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Engenharia de Produção ·
Eletrotécnica
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i UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A ILUMINAÇÃO EM CONSULTÓRIOS ODONTOLÓGICOS UMA ANÁLISE ERGONÔMICA ESPECÍFICA PARA MELHORA NA QUALIDADE DE VIDA DO CIRURGIÃODENTISTA CLOVIS COSTA DE SOUZA FLORIANÓPOLIS Santa Catarina 2003 i CLOVIS COSTA DE SOUZA A ILUMINAÇÃO EM CONSULTÓRIOS ODONTOLÓGICOS UMA ANÁLISE ERGONÔMICA ESPECÍFICA PARA MELHORA NA QUALIDADE DE VIDA DO CIRURGIÃODENTISTA Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Engenharia da Produção Curso de Pós Graduação em Engenharia da Produção Orientador Prof Doutor José Luiz Fonseca da Silva Filho FLORIANÓPOLIS 2003 ii TERMO DE APROVAÇÃO CLOVIS COSTA DE SOUZA A ILUMINAÇÃO EM CONSULTÓRIOS ODONTOLÓGICOS UMA ANÁLISE ERGONÔMICA ESPECÍFICA PARA MELHORA NA QUALIDADE DE VIDA DO CIRURGIÃODENTISTA Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre no curso de Pós Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina pela seguinte banca examinadora Orientador Prof Dr José Luiz Fonseca da Silva Filho Profª Dra Eliete de Medeiros Franco Prof Dr Alcion Alves Silva Florianópolis 17 de fevereiro de 2003 iii DEDICATÓRIAS A MARIA LUCIA minha esposa ANDRÉ meu filho e BETINA minha filha cujo amor e compreensão somaram esforços para a superação dos obstáculos iv AGRADECIMENTOS À Universidade Federal de Santa Catarina e à Coordenação do Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção pela oportunidade de cursar o Mestrado de poder usufruir dos ensinamentos de seus pesquisadores e pelo atendimento eficiente e personalizado de seus técnicos administrativos Ao Professor Doutor José Luiz Fonseca da Silva Filho minha gratidão como orientador e por me ter propiciado construir conhecimentos individualmente e no coletivo em nosso grupo de discussões Por sua orientação amizade e suas contribuições na orientação deste trabalho À Professora Doutora Eliete de Medeiros Franco componente da banca examinadora com quem muito tive oportunidade de aprender Sua postura profissional e amiga sua disponibilidade e contribuições valiosas marcaram significativamente para mim sua presença no desenvolvimento do Mestrado Ao Professor Doutor Alcion Alves Silva companheiro e amigo um agradecimento especial pelas suas orientações seguras para o bom desenvolvimento deste trabalho À Professora Doutora Ana Regina de Aguiar Dutra pela sua disponibilidade e contribuições valiosas para o aperfeiçoamento deste trabalho minha amizade Às pessoas com quem tive oportunidade de conviver durante o período de Mestrado pelo companheirismo convivência intelectual e amizade v A m a i o r g r a ç a d a n a t u r e z a e o m a i o r p e r i g o d a g r a ç a s ã o o s o l h o s T a n t o a q u e l e s c o m q u e v e m o s q u a n t o a q u e l e s c o m q u e s o m o s v i s t o s P e A V i e i r a O o l h o é r e s p o n s á v e l p e l a a q u i s i ç ã o d e a p r o x i m a d a m e n t e 8 0 d o c o n h e c i m e n t o h u m a n o P o r t a n t o q u a l q u e r d e f i c i ê n c i a n e s s e ó r g ã o c o m p r o m e t e e m m a i o r o u m e n o r e x t e n s ã o o d e s e n v o l v i m e n t o d a s a p t i d õ e s i n t e l e c t u a i s e p s i c o m o t o r a s i n t e r f e r i n d o n a v i d a e s c o l a r e p r o f i s s i o n a l d o i n d i v í d u o A f u n ç ã o d o o l h o é c a p t a r l u z d o m e i o a m b i e n t e e c o n v e r t ê l a F u n d H i l t o n R o c h a E m o p o s i ç ã o a o p r e t o o b r a n c o é a c o r d a v i d a e d a p a z D i s s e D e u s H a j a l u z e h o u v e l u z E v i u D e u s q u e a l u z e r a b o a e f e z s e p a r a ç ã o e n t r e a l u z e a s t r e v a s G u i m a r ã e s 2 0 0 0 vi SUMÁRIO LISTA DE TABELAS VIII LISTA DE ILUSTRAÇÕES IX GLOSSÁRIOX RESUMO XIV ABSTRACTXV 1 INTRODUÇÃO 1 11 CONSIDERAÇÕES INICIAIS1 12 JUSTIFICATIVA 1 13 OBJETIVOS 1 14 DELIMITAÇÃO DO TRABALHO 2 15 RELEVÂNCIA DO ESTUDO 2 16 ESTRUTURA E DESENVOLVIMENTO DA DISSERTAÇÃO3 2 REFERENCIAL TEÓRICO5 21 LUMINOTÉCNICA5 211 Objetivos da Iluminação7 212 Efeitos da Luz 8 213 Grandezas Fundamentais da Luminotécnica10 2131 Luz10 2132 Cor11 214 Intensidade Luminosa 12 215 Iluminamento12 2151 Escolha da Luminária13 216 Avaliação Qualitativa das Lâmpadas 13 2161 Índice de reprodução de cores IRC13 2162 Eficiência14 2163 Temperatura da cor15 2164 Curva espectral 16 217 Tipos de Luminárias16 218 Formas de Iluminação para Consultório Odontológico 17 22 ERGONOMIA17 221 Histórico da Ergonomia19 222 Definições 21 223 Tipos de Ergonomia 22 224 Objetivos da Ergonomia23 225 Métodos e Técnicas 24 23 IMPORTÂNCIA DOS PROJETOS DE ILUMINAÇÃO PARA OS ESTUDOS ERGONÔMICOS29 231 Ergonomia29 vii 232 Projeto de Iluminação29 233 Caracterização do Trabalho do CirurgiãoDentista 30 234 Saúde Ocular dos Odontólogos 31 235 Iluminação Geral31 24 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO32 241 Concepções Sobre o Trabalho35 242 Modelos e Fatores Determinantes de QVT37 243 Produtividade X Qualidade de Vida no Trabalho 47 244 O Taylorismo e a Ergonomia49 2441 A Resistência dos Trabalhadores ao Taylorismo 49 2442 A Transformação do Taylorismo50 245 Eficácia e Trabalho 52 3 ESTUDO DE CASO A ANÁLISE ERGONÔMICA DO AMBIENTE LUMÍNICO NO TRABALHO DO CIRURGIÃODENTISTA 55 31 INTRODUÇÃO 55 32 ANÁLISE DE DADOS 57 321 Procedimentos Metodológicos 58 33 APLICAÇÃO DA ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO 58 331 Análise da Demanda58 332 Características do local de trabalho58 34 ANÁLISE DA TAREFA59 341 Descrição da tarefa 59 342 Características físicoambientais do espaço de trabalho 60 35 ANÁLISE DA ATIVIDADE 61 351 Análise das atividades em termos gestuais e posturaisErro Indicador não definido 352 Análise das atividades em termos cognitivos63 36 DIAGNÓSTICO 63 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 67 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS69 ANEXOS viii LISTA DE TABELAS TABELA III ÍNDICE DE REPRODUÇÃO DE CORES REF MOREIRA 1987 14 TABELA IV LÂMPADAS FLUORESCENTES POTÊNCIA E FLUXO LUMINOSO FONTE CREDER 1986 16 TABELA VI CONCEPÇÃO EVOLUTIVA DE QVT NADIER E LAWLER 198335 TABELA VII CATEGORIAS CONCEITUAIS DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO QVT42 TABELA VIII INDICADORES DA QVT 43 TABELA IX MODELO DE WERTHER DAVIS ELEMENTOS DE QVT 44 TABELA X MODELO DE BELANGER 197345 TABELA XI MODELO DE DIMENSÕES BÁSICAS DA TAREFA SEGUNDO HACKMAN OLDHAM 197546 ix LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA I ESPECTRO DA LUZ VISÍVEL EM FUNÇÃO DO COMPRIMENTO DE ONDA CREDER H 198611 FIGURA II STANDARD 150W 2000 LUMENS15 FIGURA III POWERSTAR HQIT 150W 12000 LUMENS 15 FIGURA IV LAYOUT DA CLÍNICA ODONTOLÓGICA 77 FIGURA V LAYOUT DA SALA DE ATENDIMENTO78 FIGURA VII FOTO DA JANELA DA SALA DE ATENDIMENTO EM OUTRO ÂNGULO 80 FIGURA VIII FOTO DOS EQUIPAMENTOS DO CONSULTÓRIO NA SALA DE ATENDIMENTO 81 FIGURA IX LAYOUT DA DISPOSIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS NA SALA DE ATENDIMENTO 82 FIGURA X FOTO DAS LUMINÁRIAS NO TETO NA SALA DE ATENDIMENTO83 x GLOSSÁRIO Definição de termos considerados relevantes no decorrer do estudo Análise Ergonômica do Trabalho metodologia desenvolvida por ergonomistas de língua francesa que inclui as fases da análise da demanda análise da tarefa e análise das atividades para se chegar ao diagnóstico e recomendações ergonômicas A análise é realizada em uma situação real de trabalho e as conclusões objetivam melhorar condições de trabalho e saúde dos trabalhadores a produtividade e a qualidade de produtos e serviços produzidos ou realizados SANTOS E FIALHO 1997 Análise da demanda fase da análise ergonômica do trabalho que corresponde à definição do problema a ser analisado a partir da negociação com os diversos atores sociais envolvidos A demanda é o marco inicial de toda análise ergonômica do trabalho A sua análise possibilita a compreensão da natureza e a dimensão dos problemas apresentados assim como elaborar um plano de intervenção para abordálos A demanda pode ser formulada diretamente de forma explícita por um dos atores sociais individual e coletivo ou ainda indiretamente de forma implícita pelo confronto dos diferentes pontos de vista a respeito do objeto de estudo SANTOS E FIALHO 1997 Análise da tarefa fase da análise ergonômica do trabalho que corresponde ao que o trabalhador efetivamente realiza para executar a tarefa Referese à análise do comportamento do homem no trabalho SANTOS e FIALHO 1997 A atividade corresponde a um conceito que remete à mobilização ativa dos recursos do ser humano quando trabalha incluindo estratégias denominadas modos xi operatórios Estes compõemse de gestos técnico observáveis ação sobre a matéria equipamentos organizações e não observáveis planificação da ação antecipação do comportamento do sistema e representação da situação CASTILHO e VILLENA 1998 Para MONTMOLLIN 1990 a atividade constituise em um processo complexo original e em evolução destinado a adaptarse à tarefa mas ao mesmo tempo a transformála Aparelho Óptico Humano Segundo GUIMARÃES 2000 OLHO é uma câmara obscura dotada de um jogo de lentes que converge os raios luminosos para a parede interna oposta ao orifício captando desta forma a imagem Ele é formado basicamente por três camadas esclerótica coróide e retina e por meios de refração cristalino humores aquoso e vítreo ESCLERÓTICA é a camada externa que dá forma arredondada ao olho É uma membrana branca opaca e fibrosa Na sua parte anterior ou frontal mostrase transparente e mais convexa e recebe o nome de córnea em sua parte posterior reveste o nervo óptico nervo que leva os impulsos visuais ao cérebro CORÓIDE é uma membrana intermediária mais fina vascular e pigmentada Após ultrapassar a córnea a luz atravessa a coróide por um orifício a pupila Um anel muscular a íris parte colorida dos olhos envolve a pupila e como um diafragma regula a entrada da luz CRISTALINO situase atrás da pupila e é uma lente biconvexa que converge os raios luminosos para a camada interior a retina O cristalino é rodeado pelos músculos ciliares que aumentam a refração alterando a convexidade do cristalino para focalizar a imagem RETINA é a membrana fotosensível que reveste a parede interna do globo ocular Compõese de várias camadas entre elas a inferior ou nervosa formada por ramificações do nervo óptico A camada nervosa é a responsável pela visão compõese de cerca de 130 milhões de células das quais cerca de 100 milhões são os bastonetes sensíveis à luz e à sua mudança mas sem sensibilidade à cor e cerca de 3 milhões os cones sensíveis às cores e formas xii HUMORES AQUOSO E VÍTREO os outros meios de refração preenchem respectivamente a área entre a córnea e o cristalino e a cavidade central atrás do cristalino sendo o primeiro um líquido e o segundo um material gelatinoso ambos transparentes Atividade laboral A atividade adaptada para as necessidades impostas pelo tipo de trabalho realizadas sem sair do posto em breves períodos de tempo ao longo de todo o dia de trabalho pode produzir excelentes resultados principalmente no que diz respeito à prevenção de dores no pescoço e nos braços RELASUR 1997 Diagnóstico corresponde a uma síntese da análise ergonômica do trabalho e objetiva a redação de um caderno de encargos e recomendações ergonômicas Visa sempre a uma transformação e não apenas à descrição de uma situação de trabalho SANTOS e FIALHO 1997 Ergonomia conjunto de conhecimentos sobre o desempenho do homem em atividade com a finalidade de aplicálos à concepção das tarefas instrumentos máquinas e sistemas de produção LAVILLE 1977 A Ergonomia implica no estudo de um trabalho concreto a observação de realizações da tarefa no local e com os equipamentos e equipes envolvidos a coleta de todos os dados qualitativos e quantitativos incertos incompletos ou contraditórios necessários a um diagnóstico SANTOS E FIALHO 1997 Fluxo luminoso é a grandeza característica de um fluxo energético exprimindo sua aptidão de produzir uma sensação luminosa no ser humano através do estímulo da retina ocular avaliada segundo os valores da eficácia luminosa relativa admitidos pela Comissão Internacional CIE ABNT A unidade do fluxo luminoso é o lúmen lm MOREIRA 1990 xiii Intensidade luminosa é o limite da relação entre o fluxo luminoso em um ângulo sólido em torno de uma direção dada e o valor desse ângulo sólido quando esse ângulo sólido tende para zero A unidade de intensidade luminosa no nosso sistema legal é a candela cd MOREIRA 1990 Iluminamento é o fluxo luminoso incidente por unidade de área iluminada A unidade brasileira de iluminamento é o lux lx MOREIRA 1990 Iluminação incandescente é resultante do aquecimento de um fio pela passagem da corrente elétrica até a incandescência As lâmpadas incandescentes comuns são compostas de um bulbo de vidro incolor ou leitoso de uma base de cobre ou outras ligas e um conjunto de peças que contém o filamento que é a peça mais importante Atualmente os filamentos são de tungstênio que tem um ponto de fusão de aproximadamente 3400 ºC CREDER 1986 Iluminação fluorescente é uma lâmpada que utiliza a descarga elétrica através de um gás para produzir energia luminosa Consiste em um bulbo cilíndrico de vidro tendo em suas extremidades eletrodos metálicos de tungstênio catodos por onde circula corrente elétrica Em seu interior existe vapor de mercúrio ou argônio a baixa pressão e as paredes internas do tubo são pintadas com materiais fluorescentes conhecidos como cristais de fósforo CREDER 1986 Luminância é o limite da relação entre a intensidade luminosa com a qual irradia em uma direção determinada uma superfície elementar contendo um ponto dado e a área aparente dessa superfície para uma direção considerada quando essa área tende pra zero MOREIRA 1990 xiv SOUZA Clovis Costa de A iluminação em consultórios odontológicos uma análise ergonômica específica para melhora na qualidade de vida do Cirurgião Dentista Orientador Dr José Luiz Fonseca da Silva Filho Florianópolis UFSCPós Graduação em Engenharia de Produção 2002 Dissertação Mestre em Engenharia de Produção RESUMO Esta dissertação tem por objetivo mostrar a necessidade de um estudo da análise ergonômica do trabalho mais especificamente como a intensidade de luz dentro da sala de tratamento do paciente em um consultório odontológico pode afetar o trabalho do CirurgiãoDentista levando a uma fadiga tanto muscular quanto ocular Os vários ambientes que um consultório odontológico possui têm iluminações diversas a sala de recepção a sala de entrevistas a sala de repouso pré e pósoperatório o banheiro os corredores e a sala de tratamento propriamente dita que é o objeto deste estudo e estes devem estar adequadamente iluminados A fundamentação teórica e conseqüente revisão bibliográfica busca aprofundar temas como trabalho condições de trabalho ergonomia e qualidade de vida Utilizandose a Análise Ergonômica do Trabalho estabeleceuse um diagnóstico e um caderno de encargos com recomendações ergonômicas mostrando aspectos a serem considerados e a relevância da iluminação para a atividade humana como meio de obtenção das condições de conforto e satisfação no ambiente de trabalho Palavraschave ergonomia luminotécnica iluminação odontológica xv SOUZA Clovis Costa de A iluminação em consultórios odontológicos uma análise ergonômica específica para melhora na qualidade de vida do Cirurgião Dentista Orientador Dr José Luiz Fonseca da Silva Filho Florianópolis UFSCPós Graduação em Engenharia de Produção 2002 Dissertação Mestre em Engenharia de Produção ABSTRACT This dissertation intends to show the necessity of discution of work ergonomics analisys most especificaly how light intensity in a odontologic treatment room can affect cirurgiodentist work resulting in muscular or ocular stress Most ambients in a odontologic consulting room have many kinds of illumination reception room interview room resting room pre and post operator room bathroom other rooms and treatment room this one object of this study because this must be illuminated correctly By this motive odontologic instruments have an antireflexive treatment what avoid an ocular stress and rises reading velocity and efficient illumination must be good to permit efficient and confortable work So a good illumination project shows aspects that have to be considerated in a work ergonomic analisys and illumination importance for human activities to intend confortable condictions and satisfaction in work environement Keywords ergonomy luminotecnics odontologic illumination 1 1 INTRODUÇÃO 11 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Com o constante desenvolvimento tecnológico a crise de energia que o Brasil e o mundo enfrentam e a necessidade de melhor aproveitamento dos recursos naturais várias tecnologias foram implementadas à iluminação com menos investimento menor manutenção e maior economia de energia elétrica A necessidade de luminárias de maior rendimento luminoso e equipamentos auxiliares que forneçam às lâmpadas suas condições de funcionamento com eficiência tudo isso aliado a uma alta confiabilidade baixa manutenção e vida longa conduz a um conforto aos trabalhadores trazendo uma diminuição de riscos acidentais e ocupacionais e uma diminuição da fadiga 12 JUSTIFICATIVA Esta dissertação tem por objetivo mostrar a necessidade de um estudo da análise ergonômica do trabalho mais especificamente como a intensidade de luz dentro da sala de tratamento do paciente em um consultório odontológico pode afetar o trabalho do CirurgiãoDentista levando a uma fadiga tanto muscular quanto ocular 13 OBJETIVOS Objetivo geral 2 Identificar e analisar a adoção de um projeto adequado de conforto lumínico considerando a abordagem ergonômica do trabalho de um CirurgiãoDentista Objetivos específicos a Pesquisar bibliografias que possibilitem sustentar teoricamente as etapas metodológicas do estudo e a argumentação a ser desenvolvida sobre ergonomia condições de trabalho e condições de trabalho específicas do CirurgiãoDentista b Realizar uma Análise Ergonômica do Trabalho relacionando o ambiente de um consultório odontológico com o CirurgiãoDentista fornecendo desta maneira subsídios que contribuam para o melhor entendimento do trabalho profissional c Diagnosticar os erros relativos à iluminação e onde fazer recomendações para a melhoria da situação analizada 14 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO A pesquisa realizada dentro de um consultório odontológico mais especificamente na sala de tratamento do paciente constituirseá em um estudo de caso como conceituado por Godoy 1995 Embora o estudo de caso apresente como vantagem possibilitar uma análise aprofundada da situação apresenta a desvantagem de não permitir generalizações das conclusões do trabalho para outras situações semelhantes 15 RELEVÂNCIA DO ESTUDO Este trabalho caracterizase como um estudo de um projeto adequado de intensidade de luz juntamente com as necessidades inerentes à tarefa exercida pelo CirurgiãoDentista a fim de participar na melhoria da qualidade de vida do mesmo em seu espaço de trabalho O estudo classificase como exploratóriodescritivo O estudo exploratório de acordo com Triviños 1992 possibilita aprofundar análises nos limites de uma realidade específica Enquanto que o estudo descritivo permite caracterizar uma situação pela descrição de fatos e fenômenos que a compõem indo além da coleta ordenação e classificação de dados ou fatos com o objetivo de permitir o estabelecimento e análise de relações entre eles Ainda em função da necessidade de conhecerse profundamente a realidade estudada fezse a opção pelo estudo de caso De acordo com Godoy 1995 é uma estratégia que possibilita responder às questões relativas ao modo e causa de acontecimento de certos fenômenos Também é a estratégia escolhida quando há pouca possibilidade de controle sobre os eventos estudados e o foco de interesse é sobre fenômenos visuais só possíveis de serem analisados dentro de algum contexto de vida real Em resumo este trabalho caracterizase como uma pesquisa qualitativa um estudo exploratóriodescritivo onde foi feita a opção pelo estudo de caso para aprofundar o conhecimento da realidade focalizada 16 ESTRUTURA E DESENVOLVIMENTO DA DISSERTAÇÃO O trabalho está estruturado em três capítulos O primeiro capítulo tratará do referencial teórico abordando fatores de iluminação Luminotécnica questões da ergonomia como histórico definições conceitos e normas regulamentadoras revisão de literatura caracterizando a importância dos projetos e iluminação para os estudos ergonômicos importância da qualidade de vida no trabalho e a preocupação com a satisfação das necessidades das pessoas a esta questão suporte para a realização do estudo de caso No segundo capítulo apresentarseá a análise ergonômica do ambiente odontológico e as necessidades das mudanças referentes à iluminação Ainda neste 4 capítulo são apresentados os dados obtidos e a articulação deles com a literatura de ergonomia No último e terceiro capítulo do trabalho correspondente a considerações finais incluemse as conclusões sobre a pesquisa relacionadas aos objetivos à abordagem utilizada à escolha da situação referência para o estudo de caso aos aspectos cognitivos organizacionais e ambientais incluindo recomendações buscando a melhoria das condições de saúde e trabalho do CirurgiãoDentista 5 2 REFERENCIAL TEÓRICO 21 LUMINOTÉCNICA CREDER 1986 diz que enxergamos os corpos pela luz que emitem Esse fluxo luminoso emitido pode ser próprio fonte primária de luz refletido ou transmitido fonte secundária de luz As fontes primárias podem ser naturais ou artificiais A principal fonte primária natural de luz para a terra é o sol As primárias artificiais são geralmente classificadas de acordo com o fenômeno que é a causa produtora do fluxo luminoso combustão incandescência descarga elétrica eletroluminescência etc e são chamadas de lâmpadas A luz natural sempre foi a principal fonte de iluminação para a população Com a descoberta da eletricidade e a invenção da lâmpada por Thomas Edison a iluminação artificial se tornou cada vez mais inseparável das edificações permitindo ao homem utilizála tanto para iluminar alguns ambientes interiores como à noite para dar continuidade às suas atividades Portanto um bom projeto de iluminação deve garantir às pessoas a possibilidade de executar atividades visuais com o máximo de precisão e segurança bem como com o menor esforço As lâmpadas fornecem a energia luminosa que lhes são inerentes com auxílio das luminárias que são os seus sustentáculos através dos quais se obtém melhor rendimento luminoso ligação à rede além do aspecto visual agradável e estético Ainda de acordo com CREDER 1986 as lâmpadas pertencem basicamente a um dos seguintes grupos aIrradiação por efeito térmico Incandescentes Incandescentes para iluminação geral são as mais comuns Seu princípio de funcionamento é produzir luz pela elevação da temperatura de um filamento 6 geralmente de tungstênio ao ser submetido à corrente elétrica O tamanho reduzido o funcionamento imediato e o desnecessário uso de aparelhagem auxiliar são algumas das principais vantagens deste tipo de lâmpada Empregamse em locais nos quais se deseja a luz dirigida portátil e com flexibilidade de escolha de diversos ângulos de abertura de facho luminoso como edificações residenciais e comerciais basicamente três tipos de lâmpada incandescentes incandescente comum refletora espelhadas e halógena As incandescentes comuns são as mais conhecidas e de tecnologia mais antiga Apresentamse em bulbos claros ou leitosos Apesar do custo inicial baixo seu custo global operação manutenção e inicial é alto As lâmpadas espelhadas possuem refletor interno para melhorar o direcionamento da luz A área espelhada funciona como uma luminária com a vantagem de não necessitar limpeza ou sofrer deterioração As lâmpadas halógenas possuem além dos gazes tradicionais um halogênio normalmente iodo no interior do bulbo Algumas lâmpadas halógenas são equipadas com um refletor multifacetado coberto com uma película dicróica proporcionando desta forma uma luz mais fria que aquela obtida com refletores comuns b Descarga em gases e vapores Fluorescentes vapor de mercúrio de sódioetc Fluorescentes são lâmpadas que pelo seu ótimo desempenho são mais indicadas para iluminação de interiores como escritórios lojas e indústrias tendo espectros luminosos indicados para cada aplicação Devido ao seu princípio de funcionamento as lâmpadas com descarga gasosa requerem alguns dispositivos auxiliares como reatores e starters Uma das desvantagens das lâmpadas de descarga é o efeito estroboscópico que produzem As lâmpadas piscam na mesma freqüência da tensão de alimentação 60 hz Um motor cujo eixo gire em velocidade alta 3600 rpm por exemplo pode parecer estar parado e causar algum acidente de trabalho Por este motivo em locais onde haja a possibilidade de ocorrer este problema é recomendado o uso de pelo menos duas lâmpadas ligadas em circuitos 7 diferentes ou com reator duplo que terão suas piscadas defasadas evitando o efeito estroboscópico Luz mista são utilizadas na iluminação de interiores como indústrias galpões postos de gasolina na iluminação externa etc Vapor de mercúrio são empregadas em interiores de grandes proporções em vias públicas e áreas externas Vapor de sódio de alta pressão utilizadas na iluminação de ruas áreas externas indústrias cobertas etc 211 Objetivos da Iluminação Segundo CREDER 1986 a iluminação de interiores é a instalação executada para iluminar artificialmente locais fechados Nos projetos de iluminação é preciso saber dosar entre o belo e as especificações para o conforto lumínico Para tanto é necessário considerar alguns fatores fundamentais como a Conforto para garantir ao usuário as condições ideais de bemestar deve se aplicar níveis adequados de luminosidade evitando ofuscamentos e contrastes muito acentuados na iluminação b Atmosfera para se criar o clima desejado seja frio ou cálido é preciso descobrir a tonalidade adequada da luz através da escolha de lâmpadas específicas c Orientação para facilitar a compreensão do espaço é fundamental a correta distribuição dos pontos de luz e seus respectivos efeitos d Composição para compor um ambiente é necessário encontrar o equilíbrio no conjunto de luzes a partir de seus efeitos cores destaques e sombras e Visibilidade considerando que o homem percebe cerca de 80 das informações através da visão é importante assegurar que a iluminação proporcione plena percepção dos elementos à sua volta f Imagem o resultado da boa aplicação dos fatores acima resultará na visão de um quadro harmonioso 8 A Aspectos que devem ser considerados no Estudo do Ambiente Lumínico a Levantamento físico detalhado do espaço a ser trabalhado b Pesquisar largura comprimento pé direito layout cores texturas materiais material do rebaixo se houver profundidade do rebaixo se houver posição de dutos posição de vigas posição de colunas posição da alimentação disponível carga e tensão e posição dos comandos ou seções disponíveis interruptores independentes c Estudar ventilação ou refrigeração carga térmica de outros equipamentos horário de utilização e aproveitamento da iluminação natural Observação as atividades que este espaço abrigará deverão ser também conhecidas assim como as características de seus futuros usuários d Características do usuário idade do usuário tipo de atividade prioridade da atividade e prioridades do usuário B Especificação da lâmpada e da luminária Seguir os seguintes procedimentos Para a escolha da lâmpada avalie todas as características da lâmpada que sejam adequadas ao espaço à atividade e ao efeito pretendido a Parâmetros temperatura de trabalho dimensões fluxo luminoso temperatura de cor tempo de vida e necessidades funcionais reator transformador etc b Escolha da luminária avalie o tipo de instalação embutido plafom arandela etc curvas fotométricas adequação funcional e adequação estética 212 Efeitos da Luz A luz se torna visível aos nossos olhos quando refletida em uma superfície O efeito produzido por esta reflexão varia em função das características da lâmpada utilizada da luminária e de sua posição em relação a essa superfície 9 O conceito de um projeto de iluminação só nasce a partir da definição dos climas que queremos dar aos ambientes Principais efeitos ou tipos de iluminação a Luz de enchimento Tem a finalidade de preencher todo o espaço de luz de forma abrangente e difusa proporcionando um resultado bastante uniforme É o pano de fundo para receber as luzes de destaque que devem prevalecer sobre a luz de enchimento b Luz chapada É a luz jogada uniformemente em uma área de maneira intensa e abrangente c Luz de marcação Define o limite de um espaço eou ambientação Exemplo uma fileira de plafons de embutir entre dois ambientes ajuda a definir a divisão entre eles d Luz direta É a luz direcionada para um objetivo independente de reflexão de outra superfície e Luz pontual ou de destaque Produzida a partir de um equipamento de iluminação ou de uma lâmpada refletora que em função de suas características produz um cone de luz bem definido e restrito à área de interesse Seu uso é conveniente quando se quer destacar algum ponto específico f Luz dramática Utilizada para definir o resultado de um conjunto de luzes pontuais que atuam juntas produzindo zonas de claros e escuros que acentuam de forma muito marcante detalhes do espaço iluminado g Luz indireta ou rebatida É o resultado de uma luz projetada em uma superfície que a rebate para a área de interesse É muito comum se utilizar esta solução quando se quer uma luz 10 macia sem uma origem muito definida As sombras ficam atenuadas e reduzem reflexos indesejáveis em telas de vídeo por exemplo h Luz recortada Recortar a luz é o mesmo que delimitar definir com exatidão onde ela deve parar Só é possível quando se usa um equipamento dotado de conjunto ótico e facas ou aletas reguláveis 213 Grandezas Fundamentais da Luminotécnica Devese ter conhecimento das grandezas fundamentais baseadas nas definições da ABNT vocabulário de termos de iluminação e NBR5413 2131 Luz CREDER 1986 define a luz como o aspecto da energia radiante que um observador humano constata pela sensação visual determinada pelo estímulo da retina ocular SOARES 1991 diz que os órgãos dos sentidos são os canais que ligam os seres vivos ao ambiente em que vivem Particularmente para o homem são as sensações sonoras luminosas olfativas gustativas e táteis que lhe trazem as informações sobre o mundo A falta de qualquer um dos órgãos dos sentidos causa prejuízo ao homem pois para ele o mundo se apresenta incompleto Entretanto a falta da visão é a mais sentida porque é através dos olhos que se recebe a maior quantidade de informações As sensações visuais são produzidas quando a luz que vem dos objetos atinge nossos olhos Portanto a luz é o agente da visão isto é vemos um corpo porque ele envia luz para nossos olhos Segundo CREDER 1986 a faixa de radiações eletromagnéticas capazes de serem percebidas pelo olho humano se situa entre os comprimentos de onda 3800 a 7600 Angstroms O Angstrom cujo símbolo é Å é o comprimento de onda unitário e igual a dez milionésimos do milímetro 11 2132 Cor SOARES 1991 diz que conseguese explicar a variabilidade das cores quando se considera que a luz é constituída por ondas emitidas pelas fontes luminosas Cada cor corresponde então a ondas de determinada freqüência Para as diferentes ondas luminosas a freqüência costuma ser medida em vibrações por segundo Essa unidade é denominada hertz símbolo Hz em homenagem ao físico alemão Heinrich Rudolf Hertz 18571894 A determinação da freqüência das ondas luminosas é feita através de aparelhos eletrônicos CREDER 1986 e SOARES 1991 referem que a freqüência da luz vermelha é a de maior comprimento de onda visível entre 6400 a 7600 Angstroms e vale 375 trilhões de vibrações por segundo ou 375 trilhões de hertz No outro extremo a luz violeta apresenta a mais alta freqüência 750 trilhões de vibrações por segundo ou 750 trilhões de hertz As outras luzes intermediárias no espectro alaranjada amarela verde azul e anil apresentam freqüências com valores situados entre o da luz vermelha e o da luz violeta ANGSTROMS 3800 4000 5000 5550 6000 7000 7600 VIOLETA AZUL VERDE AMARELO LARANJA VERMELHO FIGURA I Espectro da luz visível em função do comprimento de onda CREDER H 1986 GUIMARÃES 2000 relata que o fisiologista inglês Thomas Young 1783 1829 determinou em 1802 com base na idéia da redução das cores três tipos de receptores em nossa retina vermelho amarelo e azul O fisiologista alemão Hermann Ludwig vol Helmholtz 18211894 por sua vez em 1852 determinou três espécies de fibrilas nervosas na retina a primeira estimulada principalmente pelas 12 ondas longas vermelho a segunda pelas ondas médias verde e a terceira pelas ondas curtas azulvioleta Com as experiências de James Clerk Maxwel em 1861 usando filtros vermelho verde e violeta comprovouse a síntese aditiva da percepção visual Para GUYTON 1993 a cor é inicialmente detectada por meio dos contrastes de cores Atuam nessa análise um processamento seriado das células simples às mais complexas no qual vão sendo decifrados progressivamente mais detalhes e um processamento paralelo das diversas informações da imagem em diversas localizações cerebrais É a combinação de ambos os tipos destas análises que proporciona a interpretação completa de uma cena visual 214 Intensidade Luminosa CREDER 1986 define como intensidade luminosa na direção perpendicular de uma superfície plana de área igual a 1600000 metros quadrados de um corpo negro à temperatura de solidificação