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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE HISTORIA ESTUDO DA VAQUEJADA INSERIDA NO CONTEXTO DO SER TANEJO RURAL O VAQUEIRO AUTORA ELOÍSA MARIA DE FARIA NEHAD A NATAL JULHO DE 1993 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA ESTUDO DA VAQUEJADA INSERIDA NO CONTEXTO DO SER TANEJO RURAL O VAQUEIRO MONOGRAFIA APRESENTADA Ã DIS CIPLINA PESQUISA HISTÓRICA II POR OCASIÃO DA GRADUAÇÃO DO CURSO DE HISTORIA LICENCIATU RA E BACHARALADO DA UFRN AUTORA ELOÍSA MARIA DE FARIA ORIENTADORA MARLENE DA SILVA MARIZ NATAL JULHO DE 1993 Â dois tios homens sempre do sertão terra Quelé e Padrinho Oscar in memorian A G R A D E C I M E N T O S Aos meus pais e irmãos pelo apoio Ãs pessoas que de uma forma ou de outra me deram uma força na realização deste trabalho Oswâldo Lamartine Sezor Vauban Bezerra S U M A R I O RESUMO 0 6 OBJETIVO 07 INTRODUÇÃO 08 CONSIDERAÇÕES GERAIS 11 11A pecuária no sistema colonial 11 12As fazendas de gado 13 I 2 A VAQUEJADA 16 2 1Origem 16 22DiferenciaçòesRegionalismo 18 23As apartações 19 231A pegada 20 232A derruba 23 240 vaqueiro 24 25A descontextualização da vaquejada 25 3 INDUMENTÁRIA 2 9 31Preparação do couro 29 32Sobre o vestuário 31 3 3Anexos 32 3 31Encouramento do vaqueiro 33 332Encouramento do animal 3 6 CONCLUSÃO NOTAS BIBLIOGRÁFICAS FONTES BIBLIOGRÁFICAS 06 R E S U M O Detem este estudo na focalização da vaquejada caracterizandoa como uma manifestação peculiar da cul tura popular do sertanejo rural Além da vaquejada em sí origem deferenciações e regionalismo apartações vaqueiro e descontextualização dispensouse devida a tenção para a pecuária as fazendas de gado e a indumen tária visando atingir uma apreensão mais conectada des se evento com a vida cotidiana do vaqueiro 07 O B J E T I V O O presente trabalho tem como objetivo focali zar a vaquejada como um momento vinculado a vida do va queiro justificando esta festa como uma extensão da vida quotidiana desse sertanejo e não como uma mera di versão Tenta além de resgatar este teor intrinsseco localizar tal evento em um ambiente peculiar aos serta nejos rurais 08 I N T R O D U Ç Ã O O estudo da vaquejada tem neste trabalho a preocupação de focalizálo junto e entrelaçado com os ou tros aspectos comuns ã vida rural Sob tal ótica traça se com o decorrer da problemática abordada o quadro quo tidiano de um vaqueiro no seu trabalho com o gado e que naturalmente vai modelando e burilando a sua vida É sob este prisma que a adesão a este tema foi motivado pelo desejo de senão resgatar pelo menos ten tar resgatar a vaquejada a sua cultura própria a rela ção contínua do homem sertanejo rural com o gado coloca a vaquejada num evento extensivo da luta constante de uma fazenda pecuarista A análise aqui feita pretende chegar a um en tendimento mais claro ou mais justificador querendo en tender talvez a brutalidade do evento do porquê da va quejada 0 parque da vaquejada é apenas o espaço físico de outra instância do convívio do vaqueiro e seu gadoou pelo menos era e ainda deveria ser Deveria ser sim É egoistamente e revelador o desvinculamento do clima rural e naturaldescaracterizan doa e revestindose atualmente mais como uma festa urbana de caracteres exóticos deixando a margem o va 09 queiro e a sua relação mesclada de cumplicidades com o seu gado Para tanto a abordagem esboçada aqui dividiu se em três partes a saber lã Parte Detém na importância da pecuária dentro do quadro econômico e social do Brasil e do surgimento das fazen das de gado e o que esta nova con figuração espacial significou 29 Parte Centraliza no evento enquadrado no cenário rural Através de abordagens sobre a sua cultura a origem as di ferenciaçõesregionalismo as apar tações as pegadas as derrubas e a descontextualização da vaquejada tenta retratar esse momento de in terligação do vaqueiro com o gado Parte No tocante a indumentária Discorre sobre o couro e a sua preparação da tiragem até chegar ao ponto de ser cortado para manufaturálo em peças da indumentária sobre haver alterações no figurino ocorridas com o tempo e com espaços físicos dife 10 rentes e valendose de desenhos lustra as peças do encouramento do vaqueiro e do seu animal As diretrizes da metodologia aqui aplicada ha seouse em depoimentos obtidos com vaqueiros antigosain da de campo aberto ou apenas com pessoas ligadas a vi da rural de uma fazenda visitas a vaquejadas e pesqui sa bibliográficas literaturas especificas e literaturas de enfoque mais amplo 11 1 CONSIDERAÇÕES GERAIS I NEHAD 11 A Pecuária no Sistema Colonial d e s0o A economia do inicio do Brasil colonial era fundamentada na produção latifundiária e monocultura da indústria do açúcar A Europa necessitava deste produto e o Brasil na condição de colônia portuguesa era terra propícia para a obtenção de uma larga escala produtora e abastecedora do mercado europeu via Portugal Para tal envergadura a ocupação fora feita de modo mercantilista necessitando não só da ocupação e exploração da terra 1 como também dos seus nativos o índio além de mais uma força de trabalho o negro africano Na condição de es cravos estes dois elementos principalmente o segundo atuaria como força motriz juntamente com o gado que de início além de ser um braço de trabalho na produção açu careira e ter a sua carne destinada ao abastecimento da população posteriormente ganharia novas dimensões econô mica colonial Assim acrescentase uma outra nova forma de organização econômica e social as fazendas de gado A pecuária surge assim no cenário do sistema latifundiário da produção açucareira como força funda mental embora ainda desempenha uma atividade secundária 12 dentro dos ditames da política mercantilista implantado pela coroa portuguesa Sua carne era necessária para su prir a mesa da população e a força de trabalho Na pri meira fase o trabalho agrícola e o beneficiamento da ca na tornam o gado vacum peça essencial da propriedade es cravista Ê a fase em que o gado fornece ao homem a car ne para alimento da população local particularmente do escravo a força de trabalho para a moenda nos engenhos trapiches onde substitui nesse mister a força do es d cravo Se a priori a pecuária limitavase a tais obje tivos logo ela apresentaria outras feições vindo a ser mais uma força paralela ã indústria açucareiratornando se aos poucos e constantemente autônoma desta Este dis tanciamento natural decorrente da especificidade organi zicional que as fazendas de gado iriam tomar será acen tuado com a Carta Régia lançada em 1701 por Dom Pedro II proibindo a criação a menos de dez léguas do litoral pois a estas terras estava destinada o cultivo da cana deaçücar Com tal medida o gado definitivamente seria o elemento preponderante no desbravamento das terras bra sileiras além de sua costa litorânea a procura de no vos pastos mais amplos e com uma independência considera vel do policiamento do governo lusitano a pecuária aden traria pelos sertões seguindo os cursos dos rios con quistando novas terras e dando ocupação do interior nor destino Sua base econômica será sempre a pecuáriae os grandes focos de irradiação continuarão sendo Bahia e 13 Pernambuco Partindo do primeiro e alcançando em meados do século XVII o rio São Francisco â disposição das fa zendas de gado tomará daí por diante duas direções Uma delas subirá pelo rio acompanhando seu curso A outra direção que toma a progressão das fazendas de gado 2 depois de atingido o rio Sao Francisco e para o Norte Adquiriu assim para si o papel de intercomu nicador entre as diferentes regiões do Brasil consequen te do seu fluxo 12 As Fazendas de Gado A nova organização espacial dentro da colônia pedia uma flexibilidade maior no trabalho diário com o gado do que com as plantações de cana para servir a in dústria açucareira não exigindo necessariamente a for ça do trabalho escravo A grande extensão das terras já era por sí só um meio para essa maleabilidade A partir da divisão des tas sob o sistema de arrendamento como medida de obter um maior controle territorial visto que o proprietário não tinha condições de ter uma constante vigilância efi caz sob seu rebanho e seus empregados darseã a pene tração em todo o latifúndio da propriedade pecuarista Esses arrendamentos serão ainda de forma páld da um significativo fator de enfraquecimento e quebra 14 dos privilégios da classe detentora do poder na colônia já que o vaqueiro apôs cinco anos de trabalho recebêria do seu patrão como pagamento e de uma só vez o relati vo a 14 das crias acumuladas as quotas de todo esse tempo de serviço Tal prática proporcionará a este vaquejL ro condições de comprar pequenas terras oriundas das subdivisões dos sucessivos arrendamentos e em alguns ca sos o ganho de terras era uma recompensa a feitos mili tares Havendo ainda quando o vaqueiro se destacava o pagamento fixo anual Quanto a multiplicidade dos rebanhos os cur rais ganharam nova configuração espacial deixando de ser uma simples aderência dos engenhos para tornarse um espaço físico independente provocando nitidamente a primeira separação entre a fazenda e o engenho agora então o curral e o eito Esse aumento quantitativo do gado produzirá u ma nova fonte de economia aproveitando o couro na expor tação de meios de sola para Lisboa e servindo como envol tório para rolos de