fase de padronização Ocorre um processo de transferência de fábricas dos EUA e a Europa Ocidental com alguns países em de senvolvimento mais dinâmico Novas regiões produtoras começam a substituir impor tações desses produtos É possível que os EUA deixem de produzir esses produtos dado sua padronização já que os elevados custos de mão de obra tornam mais atraente importar tais produtos de regiões menos desenvolvidas onde o custo de fabricação é menor Quadro 1 Fases da teoria do ciclo do produto Fonte adaptado de Gonçalves et al 1998 Conforme o estudo de Vernom o ciclo do produto tem alto poder explicativo para o período de seu estudo décadas de 50 e 60 na economia norteameri cana como podemos observar na Figura 1 COMÉRCIO INTERNACIONAL E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 182 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Estágios de desenvolvimento do produto Produto novo Produto em maturação Países menos desenvolvidos Outros países adiantados Estados Unidos Produto padronizado Produção Produção Exportações Exportações Exportações Consumo Consumo Consumo Consumo Importações Importações Importações Figura 1 Ciclo do produto Fonte Gonçalves et al 1998 p74 Comércio e a Industrialização Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 183 De acordo com Gonçalves et al 1998 a partir da década de 70 as posições das empresas dos EUA como líderes da inovação tecnológica passaram a ser ameaçadas pelo dinamismo das empresas europeias e japonesas Outra expli cação observada pela teoria é a redução do comportamento das exportações e do investimento externo norteamericano Outro modelo similar ao de Vernon foi desenvolvido independentemente pelo economista japonês K Akamatsu na década de 30 mas ficou conhecido apenas em 1962 Vamos conhecer esse novo modelo no próximo tópico TEORIA DOS GANSOS VOADORES Vamos conhecer aqui um modelo de industrialização conhecido como modelo dos gansos voadores Essa teoria apresenta uma descrição do ciclo de vida de várias indústrias no processo de desenvolvimento econômico e também a realo cação das indústrias de um país para outro Essa teoria foi desenvolvida por K Akamtsu e conforme seu argumento o comércio é o meio mais importante para transferir tecnologias pelos países A partir disso considerou duas palavraschave sendo uma senshinkoku a qual COMÉRCIO INTERNACIONAL E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 184 indica que as importações dos países avançados permitira que novos produtos fossem introduzidos nos países seguidores ou seja koshinkoku Dessa forma a teoria dos gansos voadores propõe um padrão de industriali zação que acontece em ondas e explica uma divisão regional de trabalho firmada em uma hierarquia industrial e locacional Conforme Gonçalves et al1998 essa onda de difusão de tecnologia e capacidade produtiva acontece em formato de um V semelhante à formação de gansos voadores Assim o progresso eco nômico do país líder seria progressivamente transmitido aos países seguidores que iniciariam sua produção no mesmo padrão tecnológico Conforme esse modelo os países menos desenvolvidos iniciam sua produ ção já empregando a mais avançada tecnologia disponível Assim a produção regional seria dividida segundo os custos de mão de obra e intensidade do uso desse fator mas com padrão tecnológico O modelo é representado conforme a Figura 2 Japão Coréia Taiwan Tailândia Indonésia Malásia China Figura 2 Modelo dos gansos voadores Fonte adaptada de Gonçalves et al 1998 O modelo é baseado empregando a estratégia de desenvolvimento dos países asiáticos que tendo o Japão como liderança entraram sucessivamente em um processo de crescimento econômico influenciado pelo dinamismo regional Comércio e a Industrialização Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 185 PROCESSO DE SUBSTITUIÇÕES DE IMPORTAÇÕES PSI Na literatura o processo de substituição de importação PSI teve como ponto de partida a crise dos anos 30 Esse momento foi caracterizado por ruptura na estrutura da economia brasileira em razão do declínio do modelo primário agroexportador resultando em um novo modelo de desenvolvimento baseado na industrialização A estratégia para o desenvolvimento foi entendida como modelo voltado para dentro aderindo dessa maneira a substituição de importações que durou entre os períodos de 1930 até meados da década de 80 O referido modelo foi adotado pelos grandes países latinoamericanos De acordo com Gremaud Vasconcellos e Toneto Júnior 2002 as principais características desse modelo foram Ser conhecido como industrialização fechada sendo justificado por dois argumentos primeiro foi voltado para dentro isto é tinha como obje tivo o atendimento do mercado interno E segundo era um modelo que dependia de medidas que protegem a indústria nacional Para que houvesse essa proteção algumas medidas foram adotadas tais como desvaloriza ção cambial controles cambiais taxas múltiplas de câmbio e aplicação de tarifas aduaneiras COMÉRCIO INTERNACIONAL E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 186 O PSI originase com o estrangulamento externo ou seja um esgotamento externo que resultou em escassez de divisas Esse fato levou à dificuldade do país em fazer frentes aos diversos compromissos financeiros externos Com isso o governo procurou medidas para controlar a crise que se instaurou naquele momento por meio de medidas que pudessem dificultar as importações e con sequentemente proteger a indústria nacional já que esse era o novo modelo e era necessário para o desenvolvimento industrial do país Verificouse também que no período originouse uma onda de investimen tos nos setores que substituíam as importações o que fez com que se elevasse a renda nacional e a demanda agregada Posteriormente a isso desencadeavase