da platina e sob a pressão de 101325 newtons por metro quadrado GUIMARÃES 2000 afirma que o olho tem alguns instrumentos para compensar a diferença de luminosidade ambiente e manter a boa recepção da informação Esse controle é realizado pela íris Quando a luz é insuficiente os músculos da íris se contraem alargando a pupila e quando a luz é mais forte distendemse restringindo o seu diâmetro variando a entrada da luz em até 30 vezes Assim se explica por que as imagens com maior iluminação exigem menos esforço da visão do que imagens com baixa iluminação E menor esforço significa naturalmente mais prazer 215 Iluminamento CREDER 1986 define que para a obtenção do nível de iluminamento de um local devese observar a utilização do mesmo Esses valores são orientativos pois variam bastante com as normas técnicas regionais Também a idade média dos 13 ocupantes de um recinto influenciará a determinação de seu nível de iluminamento MOREIRA 1983 observou pesquisa de Weston e Fortuin que verificaram que se um homem de quarenta anos realiza uma tarefa de leitura com 200 lux uma criança só necessita de 30 desse iluminamento um jovem de 20 anos de 50 e um homem de 60 anos de 500 de seu valor básico 2151 Escolha da Luminária Segundo CREDER 1986 a escolha da luminária depende de diversos fatores objetivo da instalação comercial industrial domiciliar etc fatores econômicos razões da decoração facilidade de manutenção etc Sendo a iluminação parte de um projeto global devese harmonizar com o mesmo Ela define em muitos casos as características de um ambiente se ele é alegre ou circunspecto frio ou quente comercial ou íntimo Deverá também acentuar suas qualidades valorizandoas ao máximo Em suma ao se projetar a iluminação de um ambiente não se deve levar em conta unicamente os aspectos quantitativos mas também os qualitativos de modo a criar uma iluminação que responda a todos os quesitos que o usuário exige do espaço iluminado 216 Avaliação Qualitativa das Lâmpadas É comum em iluminação de acordo com CREDER 1986 confundir qualidade com quantidade Para avaliar a qualidade de uma lâmpada devese observar quatro características básicas índice de reprodução de cor IRC eficiência temperatura de cor e curva espectral 2161 Índice de reprodução de cores IRC CREDER 1986 diz que as lâmpadas apresentam características de reprodução de cor muito variadas A expressão qualidade de luz muitas vezes é 14 relacionada a esta característica O IRC é uma escala percentual que indica o nível de distinção das cores iluminadas em uma determinada superfície padrão OBS A avaliação acima não tem relação com a brancura da luz A forma correta para determinar a tonalidade de uma luz é através da temperatura de cor A tabela III nos indica os índices de reprodução de cores mínimos recomendados dos diversos tipos de lâmpadas Reprodução de cores desejada Índice Temperatura da cor K Exemplos de recintos 6 000 a 7 500 Indústrias têxtil de tintas e gráfica Excelente 80 4 000 Museu indústria gráfica terapia médica 4 000 Escritórios lojas Boa 80 3 000 Salas de reunião residências Razoável 80 Corredores escadas trabalho mais pesado Nenhuma Iluminação pública TABELA III Índice de reprodução de cores Ref MOREIRA 1987 2162 Eficiência Para CREDER 1986 eficiência é a relação entre a potência ou consumo e o fluxo luminoso ou quantidade de luz emitido por uma lâmpada É bom salientar que a eficiência de uma lâmpada embora seja muito importante não é suficiente para determinar sua superioridade sobre outra em uma determinada aplicação 15 FIGURA II STANDARD 150W 2000 LUMENS FIGURA III POWERSTAR HQIT 150W 12000 LUMENS Assim temos eficiência fluxo luminosopotência ou k lmw Fonte CREDER 1986 2163 Temperatura da cor Esta forma de avaliação segundo CREDER 1986 foi determinada a partir da comparação da cor da luz emitida por um corpo sólido negro e de sua temperatura em graus Kelvin Ou seja aplicouse calor neste corpo sólido que em determinado momento começou a emitir uma cor laranja amarelada Medindose sua temperatura t encontrouse 2000 graus Kelvin k Aplicandose mais calor chegou se a uma variação desta cor na direção do branco azulado atingindo temperatura t na faixa dos 6000 graus Kelvin k Após esta medição fazse uma comparação associativa com as diversas lâmpadas e é instituída em caso de semelhança na cor a temperatura correspondente Quanto mais baixa for a temperatura de cor mais avermelhada será 16 a luz e quanto mais alta for a temperatura de cor mais azulada será a luz Atenção É importante não confundir temperatura de cor da luz com temperatura de trabalho da lâmpada A lâmpada fluorescente luz do dia de 40W tem por exemplo apresenta temperatura de funcionamento de aproximadamente 35ºC e temperatura de cor de aproximadamente 5000ºK 2164 Curva espectral Neste processo de avaliação segundo CREDER 1986 cada uma das cores que compõem uma determinada luz é considerada através da medição específica da intensidade de cada uma das cores de uma determinada fonte luminosa determinase um gráfico que chamamos de curva espectral Desta forma é possível escolher a lâmpada que melhor destaque uma determinada cor ou um determinado conjunto de cores 217 Tipos de Luminárias Serão analisadas as lâmpadas fluorescentes as quais são comumente usadas em praticamente todos os consultórios odontológicos TIPO POTÊNCIA watts FLUXO LUMINOSO Trimline T8 Bulbo T8 32 2950 WattMiser Bulbo T12 34 2850 Staybright XL WattMiser Bulbo T12 34 2975 Convencional Bulbo T8 30 1850 Convencional Special Bulbo T12 20 875 TABELA IV Lâmpadas Fluorescentes potência e fluxo luminoso Fonte CREDER 1986 17 218 Formas de Iluminação para Consultório Odontológico SAQUY 1994 sugere como deve ser iluminado corretamente um consultório odontológico Discutem a forma correta de iluminação e que o profissional de odontologia adquira conhecimentos básicos das regras de iluminação para colaborar na concepção de um ambiente de trabalho que se coadune à terapia dos pacientes Enfatizam os locais dentro de um consultório odontológico com funções diferentes sala de recepção sala de consulta e sala de tratamento que devem ter iluminação diferenciada por serem ambientes diferentes Chegaram à seguinte conclusão a Se o ambiente não dispõe de luz natural ou só é utilizado durante a noite devese utilizar lâmpadas fluorescentes do tipo quente com excelente reprodução de cores b Se o ambiente é servido com pouca quantidade de luz natural uma pequena janela ou clarabóia utilizar lâmpadas fluorescentes do tipo fria com boa reprodução de cores c Se o ambiente dispõe de luz natural abundante uma grande janela ou área aberta utilizar como complemento de luz lâmpadas fluorescentes do tipo que acompanham a luz natural com boa ou excelente reprodução de cores 22 ERGONOMIA Após a leitura de SANTOS FIALHO 1997 WISNER 1987 e IDA 1992 chegouse a um apanhado de conhecimentos gerais de Ergonomia Assim sendo a ergonomia é por definição a adaptação do trabalho ao homem Constituise num arcabouço de disciplinas voltadas à estruturação dos conhecimentos sobre o homem e a dinâmica de seu trabalho A Ergonomia é considerada como uma ciência por ser geradora de conhecimentos e como tecnologia por seu caráter aplicativo de transformação Apesar das divergências conceituais alguns aspectos são comuns às várias definições existentes 18 a a aplicação dos estudos ergonômicos b a natureza multidisciplinar o uso de conhecimentos de várias disciplinas c o fundamento nas ciências d o objeto a concepção do trabalho No período pósadministração científica o trabalho tem apresentado grande tendência à prescrição conseqüência da separação que esta forma de organizar propõe Ao mesmo tempo em que a separação do trabalho retira dos trabalhadores o conhecimento sobre a transformação de materiais passando estes a ser apenas realizadores de tarefas prescritas e de baixo conteúdo cognitivo está sofrendo este trabalho um grande isolamento do ambiente social onde acontece Sobre o trabalho de uma maneira geral atuam várias condicionantes tecnológicas pessoais e ambientais A ergonomia pelo seu caráter multidisciplinar e antropocêntrico apresenta condições de coordenar os efeitos dessas diversas condicionantes sobre um projeto de trabalho A ergonomia está preocupada com os aspectos humanos do trabalho em qualquer situação onde este é realizado Em qualquer situação onde existe o trabalho humano a ergonomia encontra campo para aplicar seus conhecimentos colhidos das diversas disciplinas que a apóiam e fornecem o embasamento que permite sua intervenção com o fim de modificar a situação de trabalho em prol do homem A incorporação da ergonomia no projeto e gerenciamento das organizações é fundamental para que esta possa atingir seus objetivos de adequação e adaptação do trabalho ao homem e para que o trabalho nas organizações seja então realizado de forma mais satisfatória segura e eficiente Desta forma é fundamental que o trabalho incorpore o conceito ergonômico e assim seja possível obter níveis de qualidade de vida no trabalho satisfatórios a toda a sociedade 19 A ergonomia evoluiu dos esforços do homem em adaptar ferramentas armas e utensílios às suas necessidades e características Porém é a partir da Revolução Industrial que propiciou o surgimento da fábrica e a intensificação do trabalho que a ergonomia vai encontrar sua maior aplicação A posição e o papel da ergonomia têm mudado ao longo dos anos na medida em que os sistemas ganham maior complexidade Hoje é mais comum o ergonomista estar mais envolvido em uma larga faixa de objetivos organizacionais incluindo desde o projeto de operações até o treinamento de pessoal A ergonomia por seu caráter antropocêntrico tem seus princípios voltados para os homens destacando a antropocentricidade da ergonomia o homem no centro dos interesses de seus princípios e fazendo base neste destaque e nas experiências práticas mencionadas podese afirmar que os ambientes que tiverem alastrado o conhecimento dos princípios ergonômicos junto ao seu corpo de trabalhadores apresentarão melhores condições para que ali se processe uma gestão com melhor qualidade de vida no trabalho e conseqüentemente maior produtividade Esta posição de certa forma apresenta o caráter participativo que deve ter a ergonomia para que seja praticada na plenitude de seus conceitos Por isso a ergonomia é participativa na essência Isto é a eficiência da aplicação de seus conceitos só acontecerá se houver um ambiente participativo Por outro lado também se percebe que o desejo ou a necessidade de ser promovida a implantação de conceitos ergonômicos em um ambiente pode proporcionar características participativas a este ambiente 221 Histórico da Ergonomia Segundo Schruber 2000 o termo Ergonomia foi usado pela primeira vez em 1857 pelo polonês W Jastrezebowski que publicou um artigo intitulado Ensaio de Ergonomia ou Ciência do trabalho baseada nas leis objetivas da ciência da natureza 20 Quase 100 anos mais tarde em 1949 um engenheiro inglês chamado Murrel criou na Inglaterra a primeira Sociedade Nacional de Ergonomia a Ergonomic Research Society Posteriormente a ergonomia desenvolveuse em outros países industrializados como França EUA Alemanha Japão e países escandinavos Em 1959 foi fundada a International Ergonomics Association Em 1955 é publicada a obra Análise do Trabalho de Obredane Faverge que se torna decisiva para a evolução da metodologia ergonômica Nesta publicação é apresentada de forma clara a importância da observação das situações reais de trabalho para a melhoria dos meios métodos e ambiente do trabalho O surgimento da ergonomia decorreu da verificação da existência da incompatibilidade entre uma máquina e o seu operador Os primeiros estudos sobre o homem e a atividade profissional foram realizados por engenheiros médicos do trabalho e pesquisadores Os engenheiros procuravam melhorar o desempenho do homem no trabalho Os médicos do trabalho procuravam estabelecer uma proteção à saúde dos trabalhadores e os pesquisadores buscavam compreender o funcionamento do homem em atividade de trabalho Neste pouco tempo que nos separa de seu surgimento a ergonomia teve um grande crescimento Em geral sua utilização está vinculada à busca de maior conforto do trabalhador na realização de suas tarefas A ergonomia no Brasil começou a ser evocada na USP nos anos 60 pelo Prof Sergio Penna Khel que encorajou Itiro Iida a desenvolver a primeira tese brasileira em Ergonomia a Ergonomia do Manejo Também na USP Ribeirão Preto Paul Stephaneek introduzia o tema na Psicologia Nesta época no Rio de Janeiro o Prof Alberto Mibielli de Carvalho apresentava Ergonomia aos estudantes de Medicina das duas faculdades mais importantes do Rio a Nacional UFRJ e a Ciências Médicas UEG depois UERJ O Prof Franco Seminério falava desta disciplina com seu refinado estilo aos estudantes de Psicologia da UFRJ O maior impulso se deu na COPPE no início dos anos 70 com a vinda do Prof Itiro Iida para o Programa de Engenharia de Produção com escala na ESDIRJ Além dos cursos de mestrado e graduação Itiro organizou com Colin Palmer um curso que deu origem ao primeiro livro de Ergonomia editado em português 21 222 Definições A ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho equipamento e ambiente e particularmente à aplicação dos conhecimentos de anatomia fisiologia e psicologia na solução surgida nesse relacionamento Ergonomics Research Society É o estudo da adaptação do trabalho às características fisiológicas e psicológicas do ser humano ABERGO A e r g o n o m i a é o c o n j u n t o d e c o n h e c i m e n t o s c i e n t í f i c o s r e l a t i v o s a o h o m e m e n e c e s s á r i o s p a r a a c o n c e p ç ã o d e f e r r a m e n t a s m á q u i n a s e d i s p o s i t i v o s q u e p o s s a m s e r u t i l i z a d o s c o m o m á x i m o d e c o n f o r t o s e g u r a n ç a e e f i c á c i a A e r g o n o m i a c o n s t i t u i u m a p a r t e i m p o r t a n t e m a s n ã o e x c l u s i v a d a m e l h o r i a d a s c o n d i ç õ e s d e t r a b a l h o e m s e u s e n t i d o r e s t r i t o A l é m d i s s o c o n s i d e r a o s d a d o s s o c i o l ó g i c o s e p s i c o s s o c i o l ó g i c o s q u e s e t r a d u z e m n o c o n t e ú d o e n a o r g a n i z a ç ã o g e r a l d a a t i v i d a d e d e t r a b a l h o W I S N E R 1 9 6 7 A u t i l i z a ç ã o d o s c o n h e c i m e n t o s e m e r g o n o m i a e s t á l i g a d a a o s o b j e t i v o s d a s e m p r e s a s d a s p o p u l a ç õ e s q u e a s c o m p õ e m e d a s o c i e d a d e o n d e e s t ã o s i t u a d a s E s s e s c o n h e c i m e n t o s p o d e m s e r v i r t a n t o p a r a a u m e n t a r a e f i c á c i a d o s i s t e m a d e p r o d u ç ã o c o m o p a r a d i m i n u i r a c a r g a d e t r a b a l h o d o o p e r a d o r O s o b j e t i v o s n ã o s ã o p o r n a t u r e z a s e m p r e c o n t r a d i t ó r i o s E n t r e t a n t o é f r e q ü e n t e c o n s t a t a r q u e a m e l h o r i a d e u m p o s t o d e t r a b a l h o f e i t a a p a r t i r d e d a d o s e r g o n ô m i c o s n ã o é s i m u l t a n e a m e n t e a c o m p a n h a d a d e u m a a t e n u a ç ã o d a c a r g a d e t r a b a l h o p a r a o t r a b a l h a d o r L A V I L L E 1 9 7 3 É a aplicação das ciências biológicas juntamente com as ciências da engenharia para lograr um ótimo ajustamento do homem e seu trabalho e assegurar simultaneamente eficiência e bemestar Organização Internacional do Trabalho OIT 1960 A e r g o n o m i a d i a g n o s t i c a o q u e p o d e s e r m e l h o r a d o n o a m b i e n t e d e t r a b a l h o O s e s t u d o s p o s s i b i l i t a m o b s e r v a r s e o m o b i l i á r i o o s e q u i p a m e n t o s a s m á q u i n a s a s f e r r a m e n t a s e o s i n s t r u m e n t o s e s t ã o d e a c o r d o c o m a s f u n ç õ e s d o t r a b a l h a d o r s e o s t e m p o s d i s p o n í v e i s p a r a e x e r c e r s u a s t a r e f a s s ã o s u f i c i e n t e s E n f i m d á u m a v i s ã o g e r a l d o a m b i e n t e d e t e c t a a s f a l h a s e p r o p õ e a s m u d a n ç a s c o m p a t í v e i s L e d a F e r r e i r a F U N D A C E N T R O 22 A Ergonomia é a tecnologia das comunicações homemmáquina MONTMOLLIN 1971 A E r g o n o m i a é u m a c i ê n c i a i n t e r d i s c i p l i n a r E l a c o m p r e e n d e a f i s i o l o g i a e a p s i c o l o g i a d o t r a b a l h o b e m c o m o a a n t r o p o m e t r i a é a s o c i e d a d e n o t r a b a l h o O o b j e t i v o p r á t i c o d a E r g o n o m i a é a a d a p t a ç ã o d o p o s t o d e t r a b a l h o d o s i n s t r u m e n t o s d a s m á q u i n a s d o s h o r á r i o s d o m e i o a m b i e n t e à s e x i g ê n c i a s d o h o m e m A r e a l i z a ç ã o d e t a i s o b j e t i v o s a o n í v e l i n d u s t r i a l p r o p i c i a u m a f a c i l i d a d e d o t r a b a l h o e u m r e n d i m e n t o d o e s f o r ç o h u m a n o G R A N D J E A N 1 9 6 8 A Ergonomia é uma tecnologia e não uma ciência cujo objeto é a organização dos sistemas homensmáquina LEPLAT 1972 A Ergonomia pode ser definida como o estudo científico das relações entre o homem e o seu ambiente de trabalho MURREL 1965 A Ergonomia reúne os conhecimentos da fisiologia da psicologia e das ciências vizinhas aplicadas ao trabalho humano na perspectiva de uma melhor adaptação ao homem dos métodos meios e ambientes de trabalho SELF 223 Tipos de Ergonomia Ainda Schruber 2000 discorre sobre os tipos de Ergonomia como Ergonomia de concepção permite agir precocemente sobre uma máquina local de trabalho e até mesmo sobre uma fábrica inteira na definição de como serão implantados os sistemas de modo a melhorar o ambiente de trabalho para o trabalhador Ergonomia de correção corresponde diretamente às anomalias que se traduzem por problemas de segurança e no conforto do trabalhador ou na insuficiência da produção em qualidade e em quantidade 23 224 Objetivos da Ergonomia FONSECA 1995 diz que o objetivo principal dos trabalhos nesta área é transferir tecnologia para a sociedade através da capacitação profissional e da prestação de serviços em ergonomia Ergonomia é o estudo anatômico fisiológico e psicológico do homem no seu ambiente Esta ciência procura estabelecer uma melhor relação entre o homem e o ambiente de trabalho Ela não é apenas um estudo físico do ambiente de trabalho do homem mas também um estudo psicológico ou seja aspectos como cansaço mental ou perturbações mentais também são estudados Dentre seus principais objetivos podemos destacar a Adequação do trabalho às capacidades naturais do homem pela organização de métodos e construção de máquinas e equipamentos que se aderem às características de cada pessoa exigência técnica b Aumentar a eficiência do trabalhador ao longo do tempo pois trabalhador doente não gera lucro e sim prejuízo exigência econômica c Prevenção de acidentes e doenças profissionais doenças músculo esqueléticas exigência social d Redução da fadiga e desconforto físico e mental do trabalhador Todos estes objetivos têm a função de proporcionar um aumento da produtividade procurando não ultrapassar as capacidades do ser humano A atuação em ergonomia é basicamente multiprofissional uma vez que os conhecimentos necessários para projetar eou transformar uma situação de trabalho ou um produto são oriundos de diversos campos da ciência Nesta equipe há ergonomistas engenheiros médicos psicólogos sociólogos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais Esta área tem desenvolvido trabalhos especialmente em Trabalho com sistemas informatizados no setor de serviços Ergonomia e projeto do trabalho 24 Ergonomia na Informática Saúde do trabalhador Ergonomia de produto Fonseca 1995 também aponta para novas áreas de atuação Seja quanto à expansão vertical do sistema homemtarefamáquina ao sistema homenstarefasmáquinas ou homenshomens da estação de trabalho à fabrica à organização de trabalho e à organização como um todo Seja quanto às formas de atuação quando se busca uma participação mais efetiva do usuário operador trabalhador consumidor Seja no que se refere ao objeto de trabalho o estudo das comunicações dos homens com computadores sobre diálogo entre o homem e a máquina através de hipertextos e softwares O procedimento ergonômico é orientado pela perspectiva de transformação da realidade cujos resultados obtidos dependerão em grande parte da necessidade da mudança Mesmo que o objetivo possa ser diferente de acordo com a especialização de cada pesquisador o objeto do estudo não pode ser definido a priori pois sua construção depende do objetivo da transformação Em ergonomia o objeto sobre o qual se pretende produzir conhecimentos deve ser construído por um processo de decomposiçãorecomposição da atividade complexa do trabalho que é analisada e que deve ser transformada O objetivo é ocultar o mínimo possível a complexidade do trabalho real Quanto mais a ergonomia aprofunda o seu questionamento sobre a realidade mais ela é interpelada por ela mesma 225 Métodos e Técnicas No site wwwergonomiacombr encontramos o artigo sobre os métodos e técnicas utilizados pela Ergonomia 25 A Ergonomia utiliza métodos e técnicas científicas para observar o trabalho humano A estratégia utilizada pela Ergonomia para apreender a complexidade do trabalho é decompor a atividade em indicadores observáveis postura exploração visual deslocamento A partir dos resultados iniciais obtidos e validados com os operadores chega se a uma síntese que permite explicar a interrelação de vários condicionantes à situação de trabalho Como em todo processo científico de investigação a espinha dorsal de uma intervenção ergonômica é a formulação de hipóteses Segundo LEPLAT 1998 o pesquisador trabalha em geral a partir de uma hipótese é isso que lhe permite ordenar os fatos São as hipóteses que darão o status científico aos métodos de observação nas atividades do homem no trabalho A organização das observações em uma situação real de trabalho é feita em função das hipóteses que guiam a análise mas também segundo GUERIN 1991 em função das imposições práticas ou das facilidades de cada situação de trabalho Os comportamentos manifestos do homem são freqüentemente observáveis pelos ergonomistas Os deslocamentos dos operadores por exemplo podem ser registrados a partir do acompanhamento dos percursos realizados pelo operador em sua jornada de trabalho O registro do deslocamento pode explicar a importância de outras áreas de trabalho e zonas adjacentes Em uma sala de tratamento de um consultório odontológico o deslocamento do CirurgiãoDentista até a mesa de operação está relacionado à exploração de certas informações visuais que são fundamentais para o controle de processo Podese agrupar as técnicas utilizadas em Ergonomia em técnicas objetivas e subjetivas 1 Técnicas objetivas ou diretas Registro das atividades ao longo de um período por exemplo através de um registro em vídeo Essas técnicas impõem uma etapa importante de tratamento de dados A observação é o método mais utilizado em Ergonomia pois permite abordar de maneira global a atividade no trabalho A partir da estruturação das grandes classes de problemas a serem observados o Ergonomista dirige suas observações e faz uma filtragem seletiva das informações disponíveis Observação assistida inicialmente considerase uma ficha de observação construída a partir de uma primeira fase de observação aberta A utilização de uma ficha de registro permite tratar estatisticamente os dados recolhidos as frequências de utilização as transições entre atividades a evolução temporal das atividades Em um segundo nível utilizamse os meios automáticos de registro áudio e vídeo O registro em vídeo é interessante à medida que libera o pesquisador da tomada incessante de dados que são inevitavelmente incompletos e permite a fusão entre os comportamentos verbais posturais e outros O vídeo pode ser um elemento importante na análise do trabalho mas os registros devem poder ser sempre explicados pelos resultados da observação paralela dos pesquisadores Os registros em vídeo permitem recuperar inúmeras informações interessantes nos processos de validação dos dados pelos operadores Essa técnica entretanto está relacionada a uma etapa importante de tratamento de dados assim como de toda preparação inicial para a coleta de dados ambientação dos operadores e uma filtragem dos períodos observáveis e dos operadores que participarão dos registros Alguns indicadores podem ser observados para melhor estudo da situação de trabalho postura exploração visual deslocamentos etc Direção do olhar A posição da cabeça e orientação dos olhos do indivíduo permitem inferir para onde este está olhando O registro da direção do olhar é amplamente utilizado em Ergonomia para apreciação das fontes de informações usadas pelos operadores As observações da direção do olhar podem servir como indicador da solicitação visual da tarefa Posturas As posturas constituem um reflexo de uma série de imposições da atividade a ser realizada A postura é um suporte à atividade gestual do trabalho e às informações obtidas visualmente Ela é influenciada pelas características antropométricas do operador e características formais e dimensionais dos postos de trabalho No trabalho em salas cirúrgicas de um consultório odontológico a postura é condicionada à oscilação do volume de trabalho A alternância postural servirá como escape à monotonia e reduzirá a fadiga do operador Em períodos perturbados a postura será condicionada pela exploração visual que passa a ser o pivô da atividade Estudo de traços A análise é centralizada no resultado da atividade e não mais na própria atividade Ela permite confrontar os resultados técnicos esperados e os resultados reais Os dados levantados em diferentes fases do trabalho podem dar indicação sobre os custos humanos no trabalho entretanto não conseguem explicar o processo cognitivo necessário à execução da atividade O estudo de traços pode ser considerado como complemento e é usado com frequência nas primeiras fases da análise do trabalho O estudo de traços pode ser fundamental no quadro metodológico para análise dos erros 2 Técnicas subjetivas ou indiretas Técnicas que tratam do discurso do operador são os questionários os checklists e as entrevistas Esse tipo de coleta de dados pode levar a distorções da situação real de trabalho se considerada uma apreciação subjetiva Entretanto tais dados podem fornecer uma gama de dados que favoreçam uma análise preliminar Devese considerar que essas técnicas são aplicadas segundo um plano preestabelecido de intervenção em campo com um dimensionamento da amostra a ser considerado em função dos problemas abordados Questionário O questionário é pouco utilizado em Ergonomia pois requer um número importante de operadores Contudo em um grupo restrito de pessoas pode ser aplicado para hierarquizar um certo número de questões a serem tratadas em uma análise aprofundada As respostas dos questionários podem contribuir para uma classificação de tarefas e de postos de trabalho O questionário entretanto deve respeitar a amostra e as probabilidades de aplicação Devese ressaltar que com o questionário se obtém as opiniões as atitudes em relação aos objetos as quais não permitem acesso ao comportamento real Segundo PAVARD VLADIS 1985 o questionário é um método fácil e se presta ao tratamento estatístico e se corretamente utilizado permite coletar um certo número de informações pertinentes para o Ergonomista Tabelas de avaliação Esse tipo de tabela permite que os próprios operadores avaliem o sistema que utilizam O objetivo é apontar os pontos fracos e os fortes do caso No caso de avaliação de programas uma tabela de avaliação deve cobrir os aspectos funcionais e conversacionais Entrevistas e verbalizações provocadas A consideração do discurso do operador é uma fonte de dados indispensável à Ergonomia A linguagem segundo MONTMOLLIN 1984 é a expressão direta dos processos cognitivos utilizados pelo operador para realizar uma tarefa A entrevista pode ser consecutiva à realização da tarefa pedese ao operador para explicar o que ele faz como ele faz e por quê Entrevistas e verbalizações simultâneas As entrevistas podem ser realizadas simultaneamente à observação dos operadores trabalhando em situação real ou em simulação A análise se concentra nas questões sobre a natureza dos dados levantados sobre as razões que motivaram certas decisões e sobre as estratégias utilizadas 29 Desta maneira o Ergonomista revela a significação que os operadores têm do seu próprio comportamento As verbalizações devem ser aplicadas com cuidado e de maneira a não alterar a atividade real de trabalho 23 IMPORTÂNCIA DOS PROJETOS DE ILUMINAÇÃO PARA OS ESTUDOS ERGONÔMICOS 231 Ergonomia FALZON 1996 descreve no capítulo Os Objetivos da Ergonomia que a maioria das definições de ergonomia colocam em questão dois objetivos fundamentais De um lado o conforto e a saúde dos trabalhadores eles se inquietam para evitar os riscos acidentais e ocupacionais e para minimizar a fadiga ligada ao metabolismo do organismo ao trabalho dos músculos e das articulações ao tratamento da informação e à vigilância Do outro lado a eficácia através da qual a organização mede suas diferentes dimensões produtividade e qualidade Esta eficácia é dependente da eficiência humana em conseqüência a ergonomia visa a conceber sistemas adaptados à lógica de utilização dos trabalhadores A idéia central do texto é discutir a pertinência destes dois objetivos ou mais precisamente ampliar sua importância FALZON 1996 considerou primeiramente as relações entre saúde e trabalho posteriormente a questão da eficiência no trabalho e em último lugar as conseqüências destes pontos sobre a atividade do próprio ergonomista sob o ponto de vista de um trabalhador particular 232 Projeto de Iluminação PORTO 1997 mostra um estudo sobre a importância do aproveitamento da luz natural para diminuir custos e obter melhor qualidade de iluminação ao ambiente A escolha de sistemas de iluminação natural de suas orientações e complementos 30 de sombreamento e redirecionamento de fluxo luminoso é um passo determinante na iluminação ambiental Outro aspecto a ser considerado ainda segundo PORTO 1996 é a correta distribuição da cor como um dos fatores de qualidade do quadro visual contribuindo para a melhoria das condições físicas do trabalho e para a adequação do homem à máquina sendo um fator preponderante que pode auxiliar na saúde segurança e bemestar das pessoas que nele trabalham Além do benéfico efeito psicológico devido às boas condições ambientais há uma diminuição no risco de fadiga visual e conseqüente diminuição de trabalhos falhos 233 Caracterização do Trabalho do CirurgiãoDentista LUSVARGHI 1999 publicou uma matéria sobre saúde profissional e com a colaboração do oftalmologista Jaime Roisenblatt alertou a classe dos Cirurgiões Dentistas do risco de trauma ocular O dentista por ter uma profissão detalhista fixa o olhar em um detalhe da boca por um tempo prolongado problema análogo ao do ourives e ao do digitador Conseqüentemente ele pisca menos e fica com os olhos ressecados e ardendo podendo ocorrer espasmos Esse espasmo de acomodação da musculatura ciliar pode se tornar um problema seriíssimo causando lesões nos olhos pode ser classificado como LERDORT embora não esteja incluído na legislação LUSVARGHI 1999 ainda diz que outro aspecto importante é a ação dos raios ultravioleta Existe um componente dentro de muitos focos de luz que permite radiação nessa faixa constituindo enorme fator de risco para o desenvolvimento ou a aceleração de catarata e degeneração macular ponto central da retina A incidência de problemas de mácula é maior em quem se expõe sem proteção adequada A pupila dos olhos claros filtra menos os raios solares e protege menos portanto inspira mais cuidado O míope também é tradicionalmente mais sensível 234 Saúde Ocular dos Odontólogos SIMURRO 2000 publicou uma matéria sobre a Saúde Ocular dos Odontólogos e Auxiliares em que discorre que acidente de trabalho é o acontecimento súbito de regra imprevisível e até certo ponto inesperado determinando uma lesão ou alteração funcional que pode ser momentânea ou definitiva Doença profissional ainda SIMURRO 2000 é o estado patológico que se instala insidiosamente em um ou vários indivíduos que executam uma mesma tarefa no mesmo local ou região de trabalho No que concerne a acidente de trabalho vários são os fatores desencadeantes Material desgastado submetido a forças superiores à sua resistência estrutural Manobras inadequadas efetuadas por profissionais pouco experientes Circulação embaraçosa ou inadequada no espaço mau arejamento e iluminação imprópria do ambiente de trabalho Estes acidentes de trabalho podem acarretar ao globo ocular lesões como Corpo estranho ocular externo Erosões eou úlceras corneanas infectadas ou não Corpo estranho intraocular associado à perfuração do globo ocular Prevenção indireta ambiente de trabalho dotado de dispositivos de proteção arejado bem iluminado amplo e higiênico 235 Iluminação Geral No site httpsescuolcombrsescconvivencialer no texto sobre ergonomia há um trabalho sobre iluminação o qual diz que a iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de forma a evitar ofuscamento reflexos incômodos sombras e 32 contrastes excessivos Os níveis mínimos de iluminamento a serem observados nos locais de trabalho são estabelecidos pela Norma Brasileira Registrada e o Inmetro Dentre as causas de iluminação inadequada está a iluminação excessiva produzida por luz natural em uma sala com grandes janelas e sol 24 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO Segundo