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Filosofia

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Terceira Seção A IDEIA CRÍTICA 1 A intenção de Kant É fato digno de atenção que a ideia de crítica o tema fundamental do kantismo não apareça claramente senão em 1781 na Crítica da razão pura Kant contava então 57 anos de idade o que equivale a dizer que a sua filosofia é fruto de um longo processo de elaboração Seria interessante sem dúvida seguir passo a passo as etapas dessa elaboração e ver quais as dificuldades que levaram Kant a rejeitar a metafísica tradicional Entretanto isto não é indispensável para a compreensão da filosofia kantiana Notemos apenas a admirável probidade intelectual implícita em tal evolução os grandes temas da filosofia clássica tais como Wolff os expusera e sistematizara teriam podido satisfazer plenamente a Kant pois respondiam à sua dupla exigência de uma ciência fundada na razão 29 Confesso abertamente haver sido a advertência de David Hume que já lá vão muitos anos pela primeira vez me despertou de meu sono dogmático e incita a mi muitas pesquisas no domínio da filosofia especulativa originou isto da AP de Carvalho Comp Edit Nac SP 1959 p 28 Com efeito o empirismo cético de Hume e em particular sua crítica da noção de casualidade tornava certas opções dos racionalismos dogmáticos limitadas e ineficazes Hume provava de mapensar a priori e por meio de conceitos uma relação necessária tal como o é a conexão entre causa e efeito Não há possibilidade de ver como da outra cois a existir dentro seguirseversa internamente a existência de outro causa sem como sua indutividade a princípio conceito de semelhante também Prolegômenos Prefácio p 25 30 O problema que Kant enfrenta é pois o seguinte por que a metafísica não apresenta o mesmo grau de certeza que a lógica a matemática ou a física E tão grande é sua confiança na razão que não duvida um instante de que a questão comporta uma resposta e uma só não pode ser devedade que a razão nos reconduz incessantemente aos problemas metafísicos Teríamos poucos motivos de conjunção em nossa razão se ao tratar de um dos objetos mais importantes da nossa curiosidade não nos abandonássemos mas nos iludisse com falhas esperando e imaginações B XV TP 18 O cometimento de Kant se resume assim no propósito de reabilitar a filosofia e de assumir a defesa da razão contra o ceticismo Mas ao invés de propor um novo sistema metafísico que sem dúvida teria sobre a que outros Kant irá atacar o problema pela raiz interrogandose sobre as próprias possibilidades da razão 32 que nos proporciona conhecimentos objetivos ela não deve seu êxito Você se a revolução abriu a matemática e a física o caminho seguro da ciência não se poderia generalizar o princípio admitindo que o nosso conhecimento dos objetos depende do sujeito conhecido pelo menos tanto quanto depende do objeto conhecido Esta é a famosa revolução copernicana que Kant descobriu em matéria de filosofia Do mesmo modo se nos absteremos a experiência não poderemos enunciar proposições universais a nossa certeza com efeito limitase aos casos que podemos constatar e só por um processo totalmente arbitrário poderíamos passar de uma afirmação geral válida para a maioria dos casos a uma afirmação universal válida para todos os casos De modo semelhante uma proposição geométrica por exemplo ao de que entre dois pontos a linha reta é a mais curta é sintética a priori Isto porque não simples conceito de linha reta não pensa uma distância mais ou menos curta E enfim a ciência da natureza physica contém em si como princípios juste sintéticos a priori B 17 TP 42 Newton chamara de princípios matemáticos da filosofía natural título de uma obra de 1687 as proposições a priori nas quais se baseava a sua física Esses princípios Kant os considera como juízos sintéticos a priori Quando digo por exemplo que todo fenômeno tem uma causa ou que em todas as mudanças do mundo material a quantidade de matéria permanece constante ou ainda que em toda comunicação de movimentos o a ação e a reação devem ser sempre iguais estou enunciando juízos universais e necessários que além disso são sintéticos visto que o conceito de fenômeno não contém em si o conceito de causa nem o conceito de matéria ou de permanência etc É a tais juízos que a matemática e a física devem o seu caráter de certeza E foi no