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Pedagogia ·

Filosofia

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Aristóteles A Política Livro VIII Prof Dr Julio Tomé Livro VIII dA Política Primeira fase da educação oikos De 0 a 2 anos a alimentação deveria ser a principal fonte de preocupação da família a qual teria um importante papel educacional Nessa perspectiva o filósofo prescrevia o leite materno como o principal alimento para esse período do desenvolvimento De resto bastava que os pais deixassem livres os movimentos das crianças bem como não se incomodassem com o choro das mesmas visto que tais manifestações naturais seriam benéficas ao desenvolvimento de seus corpos Livro VIII dA Política Ainda no primeiro período mas dos 2 aos 5 anos Aristóteles propunha por um lado a continuidade da educação corporal por outro o incentivo à prática das virtudes morais Relativamente à educação corporal movimentos excessivamente pesados não seriam permitidos às crianças livres Nesse sentido tais crianças adotariam um regime de exercícios físicos que não fossem nem muito fatigantes nem de exagerada facilidade mas exercícios convenientes a homens livres Livro VIII dA Política Relativamente à prática das virtudes morais os jogos de imitação seriam prescritos às crianças livres desde que as mesmas não fossem influenciadas pelos hábitos dos escravos Para evitar o contato das crianças livres com escravos Aristóteles propunha a nomeação de magistrados aptos a vigiar e fiscalizar as ocupações de tais crianças Se a formação das virtudes morais se iniciaria com a imitação daquilo que se considerava como bons comportamentos então as crianças livres não poderiam ficar indiscriminadamente na companhia de homens nãolivres Livro VIII dA Política Dos 5 aos 7 anos de idade Incentivo para que as crianças livres menores frequentassem enquanto espectadoras os espaços os quais as crianças livres mais velhas 714 já frequentavam Aristóteles acreditava que com esse incentivo a criança livre desse período do desenvolvimento seria estimulada a realizar atividades que fariam no futuro estímulo esse que enriqueceria seus jogos de imitação Nesse sentido a educação ainda assumiria a função de dar uma conformação corporal saudável e formar os hábitos virtuosos na criança livre a 9 wT a Livro VIII dA Politica Ate o momento a educagao nao foi pensada no ambito do Estado Por enquanto foram mencionados os magistrados aptos a vigiarem as criangas livres e a familia como os principais protagonistas educacionais Nao foi sequer mencionado o ensino de ciéncias Dos 7 14 anos mudanga Mas como existe um objetivo unico para a cidade sequese que a educacgao tambem deve ser unica para todos administrada em comum e nao entregue aos particulares como se faz hoje dirigindo cada qual a educagao dos filhos e dandolhes o género de Instrugao que melhor lhe parece No entanto aquilo que e comum a todos deve tambem ser aprendido em comum Livro VIII dA Política É nessa etapa da educação em comum dirigida pelo Estado que o tema da relação entre educação e entretenimento adquire toda sua relevância Sem embargo Aristóteles distinguiu três partes da educação em comum a saber 1 A prática da virtude moral 2 O ensino das artes úteis à vida e 3 A arte da recreação ou do entretenimento Livro VIII dA Política O capítulo 1 a educação é necessária e deve ser comum a todos os cidadãos A educação é necessária para a permanência do regime político uma vez que ela atua em sua defesa dado que a cidade tem um único fim a educação deverá necessariamente ser uma e a mesma para todos Portanto a educação deve ser pública e não privada particular Como consequência a educação deve ser de interesse de toda a cidade e assim é necessário que ela seja tratada por uma legislação específica Livro VIII dA Política Os capítulos 2 a 7 o conteúdo e a forma da educação O filósofo expõe no capítulo 2 a falta de consenso em torno do que deve ser ensinado aos jovens especialmente quando se pensa a educação para o atingimento da virtude e da melhor vida A educação visa desenvolver as capacidades intelectuais ou o caráter da alma Ela deve considerar o que é útil para a vida ou o que é adequado para a prática da virtude ou ainda o que não tem utilidade Livro VIII dA Política Parece haver um consenso de que deve ser ensinado coisas úteis indispensáveis Além disso ninguém discorda que essa educação precisa considerar a distinção entre homens livres e não livres especificamente sobre as atividades e ocupações de cada um deles Deve ser oferecido aos homens livres uma educação liberal ou seja ensinar as tarefas úteis e compatíveis a eles e não aos escravos trabalhadores manuais etc Entre os conteúdos a serem ensinados aos homens livres estão as disciplinas e artes que preparam o corpo a alma e a mente para a virtude São quatro estudos liberais que devem ser ensinados a gramática a leitura a escrita e os elementos da aritmética a ginástica a música e o desenho Pedagogia A pedagogia aristotélica tem como alvo a prática das virtudes e A ideia de que o exercício daquilo que é