RODRIGUES 1994 a Qualidade de Vida no Trabalho Q V T tem sido uma preocupação do homem desde o início de sua existência com outros títulos em outros contextos mas sempre voltada para facilitar ou trazer satisfação e bemestar ao trabalhador na execução de sua tarefa Com a sistematização dos métodos de produção nos séculos XVIII e XIX as preocupações com as condições de trabalho e a influência destas na produção e moral do trabalhador vieram a ser estudadas de forma científica A QVT busca humanizar as relações de trabalho na organização mantendo uma relação estreita com a produtividade e principalmente com a satisfação do trabalhador no seu ambiente de trabalho Constituise ainda em condição de vida no trabalho associada ao bemestar à saúde e à segurança do trabalhador A satisfação no trabalho segundo Vianna 1994 Rodrigues 1994 e Demo 1995 não pode estar isolada da vida da pessoa Rodrigues 199495 admite que a QVT é um ponto vital não só para a realização do homem no trabalho mas também em toda sua existência É no trabalho que o homem passa a maior parte de suas horas úteis do dia e a partir daí cria laços de amizade e expectativas de uma vida melhor com qualidade Khon e Schooler e Sheppard e Herrick citados por Rodrigues 199494 associam as experiências de trabalho e a qualidade perceptível de vida sugerindo que a insatisfação com o trabalho influencia a alienação e insatisfação com os outros domínios da vida A QVT na função de tema de pesquisa e de estudos organizacionais busca humanizar as relações de trabalho como alternativa para rever efeitos negativos do 33 taylorismo como a sistematização não só quanto às tarefas mas também quanto ao trabalhador e ao ambiente de trabalho Para Moraes 1990 o referencial mais remoto é encontrado na década de 30 na Escola de Relações Humanas Já naquela época era a que possuía uma maior identificação com a QVT demonstrada na busca que empreendeu de algumas teorias que enfatizavam os aspectos psicossociais e motivacionais a fim de proporcionar maior bemestar ao trabalhador e sua adaptação à tarefa executada A Escola Comportamental desmembramento da Escola de Relações Humanas através de Herzberg destacase como pioneira da QVT ao propor a teoria dos fatores higiênicos e motivacionais e a abordagem do enriquecimento da tarefa O termo QVT como nova abordagem em administração apareceu na literatura somente no início da década de 50 na Inglaterra com Eric Trist e colaboradores que estudavam um modelo macro para agrupar o trinômio pessoatrabalhoorganização Nessa perspectiva foi desenvolvida uma abordagem sóciotécnica almejando compreender a organização do trabalho a partir da análise e reestruturação da tarefa Na década de 60 o movimento QVT tomou impulso com iniciativas de cientistas líderes sindicais empresários governantes e dirigentes organizacionais na busca de pesquisar melhores formas de realizar o trabalho Seguindo a linha sóciotécnica impulsionada pela perspectiva de uma sociedade progressista a QVT teve como base a saúde a segurança e a satisfação dos trabalhadores Até o final da década de 70 ocorreu uma estagnação no desenvolvimento da QVT e nas preocupações com ela em virtude da alta inflação da crise do petróleo e da competição internacional acirrada pelas novas forças industriais como o Japão Em 1979 a preocupação com a QVT entra numa nova fase induzida pelo fascínio das técnicas de administrar utilizadas pelo Japão como por exemplo o Ciclo de Controle de Qualidade que se disseminou nas organizações do ocidente A partir de então a QVT passa a ser vista como um conceito global como uma forma de enfrentar os problemas de qualidade e produtividade Partese assim do pressuposto que as necessidades e aspirações humanas do trabalhador também fazem parte da responsabilidade social do empregador 34 A década de 80 foi marcada pela idéia de uma maior participação do trabalhador nas decisões das organizações Diante deste fato as organizações sentiramse compelidas a repensar suas condutas e a buscar soluções participativas Nos anos 90 a QVT tornouse foco de programas que estudam a saúde na organização resgatando valores ambientais e humanísticos negligenciados em favor do avanço tecnológico Ressaltase porém a preocupação dos que buscam a QVT de que ela não seja tratada como mais um modismo administrativo mas internacionalizada como processo necessário e conceitualmente considerado pelos gerentes e trabalhadores das organizações Nadler e Lawler 1983 Fernandes 1989 Atualmente a QVT está sendo difundida e desenvolvida em muitos países da Europa além dos Estados Unidos Canadá e México visando atender as necessidades psicossociais dos trabalhadores de forma a elevar seus níveis de satisfação no trabalho Moraes 1990 Fernandes 1996 No Brasil algumas pesquisas nesta área vêm sendo desenvolvidas para ampliar o conhecimento sobre o tema e abrir novas discussões No final da década de 80 os estudos sobre QVT se intensificaram e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EMBRAPA a Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS e a Universidade Federal de Minas Gerais UFMG constituíramse em organizações pioneiras nas pesquisas que vieram contribuir com a comunidade científica Podem ser citados alguns pesquisadores brasileiros que contribuíram construtivamente com o avanço da pesquisa sobre o tema através do desenvolvimento de estudos sobre QVT em organizações das mais variadas áreas Destacamse Quirino e Xavier 1987 Fernandes e Becker 1988 Siqueira e Coleta 1989 Moraes 1990 Macedo 1992 Lima 1994 Rodrigues 1994 Fernandes 1996 e Vieira 1996 O elemento central das pesquisas na área de QVT advém da importância que o trabalho desempenha na vida das pessoas e da constatação de que a forma como o trabalho está estruturado e organizado apresenta um impacto direto sobre o 35 trabalhador podendo leválo à satisfação ou frustração com outros fatores da vida que estão relacionados com a QVT 241 Concepções Sobre o Trabalho CONCEPÇÕES EVOLUTIVAS DA QVT CARACTERÍSTICAS QVT como uma variável 1959 a 1972 Reação do indivíduo ao trabalho Era investigado como melhorar a qualidade de vida no trabalho para o indivíduo QVT como uma abordagem 1969 a 1974 O foco era o indivíduo antes do resultado organizacional mas ao mesmo tempo tendia a trazer melhorias tanto ao empregado como à direção QVT como um método 1972 a 1975 Um conjunto de abordagens métodos ou técnicas para melhorar o ambiente de trabalho e tornar o trabalho mais produtivo e mais satisfatório QVT era visto como sinônimo de grupos autônomos de trabalho enriquecimento de cargo ou desenho de novas plantas com integração social e técnica QVT como um movimento 1975 a 1980 Declaração ideológica sobre a natureza do trabalho e as relações dos trabalhadores com a organização Os termos administração participativa e democracia industrial eram freqüentemente ditos como ideais do movimento de QVT QVT como tudo 1979 a 1982 Como panacéia contra a competição estrangeira problemas de qualidade baixas taxas de produtividade problemas de queixas e outros problemas organizacionais QVT como nada futuro No caso de alguns projetos de QVT fracassarem no futuro não passará apenas de um modismo passageiro TABELA VI Concepção Evolutiva de QVT Fonte Nadier e Lawler 1983 A concepção de trabalho foi evoluindo com a história Passou de uma concepção de sobrevivência em busca de meios para satisfazer as necessidades básicas até o dia de hoje como vital e fundamental para todo ser humano essencial à vida e a própria felicidade É inegável sua importância para o homem 36 pois através dele a pessoa se sente útil à sociedade e à vida Bastos 1995 Silva 1996 Zanelli e Silva 1996 O termo trabalho vem do latim tripalium ou três paus instrumento de tortura para castigar escravos Isto reflete a noção de empenho sacrifício tortura para se atingir determinado objetivo através do trabalho KRAWULSKI 1991 pelo estudo da evolução do conceito de trabalho através da história concluiu que muito lentamente o trabalho vem perdendo esta conotação pois permite ao trabalhador vantagens dificilmente substituíveis no tempo livre como identidade e autoconsciência status e reconhecimento contato com outras pessoas satisfação das necessidades responsabilidade pelo conteúdo de suas atividades e do uso do seu tempo Segundo KANAANE 199519 através do trabalho o homem pode modificar seu meio e modificarse a si mesmo à medida que possa exercer sua capacidade criadora e atuar como copartícipe do processo de construção das relações de trabalho e da comunidade na qual se insere O trabalho exerce um forte potencial motivacional sobre a pessoa a organização e as outras esferas da vida Este potencial motivacional é traduzido fundamentalmente pelo trabalhador gostar do que faz e transformálo em fonte de satisfação e prazer Há também o extremo do trabalho praticado por aquelas pessoas que não trabalham para viver mas vivem para trabalhar São os chamados workaholics expressão americana usada para designar aqueles para quem o trabalho é um vício Há algumas organizações e sociedades onde este vício de trabalhar compulsivamente é aceito como é o caso da sociedade japonesa em que o excesso de dedicação ao trabalho pode levar à morte Karashi Moraes 1994 Silva 1996 Este descompasso em relação ao trabalho e a outras esferas da vida gera sérios problemas aos trabalhadores A excelência nas atividades de trabalho com certeza é de fundamental importância porém a obstinação pelo trabalho como centro de tudo pode comprometer o conceito de equilíbrio Esta obstinação pelo trabalho muitas vezes é estimulada no seio da própria organização como meio de competitividade de assegurar cargos e posições que gerem status e poder 37 MORAES 1992 ressalta que a relação do homem com o trabalho às vezes é conflituosa ao mesmo tempo em que o trabalho é um fardo dá sentido à vida ao mesmo tempo em que ele dá status define a identidade pessoal e o crescimento humano Porém acreditase que de posse do conhecimento desta relação conflituosa com o trabalho o trabalhador possa achar o seu ponto de equilíbrio buscando uma melhor QVT e conseqüentemente um equilíbrio deste com as outras esferas da vida 242 Modelos e Fatores Determinantes de QVT Uma das dificuldades para investigar a qualidade de vida nas organizações reside na diversidade das preferências humanas e diferenças individuais dos valores pessoais e o grau de importância que cada trabalhador dá às suas necessidades implicando provavelmente em denotado custo operacional QUIRINO E XAVIER 1986 Autores clássicos como MASLOW 1954 e HERZBERG 1968 se ocuparam com os fatores motivacionais ligados às necessidades humanas com reflexos no desempenho e na autorealização do indivíduo WALTON 1973 LIPPIT 1978 WESTLEY 1979 BELANGER 1973 WERTHER DAVIS 1983 HACKMAN OLDHAM 1975 entre outros estruturaram modelos que identificam fatores determinantes da QVT nas organizações Operacionalmente os termos do modelo de WALTON 1973 podem ser definidos da seguinte forma 1 Compensação Justa e Adequada categoria que visa a mensurar a Qualidade de Vida no Trabalho em relação à remuneração recebida pelo trabalho realizado desdobrandose em três critérios 38 a Remuneração adequada remuneração necessária para o empregado viver dignamente dentro das necessidades pessoais e dos padrões culturais sociais e econômicos da sociedade em que vive b Eqüidade interna eqüidade na remuneração entre outros membros de uma mesma organização c Eqüidade externa eqüidade na remuneração em relação a outros profissionais no mercado de trabalho 2 Condições de Trabalho categoria que mede a Qualidade de Vida no Trabalho em relação às condições existentes no local de trabalho apresentando os seguintes critérios a Jornada de trabalho número de horas trabalhadas previstas ou não pela legislação e sua relação com as tarefas desempenhadas b Carga de trabalho quantidade de trabalho executado em um turno de trabalho c Ambiente físico local de trabalho e suas condições de bemestar conforto e organização para o desempenho do trabalho d Material e equipamento quantidade e qualidade de material disponível para a execução do trabalho e Ambiente saudável local de trabalho e suas condições de segurança e de saúde em relação aos riscos de injúria ou de doenças f Estresse quantidade percebida de estresse a que o profissional é submetido na sua jornada de trabalho 3 Uso e Desenvolvimento de Capacidades categoria que visa à mensuração da Qualidade de Vida no Trabalho em relação às oportunidades que o empregado tem de aplicar no seu diaadia seu saber e suas aptidões profissionais Entre os critérios destacamse os seguintes a Autonomia medida permitida ao indivíduo de liberdade substancial independência e descrição na programação e execução de seu trabalho 39 b Significado da tarefa relevância da tarefa desempenhada na vida e no trabalho de outras pessoas dentro ou fora da instituição c Identidade da tarefa medida da tarefa na sua integridade e na avaliação do resultado d Variedade da habilidade possibilidade de utilização de uma larga escala de capacidades e de habilidades do indivíduo e Retroinformação informação ao indivíduo acerca da avaliação do seu trabalho como um todo e de suas ações 4 Oportunidade de Crescimento e Segurança categoria que tem por finalidade medir a Qualidade de Vida no Trabalho em relação às oportunidades que a instituição estabelece para o desenvolvimento e o crescimento pessoal de seus empregados e para a segurança do emprego Os critérios que neste trabalho expressam a importância do desenvolvimento e as perspectivas de aplicação são os seguintes a Possibilidade de carreira viabilidade de oportunizar avanços na instituição e na carreira reconhecidos por colegas membros da família comunidade b Crescimento pessoal processo de educação continuada para o desenvolvimento das potencialidades da pessoa e aplicação das mesmas c Segurança de emprego grau de segurança dos empregados quanto à manutenção dos seus empregos 5 Integração Social na Organização categoria que objetiva medir o grau de integração social existente na instituição Fazendo uma adaptação a partir de Walton para este trabalho foram definidos os seguintes critérios a Igualdade de oportunidades grau de ausência de estratificação na organização de trabalho em termos de símbolos de status eou estruturas hierárquicas íngremes e de discriminação quanto à raça sexo credo origens estilos de vida ou aparência b Relacionamento grau de relacionamento marcado por auxílio recíproco apoio sócioemocional abertura interpessoal e respeito às individualidades 40 c Senso comunitário grau do senso de comunidade existente na instituição 6 Constitucionalismo categoria que tem por finalidade medir o grau em que os direitos do empregado são cumpridos na instituição Os critérios dessa categoria são os seguintes a Direitos trabalhistas observância ao cumprimento dos direitos do trabalhador inclusive o acesso à apelação b Privacidade pessoal grau de privacidade que o empregado possui dentro da instituição c Liberdade de expressão forma como o empregado pode expressar seus pontos de vista aos superiores sem medo de represálias d Normas e rotinas maneira como normas e rotinas influenciam o desenvolvimento do trabalho 7 Trabalho e Espaço Total de Vida categoria que objetiva mensurar o equilíbrio entre a vida pessoal do empregado e a vida no trabalho Os critérios são os seguintes a Papel balanceado no trabalho equilíbrio entre jornada de trabalho exigências de carreira viagens e convívio familiar b Horário de entrada e saída do trabalho equilíbrio entre horários de entrada e saída do trabalho e convívio familiar 8 Relevância Social da Vida no Trabalho categoria que visa mensurar a Qualidade de Vida no Trabalho através da percepção do empregado em relação à responsabilidade social da instituição na comunidade à qualidade de prestação dos serviços e ao atendimento a seus empregados Entre os critérios foram destacados os seguintes a Imagem da instituição visão do empregado em reação à sua instituição de trabalho importância para a comunidade orgulho e satisfação pessoais de fazer parte da instituição 41 b Responsabilidade social da instituição percepção do empregado quanto à responsabilidade social da instituição para a comunidade refletida na preocupação de resolver os problemas da comunidade e também de não lhe causar danos c Responsabilidade social pelos serviços percepção do empregado quanto à responsabilidade da instituição com a qualidade dos serviços postos à disposição da comunidade d Responsabilidade social pelos empregados percepção do empregado quanto à sua valorização e participação na instituição a partir da política de Recursos Humanos Sobre este modelo podese sublinhar que embora não se desconheçam a diversidade das preferências e às diferenças individuais ligadas à cultura classe social educação formação e personalidade tais fatores são intervenientes de modo geral na qualidade de vida do trabalho da maioria das pessoas Ou seja quando tais aspectos não são bem gerenciados o nível de satisfação experimentado pelos trabalhadores em geral deixa muito a desejar repercutindo nos níveis de desempenho No modelo de análise de experimentos importantes sobre a qualidade de vida do trabalho WALTON 1973 propõe oito categorias conceituais incluindo critérios de QVT ilustrados na Tabela VII 42 CRITÉRIOS INDICADORES DE QVT COMPENSAÇÃO JUSTA E ADEQUADA Eqüidade interna e externa Justiça na compensação Partilha dos ganhos de produtividade Proporcionalidade entre salários CONDIÇÕES DE TRABALHO Jornada de trabalho razoável Ambiente físico seguro e saudável Ausência de insalubridade USO E DESENVOLVIMENTO DE CAPACIDADES Autonomia Autocontrole relativo Qualidades múltiplas Informações sobre o processo total do trabalho OPORTUNIDADE DE CRESCIMENTO E SEGURANÇA Possibilidade de carreira Crescimento pessoal Perspectiva de avanço salarial Segurança de emprego INTEGRAÇÃO SOCIAL NA ORGANIZAÇÃO Ausência de preconceitos Igualdade Mobilidade Relacionamento Senso comunitário CONSTITUCIONALISMO Direitos de proteção ao trabalhador Privacidade pessoal Liberdade de expressão Tratamento imparcial Direitos trabalhistas O TRABALHO E O ESPAÇO TOTAL DE VIDA Papel balanceado no trabalho Estabilidade de horários Poucas mudanças geográficas Tempo e lazer da família RELEVÂNCIA SOCIAL DO TRABALHO NA VIDA Imagem da empresa Responsabilidade social da empresa Responsabilidade pelos produtos Práticas de emprego TABELA VII Categorias Conceituais de Qualidade de Vida no Trabalho QVT 43 Outro modelo que tem sido apontado pela literatura é o de WESTLEY 1979 segundo o qual a avaliação da qualidade de vida nas organizações pode ser examinada basicamente através de quatro indicadores fundamentais 1 Indicador econômico representado pela eqüidade salarial e eqüidade no tratamento recebido 2 Indicador político representado pelo conceito de segurança no emprego o direito a trabalhar e não ser discriminatoriamente dispensado 3 Indicador psicológico representado pelo conceito de autorealização 4 Indicador sociológico representado pelo conceito de participação ativa em decisões diretamente relacionadas com o processo de trabalho com a forma de executar as tarefas com a distribuição de responsabilidade dentro da equipe A Tabela VIII apresenta o modelo de Westley adaptado por RUSCHEL 1993 De acordo com este autor os problemas políticos trariam a insegurança o econômico a injustiça o psicológico a alienação e o sociológico a anomia Para Westley a insegurança e a injustiça são decorrentes da concentração do poder e da concentração dos lucros e conseqüente exploração dos trabalhadores Já a alienação advém das características desumanas que o trabalho assumiu pela complexidade das organizações levando a uma ausência do significado do trabalho e a anomia uma falta de envolvimento moral com as próprias tarefas INDICADORES DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO ECONÔMICO POLÍTICO PSICOLÓGICO SOCIOLÓGICO Equidade salarial Remuneração adequada Benefícios Local de trabalho Carga horária Ambiente externo Segurança no emprego Atuação sindical Retroinformação Liberdade de expressão Valorização do cargo Relacionamento com a chefia Realização potencial Nível de desafio Desenv Pessoal Desenvolvimento Profissional Criatividade Autoavaliação Variedade de tarefa Ident com tarefa Participação nas decisões Autonomia Relacionameto interpessoal Grau de responsabilidade Valor pessoal TABELA VIII Indicadores da QVT Fonte Westley 1979 adaptado por Rushel 1993 44 Por sua vez LIPPITT 1978 considera que são favoráveis para melhor qualidade de vida no trabalho situações em que se oferece oportunidade para o indivíduo satisfazer a grande variedade de necessidades pessoais ou seja sobreviver com alguma segurança interagir ter um senso pessoal de qualidade ser reconhecido por suas realizações e ter uma oportunidade de melhorar sua habilidade e seu conhecimento Podese sem dúvida aceitar que um modelo de melhoria de qualidade de vida no trabalho construído com base em tais fatoreschave oferece possibilidade de atendimento tanto das necessidades do indivíduo como da organização vindo ao encontro das expectativas dos empregados Citemse ainda WERTHER DAVIS 1983 que estruturaram um modelo no qual especificam elementos organizacionais ambientais e comportamentais como aspectos que influenciam o projeto de cargos em termos de qualidade de vida no trabalho de acordo com a Tabela IX Elementos Organizacionais Elementos Ambientais Elementos Comportamentais Abordagem mecanística Fluxo de trabalho Práticas de trabalho Habilidade e disponibilidades de empregados Expectativas sociais Autonomia Variedade Identidade de tarefa Retroinformação TABELA IX Modelo de Werther Davis Elementos de QVT Fonte Werther Davis 1983 Especificamente os elementos organizacionais do projeto do cargo dizem respeito ao fluxo de trabalho e às práticas de trabalho evitandose uma abordagem mecanicista Os elementos ambientais conforme estes autores não podem ser ignorados pela sua significação nas condições de trabalho envolvendo habilidade e a disponibilidade de empregados e as expectativas sociais A qualidade de vida no trabalho é afetada ainda segundo WERTHER DAVIS 1983 por elementos comportamentais que dizem respeito às necessidades humanas aos modos de comportamentos individuais no ambiente de trabalho que 45 são de alta importância tais como autonomia variedade identidade de tarefa e retroinformação entre outros O modelo de BELANGER 1973 aponta os seguintes aspectos para a análise da qualidade de vida nas organizações como ilustra a Tabela X trabalho em si crescimento pessoal e profissional tarefas com significado e funções e estruturas organizacionais abertas 1 O TRABALHO EM SI Criatividade Variabilidade Autonomia Envolvimento Feedback 2 CRESCIMENTO PESSOAL E PROFISSIONAL Treinamento Oportunidades de crescimento Relacionamento no Trabalho Papéis organizacionais 3 TAREFAS COM SIGNIFICADO Tarefas completas Responsabilidade aumentada Recompensas financeiras nãofinanceiras Enriquecimento 4 FUNÇÕES E ESTRUTURAS ABERTAS Clima de criatividade Transferência de objetivos TABELA X Modelo de Belanger 1973 HACKMAN OLDHAM 1975 propõem um modelo que se apóia em características objetivas do trabalho como mostra a Tabela XI De acordo com tais autores a qualidade de vida no trabalho pode ser avaliada quanto a a dimensões da tarefa identificando seis atributos importantes para a satisfação no trabalho variedade de habilidades identidade da tarefa significado da 46 tarefa interrelacionamento autonomia e feedback do próprio trabalho e extrínseco b estados psicológicos críticos envolvendo a percepção da significância do trabalho da responsabilidade pelos resultados e o conhecimento dos reais resultados do trabalho c resultados pessoais e de trabalho incluindo a satisfação geral e a motivação para o trabalho de alta qualidade bem como o absenteísmo e a rotatividade baixa DIMENSÕES DA TAREFA ESTADOS PSICOLÓGICOS CRÍTICOS RESULTADOS PESSOAIS E DE TRABALHO Satisfação Geral com o trabalho SG Variedade de Habilidades VH Identidade da Tarefa IT Significado da Tarefa ST Percepção da Significância do Trabalho PST Motivação Interna Para o Trabalho MIT Interrelacionamento IR Autonomia AU Percepção da Responsabilidade pelos Resultados PRT Produção de Trabalho De alta qualidade PTQ Feedback do próprio Trabalho FT Feedback Extrínseco FE Conhecimento dos reais Resultados do Trabalho CRT Absenteísmo e Rotatividade baixas TABELA XI Modelo de Dimensões Básicas da Tarefa segundo Hackman Oldham 1975 Fonte Walton 1973 Concordase em última análise com autores como QUIRINO E XAVIER 1987 ao afirmarem que a Qualidade de Vida no Trabalho veio apenas sistematizar e enfatizar pesquisas e estudos sobre a satisfação e a motivação no 47 trabalho Ou seja esta nova abordagem introduziu aos estudos de satisfação e motivação uma nova visão pelo fato de existirem argumentações teóricas mais modernas e coerentes com a realidade entretanto já definidas pelas tradicionais teorias motivacionais Uma pesquisa realizada por tais autores com base em aspectos sugeridos pela literatura em que analisaram 30 fatores que são apontados por se relacionarem com a melhoria da Qualidade de Vida no Trabalho Os resultados de tais estudos indicaram os fatores que revelaram maior representatividade realização do trabalho oportunidade de aprender informação científica para realizar o trabalho equipamentos para o trabalho segurança no emprego e proporções justas na compensação É possível que outras variáveis intervenientes na QVT possam ser agregadas às citadas nos modelos selecionados como por exemplo a participação que é considerada por FERNANDES 1996 como um dos mais importantes elementos comportamentais intervenientes na Qualidade de Vida no Trabalho 243 Produtividade X Qualidade de Vida no Trabalho No início da década de 50 ERIC TRIST iniciou estudos de um modelo que pudesse agrupar indivíduo trabalho organização Esta técnica recebeu o nome de Qualidade de Vida no Trabalho SMITH 1993 fazendo referência a HACKMAN e SUTTLE disse que Qualidade de Vida no Trabalho é o quanto as pessoas na organização estão aptas a satisfazer suas necessidades pessoais importantes através de suas experiências de trabalho e de vida na organização Quando a satisfação é alta o compromisso com os objetivos do grupo e da organização também é alto Referenciando BELCHER SMITH 1993 descreveu um ambiente com alta qualidade de vida no trabalho como aquele onde as pessoas são membros essenciais de uma organização que desafia o espírito humano inspira o desenvolvimento e o crescimento pessoal e faz com que as coisas sejam realizadas Os ambientes de alta qualidade de vida no trabalho apresentam 48 a Input do empregado nas decisões b Participação do empregado na solução de problemas c Compartilhamento de informações d Feedback construtivo e Trabalho em equipe e colaboração f Trabalho desafiador e significativo g Segurança no emprego O caminho da qualidade de vida no trabalho tem sido colocado como a grande esperança das organizações para atingirem altos níveis de produtividade pensando em atender as questões de motivação e satisfação do indivíduo A Qualidade de Vida no Trabalho tem ao longo do tempo apresentado diversas abordagens que refletem muito do interesse do trabalhador em cada momento entendese o grau de bemestar material pelo que dispõe uma pessoa classe social ou comunidade para sustentarse e desfrutar sua existência Portanto o nível de vida de um cidadão está diretamente associado ao que pode adquirir com seus recursos e ao que o Estado pode lhe oferecer Quando se trabalha na dissecação da produtividade percebese que a sua constituição apresenta um conjunto de variáveis sociais Além disso ela mostra também que o seu crescimento proporciona um retorno à sociedade fazendo com que muitas destas variáveis sociais também cresçam Assim fica clara a correspondência entre produtividade e qualidade de vida É biunívoca e diretamente proporcional isto é a qualidade de vida sendo alta os valores para produtividade também são altos baixa qualidade de vida provocará baixos índices de produtividade A Qualidade de Vida no Trabalho é construída internamente a partir de ações sobre as condições e a organização do trabalho e externamente com o melhor atendimento de questões como saúde educação habitação transporte lazer etc As preocupações devem ser para além da qualidade produtiva devese definir prioridades para conquistar a qualidade de vida Os processos participativos 49 se caracterizam como excelentes formas para as práticas administrativas e políticas no estabelecimento de sociedades que tenham preocupações não só baseadas no crescimento material da produção mas prioritariamente considerando os índices humanos 244 O Taylorismo e a Ergonomia Taylorismo é o termo que deriva de Frederick Winslow Taylor 18561915 um engenheiro americano que iniciou no final do século passado o movimento de administração científica do trabalho e se notabilizou pela sua obra Princípios de Administração Científica publicada originalmente em 1912 Taylor defendia que o trabalho deveria ser cientificamente observado de modo que para cada tarefa fosse estabelecido o método correto para executála com um tempo determinado usando as ferramentas corretas Haveria uma divisão de responsabilidades entre os trabalhadores e a gerência da fábrica cabendo a esta determinar os métodos e os tempos de modo que o trabalhador pudesse se concentrar unicamente na sua tarefa produtiva Os trabalhadores deveriam ser controlados medindose a produtividade de cada um e pagandose incentivos salariais àqueles mais produtivos Ele explica dizendo que até o mais simples trabalho como carregamento com uma pá deve ser cuidadosamente estudado de modo a determinar o seu tamanho adequado para cada tipo de material antes se utilizava a mesma pá tanto para carregar o carvão como a cinza e descobrir o melhor método de realizar o trabalho de modo que nada fosse deixado ao livre arbítrio do operário As idéias de Taylor se difundiram rapidamente nos Estados Unidos Em praticamente todas as fábricas foram criados departamentos de análise do trabalho para fazer cronometragens e desenvolver métodos racionais de trabalho e isso provavelmente contribuiu para a grande hegemonia mundial da indústria norteamericana na produção massificada de bens 2441 A Resistência dos Trabalhadores ao Taylorismo Pelo lado dos trabalhadores houve desde o início uma certa resistência à aceitação da cronometragem e dos métodos definidos pela gerência Os 50 trabalhadores achavam que isto os oprimia e reagiram descumprindo regras estabelecidas desregulando máquinas e prejudicando intencionalmente a qualidade Partindo do nível de resistência individual chegase aos movimentos coletivos e sindicais que questionam em menor ou maior grau o poder gerencial dentro das fábricas que lhes determina o que deve ser feito nos mínimos detalhes sem dar lhes a menor satisfação Assim os trabalhadores de certa forma sentemse moralmente desobrigados a seguir estes padrões visto que não participaram de nenhuma etapa de sua elaboração Evidentemente decorrido quase um século a partir das idéias iniciais do taylorismo muita coisa modificouse Os trabalhadores hoje são mais instruídos mais bem informados e mais organizados e não aceitam passivamente as decisões da gerência 2442 A Transformação do Taylorismo O taylorismo surgiu dentro das fábricas através da observação empírica do trabalho Os estudos científicos relacionados com o trabalho continuaram a se desenvolver em laboratórios acumulando conhecimentos sobre a natureza do trabalho humano Esses conhecimentos contribuíram para transformar gradativamente os conceitos tayloristas O taylorismo atribuía a tendência de vadiagem dos trabalhadores e os acidentes de trabalho à negligência dos mesmos Hoje já se sabe que as coisas não são tão simples assim Há uma série de fatores ligados ao projeto de máquinas e equipamentos ao ambiente físico iluminação temperatura ruídos vibrações ao relacionamento humano e a diversos fatores organizacionais que podem ter uma forte influência sobre o desempenho do trabalho humano Outro conceito taylorista cada vez mais questionado é o do homem econômico Segundo ele o homem seria motivado a produzir simplesmente para ganhar dinheiro e então cada trabalhador deveria ser pago de acordo com sua produção Hoje se admite que isso nem sempre é verdadeiro Há de fato certas pessoas que se motivam mais pelo dinheiro Mas estas se incluem entre os 51 trabalhadores de menor renda e aqueles de temperamento individualista que são mal vistos e isolados pelos próprios colegas Outros serão motivados por fatores diversos como a autoestima e o reconhecimento do trabalho que realizam Um psicólogo norteamericano que estudou o comportamento dos trabalhadores convivendo com eles chegou à conclusão de que muitos preferem manter a cabeça erguida que o estômago cheio referindose à questão do dinheiro que nem sempre era considerado o mais importante Portanto estas duas vertentes de um lado a resistência dos próprios trabalhadores e de outro o enriquecimento dos conhecimentos científicos sobre a natureza do trabalho influenciaram a gerência empresarial a rever suas posições Hoje há um respeito maior às necessidades do trabalhador e às normas de grupo e na medida do possível procurase envolver os próprios trabalhadores nas decisões sobre o seu trabalho Uma das conseqüências desta nova postura foi a gradativa eliminação das linhas de montagem em que cada trabalhador deveria realizar tarefas simples e altamente repetitivas definidas pela gerência Essas linhas consideradas até pouco tempo atrás como suprasumo do taylorismo parece que estão