tabaco favorecendo a exportação fu magueira que por sua vez estimulará mais o desenvolvi mento do criatõrio No século XVII quando a pecuária toma o seu primeiro grande impulso tem início também a cultura do fumo e com ela se abria um vasto campo para o emprego do couro como envoltório dos rolos de tabaco 3 Nesse contexto é importante notar que as fazen das de gado significam com o correr do tempo formações dos primeiros povoamentos uma vez que com a penetração 15 multiplicação e distribuição do gado e o aumento suces sivo de pequenos proprietários efetivase não só a con quista das terras pelas terras mas também a aglomeração de pequenos núcleos que se fixaram ampliandose nas ocor rências de feiras de gado 2 A VAQUEJADA Para um evento se caracterizar como cultura po pular de específica sociedade ou de algum determinado setor dessa sociedade é necessário que este esteja im pregnado de significados que simbolize de uma forma ou de outra aspectos essenciais do seu povo Os signos ditam modelam revelam justificam e até defendem sua verdadeira identidade quando integra dos dentro do contexto de sua habitual rotina rebatendo ora na esfera do trabalho ora na esfera do lazer É sob esta Ótica que a vaquejada inserida na vida rural repercute aspectos da cultura peculiar do ser tanejo rural principalmente do vaqueiro A derruba nes te contexto une mais uma vez o vaqueiro ao seu gado 21 Origem A vaquejada ato de derrubar a rês com um pu xão pela cauda defende o folclorista Luiz da Camara Cas cudo ser de origem espanhola e também que Portugal des conheceu esta cultura perdurando a sua tradição em ter 17 ras de colônias americanas entre grupos de pastores A vaquejada caracterizada pela saiãda puxão pela saia quedaderabo acredito ser de origem espanho la Não se transmitiu a Portugal Desapareceu na Espanha mas resiste nas terras drAmérica entre as popu 4 lações pastoris do antigo domínio colonial A data de 1870 é o registro mais antigo que se tem da prática da derruba pela cauda no Brasil Tal in formação está no poema de José de Alencar o Nosso Can cioneiro Segue o vaqueiro sem toscanejar e após ele rompe os mais densos bamburrais Onde não parece que possa penetrar sua corça passa com rapidez do raio o sertanejo a cavalo e não descansa enquanto não derruba a rês pela cauda Também documentada a derruba pela cauda por Euclides da Cunha em Os Sertões O touro largado ou o garrote vadio em geral refoge ã revista Afunda na caa tinga Segueo o vaqueiro Coselhe no rastro Vai com ele ãs últimas bibocas Não o larga até que surja o en sejo para um ato decisivo alcançar repentinamente o fu gitivo de arranco cair logo para o lado da sela suspen so num estribo e uma das mãos presa as crinas do cavalo agarrar com a outra a cauda do boi em disparada e com um repelão fortíssimo de banda derribálo pesadamente em terra 6 Notase que a vaquejada festa da derruba de correu das apartações era um momento oportuno aconte cia juntamente com atividade funcional e rotineira do va queiro Nesses tempos a pegada davase em campos fecha 18 dos no meio das caatingas e em seguida a derruba no pátio destinado a reunião da boiada também um espaço a berto sem limites de cercas Hoje a derruba ou melhor a vaquejada distor cida dase em parques meticulosamente medidos e limita dos em um conjunto de regras préestabelecidas e seus corredores se distanciam da condição de vaqueiro 22 DiferenciaçõesRegionalismo Registrase a derruba também pela queda de va ra além da queda pela cauda chegando até a coexistên cia dessas duas formas no Brasil A queda de vara com fardas ou aguilhao presos no final da vara consiste em levar ao chão a rês no momento que emparelhado animal e boi cravar a ponta do ferrão nos flancosentre as cos tas e a anca fazendoa cair fortemente Na queda pela cauda temos a sua popularização rápida e de grande extensão em todo o interior do Nordejs te Os campos dos nossos sertões deve ter influenciado essa tomada pela derruba de rabo visto que as caatingas as juremas os marmeleiros dificultavam o lançamento da vara de ferrão no alvo certo No estado do Rio Grande doSul adotavase a a guilhada Questionantea ausência completa da queda de rabo nesse estado uma vez que os países vizinhos Argen 19 tina e Uruguai mantinham a tradição do derruba pela cauda Também até início do século passado nos esta dos de São Paulo Minas Gerais e Rio de Janeirocorria se o boi com farpas e aguilhão 23 As Apartações É o momento de apartar o gado devido a inexis tência de cercas fazendo divisas entre as fazendas de ga do vizinhas 0 gado de uma região só envolvendo várias fa zendas era criado solto e misturado em grupos abertos ou em pastos comuns serrotes caatingas amplos pastos Chegado mês de junho de um ano de inverno seguro inúme ros vaqueiros dessas fazendas se reuniam embrenhandose nos matos para juntar todo o gado e leválo a um único e grande pasto já previamente escolhido e preparado ocor rendo a apartação Os campos de criar não eram cercados O gado criado em vastos campos abertos distanciavase em busca de alimentação mais abundante nos fundos dos pastosPara juntar o gado disperso pelas serras caatingas e tabulei 1 ros foi que surgiu a apartaçao No fim do inverno São João ou SantAna quando a pastagem madura principiava a secar se dava co meço â apartação Numa fazenda previamente escolhidaque 20 oferecesse mais acomodação nos currais ou por ser mais equidistante das outras reuniamse os fazendeiros com 8 pessoas de suas famílias e seus melhores vaqueiros Criado em comum nos campos de inverno seguro era conduzido para os grandes currais escolhendose a 9 fazenda maior e de mais espaçosos terreiros Da necessidade da apartação entre a pegada do gado e a remoção às fazendas dos seus donos havia a der ruba e daí a vaquejada A vaquejada originouse portanto de um momen to cotidiano do trabalho do vaqueiro e que segundo de poimentos colhidos com vaqueiros ainda de campo aberto era a hora de brincar com o boi 231 A Pegada Constituía a saída dos vaqueiros devidamente preparados roupas e provisões para os campos abertos a busca de juntar todo o gado solto daquela região e tra zêlo para o pátio da apartição O grupo vaqueiros e as vezes os próprios proprietários saíam ainda sem o quebrar da barra e só retornavam a boquinha da noite quando não passavam a noite junto com o gado nos campos para retornar no ou tro dia eassim até finalmente reunida toda a boiadacon duzir para a apartação 21 Os vaqueiros dividiamse em grupos que se dejs locavam estrategicamente visando cobrir toda a área As reses já encontradas eram encaminhadas a un só local normalmente um espaço mais ou menos aberto e sombreado sendo vigiado por um grupo de vaqueiros que alternava o cerco enquanto os outros continuavam o cam pear Indispensável a presença do vaqueiro aboiador que permanecia no local do gado já reunido O aboio ser via para orientar os vaqueiros queestando com o rastro do boi conduziao orientado pelo som que partia as caa tingas e levavao até os outros já reunidos para con duzir a boiada ao local desejado para apaziguar o gado que sugestionado pelos tons seguem tranquilos e na roti na da fazenda aboiar o rebanho nas idas e vindas habi tuais aos currais campos e cercados 0 aboio é o canto do vaqueiro Já dizia o cro nista Pedro Pereira de Araújo Quem não conhece o a boio dolente o aboio magoado o aboio sentido do vaqueL ro nordestino o aboio repleto de saudades através das vaquejadas quem não conhece o mugido dos bois de nossa 4 10 terra A arte de aboiar nos versos do poeta paraiba no José Saldanha de Araujo Quando se percebe ao longe Um aboio enternecido xob 1 ç Quem pode fazer mais nada NEHAD Quem dele tira o sentido 22 A lenta voz dos vaqueiros É a própria voz do sertão Que desde a infância escutamos Com o ouvido do coração Do gado criado solto nos campos sem vivências em currais e sem os cuidados permanentes de uma fazenda dava a rês muitas vezes a aridez a bravura e a impe tuosidade A predominância dessas características em um boi dificultando ao máximo a sua pega pelos vaqueiros fazia com que fosse conhecido por barbatao A captura do barbatao era sempre vista como um desafio pelos próprios vaqueiros que reunidos os me lhores daquela região partiam para o laço desses ani mais quase semiselvagens A façanha da conquista tradu zia grande fama e respaldo no seu meio e ainda muitas vezes como prêmio um valor considerável em dinheiro O manejo do boi bravo era auxiliado por uma rtás cara pedaço de couro colocado na cara da rês impedindo dela ter visão frontal e consequentemente de correr e pela meiademão pedaço de sola posto nas suas mãostam bém impedindoa de correr ou peiadepéemão prende uma das mãos com um dos pésdireito com direita ou es querdo com esquerda Lendo Os Sertões Euclides da Cunha inculte no leitor a beleza do vaqueiro no rastro de uma rês no mato Mas se uma rês alevanta envereda esquiva adiantepela caatinga garrancheira ou se uma ponta de gado ao longe se trasmalha eilo em momentos transformadocravando os 23 alicates de rosetas largas nas ilhargas da montaria e partindo como um dardo atufandose velozmente nos déda los inextricáveis das juremas nada lhe impede en calçar o garrote desgarrado porque onde passa o boi pas sa o vaqueiro cora o seu cavalo escanchado no ras tro do novilho esquivo aqui curvandose agilíssimosob