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I CONGRESSO INTERNACIONAL DE SUSTENTABILIDADE EM TÊXTIL E MODA E A C H U S P S Ã O P A U L O B R A S IL 2021 Organização Profa Dra Francisca Dantas Mendes Prof Dr Antônio Takao Kanamanu I CONGRESSO INTERNACIONAL DE SUSTENTABILIDADE EM TÊXTIL E MODA E A C H U S P S Ã O P A U L O B R A S IL 2021 Organização Profa Dra Francisca Dantas Mendes Prof Dr Antônio Takao Kanamanu Copyright 2021 I Congresso Internacional de Sustentabilidade em Têxtil e Moda Escola de Artes Ciências e Humanidades USP Rua Arlindo Bettio 1000 Vila Guaraciaba São Paulo SP Brasil CEP 03828000 DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃONAPUBLICAÇÃO Universidade de São Paulo Escola de Artes Ciências e Humanidades Biblioteca Maria Fátima dos Santos CRB86818 Como citar a publicação no todo ABNT 60232018 CONGRESSO INTERNACIONAL DE SUSTENTABILIDADE EM TÊXTIL E MODA 1 2019 São Paulo SP I Congresso Internacional de Sustentabilidade em Têxtil e Moda Sustexmoda São Paulo EACH 2021 1 ebook Acesso em dd mês abrev aaaa Disponível em inserir o link Como citar uma parte ABNT 60232018 SOBRENOME Prénomes SOBRENOME Prénomes SOBRENOME Prénomes Título da parte In CONGRESSO INTERNACIONAL DE SUSTENTABILIDADE EM TÊXTIL E MODA 1 2019 São Paulo SP I Congresso Internacional de Sustentabilidade em Têxtil e Moda Sustexmoda São Paulo EACH 2021 p xxyy Acesso em dd mês abrev aaaa Disponível em inserir o link UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Reitor Prof Dr Vahan Agopyan ViceReitor Prof Dr Antonio Carlos Hernandes ESCOLA DE ARTES CIÊNCIAS E HUMANIDADES Diretor Profa Dra Mônica Sanches Yassuda ViceDiretor Prof Dr Ricardo Ricci Uvinha Comissão de Biblioteca da EACH Organização dos Anais Presidência Profa Dra Ruth Caldeira de Melo Coordenação geral Profa Dra Francisca Dantas Mendes Suplente da Presidência Prof Dr Luiz Gonzaga Godoi Trigo Antônio Takao Kanamaru Prof Dr Carlos Molina Mendes Editor de diagramação Mariana Laktim Profa Dra Claudia Regina Garcia Vicentini Apoio na editoração Amilton José de Santana Prof Dr Luciano Antonio Digiampietri Apoio na organização dos Anais Helayny Andreia Barbosa de Farias Profa Dra Valéria Cazetta Rita de Cássia Lopes Moro Rosa Tereza Tierno Plaza Congresso Internacional de Sustentabilidade em Têxtil e Moda 1 2019 São Paulo SP I Congresso Internacional de Sustentabilidade em Têxtil e Moda Sustexmoda coordenação geral Francisca Dantas Mendes Antônio Takao Kanamaru São Paulo Escola de Artes Ciências e Humanidades 2021 1 ebook Evento realizado pelo Núcleo de Apoio à Pesquisa de Sustentabilidade Têxtil e Moda em 2019 Documento eletrônico em pdf ISBN 9786588503010 1 Industria têxtil 2 Moda 3 Sustentabilidade 4 Meio ambiente 5 Congressos I Mendes Francisca Dantas coord II Kanamaru Antônio Takao coord III Título CDD 22 ed 677 APRESENTAÇÃO O Congresso SUSTEXMODA 2019 ofereceu uma especial oportunidade de inclusão a todos os pesquisadores professores alunos e profissionais dispostos a discutir e com partilhar conhecimentos gerando oportunidades para um maior desenvolvimento de nos sas pesquisas trabalhos e cooperação futura nos campos têxtil e da moda O conteúdo da pesquisa bem como o texto são de total responsabilidade dos autores O evento em que você esteve participando foi organizado pelo NAP SUSTEXMODA Núcleo de Apoio à Pesquisa de Sustentabilidade Têxtil e Moda caracterizado por pes quisar soluções eficientes e oferecer possíveis aplicações objetivas para solucionar ou minimizar os impactos negativos causados à economia à sociedade e ao meio ambiente pelas diferentes atividades industriais e de serviços profundamente interligadas na Ca deia Têxtil e na Indústria da Moda Já que o sucesso do encontro dependeu também em grande parte de você partici pante nós gentilmente os convidamos a nos ajudar para tornar o evento único e memo rável Aceitamos sugestões pelo e mail sustexmodauspgmailcom Em nome de todos os envolvidos agradecemos sua participação certos de que os recepcionaremos no próximo congresso o II SUSTEXMODA a ser realizado em agosto de 2020 Profa Dra Francisca Dantas Mendes Prof Dr Antônio Takao Kanamanu UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Reitor da USP Prof Vahan Agopyan Vicereitor da USP Prof Dr Antônio Carlos Hernandes Próreitor de Cultura e Extensão da USP Profa Dra Maria Aparecida de Andrade Moreira Machado Próreitor de pesquisa Prof Dr Sylvio Roberto Accioly Canuto Próreitor de Pósgraduação Prof Dr Carlos Gilberto Carlotti Júnior Próreitor de Graduação Prof De Edmund Chada Baracat ESCOLA DE ARTES CIÊNCIAS E HUMANIDADES Diretora da EACHUSP Profa Dra Mônica Sanches Yassuda Vicediretor da EACHUSP Prof Dr Ricardo Ricci Uvinha Presidente da Comissão de Cultura e Extensão CCEX EACHUSP Profa Dra Fabiana de SantAnna Evangelista Presidente da Comissão de Pesquisa CPQ EACHUSP Prof Dr Cássio de Miranda Meira Junior Presidente da Comissão de PósGraduação CPG EACHUSP Profa Dra Fátima de Lourdes dos Santos Nunes Marques Presidente da Comissão da Graduação CG EACHUSP Prof Dr Tiago Mauricio Francoy Coordenadora da Pósgraduação Têxtil e Moda Profa Dra Silgia Aparecida Costa Coordenador do Bacharelado em Têxtil e Moda Prof Dr Mauricio Campos Araújo COMITÊ ORGANIZADOR COORDENAÇÃO GERAL Profa Dra Francisca Dantas Mendes Prof Dr Antônio Takao Kanamaru EDITOR DA DIAGRAMAÇÃO Mariana Laktim APOIO NA EDITORAÇÃO Amilton José de Santana APOIO NA ORGANIZAÇÃO DOS ANAIS Helayny Andreia Barbosa de Farias Rita de Cássia Lopes Moro COMISSÃO ORGANIZADORA Ana Claudia Gutschow Sampaio Angélica Aparecida de Morais Felipe Bastos Reis Helayny Andreia Barbosa de Farias Jeferson Hugo P de Rezende Kyung Ha Lee Liliane da Silva Gonzaga Maria Goreti Leal Vanini Isaac Rita de Cássia Lopes Moro Wanderley Kawabe COMISSÃO TÉCNICA E APOIO Alef Rodrigues Ferreira Amilton José de Santana Anna Carolina Moraes Figueiredo Giselle da Costa Araújo Giselle Leme Mariana Costa Laktim Marina Duarte Rezende Palloma Renny B Fernandes I SUSTEXMODA 7 COMITÊ CIENTÍFICO Coordenação do Comitê Científico Internacional Prof Dr Ian W King London College of Fashion UK Coordenação do Comitê Científico Nacional Profa Dra Sylmara Lopes Universidade de São Paulo EACH Brasil Comitê Científico Profa Dra Amália Inês Geraiges de Lemos Universidade de São Paulo FFLCH Brasil Prof Dr Antonio Takao Kanamaru Universidade de São Paulo EACH Brasil Profa Dra Anne Anicet Universidade Federal do Rio Grande do Sul Brasil Prof Dr Ayub Nabi Khan University of Fashion and Technology BUFT Bangladesh Prof Dr Carles Carreras Verdaguer Universitat de Barcelona Espanha Profa Dra Clotilde Perez Universidade de São Paulo ECA Brasil Profa Dra Denise Dantas Universidade de São Paulo FAU Brasil Prof Dr Dib Karam Junior Universidade de São Paulo EACH Brasil Prof Dr Eneus Trindade Universidade de São Paulo ECA Brasil Profa Dra Evelise Rüthschilling Universidade Federal do Rio Grande do Sul Brasil Profa Dra Francisca Dantas Mendes Universidade de São Paulo EACH Brasil Prof Dr Ian W King London College of Fashion Brasil Prof Dr João Paulo Pereira Marcicano Universidade de São Paulo EACH Brasil Prof Dr José Gazca Universidad Nacional Autónoma de México México Profa Dra Júlia Valle Noronha Estonian Academy of Arts Estonia Prof Dr Lluís Frago Clols Universitat de Barcelona Espanha Profa Dra Mônica Arroyo Universidade de São Paulo FFLCH Brasil Profa Dra Patrícia Oliveira Universidad Nacional Autónoma de México México Profa Dra Regina Aparecida Sanches Universidade de São Paulo EACH Brasil Prof Dr Sanjeevani Ayachit Symbiosis Institute Of Design Índia Prof Dr Sean Chiles Amsterdam Fashion Institute Amsterdam Prof Dr Sergio Moreno Redón Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará Brasil Prof Dr Sergi Martínez Rigol Universitat de Barcelona Espanha Profa Dra Sirlene Maria da Costa Universidade de São Paulo EACH Brasil Profa Dra Susana Helena de Avelar Universidade de São Paulo EACH Brasil Profa Dra Sylmara Lopes Universidade de São Paulo EACH Brasil Profa Dra Tatiana Sakurai Universidade de São Paulo FAU Brasil 8 I ECONOMIA I SUSTEXMODA IMPACTOS E SOLUÇÕES Uma das grandes questões da atualidade é a sustentabilidade Essa primeira edição do SUSTEXMODA tem como tema os impactos e as soluções de pesquisas envolvendo os assuntos relacionados ao tripé da sustentabilidade na Cadeia Têxtil e Indústria da Moda economia sociedade e meio ambiente e as suas interfaces itens também con siderados subtemas do Congresso O evento destinase a promover a integração entre empresas acadêmicos e profissionais do setor têxtil confecção e participantes do uni verso da moda GT 01 E C O N O M I A Possibilita a apresentação de pesquisas envolvendo os impactos e soluções rela cionadas à novos produtos novos tipos de negócios consumo comércio formação de preços ecommerce comércio exterior importação exportação processos produtivos prestação de serviços acordos comerciais transparência nos negócios e inovação entre outros assuntos em sinergia com a área econômica GT 02 S O C I E D A D E Possibilita a apresentação de pesquisas envolvendo os impactos e soluções relacio nadas às ONGs cooperativas coletivos mão de obra gêneros necessidades ensino inclusão e exclusão social cultura regionalizada aculturação da sustentabilidade polí ticas públicas transparência nas comunicações e inovação entre outros assuntos em sinergia com a sociedade GT 03 M E I O A M B I E N T E Possibilita a apresentação de pesquisas envolvendo os impactos e soluções relacio nadas à novos produtos resíduos sólidos resíduos gasosos efluentes insalubridade certificações regulamentações políticas públicas transparência nas gestões pública e privada e inovação entre outros assuntos em sinergia com o meio ambiente Profa Dra Francisca Dantas Mendes Msc Mariana Costa Laktim Sumário I ECONOMIA 15 1 A compra em brechós o que impede 16 Oliveira F M F e Dantas F M 2 Upcycling uma metodologia sustentável com moda 19 Carvalho A P L Vasconcelos A F C e Fulco P T 3 Slow Fashion valorização do pequeno produtor de moda e o preconceito a respeito da técnica do crochê pelo público atual 23 Santos G B e P B Santos P B 4 Estratégias sustentáveis para uma Economia Circular 26 Chagas M J R CaldeiraPires A A e Ramos I M M 5 Sustentabilidade e a indústria têxtil um desafio global 29 Zanella P S 6 Contribuições da Certificação para a Transparência da Cadeia de Suprimentos do Varejo de Vestuário Brasileiro 32 Moro R C L Paulino S R e Mendes F D 7 Slow fashion com proposta de marca sustentável 35 Zucon M Araujo M C e Mendes F D 8 Abordagem sócio crítico ambiental em projeto de moda39 Carvalho F Lafraia A C e Fumaneri H 9 Banco de aproveitamento de resíduos têxteis 44 Schulte N K e Gonçalves M S 10 A reutilização de resíduos sólidos estudo de caso de economia circular no mercado calçadista47 Reis F B e Fernandes P R B 11 Moda vegana informação pode ser diferencial 52 Bernardo F C Bernardo C H C e Bernardo R 12 Estratégias de design para economia circular em modaBou S P 55 Lucca G A O e Morelli G 13 Resíduos pósconsumo dos galpões da Vila Maria 58 Morais AA e Mendes F D 14 Modelo inputoutput na indústria têxtil cearense 61 Chagas M J R CaldeiraPires A A e Ramos I M M 15 Conversão de resíduo têxtil em tecido e tipo não tecido 64 M L Leal e Dra F D Mendes 16 O comércio popular do Brás as galerias e a feira da madruga entre o informal e o regular 67 A C G Sampaio F D Mendes 17 Projeto BLOA reutilização de roupas pósconsumo 70 Zanutto L R 18 Renda Renascença paulista73 Matsusaki B C 19 Impactos gerados ao meio ambiente pela cadeia têxtil 76 PS Santos e M J Silva 20 A transcendência em meio aos despojos 80 Hammad J A Pinho J M e Antunes L T II SOCIEDADE 85 21Publicidade de moda para consumo consciente 86 Paula I V 22 Narrativas sobre o sweanting system e o trabalho análo ao escravo no Brasil 89 Figueiredo ACM Farias H A B e Mendes FD 23 O circuito da moda sustentável 92 Vieira L N 24 Diálogos entre universidade e comunidade 95 Babinski Jr V Rosa L D Botelho L P e Dalsasso E R 25 Se o consumidor quer ser sustentável ele tem razão 98 R C Machado 26 Inovações sustentáveis aprendizado no setor de moda 103 Alves A M L e Rosa L 27 Upcycling uma alternativa sustentável 106 Alcantara M C 28 Sustentabilidade na Economia Compartilhada de Moda 109 Barbosa M M S Barros S 29 Artesanato design e sustentabilidade 112 Delfino L O R Paiva D M S e Oliveira V M 30 Faz sentido ensinar moda 116 Vicentini CG Gomes S de A e Cacau Jr F P 31 Upcycling Têxtil E Inclusão Social 119 Mendes F D Maus S Araujo M C e Aguiar M C 32 Carnaval educação e sustentabilidade 122 Sabrá F G C Dias A M P e Christo D C 33 Arte terapia na recuperação da autoestima 127 Yara RCR Aguiar M C e Mendes F D III MEIO AMBIENTE 131 34 Surface Design upcycling in fashion design 132 Teles M e Meireles M M 35 Ressignificação de uniformes pósconsumo 135 S Maus M C Aguiar e F D Mendes 36 A Recosturas da Moda reaproveitamento de excedentes 139 Camfield K G S e Magnus E B 37 Moda gerenciamento de resíduos 142 Paula P L 38 Para onde vão as roupas que são jogadas fora Como se compra usa e descarte rou pas em Balneário Camboriú 145 Morelli G e Riboli JE 39 Analogia Resíduos Têxteis X Latas de Alumínio 148 Cardim R A Rocha S A E Santos W L F 40 O uso da água na lavanderia de jeans em Teresina 151 Pinheiro E e Meireles M M 41 Estudo da viabilidade do Tingimento de fios de Seda com corante natural Páprica 154 Veiga E R Santana H Silva G M e Agostinho L F 42 Tecido a partir do pseudocaule da bananeira 157 Linke P P Calvi G C e Bem N A 43 Fibras de Ágar e agarose comsem plastificante 160 Lordão TP 44 Aproveitamento de resíduos na indústria têxtil 163 Shibata V K Cerón AA Costa S M e Costa S A 45 O processo de purga enzimática e suas vantagens 167 Silva C A Cionek C A e Carvalho D S 46 Uso De Resíduos Na Extração De Corantes Naturais 170 Otaviano B T H Costa S A Sannomiya M e Costa S M 47 Sustentabilidade e inovação na criação de fios 174 Marin F B Marin A H e Belli M 48 Bioeconomia e a ascensão de novas fibras na moda 178 Osmari B A e Romansini B M 49 Preocupações socioambientais associadas ao uso de couro sintético no vestuário de veganos 181 Araujo G R S e Nascimento L C P I ECONOMIA 16 I ECONOMIA 1 A compra em brechós o que impede Oliveira F M F ¹ e Dantas F M ² 1 Fabiana Miler Ferracuti de Oliveira Escola de Artes Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo USP fabianamilerhotmailcom 2 Francisca Mendes Dantas Escola de Artes Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo USP franciscadmtitauspbr Resumo A sustentabilidade possui um papel fundamental na questão socioambiental e deve ser tra tada com prioridade principalmente na área têxtil É importante ressaltar que por trás de fios tecidos e vestimentas existem processos que degradam o meio ambiente e empresas que costumam não arcar com as consequências desta degradação Cientistas pesquisa dores e designers buscam cada vez mais integrar a sustentabilidade com a arte e o design A pesquisa relacionada à este artigo tem como principal foco o consumo sustentável e foi fundamentado através de uma pesquisa online realizada com 500 consumidores do sexo feminino da cidade de São Paulo com o intuito de produzir uma análise sobre a reutilização de roupas e o consumo em brechós A observação e o resultado da pesquisa neste artigo podem influenciar consumidores pesquisadores e empresários do segmento a partir das informações apresentadas Palavras chaves brechó reutilização consumo sustentabilidade 1 Introdução Segundo Salcedo¹ a indústria têxtil é responsável por 20 da contaminação indus trial das águas em nível global Neste caso para Manzini e Vezzoli² ao colocar uma estratégia ambiental consciente é possível evitar ou melhor limitar os problemas para não ter de perder tempo saúde e dinheiro recuperando os danos causados O reflexo da moda versus meio ambiente é o ato do consumo seja ele excessivo ou não Goleman³ enfatiza que nós não conhecemos os verdadeiros impactos do que compramos e não percebemos que não o sabemos Ceriani e Grandi4 destacam a ligação entre a cadeia de consumo e a moda em uma visão mais detalhista onde todos itens de consumo têm a ver com os processos de moda e essa simples observação deve levar os profissionais e I SUSTEXMODA 17 especialistas a dedicar reflexões à compreensão desse fenômeno Segundo Uniethios5 expressões como moda ética moda verde moda consciente ecomoda são cada vez mais encontradas no universo da moda e tentam traduzir de alguma maneira as rela ções entre esse segmento e o conceito de sustentabilidade O design e a moda fazem parte de um tema que aos poucos está sendo colocado em evidência e pesquisado na área acadêmica visando muita reflexão e compreensão dos processos que permeiam a moda Reforçando esta ideia Lee6 afirma que muitas pessoas preferem o novo ao con sertado Este fato relacionado à nossa cultura onde ter o mais novo é ter algo moderno é um modo de acompanhar o tempo Lee6 ainda destaca que o estilista Karl Lagerfeld 1933 costumava frequentar mercados de pulgas e brechós em busca de peças anti gas e os descontruía para entender o processo de sua construção e design Segundo Uniethios6 este modo de consumo transforma a dinâmica de compra uso e descarte de roupas para outra que a partir de peças de maior durabilidade permitiria a restauração a venda a brechós o aluguel o compartilhamento e o upcycling É necessário realizar uma mudança de olhar para acarretar na mudança de comportamento Dê uma segunda chance às roupas ou use de outras pessoas LEE 2007 p205 2 Método e pesquisa O objetivo da pesquisa baseiase na coleta de dados por meio da aplicação de ques tionários via survey online junto às consumidoras de São Paulo buscando mapear a questão do consumo a partir da reutilização de roupas de brechós identificando os fato res que as permitem ou impedem a compra de roupas em brechós e lojas de segunda mão por consumidoras residentes nas cidades de São Paulo Na pesquisa foi efetuada a verificação dos resultados e hipóteses a partir dos questionários aplicados A investi gação quantitativa será designada para compreender através da coleta de dados nu méricos os resultados dos questionários que auxiliará no apontamento das situações comportamentais e outras ações dos consumidores A respeito dos procedimentos da pesquisa optouse por levantamento e análise estatística para a observação e coleta dos dados sobre o perfil de consumidor A medida estatística será apresentada por meio de gráficos os resultados apresentados dos questionários 3 Análise e Conclusões Segundo os dados coletados na pesquisa online referente ás 500 consumidoras que responderam o questionário 5191 nunca realizaram uma compra em brechó Do total de consumidoras que nunca comprou em brechó 331 afirmam não encontrar peças interessantes Ainda deste total 23 pontuam ter desconforto em utilizar peças de rou pas usadas 2822 pontuam também se sentir incomodo em não saber o histórico da peça As demais consumidoras que também não compram em brechó apontam outros 18 I ECONOMIA fatores diversos que as impedem de realizarem compras em brechó entre eles falta de interesse e pouca paciência para procurar ou garimpar peças interessantes A partir dos dados obtidos concluise que o varejo de roupa usada precisa ser melhor explorado pesquisado A pesquisa é contínua e o questionário continuará sendo aplicado afim de realizar uma melhor análise e obtenção de dados 4 Referências 1 SALCEDO H Moda ética para um futuro sustentável Tradução Denis Fracalossi Barcelona Gustavo Gili 2014 2 MANZINI E VEZZOLI C O desenvolvimento de produtos sustentáveis os requisi tos ambientas os produtos industriais São Paulo Editora da Universidade de São Paulo 2008 3 GOLEMAN Daniel Inteligência ecológica o impacto do que consumimos e as mu danças que podem melhorar o planeta Rio de Janeiro Elsevier 2009 4 CERANI G Grandi R Moda regole e rappresentazioni Milão Francoangeli 2003 5 UNIETHIOS Sustentabilidade e competitividade na cadeia da moda São Paulo Uniethios 2013 6 LEE Matilda Ecochic o guia de moaética para a consumidora consciente São Paulo Larousse 2009 I SUSTEXMODA 19 2 Upcycling uma metodologia sustentável com moda Carvalho A P L1 Vasconcelos A F C2 e Fulco P T3 1 Ana Paula Lima de Carvalho SENAI CETIQT Rio de Janeiro Rio de Janeiro Brasil apcarvalhocetiqtsenaibr 2 Amanda Fernandes Cardoso Vasconcelos SENAI CETIQT Rio de Janeiro Rio de Janeiro Brasil acardosocetiqtsenaibr 3 Paulo de Tardo Fulco SENAI CETIQT Rio de Janeiro Rio de Janeiro Brasil pfulcocetiqtsenaibr Resumo A partir de uma proposta metodológica desenvolvida no laboratório de iniciação científica intitulada Métodos e técnicas de Upcycling cujo objetivo é de desenvolver um mapeamento dos tipos de Upcycling existentes na cadeia têxtil tanto do Brasil quanto internacional assim como identificar algumas marcas que já desenvolvem métodos e técnicas referentes ao pro cesso de desconstrução da forma de produzir Upcycling A relação entre a diversidade de alternativas no campo da moda em desenvolver produtos que não só se apropriam deste conceito mas que potencializam a prática à medida que se estabelece o reposicionamento no modo como a modelagem é redimensionada e ainda como é direcionada para a constru ção de uma moda sustentável Palavras chave Moda Sustentabilidade Modelagem Economia circular 1 Introdução No campo do design de moda se faz necessário compreender a dinâmica do produto enquanto pertencente ao conceito de moda sustentável assim devese atribuir valores éticos preocupados com humanização da mão de obra como também de um consumo consciente CIETTA afirma que 1 As celebradas empresas internacionais da moda rá 20 I ECONOMIA pida a cadeia dos prontistas utiliza como instrumento competitivo prioritário a habilidade e a rapidez na reprodução dos modelos observados durante os desfiles e as feiras No contexto brasileiro há a presença de grandes marcas que observaram a impor tância de passar por uma adaptação em suas produções internas para que o produto de forma rápida se adaptasse mais velozmente ao gosto do cliente de maneira a ganhar espa ço no mercado sustentável Como é sabido a indústria têxtil é uma das atividades mais poluidoras do mundo2 Além de demandar muita energia na produção e transporte de seus produtos a indústria têxtil polui o ar com emissões de gases de efeito estufa e o solo com o uso de pesticidas de alta toxidade A sustentabilidade 3 na moda é uma necessidade contemporânea na verdade uma demanda sóciopolítica Desse modo se faz necessária na discussão de alternativas ao consumo excessivo ao descarte irresponsável que contribuem para degradação ambiental Novos paradig mas estão surgindo como a Economia Circular como modelo que propõe repensar e redesenhar a forma como produzimos e como consumimos onde tudo possa ser recu perado e reutilizado Podemos também incluir estratégias de design que favoreçam o uso contínuo ou por mais tempo de peças suas partes e materiais utilizados Ou ainda aplicarmos um mo delo de negócio que promova trocas compartilhamento e similares A proposta é buscar alternativas que reduzam o consumo viabilizando o consumo consciente no âmbito da moda 2 Referencial Teórico O termo Upcycling ficou conhecido quando o autor mencionou que 4o redesign inteligente é uma das melhores coisas a se fazer para cuidar do meio ambiente assim o objetivo é evitar o desperdício de materiais que ainda têm utilidade de modo que todas as partes desse produto possam ser reutilizadas em novos processos produtivos após o descarte para se tornar uma produção que amplia a duração do círculo de vida do produ to de forma continuada até o descarte definitivo pelo desgaste natural do próprio material Assim sendo 3 significa o reaproveitamento de um material já utilizado ou o resíduo de um produto da maneira com que foi encontrado sem que seja realizada a reciclagem Ou seja é o processo de transformar materiais descartados com nova roupagem e mui tas vezes com nova funcionalidade sem o gasto de energia de fontes não renováveis 3 Método e pesquisa A metodologia utilizada para realização do projeto foi a revisão bibliográfica e pesqui sa exploratória acerca de marcas nacionais e internacionais que já aplicam o Upcycling no desenvolvimento de produtos de moda com a finalidade de desenvolver ao final I SUSTEXMODA 21 uma pesquisa experimental da técnica de Upcycling no laboratório de Iniciação Científi ca denominado Métodos e técnicas de Upcycling no campo do vestuário de moda Os estudantes sob a supervisão dos docentes envolvidos colocam em prática os diversos métodos e técnicas encontradas nas marcas pesquisadas que já trabalham com o con ceito e de forma experimental iniciase o processo no próprio guardaroupa em que o ex cesso se transforma em uma peça para ser doada para uma instituição ou simplesmente ser recolocada no guardaroupa com uma nova proposta de vestuário Essa etapa já foi implementada tanto pelos docentes envolvidos neste estudo como pelos estudantes bol sistas cujo investimento nesta proposta é para também atingir um compromisso não só de uso consciente mas social no âmbito do mercado de moda 4 Análise e Conclusões Neste estudo os estudantes já mapearam algumas marcas como Comas ReRou pas Think Blue e Contextura todas sustentáveis e que utilizam o Upcycling de formas distintas Por exemplo o método utilizado pela Comas é de desconstrução uma vez que adquirirem camisas já costuradas e sofrem uma alteração para uma nova aparên cia De forma individualizada e sem a utilização de moldes pois as marcações para as alterações são feitas diretamente na peça Já a marca Think Blue opera de maneira se melhante adquire uma peça pronta e a desconstrói com o diferencial que o seu produto final é mais recortado quase um trabalho com a técnica de patchwork A RRoupas tem um funcionamento diferenciado pois a matériaprima é a composição de retalhos isto significa que possuem diferentes tamanhos estampas e cores Desse modo quem sele ciona os processos criativo e de confecção utilizam um método classificatório e seletivo para gerar uma harmonia na nova composição de uma peça de roupa Finalmente a Contextura possui um método diferente porque é uma marca sustentável que trabalha com malhas Pet e reaproveita retalhos que não podem ser evitados na hora do corte em outras peças de roupa Assim sendo oque as marcas estudadas possuem em comum são modelos exclusivos e em alguns é especificado que são dispostas poucas peças Outra questão que se coloca é a limitação de variação de tamanho que cada peça possui seu tamanho disponibilizado A proposta metodológica em estudo está em fase de experimentação comprobatória em que a dinâmica da realização do Upcycling está sendo testada com os docentes pro fissionais de modelagem neste semestre de 2019 O desafio é identificar os novos produ tos de vestuário relacionando cores formas e distintos materiais que foram descartados e que ganharam uma ressignificação no ciclo produtivo referente à economia criativa isto é uma nova configuração de produção permanente 5 Referências 22 I ECONOMIA 1 CIETTA EnricoA revolução do fastfashion estratégias e modelos organizativos para competir nas indústrias híbridas São Paulo Estação das Letras e Cores 2012 267 p 2 BERLIM Lilyan Moda e sustentabilidade uma reflexão necessária São Paulo Esta ção das Letras e Cores 2012 159 p 3 SOUZA PétalaA história da moda sustentável 2011 Disponível em httpmodaeco logicablogspotcom201103historiadamodasustentavelhtml Acesso em 17 de junho de 2018 4 FLETCHER Kate Moda sustentabilidade design para mudança São Paulo SE NAC SP 2011 192 p Reconhecimento e agradecimentos Agradecemos o apoio institucional do SENAI CETIQT bem como aos colegas de trabalho Cynara Lourenço e Iria Wessler que formam também a equipe técnica pois são profissionais que transformam uma simples modelagem em peças de desejo artístico I SUSTEXMODA 23 3 Slow Fashion Valorização do Pequeno Produtor de Moda e o preconceito a respeito da técnica do crochê pelo público atual Santos G B1 e Santos P B2 1 Giovana Barbosa Santos Tecnóloga em de Design de Moda pela UTFPR campus Apucarana giovanabs31gmailcom 2 Paula Barbosa Santos Licenciada em Ciências Biológicas pela UFSCar campus SorocabaSP paulabsantoshotmailcom Resumo Com tantos excessos não só na indústria da moda como em outras áreas o exagero da fabricação de artigos de moda necessidade constante de acompanhar tendências con sumismo desenfreado do novo leva a produção rápida e de baixa qualidade exploração de mão de obra barata e exploração de recursos naturais cada vez mais escassos surge necessidade da busca por produtos que contenham maior qualidade e empresas que se preocupam com o processo de produção A partir dessa ideia iniciamos a reflexão sobre o Slow Fashion da marca Mandacaru Feito à Mão a qual produz acessórios teartesanais de moda feitos de crochê e que combatem o preconceito a respeito dessa técnica Palavras chave Slow fashion pequeno produtor moda em crochê 1 A valorização do slow fashion Problemas associados à produção em massa da modernidade podem ser funda mentados pela industrialização e desperdício excessivo de produtos iniciandose na re volução industrial visando o aumento constante de produção e vendas Walker 2014 1 Com marketing em vários canais de comunicação promovendo o mercado a cada semana o consumidor encontra produtos das novas tendências em diversas lojas de departamentos as famosas Fast Fashion que evoluíram rapidamente por atenderem o público em geral O Fast Fashion mesmo causando impacto ambiental pelo processo 24 I ECONOMIA industrial apresenta sucesso com todas as classes pelo fácil acesso a tendências de moda por baratear os custos de produção Morais 2011 3 afirma que Slow fashion permeia a qualidade e a durabilidade das peças oferecendo ao consumidor produtos atemporais e despertandoo para uma ótica de exclusividade Bem como está além da descrição de velocidade de sua produção por isso é importante não tratar a tradução ao pé da letra e sim na consciência apresentada no processo de produção que minimiza danos e desperdícios se preocupando com fun cionários e utilizando ideias éticas sustentáveis e ecológicas em sua produção Quando se trata de produção artesanal o Brasil ainda atribui pouco valor preconceito ou desvalorização da riqueza histórico cultural agregada à peça Como Borges 20124 O preconceito contra o artesanato tantas vezes usado para designar algo sem valor diante dos valores absolutos da arte com A maiúsculo certamente reflete uma visão da sociedade que desvaloriza o que vem das camadas subalternas e reconhece previamente a produção da elite Contudo o trabalho artesanal tem crescido pelo aspecto sustentável Ferreira 2012 5 acredita que a moda artesanal exerce amizade com o meio ambiente sua durabili dade extensiva mantém qualidade e longo tempo de uso diferente da produção rápida que é facilmente descartada após poucas vezes de uso A produção artesanal traz a ressignificação dessas produções carregadas de valores histórico culturais que deveriam ser apreciados 2 Breve história do crochê e a marca Mandacaru O crochê não tem origem definida provavelmente otimizou de um bordado chinês muito antigo conhecido e países da Europa até chegar na América Paludan 19956 Assim passados em gerações por herança familiar a marca Mandacaru feito a Mão nas ceu A Mandacaru é uma marca de bolsas feitas à mão pela técnica do crochê é utilizado barbante colorido em sua confecção são laváveis e possuem grande durabilidade Con siderando a valorização que o público alcançado agregava os primeiros meses de marca foram essenciais para o seu crescimento Visando os grandes veículos midiáticos do século XXI a criação de páginas online no Instagram Facebook e elo7 foram essenciais para a marca se tornar mais conhecida e acessível para a compra online Pelas vivências da marca em vendas presenciais podese observar certo desprezo quanto aos jovens ao verem artigos feitos a mão mesmo assim com o preconceito de jovens pelo artesanato a marca vem buscando seu espaço com formas de atração do público com o desenvolvi mento de peças singulares que visam a tendência atual I SUSTEXMODA 25 3 Considerações Finais O Slow Fashion faz com que seu consumidor se identifique não só visualmente pelo produto mas também pela ideologia da marca se preocupa com a sustentabilidade no caso da Mandacaru que produz um produto de qualidade e historicamente cultural em bora apresente o trabalho manual em sua produção de moda traz benefícios a marca o interesse do público jovem ainda é pequeno ainda subjugam o trabalho manual des valorizando a produção e se identificando com o Fast Fashion Contudo o Slow Fashion pode se popularizar fazendo com que seus consumidores se interessem mais por seus produtos Mas ainda assim não se pode dizer que este formato de indústria possa ocupar a produção de uma Fast Fashion pois há muito o que mudar para atrair mais consumi dores que pensam de maneira sustentável não só nesse setor como em outros setores 4 Referências 1WALKER S Terra dos resíduos Sustentabilidade e Design com dignidade In SAN TOS M C L Design Resíduos Dignididade São Paulo Editora Olhares 2014 p 17 29 2MORAIS C CARVALHO C BROEGA C O Corporative Wear como proposta de valorização dos resíduos têxteis enquanto agente de ReDesign de uma marca de vestuário streetwear Universidade do Minho Portugal Proceedings Designa 2011 Dis ponível em httprepositoriumsdumuminhoptbitstream1822192461FullID63Carla MoraisCBroegaCCarvalhoCBpdf Acesso em 13 mar 2019 3BORGES A Design Artesanato o caminho brasileiro Terceiro Nome 2012 4FERREIRA ÂS NEVES M RODRIGUES Design e artesanato um projeto susten tável Ensaios Senai Cetiqt 2012 Disponível em httpsrepositoriumsdumuminhopt bitstream18222591112012ArtigoRedigepdf Acesso em 14 mar 2019 5PALUDANL Fios e Pontos Circulo do Livro 1995 26 I ECONOMIA 4 Estratégias sustentáveis para uma Economia Circular Chagas M J R1 CaldeiraPires A A2 e Ramos I M M3 1 Milton Jarbas Rodrigues Chagas Universidade Federal do Cariri Centro de Ciências Sociais Aplicadas Av Tenente Raimun do Rocha SN Bairro Cidade Universitária Juazeiro do Norte Ceará Brasil miltonrodriguesufcaedubr 2 Armando de Azevedo CaldeiraPires Universidade de Brasília Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia Mecâni ca Campus Universitário Darcy Ribeiro Asa Norte Brasília Distrito Federal Brasil armandcpunbbr 3 Ingrid Mazza Matos Ramos Universidade Federal do Cariri Centro de Ciências Sociais Aplicadas Av Tenente Raimun do Rocha SN Bairro Cidade Universitária Juazeiro do Norte Ceará Brasil ingridmazzaufcaedubr Resumo Diante da emergente discussão sobre o termo Economia Circular este artigo propõe um levantamento das principais publicações que tratam da temática investigando quais as prin cipais discussões e estudos direcionados a indústria têxtil e da moda O objetivo principal é analisar quais metodologias são aplicadas aos estudos de casos realizados nos artigos que estão nas bases de dados da Web of Science e da Scopus Foi realizado um estudo bibliométrico e uma análise descritiva dos estudos encontrados nestas bases de dados As principais estratégias sustentáveis adotadas pelas indústrias visando a Economia Circular foram melhoramento no processo produtivo identificação de gargalos investimento em pla nejamento sustentável de produtos dentre outros Palavras chaves Economia Circular Sustentabilidade Moda Indústria Têxtil 1 Introdução O conceito de Economia Circular vem se expandindo mundialmente no intuito de tor nar a cadeia produtiva mais eficiente com menos desperdício e menor impacto ao meio ambiente visando a integração entre atores como governo indústrias e a sociedade No ano de 2010 foram inseridas no sistema produtivo mundial 65 bilhões de tonela I SUSTEXMODA 27 das de matériaprima O instituto Ellen Macarthur Foundation projeta que até 2020 essa quantidade terá subido para 82 bilhões de toneladas por ano 1 De acordo com o relatório Pulse of the Fashion Industry 2017 elaborado pela con sultoria Boston Consulting Group em parceria com o movimento Global Fashion Agenda a Economia Circular significa a sobrevivência da indústria têxtil nos próximos anos uma vez que as marcas de roupa vão sofrer a partir de 2030 declínio na lucratividade perda de margem equivalente a 45 bilhões de euros por ano conforme previsões conservado ras Diante do exposto esta pesquisa visa responder a seguinte questão problema Quais as principais estratégias sustentáveis adotadas pelas indústrias do setor têxtil e da moda visando uma Economia Circular O objetivo principal é analisar quais metodologias são aplicadas aos estudos de casos investigados nos artigos que constam nas bases de da dos da Web of Science e da Scopus 2 Referencial Teórico Com o aumento da população e os recursos disponíveis per capita reduzidos à me tade ou em três quartos no próximo século poderá ocorrer uma transformação notável tanto na indústria como no comércio com condições para a sociedade criar uma econo mia que consuma menos material e energia 2 O modelo de Economia Circular vem a contrapor o conceito de Economia Linear a qual é compreendida como a conversão de recursos naturais em resíduos por meio da produção 3 Dentre as temáticas relacionadas a Economia Circular estão a Simbiose Industrial 4 e a Ecologia Industrial 5 A demonstração do que se está investigando atualmente se torna relevante para discutir as principais publicações sobre determinado tema Alguns estudos investigam conceitos da Economia Circular 6 e a sua relação com outros conceitos e aplicações em diferentes níveis 5 3 Método e pesquisa A pesquisa utilizouse do método de levantamento bibliométrico e realizou uma revi são sistemática da literatura A base de dados foram a Web of Science e Scopus Utilizou se como palavras chaves Circular Economy Sustainability Industry e fashion or textile Em seguida verificouse nos resumos quais as principais estratégias foram en contradas nestas pesquisas 28 I ECONOMIA 4 Análise e Conclusões Concluise que dentre os artigos encontrados nas bases de dados pesquisadas as investigações trazem estudos de casos em indústrias dos ramos têxteis biorrefinarias químicas eletrônicos além da análise de políticas públicas praticadas por governos de países principalmente europeus além da China 5 Referências 1 Ellen MacArthur Foundation 2014 Towards the Circular Economy Accelerating the Scaleup Across Global Supply Chains Available at httpwww3weforumor docsWEF ENVTowardsCircularEconomyReport2014pdf 2 Hawken Paul Lovins Amory e Lovins L Hunter Capitalismo Natural criando a próxi ma revolução industrial 6ª reimp 1ª ed São Paulo Cultrix 2007 3 MURRAY A SKENE K HAYNES K The Circular Economy An Interdisciplinary Ex ploration of the Concept and Application in a Global Context Journal of Business Ethics v 140 n 3 p 369380 2017 Disponível em httpslinkspringercomez11periodicos capesgovbrcontentpdf1010072Fs1055101526932pdfhttppubsacsorgez11pe riodicoscapesgovbrdoiabs101021es0326322 Acesso em 20 mai 2018 4 Cobo S DominguezRamos A Irabien A 2017 From linear to circular integrated waste management systems A review of methodological approaches Resources Con servation and Recycling January 117 httpsdoiorg101016jresconrec201708003 5 Saavedra Y M B Iritani D R Pavan A L R Ometto A R 2018 Theoretical contribution of industrial ecology to circular economy Journal of Cleaner Production 170 15141522 httpsdoiorg101016jjclepro201709260 6 Kirchherr J Reike D Hekkert M Conceptualizing the circular economy An analy sis of 114 definitions Resources Conservation and Recycling v 127 n April p 221232 dez 2017 Disponível em httplinkinghubelseviercomretrievepiiS0921344917302835 Acesso em 28 nov 2017 I SUSTEXMODA 29 5 Sustentabilidade e a indústria têxtil um desafio global Zanella P S1 1 Patricia Zanella Universidade Católica de Santos Av Conselheiro Nébias 589595 Boqueirão Santos SP Brasil patriciaszanellagmailcom Resumo Este ensaio aborda com uma visão global as medidas emergentes relacionadas à indústria têxtil analisando como este setor está absorvendo a necessidade de mudança porque viveu anos em um ciclo insustentável que criou a urgência de repensar seu modelo de produção Em um primeiro momento apresenta os principais problemas da Indústria Têxtil e em segui da apresenta as ações internacionais voltadas para a indústria têxtil que buscam promover o desenvolvimento sustentável Palavras chaves Indústria Têxtil Sustentabilidade Globalização Governança Global 1 Introdução O entendimento da evolução do cenário internacional após a globalização e o fenô meno da governança global é essencial para compreensão da política internacional e da interconexão e interdependência dos diversos atores neste sistema A escolha do estudo de caso da Indústria Têxtil da perspectiva dos impactos ambientais causados por este setor advém da identificação de uma lacuna no campo de estudos de setores industriais conectados a uma visão global de soluções sustentáveis para o desenvolvimento susten tável e tem como objetivo conectar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável ODS aos problemas existentes na Indústria da Moda apresentando quais são as perspecti vas futuras decorrentes da sociedade civil entre outras iniciativas da Agenda Ambiental Internacional visando organizar as ações internacionais em busca de uma moda mais sustentável Neste tocante este estudo possui duas seções a primeira aborda a problematização existente na Indústria Têxtil devido aos seus impactos ambientais e a segunda seção discorre a respeito da Agenda Ambiental Internacional para a Indústria da Moda que tem como objetivo alcançar o desenvolvimento sustentável deste setor 30 I ECONOMIA 2 Referencial Teórico O direcionamento teórico consiste no pósmodernismo na perspectiva internacional levando em consideração a globalização e o novo cenário de governança global discutin do a relevância dos atores nãoestatais principalmente no tocante ligado ao desenvolvi mento sustentável partindo de autores que discutem a conexão destas áreas do direito conectandoas a questão do desenvolvimento e redução das desigualdades 1 3 Método e Pesquisa A indústria têxtil como as demais indústrias de escala manufaturada produz uma imensa quantidade de resíduos no processo de fabricação das roupas e seu pósuso é destinado à natureza Acrescentamos neste contexto o período de aceleração do merca do têxtil durante a globalização e com a ascensão do fastfashion 2 Para a Indústria Têxtil ser um meio para a efetividade dos ODS 3 neste estudo evidenciase qual a relação com cada setor da indústria e seus avanços necessários para corroborar com os ODS Um exemplo é a questão dos resíduos sólidos que estão acabando com nossos rios e mares Por décadas as empresas industriais optaram por usar o meio ambiente e em particular nossas hidrovias como um lixão para produtos químicos perigosos sem restrições por regulamentações governamentais ineficazes Para as comunidades locais que vivem perto de instalações fabris a poluição da água tornouse uma realidade diária Os regulamentos nem sempre impediram