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RELATO ACCOUNT UM NOVO OLHAR SOBRE A ELABORAÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS PARA EDUCAÇÃO EM SAÚDE A NEW LOOK ON THE PREPARATION OF TEACHING MATERIALS FOR HEALTH EDUCATION Samuel Quinaud Rossi1 Vinícius Silva Belo2 Bruno Warlley Leandro Nascimento3 Jacqueline da Silva4 Priscila Correia Fernandes5 Eduardo Sérgio da Silva6 Abstract This article aims to cast a critical eye on the preparation process used for a set of teaching mate rials in health education which was produced from 2007 at the Federal University of São João del Rei for use in a program aimed at combating intestinal para sites The materials were analyzed in order to address the strengths and weaknesses that were found As a result such materials were reworked for use as edu cational media that respect identities and contribute to building knowledge on health It is expected that the proposals that were made for material redesign and correction along with the positive characteristics that were analyzed may contribute to the production of new materials and contribute to improving the supply of products that mediate the process of buil ding knowledge in health Keywords health education educational materials illustrations Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 161 Resumo O presente artigo tem como objetivo lançar um olhar crítico sobre o processo de elaboração de um conjunto de materiais didáticos em Educação em Saúde produzido a partir do ano de 2007 na Univer sidade Federal de São João delRei para uso em um programa que visava o combate a parasitoses intes tinais Os materiais foram analisados de forma a se avaliar as potencialidades e as deficiências encon tradas Como resultado obtevese a necessária reela boração deles com o objetivo de que sejam utilizados como meios educativos que respeitem identidades e contribuam para a construção de saberes em relação à saúde Esperase que as propostas de reelaboração e correção juntamente com as características positi vas analisadas possam colaborar com a produção de novos materiais e contribuir para a melhoria da ofer ta de produtos que medeiem o processo de construção de conhecimentos na área da saúde Palavraschave educação em saúde materiais didá ticos ilustrações O momento preparatório as bases para a produção No ano de 2007 um grupo de professores e alunos da Universidade Federal de São João delRei deu início ao programa de pesquisa e extensão intitu lado Educação saúde e análise de prevalência de enteroparasitoses intesti nais em escolares da rede municipal de São João delRei Minas Gerais Tal programa foi proposto e coordenado pela equipe da universidade que con tou com a parceria das secretarias municipais de saúde de educação e de meio ambiente do município O programa se destinava a crianças de sete a 11 anos matriculadas no ensino fundamental de escolas públicas de São João delRei junto às quais se desenvolveu as seguintes atividades coleta e exame de fezes de toda a população escolar exames malacológicos dos cur sos dagua análise epidemiológica dos resultados parasitológicos e mala cológicos distribuição de tratamento conforme demanda e Educação em Saúde para prevenção de parasitoses intestinais nas escolas participantes Além disso pais e professores que foram coparticipantes do projeto atua ram como mediadores das coletas e participaram de encontros de divulgação sobre ações de promoção da saúde As atividades educativas foram coorde nadas por alunos e professores da universidade As ações de Educação em Saúde ainda contemplaram a produção de uma série de materiais didáticos ilustrados para serem utilizados dentro do referido programa sendo estes os objetos de análise deste trabalho A elaboração dos materiais didáticos foi orientada pela preocupação com a forma com que o conjunto de imagens produzido seria utilizado uma vez que se tinha como pressuposto o grande poder de atração que as ilus trações são capazes de gerar com vistas ao envolvimento dos alunos nas discussões sobre parasitoses O material deveria ser adequado para a sua utilização durante as visitas às escolas durante a preparação para a coleta do material biológico para exames e deveria permanecer nestas instituições de ensino como fonte de informações adicionais após o término do projeto Dessa forma foram utilizados os fatores que orientam o processo de elaboração de ilustrações citados por Morato et al 1998 Para estes autores anteriormente ao trabalho produtivo pensar em três questões se faz tarefa essencial o que para quem e como O conteúdo da informação que se deseja transmitir o público ao qual esta informação se destina o melhor tratamen to da informação e o meio de comunicação mais adequado são fatores que devem ser constantemente lembrados Tais questões nos fazem perceber que cada área do conhecimento e cada público alvo requerem diferentes exi gências que devem ser levadas em conta durante a produção das ilustrações a serem utilizadas De acordo com Oliveira e Conduru 2004 o resultado fi nal deste processo não pode se dissociar dos propósitos do meio no qual e para o qual foram produzidas Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 162 Samuel Quinaud Rossi et al Em concordância com Bruzzo 2004 não tínhamos as imagens como um simples aspecto de deleite ou distração mas como fontes de influên cia no processo de aprendizado modificando a maneira de compreensão de determinada área de conhecimento aqui a Educação em Saúde e atuando na prática e na reflexão educativas Buscavase ainda que as ima gens pudessem estimular a ética e a sensibilidade dos alunos que com elas tivessem contato Assim como ressaltam Queiroz e BarbosaLima 2007 tínhamos como objetivo que os materiais elaborados levassem em conta a importância de se fornecer aos alunos o contato com diversos modelos alternativos na interpretação da natureza o que ajudaria não só na compreensão mais clara do que seria estudado como ainda colaboraria para um melhor entendi mento das formas de construção do conhecimento Adotamos uma visão de Educação em Saúde como ferramenta capaz de atuar no desenvolvimento intelectual dos estudantes e na promoção de conhecimentos que favoreçam o exercício da cidadania formando indiví duos conscientes de seus direitos e deveres em sociedade dados os ques tionamentos políticos sociais e ambientais que devem permear este campo educativo Goldberg Yunes e Freitas 2005 defendem uma educação como formadora de cidadãos capazes de participar de tomadas de decisão na es fera das políticas públicas e de reconhecer os problemas socioambientais atuais para os quais se buscam soluções individuais ou coletivas Goldberg Yunes e Freitas 2005 p 105 Compartilhando pontos de vista semelhantes estão Succi Wickbold e Succi 2005 que veem a Educação em Saúde como importante meio de possibilitar às crianças a divulgação no ambiente fami liar do que se aprendeu em sala de aula executando práticas de proteção à saúde transformandoas em promotoras da saúde Assim as crianças em idade escolar público alvo de nosso projeto foram consideradas como in divíduos pertencentes à sua comunidade capazes de atuar em suas esfe ras sociais família escola etc e que deveriam ser fortalecidas pelo acesso a informações relacionadas ao seu próprio corpo à sua comunidade e ao meio ambiente Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 163 Um novo olhar sobre a elaboração de materiais didáticos para educação em saúde Com base nestes elementos foram produzidos no total oito cartazes Figura 1 relacionados a oito patologias diferentes ancilostomose ame bíase ascaridíase doença de Chagas esquistossomose giardíase pediculose e teníase compondo uma série de materiais que traziam como marca um conjunto de características capazes de gerar reflexões como as que serão discutidas a seguir Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 164 Samuel Quinaud Rossi et al Figura 1 Conjunto de cartazes produzido Cada cartaz possui tamanho aproximado de uma folha A3 297mm x 420mm E nascem os materiais os pontos positivos em questão No início da confecção destes materiais tinhase como foco somente entero parasitoses intestinais porém com o avançar das produções também foram produzidos materiais destinados a parasitoses não intestinais esquistosso mose doença de Chagas e pediculose Esta mudança ocorreu em função da demanda observada nas comunidades trabalhadas ocorrência de pediculose em algumas e pela solicitação dos professores devido à presença do conteú do nos currículos formais de ciências para o ensino fundamental caso da es quistossomose e doença de Chagas Todos os cartazes produzidos possuem traços em comum Figura 2 que ao todo dão forma a uma série de pontos de reflexão dentro do trabalho educativo Considerando a análise curricular discutida por Silva 2010 os materiais didáticos aqui analisados configuramse como elementos consti tuintes do currículo escolar uma vez que se fazem presentes dentro da es cola atuando como temas geradores de discussões e aprendizados A seguir cada um destes traços será posto em reflexão Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 165 Um novo olhar sobre a elaboração de materiais didáticos para educação em saúde Figura 2 Esquema em que são mostrados os traços em comum entre os cartazes Os números na figura acima se referem a 1 Personagens 2 Cores 3 Espaços em branco 4 Situações diversas 5 Modelo de história em quadrinhos 6 Etnias 1 Personagens grande espaço dos cartazes foi destinado à representação dos organismos parasitas ocupando cerca de 13 destes Rossi 2008 ao anali sar o modelo adotado de se ilustrar os parasitos nestes materiais acredita que a busca de novas formas de representação desses seres que não fujam comple tamente da realidade mas que construam imagens alegóricas dos organismos é de grande importância durante o aprendizado inicial Tendo o aluno uma con cepção inicial formada a respeito desses organismos e doenças o seu aprendizado mais aprofundado certamente será facilitado uma vez que o que ele terá em mente não será uma imagem distorcida e confusa e sim algo dentro de sua realidade Rossi 2008 p 13 Tanto os parasitos quanto os personagens foram ilustrados em estilo cartoon cuja finalidade foi atrair os alunos e aumentar as possibilidades de familiaridade com os organismos fazendo com que o aprendizado se tornasse mais agradável Apesar do formato adotado buscouse manter os traços natu rais destes organismos tentando amenizar as possíveis alterações da produção 2 Cores certamente um dos traços mais marcantes deste conjunto de materiais diz respeito à coloração empregada Cada cartaz foi pensado para exibir cores chamativas seja de fundo amebíaseamarelo ancilostomoserosa ascaridíaselaranja doença de Chagasvioleta esquistossomoseverde giar díaseazul pediculosemarrom teníasevermelho nas cenas exibidas ou nas personagens Assim como afirmam Oliveira e Conduru 2004 se o ma terial é destinado a leitores menos especializados o apelo visual é mais im portante que o compromisso com a precisão científica Para Rossi 2006 as cores vivas atraem a atenção dos alunos possibilitando um maior interesse Rossi 2006 p 6 Buscamos conciliar ambos os aspectos no material desen volvido ou seja elaborar um produto esteticamente interessante e atrativo sem deixar de lado o compromisso com a precisão das informações nele con tidas algo que foi facilitado pela utilização de imagens cores e alegorias 3 Espaços em branco em todos os cartazes há espaços vazios caixas de diálogo e lacunas Esses espaços são aberturas ao leitor do cartaz são provocações à participação e convites para a cooperação na construção dos conhecimentos propostos As lacunas provocam o leitor a participar e a in vestigar os elementos que completarão a imagem Além disso os espaços vazios aumentam as possibilidades de valorização do conhecimento prévio dos alunos fazendo do ensino um processo misto de direcionamento e liber dade como denominado por Cunha 2001 possibilitando a construção de conhecimentos efetivos Freire 2009 descreve que ao educador e à escola cabe o dever não so mente de respeitar os saberes com que os educandos sobretudo das classes populares chegam à escola mas também de discutir a razão de ser destes saberes em relação ao ensino dos conteúdos Neste contexto tal caracterís tica do material pode fazer com que as possibilidades de investigação dos saberes dos alunos sejam potencializadas No momento em que se tem em mãos um material que estimula a discussão que permite o reconhecimento da provisoriedade do saber e a valorização das realidades e necessidades específicas das comunidades ao mesmo tempo em que ajuda a tornar a es cola um espaço democrático que valoriza os conhecimentos prévios dos estudantes aumentamse as chances de que se capacite os sujeitos a tomar decisões modificando comportamentos e promovendo mudanças sociais objetivos fundamentais da Educação em Saúde Candeias 1997 Schall e Struchiner 1999 Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 166 Samuel Quinaud Rossi et al 4 Situações diversas está presente também nos cartazes uma diversi dade de situações que servem para ilustrar variadas formas de contami nação medidas profiláticas sintomas das doenças e locais onde os parasitos se instalam