condenadas a serem substituídas por equipes menores mais flexíveis chamadas de células de produção Cada célula se encarrega de fazer um produto completo e a distribuição de tarefas de cada trabalhador é feita pelos próprios elementos da equipe Portanto há mais liberdade para cada um escolher as suas tarefas podendo haver rodízios periódicos dentro da equipe para combater a monotonia e fadiga Evidentemente não se trata de cair no extremo oposto do laissezfaire Os controles continuam existindo Mas em vez de se controlar individualmente cada trabalhador eles foram direcionados para os aspectos mais globais da produção e da qualidade Essa mudança trouxe mais liberdade e responsabilidade aos trabalhadores dando maiores oportunidades às manifestações dos talentos de cada um Assim os resultados globais podem ser melhores do que no caso anterior em que todos os detalhes eram rigorosamente controlados 52 245 Eficácia e Trabalho A ergonomia defende desde longo tempo uma visão do trabalhador como criador de seu próprio trabalho É isto o fundamental da distinção entre tarefa e atividade A eficácia no trabalho depende da ação criativa do operador do ajuste do funcionamento da tarefa Mais recentemente novas perspectivas foram acrescentadas a esta visão clássica Os objetivos da eficiência qualidade etc dependem também das contribuições dos próprios trabalhadores esta construção espontânea de novas ferramentas ou saberes é que contribui para a transformação do sistema de produção As atividades metafuncionais são as atividades não diretamente orientadas para a produção imediata que resultam na construção de conhecimentos ou de ferramentas materiais ou cognitivas destinados a uma utilização posterior eventual e visando a facilitar a execução da tarefa ou a melhoria da performance Estas atividades individuais ou coletivas situamse à margem do trabalho vêm se inserir sobre o tempo de trabalho em paralelo à atividade funcional ou no momento da fase de menor carga e são os acontecimentos que se realizam na hora do trabalho que provocam a aparição de atividades metafuncionais Estes dois aspectos conferem um caráter parasitário parasitismo temporal e genético relacionado à atividade Estas atividades metafuncionais são às vezes mais raramente formalizadas e reconhecidas Na maioria das vezes são espontâneas e ignoradas Em certos casos são escondidas e combatidas pela organização Elas são atividades necessárias bem mais sob o ponto de vista do desenvolvimento individual e do interesse do trabalhador do que do ponto de vista da eficiência da qualidade do trabalho A eficácia a qualidade etc são resultantes de uma coprodução operador de um lado organização do trabalho e o ambiente de trabalho do outro Estas atividades metafuncionais devem então ser estimuladas e eventualmente assistidas não sabemos por quanto tempo A ergonomia parte do princípio de que a atividade de trabalho constitui a trama que estrutura preserva e permite a evolução da produção 53 Reconhecendo que em qualquer sistema de produção há sempre uma distância entre trabalho prescrito e trabalho real a ergonomia explora o espaço de autoorganização existente no interior das organizações formais mostra por exemplo como a concepção de produtos se prolonga até a sua utilização Em tudo isso questiona a divisão social do trabalho entre planejadores e executantes buscando na compreensão da atividade de trabalho a chave para desvendar o funcionamento real dos sistemas de produção A abordagem dos sistemas de produção via atividade de trabalho não se limita a afirmar a primazia da prática real dos homens seria esquecer todo o peso estrutural dos processos sociais que operam de forma alienada à vontade dos indivíduos mas procura revelar as contradições que atravessam a produção social cujos produtos negam e obscurecem através de uma racionalidade objetivamente inscrita nas coisas as relações e atividades vivas dos homens reais Procura assim entender a natureza contraditória do trabalho da produção é possível originar riquezas simultaneamente à despossessão e ao desgaste dos produtores contradição que se expressa na negação da efetividade real de suas atividades concretas e na impossibilidade de reapropriação dos produtos criados e das riquezas geradas pelos próprios produtores Estas contradições se manifestam em vários fenômenos do mundo do trabalho que são objetos de pesquisas específicas no domínio da Ergonomia e da Organização do Trabalho a processos sociais de produção das doenças ocupacionais e dos acidentes de trabalho formas de desgaste do corpo patologias e sofrimento mental dos trabalhadores em relação com a organização do processo de trabalho e introdução de novas tecnologias b gênese e limites do desenvolvimento das potencialidades cognitivas dos trabalhadores aprendizagem formação e qualificação carreira e realização profissional ética e dimensões afetivas no trabalho c natureza dos conflitos e formas de cooperação horizontal entre trabalhadores e funções da empresa e vertical entre trabalhadores e a hierarquia trabalho coletivo e novas formas de organização do trabalho 54 d concepção de novas tecnologias e de sistemas informatizadosautomatizados com ênfase na interface entre operadores e tecnologia processos de transferência de tecnologia e suas condições de sucesso desenvolvimento de softwares ergonômicos através de metodologias participativas de concepção e racionalidade produtiva em sistemas informatizados complexos organização qualificante e novos conceitos de produtividade e de eficiência 55 3 ESTUDO DE CASO A ANÁLISE ERGONÔMICA DO AMBIENTE LUMÍNICO NO TRABALHO DO CIRURGIÃODENTISTA 31 INTRODUÇÃO O projeto de iluminação na análise ergonômica do trabalho para PORTO et al 1997 tem por objetivo mostrar aspectos de relevância da iluminação natural e artificial para a atividade humana como meio de obtenção das condições de conforto no ambiente de trabalho Ainda de acordo com os autores acima a escolha de sistemas de iluminação de suas orientações e complementos de sombreamento e redirecionamento de fluxo luminoso é um passo determinante na iluminação ambiental A correta distribuição da cor como um dos fatores de qualidade do quadro visual contribui para a melhoria das condições físicas do trabalho e para a adequação do homem à máquina sendo um fator preponderante que pode auxiliar na saúde segurança e bemestar das pessoas que nele trabalham Em colaboração com o Oftalmologista Jaime Roisenblatt LUSVARGHI 1999 alertou a classe dos CirurgiõesDentistas do risco do trauma ocular Por esse motivo a indústria odontológica preocupada em quebrar a monotonia e a austeridade dos consultórios odontológicos usa atualmente uma combinação adequada de cores que ajuda a concentração do profissional sobre determinadas partes do equipamento que além do benéfico efeito psicológico devido às boas condições ambientais há uma diminuição no risco de fadiga visual e conseqüente diminuição de trabalhos falhos De acordo com SIMURRO 2000 a intensidade de iluminação e a coloração da luz devem combinar com a coloração da luz ambiental São aconselhadas para a iluminação lâmpadas fluorescentes de luz natural branca com coloração a mais semelhante à temperatura cromática As janelas em horas noturnas não devem aparecer como áreas escuras devem ser aclaradas pela instalação de cortinas 56 claras ou envidraçamento especial apoiado por uma irradiação de luz de cima de modo que não cause qualquer ofuscamento pelas luminárias A iluminação do lugar de tratamento ainda de acordo com SIMURRO 2000 deve possibilitar ao CirurgiãoDentista a realização de trabalhos de precisão fora do campo de operações propriamente dito Entendese como lugar de tratamento todos os aparelhos terapêuticos bem como os demais acessórios de uso imediato do profissional e de sua auxiliar As luminárias devem estar instaladas na cobertura por sobre e em frente ao paciente para que se consiga uma direção de luz apropriada para providências terapêuticas em pacientes deitados ou sentados Para se manter tão baixa quanto possível a ofuscação do paciente são preferidas as luminárias de grande área O teto sendo a principal superfície refletora da luz que provém do exterior é responsável pelo redirecionamento da luz aos planos verticais e horizontais mais distantes das janelas não podendo causar ofuscamento fornecendo condições lumínicas necessárias para o bom desempenho da atividade visual Outro aspecto a ser considerado é o formato Grandes quantidades de reentrâncias dificultam o redirecionamento da luz natural visto que obstruem o caminho usual da reflexão do feixe lumínico A disposição do menor número possível de cavidades e a simples inclinação do teto de forma descendente até a janela proverão uma distribuição de luz mais eficaz e uniforme no ambiente interno FALZON 1996 observa que o nível de iluminação interfere diretamente no mecanismo fisiológico da visão e também na musculatura que comanda os movimentos dos olhos levando com isso à fadiga visual Para evitála deve haver um cuidadoso planejamento da iluminação assegurando a focalização do objeto a partir de uma postura confortável A iluminação adequada diminui a fadiga ocular e aumenta a velocidade e eficiência da leitura Luz fraca não causa doença ocular mas aumenta o cansaço ocular De acordo com VAUGHAN 1983 as lâmpadas incandescentes simulando a luz do dia proporcionam um fluxo de luz forte e difuso Os tubos fluorescentes comuns operam com corrente alternada e causam tremulação mas é possível ligar 2 tubos fluorescentes de tal forma ajustada que haja desencontro das fases eliminando assim o tremor 57 VAUGHAN 1983 e SAQUY 1994 afirmam que um requisito básico na iluminação é ter luz suficiente para ver Uma vez que isto seja realizado a intensidade de iluminação e o aumento o uso de óculos podem ser ajustados para aumentar a eficiência visual Em geral a iluminação deve ser suficiente para permitir o trabalho de forma eficiente e confortável Segundo ITIRO 1992 um projeto de iluminação tem por objetivo mostrar aspectos a serem considerados na análise ergonômica do trabalho dentro do espaço que se quer trabalhar e a relevância da iluminação natural para a atividade humana como meio de obtenção das condições de conforto no ambiente de trabalho A escolha de sistemas de iluminação natural de suas orientações e complementos de sombreamento e redirecionamento de fluxo luminoso é um passo determinante na iluminação ambiental A iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de forma a evitar ofuscamento reflexos incômodos sombras e contrastes excessivos Os níveis mínimos de iluminamento a serem observados nos locais de trabalho são estabelecidos pela Norma Brasileira Registrada e o Inmetro Dentre as causas de iluminação inadequada está a iluminação excessiva produzida por luz natural em uma sala com grandes janelas e sol 32 ANÁLISE DE DADOS Este estudo de caso foi realizado em uma sala de tratamento do Cirurgião Dentista na Clínica Odontológica do autor situada na cidade de Curitiba A situação de trabalho a ser analisada é sobre o que é exigido em termos de desgaste visual do CirurgiãoDentista durante o desenvolvimento de seu trabalho e também à descrição das condicionantes físicoambientais que lhe são oferecidas para a realização do mesmo a fim de propor orientações no sentido de garantir a saúde segurança e desempenho desse profissional Utilizarseá como metodologia a Análise Ergonômica do Trabalho com o intuito de estudar como o CirurgiãoDentista desenvolve suas atividades com as 58 condições de trabalho que lhe são oferecidas pretendendose ainda fornecer recomendações ergonômicas para o seu trabalho 321 Procedimentos Metodológicos Partindo dos objetivos propostos realizouse a Análise Ergonômica do Trabalho seguindo as etapas contidas no Referencial Teórico para determinar os fatores que interferem no conforto e desempenho do CirurgiãoDentista 33 APLICAÇÃO DA ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO 331 Análise da Demanda A sala de tratamento do paciente em um Consultório Odontológico é o ambiente em que o CirurgiãoDentista passa a maior parte do tempo por isso deverá ser um ambiente com luminosidade suficiente para que este profissional desenvolva seu trabalho profissional com saúde aspecto importante a ser considerado e ótima produtividade uma das exigências da profissão Considerando este contexto a demanda foi formulada pelo pesquisador no sentido de analisar as condições de trabalho do CirurgiãoDentista em seu ambiente de trabalho ou seja na sala de atendimento do paciente com o objetivo de levantar dados para melhorar a situação existente Para tanto decidiuse pela Análise Ergonômica do Trabalho no referido local 332 Características do local de trabalho O CirurgiãoDentista dispõe para o desenvolvimento de suas atividades de ambientes convencionais de uma clínica odontológica sala de recepção sala de entrevistas sala pré e pós operatória sala de esterilização banheiros e a sala de atendimento do paciente que é o objeto deste estudo FIG IV layout 1 34 ANÁLISE DA TAREFA Procedeuse a uma análise sobre o que é exigido do CirurgiãoDentista no desenvolvimento de seu trabalho e também à descrição das condicionantes físicoambientais que lhe são oferecidas para a realização do mesmo 341 Descrição da tarefa De uma forma geral a tarefa a ser realizada distribuise em um conjunto de ações que destacase a seguir Recepção do paciente pela atendente odontológica Leitura e análise do tratamento a ser realizado ou em andamento Procedimentos odontológicos diferenciados a cada paciente dependendo da especialidade Cirurgia Periodontia Implantodontia Endodontia Dentística Operatória Ortodontia Oclusão Prótese Dental Odontopediatria Radiologia Tarefas do CirurgiãoDentista no atendimento ao paciente após o posicionamento do paciente na cadeira odontológica pela atendente o profissional sentase no mocho odontológico ajuste da luz do refletor posicionandoa corretamente posicionamento da mesa auxiliar início do procedimento Orientação ao paciente quanto a procedimentos de manutenção Preenchimento da ficha do atendimento realizado Consulta de tabelas de preço para orçamento ou pagamento Preenchimento de receituários se for o caso Acompanhamento do paciente até a recepcionista da Clínica para os agendamentos futuros e emissão de recibos Desenvolvimento de atividades específicas conforme calendário anual recadastramento de pessoal imposto de renda pagamento de taxas e emolumentos sendo que tais atividades modificam o seu ritmo de trabalho 342 Características físicoambientais do espaço de trabalho O CirurgiãoDentista dispõe para o desenvolvimento de suas atividades de uma sala de atendimento do paciente que é o objeto deste estudo Ambiente físico da sala de atendimento A estrutura física estudada é formada basicamente de um setor denominado de sala de atendimento do paciente Esta sala tem a dimensão de 864 m2 medindo 240 m por 360 m FIG V layout 2 As paredes são pintadas com tinta lavável na cor branca fosca O piso é de lajota vitrificada na cor cinza claro Existência de uma janela do sistema basculante medindo 2 m de largura x 1 m de altura fornecendo luminosidade natural à sala e boa ventilação duas portas uma dando acesso à sala de esterilização e outra com acesso à sala de espera do paciente FIG VI e VII Equipamentos Os principais equipamentos utilizados pelo CirurgiãoDentista são cadeira odontológica 01 equipo odontológico composto por mesa auxiliar refletor e cuspideira 01 aparelho de RX 01 Mobiliários armários de fórmica 03 lavatório para degermação das mãos 01 cadeira mocho com assento e encosto reguláveis 01 Para melhor compreensão a disposição da estrutura e dos equipamentos para a realização das atividades está representada na FIG VIII foto dos equipamentos do consultório e FIG IX layout 3 Iluminação Além da janela que fornece luminosidade natural à sala no teto está colocado um conjunto de luminárias com 4 quatro lâmpadas fluorescentes de 40 W formando um desenho quadrado As lâmpadas fluorescentes sendo a melhor escolha para iluminação artificial de ambientes possuem um ótimo desempenho e conforto lumínico garantindo aos usuários condições ideais de bem estar evitando ofuscamentos e contrastes na iluminação FIG X 35 ANÁLISE DA ATIVIDADE A observação das atividades realizadas pelos CirurgiõesDentistas foram classificadas em períodos diversificados acompanhando o desenvolvimento de seus trabalhos assim distribuídos dois dias no período da manhã dois dias no período da tarde e dois dias no período da noite Desta forma pôdese observar as atividades que os profissionais realizam 62 Com o intuito de facilitar a compreensão dos resultados obtidos com a análise das atividades procurarseá dividilos em condicionantes físicos e gestuais cognitivos e ambientais 351 Análise das atividades em termos gestuais e posturais O CirurgiãoDentista realiza sua atividade diária alternandose entre a posição sentado e postura em pé A postura em pé em equilíbrio dinâmico é adotada pelo profissional ao andar pela sala de atendimento e as dependências do consultório para realização das atividades profissionais A posição sentada é adotada pelo profissional durante quase toda a realização de seu trabalho Seus movimentos são constantes realizados com tronco região cervical membros inferiores e membros superiores Observouse que a rotação forçada realizada pelo tronco e região cervical são posições que irão lhe causar problemas ortopédicos futuros e que o esforço visual realizado para poder visualizar uma área muito pequena e restrita que é a boca também irão lhe causar um desgaste visual ANTES DO ESTUDO ATUALMENTE Iluminação natural Luminosidade da janela com entrada de luz solar direta posição leste sem proteção de cortinas Pela manhã abundância de luz ocasionando ofuscamentos indesejados À tarde iluminação mais confortável mas ainda com ofuscamento À noite aspecto de um quadro negro causado pelo escuro da noite Iluminação natural Luminosidade da janela com entrada de luz solar amenizada pela instalação de cortinas do tipo persiana Pela manhã luz natural com harmonia diminuindo sensivelmente o ofuscamento oferecendo um conforto lumínico tanto ao profissional como para o paciente À tarde iluminação confortável oferecendo um ambiente agradável À noite aspecto do quadro negro melhorado pela instalação da persiana que apesar de não contribuir para a iluminação oferece um ambiente mais agradável 63 Iluminação artificial Instalação no meio do teto de uma luminária dupla com lâmpadas fluorescentes de 40 W causando com isso uma luz direcionada por trás do paciente levando o profissional para uma melhor visualização do seu trabalho a utilizar sempre o meio auxiliar de iluminação do equipo Iluminação artificial Instalação de uma luminária com quatro lâmpadas de 40 W com formado de um quadrado abrangendo todo o teto As lâmpadas fluorescentes sendo a melhor escolha para iluminação artificial de ambientes possuem um ótimo desempenho e conforto lumínico garantindo aos usuários condições ideais de bem estar evitando ofuscamentos e contrastes na iluminação 352 Análise das atividades em termos cognitivos As atividades realizadas pelos profissionais são fundamentalmente cognitiva e os aspectos exigidos são conhecimento do equipamento existente na sala e habilidade em manuseálo conhecimento profissional dos serviços a serem realizados em seu paciente inerentes à profissão habilidade para lidar com os pacientes aspectos psicológicos planejamento do tempo e organização das atividades realizadas conhecimento dos materiais utilizados 36 DIAGNÓSTICO Tomando como ponto de partida as observações efetuadas nos profissionais nos três turnos obtémse uma visão geral dos problemas relacionados aos mesmos aos quais sintetizouse observações para embasar o diagnóstico a seguir citados 1 Procedimentos de Trabalho maior desgaste físico e psicológico para pacientes novos diagnóstico diferenciado imediato mobiliário padrão 64 ergonomia do consultório satisfatória 2 Indicadores Gerais Físicos dor e desconforto na região cervical e membros superiores de intensidade moderada As tarefas executadas pelos profissionais embora guardem um alto grau de regulação são realizadas tanto sentados como em pé Os profissionais fazem referência a cansaço físico e dores nas costas bem como nos membros superiores e inferiores no final do período de trabalho problemas de visão no trabalho noturno relatados por todos os profissionais envolvidos LUSVARGHI 1999 relatou que o CirurgiãoDentista por ter uma profissão detalhista fixa o olhar em um detalhe da boca por um tempo prolongado Conseqüentemente ele pisca menos e fica com os olhos ressecados e ardendo Trabalhando sem pausas o dentista entra num quadro de espasmo de acomodação da musculatura ciliar sente cansaço apresenta os olhos vermelhos não consegue enxergar e sente coceira Isso favorece o desenvolvimento de problemas refracionais como a presbiopia mais conhecida como vista cansada É importante fazer pausas e fixar os olhos num ponto distante para relaxar LUSVARGHI 1999 ainda diz que o dentista trabalha com um gradiente de iluminação intenso ele tem uma área iluminada sob foco de luz intensa e uma área ao redor com luz bem mais fraca o que é muito cansativo para isso o ambiente deve estar uniformemente iluminado 2 Indicadores Gerais Físicos De acordo com GRANDJEAN 1998 permanecer em pé por tempo prolongado além da fadiga muscular causa desconforto devido às condições adversas do fluxo de retorno do sangue responsável pela 65 incidência de varizes e edema de tornozelos Além disso no trabalho sentado por longo tempo o autor adverte para os sintomas dolorosos de fadiga no sistema nucaombrosbraços uma vez que esse sistema suporta o trabalho estático realizado A prática freqüente de atividades mobilizando os aspectos citados sem a adoção de medidas para alteração das situações geradoras pode desencadear problemas de saúde aos profissionais 3 Aspectos Gerais do Trabalho Quanto aos aspectos físicoambientais O ambiente físico da sala de tratamento do paciente é de forma geral um local de trabalho agradável para o desenvolvimento das atividades que lhes são pertinentes O nível de iluminação natural que antes da análise deste caso era de uma intensidade exagerada causando desconforto para o profissional e ao paciente após a mudança na luminosidade pela instalação de cortinas do tipo persianas houve uma melhora considerável no aspecto lumínico causando um conforto aos profissionais 37 CADERNO DE ENCARGOS E RECOMENDAÇÕES ERGONÔMICAS De acordo com Santos e Fialho 1997 a transformação da situação de trabalho analisada é o principal objetivo da intervenção ergonômica O caderno de encargos foi constituído a partir da análise ergonômica do trabalho As especificações nele contidas visam contribuir para a melhora das condições de trabalho e saúde dos profissionais do presente estudo levandose em conta as alterações das suas condições de trabalho advindas da modificação da luminosidade em seu ambiente Para atender as características levantadas e analisadas no diagnóstico sugerese 66 1 Implementar um programa de saúde profissional direcionado aos CirurgiõesDentistas envolvendo profissionais de saúde e tecnológicos A partir de referências da situação concreta vivida por esses profissionais convidar profissionais de ergonomia fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais para orientações quanto à adoção de hábitos posturais e técnicas de iluminação 2 Proceder orientações sobre a importância de alternar atividades durante o horário de trabalho para evitar esforços decorrentes de sobrecargas posturais de origem estática ou dinâmica Ainda elucidar efeitos possíveis sobre a correta padronização do ambiente lumínico 3 Tendo em vista os dados acima podese dizer que o CirurgiãoDentista sofre diversos desgastes tanto físico como psicológico mas o que mais enfocamos foi o desgaste visual durante o seu desempenho profissional causado pela falta de conhecimento de técnicas de iluminação e a correta utilização das mesmas bem como um melhor conhecimento da atuação ergonômica para obtenção de uma melhoria da qualidade de vida aumento da produtividade e eficácia no trabalho Desta maneira através destas técnicas e do interesse da aplicação dos CirurgiõesDentistas nesta área para solucionar os problemas relativos ao cansaço visual e às vezes à perda significativa da visão é que se faz necessária a avaliação da iluminação do local de trabalho e das técnicas ergonômicas que nele devem ser aplicados 67 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Para a apresentação da conclusão da presente dissertação inicialmente devese retomar alguns tópicos importantes já descritos anteriormente no que se refere à iluminação e ergonomia relacionados em um ambiente odontológico O nível de iluminação interfere diretamente no mecanismo fisiológico da visão e também na musculatura que comanda os movimentos dos olhos levando à fadiga visual Para evitála deve haver um cuidadoso planejamento da iluminação assegurando a focalização do objeto a partir de uma postura confortável A claridade do ambiente é determinada não apenas pela intensidade de luz mas também pelas distâncias e pelo índice de reflexo das paredes tetos pisos máquinas e mobiliário Portanto um bom sistema de iluminação com o uso adequado de cores e a criação dos contrastes pode produzir um ambiente agradável onde as pessoas trabalhem confortavelmente com pouca fadiga monotonia e acidentes além de produzir com maior eficiência Existem porém dois grandes problemas relacionados com a luz o primeiro deles é a iluminação inadequada que dificulta a realização de um trabalho mais minucioso como é o caso da odontologia e o segundo são os reflexos que surgem nos vidros ou espelhos mal posicionados Dentre as causas de iluminação inadequada está a iluminação excessiva produzida por luz natural em uma sala com grandes janelas e sol Uma outra desvantagem da luz natural é a criação de focos de reflexão da luz da janela nos instrumentais utilizados Os reflexos forçam a vista e obrigam o CirurgiãoDentista a desviar a cabeça para poder enxergar ocasionando sobrecarga da região cervical Buscando a melhoria das condições de saúde e trabalho do Cirurgião Dentista foram elaboradas possíveis recomendações 68 1 Envolvimento das Associações de Classe Odontológicas para em conjunto com os Conselhos de Engenharia e Arquitetura criar um intercâmbio para a realização de estágios e palestras sobre Ergonomia e Luminotécnica permitindo a esses profissionais a adquisição de conhecimentos básicos das regras de iluminação para colaborar na concepção de um ambiente de trabalho que se coadune à terapia dos pacientes Assim o CirurgiãoDentista promoverá uma melhor iluminação do consultório odontológico diminuindo a fadiga prevenindo também a deficiência visual 2 Estender a aplicação do presente estudo à Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina 3 Conscientizar através de campanhas direcionadas aos Cirurgiões Dentistas da necessidade de realizar pausas entre um paciente e outro ou a cada período de tempo para que possa praticar atividade laboral e solucionar os problemas relativos ao cansaço visual bem como a perda significativa da visão 69 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AURÉLIO B H F Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa Rio de Janeiro Editora Nova Fronteira 1986 BARTLEY S H Central mechanisms of vision Handbook of Physiology Sec I Vol I p 713 Baltimore The Williams Wilkins Co 1959 BARROS O B Ergonomia 2 O ambiente físico de trabalho a produtividade e a qualidade de vida em Odontologia Pg 185 São Paulo Pancast 1993 BLOOM W e FAWCETT Don W A textbook of histology 9ª ed Pg 858 Philadelphia W B Saunders 1968 BOURRET P e LOUIS R Anatomia du système nerveux central Paris LExpansion scientifique Française Pg 119 1971 BÚRIGO C C Qualidade de Vida no Trabalho Dilemas e Perspectivas Florianópolis Insular 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Seguridad Social RELASUR Revista de Relaciones Laborales en America Latina Cono Sur Nº 6 España nov1997 MONTMOLLIN M de A ergonomia Lisboa Instituto Piaget 160p 1990 MOREIRA V de A Iluminação e fotometria teoria e aplicação São Paulo Edgard Blücher 1987 MOSES R A Fisiologia del ojo Adler São Paulo Panamericana Pg 309310 ORTS L F Anatomia humana 3º vols 2ª ed Barcelona CientificoMédica 1960 PALMER C Ergonomia Rio de Janeiro Fundação Getulio Vargas 1976 PORTO M M SILVÉRIO C S SILVA A P F O Projeto de Iluminação na Análise Ergonômica do Trabalho Encontro Nacional de Eng De Produtos 1997 72 PREFEITURA DO RIO RIOLUZ O nascimento da memória da Cidade do Rio de Janeiro Disponível em httpwwwriorjgovbrrioluz Acesso em 15 jul 2000 RAY B HINSEY J and GEOHAGEN W Observations on the distribution of the sympathetic nerves to the pupil by stimulation of the anterior roots in man Ann Surg Pg 647 1943 RIO R P do PIRES L Ergonomia Fundamentos da Prática Ergonômica Belo Horizonte Helth 1999 RODRIGUES M V C Qualidade de vida no trabalho 2 ed Rio de Janeiro Vozes 1994 SANTOS N dos FIALHO F Manual de Análise Ergonômica do Trabalho Curitiba Genesis 316 p 1997 SANTOS N dos TAVEIRA FILHO A D Análise Ergonômica das Condições de Trabalho na Operação de Locomotivas a Vapor Estações de Trabalho Aspectos Ergonômicos no Trabalho 1987 SAQUY P C PÉCORA J D SAQUY SOBRINHO J Iluminação do Consultório Odontológico Revista APCD V 48 Nº 5 Pg 1467 SETOUT 1994 SCHRUBER J Aula de ART II Módulo de Ergonomia Curso de Terapia Ocupacional UTP 2000 SIMURRO P EB Saúde ocular dos odontólogos e auxiliares APCD Jornal Pg 18 julho de 2000 SOARES P T O mundo das cores Coleção Desafios São Paulo Moderna 1991 TESTUT L e LATARJET A Sistema nervoso periférico Tratado de anatomia Humana 9ª ed Pg 4965 Barcelona Salvat Ed tomo III 1954 TRIVIÑOS A N S Introdução à pesquisa em ciências sociais a pesquisa qualitativa em educação São Paulo Atlas p 175 1992 TRUEX R C e CARPENTER M B Human neuranatomy 6ª ed Pg 673 Baltimore The Williams Wilkins Co 1969 VAUGHAN D ASBURY T Oftalmologia Geral Quarto apêndice Padrões visuais Pg 380385 São Paulo Atheneu Ltda 1983 VERDUSSEN R Ergonomia a racionalização do trabalho Rio de Janeiro Livros Técnicos e Científicos Editora SA 1978 WHITERRIDGE D Central control of eye movements Handbook of Physiology Sec I vol II p 1089 Baltimore The Williams Wilkins Co 1960 73 WARWICK R e WILLIAMS P L G Anatomy 33ª ed Pg 1471 Edinburgh Longman 1973 WARWICK R The ocular parasympathetic nerve supply and its mesencephalic sources J Anatomy 881 Pg 7193 l954 74 ANEXOS ANEXO I NR 17 75 ANEXO 277 ANEXO 378 ANEXO 479 ANEXO 580 ANEXO 681 ANEXO 782 ANEXO 883 75 ANEXO I NR 17 Visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às condições psicofisiológicas dos trabalhadores de modo a proporcionar um máximo de conforto segurança e desempenho eficiente A fundamentação legal ordinária e específica que dá embasamento jurídico à existência desta NR está nos artigos 198 e 199 da CLT Normas Regulamentadoras da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho NR 17 Ergonomia 1170007 175 Condições ambientais de trabalho 1751 As condições ambientais de trabalho devem estar adequadas às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado 1753 Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada natural ou artificial geral ou suplementar apropriada à natureza da atividade 17531 A iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa 17532 A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de forma a evitar ofuscamento reflexos incômodos sombras e contrastes excessivos 17533 Os níveis mínimos de iluminamento a serem observados nos locais de trabalho são os valores de iluminâncias estabelecidos na NBR 5413 norma brasileira registrada no INMETRO 1170279 I2 76 17534 A medição dos níveis de iluminamento previstos no subitem 17533 deve ser feita no campo de trabalho onde se realiza a tarefa visual utilizandose de luxímetro com fotocélula corrigida para a sensibilidade do olho humano e em função do ângulo de incidência 1170287 I2 17535 Quando não puder ser definido o campo de trabalho previsto no sub item 17534 este será um plano horizontal a 075m setenta e cinco centímetros do piso 77 ANEXO 2 FIGURA IV LAYOUT DA CLÍNICA ODONTOLÓGICA 78 ANEXO 3 FIGURA V LAYOUT DA SALA DE ATENDIMENTO LUMINÁRIA 79 ANEXO 4 FIGURA VI FOTO DA JANELA DA SALA DE ATENDIMENTO 80 ANEXO 5 FIGURA VII FOTO DA JANELA DA SALA DE ATENDIMENTO EM OUTRO ÂNGULO 81 ANEXO 6 FIGURA VIII FOTO DOS EQUIPAMENTOS DO CONSULTÓRIO NA SALA DE ATENDIMENTO 82 ANEXO 7 FIGURA IX LAYOUT DA DISPOSIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS NA SALA DE ATENDIMENTO 83 ANEXO 8 FIGURA X FOTO DAS LUMINÁRIAS NO TETO NA SALA DE ATENDIMENTO