um novo estrangulamento externo em função do próprio crescimento da demanda E aí temse todo o processo nova mente O PSI foi um processo de substituição de produtos que anteriormente era importado e que no momento passará a ser produzido domesticamente Esse pro cesso não foi tão simples pois exigiu a industrialização por etapas Esperavase que com o passar do tempo ou ao final deste haja uma indústria completa Entretanto como ocorreu em etapas a indústria foi se desenvolvendo a partir das necessidades ou seja a pauta de importações ditava a sequência dos setores objeto dos investi mentos industriais Assim temos a representação das etapas do PSI no Quadro 2 1ª rodada Bens de consumo não duráveis Têxteis calçados alimentos 2ª rodada Bens de consumo duráveis Eletrodomésticos automóveis 3ª rodada Intermediários Ferro aço cimento petróleo químicos 4ª rodada Bens de capital Máquinas equipamentos Quadro 2 Etapas do processo de substituição de importações Fonte Gremaud Vasconcellos e Toneto Júnior 2002 O PSI foi um modelo utilizado pelos países latinoamericanos como alternativa ao desenvolvimento No entanto não foi um processo simples mas apresentou diversas dificuldades que careciam de um olhar mais profundo Tais dificuldades referiamse à tendência ao desequilíbrio externo ao aumento da participação do Estado ao aumento do grau de concentração de renda e escassez de fontes de financiamento Vamos conhecer com mais detalhes o que eram essas dificuldades Processo de Substituiçõesde Importações PSI Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 187 A Tendência ao desequilíbrio externo Essa dificuldade era observada devido a três elementos O primeiro era decorrente da política cambial que permitiu o confisco cambial isto é permitiu a transferência da renda da agricultura para a indústria cau sando desestímulo às exportações agrícolas O segundo motivo referiase à falta de competitividade devido ao protecionismo E o terceiro motivo era a elevada demanda por importações devido ao investimento indus trial e ao aumento da renda B Aumento da participação do Estado A participação do Estado é sempre polêmica na economia Então para a situação pós anos 30 e com novo modelo de desenvolvimento caberia ao Estado algumas funções tais como 1 Adequar o arcabouço institucional à indústria 2 Promover a geração de infraestrutura básica 3 Fornecer os insumos básicos 4 Captar e distribuir a poupança O último podemos ressaltar que era um problema além pois havia neces sidade de planejamento e financiamento crescente na economia C Aumento do grau de concentração de renda Outra dificuldade observada é que o modelo adotado era concentrador de renda Como já destacamos na dificuldade sobre o desequilíbrio externo havia a transferência da renda da agricultura para a indústria resultando no êxodo rural Além disso havia uma dificuldade com relação ao inves timento industrial intensivo ou seja um desequilíbrio no mercado de trabalho Esse desequilíbrio era resultado do excesso da oferta para mão de obra pouco qualificada e baixos salários e ao contrário escassez de mão de obra qualificada com altos salários Outro ponto a destacar é o protecionismo e a concentração industrial que permitiram preços elevados e altas margens de lucro às indústrias COMÉRCIO INTERNACIONAL E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 188 D Escassez de fontes de financiamento Bem os recursos em qualquer época são escassos Nesse momento a escassez das fontes de financiamento era decorrente da quase inexistência do sistema financeiro e também devido a Lei da Usura Esta lei impe dia a cobrança de juros considerada exorbitante que pudesse colocar em perigo o patrimônio e a estabilidade econômica E outra dificuldade era a ausência de uma reforma tributária ampla que pudesse adaptarse às novas mudanças na economia brasileira No entanto essa reforma só foi alcançada na década de 60 Agora vamos entender como um país primário agroexportador que modifi cou seu modelo de desenvolvimento econômico recebeu sua contribuição do campo ou seja como a agricultura que era o modelo anterior inseriuse nessa industrialização Conforme Gremaud Vasconcellos e Toneto Júnior 2002 a agricultura teve um papel na industrialização bem importante sendo ele 1 A liberação da mão de obra como já vimos anteriormente que ocorreu com o êxodo rural Dessa forma ocorreu a troca do trabalho que estava no campo agora com destino à indústria 2 O fornecimento de alimentos e de matériasprimas para a indústria 3 A transferência do capital que também já comentamos quando houve o deslocamento dos recursos que anteriormente iam para a agricultura e agora destinamse à indústria 4 A geração de divisas 5 O papel de mercado consumidor Destacamos ainda que a agricultura sempre teve um papel na economia brasi leira E alguns autores argumentam que o atraso na agricultura durante o PSI representava um obstáculo ao processo de crescimento do país Outros autores já argumentam que a agricultura não representava obstáculo ao desenvolvimento visto que o setor primário cumpria sua função mesmo sem o apoio governamental Processo de Substituiçõesde Importações PSI Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 189 INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONALISMO E MULTILATERALISMO Essas formas tornaramse mais conhecidas nas últimas décadas pois foi o perí odo em que o mundo sofreu diversas transformações As formas de estratégias de comércio internacional são integração econômica regionalismo e multila teralismo O que quer dizer cada uma delas A resposta será mostrada a partir dos tópicos seguintes 1 Integração econômica Primeiramente devemos conceituar integração apesar de ainda não estar tão clara essa definição podemos assumir o que a maioria dos