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Pedagogia ·

Filosofia

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ARISTÓTELES A POLÍTICA LIVRO VII Prof Dr Julio Tomé REMEMORANDO A preocupação básica de Platão com a educação é a sociedade Que tipo de sociedade queremos ver ou viver Como podemos educar os cidadãos dessa sociedade Uma educação para a vida social Uma reforma política e social A relação entre a natureza humana e seu reflexo na sociedade foi enfatizada na República 2 REMEMORANDO Como ele acredita que os seres humanos precisam da sociedade o reflexo do cidadão educado para a sociedade é uma maneira poderosa de viver uma vida boa Se educarmos os cidadãos a sociedade será recompensada A educação em sua sociedade ajuda a criar um caráter nobre 3 REMEMORANDO Assim como a sociedade a educação ajuda as pessoas a se humanizarem em suas relações umas com as outras Platão também acredita em uma forte relação entre constituição e educação Platão defende que filósofo seja o rei da cidade polis porque ele é o dialético capaz de conhecer os princípios do conhecimento 4 ARISTÓTELES Aristóteles confere ao filósofo o trabalho de conselheiro ou reformador da política incumbido de transmitir ensinamentos ao legisladorpolítico sobre as mais diversas áreas do conhecimento Ao contrário de Platão a observação cuidadosa controla o modo de pensar de Aristóteles Sua determinação na educação está intimamente relacionada à prática o que o faz romper com o idealismo de Platão 5 ARISTÓTELES Portanto ele prefere enfatizar as possibilidades da vida em vez de insistir no idealismo Na Política em primeiro lugar Aristóteles define e discute os objetivos da educação enfatizando as disciplinas de leitura e escrita treinamento físico música e desenho na educação Em segundo lugar ele aponta o significado e a natureza da educação 6 A POLÍTICA o No início de Política após analisar os elementos que compõem a família oikos Aristóteles voltase para a cidade polis o Como a cidade é composta por cidadãos ocupase em refletir sobre quem são estes o Ser cidadão de uma polis tem certas implicações o Em primeiro lugar não é suficiente ser descendente de cidadãos nem simplesmente morar no espaço físico da cidade pois neste estão domiciliados também os estrangeiros residentes e os escravos A POLÍTICA o É preciso participar nos tribunais ou nas magistraturas ou seja tem de fazer parte da assembleia que possui por função legislar e governar a cidade o Somente é cidadão aquele que participa direta e plenamente no governo da coisa pública mediante a elaboração das leis da garantia de sua aplicação e da administração da justiça o Ou seja só é cidadão quem possui o direito de participar da função deliberativa ou da judicial o Tratase de homens iguais e livres A POLÍTICA o A igualdade é traduzida mediante o mesmo direito de todos os cidadãos de falarem na assembleia isegoria e de terem a mesma condição perante a lei isonomia o A liberdade decorre da igualdade na medida em que consiste em exercer esses dois direitos dentro da polis o A liberdade diferentemente da conotação filosófica moderna do termo implica a vida inserida nas instituições da polis sua esfera é a da vida política Constant ESTRUTURA DO LIVRO VII o Os capítulos 1 a 3 introdução ao melhor regime político o Cap 1 para discutir o melhor regime político é necessário discutir antes a melhor vida o Cap 2 e 3 o que é a vida da virtude o Cap 4 12 os materiais e as condições para o melhor regime o Cap 13 17 o melhor regime e a educação ESTRUTURA DO LIVRO VII o CAP 13 qual é o melhor regime o CAP 14 a educação necessária para esse regime o CAP 15 que essa educação deve seguir a divisão da alma continuação do cap 14 o CAP 16 os estágios preliminares dessa educação continua no 17 o CAP 17 a educação adequada MELHOR REGIME o Para realizar o melhor regime é necessário que as cidades reúnam materiais e algumas condições como um certo número de habitantes e uma determinada extensão territorial o O filósofo explica essa afirmação através da seguinte analogia da mesma forma que um artesão e um construtor precisam de matéria e de condições adequadas para realizar o seu trabalho também o político e o legislador necessitam de matéria e condições adequadas para construir o melhor regime o Há dois aspectos que parecem auxiliar na decisão sobre os materiais e as condições adequadas para a melhor cidade o O primeiro aspecto tem a ver com a garantia da autossuficiência autarkeia quanto às necessidades da vida de modo a garantir que nada falte aos cidadãos o O segundo aspecto tem a ver com a