um ramalho que lhe roça quase pela sela além desmon tando de repente como um acrobata agarrado âs crinas do animal para fugir ao embate de um tronco percebido no último momento e galgando logo depois num pulo o selim e galopando sempre através de todos os obstá 12 culos sopesando a destra sem a perder nunca 232 A Derruba É na derruba que o vaqueiro sertanejo tira a desforra dessa tarefa penosa Não sõ pelo trabalho em trazer o gado mas também pelo constante dia a dia ár duo dispensado em um meio ambiente o sertão ameaçado com problemas reais de seca nos quais dão dimensões de sua limitação existencial no cerne da natureza física Revela também na luta travada com o boi a disputa de sua força humana versus a força animal O espírito das derrubadas era momento de ale gria de festa regado a uma pinga e em clima de brinca deira A espontaneidade o largado relaxado do vaqueiro 24 e o faz de conta da cumplicidade do gado na hora de brincar caracterizava a derruba inserida nas aparta ções Não obedecia aos atuais parques de vaquejada Os vaqueiros ficavam à porteira do curral tendo na fren te um pátio grande limitado apenas pela vegetação que determinava onde terminava o espaço aberto e onde prin cipiava o campo fechado A rês ao sair do curral os vaqueiros normal mente um à direita e outro à esquerda ja tentavem co lar no seu rastro e emparelhados vaqueiro e boi ou va ca conseguindo pegar a cauda da rês e com um forte pu xão objetivava colocála no chão era a satisfação a festa a derruba Não conquistando tal proeza perder a rês era botar o boi no mato 24 0 Vaqueiro Nas primeiras fazendas de gado o vaqueiro era o responsável pela fazenda não recebia pagamento em di nheiro a sua remuneração correspondia a 14 da produção pecuniária em cada quatro crias uma era sua e as três restantes do fazendeiro 0 proprietário geralmente mo rava na cidade ou em engenhos da mata Mais tarde ê que o vaqueiro ficará apenas com todos os cuidados do gado da fazenda 25 Até há pouco tempo se é que ainda não o va queiro desfrutava de um maior respeito entre os outros também trabalhadores de uma fazendavisto que as proprie dades do sertão principalmente do nordeste detinham sua produção mais na pecuária e menos na agricultura que a cada janeiro é assaltado com o medo da seca São os que lidam com o gado os primeiros a deis pertarem Se levantam ainda com o quebrar da barra es tão nos currais nos cercados nos pastos nos campos ou nas caatingas se na sombra é quase por acaso pois é sob o sol escaldante que passam a maior parte do seu dia 0 vaqueiro também rasteja É o rastejamento A quele que na busca de alguma rês vê decifra e identifi ca seu rasto em sinais disformes e maus delineados por onde passa nos riscos na terra nos galhos cortados ou outra evidência que para outra pessoa qualquer passa com pletamente desapercebidos A vida diária com o sol forte e com uma terra na maioria dos meses do ano árida permeando o seu traba lho concede ao vaqueiro uma suposta autoridade sobre o gado que cuida É sob esta familiaridade com a rês que entendese e podese tentar aceitar a vaquejada como ex pressão da cultura popular do sertanejo rural Fezse forte esperto resignado e prático 13 Aprestouse cedo para a luta 25 A Descontextualização da Vaquejada 26 A vaquejada hoje acontece fora do contexto do homem do campo não havendo a relação estreita do gado com o vaqueiro que é comum no dia a dia de uma fazenda 0 ritmo deste evento ocorrido atualmente nas cidades difere completamente das características que mo delaram a festa no passado onde os protagonistas eram em primeira instância o homem do campo vaqueiro ou um trabalhador da fazendaversus o gado A gradativa alte ração dessa situação deuse em parte graças a ganân cias de pequenos grupos de poder econômico e político em transformar tudo em meios nos quais de uma forma ou de outra lhes proporcione mais prestígios ou a perpetua ção deste 0 feitio natural e espontâneo das derrubadas sem complicadas regras perdeu para um complexo conjunto de normas que agora ditam ó curso das vaquejadas desde a alta taxa do valor da inscrição até o momento do va leu o boi Este desvio não só afastou ou distanciou o va queiro em participações quantitativas nas vaquejadasco mo também proporcionou a descaracterização desta festa transformandose em um ato urbano com conotações mera mente festiva e com teor folclórico que tem no seu pai co cavaleiros que são apenas corredores por capricho ou por profissão Temos então de fato o profissional de vaquejada Consiste este em percorrer todas as vaqueja das possíveis indo de uma a outra seguidamente cole cionando prêmios e dando dessa forma a sua quota na sociedade no tocante a competitividade competição mui to mais sua e de entre seus colegas corredores do que 27 com a rés que esta na verdade passada a passada mar cando a trajetória e o ritmo da corrida e consequente mente da vaquejada É compreensível e não poderia ser de outra maneira a inexistência da cumplicidade do vaqueiro com a rês uma vez que o ambiente da vida rural não condiz com este cavaleiro Ele desconhece e se conhece não vi vencia a luta árdua e constante da rotina de uma fazen da não se levante com o sol nem retorna so pino do meiodia ou mais tarde quando o sol já está na barra do poente não transita entre matos e caatingasnem põe as maõs na terra ignora o rastro do seu gado seus cud dados e as apartações necessárias a falta de água ou inverno tocalhe assim como sensibiliza qualquer outra pessoa que sente os percalços da seca ou a alegria da água que cai e não como uma questão fundamental para o seu quotidiano Quanto ao tradicional forró que acompanha a vaquejada atual notase nitidamente o desligamento do lazer com a pegada do boi É marcante a presença de boa parte da sociedade urbana forroziando sob um prisma de uma participação exótica num momento diferente de seus habituais valores e manifestações culturais Na indumentária também não se foge a tal des caracterização pois raramente se vêem os corredores com o encouramento e arreios do vaqueiro do sertão ruralAs vestes são as mesmas trajadas no cenário urbano ausen tase o couro para o aparecimento das peças de tecido Este distanciamento das dificuldades e labo res que o sertanejo enfrenta no seu dia a dia desvincu 28 la o cavaleiro atual da questão germinativa da vaqueja da Não há o sentimento de brincar com o boi assim como é estranho para esse profissional outros aspectos que interligam o homem a terra e o gado triângulo es te formador do tripé da vida do sertanejo rural do nos so sertão 29 3 INDUMENTÁRIA A indumentária do vaqueiro sertanejo que per corre mato a dentro é no seu figurino cuidadosamente bem traçado visando um bom desempenho e proteção máxima ao seu usuário quando no rastro de seu gado Entendese por essa indumentária todo o acernal necessário para o cam pear do vaqueiro montado no seu animal não só as suas vestimentas e seus acessórios mas também todos os ape trechos designados ao seu animal 0 couro matériaprima é peça fundamental nes te fabrico exigindo atenção considerada desde a sua es colha passando pela preparação pelo corte até aos aca bamentos finais alguns com elementos decorativos Os primeiros encouramentos eram feitos de cou ro de veado para posteriormente com a extinção destes serem substituídos pelo couro de bode 31 Preparação do Couro À chegar na peça pronta passase por cuidados indispensáveis isto é o curtimento exige atenção na tj 30 ragem do couro no seu preparo até chegar ao estado de sola o couro do gado bovino quando já curtido antes e ra somente courodeboi para finalmente cair nas maõs dos artesões responsáveis pela feitura de toda a indumen tária necessária ao campear do vaqueiro no rastro da rês no meio do mato 0 primeiro passo é já a tiragem feita esmerada mente começa na linha da barriga de cima para baixore tirando as vísceras toda a carne ou gordura possíveise livre de qualquer corte que venha a danificar o couro Parte então para a lavagem e em seguida ê estirado amarrase em varas de madeira normalmente de marmeleiro de maneira que enfiados formando um x em mossas furos feitos nas margens da cabeça das garras da barriga e da cauda objetivando o seu esticamento completo que a tingido seguese a secagem em locais â sombra e ventila dos Ê o momento de fazer cair o cabelo e engros sar se o curtimento não for o couro curtido em cabelo Fica este de molho no período de 24 horas para depois mergulhálo em uma decoada 200 latas querosene dágua 12 para 2 a 3 latas de cinza de catingueira angico ou arueira Virase todos os dias e a partir do terceiro dia colocase mais água e apôs sete dias retirase e já escorrido e descabelado volta a água por 24 horas O couro agora está no ponto de curtir É o cur timento 0 processo inicia com a preparação da casca de angico que estando já seca é esfarelada a cacête ou pi lada em sacos de aniagem para ser despejada no tanque com 31 água e ao consistir numa espessura de dois dedos colo case o couro e depois outra de casca e depois outro cou ro e assim alternando casca e couro chega a última pe ça Feito isso despeja mais água até cobrir todo o mate rial e durante 10 dez dias o couro é revirado todos os dias e a casca mudada dia sim dia não Passado esse pe ríodo a casca ê trocada a cada 3 três dias e atingido a média dos 22 