pesqui sadores denominam Conceituamos que integração econômica é a união de economias que ultrapassa as fronteiras geográficas com o intuito de reduzir as barreiras ao comércio Devemos lembrar que as fronteiras mantêm alguns empecilhos aos flu xos de mercadorias entre os países justificável em partes pois o maior intuito no comércio internacional é proteger a economia nacional Assim podese dizer que o objetivo do processo de integração é a criação de mercados mediante acordos preferenciais de tarifas Além disso a base fundamental do comércio é que mercados maiores são mais eficientes do que os menores Bela Balassa um dos estu diosos sobre o assunto afirma que a integração pode ser con ceituada como um processo ou COMÉRCIO INTERNACIONAL E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 190 uma situação de atividade como segue Considerada como un proceso se encuentra acompañada de medidas dirigidas a abolir la discriminación entre unidades económicas perten cientes a diferentes naciones vista como una situación de los negocios la integración viene a caracterizarse por la ausencia de varias formas de discriminación entre economías nacionales BALASSA1980 p1 Bem podemos perguntar o que as nações ganham com a integração A resposta é bem simples a natureza humana é motivada por incentivos logo as nações possuem interesse econômico Como argumenta Machado 2000 com o aumento do mercado há ganhos oriundos não só da melhor alocação dos recursos mas também do incremento da concorrência Esse último fator leva a preços mais baixos a busca por melhora na qualidade dos produtos e principalmente aumento da produtividade O processo de integração econômica geralmente envolve pelo menos 4 estágios mas Machado 2000 destaca de forma detalhada que esta ação pode envolver 7 estágios os quais estão discriminados abaixo A A zona preferencial de comércio Machado 2000 destaca que essa fase também é conhecida como acordos de cooperação comercial e caracterizase pela eliminação parcial das tarifas em geral sob a forma de concessões mútuas ou não de redução de alíquotas com ou sem fixação de cotas de importação Nesse caso não implica em eliminar ou reduzir as outras práticas de comércio Exemplo Associação Lati noAmericana de Integração ALADI B A zona de livre comércio de acordo com Machado 2000 essa fase da integração é caracterizada pela eliminação de tarifas aduaneiras e outras restrições ao comércio entre os países participantes do acordo A vantagem desse acordo é que cada país preserva sua autonomia na polí tica comercial em relação aos países fora do acordo ou seja possuem liberdade para práticas de tarifas aduaneiras diferenciadas Exemplo Tratado de livre comércio das Américas NAFTA Integração Econômica Regionalismo e Multilateralismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 191 C A união aduaneira essa fase segundo Machado 2000 é caracterizada pela ausência de barreiras ao comércio entre os países participantes do acordo mas adotam a prática de uma tarifa externa comum a ser aplicada a países fora do bloco Exemplo Mercosul D O mercado comum nessa fase ocorre a eliminação de barreiras as trocas de mercadorias e fatores de produção Sendo assim os países desse mercado devem se estimular a harmonizar os instrumentos de suas políticas Exemplo União Europeia E A união econômica fase de integração considerada mais avançada em que envolve perda de soberania nacional para gerir determinadas políticas É uma fase em que se estabelece uma autoridade suprana cional com aplicação das políticas comuns entre os países participes da união Exemplo União Europeia F A união política de acordo com Machado 2000 essa fase constituiu a formação de uma confederação de Estados que discutem apenas as áreas acordadas entre esses Estados Tratase de uma união política que deve ter práticas de cooperação no âmbito da política externa e de defesa Exemplo União Europeia G A integração econômica total considerado um estágio avançado de integração econômica e é caracterizado pela criação de uma moeda única comum e de um banco central regional independente configu rando a formação de uma união monetária Esse estágio pressupõe a perda total de autonomia dos estados nacionais na gestão da polí tica monetária Nesta situação há necessidade de harmonização por completo de políticas monetária fiscal social e transferência de con trole sobre a política econômica para o conjunto de membros Ainda não chegamos nessa etapa de integração por isso não há exemplos Balassa 1980 destaca que as motivações para o processo de integração são de natureza econômica e induzem os países à formação de blocos que garantam benefícios ou vantagens maiores que os seus custos Devemos lembrar que o processo de integração não envolve apenas os mercados no sentido puramente COMÉRCIO INTERNACIONAL E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 192 econômico mas é um processo político que afeta os diversos agentes sociais e afeta de forma geral toda a gestão das políticas nacionais Além disso há um problema que se refere à capacidade dos governos nacio nais em avaliar as pressões econômicas e criar mecanismo para resistilas de modo que permaneça os benefícios do processo de integração Para conhecer mais sobre os blocos econômicos sua formação países par ticipantes e principais acordos comerciais acesse os seguintes sites oficiais httpwwwmercosulgovbrsaibamaissobreomercosul httpwwwnaftanoworgdefaultenasp httpwwwaladiorgsitioAladiindexPhtml Fonte a autora Integração Econômica Regionalismo e Multilateralismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 193 2 Regionalismo O regionalismo ou novo regionalismo é outra forma de estratégia de comér cio internacional Essa estratégia se difere do multilateralismo pois estas