comum deve também ser realizado em comum o útil não é para o indivíduo mas para a cidade O legislador deve preocuparse fundamentalmente com a educação da cidade porque ela é anterior aos cidadãos às partes que existem para e por causa do todo cidade Aristóteles está criticando aqueles que defendem uma educação privada que obedece aos interesses individuais dos pais e não aos da cidade Na sequência os Espartanos são citados pela importância que deram à educação das crianças transformandoa em um objetivo público Ginástica Na ginástica o corpo é maltratado quando condicionado a um treinamento excessivo Porém devem ser ensinada uma vez que a ginástica incute a bravura uma das virtudes requeridas aos cidadãos Assim as crianças devem ser entregues a um preparador físico Ginástica Não será feito um treinamento para a formação de atletas mas uma educação centrada no bemestar corporal que cultiva a saúde a força a flexibilidade etc assim como as habilidades de correr arremessar montar e outras desse tipo que ajudarão na disposição do corpo para realizar bem determinadas atividades Essa educação física dotará os corpos de boa forma e ao mesmo tempo incutirá virtudes entre as quais a da coragem na guerra Assim a ginástica deve ser praticada moderadamente pelas crianças até a adolescência sem exercícios violentos e alimentação pesada enfim sem resultar em prejuízos ao desenvolvimento físico Ginástica A dedicação à ginástica deve ser intercalada pelos estudos de outras artes liberais como a gramática o desenho e a música por três anos de modo a desenvolver nas crianças a capacidade de aprenderem outras coisas E isso é necessário porque não interessa preparar o cidadão para o exercício de apenas uma função como é o caso dos Espartanos que educam as crianças e jovens com vistas à guerra e à dominação Após esse período ainda na adolescência recomendase a prática de exercícios mais intensos e alimentação mais disciplinada Ginástica Finalmente Aristóteles conclui que a ginástica deve fazer parte da formação das crianças e dos jovens pois de fato o corpo precisa ser treinado Essa educação será responsável pelo desenvolvimento de todos os hábitos relativos à coragem e não apenas alguns tendo em vista a alma O filósofo defende uma educação mais equilibrada que considere a alma e o corpo e as virtudes morais Gramática A escrita e a leitura grammata e o desenho graphikè são úteis por causa de suas múltiplas aplicações A gramática seria útil à vida à medida que permitia aos homens livres a execução de uma série de tarefas cotidianas No entanto a gramática também serviria à construção de outros conhecimentos o que tornava indispensável o seu ensino Desenho O desenho pode fazer com que o educando aprenda a contemplar a beleza do corpo humano experimente uma visão mais delicada da beleza da natureza O desenho seria muito importante para o desenvolvimento do gosto pela observação contemplativa da natureza prática essa fundamental à filosofia Além disso assumiase que a ginástica fosse uma função na manutenção da saúde e do condicionamento físico Porém Aristóteles trata de elucidar que a utilidade não é o mais relevante para a educação Sua principal preocupação é com o ócio Música É no âmbito do ensino da música que se reafirma a educação para o ócio Há uma discussão preliminar sobre se a música deve ou não ser incluída na educação seguida da elucidação dos objetivos da educação musical e da educação moral para jogos e buscas culturais e para melhorar o caráter Uma vez que a resposta é positiva que a música deve fazer parte da educação tratase de apresentar o tipo de música a ser ensinada aos jovens cap 6 e 7 Música Assim como as atividades assalariadas são maléficas ao corpo e à mente porque os aprisionam também a proficiência em certas artes liberais resulta em prejuízo ao corpo e à mente quando praticadas de forma profissional No caso da música a alma pode ser corrompida por um desejo de agradar ao público vulgar não livre O estudo da música não deriva do prazer causado por ela Música A música deve ser ensinada visando o ócio livro VII A música faz parte da educação não por causa de alguma necessidade mas porque com ela se ensina e aprende a diagogia Diagoge isto é o saber que não serve como meio mas que possui o fim em si mesmo Com isso Aristóteles parece indicar o sentido de contemplação próprio do ócio um estado produtivo que se opõe a um descanso puro e simples quer dizer aquele oriundo da pausa no trabalho Música Por isso a música goza de uma superioridade educacional em relação às outras artes liberais pois o seu ensino e aprendizagem tem um fim em si mesmo Diferente da gramática que se aprende para atividades comerciais econômicas etc Ou do desenho para apreciar melhor a produção dos artífices Ou ainda da ginástica em relação ao bemestar e formação do corpo A música foi incluída na educação com o objetivo de ocupar o ócio embora ela desempenhe também outras funções Música O cultivo da música possui três perspectivas 1 Lúdica ou útil para o descanso Tal como o sono a bebida e a dança 2 Conduz à virtude