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Economia Internacional

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PRODUTIVIDADE DA MÃO-DE-OBRA E VANTAGEM COMPARATIVA: O MODELO RICARDIANO Prof. Dr. Eliezer M. Diniz (FEA-RP/USP) Bibliografia - KOM cap. 3 Motivos para o comércio • Comércio ocorre por dois motivos: – Os países são diferentes, o que os leva a produzir aquilo que fazem melhor do que os outros países. Essa é a ideia de vantagem comparativa. – Obtenção de economias de escala na produção. • Os padrões de comércio ocorrem pela interação desses dois motivos. • Itens 2-5 do programa da disciplina estudam a vantagem comparativa. • Itens 6-7 estudam as economias de escala na produção. Vantagem comparativa • Produção envolve dilemas: produzir mais de algum bem implica em produzir menos de outro em um contexto com pleno emprego dos fatores de produção. • Esse dilema se reflete no custo de oportunidade. • Custo de oportunidade do bem X em relação ao bem Y: é a quantidade de bem Y que poderia ter sido produzida com os fatores utilizados para produzir o bem X. • Vantagem comparativa: um país tem vantagem comparativa na produção do bem X se o custo de oportunidade de produzir esse bem em termos de outros bens for menor nesse país do que em outros países. Tabela 3.1 Mudanças hipotéticas na produção blank Rosas (milhões) Computadores (milhares) Estados Unidos −10 +100 Colômbia +10 −30 Total 0 +70 Vantagem comparativa • Exemplo da Tabela 3.1: – Dois países: Estados Unidos e Colômbia. – Dois bens: rosas e computadores. • Demanda dos EUA: 10 milhões de rosas. • Há um dilema: para produzir mais rosas é preciso produzir menos computadores, e vice-versa. • A descoberta da vantagem comparativa vem do cálculo do custo de oportunidade de um bem em relação ao outro nos dois países. Vantagem comparativa • Custo de oportunidade de rosas em relação a computadores: – Estados Unidos: o custo de oportunidade de 10 milhões de rosas é 100 mil computadores. – Colômbia: o custo de oportunidade de 10 milhões de rosas é 30 mil computadores. – Se o custo de oportunidade de rosas em relação a computadores é menor na Colômbia do que nos EUA (pois 30.000 computadores < 100.000 computadores), então esse país tem vantagem comparativa na produção de rosas. Vantagem comparativa • Custo de oportunidade de computadores em relação a rosas: – Estados Unidos: o custo de oportunidade de 100 mil computadores é 10 milhões de rosas. – Colômbia: o custo de oportunidade de 100 mil computadores é aproximadamente 33 milhões de rosas. – Se o custo de oportunidade de computadores em relação a rosas é menor nos Estados Unidos do que na Colômbia (pois 10 milhões de rosas < 33 milhões de rosas), então esse país tem vantagem comparativa na produção de computadores. Vantagem comparativa • O exemplo mostra claramente que cada país tem vantagem comparativa em um bem. A vantagem comparativa determina que bem o país irá exportar. • Logo, os Estados Unidos tem vantagem comparativa em computadores e a Colômbia em rosas. • Os Estados Unidos devem exportar computadores e a Colômbia deve exportar rosas. • EUA suprem sua demanda com rosas da Colômbia e passam a produzir mais 100 mil computadores com os insumos liberados da produção de rosas, enquanto a Colômbia deixa de produzir 30 mil computadores para produzir 10 milhões de rosas. O mundo produz 70 mil computadores a mais nesse novo arranjo da produção. Modelos de economia