no corpo humano Buscouse apesar da seriedade do tema pro posto que estas situações fossem representadas de forma humorada que pudessem ser familiares aos leitores e também ensinar Não fugir da reali dade social das crianças foi um dos objetivos durante a produção dos ma teriais Buscouse ilustrar diferentes realidades das comunidades onde o material seria utilizado como é o caso das cenas de esgoto correndo a céu aberto nos cartazes da esquistossomose amebíase e giardíase buscandose produzir um produto que não tivesse um caráter meramente informativo mas que estimulasse a reflexão sobre a realidade dos locais onde se vive e as relações entre esta e os riscos à saúde e ao bemestar Essa contextualização só foi possível pelo contato prévio da equipe produtora do material com as comunidades escolares onde esse material seria utilizado Esse contato foi estabelecido em projetos anteriores de pesquisa etnográfica Facion e Fer nandes 2008a Facion e Fernandes 2008b e de extensão universitária 5 Modelo de histórias em quadrinhos o molde no qual foram elabora dos os materiais também serve como interessante ponto de análise Notase o formato adotado semelhante ao de histórias em quadrinhos escolhido de vido à influência destas no meio infantil e ao provável papel atrativo que poderia proporcionar A escolha deste formato tornase pertinente a partir do momento em que estudos como os de Fogaça 2002 afirmam que entre todas as linguagens que fazem parte do mundo contemporâneo a histó ria em quadrinhos realiza a integração entre a linguagem escrita e visual atuando na construção de conhecimentos na atribuição de sentidos e na formação de competências artísticas literárias e linguísticas pelos alunos Caruso Carvalho e Silveira 2002 enfatizam a utilização de tirinhas e de histórias em quadrinhos para a disseminação do conhecimento Segundo estes autores as tirinhas têm grande poder de concisão ressaltando a lin guagem da imagem objetivando a fuga de qualquer tipo de memorização e despertando a curiosidade do aluno permitindo que ele reflita e aprenda por meio de suas próprias deduções e conclusões mesmo que para isso ele necessite da ajuda de seu professor Uma vez que foram produzidas tirinhas em que as histórias e falas seriam contadas pelos próprios alunos o mate rial foi pensado para o uso em programas de Educação em Saúde com a par ticipação de mediadores A mediação inicial foi feita pela própria equipe do projeto nos encontros iniciais com os alunos e professores Os cartazes foram então deixados nas escolas para posteriores utilizações de acordo com as atividades propostas pelos professores Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 167 Um novo olhar sobre a elaboração de materiais didáticos para educação em saúde 6 Etnias procurouse ainda fazer dos cartazes meios multiculturais onde estariam representadas as mais variadas etnias indo ao encontro das perspectivas humanistas apontadas por Silva 2010 na defesa da igualitária representação dos diferentes grupos culturais por sua comum humanidade Desta forma pretendíamos que as diferentes culturas fossem representadas epistemológica e antropologicamente de formas equivalentes A meta seria assim como aponta Rossi 2008 que quando esses de senhos fossem mostrados nas escolas houvesse identificação pessoal dos alunos aumentando sua capacidade de comunicação Rossi 2008 p 14 uma vez que de acordo com Fogaça 2002 quando são representadas crian ças passando por situações corriqueiras da vida real as possibilidades de atração para o leitor são potencializadas Com o passar do tempo e com a utilização do material no programa educativo pudemos reanalisar estes materiais lançando um novo olhar sobre eles no qual novos aspectos se fizeram fundamentais como meios de reflexão A análise da utilização posterior desses materiais pelos pró prios professores das escolas bem como sua efetiva utilização no cotidiano escolar são pontos ainda a ser esclarecidos e que merecerão atenção em pesquisas futuras Tornase óbvio que como materiais didáticos atuantes na construção de conhecimentos e na dinâmica escolar estes cartazes carregam consigo grandes responsabilidades as quais exigem generosa carga de criticidade e cuidado durante o processo de produção sendo sua análise posterior necessária e fundamentalmente mais rigorosa A fuga do propósito investigando os pontos negativos Alguns anos após a criação do material diante do aprofundamento no estu do sobre produção de materiais didáticos foi possível identificar nesses car tazes inúmeras falhas de ordem ideológica metodológica e conceitual Essa crítica é salutar pois propõe uma reflexão sobre o trabalho de produção de materiais didáticos e identifica seus processos de elaboração em um grupo que vem desenvolvendo materiais para apoio a projetos de ensinopesquisa extensão na universidade A primeira característica que apontamos é de ordem conceitual A for ma de representação dos organismos foi um dos pontos mais criticados du rante a utilização dos cartazes nas escolas e principalmente na divulgação destes materiais em eventos relacionados à área de Educação em Saúde Cer tamente não foi o estilo cartoon e a consequente ludicidade criada por eles que foi alvo de críticas mas sim o aspecto negativista que carregam Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 168 Samuel Quinaud Rossi et al Se os cartazes foram produzidos em formato de história em quadrinhos então os parasitos representaram o papel dos vilões Figura 3 Esse aspecto mau atribuído a estes personagens pode gerar um duplo resultado a real necessidade de se evitar a contaminação das doenças por eles causadas mas também gerar no público alvo o medo de se imaginar parasitado por esses vilões de aspecto aterrorizador Sob outro ponto de vista se imaginarmos estes organismos como seres vivos que são deveríamos então reconhecê los apenas em sua importância como cumpridores de seu papel biológico Seria então educativo atribuir a eles este caráter negativista Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 169 Um novo olhar sobre a elaboração de materiais didáticos para educação em saúde Figura 3 Em destaque os parasitos como vilões Outro ponto problemático e que deve ser analisado se refere às figuras humanas representadas Desde que se deu início à produção destes mate riais a meta seria que de forma alguma seriam reforçados estereótipos ou induzidos preconceitos Autores como Succi Wickbold e Succi 2005 e Santos et al 2007 contribuíram nesta meta ao ressaltar o quão negativo é para o processo de aprendizagem quando as ilustrações reforçam situações indesejáveis como aquelas que tínhamos como tarefa evitar Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 170 Samuel Quinaud Rossi et al Figura 4 Confusões com a escala protozoário e barbeiro no cartaz doença de chagas Além deste fator podese notar que as escalas adotadas de represen tação destes organismos podem gerar confusão nos estudantes Não se pode negar que um leitor principiante ao ter contato com as imagens do cartaz da doença de Chagas Figura 4 por exemplo certamente poderia imaginar que o protozoário Trypanosoma cruzi causador da doença seja maior que ou tão grande quanto o barbeiro vetor Mohr 2000 discute que este é o tipo de erro mais comum existente nos livros didáticos de ciências e que é possível desenhar os organismos em escala junto a objetos mais conhecidos representando ainda os organismos microscópicos sob uma lente de aumento Se fizermos uma análise de como as relações de gênero são tratadas nestes materiais podemos encontrar características que vão ao encontro das críticas feitas por Silva 2010 Certos elementos presentes nos cartazes claramente contribuem para reforçar estereótipos ligados a gênero Podemos observar por exemplo que os médicos e cientistas presentes nos materiais foram sempre representados pela figura masculina enquanto as figuras femininas representavam mulheres comuns Figura 5 Para Silva 2010 características como estas contribuem para que os próprios professores inconscientemente esperem coisas diferentes de meninos e meninas poden do determinar a carreira educacional desses jovens reproduzindo assim as desigualdades de gênero Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 171 Um novo olhar sobre a elaboração de materiais didáticos para educação em saúde Figura 5 Exemplos das relações de gênero tratadas nos cartazes Samuel Quinaud Rossi et al 172 Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 Ponto tão delicado quanto este é a forma como questões étnicas foram tratadas nestes materiais didáticos Ao contrário da perspectiva crítica de fendida por Silva 2010 dois cartazes específicos esquistossomose e doença de Chagas longe de contribuírem para a desconstrução dos estereótipos criados ao longo da história da humanidade no que se refere a questões étnicas e raciais só os reforçam A ilustração criada de uma mulher negra representada por suas vestimentas como faxineira de lenço na cabeça e aven tal ou da ilustração do menino negro com barriga dágua Figura 6 servem como base de questionamentos sobre o papel destes cartazes como confir madores dos privilégios das identidades dominantes e tratando as identi dades dominadas como exóticas ou folclóricas podendo atuar na conser vação das marcas da herança colonial assim como avalia Silva 2010 p 101 Figura 6 Ilustrações presentes nos cartazes em que florescem questões raciais Um novo olhar sobre a elaboração de materiais didáticos para educação em saúde 173 Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 Estas análises relacionadas à etnia e gênero servem de subsídio para uma análise póscolonialista destes materiais didáticos a qual estaria atenta às formas aparentemente benignas de como o outro é representado Para Silva 2010 uma análise póscolonialista do currículo escolar buscaria identificar como as narrativas que o constituem atuam na construção de concepções sobre raça gênero e sexualidade e que contribuem para marginalizar identidades que não se conformam às definições da identidade considerada normal Silva 2010 p 129 Por conseguinte tendo em vista as figuras humanas inseridas nos cartazes é possível perceber que nestas formas superficialmente vistas como multiculturais o Outro é visitado de uma perspectiva que se poderia chamar de perspectiva do turista a qual estimula uma abordagem superficial e vouyerística das culturas alheias Silva 2010 p 130 Desta forma apesar de prematuro o desejo de fazer dos cartazes meios multiculturais observase que a meta não foi atingida de forma eficaz além de reforçar estereótipos indesejáveis Considerações finais Após a análise realizada até aqui sobre estes materiais reconhecese que os cartazes produzidos tiveram aspectos favoráveis no período em que foram usados no programa de controle de parasitoses A mediação dos professores no processo de construção de saberes sobre parasitoses com a utilização dos materiais produzidos além de suas potencialidades de apoio às ativi dades curriculares ainda carece ser pesquisada Entretanto as falhas de or dem ideológica quando reforçam preconceitos de gênero e étnico e de ordem conceitual levam à necessária inutilização dos materiais durante a continuidade do programa Destacamos ainda que as análises e discussões aqui realizadas em especial aquelas que se referem à identificação de este reótipos e preconceitos devem contribuir para a disseminação de uma cul tura de valorização da diversidade nas produções didáticas Essa dinâmica de reconstrução da produção do material didático a partir de uma reflexão teórica e metodológica sobre ele é desejável e deve ser um processo contínuo Materiais de apoio a projetos de pesquisa e extensão universitária são comuns e muitas vezes considerados apenas em sua ideia essencial nas suas intenções Propomos com esse trabalho uma dinâmica de análise de mate riais didáticos que extrapola sua utilização imediata fazendo da pesquisa do material produzido um componente potencial da construção de conheci mentos do próprio grupo de pesquisa que os produziu A reflexão sobre a produção levou a novas bases teóricas que serão levadas em conta para a produção de outros tipos de materiais e a divulgação desse processo pode Notas 1 Mestrando em Educação da Universidade Federal de São João DelRei UFSJ São João DelRei Minas Gerais Brasil samuelqrhotmailcom Correspondência Av Leite de Castro 1092 Fábricas CEP 38301180 São João DelRei Minas Gerais Brasil 2 Mestrando em Epidemiologia em Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca Fundação Oswaldo Cruz EnspFiocruz Rio de Janeiro Brasil viniciusbelo4hotmailcom 3 Mestrando em Ciências da Saúde do Instituto de Pesquisas René Rachou Fundação Oswaldo Cruz CPqRR Fiocruz Belo Horizonte Minas Gerais Brasil brunowarlleyhotmailcom 4 Graduanda em Pedagogia da Universidade do Estado de Minas Gerais UEMG Barbacena Minas Gerais Brasil jacquelinebelogmailcom 5 Professora adjunta do Departamento de Ciências Naturais da Universidade Fe deral de São João DelRei UFSJ São João DelRei Minas Gerais Brasil Doutora em Biologia Funcional e Molecular pela Universidade Estadual de Campinas Unicamp priscilaufsjedubr 6 Professor da Universidade Federal de São João DelRei UFSJ e diretor do Campus CentroOeste Dona Lindu CCOUFSJ Divinópolis