faziam parte das rodadas de negociações do Acordo Geral de Tarifas e Comércio GATT e conseguiram reduzir substancialmente as barreiras tarifárias entre os países membros do GATT Isso garantiu que as nego ciações criassem uma economia internacional liberal não manifestando interesse em discutir assuntos voltados aos acordos regionais ou bilate rais GONÇALVES et al 1998 Nesse sentido com vistas a atender a essa demanda surgiu na década de 80 a discussão sobre a criação de blocos regionais e também novos tratados de integração Conceitualmente o que seria o regionalismo Conforme Oliveira 2009 o termo pode ser entendido como uma forma de integração econômica ou política de uma determinada região origi nando os blocos regionais Assim podemos destacar que o regionalismo foi motivado tanto por ques tões econômicas como demanda de fluxos de comércio entre as regiões Além disso salientamos que também estão envolvidas no processo de regionalismo as questões políticas que tratam dos acordos Para Gonçalves el al 1998 as motivações para o regionalismo podem ser entendidas por duas situações relevantes A primeira delas corresponde à insatisfação com as negociações multilaterais junto ao organismo inter nacional do comércio Esta foi considerada a principal motivação já que as rodadas de negociações realizadas pelo GATT não eram capazes de impedir os aumentos tanto de barreiras tarifárias como não tarifárias E também o tratamento diferenciado dos produtos agrícolas ou produtos manufaturados intensivos em mão de obra O que se percebia eram ações consideradas bemsucedidas na redução de barreiras para setor especí fico da economia sendo este o setor industrial Na literatura podemos encontrar que o regionalismo pode acontecer de três formas estudaremos as modalidades que segundo More 2002 são 1 Blocos regionais essa modalidade referese à formação dos blocos regio nais ou seja consiste na finalidade de concentrar o comércio internacional entre os países de um determinado acordo bilateral ou acordo formal de integração econômica 2 Regionalismo esta modalidade é um pouco diferente da primeira pois conta com elementos de proximidade geográfica A finalidade basicamente é a mesma de concentrar o comércio internacional entre os países que são partes 3 Polarização esta modalidade possui características mais específicas ou seja visa à concentração do comércio internacional entre grupos de paí ses em desenvolvimento com um grupo de países industrializados Conhecidas as formas de regionalismo vamos deixar claro que regio nalismo não é a mesma coisa de regionalização Então esclarecendo o regionalismo é um subgrupo da regionalização O regionalismo assim como a integração também apresentou um processo de evolução ou seja foi realizado em duas fases COMÉRCIO INTERNACIONAL E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 194 1ª Fase do regionalismo 1950 a 1970 fase do modelo de substitui ções de importações Conhecida como fase de regionalismo fechado e portanto protecionista Não se discutia liberalização multilateral havia apenas pequeno número de acordos firmados entre países vizinhos O principal argumento nesta fase é de que o processo de industrialização iria alterar a composição das importações e dessa forma impulsionar o crescimento dos países lati noamericanos Esclarecendo foram esses países que adotaram o modelo de substituição de importações seguindo dessa forma a orientação da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe CEPAL A ideia desse modelo era a diversificação de exportações além de reduzir o dese quilíbrio externo que havia entre os países 2ª Fase do regionalismo aberto a partir de 1990 Esta fase ficou conhecida como regionalismo aberto o qual ocorreu devido ao aumento significativo do número de acordos regionais firmados a par tir de 1990 Os motivos dessa nova fase é a vontade da América Latina em superar os efeitos resultantes da crise dos anos 1980 Outra razão foi a insatisfação com o progresso multilateral desenvolvido pelo GATT Podemos observar que o modelo destacado na primeira fase do regiona lismo não foi suficiente para promover o crescimento das economias dos países latinoamericanos Desta maneira pensouse em criar um novo modelo com vistas a desenvolver a região Então a característica desta nova fase foi baseada na implementação de reformas estruturais que incluíam a abertura das economias para o mundo Assim houve uma nova confi guração do cenário mundial que proporcionaria a expansão econômica e as negociações multilaterais Essa fase proporcionou a criação de novos blocos com a finalidade de eliminar as barreiras comerciais entre os países membros E também houve a busca de acordos preferenciais com países não pertencentes ao bloco A ideia do regionalismo aberto da AméricaLatina foi mostrada como second best diante da impossibilidade de se obter o comércio multilateral Integração Econômica Regionalismo e Multilateralismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 195 3 Multilateralismo Vamos conhecer agora o multilateralismo que é diferente do que estuda mos anteriormente Conceitualmente esse é o termo usado de forma mais comum nas relações internacionais e referese à participação de vários países que se esforçam para atingir um objetivo comum Conforme Sabbatini 1990 o multilateralismo é a busca do livre comér cio que deve ser objeto fim dos formuladores de política Dessa maneira seria necessário adequações às normas e às regras do comércio mundial ao chamado livre comércio e aos benefícios para o bemestar econômico Assim evitase as restrições inclusive aquelas firmadas em acordos regio nais Então o multilateralismo é visto como uma solução normativa para a economia garantindo a liberalização em escala mundial Não podemos deixar de comentar