internacional • Consumidores: são iguais em todos os modelos • Os modelos que exploram as vantagens comparativas só diferem entre si na produção. • Modelo Ricardiano: um fator de produção (trabalho). • Modelo de fatores específicos: dois fatores de produção: um móvel (trabalho) e dois específicos (capital para o setor manufatureiro e terra para o setor agrícola). • Modelo de Heckscher-Ohlin: diferem na abundância relativa dos fatores de produção e na intensidade relativa com que eles são utilizados. • Modelo padrão: é um modelo mais geral que engloba os anteriores como casos particulares. Modelo Ricardiano • Dois países: Doméstica e Estrangeira. • Dois bens: queijo e vinho. • Um fator de produção: trabalho. • Trabalho é móvel entre os dois setores de cada economia, mas não é móvel internacionalmente. • A diferença entre as duas economias se dá na função de produção. Isso reflete uma diferença nas tecnologias utilizadas em cada economia. Isso determina a vantagem comparativa de cada economia. • O comércio internacional será induzido pelas diferenças tecnológicas entre os dois países. Formalização do Modelo Ricardiano • Há três equações no modelo ricardiano. • Função de produção de queijo: 𝑄𝐶 = 𝐴𝐶𝐿𝐶 = 1 𝑎𝐿𝐶 𝐿𝐶 onde a produtividade 𝐴𝐶 é dada por 𝐴𝐶 = Τ 1 𝑎𝐿𝐶 . • Função de produção de vinho: 𝑄𝑊 = 𝐴𝑊𝐿𝑊 = 1 𝑎𝐿𝑊 𝐿𝑊 onde a produtividade 𝐴𝑊 é dada por 𝐴𝑊 = Τ 1 𝑎𝐿𝑊 . • Equilíbrio no mercado de trabalho (pleno emprego): 𝐿𝐶 + 𝐿𝑊 = 𝐿 Formalização do Modelo Ricardiano • Substituindo-se as funções de produção no equilíbrio do mercado de trabalho temos a fronteira de possibilidades de produção: 𝑎𝐿𝐶𝑄𝐶 + 𝑎𝐿𝑊𝑄𝑊 = 𝐿 Formalização do Modelo Ricardiano • Reescrevendo a fronteira de possibilidades de produção, temos 𝑄𝑊 = 𝐿 𝑎𝐿𝑊 − 𝑎𝐿𝐶 𝑎𝐿𝑊 𝑄𝐶 • Ou, explicitando a produtividade (ou tecnologia), temos 𝑄𝑊 = 𝐴𝑊𝐿 − 𝐴𝑊 𝐴𝐶 𝑄𝐶 • Dizer que o custo de oportunidade do queijo 𝑎𝐿𝐶 𝑎𝐿𝑊 é menor equivale a colocar que a produtividade relativa do queijo 𝐴𝐶 𝐴𝑊 é maior. Exemplo de Fronteira de Possibilidades de Produção 𝑄𝑊 = 𝐿 𝑎𝐿𝑊 − 𝑎𝐿𝐶 𝑎𝐿𝑊 𝑄𝐶 𝑄𝑊 = 𝐴𝑊𝐿 − 𝐴𝑊 𝐴𝐶 𝑄𝐶 Progresso tecnológico no setor de vinho (aumento de 𝑨𝑾 ou diminuição de 𝒂𝑳𝑾) 𝑄𝑊 = 𝐿 𝑎𝐿𝑊 − 𝑎𝐿𝐶 𝑎𝐿𝑊 𝑄𝐶 𝑄𝑊 = 𝐴𝑊𝐿 − 𝐴𝑊 𝐴𝐶 𝑄𝐶 P’ 𝐴𝑊𝐿 = Progresso tecnológico no setor de queijo (aumento de 𝑨𝑪 ou diminuição de 𝒂𝑳𝑪) 𝑄𝑊 = 𝐿 𝑎𝐿𝑊 − 𝑎𝐿𝐶 𝑎𝐿𝑊 𝑄𝐶 𝑄𝑊 = 𝐴𝑊𝐿 − 𝐴𝑊 𝐴𝐶 𝑄𝐶 F’ 𝐴𝐶𝐿 = Aumento da força de trabalho (p. ex. pela entrada de imigrantes no país) 𝑄𝑊 = 𝐿 𝑎𝐿𝑊 − 𝑎𝐿𝐶 𝑎𝐿𝑊 𝑄𝐶 𝑄𝑊 = 𝐴𝑊𝐿 − 𝐴𝑊 𝐴𝐶 𝑄𝐶 P’ F’ Formalização da Fronteira de Possibilidades de Produção • Pode-se analisar as propriedades da fronteira de possibilidades de produção fazendo o diferencial total das três expressões do modelo. Daí vem 𝑑𝑄𝐶 = 𝐿𝐶𝑑𝐴𝐶 + 𝐴𝐶𝑑𝐿𝐶 = − 1 𝑎𝐿𝐶 2 𝐿𝐶𝑑𝑎𝐿𝐶 + 1 𝑎𝐿𝐶 𝑑𝐿𝐶 𝑑𝑄𝑊 = 𝐿𝑊𝑑𝐴𝑊 + 𝐴𝑊𝑑𝐿𝑊 = − 1 𝑎𝐿𝑊 2 𝐿𝑊𝑑𝑎𝐿𝑊 + 1 𝑎𝐿𝑊 𝑑𝐿𝑊 𝑑𝐿𝐶 + 𝑑𝐿𝑊 = 𝑑𝐿 Formalização da Fronteira de Possibilidades de Produção • Da primeira expressão, podemos isolar 𝑑𝐿𝐶 do lado esquerdo da igualdade. Temos 1 𝑎𝐿𝐶 𝑑𝐿𝐶 = 𝑑𝑄𝐶 + 1 𝑎𝐿𝐶 2 𝐿𝐶𝑑𝑎𝐿𝐶 𝑑𝐿𝐶 = 𝑎𝐿𝐶𝑑𝑄𝐶 + 1 𝑎𝐿𝐶 𝐿𝐶𝑑𝑎𝐿𝐶 • Da segunda expressão, podemos isolar 𝑑𝐿𝑊 do lado esquerdo da igualdade. Temos 1 𝑎𝐿𝑊 𝑑𝐿𝑊 = 𝑑𝑄𝑊 + 1 𝑎𝐿𝑊 2 𝐿𝑊𝑑𝑎𝐿𝑊 𝑑𝐿𝑊 = 𝑎𝐿𝑊𝑑𝑄𝑊 + 1 𝑎𝐿𝑊 𝐿𝑊𝑑𝑎𝐿𝑊 Formalização da Fronteira de Possibilidades de Produção • Substituindo os resultados no diferencial total do equilíbrio do mercado de trabalho, vem 𝑑𝐿𝐶 + 𝑑𝐿𝑊 = 𝑑𝐿 𝑎𝐿𝐶𝑑𝑄𝐶 + 1 𝑎𝐿𝐶 𝐿𝐶𝑑𝑎𝐿𝐶 + 𝑎𝐿𝑊𝑑𝑄𝑊 + 1 𝑎𝐿𝑊 𝐿𝑊𝑑𝑎𝐿𝑊 = 𝑑𝐿 • Isolando 𝑑𝑄𝑊 do lado esquerdo da igualdade, temos 𝑑𝑄𝑊 = − 𝑎𝐿𝐶 𝑎𝐿𝑊 𝑑𝑄𝐶 − 1 𝑎𝐿𝑊𝑎𝐿𝐶 𝐿𝐶𝑑𝑎𝐿𝐶 − 1 𝑎𝐿𝑊 2 𝐿𝑊𝑑𝑎𝐿𝑊 + 1 𝑎𝐿𝑊 𝑑𝐿 