exemplo destas ciências e nomeadamente no da matemática que em todo o tempo se inspiraram os metafísicos Resolvido por essa prova do poder da razão o impulso para entender o conhecimento não é um limite A fórmula aligeira ao sentir a resistência do ar que vai cortando como se eu livre poderia imaginar que no espaço vazio e eu o ser poderia mais fácil ainda Foi assim que Platão abandonando o mundo sensível que confina a inteligência em limites tão severos ousou lançarse sobre as ideias pelo espaço vazio em entendimento puro sem advertir que como todos os seres expostos não apenas não se apresentava mais mas se acerca do pensamento Pois o problema é precisamente o de saber se os juízos sintéticos a priori são igualmente possíveis em metafísica problema esse que somente a Crítica é capaz de resolver A hipótese idealista em efeito nos permite compreender de nós sabemos a priori no que diz respeito a coisa deve ser para que possam tornarse objetos de conhecimento por outras palavras justifica a existência de juízos sintéticos a priori na matemática e na física Mas na metafísica ultrapassamos o que transposta toda experiência possível e por conseguinte nada temos que possa garantir o valor objetivo dos nossos conhecimentos É o que compreenderemos melhor através de uma exposição sumária dos resultados principais da Crítica 4 Consequências A Crítica da razão pura pode caracterizarse como um inventário das formas a priori do espírito enquanto faculdade de conhecimento Por formas a priori devem entenderse os quadros universais e necessários através dos quais o espírito humano percebe o mundo são como outros tantos círculos em suas maneiras de conhecer as coisas isto é como os outros tantos modos de percepção Assim elas são propriedades da sensibilidade que também se referem a um modo de pensar e não são senão as deduções da razão Pede cha nunca significação relação do nosso conhecimento com as coisas mas somente relação com a faculdade cognitiva Prolegômenos p 63 Um conhecimento é transcendental quando concerne à nossa maneira de conhecer a priori os objetos Na introdução à primeira edição da Crítica da razão pura lise a definição seguinte Chamo transcendental a todo conhecimento que se ocupa não propriamente com objetos mas com nossos conceitos a priori de objetos em geralA 11 TP 46 Na segunda edição Kant retifica assim a sua fórmula Chamo transcendental a todo conhecimento que se ocupa não propriamente com objetos mas em geral com a nossa maneira de conhecer objetos enquanto esta deve ser possível a priori B 25 TP 46 Como se vê transcendental se opõe a empírico O princípio de causalidade por exemplo é transcendental porque concerne ao nosso conhecimento das coisas enquanto este depende não das próprias coisas mas da nossa maneira de conhecêlas E neste sentido transcendental se aproxima da experiência que designa o que está para além de toda experiência Todavia importa não confundir os termos Um princípio transcendental com efeito não admite outro uso que não seja o iminente que der referese aos objetos de experiência cf B 853 TP 253 Um princípio transcendente ao contrário pretende ultrapassar o domínio da experiência Poderseia pois afirmar o transcendental como sendo ao mesmo tempo um efeito que deslinda o que não se deve entender como tal Por exemplo ao conhecimento do espaço e tempo transcendental se aduz que o conceito de conhecimento sintético a priori isto é como uma espécie de base que por sua vez permanece ao conhecimento da experiência em consciência de nossa identidade ie como se fosse imanente e no entanto o espaço não está nas coisas sendo apenas uma condição subjetiva de nossa percepção das coisas Neste sentido o termo transcendental é inteiramente característico do pensamento de filosofia kantiana que permite explorar como descobrir no pensamento os elementos conhecidos vis da experiência dos meios de captar e de ordenar o real É importante notar que este idealismo transcendental não se confunde em absoluto com o que se costuma entender pela palavra idealismo Com efeito transcendental não significa aquilo que ultrapassa toda experiência mas aquilo que em rigor de expressão a antecede a priori sem outra finalidade que não seja a de possibilitar exclusivamente o conhecimento da experiência Prolegomenos p 151 nota Teve de suprir o saber a fim de abrir espaço para a crença B XXX TP 24