vinte e dois dias todas as peças são retiradas lavadas e secadas a sombra Curtido agora é ser grossado ou seja reti rar por igual as peles do lado interno no grossadortron co linheiro e liso de pereiro serrado ao meio que recebe o couro Está no ponto de banhálo em óleo de origem ve getal ou animal e então finalmente o serviço é com os fazedores das peças da indumentária os artesões Um impecilho para a confecção por completo do couro são as ferras As queimaduras decorrente das mar cas dos ferros é motivo de preocupação para com o apro veitamento do couro já no século passado Em 21 de março de 1885 a Lei Provincial nQ 945 proibia a ferra na rês em outra parte que não fosse na extremidade inferior da coxa querendo com isso poupar o quanto possível o seu couro Hoje as vestes do vaqueiro sertanejo difere das 32 usadas pelos pastores do Brasil Colônia ou de um passa do mais recente Tal modificação é justificada com as aJL terações próprias do desenvolvimento da sociedade e de seus meios de produção que amplia o seu raio de influên ciaconsequência da cidade ao campo 0 melhoramento das raças divisão e subdivisão das propriedades a pasta gem artificial a fenagem a ensilagem os concentrados as instalações rurais e o melhor manejo do gado fazem crer que a atual véstea dos nossos vaqueiros será com o passar dos anos modificada ou mesmo substituídas sobre vivendo aqui ou acolá nas criações extensivas ou nas 14 tradicionais festas das vaquejadas Do registro mais antigo que se tem de sela de cavalgar no tempo do Brasil Colônia a referência ê a trazida além mar a gineta A sua origem é moura e apre endida o seu fabrico pela cavalaria européia tranpôs os europeus esta tradição às terras de suas colônias no mo mento de sua colonização No entanto tão logo fezse a acomodação nas terras do cá sertão deuse gradativamente as alterações necessárias a adaptação do novo ambiente Com os tempos e depois que deram as costas para o mar e tomaram o rumo dos sertões a diversificação do trabalho o clima e o espinho da caatinga é muito factível terem feito o ensi no nas modificações dos arreios 33 Anexos 33 Segue desenhos ilustrando detalhadamente o en couramento usado pelo vaqueiro e o seu animal quando sai no rastro do seu gado sertão a dentro Todas as ilustrações são de autoria de Oswaldo Lamartine de Faria contidas no seu livro Encouramento e Arreios do Vaqueiro no Seridó 331 Encouramento do Vaqueiro Luvaj 1 Vista cm duas peças de couro 2 Luva fella com uma dnlea camada de couro 3 Botfio cm nóderosa LVwjxefu de couro 1 Correias do barbicacho om número c quulro para cada lado quo sorvem para ropulnr o comprimento do hnrblcicho 2 Carapuça feita dfj chins jjcças cli rouro 3 Aíflítimc tra couros sujKriJOstOs cm desonhri o stu rndn n mdíjtilns com furos n ventUaçAn I lhas fonnruln lMr quatro couros superpostos 5 liorlicacu 1 Upcira trançada cm couro curtido 1 Alça com quo sc condoas prOsa ao pulso 2 Botão cm nódarosa que abotoa na casa oposta 5 transformandoa tm pciade mfto 3 Trança 4 Ungua 34 Gibão ou vcsta lado esquerdo 1 colarinho 2 c Correias a t cadeiras i Aba com duas costuras ã máquina c uma cm pesponto 5 Mon ra c Punho 7 Costas 8 Costura dc dois cabos 9 Costura cm pesponto ladeada por duas costuras máquinn Cibóo Avesso I 1 Colarinho cm duas dobras 2 Barro 3 Bolso com totüo em nóderosa 4 Aba a aba c as costas tm ma única camada do couro 5 Cun da manga 6 Barra o couro duplo Obs Tôdas os costuras internas sAo cm dois cabos Ouardapcito ou eolete 1 Trança dc couro cm 4 pernas 2 Nóderosa 3 Vista em duas camadas de couro 4 Guardapcito cm peça única 5 Barra reforçada cm duas peças com doso nho do oito 5 7 Perneira poma direita I que sc prende sob o é Correia Guarda 1 Cds cm duas peças 2 Guarda couro sim ples 3 Contra forte em duas peças 4 Bico Jdem 5 Duas costuras máquina que ladeiam um pespontado de correia 6 Costura máquina 7 Costura dc correia 8 Costura de dois cabos 9 Faca 10 Vista do pd da côxb cm duas poças de couro Vaqueiro com encouramento completo Foto João AlvesNatalRN 332 Encouramento do Animal Capa granúe cm sola 1 Costura no divisor das águas que fecha as duas capas lado direito com o esquerdo 2 Casas do loro o loro entra na casa inferior e sai na superior 2 4 Casa cia eiha 5 Cilha G Desenho cm rebaixador mar ca do scieiro 1 Puros das correias do Ulabardão 8 Arção traseiro não revestido pela sola 9 Costuras ii mão com linha zero SELA ROLADEIRA írçco l Arção dianteiro cm esqueleto dc curva do mo íumbo que formo o Sanio Attfómo ou íodasela 2 Casa do loro 3 vão iwspontado cm correias dc couro cru nas selas ginetas o vão í aberto 4 Rcssafra ou espendras uma de cada lado que aparafusam um arção ao outro D Arção traseiro ou tncialua 6 Aranhadorablcho 7 Pegador da nibichola arROla 8 Pegador do peitoral arpoln 9 Furos das correias do talabanlo N Ta laba rd â a Lado esquerdoV Dobra costurada ã máquina com linha zero 2 luros para as correias do Lalabftrd5o 3 Costura dc bracoiro em x com linha de fio da Bahia fran zida que forma o suador Cojm do cot llcvcstida com a sòbrcatw a ela grudada comple tando a fase final do acabamento da sela roladuiru 1 Santo AnLônio ou luaíiasela 2 Correias do Uilabnrdãn i Borraina também chamada de canudo dianteira 4 Lotos que sustentam os cstrilíos f Cilha j PcRador da rabichola 7 Suador 8 Aranha dorabicho Ohr A capa grande fica aparecendo de ves que excede uns três centinic Iros íiucfn Fivelas 2 Chouriço 3 lápis Esi ribos 1 Estribo colírio ern armação de barandfm quiri nu iTibuiba madeiras resistentes e flrxivcis revestido dc e cnsíurado cm 2 cabos com fio da Bahia encerado Estribo aberto de madeira e sola crevcjado 3 Us tribo aberto de madeiro e sola cravejado modelo Tcrlondo Estribo de metal ernigímlíj níquel mi prata Cabeçadas l Cangotelra 2 testeira 3 cortadeira 4 brida 5 barbela li sirfcóia cJsgola 7 rédea da cortadei ra c 8 rédea da brida 37 C O N C L U S Ã O Do aqui exposto concluise que a vaquejada foi decorrente de uma atividade habitual do vaqueiroou seja da necessidade de se fazerem as apartações Fica claro também que o evento ao se distanciar do mundo do vaqueiro vai perdendo o caráter de manifestação cul tural do sertanejo rural e o fato do vaqueiro ter aces so restrito nos atuais parques devido a comercializa ção do evento agrava ainda mais a descaracterização da vaquejada sua festa 38 NOTAS BIBLIOGRÁFICAS 01 NELSON W SODRÊ Formação histórica do Brasil pãg 122 03 GILBERTO P GUIMARÃES Quatro séculos de latifun dio pãg 68 04 LUIZ DA C CASCUDO A vaquejada nordestina e sua origem pãg 31 05 FLÁVIA DE F CASTRO Vaquejada no sertão inCu3 tura pãg 93 06 EUCLIDES DA CUNHA Os sertões pãg 88 07 JOSÉ FERNANDES BEZERRA Retalhos do meu sertão pãg 7 08 JUVENAL L DE FARIA Velhos costumes do meu ser tão pág 9 8 09 LUIZ DA C CASCUDO A vaquejada nordestina e sua origem pãg 17 39 10 JOSÉ F BEZERRA Retalhos do meu sertão pãg 17 11 JOSÉ F BEZERRA Retalhos do mexi sertão pãg 18t 12 EUCLIDES DA CUNHA Os sertões pãg 82 13 EUCLIDES DA CUNHA Os sertões pãg 83 14 OSWALDO L DE FARIA Encouramento e Arreios do vaqueiro no Seridõ pãg 23 15 OSWALDO L DE FARIA Encouramento e Arreios do vaqueiro no Seridõ pãg 14 40 FONTES BIBLIOGRÁFICAS 01 ALVES Celestino Vaqueiros e vaquejadas U F R N NatalRN 1986 02 ABRANTES Antonio Augusto O que é cultura popular Brasiliense São PauloSP 1987 03 BEZERRA José Fernandes Retalhos do meu sertãoGrã fica e papelaria leão do mar ltda Rio de Janeiro RJ 1978 04 CASTRO Flávia de Faria Vaquejada no sertão In Cultura MEC BrasíliaDF Vol 06 nQ 22 jul set 1976 pag 9198 05 CASCUDO Luís da Câmara A vaquejada nordestina e sua origem Fundação José Augusto NatalRN 06 Nomes da terra geografia história e toponímia do RN Fundação José Augusto NatalRN 1968 07 Viajando o sertão Funda ção José Augusto CERN 39 ed NatalRN 1984 41 08 Dicionário do folclore brasileiro Itatiaia 5 ed Belo Horizonte MG 1984 09 CUNHA Arthéphio Bezerra de Memórias de um sertane jo Pongetti Rio de JaneiroRJ 1971 10 CUNHA Euclides da Os sertões campanha de Canudos Livraria Francisco Alves SA 33ê ed Rio de JaneiroRJ 1987 11 FARIA Juvenal Lamartine de Velhos costumes do meu sertão Fundação José Augusto NatalRN 1965 12 FARIA Oswaldo Lamartine de Encouramento e arreios do vaqueiro no seridó Fundação José Augusto Na talRN 1969 13 Ferro de ribeiras Cole ca de ponta Coleção mossoroense vol CDXIV sé rie C 1988 15 FREYRE Gilberto Casagrande e senzala José Olym pio 25ã ed Rio de JaneiroRJ 1987 çao mossoroense vol CCXLI série C 1984 14 Apontamentos sobre a fa 42 16 GUIMARÃES Gilberto Passos Quatro séculos de lati fúndio Paz e terra 53 edRio de JaneiroRJ 1981 17 HOLANDA Sérgio Buarque de Raízes do Brasil José Olympio 203 ed Rio de JaneiroRJ 1988 18 LAMARTINE Pery Velhas oiticicas Fundação José Au gusto NatalRN 1991 19 LAPLANTINE François Aprender antropologia Brasil ense 33 ed Sao PauloSP 20 LARAIA Roque de Barros Cultura um conceiro antro pológico ZAHAR 43 ed Rio de JaneiroRJ 1986 21 NÓBREGA Janúncio Bezerra Revivendo o seridó Clima NatalRN 1981 22 NORMANO João Frederico Evolução econômica do Brasil Nacional 23 ed São PauloSP 1975 23 SODRÉ Nelson Werneck Síntese de história da cultu ra brasileira Bertrand Brasil SA 153 ed Rio de JaneiroRJ 1988 24 Formação histórica do Brasil Difel 113 ed São PauloSP 1982 SIMONSEN Roberto C História econômica do Brasil 15001820 NacionalMEC São PauloSP 1977