Formalização da Fronteira de Possibilidades de Produção • A fronteira de possibilidades de produção pode ser colocada alternativamente como 𝑄𝑊 = 𝑃𝑃𝐹(𝑄𝐶, 𝑎𝐿𝐶, 𝑎𝐿𝑊, 𝐿) • onde 𝑃𝑃𝐹1 < 0, 𝑃𝑃𝐹2 < 0, 𝑃𝑃𝐹3 < 0 e 𝑃𝑃𝐹4 > 0 refletem as derivadas parciais em relação a cada um dos quatro argumentos. Os sinais são obtidos pela última expressão do slide anterior • Daí vem que uma redução da necessidade unitária de trabalho 𝑎𝐿𝐶 ou 𝑎𝐿𝑊 desloca a fronteira de possibilidades de produção para cima, mantendo o intercepto do outro setor inalterado (rotação da PPF). • O aumento da força de trabalho eleva a fronteira de possibilidades de produção para cima. Formalização da Fronteira de Possibilidades de Produção • Podemos alternativamente fazer a mesmo análise sob a ótica da produtividade ou tecnologia (𝐴𝐶 e 𝐴𝑊). • Da primeira expressão, podemos isolar 𝑑𝐿𝐶 do lado esquerdo da igualdade. Temos 𝐴𝐶𝑑𝐿𝐶 = 𝑑𝑄𝐶 − 𝐿𝐶𝑑𝐴𝐶 𝑑𝐿𝐶 = 1 𝐴𝐶 𝑑𝑄𝐶 − 𝐿𝐶 𝐴𝐶 𝑑𝐴𝐶 • Da segunda expressão, podemos isolar 𝑑𝐿𝑊 do lado esquerdo da igualdade. Temos 𝐴𝑊𝑑𝐿𝑊 = 𝑑𝑄𝑊 − 𝐿𝑊𝑑𝐴𝑊 𝑑𝐿𝑊 = 1 𝐴𝑊 𝑑𝑄𝑊 − 𝐿𝑊 𝐴𝑊 𝑑𝐴𝑊 Formalização da Fronteira de Possibilidades de Produção • Substituindo os resultados no diferencial total do equilíbrio do mercado de trabalho, vem 𝑑𝐿𝐶 + 𝑑𝐿𝑊 = 𝑑𝐿 1 𝐴𝐶 𝑑𝑄𝐶 − 𝐿𝐶 𝐴𝐶 𝑑𝐴𝐶 + 1 𝐴𝑊 𝑑𝑄𝑊 − 𝐿𝑊 𝐴𝑊 𝑑𝐴𝑊 = 𝑑𝐿 • Isolando 𝑑𝑄𝑊 do lado esquerdo da igualdade, temos 𝑑𝑄𝑊 = − 𝐴𝑊 𝐴𝐶 𝑑𝑄𝐶 + 𝐴𝑊𝐿𝐶 𝐴𝐶 𝑑𝐴𝐶 + 𝐿𝑊𝑑𝐴𝑊 + 𝐴𝑊𝑑𝐿 Formalização da Fronteira de Possibilidades de Produção • A fronteira de possibilidades de produção na ótica da produtividade pode ser colocada como 𝑄𝑊 = 𝑃𝑃𝐹(𝑄𝐶, 𝐴𝐶, 𝐴𝑊, 𝐿) • onde 𝑃𝑃𝐹1 < 0, 𝑃𝑃𝐹2 > 0, 𝑃𝑃𝐹3 > 0 e 𝑃𝑃𝐹4 > 0. Os sinais das quatro derivadas parciais refletem a última expressão do slide anterior. • Daí vem que o progresso tecnológico em qualquer setor desloca a fronteira de possibilidades de produção para cima, mantendo o intercepto do outro setor inalterado (rotação da PPF). • O aumento da força de trabalho eleva a fronteira de possibilidades de produção para cima. Exemplo numérico Necessidades unitárias de trabalho Queijo Vinho Doméstica aLC = 1 hora/kg aLW = 2 horas/litro Estrangeira a* LC = 6 horas/kg a* LW = 3 horas/litro Exemplo do Modelo Ricardiano • Parâmetros: • Doméstica: 𝑎𝐿𝐶 = 1 𝑎𝐿𝑊 = 2 𝐿 = 1000 • Estrangeira: 𝑎𝐿𝐶 ∗ = 6 𝑎𝐿𝑊 ∗ = 3 𝐿∗ =? Figura 3.1 Fronteira de Possibilidades de Produção de Doméstica 𝑄𝑊 = 𝐿 𝑎𝐿𝑊 − 𝑎𝐿𝐶 𝑎𝐿𝑊 𝑄𝐶 𝑄𝑊 = 𝐴𝑊𝐿 − 𝐴𝑊 𝐴𝐶 𝑄𝐶 Figura 3.2 Fronteira de Possibilidades de Produção de Estrangeira 𝑄𝑊 ∗ = 𝐿∗ 𝑎𝐿𝑊 ∗ − 𝑎𝐿𝐶 ∗ 𝑎𝐿𝑊 ∗ 𝑄𝐶 ∗ 𝑄𝑊 ∗ = 𝐴𝑊 ∗ 𝐿∗ − 𝐴𝑊 ∗ 𝐴𝐶 ∗ 𝑄𝐶 ∗ Autarquia • Autarquia: quando o país é fechado, autossuficiente, não fazendo comércio internacional. • Em autarquia, temos em Doméstica que 𝑃𝐶 𝑃𝑊 = 𝑎𝐿𝐶 𝑎𝐿𝑊 • Em autarquia, temos em Estrangeira que 𝑃𝐶 ∗ 𝑃𝑊 ∗ = 𝑎𝐿𝐶 ∗ 𝑎𝐿𝑊 ∗ • Em ambos os casos de autarquia, temos que o preço relativo é igual ao custo de oportunidade. Autarquia • Em autarquia, o preço relativo é igual ao custo de oportunidade. • Em Doméstica, isso significa que os salários nominais são iguais nos dois setores. 