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i UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A ILUMINAÇÃO EM CONSULTÓRIOS ODONTOLÓGICOS UMA ANÁLISE ERGONÔMICA ESPECÍFICA PARA MELHORA NA QUALIDADE DE VIDA DO CIRURGIÃODENTISTA CLOVIS COSTA DE SOUZA FLORIANÓPOLIS Santa Catarina 2003 i CLOVIS COSTA DE SOUZA A ILUMINAÇÃO EM CONSULTÓRIOS ODONTOLÓGICOS UMA ANÁLISE ERGONÔMICA ESPECÍFICA PARA MELHORA NA QUALIDADE DE VIDA DO CIRURGIÃODENTISTA Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Engenharia da Produção Curso de Pós Graduação em Engenharia da Produção Orientador Prof Doutor José Luiz Fonseca da Silva Filho FLORIANÓPOLIS 2003 ii TERMO DE APROVAÇÃO CLOVIS COSTA DE SOUZA A ILUMINAÇÃO EM CONSULTÓRIOS ODONTOLÓGICOS UMA ANÁLISE ERGONÔMICA ESPECÍFICA PARA MELHORA NA QUALIDADE DE VIDA DO CIRURGIÃODENTISTA Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre no curso de Pós Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina pela seguinte banca examinadora Orientador Prof Dr José Luiz Fonseca da Silva Filho Profª Dra Eliete de Medeiros Franco Prof Dr Alcion Alves Silva Florianópolis 17 de fevereiro de 2003 iii DEDICATÓRIAS A MARIA LUCIA minha esposa ANDRÉ meu filho e BETINA minha filha cujo amor e compreensão somaram esforços para a superação dos obstáculos iv AGRADECIMENTOS À Universidade Federal de Santa Catarina e à Coordenação do Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção pela oportunidade de cursar o Mestrado de poder usufruir dos ensinamentos de seus pesquisadores e pelo atendimento eficiente e personalizado de seus técnicos administrativos Ao Professor Doutor José Luiz Fonseca da Silva Filho minha gratidão como orientador e por me ter propiciado construir conhecimentos individualmente e no coletivo em nosso grupo de discussões Por sua orientação amizade e suas contribuições na orientação deste trabalho À Professora Doutora Eliete de Medeiros Franco componente da banca examinadora com quem muito tive oportunidade de aprender Sua postura profissional e amiga sua disponibilidade e contribuições valiosas marcaram significativamente para mim sua presença no desenvolvimento do Mestrado Ao Professor Doutor Alcion Alves Silva companheiro e amigo um agradecimento especial pelas suas orientações seguras para o bom desenvolvimento deste trabalho À Professora Doutora Ana Regina de Aguiar Dutra pela sua disponibilidade e contribuições valiosas para o aperfeiçoamento deste trabalho minha amizade Às pessoas com quem tive oportunidade de conviver durante o período de Mestrado pelo companheirismo convivência intelectual e amizade v A m a i o r g r a ç a d a n a t u r e z a e o m a i o r p e r i g o d a g r a ç a s ã o o s o l h o s T a n t o a q u e l e s c o m q u e v e m o s q u a n t o a q u e l e s c o m q u e s o m o s v i s t o s P e A V i e i r a O o l h o é r e s p o n s á v e l p e l a a q u i s i ç ã o d e a p r o x i m a d a m e n t e 8 0 d o c o n h e c i m e n t o h u m a n o P o r t a n t o q u a l q u e r d e f i c i ê n c i a n e s s e ó r g ã o c o m p r o m e t e e m m a i o r o u m e n o r e x t e n s ã o o d e s e n v o l v i m e n t o d a s a p t i d õ e s i n t e l e c t u a i s e p s i c o m o t o r a s i n t e r f e r i n d o n a v i d a e s c o l a r e p r o f i s s i o n a l d o i n d i v í d u o A f u n ç ã o d o o l h o é c a p t a r l u z d o m e i o a m b i e n t e e c o n v e r t ê l a F u n d H i l t o n R o c h a E m o p o s i ç ã o a o p r e t o o b r a n c o é a c o r d a v i d a e d a p a z D i s s e D e u s H a j a l u z e h o u v e l u z E v i u D e u s q u e a l u z e r a b o a e f e z s e p a r a ç ã o e n t r e a l u z e a s t r e v a s G u i m a r ã e s 2 0 0 0 vi SUMÁRIO LISTA DE TABELAS VIII LISTA DE ILUSTRAÇÕES IX GLOSSÁRIOX RESUMO XIV ABSTRACTXV 1 INTRODUÇÃO 1 11 CONSIDERAÇÕES INICIAIS1 12 JUSTIFICATIVA 1 13 OBJETIVOS 1 14 DELIMITAÇÃO DO TRABALHO 2 15 RELEVÂNCIA DO ESTUDO 2 16 ESTRUTURA E DESENVOLVIMENTO DA DISSERTAÇÃO3 2 REFERENCIAL TEÓRICO5 21 LUMINOTÉCNICA5 211 Objetivos da Iluminação7 212 Efeitos da Luz 8 213 Grandezas Fundamentais da Luminotécnica10 2131 Luz10 2132 Cor11 214 Intensidade Luminosa 12 215 Iluminamento12 2151 Escolha da Luminária13 216 Avaliação Qualitativa das Lâmpadas 13 2161 Índice de reprodução de cores IRC13 2162 Eficiência14 2163 Temperatura da cor15 2164 Curva espectral 16 217 Tipos de Luminárias16 218 Formas de Iluminação para Consultório Odontológico 17 22 ERGONOMIA17 221 Histórico da Ergonomia19 222 Definições 21 223 Tipos de Ergonomia 22 224 Objetivos da Ergonomia23 225 Métodos e Técnicas 24 23 IMPORTÂNCIA DOS PROJETOS DE ILUMINAÇÃO PARA OS ESTUDOS ERGONÔMICOS29 231 Ergonomia29 vii 232 Projeto de Iluminação29 233 Caracterização do Trabalho do CirurgiãoDentista 30 234 Saúde Ocular dos Odontólogos 31 235 Iluminação Geral31 24 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO32 241 Concepções Sobre o Trabalho35 242 Modelos e Fatores Determinantes de QVT37 243 Produtividade X Qualidade de Vida no Trabalho 47 244 O Taylorismo e a Ergonomia49 2441 A Resistência dos Trabalhadores ao Taylorismo 49 2442 A Transformação do Taylorismo50 245 Eficácia e Trabalho 52 3 ESTUDO DE CASO A ANÁLISE ERGONÔMICA DO AMBIENTE LUMÍNICO NO TRABALHO DO CIRURGIÃODENTISTA 55 31 INTRODUÇÃO 55 32 ANÁLISE DE DADOS 57 321 Procedimentos Metodológicos 58 33 APLICAÇÃO DA ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO 58 331 Análise da Demanda58 332 Características do local de trabalho58 34 ANÁLISE DA TAREFA59 341 Descrição da tarefa 59 342 Características físicoambientais do espaço de trabalho 60 35 ANÁLISE DA ATIVIDADE 61 351 Análise das atividades em termos gestuais e posturaisErro Indicador não definido 352 Análise das atividades em termos cognitivos63 36 DIAGNÓSTICO 63 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 67 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS69 ANEXOS viii LISTA DE TABELAS TABELA III ÍNDICE DE REPRODUÇÃO DE CORES REF MOREIRA 1987 14 TABELA IV LÂMPADAS FLUORESCENTES POTÊNCIA E FLUXO LUMINOSO FONTE CREDER 1986 16 TABELA VI CONCEPÇÃO EVOLUTIVA DE QVT NADIER E LAWLER 198335 TABELA VII CATEGORIAS CONCEITUAIS DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO QVT42 TABELA VIII INDICADORES DA QVT 43 TABELA IX MODELO DE WERTHER DAVIS ELEMENTOS DE QVT 44 TABELA X MODELO DE BELANGER 197345 TABELA XI MODELO DE DIMENSÕES BÁSICAS DA TAREFA SEGUNDO HACKMAN OLDHAM 197546 ix LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA I ESPECTRO DA LUZ VISÍVEL EM FUNÇÃO DO COMPRIMENTO DE ONDA CREDER H 198611 FIGURA II STANDARD 150W 2000 LUMENS15 FIGURA III POWERSTAR HQIT 150W 12000 LUMENS 15 FIGURA IV LAYOUT DA CLÍNICA ODONTOLÓGICA 77 FIGURA V LAYOUT DA SALA DE ATENDIMENTO78 FIGURA VII FOTO DA JANELA DA SALA DE ATENDIMENTO EM OUTRO ÂNGULO 80 FIGURA VIII FOTO DOS EQUIPAMENTOS DO CONSULTÓRIO NA SALA DE ATENDIMENTO 81 FIGURA IX LAYOUT DA DISPOSIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS NA SALA DE ATENDIMENTO 82 FIGURA X FOTO DAS LUMINÁRIAS NO TETO NA SALA DE ATENDIMENTO83 x GLOSSÁRIO Definição de termos considerados relevantes no decorrer do estudo Análise Ergonômica do Trabalho metodologia desenvolvida por ergonomistas de língua francesa que inclui as fases da análise da demanda análise da tarefa e análise das atividades para se chegar ao diagnóstico e recomendações ergonômicas A análise é realizada em uma situação real de trabalho e as conclusões objetivam melhorar condições de trabalho e saúde dos trabalhadores a produtividade e a qualidade de produtos e serviços produzidos ou realizados SANTOS E FIALHO 1997 Análise da demanda fase da análise ergonômica do trabalho que corresponde à definição do problema a ser analisado a partir da negociação com os diversos atores sociais envolvidos A demanda é o marco inicial de toda análise ergonômica do trabalho A sua análise possibilita a compreensão da natureza e a dimensão dos problemas apresentados assim como elaborar um plano de intervenção para abordálos A demanda pode ser formulada diretamente de forma explícita por um dos atores sociais individual e coletivo ou ainda indiretamente de forma implícita pelo confronto dos diferentes pontos de vista a respeito do objeto de estudo SANTOS E FIALHO 1997 Análise da tarefa fase da análise ergonômica do trabalho que corresponde ao que o trabalhador efetivamente realiza para executar a tarefa Referese à análise do comportamento do homem no trabalho SANTOS e FIALHO 1997 A atividade corresponde a um conceito que remete à mobilização ativa dos recursos do ser humano quando trabalha incluindo estratégias denominadas modos xi operatórios Estes compõemse de gestos técnico observáveis ação sobre a matéria equipamentos organizações e não observáveis planificação da ação antecipação do comportamento do sistema e representação da situação CASTILHO e VILLENA 1998 Para MONTMOLLIN 1990 a atividade constituise em um processo complexo original e em evolução destinado a adaptarse à tarefa mas ao mesmo tempo a transformála Aparelho Óptico Humano Segundo GUIMARÃES 2000 OLHO é uma câmara obscura dotada de um jogo de lentes que converge os raios luminosos para a parede interna oposta ao orifício captando desta forma a imagem Ele é formado basicamente por três camadas esclerótica coróide e retina e por meios de refração cristalino humores aquoso e vítreo ESCLERÓTICA é a camada externa que dá forma arredondada ao olho É uma membrana branca opaca e fibrosa Na sua parte anterior ou frontal mostrase transparente e mais convexa e recebe o nome de córnea em sua parte posterior reveste o nervo óptico nervo que leva os impulsos visuais ao cérebro CORÓIDE é uma membrana intermediária mais fina vascular e pigmentada Após ultrapassar a córnea a luz atravessa a coróide por um orifício a pupila Um anel muscular a íris parte colorida dos olhos envolve a pupila e como um diafragma regula a entrada da luz CRISTALINO situase atrás da pupila e é uma lente biconvexa que converge os raios luminosos para a camada interior a retina O cristalino é rodeado pelos músculos ciliares que aumentam a refração alterando a convexidade do cristalino para focalizar a imagem RETINA é a membrana fotosensível que reveste a parede interna do globo ocular Compõese de várias camadas entre elas a inferior ou nervosa formada por ramificações do nervo óptico A camada nervosa é a responsável pela visão compõese de cerca de 130 milhões de células das quais cerca de 100 milhões são os bastonetes sensíveis à luz e à sua mudança mas sem sensibilidade à cor e cerca de 3 milhões os cones sensíveis às cores e formas xii HUMORES AQUOSO E VÍTREO os outros meios de refração preenchem respectivamente a área entre a córnea e o cristalino e a cavidade central atrás do cristalino sendo o primeiro um líquido e o segundo um material gelatinoso ambos transparentes Atividade laboral A atividade adaptada para as necessidades impostas pelo tipo de trabalho realizadas sem sair do posto em breves períodos de tempo ao longo de todo o dia de trabalho pode produzir excelentes resultados principalmente no que diz respeito à prevenção de dores no pescoço e nos braços RELASUR 1997 Diagnóstico corresponde a uma síntese da análise ergonômica do trabalho e objetiva a redação de um caderno de encargos e recomendações ergonômicas Visa sempre a uma transformação e não apenas à descrição de uma situação de trabalho SANTOS e FIALHO 1997 Ergonomia conjunto de conhecimentos sobre o desempenho do homem em atividade com a finalidade de aplicálos à concepção das tarefas instrumentos máquinas e sistemas de produção LAVILLE 1977 A Ergonomia implica no estudo de um trabalho concreto a observação de realizações da tarefa no local e com os equipamentos e equipes envolvidos a coleta de todos os dados qualitativos e quantitativos incertos incompletos ou contraditórios necessários a um diagnóstico SANTOS E FIALHO 1997 Fluxo luminoso é a grandeza característica de um fluxo energético exprimindo sua aptidão de produzir uma sensação luminosa no ser humano através do estímulo da retina ocular avaliada segundo os valores da eficácia luminosa relativa admitidos pela Comissão Internacional CIE ABNT A unidade do fluxo luminoso é o lúmen lm MOREIRA 1990 xiii Intensidade luminosa é o limite da relação entre o fluxo luminoso em um ângulo sólido em torno de uma direção dada e o valor desse ângulo sólido quando esse ângulo sólido tende para zero A unidade de intensidade luminosa no nosso sistema legal é a candela cd MOREIRA 1990 Iluminamento é o fluxo luminoso incidente por unidade de área iluminada A unidade brasileira de iluminamento é o lux lx MOREIRA 1990 Iluminação incandescente é resultante do aquecimento de um fio pela passagem da corrente elétrica até a incandescência As lâmpadas incandescentes comuns são compostas de um bulbo de vidro incolor ou leitoso de uma base de cobre ou outras ligas e um conjunto de peças que contém o filamento que é a peça mais importante Atualmente os filamentos são de tungstênio que tem um ponto de fusão de aproximadamente 3400 ºC CREDER 1986 Iluminação fluorescente é uma lâmpada que utiliza a descarga elétrica através de um gás para produzir energia luminosa Consiste em um bulbo cilíndrico de vidro tendo em suas extremidades eletrodos metálicos de tungstênio catodos por onde circula corrente elétrica Em seu interior existe vapor de mercúrio ou argônio a baixa pressão e as paredes internas do tubo são pintadas com materiais fluorescentes conhecidos como cristais de fósforo CREDER 1986 Luminância é o limite da relação entre a intensidade luminosa com a qual irradia em uma direção determinada uma superfície elementar contendo um ponto dado e a área aparente dessa superfície para uma direção considerada quando essa área tende pra zero MOREIRA 1990 xiv SOUZA Clovis Costa de A iluminação em consultórios odontológicos uma análise ergonômica específica para melhora na qualidade de vida do Cirurgião Dentista Orientador Dr José Luiz Fonseca da Silva Filho Florianópolis UFSCPós Graduação em Engenharia de Produção 2002 Dissertação Mestre em Engenharia de Produção RESUMO Esta dissertação tem por objetivo mostrar a necessidade de um estudo da análise ergonômica do trabalho mais especificamente como a intensidade de luz dentro da sala de tratamento do paciente em um consultório odontológico pode afetar o trabalho do CirurgiãoDentista levando a uma fadiga tanto muscular quanto ocular Os vários ambientes que um consultório odontológico possui têm iluminações diversas a sala de recepção a sala de entrevistas a sala de repouso pré e pósoperatório o banheiro os corredores e a sala de tratamento propriamente dita que é o objeto deste estudo e estes devem estar adequadamente iluminados A fundamentação teórica e conseqüente revisão bibliográfica busca aprofundar temas como trabalho condições de trabalho ergonomia e qualidade de vida Utilizandose a Análise Ergonômica do Trabalho estabeleceuse um diagnóstico e um caderno de encargos com recomendações ergonômicas mostrando aspectos a serem considerados e a relevância da iluminação para a atividade humana como meio de obtenção das condições de conforto e satisfação no ambiente de trabalho Palavraschave ergonomia luminotécnica iluminação odontológica xv SOUZA Clovis Costa de A iluminação em consultórios odontológicos uma análise ergonômica específica para melhora na qualidade de vida do Cirurgião Dentista Orientador Dr José Luiz Fonseca da Silva Filho Florianópolis UFSCPós Graduação em Engenharia de Produção 2002 Dissertação Mestre em Engenharia de Produção ABSTRACT This dissertation intends to show the necessity of discution of work ergonomics analisys most especificaly how light intensity in a odontologic treatment room can affect cirurgiodentist work resulting in muscular or ocular stress Most ambients in a odontologic consulting room have many kinds of illumination reception room interview room resting room pre and post operator room bathroom other rooms and treatment room this one object of this study because this must be illuminated correctly By this motive odontologic instruments have an antireflexive treatment what avoid an ocular stress and rises reading velocity and efficient illumination must be good to permit efficient and confortable work So a good illumination project shows aspects that have to be considerated in a work ergonomic analisys and illumination importance for human activities to intend confortable condictions and satisfaction in work environement Keywords ergonomy luminotecnics odontologic illumination 1 1 INTRODUÇÃO 11 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Com o constante desenvolvimento tecnológico a crise de energia que o Brasil e o mundo enfrentam e a necessidade de melhor aproveitamento dos recursos naturais várias tecnologias foram implementadas à iluminação com menos investimento menor manutenção e maior economia de energia elétrica A necessidade de luminárias de maior rendimento luminoso e equipamentos auxiliares que forneçam às lâmpadas suas condições de funcionamento com eficiência tudo isso aliado a uma alta confiabilidade baixa manutenção e vida longa conduz a um conforto aos trabalhadores trazendo uma diminuição de riscos acidentais e ocupacionais e uma diminuição da fadiga 12 JUSTIFICATIVA Esta dissertação tem por objetivo mostrar a necessidade de um estudo da análise ergonômica do trabalho mais especificamente como a intensidade de luz dentro da sala de tratamento do paciente em um consultório odontológico pode afetar o trabalho do CirurgiãoDentista levando a uma fadiga tanto muscular quanto ocular 13 OBJETIVOS Objetivo geral 2 Identificar e analisar a adoção de um projeto adequado de conforto lumínico considerando a abordagem ergonômica do trabalho de um CirurgiãoDentista Objetivos específicos a Pesquisar bibliografias que possibilitem sustentar teoricamente as etapas metodológicas do estudo e a argumentação a ser desenvolvida sobre ergonomia condições de trabalho e condições de trabalho específicas do CirurgiãoDentista b Realizar uma Análise Ergonômica do Trabalho relacionando o ambiente de um consultório odontológico com o CirurgiãoDentista fornecendo desta maneira subsídios que contribuam para o melhor entendimento do trabalho profissional c Diagnosticar os erros relativos à iluminação e onde fazer recomendações para a melhoria da situação analizada 14 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO A pesquisa realizada dentro de um consultório odontológico mais especificamente na sala de tratamento do paciente constituirseá em um estudo de caso como conceituado por Godoy 1995 Embora o estudo de caso apresente como vantagem possibilitar uma análise aprofundada da situação apresenta a desvantagem de não permitir generalizações das conclusões do trabalho para outras situações semelhantes 15 RELEVÂNCIA DO ESTUDO Este trabalho caracterizase como um estudo de um projeto adequado de intensidade de luz juntamente com as necessidades inerentes à tarefa exercida pelo CirurgiãoDentista a fim de participar na melhoria da qualidade de vida do mesmo em seu espaço de trabalho O estudo classificase como exploratóriodescritivo O estudo exploratório de acordo com Triviños 1992 possibilita aprofundar análises nos limites de uma realidade específica Enquanto que o estudo descritivo permite caracterizar uma situação pela descrição de fatos e fenômenos que a compõem indo além da coleta ordenação e classificação de dados ou fatos com o objetivo de permitir o estabelecimento e análise de relações entre eles Ainda em função da necessidade de conhecerse profundamente a realidade estudada fezse a opção pelo estudo de caso De acordo com Godoy 1995 é uma estratégia que possibilita responder às questões relativas ao modo e causa de acontecimento de certos fenômenos Também é a estratégia escolhida quando há pouca possibilidade de controle sobre os eventos estudados e o foco de interesse é sobre fenômenos visuais só possíveis de serem analisados dentro de algum contexto de vida real Em resumo este trabalho caracterizase como uma pesquisa qualitativa um estudo exploratóriodescritivo onde foi feita a opção pelo estudo de caso para aprofundar o conhecimento da realidade focalizada 16 ESTRUTURA E DESENVOLVIMENTO DA DISSERTAÇÃO O trabalho está estruturado em três capítulos O primeiro capítulo tratará do referencial teórico abordando fatores de iluminação Luminotécnica questões da ergonomia como histórico definições conceitos e normas regulamentadoras revisão de literatura caracterizando a importância dos projetos e iluminação para os estudos ergonômicos importância da qualidade de vida no trabalho e a preocupação com a satisfação das necessidades das pessoas a esta questão suporte para a realização do estudo de caso No segundo capítulo apresentarseá a análise ergonômica do ambiente odontológico e as necessidades das mudanças referentes à iluminação Ainda neste 4 capítulo são apresentados os dados obtidos e a articulação deles com a literatura de ergonomia No último e terceiro capítulo do trabalho correspondente a considerações finais incluemse as conclusões sobre a pesquisa relacionadas aos objetivos à abordagem utilizada à escolha da situação referência para o estudo de caso aos aspectos cognitivos organizacionais e ambientais incluindo recomendações buscando a melhoria das condições de saúde e trabalho do CirurgiãoDentista 5 2 REFERENCIAL TEÓRICO 21 LUMINOTÉCNICA CREDER 1986 diz que enxergamos os corpos pela luz que emitem Esse fluxo luminoso emitido pode ser próprio fonte primária de luz refletido ou transmitido fonte secundária de luz As fontes primárias podem ser naturais ou artificiais A principal fonte primária natural de luz para a terra é o sol As primárias artificiais são geralmente classificadas de acordo com o fenômeno que é a causa produtora do fluxo luminoso combustão incandescência descarga elétrica eletroluminescência etc e são chamadas de lâmpadas A luz natural sempre foi a principal fonte de iluminação para a população Com a descoberta da eletricidade e a invenção da lâmpada por Thomas Edison a iluminação artificial se tornou cada vez mais inseparável das edificações permitindo ao homem utilizála tanto para iluminar alguns ambientes interiores como à noite para dar continuidade às suas atividades Portanto um bom projeto de iluminação deve garantir às pessoas a possibilidade de executar atividades visuais com o máximo de precisão e segurança bem como com o menor esforço As lâmpadas fornecem a energia luminosa que lhes são inerentes com auxílio das luminárias que são os seus sustentáculos através dos quais se obtém melhor rendimento luminoso ligação à rede além do aspecto visual agradável e estético Ainda de acordo com CREDER 1986 as lâmpadas pertencem basicamente a um dos seguintes grupos aIrradiação por efeito térmico Incandescentes Incandescentes para iluminação geral são as mais comuns Seu princípio de funcionamento é produzir luz pela elevação da temperatura de um filamento 6 geralmente de tungstênio ao ser submetido à corrente elétrica O tamanho reduzido o funcionamento imediato e o desnecessário uso de aparelhagem auxiliar são algumas das principais vantagens deste tipo de lâmpada Empregamse em locais nos quais se deseja a luz dirigida portátil e com flexibilidade de escolha de diversos ângulos de abertura de facho luminoso como edificações residenciais e comerciais basicamente três tipos de lâmpada incandescentes incandescente comum refletora espelhadas e halógena As incandescentes comuns são as mais conhecidas e de tecnologia mais antiga Apresentamse em bulbos claros ou leitosos Apesar do custo inicial baixo seu custo global operação manutenção e inicial é alto As lâmpadas espelhadas possuem refletor interno para melhorar o direcionamento da luz A área espelhada funciona como uma luminária com a vantagem de não necessitar limpeza ou sofrer deterioração As lâmpadas halógenas possuem além dos gazes tradicionais um halogênio normalmente iodo no interior do bulbo Algumas lâmpadas halógenas são equipadas com um refletor multifacetado coberto com uma película dicróica proporcionando desta forma uma luz mais fria que aquela obtida com refletores comuns b Descarga em gases e vapores Fluorescentes vapor de mercúrio de sódioetc Fluorescentes são lâmpadas que pelo seu ótimo desempenho são mais indicadas para iluminação de interiores como escritórios lojas e indústrias tendo espectros luminosos indicados para cada aplicação Devido ao seu princípio de funcionamento as lâmpadas com descarga gasosa requerem alguns dispositivos auxiliares como reatores e starters Uma das desvantagens das lâmpadas de descarga é o efeito estroboscópico que produzem As lâmpadas piscam na mesma freqüência da tensão de alimentação 60 hz Um motor cujo eixo gire em velocidade alta 3600 rpm por exemplo pode parecer estar parado e causar algum acidente de trabalho Por este motivo em locais onde haja a possibilidade de ocorrer este problema é recomendado o uso de pelo menos duas lâmpadas ligadas em circuitos 7 diferentes ou com reator duplo que terão suas piscadas defasadas evitando o efeito estroboscópico Luz mista são utilizadas na iluminação de interiores como indústrias galpões postos de gasolina na iluminação externa etc Vapor de mercúrio são empregadas em interiores de grandes proporções em vias públicas e áreas externas Vapor de sódio de alta pressão utilizadas na iluminação de ruas áreas externas indústrias cobertas etc 211 Objetivos da Iluminação Segundo CREDER 1986 a iluminação de interiores é a instalação executada para iluminar artificialmente locais fechados Nos projetos de iluminação é preciso saber dosar entre o belo e as especificações para o conforto lumínico Para tanto é necessário considerar alguns fatores fundamentais como a Conforto para garantir ao usuário as condições ideais de bemestar deve se aplicar níveis adequados de luminosidade evitando ofuscamentos e contrastes muito acentuados na iluminação b Atmosfera para se criar o clima desejado seja frio ou cálido é preciso descobrir a tonalidade adequada da luz através da escolha de lâmpadas específicas c Orientação para facilitar a compreensão do espaço é fundamental a correta distribuição dos pontos de luz e seus respectivos efeitos d Composição para compor um ambiente é necessário encontrar o equilíbrio no conjunto de luzes a partir de seus efeitos cores destaques e sombras e Visibilidade considerando que o homem percebe cerca de 80 das informações através da visão é importante assegurar que a iluminação proporcione plena percepção dos elementos à sua volta f Imagem o resultado da boa aplicação dos fatores acima resultará na visão de um quadro harmonioso 8 A Aspectos que devem ser considerados no Estudo do Ambiente Lumínico a Levantamento físico detalhado do espaço a ser trabalhado b Pesquisar largura comprimento pé direito layout cores texturas materiais material do rebaixo se houver profundidade do rebaixo se houver posição de dutos posição de vigas posição de colunas posição da alimentação disponível carga e tensão e posição dos comandos ou seções disponíveis interruptores independentes c Estudar ventilação ou refrigeração carga térmica de outros equipamentos horário de utilização e aproveitamento da iluminação natural Observação as atividades que este espaço abrigará deverão ser também conhecidas assim como as características de seus futuros usuários d Características do usuário idade do usuário tipo de atividade prioridade da atividade e prioridades do usuário B Especificação da lâmpada e da luminária Seguir os seguintes procedimentos Para a escolha da lâmpada avalie todas as características da lâmpada que sejam adequadas ao espaço à atividade e ao efeito pretendido a Parâmetros temperatura de trabalho dimensões fluxo luminoso temperatura de cor tempo de vida e necessidades funcionais reator transformador etc b Escolha da luminária avalie o tipo de instalação embutido plafom arandela etc curvas fotométricas adequação funcional e adequação estética 212 Efeitos da Luz A luz se torna visível aos nossos olhos quando refletida em uma superfície O efeito produzido por esta reflexão varia em função das características da lâmpada utilizada da luminária e de sua posição em relação a essa superfície 9 O conceito de um projeto de iluminação só nasce a partir da definição dos climas que queremos dar aos ambientes Principais efeitos ou tipos de iluminação a Luz de enchimento Tem a finalidade de preencher todo o espaço de luz de forma abrangente e difusa proporcionando um resultado bastante uniforme É o pano de fundo para receber as luzes de destaque que devem prevalecer sobre a luz de enchimento b Luz chapada É a luz jogada uniformemente em uma área de maneira intensa e abrangente c Luz de marcação Define o limite de um espaço eou ambientação Exemplo uma fileira de plafons de embutir entre dois ambientes ajuda a definir a divisão entre eles d Luz direta É a luz direcionada para um objetivo independente de reflexão de outra superfície e Luz pontual ou de destaque Produzida a partir de um equipamento de iluminação ou de uma lâmpada refletora que em função de suas características produz um cone de luz bem definido e restrito à área de interesse Seu uso é conveniente quando se quer destacar algum ponto específico f Luz dramática Utilizada para definir o resultado de um conjunto de luzes pontuais que atuam juntas produzindo zonas de claros e escuros que acentuam de forma muito marcante detalhes do espaço iluminado g Luz indireta ou rebatida É o resultado de uma luz projetada em uma superfície que a rebate para a área de interesse É muito comum se utilizar esta solução quando se quer uma luz 10 macia sem uma origem muito definida As sombras ficam atenuadas e reduzem reflexos indesejáveis em telas de vídeo por exemplo h Luz recortada Recortar a luz é o mesmo que delimitar definir com exatidão onde ela deve parar Só é possível quando se usa um equipamento dotado de conjunto ótico e facas ou aletas reguláveis 213 Grandezas Fundamentais da Luminotécnica Devese ter conhecimento das grandezas fundamentais baseadas nas definições da ABNT vocabulário de termos de iluminação e NBR5413 2131 Luz CREDER 1986 define a luz como o aspecto da energia radiante que um observador humano constata pela sensação visual determinada pelo estímulo da retina ocular SOARES 1991 diz que os órgãos dos sentidos são os canais que ligam os seres vivos ao ambiente em que vivem Particularmente para o homem são as sensações sonoras luminosas olfativas gustativas e táteis que lhe trazem as informações sobre o mundo A falta de qualquer um dos órgãos dos sentidos causa prejuízo ao homem pois para ele o mundo se apresenta incompleto Entretanto a falta da visão é a mais sentida porque é através dos olhos que se recebe a maior quantidade de informações As sensações visuais são produzidas quando a luz que vem dos objetos atinge nossos olhos Portanto a luz é o agente da visão isto é vemos um corpo porque ele envia luz para nossos olhos Segundo CREDER 1986 a faixa de radiações eletromagnéticas capazes de serem percebidas pelo olho humano se situa entre os comprimentos de onda 3800 a 7600 Angstroms O Angstrom cujo símbolo é Å é o comprimento de onda unitário e igual a dez milionésimos do milímetro 11 2132 Cor SOARES 1991 diz que conseguese explicar a variabilidade das cores quando se considera que a luz é constituída por ondas emitidas pelas fontes luminosas Cada cor corresponde então a ondas de determinada freqüência Para as diferentes ondas luminosas a freqüência costuma ser medida em vibrações por segundo Essa unidade é denominada hertz símbolo Hz em homenagem ao físico alemão Heinrich Rudolf Hertz 18571894 A determinação da freqüência das ondas luminosas é feita através de aparelhos eletrônicos CREDER 1986 e SOARES 1991 referem que a freqüência da luz vermelha é a de maior comprimento de onda visível entre 6400 a 7600 Angstroms e vale 375 trilhões de vibrações por segundo ou 375 trilhões de hertz No outro extremo a luz violeta apresenta a mais alta freqüência 750 trilhões de vibrações por segundo ou 750 trilhões de hertz As outras luzes intermediárias no espectro alaranjada amarela verde azul e anil apresentam freqüências com valores situados entre o da luz vermelha e o da luz violeta ANGSTROMS 3800 4000 5000 5550 6000 7000 7600 VIOLETA AZUL VERDE AMARELO LARANJA VERMELHO FIGURA I Espectro da luz visível em função do comprimento de onda CREDER H 1986 GUIMARÃES 2000 relata que o fisiologista inglês Thomas Young 1783 1829 determinou em 1802 com base na idéia da redução das cores três tipos de receptores em nossa retina vermelho amarelo e azul O fisiologista alemão Hermann Ludwig vol Helmholtz 18211894 por sua vez em 1852 determinou três espécies de fibrilas nervosas na retina a primeira estimulada principalmente pelas 12 ondas longas vermelho a segunda pelas ondas médias verde e a terceira pelas ondas curtas azulvioleta Com as experiências de James Clerk Maxwel em 1861 usando filtros vermelho verde e violeta comprovouse a síntese aditiva da percepção visual Para GUYTON 1993 a cor é inicialmente detectada por meio dos contrastes de cores Atuam nessa análise um processamento seriado das células simples às mais complexas no qual vão sendo decifrados progressivamente mais detalhes e um processamento paralelo das diversas informações da imagem em diversas localizações cerebrais É a combinação de ambos os tipos destas análises que proporciona a interpretação completa de uma cena visual 214 Intensidade Luminosa CREDER 1986 define como intensidade luminosa na direção perpendicular de uma superfície plana de área igual a 1600000 metros quadrados de um corpo negro à temperatura de solidificação da platina e sob a pressão de 101325 newtons por metro quadrado GUIMARÃES 2000 afirma que o olho tem alguns instrumentos para compensar a diferença de luminosidade ambiente e manter a boa recepção da informação Esse controle é realizado pela íris Quando a luz é insuficiente os músculos da íris se contraem alargando a pupila e quando a luz é mais forte distendemse restringindo o seu diâmetro variando a entrada da luz em até 30 vezes Assim se explica por que as imagens com maior iluminação exigem menos esforço da visão do que imagens com baixa iluminação E menor esforço significa naturalmente mais prazer 215 Iluminamento CREDER 1986 define que para a obtenção do nível de iluminamento de um local devese observar a utilização do mesmo Esses valores são orientativos pois variam bastante com as normas técnicas regionais Também a idade média dos 13 ocupantes de um recinto influenciará a determinação de seu nível de iluminamento MOREIRA 1983 observou pesquisa de Weston e Fortuin que verificaram que se um homem de quarenta anos realiza uma tarefa