Minas Gerais Brasil Doutor em Biolo gia Parasitária pela Fundação Oswaldo Cruz Fiocruz silvaeduufsjedubr Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 174 Samuel Quinaud Rossi et al potencializar essas reflexões por outros grupos e em diferentes áreas do conhe cimento Esperase assim que novas abordagens e aperfeiçoamentos pos sam vir a ocorrer tanto para os materiais que estamos produzindo quanto para o campo da Educação em Saúde Agradecimentos O projeto teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais Fapemig na forma de financiamento e de bolsa de iniciação cientí fica e do Programa de Extensão Universitária do Ministério da Educação Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 175 Um novo olhar sobre a elaboração de materiais didáticos para educação em saúde Referências BRUZZO Cristina Biologia educação e ima gens Educação Sociedade Campinas v 25 n 89 2004 CANDEIAS Nelly Martins Ferreira Concei tos de educação e de promoção em saúde mudanças individuais e mudanças organi zacionais Revista Saúde Pública São Paulo v 31 n 2 1997 CARUSO Francisco CARVALHO Miriam de SILVEIRA Maria Cristina Uma pro posta de ensino e divulgação de ciências através dos quadrinhos Ciência Socie dade Rio de Janeiro n 8 2002 FACCION Gabriela FERNANDES Priscila Correia Diversity and biocultural preserva tion through an ethnobiological study in São João delRei MG an education proposal In INTERNATIONAL CONGRESS OF ETHNO BIOLOGY 11 2008 Cuzco Anais 2008a Identificação da biodiversidade na tiva por jovens em idade escolar no muni cípio de São João delRei MG um estudo etnobiológico In CONGRESSO DE PRO DUÇÃO CIENTÍFICA DA UFSJ 7 2008 São João delRei MG Anais 2008b FOGAÇA Adriana Galvão A contribuição das histórias em quadrinhos na formação de leitores competentes Revista PEC Curi tiba v 3 n 1 2002 FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia 39 ed São Paulo Paz e Terra 2009 GOLDBERG Luciane Germano YUNES Maria Angela Mattar FREITAS José Vicente de O desenho infantil na ótica da ecologia do desenvolvimento humano Psicologia em Estudo Maringá v 10 n 1 2005 MOHR Adriana Análise do conteúdo de saúde em livros didáticos Ciência Edu cação Bauru v 6 n 2 2000 MORATO Marina Azevedo et al Repre sentação visual de estruturas biológicas em materiais de ensino História Ciências Saúde Manguinhos Rio de Janeiro v 5 n 2 1998 OLIVEIRA Ricardo Lourenço de CONDURU Roberto Nas frestas entre a ciência e a arte uma série de ilustrações de barbeiros do Instituto Oswaldo Cruz História Ciências Saúde Manguinhos Rio de Janeiro v 11 n 2 2004 QUEIROZ Gloria Regina P C BARBOSA LIMA Maria da Conceição A Conheci mento científico seu ensino e aprendiza gem atualidade e construtivismo Ciência Educação Bauru v 13 n 3 2007 ROSSI Samuel Quinaud Biologia ilustrada um estudo sobre o uso de ilustrações no en sino de biologia e em um projeto voltado ao controle de parasitoses Monografia São João delRei Faculdade de Ciências Bioló gicas UFSJ 2008 SANTOS Juliana Cristina dos et al Análise comparativa do conteúdo Filo Mollusca em livro didático e apostilas do ensino de Cas cavel Paraná Ciência Educação Bauru v 13 n 3 2007 SCHALL Virginia Torres STRUCHINER Miriam Educação em Saúde novas pers pectivas Cadernos de Saúde Pública Rio de Janeiro v 15 n 2 1999 SILVA Tomaz Tadeu Documentos de iden tidade uma introdução às teorias do cur rículo 3 ed Belo Horizonte Autêntica 2010 SUCCI Camila de Menezes WICKBOLD Daniela SUCCI Regina Célia de Menezes A vacinação no conteúdo de livros esco lares Revista da Associação Médica Brasi leira São Paulo v 51 n 2 2005 Samuel Quinaud Rossi et al 176 Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 TOSCANI Nadima Vieira et al Desenvolvi mento e análise de jogo educativo para crian ças visando à prevenção de doenças para sitológicas Interface Comunicação Saúde Educação Botucatu v 11 n 22 2007 Recebido em 02022011 Aprovado em 29082011 Link para a postagem do Instagram httpswwwinstagramcompCgKhXspPG3a MINISTÉRIO DA SAÚDE Saúde e Trabalho Brasília DF 2011 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS Saúde e Trabalho Série F Comunicação e Educação em Saúde Brasília DF 2011 2011 Ministério da Saúde Todos os direitos reservados É permitida reprodução parcial ou total desta obra desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens dessa obra é da área técnica A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada na íntegra na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde httpwwwsaudegovbrbvs Série F Comunicação e Educação em Saúde Tiragem 1ª edição 2011 1000 exemplares Elaboração distribuição e informações MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS Setor de Autarquias Federais SUL trecho 2 bloco F 1º andar sala 102 Ed Premium torre II CEP 70070600 Brasília DF Tel 61 33068130 Fax 61 33068131 Email humanizasussaudegovbr Home pages wwwsaudegovbrhumanizasus wwwredehumanizasusnet Autores Fábio Hebert Maria Elizabeth Barros de Barros Rafael Silveira Gomes Ilustração Luciano Barreto Ramos Julio Tigre Capa Alisson Sbrana Equipe editorial Normalização Márcia Cristina Tomaz de Aquino Editora MS Impresso no Brasil Printed in Brazil Ficha Catalográfica Brasil Ministério da Saúde Secretaria de Atenção à Saúde Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS Saúde e trabalho Ministério da Saúde Secretaria de Atenção à Saúde Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS Fábio Hebert Maria Elizabeth Barros de Barros Rafael Silveira Gomes Brasília Ministério da Saúde 2011 16 p il Série F Comunicação e Educação em Saúde 1 Humanização 2 Política Nacional de Humanização 3 Gestão do trabalho no SUS 4 Trabalhador de saúde I Hebert Fábio II Barros Maria Elizabeth Barros de III Gomes Rafael Silveira IV Título V Série CDU 616051 Catalogação na fonte CoordenaçãoGeral de Documentação e Informação Editora MS OS 20110047 Títulos para indexação Em inglês Health and Labour Em espanhol Salud y trabajo Apresentação O Ministério da Saúde tem reafirmado o HumanizaSUS como política que atravessa as diferentes ações e instâncias do Sistema Único de Saúde englobando os diferentes níveis e dimensões da Atenção e da Gestão A Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS aposta na indissociabilidade entre os modos de produzir saúde e os modos de gerir os processos de trabalho entre atenção e gestão entre clínica e política entre produção de saúde e produção de subjetividade Tem por objetivo provocar inovações nas práticas gerenciais e nas práticas de produção de saúde propondo para os diferentes coletivosequipes implicados nestas práticas o desafio de superar limites e experimentar novas formas de organização dos serviços e novos modos de produção e circulação de poder Operando com o princípio da transversalidade o HumanizaSUS lança mão de ferramentas e dispositivos para consolidar redes vínculos e a corresponsabilização entre usuários trabalhadores e gestores Ao direcionar estratégias e métodos de articulação de ações saberes e sujeitos podese efetivamente potencializar a garantia de atenção integral resolutiva e humanizada Por humanização compreendemos a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde Os valores que norteiam essa política são a autonomia e o protagonismo dos sujeitos a corresponsabilidade entre eles os vínculos solidários e a participação coletiva nas práticas de saúde Com a oferta de tecnologias e dispositivos para a configuração e o fortalecimento de redes de saúde a humanização aponta para o estabelecimento de novos arranjos e pactos sustentáveis envolvendo trabalhadores e gestores do SUS e fomentando a participação efetiva da população provocando inovações em termos de compartilhamento de todas as práticas de cuidado e de gestão A Política Nacional de Humanização não é um mero conjunto de propostas abstratas que esperamos poder tornar concreto Ao contrário partimos do SUS que dá certo O HumanizaSUS apresentase como uma política construída a partir de possibilidades e experiências concretas que queremos aprimorar e multiplicar Daí a importância de nosso investimento no aprimoramento e na disseminação das diferentes diretrizes e dispositivos com que operamos As Cartilhas HumanizaSUS têm função multiplicadora com elas esperamos poder disseminar algumas tecnologias de humanização da atenção e da gestão no campo da Saúde Brasília 2011 O MINISTÉRIO DA SAÚDE IMPLEMENTA A POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO PNH HUMANIZASUS O MINISTÉRIO DA SAÚDE TEM REAFIRMADO O HUMANIZASUS COMO POLÍTICA PÚBLICA QUE ATRAVESSA AS DIFERENTES AÇÕES E INSTÂNCIAS DO SUS NOS DIFERENTES NÍVEIS DA ATENÇÃO E DA GESTÃO PARA VIABILIZAR ESTA POLÍTICA PÚBLICA LANÇASE MÃOS DE FERRAMENTAS E DISPOSITIVOS PARA CONSOLIDAR REDES VÍNCULOS E A CORESPONSABILIZAÇÃO ENTRE GESTORES TRABALHADORES E USUÁRIOS OI NÃO VI VOCÊ CHEGANDO SEJA BEM VINDO A HUMANIZAÇÃO É ISSO PARTIR DO CONCRETO DAS NOSSAS EXPERIÊNCIAS DIÁRIAS ENTENDENDO CADA UM COMO ÚNICO DOS ENCONTROS COM DIFERENTES HOMENS MULHERES E CRIANÇAS QUE CONSTROEM O SUS A PNH BUSCA NO SUS QUE DÁ CERTO EXPERIÊNCIAS CONCRETAS QUE QUEREMOS APRIMORAR E MULTIPLICAR EU ACHO COMPLICADA ESSA HISTÓRIA Até parece que não sou humana para vir alguém me humanizar Não é para humanizar as pessoas mas as relações Produzir relações mais humanas relações mais saudáveis com os usuários e com os outros trabalhadores A humanização parte de valores como autonomia protagonismo dos sujeitos coresponsabilidade A PNH valoriza a potencialidade que os seres humanos tem de criar construir e produzir saúde juntos Todos somos responsáveis pelo SUS gestores trabalhadores e usuários Falando assim é muito bonito mas eu quero saber como isso me ajuda na prática no meu trabalho Como a humanização vai ajudar o trabalhador A gente sofre muito A PNH não esqueceu dos trabalhadores pelo contrário Ela diz que não dá pra transformar as relações e as práticas de saúde sem mudar os modos de trabalhar sem transformar o processo de trabalho E como isso funciona Bem vou explicar do jeito da PNH Vou dar um exemplo do que acontece com o nosso trabalho quase todo dia Como vocês sabem a gente combina de agendar 10 consultas médicas por dia e mais as duas vagas para intercorrências para o pessoal que chega passando mal Esse é o trabalho prescrito aquilo que foi definido que eu deveria fazer por quem organizou a unidade Hoje Todo dia Todo dia eu tenho que dar um jeito para reorganizar este agendamento Aí eu vou conversar com outros trabalhadores para ver se conseguimos resolver o problema Por exemplo às vezes eu pergunto aos médicos se eles podem atender um número maior de usuários Isso Mas hoje já tem seis pessoas que não estão agendadas pedindo para serem atendidas porque estão passando mal Doutor hoje está muito cheio lá fora Poderia atender dois usuários a mais NA RECEPÇÃO ELES SEMPRE ACEITAM DEPENDE DO DIA DEPENDE DO MÉDICO UNS PODEM SEMPRE E OUTROS NÃO PODEM NUNCA PARA EU CONSEGUIR ORGANIZAR ISSO E FAZER O MEU TRABALHO AS VEZES EU TENHO QUE ME DESDOBRAR ISTO QUASE TODOS OS DIAS É ESSE É O TRABALHO REAL EU TENHO QUE ALTERAR A PRESCRIÇÃO PARA CONSEGUIR TRABALHAR E A UNIDADE FUNCIONAR DA MELHOR MANEIRA POSSÍVEL É MESMO TEMOS QUE DAR UM JEITO NISSO PORQUE NÃO INCOMODA SÓ VOCÊ MUITAS VEZES OS USUÁRIOS NÃO SÃO ATENDIDOS E DESCARREGAM AQUI NA RECEPÇÃO EU SEI É MUITO IMPORTANTE MAS MESMO MUDANDO NÃO VAI FUNCIONAR SEMPRE NO TRABALHO ACONTECEM IMPREVISTOS TODA HORA É A VIDA UM DIA É SEMPRE DIFERENTE DO OUTRO TODO DIA A GENTE MUDA A FORMA DE TRABALHAR PARA PODER DAR CONTA FAZ ALGUMAS ESCOLHAS QUE NÃO ESTAVAM PRESCRITAS FAZ GESTÃO DO NOSSO TRABALHO NADA MAIS HUMANO NÉ HUMANIZAR É CONSIDERAR ISSO TUDO ISSO NÃO VAI DAR MAIS TRABALHO DO QUE A GENTE JÁ TEM NEM SEMPRE ÀS VEZES É PIOR QUANDO VOCÊ TEM QUE SEGUIR A PRESCRIÇÃO À RISCA SABENDO QUE NÃO VAI DAR CERTO QUANDO EU SEI QUE SÓ AS DUAS VAGAS PARA INTERCORRÊNCIA NÃO VÃO SER SUFICIENTES É VERDADE ADORO QUANDO CONSIGO ME ORGANIZAR COM VOCÊS COM OS MÉDICOS E ATENDEMOS TODO MUNDO QUE PRECISA ME SINTO REALIZADA POR ISSO É TÃO IMPORTANTE O PROTAGONISMO E A PARTICIPAÇÃO DOS TRABALHADORES JUNTO AOS GESTORES E USUÁRIOS NOS PROCESSOS DE GESTÃO ALGUMAS COISAS SÓ QUEM VIVE E REALIZA A ATIVIDADE SABE A GENTE SABE UM MONTE DE COISAS SOBRE O NOSSO TRABALHO MESMO INCLUSIVE O QUE NOS FAZ SOFRER E O QUE NOS DÁ PRAZER A GENTE CRIA TODOS OS DIAS ESTRATÉGIAS PARA QUE O TRABALHO NÃO NOS ADOEÇA COMO VOCÊ APRENDEU TODAS ESSAS COISAS EU PARTICIPEI DO PFST PFST MAS O QUE É ISSO O PROGRAMA DE FORMAÇÃO EM SAÚDE E TRABALHO É UM INSTRUMENTO IMPORTANTE DA PNH É UMA RODA DE CONVERSA EM QUE NÓS TRABALHADORES ANALISAMOS E DISCUTIMOS O TRABALHO QUE A GENTE FAZ NÓS APRENDEMOS UM MONTE DE CONCEITOS QUE AJUDAM A GENTE A PESQUISAR E ENTENDER MELHOR NOSSO TRABALHO E PODER PROPOR MUDANÇAS SE FOREM NECESSÁRIAS PORQUE A GENTE INVENTA TODO DIA VÁRIAS MANEIRAS PARA LIDAR COM AS COISAS QUE CAUSAM SOFRIMENTO NÃO É EU AS VEZES TENHO QUE ME DESDOBRAR PARA CONSEGUIR FAZER O MEU TRABALHO PORQUE TEM DIA QUE NÃO É MOLE NÃO POIS É VOCÊS CONCORDAM QUE SE A GENTE AO INVÉS DE FICAR PROCURANDO SAÍDAS SOLITÁRIAS COMEÇASSE A COMPARTILHAR NOSSAS ESTRATÉGIAS E CONSTRUIR ALGUMAS SAÍDAS COLETIVAS NÃO SERIA MELHOR ENTÃO NESSA RODA DE CONVERSA A GENTE TENTA FAZER ISSO SEM CONTAR QUE ELA É UM ESPAÇO DE NEGOCIAÇÃO EM QUE O COLETIVO BUSCA