se da mesma forma que a ginástica confere atributos ao corpo ela for capaz de atribuir outros à alma isto é habituála a um uso correto 3 Contribui para o ócio e cultivo da inteligência phrônesin Música Essa terceira função é uma possível marca da originalidade de Aristóteles na educação musical uma vez que tomando o currículo musical emprestado do modelo tradicional de ensino o qual as crianças começam a aprender aos sete anos de idade deslocao para o sentido mais forte de ócio e de ter um fim em si mesmo a que apenas os homens livres são capazes de vivenciar Essa função ociosa porém não se confunde com a lúdica pois está vinculada não apenas à divisão do trabalho à organização econômica e militar em suma à política mas à valorização filosófica das atividades nãoinstrumentais isto é aquelas que não têm um caráter necessário e consequentemente não estão a serviço de um propósito externo a ela Música Devese sublinhar que Aristóteles chega mesmo a duvidar de todas essas razões postas a favor da inclusão da música na educação Ele não considera necessário que a juventude aprenda alguma coisa por divertimento Entende que a aquisição de conhecimento não é prazerosa mas sim permeada de sofrimentos Para ele ninguém brinca enquanto aprende pois a aprendizagem surge muitas vezes acompanhada de dor Música Questiona ainda a ideia de que a música possa melhorar os costumes dos jovens Por que razão deve ser aprendida em vez de desfrutada ouvindo outros e emitindo juízos sobre a sua execução O mesmo argumento se aplica no caso de a música destinarse a servir de diversão e entretenimento refinados para os adultos Música Para o filósofo a música por certo não é uma necessidade biológica para o homem Não tem a mesma utilidade que a gramática para o comércio e as ciências Assim como o desenho para a apreciação das formas da natureza e da arte E a saúde e a força para a ginástica Contudo é uma das coisas mais agradáveis que existem tanto tocada quanto acompanhada de canto Por isso deve estar presente de algum modo na vida dos jovens Música É ela um meio de educação ou divertimento de uma vida de lazer nobremente ocupada A conclusão do filósofo é que ela pode incluirse em todas essas ordens pois participa em qualquer uma delas A música é educação jogo ou divertimento O jogo visa ao descanso e o descanso tem que ser agradável é cura para a sensação de desagrado provocada pelo trabalho Já o divertimento como é reconhecido por todos deve conter não só beleza mas também prazer e desse modo o que se tem presente é que a música descansa diverte e produz prazer Música Podese supor que o belo é objeto do ócio na música ou seja as belas melodias e harmonias e a respectiva aprendizagem delas contribuiria para discernir o belo do não belo Constituiria assim uma forma mais elevada do prazer na medida em que o seu fim é contemplativo vem a ser escutar e apreciar a bela música É então esse caráter contemplativo que aproximaria o ócio musical da eudaimonia Por outro lado essa função ociosa não exclui a de descansojogo e que pode resultar no prazer comum a todos que ouvem uma bela música um prazer menos elevado mas também procedente da natureza da música que é passível de agradar a todos Música Quanto à função ética da música Aristóteles explica que há imitação de disposições morais nas melodias e nos ritmos Como as melodias são naturalmente diferentes provocam reações distintas nos ouvintes A função ética da música apresentase como central na educação uma vez que as emoções despertadas nos ouvintes pela natureza das melodias contribuem na formação do caráter O mesmo ocorre com os ritmos sendo alguns mais calmos e outros mais agitados que expressam por sua vez movimentos mais dignos e movimentos mais vulgares provocando nos ouvintes diferentes reações Música Ao ouvir sons imitativos todas as pessoas são movidas a simpatia mesmo que não sejam os próprios ritmos e melodias o que de fato prova que há um acesso que a música de alguma forma tem diretamente em nossas almas Comparandoa com a contemplação de uma obra de arte visual como a estátua de uma determinada pessoa ou mesmo com o sentido do paladar ou do tato Aristóteles afirma que a música é distinta mais imersiva pelo fato de conter em si as mesmas imitações de afetos de caráter Isso pode ser entendido porque as sensações que as pessoas têm em contato com a música são diferentes elas não têm o mesmo sentimento em relação umas às outras Dessa forma temos em mente que a música tem de fato uma influência direta na formação do caráter e portanto sua importância na formação educacional dos jovens também pode ser interpretada Música Em um determinado período da educação dos jovens é necessário que o prazer seja empregado e a música tem esse papel Portanto os futuros cidadãos do melhor regime precisam educar os seus hábitos por meio da música na juventude visto que é uma condição para o desenvolvimento da capacidade de discernimento ético Se a habituação musical não é uma garantia de que os jovens serão virtuosos no futuro é todavia uma etapa necessária e preparatória