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE HISTORIA ESTUDO DA VAQUEJADA INSERIDA NO CONTEXTO DO SER TANEJO RURAL O VAQUEIRO AUTORA ELOÍSA MARIA DE FARIA NEHAD A NATAL JULHO DE 1993 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA ESTUDO DA VAQUEJADA INSERIDA NO CONTEXTO DO SER TANEJO RURAL O VAQUEIRO MONOGRAFIA APRESENTADA Ã DIS CIPLINA PESQUISA HISTÓRICA II POR OCASIÃO DA GRADUAÇÃO DO CURSO DE HISTORIA LICENCIATU RA E BACHARALADO DA UFRN AUTORA ELOÍSA MARIA DE FARIA ORIENTADORA MARLENE DA SILVA MARIZ NATAL JULHO DE 1993 Â dois tios homens sempre do sertão terra Quelé e Padrinho Oscar in memorian A G R A D E C I M E N T O S Aos meus pais e irmãos pelo apoio Ãs pessoas que de uma forma ou de outra me deram uma força na realização deste trabalho Oswâldo Lamartine Sezor Vauban Bezerra S U M A R I O RESUMO 0 6 OBJETIVO 07 INTRODUÇÃO 08 CONSIDERAÇÕES GERAIS 11 11A pecuária no sistema colonial 11 12As fazendas de gado 13 I 2 A VAQUEJADA 16 2 1Origem 16 22DiferenciaçòesRegionalismo 18 23As apartações 19 231A pegada 20 232A derruba 23 240 vaqueiro 24 25A descontextualização da vaquejada 25 3 INDUMENTÁRIA 2 9 31Preparação do couro 29 32Sobre o vestuário 31 3 3Anexos 32 3 31Encouramento do vaqueiro 33 332Encouramento do animal 3 6 CONCLUSÃO NOTAS BIBLIOGRÁFICAS FONTES BIBLIOGRÁFICAS 06 R E S U M O Detem este estudo na focalização da vaquejada caracterizandoa como uma manifestação peculiar da cul tura popular do sertanejo rural Além da vaquejada em sí origem deferenciações e regionalismo apartações vaqueiro e descontextualização dispensouse devida a tenção para a pecuária as fazendas de gado e a indumen tária visando atingir uma apreensão mais conectada des se evento com a vida cotidiana do vaqueiro 07 O B J E T I V O O presente trabalho tem como objetivo focali zar a vaquejada como um momento vinculado a vida do va queiro justificando esta festa como uma extensão da vida quotidiana desse sertanejo e não como uma mera di versão Tenta além de resgatar este teor intrinsseco localizar tal evento em um ambiente peculiar aos serta nejos rurais 08 I N T R O D U Ç Ã O O estudo da vaquejada tem neste trabalho a preocupação de focalizálo junto e entrelaçado com os ou tros aspectos comuns ã vida rural Sob tal ótica traça se com o decorrer da problemática abordada o quadro quo tidiano de um vaqueiro no seu trabalho com o gado e que naturalmente vai modelando e burilando a sua vida É sob este prisma que a adesão a este tema foi motivado pelo desejo de senão resgatar pelo menos ten tar resgatar a vaquejada a sua cultura própria a rela ção contínua do homem sertanejo rural com o gado coloca a vaquejada num evento extensivo da luta constante de uma fazenda pecuarista A análise aqui feita pretende chegar a um en tendimento mais claro ou mais justificador querendo en tender talvez a brutalidade do evento do porquê da va quejada 0 parque da vaquejada é apenas o espaço físico de outra instância do convívio do vaqueiro e seu gadoou pelo menos era e ainda deveria ser Deveria ser sim É egoistamente e revelador o desvinculamento do clima rural e naturaldescaracterizan doa e revestindose atualmente mais como uma festa urbana de caracteres exóticos deixando a margem o va 09 queiro e a sua relação mesclada de cumplicidades com o seu gado Para tanto a abordagem esboçada aqui dividiu se em três partes a saber lã Parte Detém na importância da pecuária dentro do quadro econômico e social do Brasil e do surgimento das fazen das de gado e o que esta nova con figuração espacial significou 29 Parte Centraliza no evento enquadrado no cenário rural Através de abordagens sobre a sua cultura a origem as di ferenciaçõesregionalismo as apar tações as pegadas as derrubas e a descontextualização da vaquejada tenta retratar esse momento de in terligação do vaqueiro com o gado Parte No tocante a indumentária Discorre sobre o couro e a sua preparação da tiragem até chegar ao ponto de ser cortado para manufaturálo em peças da indumentária sobre haver alterações no figurino ocorridas com o tempo e com espaços físicos dife 10 rentes e valendose de desenhos lustra as peças do encouramento do vaqueiro e do seu animal As diretrizes da metodologia aqui aplicada ha seouse em depoimentos obtidos com vaqueiros antigosain da de campo aberto ou apenas com pessoas ligadas a vi da rural de uma fazenda visitas a vaquejadas e pesqui sa bibliográficas literaturas especificas e literaturas de enfoque mais amplo 11 1 CONSIDERAÇÕES GERAIS I NEHAD 11 A Pecuária no Sistema Colonial d e s0o A economia do inicio do Brasil colonial era fundamentada na produção latifundiária e monocultura da indústria do açúcar A Europa necessitava deste produto e o Brasil na condição de colônia portuguesa era terra propícia para a obtenção de uma larga escala produtora e abastecedora do mercado europeu via Portugal Para tal envergadura a ocupação fora feita de modo mercantilista necessitando não só da ocupação e exploração da terra 1 como também dos seus nativos o índio além de mais uma força de trabalho o negro africano Na condição de es cravos estes dois elementos principalmente o segundo atuaria como força motriz juntamente com o gado que de início além de ser um braço de trabalho na produção açu careira e ter a sua carne destinada ao abastecimento da população posteriormente ganharia novas dimensões econô mica colonial Assim acrescentase uma outra nova forma de organização econômica e social as fazendas de gado A pecuária surge assim no cenário do sistema latifundiário da produção açucareira como força funda mental embora ainda desempenha uma atividade secundária 12 dentro dos ditames da política mercantilista implantado pela coroa portuguesa Sua carne era necessária para su prir a mesa da população e a força de trabalho Na pri meira fase o trabalho agrícola e o beneficiamento da ca na tornam o gado vacum peça essencial da propriedade es cravista Ê a fase em que o gado fornece ao homem a car ne para alimento da população local particularmente do escravo a força de trabalho para a moenda nos engenhos trapiches onde substitui nesse mister a força do es d cravo Se a priori a pecuária limitavase a tais obje tivos logo ela apresentaria outras feições vindo a ser mais uma força paralela ã indústria açucareiratornando se aos poucos e constantemente autônoma desta Este dis tanciamento natural decorrente da especificidade organi zicional que as fazendas de gado iriam tomar será acen tuado com a Carta Régia lançada em 1701 por Dom Pedro II proibindo a criação a menos de dez léguas do litoral pois a estas terras estava destinada o cultivo da cana deaçücar Com tal medida o gado definitivamente seria o elemento preponderante no desbravamento das terras bra sileiras além de sua costa litorânea a procura de no vos pastos mais amplos e com uma independência considera vel do policiamento do governo lusitano a pecuária aden traria pelos sertões seguindo os cursos dos rios con quistando novas terras e dando ocupação do interior nor destino Sua base econômica será sempre a pecuáriae os grandes focos de irradiação continuarão sendo Bahia e 13 Pernambuco Partindo do primeiro e alcançando em meados do século XVII o rio São Francisco â disposição das fa zendas de gado tomará daí por diante duas direções Uma delas subirá pelo rio acompanhando seu curso A outra direção que toma a progressão das fazendas de gado 2 depois de atingido o rio Sao Francisco e para o Norte Adquiriu assim para si o papel de intercomu nicador entre as diferentes regiões do Brasil consequen te do seu fluxo 12 As Fazendas de Gado A nova organização espacial dentro da colônia pedia uma flexibilidade maior no trabalho diário com o gado do que com as plantações de cana para servir a in dústria açucareira não exigindo necessariamente a for ça do trabalho escravo A grande extensão das terras já era por sí só um meio para essa maleabilidade A partir da divisão des tas sob o sistema de arrendamento como medida de obter um maior controle territorial visto que o proprietário não tinha condições de ter uma constante vigilância efi caz sob seu rebanho e seus empregados darseã a pene tração em todo o latifúndio da propriedade pecuarista Esses arrendamentos serão ainda de forma páld da um significativo fator de enfraquecimento e quebra 14 dos privilégios da classe detentora do poder na colônia já que o vaqueiro apôs cinco anos de trabalho recebêria do seu patrão como pagamento e de uma só vez o relati vo a 14 das crias acumuladas as quotas de todo esse tempo de serviço Tal prática proporcionará a este vaquejL ro condições de comprar pequenas terras oriundas das subdivisões dos sucessivos arrendamentos e em alguns ca sos o ganho de terras era uma recompensa a feitos mili tares Havendo ainda quando o vaqueiro se destacava o pagamento fixo anual Quanto a multiplicidade dos rebanhos os cur rais ganharam nova configuração espacial deixando de ser uma simples aderência dos engenhos para tornarse um espaço físico independente provocando nitidamente a primeira separação entre a fazenda e o engenho agora então o curral e o eito Esse aumento quantitativo do gado produzirá u ma nova fonte de economia aproveitando o couro na expor tação de meios de sola para Lisboa e servindo como envol tório para rolos de tabaco favorecendo a exportação