ideia de todo e suas partes à qual indica que nem tudo que é necessário para a cidade deve ser considerado como parte da cidade e da qual é possível extrair a própria concepção de cidade 12 MELHOR REGIME o Com base nesses dois aspectos a cidade não é um amontoado de pessoas vivendo em comunidade mas um grupo que se identifica pela busca da autossuficiência e da melhor vida possível o Por um lado oferecendo os serviços sem os quais não pode haver uma cidade e por outro que a felicidade o maior dos bens seja alcançável pelos seus habitantes o Com efeito Aristóteles afirma que a razão da diferença entre os regimes está na maior ou menor participação dos homens na felicidade o Todo ser humano aspira e deseja a felicidade e o governo será tanto melhor quanto maior a medida de felicidade proporcionada aos seus cidadãos o A felicidade e a prosperidade são atributos da melhor cidade possibilitando uma vida boa tanto para o indivíduo quanto para a cidade 13 MELHOR REGIME o O melhor homem é justamente aquele que vive na melhor cidade tratase do cidadão que melhor pode julgar e decidir o Esse homem é forjado na educação que por sua vez está garantida nas leis o O Estado é responsável pela função educacional por meio de leis o Entretanto dada a importância da educação também cabe ao Estado o legislador estabelecer leis específicas que regulem o processo educacional desde a infância Título da apresentação 14 FELICIDADE A educação é responsável por desenvolver os hábitos e a razão posto que algumas qualidades nos homens são naturalmente modificadas para melhor ou para pior por alguns hábitos As qualidades que os homens devem ter por natureza e que facilitam o trabalho do legislador de guiálos para a virtude são a inteligência e a coragem Essas qualidades são necessárias mas não suficientes para o legislador construir o melhor regime A educação é um instrumento por meio do qual o legislador harmoniza os hábitos a razão e a natureza 15 FELICIDADE A educação é portanto o caminho para prover os homens daquilo que falta à sua natureza e guiálos em direção às virtudes Assim devese estabelecer um fim correto para as ações e determinar as ações que conduzem a esse fim A felicidade é o objetivo da cidade O melhor regime objetiva a felicidade 16 FELICIDADE A felicidade é uma questão de grande preocupação na concepção de Aristóteles sobre a vida boa Toda comunidade deve ter como objetivo final a conquista da felicidade e a cidade mais bem governada é aquela que oferece a maior oportunidade de alcançala A felicidade segundo a definição de Aristóteles é essencialmente a realização e o exercício da virtude 17 FELICIDADE Essa virtude ou bondade é de dois tipos Integridade intelectual e Caráter A integridade intelectual é aumentada principalmente pela instrução Enquanto a fineza de caráter é produzida em nós não pela natureza mas por hábitos formados por meio de nossa relação com um ambiente adequado A tarefa da escola é proporcionar esse ambiente desejável 18 FELICIDADE São três os aspectos necessários para tornar os homens bons e dotados de qualidades morais a natureza o hábito e a educação A natureza é o que permite que o homem nasça como homem com suas potencialidades não como um animal qualquer O homem necessita nascer com determinadas qualidades de corpo e alma que serão aprimoradas por bons hábitos Por fim o homem usa a razão para viver pois é o único dotado de razão 19 FELICIDADE Esses três aspectos devem harmonizarse entre si uma vez que os homens tendem a agir contrariamente a seus hábitos e à natureza por causa da razão Essas qualidades são necessárias para que os homenscidadãos sejam bem guiados na polis pelo legislador O restante é tarefa da educação uma vez que se tem de aprender certas coisas pelo hábito e outras pelo ensino 20 HÁBITOS Temos que a verdadeira eudaimonia resulta da força do intelecto e que a educação do nosso caráter deve ter como fim justamente a razão e o intelecto pois desta forma realizaremos a nossa natureza A felicidade no sentido forte é aquela que exerce a parte mais elevada do ser humano vem a ser o intelecto O prazer a ele conexo é de outra ordem aí indicado como puro portanto diferente daquele da parte irracional do homem 21 HÁBITOS o Divisão da alma o Irracional x racional o Apetite x intelecto o Há no ser humano uma parte parte racional a razão ou o entendimento cuja função é o conhecimento e o Há também uma parte irracional aquela que corresponde às paixões e aos apetites o Essa parte embora irracional em si mesma pode no entanto obedecer aos ditames da razão Título da apresentação 22 