a liberação de substâncias químicas tóxicas no meio ambiente particularmente no Sul Global porque para substâncias químicas perigosas e persistentes não existe um nível seguro 4 O ODS em relação a inovação e infraestrutura dialoga com grandes desafios da in dústria têxtil a primeira é voltada para as condições dos trabalhadores já que é uma realidade a falta de infraestrutura no processo de fabricação como o mundo viu com o acidente em Bangladesh que deu origem ao Fashion Revolution Day que todo ano bus ca lembrar essa tragédia para pressionar a indústria a mudar já que as leis têm lacunas que as tornam ineficazes 5 A necessidade de uma indústria têxtil mais tecnológica e sustentável resultou numa agenda internacional específica para estes assuntos como a World Fashion Convention da International Apparel Federation que reúne os principais líderes do setor têxtil do mun do e o Youth Fashion Summit YFS em parceria com a United Nations Global Compact Pacto GlobalONU responsável por reunir estudantes e profissionais da moda com o objetivo de gerar ideias para melhorar a indústria da moda e pensar soluções comuns aos ODS A turma selecionada para 20182019 está trabalhando especificamente em soluções para a indústria com foco nos ODS 3 e ODS 5 6 I SUSTEXMODA 31 4 Análise e Conclusões Mediante o conteúdo apresentado é possível e necessário pressionar as indústrias reduzindo o consumo e quando consumir optar por empresas mais conscientes diminuir o consumo priorizando trocas e visando a economia circular fazer parte de movimentos como o Fashion Revolution para pressionar a indústria a ser mais transparente e estudar iniciativas que contribuirão para um futuro mais sustentável e consciente com base em tecnologia e inovação Estas são algumas das ações possíveis para contribuir com a eficácia da Agenda Internacional Ambiental para a Indústria da Moda Além disso com base nos ODS é possível desde analisar problemas complexos até exemplificar e sistematizar maneiras para solucionálos assim vimos o impacto negativo socioambiental da Indústria da Moda com a divulgação de informações sobre o setor mas com o intuito de repensar e reduzir o consumo para buscar soluções que incentivem o alcance dos ODS seja por Estados empresas indústrias movimentos da sociedade civil cidades ou ações individuais pois só quando todos os setores estiverem conscien tes e agindo será possível conquistar resultados efetivos a longo prazo para viabilidade do desenvolvimento sustentável na Indústria Têxtil 5Referências 1 BAUMAN Zygmunt Modernidade líquida Rio de Janeiro Jorge Zahar ed 2001 2 SALVI Naiane Cristina SCHULTE Neide Equívocos da Sustentabilidade e o Caso de Marcas EcoFictícias ModaPalavra ePeriódico Ano 7 n14 JulDez 2014 p 126 135 3 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS ONU Agenda 2030 Disponível em httpsnacoesunidasorgpos2015agenda2030 Acesso em 25mar2019 4 Greenpeace The Detox Catwalk Campaign 2016 Disponível em httpwwwgreenpea ceorginternationalencampaignsdetoxfashiondetoxcatwalk Acesso em 24mar2019 5 BBC Bangladesh factory colapse toll passes 1000 Disponível em httpwwwbbc comnewsworldasia22476774 Acesso em 24mar2019 6 YOUTH FASHION SUMMIT YFS Disponível em httpyouthfashionsummitcom Acesso em 15fev2019 32 I ECONOMIA 6 Contribuições da Certificação para Transparência das Cadeias de Suprimentos do Varejo de Vestuário Brasileiro Moro R C L1 Paulino S R2 e Mendes F D3 1 Rita de Cássia Lopes Moro Escola de Artes Ciências e Humanidades EACHUSP ritalopesuspbr 2 Sônia Regina Paulino Escola de Artes Ciências e Humanidades EACHUSP soniapaulinouspbr 3 Francisca Dantas Mendes Escola de Artes Ciências e Humanidades EACHUSP franciscadmtitauspbr Resumo Este trabalho busca compreender como a iniciativa setorial do varejo de vestuário brasileiro pode contribuir para ampliar a transparência da cadeia de fornecimento Para tanto tratase de um estudo de caso tendo como objeto de análise o Programa ABVTEX que envolve cer tificação da cadeia de suprimentos dos varejistas signatários do programa em relação ao cumprimento dos requisitos presentes no Código de Conduta Os resultados demonstram que há uma comunicação tornando pública a lista com fornecedores de primeiro e segundo nível certificados contudo não há maiores informações sobre requisitos sociais e ambien tais que possam colaborar com a tomada de decisão dos consumidores Palavras chaves Varejo de Vestuário Certificação Transparência Cadeia de Suprimen tos 1 Introdução A procura por padrões sustentáveis que busquem aliar boas práticas aos modelos de negócios é crescente na sociedade É possível verificar que vários instrumentos certifi cações códigos de condutas normas e auditorias têm sido utilizados em nível setorial envolvendo monitoramento controle e gestão buscando normatizar processos produtos e meios de produção para controle dos impactos sociais e ambientais reforçando o com promisso que a empresa possui em relação à transparência e abertura das suas ações I SUSTEXMODA 33 1 2 3 4 5 compreendendo diferentes níveis de abrangência e respostas Estes instrumentos podem visar garantir a legitimidade na governança da cadeia de fornecimento colocando exigências a esta última Proporcionam diminuição da assimetria de informações o que permite a empresa se comunicar com seus consumidores e clien tes 6 E a ausência pode provocar a perda de competividade e dificuldades de inserção em novos mercados 7 Dentro dessa perspectiva o presente trabalho busca compreender como a inciativa setorial do varejo de vestuário brasileiro pode contribuir para ampliar a transparência da cadeia Tomase como objeto de análise o Programa ABVTEX criado em 2010 decorren te de um esforço setorial entre a Associação Brasileira do Varejo Têxtil ABVTEX e seus associados com o objetivo de disseminar melhores práticas na cadeia de fornecimento e o combate à precarização do trabalho como o trabalho análogo ao escravo infantil e de imigrantes em situação irregular no Brasil Isso tende a contribuir para o atingimento do oitavo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável que busca promover o crescimento econômico sustentado inclusivo e sustentável emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todas e todos 2 Método e pesquisa A presente pesquisa é descritiva e compreende um estudo de caso ou seja uma investigação empírica que averigua um fenômeno contemporâneo o caso em pro fundidade e em seu contexto de mundo real especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto puderem não ser evidente Esse tipo de pesquisa é preferencial quando as principais questões do estudo são como ou por quê 8 A coleta de da dos envolve dados secundários obtidos por meio da análise documental regulamentos e cheklist bem como de outras informações disponíveis em meio eletrônico da associação 3 Análise e Conclusões O Programa ABVTEX busca estabelecer um padrão social e ambiental criado e ge rido por um comitê de modo centralizado e de abrangência nacional e vem ganhando espaço e reforçando as ações de monitoramento da base fornecedora dos varejistas Percebese que o aumento de transparência é promovido pelo fornecimento público da lista de fornecedores certificados Contudo as informações que são fornecidas se constituem básicas a cadeia de suprimentos tais como razão social CNPJ e Estado onde estão localizadas Já a divulgação pública dos resultados das auditorias assim como faz a inciativa Fair Wear Foundation FWF mas não realizada no Programa AB VTEX possibilitaria tornar público as notas obtidas e o acompanhamento da evolução do fornecedor bem como permitiria ao consumidor a tomada de decisão com posse de informações mais detalhadas 34 I ECONOMIA Percebese mudanças pontuais centrandose na aplicação do código de conduta vi sando a eliminação de não conformidades legais nas condições de trabalho No entan to para avançar para uma integração da sustentabilidade buscando um dos valores apresentados no programa que é desenvolvimento sustentável da cadeia de valor é necessário incluir critérios e requisitos mais abrangentes como a inclusão da dimensão ambiental e ações para além do cumprimento da legislação 4 Reconhecimento e agradecimentos O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Brasil CAPES código de financiamento 001 5 Referências 1 BURSZTYN M A BURSZTYN M Fundamentos de política e gestão ambiental caminhos para a sustentabilidade Garamond 2012 2 OROURKE D Multistakeholders regulation privatizing or socializing global labor standards World Development v 34 n 5 p 899918 mai 2006 doi 101016jworld dev200504020 3 ADAMS Ronald J Retail profitability and sweatshops a global dilemma Journal of Retailing and Consumer Services v 9 n 3 p 147153 2002 doi 101016S0969 698901000145 4 LEVIS Julien Adoption of corporate social responsibility codes by multinational com panies Journal of Asian Economics v 17 n 1 p 5055 fev 2006 doi 101016jasie co200601007 5 VINHA Valéria da As empresas e o desenvolvimento sustentável a trajetória da cons trução de uma convenção In MAY Peter org Economia do Meio Ambiente Teoria e prática 2 ed Rio de Janeiro Elsevier 2010 p 181204 6 MUELLER M DOS SANTOS V G SEURING S The contribution of environmental and social standards towards ensuring legitimacy in supply chain governance Journal of Business Ethics v 89 n 4 p 509523 nov 2009 doi 101007s1055100800139 7 PICCININI Valmiria Carolina DE OLIVEIRA Sidinei Rocha DOS SANTOS FONTOURA Daniele Setor têxtilvestuário do Rio Grande do Sul impactos da inovação e da flexibiliza ção do trabalho Ensaios FEE v 27 n 2 2006 8 YIN Robert K Estudo de Caso Planejamento e Métodos Bookman editora 2015 I SUSTEXMODA 35 7 Slow fashion como proposta de marca sustentável Zucon M1 Araujo M C2 Mendes F D3 1 Marcela Zuccon Empresa Lileshvari Rua Batista Cepelos 195 Aclimação SP Brasil E mail malilesvariicloudcom 2 Mauricio Campos Araújo Universidade São Paulo Têxtil e Moda Rua Arlindo Betio 1000 Ermelindo Matarazzo SP Brasil E mail mauricioaraujouspbr 3 Francisca Dantas Mendes Universidade São Paulo Têxtil e Moda Rua Arlindo Betio 1000 Ermelindo Matarazzo SP Brasil E mail franciscadmtitauspbr Resumo A implantação de leis e normas ambientais cada vez mais restritivas o aumento do número de consumidores de vestuário de moda cada vez mais conscientes e a criação de mer cados mais competitivos vêm exigindo que a rede de empresas do setor têxtil seja mais eficiente do ponto de vista produtivo respeitando e integrando a economia a sociedade e o meio ambiente O principal produto final dessa cadeia encontrase na indústria da moda o vestuário A manufatura do vestuário de moda é o elo da Cadeia Têxtil mais sensível à ob solescência programada resultando em uma aceleração do processo de desenvolvimento e produção de produtos com curto ciclo de vida A principal matéria prima desse produto são os tecidos e os diferentes tipos utilizam como matéria prima fios com composição pura ou com misturas de fibras naturais sintéticas e artificiais 1 As questões relacionadas ao meio ambiente passaram recentemente a ter grande importância global e de identidade de uma marca resultando em uma preocupação das empresas em relação a sustentabilidade Um estudo de caso segundo 2 e 3 e experimentação foi realizado com o desenvolvimento de uma coleção Slow fashion de uma marca de moda que tem como objetivo a Sustentabilida de e ações dentro do tripé Economia Sociedade e Meio Ambiente Palavras chaves resíduo zero aproveitamento desenvolvimento de produtos eco design preço justo 36 I ECONOMIA 1 Introdução De acordo com Salcedo 4 devido ao tamanho do setor suas peculiaridades e as tendências da moda lançando coleções em um ritmo cada vez mais rápido a indústria têxtil que envolve empresas de produção de fibras fios tecidos e os seus acabamentos são um dos maiores contribuintes para o dano da sustentabilidade do sistema O mais desastroso dos efeitos sobre o meio ambiente e o bemestar social do planeta são o uso intensivo de produtos químicos na produção de fibras e de tecidos e no fabrico e manu tenção de roupa resultando em uma ameaça grave para a saúde A exploração da mão de obra principalmente no setor de corte é uma das maiores ameaças para sociedade O evento da queda do prédio ode Bangladesh foi um marco para que sociedade olhasse para este ambiente de quem fez sua roupa O custo do valor agregada pelas marcas aos preços de seus produtos transfere aos produtos uma aura de irrealidade resultando em um mercado de produto de luxo inaces sível a determinado público Um produto sustentável deve ter em sua premissa o equilíbrio no tripé sociedade economia e meio ambiente Para tanto deve ter um preço justo pagar seus fornecedores de forma justa e causa o mínimo de impacto ao meio ambiente 2 Referencial Teórico Várias são as ferramentas que podem ser utilizadas para o desenvolvimento de um produto de moda sustentável 21 Ecoproduto Um ecoproduto deve respeitar o ambiente e otimizar as interações que ocorrem du rante todas as fases do seu ciclo de vida ou seja desde o desenvolvimento do produto a extração de matérias primas e de energia O conceito considera a sua produção e co locação no mercado o seu consumo e uso para um determinado fim a sua manutenção durante a vida útil e sua destinação final 5 22 Ecodesign Ecodesign consiste em projetar um produto ou serviço de modo a minimizar seus impactos sobre o meio ambiente O ecodesign aplicase a todas as fases da vida do pro duto extração produção embalagem distribuição utilização valorização reciclagem incineração etc O ecodesign propõe o pensamento em um produto minimizando os impactos am bientais e reduzindo a dívida que a sociedade tem estabelecido ao meio ambiente para atender a satisfação das necessidades e desejos dos consumidores A fim de projetar I SUSTEXMODA 37 um produto as empresas necessitam de especial conhecimento das necessidades dos consumidores suas prioridades e valores O mercado pode estar em evolução e os clien tes não podem articular o que eles querem O knowhow científico e de engenharia é necessário para atingir determinados projetos e o ajuste entre os diversos subsistemas de funcionamento deve produzir os níveis necessários de volume e qualidade para atender o público consumidor 5 Os princípios e práticas de concepção ecológica têm muito a contribuir para a urgente necessidade de progressos rápidos e tangíveis no sentido de uma economia humana sustentável 6 Hoffmann 6 explica que os princípios e práticas de concepção ecológica têm muito a contribuir para a urgente necessidade de progressos rápidos e tangíveis no sentido de uma economia humana sustentável Uma das ferramentas que colabora com o sistema é o ecodesign A concepção eco lógica surgiu no início do século 20 como uma expressão de mundo sustentável que procura integrar o desenvolvimento humano com uma gestão sustentável dos recursos enfatizando os danos aos ecossistemas naturais e monitoramento dentro de limites viá veis A integridade da economia humana e os ecossistemas naturais podem concorrer para a existência de uma situação equilibrada Como tal o ecodesign é um conceito bastante abrangente 5 3 Método e pesquisa Este projeto de pesquisa faz parte do NAP SUSTEXMODA é um projeto que teve por objetivo realizar uma coleção com visão sustentável Foram desenvolvidas 30 peças distribuídas entre vestidos blusas bolsas Como moda slow fashion as estampas foram desenvolvidas a partir das obras de artes da Artista plástica Marcela Zuccon A estética encontrase desvinculada as tendências da moda tendo como objetivo atender há um público específico do círculo de relacionamento da artista que foi ampliando por pessoas simpatizantes pela estética 4 Conclusão Durante o desenvolvimento a partir de pesquisaação percebeuse que é possível respeitar o tripé da Economiacom um valor justo entre custo e preço final de mercado sociedade respeitando o valor real da mão de obra em relação ao tempo o de produção meio ambiente todo o resíduo gerado foi utilizado de forma a gerar um novo produto 38 I ECONOMIA 5 Referencias 1 F D MENDES Um Estudo Comparativo entre as Manufaturas do Vestuário de Moda do Brasil e da Índia Tese Doutorado em Engenharia de Produção Universidade Paulista São Paulo 2010 2 R K YIN Case Study Research Design and Methods Applied Social Research Metho ds 4aed USA Sage Publications In 2008 3 E M LAKATOS M A MARCONI Metodologia Científica São Paulo Atlas 2007 4 SALCEDO E Moda ética para um futuro sustentável Editora Gustavo Gili Barcelona 2014 5 J F S OLIVEIRA Ecoprodutos InGestão Ambiental Lisboa Lidel 2005 cap 7 p 91 116 6 E HOFFMANN User integration in sustainable product development organisational learning through boundaryspanning processes Sheffield UK Greenleaf Pub 2012 I SUSTEXMODA 39 8 Abordagem sócio crítico ambiental em projeto de moda Carvalho F1 Lafraia A C 2 e Fumaneri H3 1 Fátima de Carvalho Universidade Positivo Escola de Comunicação e Design Avenida Pedro Viriato Parigot de Souza 5300 Curitiba Paraná Brasil ftmaupgmailcom 2 Ana Claudia Lafraia Universidade Positivo Escola de Comunicação e Design Avenida Pedro Viriato Parigot de Souza 5300 Curitiba Paraná Brasil anaclaudiabezeruskagmailcom 3 Henrique Fumaneri Universidade Positivo Escola de Comunicação e Design Avenida Pedro Viriato Parigot de Souza 5300 Curitiba Paraná Brasil henriquefumanerigmailcom Resumo Muito embora a Moda já tenha incorporado aspectos de sustentabilidade em diversas de suas práticas verificase a necessidade de uma visão sistêmica quando da concepção de um projeto de Moda O foco tem sido ora sobre aspectos ambientais ora sobre os sociais porém o contexto da sustentabilidade exige soluções criativas do design tanto para o produ to quanto para os modelos de negócio e para as formas de consumo Assim este trabalho se propôs a interligar a sustentabilidade à Moda sob esse ponto de vista holístico através de um projeto de moda praia Para tal duas metodologias de projeto de moda e de análise de ciclo de vida foram desenvolvidas e conectadas pelos conceitos de sustentabilidade propostos pelas autoras Fletcher e Grose A coleção criada apresenta soluções em nível de produto modelo de negócios e de participação social para cada uma das fases do ciclo de vida das peças Com este trabalho se pretendeu evidenciar o papel da atividade projetual do designer onde ocorre a integração dos vários aspectos da sustentabilidade Palavras chaves sustentabilidade abordagem holística moda praia 1 Revisão da literatura Aparentemente sustentabilidade e moda são conceitos conflitantes A moda possui um aspecto temporal 1 enquanto que a sustentabilidade parte de entre outras dire 40 I ECONOMIA trizes um ciclo de vida de produto mais duradouro Para além dos aspectos materiais no entanto o pensamento da sustentabilidade é mais abrangente e necessita de um entendimento holístico em vários níveis 2 A abordagem holística ultrapassa uma visão puramente ecológica ou verde e considera uma maior variedade de aspectos Esse é um cenário onde os designers podem exercer suas competências de maneira mais abrangente considerando além dos aspectos materiais os novos modelos de consumo sustentável e o papel do designer como educador e ativista social 3456 Uma das principais ferramentas de desenvolvimento de projetos de sustentabilidade a Análise de Ciclo de Vida ACV é utilizada tanto para avaliar quanto para estimar os impactos ambientais de um produto ao longo de sua vida 78 É também uma das ferramentas mais utilizadas por designers em projetos de sustentabilidade visando inovação 9 Por outro lado o segmento de moda praia no Brasil é representado por cerca de 700 empresas formais e é o principal item de exportação da moda nacional representando US 108 milhões em exportação 10 Nesse sentido abordarse a sustentabilidade para um mercado mais atento à essa questão tornase também uma oportunidade de negócio Assim o objetivo deste trabalho foi o de propor estratégias de sustentabilidade para uma coleção moda praia por meio de análise de seu ciclo de vida como produto modelo de negócios e da prática de design 5 2 Procedimentos metodológicos O desenvolvimento da coleção seguiu a metodologia descrita por 11 Para abor dagem holística da sustentabilidade utilizouse a análise de ciclo de vida do produto expandido em mais 2 níveis o de sistemas e o de prática de design Para cada fase do ciclo nos respectivos níveis foram propostas estratégias e ferramentas de minimização de impactos ambientais e sociais estratégias e ferramentas para minimizar impactos ambientais e sociais bem como práticas de projeto que gerem mudanças de comporta mento de acordo com 5 I SUSTEXMODA 41 3 Resultados e Discussão A proposição de estratégias para o ciclo de vida expandido da coleção é apresentada na Figura 1 Figura 1 Ciclo de Vida expandido em 3 níveis produto modelo de negócios e prática de design Fonte os autores Como Produto de Moda 1º nível a coleção explora uma tendência comportamental e não estética de maneira a propor algo atemporal Nesse sentido a cartela de cores é básica e a numeração proposta é adequada a vários biótipos A poliamida foi escolhi da pela adequação de suas propriedades de elasticidade e alongamento necessárias à coleção O maior impacto ambiental causado nessa fase deve ser mitigado na fase de descarte Atendendo também às diretrizes da Lei Nacional de Resíduos Sólidos12 Além disso verificouse que os impactos sobre a mudança climática a biodiversidade e a toxicidade em corpos aquáticos é de mesma ordem de grandeza para fibras sintéticas e as naturais considerando as fases de obtenção de máteria prima e processo 7 A coleção adota como proposta de valor em seu modelo de negócios 2º nível a sustenta bilidade ambiental e social além da proposição de uma estética moderna que amplie a faixa de público atingida Isso possibilita inovação funcional e estética aos produtos com a quebra de estereótipos relativos à moda praia brasileira constituindose assim uma oportunidade de mercado interno e externo As parcerias com organismos e empresas especializadas em coleta e reciclagem pós utilização são fundamentais assim como 42 I ECONOMIA a orientação do consumidor feitas por meio do QR code e redes sociais Constatouse também a necessidade da constante atualização em inovação tecnológica por meio de plataformas digitais especializadas em busca de novas alternativas menos ambiental mente impactantes Finalmente como prática de Design 3º nível a coleção se baseou no conceito por que criar algo novo se esse algo não tem um porquê Dessa manei ra a coleção se torna uma proposta de intervenção e discussão sobre sustentabilidade e abre novos pontos de vista e entendimentos para os problemas ambientais e sociais 13 Nesse sentido foram identificadas as soluções de QRcode e das redes sociais como disseminadoras não somente da imagem da marca mas também de seus valores e propósitos Como conclusão o biquíni peça chave da coleção que já foi ícone de uma revolução de costumes no planeta na 2ª metade do século XX adequouse a uma pro posta de revolução na mentalidade de consumo para o século XXI 4 Referências 1 BLYSGWOZDZWREISCH L Exit from the High Street An exploratory study of sus tainable fashion pioneers Journal of Consumer Culture 2015 Disponível em httpsdoi org101111ijcs12159Acesso em 20112018 Acesso em 10102018 2 NIINIMÄKI Ked Sustainable fashion New approaches Finland Aalto ARTS Books 2013 3 PEREZ IU SANTOS A Lacunas de pesquisa em design de moda para a sustenta bilidade em sua dimensão ambiental 12º Congresso de Pesquisa e Ensino em Design Belo Horizonte 2016 4 MARTINS SB SAMPAIO CP MELLO N Moda e Sustentabilidade proposta de sis tema produtoserviço para Setor de Vestuário Projética Revista Científica de Design l Universidade Estadual de Londrina l V2 l N1 l Junho 2011 5 FLETCHER K GROSE L Moda e Sustentabilidade design para mudança Ed Se nac São Paulo 2011 6 GWILT Alison Integrating sustainable strategies in the fashion design process A conceptual model of the fashion designer in haute couture 2012 197f These de Doctored School of Architecture Design College of Design and Social Context RMIT University 2011 7 WOLF O et al Ed Environmental improvement potential of textiles IMPROTexti lesDisponível em httpsusprocjrceceuropaeutextilesdocs12042320IMPRO20Tex tilesPublication20draft20v1pdf Acesso em 15 mai 2012 8 WOOLRIDGE A WARD GD PHILLIPS PS COLLINS M GANDY S Life cycle assessment for reuserecycling of donated waste textiles compared to use of virgin material an UK energy saving perspective Resources Conservation and Recycling v 46 n 1 p 94103 2006 I SUSTEXMODA 43 9 MEAD T JEANREANUD S The elephant in the room biomimetics and sustainabi lity Bioinspired Biomimetic and Nanobiomaterial Disponível em httpdxdoiorg101680 jbibn1600012 Acesso em 03022017 10 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA TÊXTIL ABIT Panorama do setor têx til e de confecções Relatório Brasília 2011 Disponível em httpabitorgbrabitonline Acesso em 15 ago 2018 11 TREPTOWD Inventando moda Planejamento de Coleção Panotti 2013 São Paulo 12 BRASIL Decreto nº 7404 de 23 de dezembro de 2010 Lei nº 12305 de 2 de agosto de 2010 13 FuadLuke ADesign Activism Beautiful Strangeness for a Sustainable World Lon don Earthscan 2009 44 I ECONOMIA 9 Banco de aproveitamento de resíduos têxteis Schulte N K1 e Gonçalves M S2 1 Neide Köhler Schulte Universidade do Estado de Santa Catarina CEART Departamento de Design de Moda Avenida Madre Benvenuta 1907 Brasil 1 neideschultegmailcom 2 Marinna Sellmer Gonçalves Universidade do Estado de Santa Catarina CEART Departamento de Design de Moda Avenida Madre Benvenuta 1907 Brasil marinnasellmerggmailcom Resumo Este artigo apresenta os resultados de um projeto que tem como objetivo identificar os resí duos das indústrias têxteis da Grande Florianópolis GF para criação de um Banco de Re síduos Têxteis Segundo levantamento realizado os resíduos têxteis das indústrias da GF não tem um destino adequado grande quantidade ainda vai para os aterros mas que pode ria ser aproveitada como matéria prima para artesãos e pequenos empreendimentos Para o aproveitamento desses resíduos foram realizados cursos de capacitação com artesãos locais a partir do estudo de movimentos globais e iniciativas como as Economias Criativa Circular e Solidária onde todos os seus processos de produção são previstos de forma circular com a lógica de gerar menor impacto possível pensando no reaproveitamento de forma criativa O Banco de Resíduos Têxteis na Grande Florianópolis terá um impacto posi tivo na região promovendo o aproveitamento de resíduos capacitações e geração de renda Palavras chaves Resíduos têxteis banco têxtil sustentabilidade economia criativa 1 Introdução No Brasil 20 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos poderiam ser recu perados por ano com reciclagem segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais Abrelpe 2017 1 o que representa cerca de 25 do total do lixo gerado O país ocupa o quinto lugar na geração de lixo no mundo e diante dos baixos índices de reaproveitamento contribui para o esgotamento dos re cursos naturais do planeta segundo avaliação da entidade O Brasil é um dos maiores produtores mundiais dos setores têxtil e confeccionista sendo importante produtor de fibras fios tecidos planos e de malha Embora altamente lucrativa a cadeia produtiva I SUSTEXMODA 45 têxtil gera grandes impactos ao meio ambiente Segundo Lipovetsky 2007 2 das últimas duas décadas do século XIX até a Segun da Guerra Mundial foi um período que a produção industrial teve um grande aumento O avanço tecnológico permitiu que as indústrias passassem a produzir em abundância e com rapidez O aumento desta velocidade de produção causou o crescimento do volume dos itens produzidos cada vez com um tempo de vida útil menor porém sem a evolução na forma de lidar com as sobras desse processo de produção Diante deste cenário de esgotamento é preciso encarar o desafio de viabilizar modelos alternativos de produção para atender as necessidades da humanidade ao mesmo tempo em que se preservaram os recursos essenciais à vida Diversos grupos da sociedade começam a se organizar e propor soluções nos mais diferentes campos de atuação e conhecimento Em comum um desejo por compartilhar reutilizar e repensar a forma como consumimos A partir desta nova consciência surge a Economia Criativa um movimento que se sustenta em três pilares a singularidade o simbólico e aquilo que é intangível a criatividade 2 Referencial Teórico O sistema da moda é marcado pelo consumo desenfreado e pela efemeridade o que traz consequências negativas para o meio ambiente Segundo Lipovestky 2009 3 os signos estéticos e efêmeros da moda tornaramse uma exigência de massa em uma sociedade que prioriza a novidade e a mudança As etapas de produção e descarte geram grande impacto e são feitos de forma exagerada sem pensar nas pessoas que trabalham nem no consumidor e muito menos nos impactos ambientais e sociais que esta forma de fazer moda pode causar Segundo McDonough e Braungart 2002 4 o mesmo sistema de produção que traz conforto e facilidades também está esgotando os recursos prejudicando pessoas e trazendo problemas para os ecossistemas naturais e urbanos Conforme Salcedo 2014 5 é preciso enxergar o ciclo produtivo imaginando que o fim de alguma coisa é o início de outra Assim é possível gerar novos produtos e negócios a partir da matéria prima já existente Nesse sentido a Economia Criativa vem sendo uma grande fonte de desenvol vimento de soluções para as questões que enfrentamos como sociedade 3 Método e pesquisa Foi realizada uma pesquisa netnográfica por meio de páginas de notícias relaciona das ao tema do descarte têxtil Como principal fonte de coleta foi realizada a observação participante onde o pesquisador tem a possibilidade de ir ao encontro dos participantes nos seus locais de circulação As informações foram registradas em Diário de Campo que de acordo Sato e Souza 2001 6 deve conter tudo aquilo que o pesquisador pre 46 I ECONOMIA sencia em suas caminhadas durante a pesquisa 4 Análise e Conclusões Diante dos grandes impactos da indústria têxtil é preciso criar alternativas criativas promovendo a sustentabilidade O banco de aproveitamento de resíduos têxteis será eficiente para transformar em matéria prima materiais descartados pela indústria local promover capacitações e gerar renda para a comunidade da Grande Florianópolis 5 Referências 1 ABELPRE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Espe ciais Brasil produz mais lixo mas não avança na coleta seletiva Disponível em http abrelpeorgbrbrasilproduzmaislixomasnaoavancaemcoletaseletiva Acessado em fevereiro de 2019 2 LIPOVETSKY G A felicidade paradoxal Ensaio sobre a sociedade do hiperconsu mo São Paulo Companhia das Letras 2007 3 LIPOVETSKY G O Império do Efêmero A moda e seu destino nas sociedades moder nas São Paulo Companhia das Letras 2009 4 MCDONOUGH W e BRAUNGART M Cradle to Cradle Remaking the way we make things Edição 1 ed Nova Iorque North Point Press 2002 5 SALCEDO E Moda ética para um futuro sustentável GG Moda 2014 6 SATO L e SOUZA M P Contribuindo para desvelar a complexidade do cotidiano através da pesquisa etnográfica em psicologia Psicologia USP 2001 I SUSTEXMODA 47 10 A reutilização de resíduos sólidos estudo de caso de economia circular no mercado calçadista REIS F B1 e FERNANDES P R2 1 Felipe Bastos dos Reis Universidade de São Paulo Faculdade de Economia Administração e Contabilidade felipebastosuspbr 2 Palloma Renny B Fernandes Faculdade Boa Viagem pallomarennyhotmailcom Resumo A sustentabilidade é uma diretriz essencial para empresas que buscam reduzir o impacto negativo das suas atividades na sociedade no meio ambiente e na economia Ações empre sariais desenvolvidas a partir do conceito da economia circular são sustentáveis dado que o crescimento econômico está vinculado à conservação do meio ambiente e do bemestar social A reutilização de resíduos sólidos como matériaprima para produção de novas mer cadorias é uma ação que reduz o descarte de material no meio ambiente e gera economia através do reuso de insumos no processo manufatureiro O objetivo deste artigo é apresen tar um estudo de caso sobre a sua reutilização de resíduos sólidos gerados no processo manufatureiro como matériaprima para fabricação de calçados Palavras chaves Economia Circular Reutilização de resíduos Desenvolvimento Susten tável 1 Introdução Empresas de sucesso precisam de uma sociedade saudável e qualquer empreendi mento que persiga seus objetivos às custas da sociedade obterá um sucesso ilusório e temporário 1 Na moda esse entendimento é desafiador já que o crescimento econômi co está associado a venda de mais peças para gerar mais lucros e participação no mer cado 2 Dessa forma a aplicação do conceito de sustentabilidade no mercado de moda é essencial para minimizarmos os impactos negativos sociais e ambientais causados pela cadeia têxtil A WCED afirma que ser sustentável significa satisfazer as necessidades atuais sem 48 I ECONOMIA comprometer a possibilidade das próximas gerações de satisfazerem as suas neces sidades 3 Ao longo dos anos esse conceito evoluiu e atualmente a sustentabilidade reconhece uma relevante relação entre três importantes princípios respeito pelo meio ambiente equidade social e crescimento econômico 4 Esse tripé da sustentabilidade é conhecido como triple bottom line sendo assim para implementar ações de desenvolvi mento sustentável as empresas devem deixar de focar apenas no lucro e realizar um pla nejamento de longo prazo de crescimento econômico ao mesmo tempo que incentivam progresso social e preservação do meio ambiente 5 6 7 Na indústria de calçados a adoção de ações de desenvolvimento sustentável é parti cularmente pertinente já que é um produto que possui um relevante impacto negativo no meio ambiente especialmente pelo emprego de produtos químicos no processo produ tivo tais como o cromo que em algumas formas é cancerígeno e causa danos diversos aos trabalhadores e ao meio ambiente Somase a isso a aplicação de chumbo e plástico nos solados de borracha convencionais e temos um grande produto híbrido causador de consideráveis danos ambientais ao ser descartado 8 O Brasil foi o quarto maior produ tor mundial de calçados em 2016 ficando atrás da China Índia e Vietnã No ano de 2017 foram produzidos 908 milhões de pares de calçados sendo que 104 dessa totalidade são modelos infantis e as exportações atingiram o faturamento US 109 bilhão Esses resultados são expressivos e contribuíram para o crescimento de 93 no faturamento das exportações brasileiras de calçados 9 Essas informações revelam o tamanho e a importância da indústria calçadista na economia assim como o seu potencial para gerar relevantes impactos negativos ambientais A redução na utilização de materiais nocivos ao meio ambiente é um princípio importante na busca de ecoeficiência pois através dela podese diminuir a quantidade de toxinas emitidas pela indústria A reutilização de resí duos como matériaprima no processo manufatureiro faz com que a indústria deixe de gerar pilhas de lixo que seriam posteriormente descartados 8 A empresa que reutiliza resíduos como matériaprima reduz o número de material descartados e minimiza o seu impacto negativo ambiental Essa estratégia está alinhada com o conceito de economia circular que é definida como um sistema que contribui com as três dimensões da sus tentabilidade minimizando o impacto negativo ambiental causado pela empresa A utili zação de ações como o reuso e a reutilização de materiais são elementos fundamentais na economia circular 10 Nos últimos anos o design com foco na sustentabilidade tem sido uma ferramenta im portante para diminuir a quantidade de resíduos utilizandoos para confecção de novas peças ou para reciclagem dos fios A reutilização dos resíduos têxteis como matériapri ma no processo fabril detém recursos destinados ao descarte em aterros sanitários re duzindo os impactos ambientais negativos 2 Esforços corporativos focados na criação de processos operacionais sustentáveis tem o potencial de promover desenvolvimento social e principalmente mudar a forma como as empresas e a sociedade se relacionam 1 A otimização no uso da matériaprima e insumos com o emprego de novas tecnolo I SUSTEXMODA 49 gias e processos viabiliza a redução de resíduos sólidos 11 A sustentabilidade é reco nhecidamente um importante tópico de pesquisa entretanto poucos estudos ofereceram uma análise estruturada e completa de diferentes práticas que podem ser utilizadas para atingir metas sustentáveis 5 O presente estudo pretende responder a seguinte questão como reduzir os resíduos sólidos na indústria calçadista através da reutilização de material O objetivo desse tra balho é apresentar um estudo de caso de uma empresa que reutiliza resíduos sólidos como matériaprima 2 Referencial Teórico 21 Sustentabilidade nas empresas O vocabulário que caracteriza a visão completa ou cíclica da aplicação de recursos associados à produção utilização descarte e reutilização de produtos de moda tem ori gem na ecologia 2 A sustentabilidade visa a conservação do meio ambiente e a melho ria na relação humana com a natureza transformando aspectos sociais econômicos e políticos 12 Esse conceito tem sido incorporado nas estratégias de algumas empresas organizações não governamentais e governos nas últimas décadas entretanto é difícil medir o grau em que uma corporação está sendo sustentável 13 A sustentabilidade na empresa segundo Elkington 1998 tem como objetivo gerar lucro buscar a preservação do meio ambiente e a qualidade de vida das pessoas que se relacionam com a organiza ção Esse conceito é conhecido como triple bottom line e através dele as empresas po dem desenvolver ações mais sustentáveis contemplando variáveis sociais ambientais e econômicas na estratégia corporativa 6 22 Ações sustentáveis nas empresas Ações empresariais que se apoiam no tripé sustentável estão associadas à manu tenção do desenvolvimento econômico aliado a conservação da qualidade dos recursos naturais e da sociedade por longos prazos 14 A criação de ações empresariais sus tentáveis se tornou um problema gerencial recente especialmente devido a pressões intensas do mercado em organizações que causam expressivos impactos negativos no ambiente em que estão inseridas 5 Muitas empresas se conscientizaram da sua res ponsabilidade social depois de cobranças públicas relacionadas à problemas ambientais que até então não eram entendidos como parte da responsabilidade da organização A responsabilidade corporativa social pode ser uma fonte de oportunidade inovação e vantagem competitiva promovendo progresso social na medida que a empresa aplica os seus recursos e conhecimento em atividades que beneficiam a sociedade 1 O crescimento industrial tem sido questionado por ambientalistas e pessoas preo cupadas com o meio ambiente devido a geração problemas ocasionados pelo uso ga 50 I ECONOMIA nancioso de recursos e a desintegração do meio ambiente e cultura As indústrias de vem pensar em ações que alavanquem o crescimento sem prejudicar essa geração e as próximas que virão Além disso a abordagem sustentável nas empresas é fundamental para reforçar mensagens importante de preocupação ambiental para o mercado 8 Vale ressaltar que a separação do sucesso da empresa com a expansão do consumo material é fundamental para a criação de ações corporativas realmente baseadas no tripé susten tável e que reduzam a utilização dos recursos e produzam menos poluição 2 23 Descarte de resíduos O destino final de muitas peças de roupa é o aterro sanitário e em muitos casos o que se descarta são oportunidades de design e negócios Processos de reutilização restau ração e reciclagem podem ajudar a interceptar resíduos têxteis destinados ao descarte reconduzindoos ao processo manufatureiro na forma de matériaprima 2 11 O proble ma dos descarte de resíduos sólidos é desafiador para o governo empresas e sociedade motivandoos na criação de estratégias com foco na redução e eliminação dos resíduos 11 Os insumos utilizados na confecção de roupas estão relacionados com diversos tipos de impactos negativos na sociedade tais como poluição química do meio ambiente uso inadequado de recursos não renováveis mudanças climáticas e descarte de resíduos têxteis Todo material irá afetar os sistemas ecológicos e sociais que o permeiam en tretanto os impactos se diferenciam de acordo com os tipos de fibras utilizadas e a os processos produtivos envolvidos 2 24 Design ou inovação para reutilizar os resíduos O processo de design de uma peça de calçados visa criar um produto atrativo para o mercado que atenda a padrões definidos previamente pelo fabricante e apresente du rabilidade condizente com as expectativas dos consumidores Os produtos que não são projetados desde o início com preocupações referentes a manutenção da saúde humana e ecológica podem ser consequência de um design desatualizado e pouco eficiente 8 As empresas que projetam desde o início seus produtos com base em princípios sustentáveis como a reutilização de insumos como matéria prima minimizam o impacto negativo ambiental e reforçam a busca pela sustentabilidade na sua estratégia de negó cios 5 Sendo assim as empresas devem incluir ações sustentáveis a partir do processo inicial de design e fabricação do produto focando na redução da quantidade de matéria prima e dos resíduos gerados no processo manufatureiro 15 I SUSTEXMODA 51 3 Referências 1 PORTER M E KRAMER M R Strategy e society the link between competitive ad vantage and corporate social responsibility Harvard Business Review p 115 2006 2 FLETCHER K GROSE L Moda Sustentabilidade design para mudança São Pau lo Editora Senac São Paulo 2011 3 World Commission on Environment and Development Our Common Future Oxford University Press Oxford 1987 4 BANSAL P The corporate challenges of sustainable development Academy of Ma nagement Executive 16 2 122131 2002 5 CANIATO F et al Environmental sustainability in fashion supply chains An exploratory case based research International Journal Production Economics 135 pp 659670 2012 6 ELKINGTON J Cannibals with forks the triple bottom line of 21st century busi ness Oxford Capstone Publishing 1998 7 LAMMING R HAMPSON J The environment as a supply chain management issue British Journal of Management 7 1 S45S62 1996 8 McDONOUGH W BRAUNGART M Cradle to Cradle Remaking the way we make things North Point Press New York 2002 9 Associação Brasileira das Indústrias de Calçados Relatório setorial Indústria de cal çados do Brasil 2018 Novo Hamburgo 2018 10 Jouni Korhonen Antero Honkasalo Jyri Seppälä Circular Economy The Concept and its Limitations Ecological Economics Volume 143Pages 3746 2018 11 GENTILE A et al Design com foco na redução dos resíduos sólidos um estudo de caso em malharia retilínea ModaPalavra EPeriódico Ano 9 nº 17 2016 12 DIAS R EcoInovação caminho para o crescimento sustentável São Paulo Atlas 2014 13 SLAPER T HALL T The triple bottom line What is it and how does it work Indiana Business Review 