A CORESPONSABILIZAÇÃO COM AS MUDANÇAS DESEJADAS CLARO QUANDO VAI HAVER OUTRO PFST EU VOU QUERER PARTICIPAR EU TAMBÉM E VOCÊ JÁ PARTICIPOU DO PFST NA SUA UNIDADE TEM RODAS DE CONVERSA PARA DISCUTIR O DIAADIA DO TRABALHO MÃOS À OBRA SAÚDE É LUTA Tiragem 1000 Exemplares Impresso na Gráfica ADA Rua Rio Paraíba 360 Eldoradinho Contagem MG Contagem Março de 2011 Disque Saúde 0800 61 1997 Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde wwwsaudegovbrbvs SUS Sistema Único de Saúde Ministério da Saúde GOVERNO FEDERAL BRASIL PAÍS RICO É PAÍS SEM POBREZA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA ENFERMAGEM Lucas Soares Del Penho Análise de artigos de educação em saúde Juiz de Fora 2022 INTRODUÇÃO Este trabalho tem como objetivo entender e analisar dois artigos de educação em saúde Um dos artigos analisados nesse trabalho é uma cartilha do SUS Sistema Único de Saúde publicada pelo Ministério da Saúde que aborda sobre a humanização do trabalhador do sistema de saúde O outro artigo é uma postagem da rede social Instagram publicada no perfil do Ministério da Saúde do Brasil incentivando o registro de doadores de medula óssea Os artigos foram analisados quanto ao seu conteúdo públicoalvo meio de comunicação usado e quanto a perspectiva de educação em saúde As análises foram fundamentadas por artigos sobre educação em saúde DESENVOLVIMENTO De acordo com Schall e Struchiner 1999 a educação em saúde é um campo multifacetado que abrange as áreas tanto da educação quanto da saúde Quando pensamos em saúde sabemos que a prevenção é imprescindível de ser trabalhada para evitar que doenças se instalem e criem problemas maiores como epidemias saturação do sistema de saúde entre outras complicações O primeiro artigo que será analisado é uma cartilha do SUS Sistema Único de Saúde Esse material tem o título de Saúde e Trabalho e tem como públicoalvo os trabalhadores do SUS O material é apresentado em formato de história em quadrinhos o que segundo Fogaça apud Rossi et al 2012 une as linguagens visual e escritas facilitando o entendimento do aprendiz O material aborda sobre a implementação da Política Nacional de Humanização Nas ilustrações podemos ver uma unidade básica de saúde com seus trabalhadores e pacientes e nos diálogos os trabalhadores discutem sobre a humanização Enquanto alguns personagens fazem questionamentos e discorrem sobre as dificuldades que enfrentam em seu ambiente de trabalho um profissional esclarece a respeito de como a humanização pode contribuir para que os profissionais tenham uma melhor qualidade de trabalho No final da história em quadrinhos a personagem que esclarece sobre a humanização direciona a sua fala aos leitores convidandoos para discutir mais sobre o tema na unidade em que trabalha Essa abordagem que apresenta funcionários com problemas e questionamentos comuns aos trabalhadores da saúde aproxima e facilita a atribuição de sentido à mensagem O leitor se sente representado na diversidade de personagens e nas suas dificuldades e questionamentos O material apresenta cores mais suaves não muito chamativas nas ilustrações e os personagens tanto da capa quanto do interior do material tentam representar a maior diversidade de etnias idades e os gêneros masculino e feminino Isso também ajuda o leitor a se reconhecer entre os personagens e se sentir incluído O material demonstra através do que foi analisado ter alcançado o objetivo proposto de elucidar sobre a Política Nacional de Humanização e instigar o leitor a discutir sobre o tema no seu ambiente de trabalho O segundo material que será analisado é uma postagem no perfil do Ministério da Saúde do Brasil na rede social Instagram que aborda sobre doação de medula óssea É sabido que é muito difícil encontrar um doador compatível e quanto mais pessoas se cadastrarem como doadoras mais chances haverão de encontrar um doado compatível Sendo assim o públicoalvo são todas as pessoas que possuem os requisitos para se tornar um doador de medula óssea A postagem é apresentada no layout de carrossel isto é são imagens agrupadas em uma única postagem onde o leitor pode ir arrastando para o lado para ver a sequência completa de informações Cada imagem apresenta texto e figuras para informar sobre como funciona o cadastro de medula óssea onde pode ser realizado esse cadastro onde ele é válido quem pode se tornar um doador e também esclarece como acontece o processo de doação de medula óssea com o intuito de esclarecer para que o leitor não tenha dúvidas quanto ao procedimento e possa realizar o seu cadastro Outra informação relevante na postagem é sobre a quantidade de doenças que podem ser tratadas com a realização de um transplante de medula fazendo com que o leitor tenha a dimensão da importância desse ato e se sinta encorajado a se tornar um doador Ao final da postagem também é ressaltada a importância de manter os dados cadastrais atualizados O corpo do texto da legenda não é muito grande e enfatiza que o leitor deve visualizar o conteúdo da postagem em formato de carrossel para compreender a mensagem a ser transmitida Quanto aos personagens presentes nas ilustrações do material educativo podemos perceber que eles tem a mesma cor de pele apresentam os gêneros masculinos e femininos e suas formas nos remete ao estilo de desenho da pintora brasileira Tarsila do Amaral o que atribui ao material estilo e brasilidade mesmo não representando a miscigenação presente no nosso país Através do que foi analisado podemos concluir que o material postado na rede social foi bemsucedido ao que se propôs comunicar CONCLUSÃO No presente trabalho podemos concluir ao analisar os dois materiais de educação em saúde que ambos conseguiram passar com sucesso a mensagem que tinham a intenção de transmitir Mesmo os materiais sendo apresentados em formatos e meios diferentes eles cumprem o objetivo proposto É possível ressaltar que ambos os materiais tiveram o cuidado de esclarecer e informar ao mesmo tempo que se aproximam do leitor seja representando as suas dúvidas ou a sua imagem assim com representando o Brasil em seus personagens REFERÊNCIAS BRASIL MINISTÉRIO DA SAÚDE REDOME Conheça o registro nacional de doadores de medula óssea e aprenda como se cadastrar 18 jul 2022 Instagram govsaude Disponível em httpswwwinstagramcompCgKhXspPG3aAcesso em 20 jul 2022 BRASIL MINISTÉRIO DA SAÚDE Saúde e Trabalho Contagem Ministério da Saúde 2011 ROSSI Samuel Quinaud BELO Vinícius Silva NASCIMENTO Bruno Warlley Leandro SILVA Jacqueline da FERNANDES Priscila Correia SILVA Eduardo Sérgio da Um novo olhar sobre a elaboração de materiais didáticos para educação em saúde Trabalho Educação e Saúde SL v 10 n 1 p 161176 jun 2012 FapUNIFESP SciELO httpdxdoiorg101590s1981 77462012000100010 SCHALL Virgínia T STRUCHINER Miriam Educação em saúde novas perspectivas Cadernos de Saúde Pública SL v 15 n 2 p 46 1999 FapUNIFESP SciELO httpdxdoiorg101590s0102311x1999000600001 UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA ENFERMAGEM Lucas Soares Del Penho Análise de artigos de educação em saúde Juiz de Fora 2022 INTRODUÇÃO Este trabalho tem como objetivo entender e analisar dois artigos de educação em saúde Um dos artigos analisados nesse trabalho é uma cartilha do SUS Sistema Único de Saúde publicada pelo Ministério da Saúde que aborda sobre a humanização do trabalhador do sistema de saúde O outro artigo é uma postagem da rede social Instagram publicada no perfil do Ministério da Saúde do Brasil incentivando o registro de doadores de medula óssea Os artigos foram analisados quanto ao seu conteúdo públicoalvo meio de comunicação usado e quanto a perspectiva de educação em saúde As análises foram fundamentadas por artigos sobre educação em saúde DESENVOLVIMENTO De acordo com Schall e Struchiner 1999 a educação em saúde é um campo multifacetado que abrange as áreas tanto da educação quanto da saúde Quando pensamos em saúde sabemos que a prevenção é imprescindível de ser trabalhada para evitar que doenças se instalem e criem problemas maiores como epidemias saturação do sistema de saúde entre outras complicações O primeiro artigo que será analisado é uma cartilha do SUS Sistema Único de Saúde Esse material tem o título de Saúde e Trabalho e tem como públicoalvo os trabalhadores do SUS O material é apresentado em formato de história em quadrinhos o que segundo Fogaça apud Rossi et al 2012 une as linguagens visual e escritas facilitando o entendimento do aprendiz O material aborda sobre a implementação da Política Nacional de Humanização Nas ilustrações podemos ver uma unidade básica de saúde com seus trabalhadores e pacientes e nos diálogos os trabalhadores discutem sobre a humanização Enquanto alguns personagens fazem questionamentos e discorrem sobre as dificuldades que enfrentam em seu ambiente de trabalho um profissional esclarece a respeito de como a humanização pode contribuir para que os profissionais tenham uma melhor qualidade de trabalho No final da história em quadrinhos a personagem que esclarece sobre a humanização direciona a sua fala aos leitores convidandoos para discutir mais sobre o tema na unidade em que trabalha Essa abordagem que apresenta funcionários com problemas e questionamentos comuns aos trabalhadores da saúde aproxima e facilita a atribuição de sentido à mensagem O leitor se sente representado na diversidade de personagens e nas suas dificuldades e questionamentos O material apresenta cores mais suaves não muito chamativas nas ilustrações e os personagens tanto da capa quanto do interior do material tentam representar a maior diversidade de etnias idades e os gêneros masculino e feminino Isso também ajuda o leitor a se reconhecer entre os personagens e se sentir incluído O material demonstra através do que foi analisado ter alcançado o objetivo proposto de elucidar sobre a Política Nacional de Humanização e instigar o leitor a discutir sobre o tema no seu ambiente de trabalho O segundo material que será analisado é uma postagem no perfil do Ministério da Saúde do Brasil na rede social Instagram que aborda sobre doação de medula óssea É sabido que é muito difícil encontrar um doador compatível e quanto mais pessoas se cadastrarem como doadoras mais chances haverão de encontrar um doado compatível Sendo assim o públicoalvo são todas as pessoas que possuem os requisitos para se tornar um doador de medula óssea A postagem é apresentada no layout de carrossel isto é são imagens agrupadas em uma única postagem onde o leitor pode ir arrastando para o lado para ver a sequência completa de informações Cada imagem apresenta texto e figuras para informar sobre como funciona o cadastro de medula óssea onde pode ser realizado esse cadastro onde ele é válido quem pode se tornar um doador e também esclarece como acontece o processo de doação de medula óssea com o intuito de esclarecer para que o leitor não tenha dúvidas quanto ao procedimento e possa realizar o seu cadastro Outra informação relevante na postagem é sobre a quantidade de doenças que podem ser tratadas com a realização de um transplante de medula fazendo com que o leitor tenha a dimensão da importância desse ato e se sinta encorajado a se tornar um doador Ao final da postagem também é ressaltada a importância de manter os dados cadastrais atualizados O corpo do texto da legenda não é muito grande e enfatiza que o leitor deve visualizar o conteúdo da postagem em formato de carrossel para compreender a mensagem a ser transmitida Quanto aos personagens presentes nas ilustrações do material educativo podemos perceber que eles tem a mesma cor de pele apresentam os gêneros masculinos e femininos e suas formas nos remete ao estilo de desenho da pintora brasileira Tarsila do Amaral o que atribui ao material estilo e brasilidade mesmo não representando a miscigenação presente no nosso país Através do que foi analisado podemos concluir que o material postado na rede social foi bemsucedido ao que se propôs comunicar CONCLUSÃO No presente trabalho podemos concluir ao analisar os dois materiais de educação em saúde que ambos conseguiram passar com sucesso a mensagem que tinham a intenção de transmitir Mesmo os materiais sendo apresentados em formatos e meios diferentes eles cumprem o objetivo proposto É possível ressaltar que ambos os materiais tiveram o cuidado de esclarecer e informar ao mesmo tempo que se aproximam do leitor seja representando as suas dúvidas ou a sua imagem assim com representando o Brasil em seus personagens REFERÊNCIAS BRASIL MINISTÉRIO DA SAÚDE REDOME Conheça o registro nacional de doadores de medula óssea e aprenda como se cadastrar 18 jul 2022 Instagram govsaude Disponível em httpswwwinstagramcompCgKhXspPG3aAcesso em 20 jul 2022 BRASIL MINISTÉRIO DA SAÚDE Saúde e Trabalho Contagem Ministério da Saúde 2011 ROSSI Samuel Quinaud BELO Vinícius Silva NASCIMENTO Bruno Warlley Leandro SILVA Jacqueline da FERNANDES Priscila Correia SILVA Eduardo Sérgio da Um novo olhar sobre a elaboração de materiais didáticos para educação em saúde Trabalho Educação e Saúde SL v 10 n 1 p 161176 jun 2012 FapUNIFESP SciELO httpdxdoiorg101590s198177462012000100010 SCHALL Virgínia T STRUCHINER Miriam Educação em saúde novas perspectivas Cadernos de Saúde Pública SL v 15 n 2 p 46 1999 FapUNIFESP SciELO httpdxdoiorg101590s0102311x1999000600001