de leitura com 200 lux uma criança só necessita de 30 desse iluminamento um jovem de 20 anos de 50 e um homem de 60 anos de 500 de seu valor básico 2151 Escolha da Luminária Segundo CREDER 1986 a escolha da luminária depende de diversos fatores objetivo da instalação comercial industrial domiciliar etc fatores econômicos razões da decoração facilidade de manutenção etc Sendo a iluminação parte de um projeto global devese harmonizar com o mesmo Ela define em muitos casos as características de um ambiente se ele é alegre ou circunspecto frio ou quente comercial ou íntimo Deverá também acentuar suas qualidades valorizandoas ao máximo Em suma ao se projetar a iluminação de um ambiente não se deve levar em conta unicamente os aspectos quantitativos mas também os qualitativos de modo a criar uma iluminação que responda a todos os quesitos que o usuário exige do espaço iluminado 216 Avaliação Qualitativa das Lâmpadas É comum em iluminação de acordo com CREDER 1986 confundir qualidade com quantidade Para avaliar a qualidade de uma lâmpada devese observar quatro características básicas índice de reprodução de cor IRC eficiência temperatura de cor e curva espectral 2161 Índice de reprodução de cores IRC CREDER 1986 diz que as lâmpadas apresentam características de reprodução de cor muito variadas A expressão qualidade de luz muitas vezes é 14 relacionada a esta característica O IRC é uma escala percentual que indica o nível de distinção das cores iluminadas em uma determinada superfície padrão OBS A avaliação acima não tem relação com a brancura da luz A forma correta para determinar a tonalidade de uma luz é através da temperatura de cor A tabela III nos indica os índices de reprodução de cores mínimos recomendados dos diversos tipos de lâmpadas Reprodução de cores desejada Índice Temperatura da cor K Exemplos de recintos 6 000 a 7 500 Indústrias têxtil de tintas e gráfica Excelente 80 4 000 Museu indústria gráfica terapia médica 4 000 Escritórios lojas Boa 80 3 000 Salas de reunião residências Razoável 80 Corredores escadas trabalho mais pesado Nenhuma Iluminação pública TABELA III Índice de reprodução de cores Ref MOREIRA 1987 2162 Eficiência Para CREDER 1986 eficiência é a relação entre a potência ou consumo e o fluxo luminoso ou quantidade de luz emitido por uma lâmpada É bom salientar que a eficiência de uma lâmpada embora seja muito importante não é suficiente para determinar sua superioridade sobre outra em uma determinada aplicação 15 FIGURA II STANDARD 150W 2000 LUMENS FIGURA III POWERSTAR HQIT 150W 12000 LUMENS Assim temos eficiência fluxo luminosopotência ou k lmw Fonte CREDER 1986 2163 Temperatura da cor Esta forma de avaliação segundo CREDER 1986 foi determinada a partir da comparação da cor da luz emitida por um corpo sólido negro e de sua temperatura em graus Kelvin Ou seja aplicouse calor neste corpo sólido que em determinado momento começou a emitir uma cor laranja amarelada Medindose sua temperatura t encontrouse 2000 graus Kelvin k Aplicandose mais calor chegou se a uma variação desta cor na direção do branco azulado atingindo temperatura t na faixa dos 6000 graus Kelvin k Após esta medição fazse uma comparação associativa com as diversas lâmpadas e é instituída em caso de semelhança na cor a temperatura correspondente Quanto mais baixa for a temperatura de cor mais avermelhada será 16 a luz e quanto mais alta for a temperatura de cor mais azulada será a luz Atenção É importante não confundir temperatura de cor da luz com temperatura de trabalho da lâmpada A lâmpada fluorescente luz do dia de 40W tem por exemplo apresenta temperatura de funcionamento de aproximadamente 35ºC e temperatura de cor de aproximadamente 5000ºK 2164 Curva espectral Neste processo de avaliação segundo CREDER 1986 cada uma das cores que compõem uma determinada luz é considerada através da medição específica da intensidade de cada uma das cores de uma determinada fonte luminosa determinase um gráfico que chamamos de curva espectral Desta forma é possível escolher a lâmpada que melhor destaque uma determinada cor ou um determinado conjunto de cores 217 Tipos de Luminárias Serão analisadas as lâmpadas fluorescentes as quais são comumente usadas em praticamente todos os consultórios odontológicos TIPO POTÊNCIA watts FLUXO LUMINOSO Trimline T8 Bulbo T8 32 2950 WattMiser Bulbo T12 34 2850 Staybright XL WattMiser Bulbo T12 34 2975 Convencional Bulbo T8 30 1850 Convencional Special Bulbo T12 20 875 TABELA IV Lâmpadas Fluorescentes potência e fluxo luminoso Fonte CREDER 1986 17 218 Formas de Iluminação para Consultório Odontológico SAQUY 1994 sugere como deve ser iluminado corretamente um consultório odontológico Discutem a forma correta de iluminação e que o profissional de odontologia adquira conhecimentos básicos das regras de iluminação para colaborar na concepção de um ambiente de trabalho que se coadune à terapia dos pacientes Enfatizam os locais dentro de um consultório odontológico com funções diferentes sala de recepção sala de consulta e sala de tratamento que devem ter iluminação diferenciada por serem ambientes diferentes Chegaram à seguinte conclusão a Se o ambiente não dispõe de luz natural ou só é utilizado durante a noite devese utilizar lâmpadas fluorescentes do tipo quente com excelente reprodução de cores b Se o ambiente é servido com pouca quantidade de luz natural uma pequena janela ou clarabóia utilizar lâmpadas fluorescentes do tipo fria com boa reprodução de cores c Se o ambiente dispõe de luz natural abundante uma grande janela ou área aberta utilizar como complemento de luz lâmpadas fluorescentes do tipo que acompanham a luz natural com boa ou excelente reprodução de cores 22 ERGONOMIA Após a leitura de SANTOS FIALHO 1997 WISNER 1987 e IDA 1992 chegouse a um apanhado de conhecimentos gerais de Ergonomia Assim sendo a ergonomia é por definição a adaptação do trabalho ao homem Constituise num arcabouço de disciplinas voltadas à estruturação dos conhecimentos sobre o homem e a dinâmica de seu trabalho A Ergonomia é considerada como uma ciência por ser geradora de conhecimentos e como tecnologia por seu caráter aplicativo de transformação Apesar das divergências conceituais alguns aspectos são comuns às várias definições existentes 18 a a aplicação dos estudos ergonômicos b a natureza multidisciplinar o uso de conhecimentos de várias disciplinas c o fundamento nas ciências d o objeto a concepção do trabalho No período pósadministração científica o trabalho tem apresentado grande tendência à prescrição conseqüência da separação que esta forma de organizar propõe Ao mesmo tempo em que a separação do trabalho retira dos trabalhadores o conhecimento sobre a transformação de materiais passando estes a ser apenas realizadores de tarefas prescritas e de baixo conteúdo cognitivo está sofrendo este trabalho um grande isolamento do ambiente social onde acontece Sobre o trabalho de uma maneira geral atuam várias condicionantes tecnológicas pessoais e ambientais A ergonomia pelo seu caráter multidisciplinar e antropocêntrico apresenta condições de coordenar os efeitos dessas diversas condicionantes sobre um projeto de trabalho A ergonomia está preocupada com os aspectos humanos do trabalho em qualquer situação onde este é realizado Em qualquer situação onde existe o trabalho humano a ergonomia encontra campo para aplicar seus conhecimentos colhidos das diversas disciplinas que a apóiam e fornecem o embasamento que permite sua intervenção com o fim de modificar a situação de trabalho em prol do homem A incorporação da ergonomia no projeto e gerenciamento das organizações é fundamental para que esta possa atingir seus objetivos de adequação e adaptação do trabalho ao homem e para que o trabalho nas organizações seja então realizado de forma mais satisfatória segura e eficiente Desta forma é fundamental que o trabalho incorpore o conceito ergonômico e assim seja possível obter níveis de qualidade de vida no trabalho satisfatórios a toda a sociedade 19 A ergonomia evoluiu dos esforços do homem em adaptar ferramentas armas e utensílios às suas necessidades e características Porém é a partir da Revolução Industrial que propiciou o surgimento da fábrica e a intensificação do trabalho que a ergonomia vai encontrar sua maior aplicação A posição e o papel da ergonomia têm mudado ao longo dos anos na medida em que os sistemas ganham maior complexidade Hoje é mais comum o ergonomista estar mais envolvido em uma larga faixa de objetivos organizacionais incluindo desde o projeto de operações até o treinamento de pessoal A ergonomia por seu caráter antropocêntrico tem seus princípios voltados para os homens destacando a antropocentricidade da ergonomia o homem no centro dos interesses de seus princípios e fazendo base neste destaque e nas experiências práticas mencionadas podese afirmar que os ambientes que tiverem alastrado o conhecimento dos princípios ergonômicos junto ao seu corpo de trabalhadores apresentarão melhores condições para que ali se processe uma gestão com melhor qualidade de vida no trabalho e conseqüentemente maior produtividade Esta posição de certa forma apresenta o caráter participativo que deve ter a ergonomia para que seja praticada na plenitude de seus conceitos Por isso a ergonomia é participativa na essência Isto é a eficiência da aplicação de seus conceitos só acontecerá se houver um ambiente participativo Por outro lado também se percebe que o desejo ou a necessidade de ser promovida a implantação de conceitos ergonômicos em um ambiente pode proporcionar características participativas a este ambiente 221 Histórico da Ergonomia Segundo Schruber 2000 o termo Ergonomia foi usado pela primeira vez em 1857 pelo polonês W Jastrezebowski que publicou um artigo intitulado Ensaio de Ergonomia ou Ciência do trabalho baseada nas leis objetivas da ciência da natureza 20 Quase 100 anos mais tarde em 1949 um engenheiro inglês chamado Murrel criou na Inglaterra a primeira Sociedade Nacional de Ergonomia a Ergonomic Research Society Posteriormente a ergonomia desenvolveuse em outros países industrializados como França EUA Alemanha Japão e países escandinavos Em 1959 foi fundada a International Ergonomics Association Em 1955 é publicada a obra Análise do Trabalho de Obredane Faverge que se torna decisiva para a evolução da metodologia ergonômica Nesta publicação é apresentada de forma clara a importância da observação das situações reais de trabalho para a melhoria dos meios métodos e ambiente do trabalho O surgimento da ergonomia decorreu da verificação da existência da incompatibilidade entre uma máquina e o seu operador Os primeiros estudos sobre o homem e a atividade profissional foram realizados por engenheiros médicos do trabalho e pesquisadores Os engenheiros procuravam melhorar o desempenho do homem no trabalho Os médicos do trabalho procuravam estabelecer uma proteção à saúde dos trabalhadores e os pesquisadores buscavam compreender o funcionamento do homem em atividade de trabalho Neste pouco tempo que nos separa de seu surgimento a ergonomia teve um grande crescimento Em geral sua utilização está vinculada à busca de maior conforto do trabalhador na realização de suas tarefas A ergonomia no Brasil começou a ser evocada na USP nos anos 60 pelo Prof Sergio Penna Khel que encorajou Itiro Iida a desenvolver a primeira tese brasileira em Ergonomia a Ergonomia do Manejo Também na USP Ribeirão Preto Paul Stephaneek introduzia o tema na Psicologia Nesta época no Rio de Janeiro o Prof Alberto Mibielli de Carvalho apresentava Ergonomia aos estudantes de Medicina das duas faculdades mais importantes do Rio a Nacional UFRJ e a Ciências Médicas UEG depois UERJ O Prof Franco Seminério falava desta disciplina com seu refinado estilo aos estudantes de Psicologia da UFRJ O maior impulso se deu na COPPE no início dos anos 70 com a vinda do Prof Itiro Iida para o Programa de Engenharia de Produção com escala na ESDIRJ Além dos cursos de mestrado e graduação Itiro organizou com Colin Palmer um curso que deu origem ao primeiro livro de Ergonomia editado em português 21 222 Definições A ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho equipamento e ambiente e particularmente à aplicação dos conhecimentos de anatomia fisiologia e psicologia na solução surgida nesse relacionamento Ergonomics Research Society É o estudo da adaptação do trabalho às características fisiológicas e psicológicas do ser humano ABERGO A e r g o n o m i a é o c o n j u n t o d e c o n h e c i m e n t o s c i e n t í f i c o s r e l a t i v o s a o h o m e m e n e c e s s á r i o s p a r a a c o n c e p ç ã o d e f e r r a m e n t a s m á q u i n a s e d i s p o s i t i v o s q u e p o s s a m s e r u t i l i z a d o s c o m o m á x i m o d e c o n f o r t o s e g u r a n ç a e e f i c á c i a A e r g o n o m i a c o n s t i t u i u m a p a r t e i m p o r t a n t e m a s n ã o e x c l u s i v a d a m e l h o r i a d a s c o n d i ç õ e s d e t r a b a l h o e m s e u s e n t i d o r e s t r i t o A l é m d i s s o c o n s i d e r a o s d a d o s s o c i o l ó g i c o s e p s i c o s s o c i o l ó g i c o s q u e s e t r a d u z e m n o c o n t e ú d o e n a o r g a n i z a ç ã o g e r a l d a a t i v i d a d e d e t r a b a l h o W I S N E R 1 9 6 7 A u t i l i z a ç ã o d o s c o n h e c i m e n t o s e m e r g o n o m i a e s t á l i g a d a a o s o b j e t i v o s d a s e m p r e s a s d a s p o p u l a ç õ e s q u e a s c o m p õ e m e d a s o c i e d a d e o n d e e s t ã o s i t u a d a s E s s e s c o n h e c i m e n t o s p o d e m s e r v i r t a n t o p a r a a u m e n t a r a e f i c á c i a d o s i s t e m a d e p r o d u ç ã o c o m o p a r a d i m i n u i r a c a r g a d e t r a b a l h o d o o p e r a d o r O s o b j e t i v o s n ã o s ã o p o r n a t u r e z a s e m p r e c o n t r a d i t ó r i o s E n t r e t a n t o é f r e q ü e n t e c o n s t a t a r q u e a m e l h o r i a d e u m p o s t o d e t r a b a l h o f e i t a a p a r t i r d e d a d o s e r g o n ô m i c o s n ã o é s i m u l t a n e a m e n t e a c o m p a n h a d a d e u m a a t e n u a ç ã o d a c a r g a d e t r a b a l h o p a r a o t r a b a l h a d o r L A V I L L E 1 9 7 3 É a aplicação das ciências biológicas juntamente com as ciências da engenharia para lograr um ótimo ajustamento do homem e seu trabalho e assegurar simultaneamente eficiência e bemestar Organização Internacional do Trabalho OIT 1960 A e r g o n o m i a d i a g n o s t i c a o q u e p o d e s e r m e l h o r a d o n o a m b i e n t e d e t r a b a l h o O s e s t u d o s p o s s i b i l i t a m o b s e r v a r s e o m o b i l i á r i o o s e q u i p a m e n t o s a s m á q u i n a s a s f e r r a m e n t a s e o s i n s t r u m e n t o s e s t ã o d e a c o r d o c o m a s f u n ç õ e s d o t r a b a l h a d o r s e o s t e m p o s d i s p o n í v e i s p a r a e x e r c e r s u a s t a r e f a s s ã o s u f i c i e n t e s E n f i m d á u m a v i s ã o g e r a l d o a m b i e n t e d e t e c t a a s f a l h a s e p r o p õ e a s m u d a n ç a s c o m p a t í v e i s L e d a F e r r e i r a F U N D A C E N T R O 22 A Ergonomia é a tecnologia das comunicações homemmáquina MONTMOLLIN 1971 A E r g o n o m i a é u m a c i ê n c i a i n t e r d i s c i p l i n a r E l a c o m p r e e n d e a f i s i o l o g i a e a p s i c o l o g i a d o t r a b a l h o b e m c o m o a a n t r o p o m e t r i a é a s o c i e d a d e n o t r a b a l h o O o b j e t i v o p r á t i c o d a E r g o n o m i a é a a d a p t a ç ã o d o p o s t o d e t r a b a l h o d o s i n s t r u m e n t o s d a s m á q u i n a s d o s h o r á r i o s d o m e i o a m b i e n t e à s e x i g ê n c i a s d o h o m e m A r e a l i z a ç ã o d e t a i s o b j e t i v o s a o n í v e l i n d u s t r i a l p r o p i c i a u m a f a c i l i d a d e d o t r a b a l h o e u m r e n d i m e n t o d o e s f o r ç o h u m a n o G R A N D J E A N 1 9 6 8 A Ergonomia é uma tecnologia e não uma ciência cujo objeto é a organização dos sistemas homensmáquina LEPLAT 1972 A Ergonomia pode ser definida como o estudo científico das relações entre o homem e o seu ambiente de trabalho MURREL 1965 A Ergonomia reúne os conhecimentos da fisiologia da psicologia e das ciências vizinhas aplicadas ao trabalho humano na perspectiva de uma melhor adaptação ao homem dos métodos meios e ambientes de trabalho SELF 223 Tipos de Ergonomia Ainda Schruber 2000 discorre sobre os tipos de Ergonomia como Ergonomia de concepção permite agir precocemente sobre uma máquina local de trabalho e até mesmo sobre uma fábrica inteira na definição de como serão implantados os sistemas de modo a melhorar o ambiente de trabalho para o trabalhador Ergonomia de correção corresponde diretamente às anomalias que se traduzem por problemas de segurança e no conforto do trabalhador ou na insuficiência da produção em qualidade e em quantidade 23 224 Objetivos da Ergonomia FONSECA 1995 diz que o objetivo principal dos trabalhos nesta área é transferir tecnologia para a sociedade através da capacitação profissional e da prestação de serviços em ergonomia Ergonomia é o estudo anatômico fisiológico e psicológico do homem no seu ambiente Esta ciência procura estabelecer uma melhor relação entre o homem e o ambiente de trabalho Ela não é apenas um estudo físico do ambiente de trabalho do homem mas também um estudo psicológico ou seja aspectos como cansaço mental ou perturbações mentais também são estudados Dentre seus principais objetivos podemos destacar a Adequação do trabalho às capacidades naturais do homem pela organização de métodos e construção de máquinas e equipamentos que se aderem às características de cada pessoa exigência técnica b Aumentar a eficiência do trabalhador ao longo do tempo pois trabalhador doente não gera lucro e sim prejuízo exigência econômica c Prevenção de acidentes e doenças profissionais doenças músculo esqueléticas exigência social d Redução da fadiga e desconforto físico e mental do trabalhador Todos estes objetivos têm a função de proporcionar um aumento da produtividade procurando não ultrapassar as capacidades do ser humano A atuação em ergonomia é basicamente multiprofissional uma vez que os conhecimentos necessários para projetar eou transformar uma situação de trabalho ou um produto são oriundos de diversos campos da ciência Nesta equipe há ergonomistas engenheiros médicos psicólogos sociólogos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais Esta área tem desenvolvido trabalhos especialmente em Trabalho com sistemas informatizados no setor de serviços Ergonomia e projeto do trabalho 24 Ergonomia na Informática Saúde do trabalhador Ergonomia de produto Fonseca 1995 também aponta para novas áreas de atuação Seja quanto à expansão vertical do sistema homemtarefamáquina ao sistema homenstarefasmáquinas ou homenshomens da estação de trabalho à fabrica à organização de trabalho e à organização como um todo Seja quanto às formas de atuação quando se busca uma participação mais efetiva do usuário operador trabalhador consumidor Seja no que se refere ao objeto de trabalho o estudo das comunicações dos homens com computadores sobre diálogo entre o homem e a máquina através de hipertextos e softwares O procedimento ergonômico é orientado pela perspectiva de transformação da realidade cujos resultados obtidos dependerão em grande parte da necessidade da mudança Mesmo que o objetivo possa ser diferente de acordo com a especialização de cada pesquisador o objeto do estudo não pode ser definido a priori pois sua construção depende do objetivo da transformação Em ergonomia o objeto sobre o qual se pretende produzir conhecimentos deve ser construído por um processo de decomposiçãorecomposição da atividade complexa do trabalho que é analisada e que deve ser transformada O objetivo é ocultar o mínimo possível a complexidade do trabalho real Quanto mais a ergonomia aprofunda o seu questionamento sobre a realidade mais ela é interpelada por ela mesma 225 Métodos e Técnicas No site wwwergonomiacombr encontramos o artigo sobre os métodos e técnicas utilizados pela Ergonomia 25 A Ergonomia utiliza métodos e técnicas científicas para observar o trabalho humano A estratégia utilizada pela Ergonomia para apreender a complexidade do trabalho é decompor a atividade em indicadores observáveis postura exploração visual deslocamento A partir dos resultados iniciais obtidos e validados com os operadores chega se a uma síntese que permite explicar a interrelação de vários condicionantes à situação de trabalho Como em todo processo científico de investigação a espinha dorsal de uma intervenção ergonômica é a formulação de hipóteses Segundo LEPLAT 1998 o pesquisador trabalha em geral a partir de uma hipótese é isso que lhe permite ordenar os fatos São as hipóteses que darão o status científico aos métodos de observação nas atividades do homem no trabalho A organização das observações em uma situação real de trabalho é feita em função das hipóteses que guiam a análise mas também segundo GUERIN 1991 em função das imposições práticas ou das facilidades de cada situação de trabalho Os comportamentos manifestos do homem são freqüentemente observáveis pelos ergonomistas Os deslocamentos dos operadores por exemplo podem ser registrados a partir do acompanhamento dos percursos realizados pelo operador em sua jornada de trabalho O registro do deslocamento pode explicar a importância de outras áreas de trabalho e zonas adjacentes Em uma sala de tratamento de um consultório odontológico o deslocamento do CirurgiãoDentista até a mesa de operação está relacionado à exploração de certas informações visuais que são fundamentais para o controle de processo Podese agrupar as técnicas utilizadas em Ergonomia em técnicas objetivas e subjetivas 1 Técnicas objetivas ou diretas Registro das atividades ao longo de um período por exemplo através de um registro em vídeo Essas técnicas impõem uma etapa importante de tratamento de dados A observação é o método mais utilizado em Ergonomia pois permite abordar de maneira global a atividade no trabalho A partir da estruturação das grandes classes de problemas a serem observados o Ergonomista dirige suas observações e faz uma filtragem seletiva das informações disponíveis Observação assistida inicialmente considerase uma ficha de observação construída a partir de uma primeira fase de observação aberta A utilização de uma ficha de registro permite tratar estatisticamente os dados recolhidos as frequências de utilização as transições entre atividades a evolução temporal das atividades Em um segundo nível utilizamse os meios automáticos de registro áudio e vídeo O registro em vídeo é interessante à medida que libera o pesquisador da tomada incessante de dados que são inevitavelmente incompletos e permite a fusão entre os comportamentos verbais posturais e outros O vídeo pode ser um elemento importante na análise do trabalho mas os registros devem poder ser sempre explicados pelos resultados da observação paralela dos pesquisadores Os registros em vídeo permitem recuperar inúmeras informações interessantes nos processos de validação dos dados pelos operadores Essa técnica entretanto está relacionada a uma etapa importante de tratamento de dados assim como de toda preparação inicial para a coleta de dados ambientação dos operadores e uma filtragem dos períodos observáveis e dos operadores que participarão dos registros Alguns indicadores podem ser observados para melhor estudo da situação de trabalho postura exploração visual deslocamentos etc Direção do olhar A posição da cabeça e orientação dos olhos do indivíduo permitem inferir para onde este está olhando O registro da direção do olhar é amplamente utilizado em Ergonomia para apreciação das fontes de informações usadas pelos operadores As observações da direção do olhar podem servir como indicador da solicitação visual da tarefa Posturas As posturas constituem um reflexo de uma série de imposições da atividade a ser realizada A postura é um suporte à atividade gestual do trabalho e às informações obtidas visualmente Ela é influenciada pelas características antropométricas do operador e características formais e dimensionais dos postos de trabalho No trabalho em salas cirúrgicas de um consultório odontológico a postura é condicionada à oscilação do volume de trabalho A alternância postural servirá como escape à monotonia e reduzirá a fadiga do operador Em períodos perturbados a postura será condicionada pela exploração visual que passa a ser o pivô da atividade Estudo de traços A análise é centralizada no resultado da atividade e não mais na própria atividade Ela permite confrontar os resultados técnicos esperados e os resultados reais Os dados levantados em diferentes fases do trabalho podem dar indicação sobre os custos humanos no trabalho entretanto não conseguem explicar o processo cognitivo necessário à execução da atividade O estudo de traços pode ser considerado como complemento e é usado com frequência nas primeiras fases da análise do trabalho O estudo de traços pode ser fundamental no quadro metodológico para análise dos erros 2 Técnicas subjetivas ou indiretas Técnicas que tratam do discurso do operador são os questionários os checklists e as entrevistas Esse tipo de coleta de dados pode levar a distorções da situação real de trabalho se considerada uma apreciação subjetiva Entretanto tais dados podem fornecer uma gama de dados que favoreçam uma análise preliminar Devese considerar que essas técnicas são aplicadas segundo um plano preestabelecido de intervenção em campo com um dimensionamento da amostra a ser considerado em função dos problemas abordados Questionário O questionário é pouco utilizado em Ergonomia pois requer um número importante de operadores Contudo em um grupo restrito de pessoas pode ser aplicado para hierarquizar um certo número de questões a serem tratadas em uma análise aprofundada As respostas dos questionários podem contribuir para uma classificação de tarefas e de postos de trabalho O questionário entretanto deve respeitar a amostra e as probabilidades de aplicação Devese ressaltar que com o questionário se obtém as opiniões as atitudes em relação aos objetos as quais não permitem acesso ao comportamento real Segundo PAVARD VLADIS 1985 o questionário é um método fácil e se presta ao tratamento estatístico e se corretamente utilizado permite coletar um certo número de informações pertinentes para o Ergonomista Tabelas de avaliação Esse tipo de tabela permite que os próprios operadores avaliem o sistema que utilizam O objetivo é apontar os pontos fracos e os fortes do caso No caso de avaliação de programas uma tabela de avaliação deve cobrir os aspectos funcionais e conversacionais Entrevistas e verbalizações provocadas A consideração do discurso do operador é uma fonte de dados indispensável à Ergonomia A linguagem segundo MONTMOLLIN 1984 é a expressão direta dos processos cognitivos utilizados pelo operador para realizar uma tarefa A entrevista pode ser consecutiva à realização da tarefa pedese ao operador para explicar o que ele faz como ele faz e por quê Entrevistas e verbalizações simultâneas As entrevistas podem ser realizadas simultaneamente à observação dos operadores trabalhando em situação real ou em simulação A análise se concentra nas questões sobre a natureza dos dados levantados sobre as razões que motivaram certas decisões e sobre as estratégias utilizadas 29 Desta maneira o Ergonomista revela a significação que os operadores têm do seu próprio comportamento As verbalizações devem ser aplicadas com cuidado e de maneira a não alterar a atividade real de trabalho 23 IMPORTÂNCIA DOS PROJETOS DE ILUMINAÇÃO PARA OS ESTUDOS ERGONÔMICOS 231 Ergonomia FALZON 1996 descreve no capítulo Os Objetivos da Ergonomia que a maioria das definições de ergonomia colocam em questão dois objetivos fundamentais De um lado o conforto e a saúde dos trabalhadores eles se inquietam para evitar os riscos acidentais e ocupacionais e para minimizar a fadiga ligada ao metabolismo do organismo ao trabalho dos músculos e das articulações ao tratamento da informação e à vigilância Do outro lado a eficácia através da qual a organização mede suas diferentes dimensões produtividade e qualidade Esta eficácia é dependente da eficiência humana em conseqüência a ergonomia visa a conceber sistemas adaptados à lógica de utilização dos trabalhadores A idéia central do texto é discutir a pertinência destes dois objetivos ou mais precisamente ampliar sua importância FALZON 1996 considerou primeiramente as relações entre saúde e trabalho posteriormente a questão da eficiência no trabalho e em último lugar as conseqüências destes pontos sobre a atividade do próprio ergonomista sob o ponto de vista de um trabalhador particular 232 Projeto de Iluminação PORTO 1997 mostra um estudo sobre a importância do aproveitamento da luz natural para diminuir custos e obter melhor qualidade de iluminação ao ambiente A escolha de sistemas de iluminação natural de suas orientações e complementos 30 de sombreamento e redirecionamento de fluxo luminoso é um passo determinante na iluminação ambiental Outro aspecto a ser considerado ainda segundo PORTO 1996 é a correta distribuição da cor como um dos fatores de qualidade do quadro visual contribuindo para a melhoria das condições físicas do trabalho e para a adequação do homem à máquina sendo um fator preponderante que pode auxiliar na saúde segurança e bemestar das pessoas que nele trabalham Além do benéfico efeito psicológico devido às boas condições ambientais há uma diminuição no risco de fadiga visual e conseqüente diminuição de trabalhos falhos 233 Caracterização do Trabalho do CirurgiãoDentista LUSVARGHI 1999 publicou uma matéria sobre saúde profissional e com a colaboração do oftalmologista Jaime Roisenblatt alertou a classe dos Cirurgiões Dentistas do risco de trauma ocular O dentista por ter uma profissão detalhista fixa o olhar em um detalhe da boca por um tempo prolongado problema análogo ao do ourives e ao do digitador Conseqüentemente ele pisca menos e fica com os olhos ressecados e ardendo podendo ocorrer espasmos Esse espasmo de acomodação da musculatura ciliar pode se tornar um problema seriíssimo causando lesões nos olhos pode ser classificado como LERDORT embora não esteja incluído na legislação LUSVARGHI 1999 ainda diz que outro aspecto importante é a ação dos raios ultravioleta Existe um componente dentro de muitos focos de luz que permite radiação nessa faixa constituindo enorme fator de risco para o desenvolvimento ou a aceleração de catarata e degeneração macular ponto central da retina A incidência de problemas de mácula é maior em quem se expõe sem proteção adequada A pupila dos olhos claros filtra menos os raios solares e protege menos portanto inspira mais cuidado O míope também é tradicionalmente mais sensível 234 Saúde Ocular dos Odontólogos SIMURRO 2000 publicou uma matéria sobre a Saúde Ocular dos Odontólogos e Auxiliares em que discorre que acidente de trabalho é o acontecimento súbito de regra imprevisível e até certo ponto inesperado determinando uma lesão ou alteração funcional que pode ser momentânea ou definitiva Doença profissional ainda SIMURRO 2000 é o estado patológico que se instala insidiosamente em um ou vários indivíduos que executam uma mesma tarefa no mesmo local ou região de trabalho No que concerne a acidente de trabalho vários são os fatores desencadeantes Material desgastado submetido a forças superiores à sua resistência estrutural Manobras inadequadas efetuadas por profissionais pouco experientes Circulação embaraçosa ou inadequada no espaço mau arejamento e iluminação imprópria do ambiente de trabalho Estes acidentes de trabalho podem acarretar ao globo ocular lesões como Corpo estranho ocular externo Erosões eou úlceras corneanas infectadas ou não Corpo estranho intraocular associado à perfuração do globo ocular Prevenção indireta ambiente de trabalho dotado de dispositivos de proteção arejado bem iluminado amplo e higiênico 235 Iluminação Geral No site httpsescuolcombrsescconvivencialer no texto sobre ergonomia há um trabalho sobre iluminação o qual diz que a iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de forma a evitar ofuscamento reflexos incômodos sombras e 32 contrastes excessivos Os níveis mínimos de iluminamento a serem observados nos locais de trabalho são estabelecidos pela Norma Brasileira Registrada e o Inmetro Dentre as causas de iluminação inadequada está a iluminação excessiva produzida por luz natural em uma sala com grandes janelas e sol 24 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO Segundo RODRIGUES 1994 a Qualidade de Vida no Trabalho Q V T tem sido uma preocupação do homem desde o início de sua existência com outros títulos em outros contextos mas sempre voltada para facilitar ou trazer satisfação e bemestar ao trabalhador na execução de sua tarefa Com a sistematização dos métodos de produção nos séculos XVIII e XIX as preocupações com as condições de trabalho e a influência destas na produção e moral do trabalhador vieram a ser estudadas de forma científica A QVT busca humanizar as relações de trabalho na organização mantendo uma relação estreita com a produtividade e principalmente com a satisfação do trabalhador no seu ambiente de trabalho Constituise ainda em condição de vida no trabalho associada ao bemestar à saúde e à segurança do trabalhador A satisfação no trabalho segundo Vianna 1994 Rodrigues 1994 e Demo 1995 não pode estar isolada da vida da pessoa Rodrigues 199495 admite que a QVT é um ponto vital não só para a realização do homem no trabalho mas também em toda sua existência É no trabalho que o homem passa