2011 14 BELL S MORSE S Sustainability indicators measuring the immeasurable Ear thscan 2 ed Londres 2008 15 BLACK S Fashion and Sustainability London Bloomsbury Academic 2015 52 I ECONOMIA 11 Moda vegana informação pode ser diferencial Bernardo F C 1 Bernardo C H C2 e Bernardo R3 1 Fernanda Correa Bernardo Universidade Estadual de Maringá UEM Departamento de Design e Moda Câmpus de Cianorte Rua Afonso Pena nº 317 Cianorte Paraná Brasil CEP 87200027 ra107340uembr 2 Cristiane Hengler Corrêa Bernardo Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho UNESP Administração Câm pus de Tupã Rua Domingos da Costa Lopes nº 780 Tupã São Paulo Brasil CEP 17602496 cristianebernardounespbr 3 Roberto Bernardo Universidade Federal de São Carlos UFsCAR Departamento de Engenharia de Produção Rod Washington Luís km 235 SP310 São Carlos São Paulo Brasil CEP 13565905 betobernardouolcombr Resumo Este artigo tem como objetivo verificar as principais dificuldades e os anseios do públi co vegano para a aquisição de roupas no mercado brasileiro Para tanto foi aplicado um questionário com 12 perguntas por meio do google forms em redes sociais de veganos Os principais resultados indicam falta de informação sobre a origem dos produtos preço alto e poucas marcas veganas e apresentam um importante nicho a ser explorado Palavras chaves Moda vegana Moda sustentável Animal não humano Veganismo Pú blico vegano 1 Introdução A preocupação com o meio ambiente de modo geral tem levado ao surgimento de vários grupos identificados pela defesa de uma causa específica Dentre esses grupos essa pesquisa delimitou a moda vegana objetivando verificar quais são as principais difi culdades e desejos do público vegano para a aquisição de roupas no mercado brasileiro O veganismo não se limita aos hábitos alimentares e sim está relacionado à repulsa a todas as atividades que façam uso de animais com objetivos de comercialização Não I SUSTEXMODA 53 utilizam medicamentos ou produtos cosméticos que tenham utilizado animais para testes ou que possuam algum elemento de origem animal não se alimentam de carne ou deri vados não utilizam produtos como a seda lã e tecidos que utilizam tintura com base em animais 1 Desse modo a moda vegana passa a ocupar um papel de destaque junto a esse grupo que busca se vestir de modo mais sustentável e sem exploração animal Percebese que no Brasil ainda há dificuldade em encontrar marcas vegana Tal fato está em desacordo com um nicho de mercado que é cada vez maior Uma pesquisa rea lizada pelo IBOPE em 2018 revelou que 55 dos entrevistados optariam por consumir mais produtos veganos se estes fossem melhor identificados nas embalagens e 60 declararam que o preço precisaria ser mais acessível 2 Referencial Teórico A sociedade está em constante modificação fazendo com que a moda também se reconfigure e apresente alternativas que substituam o uso de animais não humanos na produção Nesse contexto a indústria têxtil evoluiu e passou a oferecer alternativas mais baratas e sustentáveis como é o caso das peles de origem sintética 2 No campo da moda as inovações avançam com muita rapidez e a cada ano o mer cado é abastecido com novos tecidos muitos deles utilizando matériaprima natural le vando em consideração o surgimento de nichos que se preocupam com a preservação ambiental Na moda vegana é pensado todo o processo de fabricação do produto desde a escolha da fibra até o tingimento e acabamento da peça no caso de um produto vega no não contém nada de origem animal ou testado em animais 3 3 Método e pesquisa Para coleta de dados foi utilizado um questionário semiestruturado composto por 12 questões e elaborado por meio do google forms e disponibilizado a grupos veganos em redes sociais O questionário que foi disponibilizado entre os dias 05 e 23 de fevereiro de 2019 foi respondido por 68 pessoas de várias regiões do país Para o cálculo da amos tra adotouse uma população infinita com uma margem de confiança de 90 4 Análise e Conclusões O perfil dos respondentes corresponde em sua maioria por mulheres 926 jo vens entre 16 e 26 anos estudantes universitárias com uma renda entre um e três salários mínimos e localizados em grandes centros com destaque para os estados de São Paulo e Paraná Apesar da variedade dos anseios e dificuldades expressos os mais frequentes foram preço mais acessível 22 respostas falta de marcas que realmente 54 I ECONOMIA sejam veganas 13 respostas ausência de informação sobre a roupa ser vegana 12 respostas pouca variedade de modelos 11 respostas preocupação ambiental e com o trabalho escravo na produção seis respostas Por serem respostas abertas os entre vistados podiam responder várias opções dessa forma a somatória das respostas não se limita ao número de respondentes No que se refere a forma como as pessoas se informam sobre o produto ser 100 ve gano 27 respondentes disseram se informar pela etiqueta das roupas 26 disseram pes quisar na internet sobre a marca e 13 respondentes escolhem marcas que se denominam veganas Apesar das formas de se certificarem 12 pessoas registram não terem certeza da procedência do produto Desse modo considerase que investir em informação pode significar para as empresas que pretendem ou já exploram esse nicho de mercado um diferencial competitivo importante 5 Referências 1 NASCIMENTO Joelma Batista SILVA Vinicius Gabriel Veganismo em defesa de uma ética na relação entre humanos e animais Caos Revista Eletrônica de Ciências Sociais UFPB v 21 p 7390 2012 2 SALCEDO Elena Moda ética para um futuro sustentável Tradução Denis Fracalossi Barcelona G Gili Sl 2014 3 ARAÚJO Mariana Bezerra Moraes de Marcas de moda sustentável critérios de sus tentabilidade e ferramentas de comunicação 2014 Tese de Doutorado I SUSTEXMODA 55 12 Estratégias de design para economia circular em moda Lucca G A O1 e Morelli G2 1 Graziela Alves de Oliveira De Lucca Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI Escola de Artes Comunicação e Hospitalidade Balneário Camboriú SC grazieladeluccahotmailcom 2 Graziela Morelli Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI Escola de Artes Comunicação e Hospitalidade Balneário Camboriú SC morelligrazielagmailcom 1 Introdução Sabese que a moda é uma indústria vibrante que emprega milhões gera receitas relevantes e provoca o desejo de muitas pessoas Desde o século XX as roupas vêm se tornando mais descartáveis e a indústria altamente globalizada Segundo o World Economic Forum 2016 não estamos apenas terceirizando nossa produção estamos terceirizando e expandindo nossa poluição Como resultado 10 da pegada de carbono total do mundo vem da indústria de vestuário como comparação todo o setor de aviação é de 2 o vestuário também é o segundo maior poluidor de água doce globalmente Uma alternativa para resolução desses problemas é a economia circular que busca redefinir a noção de crescimento com foco em benefícios para toda a sociedade Para a Fundação Ellen MacArthur 2010 a economia circular envolve dissociar a atividade econômica do consumo de recursos finitos e eliminar resíduos do sistema por princípio apoiada por uma transição para fontes de energia renovável procurando manter produ tos e materiais em ciclos de uso e regenerar sistemas naturais Diante de um contexto de crescentes preocupações relacionadas aos problemas ambientais ocasionados pelo consumo considerouse o seguinte problema de pesquisa Como participar da indústria da moda de forma que os impactos socioambientais e a de gradação do meio ambiente se dêem de forma reduzida A partir daí delimitouse o obje tivo geral que tem como base desenvolver novos produtos de vestuário de alta qualidade que visam a minimização dos impactos ambientais e a ampliação do seu ciclo de vida 56 I ECONOMIA 2 Projeto de Coleção Sustentável A partir das reflexões dessas questões elaborouse o projeto de coleção O projeto procurou apresentar estratégias de design através de matéria prima natural de alta qua lidade processos artesanais e orgânicos que buscam proporcionar melhores resultados econômicos e socioambientais Utilizou o conceito Cradle to Cradle do berço ao berço que consiste em desenvolver produtos visando a reutilização dos seus materiais prolon gando a vida útil O foco é direcionado para o design circular no momento da concepção ou otimização de materiais produtos e sistemas e estratégias de design sustentável ali nhadas ao ciclo de vida de um produto e o ciclo de vida dos produtos a partir do modelo adaptado de Gwilt 2014 p 43 Para este projeto adotouse como tema de inspiração o estilo Art Déco de onde sua expressão na arte na arquitetura e na moda tornouse referência da elegância moderna da época através da simplicidade de suas formas A cartela de cores assim como os volumes e silhuetas da coleção surgiram da leitura do tema que se aliou aos seguintes conceitos Urbano que traz o conforto e uma atmosfera esportiva para coleção Sofisti cado apresentando acabamento refinado e matériaprima de alta qualidade Excêntrico que brinca com a mistura das cores texturas e materiais Artesanal na medida em que desenvolveramse técnicas manuais e artesanais na confecção do projeto e por fim o Natural com matéria prima 100 de origem natural que não agride o meio ambiente e os animais 3 Metodologia Para a realização deste projeto utilizouse o método de design thinking adaptado pelo Centro de Moda Sustentável FUTURE LEARN 2018 sediado na Universidade de Artes de Londres 2018 por ser uma metodologia baseada no ser humano que se divide em sete etapas sendo elas Foco Reframe Identifique os participantes Geração de ideias Seleção de ideia Storyboarding e Prototipar e o estudo do ciclo de vida dos produtos junto aos princípios para uma economia circular da Fundação Ellen MacArthur dos autores Lilyan Berlim Elena Salcedo e Alison Gwilt Esse processo ajuda a criar soluções significativas e a se preocupar com a vida das pessoas para as quais se projeta e que fazem parte do processo através da investigação das necessidades de pessoas reais partindo assim da seleção de uma agenda sendo estas os quatro pilares da sustentabilidade Cultural Ecológica Social e Econômica Nesse contexto o objetivo é explorar e abordar os problemas relacionados na agen da e reformular para uma oportunidade de design para o desenvolvimento de estraté gias soluções e desafios do design sustentável I SUSTEXMODA 57 4 Análise e Conclusões Através do projeto de coleção identificouse uma grande mobilização a caminho de uma moda sustentável Para que a moda seja sustentável não deve estar baseada ape nas no cunho ecológico mas sim nos quatro pilares da sustentabilidade A partir deste contexto este projeto propôs a minimização dos impactos através da utilização de matériaprima natural orgânica tingimento natural uso de técnicas arte sanais de construção de tecidos reaproveitamento de materiais que buscam reduzir o desperdício e o volume de descarte ao meio ambiente ampliando a vida útil do produto através da alta qualidade dos materiais e dos serviços disponíveis no PDV Sendo assim a conscientização do designer tornase importante pois é ele quem pensa e concebe o projeto os sistemas e os produtos 5 Referências 1 FORUM World Economic Our love of cheap clothing has a hidden cost its time for a fashion revolution Disponível em httpswwwweforumorgagenda201604ourloveof cheapclothinghasahiddencostitstimethefashionindustrychangedAcesso em 20 set 2018 2 MACARTHUR Fundação Ellen Uma nova economia dos têxteis Redesenhando o fu turo da moda Disponível em httpswwwellenmacarthurfoundationorgpublicationsanew textileseconomyredesigningfashionsfuture Acesso em 07 out 2018 3 GWILT Alison Moda sustentável Um guia pratico São Paulo Gustavo Gili 2014 4 FUTURELEARN Fashion and Sustainability Understanding Luxury Fashion in a Changing World Disponível emhttpswwwfuturelearncomcoursesfashionandsustai nability1register Acesso em 8 abr 2018 5 BERLIM Lilyan Moda e sustentabilidade uma reflexão necessária 2 ed São Paulo Estação das Letras e Cores 2016 6 SALCEDO Elena Moda ética para um futuro sustentável Barcelona Gustavo Gili 2014 58 I ECONOMIA 13 Resíduos pósconsumo dos galpões da Vila Maria Morais A A1 e Mendes F D2 1 Angelica Aparecida de Morais Universidade de São Paulo Escola de Artes Ciências e Humanidades Rua Arlindo Bétio 1000 São Paulo SP 2 Francisca Dantas Mendes Universidade de São Paulo Escola de Artes Ciências e Humanidades Rua Arlindo Bétio 1000 São Paulo SP franciscadmtitauspbr Resumo O objetivo geral deste estudo é investigar como os galpões de roupas podem diminuir o descarte do resíduo pósconsumo Busca compreender o papel destes depósitos presentes e a sua contribuição para a reutilização dos resíduos têxteis e seu prolongamento de ciclo de vida O presente artigo com base em pesquisa de campo pretende abordar questões pertinentes ao descarte e destino dos resíduos têxteis pósconsumo Objetivase ainda compreender os conceitos de sustentabilidade e consumo atuais Para isso fezse neces sário a visita aos galpões de roupas da Vila Maria Palavraschave descarte resíduos pósconsumo ciclo de vida Introdução Um desenvolvimento sustentável é formado por um conjunto de ideias ações e po sicionamentos ecologicamente corretos socialmente justos e economicamente viáveis KAZAZIAN 2005 Ser sustentável na própria etimologia da palavra com origem no latim sustentare consiste em se sustentar apoiar e conservar uma ideia ou posicio namento No campo do design de moda os conceitos de moda sustentável ainda estão longe do ideal Isso se deve ao posicionamento das grandes empresas e marcas sobretudo as fast fashions que detêm o título de maiores responsáveis por degradação e poluição do meio ambiente e que visando somente o lucro não querem investir em projetos mais sustentáveisBERLIM 2016 A globalização e a consequente redução nos custos de vestuário no varejo alimen taram um aumento acentuado no consumo O que por sua vez tornou as roupas mais descartáveis O aumento do consumo reduziu o valor das roupas BLACK 2018 O descarte dos produtos no ambiente em sua maioria é feito de forma desordenada I SUSTEXMODA 59 sem logística e sem orientação Jogar no lixo é a forma mais comum dos consumidores se livrarem de algo que não está mais na moda ou que não atende mais aos seus anseios A eliminação correta das roupas é uma questão fundamental para a sustentabi lidade E se não estão sendo descartadas de maneira adequada geram danos maiores para o meio ambiente a longo prazo Os problemas acerca da sustentabilidade na moda e suas formas de minimizar os impactos ambientais bem como as alternativas de solução aos processos produtivos têm sido investigados de maneira contínua e urgente Black 2018 chama a atenção para o final do ciclo de vida do vestuário que atual mente é concluído de três formas principais reciclagemreutilização incineração ou en terrado em aterro sanitário No entanto quase um terço das roupas compradas permane cem guardadas e sem uso nos armários por um tempo considerável Para o presente estudo ficaremos na etapa final do ciclo ou seja no fim de vida de uma roupa que também pode ser denominada de resíduo pósconsumo Percebese que há ainda um grande leque de possibilidades a ser investigado no outro extremo da cadeia produtiva que envolve o pósconsumo e o uso consciente de roupas levando em consideração o seu descarte adequado e a gestão dos resíduos têxteis Como aporte teórico buscase fundamentar os conceitos e referenciar o presente estudo através da abordagem dos tópicos 1 A questão da sustentabilidade na moda 2 O descarte dos resíduos pósconsumo 3 O ciclo de vida de uma roupa O procedimento metodológico consiste na coleta de dados com base em pesquisa de campo e registro fotográfico em visita aos galpões de roupas usadas bairro da Vila Maria bairro da zona norte da cidade de São Paulo SP cujo roteiro foi elaborado confor me os objetivos e o referencial teórico da presente pesquisa Foi traçado um mapeamento de alguns galpões seguindo de entrevistas semiestru turadas com trabalhadores e moradores do bairro Referências BAUMAN Zigmund Vida para o Consumo a transformação das pessoas em mercadoria Rio de Janeiro Jorge Zahar Ed 2008 BLACK S Fashion and Sustainability Bloomsbury Fashion Central 2018 BERLIM Lilyan Moda e Sustentabilidade uma reflexão necessária São Paulo Estação das Letras e Cores 2016 BRAUNGARTM MCDONOUGHW Cradle to Cradle criar e reciclar ilimitadamente São Paulo GGilly Editora 2014 FLETCHER Kate GROSE Lynda Moda e Sustentabilidade design para mudança São Paulo Editora Senac 2011 60 I ECONOMIA GWILT Alison Moda Sustentável um guia prático São Paulo Gustavo Gilli 2014 KAZAZIAN Tierry Haverá a idade das coisas leves design e desenvolvimento sustentá vel São Paulo Senac 2005 LIPOVETSKY Gilles O Império do Efêmero a moda e seu destino nas sociedades moder nas São Paulo Companhia das Letras 1989 PAPANEK Victor Design for the Real World PaladinLondon1974 PAPANEK Victor The green imperative ecology and ethics in design and architecture Thames and HudsonLondon1995 SALCEDO Elena Moda ética para um futuro sustentável São Paulo Gustavo Gilli 2014 SHAWPJ WILLIANSID Reuse Fashion or future Waste Management Journal Elsevier 2017 UNIETHOS Sustentabilidade e competitividade na cadeia da moda São Paulo maio de 2013 I SUSTEXMODA 61 14 Modelo inputoutput na indústria têxtil cearense Chagas M J R1 CaldeiraPires A A2 e Ramos I M M3 1 Milton Jarbas Rodrigues Chagas Universidade Federal do Cariri Centro de Ciências Sociais Aplicadas Av Tenente Raimun do Rocha SN Bairro Cidade Universitária Juazeiro do Norte Ceará Brasil miltonrodriguesufcaedubr 2 Armando de Azevedo CaldeiraPires Universidade de Brasília Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia Mecâni ca Campus Universitário Darcy Ribeiro Asa Norte Brasília Distrito Federal Brasil armandcpunbbr 3 Ingrid Mazza Matos Ramos Universidade Federal do Cariri Centro de Ciências Sociais Aplicadas Av Tenente Raimun do Rocha SN Bairro Cidade Universitária Juazeiro do Norte Ceará Brasil ingridmazzaufcaedubr Resumo Este artigo visa analisar como a aplicação da matriz inputoutput nas indústrias têxteis do estado do Ceará auxilia na obtenção de informações para a inserção deste ramo de ativi dade em uma Economia Circular A indústria têxtil produz resíduos durante o seu processo produtivo no entanto possui representatividade na participação do PIB brasileiro por isso a justificativa de análise Alguns estudos foram realizados em outros países utilizando a matriz inputoutput Os resultados deste estudo podem auxiliar na formulação de políticas públicas que objetivem o desenvolvimento regional sustentável e a melhor integração entre os atores envolvidos Palavras chaves Economia Circular Matriz InputOutput Indústria Têxtil 1 Introdução De acordo com o relatório The Circularity Gap Report 2019 elaborado por profis sionais que compõem a Platform for Accelerating the Circular Economy PACE apenas 9 do nosso mundo é circular ou seja a utilização de recursos naturais e a emissão de carbono continuam em crescente ascensão É necessária uma mudança radical de pa radigma para que se consiga atingir a sustentabilidade tais como educação ambiental mudança de um sistema de produção linear para circular redução de emissão de gases 62 I ECONOMIA de efeito estufa políticas públicas governamentais dentre outros O sistema têxtil opera de forma quase linear grandes quantidades de recursos não renováveis são extraídos para produzir roupas que são frequentemente usadas por curto período de tempo após o qual os materiais são enviados principalmente para aterros ou incinerados 1 No Brasil o setor têxtil representa 167 dos empregos e 57 do faturamento da In dústria de Transformação O Estado do Ceará no ano de 2017 ocupava a 5ª posição na produção têxtil nacional gerando aproximadamente 60 mil empregos de forma direta reunindo a cadeira produtiva local 2 Diante do exposto esta pesquisa visa responder a seguinte questão problema Como a indústria têxtil do estado do Ceará com base nas informações do método inputoutput se insere em uma Economia Circular Como objetivo principal temse analisar como a aplicação da matriz inputoutput nas indústrias têxteis do estado do Ceará auxilia na obtenção de informações para a inserção deste ramo de atividade em uma Economia Circular 2 Referencial Teórico A Economia Circular EC visa a manutenção de produtos componentes e materiais no mais alto nível de utilidade e valor 3 Alguns estudos já foram realizados com a apli cação do método inputoutput em indústrias têxteis do Oeste Europeu 4 e da Suécia 5 Objetivando analisar a relação entre economias regionais e nacionais o método inputoutput também foi utilizado em pesquisas realizadas na Alemanha 6 e China 7 Estes estudos analisaram os principais impactos ambientais e sociais causados pelos processos produtivos regionais As regiões Sudeste e Sul concentram cerca de 809 da produção têxtil brasileira enquanto o Nordeste participa com 162 As principais regiões da indústria têxtil no Nordeste são Ceará 40 Bahia 36 Paraíba 26 e Rio Grande do Norte 21 3 Método e pesquisa A pesquisa utilizou o método inputoutput que corresponde a um método analítico que objetiva estudar a interdependência de diferentes ramos de atividade ou indústrias em uma economia Os dados foram obtidos do sistema de contas nacionais publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE 4 Análise e Conclusões Podese verificar que por meio da aplicação do método inputoutput foi possível identificar as relações existentes entre a indústria têxtil do estado do Ceará e os demais ramos de atividades de outras regiões do Brasil Para que a Economia Circular seja exer I SUSTEXMODA 63 cida tanto no contexto ambiental quanto econômico as relações entre indústrias devem ser eficientes tanto no design dos produtos quanto no reaproveitamento após o uso Concluise que por meio do método inputoutput foi possível mapear a cadeia produ tiva da indústria têxtil cearense e a relação desta com os diversos ramos econômicos no Brasil A partir da identificação dos resíduos e subprodutos que podem ser aproveitados na cadeia produtiva aliado a políticas públicas e educação para a sustentabilidade é possível se inserir em uma Economia Circular 5 Referências 1 Ellen MacArthur Foundation 2017 Home page httpswww ellenmacarthurfoundation orgcirculareconomyoverviewconcept Acesso em 10 set2018 2 Associação Brasileira da Indústria Têxtil e da Confecção ABIT2018 Perfil do Setor Disponível em httpwwwabitorgbrcontperfildosetor Acesso em 22 fev2019 3 Saavedra Y M B Iritani D R Pavan A L R Ometto A R 2018 Theoretical contribution of industrial ecology to circular economy Journal of Cleaner Production 170 15141522 httpsdoiorg101016jjclepro201709260 4 Mair S Druckman A Jackson T 2016 Global inequities and emissions in Western European textiles and clothing consumption Journal of Cleaner Production 132 5769 httpsdoiorg101016jjclepro201508082 5 Södersten CJ Palm V Wood R Schmidt S Simas M Wiebe K 2018 Un derstanding GHG emissions from Swedish consumption Current challenges in reaching the generational goal Journal of Cleaner Production 212 428437 httpsdoiorg101016j jclepro201811060 6 Budzinski M Bezama A Thr D 2017 Monitoring the progress towards bioeco nomy using multiregional inputoutput analysis The example of wood use in Germany 161 httpsdoiorg101016jjclepro201705090 7 Zhang Z Zhu K Hewings G J D 2017 A multiregional inputoutput analysis of the pollution haven hypothesis from the perspective of global production fragmen tation Energy Economics 64 1323 httpsdoiorg101016jeneco201703007 64 I ECONOMIA 15 Conversão de resíduo têxtil em tecido e tipo não tecido Leal M L¹ e Mendes F D² 1 Marlon Lopes Leal Universidade de São Paulo Escola de Artes Ciências e Humanidades Programa Têxtil e Moda EACHUSP Rua Arlindo Bétio 1000 São Paulo SP 2 Francisca Dantas Mendes Universidade de São Paulo Escola de Artes Ciências e Humanidades Departamento Laboratório Programa Têxtil e Moda EACHUSP Rua Arlindo Bétio 1000 São Paulo SP RESUMO A indústria de moda atualmente produz o fast fashion São produtos distribuídos no mercado em tempos cada vez mais curtos estimulando o consumo e reduzindo cada vez mais a vida útil dos artigos de moda O crescimento da produção gera excepcional volume de resíduos têxteis Pesquisas demonstraram que o processamento na produção de vestuário resulta em 10 do peso em resíduos Considerando a produção anual de 17 milhão de toneladas de confeccionados segundo dados estatísticos do Relatório Setorial da Indústria Têxtil Bra sileira IEMI de 2018 concluise que a quantidade de resíduos chega a 170 mil toneladas grande parte dos quais descartados inadequadamente De acordo com a empresa LOGA empresa responsável pela coleta de lixo da cidade de São Paulo 36 toneladasdia de re síduos são destinados aos aterros sanitários no município Com isso foi desenvolvido dois protótipos um tecido a partir de resíduos têxteis e um outro tipo de não tecido a partir de fibras desfibradas de resíduo têxtil 1 INTRODUÇÃO Estudos realizados desde o ano de 2015 no desenvolvimento de dois produtos cria dos a partir de resíduos demonstraram que é possível conceber altos valores agregados que poderão ser utilizados por estilistas e designers com considerável crescimento do ciclo de vida de materiais têxteis O slow fashion contraponto ao fast fashion oferece alternativas para estender o ciclo de obsolescência estipulado pelas tendências do mer cado de modaDe acordo com o Braungart Mc Donough que corrobora a diversidade na fabricação a partir de diferentes perspectivas I SUSTEXMODA 65 2 MÉTODO E PESQUISA Foi utilizado o método exploratório prático uma vez que o contato com o resíduo têxtil possibilita uma nova visão melhorando sua aplicação O tecido de largura de 14 metro será desenvolvido a partir de retalhos de resíduos têxteis de tamanho aproximado de 10 a 15 cms2 dispostos de forma aleatória porém com criatividade resulta em um material exclusivo e inovador para ser utilizado como matéria prima na criação e produção de peças de vestuário com alto valor criativo e exclusivo O outro tecido obtido a partir de fi bras desfibradas terá as medidas finais de 15 a 20 cms2 para ser utilizado como matéria prima na produção de acessórios como sapatos sandálias bolsas chapéus etc com alto valor criativo e exclusivo Figura 1 Protótipo número 01 feito de resíduos têxteis dispostos com bordado artesanal Figura 2 Protótipo número 02 feito a partir de fibras desfibradas coloridas tipo não tecido Figura 3 Variação de cor gerado pelo protótipo número 02 com base nas diferentes fibras 66 I ECONOMIA 4 ANÁLISE E CONCLUSÃO Através do contato prático com o resíduo têxtil é possível reinserilo na cadeia pro dutiva novamente através de uma produção artesanal e de alto valor agregadoGerando ganhos ambientais e inovadores para todo o setor Possibilitando construir e apontar novos caminhos através da geração de novos produtos ecologicamente corretos sem perder o lado fashion e comercial 6REFERÊNCIAS 1BRAUNGART Michael MCDONOUGH William Cradle to Cradle Criar e reciclar ilimi tadamente 1ed Editora GGill São Paulo 2013 I SUSTEXMODA 67 16 O comércio popular do Brás as galerias e a feira da madruga entre o informal e o regular A C G SAMPAIO1 e F D MENDES2 1 Ana Claudia Gütschow Sampaio Universidade de São Paulo Escola de Artes Ciências e Humanidades Departamento de Têxtil e Moda Rua Arlindo Béttio 1000 Vila Guaraciaba São Paulo SP Brasil anagutschowuspbr 2 Profª Dra Francisca Dantas Mendes Universidade de São Paulo Escola de Artes Ciências e Humanidades Departamento de Têxtil e Moda Rua Arlindo Béttio 1000 Vila Guaraciaba São Paulo SP Brasil franciscadmtitauspbr Resumo O bairro do Brás conhecido pelo comércio popular atrai consumidores de diversas cidades do Brasil afim de revenderem essas mercadorias em outras regiões o mercado local teve início com a comercialização de pequenos produtores de vestuário na madrugada a fim de venderem seus produtos e evitarem a fiscalização e a cobrança de taxas O legal e o ilegal iniciaram esse tipo de feira e ainda permanecem como uma contradição o processo de regularização e de formalização por meio das galerias e de cadastro fiscal não elimina os problemas iniciais como a pirataria o contrabando e ainda evidencia a desigualdade social entre os comerciantes Palavras chave comércio popular do Brás feira da madrugada galerias irregular regular 1 Introdução O bairro do Brás localizado na zona central do município de São Paulo SP é um centro industrial e de comércio de vestuário de moda popular de produção local e im portados O mercado é regional de migrantes e de imigrantes vende atacado e varejo em lojas de ruas shoppings galerias e o comercio ambulantecamelô Excursões de sacoleiros desembarcam no bairro do Brás para comprar produtos e revender em outros locais todos os dias O objetivo do artigo é apresentar a pesquisa que busca identificar e relacionar esse mercado popular que transita entre o informal e o regular 68 I ECONOMIA 2 Referencial Teórico As galerias comerciais têm uma expressiva expansão e importância no comercio po pular do Brás O shopping 25 de MarçoBrás 1 inaugurado nos anos 2000 foi um dos primeiros empreendimentos em galeria na região a Nova Page 2 no bairro do Pari foi construída para atender as excursões de sacoleiros com estacionamento para ônibus e um amplo espaço O Shopping Vautier 3 está instalado no espaço físico da antiga fábrica de biscoitos Tostines foi inaugurado em julho de 2011 Já conhecida feirinha da madrugada encontrase localizada no antigo pátio do Pari Para ter a liberação de uso do espaço na feira os comerciantes precisam apresentar documentos pessoais antecedentes criminais cadastro de contribuinte mobiliário CCM e assinar um contrato com a administração do espaço uma iniciativa público privada 4 Vendedores ambulantes de pequenos produtores de roupas comercializam seus produ tos na feira Á medida que foi se valorizando viu comerciantes chineses comprarem vários pontos de venda investindo caro a partir de 2009 fazendo alguns pontos na feira como uma extensão de suas atividades nas galerias5 Segundo O presidente da associação do comercio informal e dos micros e pequenos empreendedores Acimpe metade dos cinco mil boxes esteja alugada a chineses e coreanos4 Para 6 o comercio do Brás coabitam o formal e o informal A regulamentação fiscal está também associada ao movimento de transição do comercio de rua para as galerias no Brás galerização uma espécie de formalização do mercado da região que vai além da necessidade jurídica e tem apelo de aspecto visual organização limpeza e seguran ça transforma o camelô em lojista mas isso não impede a circulação de mercadorias piratas e ou contrabandeadas Esse processo muda a dinâmica do mercado que ago ra regularizado é possível fazer estatísticas e se conhecer mais sobre esse fenômeno muda a lógica de gestão ora mais formal outra menos formal 3 Método e pesquisa Foi realizado um levantamento documental em site e bibliográfico em artigos teses e dissertações que travam de pesquisas realizadas sobre o comercio popular que ocorre na região Brás na feira da madrugada e no comércio popular de ambulantes a partir de autores vinculados a instituições cuja trajetória de pesquisa tem relevância ao tema e é pertinente a esse artigo As pesquisas propõem identificar as principais galerias e feiras de comercio popular na região do Brás Após relacionada as galerias e feiras busca re lacionar esses empreendimentos com regularidades e irregularidades recorrentes com a forma de trabalho praticada No Brás existem outras feiras da madrugada essa é uma das mais importantes da região as outras feiras de rua ficam localizadas nas proximida des I SUSTEXMODA 69 4 Análise e Conclusões O shopping Vautier a Galeria nova Pagé e o shopping 25 de Março no bairro do Brás foram criadas com objetivo de regulamentar a atividade de comercio de atacado e varejo da região A figura dessas galerias é uma forma de adaptar e revitalizar o local para aten der as excursões e os sacoleiros em um espaço limpo amplo seguro e regulamentado Por outro lado esse processo de galerização e de transformar o ambulante em empre sário por meio da regulamentação fiscal MEI não elimina os problemas da essência do comércio popular como a pirataria e o contrabando de mercadorias Inclusive evidência a desigualdade social e uma rivalidade aparente no contraste entre os grandes e equi pados empreendimentos comerciais galerias e shoppings Já na feirinha da madrugada os ambulantes irregulares camelôs que vendem as mercadorias em bancas nas ruas de forma totalmente informal 6 Referências 1 httpsshopping25demarcocombr 2 httpgaleriapagebrascombrgaleriapagebras 3 httpwwwshoppingvautiercombrhome 4 Gomes C Oliveira R Os camelôs da feirinha da madrugada na cidade de São Paulo uma abordagem ancorada na multiplicidade social The camelôs of the madrugada fair in the city of São Paulo an approach anchored in 20177081 5 Freire da Silva C Conexões BrasilChina a migração chinesa no centro de São Paulo Cad Metrópole Internet 2018204122343 Available from httpwwwscielobr scielophpscriptsciarttextpidS223699962018000100223lngpttlngpt 6 Rangel F Novas experiências outros significados repensando o trabalho no comér cio popular Rev Colomb Soc 2017916785 70 I ECONOMIA 17 Projeto BLOA Reutilização de roupas pósconsu mo Zanutto L R Luiza Rossi Zanutto Centro Universitário Senac Santo Amaro Design de Moda Habilitação em Estilismo Aveni da Engenheiro Eusébio Stevaux 823 Campo Grande São Paulo SP Brasil 04696000 zanuttoluizagmailcom Resumo O presente trabalho apresenta uma metodologia para a reutilização de roupas pósconsumo através da tecelagem manual A técnica permite a reconfiguração completa do material em novas peças têxteis com foco em transformálas novamente em vestuário A iniciativa suge re um projeto social que visa a inserção de pessoas em situação de vulnerabilidade socioe conômica na sociedade capacitandoas profissionalmente como artesãos Palavras chaves reutilização roupas pósconsumo tecelagem manual social capacita ção 1 Introdução A Indústria da Moda é 1 uma das maiores produtoras de bens do planeta e uma das que mais causa impacto ambiental O modelo contemporâneo de consumo dita renova ções constantes o que faz com que 1 hoje um consumidor padrão adquira em média 60 mais roupas do que nos anos 2000 enquanto o tempo que ele mantém a peça caiu pela metade Dados sobre o destino das roupas pósuso no Reino Unido mostram que 2 aproxi madamente 100 toneladas são recolhidas por instituições semanalmente e suas desti nações mais comuns são a doação para pessoas carentes comercialização em lojas de segunda mão ou a venda para países emergentes como o Kenya e Moçambique Esta última alternativa em muitos casos 3 prejudica intensamente a produção têxtil local e consequentemente a economia e geração de empregos Além destas questões existem fatores morais envolvidos roupas que representam a cultura ocidental se tornam objeto de opressão e recebem termos como roupas de brancos mortos ou roupas da calami dade pela população O reaproveitamento das roupas pósconsumo enfrenta alguns desafios 4 como a dificuldade em realizar a reciclagem mecânica e química devido à mistura de fibras na I SUSTEXMODA 71 composição dos tecidos Além disso 5 a reutilização de roupas para a fabricação de novas peças de vestuário ainda ocorre em pequena escala e é pouco incentivada Tendo em vista tais informações é importante discutir e encontrar alternativas para o destino das roupas usadas devido aos seus potenciais impactos ambiental e social 2 Objetivos e Justificativa O objetivo do trabalho é apresentar uma metodologia para a reutilização de roupas pósconsumo contribuindo paralelamente para impactos sociais e ambientais positivos Dessa forma a proposta da pesquisa é desenvolver um projeto que dê um novo destino às roupas usadas reiniciando o ciclo do material e permitindo que seja transformado em novos produtos Ao mesmo tempo propõe a capacitação e emprego de pessoas em condição de vulnerabilidade social para a produção de forma artesanal 3 Método e pesquisa A pesquisa iniciouse com o levantamento de dados bibliográficos sobre o descarte de têxteis e roupas usadas A segunda etapa consistiu em prática de laboratório onde peças de roupa foram cortadas em tiras e reconstruídas em tear manual Diversos mo delos de roupa e materiais foram usados para criar amostras o que foi essencial para a compreensão da técnica e das possibilidades do material criado Ao final cada estágio de desconstrução foi catalogado em fichas metodológicas que contém os passos para a sua reprodução Figura 1 Processo de corte de camiseta para transformação em fio Fonte Autoria própria 4 Análise e Conclusões A segunda etapa da pesquisa resultou em tecelagens encorpadas com variação de flexibilidade e peso de acordo com o tipo de tecido utilizado e a espessura do corte Percebeuse que o material tem potencial não somente para a confecção de têxteis mais robustos como tapetes mas também para a construção de peças de roupa A partir desse desenvolvimento foram realizados testes onde a tecelagem ocorreu diretamente sobre o molde da roupa técnica que evita as sobras do processo de corte em confecções convencionais 72 I ECONOMIA Figura 2 Amostra construída com trama de fios de malha de camisetaFonte Autoria própria Tal método permite de forma análoga reduzir o tecido à sua unidade básica o fio Sua maior escala possibilita desmanchar e reconstruir a peça ilimitadas vezes Os futuros desenvolvimentos da técnica envolvem mecanizar a etapa do corte das tiras para que seja feito com maior precisão rapidez e para evitar danos à saúde dos artesãos Antes da execução do projeto social será feita uma pesquisa de campo com análise da situaçãoproblema e do públicoalvo da ação para entender assim a melhor forma de intervir Agradecimentos À minha orientadora do Trabalho de Conclusão de Curso que gerou esta pesquisa Profª Mª Simone Mina e à minha Professora de Materiais Têxteis Profª Mª Mitiko Me deiros Referências 1 UNECE Fashion and the SDGs What role for the UN Geneva 2018 Disponível em httpswwwuneceorg Acesso em 27 out 2018 2 WASTE ON LINE Textile recycling information sheet Disponível em httpwwwwa steonlineorguk Acesso em 26 jun 2018 3 TAMURA Kimiko de Freytas For Dignity and Development East Africa Curbs Used Clothes Imports The New York Times KIGALI 12 out 2017 Disponível em httpswww nytimescom20171012worldafricaeastafricarwandausedclothinghtml Acesso em 14 ago 2018 4 MATTEIS Stephanie AGRO Charlsie What really happens to old clothes dropped in those instore recycling bins CBC News 19 jan 2018 Disponível em httpswwwcbc canewsbusinessclothesrecyclingmarketplace14493490 Acesso em 23 ago 2018 5 ZONATTI Welton Fernando Estudo interdisciplinar entre reciclagem têxtil e o de sign avaliação de compósitos produzidos com fibras de algodão 2013 Dissertação Mestrado em Têxtil e Moda Escola de Artes Ciências e Humanidades Universidade de São Paulo São Paulo 2013 doi1011606D1002013tde13032013015305 Acesso em 26 jun 2018 I SUSTEXMODA 73 18 Renda renascença paulista Matsusaki B C Bianca do Carmo Matsusaki Centro Universitário SENAC Av Engenheiro Eusébio Stevaux 823 Santo Amaro São Pau lo SP CEP 04696000 Brasil biamatsugmailcom Resumo A renda renascença é um artesanato têxtil confeccionado em sua maioria na região Nor deste do Brasil De extrema beleza e delicadeza aportou em território nacional através das freiras europeias e se difundiu pelo interior de Pernambuco e da Paraíba A propagação da técnica se dá através da comunicação oral como costume das tradições artesanais no Brasil esse fato faz com que registros escritos de como a técnica era no início e de como ela está sejam raros sendo assim em cada novo lugar a cada nova aprendiz modificações hão de ocorrer no processo Partindo desse princípio este artigo visa observar como a ren da renascença se desenvolve no Estado de São Paulo particularmente com o grupo das rendeiras do Projeto Oca situado na Aldeia de Carapicuíba e rendeiras ativas na capital do Estado Palavras chaves renda renascença artesanato São Paulo 1 Introdução A renda renascença é a tipologia mais difundida e de alto valor comercial dentre as rendas feitas com agulha no Brasil Obteve seu reconhecimento no mercado de moda na cional alavancado pela estilista alagoana Martha Medeiros de marca homônima e pelo seu uso no desfile de inverno 2016 da estilista Fernanda Yamamoto A renda renascença também vestiu a personagem principalmocinha Esther Schnaider interpretada pela atriz Grazi Massafera em Flor do Caribe novela exibida no ano de 2013 pela Rede Globo de televisão A sua produção se concentra na região Nordeste do país Alagoas Paraíba Pernam buco Rio Grande do Norte e Sergipe além do estado da Bahia onde é conhecida como renda inglesa O percurso que a tradição da renda renascença percorreu no Nordeste é descrito no livro 1 Renda renascença uma memória de ofício paraibana de Christus Nóbrega 2005 Quando a congregação das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo com posto por religiosas francesas ocupou o convento de Santa Teresa em Olinda PE logo 74 I ECONOMIA a fama das religiosas que sabiam tecer tal artefato têxtil espalhouse pela região e os enxovais feitos com tal tecido eram obrigatórios entre as famílias mais ricas Como eram as únicas a conhecer o ofício o mesmo se manteve em sigilo por muitos anos até o momento em que Elza Medeiros conhecida como Lala aprendeu o ofício e decidiu apesar dos pedidos para manter tal aprendizado em segredo dividir seu conhe cimento com outras mulheres este fato ocorreu na década de 1930 em Poção PE fato este que trouxe para a cidade o reconhecimento como capital da renda Renascença Desde esse momento até os dias recentes muitos foram os caminhos tecidos pela renda renascença e um desses caminhos foi trilhado por Wilma da Silva O início se deu quando aos nove anos de idade Wilma aprendeu a rendar com D Marieta Monteiro Xa vier na cidade de Pesqueira PE em 1980 se mudou para São Paulo no entanto sem abandonar seu míster no ano de 2011 começou a participar dos encontros das mães da Oca Escola Cultural encontrando assim um local para compartilhar seus saberes Desde então a renda renascença se transformou em importante fonte de renda para as integrantes do grupo 2 Referencial Teórico Entender e relatar como a tradição da renda renascença se desenvolveu ao longo dos anos pelo território brasileiro e como tal tradição se dá nos dias atuais dentro do contexto da cidade de São Paulo 3 Método e pesquisa Para conseguir traçar tal objetivo recorreuse à pesquisa bibliográfica disponível acer ca do tema bem como consultas em sites e entrevistas com rendeiras ativas na cidade de São Paulo 4 Análise e Conclusões A localidade onde uma tradição é produzida interfere nos seus meios de produção e pode ou não interferir no produto resultante da mesma No caso da renda renascença foi deflagrado o problema para encontrar dois dos principais artefatos necessários para a elaboração da renda