para isso pois a virtude consiste em experimentar com retidão alegria amor ou ódio Música A música contribui para a formação do caráter e da alma Através dela é possível aprovar os costumes nobres e condenar os maus Por essa razão é que preciso ensinar música aos jovens eles aprendem mais facilmente com a ajuda das imitações A música é assim uma arte que regulando a voz passa pela alma e inspira a esta o gosto pela virtude Música Aristóteles tenta resolver a discussão sobre como os jovens devem aprender música Apenas ouvindo e contemplando ou cantando e tocando um determinado instrumento musical A execução de um instrumento é uma boa distração adequada para o treinamento dos jovens mas deve ter um limite pois depois que o jovem se torna adulto não há mais necessidade de execução musical Na idade adulta o homem tem conhecimento suficiente para julgar a boa música somente por meio da contemplação Música No que diz respeito ao ensino da prática instrumental Aristóteles defende uma posição semelhante ao da prática da ginástica uma posição intermediária Não é recomendado que o treinamento seja aquele requerido para apresentação profissional em concursos Mas um estudo que permita ao praticante a fruição das boas melodias e ritmos Por outro lado também não pode se restringir ao conhecimento de uma parte da música como ocorre na maioria dos escravos e das crianças Música Aristóteles também discute os tipos de instrumentos musicais que devem ser utilizados no processo de formação educacional dos jovens Rejeitase os instrumentos utilizados nos concursos tais como a flauta e a harpa entre outros instrumentos de corda pois eles exigem grande destreza das mãos e dos dedos Ele só admite a cítara e a siringe flauta de Pã O autor afirma que não é aconselhável utilizar a flauta ou qualquer outro instrumento que exija grande especialização técnica Mas sim os tipos de instrumentos que permitam ao jovem dedicar mais atenção aos outros ramos da educação Música Em outras palavras Aristóteles propõe que não é necessário que o jovem aprenda a tocar instrumentos de grande complexidade para adquirir a essência do aprendizado oferecido pela música Instrumentos menos complexos podem oferecer da mesma forma a essência do aprendizado musical e também demandam menos tempo para serem aprendidos permitindo que o jovem se dedique a outros estudos otimizando seu tempo Aristóteles condena na educação a cítara por ser um instrumento para virtuoses profissionais para aqueles que não tocam por deleite pessoal que não visam a si mesmos mas sim a um público Música Contra a flauta afirma o fato dela impedir o uso da fala assim como qualquer outro tipo de instrumento que utilize a boca bem como pelo fato de que ao tocála o rosto do músico fica deformado Admite que ela deve ser usada nas ocasiões em que o espetáculo faculta uma purificação que é mais do que uma aprendizagem Ela é antes de tudo orgiástica e não ética e consequentemente é boa para a catarse mas não para a educação Catarse purificação da alma Musica A principal causa dessas limitagoes se deve a concepcao de homem livre e da educacgao para as virtudes o homem livre esta livre das acoes repetitivas e monotonas Aqueles que se preparam para a exibigao nos concursos tomam como fim agradar os ouvintes e nao a sua virtude De igual modo também degradam o corpo na medida em que precisara desenvolver uma tecnica apurada dos movimentos dos dedos e das maos Música O conhecimento musical que as crianças receberiam não se limitaria ao mero aprimoramento técnico Aristóteles ocupouse da teorização acerca das diferentes reações estéticas que experimentamos quando entramos em contato com diferentes harmonias Os ouvidos humanos estariam capacitados a reproduzir sentimentos na alma em conformidade com as harmonias musicais experimentadas Música Quanto à classificação das melodias harmonias e ritmos Aristóteles retoma uma teoria segundo a qual as melodias dividemse em éticas práticas e entusiásticas A essas melodias correspondem determinados modos musicais que por sua vez correspondem a estados de espírito distintos Porém essa divisão não se relaciona diretamente com a divisão tripartite anteriormente apresentada jogo educação e ócio Música O modo dórico relacionase com as melodias éticas pois é capaz de suscitar virtudes morais Como buscava a formação da virtude por meio da educação Aristóteles prescreveu a harmonia dórica para o ensino da música para as crianças e os adolescentes Tal harmonia associada aos cantos morais despertaria sentimentos de paz e repouso Enquanto o modo frígio relacionase com as melodias entusiásticas uma vez que despertam um estado mais exaltado Os cantos práticos aliados à harmonia frígia por outro lado seriam próprios para o entretenimento dos adultos visto que tal harmonia despertaria o entusiasmo Música Não é indicada a melodia relacionada ao ócio as éticas para a educação as práticas e entusiásticas para que se destinam aos ouvidos e são executadas por outros 1342a 13 Aristóteles não chega a tratar dos ritmos e a discussão inesperadamente se encerra