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RELATO ACCOUNT UM NOVO OLHAR SOBRE A ELABORAÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS PARA EDUCAÇÃO EM SAÚDE A NEW LOOK ON THE PREPARATION OF TEACHING MATERIALS FOR HEALTH EDUCATION Samuel Quinaud Rossi1 Vinícius Silva Belo2 Bruno Warlley Leandro Nascimento3 Jacqueline da Silva4 Priscila Correia Fernandes5 Eduardo Sérgio da Silva6 Abstract This article aims to cast a critical eye on the preparation process used for a set of teaching mate rials in health education which was produced from 2007 at the Federal University of São João del Rei for use in a program aimed at combating intestinal para sites The materials were analyzed in order to address the strengths and weaknesses that were found As a result such materials were reworked for use as edu cational media that respect identities and contribute to building knowledge on health It is expected that the proposals that were made for material redesign and correction along with the positive characteristics that were analyzed may contribute to the production of new materials and contribute to improving the supply of products that mediate the process of buil ding knowledge in health Keywords health education educational materials illustrations Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 161 Resumo O presente artigo tem como objetivo lançar um olhar crítico sobre o processo de elaboração de um conjunto de materiais didáticos em Educação em Saúde produzido a partir do ano de 2007 na Univer sidade Federal de São João delRei para uso em um programa que visava o combate a parasitoses intes tinais Os materiais foram analisados de forma a se avaliar as potencialidades e as deficiências encon tradas Como resultado obtevese a necessária reela boração deles com o objetivo de que sejam utilizados como meios educativos que respeitem identidades e contribuam para a construção de saberes em relação à saúde Esperase que as propostas de reelaboração e correção juntamente com as características positi vas analisadas possam colaborar com a produção de novos materiais e contribuir para a melhoria da ofer ta de produtos que medeiem o processo de construção de conhecimentos na área da saúde Palavraschave educação em saúde materiais didá ticos ilustrações O momento preparatório as bases para a produção No ano de 2007 um grupo de professores e alunos da Universidade Federal de São João delRei deu início ao programa de pesquisa e extensão intitu lado Educação saúde e análise de prevalência de enteroparasitoses intesti nais em escolares da rede municipal de São João delRei Minas Gerais Tal programa foi proposto e coordenado pela equipe da universidade que con tou com a parceria das secretarias municipais de saúde de educação e de meio ambiente do município O programa se destinava a crianças de sete a 11 anos matriculadas no ensino fundamental de escolas públicas de São João delRei junto às quais se desenvolveu as seguintes atividades coleta e exame de fezes de toda a população escolar exames malacológicos dos cur sos dagua análise epidemiológica dos resultados parasitológicos e mala cológicos distribuição de tratamento conforme demanda e Educação em Saúde para prevenção de parasitoses intestinais nas escolas participantes Além disso pais e professores que foram coparticipantes do projeto atua ram como mediadores das coletas e participaram de encontros de divulgação sobre ações de promoção da saúde As atividades educativas foram coorde nadas por alunos e professores da universidade As ações de Educação em Saúde ainda contemplaram a produção de uma série de materiais didáticos ilustrados para serem utilizados dentro do referido programa sendo estes os objetos de análise deste trabalho A elaboração dos materiais didáticos foi orientada pela preocupação com a forma com que o conjunto de imagens produzido seria utilizado uma vez que se tinha como pressuposto o grande poder de atração que as ilus trações são capazes de gerar com vistas ao envolvimento dos alunos nas discussões sobre parasitoses O material deveria ser adequado para a sua utilização durante as visitas às escolas durante a preparação para a coleta do material biológico para exames e deveria permanecer nestas instituições de ensino como fonte de informações adicionais após o término do projeto Dessa forma foram utilizados os fatores que orientam o processo de elaboração de ilustrações citados por Morato et al 1998 Para estes autores anteriormente ao trabalho produtivo pensar em três questões se faz tarefa essencial o que para quem e como O conteúdo da informação que se deseja transmitir o público ao qual esta informação se destina o melhor tratamen to da informação e o meio de comunicação mais adequado são fatores que devem ser constantemente lembrados Tais questões nos fazem perceber que cada área do conhecimento e cada público alvo requerem diferentes exi gências que devem ser levadas em conta durante a produção das ilustrações a serem utilizadas De acordo com Oliveira e Conduru 2004 o resultado fi nal deste processo não pode se dissociar dos propósitos do meio no qual e para o qual foram produzidas Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 162 Samuel Quinaud Rossi et al Em concordância com Bruzzo 2004 não tínhamos as imagens como um simples aspecto de deleite ou distração mas como fontes de influên cia no processo de aprendizado modificando a maneira de compreensão de determinada área de conhecimento aqui a Educação em Saúde e atuando na prática e na reflexão educativas Buscavase ainda que as ima gens pudessem estimular a ética e a sensibilidade dos alunos que com elas tivessem contato Assim como ressaltam Queiroz e BarbosaLima 2007 tínhamos como objetivo que os materiais elaborados levassem em conta a importância de se fornecer aos alunos o contato com diversos modelos alternativos na interpretação da natureza o que ajudaria não só na compreensão mais clara do que seria estudado como ainda colaboraria para um melhor entendi mento das formas de construção do conhecimento Adotamos uma visão de Educação em Saúde como ferramenta capaz de atuar no desenvolvimento intelectual dos estudantes e na promoção de conhecimentos que favoreçam o exercício da cidadania formando indiví duos conscientes de seus direitos e deveres em sociedade dados os ques tionamentos políticos sociais e ambientais que devem permear este campo educativo Goldberg Yunes e Freitas 2005 defendem uma educação como formadora de cidadãos capazes de participar de tomadas de decisão na es fera das políticas públicas e de reconhecer os problemas socioambientais atuais para os quais se buscam soluções individuais ou coletivas Goldberg Yunes e Freitas 2005 p 105 Compartilhando pontos de vista semelhantes estão Succi Wickbold e Succi 2005 que veem a Educação em Saúde como importante meio de possibilitar às crianças a divulgação no ambiente fami liar do que se aprendeu em sala de aula executando práticas de proteção à saúde transformandoas em promotoras da saúde Assim as crianças em idade escolar público alvo de nosso projeto foram consideradas como in divíduos pertencentes à sua comunidade capazes de atuar em suas esfe ras sociais família escola etc e que deveriam ser fortalecidas pelo acesso a informações relacionadas ao seu próprio corpo à sua comunidade e ao meio ambiente Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 163 Um novo olhar sobre a elaboração de materiais didáticos para educação em saúde Com base nestes elementos foram produzidos no total oito cartazes Figura 1 relacionados a oito patologias diferentes ancilostomose ame bíase ascaridíase doença de Chagas esquistossomose giardíase pediculose e teníase compondo uma série de materiais que traziam como marca um conjunto de características capazes de gerar reflexões como as que serão discutidas a seguir Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 164 Samuel Quinaud Rossi et al Figura 1 Conjunto de cartazes produzido Cada cartaz possui tamanho aproximado de uma folha A3 297mm x 420mm E nascem os materiais os pontos positivos em questão No início da confecção destes materiais tinhase como foco somente entero parasitoses intestinais porém com o avançar das produções também foram produzidos materiais destinados a parasitoses não intestinais esquistosso mose doença de Chagas e pediculose Esta mudança ocorreu em função da demanda observada nas comunidades trabalhadas ocorrência de pediculose em algumas e pela solicitação dos professores devido à presença do conteú do nos currículos formais de ciências para o ensino fundamental caso da es quistossomose e doença de Chagas Todos os cartazes produzidos possuem traços em comum Figura 2 que ao todo dão forma a uma série de pontos de reflexão dentro do trabalho educativo Considerando a análise curricular discutida por Silva 2010 os materiais didáticos aqui analisados configuramse como elementos consti tuintes do currículo escolar uma vez que se fazem presentes dentro da es cola atuando como temas geradores de discussões e aprendizados A seguir cada um destes traços será posto em reflexão Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 165 Um novo olhar sobre a elaboração de materiais didáticos para educação em saúde Figura 2 Esquema em que são mostrados os traços em comum entre os cartazes Os números na figura acima se referem a 1 Personagens 2 Cores 3 Espaços em branco 4 Situações diversas 5 Modelo de história em quadrinhos 6 Etnias 1 Personagens grande espaço dos cartazes foi destinado à representação dos organismos parasitas ocupando cerca de 13 destes Rossi 2008 ao anali sar o modelo adotado de se ilustrar os parasitos nestes materiais acredita que a busca de novas formas de representação desses seres que não fujam comple tamente da realidade mas que construam imagens alegóricas dos organismos é de grande importância durante o aprendizado inicial Tendo o aluno uma con cepção inicial formada a respeito desses organismos e doenças o seu aprendizado mais aprofundado certamente será facilitado uma vez que o que ele terá em mente não será uma imagem distorcida e confusa e sim algo dentro de sua realidade Rossi 2008 p 13 Tanto os parasitos quanto os personagens foram ilustrados em estilo cartoon cuja finalidade foi atrair os alunos e aumentar as possibilidades de familiaridade com os organismos fazendo com que o aprendizado se tornasse mais agradável Apesar do formato adotado buscouse manter os traços natu rais destes organismos tentando amenizar as possíveis alterações da produção 2 Cores certamente um dos traços mais marcantes deste conjunto de materiais diz respeito à coloração empregada Cada cartaz foi pensado para exibir cores chamativas seja de fundo amebíaseamarelo ancilostomoserosa ascaridíaselaranja doença de Chagasvioleta esquistossomoseverde giar díaseazul pediculosemarrom teníasevermelho nas cenas exibidas ou nas personagens Assim como afirmam Oliveira e Conduru 2004 se o ma terial é destinado a leitores menos especializados o apelo visual é mais im portante que o compromisso com a precisão científica Para Rossi 2006 as cores vivas atraem a atenção dos alunos possibilitando um maior interesse Rossi 2006 p 6 Buscamos conciliar ambos os aspectos no material desen volvido ou seja elaborar um produto esteticamente interessante e atrativo sem deixar de lado o compromisso com a precisão das informações nele con tidas algo que foi facilitado pela utilização de imagens cores e alegorias 3 Espaços em branco em todos os cartazes há espaços vazios caixas de diálogo e lacunas Esses espaços são aberturas ao leitor do cartaz são provocações à participação e convites para a cooperação na construção dos conhecimentos propostos As lacunas provocam o leitor a participar e a in vestigar os elementos que completarão a imagem Além disso os espaços vazios aumentam as possibilidades de valorização do conhecimento prévio dos alunos fazendo do ensino um processo misto de direcionamento e liber dade como denominado por Cunha 2001 possibilitando a construção de conhecimentos efetivos Freire 2009 descreve que ao educador e à escola cabe o dever não so mente de respeitar os saberes com que os educandos sobretudo das classes populares chegam à escola mas também de discutir a razão de ser destes saberes em relação ao ensino dos conteúdos Neste contexto tal caracterís tica do material pode fazer com que as possibilidades de investigação dos saberes dos alunos sejam potencializadas No momento em que se tem em mãos um material que estimula a discussão que permite o reconhecimento da provisoriedade do saber e a valorização das realidades e necessidades específicas das comunidades ao mesmo tempo em que ajuda a tornar a es cola um espaço democrático que valoriza os conhecimentos prévios dos estudantes aumentamse as chances de que se capacite os sujeitos a tomar decisões modificando comportamentos e promovendo mudanças sociais objetivos fundamentais da Educação em Saúde Candeias 1997 Schall e Struchiner 1999 Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 166 Samuel Quinaud Rossi et al 4 Situações diversas está presente também nos cartazes uma diversi dade de situações que servem para ilustrar variadas formas de contami nação medidas profiláticas sintomas das doenças e locais onde os parasitos se instalam no