o fitilho e a linha Todavia a proximidade com designers e ONGS faz com que haja um processo maior de conscientização para a estruturação e registro da técnica Há também uma maior facilidade no escoamento das produções sendo en tão desnecessário o intermédio de terceiros na hora das vendas facilitando assim que o ganho obtido seja direto para a artesã que o produz I SUSTEXMODA 75 5 Reconhecimento e agradecimentos Será descrito neste espaço o nome das rendeiras entrevistadas para o artigo 6 Referências 1 NÓBREGA C Renda Renascença uma memória de ofício paraibana João Pessoa SEBRAEPB 2005 76 I ECONOMIA 19 Impactos gerados ao meio ambiente pela cadeia têxtil Santos PS1 e Silva MJ2 1 Poliana da Silva Santos Universidade Estadual de Maringá Nome Câmpus Regional Cianorte 130 R Afonso Pena Zona 1 Cianorte PR 87200000 Paraná Brasil polisilvasantoshotmailcom 2 Marcio José Silva Universidade Estadual de Maringá Câmpus Regional Cianorte 130 R Afonso Pena Zona 1 Cianorte PR 87200000 Paraná Brasil mjsilva2uembr Palavras chaves Moda Indústria Têxtil Sustentabilidade 1 Introdução O objetivo do presente artigo é investigar na literatura os impactos gerados ao meio ambiente pela indústria têxtil e da moda e quais medidas vêm sendo tomadas para mini mizar os mesmos Isso será feito por meio de revisão acerca do assunto em artigos pu blicados em principais bases de busca científica Investigando alguns aspectos sustentá veis relacionados a moda os impactos gerados pelo consumo exacerbado de produtos e as ações existentes que minimizem os danos causados pelo consumo de produtos inerentes à cadeia têxtil Como resultado esperase ampliar as discussões em torno das consequências causadas ao meio ambiente por essa indústria 2 Referencial Teórico O consumo de produtos de moda em geral resulta na utilização de uma grande quan tidade de recursos logo isso se reflete em impactos ao meio ambiente Esses impactos são decorrentes do grande uso de energias matériasprimas produção de resíduos e pelo consumo humano ser maior do que a capacidade de produção de produtos A partir disso fazse necessário a formação de uma nova ética consumista pela qual tornouse um dos principais desafios as mudanças de hábitos valores e atitudes do consumidor 1 Para que essa nova ética consumista se faça presente surge a moda sustentável que opera com os recursos e procedimentos que visam minimizar os impactos ambientais 2 Tendo em vista que a sustentabilidade na moda está diretamente relacionada a mu I SUSTEXMODA 77 danças no estilo de vida nas atitudes e comportamento do consumidor tornase uma condição que aponta para o futuro 1 A sustentabilidade busca alternativas que pos sibilitem a preservação do meio ambiente como a diminuição de resíduos e do uso de agrotóxicos em plantações por intermédio de escolhas econômicas 3 Por meio des sas alternativas designers de moda já desenvolvem diversos produtos como roupas e acessórios voltados a um design mais sustentável tais produtos são projetados com algodões orgânicos estampas e tingimentos ecológicos além da escolha consciente de materiais e processos 4 Não se pode dizer que são práticas sustentáveis ações que objetivam produzir menos mas sim ações que objetivam produzir de uma maneira que priorize a eficiência ofere cendo artigos que estejam em sintonia com o meio ambiente potencializando uma maior evolução dos produtos 1 No caso dos produtos de moda esses são desenvolvidos para determinado público e priorizam a identidade pessoal dos indivíduos possuem um ciclo de vida gradativo que duram no máximo uma coleção ou uma estação climática 5 6 Por se tratar de produtos efêmeros tanto sua produção quanto seu consumo são tratados em relação ao tempo Devido a compra e descarte de produtos de moda estarem cada vez mais intensos o desperdício de roupas vem crescendo aceleradamente 7 Sendo o desperdício têxtil considerado um dos principais problemas da indústria da moda obtémse dados de que em 2015 o consumo de tecidos atingiu aproximadamente 73 milhões de toneladas somente 20 desse montante foram reciclados Ainda no Brasil aproximadamente 175 mil toneladas de resíduos têxteis são gerados ao ano e estimase que somente 36 mil são reaproveitadas na produção de novos materiais 8 Esses índices apontam para a necessidade de investimento na redução do consumo ou seja em rever princípios ditados pela moda e pela cultura de um modo geral na aquisição e descarte de produtos 1 3 Método e pesquisa Esta pesquisa possui caráter exploratório e descritivo Foi realizada por meio de uma revisão de literatura que priorizou atender ao objetivo proposto Foram utilizados artigos científicos livros e sites com relevância para essa finalidade 4 Análise e Conclusões Para diminuir os impactos causados ao meio ambiente o setor têxtil deve empregar medidas como o investimento em novas fibras e contar com a utilização da biotecnologia e da nanotecnologia 1 Outros meios de minimização são o uso da reciclagem reutili zação e reaproveitamento estando relacionados a movimentos de conscientização de consumo e sustentabilidade 9 Empresas de diferentes segmentos mostramse preo cupadas em investir em produtos renováveis e menos agressivos ao meio ambiente 1 78 I ECONOMIA Ainda em relação a ações existentes que minimizem os danos causados pelo consu mo de produtos inerentes à cadeia têxtil observouse que algumas empresas fazem o uso de práticas sustentáveis como a escolha por tecidos que contenham o selo verde denominados de ecofriendly como o algodão orgânico e uso também de tecidos desfi brados fabricados a partir de retalhos fibra de garrafa PET além disso estão investindo na utilização de corantes naturais para o tingimento dos tecidos 10 Por fim percebese que as ações voltadas a minimizarem os danos causados pelo consumo de produtos inerentes à cadeia têxtil vem crescendo mas ainda mostramse como falhas e de difícil acesso Produtos que utilizam materiais ou processos menos agressivos geralmente são mais caros assim como a reutilização ou reciclagem de pro dutos descartados Sugerese então o aprofundamento deste tema tanto em aspectos teóricos quanto práticos para a eficiente gestão dos resíduos provenientes da cadeia têxtil e da moda 5 Referências 1 ZANIRATO Silvia Moda e Sustentabilidade um diálogo paradoxal In SIMILI Iva na VASQUES Ronaldo Indumentária e moda Maringá Eduem 2013 Cap 2 2 CLAIRE Marie Moda consciente como ter um guardaroupa sustentável 2018 Dis ponível em httpsrevistamarieclaireglobocomModanoticia201805modaconsciente comoterumguardaroupasustentavelhtml Acesso em 12 fev 2019 3 REDAÇÃO O que é Sustentabilidade e sua Importância para o Planeta 2015 Dis ponível em httpswwwjasminealimentoscomalimentacaopordentrodasustentabilida de Acesso em 31 nov 2018 4 ANICET Anne Ações na área da moda em busca de um design sustentável 2011 EDUSP São Paulo 2002 5 RECH Sandra Estágios do Produto de Moda 2003 UDESC Ouro Preto MG 2003 6 MEDEIROS Bruna Quais as fases do ciclo de vida de um produto de moda 2013 Disponível em httpsprezicomofce8mkuy4dquaisasfasesdociclodevidadeum produtodemoda Acesso em 31 nov 2018 7 LEE Matilda Eco Chic O guia de moda ética para a consumidora consciente Grã Bretanha2008 8 DESCARTE Descarte têxtil e o futuro da moda 2016 Disponível em httpslowdown fashioncombr20161004descartetextileofuturodamoda Acesso em 10 out 2018 9 ESTILISTASBRASILEIROS Reciclar reutilizar e reaproveitar suas roupas 2016 Dis ponível em httpsestilistasbrasileiroscombrreciclarreutilizarereaproveitar20suas roupas Acesso em 10 out 2018 I SUSTEXMODA 79 10 GLOBO G1 Os desafios da indústria da moda para diminuir o impacto ambiental 2019 Disponível emhttpsg1globocomscsantacatarinaespecialpublicitariofalando desustentabilidadenoticia20190107osdesafiosdaindustriadamodaparadiminuiro impactoambientalghtml Acesso em 19 fev 2019 80 I ECONOMIA 20 A transcendência em meio aos despojos Hammad J A¹ Pinho J M² e Antunes L T³ 1 Jéssica Abdllah Hammad Graduanda do Curso de Design de Moda Universidade Tecnológica Federal do Paraná R Marcílio Dias 635 Apucarana Paraná Brasil jessicaabdllahhotmailcom 2 Juliana Moreira Pinho Graduanda do Curso de Design de Moda Universidade Tecnológica Federal do Paraná R Marcílio Dias 635 Apucarana Paraná Brasil julianamoreiraphotmailcom 3 Luana Tainara Antunes Graduanda do Curso de Design de Moda Universidade Tecnológica Federal do Paraná R Marcílio Dias 635 Apucarana Paraná Brasil luanataina189gmailcom Resumo O presente artigo tem como objetivo mostrar os impactos que a indústria têxtil e da moda tem causado no meio ambiente e apresentar práticas sustentáveis para reverter essa situação e diminuir drasticamente o número de resíduos têxteis descartados Neste trabalho será dis cutida a dicotomia existente entre a sustentabilidade e a moda marcada pela efemeridade e por produtos com um ciclo de vida limitado onde prevalece a indústria Fast Fashion Para tanto foi conduzida uma pesquisa de revisão bibliográfica a partir de pesquisas de especia listas da área para mostrar as questões atuais da indústria da moda A análise dos dados obtidos permitiu enumerar os problemas nas seguintes categorias Lançamento de fluidos contaminados no meio ambiente a Escassez dos recursos naturais o Carbono emitido na atmosfera e as Situações de trabalhos precárias A análise destas categorias confluiu para a procura por alternativas sustentáveis viáveis para a Indústria da Moda Foi possível identifi car que existem oportunidades sustentáveis para produtores comerciantes e consumidores finais mas que não são adequadamente exploradas ou aproveitadas Este estudo alerta portanto para a necessidade de se implantar essas práticas na cadeia produtiva da moda I SUSTEXMODA 81 Palavraschave Indústria Têxtil Impactos Moda Sustentável 1 Introdução Como explicar a forma de fazer moda na atualidade A moda é a segunda indústria que mais polui com suas estações que trazem uma enorme quantia de recursos na turais consumidos com uma rapidez elevada onde a cada temporada novos produtos são lançados e novas induções que as pessoas precisam consumir fazem com que os velhos produtos são descartados contudo não se faz nenhum reaproveitamento destes materiais que são jogados fora No artigo presente serão abordados os prejuízos que surgem através dos gastos ex cessivos com os recursos naturais Segundo a ONU Organização das Nações Unidas o Brasil descarta cerca de 175 mil toneladas de sobras têxteis por ano e apenas 15 são reaproveitadas 1 Para resolver a questão é necessário valorizar todos os seres existentes na Terra não é só para os ambientalistas mas o setor de moda também tem o seu papel funda mental na colaboração da proteção da natureza O objetivo desta pesquisa é mostrar que através da responsabilidade de uma produção e de um consumo consciente haverá um planeta mais saudável para as futuras gerações 2 Os prejuízos que apareceram A grande quantidade de peças velhas descartadas e retalhos de tecidos das fábricas não aproveitados fazem com que tenhamos uma superabundância de lixo produzido pela moda Outro lado dessa indústria que contribuiu para que essa situação em que o mundo se encontra tenha se tornado crítica é a forma como são feitos esses produtos atitudes insustentáveis encontradas em algumas linhas de produção são O lançamento dos fluidos contaminados no meio ambiente como por exemplo os corantes usados para tingimento que possuem na sua composição metais pesados que fazem mal não só a natureza mas também à saúde da população e tantas outras subs tancias que também são usadas como por exemplo o cromo utilizado para produção de calçados de couro 2 Outro problema também é o consumo de recursos naturais como por exemplo a água onde uma calça jeans usa em média 3781 litros de água em todo o seu ciclo de produção e utilização 3 ou até uma camiseta de algodão básica que utiliza em torno de 2700 litros de água para ser feita que equivalha ao um volume suficiente para uma pes soa adulta beber por 900 dias 4 82 I ECONOMIA Temos também o carbono que é emitido em todo esse processo de fabricação em escala global a indústria da moda é responsável por cerca de 12 bilhão de toneladas de gases de efeito estufa por ano valor que supera a aviação comercial e a indústria naval juntas contudo se nada for feito neste setor até 2050 ele poderá se tornar respon sável por ¼ das emissões de carbono do planeta todo 5 revela estudos Outro fator a se considerar como a sustentabilidade tem como tripé economia so ciedade e meio ambiente é a grande quantidade de trabalhadores da indústria têxtil e da moda que trabalham em situações precárias totalmente inadequadas correndo riscos de vida e ainda tendo pouca aquisição financeira 6 É pressuposto que para alcançarmos uma sociedade sustentável precisamos elimi nar os problemas discorridos acima pois como mostrado à indústria da Moda tem uma grande influencia na forma em que a situação do planeta Terra se encontra portanto to das as pessoas envolvidas empresários profissionais da área pesquisadores e consu midores precisam obter atitudes sustentáveis e é esse o objetivo deste artigo evidenciar práticas sustentáveis para que a sociedade consiga transformar essa situação 3 Método e Pesquisa Para obter os resultados e respostas acerca da problematização apresentada neste trabalho foi feita a análise dos problemas encontrados através da pesquisa bibliográfica com o levantamento de publicações da área O estudo deste trabalho está fundamentado em dados de teóricos que apresentam significativa importância na definição e construção dos conceitos discutidos nesta análi se Para tais objetivos foram estudados em fontes secundárias como trabalhos acadêmi cos artigos livros e afins que foram aqui selecionados Assim sendo o trabalho transcorreu a partir do método conceitualanalítico visto que utilizam conceitos e ideias de outros autores semelhantes aos nossos objetivos para a construção de uma análise científica sobre o objeto de estudo 4 Análise e Conclusões É de suma importância que avaliemos nossos métodos de produção para assim ino var toda a cadeia produtiva sem que haja danos tanto aos empresários quanto ao meio ambiente Gerando por assim só mais empregos e respeitando o planeta como um todo Portanto se conclui que se tornou inegável a procura pela preservação ambiental Não é mais uma luta apenas para ambientalistas e ecologistas mas para todos os seres humanos pois todos os setores são responsáveis pela situação catastrófica em que o mundo se encontra por isso precisamos conciliar os compromissos do mercado com os I SUSTEXMODA 83 problemas do planeta Existem várias formas de a indústria da moda mudar essa situaçao como a economia circular o zero wasteupcyclingdesign social roupas multiusos dentre outras soluções que estaremos discorrendo no artigo completo A sociedade deve dar lugar ao biocentrismo onde se valoriza todas as formas de vida existentes no planeta Terra considerando que cada vida tem um valor inerente portanto deve ser respeitada pelos humanos 5 Referências 1 ZONATTI W F Geração de resíduos sólidos da indústria brasileira têxtil e de confecçãomateriais e processos para reuso e reciclagem2016251fTese de Doutora do Universidade de São PauloSão Paulo2016 2 TONIOLLOMZANCAN N P WÛSTCIndústria têxtilsustentabilidadeim pactos e minimização2015Disponível em httpswwwibeasorgbrcongresso Trabalhos2015V029pdf Acesso em15 fev2019 3 ECYCLEDisponível em httpswwwecyclecombr6941calcajeansimpactosam bientaishtml Acesso em15 fev2019 4 INSECTASHOESDisponível em httpswwwinsectashoescomblogvocesabequal eoimpactoambientalqueumacamisetacausa Acesso em15 fev2019 5 ECYCLEDisponível em httpswwwecyclecombrcomponentcontentarticle38 nomundo6169industriadamodadesperdicioemissoesco2lixohtml Acesso em15 fev2019 6 GREENMEDisponível em httpswwwgreenmecombrconsumirmoda2552change yourshoessabecomosaofeitososteuscalcados Acesso em 15 fev2019 SCHULTENK LOPEZ L DSustentabilidade ambiental no produto de modaDisponível emhttpensus2007paginasufscbrfiles201508SustentabilidadeAmbientalnoProdu todeModa1pdf Acesso em15 fev2019 ANICETARÜTHSCHILLING E ARelações entre moda e sustentabilidadeDisponível em httpwwwcoloquiomodacombranaisColoquio20de20Moda20202013AR TIGOSDEGTArtigoGTModaeSustentabilidadeRelacoesentremodaesustentabilida depdfAcesso em15 fev 2019 REFOSCOEMAZZOTTIKSOTORIVAMBROEGAACO novo consumidor de moda e sustentabilidadeDisponível em httpsrepositoriumsdumuminhopthandle182214946 Acesso em15 fev2019 II SOCIEDADE SUSTEXMODA EACH USP 86 IISOCIEDADE 21 PUBLICIDADE DE MODA PARA CONSUMO CONS CIENTE I V Paula Isabela Vasco de Paula Bacharel em Design de Moda Faculdade Paulista de Artes Avenida Brigadeiro Luís Antônio 1224 Bela Vista São Paulo Brasil Email isabellavascodepaulagmailcom Palavras chaves Publicidade Marketing Moda Sustentabilidade Introdução A moda é um processo antigo que tem se atualizado com os avanços da tecnologia industrial Atualmente com a indústria automatizada ela se tornou praticamente descar tável dentro de um sistema chamado fast fashion Na crença de que o consumo é uma questão social que pode ser construído e desconstruído este artigo tem como objetivo analisar um dos aspectos responsáveis pelo consumo desenfreado a publicidade de moda Foi realizada uma pesquisa pela plataforma Google com perguntas sobre hábitos individuais de consumo As respostas foram essenciais para reforçar as ideias defendi das no artigo 1 Da construção atual O consumo é um processo social antigo ao homem Como propõe Baudrillard todas as sociedades consumiram além do estritamente necessário porque é nesse consumo do excedente que tanto indivíduo quanto sociedade se sentem não apenas em existir mas em viver Na etimologia da palavra consumo existe uma ambiguidade destruir ou agregar seu significado depende apenas de seu contexto social BAUDRILLARD 1995 O século XXI com seus avanços tecnológicos impulsiona o mundo a se tornar um lugar mais globalizado É certo que as relações humanas mudaram com as tecnologias com isso as relações entre o consumidor e fornecedor se transformam também Segundo matéria do jornal Nexo algumas marcas têm contratado influenciadores digitais para divulgar seus produtos e ideais Muitos deles transformam o capital social de seu público em capital financeiro Essa é uma estratégia de marketing eficiente capaz de alcançar um público conectado em sua maioria jovem Nesta pesquisa foi aplicado um questionário alternativo pela internet alcançando um grupo diversificado de 365 respostas no período de 26 de janeiro à 02 de feverei ro em que as pessoas escolhidas aleatoriamente responderam sobre seus hábitos de consumo Cerca de 466 dos entrevistados responderam que seguem em suas redes sociais Facebook e Instagram influenciadores de moda Quando questionados se já I SUSTEXMODA 87 compraram ou deixaram de comprar algo por causa de alguma figura pública atores jogadores cantores etc 47 responderam que sim Segundo Lipovetsky 1989 desde os anos 191020 os cinemas fabricam estrelas são elas que os cartazes publicitários exibem São essas figuras estrelas e ídolos que fazem a forma moda brilhar seduzindo o público Usar figuras públicas para divulgar uma marca não é exatamente novidade mas a forma como as empresas aproveitam das facilidades proporcionadas pela tecnologia é diferente Segundo André Cabett 2019 ainda em matéria para o jornal Nexo os influen ciadores se aproximam das estratégias de publicidade ao mostrar em seu cotidiano através de redes sociais uma imagem idealizada de si mesmo processo chamado de selfbranding que tratase de um processo de transformação em mercadoria 2 A construção da cultura do consumismo Godart 2010 defende que a ostentação é usada como afirmação uma forma de se impor através da condição econômica status social ou inclusão cultural Já segundo a inércia sociológica proposta por Baudrillard 1995 as aspirações individuais seguem relativas à situação social adquirida As pessoas aspiram apenas dentro dos limites que lhes seja conveniente aspirar No entanto é possível que a compulsão de consumo venha em forma de compensar deficiências deixadas pelo sistema uma vez que a moda é responsável por ligar e recon ciliar o individual e o coletivo é o que permite ao indivíduo fazer valer suas preferências dentro do âmbito coletivamente determinado GODART 2010 Sendo a publicidade uma ferramenta para movimentar o consumo se utiliza de ar tifícios para atingir o público consumidor entender e criar os ideais desejados e essa aspiração do supérfluo transforma em necessidade de maneira que o homem busca a felicidade ao saciar seus desejos através dos bens de consumo Esse ideal de felicidade é encontrado em cada anúncio publicitário seja um produto para uso pessoal ou uma viagem para o exterior uma felicidade mensurável BAUDRILLARD 1989 No entanto a corrida do consumo nunca acaba As receitas para uma boa vida têm data de validade e muitas vezes caem em desuso antes mesmo de atingir essa data e é na continuação da corrida que se encontra o vício nenhuma recompensa é o suficiente para desbancar as outras Assim a insatisfação do consumidor não se encontra na falta de opções mas no seu excedente pois escolher uma opção anularia todas as outras BAUMAN 2001 Dessa maneira o consumo de moda obedece a uma dinâmica social que é desperta da pela publicidade e os códigos ampliados por esta que incitam o coletivo a bancar um lifestyle adquirido através de produtos de moda Assim se o consumo é um fenômeno so cial e cultural a publicidade tem grande responsabilidade em sustentar ao consumismo e também pode ser um instrumento essencial para difundir uma nova forma de consumo 88 IISOCIEDADE que a torne mais sustentável CONCLUSÃO A publicidade enquanto ferramenta pode ser usada a favor de boas causas A todo momento aparecem nas mídias anúncios de todas as espécies nem sempre correspon dendo com a realidade e isso também diz respeito ao mundo da moda Existem normas e leis acerca da publicidade principalmente quando se trata de publicidade abusiva quando incitam a violência e exploram o consumidor ou ainda a publicidade enganosa quando o anúncio não é verdadeiro Mas precisamos também criar normas que determi nem os limites da nova publicidade ainda mais quando ela fere a ética Já é possível encontrar na mídia alguns influenciadores youtubers e blogueiros que trabalham com a questão envolvendo a moda sustentável vegana No Instagram hashtags sobre os temas slow fashion zero west vegan artesanal ganham visibilidade e atraem cada vez mais adeptos Esses influenciadores buscam popularizar os tópicos voltados para a sustentabilidade que por vezes são vistos como algo elitista É possível e necessário usar esse tipo de mecanismo para favorecer o consumo de moda cons ciente Assim iniciativas como a Revista Moda Independente Brasil MIB são exemplos sobre como usar a comunicação para criar um mercado mais justo que apoia as causas sustentáveis A revista é um espaço cooperativo que busca anunciar marcas responsá veis voltadas ao consumo consciente e ligadas ao sustentável são marcas autorais de pequenos produtores que também buscam essa mudança no mercado Existe ainda a questão da responsabilidade individual pois o público consumidor tem sofrido mudanças na sua mentalidade tornandose mais exigente e crítico enquanto es peram melhores posicionamentos das marcas e personalidades aos quais seguem Um exemplo foi o caso de uma marca de roupas de Criciúma acusada de fazer apologia ao nazismo em uma de suas coleções E também outros casos recorrentes dentro da moda sobre o uso de publicidade para vender mulheres e propagar a desigualdade Esse é um interesse capaz de transformar a cultura social do consumo REFERÊNCIAS BAUDRILLARD Jean A sociedade de consumo Lisboa Edições 70 1995 BAUMAN Zygmunt Modernidade Líquida Rio de Janeiro Jorge Zahar Ed 2001 CABETT André Os influenciadores digitais e a indefinição ética nesse mercado Nexo 2019 GODART Frédéric Sociologia da moda São Paulo Editora SENAC São Paulo 2010 LIPOVETSKY Gilles O império do Efêmero São Paulo Companhia das Letras 2009 I SUSTEXMODA 89 22 Narrativas sobre o Sweating System e o trabalho aná logo ao escravo no Brasil Figueiredo ACM1 Farias HAB2 Mendes F D3 1 Anna Carolina Moraes Figueiredo EACHUSP Programa Têxtil e Moda Email annamoraesgmailcom 2 Helayny Andreia Barbosa de Farias EACHUSP Programa Têxtil e Moda Email helaynyandreiagmailcom 3 Prof Associada Francisca Dantas Mendes EACHUSP Programa Têxtil e Moda Email Franciscadmtitauspbr Resumo Tudo começou na Inglaterra dentro do contexto de formação da Revolução Industrial A produção de roupas baratas através do sistema denominado Sweating System apresentava altos índices de exploração de mão de obra em condições análogas ao trabalho escravo Ocorre que naqueles tempos não tínhamos disponível o Direito do Trabalho como nos dias atuais nem mesmo ainda a definição legal do que seria o trabalho escravo contemporâneo Era uma época em que os funcionários das oficinas de costura trabalhavam sem qualquer proteção legal ou normas superiores às determinações de seus patrões Entretanto atual mente quase 170 anos depois esta situação se repete no caso dos imigrantes bolivianos que vem para São Paulo na busca por uma vida mais digna O que encontram é um arca bouço jurídico forte mas apenas na teoria já que para o Direito do Trabalho brasileiro tais indivíduos são invisíveis Utilizaremos a metodologia de pesquisa qualitativa exploratória Foram pesquisados relatos em artigos acadêmidos e documentais que registram os proble mas encontrados pelos trabalhadores da área de têxtil e de confecção dos dois contextos históricos já citados Palavraschave Sweating system trabalho escravo bolivianos em confecções Introdução We have thank God emancipated the black slaves it would seem a not inconsistent sequel to that act to set about eman cipating the white ones Oh we forgot there is an infinite di fference between the two cases the black slaves worked for 90 IISOCIEDADE our colonies the white slaves work for us KINGSLEY 18501 A dureza da citação acima revela a crueldade de uma época aparentemente distan te Tratase de descrição de 1850 contexto do acontecimento do chamado Sweating System sistema de trabalho estruturado em função das necessidades da Revolução Industrial Inglesa Entretanto tal menção também pode ser utilizada como crítica ao denominado traba lho escravo contemporâneo já que conforme demonstraremos os trabalhadores daque le contexto eram explorados de forma comparável aos dos casos atuais Para que esta comparação seja eficaz primeiro vamos estudar as condições dos sweatshops como eram conhecidos os locais de trabalhao aonde o Sweating System acontecia Posteriormente serão analisadas as situações pelas quais são sujeitos os bolivianos que imigram para a cidade de São Paulo em busca de uma vida melhor através do em prego em confecções de moda No centro de envolvimento das duas conjunturas está uma rede de subcontratações que envolvia terceirizações quarteirizações indo até mais adiante mais uma razão para que suas vítimas fossem cada vez mais mal remuneradas e invisíveis Nesta mesma si tuação se encontram hoje os trabalhadores bolivianos que imigram para a cidade de São Paulo desportegidos explorados morando e trabalhando em condições condenáveis pela lei trabalhista mas acima de tudo invisíveis Ao final serão esclarecidas brevemente definições jurídicas que envolvem os dois períodos extremamente necessário para a análise sobre uma eventual evolução ou re trocesso destes processos O grande objetivo é analisar se há uma repetição de padrões do chamado Sweating System com a realidade dos bolivianos que imigram para a cidade de São Paulo para trabalhar na indústria de confecção atualmente comparando seus acontecimentos ca racterísticas bem como eventual evolução ou não de cada quadro Referências BIGNAMI Renato Trabalho escravo contemporâneo o sweating system no contexto bra sileiro como expressão do trabalho forçado urbano in Trabalho escravo contemporâneo o desafio de superar a negação Andrea Saint Pastous Nocchi Gabriel Napoleão Velloso Marcos Neves Fava 2 ed São Paulo LTr 2011 BIGNAMI Renato SIQUEIRA P SOARES I V P Piovesan F CASTILHO E W V D Ribeiro AB Bechara FR BIGNAMI R O trabalho escravo no contexto do tráfico de pessoas Valor do trabalho dignidade humana e remédios jurídicoadministrativos In Scacchetti Daniela Muscari Anjos Fernanda Alves dos Machado Gustavo Seferian Scheffer Soares Inês Virginia Prado Org Tráfico de pessoas uma abordagem para os 1 Nós graças a Deus emancipamos os escravos negros seria uma sequência nada contraditória agir para emanci par também os brancos Ah Esquecemos há uma imensa diferença entre os dois casos os escravos negros trabalhavam para nossas colônias os brancos trabalham para nós I SUSTEXMODA 91 direitos humanos 1edBrasília Ministério da Justiça 2013 v 1 p 475506 HOBSBAWN E J 1917 Da revolução industrial inglesa ao imperialismo Eric J Hobs bawn tradução de Donaldson Magalhães Garschagen revisão técnica de Franscisco Rego Chaves Fernandes seleção e coordenação de Fernando Lopes de Almeida Franscisco Rego Chaves Fernandes 6 ed Rio de Janeiro Forense 2016 SUZUKI Natália Bolivianos em cortiços Onde e como vivem os imigrantes submetidos ao trabalho escravo na cidade de São Paulo In Discussões contemporâneas sobre trabalho escravo teoria e pesquisa Organização Ricardo Rezende Figueira Adonia Antunes Prado Edna Maria Galvão 1 ed Rio de Janeiro Mauad X 2016 ENGELS Friedrich A situação da classe trabalhadora na Inglaterra Tradução B A Shu mann supervisãoapresentação e notas José Paulo Netto Edição revista São Paulo Boitempo 2010 54a Vara do Trabalho de São Paulo Capital Processo número 0001779 5520145020054 Juíza Titular da Vara do Trabalho Adriana Prado Lima KINGSLEY Charles Cheap clothes and nasty By Parson Lot London William Pickering Cambridge Macmillan Co 1850 GAUDÉRIO Antônio O preço de um vestido 29012008 Disponível em httpswww1 folhauolcombrfolhatreinamentoult76u367808shtml Acesso em 03032019 92 IISOCIEDADE 23 O circuito da Moda Sustentável VIEIRA L N1 1 Luana Nascimento Vieira Universidade Federal da Bahia Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas Programa de PósGraduação em Antropologia Rua Professor Aristídes Novis 197 Federação cep 40210630 Salvador Ba Brasil 3luananascimentovieiragmailcom Resumo Este trabalho apresenta parte dos desdobramentos da pesquisa etnográfica realizada para a escrita da dissertação Antropologia e Moda reflexões sobre a rede de criadores e cria doras de Salvador NASCIMENTO 2018 1 Mais detidamente sobre o circuito da moda sustentável que foi identificado ao longo do acompanhamento das cadeias produtivas de al gunsalgumas criadorescriadoras da cidade que propõem ações locais e globais de comba te às explorações trabalhistas nas fábricas têxteis e às degradações ambientais produzidas pela Indústria da Moda Nessa perspectiva esperase desta comunicação uma contribuição analítica e reflexiva acerca das possíveis soluções de redução dos impactos socioambien tais negativos através da transparência dos ciclos de produção de vestuário visto que a crise ecológica que enfrentamos diz respeito a vida de todos e todas Palavras chaves Moda Sustentabilidade Circuito Sustentável 1Introdução Como segunda economia do mundo a Moda possui uma grande parcela de respon sabilidade sobre o impacto socioambiental produzindo emissões significativas de car bono e consumindo milhões de barris de petróleo para fabricar fibras têxteis que levam centenas de anos para se decomporem nos aterros sanitários quando não poluem os oceanos Apesar disso tem crescido o número de pessoascoletivos que propõem uma postura de responsabilidade empresarial através da sustentabilidade social e ambiental na Moda Diante de tal problemática e consciente da existência de um movimento global em prol da melhoria da qualidade de vida de trabalhadores e trabalhadoras da cadeia têxtil e da redução dos impactos ambientais negativos que expandi a pesquisa realizada no Mestrado com o objetivo de compreender as novas dinâmicas e desafios da Indústria da Moda perante a crise ecológica planetária I SUSTEXMODA 93 2 Referencial Teórico Vivenciamos um momento planetário de necessárias mudanças de modelos de pen samentos e ações para que possamos garantir um futuro possível e digno para a humani dade O antropoceno categoria analítica utilizado por algunsalgumas cientistas refere se a uma nova época geológica que substitui o holoceno Esta nova era é resultante do modelo de superdesenvolvimento VIVEIROS DE CASTRO e DANOWSKI 2017 2 economicamente inconsequente do ponto de vista da produção consumo e descarte de bens de consumo As ações em prol da sustentabilidade social e ambiental ressaltam uma crise ecoló gica real Como nos aponta Viveiros de Castro 2011 p4 3 o planeta da estratosfera ao mais profundo subsolo está saturado do humano de seus signossintomas como de seus produtosdejetos O autor destaca que precisamos aprender a decrescer para não morrer o que para o circuito sustentável diz respeito à desaceleração das produções de roupas pela Indústria Têxtil A autora Daniela Calanca 2008 4 em sua obra História Social da Moda já havia si nalizado esta problemática que embora esteja em voga atualmente segundo ela é fruto do período da Revolução Industrial Momento em que as transformações dos modos de produzir bens e serviços tornaramse a verdadeira alavanca da riqueza europeia CA LANCA 2008 p 131 4 seguindo assim com a exploração de mãodeobra nos países asiáticos De acordo com a autora a partir deste período se desenvolvem as grandes lojas de departamento e as redes de lojas com todas as estratégias para atrair os consu midores das confecções estandardizadas aos descontos das exposições à publicidade CALANCA 2008 p 137 4 Ao refletir sobre as consequências do processo de meca nização da vida após o fenômeno da Revolução Industrial ela aponta que as condições de vida nas fábricas se tornaram cada vez mais duras e difíceis não somente para os homens mas também e principalmente para as mulheres e crianças CALANCA 2008 p 136 4 O que não sabíamos era onde essa larga e rápida produção de vestuário iria chegar A situação tornouse tão alarmante e catastrófica do ponto de vista social e ambiental que um grupo dentro do próprio universo da Moda passou a se manifestar contra as con sequências negativas da Indústria para diversas vidas e para o planeta 3Método e pesquisa A dissertação sobre osas criadorescriadoras de Moda de Salvador foi escrita a par tir de uma pesquisa qualitativa que durou dois anos 20162018 O trabalho de campo urbano foi itinerante e perpassou por feiras de gastronomia e moda eventos culturais 94 IISOCIEDADE lojas lojas colaborativas e ateliês As principais metodologias empregadas foram as en trevistas semiestruturadas e a observação participante nestes espaços sendo que a pesquisa contou com a colaboração de quatro interlocutoraschave Ao final para a escri ta da etnografia a análise dos dados foi realizada em diálogo com a teoria antropológica 4 Análise e Conclusões Concluise até o momento que as transformações socioculturais nos modelos de pro dução consumo e descarte de peças de vestuário são urgentes para que possamos ter um futuro possível no planeta Para isso é preciso haver um trabalho de conscientização por parte dosdas criadorescriadoras para a supressão das explorações de mãode obra em suas confecções e a consolidação de negócios pautados na economia circular redução reutilização recuperação e reciclagem de materiais A presente reflexão que surgiu ao longo do Mestrado foi ampliada para um novo projeto de pesquisa voltado para a compreensão do circuito da moda sustentável na cidade de São Paulo através de uma investigação etnográfica com as marcas locais 5 Referências 1 NASCIMENTO Luana Antropologia e Moda reflexões sobre a rede de criadores e cria doras de Salvador 2018 121f Dissertação Mestrado em Antropologia Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas Universidade Federal da Bahia Salvador 2018 2 DANOWSKI Déborah VIVEIROS DE CASTRO Eduardo Há mundo por vir Ensaio sobre os medos e os fins Rio de Janeiro ISA e Cultura e Barbárie 2017 3 VIVEIROS DE CASTRO Eduardo 2011 Desenvolvimento econômico e reenvolvimento cosmopolítico da necessidade extensiva à suficiência intensiva Sopro 51 111 Disponível em httpculturaebarbarieorgsoprooutrossuficienciahtml 4 CALANCA Daniela História Social da Moda São Paulo Editora Senac São Paulo 2008 I SUSTEXMODA 95 24 Diálogos entre universidade e comunidade Babinski Jr V1 Rosa L D2 Botelho L P3 e Dalsasso E R4 1 Valdecir Babinski Júnior Universidade do Estado de Santa Catarina Udesc Avenida Madre Benvenuta 1907 bair ro Itacorubi Florianópolis Santa Catarina CEP 88035901 Brasil vjbabinskigmailcom 2 Lucas da Rosa Universidade do Estado de Santa Catarina Udesc Avenida Madre Benvenuta 1907 bair ro Itacorubi Florianópolis Santa Catarina CEP 88035901 Brasil darosalucasgmailcom 3 Letícia Pavan Botelho Universidade do Estado de Santa Catarina Udesc Avenida Madre Benvenuta 1907 bair ro Itacorubi Florianópolis Santa Catarina CEP 88035901 Brasil leticiapavanbotelhogmailcom 4 Emanueli Reinert Dalsasso Universidade do Estado de Santa Catarina Udesc Avenida Madre Benvenuta 1907 bair ro Itacorubi Florianópolis Santa Catarina CEP 88035901 Brasil dalsassodesigngmailcom Resumo O presente artigo consiste no relato de experiência do curso Fuxico na Moda ministrado pelos autores do mesmo aos membros da Associação Companhia do Fuxico de Florianó polis SC no ano de 2018 Apresentamse diálogos possíveis sobre sustentabilidade entre universidade e comunidade local Quanto aos procedimentos metodológicos podese com preender o artigo como pesquisa qualitativa aplicada descritiva e de campo Inferese que práticas extensionistas que tenham como foco a valorização e o protagonismo da cultura local podem ter maior êxito no caminho para transformar cidadãos comuns em agentes de mudança próambientais Palavras chaves Extensão universitária Stakeholders Sustentabilidade Comunidade Protagonismo local 96 IISOCIEDADE 1 Introdução O caminho para a sustentabilidade pressupõe o envolvimento de diferentes agentes no desenvolvimento de ações transformadoras da sociedade Também conhecidas como stakeholders essas partes interessadas envolvem desde consumidores e produtores até Governos e Organizações Não Governamentais ONGs Segundo o relatório Pulse of The Fashion Industry Pulso da Indústria da Moda em livre tradução para o portu guês elaborado pela consultoria empresarial multinacional Boston Consulting Group BCG também são essenciais na construção de uma sociedade mais sustentável as universidades e as comunidades locais 1 2 Referencial teórico As partes interessadas na sustentabilidade podem contribuir proativamente para a eliminação ou mesmo a mitigação dos impactos negativos da sociedade de consumo no planeta o que perpassa todos os níveis da sociedade e articula de modo basilar estratégias programas projetos e ações para aquém das organizações Nesse sentido fazse viável a projeção de uma nova forma de bemestar coletiva que pode suplantar a questão do consumo e da obsolescência programada em prol de benefícios ambientais sociais culturais e econômicos 2 Quando há o envolvimento de stakeholders tendese a um relacionamento mais estreito entre o desenvolvimento econômico e as questões que envolvem a sustentabilidade em seus diferentes níveis Enquanto desempenha seu papel como stakeholder da sustentabilidade a academia pode basear sua atuação na extensão universitária presente na maior parte das Institui ções do Ensino Superior no Brasil perfazendo o percurso formativo de muitos estudantes ao longo da jornada de graduação As práticas extensionistas oportunizam a aplicação na realidade cotidiana de conceitos teóricos que de outra forma estariam encerrados em salas de aula A extensão universitária também incentiva novos diálogos entre insti tuições de ensino e comunidades e o faz no intuito de tornar prática a práxis idealizada Nesse sentido no que tange à sustentabilidade debatida e teorizada da perspectiva cíclica conhecida também como Cradle to cradle 3 até a perspectiva do biocentrismo e do veganismo 4 as práticas extensionistas fazemse ferramentas para ultrapassar os muros da universidade e se alcançar ao cotidiano de cidadãos locais Isto permite a construção e a ampliação de consciência dos sujeitos no que diz respeito às questões sustentáveis 3 Método e pesquisa O presente artigo baseiase em um relato de experiência e apresenta diálogos sobre sustentabilidade entre universidade e comunidade Para tanto o artigo foi construído com base em dados e informações do curso Fuxico na Moda ministrado pelos autores I SUSTEXMODA 97 do artigo aos integrantes da Associação Companhia do Fuxico de Florianópolis SC Em relação aos procedimentos metodológicos o artigo classificase como pesquisa qualita tiva no aspecto que tange à abordagem dada ao problema de pesquisa escolhido apli cada enquanto de sua finalidade descritiva perante seus objetivos e de campo quanto ao seu local de realização Neste artigo também se adotou a pesquisa bibliográfica assim como o estudo de caso Isto ocorreu em função do uso de entrevistas não estruturadas e informais que foram realizadas no dia 24 de novembro de 2018 A partir de amostra intencional foram entrevistadas duas artesãs e dois artesãos da Companhia do Fuxico na ocasião da Semana da Consciência Negra realizada na Universidade do Estado de Santa Catarina Udesc entre 20 e 29 de novembro de 2018 4 Análise e Conclusões Inferese a partir da experiência dos autores com a comunidade supracitada que práticas extensionistas que considerem a valorização da cultura local bem como fomen tem o protagonismo de comunidades em parceria com Instituições de Ensino Superior podem se lançar mais exitosas no caminho para o desenvolvimento sustentável Para os entrevistados isto está denotado em sua transformação no decorrer do curso e após o mesmo em agentes multiplicadores dos diálogos sobre a sustentabilidade Assim en quanto stakeholders desta comunidade e universidade podem trabalhar juntas na cons trução e possível ampliação da consciência dos sujeitos para com os aspectos social econômico ambiental e cultural que emergem da necessidade de um futuro que permita uma relação mais sustentável entre os humanos os não humanos e o planeta Referências 1 GLOBAL FASHION AGENDA Taking the pulse of The Fashion Industry Copenhagen 2018 Disponível em httpswwwglobalfashionagendacominitiativespulse Acesso em 17 nov 2018 2 SAMPAIO C P et al Design para a sustentabilidade dimensão ambiental Curitiba Editora Insight 2018 3 MCDONOUGH W BRAUNGART M Cradle to cradle criar e reciclar ilimitadamente São Paulo Editora Gustavo Gili 2013 Tradução de Frederico Bonaldo 4 SCHULTE N K Reflexões sobre Moda Ética contribuições do biocentrismo e do ve ganismo Lourdes Maria Puls Org Florianópolis Editora Udesc 2015 Série Teses de Moda 98 IISOCIEDADE 25 Se o consumidor quer ser sustentável ele tem razão Machado R C Rafael Carvalho Machado Universidade