que o multilateralismo possui maior influência nas rodadas de negociações entre os países com aumento do número de participantes intensificando o processo de liberalização comer cial O multilateralismo também é conhecido como integração rasa pois apesar das rodadas de negociações há diversos conflitos e atritos em razão do grande número de participantes Podemos perguntar qual o benefício observado no multilateralismo Nesse modelo de integração é para ser constatada a redução dos custos de transação comercial e mesmo de guerra internacional Deve proporcio nar maior eficiência econômica e política de forma cooperativa Também melhora o poder de negociação sem que seja necessário a busca de polí ticas unilaterais Por outro lado também podemos mencionar que apesar de muitos paí ses participarem dessas rodadas de negociações há um número pequeno de temas que não avançaram devido às diferenças assimétricas entre os países pobres e ricos Outro ponto a ser destacado é que há dificuldade de coordenação e fechamento de agenda em fóruns multilaterais devido a interesses de países diferenciados Este último é um dos motivos que incentiva os acordos regionais COMÉRCIO INTERNACIONAL E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 196 GLOBALIZAÇÃO FINANCEIRA E PRODUTIVA Vale lembrar que esse tema é muito polêmico visto que ainda há diversas opini ões quanto ao uso da palavra globalização Isso porque ainda não há consenso sobre seu conceito Então primeiramente vamos destacar algumas definições sobre esse fenômeno e depois conheceremos os dois pontos em questão a glo balização financeira e produtiva A globalização é um fenômeno que ficou mais conhecido recentemente devido à produção em escala mundial com objetivo de reduzir custos No entanto devemos refletir sobre os efeitos da globalização Podemos refle tir por meio da seguinte pergunta globalização promove distribuição de renda Globalização Financeira e Produtiva Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 197 Normalmente percebemos que o termo globalização é utilizado para mostrar um processo de estreitamento entre os países ou seja é um processo de inte gração econômica política social e cultural Esse processo tem como finalidade reduzir os custos de transação entre produção e financeira Semelhantemente outro autor que também contribui com o debate sobre o conceito é Dreifuss 1998 em seu entendimento a globalização é um processo que com preende mudanças significativas no sistema produtivo partindo da utilização crescente de métodos meios e recursos de produção que ultrapassam as fronteiras nacionais Agora uma definição interessante e diferente das citadas até aqui é argumen tada por Chesnais 1996 o qual define o termo de globalização como a capacidade estratégica de grandes grupos oligopolistas com vistas aos mercados consumido res Além disso Chesnais alerta que o termo mais adequado é a mundialização do capital destacando que referese à produção e comercialização de bens e serviços Após apresentados alguns conceitos vamos entender a globalização finan ceira e produtiva que é argumentada por Gonçalves et al 1998 Esses autores defendem que a globalização pode ser definida como a interação de três processos distintos e que afetam as dimensões financeira produtiva comercial e tecnoló gica das relações econômicas internacionais Então vamos conhecer melhor a globalização financeira e produtiva 1 Globalização Financeira Vamos estudar a globalização financeira a partir da abordagem de Gonçalves et al 1998 Para esses estudiosos a referida globalização pode ser entendida como a interação de três processos a A expansão extraordinária dos fluxos financeiros internacionais refe rese à forma acelerada de investimentos incluindo os empréstimos Percebeuse no estudo que o crescimento acelerado dos fluxos de capi tais ocorreu tanto em títulos em especial bônus e notas como também em ações O crescimento atingiu não só países desenvolvidos como também os em desenvolvimento b O acirramento dos fluxos internacionais de capitais o que se perce beu nesse processo foi uma maior disputa pelas transações financeiras COMÉRCIO INTERNACIONAL E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 198 internacionais envolvendo por um lado os bancos e do outro lado as instituições financeiras não monetárias são instituições que não rece bem depósitos à vista Observouse que houve avanço no mercado de capitais não só nos países desenvolvidos mas principalmente nos países considerados emergentes c Maior integração dos sistemas financeiros nacionais nesse processo de integração se observa que uma proporção crescente de ativos financei ros que são emitidos por residentes tem como detentores não residentes Podese dizer que um indicador importante que acaba resultando nisso é o diferencial das taxas de juros Enfim a globalização financeira é a interação desses três processos menciona dos Falta ainda considerar os fatores determinantes dessa globalização como mostra o Quadro 3 1 Fatores de ordem ideológica Onda de desregulamentação do sistema financeiro Liberalização do movimento de capitais Reorientação da estratégia e da política governa mental Liberdade de escolha entre opção política e ideológica 2 Fatores de ordem institucional criação do mercado e euromoedas Instabilidade gerada pelo fim do sistema de Bretton Woods Desenvolvimento de novos instrumentos financeiros 3 Desenvolvimento tecnológico Redução dos custos operacionais e custos de transa ção em escala global Operações financeiras mais baratas Redução do custo da coleta de informação 4 Mudanças das estratégias dos investidores e das empresas transnacionais Mudança na diversificação dos seus recursos Penetração em mercado de capitais de países em desenvolvimento 5Políticas econômicas