fu magueira que por sua vez estimulará mais o desenvolvi mento do criatõrio No século XVII quando a pecuária toma o seu primeiro grande impulso tem início também a cultura do fumo e com ela se abria um vasto campo para o emprego do couro como envoltório dos rolos de tabaco 3 Nesse contexto é importante notar que as fazen das de gado significam com o correr do tempo formações dos primeiros povoamentos uma vez que com a penetração 15 multiplicação e distribuição do gado e o aumento suces sivo de pequenos proprietários efetivase não só a con quista das terras pelas terras mas também a aglomeração de pequenos núcleos que se fixaram ampliandose nas ocor rências de feiras de gado 2 A VAQUEJADA Para um evento se caracterizar como cultura po pular de específica sociedade ou de algum determinado setor dessa sociedade é necessário que este esteja im pregnado de significados que simbolize de uma forma ou de outra aspectos essenciais do seu povo Os signos ditam modelam revelam justificam e até defendem sua verdadeira identidade quando integra dos dentro do contexto de sua habitual rotina rebatendo ora na esfera do trabalho ora na esfera do lazer É sob esta Ótica que a vaquejada inserida na vida rural repercute aspectos da cultura peculiar do ser tanejo rural principalmente do vaqueiro A derruba nes te contexto une mais uma vez o vaqueiro ao seu gado 21 Origem A vaquejada ato de derrubar a rês com um pu xão pela cauda defende o folclorista Luiz da Camara Cas cudo ser de origem espanhola e também que Portugal des conheceu esta cultura perdurando a sua tradição em ter 17 ras de colônias americanas entre grupos de pastores A vaquejada caracterizada pela saiãda puxão pela saia quedaderabo acredito ser de origem espanho la Não se transmitiu a Portugal Desapareceu na Espanha mas resiste nas terras drAmérica entre as popu 4 lações pastoris do antigo domínio colonial A data de 1870 é o registro mais antigo que se tem da prática da derruba pela cauda no Brasil Tal in formação está no poema de José de Alencar o Nosso Can cioneiro Segue o vaqueiro sem toscanejar e após ele rompe os mais densos bamburrais Onde não parece que possa penetrar sua corça passa com rapidez do raio o sertanejo a cavalo e não descansa enquanto não derruba a rês pela cauda Também documentada a derruba pela cauda por Euclides da Cunha em Os Sertões O touro largado ou o garrote vadio em geral refoge ã revista Afunda na caa tinga Segueo o vaqueiro Coselhe no rastro Vai com ele ãs últimas bibocas Não o larga até que surja o en sejo para um ato decisivo alcançar repentinamente o fu gitivo de arranco cair logo para o lado da sela suspen so num estribo e uma das mãos presa as crinas do cavalo agarrar com a outra a cauda do boi em disparada e com um repelão fortíssimo de banda derribálo pesadamente em terra 6 Notase que a vaquejada festa da derruba de correu das apartações era um momento oportuno aconte cia juntamente com atividade funcional e rotineira do va queiro Nesses tempos a pegada davase em campos fecha 18 dos no meio das caatingas e em seguida a derruba no pátio destinado a reunião da boiada também um espaço a berto sem limites de cercas Hoje a derruba ou melhor a vaquejada distor cida dase em parques meticulosamente medidos e limita dos em um conjunto de regras préestabelecidas e seus corredores se distanciam da condição de vaqueiro 22 DiferenciaçõesRegionalismo Registrase a derruba também pela queda de va ra além da queda pela cauda chegando até a coexistên cia dessas duas formas no Brasil A queda de vara com fardas ou aguilhao presos no final da vara consiste em levar ao chão a rês no momento que emparelhado animal e boi cravar a ponta do ferrão nos flancosentre as cos tas e a anca fazendoa cair fortemente Na queda pela cauda temos a sua popularização rápida e de grande extensão em todo o interior do Nordejs te Os campos dos nossos sertões deve ter influenciado essa tomada pela derruba de rabo visto que as caatingas as juremas os marmeleiros dificultavam o lançamento da vara de ferrão no alvo certo No estado do Rio Grande doSul adotavase a a guilhada Questionantea ausência completa da queda de rabo nesse estado uma vez que os países vizinhos Argen 19 tina e Uruguai mantinham a tradição do derruba pela cauda Também até início do século passado nos esta dos de São Paulo Minas Gerais e Rio de Janeirocorria se o boi com farpas e aguilhão 23 As Apartações É o momento de apartar o gado devido a inexis tência de cercas fazendo divisas entre as fazendas de ga do vizinhas 0 gado de uma região só envolvendo várias fa zendas era criado solto e misturado em grupos abertos ou em pastos comuns serrotes caatingas amplos pastos Chegado mês de junho de um ano de inverno seguro inúme ros vaqueiros dessas fazendas se reuniam embrenhandose nos matos para juntar todo o gado e leválo a um único e grande pasto já previamente escolhido e preparado ocor rendo a apartação Os campos de criar não eram cercados O gado criado em vastos campos abertos distanciavase em busca de alimentação mais abundante nos fundos dos pastosPara juntar o gado disperso pelas serras caatingas e tabulei 1 ros foi que surgiu a apartaçao No fim do inverno São João ou SantAna quando a pastagem madura principiava a secar se dava co meço â apartação Numa fazenda previamente escolhidaque 20 oferecesse mais acomodação nos currais ou por ser mais equidistante das outras reuniamse os fazendeiros com 8 pessoas de suas famílias e seus melhores vaqueiros Criado em comum nos campos de inverno seguro era conduzido para os grandes currais escolhendose a 9 fazenda maior e de mais espaçosos terreiros Da necessidade da apartação entre a pegada do gado e a remoção às fazendas dos seus donos havia a der ruba e daí a vaquejada A vaquejada originouse portanto de um momen to cotidiano do trabalho do vaqueiro e que segundo de poimentos colhidos com vaqueiros ainda de campo aberto era a hora de brincar com o boi 231 A Pegada Constituía a saída dos vaqueiros devidamente preparados roupas e provisões para os campos abertos a busca de juntar todo o gado solto daquela região e tra zêlo para o pátio da apartição O grupo vaqueiros e as vezes os próprios proprietários saíam ainda sem o quebrar da barra e só retornavam a boquinha da noite quando não passavam a noite junto com o gado nos campos para retornar no ou tro dia eassim até finalmente reunida toda a boiadacon duzir para a apartação 21 Os vaqueiros dividiamse em grupos que se dejs locavam estrategicamente visando cobrir toda a área As reses já encontradas eram encaminhadas a un só local normalmente um espaço mais ou menos aberto e sombreado sendo vigiado por um grupo de vaqueiros que alternava o cerco enquanto os outros continuavam o cam pear Indispensável a presença do vaqueiro aboiador que permanecia no local do gado já reunido O aboio ser via para orientar os vaqueiros queestando com o rastro do boi conduziao orientado pelo som que partia as caa tingas e levavao até os outros já reunidos para con duzir a boiada ao local desejado para apaziguar o gado que sugestionado pelos tons seguem tranquilos e na roti na da fazenda aboiar o rebanho nas idas e vindas habi tuais aos currais campos e cercados 0 aboio é o canto do vaqueiro Já dizia o cro nista Pedro Pereira de Araújo Quem não conhece o a boio dolente o aboio magoado o aboio sentido do vaqueL ro nordestino o aboio repleto de saudades através das vaquejadas quem não conhece o mugido dos bois de nossa 4 10 terra A arte de aboiar nos versos do poeta paraiba no José Saldanha de Araujo Quando se percebe ao longe Um aboio enternecido xob 1 ç Quem pode fazer mais nada NEHAD Quem dele tira o sentido 22 A lenta voz dos vaqueiros É a própria voz do sertão Que desde a infância escutamos Com o ouvido do coração Do gado criado solto nos campos sem vivências em currais e sem os cuidados permanentes de uma fazenda dava a rês muitas vezes a aridez a bravura e a impe tuosidade A predominância dessas características em um boi dificultando ao máximo a sua pega pelos vaqueiros fazia com que fosse conhecido por barbatao A captura do barbatao era sempre vista como um desafio pelos próprios vaqueiros que reunidos os me lhores daquela região partiam para o laço desses ani mais quase semiselvagens A façanha da conquista tradu zia grande fama e respaldo no seu meio e ainda muitas vezes como prêmio um valor considerável em dinheiro O manejo do boi bravo era auxiliado por uma rtás cara pedaço de couro colocado na cara da rês impedindo dela ter visão frontal e consequentemente de correr e pela meiademão pedaço de sola posto nas suas mãostam bém impedindoa de correr ou peiadepéemão prende uma das mãos com um dos pésdireito com direita ou es querdo com esquerda Lendo Os Sertões Euclides da Cunha inculte no leitor a beleza do vaqueiro no rastro de uma rês no mato Mas se uma rês alevanta envereda esquiva adiantepela caatinga garrancheira ou se uma ponta de gado ao longe se trasmalha eilo em momentos transformadocravando os 23 alicates de rosetas largas nas ilhargas da montaria e partindo como um dardo atufandose velozmente nos déda los inextricáveis das juremas nada lhe impede en calçar o garrote desgarrado porque onde passa o boi pas sa o vaqueiro cora o seu cavalo escanchado no ras tro do novilho esquivo aqui curvandose agilíssimosob um ramalho que lhe