Positivo Programa de Mestrado e Doutorado em Administração R Professor Pedro Viriato Parigot de Souza 5300 Campo Comprido CuritibaPR Brasil rafaelmachadogmailcom Resumo Não bastam as evoluções tecnológica para que a moda atinja a sustentabilidade A difusão de tecnologias é limitada por aspectos sociais ao entendermos as organizações em rede Mais ainda tecnologias se difundem ao ser compreendidas por usuários O aumento da biocompatibilidade das atividades da indústria do vestuário depende de mudanças nas prá ticas sociais cotidianas permitindo uma transição para a sustentabilidade Partindo de uma perspectiva teórica da transição sociotécnica com o apoio as teorias da prática social este estudo investiga como o entendimento social de que o cliente tem sempre razão impede a difusão de tecnologias e métodos sustentáveis para o mercado da moda Tratase de um estudo de caso conduzido através de observações e entrevistas com funcionários de um grande varejista nacional que procurou identificar as barreiras para a transição para a sus tentabilidade no setor Palavras chaves transição teorias da prática sustentabilidade biocompatibilidade 1 Introdução Nas últimas duas décadas a sustentabilidade sobretudo ambiental tornouse um assunto fundamental para a administração 1 A evolução da biocompatibilidade das ati vidades empresariais se dá num processo evolucionário complexo e composto por ato res objetos e crenças processos de transição Transições acontecem no longo prazo tanto em uma dimensão tecnológica quanto nas práticas dos usuários Apesar de setores como o transporte energia e mineração terem ganhado mais aten ção da comunidade acadêmica atribuir apenas a esses setores a papel na sustentabi lidade é contudo uma simplificação muito grande em última instância é o consumo o responsável pelo impacto econômico e social das atividades humanas Daí a importância de olhar para setores de bens de consumo A Indústria Têxtil e do Vestuário tem características peculiares quanto a sustentabili dade 2 No mundo cerca de 10 das emissões de gás estufa estão ligadas a manufa tura de vestuário enquanto 20 da poluição industrial de água é resultado de processos de tinturaria e acabamentos na indústria têxtil 3 Apesar de os avanços tecnológicos I SUSTEXMODA 99 serem capazes de reduzir o consumo de água a emissão de gases e a geração de resí duo a transição para a sustentabilidade não se resume em inovações técnicas cabe às ciências sociais desenvolver as estratégias de transição para o caminho da sustentabi lidade 4 Diversas inovações reduzem os impactos ambientais e sociais do vestuário mas precisamos entender a difusão dessas inovações como resultado de mudanças de valores da sociedade 5 Ao contrário das mudanças tecnológicas mudanças de comportamento não se apreendem tão diretamente Sua influência na trajetória de surgimento e difusão de ino vações é contudo fundamental Sua compreensão exige a utilização de conceitos da psicologia no estudo das organizações 6 Nesse sentido a cultura é um componente importante de um sistema sociotécnico que pode ser analisado por meio da vida cotidia na das organizações 7 2 Referencial Teórico Por muito tempo as teorias organizacionais se dedicaram a estudar as inovações e transformações por meio de explicações baseadas na escolha racional 8 Transforma ções seriam resultado de estratégia organizacional A estratégia seria desenvolvida num ambiente regido pela tecnologia dominante que favorece a difusão de determinadas técnicas em detrimento de outros nichos 9 Essa concepção deixa escapar uma questão fundamental da substituição e mudança de tecnologia é necessário ir além da compreensão dos mecanismos da reprodução e institucionalização e investigar como as novas tecnologias emergem e são adotadas pelos participantes num cenário no qual forças técnicas e institucionais jogam contra a inovações radicais O sistema não é apenas tecnológico mas também social Isso amplia o olhar para a noção de um sistema sociotécnico Mais do que olhar para o artefato a análise passa a ser de um sistema Na mesma medida em que a avaliação da conduta de uma única organização passou para a análise da rede composta pelas or ganizações 10 Esse sistema cria lockins que protegem o regime sociotécnico atual 5 Apesar de a teoria da transição sociotécnica ser capaz de descrever o papel dos diversos atores no processo de criação e difusão da inovação há uma questão que não pode ser resolvida por essa teoria como os usuários adotam uma inovação sociotécnica Há mais o que compreender além de como a inovação surge e se difunde pelo sis tema sociotécnico Hargreaves et al 11 observam que enquanto a perspectiva multiní vel nas transições para a sustentabilidade é uma ferramenta analítica valiosa para os esforços de conceituar as atividades sociais ela não é capaz de compreender todo o escopo da ação civil ao manter o foco apenas num regime e no surgimento e difusão de inovações O estudo das práticas sociais permite identificar outro tipo de mecanismo de reprodução social os locktogethers 1213 que acoplam diversas práticas de forma a 100 IISOCIEDADE manter a sua performance ativa Práticas são ações de fazer e agir dentro de um contexto histórico e social que dá sentido a esta ação e é no diaadia que as práticas ficam evidentes 14 Elas se organi zam em arranjos de práticas que se reforçam através do compartilhamento de sentidos e artefatos 15Seus elementos não se referem ao praticante 16 mas a atividade huma na propriamente dita 17 Essa perspectiva permite uma lente complementar a visão da teoria da transição so ciotécnica ao explicar os fenômenos de transição 3 Metodologia Para a realização do estudo foram conduzidas entrevistas com funcionários e exfun cionários de uma rede varejista nacional e observações realizadas nas lojas da empresa para identificar elementos de práticas sociais sustentáveis desenvolvidas na empresa A análise das práticas se baseou na estrutura proposta por Schatzki 1720 As práticas analisadas foram selecionadas por apresentarem melhorias na biocom patibilidade 21 das atividades de varejo de vestuário Os elementos das práticas foram então analisados na intersecção com o movimento de transição de sustentabilidade do setor 4 Análise e Conclusões Dentre os elementos o entendimento de que o cliente tem sempre razão mostrou se em práticas sustentáveis e constitui uma importante barreira para transição para a sustentabilidade Essa barreira não é do tipo de bloqueio lockin mas sim uma barreira cultural que amarra diversas práticas e impede que elas se transformem locktogether O estudo ilumina a necessidade de que tecnologias sustentáveis na moda e da in dústria do vestuário devem além do desenvolvimento tecnológico promover a mudança dos entendimentos práticos dos praticantes da moda que incluem de consumidores a varejistas 5 Referências 1 Clarke T Clegg S Management paradigms for the new millennium Int J Ma nag Rev Internet 2000214564 Available from httpdoiwileycom1011111468 237000030 2 Delong M Goncuberk G Bye E Wu J Apparel Sustainability from a Local Pers pective Res J Text Appar 20131715969 I SUSTEXMODA 101 3 Lang C Armstrong CM Liu C Creativity and sustainable apparel retail models does consumers tendency for creative choice counterconformity matter in sustaina bility Fash Text Internet 20163124 Available from httplinkspringercom101186 s4069101600767 4 Sachs I Caminhos para o desenvolvimento sustentável In Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável Rio de Janeiro Garamond 2002 p 96 5 Farla J Markard J Raven R Coenen L Sustainability transitions in the making A closer look at actors strategies and resources Technol Forecast Soc Change Internet 20127969918 Available from httpdxdoiorg101016jtechfore201202001 6 Bögel PM Upham P The role of psychology in sociotechnical transitions litera ture A review and discussion in relation to consumption and technology acceptance 2018 Available from wwwelseviercomlocateeist 7 Shove E Sustainability system innovation and the laundry In Elzen B Geels FW Green K editors System Innovation and the Transition to Sustainability Theory Evi dence and policy Internet Northampton Edward Elgar Publishing Limited 2004 p 7694 Available from httpwwwgooglecombookshldalridlEb7LWOcQXsCoifndpg PR7dqsysteminnovationotstJTJQe8iEOsigPwV2hesFGnYfP5KMX3AxM2tnOkv onepageqffalse 8 Scott R Institutions and Organizations Foundations for Organizational Science London Sage Publications 1995 9 Geels FW From sectoral systems of innovation to sociotechnical systems Insights about dynamics and change from sociology and institutional theory Res Policy 20043367897920 10 Geels FW Elzen B Green K System innovation and the transition to sustainabi lity Theory evidenve and policy New York Routledge 2004 315 p 11 Hargreaves T Longhurst N Seyfang G Up down round and round connecting regimes and practices in innovation for sustainability Environ Plan 201345A40220 12 Hargreaves T Haxeltine A Longhurst N Seyfang G Sustainability transitions from the bottomup Civil Society the multilevel perspective and practice theory Norwich 2011 CSERGE Working Paper Report No 201101 13 Shove E Pantzar M Watson M The dynamics of social practice Everyday life and how it changes Sage 2012 14 Wenger E Comunidades de práctica Aprendizaje significado e identidad 2a Pai dos 2011 348 p 15 Nicolini D Monteiro P The Practice Approach For a Praxeology of Organisatio nal and Management Studies SAGE Handb Process Organ Stud Internet 2017August 102 IISOCIEDADE 201611026 Available from httpsksagepubcomReferencethesagehandbookofpro cessorganizationstudiesi904xml 16 Watson M How theories of practice can inform transition to a decarbonised transport system J Transp Geogr Internet 20122448896 Available from httpdxdoi org101016jjtrangeo201204002 17 Schatzki TR A Primer no Practices In Practicebased education Perspectives and strategies Rotterdam Springer 2012 p 1326 18 Schatzki TR The site of the social A philosophical account of the constitution of social life and change London Penn State Press 2002 19 Hui A Schatzki TR Shove E The Nexus of Practices New York Routledge 2017 224 p 20 Schatzki TR The sites of organizations Organ Stud 200526346584 21 CarriloHermosilla J González P del R Könnölä T EcoInnovation When Sustai nability and Competitiveness Shake Hands Internet London Palgrave Macmillan 2009 1215 p Available from k5CX5CLiteratur5CLit InnoTRANS5CMutterdatenbank Citavi55CMutterdatenbank5CCitavi Attachments5Cdel Rio 2010 Pol Strategies Pro mote EcoInnovation JIE 144pdf I SUSTEXMODA 103 26 Inovações sustentáveis aprendizado no setor de moda Alves A M L1 e Rosa L2 1 Alzina Maria Leal Alves Universidade do Estado de Santa Catarina Programa de PósGraduação em Moda Mes trado Profissional em Design de Vestuário e Moda Avenida Madre Benvenuta nº 1907 Florianópolis Santa Catarina Brasil CEP 88035901 2 Lucas da Rosa Universidade do Estado de Santa Catarina Programa de PósGraduação em Moda Mes trado Profissional em Design de Vestuário e Moda Avenida Madre Benvenuta nº 1907 Florianópolis Santa Catarina Brasil CEP 88035901 Resumo Este artigo foi desenvolvido com base do relato de experiências práticas de participantes do projeto Trama Afetiva uma experiência em upcycling edição 2018 que buscou novas formas de aprendizado para o futuro em especial no Setor de Moda Segundo 3 Gwilt 2014 o upcycling é voltado para ressignificar o resíduo ou material em desuso espe cialmente agregando valor ou gerando novos produtos a fim de prolongar sua vida útil Ressaltase que o projeto Trama Afetiva 1 é de iniciativa na Fundação Hermann Hering FHH tendo como direção criativa de Jackson Araujo e Luca Predabon que acreditam na geração de um novo sentido aos resíduos têxteis a partir de um olhar transformador Desde o ano de 2016 estão sendo reunidos estudantes e profissionais preocupados em repensar o consumo discutir modelos de organização social e econômica bem como estudar valores contemporâneos e a função transformadora do Design de significado Para responder ao objetivo deste artigo em termos de procedimentos metodológicos a classificação da pesquisa ficou assim estruturada 1 quanto à abordagem do problema qualitativa 2 em relação a sua finalidade aplicada 3 conforme seu objetivo descritiva e 4 no que diz respeito ao local de realização pesquisa de campo O artigo também se ca racteriza como pesquisa participativa uma vez que a autora deste trabalho XXXX nome ocultado nessa fase da revisão cega participou diretamente do projeto Trama Afetiva Em relação aos procedimentos técnicos este artigo é de caráter bibliográfico e de estudo de caso por meio da coleta de dados e informações de entrevistas não estruturadas com os participantes do projeto A fundamentação teórica foi construída por afinidade ao tema apre sentado de forma narrativa e não sistemática 104 IISOCIEDADE No que se refere ao Setor de Moda a sua cadeia produtiva engloba desde o cultivo da matériaprima até o consumo final dos produtos gerando um descarte elevado de resíduos e de peças prontas que não possuem mais utilidade para os usuários Diante desse cenário destacase que a sua participação na economia mundial é de grande relevância porém está dentre os setores mais poluentes do planeta Por outro lado ao colocar em prática no vas possibilidades de produção e mercado mostrase capaz de gerar produtos e serviços mais sustentáveis Segundo o relatório do 2 Global Fashion Agenda Pautas Mundiais para a Moda tradução livre para a língua portuguesa GFA em relação aos anos de 2017 e 2018 do número de peças de vestuário produzidas no mundo 73 foram depositadas nos aterros sanitários e lixões Menos de 15 das peças prontas descartadas foram destinadas à reciclagem Apenas 1 de todo material utilizado na confecção de novas peças do ves tuário na indústria da moda de fato foi reciclado 4 OCONNOR 2018 Assim para dar conta de um maior equilíbrio nas relações que envolvem a produção circulação e consumo de bens industrializados e a sociedade 5 Sampaio et al 2018 aponta que entre as par tes interessadas no processo de transformação da sociedade estão as universidades e a comunidade local que assumem papéis fundamentais na busca do consumo consciente e na educação ambiental Para tanto serão descritos resultados do projeto Trama Afetiva uma experiência em up cycling edição 2018 que fez a conexão entre empresa escola e comunidade Na primeira parte dos resultados da pesquisa relatase a visita técnica feita pelo grupo integrante do projeto Trama Afetiva à CEAGESP Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo que teve contato com a produção de lixo e o descarte de alimentos em boas condições de consumo seguida da descrição da visita à YouGreen Cooperativa de Ca tadores que realiza o trabalho de Coleta Seletiva Triagem Conscientização Diagnóstico e Logística Reversa de resíduos recicláveis No segundo momento este artigo aborda a atuação dos educadores no projeto Trama Afetiva e efeitos na vida dos participantes das oficinas focadas no upcycling Por fim será apresentado o processo de desenvolvimento da Coleção NÓS e os resultados alcançados por meio de experimentações e valorização do trabalho coletivo O mix da coleção foi composto de roupas acessórios e objetos de deco ração valorizando tecidos que estavam em desuso no estoque de materiais da Companhia Hering aplicando a metodologia do Design Participativo que segundo 6 Souza e Factum 2015 facilita as transformações sociais com reconhecimento da cultura local e criação de identidades Diante disso constatouse que ao se traçar um paralelo entre as teorias sobre moda design e sustentabilidade e as práticas a partir de experiências múltiplas facilitase a construção de ações transformadoras para a sociedade com mais equilíbrio entre os humanos também incluindo os não humanos Concluise que as vivências proporcionadas no projeto Trama Afetiva com diversos setores produtivos e a conscientização da necessidade de dialogar I SUSTEXMODA 105 com o entorno possibilita impactos mais positivos em termos sociais econômicos ambien tais e culturais Palavras chaves moda sustentabilidade interdisciplinaridade inovação Referências 1 FUNDAÇÃO HERMANN HERING Trama afetiva Disponível em httpfundacaoher mannheringorgbrprojetotramaafetiva Accesso em 20 fev 2019 2 GLOBAL FASHION AGENDA Dinamarca Copenhagen Taking the pulse of the fashion industry Disponível em httpswwwglobalfashionagendacominitiativespulse Acesso em 18 fev 2019 3 GWILT Alison Moda sustentável um guia prático São Paulo Ed G Gili 2014 4 OCONNOR Tamison As 7 principais prioridades de sustentabilidade para os líde res da moda 2018 Texto traduzido e adaptado do original Fashions 7 Priorities To Achieve Sustainability escrito por Tamison OConnor do portal Business of Fashion Disponível em httpslowdownfashioncombr20180412agendasustentavelde2018paraosceosda industriadamoda Acesso em 18 fev 2019 5 SAMPAIO Cláudio P de et al Design para a sustentabilidade dimensão ambiental Curitiba Editora Insight 2018 6 SOUZA Paulo FACTUM A B S Design participativo como ferramenta de transfor mação social Actas de Diseño v 17 p 211217 2015 Disponível em httpsfidopaler moeduserviciosdycpublicacionesdcvistadetallearticulophpidarticulo10898idli bro534 Acesso em 25 fev 2019 106 IISOCIEDADE 27 Upcycling uma alternativa sustentável Alcantara M C Melinda Carvalho Alcantara Universidade Federal do Ceará Instituto de Cultura e Arte Campus do Pici ICA Av Mister Hull sn Pici Fortaleza CE 60455760 Brasil melindaalcantarayahoocombr Resumo O presente artigo busca discutir e refletir a relação entre moda e sustentabilidade quando se propõe um caminho de mudança e transformação dentro do sistema de produção in tensiva de moda Pontuando que vivenciamos um cenário de globalização e outros fatores que impulsionam a cadeia produtiva do vestuário observase que a indústria têxtil assume atualmente um papel de grande influência no mercado capital Partindo desta realidade nosso estudo se fundamenta no diálogo entre o mercado de moda e a produção sustentável do vestuário aplicando neste caso o upcycling em sala de aula como uma medida socioe ducativa Palavras chaves Sustentabilidade Upcycling Design de moda 1 Introdução Tendo em vista o cenário atual no qual a indústria têxtil exerce um papel de grande relevância dentro de um sistema tradicional de produção cabe a nós analisar seus moto res de impulso e poder de influência dentro da nossa realidade compreendendo desde o aspecto econômico até o socioambiental Com o desenvolvimento sustentável e consumidores mais exigentes o reposiciona mento no mercado pelas empresas tornase necessário possibilitando assim o surgi mento de alternativas como upcycling Através da economia circular o upcycling propõe uma moda mais responsiva na qual o produto de moda segue um ciclo de vida mais prolongado com a finalidade de minimizar os impactos ambientais Neste trabalho apresentamos uma experiência realizada em sala de aula como tarefa do trabalho final o desenvolvimento de uma peça do vestuário a partir de roupas usadas em jeans I SUSTEXMODA 107 2 Referencial Teórico Partindo do cenário atual de intensa produção de vestuário onde o consumo e des carte afetam diretamente o nosso planeta o objetivo desta pesquisa é refletir como a moda e o meio ambiente podem se relacionar em harmonia propondo a educação so cioambiental a partir da experiência de upcycling Para isso iremos utilizar tais autores como Baudrilard 1 para contextualizar nosso cenário De Carli 3 para compreender mos como se deu o desenvolvimento sustentável Berlim 2 para demonstrar os reposi cionamentos de empresas de moda Mcdonough 5 apresentando o que seria upcycling e por fim utilizando a pedagogia de Paulo Freire 4 para introduzir uma reflexãoprático pedagógica conscientizadora sobre os impactos sociais e ambientais 2 1 Figuras Figura 1 Economia Linear Fonte 6 httpswwwideiacircularcomeconomiacircular Figura 2 Economia Circular Fonte 6 httpswwwideiacircularcomeconomiacircular 3 Método e pesquisa A metodologia utilizada neste trabalho foi de caráter exploratório e abordagem quali tativa aplicando a pesquisa bibliográfica e observador participante como instrumento de coleta de dados 4 Análise e conclusões Percebeuse que a incorporação do upcycling em sala de aula trouxe muitos resul tados e implicações um deles é exposto pelos próprios alunos foi de como o upcycling estimulou sua criatividade durante o processo de criação tendo alguns até comentado como essa atividade foi a mais prazerosa feita em sala de aula Verificouse também que muitos se predispuseram a fazer além do que era pedido e que dentro de uma com 108 IISOCIEDADE preensão a partir da pedagogia de Paulo Freire 4 este comportamento só foi alcançado devido ao respeito à autonomia do aluno em sala de aula com um comprometimento ético e não como um favor que devemos conceder uns aos outros 5 Referências 1 BAUDRILLARD J A Sociedade de Consumo São Paulo Martins Fontes 1981 p15 2 BERLIM Lilyan Moda e sustentabilidade uma reflexão necessária São Paulo Esta ção das Letras e Cores 2012 3 DE CARLI Ana Mery Sehbe SILVA Flávia Parente DE ROSS Gilda Eluiza Transfor mando resíduo em benefício social Banco do Vestuário In DE CARLI Ana Mery Sehbe VENZUN Bernadete Lenita Susin org Moda sustentabilidade e emergências Caxias do Sul RS Educs 2012 4 FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessários à prática educativa São Paulo Paz e Terra 1996 5 MCDONOUGH William BRAUNGART Michael Cradle to Cradle Criar e Recriar Ilimi tadamente Editora Gustavo Gili São Paulo 2014 6 O que é economia circular httpswwwideiacircularcomeconomiacircular Acesso em 24 fev 2019 I SUSTEXMODA 109 28 Sustentabilidade na Economia Compartilhada de Moda Barbosa M MS1 Barros S2 1 Mariana Monteiro de Souza Barbosa Universidade Federal de Pernambuco PPGDesign Av Prof Moraes Rego 1235 Cidade Universitária Recife PE 50670901 Brasil marianamonteirobgmailcom 2 Simone Barros Universidade Federal de Pernambuco PPGDesign Av Prof Moraes Rego 1235 Cidade Universitária Recife PE 50670901 Brasil simonegbarrosgmailcom Resumo O comportamento do consumidor no mercado de moda global tem priorizado a busca por autenticidade e transparência atribuindo valor simbólico a modos de produção justos e sustentáveis O amplo acesso a internet a familiarização com redes sociais e plataformas de comunicação instantânea possibilitaram novas formas de consumir e absorver bens e conteúdos Essa nova forma de pensar cria um ambiente favorável a inovações sociais que transformam o fluxo de bens de consumo que orbitam o conceito de economia compartilha da O objetivo deste artigo é confrontar os conceitos de sustentabilidade e economia com partilhada no campo da moda avaliar se esse novo modelo é uma forma de aculturação da sustentabilidade e como se posiciona nos níveis de maturidade do design sustentável Palavras chaves moda consumo economia compartilhada sustentabilidade 1 Introdução O presente artigo tem como objetivo elucidar a possível intercessão entre os con ceitos de economia compartilhada para moda e níveis de maturidade do design susten tável Considerando que muitas das plataformas usam o discurso da sustentabilidade o trabalho pretende identificar se esses modelos de negócio representam aculturação da sustentabilidade de fato ou apenas marketing verde 110 IISOCIEDADE 2 Referencial Teórico O sistema de moda consiste na rápida sucessão de gostos provocando nos bens de consumo uma rápida obsolescência simbólica e estética compatível com o modo de produção capitalista de hiperconsumo 1 Embora esse modelo ainda ressoe fortemente na sociedade atual novas tendências de comportamento indicam que consumir em ex cesso paradoxalmente não está mais na moda2 Desde a crise econômica de 2008 e o acidente do Rana Plaza que provocou o movimento Fashion Revolution o termo moda sustentável vem se fortalecendo e deixando de ser um mercado de nicho Gigantes como a CA e a HM criaram linhas sustentáveis ações de impacto ambiental e social como resposta a cobranças por mais transparência e autenticidade de consumidores cada dia mais conectados que dispõem de redes sociais como plataformas de mobiliza ção 1 Diante desse cenário a conectividade possibilitou outro fenômeno o da economia compartilhada que é definida por Rachel Botsman 2015 3 como um sistema econô mico que libera o valor de ativos subutilizados através de plataformas que correspondem necessidades e soluções de forma a criar melhor eficiência e acesso Os modelos de negócio de economia compartilhada contam com a rápida conexão para utilizar platafor mas que permitem a confiabilidade em estranhos através da validação bilateral Uma das características atribuídas à economia compartilhada é a sustentabilidade segundo seus defensores compartilhando bens há uma redução na posse consequentemente reduzin do o consumo Aguinaldo dos Santos 2009 4 apresenta o argumento de que a sustentabilidade se dá através de uma evolução de níveis sucessivos de maturidade atingidos através de mudanças no comportamento coletivo da sociedade Só é possível atingir o nível supe rior se o inferior for incorporado e exercido essa visão é importante para traçar metas e orientar ações de longo médio e curto prazo e para identificar discursos dissonantes O mercado de moda por exemplo pelas suas características específicas atreladas ao campo simbólico e seu papel na representação de identidade vinha caminhado len tamente em direção a níveis superiores O valor de moda representa muito mais que a materialidade do vestuário questões relacionadas à sua manufatura são deliberadamen te ocultadas do público consumidor em detrimento da imagem construída pela marca Essas características diminuem a transparência do processo e a possibilidade do consu midor avaliar impactos de sustentabilidade5 3 Método e pesquisa A pesquisa foi realizada a partir da revisão de literatura pela qual identificamos critérios para definir produtos e serviços sustentáveis bem como o que é considerado economia compartilhada Cruzamos esses conceitos e analisamos 30 empresas de moda que se autodeclaram ou são enquadradas como compartilhadas em função de seu fator I SUSTEXMODA 111 sustentável relação com o nível de maturidade do design sustentável Sendo assim ao final do artigo é proposto um quadro referencial para aumentar a compreensão da diversidade de modelos de economia compartilhada para moda no Brasil e seu impacto nos níveis de maturidade do design sustentável 4 Análise e Conclusões A economia compartilhada é uma alternativa possível para adaptar uma cultura de moda que exige constante renovação aos novos valores de sustentabilidade ambien tal e social Dentro de seu escopo é possível ampliar o tempo de vida útil das peças e possibilitar a experiência de moda através do acesso Algumas ressalvas são pertinentes visto que a economia compartilhada não re verte a lógica de consumo apenas permite que um mesmo bem seja consumido por mais pessoas simultaneamente ou durante seu ciclo de vida útil A crítica é que o acesso pode estimular o consumismo e servir como estímulo mesmo que esse consumo não represente acumulação Embora não represente o nível mais avançado de maturidade do design susten tável a adoção de modelos de negócio de economia compartilhada para moda pode representar no mínimo uma fase de transição na aculturação da sustentabilidade para a moda 6 Referências 1 Hoskins T E Stitched Up The Anticapitalist Book of Fashion London Pluto Press 2014 2 Lehmann M Tarneberg Sofia Tochtermann T Chalmer C EderHansen J F Seara DJ et al Pulse of The Fashion Industry Global Fashion Agenda Publications 2018 https wwwglobalfashionagendacominitiativespulse acesso em 20 Fev 2019 3 Botsman R The Sharing Economy Dictionary of Commonly Used Terms Rachel Bots man 2015 httpsrachelbotsmancomblogthesharingeconomydictionaryofcommonly usedterms acesso em 20 Fev 2019 4 SANTOS A Níveis de maturidade do design sustentável na dimensão ambiental In Escola de Design UEMG Org Caderno de Estudos Avançados em Design 1 ed Belo Horizonte Santa Clara 2009 v 3 5 Black S Ecochic The fashion paradox Michigan Black Dog 2008 112 IISOCIEDADE 29 Artesanato design e sustentabilidade L O R Delfino1 D M S Paiva2 e V M Oliveira3 1 Lorena de Oliveira Ramos Delfino Universidade de Fortaleza UNIFOR Av Washington Soares 1321 Edson Queiroz CEP 60811905 FortalezaCE Brasil lorenadelfinoestilogmailcom 2 Daniella Milério Santos Paiva Universidade de Fortaleza UNIFOR Av Washington Soares 1321 Edson Queiroz CEP 60811905 FortalezaCE Brasil daniellamileriopaivagmailcom 3 Vanessa Melo Oliveira Universidade de Fortaleza UNIFOR Av Washington Soares 1321 Edson Queiroz CEP 60811905 FortalezaCE Brasil contactarvanessaoliveiragmailcom Resumo O presente artigo alia artesanato design e sustentabilidade através de pesquisas bibliográ ficas e entrevistas com artesãos e designers locais para a reflexão de como esses conceitos agregam valor uns aos outros e como isso reflete na economia local Palavraschave design artesanato sustentabilidade cultura e economia 1Introdução O artesanato é uma das maiores tradições culturais do Ceará com uma grande im portância para a economia local Métodos e técnicas passam de pais para filhos per petuando os saberes do feito a mão no decorrer das gerações Através da fusão das tradições indígenas européias e africanas que vieram com a colonização o artesão cearense desenvolveu um amplo saber que lhe permite manusear diferentes tipos de matériasprimas para a confecção de produtos que aliados ao design dão ênfase a uma cultura local forte imprimindo a essência do povo nordestino com elementos contempo râneos O objetivo deste estudo foi verificar como a união do design com o artesanato pode agregar valor ao produto artesanal e melhorar a qualidade de vida dos artesãos propor cionando um ambiente harmônico para tais pessoas e suas futuras gerações I SUSTEXMODA 113 11 Artesanato aliado ao design e o desenvolvimento sustentável local característi cas e conceitos As evoluções tecnológicas e científicas advindas com o processo de globalização acarretaram numa padronização de técnicas e desenvolvimento de produto deixando em segundo plano saberes manuais e conhecimentos regionais Teorias afirmam inclu sive que esse processo de industrialização iria destruir elementos culturais de determi nadas regiões Contudo percebese ultimamente um resgate por produtos e processos artesanais dotados de simbologias e da identidade dos autores que os fazem 1 A globalização permitiu que mais produtos se tornassem commodities e resultou em um paradigma no qual os consumidores sabem que podem adquirir praticamente qual quer tipo de produto de qualquer lugar do mundo a qualquer hora a preços relativamente baixos Os consumidores em economias desenvolvidas estão reavaliando seus hábitos de compras se afastando do materialismo excessivo para se aproximar da simplicidade autenticidade e individualidade 2 Essa retomada pode ser associada às práticas mais humanizadas no processo de aquisição de bens e serviços promovidas por indivíduos que buscam produtos mais naturais que respeitem o meio ambiente e os profissionais envolvidos na sua execução Além disso esses bens carregam a identidade do local de onde foram produzidos agre gando valores sociais que são valorizados no seu processo de comercialização 3 Trabalhar com artesãos em países menos industrializados faz que elementos como a cultura histórias regionais as atitudes e tradições de um povo se relacionem com os processos de design de forma imediata e vital O olho treinado do designer pode unir estilos culturais para desenvolver produtos que expressem as tradições dos artesãos e ao mesmo tempo se ajustem aos estilos de vida do mercadoalvo Mas isso requer ne gociação cuidadosa entre as tradições e a estética do artesanato e as exigências usuais do mercado 4 A sustentabilidade está relacionada ao conceito de desenvolvimento sustentável ou seja é um conjunto de ideias estratégias e atitudes ecologicamente corretas economi camente viáveis socialmente justas e culturalmente diversas O desenvolvimento sus tentável não está preocupado unicamente com a prosperidade econômica se preocupa também com o meio ambiente e com os aspectos sociais e culturais representando um equilíbrio entre essas áreas O artesanato pode ser analisado nas seguintes dimensões históricas econômicas e sociais além das dimensões culturais e ambientais No Brasil o artesanato ocupa um lugar de destaque no âmbito das atividades eco nômicas A atividade artesanal apresentase como fonte de emprego e renda para cerca de 10milhões de brasileiros e movimenta anualmente cerca de 50 bilhões de reais no país A atividade artesanal além de trazer melhorias nas condições de vida dos artesãos contribui para o desenvolvimento econômico local de cada região No Ceará é um dos poucos setores que ao longo dos anos tem combinado de forma singular um potencial 114 IISOCIEDADE econômico e de criação de emprego que são reconhecidos com uma vertente cultural e turística sempre presente 5 Nos últimos anos vem ocorrendo no nosso país uma crescente participação do de sign junto ao segmento do artesanato decorrente de iniciativas promovidas por institui ções públicas e privadas para a potencialização das suas vocações produtivas Desde a década de 1980 a relação entre design e artesanato vem adquirindo um panorama positivo inclusive visando à preservação e sustentabilidade das práticas artesanais tra dicionais 6 2 Método e pesquisa O presente artigo teve como método a abordagem qualitativa com desenvolvimento de pesquisa de referencial teórico e pesquisa de campo utilizando como material de busca de dados e informações entrevistas semiestruturas observações e relatos das observações As entrevistas foram realizadas com designers de moda e com artesãs ambas cearenses e as observações foram feitas nos ambientes de trabalho das mesmas 3 Análise e Conclusão Verificouse que a união entre o trabalho do designer e do artesão proporciona di versos benefícios para o produto desenvolvido tais como a qualidade o acabamento a utilização sustentável de matériasprimas para a qualidade de vida dos artesãos maior alcance de seus produtos atendendo de forma mais eficaz as necessidades do mercado a construção de uma identidade local e caracterização de sua cultura e ao desenvolvi mento da economia local de uma forma geral Dessa forma artesãos e designers destacamse como personagens principais desse novo cenário Produtos que unem técnicas artesanais tradicionais e processos de design podem atualmente ser considerados objetos de alto valor agregado e com característi cas de objetos de luxo dando ênfase ao estilo feito à mão Referências 1 BORGES A Design Artesanato o caminho brasileiro São Paulo Terceiro Nome 2011 2 Euromonitor Brazil market research on consumer products Disponível emhttps wwweuromonitorcombrazil Acesso em 22 fev 2019 3 DINIZ C Mercado do Luxo no Brasil tendências e oportunidades São Paulo Seo man 2012 4 FLETCHER K GROSE L Moda Sustentabilidade design para mudança São Pau lo SENAC SP 2011 I SUSTEXMODA 115 5 Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul Artesanato no brasil Disponível emhttpwwwturismomsgovbr Acesso em 21 fev 2019 6 NUNES DLT Design e cultura um olhar sobre o artesanato de Capim São Paulo SP Dissertação de Mestrado Universidade Anhembi Morumbi 2013 116 IISOCIEDADE 30 Faz sentido ensinar moda C G Vicentini¹ S de A Gomes² F P Cacau Jr³ 1 Cláudia Garcia Vicentini Universidade de São Paulo EACH Têxtil e Moda claudiagarciauspbr 2 Suzana de Avelar Gomes Universidade de São Paulo EACH Têxtil e Moda suzanavelarbrgmailcom 3 Francisco Pessoa Cacau Jr Universidade de São Paulo EACH Têxtil e Moda cacaujunior02hotmailcom Resumo Ainda faz sentido ensinar sobre moda na atualidade Esta pergunta a princípio dissonante ganha outro desenho quando pensamos nas condições a que estão submetidas grande parte da população mundial e no caos ambiental que se avizinha nas próximas décadas Mas não é intuito deste artigo adentrar pela via que define moda como algo fútil ao con trário Nesta discussão buscamos refletir se é possível encontrar caminhos que possam de alguma maneira conciliar moda e sustentabilidade Assim o objetivo deste artigo é propor uma reflexão crítica uma reflexão crítica acerca do ensino universitário especificamente de design de moda e uma possível educação para sustentabilidade Para isso nosso recorte metodológico se dá no ensino ao discutirmos o papel da universidade como agenciadora de saberes e lugar de diálogos Palavraschave Moda sustentabilidade universidade ensino Introdução Relacionar moda e sustentabilidade tem sido uma preocupação constante para vários profissionais da área tanto da indústria quanto do meio acadêmico dada a importância dos reflexos negativos do consumo para meio ambiente e sociedade A partir da iden tificação deste problema surgiram vários estudos tentando dar conta desse problema e suas interfaces Se por um lado o meio acadêmico tem se debruçado sobre a problemática da sus tentabilidade e tudo o que possivelmente está a ela relacionado tentando encontrar soluções por outro não muda os paradigmas de pensamento que poderiam contribuir I SUSTEXMODA 117 eficazmente na busca por caminhos alternativos para estas questões Assim a pergunta ainda atual mesmo passados tantos anos dos primeiros estudos sobre sustentabilidade Ver PAPANECK 2000 SACHS 2009 VEIGA 2010 MARGO LIN 2014 e tantos outros é por que ainda é ensinado e em muitos casos valorizado em âmbito acadêmico disciplinas que nada contribuem ao contrário talvez para uma melhora deste cenário uma vez que é já reconhecido o declínio de recursos naturais dos avanços de problemas climáticos sociais etc É neste contexto que iniciamos nossa reflexão acerca do que consideramos o para doxo moda e sustentabilidade É necessário porém explorar vários caminhos a fim de delinearmos melhor essa questão pois se trata de um problema interdisciplinar e como tal abarca vários conceitos e definições além de múltiplos campos de saber Para efeito deste estudo nos utilizaremos do conceito de indústria da moda quando nos referirmos ao fenômeno moda tal qual é definido por AVELAR 2009 uma vez que é um conceito de grande complexidade sendo necessário explicalo em seus aspectos simbólicos e etimológicos Assim é que a indústria da moda se apropria do imaginário contemporâneo a fim de transformálo em objetos tridimensionais vestuário calçados e acessórios modelando os corpos em sintonia com as axiologias colocadas em circulação pelas sociedades Ao conformar os corpos dáse início a um processo de docilização dos sujeitos e suas subjetividades FOUCAULT2005 As subjetividades construídas a partir da relação do sujeito com os objetos reverbe ram nos modos de presença deste sujeito ou seja nas suas interações com o mundo a sua volta se estabelecem códigos de aceitação de pertencimento permeados pelos objetos que o compõem Este processo está calcado no consumo uma vez que é por meio da aquisição destes objetos que o sujeito se constitui e estabelece laços de perten cimento O fenômeno da moda é então alimentado e também alimenta este ciclo Baseado no descarte do objeto que deixa de ser um objetovalor para o sujeito o ciclo é inces santemente estimulado produzindo uma enorme quantidade de produtos de fácil aqui sição e descarte com muitos desdobramentos que vão desde mercados extremamente competitivos produção em massa trabalho escravo trabalho infantil poluição de rios e nascentes descarte indevido de resíduos até distúrbios psicológicos relacionados ao consumo desenfreado Diante disso é mais do que necessário que sejam abandonadas as premissas bási cas de mercado aceitas até hoje em que o progresso é medido pelo consumo ou seja quanto mais uma sociedade tem acesso a bens de consumo mais desenvolvida ela é considerada Isso é sem dúvida um grande equívoco A discussão sobre que é sustentabilidade também é necessária neste contexto uma vez que foi tomada nos últimos anos como adjetivo para impulsionar a venda de produtos sustentáveis em um claro apelo de marketing atribuindo valor ao produto Porém há 118 IISOCIEDADE muita controvérsia sobre as atuais definições de sustentabilidade abrindo espaço para pensarmos então no conceito de redução da insustentabilidade tal como descrito por José Eli da Veiga 2010 em que o autor propõe a formulação de cenários mais condi zentes com o desenvolvimento de tecnologias e outras formas de pensar a questão que auxiliem na minimização dos problemas que elencamos Retomamos assim nossa pergunta inicial acerca do ensino de moda e sustentabi lidade Alguns estudos sobre esta temática têm surgido na última década no meio aca dêmico buscando dar conta da importância dos cursos superiores em Design de Moda e da inserção de uma prática sustentável como profissionais da área Estas pesquisas têm mostrado entre outras coisas discrepâncias no entendimento do conceito de sus tentabilidade mas com um esforço no sentido de oferecer disciplinas cujos conteúdos abordem o assunto a fim de familiarizar o aluno e tornalo mais consciente Porém dado o alcance e complexidade do tema acreditamos que não faz sentido apenas implemen tar metodologias para desenvolver produtos sustentáveis isso é necessário claro mas também é necessário reeducar passando pela construção coletiva do conhecimento Ou seja ao nosso ver é necessário repensar os modelos pedagógicos profundamente enrai zados no pensamento positivista De outro lado perguntamonos então qual o papel da universidade como espaço de diálogos e construção de saberes Uma vez que é neste lugar que se poderia repensar comportamentos e rever posicionamentos Como estão posicionadas as universidades de pesquisa frente a esses problemas Diante destes questionamentos o objetivo deste artigo é propor uma reflexão críti ca acerca do ensino universitário especificamente de design de moda e uma possível educação para sustentabilidade Nossa proposta dialoga com vários autores buscando alinhavar conceitos e contribuir para esta discussão A fundamentação teórica está alicer çada principalmente nos conceitos de Moacir Gadotti sobre educação para sustentabili dade e nos escritos do educador Paulo Freire também nos apropriamos do pensamento de Michel Foucault a fim de refletirmos sobre o corpo docilizado e suas implicações tanto estéticas quanto simbólicas Referências AVELAR S Moda globalização e novas tecnologias 1ºed São Paulo Ed das Letras e Cores 2009 FOUCAULT M Microfísica dos Poderes 28ºed São Paulo Paz e Terra 2014 GADOTTI M Educar para a sustentabilidade uma contribuição à década da educação para o desenvolvimento sustentável São Paulo Instituto Paulo Freire 2012 VEIGA J E Sustentabilidade a legitimação de um novo valor São Paulo Ed Senac 2010 I SUSTEXMODA 119 31 Upcycling têxtil e inclusão social Mendes F D¹ Maus S² Araujo M C3 e Aguiar M C 4 1 MENDES Francisca Dantas Mendes Universidade São Paulo Email franciscadmtitauspbr 2 MAUS Sthephan Universidade São Paulo Email stephanmaushotmailcom 3 ARAUJO Mauricio Campos Universidade