𝜔𝐶 = 𝑃𝐶 𝑎𝐿𝐶 = 𝐴𝐶𝑃𝐶 = 𝐴𝑊𝑃𝑊 = 𝑃𝑊 𝑎𝐿𝑊 = 𝜔𝑊 • Em Estrangeira, o mesmo acontece. • A igualdade dos salários em autarquia aliada à mobilidade do trabalho faz com que os dois bens sejam produzidos e a economia seja autossuficiente. Autarquia • Há infinitas quantidades de queijo e vinho que podem ser escolhidas sobre a fronteira de possibilidades de produção. • Quais são as quantidades escolhidas de queijo e vinho? Essa resposta é obtida ao considerarmos o comportamento do consumidor. Temos que a utilidade do consumidor é dada por 𝑈 = 𝑈 𝐶𝐶, 𝐶𝑊 onde 𝑈1 > 0, 𝑈2 > 0, 𝑈11 < 0, 𝑈22 < 0 e 𝑈12 = 𝑈21 > 0. Autarquia • O diferencial total da utilidade é dado por 𝑑𝑈 = 𝑈1𝑑𝐶𝐶 + 𝑈2𝑑𝐶𝑊 • Fazendo 𝑑𝑈 = 0, temos que a curva de indiferença possui uma inclinação negativa dada por 𝑑𝐶𝑊ቤ 𝑑𝐶𝐶 𝑑𝑢=0 = − 𝑈1 𝑈2 < 0 • Fazendo o diferencial total da inclinação, temos 𝑑 𝑑𝐶𝑊ቤ 𝑑𝐶𝐶 𝑑𝑢=0 = − 𝑈11𝑈2 − 𝑈21𝑈1 𝑑𝐶𝐶 + 𝑈12𝑈2 − 𝑈22𝑈1 𝑑𝐶𝑊 𝑈2 2 Autarquia • Dividindo por 𝑑𝐶𝐶, temos 𝑑 𝑑𝐶𝐶 𝑑𝐶𝑊ቤ 𝑑𝐶𝐶 𝑑𝑢=0 = − 1 𝑈2 2 𝑈11𝑈2 − 𝑈21𝑈1 + 𝑈12𝑈2 − 𝑈22𝑈1 𝑑𝐶𝑊ቤ 𝑑𝐶𝐶 𝑑𝑢=0 • Substituindo a inclinação da curva de indiferença, vem 𝑑2𝐶𝑊อ 𝑑𝐶𝐶 2 𝑑𝑢=0 = − 1 𝑈2 2 𝑈11𝑈2 − 𝑈21𝑈1 + 𝑈12𝑈2 − 𝑈22𝑈1 − 𝑈1 𝑈2 Autarquia • Rearranjando, temos 𝑑2𝐶𝑊อ 𝑑𝐶𝐶 2 𝑑𝑢=0 = 1 𝑈2 3 −𝑈11𝑈2 2 + 𝑈21𝑈1𝑈2 + 𝑈12𝑈1𝑈2 − 𝑈22𝑈1 2 • Como 𝑈21 = 𝑈12 por hipótese, temos 𝑑2𝐶𝑊อ 𝑑𝐶𝐶 2 𝑑𝑢=0 = 1 𝑈2 3 2𝑈12𝑈1𝑈2 − 𝑈11𝑈2 2 − 𝑈22𝑈1 2 > 0 • Concluímos que a curva de indiferença é convexa. Autarquia • A curva de indiferença pode ser representada graficamente por 𝐶𝐶 𝐶𝑊 Autarquia • O problema do consumidor é dado por max 𝐶𝐶,𝐶𝑊 𝑈 = 𝑈 𝐶𝐶, 𝐶𝑊 sujeito à restrição orçamentária dada por 𝑃𝐶𝐶𝐶 + 𝑃𝑊𝐶𝑊 = 𝑉 • Para resolver, constrói-se o lagrangeano, dado por 𝐿 𝐶𝐶, 𝐶𝑊, 𝜇 = 𝑈 𝐶𝐶, 𝐶𝑊 + 𝜇 𝑉 − 𝑃𝐶𝐶𝐶 − 𝑃𝑊𝐶𝑊 • As condições de primeira ordem são dadas por 𝐿1 = 𝑈1 − 𝜇𝑃𝐶 = 0 𝐿2 = 𝑈2 − 𝜇𝑃𝑊 = 0 𝐿3 = 𝑉 − 𝑃𝐶𝐶𝐶 − 𝑃𝑊𝐶𝑊 = 0 Autarquia • Das condições de primeira ordem, temos que 𝑑𝐶𝑊ቤ 𝑑𝐶𝐶 𝑑𝑢=0 = − 𝑈1 𝑈2 = − 𝑃𝐶 𝑃𝑊 e que a restrição orçamentária deve ser obedecida. • Rearranjando a restrição orçamentária, temos 𝐶𝑊 = 𝑉 𝑃𝑊 − 𝑃𝐶 𝑃𝑊 𝐶𝐶 • Ou seja, no equilíbrio temos que a curva de indiferença tangencia a restrição orçamentária. Autarquia • No modelo ricardiano a restrição orçamentária coincide com a fronteira orçamentária em uma economia fechada? • Vamos comparar as duas. A restrição orçamentária é 𝐶𝑊 = 𝑉 𝑃𝑊 − 𝑃𝐶 𝑃𝑊 𝐶𝐶 • A fronteira de possibilidades de produção é dada por 𝑄𝑊 = 𝐿 𝑎𝐿𝑊 − 𝑎𝐿𝐶 𝑎𝐿𝑊 𝑄𝐶 • Em economia fechada, temos que o custo de oportunidade é igual ao preço relativo para que os salários nos dois setores sejam iguais, isto é, 𝑃𝐶 𝑃𝑊 = 𝑎𝐿𝐶 𝑎𝐿𝑊. Autarquia • Em economia fechada, temos também que a quantidade consumida é igual à quantidade produzida, isto é, 𝐶𝐶 = 𝑄𝐶 e 𝐶𝑊 = 𝑄𝑊. • Logo, necessariamente os interceptos são iguais, isto é 𝑉 𝑃𝑊 = 𝐿 𝑎𝐿𝑊 • Essa igualdade significa que, quando a mão-de-obra é inteiramente destinada à produção de vinho e todo o valor disponível é gasto em vinho, então a quantidade demandada de vinho (lado esquerdo) é igual à quantidade produzida de vinho (lado direito), ou seja, o mercado permanece em equilíbrio. Equilíbrio em Autarquia 𝑄𝑊 = 𝐿 𝑎𝐿𝑊 − 𝑎𝐿𝐶 𝑎𝐿𝑊 𝑄𝐶 𝑄𝑊 = 𝐴𝑊𝐿 − 𝐴𝑊 𝐴𝐶 𝑄𝐶 3-42 Comércio no modelo ricardiano • Para ver como todos os países podem se beneficiar do comércio, é preciso encontrar os preços relativos quando o comércio existe. • Primeiro, calcule a oferta relativa mundial de queijo: a quantidade de queijo ofertada por todos os países em relação à quantidade de vinho ofertada por todos os países RS = (QC + Q* C )/(QW + Q* W) Figura 3.3 Demanda e Oferta Relativa Mundial 3-44 Oferta relativa e demanda relativa • Se o preço relativo do queijo cai abaixo do custo de oportunidade do queijo nos dois países PC /PW < aLC /aLW < a* LC /a* LW, – nenhum queijo é produzido. – trabalhadores locais e estrangeiros estão dispostos a produzir apenas vinho (onde o salário é maior). 