HÁBITOS Para o ser humano portanto viver racionalmente tem um duplo aspecto Em primeiro lugar e como a mais alta aspiração viver racionalmente consistirá em cultivar o conhecimento em exercer a atividade intelectual Em segundo lugar viver racionalmente consistirá em adaptar os desejos e as paixões aos ditames da razão À primeira dessas duas dimensões corresponde a educação intelectual que é realizada pelo ensino e pelo raciocínio A segunda dessas duas dimensões corresponde a educação moral que é realizada pela formação do caráter 23 O homem como todo ser vivo busca o prazer Como há uma multiplicidade de prazeres devese encontrar o princípio que move as paixões e os desejos Deve existir um bem que supera todos os outros A superioridade dele reside no fato de ser buscado por si mesmo e não em vista de outra coisa 24 HÁBITOS É o hábito que oferece ao homem as condições de decidir corretamente É a atualização do hábito que nos leva à felicidade e por isso a necessidade de o homem ser educado para a aquisição de hábitos a realização das suas possibilidades enquanto homem O tema da virtude e da felicidade transformase no da educação o homem deve adquirir o hábito de agir bem desde a infância Agir bem significa ser justo a virtude da justiça que compreende todas as outras no sentido de proporcionar boas relações entre os homens 25 HÁBITOS Essa virtude precisa ser aperfeiçoada porque o homem vive em sociedade Por outro lado as outras virtudes dizem respeito mais às atitudes do homem para com ele mesmo Com efeito é a justiça que fundamenta a comunidade humana pois sem ela a cidade está fadada aos desejos irrefletidos e no limite à sua destruição A virtude é a única possibilidade de realização do homem e a única forma de adquirila é através da educação na medida em que esta oferece o conteúdo concreto da ação humana 26 HÁBITOS Deixar homens individualmente incumbidos de tamanha missão seria arriscado já que sempre existe a possibilidade de o homem procurar vantagens pessoais Portanto a virtude precisa assumir uma forma de existência que transcende o indivíduo e a encontre na lei Se a lei for bem feita ie justa ela terá sido elaborada sem paixões e adequada para preservar a cidade ao estabelecer uma igualdade entre os cidadãos Se teria assim uma cidade que busca a felicidade fundada na ação humana que possui homens virtuosos que cumprem as leis 27 HÁBITOS o Todos os homens livres participam da cidade o Logo é preferível que cada homem individualmente seja bom pois a bondade de todos deriva da bondade de cada um o A educação é o caminho para alcançar as virtudes e por meio delas realizar a Eudaimonia o A finalidade da educação é conduzir os homens à eudaimonia o O objetivo da educação é a paz o ócio e as ações nobres 28 ÓCIO o O legislador deve educar os cidadãos para uma vida de ócio deve estruturar as leis não apenas em função da guerra mas sobretudo em vista do ócio e da paz o Também elabora uma crítica ao governo espartano especialmente ao seu sistema educacional 1333b 5 1334a 10 o Aristóteles valoriza a preocupação dos espartanos com a educação porém discorda da escolha educacional que fizeram preparar os cidadãos para a dominação 29 ÓCIO o As virtudes compatíveis com a paz e o ócio serem superiores às virtudes da guerra e dos negócios o que Aristóteles reiteradamente afirma com a explicação de que a paz é o objetivo da guerra e o ócio é o objetivo dos negócios não implica que o melhor homem e o melhor governo devem guiarse apenas por elas o As virtudes do trabalho e do ócio são complementares na medida em que só é possível usufruir do ócio quando se tem garantido as necessidades básicas para a vida 30 ÓCIO o A coragem e a resistência são pois virtudes que interessam ao trabalho o A filosofia interessa ao ócio o A temperança e a justiça interessam a ambos os casos particularmente em tempo de paz e repouso Título da apresentação 31 ÓCIO o Temos portanto as virtudes requeridas à guerra à paz aos negócios e ao ócio coragem tenacidade filosofia moderação e justiça o Pessoas prósperas quanto mais desfrutarem do ócio tanto mais necessitarão da filosofia da moderação e do sentimento de justiça o Assim é possível concluir que estas três virtudes são mais próprias ao ócio enquanto a coragem e a tenacidade estão mais relacionadas à guerra e ao trabalho o Para a educação as atividades ligadas à ocupação e à guerra são etapas preparatórias para a paz e o ócio 32 ÓCIO GOVERNANTES X GOVERNADOS o Admitindo que a comunidade política é formada por governantes e governados a questão é se estes devem ser os mesmos ou diferentes