roça quase pela sela além desmon tando de repente como um acrobata agarrado âs crinas do animal para fugir ao embate de um tronco percebido no último momento e galgando logo depois num pulo o selim e galopando sempre através de todos os obstá 12 culos sopesando a destra sem a perder nunca 232 A Derruba É na derruba que o vaqueiro sertanejo tira a desforra dessa tarefa penosa Não sõ pelo trabalho em trazer o gado mas também pelo constante dia a dia ár duo dispensado em um meio ambiente o sertão ameaçado com problemas reais de seca nos quais dão dimensões de sua limitação existencial no cerne da natureza física Revela também na luta travada com o boi a disputa de sua força humana versus a força animal O espírito das derrubadas era momento de ale gria de festa regado a uma pinga e em clima de brinca deira A espontaneidade o largado relaxado do vaqueiro 24 e o faz de conta da cumplicidade do gado na hora de brincar caracterizava a derruba inserida nas aparta ções Não obedecia aos atuais parques de vaquejada Os vaqueiros ficavam à porteira do curral tendo na fren te um pátio grande limitado apenas pela vegetação que determinava onde terminava o espaço aberto e onde prin cipiava o campo fechado A rês ao sair do curral os vaqueiros normal mente um à direita e outro à esquerda ja tentavem co lar no seu rastro e emparelhados vaqueiro e boi ou va ca conseguindo pegar a cauda da rês e com um forte pu xão objetivava colocála no chão era a satisfação a festa a derruba Não conquistando tal proeza perder a rês era botar o boi no mato 24 0 Vaqueiro Nas primeiras fazendas de gado o vaqueiro era o responsável pela fazenda não recebia pagamento em di nheiro a sua remuneração correspondia a 14 da produção pecuniária em cada quatro crias uma era sua e as três restantes do fazendeiro 0 proprietário geralmente mo rava na cidade ou em engenhos da mata Mais tarde ê que o vaqueiro ficará apenas com todos os cuidados do gado da fazenda 25 Até há pouco tempo se é que ainda não o va queiro desfrutava de um maior respeito entre os outros também trabalhadores de uma fazendavisto que as proprie dades do sertão principalmente do nordeste detinham sua produção mais na pecuária e menos na agricultura que a cada janeiro é assaltado com o medo da seca São os que lidam com o gado os primeiros a deis pertarem Se levantam ainda com o quebrar da barra es tão nos currais nos cercados nos pastos nos campos ou nas caatingas se na sombra é quase por acaso pois é sob o sol escaldante que passam a maior parte do seu dia 0 vaqueiro também rasteja É o rastejamento A quele que na busca de alguma rês vê decifra e identifi ca seu rasto em sinais disformes e maus delineados por onde passa nos riscos na terra nos galhos cortados ou outra evidência que para outra pessoa qualquer passa com pletamente desapercebidos A vida diária com o sol forte e com uma terra na maioria dos meses do ano árida permeando o seu traba lho concede ao vaqueiro uma suposta autoridade sobre o gado que cuida É sob esta familiaridade com a rês que entendese e podese tentar aceitar a vaquejada como ex pressão da cultura popular do sertanejo rural Fezse forte esperto resignado e prático 13 Aprestouse cedo para a luta 25 A Descontextualização da Vaquejada 26 A vaquejada hoje acontece fora do contexto do homem do campo não havendo a relação estreita do gado com o vaqueiro que é comum no dia a dia de uma fazenda 0 ritmo deste evento ocorrido atualmente nas cidades difere completamente das características que mo delaram a festa no passado onde os protagonistas eram em primeira instância o homem do campo vaqueiro ou um trabalhador da fazendaversus o gado A gradativa alte ração dessa situação deuse em parte graças a ganân cias de pequenos grupos de poder econômico e político em transformar tudo em meios nos quais de uma forma ou de outra lhes proporcione mais prestígios ou a perpetua ção deste 0 feitio natural e espontâneo das derrubadas sem complicadas regras perdeu para um complexo conjunto de normas que agora ditam ó curso das vaquejadas desde a alta taxa do valor da inscrição até o momento do va leu o boi Este desvio não só afastou ou distanciou o va queiro em participações quantitativas nas vaquejadasco mo também proporcionou a descaracterização desta festa transformandose em um ato urbano com conotações mera mente festiva e com teor folclórico que tem no seu pai co cavaleiros que são apenas corredores por capricho ou por profissão Temos então de fato o profissional de vaquejada Consiste este em percorrer todas as vaqueja das possíveis indo de uma a outra seguidamente cole cionando prêmios e dando dessa forma a sua quota na sociedade no tocante a competitividade competição mui to mais sua e de entre seus colegas corredores do que 27 com a rés que esta na verdade passada a passada mar cando a trajetória e o ritmo da corrida e consequente mente da vaquejada É compreensível e não poderia ser de outra maneira a inexistência da cumplicidade do vaqueiro com a rês uma vez que o ambiente da vida rural não condiz com este cavaleiro Ele desconhece e se conhece não vi vencia a luta árdua e constante da rotina de uma fazen da não se levante com o sol nem retorna so pino do meiodia ou mais tarde quando o sol já está na barra do poente não transita entre matos e caatingasnem põe as maõs na terra ignora o rastro do seu gado seus cud dados e as apartações necessárias a falta de água ou inverno tocalhe assim como sensibiliza qualquer outra pessoa que sente os percalços da seca ou a alegria da água que cai e não como uma questão fundamental para o seu quotidiano Quanto ao tradicional forró que acompanha a vaquejada atual notase nitidamente o desligamento do lazer com a pegada do boi É marcante a presença de boa parte da sociedade urbana forroziando sob um prisma de uma participação exótica num momento diferente de seus habituais valores e manifestações culturais Na indumentária também não se foge a tal des caracterização pois raramente se vêem os corredores com o encouramento e arreios do vaqueiro do sertão ruralAs vestes são as mesmas trajadas no cenário urbano ausen tase o couro para o aparecimento das peças de tecido Este distanciamento das dificuldades e labo res que o sertanejo enfrenta no seu dia a dia desvincu 28 la o cavaleiro atual da questão germinativa da vaqueja da Não há o sentimento de brincar com o boi assim como é estranho para esse profissional outros aspectos que interligam o homem a terra e o gado triângulo es te formador do tripé da vida do sertanejo rural do nos so sertão 29 3 INDUMENTÁRIA A indumentária do vaqueiro sertanejo que per corre mato a dentro é no seu figurino cuidadosamente bem traçado visando um bom desempenho e proteção máxima ao seu usuário quando no rastro de seu gado Entendese por essa indumentária todo o acernal necessário para o cam pear do vaqueiro montado no seu animal não só as suas vestimentas e seus acessórios mas também todos os ape trechos designados ao seu animal 0 couro matériaprima é peça fundamental nes te fabrico exigindo atenção considerada desde a sua es colha passando pela preparação pelo corte até aos aca bamentos finais alguns com elementos decorativos Os primeiros encouramentos eram feitos de cou ro de veado para posteriormente com a extinção destes serem substituídos pelo couro de bode 31 Preparação do Couro À chegar na peça pronta passase por cuidados indispensáveis isto é o curtimento exige atenção na tj 30 ragem do couro no seu preparo até chegar ao estado de sola o couro do gado bovino quando já curtido antes e ra somente courodeboi para finalmente cair nas maõs dos artesões responsáveis pela feitura de toda a indumen tária necessária ao campear do vaqueiro no rastro da rês no meio do mato 0 primeiro passo é já a tiragem feita esmerada mente começa na linha da barriga de cima para baixore tirando as vísceras toda a carne ou gordura possíveise livre de qualquer corte que venha a danificar o couro Parte então para a lavagem e em seguida ê estirado amarrase em varas de madeira normalmente de marmeleiro de maneira que enfiados formando um x em mossas furos feitos nas margens da cabeça das garras da barriga e da cauda objetivando o seu esticamento completo que a tingido seguese a secagem em locais â sombra e ventila dos Ê o momento de fazer cair o cabelo e engros sar se o curtimento não for o couro curtido em cabelo Fica este de molho no período de 24 horas para depois mergulhálo em uma decoada 200 latas querosene dágua 12 para 2 a 3 latas de cinza de catingueira angico ou arueira Virase todos os dias e a partir do terceiro dia colocase mais água e apôs sete dias retirase e já escorrido e descabelado volta a água por 24 horas O couro agora está no ponto de curtir É o cur timento 0 processo inicia com a preparação da casca de angico que estando já seca é esfarelada a cacête ou pi lada em sacos de aniagem para ser despejada no tanque com 31 água e ao consistir numa espessura de dois dedos colo case o couro e depois outra de casca e depois outro cou ro e assim alternando casca e couro chega a última pe ça Feito isso despeja mais água até cobrir todo o mate rial e durante 10 dez dias o couro é revirado todos os dias e a casca mudada dia sim dia não Passado esse pe ríodo a casca ê trocada a cada 3 três dias e atingido a média dos 22 vinte e dois dias todas as