corpo humano Buscouse apesar da seriedade do tema pro posto que estas situações fossem representadas de forma humorada que pudessem ser familiares aos leitores e também ensinar Não fugir da reali dade social das crianças foi um dos objetivos durante a produção dos ma teriais Buscouse ilustrar diferentes realidades das comunidades onde o material seria utilizado como é o caso das cenas de esgoto correndo a céu aberto nos cartazes da esquistossomose amebíase e giardíase buscandose produzir um produto que não tivesse um caráter meramente informativo mas que estimulasse a reflexão sobre a realidade dos locais onde se vive e as relações entre esta e os riscos à saúde e ao bemestar Essa contextualização só foi possível pelo contato prévio da equipe produtora do material com as comunidades escolares onde esse material seria utilizado Esse contato foi estabelecido em projetos anteriores de pesquisa etnográfica Facion e Fer nandes 2008a Facion e Fernandes 2008b e de extensão universitária 5 Modelo de histórias em quadrinhos o molde no qual foram elabora dos os materiais também serve como interessante ponto de análise Notase o formato adotado semelhante ao de histórias em quadrinhos escolhido de vido à influência destas no meio infantil e ao provável papel atrativo que poderia proporcionar A escolha deste formato tornase pertinente a partir do momento em que estudos como os de Fogaça 2002 afirmam que entre todas as linguagens que fazem parte do mundo contemporâneo a histó ria em quadrinhos realiza a integração entre a linguagem escrita e visual atuando na construção de conhecimentos na atribuição de sentidos e na formação de competências artísticas literárias e linguísticas pelos alunos Caruso Carvalho e Silveira 2002 enfatizam a utilização de tirinhas e de histórias em quadrinhos para a disseminação do conhecimento Segundo estes autores as tirinhas têm grande poder de concisão ressaltando a lin guagem da imagem objetivando a fuga de qualquer tipo de memorização e despertando a curiosidade do aluno permitindo que ele reflita e aprenda por meio de suas próprias deduções e conclusões mesmo que para isso ele necessite da ajuda de seu professor Uma vez que foram produzidas tirinhas em que as histórias e falas seriam contadas pelos próprios alunos o mate rial foi pensado para o uso em programas de Educação em Saúde com a par ticipação de mediadores A mediação inicial foi feita pela própria equipe do projeto nos encontros iniciais com os alunos e professores Os cartazes foram então deixados nas escolas para posteriores utilizações de acordo com as atividades propostas pelos professores Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 167 Um novo olhar sobre a elaboração de materiais didáticos para educação em saúde 6 Etnias procurouse ainda fazer dos cartazes meios multiculturais onde estariam representadas as mais variadas etnias indo ao encontro das perspectivas humanistas apontadas por Silva 2010 na defesa da igualitária representação dos diferentes grupos culturais por sua comum humanidade Desta forma pretendíamos que as diferentes culturas fossem representadas epistemológica e antropologicamente de formas equivalentes A meta seria assim como aponta Rossi 2008 que quando esses de senhos fossem mostrados nas escolas houvesse identificação pessoal dos alunos aumentando sua capacidade de comunicação Rossi 2008 p 14 uma vez que de acordo com Fogaça 2002 quando são representadas crian ças passando por situações corriqueiras da vida real as possibilidades de atração para o leitor são potencializadas Com o passar do tempo e com a utilização do material no programa educativo pudemos reanalisar estes materiais lançando um novo olhar sobre eles no qual novos aspectos se fizeram fundamentais como meios de reflexão A análise da utilização posterior desses materiais pelos pró prios professores das escolas bem como sua efetiva utilização no cotidiano escolar são pontos ainda a ser esclarecidos e que merecerão atenção em pesquisas futuras Tornase óbvio que como materiais didáticos atuantes na construção de conhecimentos e na dinâmica escolar estes cartazes carregam consigo grandes responsabilidades as quais exigem generosa carga de criticidade e cuidado durante o processo de produção sendo sua análise posterior necessária e fundamentalmente mais rigorosa A fuga do propósito investigando os pontos negativos Alguns anos após a criação do material diante do aprofundamento no estu do sobre produção de materiais didáticos foi possível identificar nesses car tazes inúmeras falhas de ordem ideológica metodológica e conceitual Essa crítica é salutar pois propõe uma reflexão sobre o trabalho de produção de materiais didáticos e identifica seus processos de elaboração em um grupo que vem desenvolvendo materiais para apoio a projetos de ensinopesquisa extensão na universidade A primeira característica que apontamos é de ordem conceitual A for ma de representação dos organismos foi um dos pontos mais criticados du rante a utilização dos cartazes nas escolas e principalmente na divulgação destes materiais em eventos relacionados à área de Educação em Saúde Cer tamente não foi o estilo cartoon e a consequente ludicidade criada por eles que foi alvo de críticas mas sim o aspecto negativista que carregam Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 168 Samuel Quinaud Rossi et al Se os cartazes foram produzidos em formato de história em quadrinhos então os parasitos representaram o papel dos vilões Figura 3 Esse aspecto mau atribuído a estes personagens pode gerar um duplo resultado a real necessidade de se evitar a contaminação das doenças por eles causadas mas também gerar no público alvo o medo de se imaginar parasitado por esses vilões de aspecto aterrorizador Sob outro ponto de vista se imaginarmos estes organismos como seres vivos que são deveríamos então reconhecê los apenas em sua importância como cumpridores de seu papel biológico Seria então educativo atribuir a eles este caráter negativista Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 169 Um novo olhar sobre a elaboração de materiais didáticos para educação em saúde Figura 3 Em destaque os parasitos como vilões Outro ponto problemático e que deve ser analisado se refere às figuras humanas representadas Desde que se deu início à produção destes mate riais a meta seria que de forma alguma seriam reforçados estereótipos ou induzidos preconceitos Autores como Succi Wickbold e Succi 2005 e Santos et al 2007 contribuíram nesta meta ao ressaltar o quão negativo é para o processo de aprendizagem quando as ilustrações reforçam situações indesejáveis como aquelas que tínhamos como tarefa evitar Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 170 Samuel Quinaud Rossi et al Figura 4 Confusões com a escala protozoário e barbeiro no cartaz doença de chagas Além deste fator podese notar que as escalas adotadas de represen tação destes organismos podem gerar confusão nos estudantes Não se pode negar que um leitor principiante ao ter contato com as imagens do cartaz da doença de Chagas Figura 4 por exemplo certamente poderia imaginar que o protozoário Trypanosoma cruzi causador da doença seja maior que ou tão grande quanto o barbeiro vetor Mohr 2000 discute que este é o tipo de erro mais comum existente nos livros didáticos de ciências e que é possível desenhar os organismos em escala junto a objetos mais conhecidos representando ainda os organismos microscópicos sob uma lente de aumento Se fizermos uma análise de como as relações de gênero são tratadas nestes materiais podemos encontrar características que vão ao encontro das críticas feitas por Silva 2010 Certos elementos presentes nos cartazes claramente contribuem para reforçar estereótipos ligados a gênero Podemos observar por exemplo que os médicos e cientistas presentes nos materiais foram sempre representados pela figura masculina enquanto as figuras femininas representavam mulheres comuns Figura 5 Para Silva 2010 características como estas contribuem para que os próprios professores inconscientemente esperem coisas diferentes de meninos e meninas poden do determinar a carreira educacional desses jovens reproduzindo assim as desigualdades de gênero Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 171 Um novo olhar sobre a elaboração de materiais didáticos para educação em saúde Figura 5 Exemplos das relações de gênero tratadas nos cartazes Samuel Quinaud Rossi et al 172 Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 Ponto tão delicado quanto este é a forma como questões étnicas foram tratadas nestes materiais didáticos Ao contrário da perspectiva crítica de fendida por Silva 2010 dois cartazes específicos esquistossomose e doença de Chagas longe de contribuírem para a desconstrução dos estereótipos criados ao longo da história da humanidade no que se refere a questões étnicas e raciais só os reforçam A ilustração criada de uma mulher negra representada por suas vestimentas como faxineira de lenço na cabeça e aven tal ou da ilustração do menino negro com barriga dágua Figura 6 servem como base de questionamentos sobre o papel destes cartazes como confir madores dos privilégios das identidades dominantes e tratando as identi dades dominadas como exóticas ou folclóricas podendo atuar na conser vação das marcas da herança colonial assim como avalia Silva 2010 p 101 Figura 6 Ilustrações presentes nos cartazes em que florescem questões raciais Um novo olhar sobre a elaboração de materiais didáticos para educação em saúde 173 Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 Estas análises relacionadas à etnia e gênero servem de subsídio para uma análise póscolonialista destes materiais didáticos a qual estaria atenta às formas aparentemente benignas de como o outro é representado Para Silva 2010 uma análise póscolonialista do currículo escolar buscaria identificar como as narrativas que o constituem atuam na construção de concepções sobre raça gênero e sexualidade e que contribuem para marginalizar identidades que não se conformam às definições da identidade considerada normal Silva 2010 p 129 Por conseguinte tendo em vista as figuras humanas inseridas nos cartazes é possível perceber que nestas formas superficialmente vistas como multiculturais o Outro é visitado de uma perspectiva que se poderia chamar de perspectiva do turista a qual estimula uma abordagem superficial e vouyerística das culturas alheias Silva 2010 p 130 Desta forma apesar de prematuro o desejo de fazer dos cartazes meios multiculturais observase que a meta não foi atingida de forma eficaz além de reforçar estereótipos indesejáveis Considerações finais Após a análise realizada até aqui sobre estes materiais reconhecese que os cartazes produzidos tiveram aspectos favoráveis no período em que foram usados no programa de controle de parasitoses A mediação dos professores no processo de construção de saberes sobre parasitoses com a utilização dos materiais produzidos além de suas potencialidades de apoio às ativi dades curriculares ainda carece ser pesquisada Entretanto as falhas de or dem ideológica quando reforçam preconceitos de gênero e étnico e de ordem conceitual levam à necessária inutilização dos materiais durante a continuidade do programa Destacamos ainda que as análises e discussões aqui realizadas em especial aquelas que se referem à identificação de este reótipos e preconceitos devem contribuir para a disseminação de uma cul tura de valorização da diversidade nas produções didáticas Essa dinâmica de reconstrução da produção do material didático a partir de uma reflexão teórica e metodológica sobre ele é desejável e deve ser um processo contínuo Materiais de apoio a projetos de pesquisa e extensão universitária são comuns e muitas vezes considerados apenas em sua ideia essencial nas suas intenções Propomos com esse trabalho uma dinâmica de análise de mate riais didáticos que extrapola sua utilização imediata fazendo da pesquisa do material produzido um componente potencial da construção de conheci mentos do próprio grupo de pesquisa que os produziu A reflexão sobre a produção levou a novas bases teóricas que serão levadas em conta para a produção de outros tipos de materiais e a divulgação desse processo pode Notas 1 Mestrando em Educação da Universidade Federal de São João DelRei UFSJ São João DelRei Minas Gerais Brasil samuelqrhotmailcom Correspondência Av Leite de Castro 1092 Fábricas CEP 38301180 São João DelRei Minas Gerais Brasil 2 Mestrando em Epidemiologia em Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca Fundação Oswaldo Cruz EnspFiocruz Rio de Janeiro Brasil viniciusbelo4hotmailcom 3 Mestrando em Ciências da Saúde do Instituto de Pesquisas René Rachou Fundação Oswaldo Cruz CPqRR Fiocruz Belo Horizonte Minas Gerais Brasil brunowarlleyhotmailcom 4 Graduanda em Pedagogia da Universidade do Estado de Minas Gerais UEMG Barbacena Minas Gerais Brasil jacquelinebelogmailcom 5 Professora adjunta do Departamento de Ciências Naturais da Universidade Fe deral de São João DelRei UFSJ São João DelRei Minas Gerais Brasil Doutora em Biologia Funcional e Molecular pela Universidade Estadual de Campinas Unicamp priscilaufsjedubr 6 Professor da Universidade Federal de São João DelRei UFSJ e diretor do Campus CentroOeste Dona Lindu CCOUFSJ Divinópolis