durante toda a vida o Algumas pessoas devem sempre ser governantes e outras sempre governadas as mesmas pessoas devem ocupar ambas as posições às vezes governando e às vezes sendo governada o Aristóteles assinala que a educação deve corresponder a essa determinação o se houvesse uma superioridade incomensurável entre governantes e governados tanto quanto há entre os deuses e os heróis frente aos homens vale dizer no que concerne ao corpo e à alma então seria melhor que em nome dessa superioridade alguns sempre governassem Entretanto como não é fácil apontar semelhante diferença entre os homens é melhor que todos participem do governo e sejam governados alternadamente 33 GOVERNANTES X GOVERNADOS o Aprendese a governar sendo governado o Ser governado vale dizer obedecer é uma condição para governar o A experiência de ser governado é para ensinar ao jovem como ele pode participar da vida política de habituação ethos de desenvolvimento da fala ou da razão o Nesse processo é criado um vínculo pedagógico entre as gerações de modo que essa subordinação é uma etapa de preparação do jovem para a virtude política o A virtude do governante e a do homem bom é a mesma o E dado que os homens devem primeiro ser governados para depois ser governantes o legislador precisa estabelecer os meios para tornar os homens bons as atividades que os conduzirão para esse fim e para o objetivo da vida perfeita 34 EDUCAÇÃO Assim devese explicar como harmonizar a educação de hábitos com a educação da razão e como harmonizar ambos com o melhor fim O fim da melhor vida é o ócio e que a virtude e a atividade do ócio são a filosofia ou dito em outras palavras a atividade intelectual Contudo a educação ou o cuidado do corpo deve vir antes do cuidado da alma assim como o cuidado do apetite ou a educação nos hábitos deve vir antes do cuidado do intelecto 35 EDUCAÇÃO A menção ao corpo se deve ao fato de que ele influencia o apetite e o intelecto e por isso a preocupação do filósofo de assinalar a importância de cuidar dele desde o início da gravidez pois o estado do corpo e da alma afetam a forma como a criança cresce no útero O filósofo dedica atenção ao casamento e ao parto Essa preparação do corpo se estende após o nascimento com o tipo de alimentação a forma de lidar com o choro das crianças os exercícios para o corpo jogos de interação as histórias e fábulas que elas podem ouvir etc 36 EDUCAÇÃO Divisão tripartite da educação modernidade Treinamento do corpo 0 7 Treinamento dos desejos a parte irracional da alma 7 14 Treinamento da mente a parte sensata da alma 14 21 De acordo com Aristóteles os dois primeiros se referem a um tipo de educação como forma de habituação e o último como uma educação por meio da fala e da razão 37 EDUCAÇÃO A habituação a fala e a razão desempenham um papel importante em sua educação formal Embora seja difícil separar a relação entre esses estágios é óbvio que o conteúdo das matérias bem como o nível dos tópicos que serão ensinados em sala de aula devem ser colocados de forma a ajudar no desenvolvimento psicológico e social positivo dos jovens Portanto na discussão de Aristóteles a ordem de ensino das matérias se torna muito importante 38 EDUCAÇÃO Uma educação domiciliar voltada para formação de bons hábitos para o corpo que vai da infância aos sete anos Contudo dos cinco aos sete anos as crianças poderiam começar a observar o que os mais velhos estão fazendo inclusive como estão jogando Dividese a educação dos sete anos até a puberdade e da puberdade até os vinte e um anos Entretanto sem a necessidade do rigor com o intervalo de sete anos entre as etapas posto que em algum caso a natureza de um estudante pode ainda não ter sido completada de igual modo sem negar que após os vinte um ano de idade os cidadãos possam continuar estudando por exemplo filosofia 39 EDUCAÇÃO Aqueles que concluem com sucesso o sistema educacional do Estado tornamse cidadãos e são designados para cargos de serviço ativo onde podem colocar em prática sua filosofia À medida que envelhecem eles gradualmente ascendem a cargos que exigem menos prática e mais reflexão Finalmente seus deveres ativos cessam e eles dedicam todo o seu tempo à filosofia especulativa à contemplação das coisas divinas Os mais velhos são escolhidos como sacerdotes para que possam viver com os deuses Título da apresentação 40 PRÓXIMA AULA o Por fim as três perguntas que encerram o livro VII se as crianças devem ser educadas se o ensino deve ser público ou privado e como deve ser a educação sinalizam o curso da investigação no livro seguinte Título da apresentação 41