3-45 Oferta relativa e demanda relativa • Quando o preço relativo do queijo é igual ao custo de oportunidade de Doméstica local PC /PW = aLC /aLW < a* LC /a* LW , – trabalhadores de Doméstica são indiferentes sobre produzir vinho ou queijo (o salário quando produz vinho é igual ao salário quando produz queijo). – trabalhadores de Estrangeira produzem apenas vinho. 3-46 Oferta relativa e demanda relativa • Quando o preço relativo do queijo fica entre os custos de oportunidade de queijo aLC /aLW < Pc /PW < a* LC /a* LW , – trabalhadores de Doméstica produzem apenas queijo (onde seus salários são mais altos). – trabalhadores de Estrangeira ainda produzem apenas vinho (onde seus salários são mais altos). – a oferta relativa mundial de queijo é igual à produção máxima de queijo de Doméstica dividida pela produção máxima de vinho de Estrangeira (L / aLC ) / (L*/ a* LW). 3-47 Oferta relativa e demanda relativa • Quando o preço relativo do queijo é igual ao custo de oportunidade em Estrangeira aLC /aLW < PC /PW = a* LC /a* LW , – trabalhadores de Estrangeira são indiferentes sobre produzir vinho ou queijo (o salário quando se produz vinho é igual ao salário quando se produz queijo). – trabalhadores de Doméstica produzem apenas queijo. 3-48 Oferta relativa e demanda relativa (cont.) • Se o preço relativo do queijo aumenta acima do custo de oportunidade do queijo nos dois países aLC /aLW < a* LC /a* LW < PC /PW, – nenhum vinho é produzido. – trabalhadores de Doméstica e de Estrangeira estão dispostos a produzir apenas queijo (onde o salário é mais alto). 3-49 Oferta relativa e demanda relativa (cont.) • A oferta relativa mundial é uma função degrau: – Primeiro degrau no preço relativo do queijo igual ao custo de oportunidade de Doméstica aLC /aLW. – Pula quando a oferta relativa mundial de queijo é igual à produção máxima de queijo de Doméstica dividida pela produção máxima de vinho de Estrangeira (L / aLC ) / (L*/ a* LW). – Segundo degrau no preço relativo do queijo igual ao custo de oportunidade de Estrangeira a* LC /a* LW. 3-50 Oferta relativa e demanda relativa (cont.) • A demanda relativa de queijo é a quantidade de queijo demandada em todos os países relativa à quantidade de vinho demandada em todos os países. • À medida que o preço do queijo em relação ao preço do vinho aumenta, os consumidores em todos os países tendem a comprar menos queijo e mais vinho, de modo que a quantidade demandada relativa de queijo cai. Progresso tecnológico no setor de queijo em Doméstica (diminuição de 𝒂𝑳𝑪) Progresso tecnológico no setor de vinho em Doméstica (diminuição de 𝒂𝑳𝑾) Aumento da força de trabalho em Doméstica (aumento de L) Sugestão de exercício • Refaça os três exercícios anteriores supondo que as mudanças nas tecnologias e na força de trabalho ocorram em Estrangeira. Efeitos da abertura da economia • Considere os gráficos a seguir referentes ao modelo: o gráfico com a demanda relativa e a oferta relativa de queijo; os gráficos com a fronteira de possibilidade de produção de Doméstica e Estrangeira. • Com economia aberta, o equilíbrio de demanda relativa e oferta relativa com especialização ocorre no ponto 1, onde o preço relativo de queijo está acima o preço relativo em autarquia de Doméstica e abaixo do preço relativo em autarquia de Estrangeira. Figura 3.3 Demanda e Oferta Relativa Mundial Efeitos da abertura da economia • Os gráficos das fronteiras de possibilidade de produção mostram o consumo em economia aberta nos dois países. • Em autarquia, o consumidor escolhia um ponto sobre a fronteira