adotadas por países em desenvolvimento Política monetária restritiva Processo de financiarização das empresas transna cionais Globalização Financeira e Produtiva Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 199 6 Ordem sistêmica menor potencial de crescimento de países desenvol vidos Processo de reestruturação produtiva com fortes movimentos de fusão aquisição de empresa Quadro 3 Fatores determinantes da globalização financeira Fonte adaptado de Gonçalves et al 1998 2 Globalização Produtiva Vejamos agora a globalização produtiva na qual o processo é semelhante ao da globalização financeira Assim podese dizer que envolve a intera ção de três processos distintos a O avanço no processo da internacionalização da produção consiste no acesso a bens e serviços de residentes com produtos de origem de outros países Isso ocorre devido ao comércio internacional ao inves timento externo direto ou ainda às relações contratuais b O acirramento da concorrência internacional referese à importância crescente da competitividade internacional na agenda política dos países c Maior integração das estruturas produtivas das economias nacionais consiste na integração produtiva das economias domésticas Estes são os processos da globalização produtiva os quais permitem a inserção produtiva dos países nas economias internacionais Para conhecer mais sobre a globalização econômica acesse o link a seguir Refe rese a um texto de Reinaldo Gonçalves sobre a trajetória da palavra globaliza ção Também aborda os principais atores econômicos nesse cenário as formas de processo a ideologia e os interesses que são movidos pela globalização httpwwwieufrjbrintranetieuserintranethpparquivostextono1 globalizacaoeconomicapdf Fonte a autora COMÉRCIO INTERNACIONAL E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 200 CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao final da unidade e com novos conhecimentos sobre a economia internacional Esta unidade tratou de estudar as teorias de desenvolvimento eco nômico especialmente voltadas ao comércio internacional e os efeitos sobre os países em desenvolvimento por exemplo as economias latinoamericanas Observamos que há dois principais pensadores com esse enfoque que são os chamados PrebischSinger e o argumento sobre a deterioração dos termos de troca e o argumento de Ragnar Nurkse sobre o comércio como motor do desenvolvimento Estudamos também o comércio e a industrialização como dinâmicas que proporcionam o crescimento econômico Vimos dois modelos que possuem forte argumento no comércio interna cional que é a teoria do ciclo do produto desenvolvida por R Vernon a teoria dos gansos voadores desenvolvida por K Akamatsu Vimos que os países con siderados periféricos pela teoria CEPALINA adotaram um modelo alternativo para crescimento e desenvolvimento econômico modelo este conhecido como Processo de Substituição de Importações Esse modelo foi adotado por diver sos países latinoamericanos e perdurou até a década de 80 Aliado a estes modelos de desenvolvimento estudamos alternativas como a integração econômica que definimos na unidade como sendo a união de econo mias que ultrapassa as fronteiras geográficas com o intuito de reduzir as barreiras ao comércio E vimos as fases da integração econômica que são áreas de livre comércio união aduaneira mercado comum e união monetária Estudamos também como forma de expandir o comércio com vistas ao desenvolvimento o regionalismo que pode ser entendido como uma forma de integração econômica ou política de uma determinada região originando os blo cos regionais e o multilateralismo que é termo usado de forma mais comum nas relações internacionais e se refere à participação de vários países que se esfor çam para atingir um objetivo comum E por fim abordamos a globalização financeira e produtiva que consiste em avanços tanto na área de capital financeiro como também no setor produ tivo Assim chegamos ao final da unidade Desejo um ótimo estudo Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 201 202 1 O comércio internacional é entendido como instrumento que proporciona o desenvolvimento econômico Sobre o desenvolvimento assinale a alternativa correta a Desenvolvimento econômico possui o mesmo significado que o crescimen to econômico b O estudo sobre o desenvolvimento econômico se restringe à escola clássica c Tratase do aumento da capacidade produtiva e melhoria na qualidade de vida dos indivíduos de uma sociedade d As estratégias para alcançar o desenvolvimento econômico são as mesmas para os países avançados e países periféricos e Não há relação entre o comércio e o desenvolvimento econômico 2 Tanto o comércio quanto o progresso técnico estão associados à economia internacional como formas alternativas de desenvolvimento econômico Sobre o comércio e o progresso técnico assinale a alternativa correta a As diferenças de desenvolvimento e as tecnologias explicam os fluxos co merciais b A teoria do ciclo do produto explicam as inovações mas não o comércio internacional c A teoria dos gansos voadores tem como argumento que o comércio é o re sultado das tecnologias d Na teoria do ciclo do produto os fluxos comerciais de produtos operam em mercados de concorrência imperfeita e Para a teoria dos gansos voadores a produção regional deve se organizar baseada somente na intensidade tecnológica 3 O processo de substituição de importações PSI é adotado por vários países latinoamericanos como estratégia de crescimento econômico Sobre o PSI as sinale a alternativa correta a Teve como ponto de partida a crise política dos anos 60 b Foi caracterizado por ruptura na estrutura da economia brasileira em razão da expansão do modelo primário agroexportador c O PSI foi um novo modelo de desenvolvimento baseado na