São Paulo Email mauricioaraujouspbr 4 AGUIAR Marcia Cristina Instituo BECEI Email marciaaguiarpsicologiagmailcom Resumo A aceleração com que a Indústria da Moda vem apresentando novos produtos e estimulan do o consumo causa ao planeta sérias consequências sociais e ambientais Destacamse em relação aos impactos sociais a exploração da mão de obra a ausência de respeito às culturas locais e aos impactos ambientais traduzidos em descartes de resíduos líquidos e sólidos gerados nos processos produtivos A partir de uma pesquisa qualitativa exploratória e bibliográfica nas teorias que envolvem os temas da sustentabilidade do design da eco nomia criativa e circular com a realização de pesquisaação e estudo de caso buscamse soluções eficientes para os aproveitamentos dos resíduos têxteis descartados em aterros sanitários utilizandoos como matéria prima no desenvolvimento e produção de produtos possibilitando a geração de renda para pessoas em extrema vulnerabilidades social Palavras chaves Moda vestuário de moda geração de renda resíduos têxteis 120 IISOCIEDADE Introdução A influência da moda no vestuário transforma os produtos em um dos principais ob jetos de desejo e consumo na sociedade contemporânea As características de moda expressas pelo vestuário estimularam e desenvolveram a indústria têxtil VincentRichard 1989 Isso significa necessidades muito complexas nos diferentes segmentos produtivos Mendes 2010 ocasionando diferentes processos de desenvolvimento e produção de produtos têxteis e de vestuário resultando em composição de looks que são distribuídos ao varejo em tempos cada vez mais reduzidos ocasionando impactos na sociedade na economia e no meio ambiente A implementação de leis e normas ambientais cada vez mais restritivas e a criação de mercados mais competitivos vêm exigindo que as empresas do setor têxtil sejam mais eficientes do ponto de vista produtivo e ambiental O aumento da produção industrial deve estar associado a um menor gasto de insumos e à geração de menor quantidade de resíduos sólidos poluentes As teorias Manzini e Vezzoli 2002 Fletcher e Grose 2011 que envolvem a susten tabilidade o design e a economia criativa e circular fundamentaram as pesquisasação e estudos de caso a partir de observações e entrevistas in loco com a participação dos principais atores envolvidos Resíduos Têxteis Os resíduos têxteis gerados nos departamentos de corte das empresas de manufa tura do vestuário são atualmente um dos maiores problemas para as empresas Em sua maioria os resíduos descartados inadequadamente nas calçadas das ruas do centro de São Paulo são oriundos de pequenas e microempresas informais Segundo a empresa Loga coletora de lixo domiciliar da cidade de São Paulo em resposta a uma solicitação do NAP SUSTEXMODA informou que em setembro do ano de 2017 foram descartados por dia na região dos bairros do Brás e Bom Retiro cerca de 38 toneladas de resíduos têxteis e 12 toneladas de peças pós consumo Pesquisaação Esta pesquisa faz parte do NAP SUSTEXMODA Núcleo de Apoio à Pesquisa Sus tentabilidade Têxtil e Moda Os estudos de caso estão sendo realizados no Projeto Ubun tu e no Projeto Botão de Flor O primeiro utiliza os resíduos têxteis como matéria prima na produção de tapetes e o segundo realiza upcycling de peças pós consumo Ambos fazem parte do projeto de capacitação formação de artesãos e geração de renda para pessoas em extrema vulnerabilidade social I SUSTEXMODA 121 Referência Fletcher Kate Grose Lynda Moda Sustentabilidade Design para Mudanças São Pau lo Ed 1ª Editora Senac 2011 Manzini Ezio Vezzoli Carlo O Desenvolvimento de Produtos Sustentáveis os Requi sitos dos Produtos Industriais São Paulo 1ª Ed Edusp Editora 2002 Mendes Francisca D Sacomano José B Fusco José P Rede de Empresas A Cadeia Têxtil e as Estratégias de manufatura na Industria Brasileira do Vestuário de Moda São Paulo 1ª Ed Arte e Ciência Editora 2010 VincentRichard Françoise As Espirais da Moda Rio de Janeiro 2ª Ed Paz e Terra Edi tora 1989 Eixo 1 O estado da Terra entre a terra e o território 122 IISOCIEDADE 32 Carnaval educação e sustentabilidade Sabrá F G C1 Dias A M P2 e Christo D C3 1 Flávio Glória Caminada Sabrá IFRJ Campus Belford Roxo Av Joaquim da Costa Lima sn São Bernardo Belford Roxo Rio de Janeiro Brasil CEP 26165225 flaviosabraifrjedubr 2 André Monte Pereira Dias IFRJ Campus Belford Roxo Av Joaquim da Costa Lima sn São Bernardo Belford Roxo Rio de Janeiro Brasil CEP 26165225 andrediasifrjedubr 3 Deborah Chagas Christo PUCRio Departamento de Artes e Design Rua Marques de São Vicente 225 Gávea Rio de Janeiro RJ Brasil CEP 22451900 deborahchristogmailcom Resumo O Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro campus Belford Roxo está localizado na região metropolitana do Rio de Janeiro na Baixada Fluminense O município de Belford Roxo completou recentemente em 03 de abril de 2017 21 anos de existência Apesar de possuir algumas empresas como Bayer do Brasil Termolite e Lu brizol os principais setores da economia local são os serviços e o comércio Destacase no entanto que o município possui forte vocação para área da economia criativa Belford Roxo conta hoje juntamente com Duque de Caxias com o APL Arranjo Produtivo Local calçadista da região que tem como objetivo integrar os pólos calçadistas dos municípios de Belford Roxo e Duque de Caxias buscando a união e o aumento da competitividade das empresas com foco na satisfação dos clientes e no respeito aos princípios ambientais e trabalhistas De acordo com informativo disponibilizado no sítio da Prefeitura da Cidade de Duque de Caxias 2014 No caso de Duque de Caxias e Belford Roxo o APL engloba uma Cooperativa de Fabri cantes de Calçados e Acessórios uma Associação de Fabricantes de Calçados além de diversos outros fabricantes que estão localizados entre os bairros do São Bento e Lote XV na divisa entre os dois municípios As secretarias de Desenvolvimento Econômico de Duque de Caxias e Belford Roxo que fizeram recentemente um censo socioeconômico e geográfi co dos fabricantes da região perceberam que o setor calçadista possui um enorme potencial que precisa de atenção especial Foram identificados mais de 30 fabricantes de calçados I SUSTEXMODA 123 bolsas e cintos inclusive alguns dedicados exclusivamente ao mercado do carnaval Além do enorme potencial do APL calçadista mencionado anteriormente ainda no setor criativo merece destaque a atuação da coordenação de autonomia e empreendedorismo da Superintendência da Mulher do município de Belford Roxo que atualmente desenvolve o projeto Feira Art Bel que reúne pelo menos 30 artesãs toda semana para expor e comercia lizar em praças estacionamentos e shoppings o artesanato que produzem O campus do IFRJ em implantação no município de Belford Roxo em consonância com as leis que regem os Institutos Federais é um campus destinado à oferta de cursos de Forma ção Inicial e Continuada de Trabalhadores Educação Profissional Técnica em Nível Médio e Educação Superior A partir do trabalho desenvolvido no âmbito da Comissão de Elaboração do Plano de Implantação do campus instituída pela Portaria 47 de 03 de março de 2015 de diálogos com representantes da municipalidade que tornou possível identificar em par te as demandas e expectativas das autoridades e munícipes e tomando como base um primeiro levantamento dos Arranjos Produtivos Locais APLs fora consolidado que o foco de atuação do campus está direcionado para as áreas relacionadas à indústria criativa so bretudo no segmento produtivo da moda vestuarista calçadista de acessórios moveleiro urbanístico e à infraestrutura urbana ênfase em mobilidade e urbanismo metropolitano bem como para a formação de professoresas potencialmente para a área de artes Dessa maneira o curso de Formação Inicial e Continuada Adereços de Carnaval e Feste jos fora concebido para integrar o cabedal de cursos do campus que já oferta cursos no âmbito do PRONATEC a partir de uma proposta pedagógica que preconiza a formação crítica e reflexiva de trabalhadores sustentada no desenvolvimento de saberes sociais e técnicocientíficos da área da economia criativa O curso procura capacitar o estudante para desenvolver e comercializar Adereços para o Carnaval e Festejos típicos da cidade e do estado do Rio de Janeiro Por festejos enten demse festas populares e outras manifestações culturais de cunho tradicional incluindo festas e quadrilhas de São João grupos de Jongo Folia de Reis entre outros Orientado pelo princípio da sustentabilidade o estímulo à criatividade possibilita ao estudante desen volver e comercializar os Adereços acima descritos podendo assim contribuir de maneira significativa para a geração de renda Considerando que o Estado do Rio de Janeiro é uma vitrine para o mundo quanto ao com portamento e estilo de vida e ainda considerado como uma das mais belas cidades pelos seus contrastes e o principal destino da América do Sul segundo dados divulgados na World Travel Market WTM e este estudo foi desenvolvido pelo Euromonitor International especializado em pesquisas de mercado consumidor Com população estimada superior a 16 milhões de habitantes com densidade demográfica de aproximadamente 36523 habi 124 IISOCIEDADE tantes por quilômetro quadrado ocupando o 3º lugar em população de 27 estados brasilei ros segundo dados do IBGE 2017 O Carnaval e os Festejos somente no município do Rio de Janeiro movimentam mais de 3 bilhões de reais e mais de 11 milhão de turistas segundo dados da Riotur Pesquisa da Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro dados de 2017 somente no período do Carnaval Como nos dias de hoje o Carnaval e os Festejos vão além dos desfiles das Escolas de Samba na Marquês de Sapucaí demais avenidas da cidade e para além da área metropolitana podemos ainda ressaltar que mais de 6 milhões de foliões pelas ruas praças e bairros possivelmente usam fantasias e adereços para o uso individual e coletivo Os Festejos antes do Carnaval como Folia de Reis Festa Junina e os posteriores como por exemplo festas temáticas festas religiosas entre outras movimentam as indústrias os comércios e os fazeres locais na concepção desenvolvimento distribuição recepção reutilização e resignificação dos objetos de adereços de carnaval festejos Os conceitos de cultura e de patrimônio imaterial História do Carnaval Fluminense e dos Festejos Manifestações Culturais do Carnaval Fluminense escolas de samba blocos de rua turma do rodado batebola trioelétrico Estrutura do desfile de escolas de samba componentes figurino e alegoria Personagens do carnaval Festas populares cariocas e fluminenses Festas juninas quadrilhas procissões folias de reis entre outras manifesta ções culturais suas negociações com a arte a espetacularização outras culturas e seu ca ráter multicultural Todos estes conceitos são fundamentais para apresentar e contextualizar o carnaval fluminense os festejos suas principais manifestações culturais e personagens e seus respectivos signos e imagens subsidiando a construção de adereços Referências Abrantes Samuel 2011 Poética Têxtil Figurinos memórias e texturas Rio de Janeiro Onida Acselrad Henri 1999 Sustentabilidade e Desenvolvimento Modelos Processos e Re lações Rio de Janeiro FASE Albers J 2009 A interação da cor São Paulo WMF Martins Fontes Antunes Ricardo 2006 Adeus ao trabalho Ensaios sobre as metamorfoses e a centrali dade do mundo do trabalho São Paulo Cortez EditoraEditora UNICAMP Barros Lilian R M 2006 A cor no processo criativo um estudo sobre a Bauhaus e a teoria de Goethe São Paulo Editora Senac Cavalcanti Maria Laura Viveiros de Castro 1994 Carnaval Carioca dos bastidores ao desfile Rio de Janeiro FUNARTEUFRJ Cunha Diogo 2014 Na passarela do samba o esplendor das escolas em 30 anos de I SUSTEXMODA 125 desfiles de Carnaval no Sambódromo 1ed Rio de Janeiro Casa da Palavra Cunha Milton 2015 Carnaval é Cultura Poética e técnica no fazer escola de samba São Paulo Editora SENAC São Paulo Da Matta Roberto 1981 Carnavais malandros e heróis para uma sociologia do dilema brasileiro 3 ed Rio de Janeiro Zahar Deschamps JeanClaude Moliner Pascal 2014 A identidade em Psicologia Social dos processos identitários às representações sociais Cap 8 As representações sociais pp 134149 Petrópolis Vozes Eneida 1958 A História do Carnaval Carioca Rio de Janeiro Civilização Brasileira Ferreira Felipe 2004 O livro de ouro do carnaval brasileiro Rio de Janeiro Ediouro Guimarães Helenise Monteiro 1992 Carnavalesco O profissional que Faz Escola no Carnaval Carioca Rio de Janeiro UFRJ EBA Hallawel Philip 2006 À mão livre a linguagem do desenho São Paulo Melhoramentos Jesus Jaqueline Gomes de O desafio da convivência assessoria de diversidade e apoio aos cotistas 20042008 Psicologia Ciência e Profissão v 33 n 1 pp 222233 2013 Disponível em httptinyurlcomjpmozym Jesus Jaqueline Gomes de Ser cidadão ou escravo repercussões psicossociais da cida dania Crítica e Sociedade revista de cultura política v 2 n 1 pp 4263 2012 Disponível em httptinyurlcomjsgx3hgKinicki Angelo Kreitner Robert 2006 Comportamento orga nizacional São Paulo McGrawHill Magalhães Rosa 1997 Fazendo carnaval Rio de Janeiro Lacerda Editora Masi Domenico de 1999 Desenvolvimento sem trabalho São Paulo Editora Esfera Masi Domenico de 1999 O futuro do trabalho Editora José Olympio Mendes Ana Magnólia Merlo Álvaro Roberto C Morrone Carla Faria Facas Emílio Pe res 2010 Psicodinâmica e clínica do trabalho temas interfaces e casos brasileiros Curitiba Juruá Editora PérezNebra Amália Raquel Jesus Jaqueline Gomes de 2011 Preconceito estereótipo e discriminação In Cláudio Vaz TORRES Elaine Rabelo NEIVA Orgs Psicologia Social principais temas e vertentes pp 219237 Porto Alegre ArtMed Editora Peters Tom 2000 Reinventando o trabalho São Paulo Editora Campus RIOTUR Carnaval do Rio o maior show da Terra Rio de Janeiro Riotur SD Ritzman L P Malhorta M Kajewski L 2012 Administração da Produção e Operações Pearson Sartori Amleto e Donato 2013 A Arte Mágica Museu Internacional da Máscara São Pau 126 IISOCIEDADE lo Realizações Seligmannsilva Edith 2011 Trabalho e desgaste mental o direito de ser dono de si mes mo São Paulo Cortez Editora Slack Nigel Chambers Stuart Johnston Robert 2009 Administração da produção Re visão de Henrique Luiz Correa Tradução de Maria Teresa Correa de Oliveira 3 ed São Paulo Atlas Tubino Dalvio Ferrari 2017 Planejamento e Controle da Produção teoria e prática 3 ed São Paulo Atlas Valsiner Jaan 2012 Fundamentos da Psicologia Cultural mundos da mente mundos da vida pp 2138 Porto Alegre Artmed Viana Fausto e Bassi Carolina org 2014 Traje de Cena Traje de Folguedo São Paulo Estação das Letras e Cores Disponível em httpwwwbrasilgovbreconomiaeemprego201802foliaqueaquecea economiacarnavaldevemovimentarr625bilhoes Acesso em 16022018 Disponível em httpwwwcarnavalescocombr Acesso em 16022018 Disponível em httpswwwcamarotecarnavalcomdesfilesdesambaelementosdodesfi le Acesso em 16022018 Disponível em httpwwwgaleriadosambacombrespacoabertotopico223740020 Acesso em 16022018 Disponível em httpsliesaglobocommaterialcarnaval17regulamentoRegulamento20 Carnaval2020172020LIVROPDF Acesso em 16022018 Disponível em httpsliesaglobocommaterialcarnaval18regulamentoRegulamento20 Carnaval2020182020LIVROPDF Acesso em 16022018 Disponível em httpliesaglobocom Acesso em 16022018 Disponível em httpliesaglobocommaterialcarnaval18julgadorManual20do20Jul gador2020Carnaval202018pdf Acesso em 16022018 Disponível em httplierjcombr Acesso em 16022018 Disponível em httplierjcombrwpcontentuploads201706RegulamentooficialCarna val2018SerieApdf Acesso em 16022018 I SUSTEXMODA 127 33 Arteterapia na recuperação da autoestima YARA R C R1 AGUIAR M C2 e MENDES F D3 1 Renata Cristina Revuelta Yara Ubuntu e Botão de Flor SUSTEXMODA Rua Otto de Alencar 270 Cambuci São Paulo SP Brasil renatacrisyaragmailcom 2 Marcia Cristina de Aguiar Ubuntu e Botão de Flor SUSTEXMODA Rua Otto de Alencar 270 Cambuci São Paulo SP Brasil marciaaguiarpsicologiagmailcom 3 Francisca Dantas Mendes Universidade de São Paulo Escola de artes Ciências e Humanidades Departamento de Têxtil e Moda Rua Arlindo Béttio 1000 Vila Guaraciaba São Paulo SP Brasil ranciscadmtitauspbr Resumo O presente artigo é o resultado de uma pesquisa que tem como objetivo verificar como a arteterapia pode auxiliar os moradores que vivem em centros de acolhida como sendo uma ferramenta no processo do aumento da autoestima Sabese que a arteterapia já vem sendo utilizada como instrumento de reabilitação e recuperação em muitos lugares visando inte gração da expressão artística com recursos terapêuticos como sendo uma facilitadora ca paz de auxiliar no resgate da autoestima do reconhecimento e da organização pessoal de pessoas acolhidas em abrigos A partir deste quadro o presente trabalho tem como objetivo pesquisar sobre o resgate da autoestima dos moradores de centros de acolhida oferecen do a oportunidade através da arteterapia de perceberem suas capacidades criadoras e a partir desse processo facilitar o seu auto reconhecimento para que consigam compreender melhor o seu desenvolvimento pessoal e tendo maior entendimento sobre suas capacida des e assim conquistando a sua recolocação na sociedade Palavras chaves Arte terapia Moradores de centro de acolhida familiar Autoestima 1 Introdução A Arteterapia vem sendo cada vez mais utilizada em diferentes áreas por ter capaci dade de potencializar e valorizar os indivíduos em seu contexto muitas vezes complexos e desconhecidos É vista como um processo de estimulação do crescimento pessoal 128 IISOCIEDADE aumentando assim sua autoestima mudando seu olhar em relação à vida que o cerca e contribuindo desta forma para um harmônico equilíbrio interno desse ser A baixa autoestima é um dos problemas mais presentes na maioria dos moradores de centros de acolhida Esse fato é explicado por Acampora 2003 p18 quando explica que O modo como o outro o ambiente e as questões socioculturais influenciam o desen volvimento de ser impactam diretamente a compreensão de si mesmo e a maneira única e especial que cada um apreende os eventos da vida tendo sempre como referencial suas crenças e sistema de valores pessoal conforme suas experiências passadas aquilo que lhe é particularmente relevante e seus aspectos cognitivo afetivo De acordo com Allessandrini 2002 p28 a expressão artística pode proporcionar ao homem condições para que estabeleça uma relação de aprendizagem diferenciada com seu semelhante e com o mundo que o rodeia 2 Referencial Teórico O presente trabalho tem como finalidade pesquisar sobre o resgate da autoestima dos moradores de centros de acolhida utilizando como ferramenta facilitadora a artete rapia De acordo com Allessandrini 2002 p30 a capacidade de relacionarse artistica mente com a vida não é privilégio de alguns indivíduos especialmente dotados mas sim de todos aqueles que se podem se relacionar com o mundo observando e aprendendo seu significado 3 Método e pesquisa Para a realização desta pesquisa qualitativa foi escolhido o atendimento em grupo com pessoas em situação de rua acolhidas pelo abrigo Família em Foco que é um pro jeto mantido pela ONG Sociedade Amiga e Esportiva do Jardim Copacabana SAEC e localizado no bairro de Santana O grupo atendido foi constituído por adultos de 18 à 55 anos todos considerados em vulnerabilidade social e abrigados com suas respectivas famílias conforme a finalidade do Projeto Sendo que todos apresentam um quadro de desorganização pessoal e baixa autoestima 4 Análise e Conclusões A análise dos resultados desta pesquisa foi feita a partir dos trabalhos de participan tes sendo homens e mulheres que se encaixavam no perfil procurado para a realização desta pesquisa Esse perfil correspondia a pessoas que por estarem em estado de vul nerabilidades social foram encaminhadas para centro de acolhida maiores de 18 anos e com problemas de baixa autoestima o que dificultaria sua independência e o seu retorno I SUSTEXMODA 129 para a sociedade A quantidade de participantes por encontro variou muito pois o local sofre de uma rotina muito instável de entrada e saída de moradores portanto o risco de que os participantes participassem apenas uma vez no grupo era constante o que tornou a análise árdua e dificultosa porém muito positiva e gratificante do ponto de vista arte terapêutico A autoestima está diretamente ligada ao sentimento de ser amado de ser pertencen te de ser aceito ser competente se sentir satisfeito por ter tido sucesso em algo Silva 2003 p08 afirma que a arteterapia se mostra como sendo um facilitador no processo de autoconhecimento e recuperação da autoestima pois a arte permite o revelar o pen sar e o sentir a terapia Podese dizer que a arteterapia é a transformação terapêutica de diferentes tipos de materiais em uma arte com significado para o próprio autor Arteterapia é uma área de atuação profissional que utiliza recursos artísticos com finalidade terapêutica Na definição da Associação Brasileira de Arteterapia é um modo de trabalhar utilizando a linguagem artística como base da comunicação cliente profissio nal Ou seja a arteterapia usa a atividade artística como um instrumento para que ocorra uma intervenção em prol da melhoria da saúde eou da qualidade de vida Alessandrini 2002 p33 afirma que o processo de conhecimento vivenciado por meio de experiên cias artísticas permite que o indivíduo simbolize suas percepções do mundo especial mente quando não consegue expressarse verbalmente pela linguagem oral ou escrita A arteterapia pode possibilitar aos indivíduos que experimentem um novo contexto consigo mesmo e com suas produções em um sentido mais amplo a representação artística permitindo a reconstrução do pensamento desde o momento em que ele se relaciona com o objeto escolhido criando algo novo transformando e descobrindo novas possibilidades aceitando suas descobertas e desta forma aceitando e transformando a si mesmo se valorizando e tornando a experiência muito mais significativa Acreditase que a autoestima pode se tornar um fator organizador desses indivíduos desta forma eles encontram um espaço para desenvolver todo o seu potencial que em muitas ocasiões eram desconhecidos Concluí que através do processo arteterapêutico os indivíduos po dem passar a ter conhecimento da origem dos seus conflitos e desta forma a arteterapia serve como uma facilitadora do autoconhecimento trazendo consciência das limitações e de todas as possibilidades que estão à sua disposição 5 Reconhecimento e agradecimentos Agradeço imensamente aos amigos Márcia C Aguiar e José M Aguiar pelo reconhe cimento e oportunidade de mostrar meu trabalho nestes projetos maravilhosos aos quais faço parte atualmente à Profª Francisca D Mendes pela amizade e confiança aos cole gas Veralice R Soares e Stephan Maus pela dedicação e parceria tão necessária para o sucesso desses projetos e em especial a todos os acolhidos e participantes envolvidos nesta pesquisa pelo carinho reconhecimento e ensinamentos que me ofereceram du 130 IISOCIEDADE rante o tempo de duração dos encontros que resultaram no presente trabalho 6 Referências ACAMPORA BeatrizAutoestima Práticas para transformar pessoas Rio de Janeiro Wak Editora 2013 ALLESSANDRINI C D Oficina criativa e psicopedagógica São Paulo Casa do 4ª edição São Paulo Makron Books 1996 Censo 2015 Disponível em httpwwwprefeituraspgovbrcidadesecretariasuploadassistenciasocialobservat orio social2015censoFIPEsmadsCENSO2015coletivafinalpdfAcesso em 230418 JANCZURA Rosane Risco ou vulnerabilidade social Revista eletrônica PUCRS Textos Contextos Porto Alegre v 11 n 2 p 301 308 agodez 2012 SILVA Luciana C R A auto estima e a arteterapia Projeto a vez do mestre 2003 Univer sidade Candido mendes III MEIO AMBIENTE SUSTEXMODA EACH USP 132 III MEIO AMBIENTE 34 Surface Design upcycling in fashion design Oliveira Filho M T1 e Meireles M M2 1 Manuel Teles de Oliveira Filho Mestrando Universidade Federal de Pernambuco Centro de Artes e Comunicação Depar tamento de Design Mestrado em Design Av dos Funcionários 478518 Cidade Univer sitária 50740550 Recife PE Brasil telesdesigngmailcom 2 Marina Maia Meireles Acadêmica Universidade Federal do Piauí Campus Universitário Ministro Petrônio Porte lla sn Ininga 640495503Teresina PI Brasil marinamaiameirelesoutlookcom Resumo Este artigo apresenta os resultados parciais da pesquisa Surface Design Upcycling e pro cessos têxteis no design de produtos de moda realizada na cidade de Teresina entre 2016 e 2018 por meio da disciplina tecnologias dos materiais têxteis no curso superior de design de moda UFPI e disciplinas Projeto Integrador sustentabilidade em cursos livres de confecção de vestuário SENAC PI A pesquisa investiga processos têxteis inseridos em estratégias de design sustentável em dois momentos dos produtos de moda roupas o nascimento ou criação e o seu fim da vida interligados por abordagens de upcycling no design de superfí cies têxteis O contexto da pesquisa é o da experimentação têxtil na geração de alternativas de design no uso de material monofibra por meio de técnicas de manipulação de tecidos focando nos conceitos de reconstrução e desconstrução sensível e sistêmica O objetivo central da pesquisa é identificar estratégias de como estimular os estudantes participantes a experimentar o reuso de resíduos sólidos na remanufatura e design de produtos centrado no ser humano A metodologia de design kit de peças modularidade e as caixa morfo lógica foram associadas em experiências têxteis conduzidas no contexto da sala de aula com desdobramentos domésticos para que os estudantes participantes pudessem observar como a rotina de produção artesanal sustentável transformaria as abordagens de upcycling no design de superfícies otimizando as possibilidades de superfícies de acordo com tema e problemas de design Palavras chaves design surface sustentabilidade upcycling e moda I SUSTEXMODA 133 1 Introdução Experiências no contexto de sala de aula realizados na disciplina tecnologia dos ma teriais têxteis na perspectiva do design de produtos de moda demandam sempre abor dagens que integrem conceitos com a relação sustentabilidadematerialidade 1 Nos estudos têxteis no ensino superior identificamos que o reconhecimento e análise das propriedades têxteis dos principais grupos de tecidos utilizados no design de vestuário demandam experimentos na manipulação têxtil onde os estudantes experimentem apro ximações sistêmicas entre materiais e tecnologia por meio do design de superfície São as características materiais e visuais como elasticidade caimento transparência brilho maciez volume e suavidade de toque além das propriedades físicas que permitem a manipulação e produção de produtos de moda que interessam nesse cenário de modo que se faz necessário aplicações práticas e sensíveis dos têxteis em processos criativos associados a verificação de usabilidade e aplicabilidade de tais materiais 2 Referencial Teórico A pesquisa em sustentabilidade e têxteis na confecção do vestuário agrupa uma me todologia e esquemas híbridos de soluções de design sustentável 2 onde é essencial localizar as interfaces entre os roteiros de identificação e seleção de materiais têxteis com as tecnologias de montagem com o propósito de apresentar aos estudantes técni cas e abordagens de manipulação de tecidos que permitam estabelecer um repertório de alternativas de superfícies têxteis associadas aos tipos de tecido apresentando opções de upcycling 3 no design de produtos de moda 3 Método e pesquisa Os processos de design de superfície na relação entre a materialidade e a visua lidade de materiais têxteis no contexto da moda demandam um reconhecimento dos instrumentos e técnicas como o sprinting conexões forçadas 3 para definir requisitos e parâmetros para a geração de amostras de superfícies têxteis geradas por meio do risco corte dobra e costura como intervenções principais para ações como vincar torcer desfibrar fortalecer avolumar entre outras modos de re construir superfícies Os indi víduos participantes recebem narrativas visuais e instrumentos necessários à realização dos experimentos têxteis Na aplicação da metodologia kit de peças 4 os participantes geraram componentes com o mesmo material no desenvolvimento de superfícies diver sas organizadas e analisadas de acordo com sua estética e prática associados com o embelezamento e resistência respectivamente 134 III MEIO AMBIENTE Figura 1 Amostra comparativa de superfícies têxteis tela sarja e seda Autor 4 Análise e Conclusões O método utilizado consistiu em gerar classificar e analisar amostras de superfícies têxteis produzidas por meio da manipulação de tecidos em experimentos têxteis com tecidos de tramas básicas tela sarja e cetim 5 na perspectiva de registrar as relações entre técnica e material têxtil descrevendo características efeitos visuais volume de tra balho empregado na superfícies têxteis e principalmente a transformação do tecido após a manipulação para o seu uso no design de vestuário 5 Referências 1 GWILT Alison Moda Sustentável um guia prático Alison Gwilt tradução Márcia Lon garço 1ª edição São Paulo Gustavo Gilli 2014 2 FLETCHER K GROSE L Moda sustentabilidade design para mudança São Pau lo Editora Senac São Paulo 2011 3 SALCEDO E Moda ética para um futuro sustentável São Paulo Editora G Gili Ltda 2014 4 LUPTON Ellen Intuição Ação Criação Graphic Design Thinking Editora GG Brasil São Paulo 2015 5 UDALE Jenny Fundamentos de design de moda 2 tecidos e Moda Porto Alegre Bookman 2009 I SUSTEXMODA 135 35 Ressignificação de uniformes pósconsumo S MAUS1 M C AGUIAR2 e F D MENDES3 1 Stephan Maus Botão de Flor SUSTEXMODA Rua Otto de Alencar 270 Cambuci São Paulo SP Brasil stephanmaushotmailcom 2 Marcia Cristina de Aguiar SUSTEXMODA Rua Otto de Alencar 270 Cambuci São Paulo SP Brasil marciaaguiarpsicologiagmailcom 3 Francisca Dantas Mendes Universidade de São Paulo Escola de Artes Ciências e Humanidades Departamento de Têxtil e Moda Rua Arlindo Béttio 1000 Vila Guaraciaba São Paulo SP Brasil franciscadmtitauspbr Resumo O presente artigo tem por objetivo apresentar o resultado de uma pesquisa experimental realizada pelo NAP SUSTEXMODA Núcleo de Apoio a Pesquisa Sustentabilidade Têxtil e Moda da Universidade São Paulo Esta pesquisa experimental teve como objetivo a reali zação de transformação e ressignificação de roupas pósconsumo de reaproveitamento uni formes pós consumo realizada por pessoas em situação de vulnerabilidade social inserida no projeto em um dos projetos do NAP SUSTEXMODA A empresa Ecoassist a qual oferece serviços de descarte ecológico coletou um lote de 50 peças idênticas de um colete proce dente de uma empresa que presta serviços em rodovias Com o objetivo de dar um destino correto à essas peças esse material foi enviado a um dos projetos do NAP SUSTEXMODA o qual encarregouse da realização da experimentação de descaracterização e ressignifi cação em um dos coletes recebidos Todas as peças apresentavamse com dois recortes formando buracos ocorridos pela retirada da logo da empresa que utilizou os coletes como uniformes Tais recortes inviabilizaram o uso da peça peça como vestuário mas a partir do upcycling 1 ocorre uma nova utilidade e novos significados foram dados ao colete A pesquisa procurou viabilizar tecnicamente a descaracterização de um volume de peças de modo a buscar uma maneira viável que possa ser executada por pessoas em situação de vulnerabilidade social treinadas e preparadas pela equipe do SUSTEXMODA Palavraschave Upcycling pósconsumo uniforme reaproveitamento descaracterização 136 III MEIO AMBIENTE 1 Introdução O SUSTEXMODA consiste em um grupo de pesquisadores da Universidade São Paulo coordenado pela profª Associada Francisca Dantas Mendes que tem por objetivo pesquisar soluções viáveis e efetivas para a redução dos impactos negativos causados ao meio ambiente pela Cadeia Têxtil e Indústria da Moda com gestões que atendam as necessidades humanas e respeitem ao máximo a preservação da natureza e do meio ambiente Atualmente grande empresas produtoras ou prestadores de serviço preocupadas com a questão de agreção ao meio ambiente contratam empresas que possbilitem mi nimizar ao máxiomo os impactos causados por seus processo produtivos ou prestação de serviço contratando fornecedores para realizar essas funções a Empresa Ecossist é uma delas A empresa Ecoassist especializada na prestação de diversos tipos de serviços inte grados que buscam o desenvolvimento sustentável executa o gerenciamento de resí duos sólidos desde a orientação para melhor utilização dos recursos disponíveis até a captação separação e destinação adequada dos mais variados tipos de resíduos Por meio da empresa A Ecoassist o engenheiro ambiental Felipe Antunes destinou à equipe do SUSTEXMODA um lote de 50 peças de uniforme que serviu como experimento para o presente estudo As peças foram entregues na Rua Otto de Alencar 270 Cambuci São Paulo SP Brasil local onde ocorrem as oficinas Ubuntu e Botão de Flor que utilizam como matériaprima resíduos e roupas pósconsumo de desenvolvimento e produção de novos produto e customização de epeças de roupas pós consumo Os artesãos são pes soas em situação de extrema vulnerabilidade social que aparti de arte terapia visando o desenvolvimento da auto estima na realização dessas atividades resultando tambem na possibilidae de geração de renda O lote consistiase em 50 peças idênticas de coletes laranjas sem logo danificadas com dois cortes um na região do bolso superior frontal e outro na região das costas próximo à nuca Tais recortes inviabilizaram a peça para o uso de vestuário mas a partir de um trabalho de upcycling e reaproveitamento uma nova utilidade e novos significados foram dados ao colete Os pequenos residuos gerados nesse processo foram encaminhados para desfibra gem resultando em processo Zero Waste 2 Referencial Teórico A aceleração com que a Indústria da Moda vem apresentando novos produtos e es timulando o consumo causa ao planeta sérias consequências sociais e ambientais Des tacamse em relação aos impactos sociais a exploração da mãodeobra a ausência I SUSTEXMODA 137 de respeito às culturas locais e aos impactos ambientais traduzidos em descartes de resíduos líquidos e sólidos gerados nos processos produtivos 2 A lei que estabelece o Plano Nacional dos Residuos Solidos estabelece que o ge rador é responsavel pela destinação correta dos residous gerados por sua empresa ou presatdores de serviço3 A técnica de upcycling 1 possibilita o reaproveitamento da peça pós consumo como material para a criação de um novo produto que poderá ser utilizado apartir de uma nova utilidade Os processo produtivos Zero Waste determinam que todo resíduo gerado seja aprO veitado de alguma forma4 5 3 Método e realização do experimento O objetivo era transforma os coletes em em uma sacola com residuo zero O lote consistiase em 50 peças idênticas de coletes laranjas sem logo danificadas com dois cortes um na região do bolso superior frontal e outro na região das costas próximo à nuca Tais recortes inviabilizaram a peça para o uso de vestuário conforme mostra a ima gem 1 Figura 1 Peça para o uso de vestuários Fonte foto dos autores A descaracterização e reaproveitamento do colete foram feitos conforme apresenta ção do fluxo na figura 2 1 Com uma tesoura de tecido cortouse o zíper da parte da frente da peça 2 Por meio de um abridor de casa desmanchase o restante de tecido do bolso frontal superior do colete que estava danificado pela retirada do logo 3 Com uma tesoura de tecido o retorte do decote das costas foi aprofuntado e igua lada ao recorte da frente Desta forma a parte de tecido danificada pela retirada do logo nas costas foi retirada 4 Utilizando uma máquina de costura overlock fezse o acabamento do tecido recor tado n na localização do decote do colete que foi rebatida com uma maquina de costura ponto fixo comumente denominada máquina reta 138 III MEIO AMBIENTE Figura 2 Retirada do logo do vestuários Fonte foto dos autores 5 Utilizando uma máquina de costura overlock doi realizad a junção dos tecidos que enteriomente era execytado pelo ziper que foi retirado Essa costrura tambem foi repor çada por uma costura de maquina ponto fixo 6 A parte final que seria a barra do colete frente e costas foi unida por uma costura utilizando a maquina ponto fixo resultando no fundo da sacola 7 como resultado o ombro com as cavas e o decote do lado direito e do lado esquer do formam as duas alças das sacolas conforme imagem 3 4 Análise e Conclusões Percebese que a técnica de upcycling 1 que estimula a utilização de produtos ou matérias descartadas como matéria prima no desenvolvimento de novos produtos é pos sível Tais recortes que inviabilizaram a peça para o uso de vestuário mas a partir de um trabalho de upcycling e reaproveitamento realizado pelos artesão resultou em uma sacola e novos significados foram dados ao colete 5 Referências 1 Braungart M and McDonough W 2014 Cradle to Cradle criar e reciclar ilimitadamente Barcelona Editora Gustavo Gil 2 Mendes F D 2010 Um Estudo Comparativo entre as Manufaturas do Vestuário de Moda do Brasil e da Índia doctoral thesis in production engineering Universidade Paulista São Paulo 3 ALMEIDA A C Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Instrumento de Res ponsabilidade Socioambiental na Administração Pública Ministério do Meio Ambiente Se cretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental Brasília 2014 4 ANICET A RUTHSHILLING E Contextura processos produtivos sob abordagem Zero Waste ModaPalavra ePeriódico Ano 6 n11 juldez 2013 SILVA C 5 BERLIM L Moda e sustentabilidade Uma reflexão necessária São Paulo Estação das letras e cores 2012 I SUSTEXMODA 139 36 Recosturas da Moda reaproveitamento de exceden tes Camfield K G S¹ e Magnus E B² 1 Kimberly Gomes dos Santos Camfield Universidade Feevale ERS239 2755 Novo Hamburgo RS Brasil kimberlycamfieldhotmailcom 2 Emanuele Biolo Magnus Universidade Feevale ERS239 2755 Novo Hamburgo RS Brasil emanuelebmfeevalebr Resumo O Recosturas da Moda é um projeto de Extensão que ocorre na Universidade Feevale Nele são desenvolvidas oficinas de customização e upcycling junto à comunidade tendo como finalidade ressignificar roupas com informação de moda e criar itens novos através de exce dentes da indústria Este texto tem por objetivo socializar as atividades desenvolvidas e os resultados alcançados Adotase a pesquisa de natureza aplicada com objetivo descritivo amparados por pesquisa bibliográfica Como resultados no ano de 2018 foram capacitadas 87 beneficiadas e 559 peças foram criadas ampliando a conscientização ambiental e a pos sibilidade de geração de renda Palavras chaves moda projeto de extensão reaproveitamento upcycling customização 1 Introdução O presente escrito apresenta alternativas viáveis para o reaproveitamento de resí duos gerados na indústria da moda já que muitas vezes os excedentes são encami nhados erroneamente para lixões aterros ou até mesmo incinerados causando danos ao meioambiente Entendese que a geração de resíduos é inevitável nas indústrias de confecção e calçados variando em escala de produtiva não englobando apenas têxteis mas também aviamentos Uma solução que poderia ser adotada pelas indústrias seria a reciclagem ou a reutilização do material descartado medidas também possíveis de serem utilizadas no ambiente acadêmico Sendo assim socializamse as atividades desenvolvidas e os resultados obtidos em 2018 pelo projeto de extensão Recosturas da Moda realizado na Universidade Feevale em Novo Hamburgo junto ao curso de Moda a partir do reaproveitamento de materiais excedentes Para tanto adotase a pesquisa de natureza aplicada que gera conheci mentos para aplicação prática com objetivo descritivo registrando e descrevendo os fatos observados amparados por pesquisa bibliográfica 140 III MEIO AMBIENTE 2 Referencial Teórico e projeto Recosturas da Moda Denominase como resíduo todo material derivado da sobra de produção que não possui mais utilidade depois de determinado processo e geralmente é descartado ou tratado como indesejável pelas empresas 1 Os resíduos têxteis são classificados como resíduos sólidos podendo ser caracterizado como resíduo industrial sendo a empresa a principal responsável pelo destino dos mesmos 2 Metais e aviamentos por representarem um percentual baixo no produto costumam ser negligenciados mas geram um impacto ecológico significativo na peça especialmen te zíperes e botões provenientes da indústria mineradora e petroleira que ao fim do ciclo de vida útil de uma peça costumam ficar nas roupas por serem difíceis de remover difi cultando o reaproveitamento 3 Também a segregação dos resíduos ocorre de maneira precária separando apenas os materiais de maior valor comercial na reciclagem 2 No Brasil estimase que a produção de retalhos seja de 170 mil toneladas anuais 4 No Brasil há falta de mecanismos facilitadores nos processos de reciclagem e reuti lização têxteis o que faz com que grande parte destes materiais tenham como destino aterros sanitários lixões e a incineração 1 Uma opção possível para as indústrias ado tarem seria a reciclagem ou a reutilização do material descartado em outros processos produtivos para gerar novos produtos 1 É neste sentido de reaproveitar excedentes da indústria que o projeto caminha po rém no ambiente acadêmico Desenvolve oficinas de customização e upcycling tendo como objetivo ressignificar as roupas com informação de moda e também criar itens novos através de excedentes da indústria Contribui para maior conscientização ambien tal possibilidade de geração de renda e capacitação de mulheres em situação de risco e vulnerabilidade social Ocorre duas vezes por semana na Universidade e também nas comunidades reservando alguns dias para pesquisa planejamento e desenvolvimento de novas oficinas Em 2018 contou com o auxílio de 6 alunas bolsistas acompanhadas por duas professoras Durante o ano de 2018 foram desenvolvidas 12 oficinas realizadas em diferentes associações e grupos sendo elas Reinvente suas Roupas de customização e reparos Upcycling para criação de bolsas e acessórios Modelagem Básica de Vestuário Borda do de Linha Enfeites de Natal Estêncil e Carimbos Naturais Cada turma contou com quatro encontros e a participação de 15 beneficiadas À cada nova turma é explicada a origem do material e os conceitos relacionados à oficina como por exemplo upcycling ou customização além de exemplos de como os excedentes da indústria podem ser rea proveitados exercitando a criatividade e a autoria No total em 2018 foram atendidas 87 beneficiadas em 49 atendimentos coletivos e 559 peças foram criadas contabilizando vestuário acessórios broches bordados bolsas estampas e enfeites de natal I SUSTEXMODA 141 4 Conclusões Compreendese através do escrito que há um longo caminho a ser percorrido em relação ao destino dos resíduos na indústria da moda de forma a agredir menos o meio ambiente e que possa ser reciclado ou incluído em outros processos produtivos Entre tanto uma alternativa viável é se utilizar dos excedentes da indústria