de possibilidades de produção (reta preta nos dois gráficos). • Em economia aberta, o consumidor pode escolher os pontos da restrição orçamentária (reta azul nos dois gráficos), que não coincide mais com a fronteira de possibilidades de produção. Todos os pontos da restrição orçamentária, exceto um intercepto, estão acima da fronteira de possibilidades de produção. Isso mostra que o consumidor está melhor em economia aberta do que em autarquia. A curva de indiferença é mais alta que em autarquia. Figura 3.4 Comércio expande as possibilidades de consumo Efeitos da abertura da economia • A situação melhor do consumidor em economia aberta pode ser vista ao se comparar o uso de uma hora em Doméstica para produzir vinho diretamente com o uso de uma hora para “produzir” vinho indiretamente (produz queijo – em que possui vantagem comparativa – e comercializa no mercado internacional por vinho). Efeitos da abertura da economia • Parâmetros: 𝑎𝐿𝐶 = 1; 𝑎𝐿𝑊 = 2; 𝐿 = 1000; 𝑎𝐿𝐶 ∗ = 6; 𝑎𝐿𝑊 ∗ = 3; 𝐿∗ =? • Produção direta em Doméstica: 1 hora de trabalho produz meio litro de vinho. • “Produção” indireta em Doméstica: 1 hora de trabalho produz um quilo de queijo; supondo um preço relativo igual a um (entre os dois custos de oportunidade), temos que um quilo de queijo é trocado por um litro de vinho. • Logo, o consumidor está melhor com comércio internacional (uma hora obtém um litro de vinho) do que em autarquia (uma hora produz meio litro de vinho). Exercício proposto • Repita a análise anterior para Estrangeira, obtendo que a situação do consumidor está melhor com comércio internacional. A produção direta em Estrangeira será de queijo, e a indireta será produzir vinho e trocar no mercado internacional por queijo, supondo um preço relativo no mercado internacional igual a um. 3-62 Salários refletem a produtividade? • Os salários relativos refletem as produtividades relativas dos dois países? • Da discussão anterior, temos 𝜔𝐶 = 𝑃𝐶 𝑎𝐿𝐶 = 𝐴𝐶𝑃𝐶 = 𝐴𝑊𝑃𝑊 = 𝑃𝑊 𝑎𝐿𝑊 = 𝜔𝑊 • Logo, os salários relativos no mercado mundial 𝜔𝐶 𝜔𝑊 𝑊 são dados em nosso exemplo por 𝜔𝐶 𝜔𝑊 𝑊 = 𝜔𝐶 𝜔𝑊 ∗ = 𝐴𝐶 𝐴𝑊 ∗ 𝑃𝐶 𝑃𝑊 = 𝑎𝐿𝑊 ∗ 𝑎𝐿𝐶 𝑃𝐶 𝑃𝑊 • Leva-se em conta que queijo é produzido em Doméstica e vinho em Estrangeira. 3-63 Salários refletem a produtividade? • A expressão mostra que, para um dado preço relativo de queijo (determinado no mercado internacional), o salário relativo será proporcional à produtividade relativa. Logo, salário relativo e produtividade relativa têm uma correlação positiva. • A evidência empírica mostra que salários baixos estão associados a uma produtividade baixa, e vice-versa. Ou seja, há uma correlação positiva entre as duas variáveis, o que está de acordo com as expressões anteriores. – O salário da maioria dos países em relação ao dos EUA é semelhante à sua produtividade em relação à dos EUA. Figura 3.5 Produtividade e salários Fonte: International Monetary Fund; The Conference Board. 3-65 Salários refletem a produtividade? • Outras evidências mostram que os salários aumentam à medida que a produtividade aumenta. – Em 1975, os salários da Coreia do Sul eram apenas 5% dos salários dos EUA. – À medida que a produtividade do trabalho da Coreia do Sul aumentou (para cerca da metade do nível dos EUA em 2007), o mesmo ocorreu com os salários (que eram mais da metade dos níveis dos EUA em 2007). 