a maior parte de suas horas úteis do dia e a partir daí cria laços de amizade e expectativas de uma vida melhor com qualidade Khon e Schooler e Sheppard e Herrick citados por Rodrigues 199494 associam as experiências de trabalho e a qualidade perceptível de vida sugerindo que a insatisfação com o trabalho influencia a alienação e insatisfação com os outros domínios da vida A QVT na função de tema de pesquisa e de estudos organizacionais busca humanizar as relações de trabalho como alternativa para rever efeitos negativos do 33 taylorismo como a sistematização não só quanto às tarefas mas também quanto ao trabalhador e ao ambiente de trabalho Para Moraes 1990 o referencial mais remoto é encontrado na década de 30 na Escola de Relações Humanas Já naquela época era a que possuía uma maior identificação com a QVT demonstrada na busca que empreendeu de algumas teorias que enfatizavam os aspectos psicossociais e motivacionais a fim de proporcionar maior bemestar ao trabalhador e sua adaptação à tarefa executada A Escola Comportamental desmembramento da Escola de Relações Humanas através de Herzberg destacase como pioneira da QVT ao propor a teoria dos fatores higiênicos e motivacionais e a abordagem do enriquecimento da tarefa O termo QVT como nova abordagem em administração apareceu na literatura somente no início da década de 50 na Inglaterra com Eric Trist e colaboradores que estudavam um modelo macro para agrupar o trinômio pessoatrabalhoorganização Nessa perspectiva foi desenvolvida uma abordagem sóciotécnica almejando compreender a organização do trabalho a partir da análise e reestruturação da tarefa Na década de 60 o movimento QVT tomou impulso com iniciativas de cientistas líderes sindicais empresários governantes e dirigentes organizacionais na busca de pesquisar melhores formas de realizar o trabalho Seguindo a linha sóciotécnica impulsionada pela perspectiva de uma sociedade progressista a QVT teve como base a saúde a segurança e a satisfação dos trabalhadores Até o final da década de 70 ocorreu uma estagnação no desenvolvimento da QVT e nas preocupações com ela em virtude da alta inflação da crise do petróleo e da competição internacional acirrada pelas novas forças industriais como o Japão Em 1979 a preocupação com a QVT entra numa nova fase induzida pelo fascínio das técnicas de administrar utilizadas pelo Japão como por exemplo o Ciclo de Controle de Qualidade que se disseminou nas organizações do ocidente A partir de então a QVT passa a ser vista como um conceito global como uma forma de enfrentar os problemas de qualidade e produtividade Partese assim do pressuposto que as necessidades e aspirações humanas do trabalhador também fazem parte da responsabilidade social do empregador 34 A década de 80 foi marcada pela idéia de uma maior participação do trabalhador nas decisões das organizações Diante deste fato as organizações sentiramse compelidas a repensar suas condutas e a buscar soluções participativas Nos anos 90 a QVT tornouse foco de programas que estudam a saúde na organização resgatando valores ambientais e humanísticos negligenciados em favor do avanço tecnológico Ressaltase porém a preocupação dos que buscam a QVT de que ela não seja tratada como mais um modismo administrativo mas internacionalizada como processo necessário e conceitualmente considerado pelos gerentes e trabalhadores das organizações Nadler e Lawler 1983 Fernandes 1989 Atualmente a QVT está sendo difundida e desenvolvida em muitos países da Europa além dos Estados Unidos Canadá e México visando atender as necessidades psicossociais dos trabalhadores de forma a elevar seus níveis de satisfação no trabalho Moraes 1990 Fernandes 1996 No Brasil algumas pesquisas nesta área vêm sendo desenvolvidas para ampliar o conhecimento sobre o tema e abrir novas discussões No final da década de 80 os estudos sobre QVT se intensificaram e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EMBRAPA a Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS e a Universidade Federal de Minas Gerais UFMG constituíramse em organizações pioneiras nas pesquisas que vieram contribuir com a comunidade científica Podem ser citados alguns pesquisadores brasileiros que contribuíram construtivamente com o avanço da pesquisa sobre o tema através do desenvolvimento de estudos sobre QVT em organizações das mais variadas áreas Destacamse Quirino e Xavier 1987 Fernandes e Becker 1988 Siqueira e Coleta 1989 Moraes 1990 Macedo 1992 Lima 1994 Rodrigues 1994 Fernandes 1996 e Vieira 1996 O elemento central das pesquisas na área de QVT advém da importância que o trabalho desempenha na vida das pessoas e da constatação de que a forma como o trabalho está estruturado e organizado apresenta um impacto direto sobre o 35 trabalhador podendo leválo à satisfação ou frustração com outros fatores da vida que estão relacionados com a QVT 241 Concepções Sobre o Trabalho CONCEPÇÕES EVOLUTIVAS DA QVT CARACTERÍSTICAS QVT como uma variável 1959 a 1972 Reação do indivíduo ao trabalho Era investigado como melhorar a qualidade de vida no trabalho para o indivíduo QVT como uma abordagem 1969 a 1974 O foco era o indivíduo antes do resultado organizacional mas ao mesmo tempo tendia a trazer melhorias tanto ao empregado como à direção QVT como um método 1972 a 1975 Um conjunto de abordagens métodos ou técnicas para melhorar o ambiente de trabalho e tornar o trabalho mais produtivo e mais satisfatório QVT era visto como sinônimo de grupos autônomos de trabalho enriquecimento de cargo ou desenho de novas plantas com integração social e técnica QVT como um movimento 1975 a 1980 Declaração ideológica sobre a natureza do trabalho e as relações dos trabalhadores com a organização Os termos administração participativa e democracia industrial eram freqüentemente ditos como ideais do movimento de QVT QVT como tudo 1979 a 1982 Como panacéia contra a competição estrangeira problemas de qualidade baixas taxas de produtividade problemas de queixas e outros problemas organizacionais QVT como nada futuro No caso de alguns projetos de QVT fracassarem no futuro não passará apenas de um modismo passageiro TABELA VI Concepção Evolutiva de QVT Fonte Nadier e Lawler 1983 A concepção de trabalho foi evoluindo com a história Passou de uma concepção de sobrevivência em busca de meios para satisfazer as necessidades básicas até o dia de hoje como vital e fundamental para todo ser humano essencial à vida e a própria felicidade É inegável sua importância para o homem 36 pois através dele a pessoa se sente útil à sociedade e à vida Bastos 1995 Silva 1996 Zanelli e Silva 1996 O termo trabalho vem do latim tripalium ou três paus instrumento de tortura para castigar escravos Isto reflete a noção de empenho sacrifício tortura para se atingir determinado objetivo através do trabalho KRAWULSKI 1991 pelo estudo da evolução do conceito de trabalho através da história concluiu que muito lentamente o trabalho vem perdendo esta conotação pois permite ao trabalhador vantagens dificilmente substituíveis no tempo livre como identidade e autoconsciência status e reconhecimento contato com outras pessoas satisfação das necessidades responsabilidade pelo conteúdo de suas atividades e do uso do seu tempo Segundo KANAANE 199519 através do trabalho o homem pode modificar seu meio e modificarse a si mesmo à medida que possa exercer sua capacidade criadora e atuar como copartícipe do processo de construção das relações de trabalho e da comunidade na qual se insere O trabalho exerce um forte potencial motivacional sobre a pessoa a organização e as outras esferas da vida Este potencial motivacional é traduzido fundamentalmente pelo trabalhador gostar do que faz e transformálo em fonte de satisfação e prazer Há também o extremo do trabalho praticado por aquelas pessoas que não trabalham para viver mas vivem para trabalhar São os chamados workaholics expressão americana usada para designar aqueles para quem o trabalho é um vício Há algumas organizações e sociedades onde este vício de trabalhar compulsivamente é aceito como é o caso da sociedade japonesa em que o excesso de dedicação ao trabalho pode levar à morte Karashi Moraes 1994 Silva 1996 Este descompasso em relação ao trabalho e a outras esferas da vida gera sérios problemas aos trabalhadores A excelência nas atividades de trabalho com certeza é de fundamental importância porém a obstinação pelo trabalho como centro de tudo pode comprometer o conceito de equilíbrio Esta obstinação pelo trabalho muitas vezes é estimulada no seio da própria organização como meio de competitividade de assegurar cargos e posições que gerem status e poder 37 MORAES 1992 ressalta que a relação do homem com o trabalho às vezes é conflituosa ao mesmo tempo em que o trabalho é um fardo dá sentido à vida ao mesmo tempo em que ele dá status define a identidade pessoal e o crescimento humano Porém acreditase que de posse do conhecimento desta relação conflituosa com o trabalho o trabalhador possa achar o seu ponto de equilíbrio buscando uma melhor QVT e conseqüentemente um equilíbrio deste com as outras esferas da vida 242 Modelos e Fatores Determinantes de QVT Uma das dificuldades para investigar a qualidade de vida nas organizações reside na diversidade das preferências humanas e diferenças individuais dos valores pessoais e o grau de importância que cada trabalhador dá às suas necessidades implicando provavelmente em denotado custo operacional QUIRINO E XAVIER 1986 Autores clássicos como MASLOW 1954 e HERZBERG 1968 se ocuparam com os fatores motivacionais ligados às necessidades humanas com reflexos no desempenho e na autorealização do indivíduo WALTON 1973 LIPPIT 1978 WESTLEY 1979 BELANGER 1973 WERTHER DAVIS 1983 HACKMAN OLDHAM 1975 entre outros estruturaram modelos que identificam fatores determinantes da QVT nas organizações Operacionalmente os termos do modelo de WALTON 1973 podem ser definidos da seguinte forma 1 Compensação Justa e Adequada categoria que visa a mensurar a Qualidade de Vida no Trabalho em relação à remuneração recebida pelo trabalho realizado desdobrandose em três critérios 38 a Remuneração adequada remuneração necessária para o empregado viver dignamente dentro das necessidades pessoais e dos padrões culturais sociais e econômicos da sociedade em que vive b Eqüidade interna eqüidade na remuneração entre outros membros de uma mesma organização c Eqüidade externa eqüidade na remuneração em relação a outros profissionais no mercado de trabalho 2 Condições de Trabalho categoria que mede a Qualidade de Vida no Trabalho em relação às condições existentes no local de trabalho apresentando os seguintes critérios a Jornada de trabalho número de horas trabalhadas previstas ou não pela legislação e sua relação com as tarefas desempenhadas b Carga de trabalho quantidade de trabalho executado em um turno de trabalho c Ambiente físico local de trabalho e suas condições de bemestar conforto e organização para o desempenho do trabalho d Material e equipamento quantidade e qualidade de material disponível para a execução do trabalho e Ambiente saudável local de trabalho e suas condições de segurança e de saúde em relação aos riscos de injúria ou de doenças f Estresse quantidade percebida de estresse a que o profissional é submetido na sua jornada de trabalho 3 Uso e Desenvolvimento de Capacidades categoria que visa à mensuração da Qualidade de Vida no Trabalho em relação às oportunidades que o empregado tem de aplicar no seu diaadia seu saber e suas aptidões profissionais Entre os critérios destacamse os seguintes a Autonomia medida permitida ao indivíduo de liberdade substancial independência e descrição na programação e execução de seu trabalho 39 b Significado da tarefa relevância da tarefa desempenhada na vida e no trabalho de outras pessoas dentro ou fora da instituição c Identidade da tarefa medida da tarefa na sua integridade e na avaliação do resultado d Variedade da habilidade possibilidade de utilização de uma larga escala de capacidades e de habilidades do indivíduo e Retroinformação informação ao indivíduo acerca da avaliação do seu trabalho como um todo e de suas ações 4 Oportunidade de Crescimento e Segurança categoria que tem por finalidade medir a Qualidade de Vida no Trabalho em relação às oportunidades que a instituição estabelece para o desenvolvimento e o crescimento pessoal de seus empregados e para a segurança do emprego Os critérios que neste trabalho expressam a importância do desenvolvimento e as perspectivas de aplicação são os seguintes a Possibilidade de carreira viabilidade de oportunizar avanços na instituição e na carreira reconhecidos por colegas membros da família comunidade b Crescimento pessoal processo de educação continuada para o desenvolvimento das potencialidades da pessoa e aplicação das mesmas c Segurança de emprego grau de segurança dos empregados quanto à manutenção dos seus empregos 5 Integração Social na Organização categoria que objetiva medir o grau de integração social existente na instituição Fazendo uma adaptação a partir de Walton para este trabalho foram definidos os seguintes critérios a Igualdade de oportunidades grau de ausência de estratificação na organização de trabalho em termos de símbolos de status eou estruturas hierárquicas íngremes e de discriminação quanto à raça sexo credo origens estilos de vida ou aparência b Relacionamento grau de relacionamento marcado por auxílio recíproco apoio sócioemocional abertura interpessoal e respeito às individualidades 40 c Senso comunitário grau do senso de comunidade existente na instituição 6 Constitucionalismo categoria que tem por finalidade medir o grau em que os direitos do empregado são cumpridos na instituição Os critérios dessa categoria são os seguintes a Direitos trabalhistas observância ao cumprimento dos direitos do trabalhador inclusive o acesso à apelação b Privacidade pessoal grau de privacidade que o empregado possui dentro da instituição c Liberdade de expressão forma como o empregado pode expressar seus pontos de vista aos superiores sem medo de represálias d Normas e rotinas maneira como normas e rotinas influenciam o desenvolvimento do trabalho 7 Trabalho e Espaço Total de Vida categoria que objetiva mensurar o equilíbrio entre a vida pessoal do empregado e a vida no trabalho Os critérios são os seguintes a Papel balanceado no trabalho equilíbrio entre jornada de trabalho exigências de carreira viagens e convívio familiar b Horário de entrada e saída do trabalho equilíbrio entre horários de entrada e saída do trabalho e convívio familiar 8 Relevância Social da Vida no Trabalho categoria que visa mensurar a Qualidade de Vida no Trabalho através da percepção do empregado em relação à responsabilidade social da instituição na comunidade à qualidade de prestação dos serviços e ao atendimento a seus empregados Entre os critérios foram destacados os seguintes a Imagem da instituição visão do empregado em reação à sua instituição de trabalho importância para a comunidade orgulho e satisfação pessoais de fazer parte da instituição 41 b Responsabilidade social da instituição percepção do empregado quanto à responsabilidade social da instituição para a comunidade refletida na preocupação de resolver os problemas da comunidade e também de não lhe causar danos c Responsabilidade social pelos serviços percepção do empregado quanto à responsabilidade da instituição com a qualidade dos serviços postos à disposição da comunidade d Responsabilidade social pelos empregados percepção do empregado quanto à sua valorização e participação na instituição a partir da política de Recursos Humanos Sobre este modelo podese sublinhar que embora não se desconheçam a diversidade das preferências e às diferenças individuais ligadas à cultura classe social educação formação e personalidade tais fatores são intervenientes de modo geral na qualidade de vida do trabalho da maioria das pessoas Ou seja quando tais aspectos não são bem gerenciados o nível de satisfação experimentado pelos trabalhadores em geral deixa muito a desejar repercutindo nos níveis de desempenho No modelo de análise de experimentos importantes sobre a qualidade de vida do trabalho WALTON 1973 propõe oito categorias conceituais incluindo critérios de QVT ilustrados na Tabela VII 42 CRITÉRIOS INDICADORES DE QVT COMPENSAÇÃO JUSTA E ADEQUADA Eqüidade interna e externa Justiça na compensação Partilha dos ganhos de produtividade Proporcionalidade entre salários CONDIÇÕES DE TRABALHO Jornada de trabalho razoável Ambiente físico seguro e saudável Ausência de insalubridade USO E DESENVOLVIMENTO DE CAPACIDADES Autonomia Autocontrole relativo Qualidades múltiplas Informações sobre o processo total do trabalho OPORTUNIDADE DE CRESCIMENTO E SEGURANÇA Possibilidade de carreira Crescimento pessoal Perspectiva de avanço salarial Segurança de emprego INTEGRAÇÃO SOCIAL NA ORGANIZAÇÃO Ausência de preconceitos Igualdade Mobilidade Relacionamento Senso comunitário CONSTITUCIONALISMO Direitos de proteção ao trabalhador Privacidade pessoal Liberdade de expressão Tratamento imparcial Direitos trabalhistas O TRABALHO E O ESPAÇO TOTAL DE VIDA Papel balanceado no trabalho Estabilidade de horários Poucas mudanças geográficas Tempo e lazer da família RELEVÂNCIA SOCIAL DO TRABALHO NA VIDA Imagem da empresa Responsabilidade social da empresa Responsabilidade pelos produtos Práticas de emprego TABELA VII Categorias Conceituais de Qualidade de Vida no Trabalho QVT 43 Outro modelo que tem sido apontado pela literatura é o de WESTLEY 1979 segundo o qual a avaliação da qualidade de vida nas organizações pode ser examinada basicamente através de quatro indicadores fundamentais 1 Indicador econômico representado pela eqüidade salarial e eqüidade no tratamento recebido 2 Indicador político representado pelo conceito de segurança no emprego o direito a trabalhar e não ser discriminatoriamente dispensado 3 Indicador psicológico representado pelo conceito de autorealização 4 Indicador sociológico representado pelo conceito de participação ativa em decisões diretamente relacionadas com o processo de trabalho com a forma de executar as tarefas com a distribuição de responsabilidade dentro da equipe A Tabela VIII apresenta o modelo de Westley adaptado por RUSCHEL 1993 De acordo com este autor os problemas políticos trariam a insegurança o econômico a injustiça o psicológico a alienação e o sociológico a anomia Para Westley a insegurança e a injustiça são decorrentes da concentração do poder e da concentração dos lucros e conseqüente exploração dos trabalhadores Já a alienação advém das características desumanas que o trabalho assumiu pela complexidade das organizações levando a uma ausência do significado do trabalho e a anomia uma falta de envolvimento moral com as próprias tarefas INDICADORES DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO ECONÔMICO POLÍTICO PSICOLÓGICO SOCIOLÓGICO Equidade salarial Remuneração adequada Benefícios Local de trabalho Carga horária Ambiente externo Segurança no emprego Atuação sindical Retroinformação Liberdade de expressão Valorização do cargo Relacionamento com a chefia Realização potencial Nível de desafio Desenv Pessoal Desenvolvimento Profissional Criatividade Autoavaliação Variedade de tarefa Ident com tarefa Participação nas decisões Autonomia Relacionameto interpessoal Grau de responsabilidade Valor pessoal TABELA VIII Indicadores da QVT Fonte Westley 1979 adaptado por Rushel 1993 44 Por sua vez LIPPITT 1978 considera que são favoráveis para melhor qualidade de vida no trabalho situações em que se oferece oportunidade para o indivíduo satisfazer a grande variedade de necessidades pessoais ou seja sobreviver com alguma segurança interagir ter um senso pessoal de qualidade ser reconhecido por suas realizações e ter uma oportunidade de melhorar sua habilidade e seu conhecimento Podese sem dúvida aceitar que um modelo de melhoria de qualidade de vida no trabalho construído com base em tais fatoreschave oferece possibilidade de atendimento tanto das necessidades do indivíduo como da organização vindo ao encontro das expectativas dos empregados Citemse ainda WERTHER DAVIS 1983 que estruturaram um modelo no qual especificam elementos organizacionais ambientais e comportamentais como aspectos que influenciam o projeto de cargos em termos de qualidade de vida no trabalho de acordo com a Tabela IX Elementos Organizacionais Elementos Ambientais Elementos Comportamentais Abordagem mecanística Fluxo de trabalho Práticas de trabalho Habilidade e disponibilidades de empregados Expectativas sociais Autonomia Variedade Identidade de tarefa Retroinformação TABELA IX Modelo de Werther Davis Elementos de QVT Fonte Werther Davis 1983 Especificamente os elementos organizacionais do projeto do cargo dizem respeito ao fluxo de trabalho e às práticas de trabalho evitandose uma abordagem mecanicista Os elementos ambientais conforme estes autores não podem ser ignorados pela sua significação nas condições de trabalho envolvendo habilidade e a disponibilidade de empregados e as expectativas sociais A qualidade de vida no trabalho é afetada ainda segundo WERTHER DAVIS 1983 por elementos comportamentais que dizem respeito às necessidades humanas aos modos de comportamentos individuais no ambiente de trabalho que 45 são de alta importância tais como autonomia variedade identidade de tarefa e retroinformação entre outros O modelo de BELANGER 1973 aponta os seguintes aspectos para a análise da qualidade de vida nas organizações como ilustra a Tabela X trabalho em si crescimento pessoal e profissional tarefas com significado e funções e estruturas organizacionais abertas 1 O TRABALHO EM SI Criatividade Variabilidade Autonomia Envolvimento Feedback 2 CRESCIMENTO PESSOAL E PROFISSIONAL Treinamento Oportunidades de crescimento Relacionamento no Trabalho Papéis organizacionais 3 TAREFAS COM SIGNIFICADO Tarefas completas Responsabilidade aumentada Recompensas financeiras nãofinanceiras Enriquecimento 4 FUNÇÕES E ESTRUTURAS ABERTAS Clima de criatividade Transferência de objetivos TABELA X Modelo de Belanger 1973 HACKMAN OLDHAM 1975 propõem um modelo que se apóia em características objetivas do trabalho como mostra a Tabela XI De acordo com tais autores a qualidade de vida no trabalho pode ser avaliada quanto a a dimensões da tarefa identificando seis atributos importantes para a satisfação no trabalho variedade de habilidades identidade da tarefa significado da 46 tarefa interrelacionamento autonomia e feedback do próprio trabalho e extrínseco b estados psicológicos críticos envolvendo a percepção da significância do trabalho da responsabilidade pelos resultados e o conhecimento dos reais resultados do trabalho c resultados pessoais e de trabalho incluindo a satisfação geral e a motivação para o trabalho de alta qualidade bem como o absenteísmo e a rotatividade baixa DIMENSÕES DA TAREFA ESTADOS PSICOLÓGICOS CRÍTICOS RESULTADOS PESSOAIS E DE TRABALHO Satisfação Geral com o trabalho SG Variedade de Habilidades VH Identidade da Tarefa IT Significado da Tarefa ST Percepção da Significância do Trabalho PST Motivação Interna Para o Trabalho MIT Interrelacionamento IR Autonomia AU Percepção da Responsabilidade pelos Resultados PRT Produção de Trabalho De alta qualidade PTQ Feedback do próprio Trabalho FT Feedback Extrínseco FE Conhecimento dos reais Resultados do Trabalho CRT Absenteísmo e Rotatividade baixas TABELA XI Modelo de Dimensões Básicas da Tarefa segundo Hackman Oldham 1975 Fonte Walton 1973 Concordase em última análise com autores como QUIRINO E XAVIER 1987 ao afirmarem que a Qualidade de Vida no Trabalho veio apenas sistematizar e enfatizar pesquisas e estudos sobre a satisfação e a motivação no 47 trabalho Ou seja esta nova abordagem introduziu aos estudos de satisfação e motivação uma nova visão pelo fato de existirem argumentações teóricas mais modernas e coerentes com a realidade entretanto já definidas pelas tradicionais teorias motivacionais Uma pesquisa realizada por tais autores com base em aspectos sugeridos pela literatura em que analisaram 30 fatores que são apontados por se relacionarem com a melhoria da Qualidade de Vida no Trabalho Os resultados de tais estudos indicaram os fatores que revelaram maior representatividade realização do trabalho oportunidade de aprender informação científica para realizar o trabalho equipamentos para o trabalho segurança no emprego e proporções justas na compensação É possível que outras variáveis intervenientes na QVT possam ser agregadas às citadas nos modelos selecionados como por exemplo a participação que é considerada por FERNANDES 1996 como um dos mais importantes elementos comportamentais intervenientes na Qualidade de Vida no Trabalho 243 Produtividade X Qualidade de Vida no Trabalho No início da década de 50 ERIC TRIST iniciou estudos de um modelo que pudesse agrupar indivíduo trabalho organização Esta técnica recebeu o nome de Qualidade de Vida no Trabalho SMITH 1993 fazendo referência a HACKMAN e SUTTLE disse que Qualidade de Vida no Trabalho é o quanto as pessoas na organização estão aptas a satisfazer suas necessidades pessoais importantes através de suas experiências de trabalho e de vida na organização Quando a satisfação é alta o compromisso com os objetivos do grupo e da organização também é alto Referenciando BELCHER SMITH 1993 descreveu um ambiente com alta qualidade de vida no trabalho como aquele onde as pessoas são membros essenciais de uma organização que desafia o espírito humano inspira o desenvolvimento e o crescimento pessoal e faz com que as coisas sejam realizadas Os ambientes de alta qualidade de vida no trabalho apresentam 48 a Input do empregado nas decisões b Participação do empregado na solução de problemas c Compartilhamento de informações d Feedback construtivo e Trabalho em equipe e colaboração f Trabalho desafiador e significativo g Segurança no emprego O caminho da qualidade de vida no trabalho tem sido colocado como a grande esperança das organizações para atingirem altos níveis de produtividade pensando em atender as questões de motivação e satisfação do indivíduo A Qualidade de Vida no Trabalho tem ao longo do tempo apresentado diversas abordagens que refletem muito do interesse do trabalhador em cada momento entendese o grau de bemestar material pelo que dispõe uma pessoa classe social ou comunidade para sustentarse e desfrutar sua existência Portanto o nível de vida de um cidadão está diretamente associado ao que pode adquirir com seus recursos e ao que o Estado pode lhe oferecer Quando se trabalha na dissecação da produtividade percebese que a sua constituição apresenta um conjunto de variáveis sociais Além disso ela mostra também que o seu crescimento proporciona um retorno à sociedade fazendo com que muitas destas variáveis sociais também cresçam Assim fica clara a correspondência entre produtividade e qualidade de vida É biunívoca e diretamente proporcional isto é a qualidade de vida sendo alta os valores para produtividade também são altos baixa qualidade de vida provocará baixos índices de produtividade A Qualidade de Vida no Trabalho é construída internamente a partir de ações sobre as condições e a organização do trabalho e externamente com o melhor atendimento de questões como saúde educação habitação transporte lazer etc As preocupações devem ser para além da qualidade produtiva devese definir prioridades para conquistar a qualidade de vida Os processos participativos 49 se caracterizam como excelentes formas para as práticas administrativas e políticas no estabelecimento de sociedades que tenham preocupações não só baseadas no crescimento material da produção mas prioritariamente considerando os índices humanos 244 O Taylorismo e a Ergonomia Taylorismo é o termo que deriva de Frederick Winslow Taylor 18561915 um engenheiro americano que iniciou no final do século passado o movimento de administração científica do trabalho e se notabilizou pela sua obra Princípios de Administração Científica publicada originalmente em 1912 Taylor defendia que o trabalho deveria ser cientificamente observado de modo que para cada tarefa fosse estabelecido o método correto para executála com um tempo determinado usando as ferramentas corretas Haveria uma divisão de responsabilidades entre os trabalhadores e a gerência da fábrica cabendo a esta determinar os métodos e os tempos de modo que o trabalhador pudesse se concentrar unicamente na sua tarefa produtiva Os trabalhadores deveriam ser controlados medindose a produtividade de cada um e pagandose incentivos salariais àqueles mais produtivos Ele explica dizendo que até o mais simples trabalho como carregamento com uma pá deve ser cuidadosamente estudado de modo a determinar o seu tamanho adequado para cada tipo de material antes se utilizava a mesma pá tanto para carregar o carvão como a cinza e descobrir o melhor método de realizar o trabalho de modo que nada fosse deixado ao livre arbítrio do operário As idéias de Taylor se difundiram rapidamente nos Estados Unidos Em praticamente todas as fábricas foram criados departamentos de análise do trabalho para fazer cronometragens e desenvolver métodos racionais de trabalho e isso provavelmente contribuiu para a grande hegemonia mundial da indústria norteamericana na produção massificada de bens 2441 A Resistência dos Trabalhadores ao Taylorismo Pelo lado dos trabalhadores houve desde o início uma certa resistência à aceitação da cronometragem e dos métodos definidos pela gerência Os 50 trabalhadores achavam que isto os oprimia e reagiram descumprindo regras estabelecidas desregulando máquinas e prejudicando intencionalmente a qualidade Partindo do nível de resistência individual chegase aos movimentos coletivos e sindicais que questionam em menor ou maior grau o poder gerencial dentro das fábricas que lhes determina o que deve ser feito nos mínimos detalhes sem dar lhes a menor satisfação Assim os trabalhadores de certa forma sentemse moralmente desobrigados a seguir estes padrões visto que não participaram de nenhuma etapa de sua elaboração Evidentemente decorrido quase um século a partir das idéias iniciais do taylorismo muita coisa modificouse Os trabalhadores hoje são mais instruídos mais bem informados e mais organizados e não aceitam passivamente as decisões da gerência 2442 A Transformação do Taylorismo O taylorismo surgiu dentro das fábricas através da observação empírica do trabalho Os estudos científicos relacionados com o trabalho continuaram a se desenvolver em laboratórios acumulando conhecimentos sobre a natureza do trabalho humano Esses conhecimentos contribuíram para transformar gradativamente os conceitos tayloristas O taylorismo atribuía a tendência de vadiagem dos trabalhadores e os acidentes de trabalho à negligência dos mesmos Hoje já se sabe que as coisas não são tão simples assim Há uma série de fatores ligados ao projeto de máquinas e equipamentos ao ambiente físico iluminação temperatura ruídos vibrações ao relacionamento humano e a diversos fatores organizacionais que podem ter uma forte influência sobre o desempenho do trabalho humano Outro conceito taylorista cada vez mais questionado é o do homem econômico Segundo ele o homem seria motivado a produzir simplesmente para ganhar dinheiro e então cada trabalhador deveria ser pago de acordo com sua produção Hoje se admite que isso nem sempre é verdadeiro Há de fato certas pessoas que se motivam mais pelo dinheiro Mas estas se incluem entre os 51 trabalhadores de menor renda e aqueles de temperamento individualista que são mal vistos e isolados pelos próprios colegas Outros serão motivados por fatores diversos como a autoestima e o reconhecimento do trabalho que realizam Um psicólogo norteamericano que estudou o comportamento dos trabalhadores convivendo com eles chegou à conclusão de que muitos preferem manter a cabeça erguida que o estômago cheio referindose à questão do dinheiro que nem sempre era considerado o mais importante Portanto estas duas vertentes de um lado a resistência dos próprios trabalhadores e de outro o enriquecimento dos conhecimentos científicos sobre a natureza do trabalho influenciaram a gerência empresarial a rever suas posições Hoje há um respeito maior às necessidades do trabalhador e às normas de grupo e na medida do possível procurase envolver os próprios trabalhadores nas decisões sobre o seu trabalho Uma das conseqüências desta nova postura foi a gradativa eliminação das linhas de montagem em que cada trabalhador deveria realizar tarefas simples e altamente repetitivas definidas pela gerência Essas linhas consideradas até pouco tempo atrás como suprasumo do taylorismo parece que estão condenadas a serem substituídas por equipes menores mais flexíveis chamadas de células de produção Cada célula se encarrega de fazer um produto completo e a distribuição de tarefas de cada trabalhador é feita pelos próprios elementos da equipe Portanto há mais liberdade para cada um escolher as suas tarefas podendo haver rodízios periódicos dentro da equipe para combater a monotonia e fadiga Evidentemente não se trata de cair no extremo oposto do laissezfaire Os controles continuam existindo Mas em vez de se controlar individualmente cada trabalhador eles foram direcionados para os aspectos mais globais da produção e da qualidade Essa mudança trouxe mais liberdade e responsabilidade aos trabalhadores dando maiores oportunidades às manifestações dos talentos de cada um Assim os resultados globais podem ser melhores do que no caso anterior em que todos os detalhes eram rigorosamente controlados 52 245 Eficácia e Trabalho A ergonomia defende desde longo tempo uma visão do trabalhador como criador de seu próprio trabalho É isto o fundamental