para gerar novos itens que além de estender o seu tempo de vida útil também beneficie as pessoas inse ridas neste meio Utilizandose inclusive do meio acadêmico para socializar o conheci mento e intervir na realidade conforme estabelecido pelo Plano Nacional de Extensão Universitária Este é o caso do projeto Recosturas da Moda que além de contribuir para uma maior conscientização ambiental também incentiva a criatividade das beneficiadas para desenvolver algo novo que gere renda eleve sua autoestima e propicie a capacita ção das mesmas além de incentivar a formação humana e acadêmica dos alunos 5 Referências 1 MENEGUTTI F MARTELI L CAMARGO M MERIELE V Resíduos têxteis análise sobre descarte e reaproveitamento nas indústrias de confecção Disponível em httpwwwinovarseorgsitesdefaultfilesT15325pdf Acesso em 21 Mar 2019 2 TIAGO SEVERINO ORG Desenvolvimento social integrado uma análise a partir da produção cultural da tecnologia da informação e da saúde 1 Ed Rio de Janeiro 2013 3 FLETCHER K GROSE L Moda e sustentabilidade design para a mudança São Paulo 2011 4 SEBRAE Retalhos de Tecidos no Lugar do Desperdício Negócios Sustentáveis Dis ponível em httpwwwsebraemercadoscombrretalhosdetecidosnolugardodesperdi cionegociossustentaveis Acesso em 21 Mar 2019 142 III MEIO AMBIENTE 37 Moda gerenciamento de resíduos Linke PP Paula Piva Linke Unifamma Administração Avenida Mauá 2854 Centro Maringá PR Brasil paulapivalinkegmailcom Resumo Nesta pesquisa buscase entender como empresas da confecção de vestuário lidam com os resíduos resultantes do processo de produção Para tanto foi feita uma reflexão so bre o processo produtivo da confecção do vestuário em três empresas selecionadas aqui nomeadas EF T e TM a geração de resíduos as normativas legais que se aplicam ao gerenciamento de resíduos nas empresas de confecção e as posições dos sujeitos que lidam cotidianamente com esse tipo de produção Utilizou uma metodologia de abordagem qualitativa mais especificamente o estudo de casos múltiplos Como resultado que as nor mativas nacional e local pesam sobre o gerenciamento dos resíduos de forma a minimizar sua produção ainda persistem formas de produzir que não só geram perdas significativas na indústria da confecção como ainda resultam em uma destinação nem sempre correta dos resíduos gerados GT 3 Palavras chaves resíduos meio ambiente moda sustentabilidade 1 Introdução O objetivo deste texto é entender como empresas da confecção de vestuário lidam com os resíduos resultantes do processo de produção o que envolve questões legais de administração interna da empresa e mesmo de consciência ambiental 2 Referencial Teórico Em se tratando de uma pesquisa voltada ao setor da confecção que olha atenta mente para as questões ambientais que o permeiam como a geração de resíduos e seu destino assim como as atitudes dos atores e instituições envolvidas cabe apresentar alguns conceitos fundamentais Por meio ambiente entendo a junção entre o meio natural e o homem que considero parte integrante da natureza assim como os impactos causados pelo homem e uma re flexão acerca de como esse homem se vê e vive nesse ambiente 1 Utilizo aqui o conceito de sustentabilidade forte que vem da economia ecológica que I SUSTEXMODA 143 considera os recursos como finitos e acima de tudo incorpora as questões ambientais à economia 2 Um conceito que adquire importância neste estudo é o de moda Compreendo a moda enquanto fenômeno que engloba diferentes setores produtivos e de consumo bem como seus impactos sobre a sociedade e o ambiente 3 A busca constante de renovação com a produção e o descarte causa impactos ao meio ambiente Para a compreensão dessas práticas analiso entendimentos do meio ambiente do processo de produção Para compreender e explicar tais ações optouse pelos conceitos de hábitus e de representação social Nesse sentido como aporte teórico recorro ao Habitus 4 entendendoo como uma prática apreendida e que se mantém ao longo da vida do indivíduo e explica suas ações cotidianas Por representação social entendo uma forma de conhecimento socialmente elaborado e compartilhado que tem um objetivo prático e concorre para a construção de uma realidade comum a um conjunto social 5 3 Método e pesquisa Para o desenvolvimento da pesquisa além da construção do referencial teórico e como guia para essa mesma construção foi utilizada a metodologia da abordagem qua litativa e alguns de seus procedimentos a saber estudo de caso pesquisa bibliográfica pesquisa documental caderno de campo entrevistas e fotografias Essa metodologia responde a questões mais particulares Ela trabalha com o universo dos significados dos motivos das aspirações das crenças dos valores e das atitudes 6 Essa aborda gem permite compreender como os indivíduos pensam e atuam em relação às questões socioambientais que permeiam a problemática de pesquisa O estudo de caso é compreendido como uma metodologia interpretativa que bus ca compreender a realidade por meio dos sentidos que os indivíduos atribuem às suas experiências 7 Esse método de pesquisa permite usar fontes diversas e triangular os dados obtidos Munida do aparato construído a partir da abordagem qualitativa optei pelo método de estudo de casos múltiplos e analiso três casos representativos do setor 4 Análise e Conclusões Por fim apresento as considerações finais Pude constatar que de fato ao passo que as normativas nacional e local pesam sobre o gerenciamento dos resíduos de forma a minimizar sua produção ainda persistem formas de produzir que não só geram per das significativas na indústria da confecção como ainda resultam em uma destinação nem sempre correta dos resíduos gerados Pude perceber que isso é decorrente da não assimilação das normas recomendadas nas leis nacionais e local e que isso se explica pelo modo como os sujeitos envolvidos no processo de produção como um todo se 144 III MEIO AMBIENTE apropriam dos entendimentos dessas normas e as representam em ações que mostram limites e possibilidades de atuações Cabe considerar que as empresas estão inseridas no capitalismo e seguem as nor mas estabelecidas por esse sistema Em relação às empresas estudadas não as consi dero sustentáveis mas menos impactantes ao meio ambiente destacando a EF seguida da T e por fim a TM Também não vejo a possibilidade de se alcançar uma sociedade sustentável frente ao atual estilo de vida e a filosofia do capitalismo 5 Referências 1 JACOBI Pedro Roberto Educação ambiental cidadania e sustentabilidade Cader nos de Pesquisa Fundação Carlos Chagas São Paulo v 118 p 189205 2003 2 MAY Peter H LUSTOSA Maria Cecília VINHA Valéria Economia do meio ambiente teoria e prática Rio de Janeiro Elesvier 2003 3 LIPOVETSKY Gilles O império do efêmero a moda e o seu destino nas sociedades modernas Lisboa Publicações Dom Quixote 1989 4 BOURDIEU Pierre O poder simbólico Rio de janeiro Difel 1989 5 MOSCOVICI Serge Representações sociais investigação em psicologia social Petrópolis RJ Vozes 2003ORLANDI Eni Puccinelli Análise de Discurso Campinas SP Pontes 2003 6 MINAYO M C de S org Pesquisa Social teoria método e criatividade 14a ed Petrópolis Vozes 1999 7 YIN R K Estudo de Caso Planejamento e métodos 3a ed Porto Alegre Bookman 2005 I SUSTEXMODA 145 38 Para onde vão as roupas que são jogadas fora Como se compra usa e descarte roupas em Balneário Camboriú MORELLI G1 e RIBOLI JE2 1 Graziela Morelli Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI Escola de Artes Comunicação e Hospitalidade Balneário Camboriú SC morelligrazielagmailcom 2 Julia Eduarda Riboli Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI Escola de Artes Comunicação e Hospitalidade Balneário Camboriú SC juliaeduardaribolihotmailcom 1 Introdução A indústria têxtil é considerada uma das maiores áreas industriais do planeta movida especialmente pela venda de roupas E é também de acordo com Hawken FLETCHER 2011 um dos produtos que mais recebe divulgação nos dias atuais No setor têxtil no entanto a discussão sobre o destino dos produtos após uso ainda é recente não há regulamentação estabelecida para definir o que deve ser feito com os produtos quando descartados SCHULTE LOPES et al 2014 Os números de produção e descarte no Brasil e no mundo dão uma ideia da situa ção de acordo com Delcolli 2016 só em 2013 os norteamericanos descartaram 151 milhões de toneladas de roupas e outros têxteis e 85 desse volume foi parar em ater ros sanitários e no Brasil segundo dados encontrados no site da Insecta Shoes 2018 estimase que são cerca de 170 mil toneladas de resíduos têxteis por ano A grande maioria vai para lixão ou aterro A partir de todos esses dados considerouse a possibi lidade de entender melhor os processos da roupa principalmente nas fases em que ela está nas mãos do consumidor e de que forma ele descarta este produto gerando assim a pergunta de partida deste projeto que foi desenvolvido através do Artigo 170 de Bolsas de Pesquisa do Governo do Estado de Santa Catarina Considerando os problemas de geração de lixo descarte inadequado e má utilização das roupas tanto na indústria como nas mãos do consumidor e em contrapartida a necessidade de se reverter este quadro principalmente a partir dos profissionais de moda gerouse a seguinte pergunta de pes quisa De que forma a comunidade acadêmica da Univali compra usa e descarta as suas roupas Quais são os destinos dados às roupas adquiridas pela comunidade acadêmica da Univali O objetivo desta pesquisa foi definido então como analisar a consciência de moda 146 III MEIO AMBIENTE sustentável da comunidade acadêmica da Univali através do uso e descarte de suas rou pas para que possase elaborar posteriormente estratégias tanto ligadas a comunicação como projetos envolvendo o profissional de design de moda neste contexto 2 Referencial Teórico O ciclo de vida de um produto é um conjunto de etapas que um produto percorre para cumprir sua função na cadeia produtiva Assim o ciclo de vida específico de uma roupa de moda pode ser dividido em cinco etapas design produção distribuição uso e fim da vida GWILT 2014 p32 Na primeira fase chamada de fase de design por Gwilt 2014 o produto é projetado e os materiais e processos são escolhidos atividades como pesquisa de mercado e de tendências e o desenvolvimento do conceito e do design são realizadas Na fase de produção considerada são criados os moldes peças pilotos e os produtos são construídos atividades feitas quase sempre em colaboração com ou tros profissionais como modelistas e costureiras A terceira fase de distribuição pode se estender por todo o ciclo de vida pois as redes de distribuição transportam os materiais para o processo de design e produção A fase de uso uma das fases de grande impor tância nesta pesquisa é considerada por alguns autores como uma fase problemática principalmente devido aos impactos associados à lavagem Ao longo do uso devem ser considerados as questões relacionadas aos produtos utilizados na lavagem a frequência de lavagem a secagem e o uso em si da peça de roupa Assim para poder introduzir melhorias em todo o ciclo de vida Gwilt 2014 explica que é fundamental que os desig ners compreendam como as roupas são usadas e por que elas são descartadas Já na última fase considerado o fim da vida o produto é descartado podendo ser reutilizado reciclado enviado a aterros sanitários incinerado ou ainda voltar ao ciclo produtivo em sistemas fechados 3 Metodologia Este projeto caracterizouse por uma análise de dados obtidos a partir de instrumen tos de pesquisa de campo em formato de questionário caracterizando uma pesquisa quantitativa Para a coleta de dados no campo foi identificada a população envolvida na pesquisa que se concentrou na comunidade acadêmica do Campus de Balneário Camboriú na Univali O campus é o segundo maior da universidade composto por pro fessores acadêmicos funcionários técnico administrativos e a comunidade em geral que frequenta o local Elaborouse então o instrumento organizando a composição das ques tões de formato fechado num total de 17 questões de múltipla escolha e depois foram disponibilizados em dois formatos online e impressa A pesquisa foi aplicada entre os meses de outubro e novembro de 2018 obtendose 608 questionários respondidos entre impressos e online I SUSTEXMODA 147 4 Análise e Conclusões A aplicação do instrumento de campo teve como objetivo obter informações a res peito dos hábitos de compra uso e descarte de roupas entre a comunidade do campus Balneário Camboriú da Universidade do Vale do Itajaí Os dados obtidos geram uma série de relações e aprofundamentos que podem desencadear ações projetos e novas pesquisas além de campanhas não somente no âmbito do curso de Design de Moda onde o projeto surgiu mas em outros cursos e áreas de conhecimento e até mesmo em termos de políticas públicas Um dos aspectos que se pode perceber é que mesmo que no discurso e nas mídias falase a respeito de questões relacionadas a resíduo consu mo preservação e consumo consciente na prática não se revelam tão efetivas pelos consumidores usuários Esses pontos aparecem não apenas nessa pesquisa mas nas referências utilizadas no estudo Há alguns anos tratase a respeito de questões relacionadas a educação ambiental ao consumo consciente a responsabilidade do design no caso dos cursos de Design aos problemas que o planeta sofre com o excesso de lixo a obsolescência de tudo que é produzido sendo discutido de forma constante nos mais diversos cursos da instituição Assim mesmo que ainda num estágio inicial considerase que o problema de pesquisa que deu início a este projeto desencadeou a busca de respostas que permitiu conhecer melhor os hábitos da comunidade acadêmica da Univali no campus de Balneário Cam boriú De posse desses dados é possível aprofundar as análises propor soluções e es tratégias que possam reverter ao menos uma porcentagem desse quadro preocupante apontados por pesquisadores em todo o mundo 5 Referências 1 DELCOLLI Caio Por que você nunca deve jogar roupas velhas no lixo In HuffPost Brasil Disponível em httpswwwhuffpostbrasilcom20161111porquevocenuncadeve jogarroupasvelhasnolixoa21700184 11112016 Acesso em 26 de março de 2018 2 FLETCHER Kate GROSE Lynda Moda e Sustentabilidade design para a mudança São Paulo Editora Senac 2011 3 GWILT Alison Moda sustentável um guia prático São Paulo Gustavo Gilli 2014 4 INSECTA SHOES Para onde vão as roupas que você joga fora Disponível em ht tpswwwinsectashoescomblogpraondevaoasroupasquevocejogafora 25082017 Acesso em 26 de março de 2018 5 SCHULTE Neide K LOPES Luciana et al Logística reversa reutilização e trabalho social na moda In ModaPalavra eperiodico Ano 7 n13 JanJun 2014 Disponível em httpwwwrevistasudescbrindexphpmodapalavraarticleviewFile51193317 Acesso em 26 de março de 2018 148 III MEIO AMBIENTE 39 Analogia Resíduos Têxteis X Latas de Alumínio CARDIM R A1 ROCHA S A2 SANTOS W L F3 1 Rodrigo Antoniassi Cardim Instituto Federal do Paraná IFPR Programa de Pósgraduação em Sustentabilidade PSU Rodovia PR323 Parque Industrial Umuarama PR Brasil cardimrodrigohotmailcom 2 Prof Drª Stella Alonso Rocha Instituto Federal do Paraná IFPR Campus Umuarama Rodovia PR323 Parque Industrial Umuarama PR Brasil stellarochaifpredubr 3 Prof Dr Washington Félix Luiz Santos Universidade Estadual de Maringá Departamento de Engenharia Têxtil Av Reitor Zeferino Vaz sn Câmpus Universitário Jardim Universitário Goioerê PR Brasil wlfsantosuembr Palavras chave Resíduos têxteis Sustentabilidade Têxtil Renda Têxtil Reciclagem 1 Introdução No mundo de hoje muitos países priorizam a reciclagem de resíduos comuns como vidro madeira papel plástico e metal enquanto a reciclagem de têxteis é menos priori zada e divulgada Anthouli et al 2013 Isso tudo devese a falta de informação que mui tas vezes não é disseminada entre a população e também pela gestão governamental que não atua positivamente nessa área De acordo com estimativas do SEBRAE 2014 o Brasil produz 170 mil toneladas de retalhos têxteis por ano sendo grande parte gerada no Estado de São Paulo as estima tivas mostram que 80 do material têm como destino os lixões e aterros sanitários um desperdício que poderia gerar renda e promover o estabelecimento de negócios susten táveis Em contrapartida segundo dados da Associação Brasileira de Fabricantes de Alumínio ABRALATAS 2017 foi divulgado que o Brasil pelo 12º ano consecutivo man tém o índice de reciclagem da lata de alumínio para bebidas acima de 90 confirmando a estabilidade e o sucesso do modelo de logística reversa utilizado no setor I SUSTEXMODA 149 2 Objetivo O objetivo deste trabalho é propor uma reflexão sobre a reutilização dos resíduos têxteis e latas de alumínio usadas demonstrando sua analogia 3 Desenvolvimento O grande mercado da reciclagem de têxteis é um setor que ainda não é explorado visto a pequena parcela destes materiais que são reciclados Sendo assim existe um grande potencial para o setor de reciclagem têxtil capaz de colaborar para a economia circular BaruqueRamos et al 2017 Quando se reutiliza o material têxtil existe uma imensa contribuição para o meio ambiente pois a não utilização de matéria prima virgem reduz a utilização da água energia e produtos químicos na cadeia de produção Dahlbo et al 2017 Mas infelizmente o mercado de reciclagem de têxteis ainda enfrenta uma série de desafios e barreiras como tecnologias práticas limitadas para a reciclagem da variedade de fibras existentes Zamani 2014 São poucas as empresas que trabalham com esses materiais é um mercado que está a engatinhar pois existe um grande volume de material proveniente das indústrias têxteis como roupas e retalhos Remy et al 2016 Esse material pode ser reutilizado para fabricação de novos fios e barbantes mantas acústicas e artesanatos Já para alumínio que é utilizado na produção de latas de bebidas a realidade é total mente oposta pois quase todas as latas de alumínio vendidas em 2017 retornaram para o ciclo produtivo alcançando um índice de 973 de reciclagem Das 3039 mil toneladas de latas de alumínio para bebidas colocadas no mercado em 2017 2958 mil toneladas foram recolhidas e recicladas Desde 2004 mantémse num índice acima de 90 o que deixa o Brasil entre os lideres mundiais da reciclagem desta embalagem segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio ABRALATAS 2017 e pela Associação Brasileira do Alumínio ABAL 2017 A reciclagem da latinha movimenta a economia e garante as condições para a reciclagem de outras embalagens Somente na etapa de sua coleta R 730 milhões foram injetados diretamente na economia brasileira em 2015 o que corresponde a quase um milhão de salários mínimos ABRALATAS 2017 Isso acaba proporcionando mais desenvolvimento pela procura de tecnologias nas organizações com investimentos da melhoria de suas produções e cuidado com a sustentabilidade que contribui com o meio ambiente e custos internos da organização Hoje caso uma pessoa joga uma latinha de alumínio em uma calçada certamente este material não ficará muito tempo ali alguém irá recolhêlo pois sabe que se trata de um material com valor agregado já um saco de retalhos ou uma camiseta este provavel mente ficarão no meio ambiente até algum agente de coleta municipal recolher junto à coleta de lixo comum pois não existe um trabalho de divulgação do valor que os resíduos têxteis podem gerar 150 III MEIO AMBIENTE 4 Conclusão Diante de todas as informações em que volume demonstrado tanto dos retalhos têx teis e das latinhas de alumínio apresentam valores significativos mas com uma enorme discrepância entre ambos a reciclagem de latinhas de alumínio no Brasil é um modelo de sustentabilidade a ser seguido por outros seguimentos Já a reciclagem de retalhos têxteis mesmo com um grande volume não tem destinação correta e sua reutilização ainda está num patamar muito pequeno e este subproduto do segmento têxtil pode dei xar de ser destinado ao lixo comum e ser reutilizado na geração de emprego renda e na preservação do meio ambiente Referências W Leal Filho et al A review of the socioeconomic advantages of textile recycling Journal of Cleaner Production Volume 218 1 May 2019 p 1020 A Anthouli et al Opportunities barriers of recycling in Balkan countries the cases of Greece and Serbia HSWMA SeSWA and ISWA 2013 S Xiao et al An overview of Chinas recyclable waste recycling and recommendations for integrated solutions Resour Conserv Recycl 2018 p 112120 SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Retalhos de te cidos no lugar do desperdício negócios sustentáveis Disponível em httpwwwse braemercadoscombrretalhosdetecidosnolugardodesperdicionegociossustentaveis Acesso em 13 fev 2019 ABRALATAS Associação Brasileira de Fabricantes de Alumínio Disponível emhttp wwwabralatasorgbrbrasilreciclouquase300miltoneladasdelatasdealuminio Aces so em 13 fev 2019 J BaruqueRamos et al 2017 Social and economic importance of textile reuse and re cycling in Brazil IOP Conf Series Materials Science and Engineering Presented at the 17th World Textile Conference AUTEX 2017 Textiles Shaping the Future 110 2017 H Dahlbo et al Increasing textile circulation consequences and requirements Sus tainable Production and Consumption 9 2017 p 4457 N Remy et al Style thats sustainable a new fastfashion formula httpswww mckinseycombusinessfunctionssustainabilityandresource productivityourinsights stylethatssustainableanewfastfashionformulacidsustainabilityemlaltmipmck oth1610 Acesso 13 fev 2019 I SUSTEXMODA 151 40 O uso da água na lavanderia de jeans em Teresina Pinheiro E C1 e Meireles M M² 1 Elizabete Cristina Pinheiro Acadêmica Universidade Federal do Piauí Campus Universitário Ministro Petrônio Porte lla sn Ininga 640495503 Teresina PI Brasil elizacajuinagmailcom 2 Marina Maia Meireles Acadêmica Universidade Federal do Piauí Campus Universitário Ministro Petrônio Porte lla sn Ininga 640495503 Teresina PI Brasil marinamaiameirelesoutlookcom Resumo Este artigo aborda a utilização e tratamento da água na lavanderia de jeans objetivando descrever os processos pelos quais o jeans passa e analisar o impacto do processo de lavagem do jeans sobre a água na cidade de Teresina Piauí através de pesquisa explo ratória de caráter descritivo coletando dados por meio de um estudo de caso As visitas in loco são o meio de pesquisa principal e aconteceram no ano de 2015 utilizando um roteiro semiestruturado e questionário qualitativo Constatando as condições precárias das lavanderias de jeans visitadas em Teresina as conclusões feitas baseandose nos dados coletados demonstram a periculosidade das lavanderias irregulares para os mananciais e os trabalhadores Palavras chaves sustentabilidade efluentes industriais lavanderia de jeans e design 1 Introdução A grande quantidade de bioindicadores nos rios Parnaíba e Poti que abastecem a cidade despertou preocupação com os efluentes que são despejados ali A par tir de uma pesquisa de campo feita em duas lavanderias da cidade de Teresina que aqui serão denominadas A e B no ano de 2015 foram observados todos os proces sos pelo qual o jeans passa na lavanderia desde o amaciamento até o descarrego Na Figura 1 apresentamse os impactos que as substâncias químicas utilizadas na in dústria têxtil podem ter ao chegarem sem tratamento nos sistemas de esgoto 152 III MEIO AMBIENTE Figura 1 Os tóxicos e a água 1 Fonte Elena Salcedo a partir de ilustração do relatório Dirty Laundry 2 Greenpeace 2 Referencial Teórico Cru o jeans possui uma goma que serve de proteção durante o trajeto e impede que o tecido apodreça 2 A goma é retirada durante as primeiras lavagens onde come ça o caminho da água nos processos de lavagem Na lavanderia B em uma lavagem usual para desengoma é feito um cálculo de que para cada quilo de jeans são usa dos sete litros de água Essa proporção de água por quilo varia conforme o processo a estonagem por exemplo usa cinco quilos de água para cada quilo de jeans Na lavanderia A eles contam que a desengoma necessita de cinco a seis lavagens para obter um resultado satisfatório Nas máquinas de duzentos quilos que possuem cada tanque tem capacidade para dois mil e quinhentos litros de água Caso utilizassem uma das máquinas em sua capacidade máxima por cinco lavagens e com a proporção de um quilo para sete litros uma só carga de jeans consumiria 7 mil litros de água 3 Método e pesquisa A visita in loco as lavanderias foi o principal meio de pesquisa aqui denominadas como A e B em conjunto com a pesquisa bibliográfica As visitas possibilitaram o con tato com o jeans durante seu processo de lavagem e beneficiamento acompanhandoo desde o momento da sua chegada ainda no estado cru Também se utilizou da realiza ção de entrevista com os gestores por meio de um roteiro semiestruturado e questionário qualitativo contribuindo para a coleta de dados através da observação acompanhamen to e registro fotográfico das etapas 4 Análise e Conclusões Houve uma divergência nas medidas direcionadas ao reaproveitamento da água pe las lavanderias em relação às regulamentações ambientais e à prática os processos de I SUSTEXMODA 153 tratamento do efluente industrial foram reduzidos ao máximo enquanto as etapas de lavagem são variadas e numerosas Os tanques de decantação foram encontrados em ambas as lavanderias mas somente o tanque não garante um efluente atóxico e apto a ser descartado nos rios A não existência de estações de tratamento de efluentes com pletas impossibilita que a água volte a ter suas características iniciais insípida inodora e incolor 3 Referências 1 SALCEDO E Moda ética para um futuro sustentável São Paulo Editora G Gili Ltda 2014 2 Guia técnico ambiental da indústria têxtil São Paulo CETESB SINDITÊXTIL 2009 3 FERNANDES Aline Kadidja de Sousa Sousa Reúso de Água no Processamento de Jeans na Indústria Têxtil 2011 Dissertação Mestrado Universidade Federal do Rio Grande do Norte Natal 2010 154 III MEIO AMBIENTE 41 Estudo da viabilidade do Tingimento de fios de Seda com corante natural Páprica Veiga E R1 Santana H2 Silva G M3 e Agostinho L F4 1 Eduarda Regina da Veiga Universidade Estadual de Londrina Faculdade de Design de Moda Departamento de De sign Laboratório Têxtil Rodovia Celso Garcia Cid Pr 445 Km 380 Campus Universitário Londrina PR Brasil dudadesigner71gmailcom 2 Henrique de Santana Universidade Estadual de Londrina Departamento de Química Laboratório Espectroscopia Rodovia Celso Garcia Cid Pr 445 Km 380 Campus Universitário Londrina PR Brasil hensanuelbr 3 Guimel Macedo da Silva Universidade Estadual de Londrina Faculdade de Design de Moda Departamento de De sign Laboratório Têxtil Rodovia Celso Garcia Cid Pr 445 Km 380 Campus Universitário Londrina PR Brasil guimelsilvaoutlookcom 4 Lais Favorin Agostinho Universidade Estadual de Londrina Faculdade de Design de Moda Departamento de De sign Laboratório Têxtil Rodovia Celso Garcia Cid Pr 445 Km 380 Campus Universitário Londrina PR Brasil laisfavorinagostinhohotmailcom Resumo O tingimento da fibra de Seda na indústria utiliza corantes ácidos que impactam na saúde e no meio ambiente além de interferir no caráter natural e sustentável da cadeia produtiva da mesma O objetivo desta pesquisa é propor o tingimento natural com páprica picante dos fios de seda utilizando vinagre de álcool como mordente Verificouse que essa alternativa resulta em uma coloração viva e alaranjada que foram caracterizados por espectroscopia Raman indicando uma razoável interação entre os materiais Palavras chaves tingimento natural seda páprica picante Raman I SUSTEXMODA 155 1 Introdução A indústria têxtil é a 2ª indústria mais poluente do planeta que prejudica a saúde hu mana e o meio ambiente desde a obtenção das fibras até o seu descarte pois consume recursos naturais e utiliza em larga escala produtos químicos A fibra da seda é obtida de um processo sustentável livre de qualquer defensivo agrícola no cultivo das amoreiras que alimentam as lagartas Bombixmori conhecidas como bichodaseda O tingimento natural é uma alternativa para reduzir o impacto ambiental e dessa forma essa pesquisa foi realizada a partir da experimentação no tingimento de fios de seda crus utilizando como corante a páprica picante e como mordente vinagre de álcool ácido acético 2 Referencial Teórico A produção do fio utilizado no experimento é feita na empresa BRATAC onde são realizadas todas as etapas da criação do bicho da seda Bombyx mori até a formação dos casulos A fibra proteica da seda é composta por 75 a 90 de fibroína e 25 a 10 de sericina possui características físicoquímicas que determinam um tingimento bastante impactante para obter uma fixação eficaz e vivacidade da cor no tecido Os corantes ácidos possuem maior afinidade com a fibra que no processo de tingimento ligamse ás fibras da seda através de uma troca iônica A taxa de absorção do corante cresce em proporção à salinidade da água logo são adicionadas quantidades de sal ao banho de tingimento Foi realizado o tingimento natural com páprica picante cujo extrato Paprika oleoresin tem como principais compostos corantes a capsanthin capsaicin e capsorubin Sendo a capsaicin composto de óleo vegetal geralmente na faixa de 97 a 98 o principal composto aromatizante 3 Método e pesquisa O processo prático consiste em seis etapas das quais a primeira é a pesagem do co rante páprica picante e do material têxtil no caso fio de seda 100 Torcido Organzine 2729 denier 98 cabos Na segunda etapa houve a infusão da relação 25g de corante para 4 l de água Já na terceira etapa os fios de seda são submergidos em vinagre de álcool com proporção de 50 ml de vinagre para 38g de fios de seda retirado o excesso e encaminhado ao banho de tingimento A quarta etapa consiste no banho de tingimento onde os fios ficam imersos em fervura por trinta minutos em seguida na quinta etapa há o enxague dos efluentes até que a água saia limpa para então ser posta a sombra até se car totalmente e por fim na sexta e última etapa é realizada a análise por espectroscopia Raman que consiste na caracterização de grupos químicos presentes nos materiais e o efeito que os mesmos sofrem pela interação entre as moléculas presentes nos mesmos 156 III MEIO AMBIENTE 4 Análise e Conclusões Os fios de seda tingidos com páprica picante apresentaram uma coloração alaranjada intensa e com aspecto homogeneizado Através da espectroscopia Raman do material têxtil cru e tingido observouse a absorção de forma seletiva do carotenoide Os espec tros Raman foram obtidos por meio do Sistema de Microscopia Raman Confocal modelo alpha300 da WITec com excitação nos comprimentos de onde de 532 e 785 nm Em um primeiro momento temos o sólido da páprica picante extrato Paprika oleo resin que tem como principais compostos corantes a capsanthin e capsorubin Já em um segundo momento foi apresentado o espectro Raman da páprica pican te sólida Foi considerado que o sólido comercial pode conter diferentes compostos principalmente capsaicin capsanthin capsorubin e outros resíduos No espectro foram consideradas apenas as bandas em 1009 1157 e 1525 cm1 sendo características da capsanthin pois não foram observadas bandas em 1173 e 997 cm1 que poderia ser relacionadas ao capsorubin Pela observação dos aspectos analisados concluise que o corante páprica picante é uma alternativa sustentável para a fibra de seda com coloração alaranjada vibrante Além disso o processo de tingimento é ambientalmente sustentável uma vez que os resíduos gerados são muito poucos quando comparados com o método de tingimento industrial hoje utilizado na fibra da seda Referências 1 PAIXÃO F PEREIRA M CACHAPUZ A Corantes cor e luz recursos didácticos para um projecto com orientação Ciência Tecnologia e Sociedade Aveiro Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa Universidade de Aveiro 2007 Disponível em https repositorioipcbptbitstream10400114411Binder2Corantespdf 2 GUARATINI C C I ZANONI M V B Corantes Têxteis Departamento de Química Analítica Instituto de Química UNESP 14800900 Araraquara SP 1999 Disponível em httpwwwscielobrpdfqnv23n12146pdf 3 REQUENA J P CERONCARRASCO A BASTIDA J ZUNIGA B Phys Chem A 2008 112 48154825 Schuluz H Baranska M Vib Spectrosc 2007 43 1325 4 EPG Areas Y Kawano QUÍMICA NOVA 141 1991 3143 ME Rousseau T Lefe vre L Beaulieu T Asakura M Pezolet Biomacromolecules 2004 5 C C I GUARATINI M V B Zanoni QUÍMICA NOVA 231 2000 I SUSTEXMODA 157 42 Tecido a partir do pseudocaule da bananeira Linke P P¹ Calvi G C² e Bem N A³ 1 Paula Piva Linke Unifamma Docência Administração Av Mauá 2854 MaringáPR Brasil paulapivalinkegmailcom 2 Gabriel Coutinho Calvi Unicesumar Mediação EAD Av Guedner 1610 MaringáPR Brasil gabrielcalvihotmailcom 3 Natani Aparecida do Bem Unicesumar Mediação EAD Av Guedner 1610 MaringáPR Brasil natanidobemhotmailcom Palavras chave sustentabilidade moda têxtil 1Introdução O presente artigo trata do desenvolvimento de um fio oriundo da fibra da bananeira para ser utilizado na tecelagem de artigos para o vestuário O desenvolvimento desse fio tecido é resultado da busca de alternativas para minimizar os impactos causados pela indústria do vestuário criando uma nova fibra que tem um viés sustentável em diferentes aspectos como seu reuso e seu processo de fabricação Aliado a isso está o descarte inadequado do pseudocaule fonte fornecedora da ma tériaprima que é descartada de forma incorreta após a colheita do fruto única parte até então utilizada para consumo A pesquisa e desenvolvimento desse fio fundamentouse em experiências artesanais desenvolvidas pelas discentes que resultaram em um fio rústico por meio da fiação manual que pode ser utilizado para fins artesanais e se melho rado pode vir a ser utilizado no setor têxtil devido suas características serem muito próxi mas ao tecido de seda Buscar novos materiais para o setor têxtil é de suma importância visto que o mesmo é um dos mais poluentes A sustentabilidade precisa ser pensada não apenas em processos mais limpos mas do ponto de vista de reutilização de materiais aplicado a novos usos para o que é descartado como é o caso do pseudocaule 2 Sustentabilidade e moda Ao se pensar em sustentabilidade na moda é necessário pensar na escala de produ ção e na forma como este produto irá auxiliar na sustentação do consumo sem agredir 158 III MEIO AMBIENTE mais o meio ambiente BERLIN 2012 Para Leff 2012 a problemática do atual padrão de desenvolvimento nos leva a repensar os sistemas produtivos e a pensar de que forma é possível incorporar a sustentabilidade seja ela no processo produtivo de um produto ou na fabricação de sua matériaprima Pensando em amenizar os impactos causados pelo homem que tendem a proporcionar grandes riscos em prol da sociedade do consu mo principalmente quando se trata de moda O conceito de moda engloba vários elementos carregando uma série de implicações que não se refere somente à ordem estética mas envolve outros aspectos como o cultu ral o social o político o econômico e o ambiental A moda também pode ser entendida como parte do vestuário como algo que se destaca também pelo seu curto ciclo de permanência expressando valores culturais e sociais através de diversos elementos principalmente pela indumentária LIPOVETSKY 1989 Ao tratar a moda e seus impactos ao meio ambiente Berlim 2012 afirma que os lançamentos constantes e a produção intensa acarretam impactos ambientais que se referem ao uso intenso de recursos naturais Aliados à grande quantidade de energia empregada no processo produtivo à contaminação do solo ar e água ao longo de todo o processo produtivo da cadeia que vai da produção da fibra à comercialização do produto e descarte 3 A fibra da bananeira A fibra da bananeira apresenta um grande potencial sustentável no setor têxtil e tam bém no ramo do design principalmente relacionado ao artesanato Pois o que vinha a ser considerado desperdício agrícola pode vir a ser usado como matériaprima para teci dos com qualidade devido às características da fibra Esta que chama atenção é o seu comprimento devido ao tamanho do tronco o que acaba por proporcionar uma fibra mais longa podendo ser reaproveitada na confecção de tecidos com diferentes característi cas desde o rústico ao sofisticado PEZZOLO 2007 A fibra da bananeira é obtida do caule da planta que tem uma extensão longa cerca de um metro que resulta em uma fibra longa para o processo de tecelagem lembran do que o caule é descartado após a colheita da fruta O processo de transformação da fibra da bananeira tornouse possível a partir das etapas de preparação da fibra que envolvem processos de extração raspagem escovagem branqueamento tingimento maceração amaciamento e secagem Processos comumente utilizados na preparação de outras fibras têxteis naturais como o linho e o rami CHATAIGNIER 2006 As características obtidas da fibra da bananeira após essa série de tratamentos foi um fio macio de comprimento longo em que se tornou possível realizar a torção e forma ção de fios para serem tecidos posteriormente em um tear manual O toque obtido da fi bra apresenta o mesmo aspecto que um toque de seda ou cambraia devido à suavidade I SUSTEXMODA 159 A maior dificuldade encontrada durante o processo de obtenção do fio foi à fiação devido a dificuldades técnicas e também a disponibilidade de equipamentos específicos para a realização das etapas Com isso não foi possível desenvolver um fio de caracte rística comercial para ser utilizado em produção em grande escala Sendo assim optou por desenvolver um equipamento parecido ao utilizado no processo de torção e forma ção do fio mas que resultava em fios mais grossos o que acaba criando um tecido mais rústico Mas houve alguns pontos em que se teve facilidade durante o processo como a obtenção da matériaprima pseudocaule e o processo de tecelagem pois devido a espessura do fio acabou permitindo que a formação do tecido rapidamente mesmo que de forma manual 4 Considerações finais Diante desse contexto e a partir dos resultados obtidos verificouse que a utilização da fibra da bananeira no desenvolvimento de materiais têxteis possibilita a produção de produtos sustentáveis Além de ser uma matériaprima disponível em abundância e que elimina uma etapa de seu processo já embutida na produção do fruto uma vez em que ela é oriunda de resíduos de plantações agrícolas após a colheita da banana Tornando se assim um produto viável economicamente e eco eficiente que pode ser complemen tados com o perfil da plantação do fruto 5 Referências BERLIM Lilyan Moda e sustentabilidade uma reflexão necessária São Paulo Estação das Letras e Cores 2012 CHATAIGNIER Gilda Fio a fio tecidos moda e linguagem São Paulo Estação das Letras 2006 LEFF Enrique Saber ambiental sustentabilidade racionalidade complexidade poder 9 ed Rio de Janeiro Vozes 2012 LIPOVETSKY Gilles O império do efêmero a moda e o seu destino nas sociedades mo dernas Lisboa Publicações Dom Quixote 1989 PEZZOLO Dinah Bueno Tecidos história tramas tipos e usos São Paulo Senac São Paulo 2007 160 III MEIO AMBIENTE 43 Fibras de ágar e agarose comsem plastificante LORDÃO T P Thamires Pontes Lordão Universidade de São Paulo Escola de Artes Ciências e Humanidades Av Arlindo Béttio 1000 Ermelindo Matarazzo São Paulo Brasil thamiresuspbr Resumo Um dos problemas ambientais mais graves da atualidade é a poluição do meio ambiente e um dos grandes responsáveis é a indústria da moda As pesquisas para a redução de resíduos reutilização da matériaprima e também a concepção de novos materiais tem sido explorada como alternativas eficazes para preservação do planeta Esse estudo propõe a produção de fibras biodegradáveis para serem inseridas na indústria têxtil Os materiais explorados são os polímeros ágar e agarose Extraídos das algas vermelhas do tipo Rhodo phyceae possuem características sustentáveis As fibras foram obtidas através do método de extrusão de fiação a úmido demonstraram bons resultados para aplicação Palavras chaves Ágar Agarose Plastificante Fibras Têxteis 1 Introdução A indústria da moda é uma das mais poluentes do planeta e isso tem contribuído para um dos maiores problemas para a humanidade no Século XXI a poluição do meio marinho 1 Soluções alternativas têm surgido ao longo dos últimos anos tanto para reaproveitar as fibras já utilizadas como para criar novas fibras com materiais ecologicamente corre tos As algas têm se tornado um grande recurso natural em diversas áreas e isto se dá por serem um dos organismos com maior taxa de crescimento e regeneração da Terra Além da sua abundância e aplicações variadas possuem características ímpares em diversos segmentos que vão desde a indústria alimentícia à biomedicina 2 A partir das algas podese extrair os hidrocolóides como o ágar que são substâncias de hidrato de carbono solúveis em água normalmente utilizados para aumentar a visco sidade de soluções aquosas preparando géis e gelatinas com vários graus de resistên cia 3 I SUSTEXMODA 161 O objetivo desse estudo foi a utilização do ágar e da agarose com e sem plastificante para o desenvolvimento de fibras têxteis O ágar e a agarose são polímeros biodegra dáveis com características especiais como biocompatibilidade excelente capacidade de hidratação comportamento de gelificação termo reversível e características físico químicas que podem ser aplicadas ao desenvolvimento de biomateriais 2 Referencial Teórico 21 Ágar e agarose O ágar é um hidrocolóides presente na parede celular das algas vermelhas da classe Rhodophyceae está presente em dois gêneros de alga Gelidium ou Gracilaria McHU GH 2003 A agarose é um polímero neutro e principal constituinte do ágar é sintetizado através da purificação do ágar Expressarse como uma substancia gelificante neutra comum com ampla aplicação na biotecnologia e outras indústrias 4 5 Tanto o ágar quanto a agarose quando aquecidos dão origem a uma forma de solução que ao resfriar se fixa em forma de gel 3 Método e pesquisa 31 Materiais Os principais materiais usados neste estudo para fabricação das fibras são produtos comerciais sendo o ágar adquirido do fabricante Comercial SM Gênero Alimentício LTDA São Paulo Brasil Possui aspecto de pó na sua forma mais pura e apresenta uma cor levemente amarelada A agarose foi adquirida do fabricante comercial Vetec Química Final LTDA Rio de Janeiro Brasil A agarose possui aspecto em pó em sua forma mais pura e cor branca Solvente orgânico de grau analítico 32 Preparo das fibras Para a preparação das fibras o ágar e a agarose foram dissolvidos no solvente Para a obtenção do gel cada solução foi mantida sob agitação para garantir sua solubilização Após esse período cada gel de ágar e agarose foram divididos em três partes para serem feitas fibras com o polímero puro e com duas concentrações diferentes de plasti ficante Em seguida cada um dos géis foi inserido em uma seringa de vidro de 5ml as fibras foram formadas pelo método de fiação a úmido 4 Análise e Conclusões As algas vêm sendo exploradas há anos como uma solução sustentável em vários 162 III MEIO AMBIENTE setores como o de biocombustíveis alimentos beleza farmácia e medicina Segundo o Instituto de pesquisas mercadológicas Market e Markets 2018 7 a projeção é que o mercado de produtos de