Minas Gerais Brasil Doutor em Biolo gia Parasitária pela Fundação Oswaldo Cruz Fiocruz silvaeduufsjedubr Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 174 Samuel Quinaud Rossi et al potencializar essas reflexões por outros grupos e em diferentes áreas do conhe cimento Esperase assim que novas abordagens e aperfeiçoamentos pos sam vir a ocorrer tanto para os materiais que estamos produzindo quanto para o campo da Educação em Saúde Agradecimentos O projeto teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais Fapemig na forma de financiamento e de bolsa de iniciação cientí fica e do Programa de Extensão Universitária do Ministério da Educação Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 175 Um novo olhar sobre a elaboração de materiais didáticos para educação em saúde Referências BRUZZO Cristina Biologia educação e ima gens Educação Sociedade Campinas v 25 n 89 2004 CANDEIAS Nelly Martins Ferreira Concei tos de educação e de promoção em saúde mudanças individuais e mudanças organi zacionais Revista Saúde Pública São Paulo v 31 n 2 1997 CARUSO Francisco CARVALHO Miriam de SILVEIRA Maria Cristina Uma pro posta de ensino e divulgação de ciências através dos quadrinhos Ciência Socie dade Rio de Janeiro n 8 2002 FACCION Gabriela FERNANDES Priscila Correia Diversity and biocultural preserva tion through an ethnobiological study in São João delRei MG an education proposal In INTERNATIONAL CONGRESS OF ETHNO BIOLOGY 11 2008 Cuzco Anais 2008a Identificação da biodiversidade na tiva por jovens em idade escolar no muni cípio de São João delRei MG um estudo etnobiológico In CONGRESSO DE PRO DUÇÃO CIENTÍFICA DA UFSJ 7 2008 São João delRei MG Anais 2008b FOGAÇA Adriana Galvão A contribuição das histórias em quadrinhos na formação de leitores competentes Revista PEC Curi tiba v 3 n 1 2002 FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia 39 ed São Paulo Paz e Terra 2009 GOLDBERG Luciane Germano YUNES Maria Angela Mattar FREITAS José Vicente de O desenho infantil na ótica da ecologia do desenvolvimento humano Psicologia em Estudo Maringá v 10 n 1 2005 MOHR Adriana Análise do conteúdo de saúde em livros didáticos Ciência Edu cação Bauru v 6 n 2 2000 MORATO Marina Azevedo et al Repre sentação visual de estruturas biológicas em materiais de ensino História Ciências Saúde Manguinhos Rio de Janeiro v 5 n 2 1998 OLIVEIRA Ricardo Lourenço de CONDURU Roberto Nas frestas entre a ciência e a arte uma série de ilustrações de barbeiros do Instituto Oswaldo Cruz História Ciências Saúde Manguinhos Rio de Janeiro v 11 n 2 2004 QUEIROZ Gloria Regina P C BARBOSA LIMA Maria da Conceição A Conheci mento científico seu ensino e aprendiza gem atualidade e construtivismo Ciência Educação Bauru v 13 n 3 2007 ROSSI Samuel Quinaud Biologia ilustrada um estudo sobre o uso de ilustrações no en sino de biologia e em um projeto voltado ao controle de parasitoses Monografia São João delRei Faculdade de Ciências Bioló gicas UFSJ 2008 SANTOS Juliana Cristina dos et al Análise comparativa do conteúdo Filo Mollusca em livro didático e apostilas do ensino de Cas cavel Paraná Ciência Educação Bauru v 13 n 3 2007 SCHALL Virginia Torres STRUCHINER Miriam Educação em Saúde novas pers pectivas Cadernos de Saúde Pública Rio de Janeiro v 15 n 2 1999 SILVA Tomaz Tadeu Documentos de iden tidade uma introdução às teorias do cur rículo 3 ed Belo Horizonte Autêntica 2010 SUCCI Camila de Menezes WICKBOLD Daniela SUCCI Regina Célia de Menezes A vacinação no conteúdo de livros esco lares Revista da Associação Médica Brasi leira São Paulo v 51 n 2 2005 Samuel Quinaud Rossi et al 176 Trab Educ Saúde Rio de Janeiro v 10 n 1 p 161176 marjun2012 TOSCANI Nadima Vieira et al Desenvolvi mento e análise de jogo educativo para crian ças visando à prevenção de doenças para sitológicas Interface Comunicação Saúde Educação Botucatu v 11 n 22 2007 Recebido em 02022011 Aprovado em 29082011 Link para a postagem do Instagram httpswwwinstagramcompCgKhXspPG3a MINISTÉRIO DA SAÚDE Saúde e Trabalho Brasília DF 2011 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS Saúde e Trabalho Série F Comunicação e Educação em Saúde Brasília DF 2011 2011 Ministério da Saúde Todos os direitos reservados É permitida reprodução parcial ou total desta obra desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens dessa obra é da área técnica A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada na íntegra na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde httpwwwsaudegovbrbvs Série F Comunicação e Educação em Saúde Tiragem 1ª edição 2011 1000 exemplares Elaboração distribuição e informações MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS Setor de Autarquias Federais SUL trecho 2 bloco F 1º andar sala 102 Ed Premium torre II CEP 70070600 Brasília DF Tel 61 33068130 Fax 61 33068131 Email humanizasussaudegovbr Home pages wwwsaudegovbrhumanizasus wwwredehumanizasusnet Autores Fábio Hebert Maria Elizabeth Barros de Barros Rafael Silveira Gomes Ilustração Luciano Barreto Ramos Julio Tigre Capa Alisson Sbrana Equipe editorial Normalização Márcia Cristina Tomaz de Aquino Editora MS Impresso no Brasil Printed in Brazil Ficha Catalográfica Brasil Ministério da Saúde Secretaria de Atenção à Saúde Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS Saúde e trabalho Ministério da Saúde Secretaria de Atenção à Saúde Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS Fábio Hebert Maria Elizabeth Barros de Barros Rafael Silveira Gomes Brasília Ministério da Saúde 2011 16 p il Série F Comunicação e Educação em Saúde 1 Humanização 2 Política Nacional de Humanização 3 Gestão do trabalho no SUS 4 Trabalhador de saúde I Hebert Fábio II Barros Maria Elizabeth Barros de III Gomes Rafael Silveira IV Título V Série CDU 616051 Catalogação na fonte CoordenaçãoGeral de Documentação e Informação Editora MS OS 20110047 Títulos para indexação Em inglês Health and Labour Em espanhol Salud y trabajo Apresentação O Ministério da Saúde tem reafirmado o HumanizaSUS como política que atravessa as diferentes ações e instâncias do Sistema Único de Saúde englobando os diferentes níveis e dimensões da Atenção e da Gestão A Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS aposta na indissociabilidade entre os modos de produzir saúde e os modos de gerir os processos de trabalho entre atenção e gestão entre clínica e política entre produção de saúde e produção de subjetividade Tem por objetivo provocar inovações nas práticas gerenciais e nas práticas de produção de saúde propondo para os diferentes coletivosequipes implicados nestas práticas o desafio de superar limites e experimentar novas formas de organização dos serviços e novos modos de produção e circulação de poder Operando com o princípio da transversalidade o HumanizaSUS lança mão de ferramentas e dispositivos para consolidar redes vínculos e a corresponsabilização entre usuários trabalhadores e gestores Ao direcionar estratégias e métodos de articulação de ações saberes e sujeitos podese efetivamente potencializar a garantia de atenção integral resolutiva e humanizada Por humanização compreendemos a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde Os valores que norteiam essa política são a autonomia e o protagonismo dos sujeitos a corresponsabilidade entre eles os vínculos solidários e a participação coletiva nas práticas de saúde Com a oferta de tecnologias e dispositivos para a configuração e o fortalecimento de redes de saúde a humanização aponta para o estabelecimento de novos arranjos e pactos sustentáveis envolvendo trabalhadores e gestores do SUS e fomentando a participação efetiva da população provocando inovações em termos de compartilhamento de todas as práticas de cuidado e de gestão A Política Nacional de Humanização não é um mero conjunto de propostas abstratas que esperamos poder tornar concreto Ao contrário partimos do SUS que dá certo O HumanizaSUS apresentase como uma política construída a partir de possibilidades e experiências concretas que queremos aprimorar e multiplicar Daí a importância de nosso investimento no aprimoramento e na disseminação das diferentes diretrizes e dispositivos com que operamos As Cartilhas HumanizaSUS têm função multiplicadora com elas esperamos poder disseminar algumas tecnologias de humanização da atenção e da gestão no campo da Saúde Brasília 2011 O MINISTÉRIO DA SAÚDE IMPLEMENTA A POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO PNH HUMANIZASUS O MINISTÉRIO DA SAÚDE TEM REAFIRMADO O HUMANIZASUS COMO POLÍTICA PÚBLICA QUE ATRAVESSA AS DIFERENTES AÇÕES E INSTÂNCIAS DO SUS NOS DIFERENTES NÍVEIS DA ATENÇÃO E DA GESTÃO PARA VIABILIZAR ESTA POLÍTICA PÚBLICA LANÇASE MÃOS DE FERRAMENTAS E DISPOSITIVOS PARA CONSOLIDAR REDES VÍNCULOS E A CORESPONSABILIZAÇÃO ENTRE GESTORES TRABALHADORES E USUÁRIOS OI NÃO VI VOCÊ CHEGANDO SEJA BEM VINDO A HUMANIZAÇÃO É ISSO PARTIR DO CONCRETO DAS NOSSAS EXPERIÊNCIAS DIÁRIAS ENTENDENDO CADA UM COMO ÚNICO DOS ENCONTROS COM DIFERENTES HOMENS MULHERES E CRIANÇAS QUE CONSTROEM O SUS A PNH BUSCA NO SUS QUE DÁ CERTO EXPERIÊNCIAS CONCRETAS QUE QUEREMOS APRIMORAR E MULTIPLICAR EU ACHO COMPLICADA ESSA HISTÓRIA Até parece que não sou humana para vir alguém me humanizar Não é para humanizar as pessoas mas as relações Produzir relações mais humanas relações mais saudáveis com os usuários e com os outros trabalhadores A humanização parte de valores como autonomia protagonismo dos sujeitos coresponsabilidade A PNH valoriza a potencialidade que os seres humanos tem de criar construir e produzir saúde juntos Todos somos responsáveis pelo SUS gestores trabalhadores e usuários Falando assim é muito bonito mas eu quero saber como isso me ajuda na prática no meu trabalho Como a humanização vai ajudar o trabalhador A gente sofre muito A PNH não esqueceu dos trabalhadores pelo contrário Ela diz que não dá pra transformar as relações e as práticas de saúde sem mudar os modos de trabalhar sem transformar o processo de trabalho E como isso funciona Bem vou explicar do jeito da PNH Vou dar um exemplo do que acontece com o nosso trabalho quase todo dia Como vocês sabem a gente combina de agendar 10 consultas médicas por dia e mais as duas vagas para intercorrências para o pessoal que chega passando mal Esse é o trabalho prescrito aquilo que foi definido que eu deveria fazer por quem organizou a unidade Hoje Todo dia Todo dia eu tenho que dar um jeito para reorganizar este agendamento Aí eu vou conversar com outros trabalhadores para ver se conseguimos resolver o problema Por exemplo às vezes eu pergunto aos médicos se eles podem atender um número maior de usuários Isso Mas hoje já tem seis pessoas que não estão agendadas pedindo para serem atendidas porque estão passando mal Doutor hoje está muito cheio lá fora Poderia atender dois usuários a mais NA RECEPÇÃO ELES SEMPRE ACEITAM DEPENDE DO DIA DEPENDE DO MÉDICO UNS PODEM SEMPRE E OUTROS NÃO PODEM NUNCA PARA EU CONSEGUIR ORGANIZAR ISSO E FAZER O MEU TRABALHO AS VEZES EU TENHO QUE ME DESDOBRAR ISTO QUASE TODOS OS DIAS É ESSE É O TRABALHO REAL EU TENHO QUE ALTERAR A PRESCRIÇÃO PARA CONSEGUIR TRABALHAR E A UNIDADE FUNCIONAR DA MELHOR MANEIRA POSSÍVEL É MESMO TEMOS QUE DAR UM JEITO NISSO PORQUE NÃO INCOMODA SÓ VOCÊ MUITAS VEZES OS USUÁRIOS NÃO SÃO ATENDIDOS E DESCARREGAM AQUI NA RECEPÇÃO EU SEI É MUITO IMPORTANTE MAS MESMO MUDANDO NÃO VAI FUNCIONAR SEMPRE NO TRABALHO ACONTECEM IMPREVISTOS TODA HORA É A VIDA UM DIA É SEMPRE DIFERENTE DO OUTRO TODO DIA A GENTE MUDA A FORMA DE TRABALHAR PARA PODER DAR CONTA FAZ ALGUMAS ESCOLHAS QUE NÃO ESTAVAM PRESCRITAS FAZ GESTÃO DO NOSSO TRABALHO NADA MAIS HUMANO NÉ HUMANIZAR É CONSIDERAR ISSO TUDO ISSO NÃO VAI DAR MAIS TRABALHO DO QUE A GENTE JÁ TEM NEM SEMPRE ÀS VEZES É PIOR QUANDO VOCÊ TEM QUE SEGUIR A PRESCRIÇÃO À RISCA SABENDO QUE NÃO VAI DAR CERTO QUANDO EU SEI QUE SÓ AS DUAS VAGAS PARA INTERCORRÊNCIA NÃO VÃO SER SUFICIENTES É VERDADE ADORO QUANDO CONSIGO ME ORGANIZAR COM VOCÊS COM OS MÉDICOS E ATENDEMOS TODO MUNDO QUE PRECISA ME SINTO REALIZADA POR ISSO É TÃO IMPORTANTE O PROTAGONISMO E A PARTICIPAÇÃO DOS TRABALHADORES JUNTO AOS GESTORES E USUÁRIOS NOS PROCESSOS DE GESTÃO ALGUMAS COISAS SÓ QUEM VIVE E REALIZA A ATIVIDADE SABE A GENTE SABE UM MONTE DE COISAS SOBRE O NOSSO TRABALHO MESMO INCLUSIVE O QUE NOS FAZ SOFRER E O QUE NOS DÁ PRAZER A GENTE CRIA TODOS OS DIAS ESTRATÉGIAS PARA QUE O TRABALHO NÃO NOS ADOEÇA COMO VOCÊ APRENDEU TODAS ESSAS COISAS EU PARTICIPEI DO PFST PFST MAS O QUE É ISSO O PROGRAMA DE FORMAÇÃO EM SAÚDE E TRABALHO É UM INSTRUMENTO IMPORTANTE DA PNH É UMA RODA DE CONVERSA EM QUE NÓS TRABALHADORES ANALISAMOS E DISCUTIMOS O TRABALHO QUE A GENTE FAZ NÓS APRENDEMOS UM MONTE DE CONCEITOS QUE AJUDAM A GENTE A PESQUISAR E ENTENDER MELHOR NOSSO TRABALHO E PODER PROPOR MUDANÇAS SE FOREM NECESSÁRIAS PORQUE A GENTE INVENTA TODO DIA VÁRIAS MANEIRAS PARA LIDAR COM AS COISAS QUE CAUSAM SOFRIMENTO NÃO É EU AS VEZES TENHO QUE ME DESDOBRAR PARA CONSEGUIR FAZER O MEU TRABALHO PORQUE TEM DIA QUE NÃO É MOLE NÃO POIS É VOCÊS CONCORDAM QUE SE A GENTE AO INVÉS DE FICAR PROCURANDO SAÍDAS SOLITÁRIAS COMEÇASSE A COMPARTILHAR NOSSAS ESTRATÉGIAS E CONSTRUIR ALGUMAS SAÍDAS COLETIVAS NÃO SERIA MELHOR ENTÃO NESSA RODA DE CONVERSA A GENTE TENTA FAZER ISSO SEM CONTAR QUE ELA É UM ESPAÇO DE NEGOCIAÇÃO EM QUE O COLETIVO