peças são retiradas lavadas e secadas a sombra Curtido agora é ser grossado ou seja reti rar por igual as peles do lado interno no grossadortron co linheiro e liso de pereiro serrado ao meio que recebe o couro Está no ponto de banhálo em óleo de origem ve getal ou animal e então finalmente o serviço é com os fazedores das peças da indumentária os artesões Um impecilho para a confecção por completo do couro são as ferras As queimaduras decorrente das mar cas dos ferros é motivo de preocupação para com o apro veitamento do couro já no século passado Em 21 de março de 1885 a Lei Provincial nQ 945 proibia a ferra na rês em outra parte que não fosse na extremidade inferior da coxa querendo com isso poupar o quanto possível o seu couro Hoje as vestes do vaqueiro sertanejo difere das 32 usadas pelos pastores do Brasil Colônia ou de um passa do mais recente Tal modificação é justificada com as aJL terações próprias do desenvolvimento da sociedade e de seus meios de produção que amplia o seu raio de influên ciaconsequência da cidade ao campo 0 melhoramento das raças divisão e subdivisão das propriedades a pasta gem artificial a fenagem a ensilagem os concentrados as instalações rurais e o melhor manejo do gado fazem crer que a atual véstea dos nossos vaqueiros será com o passar dos anos modificada ou mesmo substituídas sobre vivendo aqui ou acolá nas criações extensivas ou nas 14 tradicionais festas das vaquejadas Do registro mais antigo que se tem de sela de cavalgar no tempo do Brasil Colônia a referência ê a trazida além mar a gineta A sua origem é moura e apre endida o seu fabrico pela cavalaria européia tranpôs os europeus esta tradição às terras de suas colônias no mo mento de sua colonização No entanto tão logo fezse a acomodação nas terras do cá sertão deuse gradativamente as alterações necessárias a adaptação do novo ambiente Com os tempos e depois que deram as costas para o mar e tomaram o rumo dos sertões a diversificação do trabalho o clima e o espinho da caatinga é muito factível terem feito o ensi no nas modificações dos arreios 33 Anexos 33 Segue desenhos ilustrando detalhadamente o en couramento usado pelo vaqueiro e o seu animal quando sai no rastro do seu gado sertão a dentro Todas as ilustrações são de autoria de Oswaldo Lamartine de Faria contidas no seu livro Encouramento e Arreios do Vaqueiro no Seridó 331 Encouramento do Vaqueiro Luvaj 1 Vista cm duas peças de couro 2 Luva fella com uma dnlea camada de couro 3 Botfio cm nóderosa LVwjxefu de couro 1 Correias do barbicacho om número c quulro para cada lado quo sorvem para ropulnr o comprimento do hnrblcicho 2 Carapuça feita dfj chins jjcças cli rouro 3 Aíflítimc tra couros sujKriJOstOs cm desonhri o stu rndn n mdíjtilns com furos n ventUaçAn I lhas fonnruln lMr quatro couros superpostos 5 liorlicacu 1 Upcira trançada cm couro curtido 1 Alça com quo sc condoas prOsa ao pulso 2 Botão cm nódarosa que abotoa na casa oposta 5 transformandoa tm pciade mfto 3 Trança 4 Ungua 34 Gibão ou vcsta lado esquerdo 1 colarinho 2 c Correias a t cadeiras i Aba com duas costuras ã máquina c uma cm pesponto 5 Mon ra c Punho 7 Costas 8 Costura dc dois cabos 9 Costura cm pesponto ladeada por duas costuras máquinn Cibóo Avesso I 1 Colarinho cm duas dobras 2 Barro 3 Bolso com totüo em nóderosa 4 Aba a aba c as costas tm ma única camada do couro 5 Cun da manga 6 Barra o couro duplo Obs Tôdas os costuras internas sAo cm dois cabos Ouardapcito ou eolete 1 Trança dc couro cm 4 pernas 2 Nóderosa 3 Vista em duas camadas de couro 4 Guardapcito cm peça única 5 Barra reforçada cm duas peças com doso nho do oito 5 7 Perneira poma direita I que sc prende sob o é Correia Guarda 1 Cds cm duas peças 2 Guarda couro sim ples 3 Contra forte em duas peças 4 Bico Jdem 5 Duas costuras máquina que ladeiam um pespontado de correia 6 Costura máquina 7 Costura dc correia 8 Costura de dois cabos 9 Faca 10 Vista do pd da côxb cm duas poças de couro Vaqueiro com encouramento completo Foto João AlvesNatalRN 332 Encouramento do Animal Capa granúe cm sola 1 Costura no divisor das águas que fecha as duas capas lado direito com o esquerdo 2 Casas do loro o loro entra na casa inferior e sai na superior 2 4 Casa cia eiha 5 Cilha G Desenho cm rebaixador mar ca do scieiro 1 Puros das correias do Ulabardão 8 Arção traseiro não revestido pela sola 9 Costuras ii mão com linha zero SELA ROLADEIRA írçco l Arção dianteiro cm esqueleto dc curva do mo íumbo que formo o Sanio Attfómo ou íodasela 2 Casa do loro 3 vão iwspontado cm correias dc couro cru nas selas ginetas o vão í aberto 4 Rcssafra ou espendras uma de cada lado que aparafusam um arção ao outro D Arção traseiro ou tncialua 6 Aranhadorablcho 7 Pegador da nibichola arROla 8 Pegador do peitoral arpoln 9 Furos das correias do talabanlo N Ta laba rd â a Lado esquerdoV Dobra costurada ã máquina com linha zero 2 luros para as correias do Lalabftrd5o 3 Costura dc bracoiro em x com linha de fio da Bahia fran zida que forma o suador Cojm do cot llcvcstida com a sòbrcatw a ela grudada comple tando a fase final do acabamento da sela roladuiru 1 Santo AnLônio ou luaíiasela 2 Correias do Uilabnrdãn i Borraina também chamada de canudo dianteira 4 Lotos que sustentam os cstrilíos f Cilha j PcRador da rabichola 7 Suador 8 Aranha dorabicho Ohr A capa grande fica aparecendo de ves que excede uns três centinic Iros íiucfn Fivelas 2 Chouriço 3 lápis Esi ribos 1 Estribo colírio ern armação de barandfm quiri nu iTibuiba madeiras resistentes e flrxivcis revestido dc e cnsíurado cm 2 cabos com fio da Bahia encerado Estribo aberto de madeira e sola crevcjado 3 Us tribo aberto de madeiro e sola cravejado modelo Tcrlondo Estribo de metal ernigímlíj níquel mi prata Cabeçadas l Cangotelra 2 testeira 3 cortadeira 4 brida 5 barbela li sirfcóia cJsgola 7 rédea da cortadei ra c 8 rédea da brida 37 C O N C L U S Ã O Do aqui exposto concluise que a vaquejada foi decorrente de uma atividade habitual do vaqueiroou seja da necessidade de se fazerem as apartações Fica claro também que o evento ao se distanciar do mundo do vaqueiro vai perdendo o caráter de manifestação cul tural do sertanejo rural e o fato do vaqueiro ter aces so restrito nos atuais parques devido a comercializa ção do evento agrava ainda mais a descaracterização da vaquejada sua festa 38 NOTAS BIBLIOGRÁFICAS 01 NELSON W SODRÊ Formação histórica do Brasil pãg 122 03 GILBERTO P GUIMARÃES Quatro séculos de latifun dio pãg 68 04 LUIZ DA C CASCUDO A vaquejada nordestina e sua origem pãg 31 05 FLÁVIA DE F CASTRO Vaquejada no sertão inCu3 tura pãg 93 06 EUCLIDES DA CUNHA Os sertões pãg 88 07 JOSÉ FERNANDES BEZERRA Retalhos do meu sertão pãg 7 08 JUVENAL L DE FARIA Velhos costumes do meu ser tão pág 9 8 09 LUIZ DA C CASCUDO A vaquejada nordestina e sua origem pãg 17 39 10 JOSÉ F BEZERRA Retalhos do meu sertão pãg 17 11 JOSÉ F BEZERRA Retalhos do mexi sertão pãg 18t 12 EUCLIDES DA CUNHA Os sertões pãg 82 13 EUCLIDES DA CUNHA Os sertões pãg 83 14 OSWALDO L DE FARIA Encouramento e Arreios do vaqueiro no Seridõ pãg 23 15 OSWALDO L DE FARIA Encouramento e Arreios do vaqueiro no Seridõ pãg 14 40 FONTES BIBLIOGRÁFICAS 01 ALVES Celestino Vaqueiros e vaquejadas U F R N NatalRN 1986 02 ABRANTES Antonio Augusto O que é cultura popular Brasiliense São PauloSP 1987 03 BEZERRA José Fernandes Retalhos do meu sertãoGrã fica e papelaria leão do mar ltda Rio de Janeiro RJ 1978 04 CASTRO Flávia de Faria Vaquejada no sertão In Cultura MEC BrasíliaDF Vol 06 nQ 22 jul set 1976 pag 9198 05 CASCUDO Luís da Câmara A vaquejada nordestina e sua origem Fundação José Augusto NatalRN 06 Nomes da terra geografia história e toponímia do RN Fundação José Augusto NatalRN 1968 07 Viajando o sertão Funda ção José Augusto CERN 39 ed NatalRN 1984 41 08 Dicionário do folclore brasileiro Itatiaia 5 ed Belo Horizonte MG 1984 09 CUNHA Arthéphio Bezerra de Memórias de um sertane jo Pongetti Rio de JaneiroRJ 1971 10 CUNHA Euclides da Os sertões campanha de Canudos Livraria Francisco Alves SA 33ê ed Rio de JaneiroRJ 1987 11 FARIA Juvenal Lamartine de Velhos costumes do meu sertão Fundação José Augusto NatalRN 1965 12 FARIA Oswaldo Lamartine de Encouramento e arreios do vaqueiro no seridó Fundação José Augusto Na talRN 1969 13 Ferro de ribeiras Cole ca de ponta Coleção mossoroense vol CDXIV sé rie C 1988 15 FREYRE Gilberto Casagrande e senzala José Olym pio 25ã ed Rio de JaneiroRJ 1987 çao mossoroense vol CCXLI série C 1984 14 Apontamentos sobre a fa 42 16 GUIMARÃES Gilberto Passos Quatro séculos de lati fúndio Paz e terra 53 edRio de JaneiroRJ 1981 17 HOLANDA Sérgio Buarque de Raízes do Brasil José Olympio 203 ed Rio de JaneiroRJ 1988 18 LAMARTINE Pery Velhas oiticicas Fundação José Au gusto NatalRN 1991 19 LAPLANTINE François Aprender antropologia Brasil ense 33 ed Sao PauloSP 20 LARAIA Roque de Barros Cultura um conceiro antro pológico ZAHAR 43 ed Rio de JaneiroRJ 1986 21 NÓBREGA Janúncio Bezerra Revivendo o seridó Clima NatalRN 1981 22 NORMANO João Frederico Evolução econômica do Brasil Nacional 23 ed São PauloSP 1975 23 SODRÉ Nelson Werneck Síntese de história da cultu ra brasileira Bertrand Brasil SA 153 ed Rio de JaneiroRJ 1988 24 Formação histórica do Brasil Difel 113 ed São PauloSP 1982 SIMONSEN Roberto C História econômica do Brasil 15001820 NacionalMEC São PauloSP 1977