algas chegará a US 447bi até 2023 As algas têm ocupado espaço nas pesquisas que unem design tecnologia e bioengenharia onde as empresas que olham para o futuro estão buscando maneiras de capitalizar esses organismos sus tentáveis Esta pesquisa cumpriu com seu objetivo principal de produzir fibras de ágar e agarose com e sem plastificante As fibras concebidas através de um método extrusão de fiação a úmido demonstraram bons resultados em meio às limitações para serem aplicadas na indústria têxtil Há muito o que ser investigado sobre as fibras de ágar e agarose para serem inseridas na indústria Porém sabese que esses biomateriais não são ofensivos para a vida marinha nem para o planeta pode ser uma das soluções para fomentar a economia circular evitando resíduos 5 Referências 1 CALABRÒ P S GROSSO M Bioplastics and waste management Waste Manage ment v 78 2018 p 800801 2 WGSN Sustainable Futures The Power of Algae 2018 Disponível em httpswww wgsncomenloginrcontentboardviewer78635page6 Acesso em 15 abr 2018 3 McHUGH D J A guide to seaweed industry FAO Fisheries Technical Paper n 441 2003 4 ARAKI C Structure of the Agarose Constituent of AgarAgar Short Communications v 29 1956 p 543 5 CHEW K W JUAN J C PHANG S M LING T C SHOW P L An overview on the development of conventional and alternative extractive methods for the purification of agaro se from seaweed Separation Science and Technology v 53 2018 p 467480 6 MARKET AND MARKET Algae products market global opportunity and industry forecast 2017 2022 2018 Disponível em httpswwwresearchandmarketscomre ports4455943algaeproductsmarketglobalopportunitypos0 Acesso em 12 jan 2018 I SUSTEXMODA 163 44 Aproveitamento de resíduos na indústria têxtil V K Shibata1 A A Cerón2 S M Costa3 S A Costa4 1 Vitor Kenzo Shivata Stituto Europeo di Design Tecnologia em Design De Moda Rua Maranhão 617 São Paulo Brasil shibatavitorgmailcom 2 Annie Alexandra Cerón Sánchez Universidade de São Paulo Escola de Artes Ciências e Humanidades Programa de Têxtil e Moda Av Arlindo Béttio 1000 Ermelino Matarazzo São Paulo Brasil aaceronsuspbr 3 Sirlene Maria da Costa Universidade de São Paulo Escola de Artes Ciências e Humanidades Programa de Têxtil e Moda Av Arlindo Béttio 1000 Ermelino Matarazzo São Paulo Brasil sirleneuspbr 4 Silgia Aparecida da Costa Universidade de São Paulo Escola de Artes Ciências e Humanidades Programa de Têxtil e Moda Av Arlindo Béttio 1000 Ermelino Matarazzo São Paulo Brasil silgiauspbr Resumo O presente trabalho teve como objetivo o uso dos resíduos agroindustriais da melancia Citrullus lanatus e o melão Cucumis melo para a obtenção de um material aproveitável na indústria têxtil couro vegetal As cascas da melancia e do melão previamente limpas foram sometidas submetidas a um tratamento enzimático inativação da enzima mediante um aquecimento alcalino posterior tratamento com glicerol e secagem Os resultados sen soriais e testes de costura revelaram a possibilidade do uso do material obtido na indústria têxtil na fabricação de acessórios ou na composição de peças têxteis integrada com outros materiais de uso mais comum Palavras chaves Cascas Celulases Couro vegetal Sustentabilidade Glicerol 164 III MEIO AMBIENTE 1 Introdução e referencial teórico A indústria têxtil movimenta significativamente a economia mundial e apresenta altos volumes de produção devido ao ciclo da indústria que tomou um ritmo mais rápido pro dução em larga escala rápido consumo pouco tempo de uso descarte o fast fashion sendo assim também uma das maiores responsáveis pela poluição mundialA indústria têxtil movimenta significativamente a economia mundial e apresenta altos volumes de produção devido ao ciclo da indústria que tomou um ritmo mais rápido produção em larga escala rápido consumo pouco tempo de uso descarte o fast fashion O fast fashion referese a coleções de roupas de baixo custo que imitam as atuais tendências de moda de luxo e é um sistema simplificado envolvendo design rápido produção distri buição e marketing 1 Já o No caso da indústria do couro que oferece uma ampla gama de bens de consumo como calçados roupas bolsas etc o mercado global foi de US 954 bilhões em 2018 e chegará a US 12861 bilhões até 2022 com uma taxa de cres cimento de 436 durante o período previsto No caso pontual da indústria do couro é uma essa indústria empresa é antiga e oferece uma ampla gama de bens de consumo como calçados roupas bolsas etc o mercado global de artigos de couro está foi em de US 954 bilhões em 2018 e chegará a US 12861 bilhões até 2022 com uma taxa de crescimento de 436 durante o período previsto 2 O processo de transformação de peles em couros ribeira curtume e acabamento O processo de transformação de peles em couros pode ser dividido em três subprocessos básicos ribeira curtume e acaba mento 3 gera grandes quantidades de resíduos por cada 250 kg de couro produzidos são gerados entre 15 e 50 m3 de aguas residuais entre 450 e 730 kg de resíduos sólidos e de 1 a 10 kg de emissões gasosas gerando grandes quantidades de resíduos em cada etapa4 Observando o impacto ambiental desta indústria tem se considerado algumas opções para substituir o couro animal na fabricação de alguns produtosO impacto am biental de resíduos de curtumes contendo águas residuais produtos químicos perigosos como o cromo taninos sintéticos óleos resinas biocidas detergentes resíduos sólidos e emissões gasosas cria uma imagem negativa da indústria do couro embora tenha influência econômica significativa fixando o interesse em matériasprimas naturais e ino vadoras como tecidos reciclados e fibras naturais de cânhamo algodão orgânico fungos e frutas 5 6 Considerando o panorama da indústria do couro o objetivo do desenvol vimento deste trabalho é o uso de resíduos da melancia e o melão para a produção de um material com características similares ao couro Visando o panorama já Desta forma objetivase descrito este trabalho propõe o com esse trabalho o uso de resíduos da melancia e o melão para a produção de um ma terial com características similares ao couro mediante um préetratamento enzimático tratamento com glicerol e finalmente secagem I SUSTEXMODA 165 2 Materiais e métodos Cascas de melancia Citrullus lanatus e melão Cucumis melo enzima celulase Goldzima BPC glicerol PA Vetec As cascas foram lavadas e retirada uma 80 da entrecasca cortadas em pedaços de 180 gr e tratadas com a enzima a uma concentração de 05 vv 40 ºC pH 5 por 15 30 40 e 60 min Após foram lavadas com agua destilada e colocadas em médio básicoNaOH 05N e aquecidas por 15 min a uma temperatura de 70 ºC para a inativação da enzima Posteriormente foram lavadas com agua destilada tratadas com glicerol y e secas em estufa a 50 ºC por 24 h e 36 hFinalmente foram fei tos testes Foram realizados ensaios de perda de massa avaliação do toque e teste de costurautilizando em uma máquina industrial reta com regulagem do ponto de quatro e linha 100 algodão de espessura média Todos os ensaios foram feitos por triplicata 3 Análise e Conclusões Ao final do processo foi possível determinar que o tempo ótimo de tratamento enzi mático das cascas tanto de melão como de melancia de 40 min e um tempo de secagem de 36 h As amostras apresentaram uma perda de massa de aproximadamente 90 e as condições de tratamento foram suficientes para obter um produto flexível maleável e re sistente aos testes de costura Figura 1 A enzima foi recuperada e usada em tratamen tos posteriores mostrando alta atividade e estabilidade sendo um resultado apreciável na hora de um estudo de viabilidadeimportante para o processo ser levado a uma escala industrial O trabalho vai ser continuado para determinar características mais específicas como a resistência susceptibilidade ao ataque microbiano entre outros testes Assim como a possibilidade de tingimentos naturais vão ser testadas Figura 1 Resultados do tratamento das cascas do melão Casca tratada Teste de costura Peça composta Fonte autoria própria 4 Reconhecimento e agradecimentos Agradecimentos ao Laboratório de Pesquisa de Têxteis Técnicos da Escola de Artes e Ciências da Universidade de São Paulo e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pes soal de Nível Superior Brasil CAPES Código de Financiamento 001 166 III MEIO AMBIENTE 5 Referências 1 RADNER LINDEN A An analysis of the Fast Fashion Industry 2016 Bard Colle ge 2016 Disponível em httpdigitalcommonsbardedusenprojf201630 2 BUSINESS WIRE Global Leather Goods Market 20182022 Technological Ad vances in Manufacture of Leather Goods to Boost Growth Technavio Disponível em ht tpswwwbusinesswirecomnewshome20180712005868enGlobalLeatherGoodsMa rket20182022TechnologicalAdvances Acesso em 27 fev 2019 3 DIXIT S et al Toxic hazards of leather industry and technologies to combat threat A review Journal of Cleaner Production v 87 n 1 p 3949 2015 4 MURAD A B M W MIA A S RAHMAN M A Studies on the Waste Management System of a Tannery An overview International Journal of Science v 7 n 4 2018 5 QURESHI N A et al Ecotoxicological risks associated with tannery effluent waste water Environmental Toxicology and Pharmacology v 34 n 2 p 180191 2012 6 SANDIN G PETERS G M Environmental impact of textile reuse and recycling A review Journal of Cleaner Production v 184 p 353365 2018 I SUSTEXMODA 167 45 O processo de purga enzimática e suas vantagens C A Silva1 C A Cionek2 e D S Carvalho3 1 Caroline Alves da Silva Universidade Tecnológica Federal do Paraná Coordenação de Engenharia Têxtil Rua Mar cílio Dias 635 Jardim Paraíso CEP 86812460 ApucaranaBrasil carolines2014alunosutfpredubr 2 Caroline Apoloni Cionek Universidade Tecnológica Federal do Paraná Coordenação de Engenharia Têxtil Rua Mar cílio Dias 635 Jardim Paraíso CEP 86812460 ApucaranaBrasil carolinecionekutfpredubr 3 Dayane Samara de Carvalho Universidade Tecnológica Federal do Paraná Coordenação de Engenharia Têxtil Rua Mar cílio Dias 635 Jardim Paraíso CEP 86812460 ApucaranaBrasil dayanecarvalhoutfpredubr Resumo Uma das operações realizadas no beneficiamento primário têxtil é o processo de purga cujo objetivo é remover óleos gorduras e outras impurezas das fibras Para atingir tal ob jetivo é possível realizar processos mediante a utilização de agentes químicos que podem ser agressivos tanto às fibras quanto ao meio ambiente Entretanto atualmente também é possível utilizar processos em que são utilizadas enzimas que não causam danos às fibras e diminuem a agressão ao meio ambiente Diante disto o objetivo deste trabalho é apre sentar as principais vantagens da purga enzimática por meio de uma revisão bibliográfica Palavras chaves Purga Enzimas Têxtil Sustentabilidade Beneficiamento 1 Introdução A purga é uma das etapas do beneficiamento primário em que os constituintes hi drofóbicos e outros compostos nãocelulósicos são removidos da fibra de algodão 1 Convencionalmente o processo é realizado utilizando hidróxido de sódio a altas tempe raturas 2 e embora seja um processo efetivo o mesmo é prejudicial ao meio ambiente devido ao alto consumo de água energia e produtos químicos resultando em um grande volume de efluente Assim a fim de minimizar a geração de efluentes industriais com 168 III MEIO AMBIENTE elevada carga de produtos químicos temse introduzido enzimas no processo 3 Desta forma o objetivo deste trabalho é apresentar as principais vantagens da biopurga por meio de uma revisão bibliográfica 2 Referencial Teórico A purga atua removendo as impurezas das fibras de algodão com a utilização de hi dróxido de sódio o qual reage com as impurezas por meio das reações de saponificação e a emulsificação e apesar da purga alcalina ser efetiva e o custo do hidróxido de sódio ser baixo o processo não é ecologicamente viável pois consome grandes quantidades de energia água e agentes auxiliares 4 gerando elevadas quantidades de efluentes ocasionando problemas sob um ponto de vista ambiental 5 Além disso os produtos químicos utilizados na remoção destas impurezas atacam a celulose reduzindo a massa e a resistência do tecido 2 Assim com a crescente preocupação com o meio ambiente muitas pesquisas têm sido desenvolvidas 6 7 com o objetivo de aplicar enzimas nas etapas do beneficiamen to têxtil devido atuarem como catalisadores biológicos apresentando alta capacidade catalítica e seletividade específica sobre o substrato permitindo a realização de proces sos sob condições mais suaves e consequentemente diminuindo o consumo de água e de energia e gerando efluentes mais facilmente tratáveis além de reduzir os danos às fibras 28 Entretanto a especificidade da enzima depende da molécula em que cada enzima atua e da reação que será efetuada 1 Com base na composição das impurezas não celulósicas das fibras de algodão várias enzimas como as pectinases celulases pro teases e lipases têm sido estudadas e avaliadas como agentes na purga enzimática Diante deste contexto há estudos que tentam aumentar a eficácia da purga enzimáti ca aplicando processos de combinação de enzimas De fato Silva 2 realizou um estudo sobre a aplicação de pectinases celulases e lipases na purga enzimática do algodão e verificou que embora os resultados obtidos com a utilização das pectinases tenham sido bons a purga enzimática realizada utilizando três enzimas pectinases celulases e lipa ses apresentou melhor hidrofilidade Ou seja além dos benefícios ambientais a biopurga pode permitir obter um tecido de melhor qualidade 3 Análise e Conclusões Com a crescente preocupação com o ecossistema as enzimas são uma fonte alterna tiva para substituir elementos químicos mais prejudiciais Os processos enzimáticos são menos nocivos consomem menos água e energia e consequentemente geram menor quantidade de resíduos Assim a utilização de enzimas no processo de purga além das vantagens ambientais apresenta resultados menos prejudiciais às fibras pois as mes I SUSTEXMODA 169 mas apresentam alta especificidade devido sua estrutura e com isso as enzimas reagem apenas com as impurezas contidas nas fibras 4 Referências 1 CAVACOPAULO A GÜBITZ G M Textile Processing with Enzymes Cambridge Woodhead Publishing 2003 2 SILVA L G M et al Study and Application of na Enzymatic Pool in Bioscouring of Coton Knit Fabric Canadian Journal of Chemical Engineering v 95 n 7 p 12531260 2013 3 SOUZA AAU FERREIRA FCS SOUZA SMAGU Influence of pretreatment of cotton yarns prior tp biopolishing Carbohydrate Polymers v93 p 412415 2013 4 FREITAS K R Estabilização Enzimática para Aplicação em Biopurga de Tecidos de Malhas de Algodão Tese de Doutorado Universidade Federal de Santa Catarina 2009 5 BUSCHLEDILLER G TRAORE M K Influence of Direct and Reactive Dyes on The Enzymatic Hydrolysis of Cotton Textile Research v 68 p185192 1998 6 KHAN Md Maruf et al Immobilization of an alkaline endopolygalacturonase purified from Bacillus paralicheniformis exhibits bioscouring of cotton fabrics Bioprocess and biosyste ms engineering v 41 n 10 p 14251436 2018 7 ERDEM A BAHTIYARI I Ultrasonicbioscouring and ozone based bleaching of cotton slivers and coloration of them with natural dye sources Journal of Cleaner Production v 188 p 670677 2018 8 CALADO V M M DILLON A J P SALGUEIRO A A Produção de Celulases por Linhagens de Humicola grisea sob Cultivo Submerso Revista Ciências Tecnologia S L v 1 p16 2007 170 III MEIO AMBIENTE 46 Uso de resíduos na produção de corantes naturais B T H Otaviano1 S A Costa2 M Sannomiya3 e S M Costa4 1 Bryna Tieme Haraki Otaviano Universidade de São Paulo Escola de Artes Ciências e Humanidades Av Arlindo Béttio 1000 Ermelino Matarazzo 03828000 São Paulo SP Brasil brynaotavianouspbr 2 Silgia Aparecida da Costa Universidade de São Paulo Escola de Artes Ciências e Humanidades Av Arlindo Béttio 1000 Ermelino Matarazzo 03828000 São Paulo SP Brasil silgiauspbr 3 Miriam Sannomiya Universidade de São Paulo Escola de Artes Ciências e Humanidades Av Arlindo Béttio 1000 Ermelino Matarazzo 03828000 São Paulo SP Brasil miriamsannomiyayahoocombr 4 Sirlene Maria da Costa Universidade de São Paulo Escola de Artes Ciências e Humanidades Av Arlindo Béttio 1000 Ermelino Matarazzo 03828000 São Paulo SP Brasil sirleneuspbr Resumo Nos últimos anos a indústria da moda tem se atentado para a problemática ambiental e buscado formas mais limpas de produzir como a utilização de corantes naturais adquiridos a partir de plantas insetos e minerais Porém a baixa disponibilidade impede a expansão dessa alternativa aos corantes sintéticos O aproveitamento de resíduos da agroindústria tem se mostrado promissor devido a questões ambientais e econômicas Objetivase fazer um levantamento bibliográfico a respeito de resíduos agroindustriais que possuem potencial para serem utilizados como fonte para a extração de corantes naturais Palavras chaves Tingimento natural Corantes naturais Resíduos Moda sustentável I SUSTEXMODA 171 1 Introdução A indústria têxtil além de consumir em demasia recursos hídricos em média 15 possui potencial médio em poluição sendo a etapa de beneficiamento têxtil a maior cola boradora 1 Objetivando a diminuição do uso de substâncias tóxicas o setor vem inse rindo a prática da reciclagem a utilização de algodão orgânico e de fibras e corantes de origens naturais na sua cadeia produtiva 2 Estes últimos podem ser obtidos a partir de plantas insetos e minerais sem qualquer tipo de processamento químico 3 Por esse motivo eles são considerados ecologicamente corretos biodegradáveis não tóxicos e menos alergênicos do que os corantes sintéticos 4 O Brasil pode oferecer uma gama diversa de materiais que podem ser explorados com esta finalidade pois é um grande gerador de resíduos da agroindústria com cerca de 30 de desperdício 5 Os resíduos orgânicos produzidos pela indústria de alimentos no Brasil possuem potencial químico pois são ricos em taninos utilizados como morden te natural flavonóides antraquinonas naftoquinonas entre outras substâncias que po dem agregar valor ao produto têxtil 56 O reaproveitamento dos resíduos contribui com a preservação ambiental além de abranger questões econômicas e financeiras 5 pois devido ao seu elevado custo de tratamento e transporte muitas vezes são descartados inadequadamente tornandose fonte de poluição ambiental 7 Desta forma objetiva se realizar um levantamento bibliográficos sobre resíduos agroindustriais com potencial para serem utilizados na indústria têxtil como fonte de corantes naturais 2 Metodologia A pesquisa consistiu em levantamentos bibliográficos de autores que estudam a apli cação de corantes naturais em têxteis com foco em matérias primas de origem residual da agroindústria 3 Resultados e discussão A Tabela 1 mostra alguns dos resíduos possíveis de serem utilizados como corante e mordente natural têxtil 172 III MEIO AMBIENTE Tabela 1 Resíduos agroindustriais com potencial para uso como corante natural têxtil Nome popular Nome cientí fico Resíduo utili zado Substâncias responsáveis Cor resultante sem mordente Referên cia Romã Punica grana tum L Cascas Antocianina punicalagina isopeletierina Marrom amare lado 4 Uva Vitis sp Bagaço Antocianina Rosa claro 8 Jabuticaba Plinia cailiflora Mart Kausel Cascas Antocianina Marrom leve mente rosado 8 Eucalipto Eucalyptus grandis Hill Ex Maiden Cascas da produção de madeira Taninos quer cetina rutina ácido elágico Marrom 9 Azeitona verde Olea europaea Água residual da produção do azeite de oliva Taninos rutina Marrom 10 Acácia Acacia nilótica Cascas da produção de madeira Catequina quercetina Marrom claro 11 Cebola Allium cepa Cascas Quercetina Marrom 8 Fonte Elaborada pelos autores 2019 4 Conclusão Utilizar resíduos agroindustriais pode ser uma alternativa viável para a indústria têxtil pois além da grande quantidade de matéria prima essa prática pode trazer benefícios econômicos e ambientais para as empresas envolvidas Percebese que a cartela de cores ainda é limitada porém com a aplicação de mordentes e variações de pH a pos sibilidade de ampliação é promissora 5 Referências 1 QUEIROZ M T A et al Gestão de resíduos da indústria têxtil e sua relação com a qua lidade da água estudos de caso Iberoamerican Journal of Industrial Engineering v 8 n 15 p 114135 2016 2 SCHULTE Neide Kohler LOPES Luciana Sustentabilidade ambiental um desafio para a moda Modapalavra eperiódico ano 1 n 2 agodez 2008 3 SHAHID M et al Recent advancements in natural dye applications a review Journal of Cleaner Production v 53 p 310331 2013 4 PRUSTY A K et al Colourimetric analysis and antimicrobial study of natural dyes and dyed silk Journal of Cleaner Production v 18 p 17501756 2010 5 FILHO W B N FRANCO C R Avaliação do potencial dos resíduos produzidos através I SUSTEXMODA 173 do processamento agroindustrial no Brasil Revista Virtual de Química v 7 n 6 p 1968 1987 2015 6 BALIARSINGH S et al Exploring sustainable technique on natural dye extraction from native plants for textile identification of colourants colourimetric analysis of dyed yarns and their antimicrobial evaluation Journal of Cleaner Production v 32 p 257264 2012 7 SOUZA M S B et al Caracterização nutricional e compostos antioxidantes em resíduos de polpas de frutas tropicais Ciência e Agrotecnologia v 35 n 3 p 554559 maiojun 2011 8 BECHTOLD T et al Natural dyes from food processing wastes In Handbook of Waste Management and CoProduct Recovery in Food Processing Woodhead Publishing Series in Food Science Technology and Nutrition v 1 p 502533 2007 9 ROSSI T et al Waste from eucalyptus wood steaming as a natural dye source for textile fiber Journal of Cleaner Production v143 p 303310 2017 10 HADDAR W et al Optimization of an ecofriendly dyeing process using the wastewater of the olive oil industry as natural dyes for acrylic fibre Journal of Cleaner Production v 66 p 546554 2014 11 ADEEL S et al Ecofriendly Dyeing of UVIrradiated Cotton Using Extracts of Acacia nilotica Bark Kikar as Source of Quercetin Asian Journal of Chemistry v 26 n3 p 830 834 2014 174 III MEIO AMBIENTE 47 Sustentabilidade e inovação na criação de fios Marin F B Marin A H e Belli M¹ 1 Fernando Bastos Marin Antônio Hermínio Marin e Márcio Belli AirJet Global Rua Martin Pescador 98 Florianópolis Brasil Cep 88063516 Laboratório próprio de desenvolvimento AirJet Global infoairjetglobalcom Resumo Nosso planeta Terra que melhor seria se fosse chamado planeta água não suporta mais tanto lixo em seus rios e oceanos Já é fato toda cadeia alimentar dos oceanos possui resíduos industriais Segundo estudo científico concluiuse que fibras de tecido sintético soltamse no momento da lavagem chegando aos oceanos e assim se tornando comida para peixes e outros seres aquáticos A tecnologia desenvolvida pelo engenheiro químico Antônio Marin proporciona um movimento de sustentabilidade e preocupação com o meio ambiente Palavras chaves Mistura íntima Fios de Filamento Contínuo Sustentabilidade Tecnologia Patenteada 1 Introdução A tecnologia trás a possibilidade de uma combinação muito grande de diferentes ti pos de misturas e amplitude de gramaturas de fios além de proporcionar grande varieda de de tipos de fios filamentados combinados com fios fiados sem alteração nas etapas de produção das fiações Assim traz melhorias tecnológicas de novos tecidos inteligentes com toque agradável a partir do entrelaçamento dos mesmos baseado na injeção de ar comprimido juntamente com filamentos contínuo beneficiando a produção de um fio misto em larga demanda com maior resistência originando tecidos tal como brim urdu me e trama malhas tecidos técnicos tecidos compostos com resinas especiais tecidos sem bolinhas e que pouco amarrotam além de substituir a mistura intima Esta tecnolo gia traz melhorias produtivas e qualitativas atendendo às novas necessidades técnicas do mercado têxtil e auxiliando a uma economia financeira e principalmente ajudando o meio ambiente evitando excesso de efluentes contaminantes em rios Para darmos andamento na teoria da técnica aplicada neste trabalho iniciaremos na historia do desenvolvimento desta ideia Antônio Marin trabalhava para maior com panhia de poliéster do mundo uma empresa Alemã que fabricava toneladas de fios de poliéster para o Brasil e mundo todo Antes da década de 80 o poliéster era diferente e I SUSTEXMODA 175 não se pensava em um processo tecnológico que iria mudar o rumo do planeta O po liéster era muito usado em máquinas de malharia circular em trama de teares e entre outras máquinas Para usar o poliéster no urdume no tear precisava torcer s e z para dar resistência e outras propriedades necessárias Formavase um tecido plastificado com péssimo toque textura e caimento Sr Marin criou processo e produto na década de 80 no Brasil utilizando o poliéster entrelaçado através de uma outro empresa Brasileira que acreditou em seu sonho Este produto mudou o mundo conquistando as montanhas mais altas Tivemos avanços tecnológicos enormes em pouco tempo O Sr Marin modifi cou o planeta o poliéster entrelaçado foi criado no Brasil por um Brasileiro 2 Referencial Teórico Com este estudo desejamos trazer visibilidade para toda a comunidade sobre o grande problema por trás da produção de fios de mistura íntima com fibra cortada sin tética liberando micro fibras sintéticas e poluindo rios e oceanos Nosso objetivo real é através da patente PI 07041578 de processo e produto trazer a solução imediata para esse problema Os benefícios e vantagens observados na presente invenção são alcan çados através de um processo de fios combinados baseado na pressão de ar comprimido que exerce nos fios no momento da passagem pelo bico injetor Assim criasse um ema ranhado de filamentos em torno e sobre o fio fiado consequentemente criando pontos de solda dos filamentos envolvidos acrescentando ao fio resistência diversas combinações de composições e títulos Para essa pesquisa exploratória investigamos o processo de produção de fios mis tos a partir do entrelaçamento de fios fiados algodão viscose lã acrílico juntamente com filamentos contínuos poliéster poliamida e polipropileno Com isso observamos que tratase de um assunto de importância global trazendo benefícios não somente na área têxtil como ambiental consumo moda entre outros Através dessa pesquisa confir mamos as hipóteses sobre esse processo de entrelaçamento de fios trazendo inúmeros benefícios Seus resultados trazem mudanças e impactos na economia global sustentá vel 3 Método e pesquisa A figura 1 representa a invenção por um desenho esquemático do processo de fabricação de fios combinados que mostra de que maneira a pesquisa pode ser desen volvida De acordo com a figura 1 o processo de produção de fios combinados é iniciado com a especificação do tipo de fio que se quer fabricar ou seja as diferentes gramaturas que se deseja obter No entanto devese levar em consideração que um dos fios deve ser necessariamente filamento contínuo poliéster ou poliamida ou raion ou polipropileno ou vários outros filamentos contínuos e o outro fiado algodão ou viscose ou lã ou acríli 176 III MEIO AMBIENTE co ou vários outros fios fiados ou qualquer fio convencional Nessa escolha visa criar al guns pontos de ligação física com os filamentos que permanecerem firmes Em seguida diante da especificação os fios são levados para a máquina e colocados nos suportes conicais sendo então passados pelos guiafios tensores colocando os cabos paralelos no orifício do bico injetor Posteriormente ligase o compressor que injeta o ar comprimi do na linha que alimenta os bicos injetores no regulador de pressão que está no início e no final da linha na máquina Fazse a regulagem da pressão necessária para este fio que pode variar preferivelmente de 1 a 10 Bar de modo a possibilitar que os filamentos criem pontos de entrelaçamento que resultam pontos de solda os quais permanecem mesmo depois de feito o tecido e confeccionada a peça Figura 1 Processo de Entrelaçamento 4 Análise e Conclusões Após os devidos testes listamos os seguintes benefícios trazidos por essa tecno logia Utilização no urdume sem goma No peeling Ir na contramão dos produtos massificados Não necessita estoque de fios prontos Utilização de novos filamentos tec nológicos Possibilidade de atender ao cliente rapidamente com amostra de um cone Possibilidade diversas de composição e título Praticidade na criação de novos fios Me nor consumo de energia de produção comparado com mistura íntima Evita a contamina ção dos oceanos com fibras cortadas sintéticas Concluímos que esse estudo é de extrema importância para que tenhamos um desenvolvimento sustentável e ecológico no mercado têxtil Nossa missão é que através dessa tecnológica possamos transformar a maneira como as empresas de confecção e moda desenvolvem os seus produtos transformando também sua consciência para que percebam que o poder de mudança está em suas mãos Possibilitamos assim a criação de produtos mais tecnológicos sustentáveis e ambientais I SUSTEXMODA 177 5 Reconhecimento e agradecimentos Todo reconhecimento é dedicado a um dos maiores criados de produtos do merca do têxtil mundial que além de transformar traz a possibilidade de mudança e distancia mento do desastre global Sr Antônio Marin Agradecemos também a todos os colabora dores envolvidos e empresas parceiras 6 Referências 1 Sá L C Studies of the effects of microplastics on aquatic organisms What do we know and where should we focus our efforts in the future Science of The Total Environment Volume 645 15 December 2018 Pages 10291039 178 III MEIO AMBIENTE 48 Bioeconomia e a ascensão de novas fibras na moda B A Osmari¹ B M Romansini² 1 Bruna Andressa Osmari Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI Balneário Camboriú Santa Catarina Brasil Email bruosmarihotmailcom 2 Bruna Medeiros Romansini Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI Criciúma Santa Catarina Brasil Email brunaromancinihotmailcom Resumo Na cadeia da moda uma das principais preocupações quanto às práticas sustentáveis con siste no uso da matériaprima os têxteis Seu processo de produção normalmente leva químicos que poluem a natureza tanto na produção das fibras naturais com o uso dos agro tóxicos quanto nas fibras sintéticas que levam décadas para se decompor Há também a questão do descarte que ainda tem pouca atenção das empresas É nesse contexto que surgem as fibras criadas a partir da bioeconomia uma tecnologia que já está revolucionan do a indústria da moda e traz um novo olhar para a relação entre moda e natureza Palavraschave sustentabilidade moda consumo fibras têxteis 1 Introdução Neste artigo abordaremos algumas das práticas de produção de moda inovadoras que surgiram a partir da preocupação com questões sustentáveis dando espaço à novas fibras têxteis Os tecidos biodegradáveis são fabricados através da bioeconomia tecno logia que permite transformar alimentos em matériaprima têxtil para a indústria do ves tuário e é sobre o despertar dessas novas formas de se fazer moda e sobre a importân cia da bioeconomia na produção de fibras tecnológicas e sustentáveis que trataremos demonstrando os tipos de fibras que estão sendo fabricadas e quais são seus maiores benefícios contribuindo para que a sustentabilidade seja cada vez mais um valor impe rioso em toda a cadeia de produção de moda utilizando da tecnologia como aliada I SUSTEXMODA 179 2 Do Consumismo ao Consumo Consciente Desde o início da sociedade de consumo que surgiu a partir da Revolução Industrial o mundo ocidental tornouse um lugar onde consumir é sinônimo de status pertencimen to sucesso e felicidade Essa relação com o consumo se estreita e solidifica quando a sociedade exige que as pessoas se expressem e se identifiquem através do que conso mem Essa nova dinâmica segundo 1 Bauman 2007 fez com que os próprios consu midores se tornassem as mercadorias A moda nesse sentido tem papel fundamental e acompanha as transformações que ocorrem a todo momento no mundo contemporâneo De acordo com 2 Berlim 2016 a roupa ultrapassa a necessidade de cobrir o corpo trazendo símbolos que estão relacionados com o adorno de quem a veste 21 Slow Fashion A moda até então movida pelo consumo desenfreado e encabeçada pela oferta in cessante de produtos advindos de redes de fast fashion juntamente com as crises am bientais vê surgir um novo tipo de consumidor mais engajado em causas ambientais e sociais mais consciente do ato da compra e por consequência mais exigente Segundo 3 Morace 2015 p 14 essa variável da aquisição desnecessária não está mais no cen tro das nossas preocupações Assim surge o slow fashion que tem seu foco na produ ção lenta e que leve em conta aspectos sociais culturais e ambientais na concepção dos produtos Essa forma de pensar o design na moda Segundo 2 Berlim 2016 p 54 implica que designers comerciantes varejistas e consumidores considerem a velocidade da natureza para produzir os recursos naturais usados na produção têxtil e a comparem com a velocidade com que são consumidos e descartadas 22 Bioeconomia aplicada à moda novas fibras têxteis A bioeconomia está a serviço de criar novas formas de alimentar as indústrias atra vés de recursos biológicos renováveis oriundos da natureza As matériasprimas orgâni cas e bioecológicas são uma forma de produzir moda de maneira mais sustentável 3 Mori 2016 cita Fletcher e Grose 2011 quando afirma que o uso de fibras biodegradá veis nos produtos de moda é uma maneira de prevenir a contaminação do solo em aterros sanitários no descarte de peças que o consumidor não utiliza mais E explica que no processo de biodegradação as fibras são decompostas pelo ar pela luz e pela água sendo esses processos atóxicos Através dessa tecnologia surgem uma variedade de fibras têxteis provenientes das aplicações da bioeconomia As fibras são produzidas a partir de restos de alimentos e principalmente frutas 180 III MEIO AMBIENTE 3 Método e pesquisa A pesquisa tem caráter exploratório com foco na pesquisa e revisão bibliográfica Foram utilizadas fontes como livros artigos reportagens e sites além de autores conhe cidos por estudarem a sociedade de consumo e suas transformações como Bauman Lipovetsky e Francesco Morace O tema da Sustentabilidade foi construído através do olhar de Lilyan Berlim Kate Fletcher Enrico Cietta entre outros autores que pesquisam a sustentabilidade na moda O tema das novas fibras exigiu um trabalho minucioso e de pesquisa e possui caráter inovador já que existem poucos materiais acadêmicos no Bra sil que abordam as fibras apresentadas neste trabalho pelo fato de ser um tema pouco discutido e que está ainda em desenvolvimento 4 Conclusão Ao final do trabalho foi possível concluir que a bioeconomia na moda é viável e de suma importância quando pensamos em criar processos mais sustentáveis na produção de fibras têxteis Buscar na natureza novas fontes de matériaprima e novas maneiras de se produzir tecidos é entender que a sustentabilidade é um conceito que deve ser levado em consideração Essa transformação já está acontecendo através do olhar visionário e ao mesmo tempo acolhedor para com o meio em que vivemos através de profissionais que enxergaram na consciência ambiental uma forma de produzir sem perpetuar o ciclo vicioso e degradante da produção inconsequente de moda 6 Referências 1 BAUMAN Zygmunt Vida para consumo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008 2 BERLIM Lilyan Moda e Sustentabilidade uma reflexão necessária São Paulo Esta ção das Letras e Cores 2016 3 MORACE Francesco Crescimento feliz percurso para o futuro da economia São Pau lo Estação das Letras e Cores 2015 4 MORI Natalia Tinoco Slow Fashion conscientização do consumo de moda no Brasil São Paulo Universidade de São Paulo USP 2016 I SUSTEXMODA 181 49 Preocupações socioambientais associadas ao uso de couro sintético no vestuário de veganos G R S Araujo1 e L C P Nascimento2 1 Gabriella Ribeiro da Silva e Araujo Universidade de São Paulo Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Departamento de De sign Rua do Lago 876 São Paulo Brasil gagbghgmailcom 2 Luís Cláudio Portugal do Nascimento Universidade de São Paulo Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Departamento de De sign Rua do Lago 876 São Paulo Brasil claudioportugaluspbr Resumo Em se tratando de vestuário utilizável por usuários vegetarianos veganos que por moti vações sobretudo de ordem ideológica ecológica eou ética abstêmse do consumo de materiais derivados de animais há disponíveis no mercado inúmeras versões sintéticas alternativas a materiais como o couro bovino por exemplo mas que simulam seus as pectos funcionais estéticos formais eou físicos sem no entanto implicar morte de ani mais prática considerada indesejável por indivíduos adeptos da filosofia do veganismo Alguns resultados desta pesquisa sugerem que de acordo com usuários veganos a ideia de substituição do couro por seu simulacro em material sintético poderia tanto ser fator visto como ambientalmente mais amigável quanto objeto de preocupações socioambien tais Neste contexto por meio de entrevistas semiestruturadas sondagens em comentários identificados em rede social da internet e de aplicação de questionários abertos o presente artigo apresenta noções dicotômicas quanto à aculturação de noções de sustentabilidade socioambiental em relação a este material em específico Se para alguns respondentes o mero fato de estes simulacros não caracterizarem subprodutos da indústria pecuária seria visto como algo ambientalmente mais favorável uma vez que esta última seria considerada responsável por significativos impactos ambientais negativos para outros a origem fóssil não renovável de matériasprimas como o poliuretano que compõe o coloquialmente deno minado couro sintético seria objeto de ponderações nas decisões de compra de produtos que contenham este material Palavraschave moda sustentabilidade couro sintético preocupações socioambientais vestuário vegano 182 III MEIO AMBIENTE 1 Introdução Diante de um panorama de grande difusão da aplicação de materiais sintéticos com características estéticoformais semelhantes às de materiais derivados de animais o pre sente trabalho investiga a associação de preocupações socioambientais ao consumo de simulacros de couro animal em materiais têxteis sintéticos presentes em vestuário de usuários veganos Ao iluminar aspectos conceituais e práticos que permeiam o consumo de vestuário utilizável por este público em específico os resultados de pesquisa desta natureza têm potencial de expandir os limites do conhecimento no campo do design de moda susten tável no que concerne às peculiaridades deste perfil usuários os veganos de modo que que tais insumos teóricos possam via a ter utilidade para designers cujas preocupações de projeto incluam a perscrutação e consideração de necessidades valores e percep ções do universo que envolve os usuários dos produtos que desenvolvem 2 Referencial Teórico Por conta do limite de três páginas para os resumos expandidos esta parte da pes quisa bem como os resultados análises e suas conclusões serão apresentados poste riormente no no artigo em sua versão completa 3 Método e pesquisa Os métodos definidos para a coleta de dados desta investigação dividiramse entre a aplicação de questionários respondidos em formulários virtuais por usuários membros de comunidades veganas de rede social da internet consultas a comentários realizados por membros das mesmas comunidades virtuais e de entrevistas semiestruturadas parte destas estimuladas por meio de imagens de simulacros de materiais de origem animal presentes em peças de vestuário e em profundidade realizadas em eventos voltados para este público realizados nas cidades de Santos e em sua maior parte São Paulo Mediante permissão dos entrevistados foram registrados os áudios de todas as entrevistas pessoais realizadas Ao todo compuseram a amostra de participantes 120 pessoas 33 do gênero masculino e 87 do feminino selecionados por se tratarem de indivíduos adeptos da filosofia do veganismo e por consequentemente serem usuários de peças de vestuário que não contêm materiais derivados de animais Embora haja nu merosa amostra de participantes decorrente de um processo de coleta de dados maior referente à uma pesquisa de mestrado já concluída pelos autores sobre a aceitabilidade não apenas do couro sintético como também de outros materiais artificiais que simulem aspectos estéticos formais e físicos de materiais de origem animal em vestuário de ve ganos os resultados a serem apresentados e discutidos neste artigo em questão corres I SUSTEXMODA 183 pondem apenas às menções que tangenciaram a associação do material popularmente denominado couro sintético a preocupações socioambientais Após registro das informações presentes no discurso dos participantes o tratamento de tais dados se deu por meio da seleção dos fragmentos dos comentários que apresen taram maior pertinência à temática em questão O processo de tratamento dos dados levantados a ser apresentado em sua totalida de na versão completa desta pesquisa consistiu na interpretação do discurso dos partici pantes com a finalidade de apreender padrões mais abstratos de associação do material têxtil em questão à ideia de sustentabilidade de modo que as análises e conclusões resultantes deste processo pudessem subsidiar pesquisas e o próprio desenvolvimento de materiais e produtos de vestuário mais adequados às necessidades e expectativas e percepções do público investigado nesta pesquisa 5 Referências 1 FELIPE Sônia Terezinha A desanimalização do consumo humano desafios da éti ca vegana Palestra proferida na abertura da reunião da fundação da Sociedade Vegana São Paulo 2010 Disponível em httpsociedadeveganaorgindexphpoptioncom contentviewarticleid16adesanimalizacaodoconsumohumanodesafiosdaetica veganacatid16eticaItemid5 Acesso em 01 mar 2015 2 GUIMARÃES George Protovegetarianos Abr 2010 Disponível em httpveddas orgbrprotovegetarianos Acesso em 01 mar 2015 3 MÜLLER Bruno Vegetarianismo veganismo e protovegetarianismo definições e concepções 20 mai 2010 Disponível em httpwwwandajorbr20052010veganismo vegetarianismoeprotovegetarianismodefinicoeseconcepcoes Acesso em 01 mar 2015 4 SOCIEDADE VEGANA Protovegetarianismo 201 Disponível em httpwwwso ciedadeveganaorgindexphpoptioncomcontentviewarticleid27protovegetarianis mocatid18textosfundamentaisItemid15 Acesso em 01 mar 2015 5 GREIF Sérgio O que é vegetarianismo Disponível em httpwwwsociedadevegana orgindexphpoptioncomcontentviewarticleid27protovegetarianismocatid18text osfundamentaisItemid15 Acesso em 01 mar 2015 6 Diferença entre Ética Animalista Biocêntrica e Ética Senciocêntrica Abr 2014 b Disponível em httpwwwolharanimalorgpensataanimalautoressoniat felipe708diferencaentreeticaanimalistabiocentricaeeticasenciocentrica Acesso em 30 mar 2015 7 FERREIRA Afonso Estilista faz vestido de noiva vegano e troca seda por sintéti cos Abr 2013 Disponível em httpeconomiauolcombrnoticiasredacao20130506 estilistaveganaseinspiraemstelamccartneyparacriarvestidosdenoivahtm Acesso em 22 mar 2015 8 COLERATO Marina Alerta Bizarro tem algo errado com a cola do seu sapato 4 Set 2014 Modefica Disponível em httpwwwmodeficacombralertabizarrotemalgoerra docomacoladoseusapatoWBjpQC0rLIU Acesso em 8 ago 2016 SUSTEXMODA 2019