da distinção entre tarefa e atividade A eficácia no trabalho depende da ação criativa do operador do ajuste do funcionamento da tarefa Mais recentemente novas perspectivas foram acrescentadas a esta visão clássica Os objetivos da eficiência qualidade etc dependem também das contribuições dos próprios trabalhadores esta construção espontânea de novas ferramentas ou saberes é que contribui para a transformação do sistema de produção As atividades metafuncionais são as atividades não diretamente orientadas para a produção imediata que resultam na construção de conhecimentos ou de ferramentas materiais ou cognitivas destinados a uma utilização posterior eventual e visando a facilitar a execução da tarefa ou a melhoria da performance Estas atividades individuais ou coletivas situamse à margem do trabalho vêm se inserir sobre o tempo de trabalho em paralelo à atividade funcional ou no momento da fase de menor carga e são os acontecimentos que se realizam na hora do trabalho que provocam a aparição de atividades metafuncionais Estes dois aspectos conferem um caráter parasitário parasitismo temporal e genético relacionado à atividade Estas atividades metafuncionais são às vezes mais raramente formalizadas e reconhecidas Na maioria das vezes são espontâneas e ignoradas Em certos casos são escondidas e combatidas pela organização Elas são atividades necessárias bem mais sob o ponto de vista do desenvolvimento individual e do interesse do trabalhador do que do ponto de vista da eficiência da qualidade do trabalho A eficácia a qualidade etc são resultantes de uma coprodução operador de um lado organização do trabalho e o ambiente de trabalho do outro Estas atividades metafuncionais devem então ser estimuladas e eventualmente assistidas não sabemos por quanto tempo A ergonomia parte do princípio de que a atividade de trabalho constitui a trama que estrutura preserva e permite a evolução da produção 53 Reconhecendo que em qualquer sistema de produção há sempre uma distância entre trabalho prescrito e trabalho real a ergonomia explora o espaço de autoorganização existente no interior das organizações formais mostra por exemplo como a concepção de produtos se prolonga até a sua utilização Em tudo isso questiona a divisão social do trabalho entre planejadores e executantes buscando na compreensão da atividade de trabalho a chave para desvendar o funcionamento real dos sistemas de produção A abordagem dos sistemas de produção via atividade de trabalho não se limita a afirmar a primazia da prática real dos homens seria esquecer todo o peso estrutural dos processos sociais que operam de forma alienada à vontade dos indivíduos mas procura revelar as contradições que atravessam a produção social cujos produtos negam e obscurecem através de uma racionalidade objetivamente inscrita nas coisas as relações e atividades vivas dos homens reais Procura assim entender a natureza contraditória do trabalho da produção é possível originar riquezas simultaneamente à despossessão e ao desgaste dos produtores contradição que se expressa na negação da efetividade real de suas atividades concretas e na impossibilidade de reapropriação dos produtos criados e das riquezas geradas pelos próprios produtores Estas contradições se manifestam em vários fenômenos do mundo do trabalho que são objetos de pesquisas específicas no domínio da Ergonomia e da Organização do Trabalho a processos sociais de produção das doenças ocupacionais e dos acidentes de trabalho formas de desgaste do corpo patologias e sofrimento mental dos trabalhadores em relação com a organização do processo de trabalho e introdução de novas tecnologias b gênese e limites do desenvolvimento das potencialidades cognitivas dos trabalhadores aprendizagem formação e qualificação carreira e realização profissional ética e dimensões afetivas no trabalho c natureza dos conflitos e formas de cooperação horizontal entre trabalhadores e funções da empresa e vertical entre trabalhadores e a hierarquia trabalho coletivo e novas formas de organização do trabalho 54 d concepção de novas tecnologias e de sistemas informatizadosautomatizados com ênfase na interface entre operadores e tecnologia processos de transferência de tecnologia e suas condições de sucesso desenvolvimento de softwares ergonômicos através de metodologias participativas de concepção e racionalidade produtiva em sistemas informatizados complexos organização qualificante e novos conceitos de produtividade e de eficiência 55 3 ESTUDO DE CASO A ANÁLISE ERGONÔMICA DO AMBIENTE LUMÍNICO NO TRABALHO DO CIRURGIÃODENTISTA 31 INTRODUÇÃO O projeto de iluminação na análise ergonômica do trabalho para PORTO et al 1997 tem por objetivo mostrar aspectos de relevância da iluminação natural e artificial para a atividade humana como meio de obtenção das condições de conforto no ambiente de trabalho Ainda de acordo com os autores acima a escolha de sistemas de iluminação de suas orientações e complementos de sombreamento e redirecionamento de fluxo luminoso é um passo determinante na iluminação ambiental A correta distribuição da cor como um dos fatores de qualidade do quadro visual contribui para a melhoria das condições físicas do trabalho e para a adequação do homem à máquina sendo um fator preponderante que pode auxiliar na saúde segurança e bemestar das pessoas que nele trabalham Em colaboração com o Oftalmologista Jaime Roisenblatt LUSVARGHI 1999 alertou a classe dos CirurgiõesDentistas do risco do trauma ocular Por esse motivo a indústria odontológica preocupada em quebrar a monotonia e a austeridade dos consultórios odontológicos usa atualmente uma combinação adequada de cores que ajuda a concentração do profissional sobre determinadas partes do equipamento que além do benéfico efeito psicológico devido às boas condições ambientais há uma diminuição no risco de fadiga visual e conseqüente diminuição de trabalhos falhos De acordo com SIMURRO 2000 a intensidade de iluminação e a coloração da luz devem combinar com a coloração da luz ambiental São aconselhadas para a iluminação lâmpadas fluorescentes de luz natural branca com coloração a mais semelhante à temperatura cromática As janelas em horas noturnas não devem aparecer como áreas escuras devem ser aclaradas pela instalação de cortinas 56 claras ou envidraçamento especial apoiado por uma irradiação de luz de cima de modo que não cause qualquer ofuscamento pelas luminárias A iluminação do lugar de tratamento ainda de acordo com SIMURRO 2000 deve possibilitar ao CirurgiãoDentista a realização de trabalhos de precisão fora do campo de operações propriamente dito Entendese como lugar de tratamento todos os aparelhos terapêuticos bem como os demais acessórios de uso imediato do profissional e de sua auxiliar As luminárias devem estar instaladas na cobertura por sobre e em frente ao paciente para que se consiga uma direção de luz apropriada para providências terapêuticas em pacientes deitados ou sentados Para se manter tão baixa quanto possível a ofuscação do paciente são preferidas as luminárias de grande área O teto sendo a principal superfície refletora da luz que provém do exterior é responsável pelo redirecionamento da luz aos planos verticais e horizontais mais distantes das janelas não podendo causar ofuscamento fornecendo condições lumínicas necessárias para o bom desempenho da atividade visual Outro aspecto a ser considerado é o formato Grandes quantidades de reentrâncias dificultam o redirecionamento da luz natural visto que obstruem o caminho usual da reflexão do feixe lumínico A disposição do menor número possível de cavidades e a simples inclinação do teto de forma descendente até a janela proverão uma distribuição de luz mais eficaz e uniforme no ambiente interno FALZON 1996 observa que o nível de iluminação interfere diretamente no mecanismo fisiológico da visão e também na musculatura que comanda os movimentos dos olhos levando com isso à fadiga visual Para evitála deve haver um cuidadoso planejamento da iluminação assegurando a focalização do objeto a partir de uma postura confortável A iluminação adequada diminui a fadiga ocular e aumenta a velocidade e eficiência da leitura Luz fraca não causa doença ocular mas aumenta o cansaço ocular De acordo com VAUGHAN 1983 as lâmpadas incandescentes simulando a luz do dia proporcionam um fluxo de luz forte e difuso Os tubos fluorescentes comuns operam com corrente alternada e causam tremulação mas é possível ligar 2 tubos fluorescentes de tal forma ajustada que haja desencontro das fases eliminando assim o tremor 57 VAUGHAN 1983 e SAQUY 1994 afirmam que um requisito básico na iluminação é ter luz suficiente para ver Uma vez que isto seja realizado a intensidade de iluminação e o aumento o uso de óculos podem ser ajustados para aumentar a eficiência visual Em geral a iluminação deve ser suficiente para permitir o trabalho de forma eficiente e confortável Segundo ITIRO 1992 um projeto de iluminação tem por objetivo mostrar aspectos a serem considerados na análise ergonômica do trabalho dentro do espaço que se quer trabalhar e a relevância da iluminação natural para a atividade humana como meio de obtenção das condições de conforto no ambiente de trabalho A escolha de sistemas de iluminação natural de suas orientações e complementos de sombreamento e redirecionamento de fluxo luminoso é um passo determinante na iluminação ambiental A iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de forma a evitar ofuscamento reflexos incômodos sombras e contrastes excessivos Os níveis mínimos de iluminamento a serem observados nos locais de trabalho são estabelecidos pela Norma Brasileira Registrada e o Inmetro Dentre as causas de iluminação inadequada está a iluminação excessiva produzida por luz natural em uma sala com grandes janelas e sol 32 ANÁLISE DE DADOS Este estudo de caso foi realizado em uma sala de tratamento do Cirurgião Dentista na Clínica Odontológica do autor situada na cidade de Curitiba A situação de trabalho a ser analisada é sobre o que é exigido em termos de desgaste visual do CirurgiãoDentista durante o desenvolvimento de seu trabalho e também à descrição das condicionantes físicoambientais que lhe são oferecidas para a realização do mesmo a fim de propor orientações no sentido de garantir a saúde segurança e desempenho desse profissional Utilizarseá como metodologia a Análise Ergonômica do Trabalho com o intuito de estudar como o CirurgiãoDentista desenvolve suas atividades com as 58 condições de trabalho que lhe são oferecidas pretendendose ainda fornecer recomendações ergonômicas para o seu trabalho 321 Procedimentos Metodológicos Partindo dos objetivos propostos realizouse a Análise Ergonômica do Trabalho seguindo as etapas contidas no Referencial Teórico para determinar os fatores que interferem no conforto e desempenho do CirurgiãoDentista 33 APLICAÇÃO DA ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO 331 Análise da Demanda A sala de tratamento do paciente em um Consultório Odontológico é o ambiente em que o CirurgiãoDentista passa a maior parte do tempo por isso deverá ser um ambiente com luminosidade suficiente para que este profissional desenvolva seu trabalho profissional com saúde aspecto importante a ser considerado e ótima produtividade uma das exigências da profissão Considerando este contexto a demanda foi formulada pelo pesquisador no sentido de analisar as condições de trabalho do CirurgiãoDentista em seu ambiente de trabalho ou seja na sala de atendimento do paciente com o objetivo de levantar dados para melhorar a situação existente Para tanto decidiuse pela Análise Ergonômica do Trabalho no referido local 332 Características do local de trabalho O CirurgiãoDentista dispõe para o desenvolvimento de suas atividades de ambientes convencionais de uma clínica odontológica sala de recepção sala de entrevistas sala pré e pós operatória sala de esterilização banheiros e a sala de atendimento do paciente que é o objeto deste estudo FIG IV layout 1 34 ANÁLISE DA TAREFA Procedeuse a uma análise sobre o que é exigido do CirurgiãoDentista no desenvolvimento de seu trabalho e também à descrição das condicionantes físicoambientais que lhe são oferecidas para a realização do mesmo 341 Descrição da tarefa De uma forma geral a tarefa a ser realizada distribuise em um conjunto de ações que destacase a seguir Recepção do paciente pela atendente odontológica Leitura e análise do tratamento a ser realizado ou em andamento Procedimentos odontológicos diferenciados a cada paciente dependendo da especialidade Cirurgia Periodontia Implantodontia Endodontia Dentística Operatória Ortodontia Oclusão Prótese Dental Odontopediatria Radiologia Tarefas do CirurgiãoDentista no atendimento ao paciente após o posicionamento do paciente na cadeira odontológica pela atendente o profissional sentase no mocho odontológico ajuste da luz do refletor posicionandoa corretamente posicionamento da mesa auxiliar início do procedimento Orientação ao paciente quanto a procedimentos de manutenção Preenchimento da ficha do atendimento realizado Consulta de tabelas de preço para orçamento ou pagamento Preenchimento de receituários se for o caso Acompanhamento do paciente até a recepcionista da Clínica para os agendamentos futuros e emissão de recibos Desenvolvimento de atividades específicas conforme calendário anual recadastramento de pessoal imposto de renda pagamento de taxas e emolumentos sendo que tais atividades modificam o seu ritmo de trabalho 342 Características físicoambientais do espaço de trabalho O CirurgiãoDentista dispõe para o desenvolvimento de suas atividades de uma sala de atendimento do paciente que é o objeto deste estudo Ambiente físico da sala de atendimento A estrutura física estudada é formada basicamente de um setor denominado de sala de atendimento do paciente Esta sala tem a dimensão de 864 m2 medindo 240 m por 360 m FIG V layout 2 As paredes são pintadas com tinta lavável na cor branca fosca O piso é de lajota vitrificada na cor cinza claro Existência de uma janela do sistema basculante medindo 2 m de largura x 1 m de altura fornecendo luminosidade natural à sala e boa ventilação duas portas uma dando acesso à sala de esterilização e outra com acesso à sala de espera do paciente FIG VI e VII Equipamentos Os principais equipamentos utilizados pelo CirurgiãoDentista são cadeira odontológica 01 equipo odontológico composto por mesa auxiliar refletor e cuspideira 01 aparelho de RX 01 Mobiliários armários de fórmica 03 lavatório para degermação das mãos 01 cadeira mocho com assento e encosto reguláveis 01 Para melhor compreensão a disposição da estrutura e dos equipamentos para a realização das atividades está representada na FIG VIII foto dos equipamentos do consultório e FIG IX layout 3 Iluminação Além da janela que fornece luminosidade natural à sala no teto está colocado um conjunto de luminárias com 4 quatro lâmpadas fluorescentes de 40 W formando um desenho quadrado As lâmpadas fluorescentes sendo a melhor escolha para iluminação artificial de ambientes possuem um ótimo desempenho e conforto lumínico garantindo aos usuários condições ideais de bem estar evitando ofuscamentos e contrastes na iluminação FIG X 35 ANÁLISE DA ATIVIDADE A observação das atividades realizadas pelos CirurgiõesDentistas foram classificadas em períodos diversificados acompanhando o desenvolvimento de seus trabalhos assim distribuídos dois dias no período da manhã dois dias no período da tarde e dois dias no período da noite Desta forma pôdese observar as atividades que os profissionais realizam 62 Com o intuito de facilitar a compreensão dos resultados obtidos com a análise das atividades procurarseá dividilos em condicionantes físicos e gestuais cognitivos e ambientais 351 Análise das atividades em termos gestuais e posturais O CirurgiãoDentista realiza sua atividade diária alternandose entre a posição sentado e postura em pé A postura em pé em equilíbrio dinâmico é adotada pelo profissional ao andar pela sala de atendimento e as dependências do consultório para realização das atividades profissionais A posição sentada é adotada pelo profissional durante quase toda a realização de seu trabalho Seus movimentos são constantes realizados com tronco região cervical membros inferiores e membros superiores Observouse que a rotação forçada realizada pelo tronco e região cervical são posições que irão lhe causar problemas ortopédicos futuros e que o esforço visual realizado para poder visualizar uma área muito pequena e restrita que é a boca também irão lhe causar um desgaste visual ANTES DO ESTUDO ATUALMENTE Iluminação natural Luminosidade da janela com entrada de luz solar direta posição leste sem proteção de cortinas Pela manhã abundância de luz ocasionando ofuscamentos indesejados À tarde iluminação mais confortável mas ainda com ofuscamento À noite aspecto de um quadro negro causado pelo escuro da noite Iluminação natural Luminosidade da janela com entrada de luz solar amenizada pela instalação de cortinas do tipo persiana Pela manhã luz natural com harmonia diminuindo sensivelmente o ofuscamento oferecendo um conforto lumínico tanto ao profissional como para o paciente À tarde iluminação confortável oferecendo um ambiente agradável À noite aspecto do quadro negro melhorado pela instalação da persiana que apesar de não contribuir para a iluminação oferece um ambiente mais agradável 63 Iluminação artificial Instalação no meio do teto de uma luminária dupla com lâmpadas fluorescentes de 40 W causando com isso uma luz direcionada por trás do paciente levando o profissional para uma melhor visualização do seu trabalho a utilizar sempre o meio auxiliar de iluminação do equipo Iluminação artificial Instalação de uma luminária com quatro lâmpadas de 40 W com formado de um quadrado abrangendo todo o teto As lâmpadas fluorescentes sendo a melhor escolha para iluminação artificial de ambientes possuem um ótimo desempenho e conforto lumínico garantindo aos usuários condições ideais de bem estar evitando ofuscamentos e contrastes na iluminação 352 Análise das atividades em termos cognitivos As atividades realizadas pelos profissionais são fundamentalmente cognitiva e os aspectos exigidos são conhecimento do equipamento existente na sala e habilidade em manuseálo conhecimento profissional dos serviços a serem realizados em seu paciente inerentes à profissão habilidade para lidar com os pacientes aspectos psicológicos planejamento do tempo e organização das atividades realizadas conhecimento dos materiais utilizados 36 DIAGNÓSTICO Tomando como ponto de partida as observações efetuadas nos profissionais nos três turnos obtémse uma visão geral dos problemas relacionados aos mesmos aos quais sintetizouse observações para embasar o diagnóstico a seguir citados 1 Procedimentos de Trabalho maior desgaste físico e psicológico para pacientes novos diagnóstico diferenciado imediato mobiliário padrão 64 ergonomia do consultório satisfatória 2 Indicadores Gerais Físicos dor e desconforto na região cervical e membros superiores de intensidade moderada As tarefas executadas pelos profissionais embora guardem um alto grau de regulação são realizadas tanto sentados como em pé Os profissionais fazem referência a cansaço físico e dores nas costas bem como nos membros superiores e inferiores no final do período de trabalho problemas de visão no trabalho noturno relatados por todos os profissionais envolvidos LUSVARGHI 1999 relatou que o CirurgiãoDentista por ter uma profissão detalhista fixa o olhar em um detalhe da boca por um tempo prolongado Conseqüentemente ele pisca menos e fica com os olhos ressecados e ardendo Trabalhando sem pausas o dentista entra num quadro de espasmo de acomodação da musculatura ciliar sente cansaço apresenta os olhos vermelhos não consegue enxergar e sente coceira Isso favorece o desenvolvimento de problemas refracionais como a presbiopia mais conhecida como vista cansada É importante fazer pausas e fixar os olhos num ponto distante para relaxar LUSVARGHI 1999 ainda diz que o dentista trabalha com um gradiente de iluminação intenso ele tem uma área iluminada sob foco de luz intensa e uma área ao redor com luz bem mais fraca o que é muito cansativo para isso o ambiente deve estar uniformemente iluminado 2 Indicadores Gerais Físicos De acordo com GRANDJEAN 1998 permanecer em pé por tempo prolongado além da fadiga muscular causa desconforto devido às condições adversas do fluxo de retorno do sangue responsável pela 65 incidência de varizes e edema de tornozelos Além disso no trabalho sentado por longo tempo o autor adverte para os sintomas dolorosos de fadiga no sistema nucaombrosbraços uma vez que esse sistema suporta o trabalho estático realizado A prática freqüente de atividades mobilizando os aspectos citados sem a adoção de medidas para alteração das situações geradoras pode desencadear problemas de saúde aos profissionais 3 Aspectos Gerais do Trabalho Quanto aos aspectos físicoambientais O ambiente físico da sala de tratamento do paciente é de forma geral um local de trabalho agradável para o desenvolvimento das atividades que lhes são pertinentes O nível de iluminação natural que antes da análise deste caso era de uma intensidade exagerada causando desconforto para o profissional e ao paciente após a mudança na luminosidade pela instalação de cortinas do tipo persianas houve uma melhora considerável no aspecto lumínico causando um conforto aos profissionais 37 CADERNO DE ENCARGOS E RECOMENDAÇÕES ERGONÔMICAS De acordo com Santos e Fialho 1997 a transformação da situação de trabalho analisada é o principal objetivo da intervenção ergonômica O caderno de encargos foi constituído a partir da análise ergonômica do trabalho As especificações nele contidas visam contribuir para a melhora das condições de trabalho e saúde dos profissionais do presente estudo levandose em conta as alterações das suas condições de trabalho advindas da modificação da luminosidade em seu ambiente Para atender as características levantadas e analisadas no diagnóstico sugerese 66 1 Implementar um programa de saúde profissional direcionado aos CirurgiõesDentistas envolvendo profissionais de saúde e tecnológicos A partir de referências da situação concreta vivida por esses profissionais convidar profissionais de ergonomia fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais para orientações quanto à adoção de hábitos posturais e técnicas de iluminação 2 Proceder orientações sobre a importância de alternar atividades durante o horário de trabalho para evitar esforços decorrentes de sobrecargas posturais de origem estática ou dinâmica Ainda elucidar efeitos possíveis sobre a correta padronização do ambiente lumínico 3 Tendo em vista os dados acima podese dizer que o CirurgiãoDentista sofre diversos desgastes tanto físico como psicológico mas o que mais enfocamos foi o desgaste visual durante o seu desempenho profissional causado pela falta de conhecimento de técnicas de iluminação e a correta utilização das mesmas bem como um melhor conhecimento da atuação ergonômica para obtenção de uma melhoria da qualidade de vida aumento da produtividade e eficácia no trabalho Desta maneira através destas técnicas e do interesse da aplicação dos CirurgiõesDentistas nesta área para solucionar os problemas relativos ao cansaço visual e às vezes à perda significativa da visão é que se faz necessária a avaliação da iluminação do local de trabalho e das técnicas ergonômicas que nele devem ser aplicados 67 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Para a apresentação da conclusão da presente dissertação inicialmente devese retomar alguns tópicos importantes já descritos anteriormente no que se refere à iluminação e ergonomia relacionados em um ambiente odontológico O nível de iluminação interfere diretamente no mecanismo fisiológico da visão e também na musculatura que comanda os movimentos dos olhos levando à fadiga visual Para evitála deve haver um cuidadoso planejamento da iluminação assegurando a focalização do objeto a partir de uma postura confortável A claridade do ambiente é determinada não apenas pela intensidade de luz mas também pelas distâncias e pelo índice de reflexo das paredes tetos pisos máquinas e mobiliário Portanto um bom sistema de iluminação com o uso adequado de cores e a criação dos contrastes pode produzir um ambiente agradável onde as pessoas trabalhem confortavelmente com pouca fadiga monotonia e acidentes além de produzir com maior eficiência Existem porém dois grandes problemas relacionados com a luz o primeiro deles é a iluminação inadequada que dificulta a realização de um trabalho mais minucioso como é o caso da odontologia e o segundo são os reflexos que surgem nos vidros ou espelhos mal posicionados Dentre as causas de iluminação inadequada está a iluminação excessiva produzida por luz natural em uma sala com grandes janelas e sol Uma outra desvantagem da luz natural é a criação de focos de reflexão da luz da janela nos instrumentais utilizados Os reflexos forçam a vista e obrigam o CirurgiãoDentista a desviar a cabeça para poder enxergar ocasionando sobrecarga da região cervical Buscando a melhoria das condições de saúde e trabalho do Cirurgião Dentista foram elaboradas possíveis recomendações 68 1 Envolvimento das Associações de Classe Odontológicas para em conjunto com os Conselhos de Engenharia e Arquitetura criar um intercâmbio para a realização de estágios e palestras sobre Ergonomia e Luminotécnica permitindo a esses profissionais a adquisição de conhecimentos básicos das regras de iluminação para colaborar na concepção de um ambiente de trabalho que se coadune à terapia dos pacientes Assim o CirurgiãoDentista promoverá uma melhor iluminação do consultório odontológico diminuindo a fadiga prevenindo também a deficiência visual 2 Estender a aplicação do presente estudo à Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina 3 Conscientizar através de campanhas direcionadas aos Cirurgiões Dentistas da necessidade de realizar pausas entre um paciente e outro ou a cada período de tempo para que possa praticar atividade laboral e solucionar os problemas relativos ao cansaço visual bem como a perda significativa da visão 69 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AURÉLIO B H F Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa Rio de Janeiro Editora Nova Fronteira 1986 BARTLEY S H Central mechanisms of vision Handbook of Physiology Sec I Vol I p 713 Baltimore The Williams Wilkins Co 1959 BARROS O B Ergonomia 2 O ambiente físico de trabalho a produtividade e a qualidade de vida em Odontologia Pg 185 São Paulo Pancast 1993 BLOOM W e FAWCETT Don W A textbook of histology 9ª ed Pg 858 Philadelphia W B Saunders 1968 BOURRET P e LOUIS R Anatomia du système nerveux central Paris LExpansion scientifique Française Pg 119 1971 BÚRIGO C C Qualidade de Vida no Trabalho Dilemas e Perspectivas Florianópolis Insular 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trabalho 4 ed Pg 199237 Porto Alegre Bookman 1998 GULLBERG J OLMSTED J and WAGMAN J Reciprocal action of the constrictor and dilator pupillae during light adaptation Pg 616 Proc Soc Exp Biol Med 1938 GUIMARÃES L A cor como informação a construção biofísica lingüística e cultural da simbologia das cores São Paulo Annablume 2000 GUYTON A C Tratado de Fisiologia Médica O olho I Óptica da visão II Funções receptoras da retina III Neurofisiologia da visão Pg 686719 Rio de Janeiro Guanabara Koogan 1969 Neurociência Básica Anatomia e Fisiologia 2ª ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 1993 GAUDENCIO P Men at work como o ser humano se torna e se mantém produtivo São Paulo Memnon 1995 GUERIN F LAVILLE A DANIELLOU F et al Comprendre le travais pour le transformer la pratique de lergonomie Montrouge ANACT 1991 71 GRANDJEAN E Manual de Ergonomia adaptando o trabalho ao homem 4 ed Porto Alegre Artes Médicas 1998 HESSELBEIN F GOLDSMITH M et al A organização do futuro Tradução Nota Acessória São Paulo Organização P F Drucker 1997 HARTSTEIN J Review of Refraction Mosby 1971 HOGAN M J ALBAADO J A e WEDDELL J E Histology of the human eye Pg 687 Philadelphia London Toronto W B Saunders 1971 HONRUBIA F M e ELLIOTT J H Efferent innervations of the retina Arch Ophthalmol 8098103 1968 IDA I Ergonomia Projeto e Produção São Paulo Edgard Blucker Ltda 1992 LAMBERTS R Eficiência energética na arquitetura São Paulo PW 1997 LEPLAT J CUNY X Ergonomia conceptos y métodos Madrid Editorial Complutense 1998 LINKSZ A Physiology of the eye Vol II Vision New York Grune Stratton 1952 LIPP M E N Pesquisa sobre o estresse no Brasil saúde ocupações e outros grupos de risco São Paulo Papirus 1996 LOWENSTEIN O and LOEWENFELD I Influence of retinal adaptation upon the pupilary reflex to light in normal man Pg 644 Am J Ophthalmol 1961 MASI D de O Futuro do Trabalho fadiga e ócio na sociedade pósindustrial Tradução de Yadir A Figueiredo Brasília Ed da Universidade de Brasília 1999 Ministerio de Trabajo y Seguridad Social RELASUR Revista de Relaciones Laborales en America Latina Cono Sur Nº 6 España nov1997 MONTMOLLIN M de A ergonomia Lisboa Instituto Piaget 160p 1990 MOREIRA V de A Iluminação e fotometria teoria e aplicação São Paulo Edgard Blücher 1987 MOSES R A Fisiologia del ojo Adler São Paulo Panamericana Pg 309310 ORTS L F Anatomia humana 3º vols 2ª ed Barcelona CientificoMédica 1960 PALMER C Ergonomia Rio de Janeiro Fundação Getulio Vargas 1976 PORTO M M SILVÉRIO C S SILVA A P F O Projeto de Iluminação na Análise Ergonômica do Trabalho Encontro Nacional de Eng De Produtos 1997 72 PREFEITURA DO RIO RIOLUZ O nascimento da memória da Cidade do Rio de Janeiro Disponível em httpwwwriorjgovbrrioluz Acesso em 15 jul 2000 RAY B HINSEY J and GEOHAGEN W Observations on the distribution of the sympathetic nerves to the pupil by stimulation of the anterior roots in man Ann Surg Pg 647 1943 RIO R P do PIRES L Ergonomia Fundamentos da Prática Ergonômica Belo Horizonte Helth 1999 RODRIGUES M V C Qualidade de vida no trabalho 2 ed Rio de Janeiro Vozes 1994 SANTOS N dos FIALHO F Manual de Análise Ergonômica do Trabalho Curitiba Genesis 316 p 1997 SANTOS N dos TAVEIRA FILHO A D Análise Ergonômica das Condições de Trabalho na Operação de Locomotivas a Vapor Estações de Trabalho Aspectos Ergonômicos no Trabalho 1987 SAQUY P C PÉCORA J D SAQUY SOBRINHO J Iluminação do Consultório Odontológico Revista APCD V 48 Nº 5 Pg 1467 SETOUT 1994 SCHRUBER J Aula de ART II Módulo de Ergonomia Curso de Terapia Ocupacional UTP 2000 SIMURRO P EB Saúde ocular dos odontólogos e auxiliares APCD Jornal Pg 18 julho de 2000 SOARES P T O mundo das cores Coleção Desafios São Paulo Moderna 1991 TESTUT L e LATARJET A Sistema nervoso periférico Tratado de anatomia Humana 9ª ed Pg 4965 Barcelona Salvat Ed tomo III 1954 TRIVIÑOS A N S Introdução à pesquisa em ciências sociais a pesquisa qualitativa em educação São Paulo Atlas p 175 1992 TRUEX R C e CARPENTER M B Human neuranatomy 6ª ed Pg 673 Baltimore The Williams Wilkins Co 1969 VAUGHAN D ASBURY T Oftalmologia Geral Quarto apêndice Padrões visuais Pg 380385 São Paulo Atheneu Ltda 1983 VERDUSSEN R Ergonomia a racionalização do trabalho Rio de Janeiro Livros Técnicos e Científicos Editora SA 1978 WHITERRIDGE D Central control of eye movements Handbook of Physiology Sec I vol II p 1089 Baltimore The Williams Wilkins Co 1960 73 WARWICK R e WILLIAMS P L G Anatomy 33ª ed Pg 1471 Edinburgh Longman 1973 WARWICK R The ocular parasympathetic nerve supply and its mesencephalic sources J Anatomy 881 Pg 7193 l954 74 ANEXOS ANEXO I NR 17 75 ANEXO 277 ANEXO 378 ANEXO 479 ANEXO 580 ANEXO 681 ANEXO 782 ANEXO 883 75 ANEXO I NR 17 Visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às condições psicofisiológicas dos trabalhadores de modo a proporcionar um máximo de conforto segurança e desempenho eficiente A fundamentação legal ordinária e específica que dá embasamento jurídico à existência desta NR está nos artigos 198 e 199 da CLT Normas Regulamentadoras da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho NR 17 Ergonomia 1170007 175 Condições ambientais de trabalho 1751 As condições ambientais de trabalho devem estar adequadas às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado 1753 Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada natural ou artificial geral ou suplementar apropriada à natureza da atividade 17531 A iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa 17532 A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de forma a evitar ofuscamento reflexos incômodos sombras e contrastes excessivos 17533 Os níveis mínimos de iluminamento a serem observados nos locais de trabalho são os valores de iluminâncias estabelecidos na NBR 5413 norma brasileira registrada no INMETRO 1170279 I2 76 17534 A medição dos níveis de iluminamento previstos no subitem 17533 deve ser feita no campo de trabalho onde se realiza a tarefa visual utilizandose de luxímetro com fotocélula corrigida para a sensibilidade do olho humano e em função do ângulo de incidência 1170287 I2 17535 Quando não puder ser definido o campo de trabalho previsto no sub item 17534 este será um plano horizontal a 075m setenta e cinco centímetros do piso 77 ANEXO 2 FIGURA IV LAYOUT DA CLÍNICA ODONTOLÓGICA 78 ANEXO 3 FIGURA V LAYOUT DA SALA DE ATENDIMENTO LUMINÁRIA 79 ANEXO 4 FIGURA VI FOTO DA JANELA DA SALA DE ATENDIMENTO 80 ANEXO 5 FIGURA VII FOTO DA JANELA DA SALA DE ATENDIMENTO EM OUTRO ÂNGULO 81 ANEXO 6 FIGURA VIII FOTO DOS EQUIPAMENTOS DO CONSULTÓRIO NA SALA DE ATENDIMENTO 82 ANEXO 7 FIGURA IX LAYOUT DA DISPOSIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS NA SALA DE ATENDIMENTO 83 ANEXO 8 FIGURA X FOTO DAS LUMINÁRIAS NO TETO NA SALA DE ATENDIMENTO