3-66 Ideias erradas sobre vantagem comparativa 1. O livre comércio é benéfico somente se um país é mais produtivo do que os países estrangeiros. – Mas mesmo um país improdutivo se beneficia do livre comércio ao evitar os custos elevados de bens que teria que produzir domesticamente. – Custos elevados vêm do uso ineficiente de recursos. – Os benefícios do livre comércio não dependem da vantagem absoluta, mas sim da vantagem comparativa: por meio da especialização nas indústrias que usam os recursos de forma mais eficiente. 3-67 Ideias erradas sobre vantagem comparativa 2. (Argumento do trabalho pobre) O livre comércio com países que pagam salários baixos prejudica os países com salários elevados. – O comércio beneficia consumidores e trabalhadores. Os ganhos de comércio vem de custos baixos, e é irrelevante se isso se deve a alta produtividade ou a salários baixos. Em qualquer situação há ganhos, ou seja, os bens produzidos por um país e comercializados com o exterior possibilitam o consumo de mais bens do que no caso em que não há comércio com o exterior. 3-68 Ideias erradas sobre vantagem comparativa 3. Livre comércio explora os países menos produtivos. – Enquanto os padrões de trabalho em alguns países são menos exemplares em relação aos padrões ocidentais, eles são dessa forma com ou sem comércio. – Os salários elevados e as boas práticas trabalhistas são alternativas ao comércio? Não necessariamente. Pobreza extrema e exploração (p. ex. prostituição involuntária) podem ocorrer sem que haja produção para exportação. – Os consumidores se beneficiam do livre comércio ao ter acesso a produtos baratos (produzidos de forma eficiente). – Produtores/trabalhadores se beneficiam ao ter lucros/salários mais altos (em relação ao que ocorreria sem comércio). 3-69 Vantagem comparativa com muitos bens • Suponha agora que haja N bens, indexados por i = 1,2,…N. • A necessidade unitária de trabalho do país local para o bem i é aLi, e a do país estrangeiro é a* Li . • Bens serão produzidos onde é mais barato produzí-los. 3-70 Vantagem comparativa com muitos bens (cont.) • Seja w o salário no país local e w* o salário no país estrangeiro. – Se waL1 < w*a* L1 então apenas o país local irá produzir o bem 1, pois os pagamentos totais de salários são menores ali. – Ou, de forma equivalente, se a* L1 /aL1 > w/w*, se a produtividade relativa de um país na produção de um bem é maior do que o salário relativo, então o bem será produzido naquele país. Tabela 3.2 Necessidades unitárias de trabalho de Doméstica e Estrangeira Bem Necessidades unitária de trabalho de Doméstica aLi Necessidades unitária de trabalho de Estrangeira aLi* Vantagem relativa de produtividade de Doméstica aLi*/aLi Maçãs 1 10 10 Bananas 5 40 8 Caviar 3 12 4 Tâmaras 6 12 2 Enchiladas 12 9 0,75 Figura 3.5 Determinação dos salários relativos Imigração de Estrangeira para Doméstica RS’ Com os imigrantes vindos de Estrangeira para Doméstica (aumenta L e diminui L*), Doméstica passa a produzir tâmaras no lugar de Estrangeira. Inovação tecnológica em Doméstica na produção de tâmaras Inovação tecnológica na produção de tâmaras em Doméstica nesse gráfico faz com que tâmaras sejam produzidas nos dois países (RS cruza RD no segmento horizontal). 3-75 Custos de transporte e bens não comercializáveis • O modelo ricardiano prevê que os países se especializam completamente na produção. • Mas isto raramente acontece principalmente por três motivos: 1. Mais de um fator de produção reduz a tendência à especialização. 2. Protecionismo. 