BUSCA A CORESPONSABILIZAÇÃO COM AS MUDANÇAS DESEJADAS CLARO QUANDO VAI HAVER OUTRO PFST EU VOU QUERER PARTICIPAR EU TAMBÉM E VOCÊ JÁ PARTICIPOU DO PFST NA SUA UNIDADE TEM RODAS DE CONVERSA PARA DISCUTIR O DIAADIA DO TRABALHO MÃOS À OBRA SAÚDE É LUTA Tiragem 1000 Exemplares Impresso na Gráfica ADA Rua Rio Paraíba 360 Eldoradinho Contagem MG Contagem Março de 2011 Disque Saúde 0800 61 1997 Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde wwwsaudegovbrbvs SUS Sistema Único de Saúde Ministério da Saúde GOVERNO FEDERAL BRASIL PAÍS RICO É PAÍS SEM POBREZA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA ENFERMAGEM Lucas Soares Del Penho Análise de artigos de educação em saúde Juiz de Fora 2022 INTRODUÇÃO Este trabalho tem como objetivo entender e analisar dois artigos de educação em saúde Um dos artigos analisados nesse trabalho é uma cartilha do SUS Sistema Único de Saúde publicada pelo Ministério da Saúde que aborda sobre a humanização do trabalhador do sistema de saúde O outro artigo é uma postagem da rede social Instagram publicada no perfil do Ministério da Saúde do Brasil incentivando o registro de doadores de medula óssea Os artigos foram analisados quanto ao seu conteúdo públicoalvo meio de comunicação usado e quanto a perspectiva de educação em saúde As análises foram fundamentadas por artigos sobre educação em saúde DESENVOLVIMENTO De acordo com Schall e Struchiner 1999 a educação em saúde é um campo multifacetado que abrange as áreas tanto da educação quanto da saúde Quando pensamos em saúde sabemos que a prevenção é imprescindível de ser trabalhada para evitar que doenças se instalem e criem problemas maiores como epidemias saturação do sistema de saúde entre outras complicações O primeiro artigo que será analisado é uma cartilha do SUS Sistema Único de Saúde Esse material tem o título de Saúde e Trabalho e tem como públicoalvo os trabalhadores do SUS O material é apresentado em formato de história em quadrinhos o que segundo Fogaça apud Rossi et al 2012 une as linguagens visual e escritas facilitando o entendimento do aprendiz O material aborda sobre a implementação da Política Nacional de Humanização Nas ilustrações podemos ver uma unidade básica de saúde com seus trabalhadores e pacientes e nos diálogos os trabalhadores discutem sobre a humanização Enquanto alguns personagens fazem questionamentos e discorrem sobre as dificuldades que enfrentam em seu ambiente de trabalho um profissional esclarece a respeito de como a humanização pode contribuir para que os profissionais tenham uma melhor qualidade de trabalho No final da história em quadrinhos a personagem que esclarece sobre a humanização direciona a sua fala aos leitores convidandoos para discutir mais sobre o tema na unidade em que trabalha Essa abordagem que apresenta funcionários com problemas e questionamentos comuns aos trabalhadores da saúde aproxima e facilita a atribuição de sentido à mensagem O leitor se sente representado na diversidade de personagens e nas suas dificuldades e questionamentos O material apresenta cores mais suaves não muito chamativas nas ilustrações e os personagens tanto da capa quanto do interior do material tentam representar a maior diversidade de etnias idades e os gêneros masculino e feminino Isso também ajuda o leitor a se reconhecer entre os personagens e se sentir incluído O material demonstra através do que foi analisado ter alcançado o objetivo proposto de elucidar sobre a Política Nacional de Humanização e instigar o leitor a discutir sobre o tema no seu ambiente de trabalho O segundo material que será analisado é uma postagem no perfil do Ministério da Saúde do Brasil na rede social Instagram que aborda sobre doação de medula óssea É sabido que é muito difícil encontrar um doador compatível e quanto mais pessoas se cadastrarem como doadoras mais chances haverão de encontrar um doado compatível Sendo assim o públicoalvo são todas as pessoas que possuem os requisitos para se tornar um doador de medula óssea A postagem é apresentada no layout de carrossel isto é são imagens agrupadas em uma única postagem onde o leitor pode ir arrastando para o lado para ver a sequência completa de informações Cada imagem apresenta texto e figuras para informar sobre como funciona o cadastro de medula óssea onde pode ser realizado esse cadastro onde ele é válido quem pode se tornar um doador e também esclarece como acontece o processo de doação de medula óssea com o intuito de esclarecer para que o leitor não tenha dúvidas quanto ao procedimento e possa realizar o seu cadastro Outra informação relevante na postagem é sobre a quantidade de doenças que podem ser tratadas com a realização de um transplante de medula fazendo com que o leitor tenha a dimensão da importância desse ato e se sinta encorajado a se tornar um doador Ao final da postagem também é ressaltada a importância de manter os dados cadastrais atualizados O corpo do texto da legenda não é muito grande e enfatiza que o leitor deve visualizar o conteúdo da postagem em formato de carrossel para compreender a mensagem a ser transmitida Quanto aos personagens presentes nas ilustrações do material educativo podemos perceber que eles tem a mesma cor de pele apresentam os gêneros masculinos e femininos e suas formas nos remete ao estilo de desenho da pintora brasileira Tarsila do Amaral o que atribui ao material estilo e brasilidade mesmo não representando a miscigenação presente no nosso país Através do que foi analisado podemos concluir que o material postado na rede social foi bemsucedido ao que se propôs comunicar CONCLUSÃO No presente trabalho podemos concluir ao analisar os dois materiais de educação em saúde que ambos conseguiram passar com sucesso a mensagem que tinham a intenção de transmitir Mesmo os materiais sendo apresentados em formatos e meios diferentes eles cumprem o objetivo proposto É possível ressaltar que ambos os materiais tiveram o cuidado de esclarecer e informar ao mesmo tempo que se aproximam do leitor seja representando as suas dúvidas ou a sua imagem assim com representando o Brasil em seus personagens REFERÊNCIAS BRASIL MINISTÉRIO DA SAÚDE REDOME Conheça o registro nacional de doadores de medula óssea e aprenda como se cadastrar 18 jul 2022 Instagram govsaude Disponível em httpswwwinstagramcompCgKhXspPG3aAcesso em 20 jul 2022 BRASIL MINISTÉRIO DA SAÚDE Saúde e Trabalho Contagem Ministério da Saúde 2011 ROSSI Samuel Quinaud BELO Vinícius Silva NASCIMENTO Bruno Warlley Leandro SILVA Jacqueline da FERNANDES Priscila Correia SILVA Eduardo Sérgio da Um novo olhar sobre a elaboração de materiais didáticos para educação em saúde Trabalho Educação e Saúde SL v 10 n 1 p 161176 jun 2012 FapUNIFESP SciELO httpdxdoiorg101590s1981 77462012000100010 SCHALL Virgínia T STRUCHINER Miriam Educação em saúde novas perspectivas Cadernos de Saúde Pública SL v 15 n 2 p 46 1999 FapUNIFESP SciELO httpdxdoiorg101590s0102311x1999000600001 UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA ENFERMAGEM Lucas Soares Del Penho Análise de artigos de educação em saúde Juiz de Fora 2022 INTRODUÇÃO Este trabalho tem como objetivo entender e analisar dois artigos de educação em saúde Um dos artigos analisados nesse trabalho é uma cartilha do SUS Sistema Único de Saúde publicada pelo Ministério da Saúde que aborda sobre a humanização do trabalhador do sistema de saúde O outro artigo é uma postagem da rede social Instagram publicada no perfil do Ministério da Saúde do Brasil incentivando o registro de doadores de medula óssea Os artigos foram analisados quanto ao seu conteúdo públicoalvo meio de comunicação usado e quanto a perspectiva de educação em saúde As análises foram fundamentadas por artigos sobre educação em saúde DESENVOLVIMENTO De acordo com Schall e Struchiner 1999 a educação em saúde é um campo multifacetado que abrange as áreas tanto da educação quanto da saúde Quando pensamos em saúde sabemos que a prevenção é imprescindível de ser trabalhada para evitar que doenças se instalem e criem problemas maiores como epidemias saturação do sistema de saúde entre outras complicações O primeiro artigo que será analisado é uma cartilha do SUS Sistema Único de Saúde Esse material tem o título de Saúde e Trabalho e tem como públicoalvo os trabalhadores do SUS O material é apresentado em formato de história em quadrinhos o que segundo Fogaça apud Rossi et al 2012 une as linguagens visual e escritas facilitando o entendimento do aprendiz O material aborda sobre a implementação da Política Nacional de Humanização Nas ilustrações podemos ver uma unidade básica de saúde com seus trabalhadores e pacientes e nos diálogos os trabalhadores discutem sobre a humanização Enquanto alguns personagens fazem questionamentos e discorrem sobre as dificuldades que enfrentam em seu ambiente de trabalho um profissional esclarece a respeito de como a humanização pode contribuir para que os profissionais tenham uma melhor qualidade de trabalho No final da história em quadrinhos a personagem que esclarece sobre a humanização direciona a sua fala aos leitores convidandoos para discutir mais sobre o tema na unidade em que trabalha Essa abordagem que apresenta funcionários com problemas e questionamentos comuns aos trabalhadores da saúde aproxima e facilita a atribuição de sentido à mensagem O leitor se sente representado na diversidade de personagens e nas suas dificuldades e questionamentos O material apresenta cores mais suaves não muito chamativas nas ilustrações e os personagens tanto da capa quanto do interior do material tentam representar a maior diversidade de etnias idades e os gêneros masculino e feminino Isso também ajuda o leitor a se reconhecer entre os personagens e se sentir incluído O material demonstra através do que foi analisado ter alcançado o objetivo proposto de elucidar sobre a Política Nacional de Humanização e instigar o leitor a discutir sobre o tema no seu ambiente de trabalho O segundo material que será analisado é uma postagem no perfil do Ministério da Saúde do Brasil na rede social Instagram que aborda sobre doação de medula óssea É sabido que é muito difícil encontrar um doador compatível e quanto mais pessoas se cadastrarem como doadoras mais chances haverão de encontrar um doado compatível Sendo assim o públicoalvo são todas as pessoas que possuem os requisitos para se tornar um doador de medula óssea A postagem é apresentada no layout de carrossel isto é são imagens agrupadas em uma única postagem onde o leitor pode ir arrastando para o lado para ver a sequência completa de informações Cada imagem apresenta texto e figuras para informar sobre como funciona o cadastro de medula óssea onde pode ser realizado esse cadastro onde ele é válido quem pode se tornar um doador e também esclarece como acontece o processo de doação de medula óssea com o intuito de esclarecer para que o leitor não tenha dúvidas quanto ao procedimento e possa realizar o seu cadastro Outra informação relevante na postagem é sobre a quantidade de doenças que podem ser tratadas com a realização de um transplante de medula fazendo com que o leitor tenha a dimensão da importância desse ato e se sinta encorajado a se tornar um doador Ao final da postagem também é ressaltada a importância de manter os dados cadastrais atualizados O corpo do texto da legenda não é muito grande e enfatiza que o leitor deve visualizar o conteúdo da postagem em formato de carrossel para compreender a mensagem a ser transmitida Quanto aos personagens presentes nas ilustrações do material educativo podemos perceber que eles tem a mesma cor de pele apresentam os gêneros masculinos e femininos e suas formas nos remete ao estilo de desenho da pintora brasileira Tarsila do Amaral o que atribui ao material estilo e brasilidade mesmo não representando a miscigenação presente no nosso país Através do que foi analisado podemos concluir que o material postado na rede social foi bemsucedido ao que se propôs comunicar CONCLUSÃO No presente trabalho podemos concluir ao analisar os dois materiais de educação em saúde que ambos conseguiram passar com sucesso a mensagem que tinham a intenção de transmitir Mesmo os materiais sendo apresentados em formatos e meios diferentes eles cumprem o objetivo proposto É possível ressaltar que ambos os materiais tiveram o cuidado de esclarecer e informar ao mesmo tempo que se aproximam do leitor seja representando as suas dúvidas ou a sua imagem assim com representando o Brasil em seus personagens REFERÊNCIAS BRASIL MINISTÉRIO DA SAÚDE REDOME Conheça o registro nacional de doadores de medula óssea e aprenda como se cadastrar 18 jul 2022 Instagram govsaude Disponível em httpswwwinstagramcompCgKhXspPG3aAcesso em 20 jul 2022 BRASIL MINISTÉRIO DA SAÚDE Saúde e Trabalho Contagem Ministério da Saúde 2011 ROSSI Samuel Quinaud BELO Vinícius Silva NASCIMENTO Bruno Warlley Leandro SILVA Jacqueline da FERNANDES Priscila Correia SILVA Eduardo Sérgio da Um novo olhar sobre a elaboração de materiais didáticos para educação em saúde Trabalho Educação e Saúde SL v 10 n 1 p 161176 jun 2012 FapUNIFESP SciELO httpdxdoiorg101590s198177462012000100010 SCHALL Virgínia T STRUCHINER Miriam Educação em saúde novas perspectivas Cadernos de Saúde Pública SL v 15 n 2 p 46 1999 FapUNIFESP SciELO httpdxdoiorg101590s0102311x1999000600001