industrialização d É conhecido como industrialização fechada e O PSI originase com o estrangulamento externo ou seja um esgotamento externo que resultou em expansão de divisas 203 4 Integração econômica é a união de economias que ultrapassa as fronteiras ge ográficas com o intuito de reduzir as barreiras ao comércio Sobre integração econômica assinale a alternativa correta a A integração segue uma fase da implementação em todos os tipos de países b Não há problema com relação à capacidade dos governos nacionais em ava liar as pressões econômicas e criar mecanismo para resistilas de modo que permaneça os benefícios do processo de integração c O processo de integração envolve apenas os mercados no sentido pura mente econômico d Devese levar em conta apenas o processo político que afeta os diversos agentes sociais e afeta de forma geral toda a gestão das políticas nacionais e As motivações para o processo de integração são de natureza econômica e induzem os países a formação de blocos que garantam benefícios ou vanta gens maiores que os seus custos 5 O termo globalização é utilizado para mostrar um processo de estreitamento entre os países ou seja é um processo de integração econômica política so cial e cultural Sobre a globalização financeira e produtiva assinale a alternati va correta a A globalização referese à forma acelerada de investimentos em um deter minado país excluindo os empréstimos b O crescimento dos fluxos internacionais por meio da globalização financeira atingiu somente países desenvolvidos c A globalização produtiva consiste no acesso a bens de residentes com pro dutos de origem de outros países d Na globalização financeira percebese um processo de maior disputa pelas transações financeiras internacionais envolvendo por um lado os bancos e do outro lado as instituições financeiras não monetárias são instituições que não recebem depósitos à vista e O acirramento da concorrência internacional por meio da globalização pro dutiva referese ao declínio da competitividade internacional na agenda política dos países 204 O INTERESSE E A REGRA ENSAIOS SOBRE O MULTILATERALISMO O conjunto de ensaios sobre o multilate ralismo reunido pelo embaixador Gelson Fonseca Jr em O interesse e a regra reve lam as preocupações do autor sobre o papel a ser cumprido pela Organização das Nações Unidas na ordem internacional do século XXI O livro é dividido em um artigo central inédito escrito depois de o autor ter deixado suas funções na ONU e outro cinco artigos escritos há mais tempo já publica dos que dialogam com o texto principal na medida em que tratam de temas que mui tas vezes se cruzam e se complementam O artigo central discute a importância da referência de legitimidade emanada das Nações Unidas na dinâmica de contraposi ção constante que existe entre os interesses particulares dos Estados nacionais e o con junto de regras e normas construído na arena multilateral A busca pela legitimi dade das ações internacionais dos estados nacionais no palco global é que faria a mediação entre o particular e o univer sal entre a vontade individual e a norma multilateral No texto rico em exemplos his tóricos fruto da vasta experiência do autor enquanto diplomata e estudioso das rela ções internacionais o autor esquivase de se referenciar exclusivamente a uma linha teórica para entender o fenômeno do mul tilateralismo onusiano Embora parte do artigo seja dedicada a desenvolver as idéias de John Ruggie perspectivas funcionalis tas construtivistas e realistas alternamse ao longo do texto Frente à complexidade e à diversidade dos temas analisados essa escolha se converte em um trunfo do artigo O autor reconhece que a ONU forja seu lugar em meio às influências políticas e econômicas dos Estados que condicio nam a oferta dos serviços prestados pela instituição O fórum multilateral mais do que resolver expressa as desigualdades intrínsecas ao sistema internacional con temporâneo revelandoas A capacidade multilateral dos países é distinta sendo que o recurso ao soft power é importante para prevalecer na ONU principalmente na articulação da identificação do argu mento individual com o interesse da comunidade internacional Assim mesmo quando se está de acordo quanto aos fins a ONU enfrente problemas para articular os meios necessários à sua implementa ção E a irregularidade passa a ser uma marca constante da sua oferta multilateral A ONU contudo conforme assinala o autor dispõe de uma oferta ampla e consolidada de serviços que embora seja de presta ção irregular e não exclusivo da instituição continuam sendo a referência de legitimi dade para a comunidade internacional Os estados a usariam tanto na construção dos argumentos no fórum multilateral na inten ção de transmutar o interesse particular em O texto de leitura complementar foi escolhido por trazer um assunto abordado de importância para as negociações internacionais Tratase de uma resenha do livro O interesse e a regra ensaios sobre o multilateralismo em que o autor mostra a preocupa ção quanto ao papel da Organização das Nações Unidas para a ordem mundial 205 vontade multilateral como considerariam os constrangimentos que surgiriam a par tir de uma atuação que contrariasse suas orientações resoluções ou normas Nisso há outro importante ponto do argu mento do autor de que há graus diferentes de legitimidade que podem ser empresta das pela ONU Desde uma resolução sem voto da Assembléia Geral de consenso fluido até normas mais firmes e precisas de tradução imediata ao comportamento dos Estados Analisando as transforma ções da legitimidade o autor investiga três temas a atuação do Conselho de Segurança a importância da ONU para o processo de descolonização africana e a atuação da instituição em temas relacio nados ao desenvolvimento