3. Os custos de transporte diminuem ou impedem o comércio, o que pode fazer com que cada país produza os mesmos bens e serviços. 3-76 Custos de transporte e bens não comercializáveis (cont.) • Bens e serviços não comercializáveis (p. ex. cortes de cabelo e consertos de automóveis) existem por causa dos custos de transporte elevados. – Os países tendem a gastar uma parcela grande da renda nacional em bens e serviços não comercializáveis. – Este fato tem implicações para o modelo gravitacional e para modelos que consideram como as transferências de renda entre países afetam o comércio. 3-77 Custos de transporte e bens não comercializáveis (cont.) • Na produção de tâmaras, temos que em Doméstica são necessárias 6 horas de trabalho para produzir uma tâmara (𝑎𝐿𝑇 = 6) e em Estrangeira são necessárias 12 horas (𝑎𝐿𝑇 ∗ = 12). A produtividade relativa 𝐴𝑇 𝐴𝑇 ∗ = 𝑎𝐿𝑇 ∗ 𝑎𝐿𝑇 é 2 e o salário relativo 𝑤 𝑤∗ é 3. Nesse caso, Estrangeira produz tâmaras, pois o custo de produzir tâmaras é menor nessa economia. • Uma unidade de tâmaras utiliza 12 horas de trabalho em Estrangeira. Temos que 12 h x w*/w = 12h x (1/3) = 4 h, ou seja, equivale a 4 horas de trabalho em Doméstica. Mas em Doméstica são necessárias 6 horas de trabalho para produzir uma tâmara e, por isso, vale a pena importar a tâmara de Doméstica porque o custo é menor. 3-78 Custos de transporte e bens não comercializáveis (cont.) • Suponha que haja custo de transporte que seja uma fração uniforme do custo de produção (100%). • Se há custo de transporte, as 4 h de trabalho em Doméstica se transformam em 8h (sendo 4 h o custo de produção e 4 h o custo de transporte). Esse custo é maior que as 6 h de Doméstica, logo as tâmaras serão produzidas em Estrangeira e em Doméstica, cada uma produzindo para seu próprio mercado sem transacionar no mercado internacional. Ou seja, o custo de transporte tornou tâmara um bem não comercializável. 3-79 Evidência empírica • Países exportam bens cuja produtividade é relativamente elevada? • A razão das exportações dos EUA e da Grã Bretanha em 1951 comparada com a razão da produtividade do trabalho dos EUA e da Grã Bretanha em 26 indústrias manufatureiras sugere que sim. • Em 1951 os EUA tinham uma vantagem absoluta em todas as 26 indústrias, mas a razão das exportações era baixa nos setores menos produtivos dos EUA. Figura 3.6 Produtividade e exportações 3-81 Evidência empírica • Bangladesh – Possui produtividade baixa, mesmo na produção de vestuário. – Desvantagem de produtividade no vestuário é muito menor do que em outras indústrias. – Há uma vantagem comparativa na produção de vestuário. • Bangladesh tem uma desvantagem absoluta em relação à China no vestuário, com produtividade muito menor. Mas possui produtividade relativa maior em vestuário do que em outras indústrias, o que implica em vantagem comparativa no vestuário. Tabela 3.3 Bangladesh versus China, 2011 Blank Produção por trabalhador de Bangladesh (% da China) Exportações de Bangladesh (% da China) Todas as indústrias 28,5 1,0 Vestuário 77 15,5 Fonte: McKinsey and Company, “Bangladesh’s ready-made garments industry: The challenge of growth,” 2012; UN Monthly Bulletin of Statistics. 3-83 Evidência empírica • As principais implicações do modelo ricardiano são apoiadas pela evidência empírica: – as diferenças de produtividade desempenham um papel importante no comércio internacional – a vantagem comparativa (e não a vantagem absoluta) é que importa para o comércio