Completam a obra um artigo sobre a governabilidade democrática na ordem internacional e os seus reflexos sobre os graus de legitimidade das Nações Uni das dois artigos com foco regional um a respeito das articulações de posições da América Latina e Europa na ONU e outro sobre as possibilidades da CPLP no mul tilateralismo contemporâneo além de um artigo que discute como uma ordem multipolar afetaria o funcionamento do multilateralismo Fecha o livro o texto de introdução à obra Rousseau e as Relações Internacionais 2005 Nada pode indicar que a ONU deixará de ser um ator importante na ordem inter nacional que atualmente se engendra O maior risco à ONU apontado por Gelson Fonseca é justamente de perder a refe rência de legitimidade principalmente no quase monopólio que detém para pro mover a paz As utopias políticas regem os atores Na falta delas o interesse parti cular é o norte Uma ONU forte ainda que imperfeita mas referência de legitimidade na cena internacional é uma utopia válida aos dias atuais de renovação do espírito multilateral o que confere a pertinência e a relevância ao livro de Gelson Fonseca Jr Fonte Couto 2009 online Para ter acesso ao material completo acesse ao link httpwwwscielobrscielo phpscriptsciarttextpidS003473292009000200011 MATERIAL COMPLEMENTAR A nova economia internacional uma perspectiva brasileira Reinaldo Gonçalves et al Editora Campus Sinopse um dos traços importantes do livro referese às relações entre o Brasil e o sistema econômico internacional Outro aspecto importante diz respeito a temas de debates atuais tais como globalização e as formas de integração econômica Integração Regional uma introdução Paulo Roberto de Almeida Editora Saraiva Sinopse tratase do primeiro livro que tem por objeto os processos de integração regional ou seja de formação de blocos comerciais De forma sintética e objetiva o livro consolida um itinerário bastante longo de estudos pesquisas dirigidas atividades práticas e escritos publicados sobre o assunto em suas diferentes variantes institucionais e em suas múltiplas manifestações geográfi cas e políticas REFERÊNCIAS 207 BALASSA B Teoría de la integración económica Union Tipografica Editorial His panoAmericana 1964 CHESNAIS F Org A mundialização financeira São Paulo Xamã 1996 COUTO L F O interesse e a regra ensaios sobre o multilateralismo Revista Brasilei ra de Política Internacional Brasília v 52 n 2 juldez 2009 Disponível em h t t p w w w s c i e l o b r s c i e l o p h p s c r i p t s c i a r t t e x t p i dS003473292009000200011 Acesso em 29 jun 2018 DREIFUSS R Os códigos do admirável mundo novo 1996 In URANI A et al Lições de mestres entrevistas sobre globalização e desenvolvimento econômico Rio de Janeiro ABDE 1998 GONÇALVES R et al A nova economia internacional uma perspectiva brasileira Rio de Janeiro Campus 1998 GREMAUD A VASCONCELLOS M A S TONETO JÚNIOR R Economia Brasileira Contemporânea São Paulo Atlas 2002 MACHADO J B Mercosul Processo de Integração Origem evolução e crise São Paulo Aduaneiras 2000 MORE R F Integração econômica internacional Revista Jus Navigandi Teresina ano 7 n 59 1 out 2002 httpsjuscombrartigos3307integracaoeconomica internacional Acesso em 29 jun 2018 OLIVEIRA O M Velhos e novos regionalismos Ijuí Unijui 2009 SABATINI R Multilateralismo regionalismo e o Mercosul Revista Eletrônica FEE v 29 n 1 2001 Disponível em httpsrevistasfeetchebrindexphpindicadores articleview1285 Acesso em 29 jun 2018 GABARITO 1 C 2 A 3 C 4 E 5 D CONCLUSÃO Chegamos ao final de nossa disciplina de Economia Internacional I Esperamos que tenham ampliado seus conhecimentos e percebido como são as interações entre as economias A disciplina procurou abordar de forma teóricoprática no sentido de visualização atual do comércio mundial Logo no início estudamos as transações de forma bas tante arcaica sem uso de tecnologias e com diversos obstáculos ao comércio No entanto ao longo dos tempos percebemos que mudanças significativas acontece ram e trouxeram novo cenário para as transações comerciais Vimos as teorias do comércio internacional que apesar de terem sido elaborados há anos ainda estão presente em algumas situações E por meio delas novos conheci mentos são formados como vimos desde a escola clássica até as modernas teorias do comércio passando a uma economia de escala Como o comércio mudou as políticas de comércio exterior também Assim as na ções tomaram novas posições no mercado mundial Houve o aprofundamento das relações comerciais por meio de acordos bilaterais formação de blocos econômicos com vistas a tornar os países membros mais fortes e com maior poder de barganha Isso foi viável em algumas situações devido à proximidade geográfica das nações outras simplesmente por acordo multilaterais Esses acordos passaram a ter importância em razão das medidas protecionistas de países Assim os acordos sejam bilaterais ou multilaterais bem como a formação de blocos amenizam essa situação Os acordos reduzem consideravelmente as barrei ras sejam tarifárias ou burocráticas impostas a outros países Não podemos nos esquecer que houve mudança no padrão de comércio Houve maior participação dos países em desenvolvimento em comercializar produtos ma nufaturados já que sempre sua maior participação era com referência aos produtos agrícolas Enfim foi possível perceber que com o comércio houve maior concorrência resul tando na melhora da qualidade dos produtos diferenciação dos produtos e preços gerando bemestar à sociedade Percebemos também que com o comércio inter nacional é possível a troca de tecnologia e conhecimento na produção serviços além de permitir maior mobilidade do trabalho Em suma finalizamos nossa disciplina com clareza dos ganhos oriundos do comér cio internacional Desejamos bom estudo a você